Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO AO
PLANEJAMENTO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MORRO DO URUBU
(ARACAJU, SE)
Autora: Danielle Costa Oliveira Chagas
Orientadora: Laura Jane Gomes
FEVEREIRO - 2009
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO AO
PLANEJAMENTO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MORRO DO URUBU
(ARACAJU, SE)
Dissertação apresentada ao Núcleo de s-Graduação em
Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de
Sergipe, como parte dos requisitos exigidos para a Qualificação
do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Autora: Danielle Costa Oliveira Chagas
Orientadora: Laura Jane Gomes
FEVEREIRO-2009
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
ads:
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
C426i
Chagas, Danielle Costa Oliveira
Indicadores de qualidade ambiental como subsídio
ao planejamento da Área de Proteção Ambiental Morro
do Urubu (Aracaju, SE) / Danielle Costa Oliveira. São
Cristóvão, 2009.
118 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente) – Universidade Federal de Sergipe, 2009.
Orientadora: Profª. Laura Jane Gomes
1. Qualidade ambiental - Indicadores. 2. Área de
Proteção Ambiental - APA. 3. Mata Atlântica. 4.
Paisagem. 5. Morro do Urubu – Aracaju-SE. I. Título.
CDU 502.17(813.7)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO AO
PLANEJAMENTO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MORRO DO URUBU
(ARACAJU, SE)
Dissertação de Mestrado defendida por Danielle Costa Oliveira Chagas e aprovada no
dia dez de fevereiro de dois mil e nove, pela banca examinadora constituída pelos
doutores:
Prof. Dra. Laura Jane Gomes
Universidade Federal de Sergipe
(Orientador)
Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira
Universidade Federal de Sergipe
Prof . Dra. Maria Augusta MundinVargas
Universidade Federal de Sergipe
Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente.
________________________________________________
Dra. Laura Jane Gomes – Orientadora
Universidade Federal de Sergipe
É concedida ao Núcleo responsável pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da Universidade Federal de Sergipe permissão para disponibilizar, reproduzir
cópias desta dissertação e emprestar ou vender tais cópias.
________________________________________________
Danielle Costa Oliveira Chagas – Autora
Universidade Federal de Sergipe
________________________________________________
Dra. Laura Jane Gomes – Orientadora
Universidade Federal de Sergipe
A minha amada família,
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelas oportunidades, força e perseverança a mim concedidas para que
este trabalho pudesse ser conduzido da melhor forma possível.
Agradeço a meu pai e minha mãe, por estarem sempre ao meu lado, participando de cada
momento da minha vida. Por vocês procuro fazer sempre o melhor.
A Alysson, meu marido, pela participação imprescindível no processo de construção dessa
pesquisa, por compreender os momentos de ausência e pelo incentivo constante.
Ao meu irmão Vitor e minha cunhada Ivana pelas valiosas contribuições.
A tia Yolanda, pela contribuição fundamental na finalização dessa pesquisa.
A Lívia, pela companhia nos trabalhos em campo.
A Laura, minha orientadora, pela orientação e incentivo.
A Cássio, da SEMARH, por ter viabilizado a oficina no Porto Dantas.
A Sra. Pichuta, por ter cedido espaço para a realizão do trabalho com jovens da
comunidade, e por sua valiosa participação.
Aos gentis e inteligentes jovens do Porto Dantas, com os quais pude conhecer mais sobre a
realidade do bairro.
A SEMARH, SEPLAN e DEAGRO, por me receberem para entrevistas e pela
disponibilização de documentos.
SUMÁRIO
LISTA DE SIGULAS E ABREVIAÇÕES
x
LISTA DE FIGURAS
xi
LISTA DE QUADROS E TABELAS
xiv
RESUMO
xv
ABSTRACT
xvi
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
17
CAPÍTULO 2 REFENCIAL TEÓRICO
20
2.1. Planejamento Ambiental
21
2.2. Análise da Paisagem
27
2.3. Paisagem Urbana e Qualidade Ambiental
34
2.4. Unidades de Conservação no Brasil
38
2.5. APA Morro do Urubu
44
2.6. Indicadores Ambientais
48
CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS
52
3.1. Localização da área de estudo
53
3.2. Coleta e análise dos dados
54
3.2.1. Caracterização Paisagística da APA Morro do Urubu
54
3.2.2. Definição de parâmetros e cenários de qualidade ambiental para a
APA Morro do Urubu
57
3.2.3. Seleção de indicadores ambientais para a APA Morro do Urubu
58
CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
59
4.1. A APA Morro do Urubu no Contexto do Planejamento Urbano
60
4.2. Unidades de paisagem da APA Morro do Urubu
64
4.2.1. Caracterização da Unidade de Paisagem 01- UP01
68
4.2.2. Caracterização da Unidade de Paisagem 02- UP02
73
4.2.3. Caracterização da Unidade de Paisagem 03- UP03
76
4.2.4. Caracterização da Unidade de Paisagem 04 – UP04
87
4.3. Parâmetros de Qualidade Ambiental para a APA Morro do Urubu
90
4.4.Cenários de qualidade ambiental para a APA Morro do Urubu
98
4.5. Indicadores de Qualidade Ambiental para a APA Morro do Urubu
10
0
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
1
09
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
111
ANEXO
11
6
X
LISTA DE SIGLAS E ABREVIÕES
APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
EPA Envaironmental Protection Agency
DRP Diagnóstico Rápido Participativo
EMDAGRO Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais
MMA Ministério do Meio Ambiente
OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PEI/ER Metodologia Pressão – Estado – Impacto/Efeito – Resposta
PER Metodologia Pressão – Estado – Resposta
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
SEMARH Secretaria do Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservão
SEPLAN Secretaria Municipal de Planejamento
UC Unidade de Conservação
UP Unidade de Paisagem
XI
ÍNDICE DE FIGURAS
Número
Título Página
Figura 01 Organograma com os Componentes da gestão de uma
Unidade de Conservação.
26
Figura 02 Classificação das alterações na paisagem. 30
Figura 03 Cenários Ambientais elaborados pela autora deste estudo, para
o Plano de Gestão da Orla Marítima do Município de
Estância/SE em 2005 (Projeto Orla-MMA/ MPU).
34
Figura 04 Localização da APA Morro do Urubu- Aracaju-SE. 53
Figura 05 Etapas de estudo para a definição de parâmetros e cenários de
qualidade ambiental para a APA Morro do Urubu- Aracaju-
SE.
57
Figura 06 Situação dos parques urbanos de Aracaju-SE. 61
Figura07 Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju- Áreas
de Interesse Ambiental.
62
Figura08 Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju-
Zoneamento Urbano.
63
Figura09 A) Morro do Urubu Escala Urbana; B) Morro do Urubu
Escala Local – Aracaju-SE.
65
Figura10 Unidades de Paisagem da Área de Proteção Ambiental do
Morro do Urubu – Aracaju-SE.
67
Figura11 Entrada do Parque José Rollemberg Leite – Aracaju-SE 68
Figura12 Parque José Rollemberg Leite – Aracaju-SE: (A) Vista da
Lagoa e Restaurante; (B) Local dos macacos; (C) Tratamento
paisagístico; (D) Piquenique na área do zoológico.
70
Figura13 Limite Sul do Parque José Rollemberg Leite Aracaju-SE:
(A) Resíduos da construção civil, (B) Área em processo de
erosão, (C) Substituição de cerca de sabiá danificada, (D) Uso
particular em área pública.
71
Figura14 Centro Hípico da Polícia Militar de Sergipe 72
XII
Figura15 Limite sul da AP 02 – Av. Euclides Figueiredo Aracaju-SE 74
Figura 16 Vistas da Unidade de Paisagem 02 74
Figura17 Unidade de paisagem 02: (A) ocupação irregular em área de
risco; (B) resíduos lidos na Av. Euclides Figueiredo
Aracaju-SE
75
Figura18 Malha Urbana do bairro Porto Dantas: (A) Arruamento Plano
e Reticulado predominante na paisagem; (B) Arruamento
Orgânico na área limite com a Mata, na porção sul do bairro
Porto Dantas.
76
Figura19
Resíduos sólidos em calçada na Av. Euclides Figueiredo
Aracaju-SE.
77
Figura20
Área degradada por moradores para fazer campo de futebol
improvisado em área limite com a mata, na Apa Morro do
Urubu-SE.
78
Figura21 Área erodida no Porto Dantas – Aracaju-SE 78
Figura22
Oficina de DRP no Porto Dantas: (A) explicações aos grupos
sobre a atividade; (B) execução da atividade; (C)
Apresentação da realidade, (D) proposições sobre o que se
pode fazer e (E) quanto ao que se pode esperar; e conclusão
da atividade com discussão dos resultados.
80
Figura23 Habitações Informais na Invasão do Coqueiral – Aracaju-SE 82
Figura24
Unidade de paisagem 03 (A) Árvore Pau-Ferro, remanescente
do processo de ocupação urbana; (B) Figura: Efluentes
líquidos a céu aberto no coqueiral – Aracaju-SE.
83
Figura25
Lagoa receptora de efluentes líquidos na Invasão do Coqueiral
– Aracaju-SE.
83
Figura26 Vista do rio do sal e do manguezal – Aracaju- SE. 84
Figura27
a) Projeto da Nova Malha Urbano no Coqueiral, com enfoque
no local onde existia lagoa;b) Antiga lagoa do coqueiral; c)
Vista da área em processo de terraplanagem para a
urbanização no coqueiral – Aracaju-SE.
85
Figura28
Unidade de Paisagem (04): (A) Cobertura Vegetal
Característica; (B) jazida de solo inativa; (C e D). Área
erodida e com deposição de resíduos sólidos nos limites da av.
Euclides Figueiredo – Aracaju-SE.
88
XIII
Figura29
Fluxograma Sistema Qualidade Ambiental da APA Morro
do Urubu - Aracaju-SE.
92
Figura30
Cortes A e B esquemáticos na APA Morro do Urubu
Aracaju-SE.
97
Figura31
Perfis Esquemáticos da Situação Atual, Tendência e Situação
Desejada referente ao corte A.
98
Figura32
Perfis Esquemáticos da Situação Atual, Tendência e Situação
Desejada referente ao corte B.
99
XIV
ÍNDICE DE TABELAS E QUADROS
Número
Título Página
Tabela 01 População nos anos 1996 e 2000 e densidade demográfica no
ano 2000 da Área de Influência da APA Morro do Urubu -
Aracaju (SE)
45
Quadro 01
Principais critérios de seleção e requerimentos para a
elaboração de indicadores.
51
Quadro02 Etapas da Caracterização da Paisagem da APA Morro do
Urubu – Aracaju-SE.
56
Quadro03 Características das Unidades de Paisagem quanto aos seus
elementos definidores.
66
Quadro04 Impactos socioambientais da Unidade de Paisagem 01 - UP01 73
Quadro05 Impactos socioambientais da Unidade de Paisagem 02 – UP02 75
Quadro06 Problemas socioambientais apontados por um grupo de jovens
do Porto Dantas (2008).
81
Quadro07 Impactos socioambientais da Unidade de Paisagem 03 – UP03 86
Quadro08 Impactos socioambientais da Unidade de Paisagem 04 – UP04 89
Quadro09 Síntese dos Impactos socioambientais da APA Morro do
Urubu
89
Quadro10 Parâmetros de qualidade ambiental para a APA Morro do
Urubu, conforme suas funções ambientais.
93
Quadro11 Sistema de indicadores de Qualidade Ambiental (QA)
selecionados para a APA Morro do Urubu - Aracaju-SE.
101
XV
RESUMO
A Área de Proteção Ambiental (APA) Morro do Urubu abriga o último
remanescente urbano de Mata Atlântica da cidade de Aracaju/SE. Apesar disso, o intenso e
desordenado processo de expansão urbana associado à deficiente gestão e falta de
planejamento, compromete a permanência desse remanescente e a sua função ambiental
urbana. Por esta razão, este estudo objetivou subsidiar o processo de planejamento dessa
Unidade de Conservação, por meio da seleção de indicadores de qualidade ambiental.
Partiu-se do estudo da paisagem na escala urbana contextualizando a APA no município de
Aracaju e posteriormente na escala local, com a definição de Unidades de Paisagem,
caracterização e identificação de impactos socioambientais do uso da APA. A partir da
caracterização da paisagem, definiram-se parâmetros de qualidade ambiental para a área,
norteando a seleção de indicadores. O processo de seleção de indicadores mostrou-se
eficiente na medida em que permitiu colher e organizar ampla quantidade de informação
do território sistematicamente e sem perder a gica do sistema, priorizando questões
fundamentais para a qualidade da APA Morro do Urubu. O estudo da paisagem, devido ao
seu caráter de ntese dos aspectos físicos sociais, associado à simplicidade e rapidez na
obtenção dos dados inerentes à metodologia utilizada para tal fim, foi essencial para a
seleção desta ferramenta de planejamento, que tem como um dos principais requisitos, a
necessidade de dados confiáveis, de fácil obtenção e atualização.
Palavras chaves: Paisagem, Mata Atlântica, Unidades de Conservação, Área Urbana.
XVI
ABSTRACT
Morro do Urubu Protected Environmental Area hosts the last urban remainder of Mata
Atlântica in Aracaju/SE. Tough this fact, the intense and disordered of urban expansion
added to a deficient management and absence of planning at this Protected Area difficult
the permanence of this remainder area and its urban environmental function. This work
aimed subside the planning process, through the selection of environmental quality
indicators for Morro do Urubu Protected Area. The beginning was a landscape study of
protected area in a urban scale and then in a local scale, defining the landscape units,
characterization and identification of social and environmental impacts of using Protected
Area. Since characterization of landscape, it was defined parameters for environmental
quality for that area, guiding the selection of indicators. The process of indicators selection
showed good results as it allowed to get and organize, sistematically, a large quantity of
information of the researched territory, and with any scramble for the logic of system,
priorizing the fundamental issues for the quality of Morro do Urubu Protected Área.
Landscape study, due to its character of synthesis of physical and social aspects, associated
to simplicity and fastness for obtaining data inherent to methodology used for this, was
essential for selecting this planning tool, which has as most important , the needing of
confident data, easy for obtain and actualize.
Key-words: Landscape, Mata Atlântica, Protected Area, Urban Area.
CAPÍTULO 01
INTRODÃO
18
Capítulo 01 - Introdução
1.0. INTRODUÇÃO
As áreas naturais urbanas assumem varias funções ambientais. De forma direta,
contribuem com o microclima, manutenção de espécies endêmicas, melhoria da qualidade
estética da cidade, ou indiretamente, atuando como um lugar de aproximação homem/
natureza a partir da experiência dos visitantes com os elementos naturais. Apesar disso, nas
cidades são poucos os remanescentes do ecossistema natural que conseguem sobreviver ao
intenso processo de expansão urbana.
Em Aracaju (SE) existe um único remanescente florestal de Mata Atlântica
localizado em sua porção Norte, altamente ameaçado por um conjunto de fatores que
refletem divergência entre as políticas públicas estaduais e municipais com relação ao
objetivo de conservação deste ecossistema, aliado a não observância do seu papel relevante
na qualidade ambiental do município, na tomada de decisões de planejamento urbano e
local.
O Morro do Urubu configura-se como espo de exceção no meio urbano, não
pela presença da vegetação de Mata Atlântica, mas também pela topografia com cotas
muito superiores ao restante da cidade. Na área, além de outros usos, localiza-se o parque
José Rollemberg Leite, conhecido como “Parque da Cidade”, espaço público com
infraestrutura para a prática de esportes e demais usos voltados ao lazer.
Considerando-se a sua importância ambiental, esta localidade foi transformada em
Área de Proteção Ambiental (APA) em 1993, com o objetivo de proteger esse último
remanescente florestal de Mata Atlântica da cidade de Aracaju. Apesar disso ainda são
intensos os processos de degradação ambiental pela ação antrópica, o que compromete a
qualidade da paisagem e sua função ambiental urbana.
A ausência de mecanismos de planejamento e gestão da APA contribui para a
fragmentação e perda dessa mancha verde urbana e, conseqüente redução da sua qualidade
19
Capítulo 01 - Introdução
ambiental. Dessa forma, esse trabalho objetivou propor estratégias de planejamento
compatíveis com o objetivo de conservação da APA Morro do Urubu. Para tanto foram
selecionados, atras da caracterização da paisagem e definição de parâmetros de
qualidade ambiental, indicadores para a APA Morro do Urubu, capazes de nortear as
atividades do poder público, na perspectiva do desenvolvimento sustentável.
CAPÍTULO 02
REFENCIAL TEÓRICO
21
Capítulo 02 – Referencial Teórico
2.0. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Planejamento Ambiental
Os problemas ambientais atuais refletem a relação de dominação e distanciamento
do homem perante a natureza. A forma com que o homem tem planejado o uso dos espaços
e interferido na paisagem natural tem comprometido sobremaneira o meio ambiente e a
qualidade de vida no planeta.
De acordo com Vilàs (1992) as modificações profundas na paisagem e a alteração
do curso dos acontecimentos naturais são frutos do progresso técnico. Esse autor destaca,
dentre as causas básicas dos problemas ambientais: a falha de o considerar os fatores
ambientais como parte normal e necessária do planejamento e da tomada de decisões e a
falta de percepção do meio ambiente como uma totalidade, não havendo compreensão nem
reconhecimento a respeito da interdependência existente entre todas as suas partes, o que
inclui o próprio homem.
As alterações ocorridas no meio ambiente, na maioria das vezes são percebidas
através das modificações na paisagem, considerada como expressão visível do meio
ambiente. Nesse contexto, refletir sobre a paisagem que tem se conformado em áreas
urbanas, rurais ou “naturaispossibilita uma melhor compreensão desses problemas e nos
leva a buscar um melhor entendimento a respeito da evolução da relação homem/natureza
ao longo do tempo, no que diz respeito à condução de ações de planejamento e a própria
conformação das paisagens.
Ainda na pré-história, enquanto nômade e caçador, o homem de bitos itinerantes
não precisava estar tão atento aos limites dos recursos disponíveis, que a cada
deslocamento dava tempo da natureza se recompor. Na medida em que este passa a
praticar atividades além da caça e da pesca, a produzir para a sua sobrevivência e se fixar
22
Capítulo 02 – Referencial Teórico
por mais tempo em determinado local, necessita ficar mais atento aos ciclos naturais, às
possibilidades que a natureza oferece e as suas restrições.
Segundo Leite (1999), na medida em que o homem troca a atividade nômade por
uma atividade localizada passando de caçador a agricultor e criador, surge a primeira
ligação estável entre ele e o espaço que o circunda. Essa mudança introduz uma importante
alteração na relação do homem com a natureza: A possibilidade de transformar o cenário
natural em um cenário construído, uma paisagem artificial, na qual as condições de
sobrevivência são asseguradas pela repetição ativa dos ciclos observados na natureza”
Para Franco (2001) as atividades necessárias a sua sobrevivência, as invenções
como o arado e o calendário, demandavam, ainda que de uma forma rudimentar uma
espécie de planejamento ambiental, que requeria um nível de organização muito superior à
das tribos nômades. A fixação no território só foi possível a partir da compreensão dos
fenômenos ligados ao ciclo das águas e fertilidade dos solos, ou seja, aos “ciclos
ecológicos”. Conquistas da consciência humana que permitiram a permanência de algumas
civilizações por milênios em determinadas regiões.
Das aldeias da mesopotâmia, a cerca de 4000 a.C., encontram-se exemplos
tradicionais de um embrião de planejamento, cujos registros apontam os primeiros
“planejadores profissionais”. Nelas, a ordenação do território levava em consideração
aspectos ambientais como topografia e microclima (SANTOS, 2004).
A constante evolução das técnicas altera gradualmente a relação homem natureza.
A partir das grandes navegações o homem ocidental deixa de se preocupar com a limitação
dos recursos ambientais (FRANCO, 2001), o que lhe permite uma maior liberdade a cerca
da variável ambiental no planejamento de seus espaços. Até então os mistérios da natureza
e a incerteza a respeito da existência de recursos guiaram os seus usos e as alterações na
paisagem.
23
Capítulo 02 – Referencial Teórico
A relação de afastamento homem natureza é uma característica marcante do mundo
ocidental, e se afirma principalmente a partir da idade moderna com o paradigma
cartesiano, seu caráter pragmático e antropocêntrico. O homem como centro do universo
passa a ver a natureza como recurso a ser explorado. Com o desenvolvimento da ciência e
da técnica no séc XIX, o pragmatismo triunfa aumentando a concepção de natureza como
objeto a ser dominado. Para a ciência a natureza se subdividiu em física, química, biologia,
e o homem em antropologia, economia, história etc. Dentro desta visão, as tentativas de
pensar o homem como uma parte integrada à natureza orgânica não deram certo, que
esta separação não se situa apenas no vel do pensamento, mas também da realidade
construída pelo homem (GONÇALVES, 2002).
Segundo Santos (2004) “as ciências foram construídas a partir da observação da
realidade, fragmentando a paisagem e compreendendo de maneira particularizada as partes
componentes de um sistema que se mostrava complexo e diversificado. Dessa forma,
criam-se conceitos em vários campos do conhecimento, com seus métodos e escalas
específicos”.
De acordo com Franco (1997), o paradigma cartesiano-newtoniano que demonstrou
grande eficiência na esfera cientifica nos últimos séculos, teve seu lado negativo na medida
em que serviu como instrumento de mutilação do conhecimento e segmentação da ação
humana.
Nos últimos anos os problemas ambientais criados pela grande interferência nos
diferentes elementos da paisagem, guiados por um tipo de planejamento que visa apenas o
crescimento econômico torna-se cada vez mais preocupante. As condões presentes de
progresso tecnológico e científico oferecem ao homem a capacidade de modificar
profundamente a paisagem e de alterar o curso dos acontecimentos naturais de forma
muitas vezes irreversível (VILÀS, 1992).
24
Capítulo 02 – Referencial Teórico
A interdependência entre o espaço social e o espaço natural, por mais difícil de ser
identificada - que o pensamento ocidental foi estruturado para ver e entender o mundo
de forma fragmentada - é real e indispensável, e as soluções das questões ambientais
devem responder a uma análise que abordem as suas mais diversas causas. Para Jacobi
(2000) essas questões, sobretudo as que resultam das atividades humanas sobre o meio
ambiente, exigem uma abordagem interdisciplinar que contemple uma nova articulação das
conexões entre as ciências naturais, sociais e exatas.
Segundo Vilàs (1992) em reação à planificação economicista surge a denominada
planificação integrada. Esta se caracteriza por oferecer uma visão holística do entorno e
pelo tratamento da dimensão física e socioeconômica. Seu principio básico é que a
proteção e melhoria do meio ambiente, e em definitivo da paisagem, pode ser alcaada
mediante o uso racional e a gestão do espaço físico. Trata-se de estabelecer que tipo de
estrutura espacial se adéqua a cada circunstancia específica, evitando a deterioração
ambiental e racionalizando a utilização do sistema natural.
A racionalização da Ocupação territorial tem exigido princípios modernos de
planejamento territorial e de conservação ambiental, que prevêem não o uso sustentável
dos recursos, mas também a definição de áreas a serem consideradas impróprias para o
uso. As estratégias de guardar e proteger amostras significativas dos mais diversos
ambientes e ecossistemas, contra a ocupação humana irracional, contemplam diversas
finalidades vinculadas às características e potencialidades específicas de cada área
(MILANO, 2006).
Para Santos (2004) o tipo de planejamento que tem um enfoque essencialmente
ligado à conservação dos elementos naturais e à qualidade de vida do homem é chamado
Planejamento Ambiental. Esse tipo de planejamento vem solucionar os impasses relativos
às metas de conservação ambiental e de planejamento tecnológico.
25
Capítulo 02 – Referencial Teórico
O Planejamento Ambiental surgiu nas três últimas décadas, como consequência do
aumento da competição por terras, água, recursos energéticos e biológicos, criando uma
necessidade de organizar o uso da terra compatibilizando-o com a manutenção e
recuperação de ecossistemas ameaçados e de contribuir para a melhoria da qualidade de
vida da população (SANTOS, 2004).
Para Franco (2001) o Planejamento Ambiental é “todo planejamento que parte do
princípio da valorização e conservação das bases naturais de um dado terririo com base
de auto-sustentação da vida e das interações que a mantém, ou seja, das relações
ecossistêmicas” e, pressupõe três princípios sicos: o principio da preservação, também
chamado de principio da não ação, onde os ecossistemas envolvidos devem permanecer
intocados; o principio da recuperação ambiental, que se aplica a áreas alteradas pela ação
humana e à conservação ambiental, o que pressupõe o usufruto dos recursos naturais na
linha do mínimo risco.
São vários os instrumentos aplicados ao planejamento ambiental, e muitos,
usualmente confundidos com o próprio planejamento. Segundo Santos (2004) os
zoneamentos, planos de bacias hidrográficas, planos diretores, planos de manejo, entre
outros o apresentados como planejamento ambiental quando na verdade deveriam ser
chamados de instrumentos de planejamento ambiental se atuam sobre o meio natural e
atividades produtivas, ou se atuam como caminhos para que sejam atingidas metas
específicas.
O planejamento ambiental também é confundido com o gerenciamento ambiental
1
e
com a gestão ambiental, que, para Santos (2004), é composta pelo planejamento, política e
gerenciamento ambiental. A exemplo das Unidades de Conservação, onde sua gestão
engloba: a política ambiental e seus instrumentos legais (ex: decretos de criação, Sistema
Nacional de Unidades de Conservação - SNUC) ; o planejamento, com seus instrumentos
1
O gerenciamento faz parte da gestão ambiental, nas fazes posteriores ao planejamento, ligado a aplicação,
administração, controle e monitoramento definido nas fazes de planejamento (SANTOS, 2004).
26
Capítulo 02 – Referencial Teórico
(planos de manejo, zoneamentos) e ferramentas (cenários ambientais e indicadores); e o
gerenciamento, responsável pela execução das ações definidas.
Subsidiando o processo de gestão, a análise da paisagem é uma das metodologias
que pode ser aplicada para o diagnóstico sobre o território e que dará suporte ao uso das
ferramentas e instrumentos legais e de planejamento ambiental (figura 1).
Figura 1: Organograma com os Componentes da gestão de uma Unidade de Conservação
Fonte: Informações organizadas pela autora deste estudo, 2008, com base na bibliografia consultada
27
Capítulo 02 – Referencial Teórico
2.2. Análise da Paisagem
Os conceitos atribuídos à paisagem ao longo da história variam segundo o contexto
e o olhar de quem a observa. Pintores, Arquitetos, Ecólogos, Geógrafos, e demais
profissionais, interpretam a paisagem de acordo com seu campo de conhecimento.
Apesar da variedade de conotações atribdas à paisagem, está imbuída na maioria
das definições a idéia de espaço aberto, onde o homem está presente e interagindo com o
ambiente (METZGER, 2001).
Para Bolós (1992) o conceito de paisagem sempre esteve associado à dimensão
estética e atualmente este enfoque tem sido muito considerado não por artistas e
arquitetos, mas também por geógrafos, engenheiros, ecólogos, biólogos, etc.
Para Forman e Godron (1986), a paisagem é um resultado estético de uma imagem
que provem da ação de componentes naturais e antrópicos.
Orea (1993) entende a paisagem como a percepção do meio a partir de sua
expressão externa e, enquanto manifestação do meio, como um indicador do estado dos
ecossistemas, da saúde da vegetação, das comunidades animais e do estilo do uso e
aproveitamento do solo.
Para Guerra e Marçal (2006), a paisagem é a natureza integrada, e deve ser
compreendida como síntese dos aspectos físicos e sociais. Para esses autores os estudos da
paisagem ganham importância à medida que o conhecimento sobre a natureza presume um
conhecimento a respeito de diversos fatores sociais, econômicos e ambientais e a interação
dinâmica entre eles.
28
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Pires (1993) define paisagem como expressão visual do território e da interação
espacial de todos os seus elementos podendo assumir dimensões estéticas, culturais,
geográficas e ecológicas. Para ele a paisagem pode ser analisada tanto pelo seu caráter de
síntese dos fatores de determinada porção do espaço, como pela sua condição de variável
entre as demais no conjunto dos fatores ambientais. Na condição de variável podemos
denominá-la recurso, e como síntese, indicador, na medida em que o aspecto visual
consegue nos indicar algumas de suas características intrínsecas (usos, qualidade do solo,
etc.).
A análise da paisagem, quando se configura como objeto de estudo em que se
sintetizam ltiplas variáveis de determinado espaço geográfico, é um passo prévio de
qualquer projeto ou atuação que suponha uma atuação do homem (INSA,1992). A
Ecologia da Paisagem, nova área do conhecimento dentro da ecologia, contribui com os
seus princípios nesse processo.
O Termo Ecologia da Paisagem foi introduzido no final da década de 30, pelo
biogeógrafo alemão Carl Troll, como uma disciplina holística, integradora das ciências
sociais, geofísicas e biológicas, objetivando compreender globalmente a paisagem e atuar
no ordenamento territorial (METZGER, 2001).
Rocha (1994) define a Ecologia da Paisagem como o estudo das inter-relações entre
os diversos fatores que contribuem na formação de unidades paisagísticas homogêneas
estruturantes de determinado espo, destacando que esse novo ramo da ciência tem
merecido especial atenção nos últimos anos, pelo seu caráter multidisciplinar.
Forman e Godron (1986) entendem a Ecologia da Paisagem como o estudo da
estrutura, função e dinâmica de áreas heterogêneas, compostas por ecossistemas
interativos. A estrutura trata dos padrões e relações de distribuição entre elementos
espaciais. No que diz respeito à função, a área heterogênea é discutida em relação aos
fluxos das espécies, energia e matéria entre esses elementos espaciais. As mudanças são
29
Capítulo 02 – Referencial Teórico
apresentadas como as alterações da estrutura e função do mosaico da paisagem através do
tempo (PELLEGRINO, 2000; SANTOS, 2004).
Segundo esses autores, a estrutura é observada a partir de três elementos sicos:
matriz, mancha e corredor. A matriz é o elemento dominante, o que controla a dinâmica da
paisagem, uma área com um menor grau de fragmentação; As manchas o fragmentos
aparentemente homogêneos que interrompem a matriz; os corredores são elementos
lineares que se apresentam também com uma aparência homogênea. De acordo com Santos
(2004), a presença de um ou mais desses elementos caracteriza a ocorrência de um
mosaico de paisagem.
Os processos naturais e as intervenções na paisagem podem ser classificados
facilmente, considerando a composição do mosaico. A fragmentação, a perfuração,
dissecação, diminuição, atrito e coalesncia, são definições de determinadas mudanças na
paisagem (figura 2). Manter, remover, ou introduzir elementos na paisagem é a forma de
manejo que os planejadores e arquitetos-paisagistas têm para mudar a estrutura e
funcionamento do mosaico de paisagens (PELLEGRINO, 2000).
Para que a intervenção na paisagem possa atender aos mais diversos enfoques de
forma integrada ela deve contemplar quatro padrões indispensáveis (FORMAN e
GODRON, 1986):
Manutenção de grandes manchas de vegetação As grandes manchas contribuem
com a proteção de aíferos e corpos de água; conexão da rede inferior de cursos
d’água; habitat para espécies; habitat-núcleo e refugio para espécies que precisão
de grande território, fonte de dispersão de espécies; proximidade de microhabitat
para espécies multihabitat; regime de alteração próxima ao natural; zona tampão
contra extinção durante mudança ambiental.
Corredores suficientemente largos de vegetação ao longo dos principais cursos
d’água. A vegetação ao longo de um rio tem a função de atender a importantes
funções ecológicas: minimização das enchentes a jusante através da fricção, efeito
esponja e altas taxas de evapotranspiração; controle do assoreamento por reter
30
Capítulo 02 – Referencial Teórico
sedimentos; fonte de matéria orgânica para peixes e demais organismos fluviais;e
habitats para muitas espécies significativas;
Garantir a ligação através de corredores entre grandes manchas para o movimento
de espécies-chave;
Manutenção de trechos naturais heterogêneos no meio das áreas construídas;
Figura 2: Classificação das alterações na paisagem
Fonte: Pellegrino, 2000
Para Santos (2004), a teoria da ecologia da paisagem vem sendo desenvolvida em
diferentes campos do conhecimento, com prinpios, conceitos e estratégias próprios e
destaca três enfoques:
31
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Arquitetônico, que lida com os processos evolutivos da paisagem e utiliza como
ferramenta os princípios da construção de cenários na busca de um arranjo
ótimo do uso da terra sob a dimensão ambiental;
Ecológico, preocupa-se com os efeitos da estrutura espacial da paisagem sobre
os processos ecológicos. É voltada à conservação da diversidade biológica e ao
manejo dos recursos naturais. A escolha das escalas costuma depender de uma
espécie vegetal ou animal em que se concentra o estudo;
Geográfico, Enfatiza as relações do homem, tanto no espaço natural quanto no
antrópico, preocupa-se em apresentar aplicações práticas para solução de
problemas ambientais e trabalha em macroescalas temporais e espaciais
dependentes da dimensão do terririo estudado e dos objetivos a serem
atingidos.
Na última década a teoria que fundamenta a ecologia da paisagem vem sendo
utilizada no planejamento ambiental como um caminho integrador dos temas abordados.
Considerado as divergências conceituais e teóricas, os planejamentos podem usar qualquer
uma das abordagens ou até mesmo integrá-las. Os planejadores buscam: interpretar a
paisagem, considerando-a como um mosaico interativo composto por unidades naturais e
antrópicas; traduzir a heterogeneidade e revelar as relações ou processos ativos entre as
unidades (SANTOS, 2004).
A ecologia da paisagem, pela própria variedade de concepções, utiliza diferentes
caminhos metodológicos, mas os principais definem as unidades de paisagem a partir de
avaliações espaciais e utilizam como instrumentos as imagens de sensores remotos. Os
métodos podem ser quantitativos, qualitativos ou preditivos. Apesar das diferenças
inerentes a cada abordagem, para todos os conceitos, a unidade de paisagem é a ntese
dos fatores que a constituem e representa um corpo complexo, função de todos os demais
elementos que compõem o meio” (SANTOS, 2004).
32
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Sobre o dimensionamento, identificação e delimitação de Unidades de Paisagem,
Guerra e Marçal (2006), entendem que pode constituir-se em importante e eficiente
metodologia aplicada aos estudos de planejamento ambiental, na medida em que sua
utilização permite a aplicação de todos e técnicas, necessários a análise da natureza,
proporcionando a sua classificação, diagnostico e prognóstico, importantes ao trabalho de
preservação ambiental.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente em conjunto com Ministério de
Orçamento e Gestão através da secretaria de Qualidade Ambiental nos assentamentos
Humanos e da Secretaria do Patrinio da União construíram uma metodologia de
diagnostico paisagístico para subsidiar a gestão da orla marítima Brasileira, aplicada em
vários municípios brasileiros, inclusive no estado de Sergipe.
O processo de análise proposto por essa metodologia não considera a paisagem
como uma imagem, mas sim como uma estrutura morfológica, cujo entendimento demanda
a divisão em unidades diversas, as quais podem ser ainda subdivididas, permitindo ao
técnico, de um modo simples e rápido, o estabelecimento de juízos de valor. A paisagem
pode ser apreendida como uma totalidade em diferentes escalas de visualização, onde sua
delimitação corresponde, a uma descrição do conjunto estudado, ao mesmo tempo em que
possibilita destacar suas diversas nuances (detalhes) (BRASIL, 2002). Essa metodologia
tem por base os princípios de Ecologia da Paisagem e considera a percepção dos
componentes estruturais da paisagem (manchas, corredores e matrizes) importantes
parâmetros para o diagnóstico desta. Considera a paisagem como estrutura territorial, que
resulta do processo de transformação do ambiente no decorrer do tempo, compondo uma
unidade interpretável e graficamente representável e Unidade de Paisagem como um trecho
com configuração homogênea, caracterizada pela semelhança na disposição e dimensões
dos quatro elementos definidores de paisagem (BRASIL, 2002): suporte físico, padrão de
drenagem, cobertura vegetal, mancha ou tecido urbanizado.
De forma mais pontual, a metodologia em questão considera que a definição de
tipologias de malha urbana cumpre papel importante na caracterização paisagística de uma
33
Capítulo 02 – Referencial Teórico
área e que, a delimitação de suas características morfológico-paisagísticas, de propriedade
e parcelamento do solo, são fundamentais para o diagnóstico. Desta forma define 3
categorias básicas quanto ao uso, dentre elas as malhas urbanas convencionais, que
abrigam formas diversas de uso (habitacional, comercial e de serviços) e/ou,
morfologicamente, podem ser inseridas em duas categorias bastante distintas (BRASIL,
2002):
Normal construída por loteamentos estruturados dentro de padrões regulares de
urbanização, apresentando arruamentos reticulados, orgânicos ou mistos;
Informal constituídas por ocupações informais e que o seguem, os padrões
formais, gerando malhas adensadas e que somente em casos eventuais, contem
arruamentos geométricos.
Para facilitar os trabalhos de diagnóstico paisastico, utiliza-se um conjunto de
elementos gráficos. Cortes e perfis esquemáticos da paisagem representam os cenários
ambientais atuas, desejados e tendências (instrumento usado no planejamento ambiental),
contribuindo com uma melhor integração das informações e visualização dos processos no
eixo vertical, subsidiando dessa forma a seleção de indicadores ambientais (figura 3).
Para Santos (2004), a criação de cenários ambientais é o método que mais
caracteriza e qualifica o planejamento ambiental, é um dos instrumentos que diferencia o
planejamento ambiental dos outros tipos de interpretação das mudanças ocorridas no uso
da terra. As mudanças são refletidas na proporção do tipo de uso da superfície e pela
interpretação do modelo de uso no espaço, em toda a sua complexidade. Os pesquisadores
Odum e Turner (1989) mencionam que a simulação e previsão de mudanças nas paisagens
podem ser proveitosas para a interpretação da qualidade do meio.
34
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Figura 3: Cenários Ambientais elaborados pela autora deste estudo, para o Plano de
Gestão da Orla Marítima do Município de Estância-SE em 2005 (PROJETO ORLA
– MMA/ MPU).
2.3. Paisagem Urbana e Qualidade Ambiental
A paisagem urbana caracteriza-se pelo intenso processo de transformação da
natureza e tem sua estrutura organizada de forma heterogênea, composta por um mosaico
onde predomina os espaços transformados, matrizes impermeáveis, edificadas, em
detrimentos de áreas permeáveis, minorias que se apresentam dispostas em manchas e ou
corredores de áreas vegetadas ou não.
A intensa modificação do meio ambiente natural e de seus elementos constituintes
(água, ar, solo e organismos), advinda das atividades geradas pela urbanização,
comprometem a qualidade ambiental das áreas urbanas e, conseqüentemente, a qualidade
de vida dos seus habitantes.
35
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Entende-se qualidade ambiental como um estado ou condição da área em relação
à influência exercida sobre a qualidade de vida presente e a desejada pela população”
(PROJETO ORLA, 2002).
Segundo Kliass (2002), qualidade ambiental urbana é o predicado do meio urbano
que assegura a vida dos habitantes dentro de padrões de qualidade, tanto nos aspectos
biológicos (condições habitacionais, saneamento urbano, qualidade do ar, conforto
ambiental, condições de trabalho, alimentação, sistemas de transporte), quanto nos
aspectos sócio-culturais (percepção ambiental, preservação do patrimônio natural e
cultural, recreação, educação).
A qualidade ambiental é um paradigma atual dos profissionais do planejamento e
dentro deste paradigma, a incorporação do conhecimento ecológico é considerada como
uma estratégia para se proteger e restaurar os serviços e recursos na natureza (FLORES,
A.; PICKETT, S.T.A.; ZIPPERER, W.C.; POUYAT, R.V.; PIRANI, R., 1998)
Vankanp et al. (2003) afirmam que a identificação da qualidade ambiental urbana é
uma estratégia adotada em vários pses e presente em uma série de publicações
cientificas, mas que, no entanto, os pesquisadores ainda se questionam sobre quais fatores
poderiam determinar de fato a qualidade ambiental.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente MMA (Projeto Orla, 2002) a avaliação
da qualidade do ambiente é feita por meio de determinadas variáveis ou componentes de
maior influencia em um dado momento ou situação e podem ser organizados como
parâmetros ambientais, econômicos e sociais.
Para Nucci ( 2005) o adensamento urbano é um dos responsáveis pela perda da
qualidade ambiental urbana, na medida em que há apenas preocupação com a
disponibilidade de infra-estrutura e de espaço físico, em detrimento da qualidade ambiental
36
Capítulo 02 – Referencial Teórico
e de outras necessidades dos moradores dos centros urbanos, tais como quantidade,
qualidade e distribuição de espaços livres
2
que possam permitir o saudável contato do
cidadão com a natureza, fornecendo também possibilidades de socialização e expressão
cultural. Em seus trabalhos de mapeamento e análise da paisagem urbana, Nucci (1999;
2005) utiliza variáveis como, usos poluidores, verticalização, déficit de espos livres,
desertos florísticos, riscos de enchentes e usos diferentes de residências e espaços livres.
Dentre as variáveis consideradas relevantes para a qualidade ambiental urbana, a
vegetação assume grande importância, principalmente quando se trata de remanescentes do
ecossistema local. Nucci (1999) enumera uma série de benefícios físicos e psíquicos para o
ser humano associados à presença de vegetação, dentre eles:
Estabilização de superfícies;
Obstáculo contra o vento;
Proteção da qualidade de água, pois impedem que os poluentes escorram para
os rios;
Filtra o ar, equilibra o índice de umidade do ar, diminui a poeira;
Reduz o barulho;
Propicia a interação entre as atividades humanas e o meio ambiente;
Protege as nascentes e os mananciais;
Cria abrigo à fauna;
É um componente da organização e composição de espaços no
desenvolvimento das atividades humanas;
É um elemento de valorização visual, ornamental;
Refresca a atmosfera;
Purificação das vias respiratórias;
Função psicológica;
Função recreativa;
Quebra da monotonia das cidades, cores relaxantes, renovação espiritual;
Caracterizam e sinalizam espaços.
2
No contexto urbano tem-se como espaços livres, todas as ruas, praças, tios, quintais, parques, jardins,
terrenos baldios, corredores externos, vilas, vielas e outros mais, por onde as pessoas fluem no seu dia a dia
em direção ao trabalho ao lazer ou à moradia ou ainda exercem atividades especificas tanto de trabalho, como
de lazer” (MACEDO, 1995).
37
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Além dessas funções, as paisagens naturais dão uma oportunidade à prática de
atividades voltadas à educação ambiental, através de um contato mais direto entre o
homem e a natureza. Esta função é fundamental na mudança de valores e percepção dos
moradores urbanos com relação ao meio ambiente.
As áreas naturais urbanas se configuram em centros de estudos de campo que se
realizam na cidade, onde se pode observar plantas e animais, onde se pode estudar a
dinâmica das comunidades, e onde é possível medir as interações dos processos sociais e
urbanos. São laboratórios ao ar livre para o ensino das técnicas de reflorestamento e
silvicultura. Estes bosques urbanos são essenciais para que se possa entender as
características e as funções dos bosques que se encontram mais além da cidade. “A
compreensão dos processos da natureza e a intervenção humana nos lugares conhecidos
são, talvez, as maneiras mais efetivas de despertar o interesse público pelo grande meio
ambiente” (HOUGH, 1998).
Nas cidades o poucos os espaços onde os remanescentes florestais conseguem
sobreviver aos intensos processos de urbanização. Apesar disso, de acordo com Hough
(1998) podem ser encontradas comunidades de plantas que têm permanecido relativamente
inalteradas, bem como alguns animais nativos sobrevivendo a estes processos, na maioria
das vezes pelas dificuldades topográficas, ou outras inconveniências ao uso e ocupação do
solo. Estes lugares são uns dos laços intermináveis entre os processos naturais e urbanos. É
uma pequena oportunidade hisrica e educativa, mas vitalmente importante para a
natureza da cidade.
Atribui-se pouco valor a estas paisagens encontradas nas áreas periféricas das
cidades, nas encostas, nas raras florestas urbanas existentes, ignora-se a grande influência
que essas áreas têm na qualidade ambiental urbana e, conseqüentemente na qualidade de
vida dos seus moradores.
38
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Esses benefícios são ameaçados pelo constante processo de adensamento urbano e
conseqüente destruição dos remanescentes florestais, o que torna cada vez mais necessária
a adoção de instrumentos de proteção para essas áreas. Diante desse cenário que se mostra
crescente, o estabelecimento de Áreas Protegidas
3
tem sido adotado como uma das
principais estratégias para conter o processo de fragmentação e perda, até mesmo em áreas
urbanas, onde existem remanescentes florestais como é o caso da APA Morro do Urubu,
foco desse estudo.
2.4. Unidades de Conservação no Brasil
Para Araújo (2007), a criação de Áreas Protegidas tem como objetivo principal
manter áreas naturais da forma menos alterada possível e é parte vital de qualquer
estratégia para conservação da biodiversidade.
As áreas protegidas, criadas inicialmente com a função de preservar a beleza nica
de paisagens singulares, hoje buscam atender a uma série de finalidades, sejam elas
cienficas, ecológicas, econômicas, ou mesmo estéticas, permitindo, de acordo com os
objetivos de manejo de cada área, a realização de diversas atividades, relacionadas ao uso
direto ou indireto dos recursos naturais.
A Unidade de Conservação é um tipo de área protegida, definida como espaço
territorial com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo poder
público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, à qual se aplica garantia adequada de proteção (BRASIL, 2002).
3
As Áreas Protegidas são áreas de terra e/ou mar com o objetivo de proteger e manter a diversidade
biológica, recursos naturais e culturais, manejados por meio de instrumentos legais ou outros meios efetivos
(BRASIL, 2002). São consideradas áreas protegidas: Unidades de Conservação, Áreas Indígenas,
Quilombolas, Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Áreas de Reserva Legal (RLs), Reservas da
Biosfera.
39
Capítulo 02 – Referencial Teórico
No Brasil o Sistema Nacional de Conservação da Natureza instituído em 18 de
julho de 2000, pela lei 9.985, é o documento que consolida a estrutura normativa relativa
às Unidades de Conservação e estabelece critérios e normas para sua criação, implantação
e gestão.
São rios os objetivos que impulsionam a criação de unidades de conservação:
manutenção da biodiversidade; proteção de bancos genéticos; acompanhamento de
alterações ambientais; proteção de recursos hídricos; proteção de paisagens; condução de
atividades de educação ambiental; desenvolvimento de pesquisas; proteção de área
particular; proteção de áreas naturais para o futuro (MILANO, 2006).
A depender dos objetivos que pretendem alcançar, as Unidades podem se enquadrar
em uma das duas categorias previstas em lei: Unidades de Proteção Integral ou Unidades
de Uso Sustentável. As primeiras têm como objetivo básico à preservação da natureza,
permitindo-se apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção nos casos
previstos na lei. Já as de uso sustentável, objetivam compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais (BRASIL, 2004).
São cinco as Unidades de Proteção Integral: Reserva Biológica; Parque Nacional;
Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre. As sete Unidades de Uso Sustentável
são: Área de Proteção Ambiental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Reserva de
Desenvolvimento Sustentável; Reserva Particular do Patrimônio Nacional; Floresta
Nacional; Reserva Extrativista e Reserva da Fauna. Os diferentes tipos de unidade buscam
atender as diversas situações ocorrentes no Brasil quanto à ocupação e ao uso dos recursos
naturais, dotando essas áreas de uma política ambiental adequada à realidade local,
contribuindo dessa forma com uma gestão eficiente. Dessa forma, definir corretamente o
tipo de Unidade de Conservação para determinado local é uma etapa importante no
processo de planejamento e gestão.
40
Capítulo 02 – Referencial Teórico
A Área de Proteção Ambiental é um tipo de Unidade de Uso Sustentável que tem
por objetivo proteger a biodiversidade, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade dos recursos naturais. Caracteriza-se por abranger grandes áreas, com
certo grau de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos estéticos ou
culturais, com especial importância para a qualidade de vida e o bem estar das populações
humanas. Nas APAs podem existir áreas de domínio público e privado, e é possível a
realização de diversas atividades, desde que estejam em harmonia com os objetivos
específicos de cada APA, definidos no plano de manejo (BRASIL, 2004).
Para Cabral (2005), a APA é um instrumento da política ambiental interessante do
ponto de vista socioeconômico, por se caracterizar como área de desenvolvimento
sustenvel. Por outro lado, e também por esse aspecto, torna-se de difícil implementação
que muitas vezes os interesses econômicos e privados dos atores sociais divergem dos
objetivos de conservação da área. Dessa forma, estabelecer limites de uso dos recursos
naturais, ordenar a ocupação através de zoneamentos, definir parâmetros apoiados nos
objetivos conservacionistas da área para o licenciamento de empreendimentos, são ações
de planejamento imprescindíveis e que devem estar apoiadas num entendimento a respeito
das peculiaridades do território ambientais, sociais, culturais e econômicas – e no
objetivo de criação da Unidade.
O planejamento de Unidades de Conservação configura-se como parte importante
no processo de gestão das UCs, conduzindo o desenvolvimento de atividades econômicas,
sociais e de pesquisa, de forma compatível com a conservação ambiental da área. Trata-se
de um Planejamento Ambiental na medida em que apresenta um enfoque essencialmente
ligado à conservação dos elementos naturais e a qualidade de vida do homem (SANTOS,
2004).
A lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que estabelece o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação SNUC, contribui para o avanço do processo de planejamento
de Unidades de Conservação brasileiras, na medida em que determina que as UC`s devem
dispor de Plano de Manejo específico (artigo 27) para orientar as atividades a serem
41
Capítulo 02 – Referencial Teórico
desenvolvidas. Segundo essa Lei Federal, Plano de Manejo é definido como documento
técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de
Conservação, se estabelece o seu zoneamento, e as normas que devem presidir o uso da
área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias à gestão da unidade” (BRASIL, 2004).
Com relação ao processo de gestão, Araújo (2007) defende que as unidades passem
a ser geridas como organizações utilizando-se as mais modernas tecnologias de
gerenciamento. “De acordo com a abordagem sistêmica, qualquer organização, seja ela
uma escola, um posto de saúde ou uma Unidade de Conservação, é considerada um sistema
aberto e dinâmico em constante interação com o seu ambiente” (ARAÚJO, 2007).
A Avaliação da Efetividade da Gestão de UCs configura-se como uma importante
ferramenta de gestão. Araújo (2007) aponta algumas contribuições obtidas com a avaliação
das UCs, dentre elas: identificar áreas sob maior ameaça de degradação; identificar
oportunidades para a melhoria gerencial nas UCs individuais e no sistema como um todo; e
auxiliar na priorização de esforços e investimentos para a conservação.
Avaliar e Monitorar Unidades de Conservação são temas que aparecem em 1982,
no III Congresso mundial de áreas protegidas e são retomados em 1992, na IV edição desse
evento. Os diversos trabalhos realizados sobre esta temática, a partir de então, contribuíram
para uma melhor percepção a respeito dos processos de avaliação e monitoramento da
gestão de UCs, e sobre a necessidade de procedimentos metodológicos adequados e
provados em campo, o que fomentou varias pesquisas (FARIA, 2007).
Segundo Faria (2007), desde então os indicadores e escalas usados para a valoração
quantitativa passaram a ser bem mais considerados nos processos de avaliação da gestão,
se contrapondo aos informes técnicos volumosos, com informações pouco sistematizadas e
não pontuais.
42
Capítulo 02 – Referencial Teórico
O Manual Medición de La Efectividad Del Manejo de Áreas Protegidas EMAP –
é uma metodologia de origem brasileira, que foi desenvolvida e aplicada por pesquisadores
da America Latina e que tem os seguintes princípios e passos básicos (FARIA, 2007):
O Manual Medición de La Efectividad Del Manejo de Áreas Protegidas - EMAP,
conforme Faria (2007), é uma metodologia de origem brasileira que foi desenvolvida e
aplicada por pesquisadores da America Latina e que propõe os seguintes princípios e
passos básicos:
1. Uso de indicadores, selecionados de acordo com os objetivos de gestão das
UCs. São selecionados indicadores em diferentes âmbitos, dentre eles
administração, planejamento, político-legal, qualidade de recursos,
conhecimentos e manejo florestal;
2. Definição de cenários para cada indicador: um cenário ideal e um cenário
que revele a situação encontrada. Articulação dos cenários, de forma a obter
diferentes padrões de qualidade, cenários que possam ocorrer em campo.
No Brasil, entre 2005 e 2006 o IBAMA em conjunto com a WWF-Brasil, analisou
a efetividade da gestão de 246 unidades de conservão (86 % das unidades federais) - 116
pertencentes ao grupo de proteção integral e 130 ao grupo de uso sustentável - cobrindo
todos os biomas e estados brasileiros. Como resultado observou-se que a maior parte das
UCs Brasileiras (51%) apresenta baixa efetividade de gestão, 36% efetividade média, 13%
apresentam alta efetividade de gestão. (BRASIL, 2007).
Além dessas conclusões globais, outros resultados sobre as UCs Brasileiras
revelam-se significativos para este estudo (BRASIL, 2007):
43
Capítulo 02 – Referencial Teórico
A facilidade de acesso inerente às categorias Área de Proteção Ambiental, Área de
Relevante Interesse Ecológico, Reserva Extrativista e Reserva de Desenvolvimento
Sustentável favorece o desenvolvimento de atividades ilegais;
Há dificuldades de contratação e manutenção de funcionários e há grande demanda
por recursos vulneráveis e de alto valor de mercado;
As dificuldades de monitoramento das atividades ilegais são comuns a maior parte
das Unidades de Conservão analisadas e a baixa aplicação das leis aparece em
três delas;
Caça, presença de espécies exóticas invasoras, influências externas e impactos
negativos, decorrentes da presença humana, foram consideradas pressões e ameaças
mais críticas e freqüentes, com maior crescimento nos últimos anos e maior
probabilidade de ocorrência nos próximos anos em três dos cinco grupos de
unidades de conservação analisados;
A expansão urbana é o fator mais preocupante para os gestores de Áreas de
Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Reservas
Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável;
A conversão da vegetação nativa para usos econômicos é o fator que mais traz
preocupação aos gestores de Parques Nacionais, Refúgios de Vida Silvestre, Áreas
de Proteção Ambiental e Áreas de Relevante Interesse Ecológico;
Como impacto extremamente crítico, que abrange todos os parâmetros de análise
em sua mais alta intensidade, a extração de madeira é bastante destacada em
Florestas Nacionais e a construção de infra-estrutura e a disposição de resíduos em
Áreas de Proteção Ambiental e Áreas de Relevante Interesse Ecológico, categorias
que, em muitas situações, abrangem zonas urbanas.
A análise da efetividade de gestão das UCs federais mostrou os principais desafios
no cenário nacional de UCs. Revela a dificuldade maior na gestão de Áreas de Uso
Sustentável e os principais motivos deste padrão.
44
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Essa pesquisa sobre as UCs Brasileiras colabora não na análise e tomada de
decisão para o Sistema como um todo, mas com a adoção de estratégias locais, à medida
que algumas dificuldades e padrões de uso se repetem considerando as diferentes
categorias de Unidades de Conservação. Além de ter em mente o cenário geral em que se
localiza a UC, o planejamento de uma Unidade de Conservação deve ser fundamentado em
amplo conhecimento sobre o Cenário local em seus mais diferentes aspectos.
2.5. APA Morro do Urubu
A APA Morro do Urubu foi criada em 1993, na cidade litorânea de Aracaju SE,
no bairro Porto Dantas, norte da Cidade. De acordo com o Diagnóstico Ambiental,
elaborado em 2004, a APA abrange uma região onde originalmente predominava a Mata
Atlântica - Floresta Mesófila Decídua e Floresta Mesófila Semidecídua e seus ecossistemas
associados, além de enclaves de Cerrado. A natureza geológica dos terrenos de
características do grupo barreiras, com diversidade de textura e baixo grau de coesão
caracterizam a elevação topográfica do Moro do Urubu que possui média topográfica
variando entre 40 e 50m.
A Unidade de Conservação foi criada na década de noventa pelo governo do estado,
como medida para proteger as manchas de Mata Atlântica características da paisagem,
ampliando o espo já anteriormente protegido pelo Parque Urbano José Rollemberg Leite
(Parque da Cidade). De acordo com Silva (2004) a crião da APA está relacionada com a
situação de atratividade sobre migrantes que Aracaju viveu nas décadas de oitenta e
noventa, aliado ao déficit habitacional, que contribuiu com a ocupação irregular do Morro
do Urubu em suas encostas, causando sérios problemas de desmoronamento. Isso graças à
natureza dos solos, que devido as suas características, reagem mecanicamente às
intervenções por escavação ou remoção da cobertura vegetal, com a queda da resistência à
eroo superficial.
A Paisagem antrópica do Porto Dantas até 1975 caracterizava-se pela presea de
sítios com atividades agrícolas e salinas. A partir dessa data, com a construção da Av.
45
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Euclides Figueiredo surgiu primeiro loteamento iniciando-se o processo de urbanização.
No período de 1979 a 1993, oitenta e seis hectares da mata, ou seja, 40% da área da
Unidade de Conservação foram devastados principalmente pela pressão urbana que se
intensifica a partir da década de 90 com a construção da segunda ponte ligando a capital ao
município de Nossa Senhora do Socorro, quando surgiram os assentamentos subnormais
do Coqueiral (PINTO, 2008).
Nos bairros considerados como Zona de Influência da APA pelo Plano de Manejo
elaborado em 2005, a população aumentou 11% de 1996 ao ano de 2000. no Porto
Dantas a população duplicou neste mesmo período, como se verifica na tabela 01.
Tabela 01
População nos anos 1996 e 2000 e densidade demogfica do ano 2000 da Área de
Influência da APA Morro do Urubu- Aracaju (SE)
Bairros de Aracaju População
Residente
(1996)
População
Residente
(
2000)
Área (Km²)
Densidade
Demográfica
(2000)
Cidade Nova 20.223 22.305 2,1826 10.219,28
Industrial 15.145 16.239 1,6187 10.032,31
Palestina 4.215 4.287 0,3244 13.213,41
Porto Dantas 3.464 6.941 7,7847 891,62
Santo Annio 12.177 12.193 1,3659 8.926,85
TOTAL
55.224 61.965 13.279 4.666,39
Fonte: SEPLAN/ PMA, 2006
A urbanização modifica a dinâmica da paisagem da APA, não com relação à
devastação das matas, mas também com a substituição de áreas agrícolas por casas, ruas e
loteamentos. Segundo Silva (2002), das quarenta e duas famílias de agricultores
cadastradas na década de oitenta, sobram apenas vinte e três.
46
Capítulo 02 – Referencial Teórico
O diagnóstico da APA elaborado pela Cooperativa de Trabalhadores
Ambientalistas COOTRAM (2004)
4
, reflete um cenário histórico de degradação pela
qual o Morro do Urubu foi submetido principalmente a partir da década de 90,
distinguindo os seguintes ecossistemas:
Mata atlântica - floresta Mesófila Decídua e Floresta Mesófila Semidecídua
- e seus ecossistemas associados, além de enclaves de cerrado em pontos
localizados no morro. Apresenta-se em estágio médio de regeneração, numa
área de 54,61ha, o que equivale a 32,64% da APA. As espécies mais
significativas o: Syagrus Coronata (ouricuri), Tapirira guianenses (pau
pombo), Apeiba tibourbou (pau de jangada), Cecropia Pachistachia
(umbaúba) e Cupania revoluta (cabotã);
Cerrado
5
, classificado como Cerrado Arbustivo, ocupa uma área de 18,87ha
representando 11,28% da APA. Predominam as espécies: Curatella
americana (sambaiba), Anacardium ocidentalle (cajueiro) Hirtella
racemosa (azeitona da mata), Casearia sylvestris (camarão) e Vismia
guianensis (lacre).
Pastagens, distribuídas em pequenas glebas, onde se faz pequenos criatórios
familiares de gado bovino e eqüino, com extensão de 0,81ha, representando
0,48 % da APA.
Pomares, ocupando áreas do parque que representa 13,2% da APA e dos
quintais das casas.
Lagoas, com uso em recreação e dessedentação animal, apresentam grau de
antropização e poluição elevados.
No que diz respeito à fauna, o diagnóstico revela a presença de apenas 40 espécies,
onde predominam as de Valência ecológica, onívoras, de pequeno porte e sinântropas.
Sobre a flora, o levantamento mostra a pequena variabilidade florística para a Mata
Atlântica, sendo encontradas apenas 59 espécies nativas do ecossistema.
4
Diagnóstico realizado como ação para a elaboração do Plano de Manejo da APA Morro do Urubu, sob a
coordenação da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de Sergipe (SEMA) em 2004.
5
É importante destacar que o diagstico realizado pela COOTRAM aponta a existência do ecossistema
cerrado, apesar de este não ser característico da região em que se insere a APA.
47
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Sobre o uso do solo, Silva (2002) definiu as seguintes categorias:
Roças com culturas alimentares – ocupam as encostas sul e sudeste do
Morro do Urubu, em torno do Parque da Cidade, atividade levada por
moradores das redondezas que exploram culturas temporárias em terrenos
de sua propriedade. Roças de capim e cana-de-açúcar compõem também
essa categoria;
Malha urbana/área urbana em processo de ocupação ou de urbanização
planejada constituída por loteamentos localizados no lado oeste do Morro
do Urubu;
Ocupação irregular por moradia de baixa renda ocupação irregular do
Coqueiral, realizada pela invasão da propriedade privada conhecida como
Coqueiral.
Estrutura de lazer do Parque da Cidade sede para a administração do
mesmo, restaurante, instalações para a Polícia Militar, zoológico, lagoas,
quadras e estruturas de lazer.
Em conseqüência dos conflitos de uso e ocupação do solo e das perdas de
remanescentes de Mata Atlântica (não no Morro do Urubu, mas também em outras
localidades do Estado) foi criado em 2000 o ComiEstadual da Reserva Biosfera da Mata
AtlânticaRBMA (decreto 18.638, de 21/02/2000), com o dever de proteger no Estado de
Sergipe as áreas elevadas a tal categoria, da qual o Morro do Urubu faz parte. São missões
e funções da RBMA a conservação da biodiversidade, a promoção do desenvolvimento
sustenvel, o fomento a pesquisa e a educação ambiental.
Em 2004, o órgão responsável por sua gestão, inicia o processo de planejamento da
APA com a elaboração do plano de manejo e zoneamento. No mesmo ano, houve uma
tentativa para implantação de conselho gestor, mas não obteve êxito. Desde então, não
foram realizadas mais atividades articuladas ao plano elaborado.
48
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Atualmente o órgão responsável pela sua gestão é a Secretaria de Estado do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos SEMARH/SE, por meio da Superintendência de
Biodiversidade e Floresta. Apesar dos instrumentos legais de conservação ambiental e de
planejamento, a área sofre com a ocupação e uso desordenado dos seus recursos. De
acordo com diagnóstico ambiental da APA, o processo de degradação da mata nativa,
resultado principalmente de invasões, construções e urbanização de favelas, tem
descaracterizado a vegetação no Morro do Urubu.
Ainda segundo o diagnóstico ambiental, os remanescentes de Mata Atlântica e de
Cerrado, localizados nesta APA, continuarão com sua função ecológica comprometida, não
havendo um programa de ampliação dos remanescentes, pois possuem área insuficiente
para a manutenção de populações animais mais exigentes, além do que, o isolamento
impossibilita a dispersão e migração de novas espécies vegetais.
Os problemas e conflitos que caracterizam a APA Morro do Urubu seguem os
mesmos padrões encontrados na maior parte das Unidades de Conservação Brasileiras,
identificados a partir da pesquisa sobre efetividade de gestão, realizada pelo MMA (ver
tópico 2.4). A simples criação da APA não impediu que a área sofresse com os processos
de ocupação, responsáveis pela degradação cumulativa de suas paisagens naturais. A
história dessa Unidade de Conservação se confunde com a história de degradação do
Morro do Urubu, o que demonstra a pouca valia da criação de instrumentos isolados de
gestão territorial, contribuindo apenas com o enfraquecimento do Sistema de Unidade de
Conservação Brasileiro e com a crença errônea de que a categoria Área de Proteção
Ambiental- APA não colabora efetivamente com a conservação ambiental.
2.6. Indicadores Ambientais
Os indicadores são instrumentos de planejamento, amplamente utilizados em
diversas áreas do conhecimento. Para Santos (2004), são fundamentais para tomadores de
decisão e para a sociedade, pois permite tanto criar cenários sobre o estado do meio quanto
aferir ou acompanhar os resultados de uma decisão tomada.
49
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Dada a complexidade das inter-relações entre os fatores que contribuem para a
qualidade ambiental, o uso de indicadores ambientais torna-se uma ferramenta importante
na tomada de decies de planejamento e gestão da paisagem. Isso por que, pode ajudar,
entre outras coisas, a sintetizar e analisar grandes quantidades de informação técnica, a
tomar medidas e ações sobre temas prioritários, a identificar problemas e áreas de ação, a
fixar objetivos e metas de desenvolvimento ou de qualidade ambiental, e a medir e
comunicar sobre as tendências, evolução e condição do meio ambiente e dos recursos
naturais (WINOGRAD,1996).
Segundo Winograd (1996), os indicadores ambientais nos permitem observar a
situação do meio ambiente, o impacto e as conseqüências dos processos de
desenvolvimento sobre os recursos naturais, as funções ecológicas e as inter-relações entre
os diversos fatores do desenvolvimento. São ferramentais indispensáveis para a definição e
continuidade de políticas, ões e estratégias que conduzam a um desenvolvimento
sustenvel.
Para Santos (2004), Indicadores Ambientais são parâmetros ou funções derivadas
deles, que tem a capacidade de descrever um estado ou uma resposta dos fenômenos que
ocorrem em um meio. De igual modo, a Agência de Proteção Ambiental, EPA (1995),
define Indicadores Ambientais como parâmetros ou valores derivados dos parâmetros, que
provê informação relevante sobre variáveis definidas a cerca de padrões e tendências do
estado do meio ambiente, atividades humanas que afetam ou são afetadas pelo meio
ambiente, ou por relações entre variáveis.
Diversos autores enfatizam a importância da construção de um modelo para
classificar e sistematizar conjuntos de indicadores, que seja capaz de representar relações
de causa e efeito (SANTOS, 2004). Para Serra (2002), dentre os diversos modelos
existentes para a elaboração de indicadores ambientais, o conhecido como Pressão
Impacto - Resposta, criado pela organização para a cooperação e desenvolvimento
econômico (OCDE) é um dos mais aceitos, devido a sua simplicidade, facilidade de uso e
possibilidade de aplicação em diferentes níveis, escalas e atividades humanas.
50
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Com base neste modelo, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) construiu o modelo PEI/ER (Pressão Estado Impacto Resposta e
Prospectivos), para a seleção de indicadores ambientais ou de sustentabilidade.
A matriz PEI/ER é um instrumento analítico que permite organizar e agrupar de
maneira lógica os fatores que incidem sobre o meio ambiente, os efeitos que as ações
humanas produzem nos ecossistemas e recursos naturais, o impacto que isto gera na
natureza e na saúde humana, assim como as interveões da sociedade e do poder público
(GUIMARÃES, HOLANDA E ROCHA, 2006).
Para Winograd (1996), a ampliação das categorias de informação de PER (Pressão
– Estado Resposta) para PE/IR (Pressão- Estado Impacto Resposta) responde a
necessidade de determinar o tipo e a natureza das relações sociedade meio ambiente.
A primeira categoria refere-se às pressões (diretas ou indiretas) sobre o meio
ambiente conseqüência das interações sociedade-natureza. A segunda se relaciona com a
condição ou estado conduzidos pelas pressões sobre o meio ambiente. A terceira categoria
se relaciona com os efeitos e impactos das interações sociedade-natureza, resultante das
pressões e do estado do meio ambiente. A quarta categoria refere-se a ações que a
sociedade gera como resposta às pressões, estado e efeito sobre o meio ambiente. A quinta
e ultima categoria refere-se aos indicadores prospectivos utilizados para decidir e antecipar
as mudanças possíveis de maneira a ajudar a identificar as possíveis pressões, estados,
efeitos, impactos e respostas em função de cenários alternativos (WINOGRAD, 1996).
Para o desenvolvimento dessas ferramentas, tecnicamente, deve-se proceder em
etapas sucessivas, definindo-se os níveis e escalas a serem analisados, avaliando e
identificando as relações causais dos problemas de desenvolvimento e meio ambiente e
finalmente definindo valores de referência” (WINOGRAD, 1996).
51
Capítulo 02 – Referencial Teórico
Para Santos (2004), em planejamento ambiental, a qualidade de um indicador
ambiental, mede-se por meio de um conjunto de características que demonstram a sua
relevância, confiabilidade, mensurabilidade, tempo de resposta ao estimulo, integridade,
estabilidade, solidez, relação com as prioridades de planejamento, utilidade para o usuário,
eficiência e eficácia.
Para Winograd (1996), existe um conjunto de critérios de seleção enquadrado em
três grupos básicos: 1- confiabilidade dos dados; 2- relação com os problemas e
prioridades; 3- utilidade para o usuário (quadro 01).
Quadro 01
Principais critérios de seleção e requerimentos para a elaboração de indicadores*.
Confiabilidade dos dados
Relação com os problemas
Utilidade para o usuário
Validade cient
ifica
Medição
Representatividade
Conveniência de escalas
Aplicabilidade
Não redundância
Disponibilidade Cobertura geográfica Compreensível e Interpretável
Qualidade Sensibilidade a mudanças Valor de referência
Custo/eficiência de obtenção
Especificidade Retrospectivo e Preditivo
Series temporais
Acessibilidade
Conexão Comparabilidade
Oportunidade
Fonte: EPA (1995)
Nota*: Tradução de responsabilidade de autora deste estudo.
Para que os indicadores possam auxiliar no processo de planejamento ambiental,
objetivando a melhoria da qualidade ambiental de determinado local, é imprescindível que
reflitam a realidade ambiental trabalhada, seus problemas, conflitos e potencialidades.
CAPÍTULO 03
MATERIAIS E MÉTODOS
53
Capítulo 03 – Materiais e Métodos
3.0. Materiais e Métodos
3.1. Localização da área de estudo
Abrangendo uma área de 2,1387 Km2, a APA Morro do Urubu situa-se na porção
norte de Aracaju - SE ( nos limites com o município de Nossa Senhora do Socorro), no
bairro Porto Dantas (área de 7,7847Km2), e faz vizinhança com o Bairro Industrial e
Santo Antônio. Seu acesso principal é feito pela Av. Euclides Figueiredo, tanto para que
vem do Centro da Cidade, quanto por quem vem do município de Nossa Senhora do
Socorro pela ponte do Rio do Sal, que liga os dois municípios (figura 04). A cidade
litorânea de Aracaju ocupa uma área de 181,8 Km² e conta atualmente com uma população
de 460.898 habitantes, e densidade demográfica de 2.535,19 hab/km² (Aracaju, 2006).
Figura 04: Localização da APA Morro do Urubu – Aracaju/SE
Fonte: Base cartográfica ARACAJU (2004), adaptado pela autora deste estudo.
54
Capítulo 03 – Materiais e Métodos
3.2. Coleta e análise dos dados
Segundo Winograd (1996), para a seleção de indicadores ambientais deve-se
proceder em etapas sucessivas, definindo-se os níveis e escalas de trabalho, analisando-se e
identificando-se as relações de casualidade dos problemas de desenvolvimento e meio
ambiente.
Considerando-se essas observações, dividiu-se a pesquisa em três etapas. A
primeira diz respeito à caracterização da paisagem da APA Morro do Urubu, a segunda à
definição de parâmetros de qualidade ambiental para a APA e a terceira à seleção de
indicadores de qualidade ambiental.
3.2.1. Caracterização Paisagística da APA Morro do Urubu
Neste trabalho considera-se paisagem como resultado estético de uma imagem que
provem da ação de componentes antrópicos (FORMAM e GODRON, 1986) analisada,
também como recurso, mas, principalmente considerando seu caráter de síntese do
território.
Para a caracterização paisagística da APA Morro do Urubu, adaptou-se a
metodologia do Projeto Orla, desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em
parceria com o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MP) em 2002. Essa
metodologia foi desenvolvida para trabalhar áreas cuja gestão envolva um olhar de detalhe
e ações bem localizadas e propõe que a análise da paisagem seja realizada por meio de uma
identificação visual dos processos que ali ocorrem. A observação em campo é o
procedimento básico de investigação, que complementa o trabalho realizado em gabinete, a
partir de dados empíricos. A escala de análise utilizada é aquela possível ao pedestre ou ao
motorista, considerando a homogeneidade morfológica como um parâmetro de identidade
(PROJETO ORLA, 2002).
55
Capítulo 03 – Materiais e Métodos
A APA Morro do Urubu foi estudada inicialmente como um todo, no intuito de
compreendê-la no contexto urbano, a partir da interpretação de ortofoto mosaico da cidade
de Aracaju, obtida através de cobertura aerofotogramétrica na escala 1:5000 (ARACAJU,
2004) e da análise do Plano Diretor da cidade, buscando-se um entendimento a respeito da
sua função urbana; e no contexto local (Área da APA), dividida em Unidades de Paisagem
segundo a metodologia adaptada, ou seja, considerando a disposição e dimensão similares
de três elementos definidores da paisagem:
Suporte físico. Elemento definidor das características gerais, tanto dos
assentamentos urbanos como da cobertura vegetal, podendo ou não, constituir um
elemento significativo de percepção;
Cobertura vegetal. Considera a cobertura vegetal tanto nativa como introduzida.
Constitui entre os três primeiros elementos, o mais facilmente percebido por todos,
independente da situação geográfica em que está inserido;
Mancha ou tecido urbanizado. Estruturas criadas para abrigar as atividades sociais,
da forma concentrada como cidades. Associa-se sempre a sua existência a
transformação, em maior ou menor escala, dos demais elementos paisagísticos e
ambientais.
Para a definição e análise das Unidades de Paisagem, além da identificação visual
dos processos foram realizadas análises do plano de manejo e interpretação da base
cartográfica digital de Aracaju na escala 1:1000 (ARACAJU, 2004). Para o cruzamento
das informações referentes aos elementos definidores da paisagem, utilizou-se o Mapa
Ambiental da APA (2004), em formato CAD, onde constam informações sobre: vegetação,
mancha urbana, cotas topográficas, infra-estrutura e propriedades. Para essa análise
utilizou-se o software AutoCAD 2008. Depois de definidas, as unidades de paisagem
foram interpretadas, uma a uma, a partir de visitas a campo, onde se utilizou máquina
fotográfica digital para o registro de eventos; Roteiros de entrevistas (Anexo I) aplicados a
funcionários de órgãos envolvidos com o planejamento da área: EMDAGRO, SEMARH E
SEPLAN. Além disso, utilizou-se a ferramenta de Diagnóstico pido Participativo
(Realidade-Desejo) com um grupo de 14 jovens moradores do Porto Dantas (anexo II).
56
Capítulo 03 – Materiais e Métodos
No intuito de facilitar o entendimento da metodologia utilizada, elaborou-se quadro
com as etapas do processo (quadro 02):
Quadro 02
Etapas da Caracterização da Paisagem da APA Morro do Urubu – Aracaju-SE
Etapas Foco de estudo Coleta de
dados em
campo
Dados secundários Produto
Diagnóstico paisagístico da
APA
APA no contexto
urbano;
Características
gerais, legais,
paisagísticas e
socioeconômicas.
Visita a campo
Entrevista
SEPLAN
(municipal)
Ortofoto mosaico- 1:5000
Fotografias aéreas –
1:25.000,
Mapa de uso do solo de
Aracaju
Plano diretor da cidade de
Aracaju,
Plano de manejo APA,
Diagnóstico ambiental
APA;
Zoneamento urbano de
Aracaju;
Identificação da
função ambiental
urbana da APA;
Descrição geral
das características
da APA;
Seleção de unidades
de paisagem
APA no contexto
local: suporte
físico; estrutura;
padrão de
drenagem,
cobertura vegetal
e mancha urbana.
Confirmação em
campo dos
limites definidos
a partir de dados
secundários.
Ortofoto 1:5000
Fotografia aérea – 1:25.000,
Mapa ambiental da APA;
zoneamento da APA;
Mapa com as
unidades de
paisagem da APA
Morro do Urubu;
Tabela explicativa,
com as
características
definidoras.
Caracterização de
unidades de paisagem
Características
paisagísticas; e
impactos
socioambientais
de cada uma das
unidades de
paisagem .
Registros
fotográficos;
Entrevistas aos
principais atores
sociais;
Utilização de
roteiro de campo
para coleta de
dados;
DRP com os
Atores sociais da
APA
Fotografias aéreas –
1:25.000,
Mapa ambiental da APA;
Zoneamento da APA;
Plano de manejo da APA;
Projeto de recuperação do
parque da cidade;
Projeto de urbanização do
coqueiral
Teses e dissertações
desenvolvidas sobre a área
de estudo
Levantamento
fotográfico;
impactos
socioambientais;
Descrição das
unidades
Fonte - Informações organizadas pela autora deste estudo (2008).
57
Capítulo 03 – Materiais e Métodos
3.2.2. Definição de parâmetros e Cenários de Qualidade Ambiental para a APA
Morro do Urubu
Na medida em que a qualidade ambiental é um objetivo a ser alcançado, tornou-se
necessário definir parâmetros de qualidade ambiental para a APA Morro do Urubu. Para
tanto utilizou-se como base a metodologia do Projeto orla (2002), que leva em conta a
compatibilização entre as formas de uso, ocupação, exploração dos recursos naturais e a
qualidade ambiental da área. Adotaram-se parâmetros, ou descritores de qualidade
ambiental, que expressam essas situações, sob os aspectos ecológicos, sociais e
econômicos. Selecionaram-se variáveis ou componentes de maior influência em um dado
momento ou situação no que se refere à condição do ambiente. Com base nos parâmetros
de qualidade ambiental definidos, foram construídos cenários de qualidade ambiental para
a APA. A partir de cortes abrangendo todas as unidades de paisagem, foram elaborados
perfis esquemáticos representativos da situação atual, tendência e situação desejada para a
APA Morro do Urubu (figura 05).
Figura 05: Etapas de estudo para a definição de parâmetros e cenários de qualidade
ambiental para a APA Morro do Urubu Aracaju-SE
Fonte: Adaptado pela autora deste estudo (2008), com base em BRASIL (2002)
58
Capítulo 03 – Materiais e Métodos
3.2.3. Seleção de indicadores ambientais para a APA Morro do Urubu
De posse das informações obtidas com a caracterização da paisagem e utilizando a
matriz Preso Estado Impacto– Resposta (PEI/ER) foram selecionados indicadores
ambientais para a APA. Essa matriz foi adaptada pelo Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (Winograd, 1996), a partir da metodologia Pressão/Estado/Resposta (PER)
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Na matriz PEI/ER, a Pressão é o conjunto dos elementos que orientaram a escolha
do Sistema APA do Morro do Urubu; o Estado é como a APA se encontra; o Impacto é
produto da ação humana sobre o sistema e vice-versa; a Resposta o ações que são
realizadas para solucionar os problemas ambientais na APA e as que podem ser feitas para
a melhoria da qualidade ambiental da APA (WINOGRAD, 1996).
CAPÍTULO 04
RESULTADOS E DISCUSSÃO
60
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. A APA Morro do Urubu no Contexto do Planejamento Urbano
A cidade de Aracaju, capital de Sergipe, foi construída sobre a planície fluvio-
marinha, num processo que se caracterizou pela derrubada de mangues e restingas, pelo
aterro de canais e baixios inundáveis e pela retificação da margem do rio Sergipe
(PROJETO ORLA, 2002). No que diz respeito à tipologia da malha urbana, que se
sobrepôs a custo de grandes aterros aos ecossistemas litorâneos, em Aracaju predomina a
malha urbana convencional, normal, com formas diversas de uso, loteamentos estruturados
dentro de padrões regulares de ocupação, apresentando em sua grande parte arruamentos
reticulados, frutos do traçado urbano projetado pelo Engenheiro Basílio Pirro, em forma de
tabuleiro de xadrez.
Segundo França (1999), nos últimos quarenta anos Aracaju passou por um rápido
crescimento, com a ocupação de suas áreas periféricas e expansão sobre os municípios
vizinhos resultando num processo de metropolização, acompanhado pela formação de
assentamentos subnormais e pela degradação ambiental com a ocupação em áreas de
fragilidade ambiental, áreas de preservação permanente, e remanescentes florestais, a
exemplo do que vem ocorrendo nas encostas do Morro do Urubu.
O Morro do Urubu constitui-se em área singular no meio urbano, tanto pela
topografia que se diferencia da paisagem predominante, quanto pela presença do último
remanescente do ecossistema de Mata Atlântica no município (Figura 06). Além de se
constituir em área de grande importância ambiental, o potencial para o lazer em contato a
natureza tem seu destaque, à medida que dentro dos seus limites localiza-se o Parque José
Rollemberg Leite (Parque da Cidade), um dos três parques urbanos, existentes no
município.
61
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
6
6
6
6
1
1
4
5
2G
2E
2C
2D
1
2B
2A
1
3
2
2
2
4
3
3
2
1
1
1
1
1
Parque José Rolemberg Leite
Parque Augusto Franco
(Parque da Cidade)
Parque Gov.Albano Franco
APA Morro do Urubu
Figura 06: Situação dos parques urbanos de Aracaju-SE.
Fonte: Base cartográfica SEPLAN (2005), adaptado pela autora deste estudo (2008).
Apesar da sua importância ecológica, no Plano Diretor da Cidade de Aracaju
elaborado em 2005, a APA Morro do Urubu não está enquadrada entre as áreas de Especial
Interesse Ecológico (AEIEs) (figura 7), mas sim como Zona de Adensamento Básico-
ZAB, ou seja, “Zonas que apresentam potencial de urbanização, porém com “déficit” de
infra-estrutura, sistema viário, transporte, comércio e serviços” (ARACAJU, 2001) (figura
8).
N
62
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 07: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju – Áreas de Interesse
Ambiental.
Fonte: Base cartográfica SEPLAN (2005), adaptação pela autora deste estudo (2008)
APA MORRO
DO URUBU
63
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 08: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju – Zoneamento
Urbano.
Fonte: Base cartográfica SEPLAN (2005), adaptado pela autora deste estudo( 2008).
APA MORRO
DO URUBU
64
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Embora se trate de uma Unidade de Uso Sustentável, admitindo legalmente
diversos usos e, evidentemente, o ordenamento das ocupações e atividades, o fato da área
não estar entre as AEIEs, reforça a idéia de que para o município a área apresenta mais
potencial para a urbanização, do que para a conservação ambiental.
Essa situação demonstra a falta de compatibilidade entre as políticas estaduais e
municipais e o comprometimento do alcance dos objetivos conservacionistas da APA, ou
seja, da permanência desse importante remanescente de Mata atlântica no Meio Urbano.
Essa situação torna-se mais clara em entrevista realizada em novembro de 2008 a um
funcionário da Secretaria de Planejamento do Município (SEPLAN) e um funcionário da
Secretaria Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), na medida em que
o primeiro atribui a responsabilidade de conservação da área apenas ao Estado e o segundo
desconhece situação da área do Morro do Urubu no contexto do planejamento urbano de
Aracaju.
O crescimento da ocupação desordenada associado à falta de compatibilidade de
políticas blicas referentes à conservação ambiental da área compromete a permanência
desse ecossistema e as suas funções ambientais urbanas de área de lazer junto à natureza,
espaço de práticas de educação ambiental e ecoturismo. Com a análise da APA no contexto
local e de suas Unidades de Paisagem essa questão torna-se mais clara, à medida que
podem ser identificados diversos usos que atestam essa situação.
4.2. Unidades de paisagem da APA Morro do Urubu
São diversos os usos que coexistem no Morro do Urubu. Para melhor entendimento
e sistematização dos dados dividiu-se a área em Unidades de Paisagem e detalharam-se os
usos de cada uma delas.
65
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Utilizando-se dos princípios da ecologia da paisagem podemos considerar o Morro
do Urubu como uma Mancha de vegetação na grande Matriz urbana, caracterizada pela
presença de áreas impermeáveis. Analisando-a numa escala local, a estrutura paisagística
se inverte, a APA Morro do Urubu caracteriza-se pela presença de uma matriz verde, e
manchas de ocupação e usos diversos, denotando uma dinâmica de uso do solo
diferenciada do restante da cidade (figura 9).
Figura 9: A) Morro do Urubu Escala Urbana; B) Morro do Urubu Escala Local –
Aracaju-SE.
Fonte: Aracaju (2004), adaptado pela autora deste estudo (2008)
Com base na metodologia utilizada, considerando o suporte físico, padrão de
drenagem, cobertura vegetal e mancha urbana, como elementos definidores da paisagem,
analisados a partir de visitas a campo, interpretação de fotografia área na escala de
1/25.000 e Mapa Ambiental da APA, definiram-se quatro Unidades de Paisagem para a
APA (figura 10). Para melhor esclarecimento a respeito da definição das Unidades de
Paisagem (UPs) segue abaixo um quadro com as características dos elementos definidores
da paisagem de cada UP (quadro 03).
M.URUBU
MORRO DO URUBU
CENTRO DE
ARACAJU
N
N
A
B
66
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Quadro 03
Características das Unidades de Paisagens quanto aos seus elementos definidores
Suporte Físico Cobertura Vegetal
Mancha ou Tecido
Urbanizado
UP1
Maior parte da área com
cobertura vegetal, algumas
edificações e mobiliários
urbanos, voltados ao lazer,
educação e administração.
Presença de zoogico.
Acesso por vias pavimentadas.
Frutíferas;
Áreas gramadas e tratadas
paisagisticamente;
Campo sujo.
Estrutura de lazer do parque
da Cidade;
Sede da Polícia Militar
Montada;
UP2
Acesso apenas por trilhas. Área
mais preservada do morro, com
vegetação arbórea.
Mata Atlântica em processo
dio de regeneração.
Assentamento subnormal
UP3
Limite externo da APA,
ocupação horizontal.
Jardins e hortas particulares;
Arborização urbana
Assentamentos normais e
subnormais
UP4
Acesso por ruas não
pavimentadas; áreas degradadas.
Vegetação arbustiva;
Vegetação rasteira;
Campo sujo;
Herbáceas.
Sítios particulares;
Assentamento subnormal;
Área de exploração mineral.
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
67
Figura 10: Unidades de Paisagem da Área de Proteção Ambiental do Morro do Urubu – Aracaju-SE
Fonte: COOTRAM (2004), adaptado pela autora deste estudo (2008).
68
4.2.1. Caracterização da Unidade de Paisagem 01 - UP01
A UP01 engloba o Parque Estadual José Rollemberg Leite (Parque da Cidade), a
Polícia Militar Montada de Sergipe e área do DENOCS. Limita-se a norte e a leste com
área de Mata Atlântica da Unidade de Paisagem 02, a oeste com as propriedades
particulares da Unidade de Paisagem 04, a sul com a Rua Fortaleza, no Bairro Industrial,
onde se localiza a entrada do Parque (figura 11).
Figura 11: Entrada do Parque José Rollemberg Leite – Aracaju-Se
O Parque José Rollemberg Leite foi criado em 1988 pelo governo estadual, no
intuito de dotar a cidade de um espaço para o lazer. Os 93 ha que pertencem ao parque da
cidade m sua gestão sob a competência da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário
de Sergipe (EMDAGRO).
A área caracteriza-se pelo relevo acidentado, o que contribui para que o parque o
seja percebido todo de uma vez só. Aos poucos se revelam diferentes paisagens compostas
por equipamentos em sua maioria, para a prática de atividades de esporte e lazer e extensas
áreas gramadas, com árvores frutíferas e plantas ornamentais. Uma lagoa foi construída
com fins paisagísticos e de lazer. Por estar cercado por vegetação remanescente de Mata
Atlântica, associado à topografia acidentada, perde-se a dimensão, a olho nu, dos limites
69
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
do parque e da mata que o rodeia, dando a impressão de estar imerso em uma floresta em
plena cidade. Contribuem para isso a predominância do verde na paisagem e o silêncio,
quebrado apenas pela presença de outros visitantes.
No parque foram destinadas áreas para a prática de esportes, com campo de futebol
e quadras poliesportivas, espaços para piqueniques, zoológico, restaurante e teleférico. A
estrutura administrativa construída recentemente possui estrutura física e logística de apoio
a práticas de educação ambiental, ainda subutilizados, que não existem programas de
educação ambiental para a área, apenas algumas visitas monitoradas por funcionários do
parque.
De acordo com pesquisa realizada sobre a APA por Pinto (2007), os moradores do
entorno fazem uso do parque para piquenique, caminhadas, observação dos animais,
prática de esportes e passeios.
No zoológico existem espécies de animais, dentre eles, onça suçuarana, jacaré, leão,
cobras, seriemas, raposa, guaxinim e macacos. De acordo com funcionária entrevistada,
não uma destinação correta dos efluentes líquidos do zoológico, mesmo assim o parque
funciona sem uma das licenças ambientais necessárias para tal.
Apesar dos objetivos de lazer vinculados à conservão do remanescente florestal,
o paisagismo do parque foi executado utilizando-se um grande número de espécies
exóticas, o havendo uma priorização no uso das espécies nativas. Atualmente, e a partir
de um projeto construído pela bióloga do parque estão sendo plantadas espécies nativas.
A área apresenta-se como potencial para práticas de atividades de lazer ligadas à
educação ambiental. Na opinião da bióloga responsável pelo zoogico, o principal papel
do parque está relacionado com a educação ambiental. Segundo ela, a visitação ao
zoológico por escolas é constante, alguns colégios pedem autorização e acompanhamento
70
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
de um funcionário. No entanto o fato do parque ser aberto, com acesso irrestrito, sem
serem definidas quantidades máximas de pessoas por visita, a atividade acaba sendo
comprometida.
Figura 12: Parque José Rollemberg Leite – Aracaju-SE: (A) Vista da Lagoa e
Restaurante; (B) Local dos macacos; (C) Tratamento paisagístico; (D) Piquenique na
área do zoológico.
Ainda segundo a Bióloga os problemas ambientais do parque estão relacionados
aos moradores do entorno e ao uso inadequado que fazem da área. Muitas vezes usam-no
para consumir drogas. Existe um problema grande com a segurança, apesar da policia
militar montada localizar-se dentro do parque. Segundo Pinto (2007) o uso da Mata
presente no Morro do Urubu, e que contorna o parque da cidade, é feito em sua maioria por
pessoas foragidas por furtos na área do entorno, ou para o uso de entorpecentes.
A B
C D
71
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
No limite sul do Parque, próximo ao portão de entrada, observou-se a presença de
resíduos da construção civil nas calçadas, além de focos de erosão. Neste mesmo lugar,
funcionários da DEAGRO, trabalhavam na substituição de uma cerca antiga danificada.
Segundo moradores da rua, os marginais ao fugirem de furtos, entram por entre a cerca
para o interior do parque. Ainda nessa localidade, observou-se uma estrutura com varal na
calçada. A falta de tratamento paisagístico e infra-estrutura contribuem para a utilização
inadequada desta rua residencial, cujo valor ambiental de estar em contato direto com uma
área verde acaba sendo ofuscado pelo vandalismo e degradação da paisagem.
Figura 13: Limite Sul do Parque José Rollemberg Leite – Aracaju-SE: (A) Resíduos
da construção civil, (B) Área em processo de erosão, (C) Substituição de cerca de sabiá
danificada, (D) Uso particular em área pública no entorno do parque.
O centro hípico da policia militar de Sergipe, cujo acesso é feito pelo interior do
Parque, por estrada asfaltada ou teleférico, é um espaço de grande atratividade. Localizado
A
B
C
D
72
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
na parte mais alta do morro, possibilita a visualização de belas paisagens da cidade de
Aracaju, do rio Sergipe, do município da Barra dos Coqueiros e do Oceano. Apesar de
localizar-se em área de grande atratividade cênica, o local deixa a desejar no que diz
respeito ao tratamento paisagismo. Sua área apresenta-se degradada e subutilizada.
Figura 14: Centro Hípico da Polícia
Militar de Sergipe
Apesar do Parque da Cidade e demais localidades da UP1 estarem dentro de uma
Unidade de Conservação, cujo objetivo principal é conservar o remanescente de Mata
Atlântica existente, e de se constituir em área potencial para a prática de atividades
voltadas à educação ambiental, podem ser identificados diferentes impactos
socioambientais relacionados ao uso e ocupação da área que contribuem com a degradação
do ecossistema, comprometimento dos seus potenciais educativos e de lazer, diminuão da
qualidade ambiental do parque e, conseqüentemente, da APA. É apresentada no quadro
abaixo uma síntese dos impactos socioambientais identificados na Unidade de Paisagem
01.
73
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Quadro 04
Impactos socioambientais da Unidade de Paisagem 01 - UP 01
Trechos da
UP01
Impactos Socioambientais
Parque da
Cidade
Erosão de áreas e encosta;
Despejo inadequado de resíduos sólidos;
Insegurança dos moradores do entorno e visitantes;
Deposição inadequada de esgoto do zoológico;
Grande quantidade de visitantes no zoológico ao mesmo tempo;
Realização de atividades inadequadas à determinados locais do
parque a exemplo dos piqueniques no zoológico.
Área de mata degradada.
Polícia Montada
Grande área degradada e sem uso definido
Falta de tratamento paisagístico em área de visitação pública.
DENOCS
Edificação degradada com aspecto de abandono
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
4.2.2. Caracterização da unidade de paisagem 02- UP02
A área que corresponde à unidade de paisagem 02 abrange a parte onde existem
remanescentes de Mata Atlântica, e que devido as suas elevadas cotas e declives, foram
mais poupados do processo de degradação ambiental e encontram-se em regeneração. Faz
parte ainda desta UP, pequenos sítios particulares e ocupações irregulares no seu limite
com a Av. Euclides Figueiredo.
74
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 15: Limite sul da UP 02– Av. Euclides
Figueiredo
Aracaju
-
SE
Essa UP tem interface com todas as outras unidades e não possui nenhum tipo de
infra-estrutura de visitação, a não ser trilhas abertas sem planejamento, utilizadas por
moradores do entorno (informação obtida em entrevista com funcionário do parque). O
passeio de teleférico sobre suas árvores descortina uma paisagem de exceção, ou seja, uma
paisagem rara, dominada por características naturais no meio urbano (figura 16).
Figura 16: Vistas da Unidade de Paisagem 02
Os impactos ambientais nesta unidade relacionam-se ao uso dos recursos naturais e
ocupação irregular em área onde existe vegetação da Mata Atlântica. Segundo o
75
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
zoneamento da APA (SERGIPE, 2004) as edificações em áreas de declive, a exploração de
jazidas e o desmatamento seletivo pela comunidade contribui com o risco de deslizamento
de encostas. Associado ao processo de ocupação irregular também é feita a disposição
inadequada de resíduos sólidos (figura 17 e quadro 05).
Figura 17: Unidade de paisagem 02: (A) ocupação irregular em área de risco;
(B) resíduos sólidos na Av. Euclides Figueiredo Aracaju-SE
Quadro 05
Impactos socioambientais da Unidade de Paisagem 02 - UP 02
Trechos da UP02 Impactos Socioambientais
Área de mata nativa
Retirada de madeira;
Diversas trilhas abertas.
Área com ocupação
irregular e sítios de
subsistência
Erosão de áreas e encosta;
Ocupação em área de Risco de deslizamento
Despejo inadequado de resíduos sólidos;
Área de mata degradada para dar lugar a plantio;
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
A
B
76
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
4.2.3. Caracterização da Unidade de Paisagem 03- UP03
A Unidade da Paisagem 03 é composta pela parte do Bairro Porto Dantas localizada
as margens da APA Morro do Urubu e pela Invasão do Coqueiral. Considerou-se
necessário a definição de uma unidade de paisagem para além dos limites da APA Morro
do Urubu pelo fato de observar-se uma continuidade na estrutura da paisagem
ultrapassando tais limites. Pode-se afirmar também que, os limites da APA determinados
em 1983 é que foram ultrapassados pelo processo de ocupação irregular de suas encostas.
O Bairro Porto Dantas, limita-se a norte e a leste com a Avenida Euclides
Figueiredo, a sul com a área de mata, a leste com a Invasão do Coqueiral. Apresenta
topografia predominantemente plana, com cotas superiores na área localizada dentro dos
limites da APA. Caracteriza-se pela urbanização recente, convencional, constituída
principalmente por arruamentos reticulados, tendo iniciado seu processo de ocupação a
partir do loteamento de grandes propriedades que existiam no local (SERGIPE, 2004). Nos
limites mais próximos à mata, esse padrão reticulado é substituído por arruamentos
orgânicos e relevo acidentado ( figura 18).
Figura 18: Malha urbana do bairro Porto Dantas: (A) Arruamento Plano e
Reticulado predominante na paisagem; (B) Arruamento Orgânico na área limite com
a m
ata
na porção sul do bairro Porto Dantas
A B
77
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
No que diz respeito à infra-estrutura urbana, a área possui pavimentação na maior
parte das ruas, energia elétrica e rede de abastecimento de água ainda insuficiente. Além
disso, não possui rede de esgotamento sanitário, os dejetos são lançados em fossas e na
rede pluvial, o que compromete a qualidade da água e do lençol freático, que possui cotas
elevadas (COOTRAM, 2004).
Apesar de fazer limite com uma área de paisagem predominantemente natural, a
maior parte da vegetação está nos quintais das casas e é composta por árvores frutíferas,
nas suas ruas existem poucas árvores o que cria um grande contraste com a mata adjacente.
Na Av. Elclides Figueiredo, constantemente as calçadas servem de local para deposição de
resíduos sólidos a espera do serviço público de coleta, comprometem a qualidade da
paisagem e a função pública da calçada (figura 19). A falta de área de lazer nesse trecho
contribui com a utilização da área da mata para este fim. Pode-se observar, que a vegetação
está sendo removida por moradores para dar lugar à construção de um campo de futebol
(figura 20).
Figura 19: Resíduos sólidos em calçada na Av.
Euclides Figueiredo – Aracaju-Se
78
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 20: Área degradada por moradores
para fazer campo de futebol improvisado em
área limite com a mata, na Apa Morro do
Urubu
-
SE.
Os principais problemas ambientais deste trecho localizam-se na área limite com a
Mata. Em visita à área pode-se observar a deposição inadequada de resíduos lidos em
encostas, processo de eroo devido à retirada de cobertura vegetal e falta de um sistema
de drenagem complementar a urbanização estabelecida (figura 21). O desmatamento da
encosta limite é realizado para diversos fins. Existem problemas com relação a
movimentação de terras, com a inundação de casas, resultando em risco para a
comunidade. Além disso, a presença de animais peçonhentos (cobras) freqüentemente
encontrados nas casas também foi apontada como problema pela comunidade.
Figura 21: Área erodida no bairro Porto Dantas –
Aracaju-SE
79
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Com o intuito de conhecer melhor a realidade do Porto Dantas e o relacionamento
de sua comunidade com o Morro do Urubu, realizou-se em novembro de 2008, uma oficina
junto a um grupo de 14 jovens moradores do Porto Dantas, onde se aplicou técnica de
Diagnóstico Rápido Participativo- DRP, conhecida como “realidade-desejo(figura 22).
Analisando-se os resultados (quadro 6) percebe-se que mesmo se tratando de uma
comunidade onde as necessidades imediatas de sobrevivência como educação, saúde,
saneamento básico e emprego não o plenamente atendidas, existe por parte da
comunidade uma preocupação com a conservação da mata existente no entorno do bairro, e
uma consciência a respeito das causas e conseqüências resultantes de sua degradação.
80
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 22: Oficina de DRP no Porto Dantas: (A) explicações aos grupos sobre a
atividade; (B) execução da atividade; (C) apresentação da realidade, (D) proposições
quanto ao que se pode fazer e (E) quanto ao que se pode esperar e conclusão da
atividade com discussão dos resultados.
Na realidade descrita pelos jovens, o foram relatados aspectos positivos, apenas
aspectos que revelam a baixa qualidade ambiental da área associados à falta de infra-
estrutura e ao uso inadequado dos recursos naturais do entorno. O desejo revela
A
B
C
D
E F
81
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
expectativas de mudança não só no espaço físico, mas no aumento de emprego associado a
capacitações e cursos. O lazer também é citado como uma necessidade o de espaço
para este fim, mas também de eventos de arte e cultura. A forma de se alcançar esses
objetivos apontada pelos jovens revela consciência a respeito da responsabilidade da
comunidade e também do poder público.
Quadro 6
Problemas socioambientais apontados por um grupo de jovens do bairro Porto
Dantas (2008).
Realidade
Desejo
Como fazer
Queimadas e desmatamento;
Falta de saneamento básico;
Falta creche e escolas de ensino
médio (no bairro existe escola de
ensino fundamental);
Segurança precária;
Atendimento médico precário;
Falta espaços de lazer (a praça
existente não tem segurança,
utilização do espo público de lazer;
Deterioração dos poucos espaços de
lazer existentes;
Meio de transporte precário;
Contraste entre a mata natural e o
urbano artificial (sem vegetação);
Construções destruindo a mata;
Sujeira nas ruas.
Comprometimento dos
órgãos públicos;
Serviços públicos e infra-
estrutura urbana;
Maior valor do meio
ambiente pela comunidade;
Limpeza nas ruas;
Projetos de arte e cultura;
Áreas de lazer;
Implantação de coleta
seletiva;
Cursos e estágios
profissionalizantes.
União e
organização da
comunidade;
Conscientização
da população
local sobre os
cuidados com o
ambiente em que
se vive e sobre a
necessidade de se
preservar a mata.
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
82
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
A Invasão do Coqueiral limita-se a norte e a oeste com a Avenida Euclides
Figueiredo, a sul com área de Mata e a leste com o bairro Porto Dantas. O Coqueiral tem
sua malha urbana constituída por habitações informais, com malhas adensadas e
arruamentos mistos (orgânicos e reticulados). Caracteriza-se por uma dinâmica topográfica
com cotas variadas, marcada por habitações subnormais, sem infra-estrutura de água e
esgoto. O posteamento e fios eletrocondutores indicam o serviço de energia elétrica. Sabe-
se que nas áreas ocupadas com habitações subnormais grande parte das ligações é
clandestina, feita sem nenhuma segurança.
Figura 23: Habitações Informais na Invasão do Coqueiral Aracaju-SE
Compõem a paisagem casas de alvenaria, taipa e papelão. A vegetação existente na
unidade é composta por frutíferas e leguminosas. A vegetação nativa foi praticamente toda
retirada. A árvore pau-ferro, muito comum na área, e que segundo moradores predominava
no Coqueiral, aparece solitária na paisagem. As ruas são tortuosas, sem pavimentação;
nelas pode-se ver o esgotamento a céu aberto e resíduos sólidos por toda parte. Em meio à
invasão, existe uma pequena lagoa, onde são lançados os efluentes líquidos. Da localidade
mais alta do coqueiral, avista-se o rio do Sal, e o manguezal localizado em suas margens,
além da área onde serão construídas casas para complementar o processo de urbanização
83
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 24: Unidade de paisagem 03: (A) Árvore Pau-Ferro,
remanescente do processo de ocupação urbana; (B) Figura:
Efluentes líquidos a céu aberto na Invasão do Coqueiral – Aracaju-
SE
Figura 25: Lagoa receptora de efluentes líquidos na Invasão
do Coqueiral – Aracaju-SE
A B
84
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 26: Vista do rio do Sal e do
manguezal– Aracaju-SE
O coqueiral está em processo de urbanização. O programa de urbanização para a
área, financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal,
inclui a construção de novas casas em áreas adjacentes dentro do limite da APA, com
novas vias e infraestrutura de drenagem, pavimentação, rede de água e esgoto. O plano
ainda prevê alargamento de ruas existentes e construção de casas em terrenos
localizados nas ruas recuperadas. As novas malhas urbanas obedecerão ao padrão reticular.
As ruas existentes serão alargadas e permanecerão dentro do padrão orgânico da malha
urbana já existente.
Para a construção das novas casas, foram aterradas duas lagoas, que, de acordo com
funcionário da SEPLAN, são resultados do acúmulo de água que naturalmente escorreriam
para o rio, mas tiveram seu percurso interrompido pelas edificações na encosta do morro, o
que não justifica a sua preservão. Tal opinião se contrapõe a proposta do Plano de
Manejo da APA para a área, que considera necessária a recuperação ambiental desses
ecossistemas lacunares, que sofriam processo de eutrofização e sedimentação (lagoa
oeste) e aterramento (lagoa leste) (COOTRAM, 2004) – figura 27.
85
Figura 27 – A) Projeto da Nova Malha Urbana na Invasão do Coqueiral, com enfoque no local onde existia uma lagoa;
B) Antiga lagoa do coqueiral; C) Vista da área em processo de terraplanagem para urbanização da Invasão do Coqueiral
Aracaju-SE.
FonteCOOTRAM, 2004
Fonte: ARACAJU, 2004
Fonte: pesquisa, 2008
86
Não nesse aspecto o plano de urbanização se contrapôs ao plano de manejo da
APA. Para esta área, no zoneamento da APA, estava previsto a recuperação ambiental e
realocação das moradias existentes para outra área próxima à APA.
Como pode ser visto, os impactos socioambientais do coqueiral são os mesmos
encontrados no Porto Dantas, só que de forma mais agravada e associam-se principalmente
a falta de infra-estrutura urbana adequada e limites de ocupação e uso da terra. O
desmatamento e os problemas com movimentação de terras e risco de desabamento são
ainda maiores. Observou-se que tanto no coqueiral como no Porto Dantas, uma grande
problemática com relação à conservação da Mata refere-se ao domínio privado do limite
urbano, ou seja, há uma maior dificuldade de controlar a ampliação da ocupação ilegal, os
processos erosivos, de desmatamento, na medida em que o acesso á essas áreas em sua
maioria é limitado aos moradores das casas dificultando o processo de fiscalizão.
Sistematizaram-se abaixo os impactos mais significativos desta unidade de paisagem
(quadro 7):
Quadro 7
Impactos socioambientais da Unidade de Paisagem 03 - UP 03
Trechos da
UP03
Impactos Socioambientais
Bairro Porto
Dantas
e
Invasão do
Coqueiral
Erosão de áreas de encosta;
Despejo inadequado de resíduos sólidos;
Deposição inadequada de esgoto doméstico;
Área de mata degradada;
Inundação de casas em época de chuva;
Insegurança;
Paisagem da avenida comprometida pela disposição de sacolas de
lixo na calçada;
Esgoto a céu aberto.
Deslizamento próximo a casas em época de chuva;
Ocupação de casas em área de risco;
Ruas enlameadas;
Aterro de ecossistema lacunar
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
87
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
4.2.4. Caracterização da Unidade de Paisagem 04- UP04
A unidade de paisagem 04, abriga algumas das áreas mais degradadas da APA
mesmo sem urbanização. Limita-se a norte com a unidade de paisagem 03, a oeste com a
Av. Euclides Figueiredo, a leste com as unidades de paisagem 01 e 02 e a sul com o
Bairro Industrial. É cortada por vias sem pavimentação. A paisagem é composta por relevo
acidentando e vegetação de Campos Sujo, Arbustiva, Rasteira e Herbáceas. No que diz
respeito à paisagem antrópica, a área é composta por sítios particulares, alguns destes
transformados em lotes urbanos com casas construídas em áreas baixa e plana. Os lotes
obedecem à malha regular (vias não pavimentadas) em continuidade com a área urbana
adjacente, sobrepondo-se ao ecossistema local.
Nesta unidade são encontradas áreas degradadas pela exploração de recurso mineral
(jazidas de solos inativas e não recuperadas) e grande quantidade de resíduos sólidos nos
limites com a Av. Euclides Figueiredo, onde também se observa áreas em processo de
desmatamento e erosão (figura 28).
88
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 28: Unidade de Paisagem 04: (A) Cobertura Vegetal Característica; (B) jazida
de solo inativa; (C e D). Área erodida e com deposição de resíduos sólidos nos limites
da Av. Euclides FigueiredoAracaju-SE
A área de mata é cortada por vários caminhos, o que contribui ainda mais com a
degradação ambiental e compromete o processo de regeneração. A falta de segurança é
problema grave nesta UP. Em visita realizada a um dos sítios, soube-se que o dono da
propriedade abandonou-a depois de assalto. Os principais impactos socioambientais foram
sistematizados no quadro 8:
A
B
C
D
89
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Quadro 8
Impactos socioambientais na Unidade de Paisagem 04 - UP04
Impactos Socioambientais
Despejo inadequado de resíduos sólidos;
Área de mata degradada;
Falta de segurança;
Área de exploração mineral abandonada;
Erosão;
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
Como pode ser visto, os impactos socioambientais existentes em todas as Unidades
de Paisagem relacionam-se com a utilização do espaço público resultado da falta de
fiscalização, infraestrutura adequada às atividades existentes, que denotam abandono do
poder público. Sintetizando os impactos sociais mais significativos da APA elaborou-se
um quadro geral com os impactos socioambientais identificados em todas as UPs.
Quadro 9
Síntese dos impactos socioambientais da APA Morro do Urubu
Impactos socioambientais na APA Morro do Urubu
Despejo inadequado de resíduos sólidos;
Área de mata degradada;
Falta de segurança;
Erosão de áreas de encosta;
Deposição inadequada de esgoto;
Deslizamento próximo a casas em época de chuva;
Ocupação de casas em área de risco;
Ruas enlameadas;
Aterro de ecossistema lacunar
Retirada de madeira;
Realização de atividades em locais impróprios;
Falta de tratamento paisagístico em área de visitação pública;
Edificação degradada com aspecto de abandono.
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
90
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
4.3. Parâmetros de Qualidade Ambiental para a APA Morro do Urubu
O estabelecimento de parâmetros de qualidade ambiental para a APA Morro do
Urubu torna-se fundamental para direcionar o planejamento da área e tomada de decisão,
bem como o estabelecimento de indicadores para o seu monitoramento.
Considera-se que a Qualidade Ambiental (QA) da APA Morro do Urubu depende
da condição da área, em determinado momento ou situação, no que diz respeito as suas
funções ambientais, econômicas e sociais enquanto Unidade de Conservação. Desta forma,
com base nos objetivos de criação da APA, nos resultados da caracterização das unidades
de paisagem, bem como na análise da APA no contexto urbano, selecionou-se funções
prioritárias para a APA Morro do Urubu organizadas em: ecológicas, sociais e econômicas,
a partir das quais definiram-se variáveis que servirão como parâmetro ou descritores de
qualidade ambiental para a APA.
A função ecológica prioritária definida para a área diz respeito à conservação do
remanescente florestal de Mata Atlântica existente, principal motivo da criação desta UC.
Como observou-se, a área oferece uma oportunidade única em Aracaju de que se
estabeleça um contato entre a população e os processos naturais, criando-se programas de
educação ambiental, ou mesmo o desenvolvimento de pesquisas na área do
desenvolvimento sustentável, além de todos os benefícios enumerados por Nucci (1999),
conforme descrição no capítulo 2, que contribuem para a melhoria da qualidade de vida
principalmente no que diz respeito aos moradores do entorno.
Dentre as funções sociais, priorizam-se as atividades voltadas à educação, ao lazer e
a pesquisa, todas ligados à questão do meio ambiente. Essas funções dependem da
conservação do remanescente florestal, ou seja, que sua função ecológica seja cumprida. A
área apresenta infra-estrutura para a prática dessas ações o que falta são programas
efetivos. É importante ressaltar a questão do lazer. Em áreas litorâneas uma tendência
ao esvaziamento de parques, à medida que as pessoas procuram mais as praias e os
91
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
equipamentos urbanos que nelas se encontram. Dessa forma, é uma estratégia articular o
lazer à educação ambiental, por exemplo, incentivando a visita orientada de escolas.
Outra função social diz respeito à habitação urbana localizada nos limites da APA.
A falta de ordenamento urbano nos seus limites contribui decisivamente para a degradação
da vegetação, dificultando o acesso público a fiscalização e o controle da área. O acúmulo
de resíduos lidos, a falta de sistema de drenagem, falta de saneamento básico,
contribuem com a diminuição da qualidade ambiental e de vida da população residente.
A função econômica diz respeito à geração de renda para a manutenção da APA e
para a comunidade do entorno. Hoje, a presença desse remanescente urbano não gera
nenhum beneficio econômico direto para a APA e comunidade do entorno. O zoológico,
por exemplo, tem um grande gasto com a manutenção dos animais, sem retorno para ões
de manutenção do próprio zoológico, muito menos melhoria das instalações. Apenas as
atividades irregulares como extração de madeira, desmatamento para plantação familiar,
transformam de forma indesejável recurso natural em financeiro. É necessário que as ações
vinculadas diretamente às funções de conservão, educação, lazer e pesquisa, contribuam
com a sustentabilidade financeira da APA e com a geração de renda para a comunidade do
entorno, que possui uma das rendas mais baixas do município, com média salarial de cento
e oitenta reais (SEPLAN/ PMA, 2006).
Para sistematização dos dados elaborou-se um organograma, referente à qualidade
ambiental da APA Morro do Urubu e principais funções relacionadas (figura 29).
92
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 29: Fluxograma – Sistema Qualidade Ambiental da APA Morro do Urubu
Aracaju-SE
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
O atendimento das funções estabelecidas para a APA e, conseqüentemente, a sua
qualidade ambiental depende de um conjunto de variáveis que possuem influência positiva
ou negativa nesse processo. Essas variáveis serviram como parâmetro de qualidade
ambiental (descritores de qualidade ambiental) para a área, conforme sistematização no
quadro 10.
93
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Quadro 10
Parâmetros de qualidade ambiental para a APA Morro do Urubu, conforme suas
funções ambientais
Funções ambientais da APA
Morro do Urubu
Parâmetros ou descritores de qualidade
ambiental
Ecológicas
Conservação
Ecossistema Mata
Atlântica
Cobertura vegetal nativa
Áreas degradadas
Ocupações irregulares
Sociais
Lazer
Educação
Pesquisa
Moradia
Segurança
Valores cênicos
Infraestrutura
Resíduos sólidos
Econômicas
Geração de Renda para
Manutenção da APA
Geração de renda
comunidade do entorno
Atividades ligadas a pesquisa
Atividades ligadas ao lazer
Atividades ligadas à educação ambiental
Fonte: Dados da pesquisa, 2008
4.3.1. Cobertura vegetal nativa
A manutenção da cobertura nativa ainda existente na APA Morro do Urubu é um
dos principais parâmetros a ser observado no processo de planejamento e gestão dessa
Unidade de Conservação e, segundo Silva (2004), tal preservação foi possível pela
pouca acessibilidade à área em decorrência do relevo. Como pôde ser visto na
caracterização da paisagem, as áreas que ainda possuem esses remanescentes são
constantemente ameaçadas por processos de ocupação e uso irregular, desmatamento e
queimadas. A tendência é que muito breve esse processo substitua completamente a
paisagem natural por uma artificial, incompatível com as fuões estabelecidas para a
APA. Para que se alcance o cenário desejado, sugere-se que as áreas de vegetação
nativa sejam não só mantidas, mas também recuperadas e ampliadas.
94
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
4.3.2. Áreas degradadas
As áreas degradadas predominam na estrutura da paisagem da APA Morro do Urubu,
sendo permeada por manchas de remanescentes florestais e urbanas. Resultam de
atividades relacionadas ao uso direto dos recursos naturais, como exemplo a extração
mineral. Um dos principais parâmetros de qualidade ambiental da APA é a estado dessas
áreas degradadas, cuja tendência, analisando-se a situação atual é aumentar avançando
sobre os remanescentes florestais. Sugere-se que as áreas degradadas possam ser
recuperadas pensando-se no restabelecimento da cobertura vegetal nativa e em usos que
sirvam as funções estabelecidas para a APA, a mesmo no próprio processo de
recuperação, com a realização de pesquisas e atividades voltadas à educação ambiental.
4.3.3. Ocupações irregulares
A presença de ocupações irregulares é marcante na paisagem da APA Morro do
Urubu. Muitas casas são construídas em Áreas de Preservação Permanente (APPs),
empreendimentos funcionam sem as licenças ambientais necessárias. A ocupação irregular
nas encostas dificulta bastante a fiscalização pelos órgãos responsáveis, o que contribui
para o aumento do desmatamento, com a utilização da mata como esconderijo para
marginais e uso de entorpecentes. Dessa forma, além de outras coisas, sugere-se
fundamentalmente que a área limite da mata, principalmente no que diz respeito à Unidade
de Paisagem 03, seja transformada em área pública, com infraestrutura que viabilize o
acesso público e da fiscalização. Considera-se essa atitude iniciativa decisiva para que seus
objetivos sejam alcançados.
4.3.4. Segurança
A questão segurança relaciona-se diretamente com a função social da APA. Sem
segurança as atividades ligadas ao lazer, pesquisa, educação e moradia ficam
95
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
comprometidas. No presente, qualquer visita à área do Morro do Urubu requer cuidados
com a segurança; no parque são registrados assaltos, assim como nas áreas urbanas ou
invasões; merecem registro as freentes recomendações dos moradores para se tomar
cuidado com os assaltos e outros tipos de violência que dizem ocorrer com frequência.
No DRP aplicado, a falta de segurança, associada à falta de policiamento, foi um
dos itens colocados quando se falou sobre a situação do bairro. Um dos problemas das
áreas verdes urbanas é que se abandonadas, acabam servindo de lugar para atividades
escusas, o que torna ainda mais importante a atribuição de funções para a área e a
realização de atividades, além de policiamento adequado.
4.3.5. Valores cênicos
Na APA Morro do Urubu a paisagem natural é um dos recursos que se destaca e é
sempre procurada por quem a visita. Dessa forma, é de fundamental importância que este
domínio cênico natural se perpetue, mesmo com a construção de estruturas necessárias
para a realização de atividades e ordenamento paisagístico. Isso é alcançado respeitando-se
a princípios de valorização da paisagem natural utilizando-se, por exemplo, materiais
adequados e priorizando-se a utilização de espécies da flora ornamental no paisagismo.
De acordo com Tedeschi (1997), em sua relação com a paisagem o elemento
construído pode se comportar de três modos: em contraposição, com maior grau de
autonomia em relação à paisagem; em relação harmônica entre os níveis de separação e de
aproximação, conforme variações de maior ou menor independência; em união, onde
ocorre a fusão e a continuidade entre elementos da paisagem. Estas duas últimas formas de
relação com a paisagem adequam-se às áreas naturais. Segundo Hardt (2006), as
infraestrutras em Unidades de Conservação, quando possível, devem adotar soluções que
minimizem sua presença, utilizando-se, por exemplo, redes subterrâneas de drenagem,
energia e comunicações.
96
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
4.3.6. Infraestrutura
Todas as atividades consideradas como funções sociais da APA dependem da
melhoria da infra-estrutura. Umas mais, como é o caso da habitação, na medida em que a
área carece de saneamento básico, rede de drenagem, pavimentação, outras de certa forma,
menos que a APA possui o parque com estrutura propícia à realização de atividades
de educação ambiental e lazer. Não só a existência da infraestrutura é importante, mas
também a sua qualidade, à medida que se trata de uma Unidade de Conservação.
4.3.7. Resíduos sólidos
A paisagem do Morro do Urubu, em todas as suas unidades é marcada pela
presença de resíduos lidos em locais inadequados. Desta forma, torna-se um parâmetro
importante para a qualidade da APA. É importante que estes focos sejam reduzidos e
sugere-se que programas de coleta seletiva sejam criados para conduzir de forma correta a
destinação dos resíduos na APA.
4.3.8. Atividades ligadas à pesquisa, lazer e educação ambiental na APA
As atividades selecionadas para a APA m o objetivo direto de geração de renda
para mantê-la e para gerar emprego e renda para a comunidade do entorno. Mas não é só
isso. Indiretamente essas atividades deverão contribuir com um melhor uso da área,
valorização dos seus aspectos naturais, sensibilização da população de Aracaju no que diz
respeito aos recursos naturais e, finalmente, com a justificação da sua preservação
enquanto área verde urbana. Como exemplo a ser seguido, tem-se a Reserva da Biosfera do
Cinturão Verde de São Paulo, cujas ações concentram dois focos principais: o “Programa
de jovens”, que promove a inserção social e cursos ecoprofissionalizantes para jovens de
97
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
regiões periurbanas, e o estudo dos serviços ambientais (água, clima, carbono, etc.)
gerados pela Mata Atlântica no entorno das cidades
6
.
4.4. Cenários de qualidade ambiental para a APA Morro do Urubu
Os cenários referentes à APA Morro do Urubu foram construídos a partir dos dois
cortes esquemáticos representados abaixo, passando por todas as unidades de paisagens
estabelecidas para a APA (figura 30). Cada corte resulta em três perfis que representam a
situação atual da área, tendência e desejo, quanto à qualidade ambiental, com base nos
parâmetros estabelecidos anteriormente (figuras 31e 32).
Figura 30: Cortes A e B esquemáticos na APA Morro do Urubu – Aracaju-SE
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
6
Essa informação foi retirada do site www.rbma.org.br/unesco_03_rb_cinturão.asp, em 15/12/2008.
98
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 31: Perfis Esquemáticos da situação atual, tendência e situação desejada referente ao corte A
Fonte: elaborado pela autora deste estudo, 2008.
99
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Figura 32: Perfis Esquemáticos da situação atual, tendência e situação desejada referente ao corte B
Fonte: elaborado pela autora deste estudo, 2008.
100
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
4.5. Indicadores de Qualidade Ambiental para a APA Morro do Urubu
Com base nas funções ambientais prioritárias para a qualidade ambiental da APA, e
conseqüentemente, nos descritores de qualidade ambiental levantados anteriormente e
organizados em cenários ambientais, selecionou-se um conjunto de indicadores ambientais
que por conta de seu relacionamento causal, foram organizadas em uma matriz Pressão,
Estado, Impacto, Resposta (PEIR) para o Sistema de Qualidade Ambiental da APA Morro
do Urubu (quadro 11).
101
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Quadro 11
Sistema de indicadores de Qualidade Ambiental (QA) selecionados para a APA Morro do Urubu – Aracaju-SE
Parâmetros de QA
Indicadores de QA para a APA Morro do Urubu
Pressão Estado Impacto Resposta
Parâmetros de QA APA Morro do Urubu ligados as
Funções Ecológicas
Cobertura
vegetal
Ocupações
irregulares
Áreas
degradadas
Casas em APP (nº/ano);
Exploração mineral
(ha/ano);
Queimadas (nº /ano);
Supressão vegetação
nativa (ha/ano).
Erosão do solo (ha/ano);
Área com remanescentes
florestais (ha/ano);
Espécies da fauna
(nº/ano);
Espécies da flora
(nº/ano);
Remoção de casas em APP
(nº/ano);
Revisão plano de manejo
(nº/ano);
Autuações por crimes
ambientais (nº/ano);
Reuniões do conselho gestor
(nº/ano);
Atividades autorizadas pelo
conselho gestor (nº/ano);
Trilhas planejadas (nº/ano);
Recuperação de áreas
degradadas
(ha/
ano).
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
102
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Continuação Quadro 11: Sistema de indicadores de Qualidade Ambiental (QA) da APA Morro do Urubu
Parâmetros de QA APA Morro do Urubu ligados as Funções
Sociais
Se’gurança
Valores
cênicos
Infra-
estrutura
Resíduos
sólidos
Vandalismo (nº/ano);
Investimento do poder
público em infraestrutura
(R$/ano);
Adensamento urbano
(hab/m2/ano);
Visitantes (nº/dia);
Atividades em locais
inapropriados no parque
(nº/ano);
Pontos de despejo de resíduos
sólidos (nº/ano);
Paisagismo com predominância de
espécies exóticas (ha/ano);
Casas com água encanada(nº/ano);
Casas com sistema de
esgoto(nº/ano);
Casas atendidas por coleta de lixo
(nº/ano);
Equipamentos urbanos
deteriorados(nº/ano);
Efluentes de espaços públicos sem
tratamento de esgoto (nº/ano);
Número de casas atingidas por
movimento de terras (nº/ano);
Empreendimentos sem licença
(nº/ano);
Visitantes
(nº/ano)
Reforma e recuperações da
infra-estrutura((nº/ano);
Planos de infraestrutura
(nº/ano);
Policiamento (/mês);
Funcionários (nº/ano);
Visitas monitoradas (nº/ano);
Coleta seletiva (ton/mês).
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
103
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Continuação Quadro 11: Sistema de indicadores de Qualidade Ambiental (QA) da APA Morro do Urubu
Parâmetros de QA APA Morro do
Urubu ligados as Funções
Econômicas
Atividade
associadas à
pesquisa, lazer
e educação
ambiental
Investimento do poder
público em atividades
geradoras de renda ligadas
à conservação da APA
(R$/ano).
Receita gerada pela APA
(R$/ano);
Renda externa
para a
manutenção da
APA (R$/ano)
Desemprego
(nº/ano);
Renda mensal
média por
moradores
(R$/ano)
Atividades de geração de renda,
considerando as funções sociais
e ecológicas da APA, com a
inserção da comunidade do
entorno (nº/ano);
Capacitação dos moradores da
APA como guias locais
(nº/ano).
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
104
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Segue abaixo as denominações dos indicadores selecionados e as informações as quais ele
faz referência:
Indicadores de pressão:
1. Casas em APP (nº/ano):
Número de casas localizadas em área de preservação permanente (APP) no período de
um ano.
2. Exploração mineral (ha/ano);
Áreas utilizadas para exploração de recurso mineral dentro da APA em metro
quadrado, no período de um ano.
3. Queimadas (nº/ano);
Número de ocorrências de queimadas por ano.
4. Supressão vegetação nativa (ha/ano);
Áreas desmatadas por ano para urbanização, abertura de trilhas, criação de espaços
improvisados para o lazer ou agropecuária.
5. Vandalismo (nº/ano);
Número de mobiliários urbanos ou bens naturais (arvores riscadas) degradados pela
ação de ndalos por ano.
6. Investimento do poder público em infraestrutura (R$/ano)
Valor empregado pelo poder público na manutenção ou criação de infra-estrutura
necessária ao atendimento das funções sociais da APA por ano.
7. Adensamento urbano (hab./m2/ano);
Números de habitantes por metro quadrado residentes na APA Morro do Urubu por
ano.
8. Visitantes (nº/dia);
Numero de visitantes do parque num mesmo dia.
9. Atividades em locais inapropriados no parque (nº/ano)
Ocorrência de atividades em locais inapropriados no parque, por ano
105
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
10. Investimento do poder público em atividades geradoras de renda ligadas a
conservação da APA (R$/ano)
Valor investido pelo poder público para a geração de renda através de atividades
ligadas à conservação ambiental por ano.
Indicadores de Estado:
11. Erosão do solo (ha/ano);
Quantidade de áreas que se encontram em processo de erosão do solo.
12. Área com remanescentes florestais (ha/ano);
Área total dos remanescentes florestais encontrados na APA por ano.
13. Pontos de despejo de resíduos sólidos (nº/ano);
Número de locais que servem de despejo de resíduos sólidos por ano.
14. Paisagismo com espécies exóticas (ha/ano);
Área dentro da APA, cujo tratamento paisagístico é realizado com espécies exóticas.
15. Casas com água encanada (nº/ano);
Número de casas ligadas a rede de água.
16. Casas com sistema de esgoto(nº/ano).
Número de casas ligadas a rede de esgoto.
17. Casas atendidas por coleta de lixo (nº/ano);
Número de casas atendidas por coleta de lixo.
18. Equipamentos urbanos deteriorados (nº/ano);
Equipamentos deteriorados em função da falta de manutenção.
19. Efluentes de espaços públicos sem tratamento de esgoto (nº/ano);
Número de espaços públicos da APA o servidos por rede de esgotamento sanitário
ou tratamento de esgoto adequado.
20. Casas atingidas por desmoronamento (nº/ano);
Quantidade de casas atingidas por desmoronamento do morro por ano.
21. Empreendimentos sem licença (nº/ano);
106
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
Número de empreendimentos sem as licenças necessárias.
22. Receita da APA (R$/ano).
Valor monetário gerado por atividades ligadas a pesquisa, educação e lazer na APA,
por ano.
Indicadores de Impacto
23. Espécies da fauna (nº/ano)
Número de espécies da fauna existentes na APA por ano.
24. Número de espécies da flora (nº/ano)
Número de espécies da fauna existentes na APA por ano.
25. Visitantes (nº/ano);
Número de visitantes do parque por ano.
26. Renda externa para a manutenção da APA (RS/ano)
Quantia externa necessária para a manutenção da APA por ano.
27. Índice de desemprego (nº/ano);
Número de moradores desempregados por ano.
28. Renda dos moradores (R$/ano)
Média da renda mensal dos moradores por ano.
Indicadores de Resposta:
29. Remoção de casas (nº/ano);
Número de Casas removidas por estarem em áreas de risco ou APPS por ano.
30. Plano de Manejo (nº/ano);
Número de atualizações realizadas no plano de manejo.
107
Capítulo 04 – Resultados e Discussão
31. Autuações de crimes ambientais (nº/ano);
Número de autos de infração por crimes ambientais por ano.
32. Reuniões do conselho gestor (nº/ano);
Número de reuniões do conselho gestor.
33. Atividades autorizadas pelo conselho gestor (nº/ano);
Número de atividades autorizadas pelo conselho gestor por ano.
34. Trilhas planejadas (nº/ano).
Número de trilhas planejadas por ano.
35. Recuperação de áreas degradadas (ha/ano);
Áreas degradadas recuperadas por ano.
36. Reforma e recuperações da infra-estrutura (nº/ano)
Número de Reformas e recuperações da infra-estrutura realizadas por ano.
37. Planos de infraestrutura adequados para a APA (nº/ano);
Elaboração de planos de infraestrutura adequados para APA.
38. Policiamento (nº/mês);
Número de policiais a serviço da segurança da APA por mês.
39. Funcionários (nº/ano);
Número de funcionários por ano.
40. Coleta seletiva (ton /mês);
Resíduos sólidos coletados.
41. Visitas monitoradas por ano (nº/ano);
Número de visitas monitoradas por ano.
42. Atividades de geração de renda, considerando as funções sociais e ecológicas da
APA, com a inserção da comunidade do entorno (nº/ano).
Número de atividades considerando as funções sociais e ecológicas da APA, com a
inserção da comunidade do entorno por ano.
43. Capacitação dos moradores da APA como guias locais (nº/ano)
Número de moradores capacitados para atuar nas atividades relacionadas a pesquisa,
lazer e educação ambiental.
CAPÍTULO 05
CONSIDERAÇÕES FINAIS
109
Capítulo 05 – Considerações Finais
05. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de seleção de indicadores, passando pelas fases de pesquisa de dados
secundários, caracterização da paisagem, identificação de impactos, estabelecimento de
parâmetros e construção de cenários, mostrou-se eficiente na medida em que permitiu
colher e organizar ampla quantidade de informação do território sistematicamente e sem
perder a lógica, priorizando questões fundamentais para a qualidade da APA Morro do
Urubu.
O estudo da paisagem mostrou-se uma ferramenta adequada à seleção de
indicadores, na medida em que possibilita a análise do ambiente em suas várias nuances de
uma vez, sem a fragmentação do espaço de acordo com as diferentes áreas do
conhecimento, característica principal do paradigma científico vigente. Não
desconsiderando a importância das informações frutos desse paradigma, também úteis em
outras etapas desta pesquisa e dos quais dependem, os trabalhos futuros de monitoramento
dos indicadores selecionados.
A APA Morro do Urubu, por se localizar em uma área urbana, possui muitos dados
a seu respeito: informões da Prefeitura Municipal de Aracaju, com mapas e imagens
satélites atualizadas sobre a cidade; informações do Estado, através da SEMARH,
EMDAGRO e Polícia Militar; da Universidade Federal de Sergipe, onde são produzidas
pesquisas diversas relacionadas à referida APA ou a sua área de inserção. Fato que
facilitaria o processo de gestão, planejamento e controle da APA pelo uso de indicadores,
se não fosse à falta de diálogo entre estas partes. Esse é de fato um dos principais vetores
da degradação ambiental da APA, resultado ou de políticas incoerentes ou da falta de
política pública adequada aos objetivos do lugar. Mas que objetivos? Parece que estes até
então não estão claros para os óros gestores. Para a Prefeitura, a área carece de infra-
estrutura urbana, voltada à ocupação, traçando planos de urbanização que se sobrepõem à
paisagem natural de forma descaracterizá-la, não a considerando como uma área de
interesse ecológico. O Estado, através da SEMARH parece perceber a importância
ambiental deste remanescente urbano, mas, até agora seus planos ambientais ficaram no
papel e no discurso. A Polícia Militar localizada nos seus limites, que deveria ser um
110
Capítulo 05 – Considerações Finais
trunfo para seguraa da área, não traz para a si a responsabilidade de resguardar o
remanescente. E a EMDAGRO, que administra o Parque da Cidade - vetor de atração da
população de Aracaju - meramente como uma área de lazer, sem associá-lo a questão da
conservação do remanescente no planejamento de infra-estrutura e promoção de atividades
relacionadas à educação ambiental.
Como resultado, uma área verde urbana que a primeira vista apresenta atributos
para ser um modelo de sustentabilidade, se configura num dos focos de problemas sociais e
ambientais do município.
Dessa forma, este trabalho buscou contribuir para a definição de objetivos claros
para a APA, elegendo como prioridade a definição de funções ambientais que possam
orientar a escolha de alternativas que melhor promovam o seu uso pela comunidade e pela
população em geral e a sua proteção. Dentre essas alternativas enfatiza-se a formação e
implantação do Conselho Gestor, estratégia para o diálogo entre os atores da APA.
Sugere-se que em trabalhos futuros, a partir dos indicadores selecionados, construa-
se um Sistema de Informação Geográfica para dar suporte a gestão das informações, e que
sejam feitas análises de qualidade ambiental da área, considerando-se os parâmetros
estabelecidos. Deseja-se que os atores da área, não os citados órgãos do governo, mas
também a sociedade, principalmente os moradores do entorno, percebam os benefícios
sociais, econômicos e ambientais deste espaço, enquanto remanescente florestal urbano, e
posicionem-se em prol de sua conservação, a tempo de reverter o processo de degradação,
que está a um passo de comprometer a sua função ambiental urbana por completo.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGFICAS
112
Referências Bibliográficas
VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, M. Unidades de Conservação no Brasil: da República à gestão de classe
mundial. Belo Horizonte: SEGRAC, 2007.
BÓLOS, M. Antecedentes. In: Manual de Ciencia del Paisaje. Org.: Bolós, M.
Barcelona: Masson S.A., 1992.
BRASIL. Projeto orla: Fundamentos para gestão integrada. Brasília: MMA/SQA;
MPU, 2002.
BRASIL. Informe nacional sobre áreas protegidas no Brasil. Brasília: Secretaria de
Biodiversidade e Florestas / MMA, 2007.
BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza SNUC; lei
9.985,de 18 de julho de 2000; decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. 5. ed. Brasília,
MMA/SBF, 2004.
CABRAL, N. Área de Proteção Ambiental. Ed. Rima. São Paulo, 2005.
COOTRAM. Diagnóstico Ambiental: bases para a elaboração do Plano de Gestão da
APA Morro do Urubu. ADEMA: Aracaju, 2004.
EPA (Environmental Protection Agency). A conceptual framework to support the
development and use of environmental information for decision-making.
Environmental statistics and information division. Oficce of Policy, planning and
Evaluation, EPA 230 – R-95-012. Washington, 1995.
FARIA, H. Avaliação do desempenho gerencial de unidades de conservação: a técnica
a serviço de gestões eficazes. In: Unidades de conservação no Brasil: da República à
gestão de classe mundial. Belo Horizonte: SEGRAC, 2007.
FLORES, A.; PICKETT, S.T.A.; ZIPPERER, W.C.; POUYAT, R.V.; PIRANI, R.
Adopting s modern ecological view of the metropolitan landscape: the case of a
greenspace system for the New York City region. Landscape and Urban Planning, 39
(1998) 295-308.
FORMAN, R.T.T.; GODRON,M. Landscape Ecology. New Cork: John Wiley & Sons,
1986.
FRANCO, Maria de Assunção Ribeiro. Desenho Ambiental: uma introdução a
arquitetura da paisagem com o paradigma ecogico. 2. ed. rev. São Paulo: Annablume,
1997.
________. Planejamento Ambiental para a Cidade Sustentável. 2°ed. São Paulo.
Annablume: FAPESP, 2001.
113
Referências Bibliográficas
FRANÇA, Vera Lucia A. Aracaju: Estado & Metropolização. São Cristóvão: Editora da
UFS/Fundação Oviedo Teixeira, 1999.
GUERRA, A.; MARÇAL, M. Geomorfologia Ambiental. Bertrand Brasil: Rio de
Janeiro.2006.
GUIMARÃES, M. F. R.; HOLANDA,F. S. R.; ROCHA, I. P.Indicadores ambientais
para o estudo da erosão marginal no Rio São Francisco. São Cristovão: Universidade
federal de Sergipe, 2006.
GONÇALVES, Carlos W. P. Os (dês)caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto,
1989.
HARDT, L. Planejamento de Unidades de Conservação. In: Planejamento e manejo de
áreas naturais protegidas. Curso: Reserva Natural de Salto Morato, PR: FBPN, 2006. p.53-
99.
HOUGH, Michael. Naturaleza Y Ciudad: Planificacion Urbana Y Procesos Ecologicos.
2. ed. Barcelona: G.Gilli, 1998.
INSA, J.S. Os Espaços Naturais. In: Manual de ciência del paisaje. Org.: Bolós, M.
Barcelona: Masson S.A., 1992.
JACOBI, Pedro Roberto. Ciências Ambientais e o Desafio da Interdisciplinaridade. São
Paulo: Anablume, 2000.
KLIASS, R. G. Qualidade ambiental urbana. Disponível em: www.intelliwise.com. Dez,
2007.
LEITE, Maria Ângela F. P. Destruição ou desconstrução? São Paulo: Hucitec/Fapesp,
1994.
MACEDO, S. Espaços Livres: Paisagem Ambiente Ensaios. São Paulo. n. 7 p.15-56 jun.
1995.
METZGER, Jean Paul. O que é ecologia da paisagem? Biota Neotrópica. Vol. 1.
meros 1 e 2. Dez,2001.
MILANO, M.S. Conceitos básicos e princípios gerais de planejamento, manejo e
administração de áreas naturais protegidas. In: Planejamento e manejo de áreas naturais
protegidas. Curso: Reserva Natural de Salto Morato, PR: FBPN, 2006. p.7-48
NUCCI, J.C. Análise Sistêmica do Ambiente Urbano, Adensamento e Qualidade
Ambiental. PUC/SP, São Paulo, v1, n-1, 1999, p.73-88.
----------. Mapeamento da Qualidade Ambiental Urbana. International Congress on
environmental planing and Managemant: environmental challenges of urbanization
Brasila: catholic University of Brasilia – Campos II, 2005
114
Referências Bibliográficas
OREA. D.G. Ordenacion del Territorio. Madrid: ed. Agrícola Española. 1993
ODUM, E.P.; TURNER, M.G. The Georgia Landscape: a Changing resource. In:
ZONNEVELD, I.L..; FORMAN, R.T.T. (ed.). Changing landscapes: an ecological
perspective. New York: Springer- Verlag, 1989.
PELLEGRINO, Paulo. Pode-se Planejar a Paisagem? Paisagem Ambiente Ensaios São
Paulo n°13 dez. 2000.
PINTO, Joyce Barreto. Possibilidades de Desenvolvimento do ecoturismo na Área de
Proteção Ambiental Morro do Urubu (Aracaju/Se). São Cristóvão, SE, 2008, p.109.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - cleo de s-
Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Pro - Reitoria de Pós-Graduação e
Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe
PIRES, P. S. Avaliação da Qualidade Visual da Paisagem na Região Carbonífera de
Criciúma-SC. Curitiba. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal), Centro de
Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná.
ROCHA, C.H. Ecologia da paisagem e manejo sustentável em bacias hidrográficas:
estudo do rio São Jorge nos Campos Gerais do Paraná. Curitiba: 1994. Dissertação
(mestrado em agronomia) Setor de ciências do solo, Universidade Federal do Paraná.
SANTOS, R. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de textos,
2004.
SERRA, A.L.R.C. Indicadores de pressão para o córrego do Piçarrão. Campinas, 2002.
119p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Engenharia Civil, Unicamp.
SEPLAN. Mapa do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano: Áreas de especial
interesse ambiental. Aracaju, 2005.
SEPLAN. Mapa do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano: Zoneamento urbano.
Aracaju, 2005.
SEPLAN. Ortofoto- Mosaico. Aracaju, 2004.
SEPLAN/ PMA. Aracaju em Dados 2006. Aracaju: SEPLAN / PMA, 2006
SILVA, K. O urbano, o rural e o ambiental nas transformações do bairro Porto
Dantas, no norte da cidade de Aracaju. São Cristóvão, SE, 2004. Dissertação (Mestrado
em Geografia) - cleo de Pós-Graduação em Geografia, Pro - Reitoria de Pós-Graduação
e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe.
TEDESCHI,E. Teoría de La arquitectura. Buenos Aires: Nueva Vision, 1997.
VAN KAMP, I.; LEIDELMEIJER, K.; MARSMAN, G.; DE HOLLANDER, A. Urban
environmental quality and human well-being. Towards a concepts framework and
115
Referências Bibliográficas
demarcation of concepts; a literature study. Landscape and Urban Planning 65 (2003) 5-
18.
VILÀS, J.R. Planejamento e Gestão da Paisagem Rural. In: Manual de Ciência del
Paisaje. Org.: Bolós, M. Barcelona: Masson S.A., 1992.
WINOGRAD, M. Marco Conceptual para el desarrollo y uso de indicadores
ambientales y de sustentabilidad para toma de decisiones em Latinoamerica y el
Caribe. PNUMA/CIAT, México, 1996.
116
ANEXOS
117
Roteiro de Entrevistas Parque José Rollemberg Leite
Nome:
Profissão:
Atividades desenvolvidas
no parque:
Quais os principais problemas ambientais no parque!
Com relação à vegetação, são tomadas medidas para recuperá-la!
Existe normatização para o tamanho das celas dos animais! Elas são seguidas
Como são destinados os efluentes líquidos do parque!
E os resíduos sólidos, existe coleta seletiva!
Na sua opinião, qual o papel do parque na conservação do remanescente florestal,
fauna e flora.
118
Roteiro de Entrevistas MORRO DO URUBU – SEMARH
1-Nome:
2-Profissão:
3- Função na SEMARH:
4- tempo de trabalho na SEMARH:
5-Como é feita a Gestão da APA?
6-Quais s instrumentos de planejamento existentes?
7-Quantos funcionários são responsáveis por sua gestão? 5
8-Existe conselho gestor?
9-Existe alguma parceria com outros órgãos ou instituições para a gestão da APA, como
por exemplo, a ENDAGRO que é responsável pelo parque?
10-È realizada alguma atividade ou tomada alguma medida para a conservação da área
de mata!
11-Quais as principais dificuldades para a gestão da APA e conservação do
remanescente florestal?
12-Existem programas de educação ambiental ou coleta de lixo seletiva, por exemplo?
13-O que acha da utilização de indicadores para auxiliar na gestão da APA?
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo