Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE – CEFID
MESTRADO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
JULIANA DA SILVA
DESEMPENHO MOTOR, DESEMPENHO ACADÊMICO E SENSO DE
AUTO-EFICÁCIA DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Florianópolis – SC
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
JULIANA DA SILVA
DESEMPENHO MOTOR, DESEMPENHO ACADÊMICO E SENSO DE
AUTO-EFICÁCIA DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Dissertação apresentada á
Coordenadoria de Pós-Graduação em
Ciências do Movimento Humano, do Centro
de Ciências da Saúde e do Esporte
CEFID, da Universidade do Estado de
Santa Catarina – UDESC, como requisito
parcial, para obtenção do título de Mestre
em Ciências do Movimento Humano.
Orientador: Prof. Dr. Thaís Silva Beltrame.
Florianópolis – SC
2009
ads:
3
JULIANA DA SILVA
DESEMPENHO MOTOR, DESEMPENHO ACADÊMICO E SENSO DE AUTO-
EFICÁCIA DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre
em Ciências do Movimento Humano, do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte
CEFID, da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.
Banca Examinadora:
Orientador: ___________________________________________________
Prof. Dr. Thaís Silva Beltrame
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.
Membro: ______________________________________________________
Prof. Dr. Fernando Luiz Cardoso
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
Membro: ______________________________________________________
Prof. Dr. Alexandro Andrade
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
Membro:_______________________________________________________
Prof. Dr. Fernando Copetti
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Membro:_______________________________________________________
Prof. Dr. Antônio Renato Pereira Moro
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus
alicerces Ana Maria, Édio Martinho e
Maick.
5
AGRADECIMENTOS
Embora uma dissertação seja, pela sua finalidade acadêmica, um trabalho individual,
contributos de naturezas diversas que não podem, nem devem deixar de ser
realçados. Por essa razão, desejo expressar os meus sinceros agradecimentos:
Aos professores e funcionário da escola onde foram realizadas as coletas de dados, em
especial às crianças, personagens centrais desta história e a prof. Lenice, pessoa
especial que acreditou em nosso trabalho.
À Universidade do Estado de Santa Catarina, mais especificamente ao Centro de
Ciências da Saúde e do Esporte, pela infra-estrutura oferecida, tanto aos alunos de
graduação, quanto aos mestrandos, para uma excelente formação acadêmica e
profissional.
Aos professores Alexandro Andrade e Fernando Luiz Cardoso, que juntamente com a
professora Thaís Silva Beltrame, formaram a banca de qualificação e cujas sugestões e
orientações, foram de suma importância para o delineamento metodológico e resultado
final deste trabalho.
Aos amigos e professores do LADAP, laboratório em que fui bolsista de pesquisa e
lugar onde comecei a amar o trabalho científico, em especial para Mário, Cristiani,
Gabriella, Alyne, Marcelo, Guilherme, Jerusa e Rafael, pelo grande aprendizado e pelas
muitas risadas. Agradeço também, às amigas do LADAD, principalmente, Carla,
Bárbara e Annelise, pela ajuda incondicional, principalmente durante o período de
coletas de dados, e sem as quais, teria sido muito mais difícil. Não poderia esquecer
ainda, dos amigos do LAPE, e dos demais conquistados durante o período do
mestrado.
Um agradecimento especial para minha querida amiga e bolsista desta pesquisa,
Annelise, que sempre com um sorriso no rosto, tem se mostrado cada vez mais
6
competente e disposta a aprender. Uma pessoa guerreira, com um futuro maravilhoso
e com potencial para se tornar aquilo que desejar.
Ao professor Alexandro Andrade, exemplo de professor e administrador, que
juntamente com os outros diretores, vem tornando o CEFID, cada vez mais um centro
de excelência, fazendo com que eu me orgulhe sempre em dizer que sou formada em
Educação Física, pelo Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da UDESC.
Ás minhas amigas do trabalho em Balneário Camboriú, Karina, Vanda, Ana Rosa e
Mirela, por me escutarem e sempre terem uma palavra de carinho e incentivo, nos
momentos mais difíceis.
À minha querida professora e amiga, Thaís Silva Beltrame, que acreditou em mim ainda
na graduação. Agradeço pelo constante incentivo, pela paciência e carinho para me
orientar nesta caminhada, mesmo com todos os obstáculos que apareceram. Não
poderia deixar de agradecer pela grande oportunidade de aprendizagem, durante estes
anos de convivências.
À minha família, em especial, meus pais, Ana e Édio, pelo modo como fui criada, pelos
exemplos de pessoas que são e pelo amor incondicional dado a mim e ao meu irmão
Gustavo, obrigada por tudo. Amo vocês!
Ao Maick, pela paciência e companheirismo. Pelo aprendizado que tem sido conviver
contigo durante estes cinco anos. Incentivo para continuar seguindo em frente, exemplo
de pessoa e profissional. Obrigada por estarmos vivendo juntos, mais este momento tão
especial. Te amo!
Por fim, quero agradecer a todos, que de um modo direto, ou não, contribuíram para
finalização deste trabalho.
Muito Obrigada!
7
RESUMO
SILVA, J. Desempenho Motor, desempenho acadêmico e senso de auto-eficácia
de escolares do ensino fundamental. 2009. 150 f. Dissertação (Mestrado em
Ciências do Movimento Humano) Universidade do Estado de Santa Catarina
UDESC, Centro de Ciências da Saúde e do Esporte – CEFID, Programa de Pós
Graduação em Ciências do Movimento Humano, Florianópolis, 2004.
Este estudo objetivou investigar o desempenho motor, desempenho acadêmico e
o senso de auto-eficácia de escolares das séries iniciais do ensino fundamental, de
uma escola básica e municipal da cidade de São José/SC. Os participantes da
pesquisa foram 406 crianças, matriculadas de segundas a quartas-séries do ensino
fundamental, com idades entre 7 e 10 anos (8,75 anos; ±1,00), sendo 231 meninas
(8,74 anos; ±1,02) e 175 meninos (8,77 anos; ± 0.99). Para coleta dos dados foram
utilizados três instrumentos de medida: Bateria para Avaliação do Movimento da
Criança (MABC; HENDERSON e SUGDEN, 1992); Teste de Desempenho Escolar
(TDE; STEIN, 1994) e o Roteiro para Avaliação do Senso de Auto-Eficácia (RASAE;
MEDEIROS e LOUREIRO, 1999). A caracterização dos participantes foi realizada por
meio de consulta a Ficha de Registro dos Escolares, disponibilizada pela escola. Para
análise dos dados, utilizou-se estatística descritiva e inferencial. Com base nos testes
de normalidade, optou-se por utilizar somente estatística não parametrica: U de Mann-
Witney, Kruskal-Wallis, Qui-Quadrado (X
2
), V de Cramer, Gamma (ɣ) e o ρ de
Spearman. Em todas as análises foi adotado um índice de significância de 5% (p<0,05).
Verificou-se que o tipo de dificuldades de aprendizagem mais freqüente entre os
participantes, foi em escrita (n=178, 43,8%), seguida, das dificuldades em aritmética
(n=146; 36%) e leitura (n=101; 24,9%). A incidência de indicativo de dificuldades de
aprendizagem geral foi de 31,3% (n=127). Não foram encontradas associações
estatisticamente significativas entre os sexos, quanto ao desempenho em escrita,
aritmética e leitura, porém, no desempenho geral as meninas obtiveram melhores
resultados. Os valores totais do TDE apontam para uma maior prevalência de
dificuldade por parte do sexo masculino, porém, não comprovada estatisticamente. Ao
comparar o desempenho nas habilidades motoras entre os sexos, verificou-se que as
meninas mostraram melhor desempenho nas tarefas que avaliaram o equilíbrio,
enquanto que os meninos saíram-se melhor nas habilidades com bola. Estes resultados
puderam ser verificados também, na análise por faixas etárias. As meninas com 7 e 8
anos apresentaram melhor equilíbrio, semelhante ao resultado total da amostra, além
de se saírem melhor, também nas destrezas manuais. Os meninos, por sua vez em
ambas as faixas etárias foram melhores nas habilidades com bola, em comparação com
o sexo oposto. Referente à classificação do desempenho motor, embora a maior parte
das crianças tenha apresentado habilidades motoras normais, verificou-se que o
percentual de problemas motores definidos ultrapassou o índice apontado pela
8
literatura (4-6% de incidência). Houve co-ocorrência de dificuldades de aprendizagem e
problemas motores, sendo encontradas associações estatisticamente significativas nas
dificuldades de aritmética, leitura e geral. Referente a auto-eficácia, pode-se dizer que
neste estudo, quanto melhor o desempenho motor e acadêmico, melhor foi o senso de
auto eficácia. Com base no alto número de escolares identificados com dificuldades
acadêmicas e motoras, bem como a influência da auto-eficácia nestes fatores, sugere-
se a realização de outros estudos, porém com cunho probabilístico, visando apresentar
estimativas oficiais do número de afetados com estes problemas, em escolares
brasileiros, bem como, meios para intervenção destes transtornos.
Palavras-chave: Desempenho motor. Desempenho Acadêmico. Dificuldades de
Aprendizagem. Transtornos do Desenvolvimento motor. Auto-eficácia.
9
ABSTRACT
SILVA, J. Motor performance, academic performance, and sense of self-efficiency
among elementary school students 2009. 150 f. Dissertation (Mestrado em Ciências
do Movimento Humano) Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC,
Centro de Ciências da Saúde e do Esporte CEFID, Programa de Pós Graduação em
Ciências do Movimento Humano, Florianópolis, 2004.
The objective of this study was to investigate motor performance, academic
performance, and the sense of self-efficiency among elementary school students in a
public school in São José, Santa Catarina, Brazil. The sample consisted of 406 children
enrolled in the 2
nd
to 4
th
grades, aged 7 to 10 years (8.75 years; ±1.00), with 231 girls
(8.74 years; ±1.02) and 175 boys (8.77 years; ± 0.99). Data was collected through
three measurement instruments: Movement Assessment Batery for Children (MABC;
HENDERSON & SUGDEN, 1992); Teste de Desempenho Escolar (TDE; STEIN, 1994)
and Roteiro para Avaliação do Senso de Auto-eficácia (RASAE; MEDEIROS &
LOUREIRO, 1999). The participants were characterized through consultation of their
Scholastic Registry Files, made available by the school. For data analysis, descriptive
and inferential statistics were used. Based on normality tests, only non-parametric
statistics were used: Mann-Witney’s U, Kruskal-Wallis, Chi-Squared (X
2
), Cramer’s V,
Gamma (ɣ), and Spearman’s p. In all analyses, a 5% (p<0.05) significance was
adopted. We verified that the most frequent learning difficulties among participants
were in writing (n=178, 43.8%), followed by arithmetic (n=146; 36%); and reading
(n=101; 24.9%). The indicative incidence for general learning difficulty was 31.3%
(n=127). No statistically significant associations between sexes were found concerning
writing, arithmetic, and/or reading. However, in the general performance, girls obtained
better results. The total values of the TDE point out a greater prevalence of difficulties
among males; however, this was not shown statistically. Upon comparing motor
abilities in both genders, we verified that girls showed better performances in the tasks
which required balance, while the boys did better in activities involving a ball. The
results were also verified in age groups. The 7-8 year old girls presented better
balance, similar to the total sample results, as well as demonstrated better manual
dexterities. On the other hand, boys in both age groups did better in ball abilities, when
compared to the opposite sex. In what concerns motor performance classification,
while the majority of the children had presented normal motor abilities, we verified that a
percentage of the motor problems defined surpasses the levels pointed out in literature
(4-6% incidence). There was co-occurrence of learning difficulties and motor problems,
with statistically significant associations found in arithmetic, reading, and general
learning. Concerning self-efficiency, one can attest that in this study, the greater the
motor and academic performance demonstrated, the greater the self-efficiency. Based
upon the high number of schools identified as having academic and motor difficulties, as
10
well as the influence of self-efficiency in these factors, we suggest further study be
undertaken, albeit with a probabilistic focus, seeking to present official estimates of the
number of children in Brazilian schools affected with such problems, as well as means
for subsequent intervention.
Keywords: Motor performance. Academic performance. Learning disabilities. Disorders
of motor development. Self-efficacy.
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Características das tarefas do MABC, paras as faixas etárias dois (7 e 8
anos) e três (9 e 10 anos). ............................................................................................. 59
Quadro 2 – Classificação do desempenho acadêmico a partir dos escores dos testes do
TDE. ............................................................................................................................... 62
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Renda familiar mensal dos participantes da pesquisa [n(%)]. ................... 72
Gráfico 02 Percentual de meninos e meninas em cada classificação do Subteste de
Leitura [%(n)]. ................................................................................................................ 74
Gráfico 03 Percentual de meninos e meninas em cada classificação do Subteste de
Aritmética [%(n)]. ........................................................................................................... 75
Gráfico 04 Percentual de meninos e meninas em cada classificação do Subteste de
Leitura [%(n)]. ................................................................................................................ 76
Gráfico 05 – Percentual de meninos e meninas em cada classificação do TDE [%(n)]. 77
Gráfico 06 – Percentual de meninos e meninas em cada classificação Motora [%(n)]. . 81
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Total de escolares distribuídos nas turmas de segundas, terceiras e
quartas-séries do ensino fundamental [n(%)]................................................................. 70
Tabela 02 Total de escolares em cada localidade de São José/SC e outras cidades
[n(%)].. ........................................................................................................................... 71
Tabela 03 – Nível de Escolaridade dos pais dos participantes [n(%)]. .......................... 71
Tabela 04 – Total de escolares que apresentaram histórico de repetência escolar
[n(%)]. ............................................................................................................................ 72
Tabela 05 Médias dos subtestes de escrita, leitura, aritmética e do TDE total, para
cada séire. ...................................................................................................................... 74
Tabela 06 Total de crianças com indicativo de dificuldades de aprendizagem em
escrita, aritmética, leitura e geral e resultado do teste de X
2
, quanto a associação das
dificuldades e os sexos [%(n)]. ...................................................................................... 78
Tabela 07 Médias, medianas, desvios-padrão e índice de significância do teste U de
Mann-Witney , para os tipos de habilidades motoras de acordo com sexo .................... 79
Tabela 08 Médias, medianas, desvios-padrão e índice de significância do teste U de
Mann-Witney , para os tipos de habilidades de acordo com as faixas-etárias e sexo. ... 80
Tabela 09 – Desempenho motor de acordo com as faixas-etárias e sexos [%(n)]. ....... 82
Tabela 10 Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste U de
Mann-Witney , para a auto-eficácia de acordo com os sexos e as faixas-etárias. ......... 83
Tabela 11 Médias, medianas desvios-padrão e índice de significância do teste
Kruskal-Wallis, para os tipos de habilidades motoras de acordo com o desempenho em
escrita. ............................................................................................................................ 84
Tabela 12 Médias, medianas desvios-padrão e índice de significância do teste
Kruskal-Wallis, para os tipos de habilidades motoras de acordo com o desempenho em
aritmética. ....................................................................................................................... 85
Tabela 13 Médias, medianas e desvios padrão e índice de significância do teste
Kruskal-Wallis, para os tipos de habilidades motoras, de acordo com desempenho em
leitura ............................................................................................................................. 86
14
Tabela 14 – Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste
Kruskal-Wallis, para os tipos de habilidades motoras, de acordo com o desempenho
geral no TDE .................................................................................................................. 87
Tabela 15 Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste U de
Mann-Witney , para os tipos de habilidades, de acordo com o indicativo de dificuldades
de aprendizagem. ........................................................................................................... 88
Tabela 16 Desempenho motor, em função dos diferentes desempenhos acadêmicos
em escrita, aritmética, leitura e TDE total [%(n)]. ........................................................... 89
Tabela17 Desempenho motor, em função do indicativo de dificuldade de
aprendizagem da escrita [%(n)]. .................................................................................... 90
Tabela 18 Desempenho motor, em função do indicativo de dificuldade de
aprendizagem da aritmética [%(n)]. ............................................................................... 90
Tabela 19 Desempenho motor, em função do indicativo de dificuldade de
aprendizagem da leitura [%(n)]. ..................................................................................... 90
Tabela 20 Desempenho motor, em função do indicativo de dificuldade de
aprendizagem geral [%(n)]. ............................................................................................ 91
Tabela 21 – Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste
Kruskal-Wallis, para a auto-eficácia de acordo desempenho em escrita. ...................... 92
Tabela 22 – Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do Teste
Kruskal-Wallis, para a auto-eficácia de acordo com o desempenho em aritmética. ....... 92
Tabela 23 – Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do Teste
Kruskal-Wallis para a auto-eficácia, de acordo com o desempenho em leitura. ............ 93
Tabela 24 – Médias, medianas, desvios padrão, e índice de significância do teste
Kruskal-Wallis, para a auto-eficácia de acordo como desempenho geral do TDE. ........ 93
Tabela 25 Médias, medianas e desvios padrão e índice de significância do teste U de
Mann-Witney para da auto-eficácia, de acordo com o indicativo de dificuldades de
aprendizagem em escrita, aritmética, leitura e geral. .................................................... 94
Tabela 26 – Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância da auto-
eficácia de acordo com o desempenho motor. ............................................................... 95
15
LISTA DE ANEXOS
Anexo A – Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos,
da Universidade do Estado de Santa Catarina. ............................................................ 146
Anexo B Roteiro para Avaliação do Senso de Auto-eficácia - RASAE (MEDEIROS E
LOUREIRO, 1999). ...................................................................................................... 147
16
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A – Termo de consentimento livre e esclarecido .......................................... 149
Apêndice B Exemplo de um dos relatórios individuais, entregues a escola após o
término das avaliações. ................................................................................................ 150
17
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD – Associação Brasileira de Dislexia;
APA – American Psychiatric Association;
CID 10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados
à Saúde;
DCD – Desenvolvimental Coordination Disorder;
DSM-IV – Manual Diagnóstico estatístico das Doenças Mentais (4
a
Ed.);
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
INEP – Instituto de Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira;
OMS – Organização Mundial da Saúde;
MABC – Movement Assessment Batery for Children;
RASAE – Roteiro para Avaliação do Senso de Auto-eficácia;
SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica;
TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
TDE – Teste de Desempenho Escolar;
TSC – Teoria Social Cognitiva.
18
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 21
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................. 21
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 24
1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 24
1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 24
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 25
1.4 VARIÁVEIS INVESTIGADAS ................................................................................ 27
1.5 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO ............................................................................. 28
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 30
2.1 DESEMPENHO ACADÊMICO DOS ESCOLARES BRASILEIROS ...................... 30
2.2 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM................................................................. 32
2.2.1 Dificuldades de Leitura ....................................................................................... 34
2.2.2 Dificuldades na Expressão Escrita ..................................................................... 36
2.2.3 Dificuldades da Matemática ............................................................................... 38
2.3 DESENVOLVIMENTO MOTOR ............................................................................ 39
2.3.1 Transtornos do desenvolvimento motor. ............................................................ 42
2.4 AUTO-EFICÁCIA ................................................................................................... 50
2.4.1 Auto-eficácia na área educacional ..................................................................... 52
2.4.2 A auto-eficácia e os transtornos do desenvolvimento motor .............................. 54
3 MÉTODO .................................................................................................................. 56
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................................................... 56
3.2 UNIVERSO DO ESTUDO ..................................................................................... 56
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA ......................................................................... 57
19
3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO .................................................................................. 57
3.5 INSTRUMENTOS DE MEDIDA ............................................................................. 58
3.5.1 Bateria para Avaliação do Movimento da Criança (MABC) ................................ 58
3.5.2 Teste de Desempenho Escolar (TDE) ................................................................ 61
3.5.3 Roteiro para Avaliação do Senso de Auto-eficácia (RASAE) ............................. 64
3.5.4 Caracterização dos participantes ....................................................................... 65
3.6 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DOS DADOS .............................................. 66
3.7 RETORNO DAS INFORMAÇÕES ........................................................................ 68
3.8 TRATAMENTO ESTATÍSTICO ............................................................................. 69
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................. 70
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ....................................................... 70
4.2 DESEMPENHO MOTOR, DESEMPENHO ACADÊMICO E DO SENSO DE AUTO-
EFICÁCIA ...................................................................................................................... 73
4.2.1 Desempenho Acadêmico ................................................................................... 73
4.2.2 Desempenho Motor ............................................................................................ 78
4.2.3 Auto-eficácia ........................................................................................................ 82
4.3 COMPARAÇÕES ENTRE O DESEMPENHO MOTOR, DESEMPENHO
ACADÊMICO E SENSO DE AUTO-EFICÁCIA ............................................................. 83
4.3.1 Desempenho acadêmico, dificuldades de aprendizagem e desempenho motor 83
4.3.2 Desempenho acadêmico, dificuldades de aprendizagem e auto-eficácia .......... 91
4.3.3 Auto-eficácia e desempenho motor .................................................................... 94
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................................... 96
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ....................................................... 97
5.2 DESEMPENHO ACADÊMICO .............................................................................. 98
5.3 DESEMPENHO MOTOR ..................................................................................... 103
5.4 DE AUTO-EFICÁCIA ............................................................................................ 108
5.5 DESEMPENHO ACADÊMICO, DIFICULDADES De APRENDIZAGEM E O
DESEMPENHO MOTOR............................................................................................. 110
5.6 DESEMPENHO ACADÊMICO, DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E AUTO-
EFICÁCIA .................................................................................................................... 116
20
5.7 AUTO-EFICÁCIA E DESEMPENHO MOTOR ..................................................... 118
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................................... 121
7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 124
ANEXOS ..................................................................................................................... 145
ANDICES ............................................................................................................... 148
21
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
A história da educação brasileira vem sendo marcada por uma crescente
preocupação em se tentar explicar o baixo desempenho acadêmico, verificado em
nossas escolas, o qual tem sido denunciado pelos altos índices de repetência e evasão,
ocorridos nos últimos anos (CARNEIRO, MARTINELLI e SISTO, 2003; INSTITUTO
NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA; INEP;
2009). Esta realidade pode ser constatada também com base no baixo desempenho
verificado nos provões do SAEB (Sistema para Avaliação da Educação Básica) de 2005
e 2007. As provas do SAEB medem a proficiência, em Língua Portuguesa e
Matemática, dos alunos, matriculados no ensino fundamental. As avaliações vêm sendo
aplicada de dois em dois anos desde 1990 e o resultado apresentado pelos alunos de
escolas públicas brasileiras ainda esta longe de ser considerado adequado para um
sistema educacional de qualidade (INEP, 2009; DIAS, ENUMO e TURINI, 2006).
A aprendizagem pode ser definida, como um fenômeno extremamente complexo,
envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. É a
resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da
transferência destes para novas situações (STACCIARINI e ESPERIDIÃO; 1999).
No caso da aprendizagem escolar, muitas crianças por não se adaptarem aos
processos impostos pelas instituições de ensino, tendem a apresentar mau
desempenho escolar (SAUD e TONELLOTO, 2005). Autores como Malecki e Demaray
(2006) apontam grande influência do nível socioeconômico na performance acadêmica
de escolares e aconselham que crianças que vivam em situações de pobreza devam
receber suporte social como meio de intervenção e mediação entre a casa e a escola,
22
favorecendo o desenvolvimento das aptidões acadêmicas das mesmas. Problemas
emocionais e de comportamento, na opinião de Santos e Graminha (2006), são
entendidos como fator de risco para o desempenho acadêmico, e este afeta os
sentimentos e comportamentos gerando uma série de outros comportamentos, que
podem ser expressos de forma internalizada (depressão, ansiedade, sentimento de
inferioridade), ou externalizada (conflitos com o ambiente, impulsividade, agressão,
ajustamento social pobre). Podemos citar ainda: problemas familiares, aspecto
nutricional, localização da escola, motivação dos professores e qualidade do ensino,
entre outros, de acordo com Roeser, Wolf e Strobel, (2001); Roeser e Eccles apud
Santos e Graminha, (2006); Malecki e Demaray, (2006).
Porém, as causas mais freqüentes para o baixo desempenho acadêmico são as
dificuldades de aprendizagem, associadas ou não, aos fatores à cima citados
(CAPELLINI, TONELOTTO E CIASCA, 2004; ROMERO apud SANCHES, 2004).
As dificuldades de aprendizagem podem ser entendidas como obstáculos, ou
barreiras, encontradas por alunos durante o período de escolarização, referentes à
captação, ou, assimilação dos conteúdos propostos (REBELO apud CAPELLINI,
TONELOTTO e CIASCA, 2004). Devem ser diferenciadas das variações normais na
realização acadêmica e das dificuldades escolares devido à falta de oportunidades,
ensino fraco ou fatores culturais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION; APA,
1995).
Esta condição, quase sempre se apresenta associada a problemas de outra
natureza, principalmente comportamentais, emocionais e motores (STEVANATO et al.,
2003, FONSECA, 1995), sendo consideradas uma condição de risco psicossocial, que
coloca o indivíduo em situação de desvantagem educacional e social (SANTOS e
GRAMINHAS, 2006).
Além dos processos de aprendizagem escolar, é também, durante o período da
escolarização, mais precisamente entre os 6 e 12 anos de idade, que ocorre o
amadurecimento das principais habilidades motoras (ECKERT, 1993; GALLAHUE e
OZMUN, 2005). O equilíbrio se torna eficiente, os padrões motores básicos estão mais
refinados e adaptados às diferenças estruturais, uma melhora na coordenação
motora, bem como ocorre um aumento na proficiência de habilidades manipulativas.
23
Cunha (1990), afirma que estas habilidades motoras exercem grandes influências na
aprendizagem escolar, acreditando-se ser mais acentuada nos primeiros anos do
ensino fundamental, período em que a criança está em processo de alfabetização
(aproximadamente dos 7 aos 10 anos), e quando costumam aparecer os primeiros
sinais das dificuldades de aprendizagem (FÁVERO e CALSA, 2004). Porém, algumas
crianças ao atingirem a idade escolar, não possuem o esperado domínio de suas
habilidades motoras básicas e passam a ter um desempenho aquém do esperado,
sendo que, em alguns casos estes problemas o significativamente graves
(FERREIRA, et al. 2006). Em determinadas partes do mundo, o percentual de
problemas motores pode ultrapassar a marca de 15% em crianças com idade escolar
(KOURTESSIS et al., 2008). E destas, as dificuldades de aprendizagem então
presentes em até 50% dos casos (RAMUS, PIDGEON e FRITH, 2003).
As crianças com baixo desempenho acadêmico, bem como problemas motores,
relacionados ou não aos distúrbios da aprendizagem, geralmente apresentam menos
envolvimento com tarefas escolares, sentimentos de frustração, raiva e hostilidade
frente ao fracasso escolar, baixo senso de auto-eficácia, entre outros (HAI apud
CAIRNEY et al. 2005; STEVANATO et al, 2003; MEDEIROS et al, 2003).
De acordo com Bandura (1993), a crença de auto-eficácia é um julgamento das
próprias capacidades de executar cursos de ação exigidos para se atingir certo grau de
performance, em uma determinada tarefa. Schunk apud Bzuneck (2001) especifica
que, na área escolar, as crenças de auto-eficácia são convicções pessoais quanto a dar
conta de uma determinada tarefa e em um grau de qualidade definida. Tanto as
crianças que apresentam baixo desempenho acadêmico, como aquelas com problemas
motores, a baixa auto-eficácia acaba se tornando um ciclo vicioso (MEDEIROS et al.,
2003). Na área escolar, por exemplo, baixa crença no próprio potencial pode agravar o
desempenho escolar e por conseqüência a auto-eficácia torna-se enfraquecida
(MEDEIROS et al., 2003; STEVANATO et al., 2003). Assim como em crianças com
comprometimentos no desenvolvimento motor, pois, estas tendem a superestimar suas
dificuldades, ao ponto de desistirem de praticar atividades motoras, sendo evitadas até
mesmo aquelas consideradas agradáveis, pelos pares, dificultando assim a
aprendizagem de novas habilidades, e o aperfeiçoamento das habilidades
24
conhecidas pela criança. (POULSEN, ZIVIANI e CUSKELLY, 2006; CAIRNEY et al.,
2005).
Apesar da literatura internacional, remeter-se, com freqüência, aos temas até
agora citados (
GREEN, CHAMBERS, CHAMBERS, 2008;
RAMUS, PIDGEON e
FRITH, 2003; FEDER e MAJNEMER, 2007), poucos estudos são realizados no Brasil
(MEDEIROS et al., 2003; STEVANATO et al.; 2003), mais especificamente na região
sul, existindo assim, uma carência de pesquisas, que visem caracterizar a população de
crianças das escolas brasileiras, no que diz respeito a associação entre o
desenvolvimento motor e o desempenho acadêmico, bem como a relação destes com
as crenças de competências e auto-eficácia.
Desta forma, chegou-se ao seguinte questionamento: Qual o desempenho motor,
desempenho acadêmico e senso de auto-eficácia apresentado por escolares das séries
iniciais do ensino fundamental?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Investigar o desempenho motor, desempenho acadêmico e senso de auto-
eficácia de escolares das séries iniciais do ensino fundamental, de uma escola básica e
municipal da cidade de São José/SC.
1.2.2 Objetivos específicos
Identificar os escolares com baixo desempenho acadêmico;
Verificar a incidência de indicativo de dificuldades de aprendizagem;
Verificar em qual quesito do desempenho acadêmico (escrita, aritmética e
leitura), os escolares apresentam maior dificuldade;
25
Verificar a incidência de dificuldades motoras, nos escolares investigados;
Averiguar possíveis diferenças entre os sexos em relação aos objetivos
específicos, à cima citados;
Comparar o desempenho motor dos escolares com diferentes classificações de
desempenho acadêmico;
Comparar o desempenho motor dos escolares com e sem indicativo de
dificuldades de aprendizagem.
Comparar a auto-eficácia entre os sexos, classificações do desempenho
acadêmico e do desempenho motor.
1.3 JUSTIFICATIVA
O interesse pelo tema do estudo surgiu da experiência e da preocupação da
pesquisadora com a população de escolares, adquirida durante os anos de faculdade
por meio de projetos de pesquisa, sendo sua formação em Licenciatura em Educação
Física e também, em seu trabalho como professora em escolas públicas da região.
O convívio com a realidade escolar torna palpáveis, as estatísticas apresentadas
pelo INEP por meio do SAEB (2005 e 2007), onde é apresentado, que os alunos das
escolas públicas brasileiras ainda não alcançaram o nível de proficiência nas disciplinas
base do currículo escolar: português e matemática. Dizem-se, estas disciplinas como
base, pois são de fundamental importância para quase todas as outras do currículo.
A literatura aponta diversos fatores que podem interferir na performance
acadêmica: situação sócia econômica, familiar, aspecto nutricional, localização da
escola, motivação e qualidade do ensino, transtornos (dificuldades) de aprendizagem,
problemas de ordem motora, problemas emocionais, baixo senso de auto-eficácia, entre
outros (ROESER, WOLF e STROBEL, 2001; ROESER e ECCLES APUD SANTOS e
GRAMINHA, 2006; MALECKI E DEMARAY, 2006). É possível encontrar valores
aproximados da quantidade de alunos que apresentam problemas na aprendizagem,
26
durante o período escolar, sendo esses números elevados, por volta de 5% a 30%
(SMITH e STRICK, 2001; ALMEIDA, 2002; SCHIAVONI, 2004; ZUCOLOTO, 2001;
SUEHIRO, 2006; APA, 1994). Em quase todas as salas de aula das escolas públicas
do ensino fundamental encontram-se crianças com sintomas de dificuldades escolares
(SOUZA e SISTO, 2001). Porém, dentre os maiores fatores causadores do baixo
desempenho acadêmico, estão as dificuldades de aprendizagem, que podem ser se
dar, principalmente, na aquisição da escrita, leitura e na realização de operações
matemáticas (APA, 1994).
Pode-se verificar na literatura, uma incidência elevada da co-existência de
dificuldades de aprendizagem e problemas motores, chegando a até 50% dos casos de
crianças com desordens motoras, ou problemas específicos da aprendizagem (RAMUS,
PIDGEON e FRITH, 2003). Entretanto, grande parte destes estudos, não foram
realizados no Brasil, desta forma, acredita-se haver a necessidade de pesquisas mais
aprofundados, referentes a incidência e prevalências de dificuldades motoras e
acadêmicas atuando juntas, em crianças brasileiras. Para, desta forma, constatar em
que ponto um comprometimento do desenvolvimento motor pode afetar o processo de
aprendizagem. Uma vez que, a maior parte das pesquisas sobre as dificuldades de
aprendizagem estão relacionados a outros aspectos, tais como: avaliação das
dificuldades específicas da aprendizagem e funções neurológicas ligados à
aprendizagem; aos aspectos psicológicos; à influência do sistema educacional; aos
problemas comportamentais, sócio-culturais e sócio-econômicos (CIA e BARHAM,
2008; BANDEIRA, et al., 2006; DELL’AGLIO, HUTZ, 2004; SCHIRMER, FONTOURA e
NUNES, 2004; CAPOVILLA, GÜTSCHOW e CAPOVILLA, 2004; CORREIA 2004;
SALLES e PARENTE, 2006; SUEHIRO, 2001).
O senso de auto-eficácia é citado também pelos estudiosos na área, tanto como
importante contribuinte para o bom aproveitamento escolar, como também, um
indicativo de dificuldades, uma vez que a criança que apresenta baixo desempenho
acadêmico tende a ter enfraquecida a crença em suas próprias capacidades,
dificultando seu desempenho escolar (WANG e WU, 2008). Bem como, a auto-eficácia
relacionada aos aspectos motores, tendo em vista que a percepção a respeito das
próprias competências está relaciona a experiências passadas em situações
27
semelhantes (BANDURA, 1993). Crianças que freqüentemente apresentam fracassos,
tanto em atividades de lazer, quanto atividades esportivas podem ter enfraquecido seu
senso de auto-eficácia, que como na área educacional, pode tanto ser influenciada
pelas baixas competências motoras, como vir a interferir no bom desenvolvimento
destas (HAI apud CAIRNEY et al., 2005). Encontra-se na literatura brasileira, alguns
estudos relacionando a auto-eficácia e as dificuldades de aprendizagem ou
desempenho cognitivo (ROLIN, 2007; MEDEIROS et al., 2003; MEDEIROS et al.,
2000; MEDEIROS e LOUREIRO, 1999), entretanto, pouco interesse tem sido dado a
relação entre o senso de auto eficácia, como fator influenciador do comportamento de
crianças com dificuldades motoras.
Verificando a lacuna existente na literatura nacional sobre o tema, considera-se
importante, que mais pesquisas sejam realizadas, a fim de identificar os alunos que
apresentam problemas relacionados à aprendizagem e ao desenvolvimento das
habilidades motoras, bem como, com estas variáveis e o senso de auto-eficácia.
Esta pesquisa contribuiu teoricamente para a área educacional, mais
especificamente da Educação Física, tanto no sentido de somar informações para
atender a demanda profissional da escola investigada, que pode assim atuar de
maneira mais direta sobre as reais necessidades dos alunos, como também, no campo
de pesquisa, somando informações para ampliar os conhecimentos sobre esta
população.
1.4 VARIÁVEIS INVESTIGADAS
Desempenho Motor: O termo desempenho motor é utilizado neste estudo,
como resultado de uma medida, obtida por meio dos escores da Bateria para Avaliação
do Movimento da Criança (MABC; HENDERSON e SUGDEN, 1992). Com base nesta,
será possível descrever problemas na execução de habilidades motoras e no
desenvolvimento motor dos participantes, bem como classificar a gravidade destes.
28
Desempenho Acadêmico: O desempenho acadêmico está relacionado à
quantificação do conhecimento do aluno. Este é transformado em nota, que por sua
vez, leva à classificação, seleção e ao controle de comportamento. Muitas vezes a nota
não expressa o real desempenho do aluno, contudo nenhuma avaliação consegue
abarcar todas as possibilidades de verificação do desempenho. (ESTEBAN, 2000). O
desempenho acadêmico foi avaliado por meio do Teste de Desempenho Escolar (TDE;
STEIN, 1994).
Dificuldades de Aprendizagem: As dificuldades de aprendizagem podem
ser entendidas como obstáculos, ou barreiras, encontrados por alunos durante o
período de escolarização, referentes à captação ou assimilação dos conteúdos
propostos. Elas podem ser duradouras ou passageiras, mais ou menos intensas e
levam alunos ao abandono da escola, à reprovação, ao baixo rendimento, ao atraso no
tempo de aprendizagem ou mesmo à necessidade de ajuda especializada (REBELO
apud CAPELLINE, TONELOTTO e CIASCA, 2004). Geralmente as dificuldades de
aprendizagem são classificadas em dificuldade da expressão escrita, da matemática e
da leitura. Neste estudo, o indicativo de dificuldades de aprendizagem é obtido por meio
de desempenho inferior no TDE, em escrita, aritmética, leitura e no teste em geral.
Auto-eficácia: Auto-eficácia é definida como o julgamento das pessoas
acerca de suas capacidades para alcançar determinados níveis de rendimento
(BANDURA, 1986). O senso de auto-eficácia foi avaliado com o Roteiro para Avaliação
do Senso de Auto-eficácia (RASAE; MEDEIROS e LOUREIRO, 1999).
1.5 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO
Este estudo, com característica descritiva, delimitou-se a investigar as relações e
associações entre e desempenho motor, desempenho acadêmico e o senso de auto-
eficácia de alunos matriculados nas segundas, terceiras e quartas-séries do ensino
29
fundamental, de uma escola pública municipal de São José/SC. Participaram 406
crianças, com idade entre 7 e 10 anos, no período compreendido entre maio e
novembro de 2008.
30
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 DESEMPENHO ACADÊMICO DOS ESCOLARES BRASILEIROS
Conforme estipula a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, n
o
11.274/2006, espera-se que os estudantes ao final de nove anos de escolaridade,
tenham completado o Ensino fundamental.
De acordo com dados obtidos pelo IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA) em 2002, a média de escolarização brasileira era de
apenas 6,2 anos de estudo. Dos estudantes que ingressaram na série do ensino
fundamental, 60% não chegam a terminar a série, 24% foram excluídos ou
abandonaram a escola nas primeiras séries, 97%, repetiram o ano em alguma série do
ensino básico e apenas 4,5% conseguiram terminar a 8
a
série sem nunca ter repetido
(IBGE, 2009).
Quanto a repetência e evasão escolar, em 2002, o índice era de 26% (ALVES,
ORTIGÃO e FRANCO, 2007), no ano de 2005, verificou-se queda, chegando a 21,9%
(INEP; SAEB, 2005). O menor número de reprovação de escolares foi computado em
2007, quando o valor de não aprovação (evasão e repetência) escolar foi de 16,5%.
Ainda que, seja possível verificar melhora nos índices de repetência e evasão escolar
do estudantes brasileiros, o Ministério da Educação (MEC) ainda considera alto, o
percentual de repetências em nossas escolas (INEP, 2009). Ainda existem muitos
problemas a sanar, para que possamos considerar nosso sistema educacional, com a
qualidade dos países desenvolvidos (ALVES, ORTIGÃO e FRANCO, 2007).
Verifica-se também uma grande diferença entre os sexos, no que diz respeito a
freqüência e o aproveitamento escolar. De acordo com o Censo Escolar da Educação
Básica e levantamentos realizados periodicamente, pelo INEP, em 2005, estavam
31
matriculadas no ensino fundamental 16.367.401 meninas, o que representava 48,80%
do total de matrículas naquele ano. Este percentual manteve-se praticamente o mesmo
no ano seguinte, com matrículas de mulheres representando 48,66% do total. no
Ensino Médio, a proporção de matrículas de mulheres aumentou nesse período. Em
2005, elas representam 53,99% e em 2006, 54,06%. No ano de 2007, do total de
31.733.198 estudantes do Ensino Fundamental, 5.394.707 ou 48,51% eram meninas,
no Ensino Médio, o percentual de meninas superou o de homens, sendo 54,7% do total
de 8.264.816 alunos (INEP, 2008).
Quanto a diferenças entre os sexos no aproveitamento escolar, a história mostra
um melhor desempenho em matemática para os meninos, enquanto que a meninas
saem-se melhor em língua portuguesa (INEP, 2009). Entretanto, apesar deste contraste
ainda existir em língua portuguesa, sendo os resultados femininos bastante superiores
aos dos meninos, em matemática, esta diferença vem decaindo a cada avaliação
realizada pelo MEC (ALVES, ORTIGÃO e FRANCO, 2007).
Embora venham ocorrendo, nas últimas décadas, melhorias referentes à
educação brasileira, percebe-se, que a atuação acadêmica de nossos escolares ainda
está aquém do esperado para um sistema educacional de qualidade (INEP, 2009).
Podemos citar diversos fatores que podem ser causadores destes problemas
educacionais: a situação sócio-econômica, familiar, aspecto nutricional, localização da
escola, motivação dos professores e qualidade do ensino, dificuldades de
aprendizagem, problemas de ordem motora, problemas emocionais, baixo senso de
auto-eficácia, entre outros (ROMERO apud SANCHES, 2004, CUNHA, 1999;
STEVANATO et al., 2003; MEDEIROS, 2003).
Conseqüentemente, os escolares expostos às situações à cima citadas
apresentam baixo desempenho acadêmico, que pode ser definido como o não
cumprimento das metas educacionais, programadas de forma convencional, pelas
escolas ou programas de avaliações específicos (DELL’AGLIO e HUTZ, 2004).
Para alguns educadores, o baixo rendimento escolar é a manifestação mais
evidente das dificuldades de aprendizagem, e pode servir como indicativo de que a
criança apresenta ou pode vir a apresentar este tipo de dificuldade (FÁVERO e
CALSA, 2003; BISPO, 2000). Citada como a maior causadora do baixo rendimento
32
escolar (DIAS, ENUMO e TURINI, 2006). As dificuldades de aprendizagem constituem
uma das áreas mais complexas de se conceituar em decorrência da variedade de
teorias, modelos e definições que visam esclarecer esse problema (FONSECA, 1995).
2.2 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Existe na literatura especializada, uma diversidade de termos para designar as
alterações que podem ocorrer na aprendizagem, tais como, dificuldades, problemas,
descapacidades, transtornos e distúrbios. Termos que muitas vezes designam
condições diferentes (MOOJEN e COSTA, 2006). Neste estudo será dada preferência
ao termo dificuldades de aprendizagem, embora em alguns momentos, possam
aparecer alguns dos demais citados.
Os estudos sobre dificuldades de aprendizagem tiveram seu início no séc. XIX,
com a identificação de problemas relacionados à área da linguagem. Nesse período,
pesquisas com adultos portadores de lesões cerebrais mostraram que este tipo de
doença influencia a expressão de idéias e sentimentos por meio da fala, mas não
afetam a inteligência dos indivíduos. Mais de um século depois, precisamente na
segunda metade do séc. XX, o tema das dificuldades de aprendizagem passou a
constituir um campo específico de conhecimento, intensamente estudado e capaz de
produzir um impacto particularmente grande no campo da educação especial (FÁVERO
e CALSA, 2004).
As dificuldades de aprendizagens, na opinião de Martin e Marchesi (1996),
podem ser entendidas, como qualquer dificuldade observável vivenciada pelo aluno
para acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas da mesma idade,
independentemente do fator determinante da defasagem. Para Fonseca (1995), trata-se
de um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na
aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do
raciocínio matemático. O Manual Diagnóstico estatístico das Doenças Mentais - DSM-IV
utiliza a terminação transtornos de aprendizagem, definindo-os, como aqueles
33
diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e
individualmente administrados de leitura, matemática e expressão escrita estão
substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização e nível de
inteligência (APA, 1995). Os Transtornos da Aprendizagem devem ser diferenciados
das variações normais na realização acadêmica e das dificuldades escolares devido à
falta de oportunidades, ensino fraco ou fatores culturais (APA, 1995), uma vez que a
escolarização inadequada pode resultar em fraco desempenho em testes padronizados
de rendimento escolar. Um prejuízo visual ou auditivo pode afetar a capacidade de
aprendizagem e deve ser investigado por meio de testes de triagem audiométrica ou
visual, ressaltando que um Transtorno da Aprendizagem pode ser diagnosticado na
presença desses déficits sensoriais, apenas quando as dificuldades de aprendizagem
excedem aquelas habitualmente associadas aos mesmos (APA, 1995).
De um modo geral, as dificuldades de aprendizagem são entendidas como
obstáculos, ou barreiras, encontradas por alunos, durante o período de escolarização
referente à captação ou assimilação dos conteúdos propostos. Elas podem ser
duradouras ou passageiras, mais ou menos intensas e em muitos casos podem levar o
aluno ao abandono da escola, à reprovação, ao baixo rendimento, ao atraso no tempo
de aprendizagem, sendo necessária ajuda especializada (REBELO apud CAPELLINE,
TONELOTTO e CIASCA, 2004).
Quanto a incidências das dificuldades de aprendizagens, estudos realizados com
populações internacionais sugerem que pelo menos 5% dos escolares apresentam
estes problemas (SMITH e STRICK,2001). Para Ohlweiler (2006), a incidência de
dificuldades de aprendizagem em crianças, nos primeiros anos de escolaridade pode
variar de 2% a 10%, dependendo do tipo de testagem utilizada. No Brasil, pesquisas
como as realizadas por Suehiro (2006)
1
; Schiavoni (2004)
2
; Almeida (2002)
3
e Zucoloto
(2001)
4
, mostram que cerca de 15% a 30% das crianças em idade escolar apresentam
1
Estudo realizado em escolas do ensino fundamental, do interior de São Paulo, com 287
crianças, com idades entre 7 e 10 anos.
2
Pesquisa realizada com 287 escolares matriculados em turmas de segundas e terceiras-séries
no estado de São Paulo-Brasil.
3
Estudo realizado na cidade de Florianópolis/SC-Brasil, com escolares do ensino fundamental.
4
Pesquisa envolvendo 194 alunos, com idade entre 7 e 16 anos, matriculados nas séries iniciais
do ensino fundamental, em Poços de Caldas/MG-Brasil..
34
dificuldades na aprendizagem, onde os meninos são os maiores afetados (MEISTER,
2001; SANTOS e GRAMINHA; 2005). De acordo com Capelline, Tonelotto e Cisaca
(2004), muitas crianças, não vão tão bem quanto poderiam na escola, em virtude de
deficiências que ainda não foram e em grande parte dos casos, não serão identificadas,
desta forma, é difícil estimar exatamente o número de crianças com dificuldades de
aprendizagem, principalmente no Brasil, onde ainda existe uma grande carência
teórica, a este respeito. Ano após ano, muitos alunos são erroneamente classificados
como tendo baixa inteligência, insolência ou preguiça, quando na verdade, necessitam
de apoio especializado.
Embora as dificuldades de aprendizagem tenham se tornado o foco de pesquisas
mais intensas nos últimos anos, elas ainda são pouco entendidas pelo público em geral.
Muitos fatores podem interferir no aparecimento das mesmas, como por exemplo,
hereditariedade, baixo peso ao nascer, desnutrição nos primeiros anos de vida, atrasos
no desenvolvimento motor, problemas psicológicos, entre outros (BAU, 2006;
RODRIGUES, MELO e FONSECA, 2006; GALLAHUE e OZMUN, 2005; SMITH e
STRICK, 2001). A complexidade da etiologia das dificuldades da aprendizagem,
também faz com que não existam transtornos específicos de um determinado grupo
étnico, pois, todos os seres humanos apresentam um genoma muito semelhante, no
que diz respeito a genes com função definida (BAU, 2006).
Quanto a classificação dos subtipos de problemas de aprendizagem, tanto a APA
(1995), quanto a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde CID10 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL da SAÚDE - OMS, 2008),
apresentam basicamente três subtipos: dificuldades de leitura, dificuldades de
matemática e dificuldades da expressão escrita. Os capítulos subseqüentes trazem
uma melhor explicação sobre os tipos de dificuldades de aprendizagem.
2.2.1 Dificuldades de Leitura
Os primeiros estudos a respeito das dificuldades de leitura confundem-se com a
história das dificuldades de aprendizagem, tendo em vista, que foram as primeiras a
35
chamar a atenção de professores e pesquisadores da área, sendo verificados registros
sobre estas já no século XVII (ROTTA e PEDROSO, 2006). O termo dislexia
(nomenclatura desferida ás dificuldades de leitura) foi utilizado pela primeira vez no ano
de 1872 por Berlin, e posteriormente por Kerr. Em 1886, Morgan publicou o
interessante caso de um adolescente com incapacidade para ler, embora se avaliado
cognitivamente, deveria ter condições de fazê-lo. O estudioso chamou esta situação
peculiar de “cegueira verbal”. Em 1907, Stevenson mantém esta terminologia ao relatar
o estudo com seis casos de cegueira verbal, em uma mesma família, já apontando para
o aspecto genético (ROTTA e PEDROSO, 2006). A expressão dislexia ressurge em
1917 com Hinshelwood, que encontrara um paciente com inteligência normal e com
dificuldades para aprender a ler e escrever. O estudioso observou distorções
perceptivas em crianças que não conseguiam reconhecer ou compreender palavras
impressas (ROTTA e PEDROSO, 2006). Em 1950, Halgério publicou o primeiro
trabalho clínico e genético a respeito do assunto intitulado de “dislexia genética”. Em
1960, autores como Orton, Hermen, Eisemberg e Thompson se preocuparam com a
definição correta do termo dislexia. Critchey discreveu no ano de 1975, a dislexia como
um transtorno manifestado por dificuldades na aprendizagem da leitura, independente
de inteligência adequada e oportunidade sociocultural (ROTTA e PEDROSO, 2006).
Definição esta que pode ser utilizada até os dias de hoje.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2008), o transtorno de leitura é
definido como a manifestação de dificuldades específicas em aprender a ler, e não
atribuídas a qualquer outro tipo de déficit relacionado à inteligência, à motivação, a
oportunidades de aprendizados, ou a acuidades sensoriais.
Para uma criança ser caracterizada como tendo dificuldades de leitura, são
necessários pelo menos dois anos de escolaridade (ALMEIDA, 2002). O quadro de
dislexia pode variar desde uma incapacidade quase total em prender a ler, até uma
leitura quase normal, mas silabada, sem automatização (ALMEIDA, 2002). Pode ser
encontrada em 5% a 17% da população infantil, conforme apresenta a Associação
Brasileira de Dislexia (ABD, 2008).
A dificuldade da aprendizagem da leitura pode afetar qualquer pessoa,
independente de classe sócio-econômica, pois se exclui a didática deficiente (APA,
36
1995). Em indivíduos com Dislexia, a leitura oral possui distorções, substituições ou
omissões; tanto a leitura em voz alta, quanto a silenciosa apresentam lentidão e erros
na compreensão (APA, 1995). Seus principais sintomas são: dificuldade em aprender o
alfabeto e no planejamento motor de letras e números, dificuldade para separar e
seqüenciar sons, para aprender a ler, escrever e soletrar. Podem ser encontrados
também, problemas relacionados ao desenvolvimento sensório-motor, tais como
dificuldade na orientação espaço-temporal e na execução da letra cursiva, na preensão
do lápis e em copiar do quadro (SHIRMER et al., 2004). Pode-se notar, que grande
parte dos sintomas que acometem as crianças com dificuldades da leitura, tem grande
relação com dificuldades motoras, principalmente envolvendo a linguagem e a
motricidade fina.
2.2.2 Dificuldades na Expressão Escrita
A escrita é uma das manifestações mais antigas da humanidade, sendo
considerada uma expressão da linguagem oral realizada por meio de sinais criados
pelo próprio homem (SANTOS e JOSÉ, 2007; SCHIAVONI, 2004). Contudo, partindo do
pressuposto de que a escrita é conforme afirma Curi apud Suehiro (2006), um sistema
de representação da língua e não uma simples transposição gráfica da linguagem oral,
a criança deve passar por um processo complexo de compreensão do código
lingüístico, compartilhado pela sociedade na qual se encontra inserida, conhecendo
suas regras, especificidades e arbitrariedades, o que torna a compreensão desse
processo imprescindível.
Para Ajuriagerra (1988), a escrita é uma atividade convencional, fruto de uma
aquisição e possível, somente a partir de certo grau de desenvolvimento intelectual,
motor e afetivo, socializados em determinados ambientes. De acordo com Ferreiro
(1987) a idéia da escrita é para a criança, um objeto do conhecimento social elaborado,
pois o processo de alfabetização ocorre em ambiente social. De acordo com Vygotsky
apud Souza (2000), a aquisição da escrita está inserida na história da gestualidade e da
fala, pois o signo escrito tem origem no gesto, um signo visual inicial que contém a
37
futura escrita da criança. A escrita não é uma simples transcrição da fala, é uma forma
específica de linguagem, que mantém relações com a imagem, desenho e com a fala,
sendo considerado um processo complicado, que exige anos de esforços escolares, os
quais não estão relacionados somente ações motoras e automatismos gráficos
(GARCIA, 1998; FERREIRO e TEBEROSKY, 1986).
Para aprender a escrever, a criança precisa desenvolver algumas habilidades e
estruturas específicas que são treinadas e ensinadas, desta forma, a dificuldade de
desenvolver e coordenar estas habilidades, muitas vezes levam algumas crianças a
apresentar problemas na aquisição e desenvolvimento da escrita (SOUZA, 2000).
Entretanto, Sánchez e Martín apud Shueriro e Santos (2005) afirmam ainda, que
crianças podem ter uma dificuldade específica na escrita e manter salvaguardado o seu
potencial cognitivo e, independente deste, lerem bem ou mal, o que dificulta uma
avaliação adequada por parte daqueles que convivem com elas cotidianamente.
Embora esta seja uma habilidade de importância reconhecida, Escoriza Nieto
apud Shueriro e Santos (2005) relata que o interesse pelo estudo das dificuldades
específicas da escrita teve início somente no final da década de 1970. O Transtorno da
Expressão Escrita, segundo a APA (2005), consiste de habilidades de escrita
acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando a idade cronológica, a
inteligência medida e a escolaridade apropriada à idade do indivíduo. As dificuldades na
expressão escrita é um transtorno bastante comum, pois afetam em torno de 10% a
30% das crianças em idade escolar, além de estar associada, em muitos casos, às
dificuldades de leitura e matemática (FEDER e MAJNEMER, 2007).
A identificação das dificuldades de escrita geralmente ocorrem por volta dos sete
anos de idade, período em que grande parte das crianças está iniciando o processo de
alfabetização, e onde a escrita formal começa a ser mais enfatizada no ambiente
escolar (ZUCOLOTO, 2001).
38
2.2.3 Dificuldades da Matemática
Os cálculos sempre fizeram parte da vida do homem. Ao caçar ou pescar,
faziam-se marcas em ossos de animais ou pedaços de madeira, quantificando o
resultado de suas aventuras. Com o surgimento das cidades e do comércio, tornou-se
necessária a criação de estratégias matemáticas, presentes até hoje (BASTOS, 2006).
O Transtorno da Matemática consiste em uma capacidade para a realização de
operações aritméticas (medida por testes padronizados, individualmente administrados,
de cálculo e raciocínio matemático), acentuadamente abaixo da esperada para a idade
cronológica, a inteligência medida e a escolaridade do indivíduo (APA, 1995).
Existem várias classificações para as dificuldades em aprender a matemática,
porém a mais comumente encontrada é a discalculia do desenvolvimento, atingindo a
aproximadamente 3% a 6% das crianças que apresentam problemas de aprendizagem
relacionados à matemática (BASTOS, 2006), podendo ser esta, considerada a mais
comum em uma série de problemas neurológicos (MAIA FILHO, COSTA e GOMES,
2006). De acordo com Ohlweiter (2006), esta dificuldade específica, não está
relacionada à ausência de habilidades matemáticas básicas, como a contagem, por
exemplo, e sim com a forma com que a criança associa essas habilidades com o
mundo que a cerca.
Diferentes habilidades podem estar prejudicadas no Transtorno da Matemática,
incluindo habilidades "lingüísticas" (compreender ou nomear termos, realizar operações
ou conceitos matemáticos e transpor problemas escritos em símbolos matemáticos);
habilidades "perceptuais" (reconhecer ou ler símbolos numéricos ou aritméticos e
agrupar objetos em conjuntos); habilidades de "atenção" (copiar corretamente números
ou cifras, lembrar de somar os números "levados" e observar sinais de operações) e
habilidades "matemáticas" (seguir seqüências de etapas matemáticas, contar objetos e
aprender tabuadas de multiplicação) (APA, 1995). Como vimos, a aquisição de
conceitos matemáticos, bem como de outras atividades que exijam este raciocínio, é
afetada em crianças que apresentam dificuldades específicas da matemática
(OHLWEITER, 2006).
39
A prevalência do Transtorno da Matemática isoladamente (isto é, quando não
encontrado em associação com outros Transtornos da Aprendizagem) é estimada como
sendo de aproximadamente um em cada cinco casos de Transtornos da Aprendizagem
(APA, 1995).
Apesar de se tratar de um dos problemas mais comuns na população em geral,
as causas específicas para o aparecimento das dificuldades de aprendizagem em
matemática, bem como de outras, ainda estão em estudo, sendo verificadas relação
com o baixo peso ao nascer, ndromes genéticas, uso de álcool e drogas pela mãe
durante a gestação, mal funcionamento, em alguns casos, do hemisfério direito do
cérebro (responsável por conceituar quantidades numéricas), e a fatores hereditários
(BASTOS, 2006).
2.3 DESENVOLVIMENTO MOTOR
O desenvolvimento motor é um fenômeno que permeia a vida de todas as
pessoas, está presente em todos os momentos da nossa vida, da inabilidade, para a
habilidade e novamente para a inabilidade avançada. Ainda que o significado de
levantar pela primeira vez e a dificuldade de se levantar no final da vida seja diferente,
tudo faz parte de processo de desenvolvimento que ocorrem durante toda vida
(KRETCHMAR, 2000). Na concepção de Gallahue e Ozmun (2005), o desenvolvimento
motor é a contínua alteração no comportamento ao longo do ciclo da vida, realizado
pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições
do ambiente (GALLAHUE e OZMUN, 2005).
Os primeiros estudos a respeito do desenvolvimento motor infantil datam de
1781. Connoly (2000) cita os pesquisas realizads pelo alemão Dietrich Tiedemann,
Preyer, Arnold Gesell e Myrtle McGraw. Tiedemann, assim como outros estudiosos de
épocas anteriores, observou e publicou diversos estudos relacionados aos
comportamentos de seu filho recém nascido. O pesquisador fez cuidadosas descrições
da criança, partindo do nascimento até a idade de dois anos e meio, o qual apresentou
40
seqüências comuns de mudança comportamental, como a transição da preensão
reflexa para a voluntária, dentre outros comportamentos relevantes em estudos atuais.
Outro trabalho citado por Connoly (2000) foi o realizado por Preyer que, em
1880, produziu dois volumes sobre o desenvolvimento infantil. O primeiro volume
chama-se The senses and the will. O termo will refere-se às ações e revelam o
interesse de Preyer em descrever como os bebês vêm a realizar ações.
Outros dois autores importantes na história do desenvolvimento motor foram
Arnold Gesell e Myrtle McGraw. Após um longo período em que não se verificou na
literatura grande interesse em estudos sobre o comportamento motor, Gesell e McGraw
desenvolveram seus trabalhos sobre a maturação e desenvolvimento físico de bebês
(CONNOLY, 2000).
Contudo, de acordo com Gallarue e Ozmun (2005), o estudo sobre o
desenvolvimento motor, pelos profissionais da Educação Física, como um campo
especializado de pesquisa escolar, não ganhou verdadeiro ímpeto até os anos 70. A
busca pela compreensão progrediu a passos lentos, mas firmes, nos anos 60, e então
começou a progredir velozmente nos anos 70, quando profissionais da Educação Física
desenvolvimentistas e psicólogos, mudaram seu foco de abordagem normativo-
descritiva para o estudo dos processos desenvolvimentistas subjacentes (GALLARUE e
OZMUN, 2005). Nos anos 80, um corpo de pesquisa, aumentou o interesse no estudo
do desenvolvimento motor. Uma quantidade sem precedentes de pesquisas, baseadas
em teorias, foi realizada desde a década de 80 até os anos 90, com
desenvolvimentistas de várias áreas confrontando-se com os estudiosos de
desenvolvimento motor (GALLARUE e OZMUN, 2005). Tais pesquisas ocuparam o seu
lugar como área legítima de pesquisa científica nos campos da cinética e da psicologia
desenvolvimentista. Atualmente, o desenvolvimento motor está relacionado às áreas
cognitivas e afetivas do comportamento humano e os especialistas estão estudando
tanto os processos subjacentes de desenvolvimento quanto seus muitos e variados
produtos (GALLARUE e OZMUN, 2005).
Sabe-se que desenvolvimento das habilidades motoras é contínuo, entretanto,
para Eckert (1993) é durante o período pré-escolar, que ocorrem as mudanças mais
acentuadas e o comportamento da criança caracteriza-se por constante atividade
41
exploratória. Nesta fase do desenvolvimento motor ocorre um importante avanço,
seguindo as conhecidas leis céfalo-caudal e próximo-distal. O principal período para o
desenvolvimento motor se entre os 6 e os 12 anos de idade (ECKERT, 1993).
Verifica-se um aperfeiçoamento das habilidades motoras: o equilíbrio se torna
eficiente, os padrões motores básicos estão mais refinados e adaptados às diferenças
estruturais, melhor coordenação, controle físico e proficiência crescente em
habilidades manipulativas, ou seja, as principais mudanças no desenvolvimento motor
do indivíduo acompanham as mudanças ocorridas em função da vivência escolar
(ECKERT, 1993; GALLAHUE e OZMUN; 2005).
Grande parte, dos autores da área estuda o desenvolvimento motor dividido em
faixas etárias e períodos crítico, entretanto, as faixas etárias representam meramente
escalas de tempo aproximadas, nas quais certos comportamentos podem ser
observados (GALLAHUE e OZMUN; 2005). Cada indivíduo tem época peculiar para a
aquisição e para o desenvolvimento de habilidades motoras. Embora o “relógio
biológico” seja bastante específico quando se trata da seqüência de aquisição de
habilidades motoras, o nível e a extensão do desenvolvimento são individuais e tem
grande influência das exigências da tarefa em si e do meio em que a crianças está
inserida (GALLAHUE e OZMUN, 2001).
Como se sabe, durante os primeiros anos da vida da criança, há grande
avanço em diversos aspectos do desenvolvimento. Porém, todos estes avanços estão
ligados a especialização dos movimentos e com as relações exercidas entre a criança e
o ambiente (PAPALIA e OLDS, 2000).
O desenvolvimento motor influencia de forma diferente também, os tipos de
aprendizagem. O aprender a ler está diretamente relacionado com a aquisição da
linguagem (COLE e COLE, 2003; RODRIGUES, MELO e FONSECA, 2006). Para
escrever corretamente a criança necessita de um bom desenvolvimento motor fino
(FEDER e MAJNEMER, 2007), devido a grande precisão exigida para a realização dos
movimentos. Assim como a aprendizagem da matemática, por sua vez, está
relacionada principalmente a uma boa organização espaço/temporal (BASTOS, 2006;
KAEFER, 2006).
42
O desenvolvimento das habilidades motoras é fator contínuo na vida de todos os
indivíduos. É através dos movimentos que aprendemos a nos relacionar com o
ambiente a nossa volta e é por meio dele que grande parte das habilidades importantes
na vida do ser humano são adquiridas e aprimoradas.
2.3.1 Transtornos do desenvolvimento motor.
O desenvolvimento motor na infância caracteriza-se pela aquisição de um
extenso espectro de habilidades motoras, que possibilitam a criança um amplo domínio
do seu corpo em diferentes posturas (estáticas, e dinâmicas), tais como, locomover-se
pelo meio ambiente de várias formas (andar, correr, saltar, entre outros) e manipular
objetos e instrumentos diversos (receber uma bola, arremessar uma pedra, escrever,
chutar, lançar objetos, entre outros) (GALAHUE e OZMUN, 2005; ECKERT, 1993).
Estas habilidades são assimiladas no dia-a-dia, na escola, em casa ou em brincadeiras
na rua, típicas da infância (SANTOS DANTAS e OLIVEIRA, 2004).
Como vimos, o movimento hábil é um componente importante na vida humana, e
a habilidade de realizá-lo de forma correta faz parte da vida diária (HENDERSON e
SUGDEN, 1992). Ao ingressar no ambiente escolar, as crianças devem possuir um
repertório de habilidades motoras capaz de ajudá-las a lidar com as crescentes
exigências desse ambiente (FERREIRA, et al., 2006). Deste modo, deve-se prestar
atenção em crianças que para realizarem tarefas motoras simples, esforçam-se
demasiadamente, uma vez que, a correta aquisição das habilidades motoras é um dos
principais requisitos para a adequação da criança no currículo escolar, não somente
nas aulas de educação física (HENDERSON e SUGDEN, 1992). Dificuldades na
destreza manual, por exemplo, podem vir a atrapalhar a escrita, e até mesmo agravar a
desatenção (FEDER e MAJNEMER, 2007; FÁVERO, 2005). Particularmente no
processo de escolarização, deve ocorrer o domínio de várias habilidades motoras
(SANTOS, DANTAS e OLIVEIRA, 2004).
É possível verificar um consenso entre alguns autores sobre a idéia de
interdependência entre as habilidades motoras iniciais e a habilidades motoras
43
especializadas, pois, a boa aquisição de habilidades básicas, atende não as
necessidades impostas pela primeira e segunda infância, como trazem profundas
implicações no sucesso de habilidades adquiridas posteriormente, no decorrer da vida.
(GALAHU e OZMUN, 2005; HAYWOOD e GETCHELL, 2004). Entretanto, algumas
crianças, ao atingirem a idade escolar, não possuem o esperado domínio de suas
habilidades motoras básicas e passam a ter um desempenho aquém do esperado
(FERREIRA, et al. 2006). Estas dificuldades na utilização ou aquisição de habilidades
motoras básicas (saltar, correr, agarrar), ou na realização de habilidades funcionais,
típicas do quotidiano infantil (comer, vestir, escrever), na opinião de Santos, Dantas e
Oliveira (2004), são vivenciadas pela criança como um transtorno, que implica em
problemas, em diversas esferas do quotidiano.
Quanto à incidência destas desordens motoras, a estimativa apresentada pela
APA é de aproximadamente 6% na população infantil. Entretanto, estudos realizados
em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil apresentam dados que podem variar
de 1,7% a 15,1% da população de escolares (LINGAM et al. 2009
5
; KOURTESSIS, et
al., 2008
6
; FRANÇA, 2008
7
; WRIGT e SUGDEN, 1996
8
). Os mais atingidos pelas
desordens motoras são os meninos, sendo apresentadas proporções de dois, quatro e
até sete meninos para cada menina (WRIGHT e SUGDEN, 1996; WILSON e
MCKENZIE, 1998; DEWEY e WILSON, 2001; KADESJO e GILLBERG, 1999).
É possível verificar diferentes denominações para os transtornos do
comportamento motor (FRANÇA, 2008). Geuze et al. (2001) verificou que o termo mais
comumente utilizado, dentre os estudos por eles analisados foi desajeitado (clumsy) ou
desajeitamento (clumsiness) em 41%, seguido por Developmental Coordination
Disorder DCD em 26% dos casos. Magalhãe, Missiúma e Wong (2006), em um
estudo mais recente, sobre as nomenclaturas utilizadas para designar problemas no
5
Estudo longituninal realizado com 6990 crianças do Reino Unido, com idades entre 7 e 8 anos,
utilizando como forma de identificação da DCD os critérios do DSM-IV.
6
Pesquisa realizada com 107 estudantes gregos, sendo verificada 15,1% de incidência de DCD,
utilizando como instrumento de medida, o Movement Assessment Batery for Children - MABC.
7
Pesquisa envolvendo 416 escolares com idades entre 7 e 8 anos da cidade de
Florianópolis/SC-Brasil, sendo encontrada uma estimativa de 10,8% de DCD, utilizando o Movement
Assessment batery for Children - MABC.
8
Análise da incidência de DCD em uma amostra randomizada de 427 escolares de Singapura,
onde foi encontrada uma prevalência de 4% de desordens motoras, utilizando o Movement Assessment
batery for Children - MABC.
44
desenvolvimento motor, verificaram que de um total de 319 artigos, 52,7% utilizavam o
termo Developmental Coordination Disorder DCD. Após reuniões realizadas em
Londres e no Canadá, com 47 especialistas de diferentes países, da comunidade
científica da área, ficou decidido que o termo DCD é o mais correto para utilização em
pesquisas com dificuldades motoras leves, que não sejam causados por uma condição
médica, ou retardo mental, a menos que seja comprovada a comorbidade
(POLATAJKO e CANTIN, 2006; VISSER, 2003). No Brasil é possível verificar diferentes
traduções, para o termo DCD, como Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação –
TDC (SANTOS, DANTAS e OLIVEIRA, 2004), ou Desordem da Coordenação do
Desenvolvimento (DCD) (FERREIRA et al., 2006). Entretanto, de acordo com França
(2008), como intuito de manter a sigla internacionalmente utilizada (DCD), e traduzir o
termo disorder, de forma mais direta, objetiva e apropriada, limitando a possibilidade de
viés nas interpretações realizadas, aconselha-se o uso de Desordem Coordenativa
Desenvolvimental como tradução para Developmental Coordination Disorder – DCD.
A Desordem Coordenativa Desenvolvimental - DCD se caracteriza, segundo a
APA (1994), por um prejuízo no desenvolvimento da coordenação motora, com o
diagnóstico sendo feito somente se este prejuízo interfere significativamente nas
atividades acadêmicas e nas atividades cotidianas. O diagnóstico também está
condicionado ao fato de a desordem motora não ser de origem patológica, como
paralisia cerebral, hemiplegia, distrofia muscular, ou qualquer outra dificuldade
desenvolvimental. Outra explicação para o termo é dado pela CID 10, sendo definido
como um sério comprometimento no desenvolvimento da coordenação motora, que não
é explicável unicamente em termos de retardo intelectual, global ou qualquer desordem
neurológica congênita ou adquirida específica (a não ser aquela que possa estar
implícita na anormalidade da coordenação). É usual que a inabilidade motora esteja
associada a algum grau de desempenho comprometido em tarefas cognitivas ou visuo-
espaciais (OMS, 2008).
A desordem motora se expressa de várias formas. Algumas crianças
apresentam-na em todas as habilidades motoras, e até mesmo a fala não é clara nem
fluente. Outras a apresentam de forma mais específica, por exemplo, em atividades que
exigem destreza manual: escrever, cortar com tesoura, ou usar garfo e faca
45
(FERREIRA, et al. 2006). O grau de comprometimento da desordem motora também
varia, indo de moderada a severa, podendo manifestar-se de forma precoce ou
somente ao ingressar no ensino formal (FERREIRA, et al. 2006), seguindo, em alguns
casos por toda a adolescência e até mesmo a vida adulta (MISSIUNA, RIVARD e
POLLOCK, 2004).
Apesar da alta prevalência do transtorno, bem como da gama de sintomas
identificados, ainda são poucas as informações a respeito do mesmo na literatura
educacional (MISSIUNA, RIVARD e POLLOCK, 2004). Como conseqüência disto e da
grande heterogeneidade dos sintomas da DCD, é difícil apontar uma causa específica
para o transtorno (BARNHART et al. 2003). A hipótese mais aceita no momento refere-
se a falhas no caminho das informações até o Sistema Nervoso Central, ou na
execução do movimento (CONNOLLY apud FERREIRA et al., 2006; HADDERS-ALGRA
apud BARNHART et al. 2003). Ou seja, as desordens motoras podem resultar de
problemas de “input” (perceptuais); problemas de processamento central (como
estratégias cognitivas e timing); ou problemas de output” (disfunção efetora); ou ainda,
ambos (CONNOLLY apud FERREIRA et al., 2006). Semelhante ao exposto por
Hadders-Algra apud Barnhart et al. (2003), cuja hipótese sobre a origem dos problemas
motores está na falha do planejamento e execução de ações motoras, em virtude de
problemas no sistema receptor ou efetor do impulso nervoso, ocasionadas no período
gestacional.
Fatores genéticos são apontados como possíveis causas para as desordens no
desenvolvimento motor, assim, acontecimentos pré e perinatais, como nascimento
prematuro, retardo severo do crescimento intra-uterino e asfixia perinatal,
presumivelmente, têm um papel adicional (GOYEN e LUY, 2009; FERREIRA et al.,
2006).
Para identificação dos distúrbios motores, a APA, apresenta quatro critérios,
contidos no DSM-IV, os quais foram utilizados por Lingam et al. (2009), em seu estudo
com escolares do Reino Unido, e descritos da seguinte forma:
a) o desempenho em atividades diárias que exigem coordenação motora
está substancialmente abaixo do nível esperado, considerando a idade cronológica e a
inteligência medida do indivíduo. O quadro pode manifestar-se por atrasos marcantes em
alcançar marcos motores (por exemplo, caminhar, engatinhar e sentar) propensão a deixar
cair objetos, desajeitamento, fraco desempenho nos esportes ou caligrafia insatisfatória; b) a
46
perturbação no critério A interfere significativamente no rendimento escolar ou nas atividades
da vida diária; c) a perturbação não se deve a uma condição médica geral (por exemplo,
paralisia cerebral, hemiplegia ou distrofia muscular) nem satisfaz os critérios para desordem
invasiva do desenvolvimento; e, d) em presença de retardo mental, a desordem motora
excede aquela, geralmente associada com essa desordem (LINGAM et al, 2009, p 695).
Além dos critérios à cima citados, outros instrumentos tem sido utilizados para a
identificação de desordens motoras, sendo o Movement Assessment Batery for
Childrem (MABC) e o Test of Motor Impairement (TOMI), os mais comuns, de acordo
com o estudo de Geuze et al. (2001). Em um levantamento teórico a respeito dos
estudos sobre as desordens motoras, os autores verificaram que em 50% das
pesquisas foram utilizados o MABC e o TOMI (GEUZE et al. 2001), para identificação
da DCD. Entretanto, para uma criança chegar a ter um diagnóstico de DCD,
primeiramente deve ser realizado um levantamento a respeito do histórico motor,
avaliação da coordenação motora, bem como, exames sicos e neurológicos
(POLATAJKO e CANTIN, 2006).
Além das complicações causadas pelas limitações motoras as quais são
expostas as pessoas que sofrem de desordens no desenvolvimento motor, é possível
encontrar outros problemas em conjunto, como uma grande coexistência de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (30% a 50%) (KAPLAN et al. 1998), e dificuldades de
aprendizagem (podendo chegar a até 50% dos casos) (RAMUS, PIDGEON e FRITH,
2003). Pode-se verificar também, queda da auto-estima e baixa auto-eficácia, devido
aos constantes fracassos em atividades esportivas e de lazer, que acabam por diminuir
a percepção de competência da criança (HAI apud CAIRNEY et al. 2005; RODGER et
al. 2003). Estas por sua vez tendem a evitar tarefas difíceis, percebendo-as como
ameaça pessoal (COSTA e BORUCHOVITCH, 2006). Possuem níveis de ansiedade
muito altos e adotam estilo de vida sedentário (SMYTH e ANDERSON, 2000).
2.3.1.1 Transtornos do desenvolvimento motor e as dificuldades de aprendizagem
Toda a percepção do mundo se embasa no conhecimento do próprio corpo, que
é o ponto de referência para o crescimento e desenvolvimento das percepções de
47
espaço e tempo. Por conseguinte, é preciso dar ênfase ao desenvolvimento destes
componentes para a aplicação nas tarefas escolares e à formação dos constructos
presentes no processo de escolarização (MEDINA, ROSA e MARQUES, 2006).
Como demonstrado no tópico anterior, a incidência de problemas motores, em
algumas partes do mundo, pode ultrapassar a marca de 15% em crianças com idade
escolar (KOURTESSIS et al., 2008). Entretanto, além do grande número de crianças
com distúrbios motores, muitas delas mostram também problemas com a atenção e
concentração como, em casos mais graves, o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), ou ainda, dificuldades específicas na aprendizagem, como a
dislexia e distúrbios específicos da linguagem (VISSER, 2003; RAMUS, PIDGEON e
FRITH, 2003; KAPLAN et al. 1998).
Crianças com TDAH podem apresentar um excesso de atividade e diferente das
demais de sua idade, muitas vezes são incapazes de sustentar a atenção, o interesse e
a persistência em tarefas de seu quotidiano, mesmo aquelas consideradas agradáveis
pela maioria, como brincadeiras e jogos (BOO e PRINS, 2006). Essas características
podem acarretar prejuízos em múltiplas áreas da vida da criança, como a adaptação ao
ambiente acadêmico, relações interpessoais e desempenho escolar (PASTURA et al.,
2005; BOO e PRINS, 2006; MATTOX e HARDER, 2007 e PEREIRA, ARAÚJO e
MATTOS, 2005).
Em relação ao desenvolvimento motor, Barkley (2002), Piek et al. (1999) e
Kaplan et al. (1998), afirmam que de 8% a 52% das crianças com TDAH apresentam
em comorbidades DCD. Tseng et al. (2004) verificaram uma estimativa ainda maior,
variando de 47% a 69% dos casos de TDAH, apresentando correlações com distúrbios
motores, não sendo, na opinião de Kaplan, Sadock e Grebb (2003) e Cypel (2000)
possível especificar em que grau e quais áreas da motricidade são mais prejudicadas.
Por outro lado, estudos revelam grande dificuldades por parte de crianças com TDAH
na motricidade fina, afetando principalmente a escrita, podendo estas dificuldades
causarem danos, também no progresso educacional das crianças com TDAH
(SCHOEMAKER et al., 2005; TUCHA e LANGE, 2004; TSENG et al., 2004; PIEK et al.,
1999; WHITMONT e CLARK, 1996). Outras pesquisas mostram que existem diferenças
entre as dificuldades motoras e os Tipos de TDAH. De acordo com Dewey et al. (2002),
48
crianças que possuem o TDAH do tipo desatento, apresentam mais dificuldades quanto
a motricidade fina, enquanto que o tipo combinado possui relação com dificuldades
motoras amplas. Apesar de estudos evidenciarem a coexistência de TDAH e DCD,
Jarros et al. apud Flapper et al. (2006), ressaltam a necessidade de maiores estudos, a
fim de melhor investigar destas relações.
A comunidade científica, recentemente tem dado atenção especial à pesquisas
envolvendo, também a co-ocorrência de DCD e as dificuldades de aprendizagem
(KOURTESSIS et al., 2008; NICOLSON e FAWCET, 2007).
Estima-se que o percentual de crianças que apresentam ambos os problemas
esteja em torno de 30 a 50% dos casos, podendo variar de acordo com a origem das
crianças, ou o método utilizado para avaliação das dificuldades (KOURTESSIS et
al.,2008; RAMUS, PIDGEON e FRITH, 2003; O`HARE e KHALID, 2002; SMITS-
ENGELSMAN, NIEMEJER e GALEN, 2001), sendo mais citadas as dificuldades na
escrita e leitura, em detrimento das dificuldades de aprendizagem da matemática
(SMITS-ENGELSMAN, NIEMEJER e GALEN, 2001).
Ao investigarem a capacidade de escrita de crianças com DCD, e compararem
com crianças sem a desordem motora, Dewey et al. (2002), encontraram grande
dificuldades das crianças com DCD em desempenhar as tarefas grafo-escritas,
impostas pelo teste, por eles utilizado. Nos testes de inteligência e estratégias, frente a
tarefas escolares, as crianças sem o distúrbio motor também apresentaram melhores
resultados. No mesmo estudo, os autores verificaram também, grandes dificuldades de
leitura, presentes nas crianças com DCD, o que pode, na opinião dos autores, se tratar
de um indicativo de Dislexia, bastante comum em crianças com desordens motoras
(VISSER, 2003; DEWEY et al., 2002).
Acredita-se, que esta relação entre a DCD e as dificuldades de escrita exista,
pois o ato de escrever, de acordo com Feder e Majnemer (2007), é uma mistura
complexa, que engloba habilidades perceptivo-motoras, a coordenação óculo-manual
além de competências cognitivas. De acordo do Fávero e Calsa (2004), no início da
escolarização é possível identificar crianças com dificuldades na escrita, atendo-se
principalmente ao seu comportamento motor. O desenvolvimento da motricidade fina
possui extrema relação com a boa aquisição da escrita, sendo verificado, em grande
49
parte das crianças que possuem dificuldades motoras finas, problemas para escrever
(SOUZA e SISTO, 2001). Em um estudo longitudinal a respeito da relação entre
destrezas motoras finas e a disgrafia, constatou-se que as crianças com dificuldades de
escrita não recebiam o tratamento adequado, uma vez que se confundia o problema
com um atraso apenas no desenvolvimento cognitivo, enquanto que se tratava, dentre
outros fatores, de uma condição neuro-motora (SMITS-ENGELSMAN, NIEMEJER e
GALEN, 2001). Desta forma, pode-se dizer que problemas referentes ao planejamento
e a coordenação motora, podem, se o causar, acentuar as dificuldades na aquisição
da escrita (SMITS-ENGELSMAN, NIEMEJER e GALEN, 2001).
Disfunções cerebelares foram sugeridas como uma das possíveis causas para
as dificuldades de leitura, ou, dislexia, a partir das observações de Nicolson e Fawcet
apud White et al. (2006). A relação entre os déficits na leitura e o mau funcionamento
do cerebelo foi atribuída ao fato de freqüentemente, as crianças disléxicas
apresentarem problemas quanto ao controle motor, bem como deficiências no equilíbrio
(REYNOLDS e NICOLSON, 2007; VICARI, ET AL. 2005; ECKERT, 2003; LEORNARD,
et al., 2002; RAE, et al., 2001). Isto, devido ao papel crucial do cerebelo na linguagem e
habilidades cognitivas (NICOLSON e FAWCETT, 2007), bem como no controle do
equilíbrio e da postura, do tônus muscular, além de atuar no planejamento de
movimentos voluntários, na manutenção e mudança do foco de atenção, na fala e no
comportamento (KAHLE, LEONHARDT e PLATZER, 2000). Porém, White et al. (2006)
e Moe-Nilsen et al. (2003), contrapões-se a esta hipótese, devido ao fato de não terem
encontrado evidências concretas sobre a influência de déficits cerebelares em crianças
disléxicas, por eles investigadas, sugerindo maiores investigações.
É possível encontrar na literatura evidências de problemas motores, presentes
também em crianças com dificuldades de aritmética (BASTOS, 2006), mais
especificamente relacionados ao desenvolvimento da organização espaço-temporal.
Comumente, cadernos de crianças com dificuldades em matemática, apresentam
desorganização e desproporção, além de mau formação dos números, o que pode
também estar relacionada à problemas motores finos (KAEFER, 2006; BASTOS, 2006).
50
2.4 AUTO-EFICÁCIA
Neste tópico da revisão de literatura está caracterizada a auto-eficácia,
entretanto, antes de entrar diretamente nos conceitos da variável, achou-se
interessante abordar primeiramente a Teoria Social Cognitiva, da qual o senso de auto-
eficácia é componente.
Na ânsia de melhor explicar aspectos da aprendizagem e dos processos
cognitivos que não podem ser observados de maneira direta, bem como as
expectativas, os pensamentos e as crenças, Bandura tentou desenvolver um modelo
que pudesse contemplar, tantos estes aspectos importantes, como suas influências
sociais (ROLIN, 2007). A este, chamou Teoria Social Cognitiva (TSC).
De acordo com Bandura, a TSC é um quadro teórico que postula que a
realização humana depende da interação entre os comportamentos da pessoa e fatores
pessoais, tais como, pensamentos e crenças, com as condições ambientais. Ou ainda,
uma matriz teórica, caracterizada por uma linha psicológica (dentre outras linhas), que
estuda o indivíduo em sua personalidade, funcionalidade e organização existencial
(BANDURA, apud VENDIT JUNIOR, 2005).
Na TSC os indivíduos possuem mecanismos próprios que permitem controlar
seus pensamentos, sentimentos, motivações e ações (STEVANATO et al., 2003). Este
sistema permite mecanismos de referências e ajustes de sub-funções para percepção,
regulação e avaliação do comportamento, que funcionam interagindo estes sistemas
com as fontes de influência do meio-ambiente (SHUNK e PAJARES, 2001).
Dentre os fatores que compõem a Teoria Social Cognitiva, a auto-eficácia é a
representante intrapessoal que mais influencia o comportamento humano (BANDURA,
1977).
A auto-eficácia é definida com um julgamento das próprias capacidades de
executar cursos de ação exigidos para se atingir certo grau de performance, em uma
determinada tarefa ou situação (BANDURA, 1993). Tais crenças podem influenciar as
aspirações e o envolvimento com metas estabelecidas, o vel de motivação, a
perseverança diante das dificuldades, a resiliência às adversidades, relacionando-se
51
com a qualidade de pensamento analítico, a atribuição causal para o sucesso ou
fracasso e a vulnerabilidade para o estresse e depressão (MEDEIROS et al., 2000).
O conceito de auto-eficácia surgiu quando Bandura (1977) fazia
tratamento de fobias com técnicas de aprendizagem de modelamento.
Durante o processo, surgiram diferenças individuais em relação a
possibilidade de todos os indivíduos alcançarem sucesso. Algumas pessoas,
mesmo desenvolvendo uma perspectiva de resultados altamente positiva,
propiciada pelas técnicas que as protegeriam de determinadas
conseqüências, apresentavam diferenças na percepção da capacidade para
usar essas técnicas em ambientes não terapêuticos. No ano de 1986,
Bandura concluiu que as crenças das pessoas em sua capacidade afetavam
a quantidade de estresse e depressão que elas suportavam em situação de
ameaça. Neste sentido descobriu, que a auto-eficácia possuía uma função
reguladora sobre o comportamento, sendo mediadora entre a cognição,
emoção e motivação (COSTA e BORUCHOVICH, 2006, p.93)
O indivíduo obtém informações para apreciar sua auto-eficácia por meio de
quatro fatores principais: performance pretendida, experiências vicariosas, persuasão
verbal e estados psicológicos (BANDURA, 1977).
A performance pretendida ou anterior em determinada tarefa é a fonte mais
importante de auto-eficácia no contexto escolar (BANDURA, 1977). A experiência
vicariosa (efeitos produzidos pelas ações de modelos) torna-se mais efetiva quando a
pessoa é insegura, sendo interpretada como a comparação entre a pessoa em questão
e outros indivíduos (BANDURA, 1977; PAJARES, 1995). O julgamento das ações por
terceiros pode ser interpretado de forma positiva ou negativa, quando positiva, facilita a
auto-eficácia e quando negativa dificulta a percepção de competência para a auto-
eficácia (BANDURA, 1977; PAJARES, 1995). Por fim as reações psicológicas frente a
determinada tarefa, associados às emoções positivas ou negativas influenciam na
maneira como as situações são percebidas pelo indivíduo (BANDURA, 1977;
PAJARES, 1995).
O senso de auto-eficácia torna-se relevante na medida em que influência a
escolha de atividades, a motivação, a quantidade de esforço a ser investido, bem como
promove ou inibe o nível de desempenho (AZZI e POLIDORO, 2006).
Estudada em diversos campos como: fobias, vícios, estresse em uma variedade
de contextos, controle da dor, saúde, relações entre pais e filhos deficientes,
desempenho atlético, a auto-eficácia têm recebido grande atenção no campo de
52
pesquisa educacional. Em particular, com crianças que experienciam dificuldades de
aprendizagem, afeto ou comportamento (ROLIN, 2007; SCHMIDT e BOSA, 2007).
2.4.1 Auto-eficácia na área educacional
Muitas pesquisas vêm sendo desenvolvidas envolvendo a auto-eficácia e a área
escolar. Para Pajares (2005), os pesquisadores têm se focado em três áreas
específicas: ligação entre auto-eficácia e o desempenho acadêmico e as escolhas
profissionais. A segunda área mais estudada, foca as pesquisas na motivação dos
professores e como estes motivam seus alunos. Acredita-se que a percepção de auto-
eficácia de professores é relacionando com a sua prática pedagógica. Na terceira área,
os pesquisadores têm verificado que as crenças de auto-eficácia são correlacionadas à
motivação, ao desempenho acadêmico e aquisição do conteúdo, das quais, esta será
um dos temas centrais deste estudo.
As teorias cognitivistas da motivação para aprendizagem divergem das teorias
mais mecanicistas no que se refere à importância dos processos internos, influenciando
no desempenho escolar (BORUCHOVITCH, 1994). Essas teorias ressaltam que o mais
importante não é mais o evento em si, e sim a interpretação que o sujeito confere ao
mesmo. Dentre essas variáveis internas destaca-se, no presente estudo, o senso de
auto-eficácia (MEDEIROS, 2000).
O senso de auto-eficácia começa a se estimulado por pais e cuidadores, ainda
no início da primeira infância, estes proporcionam experiências que estimulam o
aparecimento de uma boa auto-eficácia, uma vez que as crianças ainda não possuem
experiências próprias para agirem sobre os acontecimentos de seu dia-a-dia
(SCHUNCK e PAJARES, 2001). As vivências domésticas ajudam a criança a interagir
eficazmente com o ambiente ao seu redor (MEECE apud SCHUNCK e PAJARES,
2001; BANDURA apud PAJARES, 1995). Entretanto, apesar da grande influência da
família no desenvolvimento do senso de auto-eficácia, nas crianças jovens, esta relação
é bidirecional, uma vez que os pais são responsáveis por promover um ambiente rico
em elementos que estimules a curiosidade e criatividade das crianças, e quanto mais
53
curiosidade e criatividade as crianças apresentarem, maior será o envolvimento dos
pais no processo (SCHUNCK e PAJARES, 2001).
Quanto mais ricos em desafios, que possam ser superados, é o ambiente em
que a criança está inserida, maior será a motivação em desempenhar as tarefas,
facilitando o processo de assimilação de novas habilidades (MEECE apud SCHUNCK e
PAJARES, 2001). Estas experiências positivas servirão de alicerce para uma boa auto-
eficácia, e suas relações com a aprendizagem.
A partir do momento que a criança entra na escola, outras fontes importantes
para a formação de alta auto-eficácia, são as informações provenientes dos
professores. Estes são os maiores responsáveis pela formação da auto-eficácia
intelectual (PASTORELLI et al., 2001).
Na área escolar, de acordo com Schunk apud Bzuneck (2001) as crenças de
auto-eficácia são convicções pessoais quanto a dar conta de uma determinada tarefa,
específica do cotidiano escolar, e em um grau de qualidade definida.
A auto-eficácia dos estudantes, juntamente com outras crenças e atitudes para a
aprendizagem é forte preditor de desempenho acadêmico, pois além de influenciá-lo, é
também influenciada por ele, tendo implicações no desenvolvimento da criança como
um todo (MEDEIROS, 2000). Essa influência ocorre tanto por ação direta como através
do seu impacto nos processos de motivação, auto-regulação e autopercepção, nas
expectativas de resultados, e nas escolhas e interesses que, por sua vez, afetam o
nível e o tipo de comportamento (SCHUNK e PAJARES, 2001; SCHUNK, 1984;
BANDURA, 1993).
Quando comparada a auto-eficácia de escolares que duvidam de suas
capacidades, com de outros com bom senso de auto-eficácia, é possível notar que o
segundo grupo apresenta maior persistência em atividades escolares além de
desenvolvê-las com mais competência (SCHUNK e MEECE 2005). Os alunos mais
auto-eficazes estão mais aptos a realizarem tarefas com um maior grau de dificuldades,
além de alcançarem níveis mais elevados de desempenho.
No caso das crianças que apresentam mau desempenho acadêmico, a baixa
auto-eficácia acaba se tornando um ciclo vicioso, pois a baixa crença em seu potencial,
pode agravar seu desempenho escolar e por conseqüência sua auto-eficácia torna-se
54
enfraquecida (LOUREIRO E MEDEIROS, 2004; MEDEIROS et al., 2003; STEVANATO
et al., 2003).
2.4.2 A Auto-eficácia e os transtornos do desenvolvimento motor
Os transtornos no desenvolvimento motor são caracterizados como uma
condição crônica, geralmente permanentes, encontrada em crianças, em cujas
deficiências motoras interferem negativamente em diversos aspectos da vida diária
(HILLIER, 2007).
Crianças com problemas motores tendem a superestimar suas dificuldades,
acham-se desajeitados e tem diminuída sua auto-eficácia, devido a insucessos
anteriores em atividades que exijam boa coordenação motora (HAI apud CAIRNEY et
al. 2005). Tal como demonstrado por Skinner e Piek, (2001), em um estudo
comparativo, envolvendo crianças com e sem dificuldades da coordenação motora, os
quais apresentaram grandes diferenças quanto a percepção da auto-eficácia, o auto-
conceito e a auto-estima.
Geralmente, pessoas que apresentam um comportamento motor mais
desajeitado são introvertidas, julgam-se menos competentes tanto fisicamente, como
socialmente e são significativamente mais ansiosas (POULSEN, ZIVIANI e CUSKELLY,
2006; SCHOEMAKER e KALVERBOER, 1994). Rose, Larkin e Berger (2007),
verificaram que meninas com DCD apresentam baixa auto-estima, bem como
desinteresse por atividades sicas e de lazer, além de evitarem a participação em
atividades com alto grau de desafio, ou procurarem sempre as tarefas mais fáceis.
Mesmo atividades, que para a maioria das crianças são consideradas
agradáveis, como brincar em um parque, por exemplo, acabam sendo evitadas por
aqueles que possuem atrasos motores, uma vez que sua percepção de competências
está enfraquecida, devido a fracassos anteriores, os quais podem estar relacionados a
exposições ao ridículo, frente aos pares. Estas experiências podem fazer com as
crianças, que se encontram nesta situação não se julguem capazes de desempenhá-las
55
corretamente e, conseqüentemente prefiram evitá-las a tentar acertar (CAIRNEY et al.,
2005).
As desordens motoras tendem a influenciar, além da auto-eficácia, a percepção
de competência, tanto em aspectos escolares como motores. Bem como prejudica
outros fatores biopsicossociais importantes para o desenvolvimento, como auto-
conceito, e auto-estima, além de contribuir para o aumento da ansiedade (SKINNER e
PIEK, 2001).
3 MÉTODO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa possuiu em um primeiro momento característica descritiva
diagnóstica, com delineamento transversal, pois o estudo se preocupou em caracterizar
o desempenho acadêmico motor, bem como o senso de auto-eficácia, dos escolares
matriculados nas séries iniciais do ensino fundamental de uma escola pública, de
Educação Básica do município de São José/SC. Após este procedimento, a pesquisa
teve caráter descritivo de cunho comparativo, onde foram verificadas as associações e
correlações entre as variáveis previamente apresentadas nos objetivos deste estudo
(desempenho acadêmico, desempenho motor e a auto-eficácia).
3.2 UNIVERSO DO ESTUDO
Compõe o universo deste estudo, 1630 escolares matriculados ensino
fundamental de uma escola de Educação Básica do Município de São José/SC-Brasil,
cidade integrante da região Metropolitana de Florianópolis. Esta instituição de ensino
atende estudantes com idades entre 6 e 18 anos, regularmente matriculados em todas
as séries do ensino fundamental, nos períodos matutino e vespertino. Localizada em
uma importante área do município de São José/SC-Brasil, a escola possui em seu
corpo discente, escolares de todas as regiões da cidade, bem como municípios
próximos (Florianópolis, Biguaçú e Palhoça).
57
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA
Participaram do estudo 406 escolares com idade entre 7 e 10 anos , dos quais
231 (56,9%) eram meninas e 175 (43,1%) meninos. A idade média total dos
participantes foi de 8,75 1,00) anos, semelhantes às idades médias em cada sexo,
sendo 8,74(±1,02) anos para as meninas e 8,77 (± 0.99) anos para os meninos.
Os alunos cursavam o ensino fundamental em turmas de segundas-séries,
terceiras-séries e quartas-séries, nos períodos, matutino e vespertino. A maior
concentração dos escolares investigados foi no período vespertino (283; 69,7%), por
haver um maior número de turmas à tarde. Foram avaliadas crianças pertencentes a 7
turmas de segundas-séries (145 crianças), 6 turmas de terceiras-séries (137 crianças) e
7 de quartas-séries (124 crianças).
3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Como forma de melhor controlar as variáveis estudadas, foram adotados os
seguintes critérios de inclusão:
As crianças deveriam demonstrar intenção em participar da pesquisa;
Terem idade entre 7 e 10 anos;
Estarem matriculados nas segundas, terceira e quartas séries do ensino
fundamental da Escola de Educação Básica do município de São José/SC, selecionada
para o estudo;
Estarem autorizados pelos pais e/ou responsáveis, mediante assinatura no
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, fornecido pela pesquisadora;
Apresentar integridade física e mental, atestada pelos pais e/ou professores;
Após todos os critérios, acima cumpridos, a criança teria que passar por todos os
processos de avaliação.
58
3.5 INSTRUMENTOS DE MEDIDA
Para a realização deste estudo, foram utilizados três instrumentos de medida:
Movement Assessment Battery for Children (MABC; HENDERSON e SUGDEN, 1992);
Teste de Desempenho Escolar (TDE; STEIN, 1994) e o Roteiro para Avaliação do
Senso de Auto-eficácia (RASAE; MEDEIROS e LOUREIRO, 1999). A caracterização
dos participantes foi realizada por meio de análise documental.
3.5.1 Bateria para Avaliação do Movimento da Criança (MABC)
A Bateria para Avaliação do Movimento da Criança (MABC), tem sido
amplamente utilizado para identificação de desordens motoras em crianças, com idades
entre 4 e 12 anos (GEUZE et al. 2001).
Este teste possui quatro conjuntos de tarefas, cada um apropriado a uma faixa
etária específica, sendo a faixa de Idade 1, utilizada para testes com crianças de 4 a 6
anos, faixa de Idade 2, para crianças de 7 e 8 anos, faixa de Idade 3, para crianças de
9 e 10 anos e por fim, a faixa de Idade 4 para crianças de 11 e 12 anos.
Os testes são divididos em três categorias, Testes de Destreza Manual, Testes
de Habilidades com Bola e Testes de Equilíbrio. Embora as mesmas habilidades sejam
avaliadas em todas as faixas etárias, as tarefas são diferenciadas em função da idade,
levando-se em consideração o nível de desenvolvimento dos alunos. Para a realização
desta pesquisa foram utilizados os testes para a faixa etária dois (para crianças de 7 e
8 anos) e faixa etária 3 (para crianças de 9 e 10 anos). Em cada avaliação, as crianças
executam um conjunto de tarefas, formado por oito itens, sendo as três primeiras
referentes às destrezas manuais, a quarta e a quinta às habilidades com bola e as três
restantes ao equilíbrio (estático e dinâmico). Será apresentado em forma de quadro
(Quadro 1), as tarefas realizadas em cada faixa etária, juntamente com a descrição e
forma como são obtidas as medidas das habilidades motoras.
59
Quadro – Características das tarefas do MABC, paras as faixas etárias dois (7 e 8 anos) e três (9 e 10
anos).
Fonte – Adaptado do quadro apresentado por Ruiz et al. (2003).
Habilidades
motoras
Tarefas para faixa
etária 2 (7 e 8
anos)
Descrição da tarefa Medidas
Destrezas
manuais
Colocar os pinos
no tabuleiro
Colocar 12 pinos de plástico em um tabuleiro, contendo 16 furos,
não sendo necessário respeitar a ordem dos mesmos. A tarefa é
realizada com ambas as mãos.
Tempo
(segundos)
Enfiar o cordão na
taboa fur
ada
Passar um cordão, através de buracos em um tabuleiro específico
para a tarefa, em zige
-
zague.
Tempo
(segundos)
Trilha da Flor
Traçar com uma caneta de ponta fina, entre duas linhas, que
formam o desenho de uma
flor
(
tulipa
)
.
Número de
erros
Habilidades
com bola
Picar e pegar a
bola com uma mão
Bater com uma bola de tênis no chão e receber com uma mão. A
tarefa é realizada com ambas as mãos.
Número de
recepções
corretas (até
10)
Arremessar o saco
de feijão na caixa
Arremessar um saco pequeno contendo feijões, em uma caixa de
madeira, disposta a 2m da criança.
Número de
arremessos
corretos (até
10)
Equilíbrio
Equilíbrio da
cegonha
Ficar sobre um pé, enquanto o outro fica apoiado sobre o joelho.
A tarefa é realizada com ambas as pernas.
Tempo
(segundos)
Pular nos
quadrados
Saltar com os dois pés por cinco quadrados desenhados no chão.
Número de
saltos corretos
(até 5)
Caminhar unindo o
calcanhar à ponta
do pé de trás.
Caminhar sobre uma linha reta, unindo o calcanhar do pé que
está na frente, à ponta do pé que está atrás.
Número de
passos corretos
(até 15).
Habilidades
motoras
Tarefas para a
Faixa etária 3
(9 e 10 anos)
Descrição da tarefa Medidas
Destrezas
manuais
Deslocar pinos de
linhas
Em um tabuleiro, contendo 16 furos, são colocados 12 pinos
plásticos, em três linhas, restando uma vazia. A criança deve
deslocar os pinos das linhas cheias, para as vazias.
Tempo
(segundos)
Rosquear porcas
no parafuso
Rosquear três porcas em um parafuso.
Tempo
(segundos)
Trilha da flor
Traças com uma caneta de ponta fina, entre duas linhas, que
formam o desenho de uma tulipa.
Número de
erros
Habilidades
com bola
Arremessar a bola
e receber com as
duas mãos
Arremessar uma bola de tênis em uma parede lisa, a uma
distância de 2m, de modo que consiga recebê-la com as duas
mãos.
Número de
recepções
corretas (até
10)
Arremessar o saco
de feijão na caixa
Arremessar um saco pequeno contendo feijões em uma caixa de
madeira, disposta a 2m da criança.
Número de
arremessos
corretos (até
10)
Equilíbrio
Equilíbrio sobre a
táboa
Ficar em um só pé sobre a táboa de equilíbrio, designada para o
teste.
Tempo
(segundos)
Salta em um pé
dentro de
quadrados
Saltar por cinco quadrados, utilizando um pé de cada vez.
Número de
saltos corretos
(até 5 com
cada pé)
Equilibrar a bola
Caminhar ao redor de um obstáculo, com 2,7m, equilibrando uma
bola de tênis, sobre uma táboa.
Número de
vezes que a
bola cai no
chão
60
Cada tarefa realizada pela criança recebe uma pontuação, que pode variar de
zero a cinco pontos, dependendo do tempo de realização ou número de acertos, sendo
cinco o pior desempenho. As pontuações das habilidades destrezas manuais e
equilíbrio podem variar de zero a quinze pontos cada, sendo zero o melhor valor
possível e 15 o pior. As habilidades com bola possuem uma variação menor da
pontuação, sendo que zero significa o melhor desempenho e dez o pior. O valor total do
MABC pode variar de zero a 50 pontos, sendo este último, o pior resultado possível no
MABC.
Após a aplicação dos testes, os resultados são somados, primeiramente dentro
de cada conjunto de tarefas, para que seja possível obter as Destrezas Manuais Totais,
Habilidades com Bola Totais e Equilíbrio Total. Em seguida serão somados esses três
últimos valores, para que se obtenha o MABC Total de cada criança. Os valores do
MABC Total são comparados a tabela de percentis, presentes no protocolo do teste. As
crianças cujos MABCs Totais demonstrarem um resultado a baixo do percentil (> 13
pontos), recebem um indicativo de problema motor definido. Os valores entre o e o
15º percentil (10 a 13 pontos), indicam que a criança tem um grau de dificuldade
“borderline” (limítrofe), os valores à cima do 15º percentil ( 9,5 pontos), indicam um
desenvolvimento motor normal.
3.5.1.1 Validade do instrumento
O MABC tem sido utilizado para avaliar crianças com distúrbios do
desenvolvimento motor em diversos países, como: Austrália (MON-WILLIAMS, et al.
1994), Japão (MIYAHARA et al., 1998), Singapura (WRIGHT e SUGDEN, 1996), Suécia
(KADESJO e GILLBERG, 1999) e Holanda (SMITS-ENGELSMAN, et al., 1998) Estados
Unidos (HENDERSON e SUGDEN, 1992), Grécia (KOURTESSIS, et al., 2008),
Austrália (LIVESEY, COLEMAN, PIEK, 2007) e Brasil (SOUZA, et al., 2007; FRANÇA
2008). Em alguns países, como Espanha, Austrália e Japão, verificou-se a necessidade
de maiores estudos, com amostras ampliadas, e adequação de algumas partes do teste
para a utilização do MABC com as crianças destes países (RUIZ, et al. 2003).
61
A confiança de teste-reteste do MABC foi considerada boa (HENDERSON e
SUGDEN, 1992). Croce, Horvat, McCarthy (2001) observaram a confiança do teste-
reteste do MABC, verificando um coeficiente de correlação intra-classe alto em todos os
grupos de idades. Ao comparar o MABC com um teste comumente utilizado chamado
Bruininks-Oseretsky Test of Motor Proficiency (BOMPT), nas duas versões (longa e
curta), foi demonstrada uma validade concorrente moderada (CRAWFORD, WILSON e
DEWEY, 2001; CROCE, HORVAT e McCARTHY, 2001). Entretanto, o MABC objetiva
verificar limitações motoras, enquanto que o objetivo do BOMPT é caracterizar a
performance motora, sendo assim, uma completa concordância não é necessariamente
esperada (HENDERSON e SUGDEN, 1992). De acordo com Croce, Horvat e McCarthy
(2001) estes resultados suportam o uso do MABC como medida de habilidade motora
em crianças com idade de 4 a 12 anos. Vale ressaltar, que o termo desempenho motor
foi empregado, neste estudo, por se tratar da performance do participante no momento
do teste, o qual indica possíveis comprometimentos desenvolvimento motor dos
escolares.
Ainda, o MABC, ao ser considerado em uma revisão de critérios diagnósticos
para distúrbios de desenvolvimento motor, foi considerado o preferido (GEUZE et al.,
2001).
3.5.2 Teste de Desempenho Escolar (TDE)
O Teste de Desempenho Escolar TDE é um instrumento psicométrico que busca
oferecer de forma objetiva uma avaliação das capacidades fundamentais para o
desempenho escolar, mais especificamente da escrita, aritmética e leitura.
Este teste foi confeccionado para a avaliação de escolares de a séries do
ensino fundamental. Cabe ressaltar que o processo de criação do TDE está
fundamentado em critérios elaborados a partir da realidade escolar brasileira, visando
preencher a lacuna existente, quanto aos instrumentos de medição psicopedagógicos,
validados e padronizados para o nosso país (STEIN, 1994).
62
O instrumento indica de uma maneira abrangente quais as áreas da
aprendizagem escolar estão preservadas ou prejudicadas no examinando, sendo três
os subtestes, a) escrita: escrita de nome próprio e de palavras apresentadas
isoladamente, sob a forma de ditado; b) aritmética: solução oral de problemas e
cálculos de operações aritméticas por escrito; c)leitura: reconhecimento de palavras
isoladas do contexto.
O teste é único e aplicável para todas as séries, pois, para cada existe um
padrão diferente de comparação. três classificações para o desempenho
acadêmico: superior, médio e inferior, sendo que, a classificação inferior é um indicativo
de dificuldade de aprendizagem, seja esta específica (leitura, escrita ou aritmética), ou
geral, em caso de um resultado inferior no TDE total. Este resultado é obtido por meio
da soma das pontuações de cada subteste (Quadro 2).
Séries
Classificação
Escrita Aritmética Leitura TDE-Total
Segunda-série
Superior 27 14 67 106
Médio 20-26 10-13 58-66 87-105
Inferior 19 9 57 86
Terceira-série
Superior 30 18 69 113
Médio 24-29 15-17 66-68 102-112
Inferior 23 14
65 101
Quarta-série
Superior 32 24 69 122
Médio 27-31 19-23 66-68 112-121
Inferior 26 18 65 111
Quadro 2 – Classificação do desempenho acadêmico a partir dos escores dos testes do TDE.
Fonte: Quadro adaptado do manual de utilização do TDE (STEIN, 1994).
3.5.2.1 Validade do instrumento
O TDE é um teste para a identificação de problemas escolares. Foi desenvolvido
e aplicado com a população de escolares de Porto Alegre/RS por STEIN (2004). O
Instrumento tem sido amplamente utilizado em estudos realizados em diferentes
regiões do país, (DIAS, ENUMO e AZEVEDO JUNIOR, 2004; MEDEIROS et al., 2000;
BRANCALHONE, WILLIAMS, FOGO, 2004; CAPELLINE, TONELOTTO e CISACA,
2004; CIA e BARHAN, 2008; DÀVILA-BACARJI, MATUNANO e ELIAS, 2005) não
63
sendo constatada nenhuma interferência de ordem cultural, que prejudicasse o
desempenho dos escolares no teste.
Os índices de validade e fidedignidade do TDE foram retirados do Manual para
Aplicação e Interpretação do Teste de Desempenho Escolar (TDE) de Stein (1994).
Foram realizadas a validades de conteúdo e de construto. A validade de conteúdo
contou com o auxílio de especialistas das áreas de matemática e letras, e verificou-se
que o teste era válido neste aspecto, porém o manual não apresenta os índices de
validação. A validade de construto foi realizada por meio do método da diferença de
grupo (THOMAS e NELSON, 2002). Esta validação consistiu em avaliar crianças de
diferentes escolaridades, com o objetivo de verificar se o teste é capaz de discriminar
entre séries diferentes, para desta forma, poder ser utilizado o mesmo teste para
escolares de a séries do ensino fundamental. Constataram-se grandes diferenças
entre as séries: no escore total do Subteste de Escrita, 62% da variância
(estatisticamente significativo em nível inferior a 0,001); no escore total do Subteste de
aritmética, encontrou-se uma variância de 77% (estatisticamente significativa a nível
inferior a 0,001) e no Subteste de Leitura as diferenças entre as séries representaram
47% da variância (estatisticamente significativo em nível inferior a 0,001). Estes
resultados mostram que o teste é sensível para avaliar crianças com diferentes níveis
de escolaridade.
A fidedignidade foi verificada através da análise de consistência interna. Esta foi
realizada para cada um dos subtestes, escrita, aritmética e leitura. A análise da
consistência interna foi realizada através da análise de correlação dos escores de cada
subteste, estabelecendo-se o coeficiente alfa. Os valores do coeficiente alfa para cada
subteste foram: subteste de escrita igual a 0,945, o subteste de aritmética igual a 0,932
e o teste de leitura igual a 0,988. O coeficiente alfa total foi de 0,988,demonstrando
assim, uma boa consistência interna do teste.
64
3.5.3 Roteiro para Avaliação do Senso de Auto-eficácia (RASAE)
Roteiro de Avaliação de Auto-eficácia (RASAE) (Anexo B) focaliza a percepção
da criança quanto ao seu desempenho acadêmico e sua capacidade de realização.
Trata-se de um procedimento elaborado a partir dos estudos de Bandura (1993) e
Shunck (1995) por Medeiros e Loureiro (1999).
Este instrumento foi idealizado para ser utilizado com crianças de primeira a
quarta séries do ensino fundamental e é composto por 20 afirmativas. Destas, 12 são
relacionadas à percepção da capacidade quanto ao desempenho acadêmico,
compreendendo seis afirmativas com significado positivo (itens 01, 03, 05, 07, 09, 20) e
seis afirmativas com significado negativo (itens 02, 12, 14, 16, 18, 19); oito afirmativas
relacionadas à percepção de desempenho acadêmico, tendo como referência a
avaliação de outros ou a comparação com os pares, compreendendo quatro afirmativas
com significado positivo (itens 11, 13, 15, 17) e quatro afirmativas com significado
negativo (itens 04, 06, 08, 10).
Para a classificação dos dados relativos ao senso de auto-eficácia, as respostas
foram pontuadas em 0 (zero) ou 1 (um), de acordo com a alternativa escolhida. Os
sujeitos dispunham de duas alternativas de respostas, “sim”, ou “não”. Para as
respostas favoráveis a um senso de auto-eficácia positivo foi atribuído um valor 1 (um),
que pode corresponder a um “sim ou “não” dependendo do item em questão. No
conjunto de 20 itens, nas dez afirmativas positivas a resposta sim é pontuada com valor
1 (um), e nas dez afirmativas negativas a resposta é pontuada com valor 0 (zero). Ex.:
Eu tenho me saído bem... Sim = 1 e Não = 0 Eu quero parar de estudar logo...Sim = 0 e
Não = 1. A somatória do total de pontos obtidos no conjunto de 20 itens correspondeu
ao escore total, tendo-se por critério que quanto maior a pontuação, mais alto é o senso
de auto-eficácia da criança.
65
3.5.3.1 Validade do instrumento
O RASAE foi escolhido para esta pesquisa, por ser considerado adequado para
avaliar a auto-eficácia de escolares das séries inicias, do ensino fundamental, no Brasil.
O instrumento foi testado em um estudo preliminar com escolares,
freqüentadores das séries iniciais do ensino fundamental, alcançando um índice de
estabilidade (teste e reteste) de 92% de concordância bruta, em duas avaliações, com
28 dias de intervalo.
Posterior ao processo de validação, o Roteiro para Avaliação do Senso de Auto-
eficácia foi utilizado na dissertação de mestrado de Medeiros (2000), a qual procurou
estabelecer a relação entre a auto-eficácia e o desempenho acadêmico de escolares
das séries iniciais do ensino fundamental. O RASAE foi utilizado ainda, para verificar a
auto-eficácia de escolares por Medeiros et al. (2000) e Medeiros et al. (2003).
3.5.4 Caracterização dos participantes
Para realização deste estudo, a pesquisadora teve acesso aos dados individuais
dos alunos, presentes na secretaria da escola. Cada criança possuía uma ficha
individual de registro, preenchida pelos pais e/ou responsáveis no momento da
matrícula, onde eram anexados documentos importantes como certidão de nascimento
e histórico escolar. Devido à seriedade quanto ao sigilo sobre as informações dos
alunos da escola, a direção permitiu o acesso aos dados contidos neste documento.
Foi possível coletar informações importantes para a caracterização dos participantes,
tais como: data de nascimento, idade, endereço, sexo, escolaridade dos pais, histórico
de repetência escolar, renda familiar, entre outros.
66
3.6 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DOS DADOS
Para a realização do estudo, este foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
em Seres Humanos CEP, da Universidade do Estado de Santa Catarina, o qual
aprovou todos os procedimentos pré-estabelecidos para a realização deste (número de
referência 28/2008; Anexo A).
A escola investigada possuía 1630 alunos em todas as séries do ensino
fundamental, sendo 800 nas séries iniciais e 830 nas séries finais, aproximadamente.
Porém, o foco deste estudo esteve sobre as crianças com idades entre 7 e 10 anos,
desta forma, optou-se por estudar apenas alunos que freqüentavam de segundas a
quartas séries do ensino fundamental
9
.
Após prévia autorização da direção da escola, houve a necessidade de consultar
às professoras regentes de todas as turmas de segundas a quartas-séries, sobre o
interesse na participação de seus alunos, neste estudo
10
. A escola possuía 25 turmas
de segunda a quarta séries, sendo sete de segundas-séries, oito de terceiras e oito de
quartas, com um total de 750 alunos aproximadamente. Consentiram em participar do
estudo, professoras de 20 turmas: 7 de segundas séries, 6 de terceiras séries e 7 de
quartas séries. As demais foram excluídas da pesquisa, resultando um total de 600
alunos aproximadamente. Estes receberam os termos de consentimento livre e
esclarecido (Apêndice A), para serem autorizados pelos pais e/ou responsáveis, pois se
tratando de pessoas menores de idade, seria necessária a autorização de seus
responsáveis para a participação em estudos deste tipo. Dos 600 termos de
consentimento livre e esclarecido distribuídos, 440 retornaram. Destes foram excluídos
aqueles que não apresentavam condições de participar da pesquisa, de acordo com os
critérios de inclusão. Além dos alunos com idade inferior a sete anos e superior a 10
9
Este critério foi utilizado, pois devido ao novo sistema de nove anos de ensino fundamental, as
crianças matriculadas em séries anteriores a segunda série possuíam, em sua grande maioria, idade
inferior ao necessário para inclusão na pesquisa, 7 anos. A quarta série foi escolhida para série limite, por
se tratar da última, das “série iniciais” do ensino fundamental, e também, porque grande maioria dos
alunos com 10 anos deveriam estar matriculados até as quartas séries.
10
Esta foi uma exigência da direção da escola, alegando que cada professora possuía autonomia
sobre as decisões a respeito de seus alunos, desta forma, antes de iniciar as coletas, foi necessário
consultar as professoras.
67
anos, foram excluídos também, quatro alunos, que não se enquadravam nos critérios
de inclusão “não possuir problemas físicos e/ou mentais, relatados por pais e/ou
professores”. Um aluno possuía hemiparesia do lado direito do corpo, outros dois
apresentavam, segundo a professora, diagnóstico de deficiência mental leve; e uma
menina estava passando por tratamento medicamentoso para o controle dos sintomas
do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Somente foram considerados sujeitos da pesquisa as crianças com 7 a 10 anos
de idade, que tivessem participado de todas as etapas das coletas de dados
11
, desta
forma, participaram do estudo 406 crianças.
As coletas de dados foram realizadas na própria escola, nos períodos matutino e
vespertino, durante o horário de aula dos participantes, porém com o consentimento
dos pais, professores e da direção da escola.
O primeiro teste aplicado foi o TDE, a fim de, avaliar o desempenho acadêmico
dos alunos e identificar aqueles com dificuldades escolares, isto é, que tenham
apresentado resultado inferior no teste. O TDE foi aplicado em duas etapas, sendo a
primeira de forma coletiva, com os testes de escrita e aritmética, e em seguida, de
forma individual, o teste de leitura
12
. Passada esta etapa, foi realizada a avaliação do
desempenho motor, com o MABC e também do senso de auto-eficácia, por meio do
RASAE. As avaliações motoras ocorreram em locais apropriados dentro da escola,
também durante o período letivo de cada criança e foram realizadas de forma
individual, de acordo com as indicações do manual do teste (HENDERSON e SUGDEN,
1992). O roteiro para avaliação do senso de auto-eficácia foi aplicado com o auxílio de
gravações da escala de teste, como indica a metodologia do mesmo (MEDEIROS e
LOUREIRO, 1999), também em locais apropriados para a correta aplicação deste.
As avaliações motoras e do senso de auto-eficácia ocorreram em dias diferentes
do TDE, primeiramente para não fadigar a crianças, devido ao tempo exposto ao TDE e
11
Algumas crianças que responderam o Teste de Desempenho escolar TDE, não estavam
presentes na escola nos dias em que foram realizadas as avaliações motoras e do senso de auto-
eficácia, desta forma, foram excluídas da pesquisa.
12
Adotou-se este procedimento com base no estudo de Dias, Enumo e Azevedo Junior (2004);
Dias, Enumo e Turini (2006); Enumo, Ferrão e Ribeiro (2006).
68
ao MABC e para evitar interferências nas respostas do teste que mensurava a auto-
eficácia, em função de a criança ter apresentado dificuldade na resolução do TDE.
A coleta dos dados foi realizada no período compreendido entre maio e
novembro de 2008, respeitando o espaço de recesso escolar, ocorrido no mês de julho
do corrente ano. Para facilitar a analise estatística dos resultados, os mesmo foram
tabulados no “Statistic Package for Social Sciences” – SPSS versão 16.0.
3.7 RETORNO DAS INFORMAÇÕES
Como todo trabalho científico, o principal meio para o retorno das informações
obtidas deverá ser por publicações científicas, em periódicos da área, visando divulgar
os resultados deste trabalho. Entretanto, a pesquisadora, juntamente com a equipe de
pesquisa procurou apresentar um retorno mais específico para a escola.
Deste modo, ao término das coletas dos dados e posterior tratamento estatístico,
foram confeccionados relatórios sobre as médias dos desempenhos, separados
primeiramente por séries, sendo estes divididos por períodos (matutino e vespertino), e
também um relatório geral, unindo os dados dos dois turnos. Como formas de auxílio
mais direcionado às dificuldades de cada criança, foram confeccionados relatórios
individuais (Apêndice B), porém sem a finalidade de diagnosticar nenhum transtorno.
Os mesmos foram feitos com o único intuito de demonstrar o desempenho das crianças
nos testes, para, desta forma, as professoras poderem utilizá-los como uma ferramenta
a mais no trabalho com as dificuldades encontradas em sala de aula. Para melhor
explicar sobre as funções dos relatórios, as pesquisadoras, participaram de reuniões
com as coordenadoras responsáveis pelas crianças, bem como, com os professores
das séries iniciais, onde foram apresentados os resultados do trabalho e entregues os
relatórios.
Contudo, tendo em vista o grande o número de escolares com problemas de
ordem motora, a equipe do Laboratório dos Distúrbios da Aprendizagem e do
Desenvolvimento LADAD considerou de suma importância dar uma maior atenção
69
para estas crianças, criando assim um projeto de intervenção motora, o qual se tornou o
tema de dissertação de outra mestranda, também integrante do LADAD, e cuja
orientadora é a mesma desta pesquisa.
O projeto foi aprovado pela direção da escola e esta em andamento,
atendendo às crianças que apresentaram déficits motores graves.
3.8 TRATAMENTO ESTATÍSTICO
A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov,
para pesquisas com mais de 50 participantes (PESTANA E GAGEIRO, 1998;
BARBETA, 2006). Devido ao fato de nenhuma variável ter apresentado distribuição
normal, foram utilizados somente testes não paramétricos.
A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva (médias,
medianas, freqüências e desvios-padrão) e análise inferencial (U de Mann-Witney,
Kruskal-Wallis, Qui-Quadrado (X
2
), V de Cramer, Teste Gamma e ρ de Spearman).
Para comparação entre grupos foram utilizados os teste U de Mann-Witney
(comparações entre dois grupos) e o teste Kruskal-Wallis (comparações entre três
grupos ou mais) (BARBETA, 2006; PESTANA E GAGEIRO, 1998).
A análise da associação entre as variáveis categóricas foi realizada por meio do
teste X
2
, sendo que para a medida da força da associação utilizou-se o teste V de
Cramer, quando se tratou de variáveis nominais, e o teste Gamma, quando a análise
envolvia variáveis ordinais (BARBETA, 2006; PESTANA E GAGEIRO, 1998).
Para análise das correlações foi utilizado o teste ρ de Spearman. Em todas as
análises estatísticas foi estabelecido um índice de significância de 5%.
70
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo da dissertação é destinado à apresentação dos resultados da
pesquisa, sendo dividido em três fases. Primeiramente foi apresentada a caracterização
dos participantes, sendo utilizada apenas análise descritiva (médias, freqüências,
porcentagens e desvios padrão). Em seguida, por meio de estatística descritiva e
inferencial, os dados separadamente para cada variável (desempenho acadêmico,
desempenho motor e auto-eficácia). Por fim, as correlações e comparações entre o
desempenho acadêmico, desempenho motor e a auto-eficácia.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
Participaram do estudo 406 escolares com idade entre 7 e 10 anos, dos quais
231 (56,9%) eram meninas e 175 (43,1%) meninos. A idade média total dos
participantes foi de 8,75 1,00) anos, semelhantes às idades médias em cada sexo,
sendo 8,74(±1,02) anos para as meninas e 8,77 (± 0.99) anos para os meninos.
Foram avaliadas crianças pertencentes a 7 turmas de segundas-séries, 6 turmas
de terceiras-séries e 7 de quartas-séries (Tabela 01).
Tabela 01 – Total de escolares distribuídos nas turmas de segundas, terceiras e quartas-séries do ensino
fundamental [n(%)].
Turmas Meninos Meninas Total
Segundas-séries 65 (37,1%) 80 (34,6%) 145 (35,7%)
Terceiras-séries 58 (33,1%) 79 (34,2%) 137 (33,7%)
Quartas-séries 52 (29,7%) 72 (31,2%) 124 (30,6%)
Total 175 (100%) 231 (100%) 406 (100%)
71
A cidade onde a escola investigada está situada é dividida em três grandes
regiões ou distritos: Campinas, Barreiros e Sede. A escola esta está localizada no
Distrito de Campinas, entretanto, 181 (44,58%) estudantes são provenientes de outros
distritos do município, como o Distrito de Barreiros e o Distrito Sede, além de alunos
moradores de cidades próximas ao município, como Florianópolis, Palhoça e Biguaçú
(Tabela 02).
Tabela 02 – Total de escolares em cada localidade de São José/SC e outras cidades [n(%)]..
Localidade Meninos Meninas Total
Distrito Sede 40 (22,9%) 39 (16,9%) 79 (19,46%)
Distrito de Barreiros 45 (25,7%) 57 (24,7%) 102 (25,12%)
Distrito de Campinas 59 (33,7%) 86 (37,2%) 145 (35,71%)
Demais Cidades 18 (10,3%) 26 (11,3%) 44 (10,84%)
Não informado 13 (7,4%) 23 (10%) 36 (8,87%)
Total 175 (100%) 231 (100%) 406 (100%)
Foi aferido também o nível de escolaridade dos pais dos participantes. Verificou-
se maior percentual de mães com níveis mais altos de escolaridade em comparação
com os pais. A maior parte dos pais e mães possuía “Ensino Médio completo ou
incompleto”. Verificou-se um maior percentual de mães com “Ensino Superior Completo
ou Incompleto”, e não houve nenhuma mãe com a classificação Analfabeto” (Tabela
03).
Tabela 03 – Nível de Escolaridade dos pais dos participantes [n(%)].
Nível de Escolaridade dos Pais Mães Pais
Ensino Superior Completo ou Incompleto 49 (12,1%) 36 (8,9%)
Ensino Médio Completo ou Incompleto 199 (49 %) 185 (45,6%)
Ensino Fundamental completo ou Incompleto 76 (18,7%) 79 (19,5%)
Analfabeto - 1 (0,2%)
Não Informaram 82 (20,2%) 105 (25,9%)
Total 406 (100%) 406 (100%)
72
Quanto ao índice de repetência escolar apresentado, foi encontrado um
percentual de 7,39% das crianças que repetiram pelo menos uma vez o mesmo ano
letivo. Verificou-se um número semelhante de meninos e meninas com histórico de
repetência escolar, porém com uma pequena maioria de meninos, não sendo verificado
associação estatisticamente significativa (x
2
= 1382, p= 0,240) (Tabela 04).
Tabela 04 – Total de escolares que apresentaram histórico de repetência escolar [n(%)].
Repetência Meninos Meninas Total
Sim 16 (9,1%) 14 (6,1%) 30 (7,4%)
Não 159 (90,9%) 217 (93,9%) 376 (92,6%)
Total 175 (100%) 231 (100%) 406 (100%)
Grande parte dos participantes possuía renda familiar mensal entre “dois e três
salários mínimos”, seguido por “mais de um salário mínimos”, “um a dois salários
mínimos” e “até um salário mínimo” respectivamente (Gráfico 01).
Gráfico 01 – Renda familiar mensal dos participantes da pesquisa [n(%)].
73
4.2 DESEMPENHO MOTOR, DESEMPENHO ACADÊMICO E DO SENSO DE AUTO-
EFICÁCIA
A análise estatística das variáveis, de forma separada, visa apresentar com mais
clareza ao leitor, os dados específicos das variáveis desempenhos acadêmico e motor
e do senso de auto-eficácia, bem como as comparações entre os sexos e divisões
etárias do MABC.
4.2.1 Desempenho Acadêmico
Neste segundo momento da análise dos dados, foram apresentados os
resultados referentes ao desempenho acadêmico dos participantes da pesquisa,
provenientes do Teste de Desempenho Escolar (TDE). Estão apresentados os
resultados referentes ao desempenho acadêmico e indicativos de dificuldades de
aprendizagem para cada subteste (escrita, leitura e aritmética), bem como para o
desempenho geral (resultado geral do TDE), e as comparações entre os sexos.
Ao analisarmos as médias obtidas nos testes que avaliaram a escrita, a
aritmética a leitura e o desempenho acadêmico de um modo geral (TDE Total),
verificou-se que somente a escrita esteve abaixo do valor considerado médio para
todas as séries, levando-se em consideração os escores utilizados como parâmetro
para o teste em questão, demonstrados no capítulo 3 deste estudo. Nas demais
avaliações, aritmética e leitura, bem como o resultado total do teste, as crianças
obtiveram resultados dentro da média esperada. Na tabela 5 serão apresentadas as
médias referentes aos testes de escrita, leitura, aritmética e do TDE total para cada
turma, devido ao fato do teste possui valores específicos para cada nível de
escolaridade (Tabela 05).
74
Tabela 05 – Médias dos subtestes de escrita, leitura, aritmética e do TDE total, para cada série.
Subtestes do TDE
Escrita Aritmética Leitura TDE Total
Séries
±
±
±
±
Segundas-séries 19,46 7,04 10,61 3,20 60,42 13,12
90,28 20,25
Terceiras séries 23,72 5,08 15,23 2,96 66,08 4,91
104,96 10,45
Quartas-séries 26,75 4,10 19,59 2,94 67,94 9,05
114,35 7,07
Um número elevado de escolares apresentou mau desempenho em escrita
(n=178, 43,8%), sendo este valor superior ao número de crianças com desempenho
médio, (n=169 41,6%) e superior (n=59; 14,5%). Não se verificou associação
estatísticamente significativa entre o sexo o desempenho acadêmico em escrita (X
2
=
0,41; p= 0,98), pois tanto os meninos, quanto as meninas apresentaram percentuais
semelhantes de participantes com baixo, médio e alto desempenho acadêmico (Gráfico
02).
Gráfico 02 – Percentual de meninos e meninas em cada classificação do Subteste de Leitura [%(n)].
Analisando o desempenho dos participantes em aritmética verificou-se um maior
número de escolares com desempenho médio (n=198; 48,8% escolares), 144 (35,5%)
crianças apresentaram desempenho inferior e 64 (15,8%) desempenho superior.
75
Apesar de não terem sido encontradas associações estatisticamente
significativas entre o sexo e o desempenho em aritmética (X
2
= 5,365; p=0,068), a
comparação entre os sexos, mostrou que mais meninos apresentaram desempenho
superior e menos com desempenho inferior (Gráfico 03).
Gráfico 03 – Percentual de meninos e meninas em cada classificação do Subteste de Aritmética [%(n)].
O melhor desempenho apresentado pelos participantes nos testes do TDE foi em
leitura, com um maior número de escolares com desempenho superior (n=166; 40,9%),
acompanhado de 140 (34,5%) com desempenho médio e 100 (24,6%) com
desempenho inferior.
Verificou-se um maior percentual de meninas com desempenho superior e um
maior percentual de meninos obteve desempenho médio e inferior em leitura (Gráfico
04), no entanto, não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre o
sexo e o desempenho em leitura (X
2
= 0,931; p=0,63).
76
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Inferior Médio Superior
25,1%
(n=44)
36,6%
(n=64)
38,3%
(n=67)
24,2%
(n=56)
32,9%
(n=76)
42,9%
(n=99)
Meninos
Meninas
Gráfico 04 – Percentual de meninos e meninas em cada classificação do Subteste de Leitura [%(n)].
Quanto aos resultados do desempenho acadêmico geral, verificou-se que mais
da metade dos escolares apresentaram resultado médio (n=207;51%), seguidos de 117
(31,3%) escolares com desempenho inferior e por fim, 72 (17,7%) escolares
apresentaram desempenho superior. Verificou-se um maior percentual de meninos
tanto com ótimo desempenho acadêmico, quanto com desempenho inferior. Dentre as
crianças com desempenho médio, verificou-se que 58% (n=143) dos participantes eram
meninas, enquanto que 41,7% dos meninos receberam esta classificação (Gráfico 05).
Verificou-se associação estatisticamente significativa entre os sexos e o
desempenho acadêmico geral (X
2
=10,97; p=0,004), com um melhor desempenho para
as meninas, uma vez que um maior percentual do sexo feminino não apresentou
dificuldades, porém, de acordo com o teste estatístico V de Cramer, tratou-se de uma
associação fraca (V= 0,164).
77
Gráfico 05 – Percentual de meninos e meninas em cada classificação do TDE [%(n)].
Com base nos dados analisados, observou-se que o número de escolares com
desempenho acadêmico bom (classificação médio) e superior (classificação superior)
foi maior que o número de participantes com baixo desempenho acadêmico
(classificação inferior).
Dentre os participantes que apresentaram baixo desempenho acadêmico, um
maior número de crianças o apresentou especificamente em Escrita, 178 (43,8%),
seguido de Aritmética, com 146 (36%) participantes, e Leitura, com 101 (24,9%)
crianças, sendo que 127 (31,3%) crianças apresentaram baixo desempenho acadêmico
no teste em geral.
Em ambos os sexos, houve um maior percentual de escolares com baixo
desempenho específico em escrita, com uma pequena maioria de meninos. As meninas
apresentaram um mais percentual de casos de indicativos de dificuldades em
aritmética, em contrapartida, os meninos apresentaram um maior percentual de
participantes com indicativos de dificuldades em Leitura. Os resultados totais do TDE
apontam para uma maior prevalência de dificuldade por parte do sexo masculino,
porém, não comprovada estatisticamente (Tabela 06).
78
Tabela 06 Total de crianças com indicativo de dificuldades de aprendizagem em escrita, aritmética,
leitura e geral e resultado do teste de X
2
, quanto a associação das dificuldades e os sexos
[%(n)].
Dificuldades em
Escrita
Dificuldade em
aritmética
Dificuldades em
Leitura
Dificuldades
de
aprendizagem Geral
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
Meninos
44%
(n=77)
56%
(n=98)
34,3%
(n=60)
65,7%
(n=115)
25,7%
(n=45)
74,3%
(n=130)
36%
(n=63)
64%
(n=112)
Meninas
43,7%
(n=101)
56,3%
(n=130)
37,2%
(n=86)
62,8%
(n=145)
24,2%
(n=56)
75,8%
(n=175)
27,7%
(n=64)
72,3%
(n=167)
X
2
0,003
(p=0,956)
0,375
(p=0,540)
0,115
(p=0,734)
3,187
(p=0,074)
4.2.2 Desempenho Motor
Nesta parte da análise estatística estão apresentados os resultados referentes
ao desempenho motor dos participantes, onde constam os resultados de cada
habilidade motora, bem como as classificações do desenvolvimento motor e as
comparações entre os sexos.
Dentre as habilidades motoras avaliadas pelo MABC, os participantes
apresentaram maiores médias nas destrezas manuais (2,99; ±1,48), seguido do
equilíbrio (2,40; ±2,43) e habilidades com bola (1,37; ±1,96). A média geral do teste foi
de 6,81 (±4,92) pontos.
Ao comparar o desempenho dos sexos nas habilidades motoras, verificou-se que
as meninas apresentaram melhor equilíbrio que os meninos, sendo esta diferença
estatisticamente significativa (p=0,009), contrário do resultado de ambos os sexos nas
habilidades com bola, onde o desempenho dos meninos foi significativamente melhor
que as meninas (p=0,0001). Não foram encontradas diferenças nas destrezas manuais
e no desempenho motor geral (MABC total) entre os sexos (tabela 07).
79
Tabela 07 dias, medianas, desvios-padrão e índice de significância do teste U de Mann-Witney ,
para os tipos de habilidades motoras de acordo com sexo.
Tipo de habilidade Sexo
M
d
± p
Destreza Manual
Masculino 3,23 2,50 2,98
0,098
Feminino 2,81 2,00 2,97
Habilidades com Bola
Masculino 0,89 0,00 1,74
0,0001*
Feminino 1,73 1,00 2,04
Equilíbrio
Masculino 2,70 2,50 2,48
0,009*
Feminino 2,16 1,50 2,36
MABC Total
Masculino 6,87 6,00 4,83
0,663
Feminino 6,76 6,00 5,00
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre os sexos, quanto às habilidades
motoras por meio do teste U de Mann-Witney .
Ao analisar separadamente por faixas etárias, verificou-se diferença
estatisticamente significativa entre os meninos e meninas, também nas destrezas
manuais, habilidades com bola e no equilíbrio. Faixa de idade compreendida entre 7 e 8
anos (faixa-etária 2), as meninas obtiveram melhores resultados nas destrezas manuais
(p=0,013) e no equilíbrio (p=0,001), enquanto que os resultados dos meninos foram
melhores nas habilidades com bola (p=0,019). Puderam-se verificar valores mais
baixos, para o sexo feminino, no resultado geral do teste motor, porém, não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os sexos, para esta
variável. Na faixa etária 3 (crianças de 9 e 10 ano), apenas nas habilidades com bola,
houve diferença estatisticamente significativa entre os sexos, com melhores resultados
para os meninos (p=0,0001). Serão apresentados, na tabela 08, os dados descritivos
referentes às habilidades motoras dos meninos e meninas, em cada faixa etária do
MABC.
80
Tabela 08 dias, medianas, desvios-padrão e índice de significância do teste U de Mann-Witney ,
para os tipos de habilidades motoras de acordo com as faixas-etárias e o sexo.
Tipo de habilidade Faixa etária Sexo
M
d
± p
Destreza Manual
Faixa etária 2
Masculino 2,18 2,00 2,47
0,013* Feminino 1,29 0,50 1,89
Total 1,65 0,50 2,19
Faixa etária 3
Masculino 3,89 3,50 3,10
0,999 Feminino 3,91 3,50 3,13
Total 3,90 3,50 3,11
Habilidades com
Bola
Faixa etária 2
Masculino 1,52 0,50 2,33
0,019* Feminino 2,09 1,50 2,22
Total 1,86 1,00 2,27
Faixa etária 3
Masculino 0,49 0,00 1,05
0,0001* Feminino 1,46 0,50 1,86
Total 1,03 0,00 1,63
Equilíbrio
Faixa etária 2
Masculino 1,86 1,00 2,29
0,001* Feminino 0,94 0,00 2,22
Total 1,32 0,00 2,27
Faixa etária 3
Masculino 3,24 3,00 2,46
0,566 Feminino 3,05 2,50 2,36
Total 3,13 3,00 2,40
ABC Total
Faixa etária 2
Masculino 5,65 4,25 5,04
0,119 Feminino 4,36 3,00 4,19
Total 4,89 3,50 4,59
Faixa etária 3
Masculino 7,65 7,50 4,55
0,334 Feminino 8,50 9,32 4,83
Total 8,37 8,00 5,88
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre os sexos, quanto às habilidades
motoras por meio do teste U de Mann-Witney, em cada faixa-etária.
Quanto a classificação do desempenho motor, a maior parte dos participantes
apresentou Habilidades Motoras Normais (n=293, 72,2%), 65 (16,7%) escolares
receberam a classificação de Problemas Motores Limítrofes e 45 (11,1%) escolares
foram classificados como tendo Problemas Motores Definidos no desenvolvimento
motor. Tanto o grupo de meninos, quanto o grupo meninas demonstraram um
81
comportamento semelhante ao do total da amostra, com um maior percentual de
participantes sem dificuldades motoras, seguido de dificuldades Motoras Limítrofes e
Problemas Motores Definidos. Não se verificou associação estatisticamente significativa
entre sexos, quanto e as classificações do desempenho motor (X
2
= 2,045; p=0,360). O
gráfico 06 apresentará o percentual de meninos e meninas em cada classificação do
MABC.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Problema
Motor Definido
Problema
Motor Limítrofe
Habilidades
Motoras
Normais
9,1%
(n=16)
18,3%
(n=32)
72,6%
(n=127)
12,6%
(n=29)
14,3%
(n=33)
73,2%
(n=169)
Masculino
Feminino
Gráfico 06 – Percentual de meninos e meninas em cada classificação Motora [%(n)].
Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre o
desempenho motor e o sexo, também na analise das faixas-etárias. Entretanto pôde-se
verificar que na faixa etária dois, o percentual de meninas com habilidades motoras
normais foi superior ao dos meninos. O contrário ocorreu na faixa etária três, com um
maior percentual de meninos com esta classificação do desempenho motor. Será
apresentado a seguir o percentual de meninos e meninas em cada classificação
motora, para cada faixa-etária, bem como o valor do teste X
2
(Tabela 09).
82
Tabela 09 – Desempenho motor de acordo com as faixas-etárias e sexos [%(n)].
Sexo
Problema
Motor
Definido
Problema
Motor
Limítrofe
Habilidades
Motoras
Normais
X
2
Faixa etária 2
Masculino 7,4% (n=5) 13,2% (n=9) 79,4% (n=54)
2,661
(p=0,264)
Feminino 4,1% (n=4) 7,2% (n=7) 88,7% (n=86)
Faixa Etária 3
Masculino 10,3% n(=11) 21,5% (n=23) 68,2% (n=73) 3,286
(p=0,193)
Feminino 18,7% (n=25) 19,4% (n=26) 61,9% (n=83)
4.2.3 Auto-eficácia
Quanto às médias da auto-eficácia, de acordo com o nível de escolaridade,
verificou-se que as segundas-séries apresentaram média igual a 16,80 (±3,45), as
terceiras-séries 16,66 3,56) e as quartas-séries 16,42 (±3,43), não havendo
diferenças estatisticamente significativas, entre os participantes com diferentes níveis
de escolaridade (p=0,395). Semelhante a comparação entre as faixas etárias, onde não
foram encontradas diferenças entre estes grupos (p=0,141).
A média geral apresentada pelos participantes foi de 16,64 pontos 3,48).
Comparando-se a auto-eficácia entre os sexos, verificou-se que as meninas
apresentaram melhor auto-eficácia, sendo esta diferença estatisticamente significativa
(p=0,001). Os meninos obtiveram média igual a 16,01 3,73) e as meninas 17,11 (±
3,20). Além da média, a mediana do sexo feminino também foi superior ao sexo
masculino, sendo 18 e 17, respectivamente. Assim como o resultado da amostra como
um todo, a análise por faixa etária mostrou que a percepção de auto-eficácia das
meninas foi superior a dos meninos. Serão apresentados abaixo as médias, medianas,
desvios-padrão, e índice de significância do teste estatístico, referente ao falor da auto
eficácia dos sexos em cada faixa etária (Tabela 10).
83
Tabela 10 Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste U de Mann-Witney , da
auto-eficácia de acordo com as faixas-etárias e o sexo.
Faixa etária Sexo
M
d
±
p
Faixa etária 2
Masculino 15,97 17,00 4,01
0,015*
Feminino 17,56 18,00 2,67
Faixa etária 3
Masculino 16,04 17,00 3,56
0,037*
Feminino 16,78 18,00 3,51
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre os sexos, quanto às auto-eficácia,
por meio do teste U de Mann-Witney .
4.3 COMPARAÇÕES ENTRE O DESEMPENHO MOTOR, DESEMPENHO
ACADÊMICO E SENSO DE AUTO-EFICÁCIA
Esta seção da apresentação dos resultados se destina a mostrar as
comparações entre os grupos com diferentes desempenhos acadêmicos, quanto às
habilidades motoras e classificações do desempenho motor, bem como das possíveis
diferenças entre os grupos com diferentes desempenhos acadêmicos e motores quanto
ao senso de auto-eficácia.
4.3.1 Desempenho acadêmico, dificuldades de aprendizagem e desempenho motor
Ao comparar as médias dos tipos de habilidades motoras dos diferentes
desempenhos em escrita, verificou-se diferença estatisticamente significativas entre os
escolares com diferentes desempenho acadêmicos em escrita somente nas habilidades
com bola (p=0,023) e no MABC Total (0,024). Para identificar quais grupos
apresentavam-se diferentes quantos as habilidades com bola, foi utilizado o teste U de
Mann-Witney, verificando-se que o grupo com desempenho superior em escrita
apresentou melhores resultados que o grupo médio (p= 0,006) e que o grupo inferior
(p= 0,032). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas
84
habilidades com bola, entre os grupos, inferior e médio (p=0,370). Referente aos
resultados do MABC total, também utilizando o teste U de Mann-Witney, verificou-se
resultados significativamente melhores, também para o grupo de crianças com
desempenho superior em escrita, em comparação com os escolares com desempenho
médio (p=0,019), e inferior (p=0,008). Não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre as crianças com desempenho médio e inferior
(p=0,572), no que diz respeito ao MABC total. Serão apresentados abaixo as médias,
medianas, desvios-padrão, e índice de significância do teste estatístico, referentes às
habilidades motoras, para os diferentes desempenhos em escrita (Tabela 11).
Tabela 11 Médias, medianas desvios-padrão e índice de significância do teste Kruskal-Wallis, para os
tipos de habilidades motoras de acordo com o desempenho em escrita.
Tipos de Habilidades
Desempenho do
Teste de Escrita
M
d
± p
Destrezas Manuais
Inferior 3,27 2,50 3,25
0,177 Médio 2,98 2,50 2,84
Superior 2,16 1,00 2,31
Habilidades com Bola
Inferior
b
1,38 0,00 1,96
0,023* Médio
b
1,54 0,50 2,09
Superior
a
0,82 0,00 1,40
Equilíbrio
Inferior 2,54 2,00 2,49
0,669 Médio 2,28 1,50 2,35
Superior 2,31 1,50 2,45
ABC Total
Inferior
b
7,72 6,50 5,18
0,024* Médio
b
6,85 6,00 4,73
Superior
a
5,29 4,00 4,45
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre as classificações do desempenho
acadêmico em escrita, quanto às habilidades motoras por meio, do teste Kruskal-Wallis.
As letras em sobrescrito (
a,b
) indicam grupos estatisticamente diferentes, de acordo com o teste U de
Mann-Witney e com base em um índice de significância de 0,05.
Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os escolares
com diferentes desempenhos em aritmética nas destrezas manuais (p=0,038) e no ABC
total (p=0,03). O teste U de Mann-Witney apontou diferenças estatisticamente
significativas, nas destrezas manuais entre os escolares com desempenho superior e
inferior (p=0,035), e também entre os escolares com desempenho médio e inferior
85
(p=0,027). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os
escolares com desempenho superior e médio (p=0,632).
Quanto as diferenças entre os grupos nos resultados do MABC total, as crianças
com desempenho superior e médio não apresentaram diferenças estatisticamente
significativas entre si (p=0,229), bem como os grupos médio e inferior (p=0,07).
Entretanto, os escolares com desempenho superior apresentaram resultados
significativamente melhores que os participantes com desempenho inferior (p=0,013).
Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, nas
habilidades com bola e no equilíbrio. Serão apresentados abaixo as médias, medianas,
desvios-padrão, e índice de significância do teste estatístico, referentes às habilidades
motoras, para os diferentes desempenhos em aritmética (Tabela 12).
Tabela 12 Médias, medianas desvios-padrão e índice de significância do teste Kruskal-Wallis, para os
tipos de habilidades motoras de acordo com o desempenho em aritmética.
Tipos de habilidades
Desempenho do
Teste de Aritmética
M
d
± p
Destrezas Manuais
Inferior
b
3,50 2,75 3,18
0,038* Médio
a
2,77 2,00 2,84
Superior
a
2,52 1,25 2,80
Habilidades com Bola
Inferior 1,50 0,50 1,98
0,057 Médio 1,43 0,00 2,00
Superior 0,85 0,00 1,71
Equilíbrio
Inferior 2,51 2,00 2,54
0,715 Médio 2,33 2,00 2,43
Superior 2,34 1,50 2,15
ABC Total
Inferior
b
7,59 7,00 5,04
0,035* Médio
ab
6,59 6,00 4,87
Superior
a
5,77 4,75 4,61
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre as classificações do desempenho
acadêmico em aritmética, quanto às habilidades motoras, por meio do teste Kruskal-Wallis.
As letras em sobrescrito (
a,b
) indicam grupos estatisticamente diferentes, de acordo com o teste U de
Mann-Witney e com base em um índice de significância de 0,05.
Quando as habilidades motoras e o desempenho no teste de leitura, houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos, no equilíbrio (p=0,004) e no
resultado total do MABC (p=0,014). Tanto no equilíbrio, quanto no MABC total,
86
verificou-se, com base no Teste U de Mann-Witeny, resultados significativamente
melhores para os escolares com desempenho dio, em relação aos escolares com
desempenho inferior (p=0,001 e p=0,005 respectivamente). As crianças com
desempenho superior foram significativamente melhores que as crianças com
desempenho inferior no equilíbrio (p=0,05), porém, não se verificou diferenças
estatisticamente significativas entre estes, no MABC total (p=0,124). Não houve
diferenças estatisticamente significativas, também entre grupos superior e dio,
quanto ao equilíbrio e o ABC total (p=0,096 e p=0,076 respectivamente). Os dados
descritivos dos grupos em cada habilidade motora serão apresentados na tabela 13.
Tabela 13 Médias, medianas desvios-padrão e índice de significância do teste Kruskal-Wallis, para os
tipos de habilidades motoras de acordo com o desempenho de leitura.
Tipos de habilidades
Desempenho do
Teste de Leitura
M
d
± p
Destrezas Manuais
Inferior 3,26 2,00 3,15
0,213 Médio 2,65 2,00 2,81
Superior 3,11 2,25 3,00
Habilidades com Bola
Inferior 1,52 0,50 2,01
0,240 Médio 1,38 0,50 1,88
Superior 1,26 0,00 1,99
Equilíbrio
Inferior
b
3,10 2,50 2,82
0,004* Médio
a
1,97 1,50 2,24
Superior
a
2,33 2,00 2,24
ABC Total
Inferior
b
7,94 8,00 5,38
0,014* Médio
a
6,04 5,00 4,94
Superior
ab
6,78 6,25 6,26
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre as classificações do desempenho
acadêmico em leitura, quanto às habilidades motoras por meio, do teste Kruskal-Wallis..
As letras em sobrescrito (
a,b
) indicam grupos estatisticamente diferentes, de acordo com o teste U de
Mann-Witney e com base em um índice de significância de 0,05.
Comparando os escolares com diferentes desempenhos no TDE total, quanto as
habilidades motoras verificou-se diferenças estatisticamente significativas nas
habilidades com bola (p=0,018) e no MABC total (p=0,035). No que diz respeito às
habilidades com bola, os grupos superior e médio diferenciaram estatisticamente (p=
0,005), bem como verificou-se diferenças também entre os grupos superior e inferior
(p=0,037). Os grupos médio e inferior, não se diferenciaram estatisticamente (p=0,453).
87
Quanto ao resultado geral do teste motor, somente houve diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos superior e inferior (p=0,01), não havendo diferenças
estatisticamente significativas entre as crianças com desempenho superior e médio
(p=0,089), assim como os grupos médio e inferior (p=0,180). Apesar de não haverem
diferenças estatisticamente significativas nas demais habilidades motoras entre os
grupos superior, médio e inferior, verificou-se, que as crianças com melhor desempenho
acadêmico, apresentaram também melhores resultados que os escolares com
desempenho inferior. A seguir serão apresentados os dados descritivos referentes as
habilidades motoras para os diferentes desempenhos acadêmicos gerais (Tabela 14).
Tabela 14 Médias, medianas desvios-padrão e índice de significância do teste Kruskal-Wallis, para os
tipos de habilidades motoras, de acordo com o desempenho geral no TDE.
Tipos de habilidades
Desempenho
Acadêmico
(TDE Total)
M
d
± p
Destrezas Manuais
Inferior 3,43 2,50 3,26
0,213 Médio 2,93 2,00 2,92
Superior 2,38 1,50 2,53
Habilidades com Bola
Inferior
b
3,43 2,50 3,26
0,018* Médio
b
2,93 2,00 2,92
Superior
a
2,38 1,50 2,53
Equilíbrio
Inferior 2,80 2,50 2,67
0,111 Médio 2,18 1,50 2,31
Superior 2,31 1,50 2,25
ABC Total
Inferior
b
7,64 7,00 5,37
0,035* Médio
ab
6,71 6,00 4,72
Superior
a
5,64 4,25 4,43
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente na análise das diferenças entre as classificações do desempenho
acadêmico geral, quanto às habilidades motoras, por meio do teste Kruskal-Wallis.
As letras em sobrescrito (
a,b
) indicam grupos estatisticamente diferentes, de acordo com o teste U de
Mann-Witney e com base em um índice de significância de 0,05.
Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os
escolares com e sem indicativos de dificuldades de aprendizagem em escrita, em
nenhuma das habilidades motoras, incluindo, também, o resultado final do teste MABC.
Quanto a comparação entre os participantes com e sem dificuldades em aritmética,
verificou-se um melhor desempenho das crianças sem indicativos de dificuldades nas
88
destrezas manuais (p=0,017) e no resultado geral do MABC (p= 0,023). Em leitura,
apenas no resultado geral do MABC pôde-se verificar um melhor desempenho
significativo dos escolares sem dificuldades de aprendizagem (p=0,029), nas demais
habilidades motoras não constatou-se diferenças entre os grupos. Não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os escolares com e sem
dificuldades gerais, quanto às habilidades motoras, bem como no resultado geral do
MABC. Os dados descritivos, destas avaliações estão demonstrados na tabela 15, a
seguir.
Tabela 15 Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste U de Mann-Witney ,
para os tipos de habilidades de dos escolares, de acordo com o indicativo de dificuldades de
aprendizagem
Habilidades
Motoras
Destrezas
manuais
Habilidades com
Bola
Equilíbrio
ABC Total
M
d
±
M
d
±
M
d
±
M
d
±
Dificuldades de
aprendizagem
em escrita
Sim 3,27 2,50 3,25 1,38 0,00 1,96 2,54 2,00 2,49
7,27 6,50 5,18
Não 2,77 2,00 2,73 1,35 0,00 1,96 2,28 1,50 2,37
6,45 5,50 4,70
p 0,344 0,925 0,377
0,140
Dificuldades de
aprendizagem
em Aritmética
Sim 3,47 2,75 3,17 1,53 0,50 1,99 2,48 2,00 2,54
7,55 7,00 5,03
Não 2,72 2,00 2,83 1,27 0,00 1,93 2,35 2,00 2,36
6,39 5,50 4,82
p 0,017 0,137 0,760
0,023
Dificuldades de
aprendizagem
em Leitura
Sim 3,23 2,00 3,15 1,50 0,50 2,01 3,06 2,50 2,82
7,86 8,00 5,41
Não 2,91 2,00 2,92 1,32 0,00 1,94 2,17 1,50 2,24
6,46 6,00 4,71
p 0,527 0,378 0,007
0,029
Dificuldades de
Aprendizagem
geral
Sim 3,39 2,50 3,27 1,35 0,00 1,89 2,78 2,50 2,68
7,58 6,50 5,42
Não 2,80 2,00 2,83 1,37 0,00 1,99 2,22 1,50 2,28
6,46 5,50 4,65
p 0,211 0,988 0,074
0,083
p=índice de significância proveniente na análise das diferenças entre os escolares com e sem indicativos
de dificuldades de aprendizagem, quanto às habilidades motoras, por meio do teste U de Mann-Witney
Verificou-se que um menor percentual de escolares com desempenho superior e
médio em leitura apresentaram, em conjunto, problemas motores definidos,
comparando-se ao o percentual de escolares com desempenho inferior, sendo
constatada associação estatisticamente significativa (X
2
=13,862; p=0,008), porém fraca,
de acordo com o resultado do teste GAMMA (ɣ=0,209), entre o desempenho motor e o
89
desempenho acadêmico em leitura. Houve, também, associação estatisticamente
significativa quanto ao desempenho motor e o desempenho acadêmico geral
(X
2
=10,318; p=0,035), entretanto apesar de significativa, esta associação é considerada
fraca (ɣ = 0,187). Quanto ao desempenho em escrita e aritmética e as classificações do
desempenho motor, não foram verificadas associações significativas entre os grupos
superior, médio e inferior. Veremos, na tabela 18, o percentual de escolares em cada
classificação do desempenho motor de acordo com o desempenho acadêmico (Tabela
16).
Tabela 16 – Desempenho motor, em função dos diferentes desempenhos acadêmicos em escrita,
aritmética, leitura e TDE total [%(n)].
Classificação do
desempenho
acadêmico
Problema
Motor
Definido
Problema
Motor
Limítrofe
Habilidades
Motoras
Normais
X
2
Teste de
Escrita
Inferior 15,2% (n=27) 15,2% (n=27) 69,7% (n=124)
6,987
(p=0,137)
Médio 8,3% (n=14) 18,3% (n=31) 73,4% (n=124)
Superior 6,8% (n=4) 11,9% (n=7) 81,4% (n=48)
Teste de
Aritmética
Inferior 16,7% (n=24) 15,3% (n=22) 68,1% (n=98)
7,351
(n=0,118)
Médio 8,6% (n=17) 16,2% (n=32) 75,3% (n=149)
Superior 6,2% (n=4) 17,2% (n=11) 76,6% (n=49)
Teste de
Leitura
Inferior 20% (n=20) 19% (n=19) 61% (n=61)
13,862*
(p=0,008)
Médio 6,4% (n=9) 16,4% (n=23) 77,1% (n=108)
Superior 9,6% (n=16) 13,9% (n=23) 76,5% (n=127)
TDE Total
Inferior 17,3% (n=22) 13,4% (n=17) 69,3% (n=88)
10,318*
(p=0,035)
Médio 9,2% (n=19) 18,8% (n=39) 72% (n=149)
Superior 5,6% (n=4) 12,5% (n=9) 81,9% (59)
*Associação estatisticamente significativa com base em um índice de significância de 0,05.
Verificou-se que um maior número de crianças classificadas com problemas
motores definidos, em conjunto com as dificuldades de aprendizagem em escrita, assim
como, um maior percentual de crianças com habilidades motoras normais, não
possuíam indicativo destas dificuldades (Tabela 17). Porém, para os participantes deste
estudo, a existência de dificuldades de aprendizagem em escrita, não esteve associada
aos problemas no desenvolvimento motor (X
2
=5,369; p=0,068).
90
Tabela 17 Desempenho motor, em função do indicativo de dificuldade de aprendizagem da escrita
[%(n)].
Dificuldade de
Aprendizagem
Problema
Motor
Definido
Problema
Motor
Limítrofe
Habilidades
Motoras
Normais
X
2
Escrita
Sim 15,2% (n=27) 15,2% (n=27) 69,7% (n=124)
5,369
(p=0,068)
Não 7,9% (n=18) 16,7% (n=38) 75,4% (n=172)
O teste X
2
mostrou haver associação, estatisticamente significativas (X
2
= 6,633;
p= 0,036), embora fraca (V=0,128), entre os problemas no desenvolvimento motor e a
existência de dificuldades de aprendizagem da matemática. Abaixo, será apresentado o
percentual de crianças com e sem indicativos desta dificuldade de aprendizagem em
cada classificação do desempenho motor (Tabela 18).
Tabela 18 Desempenho motor, em função do indicativo de dificuldade de aprendizagem da aritmética
[%(n)].
Dificuldade de
Aprendizagem
Problema
Motor
Definido
Problema
Motor
Limítrofe
Habilidades
Motoras
Normais
X
2
Aritmética
Sim 16,4% (n=24) 15,1% (n=22) 68,5% (n=100)
6,633*
(p=0,036)
Não 8,1% (n=21) 16,5% (n=43) 75,4% (n=196)
*Associação estatisticamente significativa com base em um índice de significância de 0,05.
Foi constatada associação estatisticamente significativa (X
2
=12,326; p=0,002),
fraca (V=0,174), também, entre a existência de dificuldades de aprendizagem em
leitura e problemas definidos no desenvolvimento motor. Assim como nos testes de
escrita e aritmética, pode-se verificar um maior percentual de escolares com problemas
motores definidos em conjunto com dificuldades específicas da leitura (tabela 19).
Tabela 19 Desempenho motor, em função do indicativo de dificuldade de aprendizagem da leitura
[%(n)].
Dificuldade de
Aprendizagem
Problema
Motor
Definido
Problema
Motor
Limítrofe
Habilidades
Motoras
Normais
X
2
Leitura
Sim 19,8% (n=20) 18,8% (n=19) 61,4% (n=62)
12,326*
(p=0,002)
Não 8,2% (n=25) 15,1% (n=46) 76,7% (n=234)
*Associação estatisticamente significativa com base em um índice de significância de 0,05.
91
Verificou-se associação estatisticamente significativa (X
2
=7,617; p=0,022),
apesar de fraca (V=0,159), entre a ocorrência de dificuldades de aprendizagem geral e
a existência de problemas motores. Como nas demais dificuldades da aprendizagem,
até o momento apresentadas, um maior percentual de participantes com indicativos de
dificuldades, apresentou em conjunto problemas motores (Tabela 20).
Tabela 20 – Desempenho motor, em função do indicativo de dificuldade de aprendizagem geral [%(n)].
Dificuldade de
Aprendizagem
Problema
Motor
Definido
Problema
Motor
Limítrofe
Habilidades
Motoras
Normais
X
2
TDE Total
Sim 17,3% (n=22) 13,4% (n=17) 69,3% (n=88)
7,617*
(p=0,022)
Não 8,2% (n=23) 17,2% (n=48) 74,6% (n=208)
*Associação estatisticamente significativa com base em um índice de significância de 0,05.
4.3.2 Desempenho acadêmico, dificuldades de aprendizagem e auto-eficácia
Verificou-se uma melhor auto-eficácia por parte dos escolares com desempenho
superior, sendo que este grupo diferenciou-se estatisticamente dos escolares com
desempenho médio (p=0,025) e inferior (p=0,0001). Os escolares com desempenho
médio, ainda apresentaram uma maior percepção de auto-eficácia, que os escolares
com desempenho inferior, sendo esta diferença estatisticamente significativa
(p=0,0001). A tabela abaixo (Tabela 21) apresentara os dados descritivos (médias,
medianas e desvios padrão), da auto-eficácia, para cada classificação do desempenho
acadêmico em escrita.
92
Tabela 21 dias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste Kruskal-Wallis, para a
auto-eficácia de acordo com o desempenho em escrita.
Desempenho acadêmico em
escrita
M
d
± p
Auto-eficácia
Inferior
c
15,57 16 3,87
0,0001* Médio
b
17,15 18 3,15
Superior
a
18,37 19 1,61
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre as classificações do desempenho
acadêmico em escrita, quanto á auto-eficácia, por meio do teste Kruskal-Wallis..
As letras em sobrescrito (
a,b,c
) indicam grupos estatisticamente diferentes, de acordo com o teste U de
Mann-Witney e com base em um índice de significância de 0,05.
Houve diferenças estatisticamente significativas quanto a percepção da auto-
eficácia e a classificações do desempenho acadêmico (p=0,0001). Com melhores
resultados para o grupo superior tanto em relação as crianças com desempenho mério
(p=0,003), quanto inferior (p=0,0001). Os grupos, médio e inferior, também se
diferenciaram estatisticamente (p=0,0001). Os dados descritivos para a auto-eficácia
em cada classificação do desempenho acadêmico em aritmética serão demonstrados
na tabela 22.
Tabela 22 dias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste Kruskal-Wallis, para a
auto-eficácia de acordo com o desempenho em aritmética.
Desempenho acadêmico em
Aritmética
M
d
± p
Auto-eficácia
Inferior
c
15,46 17,00 4,10
0,001* Médio
b
17,03 18,00 2,95
Superior
a
18,06 19,00 2,58
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre as classificações do desempenho
acadêmico em aritmética, quanto á auto-eficácia, por meio do teste Kruskal-Wallis..
As letras em sobrescrito (
a,b,c
) indicam grupos estatisticamente diferentes, de acordo com o teste U de
Mann-Witney e com base em um índice de significância de 0,05.
Assim como nos testes de escrita e aritmética, foram constatadas diferenças
estatisticamente significativas entre os escolares com diferentes desempenhos
acadêmicos em leitura, quanto a auto-eficácia (p=0,0001). Os dados descritivos
mostram uma melhor auto-eficácia para os escolares com desempenho superior,
seguidos dos escolares com desempenho médio e inferior, respectivamente (Tabela
93
23). Com base no teste U de Mann-Witney, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre os escolares com desempenho superior e médio
(p=0,431), entretanto, os grupos superior e inferior apresentaram diferenças
estatisticamente significativas (p=0,0001), assim como os grupos médio e inferior
(0,002).
Tabela 23 dias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste Kruskal-Wallis, para a
auto-eficácia de acordo com o desempenho em leitura.
Desempenho acadêmico em
Leitura
M
d
± p
Auto-eficácia
Inferior
c
15,23 16,00 4,14
0,0001* Médio
b
16,81 18,00 3,40
Superior
a
17,33 18,00 2,81
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre as classificações do desempenho
acadêmico em leitura, quanto á auto-eficácia, por meio do teste Kruskal-Wallis..
As letras em sobrescrito (
a,b,c
) indicam grupos estatisticamente diferentes, de acordo com o teste U de
Mann-Witney e com base em um índice de significância de 0,05.
As crianças com diferentes desempenho acadêmicos gerais, também
diferenciaram-se estatisticamente, quanto a auto eficácia (p=0,0001). Os dados
descritivos apresentados na tabela 24 representam uma melhor auto-eficácia para os
escolares com melhor desempenho acadêmico. A análise por pares mostrou que o
grupo superior diferenciou-se estatisticamente do grupo com desempenho médio
(p=0,03) e do grupo com desempenho inferior (p=0,001). Houve ainda diferença
estatisticamente significativa entre o grupo médio e o grupo inferior (p=0,0001).
Tabela 24 dias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste Kruskal-Wallis, para a
auto-eficácia de acordo com o desempenho geral no TDE.
Desempenho acadêmico
Geral
(TDE Total)
M
d
± p
Auto-eficácia
Inferior
c
14,94 16,00 4,09
0,0001* Médio
b
17,17 18,00 2,97
Superior
a
18,08 19,00 2,37
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre as classificações do desempenho
acadêmico geral, quanto á auto-eficácia, por meio do teste Kruskal-Wallis..
As letras em sobrescrito (
a,b, c
) indicam grupos estatisticamente diferentes, de acordo com o teste U de
Mann-Witney e com base em um índice de significância de 0,05.
94
Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os
participantes com e sem indicativo de dificuldades de aprendizagem, em escrita,
aritmética, leitura e geral, sendo que a auto-eficácia apresentada pelos escolares sem
indicativo de dificuldades foi superior (Tabela 25).
Tabela 25 – Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste U de Mann-Witney para
a auto-eficácia, de acordo com o indicativo de dificuldades de aprendizagem em escrita,
aritmética, leitura e geral.
Dificuldades de
Aprendizagem
M
d
±
p
Escrita
Sim 15,57 16,00 3,87
0,0001*
Não 17,47 18,00 2,88
Aritmética
Sim 15,45 17,00 4,07
0,0001*
Não 17,30 18,00 2,90
Leitura
Sim 15,24 16,00 4,12
0,0001*
Não 17,10 18,00 3,11
Geral
Sim 15,02 16,00 4,01
0,0001*
Não 17,37 18,00 2,93
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças entre os grupos com e sem indicativos de
dificuldades de aprendizagem, quanto á auto-eficácia, por meio do teste U de Mann-Witney .
4.3.3 Auto-eficácia e desempenho motor
Apesar do instrumento utilizado para verificar o senso de auto-eficácia, nesta
pesquisa, ser voltado para análise da auto-eficácia educacional, achou-se interessante
verificar a existência de correlação entre a auto-eficácia e o desempenho motor
apresentados pelos escolares participantes. Foi utilizado o teste correlacional, não
paramétrico, de Spearman, verificando-se correlação positiva (ρ=0,129; p=0,01), porém
fraca, entre os escores do desempenho motor e da auto-eficácia. O Sinal do ρ foi
invertido, devido a diferença na escalas, sendo uma crescente (RASAE) e outra
decrescente (MABC).
As crianças sem problemas motores apresentaram-se mais auto-eficazes que
aquelas com problemas motores definidos, sendo esta diferença estatisticamente
significativa (p=0,05). Este resultado pode ser observado também na análise descritiva
(Tabela 26), verificando-se melhores resultados, para classificação habilidades motoras
95
normais. Optou-se por comparar estes grupos excluindo as crianças com problemas
motores limítrofes, a fim de comparar somente a auto-eficácia das crianças que não
possuem problemas motores, com aquelas que possuem a forma mais grave.
Tabela 26 Médias, medianas, desvios padrão e índice de significância do teste U de Mann-Witney ,
para a auto-eficácia de acordo com o desempenho motor.
Desempenho
Motor
M
d
± p
Auto-eficácia
Habilidades motoras
Normais
16,83 18,00 3,34
0,05*
Problema Motor
Definido
15,84 17 3,86
*Grupos diferentes estatisticamente com base em um índice de significância de 0,05.
p=índice de significância proveniente da análise das diferenças os grupos com e sem problemas motores,
quanto á auto-eficácia, por meio do teste U de Mann-Witney .
96
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O Objetivo principal deste estudo foi investigar relação entre o desempenho
motor, desempenho acadêmico e senso de auto-eficácia de escolares das séries
iniciais do ensino fundamental, de uma escola básica e municipal da cidade de São
José/SC.
Para facilitar o entendimento do leitor, a discussão dos resultados obedeceu a
ordem pré-estabelecida, no capítulo anterior, quando da apresentação dos mesmos,
sendo esta prevista pela ordem dos objetivos específicos.
Primeiramente discutiu-se com a literatura, os resultados provenientes da análise
do desempenho acadêmico. Este foi mensurado por meio do Teste TDE, padronizado,
para avaliar o desempenho acadêmico dos escolares brasileiros, e bastante utilizado
em pesquisas para identificar os primeiros indícios de dificuldades de aprendizagem,
em escrita, aritmética, leitura e dificuldades de aprendizagem como um todo.
Continuando a seqüência previamente estabelecida pelos objetivos específicos,
e apresentação dos resultados, foram discutidos os dados referentes ao desempenho
motor dos participantes. Para obtenção destes dados utilizou-se o MABC. Lembrando
que o termo desempenho motor foi empregado, por se tratar da performance do
participante no momento do teste, o qual indica possíveis comprometimentos no
desenvolvimento motor dos escolares.
Posterior ao desempenho motor foram discutidos os dados referentes ao senso
de auto-eficácia, dando ênfase a comparação entre as diferentes idades e entre os
sexos. O senso de auto-eficácia foi mensurado por meio do RASAE, instrumento criado
para avaliação da auto eficácia de escolares das séries iniciais do ensino fundamental,
no Brasil.
Após a discussão dos dados do desempenho acadêmico, desempenho motor e
senso de auto-eficácia, foram discutidos os resultados provenientes das combinações
97
entre as variáveis, desempenho acadêmico, dificuldades de aprendizagem e
desempenho motor; desempenho acadêmico, dificuldades de aprendizagem e senso de
auto-eficácia; por fim desempenho motor e auto-eficácia.
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
Os participantes do estudo possuíam idade entre 7 e 10 anos e estavam
matriculados em turmas de segundas, terceiras e quartas-séries do ensino fundamental,
de uma escola de educação Básica do município de São José/SC-Brasil. As crianças
freqüentavam a escola nos períodos matutino e vespertino, sendo neste último a maior
concentração de participantes, devido ao fato de haver um maior número de turmas de
séries iniciais, do ensino fundamental, à tarde.
Além dos escolares moradores do distrito em que a escola está situada (Distrito
de Campinas), um grande número de crianças era proveniente de outras regiões
(Barreiros e Sede), bem como de municípios vizinhos. Este fato pode ser atribuído a
localização da escola e infra-estrutura disponibilizada nesta instituição de ensino, que
mesmo se tratando de uma escola mantida com recursos do governo municipal, eram
disponibilizados aos alunos, laboratórios de ciências, quadras de esporte ao ar livre e
cobertas, auditório, sala de dança, entre outros recursos.
Quanto à escolaridade dos pais, a maior parte dos mesmos apresentou ensino
médio completo ou incompleto, sendo que um maior percentual de mães possuía um
nível de escolaridade mais elevado que os pais.
O índice de repetência escolar dos participantes (7,39%) esteve abaixo do
percentual apresentado pelos alunos das escolas públicas brasileiras, nos últimos anos,
que foi de 16,5%, de acordo com os dados apresentados no SAEB de 2007.
Referente a renda familiar mensal, o valor mais freqüente entre os integrantes da
pesquisa, foi entre dois e três salários mínimos”. A caracterização dos participantes foi
realizada por meio da Ficha de Registro dos Escolares.
98
5.2 DESEMPENHO ACADÊMICO
Quanto a incidência de dificuldades de aprendizagem, 31% dos escolares
avaliados apresentaram desempenho inferior no TDE, caracterizando indicativo de
dificuldades de aprendizagem geral, estimativa considerada alta por Stein (1994). De
acordo com a autora do TDE, o esperado para populações normais é um percentual de
25% de crianças com indicativos de dificuldades de aprendizagem, inferior a incidência
verificada no presente estudo. Entretanto, valores aproximados foram encontrados em
outros trabalhos, também utilizando o TDE. Tonelotto et al. (2005), verificaram que
29% de escolares matriculados no ensino fundamental apresentavam indicativos de
dificuldades de aprendizagem. Em uma pesquisa realizada em Vitória/ES, por Enumo,
Ferrão e Ribeiro (2006), com alunos de segundas e terceiras-séries do ensino
fundamental, os resultados, de acordo com os autores, foram mais alarmantes, sendo
encontrada uma incidência de 73% de crianças com dificuldades de aprendizagem.
Apresentar uma estimativa real, para o número de casos de dificuldades de
aprendizagem ainda é bastante difícil. De acordo com Ohlweiler (2006), a incidência de
deste problema na educação básica pode variar de 2% a 10%, dependendo do tipo de
testagem utilizada. A Associação Brasileira de Dislexia (ABDA) afirma que pesquisas
internacionais realizadas pela IDA - International Dyslexia Association IDA indicam
que a incidência de dificuldade de aprendizagem varia de 10% a 15% da população.
Outros estudos com populações brasileiras, como Suehiro (2006), Schiavoni (2004),
Zucoloto (2001), Rotta (2006) estimam um percentual em torno de 30% de crianças em
idade escolar. Almeida (2002), em turmas de primeira a quarta-séirie, de uma escola
brasileira, verificou um índice que variou 20% a 35% de crianças com indicativos de
dificuldades, dependendo da turma investigada.
Estimativas de outros países mostram que até 50% das crianças, nos seis
primeiros anos de escolaridade, podem apresentar dificuldades de aprendizagem
(Rotta, 2006). Um levantamento realizado pelo National Institute of Child Health and
Human Development (NICH) apontou que 20% dos estudantes americanos que
freqüentam a elementary school (equivalente a escola básica brasileira), possuiam
algum tipo de dificuldades escolares e destes, 5% a 10% tinham diagnóstico de
99
dificuldades específicas da aprendizagem, tais como a dislexia (LEARNING
DISABILITIES ASSOCIATION OF AMERICAN; LDA, 2009). Em Vancouver, no Canadá,
pesquisas apontam para um percentual de 12% dos escolares, com dificuldades de
aprendizagem, dos quais, 35% não recebem nenhum tipo de auxílio, ou tratamento
para amenizar os efeitos, que as mesmas causam em suas vidas, e ao que tudo indica,
não conseguirão terminar a higth scool (equivalente ao ensino médio nas escolas
brasileiras) (LEARNING DISABILITIES ASSOCIATION of BC/VANCOUVER LDAV,
2009). Em Portugal, apesar de não haver um número oficial para a incidência de
dificuldades de aprendizagem, Fonseca (1995), apresentou índices de um senso
escolar realizado em alguns países da Europa, onde houve 35% de incidência em
crianças portuguesas, aproximadamente 10% em crianças francesas, em torno de 5%
nos escolares espanhóis, e com melhor resultado, pouco mais de 1% das crianças
italianas apresentaram algum tipo de dificuldades de aprendizagem. Na Autrália, 20%
das crianças e adolescentes apresentam grandes dificuldades para desenvolver as
capacidades escolares (COLTHEART e PRIOR, 2007). De acordo com Coltheart e Prior
(2007), deste montante, 10% apresentarão danos não somente no que diz respeito aos
conteúdos desenvolvidos nas escolas, como também limitações referentes a sua
adaptação saudável na vida em sociedade.
Como se pôde notar, em todo o mundo, um grande número de crianças
apresenta dificuldades de aprendizagem, porém, considera-se difícil estimar
exatamente o número de afetados, devido a deficiências na identificação destas
crianças. Desta forma, muitos dos escolares que apresentam baixo desempenho
acadêmico, o fazem em virtude de deficiências que não foram e em muitos dos casos
não serão identificadas (CAPELLINE, TONELOTTO e CISACA, 2004).
Quanto as dificuldades específicas da aprendizagem, o quadro de dificuldades
de leitura e escrita pode variar desde uma incapacidade quase total em aprender a ler e
escrever, até uma leitura quase normal, mas silabada e sem automatização (ALMEIDA,
2002). Os problemas da escrita são os mais comuns entre a população, afetando cerca
de 10% e 30% das crianças em idade escolar (FEDER e MAJNEMER, 2007). Seguido
dos problemas específicos na leitura, com um percentual de 7% a 13% da população
infantil (ABD, 2009; MOE-NILSSEN et a., 2003), e por fim as dificuldades da aritmética,
100
que atingem por volta de 3% a 6,5% das crianças que apresentam problemas de
aprendizagem (BASTOS, 2006; BUTTERWOTH, 2005). Assim como mostra a literatura,
neste estudo a dificuldade de aprendizagem específica mais comum entre os
participantes foi em escrita (43,8%), porém um maior número de crianças apresentou o
problema em matemática, (35,5%), seguido, das dificuldades de leitura (24,6%).
Resultado semelhante ao encontrado em uma amostra de crianças freqüentadoras de
segundas e terceiras séries do ensino fundamental, de Vitória/ES. Dos 144 escolares
avaliadas por Dias, Enumo e Azevedo Junior (2004), 34 receberam a classificação
inferior no TDE, e destas 15 apresentaram dificuldades em escrita, enquanto que 7
crianças apresentaram indicativos de dificuldades em leitura e 14 em matemática.
O TDE é amplamente utilizado no Brasil como forma de identificar escolares
com dificuldades de aprendizagem (MAYER e KOLLER, 2000; MEDEIROS et al. 2000;
FONSECA, et al. 2004; CAPELLINI, TONELOTTO e CIASCA, 2004; TONELOTTO et al.
2005; DIAS, ENUMO e AZEVEDO JUNIOR, 2004; ENUMO, FERRÃO e RIBEIRO,
2006; DIAS, ENUMO e TURINI, 2006; SANTOS e GRAMINHA, 2006; D’AVILA-
BACARJI, MATURANO e ELIAS, 2006; CIA e BARHAM, 2008). Porém, o mesmo avalia
o desempenho da criança no momento do teste e não o realizadas investigações
sobre o processo de aprendizagem do aluno (STEIN, 1994). Desta forma, o mau
desempenho no TDE, pode significar um indicativo de dificuldades de aprendizagem,
ou, pode também, ser resultado de um ensino de qualidade, onde as crianças
simplesmente não aprenderam os conteúdos que lhes foram cobrados. Sendo assim,
como especificado por Stein (1994), o teste deve ser utilizado como uma primeira
avaliação das dificuldades, sendo indicada uma investigação mais detalhada antes de
tecer qualquer diagnóstico, ou rótulos às crianças por ele avaliadas, não sendo
aconselhado para uso clínico.
O desempenho dos participantes, de um modo geral, não foi satisfatório,
principalmente em escrita, como demonstrado anteriormente. Pode-se dizer que este é
um reflexo, da performance apresentada pelos escolares brasileiros, na realização dos
conteúdos escolares básicos (língua portuguesa e matemática). De acordo com os
instrumentos utilizados pelo governo federal, para avaliação da educação básica
101
(Provinha Brasil e SAEB), sabe-se que os escolares brasileiros ainda não apresentam o
desempenho ideal, para um sistema de ensino adequado.
No que diz respeito ao desempenho dos conteúdos escolares básicos (português
e matemática), os resultados encontrados neste estudo assemelham-se também, aos
dados provenientes do SAEB (2007). Embora os testes do TDE sejam diferentes das
avaliações realizados pelo SAEB, os alunos Brasileiros, assim como os participantes
desta pesquisa, apresentaram melhor desempenho em matemática e pior desempenho
em língua portuguesa (o SAEB não separa a língua portuguesa em Leitura e Escrita).
Embora um grande número de escolares tenha apresentado desempenho inferior em
escrita, leitura e aritmética, verificou-se apenas 7,39% de histórico de repetência
escolar, menos da metade do índice brasileiro (16,5%). Que, apesar de apresentar
melhoras, caindo de 21,9% em 2005 (SAEB, 2005), para 16,5%, em 2007 (SAEB
2007), o percentual de repetências nas escolas municipais brasileiras ainda é
considerado alto pelo Ministério da Educação (INEP, 2009).
Quanto ao desempenho acadêmico das meninas e dos meninos, verificou-se que
os sexos não se diferenciaram entre si, em escrita, matemática e leitura. Porém, no
resultado geral do TDE, as meninas saíram-se significativamente melhor. Apesar de
haver um maior percentual de meninas com indicativo de dificuldades de aprendizagem
em aritmética, enquanto que os meninos apresentaram mais dificuldades em leitura,
escrita e geral, não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre
as dificuldades específicas de aprendizagem e o sexo. Resultados como estes,
discordam de outras pesquisas brasileiras, que mostram uma maior prevalência de
dificuldades de aprendizagem no sexo masculino. No estudo realizado na cidade de
Curitiba/PR, com crianças provenientes da segunda série do ensino fundamental,
houve prevalência de dificuldades de aprendizagem para o sexo masculino, sendo
identificados quatro meninos, para cada menina (MEISTER, 2001). Em Ribeirão
Preto/SP, Santos e Graminha (2005), a fim de comparar a influência dos fatores
familiares e ambientais no desempenho acadêmico, formaram dois grupos
comparativos, sendo um com baixo rendimento acadêmico (BRA) e outro com alto
rendimento acadêmico (ARA). O grupo BRA possuía 75% de meninos e 25% de
meninas, enquanto que no grupo ARA, 60% eram meninas e 40% meninos. Com base
102
na construção dos grupos da pesquisa, pode-se verificar um maior número de meninos
no grupo com baixo rendimento, e menor no grupo com alto rendimento.
Pode-se constatar, também, a maior prevalência de meninos com dificuldades de
aprendizagem em pesquisa realizadas fora do Brasil. Em um estudo com escolares
canadenses, por exemplo, verificou-se que 58% dos meninos possuíam dificuldades de
aprendizagem, enquanto, que o percentual de meninas foi 22% (SAIGAL, et al.;1998).
No Reino Unido, Carrol (2004), afirmou que os meninos são mais afetados com
dificuldades de aprendizagem, sendo encontrado um percentual de 22% de meninos
contra 11% de meninas.
Embora não comprovado estatisticamente, aos resultados encontrados no
presente estudo assemelham-se de certa forma aos dados do SAEB de 2005, bem
como do provão de 2007 (SAEB, 2007), onde se tem um melhor desempenho das
meninas em língua portuguesa e dos meninos em matemática, (INEP, 2009). Porém, o
que vem chamando a atenção com relação ao desempenho acadêmico das meninas, é
que ao mesmo tempo em que se aproximam dos meninos em matemática, estão cada
vez mais ampliando sua vantagem em língua portuguesa. Disciplina em que
apresentavam desempenho superior, tanto em âmbito nacional, quanto na região sul do
Brasil (INEP, 2009).
Na ânsia de explicar o motivo de tantas diferenças entre os meninos e meninas,
no que diz respeito ao desempenho escolar, acredita-se que além de avaliações
padronizadas, seja necessário um olhar mais qualitativo, para não somente diagnosticar
problemas, como também, descobrir o motivo pelo qual ocorrem (BRITO, 2006; SAUD
e TONELLOTO, 2005; CARVALHO, 2003).
De acordo com pesquisas mais voltadas para os aspectos psicossociais da
aprendizagem, os meninos tendem a ser mais agitados e agressivos, adaptando-se
menos aos limites impostos pelo ambiente das escolas. Em contrapartida, as meninas
são mais obedientes e acabam por aceitar mais facilmente as imposições dos sistemas
tradicionais de ensino, como os existentes na maioria das escolas brasileiras
(CARVALHO, 2003). Desta forma, de acordo com Brito (2006), as escolas então
estariam despreparadas para lidar com as peculiaridades existentes nos meninos e nas
103
meninas, não atendendo de forma adequada as demandas educacionais de ambos, em
detrimento principalmente do sexo masculino.
Apesar das diferenças apresentadas tanto neste estudo, quanto na literatura em
geral, a respeito das capacidades escolares dos meninos e meninas, acredita-se que
sejam necessárias reformulações, tanto nos sistemas de ensino, quanto nas políticas
públicas educacionais. Visando oportunizar uma educação de qualidade tanto para
meninos, quanto para meninas, respeitando suas peculiaridades.
5.3 DESEMPENHO MOTOR
O MABC é amplamente utilizado para identificar desordens desenvolvimentais
em crianças, com idade entre 4 e 12 anos. Quanto ao número de crianças em cada
classificação do MABC, verificou-se que a maior parte dos escolares apresentou
desenvolvimento motor normal, seguido de um grupo com problemas motores leves e
um percentual menor, recebeu indicativo de dificuldades motoras graves. Na cidade de
Florianópolis/SC-Brasil, 77,2% de crianças não apresentou problemas motores, em
12% estiveram presentes riscos de apresentá-los e 10,8% dos escolares recebeu a
classificação de problemas motores graves (FRANÇA, 2008). Em uma pesquisa
realizada em escolas da Grécia, verificou-se um percentual de 64,8% de escolares com
habilidades motoras normais, 14,9% de crianças com problemas motores limítrofes e
15,1% de escolares com Desordem Coordenativa Desenvolvimental (KOURTESSIS, et
al., 2008). Vale lembrar que a denominação Desordem coordenativa Desenvolvimental
(DCD) é uma das várias denominações para os distúrbios motores. Caracterizando-se
por um prejuízo na coordenação e no controle de movimentos básicos e por um
desempenho abaixo do nível esperado em atividades diárias que exijam coordenação
motora. Pode manifestar-se por atrasos marcantes em alcançar marcos motores (ex:
sentar, engatinhar, caminhar), propensão a deixar cair coisas, ser desajeitado,
demonstrar fraco desempenho nos esportes ou ter caligrafia insatisfatória (OLIVEIRA,
LOSS e PETERSEN, 2005).
104
No que se refere ao percentual de crianças com problemas motores limítrofes e
definidos, os resultados do estudo de Kourtessis, et al. (2008) diferenciam-se dos dados
encontrados no presente estudo, uma vez que um maior número de crianças
apresentou problemas motores definidos, em comparação com o número de
participantes com problemas motores limítrofes.
Os valores para incidência de dificuldades motoras são bastante variados
(JUNAID e FELLOWES, 2006; JONGMANS, SMITS-ENGELSMAN e SCHOEMAKER,
2003; PÉREZ e SANZ, 2003). Estudos mais criteriosos para identificação e diagnóstico
de problemas motores, apontam para uma incidência de aproximadamente 4% a 8%
de dificuldades motoras graves, em crianças de 5 a 12 anos (HENDERSON e
SUGDEN, 1992; WRIGHT e SUGDEN, 1998; DEWEY e WILSON, 2001; MISSIUNA
apud ROSEMBAUM, MISSIUNA, JOHNSON, 2004; APA, 1994). Esta estimativa foi
confirmada por Kadesjo e Gillberg (1999), em um estudo realizado na Suécia, onde se
verificou que 4,9% dos participantes possuíam DCD grave e 8,6% DCD moderada. Bem
como em Cairney et al.(2005), cuja pesquisa realizada com 564 crianças canadenses,
apurou um percentual de 7,5% de DCD.
Na Grécia, o percentual de escolares com dificuldades motoras graves foi de
15,1% (KOURTESSIS, et al., 2008). Davis, et al. (2007), verificou que 9,5% das
crianças investigadas, provenientes de escolas australianas, apresentaram resultados
abaixo de 5
o
percentil, do MABC, indicando dificuldades motoras graves. Em pesquisas
realizadas com crianças brasileiras, França (2008), encontrou na cidade de
Florianópolis/SC-Brasil, 10,8% de incidência de DCD, em escolares com 7 e 8 anos de
idade. Hiraga, Pimenta e Pellegrine, apud França (2008), acharam uma incidência de
7,1% de DCD, em uma amostra de 198 crianças com idades entre 7 e 8 anos. Na
região Norte do Brasil, em Manaus/AM, de 240 crianças investigadas, Souza et al.
(2007), verificou que 11,8% dos participantes pertencentes a população urbana e
4,4% da população rural apresentavam problemas referentes a coordenação motora,
identificadas por meio do MABC.
A incidência de transtornos motores pode variar também de acordo com a
metodologia empregada. Em um estudo longitudinal, Lingam et al. (2009), investigou a
incidência da DCD em 6990 crianças com idade entre 7 e 8 anos no Reino Unido. Para
105
tal, utilizou os critérios do DSM-IV, como meio de identificação da DCD, encontrando
um percentual de 1,7% de crianças com transtornos motores, valor relativamente baixo,
tendo em vista os resultados apresentados anteriormente, em outros estudos, bem
como a estimativa de desordem desenvovimental, apresentada pela APA (1995).
Pode-se perceber com base nos estudos citados, que existe um grande número
de crianças com dificuldades motoras, das quais, a maioria encontra-se em idade
escolar. Acredita-se que estudos como este são importantes para auxiliar na
identificação destes escolares, porém, sem intervenção, estas crianças continuam a
exibir baixas habilidades motoras, bem como podem apresentar déficits em outras
áreas do desenvolvimento (BARNHART et al. 2003). Desta forma, sugere-se que
pesquisas relacionadas à intervenção e tratamento dos problemas motores sejam
realizadas, para que todas as crianças sejam contempladas com a mesma
oportunidade de desenvolver-se plenamente.
No que se refere ao percentual de meninos e meninas com dificuldades motoras,
a literatura aponta para uma maior prevalência de desordens no sexo masculino, em
uma proporção de dois meninos, para cada menina (WRIGHT e SUGDEN, 1996;
WILSON e MCKENZIE, 1998; DEWEY e WILSON, 2001). Podendo ser verificadas
ainda, proporções maiores de meninos com distúrbios motores, com relação às
meninas, variando de 4:1 a 7:1 (KADESJO e GILLBERG, 1999). Apesar de a literatura
mostrar uma maior prevalência de distúrbios motores em meninos, no estudo de França
(2008), mais meninas apresentavam dificuldades motoras, sendo encontrada uma
proporção de aproximadamente duas meninas, para cada menino. Diferente dos
estudos citados, tanto as meninas, quanto os meninos, aqui pesquisados,
apresentaram percentuais aproximados de dificuldades motoras. Semelhante ao estudo
de Cairney et al.(2005), em que o percentual de meninos com desordens motoras foi
inferior ao de meninas (43% e 57% respectivamente), porém, sem diferenças
estatisticamente significativas. Não sendo possível, associar a existências de distúrbios
motores, a um dos sexos.
Apesar dos meninos e meninas não se diferenciarem quanto ao percentual de
distúrbios motores, dentre as habilidades motoras avaliadas, as meninas apresentaram
melhores destrezas manuais (somente na faixa etária 2) e equilíbrio (amostra de um
106
modo geral), enquanto que os meninos foram melhores nas habilidades com bola (tanto
na amostra geral, quanto na análise separada por faixas etárias). Resultados que
corroboram com estudo realizado por Pérez e Sanz (2003), com escolares espanhóis,
em que os desempenhos em equilíbrio e destrezas manuais das meninas foram
superiores aos dos meninos, enquanto que os mesmos saíram-se significativamente
melhor nas habilidades com bola. Os autores atribuíram estas diferenças nas
habilidades motoras a fatores culturas e exigências do ambiente em que os meninos e
meninas estão inseridos (PÉREZ e SANZ, 2003). Os meninos de Florianópolis/SC,
estudados por Franças (2008), diferenciaram significativamente das meninas nas
habilidades com bola. Ao comentar os resultados de seu estudo, França (2008) atribui
tais diferenças entre os sexos, às práticas de atividades físicas, as quais as meninas e
os meninos são expostos. De acordo com Junaid e Fellowes (2006) é possível notar
que os meninos recebem estímulos para o aprimoramento das habilidades com bola
mais cedo que as meninas, e o mesmo acontece com o sexo feminino no que diz
respeito as destrezas manuais. Dentre as crianças investigadas por Junaid e Fellowes
(2006), na America do Norte, a análise dos dados apontou para superioridade feminina
quanto às destrezas manuais, enquanto que os resultados dos meninos foram
significativamente melhores nas habilidades com bola. As diferenças entre os sexos
quanto as habilidades motoras foram constatadas também por Ruiz et al. (2003), em
um estudo que comparava crianças americanas, japonesas e espanholas, sendo
verificados melhores desempenhos do sexo feminino, nas habilidades equilíbrio e
destrezas manuais, enquanto que os meninos desempenharam-se melhor nas provas
que avaliavam as habilidades com bola.
Trabalhos, como os à cima citados, referentes às habilidades motoras de
meninos e meninas, apresentam resultados de pesquisas desenvolvidos com escolares
espanhóis (PÉREZ e SANZ, 2003, RUIZ, 2003), brasileiros (FRANÇA, 2008),
provenientes da America no Norte (JUNAID e FELLOWES, 2006; RUIZ, 2003) e
japoneses (RUIZ, 2003). Mesmo sendo de regiões tão diferentes do globo terrestre foi
possível notar que todos os estudos reportam para as mesmas diferenças entre os
sexos, quanto às habilidades motoras.
107
Alguns estudiosos explicam estas diferenças no padrão de habilidades motoras
entre meninos e meninas, como o fruto de um baixo desenvolvimento apresentado pelo
sexo feminino, possivelmente devido a razões culturais (LANGENDORFER apud
SANTOS, DANTAS e OLIVEIRA, 2004).
É possível notar estas diferenças entre as habilidades motoras, apenas
observando os comportamentos típicos de ambos os sexos, realizados no quotidiano
(PEREIRA e TUDELA, 2008). De um modo geral, pode-se dizer que os meninos em
idade escolar tendem a ser um pouco mais avançados em habilidades motoras amplas
e que exijam força. Enquanto as meninas freqüentemente são excelentes nas
habilidades motoras finas, como desenhar e escrever, ou habilidades amplas que
combinas ao equilíbrio são essenciais para a ginástica e/ou danças (PEREIRA e
TUDELA, 2008; PAPALIA e OLDS, 2000). Os meninos, de um modo geral, desde cedo
são estimulados a envolverem-se em atividades esportivas, que em sua grande maioria
tem como principal instrumento de prática, a bola. As meninas, por outro lado, recebem
estímulos contrários, cabendo a elas práticas com bonecas, e outros brinquedos que
lembrem o ambiente doméstico, sendo a dança, muitas vezes, a única oportunidade de
prática de atividades físicas.
Concepções culturais das atividades adequadas às meninas e aos meninos
podem desempenhar um grande papel nestas diferenças de comportamento. Citando
exemplos da cultura americana, Cole e Cole (2004), sugerem que os pais encorajam
mais seus filhos homens a participarem de esportes que requerem maiores habilidades
motoras amplas, em detrimento das meninas. Desta forma, pode-se dizer que a
sociedade, acaba por moldar comportamentos motores típicos de cada sexo.
Esta ambigüidade de comportamentos se torna clara, no ambiente escolar,
principalmente durante as aulas de educação física, onde existe um maior interesse nas
práticas por parte dos meninos (SOUZA e AUTMAN, 1999). Este fato pode ser
explicado, devido à grande quantidade dos conteúdos empregados, tratarem-se de
esportes coletivos, fugindo do foco de interesse feminino, ou ainda, as únicas opções
propostas para as meninas são atividade que não necessitem de grandes esforços
físicos, tais como brincadeiras de roda, entre outras (SABBAG, 2008).
108
5.4 DE AUTO-EFICÁCIA
A formação do senso de auto-eficácia ocorre com base nas informações
recebidas de diversas fontes, que podem ser internas e externas ao indivíduo
(BANDURA, 1993).
Não foram encontradas diferenças no senso de auto-eficácia entre os escolares
de séries diferentes, bem como entre as faixas etárias (7 e 8 anos; 9 e 10 anos).
Entretanto, esperava-se que os escolares com menor idade apresentassem um maior
senso de auto-eficácia, pois de acordo com a literatura, as crianças mais jovens tendem
a superestimar sua auto-eficácia, em razão da utilização de resultados imediatos e
aparentes, não sendo realizada uma análise sistemática, uma vez que as mesmas
ainda não possuem vivências necessárias para tal (ECCLES, WIGFIELD e SCHIEFELE
apud COSTA e BORUCHOVITCH, 2006). Porém, com o avanço da idade ocorre uma
exatidão maior na avaliação deste constructo, tornando-a fortemente relacionada com o
desempenho escolar obtido (ECCLES, WIGFIELD e SCHIEFELE apud COSTA e
BORUCHOVITCH, 2006). Por outro lado, de acordo com o Learning Tecnologies Centre
(LTC; 2009), as crianças internalizam as crenças sobre si e suas capacidades em dois
estágios. O primeiro ocorre por volta dos 7 e 8 anos de idade, e o segundo a partir dos
12 anos. Desta forma, pode-se dizer que uma parte dos participantes deste estudo,
sendo constituída pelas crianças mais jovens, ainda estão passando pelo primeiro
processo de formação da auto-eficácia. Enquanto que os mais velhos sofrem ainda a
influência do primeiro estágio. O senso de auto-eficácia começa a ser estimulado por
pais e cuidadores, ainda no início da primeira infância. Eles proporcionam experiência
que estimulam a auto-eficácia das crianças, uma vez que as mesmas ainda não
possuem conhecimentos próprios para agirem sobre os acontecimentos de seu dia-a-
dia (SCHUNCK e PAJARES, 2001). Diferente dos anos que formam a idade escolar,
quando as principais informações sobre si e sobre as próprias capacidades são
fornecidas pelo ambiente da escola, sendo os professores, os mediadores para o
cultivo de uma boa percepção da auto-eficácia. Os mesmos devem procurar motivar a
turma, proporcionando experiências agradáveis e desafiadoras, contudo, de modo que
os alunos possam transpor os obstáculos estabelecidos (BZUNECK, 2001). Não é
109
questão de a criança possuir ou não tais capacidades, não basta que estejam
presentes, tão importante quanto é a pessoa acreditar que pode fazer (BZUNECK,
2001). Por isto, a importância do professor saber trabalhar esta motivação sem sala de
aula.
Verificou-se que as participantes desta pesquisa, apresentaram um melhor senso
de auto-eficácia que os meninos. Estas diferenças foram verificadas tanto na amostra
de um modo geral, como também dentro de cada faixa etária (7 e 8 anos; 9 e 10 anos).
Em todos os grupos, os meninos possuíam menor percepção de competência que as
meninas. Fato semelhante foi verificado no estudo realizado por Pastorelli et al. (2001),
onde os autores examinaram o senso de auto eficácia de escolares de três países,
Itália, Ungria e Polônia, com idades entre 10 e 15 anos. Em todas as amostras, as
meninas julgaram-se mais auto-eficazes academicamente, e mostraram-se mais auto-
eficazes também, para resistir à pressão dos pares no envolvimento em atividades
transgressivas, em comparação ao sexo oposto (PASTORELLI et al., 2001). Por outro
lado, Rolin (2008), verificou em uma amostra de adolescentes do município de São
José/SC, que o sexo masculino apresentou melhor auto-eficácia que as meninas. A
autora observou também, que os rapazes apresentavam-se mais fisicamente ativos, o
que pode com base nos conceitos de Bandura (1993), modificar a forma como os
participantes percebiam as informações sobre as suas competências. Gehlbach et al.
(2008), por sua vez, pesquisaram a influencia do sexo na percepção da auto-eficácia,
não sendo encontradas diferenças significativas entre os sexos, quanto a esta variável.
Como se pôde notar, os estudos a respeito da auto-eficácia e o sexo são
bastante controversos (ZIMMERMAN, 2000). Uma parte das pesquisas verificou uma
melhor auto-eficácia nos meninos (ROLIN, 2008, BETZ, e HACKETT, 2006). Outros,
afirmam que as meninas possuem melhor percepção de auto-eficácia (PASTORELLI et
al. 2001; GROSSMAN, BRINK, HAUSER, 1987).Enquanto que, existem ainda,
pesquisas em que estas diferenças não são encontradas (FLORES et al., 2006;
ZUMBERG, CHANG e SANNA, 2008; GEHLBACH et al., 2008).
Para Pajares (2002), geralmente as medidas da auto-eficácia, principalmente na
área educacional favorecem o sexo feminino. Por outro lado, Shunck e Pajares (2001)
110
apresentaram estudos que apontam para uma maior auto-eficácia masculina, porém
esta relacionada às ciências exatas e tecnológicas.
Outra explicação para tais diferenças entre o sexo masculino e feminino quanto a
este constructo, está na passagem da infância para a adolescência. Percebe-se que
durante os primeiros anos de escolaridade, tanto as meninas, quanto os meninos
tendem a apresentam valores semelhantes da auto-eficácia (SCHUNK e PAJARES,
2001). As diferenças começam a aparecer durante a transição da infância para a
adolescência. Neste período a auto-eficácia masculina tende a crescer, enquanto que
ocorre um declínio no lado feminino (WIGFIELD et al., 2004). Estas mudanças estão
diretamente relacionadas às personalidades típicas dos meninos e meninas. Os garotos
tendem a exaltar mais suas habilidades e capacidades, enquanto que a mulheres são
mais modestas, quanto as suas realizações (SCHUNK e PAJARES, 2001).
Pode-se dizer que as principais diferenças entre os sexos, quanto à percepção
da auto eficácia, estão relacionadas às áreas de competência, ou seja, as mulheres
possuem uma maior confiança, e por conseqüência melhor auto-eficácia, quando esta é
avaliada na área educacional, enquanto que os homens são mais confiantes quando a
área avaliada está relacionadas as ciências exatas. Ou ainda, pode variar dependendo
da idade investigada.
5.5 DESEMPENHO ACADÊMICO, DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E O
DESEMPENHO MOTOR.
“A motricidade humana é a única que se pode designar como
psicomotricidade, estudada em pressupostos claramente diferenciados da
sensoriomotricidade animal. É, portanto compreendida como suporte das
funções mentais próprias e exclusivas do ser humano, donde emana a sua
identidade singular e plural em muitos aspectos do seu desenvolvimento, da
sua adaptabilidade, da sua aprendizagem e da sua socialização” (Fonseca,
2008, p.3).
Como demonstrado anteriormente neste trabalho, o percentual de escolares
com indicativos de dificuldades de aprendizagem, bem como de problemas motores foi
elevado. A próxima etapa será discutir as diferenças e associações encontradas entre
111
os grupos com diferentes desempenhos acadêmicos e entre as crianças com e sem
indicativos de dificuldades de aprendizagem, em função de desenvolvimento motor.
A literatura apresenta uma série de estudos que evidenciam a relação entre as
dificuldades de aprendizagem e problemas do desenvolvimento motor (KOURTESSIS
et al., 2008; DEWEY et al., 2006; JONGMANS, SMITS-ENGELSMAN E
SCHOEMAKER, 2003; RAMUS, PIDGEON e FRITH, 2003; VISSER, 2003; MOREIRA,
FONSECA e DINIZ, 2000; FONSECA, 1995).
Pesquisas demonstram que as crianças com melhor nível de desenvolvimento
motor, apresentam mais facilidade na aprendizagem da leitura e escrita (FÁVERO e
CALSA, 2004, CUNHA, 1990). Furtado apud Fávero e Calsa (2004), estabeleceu
relações entre o desempenho psicomotor e a aprendizagem da leitura e escrita, cujos
resultados do seu trabalho demonstram que ao provocar o aumento do potencial
psicomotor da criança, ampliam-se também as condições básicas para as
aprendizagens escolares.
Concordando com os estudos previamente realizados, pôde-se verificar no
presente trabalho, que tanto em escrita, aritmética e leitura, quanto no resultado geral
do TDE, as crianças com desempenho superior e médio nas avaliações do TDE
possuíam um melhor desempenho motor, que os escolares com performance inferior,
principalmente em aritmética, leitura e no resultado geral do teste, onde esta diferença
foi estatisticamente comprovada.
Porém, quando comparados os grupos com e sem indicativos de dificuldades de
aprendizagem, em quase todas as habilidades motoras avaliadas, não houve
diferenças. Verificou-se um melhor desempenho significativo apenas nas destrezas
manuais para os escolares sem indicativos de dificuldades de aprendizagem em
aritmética e no MABC total, para os escolares sem dificuldades em aritmética e leitura.
Resultados semelhantes foram encontrados em um estudo desenvolvido com
crianças matriculados de segundas a sextas séries do ensino fundamental, no
município de são José/SC, em que, Staviski et al. (2007), constataram que as crianças
com dificuldades de aprendizagem apresentaram pior desempenho nas tarefas
motoras, mais especificamente na destreza manual, para as crianças com dificuldades
em leitura e aritmética. Podem ser encontradas relações também entre problemas na
112
orientação espaço temporal e baixa coordenação óculo-manual, em crianças com
dificuldades de aprendizagem específica da matemática (BASTOS, 2006; KAEFER,
2006).
Utilizando o Teste Gestáltico Visomotor de Bender, Santos e Jorge (2007)
verificaram que o índice total de erros encontrados em um grupo de crianças com
diagnóstico de dislexia foi acima do que é esperado, para indivíduos que apresentam
condições normais de aprendizagem, indicando haver comprometimento das
habilidades percepto-motoras, em crianças e adolescentes disléxicos. Analisando as
competências motoras de crianças com problemas em escrita, Fávero (2005), verificou
correlações na execução de determinadas tarefas motoras e estas dificuldades de
aprendizagem, sendo evidente a influência do atraso psicomotor na realização de
tarefas grafo-escritas. Estudos mostram que crianças com dificuldades específicas na
escrita desenvolvem menos estratégias para desempenhar tarefas motoras finas
necessitando de maiores auxílios externos, ou feedbacks, provenientes de pais e
professores, para a correta realização das mesmas (SMITS-ENGELSMAN et al., 2003).
Fávero e Calsa (2004) apresentaram uma série de estudos sobre a utilização das
praxias finas na escrita, demonstrando as múltiplas relações existentes entre os
domínios do comportamento cognitivo e do comportamento motor de crianças com
dificuldade de aprendizagem. Ao compararem as habilidades motoras de crianças com
DCD em conjunto com dificuldades de aprendizagem, com crianças que apresentavam
apenas DCD, Jongmans, Smits-Engelsman e Schoemaker (2003), verificaram que os
participantes que possuíam os problemas em conjunto tiveram pior desempenho nas
destrezas manuais e no equilíbrio, sendo este um agravante no desenvolvimento
perceptivo-motor. Também demonstrando a relação entre os problemas motores e as
dificuldades de aprendizagem, Fávero e Calsa (2004), verificaram dificuldades quanto
ao equilíbrio, orientação espacial e orientação temporal em crianças com dificuldades
de escrita, não sendo surpresa, que problemas na escrita sejam freqüentemente
associados aos sintomas da DCD (APA, 1995).
Estranhou-nos o fato de não serem encontradas diferenças quanto às destrezas
manuais entre os participantes com e sem indicativos de dificuldades de aprendizagem
em escrita, deste estudo, uma vez que tal tarefa é basicamente motora e estudos
113
mostram que dificuldades na destreza manual podem vir a atrapalhar a escrita e até
mesmo a atenção em sala de aula (FONSECA, 1995; HENDERSON E SUGDEN,
1992). E ainda, de acordo com Smits-Engelsman, Niemejer e Galen (2001), escrever
requer um grande nível de precisão, regulação e coordenação motora. Acredita-se que
os resultados, apresentados pelos escolares de nosso estudo possam ser explicado,
talvez, pelo baixo desempenho apresentado pelos participantes, de um modo geral, em
escrita. Ou ainda, Nicolson e Fawcett (2006) levantam a hipóteses de que crianças com
dificuldades de leitura e escrita apresentam problemas em cumprir tarefas motoras
automatizadas, como o próprio ato e escrever, por exemplo. Desta forma, pode-se
dizer, que como algumas das tarefas do teste motor não fazem parte do quotidiano do
participantes, este não é suficiente para detectar problemas quanto às destrezas
manuais de crianças com dificuldades de aprendizagem em escrita.
Apesar de também não terem sido encontradas diferenças entre as crianças com
e sem dificuldades em leitura e escrita, quanto ao equilíbrio, estudos mostram a
existência de problemas relacionados ao equilíbrio estático e dinâmico, bem como de
outras habilidades motoras, em crianças com estas dificuldades (NICOLSON e
FAWCETT, 2007; WHITE et al., 2006). Uma das principais hipóteses levantadas pela
literatura para tal relação é a existência de desordens cerebelares associadas a estes
problemas específicos da aprendizagem (REYNOLDS e NICOLSON, 2007; VICARI, et
al. 2005; ECKERT, 2003; LEORNARD, et al., 2002; RAE, et al., 2001), devido ao papel
crucial do cerebelo na linguagem e habilidades cognitivas (NICOLSON e FAWCETT,
2007). O cerebelo é de extrema importância, para a realização de tarefas motoras, uma
vez que atua na manutenção do equilíbrio e da postura, no controle do tônus muscular,
no planejamento de movimentos voluntários, na manutenção e mudança do foco de
atenção, bem como na fala e no comportamento (KAHLE, LEONHARDT e PLATZER,
2000). O cerebelo é indispensável nos processo neurobiológicos do aprendizado e atua
tanto na recepção das informações, quanto na modulação das respostas a elas, quer
sejam de transito dentro do encéfalo, quer sejam motoras (RIESGO, 2006).
Entretanto, White et al. (2006), contestam estas hipóteses baseados em três
justificativas, encontradas nos participantes de seu estudo: pelo menos um terço das
crianças que apresentam problemas graves de leitura e escrita não possuem problemas
114
cerebelares; muitas crianças sem déficits de leitura e escrita apresentam problemas
cerebelares; e ainda, se houverem relações entre o mau funcionamento do cerebelo e
problemas na leitura e escrita, estas são relativamente fracas, não sendo detectada nos
testes realizados. Apesar de estes autores acreditarem também na relação entre
dificuldades graves na leitura e escrita e déficits sensório-motores, os participantes de
seu estudo não apresentaram tais resultados (WHITE et al., 2006). Também na
tentativa de confirmar a literatura quanto déficits de equilíbrio em crianças disléxicas,
Moe-Nilsen et al. (2003), compararam grupos de crianças com e sem problemas de
aprendizagem, não verificando diferenças entre os mesmos. Em ambos os estudos
foram sugeridas maiores investigações sobre o tema.
Concomitantemente a estes resultados, verificou-se aproximadamente o dobro
do percentual de escolares com dificuldades de aprendizagem em comorbidade com
problemas motores (classificação de problema motor definido no MABC), comparando-
se ao número de crianças sem dificuldades de aprendizagem, porém, que também
apresentaram problemas motores definidos. Separadamente, as dificuldades de
aprendizagem e os problemas motores podem causar sérios danos a vida de quem os
possui, o que preocupa os estudiosos da área, é que de acordo com estudos já
realizados, a coexistência destes distúrbios é bastante comum (VISSER, 2003).
Estimativas apresentadas, quanto a relação entre as dificuldades de aprendizagem e
os distúrbios no desenvolvimento motor, mostraram que existem comorbidades em 30%
a 50% dos casos de dificuldades de aprendizagem, mais especificamente, dificuldades
em leitura e escrita (RAMUS, PIDGEON e FRITH, 2003).Os resultados encontrados
nesta pesquisa são inferiores aos relatados pela literatura, no que cerne ao percentual
de crianças que apresentam em conjunto dificuldades de aprendizagem e problemas
motores (15,2% em dificuldades da escrita, 16,4% em dificuldades em aritmética, 19,8%
em dificuldades em leitura e 17,3% em dificuldades de aprendizagem geral). Smits-
Engelsman, Niemejer e Galen (2001), relataram que 35% de uma amostra de crianças
com DCD apresentavam problemas na escrita. Kourtessis et al.(2008), analisaram a
incidência das DCD em um grupo de crianças com dificuldades de aprendizagem,
verificando 64,8% de incidência de DCD. Depararam-se com estimativas ainda mais
elevadas de comorbidades entre problemas motores e dificuldades de aprendizagem,
115
O`Hare e Khalid (2002), quando encontraram nos escolares de seu estudo 87% de
comorbidade entre DCD e dificuldades de leitura e 70% com as dificuldades de escrita.
Em uma pesquisa realizada com 174 crianças, com dificuldades de aprendizagem,
procedentes da província de Alberta/Canadá, Denwey et al.(2002) verificou que
aproximadamente 55% delas apresentavam algum problema motor, sendo que destas,
a DCD estava presente em 48%.
Apesar das pesquisas evidenciarem a grande influência das disfunções motoras
na aprendizagem escolar, este fato ainda é desconhecido do blico em geral, fazendo
com que as crianças que apresentam tais dificuldades não recebam um tratamento
adequado (BRANDL NETO, 2000). A estimulação psicomotora pode trazer benefícios
não somente para as dificuldades motoras, mas sim para uma série de problemas, uma
vez que estas dificuldades afetam o comportamento das crianças em diversas
atividades diárias, sendo estas na escola, nos esportes, em momentos de brincadeiras,
entre outros, devendo ser realizada juntamente com o reforço das habilidades escolares
(POLATAJKO e CANTIN, 2005; MISSIUNA, RIVARD e POLLOCK, 2004; KADESJO e
GILLBERG, 1999).
Em um trabalho de reeducação psicomotora com crianças que apresentavam
dificuldades de aprendizagem, Oliveira (1992), mostrou que após esta atividade a
maioria dos participantes obteve melhoria em seu desempenho escolar. Sabendo disto,
estudiosos como Smits-Engelsman, Niemejer e Galen (2001), ao identificarem um
percentual elevado de crianças com dificuldades de escrita e DCD, sugeriram o
encaminhamento destas para tratamento com estimulação motora, como forma de
melhorar sua escrita.
Tendo em vista os resultados deste estudo, bem como das demais pesquisas
aqui apresentadas, acredita-se que este trabalho pode auxiliar no campo científico,
apresentando novas evidências a respeito influência do desenvolvimento motor na
aprendizagem escolar, em crianças brasileiras, principalmente, relacionadas às
dificuldades em matemática, uma vez que se verificaram maiores dificuldades na
execução das habilidades motoras, mas especificamente nas destrezas manuais e no
MABC total nos escolares com estas dificuldades, e a literatura a este respeito ainda é
bastante escassa. Novas pesquisas devem ser realizadas, também, com o intuito, não
116
somente de identificar tais dificuldades, como também investigar meios que possam
atenuar as interferências destas no desenvolvimento das crianças.
5.6 DESEMPENHO ACADÊMICO, DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E AUTO-
EFICÁCIA
De acordo com a percepção dos professores, crianças com dificuldades
escolares apresentam maiores problemas de adaptação às demandas da sala de aula,
quando comparados aos colegas com rendimento satisfatório. Sua abordagem da
tarefa escolar é impulsiva, desatenta e confusa, denotando ainda desinteresse,
retraimento e não persistência (ELIAS e MATURANO, 2005). Nos relacionamentos
interpessoais, a desvantagem se verifica também em comparação aos alunos que
estão apresentando um rendimento pobre, mas não foram encaminhados para
atendimento psicológico. Frente à professora, mostram-se mais dependentes, rebeldes
e tensos; no relacionamento com os colegas, são considerados mais provocativos,
agressivos, desrespeitosos, individualistas, intolerantes e explosivos (MATURANO et
al., apud MATURANO e ELIAS, 2005).
O impacto das variáveis psicológicas na aprendizagem escolar tem sido
enfatizado por vários autores nos últimos anos (ZUMBERG, CHANG e SANNA, 2008;
BANDURA et al. 2001; SCHUNK e PAJARES, 2001; BANDURA, 1997; BANDURA,
1993). Convém esclarecer que por variáveis psicológicas entende-se motivação e auto-
conceito, crenças pessoais, auto-eficácia, entre outras (SOLEY apud COSTA e
BORUCHOVITCH, 2006).
Estudos têm indicado que pessoas com dificuldades de aprendizagem possuem
um menor senso de auto-eficácia escolar, quando comparadas às pessoas sem estas
dificuldades (CLEVER et al. apud HAMPTOM e MASON, 2003; MEDEIROS, 2000;
MEDEIROS et al. 2003). Com base nos dados apresentados a respeito do senso de
auto-eficácia dos participantes deste estudo, é possível concordar com a literatura, pois
verificou-se que os escolares com melhor desempenho acadêmico, tanto em escrita,
117
aritmética e leitura, quanto no resultado geral do TDE apresentaram melhor auto-
eficácia, que aqueles com baixo desempenho acadêmico. Assim como, quando
comparados os escolares com indicativos de dificuldades de aprendizagem e sem
indicativos. Desta forma, pode-se dizer que para esta pesquisa, quanto melhor o
desempenho acadêmico, melhor foi o senso de auto-eficácia.
Em um estudo semelhante a este, Medeiros (2000), comparou o senso de auto-
eficácia de escolares com e sem dificuldades de aprendizagem. Para tal, utilizou o
RASAE, sendo verificada, uma melhor percepção de competência e auto-eficácia nos
escolares sem dificuldades.
Ao compararem escolares com e sem dificuldades de aprendizagem, quanto aos
fatores que interferem na auto-eficácia, Hampton e Mason (2003), verificaram que as
crianças com dificuldades de aprendizagem apresentaram menos realizações e
modelos passados (importantes fontes de auto-eficácia), e altos níveis de ansiedade.
Além disso, tantos os índices de auto-eficácia ligados as tarefas da sala de aula, quanto
os ligados a organização das atividades escolares, foram significativamente inferiores
aos apresentados pelas crianças sem dificuldades.
Estudos apontam que não crianças com dificuldades de aprendizagem, mas
aquelas que mesmo não tendo o problema específico, mas apresentam um baixo
aproveitamento nas tarefas escolares, tem sua auto-eficácia enfraquecida, possuem
baixa auto-estima e tendem a desistir das atividades que lhes imponham algum desafio
(CLEVER, BEAR e JUVONEN 1992).
Nas crianças que apresentam baixo desempenho acadêmico, a baixa auto-
eficácia acaba se tornando um ciclo vicioso, pois a pouca crença em seu potencial pode
agravar seu desempenho escolar e por conseqüência sua auto-eficácia torna-se
enfraquecida, e assim sucessivamente (LOUREIRO E MEDEIROS, 2004; MEDEIROS
et al., 2003; STEVANATO et al., 2003). As crianças que apresentam baixo senso de
auto-eficácia em um dado domínio tendem a evitar tarefas difíceis, percebendo-as como
ameaça pessoal (COSTA e BORUCHOVITCH, 2006). Elas apresentam baixas
aspirações e envolvimento com metas mantendo o foco mais no auto-diagnóstico, do
que em como ter boa realização e desempenho (MEDEIROS, 2000). Por outro lado,
crenças positivas na auto-eficácia correlacionam-se positivamente também com
118
estratégias de auto-regulação e negativamente com a ansiedade e o estresse (JOO,
BONG e CHOI, 2000), fatores influenciadores da aprendizagem (BANDURA et al.,
2001).
Identificar os escolares com baixo senso de auto-eficácia é importante, uma vez
que este pode ser forte preditor da performance acadêmica (PIETISCH, WALKER e
CHAPMAN, 2003) influenciando até mesmo, no momento de escolha de uma profissão.
Um dos principais fatores para tal é a compatibilidade entre as habilidades presentes no
indivíduo com o que ele acredita poder desempenhar (BETZ e HACKET, 2006).
Pessoas com dificuldades de aprendizagem tendem a escolher profissões menos
competitivas, pois, com base, em suas experiências de frustrações passadas, não
acreditam possuir capacidades para determinadas profissões, consideradas de mais
difícil acesso, ou que acarretem grandes responsabilidades futuras (KERKA, 2002).
5.7 AUTO-EFICÁCIA E DESEMPENHO MOTOR
A análise dos resultados, do presente estudo, mostrou correlação positiva entre
os escores do teste MABC e do RASAE, sendo que a auto-eficácia dos escolares com
melhor desempenho motor, foi também significativamente mais alta que os escolares
com problemas motores graves.
Como vimos anteriormente, a auto-eficácia pode ser definida com um julgamento
das próprias capacidades de executar cursos de ação exigidos para se atingir certo
grau de performance, em uma determinada tarefa (BANDURA, 1993). Tais crenças
podem influenciar às aspirações e o envolvimento com metas estabelecidas, o nível de
motivação e a perseverança diante das dificuldades.
Em partes anteriores deste trabalho, vimos a influência das crenças de auto-
eficácia no aprendizado, onde foi apresentado o ciclo vicioso que se forma quando
correlacionadas as dificuldades de aprendizagem e a baixa auto-eficácia (MEDEIROS,
2000).
119
Porém, baseando-se no conceito de que a formação do senso de auto-eficácia
se a partir das experiências vivenciadas pelo indivíduo no dia-a-dia, e sendo estas
recebidas de diversas fontes, que podem ser intrinsecas e extrínsecas (BANDURA,
1993), o que dizer de uma criança que vive tropeçando e que não apresenta boas
habilidades esportivas? De acordo com Cairney et al. (2005), estes são
comportamentos típicos de crianças com problemas motores. Os autores levantam o
seguinte questionamento: qual a idéia de competência que esta criança está formando
de si? As crianças com desordens motoras apresentam todas estas características,
além de existir na literatura uma grande coexistência de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (30% a 50%) (KAPLAN et al. 1998), e dificuldades de aprendizagem
(podendo chegar a até 50% dos casos) (RAMUS, PIDGEON e FRITH, 2003).
Acredita-se que assim como as crianças com dificuldades escolares, aquelas
que freqüentemente apresentam fracassos, tanto em atividades de lazer, quanto
atividades esportivas podem ter enfraquecido seu senso de auto-eficácia, que como na
área educacional, pode tanto ser influenciada pelas baixas competências motoras,
como vir a interferir no bom desenvolvimento destas (HAI apud CAIRNEY et al., 2005).
Até mesmo atividades livres, como o brincar em um parque, acabam sendo
evitadas por crianças com desordens motoras, na tentativa de evitar constrangimentos.
(CAIRNEY et al., 2005). Em um estudo com o objetivo de avaliar a auto-eficácia
percebida por crianças com DCD, os autores verificaram que os participantes
apresentavam-se pouco ativos fisicamente e não se envolviam em atividades de lazer,
sendo este fato relacionado a baixa auto-eficácia (CAIRNEY et al., 2005). Como vimos,
além de baixa percepção de suas competências escolares e motoras (SCHOEMAKER;
KALVERBOER, 1994, SKINNER; PIEK, 2001, DEWEY et al., 2002), é comum encontrar
nestas crianças, altíssimos níveis de ansiedade, bem como, um estilo de vida
sedentário (SMYTH e ANDERSON, 2000).
De acordo com os resultados demonstrados por Hai apud Cairney et al. (2005),
com crianças portadoras de DCD, pode ser verificado maior eficiência no tratamento do
transtorno, quando inseridas ao programa de intervenção motora, estratégias para
melhorar também a auto-percepção de competência. Uma vez que crianças com
problemas motores tendem a superestimar suas dificuldades, acham-se desajeitadas e
120
tem diminuída sua auto-eficácia, devido a insucessos anteriores em atividades que
exijam boa coordenação motora (HAI apud CAIRNEY et al. 2005).
121
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Tendo em vista a análise dos resultados, bem como a discussão apresentada,
acredita-se que este estudo cumpriu com os objetivos propostos no primeiro capítulo
desta dissertação, bem como apresentou novas evidências a respeito dos transtornos
do desenvolvimento motor e da aprendizagem escolar, em uma parcela dos escolares
brasileiros.
No que se refere ao desempenho acadêmico, verificou-se que a maior parte
das crianças esteve dentro da média esperada, para o nível de escolaridade, em que se
encontravam. Porém, com base nos critérios adotados para identificação do baixo
desempenho acadêmico e conseqüentemente, para o indicativo de dificuldades de
aprendizagem, um número elevado das crianças avaliadas, possuía algum tipo de
dificuldade, sendo este, maior que o número de participantes com desempenho
superior nos testes do TDE. Das dificuldades de aprendizagem, aqui estudadas, o tipo
mais freqüente foi em escrita, onde o desempenho das crianças, de um modo geral foi
abaixo da média esperada, para o nível de escolaridade em que se encontravam.
Referente a comparação entre os sexos quanto ao indicativo de dificuldades de
aprendizagem, não se verificou diferenças entre os meninos e meninas. Entretanto,
surge, com este estudo, uma dúvida: porque é encontrado com freqüência, tanto em
estudos científicos, quanto em pesquisas realizadas por órgãos oficiais educacionais,
esta discrepância entre o desempenho escolar de meninos e meninas? No que diz
respeito a este assunto, não há na ciência, evidências suficientes, que justifiquem estas
diferenças, quanto a inteligência de homens e mulheres. Sendo assim, acredita-se, que
a forma de como olhar para estas crianças deva ser modificada, repensando o motivo
pelo qual os meninos apresentam maiores dificuldades que as meninas, ajudando-os
dentro de suas maiores dificuldades.
122
A maior parte dos escolares não apresentou problemas motores, porém, quanto
à incidência destes, verificou-se um percentual considerado elevado pela literatura. Não
se verificou prevalência de problemas motores entre os sexos, entretanto, no que diz
respeito às diferenças na execução de determinadas habilidades motoras, os escolares
deste estudo, assemelharam-se aos de outras pesquisas, com facilidades em
habilidades específicas para meninos e meninas. Pode-se imputar estes resultados à
diferenças culturais, sendo atribuído aos pais e educadores, principalmente aos
professores de Educação Física, que atuam profissionalmente, tanto no Brasil, quanto
em outros países, a função de minimizar tais diferenças. Devem ser disponibilizadas
para as crianças, desde a mais tenra idade, atividades que trabalhem todas as
valências motoras. Desta forma, a partir do momento em que ambos os sexos tenham
igual oportunidades de desenvolver as mesmas habilidades motoras, poderá se dizer,
que se existirem tais diferenças, estas são inatas aos sexos e não frutos de privações
ambientais, provocadas pela sociedade.
Quanto ao desempenho motor e o desempenho acadêmico, verificou-se que de
um modo geral, os escolares com melhor desempenho acadêmico, possuíam maior
facilidade na execução das habilidades motoras, bem como apresentaram melhor
desempenho motor. Fato verificado também, quando comparados os escolares com e
sem dificuldades de aprendizagem, mas especificamente em matemática, leitura e
geral.
Devido ao número de crianças identificadas como portadoras de problemas
motores, em comorbidade ou não com dificuldades de aprendizagem, acredita-se haver
evidências necessárias, para serem realizadas nas escolas, locais onde se concentram
estas crianças, projetos de intervenção, ou estimulação motora, sendo estes
semelhantes aos demais existentes para auxiliar crianças com dificuldades nas
disciplinas escolares. Uma vez que, tanto a literatura, como dados empíricos, tais como
os apresentados neste trabalho, mostram como a coexistência destes transtornos pode
prejudicar a qualidade de vida das crianças, acredita-se que os benefícios não seriam
somente na melhora das habilidades motoras, como também, nas habilidades
escolares.
123
Referente a auto-eficácia, as crianças com melhores experiências de
desempenho, tanto nos conteúdos escolares, quanto na execução das habilidades
motoras, apresentaram maior percepção de competências, resultando em uma melhor
auto-eficácia.
Ao término do estudo, foi possível realizar um trabalho em conjunto com a
direção da escola, apresentando os resultados para os professores e fornecendo
material, para auxiliar no trabalho com os problemas escolares e motores dos
participantes. Possibilitou-se o uso de mais uma ferramenta na identificação das
principais dificuldades, a fim de auxiliar no quotidiano em sala de aula.
Apesar dos órgãos governamentais realizarem avaliações do desempenho
acadêmico dos escolares periodicamente, faltam ainda, estudos que venham a
caracterizar e identificar crianças com problemas motores, dificuldades de
aprendizagem, ou ambos, tendo em vista, que ainda não é possível dizer que parcela
da população brasileira apresenta estas dificuldades. Sugere-se que sejam realizados
estudos semelhantes a este, porém com características probabilísticas, a fim de
caracterizar populações de cidades, estados e até mesmo do Brasil, quanto às
dificuldades motoras e da aprendizagem, criando meios para melhor atender as
crianças afetadas, principalmente, no ambiente escolar, e auxiliar no aprimoramento
das políticas públicas educacionais.
124
7 REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, J. et al. A Escrita Infantil, Evolução e Dificuldades. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1988.
ALMEIDA, R. M. As Dificuldades de Aprendizagem: repensando o olhar e a prática
no cotidiano da sala de aula. Florianópolis, 2002. 132 f. Dissertação (Programa de Pós-
graduação em Engenharia de Produção e Sistemas) – Universidade Federal de Santa
Cataria – UFSC, Florianópolis 2002.
ALVES, F.; ORTIGÃO, I.; FRANCO, C. Origem Social e Risco de Repetência: Interação
Raça-CAPITAL econômico. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 130, 2007.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA) Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais, 4
a
ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
ASSOSSIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA (ABD) Dislexia: Definição, SINAIS e
avaliação. Disponível em < http://www.dislexia.org.br/> Acesso em 30 de abril de 2008.
AZZI, R. G.; POLYDORO, S. A. J. Auto-Eficácia Proposta por Albert Bandura: Algumas
Discussões. In. AZZI, R. G.; POLYDORO, S. A. J. (Org.) Auto-eficácia em Diferentes
Contextos. Campinas: Editora Alínea, 2006. cap. 1, p. 9-23.
BANDEIRA, M. et al. Competência Acadêmica de Crianças do Ensino Fundamental:
Características Sociodemográficas e Relação com Habilidades Sociais. Interação em
Psicologia, v. 10, n.1, p. 53-62, 2006.
BANDURA, A. Self-efficacy Toward a Unifying Theory of Behavioral Change.
Psychological Review, v. 84, n. 2, p. 191-215, 1977 (resumo).
125
BANDURA, A. Perceived Self-Efficacy in Cognitive Development and Functioning.
Educational Psychologist, v. 28, v. 2, p. 117-148, 1993.
BANDURA, A. et al. Sociocognitive and Self-regulatory Mechanisms Governing
Transgressive Behavior. Journal of Personality and Social Psychology, v. 80, n. 1, p.
125-135, 2001.
BARBETTA, P. A. Estatística Aplicada às Ciências Sociais, 7. ed. Florianópolis:
UFSC, 2006.
BARKLEY, R. A. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): Guia
Completo e Autorizado para Pais, Professores e Profissionais da Saúde. (TRAD. Luís
Sérgio Roizman). Porto Alegro: Artmed, 2002.
BARNHART et al. Developmental Coordination Disorder. Physical Terapy, v.83, p. 722-
731, 2003.
BASTOS, A. A. Discalculia: Transtorno Específico da Habilidade em matemática. In.
ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L..; RIESGO, R. S. Transtornos da Aprendizagem:
Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006. cap
14, p. 196-205.
BAU, C. H. D. Genética da Aprendizagem. In. ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L..;
RIESGO, R. S. Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e
Multidisciplinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006. cap. 4, p. 59-64.
BETZ, N.; HACKETT, G. Career Self-Efficacy Theory: Back to the Future. Journal of
Career Assessment, v. 14, n. 1, p. 3-11, 2006.
BOO, G. M.; PRINS, P. J. M.
Social Incompetence in Children with ADHD: Possible
Moderators and Mediators in Social-skills Training. Clinical Psychology Review, v.27,
p. 78-97, 2007.
BRANCALHONE, P.G.; FOGO, J. C.; WILLIAMS, L. C. A. Children Exposed to Marital
Violence: Assessment of Academic Performance. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v.
20, n. 2, p.113-117, 2004.
126
BRANDL NETO, I. Como a Criança Aprende na Perspectiva da Educação Psicomotora.
Cadernos de Educação Física, v.1, n.2, p. 11-24, 2000.
BRITO, R. S. Intrincada Trama de Masculinidades e Feminilidades: Fracasso Escolar de
Meninos. Cadernos de Pesquisa, v. 36, n. 127, p. 129-149, 2006.
BORUCHOVITCH, E. As Variáveis Psicológicas e o Processo de Aprendizagem: Uma
Contribuição para a Psicologia Escolar. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 10, n.1, p.
129-139, 1994.
BUTTERWORTH, B. Developmental Dyscauculia. In: CAMPBELL, J. I. D. (Ed.)
Handbook of Mathematical Cognition, Londres: Psychology Press, 2005.
BZUNECK, J. A. As Crenças de Auto-eficácia e seu Papel na Motivação do Aluno. In:
BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. (Org.). A Motivação do Aluno: Contribuições
da Psicologia Contemporânea. Petrópolis: Editora Vozes, 2001. p. 116-133.
CAIRNEY, J. et al. Developmental Coordination Disorder, Generalized Self-efficacy
Toward Physical Activity, and Participation in Organized and Free Play Activities.
Journal of Pediatrics, v. 147, p. 515 - 520, 2005.
CAPELLINI, S.A.; TONELOTTO, J. M. F.; CIASCA, S. M. Medidas de Desempenho
Escolar: Avaliação Formal e Opinião dos Professores. Revista Estudos de Psicologia,
v. 21, n. 2, p. 79-90, 2004.
CAPOVILLA, A. G. S.; GÜTSCHOW, C. R. D; CAPOVILLA, F. C. Habilidades
Cognitivas que Predizem Competência de Leitura e Escrita. Psicologia: Teoria e
Prática, v. 6.n. 2, p. 13-26, 2004
CARROL,J.; New Research Finds Boys have more Literacy Problems Than Girls.
Journal of the American Medical Association, v. 291, n. 16, 2004.
CARNEIRO, G. R. S.; MARTINELLI, S.C.; SISTO, F. F. Autoconceito e Dificuldades de
Aprendizagem na Escrita. Psicologia Reflexão e Crítica, v. 16, n. 3, p. 427- 434,
2003.
127
CARVALHO, M. P. Sucesso e Fracasso Escolar: uma Questão de Gênero. Educação e
Pesquisa, v. 29, n.1, p. 185-193, 2003.
CIA, F.; BARHAN, E. J. Estabelecendo Relação entre Autoconceito e Desempenho
Acadêmico de Crianças Escolares. Psico, v. 39, n. 1, p. 21-27, 2008.
CYPEL, S. A Criança com déficit de atenção e hiperatividade: Atualização para Pais,
Professores e Profissionais da Saúde. São Paulo: Lemos, 2000.
CLEVER, A.; BEAR, G.; JUVOMEN, J. Discrepancies Between Competence and
Importance in Self-perceptions of Children in Integrated Classes. Journal of Special
Education, v. 26, p. 125–138, 1992.
COLE, M.; COLE, S. O desenvolvimento da criança e do adolescente. 4. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
COLTHEART , M.; PRIOR, M. Learning to Read in Australia. Academy of the Social
Sciences. v.1, p. Disponível em:
<http://www.ldaustralia.org/coltheart202620prior2020075b15d.pdf> Acesso em: 22 de
março de 2009.
CORREIA, L. M. Problematização das Dificuldades de Aprendizagem nas
Necessidades Educativas Especiais. Análise Psicológica, v. 2, n. 22. p. 369-376,
2004.
COSTA, E. R.; BORUCHOVITCH, E. A Auto-eficácia e a Motivação para Aprender:
Considerações para o Desempenho Escolar dos Alunos. In: AZZI, R. G.; POLYDORO,
S. A. J. (Org.) Auto-eficácia em diferentes contextos. Campinas: Editora Alínea,
2006.
CONNOLLY, K. Desenvolvimento Motor: Passado, Presente e Futuro. Revista Paulista
de Educação Física, supl. 3, p. 6-15, 2000.
CRAWFORD, S. G.; WILSON, B. N.; DEWEY, D. Identifying Developmental
Coordination Disorder: Consistency Between Tests. Physical and Occupational
Therapy in Pediatrics, v. 20, p. 29–50, 2001.
128
CROCE, R. V.; HORVAT, M.; McCARTHY. E. Reliability and Concurrent Validity of the
Movement Assessment Battery for Children. Perceptual and Motor Skills, v. 93, n.1, p.
275-80, 2001.
CUNHA, M.F.C. Desenvolvimento Psicomotor e Cognitivo: Influência na
Alfabetização de Criança de Baixa Renda. 250p. Tese (Doutorado). Instituto de
Psicologia da USP. São Paulo, 1990.
D’AVILA-BACARJ, K. M. G.; MATURANO, E. M.; ELIAS, L. C. S. Suporte Parental: um
Estudo Sobre Crianças com Queixas Escolares. Psicologia em Estudo. v. 10, n. 1, p.
107-115, 2005.
DAVIS, N. M. et al. Developmental Coordination Disorder at 8 Year of Age in a Regional
Cohort of Extremely-Low-birthweght or very Pré-term Infants. Developmental Medicine
and Child Neurology, v. 49, n.5, p. 325-330, 2007.
DELL’AGLIO, D. D.; HUTZ, C. S. Depressão e Desempenho Escolar em CRIANÇAS e
Adolescentes Institucionalizados. Psicologia – Reflexão e Crítica, v. 17, n. 13, p.341-
350, 2004
DEWEY, D. et al. Developmental, Coordination Disorder: Associated Problems in
Attention, Learning, and Psychosocial Adjustment. Human Movement Science,
Amsterdam, v. 21, p. 905-918, 2002.
DEWEY, D.; WILSON, B.N. Developmental Coordination Disorder: What is it? Physical
and Occupational Therapy in Pediatrics, v.20, p. 5–27, 2001.
DIAS, T. L.; ENUMO, S. R. F.; AZEVEDO JUNIOR, R. R. Influences of a Program of
Creativity in the Cognitive and Academic Performance of Students with Learning
Disabilities. Psicologia em estudo, v.9, n.3, p.429-437, 2004.
DIAS, T. L.; ENUMO, S. R. F.; TURINI, F. A. Avaliação do Desempenho Acadmico de
Alunos do Ensino Fundamental em Vitória, Espirito Santo. Estudos de Psicologia, v.
23, n. 4, p. 381-390, 2006.
ECKERT, H. M. Desenvolvimento motor, São Paulo: Manole, 1993.
ECKERT, M. A. et al. Anatomical Correlates of Dyslexia: frontal Andcerebellar Findings.
Brain, v. 126, p. 492-494, 2003.
129
ELIAS, L. C. S.; MARTURANO, E. M. Oficinas de Linguagem: Proposta de Atendimento
Psicopedagógico para Crianças com Queixas Escolares. Estudos de Psicologia, v. 10,
n. 1, p. 53-61, 2005.
EMPELEN, R. et al. Epilepsy Surgery does not Harm Motor Performance of Children
and Adolescents. Brain, v. 128, p. 1536–1545, 2005.
ENUMO, S. R. F; FERRÃO, E. F.; RIBEIRO, M. P. L. Crianças com Dificuldades de
Aprendizagem e a Escola: Emoções e Saúde em Foco. Estudos de Psicologia, v. 23,
n. 2, p. 139-149, 2006.
ESTEBAN, M. T. Exigências Democráticas/exigências Pedagógicas: Avaliação.
Tecnologia Educacional, v. 29, n.148, p. 3-6, 2000.
FÁVERO, M. T. M.; CALSA, G. C. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem da
Escrita. In: Seminário de Pesquisa do PPE – 2004, 2004. Maringá. Anais do Seminário
de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação. Maringá. v. 1, p. 413-
424, 2004.
FÁVERO, M. T.
Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem da Escrita
.
Revista Teoria
e Prática da Educação, v.8, n.3, p.391, 2005.
FEDER, K.; MAJNEMER, A. Handwriting Development, Competency, and Intervention
Developmental Medicine and Child Neurology, v. 49, p. 312–317, 2007.
FERREIRA, L. F. et al. Desordem da Coordenação do Desenvolvimento. Motriz, v.12,
n.3, p. 283-292, 2006.
FERREIRO, E. Alfabetização em Processo, São Paulo: Cortez, 1987.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A . Psicogênese da língua escrita, Porto Alegre: Artes
Médicas, 1986.
FLAPPER, B. C. T.; HOUWEN, S.; SCHOEMAKER M. M. Fine Motor Skills and Effects
of Methylphenidate in CHILDREN with Attention Deficit– Hyperactivity Disorder and
Developmental Coordination Disorder. Developmental Medicine & Child Neurology,
v.48, p. 165–169, 2006.
130
FLORES, L. Y. et al. The Relation of Acculturation, Problem-Solving Appraisal, and
Career Decision-Making Self-Efficacy to Mexican American High School Students’
Educational Goals. Journal of Counseling Psychology, v. 53, n. 2, p. 260–266, 2006.
FONSECA, V. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Congresso
internacional de Educación infantil y desarrollo de competencias”. Org. Asociación
Mundial de Educadores Infantiles (AMEI-WAECE). Madrid: 2008.
FONSECA, V. Introdução ás Dificuldades de Aprendizagem, Porto Alegre: Artmed,
1995.
FONSECA, V. Manual de Observação Psicomotora: Significação Psiconeurologica
dos Fatores Psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
FONSECA, L. C. et al. Desempenho Escolar em Crianças com Epilepsia Benigna da
Infância com Pontas Centrotemporais. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 62, n.2-b,
p.459-462, 2004.
FRANÇA, C. Desordem Coordenativa Desenvolvimental em Criaças de 7 e 8 Anos
de Idade. Florianópolis, 2008. 95 f. Dissertação. (Mestrado em Ciências do Movimento
Humano) – Centro de Ciências da Saúde e do Esporte – CEFID, Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC, Florianópolis, 2008.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C., Compreendendo o Desenvolvimento Motor:
Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
GARCIA, J. N.M. de. Dificuldade de Aprendizagem – Linguagem, Leitura, Escrita,
Matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
GEHLBACH, H.; et al. Increasing Interest in Social Studies: Social Perspective Taking
and Self-efficacy in Stimulating Simulations. Contemporary Educational Psychology,
v.33, p.894-914, 2008.
GEUZE, R. H. et al. Clinical and Research Diagnostic Criteria for Developmental
Coordination Disorder: a Review and Discussion. Human Movement Science, v. 20, p.
7-47, 2001.
131
GOYEN, t. A.; LUI, K. Developmental Coordination Disorder in "Apparently Normal"
Schoolchildren Born Extremely Preterm. Archives of Disease in Childhood, v.94, p.
298-302, 2009.
GREEN, D.; CHAMBERS, M. E.; SUGDEN, D. A. Does subtype of developmental
coordination disorder count: Is there a differential effect on outcome following
intervention? Human Movement Science, v. 27, p. 363–382, 2008.
GROSSMAN, H. Y.,BRINK, S.; HAUSER, S. T. SELF-efficacy in Adolescent Girls and
Boys with Insulin-Dependent Diabetes Mellitus. Diabetes Care, v. 10, n. 3, p. 324-329,
1987.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento Motor ao Longo da Vida. Porto
Alegre, Artmed, 2004.
HAMPTON, N. Z.; MASON, E. Learning Disabilities, Gender, Sources of Efficacy, Self-
Efficacy Beliefs, and Academic Achievement in High School Students. Journal of
School
Psychology, v. 41, p. 101-112, 2003.
HENDERSON. S. E.; SUGDEN. D. A. Movement Assessment Battery for Children –
MABC. London: Psicological Corporation, 1992.
HILLIER, S. Intervention for Children with Developmental Coordination Disorder: A
Sistematic Reviw. The Internet Journal of Allied Healt Sciences and Practice. v.5,
n.3, p. 1-11, 2007. Disponível em: < http://ijahsp.nova.edu/articles/vol5num3/hillier.htm>.
Acesso em: 20 de julho de 2008.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA; IBGE. Educação no
Brasil. Disponível em < http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/educacao.html>.
Acesso em: 28 de março de 2009.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO
TEIXEIRA.Sistema nacional de avaliação da Educação Básica. Disponível em
<http://provabrasil.inep.gov.br/index.php?option=com_wrapper&Itemid=148> Acesso
em: 10 de janeiro de 2008.
132
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO
TEIXEIRA. Mulheres na Educação Básica. Disponível em
<http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/censo/escolar/news09_04.htm> Acesso em:
25 de março de 2009.
JOGMANS, M. J.; SMITS-ENGELSMAN, B. C. M.; SCHOEMAKER, M. M.
Consequences of Comorbidity of Developmental Coordination Disorders and Learning
Disabilities for Severity and Pattern of Perceptual—Motor Dysfunction. Journal of
Learning Disabilities. v. 36, n. 6, p. 528-537, 2003.
JOO, Y. J.; BONG, M.; CHOI, H. J. Self-Efficacy for Self-Regulated Learning, Academic
Self-Efficacy, and Internet Self-Efficacy in Web-Based Instruction. ETR&D, v. 48, n. 2, p.
5-17, 2000.
JUNAID, K.; FELLOWES, S. Gender Differences in the Attainment of Motor Skills on the
Movement Assessment Battery for Children.
Physical & occupational therapy in
pediatrics, v.26, n.1-2, p. 5-11, 2006.
KAPLAN, B. J. et al. DCD May not be a Discrete Disorder. Human Movement Science,
v. 17, p. 471–490, 1998.
KADESJO, B.; GILLBERG, C. Developmental Coordination Disorder in Swedish 7-Year-
Old Children. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry.
v.38, n. 7, p. 820-828, 1999.
KAHLE, W.; LEONHARDT, H.; PLATZER, W. Atlas de Anatomia Humana: com Texto
Comentado e Aplicações em Medicina, Reabilitação e Educação Física. 3. ed. São
Paulo: Atheneu, 2000.
KAPLAN, B. J.; et al. DCD May not Be a Discrete Disorder. Human Movement
Science, v.17, p. 471–490, 1998.
KAPLAN, H.I.; SADOCK, B.J.; GREBB, J.A. Compêndio de psiquiatria: Ciências do
Comportamento e Psiquiatria Clínica. 7ªed. 1854 p. Porto Alegre: Artmed, 2003.
KAEFER, H. Semiologia Psicológica. . In. ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L..; RIESGO, R.
S. Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto
Alegre: Artmed, 2006. cap. 6, p.87-106.
133
KERKA, S. Learning Disabilities and Carrer Development. Practice Application Brief,
n.20, p. 2-5, 2002.
KOURTESSIS, T. et al. Prevalence of Developmental Coordination Disorder among
Greek Children with Learning Disabilities. European Psychomotricity Journal, v. 1, n.
2, p. 10-17, 2008.
KRETCHMAR, S. Physical Activity, Aging, and Disability. Quest, v. 52, n.4, 2000.
(resumo). Disponível em:
http://www.humankinetics.com/quest/viewarticle.cfm?jid=Q3aWY8Tgdnt8mnY4CuJMZU
2Tucf27yVT6tt48y6u6Q3732&view=art&aid=4446&Q3aWY8Tgdnt8mnY4CuJMZU2Tucf
27yVT6tt48y6u6Q3732site= Acesso em: 10 de maio de 2008.
LEARNING DISABILITIES ASSOCIATION OF AMERICAN (LDA).Reading and learning
disabilities. Disponível em
<http://www.ldaamerica.org/about/position/reading_learning.asp> Acesso em: 21 de
março de 2009.
LEARNING DISABILITIES ASSOCIATION OF BC - VANCOUVER CHAPTER (LDAV).
Learning disabilities. Disponível em < http://www.ldav.ca/about.html>. Acesso em: 21de
março de 2009.
LEARNING TECNOLOGIES CENTRE (LTC). Self-efficacy and its Importance in the
Classroom. Disponível < http://ltc.umanitoba.ca/wiki/Self-efficacy>. Acesso em 03 de
abril de 2009.
LEONARD, C. M. et al. Anatomical Risk Factors that Distinguish Dyslexia from SLI
Predict Reading Skill in Normal Children. Jornal of comunication disorders, v.35, p.
501-531, 2002.
LINGAM, R. et al. Prevalence of Developmental Coordination Disorder Using the DSM-
IV at 7 Years of Age: A UK Population–Based Study . Pediatrics. Pediatrics, v. 123, n.
4, p.693-701, 2009.
LOUREIRO, S. R.; MEDEIROS, P. C. O Senso de Auto-eficácia de Crianças com
Dificuldades de Aprendizagem. In: MATURANO, E. M. Vulnerabilidade e proteção,
São Paulo: Casa do psicólogo, 2004.
134
MAGALHÃES, L. C.; MISSIUNA, C.; WONG, S. Terminology Used in Research Reports
of Developmental Coordination Disorder. Developmental Medicine & Child
Neurology, v. 48, p. 937–941, 2006.
MARTIN, E. e MARCHESI, A. Desenvolvimento Metacognitivo e Problemas de
Aprendizagem In: COLL, C.; PALÁCIOS, J.; MARCHESI, A. (orgs) Desenvolvimento
psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem
escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
MALECKI, K. M.; DEMARAY, M. K. Social Support as a Buffer in the Relationship
Between Socioeconomic Status and Academic Performance.
School Psychology
Quarterly, v. 21, n. 4, p. 375-395, 2006.
MAIA FILHO, H. S.; COSTA, C. R. M.; GOMES, M. M. Epilepsy and Child Mental
Health. Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology, v. 12, n. 2, p. 79-
88, 2006 .
MATTOX, R. M. S. W.; HARDER, J. M. S. W. Attention Deficit Hyperactivity Disorder
(ADHD) and Diverse Populations. Child and Adolescent Social Work Journal, v. 24,
n. 2, p. 195- 207, 2007.
MAYER, L. R. KOLLER, S. H. Percepção de Controle sobre o Desempenho Acadêmico
de Crianças em Situação de Pobreza. Psicologia Escolar e Educação, v. 4, n. 1,
2000. Disponível em < http://pepsic.bvs-
psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
85572000000100004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 25 de junho de 2008.
MEDEIROS, P.C.; LOUREIRO, S.R. Auto-eficácia e Aspectos Comportamentais de
Crianças com Dificuldade de Aprendizagem. In: Reunião anual de psicologia, 29.
Programas e Resumos. Ribeirão Preto, 1999. p.152.
MEDEIROS, P. C. et al. A auto-eficácia e os Aspectos Comportamentais de Crianças
com Dificuldade de Aprendizagem. Psicologia Reflexão e Crítica, v.13, n.3, p.327-336,
2000.
135
MEDEIROS, P. C. et al. O senso de auto-eficácia e o Comportamento Orientado para a
Aprendizagem em Crianças com Queixas de Dificuldades de Aprendizagem. Estudos
de Psicologia, v. 8, n. 1, p. 93-105, 2003.
MEDINA, J.; ROSA, G. K. B.; MARQUES, I. Desenvolvimento da Organização Temporal
de Crianças com Dificuldades de Aprendizagem. Revista da Educação Física/UEM, v.
17, n. 1, p. 107-116, 2006.
MEISTER, E. K., et al. Learning disabilities: Analysis of 69 children. Arquivos de
Neuropsiquiatria, v. 59, n.2-b, p. 338-341, 2001.
MISSIUNA, C.; RIVARD, L.; POLLOCK, N. They’re Bright but Can’t Write:
Developmental Coordination Disorder in school aged children. Teaching Exceptional
Children Plus, v.1, i.1, 2004.
MIYAHARA, M. et al. The Movement Assessment Battery for Children: A preliminary
investigation of its usefulness in Japan. Human Movement Sciences, v. 17, 679-697,
1998.
MOE-NILSSEN, R. et al. Balance and Gait in Children with Dyslexia. Experimental.
Brain Research, n. 150, p. 237-244, 2003.
MOOJEN, S. ; COSTA, C. C. Semiologia Psicopedagógica. In. ROTTA, N. T.;
OHLWEILER, L..; RIESGO, R. S. Transtornos da Aprendizagem: Abordagem
Neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006. cap.7, p. 103-112.
MON-WILLIAMS, M.; Wann, J. P.; Pascal, E. Ophthalmic Factors in Developmental Co-
ordination Disorder. Physical Activity Quarterly, v. 11, p. 170-178, 1994.
MOREIRA, N. R.; FONZECA, V.; DINIZ, A. Proeficiência Motora em Crianças Normais e
com Dificuldades de Aprendizagem: Estudo Comparativo e Correlacional com Base no
Teste de Proeficiência Motora de Bruininks-Oseretsky. Revista da Educação
Física/UEM, v. 11, n.1, p. 11-26, 2000.
NICOLSON, R.; FAWCETT, A.J. Do Cerebellar Déficits Underlie Phonological Problems
in Dyslexia? Developmental Science, v. 9, n. 3, p. 259–262, 2006.
136
NICOLSON, R. I.; FAWCETT, A. J. Procedural Learning Difficulties: Reuniting the
Developmental Disorders? Trends in Neurosciences, v.30, n. 4, p. 135-141, 2007.
OHLWEILER, L. Transtornos de Aprendizagem: Introdução. In: ROTTA, N. T.;
OHLWEILER, L.; RIESGO, R. S. Transtornos de Aprendizagem: uma Abordagem
Interdisciplinar. Porto Alegre: Artimed, 2006.
O’HARE, A.; KHALID, S. The Association of Abnormal Cerebellar Function in Children
with Developmental Coordination Disorder and Reading Difficulties. Dyslexia, v. 8, n.4,
p. 234-248, 2002.
OLIVEIRA, G. de C. Psicomotricidade: Um Estudo em Escolares com Dificuldades
em Leitura e Escrita. 1992. 277f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1992.
OLIVEIRA, M. A.; LOSS, J. F.; PETERSEN, R. D. S. Controle de Força e Torque
Isométrico em Crianças com DCD. Revista Brasileira de Educação Física e
Esportes, v.19, n. 2, p. 89-103, 2005.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÍÚDE (OMS) – Centro Colaborador da OMS, para a
Classificação das Doenças em Português (CBCD). Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10
a
revisão. 2008.
Disponível em < http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm>. Acesso em 20 de
janeiro de 2009.
PAJARES, F. Gender and Perceived Self-efficacy in Self-regulated Learning. Theory
into Practice, v. 41, n.2, p. 116-125, 2002.
PAJARES, F. Current Directions in Self-efficacy Research. In: MAEHR, M.; PINTRICH,
P. R. (Eds.). Advances in motivation and achievement. v. 10, Greenwich, CT: JAI
Press. p. 1-49. 1997. Disponível em: < http://www.des.emory.edu/mfp/effchapter.htmll>
Acesso em: 10 de janeiro de 2007.
PAPALIA, D.; OLDS, S. W. Desenvolvimento Humano. 7. ed. Porto Alegre: Artmed,
2000.
137
PASTORELLI, C. et al. The Structure of Children’s Perceived Self-Efficacy: A Cross-
National Study. European Journal of Psychological Assessment,. v. 17, n. 2, p. 87–
97, 2001.
PASTURA, G. M. C. et al. Desempenho escolar e transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade. Revista de Psiquiatria clínica, v.32 n. 6, 2005. Disponível em
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol32/n6/324.html. Acesso em 25/08/2007.
PEREIRA, H. S.; ARAÚJO, A. P. Q. C
e MATTOS, P. Attention-Deficit Hyperactivity
Disorder: Aspects Related to Motor Activity Comorbidity. Revista Brasileira de Saúde
Materno Infantil, v 5, n4, p. 391-402, 2005.
PEREIRA, K.; TUDELLA, E. Perfil Psicomotor de Escolares: Quanto ao Gênero, à Idade
Gestacional e ao Aspecto Físico. Fisioterapia e Movimento, v. 21, n.1, p. 47-55, 2008.
PÉREZ. R. L. M. e SANZ, G. J. L. Competencia Motriz y Gênero entre los Niños
Escolares Españoles. Revista Internacional de Medicina y Ciências de la Actividad
Física e Deporte, N10, 2003. Disponível em
<http://cdeporte.rediris.es/revista/revista10/artcompetencia.html>. Acesso em 31 abril de
2008.
PESTANA, M. H. ; GAGEIRO, J. N. Análise de Dados nas Ciências Sociais: a
complementaridade do SPSS. Lisboa: Edições Silabo, 1998.
PIEK, J. P et al. Motor Coordination and Kinaesthesis in Boys with Attention Deficit–
Hyperactivity Disorder. Developmental Medicine & Child Neurology, v. 41, p. 159–
165, 1999.
PIETSCH, J.; WALKER, R.; CHAPMAN, E. The Relationship Among Self-Concept, Self-
Efficacy, and Performance in Mathematics During Secondary School. Journal of
Educational Psychology, v. 95, n. 3, p. 589–603, 2003.
POLATAJKO , H. J.; CANTIN, N. Developmental Coordination Disorder (Dyspraxia): An
Overview of the State of the Art. Seminars in Pediatric Neurology, v. 12, i. 4, p. 250-
258, 2005.
POULSEN, A. A.; ZIVIANI, J. M.; CUSKELLY, M. General Self-concept and Life
Satisfaction for Boys with Differing Levels of Physical Coordination: The role of goal
orientations and leisure participation. Human Movement Science, v. 25, p. 839–860,
2006.
138
RAE, C. et al. Cerebellar Morphology in Developmental Dyslexia. Proc. Intl. Soc. Mag.
Reson. Med., v.9, p. 91, 2001.
RAMUS, F.; PIDGEON, E.; FRITH, U.. The Relationship Between Motor Control and
Phonology in Dyslexic Children. Journal of Child Psychology and Psychiatry, v. 44,
p. 712–722, 2003.
REYNOLDS, D.; NICOLSON, R.I. Follow-up of an Exercise-based Treatment for
Children with Reading Difficulties. Dyslexia, v. 13, p. 78–96, 2007.
RIESGO, R. S. Anatomia da Aprendizagem. In. Transtornos da Aprendizagem:
Abordagem Neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006. Cap.
2, p.21-42.
RODGER, S. et al. Assessment of Children with Developmental Coordination Disorder
(DCD): Motor, Functional, Self–efficacy and Communication Abilities. Journal of
Physiotherapy, v. 35, n.3, p. 99-109, 2007.
ROSEMBAUM, P.; MISSIUNA, C.; JOHNSON, K. Longitudinal Assessment of Motor
Development in Epidemiologic Research. National Children’s Study, 2004. Disponível
em http://www.nationalchildrensstudy.gov/research/reviewsreports/Pages/Longitudinal-
Assessment-of-Motor-Development-in-Epidemiologic-Research-for-the-National-
Children-s-Study.pdf. Acesso em: 29 de abril de 2008.
RODRIGUES, M. C. C.; MELLO, R. R.; FONSECA, S. C. Learning Difficulties in
Schoolchildren born with very Low Birth Weight. Jornal de Pediatria, v. 82, n. 1, 2006
.
ROTTA, N. T. Dificuldades para a Aprendizagem: Introdução. In. ROTTA, N. T.;
OHLWEILER, L..; RIESGO, R. S. Transtornos da Aprendizagem: Abordagem
Neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006. cap 8, p. 113-14.
ROTTA, N. T.; PEDROSO, F. S. Transtornos da Linguagem Escrita-Disexia. In.
ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L..; RIESGO, R. S. Transtornos da Aprendizagem:
Abordagem Neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006. cap
10, p. 151-164.
139
ROESER, R. W; WOLF, K.; STOBEL, K. R. On the Relation Between Social–Emotional
and School Functioning During Early Adolescence Preliminary Findings from Dutch and
American Samples. Journal of School Psychology. Journal of School Psychology,
v. 39, n. 2, p. 111-139, 2001.
ROLLIN. M, K, S, B. Auto-eficácia, estilo de vida e o desempenho cognitivo de
adolescentes ativos e sedentários 144f (Dissertação) Universidade do estado de
Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
ROSE, B.; LARKIN, D.; BERGER, B. G. Coordination and Gender Influences on the
Perceived Competence of Children. APAQ, v. 14, n. 3, 1997. Disponível em <
http://www.humankinetics.com/apaq/viewarticle.cfm?aid=11719>. Acesso em 30 de
janeiro e 2009.
RUIZ, L.M., et al “The Assessment of Motor Coordination in Children with the Movement
ABC test: A Comparative Study among Japan, USA and Spain”. International Journal
of Sport Science, v. 15, n. 1, p. 22-25, 2003.
SABAG, S. Percepção de Esteriótipos de Gênero na Avaliação do
Desenvolvimento Motor de Meninos e Meninas. Florianópolis, 2008. 95 f.
Dissertação. (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Centro de Ciências da
Saúde e do Esporte – CEFID, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC,
Florianópolis, 2008.
SAIGAL, et al. Role of Gender and Birthweight in the Stability of Psychometric Scores
and the Incidence of Specific Learning Disabilities (LD) Among“Normal” ELBW and
Term Children. International Pediatrics Research Foundation, v. 43, n. 2, sup 2,
p.1998.
SALLES, J. F.; PARENTE, M. A. M. P. Funções Neuropsicológicas em Crianças com
Dificuldades de Leitura e Escrita. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 22 n. 2, p. 153-
162, 2006.
SÁNCHES, J. N. G. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica,
Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.
SANTOS, P. L.; GRAMINHA, S.S.V. Problemas Emocionais e Comportamentais
Associados ao Baixo Rendimento Acadêmico. Estudos de Psicologia, v.11, n. 1,
p.101-109, 2006.
140
SANTOS, S.; DANTAS, L. e OLIVEIRA, J. A. Desenvolvimento Motor de Crianças, de
Idosos e de Pessoas com Transtorno da Coordenação. Revista paulista de Educação
Física, n especial. v. 18, p. 33-44, 2004.
SANTOS, A. A. A.; JORGE, L. M. Teste de Bender com Disléxicos: Comparação de
Dois Sistemas de Pontuação. Psico – USF, v. 12, n. 1, p. 13-21, 2007.
SAUDE, L. F.; TONELLOTO, J. M. F. Comportamento Social na Escola: Diferenças
entre Gênero e Séries. Psicologia Escolar e Educacional, v. 9, n. 1, p. 47-57, 2005.
SCHIAVONI, A. Dificuldades de aprendizagem em escrita e percepção de alunos
sobre expectativas de professores. Campinas, 2007. 70 f; Dissertação (Mestrado em
Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP, Campinas, 2004.
SCHIRMER, C. R.; FONTOURA, D. R.; NUNES, M. L. Distúrbio da Aquisição da
Linguagem e da Aprendizagem. Jornal de Pediatria, v. 80, n.2, p. 85-103, 2004.
SCHOEMAKER, M. M.; et al. Deficits in Motor Control Processes Involved in Production
of Graphic Movements of Children with Attention-Deficit– Hyperactivity Disorder.
Developmental Medicine & Child Neurology, v. 47, p. 390–395, 2005.
SCHOEMAKER, M. M.; KALVERBOER, A. F. Social and Affective Problems of Children
who are Clumsy: How Early do they Begin? Adapted Physical Activity Quarterly,
Champaign, v. 11, p. 130-140, 1994.
SCHMIDT, C.; BOSA, C. Estresse e Auto-eficácia de Mães de Pessoas com
Autismo.Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 59, n.2, p.179-191, 2007.
SHUNK, D. H. Self-efficacy and classroom learning. In: The Annual meeting of
American Educational Research Assossiation. p. 23-27, 1984.
SCHUNK, D. H.; PAJARES, F. The Development of Academic Self-Efficacy. In:
WIGFIELD, A.; ECCLES, J. (Eds). Development of Achievement Motivation. San
Diego: Academic Pres, 2001. p. 1-27.
141
SCHUNK, D. H.; MEECE, J. L. Self-efficacy Development in Adolecents. In: URDAN, T.;
PAJARES, F. Self-efficacy Beliefs of Adolescents. Charlotte: Information Age
Publishing, 2005. p. 71-96.
SKINNER, R. A.; PIEK, J. P.; Psychosocial Implications of Poor Motor Coordination in
Children and Adolescents. Human Movement Science, Amsterdam, v. 20, p. 73-94,
2001.
SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de aprendizagem de A à Z: Um Guia Completo
para Pais e Professores. Trad: Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed , 2001.
SMITS-ENGELSMAN, B. C. M., NIEMEIJER, A. S.; GALEN, G. P. Fine Motor
Deficiencies in Children Diagnosed as DCD Based on Poor Grapho-motor Ability.
Human Movement Science, v. 20, p. 161-182, 2001.
SMITS-ENGELSMAN, B. C. M. et al.
Fine Motor Deficiencies in Children with
Developmental Coordination Disorder and Learning Disabilities: An Underlying Open-
loop Control Deficit. Human movement science, v. 22, n.4, p. 495-514, 2003.
SMYTH, M. M.; ANDERSON, H. I. Coping with Clumsiness in the School Playground:
Social and Physical Play in Children with Coordination Impairments. British Journal of
Developmental Psychology, v. 18, p. 389-413, 2000.
SOUZA, A. R. M. Dificuldades de Aprendizagem em Escrita, Memória e
Contradições. Campinas, 2000. 102 f; Dissertação (Mestrado em Educação) –
Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas,
2000.
SOUZA, A. R. M.; SISTO, F. F. Dificuldade de Aprendizagem em Escrita, Memória e
Contradições. Psicologia Escolar e Eeducacional, v. 5, n. 2, p.39-47, 2001.
SOUZA, C. et al. O teste ABC do Movimento em Crianças de Ambientes Diferentes.
Revista Portuguesa de Ciência e Desporto, v. 7, n. 1, p. 36-47, 2007.
SOUZA, E. S.; ALTMANN, H. Meninos e Meninas: Expectativas Corporais e
Implicações na Educação Física Escolar. Cadernos Cedes, n.48, p. 52-68, 1999.
142
STACCIARINI, J. M. R.; ESPERIDIÃO, E. Repensando Estratégias de Ensino no
Processo de Aprendizagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.7, n. 5,
p.59-66, 1999.
STAVISKI et al. O Desenvolvimento Pricomotor e Dificuldades de Aprendizagem em
Escolares de 8 a 12 Anos de Idade. In: FONTOURA, P. Coleção pesquisa em
Educação Física, v.6, n.1. Jundiaí, 2007.
STEIN, L. M. Teste de Desempenho Escolar – TDE. São Paulo: Casa do Psicólogo,
1994.
STEVANATO, I.S. et al. Auto-conceito de Crianças com Dificuldades de Aprendizagem
e Problemas de Comportamento. Psicologia em Estudo, v.1, n.8, p. 67-76, 2003.
SUEHIRO, A. C. V. Dificuldades de Aprendizagem da Escrita de um Grupo de Crianças
do Ensino Fundamental. Revista de psicologia da Vetor Editora, v. 7, n. 1, p. 59-68,
jan/jun 2006.
TOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3ed. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
TONELOTTO, J. M. F., et al. Avaliação do Desempenho Escolar e Habilidades Básicas
de Leitura em Escolares do Ensino Fundamental. Avaliação Psicológica, v. 4, n. 1,
p.33-43, 2005.
TSENG, M. H et al. Relationship Between Motor Proficiency, Attention, Impulse, and
Activity in Children with ADHD. Developmental Medicine & Child Neurology, v. 46, p.
381-388, 2004.
TUCHA, O.; LANGE,
K.W. Effects of Methylphenidate on Kinematic Aspects of
Handwriting in Hyperactive Boys. Journal of Abnormal Child Psychology, v. 29, n. 4,
p. 351-356, 2004.
WRIGHT, H.C.; SUGDEN, D. A. A Two-step Procedure for the Identification of Children
with Developmental Co-Ordination Disorder in Singapore. Developmental medicine
and child neurology, v. 38, n. 12, p. 1099-1105, 1996.
143
WANG, S. L.; WU, P. Y. The Role of Feedback and Self-efficacy on Web-based
Learning: The Social Cognitive Perspective. Computers & Education, v. 51, p. 1589-
1598, 2008.
WIGFIELD, A. et al. Children’s Motivation for Reading: Domain Specificity and
Instructional Influences. The Journal of Educational Research, v. 97, n. 6, p. 299-303,
2004.
WILSON, P. H.; MACKENZIE, B. E. Information Processing Deficits Assossiated with
Developmental Coordination Disorder: a Meta-analise of Research Findings. Journal of
Child Psychology Psychiatry, v. 39, n. 6, p. 829-840, 1998.
WHITE, S. The role of Sensorimotor Impairments in Dyslexia: a Multiple Case Study of
Dyslexic Children. Developmental Science, v. 9, n.3, p. 237–269, 2006.
WHITMONT, S.; CLARK, C. Kinaesthetic Acuity and Fine Motor Skills in Children with
Attention Deficit Hyperactivity Disorder: a Preliminary Report. Developmental Medicine
& Child Neurology, v 38, n 12, p. 191-198, 1996.
WRIGHT, H. C.; SUGDEN, D. A. School Based Intervention Programme for Children
with Developmental Coordination Disorder. Physical Education & Sport Pedagogy, v.
3, n. 1 p. 35 – 50, 1998.
VENDIT JUNIOR, R. Análise da Auto-eficácia Docente de Professores de
Educação Física. Campinas, 2005. 167 f. Dissertação. (Mestrado em Educação Física)
– Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
Campinas, 2005.
VICARI, S. et al. Do Children with Developmental Dyslexia Have an Implicit Learning
Deficit? Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v.76, p. 1392-1397,
2005.
VISSER, J. Developmental Coordination Disorder: a Review of Research on Subtypes
and Comorbidities. Human Movement Science,v. 22, p. 479-493, 2003.
ZIMMERMAN, B. J. Self-Efficacy: An Essential Motive to Learn. Contemporary
Educational Psychology, v. 25, p.82–91, 2000.
144
ZUCOLOTO, K. A. A Compreensão da Leitura em Crianças com Dificuldades na
Escrita. Campinas, 2001. 102 f; Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de
Educação, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, campinas, 2001.
ZUMBERG, K. M.; CHANG, E. C.; SANNA, L. J. Does Problem Orientation Involve
more than Generalized Self-efficacy? Predicting Psychological and Physical Functioning
in College Students. Personality and Individual Differences, v. 45, p. 328-332, 2008.
145
ANEXOS
146
Anexo A – Carta de aprovação do Comide Ética em Pesquisas com Seres Humanos,
da Universidade do Estado de Santa Catarina.
147
Anexo B Roteiro para Avaliação do Senso de Auto-eficácia - RASAE (MEDEIROS E
LOUREIRO, 1999).
Roteiro para a Avaliação do Senso de Auto-eficácia
Nome_______________________________________________________
Data____/_____/_____ Turma_____________ Período______________
Escola_______________________________________________________
Bairro____________________ Região____________________________
Vou apresentar para você algumas frases e você vai me dizer o quanto elas têm a ver com o seu
jeito de ser. Basta responder SIM, quando elas parecerem e NÃO, quando elas forem diferentes do seu
jeito.
NA ESCOLA, SIM NÃO
01. Eu tenho me saído bem
* 02. Eu quero parar de estudar logo
03. Eu consigo ler com facilidade
* 04. Minha família me considera um aluno fraco
05. Eu consigo copiar com facilidade
06. Minha professora me considera um aluno fraco
07. Eu consigo escrever as palavras que são ditadas
08. Eu demoro mais que os outros para acabar as atividades
09. Eu lembro com facilidade do que aprendi
10. Eu tenho mais dificuldades para aprender que meus colegas
11. Eu aprendo tão bem quanto meus colegas
12. Eu esqueço rápido o que aprendi
13. Eu acabo as atividades no mesmo tempo que meus colegas
14. Eu tenho dificuldades para escrever as palavras que são ditadas
15. Minha professora me considera um bom aluno
16. Eu tenho dificuldades para fazer cópias
* 17. Minha família me considera um bom aluno
18. Eu tenho dificuldade para ler
19. Eu tenho me saído mal
* 20. Eu quero continuar estudando por muitos anos
*Não usar a expressão “NA ESCOLA”
148
APÊNDICES
149
Apêndice A – Termo de consentimento livre e esclarecido
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS - CEFID
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto: DESEMPENHO MOTOR, DESEMPENHO ACADÊMICO E SENSO DE AUTOEFICÁCIA
DE ESCOLARES
Seu filho esta sendo convidado a participar de um estudo sobre o desempenho motor, desempenho
acadêmico e senso de autoeficácia desenvolvido pela Universidade do Estado de Santa Catarina, com
escolares de segunda a quarta séries. Para atingir os objetivos deste estudo, optou-se pela utilização de ts
instrumentos de medida: Bateria de Avaliação do Movimento da Criança, o Teste de Desempenho Escolar e o
Roteiro para Avaliação do Senso de Autoeficácia.
O tempo que seu filho terá que ficar disponível será de aproximadamente 30 minutos para
responder ao Teste de Desempenho Escolar TDE, aproximadamente 40 minutos para executar as
atividades do Movimento ABC e 10 minutos para o Roteiro para Avaliação do Senso de Autoeficácia . Os
testes serão realizados em dias separados, e em salas de aula cedidas pela direção da escola de seu filho,
durante o horário escolar, não sendo necessário que ele se desloque para a escola em horários não
convencionais.
Será evitado todo e qualquer procedimento que causem desconfortos para a criança durante
a execução dos testes, pois grande parte das atividades aos quais estarão executando são semelhantes às
desenvolvidas por eles em seu dia a dia. A criança pode desistir da avaliação se assim desejar.
O trabalho estará contribuindo para traçar metas envolvendo o planejamento escolar do Município. E
também devido ao fato de abranger todo o município de São José, será possível verificar a incidência de
baixo desempenho acadêmico, conseqüência de dificuldades de aprendizagem, dos escolares matriculados
nas séries iniciais do ensino fundamental, bem como a relação com o desempenho motor e o senso de
autoeficácia, para desta forma poder se traçar um perfil do aluno da região.
É importante que fique claro que em nenhum momento seu filho será obrigado a permanecer
nos teste se isto não for de vontade da criança, ficando totalmente livre para deixar de realizar os testes.
Responsável pela pesquisa
Juliana da Silva (Professora de Educação Física, Mestranda em Ciências do movimento Humano
CEFID/UDESC)
Contato: 99576193/ 32780027/ julianaef@gmail.com
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de
forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a respeito de meu
filho serão sigilosos.
Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Nome da Criança por extenso: ____________________________________________________ .
Nome do Pai/Responsável por extenso : _________________________________________.
Assinatura do Pai/Responsá
vel: _____________________________ São José, ________
150
Apêndice B – Exemplo de um dos relatórios individuais, entregues a escola após o
término das avaliações.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDO E DO ESPORTE – CEFID
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO – PPGCMH
LABORATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA – LADAP
Relatório individual do participante da pesquisa intitulada: DESEMPENHO
MOTOR, DESEMPENHO ACADÊMICO E SENSO DE AUTO-EFICÁCIA DE
ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Nome do Participante:
Série:
Idade:
Sexo:
Período em que freqüenta a escola: Matutino
Esta pesquisa visou avaliar os participantes quanto ao desempenho
acadêmico, nível de desenvolvimento motor e senso de auto-eficácia, para desta forma,
traçar um perfil dos escolares que freqüentam esta escola, nas segundas, terceiras e
quartas séries do ensino fundamental.
A escola foi escolhida devido a grande influência na Região Central de
São José, atendendo a um número significativo de crianças, provindas de todo o
município, a até mesmo de municípios visinhos.
Foram avaliados: o desempenho acadêmico, por meio do Teste de
Desempenho Escolar (TDE); o desempenho motor, utilizando-se a Bateria para
Avaliação do Movimento da Criança (MABC) e o senso de Auto-eficácia (Roteiro para
Avaliação do senso de Auto-Eficácia).
O primeiro teste demonstra se o desempenho acadêmico da criança está
adequado para a série por ela freqüentada e com sua idade cronológica. O segundo
teste avalia o desempenho motor da criança, com base nos resultados pode-se dizer se
a criança apresenta um desenvolvimento motor adequado para a sua faixa
etária(quanto menor o valor do resultado, melhor o desempenho da criança). Por fim, o
151
terceiro teste avalia as crenças das crianças sobre suas capacidades em desempenhar
as tarefas escolares.
Pesquisas deste tipo são importantes, pois, é possível além de identificar
escolares com desempenho acadêmico muito abaixo do esperado, indicando de
dificuldades de aprendizagem, bem como a relação do nível de desenvolvimento motor
com o problema e ainda se estas dificuldades sofrem influência de uma baixa de auto-
eficácia, ou seja, da crença nas capacidades de desenvolver as atividades escolares.
RESULTADOS DO TESTE DE DESEMPENHO ESCOLAR - TDE
Resultados Gerais da Turma
Pontuação individual da c
riança
Média na Avaliação de Escrita: 27,5;
Média da Avaliação de Aritmética: 20,89;
Média da Avaliação de Leitura: 66,16;
Media TDE Total: 114,16
Subteste de Escrita: 27 - médio;
Subteste de Aritmética: 30 – superior;
Subteste de Leitura: 69 – superior;
TDE total: 126 – superior **
** Não possui indicativo de dificuldades de aprendizagem, segundo o TDE.
RESULTADOS DA AVALIAÇÃO MOTORA
MABC
Resultados Gerais da Turma
Pontuação individual da criança
Destrezas Manuais: 4,97;
Habilidades com bola:1;
Equilíbrio:3,60;
MABC Total: 8,55;
Destreza Manual: 4;
Habilidades com Bola: 0;
Equilíbrio: 3;
MABC Total: 7**
** Habilidades Motoras Normais, segundo o MABC.
**Ótimo senso de Auto-eficácia, em comparação a média da Média da
Turma.
RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DO SENSO DE AUTO
-
EFICÁCIA
Resultados Gerais da Turma Pontuação individual da criança
Média Geral: 16,32 Criança: 20
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo