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simplesmente o resultado da combinação dos signos. Do contrário, estaríamos voltando a
considerar somente uma concepção funcionalista e estruturalista
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– baseada na funcionalidade
e na racionalidade –, as quais foram criticadas por Castoriadis. Todavia, esse sentido está
sustentado pelos valores simbólicos permeados nas representações imaginárias sociais.
As significações imaginárias sociais funcionam como respostas às questões lançadas
ao mundo – ao coletivo anônimo – pelo homem. Assim como a racionalidade, as significações
imaginárias sociais atribuem sentido aos fenômenos do mundo, no entanto, essas
significações encontram-se em um plano imaginário e vai além do racional.
É possível dizer, então, que as significações imaginárias sociais têm um papel de
escolha que
é feita por um sistema de significações imaginárias que valorizam e
desvalorizam, estruturam e hierarquizam um conjunto cruzado de objetos e
de faltas correspondentes, e no qual pode-se ler, mais facilmente que em
qualquer outro, essa coisa tão incerta como incontestável que é a orientação
de uma sociedade (CASTORIADIS, 1982, p. 181).
É por meio dessa escolha que o sujeito atribui sentido ao mundo e, segundo
Castoriadis (1992, p. 93), “o homem é um ser que procura o sentido. E para satisfazer essa
necessidade de sentido, cria o sentido”. Trata-se, portanto, de compreender os significados
que os sujeitos atribuem à sociedade.
Para se compreender a subjetividade de um indivíduo não se pode deixar de
compreender o seu mundo inter e intrarrelacional. Um sujeito é constituído a partir de
condições materiais, históricas, familiares, sociais e psicológicas. “O homem só existe na e
pela sociedade – e a sociedade sempre é histórica” (CASTORIADIS, 1987, p. 228). Com isso,
ao estudar a subjetividade do indivíduo é preciso compreender suas relações familiares, sua
vida afetiva, suas relações no trabalho, entre outros meios sociais, considerando, assim, este
sujeito dentro de uma dialética social. Entender, pois, sua subjetividade nesse contexto
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Castoriadis, por meio de seu pensamento evolutivo e não linear, critica as duas vertentes do pensamento
filosófico ocidental: o funcionalismo e o estruturalismo. Critica o funcionalismo como fim em si mesmo por
entender que a sociedade não poderia existir somente para suprir suas necessidades básicas por meio da mera
repetição. Entretanto, essa satisfação de necessidade também compõe a vida institucional, sendo peça
fundamental em seu desenvolvimento. Outra crítica ao pensamento filosófico ocidental é feita ao estruturalismo,
para o qual “a sociedade é vista como um organismo cujas partes relacionam-se de certa maneira, determináveis
racionalmente, sendo as estruturas sociais consideradas como algo natural-lógico” (BARRETTO, 2003, p. 87).
Por meio da combinação de elementos teríamos formas sociais finitas, pré-determinadas, contrapondo a ideia de
criação castoriadiana, segundo a qual, o social é concebido, constituído e instituído por meio de um coletivo
anônimo, permeado por novas formas, um vir a ser. Contudo, Castoriadis não anula a categoria da determinidade
e da linearidade do pensamento moderno, mas inclui a capacidade criadora e a indeterminidade como
pressuposto da existência humana na acepção do pensamento contemporâneo.