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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
NÍVEL MESTRADO
ADRIANO JOSÉ AZEREDO
DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DE INDÚSTRIAS
CALÇADISTAS BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE DO PERÍODO DE
2000 A 2006
São Leopoldo
2008
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ADRIANO JOSÉ AZEREDO
DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DE INDÚSTRIAS
CALÇADISTAS BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE DO PERÍODO DE
2000 A 2006
Dissertação apresentada à Universidade do Vale
do Rio dos Sinos UNISINOS, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Antonio de Souza
São Leopoldo
2008
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ADRIANO JOSÉ AZEREDO
DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DE INDÚSTRIAS CALÇADISTAS
BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE DO PERÍODO DE 2000 A 2006
Dissertação apresentada à Universidade do
Vale do Rio dos Sinos Unisinos, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Ciências Contábeis.
Aprovado em 29 de agosto de 2008.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Anisio Candido Pereira – Centro Universitário Álvares Penteado
Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl – Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Prof. Dr. Ernani Ott – Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Prof. Dr. Marcos Antonio de Souza
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Visto e permitida a impressão
São Leopoldo,
Prof. Dr. Ernani Ott
Coordenador Executivo PPG em Cncias Contábeis
AGRADECIMENTOS
A opção pelo aprendizado e novos desafios, em momento algum é tarefa fácil. Para
cada nova escolha é inevitável a renúncia de prazeres, e tantos outros planejamentos têm sua
realização adiada. Porém, jamais um sonho deixará de se transformar em meta e de meta em
realidade com tantas e tão especiais pessoas nos apoiando. Algumas delas recebem aqui os
meus agradecimentos.
Agradeço a Deus e a Nossa Senhora, pelo dom da vida e da sabedoria, pelo auxílio nas
minhas escolhas e por alumiar os caminhos sem que eu precise pedir.
Agradeço também às pessoas que são essenciais em minha vida. À minha esposa
Ermides, incondicionalmente ao meu lado, pelo amor, carinho, compreensão, motivação e
palavras de admiração. Aos meus pais Alcides e Jurema, pelo amor, pela educação, pelos
valores essenciais que me transmitiram e pelo apoio incondicional. A minha irmã Adriane e
sua família, pela motivação, apoio e compreensão da ausência. Aos demais familiares que
sempre transmitiram incentivos.
Meus agradecimentos aos amigos e colegas de mestrado das Turmas 2005, 2006 e
2007, dos cursos de Contábeis e Administração, pela amizade e companheirismo ao longo da
caminhada. Em especial ao André, Angelita, Araceli, Cristiane, Dalva, Eduardo, Giovani,
Jadir, Rodrigo e Rolf da Turma de Contábeis 2006, pela troca de idéias, experiências e pela
vontade de vencer juntos.
Ao professor Dr. Marcos Antonio de Souza pela pertinência de suas ponderações, pela
orientação e pelo apoio recebido ao longo do desenvolvimento desta dissertação.
A UNISINOS, aos professores, pelo aprendizado, pela oportunidade de debater idéias
e de buscar respostas para meus questionamentos e as grandes amigas da secretaria do PPG,
pela prontidão em todas as ocasiões.
A empresa Baldo S/A pelo auxílio recebido, pelo apoio de seus dirigentes, pela
amizade e incentivo dos colegas de trabalho. Em especial ao diretor e amigo, Leandro
Beninho Gheno.
Aos amigos e colegas da UNIVATES, pelo estímulo e incentivo recebido.
Aos demais amigos, pessoas e instituições que colaboraram para o desenvolvimento
deste trabalho e que de alguma forma fizeram a diferença nesta longa caminhada.
A todos o meu muito obrigado!
“Bom mesmo é ir a luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
pois o triunfo pertence a quem mais se atreve.
E a vida é muito curta para ser insignificante.”
Charles Chaplin
RESUMO
O objetivo do estudo é a avaliação do desempenho econômico e financeiro de empresas
calçadistas brasileiras. O estudo contextualiza-se no ambiente caracterizado a partir dos anos
1980, quando o mercado competitivo ultrapassou as fronteiras domésticas, exigindo das
empresas maior eficiência na gestão de suas atividades, tendo na contabilidade uma das fontes
de informações necessárias para orientar a adequada utilização dos recursos. A pesquisa se
caracteriza como de natureza exploratória, quantitativa e documental. Para o desenvolvimento
do estudo coletaram-se demonstrações contábeis correspondentes aos anos de 2000 a 2006 e
relativas a 15 indústrias do setor calçadista brasileiro localizadas nas regiões Sul, Sudeste e
Nordeste. O estudo, com base em 30 indicadores selecionados, possibilitou a análise do
conjunto das empresas, por meio do índice-padrão de cada indicador. Em seguida, efetuou-se
a análise dos indicadores por empresa. Visando testar o significado dos resultados da análise,
foram aplicadas as técnicas do valor típico (valor médio dos coeficientes) como medida
comparativa dos índices-padrão e testes de correlação estatística. Após a análise, elaborou-se
o ranking das empresas por meio da metodologia criada pela publicação Exame Melhores e
Maiores. Os resultados da análise dos índices-padrão indicam estabilidade na liquidez das
empresas, melhora nos índices de solvência e redução do endividamento, característico de
curto prazo. A atividade operacional apresenta queda nas vendas líquidas em contrapartida do
aumento nos prazos médios de estocagem e de recebimento. Por conseguinte, houve redução
nas margens de lucratividade e de rentabilidade, refletindo na queda do giro dos ativos e das
taxas de crescimento com recursos próprios. Para compensar os prejuízos operacionais as
empresas recorreram a ganhos no mercado financeiro, que propiciaram resultados líquidos
positivos. No ranking das empresas examinadas, Dilly Nordeste S/A e São Paulo Alpargatas
S/A apresentam-se em e lugar, respectivamente, na classificação geral do período de
2000 a 2006.
Palavras-chave: Análise; Indústria Calçadista; Demonstrações contábeis; Desempenho
econômico-financeiro; Indicadores; Índices-padrão; Ranking.
ABSTRACT
The objective of this study is to evaluate the economic and financial performance of the
Footwear Industry from the 1980’s on, when the competitive market crossed the domestic
frontier, demanding more efficiency from shoemaking companies regarding the management
of their activities. Within this context, accountancy is seen as one of the necessary
information sources to guide the proper use of resources. The study is exploratory,
quantitative and documental in nature. Statements of financial accounting from 15 Brazilian
shoemaking companies located in the South, Southeast and Northeast regions were collected
from the year 2000 to 2006. The study was based on 30 selected indexes, which made
possible to analyze the group of companies by the standard-index of each indicator. Following
that, the index analysis of each company was made. In order to check the analysis results,
typical value techniques were used as a comparative measure of the standard indexes and the
statistical correlation tests. The companies ranking was set afterwards, according to the
methodology designed by the Brazilian magazine Exame Melhores e Maiores. Standard
indexes data analysis points to stability regarding the companies’ liquidity, improvement in
the solvency indexes and decrease in debt, which is a typical short-term feature. Operational
activity presents a fall in net sales, in opposition to the increase in the inventory turnover and
accounts receivable turnover. Consequently, there has been a decrease in the profit and
profitability margins, reflecting in a fall of the assets turnover, as well as of the growth rates
with the companies’ own resources. In order to compensate for operational debts, companies
resort to gains in the financial market, which brought liquid positive results. Within the
chosen companies ranking, Dilly Nordeste S/A and São Paulo Alpargatas are in the 1
st
and 2
nd
places, respectively, in the general classification from the year 2000 to 2006 period.
Keywords: analysis; footwear industry; shoemakers; financial accounting statement;
economic-financial performance; indicators; standard index; ranking.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: A avaliação de desempenho no processo de gestão..................................................22
Figura 2: O processo de avaliação de desempenho..................................................................24
Figura 3: Diferentes necessidades de indicadores....................................................................26
Figura 4: Visão integrada do papel dos indicadores no processo decisório.............................27
Figura 5: Níveis da análise de desempenho econômico-financeiros das empresas..................29
Figura 6: Ciclos da empresa .....................................................................................................37
Figura 7: Sistema DuPont.........................................................................................................48
Figura 8: Efeito tesoura ............................................................................................................57
Figura 9: Descrição básica da cadeia coureiro-calçadista........................................................80
Figura 10: Evolução da produção, da exportação, da importação e do consumo aparente de
calçados do Brasil: 1997-2006 .................................................................................................84
Figura 11: Desembolso do Sistema BNDES ao Setor Calçadista (R$ em milhões) ................87
Figura 12: Evolução da valorização do Real ante o Dólar comparada à evolução das
exportações brasileiras de calçados (R$ bilhões) no período 1997-2006.................................93
Figura 13: Evolução da valorização do Real ante o Dólar comparada à evolução das
exportações brasileiras de calçados (US$ bilhões) no período 1997-2006 ..............................93
Figura 14: Evolução da valorização do Real ante o Dólar comparada à evolução do preço
médio unitário (US$) do calçado exportado no período 1997-2006........................................94
Figura 15: Evolução da produção brasileira de calçados comparada ao crescimento do PIB
Brasil e do PIB indústria no período de 1997-2006 .................................................................94
Figura 16: Representatividade de Brasil, China e Indonésia na importação norte-americana de
calçados no período 1981-2006................................................................................................96
Figura 17: Variação da produção, exportação e consumo de calçados - 1997-2005................99
Figura 18: Tamanho do mercado mundial de calçados 2001-2011........................................102
Figura 19: Intervalos de classificação dos coeficientes de correlação ...................................118
Figura 20: Liquidez corrente por empresa..............................................................................172
Figura 21: Liquidez geral por empresa...................................................................................173
Figura 22: Variação do estoque de liquidez por empresa.......................................................174
Figura 23: Prazo médio de estocagem por empresa...............................................................175
Figura 24: Prazo médio de recebimento por empresa ............................................................176
Figura 25: Margem bruta por empresa...................................................................................177
Figura 26: Margem operacional por empresa.........................................................................178
Figura 27: Margem líquida por empresa ................................................................................179
Figura 28: Retorno sobre o ativo por empresa .......................................................................181
Figura 29: Retorno sobre o patrimônio líquido por empresa .................................................182
Figura 30: Índice de desempenho empresarial por empresa...................................................183
Figura 31: Valor econômico agregado por empresa...............................................................184
Figura 32: Cash flow por empresa..........................................................................................185
Figura 33: Margem do EBITDA por empresa........................................................................186
Figura 34: Índice de cobertura de juros por empresa - EBITDA ...........................................187
Figura 35: Composição do endividamento por empresa........................................................189
Figura 36: Dependência financeira por empresa....................................................................190
Figura 37: Participação do capital de terceiros por empresa..................................................191
Figura 38: Giro do ativo por empresa.....................................................................................192
Figura 39: Imobilização do patrimônio líquido por empresa.................................................193
Figura 40: Imobilização dos recursos não correntes por empresa..........................................194
Figura 41: Grau de alavancagem financeira por empresa ......................................................196
Figura 42: Grau de alavancagem operacional por empresa....................................................197
Figura 43: Grau de alavancagem total por empresa...............................................................198
Figura 44: Efeito tesoura por empresa....................................................................................200
Figura 45: Índice de cobertura de juros por empresa .............................................................201
Figura 46: Coeficiente de overtrading por empresa...............................................................202
Figura 47: Capital de giro por empresa..................................................................................203
Figura 48: Taxa de crescimento sustentável por empresa......................................................204
Figura 49: Previsão de insolvência por empresa....................................................................205
Figura 50: Comparativo dos resultados das correlações positivas e inversas dos índices-padrão
do período 2000 a 2006..........................................................................................................206
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Comparativo de significações de econômico e financeiro e demonstrações
contábeis correspondentes........................................................................................................31
Quadro 2: Modelo de padronização do Balanço Patrimonial...................................................35
Quadro 3: Modelo de padronização da DRE............................................................................36
Quadro 4: Modelo de padronização da DOAR ........................................................................36
Quadro 5: Modelo de padronização da DLPA .........................................................................37
Quadro 6: Indicadores de liquidez............................................................................................41
Quadro 7: Indicadores de atividade..........................................................................................43
Quadro 8: Indicadores de lucratividade....................................................................................44
Quadro 9: Indicadores de rentabilidade e retorno ....................................................................47
Quadro 10: Indicadores do EBITDA........................................................................................50
Quadro 11: Indicadores de endividamento...............................................................................52
Quadro 12: Indicadores de estrutura.........................................................................................54
Quadro 13: Indicadores de alavancagem..................................................................................55
Quadro 14: Demais indicadores ...............................................................................................59
Quadro 15: Exemplo de critério de análise comparativa com decis.........................................63
Quadro 16: Exemplo de critério de análise comparativa com quartis......................................63
Quadro 17: Indicadores utilizados em modelos de insolvência ...............................................66
Quadro 18: Teses e dissertações sobre o setor calçadista.........................................................70
Quadro 19: Revistas de avaliação de desempenho de empresas publicadas no Brasil.............72
Quadro 20: Critérios de classificação das empresas utilizados pelas revistas especializadas em
negócios....................................................................................................................................75
Quadro 21: Outros estudos de classificação de empresas ........................................................77
Quadro 22: Amostra selecionada............................................................................................111
Quadro 23: Empresas listadas nas revistas de ranking com publicação no Brasil.................111
Quadro 24: Modelo da padronização do Balanço Patrimonial...............................................113
Quadro 25: Modelo da padronização da Demonstração do Resultado do Exercício,
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Demonstração dos Lucros ou
Prejuízos Acumulados............................................................................................................114
Quadro 26: Indicadores econômico-financeiros.....................................................................115
Quadro 27: Metodologia de classificação de empresas utilizada pela revista Exame Melhores
e Maiores ................................................................................................................................119
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Empresas calçadistas por estados no ano de 2005....................................................82
Tabela 2: Evolução da produção, da exportação, da importação e do consumo aparente de
calçados do Brasil: 1997-2006 (em milhões de pares).............................................................83
Tabela 3: Exportação Brasileira de Calçados: 1997 a 2006.....................................................84
Tabela 4: Exportação Brasileira de Calçados – Região Sul: 1997 a 2006 ...............................86
Tabela 5: Exportação Brasileira de Calçados – Região Sudeste: 1997 a 2006 ........................86
Tabela 6: Exportação Brasileira de Calçados – Região Nordeste: 1997 a 2006 ......................87
Tabela 7: Empresas produtoras de calçados por região: 1997-2006........................................88
Tabela 8: Empregos gerados pelo setor calçadista por região: 1997-2006 ..............................88
Tabela 9: Principais produtores mundiais de calçados: 1997-2005 (pares milhões)................98
Tabela 10: Principais exportadores mundiais de calçados: 1997-2005 (pares milhões)..........98
Tabela 11: Principais consumidores mundiais de calçados: 1997-2005 (pares milhões).........98
Tabela 12: Importação norte-americana de calçados por país de origem selecionado -
classificação pelo montante de valor importado: 1997 a 2006 (US$ mil)................................99
Tabela 13: Importação norte-americana de calçados por país de origem selecionado -
classificação por quantidade de pares importados: 1997 a 2006 (pares mil) ...........................99
Tabela 14: Projeção da demanda mundial de calçados 2005-2011 (pares bilhões) ...............103
Tabela 15: Variação do IPCA-IBGE acumulado 12 meses no período de 2000-2006 ..........115
Tabela 16: Pesos utilizados para a classificação das empresas..............................................119
Tabela 17: Indicadores de desempenho da Calçados Andreza S/A........................................124
Tabela 18: Indicadores de desempenho da Calçados Azaléia S/A.........................................127
Tabela 19: Indicadores de desempenho da Calçados Beira Rio S/A......................................130
Tabela 20: Indicadores de desempenho da Dilly Nordeste S/A.............................................133
Tabela 21: Indicadores de desempenho da Calçados Fillis S/A.............................................136
Tabela 22: Indicadores de desempenho da Calçados Jacob S/A............................................139
Tabela 23: Indicadores de desempenho da Calçados Sândalo S/A........................................142
Tabela 24: Indicadores de desempenho da Cambuci S/A ......................................................145
Tabela 25: Indicadores de desempenho da Daiby S/A...........................................................148
Tabela 26: Indicadores de desempenho da Dakota S/A.........................................................151
Tabela 27: Indicadores de desempenho da Dakota Nordeste S/A..........................................154
Tabela 28: Indicadores de desempenho da Grendene S/A.....................................................157
Tabela 29: Indicadores de desempenho da São Paulo Alpargatas S/A ..................................160
Tabela 30: Indicadores de desempenho da Vulcabrás S/A.....................................................163
Tabela 31: Indicadores de desempenho da Vulcabrás do Nordeste S/A................................165
Tabela 32: Liquidez corrente..................................................................................................171
Tabela 33: Liquidez geral.......................................................................................................172
Tabela 34: Variação do estoque de liquidez...........................................................................173
Tabela 35: Prazo médio de estocagem ...................................................................................175
Tabela 36: Prazo médio de recebimento ................................................................................176
Tabela 37: Margem bruta .......................................................................................................177
Tabela 38: Margem operacional.............................................................................................178
Tabela 39: Margem líquida.....................................................................................................179
Tabela 40: Retorno sobre o ativo............................................................................................180
Tabela 41: Retorno sobre o patrimônio líquido......................................................................181
Tabela 42: Índice de desempenho empresarial.......................................................................182
Tabela 43: Valor econômico agregado...................................................................................183
Tabela 44: Cash flow..............................................................................................................185
Tabela 45: Margem do EBITDA............................................................................................186
Tabela 46: Índice de cobertura de juros - EBITDA................................................................187
Tabela 47: Composição do endividamento ............................................................................188
Tabela 48: Dependência financeira ........................................................................................189
Tabela 49: Participação do capital de terceiros......................................................................190
Tabela 50: Giro do ativo.........................................................................................................192
Tabela 51: Imobilização do patrimônio líquido .....................................................................193
Tabela 52: Imobilização dos recursos não correntes..............................................................194
Tabela 53: Grau de alavancagem financeira...........................................................................195
Tabela 54: Grau de alavancagem operacional........................................................................197
Tabela 55: Grau de alavancagem total ...................................................................................198
Tabela 56: Efeito tesoura........................................................................................................199
Tabela 57: Índice de cobertura de juros .................................................................................200
Tabela 58: Coeficiente de overtrading...................................................................................202
Tabela 59: Capital de giro ......................................................................................................203
Tabela 60: Taxa de crescimento sustentável ..........................................................................204
Tabela 61: Previsão de insolvência ........................................................................................205
Tabela 62: Classificação das empresas por crescimento em vendas......................................209
Tabela 63: Classificação das empresas por investimento no imobilizado..............................209
Tabela 64: Classificação das empresas por liderança de mercado.........................................210
Tabela 65: Classificação das empresas por liquidez corrente ................................................211
Tabela 66: Classificação das empresas por retorno sobre o patrimônio líquido....................211
Tabela 67: Classificação geral das empresas por ano.............................................................212
Tabela 68: Classificação geral das empresas..........................................................................212
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................14
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA..............................................................................14
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA........................................................16
1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................................17
1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................................17
1.3.2 Objetivos Específicos......................................................................................................17
1.4 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................18
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.........................................................................................20
1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................................21
2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................22
2.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO..................................................................................22
2.2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ......................................................27
2.2.1 Usuários da Análise das Demonstrações Contábeis........................................................32
2.2.2 Padronização das Demonstrações Contábeis...................................................................33
2.2.3 Conceito e Cálculo dos Indicadores Econômico-Financeiros.........................................38
2.2.3.1 Indicadores de liquidez.................................................................................................40
2.2.3.2 Indicadores de atividade...............................................................................................42
2.2.3.3 Indicadores de lucratividade.........................................................................................43
2.2.3.4 Indicadores de rentabilidade e retorno .........................................................................44
2.2.3.5 Correlação entre indicadores de lucratividade e rentabilidade.....................................47
2.2.3.6 Indicadores do EBITDA...............................................................................................49
2.2.3.7 Indicadores de endividamento......................................................................................50
2.2.3.8 Indicadores de estrutura................................................................................................52
2.2.3.9 Indicadores de alavancagem.........................................................................................54
2.2.3.10 Correlação entre liquidez, rentabilidade e endividamento .........................................56
2.2.3.11 Demais indicadores ....................................................................................................57
2.2.4 Índices-padrão .................................................................................................................60
2.2.4.1 Determinação dos índices-padrão.................................................................................62
2.3 MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA............................................................64
2.4 PESQUISAS ACADÊMICAS SOBRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO SETOR
CALÇADISTA.........................................................................................................................67
2.5 REVISTAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE EMPRESAS............................72
2.6 OUTROS ESTUDOS SOBRE CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS............................76
2.7 SETOR CALÇADISTA BRASILEIRO.............................................................................78
2.7.1 Evolução do Setor Calçadista Brasileiro.........................................................................78
2.7.2 Produção, Comercialização e Distribuição dos Calçados ...............................................80
2.7.3 O Mercado de Calçados...................................................................................................82
2.7.4 Migração da Indústria Calçadista Brasileira para a Região Nordeste.............................85
2.7.5 Concorrência Externa......................................................................................................90
2.7.6 Tendências do Mercado Global.....................................................................................102
2.7.6.1 Tendências nos Estados Unidos .................................................................................103
2.7.6.2 Tendências no Reino Unido .......................................................................................104
2.7.6.3 Tendências na China...................................................................................................104
2.7.6.4 Tendências na França .................................................................................................104
2.7.6.5 Tendências na Alemanha............................................................................................105
2.7.6.6 Tendências na Rússia..................................................................................................105
2.7.6.7 Tendências na Índia....................................................................................................105
2.7.6.8 Tendências na Coréia do Sul......................................................................................106
2.7.7 As tendências e o Brasil.................................................................................................106
3 MÉTODO DE PESQUISA ...............................................................................................108
3.1 MÉTODO CIENTÍFICO..................................................................................................108
3.2 MÉTODO QUE INDICA OS MEIOS TÉCNICOS DE INVESTIGAÇÃO....................108
3.3 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA................................................................................109
3.3.1 Quanto à Natureza.........................................................................................................109
3.3.2 Quanto à Abordagem do Problema ...............................................................................109
3.3.3 Quanto aos Objetivos ....................................................................................................109
3.3.4 Quanto aos Procedimentos Técnicos.............................................................................110
3.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA..........................................................................................110
3.5 COLETA DOS DADOS...................................................................................................112
3.6 TRATAMENTO DOS DADOS.......................................................................................112
3.7 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................117
3.8 LIMITAÇÕES DA PESQUISA.......................................................................................120
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .............................................................123
4.1 ANÁLISE INDIVIDUAL POR EMPRESA....................................................................123
4.1.1 Calçados Andreza S/A...................................................................................................123
4.1.2 Calçados Azaléia S/A....................................................................................................127
4.1.3 Calçados Beira Rio S/A.................................................................................................130
4.1.4 Dilly Nordeste S/A ........................................................................................................133
4.1.5 Calçados Fillis S/A........................................................................................................136
4.1.6 Calçados Jacob S/A.......................................................................................................139
4.1.7 Calçados Sândalo S/A ...................................................................................................142
4.1.8 Cambuci S/A .................................................................................................................145
4.1.9 Daiby S/A......................................................................................................................148
4.1.10 Dakota S/A ..................................................................................................................151
4.1.11 Dakota Nordeste S/A...................................................................................................154
4.1.12 Grendene S/A ..............................................................................................................157
4.1.13 São Paulo Alpargatas S/A ...........................................................................................160
4.1.14 Vulcabrás S/A..............................................................................................................163
4.1.15 Vulcabrás do Nordeste S/A .........................................................................................165
4.2 ANÁLISE DAS EMPRESAS POR GRUPO DE INDICADORES.................................169
4.2.1 Indicadores de liquidez..................................................................................................171
4.2.2 Indicadores de atividade................................................................................................174
4.2.3 Indicadores de lucratividade..........................................................................................176
4.2.4 Indicadores de rentabilidade e retorno...........................................................................180
4.2.5 Indicadores do EBITDA................................................................................................184
4.2.6 Indicadores de endividamento.......................................................................................188
4.2.7 Indicadores de estrutura.................................................................................................191
4.2.8 Indicadores de alavancagem..........................................................................................195
4.2.9 Demais indicadores........................................................................................................199
4.2.10 Aplicação da análise de correlação aos indicadores....................................................206
4.3 CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS............................................................................207
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .........................................................................214
5.1 CONCLUSÃO..................................................................................................................214
5.2 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................................216
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................218
APÊNDICES.........................................................................................................................232
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Com a liberalização dos fluxos internacionais de capitais e dos mercados ocorrida a
partir dos anos 1980, o mundo dos negócios passou a vivenciar eventos como privatizações,
terceirizações e um rápido avanço das tecnologias de informação e comunicação. Como
conseqüência, o mercado competidor ultrapassou as fronteiras do mercado doméstico,
exigindo das empresas maior preocupação com a eficácia empresarial, mediante a geração de
resultados econômicos positivos, ou seja, capacidade de geração de riqueza que garantisse a
sua continuidade.
Por sua vez, a capacidade de uma empresa gerar riqueza está relacionada diretamente
ao suprimento das necessidades humanas existentes ou criadas. De acordo com Mosimann
e Fisch (1999, p. 13), “a riqueza patrimonial de uma empresa decorre da vontade do ser
humano em suprir necessidades” e “para suprir essas necessidades é preciso que a empresa
seja eficaz e dessa forma atinja a prosperidade”, maximizando a utilização da sua riqueza.
A contabilidade é uma das formas que o gestor utiliza para receber orientações para a
utilização eficaz da riqueza. Identifica-se, portanto, a contabilidade como uma das fontes
provedoras de informações que permitam ações voltadas ao aproveitamento das
oportunidades ou a proteção às ameaças de negócios, orientando os gestores à tomada de
decisões logradas de sucesso.
Porém, “o estudo que a contabilidade realiza para conhecer a origem e a razão das
transformações da riqueza deve apoiar-se em um critério analítico e competente para produzir
modelos de comportamentos de prosperidade” (MOSIMANN, FISCH, 1999, p. 13). Nesse
sentido, uma das técnicas utilizadas no estudo da evolução patrimonial das empresas é a
análise das demonstrações contábeis, por meio da qual se procura estabelecer modelos de
orientação para decisão pelos diferentes usuários das informações contábeis, por meio da
confecção de relatórios que contenham informações destinadas a atender o interesse
específico de cada grupo de usuários.
A análise das demonstrações contábeis se vale de indicadores do desempenho
econômico-financeiro das empresas, objetivando transformar os dados publicados nas
demonstrações contábeis e relatórios complementares em informações que evidenciem o
desempenho das organizações durante o período analisado. Essas informações podem ser
encontradas de forma individual, por meio de indicadores apurados por empresa, ou com o
15
auxílio da técnica de índices-padrão, explicada por diversos autores tais como Assaf Neto
(2006); Matarazzo (2003); Silva (1995).
A utilização da técnica de índices-padrão permite a comparabilidade dos índices
econômico-financeiros de uma empresa em relação aos de outras empresas, das empresas em
relação ao setor ou ainda entre diversos ramos de atividades. O índice-padrão é também um
referencial para a comparação de índices da empresa com padrões internos, preestabelecidos
pela direção da organização como metas almejadas. sob o aspecto da análise setorial,
consiste na apreciação macroeconômica em relação a determinado setor da economia,
auxiliando no posicionamento das principais empresas atuantes no segmento pesquisado.
Exemplo do uso dessa técnica são as diversas publicações de ranking existentes no
Brasil e no exterior, que, após a apuração dos índices-padrão, classificam as empresas
segundo o peso atribuído a cada indicador calculado. Melhores e Maiores (Exame), Balanço
Anual (Gazeta Mercantil), Valor 1000 (Valor Econômico), Fortune 500 (Fortune), são
algumas dessas publicações.
Dentre os vários segmentos empresariais de relevância econômica nacional que fazem
uso da análise das demonstrações contábeis encontra-se o setor calçadista, cujas empresas,
consoante pesquisas de Schneider (2003) e Gianisella (2006), utilizam indicadores
econômico-financeiros de liquidez, atividade, estrutura, lucratividade, rentabilidade e retorno,
além da análise comparativa de balanços e informações relacionadas ao ciclo financeiro, ao
estudo do capital de giro e à evolução do patrimônio líquido, para a medição do seu
desempenho. Porém, apesar de ser utilizada pelas empresas como fonte de informações para a
tomada de decisões, a técnica de análise das demonstrações contábeis é pouco encontrada em
dissertações e teses (seção 2.4) que pesquisaram as indústrias calçadistas brasileiras.
O setor calçadista brasileiro está entre os chamados setores fragmentados. Além disso,
a indústria calçadista, conforme Tedesco (2000), se caracteriza por um grande número de
ofertantes, geralmente com pequeno poder frente aos fornecedores e clientes. Como
conseqüência resultam baixos lucros e um intenso nível de competição (HEXSEL; PAIVA,
2006). Trata-se, o setor calçadista, de um segmento produtivo cujas determinantes do
desempenho são diversas, pelos seguintes motivos:
1) o setor está inserido no segmento mercadológico da moda o que requer
atualização constante, aspecto este demandado sobremaneira, caso atenda os
mercados interno e externo;
2) é uma indústria fragmentada, o que proporciona facilidades a novos entrantes,
acirrando a competição;
3) dificuldade de implementação de novas tecnologias, pelas características de
diversificação da produção gerando intensidade de processos manuais; e,
16
4) a concorrência externa é exercida com intensidade por países que produzem em
larga escala com menores custos de mão-de-obra (VANIN, 2006, p. 15).
Em relação ao terceiro motivo citado por Vanin (2006), o BNDES (2006, p. 1) relata
que dada a descontinuidade do processo de produção, “as fases de costura e modelagem de
calçados de couro ainda são bastante manuais, demandando ainda muita habilidade da mão-
de-obra e, com isso, limitando o processo de automação”.
Reflexos dessas influências produtivas podem ser visualizados, segundo dados da
ABICALÇADOS (2007), pela ruptura do processo de crescimento da produção de calçados
iniciado em 1999, cuja produção era de 499 milhões de pares até 2005 quando atingiu 806
milhões de pares, tendo uma queda de 10 milhões de pares em 2006 quando o Brasil produziu
796 milhões de pares. Quanto às exportações, estas atingiram seu ápice em 2004 quando se
exportou 212 milhões de pares, caindo para 190 milhões em 2005 e 180 milhões em 2006. Por
sua vez, as importações, com destaque aos calçados de baixo custo, colaboram para o
agravamento da situação, aumentando de aproximadamente 9 milhões de pares em 2004 para
17 milhões em 2005 e 19 milhões em 2006.
Em síntese, além da redução das vendas para o mercado externo, houve uma redução
da produção pelo aumento da demanda por produtos estrangeiros, retirando da indústria
nacional parcela significativa de seu mercado consumidor. Além disso, a valorização do Real
ante o Dólar, a partir de 2005, reflete diretamente na queda do faturamento das empresas
exportadoras, sendo que o mesmo não ocorre com seus custos de produção que são em Reais,
tirando a competitividade do calçado brasileiro no mercado internacional (ABICALÇADOS,
2007; BNDES, 2006). Schneider (2003) salienta que as exportações do setor têm tido perdas
significativas com a valorização da moeda nacional perante o dólar, fazendo migrar sua
produção para o mercado interno, gerando uma oferta maior que a demanda e,
conseqüentemente, afetando os preços praticados.
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
A abertura de mercados locais a produtos importados no início da década de 1990
trouxe para as empresas nacionais uma situação ambígua, ou seja, por um lado vislumbrou
novas oportunidades com o acesso a mercados internacionais e, por outro, trouxe ameaças à
existência de empresas e/ou setores pouco competitivos. Atingida por esse fenômeno, a
indústria brasileira de calçados enfrenta tempos de turbulência com o aumento das vendas
chinesas para o mercado mundial e, principalmente, para o mercado norte-americano, sendo
17
que o preço médio dos calçados chineses custava para os Estados Unidos, em 2004, US$ 6,31
por par contra US$ 10,92 do Brasil (BNDES, 2006). Devido ao domínio dos chineses na
produção de sapatos de baixo custo, os fabricantes brasileiros foram obrigados a buscar novos
padrões competitivos (VIEIRA; PAIVA, 2005).
Dessa forma, objetivando otimizar o desempenho, várias companhias estão
internacionalizando suas atividades, instalando ou adquirindo unidades em outros países da
América do Sul e também da Ásia. Outra estratégia adotada é o investimento em marcas
próprias no mercado internacional ou, ainda, a comercialização dos produtos em países onde
não há a presença de grandes compradores globais.
O enfoque nessa busca pela otimização do desempenho pressupõe a necessidade da
empresa conhecer um conjunto de indicadores, inclusive os de natureza econômica e
financeira, que permitam examinar sua situação no período desejado e gerar informações para
o processo de tomada de decisão dos usuários interessados. Além disso, estes permitem a
comparabilidade do desempenho da empresa em relação à metas pré-estabelecidas ou em
relação aos índices-padrão do setor, contando com um instrumento que subsidie o
planejamento e controle dos processos da organização.
Dessa forma, tem-se o seguinte problema de pesquisa:
Qual o desempenho econômico-financeiro de indústrias calçadistas brasileiras no
período de 2000 a 2006?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar o desempenho econômico-financeiro de indústrias calçadistas brasileiras no
período de 2000 a 2006.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) contextualizar o setor calçadista no cenário nacional e internacional;
b) selecionar indicadores econômico-financeiros como medida objetiva de
desempenho individual das empresas;
18
c) calcular índices-padrão, base para análise comparativa e global do setor;
d) realizar análise individual por empresa e do conjunto delas.
1.4 JUSTIFICATIVA
A análise de desempenho econômico-financeiro das empresas tem sido alvo de muitos
estudos, que buscam desenvolver diversos modelos de avaliação para emitir informações
sobre o desempenho das organizações. Exemplo são as pesquisas acadêmicas e as inúmeras
publicações de ranking que objetivam identificar as empresas com melhor desempenho nos
quesitos estabelecidos.
Neste contexto, o estudo dos mais diversos indicadores econômico-financeiros
existentes, suas finalidades e semelhanças, bem como a busca por índices que permitam a
avaliação de desempenho, propicia o estabelecimento de patamares e, de acordo com os
procedimentos estatísticos, o estabelecimento de padrões de comportamento das empresas.
Para estabelecer esses padrões, recorre-se a técnica de análise por meio de índices-padrão, que
permite a comparabilidade do desempenho da empresa com metas que a organização tenha
definido internamente, com os índices de outras empresas ou com os índices do setor.
De posse dessas informações, as empresas poderão minimizar os impactos econômico-
financeiros negativos causados por crises, os quais também afetam significativamente os
membros da cadeia produtiva, a empregabilidade e o fomento econômico-social do ambiente
onde estão instaladas. Exemplos de crises foram evidenciados por Sfredo (2006), que relata o
fechamento de 61 empresas, provocando 21 mil demissões no pólo calçadista gaúcho. As
causas para a crise, segundo a autora, o a valorização do Real perante o Dólar, a
concorrência chinesa que possui mão-de-obra e custos de transação mais competitivos que os
brasileiros e os benefícios fiscais do governo chinês para exportações. Como forma de
retomar a competitividade, as indústrias iniciaram um movimento migratório, principalmente
para a região nordeste, onde os entes governamentais implantaram um programa agressivo de
incentivos fiscais.
Outra forma de evidenciar as constantes crises que abalam as empresas calçadistas se
mediante a verificação do número de sociedades anônimas existentes em meados de 1990
que encerraram suas atividades ou que mudaram sua forma jurídica. Em consulta à imprensa
oficial (diário oficial) dos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, verifica-se que de 31
19
sociedades anônimas que publicavam suas demonstrações contábeis, somente 50% ainda
permanecem publicando.
Considerando-se o exposto, denota-se a relevância deste estudo em sua contribuição
para o meio empresarial e acadêmico, nos seguintes termos:
a) por existir um pequeno número de dissertações e teses que tratam do desempenho
econômico-financeiro das empresas calçadistas, conforme levantamento realizado
junto ao portal da CAPES (2007), compreendendo o período de 1990 a 2006,
tendo em vista que a maioria dos trabalhos existentes possuem escopo na área de
estratégia das organizações, competitividade e relações, clusters industriais,
qualidade, gerenciamento da produção, recursos humanos, etc;
b) por terem as empresas calçadistas destaque na economia do país, contemplando
em 2005, conforme a ABICALÇADOS Resenha estatística (2007), um parque
fabril composto por mais de 9 mil empresas no Brasil, as quais empregam
aproximadamente 300 mil trabalhadores e produzem 800 milhões de pares;
c) por ser a amostra representativa de 26% do faturamento anual do setor, estimado
em R$ 20 bilhões (CAETANO, 2008); e oriunda dos pólos calçadistas do Ceará,
São Paulo e Rio Grande do Sul, sendo que neste último a concentração de
empresas se dá no Vale do Rio dos Sinos, região de abrangência da UNISINOS;
d) por ser um setor predominantemente composto por empresas de pequeno porte
(SCHUH, 2006) e, portanto, dispensadas da publicação das demonstrações
contábeis, oferecendo assim, ao meio acadêmico e empresarial, informações que
se espera possam auxiliar os gestores, mesmo que parcialmente, a conhecer e ter
um parâmetro sobre o desempenho econômico-financeiro de um conjunto de
empresas do setor;
e) por considerar que o conhecimento sobre os aspectos econômico-financeiros das
indústrias e as variáveis externas (políticas governamentais, mercado globalizado,
etc.) que atuam sobre eles, serve de suporte ao processo de tomada de decisões
por usuários internos e externos às empresas.
Espera-se também com este estudo, contribuir para o conhecimento da realidade
setorial, mesmo que de forma parcial, gerando informações úteis aos mais diversos usuários
que possuem interesse sobre o setor.
20
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Ao tratar da análise do desempenho econômico-financeiro de indústrias calçadistas
brasileiras, este estudo examina as demonstrações contábeis publicadas em órgãos oficiais ou
jornais de grande circulação, impressas ou recuperadas em sites de internet mantidos por estes
órgãos.
Quanto à abordagem, delimita-se o exame especificamente à análise de desempenho
por meio de indicadores econômico-financeiros, com a utilização da técnica de índices-
padrão. Outros indicadores definidos como não-financeiros, de acordo com Martin (1997) e
Miranda; Azevedo (2000), não são tratados neste estudo, tendo em vista o enfoque
econômico-financeiro das informações publicadas pelas demonstrações contábeis utilizadas.
Exemplo deste tipo de indicadores são os tidos como de alerta estratégico, tais como custos
ocultos e visíveis, custos externos e internos, tratados por Peña (1999).
Também não é objeto desta análise o tratamento dos riscos a que estão expostas as
empresas, tais como os relacionados ao mercado, às leis, à liquidez, à operação, além do risco
de intempéries, dependência tecnológica, políticas governamentais e de monopólios
(STUCHI, 2003).
Em relação ao alcance do trabalho, este se resume às indústrias que produzem e
comercializam calçados, independentemente de terceirizarem, de forma parcial ou total, a
produção. Ficam excluídas, portanto, todas as demais indústrias da cadeia produtiva
(fornecedoras de componentes e implementos) e as prestadoras de serviços por conta e ordem
de terceiros.
O estudo se restringe ao período de 2000 a 2006, por contemplar um maior número de
demonstrações publicadas e por possibilitar a análise de desempenho em face de períodos de
moeda interna valorizada e desvalorizada ante o dólar, os reflexos da concorrência chinesa,
entre outros.
Quanto às demonstrações contábeis, delimita-se o estudo às informações geradas a
partir do Balanço Patrimonial, Demonstração dos Resultados do Exercício, Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos e Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.
Essas demonstrações são apresentadas em valores históricos da data do respectivo
encerramento do exercício, em moeda nacional (Real), elaboradas no âmbito dos Princípios
Fundamentais de Contabilidade.
Porém, ressalva-se que não foi avaliada a correção das informações contidas nas
demonstrações contábeis utilizadas por este estudo, cuja tarefa requer exames de auditoria,
21
perícia ou reavaliações de bens, que não são objeto desta pesquisa. Por exemplo, não se pode
afirmar que o grupo de contas do ativo imobilizado espelha o valor atualizado do conjunto de
bens da empresa sem que haja um processo de inventário e reavaliação dos bens.
Tendo em vista o escopo do estudo na análise de desempenho econômico-financeiro
por meio de indicadores contábeis e seus respectivos índices-padrão, essa pesquisa não
avançou na utilização de ferramentas estatísticas como o Método da Causalidade de Granger e
a análise de regressão, por exemplo, para corroborar os resultados.
Por fim, este estudo se insere na linha de pesquisa "Finanças Corporativas e Controle
de Gestão” do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da Universidade do Vale do Rio
dos Sinos (UNISINOS).
1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A dissertação está organizada em cinco capítulos, sendo que o primeiro trata da
introdução, contemplando a contextualização do tema, a formulação do problema de pesquisa,
os objetivos, as justificativas e a delimitação do estudo.
No segundo capítulo é apresentado o referencial teórico tratando da avaliação de
desempenho, análise das demonstrações contábeis, publicações e estudos sobre o tema,
modelos de previsão de insolvência, bem como sobre o setor calçadista brasileiro, atribuindo
destaque também ao setor calçadista internacional.
O terceiro capítulo destina-se ao método de pesquisa, evidenciando os meios técnicos
de investigação, a classificação da pesquisa, os dados da população e amostra, a coleta, o
tratamento e a análise dos dados, além das limitações do método.
No quarto capítulo faz-se a apresentação e a análise dos dados, revelando os resultados
do estudo empírico; no quinto capítulo expõe-se a conclusão do estudo e as recomendações
para estudos futuros, seguidas das referências e apêndice.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
O processo de avaliação de desempenho permite controlar o curso tomado pela
empresa a fim de preservar sua continuidade, mediante a obtenção de resultados econômico-
financeiros positivos, ante um ambiente competitivo.
A avaliação de desempenho permite a empresa uma análise comparativa dos
resultados planejados ante os resultados efetivos, mediante padrões preestabelecidos com o
auxílio de indicadores econômico-financeiros ou não-financeiros. A Figura 1 ilustra como a
avaliação de desempenho abastece a empresa com informações para a tomada de decisões e
para o processo de gestão.
ORÇAMENTO
RESULTADO
ECONÔMICO
EXECÃO
RESULTADO
ESTRATÉGICO
PLANEJAMENTO
OPERACIONAL
PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO
AVALIAÇÃO
DE
DESEMPENHO
AVALIAÇÃO
DE
DESEMPENHO
INFORMAÇÃO
PARA
DECISÃO
TOMADA
DE
DECISÃO
Figura 1: A avaliação de desempenho no processo de gestão
Fonte: adaptado de Aquino; Tachibana (1999).
A implantação desse processo requer da empresa o conhecimento do ambiente onde
está inserida e os fatores que podem afetar a sua geração de riqueza. West (2003) destaca a
importância de a empresa obter dados sobre:
a) análise do ambiente; identificando os grupos de interesses que negociam com a
empresa e as sociedades que são afetadas por ela;
b) análise de valor; para verificar se a empresa atende às expectativas e necessidades de
seus clientes, fornecedores, empregados, proprietários, sociedade etc.;
c) identificação dos stakeholders; ou seja, dos indivíduos ou grupos de indivíduos que
podem afetar ou serem afetados pelo alcance dos objetivos organizacionais da
23
empresa, os quais podem, por meio de alianças, alterar o curso da implantação da
estratégia organizacional;
d) verificação de oportunidades e ameaças à empresa; possibilitando ações preventivas.
Visto que a avaliação de desempenho examina o resultado da empresa em seu aspecto
econômico e estratégico, é importante conhecer as dimensões desse desempenho para que a
empresa possa manter o processo de avaliação de desempenho alinhado à sua estratégia,
incluindo na análise medidas financeiras e o-financeiras. Pereira (1993) classifica as
dimensões do desempenho da empresa de acordo com:
a) amplitude; dividindo-se em desempenho global (tenciona uma análise macro das
atividades da empresa), divisional (associado às áreas da empresa) e funcional
(associado às atividades dos cargos ou funções ocupadas);
b) tempo; dimensão ligada à continuidade da empresa; podendo ser de curto, médio ou de
longo prazo;
c) qualidade; em relação à capacidade das atividades na geração dos resultados almejados
e na relação recursos consumidos versus produtos gerados;
d) ocorrência; divide-se em desempenho planejado (atividades não realizadas),
desempenho em realização (atividades em processo) e desempenho realizado
(atividades executadas);
e) natureza; engloba o desempenho operacional (ligado ao uso dos recursos para a
geração de produtos e/ou serviços); desempenho econômico (referente aos resultados
do desempenho operacional) e; desempenho financeiro (ligado aos prazos de
pagamento e recebimento da empresa, além da captação e aplicação de recursos).
Para Kaplan e Norton (1997), as dimensões do desempenho da empresa são
denominadas de perspectivas:
a) perspectiva financeira; que apresenta a visão dos acionistas;
b) perspectiva do cliente; que busca a satisfação e retenção de clientes;
c) perspectiva dos processos; que busca atender a satisfação dos acionistas e dos clientes;
d) perspectiva de aprendizado e crescimento; que atende a capacidade de mudar e
melhorar a partir das pessoas, dos sistemas e dos procedimentos organizacionais.
Já Hronec (1994) classifica as medidas de desempenho em três dimensões:
a) qualidade; que quantifica a perfeição do produto;
b) tempo; que quantifica a perfeição do processo;
c) custos; que quantifica o aspecto econômico da perfeição.
24
Percebe-se que qualidade, tempo e custos, se fazem presentes nas dimensões
apresentadas pelos autores, as quais devem contemplar ainda variáveis internas e externas da
organização. De modo geral, o processo de avaliação de desempenho necessita da definição
do que medir; da escolha do conjunto de indicadores para saber como medir; do
desenvolvimento de padrões de comparação; da mensuração do conjunto de indicadores; da
comparação dos dados coletados com os padrões pré-estabelecidos e análise das informações
para a tomada de decisão (PEREIRA, 1999; SCHNEIDER, 2003; MARTINS, 2004). A
Figura 2 ilustra o processo de avaliação de desempenho.
COMO MEDIR?
DEFINIÇÃO
DOS PADRÕES
DE COMPARAÇÃO
MEDIÇÃO
DO
DESEMPENHO
COMPARATIVO
DESEMPENHO
X
PADRÕES
ANÁLISE
DE
DESEMPENHO
ESCOLHA DOS
INDICADORES
O QUE
MEDIR?
Figura 2: O processo de avaliação de desempenho
Fonte: elaboração própria a partir de Pereira (1999); Schneider (2003); Martins (2004).
Koch (2002) expõe que medir é importante, pois possibilita o controle, que por sua vez
possibilita o gerenciamento e a tomada de ações de melhoria. Kaplan e Norton (1997)
complementam destacando a importância do conjunto de indicadores, pois permitem avaliar o
desempenho em relação à meta traçada, servindo para controlar e melhorar os processos da
organização, possibilitando o controle e a tomada de decisão gerencial.
Ressalva-se que a avaliação de desempenho mantém sua utilidade na definição
adequada dos indicadores e dos padrões de comparabilidade estabelecidos. Dessa forma,
torna-se um instrumento de feedback das decisões tomadas (PAULO, 2000). Os indicadores,
para atenderem as necessidades do processo, valem-se, consoante nota de instrução do
Exército Brasileiro (2004, p. 7), dos seguintes componentes:
a) o valor numérico do indicador (relação matemática), num determinado momento,
é denominado de índice.
b) o referencial comparativo é um índice arbitrado ou convencionado para o
indicador, utilizado como padrão de comparação.
c) as metas são os índices arbitrados para os indicadores, a serem alcançados num
determinado período de tempo. o pontos ou posições a serem atingidos no futuro.
Elas se constituem em propulsores da gestão, pois gerenciar consiste em desenvolver
25
ações, visando atingir metas. Uma meta possui três componentes: objetivo, valor e
prazo. Exemplo: reduzir o número de ocorrências em 50% até o final do ano.
d) a fórmula de obtenção do indicador indica como o valor numérico (índice) é
obtido.
Além disso os indicadores precisam atingir o objetivo para o qual foram criados, sob
pena de não conseguirem transmitir significado. Ainda, conforme nota de instrução do
Exército Brasileiro (2004, p. 7), os indicadores podem ser subdivididos em:
a) indicadores estratégicos: informam o quanto” a organização se encontra na
direção da consecução de sua visão. Refletem o desempenho em relação aos fatores
críticos para o êxito.
b) indicadores de produtividade (eficiência): medem a proporção de recursos
consumidos com relação às saídas dos processos.
c) indicadores de qualidade (eficácia): focam as medidas de satisfação dos clientes e
as características do produto/serviço.
d) indicadores de efetividade (impacto): focam as conseqüências dos
produtos/serviços. Fazer a coisa certa da maneira certa.
e) indicadores de capacidade: medem a capacidade de resposta de um processo
através da relação entre as saídas produzidas por unidade de tempo.
Quanto às características dos indicadores, pode-se citar a necessidade de que sejam de
fácil acesso e disponibilidade no momento oportuno, sejam compreensíveis, transmitam
informações relevantes, atendam às etapas críticas do processo, sejam de baixo custo de
obtenção e capacidade de respostas às mudanças, bem como permitam a formação de uma
série histórica e a rastreabilidade da origem das informações. Oliveira, Perez e Silva (2004)
complementam descrevendo que o indicador de desempenho deve ser:
a) consistente, quando não conflita com nenhum outro indicador utilizado pela empresa,
no sentido de interferir negativamente em seu resultado ou de alguma atividade;
b) confiável, quando a medição, mesmo que efetuada diversas vezes para um
determinado evento imutável, apresente sempre o mesmo resultado;
c) válido, referente ao modo adotado para realizar a medição do indicador;
d) relevante, transmitindo informação útil ao usuário, não contida em outros indicadores
e nem ser substituível por eles.
Kaplan e Norton (2000) consideram que as medidas de desempenho fornecem sinais
ou informações ao tomador de decisões e corresponde à determinação dos pontos fracos e
pontos fortes. Os sinais podem ser de advertência, alertando que algo está errado e
desencadeando uma investigação para a identificação e correção do problema; ou de
diagnóstico, evidenciando a natureza dos problemas nos processos básicos e sugerindo formas
de solucioná-los.
De acordo com a necessidade de avaliação de desempenho, podem-se utilizar
indicadores financeiros e não-financeiros. Os indicadores financeiros têm sua origem na
contabilidade financeira e nos seus sistemas auxiliares, além dos sistemas de custos. Estes
26
indicadores apresentam informações calculadas a partir de dados históricos, utilizados como
referência. Por se tratar de dados passados, Berton (2003) ressalva que estes indicadores
devem ser utilizados em conjunto com outros indicadores. Os indicadores não-financeiros,
segundo Miranda e Azevedo (2000), independem da contabilidade da empresa e se referem,
por exemplo, aos clientes, à participação de mercado, aos funcionários, entre outros. Martin
(1997) descreve que os indicadores não-financeiros focam os objetivos estratégicos da
empresa do menor ao maior nível organizacional. Na Figura 3, aparecem as diferentes
necessidades de indicadores de cada nível.
Figura 3: Diferentes necessidades de indicadores
Fonte: adaptado de Martin (1997).
Embora cada indicador denote um objeto a ser medido, é importante que ocorra a
integração dos indicadores utilizados para que não haja lacunas no processo de avaliação de
desempenho. Bertoldi (2003, p. 25) complementa, argumentando que
enquanto as medidas de resultados informam sobre o passado, as medidas de
tendências são indicativas do desempenho futuro. Assim, para que a medição de
desempenho possa ser usada como um instrumento gerencial, é preciso fazer uso de
uma combinação adequada de medidas de resultado e medidas de tendência.
A integração também pressupõe a redução do risco de que os usuários recebam
informações geradas a partir de óticas parciais das áreas de onde provém, e comunicadas com
a linguagem específica dessas áreas (MARTIN, 2002). A Figura 4 mostra uma visão integrada
dos indicadores com os objetivos, estratégias e resultados planejados pela empresa.
27
Oportunidades/Riscos
Objetivos
Meios
Programas/Ações
Resultados
Retornos
EFETIVIDADE: resposta dos acionistas e
e da sociedade aos retornos obtidos
EFETIVIDADE: resposta dos acionistas e
e da sociedade aos retornos obtidos
EFICÁCIA: análise custo/benefício
dos resultados obtidos
EFICÁCIA: análise custo/benefício
dos resultados obtidos
EFICIÊNCIA: avaliação de processos e
benchmarking
ADEQUAÇÃO:
definição de objetivos
Figura 4: Visão integrada do papel dos indicadores no processo decisório
Fonte: Cardoso (2001, p. 15).
Observa-se, na Figura 4, que identificada como um ciclo contínuo, a visão integrada
do papel dos indicadores no processo decisório viabiliza a avaliação de desempenho conjunta
dos diferentes níveis da organização, eliminando ilhas de informação. A integração atribui
maior velocidade e precisão às informações e permite o melhor aproveitamento das
oportunidades.
Evidenciado o processo de avaliação de desempenho e a importância da análise das
demonstrações contábeis e dos indicadores para a sua efetiva consecução, a próxima seção se
destina a tratar destes temas. Ressalva-se, porém, que somente os indicadores econômico-
financeiros são discutidos, tendo em vista o escopo desta pesquisa.
2.2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
A análise das demonstrações contábeis surgiu e se desenvolveu no sistema bancário
norte-americano, em meados de 1895. De acordo com Matarazzo (2003), em 1925, Stephen
Gilman iniciou o que hoje é conhecida como análise horizontal. Na década de 1930 iniciou
dentro da empresa DuPont a análise do ROI (return on investment). Em 1932, Fitz Patrick
desenvolveu o que se conhece como primeiro estudo sobre solvência e insolvência de
empresas (CASTRO JÚNIOR, 2003), e desde então muitos outros estudos foram
desenvolvidos para avaliar a capacidade de prever problemas financeiros em empresas, a
28
partir de indicadores econômico-financeiros calculados com base nas demonstrações
contábeis (MÁRIO, 2002). No Brasil, a análise das demonstrações contábeis se difundiu na
década de 1970, quando a empresa SERASA passou a operar como central de análise de
demonstrações para os bancos comerciais (MATARAZZO, 2003).
Em seus estudos, Kassai (2002, p. 65) enfatiza que “a análise das demonstrações
contábeis teve sua evolução marcada pela expansão da compreensão do relacionamento entre
os diversos indicadores contábeis e financeiros e, desde há muito tempo, tem sido utilizada na
avaliação do desempenho econômico de empresas”. Já Silva (1995) enfatiza que a análise das
demonstrações contábeis visa o exame das partes constituintes para o entendimento do todo
ou para a identificação de possíveis anormalidades. Para Assaf Neto (2006), as demonstrações
contábeis elaboradas por uma empresa possibilitam a extração de informações a respeito de
sua posição econômica e financeira em determinado período. A análise dessas demonstrações
permite relatar essa posição, bem como sinalizar tendências que determinaram a evolução da
empresa e as suas tendências futuras.
A evidenciação desta evolução denota então o desempenho da empresa, ou seja, se no
período analisado suas atividades geraram riquezas aumentando assim o patrimônio, tendo-se
um desempenho positivo, ou se suas atividades geraram riquezas menores que o montante de
recursos aplicados, tendo-se um desempenho negativo. A posição patrimonial apresentada
pelas demonstrações contábeis os Princípios Fundamentais de Contabilidade, pelo processo de
gestão e pelos aspectos legais, societários e fiscais vigentes, sendo “reconhecido que as
demonstrações contábeis são elaboradas em conseqüência de inúmeros fatores que influem
em seus resultados, e que se revelam no ambiente interno e externo das empresas” (ASSAF
NETO, 2006, p. 229).
Identificam-se, então, as demonstrações contábeis como insumos básicos para o
processo de análise e distinguem-se em relatórios obrigatórios e não obrigatórios, de acordo
com a Lei 6.404/76 das Sociedades por Ações (ASSAF NETO, 2006). Os obrigatórios são o
Balanço Patrimonial, a Demonstração dos Resultados do Exercício, a Demonstração dos
Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e a
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. Os relatórios não obrigatórios
complementam as informações das demonstrações contábeis obrigatórias e geralmente são
destinados ao uso gerencial interno da empresa. Fazem parte desses relatórios, por exemplo,
as Notas Explicativas, o Relatório da Diretoria e o Parecer dos Auditores.
As demonstrações contábeis, porém, necessitam de ajustes para que se possa proceder
ao cálculo dos indicadores econômico-financeiros e a análise de desempenho. Por exemplo,
29
para a comparabilidade entre os períodos é prudente a atualização dos valores para uma
mesma data. Além disso, faz-se necessário padronizar as demonstrações contábeis com o
intuito de atribuir uniformidade a elas, reclassificando-se determinadas contas e evitando que
a falta de padrões para a comparação comprometa a qualidade da análise, deixando as
afirmativas sem elementos de referência (ASSAF NETO, 2006; MATARAZZO, 2003).
De posse das demonstrações contábeis padronizadas, aplica-se o seguinte raciocínio
científico para o processo de análise: (a) extraem-se índices das demonstrações contábeis; (b)
comparam-se os índices com os padrões; (c) ponderam-se as diferentes informações e chega-
se a um diagnóstico ou conclusões; (d) tomam-se decisões. Os índices evidenciam a relação
entre contas ou grupo de contas das demonstrações contábeis que servem de medida, e visam
evidenciar determinado aspecto da situação econômico-financeira da empresa, fornecendo
uma visão ampla desta situação (MATARAZZO, 2003).
Marion (2005) parte do princípio de que uma boa análise deve ser realizada com base
no tripé de decisões da empresa: (a) liquidez ou situação financeira; (b) endividamento ou
estrutura de capital; (c) rentabilidade ou situação econômica. E que a análise do tripé pode ser
feita nos níveis introdutório, intermediário ou avançado, de acordo com a necessidade dos
usuários. A Figura 5 ilustra os níveis propostos pelo autor.
Figura 5: Níveis da análise de desempenho econômico-financeiros das empresas
Fonte: adaptado de Marion (2005).
Depreende-se da Figura 5 a importância do tripé: liquidez, rentabilidade e
endividamento, para a construção de uma análise que possa verificar a situação atual da
30
empresa e ainda prospectar seu futuro. Além disso, percebe-se que os três níveis apresentados
por Marion (2005) se relacionam com o conhecimento requerido dos usuários. O primeiro
nível requer conhecimentos em contabilidade, o segundo nível em contabilidade e
administração financeira e o terceiro nível especialização na área financeira.
Com o intuito de colaborar na formação de um roteiro básico de avaliação, Assaf Neto
(2006) sugere que o processo de análise contemple ao menos:
a) o conhecimento da empresa e do mercado de atuação, obtendo informações
sobre as características da atividade da empresa, potenciais atual e futuro do
mercado consumidor, nível e tamanho dos concorrentes, dependência
tecnológica, fornecedores, política de preços do setor, etc., de modo a aprimorar
o processo de tomada de decisão;
b) a avaliação das demonstrações contábeis elaboradas pela empresa incluindo os
procedimentos contábeis adotados para o setor, tratamento da inflação
considerado nas demonstrações, entre outros;
c) a aplicação das técnicas de análise horizontal e vertical para a análise da
evolução da empresa ao longo do tempo e da participação relativa do valor de
cada grupo de contas em relação ao valor total em determinado período;
d) o estudo da liquidez, que tenciona conhecer a capacidade da empresa em honrar
o pagamento de seus compromissos financeiros assumidos e evidencia também o
equilíbrio financeiro e sua necessidade de investir em capital de giro;
e) a análise do endividamento, que avalia a dependência financeira da empresa, no
curto prazo, por recursos de terceiros, a natureza de suas exigibilidades e seu
risco financeiro;
f) a análise de rentabilidade e lucratividade, que expressa o retorno sobre os
investimentos realizados pela empresa no período e a lucratividade apresentada
pelas vendas;
g) a análise de valor, para verificar a capacidade da empresa em gerar riqueza
agregada aos seus acionistas, além do lucro líquido, ou seja, quando as receitas
superam os custos e despesas incorridos, inclusive o custo de oportunidade dos
recursos investidos;
h) os resultados da análise proporcionando conclusões específicas a cada item e
também que revelem a situação econômico-financeira da empresa no período
examinado e suas perspectivas de desempenho.
31
Entende-se por custo de oportunidade a melhor taxa de retorno de risco semelhante a
que o investidor renunciou para aplicar seus recursos no capital da empresa” (ASSAF NETO,
2006, p. 268). Ressalva-se que é por meio da análise do desempenho operacional que é
discutida a viabilidade econômica de uma empresa e os limites de remuneração das fontes de
capital, definindo inclusive as condições de sua continuidade. O resultado operacional
quantifica o retorno produzido pelas decisões de investimentos e sinaliza as decisões de
financiamento, principalmente em relação ao custo de captação (ASSAF NETO, 2003).
Matarazzo (2003) alerta para a necessidade de distinguir, na análise do resultado, o
que é resultado econômico e resultado financeiro (Quadro 1). O resultado econômico diz
respeito ao lucro ou prejuízo e aumenta ou reduz o patrimônio líquido, mas não altera as
disponibilidades de dinheiro. também o caso das receitas e despesas que não são
recebíveis ou desembolsáveis como, por exemplo, a depreciação, cujo valor não é
desembolsado pela empresa, mas é considerado na Demonstração do Resultado. No sentido
dinâmico, o resultado econômico se refere à formação do lucro líquido e no sentido estático se
refere ao patrimônio líquido.
O resultado financeiro se refere às disponibilidades, sendo que de forma dinâmica
representa a variação do saldo de caixa e de forma estática representa o saldo de caixa.
Quanto ao sentido amplo do resultado financeiro, refere-se ao capital circulante líquido; no
sentido restrito refere-se ao caixa propriamente dito.
Financeiro
Econômico
Amplo Restrito
Estaticamente Patrimônio líquido Capital circulante líquido Saldo de caixa
Dinamicamente Lucro Líquido
Variação do capital
circulante líquido
Variação do saldo de caixa
Localização
Balanço Patrimonial;
Demonstração dos
Resultados do Exercício
Demonstração das Origens
e Aplicações de Recursos
Demonstração dos Fluxos
de Caixa
Quadro 1: Comparativo de significações de econômico e financeiro e demonstrações contábeis
correspondentes
Fonte: adaptado de Matarazzo, 2003.
Evidencia-se de forma sintética no Quadro 1, o relacionamento entre as demonstrações
contábeis na análise de uma empresa. Matarazzo (2003) complementa que:
a) a análise de uma empresa deve se servir tanto da Demonstração dos Resultados do
Exercício, que demonstra o lucro ou prejuízo do exercício, como da Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) ou da Demonstração dos Fluxos de Caixa
(DFC). A DOAR evidencia a variação do Capital Circulante Líquido e mostra o
32
resultado financeiro de médio e longo prazo; enquanto que a DFC demonstra o
movimento de caixa da empresa e mostra o resultado financeiro de curto prazo;
b) a variação do saldo de caixa evidencia a capacidade da empresa em aumentar as suas
disponibilidades em dinheiro, refletindo na sua capacidade de pagamento. Quanto a
tendências futuras sobre o saldo de caixa, recorre-se ao Capital Circulante Líquido.
Uma crítica importante para o processo de mensuração do desempenho econômico e
geração de riqueza feita por Assaf Neto (2003) é a desconsideração do risco do negócio que
está associado tanto ao resultado econômico quanto ao resultado financeiro. O risco
econômico (operacional) é entendido como aquele inerente à própria atividade da empresa e
às características do mercado em que opera, independentemente da forma de financiamento
adotada como, por exemplo, embargos de países importadores não divulgados com
antecedência; e o risco financeiro, como aquele que reflete o risco associado à capacidade da
empresa em liquidar suas dívidas assumidas como, por exemplo, a manutenção de
disponibilidades em moeda estrangeira que sofre desvalorização perante a moeda nacional.
Outra crítica é feita por Zani (2005), alegando que os valores publicados nas
demonstrações contábeis representam o saldo acumulado das contas e podem não captar as
mudanças ocorridas durante o exercício. Como critério alternativo, sugere o uso do fluxo das
contas, ou seja, os índices são calculados a partir das diferenças dos saldos anuais, buscando
captar a dinâmica da política financeira da empresa, ao mesmo tempo em que evita os efeitos
dos saldos acumulados de tempos anteriores.
Em síntese, a análise de desempenho requer cuidados com o intuito de evitar vieses
nas conclusões sobre a situação econômico-financeira de determinada empresa. A leitura na
íntegra dos relatórios contábeis obrigatórios e não-obrigatórios, a escolha dos índices de
correção dos valores, a padronização das demonstrações contábeis e a escolha dos indicadores
econômico-financeiros podem ser citados como exemplos destes cuidados. Deve ser levado
em conta, também, a necessidade dos usuários, a qual permite que a análise possa ser
elaborada somente de posse das demonstrações contábeis ou destas complementadas por
informações internas da empresa.
2.2.1 Usuários da Análise das Demonstrações Contábeis
A análise das demonstrações contábeis pode atender a diversas finalidades de acordo
com os interesses de seus usuários ou de pessoas ligadas à empresa, podendo-se, classificar os
33
usuários em internos e externos. Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007), os usuários
internos, tais como colaboradores e gestores, requerem informações mais aprofundadas e
específicas em relação à empresa e seu ciclo operacional, de acordo com suas necessidades e
nível hierárquico que ocupam. Os usuários externos, tais como fornecedores, clientes, bancos,
governo, etc., geralmente solicitam informações de forma mais genérica, expressas nas
demonstrações contábeis.
Os interesses dos principais usuários podem ser elencados, consoante Assaf Neto
(2006) e Matarazzo (2003), da seguinte forma:
a) fornecedores; buscam o conhecimento da capacidade de pagamento (liquidez), nível
de endividamento e rentabilidade da empresa;
b) clientes; buscam conhecer a capacidade de produção e a situação econômico-
financeira no curto e longo prazo dos fornecedores dos quais possuem dependência;
c) bancos; buscam o conhecimento da situação financeira da empresa no curto e longo
prazo, destacando-se o grau de endividamento, solvência e rentabilidade, para
avaliação de crédito;
d) acionistas; buscam identificar a rentabilidade da empresa, ou seja, a capacidade de
geração de lucros e remuneração dos recursos próprios; e a liquidez da empresa para
avaliar a sua capacidade em manter as operações e distribuir dividendos;
e) concorrentes; buscam conhecer melhor o mercado e comparar sua posição econômico-
financeira no setor de atuação;
f) governo; busca conhecer a posição da empresa para processos de concorrência pública
e como subsídio na formulação de políticas econômicas por meio do conhecimento
mais aprofundado dos setores de atividade;
g) administradores; buscam avaliar as decisões financeiras tomadas e auxílio na
formulação de estratégias.
Descrita a importância de cada etapa do processo de avaliação de desempenho, da
análise das demonstrações contábeis e das necessidades dos diferentes usuários, a próxima
seção se destina a aprofundar o tema referente à padronização das demonstrações.
2.2.2 Padronização das Demonstrações Contábeis
Para Silva (1995), a padronização ou reclassificação das demonstrações contábeis visa
atender as necessidades de análise, por meio da preparação e organização das informações
34
fornecidas pela empresa, com a finalidade de obter um conjunto de indicadores que auxiliem
no processo de tomada de decisão. A padronização consiste na uniformização e preparação
das demonstrações contábeis para a análise, constituindo-se numa crítica às contas das
demonstrações contábeis, bem como na sua transcrição para um único modelo definido
previamente. Sua finalidade, de acordo com Matarazzo (2003), é:
a) simplificar a visualização das demonstrações;
b) permitir comparabilidade com outras demonstrações;
c) reclassificar as contas que possam distorcer os resultados da análise.
Dessa forma, a padronização visa adotar um mesmo critério para todas as
demonstrações contábeis, possibilitando a comparabilidade entre empresas; de fornecer o
detalhamento necessário às etapas do processo de análise; e de fornecer índices e indicadores
de diferentes empresas com base em um critério uniforme, eliminando possíveis distorções
oriundas dos critérios adotados por cada empresa na elaboração das demonstrações contábeis
(SILVA, 1995).
Em suma, Silva (1995) retrata que o processo de análise necessita que as
demonstrações contábeis, elaboradas de acordo com os princípios contábeis, sejam
reestruturadas de forma a permitir a uniformidade das informações, atribuindo qualidade e
confiabilidade aos índices calculados. Por exemplo, a conta de duplicatas descontadas
aparece, de acordo com as normas legais, no ativo como redutora de duplicatas a receber.
Porém, para análise, é importante que esse valor seja entendido como uma fonte de recursos,
devendo ser reclassificada para o passivo circulante.
Matarazzo (2003) complementa apresentando um modelo de padronização onde:
a) o ativo circulante é dividido em operacional e financeiro;
b) o ativo realizável a longo prazo é demonstrado pelo total do grupo;
c) no ativo permanente é demonstrado o total do grupo investimentos, imobilizado e
diferido;
d) o passivo circulante é dividido em operacional e financeiro;
e) no passivo exigível a longo prazo é individualizada a conta de empréstimos e
financiamentos;
f) no patrimônio líquido aparecem apenas as contas de capital social, deduzidas de
capital não realizado e acrescido das reservas;
g) a demonstração de resultados evidencia os valores totais dos grupos de contas que
formam o resultado do exercício.
35
Assaf Neto (2006) classifica os elementos em cíclicos ou operacionais e financeiros, o
que permite melhor entendimento da solvência e liquidez da empresa. Como ativos e passivos
cíclicos são entendidos todos os elementos patrimoniais diretamente vinculados ao ciclo
operacional da empresa, afetados diretamente por alterações no seu volume de atividade. Os
valores circulantes não enquadrados como cíclicos são definidos como financeiros. Por
exemplo:
a) ativo financeiro: disponibilidades, fundo fixo de caixa, aplicações financeiras,
depósitos judiciais, restituição de IR, créditos de empresas coligadas/controladas;
b) ativo cíclico: duplicatas a receber, provisão para devedores duvidosos, adiantamento a
fornecedores, estoques, adiantamento a empregados, impostos indiretos a compensar
(PIS/COFINS/IPI, ICMS), despesas operacionais antecipadas;
c) ativo permanente: valores dos grupos imobilizado, investimentos e diferido, e
realizável a longo prazo;
d) passivo financeiro: empréstimos, financiamentos;
e) passivo cíclico: fornecedores, impostos indiretos (PIS/COFINS, ICMS, IPI),
adiantamentos de clientes, provisões trabalhistas, salários e encargos sociais,
participações de empregados, despesas operacionais;
f) passivo permanente: contas do exigível a longo prazo e patrimônio líquido.
Nos Quadros 2 e 3 são demonstrados os modelos de padronização do Balanço
Patrimonial e da Demonstração dos Resultados do Exercício.
ATIVO PASSIVO
BALANÇO
PATRIMONIAL
(aplicações) (origens)
Disponível Empréstimos
Financeiro
Aplicações financeiras Financiamentos
Clientes Fornecedores
Impostos a compensar Obrigações trabalhistas
CIRCULANTE
Operacional
Estoques Obrigações tributárias
Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo
Investimentos
Imobilizado
PERMANENTE
Diferido
Patrimônio líquido
Quadro 2: Modelo de padronização do Balanço Patrimonial
Fonte: elaboração própria baseada em Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003).
Na demonstração de resultados reclassificam-se contas como as participações de
diretores e empregados, que devem ser consideradas como despesas operacionais com pessoal
(ASSAF NETO, 2006), além de apurar o resultado operacional separadamente do financeiro.
36
DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO
Receita bruta de vendas
(-) Deduções da receita bruta
= Receita operacional líquida
(-) Custo dos produtos vendidos
= Resultado bruto
(-) Despesas operacionais
= Resultado operacional bruto
(+/-) Despesas financeiras líquidas
(+/-) Outras despesas e receitas
= Resultado operacional líquido
(+) Receitas não operacionais
(-) Despesas não-operacionais
= Resultado antes dos impostos
(-) Impostos sobre o lucro
= Lucro/prejuízo do exercício
Quadro 3: Modelo de padronização da DRE
Fonte: elaboração própria baseada em Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003).
A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (Quadro 4) contempla as
origens dos recursos, divididas em origens das operações, dos acionistas e de terceiros; a
aplicação dos recursos e a variação ocorrida no capital circulante líquido. Ela permite a
comparação de dois balanços consecutivos, identificando as variações na estrutura financeira
da empresa durante o período considerado, bem como os fluxos financeiros que aumentaram
ou reduziram o capital circulante líquido (ASSAF NETO, 2006).
DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS
Lucro do exercício
Das operações
Depreciação
Dos acionistas Aumento de capital
Aumento do Exigível a Longo Prazo
a) ORIGEM
DOS
RECURSOS
De terceiros
Redução do Realizável a Longo Prazo
Aumento do Realizável a Longo Prazo
b) APLICAÇÕES DOS
RECURSOS
Redução do Exígivel a Longo Prazo
= Aumento/Redução no capital circulante líquido (a - b)
Ativo Circulante no final do período
c) Variação do ativo circulante
(-) Ativo Circulante no início do período
Passivo Circulante no final do período
d) Variação do passivo circulante
(-) Passivo Circulante no início do período
= Variação do capital circulante líquido (c - d)
Quadro 4: Modelo de padronização da DOAR
Fonte: elaboração própria baseada em Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003).
No Quadro 5 consta um modelo de padronização da Demonstração dos Lucros ou
Prejuízos Acumulados, evidenciando os saldos inicial e final do período da conta Lucros ou
Prejuízos Acumulados e as movimentações ocorridas nesta conta durante o exercício.
37
DEMONTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS
Saldo no início do período
(+) Lucro do exercício
(+) Reversão/Realização de reservas
(-) Dividendos propostos
(-) Transferido para reservas
Saldo no final do período
Quadro 5: Modelo de padronização da DLPA
Fonte: elaboração própria baseada em Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003).
Os resultados operacional e financeiro resultam dos ciclos econômico e financeiro da
empresa, respectivamente. Santos e Santos (2003) destacam que o ciclo econômico inicia no
recebimento das matérias-primas e perdura por todo processo operacional, encerrando-se por
ocasião da venda e entrega dos produtos aos clientes. o ciclo financeiro tem seu início no
pagamento dos títulos devidos aos fornecedores de matérias-primas e se encerra pelo
recebimento das vendas junto aos clientes. O período compreendido entre o início do ciclo
econômico e o encerramento do ciclo financeiro denomina-se ciclo operacional.
Figura 6: Ciclos da empresa
Fonte: Santos, Santos (2003) baseado em Fleuriet, Kehdy e Blanc (1978) e Ross, Westerfield e Jordan (2002).
Após a atualização dos valores de anos anteriores para moeda de mesma data (para
fins de análise horizontal) e a padronização das demonstrações contábeis, calculam-se os
índices financeiros, que são relações entre contas ou grupos de contas das demonstrações
contábeis e que permitem observar a tendência de evolução da empresa pelas comparações
ano a ano ou, ainda, comparar o índice de determinada empresa com as demais empresas do
mesmo setor de atividades (SILVA, 1995).
38
Paiva (1999) destaca que costumeiramente os indicadores financeiros têm sido o
modelo preponderante nas avaliações de desempenho de empresas. Destaca também que
Porter (1992) defende estes indicadores como a melhor forma para avaliação de desempenho
de uma empresa. Luchesa (2004) destaca que a análise por meio de índices é o método mais
empregado para a avaliação econômico-financeira das empresas.
2.2.3 Conceito e Cálculo dos Indicadores Econômico-Financeiros
A origem dos indicadores financeiros está na contabilidade financeira, nos sistemas de
custos e nos sistemas auxiliares da contabilidade financeira. Estes indicadores geram
informações com base em dados passados, para utilizá-los como referência. Sob esse aspecto,
Berton (2003) argumenta que estes não podem ser ignorados ou descartados no processo de
avaliação de desempenho, devendo ser utilizados em conjunto com outros indicadores.
Kassai (2002) destaca que dentre as características dos indicadores devem ser
observadas:
a) objetividade; embora muito tenha se avançado em direção à avaliação qualitativa,
indicadores subjetivos dificultam a mensuração;
b) mensurabilidade; deve ser possível a quantificação dos indicadores em alguma escala
determinada de valores;
c) compreensibilidade; as medidas precisam informar sobre o desempenho e ter
significado aos usuários;
d) comparabilidade; os indicadores devem permitir a comparação entre períodos para
uma mesma firma ou num conjunto de empresas;
e) custo; a informação gerada pela avaliação deve ter utilidade comparada ao custo de
obtê-la.
Sob o aspecto econômico os indicadores evidenciam a situação do capital próprio e o
resultado produzido pela atividade operacional da empresa, que contribui para o aumento ou
redução deste capital. Já sob o aspecto financeiro os indicadores demonstram, basicamente, as
disponibilidades da empresa em relação aos seus compromissos e necessidades operacionais e
à sua estrutura de capitais (FERREIRA FILHO, 2003). Os indicadores econômico-financeiros
procuram relacionar elementos afins das demonstrações contábeis, para que seja possível
melhor analisar a situação da empresa. Nessa análise se utiliza um número índice, ou seja, um
valor monetário extraído do exercício que se pretende comparar por meio de um índice
39
(ASSAF NETO, 2006). Para Hoji (1999, p. 274), a “técnica de análise por meio de índices
consiste em relacionar contas e grupos de contas para extrair conclusões sobre tendências e
situação econômico-financeira da empresa”
.
De acordo com Matarazzo (2003), os indicadores podem ser divididos em grupos que
revelem a situação financeira da empresa (índices de estrutura de capitais e de liquidez) e a
situação econômica (índices de rentabilidade e retorno). Ross, Westerfield e Jaffe (2002)
complementam acrescendo grupos de índices de atividade, alavancagem e valor. Para os
autores cada índice gera informações próprias que devem ser analisadas posteriormente em
conjunto:
a) liquidez contábil: refere-se a agilidade com que os ativos podem ser convertidos em
dinheiro;
b) estrutura de capitais (solvência a curto prazo): evidencia a capacidade de pagamento
de obrigações a curto prazo da empresa;
c) atividade: demonstra a capacidade de gestão dos investimentos em ativos;
d) alavancagem: proporção na qual a empresa se apóia em recursos de terceiros;
e) rentabilidade: nível de lucratividade da empresa em relação ao capital;
f) valor: valor da empresa avaliada pelo mercado.
Nas próximas seções são apresentados índices econômico-financeiros agrupados em:
indicadores de liquidez, indicadores de atividade, indicadores de rentabilidade, indicadores de
estrutura e indicadores de alavancagem. Ressalva-se, porém, que a interpretação atribuída a
cada indicador está na sua forma generalizada e individualizada, e se utilizada dessa forma
poderá distorcer os resultados da análise da situação da empresa. Os exemplos relatados na
situação 1 e 2 ilustram como esta distorção poderá ocorrer.
Situação 1 – índice de liquidez corrente: uma empresa poderia apresentar um índice de
liquidez corrente de $20 para cada $1 de obrigações. Interpretando-se de forma literal, este
índice é do tipo quanto maior, melhor, no entanto, verifica-se que a empresa possui um
excesso de recursos sem destinação para sua atividade.
Situação 2 índice de endividamento: um alto grau de endividamento poderia
evidenciar que a empresa não possui capacidade de geração de caixa suficiente para pagar
suas contas ou para aplicar na atividade. Assim, de forma literal, a interpretação desse índice é
quanto maior, pior. Entretanto, se o custo da dívida for menor que os ganhos proporcionados
pela aplicação dos recursos na atividade operacional ou em aplicações financeiras, a empresa
estará alavancando os ganhos proporcionados aos acionistas.
40
2.2.3.1 Indicadores de liquidez
Os indicadores de liquidez têm sua importância pela mensuração e demonstração do
potencial de pagamento dos compromissos financeiros assumidos pela empresa no curto e no
longo prazo, ou seja, apresentam um indicador de capacidade da empresa de pagar suas
dívidas, evidenciando sua solvência ou se riscos de insolvência (ASSAF NETO 2006;
MATARAZZO 2003; ROSS; WESTERFIELD; JAFFE 2002; SILVA 1995).
Sob o aspecto financeiro, Zani (2005) complementa que estes índices objetivam
evidenciar a retenção ou o uso de disponibilidades da firma, sendo que quanto maior a
retenção, maior é a capacidade financeira e a constituição de garantias para fazer frente às
restrições financeiras. Em épocas de crises monetárias, como a ocorrida na Argentina em
2001, por exemplo, empresas que acumularam recursos em período anterior à crise puderam
sobreviver à ela e ainda comprar ativos dos concorrentes mais desesperados a preços baixos
(DAMODARAN, 2007).
A interpretação para esses índices então é de quanto maior, melhor. Porém, Kayo
(2002) observa que, em uma primeira análise, uma liquidez alta pode significar segurança aos
stakeholders da empresa. Mas, por outro lado, disponibilidades em excesso podem estar
indicando a ausência de projetos de investimento, o que pode comprometer o crescimento
futuro da organização. Se a liquidez apresentar índice menor que 1, então as dívidas superam
o estoque de recursos para o seu pagamento. Se o índice for igual ou maior que 1, significa
que há um equilíbrio nas contas ou recursos sobressalentes às dívidas.
I) Liquidez corrente = (Ativo Circulante ÷ Passivo Circulante)
Representa quanto a empresa tem em numerários, bens e direitos realizáveis no curto
prazo para pagar as dívidas de igual período. Esse índice tem sua validade como instrumento
comparativo entre empresas semelhantes (porte, atividade, região), porém, de forma isolada
necessita de informações complementares, como o tipo de atividade da empresa e seu ciclo
financeiro.
II) Liquidez geral = [(Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo) ÷ (Passivo
Circulante + Exigível a Longo Prazo)]
Representa quanto a empresa possui em numerários, bens e direitos realizáveis no
curto e longo prazos para honrar suas dívidas totais. Este índice é o oposto da imobilização do
patrimônio líquido (vide seção 2.2.3.8); quando um deles cresce, o outro decresce, ou seja,
41
quanto maior a aplicação de recursos próprios em imobilizações menor será a aplicação destes
recursos no capital de giro e vice-versa. A esse respeito, Schvirck (2006, p. 67) enfatiza que
“dificilmente o realizável a longo prazo tem os mesmos prazos dos exigíveis. Se na liquidez
corrente o prazo está limitado ao exercício seguinte, na liquidez geral os prazos de exigíveis e
realizáveis podem estender-se por cinco, dez, vinte ou mais anos”.
Observa-se que com exceção das aplicações financeiras de longo prazo, as contas
realizáveis no longo prazo representam, na sua maioria, valores desembolsados pela empresa
e não remunerados, o que não ocorre com o exigível, composto principalmente por
empréstimos e financiamentos de longo prazo. Dessa forma, quanto maior o prazo do
realizável a longo prazo e menor o prazo do exigível a longo prazo, menor também será o
retorno sobre o ativo. Acrescenta-se ainda que se o índice obtido no cálculo for menor do que
1, então a empresa dependerá de lucros futuros, da renegociação de dívidas ou venda de ativos
para manter a solvência (EXAME, 2007).
III) Variação do estoque de liquidez = [(Variação do Disponível + Variação Aplicações
Financeiras de Curto Prazo) ÷ Ativo Total médio]
Adaptado de Zani (2005), este indicador objetiva captar a retenção ou o uso de caixa
da firma, utilizando o conceito de fluxo financeiro, em relação ao total do ativo. Nesse
sentido, quanto maior a retenção, maior é a capacidade financeira para fazer frente às
restrições financeiras. Se esse índice se mostra positivo ou inexpressivo (próximo de zero),
sinaliza claramente a situação de uma empresa que não sofre restrição financeira no mercado,
podendo captar, externamente, todos os fundos necessários para aproveitar as oportunidades
oferecidas pelo mercado.
Apresenta-se de forma resumida, no Quadro 6, os indicadores de liquidez comentados
anteriormente.
Índice Fórmula Significado Interpretação
Liquidez
corrente
AC
LC
=
PC
Representa os numerários, bens e direitos de
curto prazo que a empresa possui para pagar
as dívidas de igual período.
Quanto maior, melhor
Liquidez
geral
AC + RLP
LG
=
PC + ELP
Representa os numerários, bens e direitos da
empresa realizáveis no curto e longo prazos
para honrar suas dívidas totais.
Quanto maior, melhor
Variação
do
Estoque de
Liquidez
( Disp +
Aplic
EL
=
ATm
Objetiva captar a retenção ou o uso de caixa
da firma, utilizando o conceito de fluxo
financeiro, em relação ao total do ativo.
Quanto maior, melhor
Onde: AC: Ativo circulante; APLIC: Aplicações financeiras de curto prazo; ATm: Ativo total médio; DISP:
Disponibilidades; ELP: Passivo exigível a longo prazo; PC: Passivo circulante; RLP: Ativo realizável a longo
prazo; : Variação.
Quadro 6: Indicadores de liquidez
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003); Ross, Westerfield, Jaffe (2002); Silva (1995)
42
2.2.3.2 Indicadores de atividade
Toda empresa produz bens e/ou serviços que deverão ser vendidos, gerando direito a
um recebimento. Este processo desencadeia o seu ciclo operacional, que pode ser definido
como as fases operacionais compreendidas desde a aquisição de materiais para a produção até
o recebimento das vendas efetuadas (ASSAF NETO, 2006).
Os indicadores que revelam esse ciclo, também chamados de índices de atividade,
permitem uma análise do desempenho operacional da empresa pela mensuração da eficiência
com que os ativos são utilizados, sendo que o valor desses índices reflete a política de crédito,
a política de pagamentos e a política de estoques adotada pela empresa (ROSS;
WESTERFIELD; JAFFE, 2002).
IV) Prazo médio de estocagem = [(Estoque médio ÷ Custo dos Produtos Vendidos) x dias do
período]
Representa o tempo médio compreendido da data de aquisição dos materiais até a
venda dos produtos. O uso do valor dos estoques de encerramento do exercício poderá
distorcer o resultado da análise quando a empresa possuir sazonalidades em suas atividades,
sendo indicado, quando disponível, o uso do estoque médio mensal.
V) Prazo médio de recebimento =[ (Duplicatas a Receber média ÷ Vendas Brutas) x dias do
período]
Representa o tempo médio que a empresa espera para receber as vendas realizadas
durante o exercício, sendo utilizado o valor médio anual da conta duplicatas a receber para o
cálculo do índice.
VI) Prazo médio de pagamento =[(Fornecedores média ÷ Compras) x dias do período]
Representa o tempo médio que a empresa demora em pagar suas compras. Por ser o
valor das compras uma informação interna da empresa e não publicada nas demonstrações
contábeis, é freqüente a ausência deste indicador.
Apresenta-se de forma resumida no Quadro 7, os indicadores de atividade comentados
anteriormente.
43
Índice Fórmula Significado Interpretação
Prazo médio
de
estocagem
ESTm
PME
=
CPV
x DP
Representa o tempo médio compreendido da
data de aquisição dos materiais a a venda
dos produtos.
Quanto maior, pior
Prazo médio
de
recebimento
DRm
PMR
=
VB
x DP
Representa o tempo médio que a empresa
precisa para receber suas vendas durante o
exercício.
Quanto maior, pior
Prazo médio
de
pagamento
FORm
PMP
=
C
x DP
Representa o tempo médio negociado pela
empresa junto aos seus fornecedores para o
pagamento de suas compras.
Quanto maior, melhor
Onde: C: Compras; CPV: Custo dos produtos vendidos; DP: Dias do período, sendo que um ano equivale a 360
dias; DRm: Duplicatas a receber médio; ESTm: Estoque médio; FORm: Fornecedores média; VB: Venda bruta.
Quadro 7: Indicadores de atividade
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Silva (1995).
2.2.3.3 Indicadores de lucratividade
Os índices de lucratividade evidenciam a qualidade do resultado econômico da
empresa, possibilitando o estudo da viabilidade econômica do negócio (ASSAF NETO, 2006;
MATARAZZO, 2003; SILVA, 1995).
VII) Margem líquida = [(Lucro Líquido ÷ Vendas Líquidas) x 100]
Representa a lucratividade das operações da empresa mediante a comparação do lucro
líquido em relação às vendas líquidas do período. As margens de lucro são medidas diretas de
rentabilidade porque se baseiam na receita operacional total e não nos investimentos
efetuados em ativos.
VIII) Margem bruta = [(Lucro Bruto ÷ Vendas Líquidas) x 100]
Mede a rentabilidade das vendas após a dedução do custo dos produtos ou mercadorias
vendidas, ou ainda dos serviços prestados, demonstrando também se houve redução ou
incremento desse custo em relação às vendas líquidas (LUCINI, 2005).
IX) Margem operacional = [(Resultado Operacional Bruto ÷ Vendas Líquidas) x 100]
Demonstra a relação existente entre o lucro das operações e as vendas líquidas do
período, ou seja, a lucratividade das vendas após a dedução dos custos e despesas
operacionais (LUCINI, 2005). Evidencia também se houve variações no nível dos custos e
despesas em relação às vendas. Para Gitman (1997), este indicador mede o lucro operacional
puro obtido em cada unidade monetária de venda. O lucro operacional, denominado neste
estudo de resultado operacional bruto, é puro, no sentido de que ignora quaisquer despesas
financeiras ou obrigações (juros ou imposto de renda) e considera somente os lucros auferidos
44
pela empresa em suas operações. Em relação às margens de lucro sobre vendas, Meuse et al.
(2004) argumentam que esta relação pode ser uma proxy inversa para o custo de produção de
cada unidade monetária de vendas, ou seja, se o custo por unidade produzida diminuir, a
margem de lucro subirá.
Apresenta-se de forma resumida, no Quadro 8, os indicadores de lucratividade
comentados anteriormente.
Índice Fórmula Significado Interpretação
Margem
líquida
LL
ML =
VL
x 100
Representa a lucratividade das operações da
empresa pela comparação do lucro líquido em
relação às vendas líquidas do período.
Quanto maior, melhor
Margem
bruta
LB
MB =
VL
x 100
Representa a lucratividade das operações da
empresa pela comparação do lucro bruto em
relação às vendas líquidas do período.
Quanto maior, melhor
Margem
operacional
ROB
MO =
VL
x 100
Representa a lucratividade das operações da
empresa comparando o lucro operacional com
as vendas líquidas do período.
Quanto maior, melhor
Onde: LL: Lucro líquido; LB: Lucro bruto; ROB: Resultado operacional bruto; VL: Vendas líquidas.
Quadro 8: Indicadores de lucratividade
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003); Ross, Westerfield e Jaffe (2002); Silva (1995).
2.2.3.4 Indicadores de rentabilidade e retorno
De forma idêntica aos índices de lucratividade, porém evidenciando a rentabilidade e o
retorno dos capitais investidos, os indicadores de rentabilidade e retorno permitem a análise
da viabilidade econômica das empresas (ASSAF NETO, 2006; MATARAZZO, 2003;
SILVA, 1995). No entanto, diferença entre lucratividade e rentabilidade, sendo a primeira
uma medida estritamente econômica, cujo resultado depende da capacidade da firma em gerar
lucros e a segunda uma medida econômico-financeira, que compara a geração de lucros à
estrutura patrimonial da empresa. “Uma empresa lucrativa não é necessariamente uma
empresa rentável, a menos que utilize seus recursos de forma eficaz” (KAYO, 2002, p. 66).
Porém, Ross, Westerfield, Jaffe (2002) destacam que esses índices, embora indiquem
a vitalidade da empresa, medem a sua rentabilidade passada ou corrente baseada em
informações contábeis, não oferecendo um padrão de comparação. Os autores remetem às
limitações das demonstrações contábeis quanto ao valor de mercado da empresa. Já a
utilização do resultado operacional bruto (lucro/prejuízo operacional) e do ativo operacional
para o cálculo destes indicadores, visa atender o escopo desta pesquisa em apurar o
desempenho econômico-financeiro da atividade calçadista. A interpretação genérica para
esses indicadores é quanto maior, melhor.
45
X) Retorno sobre o Ativo = [(Resultado Operacional Bruto ÷ Ativo Operacional médio) x
100]
Representa a rentabilidade que a empresa obtém em relação ao ativo total médio. Este
índice pode ser obtido também por meio da multiplicação da margem operacional pelo giro do
ativo. Esta medida examina a rentabilidade de uma companhia em relação aos recursos
investidos. É um índice de retorno que indica a eficiência do uso dos recursos investidos
(MEUSE et al, 2004).
XI) Retorno sobre o Patrimônio Líquido = [(Resultado Operacional Bruto ÷ Patrimônio
Líquido médio) x 100]
Representa o retorno gerado pela atividade operacional da empresa em relação ao
patrimônio investido, considerando-se o lucro como prêmio do acionista pelo risco no
negócio. Conforme evidenciado na Figura 7 (seção 2.2.3.5) este indicador pode ser obtido
também mediante a multiplicação do retorno sobre o ativo pela alavancagem financeira.
Segundo Schvirck (2006) não existe consenso da literatura contábil sobre o
denominador dessa fórmula, tendo alguns autores defendido o uso do patrimônio líquido
inicial, outros o valor médio do patrimônio líquido ou ainda o uso do patrimônio líquido final.
Então, visto que as demonstrações contábeis não permitem conhecer a formação mensal do
lucro operacional e do patrimônio líquido, é prudente a utilização do patrimônio líquido
médio anual como um denominador menos arbitrário, tendo em vista que a formação do
resultado ocorreu durante os doze meses subseqüentes ao patrimônio quido do exercício
anterior.
Para Meuse et al (2004), o retorno sobre o patrimônio líquido é a melhor medida em
termos de determinar a taxa de retorno para os proprietários da empresa. Perobelli, Pereira e
David (2006) complementam que o ROE (Return on Equity) ou RSPL (Retorno sobre o
Patrimônio Líquido), é composto pela combinação de margem operacional de vendas, giro do
ativo e grau de alavancagem financeira, sendo esta última decorrente da existência de capital
de terceiros no financiamento dos ativos. No entanto, Perobelli, Pereira e David (2006)
advertem que o ROE será alavancado positivamente pelo aumento da proporção do capital de
terceiros somente quando a taxa de retorno sobre o ativo operacional da empresa for superior
à taxa média de custo do capital de terceiros. Do contrário, um aumento do grau de
alavancagem pode reduzir a rentabilidade da empresa.
Depreende-se do parágrafo anterior que para haver incremento na rentabilidade da
empresa por meio da captação de recursos de terceiros, faz-se necessário que o custo dessa
46
captação (juros e correção monetária) seja inferior ao valor dos ganhos auferidos pela
aplicação dos recursos na atividade operacional ou em aplicações financeiras, conforme
comentado no exemplo citado na situação 2 da página 36 deste estudo.
XII) Valor Econômico Agregado = [Resultado Operacional Bruto - (Custo de
Oportunidade x Patrimônio Líquido médio)]
O Valor econômico agregado (VEA), conforme Assaf Neto (2006), é tido como o
resultado em excesso ganho pela empresa em relação à remuneração nima exigida pelos
seus credores e acionistas. Quando este valor resultar negativo, significa que o valor da
empresa está sendo reduzido ao invés de sofrer incremento. Pode ser calculado a partir do
lucro operacional, deduzido da taxa do custo de oportunidade multiplicado pelo Patrimônio
Líquido médio.
Para o cálculo do custo de oportunidade, neste estudo, foi aplicada a taxa SELIC
média diária ponderada referente aos respectivos períodos. O custo de oportunidade substitui
o custo médio ponderado de capital, consideradas as dificuldades de se apurá-lo e permite a
comparabilidade da rentabilidade do negócio a um investimento financeiro ou qualquer outro
investimento alternativo à atividade operacional das empresas.
XIII) Índice de desempenho empresarial =[ (Retorno sobre Patrimônio Líquido + Retorno
sobre Vendas + Retorno sobre Ativo) ÷ 3]
Chang, Chang e Hsin (2006) descrevem que o índice de desempenho empresarial,
business performance composite índices (BPCI)” encontrado nos estudos de Lee (1987), é
uma medida efetiva para predizer o desempenho empresarial e o entendimento do
desempenho financeiro, auxiliando os gestores na escolha da dimensão estratégica apropriada
para a empresa.
Margem de lucro, retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido e retorno
sobre as vendas, são indicadores-chave para medir o desempenho empresarial, destacando-se
o lucro como o indicador mais significante (CHANG; CHANG; HSIN, 2006). Este índice
mescla o resultado econômico e resultado financeiro da empresa numa única medida
resultante da média dos três indicadores que o compõe, predizendo o desempenho empresarial
mediante a junção da lucratividade no período com o retorno sobre os investimentos e o
retorno sobre o capital próprio, ou seja, evidenciando a capacidade da empresa em gerar
riqueza com o auxílio da sua atividade e dos recursos próprios.
Apresenta-se de forma resumida, no Quadro 9, os indicadores de rentabilidade e
retorno comentados anteriormente.
47
Índice Fórmula Significado Interpretação
Retorno sobre
o ativo
ROB
ROA
=
ATm
x 100
Representa o retorno que a empresa propicia
em relação ao ativo total.
Quanto maior, melhor
Retorno sobre
o patrimônio
líquido
ROB
RSPL
=
PLm
x 100
Representa o retorno gerado pela empresa em
relação ao capital investido, considerando o
lucro como prêmio pago ao investidor pelo
risco do negócio.
Quanto maior, melhor
Valor
Econômico
Agregado
VEA = ROB – (CO x
PL)
Permite comparar a rentabilidade do negócio
com um investimento financeiro alternativo à
atividade operacional das empresas.
Quanto maior, melhor
Índice de
desempenho
empresarial
RSPL+RVL
+ROA
IDE
=
3
É uma medida para predizer o desempenho
empresarial e o entendimento do desempenho
financeiro.
Quanto maior, melhor
Onde: ATm: Ativo total médio; CO: Custo de oportunidade; PLm: Patrimônio líquido médio; ROB: Resultado
operacional bruto; ROA: Retorno sobre o ativo; RSPL: Retorno sobre o patrimônio líquido; RVL: Retorno sobre
as Vendas líquidas.
Quadro 9: Indicadores de rentabilidade e retorno
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003); Ross, Westerfield e Jaffe (2002); Silva (1995).
2.2.3.5 Correlação entre indicadores de lucratividade e rentabilidade
Da permeabilidade entre os índices de lucratividade e rentabilidade, extrai-se o índice
de retorno sobre o patrimônio líquido e o índice de retorno sobre o ativo, com o auxílio do
sistema DuPont, difundido mundialmente a partir da década de 1930. Brown, Fuller e Kirby
(1999) destacam que a difusão do sistema DuPont como ferramenta de avaliação das relações
entre as operações da firma e sua condição financeira ocorreu mais fortemente nas grandes
corporações, pois durante pelo menos 70 anos poucas evidências foram encontradas na
literatura que relatam a aplicação do sistema pelas pequenas empresas.
O sistema DuPont, apresentado de forma adaptada ao escopo desta pesquisa conforme
a Figura 7, une a demonstração do resultado do exercício com o balanço patrimonial em um
modelo que utiliza quatro informações: lucro operacional, vendas, ativo operacional e
patrimônio líquido. Brown, Fuller e Kirby (1999) complementam que o uso dessas quatro
informações permite a extração de cinco variáveis financeiras que identificam o desempenho
das empresas sendo:
a) margem operacional; mede o percentual do lucro operacional em relação às vendas;
b) giro do ativo: indica a eficiência com que a firma utiliza seus recursos para gerar
receitas;
c) retorno sobre o ativo; avalia a capacidade da empresa produzir lucros em relação aos
recursos investidos;
48
d) alavancagem financeira; serve como instrumento para medir o grau de endividamento
financeiro;
e) retorno sobre o patrimônio líquido; reflete o retorno obtido em relação aos recursos
próprios investidos pelos proprietários da empresa.
Figura 7: Sistema DuPont
Fonte: adaptado de Brown, Fuller e Kirby (1999).
Por sua vez, as cinco variáveis produzem duas equações que servem de fundamento do
sistema DuPont: (1) margem operacional x giro do ativo = retorno sobre o ativo; (2) retorno
sobre o ativo x alavancagem financeira = retorno sobre o patrimônio líquido.
Brown, Fuller e Kirby (1999) argumentam que na primeira equação o enfoque está na
rentabilidade do lucro em relação às vendas e das vendas em relação aos recursos (ativos). A
primeira medida identifica o quanto das vendas é destinado para a cobertura dos custos da
empresa e o quanto provem de lucro para seus proprietários (margem operacional). A segunda
medida compara o lucro ao montante de recursos aplicados pelos proprietários e credores,
verificando se a empresa produz um lucro satisfatório e também permite identificar se está
sendo administrada eficientemente (giro do ativo). a segunda equação revela a relação
existente entre os recursos totais e o patrimônio líquido, permitindo identificar também o
endividamento da empresa com terceiros, sinalizando o grau de risco gerado pelas dívidas que
financiam a empresa.
O giro dos recursos próprios, extraído das vendas sobre o Patrimônio líquido, que
demonstra a quantidade de vezes que o capital próprio investido na empresa girou em função
das vendas realizadas em determinado período também pode ser extraído do cálculo: Giro dos
recursos próprios = Retorno sobre o patrimônio líquido
÷ Margem operacional. Assaf Neto
49
(2006) acrescenta que a análise do retorno sobre o ativo permite avaliar o giro do ativo,
indicador que exerce influência direta sobre o desempenho dos investimentos da empresa.
2.2.3.6 Indicadores do EBITDA
O EBITDA (Earning before interest, taxes, depreciation/depletion and amortization),
ou lucro antes das despesas financeiras líquidas, impostos sobre o lucro, depreciação/exaustão
e amortização, equivale ao lucro operacional gerado pelo negócio acrescido das depreciações,
independente da forma como ele é financiado e revela a genuína capacidade operacional de
geração de caixa de uma empresa (ASSAF NETO, 2006).
Para Zani (2005, p. 126), o EBITDA “representa a verdadeira capacidade de
pagamento das firmas”, sendo que quando maior ele for, maior será a capacidade financeira
da empresa e, conseqüentemente, maior a capacidade de pagamento e possibilidades de
levantamento de recursos no mercado. Segundo a revista Exame (2007), o EBITDA equivale
ao caixa gerado pelas operações da empresa.
Depreende-se dos parágrafos anteriores, que o EBITDA representa a geração de caixa
da atividade operacional da empresa (lucro operacional mais custos e despesas de depreciação
não desembolsáveis) em determinado exercício, independentemente de o fluxo financeiro
ocorrer no presente ou futuro, ou seja, da data da efetiva entrada dos referidos recursos no
caixa da empresa. Assaf Neto (2006) ressalva que uma empresa pode apresentar pelo
EBITDA alta formação de caixa, mas enfrentar dificuldades financeiras pelo alto volume de
disponibilidades absorvido pelas necessidades de reinvestimento.
A importância deste indicador é exemplificada por Damodaran (2007), ao relatar que,
nos anos 1990 o EBITDA serviu de base para estudos de Saunders, Strock e Travlos, que
pesquisaram 5.452 empresas em 38 países. Esta medida popular de desempenho empresarial
captura o resultado não-financeiro das corporações e corresponde ao aluguel do capital
multiplicado pela quantidade de capital (HALL, 2003).
XIV) Cash flow = [(EBITDA ÷ Ativo Total médio) x 100]
Esse índice representa a capacidade de pagamento das firmas. Quanto mais elevado ele
for, maior será a capacidade financeira da empresa e, em princípio, menor a sua dependência
de capital de terceiros. Um elevado índice também pode indicar forte capacidade de
pagamento e, por conseqüência, de levantamento de recursos no mercado (ZANI, 2005).
50
XV) Margem do EBITDA = [(EBITDA ÷ Vendas Líquidas) x 100]
A margem do EBITDA sobre vendas representa o lucro gerado nas operações em
relação às vendas da empresa (Info Exame, 2006). Lembrando que o EBITDA é o lucro
gerado pelo negócio acrescido das depreciações, pode-se inferir que este indicador expressa o
quanto da receita de vendas é absorvido pelos custos e despesas operacionais e o quanto
contribui para a formação de caixa da empresa.
XVI) Índice de cobertura de juros =[(EBITDA ÷ Despesas Financeiras) x 100]
A utilização do EBITDA neste indicador verifica a relação das despesas financeiras de
uma empresa com sua capacidade de geração de fluxo de caixa operacional para pagá-las. Da
mesma forma que o índice apurado pelo lucro operacional (seção 2.2.3.8), este índice
pretende estimar qual a capacidade de geração de recursos para cobrir as despesas financeiras
(SILVA, 1995).
Apresenta-se de forma resumida, no Quadro 10, os indicadores do EBITDA
comentados anteriormente.
Índice Fórmula Significado Interpretação
Cash flow
EBITDA
CF =
ATm
X 100
Representa a capacidade de pagamento das
firmas. Quanto maior, em princípio, menor
será a dependência de capital de terceiros.
Quanto maior, melhor
Margem do
EBITDA
EBITDA
ME =
VL
X 100
Representa o lucro gerado na operação em
relação às vendas da empresa.
Quanto maior, melhor
Índice de
cobertura de
juros
EBITDA
ICJe
=
DF
X 100
Relaciona as despesas financeiras de uma
empresa com sua capacidade de geração de
caixa para pagá-las.
Quanto maior, melhor
Onde: EBITDA: Lucro antes das despesas financeiras líquidas, impostos sobre lucros; depreciação/exaustão e
amortização; ATm: Ativo total médio; DF: Despesas financeiras; VL:Vendas líquidas.
Quadro 10: Indicadores do EBITDA
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003); Info Exame (2006); Ross, Westerfield e Jaffe (2002);
Silva (1995); Zani (2005).
2.2.3.7 Indicadores de endividamento
Silva (1995) destaca que os índices de endividamento relacionam a composição de
capitais entre próprio e de terceiros, buscando relações na estrutura da dívida da empresa,
servindo também para medir o grau de imobilização de recursos. Outro aspecto é a relação
direta destes às dívidas com instituições financeiras ou outros tipos de dívida financeira.
Sob o aspecto financeiro, sempre que a relação capital de terceiros versus patrimônio
líquido aumenta, reduz a liberdade de tomada de decisões financeiras da empresa quanto à
aplicação dos recursos, tendo em vista que as restrições impostas pelos credores como
51
garantias da dívida. Ainda sob esse ponto de vista, os índices de endividamento auxiliam na
análise do risco de insolvência da empresa, ou seja, ausência de liquidez, e em relação ao
valor vencível no curto e longo prazo (MATARAZZO, 2003) evidenciando as variações
positivas ou negativas no saldo das obrigações de curto ou longo prazo (ZANI, 2005).
Para Myers (2001) as relações de vida da indústria para com terceiros são
geralmente baixas ou negativas (existência de aplicação financeira líquida) quando a
rentabilidade e o risco do negócio são altos. Quando o risco do negócio é alto, o custo da
dívida tende a ser elevado, então os investimentos são realizados com aportes dos acionistas e
com recursos gerados pela empresa. Ao contrário, firmas com menor rentabilidade possuem
maior necessidade de captação de recursos de terceiros e, por conseguinte, acumula maior
dívida. Em suma, os índices de endividamento indicam “o grau de dependência da empresa
com relação a capital de terceiros e o nível de imobilização do capital. Quanto menor o índice,
melhor” (HOJI, 1999, p. 277), salvo se o custo da dívida for inferior aos ganhos
proporcionados pela aplicação dos recursos captados, conforme mencionado no decorrer
deste estudo.
XVII) Composição do endividamento = [(Passivo Circulante ÷ Passivo Exigível total) x
100]
Representa a participação do capital de terceiros no curto prazo em relação ao total das
exigibilidades, permitindo a comparabilidade das obrigações de curto prazo com as
obrigações totais. Evidencia o crescimento das dívidas no curto ou longo prazo e qual a
necessidade de geração de recursos para o seu pagamento.
XVIII) Dependência financeira = [(Passivo Exigível total ÷ Ativo Total) x 100]
Representa a porcentagem dos ativos financiada pelo capital de terceiros, evidenciando
a dependência da empresa em relação a estes. Quanto menos a empresa é dependente de
recursos de terceiros para o financiamento do ativo, melhor será a sua estrutura de capital. É
importante verificar se a empresa possui vida financeira subsidiada, tais como de
financiamento do governo para incentivar investimentos, e que tais recursos podem ser
aplicados pelas empresas a taxas maiores que as de captação.
XIX) Participação do capital de terceiros ={[(Passivo Circulante + Passivo Exigível a
Longo Prazo) ÷ Patrimônio Líquido] x 100}
Representa a relação entre os recursos de terceiros e os recursos próprios aplicados na
empresa, ou seja, evidencia a dependência da empresa em relação aos recursos de terceiros.
52
Quanto maior a participação do capital de terceiros, maior a dependência financeira em
relação a ele, sinalizando insuficiência de recursos próprios para aplicação na empresa e risco
de insolvência. Do contrário, sinaliza solvência da empresa.
Apresenta-se de forma resumida, no Quadro 11, os indicadores de endividamento
comentados anteriormente.
Índice Fórmula Significado Interpretação
Composição do
endividamento
PC
CE
=
PC+ELP
x 100
Representa a participação do capital de
terceiros de curto prazo em relação ao total
das exigibilidades.
Quanto maior, pior
Dependência
financeira
PC+ELP
DF
=
AT
x 100
Representa a porcentagem dos ativos
financiados pelos recursos de terceiros.
Quanto maior, pior
Participação do
capital de
terceiros
CT
PCT
=
PL
x 100
Representa a relação entre os recursos de
terceiros e os recursos próprios aplicados na
empresa.
Quanto maior, pior
Onde: PC: Passivo circulante; ELP: Passivo exigível a longo prazo; AT: Ativo total; PL: Patrimônio líquido; CT:
Capital de terceiros.
Quadro 11: Indicadores de endividamento
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003); Ross, Westerfield e Jaffe (2002); Silva (1995).
2.2.3.8 Indicadores de estrutura
Os índices de estrutura de capitais, segundo Matarazzo (2003, p.151), “mostram as
grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos”. Por
meio desses indicadores é possível analisar a composição da estrutura de capitais da empresa,
e em conjunto com os demais indicadores permitem avaliar se as atividades desenvolvidas no
período em análise geraram riqueza agregada ao patrimônio da empresa ou se, ao contrário,
tornaram-na dependente de recursos de terceiros.
XX) Giro do ativo = (Vendas Líquidas ÷ Ativo Operacional médio)
Este indicador representa a velocidade com que os investimentos da empresa geram
receita de vendas, indicando o nível de atividade como referência de eficiência no uso dos
recursos investidos na empresa. Quanto maior o índice, melhor.
Na utilização do ativo operacional médio, é prudente que o ativo do ano anterior seja
corrigido, atribuindo-se a ele o mesmo poder de compra da moeda do ano subseqüente. O
aumento desse índice demonstra tendência de oportunidades de investimento, pois sinaliza
vendas crescentes em relação ao valor investido. Consoante a Exame (2007), o giro do ativo
mede a eficiência operacional da empresa, devendo ser comparado com a margem de lucro
sobre vendas.
53
Com referência a essa comparação, Meuse et al (2004) exemplificam que se uma
firma pode mediante ajustes na estrutura, reduzir o nível de ativos e o número de empregados
e, simultaneamente, manter ou aumentar o nível de produtividade e vendas, aumentará a
eficiência dos seus ativos. Em contraste, se as vendas caem significativamente com a redução
de pessoal, a eficiência dos ativos poderia permanecer constante ou até mesmo reduzir.
Constata-se que a margem de lucro mede a eficiência da empresa em relação ao
resultado econômico da atividade operacional e que o giro do ativo verifica a eficiência do
uso dos ativos na geração desse lucro. No exemplo dado por Meuse et al. (2004), evidencia-se
uma situação em que o aumento da eficiência se dá pela redução de custos operacionais e com
a dimensão dos investimentos em ativos. Zani (2005, p.127) complementa que “o aumento
desse índice tende a indicar oportunidades de investimento, pois sinaliza vendas crescentes
em relação ao valor investido”.
XXI) Imobilização do Patrimônio Líquido =[(Ativo Permanente ÷ Patrimônio Líquido) x
100}
Demonstra o grau de utilização dos recursos próprios da empresa para investimento no
ativo permanente e quanto destes recursos se destina para financiar o ativo circulante. Este
índice envolve decisões estratégicas da empresa quanto a investimentos que caracterizam o
risco da atividade. Quanto maior esse índice, maior será a necessidade da empresa de
captação de recursos de terceiros, ou próprios, para suprir sua necessidade de capital de giro.
XXII) Imobilização dos recursos não correntes ={[Ativo Permanente ÷ (Patrimônio
Líquido + Passivo Exigível a Longo Prazo]) x 100}
Demonstra o percentual de recursos próprios e de terceiros de longo prazo destinados
ao ativo permanente. Matarazzo (2003, p. 158) argumenta que “o ideal em termos financeiros
é a empresa dispor de patrimônio líquido suficiente para cobrir o ativo permanente” e ainda
sobrar recursos suficientes para financiar o ativo circulante.
Ressalva-se que se houverem recursos financeiros com custo inferior ao almejado
pelos acionistas para investir na empresa como, por exemplo, as já citadas linhas de crédito
governamentais, esta pode captar recursos externos para investir no permanente e destinar os
recursos próprios para as necessidades de curto prazo, cujo custo de captação normalmente é
maior.
Apresenta-se de forma resumida, no Quadro 12, os indicadores de estrutura
comentados anteriormente.
54
Índice Fórmula Significado Interpretação
Giro do ativo
VL
GA =
AOm
Representa a velocidade com que os
investimentos da empresa se transformam em
volume de vendas, indicando o nível de
atividade como referência de eficiência no
uso dos recursos investidos na empresa.
Quanto maior, melhor
Imobilização
do patrimônio
líquido
AP
IPL =
PL
x 100
Demonstra o grau de utilização dos recursos
próprios da empresa para investimento no
ativo permanente e quanto destes recursos
dispõe para financiar o ativo circulante.
Quanto maior, pior
Imobilização
dos recursos
não correntes
AP
IRNC
=
PL+ELP
x 100
Demonstra o percentual de recursos não
correntes destinados ao ativo permanente.
Quanto maior, pior
Onde: AP: Ativo permanente; AOm: Ativo operacional médio; DP: Dias do período; ELP: Passivo exigível a
longo prazo; PL: Patrimônio líquido; VL: Vendas líquidas.
Quadro 12: Indicadores de estrutura
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Matarazzo (2003); Ross, Westerfield e Jaffe (2002); Silva (1995).
2.2.3.9 Indicadores de alavancagem
O termo alavancagem, de acordo com Sandroni (1996), é usado no mercado financeiro
para designar a captação de recursos para serem utilizados em determinadas operações. Em
um sentido mais estreito, significa a relação entre o endividamento de longo prazo e o capital
empregado pelos acionistas. Para Assaf Neto (2006) os indicadores de alavancagem
demonstram o desempenho referente ao resultado operacional e líquido da empresa. Ross,
Westerfield e Jaffe (2002) descrevem que os índices de alavancagem financeira associam-se à
mensuração de quanto a empresa utiliza recursos de terceiros ao invés de recursos próprios.
Segundo os autores, os índices de alavancagem financeira possibilitam a determinação
da probabilidade de que a empresa deixe de saldar as dívidas contraídas, ao mesmo tempo em
que fornecem informação aos credores referente a proteção contra a insolvência e à
capacidade de obtenção de financiamento adicional pelas empresas, visando aproveitar
oportunidades de investimento atraentes. São do tipo quanto maior, melhor.
XXIII) Grau de alavancagem financeira = (Retorno sobre o Patrimônio Líquido ÷ Retorno
sobre o Ativo)
Indica a capacidade que os recursos de terceiros apresentam de elevar os resultados
líquidos dos proprietários. Evidencia quanto o retorno dos investimentos com capital
emprestado excede o seu custo de captação, ou seja, é a capacidade que os recursos de
terceiros apresentam de aumentar os resultados líquidos da empresa.
55
XXIV) Grau de alavancagem operacional = (Variação no Resultado Operacional Bruto ÷
Variação nas Vendas)
Indica como uma alteração no volume da atividade influi sobre o lucro operacional da
empresa. Permite que se conheça a viabilidade econômica do negócio, verificando quanto um
determinado aumento percentual nas vendas representa um acréscimo no lucro operacional.
Vale lembrar que, neste estudo, o lucro operacional equivale ao resultado operacional bruto.
Assaf neto (2006, p.132) argumenta que “a alavancagem operacional é possível pela
presença de custos e despesas fixos na estrutura de resultados da empresa”, pois se mantém
constantes ao longo do tempo e inalterados diante do volume de atividades da empresa.
Portanto, qualquer acréscimo no nível dos custos e despesas fixas impactará diretamente na
redução dos resultados obtidos com alavancagem operacional. Por outro lado o grau de
alavancagem operacional também indica o nível de eficiência da empresa em utilizar a
estrutura estabelecida.
XXV) Grau de alavancagem total = (Grau de alavancagem financeira x Grau de
alavancagem operacional)
É a combinação da alavancagem operacional e financeira. Essa combinação permite
identificar o quanto as alterações no volume de atividade da empresa alteram o resultado
líquido dos acionistas.
Apresenta-se de forma resumida, no Quadro 13, os indicadores de alavancagem
comentados anteriormente.
Índice Fórmula Significado Interpretação
Grau de
alavancagem
financeira
RSPL
GAF =
ROA
Indica a capacidade que os recursos de terceiros
apresentam de elevar os resultados líquidos dos
proprietários e da empresa.
Quanto maior, melhor
Grau de
alavancagem
operacional
LOP
GAO =
V
Indica como uma alteração no volume da
atividade influi sobre o lucro operacional da
empresa.
Quanto maior, melhor
Grau de
alavancagem
total
GAT = GAO x GAF
Indica a repercussão e permite a avaliação dos
reflexos de uma alteração no volume de vendas
sobre o resultado operacional e líquido.
Quanto maior, melhor
Onde: LO: Lucro operacional; DF: Despesas financeiras; RSPL: Retorno sobre o patrimônio líquido; ROA:
Retorno sobre o ativo; LOP: Variação do lucro operacional; V: Variação nas vendas.
Quadro 13: Indicadores de alavancagem
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Ross, Westerfield e Jaffe (2002).
56
2.2.3.10 Correlação entre liquidez, rentabilidade e endividamento
Assaf Neto (2006) discute que o custo dos créditos de curto prazo deve ser menor que
os de longo prazo em função do tempo de liquidação e da taxa de risco do emprestador,
porém, considerando-se a premissa de que as aplicações de recursos no ativo devem gerar
maior rentabilidade e com ganhos em produtividade ou redução de custos, o ativo permanente
assume a preferência por investimentos.
Dessa forma, no que se refere às aplicações no curto prazo, verifica-se que a empresa,
ao optar por segurança e risco financeiro baixo, procurará manter elevado seu capital
circulante líquido. No entanto, se buscar maior rentabilidade, tende a reduzir o seu capital de
giro, utilizando-se de uma parcela maior de capitais de terceiros de curto prazo. Constitui-se
então um dilema entre liquidez e rentabilidade, ou seja, quando um aumenta, o outro reduz
(ASSAF NETO, 2006).
A opção por maior segurança financeira para a empresa resulta em aumentar o seu
grau de liquidez e, por conseguinte, a retenção de caixa da empresa. Tende-se com isso, a
optar por uma rentabilidade menor em detrimento de oportunidades de investimentos
alternativos que ofereçam maior rendimento, porém acompanhados de maior risco.
Perobelli, Pereira e David (2006) relatam que segundo os pressupostos da Teoria de
Finanças, o lucro por ação deveria aumentar em contrapartida da redução do nível de liquidez
da empresa, e justificam que os ativos de alto giro (curto prazo) possuem maior liquidez
enquanto os de baixo giro (longo prazo) possuem menor liquidez. Como alta liquidez implica
em baixo risco e como risco e retorno são proporcionais, os ativos de curto prazo
normalmente são os de menor risco e, portanto, os que deveriam geram o menor retorno para
a empresa. Da mesma forma, os ativos permanentes deveriam ser os de maior risco e retorno.
Verifica-se então que as relações de liquidez, endividamento e rentabilidade
constituem um trade-off para a empresa, inibindo-a de usufruir ao mesmo tempo de alta
liquidez, baixo custo financeiro das dívidas e máxima rentabilidade. Assaf Neto (2006, p.
188) conclui que a empresa deve “optar por um volume de capital circulante líquido que
satisfaça suas expectativas de risco-retorno, ou seja, que imprima um nível de segurança e
rentabilidade adequadas”.
57
2.2.3.11 Demais indicadores
Outros índices demonstram a situação financeira da empresa por meio de indicadores
extraídos do seu ciclo operacional (ASSAF NETO 2006; ROSS; WESTERFIELD; JAFFE
2002; SILVA 1995).
XXVI) Capital de giro = [(Ativo Circulante Operacional - Passivo Circulante Operacional)
÷ Ativo Total]
Permite avaliar a saúde financeira da empresa demonstrando a necessidade, em termos
percentuais, de recursos para financiar o ativo operacional e evidencia se ela convive com o
denominado efeito tesoura, que se origina do crescente saldo de disponível negativo (NCG
maior que CCL). O efeito tesoura pode ocorrer por um crescimento elevado do nível de
atividade empresarial (overtrade), desvio de recursos do giro para imobilizações, entre outros.
XXVII) Efeito tesoura = (Capital Circulante Líquido – Necessidade de Capital de Giro)
O efeito tesoura denota a necessidade de captação de recursos de terceiros sempre que
o capital circulante líquido for inferior à necessidade de capital de giro. Casagrande (2001,
p. 27) argumenta que o efeito tesoura é “um indicador de descontrole no crescimento de
fontes onerosas de recursos de curto prazo”, sendo conseqüência do saldo em tesouraria
crescentemente negativo por conta de prejuízos, distribuição excessiva de lucros, dependência
persistente de empréstimos de curto prazo, com pagamento de altas taxas de juros, tendência
de crescimento do ciclo financeiro, crescimento real das vendas a prazo, descasadas de prazo
de fornecedores, aplicações no ativo imobilizado com recursos onerosos de curto prazo. A
Figura 8 ilustra o efeito tesoura, onde NCG refere-se à necessidade de capital de giro e CCL
ao capital circulante líquido.
Figura 8: Efeito tesoura
Fonte: adaptado de Fleuriet, Kehdy, Blanc (1978).
58
A NCG é financiada pelo saldo sobressalente dos recursos permanentes o aplicados
em investidos permanentes, ou seja, pelo capital de giro, e por recursos de curto prazo. O
capital de giro quando positivo indica disponibilidade de recursos de longo prazo para
aplicação nos ativos de curto prazo, porém, quando negativo, evidencia que os recursos de
longo prazo são insuficientes para as aplicações em ativos permanentes, sendo estes
financiados por recursos de curto prazo. Esta última situação financeira indica baixa liquidez,
alto endividamento e risco associado (EIFERT, 2003).
XXVIII) Índice de cobertura de juros = (Resultado Operacional Bruto ÷ Despesas
Financeiras)
Relaciona as despesas financeiras de uma empresa com sua capacidade de pagá-las. É
utilizado em grande escala por empresas de classificação de rating. A pretensão deste índice
é estimar qual a capacidade de geração de recursos para cobrir as despesas financeiras
(SILVA, 1995). Para o cálculo deste indicador não são considerados os juros de remuneração
do capital próprio ou resultado negativo da equivalência patrimonial, classificados como
despesas financeiras nas demonstrações contábeis.
XXIX) Coeficiente de overtrading = (Vendas Brutas ÷ Capital Circulante Líquido)
Vertes e Würch (1986) destacam que o coeficiente de overtrading demonstra a rotação
do capital circulante líquido em relação às vendas da empresa. Este índice permite identificar
a capacidade, em número de giros, que o valor do capital circulante líquido possui de
financiar as vendas no período. Quanto maior o índice, maior é o aumento das vendas sem o
correspondente aumento do capital circulante líquido para financiá-las e maior é a tendência
da empresa de entrar em overtrading. Para apurar o indicador em dias, divide-se o número de
dias do ano pelo coeficiente encontrado.
XXX) Taxa de crescimento sustentável = [Retorno sobre o Patrimônio Líquido x (Lucro
Retido ÷ Lucro Líquido)]
Evidencia a taxa mínima de crescimento que uma empresa pode manter utilizando-se
apenas do capital próprio. Essa taxa pode ser incrementada pelo aumento do uso de capital de
terceiros, redução do índice de distribuição de lucros, aumento das margens de lucro, redução
do índice de necessidade de ativos, entre outros.
XXXI) Excelência empresarial =( Crescimento em Vendas + Investimento no Imobilizado +
Liderança no mercado + Liquidez corrente + Rentabilidade do Patrimônio)
59
Expresso em pontos, identifica as empresas de melhor desempenho ponderado no
conjunto de indicadores. O critério utilizado é uma adaptação da revista Exame (2007),
comparando-se os resultados obtidos em termos de crescimento, investimentos, participação
no mercado, saúde financeira e rentabilidade, baseados nos conceitos:
a) crescimento em vendas; retrata o dinamismo da empresa, se aumentou ou diminuiu
sua participação no mercado e sua capacidade de gerar novos empregos;
b) investimento no imobilizado; valor aplicado na modernização ou ampliação do
negócio da empresa, e também de gerar novos empregos;
c) liderança de mercado; compara as participações de mercado que as empresas detêm no
setor em que atuam;
d) liquidez corrente; indica se a empresa apresenta ou não boa saúde financeira;
e) rentabilidade do patrimônio; mede a eficiência da empresa e a geração de valor aos
acionistas.
Apresenta-se de forma resumida, no Quadro 14, os demais indicadores comentados
anteriormente.
Índice Fórmula Significado Interpretação
Capital de
giro
AC – PCO
CG =
AT
Indica a disponibilidade de recursos de longo
prazo para aplicação nos ativos de curto prazo.
Quanto maior, melhor
Índice de
cobertura de
juros
ROB
ICJ =
DF
Relaciona as despesas financeiras de uma
empresa com sua capacidade de pagá-las.
Estima qual a capacidade de geração de
recursos para cobrir as despesas financeiras.
Quanto maior, melhor
Efeito tesoura ET = CCL - NCG
Indica a necessidade de captação de recursos de
terceiros sempre que o capital circulante líquido
for inferior a necessidade de capital de giro.
Quanto maior, melhor
Coeficiente de
overtrading
VB
CO
=
CCL
Demonstra a rotação do capital circulante
líquido em relação às vendas da empresa.
Quanto maior, pior
Taxa de
crescimento
sustentável
RSPL x LR
TC =
LL
Evidencia a taxa mínima de crescimento que
uma empresa pode manter sem aumentar sua
alavancagem financeira.
Quanto maior, melhor
Excelência
empresarial
EE = CV + II + LM +
LC + RP
Identifica as empresas de melhor desempenho
ponderado no conjunto de indicadores.
Quanto maior, melhor
Onde: AT: Ativo total; CCL: Capital circulante líquido; DF: Despesas financeiras; NCG: Necessidade de capital
de giro; RSPL: Retorno sobre o patrimônio líquido; LL: Lucro líquido; ROB: Resultado operacional bruto; LR:
Lucro retido; VB: Vendas brutas.
Quadro 14: Demais indicadores
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006); Exame (2007); Vertes e Würch (1986); Ross, Westerfield e Jaffe (2002);
Silva (1995).
Como complemento das informações geradas pelos indicadores, tem-se as geradas
pelas análises horizontal e vertical da demonstração de origens e aplicações de recursos, que
permite detectar a política adotada pela empresa em relação à captação e aplicação dos
recursos. A análise horizontal dos grupos de contas da demonstração do resultado do
60
exercício também propicia o conhecimento da evolução do valor destas contas durante o
período examinado.
Determinados os indicadores, a próxima seção destina-se a evidenciar a técnica dos
índices-padrão utilizada neste estudo.
2.2.4 Índices-padrão
A técnica de análise de índices-padrão ganhou destaque a partir de 1931, quando a
Dun & Bradstreet passou a elaborar e divulgar, nos Estados Unidos, índices-padrão para
diversos ramos de atividades (MATARAZZO, 2003). Em 1932 foi publicado um estudo
desenvolvido por Fitz Patrick, no período de 1920 a 1929, baseado em 19 empresas solventes
e 19 insolventes, selecionadas aleatoriamente, comparando os índices dos dois grupos
(CASTRO JÚNIOR, 2003; MÁRIO, 2002).
Segundo Assaf Neto (2006, p. 284), “a técnica de análise por meio de índices,
apresenta uma limitação metodológica derivada do fato de cada indicador ser avaliado de
forma isolada”. Matarazzo (2003) complementa que a análise das demonstrações contábeis
por meio de índices adquire consistência e objetividade quando os índices são comparados
com padrões.
Marion (2005) comenta que sem os índices-padrão, a conceituação dos indicadores
torna-se um grande malabarismo. Dessa forma, distingue-se a avaliação dos índices, de
acordo com Matarazzo (2003):
a) pelo significado intrínseco; limitada aos índices da própria empresa e utilizada
somente quando não se dispõe de índices-padrão de um conjunto de empresas;
b) comparação ao longo de vários exercícios; evidencia as tendências da empresa no
tempo;
c) comparação com padrões; permite a comparação dos índices da empresa analisada
com padrões extraídos da análise de um conjunto de empresas afins.
Para Assaf Neto (2006) e Matarazzo (2003), esses índices permitem avaliar a evolução
das empresas pelo estudo de uma série histórica, além de possibilitar a comparabilidade dos
índices econômico-financeiros de uma empresa com os de empresas que atuam no mesmo
ramo de atividade, ou deste para com outros, ou ainda em relação a um segmento de
atividades, definindo como está a empresa em relação aos seus concorrentes.
61
Sob o aspecto da análise setorial, Silva (1995) argumenta que esta análise consiste na
apreciação macroeconômica em relação a determinado setor da economia e pode ser realizada
pela caracterização do segmento, análise dos produtos e dos mercados, análise do processo de
produção, análise retrospectiva do desempenho do setor, análise prospectiva dos diversos
mercados, posicionamento das principais empresas atuantes no segmento e um perfil das suas
características, expectativas em relação ao segmento.
Silva (1995) complementa ainda que além de permitir a comparação com um padrão
externo, o índice-padrão é um referencial para a comparação de determinado índice da
empresa com algum padrão interno, definido pela direção como sendo uma meta a ser
atingida. Segundo o autor, a grande utilidade do uso de padrões está no estabelecimento de
uma medida objetiva de comparação e, portanto, na elaboração do padrão. Para tanto, três
características devem ser consideradas:
a) região geográfica; a empresa estabelecida em determinado local está sujeita à
características como: costumes, organização política e cultura, que afetam a economia
local e o seu desempenho. À medida que ocorre a expansão das suas atividades para
outras regiões, uma tendência de aproximação para um padrão nacional ou
internacional;
b) segmento de atuação; é determinante do ciclo financeiro, dos equipamentos
necessários à atividade, do tipo de estrutura e administração da empresa, podendo ser
dividido em quatro setores macros (indústria, comércio, serviços e primário), sendo
que as empresas podem atuar em um segmento específico ou em diversas atividades;
c) porte; o tamanho da empresa deve ser considerado para evitar comparações de
empresas de porte menor com o padrão de grandes empresas.
Ressalva-se que com a competitividade em nível mundial ocorrida nas últimas
décadas, as empresas estão sujeitas aos costumes, política, cultura e economia internacional,
estando estabelecidas em qualquer região do planeta.
A fim de possibilitar uma avaliação global da empresa analisada, Matarazzo (2003,
p. 23) sugere a conjugação de índices-padrão e de pesos, verificando o efeito de certos
eventos sobre a situação financeira desta ou, ainda, fornecendo padrões dos concorrentes para
a empresa auto-avaliar-se, pois “os índices-padrão permitem uma adequada avaliação de
qualquer índice de determinada empresa e proporcionam ao usuário da análise informação
objetiva do seu desempenho”. Além disso, revelam os indicadores médios representativos do
desempenho de grande número de empresas e permitem que sejam estabelecidas qualificações
para os vários índices extraídos das demonstrações contábeis (ASSAF NETO, 2006).
62
Silva (1995) também considera importante a definição de medidas de ponderação ao
descrever um roteiro de utilização dos índices-padrão:
a) depois de definidos os índices-padrão para determinado segmento, é necessário que
seja utilizado o mesmo critério para os cálculos de cada empresa, seguidos da seleção
dos índices da empresa que serão utilizados para o confronto com os padrões;
b) identificar o índice segundo sua interpretação de forma individual (quanto maior,
melhor ou quanto maior, pior);
c) definir os pesos a serem atribuídos a cada um dos índices;
d) obter a nota final e definir uma escala conceitual para a comparação da empresa com
os padrões.
2.2.4.1 Determinação dos índices-padrão
Segundo Matarazzo (2003), para produzir avaliações consistentes utiliza-se a
estatística, basicamente a média, a qual indica a característica do universo; a moda, que
mostra o que é mais comum em determinado universo; e a mediana, ou seja, o valor que
separa os elementos do universo em duas metades. Pela mediana processa-se o cálculo que
determina os índices-padrão, ou seja, o índice que divide a série de valores calculados pela
metade, permanecendo 50% da distribuição antes e após a mediana.
Porém, Assaf Neto (2006) destaca que a mediana não fornece o desvio-padrão da
distribuição de valores. Assim, ao comparar um indicador de uma empresa com o seu setor de
atividade, as análises sobre o desempenho da empresa limitam-se pelo desconhecimento do
desvio-padrão, ou o grau de dispersão de seus valores. Esse argumento é reforçado por
Matarazzo (2003), ao descrever que a mediana é insuficiente para comparações precisas. O
fato de a mediana distribuir 50% dos valores abaixo de si e 50% acima, não implica em apurar
médias de comportamento ou o comportamento que mais ocorre, ou seja, se os valores
mínimos e máximos da distribuição forem distanciados, a mediana tende a não representar o
padrão dos dados.
Como forma de confrontar a mediana, Vertes e Würch (1986, p. 265) destacam que
nos países desenvolvidos, estabelece-se um valor médio dos coeficientes calculados num
conjunto de empresas do mesmo ramo de atividade denominado valor típico, e argumentam
que “[...] não são valores ideais ou valores excelentes desejados, mas são coeficientes médios
característicos num certo período para um certo ramo de atividade”.
63
Assaf Neto (2006) e Matarazzo (2003) complementam que o cálculo de decis e quartis
são medidas que também possibilitam apurar um valor-padrão representativo da distribuição.
Decis e quartis são medidas estatísticas que compreendem os conceitos de décimos e quartos.
A distribuição dos índices em decis consiste em dividi-los em dez classes iguais, fazendo com
que cada classe contenha 10% da amostra e possibilitando nove medidas de posição, sendo
que no decil encontra-se aquele valor que terá 10% dos índices abaixo de si mesmo e que
está abaixo de 90% dos demais índices. a distribuição dos índices em quartis consiste em
dividi-los em quatro partes iguais, atribuindo a cada classe 25% da amostra e possibilitando
três medidas de posição. Desta forma, no quartil (mediana) encontra-se o valor que terá
50% dos índices abaixo de si mesmo e que está abaixo de 50% dos demais índices.
A aplicação dos índices-padrão é ilustrada por Assaf Neto (2006), que sugere o critério
de análise comparativa, conforme quadros:
Decis
Decil
Índice
1º 2º 3º 4º
Mediana
6º 7º 8º 9º
Quanto maior, melhor Insatisfatório
Regular Normal Bom Excelente
Quanto menor, melhor Excelente Bom Normal Regular
Insatisfatório
Quadro 15: Exemplo de critério de análise comparativa com decis
Fonte: adaptado de Assaf Neto (2006, p. 283).
Quartis
Quartil
Índice
Quanto maior, melhor Insatisfatório
Regular Bom Excelente
Quanto menor, melhor Excelente Bom Regular
Insatisfatório
Quadro 16: Exemplo de critério de análise comparativa com quartis
Fonte: adaptado de Assaf Neto (2006, p. 283).
Para índices de análise quanto maior, melhor (rentabilidade e liquidez, por exemplo), a
classificação apresenta-se em ordem crescente, ocorrendo o oposto para índices de análise
quanto menor, melhor (por exemplo, endividamento). Matarazzo (2003) comenta que a
técnica de índices-padrão não visa encontrar o padrão ideal de um índice, visto que na análise
das demonstrações contábeis não existe tal padrão, justificando-se o fato de que para cada
índice apresentam-se nove decis ou três quartis. As revistas de ranking, apresentadas na seção
2.5, são exemplos do uso da técnica de índices-padrão.
Outra forma de utilização dos indicadores econômico-financeiros é a sua aplicação em
modelos de previsão de insolvência de empresas, descritos na seção 2.3.
Mediana
Normal
Normal
64
2.3 MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
A expressão insolvência, consoante Franzin (2002), é oriunda do latim solvere, regida
pela negativa in, e significa a situação em que a pessoa se encontra de não poder pagar suas
dívidas ou não poder cumprir suas obrigações. Transportando-se para o Balanço Patrimonial
das empresas, é quando o passivo excede o valor do ativo. O primeiro estudo conhecido data
de 1932, quando Fitz Patrick comparou 19 empresas solventes e 19 empresas insolventes que
faliram no período de 1920 a 1929 nos Estados Unidos. O método utilizado consistia em
comparar os índices de cada grupo a um determinado índice-padrão e observar a tendência
desses indicadores ao longo do tempo (CASTRO JÚNIOR, 2003).
A partir de então, conforme Mario (2002), outros estudos foram desenvolvidos a partir
das demonstrações contábeis padronizadas de empresas solventes e insolventes. Para
classificar as empresas, calculavam-se os índices cuja média servia de parâmetro para as
análises. Além da média, os estudos passaram a utilizar faixa de variação (máxima e mínima)
para análise das empresas de melhor ou pior comportamento, e introduziram o conceito de
conjunto ponderado de índices, aos quais foram atribuídos determinados pesos com o intuito
de conferir uma pontuação para as empresas analisadas.
Na década de 1960 os pesquisadores passaram a utilizar ferramentas estatísticas como
a análise discriminante (MÁRIO, 2002; CASTRO JÚNIOR, 2003). Atualmente, além da
análise discriminante se utiliza análise fatorial e análise de regressão, para determinar a
equação empregada na classificação ou na distinção entre empresas solventes e insolventes a
partir das demonstrações contábeis. Ou seja, os modelos têm como objetivo prever qual a
situação financeira em que se encontra qualquer empresa naquele determinado momento.
Importa saber que para a determinação da equação final utilizada como fator de
previsão de insolvência, inúmeros indicadores foram calculados com base em demonstrações
contábeis publicadas por empresas dos mais diversos portes e setores, sendo que somente os
que apresentaram alto grau de explicação dos resultados permaneceram na fórmula. O fator de
insolvência é indicador da capacidade ou incapacidade de pagamento das empresas em um
futuro próximo. Kanitz (1974, p. 96) relata que a análise do índice de solvência permite
descobrir empresas em estado de pré-insolvência; hierarquizar as empresas numa
escala de solvência/insolvência, a fim de selecionar clientes prioritários; e
determinar previsões para a conta devedores duvidosos, segundo a probabilidade de
insolvência de cada cliente.
Dentre os estudos brasileiros existentes destacam-se os de Kanitz, um dos precursores,
Elizabetsky, Matias e Silva (KANITZ, 1974; KASSAI, KASSAI 1998; MÁRIO, 2002).
65
Destaca-se ainda o estudo de Brito e Assaf Neto (2001), Franzin (2002) e Minussi, Damacena
e Ness Jr. (2002). Os indicadores utilizados nas equações finais dos modelos são evidenciados
no Quadro 17.
Autor Modelo de previsão e indicadores utilizados
Kanitz
(1972)
Fator = 0,05x
1
+ 1,65x
2
+ 3,55x
3
– 1,06x
4
- 0,33x
5
Ponto crítico: igual ou maior que zero = empresa solvente; -1, -2 e -3 = empresa que inspira
cuidados; menor que -3 = empresa insolvente
Grau de precisão do modelo = 74%
1: Lucro líquido Patrimônio líquido
2: (Ativo circulante + realizável a longo prazo) (Passivo circulante + exigível a longo prazo)
3: (Ativo circulante – estoques) Passivo circulante
4: Ativo circulante Passivo circulante
5: (Passivo circulante + exigível a longo prazo) Patrimônio líquido
Elizabetsky
(1976)
Fator = 1,93x
1
– 0,2x
2
+ 1,02x
3
+ 1,33x
4
– 1,12x
5
Ponto crítico = 0,5
Grau de precisão do modelo = 69%
1: Lucro líquido Vendas
2: Disponível Ativo permanente
3: Contas a receber/Ativo total
4: Estoques Ativo total
5: Passivo circulante Ativo total
Matias
(1978)
Fator = 23,792x
1
– 8,26x
2
– 9,868x
3
– 0,764x
4
– 1,12x
5
Ponto crítico = 0
Grau de precisão do modelo = 74%
1: Patrimônio líquido Ativo total
2: Empréstimos bancário Ativo circulante
3: Fornecedores Ativo total
4: Ativo circulante Passivo circulante
5: Lucro operacional Lucro bruto
Silva
(modelo para
indústria)
(1982)
Fator = 0,722 – 5,124x
1
+ 11,016x
2
- 0,342x
3
– 0,048x
4
+ 8,605x
5
– 0,004x
6
Ponto crítico = 0
Grau de precisão do modelo = 88%
1: Duplicatas descontadas Duplicatas a receber
2: Estoque final Custo das vendas
3: Fornecedores Vendas
4: Estoque médio Custo das vendas
5: (Lucro operacional + despesas financeiras) (Ativo total – investimento médio)
6: Exigível total (Lucro líquido + 10% imobilizado médio - saldo devedor da correção monetária)
Brito e Assaf
Neto
(2001)
Fator = - 4,535 - 5,152x
12
+ 19,069x
16
– 13,364x
19
– 17,488x
22
Ponto crítico = 0,5
Grau de precisão do modelo = 91,7%
12: (Patrimônio líquido – capital social)/Ativo Total
16: (Passivo circulante financeiro + exigível a longo prazo financeiro)/Ativo total
19: (Ativo circulante – passivo circulante)/Ativo total
22: (Ativo circulante financeiro – passivo circulante financeiro)/Vendas líquidas
Franzin
(2002)
Fator = 1,309 + 0,80x
1
+ 0,008x
2
- 0,026x
3
+ 0,003x
4
+ 0,005x
5
Ponto crítico = 1,5
Grau de precisão do modelo = 90%
1: Lucro líquido/Patrimônio líquido
2: Ativo circulante/Passivo circulante
3: (Ativo circulante – estoques) Passivo circulante
4: Patrimônio líquido/(Estoques + contas a receber)
5: Patrimônio líquido/Exigível total
continua ...
66
... continuação
Minussi,
Damacena e
Ness Jr.
(2002)
Fator = 4,4728 – 1,659x
1
– 1,2182x
2
+ 4,1434x
3
+ 6,1519x
4
– 1,885x
5
Ponto crítico = 0,5
Grau de precisão do modelo = 94,85%
1: Endividamento/ Mediana do setor
2: Investimento operacional em giro/Venda líquida
3: Saldo de tesouraria/Venda líquida
4: Estoques/Custo das mercadorias vendidas
5: Obrigações tributárias e previdenciárias/Venda média mensal
Quadro 17: Indicadores utilizados em modelos de insolvência
Ressalva-se que os modelos relacionados no Quadro 17 foram desenvolvidos a partir
de amostras coletadas em suas respectivas épocas. Krauter, de Souza e Luporini (2006, p.6)
destacam a importância da análise contínua ao longo do tempo e concluem que
o tempo afeta os modelos de previsão de insolvência apresentados e seu grau de
previsão, mas não os torna inviáveis. Esses modelos foram desenvolvidos para
serem utilizados por agentes externos à empresa, com o objetivo de emitir sinais de
problemas potenciais. A principal limitação desses modelos é tentar prever situações
futuras utilizando dados passados. Além disso, a avaliação de índices em um
determinado período não é suficiente, pois uma empresa com dificuldades
financeiras pode recuperar-se no período seguinte à análise, e vice-versa.
Dentre os modelos apresentados, Minussi, Damacena e Ness Jr. (2002) apresentam o
de maior nível de acertos com 94,85% de grau de precisão. Para a análise da solvência foram
utilizados 49 indicadores financeiros, sendo que por meio da análise estatística, conhecida
como regressão logística, resultou o modelo econométrico composto pelas 5 variáveis
descritas no Quadro 17. A amostra utilizada era composta por 323 clientes de uma instituição
financeira pertencentes ao setor industrial. Destas, 194 serviram para a realização do processo
de estimação dos coeficientes do modelo e 129 foram utilizadas para testá-lo.
O segundo maior nível de acertos é apresentado pelo modelo de Brito e Assaf Neto
(2001), com 91,7% de grau de precisão. A amostra utilizada pelos autores era composta por
60 empresas de capital aberto, cujos dados foram obtidos junto à BOVESPA, Bolsa de
Valores de São Paulo, referentes ao ano de 1994 a 2004. As empresas pertenciam aos
segmentos: alimentos, brinquedos, comércio, construção, curtume, eletroeletrônicos, papel e
celulose, participantes, química, siderurgia, têxtil e transportes. Quanto aos indicadores
econômico-financeiros, foram utilizados 25 índices, dentre os quais foram selecionados,
estatisticamente, o índice de lucros retidos sobre o ativo, endividamento financeiro, capital de
giro líquido e saldo de tesouraria sobre vendas.
Verifica-se, dessa forma, que em todos os modelos de previsão de insolvência, os
índices remanescentes possuem alto poder explicativo das variáveis que influenciam na
formação de resultados das empresas. A evolução desses modelos tem contribuído para o
avanço da análise de desempenho das empresas, implementando técnicas que procuram retirar
67
a subjetividade empregada pelo avaliador. Exemplo é o uso da padronização das
demonstrações contábeis, a comparação dos índices de cada empresa com os respectivos
índices-padrão e o uso de métodos estatísticos para a elaboração de modelos que possam
identificar empresas em situação de insolvência.
Os indicadores econômico-financeiros são usados também em dissertações de
mestrado e teses de doutorado, destacando-se na próxima seção os estudos relacionados ao
desempenho das empresas calçadistas.
2.4 PESQUISAS ACADÊMICAS SOBRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO SETOR
CALÇADISTA
Esta seção tem como objetivo descrever as teses de doutorado e dissertações de
mestrado, que de alguma forma tratam da avaliação do desempenho financeiro e operacional
das indústrias calçadistas brasileiras, publicados no portal da CAPES (2007). Foi realizada
uma busca compreendendo o período de 1987 a 2006, nas áreas de administração, ciências
contábeis, economia e engenharia de produção, usando as palavras-chave: calçado, calçados,
calçadista; sendo encontradas 1.254 dissertações de mestrado e 311 teses de doutorado.
Delas foram selecionadas 117 e 14, respectivamente, para ser avaliada a correlação
com esta pesquisa. Após a leitura e classificação em correlatas ou não, evidenciam-se 23
estudos correlatos, sendo 17 dissertações e 6 teses.
As dissertações e teses selecionadas, apresentadas em ordem cronológica com seus
respectivos resumos no Quadro 18, possuem relação com a medição do desempenho de
empresas calçadistas ou do setor calçadista brasileiro. No entanto, somente algumas
utilizaram análise das demonstrações contábeis, evidenciando-se, dessa forma, a carência de
estudos sobre a análise das demonstrações contábeis de empresas do setor.
Autor: BRENNER, Geraldo
Linha de pesquisa: Economia
Industrial
Mestrado em Economia,
UFRGS, RS, 1990.
Título: A indústria de calçados no Brasil: trabalho, competição e produtividade.
Escopo: O texto visa aumentar o conhecimento das razoes de sucesso da indústria de calcados do Brasil,
descreve a evolução histórica do setor e enfoca os determinantes da produtividade sob os aspectos teóricos e
empíricos.
Autor: COSTA, Achyles Barcelos
da
Linha de pesquisa: Economia da
indústria e tecnologia
Doutorado em Economia, UFRJ,
RJ, 1993.
Título: Modernização e competitividade da indústria de calçados brasileira.
Escopo: Esta tese analisa a indústria de calcados brasileira sob o aspecto de sua modernização e
competitividade. O objetivo central é averiguar como tem sido o comportamento do setor em relação à
incorporação de inovações tecnológicas.
continua ...
68
... continuação
Autor: REIS, Carlos Nelson
Linha de pesquisa: Comportamento
e organizações
Doutorado em Economia,
UNICAMP, SP, 1994.
Título: A indústria brasileira de calçados: inserção internacional de dinâmica interna nos anos 80.
Escopo: Este estudo trata do comportamento da indústria brasileira de calcados no transcorrer dos anos 80.
Mostra a inserção deste setor a nível do mercado internacional e tem como preocupação maior a analise de sua
dinâmica interna.
Autor: CARVALHO, Monica de
Linha de pesquisa: Exportação e
negócios internacionais
Mestrado em Administração,
UFRJ, RJ, 1996.
Título: Barreiras à Exportação: Sua Influência na Continuidade da Atividade Exportadora na Indústria
Brasileira de Calçados.
Escopo: O estudo teve como objetivo testar a existência de uma relação entre a percepção prévia de barreiras à
exportação e a continuidade das empresas na atividade exportadora. Além disso, procurou verificar se
determinadas características dessas empresas estariam associadas à sua permanência na atividade.
Autor: VIEIRA, Luiz Eduardo
Alves
Linha de pesquisa: Contabilidade
financeira
Mestrado em Ciências
Contábeis, UERJ, RJ, 1996.
Título: Avaliação financeira das empresas dos setores: têxtil, couro, calçados, um estudo de caso período
1990-1994.
Escopo: Esta dissertação trata e analisa as Demonstrações Contábeis das Indústrias dos Setores Têxtil, Couro e
Calçados no Período de 1990 a 1994. Nesse período analisado os referidos setores sofreram inúmeros
problemas decorrentes de alta taxa inflacionárias, recessão econômica e importação de produtos, pelo Governo.
Autor: CASTRO, Paulo
Zirnberger de
Linha de pesquisa: Negócios
internacionais
Mestrado em Administração,
FGV, SP, 1997.
Título: A indústria de calçados masculinos de couro: análise da vantagem competitiva brasileira.
Escopo: O texto é uma análise da indústria mundial de calçados masculinos de couro segundo o modelo de
Porter, com o objetivo de identificar as fontes de vantagem competitiva da indústria brasileira.
Autor: HENRIQUES, Luiz Felipe
Restum
Linha de pesquisa: Economia
industrial e da tecnologia
Mestrado em Economia,
UNICAMP, SP, 1999.
Título: A análise da Competitividade da Indústria Calçadista do Vale dos Sinos: Uma Aplicação da
Metodologia de Michael Porter.
Escopo: O trabalho tem como objetivo analisar a competitividade da indústria calçadista situada no Vale dos
Sinos, com base nos livros e escritos de Michael Porter.
Autor: CORREA, Alexandre
Palhano
Linha de pesquisa: Estrutura
industrial e competitividade
Mestrado em Economia, UFRJ,
RJ, 2000.
Título: O arranjo produtivo coureiro, calçadista de Campina Grande-Paraíba-PR.
Escopo: Alta produção calçadista de Campina Grande causa um aumento com déficit na balança comercial
brasileira. Esta dissertação visa mostrar esse desequilíbrio comercial coureiro.
Autor: STEIN, Flávio
Linha de pesquisa: Contabilidade e
Finanças
Mestrado em Administração,
UFRGS, RS, 2000.
Título: Planejamento estratégico de médias e grandes empresas calçadistas do Vale dos Sinos.
Escopo: A presente dissertação visou iniciar estudos sobre a situação do Planejamento Estratégico nas médias e
grandes indústrias calçadistas do Vale dos Sinos – RS.
Autor: BRITTO, João Carlos
Linha de pesquisa: Estratégia
Mestrado em Administração,
UNISINOS, RS, 2001.
Título: Estratégias de marketing internacional nas empresas calçadistas exportadoras do Rio Grande do Sul.
Escopo: Essa dissertação foi realizada buscando obter informações das empresas calçadistas referentes às
estratégias utilizadas no seu composto de marketing, num contexto de competição de mercado global.
Autor: FRÓES, Walter Luiz
Linha de pesquisa: Gestão e
desenvolvimento organizacional
Mestrado em Administração,
Uni-FACEF, SP, 2001.
Título: A terceirização na indústria de calçados – um estudo das relações entre a empresa e a banca de
pesponto.
Escopo: Este trabalho estuda o processo de terceirização na indústria de calçados de Franca, destacando as
relações entre a empresa e a banca de pesponto.
continua ...
69
... continuação
Autor: CORREIA, Paulo da Cruz Linha de pesquisa: Sistemas locais
de produção
Mestrado em Economia, UFSC,
SC, 2002.
Título: A Indústria de Calçados no Vale do rio Tijucas/SC: uma abordagem à luz do debate sobre aglomerações
produtivas especializadas.
Escopo: Este trabalho possui seu objeto de estudo amparado na dimensão regional de desenvolvimento,
direcionado especialmente, ao estudo dos fundamentos econômicos dos clusters industriais, arranjos produtivos
fortemente caracterizados pela concentração espacial e setorial de MPMEs.
Autor: SILVA, José Antônio
Rodrigues da
Linha de pesquisa: Economia
Internacional
Doutorado em Economia, UFPE,
PE, 2002.
Título: Da globalização aos novos espaços industriais: o caso da Indústria de calçados na Paraíba.
Escopo: Esta pesquisa relata os resultados de uma análise empírica de três distritos calçadistas do Estado da
Paraíba (cobrindo 38 empresas). Mostra-se que nesses distritos existe uma enorme heterogeneidade de tamanho
e desempenho.
Autor: CANTIZANI FILHO,
Antonio
Linha de pesquisa: Economia da
produção e engenharia financeira
Doutorado em Engenharia de
Produção, USP, SP, 2003.
Título: Competitividade internacional do calçado brasileiro com estudo de caso de um curtume integrado.
Escopo: Esta é investigação sobre a natureza e as causas da inexpressiva competitividade internacional de boa
parte das empresas brasileiras em geral e, em particular, quando existe competitividade potencial, o
aproveitamento da mesma geralmente é baixo, como é o caso da cadeia produtiva de calçados analisada neste
trabalho.
Autor: SCHNEIDER, Tânha
Maria Lauermann
Linha de pesquisa: Finanças
corporativas e controle de gestão
Mestrado em Ciências
Contábeis,
UNISINOS, RS
, 2003.
Título: O processo de avaliação do desempenho empresarial em indústrias calçadistas de grande porte do Vale
do Rio dos Sinos.
Escopo: A presente dissertação retrata um estudo relacionado aos indicadores utilizados para medição do
desempenho econômico-financeiro e da capacidade competitiva das empresas calçadistas com mais de 500
funcionários, localizadas no Vale do Rio dos Sinos – RS.
Autor: RIZZO, Marçal Rogério
Linha de pesquisa:
Desenvolvimento econômico
Mestrado em Economia,
UNICAMP, SP, 2004.
Título: A indústria de calçados infantis de Birigüi.
Escopo: O objetivo central desse estudo é avaliar o comportamento da indústria calçadista de Birigüi e o
mercado de trabalho desse segmento frente às políticas econômicas liberalizantes que ocorreram no Brasil a
partir do governo Collor.
Autor: SOUZA, Marco Aurélio
Barbosa de
Linha de pesquisa: Finanças
corporativas e controle de gestão
Mestrado em Economia, UNIP,
SP, 2004.
Título: Aglomeração calçadista de Birigüi: origem e desenvolvimento (1958-2004).
Escopo: O presente estudo tem por objetivo investigar a origem e o desenvolvimento da aglomeração produtora
de calçados infantis de Birigüi (SP), no período que se estende do final da década de 50 até o ano de 2004.
Autor: LOPES, Herton Castiglioni
Linha de pesquisa: Estratégia e
competitividade nas organizações
Mestrado em Administração,
UFSM, RS, 2005
Título: A organização da indústria calçadista do Vale dos Sinos (RS) e suas estratégias competitivas.
Escopo: O presente trabalho tem como objetivo avaliar a organização da indústria calçadista do Vale dos Sinos
(RS) e as estratégias utilizadas pelas empresas do setor, assim como fornecer uma análise do desempenho da
indústria durante os últimos anos.
Autor: SELITTO, Miguel Afonso
Linha de pesquisa: Gerência e
estratégias de produção
Doutorado em Engenharia de
Produção, UFRGS, RS, 2005.
Título: Medição e controle de desempenho estratégico em sistemas de manufatura.
Escopo: O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia para medição e controle de uma estratégia pré-
existente de manufatura, visando a preencher uma lacuna identificada nos processos de gestão estratégica a
falta de alinhamento automático das ações definidas nos processos de planejamento estratégico de manufatura
com a medição do desempenho.
continua ...
70
... continuação
Autor: CHAVES, Alexandre
Farias
Linha de pesquisa: Organizações,
estratégias, estruturas
Mestrado em Administração,
UFRJ, RJ, 2006.
Título: Desafios da longevidade saudável: um estudo de caso na São Paulo Alpargatas S.A.
Escopo: Essa dissertação apresenta um estudo longitudinal sobre as 10 décadas de existência da São Paulo
Alpargatas, a mais tradicional empresa do ramo xtil e calçadista brasileiro, que nasceu em 1907, como uma
subsidiária da Fábrica Argentina de Alpargatas, e se nacionalizou em 1948.
Autor: HILSDORF, Wilson de
Castro
Linha de pesquisa: Cadeia de
suprimentos
Doutorado em Engenharia de
Produção, USP, SP, 2006.
Título: A integração de processos na cadeia de suprimentos e o desempenho no serviço ao cliente: um estudo
na cadeia calçadista.
Escopo: Este trabalho teve como objetivo identificar a relação entre a integração de processos ao longo da
cadeia de suprimentos e seu desempenho no serviço prestado ao cliente, tendo como objeto de estudo a cadeia
calçadista da cidade de Franca.
Autor: RODRIGUES, Sérgio Luís
Alves
Linha de pesquisa: Competitividade
e relações interorganizacionais
Mestrado em Administração,
UNISINOS, RS, 2006
Título: Variáveis intervenientes no processo de decisão de importação no mercado alemão e decisões de
operações: um estudo de caso da Dumond.
Escopo: O presente estudo teve por objetivo analisar as variáveis intervenientes mais importantes no processo
de decisão de compra dos importadores varejistas alemães de calçados femininos e correlacioná-las com as
decisões operacionais de um fabricante.
Autor: STAUDT, Tarcísio
Linha de pesquisa: Finanças
corporativas e controle de gestão
Mestrado em Ciências
Contábeis,
UNISINOS, RS,
2006.
Título: Sucessão de gestão na empresa familiar Calçados Andreza S.A.: um estudo de caso.
Escopo: O presente estudo se constitui na busca da constatação de quais elementos podem ser considerados
essenciais no preparo e condução de um processo de sucessão administrativa de uma empresa familiar, de
maneira que não comprometa o resultado de seu crescimento econômico. O exame dos documentos contábeis
contribuiu para a verificação do comportamento da empresa antes e depois da sucessão administrativa.
Quadro 18: Teses e dissertações sobre o setor calçadista
Verifica-se no Quadro 18 que de 1990 a 1999 haviam sido realizadas 7 pesquisas, cujo
número é duplicado nos anos de 2000 a 2006, onde se tem 16 pesquisas realizadas, ou seja, a
média de pesquisas por ano que antes era de 0,7 na década de 90, passou a ser de 2,3
pesquisas/ano nos anos 2000, com destaque para o ano de 2006 com 4 pesquisas.
Os estudos revelam as mais diversas variáveis inerentes à evolução da indústria
calçadista e a influência que elas exercem no desempenho das empresas. Resumindo, tratam
dos seguintes temas:
a) o comportamento da indústria ao longo dos anos, os determinantes da produtividade e
crescimento do setor e suas ações frente às políticas governamentais e aos
concorrentes nacionais e estrangeiros;
b) a inserção da indústria calçadista brasileira no mercado internacional;
c) a competitividade das empresas brasileiras no mercado interno e externo;
d) a modernização da indústria calçadista, a integração de processos operacionais e a
terceirização de atividades em relação à competitividade e o desempenho do setor;
e) o desequilíbrio comercial no setor coureiro;
71
f) as estratégias adotadas pelo setor calçadista, a medição e controle dessas estratégias e
a análise dos resultados por elas gerados;
g) os fundamentos econômicos dos clusters industriais e o desenvolvimento destes;
h) a medição do desempenho econômico-financeiro e da capacidade competitiva, e a
identificação das razões do sucesso da indústria calçadista;
i) estudos de caso como o crescimento da São Paulo Alpargatas S/A, o crescimento
econômico da empresa Andreza S/A durante o processo de sucessão administrativa e a
decisão da Dumond frente ao processo de importação de calçados adotado pelos
compradores varejistas alemães.
Percebe-se o objetivo dos pesquisadores em examinar o processo evolutivo da
indústria calçadista brasileira, principalmente dos pólos calçadistas do Rio Grande do Sul e de
São Paulo, e os aspectos que influenciam direta ou indiretamente no comportamento dos
resultados das empresas integrantes do setor. As técnicas utilizadas foram entrevistas,
questionários, levantamento de dados setoriais, estudos de caso, análise das demonstrações
contábeis, entre outras.
Dessas pesquisas, cinco possuem maior proximidade com o escopo deste estudo: (a)
Brenner (1990) buscou conhecer os determinantes da produtividade e as razões do sucesso na
indústria no Brasil; (b) Vieira (1996) analisou as demonstrações contábeis de indústrias do
setor no período de 1990 a 1994 para estudos de avaliação financeira; (c) Stein (2000)
identificou que o crescimento sustentando pelas vendas e pela obtenção de rentabilidade
adequada são fatores de sobrevivência das indústrias; (d) Schneider (2003) identificou o uso
da taxa de retorno sobre o investimento, lucratividade sobre as vendas e liquidez corrente
como sendo os indicadores financeiros mais utilizados na análise interna das empresas; (e)
Staudt (2006) examinou as demonstrações contábeis para verificação do desempenho da
Calçados Andreza S/A, antes e depois do processo de sucessão empresarial.
Somente dois estudos denotam claramente a utilização das demonstrações contábeis
publicadas pelas empresas: Vieira (1996) e Staudt (2006). Destes, Vieira (1996) destaca-se
como o de maior correlação. Utilizando o método de estudo de caso para a avaliação
financeira de cinco empresas pertencentes aos setores têxtil, couro e de calçados, o autor
analisou as demonstrações contábeis do período de 1990 a 1994 das referidas empresas e, a
partir delas, efetuou o cálculo de indicadores para embasar sua análise.
Pode-se inferir dessa forma que a pequena quantidade de estudos voltados à análise da
evolução econômico-financeira de indústrias integrantes do setor calçadista brasileiro reflete a
falta de informações disponíveis sobre estas empresas, transformando-se em uma barreira
72
encontrada pelos pesquisadores quando da realização destas pesquisas. Em outros setores
como, por exemplo, o cooperativista, a utilização da análise das demonstrações contábeis
como ferramenta de pesquisa é mais freqüente, conforme pode ser visto nos estudos de
Sabadin (2006), Santos (2005), Santos (2004), Ferraz (2002), Nunes (2002), Carvalho (2002),
Siqueira (2001).
2.5 REVISTAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE EMPRESAS
A importância da análise por meio de índices-padrão é facilmente comprovada pela
sua utilização em revistas especializadas em negócios que publicam de forma periódica a
avaliação de desempenho de empresas mediante a análise de indicadores econômico-
financeiros e da evolução de certos valores agregados.
Algumas das publicações estão em circulação mais de 30 anos como, por exemplo,
Melhores e Maiores Exame (1974), Balanço Anual Gazeta Mercantil (1977) e Conjuntura
Econômica FGV (1969). O Quadro 19 apresenta uma síntese das revistas publicadas no
Brasil e os critérios utilizados para a classificação das empresas.
Nome da publicação
Quantidade
de empresas
Moeda
utilizada
Tipo de desempenho avaliado
500 maiores da América Latina – América Economia 500 Dólar Desempenho financeiro
Balanço Anual – Gazeta Mercantil 500 Real Desempenho financeiro
Conjuntura Econômica – FGV 500 Real Desempenho financeiro
Desempenho das empresas – IMIC 5000 Real Desempenho financeiro
Grandes & Líderes – Amanhã 500 Real Desempenho financeiro
Info200 - Info Exame 200 Dólar Desempenho financeiro e não-financeiro
As Melhores da Dinheiro 500 Real Desempenho financeiro e não-financeiro
Melhores e Maiores – Exame 500 Dólar Desempenho financeiro e não-financeiro
Valor 1000 – Valor Econômico 1000 Real Desempenho financeiro
Quadro 19: Revistas de avaliação de desempenho de empresas publicadas no Brasil
Para o cálculo dos indicadores e elaboração do ranking das empresas, as publicações
utilizam-se das demonstrações contábeis publicadas, de informações obtidas junto às
empresas mediante o preenchimento de formulários ou questionários ou, ainda, extraídos da
base de dados de institutos de pesquisa e de empresas especializadas em fornecimento de
conteúdo, tais como ISI Emerging Markets e Economática.
Para a classificação das empresas, as pesquisas utilizam-se dos critérios de
desempenho financeiro e não-financeiro ou somente desempenho financeiro. Na formação
73
destes critérios as publicações atribuem pesos diferenciados a determinados indicadores
financeiros que julgam ser mais importantes, ou classificam em relação à soma de pontos de
acordo com o posicionamento da empresa nos vários indicadores ou, ainda, utilizam
adicionalmente ao desempenho financeiro, bonificação de pontos para as empresas que
contemplem alguns indicadores não-financeiros.
Nas comparações com o ano anterior, as publicações realizam a correção monetária
dos valores referentes às demonstrações do exercício anterior utilizando-se de índices
apurados por institutos especializados neste tipo de pesquisa. Para as que utilizam a moeda
dólar, este é convertido pela taxa oficial publicada pelo Banco Central do Brasil para o último
dia do exercício. Algumas publicações também utilizam índices-padrão para a apuração dos
índices do setor e/ou para verificar o desempenho das empresas quando agrupados os
indicadores tidos como principais. Os conceitos estatísticos de média e mediana também são
freqüentes. No Quadro 20 tem-se uma síntese da classificação de acordo com o desempenho
financeiro.
Nome da
publicação
Como é avaliado o desempenho
Critério de classificação
-
gestão financeira; gestão de recursos humanos; inovação e qualidade; responsabilidade social
e meio ambiente; governança corporativa.
A classificação geral é apresentada em ordem decrescente em relação à re
ceita operacional
líquida. Para a classificação setorial as empresas foram divididas em 30 setores econômicos e
classificadas a partir de 5 critérios de gestão, sendo que cada grupo de indicadores contribui
com o mesmo peso para a classificação.
Conceitos
As Melhores da
Dinheiro
Isto É
-
gestão financeira: variação da receita; margem operacional; margem líquida; variação do ativo
total; variação do patrimônio líquido; endividamento oneroso; variação da exportação.
- gestão de recursos humanos: geração de novos empregos; rotatividade d
e pessoal; volume de
investimento em treinamento; média de horas de treinamento; participação nos resultados;
benefícios concedidos aos empregados.
- inovação e qualidade: evolução da equipe de desenvolvimento de novos produtos e serviços;
- contribuição
de pesquisa e desenvolvimento para a receita de novos produtos; participação de
faturamento de novos produtos; investimento em marketing e comunicação; controle de
qualidade; auditoria interna.
- responsabilidade social e meio ambiente: metas anuais para u
tilização de recursos naturais;
investimento em programas e projetos ambientais; compromissos previstos pela legislação
ambiental; prêmios pelo desempenho ambiental; medidas de redução do impacto no meio
ambiente; relatório ambiental; benefícios à sociedade; balanço social;
-
governança corporativa: participação dos acionistas; conselho de administração; qualidade da
comunicação com o mercado financeiro, com os acionistas minoritários e público interessado.
Critério de classificação
ordem decrescente em relação às vendas líquidas
Conceitos
500 maiores da
América Latina
América Economia
- vendas líquidas: representam as vendas líquidas de impostos e devoluções.
Critério de classificação
Balanço Anual
Gazeta Mercantil
incidência tributária: peso 1; m
argem de lucro: peso 2; giro dos ativos: peso 2; endividamento:
peso 1.
A escala de pontos para cada indicador é de 10 pontos para o 1º colocado até 1 para o 10º.
continua...
74
... continuação
Conceitos
Balanço Anual
Gazeta Mercantil
- incidência tributária: divisão do lucro ou prejuízo líquido pelo lucro ou prejuízo operacional
- margem de lucro: lucro ou prejuízo operacional dividido pela receita líquida do exercício
- giro dos ativos: divisão da receita líquida pelo ativo total
- endividamento: ativo total dividido pelo patrimônio líquido
Critério de classificação
ordem decrescente em relação ao ativo total = posição 1; ordem decrescente em relação à
receita operacional líquida = posição 2.
posição 1 + posição 2 = classif
icação da empresa em ordem crescente (quanto menor o
resultado da soma melhor a classificação da empresa)
Conceitos
Conjuntura
Econômica
FGV
- ativo total: soma do ativo circulante, ativo realizável a longo prazo e ativo permanente
- receita operacional líquida: receita bruta deduzida dos impostos e devoluções
Critério de classificação
ordem decrescente em relação à receita operacional líquida
Conceitos
Desempenho das
empresas – IMIC
- receita operacional líquida: receita bruta deduzida dos impostos e devoluções
Critério de classificação
valor ponderado de grandeza (VPG) = patrimônio líquido (50%) + receita bruta (40%) +
resultado líquido (10%).
Conceitos
Grandes & Líderes
Amanhã
- valor ponderado de grandeza (VPG): resultado da soma do patrimônio líquido, receita
bruta e
lucro ou prejuízo do exercício, de acordo com o peso atribuído a cada item
-
patrimônio líquido: soma do capital, reservas e lucros acumulados, deduzidos os prejuízos
acumulados
- receita bruta: venda de produtos e serviços no exercício
- resultado líquido: resultado após pagamento de impostos, resultado não-
operacional,
participação dos empregados e outros itens
Critério de classificação
liderança de mercado: peso 5; crescimento de vendas: peso 5; rentabilidade do PL : peso 1
0;
vendas por empregado: peso 5; margem de EBITDA sobre vendas: peso 5; investimentos em
pesquisa: peso 1; investimentos em projetos ambientais: peso 1; investimentos em projetos
sociais: peso 1.
A escala de pontos para cada indicador é de 20 pontos para o 1º colocado até 1 para o 20 º.
Conceitos
Info200
Info Exame
-
liderança de mercado: participação percentual que a empresa detém no setor, medida pela
divisão das vendas da empresa pelo total de vendas do setor
- crescimento de vendas: percentual de crescimento ou reduçã
o das vendas brutas em relação
ao exercício anterior
-
rentabilidade do PL: mede o retorno do investimento para os acionistas e resulta da divisão do
lucro líquido pelo patrimônio líquido
- vendas por empregado: resultado da divisão das vendas pelo número
de empregados na data
do encerramento do exercício social
- margem de EBITDA sobre vendas: representa o lucro obtido na operação em relação à receita
bruta de vendas e serviços da empresa
- investimentos em pesquisa: montante investido em pesquisa e desenvolvimento no exercício
-
investimentos em projetos ambientais: total de recursos despendidos em projetos ambientais
ou ecológicos no exercício
-
investimentos em projetos sociais: total de recursos despendidos em projetos sociais ou
comunitários no exercício.
Critério de classificação
Melhores e Maiores
Exame
liderança de mercado: peso 15; crescimento de vendas: peso 10; rentabilidade do PL: peso 25;
riqueza criada por empregado: peso 15; investimento no imobilizado: peso 15; liquidez
corrente: peso 20.
Em cada indicador, a escala de pontos vai de 10 pontos para o 1º colocado até 1 para o décimo.
continua...
75
... continuação
Conceitos
Melhores e Maiores
Exame
- liderança de mercado: participação percentual que a empresa detém no setor, medida
pela
divisão das vendas da empresa pelo total de vendas do setor
-
crescimento de vendas: percentual de crescimento ou redução das vendas brutas em relação
ao exercício anterior
- rentabilidade do PL: mede o retorno do investimento para os acionistas e resulta da divisão do
lucro líquido pelo patrimônio líquido
-
riqueza criada por empregado: total da riqueza criada pela empresa dividido pela média do
número de empregados, independentemente do volume total de vendas ou da margem de lucro
- investimento no imobilizado: representa um indicador da expansão dos negócios da empresa
- liquidez corrente: resultado da divisão do ativo circulante pelo passivo circulante
Critério de classificação
crescimento sustentável: peso 2; receita l
íquida: peso 2; margem da atividade: peso 1; geração
de valor: peso 1; cobertura de dívidas: peso 1; rentabilidade do PL: peso 1; liquidez corrente:
peso 1, giro do ativo: peso 1.
Em cada indicador, a escala de pontos vai de 10 pontos para o 1º colocado at
é 1 para o décimo
ou 20 pontos para o 1º colocado até 1 para o vigésimo para os indicadores com peso dobrado.
Utiliza também mediana e média para a classificação setorial.
Conceitos
Valor 1000
Valor Econômico
- crescimento sustentável: resultado da divisão do percentual de aumen
to da receita líquida pelo
percentual de aumento do patrimônio líquido isento da reserva de reavaliação
- receita líquida: receita bruta deduzida dos impostos e devoluções
- margem da atividade: lucro ou prejuízo operacional (sem as operações financeiras)
dividido
pela receita liquida do exercício
-
geração de valor: obtido pela divisão do valor do EBITDA pelo valor da receita líquida do
exercício
-
cobertura de dívidas: índice obtido pela divisão do EBITDA pelo total das despesas
financeiras ocorridas no exercício
-
rentabilidade do PL: resultado do lucro ou prejuízo do exercício dividido pelo patrimônio
líquido
- liquidez corrente: índice resultante da divisão do ativo circulante pelo passivo circulante
- giro do ativo: divisão da receita líquida pelo ativo total
Quadro 20: Critérios de classificação das empresas utilizados pelas revistas especializadas em negócios
Após a atribuição de pontos pelo desempenho financeiro, algumas publicações, como
a Melhores e Maiores, da revista Exame, por exemplo, atribuem pontos extras a tulo de
bônus para as empresas que venceram a edição do ano anterior, que possuem certificação
ISO, que possuem programas de remuneração variável para funcionários, que publicam
demonstrações financeiras de forma voluntária no caso das sociedades limitadas, publicam ou
elaboram balanços sociais, realizam transações pela internet, respondem todas as perguntas da
pesquisa ou ainda que tenham demonstrações financeiras auditadas.
Outros estudos e publicações internacionais, assim como as revistas especializadas em
negócios publicadas no Brasil, divulgam o ranking de determinado grupo de empresas de
acordo com os indicadores econômico-financeiros calculados a partir das demonstrações
contábeis destas. Por exemplo:
America's 500 Fastest-Growing Companies: estudo das 500 empresas que
apresentaram maior crescimento do lucro por ação no período 1987-1991. O estudo
76
apresenta também informações sobre o lucro por ação, retorno sobre o patrimônio
líquido, fluxo de caixa sobre dívidas totais e valor da ação atualizado.
Banking's Top Performers: publicação que evidencia o ranking dos 75 maiores bancos
dos Estados Unidos, subdivididos em duas publicações: a primeira para os 25 bancos
com ativos acima de US$ 3 bilhões e a segunda para os 50 bancos com ativos abaixo
de US$ 3 bilhões. A classificação é pela ordem decrescente do ROAE (retorno sobre o
patrimônio líquido médio). O estudo divulga ainda outros indicadores, tais como o
ROAA (retorno sobre o ativo médio), taxa de crescimento dos ativos etc.
Fortune 500: revista que divulga o ranking das 500 maiores corporações dos Estados
Unidos pelo critério de ordem decrescente da receita de vendas deduzida dos
respectivos impostos. Além da receita, divulga valores referentes ao lucro, ativo total,
patrimônio líquido, valor de mercado das empresas, lucro por ação e retorno total ao
investidor. Participam da seleção companhias que possuem ações na bolsa de valores e
companhias que possuem informações contábeis publicamente disponíveis.
Inc. 500: estudo realizado pela revista Inc. que apresenta as 500 maiores empresas
privadas dos Estados Unidos em crescimento. Para a publicação do ano 2000, o
ranking baseou-se no aumento da porcentagem em vendas do ano de 1995 a 1999.
Participaram da seleção da revista, companhias que tiveram vendas de pelo menos
US$ 200.000 em 1995, e vendas em 1999 superiores as de 1998. Algumas corporações
como, por exemplo, holding e bancos regulados, não participam da seleção. Já o
ranking divulgado na edição de 2007 tomou por base o período de 2003 a 2006, sendo
requerida receita mínima de US$ 200.000 para o ano de 2003 e US$ 2 milhões para o
ano 2006.
Além dos estudos já destacados nas seções anteriores, os indicadores econômico-
financeiros também são usados em outras pesquisas acadêmicas de finalidades diversas,
algumas das quais são exemplificados na seção a seguir.
2.6 OUTROS ESTUDOS SOBRE CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS
Esta seção tenciona demonstrar outros estudos que utilizaram indicadores econômico-
financeiros, embora não esteja explícito em sua finalidade. Alguns estudos possuem em seu
escopo examinar a capacidade de endividamento das empresas ou o risco de crédito por elas
77
apresentado ou ainda testar a validade da metodologia de comparação de índices financeiros
entre dois ou mais modelos de análise.
O ponto de partida reside, assim como nos demais estudos, no cálculo de indicadores
econômico-financeiros a partir das demonstrações contábeis, conforme Quadro 21.
Autor Indicadores Métodos estatísticos Finalidade
Borba (2005)
Retorno do lucro operacional
próprio, retorno da geração bruta de
caixa, retorno do lucro operacional.
Método dos mínimos
quadrados
Relação entre desempenho
social corporativo e
desempenho financeiro
corporativo.
Zani (2005)
Estoque de liquidez, cash flow,
oportunidades de investimento,
coeficiente de juros reais,
coeficiente de câmbio real,
endividamento e colateral.
Análise de dados em
painel.
Identificação da capacidade
de endividamento da firma.
Ramos (1999)
Liquidez corrente, liquidez seca,
giro dos estoques, giro do ativo
total, endividamento geral,
cobertura de juros, margem
operacional, margem líquida e
retorno sobre o patrimônio líquido.
Regressão linear e
testes de assimetria,
curtose e
heteroscedasticidade.
Testar a validade da
metodologia tradicional de
análise dos índices
financeiros.
Quadro 21: Outros estudos de classificação de empresas
Nos exemplos do Quadro 21, verifica-se que Borba (2005) utilizou indicadores
contábeis na investigação do relacionamento entre o desempenho financeiro e o desempenho
social das empresas. Para tanto, utilizou cinco variáveis para representar o desempenho
financeiro, sendo duas a valores de mercado e três a valores contábeis, e um indicador de
desempenho social extraído do balanço social das empresas. Já Zani (2005) verifica a
existência de sensibilidade do estoque de liquidez e do endividamento em relação ao colateral
(título dado ao credor, por quem toma emprestado, como penhor pelo futuro pagamento de
empréstimo), pela análise de dados em painel, utilizando-se de informações extraídas de
indicadores econômico-financeiros.
também críticas à análise dos indicadores contábeis, como a de Ramos (1999)
alegando que existe uma forte proporcionalidade entre o numerador e o denominador de um
número índice e, portanto, as suposições evidenciadas pela análise nem sempre são
verdadeiras. Para testá-las, o autor aplica métodos estatísticos, como a regressão linear, que,
segundo ele, possui condições de confirmar ou não tal característica dos indicadores.
Procurou-se evidenciar, por meio dos estudos apresentados nas seções 2.3, 2.4, 2.5 e
2.6, a utilidade e a importância das informações geradas pelos indicadores econômico-
financeiros, as quais são de nível superior a outras informações disponibilizadas pelas
empresas, mesmo em situações de imperfeições nos dados publicados nas demonstrações
contábeis (MÁRIO, 2002). Com este intuito, descreveram-se os conceitos e características da
78
análise de desempenho e dos indicadores econômico-financeiros inerentes ao processo (seção
2.1 a 2.6), evidenciando a importância dessa ferramenta como fonte de informações que
auxiliem no processo de tomada de decisões dos mais diversos tipos de usuários, quer sejam
internos ou externos às organizações.
Na próxima seção (2.7) faz-se uma apresentação sobre o setor calçadista brasileiro,
que se destaca como um dos segmentos empresariais de relevância econômica nacional,
abordado por este estudo.
2.7 SETOR CALÇADISTA BRASILEIRO
2.7.1 Evolução do Setor Calçadista Brasileiro
Em junho de 1824, conforme a ABICALÇADOS (2007), chegavam ao Rio Grande do
Sul os primeiros imigrantes alemães, que foram os responsáveis pelo início do processo de
desenvolvimento econômico da indústria calçadista brasileira. Eles se instalaram no Vale dos
Sinos e trouxeram consigo a cultura do artesanato em artigos de couros. Em 1888 surgiu a
primeira fábrica de calçados do Brasil, formada por Pedro Adams Filho, que também possuía
um curtume e uma fábrica de arreios.
O Rio Grande do Sul aumentava a demanda por calçados, fazendo a produção
expandir a cada ano. No início da década de 1960, houve a necessidade de ampliar a
comercialização de calçados para fora do país, em contraponto com a exportação de couro
salgado, propiciando a formação de um dos maiores clusters calçadistas mundiais da
atualidade. “A primeira exportação brasileira em larga escala ocorreu em 1968, com o
embarque das sandálias Franciscano, da empresa Strassburguer, para os Estados Unidos”
(ABICALÇADOS, 2007, p. 3). A produção brasileira de calçados naquela época era de 80
milhões de pares anuais.
Para o BNDES (2006), a exportação de calçados para os EUA a partir da década de
1960, deu início ao dinamismo no setor calçadista brasileiro. As aglomerações industriais
optaram por especializações diferentes, tais como: no Vale dos Sinos (Rio Grande do Sul) em
calçados femininos de couro, enquanto Franca (São Paulo) em calçados masculinos de couro.
Na década de 1970, o calçado brasileiro passou a ter expressiva importância na pauta de
exportações nacionais.
79
Para entender o crescimento da exportação é importante destacar, conforme Schmitz
(1995), que ao final dos anos 1960, um cluster de mais de 400 firmas existia no Vale dos
Sinos produzindo calçados para o mercado interno e que o governo brasileiro, para ajudar a
indústria calçadista, introduziu em 1969-1970, incentivos à exportação. No início dos anos
1970, consoante Schmitz e Knorringa (2000), o Brasil ainda estava em uma fase incipiente,
recebendo auxílio dos compradores internacionais, que instalaram departamentos técnicos de
produção no país, para que o produto atingisse qualidade internacional e padrão de entrega.
Para Carloni, Costa e Garcia (2007), o ingresso do setor no mercado externo manteve
o estado do Rio Grande do Sul e São Paulo na liderança da produção, destacando-se o
crescimento acelerado do Rio Grande do Sul a partir de 1970 com a especialização em
calçados femininos de couro. Na década de 1980 o grande avanço tecnológico se deu com a
produção de calçados esportivos, o que não ocorreu com a produção de calçados de couro
(BNDES 2006).
A significativa inserção internacional da indústria calçadista brasileira, ancorada
principalmente na mão-de-obra, manteve-se até 1994, quando o Plano Real determinou a
paridade cambial do Real em relação ao Dólar. Outro fato significativo ocorrido a partir de
meados dos anos de 1990 foi o aumento da concorrência internacional, principalmente nos
Estados Unidos. Ambos os fatos forçaram a indústria a reduzir custos para manter a
competitividade, deslocando-se para a região Nordeste; fizeram com que as empresas
redirecionassem as vendas de seus produtos para o mercado interno; e provocaram a
insolvência de muitas empresas, especialmente as de pequeno e médio porte (FORTE,
MOREIRA, 2007; CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007; GARCIA, 2006).
Nesse período, conforme Santos et al. (2002), o setor calçadista realizou mudanças
importantes com o objetivo de enfrentar a concorrência externa. Além do deslocamento das
fábricas para o Nordeste, as grandes empresas realizaram investimentos para aumentar os
ganhos de competitividade e passaram a terceirizar parte das atividades.
Em 2005, conforme dados da ABICALÇADOS (2007), o parque calçadista nacional
era formado por mais de 9 mil indústrias, instaladas em quase todo território brasileiro com
destaque para os estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Ceará, Bahia e Pernambuco, além
de Santa Catarina e Minas Gerais. Destes, o principal estado produtor de calçados é o Rio
Grande do Sul, com empresas de faturamento anual entre US$ 10 e 50 milhões (FORTE,
MOREIRA, 2007). Outra característica, conforme Garcia (2006) é a organização em sistemas
locais de produção, assim como ocorre na indústria italiana.
80
Em suma, nas últimas quatro décadas, o Brasil tem tido um papel relevante na história
do calçado, destacando-se como fabricante de manufaturados de couro, alçando o terceiro
lugar no ranking mundial dos países produtores desde o ano de 1997 (ABICALÇADOS,
2007), com destaque para a indústria do Vale do Rio dos Sinos que durante os últimos 30
anos se tornou um dos principais exportadores de calçados para os Estados Unidos e Europa
(SCHMITZ, 1999).
2.7.2 Produção, Comercialização e Distribuição dos Calçados
A indústria de calçados apresenta inter-relações com diversos setores industriais,
destacando-se a indústria química e do vestuário. Porém, seus segmentos mais importantes
são o processamento do couro e a confecção do calçado. A cadeia coureiro-calçadista é
descrita na Figura 9.
Figura 9: Descrição básica da cadeia coureiro-calçadista
Fonte: Carloni, Costa e Garcia (2007, p. 40)
Segundo Carloni, Costa e Garcia (2007), o processo de utilização de couro natural e
borracha natural (não-vulcanizada) na produção de calçados teve início em 1930. No ano de
1940 foi introduzida no processo a borracha vulcanizada e em 1960 o PVC. Em 1970 outros
81
componentes como o PU e PU termoplástico, borracha termoplástica e EVA foram
incorporados no processo de fabricação, principalmente na produção de calçados esportivos.
Quanto à comercialização e distribuição da produção, Carloni, Costa e Garcia (2007)
relatam que os canais próprios, por meio de representantes comerciais são os meios mais
comuns de comercialização e distribuição do calçado. Em segundo vem o fornecimento de
calçados sob encomenda para grandes lojas de departamentos ou redes especializadas na
comercialização de calçados e vestuário. A terceira forma utilizada por grandes empresas do
setor, é a comercialização por meio de grandes redes supermercadistas. ainda a
comercialização por meio de lojas próprias, com destaque às franqueadas.
Referente à comercialização e distribuição por meio de grandes redes ou detentores de
marcas globais, Carloni, Costa e Garcia (2007, p. 50) destacam:
Atualmente, os grandes compradores de calçados, sejam grandes redes
internacionais de varejo, sejam detentores de marcas consolidadas, possuem acesso
aos grandes mercados mundiais e, por isso, são capazes de comandar a cadeia de
produção e distribuição das mercadorias.
Vieira e Paiva (2005) complementam que o mercado dos Estados Unidos tem altas
barreiras à entrada de novos concorrentes com marcas próprias, que exigem altos
investimentos em comercialização e distribuição. Isso explica o fato das empresas brasileiras
de calçados procurarem elevar suas vendas para países onde não é verificada a presença dos
grandes compradores globais, e que permitam a reprodução de esquemas de comercialização e
distribuição utilizados no mercado doméstico, como é o caso da Argentina, Paraguai, Chile,
Peru e Bolívia (GARCIA, 2006).
Essas empresas brasileiras bem sucedidas que investiram em marcas próprias,
iniciaram a conquista de segmentos de mercados internacionais e consolidaram importantes
posições no setor calçadista. Por exemplo, a Azaléia, iniciou a internacionalização de seus
produtos em 1992, e atualmente conta com mais de quatro mil pontos de venda nos Estados
Unidos (GARCIA, 2006). O grupo Paquetá, por meio da Dumond, também segue essa
estratégia, apesar do tempo demandado para sua consolidação em nível mundial
(FROEHLICH, BITENCOURT, 2007).
Por sua vez, segundo relato do Jornal do Comércio - RS (2007), a Vulcabrás comprou
a Indular Manufacturas, indústria argentina de calçados esportivos de segurança por US$ 25
milhões. Já a West Coast, a partir de janeiro de 2008 passou a produzir de 5 mil a 10 mil pares
de calçados na Índia, o que deve representar uma economia de até 50% em relação ao custo
de fabricação no Brasil de calçados exportados para a Ásia (ZERO HORA, 2007).
82
2.7.3 O Mercado de Calçados
Para Carloni, Costa e Garcia (2007), o mercado de calçados pode ser classificado
quanto ao gênero dos consumidores e às finalidades de consumo: masculino, feminino e
infantil; calçados sociais, casuais, de segurança, ou para a prática de esporte. Além disso, pela
característica de segmentação este mercado também está sujeito a influências da moda,
estações do ano, gostos e preferências do estilo dos calçados, materiais empregados, etc.
“Contudo, de um modo geral pode-se considerar que o consumo de calçados em
determinado período de tempo recebe forte influência de determinadas variáveis: preço;
variação na renda, que pode ser medida pelo desempenho do PIB (Produto Interno Bruto); e
número de consumidores” (CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007, p. 16).
Essa variada gama de situações possibilita que se encontre no setor empresas com
diferentes níveis de tamanho e eficiência. Em 2005, o setor calçadista era formado por mais
de 9 mil indústrias, as quais geravam cerca de 299 mil empregos diretos. Além disso,
conforme a ABICALÇADOS (2007), estão instaladas no Brasil mais de 1.500 indústrias de
componentes para calçados. A Tabela 1 demonstra a distribuição das empresas calçadistas
brasileiras por estado.
Tabela 1: Empresas calçadistas por estados no ano de 2005
Estado Empresas % Empregos % Média empregos
Rio Grande do Sul 3.419 37,9% 126.784 42,5% 37
São Paulo 2.776 30,7% 54.570 18,3% 20
Cea 221 2,4% 44.268 14,8% 200
Minas Gerais 1.493 16,5% 23.515 7,9% 16
Bahia 95 1,1% 22.973 7,7% 242
Paraíba
104 1,2% 8.461 2,8% 81
Santa Catarina 321 3,6% 5.696 1,9% 18
Rio Grande do Norte
27 0,3% 1.835 0,6% 68
Pernambuco 44 0,5% 1.776 0,6% 40
Para 153 1,7% 1.612 0,5% 11
Espírito Santo 45 0,5% 1.388 0,5% 31
Rio de Janeiro 61 0,7% 751 0,3% 12
Sergipe 15 0,2% 268 0,1% 18
Alagoas
9 0,1% 110 0,0% 12
Outros
249 2,8% 4.652 1,6% 19
Total 9.032 100,0% 298.659 100,0% 33
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2007, p. 7).
Evidencia-se também que a indústria calçadista brasileira caracteriza-se pelo uso
intensivo de mão-de-obra, pela predominância de empresas de menor porte (micro e pequenas
empresas), pela relativa difusão da tecnologia de produção e baixa requisição de inovação
tecnológica e, pelo baixo nível de capital investido exigido, caracterizando-se como um setor
83
de baixas barreiras à entrada e saída de empresas (ABICALÇADOS 2007; SEBRAE 2005;
CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007).
Quanto à predominância de empresas de menor porte, Schuh (2006) destaca que em
2004, pelo critério de número de empregados adotado pelo Ministério do Trabalho, 75% das
empresas classificavam-se como microempresas (com até 19 empregados); 18% como de
pequeno porte (de 20 a 99 empregados); 5% como médias empresas (de 100 a 499
empregados); e 2% como grandes empresas (com 500 ou mais empregados).
Dentre os estados, o Rio Grande do Sul destaca-se pela concentração de empresas de
grande porte, porém a produção brasileira de calçados está sendo distribuída de forma
gradativa também em pólos localizados nas regiões Sudeste e Nordeste do país, com destaque
para as cidades de Jaú, Franca e Birigui no estado de São Paulo e estados emergentes, como
Ceará e Bahia. também crescimento na produção de calçados nas regiões de São João
Batista em Santa Catarina, de Nova Serrana em Minas Gerais e no estado de Pernambuco
(ABICALÇADOS 2007; BNDES 2006; SEBRAE 2005).
Em 2006 o setor produziu cerca de 796 milhões de pares de calçados, sendo 77% (616
milhões de pares) destinados ao mercado interno e 23% (180 milhões de pares) ao mercado
externo. Os principais tipos de calçados exportados são: 49% de couro, 41% de plástico, 7%
de material têxtil e 3% de outros materiais (ABICALÇADOS, 2007). O faturamento anual
estimado do setor calçadista brasileiro é de R$ 20 bilhões (CAETANO, 2008).
A evolução da produção, exportação, importação e do consumo de calçados no Brasil
é demonstrada na Tabela 2, construída com base em estimativa realizada pela Abicalçados. O
consumo aparente interno refere-se ao consumo de calçados produzidos no Brasil. Já o
consumo aparente total adiciona ao consumo interno o consumo de calçados importados e o
consumo per capita se refere à quantidade de pares consumidos por ano por cada brasileiro.
Tabela 2: Evolução da produção, da exportação, da importação e do consumo aparente
de calçados do Brasil: 1997-2006 (em milhões de pares)
Item 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Produção 544 516 499 580 610 642 665 800 806 796
Exportação 142 131 137 160 171 164 189 212 190 180
Importação 19 16 7 6 6 5 5 9 17 19
Consumo aparente interno 402 385 362 420 439 478 476 588 616 616
Consumo aparente total 421 401 369 426 445 483 481 597 633 635
Consumo per capita (un) 2,68 2,55 2,35 2,51 2,62 2,84 2,83 3,26 3,42 3,41
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS 2001 a 2007.
Percebe-se que nos últimos dez anos houve um crescimento de 46% na produção de
calçados. As exportações cresceram 27% e as importações em 2006 equipararam-se ao ano de
84
1997. Quanto ao consumo de calçados produzidos no Brasil, este cresceu 53% e o consumo
total, ou seja, o consumo interno acrescido das importações atingiu um crescimento de 50%.
A Figura 10, construída com escala logarítmica na base 10, ilustra esse
comportamento de forma gráfica.
1
10
100
1.000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Produção
Exportação
Importação
Consumo a pa rente total
Consumo per capita (un)
Consumo a pa rente interno
Figura 10: Evolução da produção, da exportação, da importação e do consumo aparente de calçados do
Brasil: 1997-2006
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS 2001 a 2007.
As indústrias brasileiras possuem especialização em todos os tipos de calçados:
femininos, masculinos, infantis, ortopédicos e de segurança do trabalhador, entre outros,
possibilitando a exportação da produção brasileira para mais de 140 países. Segundo a
ABICALÇADOS (2007), os principais importadores são: Estados Unidos (36%), Reino
Unido (6%) e Argentina (12%), em relação ao volume exportado. Quanto ao faturamento
gerado pela exportação, os três países são responsáveis por 46%, 11% e 7%, respectivamente,
ou seja, 64% das exportações brasileiras.
Tabela 3: Exportação Brasileira de Calçados: 1997 a 2006
VALOR
PARES
PREÇO
(US$ MILHÕES)
(MILHÕES) MÉDIO (US$)
1997
1.523
142
10,69
1998 1.330 -13% 131 10,16
1999
1.278
-4%
137
9,32
2000
1.547
21%
160
9,52
2001
1.617
5%
171
9,44
2002 1.451 -10% 164 8,84
2003 1.552 7% 189 8,21
2004
1.814
17%
212
8,54
2005
1.892
4%
190
9,97
2006
1.863
-2%
180
10,33
ANO % VARIAÇÃO
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Evidencia-se que em 2006 a indústria calçadista recuperou o preço médio cobrado
pelo par de calçado nos anos de 1997 e 1998. O faturamento em dólares, apesar de várias
85
oscilações, cresceu a partir de 2002 a 2005, tendo uma pequena queda em 2006. Conforme
matéria do Jornal Zero Hora (2008), apesar da diminuição na quantidade de pares exportados,
o aumento no faturamento indica que os calçadistas brasileiros agregaram qualidade aos
calçados e, conseqüentemente, conseguiram elevar o preço de seus produtos. Como reflexo
negativo está a redução dos postos de trabalho, diante da diminuição na quantidade de
produtos fabricados.
Para atender a tendência futura do mercado externo, com pedidos de pequenos lotes e
produtos de alta qualidade, Carloni, Costa e Garcia (2007) enfatizam que a gestão dos
estoques e um ponto crítico para as empresas brasileiras, pois este nicho de mercado requer
uma produção de maior valor agregado, mas de baixo volume e de forma sazonal. Essa
tendência também faz com que as empresas aumentem a diversidade de produtos ofertados,
para que possam fazer frente à pressão dos concorrentes externos. Segundo eles, o tamanho
do mercado consumidor brasileiro de calçados, o quinto do mundo, a ampla linha de produtos
ofertados pelo setor, quer seja a produção em escala ou pequenos lotes, e a localização
geográfica da atividade em aglomerados de empresas, fortalecem a competitividade da
indústria.
2.7.4 Migração da Indústria Calçadista Brasileira para a Região Nordeste
A indústria calçadista possui um elevado potencial de geração de emprego, que
decorre basicamente da característica artesanal do processo produtivo. O comportamento
dessa indústria é bastante errático, impactado principalmente pelas oscilações das exportações
(GARCIA, 2006). Isso explica o fato de apesar das regiões Sul e Sudeste (Tabelas 4 e 5) ainda
concentrarem a maior parte da produção e das vendas, a produção dos estados do Nordeste
vem aumentando gradativamente pela transferência de unidades de grandes empresas para a
região.
O aumento da concorrência externa e interna, que adotou os padrões internacionais,
forçou as empresas a reduzir custos de produção e buscar aumento de participação no
mercado externo. As grandes empresas calçadistas das regiões Sul (Azaléia, Dakota, Daiby,
Dilly, Grendene, Kildare e Via Uno, por exemplo) e Sudeste (Alpargatas e Vulcabrás)
deslocaram unidades fabris para o Nordeste, no início dos anos de 1990, em busca de menores
custos de produção, de transporte e mão-de-obra e fruição dos incentivos fiscais oferecidos
pelos governos estaduais daquela região, almejando maior competitividade e maior
86
participação no mercado internacional de calçados. A localização da região Nordeste em
relação aos Estados Unidos, também influenciou o deslocamento (SANTOS et al. 2002;
BNDES 2006; CARLONI; COSTA; GARCIA 2007, VIANA; ROCHA 2006).
Nos anos de 1990, conforme o SEBRAE (2005), as exportações para os Estados
Unidos passaram a crescer mais lentamente, sendo fator significativo para as empresas das
regiões Sul e Sudeste migrarem para a região Nordeste. O setor calçadista gaúcho também
recebeu incentivos no período de 1997 a 2004, num total de R$ 225 milhões (KAPRON;
LENGLER, 2006).
Embora as maiores empresas do setor concentram-se no Rio Grande do Sul e têm
como principal país comprador os Estados Unidos (FORTE; MOREIRA, 2007), verifica-se
pela Tabela 6 que a região Nordeste, de 1997 a 2006, obteve um crescimento das suas
exportações em 818%, ao passo que a região Sul decresceu 6% e a região Sudeste cresceu
78%, confirmando a influência da região nas exportações para os Estados Unidos.
Tabela 4: Exportação Brasileira de Calçados – Região Sul: 1997 a 2006
VALOR
PARES
PREÇO
(US$ MILHÕES)
(MILHÕES) MÉDIO (US$)
1997
1.351
117
11,55
1998 1.149 -15% 101 11,38
1999
1.092
-5%
104
10,50
2000
1.299
19%
122
10,65
2001
1.326
2%
122
10,87
2002 1.173 -12% 116 10,11
2003 1.158 -1% 118 9,81
2004
1.290
11%
123
10,49
2005
1.328
3%
102
13,02
2006
1.271
-4%
84
15,13
ANO % VARIAÇÃO
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007)
Tabela 5: Exportação Brasileira de Calçados – Região Sudeste: 1997 a 2006
VALOR
PARES
PREÇO
(US$ MILHÕES)
(MILHÕES) MÉDIO (US$)
1997
131
11
11,91
1998 103 -21% 12 8,58
1999
93
-10%
12
7,75
2000
142
53%
16
8,88
2001
146
3%
19
7,68
2002 121 -17% 16 7,56
2003 159 31% 21 7,57
2004
242
52%
27
8,96
2005
258
7%
25
10,32
2006
233
-10%
20
11,65
ANO % VARIAÇÃO
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007)
87
Tabela 6: Exportação Brasileira de Calçados – Região Nordeste: 1997 a 2006
VALOR
PARES
PREÇO
(US$ MILHÕES)
(MILHÕES) MÉDIO (US$)
1997
39
14
2,79
1998 77 97% 18 4,28
1999
91
18%
20
4,55
2000
104
14%
23
4,52
2001
144
38%
28
5,14
2002 154 7% 33 4,67
2003 230 49% 48 4,79
2004
281
22%
62
4,53
2005
303
8%
64
4,73
2006
358
18%
76
4,71
ANO % VARIAÇÃO
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Quanto aos incentivos fiscais concedidos, Santos et al. (2002) destacam os relativos ao
diferimento de ICMS, na esfera estadual, isenção do IR e concessão de empréstimos
proporcionais ao valor FOB da exportação, na esfera federal, e isenção de impostos
municipais, na esfera municipal, além de apoio institucional e de infra-estrutura. Segundo o
Jornal do Comércio - RS (2007), empresas como Vulcabrás e Azaléia possuem operações no
Nordeste e usufruem desses benefícios.
Destas vantagens, a redução dos custos de mão-de-obra, cujo salário médio no Brasil
estima-se em US$ 250,00 e encargos sociais podem chegar a 100% (CARVALHO, 2007),
principalmente para as empresas produtoras de calçados de baixo valor agregado e menor
qualidade, e que utilizam grande volume de mão-de-obra é a mais importante, pois este custo
é um determinante da competitividade das empresas (SEBRAE 2005).
De acordo com executivos de algumas empresas entrevistadas, pelo custo
reduzido da mão-de-obra no Nordeste, mesmo que não houvesse incentivos fiscais, o
calçado fabricado na região teria uma redução de pelo menos 10% em seu custo, se
comparado ao produzido no Sul e no Sudeste (SANTOS et al, 2002, p.75).
O BNDES (2006) também auxiliou esse processo de deslocamento da indústria
calçadista, desembolsando no período de 1995 a 2005, conforme Figura 11, R$ 980 milhões
de reais para financiar o setor.
39
98
51
26
33
83
80
173
214
102
81
0
50
100
150
200
250
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Figura 11: Desembolso do Sistema BNDES ao Setor Calçadista (R$ em milhões)
Fonte: elaboração própria a partir de BNDES/AP/DEPLAN apud BNDES (2006)
88
Segundo o Modelo de Geração de Empregos do BNDES, estima-se que o setor
calçadista gera 710 empregos para cada R$ 10 milhões investidos na produção (CARLONI;
COSTA; GARCIA, 2007), ou seja, aproximadamente 70 mil empregos foram gerados pelas
empresas financiadas nesse período.
O comportamento e a distribuição das empresas por região, bem como o número de
empregos por elas gerados, podem ser vistos nas Tabelas 7 e 8, onde é possível verificar que o
número de empresas da região Sul cresceu 75% e o número de empregos 27% de 1997 a
2005. A região Sudeste cresceu 36% em empresas e 57% em empregos. O Nordeste, por sua
vez, teve um crescimento de 67% no número de empresas e 237% no número de empregos.
As demais regiões cresceram 30% no número de empresas e 150% no de empregos.
Tabela 7: Empresas produtoras de calçados por região: 1997-2006
Empresas
média
empregos
Empresas
média
empregos
Empresas
média
empregos
Empresas
média
empregos
Empresas
média
empregos
1997 2.231 48 3.217 16 308 79 191 6 5.947 31
1998 2.320 43 3.188 16 343 95 162 6 6.013 31
1999 2.504 45 3.190 18 379 100 180 7 6.253 33
2000 2.918 43 3.321 19 422 114 199 8 6.860 35
2001 3.212 42 3.483 18 452 110 215 7 7.362 34
2002 3.275 41 3.624 18 440 134 223 7 7.562 35
2003 3.425 39 3.789 18 463 143 231 7 7.908 34
2004 3.651 41 4.056 20 491 158 235 11 8.433 37
2005 3.893 34 4.375 18 515 158 249 11 9.032 33
Rego Sul Região Sudeste Região Nordeste Outras Regiões
Ano
Total Brasil
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Tabela 8: Empregos gerados pelo setor calçadista por região: 1997-2006
Empregos
% p/região
Empregos
% p/região
Empregos
% p/região
Empregos
% p/região
Empregos %
1997 106.011 58,1% 51.246 28,1% 24.214 13,3% 1.124 0,6% 182.595 100%
1998 99.704 54,0% 51.286 27,8% 32.667 17,7% 986 0,5% 184.643 100%
1999 112.015 53,7% 57.278 27,5% 38.045 18,2% 1.172 0,6% 208.510 100%
2000 126.080 52,4% 64.549 26,9% 48.227 20,1% 1.536 0,6% 240.392 100%
2001 134.785 54,2% 62.647 25,2% 49.891 20,1% 1.496 0,6% 248.819 100%
2002 135.802 51,8% 65.599 25,0% 59.169 22,6% 1.515 0,6% 262.085 100%
2003 135.086 49,6% 69.009 25,4% 66.309 24,4% 1.689 0,6% 272.093 100%
2004 149.630 47,9% 82.649 26,4% 77.713 24,9% 2.587 0,8% 312.579 100%
2005 134.092 44,9% 80.224 26,9% 81.531 27,3% 2.812 0,9% 298.659 100%
Outras Regiões
Ano
Região Sul Região Sudeste Região Nordeste
Total Brasil
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Em números absolutos, o Nordeste era em 2005, a segunda maior região do setor em
número de empregos gerados. De 1997 a 2005 foram criados 57.317 novos postos de trabalho,
contra a criação de 28.978 na região Sudeste, 28.081 na região Sul e 1.688 nas outras regiões.
Garcia (2006) argumenta que esse processo de reestruturação produtiva da indústria
brasileira de calçados está fazendo com que os pólos produtores tradicionais percam sua
importância em termos de participação na produção e emprego. Dentre os estados que mais
receberam investimentos destacam-se os do Ceará e da Bahia, que possuem esquemas
89
agressivos de oferta de incentivos fiscais às empresas que desejam instalar unidades de
fabricação.
No entanto, Garcia (2006) complementa que as empresas têm buscado no Nordeste
estabelecer linhas de produtos complementares, produzindo calçados de menor valor agregado
e com destino ao mercado interno. Estas unidades recebem apoio técnico e componentes,
principalmente do sul do Brasil (SCHMITZ; KNORRINGA, 2000).
As grandes empresas têm mantido nas regiões tradicionais suas funções corporativas
superiores, como o desenvolvimento de produtos. para as empresas de pequeno e médio
porte, o custo-benefício desse deslocamento não é uma opção capaz de compensar os
benefícios das economias de aglomeração que as empresas deixariam de obter deslocando-se
para regiões como o Nordeste (CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007).
Outra forma de redução de custos bastante utilizada é a subcontratação (terceirização)
de partes do processo produtivo. Em comparação com grandes e médios empreendimentos, os
pequenos fabricantes do Vale dos Sinos utilizam os subcontratados mais pesadamente
(SCHMITZ, 1999). Essa prática proporciona a fragmentação do processo de produção e
permite às empresas ganhos em custos e flexibilidade, principalmente nas etapas de uso
intensivo de mão-de-obra (CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007).
Embora ainda tenha problemas de infra-estrutura de transportes, especialmente quando
o destino dos calçados é o Sul ou Sudeste brasileiro (VIANA; ROCHA, 2006), o Nordeste
desponta na fabricação de calçados com destaque para o Ceará, Bahia e Paraíba, produzindo
praticamente 50% da produção brasileira (aproximadamente 350 milhões de pares) segundo
Milton Cardoso, presidente da ABICALÇADOS. Por estado, o RS ainda detém o lugar
com 3.419 empresas, seguido de SP com 2.776, Minas com 1.493, SC com 321 e Ceará com
221 empresas (VISCARDI, 2007).
Segundo dados da ABICALÇADOS (2008), em janeiro de 2008 o estado do Ceará
atingiu, em volume de pares, 45,8% (9,3 milhões de pares) das exportações brasileiras de
calçados, ultrapassando o Rio Grande do Sul, que exportou 30% (6,1 milhões de pares). Mas,
devido ao preço médio do calçado gaúcho ser maior, o ranking em valor nesse mesmo
período ainda é liderado pelo Rio Grande do Sul com US$ 104,68 milhões ante US$ 34,71
milhões exportados pelo Ceará.
90
2.7.5 Concorrência Externa
O mercado mundial para o calçado pode ser segmentado em três áreas principais: (1)
regiões de economia em crescimento, (2) economias onde o calçado deixou de ser somente
um artigo básico e se tornou também símbolo de posição social e (3) países desenvolvidos
(MILLS, 2007).
Dessa forma, tem-se na indústria de calçados uma atividade globalizada e exposta a
uma intensa concorrência à medida que avança a liberalização comercial e a integração
econômica entre países. Além disso, a produção de calçados apresenta uma tecnologia
difundida que permite às empresas com diferentes capacitações sobreviverem neste mercado,
o qual tem na mão-de-obra o fator determinante da competitividade (CARLONI; COSTA;
GARCIA, 2007).
Conforme Schmél (2000), o lento desenvolvimento técnico na fabricação de calçados
e o uso intensivo de mão-de-obra que nos últimos 20-30 anos, apresenta uma tendência
crescente dos custos com salários, fazem com que empresários procurem oportunidades mais
baratas de produção, onde os salários são menores.
Não é por outro motivo que essa indústria tenha sido caracterizada como “nômade”,
pois freqüentemente se desloca no espaço geográfico em busca de força de trabalho
abundante e barata. É por isso também que cerca de dois terços da produção mundial
de calçados encontram-se na Ásia, região que dispõe desse ambiente produtivo. A
concorrência internacional no setor tem sido, já algum tempo, dominada em
grande parte por países asiáticos. A China destaca-se entre eles como um competidor
dos mais agressivos (CARLONI, COSTA E GARCIA, 2007, p. 31).
Segundo Carloni, Costa e Garcia (2007, p. 21), nos últimos anos o mercado mundial
de calçados permaneceu praticamente inalterado, associado ao desempenho econômico dos
principais países consumidores nos anos de 1990. “O crescimento do mercado depende do
crescimento econômico e também do crescimento demográfico, que vem se reduzindo nos
países desenvolvidos”. O padrão de consumo de calçados também está sendo alterado
elevando-se o consumo de calçados produzidos a partir de material sintético em contraponto
aos feitos de couro.
Outra alteração se deu no padrão de compra das redes varejistas, o qual sofreu
transformações desde a década de 1990. “Em períodos anteriores, anos de 1970 e 1980,
ordens de compra de até 100 mil pares de calçados por pedido eram comuns” (CARLONI;
COSTA; GARCIA, 2007, p. 22).
91
O aumento da competitividade e redução dos preços direcionou os fornecedores de
calçados a repensar suas estratégias e desenvolver capacidades adicionais como
desenvolvimento e design de produtos, gestão logística, infra-estrutura e gestão de estoques.
Além disso, os grandes fornecedores estão desenvolvendo parcerias estratégicas com
compradores-chave para assegurar um fluxo consistente de ordens. Essa relação interessa
também aos compradores, que privilegiam relações de longo prazo com seus fornecedores
(MILLS, 2007).
As transformações que a indústria mundial de calçados vem passando nos últimos
anos revelam elementos importantes para a competitividade do setor e trazem novos desafios
aos seus produtores. Para Carloni, Costa e Garcia (2007) a fase de expansão da indústria
brasileira beneficiou-se de uma política ativa do governo na promoção das exportações do
país. Na década de 1980 a indústria calçadista brasileira continuou em sua trajetória de
crescimento, embora a um ritmo menor, ocupando espaços que se abriam devido à
continuidade daquele deslocamento da produção.
Esse comportamento observado na trajetória da indústria calçadista brasileira no
mercado externo deve-se a diversas causas. Carloni, Costa e Garcia (2007, p. 24) argumentam
que “o rápido crescimento no começo das exportações brasileiras insere-se em um quadro de
deslocamento da produção dessa indústria dos países desenvolvidos em direção a regiões no
mundo que oferecessem melhores condições produtivas, particularmente em relação à
disponibilidade e custo de mão-de-obra”.
Schmitz (1995) argumenta que os importadores de calçados dos Estados Unidos
procuravam novos fornecedores em países de mão-de-obra mais barata. Porém, para vender
sapatos brasileiros nos EUA ou Europa, eles tiveram que ajudar os fornecedores locais a
alcançar qualidade internacional e padrão de entrega e ainda atendesse às exigências
específicas de cada mercado (SCHMITZ, 2006).
Esse movimento ocorreu também na Itália, onde as companhias recorreram ao
deslocamento internacional da produção como uma estratégia de redução de custos,
subcontratando mão-de-obra mais barata em países como a Romênia e outros da Europa
Oriental, ou até mesmo o Brasil (AMIGHINI; RABELOTTI, 2003; RABELOTTI, 2003;
PAROLINI; VISCONTI, 2003). Verifica-se esse processo também do Taiwan para o Vietnã
(SCHMITZ, 1999; SCHMITZ; KNORRINGA, 2000). Para Schmél (2000), a redução de
custos é a principal ou a única razão pela qual as companhias trocam as capacidades
produtivas dos países industrializados pela produção em países em desenvolvimento durante
as últimas três décadas.
92
Garcia (2006) comenta que o ingresso da indústria calçadista brasileira no mercado
internacional esteve associado a um contexto em que os grandes mercados consumidores
saíram à busca de fornecedores em países que apresentassem menores custos de produção. É
por essa época que Coréia do Sul, Taiwan e outros países ingressam também no mercado
externo da os calçados.
A Coréia do Sul apresentou uma trajetória exportadora semelhante à brasileira: em
1965 exportou US$ 4,2 milhões; aumentou para US$ 17,9 milhões em 1970;
ampliou para US$ 904,2 milhões em 1980; atingiu o seu pico em 1990, quando
exportou US$ 4,3 bilhões; de 1990 em diante o setor experimenta uma tendência de
declínio, caindo as exportações de calçados para US$ 810,4 milhões em 1998
(CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007,
p. 24).
A desaceleração no ritmo de expansão deveu-se, além da tentativa das indústrias
locais dos países desenvolvidos em preservar a sua presença no mercado, ao ingresso na
atividade de novos países asiáticos com condições competitivas mais favoráveis, destacando-
se “a presença da indústria chinesa no mercado internacional de calçados, que consegue
competir com preços inferiores e crescentemente com produtos de melhor qualidade”
(SCHUH, 2006, p. 120).
Na década de 1990 a agressividade desses novos concorrentes asiáticos no mercado
internacional consolidou a Ásia como o principal fornecedor mundial de calçados,
configurando-se a China como grande fornecedor mundial desse produto. Além disso, a
valorização cambial da moeda brasileira no período 1994-1999 levou o setor a se defrontar
com fortes restrições ao seu crescimento (GARCIA 2006; CARLONI; COSTA; GARCIA
2007), ao passo que na China o Dólar norte-americano apresenta-se altamente estimado
(GLADYS apud FEELEY et al., 2002).
Santos et al. (2002) e Versiani, Resende (2007), ratificam que a indústria calçadista
brasileira foi afetada nessa época, sobretudo pela política econômica de câmbio e juros
elevados, reduzindo o desempenho da economia brasileira, e pelo aumento da oferta
internacional de calçados, que dispunha de vantagens competitivas superiores às brasileiras.
Quanto à política cambial, Barbosa e Alvim (2006, p. 7), constataram em seus estudos,
com base no comportamento das exportações do Rio Grande do Sul, que a
desvalorização do
Real influencia diretamente na elevação do valor das exportações brasileiras de calçados (em
Reais) e vice-versa, o mesmo acontecendo quando houve elevação nos preços médios em dólar.
“Os coeficientes estimados indicam que o aumento de 1% no câmbio provoca um aumento de
0,74% no valor exportado e que o aumento de 1% no preço médio dos calçados eleva as
exportações em 0,62%”.
93
0,0000
1,0000
2,0000
3,0000
4,0000
5,0000
6,0000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Taxa de mbio -Real/Dólar Exportações de calçados (R$ bi)
Figura 12: Evolução da valorização do Real ante o Dólar comparada à evolução das exportações
brasileiras de calçados (R$ bilhões) no período 1997-2006
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2007) e BACEN (2008).
Verifica-se na Figura 12, na qual se assumiu a taxa média anual da cotação de venda
como a taxa de câmbio R$/US$ e para o cálculo da estimativa do valor das exportações em
Reais, um comportamento correspondente entre taxa de câmbio e valor das exportações.
Porém, a Figura 13 demonstra que a variação da moeda influencia na competitividade externa
da indústria calçadista, mas não é fator fundamental, visto que em períodos de maior
desvalorização cambial as exportações em Dólar não corresponderam em equivalência.
0,0000
0,5000
1,0000
1,5000
2,0000
2,5000
3,0000
3,5000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Taxa de mbio -Real/Dólar Exportações de calçados (US$ bi)
Figura 13: Evolução da valorização do Real ante o Dólar comparada à evolução das exportações
brasileiras de calçados (US$ bilhões) no período 1997-2006
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2007) e BACEN (2008).
A conversão do valor das exportações em moeda nacional para a moeda Dólar (pela
taxa média anual da cotação de venda) permite demonstrar que a desvalorização cambial do
Real não provocou um aumento real do valor exportado em função de uma maior da
competitividade em preços dos calçados brasileiros, pois houve redução no preço médio dos
calçados (Figura 14).
94
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Preço médio unitário (US$) Taxa de câmbio -Real/Dólar
Figura 14: Evolução da valorização do Real ante o Dólar comparada à evolução do preço médio unitário
(US$) do calçado exportado no período 1997-2006
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2007) e BACEN (2008).
Nota-se dessa forma, que o câmbio desvalorizado possibilita a redução do preço do
produto, atributo principal da competitividade da indústria brasileira de calçados, que é
dependente principalmente do custo baixo de mão-de-obra e câmbio adequado, ao mesmo
tempo em que inibe a importação brasileira de calçados. Segundo Carloni, Costa e Garcia
(2007, p. 15-16) “No que se refere à oferta de força de trabalho e ao seu preço, o Brasil não
enfrentou nem enfrenta dificuldades nessa área” e “quanto ao câmbio, moeda valorizada no
comércio internacional tende, como se sabe, a encarecer os produtos, retirando-lhes
atratividade em frente a concorrentes externos”. Em 1992, por exemplo, a desvalorização da
Lira favoreceu a subcontratação de empresas locais na Itália por estrangeiras (RABELLOTTI,
2003). O efeito pode ser verificado pela variação ocorrida na produção brasileira de calçados.
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Produção
-1,81% -5,15% -3,29% 16,23% 5,17% 5,25% 3,58% 20,30% 0,75% -1,24%
PIB
3,40% 0,00% 0,30% 4,30% 1,30% 2,70% 1,10% 5,70% 2,90% 3,70%
PIB Indústria
4,24% -2,59% -1,90% 4,82% -0,61% 2,07% 1,28% 7,89% 2,15% 2,78%
-10,00%
-5,00%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
Figura 15: Evolução da produção brasileira de calçados comparada ao crescimento do PIB Brasil e do
PIB indústria no período de 1997-2006
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007); SEBRAE (2005); Bradesco (2007).
95
A Figura 15 compara a evolução da produção de calçados ao crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) do Brasil e o PIB do segmento indústria, nos últimos dez anos.
Observa-se que a valorização cambial da moeda brasileira de 1994 a 1998, conforme descrito
por Carloni, Costa e Garcia (2007), impactou na competitividade da indústria nacional,
reduzindo o volume de produção a 499 milhões de pares em 1999 ante os 796 milhões de
2006. Conforme previsto pelo SEBRAE (2005), devido à valorização do Real e ao
desempenho da economia mundial, em 2006 o mercado externo contraiu-se e a demanda
interna brasileira de calçados se fortaleceu. Porém, a produção novamente reduziu-se em 10
milhões de pares comparando-se 2006 a 2005.
No que tange a oferta internacional de calçados, a competição de outros países com a
indústria calçadista brasileira se agravou desde o final dos anos 80, época em que países
europeus como a Espanha, Portugal, alguns asiáticos como Taiwan e Coréia do Sul e também
outros países em desenvolvimento como a China tornaram-se competitivos no mercado
internacional de calçados, aumentando suas exportações (RABELLOTTI; SCHMITZ, 2005).
Destes, a China está entre os principais concorrentes externos. Em 1981, este país detinha,
juntamente com a Indonésia, 3% do volume de pares de calçados importados pelos Estados
Unidos, enquanto o Brasil detinha 11% (SANTOS et al., 2002).
Em 1998, China (74%) e Indonésia (6%) respondiam por 80% das importações norte-
americanas, enquanto o Brasil participava com 5% do total de pares importados pelos Estados
Unidos (ABICALÇADOS, 2000). Já em 2006 a participação de China (86%) e Indonésia
(2%) respondia por 88% das importações norte-americanas, enquanto o Brasil novamente
reduziu sua participação para próximo de 3% (ABICALÇADOS, 2007).
Observa-se que a política cambial afeta a competitividade do setor calçadista brasileiro
no mercado internacional, acirrando a concorrência com os produtos chineses (BNDES,
2006), os quais eram importados pelos EUA em 2006 por um preço médio de US$ 7,01 contra
US$ 14,50 do Brasil (ABICALÇADOS, 2007).
Os Estados Unidos são o maior importador do mundo (RECORDON apud FEELEY et
al., 2002). Relativo a calçados, em 2005 respondia por 33% de todo o volume consumido no
mundo. Como a produção interna é irrelevante, pois a produção de calçados é manual e a
mão-de-obra norte-americana é muito cara, as importações suprem todo o consumo interno
(SEBRAE, 2005).
A Figura 16 demonstra o crescimento de 2.833% dos países asiáticos nas importações
norte-americanas de calçados em contrapartida da redução brasileira de 73% no volume de
pares.
96
3%
80%
88%
11%
5%
3%
0%
25%
50%
75%
100%
1981 1998 2006
China e Indonésia Brasil
Figura 16: Representatividade de Brasil, China e Indonésia na importação norte-americana de calçados
no período 1981-2006
Fonte: elaboração própria a partir de Santos et al. (2002), ABICALÇADOS (2000 a 2007).
O crescimento chinês se deve também, conforme dados do BNDES (1998), a melhoria
na qualidade de seu calçado, tornando-se o maior exportador individual em volume para os
EUA. Desde 1999, segundo Altenburg, Schmitz, Stamm (2007), os gastos da China em
pesquisa e desenvolvimento aumentaram mais de 20% ao ano, alcançando em 2005, 1,3% do
produto interno bruto daquele país.
Atualmente, a maioria dos calçados importados pelos Estados Unidos vem da China,
que também tem exportado para a Comunidade Européia. A participação da China na
indústria calçadista é notável, especialmente na produção de calçados que utilizam borracha,
mas ainda tem-se que considerar o proveito que as companhias tiram dos baixos salários na
China (FEELEY et al., 2002).
Além disso, conforme o BNDES (2006) e Santos et al. (2002), as exportações de
calçados do México para os Estados Unidos também cresceram com a implantação do Acordo
de Livre Comércio Norte Americano (NAFTA). O acordo reduziu tarifas, permitindo aos
fabricantes de calçados dos Estados Unidos moverem as plantas industriais para México e
Caribe (NGUYEN, 2004).
Dois outros fortes concorrentes do Brasil no mercado internacional, Itália e Espanha,
em geral, terceirizam sua produção de calçados em países de mão-de-obra mais
barata, em particular, os países do leste Europeu. Ambos os países procuram
divulgar suas marcas próprias nos grandes eventos internacionais do setor. O Brasil
tem postura mais passiva: a maior parte das nossas exportações são efetuadas sob-
encomenda, ou seja, o distribuidor norte-americano encomenda a produção de
modelos previamente fornecidos (BNDES, 1998, p. 4).
Segundo Carloni, Costa e Garcia (2007, p. 27), “a indústria brasileira de calçados
ocupa uma faixa intermediária do mercado, e não possui a capacidade inovativa da indústria
italiana ou a capacidade para produzir a custos baixos como os fabricantes chineses”.
97
Porém, os produtores brasileiros têm demonstrado elevada capacidade de “imitação”
dos produtos lançados no mercado internacional, que são fornecidos ao mercado internacional
a custos relativamente mais baixos (em comparação com os similares italianos) e com
elevados padrões de qualidade. Além disso, uma competência importante da indústria
nacional é a sua flexibilidade, dado que os produtores são capazes de atender a volumes
relativamente baixos de pedidos.
A concorrência internacional fez com que a indústria calçadista brasileira aumentasse
a importância da qualidade, do design e dos prazos de entrega como fatores determinantes da
competitividade do setor, além dos custos de mão-de-obra (BNDES, 2006).
A presença da China no mercado vem provocando mudanças há algum tempo. Cabe
ressaltar que a China tem participação muito expressiva nas exportações mundiais de
calçados, ou seja, atualmente detém 61% do volume de calçados exportado em todo
o mundo. Empresas brasileiras começam a se aliar a ela para aproveitar os preços
mais competitivos nos calçados através da importação de seus produtos (14 milhões
de pares em 2005) ou terceirizando a produção de calçados. A Azaléia, segundo a
revista Update fev. 2006, vai vender nos EUA 60 mil pares de calçados com sua
marca fabricados por uma empresa chinesa. É importante ressaltar que nos últimos
anos mais de mil técnicos brasileiros se mudaram para a China, onde recebem, em
dólar, salários três vezes mais altos do que a média do Brasil (BNDES, 2006, p. 4).
Além do crescimento das importações de calçados chineses pelos Estados Unidos, as
exportações chinesas para a Europa aumentaram 9,8% nos primeiros dez meses do ano de
2007, em relação ao mesmo período do ano 2006. A Europa adquiriu neste período, 7,2
milhões de pares de calçados a um custo médio de US$ 2,92 o par, perfazendo um montante
de US$ 21 milhões (ASSINTECAL, 2007).
Conforme dados da ABICALÇADOS (2007), a Itália é o principal fornecedor de
calçados de alto valor agregado do Brasil, exportando no ano 2006, 69 mil pares a um preço
médio US$ 78,52 o par. Nos calçados de baixo valor agregado, nosso principal fornecedor é a
China, com 14,619 milhões de pares fornecidos a um preço médio de US$ 6,00.
Convém mencionar, contudo, que o Brasil não tem ficado imune à penetração no
mercado mundial de calçados chineses e de outros países asiáticos. Em conjunturas
econômicas em que a moeda brasileira se valoriza, como o ocorrido no período
1994-1998 e mais recentemente a partir do último trimestre de 2004, o setor se viu
ameaçado no mercado interno pelo ingresso em volumes crescentes de calçados
baratos provenientes da Ásia, particularmente da China. No segmento de mercado de
calçados de baixo preço atuam milhares de pequenas e médias empresas, sensíveis a
essa concorrência, e que absorvem contingente expressivo de mão-de-obra. Nessas
situações, a indústria buscou proteção das autoridades de governo; em agosto de
2005 o Brasil elevou a Tarifa Externa Comum (TEC) para certas categorias de
calçados importados a uma taxa de 35% (CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007,
p. 18).
Em alguns países, para se defender do efeito China e Vietnã, o setor calçadista se
protege com o auxílio de barreiras criadas pelo governo para salvaguardar empresas e
empregos como, por exemplo, Brasil e Argentina (CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007). Em
98
outros, por exemplo, Filipinas, a indústria calçadista está desorganizada com futuro incerto,
pois a entrada da China no mercado doméstico impediu simultaneamente oportunidades de
exportação dos fabricantes filipinos (SCOTT, 2005). Dados da ABICALÇADOS (2007)
revelam o tamanho do potencial chinês, responsável em 2005 pela produção de 9 bilhões de
pares, dos quais 77% destinaram-se às exportações e o restante ao consumo interno, sendo o
segundo maior consumidor de calçados da atualidade.
Tabela 9: Principais produtores mundiais de calçados: 1997-2005 (pares milhões)
País 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
China 5.252 5.520 5.930 6.442 6.628 6.950 7.043 8.100 9.000
Índia 680 685 700 715 740 750 780 850 909
Brasil 544 516 499 580 610 642 665 755 762
Indonésia 527 316 507 499 488 509 507 533 580
Itália 460 425 381 390 375 335 303 281 250
Viet 206 213 241 303 320 360 417 445 525
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Atualmente, a China é responsável por 75% da produção mundial (12 bilhões de
pares) a um custo que pode chegar a 1/3 dos fabricados no Brasil (CARVALHO, 2007).
Tabela 10: Principais exportadores mundiais de calçados: 1997-2005 (pares milhões)
País 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
China 2.996 3.086 3.426 3.867 3.961 4.300 5.026 5.885 6.914
Hong Kong 1.259 1.026 970 1.023 1.667 772 743 745 741
Itália 415 382 347 362 354 322 298 279 249
Viet 176 186 221 277 292 333 393 420 473
Indonésia 227 173 217 208 193 176 181 165 165
Brasil 142 131 137 160 171 164 189 212 190
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Tabela 11: Principais consumidores mundiais de calçados: 1997-2005 (pares milhões)
País 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
China 2.258 2.437 2.507 2.579 2.672 2.656 2.026 2.224 2.097
EUA 1.623 1.606 1.727 1.794 1.835 1.925 1.977 2.131 2.242
Índia 646 653 657 664 682 689 714 797 852
Jao 572 515 557 558 601 586 600 620 650
Brasil 427 414 375 426 445 483 481 547 555
Indonésia 314 145 297 303 309 350 356 453 490
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Em volumes físicos a China produziu na média do período 1997-2005, 10,9 vezes
mais do que o volume brasileiro e exportou 26,4 vezes a mais também. Já o consumo chinês
sofreu retração sendo superado pelo brasileiro em 5,2 vezes. Verifica-se que as taxas de
99
crescimento chinesas são notavelmente superiores às brasileiras, sendo a variação do período
1997-2005 visualizada na Figura 17.
71,4%
130,8%
-7,2%
40,1%
33,8%
30,0%
-20,0%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
140,0%
Prodão Exportação Consumo
China
Brasil
Figura 17: Variação da produção, exportação e consumo de calçados - 1997-2005
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Consoante Carloni, Costa e Garcia (2007, p. 28), “esses dados são convergentes com a
tendência apontada de deslocamento do pólo produtor de calçados para a Ásia”. Em 2006, por
exemplo, segundo dados da ABICALÇADOS (2007), o Brasil representou 4,8% do valor das
importações norte-americanas, ao passo que a China atingiu 72,7%. Em volumes de pares, a
distância aumenta, ficando o Brasil com 2,7% do mercado norte-americano e a China com
85,9%.
Tabela 12: Importação norte-americana de calçados por país de origem selecionado -
classificação pelo montante de valor importado: 1997 a 2006 (US$ mil)
US$
mil
%
US$
mil
%
US$
mil
%
US$
mil
%
US$
mil
%
US$
mil
%
US$
mil
%
US$
mil
%
US$
mil
%
US$
mil
%
China 8.966 55,4% 9.315 62,4% 8.299 61,9% 9.035 64,1% 9.648 65,2% 10.013 67,1% 10.278 68,1% 11.186 69,1% 12.285 71,2% 13.415 72,7%
Itália 1.181 7,3% 1.158 7,8% 1.131 8,4% 1.255 8,9% 1.251 8,5% 1.175 7,9% 1.233 8,2% 1.242 7,7% 1.128 6,5% 1.100 6,0%
Brasil 1.137 7,0% 1.020 6,8% 932 7,0% 1.149 8,2% 1.160 7,8% 1.075 7,2% 1.034 6,9% 1.080 6,7% 1.009 5,8% 884 4,8%
Indonesia
1.632
10,1%
1.068
7,2%
750
5,6%
731
5,2%
724
4,9%
730
4,9%
569
3,8%
493
3,0%
510
3,0%
471
2,6%
2002 2003 2004 2005 2006
PAÍS
1997 1998 1999 2000 2001
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Tabela 13: Importação norte-americana de calçados por país de origem selecionado -
classificação por quantidade de pares importados: 1997 a 2006 (pares mil)
Pares
mil
%
Pares
mil
%
Pares
mil
%
Pares
mil
%
Pares
mil
%
Pares
mil
%
Pares
mil
%
Pares
mil
%
Pares
mil
%
Pares
mil
%
China 1.183 69,2% 1.247 74,2% 1.220 76,3% 1.341 78,1% 1.406 79,0% 1.468 80,2% 1.534 81,3% 1.772 83,4% 1.800 85,2% 1.913 85,9%
Brasil 90 5,3% 83 4,9% 82 5,1% 99 5,8% 98 5,5% 100 5,5% 100 5,3% 99 4,7% 74 3,5% 61 2,7%
Indonesia 130 7,6% 103 6,1% 78 4,9% 75 4,4% 75 4,2% 73 4,0% 57 3,0% 47 2,2% 46 2,2% 42 1,9%
Itália
53
3,1%
49
2,9%
46
2,9%
52
3,0%
49
2,8%
44
2,4%
40
2,1%
35
1,6%
28
1,3%
25
1,1%
2003 2004 2005 2006
PAÍS
1997 1998 1999 2000 2001 2002
Fonte: elaboração própria a partir de ABICALÇADOS (2000 a 2007).
Tomando-se como exemplo o ano de 2006, verifica-se que dos principais exportadores
de calçados para os Estados Unidos tem-se no calçado chinês (US$ 7,01) o menor valor
médio agregado e no calçado italiano (US$ 44,00), o maior, sendo que a indústria brasileira
(US$ 14,49) ocupa uma faixa intermediária do mercado, não competindo diretamente com a
China, tampouco com a sofisticação (e os preços) dos produtos italianos.
100
O setor calçadista brasileiro vem sistematicamente perdendo competitividade no
mercado externo. As exportações brasileiras em 2006 (US$ 1,86 bilhões) equipararam-se ao
montante exportado em 1993, e permanecem estáticas desde 2004 (ABICALÇADOS, 2007).
Esta relativa estagnação pode ser atribuída a dois fatores: (1) a valorização cambial, que
pressiona principalmente os exportadores que produzem sob encomenda para grandes
varejistas e grifes internacionais; e (2) países como China, Vietnã e Índia, que estão
adquirindo maior capacitação tecnológica e passam a oferecer produtos de maior qualidade a
preços competitivos (CARLONI; COSTA; GARCIA, 2007).
A concorrência internacional, principalmente da China, mudou o comportamento do
setor calçadista. As exportações chinesas para os Estados Unidos reduziram a participação
brasileira nas importações norte-americanas de calçados (SCHMITZ, 1995). Isso se deve ao
fato do Brasil ser considerado fraco em preço, quando comparado com outros países em
desenvolvimento. Claramente o preço é o ponto forte dos calçados exportados pela China e
também pela Índia (SCHMITZ; KNORRINGA, 2000).
Viscardi (2007) destaca fatores determinantes para a indústria calçadista recuperar a
competitividade: carga tributária, fiscalização das importações, mudança no câmbio e redução
dos juros. Outro fator, destacado por Schmitz (1995), é a competitividade entre varejistas
norte-americanos em busca da redução dos custos de estoques, implicando em pedidos
menores com menor tempo de entrega e exigências de qualidade mais altas.
Garcia (2006) e Carloni, Costa e Garcia (2007) fazem ainda algumas análises do
panorama global do setor e seus efeitos sobre a cadeia produtora:
a) o elevado volume de vendas da China para os Estados Unidos é contrastado por um
valor médio agregado bastante reduzido, significando que o produto exportado pela
indústria chinesa ocupa uma faixa de mercado de calçados simples e baratos. Porém a
inserção da indústria asiática em geral, notadamente a chinesa, está ligada aos baixos
custos de trabalho e aos elevados volumes de produção;
b) embora predominantemente composto de calçados de baixo preço, o elevado volume
de produção e exportação de calçados chineses inclui também calçados de valor
agregado mais alto, especialmente a produção de calçados esportivos, em que as
grandes empresas internacionais (como Nike, Reebok e Adidas) subcontratam a
produção em regiões de baixos custos de trabalho, como é o caso da China;
c) outro ponto favorável aos asiáticos é a existência de grandes unidades produtivas que
se aproveitam de elevadas economias de escala nas atividades de produção, o que
101
atribui vantagem competitiva para a indústria asiática, se comparada com a indústria
brasileira e italiana;
d) a Itália tem uma participação maior do que a da indústria brasileira nas importações
norte-americanas, mesmo com um volume exportado bem mais reduzido, decorrente
do alto valor médio agregado dos calçados italianos, que atuam numa faixa mais nobre
do mercado;
e) para reduzir seus custos, a indústria italiana vem adotando estratégias como a
subcontratação da produção em países como Turquia e Romênia, que apresentam
custos mais baixos de produção.
De acordo com Rooks (1996), o uso de robôs em várias fases da produção de calçados
como, por exemplo, a manipulação de componentes químicos e de solados, também reduz
significativamente os custos de produção.
Um caminho atualmente utilizado pelas empresas brasileiras para obter maiores
ganhos em eficiência, essendo o crescimento mediante a compra de empresas menores.
Como exemplos pode-se citar:
a) a compra da Companhia Brasileira de Sandálias (CBS), por R$ 49,5 milhões pela São
Paulo Alpargatas, maior empresa brasileira fabricante de calçados. A CBS, dona da
marca Dupé, produz mais de 30 milhões de pares de sandálias por ano e fatura cerca
de R$ 90 milhões. Já a Alpargatas, dona da marca de sandálias Havaianas, registrou
faturamento de R$ 1,5 bilhões em 2006 (FOLHA ONLINE, 2007);
b) a Vulcabrás comprou a Azaléia (maior fabricante brasileiro de calçados femininos e
tênis do Brasil valor estimado em R$ 350 milhões de reais) triplicando de
tamanho. Estima-se que com a compra da Azaléia a Vulcabrás conseguirá descontos
de até 15% na compra da matéria-prima (CARVALHO, 2007).
Após a compra da Azaléia, a Vulcabrás tornou-se a segunda maior empresa brasileira
em faturamento. Em primeiro lugar está a São Paulo Alpargatas com R$ 1,3 bilhões/ano,
seguida da Vulcabrás/Azaléia com R$ 1,2 bilhões/ano e Grendene: R$ 1,1 bilhões/ano
(CARVALHO, 2007).
Essa aquisição também permite aos irmãos Grendene a construção de um gigante
calçadista (CARVALHO, 2007), pois juntos detém marcas consolidadas como Rider, Melissa
e Ipanema (Grendene), Reebok (Vulcabrás) e Olympikus, Dijean e Funny (Azaléia) e
participações em grandes empresas. Alexandre Grendene controla a Grendene com 60% de
participação, além de possuir 12% da Beira Rio. Seu irmão Pedro Grendene, possui 20% da
102
Grendene, 91% da Vulcabrás e 46,65% da Azaléia (CARVALHO, 2007; ZERO HORA,
2007; JORNAL DO COMÉRCIO, 2007).
A participação da Vulcabrás na Azaléia até esta data era de 51,28%, sendo que 91%
dela pertencem a Pedro Grendene.
2.7.6 Tendências do Mercado Global
Segundo a revista inglesa Just-Style, o mercado global de calçado continuará
crescendo até 2011, atingindo o volume de US$ 321,5 bilhões de dólares e 16,6 bilhões de
pares de calçados (MILLS, 2007). Porém, percebe-se que o valor médio unitário do par de
calçado reduz de US$ 21,78 em 2001 para US$ 19,37 em 2011, ou seja, prevê a Just-Style
uma redução de aproximadamente 11% no preço do produto. A Figura 18, cujos dados estão
apresentados em escala logarítmica na base 10, demonstra o mercado mundial de calçados.
Figura 18: Tamanho do mercado mundial de calçados 2001-2011
Fonte: elaboração própria a partir de Just-Style in Mills (2007).
Para Mills (2007) a disparidade entre o crescimento do tamanho do mercado em valor
e quantidade de pares é inerente a intensa competição global no mercado de calçado, que
continuará durante os próximos cinco anos. Para o autor, as variáveis direcionadoras do
mercado global para o período 2006-2011 serão:
a) a concepção de marcas e sua identificação no mercado;
b) a tendência do mercado para acompanhar marcas mundiais, crescimento do setor de
moda para bebês, crianças, nichos de mercado etc.;
c) a compra para substituição em função do uso;
d) crescimento do vestuário casual;
103
e) vasto alcance do produto e mudanças de quotas (barreiras à importação);
f) vendas dirigidas por moda, preço do produto, produção versus consumo, impacto
ambiental;
g) crescimento do segmento de calçados de luxo, sendo beneficiado também por maior
disponibilidade de renda;
h) a Europa e os Estados Unidos continuarão a estabelecer as tendências globais de
design;
i) crescimento do sul da Àsia (Índia, Paquistão e Bangladesh);
j) novas estratégias envolvendo fornecedores e compradores, desenvolvimento de
logística, entre outras;
k) comércio eletrônico (e-commerce).
Segundo as projeções da Just-Style, globalmente, o mercado de calçados masculinos
crescerá 30% entre 2005 e 2011, o feminino 15% e infantil 45%.
Tabela 14: Projeção da demanda mundial de calçados 2005-2011 (pares bilhões)
Ano Total Homen Mulher Crianças
2005 13,60 4,10 8,50 1,00
2006 14,20 4,30 8,60 1,30
2007 14,98 4,88 8,72 1,38
2008 15,70 5,47 8,82 1,41
2009 15,90 5,57 8,92 1,41
2010 16,00 4,97 9,60 1,43
2011 16,60 5,35 9,80 1,45
Fonte: elaboração própria a partir de Just-Style in Mills (2007).
Mills (2007), ainda relata as estimativas da revista Just-Style para os próximos cinco
anos nos Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e Índia.
2.7.6.1 Tendências nos Estados Unidos
Nesse mesmo período estima-se que o mercado norte-americano crescerá 19%, tendo
o mais alto consumo de calçados per capita do mundo, chegando a 7 pares/ano por pessoa até
2011. Entretanto, todo este crescimento tem sido suportado por importações de países (com
mais baixo custo de produção) mais do que pela produção doméstica (MILLS, 2007).
Os fatores que afetam o crescimento global do mercado norte-americano são:
a) as empresas continuarão a investir em moda masculina e em calçados para a geração
de consumidores entre 10 e 30 anos;
b) o volume de vendas dos calçados de lazer dobrará durante os próximos cinco anos e o
mercado de calçados de golfe continuará crescendo;
104
c) a compra de calçados continuará sendo baseada em escolhas pessoais;
d) o surgimento de novas tendências de mercado, assim como ocorreu com o calçado
esportivo popular;
e) comercialização por meio da internet.
2.7.6.2 Tendências no Reino Unido
Conforme Mills (2007), a revista Just-Style prevê que o valor do mercado do Reino
Unido, em 2011, será de US$ 11,45 bilhões, representando um incremento de US$ 1,87
bilhões (ou 16%) sobre 2005. Porém, a economia do Reino Unido tende a reduzir
ligeiramente o seu crescimento em 2007 comparado a 2006. Os riscos para a economia do
Reino Unido são o crescimento de países fora da Europa, sofrendo uma redução na atividade
de exportação sem compensação no mercado doméstico.
2.7.6.3 Tendências na China
A China tem um efeito no mercado global em vários níveis diferentes, e é provável
que se torne o maior mercado de calçados do mundo. Com um crescimento previsto em 8,3%
sobre o consumo de 2005, o mercado chinês deverá atingir 3,34 bilhões de pares em 2011,
superando o norte-americano que será de 2,59 bilhões de pares. Uma preocupação principal
dos varejistas com o mercado chinês é até que ponto o design de seus calçados poderão ser
imitados pelos varejistas domésticos e vendidos a um preço muito reduzido. Para outros, a
influência do mercado chinês é menor, pois trabalham em outros mercados não saturados,
como Romênia e Bulgária ou ainda porque continuarão explorando seu próprio nicho de
mercado desenvolvido nos Estados Unidos ou Europa (MILLS, 2007).
2.7.6.4 Tendências na França
O mercado francês para o calçado foi estável durante os últimos três anos, e está
elevando o nível da competitividade em preço, devido a níveis altos de importações. Previsões
da Just-Style são de um crescimento global no mercado francês de 13,4% entre 2005 e 2011,
com o crescimento maior que está no setor de luxo para homens e mulheres. Porém a previsão
105
de crescimento da França é aumentar de 1,2% em 2005 a 2,1% em 2006, reduzindo para 1,9%
em 2007. Quanto ao mercado de calçados, o consumidor francês ainda é muito leal a produtos
franceses, e esta tendência continuará para o futuro próximo (MILLS, 2007).
2.7.6.5 Tendências na Alemanha
A Alemanha é o maior mercado de calçado na Europa e as projeções da Just-Style é de
que o mercado alemão crescerá 11% entre em 2005 e 2011. Muito deste crescimento seno
segmento casual/recreativo com o crescimento continuado da prática de caminhar como uma
atividade recreativa popular e o mercado de lazer ao ar livre na Alemanha. O mercado alemão
é categorizado por níveis altos de penetração de importação e altos gastos em publicidade
(MILLS, 2007).
2.7.6.6 Tendências na Rússia
O mercado do calçado na Rússia tende a crescer por volta de 3,5% entre 2005 e 2011,
pois a Just-Style prevê uma redução de 6 milhões de pessoas até 2015, comparada a 2006,
quando a população estimada é de 134 milhões (MILLS, 2007).
2.7.6.7 Tendências na Índia
Em condições de volume, a indústria de calçado representa um segmento relevante da
indústria de couro indiana. A Índia é o segundo maior produtor mundial de calçados em
volume, atrás da China e sua indústria, devido ao uso de intensiva mão-de-obra e
concentração em pequenas indústrias, é o segundo setor que mais emprega Índia (MILLS,
2007). O preço médio do calçado indiano é de US$ 12,00, posicionando a Índia entre os
calçados de baixo preço da China e alto preço da Itália e Espanha. Os principais mercados
para as exportações indianas são o Reino Unido, os Estados Unidos e Alemanha. O mercado
de calçado indiano tende a crescer 23% entre 2005-2011, conforme a Just-Style, sendo um dos
fatores responsáveis a pida abertura do setor de varejo para a entrada de varejistas globais
interessados no mercado indiano, tais como Wal-Mart, Tesco e Carrefour (MILLS, 2007).
106
2.7.6.8 Tendências na Coréia do Sul
Min (2003) destaca que o baixo custo de produção do calçado chinês forçou centenas
de empresas de calçados sul coreanas a se retirar do negócio e outros a mudarem suas fábricas
para a China ou para a Indonésia. Os produtores remanescentes planejam transformar a antiga
indústria “sweatshop” (estabelecimento em que os empregados trabalham longas horas a
salários baixos) em tech-shop(área industrial tecnológica). Os calçados a serem produzidos
serão de maior valor agregado e de alta qualidade, utilizando-se da tecnologia para atribuir
aos seus produtos, um diferencial que os produtores de calçados da China não conseguirão
fazê-lo a um baixo custo, como por exemplo calçados customizados.
Depreende-se das tendências descritas na seção 2.7.6, a previsão de uma intensa
competição global no mercado calçadista até o ano de 2011, com conseqüente redução no
preço médio do calçado mundial. Em contrapartida, a pesquisa indica uma tendência de
crescimento no consumo, principalmente de calçados infantis (45%), seguido pelos
masculinos (30%) e femininos (15%).
A pesquisa também aponta os Estados Unidos como o maior consumidor mundial de
calçados, prevê um aumento de até 11% no mercado de alguns países da Europa e retração em
outros. A China desponta como o maior mercado de calçados do mundo, principalmente os de
baixo preço, e a Índia como o maior produtor mundial, produzindo calçados entre os de
baixo preço da China e os de alto preço da Itália e Espanha.
A Coréia do Sul, por sua vez, revela semelhanças mais próximas ao Brasil, pois a
competição com a China em calçados de baixo preço forçou o fechamento de fábricas ou a
transferência delas para a própria China e também para a Indonésia. As tendências apontam a
migração da produção coreana para calçados de maior valor agregado, maior qualidade a alta
tecnologia.
2.7.7 As tendências e o Brasil
A exemplo do que aconteceu na Coréia do Sul, a competição internacional, com
destaque à China nos últimos anos, obrigaram a indústria calçadista brasileira a buscar
alternativas para se manter no mercado. Por exemplo, a migração de fábricas das regiões Sul e
Sudeste para o Nordeste e de outras para a China, processos de internacionalização das
107
empresas e um maior enfoque dado ao mercado interno. Além disso, muitas empresas
fecharam suas fábricas ou reduziram o nível de atividade.
Quanto à exportação, verifica-se uma tendência à produção de calçados com maior
valor agregado. Segundo matéria do Jornal Zero Hora (2008), no ano de 2007, apesar da
valorização do Real, houve um aumento de 4% no valor exportado em relação ao ano anterior,
em contrapartida da redução no volume de pares embarcados em 1,4%. Ou seja, registrou-se
um aumento de faturamento com redução de quantidade, significando que a indústria
calçadista brasileira passou a produzir e exportar calçados com maior valor agregado.
Descreveu-se, portanto, no capítulo 2, a importância da avaliação de desempenho, da
análise das demonstrações contábeis e da indústria calçadista brasileira. No capítulo 3,
descreve-se o método de pesquisa utilizado pelo estudo para o tratamento e análise dos dados.
3 MÉTODO DE PESQUISA
Considerando-se que o escopo desta pesquisa é a análise de informações contidas em
documentos secundários, visando responder ao problema de pesquisa exposto, esta é
classificada conforme descrito na seqüência.
3.1 MÉTODO CIENTÍFICO
Esta pesquisa, em sua primeira etapa, analisa o desempenho econômico-financeiro
individual de empresas integrantes do setor calçadista brasileiro. Em seguida, mediante a
integração destas análises, extrai-se um perfil do conjunto das indústrias analisadas,
permitindo o confronto com as análises individuais e evidenciando a situação de cada empresa
ante o todo. O perfil do conjunto das indústrias analisadas permite também a comparação com
outros setores.
Visto que a pesquisa inicia com a análise dos indicadores de cada empresa de forma
individual e coloca a generalização como um produto posterior, identifica-se com o método
indutivo. Silva e Menezes (2001, p. 26) descrevem que “a generalização deriva de casos da
realidade concreta”. No mesmo sentido, Cooper e Schindler (2003, p. 49) afirmam que
“induzir é tirar uma conclusão a partir de um ou mais fatos em particular ou de determinadas
provas”.
Apesar da limitação imposta pelo pequeno número de empresas no setor analisado que
publicam suas demonstrações contábeis, e pela ausência de seqüencialidade de períodos para
análise, o perfil do conjunto de indústrias analisadas induz à generalização sobre o
comportamento das indústrias calçadistas de porte semelhante.
3.2 MÉTODO QUE INDICA OS MEIOS TÉCNICOS DE INVESTIGAÇÃO
Tencionando-se nesta pesquisa comparar o desempenho individual de cada empresa
objeto do estudo com as demais, ou com o desempenho do conjunto de empresas pesquisadas,
adotou-se o método comparativo, o qual permite verificar e explicar diferenças e semelhanças
dos dados analisados e “possibilita o estudo comparativo de grandes grupamentos sociais,
separados pelo espaço e pelo tempo” (GIL, 1999, p. 34).
109
3.3 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
As pesquisas podem ser classificadas, segundo Silva e Menezes (2001), quanto à sua
natureza, quanto à forma de abordagem do problema, quanto aos seus objetivos e ainda
quanto aos procedimentos técnicos.
3.3.1 Quanto à Natureza
Objetivando gerar conhecimentos para a aplicação prática, mediante o estudo dos
indicadores econômico-financeiros e sua posterior aplicação nas demonstrações contábeis,
classifica-se esta pesquisa como aplicada (SILVA, MENEZES, 2001).
3.3.2 Quanto à Abordagem do Problema
Esta pesquisa pode ser classificada como quantitativa porque requer o uso de técnicas
estatísticas (índices-padrão, mediana e quartis), bem como se trabalha na classificação, análise
e interpretação dos indicadores econômico-financeiros calculados a partir das informações
publicadas nas demonstrações contábeis, para que seja possível a compreensão do momento
vivido pela empresa e pelo setor.
3.3.3 Quanto aos Objetivos
Quanto aos objetivos classifica-se esta pesquisa como descritiva, cujos estudos podem
envolver a relação da interação entre duas ou mais variáveis e normalmente criam um perfil
de um grupo de eventos (COOPER, SCHINDLER, 2003).
Segundo Gil (1999), a pesquisa descritiva tem como objetivo descrever as
características de determinada população ou estabelecer relações entre variáveis.
Transportando esse conceito para o estudo, têm-se as empresas objeto do estudo como
população e o cálculo, a análise e a comparabilidade dos indicadores de desempenho tidos
como a relação entre variáveis.
110
3.3.4 Quanto aos Procedimentos Técnicos
O elemento principal utilizado para a definição do delineamento da pesquisa é,
segundo Gil (1999), o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, classifica-se esta
pesquisa como documental, a qual, segundo o autor, vale-se de materiais que não receberam
ainda tratamento analítico, ou que podem ser re-elaborados de acordo com os objetivos da
pesquisa, como é o caso das demonstrações contábeis, publicadas em seu formato original,
utilizadas como fonte documental nesta dissertação.
3.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população da pesquisa, entendida como “um conjunto definido de elementos que
possuem determinadas características” (GIL,1999, p. 99), é composta por empresas
integrantes do setor calçadista brasileiro, que produzem e vendem calçados, e que publicam
suas demonstrações contábeis em jornais de órgãos oficiais ou em outros de grande
circulação. A identificação da população tem como base inicial o cadastro publicado em 2007
pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS, 2007a), com 161
fabricantes. Da lista de fabricantes desconsideram-se 134 empresas, sendo 16 por não se
enquadrarem como produtoras e vendedoras de calçados e 118 empresas limitadas que não
publicaram demonstrações contábeis no período selecionado, restando então, uma população
de 27 empresas.
Dessa população, selecionou-se a amostra, perfazendo um total de 15 empresas,
adotando-se a amostragem por tipicidade ou intencional, a qual constitui um tipo de
amostragem não probabilística e consiste na seleção de um grupo da população (GIL, 1999).
A amostragem intencional ocorre quando um pesquisador seleciona os membros da amostra
para atender alguns critérios, neste caso, as empresas terem publicado as demonstrações
contábeis durante todo o período de 2000 a 2006 (COOPER, SCHINDLER, 2003).
No quadro 22 consta a relação das empresas identificadas, localizadas em 3 estados
brasileiros, sendo 3 do Ceará, 8 do Rio Grande do Sul e 4 de São Paulo, representando
aproximadamente 55% da população.
111
CEARÁ RIO GRANDE DO SUL SÃO PAULO
1 - Dakota Nordeste S/A 1 - Calçados Andreza S/A 1 - Calçados Sândalo S/A
2 - Dilly Nordeste S/A 2 - Calçados Azaléia S/A 2 - Cambuci S/A
3 - Vulcabrás do Nordeste S/A 3 - Calçados Beira Rio S/A 3 - São Paulo Alpargatas S/A
4 - Calçados Fillis S/A 4 - Vulcabrás S/A
5 - Calçados Jacob S/A
6 - Daiby S/A
7 - Dakota S/A
8 - Grendene S/A
Quadro 22: Amostra selecionada
Dentre as empresas que fazem parte da amostra, muitas delas figuram entre as mais
bem classificadas nas revistas especializadas em negócios publicadas no Brasil. O Quadro 23
revela as que se destacaram nas edições dos últimos 3 anos.
Empresa
Balanço
Anual
Conjuntura
Econômica
As melhores
da Dinheiro
Melhores e
Maiores
Valor 1000
Calçados Andreza S/A
X
Calçados Azaléia S/A
X
X
X
X
Calçados Beira Rio S/A
X
X
X
Calçados Fillis S/A
X
Calçados Jacob S/A
X
Calçados Sândalo S/A
X
Daiby S/A
X
Dakota S/A
X
X
X
Dakota Nordeste S/A
X
X
Dilly Nordeste S/A
X
Grendene S/A
X
X
X
X
X
São Paulo Alpargatas S/A
X
X
X
X
X
Vulcabrás S/A
X
Vulcabrás Nordeste S/A
X
X
X
Quadro 23: Empresas listadas nas revistas de ranking com publicação no Brasil
A amostra mostra-se relevante por sua importância no setor. Em 2006, o faturamento
bruto deste grupo de indústrias resultou no montante de R$ 5,14 bilhões, representando
aproximadamente 26% do faturamento anual do setor, que conforme Caetano (2008) é
estimado em R$ 20 bilhões. Finalmente, pertencem à amostra cinco empresas de capital
aberto Azaléia, Cambuci, Grendene, Alpargatas e Vulcabrás participantes da Bolsa de
Valores de São Paulo, BOVESPA, reforçando a qualidade das informações pesquisadas.
Definido o método de pesquisa e as técnicas empregadas no estudo, realizou-se a
coleta dos dados que consistiu na busca das demonstrações contábeis das indústrias
pertencentes à amostra selecionada.
112
3.5 COLETA DOS DADOS
A pesquisa, de setembro de 2006 a maio de 2007, contemplou publicações dos meses
de março a maio dos anos de 1998 a 2007 no portal do Diário Oficial do Estado do Rio
Grande do Sul (CORAG, 2006-2007), Diário Oficial do Estado de São Paulo (IMPRENSA
OFICIAL, 2006-2007), Diário Oficial do Estado do Ceará (SEPLAG, 2006-2007) e Bolsa de
Valores de São Paulo (BOVESPA, 2006-2007). O método utilizado na procura das
demonstrações contábeis foi a leitura na íntegra do caderno onde constam tais publicações nos
referidos diários, exceto nos casos da Bolsa de Valores de São Paulo e Diário Oficial de São
Paulo que possuem sistema de busca por palavras-chave.
Encontradas as publicações das demonstrações contábeis necessárias à confecção da
pesquisa, procedeu-se ao tratamento dos dados a fim de viabilizar a análise dos mesmos.
3.6 TRATAMENTO DOS DADOS
Depois de concluída a coleta dos dados efetuou-se a padronização das demonstrações
contábeis com a finalidade de atribuir homogeneidade às informações obtidas. Para tanto, os
dados das demonstrações originais foram armazenados em planilhas eletrônicas e
reclassificados de acordo com o modelo adotado para cada demonstração (Quadros 24 e 25).
Padronizou-se, dessa forma, a apresentação dos valores em milhares de Reais; e contas
como, por exemplo, duplicatas descontadas, saques de exportação descontados, adiantamentos
de câmbio e bancos conta vendor, encontradas como redutoras de clientes no Ativo
Circulante, foram reclassificadas para a conta empréstimos e financiamentos no Passivo
Circulante.
Os ativos e passivos circulantes também foram separados em financeiros e
operacionais; os de longo prazo, pelo número reduzido de contas não foi individualizado.
Ressalva-se que nos casos em que o valor do Passivo for maior que o valor do Ativo, o
resultado é denominado de Passivo a Descoberto, substituindo-se a expressão Patrimônio
Líquido por esta denominação (CFC, 2005).
113
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
FINANCEIRO FINANCEIRO
Disponibilidades e Aplicações Financeiras Empréstimos e Financiamentos
OPERACIONAL OPERACIONAL
Clientes Fornecedores
Impostos a Recuperar Obrigações fiscais
Estoques Obrigações sociais e trabalhistas
Outros créditos Lucros distribuidos a pagar
Despesas Pagas Antecipadamente Dívidas com pessoas ligadas
Outras Obrigações
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Aplicações Financeiras Empréstimos e Financiamentos
Créditos de pessoas ligadas Obrigações fiscais
Impostos a Recuperar Dívidas com pessoas ligadas
Outros créditos Outras Obrigações
ATIVO PERMANENTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimentos Capital Social
Imobilizado Reservas
Diferido Lucros/Prejuízos Acumulados
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO
Quadro 24: Modelo da padronização do Balanço Patrimonial
Da mesma forma que as contas de ativo e passivo, na demonstração do resultado do
exercício reclassificaram-se as contas em operacionais, financeiras, outras contas
(equivalência patrimonial e juros remuneratórios sobre o capital próprio) e não operacionais.
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E
APLICAÇÕES DE RECURSOS
RECEITA BRUTA DE VENDAS
ORIGEM DOS RECURSOS
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
DAS OPERAÇÕES
(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(+) Ajustes Exercício Anterior
(-) CUSTOS DOS PRODUTOS VENDIDOS
(+/-) Lucro/Prejuízo do Exercício
(=) RESULTADO BRUTO
(+) Depreciação e Amortização
(-) DESPESAS/RECEITAS OPERACIONAIS
(+/-) Resultado da Equivalência Patrimonial
Despesas com Vendas
(+) Outras origens
(+/-) Outras Receitas/Despesas líquidas
DOS ACIONISTAS
(=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(+) Aumento de Capital
(+/-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
(+) Outras origens
(+) Receitas Financeiras
DE TERCEIROS
(-) Despesas Financeiras
(+) Aumento do Exigível a Longo Prazo
(-) JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO
(+) Redução do Realizável a Longo Prazo
(+/-) EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL
(+) Transações com pessoas ligadas
(=) RESULTADO OPERACIONAL LÍQUIDO
(+) Outras origens
(+/-) RESUTALDO NÃO OPERACIONAL
(-) APLICAÇÕES DOS RECURSOS
(+) Receitas não Operacionais
(+) Ajustes Exercício Anterior
(-) Despesas não Operacionais
(+) Aumento do Realizável a Longo Prazo
(=) RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL
(+) Redução do Exigível a Longo Prazo
(+/-) Prov. p/IRPJ e CSLL/Impostos diferidos
(+) Imobilizado
(-) Participações Estatutárias
(+) Investimentos/Diferido
(+) Reversão dos Juros s/Capital Próprio
(+) Lucros distribuídos
(=) LUCROS/PREJUÍZOS DO EXERCÍCIO
(=) AUMENTO/REDUÇÃO NO CAPITAL
CIRCULANTE LÍQUIDO
Lucro/Prejuízo por ação
continua ...
114
... continuação
EBTIDA
(=) VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE
VARIAÇÃO DO ATIVO CIRCULANTE
DEMONTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS
ACUMULADOS
Ativo Circulante no Início do Período
SALDO NO INÍCIO DO PERÍODO
(-) Ativo Circulante no Final do Período
(+/-) Lucro/prejuízo do exercício
(-) VARIAÇÃO DO PASSIVO CIRCULANTE
(+/-) Ajustes do exercício anterior
Passivo Circulante no Início do Período
(-) Impostos diferidos s/reservas
(-) Passivo Circulante no Final do Período
(-) Distribuição de lucros proposta
(-) Retenções/Realização de lucros/Reversão
(=) SALDO NO FINAL DO PERÍODO
Quadro 25: Modelo da padronização da Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos e Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
A partir das demonstrações contábeis padronizadas, são calculados os indicadores
econômico-financeiros constantes no Quadro 26, por empresa/ano. A definição dos
indicadores utilizados baseou-se na necessidade de explicação das possíveis causas e efeitos
do comportamento econômico-financeiro das empresas evidenciado pelas análises.
Grupo Indicador Fórmula
Liquidez corrente Ativo circulante ÷ Passivo circulante
Liquidez geral
(Ativo circulante + Ativo realizável a longo prazo) ÷
(Passivo circulante + Exigível a longo prazo)
Liquidez
Variação do estoque de Liquidez
(Variação do disponível +Variação aplicações financeiras) ÷
Ativo total médio
Prazo médio de estocagem
(Estoque médio ÷ Custo dos produtos vendidos) x dias do
período
Atividade
Prazo médio de recebimento
(Duplicatas a receber média ÷ Vendas brutas) x dias do
período
Margem bruta Lucro bruto ÷ Vendas líquidas
Margem Líquida Lucro Líquido ÷ Vendas líquidas
Lucratividade
Margem operacional Resultado operacional bruto ÷ Vendas líquidas
Retorno sobre o ativo Resultado operacional bruto ÷ Ativo operacional médio
Retorno sobre o patrimônio líquido Resultado operacional bruto ÷ Patrimônio líquido médio
Valor econômico agregado
Resultado operacional bruto - (Custo de oportunidade x
Patrimônio líquido médio)
Rentabilidade
Índice de desempenho empresarial
(Retorno sobre patrimônio líquido + Retorno sobre vendas +
Retorno sobre ativo) ÷ 3
Cash flow EBITDA ÷ Ativo total médio
Margem do EBITDA EBITDA ÷ Vendas líquidas
EBITDA
Índice de cobertura de juros EBITDA ÷ Despesas financeiras
Composição do endividamento Passivo circulante ÷ Passivo exigível total
Dependência financeira Passivo exigível total ÷ Ativo total
Endividamento
Participação do capital de terceiros Passivo exigível total ÷ Patrimônio líquido
Giro do ativo Vendas líquidas ÷ Ativo operacional médio
Imobilização do patrimônio líquido Ativo permanente ÷ Patrimônio líquido
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes
Ativo permanente ÷ (Patrimônio líquido + passivo exigível a
longo prazo)
continua ...
115
... continuação
Grau de alavancagem financeira Retorno sobre o patrimônio líquido ÷ Retorno sobre o ativo
Grau de alavancagem operacional Variação no lucro operacional ÷ Variação nas vendas
Alavancagem
Grau de alavancagem total
Grau de alavancagem financeira x Grau de alavancagem
operacional
Coeficiente de overtrading Vendas ÷ Capital circulante líquido
Capital de giro
(Ativo circulante operacional - Passivo circulante
operacional) ÷ Ativo total
Taxa de crescimento sustentável
Retorno sobre o patrimônio líquido x (Lucro retido ÷ Lucro
líquido)
Previsão de insolvência Modelo de Brito e Assaf Neto
Efeito tesoura Capital circulante líquido – Necessidade de capital de giro
Demais
indicadores
Índice de cobertura dos juros Resultado operacional bruto ÷ despesas financeiras x 100
Quadro 26: Indicadores econômico-financeiros
Salienta-se que para o cálculo dos indicadores que utilizam os valores do ativo
operacional médio; ativo total médio; patrimônio líquido médio; estoque médio; valor médio
das duplicatas a receber; variação do disponível; variação das aplicações financeiras; variação
no lucro operacional; e variação nas vendas; procedeu-se a atualização dos valores nominais
de anos anteriores para uma mesma data base pelo índice de variação do IPCA IBGE,
acumulado 12 meses. Por exemplo, para calcular o valor do ativo total médio do ano 2006,
aplicou-se o índice de correção de 3,14% sobre os valores do ano de 2005, e assim
sucessivamente conforme os índices da Tabela 15. Os valores do ano 2006 não sofreram
ajustes por ser considerado como data de publicação das demonstrações contábeis o dia 31 de
dezembro do respectivo ano.
Tabela 15: Variação do IPCA-IBGE acumulado 12 meses no período de 2000-2006
Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
2000 7,04%
2001 14,36% 6,84%
2002 24,03% 15,87% 8,45%
2003 42,28% 32,92% 24,41% 14,72%
2004 51,67% 41,70% 32,63% 22,29% 6,60%
2005 60,30% 49,76% 40,17% 29,25% 12,67% 5,69%
2006 65,34% 54,46% 44,57% 33,31% 16,20% 9,01% 3,14%
Fonte: Conjuntura Econômica (2007)
Em relação ao cálculo do indicador Valor Econômico Agregado, definiu-se a taxa
SELIC, média diária de juros, anualizada com base em 252 dias úteis (BACEN, 2008a), como
sendo o custo de oportunidade. A taxa aplicada em cada período resulta da média ponderada
das taxas vigentes em cada ano de acordo com o número de dias da vigência. Dessa forma, o
custo de oportunidade estimado foi de: 17,14% (ano 2000), 17,09% (ano 2001), 18,63% (ano
2002), 22,83% (ano 2003), 15,92% (ano 2004), 18,71% (ano 2005) e 15,10% (ano 2006).
116
Calculados os indicadores econômico-financeiros de cada empresa, aplicou-se o
modelo de previsão de insolvência com o intuito de confirmar a sua evolução e/ou involução.
O critério de escolha do modelo adotado é o grau de precisão do modelo e o conhecimento de
todos os indicadores que o compõe. Dessa forma, o modelo apresentado por Minussi,
Damacena e Ness Jr. (2002), embora apresente maior grau de precisão não pode ser utilizado
pela necessidade de dados da mediana do setor calçadista brasileiro para índices de
endividamento, a qual é desconhecida. Adotou-se então o segundo modelo mais preciso,
desenvolvido por Brito e Assaf Neto (2001). Neste modelo, o ponto de corte é 0,5,
classificando-se as empresas com resultado inferior a 0,5 como solventes e as empresas com
resultado superior a esse valor como insolventes.
Do conjunto de indicadores calculados são extraídos os valores da mediana (número
central) e dos quartis dos dados, calculados por meio da função quartil do aplicativo
Microsoft® Office Excel® 2007. Se existir mais de um número central, o aplicativo localiza
um intervalo de tal modo que a mediana seja o ponto central daquele intervalo (LANGFORD,
2006).
A distribuição dos valores em quartis consiste em dividi-los em quatro partes iguais,
atribuindo a cada intervalo ¼ dos valores. Miguel e Coutinho (2007) descrevem que em
relação ao Excel, os valores dos quartis inferior e superior são determinados valendo-se dos
percentis e com o uso de interpolação. Dessa forma, o valor dos quartis inferior e superior é
definido pela posição [(n-1)p+1], onde n = número de observações; e p = percentil a ser
calculado (LANGFORD, 2006).
Os quartis são comumente utilizados nos estudos que contém poucas observações e
permitem identificar no 1º e 4º quartis as diferenças da amostra, tendo em vista que o 2º e 3º
quartis podem apresentar homogeneidade. Santanna, Teixeira e Louzada (2003, p. 6),
justificam o uso do quartil em seu estudo direcionado à área de finanças:
Optou-se pelo quartil para fazer classificação dos dados e montagem das carteiras
seguindo-se estudos similares na literatura de finanças e levando-se em conta que,
devido ao reduzido tamanho relativo do mercado de capitais no Brasil, a opção por
decis poderia levar a amostras pequenas e com pouca representatividade.
Vertes e Würch (1986, p. 265) alertam que não se pode constatar, sem a comparação,
se um coeficiente é adequado ou inadequado, “[...] uma vez que toda a medição exige uma
base de comparação”. Para tanto sugerem que num conjunto de empresas seja estabelecido
um valor médio dos coeficientes, denominados de valores típicos ou ratios, que são
coeficientes médios característicos para determinado período.
117
Dessa forma, os valores típicos servem de comparabilidade da mediana, alertando para
a ocorrência de possíveis distorções do índice-padrão dos indicadores calculados. Segundo
Vertes e Würch (1986), o valor típico resulta da média aritmética simples das quatro médias a
seguir: média aritmética simples, média aritmética ponderada, moda e mediana dos
indicadores. Para este estudo, a moda foi excluída do cálculo do valor típico dos indicadores
nos casos em que se apresentou de forma indefinida.
Após a apuração da mediana, dos quartis e do valor típico de cada grupo de
indicadores, procede-se a análise dos dados propriamente dita.
3.7 ANÁLISE DOS DADOS
Para a análise do conjunto de empresas pesquisadas, classificam-se os indicadores
econômico-financeiros de cada empresa/ano em seus respectivos quartis. Na seqüência, parte-
se para a análise baseada no índice-padrão, definido pela mediana dos dados, de cada grupo
de indicadores, efetuando também a comparabilidade entre os indicadores de cada empresa
com o conjunto.
Como complemento à análise dos índices-padrão, verificou-se a existência de
possíveis distorções comparando-os aos respectivos valores típicos. Além disso, cada grupo
de indicadores foi submetido ao teste da análise de correlação em relação aos demais,
utilizando-se da função CORREL, integrante do aplicativo Microsoft® Office Excel® 2007,
que calcula o coeficiente de correlação de dois conjuntos de variáveis de medida a fim de
determinar se elas tendem a se deslocar num mesmo sentido.
O valor de qualquer coeficiente de correlação deve situar-se entre -1,00 e +1,00,
inclusive. A esse respeito, Saporito (2005, p. 104) enfatiza que “coeficientes de correlação são
indicadores de até que ponto duas variáveis caminham na mesma direção ou também em
sentido inverso. Por isso variam entre -1,00 e 1,00”.
Ainda consoante Saporito (2005), quando o coeficiente de correlação é igual a 1,00, as
variáveis são positiva e perfeitamente correlacionadas; quando é igual a -1,00 são inversa e
perfeitamente correlacionadas e quando o resultado da correlação é zero, não correlação.
Gujarati (2006) enfatiza que os coeficientes de correlação estabelecem uma relação estatística,
não podendo, por si só, afirmar causalidade. Por conseguinte, a análise de correlação não é
recomendada para afirmativas de que uma variável explica ou é explicada pela outra sem estar
apoiada em testes que visam superar as limitações do uso de simples correlações entre
118
variáveis, como por exemplo, o Método da Causalidade de Granger utilizado nos estudos de
Souza, Zanella e Nascimento (2005).
Collins e Hussey (2005) alertam para o cuidado com a interpretação dos coeficientes
de correlação, pois duas variáveis podem estar correlacionadas porque ambas se relacionam
com uma terceira e não pela existência de uma relação causal entre elas. Segundo eles, grosso
modo (grifo dos autores), os valores dos coeficientes podem ser classificados conforme a
Figura 19.
1,00 Correlação positiva perfeita
0,90 a 0,99
Correlação positiva muito alta
0,70 a 0,89
Correlação positiva alta
0,40 a 0,69
Correlação positiva média
0,01 a 0,39
Correlação positiva baixa
0,00
Correlação nula
-0,01 a -0,39
Correlação inversa baixa
-0,40 a -0,69
Correlação inversa média
-0,70 a -0,89
Correlação inversa alta
-0,90 a -0,99
Correlação inversa muito alta
-1,00 Correlação inversa perfeita
Figura 19: Intervalos de classificação dos coeficientes de correlação
Fonte: elaboração própria a partir de Collins e Hussey (2005).
Quanto à relevância do coeficiente de correlação, esta pode ser testada pelo
estabelecimento de intervalos de confiança, que neste trabalho são calculados a partir da
função INT.CONFIANÇA constante do mesmo aplicativo, adotando-se, neste estudo, o nível
de significância de 1%. Dessa forma, o coeficiente de correlação não será rejeitado se estiver
no intervalo de confiança, ou rejeitado se estiver fora dele.
Depois de analisadas as empresas por grupo de indicadores, efetua-se a análise
individual por empresa, sendo apresentado o conjunto de indicadores e as características
específicas de cada uma delas. De posse dessas informações, realiza-se a análise final,
evidenciando a identificação do desempenho econômico-financeiro de empresas calçadistas
brasileiras no período de 2000 a 2006, atribuindo medidas de ponderação aos indicadores
selecionados, no intuito de elaborar um ranking das empresas.
Para a composição do ranking das empresas com melhor desempenho, partiu-se da
metodologia da revista Melhores e Maiores Exame, que utiliza 6 indicadores econômico-
financeiros, aos quais atribui pesos diferentes, para compor o índice excelência empresarial
(Quadro 27). As empresas com melhor desempenho em cada indicador recebem pontuação,
119
sendo 10 para o primeiro lugar, 9 para o segundo e assim sucessivamente até o décimo que
fica com 1 ponto. Os pontos são multiplicados pelo peso atribuído a cada indicador,
resultando no ranking das empresas.
Fórmula Peso Representa
Crescimento em vendas 10
Retrata o dinamismo da empresa, se aumentou ou diminui sua
participação no mercado e sua capacidade de gerar novos
empregos.
Investimento no imobilizado 15
Valor aplicado na modernização ou ampliação do negócio da
empresa, e também de gerar novos empregos.
Liderança de mercado 15
Compara as participações de mercado que as empresas detêm no
setor em que atuam.
Liquidez corrente 20 Indica se a empresa apresenta ou não boa saúde financeira.
Rentabilidade do patrimônio 25 Mede a eficiência da empresa e a geração de valor aos acionistas.
Riqueza gerada por empregado 15
Mede quanto a empresa produz de riqueza em relação ao número
de empregados.
Total dos pesos 100
Quadro 27: Metodologia de classificação de empresas utilizada pela revista Exame Melhores e Maiores
Fonte: elaboração própria a partir da revista Exame (2007)
Exame (2007, p. 26) descreve que “o maior peso atribuído à rentabilidade do
patrimônio deve-se à premissa clássica de que a função primária de uma empresa é a busca do
lucro para a criação de valor”. Com relação aos indicadores rentabilidade do patrimônio e
investimentos no imobilizado, são atribuídos pontos somente às empresas que apresentam
índices positivos.
Para este estudo, o indicador riqueza gerada por empregado foi eliminado da
composição do índice, pois não há, nas demonstrações contábeis publicadas, informações
sobre o número de empregados. Dessa forma, o novo cálculo redistribuiu o peso da riqueza
gerada por empregado, com base no peso dos demais indicadores, por meio do seguinte
cálculo: Peso do indicador ÷ [(total dos pesos peso do indicador riqueza gerada por
empregado) ÷ 100]. Em seguida, os novos pesos foram arredondados para números inteiros,
conforme demonstrado na Tabela 16, resultando nos pesos utilizados por este estudo.
Tabela 16: Pesos utilizados para a classificação das empresas
Indicador
Peso da
revista MM
Peso
recalculado
Peso final
Crescimento em vendas 10 11,765 12
Investimento no imobilizado 15 17,647 18
Liderança de mercado 15 17,647 18
Liquidez corrente 20 23,529 23
Rentabilidade do patrimônio 25 29,412 29
Riqueza gerada por empregado 15
Total dos pesos 100 100 100
Fonte: elaboração própria a partir da revista Exame (2007)
Outra alteração realizada em relação à revista Exame Melhores e Maiores está no
critério de pontos conferidos às empresas com melhor desempenho. Nesta pesquisa, a
120
pontuação é atribuída de acordo com o total de empresas da amostra, sendo 15 pontos para a
melhor colocada, 14 para a segunda, até a décima quinta que fica com 1 ponto. Os pontos são
atribuídos somente à empresas que apresentam indicadores positivos. Da multiplicação dos
pontos pelo peso atribuído a cada indicador (Tabela 16), resulta o ranking anual das empresas.
O ranking final das empresas, referente ao total de períodos analisados, é produto da
soma das posições das empresas no ranking anual: (a) classifica-se as empresas em ordem
decrescente de pontos em cada ano; (b) atribui-se o número 1 para a primeira colocada até o
número 15 para a última; (c) soma-se os números obtidos nas posições; (d) a empresa que
somar menos pontos classifica-se em primeiro lugar e assim sucessivamente até a décima
quinta colocada. Observa-se também que para o cálculo do crescimento em vendas,
atualizaram-se os valores nominais das vendas para uma mesma data base pela variação do
IPCA – IBGE, acumulado 12 meses (Tabela 15).
Na próxima seção (3.8) são discutidas algumas limitações da pesquisa advindas de
limitações da análise das demonstrações contábeis.
3.8 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
As informações geradas pela análise das demonstrações contábeis possuem limitações
que precisam ser compreendidas pelos diversos usuários interessados, para não gerar falsa
expectativa além das reais possibilidades de êxito dessa técnica nos processos de análise.
Essas limitações podem surgir, conforme Saporito (2005), de deficiências das próprias
técnicas ou de fatores alheios a elas, impondo-lhe restrições em maior ou menor grau, de
acordo com as características de cada uma.
A maioria das restrições associa-se ao fato de que as demonstrações contábeis
publicadas pelas empresas não atendem às reais necessidades dos diversos usuários, sendo
destacadas por Saporito (2005),
a) limitações relacionadas à inflação: o registro contábil tem por base o custo histórico,
ou seja, valores de entrada efetivamente incorridos. O resultado contábil surge então
como a diferença apurada entre os valores de saída dos bens e serviços transacionados
(e outras receitas) pela empresa e seus respectivos custos e despesas. À medida que o
poder aquisitivo da moeda se altere em função da inflação, e ela não é reconhecida
pelo sistema contábil, a avaliação de ativos e os resultados ficam comprometidos,
afetando os índices econômico-financeiros;
121
b) limitações quanto à confiabilidade das informações: o usuário das informações ao
realizar uma análise, parte da presunção de que as informações publicadas nas
demonstrações contábeis sejam verídicas, porém, não como precisar que os dados
publicados correspondem à realidade da empresa examinada;
c) limitações relativas às regras da contabilidade: a Contabilidade foi concebida para
mensurar resultados e segue regras dentro de um padrão gico que permite avaliar o
desempenho das empresas ao longo do tempo em bases objetivas e comprováveis, mas
não faz parte do seu escopo avaliar uma empresa por seu valor de mercado. Dessa
forma, os dados e informações contábeis limitam o poder conclusivo do analista em
relação à real situação econômico-financeira da empresa;
d) limitações com relação às informações divulgadas e sua defasagem temporal: a falta
de informações importantes publicadas nas demonstrações contábeis e a distância no
tempo entre as datas do registro contábil da informação e da análise colocam em risco
as conclusões do analista.
Em relação aos efeitos da inflação, limita-se este estudo à atualização de valores para
uma mesma data base por meio de índices anualizados coincidentes com a data das
demonstrações contábeis, não sendo possível fazer a correção com maior exatidão pela
ausência, por exemplo, de demonstrações mensais publicadas pelas empresas. Nas empresas
que trabalham com produtos sazonais ou que possuem altos prazos de estocagem de produtos
e de recebimento das vendas, como ocorre com algumas indústrias calçadistas examinadas por
este estudo, a probabilidade de distorções em função das limitações relacionadas à inflação
tende a ser maior.
Outra limitação do uso das demonstrações contábeis está na apresentação das contas
pelo valor total do grupo, podendo distorcer o resultado apurado para alguns indicadores.
Tomando-se novamente o exemplo do prazo médio de estocagem, é prudente utilizar o valor
dos estoques médios do período de produtos acabados e matérias-primas, cuja informação não
consta na maioria das demonstrações contábeis.
Os dados contábeis são sensíveis também a problemas com as evidências geradas pela
análise de correlação, visto que o uso do método das partidas dobradas faz com que a maioria
das informações contábeis sejam correlacionadas entre si ao passo que a correlação não
implica causalidade em algum sentido (SOUZA; ZANELLA; NASCIMENTO, 2005).
Conseqüentemente, limita-se esta pesquisa por não determinar o sentido causal entre as
variáveis submetidas à análise de correlação.
122
As limitações ocorrem também em decorrência do tamanho da amostra. Houve
dificuldades de acesso às informações evidenciadas pelo pequeno número de empresas
calçadistas que publicam suas demonstrações contábeis, visto que a grande maioria da
população em estudo compõe-se de empresas limitadas que são desobrigadas dessa
publicação. Além disso, outras empresas sociedades anônimas de capital fechado iniciaram ou
encerraram suas atividades, ou ainda alteraram sua forma jurídica de limitada para sociedade
anônima ou vice-versa no transcorrer do período em estudo, não oferecendo uma
seqüencialidade completa de demonstrações contábeis em todos os períodos para a análise.
Dessa forma, mesmo que se considere a qualidade da amostra por conter empresas que
estão entre as principais do setor calçadista e representem aproximadamente 26% do seu
faturamento, o número de empresas examinadas é considerado pequeno, podendo haver
resultados diferentes em uma amostra maior, tendo em vista ser um setor fragmentado,
composto de poucas grandes empresas e inúmeras pequenas empresas.
Ainda relacionado à amostra, assim como no estudo de Kühl (2007), esta pesquisa tem
como fator limitante a utilização de uma amostragem não probabilística, que impossibilita a
utilização da lógica dedutiva e indutiva, ou seja, os resultados encontrados na amostra não
podem ser aplicados às demais empresas, tampouco generalizados como sendo o
comportamento do setor.
Quanto ao método de classificação das empresas utilizado pela publicação Exame
Melhores e Maiores, não é possível afirmar que a empresa melhor classificada obtém também
o melhor desempenho, tendo em vista utilizar somente 6 indicadores, os quais não são
unanimidade entre as publicações semelhantes.
Descrito o método de pesquisa, a próxima seção (4) se destina à apresentação e análise
dos dados.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Este capítulo destina-se a apresentação e análise dos dados, divididos em duas seções:
(4.1) análise individual por empresa; (4.2) análise das empresas por grupo de indicadores.
Ressalva-se que a análise se ateve às informações obtidas a partir das demonstrações
contábeis, relatório da administração e notas explicativas das empresas componentes da
amostra, e que as demonstrações contábeis consolidadas não foram objeto desta análise.
Em relação à análise individual por empresa, destina-se a seção a apresentar o
conjunto de indicadores apurados por empresa, possibilitando a identificação de algumas
características específicas de cada uma delas.
Na seção destinada à análise das empresas por grupo de indicadores, apresenta-se o
seu comportamento em relação ao índice-padrão. Mostram-se também, por período, os
valores do quartil, índice-padrão e quartil, além dos valores nimos, máximos e típicos
de cada indicador. Vale reforçar que o quartil mantém 25% dos indicadores abaixo de si e
75% acima, ocorrendo o inverso com o quartil. o índice-padrão, ou mediana, mantém
50% dos indicadores abaixo e 50% acima.
4.1 ANÁLISE INDIVIDUAL POR EMPRESA
Nesta seção, os indicadores apurados no período de 2000 a 2006 são apresentados de
forma individualizada por empresa. A mediana, quando mencionada, se refere à mediana dos
índices apurados no período de 2000 a 2006 para determinado indicador da empresa sob
análise; e os comentários sobre as oscilações do período, sem a especificação dos anos a que
se refere, evidenciam os valores mínimos e máximos ocorridos no período examinado,
independentemente do ano em que ocorreram.
Além disso, os índices positivos de alavancagem que representam aumento de
prejuízos para as empresas, receberam um contorno, a fim de diferenciá-los dos índices de
alavancagem que representam incremento nos lucros.
4.1.1 Calçados Andreza S/A
Os indicadores da Calçados Andreza S/A estão demonstrados na Tabela 17.
124
Tabela 17: Indicadores de desempenho da Calçados Andreza S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 2,0
1,9
1,9
1,9
1,6
1,7
1,4
Liquidez geral 1,9
1,8
1,7
1,8
1,5
1,7
1,3
Liquidez
Variação do estoque de liquidez 4,4%
3,8%
-5,7%
-20,6%
19,1%
-0,1%
-2,3%
Prazo médio de estocagem (dias) 61
70
65
74
77
64
52
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 76
74
56
62
43
38
51
Margem bruta 0,2%
4,8%
13,8%
12,2%
26,5%
22,9%
15,0%
Margem líquida 3,0%
-1,1%
3,0%
0,5%
5,8%
8,0%
1,1%
Lucratividade
Margem operacional -7,4%
-3,2%
6,6%
3,7%
20,5%
17,8%
6,1%
Retorno sobre ativo -11,8%
-5,2%
13,8%
7,1%
51,0%
48,5%
14,7%
Retorno sobre patrimônio líquido -18,3%
-9,0%
24,7%
13,3%
94,0%
95,7%
28,8%
Valor econômico agregado -10.367
-8.540
2.611
-2.778
18.507
13.980
1.682
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial -9,0%
-5,1%
13,8%
7,0%
50,3%
50,7%
14,8%
Cash flow -7,9%
-2,2%
15,0%
7,4%
43,3%
45,0%
15,1%
Margem do EBITDA -5,6%
-1,5%
7,7%
4,6%
21,2%
18,6%
7,3%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA - - 88,3%
52,0%
98,1%
185,6%
96,7%
Composição do endividamento 94,1%
90,7%
88,5%
92,1%
95,1%
95,8%
95,3%
Dependência financeira 41,5%
45,3%
46,3%
49,1%
59,5%
49,8%
60,7%
Endividamento
Participação do capital terceiros 71,0%
82,9%
86,2%
96,4%
147,1%
99,1%
154,3%
Giro do ativo 1,6
1,6
2,1
1,9
2,5
2,7
2,4
Giro do ativo - dias 226
222
172
186
144
132
150
Imobilização do patrimônio líquido 33,5%
34,0%
36,9%
26,6%
26,0%
34,0%
47,0%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 32,2%
31,6%
33,5%
24,7%
24,3%
32,6%
43,8%
Grau de alavancagem financeira 1,5
1,7
1,8
1,9
1,8
2,0
2,0
Grau de alavancagem operacional -7,3
5,0
134,4
4,4
2,9
9,1
-3,8
Alavancagem
Grau de alavancagem total -11,3
8,7
241,0
8,1
5,3
17,9
-7,5
Coeficiente de overtrading - rotação 3,73
4,40
5,47
5,00
5,65
7,28
9,21
Coeficiente de overtrading - dias 96
82
66
72
64
49
39
Capital de giro 37,7%
44,0%
51,1%
52,1%
46,5%
47,4%
55,4%
Taxa de crescimento sustentável - 30,1%
4,2%
154,5%
105,3%
9,2%
202,2%
Previsão de insolvência -10,21
-8,55
-7,08
-6,39
-1,25
-5,30
3,16
Efeito tesoura 1.177
-2.731
-7.446
-6.430
-9.519
-5.432
-11.682
Demais
Índice de cobertura de juros -108,7%
-50,0%
75,9%
41,5%
94,6%
177,6%
81,0%
Verifica-se pela Tabela 17 que a empresa apresentou oscilações semelhantes nos
indicadores de liquidez corrente e liquidez geral. A liquidez corrente oscilou entre 1,40 e 2,00,
apresentando mediana de 1,90 para o período analisado e um crescimento de 45% no ano de
2006 em relação ao ano 2000. De forma semelhante, a liquidez geral apresentou índices entre
1,30 e 1,90. A mediana do período de 2000 a 2006 foi de 1,70 e a variação de 44%.
Quanto à redução de 0,10 no ano de 2006, se comparada liquidez corrente (2,00) com
a liquidez geral (1,90), explica-se pelo fato das obrigações de longo prazo serem
aproximadamente 3 vezes maiores que os ativos realizáveis a longo prazo.
125
Ainda relacionado à liquidez, verifica-se que a variação no estoque de liquidez oscilou
entre -20,6% e 19,1%. Nos dois últimos anos houve um aumento de disponibilidades ao
mesmo tempo em que houve redução do saldo de empréstimos de curto prazo. Como o
EBITA destes anos (2005 e 2006) é negativo, a geração de caixa tende a se originar da conta
estoques e da conta clientes, cuja redução nos saldos em relação aos exercícios anteriores
indica queda nas vendas e, conseqüentemente, a redução da necessidade da empresa de repor
o nível de estoques e de manter o financiamento de seus clientes, ao níveis dos anos
anteriores.
Além da queda nas vendas, a empresa registrou aumento tanto no prazo médio de
estocagem quanto no prazo médio de recebimento, em 18% e 49%, respectivamente,
comparando-se os prazos do ano 2006 aos do ano 2000.
Em relação à lucratividade, a queda na margem bruta ao final do período examinado
se explica pela redução não proporcional do valor das vendas em relação ao custo dos
produtos vendidos, em função dos custos fixos e/ou aumento dos custos totais de produção.
Embora as despesas operacionais líquidas tenham apresentado reduções consecutivas em
todos os períodos, esta diminuição não foi suficiente para anular o efeito do aumento do custo
dos produtos vendidos, resultando em margem operacional negativa em 2006 e 2005. a
margem líquida mostra que houve uma redução das despesas financeiras a partir do ano 2005,
tornando-a superior a margem operacional a partir desse período, dada a existência das
receitas financeiras.
Os índices de rentabilidade revelam o efeito do lucro operacional sobre o ativo e sobre
o patrimônio líquido, refletindo as influências da variação cambial nas exportações, visto que
esta empresa, segundo suas notas explicativas, caracteriza-se como exportadora, tendo vendas
em moeda estrangeira e custos em moeda nacional. Justifica-se tal observação pela ausência
de proporcionalidade entre a variação dos índices de lucratividade e de rentabilidade e pela
análise do índice de desempenho empresarial.
Na Tabela 17 é possível verificar também que a alavancagem financeira, embora seja
um índice positivo e maior que 1,0, prejudica os sócios da empresa, representando aumento
no prejuízo sobre o capital investido. Ainda, em relação ao capital investido, o fato da
margem líquida ser menor que a margem operacional de 2000 a 2004, implica que nesse
período a empresa incorreu em despesas financeiras e não operacionais em nível superior às
receitas de mesma natureza, gerando um retorno total sobre o capital inferior ao retorno
operacional.
126
No confronto com o custo de oportunidade, evidencia-se a perda da atratividade do
negócio nos anos de 2003, 2005 e 2006, com ressalva ao ano de 2003, pois a taxa SELIC
média para o período (23%) foi aproximadamente 5 pontos percentuais superior a média das
taxas do período (18%). Para atingir a lucratividade apresentada pelo custo de oportunidade
em 2006 e 2005, a empresa necessitaria reduzir seus custos e despesas operacionais em 12,6%
e 9,3%, respectivamente, mantendo-se inalteradas as vendas. Do ano de 2000 ao ano de 2002
e no ano de 2004 a lucratividade da empresa foi maior que o custo de oportunidade.
Os indicadores do EBITDA apresentam, assim como na margem operacional, margens
negativas nos anos de 2005 e 2006. Nos demais períodos houve variação no cash flow entre
7,4% e 45% e na margem do EBITDA entre 4,6% e 21,2%. Como conseqüência, observa-se
que o índice de cobertura de juros não contribuiu para o pagamento destes no ano de 2006 e
2005 e contribuiu com parte nos anos de 2004 a 2002 e no ano de 2000. Já no ano 2001,
contribuiu para a cobertura da totalidade dos juros e/ou despesas financeiras.
O perfil de endividamento da empresa no período aponta para financiamentos de curto
prazo com percentuais próximos ou superiores a 90% do montante. a participação do
capital de terceiros, que atingiu 154% do patrimônio líquido no ano de 2000, reduziu para
71% em 2006. O mesmo ocorreu com a dependência financeira da empresa, que passou de
60,7% em 2000 para 41,5% em 2006.
O giro do ativo reflete o aumento no prazo médio de estocagem e no prazo médio de
recebimento, aumentando de 150 para 226 dias. Quanto à imobilização dos recursos não
correntes, os ativos não circulantes atingem participação próxima a 35% destes recursos, ou
seja, 65% deles são destinados ao capital circulante líquido.
Como conseqüência do resultado operacional, a empresa atingiu alavancagem
operacional e total nos anos de 2001, 2002 e 2004. Entretanto, manteve índices de
alavancagem financeira em função da utilização dos resultados financeiros e da não
distribuição de lucros, aumentando a capacidade do capital circulante líquido em financiar
suas vendas, de 39 (ano de 2000) para 96 dias (ano de 2006), conforme se observa pelo
comportamento do coeficiente de overtrading, ao passo que o prazo médio de recebimento
cresceu de 51 para 76 dias no mesmo período.
A taxa de crescimento sustentável em 2006 foi nula e o índice de cobertura dos juros
calculado a partir do lucro operacional manteve o mesmo comportamento do índice do grupo
do EBTIDA. A empresa esteve sob o efeito tesoura no período de 2000 a 2005, porém,
somente no ano de 2000 apresentou tendências de insolvência pela avaliação do termômetro
de insolvência.
127
Na análise das origens e aplicações extraídas da demonstração das origens e aplicações
de recursos (DOAR), as origens superam as aplicações em 57% dos exercícios examinados.
Do montante das origens do período compreendido do ano de 2000 a 2006, aproximadamente
70% provém do lucro do exercício.
Do montante dos lucros auferidos no período de 2000 a 2006, foram distribuídos
aproximadamente 10%, ressalvando-se que esta distribuição ocorreu somente até o ano de
2002. Em relação às aplicações, o imobilizado representa aproximadamente 64%.
4.1.2 Calçados Azaléia S/A
Os indicadores da Calçados Azaléia S/A estão demonstrados na Tabela 18.
Tabela 18: Indicadores de desempenho da Calçados Azaléia S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 1,1
1,2
1,3
1,7
1,6
2,1
2,4
Liquidez geral 1,0
1,2
1,3
1,5
1,3
1,6
1,8
Liquidez
Variação do estoque de liquidez -0,7%
0,6%
-1,1%
-14,0%
3,3%
-7,4%
17,3%
Prazo médio de estocagem (dias) 67
54
44
46
55
52
51
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 104
99
94
109
117
110
112
Margem bruta 19,9%
25,6%
29,2%
23,0%
27,1%
28,0%
31,5%
Margem líquida 17,1%
6,4%
4,1%
2,1%
15,3%
8,3%
7,1%
Lucratividade
Margem operacional -20,2%
-7,5%
-3,2%
-6,0%
-6,7%
-0,8%
-3,9%
Retorno sobre ativo -20,5%
-9,9%
-4,9%
-8,5%
-9,0%
-1,1%
-5,5%
Retorno sobre patrimônio líquido -15,5%
-8,6%
-4,1%
-7,4%
-8,8%
-1,1%
-5,1%
Valor econômico agregado -117.045
-101.437
-74.099
-116.449
-100.052
-63.627
-75.326
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial -6,3%
-4,0%
-1,6%
-4,6%
-0,8%
2,0%
-1,2%
Cash flow -8,5%
-4,0%
-1,4%
-3,2%
-3,6%
1,3%
-1,3%
Margem do EBITDA -18,0%
-5,7%
-1,6%
-4,2%
-4,7%
1,4%
-1,6%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA - - - - - 14,1%
-
Composição do endividamento 74,0%
84,7%
88,2%
74,9%
79,6%
70,9%
74,1%
Dependência financeira 37,6%
39,5%
37,1%
31,4%
43,6%
39,3%
37,0%
Endividamento
Participação do capital terceiros 60,3%
65,4%
59,1%
45,8%
77,4%
64,7%
58,7%
Giro do ativo 1,0
1,3
1,5
1,4
1,3
1,4
1,4
Giro do ativo - dias 354
274
236
255
269
257
256
Imobilização do patrimônio líquido 102,0%
87,9%
81,1%
75,0%
75,8%
64,1%
50,5%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 88,2%
79,9%
75,8%
67,3%
65,5%
53,9%
43,8%
Grau de alavancagem financeira 0,8
0,9
0,8
0,9
1,0
1,0
0,9
Grau de alavancagem operacional -2,4
-6,2
8,9
1,7
-64,0
-18,5
-489,3
Alavancagem
Grau de alavancagem total -1,8
-5,4
7,5
1,4
-63,1
-18,7
-457,8
Coeficiente de overtrading - rotação 35,76
11,96
10,67
6,39
4,51
3,44
2,59
Demais
Coeficiente de overtrading - dias 10
30
34
56
80
105
139
continua ...
128
... continuação
Capital de giro 3,7%
7,4%
12,1%
17,9%
21,9%
29,7%
29,2%
Taxa de crescimento sustentável -7,2%
-1,8%
-9,4%
1,0%
-1,9%
-0,3%
-0,4%
Previsão de insolvência -2,85
-4,97
-5,17
-7,04
-4,34
-6,99
-9,85
Efeito tesoura -12.226
732
-12.767
-4.975
-15.624
485
42.323
Demais
Índice de cobertura de juros -639,7%
-191,0%
-91,0%
-83,8%
-61,5%
-7,5%
-76,8%
Consoante a Tabela 18, os índices de liquidez corrente da empresa oscilaram entre
1,10 e 2,40, apresentando para o período de 2000 a 2006 uma variação negativa de 55% e
mediana de 1,60. Seguindo a mesma tendência, a liquidez geral reduziu de 1,80 para 1,00.
Neste caso, a variação negativa do período ficou em 48%, comparando-se o ano de 2006 ao
ano de 2000 e a mediana foi de 1,30.
Dentre os ativos de curto prazo, houve redução do saldo da conta clientes e da conta
disponibilidades, que apresentaram em 2006 níveis de 61% e 32%, respectivamente, abaixo
da média dos saldos do período. Nos passivos de curto prazo, a conta de maior saldo nos
últimos 3 exercícios são as dívidas com pessoas ligadas. Quanto aos ativos de longo prazo, a
conta impostos representou de 50% a 80% do saldo do grupo e no passivo de longo prazo,
destacam-se os empréstimos e dívidas com pessoas ligadas. A redução da liquidez é
comprovada pelos índices negativos da variação do estoque de liquidez que oscilaram entre -
14,3% e 17,3% durante o período examinado. Se comparada a variação do ano 2006 ao ano
2000, verifica-se uma queda de 104% na capacidade da empresa em aumentar suas
disponibilidades.
Destaca ainda o aumento do prazo médio de estocagem e de recebimento, quando
relacionados principalmente ao ano de 2004, período no qual a empresa obteve os menores
prazos para ambos indicadores. Entretanto, se comparado o ano de 2006 ao ano 2000, o prazo
médio de estocagem aumentou 32% e o prazo médio de recebimento reduziu em 7%.
A margem bruta, com redução de 36,8% no ano 2006 em relação ao ano 2000, indica a
tendência de manutenção dos custos fixos e/ou aumento dos custos totais de produção. A
oscilação desta margem no período ficou entre 19,9% e 31,5%. Já a margem operacional foi
negativa em todo o período, com oscilações de -0,8% e -20,2%, apresentando variação
negativa de 417,4% na comparação do primeiro com o último período estudado. Entretanto, a
margem líquida do período 2000-2006 evoluiu 141,3% impulsionada pela equivalência
patrimonial.
Em decorrência da margem operacional, têm-se no retorno sobre o ativo e sobre o
patrimônio líquido, índices negativos que oscilam entre -20,5% e 1,1%; e -15,5% e 1,1%,
respectivamente. A mediana para o ROA (retorno sobre o ativo) ficou em -8,5% e para o ROE
129
(retorno sobre o patrimônio líquido) em -7,4%. Em níveis menores de perda, o índice de
desempenho empresarial apresenta margens negativas entre -6,3% e -0,8%; exceto no ano
2001 que apresenta margem positiva de 2%.
Observa-se na Tabela 18, que a alavancagem financeira, quando positiva e menor que
1,0, resultante da redução de prejuízos impacta em benefício aos cios da empresa, visto que
reduz a margem de prejuízos em relação ao capital investido. Há também, resultados positivos
da equivalência patrimonial em todos os períodos e receitas financeiras superiores as despesas
de mesma natureza nos períodos de 2000 a 2002 e 2006, que implicam na reversão dos
prejuízos da atividade operacional e na geração de retorno total sobre o capital investido.
O valor econômico agregado da empresa indica que para igualar a lucratividade da
operação ao custo de oportunidade utilizado para o cálculo, seria necessário economizar
valores de 9% a 23% da venda líquida dos respectivos exercícios. Este comentário não se
aplica ao ano 2006, quando as vendas reduziram 33% em relação ao ano anterior, sendo que
neste caso o custo de oportunidade representa 40% delas.
Em função do prejuízo operacional, exceto no ano 2001, o EBITDA foi negativo em
todos os demais períodos analisados. Os índices positivos do ano 2001 são de 1,3% para o
cash flow e 1,4% para a margem do EBITDA. Verifica-se também que em período algum
houve contribuição para cobertura dos juros ou despesas financeiras.
A dependência financeira de capital de terceiros aponta oscilações de 31,4% a 43,6%
encerrando 2006 com 37,6%, dos quais 74% eram dívidas de curto prazo. O capital de
terceiros representava 60,3% do patrimônio líquido do ano 2006.
Em relação ao giro do ativo, percebem-se oscilações de 236 a 354 dias, ou seja, o ativo
passou em 2006 a girar somente uma vez por ano. Pela imobilização do capital próprio, cujos
índices cresceram 102% no período (passaram de 50,5% em 2000 para 102% em 2006),
verifica-se que os investimentos de 2006 foram parcialmente financiados por recursos de
terceiros de longo prazo. A imobilização dos recursos não correntes também registrou um
crescimento de 101,2% comparando-se o ano 2006 (88,2%) em relação ao ano 2000 (43,8%).
Verifica-se também pela Tabela 18 que tanto a alavancagem financeira quanto
operacional inexistiu no período examinado influenciada principalmente pelo prejuízo
operacional e pela distribuição de dividendos. Devido ao prejuízo operacional, também não
houve contribuição para a cobertura de juros e despesas financeiras.
No que tange o capital de giro, o efeito tesoura e a taxa de crescimento sustentável,
estes confirmam os índices do coeficiente de overtrading demonstrando que a empresa corre
130
riscos de não ter capital circulante líquido para financiar suas vendas, embora ainda não
apresente risco de insolvência.
Analisando-se a demonstração de origens e aplicações de recursos, verifica-se que
somente no ano 2000 as origens foram superiores as aplicações, ou seja, parte das aplicações
de longo prazo foram financiadas por recursos de curto prazo. As aplicações no imobilizado
representam 10% das aplicações totais do período examinado, sendo que o nível de
imobilizações apresenta-se decrescente no período. a distribuição de lucros representou
29,7% das aplicações, comprometendo aproximadamente 76% dos lucros acumulados no
período examinado.
4.1.3 Calçados Beira Rio S/A
Os indicadores da Calçados Beira Rio S/A estão demonstrados na Tabela 19.
Tabela 19: Indicadores de desempenho da Calçados Beira Rio S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 2,8
2,4
3,2
2,2
2,2
7,5
5,1
Liquidez geral 2,3
2,0
3,4
2,5
2,4
6,5
3,6
Liquidez
Variação do estoque de liquidez 18,6%
0,9%
0,6%
-2,9%
-9,7%
-0,5%
0,6%
Prazo médio de estocagem (dias) 32
40
52
60
45
39
37
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 58
63
67
114
122
105
100
Margem bruta 28,5%
28,5%
28,9%
28,5%
24,4%
28,7%
36,2%
Margem líquida 6,1%
1,9%
3,1%
0,4%
-4,2%
4,6%
9,3%
Lucratividade
Margem operacional 11,3%
5,5%
6,7%
3,5%
-2,2%
7,4%
16,7%
Retorno sobre ativo 28,3%
10,8%
11,0%
4,4%
-3,1%
12,8%
30,5%
Retorno sobre patrimônio líquido 37,1%
14,2%
13,9%
6,2%
-3,5%
12,6%
32,2%
Valor econômico agregado 18.088
-4.005
-1.906
-16.221
-24.727
-5.407
16.500
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 23,8%
8,9%
9,3%
3,7%
-3,6%
10,0%
24,0%
Cash flow 26,7%
18,8%
16,1%
6,5%
-0,5%
14,0%
29,2%
Margem do EBITDA 12,8%
10,3%
10,3%
5,5%
-0,4%
9,9%
19,0%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA 664,2%
428,6%
644,0%
233,7%
- 407,7%
424,0%
Composição do endividamento 79,2%
75,4%
93,9%
92,8%
93,1%
85,2%
70,9%
Dependência financeira 34,2%
37,9%
20,3%
29,4%
33,8%
11,8%
20,9%
Endividamento
Participação do capital terceiros 52,1%
61,1%
25,4%
41,7%
51,0%
13,4%
26,5%
Giro do ativo 2,5
2,0
1,6
1,3
1,4
1,7
1,8
Giro do ativo - dias 144
184
220
288
260
210
197
Imobilização do patrimônio líquido 34,9%
41,9%
38,5%
36,0%
29,7%
26,1%
30,5%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 31,5%
36,4%
37,9%
34,9%
28,7%
25,6%
28,3%
continua ...
131
... continuação
Grau de alavancagem financeira 1,3
1,3
1,3
1,4
1,1
1,0
1,1
Grau de alavancagem operacional 9,2
-1,2
12,3
1,5
5,8
7,0
8,4
Alavancagem
Grau de alavancagem total 12,1
-1,6
15,6
21,0
6,5
6,9
8,8
Coeficiente de overtrading - rotação 5,40
5,90
5,07
4,88
4,06
2,79
2,91
Coeficiente de overtrading - dias 67
61
71
74
89
129
124
Capital de giro 37,7%
49,7%
45,9%
47,1%
56,8%
54,7%
51,1%
Taxa de crescimento sustentável 11,1%
2,4%
0,7%
0,3%
0,9%
- 1,6%
Previsão de insolvência -10,78
-6,07
-10,67
-6,35
-4,70
-17,37
-16,00
Efeito tesoura 13.446
-12.062
-4.774
-16.718
-25.101
14.918
13.494
Demais
Índice de cobertura de juros 590,0%
229,0%
417,7%
150,1%
-27,3%
307,2%
373,3%
Os índices de liquidez corrente no período examinado denotam uma variação negativa
de 45% do índice de 2006 (2,80) em relação ao ano 2000 (5,10). A variação do indicador no
período, conforme a Tabela 19, foi de 2,20 a 7,50. A liquidez geral demonstrou tendência
semelhante com oscilações de 2,00 a 6,50, encerrando o exercício 2006 em 2,30. Quanto à
variação no estoque de liquidez, esta se apresentou negativa nos anos de 2001 a 2003, sendo
que nos demais exercícios atingiu índices de 0,6% até 18,6%.
Tanto prazo médio de estocagem quanto de recebimento demonstraram redução de
15% e 43%, respectivamente, se comparados os índices do ano de 2006 ao ano de 2000. As
vendas líquidas cresceram consecutivamente desde o ano 2004, o que não ocorreu com os
níveis de estoques e de clientes, pressupondo-se alterações na política de estoque e de crédito
da empresa.
Na análise da margem bruta, verifica-se que de 2000 a 2006 houve uma redução de
21,3% originada pela queda das vendas. Porém, a partir de 2003 a margem tende a estabilizar
em 28,5% no período. A partir de 2004, um constante aumento das vendas e, de forma
proporcional, do custo dos produtos vendidos, pressupondo-se maior eficiência na diluição
dos custos fixos, visto que a margem bruta, embora seja estável em relação às vendas,
apresenta um incremento em relação aos anos anteriores. Já as despesas operacionais sofreram
acréscimo somente no ano 2005. Em 2006, a redução dos custos e despesas operacionais
propiciou a elevação da margem operacional em aproximadamente 6 pontos percentuais.
Com exceção ao ano 2002, quando registrou prejuízo, a empresa obteve margens
positivas tanto em relação ao lucro operacional quanto em relação ao lucro líquido. A
primeira teve variações de 3,5% a 16,7% e a segunda de 0,4% a 9,3%, com destaque ao ano
2000 quando apresentou a melhor lucratividade devido ao menor custo de produção em
relação às vendas.
132
O exercício de 2000 também foi o que apresentou melhor retorno sobre o ativo, porém
em relação ao patrimônio líquido, o melhor retorno foi gerado no ano 2006, devido à redução
do patrimônio líquido pelo aumento de ações em tesouraria. O índice de desempenho
empresarial decai durante o período, mas retoma em 2006, os níveis de rentabilidade do ano
2000, em torno de 24%. Ressalva-se que durante o período a empresa incorreu em despesas
financeiras, reduzindo o resultado do exercício e, conseqüentemente, o retorno total sobre o
patrimônio líquido em relação ao retorno gerado pela atividade operacional.
O aumento do lucro operacional no ano 2006 refletiu na geração de valor econômico
agregado para a empresa, fato também ocorrido no ano 2000. Nos demais anos, o lucro
operacional necessitaria de um incremento de aproximadamente 102% para atingir o valor do
custo de oportunidade estimado para o período.
Assim como a margem operacional, as margens do EBITDA também são negativas no
ano 2002, ano em que o EBITDA não contribuiu para a cobertura de juros e despesas
financeiras. Nos demais períodos a empresa apresentou capacidade de cobertura total dos
juros e despesas financeiras. As margens de geração de caixa variam de 5,5% a 19%, sendo
que em 2006 o EBITDA representava 26,7% do ativo operacional e 12,8% das vendas
líquidas.
Das dívidas com terceiros, de 70% a 94% se constituíram de curto prazo, atingindo
37,9% do ativo total no ano 2005. Na relação com o patrimônio líquido o capital de terceiros
oscilou entre 13% (ano 2001) e 61% (ano 2005). A empresa manteve empréstimos de curto
prazo durante todo o período e nos últimos 2 anos captou empréstimos de longo prazo e
alongou o prazo dos impostos a pagar.
O giro do ativo aumentou 36,7% em 2006 comparado ao ano 2000, passando de 1,8 a
2,5 giros, ou seja, um prazo médio de rotação do ativo de 144 dias. Pode-se dizer que o ativo
passou a girar mais rápido em função da redução do prazo médio de estocagem e de
recebimento.
Os índices de imobilização do patrimônio líquido e dos recursos não correntes são
semelhantes, visto que o exigível a longo prazo não possui relevância no período examinado.
Estes índices oscilam entre 26% e 42%.
A alavancagem financeira da empresa apresentou mediana de 1,3 e registrou
alavancagem operacional em 2006 (9,2), 2004 (12,3) e 2000 (8,4). A alavancagem total nos
mesmos períodos registrou índices de 12,1; 15,6; e 8,8 respectivamente.
Embora tenha estado sob o efeito tesoura em 4 exercícios, a empresa apresentou taxas
positivas de crescimento sustentável em todos os períodos, e o índice de cobertura de juros
133
comportou-se de forma semelhante ao índice calculado com o EBITDA, bem como não
demonstrou risco de insolvência.
Na análise do coeficiente de overtrading, identifica-se a redução da capacidade do
capital circulante líquido em financiar as vendas da empresa, mas ainda com folga de 9 dias
em relação ao prazo médio de recebimento das duplicatas a receber. Alerta-se, porém, que se
o ritmo de crescimento deste coeficiente permanecer, a empresa tende a perder a capacidade
de financiar suas vendas, correndo o risco de entrar em overtrading.
Pela análise das origens e aplicações de recursos constantes da DOAR, tem-se que as
origens dos recursos superam as aplicações em 57% do período examinado. As aplicações no
imobilizado (16%) e os lucros distribuídos (25%) perfazem 41% do total de aplicações. Os
lucros auferidos nos exercícios analisados representam 31% do montante das origens, sendo
que 86% deles foram distribuídos.
4.1.4 Dilly Nordeste S/A
Os indicadores da Dilly Nordeste S/A estão demonstrados na Tabela 20.
Tabela 20: Indicadores de desempenho da Dilly Nordeste S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 2,1
2,5
2,1
1,8
3,3
3,1
3,8
Liquidez geral 1,5
1,4
1,8
1,8
1,7
1,6
1,3
Liquidez
Variação do estoque de liquidez -0,4%
0,1%
0,6%
-1,5%
3,4%
2,7%
2,7%
Prazo médio de estocagem (dias) 62
69
50
36
37
80
110
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 60
45
38
61
89
92
60
Margem bruta 21,0%
20,7%
35,2%
35,9%
36,7%
41,9%
55,4%
Margem líquida -1,0%
1,5%
9,9%
9,4%
14,3%
14,7%
25,6%
Lucratividade
Margem operacional 1,2%
4,1%
16,1%
15,3%
21,3%
23,2%
39,6%
Retorno sobre ativo 1,3%
4,5%
22,7%
24,6%
37,1%
35,6%
70,4%
Retorno sobre patrimônio líquido 2,3%
7,9%
45,3%
55,2%
68,4%
72,3%
171,7%
Valor econômico agregado -11.756
-8.432
14.485
8.913
8.645
4.897
5.737
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 0,9%
4,6%
26,0%
29,7%
39,9%
40,9%
89,2%
Cash flow 7,1%
7,7%
24,0%
25,7%
37,9%
37,4%
73,4%
Margem do EBITDA 6,7%
7,2%
17,4%
16,4%
22,8%
25,2%
42,0%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA 176,0%
243,2%
847,4%
794,4%
1559,9%
1056,1%
1902,1%
Composição do endividamento 43,8%
40,0%
42,8%
41,4%
51,5%
48,3%
34,5%
Dependência financeira 48,0%
46,2%
43,2%
48,7%
48,2%
48,1%
58,1%
Endividamento
Participação do capital terceiros 92,1%
85,9%
76,2%
128,6%
93,0%
92,5%
138,9%
continua ...
134
... continuação
Giro do ativo 1,1
1,1
1,4
1,6
1,7
1,5
1,8
Giro do ativo - dias 331
329
255
224
207
235
202
Imobilização do patrimônio líquido 51,2%
62,5%
38,2%
33,9%
32,6%
48,1%
55,1%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 33,7%
41,2%
26,6%
19,3%
22,5%
32,6%
28,8%
Grau de alavancagem financeira 1,9
1,8
2,0
2,2
1,8
2,0
2,4
Grau de alavancagem operacional -3,5
-20,9
1,2
0,2
0,8
-0,1
9,0
Alavancagem
Grau de alavancagem total -6,6
-37,1
2,4
0,5
1,5
-0,2
21,9
Coeficiente de overtrading - rotação 5,46
4,67
7,43
9,60
2,72
3,10
2,41
Coeficiente de overtrading - dias 66
77
48
37
133
116
149
Capital de giro 32,0%
32,4%
20,6%
16,1%
55,3%
49,1%
55,0%
Taxa de crescimento sustentável -0,2%
2,6%
2,3%
-46,5%
45,7%
55,2%
130,9%
Previsão de insolvência -1,79
-2,37
-8,58
-7,44
-10,74
-7,46
-10,12
Efeito tesoura -15.250
-8.450
-345
-116
1.273
23
269
Demais
Índice de cobertura de juros 30,5%
137,1%
783,7%
738,8%
1460,0%
975,2%
1792,7%
A Tabela 20 mostra uma queda de 45% do índice de liquidez corrente no ano 2006
(2,10) em relação ao índice do ano 2000 (3,80), ocorrida em função da captação de
empréstimos de curto prazo. As oscilações dos índices de liquidez corrente no período
ficaram entre 1,80 e 3,80. A liquidez geral oscilou entre 1,30 e 1,80, apresentando índice de
1,50 em 2006, ou seja, 16% superior ao índice do ano 2000 que era de 1,30. Este crescimento
foi impulsionado pelo aumento do saldo da conta de créditos de pessoas ligadas. Houve
também aumento dos empréstimos de longo prazo, porém em menor proporção aos créditos
de longo prazo. A empresa obteve também variação positiva do estoque de liquidez em 5 dos
7 exercícios examinados.
Os prazos médios de estocagem e recebimento obtiveram sua maior rotatividade em
2003 (36 dias) e 2004 (38 dias), respectivamente. Comparando-se o ano de 2006 ao ano 2000,
houve uma redução de 44% no prazo médio de estocagem e estabilidade no prazo médio de
recebimento.
Com exceção da margem líquida negativa no ano 2006 (-1%), a empresa alcançou
índices de lucratividade positiva em todos os demais períodos, porém com redução
significativa. Considerando-se o ano 2000 como o de melhores margens, observa-se que
houve redução de 62,1% da margem bruta, 103,7% da margem líquida e 97,1% da margem
operacional quando comparadas com as margens do ano 2006. Observa-se que no período
examinado o custo dos produtos vendidos e as despesas operacionais quidas tiveram
aumentos maiores proporcionalmente que o aumento das vendas. Por exemplo, em 2006
houve aumento de 67% das despesas com vendas contra 18,7% das vendas líquidas.
135
A redução da lucratividade reflete na redução de quase 100% dos índices de
rentabilidade e retorno (2000-2006), ficando em 2006 entre 1% e 2% conforme a Tabela 20.
Além disso, não houve geração de valor econômico agregado nos últimos 2 anos. Do período
2000 a 2004 a lucratividade da operação excedeu ao custo de oportunidade, porém nos anos
2005 e 2006 houve perda na atratividade do negócio em aproximadamente 6% das vendas
líquidas. o retorno total sobre o capital investido apresenta índices menores em relação ao
retorno gerado pela atividade, impactado por despesas financeiras e não operacionais
superiores às receitas de mesma natureza.
Embora o índice de cobertura de juros, calculado a partir do EBITDA, sempre
demonstrou capacidade de contribuir para o pagamento total dos juros e despesas financeiras,
a geração de caixa da atividade operacional (cash flow) sofreu reduções constantes, passando
de 73,4% no ano 2000 para 7,1% no ano 2006. Da mesma forma, as margens do EBITDA
sobre vendas diminuíram de 42% para 6,7%.
o perfil de endividamento apresenta tendência de redução. Mesmo com o
crescimento das dívidas de curto prazo, que em 2006 eram de 43,8% das dívidas totais contra
34,5% do ano 2000, a dependência financeira da empresa em relação ao capital de terceiros
decresceu 17,5%, atingindo 48% no ano 2006. A representatividade do capital de terceiros
sobre o patrimônio líquido também decresceu 33,7%, passando de 138,9% (ano 2000) para
92,1% (ano 2006). O menor índice, porém, foi 76,2%, alcançado em 2004.
O giro do ativo que no ano 2000 era de 202 dias, atingiu seu pior índice em 2006 (331
dias), principalmente pelo aumento da conta de créditos de pessoas ligadas. A imobilização do
patrimônio líquido variou de 32,6% a 62,5% e imobilização dos recursos não correntes de
19,3% a 41,2%.
Quanto ao grau de alavancagem financeira, manteve-se positivo em todo o período
examinado, porém o grau de alavancagem operacional revela retração (retorno inferior ao
investimento) nos anos de 2001 a 2003, 2005 e 2006, o mesmo ocorrendo com o grau de
alavancagem total.
O capital de giro da empresa no ano de 2006 ficou em 32% e com exceção aos anos
2003 e 2006, a empresa registrou taxas de crescimento sustentável. O efeito tesoura é
evidenciado nos últimos quatro anos da análise, embora não ocorram indícios de insolvência.
o índice de cobertura de juros calculado a partir do lucro operacional indica capacidade de
contribuição para o pagamento dos juros e/ou despesas financeiras até o ano 2005.
Considerando-se que o capital circulante líquido consegue financiar as vendas por 66
dias, tem-se um alerta para a proximidade para com o prazo médio de recebimento. Em 2000,
136
o capital circulante líquido tinha capacidade de financiar 2,5 vezes a rotação da conta clientes,
ou seja, financiava 149 dias de vendas.
Pela análise da DOAR, verifica-se que as origens são sobressalentes em 6 dos 7
exercícios e as aplicações em imobilizado representam 42,5% das aplicações totais do período
de 2000 a 2006. Quanto aos lucros auferidos no período de 2000 a 2006, aproximadamente
48% foram distribuídos, representando 11,8% das aplicações do período. Em relação às
origens, o montante dos lucros representa 19,5%.
4.1.5 Calçados Fillis S/A
Os indicadores da Calçados Fillis S/A estão demonstrados na Tabela 21.
Tabela 21: Indicadores de desempenho da Calçados Fillis S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 2,2
2,2
2,3
2,0
2,1
2,0
1,9
Liquidez geral 2,1
2,2
2,3
2,0
2,1
2,0
2,0
Liquidez
Variação do estoque de liquidez -0,9%
0,6%
-2,5%
0,9%
-1,6%
-2,5%
4,7%
Prazo médio de estocagem (dias) 123
129
95
85
83
78
70
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 76
104
80
100
88
81
83
Margem bruta 6,4%
-8,7%
8,8%
11,9%
22,3%
18,6%
13,9%
Margem líquida -6,4%
0,5%
-1,1%
-1,6%
7,5%
4,3%
1,6%
Lucratividade
Margem operacional -6,4%
-23,6%
-1,5%
2,9%
13,9%
9,4%
4,7%
Retorno sobre ativo -5,8%
-19,0%
-2,2%
4,5%
25,8%
17,1%
8,1%
Retorno sobre patrimônio líquido -9,2%
-29,7%
-3,5%
7,3%
42,2%
27,3%
11,6%
Valor econômico agregado -3.377
-7.107
-2.886
-2.444
3.306
1.216
-589
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial -7,1%
-16,1%
-2,2%
3,4%
25,1%
16,2%
7,1%
Cash flow -5,6%
-18,3%
-1,3%
5,8%
26,0%
17,5%
9,2%
Margem do EBITDA -6,4%
-23,6%
-0,9%
3,9%
14,7%
10,4%
5,9%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA - - - 70,2%
341,5%
245,1%
183,9%
Composição do endividamento 93,1%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Dependência financeira 39,4%
39,3%
37,1%
42,3%
41,2%
42,6%
41,3%
Endividamento
Participação do capital terceiros 64,9%
64,9%
59,0%
73,3%
70,0%
74,4%
70,4%
Giro do ativo 0,9
0,8
1,4
1,6
1,9
1,8
1,7
Giro do ativo - dias 403
448
252
231
194
198
209
Imobilização do patrimônio líquido 29,9%
24,7%
25,2%
23,4%
22,5%
25,8%
32,9%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 28,6%
24,7%
25,2%
23,4%
22,5%
25,8%
32,9%
Grau de alavancagem financeira 1,6
1,6
1,6
1,6
1,6
1,6
1,4
Grau de alavancagem operacional -18,3
-14,5
6,7
4,8
5,0
6,1
3,3
Alavancagem
Grau de alavancagem total -29,1
-22,6
10,7
7,9
8,1
9,8
4,7
continua ...
137
... continuação
Coeficiente de overtrading - rotação 2,25
1,98
3,44
3,76
3,84
3,94
3,71
Coeficiente de overtrading - dias 160
182
105
96
94
91
97
Capital de giro 70,5%
68,0%
69,5%
70,9%
67,6%
64,5%
56,7%
Taxa de crescimento sustentável - - - -24,7%
18,5%
6,7%
109,4%
Previsão de insolvência -1,11
-2,15
-4,88
-2,89
-4,88
-3,64
-3,49
Efeito tesoura -5.480
-5.299
-5.088
-6.786
-5.565
-4.708
-3.218
Demais
Índice de cobertura de juros -82,4%
-300,0%
-30,7%
52,1%
322,1%
221,9%
147,5%
A empresa apresenta, de acordo com a Tabela 21, aumento de 14% na liquidez
corrente do período 2006-2000 com variações de 1,90 a 2,30. A liquidez geral aumentou 6%
no mesmo período com variação de 2,00 a 2,30. a variação no estoque de liquidez, oscilou
entre períodos de índices positivos e outros negativos, sendo que somente no ano 2000 atingiu
4,7%. Nos demais não ultrapassou 0,9%.
Os índices se mantém pelo equilíbrio na movimentação de ativos e passivos de curto e
longo prazo. No ano de 2006, por exemplo, a conta de fornecedores reduziu em torno de
42%, comparando-se ao saldo de 2005, enquanto que a conta clientes sofreu redução em torno
de 57%. Ressalva-se que consta do ativo circulante, saldos crescentes de impostos a
recuperar, o que representava 44,6% em 2006.
A redução no saldo da conta clientes refletiu na redução do prazo médio de
recebimento de 104 dias em 2005 para 76 dias em 2006. A alteração também foi influenciada
pelo crescimento das vendas. Estes dois períodos correspondem ao menor e ao maior prazo
médio de recebimento do período examinado, cuja mediana é 83 dias.
o prazo médio de estocagem cresceu 75% no período 2006-2000 passando de 70
dias em 2000 para 123 dias em 2006. O maior pico foi de 129 dias em 2005. Esse aumento no
prazo foi influenciado pela redução dos estoques em níveis inferiores à redução das vendas,
exceto no ano 2006 quando houve crescimento nas vendas e redução dos estoques.
As margens de lucratividade apresentam-se positivas em 6 períodos em relação à
margem bruta e em 4 períodos em relação à margem líquida e operacional. As margens
oscilaram entre -8,7% a 22,13% na margem bruta, entre -6,4% a 7,5% na margem líquida e
entre -23,6% a 13,9% na margem operacional.
Coincidentemente no ano 2006, a margem bruta apresenta índice de 6,4% e as
margens líquidas e operacionais apresentam índice negativo de 6,4% em ambos os índices.
Decorre esse fato do valor das despesas operacionais serem aproximadamente o dobro do
lucro bruto e as despesas financeiras líquidas equipararam-se ao resultado não operacional,
mantendo o valor do prejuízo líquido muito próximo ao valor do prejuízo operacional.
138
Influenciados pelo lucro ou prejuízo operacional, os índices de rentabilidade e retorno
se apresentaram positivos do ano 2000 ao ano 2003 e negativos de 2004 a 2006. O retorno
sobre o ativo oscilou entre -19% e 25,8%, o retorno sobre o patrimônio líquido entre -29,7% e
42,2% e o índice de desempenho empresarial entre -16,1% e 25,1%. Na Tabela 21 percebe-se
que a alavancagem financeira é superior a 1,0 e origina-se de índices negativos, prejudicando
os sócios, pois indica um prejuízo maior em relação ao capital investido. O retorno sobre o
patrimônio líquido, se verificado o retorno total e não somente o gerado pela atividade
operacional, altera-se basicamente em função de receitas e despesas financeiras, sendo
semelhantes no ano de 2006 e apresentando melhores índices de retorno total nos anos de
2004 e 2005, e índices inferiores nos demais períodos.
Quanto ao valor econômico agregado, o lucro operacional excedeu o custo de
oportunidade estipulado em 2 períodos e ficou aquém nos demais. Para atingir a rentabilidade
estipulada os custos e despesas operacionais necessitariam reduzir percentuais de 1,6% a
30%, de acordo com o período.
Em consonância com os indicadores de rentabilidade e retorno, os indicadores do
EBITDA apresentam geração de caixa positiva do ano 2000 a 2003 e negativa do ano 2004 a
2006, o que ocorre também com a margem do EBITDA. As oscilações são de -18,3% a 26%
para o primeiro e de -23,6% a 14,7% para o segundo. Pelo índice de cobertura de juros, o
EBITDA contribui para o pagamento destes nos anos de 2000 a 2002, contribui parcialmente
no ano 2003 e nos demais anos não contribui devido ao prejuízo operacional.
O perfil de endividamento da empresa é de curto prazo, tendo leve alteração em 2006
quando 7% davida era de longo prazo. A dependência financeira da empresa em relação ao
capital de terceiros ficou ao redor de 40% em todo o período examinado. a
representatividade do capital de terceiros em relação ao capital próprio oscilou entre 59% e
74,4%, com mediana de 70%. Em 2006 o capital de terceiros representou 65% do valor do
capital próprio, resultando numa melhora de 7,8% em relação ao ano 2000.
Conforme mencionado na análise sobre a liquidez, a empresa possui saldos
crescentes de impostos a recuperar, representando 36,5% do ativo total do ano 2006. Esse
saldo impacta no giro do ativo que nos períodos do exame teve variação entre 0,8 e 1,9 vezes.
Em 2006 o giro do ativo era de 403 dias.
Tanto a imobilização do capital próprio quanto a imobilização dos recursos não
correntes apresentam índices próximos a 30% em 2006. No período, a variação foi de 22,5% a
32,9% para ambos.
139
O grau de alavancagem financeira estabilizou-se em 1,6 de 2001 a 2003, sendo que de
2004 a 2006 não houve alavancagem. Já a alavancagem operacional ocorreu nos períodos
2001 e 2002, assim como a alavancagem total. Se comparado o prazo médio de recebimento à
capacidade do capital circulante líquido em financiar as vendas, que em 2006 era de 160 dias,
verifica-se que a empresa possui fôlego financeiro para financiar os clientes. O capital de giro,
de 70,5% em 2006 ilustra a informação.
A empresa também não apresenta riscos de insolvência, entretanto, esteve sob o efeito
tesoura, ou seja, necessidade de capital de giro maior que o capital circulante líquido, em
todos os períodos analisados, utilizando-se de recursos de terceiros para suprir suas
necessidades. O prejuízo dos últimos exercícios se reflete na taxa de crescimento sustável,
verificada somente do ano 2000 a 2002, período no qual o lucro operacional possui
capacidade de cobertura dos juros e/ou despesas financeiras.
Os investimentos em imobilizado representam 71,2% das aplicações totais do período,
as quais se apresentam superiores às origens de recursos em 2003, 2004 e 2006. Dos lucros
auferidos até o ano de 2002, 21,1% foram distribuídos. Nesse mesmo período, os lucros
representavam 66,8% das origens de recursos conforme apresentado na demonstração de
origens e aplicações de recursos.
4.1.6 Calçados Jacob S/A
Os indicadores da Calçados Jacob S/A estão demonstrados na Tabela 22.
Tabela 22: Indicadores de desempenho da Calçados Jacob S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 26,5
10,9
12,2
6,9
6,0
5,7
4,2
Liquidez geral 26,5
11,0
12,2
6,9
6,0
5,7
4,2
Liquidez
Variação do estoque de liquidez 0,4%
-2,6%
-3,3%
-10,3%
5,5%
2,3%
3,3%
Prazo médio de estocagem (dias) 91
90
85
89
69
75
65
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 121
111
107
117
107
103
83
Margem bruta 15,1%
24,9%
25,5%
30,2%
36,3%
40,9%
44,8%
Margem líquida -0,7%
-0,2%
-0,1%
-1,5%
12,6%
11,3%
15,4%
Lucratividade
Margem operacional -17,0%
-4,3%
-3,5%
3,6%
14,6%
18,3%
23,7%
Retorno sobre ativo -20,5%
-5,7%
-4,6%
4,9%
26,2%
34,1%
55,8%
Retorno sobre patrimônio líquido -8,6%
-2,6%
-2,3%
2,6%
14,6%
21,6%
35,9%
Valor econômico agregado -13.956
-12.725
-10.924
-12.732
-2.360
2.326
8.394
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial -9,9%
-2,8%
-2,3%
2,0%
17,8%
22,3%
35,7%
continua ...
140
... continuação
Cash flow -7,4%
-1,6%
-1,3%
3,0%
13,0%
18,1%
28,9%
Margem do EBITDA -15,5%
-2,9%
-2,1%
4,7%
15,5%
18,9%
24,3%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA - - - 22,4%
117,5%
198,0%
330,8%
Composição do endividamento 100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Dependência financeira 3,5%
8,4%
7,4%
13,1%
15,1%
16,2%
21,6%
Endividamento
Participação do capital terceiros 3,6%
9,1%
8,0%
15,1%
17,7%
19,4%
27,6%
Giro do ativo 1,2
1,3
1,3
1,4
1,8
1,9
2,4
Giro do ativo - dias 299
273
268
259
200
193
153
Imobilização do patrimônio líquido 8,4%
9,0%
9,8%
10,4%
10,9%
9,3%
10,8%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 8,4%
9,0%
9,8%
10,4%
10,9%
9,3%
10,8%
Grau de alavancagem financeira 0,4
0,5
0,5
0,5
0,6
0,6
0,6
Grau de alavancagem operacional -11,0
-0,5
9,5
2,6
2,4
2,3
1,9
Alavancagem
Grau de alavancagem total -4,6
-0,2
4,7
1,4
1,3
1,4
1,2
Coeficiente de overtrading - rotação 0,70
0,85
0,95
1,07
1,31
1,52
1,90
Coeficiente de overtrading - dias 512
422
380
338
275
236
190
Capital de giro 27,5%
27,9%
27,9%
25,9%
22,6%
27,9%
25,3%
Taxa de crescimento sustentável - - -2,1%
-0,8%
0,7%
1,1%
2,0%
Previsão de insolvência -40,34
-35,18
-33,56
-30,58
-28,06
-25,54
-22,73
Efeito tesoura 36.350
34.979
34.720
34.661
36.797
30.443
27.091
Demais
Índice de cobertura de juros -779,7%
-27,4%
-29,5%
16,8%
111,0%
191,1%
323,0%
De acordo com a Tabela 22, os índices de liquidez corrente da empresa oscilaram
entre 4,20 e 12,20 do ano 2000 a 2005. em 2006, o índice mais que dobrou, passando para
26,50, ou seja, 526% maior que o índice do ano 2000 que era de 4,20. Da mesma forma
ocorrendo com a liquidez geral, pois a ausência de passivos exigíveis de longo prazo e valores
inexpressivos dos ativos de longo prazo tornam os índices praticamente iguais.
Quanto à variação do estoque de liquidez, esta se apresenta negativa de 2003 a 2005,
quando uma redução das disponibilidades em relação aos anos imediatamente anterior e
posterior a esse período.
O aumento da liquidez se pela conversão dos créditos de clientes em
disponibilidades com a redução no nível do saldo da conta clientes e também da conta
estoques. Ambos ocasionados pela queda no valor das vendas.
O aumento do prazo médio de recebimento das contas a receber indica a queda no
valor das vendas desproporcional à queda no saldo da conta clientes indica. O prazo médio de
estocagem também aumentou em decorrência da redução dos estoques em menor escala do
que a redução nas vendas. O prazo médio de recebimento cresceu 47% e o prazo médio de
estocagem 39% quando relacionados o ano de 2006 ao ano de 2000, encerrando o período
examinado em 121 dias e 91 dias respectivamente.
141
Em relação às margens de lucratividade, a margem bruta do período 2006 (15,1%)
decresceu 66,3% em relação ao período 2000 (44,8%), a margem líquida se manteve positiva
até o ano de 2002 e a margem operacional até o ano 2003. No período 2000 a 2006 a margem
líquida oscilou entre -1,5% e 15,4% e a margem operacional entre -17% e 23,7%.
Como conseqüência os índices de rentabilidade apresentaram comportamento
semelhante à margem operacional oscilando entre -20,5% e 55,8% no retorno sobre o ativo,
entre -8,6% e 35,9% no retorno sobre o patrimônio líquido e entre 9,9% e 35,7% no índice de
desempenho empresarial. Novamente, demonstra-se na Tabela 22, que em períodos de
resultados negativos, a alavancagem financeira menor que 1,0 beneficia os sócios. Verifica-se
também que nos anos 2000, 2001 e 2003, as despesas financeiras da empresa superam as
receitas, ocorrendo o inverso nos demais anos, refletindo no resultado do exercício. Dessa
forma, os índices de retorno sobre o patrimônio líquido, se alternam no decorrer do período,
quando comparados o retorno total em relação ao retorno operacional.
O valor econômico agregado indica que nos anos 2000 e 2001 o lucro operacional
excedeu ao custo de oportunidade e nos demais ficou aquém, sendo que para atingi-lo seria
necessária uma redução nos custos e despesas operacionais entre 3,6% até 40%, sem
alterações no valor das vendas. A menor rentabilidade surge pela opção de maior liquidez. Já
o índice de desempenho empresarial apresenta-se positivo do ano 2000 ao ano 2003 e
negativo nos demais. A oscilação do período 2000 (35,7%) a 2006 (-9,9%) foi de -127,9%.
Da mesma forma os indicadores do EBITDA demonstram capacidade de geração de
caixa (cash flow) do ano 2000 a 2003 e incapacidade do ano 2004 a 2006. O índice de
cobertura de juros contribui para o pagamento total dos juros e despesas financeiras dos anos
2000 a 2002, parcial no ano 2003 e não contribui nos demais anos.
A empresa não apresenta dívidas ou quaisquer outras obrigações de longo prazo,
tampouco empréstimos de curto prazo. Isso permitiu uma queda de 84% na dependência
financeira em relação ao capital de terceiros (2006-2000). Quanto à comparação do capital de
terceiros ao capital próprio a queda foi de 87%. A ausência de recursos de terceiros de longo
prazo iguala os índices de imobilização do capital próprio ao de imobilização dos recursos
não correntes. No período examinado a imobilização dos recursos sempre foi inferior a 11%.
O ativo girou entre 1,2 e 2,4 vezes, apresentando seu melhor índice no ano 2000 (2,4),
decrescendo constantemente após esse período até ficar em 1,2 giros no ano 2006, ou seja,
299 dias. Essa variação foi de 169,7% no período 2000-2006. Em função da redução no nível
de atividades, verificada pela redução nas vendas e baixa aplicação em imobilizações, a
142
empresa obteve alavancagem operacional e total somente no ano 2000. a alavancagem
financeira, não foi registrada no período.
O aumento da liquidez propiciou o aumento do capital circulante líquido e,
conseqüentemente, sua capacidade de financiar as vendas da empresa. O coeficiente de
overtrading oscilou de 190 dias em 2000 para 512 dias em 2006, ou seja, uma variação de
170%, visto que além do aumento da liquidez, o valor das vendas também reduziu.
A empresa não esteve sob o efeito tesoura em nenhum dos períodos examinados,
tampouco sofreu risco de insolvência. O capital de giro representou 26,5% do ativo total e não
foi verificada a presença de crescimento sustentável nos anos de 2003 e 2006, cujo fato
ocorreu somente nos anos de 2000 a 2002 na faixa de 0,7% a 2%.
Pela análise da DOAR, com exceção ao ano 2003, as aplicações sempre foram
inferiores às origens dos recursos, sendo que as aplicações em imobilizado representam
33,2% das aplicações totais do período. De 2000 a 2002, os lucros representavam 89,4% das
origens dos recursos daqueles exercícios, sendo que destes forram distribuídos 23,8% aos
acionistas.
4.1.7 Calçados Sândalo S/A
Os indicadores da Calçados Sândalo S/A estão demonstrados na Tabela 23.
Tabela 23: Indicadores de desempenho da Calçados Sândalo S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 0,9
1,0
1,0
1,1
1,1
1,4
1,4
Liquidez geral 0,9
0,9
0,9
0,9
0,9
0,9
0,9
Liquidez
Variação do estoque de liquidez -0,1%
-2,0%
1,3%
-2,3%
0,5%
1,2%
0,5%
Prazo médio de estocagem (dias) 53
68
72
71
69
68
47
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 66
67
56
57
53
52
56
Margem bruta 13,7%
12,9%
19,8%
18,2%
29,1%
27,9%
21,6%
Margem líquida -4,9%
-2,4%
-0,2%
0,4%
0,3%
0,3%
-2,6%
Lucratividade
Margem operacional -2,1%
1,0%
5,1%
4,6%
14,6%
11,5%
3,6%
Retorno sobre ativo -1,6%
0,9%
5,7%
5,0%
17,0%
12,7%
4,4%
Retorno sobre patrimônio líquido -3,7%
2,3%
16,5%
12,7%
37,0%
26,2%
8,0%
Valor econômico agregado -2.370
-2.144
68
-1.267
2.214
1.078
-1.112
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial -3,4%
0,3%
7,3%
6,0%
18,1%
13,1%
3,3%
Cash flow -0,3%
2,2%
6,3%
5,2%
16,3%
12,3%
4,2%
Margem do EBITDA -0,4%
2,5%
5,7%
4,9%
14,6%
11,5%
3,6%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA - 75,1%
106,6%
117,7%
102,3%
103,5%
58,4%
continua ...
143
... continuação
Composição do endividamento 71,9%
72,7%
73,9%
66,5%
67,6%
61,8%
61,3%
Dependência financeira 61,9%
55,4%
66,6%
65,3%
57,5%
54,7%
51,2%
Endividamento
Participação do capital terceiros 162,5%
124,3%
199,4%
188,5%
135,1%
120,7%
105,1%
Giro do ativo 0,8
0,9
1,1
1,1
1,2
1,1
1,2
Giro do ativo - dias 475
402
321
333
310
326
298
Imobilização do patrimônio líquido 118,5%
108,3%
123,4%
126,0%
118,9%
114,9%
113,8%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 81,3%
80,9%
81,2%
77,2%
82,7%
78,6%
80,9%
Grau de alavancagem financeira 2,4
2,6
2,9
2,5
2,2
2,1
1,8
Grau de alavancagem operacional 9,4
2,9
2,0
30,4
7,3
-28,7
-10,3
Alavancagem
Grau de alavancagem total 22,5
7,5
5,8
76,7
15,9
-59,0
-18,9
Coeficiente de overtrading - rotação -13,72
87,93
67,46
18,77
31,61
8,47
9,83
Coeficiente de overtrading - dias -26
4
5
19
11
43
37
Capital de giro 12,4%
23,5%
27,4%
28,4%
17,0%
25,6%
23,0%
Taxa de crescimento sustentável - - - - - - -
Previsão de insolvência 3,97
2,86
4,35
3,43
0,75
-1,11
-1,80
Efeito tesoura -5.713
-6.427
-9.597
-7.550
-3.556
-2.905
-2.322
Demais
Índice de cobertura de juros -74,2%
29,7%
95,4%
111,3%
102,3%
103,5%
58,4%
A Calçados Sândalo possui liquidez corrente de 2000 a 2003, sendo nula no período
2004 e 2005 e insuficiente no período 2006. Já os índices de liquidez geral indicam
insuficiência de recursos em todos os períodos, mas mantendo um equilíbrio entre a
movimentação de suas obrigações com terceiros e seus créditos a receber. Em relação à
variação do estoque de liquidez, a empresa aumentou as disponibilidades de recursos em
relação aos períodos anteriores nos anos de 2000 a 2002 e em 2004, e teve redução nos anos
de 2003, 2005 e 2006.
O prazo médio de estocagem oscilou entre 47 e 72 dias, sendo que em 2006 ficou em
53 dias (14% superior ao prazo médio do ano 2000). o prazo médio de recebimento, teve
variações entre 52 e 67 dias e em 2006 ficou em 66 dias (11% superior ao prazo médio do ano
2000). Pressupõe-se que o aumento do prazo médio de estocagem foi provocado por
desajustes entre o nível de estoques em relação à queda nas vendas e à necessidade de
materiais para o consumo na produção. no prazo médio de recebimento, percebe-se um
alongamento no prazo de financiamento concedido aos clientes, visto que vendas e clientes
mostram relação inversa nos últimos anos.
Os indicadores de lucratividade demonstram que a desproporcionalidade entre a
variação nas vendas e a variação no custo dos produtos vendidos, provavelmente pela
manutenção do nível de custos fixos, provocou oscilações na margem bruta de 12,9% a 29,1%
no período examinado, encerrando 2006 com margem de 13,7%. As despesas operacionais
líquidas também não sofreram alterações para se ajustarem às vendas do exercício,
144
influenciando a margem operacional que oscilou entre -2,1% e 14,6%. Em relação à margem
líquida, esteve próxima de zero ou negativa, oscilando entre -4,9% e 0,4%, influenciada pelas
despesas financeiras.
Impactados pela margem operacional, os índices de rentabilidade e retorno são
positivos de 2000 a 2005 e negativos no ano 2006, com exceção do valor econômico
agregado, cujos índices positivos e negativos se alternam entre os períodos. O retorno sobre o
ativo oscilou numa faixa de -1,6% a 17% e o retorno sobre o patrimônio líquido de -3,7% a
37%. O retorno sobre o patrimônio líquido, conforme a Tabela 23, é impactado no ano 2006
pelos efeitos do índice de alavancagem financeira originada de resultados negativos. Além
disso, considerando as despesas financeiras, inerentes ao resultado do exercício, verifica-se
que o retorno total sobre o capital investido passa a ser praticamente nulo ou negativo durante
todo o período sob exame.
o índice de desempenho empresarial, teve oscilação de -3,4% a 18,1% no período
examinado e na análise do valor econômico agregado verifica-se que o lucro operacional
superou o custo de oportunidade em 2001, 2002 e 2004 sendo inferior nos demais períodos.
Por exemplo, para igualar o lucro ou prejuízo operacional ao custo de oportunidade
pretendido seria necessário aumentá-lo em 4,1% no ano 2000, 3,7% no ano 2003, 7,2% no
ano 2005 e 10,5% no ano 2006.
Os índices do EBITDA denotam capacidade de geração de caixa (cash flow) da
atividade operacional até 2005, perdendo essa capacidade no ano de 2006. O EBITDA
também não contribui para a cobertura dos juros e despesas financeiras em 2006, contribui
parcialmente em 2000 e em 2005 e contribui para o pagamento total de 2001 a 2004.
A composição do endividamento de curto prazo oscilou entre 61,3% e 73,9%, sendo
que a dependência financeira da empresa variou entre 51,2% e 66%. Quando comparado o
capital de terceiros em relação ao capital próprio, verifica-se que o primeiro sempre foi
superior ao segundo equivalendo-se entre 105% e 199,4% do patrimônio líquido.
Impactado pela redução nas vendas, o giro do ativo reduziu 37,2% de 2000 a 2006,
variando entre 298 dias (ano 2000) e 475 dias (ano 2006). As imobilizações superam o valor
do patrimônio líquido em todos os anos e se comparadas aos recursos não correntes
representam aproximadamente 80% dos recursos.
Embora apresente prejuízo em determinados períodos e margens de lucratividade
próximas a zero em outros, a empresa apresenta grau de alavancagem financeira até 2005
obtido pela utilização de recursos de terceiros. Já o grau de alavancagem operacional e total
foi obtido em 2002 e 2004, pelo aumento das vendas e lucro operacional.
145
Porém, três indicadores indicam risco de insolvência da empresa: coeficiente de
overtrading, modelo de previsão de insolvência e efeito tesoura. O primeiro indica
insuficiência do capital circulante líquido em financiar as vendas durante todo o período, visto
que o prazo de recebimento das duplicatas é maior, o segundo indica risco de insolvência
desde 2002 e o terceiro indica que a empresa esteve sob o efeito tesoura em todo o período.
Além disso, a empresa não apresenta taxas de crescimento sustentável e o índice de
cobertura de juros calculado a partir do lucro operacional contribui com a totalidade dos juros
ou despesas financeiras nos anos de 2001 a 2003, no ano de 2006 não contribui e nos demais
contribui parcialmente.
Da demonstração de origens e aplicações de recursos verifica-se que as origens são
insuficientes para cobrir as aplicações, das quais aproximadamente 31% foram destinadas ao
imobilizado. Nos anos 2001, 2002 e 2003, houve lucros que representavam 9,8%, 88,7% e
5,5% das origens, respectivamente, não havendo distribuição no período.
4.1.8 Cambuci S/A
Os indicadores da Cambuci S/A estão demonstrados na Tabela 24.
Tabela 24: Indicadores de desempenho da Cambuci S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 0,7
0,6
0,6
0,5
0,4
0,5
0,7
Liquidez geral 0,4
0,3
0,3
0,3
0,3
0,5
0,6
Liquidez
Variação do estoque de liquidez 0,3%
0,1%
-0,9%
-0,5%
0,8%
0,1%
0,2%
Prazo médio de estocagem (dias) 73
82
83
79
82
91
94
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 73
63
57
59
56
52
42
Margem bruta 31,9%
34,0%
32,7%
28,7%
33,4%
31,4%
36,5%
Margem líquida -2,0%
-4,5%
-23,8%
-3,9%
-61,3%
-16,1%
-12,9%
Lucratividade
Margem operacional -2,7%
1,0%
-10,8%
-7,3%
-4,4%
-3,3%
5,3%
Retorno sobre ativo -3,4%
1,5%
-15,7%
-10,2%
-5,5%
-3,4%
6,3%
Retorno sobre patrimônio líquido - - - - - - 29,8%
Valor econômico agregado - - - - - - 2.498
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial - - - - - - 7,8%
Cash flow -0,6%
4,1%
-9,4%
-5,4%
5,1%
-0,9%
6,8%
Margem do EBITDA -0,5%
3,4%
-8,0%
-4,8%
5,1%
-1,1%
7,1%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA -338,3%
32,2%
-63,1%
-55,2%
14,0%
-6,5%
34,2%
Composição do endividamento 48,1%
52,1%
52,5%
59,0%
73,4%
59,7%
54,0%
Dependência financeira 145,0%
161,0%
170,9%
159,1%
167,2%
103,8%
89,9%
Endividamento
Participação do capital terceiros - - - - - - 893,1%
continua ...
146
... continuação
Giro do ativo 1,3
1,5
1,5
1,4
1,2
1,0
1,2
Giro do ativo - dias 284
246
247
258
290
348
302
Imobilização do patrimônio líquido - - - - - - 497,3%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 49,9%
56,9%
58,0%
78,6%
115,2%
120,1%
97,3%
Grau de alavancagem financeira - - - - - - 4,7
Grau de alavancagem operacional 81,2
-36,5
-44,6
-3,5
51,2
10,0
-30,6
Alavancagem
Grau de alavancagem total - - - - - - -144,8
Coeficiente de overtrading - rotação -7,35
-4,86
-3,68
-3,00
-1,81
-3,36
-7,41
Coeficiente de overtrading - dias -49
-74
-98
-120
-199
-107
-49
Capital de giro 9,8%
13,0%
15,9%
13,2%
5,3%
7,5%
14,8%
Taxa de crescimento sustentável - - - - - - 36,8%
Previsão de insolvência 11,99
19,68
25,38
28,07
39,61
17,47
11,78
Efeito tesoura -33.036
-46.744
-55.509
-57.167
-76.543
-43.845
-34.748
Demais
Índice de cobertura de juros -1718,9%
9,8%
-84,4%
-83,5%
-12,1%
-18,8%
25,5%
Com passivo a descoberto desde o ano 2001 até o ano 2006, a empresa apresentou
índices de liquidez corrente entre 0,40 e 0,70 e índices de liquidez geral entre 0,30 e 0,60, ou
seja, os índices indicam que a empresa possui incapacidade de pagamento das suas dívidas.
Quanto à variação do estoque de liquidez, este oscilou entre -0,9% a 0,8%, demonstrando a
inexistência de geração de estoque de disponibilidades. Dentre as dívidas, a empresa mantém,
por exemplo, no seu passivo de longo prazo, dívidas com pessoas ligadas e provisões para
contingências (ações tributárias, trabalhistas e civis), além de REFIS (Programa de
recuperação fiscal do governo federal), empréstimos de curto e longo prazo e debêntures não
conversíveis.
O prazo médio de estocagem teve variação de 73 a 94 dias e o prazo médio de
recebimento de 42 a 73 dias. Coincidentemente ambos os prazos em 2006 são de 73 dias. O
aumento no prazo médio ocorre pela evolução desproporcional entre as vendas, os níveis de
estoque e o prazo de pagamento concedido aos clientes.
Com exceção à margem bruta que apresenta lucratividade entre 28,7% e 36,5%, e da
margem operacional dos anos 2000 e 2005, a empresa apresenta prejuízo operacional e
prejuízo quido que oscilam entre -61,3% e -2%. A margem operacional é impactada pelo
aumento das despesas operacionais ao passo que houve redução nas vendas. A margem
líquida é impactada pelas despesas financeiras e não operacionais superiores as receitas de
mesma natureza.
A inexistência de patrimônio líquido a partir do ano 2001 indica a absorção do capital
próprio por prejuízos, portanto não capital disponível para investimento. Dessa forma, não
como calcular os indicadores de retorno sobre o patrimônio líquido e de valor econômico
147
agregado. No entanto, no ano 2000 o retorno sobre o patrimônio líquido foi de 29,8%, o
índice de desempenho empresarial de 7,8% e a empresa gerou valor econômico agregado
acima do custo de oportunidade estimado para o período. Ressalva-se que em relação ao
retorno sobre o ativo, este oscilou entre -15,7% e 6,3% no período examinado.
O EBITDA contribui de forma parcial para o pagamento dos juros e despesas
financeiras em 2000, 2002 e 2005 e nos demais não cobertura de juros pela ausência de
lucro. O EBITDA mostra geração de caixa nos três períodos citados entre 4% e 7% e
margem sobre as vendas entre 3% e 7%.
O endividamento de curto prazo varia entre 48% e 73% e, com exceção ao ano 2000, a
empresa se tornou totalmente dependente do capital de terceiros. O ativo gira na faixa de 1 a
1,4 vezes por ano, representando em 2006 um giro a cada 284 dias.
Devido à ausência de capital próprio, as imobilizações dos recursos não correntes
foram calculadas partir do ano 2001 somente sobre os recursos de terceiros de longo prazo.
Verifica-se que em 2001 e 2002 a empresa se utilizou de recursos de terceiros de curto prazo
para seus investimentos. Em 2006 o índice de imobilização de recursos não correntes era
próximo a 50%. Além disso, a falta de capital próprio, as variações negativas nas vendas e os
prejuízos registrados evidenciam a inexistência de alavancagem tanto financeira quanto
operacional. Também não taxa de crescimento sustentável, com exceção ao ano 2000 que
foi de 36,8%, tampouco houve contribuição de cobertura dos juros e despesas financeiras. Já o
capital de giro, atinge no máximo 16% do ativo total nos períodos examinados.
Como não capital circulante líquido para financiar as vendas, o coeficiente de
overtrading indica situação de insolvência, assim como demonstrado pelo efeito tesoura e
pelo modelo de previsão de insolvência. A origem dos recursos, evidenciada pela DOAR,
denota a captação de recursos de terceiros para as aplicações efetuadas pela empresa, das
quais 19% destinaram-se às imobilizações.
Ressalva-se que a Cambuci possui empresas específicas para determinadas áreas de
atuação como importação, trading, trust, que podem influenciar indiretamente o resultado da
empresa analisada. Ressalva-se que as contingências (relacionadas a discussões jurídicas
sobre impostos, entre outras) e dívidas com pessoas ligadas, se renegociadas e/ou revertidas
podem extinguir o passivo a descoberto da empresa.
148
4.1.9 Daiby S/A
Os indicadores da Daiby S/A estão demonstrados na Tabela 25.
Tabela 25: Indicadores de desempenho da Daiby S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 9,1
8,1
6,2
6,2
5,0
3,4
2,0
Liquidez geral 10,9
3,4
2,9
3,3
3,5
2,6
1,8
Liquidez
Variação do estoque de liquidez -2,2%
3,2%
-2,6%
-5,5%
12,1%
-6,6%
11,7%
Prazo médio de estocagem (dias) 53
54
55
67
69
59
46
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 87
86
70
78
54
47
47
Margem bruta 8,6%
11,4%
19,3%
17,9%
34,3%
29,4%
17,4%
Margem líquida 10,9%
4,2%
5,6%
5,4%
11,4%
9,1%
6,9%
Lucratividade
Margem operacional - 2,0%
8,2%
7,2%
22,2%
19,2%
6,7%
Retorno sobre ativo - 3,2%
16,4%
13,4%
56,6%
51,2%
17,0%
Retorno sobre patrimônio líquido - 3,1%
15,9%
12,6%
59,2%
68,3%
24,1%
Valor econômico agregado -7.642
-6.628
-17
-3.814
10.702
8.174
846
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 3,6%
3,5%
12,6%
10,5%
42,4%
42,9%
16,0%
Cash flow 1,5%
4,0%
13,7%
11,4%
45,9%
45,1%
16,4%
Margem do EBITDA 1,4%
3,3%
9,3%
8,4%
23,2%
20,3%
8,2%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA - 336,5%
239,0%
261,9%
207,3%
276,1%
-
Composição do endividamento 100,0%
35,5%
45,3%
49,1%
65,6%
74,2%
90,6%
Dependência financeira 6,5%
22,4%
24,7%
22,7%
22,2%
31,3%
44,4%
Endividamento
Participação do capital terceiros 6,9%
28,8%
32,8%
29,3%
28,6%
45,5%
80,0%
Giro do ativo 1,6
1,7
2,0
1,9
2,5
2,7
2,5
Giro do ativo - dias 228
218
181
194
141
135
143
Imobilização do patrimônio líquido 31,1%
29,5%
36,5%
32,6%
27,9%
27,9%
32,2%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 31,1%
24,8%
30,9%
28,4%
25,4%
25,0%
30,0%
Grau de alavancagem financeira 0,8
1,0
1,0
0,9
1,0
1,3
1,4
Grau de alavancagem operacional 20,0
5,3
2,5
3,8
2,3
11,0
-9,9
Alavancagem
Grau de alavancagem total 16,8
5,2
2,4
3,6
2,4
14,7
-14,1
Coeficiente de overtrading - rotação 2,13
2,25
2,49
2,42
2,84
3,89
4,54
Coeficiente de overtrading - dias 169
160
144
149
127
93
79
Capital de giro 44,1%
45,1%
50,3%
46,7%
48,7%
54,2%
50,9%
Taxa de crescimento sustentável - 4,0%
11,7%
25,1%
37,3%
36,1%
1,2%
Previsão de insolvência -14,85
-16,00
-15,37
-15,55
-15,01
-12,47
-4,65
Efeito tesoura 5.137
6.264
4.153
5.090
4.129
556
-2.337
Demais
Índice de cobertura de juros - 200,3%
211,3%
224,4%
198,5%
260,3%
-
Os índices de liquidez, visualizados na Tabela 25, demonstram a solvência da empresa
pelo crescimento da liquidez corrente de 2,00 (ano 2000) para 9,10 (ano 2006) e da liquidez
geral de 1,80 (ano 2000) para 10,90 (ano 2006). Na liquidez geral, houve influência da
149
liquidação das debêntures e da destinação de recursos para aplicações de longo prazo. Na
liquidez corrente houve impacto pela liquidação de empréstimos de curto prazo.
O estoque de liquidez, porém oscilou entre -6,6% e 12,1%, sendo 4 exercícios com
variações negativas e 3 com variações positivas em relação ao exercício anterior.
O prazo médio de estocagem esteve entre 46 e 69 dias e em 2006 ficou em 53 dias. O
prazo médio de recebimento ficou entre 47 e 87 dias e em 2006 era de 87 dias. O saldo médio
da conta clientes apresenta-se crescente, porém não proporcional às vendas do período. Da
mesma forma, o saldo médio dos estoques demonstra crescimento de 2000 a 2002 e
estabilidade após esse período.
As margens de lucratividade foram impactadas pela redução nas vendas dos anos
2003, 2005 e 2006. Além disso, a desproporcionalidade entre a variação das vendas e do custo
dos produtos vendidos, provavelmente impactado pelos custos fixos, reduziu a margem bruta
em 50,7%, se comparado o ano 2006 ao ano 2000. A oscilação do indicador no período foi
entre 8,6% e 34,3%. A margem líquida oscilou entre 4,2% e 11,4% influenciada também
pelas despesas financeiras e pelo resultado da equivalência patrimonial. A margem
operacional oscilou entre 0% e 22,2%, que por sua vez, além da variação das vendas, foi
impactada pelos custos e despesas operacionais.
O retorno sobre o ativo até 2002 acusa uma maior eficiência do uso dos ativos na
geração do lucro operacional, da mesma forma que o retorno sobre o patrimônio líquido
indica um maior retorno sobre o capital investido pelos acionistas. Ambos os indicadores
apresentam queda constante de 2002 a 2006. O índice de desempenho empresarial, também
influenciado pela redução das vendas nos últimos anos apresenta queda de 77,5% no ano de
2006 em relação ano 2000. Já o impacto do resultado com equivalência patrimonial e das
receitas e despesas financeiras no resultado do exercício reflete num retorno total sobre o
capital investido maior que o retorno operacional nos anos de 2000, 2005 e 2006; e menor nos
demais.
O lucro operacional excedeu o custo de oportunidade estimado para o investimento
nos anos de 2000 a 2002 e foi menor de 2003 a 2006 em aproximadamente 6,5% dos custos e
despesas operacionais do período.
Embora com redução de 90,6%, comparando-se o índice do ano 2006 (1,5%) com o
ano 2000 (16,4%), o EBITDA revela geração de caixa (cash flow) positiva em todo o período
examinado. Com comportamento semelhante, a margem do EBITDA reduziu 83,4%,
encerrando 2006 com uma margem de 1,4%. Em relação ao índice de cobertura de juros
calculado a partir do EBITDA, ressalva-se que a empresa apresenta apenas as despesas
150
financeiras líquidas, sem discriminar as receitas e despesas, sendo calculado o índice sobre tal
base, exceto nos anos 2000 e 2006, quando as receitas financeiras superam as despesas. Nos
demais exercícios, o EBITDA contribui para o pagamento total das despesas financeiras
líquidas.
Quanto à composição do endividamento, a empresa demonstra tendência de redução
dos seus compromissos com terceiros no período examinado. Em 2006 havia dívidas somente
de curto prazo das quais 99,9% era composto por passivo operacional. A dependência
financeira da empresa reduziu 85,4% (de 44,4% para 6,5%) se comparado o ano de 2006 ao
ano de 2000, e a participação do capital de terceiros passou de 80% para 6,9% no mesmo
período, evidenciando uma redução de 91,3%.
O giro do ativo reduziu 37,4%, passando de 143 dias para 228 dias, afetado pela
redução das vendas e pelo aumento do valor dos ativos, tais como estoques e clientes. As
imobilizações do patrimônio líquido apresentam-se entre 28% e 36,5%. Já a imobilização dos
recursos não correntes esteve entre 24,8% e 31%.
A empresa apresenta alavancagem operacional e total em 2001, 2002 e 2004 e
alavancagem financeira em 2000 e 2001. Nos demais períodos não houve alavancagem,
refletindo redução na atividade operacional.
O capital de giro esteve na faixa de 44% a 54%. Houve aumento na capacidade do
capital circulante líquido em financiar as vendas, passando de 79 dias em 2000 para 169 dias
em 2006. O índice de cobertura de juros calculado a partir do lucro operacional contribui para
a cobertura das despesas financeiras líquidas dos anos 2001 a 2005. Ressalva-se que,
conforme explicado nos indicadores do EBITDA utilizou-se as despesas financeiras líquidas
com base para cálculo devido à ausência de informações sobre o montante das despesas
financeiras. A demonstração dos índices dos anos 2000 e 2006 ficou prejudicada, pois as
receitas superaram as despesas nestes períodos.
Apenas no ano 2000 a empresa esteve sob o efeito tesoura, sendo que não apresentou
riscos de insolvência no período examinado. O crescimento sustentável ocorreu de 2000 a
2005, não ocorrendo crescimento no ano de 2006, quando a empresa registrou resultado
negativo.
A empresa, conforme a DOAR, sempre possuiu origens de recursos excedentes às suas
aplicações, das quais aproximadamente 25% foram destinadas ao imobilizado e 23,8% a
distribuição de lucros. As origens são compostas em 60,8% dos lucros do exercício, sendo
que destes 21,9% foram distribuídos.
151
4.1.10 Dakota S/A
Os indicadores da Dakota S/A estão demonstrados na Tabela 26.
Tabela 26: Indicadores de desempenho da Dakota S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 4,1
4,1
6,5
6,7
6,3
5,0
4,3
Liquidez geral 3,5
3,1
2,7
6,0
6,3
5,0
5,5
Liquidez
Variação do estoque de liquidez -0,9%
0,6%
0,8%
-0,9%
-8,8%
7,0%
4,3%
Prazo médio de estocagem (dias) 59
55
66
74
81
75
39
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 127
142
121
116
137
114
52
Margem bruta 25,4%
13,9%
19,8%
21,6%
18,5%
19,5%
24,2%
Margem líquida 11,7%
13,2%
0,8%
2,5%
-2,6%
-2,1%
2,6%
Lucratividade
Margem operacional 8,1%
10,3%
1,4%
3,1%
-6,1%
-3,3%
1,5%
Retorno sobre ativo 11,3%
13,0%
1,9%
4,3%
-7,2%
-4,1%
3,8%
Retorno sobre patrimônio líquido 9,8%
13,9%
2,2%
4,3%
-7,0%
-4,3%
4,2%
Valor econômico agregado -3.428
-2.750
-7.423
-10.178
-14.509
-12.946
-3.842
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 11,0%
13,4%
1,6%
3,7%
-5,6%
-3,5%
3,5%
Cash flow 9,6%
12,4%
3,9%
6,0%
-3,8%
-1,3%
8,6%
Margem do EBITDA 9,7%
12,0%
3,1%
4,9%
-3,9%
-1,2%
3,7%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA 883,3%
571,4%
217,0%
316,0%
- - 513,6%
Composição do endividamento 84,1%
73,7%
40,4%
88,1%
100,0%
100,0%
100,0%
Dependência financeira 17,3%
20,0%
28,5%
12,0%
11,8%
15,4%
14,9%
Endividamento
Participação do capital terceiros 20,9%
25,1%
39,9%
13,7%
13,4%
18,2%
17,5%
Giro do ativo 1,4
1,3
1,4
1,4
1,2
1,2
2,4
Giro do ativo - dias 256
283
257
257
305
293
148
Imobilização do patrimônio líquido 48,1%
48,5%
33,4%
31,3%
28,8%
27,0%
21,1%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 46,6%
45,5%
27,0%
30,8%
28,8%
27,0%
21,1%
Grau de alavancagem financeira 0,9
1,1
1,1
1,0
1,0
1,0
1,1
Grau de alavancagem operacional 11,6
-66,6
-13,9
-53,6
-1,8
30,2
-
Alavancagem
Grau de alavancagem total 10,0
-71,1
-15,7
-53,5
-1,8
31,6
-
Coeficiente de overtrading - rotação 2,67
2,85
2,25
2,52
2,15
2,21
2,75
Coeficiente de overtrading - dias 135
126
160
143
167
163
131
Capital de giro 43,3%
45,1%
61,4%
59,2%
59,9%
53,9%
48,2%
Taxa de crescimento sustentável 7,5%
10,6%
1,6%
1,2%
- 4,6%
5,8%
Previsão de insolvência -11,96
-10,82
-13,42
-12,95
-13,12
-13,21
-11,43
Efeito tesoura 1.585
335
1.637
1.000
1.386
4.680
846
Demais
Índice de cobertura de juros 735,3%
487,4%
95,2%
200,3%
-303,7%
-231,7%
214,1%
Transformada em sociedade anônima a partir do ano 2000, a empresa demonstrou
solvência em todo o período examinado conforme demonstra a Tabela 26. A liquidez corrente
oscilou entre 4,10 e 6,70 com mediana de 5,00, demonstrando variação de 5% no comparativo
entre o ano 2000 com o ano de 2006.
152
A liquidez geral, embora apresentando variação negativa de 37% do índice do ano
2006 comparado ao ano 2000, oscilou entre 2,70 e 6,30, sendo que sua mediana também ficou
em 5,00. Em relação à variação do estoque de liquidez, a oscilação ficou entre -8,8% e 7%. A
existência de passivo de longo prazo ocorreu a partir do ano 2003 por meio de dívidas com
pessoas ligadas e houve captação de empréstimos de curto prazo somente nos anos 2000,
2001 e 2005. Quanto ao ativo circulante, verifica-se uma redução de aproximadamente 72%
na conta impostos a recuperar e de 97% do valor dos créditos de pessoas ligadas, ambos
comparando-se o ano 2006 em relação ao ano 2000.
O prazo médio de estocagem, que era de 39 dias no ano 2000 atingiu 81 dias no ano
2002, retrocedendo a 59 dias em 2006. Já o prazo médio de recebimento, passou de 52 dias
em 2000 para 142 dias 2005, encerrando 2006 em 127 dias. O aumento do tempo de
estocagem e do prazo médio de recebimento se explica pelo descompasso entre as variações
das vendas em relação à conta de clientes e de estoques.
Os índices de lucratividade evidenciam crescimento de 5,3% na margem bruta de 2006
em relação ao ano 2000. Durante o período a margem bruta teve variações entre 13,9% a
25,4%, com a mediana em 19,8%. A margem líquida oscilou entre -2,6% e 13,2% e a margem
operacional entre -6,1% e 10,3%. As margens negativas registradas nos anos de 2001 e 2002
resultam de uma redução dos custos e despesas operacionais menor do que a queda das
vendas, provavelmente em função dos custos fixos.
Em conseqüência, o retorno sobre o ativo, o retorno sobre o patrimônio líquido e o
índice de desempenho empresarial também foram negativos nos anos 2001 e 2002 e os
maiores índices foram registrados nos anos de 2005 e 2006. A oscilação dos índices ficou
entre -7,2% e 13% para o retorno sobre o ativo, entre -7% e 13,9% para o retorno sobre o
patrimônio líquido e entre -5,6% e 13,4% para o índice de desempenho empresarial. O
resultado do exercício, sob a influência de resultados da equivalência patrimonial e de receitas
financeiras e não operacionais, ora maiores, ora menores que as respectivas despesas, produz
um retorno total sobre o patrimônio líquido inferior ao retorno operacional nos anos de 2003 e
2004, e superior nos demais. Pelo valor econômico agregado, percebe-se que o lucro
operacional não atingiu o custo de oportunidade estimado de 2000 a 2006, equivalente a uma
redução média de 8,4% nos custos e despesas operacionais, mantendo-se o valor das vendas.
Os indicadores do EBITDA, assim como os indicadores de rentabilidade e retorno, por
se valerem do lucro operacional evidenciam saída de caixa em 2001 e 2002, anos em que a
empresa apresentou prejuízo operacional. O cash flow apresentou índices de -3,8% a 12,4% e
153
margem do EBITDA de -3,9% a 12,0%. Em 2001 e 2002 o EBITDA não contribui para a
cobertura dos juros e despesas financeiras, e nos demais anos contribui com a totalidade.
A dependência financeira da empresa oscila de 11,8% a 28,5% sendo que em 2004
havia 40,4% do endividamento no curto prazo. Nos demais períodos, o endividamento de
curto prazo fica na faixa de 73,7% a 100%. O passivo exigível total teve representatividade
entre 13,4% a 39,9% sobre o capital próprio. No ano de 2006, a dependência financeira da
empresa era de 17,3%, representando 20,9% sobre o capital próprio. Deste endividamento,
84,1% era de curto prazo.
O giro do ativo oscilou entre 1,2 e 2,4 vezes por ano, ou seja, entre 148 e 305 dias. Em
2006 o tempo que o ativo demorava em girar era de 256 dias (72,6% maior que o do ano
2000) em decorrência do aumento no prazo médio de estocagem e recebimento e também
impactado pela redução nas vendas.
Os índices de imobilização do patrimônio líquido e de recursos não correntes
apresentam crescimento no período de 128% e 120,6%, respectivamente, comparando-se o
ano de 2006 ao ano 2000. Em 2006, a imobilização do patrimônio líquido era de 48,1% e a
imobilização dos recursos não correntes de 46,6%.
A alavancagem financeira ocorreu em três períodos, porém muita próxima a 1,0. a
alavancagem operacional não ocorreu, pois tanto lucro operacional quanto vendas
apresentaram variações negativas no período examinado.
O coeficiente de overtrading aponta para uma capacidade do capital circulante líquido
em financiar as vendas entre 126 e 167 dias, sendo que o índice do ano 2006 ficou em 135
dias. A empresa não esteve sob risco de insolvência no período, tampouco esteve sob o efeito
tesoura. O capital de giro representou 43,3% a 61,4% do ativo total e a taxa de crescimento
sustentável foi positiva em todos os períodos, com exceção ao ano 2002 onde não houve
crescimento. Já o índice de cobertura de juros calculado a partir do lucro operacional,
contribui para a totalidade dos juros e despesas financeiras nos anos 2000 e de 2003 a 2006,
sendo que em 2001 e 2002 não cobertura devido ao prejuízo registrado naqueles
exercícios.
A análise da DOAR revela que, nos períodos em que houve lucros, 79,5% das origens
de recursos provem deles. Quanto às aplicações realizadas pela empresa, durante 3 exercícios
as origens de recursos não foram suficientes para financiá-las, das quais 16,6% se destinaram
ao imobilizado e 29,1% se referem a distribuição de lucros. Em relação ao montante de
lucros, a distribuição representa 82,2%.
154
4.1.11 Dakota Nordeste S/A
Os indicadores da Dakota Nordeste S/A estão demonstrados na Tabela 27.
Tabela 27: Indicadores de desempenho da Dakota Nordeste S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 4,7
4,4
4,5
5,4
4,3
3,5
3,6
Liquidez geral 2,4
2,2
2,1
2,3
2,1
1,8
2,6
Liquidez
Variação do estoque de liquidez 6,1%
19,7%
-6,6%
13,9%
- 4,8%
-14,0%
Prazo médio de estocagem (dias) 62
76
89
84
78
91
67
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 116
124
121
109
101
118
91
Margem bruta 26,1%
24,0%
26,0%
29,2%
23,9%
24,0%
27,0%
Margem líquida 6,8%
4,2%
3,1%
7,0%
5,7%
6,0%
9,7%
Lucratividade
Margem operacional 6,2%
3,8%
3,4%
9,3%
6,9%
8,0%
12,8%
Retorno sobre ativo 8,7%
4,6%
4,2%
13,2%
9,6%
8,8%
16,3%
Retorno sobre patrimônio líquido 9,9%
6,2%
5,9%
18,5%
15,0%
13,3%
21,6%
Valor econômico agregado -7.599
-15.052
-11.202
-4.472
-2.787
-2.198
2.004
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 8,5%
5,0%
4,4%
12,9%
10,1%
9,4%
15,9%
Cash flow 8,5%
5,8%
5,8%
13,8%
11,7%
10,7%
16,6%
Margem do EBITDA 8,6%
6,1%
5,6%
11,0%
8,8%
10,2%
14,6%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA 680,8%
299,9%
273,1%
666,8%
443,1%
393,4%
1448,8%
Composição do endividamento 48,5%
48,4%
43,1%
42,1%
48,4%
51,2%
58,0%
Dependência financeira 37,4%
39,3%
39,2%
35,8%
38,1%
40,6%
30,7%
Endividamento
Participação do capital terceiros 59,8%
64,8%
66,7%
55,8%
61,5%
68,9%
44,3%
Giro do ativo 1,4
1,2
1,2
1,4
1,4
1,1
1,3
Giro do ativo - dias 256
296
292
253
257
326
283
Imobilização do patrimônio líquido 17,8%
23,0%
29,0%
26,7%
33,2%
45,0%
28,5%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 13,6%
17,2%
21,0%
20,2%
25,2%
33,7%
24,0%
Grau de alavancagem financeira 1,1
1,3
1,4
1,4
1,6
1,5
1,3
Grau de alavancagem operacional 5,4
-1,7
5,5
7,8
0,6
-1,3
-0,7
Alavancagem
Grau de alavancagem total 6,2
-2,3
7,6
10,9
1,0
-1,9
-1,0
Coeficiente de overtrading - rotação 1,72
1,80
2,23
2,14
2,43
1,98
2,78
Coeficiente de overtrading - dias 210
200
162
168
148
182
130
Capital de giro 44,1%
45,6%
54,9%
54,5%
63,0%
55,1%
51,1%
Taxa de crescimento sustentável 7,5%
4,7%
4,5%
14,1%
11,4%
10,2%
16,5%
Previsão de insolvência -14,33
-12,18
-11,00
-12,77
-8,86
-7,22
-7,68
Efeito tesoura 59.188
39.804
7.462
21.430
-2.836
-2.652
-3.539
Demais
Índice de cobertura de juros 487,8%
188,6%
168,6%
561,5%
344,8%
308,3%
1272,0%
A Dakota Nordeste S/A como empresa controlada da Dakota S/A, da mesma forma
que a controladora apresentou solvência em todo o período examinado. Verifica-se na Tabela
27 que a liquidez corrente da empresa ficou entre 3,50 e 5,40, encerrando o ano 2006 com
índice de 4,70 (32% superior ao índice do ano 2000).
155
A liquidez geral, embora em níveis menores que a liquidez corrente, ficou entre 1,80 e
2,60 encerrando 2006 com um índice de 2,40, ou seja, 9% menor que no ano 2000. a
variação do estoque de liquidez, indica o aumento das disponibilidades em 4 períodos,
redução em 2 e estabilidade em 1 período. A liquidez da empresa foi impactada pelo aumento
do saldo de ativos e passivos comparando-se o ano 2006 com o ano 2000. Os ativos
financeiros de curto prazo cresceram 24 vezes e a conta clientes 2,3 vezes, enquanto que o
passivo financeiro cresceu 3 vezes e o operacional 2,6 vezes.
Do crescimento da conta clientes desproporcional ao crescimento das vendas se
origina o aumento de 27% no prazo médio de recebimento (25 dias a mais em 2006 em
relação ao ano 2000). Já o prazo médio de estocagem, que oscilou entre 62 e 91 dias, chegou
ao final do período examinado com 5 dias a menos que o prazo médio do ano 2000, ou seja,
7% menor.
A empresa mostrou lucratividade em todo o período, obtendo margem bruta entre
23,9% e 29,2%, com mediana de 26%. A margem líquida ficou entre 3,1% e 9,7% com
mediana de 6% e a margem operacional entre 3,4% a 12,8% com mediana de 6,9%. A
proximidade entre margem operacional e margem líquida em alguns períodos se pelo
equilíbrio entre o resultado financeiro positivo em relação ao valor dos impostos sobre o
lucro.
Tanto o retorno sobre o ativo quanto o retorno sobre o patrimônio líquido e o índice de
desempenho empresarial demonstram tendência de recuperação das perdas de margens
ocorridas no período em relação ao ano inicial. O retorno sobre o ativo oscilou de 4,2% a
16,3% e chegou a 2006 com índice de 8,7, registrando uma queda de 46,5% em relação ao
ano 2000. O retorno sobre o patrimônio líquido em 2006 (9,9%) era 54,4% menor que o ano
2000 (21,6%), tendo o menor retorno ocorrido em 2004 com 5,9%. Salienta-se ainda que as
receitas financeiras superiores as respectivas despesas propiciam, nos anos de 2006 e 2005,
um retorno total sobre o capital investido maior do que o retorno operacional.
Por sua vez, o índice de desempenho empresarial ficou entre 4,4% e 15,9%,
registrando no período 2006 um retorno de 8,5%, o qual ficou 46,6% aquém do índice
registrado no ano 2000. o valor econômico agregado revela que somente no ano 2000 o
lucro operacional foi maior que o custo de oportunidade estipulado. Nos demais o custo de
oportunidade teria proporcionado uma lucratividade aproximada de 56% a mais em relação ao
lucro operacional.
As margens do EBITDA revelam geração de caixa positiva, porém com redução de
margem de ganhos comparado-se 2006 ao ano 2000, tendo em vista as variações do lucro
156
operacional. O EBITDA sobre o ativo variou entre 5,8% e 16,6% e a margem sobre vendas
entre 5,6% e 14,6%. Em 2006 o primeiro índice era de 8,5% e o segundo 8,6%,
respectivamente. O índice de cobertura de juros revela que o EBITDA era suficiente para
cobrir 100% dos juros e despesas financeiras.
A dependência financeira da empresa esteve entre 30,7% e 40,6%. No curto prazo
estavam de 42,1% a 58% das obrigações para com terceiros. Relacionando-se o
endividamento com o capital próprio verifica-se que o capital de terceiros representava entre
44,3% e 68,9%. De 2000 a 2006 houve alterações no perfil do endividamento da empresa,
reduzindo as dívidas de curto prazo em 16,4% e aumento nas dívidas de longo prazo em 35%,
incrementando em 21,9% a dependência financeira da empresa em relação ao capital de
terceiros.
O giro do ativo permaneceu na faixa de 1,1 a 1,4 vezes por ano, representando uma
variação de 73 dias. A imobilização do patrimônio líquido que em 2006 era de 17,8%, teve
mediana de 28,5%, mas atingiu índice de até 45%. Em relação aos recursos não correntes, a
imobilização oscilou entre 13,6% e 33,7%, tendo em vista que os recursos de terceiros de
longo prazo representavam entre 18% e 37% do capital próprio.
A alavancagem financeira foi positiva em todo o período, pressupondo-se ganhos
obtidos com a utilização de recursos de terceiros. Porém a alavancagem operacional, bem
como a alavancagem total, ocorreu somente nos anos de 2003 e 2006.
Analisando o coeficiente de overtrading, percebe-se que a empresa incrementou o
capital circulante liquido para o financiamento das vendas em 61,9% (ano 2006 em relação ao
ano 2000), passando de 130 dias para 210 dias. O capital de giro da empresa representou entre
44,1% a 63% do ativo total e a taxa de crescimento sustentável oscilou entre 4,5% e 16,5%. O
lucro operacional apresentou capacidade de cobertura dos juros e despesas financeiras em
todo o período e, mesmo estando sob o efeito tesoura nos anos de 2000 a 2002, a empresa não
apresentou tendências à insolvência.
As origens dos recursos superaram as aplicações em 6 exercícios examinados, sendo
que em 2004 ocorreu o inverso. Conforme demonstrado na DOAR, 26,6% das origens são
formadas pelos lucros dos períodos, dos quais, 52,7% foram distribuídos. Das aplicações
totais, 23,4% se destinaram ao imobilizado da empresa e 33,7% se referem à distribuição de
lucros.
157
4.1.12 Grendene S/A
Os indicadores da Grendene S/A estão demonstrados na Tabela 28.
Tabela 28: Indicadores de desempenho da Grendene S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 4,5
6,0
4,6
6,7
0,1
3,0
12,4
Liquidez geral 2,8
3,1
2,7
3,1
0,2
0,3
34,7
Liquidez
Variação do estoque de liquidez 10,1%
14,3%
8,9%
26,9%
-0,4%
0,5%
-
Prazo médio de estocagem (dias) 63
67
73
89
0
0
1249
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 98
95
84
83
0
0
4806
Margem bruta 44,3%
41,4%
41,7%
48,6%
- - -
Margem líquida 12,3%
7,3%
5,9%
35,4%
- - -
Lucratividade
Margem operacional 16,7%
12,6%
14,1%
24,1%
- - -11888,3%
Retorno sobre ativo 26,0%
19,4%
23,9%
39,3%
-25,8%
-18,5%
-19,9%
Retorno sobre patrimônio líquido 19,5%
16,3%
22,7%
23,1%
-2,3%
-1,8%
-3,1%
Valor econômico agregado 41.230
-19.787
50.315
1.721
-84.148
-64.845
-47.091
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 19,3%
14,3%
17,5%
32,6%
- - -
Cash flow 16,0%
14,1%
19,2%
31,9%
-1,9%
-1,6%
-2,2%
Margem do EBITDA 19,2%
15,1%
16,4%
41,4%
- - -
EBITDA
Índice de cobertura de juros 175,6%
151,5%
165,4%
492,2%
-19,0%
-69,0%
-1035,5%
Composição do endividamento 61,1%
50,4%
58,7%
46,8%
100,0%
4,9%
100,0%
Dependência financeira 30,8%
26,3%
29,7%
24,2%
13,3%
11,5%
0,1%
Endividamento
Participação do capital terceiros 44,6%
35,7%
42,2%
31,9%
15,4%
12,9%
0,1%
Giro do ativo 1,6
1,5
1,7
1,6
- - -
Giro do ativo - dias 231
234
213
220
- - -
Imobilização do patrimônio líquido 20,9%
26,2%
29,2%
32,1%
112,3%
109,1%
96,8%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes
17,8%
22,2%
24,9%
27,5%
112,3%
97,1%
96,8%
Grau de alavancagem financeira 0,8
0,8
1,0
0,6
0,1
0,1
0,2
Grau de alavancagem operacional -503,3
1,6
0,1
- - 0,2
-
Alavancagem
Grau de alavancagem total -378,1
1,3
0,1
- - - -
Coeficiente de overtrading - rotação 1,46
1,73
2,30
1,18
- - 0,04
Coeficiente de overtrading - dias 246
208
156
306
- - 9247
Capital de giro 29,5%
27,3%
34,8%
43,6%
1,2%
1,2%
1,1%
Taxa de crescimento sustentável 0,9%
0,6%
129,1%
1,9%
-0,1%
-0,1%
-0,2%
Previsão de insolvência -14,46
-15,26
-13,37
-11,19
-9,64
-9,56
-9,46
Efeito tesoura 521.854
458.826
284.953
186.412
-66.510
-234
-194
Demais
Índice de cobertura de juros 152,8%
126,1%
142,6%
285,8%
-20,1%
-73,9%
-1082,4%
A empresa Grendene S/A passou por um período de reestruturação até o ano de 2003,
quando incorporou a Grendene Calçados S/A. A incorporada passou a ter essa razão social a
partir de janeiro de 2002, ocasião em que a Grendene Sobral S/A incorporou a Empresa de
158
Calçados Grendene Ltda e a Grendene Industrial de Calçados Ltda. Dessa forma, justifica-se a
ausência de informações sobre alguns índices da Tabela 28 e no decorrer da análise.
Pela análise da liquidez corrente, se verificam variações entre 0,10 a 12,40, com
mediana de 4,60 e o índice de 2006 foi de 4,50. Em 2002 houve queda da liquidez pela
captação de empréstimos que tornaram o passivo circulante aproximadamente 10 vezes
superior ao ativo circulante. A partir de 2003 quando a empresa assumiu os ativos e passivos
das controladas, esta situação foi revertida.
Com a liquidez geral ocorreu fato semelhante à liquidez corrente, porém além do
empréstimo de curto prazo de 2002, havia também um empréstimo de longo prazo em 2001, o
que tornava o capital de terceiros 3,4 vezes maior que a soma dos ativos de curto e de longo
prazo. A redução da liquidez quando comparadas liquidez corrente com liquidez geral se dá
pelos empréstimos de longo prazo. Quanto à variação no estoque de liquidez, a partir da
reestruturação, o aumento das disponibilidades passou a oscilar entre 10,1% e 26,9%.
Do ano 2000 ao ano 2002, a empresa não manteve estoques. Em 2000 efetuou
pequenas vendas e em 2001 e 2002 estas inexistiram, pois as operações eram realizadas pelas
controladas. Dessa forma, ignoram-se os prazos médios de estocagem e de recebimento do
ano 2000 ao ano 2002. A partir de 2003 a empresa apresenta tendência de redução no prazo
médio de estocagem (89 dias em 2003 contra 63 dias em 2006), porém em relação ao prazo
médio de recebimento aumentou (83 dias em 2003 contra 98 dias em 2006). O primeiro se
deu em decorrência da redução do saldo de estoques e o segundo em razão do aumento do
saldo da conta clientes diferentemente das variações nas vendas, indicando maior prazo
concedido aos clientes.
A ausência de atividade até o ano 2002 (tendo a empresa somente despesas
operacionais, resultados financeiros e de equivalência patrimonial) não permite apurar
margens de lucratividade. A partir de 2003 se verifica margem bruta na faixa de 41,4% a
48,6%; margem líquida de 5,9% a 35,4% e margem operacional de 12,6% a 24,1%.
Embora com vendas decrescentes, a redução dos custos e despesas operacionais em
maior escala que as vendas, permitiu um lucro operacional crescente em relação às vendas,
melhorando os índices de lucratividade, rentabilidade e retorno. Em relação à margem líquida,
em 2003 houve impacto principalmente de resultados da equivalência patrimonial.
Os índices de rentabilidade e retorno indicam que a aplicação do ativo operacional
rendeu de 19,4% a 39,3% (retorno sobre o ativo), e o capital investido obteve de 16,3% a
23,1% (retorno sobre o patrimônio líquido). Se considerados os resultados da equivalência
patrimonial e financeiros, tem-se um retorno total sobre o capital investido maior no ano 2003
159
e menor nos anos seguintes, quando comparado ao retorno calculado a partir do resultado
operacional. O índice de desempenho empresarial variou entre 14,3% e 32,6%.
O lucro operacional também excedeu o custo de oportunidade estimado nos anos de
2003, 2004 e 2006. Em 2005 para atingir o custo de oportunidade estimado, a empresa
necessitaria de um incremento de 14% no lucro operacional.
A margem do EBITDA sobre vendas revela a capacidade de geração de caixa
operacional entre 15,1% a 41,4%, o que representa de 14,1% a 31,9% do ativo total. Já o
índice de cobertura de juros indica que o EBITDA contribui para saldar 100% dos juros e
despesas financeiras no período 2003 a 2006.
O endividamento da empresa era praticamente inexistente em 2001, quando a
dependência financeira de capital de terceiros representava 0,1% do ativo total, sendo 100%
de curto prazo. Em 2001 houve empréstimo de longo prazo, passando o capital de terceiros a
representar 12,9% do patrimônio liquido ou, 11,5% do ativo (sendo 4,9% empréstimos de
curto prazo). Em 2002 havia somente empréstimos de curto prazo e a partir a incorporação
das controladas houve passivos financeiros e operacionais.
Desde então, a dependência financeira passou de 24,2% a 30,8% e o capital de
terceiros de curto prazo foi de 46,8% para 61,1%. Em relação ao patrimônio liquido o capital
de terceiros foi de 31,9% para 44,6%.
O giro do ativo de 2003 a 2006 ficou entre 1,5 e 1,7 vezes por ano (21 dias de
oscilação). Em 2006 a rotatividade do ativo em relação às vendas era de 231 dias. a
imobilização do capital próprio ficou entre 96,8% e 112,3% no período pré-reestruturação e
entre 20,9% e 32,1% após o processo. Se relacionado aos recursos não correntes, no período
pós-reestruturação a imobilização atingiu de 17,8% até 27,5%.
Em relação à alavancagem financeira e operacional, verifica-se que a empresa entrou
em aparente fase de estagnação da atividade evidenciada pela manutenção do nível de vendas
em alguns períodos ou pela redução em outros. Somente em 2004 houve registro de variação
positiva nas vendas.
Ainda em relação ao quesito solvência, a empresa esteve sob o efeito tesoura de 2000
a 2002, mas não apresentou risco de crédito segundo o modelo aplicado e também por meio
do teste do coeficiente de overtrading, que indica a capacidade do capital circulante líquido de
financiar as vendas por 246 dias no ano 2006. A menor capacidade foi de 156 dias 2004 e a
maior de 306 dias em 2003. Do ano 2000 a 2002 foi ignorado este índice pelas razões
expostas.
160
O capital de giro da empresa representava de 1,1% a 1,2% do ativo do ano 2000 a
2002 e de 27,3% a 43,6% do ano 2003 a 2006. As taxas de crescimento indicam ausência de
crescimento sustentável de 2000 a 2002, crescimentos de até 2% em 2003, 2005 e 2006 e taxa
relevante de 129% em 2004. O lucro operacional contribui para a cobertura dos juros e
despesas financeiras nos anos de 2003 a 2006.
Pela análise da demonstração das origens e aplicações de recursos, verifica-se que as
origens excedem as aplicações em 5 períodos e são inferiores nos demais. Das aplicações
totais no período 2000 a 2006, 22,5% foram destinadas ao imobilizado e 54,7% a distribuição
de lucros. Em relação às origens, os lucros representam 42,9%, dos quais 61,5% foram
distribuídos.
4.1.13 São Paulo Alpargatas S/A
Os indicadores da São Paulo Alpargatas S/A estão demonstrados na Tabela 29.
Tabela 29: Indicadores de desempenho da São Paulo Alpargatas S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 4,0
3,9
3,5
3,1
2,3
2,6
2,2
Liquidez geral 1,8
1,7
1,7
1,5
1,4
1,5
1,6
Liquidez
Variação do estoque de liquidez -4,3%
10,1%
4,2%
-0,2%
3,4%
-3,6%
2,4%
Prazo médio de estocagem (dias) 43
43
44
47
53
54
52
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 54
52
58
67
65
58
55
Margem bruta 47,1%
44,9%
41,3%
37,6%
36,7%
37,3%
38,6%
Margem líquida 10,4%
15,6%
10,9%
11,0%
7,3%
5,5%
12,0%
Lucratividade
Margem operacional 13,6%
13,2%
7,2%
4,0%
3,4%
3,2%
5,2%
Retorno sobre ativo 28,7%
27,3%
12,4%
5,7%
4,5%
4,6%
8,2%
Retorno sobre patrimônio líquido 23,1%
22,6%
11,7%
6,0%
5,0%
4,5%
7,5%
Valor econômico agregado 57.556
23.846
-22.559
-83.683
-60.982
-53.185
-37.541
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 20,7%
21,8%
11,7%
7,6%
5,6%
4,9%
9,2%
Cash flow 17,5%
16,8%
10,2%
6,6%
6,1%
6,0%
8,1%
Margem do EBITDA 15,8%
15,8%
10,3%
7,6%
7,1%
6,7%
8,6%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA 987,6%
678,7%
419,3%
330,9%
86,1%
132,0%
187,7%
Composição do endividamento 41,8%
39,5%
41,3%
38,8%
49,2%
43,6%
59,6%
Dependência financeira 33,6%
36,7%
38,8%
39,5%
44,1%
38,1%
35,0%
Endividamento
Participação do capital terceiros 50,7%
58,1%
63,4%
65,3%
78,9%
61,6%
53,8%
Giro do ativo 2,1
2,1
1,7
1,4
1,3
1,4
1,6
Giro do ativo - dias 170
174
209
256
272
255
227
Imobilização do patrimônio líquido 57,7%
57,5%
58,4%
65,8%
67,5%
67,6%
66,2%
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 44,6%
42,5%
42,6%
47,0%
48,2%
50,2%
54,4%
continua ...
161
... continuação
Grau de alavancagem financeira 0,8
0,8
0,9
1,1
1,1
1,0
0,9
Grau de alavancagem operacional 1,3
7,6
9,0
-25,7
3,9
26,9
-4,9
Alavancagem
Grau de alavancagem total 1,0
6,3
8,5
-27,3
4,3
26,6
-4,5
Coeficiente de overtrading - rotação 3,22
3,11
3,08
3,39
3,66
3,82
4,17
Coeficiente de overtrading - dias 112
116
117
106
98
94
86
Capital de giro 19,5%
14,7%
20,6%
19,1%
15,4%
16,9%
13,0%
Taxa de crescimento sustentável 13,9%
15,1%
7,3%
4,0%
3,8%
2,9%
5,7%
Previsão de insolvência -14,46
-15,26
-13,37
-11,19
-9,64
-9,56
-9,46
Efeito tesoura 254.015
277.926
171.000
107.216
92.476
70.515
80.374
Demais
Índice de cobertura de juros 849,1%
566,6%
294,0%
175,4%
41,0%
63,6%
113,1%
Evidencia-se na Tabela 29 que os índices de liquidez corrente da empresa cresceram
76% de 2000 a 2006, passando de 2,20 para 4,00. No mesmo período, a liquidez geral oscilou
entre 1,40 e 1,80 registrando crescimento de 13% no ano 2006 em relação ao ano 2000.
Quanto à variação do estoque de liquidez, em 2001, 2003 e 2006 houve redução no nível de
disponibilidades. A oscilação no período ficou entre -4,3% e 10,1% com mediana de 2,4%.
Os índices de liquidez foram impactados pelas vendas crescentes ou pela manutenção
dos níveis do ano anterior, pelo aumento das obrigações junto a terceiros e pelo aumento de
disponibilidades mediante o incremento em suas receitas financeiras.
O prazo médio de estocagem no período examinado ficou na faixa de 43 a 54 dias e o
prazo médio de recebimento de 52 a 67 dias. Em 2006 eram de 43 e 54 dias, respectivamente.
O crescimento do saldo da conta estoques em menor escala que o crescimento das vendas
indica a tendência de redução do vel de estoques, ao passo que o prazo médio de
recebimento manteve certa estabilidade no período, com exceção dos períodos 2002 e 2003,
quando ultrapassou a barreira dos 60 dias.
A lucratividade manteve-se em todo o período sob exame, registrando margem bruta
entre 36,7% e 47,1%; margem líquida entre 5,5% e 15,6% e margem operacional entre 3,2% e
13,6%. Observa-se que o custo dos produtos vendidos cresce menos que as vendas e, as
despesas operacionais líquidas, embora cresçam em percentuais maiores, tem seu crescimento
totalmente absorvido pela redução dos custos de produção.
A melhoria da lucratividade reflete também nos índices de rentabilidade e retorno. O
retorno sobre o ativo oscilou de 4,5% a 28,7% no período; o retorno sobre o patrimônio
líquido de 4,5% a 23,1% e o índice de desempenho empresarial de 4,9% a 21,8%. Até 2003 os
índices foram abaixo de 10%, em 2004 próximos a 10% e em 2005 e 2006 acima de 20%.
Estes índices foram impactados pelo lucro operacional que evoluiu até 2004 de forma
gradativa, praticamente dobrando no ano 2005 em relação a 2004. Além disso, os resultados
162
da equivalência patrimonial, positivos até o ano 2005; as receitas financeiras superiores às
respectivas despesas, exceto nos anos 2002 e 2004; e o resultado não operacional positivo,
com exceção aos anos 2003 e 2005; impactam o resultado do exercício, proporcionando um
retorno total sobre o capital investido superior ao retorno operacional até o ano de 2005,
ocorrendo o inverso no ano 2006.
O valor econômico agregado indica que o custo de oportunidade estimado supera o
lucro operacional de 2000 a 2004. em 2005 e 2006 o lucro operacional foi superior. Para
que o lucro operacional atingisse o custo de oportunidade, necessitaria de um incremento de
125%.
Os indicadores do EBITDA oscilaram entre 6,0% e 17,5% em relação ao ativo e entre
6,7% e 15,8% em relação às vendas líquidas. Comparando-se 2006 ao ano 2000, o cash flow
cresceu 115% e a margem do EBITA 84,4%. Com exceção a 2002, quando o EBITDA
contribui parcialmente para a cobertura dos juros e despesas financeiras, nos demais
exercícios contribuiu para a cobertura total.
A dependência financeira da empresa esteve entre 33,6% e 44,1% composta por
38,8% a 59,6% de capitais de curto prazo. O capital de terceiros representou de 50,7% a
78,9% do valor do capital próprio.
O giro do ativo cresceu no decorrer do período examinado, chegando a 2006 com 2,1
vezes por ano, ou seja, 170 dias para cada giro. O índice de imobilização dos recursos de
longo prazo aponta que entre 42,5% e 54,4% foram destinados a ativos permanentes. A
imobilização do patrimônio líquido ficou 57,5% e 67,6%.
O grau de alavancagem demonstra que a empresa teve pequena alavancagem
financeira nos anos de 2002 e 2003 e alavancagem operacional e total em 2002 e de 2004 a
2006. Nos demais períodos houve perda de valor ou estabilidade da empresa.
Pela análise do coeficiente de overtrading verifica-se que o capital circulante líquido
pode financiar as vendas em até 112 dias (ano 2006), sendo que em relação ao ano 2000, essa
capacidade melhorou em 29,4%. A empresa também não esteve sob o efeito tesoura,
tampouco apresentou risco de insolvência no decorrer do período sob exame. Com exceção
aos períodos 2001 e 2002, quando contribuiu parcialmente, o lucro operacional contribui para
a cobertura total dos juros e despesas financeiras nos demais períodos.
Quanto à análise das origens e aplicações de recursos, é evidenciada a superioridade
das origens ante as aplicações realizadas, das quais 34,7% se referem ao imobilizado e 29,2%
a distribuição de lucros. Em relação às origens de recursos, o montante de lucros auferidos no
período de 2000 a 2006 representa aproximadamente 55,8%, sendo distribuídos 36,3%.
163
4.1.14 Vulcabrás S/A
Os indicadores da Vulcabrás S/A estão demonstrados na Tabela 30.
Tabela 30: Indicadores de desempenho da Vulcabrás S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 2,0
0,9
0,2
0,7
- 0,1
0,2
Liquidez geral 1,2
0,4
0,5
0,9
0,3
0,6
0,3
Liquidez
Variação do estoque de liquidez - - - - -0,3%
-0,2%
-0,3%
Prazo médio de estocagem (dias) 6
2
2
4
38
93
251
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 608
718
641
395
94
121
105
Margem bruta -20,6%
-21,7%
-22,8%
-19,4%
-20,0%
-35,3%
-35,7%
Margem líquida 37153,6%
14721,7%
8889,2%
4084,1%
-9789,3%
7660,9%
-3253,8%
Lucratividade
Margem operacional 265,6%
-1886,6%
-3237,4%
3362,5%
-9073,2%
6123,9%
-1490,3%
Retorno sobre ativo 2,2%
-41,8%
-98,6%
98,1%
-122,3%
68,0%
-51,3%
Retorno sobre patrimônio líquido 0,4%
-6,8%
-41,4%
- - - -
Valor econômico agregado -23.300
-22.676
-17.482
- - - -
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 12385,4%
4891,0%
2916,4%
1394,1%
- - -
Cash flow 0,5%
-5,1%
-25,4%
81,4%
-118,3%
69,8%
-41,5%
Margem do EBITDA 455,5%
-1794,7%
-3143,3%
3474,7%
-8791,7%
6552,7%
-1319,7%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA 86,1%
-721,5%
-1746,3%
1596,7%
-1865,7%
44655,6%
-98,9%
Composição do endividamento 54,4%
30,8%
22,4%
12,0%
8,5%
13,5%
3,9%
Dependência financeira 11,2%
17,3%
28,7%
66,9%
302,5%
138,5%
235,9%
Endividamento
Participação do capital terceiros 12,6%
20,9%
40,2%
202,2%
- - -
Giro do ativo - - - - - - -
Giro do ativo - dias - - - - - - -
Imobilização do patrimônio líquido 97,4%
111,7%
120,3%
129,1%
- - -
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 92,1%
97,6%
91,7%
46,5%
- - -
Grau de alavancagem financeira 0,2
0,2
0,4
- - - -
Grau de alavancagem operacional 2,9
2,5
20,3
-2,3
-92,3
- -
Alavancagem
Grau de alavancagem total 0,5
0,4
8,5
- - - -
Coeficiente de overtrading - rotação 0,02
-0,94
-0,13
-1,05
-0,09
-0,11
-0,69
Coeficiente de overtrading - dias 16899
-382
-2674
-343
-3985
-3424
-522
Capital de giro 6,2%
-0,3%
-5,3%
-2,6%
-25,0%
-17,9%
-7,7%
Taxa de crescimento sustentável - 0,1%
1,0%
- - - -
Previsão de insolvência -6,52
-3,60
1,43
27,30
59,10
36,29
39,46
Efeito tesoura 1
1
12
5
4
41
30
Demais
Índice de cobertura de juros 50,2%
-758,4%
-1798,6%
1545,2%
-1925,5%
41733,3%
-111,7%
A Vulcabrás S/A é controladora, dentre outras, da Vulcabrás do Nordeste S/A.
Conforme consta no objeto social, as atividades da empresa compreendem o investimento em
outras sociedades, a comercialização de calçados, entre outras. Além disso, percebe-se na
leitura das demonstrações contábeis da empresa, que os investimentos representam em torno
164
de 85% do ativo total e que a controladora desenvolve basicamente atividades administrativas
e financeiras.
Analisando-se as informações da Tabela 30, verifica-se que tanto os índices de
liquidez corrente quanto de liquidez geral são inferiores a 1,00 do ano 2000 a 2005, ou seja,
havia endividamento maior que os ativos a receber. Em 2006 houve liquidez corrente de 2,00
e liquidez geral de 1,00. A variação do estoque de liquidez ficou sempre próxima a zero em
todo o período. O passivo circulante até 2005 era composto de 72% a 94% por provisões e em
2006 dividiu-se basicamente em 48% de dividendos a pagar e 46% de provisões. O passivo de
longo prazo era composto basicamente por provisões, contingências e vidas com pessoas
ligadas.
Em função do volume reduzido de operações da controladora, o prazo médio de
estocagem decresceu 98% de 2000 a 2006. o prazo médio de recebimento cresceu 480%.
Porém, em 2006, se substituído o saldo médio de clientes e pelo saldo da conta clientes no
exercício, o prazo reduz de 608 dias para 74 dias.
Quanto à lucratividade, a margem bruta apresentou-se negativa em todo o período
revelando um custo dos produtos vendidos de 19,4% a 35,7% maior que as vendas líquidas.
As margens líquida e operacional são distorcidas pelas despesas operacionais da controladora
superiores as suas vendas e por ganhos de equivalência patrimonial. Por esta razão, ficam
prejudicados os índices de rentabilidade e retorno e os índices do EBITDA, sendo que a
empresa também apresentou passivo a descoberto do ano 2000 a 2002.
Ressalva-se, porém, que a empresa registrou prejuízos no exercício somente nos
exercícios de 2000 e 2002, tendo sido lucrativa nos demais em função de resultados da
equivalência patrimonial, resultados financeiros e não operacionais ou ainda outras receitas
operacionais; revertendo o passivo a descoberto e conseqüentemente os prejuízos acumulados,
obtendo retorno sobre o capital investido nos últimos anos.
Quanto ao calculo do valor econômico agregado, a ausência de capital próprio
originada pelo passivo a descoberto não permite conhecer este indicador para aquele período,
pois não alternativas de investimento dada a falta de capital para investir. Nos demais
períodos, embora tenha sido possível o calculo, se desconsidera o resultado obtido pelo fato
da empresa ter a maior parte do seu capital investido em controladas e coligadas e não na
atividade operacional própria.
Quanto aos índices de endividamento, a empresa reduziu sua dependência de capital
de terceiros em 95,2%, passando de 235,9% em 2000 para 11,2% em 2006. O capital de
165
terceiros de curto prazo representa de 3,9% em 2000 a 54,4% em 2006. Na relação capital de
terceiros versus capital próprio, o percentual passou de 40,2% em 2004 para 12,6% em 2006.
O cálculo do giro do ativo, do grau de alavancagem financeira, operacional e total ou
ainda, efeito tesoura e coeficiente de overtrading é prejudicado. A imobilização dos recursos
não correntes de 2003 a 2006 ficou entre 46,5% e 97,6% e em relação ao patrimônio líquido,
o ativo permanente supera-o de 2003 a 2005, indicando a utilização de recursos de terceiros.
em 2006 o índice cai para 97,4%. A empresa esteve com tendências de insolvência até
2004 revertendo essa situação em 2005 e 2006.
As aplicações em imobilizado existiram somente nos anos 2000 e 2006,
representando, respectivamente, 0,2% e 0,4% das aplicações daqueles períodos, verificadas na
DOAR. A distribuição de lucros ocorreu somente em 2006, único período em que a empresa
apresenta saldo de lucros acumulados, representando 22,6% das aplicações. As origens dos
recursos foram inferiores às aplicações em 2001, 2002 e 2004 e superiores nos demais
períodos, sendo que nos períodos em que houve registro de lucros do exercício, estes
representaram aproximadamente 58% das origens.
4.1.15 Vulcabrás do Nordeste S/A
Os indicadores da Vulcabrás do Nordeste S/A estão demonstrados na Tabela 31.
Tabela 31: Indicadores de desempenho da Vulcabrás do Nordeste S/A
Grupo Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Liquidez corrente 1,8
1,4
1,2
1,1
0,9
1,1
1,0
Liquidez geral 1,2
1,0
0,8
0,5
0,6
0,6
0,5
Liquidez
Variação do estoque de liquidez 14,7%
1,6%
0,8%
-0,4%
-1,2%
2,5%
1,2%
Prazo médio de estocagem (dias) 51
64
62
60
62
73
44
Atividade
Prazo médio de recebimento (dias) 86
79
71
78
73
84
48
Margem bruta 40,7%
37,1%
39,1%
35,3%
40,5%
42,8%
35,9%
Margem líquida 6,9%
4,2%
4,0%
-5,0%
-21,3%
-0,4%
-16,5%
Lucratividade
Margem operacional 17,4%
16,6%
17,7%
15,0%
10,2%
19,7%
6,1%
Retorno sobre ativo 23,2%
20,5%
24,6%
19,7%
14,3%
25,4%
14,0%
Retorno sobre patrimônio líquido 43,8%
52,6%
147,6%
- - - -
Valor econômico agregado 43.117
32.169
45.156
- - - -
Rentabilidade
e Retorno
Índice de desempenho empresarial 24,6%
25,8%
58,7%
4,9%
- - -
Cash flow 23,7%
22,6%
26,3%
22,7%
18,3%
28,7%
23,1%
Margem do EBITDA 21,6%
20,6%
21,0%
18,2%
13,3%
22,9%
10,3%
EBITDA
Índice de cobertura de juros - EBITDA 223,5%
183,9%
184,5%
114,0%
53,4%
126,8%
47,1%
continua ...
166
... continuação
Composição do endividamento 57,0%
61,1%
58,6%
46,0%
53,7%
45,4%
45,6%
Dependência financeira 57,2%
55,4%
75,7%
97,0%
118,6%
108,2%
126,6%
Endividamento
Participação do capital terceiros 133,6%
124,2%
311,5%
3187,3%
- - -
Giro do ativo 1,3
1,2
1,4
1,3
1,4
1,3
2,3
Giro do ativo - dias 269
291
259
273
257
280
158
Imobilização do patrimônio líquido 77,8%
104,5%
177,3%
1578,4%
- - -
Estrutura
Imobilização dos recursos não correntes 49,4%
70,4%
77,5%
86,7%
- - -
Grau de alavancagem financeira 1,9
2,6
6,0
- - - -
Grau de alavancagem operacional 1,3
29,2
1,8
5,9
-1,3
14,4
-
Alavancagem
Grau de alavancagem total 2,4
75,2
11,0
- - - -
Coeficiente de overtrading - rotação 4,31
10,04
12,73
49,21
-21,46
22,83
76,21
Coeficiente de overtrading - dias 84
36
28
7
-17
16
5
Capital de giro 27,9%
26,8%
37,4%
29,2%
31,3%
35,4%
44,7%
Taxa de crescimento sustentável -4,5%
-147,9%
-157,4%
- - - -
Previsão de insolvência -2,07
0,83
8,64
14,20
20,69
16,57
25,08
Efeito tesoura -1.795
-36.178
-68.893
-49.227
-50.624
-29.211
-35.607
Demais
Índice de cobertura de juros 180,2%
148,1%
155,5%
93,7%
40,8%
109,1%
27,8%
Assim como a sua controladora, a empresa apresentou passivo a descoberto nos anos
de 2000 a 2002, recuperando-se a partir do ano 2003 conforme demonstram os indicadores da
Tabela 31.
Os índices de liquidez corrente ficaram próximos a 1,00 do ano 2000 a 2004, porém
demonstrando tendência de crescimento constante a partir do ano 2002, único período que
registrou ausência de liquidez. a liquidez geral apresentou oscilações entre 0,50 e 1,20,
sendo que até o ano de 2004 a empresa não possuía liquidez.
Exemplos de contas que influenciaram nas alterações da liquidez, principalmente do
ano 2006 em relação ao ano 2005, são a conta de clientes, com incremento de 57% e
disponibilidades de 626%. As disponibilidades foram influenciadas pela captação de recursos
de terceiros de curto prazo e de longo prazo superiores ao ano anterior em 33,5% e 61%
respectivamente.
Em relação à variação do estoque de liquidez, dois períodos tiveram índices negativos,
-1,2% em 2002 e -0,4% em 2003; quatro períodos apresentaram oscilações entre 0,8% e 2,5%
(2000, 2001, 2004 e 2005) e em 2006 houve um incremento de 14,7% no estoque de liquidez.
Esse percentual resulta do aumento das disponibilidades e aplicações financeiras de 2006 em
7,3 vezes em relação ao saldo ano de 2005.
O prazo médio de estocagem ficou entre 44 e 73 dias, encerrando o período
examinado em 51 dias (14% superior ao ano 2000), indicando aumento no nível de estoques,
167
visto que a variação dos estoques não foi proporcional à variação dos custos de produção e às
vendas.
O prazo médio de recebimento, por sua vez, ficou entre 48 dias (ano 2000) e 86 dias
(ano 2006), sendo que após o ano 2000, o prazo médio esteve sempre acima de 70 dias.
Pressupõe-se que a empresa mudou a política de crédito a clientes, visto que as variações
desta conta foram desproporcionais às variações nas vendas.
De 2005 para 2006 percebe-se uma mudança no comportamento da empresa que
conseguiu aumentar suas vendas em aproximadamente 21%; o lucro operacional em 28% e o
lucro líquido em 99%. As margens de lucratividade denotam margem bruta entre 35,3% e
42,8% com mediana de 39,1%; margem operacional, entre 6,1% e 19,7% com mediana de
16,6% e; margem líquida entre -21,3% e 6,9%, sendo negativa de 2000 a 2003 e positiva nos
demais. Essas variações registram que o comportamento das vendas o foi acompanhado
pelas oscilações dos custos de produção e pelas demais despesas, pressupondo-se redução de
custos e despesas fixas.
Por exemplo, nos anos 2000 e 2002 as despesas operacionais representavam
aproximadamente 30% do valor das vendas, nos demais períodos, representavam menos
que 24%. Quanto a margem líquida negativa de 2000 a 2003, ocorreu pela ausência de
receitas financeiras, o tendo o lucro operacional capacidade para suprir as despesas
financeiras.
O retorno sobre o ativo oscilou entre 14% e 25,4% com mediana de 20,5%,
influenciado pelo lucro operacional. Quanto ao retorno sobre o patrimônio líquido, somente
pode ser calculado a partir de 2004 quando não houve mais influência do passivo a descoberto
(ausência de capital próprio), apresentando, de 2004 a 2006, índices de 147,6%, 52,6% e
43,8%, respectivamente. O índice de desempenho empresarial aponta margens entre 24,6% e
58,7%, nesse mesmo período. Ainda em relação ao capital investido, se analisado o retorno
calculado a partir do resultado do exercício, este se mostra inferior ao retorno calculado a
partir do resultado operacional em todos os períodos analisados, pois a empresa incorreu em
resultados negativos da equivalência patrimonial, despesas financeiras e não operacionais
superiores as receitas de mesma natureza.
Na análise do valor econômico agregado, assim como ocorreu na Vulcabrás S/A,
desconsiderou-se o período com passivo a descoberto. Do ano 2004 ao ano 2006 verifica-se
que a empresa atingiu atratividade maior na sua atividade operacional do que se tivesse
investido seu capital ao custo de oportunidade estimado.
168
Os indicadores do EBITDA apresentam margens de 18,3% a 28,7% sobre o ativo e de
10,3% a 22,9% sobre as vendas líquidas, porém o EBITDA não foi suficiente para a cobertura
de juros nos anos 2000 e 2002, e nos demais contribuiu para a cobertura da totalidade dos
juros e despesas financeiras.
A dependência financeira da empresa do capital de terceiros foi de 55,4% a 100% (nos
anos de passivo a descoberto), sendo que entre 45,4% e 61,1% eram capitais vencíveis no
curto prazo. Mesmo nos períodos de patrimônio liquido positivo, os recursos de terceiros
utilizados pela empresa eram maiores que o capital próprio investido.
O giro do ativo ficou entre 1,2 a 2,3 vezes por ano (de 158 a 291 dias), encerrando
2006 (269 dias) 71% pior que o giro do ano 2000. A imobilização dos recursos não correntes
ficou entre 49,4% e 86,7%, percebendo-se que grande parte das captações de longo prazo
destinou-se à atividade operacional da empresa.
Tanto a alavancagem financeira quanto operacional inexistiu por diversos períodos. A
alavancagem financeira ocorreu a partir do ano 2004 (1,9 a 6), a alavancagem operacional em
2001, 2003, 2004 e 2006 (1,3 a 14,4) e a alavancagem total nos anos 2004 e 2006.
O coeficiente de overtrading indica uma melhora no perfil da empresa em 2006
registrando que o capital circulante líquido possui capacidade de financiar 84 dias de vendas,
porém, ressalva-se que o prazo médio de recebimento para o mesmo período é de 86 dias,
indicando a necessidade de recursos de terceiros para financiar as vendas no período que
excede a capacidade do capital circulante líquido.
O ano de 2006 também é evidenciado pelo modelo de previsão como o período em
que a empresa passa a não apresentar risco de insolvência. A análise do efeito tesoura ratifica
os indicadores anteriores, pois a empresa, mesmo estando sob efeito tesoura, reduz
significativamente a distância entre o capital circulante quido e a sua necessidade de capital
de giro.
O capital de giro representava entre 26,8% e 44,7% do ativo e a empresa não registrou
crescimento sustentável no período. o índice de cobertura dos juros, calculado a partir do
lucro operacional, indica que este possui capacidade de contribuir para a cobertura dos juros e
despesas financeiras nos anos de 2001 e de 2004 a 2006.
Pela análise da demonstração das origens e aplicações de recursos, verifica-se que as
origens de recursos foram inferiores às aplicações somente no ano 2002, sendo superiores nos
demais. Nos períodos em que houve registro de lucros, estes representaram aproximadamente
10% das origens.
169
Das aplicações totais, 12% destinaram-se ao imobilizado. Nos períodos de 2005 e
2006 houve distribuição de lucros, que por sua vez representaram 14,6% das aplicações e
83,8% dos lucros dos referidos períodos.
4.2 ANÁLISE DAS EMPRESAS POR GRUPO DE INDICADORES
No exame do índice-padrão de cada indicador, ao comparar a evolução dos
indicadores, principalmente do ano 2000 em relação ao ano de 2006, observa-se que houve:
a) estabilidade da liquidez corrente (2,20) e liquidez geral (de 1,80 para 1,90) e redução
na variação do estoque de liquidez (de 1,2% para 0%). Verifica-se, assim, que os
indicadores de liquidez permaneceram praticamente inalterados, e que os índices de
variação no estoque de disponibilidades pressupõem que não houve restrições ao
crédito em algum período;
b) aumento do prazo médio de estocagem em 9 dias e de recebimento em 23 dias,
demonstrando tendência de aumento dos níveis de estoque e do saldo de clientes de
forma desproporcional às vendas;
c) redução da margem bruta (de 27% para 21%) e operacional (de 5,3% para 0%) e
aumento da margem líquida (de 2,6% para 6,1%), evidenciando que a redução da
lucratividade operacional foi compensada por ganhos financeiros ou oriundos de
outros investimentos realizados pelas empresas;
d) redução das margens de rentabilidade (índice de desempenho empresarial de 12% para
3,6%; retorno sobre o ativo de 8,2% para 1,3%; retorno sobre o patrimônio líquido de
21,6% para 1,3%; valor econômico agregado de $ 846 para -$ 5.514), em virtude da
redução da margem operacional;
e) redução da margem do EBITDA (de 8,2% para 4,0%), do cash flow (de 9,2% para
1,5%) e do índice de cobertura de juros - EBITDA (de 96,7% para 86,1%), também
afetados pela redução da margem operacional;
f) aumento do endividamento de curto prazo (de 70,9% para 71,9%), estabilidade da
participação do capital de terceiros (de 56,2% para 55,9%) como contrapartida da
redução da dependência financeira (de 41,3% para 37,4%); o que demonstra o
aumento dos recursos de terceiros em relação ao capital próprio, mas não em relação
ao ativo total das empresa. Esse fato se explica, em parte, pelo aumento da
imobilização de recursos não correntes e pela redução do lucro operacional;
170
g) redução do giro do ativo (de 1,8 para 1,3 vezes por ano), ou seja, o ativo gira a cada
277 dias. Houve também, aumento da imobilização do patrimônio líquido (de 39,9%
para 41,5%) e estabilidade da imobilização dos recursos não correntes (de 32,9% para
33%), indicando aumento da aplicação de recursos em bens do imobilizado, porém
insuficientes para fomentar as vendas, ou ainda em estágio de instalação e
desenvolvimento;
h) redução do grau de alavancagem financeira (de 1,4 para 1,0) e redução do grau de
alavancagem operacional e total (de -0,4 para -2,4), mostrando ausência de
alavancagem pela geração de lucros e de alavancagem financeira;
i) redução do coeficiente de overtrading (de 2,8 para 2,3), capital de giro (de 44,7% para
29,5%), previsão de insolvência (de -4,7 para -10,2) e taxa de crescimento sustentável
(de 2% para 0%), índice de cobertura de juros (de 81% para 30,5%) e aumento do
indicador do efeito tesoura (de $ -194 para $1.177), ou seja, houve melhora em relação
a solvência das empresas (coeficiente de overtrading, previsão de insolvência, efeito
tesoura) ao mesmo tempo em que houve queda no capital de giro e na taxa de
crescimento pela retenção de recursos próprios.
Observa-se ainda pela análise do índice-padrão, do ano 2006 em relação ao ano 2000,
que a relação entre liquidez, rentabilidade e endividamento em parte confirma a teoria, pois a
manutenção dos indicadores de liquidez esteve associada à redução da dependência de
recursos de terceiros e da rentabilidade em 46% da amostra. Das empresas analisadas, 33%
apresentam aumento de liquidez, redução da margem operacional e redução da dependência
financeira; 13% apresentam redução da liquidez e aumento da margem operacional e da
dependência financeira e as demais apresentam situações diferenciadas.
A relação entre o indicador efeito tesoura (significa a empresa ter capital circulante
líquido para suprir sua necessidade de capital de giro); endividamento de curto prazo; e
imobilização de recursos próprios, embora não se apresente com clareza pela análise dos
índices-padrão (houve aumento do endividamento de curto prazo), também emerge das
análises.
No período examinado, 40% das empresas reduziram seu endividamento de curto
prazo quando também reduziram o nível de imobilização dos recursos próprios e mostraram
aumento da sobra de capital circulante líquido em relação à necessidade de capital de giro; em
20% ocorreu o inverso. ainda 20% delas que aumentaram o endividamento de curto prazo
e a necessidade de capital de giro, enquanto que reduziram a aplicação de recursos próprios
em imobilizações, compensados pelo aumento do uso de recursos de terceiros de longo prazo.
171
A análise revelou também diferentes tendências de desempenho econômico-financeiro
das empresas para um mesmo período examinado, o que não permitiu vincular tal
desempenho com a situação econômico-financeira vivida pelo setor ou identificar
características comuns das empresas que expliquem tal comportamento. Por exemplo,
enquanto os indicadores de liquidez corrente da Andreza cresceram de 2000 a 2006, os da
Azaléia decresceram e os da Beira Rio ora cresceram e ora decresceram. Já os de liquidez
geral apresentam crescimento ou decréscimo alternado ano a ano.
Além disso, a ausência de informações sobre a fatia da receita de vendas formada por
exportações e por vendas no mercado nacional impossibilita uma análise mais efetiva do
desempenho das empresas. Ficou prejudicada, por exemplo, a análise da influência das taxas
de câmbio no resultado das empresas e a segregação da lucratividade de acordo com as
vendas para o mercado externo e para o mercado interno.
4.2.1 Indicadores de liquidez
a) Liquidez corrente
A análise da liquidez corrente evidencia a existência de empresas com ausência de
liquidez e outras com relativo excedente de liquidez. O índice-padrão do período oscilou entre
2,00 e 2,60, conforme Tabela 32. A oscilação compreeende o índice-padrão mínimo e
máximo ocorrido no período de 2000 a 2006.
Tabela 32: Liquidez corrente
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 0,7 0,6 0,2 0,5 - 0,1 0,2
1º Quartil 1,9 1,3 1,3 1,4 1,0 1,6 1,4
Índice-padrão 2,2 2,4 2,3 2,0 2,1 2,6 2,2
3º Quartil 4,3 4,2 4,5 5,8 3,8 3,5 4,0
Máximo 26,5 10,9 12,2 6,9 6,3 7,5 12,4
Valor típico 3,2 2,9 2,8 2,7 2,1 2,6 2,5
No confronto do índice-padrão com o valor típico, verifica-se que nos anos de 2001 e
2002, os valores são iguais para ambos os índices e, nos demais anos, o valor típico é superior
em até 45,5% (ano 2006), evidenciando a diversidade de índices apresentados pelas empresas.
Verifica-se que 75% das empresas, identificadas pelo quartil, atingem um pico
máximo de 5,80, ocorrido no ano de 2003, ao passo que os índices mais expressivos oscilam
entre 6,30 e 26,50, conforme pode ser visualizado na Figura 20.
172
Figura 20: Liquidez corrente por empresa
Percebe-se que 5 empresas atingiram índices acima do quartil: Beira Rio, Daiby,
Dakota, Grendene, Jacob. Dentre elas, Grendene, em 2000, e Jacob, de 2004 a 2006, superam
a faixa de 10,00. O destaque também é atribuído para a as empresas que apresentaram, no
período, índices abaixo de 1,00: Cambuci, Grendene, Sândalo, Vulcabrás e Vucabrás do
Nordeste.
b) Liquidez geral
Na análise da liquidez geral, verifica-se pela 33, que o índice-padrão ficou na faixa de
1,50 a 1,90, concentrando 75% das empresas em índices de até 3,10. Verifica-se, também, que
proximidade do índice-padrão com o valor típico em cinco períodos, sendo que nos outros
dois (2000 e 2006), o valor típico é 39% e 37% superior, respectivamente.
Tabela 33: Liquidez geral
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,3 0,3
1º Quartil 1,2 1,1 1,1 1,2 0,7 0,8 1,1
Índice-padrão 1,9 1,8 1,8 1,8 1,5 1,6 1,8
3º Quartil 2,6 2,6 2,7 2,8 2,2 2,3 3,1
Máximo 26,5 11,0 12,2 6,9 6,3 6,5 34,7
Valor típico 2,6 2,0 2,0 1,9 1,6 1,7 2,5
Assim como na liquidez corrente, na liquidez geral, Jacob e Grendene despontam para
picos de alta liquidez, não acompanhados pelas demais empresas, ao passo que outras com
índices abaixo de 1,00 (Cambuci, Sândalo, Grendene, Vulcabrás, Vulcabrás do Nordeste).
173
Figura 21: Liquidez geral por empresa
c) Variação do estoque de liquidez
A evolução, tanto da liquidez corrente quanto da liquidez geral, pode ser acompanhada
também pela variação do estoque de liquidez, demonstrada na Tabela 34, cuja análise do
índice-padrão, pressupõe que não houve restrição financeira no conjunto de empresas,
ratificando Zani (2005), o índice ficou próximo ou acima de zero.
Tabela 34: Variação do estoque de liquidez
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -4,3% -2,6% -6,6% -20,6% -9,7% -7,4% -14,0%
1º Quartil -0,8% 0,1% -2,6% -4,2% -0,8% -1,5% 0,1%
Índice-padrão - 0,6% - -0,9% 0,5% 0,1% 1,2%
3º Quartil 5,2% 3,5% 0,8% -0,1% 3,4% 2,4% 3,8%
Máximo 18,6% 19,7% 8,9% 26,9% 19,1% 7,0% 17,3%
Valor típico 2,2% 4,0% 0,9% 0,4% 1,3% -0,7% 2,9%
Comparando-se o índice-padrão com o valor típico, percebe-se que ao passo que o
primeiro esteve próximo a zero em aproximadamente todo o período, o segundo mostra
variações positivas de até 4%, com exceção ao ano 2001, que apresentou valor típico
negativo. Entre as empresas que atingiram variações positivas estão: Andreza, Azaléia, Beira
Rio, Grendene, Vulcabrás, Dakota Nordeste. No entanto, em outros períodos elas atingiram
também variações negativas, sem aparente restrição ao crédito: Andreza, Azaléia, São Paulo
Alpargatas, Jacob, Dakota Nordeste, Beira Rio, Dakota, Daiby. As variações por empresa
podem ser visualizadas na Figura 22.
174
Figura 22: Variação do estoque de liquidez por empresa
Das empresas analisadas, a Jacob apresenta um crescimento de 531% nos índices de
liquidez, passando de 4,20 no ano 2000 para 26,50 no ano 2006. A empresa não possui
empréstimos neste período e as aplicações financeiras de curto prazo representam 59,3% do
ativo total do ano 2006. Por outro lado, a Cambuci foi a única empresa do grupo analisado
que não apresentou liquidez em nenhum dos períodos analisados. A variação do estoque de
liquidez da empresa oscilou entre -1% e 1% no período 2000 a 2006 e, aparentemente, ela não
sofreu restrição financeira, visto que os empréstimos e financiamentos representaram
aproximadamente de 20% a 51% do passivo exigível.
4.2.2 Indicadores de atividade
Os indicadores de atividade revelam como índice-padrão das empresas analisadas,
prazos entre 50 e 90 dias para giro de estoques e recebimento de vendas. Os indicadores da
Grendene dos anos 2000 a 2002 foram excluídos da análise, pois não vendas e
conseqüentemente custo dos produtos vendidos nesse período.
a) Prazo médio de estocagem
O prazo médio de estocagem apresenta índice-padrão de 52 a 73 dias, sendo que
aproximadamente 25% (1° quartil) da amostra revelou prazos de até 57 dias e outros 25%
(acima do quartil) mais de 65 dias. Já o valor típico demonstra menor oscilação dos prazos
entre os períodos, ficando entre 59 e 68 dias. A Tabela 35 demonstra as oscilações no prazo
médio de estocagem.
175
Tabela 35: Prazo médio de estocagem
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 6 2 2 4 37 39 37
1º Quartil 52 54 51 54 49 57 45
Índice-padrão 61 67 65 71 69 73 52
3º Quartil 65 73 78 81 78 79 69
Máximo 123 129 95 89 83 93 251
Valor típico 59 63 63 66 65 68 59
Na Figura 23 verifica-se que das empresas que apresentam melhor desempenho,
destacam-se Beira Rio e São Paulo Alpargatas, com prazos entre 30 e 60 dias. Entre as que
apresentam menor desempenho destacam-se Fillis, Jacob e Cambuci, com prazos entre 65 e
123 dias. A Vulcabrás, embora apresente prazo de 251 dias em 2000 e 93 dias no ano
seguinte, reduz o prazo médio para 2 dias em 2006.
Figura 23: Prazo médio de estocagem por empresa
b) Prazo médio de recebimento
Em relação ao prazo médio de recebimento, verifica-se a tendência do índice-padrão
em estabilizar-se ao redor de 80 dias. Somente no ano 2000 (56 dias) e no ano 2004 (70 dias),
o índice esteve afastado da tendência. o valor típico mostrou-se próximo ao índice-padrão
somente nos anos 2001 e 2002. Nos demais períodos os índices apresentam-se superiores
entre 12 a 20 dias.
A Tabela 36 ilustra esse fato, revelando prazos máximos de até 142 dias. Para esta
análise, parte dos indicadores da Grendene e da Vulcabrás foram desconsiderados por
particularidades da estrutura da empresa, explicadas na análise individual.
176
Tabela 36: Prazo médio de recebimento
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 54 45 38 57 43 38 42
1º Quartil 63 63 56 62 55 52 49
Índice-padrão 76 79 70 78 88 84 56
3º Quartil 101 102 89 109 104 108 87
Máximo 127 142 121 117 137 121 112
Valor típico 96 98 87 92 87 85 68
Visto que quanto maior o prazo de pagamento concedido aos clientes, menor as
disponibilidades da empresa para fazer frente aos seus compromissos, destacam-se entre as
empresas com menor índice no período analisado, a Sândalo e a São Paulo Alpargatas. Das
empresas com maior índice estão Azaléia, Dakota, Dakota Nordeste e Jacob. A Figura 24
demonstra o posicionamento das empresas.
Figura 24: Prazo médio de recebimento por empresa
Pela análise do comportamento das empresas, percebe-se que tanto o prazo médio de
estocagem quanto o de recebimento não apresentam tendência de retomada dos prazos do ano
de 2000. O primeiro que era de 52 dias, tende a ficar acima de 60 dias e o segundo que era de
58 dias tende a ficar acima de 80 dias.
4.2.3 Indicadores de lucratividade
Os indicadores de lucratividade têm relação com os indicadores de liquidez e de
endividamento. Porém, a falta de um comportamento homogêneo das empresas no período
examinado não permite identificar com clareza os efeitos da variação da liquidez e do
endividamento em relação à lucratividade. Outro fato demonstrado pelos índices é o
crescimento da margem líquida do ano 2006 em relação ao ano anterior, em detrimento da
177
queda da margem operacional, evidenciando a relevância dos ganhos financeiros nesse
período.
a) Margem bruta
Pela análise da margem bruta (Tabela 37) o índice-padrão das empresas, no período
examinado, oscilou entre 20% e 30%. A partir do ano 2003, verifica-se uma tendência de
redução da margem, passando de 28,5% para 21% no ano 2006. O valor típico confirma o
índice-padrão, sendo aproximado nos períodos de 2000 a 2005. No ano de 2006 se distancia
do índice-padrão, apresentando um índice de 5,3 pontos percentuais superior.
As empresas que mais se aproximam da margem máxima apurada no grupo de
empresas analisadas são: Grendene, São Paulo Alpargatas e Vulcabrás do Nordeste, as quais
mantiveram margens superiores a 35%. Quanto às margens negativas, essas se referem à
Vulcabrás, com margens negativas em todo o período e a Fillis, que apresentou margem
negativa em 2005.
Tabela 37: Margem bruta
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -20,6% -21,7% -22,8% -19,4% -20,0% -35,3% -35,7%
1º Quartil 11,1% 12,2% 19,5% 18,1% 23,1% 21,2% 16,2%
Índice-padrão 21,0% 24,0% 26,0% 28,5% 27,1% 28,0% 27,0%
3º Quartil 30,2% 31,2% 33,9% 32,7% 35,3% 34,4% 36,4%
Máximo 47,1% 44,9% 41,7% 48,6% 40,5% 42,8% 55,4%
Valor típico 26,3% 26,2% 28,5% 28,6% 27,6% 27,8% 28,2%
Os índices da margem bruta por empresa podem ser visualizados na Figura 24, que
destaca, além da Grendene, São Paulo Alpargatas e Vulcabrás do Nordeste, a Dilly Nordeste,
que obteve em 2000 o índice máximo do grupo (55,4%).
Figura 25: Margem bruta por empresa
178
b) Margem operacional
Em relação à margem operacional, verifica-se na Tabela 38 a tendência de queda do
índice-padrão a partir do ano 2004, semelhantemente ao ocorrido com a margem bruta,
registrando em 2006 um resultado nulo. No entanto, tem-se no valor típico um índice superior
em todos os períodos, sendo mais próximo do índice-padrão nos anos 2001 e 2002. Nos
demais períodos os índices se afastam até atingir uma diferença de 4 pontos percentuais em
2006.
Tabela 38: Margem operacional
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -20,2% -23,6% -10,8% -7,3% -6,7% -3,3% -3,9%
1º Quartil -4,6% -1,6% -0,8% 3,0% -1,1% - 2,6%
Índice-padrão - 2,0% 5,1% 3,7% 6,9% 8,0% 5,3%
3º Quartil 9,7% 7,9% 7,7% 8,3% 14,6% 18,0% 9,8%
Máximo 17,4% 16,6% 17,7% 24,1% 22,2% 23,2% 39,6%
Valor típico 4,0% 4,6% 6,3% 5,7% 7,3% 8,3% 7,2%
A margem operacional evidencia também que 25% (1° quartil) das empresas não
obtiveram lucratividade em 5 períodos e obtiveram lucro operacional de até 3% da venda
líquida em 2 períodos.
As melhores margens foram registradas por Dilly Nordeste, Vulcabrás do Nordeste e
Grendene. Por outro lado, as empresas com maior incidência de margens negativas no
decorrer do período foram Azaléia e Cambuci.
Figura 26: Margem operacional por empresa
c) Margem líquida
Verifica-se pela margem quida, que os maiores índices de lucratividade foram
registrados por Azaléia, Dilly Nordeste e Grendene. Já a maioria dos índices negativos é das
179
empresas Cambuci, Jacob, Sândalo e Vulcabrás do Nordeste. A Tabela 39 demonstra o
comportamento dos índices que apresentam como índice-padrão valores de até 6,1%.
Na comparação do valor típico com o índice-padrão, verifica-se que em 2002 a média
dos índices resultou inferior ao índice-padrão; nos anos 2001, 2004 e 2006 foram
aproximados e nos demais o valor típico foi superior em até 4,6 pontos percentuais.
Tabela 39: Margem líquida
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -6,4% -4,5% -23,8% -5,0% -61,3% -16,1% -16,5%
1º Quartil -0,8% -0,1% - -0,7% -1,3% - -
Índice-padrão 6,1% 1,9% 3,1% 0,5% 5,7% 4,6% 2,6%
3º Quartil 10,7% 5,3% 4,8% 6,2% 9,4% 8,1% 9,5%
Máximo 17,1% 15,6% 10,9% 35,4% 15,3% 14,7% 25,6%
Valor típico 6,7% 4,4% 3,3% 5,1% 2,5% 4,3% 4,3%
Na análise do índice-padrão apurado para a margem líquida em relação à margem
operacional, observa-se que algumas empresas obtiveram ganhos financeiros ou de
equivalência patrimonial que incrementaram o lucro operacional ou até mesmo reverteram
prejuízo operacional. Na Figura 27 evidencia-se as margens por empresa.
Figura 27: Margem líquida por empresa
Verifica-se pelo exemplo da Azaléia, com margem operacional negativa e margem
líquida positiva, que as empresas passaram a buscar maior rentabilidade para seus recursos
mediante investimentos em aplicações financeiras.
Com exceção ao pico negativo do ano 2002 da Cambuci, e do pico positivo do ano
2003 da Grendene, evidencia-se um comportamento mais uniforme entre as empresas nos
demais períodos, embora contemple oscilações entre -23,8% e 25,6%.
180
4.2.4 Indicadores de rentabilidade e retorno
Influenciados pelo lucro ou prejuízo operacional, utilizados como base para o cálculo
da rentabilidade e retorno das operações da empresa em relação aos ativos necessários para a
execução da atividade operacional ou, ainda, em relação ao capital investido pelos acionistas,
os indicadores deste grupo apontam como índice-padrão percentuais geralmente abaixo do
custo de oportunidade estimado para o período.
a) Retorno sobre o ativo
O retorno sobre o ativo aponta um crescimento do índice-padrão de 2000 para 2001 e
em seguida uma queda constante até 2006. A Tabela 40 indica que 75% (3° quartil) das
empresas geraram retornos máximos entre 14,9% e 34,9% e que 25% delas (1° quartil)
geraram retornos superiores a estes.
Tabela 40: Retorno sobre o ativo
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -20,5% -41,8% -98,6% -10,2% -122,3% -18,5% -51,3%
1º Quartil -4,6% -5,4% -3,4% 4,4% -6,3% 1,7% 4,1%
Índice-padrão 1,3% 3,2% 5,7% 5,7% 9,6% 12,8% 8,2%
3º Quartil 17,3% 11,9% 15,1% 16,6% 26,0% 34,9% 16,6%
Máximo 28,7% 27,3% 24,6% 98,1% 56,6% 68,0% 70,4%
Valor típico 7,1% 5,9% 6,2% 10,7% 5,7% 13,4% 8,9%
Comparando-se o índice-padrão com o valor típico, observa-se que o primeiro é
superior ao segundo somente em 2002, ou seja, o índice que separa 50% dos índices abaixo de
si e 50% acima foi superior à média dos índices. Nos anos 2000, 2001 e 2004 o valor típico é
próximo ao índice-padrão e nos demais é superior em até 5,8 pontos percentuais (ano 2006).
Dentre as empresas que apresentam o maior retorno destacam-se: Grendene e
Vulcabrás, que inverteram suas posições em outros período, além da Beira Rio, Dilly
Nordeste, Jacob, São Paulo Alpargatas e Vulcabrás Nordeste. Entre as empresas que
apresentam perdas em alguns períodos estão Azaléia, Grendene e Vulcabrás.
Tanto o retorno máximo (98,1%) quanto o maior prejuízo (-122,3%) registrado no
período pertencem à Vulcabrás, cujo objeto principal é o investimento em outras sociedades.
Uma análise mais aprofundada desta empresa encontra-se na seção 4.2.14. Na Figura 28
evidencia-se o posicionamento das empresas em relação ao retorno sobre o ativo.
181
Figura 28: Retorno sobre o ativo por empresa
b) Retorno sobre o patrimônio líquido
De forma diferente ao retorno sobre o ativo, verifica-se na Tabela 41, que o índice-
padrão do retorno sobre o patrimônio líquido apresentou queda de 2000 para 2003,
crescimento de 2003 para 2004 e nova queda de 2004 a 2006. Neste último período, o índice-
padrão decresceu 96,6%. em relação ao valor típico, percebe-se uma influência crescente
dos índices localizados acima do índice-padrão na composição do índice a partir do ano 2003,
atingindo em 2006, uma diferença de 21,2 pontos percentuais acima do índice-padrão.
Desta análise foram excluídos os índices da Cambuci (2001 a 2006), Vulcabrás e
Vulcabrás do Nordeste (2000 a 2003), pois nestes períodos as empresas apresentaram passivo
a descoberto, ou seja, ausência de capital próprio disponível para investimento.
Tabela 41: Retorno sobre o patrimônio líquido
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -18,3% -29,7% -41,4% -7,4% -8,8% -4,3% -5,1%
1º Quartil -7,4% -5,8% -1,2% 5,6% -2,6% 3,1% 7,5%
Índice-padrão 1,3% 4,6% 12,8% 10,0% 14,8% 17,4% 21,6%
3º Quartil 17,1% 14,1% 21,2% 14,6% 46,5% 37,6% 29,8%
Máximo 43,8% 52,6% 147,6% 55,2% 94,0% 95,7% 171,7%
Valor típico 22,5% 19,6% 26,7% 17,9% 16,6% 19,8% 18,8%
Pela Figura 29 tem-se: Dilly Nordeste e Vulcabrás do Nordeste, que apresentam
índices próximos ao retorno máximo, e Azaléia, Fillis e Vulcabrás que apresentam índices
próximos ao retorno mínimo, ou seja, tiveram prejuízos no período. Verifica-se também que a
Andreza aproxima-se do retorno máximo nos anos de 2001 e 2002, e do índice mínimo no
ano de 2006.
182
Figura 29: Retorno sobre o patrimônio líquido por empresa
c) Índice de desempenho empresarial
Pelo índice de desempenho empresarial, que demonstra a média dos índices de retorno
sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido e retorno sobre as vendas, verifica-se que o
índice-padrão revela uma rentabilidade entre 3,6% e 17,8%, apresentando crescimento ou
redução alternadamente entre os períodos examinados. Verifica-se, também, na Tabela 42,
que os valores mínimos para o indicador oscilaram entre -16,1% e -1,2% e os valores
máximos entre 24,6% e 89,2%.
Tabela 42: Índice de desempenho empresarial
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -9,9% -16,1% -2,3% -4,6% -5,6% -3,5% -1,2%
1º Quartil -6,3% -2,8% 1,6% 3,7% 2,4% 7,1% 6,2%
Índice-padrão 3,6% 4,6% 9,3% 6,0% 17,8% 13,1% 12,0%
3º Quartil 19,3% 13,4% 13,8% 10,5% 32,5% 31,6% 18,0%
Máximo 24,6% 25,8% 58,7% 32,6% 50,3% 50,7% 89,2%
Valor típico 11,4% 10,0% 12,3% 11,2% 7,9% 10,8% 9,8%
No índice de desempenho empresarial, a distância entre valor típico e índice-padrão é
menor do que a apresentada no retorno sobre o patrimônio líquido. Do confronto entre os dois
índices, os anos de 2002, com índice-padrão superior em 9,9 pontos percentuais; e 2006, que
de forma oposta apresenta índice-padrão inferior em 7,8 pontos percentuais, são os de maior
diferença.
Alternam-se entre as empresas que apresentam melhor rentabilidade: Beira Rio,
Daiby, Dilly Nordeste, Vulcabrás do Nordeteste e Andreza, que no período 2006 também
apresentou índice de menor rentabilidade, juntamente com Azaléia, Dakota, Fillis e Jacob. Na
Figura 30 tem-se o comportamento individual das empresas.
183
Figura 30: Índice de desempenho empresarial por empresa
Ressalva-se que desta análise foram excluídos os índices da Cambuci (2001 a 2006),
Vulcabrás e Vulcabrás do Nordeste (2000 a 2003), por não haver cálculo de retorno sobre o
patrimônio líquido. Também foram excluídos os índices da Vulcabrás (2000 a 2006) e
Grendene (2000 a 2002) pela ausência de cálculo de retorno sobre as vendas, sendo a primeira
pela incompatibilidade do lucro ou prejuízo operacional com a receita de vendas e a segunda
por ser uma holding com predominância de receitas de equivalência patrimonial.
d) Valor econômico agregado
Em relação ao valor econômico agregado, tem-se como índice-padrão um único valor
positivo no ano 2000, sendo os demais negativos, ou seja, a lucratividade da atividade
operacional das empresas foi inferior aos ganhos obtidos, se aplicados os recursos às taxas
estimadas para o custo de oportunidade.
A Tabela 43 espelha o distanciamento entre os valores mínimos e máximos em relação
ao índice-padrão. Além disso, demonstra um valor típico negativo para todos os períodos,
evidenciando a influência dos índices localizados abaixo do índice-padrão na média dos
índices, observando-se a maior proximidade entre os índices no ano de 2004 (valor típico
inferior em $ 5.251) e a maior distância no ano de 2002 (valor típico inferior em $ 68.237).
Tabela 43: Valor econômico agregado
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -117.045 -101.437 -74.099 -116.449 -100.052 -64.845 -75.326
1º Quartil -11.409 -14.470 -11.133 -13.605 -33.791 -23.006 -3.842
Índice-padrão -5.514 -7.770 -2.396 -4.143 -2.574 -560 846
3º Quartil 12.973 -3.064 1.975 -2.149 4.640 2.969 2.498
Máximo 57.556 32.169 50.315 8.913 18.507 13.980 16.500
Valor típico -14.874 -26.668 -7.647 -39.798 -70.811 -51.978 -37.034
184
Entre os valores máximos, ou seja, que excederam ao custo de oportunidade estimado,
destacam-se as empresas Andreza, Dilly Nordeste, Vulcabrás do Nordeste e a São Paulo
Alpargatas, que nos últimos dois anos do período examinado obteve valor econômico
agregado positivo. Já em relação ao valor mínimo apurado, ou seja, que não atingiram o custo
de oportunidade estimado, enquadram-se as empresas Azaléia (2000 a 2006), Grendene (2000
a 2002) e São Paulo Alpargatas (2000 a 2004).
Por se utilizar o patrimônio líquido como base de cálculo da análise do valor
econômico agregado também foram excluídas as empresas Cambuci (2001 a 2006), Vulcabrás
e Vulcabrás do Nordeste (2000 a 2003), que apresentam passivo a descoberto. A exclusão
ocorre pela falta de alternativas de investimento dada à falta de capital disponível para
investir. A Figura 31 ilustra o posicionamento das empresas em relação aos respectivos
períodos analisados.
Figura 31: Valor econômico agregado por empresa
Fica evidenciado que na maioria das empresas o valor econômico agregado não
existiu, ou seja, o lucro operacional foi menor que o custo de oportunidade estimado como
base de comparação.
4.2.5 Indicadores do EBITDA
Os índices-padrão do EBITDA indicam, assim como nos demais indicadores já
analisados, que no ano 2001 houve uma ruptura do processo de crescimento das margens de
lucro, nível de vendas e de ativos das empresas, apresentando tendência de decrescimento
constante até o ano de 2006.
185
a) Cash flow
Pela análise da geração de caixa proveniente da atividade operacional da empresa em
relação ao ativo total, verifica-se que o índice-padrão apresenta oscilações entre 1,5% (ano
2006) e 14% (ano 2001), conforme revela a Tabela 44.
Tabela 44: Cash flow
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -8,5% -18,3% -25,4% -5,4% -118,3% -1,6% -41,5%
1º Quartil -3,1% -1,9% -1,3% 5,5% -1,2% 3,6% 5,5%
Índice-padrão 1,5% 4,1% 6,3% 6,6% 11,7% 14,0% 9,2%
3º Quartil 12,5% 13,2% 15,5% 18,3% 22,2% 33,1% 19,9%
Máximo 26,7% 22,6% 26,3% 81,4% 45,9% 69,8% 73,4%
Valor típico 6,1% 6,7% 8,0% 11,1% 7,4% 13,7% 9,6%
Na comparação do índice-padrão com o valor pico, verifica-se novamente, no ano
2002, a influência dos índices abaixo do índice-padrão na composição do valor típico,
resultando este inferior em 4,3 pontos percentuais. Em 2000 e 2001, os índices são próximos e
nos demais períodos o valor típico apresenta-se superior.
As oscilações entre o valor mínimo e máximo para este indicador ficaram entre -
188,3% e 81,4%. Dentre as empresas próximas aos índices máximos, mesmo que somente em
determinados períodos, destacam-se: Andreza, Beira Rio, Daiby, Dilly Nordeste e Vulcabrás
(períodos 2001, 2003 e 2006).
as que estão próximas aos índices mínimos, os quais revelam prejuízos, ou seja,
saída de caixa ao invés de geração, estão: Azaléia, Cambuci, Fillis e Vucabrás (demais
períodos). A Figura 32 evidencia o comportamento das empresas.
Figura 32: Cash flow por empresa
186
b) Margem do EBITDA
O comportamento do EBITDA em relação às vendas, evidenciado pela Tabela 45,
revela, com exceção aos períodos 2000 e 2003, que a rentabilidade máxima das empresas era
de até 25%, tendo o índice-padrão oscilado entre 4% (ano 2006) e 13,3% (ano 2002). o
valor típico apresenta um comportamento com menor oscilação entre os períodos,
apresentando o menor índice em 2006 (6,8%) e o maior em 2001 (10,2%).
Tabela 45: Margem do EBITDA
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -18,0% -23,6% -8,0% -4,8% -4,7% -1,2% -1,6%
1º Quartil -4,3% -0,5% 0,1% 4,7% 5,1% 6,7% 5,9%
Índice-padrão 4,0% 4,7% 6,7% 5,2% 13,3% 10,4% 8,2%
3º Quartil 12,0% 11,6% 10,3% 10,4% 15,5% 18,9% 14,6%
Máximo 21,6% 20,6% 21,0% 41,4% 23,2% 25,2% 42,0%
Valor típico 6,8% 6,9% 8,1% 9,1% 10,0% 10,2% 9,3%
Os índices máximos do período foram atingidos por Dilly Nordeste, Grendene e
Vulcabrás do Nordeste. Em sentido inverso estão os índices mínimos apresentados por
Azaléia, Cambuci, Fillis e Jacob. Da análise foram excluídas a Vulcabrás (2000 a 2006) pela
incompatibilidade do lucro ou prejuízo operacional com a receita de vendas e a Grendene
(2000 a 2002) pela ausência de vendas no período.
A Figura 33 ilustra o comportamento das empresas durante o período examinado,
indicando que ao redor de 75% das empresas da amostra obtiveram índices inferiores a 20%.
Figura 33: Margem do EBITDA por empresa
187
c) Índice de cobertura dos juros - EBITDA
a aplicação do EBITDA para a verificação da capacidade de cobertura dos juros, se
deu em função da medição da geração de fluxo de caixa em relação às despesas originadas
pela captação dos recursos.
Para uma melhor análise foi desconsiderado o ano 2001 da Vulcabrás, cujo índice
superou a casa dos 40.000%. Percebe-se pela Tabela 46, que o índice-padrão indica que em
quatro períodos houve capacidade de cobertura dos juros (ou despesas financeiras) e em três
períodos houve contribuição parcial para essa cobertura. No entanto, pela análise do valor
típico, o número de períodos com contribuição parcial se reduz ao ano 2002, sendo que nos
demais houve capacidade de cobertura total.
Tabela 46: Índice de cobertura de juros - EBITDA
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -708,6% -721,5% -1746,3% -58,4% -1865,7% -86,2% -1035,5%
1º Quartil -82,5% -20,7% -18,7% 61,1% -12,0% 36,5% 17,1%
Índice-padrão 86,1% 151,5% 165,4% 233,7% 86,1% 158,8% 96,7%
3º Quartil 443,9% 318,2% 256,0% 411,6% 162,4% 268,4% 377,4%
Máximo 987,6% 678,7% 847,4% 1596,7% 1559,9% 1056,1% 1902,1%
Valor típico 165,6% 157,6% 138,9% 260,6% 60,8% 159,8% 157,9%
Os índices máximos são apresentados por Dilly Nordeste, Dakota, Dakota Nordeste,
São Paulo Alpargatas e Vulcabrás, enquanto que os nimos são apresentados por Azaléia,
Jacob, Cambuci, Grendene e também pela Vulcabrás.
A Figura 34 ilustra o comportamento das empresas, com destaque às oscilações dos
índices da Vulcabrás.
Figura 34: Índice de cobertura de juros por empresa - EBITDA
Pela análise dos indicadores do EBITDA, assim como em outros indicadores, verifica-
se que não houve um comportamento uniforme das empresas no decorrer dos períodos, pois
188
quando algumas apresentavam tendência de crescimento, outras mostravam índices negativos
e vice-versa, ou seja, não houve padrões entre as empresas que caracterizassem determinados
períodos.
4.2.6 Indicadores de endividamento
Os indicadores de endividamento do grupo de empresas analisadas revelam que a
dependência do capital de terceiros tende ao endividamento de curto prazo, o que pode ser
verificado na Tabela 47, que evidencia, como índice-padrão, percentuais de endividamento de
curto-prazo na faixa de 58,6% a 73,4% durante o período examinado.
a) Composição do endividamento
Pela análise do índice-padrão verifica-se, também, que nos anos 2001, 2003 e 2004
houve queda no nível de endividamento de curto prazo das empresas em relação ao ano
anterior, ocorrendo processo inverso em 2002, 2005 e 2006. No ano 2006 o endividamento de
curto prazo retomou os níveis do ano 2000. Observando o comportamento do valor típico,
identifica-se uma oscilação menor entre o índice mínimo e máximo do período 2000 a 2006,
do que a apresentada pelo índice-padrão. Os índices oscilam 6,8 pontos percentuais (entre
68,6% e 75,4%), ao passo que o índice-padrão mostra oscilação de 14,8 pontos percentuais.
Tabela 47: Composição do endividamento
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 41,8% 30,8% 22,4% 12,0% 8,5% 4,9% 3,9%
1º Quartil 51,4% 44,2% 43,0% 44,1% 52,6% 46,9% 56,0%
Índice-padrão 71,9% 61,1% 58,6% 59,0% 73,4% 61,8% 70,9%
3º Quartil 88,6% 80,0% 88,3% 90,1% 97,5% 90,5% 97,6%
Máximo 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Valor típico 74,7% 70,1% 69,8% 68,6% 77,8% 70,0% 75,4%
Na Figura 35 evidencia-se que as empresas Daiby, Dakota, Fillis, Grendene e Jacob
atingiram índices de 100% de endividamento de curto prazo. Próximas a elas, Andreza e
Beira Rio atingiram índices acima de 90%. Os índices mínimos são apresentados por Dilly
Nordeste, Grendene, São Paulo Alpargatas ou Vulcabrás.
189
Figura 35: Composição do endividamento por empresa
b) Dependência financeira
Embora na sua maior parte de curto prazo, a dependência financeira de recursos de
terceiros no período analisado demonstrou tendência de redução. Conforme visualizado na
Tabela 48, o índice-padrão para o período teve variação entre 37,1% e 43,6%. No valor típico
essa variação ficou entre 38,3% e 52,2%, tendo no ano 2002 a maior divergência em relação
ao índice-padrão (8,6 pontos percentuais).
Tabela 48: Dependência financeira
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 3,5% 8,4% 7,4% 12,0% 11,8% 11,5% 0,1%
1º Quartil 24,1% 24,3% 28,6% 26,8% 28,0% 23,7% 26,2%
Índice-padrão 37,4% 39,3% 37,1% 39,5% 43,6% 40,6% 41,3%
3º Quartil 44,7% 45,8% 44,8% 57,2% 58,5% 52,2% 59,4%
Máximo 145,0% 161,0% 170,9% 159,1% 302,5% 138,5% 235,9%
Valor típico 38,3% 40,2% 41,5% 42,8% 52,2% 43,1% 45,4%
As empresas com menor dependência, ou seja, entre 0,1% e 12%, são: Beira Rio,
Daiby, Grendene, Jacob e Vulcabrás. Entre as de maior dependência, encontram-se: Cambuci,
Vulcabrás e Vulcabrás do Nordeste. Analisando-se a Figura 36, verifica-se que a Vulcabrás
reduziu o seu endividamento próximo a 300% dos ativos em 2002 para 11% em 2006.
190
Figura 36: Dependência financeira por empresa
c) Participação do capital de terceiros
Dos índices de participação do capital de terceiros excluiu-se a análise da empresa
Cambuci, que apresentou passivo a descoberto de 2001 a 2006; Vulcabrás e Vulcabrás do
Nordeste, ambas de 2000 a 2002. Nas demais, a representatividade do capital de terceiros em
relação ao capital próprio atingiu índice-padrão mínimo de 55,8% e máximo de 65,8%,
conforme Tabela 49.
Tabela 49: Participação do capital de terceiros
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 3,6% 9,1% 8,0% 13,7% 13,4% 12,9% 0,1%
1º Quartil 26,8% 30,5% 40,0% 31,9% 25,9% 19,1% 27,3%
Índice-padrão 55,9% 63,0% 59,0% 55,8% 65,8% 63,1% 56,2%
3º Quartil 69,5% 78,5% 73,8% 96,4% 82,4% 78,9% 86,3%
Máximo 162,5% 124,3% 311,5% 202,2% 147,1% 120,7% 154,3%
Valor típico 57,8% 61,0% 68,5% 65,5% 69,4% 61,2% 59,5%
Na comparabilidade com o índice-padrão, o valor típico é aproximadamente 17%
superior nos anos 2003 e 2004. Nos demais períodos a diferença entre ambos é inferior a 6%.
As empresas Daiby e Jacob destacam-se pela proximidade com a menor participação
do capital de terceiros em relação ao capital próprio. Já as empresas próximas ou que
atingiram o percentual máximo, consoante Figura 37, são Sândalo, Vulcabrás e Vulcabrás do
Nordeste.
191
Figura 37: Participação do capital de terceiros por empresa
Das empresas analisadas, 25% apresentam níveis de capital de terceiros 69,5% acima
do capital próprio e que a maior captação de recursos das empresas analisadas é de curto
prazo para aplicação no giro da atividade, visto que conforme a seção 4.1.7, somente uma
empresa utilizou-se destes recursos para investimento em imobilizações no ano de 2002.
4.2.7 Indicadores de estrutura
Os indicadores de estrutura pressupõem que as empresas analisadas possuam
significativos valores aplicados no ativo operacional em relação à capacidade de geração de
receitas.
a) Giro do ativo
Em relação ao giro do ativo, a Tabela 50 ilustra a situação exposta no parágrafo
anterior, evidenciando uma queda no índice-padrão, que em 2000 era de 1,8 vezes por ano,
passando para 1,3 vezes em 2006, ou seja, a cada 269 dias o ativo operacional inicia um novo
giro. o valor típico apresenta um comportamento mais uniforme que o índice-padrão, entre
1,4 e 1,6 vezes por ano. Os índices mínimos revelam empresas com giro próximo a 360 dias e
os índices máximos oscilam entre 190 e 134 dias por ano.
192
Tabela 50: Giro do ativo
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo - - - - - - -
1º Quartil 1,1 1,2 1,4 1,4 1,3 1,1 1,3
Índice-padrão 1,3 1,3 1,4 1,4 1,4 1,4 1,8
3º Quartil 1,6 1,6 1,7 1,6 1,8 1,8 2,3
Máximo 2,5 2,1 2,1 1,9 2,5 2,7 2,5
Valor típico 1,4 1,4 1,5 1,4 1,4 1,4 1,6
Dentre as empresas com maior giro do ativo destacam-se: Andreza, Beira Rio, Daiby,
Dakota, Jacob e São Paulo Alpargtas que se alternam entre os períodos com o índice máximo.
O desconhecimento de informações sobre o ativo operacional da empresa, bem como baixo
nível de vendas, aponta a Vulcabrás como a empresa de pior desempenho, conforme visto na
Figura 38, apontado pela ausência de rotatividade do ativo no período examinado. Além dela,
Fillis e Sândalo registraram períodos com rotatividade superior a um ano. Os períodos de
2000 a 2002 da Grendene foram excluídos da análise pela ausência de vendas líquidas.
Figura 38: Giro do ativo por empresa
Percebe-se também, assim como em outros índices, que não como definir
determinado período como o melhor ou pior para o conjunto de empresas, pois não houve
uniformidade no comportamento delas.
b) Imobilização do patrimônio líquido
Quanto à imobilização do patrimônio líquido, a Tabela 51 evidencia que o índice-
padrão deste indicador oscilou entre 31,2% e 45,2%. Porém, o valor típico apresenta-se entre
14% e 69% superior ao índice-padrão no decorrer do período examinado, influenciado pelos
índices das empresas situadas acima do índice-padrão. Para a análise deste índice foram
193
excluídos os índices da Cambuci, Vulcabrás e Vulcabrás do Nordeste, nos períodos em que
elas apresentaram passivo a descoberto.
Tabela 51: Imobilização do patrimônio líquido
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 8,4% 9,0% 9,8% 10,4% 10,9% 9,3% 10,8%
1º Quartil 30,2% 27,0% 30,3% 26,7% 27,4% 26,8% 30,0%
Índice-padrão 41,5% 45,2% 37,5% 32,6% 31,2% 39,5% 39,9%
3º Quartil 72,7% 81,6% 75,4% 65,8% 69,6% 65,0% 57,9%
Máximo 118,5% 111,7% 177,3% 129,1% 118,9% 114,9% 113,8%
Valor típico 48,5% 51,4% 50,5% 45,9% 52,6% 54,3% 52,1%
Destacam-se por apresentarem índices de imobilização que registram a absorção total
do capital próprio: Azaléia, Grendene, Sândalo, Vulcabrás e Vulcabrás Nordeste. a Jacob
apresentou índices de até 11%, registrados como o mínimo do grupo de empresas analisadas.
A Figura 39 ilustra a aplicação dos recursos próprios de cada empresa nas suas imobilizações.
Figura 39: Imobilização do patrimônio líquido por empresa
Pela Figura 39 é possível verificar também que 75% (3° quartil) das empresas
analisadas imobilizaram até no máximo 81,6% dos recursos próprios. Transportando-se da
análise da imobilização dos recursos próprios para imobilização dos recursos não correntes,
verifica-se que algumas empresas utilizaram, nos seus investimentos em ativo imobilizado,
praticamente 100% dos seus recursos de longo prazo.
c) Imobilização dos recursos não-correntes
O índice-padrão das empresas analisadas oscilou entre 27% e 38,8% e, embora em
determinados períodos o índice máximo aproxime-se ou supere 100% de aplicação dos
recursos de longo prazo em imobilizações, 75% (3° quartil) das empresas utilizou no máximo
194
até 67,5% desses recursos para tal. o valor típico, com percentuais entre 50% e 61,6%,
revela índices superiores ao índice-padrão, influenciado, assim como na imobilização dos
recursos próprios, pelos índices das empresas situadas acima do índice-padrão.
Tabela 52: Imobilização dos recursos não correntes
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 8,4% 9,0% 9,8% 10,4% 10,9% 9,3% 10,8%
1º Quartil 29,2% 24,8% 25,6% 23,8% 23,8% 25,7% 28,3%
Índice-padrão 33,0% 38,8% 32,2% 29,6% 27,0% 32,6% 32,9%
3º Quartil 48,7% 64,2% 67,5% 46,9% 52,5% 51,1% 54,4%
Máximo 92,1% 97,6% 91,7% 86,7% 112,3% 97,1% 97,3%
Valor típico 54,4% 57,3% 50,9% 50,0% 54,2% 60,2% 61,6%
O índice máximo alternou-se entre Cambuci, Grendene, Vulcabrás e Vulcabrás do
Nordeste. O índice mínimo ficou novamente com a Jacob, que apresentou imobilizações de
até 11%, pois não captou no período recursos de terceiros de longo prazo. A Figura 40 ilustra
o comportamento das empresas.
Figura 40: Imobilização dos recursos não correntes por empresa
No ano de 2002, a Grendene utilizou recursos de curto prazo para aplicar em
imobilizações. Essa situação tende a gerar um maior dispêndio para a empresa, pois os
resultados oriundos da utilização das imobilizações são de longo prazo, ao passo que a
quitação dos recursos que as financiou é de curto prazo, necessitando então ou retirar dinheiro
do giro ou renovar o financiamento, até que a receita gerada pela utilização dos bens permita
quitar a dívida.
195
4.2.8 Indicadores de alavancagem
Assim como ocorreu em outros indicadores que utilizam o patrimônio líquido como
base para cálculo, os indicadores de grau de alavancagem das empresas com passivo a
descoberto fica prejudicado pela ausência de recursos próprios a serem alavancados. Além
disso, foram desconsiderados da análise do índice-padrão, os índices positivos resultantes da
divisão de numerador e denominador negativos, que indicam aumento de prejuízos; para que
não se confundam com a análise dos índices positivos que representam aumento de lucros.
Exemplifica-se a situação relatada no parágrafo anterior com as seguintes
combinações de índices: (a) ROA (retorno sobre o ativo) negativo e índice de alavancagem
menor que 1,0, beneficia o sócio, pois a alavancagem reduz o impacto do prejuízo no capital
investido; (b) ROA negativo e índice de alavancagem maior que 1,0, prejudica o sócio; (c)
ROA positivo e índice de alavancagem maior que 1,0, beneficia o sócio; (d) ROA positivo e
índice de alavancagem menor que 1,0, prejudica o sócio.
a) Grau de alavancagem financeira
Na análise do grau de alavancagem financeira, verifica-se na Tabela 53 que o índice-
padrão do grupo de empresas analisadas ficou entre 1,0 e 1,6, ou seja, em 2006, para cada $
1,00 investido, retornou $ 1,00, não havendo alavancagem. Nos demais períodos, para cada $
1,00 investido o retorno foi entre $ 1,30 e 1,40.
Tabela 53: Grau de alavancagem financeira
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 0,2 0,8 0,9 0,5 0,6 0,6 0,6
1º Quartil 0,8 1,0 1,0 1,0 1,1 1,0 1,1
Índice-padrão 1,0 1,3 1,3 1,4 1,6 1,5 1,4
3º Quartil 1,4 1,8 1,9 1,7 1,8 2,0 1,9
Máximo 1,9 2,6 6,0 2,5 2,2 2,1 4,7
Valor típico 1,1 1,9 9,0 1,2 2,5 1,4 1,8
O valor típico robustece o índice-padrão, evidenciando a ocorrência de alavancagem
financeira em todos os períodos. Quanto ao índice do ano de 2004, a influência sofrida pelo
retorno sobre o patrimônio líquido da Vulcabrás do Nordeste e retorno sobre o ativo da
Vulcabrás, impactaram diretamente o resultado da média ponderada, um dos compontentes do
cálculo do valor típico.
Quanto as empresas que mais se alavancaram financeiramente, destacam-se: Andreza,
Cambuci, Sândalo e Vulcabrás do Nordeste. Ressalva-se que a empresa Cambuci no primeiro
196
ano do estudo não possuía passivo a descoberto, assim como Vulcabrás do Nordeste teve
passivo a descoberto somente até o ano 2002. Os índices mínimos são apresentados por
Dakota, Jacob, Grendene, São Paulo Alpargatas e Vulcabrás. A Figura 41 retrata o
comportamento das empresas em relação à alavancagem financeira.
Figura 41: Grau de alavancagem financeira por empresa
Na Figura 40 não constam os índices das empresas Andreza, Azaléia, Beira Rio,
Daiby, Dakota, Fillis, Grendene, Jacob, Sândalo e Vulcabrás referente aos períodos em que
obtiveram retorno sobre o ativo e retorno sobre o patrimônio quido negativos. Nos demais
períodos, percebe-se de certa forma, que as empresas buscaram incrementar por meio das
operações financeiras a lucratividade das suas operações.
b) Grau de alavancagem operacional
Na Tabela 54, o índice-padrão denota a existência de alavancagem operacional nos
anos de 2001 e de 2004. o valor típico evidencia alavancagem operacional somente em
2004. Comparando-o ao índice-padrão, fica evidente a influência dos índices mínimos e
máximos na composição do valor típico.
Das 15 empresas analisadas, 10 registraram alavancagem operacional em algum dos
períodos examinados. Analisando-se por período, a alavancagem ocorreu em média entre 7%
a 27% das empresas. Os indicadores de alavancagem operacional demonstram que na maior
parte do período houve variação negativa do resultado operacional ou variação crescente do
prejuízo operacional, bem como houve redução nas vendas e, portanto, inibindo a
alavancagem da empresa. A Tabela 54 mostra os índices de alavancagem operacional.
197
Tabela 54: Grau de alavancagem operacional
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -18,3 -43,1 -44,6 -53,6 -92,3 -28,7 -30,6
1º Quartil -7,3 -20,9 0,4 -14,6 -1,3 -5,6 -6,2
Índice-padrão -2,4 -6,2 1,9 -2,3 0,8 3,0 -0,4
3º Quartil 1,3 -1,2 7,4 3,0 3,9 9,6 0,5
Máximo 9,2 7,6 134,4 7,8 51,2 14,4 9,0
Valor típico 1,0 -6,0 4,0 -56,7 0,9 -0,1 -1,0
A Figura 42 evidencia que a maior parte das empresas não se alavancou
operacionalmente, destacando-se com índices positivos em ao menos um período examinado
as empresas: Andreza, Beira Rio, Cambuci, Daiby, Dakota Nordeste, Dilly Nordeste, Fillis,
Jacob, Sândalo, São Paulo Alpargatas e Vulcabrás do Nordeste. Verifica-se, portanto, que três
empresas: Azaléia, Grendene e Vulcabrás, em nenhum período examinado possuíam
alavancagem operacional.
Os índices das empresas Andreza, Azaléia, Beira Rio, Cambuci, Daiby, Dakota,
Dakota Nordeste, Fillis, Grendene, Jacob, Sândalo, São Paulo Alpargatas e Vulcabrás, nos
períodos em que apresentaram variação negativa nas vendas e no lucro operacional, não
constam da Figura 42. Também não houve casos de variações decrescentes do prejuízo
operacional, o que indicaria redução do prejuízo em relação ao ano anterior, com variações
decrescentes nas vendas. Além disso, foram ignorados os índices da Azaléia (ano 2000),
Grendene (anos 2003 e 2006) e Vulcabrás do Nordeste (ano 2005)
Figura 42: Grau de alavancagem operacional por empresa
c) Grau de alavancagem total
Do resultado das alavancagens financeira e operacional obtém-se a alavancagem total,
evidenciada na Tabela 55, cujo índice-padrão ficou próximo ou igual a zero. Verifica-se
198
também que somente 25% das empresas, ou menos, obtiveram alavancagem no período,
alternando-se entre si, pois as empresas não apresentam uma tendência de comportamento em
relação à alavancagem total.
Tabela 55: Grau de alavancagem total
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -6,6 -46,1 -15,7 -53,5 - -59,0 -144,8
1º Quartil - -0,8 - - - - -6,0
Índice-padrão - - 0,1 - - - -
3º Quartil 0,5 - 7,2 - 3,4 - -
Máximo 12,1 6,3 241,0 10,9 15,9 17,9 21,9
Valor típico 2,8 -7,8 -5,1 -37,6 8,8 -0,4 -5,8
Influenciado pelos índices da alavancagem operacional, o valor típico mostra-se
negativo em cinco períodos e positivo em dois, ao passo que o índice-padrão aproxima-se ou
iguala-se a zero. Vale lembrar novamente que tal diferença decorre principalmente do impacto
dos índices mínimos e máximos na composição do valor típico.
As empresas Andreza, Beira Rio, Daiby, Dakota Nortdeste, Dilly Nordeste, Fillis,
Jacob, Sândalo, São Paulo Alpargatas e Vulcabrás do Nordeste atingiram, em determinados
períodos, indicadores positivos, conforme evidenciado pela Figura 43.
Figura 43: Grau de alavancagem total por empresa
Nos demais períodos estas empresas juntam-se às demais com índices que apontam
falta de lucratividade e redução nas vendas, portanto, inibindo a alavancagem tanto
operacional quanto financeira.
199
4.2.9 Demais indicadores
Outros indicadores auxiliam na indicação do risco de insolvência das empresas, tais
como: o efeito tesoura; o coeficiente de overtrading; o capital de giro; a taxa de crescimento
sustentável; o índice de cobertura de juros e o modelo de previsão de insolvência.
a) Efeito tesoura
O efeito tesoura mede a necessidade de capital de giro ante a evolução do capital
circulante líquido. Na Tabela 56 é possível perceber que o índice-padrão em determinados
períodos registra índices negativos, ou seja, que a necessidade de capital de giro é maior que o
capital circulante líquido, estando as empresas sob o efeito tesoura. No entanto, confrontando-
se o índice-padrão com o valor típico, verifica-se que somente no ano de 2002 o índice é
negativo. Nos demais períodos o valor típico indica capital circulante líquido maior que a
necessidade de capital de giro.
Tabela 56: Efeito tesoura
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -33.036 -46.744 -68.893 -57.167 -76.543 -43.845 -35.607
1º Quartil -5.597 -7.439 -8.522 -7.168 -20.363 -3.807 -3.379
Índice-padrão 1.177 1 -345 -116 -3.556 23 -194
3º Quartil 24.898 20.621 5.808 13.260 1.329 2.618 7.170
Máximo 521.854 458.826 284.953 186.412 92.476 70.515 80.374
Valor típico 36.804 31.155 14.975 9.155 -6.510 1.460 3.081
Dentre as empresas próximas ao valor máximo, ou seja, o capital circulante líquido é
excedente à necessidade de capital de giro, estão a Grendene e São Paulo Alpargatas. Já
próximas ao valor mínimo, que neste caso significa a maior necessidade de capital circulante
líquido para fazer frente a necessidade de capital de giro, estão Cambuci e Vulcabrás do
Nordeste.
Somente quatro empresas não estiveram sob o efeito tesoura em qualquer dos períodos
examinados: Dakota, Jacob, São Paulo Alpargatas e Vulcabrás. Além destas, a empresa Daiby
esteve sob efeito tesoura somente no ano 2000. As empresas Cambuci, Sândalo e Vulcabrás
do Nordeste, estiveram sob o efeito tesoura em todo o período. Semelhante a elas, a empresa
Andreza esteve sob efeito tesoura de 2000 a 2005, tendo uma situação positiva em 2006.
A Figura 44 detalha o comportamento das empresas em relação ao efeito tesoura.
200
Figura 44: Efeito tesoura por empresa
Examinando a relação necessidade de capital de giro, endividamento e imobilização de
recursos próprios e não correntes, justifica-se a maior busca das empresas por recursos de
terceiros de curto prazo. Da análise dos indicadores de imobilização de recursos não
correntes, pressupõe-se que as empresas não utilizaram recursos de curto prazo para tal
aplicação e que o excedente dos recursos próprios foi aplicado na atividade operacional, o que
ocasionou aumento ou redução do endividamento de curto prazo de acordo com a necessidade
de capital de giro e a sobra de recursos próprios para supri-la.
b) Índice de cobertura dos juros
Verifica-se, porém, por meio do índice-padrão evidenciado na Tabela 57, que o lucro
operacional foi insuficiente em quatro exercícios para contribuir com a cobertura dos juros
(despesas financeiras) originados pela captação dos recursos necessários à atividade.
Comparando-se os índices calculados com o EBITDA, verifica-se que os custos e despesas
não desembolsáveis exerceram influência entre 15% e 84% no período examinado.
Tabela 57: Índice de cobertura de juros
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -1718,9% -758,4% -1798,6% -83,8% -1925,5% -231,7% -1082,4%
1º Quartil -95,6% -38,7% -30,1% 46,8% -23,7% 10,3% 12,8%
Índice-padrão 30,5% 126,1% 95,4% 150,1% 41,0% 143,4% 81,0%
3º Quartil 334,0% 194,5% 189,9% 255,1% 154,7% 250,7% 268,6%
Máximo 849,1% 566,6% 783,7% 1545,2% 1460,0% 975,2% 1792,7%
Valor típico 77,0% 111,7% 82,9% 182,8% 27,0% 127,9% 120,0%
Na comparação do valor pico com o índice-padrão, observa-se que aquele revela
comportamento inverso ao índice-padrão somente no ano 2000, quando demonstra que o lucro
201
operacional contribui para o pagamento de juros e despesas financeiras, ao passo que o índice-
padrão demonstra contribuição parcial.
Os índices máximos são apresentados por Dilly Nordeste, Dakota, Dakota Nordeste e
Vulcabrás. Já os nimos pertencem a Azaléia, Cambuci, Dakota, Grendene e Vulcabrás. A
Figura 45 ilustra o comportamento das empresas.
Figura 45: Índice de cobertura de juros por empresa
Identifica-se que Dakota e Vulcabrás alternam-se entre os extremos, demonstrando
volatilidade no desempenho das empresas. Depreende-se também da Figura 45 que, no
período examinado, uma faixa de 40% a 60% das empresas conseguiram contribuir com
100% da cobertura dos juros (despesas financeiras), sendo a proporção inversa válida para
apurar a quantidade de empresas que não geraram lucro operacional suficiente para tal.
c) Coeficiente de overtrading
O desempenho das empresas também pode ser verificado pelo coeficiente de
overtrading visto na Tabela 58, que indica a situação da empresa estimando a capacidade em
dias que o capital circulante líquido possui para financiar as vendas da empresa. Dessa forma,
quanto mais alto o coeficiente, menor o prazo dessa capacidade. Índices negativos significam
que já não há capital circulante líquido.
O índice-padrão para este indicador ficou entre 2,3 e 3,4 giros por ano, ou seja, entre
160 e 106 dias, respectivamente, considerando-se o ano comercial de 360 dias. o valor
típico apresenta índice mínimo de 2,7 giros e máximo de 4,9 giros por ano, ou seja, entre 134
e 74 dias, respectivamente.
202
Tabela 58: Coeficiente de overtrading
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -13,7 -4,9 -3,7 -3,0 -21,5 -3,4 -7,4
1º Quartil 1,1 1,8 2,2 1,7 0,7 1,8 2,2
Índice-padrão 2,3 2,9 3,1 3,4 2,7 3,1 2,8
3º Quartil 4,0 5,3 6,5 5,7 4,0 3,9 4,4
Máximo 35,8 87,9 67,5 49,2 31,6 22,8 76,2
Valor típico 2,7 4,9 4,9 4,5 3,6 3,7 4,7
Ressalva-se que neste índice as empresas em melhor situação são as que se localizam
no primeiro quartil. Dessa forma, destacam-se Grendene (período pós-reestruturação) e Jacob
como as de melhor desempenho e Azaléia, Cambuci, Sândalo e Vulcabrás do Nordeste como
as que apresentam maior risco. A Figura 46 revela os índices por empresa.
Figura 46: Coeficiente de overtrading por empresa
A Sândalo, por exemplo, apresentou em 2005 índice de 87,9, o que representa a
capacidade do capital circulante líquido financiar suas vendas por até 4 dias. No ano seguinte,
o índice apresentou-se negativo, ou seja, não havia mais capacidade de financiamento
utilizando-se o capital circulante líquido.
d) Capital de giro
O capital de giro é outro indicador que também auxilia na avaliação financeira da
empresa, pois denota a representatividade do capital circulante operacional diante do ativo
total da empresa. O índice-padrão para este indicador, evidenciado na Tabela 59, oscilou entre
27,9% e 44,7%. Em todo o período examinado este indicador apresenta empresas com índices
entre -25% e 70,9%.
203
Tabela 59: Capital de giro
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo 3,7% -0,3% -5,3% -2,6% -25,0% -17,9% -7,7%
1º Quartil 15,9% 19,1% 20,6% 18,5% 16,2% 21,3% 18,9%
Índice-padrão 29,5% 27,9% 34,8% 29,2% 31,3% 35,4% 44,7%
3º Quartil 40,5% 45,1% 50,7% 49,6% 56,0% 54,1% 51,1%
Máximo 70,5% 68,0% 69,5% 70,9% 67,6% 64,5% 56,7%
Valor típico 27,6% 27,3% 32,8% 31,8% 28,7% 31,2% 34,1%
Com exceção do ano de 2000, quando o índice-padrão é 31% superior ao valor típico,
ambos os índices mostram percentuais de capital de giro semelhantes nos demais períodos,
sendo que o índice-padrão mostrou-se superior em cinco anos.
Dentre as que apresentaram maior índice de capital de giro destacam-se as empresas
Andreza, Dakota, Dakota Nordeste, Dilly e Fillis, localizadas no quarto quartil, ou seja, entre
o quartil e o índice máximo. Das empresas em pior situação, ou seja, próximas ao índice
mínimo apurado, somente a Vulcabrás apresentou ausência de capital circulante operacional
do ano 2000 a 2005. As demais empresas com índices abaixo de 10% foram: Azaléia,
Cambuci e Grendene, conforme Figura 47.
Figura 47: Capital de giro por empresa
Percebe-se também, mediante a Figura 47, que o capital de giro de algumas empresas
decresceu em relação ao ano de 2000, outras, no entanto, registraram crescimento ou ainda
uma mescla alternada entre crescimento e decrescimento.
e) Taxa de crescimento sustentável
Complementando as informações geradas pelo capital de giro, a taxa de crescimento
sustentável permite verificar qual a taxa nima de crescimento da empresa utilizando-se da
retenção de recursos próprios. A Tabela 60 demonstra que o índice-padrão sofre uma queda
204
constante no período, caindo de 2% no ano de 2000 para ausência de taxa de crescimento no
ano de 2006. Com índices superiores em todo o período, o valor típico difere do índice-padrão
e revela que a taxa de crescimento das empresas oscilou entre 5,4% e 39,7%.
Tabela 60: Taxa de crescimento sustentável
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -7,2% -147,9% -157,4% -46,5% -1,9% -0,3% -0,4%
1º Quartil - - - - - - -
Índice-padrão - 0,6% 1,0% 0,3% 0,7% 1,1% 2,0%
3º Quartil 4,2% 4,4% 4,3% 3,0% 15,0% 8,0% 26,7%
Máximo 13,9% 30,1% 129,1% 154,5% 105,3% 55,2% 202,2%
Valor típico 7,4% 5,4% 20,6% 12,9% 28,8% 23,2% 39,7%
Entre as empresas que mantiveram taxas de crescimento sustentável, a Andreza, Dilly
Nordeste e Grendene atingiram as maiores taxas. Já as empresas Dakota Nordeste e São Paulo
Alpargatas, apresentaram taxas de crescimento durante todo o período.
as empresas que não registraram crescimento sustentável destacam-se: Azaléia e
Vulcabrás do Nordeste; a primeira por apresentar índices negativos durante todo o período e a
segunda por apresentar índices negativos acima de 100% em 2004 e 2005. A Figura 48
evidencia a taxa de crescimento sustentável por empresa.
Figura 48: Taxa de crescimento sustentável por empresa
f) Previsão de insolvência
Outra forma de verificar a situação das empresas se pela aplicação do modelo de
previsão de insolvência, o qual permite verificar tendências de uma empresa ser insolvente,
mesmo que apresente bons indicadores de desempenho.
Para a análise deste indicador consideram-se com risco de insolvência as empresas que
apresentam índices acima de 0,5. Na Tabela 61, o índice-padrão indica que não tendência
205
de insolvência para o grupo de empresas, sendo confirmado pelo valor típico. Destaca-se que
para a apuração do índice foram utilizados no modelo de previsão de insolvência os valores
típicos de cada índice componente da fórmula. Ressalva-se, porém, que algumas empresas
apresentam situações de tendência de insolvência na análise por quartis.
Tabela 61: Previsão de insolvência
Indicador 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mínimo -40,3 -35,2 -33,6 -30,6 -28,1 -25,5 -22,7
1º Quartil -14,4 -13,7 -13,4 -12,9 -10,2 -11,0 -10,0
Índice-padrão -10,2 -6,1 -8,6 -7,0 -4,7 -7,0 -4,7
3º Quartil -1,9 -2,3 -1,7 0,3 -0,3 -2,4 7,5
Máximo 12,0 19,7 25,4 28,1 59,1 36,3 48,8
Valor típico -9,8 -8,9 -8,4 -7,0 -2,7 -5,6 -3,9
Dentre as empresas solventes destaca-se a Jacob e dentre as que demonstram tendência
de insolvência a Cambuci e a Sândalo. Outras empresas apresentaram tendência de
insolvência em apenas um período (Grendene) ou em vários períodos, porém revertendo a
tendência ao final do período analisado (Vulcabrás e Vulcabrás do Nordeste).
Figura 49: Previsão de insolvência por empresa
Observa-se também na Figura 49 que em 2006, último período analisado, somente
duas empresas, Cambuci e Sândalo, ainda apresentavam tendência de insolvência. Essa
tendência é refletida em parte pelas consecutivas margens líquidas negativas ou próximas a
zero durante todo o período examinado.
Para ampliar e dar maior significado a análise por grupo de indicadores, verifica-se na
próxima seção, a aplicação do teste da análise de correlação aos índices-padrão de cada
indicador em relação aos índices-padrão dos demais indicadores.
206
4.2.10 Aplicação da análise de correlação aos indicadores
A análise de correlação foi aplicada aos índices-padrão dos indicadores, com exceção
do índice de excelência empresarial, destinado ao ranking das empresas, mais o índice de
previsão de insolvência. Os resultados da análise (Apêndice A), num total de 435 coeficientes,
apontam para 58,6% de correlações positivas, 40,7% de correlações inversas e 0,7% de
correlações nulas, conforme revela a Figura 50. Verifica-se também que as correlações
positivas e inversas classificadas como baixas ou médias representam 57,5% dos coeficientes.
Correlação positiva
Correlação inversa
Classificação
Intervalo Quantidade Quantidade Intervalo
Classificação
Perfeita 1,00
1 Nenhuma
-1,00 Perfeita
Muito alta 0,90 a 0,99
7 2
-0,90 a -0,99 Muito alta
Alta 0,70 a 0,89
36 19
-0,70 a -0,89 Alta
Média 0,40 a 0,69
75 46
-0,40 a -0,69 Média
Baixa 0,01 a 0,39
136 110
-0,01 a -0,39 Baixa
Total
255
X
177
Total
Nula 0,00
3
Figura 50: Comparativo dos resultados das correlações positivas e inversas dos índices-padrão do período
2000 a 2006
Ao nível de confiança de 99%, foram confirmados 45% dos coeficientes e rejeitados
55% deles. Por exemplo, o teste entre o índice de liquidez geral e o índice de dependência
financeira, retornou um intervalo de 0,49, confirmando a correlação que resultou em 0,75.
As correlações nulas foram rejeitadas. Não houve correlação inversa perfeita e a única
correlação positiva perfeita foi confirmada, ratificando a correlação entre cash flow e retorno
sobre o ativo, tendo ambos os índices o resultado operacional e o ativo operacional inerentes
ao cálculo.
A correlação entre índices de liquidez, rentabilidade e endividamento reafirmaram a
análise, visto que a liquidez geral apresenta correlação inversa alta com índices de
lucratividade (margem bruta; margem operacional), rentabilidade (índice de desempenho
empresarial; retorno sobre o ativo) e dependência financeira (dependência financeira,
participação do capital de terceiros), ou seja, pode-se dizer pela análise que quanto maior a
liquidez, menor a rentabilidade e o endividamento. Ratifica também as correlações do efeito
tesoura (capital circulante líquido ante a necessidade de capital de giro), pois à medida que
este índice aumenta, aumenta também a liquidez e reduz a lucratividade e rentabilidade, bem
como a dependência financeira em coeficientes de correlação médios e altos.
207
Observando-se o grupo de indicadores de lucratividade entre si, nota-se alta correlação
entre as margens operacional e bruta, baixa correlação entre as margens operacional e líquida,
e correlação inversa média entre as margens bruta líquida. Estas últimas correlações
evidenciam a influência do resultado financeiro e não operacional, bem como da equivalência
patrimonial no resultado do exercício, distinguindo-o do resultado operacional, cuja análise
mais detalhada encontra-se na seção 4.1.
A análise de correlação evidencia também a falta de clareza nas relações entre o
indicador efeito tesoura, endividamento de curto prazo e imobilização de recursos próprios,
expressa na abertura da seção 4.2, pois o índice-padrão demonstra que à medida que o capital
circulante líquido torna-se sobressalente à necessidade de capital de giro, um crescimento
da imobilização de recursos próprios (0,68) e uma baixa redução do endividamento de curto
prazo (-0,34), evidenciando divergências com a análise individualizada das empresas.
Ainda em relação à lucratividade, verifica-se que os indicadores do EBITDA
correlacionam-se inversamente com o endividamento de curto prazo e com os índices de
imobilização, porém de forma positiva com o endividamento em geral. Já os índices de
imobilização correlacionam-se também de forma inversa com o grau de alavancagem
operacional, denotando que a aplicação de recursos em ativo fixo reduz a lucratividade da
operação.
Pela análise de correlação, assim como na análise por grupo de indicadores, evidencia-
se que além dos fatores apontados pela teoria, como, por exemplo, a relação liquidez,
rentabilidade e endividamento; ou ainda, capital circulante quido, endividamento e
imobilizações de recursos próprios, as empresas possuem particularidades inerentes ao
processo de gestão. Reforça-se que em decorrência das limitações no uso de simples
correlações entre variáveis, o uso de ferramentas estatísticas que verifiquem a relação causal
entre elas é indicado, porém dado o escopo desta pesquisa, tal verificação não foi realizada.
Depois de descrever a análise por grupo de indicadores e os resultados do teste de
correlação a que foram submetidos os índices-padrão de cada grupo, destina-se a próxima
seção à classificação das empresas.
4.3 CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS
Depois de analisadas as empresas de forma individual e coletiva, mediante adaptações
da metodologia utilizada pela Exame Melhores e Maiores, destina-se essa seção a estruturar
208
um ranking que demonstre a colocação das empresas em relação ao seu desempenho no
período examinado.
Ressalva-se que Dakota e Vulcabrás do Nordeste, por não terem informações sobre as
vendas do ano de 1999, não pontuaram no item crescimento em vendas do ano 2000, devido à
falta de parâmetro de comparabilidade. Na pontuação atribuída aos investimentos no
imobilizado, está considerado o montante nominal que cada empresa investiu no ano, sem
observar a relação destes valores com o porte da empresa. De forma semelhante, a apuração
do item liderança de mercado classifica as empresas em relação às vendas totais do grupo de
empresas pesquisadas.
Da análise por critério de classificação, fazem-se as seguintes observações:
a) São Paulo Alpargatas lidera em investimentos no imobilizado e em liderança de
mercado, podendo-se deduzir que a estrutura fabril recebeu investimentos para mantê-
la como a empresa de maior valor em vendas.
b) Dilly Nordeste lidera o crescimento em vendas e o retorno sobre o patrimônio líquido,
pressupondo-se que o aumento em vendas da empresa refletiu positivamente no
aumento do seu lucro operacional.
c) Calçados Jacob lidera em liquidez corrente, porém nos demais indicadores situa-se
entre a 12ª e 15ª colocação, reforçando que a opção por maior segurança induz a
empresa a menor lucratividade e rentabilidade, bem como estabilidade no nível das
atividades operacionais.
Para chegar à classificação geral do período examinado, foi examinada ano a ano a
classificação de cada empresa em relação aos indicadores de crescimento em vendas,
investimentos no imobilizado, liderança de mercado, liquidez corrente e retorno sobre o
patrimônio líquido, lembrando que foi atribuído um peso para cada indicador, sendo 12, 18,
18, 23 e 29, respectivamente.
No critério crescimento em vendas, a empresa líder, Dilly Nordeste, cresceu
aproximadamente 648% comparando-se as vendas do ano de 2006 em relação às do ano 2000,
sendo a única empresa que apresentou crescimento em todos os períodos. Quanto à empresa
Jacob, última colocada, houve uma redução nas suas vendas próxima a 72%, comparando-se
os mesmos períodos. A Tabela 62 ilustra a classificação das empresas de acordo com o
indicador crescimento em vendas.
209
Tabela 62: Classificação das empresas por crescimento em vendas
Classificação Nome da empresa
1º lugar Dilly Nordeste S/A
2º lugar Vulcabrás do Nordeste S/A
3º lugar Dakota Nordeste S/A
4º lugar São Paulo Alpargatas S/A
5º lugar Calçados Andreza S/A
6º lugar Daiby S/A
7º lugar Calçados Beira Rio S/A
8º lugar Calçados Fillis S/A
9º lugar Calçados Sândalo S/A
10º lugar Cambuci S/A
11º lugar Vulcabrás S/A
12º lugar Dakota S/A
13º lugar Calçados Azaléia S/A
14º lugar Grendene S/A
15º lugar Calçados Jacob S/A
Em relação ao critério investimento no imobilizado (Tabela 63), a empresa líder foi a
São Paulo Alpargatas, com investimentos superiores a R$ 260 milhões no período de 2000 a
2006. A segunda colocada, empresa Vulcabrás do Nordeste investiu próximo a R$ 100
milhões e a última colocada, Vulcabrás, investiu próximo a R$ 230 mil, ressalvando-se que se
trata de uma empresa controladora de baixa atividade operacional própria.
Tabela 63: Classificação das empresas por investimento no imobilizado
Classificação Nome da empresa
1º lugar São Paulo Alpargatas S/A
2º lugar Vulcabrás do Nordeste S/A
3º lugar Calçados Azaléia S/A
4º lugar Grendene S/A
5º lugar Dilly Nordeste S/A
6º lugar Cambuci S/A
7º lugar Calçados Beira Rio S/A
8º lugar Dakota Nordeste S/A
9º lugar Dakota S/A
10º lugar Calçados Andreza S/A
11º lugar Daiby S/A
12º lugar Calçados Fillis S/A
13º lugar Calçados Sândalo S/A
14º lugar Calçados Jacob S/A
15º lugar Vulcabrás S/A
Destaca-se também no quesito imobilizado, os investimentos da Grendene, cujo
montante ficou próximo a R$ 200 milhões. Porém, é importante relembrar que a classificação
ocorre pelo conjunto de posições conquistadas nos períodos examinados e não pelo montante
aplicado.
210
Com vendas líquidas acima de R$ 6,7 bilhões, referente ao valor acumulado do
período de 2000 a 2006, a São Paulo Alpargatas também conquistou a primeira colocação no
indicador líder de mercado, conforme Tabela 64. Suas vendas representam aproximadamente
28% do valor acumulado do grupo de empresas pesquisadas no mesmo período. Outras
empresas que se destacam por terem valor acumulado de vendas líquidas, no período de 2000
a 2006, superior a R$ 1 milhão são: Grendene (R$ 4,2 bilhões), Azaléia (R$ 3,9 bilhões),
Vulcabrás e Beira Rio (R$ 1,8 bilhões cada empresa) e Dakota Nordeste (R$ 1,4 bilhões).
Tabela 64: Classificação das empresas por liderança de mercado
Classificação Nome da empresa
1º lugar São Paulo Alpargatas S/A
2º lugar Calçados Azaléia S/A
3º lugar Vulcabrás do Nordeste S/A
4º lugar Calçados Beira Rio S/A
5º lugar Dakota Nordeste S/A
6º lugar Cambuci S/A
7º lugar Grendene S/A
8º lugar Calçados Andreza S/A
9º lugar Dakota S/A
10º lugar Dilly Nordeste S/A
11º lugar Daiby S/A
12º lugar Calçados Jacob S/A
13º lugar Calçados Sândalo S/A
14º lugar Calçados Fillis S/A
15º lugar Vulcabrás S/A
A utilização das vendas líquidas e não das vendas brutas para o cálculo do indicador
de liderança de mercado procura eliminar a influência dos impostos incidentes sobre as
vendas no mercado brasileiro, ante a não incidência nas vendas ao mercado externo, visto que
as empresas participam de ambos os mercados.
No que tange ao indicador liquidez corrente (Tabela 65), a liderança ficou com a
empresa Calçados Jacob, que aparentemente optou por maior segurança e menor exposição ao
risco da atividade. Com índice que cresce de 4,2 (ano de 2000) para 26,5 (ano de 2006).
Com exceção da Grendene, que no ano de 2000 apresentou um índice de liquidez
corrente de 12,4, as empresas com maior liquidez não ultrapassaram o índice de $ 10 de ativo
circulante para cada $ 1 de passivo circulante, destacando-se além da Grendene, as empresas
Dakota e Daiby.
a empresa Cambuci, última colocada entre as empresas, não apresenta liquidez
corrente, sendo seu passivo circulante maior que o ativo circulante em todos os períodos
examinados.
211
Tabela 65: Classificação das empresas por liquidez corrente
Classificação Nome da empresa
1º lugar Calçados Jacob S/A
2º lugar Dakota S/A
3º lugar Daiby S/A
4º lugar Dakota Nordeste S/A
5º lugar Grendene S/A
6º lugar Calçados Beira Rio S/A
7º lugar Calçados Fillis S/A
8º lugar São Paulo Alpargatas S/A
9º lugar Dilly Nordeste S/A
10º lugar Calçados Andreza S/A
11º lugar Calçados Azaléia S/A
12º lugar Calçados Sândalo S/A
13º lugar Vulcabrás do Nordeste S/A
14º lugar Vulcabrás S/A
15º lugar Cambuci S/A
Em relação ao retorno sobre o patrimônio líquido, verifica-se na Tabela 66, a liderança
da Dilly Nordeste, que também lidera o crescimento em vendas, pressupondo-se que estas
propiciaram o aumento do lucro operacional.
Acompanhada da Dakota Nordeste e São Paulo Alpargatas forma o conjunto de três
empresas que apresentaram retorno maior que zero em todos os períodos examinados. As
demais empresas apresentaram ora retorno positivo, ora retorno nulo ou negativo,
significando prejuízo operacional no exercício.
Tabela 66: Classificação das empresas por retorno sobre o patrimônio líquido
Classificação Nome da empresa
1º lugar Dilly Nordeste S/A
2º lugar Calçados Andreza S/A
3º lugar Dakota Nordeste S/A
4º lugar Daiby S/A
5º lugar Calçados Beira Rio S/A
6º lugar São Paulo Alpargatas S/A
7º lugar Grendene S/A
8º lugar Cambuci S/A
9º lugar Calçados Sândalo S/A
10º lugar Vulcabrás do Nordeste S/A
11º lugar Calçados Fillis S/A
12º lugar Dakota S/A
13º lugar Calçados Jacob S/A
14º lugar Vulcabrás S/A
15º lugar Calçados Azaléia S/A
212
Quanto à classificação geral, exceto nos anos de 2005 e 2006 em relação à empresa
líder e nos anos de 2000, 2001, 2003, 2004 e 2005 em relação à última colocada, houve
grande volatilidade no posicionamento das empresas, conforme demonstrado na Tabela 67.
Tabela 67: Classificação geral das empresas por ano
Empresa 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Calçados Andreza S/A 14º 12º 2º 7º
Calçados Azaléia S/A 10º 12º 1 12º
9º
Calçados Beira Rio S/A
9º
11º
Dilly Nordeste S/A 4º
Calçados Fillis S/A 12º 1 14º 11º 11º
Calçados Jacob S/A 11º 11º 13º 12º 8º
Calçados Sândalo S/A 15º 14º 10º 1 10º 12º 12º
Cambuci S/A 1 11º 10º
9º
13º
Daiby S/A 7º
Dakota S/A 1 11º 10º
Dakota Nordeste S/A 6º
9º
Grendene S/A 1 14º 14º
São Paulo Alpargatas S/A 7º
Vulcabrás S/A 1 15º 15º 15º 14º 1 15º
Vulcabrás do Nordeste S/A 5º 2º 1 13º
Na Tabela 68 evidencia-se a classificação geral das empresas no período examinado,
tendo a empresa Dilly Nordeste conquistado o lugar, a São Paulo Alpargatas o e assim
sucessivamente até a última colocada Vulcabrás.
Tabela 68: Classificação geral das empresas
Classificação Nome da empresa
1º lugar Dilly Nordeste S/A
2º lugar São Paulo Alpargatas S/A
3º lugar Dakota Nordeste S/A
4º lugar Calçados Beira Rio S/A
5º lugar Daiby S/A
6º lugar Vulcabrás Nordeste S/A
7º lugar Grendene S/A
8º lugar Calçados Andreza S/A
9º lugar Dakota S/A
10º lugar Calçados Jacob S/A
Cambuci S/A
12º lugar Calçados Fillis S/A
13º lugar Calçados Azaléia S/A
14º lugar Calçados Sândalo S/A
15º lugar Vulcabrás S/A
Vale lembrar que a classificação geral resulta da soma das posições ocupadas pelas
empresas em cada período, ficando em lugar a que somar menos pontos, ou seja, a que
213
obteve as melhores classificações nos períodos examinados. Por exemplo, a empresa líder
somou, conforme a Tabela 67, 22 pontos (6º+4º+3º+3º+3º+1º+2º), a colocada somou 26
pontos e assim consecutivamente até a 15ª que somou 102 pontos.
Na análise da Tabela 68 e demais tabelas dessa seção, verifica-se que Dilly Nordeste e
São Paulo Alpargatas foram as empresas que se destacaram no quesito vendas, quer seja pelo
crescimento em vendas, quer seja pela liderança de mercado. A primeira associando as vendas
ao aumento do lucro operacional e a segunda a provável renovação e/ou ampliação da sua
estrutura fabril. Verifica-se, também, um movimento inverso dessas empresas ao longo do
período de 2000 a 2006. A São Paulo Alpargatas melhorou seu posicionamento, encerrando o
ano de 2006 como a empresa líder do ranking, cujo resultado é confirmado pela publicação
Exame (2007), enquanto que a Dilly Nordeste decrescem, encerrando o ano em 6° lugar.
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÃO
Conforme planejado evidenciou-se os índices de cada empresa, bem como os índices-
padrão do grupo de empresas analisadas. Ainda, mediante a utilização da metodologia criada
pela publicação Exame Melhores e Maiores, as empresas receberam pontuação para o
respectivo ranking, permitindo definir qual a melhor dentre elas segundo o critério adotado.
Atingiu-se, dessa forma, o objetivo de analisar o desempenho econômico-financeiro de
empresas calçadistas brasileiras no período de 2000 a 2006, ao qual se propôs esta pesquisa.
A análise revelou que a correlação entre liquidez, rentabilidade e endividamento
(seção 2.2.3.7) em parte se confirma. Verificou-se que cerca de 50% das empresas que
optaram por maior liquidez obtiveram menor rentabilidade e menor captação de recursos de
terceiros. Contrariamente, empresas com maior rentabilidade optaram por risco maior, menor
liquidez e maior captação de capital de terceiros.
Outra constatação originada pela análise se no relacionamento do capital circulante
líquido, endividamento e imobilização de recursos. Percebe-se uma tendência de que a
redução no nível de imobilização de recursos provoca um aumento no capital circulante
líquido e uma redução no nível de endividamento. Essas tendências reveladas pela analise dos
indicadores foram também demonstradas na análise de correlação, cujos coeficientes ratificam
os resultados.
Conforme descrito no capítulo 4, as empresas apresentaram basicamente três
situações: opção por maior retenção de caixa e conseqüente redução da atividade operacional
com redução da rentabilidade, opção por redução da atividade operacional e investimentos no
mercado financeiro, opção por investimentos na atividade operacional própria ou das
controladas com recursos próprios e/ou de terceiros.
O exame dos indicadores apurados revelou, porém, que não houve períodos de
desempenho econômico-financeiro uniforme entre as empresas, influenciado, por exemplo,
pelas condições mercadológicas da época, impossibilitando a identificação de características
comuns entre as empresas calçadistas. Mesmo com algumas limitações, entre elas a
impossibilidade de certificar a qualidade da procedência das informações contidas nas
demonstrações contábeis, a análise dos indicadores permitiu identificar particularidades de
cada empresa e do conjunto de empresas por meio dos índices-padrão.
215
Os resultados da análise dos índices-padrão apontam que durante o período de 2000 a
2006 houve estabilidade nos índices de liquidez e melhora nos índices de solvência. A
atividade operacional apresentou redução nas vendas, que acompanhada de uma redução não
proporcional dos custos e despesas operacionais, provavelmente em função dos custos fixos,
refletiu na queda da lucratividade e rentabilidade. Essa queda foi acompanhada também pela
redução do capital de giro e da capacidade de cobertura dos juros e despesas financeiras.
Além disso, houve aumento nos prazos médios de estocagem e recebimento.
Por conseguinte, as empresas apresentaram redução no giro do ativo e estabilidade nos
índices de imobilização, tanto com recursos próprios quanto com recursos de terceiros.
Evidencia-se também a estagnação das taxas de crescimento com recursos próprios e a
ausência de alavancagem. Em contrapartida das perdas na atividade operacional, as empresas
recorreram a ganhos no mercado financeiro, que somados aos ganhos com equivalência
patrimonial e outros resultados não operacionais compensaram os prejuízos da atividade
operacional, propiciando aumentos na margem líquida das empresas.
Durante o período houve também redução na dependência financeira das empresas,
característica de curto prazo. Os índices de endividamento de curto prazo e de participação do
capital de terceiros sobre o capital próprio mostraram-se estáveis.
As comparações do índice-padrão com o valor típico revelaram baixa proximidade
entre os dois índices. Ao passo que o índice-padrão representa a mediana dos indicadores, o
valor típico é formado também pelos valores mínimos e máximos de cada grupo de
indicadores; e ilustra o impacto dos diferentes desempenhos apresentados pelas empresas. Em
amostras maiores, tais índices tendem a apresentar maior proximidade.
O ranking demonstrou variações nas posições das empresas entre os períodos.
Empresas situadas nas últimas e primeiras colocações invertem de posição durante o período,
ao passo que outras se alternam entre as posições medianas, comprovando os resultados da
análise que indica ausência de desempenho econômico-financeiro uniforme entre as empresas
no período examinado.
A falta de informações sobre a receita de vendas para o mercado externo e para o
mercado interno impossibilitou verificar com maior profundidade as influências da política
cambial nos resultados das empresas. Essas informações permitiriam a comparação do
comportamento das exportações das empresas com as do setor, evidenciadas nos estudos
publicados por órgãos do governo ou associação das indústrias. A análise dos efeitos da
valorização da moeda brasileira nos resultados das empresas também ficou prejudicada.
216
Informações sobre o desempenho econômico-financeiro do setor também são
desconhecidas. Os estudos existentes baseiam-se nas empresas que publicam suas
demonstrações contábeis e/ou respondem aos questionários enviados por órgãos de pesquisa.
Assim, presume-se, por exemplo, que as informações sobre a liderança de mercado entre as
empresas examinadas não muda em relação ao setor.
5.2 RECOMENDAÇÕES
O escopo desta pesquisa foi identificar o desempenho econômico-financeiro de
indústrias calçadistas brasileiras, utilizando-se da análise das demonstrações contábeis
fundamentada por índices-padrão. Contudo, identificou-se a possibilidade de novos estudos
relacionados ao tema, sugeridos a seguir.
Dada a importância das exportações para as empresas calçadistas, recomenda-se
analisar separadamente os resultados de indústrias exclusivamente exportadoras com os
resultados de indústrias exclusivamente voltadas ao mercado interno. Pode-se, ainda, segregar
os resultados de empresas que compartilham atividades de vendas tanto para o mercado
internacional como para o mercado nacional, a fim de verificar a contribuição de cada um na
composição do resultado operacional e os efeitos do câmbio no resultado. Além disso, sugere-
se identificar os efeitos da pressão sofrida pela migração das empresas do mercado externo
para o mercado doméstico, no faturamento e no volume de vendas do setor.
Outros estudos podem testar os resultados obtidos com novos indicadores ou pela
aplicação de outras cnicas estatísticas, bem como novos critérios de elaboração do ranking
de classificação das empresas. Podem também extrapolar a análise de correlação por empresa
ou ainda submeter os resultados obtidos na análise de correlação ao Método da Causalidade
de Granger, a fim de verificar o sentido causal entre as variáveis.
A ampliação do período analisado incluindo empresas constituídas ou falidas durante
o período é sugerida para que seja possível identificar o comportamento das indústrias e sua
correlação com a época, propiciando o conhecimento do sucesso ou insucesso das indústrias.
Novos estudos são pertinentes também para viabilizar a comparabilidade dos
resultados das indústrias calçadistas brasileiras com indústrias localizadas em outros países,
comparando o resultado dos clusters brasileiros com clusters da Europa, América do Norte,
Ásia etc.
217
Demonstra-se então que um grande campo de pesquisas para ser explorado em
novos estudos, o que fundamentalmente contribuirá para o conhecimento de um setor de
grande relevância no cenário econômico-financeiro mundial, mas que, no Brasil, por ser
constituído na sua maioria por pequenas indústrias, possui uma grande lacuna de informações
a ser preenchida.
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Ano 44, edição nº 15.467, p.33. Porto Alegre: 04 jan. 2008.
APÊNDICES
233
Apêndice A – Coeficientes de correlação dos índice-padrão do período de 2000 a 2006
Liquidez Atividade Lucratividade Rentabilidade Ebitda Endividamento Estrutura Alavancagem Demais
LC LG EL PME
PMR
ML MB MO IDE ROA
VEA
RSPL
ME CF ICJe CE DF PCT GA IPL IRNC
GAF
GAO
GAT
CO CG PI TC ET ICJ
LC 1,00
LG -0,23
1,00
EL 0,27
-0,07
1,00
PME 0,24
-0,62
-0,61
1,00
PMR 0,18
-0,58
-0,39
0,83
1,00
ML 0,18
-0,30
0,24
-0,01
0,38
1,00
MB -0,02
-0,60
-0,15
0,34
-0,06
-0,41
1,00
MO 0,29
-0,81
0,16
0,32
0,06
0,08
0,83
1,00
IDE 0,05
-0,82
0,38
0,10
0,07
0,36
0,61
0,88
1,00
ROA 0,39
-0,82
0,18
0,32
0,13
0,14
0,79
0,97
0,85
1,00
VEA 0,16
-0,33
0,28
-0,25
-0,45
0,13
0,61
0,76
0,71
0,76
1,00
RSPL
0,16
-0,47
0,39
-0,16
-0,41
-0,07
0,78
0,86
0,79
0,84
0,93
1,00
ME 0,11
-0,89
0,34
0,23
0,24
0,43
0,57
0,86
0,98
0,85
0,61
0,70
1,00
CF 0,34
-0,85
0,19
0,33
0,16
0,15
0,79
0,97
0,88
1,00
0,73
0,83
0,89
1,00
ICJe -0,01
0,03
-0,73
0,56
0,10
-0,76
0,49
0,06
-0,33
0,02
-0,16
-0,06
-0,34
-0,01
1,00
CE -0,27
-0,07
0,53
-0,52
-0,04
0,68
-0,33
-0,07
0,36
0,01
0,20
0,09
0,37
0,05
-0,90
1,00
DF -0,10
-0,75
0,41
0,07
0,19
0,16
0,54
0,62
0,81
0,67
0,41
0,59
0,83
0,73
-0,31
0,48
1,00
PCT 0,36
-0,84
0,30
0,54
0,62
0,33
0,20
0,51
0,58
0,49
-0,06
0,15
0,68
0,54
-0,19
0,05
0,56
1,00
GA -0,08
0,15
0,52
-0,72
-0,84
-0,21
0,38
0,34
0,36
0,34
0,77
0,77
0,22
0,32
-0,24
0,28
0,31
-0,37
1,00
IPL 0,61
0,50
0,42
-0,32
-0,19
-0,03
-0,61
-0,48
-0,55
-0,40
-0,33
-0,34
-0,54
-0,44
-0,19
-0,10
-0,47
-0,10
-0,04
1,00
IRNC
0,55
0,47
0,33
-0,19
-0,16
-0,28
-0,48
-0,47
-0,61
-0,43
-0,46
-0,37
-0,59
-0,46
0,04
-0,32
-0,46
-0,04
-0,12
0,95
1,00
GAF 0,15
-0,01
0,39
-0,24
-0,62
-0,57
0,47
0,41
0,23
0,27
0,37
0,57
0,11
0,25
0,24
-0,43
0,06
0,07
0,53
0,11
0,26 1,00
GAO -0,42
-0,53
-0,05
0,08
0,13
0,52
0,33
0,52
0,74
0,45
0,49
0,40
0,73
0,48
-0,33
0,47
0,49
0,23
0,12
-0,82
-0,92
-0,18
1,00
GAT -0,02
0,17
-0,13
-0,01
-0,33
-0,09
0,02
0,11
-0,02
-0,10
0,11
0,06
-0,11
-0,14
0,21
-0,45
-0,53
-0,09
-0,02
-0,06
-0,01
0,50
0,15
1,00
CO 0,04
-0,28
-0,48
-0,01
-0,33
-0,09
0,02
0,11
-0,02
-0,10
0,11
0,06
-0,11
-0,14
0,21
-0,45
-0,53
-0,09
-0,02
-0,06
-0,01
0,50
0,15
1,00
1,00
CG 0,19
0,02
0,57
-0,61
-0,76
-0,02
0,37
0,49
0,47
0,49
0,88
0,84
0,33
0,46
-0,29
0,24
0,26
-0,23
0,94
0,04
-0,07
0,55
0,16
0,12
0,12
1,00
PI -0,07
-0,53
0,55
-0,11
-0,13
-0,25
0,60
0,55
0,64
0,55
0,36
0,64
0,61
0,60
-0,13
0,22
0,87
0,44
0,49
-0,25
-0,15
0,47
0,17
-0,37
-0,37
0,39
1,00
TC 0,28
-0,15
0,68
-0,48
-0,67
-0,17
0,48
0,59
0,54
0,57
0,78
0,88
0,42
0,55
-0,21
0,10
0,40
0,04
0,87
0,09
0,05 0,75
0,06
0,11
0,11
0,93
0,62
1,00
ET 0,34
0,76
-0,22
-0,22
-0,27
-0,22
-0,45
-0,58
-0,80
-0,49
-0,22
-0,40
-0,82
-0,56
0,24
-0,34
-0,79
-0,67
-0,02
0,68
0,62 -0,12
-0,73
0,03
0,03
0,00
-0,65
-0,15
1,00
ICJ 0,37
-0,12
-0,38
0,50
0,07
-0,74
0,56
0,25
-0,19
0,27
-0,01
0,16
-0,18
0,24
0,87
-0,86
-0,11
0,02
-0,06
0,08
0,29 0,40
-0,52
0,00
0,00
-0,06
0,13
0,50
0,27
1,00
Nota: siglas referenciadas na seção 2.2.3
234
Apêndice B – Demonstrações Contábeis da Calçados Andreza S/A do período de 2000 a 2006
235
Apêndice C – Demonstrações Contábeis da Calçados Azaléia S/A do período de 2000 a 2006
236
Apêndice D – Demonstrações Contábeis da Calçados Beira Rio S/A do período de 2000 a 2006
237
Apêndice E – Demonstrações Contábeis da Dilly Nordeste S/A do período de 2000 a 2006
238
Apêndice F – Demonstrações Contábeis da Calçados Fillis S/A do período de 2000 a 2006
239
Apêndice G – Demonstrações Contábeis da Calçados Jacob S/A do período de 2000 a 2006
240
Apêndice H – Demonstrações Contábeis da Calçados Sândalo S/A do período de 2000 a 2006
241
Apêndice I – Demonstrações Contábeis da Cambuci S/A do período de 2000 a 2006
242
Apêndice J – Demonstrações Contábeis da Daiby S/A do período de 2000 a 2006
243
Apêndice K – Demonstrações Contábeis da Dakota S/A do período de 2000 a 2006
244
Apêndice L – Demonstrações Contábeis da Dakota Nordeste S/A do período de 2000 a 2006
245
Apêndice M – Demonstrações Contábeis da Grendene S/A do período de 2000 a 2006
246
Apêndice N – Demonstrações Contábeis da São Paulo Alpargatas S/A do período de 2000 a 2006
247
Apêndice O – Demonstrações Contábeis da Vulcabrás S/A do período de 2000 a 2006
248
Apêndice P – Demonstrações Contábeis da Vulcabrás do Nordeste S/A do período de 2000 a 2006
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
NÍVEL MESTRADO
AUTORIZAÇÃO
Eu, ADRIANO JOSÉ AZEREDO, CPF 583.247.800-25 autorizo o Programa de Mestrado em
Ciências Contábeis da UNISINOS, a disponibilizar a Dissertação de minha autoria sob o
título DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DE INDÚSTRIAS CALÇADISTAS
BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE DO PERÍODO DE 2000 A 2006, orientada pelo professor
doutor Marcos Antonio de Souza, para:
Consulta ( X ) Sim ( ) Não
Empréstimo ( X ) Sim ( ) Não
Reprodução:
Parcial ( X ) Sim ( ) Não
Total ( X ) Sim ( ) Não
Divulgar e disponibilizar na Internet gratuitamente, sem ressarcimento dos direitos autorais, o
texto integral da minha Dissertação citada acima, no site do Programa, para fins de leitura
e/ou impressão pela Internet
Parcial ( X ) Sim ( ) Não
Total ( X ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, especifique:
Sumário: ( X ) Sim ( ) Não
Resumo: ( X ) Sim ( ) Não
Capítulos: ( X ) Sim ( ) Não Quais_____
Bibliografia: ( X ) Sim ( ) Não
Anexos: ( X ) Sim ( ) Não
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