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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UNP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
WELLINGTON GUANABARA LEIROS
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES: UMA AVALIAÇÃO DAS
AÇÕES DA COMPANHIA ENERGÉTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
NORTE - COSERN JUNTO À LIGA NORTE RIOGRANDENSE CONTRA O
CÂNCER
NATAL
2008
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WELLINGTON GUANABARA LEIROS
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES: UMA AVALIAÇÃO DAS
AÇÕES DA COMPANHIA ENERGÉTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
NORTE - COSERN JUNTO À LIGA NORTE RIOGRANDENSE CONTRA O
CÂNCER
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Administração da
Universidade Potiguar, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre
em Administração na área de concentração
em Ética e Responsabilidade Social.
ORIENTADORA: Profª. Drª. Lydia Maria P.
Brito
NATAL
2008
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WELLINGTON GUANABARA LEIROS
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES: UMA AVALIAÇÃO DAS
AÇÕES DA COMPANHIA ENERGÉTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
NORTE - COSERN JUNTO À LIGA NORTE RIOGRANDENSE CONTRA O
CÂNCER
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Administração da
Universidade Potiguar, como requisito
parcial para obtenção do título de mestre em
Administração na área de concentração em
Ética e Responsabilidade Social.
Aprovado em: _____ / _____ / ______.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Profª. e Orientadora Lydia Maria P. Brito – Drª.
Universidade Potiguar - UnP
_____________________________________________________
Profª Patrícia Whebber Souza de Oliveira - Drª.
Universidade Potiguar - UnP
_____________________________________________________
Prof. Marcos Antonio Martins Lima - Dr.
Universidade Federal do Ceará - UFC
Dedico este singelo trabalho ao pequeno
Arthur, que com a luz de seus olhos, iluminou
minha vida inteira.
AGRADECIMENTOS
Agradeço humildemente ao Supremo Arquiteto do Universo, pelas
incontáveis oportunidades de recomeço e progresso.
À minha estimada esposa, pelas horas renunciadas em favor de meus
estudos.
Ao meu pai, que primeiro me iniciou no gosto pela ciência e a quem devo o
estímulo mais direto e o incentivo mais marcante. A minha mãe, que com seu
carinho e simplicidade me embalou em seus braços mornos. Aos meus Irmãos que
souberam sempre dirigir-me uma palavra de conforto e perseverança, quando
minhas pernas ousavam fraquejar.
Ao Exmº Sr. Vice-Almirante Paulo César Dias de Lima, Comandante do 3º
Distrito Naval, pela inestimável colaboração e sensibilidade ao meu desejo de
continuar a estudar. Ao Ilmº Sr. Capitão-de-Mar-e-Guerra Edmilson Franco da Silva
Júnior, pela sua visão de futuro e sua forma inigualável de motivar e liderar.
À minha orientadora, Profª Drª Lydia Maria P. Brito, pela dedicação vibrante
à minha causa, pelo carinho maternal com que soube conduzir meus passos, pela
amizade sincera e despretensiosa que continuam a me encantar mais e mais.
Por fim, agradeço a todos aqueles que, mesmo de forma sutil, ajudaram a
materializar essa conquista.
“Quando pensardes vós que sabeis mais do
que todos, passareis a errar pior do que
muitos.”
Maestro João Viterbino de Leiros
RESUMO
O presente estudo buscou evidenciar a responsabilidade social, como fator relevante
para as organizações modernas, assim como forma de contribuir para a diminuição
das diferenças sociais na medida em que proporciona à comunidade mecanismos
de melhoria da qualidade de vida. A ótica dessa análise conceitual e prática da
responsabilidade social empresarial, aborda esse instituto sob o prisma daqueles
que são beneficiados pelas ações de determinada empresa, no caso vertente a
Companhia Energética do Estado do Rio grande do Norte - COSERN,
concessionária do serviço público de distribuição de energia no Estado do Rio
Grande do Norte. A entidade beneficiada escolhida para o desenvolvimento do
referido estudo foi a Liga Norteriograndense Contra o Câncer, instituição referência
no Estado na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer, que desenvolve
décadas, seu trabalho em todo Estado. A finalidade da presente abordagem é
analisar a percepção da Liga Norteriograndense Contra o Câncer em relação às
ações de responsabilidade social promovidas pela COSERN, identificando-as e
verificando os efeitos dela decorrentes. Esta é uma tentativa de verificar de que
forma essas ações podem tornar melhor e mais eficiente, o trabalho desenvolvido
pela instituição estudada e como se mostra o planejamento para a utilização de tais
recursos no âmbito da Liga Norteriograndense Contra o Câncer. Apesar disso, o
trabalho sugere que o planejamento, no que diz respeito ao emprego do objeto das
ações sociais da COSERN, é feito de forma emergencial e consoante a necessidade
que se apresenta no momento, não sendo possível uma avaliação mais eficiente dos
efeitos produzidos por tais ações especificamente.
ABSTRACT
This study we show social responsibility, as a factor relevant to modern
organizations, as well as to contribute to the reduction of social disparities in that it
provides to the community mechanisms to improve the quality of life. The optics of
this conceptual analysis and practice of corporate social responsibility, addresses
this institute through the prism of those who are benefited by the actions of a
particular company, in this case the Companhia Energética do Estado do Rio grande
do Norte - COSERN, awarding of public distribution of electricity in the state of Rio
Grande do Norte. He fund benefited chosen for the development of the study was
Norteriograndense the League Against Cancer, a reference in the State in the
prevention, diagnosis and treatment of cancer, which develops for decades, his work
throughout state. The purpose of this approach is to analyze the perception of the
League Against Cancer Norteriograndense in relation to the actions of social
responsibility promoted by COSERN, identifying them and checking the effects
arising from it. This is an attempt to determine ways in which those actions can make
better and more efficient, the work of the institution and studied as shown in the
planning for the use of such resources within the Norteriograndense League Against
Cancer. Nevertheless, the work suggests that the planning, as regards the
employment of the object of the social actions of COSERN, is done in emergency
and on the need that is present in the moment and can not be a more efficient
assessment of the effects produced by such actions specifically.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Vetores da responsabilidade social................................................. 43
Quadro 1- Sistema comparativo entre o modelo de gestão tradicional e o
modelo de gestão ecocêntrica ........................................................
45
Quadro 2- Sistema de avaliação dos aspectos da responsabilidade social..... 51
Quadro 3- Esquema do roteiro das entrevistas................................................. 61
Quadro 4- Repasse da COSERN......................................................................
Quadro 5- Percentual de repasse......................................................................
Quadro 6- Valor fixo do repasse........................................................................
Quadro 7- Freqüência do repasse.....................................................................
Quadro 8- Investimentos feitos pela LIGA.........................................................
Quadro 9- Investimento dos recursos oriundos das ações da COSERN no
custeio da LIGA................................................................................
Quadro 10- Planejamento das ações da LIGA....................................................
Quadro 11- Programas mantidos pela LIGA........................................................
Quadro 12- Avaliação dos resultados..................................................................
Quadro 13- Relação da LIGA em apoio a ONG's................................................
Quadro 14- Incentivo ao voluntariado por parte da LIGA....................................
Quadro 15- Ações dos voluntários na LIGA........................................................
Quadro 16- Questionário com respostas dirigido aos técnicos da LIGA.............
Quadro 17- Esquema de otimização de condicionadores de ar..........................
Quadro 18- Esquema de otimização de condicionadores de ar nas demais
dependências do hospital.................................................................
Quadro 19- Equipamentos novos a serem instalados.........................................
Quadro 20- Equipamentos antigos a serem substituídos....................................
Quadro 21- Proposta de melhoria feita pela COSERN para a iluminação do
hospital.............................................................................................
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Cargas instaladas ........................................................................... 84
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11
1.1 Contextualização ....................................................................................... 11
1.2 Problema ................................................................................................... 12
1.3 Objetivos ................................................................................................... 13
1.4 Justificativa................................................................................................ 14
1.5 Estrutura 15
2 REFERENCIALTEÓRICO ........................................................................ 17
2.1 Responsabilidade Social............................................................................ 18
2.1.1 A crise do modelo capitalista e a responsabilidade social das
empresas.................................................................................................... 18
2.1.2 Responsabilidade social nas empresas ..................................................... 36
2.2 Sistemas de modelos conceituais e de avaliação da responsabilidade
social........................................................................................................... 48
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................. 54
3.1 Tipo da pesquisa....... ................................................................................. 54
3.2 Universo da pesquisa................................................................................. 62
3.3 Plano de coleta de dados........................................................................... 62
3.4 Variáveis analíticas..................................................................................... 64
3.5 Tratamento dos dados................................................................................ 64
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................................ 65
4.1 Ações de responsabilidade social na Liga Norteriograndense Contra o
Câncer........................................................................................................ 65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 90
6 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 94
APÊNDICE - A MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS
GESTORES
96
APÊNDICE - B MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS
TÉCNICOS
97
11
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo situa-se na esfera da verificação das ações de
responsabilidade social assim como o reflexo e a repercussão da mesma na
organização beneficiada.
Enxergar os benefícios externos da responsabilidade social, seus
desdobramentos e a forma como se a sua percepção se mostra como um novo
viés no estudo desse fenômeno possuidor de um conceito ainda em construção,
mas que, mesmo assim, se torna cada vez mais perceptível no ambiente
organizacional moderno.
1.1 Contextualização
Diante de um mundo cada dia mais globalizado, onde a ferocidade dos
negócios atinge níveis elevados, as organizações encontram-se em um dilema que
tenta conciliar lucratividade, produção, cumprimento de metas e competitividade,
com a idéia de sociedade mais justa, humana e igualitária.
Forçoso lembrar que as organizações, por mais lucrativas, modernas,
organizadas e autônomas que possam ser, sempre estarão insertas num conceito
mais amplo que é a própria sociedade. Esta mesma sociedade hoje, por força de
inúmeros fatores, governamentais ou não, se encontra em uma crise que pode ser
atribuída, mesmo que de forma parcial, à exclusão social que se verifica de forma
cada vez mais massiva. Fome, miséria, falta de oportunidades e emprego, parece
ser o produto mais visível do sistema capitalista que, na mesma medida em que
gera o desenvolvimento, cria como resíduo uma massa enorme de marginalizados e
pessoas que simplesmente não encontram um lugar ao sol no contexto da
sociedade.
Os governos se mostram ineficientes, por vezes, na tarefa de reduzir essas
discrepâncias sócias, restando para as organizações, estas também responsáveis
pela busca de ideais justos e iguais para todos, a tarefa de tentar, à sua maneira e
dentro de suas possibilidades e áreas de atuação, minimizar o impacto negativo que
a atividade organizacional cria na sociedade moderna.
Tão é verdade que o conceito eminentemente publicista de que cabe
somente ao Estado o zelo e a atenção pelo meio ambiente, inclusão social e
12
redução dos índices de miséria e fome, não existem mais. A própria empresa, vez
que se encontra encetada por muitas vezes na circunvizinhança de bolsões de
miséria e abandono, deve desenvolver mecanismos capazes de manifestar seu
interesse pelos problemas sociais e assumir seu papel de vetora na construção de
uma sociedade mais justa.
Desta forma, a responsabilidade social se mostra como sendo uma forma de
aproximação das organizações junto à sociedade, em especial às comunidades que
mais sentem a carência de ações governamentais de infra estrutura, com destaque
para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. No Rio Grande do Norte , uma empresa
que têm conseguido destaque pelas ações de responsabilidade social que intenta é
a COSERN – Companhia Energética do Estado do Rio Grande do Norte.
Tão importante como verificar no âmbito da empresa quais ações sociais
que se podem implementar, é verificar como essas ações são vistas pelas entidades
beneficiadas e como estas se encarregam de estender o seu efeito para a
sociedade. É importante destacar que a ação social se desdobra e se propaga até o
ponto em que deva atingir seu objetivo, qual seja em linha geral, proporcionar uma
melhoria na qualidade de vida de alguém, de um grupo, comunidade ou de toda
sociedade local.
Como os beneficiados pelas ações sociais percebem a sua existência e
eficácia é o que move o presente estudo.
1.2 Problema
Nos dias atuais, a discussão sobre o tema da responsabilidade social tem se
tornado quase que constante, quer no ambiente organizacional, em primeira análise,
quer no ambiente social. As empresas, por serem diretamente responsáveis pela
geração de riqueza e, principalmente, pelo uso dos recursos naturais, têm estado no
foco dessa discussão.
Contudo, em que pese a verificação na necessidade premente da adoção de
políticas empresariais mais voltadas à questão da conservação dos recursos
naturais, como forma de manutenção da própria atividade empresarial, várias
questões ainda sem resposta gravitam em torno do tema em comento.
13
Desta feita, é preciso que tais ações sejam vistas como fator inerente à
própria atividade desenvolvida pela empresa, isso quer dizer que essa deve possuir
um real compromisso com a redução do impacto que sua própria atividade exerce
na sociedade e no meio ambiente.
Assim, como verificar a utilização de ações socialmente adequadas e/ou
ecologicamente corretas? De igual importância, urge buscar a constatação de que
as ações intentadas pela COSERN atinjam resultados que possam favorecer a
sociedade e o seu círculo de atuação.
Para isso deve-se responder ao seguinte questionamento: como a instituição
beneficiada, Liga Norteriograndense Contra o Câncer, percebe as ações de
Responsabilidade Social intentadas pela COSERN?
1.3 Objetivos
Geral
Analisar a percepção da Liga Norte-riograndense Contra o Câncer em
relação às ações de responsabilidade social promovidas pela COSERN.
Específicos
Identificar a percepção dos Gestores em relação aos incentivos oferecidos
pela COSERN e seus benefícios para a LIGA.
Identificar a percepção dos gestores em relação aos benefícios dos
programas junto à comunidade.
Avaliar o trabalho voluntário.
Identificar como os técnicos percebem os resultados do programa.
Propiciar a discussão do tema através de uma reflexão crítica, analítica e
conceitual da responsabilidade social como elemento relevante no contexto
da administração.
14
1.4 Justificativa
A idéia de se desenvolver nas empresas uma política voltada para a ética e
para a responsabilidade social, ainda encontra sérias barreiras, sobretudo a de
contornos culturais.
Mesmo assim, é possível identificar algumas empresas que conseguiram
transformar em valor corporativo, ações voltadas para a comunidade e postura
moralmente elogiável.
É o caso da Companhia Energética do Estado do Rio Grande do Norte -
COSERN, que desde a sua passagem para a iniciativa privada, em 1997 a empresa
vem desenvolvendo sólidos programas voltados para a responsabilidade social e
para uma cultura interna e externa, voltadas para a ética e a transparência nas
relações.
Desde então a COSERN tem implementado programas de responsabilidade
social voltados para o apoio à Liga Norte Riograndense Contra o Câncer mantendo
uma parceria que visa a melhorar o atendimento que esta instituição presta à
população do Rio Grande do Norte.
A COSERN ainda possui vários outros programas voltados para o bem-estar
dos seus funcionários e de suas famílias, além de outras ações voltadas para os
seus consumidores e parceiros governamentais ou não.
Dentre as quais pode-se destacar:
Parceira do Instituto Ayrton Senna apoiando o projeto da ONG Centro
Cultural Casa da Ribeira no projeto ArteAção, preparando crianças e
adolescentes através da educação para o desenvolvimento humano pela
arte, com oficinas de dança e teatro.
Desenvolve um programa de inclusão digital, através do qual
proporcionou a doação de micro computadores a instituições como a
ONG Fé e Alegria, Associação de Algas e Pescados de Pitangui, instituto
Ponte da Vida, Centro sócio-Pastoral Nossa Senhora da Conceição do
Bairro de Mãe Luíza, entre outras.
Promoveu a doação de livros à Biblioteca comunitária de Felipe
Camarão.
15
Parceira da Casa do Menor Trabalhador, contribuindo mensalmente com
recursos para a manutenção das instalações, reformas e melhorias.
Diante da importância dos programas desenvolvidos pela COSERN para a
sociedade potiguar e, mais que isso, ante a relevância de sua manutenção e
constante aprimoramento, o presente estudo se justifica como expressivo para a
constatação dos efeitos sociais positivos de ações de responsabilidade social.
Dentre as várias ações de Responsabilidade Social intentadas, escolheu-se
a Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer como instituição a ser estudada, pela
sua representatividade e pelo expressivo papel social que representa no Estado.
1.5 Estrutura
O presente estudo obedecerá a seguinte estrutura:
O Capítulo I é composto de uma introdução atinente à ética e à
Responsabilidade social, vistas aqui como valores indispensáveis à competitividade
organizacional, além de se mostrar como importante fator de desenvolvimento
econômico e social. Situar as questões referentes à pesquisa propriamente dita,
traçando os parâmetros a serem estudados bem como a relevância do assunto
abordado para a comunidade, haja vista o fato de se verificar a percepção dos
beneficiários das ações de responsabilidade social da COSERN junto à Liga Norte
Riograndense Contra o Câncer.
No Capítulo II se acha a fundamentação teórica do assunto, onde se verifica
o que se produziu no âmbito da ética e da responsabilidade social nos últimos
tempos, onde se procede uma obordagem científica dos fenômenos afetos às ações
sociais feitas pelas empresas e o que isso significou em matéria de avanços sociais
e econômicos para as organizações e, sobretudo, para a comunidade.
O Capítulo III aborda a metodologia usada na pesquisa, ressaltando os
mecanismos usados para a verificação das questões referentes ao estudo em si,
universo a ser estudado, tipo da pesquisa, variáveis analíticas e tratamento dos
dados obtidos.
No Capítulo IV se abordado o resultado da pesquisa e a forma como os
dados serão tratados e interpretados, com ênfase à verificação do produto do estudo
de caso e das entrevistas colhidas em campo.
16
O Capítulo V se destina às conclusões de todo o estudo, verificando-se o
cumprimento dos objetivos que deram origem à pesquisa, e de que forma tais
conclusões contribuíram para a constatação dos resultados.
E, no capítulo VI, se verificam as referências que serviram de base e de
fonte de estudo para conclusão do presente trabalho.
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este Capítulo trata da base de fundamentação para o estudo científico da
ética e da responsabilidade social, dentro do que foi produzido pela ciência sobre
o tema nos últimos tempos.
A abordagem científica dos assuntos atinentes à pesquisa se faz necessária
e indispensável, uma vez que é do manancial de conhecimento produzido que se
assentam as bases para a verificação mais acurada do assunto em tela, em especial
da literatura especializada no tema.
Dentro de uma ótica realista, é imperioso verificar, de início, a necessidade
de uma abordagem ética, em todos os campos da atuação, humana, a julgar pelo
fato de hoje, em especial, notarmos uma grande crise de moral e de
comportamentos éticos nas relações sociais. Para se chegar a esta constatação, é
suficiente uma breve verificação em nosso derredor. Corrupção, lavagem de
dinheiro, fraude a investidores, manipulação de números contábeis, sonegação fiscal
e tantos outros acontecimentos que a mídia diariamente divulga, coloca em cheque
a forma como o homem hodiernamente conduz as suas relações sociais.
Nesse conspecto, é forçoso buscar, através de uma abordagem ampla e
profunda, analisar a influência de tais fatores no contexto atual da sociedade
capitalista, os processos produtivos vigentes no comportamento humano e os
resultados prático-sociais que derivam desse fenômeno.
O ser humano, por tratar-se de indivíduo essencialmente gregário, carece de
relacionar-se com os demais membros de seu grupo social, mas sem olvidar da
existência de uma dignidade natural ou originária, que faz e torna possível a
existência do conceito básico de liberdade e de satisfação, à maneira do que ocorria
com os antigos gregos, na consolidação da idéia de polis, ou seja, o homem, por
viver ao lado de seus pares, seria também, por esse motivo, responsável pelo todo e
pela realização do bem comum.
Em sua passagem pelo mundo, este mesmo homem constrói relações de
sociabilidade calcadas basicamente no respeito da dignidade originária de cada um,
o que decerto solidifica o processo de desenvolvimento da sociedade, na medida em
que nesse cenário, se desenrolam as ões que dão sentido à sua existência.
Contudo, atualmente, o que se é a deturpação dos conceitos elementares de
18
sociabilidade, com o crescimento de modelos de produção que relegam o coletivo e
o bem comum ao segundo plano, na medida em que exalta o ter em detrimento do
ser, maculando a ética fundamental que permeia a própria formação do ser humano.
2.1 Responsabilidade social
No campo das ações que podem ser tomadas pelas empresas com vistas a
mitigar, de forma sensível ou ainda de forma pouco mais branda, o impacto que esta
exerce negativamente na sociedade, quer seja pela via da exploração desenfreada
de recursos naturais, ou de mão-de-obra, têm se verificado com certa constância,
ações que revertem os benefícios oriundos da atividade empresarial para a própria
sociedade, seja na forma de benefícios diretos ou indiretos. Fala-se da
Responsabilidade Social, ou seja, um meio encontrado pela empresa de contribuir,
com o exercício de sua própria atividade, para a melhoria das condições sociais de
determinada comunidade, ou com a sociedade de um modo geral.
Portanto, é objetivo do presente ponto evidenciar as ações de
responsabilidade social sob um prisma de utilidade, ou seja, fazer com que sejam
ressaltados seus aspectos de benefício tanto corporativo quanto social-comunitário.
Além desses, se demonstrará no presente tópico as variadas dimensões da
responsabilidade social, dentre elas a econômica, a ética, a legal e a discricionária,
vistas sob os aspectos de confiabilidade, credibilidade, qualidade, responsabilidade
e identidade corporativa (MACHADO FILHO, 2006).
A compreensão do amplo fenômeno da responsabilidade social, sobretudo
nos dias atuais, passa necessariamente pela verificação de todos os seus
desdobramentos na própria organização e em toda sociedade.
2.1.1 A crise do modelo capitalista e a responsabilidade social nas empresas
A humanidade, ao longo de toda a sua trajetória neste planeta, sempre
exerceu forte impacto na natureza e no meio em que se acha inserta. Naturalmente,
19
em perspectiva, é possível verificar que durante o passar das eras, a atividade
humana sempre modificou, moldou e em muitas vezes extinguiu a natureza sob a
bandeira do desenvolvimento e do progresso a qualquer custo. Mas será mesmo
necessário experimentar da maneira mais dura os revezes do próprio mundo onde
vivemos? Em verdade, o homem sempre teve de enfrentar encruzilhadas criadas por
sua própria intelectualidade e conhecimento, exatamente como ocorre nos dias de
hoje, potencializadas pelo próprio resultado dos modelos adotados na sociedade.
O capitalismo como conhecemos, assim como outros modelos
experimentados, produz resíduos que se verificam de forma mais latente nos países
ditos em “desenvolvimento”, onde a pobreza e a miséria afundam ainda mais o
abismo que existe entre ricos e pobres. Os joguetes comerciais, sociais e
econômicos, resultam em um sistema de dominação onde sempre alguns poucos se
beneficiam em detrimento de uma massa avassaladora de miseráveis, analfabetos e
excluídos, que não usufruem as riquezas que eles próprios produzem.
Não obstante a isso, estudiosos, pensadores e pessoas que, de uma forma
ou de outra, preocupam-se com o mundo em que vivemos, debruçam-se acerca da
pergunta de onde o modelo de capitalismo globalizado levará a humanidade, e quais
serão os resultados de uma sociedade que exclui, à maneira do que ocorre nos
megablocos comerciais, e que ao mesmo tempo apregoa um aceno de progresso e
modernidade para todos. Esses tais, preocupados com o que fazemos a nós
mesmos, buscam formas alternativas de sociedade, em que os benefícios gerados
pelo próprio conhecimento humano, possam ser repartidos de forma mais eqüitativa
e justa. Entre todos, sem exclusão. Nesse conspecto, a pergunta chave para a
solução dos embates e dos paradigmas a serem enfrentados no século XXI,
certamente será: “de que maneira nós, seres humanos, encaramos novos desafios
resultantes dos efeitos de nossa própria engenhosidade mental e tecnológica?”
(HENDERSON, 1996, p. 13).
A primeira constatação que se deve ter é o fato de que vivemos hoje uma
crise do modelo capitalista, que simplesmente não consegue sanar os defeitos que
produz, em especial no que diz respeito a uma melhor divisão de riquezas e
diminuição das desigualdades sociais. É imperioso constatar que somente quando a
humanidade se render conta de que o modelo sócio-econômico vigente leva a um
caminho sem saída, é que se pode verificar que ainda existem meios para a
20
sublimação das vicissitudes vistas hoje, e que o desenvolvimento da humanidade
depende disso.
Os processos de mudanças vistos até hoje não conseguiram de forma
definitiva, modificar a face do modelo vigente, de forma que o mesmo pudesse
destinar-se à coletividade, ao bem, a todos. O que ocorre é que o próprio sistema
procura formas de se adaptar e se reorganizar, talvez apenas para mantewr sua
vigência.
A maneira de enxergar os fenômenos que aconteceram e que ainda ocorrem
no seio da sociedade varia de acordo com vários fatores que somados, resultam
numa forma de ver e sentir amplas e, em virtude disso, mais próxima da verdade.
Assim as “caixas de ferramentas mentais” (HENDERSON, 1996. p 14), se
constituem da forma como se verifica e analisa o mundo em derredor. De uma forma
geral, se observa e verifica o mundo através de determinadas lentes, que, de acordo
com a sua constituição, se de forma mais restritiva ou ampliativa, segundo a
forma de se observar.
Em suma, essas janelas, pelas quais se observa os fenômenos sociais,
políticos e econômicos são conhecidas por paradigmas, que formam a maneira que
as pessoas enxergam o mundo, e por isso mesmo, limitam ou ampliam o
conhecimento sobre o que ocorre no exterior humano.
O futurismo, em contra senso, procura verificar a trajetória humana sob uma
ótica de resultado, ou seja, onde tudo o que fazemos em nosso mundo vai resultar, e
quais serão no futuro, as implicações disso na própria humanidade. De uma forma
mais pormenorizada, onde o sistema de capitalismo competitivo, como modelo,
levará a humanidade e se isso ameaça o nosso progresso e mesmo a permanência
do homem sobre a terra. Em termos econômicos, existe uma responsabilidade
enorme que paira nos ombros da economia, na medida em que se mostra como
possível meio de análise e verificação dos modelos sócio-econômicos de então.
Ocorre que a economia possui uma estreita forma de analisar os acontecimentos
sociais e sua repercussão no mundo de hoje. Decerto, a economia não é nem nunca
foi a única forma de se verificar o mercado e tudo aquilo que ele produz, bom ou
mal.
A idéia de futuro globalizado transcende em muito os aspectos puramente
econômicos vistos até então, ou seja, o futuro da globalização, e por que não dizer,
do próprio capitalismo como modelo, é simplesmente multidisciplinar, com matizes
21
que perpassam todos os ramos do conhecimento humano, inclusive a ótica futurista,
tem sua parcela de contribuição na construção de um mundo mais justo, com
oportunidades e vantagens para todos. A criação de um novo processo de produção
é fator determinante para a remodelação de toda a estrutura da sociedade, incluindo
o modelo industrial, governo, produção de riqueza sempre tendo em mente a
preservação da natureza e a consecução de uma melhora na qualidade de vida
global. Parece existir, portanto, um desafio significativo a ser enfrentado. Buscar
meios alternativos para o sistema atual de guerra competitiva global, onde se
esgotam os recursos naturais e se criam mais e mais bolsões de miséria
insustentável, fazendo uma transição segura para um novo modelo mais justo e de
maior inclusão. É possível promover tal mudança, bastando que o senso inventivo,
criador e, sobretudo inovador do homem, se sobressaiam no remodelamento social
que se espera para o século XXI. O século das mudanças necessárias e inevitáveis.
Resta saber como essas mudanças se darão.
Em termos históricos, após o sepultamento da guerra fria, e com ela a
ameaça diuturna de extinção da raça humana através de um holocausto nuclear,
desaguou-se na consolidação do capitalismo de mercado como modelo vigente e
“sobrevivente” das turbulências sociais vividas até então. Com ele chegou-se aos
conceitos de competitividade ferrenha, globalização e lucratividade como fim
absoluto do mercado.
Mesmo diante de um cenário que aparenta relevante irreversibilidade, ou
seja, o mercado se fecha em si mesmo e o lucro é o fim de toda atividade produtiva,
existem ainda alguns futuristas, que imaginam um mundo ainda com importantes
alternativas de crescimento sustentável, com efeito visto em dio e em longo
prazo, em outras palavras, o desenvolvimento de hoje poderá ser um
desenvolvimento de futuro, sem a ameaça de frustrar a existência das próximas
gerações. Essa lenta modificação na forma de se ver o mundo pela estreita janela
do mercado, ganha força a cada dia e centra suas energias em determinados pontos
que são extremamente relevantes para uma mudança global realmente eficaz.
Henderson (1996, p. 25) entende que os choques e embates vivenciados
hoje no mundo capitalista, se verificam mais profundamente em pelo menos sete
níveis diferentes, que representam tendências para o desenvolvimento sustentável.
Tais mudanças começaram a ocorrer no modelo vigente, e que decerto, resultará
na mudança global esperada. São eles: população global e biosfera; estruturas de
22
governo internacional e global; as sociedades civis e as culturas globais; estados-
nações, políticas nacionais e processos democráticos; mercados globais,
corporações, comércio e finanças; governo provinciano, urbano e local e valores,
ética e comportamentos da família/comunidade/indivíduo.
Pela leitura dos níveis acima relacionados, percebe-se que o ambiente onde
se a mudança do pensar, alcança os pontos mais nevrálgicos da sociedade, e
engloba aquilo que se torna mais preocupante no dias atuais, ou seja, tudo o que
mais tem sofrido com o progresso galopante e com a competitividade desenfreada
vivida em nossas cidades e em nosso planeta.
No que diz respeito ao nível um acima citado, podemos destacar o aumento
da população global como sendo um problema a ser inevitavelmente enfrentado, e
que, naturalmente, demanda uma boa parcela de preocupação no seu
enfrentamento. Num futuro próximo, a população global crescerá quase que em dois
terços, o que representa um aumento de alguns bilhões de habitantes a mais no
planeta. O que isso representa em termos práticos? Significa que diretamente
proporcional ao aumento populacional, existirá também o aumento dos problemas
que hoje se vêem, quais sejam a miséria, a ausência de oportunidades para
todos, a fome, os problemas de infra-estrutura nas cidades, as epidemias e tantos
outros problemas que, decerto, serão aumentados na mesma proporção em que a
população cresce.
Ademais, a aumento populacional tem significativa repercussão na escassez
de recursos naturais, o que redunda em uma maior agressão à natureza, e
finalmente, a própria ameaça a existência da humanidade, na medida em que a
demanda por alimentos, água potável (fenômeno que possui enorme repercussão
nos dias atuais), aquecimento, recursos energéticos renováveis ou não, entre outros,
o que compromete a existência do homem.
No afã de crescer e sustentar-se, o capitalismo competitivo de hoje, olvida a
necessidade de pensar o amanhã, em outras palavras, não é poluindo o ar (o efeito
estufa é responsável pelo aumento da temperatura do planeta, o que desencadeia
uma série de desequilíbrios ambientais sentidos em todos os quadrantes da terra),
os mananciais de água potável que iremos garantir um desenvolvimento capaz de
garantir o futuro de nossas gerações.
Nas cidades grandes ou metrópoles o problema parece ser ainda maior,
assim como os efeitos do aumento da população se fazem sentir de forma mais
23
latente através da criminalidade, fruto da ineficiência do Estado, analfabetismo,
carência de emprego e renda, dentre tantos outros, são reflexos daquilo que se
percebe hoje mesmo. O modelo parece não conseguir solucionar os problemas que
ele mesmo cria. Os paradigmas existentes na expansão de nossa tecnologia e do
nosso progresso enquanto humanos urgem mudar vertiginosamente, sob pena de
não haver mais o que explorar nem menos para onde crescer. Reconhecer que na
presente marcha a própria humanidade chegará ao colapso do estrangulamento de
suas possibilidades, comprometendo o futuro de forma irreversível.
Após as profundas modificações nas formas de governo, especialmente as
verificadas após o desmantelamento da União Soviética, e o início da abertura
política dos países ditos não alinhados, observou-se a consolidação do modelo tido
como democrático, que, em tese, deveria promover o bem estar social a todos
indiscriminadamente, salvaguardando os valores que cada sociedade possui,
emprestando um caráter fraterno e responsável em todos os níveis da sociedade.
Contudo, em que pese viver-se em um Estado Democrático de Direito, não se
verifica aquilo que de mais elementar se extrai do conceito de democracia. O
legítimo direito que todos possuem de viver com dignidade.
O papel do Estado, e por que não dizer dos governos, é decisivo para a
consecução dos fins inerentes aos princípios de democracia plena, posto que é na
figura do governo, onde se depositam as esperanças de maior parte da população
para a consolidação de uma maior justiça social, o que não se confunde aqui com
messianismo ou populismo, infelizmente ainda verificados em alguns países, em
especial no terceiro mundo.
Ocorre que as estruturas governamentais não possuem condições, ou se
possuem desconhecem como geri-las, que emprestem credibilidade às suas ações,
quiçá na sua organização realmente democrática. Talvez a maior mazela verificada
no sistema governamental da atualidade sejam os escândalos provenientes da
corrupção do sistema em função de interesses exclusivamente pessoais ou de
pequena oligarquia dominante. O uso da máquina do Estado para garantir a
perpetuidade no poder, e por via de conseqüência, a prevalência de interesses
pessoais, ainda se mostra como um dos grandes desafios para as estruturas
estatais modernas.
Em um campo maior, o papel degenerativo da guerra ainda assusta a
população mundial, e contribui de forma maciça para a pobreza, miséria, fome e
24
caos instalados no seu rastro. Os gastos militares contabilizados na ultimas
décadas, suplantam em muitas vezes o gasto para se erradicar a fome ou o
analfabetismo no mundo. Diante desse quadro alarmante se questiona: até onde
vale a pena a imposição de interesses exclusivistas, em detrimento da paz e do
crescimento mundial?
Tal questionamento ganha relevo quando se verificam as conseqüências
naturais de uma beligerância, qualquer que seja sua magnitude. Será que o papel do
governo ou do Estado, passa necessariamente pela destruição de uns pelos outros?
Decerto não.
No nível global, a ONU constitui-se de verdadeira trincheira na minimização
das mazelas que assolam a humanidade. Contudo, a própria Organização carece de
renovação e reestruturação para poder enfrentar os desafios do futuro, que aqui
foram tratados. Essa reestruturação forçosamente passa pela constatação de que as
Nações Unidas podem e devem impor de forma mais pungente sanções duras em
desfavor de países que desrespeitam os direitos humanos, meio ambiente e a
humanidade como um todo, promovendo um despertar mais rápido do sono letárgico
que parte das nações ainda acham-se imersas, confinadas no seu próprio
progresso.
As sociedades civis como conhecemos desenvolveram, e ainda
desenvolvem crucial papel no contexto social mais amplo, ou seja, enquanto
população, Estado e País. Desta feita, representam uma parcela importante com sua
força de persuasão e participação nos fenômenos globais. Necessário incluir aqui o
relevante papel das Organizações não Governamentais (ONG'S), que participam, de
forma decisiva, nos mais diversos campos de atuação social. Somando-se a isso,
vemos nos quatro quadrantes do planeta, o surgimento de associações de bairros,
de profissionais, mulheres, es, e toda a sorte de cidadãos preocupados com o
futuro das cidades, das nações e do planeta.
As questões de enfrentamento que se verificam nos dias atuais, por
produzirem reflexos em todas as camadas sociais, naturalmente se constituem da
preocupação desses setores, que com seu trabalho perene contribuem
sobremaneira para a construção de um novo pensar global, seriamente
comprometido com os anseios e as aspirações de todos. Talvez a maior
preocupação desse ajuntamento organizado de cidadãos seja no que diz respeito ao
25
desenvolvimento sustentável, que, como dito linhas atrás, busca garantir o
progresso do hoje sem olvidar nem comprometer o das futuras gerações.
A mobilização dessas associações ou simplesmente grupos organizados em
prol da melhoria do mundo em que vivemos, faz-se através de protestos,
manifestações pacíficas onde a simples irresignação contra os problemas sociais,
demonstra que o pensar coletivo ganha força a cada dia, e que a própria sociedade
se conscientiza de que as mudanças são mais que urgentes, são vitais. Assim, é
de ressaltar o relevante papel desempenhado pelas ONG’s e por todos os grupos
que, de uma forma ou de outra, mantém-se na vanguarda das profundas mudanças
que ainda se intensificarão no futuro.
Henderson (1996, p. 47), afirma que “as nações têm se tornado pequenas
demais para solucionar os grandes problemas globais, e grandes demais para
resolver seus problemas locais.” Tal assertiva retrata com propriedade o que se
verifica nos governos e nas nações quando se trata de solução de problemas e
desigualdades, quer seja no campo interno de cada nação, quer seja no âmbito
global. Com efeito, verifica-se de forma clara a incapacidade que os governos
possuem, com raras exceções, de suplantar à totalidade, suas dificuldades
gerenciais, sobretudo no que diz respeito ao fato de tornar a vida dos seus cidadãos
mais digna.
Vê-se que somente a consolidação dos princípios democráticos, e aqui
mister ressaltar que tais princípios são a mola mestra das ações do Estado, que se
poderá verificar em toda sua plenitude a minoração das desigualdades sociais, da
exclusão de qualquer sorte e finalmente da marginalização. Ora, o acesso aos
benefícios que o Estado deve por obrigação fornecer aos cidadãos, é direito de
todos, indistintamente, e não pode ser mais negado à população. Não com o
progresso industrial e tecnológico visto no mundo atual.
Em se tratando de políticas governamentais, imperioso destacar que, ante a
crescente carência da população, urge que os serviços mínimos aos quais cumpre
ao Estado prover a todos, quais sejam saúde, educação e segurança, no podem ser
mais insipientes ou mal prestados. É necessário que se ultrapasse a fase da
discussão ou de pensamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento
sustentável em longo prazo, e que se efetivem medidas que possam modificar o
modelo sócio-econômico de distribuição de renda e oportunidades de trabalho.
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A adoção de novos paradigmas sociais é dever do Estado enquanto Poder
Público, e passa, necessariamente, pelo fomento e pela criação de meios onde a
própria indústria/mercado, visto aqui sob uma nova ótica, possam dar sua parcela de
contribuição na sedimentação daquilo que garantirá a sobrevivência do próprio
Estado e da própria sociedade.
É sabido que a totalidade dos países que vivenciam o cenário mundial de
hoje, encontra-se em plena guerra competitiva do modelo capitalista, onde se
solapam os interesses coletivos, macro, globais (na pura expressão da palavra), em
detrimento dos interesses exclusivamente individuais, ou quando no máximo, de
pequenos grupos ou oligarquias que se revezam na manutenção do poder e de seus
próprios interesses. Nesse cenário em que o lucro movimenta as idéias, não raro se
verifica que essas mesmas idéias sejam distorcidas ou mesmo completamente
desvirtuadas, na medida em que se estreita o olhar e se afunila a janela de como se
deve ver o mundo, ou seja, algo duradouro e perene.
A satisfação imediata da necessidade, seja ela material ou mesmo do
próprio lucro pelo lucro, impede que se enxergue o crescente esgotamento dos
recursos naturais, o que em médio e longo prazo, comprometem o próprio mercado
ao ponto de torná-lo ineficaz e obsoleto, mesmo por que não haverá mais o que
explorar, nem o que consumir.
O fenômeno da globalização, à maneira do que é visto e apregoado atualmente, não
se constitui da única salvação existente para o mercado, nem menos para o sistema
de comércio/troca que se verifica hoje, ao contrário disso, marcham em sentido
inverso, na medida em que globalizam-se elites e poucos, enquanto outros tantos
permanecem onde sempre estiveram, à margem do desenvolvimento e do
progresso. Em termos corporativos, é forçoso que a maneira de como se observa o
lucro passe também por transformações capazes de humanizar a sua existência,
dando-lhe um fim mais nobre, como ensina Henderson (1996, p. 52),
“o consenso teórico fundamental que está emergindo atualmente é o de que
os preços, se eles devem funcionar como realimentações sadias para os
mercados, para os governos e para a tomada de decisão pelo consumidor,
devem refletir com precisão, no maior grau possível, os custos sociais e
ambientais”.
27
Em outras palavras, é preciso se modificar a maneira de enxergar toda a
relação de geração de riquezas, fazendo ver que o que interessa hoje não é mais o
que interessará no futuro, e que a função do lucro e do ganho é muito mais coletiva
do que parece ser nos últimos tempos. É exatamente nisso que os chamados
futuristas crescem o debate, ou seja, a realização das aspirações humanas mais
puras passa, necessariamente, por uma total reestruturação dos modelos vigentes,
com o compromisso claro e bem definido do que estamos construindo hoje para o
amanhã.
Nas menores esferas do poder estatal, ou seja, nos governos locais indo até
o nível de ente federativo, é que melhor se mostram as chances de se verificarem
medidas de impacto global e com grandes chances de sucesso. Os governos de
província, ou de pequenos Estados, podem, dentro de seu raio de competência,
promover valorosas contribuições para a melhoria da qualidade de vida dos seus
cidadãos, com repercussões certamente sentidas mais além. Uma cidade de
pequeno é médio porte, certamente, pode implementar planos e políticas públicas
voltadas para a preservação dos recursos naturais, de valorização do verde, de
redução de emissão de poluentes, conservação dos mananciais de água potável,
entre tantos outros, com plenas capacidades de sucesso e êxito.
Um plano diretor de zoneamento ecológico de uma cidade é uma das muitas
formas de bem direcionar o desenvolvimento local, favorecendo a expansão
habitacional, sem comprometer os recursos naturais imprescindíveis para a vida
naquela cidade. Um programa de combate à poluição hídrica (lençol freático, lagoas
de captação, tratamento de esgoto) ou de tratamento do lixo urbano, funcionam
como irradiadores da idéia de preservação, que decerto, podem e devem multiplicar
seus efeitos em níveis nacionais.
Ademais disso, a credibilidade do governo local seria fator decisivo para o
engajamento de outros segmentos da sociedade no mesmo fim, ou seja, é mais fácil
convencer toda a comunidade quando o governo local o exemplo e busca dentro
de sua área de atuação, mecanismos mais modernos e auto-sustentáveis para a
conservação do patrimônio de toda a coletividade.
As atividades que promovem o desenvolvimento sustentável, vistas em
todos os escalões do ordenamento social, se fazem sentir no ambiente amplo pelo
simples motivo de partirem de pequenas células onde surge primeiro a idéia, que, no
futuro, se transmuda em realização aproveitável a todos. Em outros dizeres, é no
28
indivíduo e em sua família, que se verificam as sementes do todo o arcabouço do
desenvolvimento sustentável como o conhecemos hoje. A simples correção interna
de atitudes, ou mesmo a mudança na forma individual e familiar de se enxergar o
mundo, é o relicário donde brotará a mudança global de condutas.
Portanto, é no amálgama dos valores transmitidos de geração em geração
no seio familiar, reforçados por um comportamento ético frente aos conflitos naturais
de desenvolvimento humano, que se forma o caráter do indivíduo pronto a assumir
seu papel frente ao mundo que o aguarda. Desta feita, o conhecimento pleno da
função de cada um no contexto global é decisivo para a esperada modificação dos
paradigmas vigentes e pela adoção de um modelo que privilegie o desenvolvimento
sustentável de longo prazo.
As transformações pelas quais passaram a sociedade, interferiram
diretamente no conceito geral de valor e de ética, desvirtuando-os para a vala
comum da falta de referência e da insensibilidade àquilo que é atentatório aos
valores sociais que devem ser preservados. A família perdeu o significado, a mídia
impõe aos lares a banalização dos sentimentos de bondade e civilidade, na medida
em que as crianças crescem num mundo onde nada mais tem valor além da
satisfação das necessidades de consumo.
E necessário impor um sistema de freios e contrapesos aos mercados, de
modo que a manutenção dos valores sociais e de fraternidade, não se perca em
meio às transições que certamente, no futuro, ainda serão vistas com maior pujança.
Talvez o marco inicial, ou seja, a pedra de toque para as mudanças que
devem ocorrer ainda nesse século, sob pena de pouco restar a se fazer para
reverter o presente quadro, seja a conscientização do conceito de sustentabilidade,
como sendo a via mais apropriada para a consecução dos fins destinados às demais
mudanças. Antes, porém, é necessário verificar a participação e as atribuições de
todos os agentes envolvidos no processo de mudança, bem com verificar como e de
qual maneira podem interferir no processo.
Em primeiro lugar o mercado. O próprio mercado não pode mais valer-se do
mecanismo estrutural que vigora até então, a julgar pela sua impossibilidade de
dividir a riqueza gerada de forma equânime entre todas as camadas da sociedade,
assim como pela brutal exploração dos recursos naturais, sem o compromisso
efetivo de conservação. Com efeito, se houver a implementação e efetivação de
mecanismos de mercado mais coerentes com as reais necessidades das
29
populações, especialmente as mais pobres, decerto poderá se verificar uma gradual
mudança nas estruturas de responsabilidade social aumentando para as empresas o
que Pauli (1996, p. 44) chama de “valor agregado”.
Sobre o conceito e importância do “valor agregado”, faz-se mister a
conceituação oferecida por Pauli (1996, p. 44) quando ensina que “o valor agregado
também se expressa no valor que representam as companhias para a sociedade, na
criação e preservação de empregos, para os avanços tecnológicos e na inovação,
para o projeto de desenvolvimento regional, para os valores sociais que agregam,
por sua contribuição à arte, e pela busca de um importante equilíbrio ecológico em
suas operações”. Resta claro que o valor agregado transcende em muito as cifras
representadas pelos lucros corporativos. É bem mais que isso, é a medida exata do
que a empresa pode oferecer à sociedade, dando um fim mais racional, humanista e
universal à sua atividade fim.
No que diz respeito à preservação dos recursos naturais capazes de garantir
um desenvolvimento sustentável para as próximas gerações, deve-se ressaltar o
papel que a normatização e a edição de leis concernentes ao conservacionismo, que
nos últimos anos ganharam forças em muitas sociedades pelo mundo. Contudo,
que se considerar a real efetivação, utilidade e destinação desse arcabouço legal e
jurídico. Em verdade, a norma presta um relevante serviço à sociedade, na medida
em que disciplina o comportamento social impondo limites, freios e contrapesos ao
comportamento das pessoas, sejam naturais ou jurídicas, aqui incluídas as
empresas. Deve-se considerar de início que a quantidade de normas existentes
hoje, não significa efetivação (cumprimento) nem menos redução dos índices de
poluição e degradação do meio ambiente. O que se deve considerar é em qual
medida essas mesmas normas obrigam ou conduzem à uma nova forma de pensar
e agir.
Tem-se visto que, a exemplo de alguns países, a quantidade de normas não
tem se mostrado como um meio eficiente para a diminuição dos índices de
devastação, poluição e esgotamento dos recursos naturais, uma vez que as grandes
corporações, fazendo uso do grande poder de influência que possuem, se
beneficiam com prazos benevolentes para se “adaptarem” aos ditames legais, o que
afasta de pronto a efetividade e urgência com que as mudanças devem ser
implementadas. Outro ponto que merece realce é a falta de fiscalização e de uma
política educativa capazes de mitigar a infração legal e a burla às exigências
30
impostas, como um modo aumentar a eficácia da lei e das conseqüentes sanções
em caso de descumprimento.
Além do papel normativo inerente à atividade do Estado, visto aqui na
condição de governo, cumpre aos organismos estatais, como forma de fomentar a
consciência de ações ecológicas e eticamente corretas, a certificação de produtos e
bens manufaturados que estejam de acordo com os preceitos de conservação do
meio ambiente ou mesmo aqueles cuja sua origem e processo de industrialização,
não comprometeram o ecossistema. Tais certificações propiciam aos consumidores
avaliar e medir o grau de compromisso da determinada empresa em preservar a
natureza ou utilizar formas limpas na manufatura de seus produtos. Mesmo assim, o
processo de certificação, para atingir ao fim a que se destina, qual seja criar uma
diferenciação entre mercadorias que se ajustam às normas de meio ambiente e de
desenvolvimento sustentável ou não, deve, necessariamente possuir credibilidade.
Essa credibilidade passa obrigatoriamente pela rigidez ou não dos critérios
adotados. Sabidamente, se verifica hoje que a processo de certificação se posta de
forma pouco rígida e mesmo assim, o consumidor pouco sabe se isso reflete ou não
a qualidade do objeto. Seria mais eficiente, talvez, se o Estado se importasse mais
com a fiscalização da qualidade do produto, impondo pesadas multas às empresas
que maquiam sua certificação, do que simplesmente Ele fosse o órgão certificador.
Isso não significa dizer que o Estado deixaria ao alvedrio puro e simples do
mercado tal atividade. Ao contrário, os organismos estatais devem intervir sim, mas
de forma que não se repitam os erros do passado e que sua interferência seja
efetivamente voltada para o resultado que se espera, ou seja, a melhoria das
condições de sustentabilidade da economia e da própria sociedade.
Outro ponto muito sensível para a solidificação do conceito de
desenvolvimento sustentável como sendo uma alternativa possível à crise
vivenciada hoje, é o real engajamento dos meios de mídia à questão ambiental. Em
verdade, somente de um passado próximo até hoje, que se pode constatar que
temas como aquecimento global, desmatamento, poluição, extinção de espécies
animais, caça predatória, entre outros, chegaram aos lares dos cidadãos. Outros
mecanismos hábeis para a disseminação dos processos informativos, estes de
suma importância para a conscientização da população sobre os temas que
preocupam o futuro da humanidade, são os acervos de dados dos mais diversos
institutos de proteção e defesa do meio ambiente, centros de pesquisas de impacto
31
ambiental e outros do gênero. Passo seguinte seria a forma de disseminação desses
dados afim de que a comunidade (assim como as empresas e seus diretores) possa
compreender que a atividade de mercado da forma como se coloca hoje é a maior
responsável pela situação vivida por cada um. Por cada pessoa no mundo.
Assim, felizmente, ganha espaço entre nós a percepção daquilo que as
organizações podem fazer de plus na preservação do meio ambiente e do não
comprometimento da qualidade de vida das gerações futuras.
Trata-se da função social corporativa, ou simplesmente Responsabilidade
Social das empresas.
Sobre isso, Zanoti (2006), em recente dissertação de mestrado, entende
que:
A função social corporativa é uma tendência mundial, uma vez que ela pode
se constituir no fiel da balança sempre que o consumidor queira se decidir
por bens, cada vez mais semelhantes. Tendem a ganhar espaço na
preferência dos consumidores os bens que forem fabricados sem provocar
agressão ao meio ambiente; com respeito à dignidade da pessoa humana
dos empregados que os produziram; com garantia de qualidade e de efetiva
assistência técnica para os consumidores; cuja organização tem suas ações
voltadas também para o bem-estar da comunidade de uma forma geral
onde ela está inserida.
Corroborando essa tônica, destaca-se a participação direta das
Organizações não Governamentais (ONG's), que atualmente têm se engajado de
forma invejável na defesa de níveis seguros de desenvolvimento, preocupadas com
o futuro do nosso planeta e com o futuro da própria atividade humana. Dentre as
atividades em que se destacam, as ONG’s propõem uma nova forma de discussão
quando se trata de meio ambiente. Consiste em fazer com que a sociedade, as
ONG’s ou as próprias pessoas não precisassem comprovar que tal ou qual produto
agride o meio ambiente, ao contrário disso, as próprias empresas é que precisariam
atestar com dados concretos e científicos que os produtos que fabricam ou os
métodos que utilizam é que não apresentam riscos para a sociedade. Dessa forma
ter-se-ia uma valorização imediata do que realmente a empresa desejaria. Se
reconhecer o erro e tentar corrigi-lo ou simplesmente buscar persuadir seus
consumidores de que tal fato não ocorre. De uma forma ou de outra, quem ganharia
certamente seria a sociedade, os consumidores e o meio ambiente.
Outra vantagem que detêm as ONG’s, na divulgação e disseminação das
informações, é o fato de que as mesmas não se acham vinculadas a nenhum outro
32
organismo Estatal ou que o valha, isso redunda automaticamente em uma liberdade
de expressão quase que infinita, limitando-se somente às suas próprias impressões
e avaliações daquilo que se verifica no caso concreto. Tal possibilidade reflete ainda
mais a importância desses organismos, na tentativa de se mostrar o quão
determinadas atividades ou produtos podem comprometer o desenvolvimento
sustentável.
Ainda não havia sido mencionada a parcela de contribuição que a própria
empresa pode dar ao desenvolvimento sustentável de forma mais direta, dentro de
seus próprios quadros e de sua própria estrutura de organização. No caso dos
grandes grupos corporativos, ou na maioria deles, a pulverização do capital social
em ações faz surgir um novo partícipe desse processo de transformação, que até
então não era lembrado, nem mesmo o relevante papel que pode desempenhar
nesse contexto. É a figura do acionista, aquele que detém em seu poder boa parcela
do capital social que impulsiona as atividades da empresa na busca de seu
resultado. Os acionistas podem muito, especialmente os majoritários, somar para
adoção de políticas corporativas sustentáveis mudando inclusive a forma de a
empresa pensar e agir.
Para tanto basta verificar o que um grupo de acionistas (ou investidores)
pode fazer com o capital que detêm em uma empresa. A pressão exercida por quem
na verdade é detentor do capital, pode fazer a diferença na adoção de estratégias,
ou mesmo na mudança do compromisso da organização com o meio ambiente.
Assim, indiscutível o fato de que qualquer acionista possui interesse em que a
empresa das quais detêm as ações busque sempre a liderança no mercado, e mais
ainda se este mesmo acionista o investidor compreende que a liderança do futuro
implica, necessariamente, em ações sustentáveis hoje, ou do contrário, restará
uma saída. Encontrar outra empresa para investir.
Noutro ponto, existe outro partícipe de igual relevância no processo de
adoção de solidificação do desenvolvimento sustentável, também pelo fato de ser
detentor de boa parte dos recursos que movimentam o mercado, e, por essa razão,
ocupar papel de grande relevância no cenário moderno, é a instituição financeira, ou
conhecida apenas como banco.
Pela própria atividade de fomento e financiamento que desempenham, os
bancos possuem o condão de, segundo os critérios que adotam ou que poderiam
adotar, financiar o não esta ou aquela empresa, desde que a mesma comprovasse,
33
assim como comprova a sua liquidez e o seu patrimônio, o compromisso que possui
em reduzir os níveis de poluição em seus resíduos, o uso de energias renováveis e
limpas, o reflorestamento, o compromisso social com comunidade ou com seus
funcionários, entre outras.
Poderiam ainda oferecer taxas de juros mais baixas às empresas que
desenvolvam plano de impacto ambiental em suas atividades, tratando com maior
flexibilidade as corporações que contribuíssem efetivamente com o desenvolvimento
sustentável. Essa idéia possui um significativo efeito multiplicador, uma vez que
forçaria as empresas a adotar novas posturas na condução de seus negócios.
Ainda gravitando no âmbito de proximidade da atividade empresarial, nota-
se também a possível parcela de contribuição a ser emprestada pelas companhias
seguradoras no desenvolvimento sustentável. A própria atividade de seguro induz ao
conceito de sinistro, ou seja, o risco é a pedra de toque desse segmento negocial.
Contudo, a empresa que necessita trazer para níveis toleráveis o risco natural da
atividade que desempenha, também precisa pagar por isso, uma vez que o prêmio
que possa vir a receber no caso de sinistro, varia proporcionalmente com o valor
pago pela garantia de que a seguradora irá arcar com os custos (muitas vezes
estratosféricos) da cobertura.
Dessa forma as próprias seguradoras têm se preocupado em saber a fundo
o que as mudanças do clima podem afetar os seus negócios, e em que proporção
essa mudança implica em comprometimento de sua capacidade em arcar com os
riscos que não param de se elevar. É levando em conta que o risco existente hoje,
pela mudança do clima que aumenta a desertificação, as temperaturas e os
conseqüentes incêndios que destroem quarteirões inteiros, tornados mais freqüentes
do que há dez anos, e que isso reflete, diretamente, em sua própria sobrevivência
no mercado, é que as seguradoras devem exercer pressões sobre as empresas,
sejam elas financeiras ou não, para que estas minimizem a emissão de poluentes e
passem a agir em favor do desenvolvimento sustentável.
Finalmente, fechando o ciclo de partícipes na conscientização da
necessidade de se implementar o desenvolvimento sustentável em todos os
segmentos empresariais, volta-se a uma atividade exercida pelos mecanismos
reguladores da atividade empresarial, estes vinculados aos mecanismos estatais de
regulação. Trata-se aqui das comissões das bolsas de valores, dos Bancos Centrais
ou dos sistemas regulatórios de um modo geral. A questão seria vincular a própria
34
atividade empresarial, ou seja, a própria existência da empresa à adoção imediata
de políticas internas de controle adequação de emissão de poluentes,
responsabilidade social, entre outros indicadores.
Ora, se para a própria permissão para desenvolver sua atividade a empresa
tivesse de apresentar regularmente seus relatórios ambientais, sob pena de não
sendo aprovados, a atividade empresarial da referida empresa estivesse
comprometida, o resultado disso no mercado seria impactante. E necessidade
premente de se vincular a permanência da empresa ano mercado à preocupação
com o meio ambiente teria o resultado esperado, num espaço de tempo realmente
satisfatório, o que reduziria ao longo do tempo, a desgastante e quase inútil “fase de
adaptação” que se verifica hoje quando se adotam medidas para a proteção
ambiental.
Seja como for, em que pese as inúmeras formas de se despertar o interesse
e a preocupação com a conservação de nossos recursos naturais, assim como
aumentar e alargar o debate sobre o tema, é imperioso que qualquer que seja a
medida a ser adotada no curto e no médio prazo, esta venha a suprir a enorme
lacuna existente no campo da efetivação de meios capazes de garantir o
desenvolvimento e o progresso, sem que isso comprometa a manutenção dos
avanços tecnológicos de então, nem menos a existência da empresa, da sociedade
e das comunidades.
É chegada a hora de se verificar in loco e no espaço de tempo mais curto
possível, estratégias e ações que possam mudar o curso do desenvolvimento, para
que se garanta no decurso natural do tempo, pelo menos a chance das futuras
gerações em viver num mundo limpo, saudável e sustentavelmente desenvolvido.
Hodiernamente, a responsabilidade social nas empresas tem sido motivo de
grandes discussões e visível produção científica em torno do tema. É comum hoje,
diferente de talvez dez ou quinze anos atrás, falar-se em engajamento da empresa
em programas sociais, melhoria da qualidade de vida de seus funcionários,
tratamento dos resíduos tóxicos que produz, enfim, uma série de novas abordagens
sobre o verdadeiro papel da empresa na sociedade e como a mesma pode contribuir
em ações que bem pouco tempo atrás, julgava-se tarefa exclusiva do Estado,
este, por sua vez, incapaz de oferecer as condições básicas para o bem estar da
população, o que tem aumentado sensivelmente os níveis de miséria, fome,
analfabetismo, desigualdades sociais, etc.
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Desde a virada do milênio, talvez um pouco mais, verificou-se um rápido
crescimento da ciência e da tecnologia aumentando a capacidade do homem de
agir, conferindo mobilidade em todo o mundo. As distâncias se tornaram cada vez
menores, o comércio não conhece mais fronteiras, explodiu o fenômeno da
globalização e com ele os problemas naturais que se julgavam distantes, talvez no
máximo na cidade vizinha, também passaram a não conhecer fronteiras, de tal sorte
que a poluição no mar do norte, cause problemas bem mais perto do que se pode
pensar. Assim, a globalização passou a:
Fortalecer sobremaneira atores não-estatais que passaram a influenciar em
larga escala os atores públicos e ao criar interdependências que
aumentaram a vulnerabilidade externa dos países – fez com que os estados
perdessem o controle dos referidos processos e passassem a se concentrar
na garantia da estabilidade econômica interna, em detrimento de políticas
públicas de caráter social. (FÉLIX, 2003, p. 16).
Tal mudança estrutural abriu vasto campo de atuação de entes para-
estatais, capazes de proporcionar, na medida de suas possibilidades, ações
socialmente corretas na tentativa de demonstrar sua preocupação com a
coletividade, qualidade de vida e cidadania, apartando-se da idéia tradicional do
lucro puro e simples, como fim da atividade empresarial.
Esse abandono da ortodoxia plenamente capitalista tem marcado de forma
indelével esse começo de milênio, ganhando força e espaço nos mais diversos
setores do mercado, não como uma estratégia de marketing ou comercial, mas,
ao contrário disso, como uma forma de melhor proceder em relação a todos os
meios/partícipes ligados ao processo de produção, que, em última análise, se
reverte em função da própria organização. Com efeito, não se trata também de um
matemático ou holístico “dando que se recebe”, mas de uma necessidade ligada à
própria sobrevivência da organização no seu nicho de mercado.
Tais mudanças alcançam uma magnitude tão grande que não é difícil
imaginar que o distanciamento do Estado da sua função social, de certa forma,
proporcionou a abertura necessária para a atuação da empresa nesse campo. “Isto
posto, percebe-se que as mudanças de postura de várias empresas acerca dos
problemas sociais de hoje advêm justamente do fato de que, nas economias abertas
e globalmente integradas, muitas premissas que guiaram a construção de welfare
states, ou Estados que priorizavam a justiça social, não são mais vigentes” (FÉLIX,
36
2003, p. 17). Isso quer dizer que na lacuna deixada pelo Estado, as empresas
passaram a perceber (umas mais rapidamente que outras) que elas mesmas
também são responsáveis pela exclusão social e pelas diferenças sociais existentes
nos dias de hoje.
Tal premissa é verdadeira, qual seja a influência do processo massificante
da globalização nas posturas empresariais, que se pode constatar facilmente em
que proporções um mundo “cada vez menor” fez com que os problemas sociais
passassem a ser problemas de todos, excluídos ou não.
Isso se deve ao fato de que num mundo globalizado, todos sentem, ou pelo
menos percebem os problemas uns dos outros, e a inquietação causada por isso,
gera uma ação em sentido contrário (ação social) que tenta mitigar ou
contrabalancear, os efeitos do ato danoso.
Essa facilidade patrocinada pela tecnologia moderna é uma das
responsáveis pelo crescimento do conceito de responsabilidade social, e pelo fato
de as empresas enxergarem essa forma de agir como sendo necessária e vital para
suas atividades. É preciso agir pensando no futuro.
Mas se as organizações desejam agora engajar-se em ações de cunho
social, como poderiam então essas tais contribuir decisivamente para a melhoria de
fatores sociais em franca depreciação? O que seria, portanto, a responsabilidade
social na empresa? Como agir? É mister, antes, porém, entender o que vem a ser a
responsabilidade social para depois encetá-la no conceito de empresa,
transformando a idéia conceitual de bem agir em fato concreto, com resultados
positivos.
2.1.2 Responsabilidade social nas empresas
Importante situar a responsabilidade social, aqui extraída do relevo mais
abrangente para situá-la no campo das organizações, onde adquire perspectivas
próprias e que variam segundo a forma com são adotadas as suas políticas no
contexto das corporações, o que faz com que a forma como se enxergue a
responsabilidade social aqui seja mais particularizada.
37
Isso significa dizer que, não basta que a empresa seja correta do ponto
de vista legal, estritamente, bem mais que isso, é preciso que ela assuma a sua
parcela de responsabilidade em transformar o seu ambiente, a comunidade que a
rodeia, e que, em ultima análise, é quem lhe sustenta, em algo novo, melhor e
próspero, superando, em muito, aquilo que seria apenas sua obrigação legal.
Para tanto, é preciso que se opere uma mudança estrutural na empresa,
redirecionando o foco que regula a sua razão de existir, ou seja, remodelando os
seus processos e, principalmente, redimensionando a sua mentalidade e as suas
condutas, ante à situação que a sociedade hoje atravessa.
Essa mudança de conceito passa necessariamente pela percepção do lugar
e do papel que hoje cumpre à empresa desempenhar junto à sociedade, uma vez
que,
Se anteriormente empreendedores resumiam-se a uma organização criada
para realizar seu objetivo provado de lucro, hoje eles passam a privilegiar a
visão de tal empreendimento como parte também de responsável por uma
ambiente e por uma sociedade, na qual o empresário, naquilo que lhe
compete, realiza-se também como cidadão” (Felix, 2003, p. 20)
Em suma, o que o empreendedor como cidadão pode fazer para tornar o
mundo em que ele mesmo vive melhor? Eis a grande questão norteadora das ações
sociais na empresa.
Essa ação voltada para o bem-estar da sociedade, e por que não dizer do
bem estar geral, das pessoas como um todo, pode-se delinear em dois pontos
distintos, mas intimamente ligados: a responsabilidade social interna e a
responsabilidade social externa.
A primeira, tendo como referencial a própria organização, enquanto parcela
indissociável do todo, se cinge ao que pode a empresa fazer de melhor pelo seu
círculo mais próximo, ou seja, para seus próprios funcionários. É uma excelente
maneira de demonstrar preocupação social, voltar os olhos inicialmente àqueles que
mais diretamente vivem a situação da organização, participando de suas conquistas
e contribuindo para o sucesso da atividade, cristalizado na forma de lucro. Várias
formas de revelar essa preocupação podem ser adotadas pela empresa. A
participação nos lucros e resultados; a política interna de capacitação profissional e
melhoria de competências; a reciclagem de seus resíduos produtivos; a utilização de
energias limpas e/ou renováveis, entre outras tantas.
38
Tais ações servem também para a melhoria do clima ético, confiabilidade,
transparência nos processos e credibilidade da empresa junto aos seus funcionários
e suas famílias, o que decerto trarão em curto prazo melhorias sensíveis nas
atividades (motivação, ambiente de trabalho mais produtivo, maior comprometimento
dos funcionários, etc).
Pessoas felizes dispõem de melhores condições para produzir.
No âmbito externo, prolongam-se as melhorias verificadas no contexto
interno, que agora, o círculo de abrangência fica maior, englobando setores
ligados à empresa, mas que, pela própria natureza da atividade, não são vinculados
diretamente à mesma.
Desta feita, aumentando o raio de atuação da responsabilidade social,
minimizam-se os hiatos entre a sociedade e a atividade empresarial, na medida em
que a organização transcende seus ideários básicos de lucro, passando a enxergar
melhor o ambiente em que se acha, assim como todas as suas peculiaridades e
necessidades.
No passado, via-se a empresa voltada quase que exclusivamente ao lucro.
Hoje, contudo, as empresas possuem o condão de interferir em quase tudo o que se
acha a sua volta, ou seja, o meio ambiente, o ar, os rios, mananciais de água,
dejetos lançados nos oceanos, etc. desta feita, qualquer atitude que venha a minorar
os efeitos danosos da atividade fabril ou empresarial, como um todo, são vistos
como atitudes responsáveis por parte das organizações e, portanto, bem vindas
para toda a sociedade.
Mesmo assim, é de se sopesar quais as vantagens individuais (para a
própria empresa) que ações socialmente responsáveis podem trazer para a
organização enquanto atividade que exerce. É razoável depreender que se não se
verificassem vantagens corporativas, ou seja, vantagens que as empresas poderiam
auferir pela prática de ações socialmente responsáveis, não restaria dúvida que as
mesmas nada ou muito pouco fariam em favor dos outros (comunidade), haja vista a
sua própria sobrevivência no mercado. Em verdade, quando se analisa friamente a
atividade empresarial, pode-se perceber que a mesma se baseia em condutas
egoístas e fortemente voltadas ao individualismo, onde na luta ferrenha da
competitividade, somente aqueles que pensam primeiro em si (empresas) podem
sobreviver. Nessa linha de raciocínio, pode-se auferir que, via de regra, as
39
atividades empresariais se fechariam em círculos de egoísmo centrados em
minimizar custos e aumentar lucros e somente para isso a empresa existiria.
Felizmente essa mentalidade tende a mudar. Existem grandes vantagens
para a empresa quando esta resolve enveredar pela senda das ações socialmente
responsáveis, contudo, que se distinguir entre ações sólidas e responsáveis,
visando a solução de problemas sociais, das ações de marketing puramente
efêmeras e passageiras, descomprometidas com a real finalidade do agir social.
Hoje em dia, o conceito de responsabilidade social, vem começando a ser
cobrado pelos próprios consumidores, o que provoca, instantaneamente, uma
mudança no ambiente organizacional.
Em recente artigo publicado, Chelegon (2008) entende que:
As empresas passaram a ser avaliadas pelos consumidores por sua
atuação na sociedade, ou seja, é preciso demonstrar qual o seu papel na
construção de uma sociedade mais humanitária, surgindo assim, o conceito
de responsabilidade social. As empresas precisam compreender que a
responsabilidade social é uma realidade e que dela também dependerá
para garantir o seu desenvolvimento sustentável (CHELEGON, 2008, pg
12).
Com efeito, que haver a separação entre empresas com pensamentos
seriamente comprometidos com a responsabilidade social, atentas ao que se dispôs
acima, e as outras que agem de forma social com timidez, receando, decerto, que tal
atitude venha a comprometer a sua lucratividade.
As primeiras tendem a se reverter em favor da empresa como resultados
positivos de visibilidade e confiabilidade de seus produtos e serviços junto ao
público, criando forte e maciça vantagem competitiva em relação aos demais
concorrentes. Somando-se a isso, a maior possibilidade de manter-se no mercado
em longo prazo, o que de per si, significa relevante fator de vantagem para a
organização. Outro ponto que merece destaque é a vantagem da abertura de novos
nichos de mercado até então não explorados, que podem significar uma decisão
estratégica certa em diversificar investimentos, aumentando com isso a lucratividade
e a participação da empresa em mercados ainda pouco explorados. Finalmente, as
ações de responsabilidade social são tentadoras para investidores (acionistas, por
exemplo) que, munidos de maior confiabilidade na organização, passam a creditar
40
ainda mais na forma como os negócios são conduzidos e como o dinheiro investido
está sendo gerido.
Além de todas as vantagens descritas, o resultado social por si
compensa, na medida em que muitas pessoas além das fronteiras da empresas, vão
se beneficiar com tais ações, pessoas que, dispostas à margem do desenvolvimento
tecnológico, foram esquecidas pelo Estado, e que agora passariam a vislumbrar
melhorias em suas vidas de tal sorte que, sem sombra de dúvida, veriam a empresa
e sua atividade com outros olhos.
Conforme asseverado, o espaço deixado pela ausência do Estado, tem
fomentado de forma direta o surgimento de empresas interessadas em continuar
exercendo suas atividades comerciais, que agora, inserindo no contexto
empresarial, nuances de ações socialmente corretas, como forma de estender à
sociedade, em especial aos mais carentes, parte de seus lucros difundidos em
ações voltadas à melhoria do meio ambiente, da qualidade de vida, etc.
Várias empresas, sobretudo no Brasil, criaram organizações apartadas de
sua estrutura básica, mas que se constituem do braço da organização em um campo
antes tido como alheio à atividade empresarial, qual seja, a parcela da empresa
voltada mais diretamente ao bem comum social. Pode-se dizer que tais
organizações, transformadas legalmente em fundações, associações sem fins
lucrativos, institutos, etc., se encarregam de disseminar a política corporativa voltada
ao social, às pessoas, ao bem comum à sociedade como um todo.
Contudo, é preciso verificar a participação da ética na formação de conceitos
de responsabilidade social e em que medida ela pode interferir na criação de
modelos de ações socialmente responsáveis, sendo determinantes na
fundamentação de todo o arcabouço da responsabilidade social.
Contudo, mister não olvidar que a empresa é feita de pessoas que possuem
suas limitações, defeitos, fraquezas, vícios e virtudes. Assim, como a conduta
individual pode influenciar a conduta social a ser adotada pela empresa?
Somente se atinge a credibilidade esperada nos negócios, através de
atitudes individuais honestas, retas e voltadas para o conceito amplo de certo, única
via para que a empresa, em seguida, possa se espelhar no exemplo individual de
cada partícipe no processo. Em outras palavras, é no ethos individual onde se
acham as chaves para as ações de responsabilidade social de mais tarde, estas
no contexto da empresa.
41
Assim, a participação da ética na consolidação de conceitos e ações de
responsabilidade social é o amálgama inicial capaz de se projetar no espaço e
atingir as dimensões esperadas pela empresa, pois, de muito pouco adianta a
empresa enquanto agente na sociedade empregar seus esforços na melhoria da
qualidade de vida das pessoas, do meio ambiente, etc, se seus próprios funcionários
não agem eticamente bem orientados, nem seus diretores facilmente resvalam na
política de “os fins justificam os meios”. Além de paradoxal, tal associação parece
inverossímil.
Resta claro que, nas ações cotidianas dentro da estrutura da organização,
os diversos atores do processo, invariavelmente, vão relacionar-se entre si,
mantendo nessas ligações são permeadas de interesses pessoais e
comportamentos que, em determinadas situações podem solapar os interesses
gerais corporativos, afastando a organização de seus objetivos ou induzindo em
prejuízos.
Contudo, não se quer aqui produzir utopicamente pessoas perfeitas e
desprovidas de interesses próprios ou qualquer coisa que o valha. Ao contrário
disso, cumpre apenas verificar que as ações individuais, se voltadas para a ética,
podem ser decisivas na adoção por parte da empresa, de condutas de
responsabilidade social, mesmo em que pese o fato de que a ética, como pensada e
vista na empresa, se constitui ainda em relação de valor e benefício, e não em
conduta de agir certo ou errado.
Seja como for, a verdade é que sem o alicerce íntimo da ética, este
verificado em cada indivíduo participante do processo de realização das ações
sociais na organização, pouco pode se esperar do resultado perseguido pela
empresa no campo social, pelo menos de forma duradoura e eficaz.
Foi asseverado de forma contundente, as vantagens que podem ser
auferidas pelas empresas quando da adoção de condutas socialmente
responsáveis, bem como seus benefícios tanto para a comunidade, quanto para a
própria organização. Em outras palavras, o que se ganha quando se age de forma
socialmente responsável e até que ponto essas vantagens passam a ser
convidativas aos empreendedores, que possam justificar a adoção de tais medidas,
bem como os gastos delas decorrentes. É importante ressaltar que o reverso da
moeda também se verifica, ou seja, a ausência de ações de responsabilidade social
42
pode trazer perdas sensíveis para a organização, perdas essas que se verificam sob
os mais diversos matizes.
Com o avanço dos sistemas de informação, hoje é tarefa bem mais simples
verificar dentre todas as empresas que atuam em determinado ramo de negócio,
aquelas que se destacam negativamente por o oferecer o plus esperado de suas
atividades, quais sejam, as ações que suplantam as imposições legais feitas às
empresas, e que se enquadram mais ajustadamente nas ações socialmente
responsáveis.
Assim, depreende-se com certa facilidade que a necessidade de adoção de
políticas socialmente orientadas, urge como forma de permanência da empresa no
mercado e pela vinculação da conduta à própria imagem da organização, o que,
decerto, traria a reboque uma espiral descendente capaz de levar a empresa a sair
do ramo e fechar suas portas.
Como asseverado, existe hoje uma forte tendência dos consumidores em
repudiar de forma veemente, inclusive com boicotes a produtos e/ou serviços, as
empresas que não incluem em sua agenda de atividades, ações de
responsabilidade social ou comportamento corporativo voltado para a ética nos
negócios. Esse descrédito poderá levar certamente a impor profundas modificações
na atividade empresarial, determinando como a empresa que deseja sobreviver ao
mercado deve pautar seus processos produtivos. Esse repúdio do
consumidor/cliente reflete o nível crescente de conscientização do público em geral
no que diz respeito aos procedimentos corporativos que são adotados nas
empresas.
E mais que isso, estarão assegurando a possibilidade de que as gerações
futuras possam herdar um mundo e uma sociedade mais justa e menos desigual, o
que sem dúvida é interesse de todos, empresários ou não.
Contudo, em que pese a urgência na adoção de medidas responsáveis,
algumas empresas não enxergam a responsabilidade social como um caminho sem
volta, relutando ainda em observá-la como uma conduta distante do real objetivo da
empresa, qual seja, o lucro.
Deve-se evidenciar como a ética e a responsabilidade social podem se
reverter, além de uma ferramenta de diferencial competitivo, como uma excelente
forma de a empresa devolver à sociedade, pequena parcela do que consegue auferir
de lucro em sua atividade específica. As atuais transformações pelas quais passa o
43
ambiente corporativo, à esteira das próprias mudanças globais (globalização,
massificação, informações em tempo real em todas as partes do mundo, etc.)
contribuem, sobremaneira, para o cenário propício para a adoção de medidas mais
voltadas para o sentimento de responsabilidade social.
Tais atitudes, voltadas para uma postura ética e socialmente responsável,
refletem uma tendência irreversível notada nos dias atuais. A imperiosidade de a
empresa constatar o papel que deve desempenhar junto à sociedade.
Nesse diapasão,
Nota-se, contudo, a partir de então, uma crescente conscientização no
sentido de que as organizações podem e devem assumir um papel mais
amplo dentro da sociedade. A responsabilidade social leva, no âmbito
interno da empresa, à constituição de uma cidadania organizacional e, no
âmbito externo, à implementação de direitos sociais. (ASHLEY, 2002, p. 6)
Dessa forma, a
responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma
organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e
atitudes que afetam positivamente, de modo amplo, ou a alguma
comunidade, de modo específico, agindo favoravelmente e coerentemente
no que tange a seu papel específico na sociedade e na sua prestação de
contas para com ela. A organização, nesse sentido, assume obrigações de
caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente
vinculadas a suas atividades, mas que possam contribuir para o
desenvolvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão mais
expandida, responsabilidade é toda e qualquer ação que possa contribuir
para a melhoria da qualidade de vida da sociedade (ASHLEY, 2002, p. 7)
Quando uma empresa resolve inovar em suas ações de gestão, voltando
seus interesses à própria coletividade onde se acha inserida, pode-se dizer que
passa a dividir seus objetivos entre o lucro propriamente dito, e a parcela de
contribuição social que pode dar ao bem estar da coletividade, devolvendo, de certa
forma, tudo o que dela recebe.
Contudo, a responsabilidade social não abrange tão somente a sociedade,
ou tão somente o público externo à sua atividade, podem ser verificados, segundo
Ashley (2002, p. 9), pelo menos sete vetores da responsabilidade social, que
impulsionam a atividade ou a faceta social da empresa, orientando suas ações no
novo eixo de gestão responsável.
Esses vetores mostram como o fluxo das ações adotadas por uma
determinada organização estão intimamente relacionados, sendo capazes de, por
44
força dessa integração, produzir os efeitos esperados pela empresa, pela
comunidade e, numa instância maior, pela própria sociedade.
Os vetores, cuja existência e aplicação são relatados pelo autor acima, se
colocam da seguinte forma esquemática:
Figura 1. Vetores da responsabilidade social.
Fonte: Ashley (2002).
Os vetores acima transcritos, respondem pelo direcionamento das ações
corporativas da empresa, desde que sejam voltadas para a sua responsabilidade
social junto à sociedade onde atuam. Em outras palavras, existem pelo menos sete
formas distintas de a empresa agir buscando melhorar seu clima ético e suas ações
perante a comunidade. É de se depreender que, com a mesma determinação,
empreendedorismo, coragem e resolução com que as empresas, diariamente,
resolvem seus problemas internos com maestria, podem usar esse mesmo senso
inventivo para, se não solucionar, pelo menos contribuir para um melhor
enfrentamento dos problemas sociais.
Desta feita, a empresa socialmente responsável assume uma postura
proativa, ou seja, considera responsabilidade sua buscar e implementar soluções
para os problemas sociais.
O tema da responsabilidade social, por possuir um conceito ainda em
construção, ante a sua grande abrangência e aplicabilidade, concentra ao seu redor
correntes de pensamento que se posicionam contra ou a favor de sua
45
implementação no contexto corporativo. Ou seja, em virtude disso, surge o
questionamento: ser socialmente responsável para que?
Os argumentos que se acham contra a responsabilidade social corporativa,
se centram basicamente sobre a idéia de que não é tarefa da empresa preocupar-se
com os problemas da sociedade, que, a rigor, não seriam seus e distanciariam a
empresa de seus reais objetivos, todos eles voltados exclusivamente ao lucro e à
competitividade. Nessa rota de pensamento, uma empresa age de forma
responsável socialmente na medida em que paga salários justos, pontualmente,
mantém uma política de estrita observância aos ditames da lei, etc. Dessa forma,
estaria dando sua contribuição para a sociedade. Nada mais que isso.
Seja como for, parece claro que o conceito de responsabilidade social
corporativa requer, como premissa para a sua aplicabilidade não reduzida à
racionalidade instrumental, um novo conceito de empresa e, assim, um novo modelo
mental das relações sociais, econômicas e políticas. Isso quer dizer que a
implementação de ações de responsabilidade social carece, invariavelmente, uma
mudança de conceitos e uma nova forma de enxergar os negócios, o que redunda
em quebra de paradigmas pelas corporações, o que ainda, decerto, levará algum
tempo para que passe a ser prática normal a ser verificada em todas as empresas.
A mudança do meio de gestão implica numa adoção de novos modelos
ainda em construção, mas que, decerto, podem promover a maximização da
competitividade e um melhor posicionamento da empresa no mercado. Tal assertiva
aponta no sentido de que
“Sendo assim, os objetivos empresariais transcenderiam os aspectos
mensuráveis de emprego de fatores de produção, passando para uma
forma de organização que conciliasse os interesses do indivíduo, da
sociedade e da natureza, transitando do paradigma antropocêntrico, para o
qual a empresa é o centro de tudo, para o ecocêntrico, no qual o meio
ambiente é o mais importante, e a empresa, assim como os outros agentes,
insere-se nele” (ASHLEY, 2002, p. 29).
Dessa forma, pode-se estabelecer as diferenças existentes entre os dois
modelos em discussão, o tradicional, voltado para o conceito de que a empresa é o
centro de tudo, conforme acima citou-se, e o modelo de gestão ecocêntrico, onde o
foco é deslocado para questões mais amplas e abrangentes. Observe-se o quadro:
46
Variáveis Gestão tradicional Gestão ecocêntrica
Objetivos
-Crescimento econômico e lucros.
-Riqueza dos acionistas.
Sustentabilidade e qualidade de vida.
Bem-estar do conjunto de stakeholders.
Valores
-Antropocêntrico.
-Conhecimento racional e “pronto
para uso”.
-Valores patriarcais.
Biocêntrico ou ecocêntrico.
Intuição e compreensão.
Valores femininos pós-patriarcais.
Produtos
-Desenhado para função, estilo e
preço.
-Desperdício em embalagens.
Desenhado para o ambiente.
Embalagens não agressivas ao
ambiente
Sistema de Produção
-Intensivo em energia e recursos.
-Eficiência técnica.
Baixo uso de energia e recursos.
Eficiência ambiental.
Organização
-Estrutura hierárquica.
Processo decisório autoritário.
-Autoridade centralizada.
-Altos diferenciais de renda.
Estrutura não hierárquica.
Processo decisório participativo.
Autoridade descentralizada.
Baixos diferenciais de renda.
Ambiente
-Dominação sobre a natureza.
-Ambiente gerenciado como recurso.
-Poluição e refugo/lixo são
externalidades.
Harmonia com a natureza.
Recursos entendidos como
estritamente finitos.
Eliminação/gestão de poluição e refugo/
lixo.
Funções de negócios
-Marketing age para o aumento do
consumo.
-Finanças atuam para a maximização
de lucros no curto prazo.
-Contabilidade dedica-se a custos
convencionais.
-Gestão de recursos humanos
trabalha para o aumento da
produtividade do trabalho.
-Marketing age para a educação do ato
de consumo.
-Finanças atuam para o crescimento
sustentável de longo prazo.
-Contabilidade focaliza os custos
ambientais.
-Gestão de recursos humanos dedica-
se a tornar o trabalho significativo e o
ambiente seguro e saudável para o
trabalho.
Quadro 1. Sistema Comparativo entre o Modelo de Gestão Tradicional e o Modelo de Gestão Ecocêntrica.
Fonte: Ashley (2002).
Outro aspecto relevante no que diz respeito à responsabilidade social, talvez
ainda de forma tênue, mas que deverá ganhar força com o desenvolvimento do
conceito geral da participação social das empresas é o que vai da produção
responsável, essa tratada até agora, ao conceito do consumo responsável. Aqui se
destaca com maior clarividência a responsabilidade que também possui o
consumidor final do produto ou serviço, com os aspectos sociais envolvidos em todo
o processo de produção, culminando com o fechamento de toda a cadeia de
mercado, ou seja, o próprio consumidor.
Importante ressaltar a questão do consumo consciente, que realimenta todo
o sistema.
Por ainda ser um longo caminho a trilhar, o conceito de responsabilidade
social deverá enfrentar ao longo de sua sedimentação, novos desafios referentes ao
47
impacto que sua adoção em larga escala deve trazer para o mercado. Mesmo
assim, parece certo que com o passar do tempo a idéia de ações não somente
voltadas ao lucro, serão mais facilmente vistas no mercado e os resultados poderão
ser partilhados por todos, empresas e sociedade.
Em verdade, a abordagem do tema da responsabilidade social assume
contornos mais profundos na percepção do cotidiano. Buscando identificar e
delimitar o campo de atuação desse fenômeno, oportuno levantar questões ainda
mais relevantes acerca do assunto presente.
Sempre é oportuno não recordar que o conceito de responsabilidade social
vem avançando ao longo do tempo, por vezes se relacionando com a religião,
caridade, ética, ou ainda, revelando nuances de antigos anseios da humanidade,
como na revolução francesa, nos ideais de liberdade igualdade e fraternidade. Seja
como for, as manifestações mais recentes sobre o conceito de responsabilidade
social ganham força na Europa, na segunda metade do século passado.
Na França, em 1968, é realizado o primeiro trabalho de balanço
socioeconômico, intitulado Societés Coopératives Ouvrières. Este trabalho
possibilitou, em 1997, a promulgação de uma lei que obriga as empresas a
realizarem balanços periódicos avaliando o desempenho social. A França foi
o primeiro país no mundo a promulgar esta lei (ZARPELON, 2006, p. 6).
Hodiernamente, pode-se constatar no sistema de mercado vigente nos dias
atuais, que diversos fatores externos e internos podem ser decisivos para a adoção
de políticas voltadas para a responsabilidade social nos negócios, uma vez que, de
uma forma ou de outra, ante a competitividade ferrenha dos negócios, a empresa se
em ter de decidir se sobrevive adotando políticas desgastadas de gestão, ou,
como a maioria delas hoje faz, buscar percorrer o longo caminho que leva ao
entendimento de que, sem responsabilidade social as chances de sucesso são
minimizadas drasticamente.
Assim, promover essas ações pode seguramente acrescentar um plus
competitivo à organização, na mesma medida em que proporciona um ganho social
de real significado, a julgar pelo sem número de ações corporativas que podem
beneficiar em muito a sociedade, vê-se a responsabilidade social como sendo vital
para a sociedade assim como para qualquer tipo de organização.
É importante ressaltar que, devido ao constante estímulo e incentivo para a
adoção de modelos de gestão mais voltados para a responsabilidade social, num
48
passado recente, o Comitê Estratégico da ISO Internacional, de forma louvável,
decidiu em elaborar um padrão normativo voltado especificamente para a Gestão e
Responsabilidade Social, criando com isso uma maior valorização dos conceitos
aqui tratados, bem como uma maior difusão dos processos relacionados às políticas
aqui citadas.
Nos dias de hoje, a conjunção da preocupação das organizações em elevar
o padrão ético de suas relações, impondo a si mesma e a seus colaboradores
rígidos critérios normativos nas relações internas e externas, bem como demonstrar
efetivamente sua preocupação com a conservação do meio ambiente,
desenvolvimento sustentável e com a qualidade de vida da sociedade onde atua,
são aspectos que marcam ou mesmo delimitam a atuação da atividade empresarial
para o futuro, na busca de garantir a sustentabilidade dos recursos naturais, um
meio ambiente equilibrado, uma sociedade menos desigual e mais preocupada com
os problemas e as questões sociais que atingem todos nós.
2.2 Sistemas de Modelos Conceituais e de avaliação da responsabilidade
social
Do ponto de vista da entidade que se beneficia das ações responsáveis de
outra entidade, assim como no caso do estudo dos efeitos da responsabilidade
social em si, é preciso que se verifiquem os diversos modelos conceituais da
responsabilidade social para que se possa, em primeiro lugar, definir o ponto de
partida para as ações responsáveis, para depois se proceder a avaliação dos efeitos
e a percepção dessas mesmas ações.
Diante da própria dinâmica das ações de responsabilidade social e,
especialmente, da forma como estas ações se projetaram do ambiente
organizacional para a sociedade nos últimos anos, vários autores buscaram
estabelecer sistemas conceituais que pudessem abranger de forma mais completa
todas as facetas do fenômeno das ações socialmente responsáveis. Dessa forma,
existem vários estudos que buscam estabelecer uma melhor identificação de tais
ações, bem como de sua amplitude e variedade, haja vista a disseminação das
mesmas por boa parte das organizações.
49
Sobre isso, QUAZI e O'BRIAN (in: ENAMPAD 2006, p.5) apud Pereira e
Campos Filho, entendem que:
A responsabilidade social das empresas pode ser classificada como ampla
ou restrita mediante a análise das atividades que a mesma exerce. O
entendimento quanto à responsabilidade ampla é de que esta considera o
envolvimento da empresa em atividades que vão além das atividades
clássicas e econômicas, enquanto que a responsabilidade restrita visualiza
que a função direta da empresa é a maximização do lucro para os
acionistas.
No mesmo trabalho, exposto no 30º Encontro da ANPAD, de 23 a 27 de
setembro na cidade de Salvador-BA, os autores acima referidos, ao citar WOOD
(1991), destacam que este:
Apresenta um modelo que tem por objetivo facilitar a avaliação das
dimensões e relacionamentos de uma empresa socialmente responsável,
através da análise de nove indicadores identificados pelo autor como
genéricos para todas as empresas. Os indicadores estão classificados em
três dimensões:
1- princípios de responsabilidade social: legitimidade, responsabilidade
pública e arbítrio dos executivos;
2- processos de capacidade de resposta social - considera a percepção do
ambiente, o gerenciamento dos stakeholders e a administração das
questões;
3- resultado das ações de responsabilidade social: efeito dos stakeholders
tanto internos quanto externos e efeitos institucionais externos. (WOOD,
1991 apud Pereira; Campos Filho, 2006, p. 6)
O modelo aqui apresentado, apresenta, em relação ao primeiro citado,
diferenças que apontam no sentido de uma maior completude no que diz respeito à
lógica da responsabilidade social. Na citação anterior, pode-se verificar no ponto 3 a
preocupação com a avaliação dos resultados das ações responsáveis, o que resulta
na verificação ou não de sua eficácia, fator decisivo para a realimentação de todo o
sistema conceitual.
Em verdade, a verificação dos resultados obtidos nas ações responsáveis se
mostra como valorosa ferramenta que permite que sejam verificados todos os
desdobramentos referentes à sua implementação, passando pela efetivação da ação
para que se chegue à conclusão sobre sua eficiência e eficácia na medida em que
produz o efeito dela esperado, o engajamento da organização junto à comunidade,
produzindo resultados benéficos para todos os envolvidos.
Mais recentemente, Pereira e Campos filho (2007), propuseram um novo
modelo conceitual integrado da responsabilidade social corporativa. Trata-se de
50
Um modelo conceitual adaptado da responsabilidade social corporativa
composto pelas dimensões econômica, institucional e ética, bem como por
três níveis de desenvolvimento para cada dimensão, os quais combinados
com o entendimento de Dienhart (2000), proporcionam a identificação do
estágio evolutivo das organizações. (Pereira; Campos Filho, 2007, p. 9)
Destaque-se que o modelo apresentado pelos autores acima citados, tem
por base a idéia defendida por outros autores, como Quazi e O'brian,
anteriormente citados, contudo procura em seu contexto apresentar dimensões mais
bem definidas e, desta forma, tornar o modelo mais adequado à realidade das
organizações, como forma de verificar e, sobretudo, analisar a classificação da
organização quanto às ões sociais que praticam, bem como, por via de
conseqüência, avaliar os resultados obtidos.
Fazendo menção à teoria dos stakeholders, Borestein (1996) asseverou que
era necessário, na verificação do engajamento dos diversos atores envolvidos no
contexto da organização, se verifiquem a existência de elementos interno e externos
à sua estrutura.
Isso quer dizer que, no caso das ações de responsabilidade social, é
imperioso verificar, além do próprio engajamento dos elementos da própria
organização, questões que remetam aos elementos externos, vez que esses, são,
em última análise, os próprios beneficiários das ações.
Noutro ponto, Queiroz (2000) destaca que qualquer que seja o modelo
adotado, este possa, de forma eficiente e confiável, ser capaz de verificar o exercício
da responsabilidade social no ambiente corporativo levando em consideração as
dimensões: econômica, legal, ética, política e filantrópica.
É razoável depreender que, na medida em que se maximizam as dimensões
da responsabilidade social, ou seja, se aumentam os prismas pelos quais a mesma
passa a ser analisada, cria-se uma amplitude conceitual maior assim como uma
abrangência proporcional às suas novas dimensões, o que torna o modelo
conceitual mais amplo e mais eficaz para medir os desdobramentos das ações
responsáveis.
Por sua vez, Martinelli (1997, p. 15), entende que uma empresa socialmente
responsável pode ser classificada em três estágios:
51
a) A empresa unicamente como um negócio, instrumento de interesses para
o investidor, que em geral não é um empresário, e sim um “homem de
negócios” com uma visão mais imediatista e financeira dos retornos de seu
capital;
b) A empresa como organização social que aglutina os interesses de vários
grupos de stakeholders - clientes, funcionários, fornecedores, sociedade
(comunidade) e os próprios acionistas e mantém com eles relações de
interdependência. Estas relações podem estar refletidas em ações reativas
(resolução de conflitos) ou pró-ativas, tendo para cada grupo de
stakeholders uma política clara de atuação.
c) A empresa-cidadã que opera sob uma concepção estratégica e um
compromisso ético, resultando na satisfação das expectativas e respeito dos
parceiros.
O modelo aqui apresentado, referencia de forma semelhante aos demais
modelos, onde se situa a organização em níveis diferentes, segundo seu
desenvolvimento em ações de responsabilidade social, partindo do nível mais
embrionário, para o nível mais desenvolvido de ações sociais, variando de forma
sensível entre as diversas dimensões existentes no conceito.
Ainda dentro do sistema de modelos conceituais, mais precisamente no
tocante às dimensões da responsabilidade social, destaca-se o modelo proposto por
MENDONÇA (2003), que, além de situar as várias facetas da responsabilidade
social, propõem um mecanismo de avaliação que permite sistematizar as fases a ela
inerentes. Tal modelo se assenta na existência de seis fases distintas que permitem
uma avaliação contínua das ações sociais, tendo como objetivo principal, de posse
das informações e resultados, promover melhorias e ajustes no sistema de ações
sociamente responsáveis para a melhoria a aprimoramento do modelo adotado.
O quadro abaixo enumera as seis fases do modelo, suas descrições e seus
detalhamentos.
FASE DESCRIÇÃO DETALHAMENTO
Análise do cenário das dimensões
praticadas.
Análise das dimensões de responsabilidade social
praticadas pela organização sob a ótica da gestão
estratégica do negócio.
Diagnóstico situacional l - definição
de objetivos e metas.
Elaboração de um diagnóstico situacional
envolvendo a definição de objetivos e metas a serem
perseguidas pela organização.
Desenvolvimento e disseminação
do plano de ação.
Desenvolvimento e disseminação do plano de ação
para nortear os caminhos da organização no sentido
da responsabilidade social. O modelo prevê que a
execução dessa fase seja suportada pelo giro no
52
ciclo do PDCA.
Implantação e operacionalização
do plano.
Evidenciar ações que viabilizem a implantação e
operacionalização do plano de trabalho elaborado,
como também estabelecer os mecanismos para
controle e avaliação dos resultados. O modelo prevê
que a execução dessa fase seja suportada pelo giro
no ciclo do PDCA.
Inserção das metas atingidas no
Balanço Social.
Divulgação das metas atingidas no Balanço Social
da organização, bem como no seu relatório de
gestão.
Análise crítica dos resultados.
Validação do processo por meio de giro na
ferramenta PDCA, com o desdobramento de ações
práticas de pró-atividade ou reatividade, conforme o
caso. O modelo prevê critérios de busca pela
melhoria contínua.
Quadro 2 - Sistema de avaliação dos aspectos da responsabilidade social.
Fonte: Mendonça (2003).
As fases enumeradas pelo autor acima referido, dão conta de um sistema
que permite implementar um programa de responsabilidade social de forma que se
garanta, como explicitado na sexta fase, se promover uma análise de resultados
obtidos, para que, de posse de tais informações, seja possível verificar o nível de
eficácia das ações sociais, bem como a percepção dos agentes envolvidos,
incentivadores e beneficiários, envolvidos em todas as fases do programa.
Segundo o autor mencionado, a observação das respectivas fases e
detalhamentos torna possível o acompanhamento das ações socialmente
responsáveis fortalecendo, sobretudo, a aplicação de mecanismos já conhecidos.
Sobre isso, afirma Mendonça (2003, p. 227) que:
Com o auxílio da ferramenta denominada ciclo de Deming ou ciclo PDCA, a
organização pode validar, etapa por etapa, a construção do plano, a fim de
garantir os meios pelos quais os objetivos propostos sejam atingidos, por
meio do estabelecimento e mensuração de metas que se mostrem
consistentes, pontuais e factívieis.
E avaliação dos resultados, assim como de todos os desdobramentos do
plano, parece ser bem mais visível na fase seis, onde se pode verificar a
retroalimentação de todo o sistema proposto pelo autor, constatando-se ou não a
necessidade de ajustes, condutas corretiva ou ainda condutas proativas, sempre
com vistas a melhorar o sistema e/ou corrigir eventuais falhas no processo, bem
53
como proporcionar um melhor engajamento dos stakeholders envolvidos nas ações
de responsabilidade social, sejam estes beneficiários ou incentivadores.
Assim, da verificação dos fundamentos teóricos do instituto da
responsabilidade social das empresas, pode-se notar a forma como a mesma se
encontra difundida na mentalidade corporativa, mostrando-se cada vez mais como
um meio seguro, prático e eficaz para promover um maior engajamento das
organizações com os problemas, dificuldades e desafios vivenciados pela sociedade
moderna. É, pois, a responsabilidade social, uma das várias maneiras de promover
a diminuição das desigualdades sociais na medida em que incentiva o auxílio,
promovendo o bem para aqueles que ainda não conseguiram superar a fase da
dependência governamental, sobretudo em países ainda em desenvolvimento.
Ainda sobre avaliação, valiosa a verificação de LIMA (2005), quando ensina que:
Avaliação, etimologicamente, vem de avaliar, determinar valor."[...]Assim,
valor pode ser considerado como o grau de importância de determinada
coisa, estabelecida ou arbitrada e que remete a avaliação como uma
questão humana, pois o homem é um ser que está sempre julgando as
pessoas e a tudo mais que está a sua volta." (LIMA, 2005,p.59)
A mensuração de valor ou a adoção de parâmetros para a verificação de um
fenômeno ou ação, é critério indispensável para a constatação dos resultados, sem
os quais a real efetivação da ação social se verificaria apenas ao sabor do acaso ou
mesmo de critérios pouco fiéis à realidade fática. O julgamento, como citado acima,
nada mais é do que a constatação da existência ou não de resultados práticos. Tal
verificação é imprescindível para as ações que serão tomadas em seguir, quer seja
na manutenção do curso adotado, quer seja na identificação de pressupostos que
ensejem a mudança de curso ou correção de atitudes.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
54
No presente capítulo são determinadas as balizas metodológicas que
propiciaram a abordagem técnica no presente estudo, com destaque para os
modelos de pesquisa adotados e utilizados.
Buscou-se ressaltas a boa escolha do método e das técnicas mais
adequados à propositura do estudo, com vistas a maximizar os resultados, tanto na
formulação dos aspectos básicos do estudo, passando pela coleta de dados
culminando com a avaliação dos resultados obtidos.
3.1 Tipo da pesquisa
A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, dando ênfase ao caráter
descritivo das características vinculadas ao objeto do estudo, através de uma
pesquisa bibliográfica e documental procedida ao longo de seu desenvolvimento.
Sobre pesquisa qualitativa, relevante é a observação de Flick (2004, p. 20)
quando ensina que:
“Os aspectos essenciais da pesquisa qualitativa consistem na escolha
correta de métodos e teorias oportunos, no conhecimento e na análise de
diferentes perspectivas, nas reflexões dos pesquisadores a respeito de sua
pesquisa.”
Assim, é primordial a verificação das variáveis envolvidas no tipo de
pesquisa adotado, no caso vertente, a pesquisa qualitativa, a fim de que sejam
melhor extraídos do objeto do estudo, as respostas que motivaram sua busca.
Essencialmente, a pesquisa qualitativa possui aspectos de peculiaridade em
relação aos outros tipos de pesquisa possíveis, uma vez que acha-se
profundamente marcada pelas impressões subjetivas do pesquisador que, ao
manter contato com o objeto pesquisado, naturalmente trará consigo uma gama
quase infindável de juízos de valor que agregarão ainda mais caráter reflexivo ao
trabalho.
Desta feita, Flick (2004, p. 22) verifica que:
55
De modo diferente da pesquisa quantitativa, os métodos qualitativos
consideram a comunicação do pesquisador com o campo e seus membros
como parte explícita da produção do conhecimento, ao invés de excluí-la ao
máximo como uma variável intermédia. As subjetividades do pesquisador e
daqueles que estão sendo estudados são parte do processo de pesquisa.
As reflexões dos pesquisadores sobre suas ações e observações no campo,
suas impressões, irritações, sentimentos, e assim por diante, tornam-se
dados em si mesmos, constituindo parte da interpretação, sendo
documentadas em diários de pesquisa ou em protocolos de contexto.
Isso implica dizer que, as próprias inferências pessoais no natural desenrolar
da pesquisa, ou seja, as impressões subjetivas do pesquisador, impregnam o
trabalho, na medida em que na condução das atividades afetas aos dados, o sujeito
que se dispõe ao estudo, natural e involuntariamente contribui para o resultado,
através de sua ação de pesquisar.
Importante destacar, ainda no que diz respeito à pesquisa qualitativa, o
entendimento de Denzin e Lincoln (2006, p.17), quando definem que:
A pesquisa qualitativa é uma atividade situada que localiza o observador no
mundo. Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que
dão visibilidade ao mundo. Essas práticas transformam o mundo em uma
série de representações, incluindo as notas de campo, as entrevistas, as
conversas, as fotografias, as gravações e os lembretes.
Com efeito, a forma de analisar dentro de uma pesquisa qualitativa induz em
uma forma interpretativa se enxergar o mundo ou, como no caso presente, parcela
desse mundo que possui significado para o pesquisador, de tal sorte que o motivou
a enveredar pela senda desse estudo.
Buscar enxergar e entender os fenômenos afetos ao objeto pesquisado,
dentro de uma perspectiva pessoal e valorativa, é optar pela verificação qualitativa
desses mesmos fenômenos insertos em um contexto maior que é a própria
sociedade.
Para Goldenberg (2003, p. 53), os aspectos referentes à pesquisa qualitativa
se assentam no fato de que:
Os dados qualitativos consistem em descrições detalhadas de situações
com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos.
Estes dados não são padronizados como os dados quantitativos, obrigando
o pesquisador a ter flexibilidade e criatividade no momento de coletá-los e
analisá-los.
56
Tal afirmação evidencia as diferenças e particularidades que tocam a
pesquisa qualitativa quando comparada a outros tipos de pesquisa, notadamente a
pesquisa quantitativa pela sua objetividade afeta aos gráficos, números, formulas e
conceitos lineares inerentes aos seus resultados.
Nesse sentido, Marconi e Lakatos (2004, p. 269) afirmam que:
O método qualitativo difere do quantitativo não por empregar
instrumentos estatísticos, mas também pela forma de coleta e análise dos
dados. A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar
aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento
humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos,
atitudes, tendências de comportamento etc.
Assim, o método qualitativo se apresenta com aspectos próprios de
interpretação que elevam o caráter da própria pesquisa a um patamar mais
subjetivo, impregnando o próprio conceito de como pesquisar com valores
subjetivos, referentes ao próprio pesquisador, mas também aspectos valorativos
mais profundos, ligados à própria complexidade e diversidade humanas, fazendo
com que, além da própria verificação da pesquisa em si, o ambiente, o cenário e os
diversos envolvidos no processo possam e devam interagir, tornando o resultado da
pesquisa um amálgama de experiências e de vertentes que existem e se relacionam
entre si.
Com relação à classificação da pesquisa com base nos objetivos, ou seja,
por que pesquisar, a pesquisa se classifica como descritiva, uma vez que descreve,
através de questionários, coleta de dados e observação, características de
determinado grupo ou fenômenos.
Sobre pesquisa descritiva, conceitua Gil (2006, p. 44):
As pesquisas desse tipo têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que
podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais
significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados.
Desta feita, é possível, tendo em vista os objetivos perseguidos, verificar o
aspecto descritivo da presente pesquisa.
Considerando os procedimentos técnicos utilizados, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica, uma pesquisa documental e um estudo de caso.
57
No que tange à pesquisa bibliográfica foram consultadas obras que tratam
do assunto referente à ética e a responsabilidade social das empresas, ressaltando
sua fundamentação na produção científica, existente sobre o tema em comento.
Sobre o citado procedimento, Gil (2006, p. 44) assevera que:
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos [...]. A principal
vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do
que aquela que poderia pesquisar diretamente.
Assim, consultar a bibliografia disponível é de fundamental importância para
aumentar as possibilidades de enriquecimento do trabalho, aproveitando o
manancial de informações disponíveis, ao mesmo tempo em que se aumenta a base
teórica do estudo, balizando os conceitos formulados e dirigindo-os para o cerne
da questão que ora se aborda.
Para Lima (2004, p. 38), a pesquisa bibliográfica é "A atividade de
localização e consulta de fontes diversas de informação escrita orientada pelo
objetivo explícito de coletar materiais mais genéricos ou mais específicos a respeito
de um tema".
Em verdade, a bibliografia sobre o tema em comento é rica e permite uma
pesquisa abrangente sobre os aspectos gerais do assunto a ser pesquisado.
Ainda sobre pesquisa bibliográfica, ensina Moraes (2003, p. 111) que a
mesma:
Impõe a tomada de posição do pesquisador na matéria. Deve ele definir o
assunto em estudo ao analisar seus limites, seus aspectos fundamentais e a
matéria a consultar. A inicial deve ser feita em tratados, compêndios,
monografias ou pela orientação de especialistas mais experimentados.
A busca de documentos que ajudem o pesquisador a compreender a
realidade fática do objeto estudado deve abranger, portanto, várias possibilidades na
procura para que se consiga reunir a maior quantidade de acervo bibliográfico, que
possua ligação com o tema, na tentativa de se abranger ao máximo aquilo que foi
foi produzido sobre o assunto em comento.
Assim, importante destacar o entendimento de Marconi e Lakatos (2004, p.
57) quando afirmam que:
58
A pesquisa bibliográfica, ou de fonte secundária, abrange toda bibliografia já
tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material
cartográfico etc. Até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita
magnética e audiovisuais.
Pode-se perceber a amplitude ofertada pela pesquisa documental em se
tratando de fontes de pesquisa e manancial contendo informações úteis ao estudo,
ou seja, pode servir-se o pesquisador, das mais variadas formas de coleta de dados
por meio da análise bibliográfica, que o conceito abrange bibliografia de vários
matizes, fornecendo ao pesquisador, possibilidade de comparar, verificar, analisar
as diversas opiniões provocadas pela discussão do assunto que ora estuda,
podendo trazer ao cotejo de seu trabalho, novas interpretações, valores e conceitos
sobre o assunto.
Quanto à pesquisa documental, foi consultado o relatório das ações
realizadas pela Companhia energética do Estado do Rio Grande do Norte
(COSERN) em uma das unidades da Liga Norte Riograndense contra o Câncer
(LIGA), qual seja, a Policlínica do Alecrim, onde se verifica a troca de todas as
luminárias e todos os aparelhos de ar-condicionado da instituição.
Somente a Policlínica possui tal relatório, pelo fato de a ação ali verificada
ter sido feita ainda no ano de 2006. No caso do hospital Luiz Antônio, a troca de
todas as luminárias foi feita anteriormente a 2006, não possuindo o referido
estabelecimento nenhum registro documental da citada ação da COSERN.
Sobre a técnica de pesquisa documental, importante ressaltar o
entendimento de Gil (2006, p. 66):
A pesquisa documental se assemelha muito à pesquisa bibliográfica. A
única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a
pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos
diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-
se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico.
Mesmo aqueles documentos que receberam alguma espécie de
tratamento, servem para fornecer subsídios de compreensão para o objeto
estudado, uma vez que trazem em seu conteúdo, valorosa contribuição de
informação sobre o assunto.
O que pode ser considerado relevante, é o fato de que os dados contidos
nos documentos analisados, devendo-se entender por documento vasto manancial
59
de informações públicas ou não referentes ao objeto do estudo e seus
desdobramentos, podem e devem ser explorados pelo pesquisador a fim fornecer
subsídios lidos à pesquisa, na medida em que se mostram como fonte segura e
confiável para se coletar as informações aqui já referidas.
Sobre o assunto, Marconi e Lakatos (2004, p. 57) entendem que:
A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados
está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina
de fonte primária. Estas podem ser feitas no momento em que o fenômeno
ocorre, ou depois.
Verifica-se, portanto, que a análise dos documentos se mostra como
importante ferramenta para a coleta de informações, na medida em que propicia ao
pesquisador, conhecer de forma esquematizada, e, por vezes tratada,
conhecimento específico sobre o objeto de estudo, fornecendo subsídios básicos
para a compreensão maior do tema, que se dará com o aprofundamento da
pesquisa verificado nas fases seguintes do estudo.
No estudo de caso, por seu turno, se avaliou in loco, a existência e eficácia
do programa de Responsabilidade Social, com especial atenção à percepção da
entidade beneficiada sobre tais ações, e de que forma esta ação contribui para que
os objetivos da instituição sejam melhor alcançados, no presente caso a Liga
Norteriograndense Contra o Câncer.
Sobre o estudo de caso, Gil (2006, p. 72) aduz que o mesmo “é
caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de
maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado”.
Nesse conspecto, pode-se depreender que foi necessário o dispêndio de
esforço para exaurir, por via da pesquisa, todo o manancial de informações e dados
coletados, dentro de uma forma de contato absolutamente direta com o conteúdo
daquilo a que se estudou.
Tal imersão é proporcionada pelo estudo de caso, onde há uma
aproximação sensível entre o pesquisador e o objeto pesquisado, uma vez que ele
vivenciará de forma presente os aspectos desejados para as verificações dos
fenômenos envolvidos no assunto tratado.
60
Assim entende Goldenberg (2003, p. 33) quando aduz que:
O termo estudo de caso vem de uma tradição de pesquisa médica e
psicológica, na qual se refere a uma análise detalhada de um caso
individual que explica a dinâmica e a patologia de uma doença dada. Este
método supõe que se pode adquirir conhecimento do fenômeno estudado a
partir da exploração intensa de um único caso.
Assim, demonstrando que existe uma grande proximidade entre o estudo de
caso e a pesquisa qualitativa, Marconi e Lakatos (2004, p. 274) afirmam que tal
ligação existe e notadamente pode ser visível, na medida em que:
A metodologia tradicionalmente se identifica com o estudo de caso. Vem de
uma tradição de sociólogos e se caracteriza por dar especial atenção a
questões que podem ser reconhecidas por meio de casos.
No estudo de caso qualitativo não um esquema estrutural
aprioristicamente, assim não se organiza um esquema de problemas,
hipóteses e variáveis com antecipação.
Daí se verifica que, tanto na pesquisa qualitativa como no estudo de caso,
as inferências e a liberdade do pesquisador se assomam ante os critérios mais
rígidos de uma pesquisa quantitativa, fortemente vinculada aos critérios e
ferramentas da estatística e do tratamento dos dados por meio de fórmulas,
esquemas previamente determinados e sistemas numéricos. Ao contrário, tanto
numa como noutra, se pode verificar a correlação da pesquisa com o meio, sofrendo
aquela grande influência deste, vez que uma vez inserta nas circunstância próprias
da sociedade, com sua gama de mutações e adaptações, a própria pesquisa, de
forma quase natural, se encarrega de moldar-se aos fenômenos e captá-los de
forma mais abrangente e dinâmica. Ou como afirmam Bauer e Gaskell (2004), a
pesquisa quantitativa, por utilizar-se de meios estatísticos para explicar os dados,
pode ser chamada de pesquisa hard, ao passo que a pesquisa qualitativa, por evitar
números e buscar interpretações e análises sociais, é tida como pesquisa soft.
No presente estudo, foi realizado o seguinte instrumento de levantamento de
dados:
(1) Entrevistas com o Superintendente da Liga Norte-Rio-Grandense contra
o ncer, Coordenador do Departamento de Doações e Gerente de
Humanização e Voluntariado.
61
(2) Entrevistas com o encarregado de manutenção da Policlínica do Alecrim
e com o eletricista do Hospital Luiz Antônio.
Para os dois grupos de entrevistas, foram adotados os indicadores e as
variáveis enumeradas no quadro abaixo, que constituem o roteiro seguido para a
realização das mesmas.
MONTAGEM DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS
GRUPO INDICADORES VARIÁVEIS
1- Gestores
1.1 - Incentivos
- Tipo de repasse
- Valor (%)
- Valor fixo
- Freqüência de repasse
1.2 - Benefícios para a liga
- Investimentos
- Custeio
1.3 - Benefícios para a
comunidade
- Planejamento
- Programas
- Avaliação dos resultados
- Apoio a ONG´s
1.4 - Trabalho voluntário
- Incentivo ao voluntariado
- Atividades desenvolvidas
pelos voluntários
2- Técnicos
2.1 - Conhecimento do programa
- Quem paga
- Qual o tipo de benefício
2.2 - Resultados - Melhorias
Quadro 3 - Esquema do roteiro das entrevistas.
Fonte: Do autor.
O roteiro foi concebido de forma a reunir as impressões, opiniões e
percepções dos entrevistados sobre a forma que as ações socialmente responsáveis
da COSERN na Liga Norteriograndense Contra o Câncer de fato beneficiaram a
comunidade. Além disso, busca verificar também como os incentivos estão sendo
utilizados e avaliados pela LIGA.
A julgar pelo fato de a presente pesquisa haver buscado compreender a
responsabilidade social sob a ótica daqueles que se beneficiam dela, em detrimento
da percepção de quem pratica a ação, buscou-se destacar a metodologia adotada
62
por Mendonça (2003), que elenca um conjunto de fases para a verificação da
responsabilidade social empresaria, desde sua concepção até a avaliação dos
resultados.
A sexta fase, portanto, trata da avaliação dos resultados das ações, a fim de
que os dados obtidos possam realimentar o sistema, promovendo ajustes e
acomodações necessárias no próprio modelo. É de se destacar que, no presente
estudo, a sexta fase do modelo de Mendonça (2003) baseou o referencial de
análise, na medida em que ressalta a necessidade de avaliação da ação de
responsabilidade por parte do interessado, no caso vertente a Liga
Norteriograndense Contra o Câncer, buscando a melhoria contínua no resultado da
ação.
Das entrevistas, da pesquisa bibliográfica e documental, buscou-se destacar
os aspectos de avaliação intentados pela LIGA para se verificar a real percepção
das ações da COSERN, bem como a forma que estas se projetam para os usuários
da instituição pesquisada.
3.2 Universo da pesquisa
O universo da pesquisa abrangeu, além da documentação pertinente ao
estudo, entrevistas com os pesquisados, no grupo de Gestores, o Superintendente
da Liga; o Coordenador do Departamento de Doações; e a Gerente de
Humanização e Voluntariado. No grupo dos Técnicos, foram entrevistados o
Encarregado da Manutenção da Policlínica do Alecrim e o eletricista do Hospital Luiz
Antônio.
3.3 Plano de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em diferentes momentos, que correspondem
ao desencadeamento das diversas fases da pesquisa:
(1) Pesquisa documental:1º momento Análise do programa de Responsabilidade
Social da COSERN na Liga Norteriograndense Contra o Câncer. (2) Estudo de caso:
momento Entrevistas; momento Análise dos resultados das ações de
Responsabilidade social junto a entidade beneficiada.
63
A pesquisa foi desenvolvida dentro do próprio ambiente da Liga
Norteriograndense Contra o Câncer, entidade beneficiada pelas ações de
Responsabilidade social da COSERN, na sua sede em Natal/RN, bem como nas
unidades da Policlínica do Alecrim e Hospital Luiz Antônio.
A escolha dos entrevistados do grupo dos gestores, assim como o grupo dos
técnicos, foi feita com base nas informações que cada um deles possui sobre as
ações de responsabilidade social da COSERN, em virtude das funções que
desempenham na entidade beneficiada, nível de percepção das ações
responsavelmente sociais e contato com os resultados dessas ações.
As entrevistas foram realizadas no dia 20 de maio de 2008, com os gestores,
e no dia 08 de agosto de 2008 com os técnicos, obtidas por meio de gravação de
áudio e, após, transcritas para o corpo do trabalho, mantendo-se a fidelidade ao
original coletado.
Quanto ao questionário utilizado, buscou-se verificar a pertinência deste em
relação aos indicativos propostos, ressaltando a percepção da LIGA acerca das
ações sociais da COSERN.
Foram adotados dois tipos de questionários, um destinado aos gestores e
outro destinado aos técnicos, em razão do conhecimento setorial que cada um
destes possui em relação às ações sociais estudadas. Tais questionários
encontram-se nos apêndices A e B.
Quanto aos entrevistados técnicos, em razão das ações sociais envolverem
diretamente a área de energia, buscou-se escolher profissionais que
desenvolvessem suas atividades em setor diretamente ligado ao benefício realizado
pela CO0SERN. Assim, foram entrevistados um eletricista e um encarregado de
manutenção, a fim de que pudessem transmitir com maior exatidão, as impressões
referentes aos benefícios verificados.
Os funcionários entrevistados são lotados em duas unidades da LIGA na
cidade de Natal, na Policlínica do Alecrim e no Hospital Luis Antonio, unidades
setoriais que receberam apoio da COSERN em ações de responsabilidade social.
De posse das respostas aos questionamentos propostos, foi possível
verificar como as ações de responsabilidade social da COSERN foram efetivadas na
LIGA, como analisar a forma que a instituição beneficiada propaga aos seus
64
usuários os benefícios recebidos e como a mesma planeja suas ações em face
daquilo que recebe face ao programa referido.
3.4 Variáveis analíticas
Os aspectos referentes às variáveis analíticas que foram observados
compreendem: (1) Ações de responsabilidade social; (2) Destinação dos
investimentos em responsabilidade social; e os resultados práticos das ações.
3.5 Tratamento dos dados
Os dados coletados foram tratados através da análise das informações
obtidas, mantendo-se a fidelidade aos depoimentos e às afirmações obtidas nas
entrevistas, bem como da documentação reunida e bibliografia consultada.
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
65
Neste capítulo serão verificados todos os dados obtidos com a pesquisa
documental, bem como e o resultado das ações de responsabilidade social na Liga
Norteriograndense contra o Câncer, com ênfase à impressões da própria entidade
beneficiada por tais ações.
Tais impressões foram coletadas na forma de entrevistas que foram
realizadas junto aos gestores e aos técnicos da referida entidade.
4.1 Ações de responsabilidade social da COSERN na Liga Norte Riograndense
Contra o Câncer
A Liga Norte-Rio-Grandense Contra o câncer é uma entidade de cunho
filantrópico, presente no estado do Rio Grande do Norte desde 1949 quando foi
fundada, funcionando inicialmente como "Casa de Recolhimento", destinava-se a
promover a prevenção, o tratamento e, principalmente, a hospitalização dos
portadores de câncer, que naquele tempo as chances de cura eram muito
remotas.
Hoje, a LIGA conta várias unidades voltadas para a prevenção e o
tratamento do câncer, dentre as quais destacam-se o Hospital Dr. Luiz Antônio, a
Policlínica, o Centro Avançado de Oncologia - CECAN, o Departamento de Ensino,
Pesquisa e Educação Comunitária - DEPECOM e a recém implementada unidade
de Oncologia do Seridó, na cidade de Caicó/RN.
A participação da LIGA no combate ao câncer no Estado é basicamente
voltada ao atendimento ao público carente e que não tem condições de custear um
tratamento de saúde por vezes longo e caro, uma vez que cerca de 80% dos
atendimentos feitos pela LIGA, tanto na prevenção, no diagnóstico e no tratamento
do câncer são feitos pelo sistema Único de Saúde - SUS, que não tem capacidade
de custear de forma adequada os gastos oriundos dessas atividades.
Dessa forma, a LIGA busca junto aos órgãos governamentais, empresas e a
população em geral, recursos que possam garantir a plenitude do atendimento à,
população, em especial àquela mais necessitada.
Assim, a atuação da COSERN junto à Liga é importante e possui relevância
para a continuidade dos serviços que esta presta à população do Estado do Rio
Grande do Norte.
66
As entrevistas realizadas junto às pessoas chave na organização estudada,
demonstram de forma clara e precisa o relevante papel que a responsabilidade
social pode e deve desempenhar junto àqueles que mais necessitam. Em verdade,
somente conhecendo o cotidiano de uma entidade da envergadura da Liga é que se
pode compreender o trabalho que ela, enquanto entidade de natureza filantrópica
desempenha diariamente na tentativa de oferecer um serviço de qualidade a uma
população cada vez mais necessitada de saúde.
Foram abordadas nas entrevistas quatro indicadores a saber: Incentivos,
Benefícios para a Liga, Benefícios para a comunidade e Trabalho voluntário.
Para cada indicador foram apontadas variáveis, estas, por seu turno,
refletem a maneira como a ação de responsabilidade social atinge o objetivo ao qual
se propõe, ou seja, fazer com que a sociedade como um todo possa se beneficiar de
seus desdobramentos.
Importante destacar que os entrevistados ocupam setores que lidam de
forma direta na organização e no emprego dos recursos arrecadados pela ação
social da COSERN, e que podem demonstrar de forma inequívoca a importância
que o mesmo possui para as atividades da LIGA; sua empregabilidade; os
resultados que proporcionam e, acima de tudo, a forma como o usuário da LIGA, o
paciente de câncer, percebe os seus efeitos.
São eles: O superintendente da LIGA, o Coordenador do Departamento de
doações, e a Gerente de Humanização e Voluntariado.
As informações obtidas foram transcritas à maneira como foram coletadas,
mantendo-se a grafia original bem como as expressões naturalmente usadas pelos
entrevistados.
Vejamos o primeiro indicador com suas quatro variáveis: tipo de repasse,
valor percentual, valor fixo e freqüência do repasse.
INCENTIVOS
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
67
Tipo de
repasse
“A LIGA recebe 2 tipos
de ajuda da COSERN. A
parte social mais
importante é que a
COSERN nos ajudou e
ajuda ainda na
recuperação de toda a
estrutura elétrica do
Hospital Luiz Antônio, e
toda estrutura elétrica da
Policlínica. O Hospital
Luiz Antônio é a unidade
1 e a Policlínica é a
unidade 3 da LIGA.
Inclusive com a troca de
equipamentos.”
“A outra ajuda indireta,
que ela conta também
com o apoio da
população, é que Ela
oferece a possibilidade
do usuário colocar na
sua conta mensal de
energia uma contribuição
fixa para a LIGA.”
“O incentivo que recebemos
da COSERN, é
disponibilizarão da tarifação
da conta de energia elétrica,
como veículo das captações
das doações da sociedade,
então não há uma doação
direta por parte da COSERN,
mas um trabalho
disponibilizado pela
COSERN em favor da LIGA,
esse trabalho permite que
LIGA recate as doações da
sociedade de uma maneira
segura, rápida e sem custos,
então acaba sendo a
COSERN o principal e mais
valoroso parceiro do
departamento da LIGA hoje
em dia.”
“investimento direto da
COSERN em alguns projetos
de utilização do consumo de
energia. E a COSERN por
duas vezes, uma vez na
Policlínica e outra no
Hospital Luis Antonio,
bancou todo processo de
melhoria e racionalização no
consumo de energia,
fornecendo inclusive troca de
material elétrico.”
Essa pergunta não
saberei te responder,
porque desse dinheiro
que entra da COSERN,
agente solicita pra
direção e ele distribui
para está precisando
mais.
Quadro 4 - Repasse da COSERN.
Fonte: Do Autor (2008).
Depreende-se inicialmente, da análise da primeira variável, tipo de repasse,
que dois dos entrevistados apontaram duas ações básicas intentadas pela COSERN
envolvendo o tema. O repasse financeiro de valores ofertados pela população e que
a COSERN arrecada e a ação direta de melhoria das instalações dos órgãos que
compõem a LIGA.
É de se destacar o fato de que tanto na primeira ação quanto na segunda, a
participação da COSERN é preponderante para a geração do benefício à população,
objetivo que aqui se persegue, ou seja, é mister identificar efetivamente o que se faz
e para quem se faz para que se possa saber ao certo qual a percepção destes em
relação à ação planejada.
O segundo benefício citado pelos entrevistados, a reestruturação do sistema
de instalação elétrica da estrutura física da LIGA é vital tanto para a segurança
quanto para o efetivo emprego dos meios que a LIGA dispõem, incluso aqui todas as
68
complexas máquinas usadas no tratamento e diagnóstico do câncer que, além de
suas próprias particularidades, possuem alto consumo de energia, o que com uma
instalação bem dimensionada (no caso presente com a implantação de novos
transformadores e total substituição de equipamentos antigos por novos) certamente
se traduz em economia e mais dinheiro sendo aplicado onde realmente é decisivo: o
tratamento dos doentes.
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Valor/ % “Isso representa em torno
de 5 a 7 por cento do
nosso faturamento bruto
por mês.”
“É em torno de 3% do
faturamento da
instituição”
“Não sei responder.”
Quadro 5 - Percentual de repasse.
Fonte: Do Autor (2008).
O primeiro benefício, repasse direto de valores em moeda corrente,
representa, segundo os entrevistados, algo entre 3% e 7% de todo faturamento
mensal da LIGA, o que representa valores na casa dos R$ 120.000,00 (cento e vinte
mil reais) mensais em aporte financeiro direto para os cofres da instituição.
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Valor fixo “Nós recebemos algo
em torno de R$
120.000,00 (Cento e
Vinte Mil Reais) através
da COSERN.”
“No ano de 2007 isso
equivaleu a R$
1.313.000,00.”
“vem crescendo ano a ano,
agente vem conseguindo
crescer isso, o ano passado
cresceu 13,8% do valor que
agente conseguiu arrecadar
via conta de luz da
COSERN, então isso vem
crescendo, mas hoje é em
torno de R$ 120.000,00.”
“Sei que existe, mas não
sei a que cada mês ele
é destinado, de repente
ele é desatinado para
alimentação de paciente
em um mês esteja
precisando, talvez em
outro mês seja
destinado a outro tipo de
coisa.”
Quadro 6 - Valor fixo do repasse.
Fonte: Do Autor (2008).
69
Em verdade, do ponto de vista prático e, no caso da LIGA, poder contar com
mais de cem mil reais mensais, arrecadados e repassados sem nenhuma espécie
de custo ou contrapartida, significa diretamente garantir, ou pelo menos assegurar
de alguma forma, dinheiro em espécie para subsidiar diretamente as diversas
atividades desenvolvidas na instituição, sem que isso provoque diretamente um
impacto significativo no restante do que a LIGA consegue arrecadar mês a mês.
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Freqüência de
repasse
“Mensalmente.” “Mensalmente, a LIGA
recebe todo mês até o
décimo dia útil do mês
da COSERN, ela
repassa aquilo que
captou dos clientes em
forma de doações para a
LIGA, o cliente autoriza
a doação e a COSERN
cobra essas doações no
boleto da conta."
“sei que a freqüência é
mensal.”
Quadro 7 - Freqüência do repasse.
Fonte: Do Autor (2008).
Em seguida, verifica-se a análise do segundo indicador estudado, este
voltado para o que as ações da COSERN representam à LIGA na qualidade de
benefícios, ou seja, o que de forma direta os valores arrecadados e repassados pela
COSERN significam para o cotidiano e para a realidade da instituição, e como esses
valores são distribuídos e empregados. Os benefícios à LIGA são:
BENEFÍCIOS PARA A LIGA
Variáveis Superintendente da LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
70
Investimento “A LIGA mantém essa relação
com os políticos: Senadores,
Deputados Federais,
Deputados Estaduais e eles,
através de suas emendas
parlamentares, fazem
algumas doações,
principalmente para compra
de materiais, para compra de
equipamentos.”
“Atividades que não
tem remuneração por
parte dos tomadores
dos serviços, mas esse
dinheiro é usado para
investimento, ou
qualquer tipo de
mobilização de
investimento.”
“não sei responder.”
Quadro 8 - Investimentos feitos pela LIGA.
Fonte: Do Autor (2008).
No presente indicador, qual seja os benefícios auferidos pela LIGA das
ações diretas da COSERN, verificou-se a existência de duas variáveis. A primeira
delas trata do investimento e a segunda do custeio, dois aspectos relevantes no que
se trata de destinação de recursos financeiros.
Os entrevistados apontaram o investimento como sendo alvo principal de
outro tipo de aporte financeiro diferente do que a COSERN repassa mensalmente.
Aqui verifica-se a existência de emendas parlamentares da bancada do Estado no
Congresso Nacional bem como na Assembléia Legislativa do Estado. No presente
caso, os recursos são previamente direcionados sem que possam ser empregados
em atividades diversas. Na maior parte das vezes esses valores são convertidos
para a compra de materiais e equipamentos, chamados valores imobilizados, uma
vez que são diretamente vinculados a determinada destinação, que se constituem
de verba pública, oriunda do contribuinte.
Seja como for, a LIGA se beneficia muito de tais investimentos, uma vez que
com a grande dimensão de seus serviços, assim como de suas unidades, inclusive
no interior do Estado, a aquisição e manutenção de equipamentos (tomógrafos,
radioterapia, etc.) onera sobremaneira a instituição que, sem contar com tais
investimentos, não teria condições de prestar o atendimento que vem prestando ao
longo dos anos, quer por falta de material, quer por falta de equipamentos.
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
71
Custeio “Para o custeio que é
nosso grande problema,
isso agente não recebe
ajuda, a não ser essas
doações, tipo COSERN
ou esporadicamente
através da população.”
“O nosso grande
problema é o custeio do
dia-a-dia: folha de
pagamento, energia,
compra de medicamento.
Isso é o mais difícil, o
mais complicado.”
“Esse dinheiro
basicamente é para o
custeio de todas as
atividades da LIGA.”
A LIGA alberga os
pacientes do interior na
casa de apoio irmã
Gabriela, essa é uma
das principais fontes de
financiamento desse
trabalho, a LIGA mantém
toda uma equipe
multidisciplinar que
atende pacientes, a
LIGA não faz o
tratamento da doença, a
LIGA cuida do paciente,
No caso do custeio, o
SUS ele paga, assim R$
2,00 pela consulta, e
agente sabe que não é
isso que vale, então a
cirurgia o que seria
realmente para receber
ele paga a metade do
valor dessa cirurgia,
então agente precisa
manter esses pacientes
internados, não pode
deixar de operar o
paciente porque o SUS
não irá pagar aquela
quantidade toda, então
esse dinheiro serve para
complementar essas
coisas que faltam.”
Quadro 9 - Investimento dos recursos oriundos das ações da COSERN no custeio da LIGA.
Fonte: Do Autor (2008).
A outra variável trata do custeio, ponto sensível no cotidiano da LIGA, uma
vez que é no custeio onde se verificam os maiores esforços para que no fechamento
mensal das contas o saldo dê positivo, o que nem sempre ocorre.
É no custeio, ou seja, na folha de pagamento, no pagamento de energia,
água, limpeza, pessoal terceirizado, médicos, pessoal de atendimento, entre outros,
que a ação de responsabilidade social da COSERN é visível.
Como o repasse feito pela COSERN é mensal e em dinheiro, é
integralmente utilizado no custeio, ou seja, no pagamento daquilo que exige pronto
uso em moeda corrente.
Segundo o Superintendente da LIGA, "o custeio que é nosso grande
problema, isso agente não recebe ajuda, a não ser essas doações, tipo COSERN
ou, esporadicamente, através da população".
Isso significa dizer que quase tudo o que a LIGA gasta em custeio, para
manter todos os sistemas funcionando 24 horas por dia, 7 dias por semana, provém
da contribuição e da iniciativa da COSERN, o que faz crer que sem ela, a situação
da instituição seria periclitante, pelo menos no que se refere ao custeio.
É razoável depreender que, naturalmente, sem o custeio, nada mais
funcionaria, uma vez que a falta de mais de R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos
mil reais) por ano representaria o comprometimento direto de parcela do que a LIGA
oferece em matéria de serviço à população.
72
Convém ressaltar que, em virtude de a LIGA ser uma instituição filantrópica,
ou seja, não possuir fins lucrativos, ela tem a obrigação de atender no mínimo 70%
de seus pacientes pelo sistema SUS. Ocorre que a tabela do SUS não é reajustada
mais de uma década o que gera uma enorme defasagem entre os valores pagos
pelo Estado e o valor real dos procedimentos. Os recursos que a LIGA precisa
desembolsar para cobrir essa diferença vêm do programa de responsabilidade social
da COSERN.
Em outras palavras, é o recurso angariado pela COSERN que mantém
parcela dos serviços da LIGA em pleno funcionamento.
Resta claro que o benefício para a LIGA é indiscutível, vez que ela, por ser
destinatária dessa verba mensal, é a que inicialmente aufere o aporte financeiro,
mas que reverto todo ele em atividades afetas ao seu mister.
Existem outras contribuições destinadas à LIGA e que também servem para
emprego no custeio das atividades, conforme asseverado pelo Superintendente,
contudo, essas doações o feitas por particulares (própria população) de forma
menos significativa e esporádica.
No caso da COSERN a contribuição é mensal, certa, o que facilita o
planejamento e o emprego dos recursos de forma organizada e focada nas
prioridades e emergências que porventura estejam mais carentes de recursos,
ocasionando um melhor proveito da verba pela instituição.
O indicador seguinte diz respeito à forma como a LIGA reverte os valores do
repasse à comunidade, e de que maneira isso atinge o seu objetivo.
Aqui se destacam as seguintes variáveis: planejamento, programas,
avaliação de resultados e apoio a ONG'S.
BENEFÍCIOS PARA A COMUNIDADE
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Planejamento A LIGA não é uma
unidade de referência no
estado na prevenção.
Diagnóstico, tratamento
e acompanhamento dos
pacientes. Então nós
temos uma estrutura
grande montada. Nós
São questões que são
paralelas até um certo
ponto, na verdade a política
de prevenção oncológica
do ministério da saúde
prevê que você tenha um
atendimento amplo do
paciente de câncer, a LIGA
“Às vezes as coisas
chegam, e não existe
nenhum planejamento,
chegam às necessidades
e você vai tendo que
arrumar de acordo com a
situação, então agora
estamos tentando ver se
73
temos um departamento
de ensino e pesquisa,
para tratamento e
prevenção, diagnostico e
acompanhamento. Logo
ela se preocupa muito
com isso, Inclusive com
os dados estatísticos
“E o envio de verba para
o estado, o município é
baseado na incidência de
câncer. Então a LIGA
diagnosticou 40 por
cento a mais do que o
previsto do Ministério da
Saúde de casos novo de
câncer em 2007”.
é um CACOM, CACOM
dois, na verdade hoje não
existe mais a classificação
de CACOM, mas a LIGA é
um CACOM (Centro
Avançado de atendimento
a Oncologia), essa
classificação é do
ministério da saúde, e para
você ser classificado como
CACOM, você precisa
oferecer uma gama de
serviços bastante ampla.”
“Sempre no atendimento
da política nacional em
detenção oncológica”.
faz alguns projetos para
atender a comunidade,
mas nos momentos são
as necessidades que
estão chegando”.
Quadro 10 - Planejamento das ações da LIGA.
Fonte: Do Autor (2008).
Na primeira variável percebe-se um aspecto interessante. Os dois primeiros
entrevistados não explicam ao certo como a LIGA planeja suas atividades, pelo
menos no que diz respeito ao uso dos recursos que recebem. Inicialmente tratam da
organização da LIGA em seus departamentos, passando pela especificação da LIGA
na qualidade de CACON (Centro Avançado em Oncologia), mas sem dizer com
exatidão qual tipo de ferramenta de planejamento e gestão que utilizam, por
exemplo, para distribuir melhor os recursos por área num determinado espaço de
tempo.
Quem parece que melhor definiu a forma de planejar utilizada pela LIGA,
frise-se, pelo menos no que diz respeito ao emprego dos recursos oriundo dos
programas de Responsabilidade Social da COSERN, foi a Gerente de Humanização
e Voluntariado, quando afirmou que a destinação dos recursos é feita segundo o
critério da necessidade direta, ou seja, na medida em que surgem as necessidades,
ao que parece não são poucas, os valores vão sendo empregados.
De fato, não causaria estranheza a situação ser assim emergencial na maior
parte das vezes. Com efeito, haja vista as necessidades e os desafios enfrentados
pela LIGA para conseguir prestar um serviço de excelência na prevenção,
diagnóstico e tratamento do câncer, é de se imaginar as dificuldades que os
gestores enfrentam diariamente na suas atividades.
74
Variáveis Superintendente da LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Programas “Nós temos aqui na LIGA um
departamento de ensino e
pesquisa comunitária,
chamando de DETECOM.
Então temos cursos para
comunidade e desenvolvemos
cursos para quase toda a área
de saúde, oferecemos cursos
de enfermagem,
fonoaudióloga, fisioterapia,
odontologia, nutrição e
medicina, esses cursos
existem à quase 20 anos aqui
na LIGA, anualmente ou as
vezes semestralmente esses
cursos são realizados para
este pessoal, tanto em
formação como para o
pessoal graduado. Temos
também residência médica,
atualmente temos 12
residentes.”
“A LIGA cumpre as
funções de educação
pra prevenção,
diagnostico tratamento,
reabilitação e cuidados
paliativos.”
Sempre que é
chamado, sempre é
convidado para ir nas
escolas, universidades,
para associação de
bairros também, no que
diz respeito ao
tratamento, prevenção e
diagnóstico prévio, até
em campanhas
educacionais, fui
manda para uma casas
de prostituições na
cidade de Ceará Mirim,
falar sobre o câncer de
mama, onde tivemos boa
receptividade, sempre
que solicitados a LIGA
atende.”
Quadro 11 - Programas mantidos pela LIGA.
Fonte: Do Autor (2008).
No que diz respeito aos programas, a LIGA mantém regularmente
programas voltados para a comunidade, evidenciados pela promoção de cursos na
área de saúde (psicologia, nutrição, enfermagem, etc) além de programa de
residência para médicos. Segundo o Coordenador do Departamento de Doações, a
LIGA também promove a educação para a prevenção e o diagnóstico precoce do
câncer.
A Gerente de Humanização informou que a LIGA participa de palestras na
comunidade (associações, escolas, universidades, etc.) promovendo campanhas de
conscientização e esclarecimento sobre a incidência de câncer e cuidados
preventivos.
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Avaliação dos
resultados
“Depende
fundamentalmente do
diagnostico precoce, e
de um tratamento
realizado de forma
adequada e por pessoas
“buscar atuar em várias
frentes, de maneira a
conseguir recursos pra
manter nível de suas
atividades, tanto no nível
da qualidade, quanto no
“Existe o setor de registro
de câncer, e quem toma
conta é Adriana, ela tem
todo o registro,
especialmente índices de
câncer e cada setor têm
75
capacitadas. Isto é
importante que seja dito,
não é tratar, tem que
ser bem tratado. Então a
LIGA se preocupa muito
com isso, e ela convive
muito com a angustia, a
incerteza e a
expectativa.”
nível quantidade de suas
atividades, para poder dar
conta da demanda
crescente da detenção
ontológica. Então todo
planejamento está
baseado nesta
necessidade de fontes de
financiamento, então isso
passa por constantes
negociações com os
gestores, por pressões no
sentido de levar o
problema para sociedade
e também na busca
alternativa de fontes de
financiamento, dentre
elas está a captação de
doações da sociedade,
civil ou poder publico.”
seus indicadores, e os
setores passam os
relatórios para a
diretoria.”
Quadro 12 - Avaliação dos resultados.
Fonte: Do Autor (2008).
No que diz respeito a avaliação dos resultados, assim como no
planejamento, não parece haver ferramentas próprias de avaliação dos resultados
do investimento feito pelas ações de Responsabilidade Social da COSERN.
Os entrevistados responderam em síntese que existe um registro dos casos
de câncer em setor próprio, mas que a existência de indicativos de avaliação não se
verifica no que tange aos benefícios que a comunidade aufere das atividades
desenvolvidas pela LIGA.
Das respostas, depreende-se que a avaliação dos resultados se cinge
basicamente sobre aquilo que é voltado para a área fim da instituição, ou seja, o
combate ao câncer, contudo, no que diz respeito às avaliações dos resultados
obtidos com as ações de responsabilidade social da COSERN, identificadas pelos
entrevistados, o parecem existir meios seguros para a avaliação, sobretudo no
que diz respeito à satisfação dos usuários.
Depreende-se também que as avaliações feitas, estas somente em dados
estatísticos, citados como "indicadores" pela gerente de humanização, dizem
respeito à incidência dos casos de câncer e suas diversas categorias, não sendo
sido mencionado aspectos ligados às ações sociais tratadas no presente estudo.
76
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Apoio a ONG´s “Uma é o grupo despertar,
uma associação de
pacientes portadores de
câncer de mama que
desenvolve um trabalho
excelente aqui na LIGA.
Todos os pacientes, ou
pelo menos, a maioria dos
pacientes que são
operados aqui na LIGA,
eles são captados para
esse grupo para que elas
dividam as angustias e
preocupações, dúvidas,
fale sobre o tratamento, a
parte emocional. Então
este grupo despertar é
formado por pacientes
mastectomisados.
funciona mais de 10
anos conosco.”
“A outra entidade que é
tão antiga quanto a LIGA,
a LIGA foi fundada em
1947, é a rede feminina
contra o câncer, fundada
pela Dra. Maria Alice
Fernandes. A rede
feminina capta recursos
através de bingos,
jantares e outros
empreendimentos que
são feitos para a
comunidade pra captar
recursos.”
“A casa de apoio Irmã
Gabriela, que uma casa
de apoio a pacientes
com câncer, adultos, a
cidade tem outras duas
casas de apoio a
pacientes com câncer
infantil, o grupo de apoio
a criança com câncer e a
casa de apoio Durval
Paiva, e a casa de apoio
a adultos quem tem é a
LIGA, lembrando que
99% dos casos de
câncer o em adultos,
1% é em crianças; e a
rede feminina da LIGA
Norte Rio Grandense
contra o câncer que é
quem administra, quem
gerencia a casa de apoio
Irmã Gabriela e faz
algumas outras
atividades iminetimentes
sociais dentro da própria
LIGA.”
o grupo Despertar, de
pacientes de câncer de
mama que faz um
trabalho de apoio aos
pacientes de câncer de
mama, então agente
pode dizer que existe a
casa de apoio Irmã
Gabriela, a Rede
Feminina contra o
câncer e o grupo
Desperta.
“o grupo Despertar são
de pacientes de câncer
de mama, elas tiveram
câncer de mama,
conseguiram ficar
curadas e tomam conta,
hoje elas tem quase
trezentas participantes
do grupo e elas
trabalham como
voluntárias fazendo apoio
emocional para pacientes
com o câncer de mama,
operou uma paciente em
qualquer canto, ligam
para elas e elas vão
visitar essas pacientes
ainda no leito, é um
grupo de auto-ajuda,
funciona assim,
fantástico o grupo delas.
Tem também o grupo de
laringectomizados,
pacientes que fizeram
cirurgia de câncer de
laringe, funciona da
mesma forma que eles
também, o grupo
Despertar, eles fazem
visitas de apoio
emocional aos
pacientes.’
“Casa de apoio Irmã
Gabriela, é uma casa
com 60 leitos, não está
funcionando
completamente hoje,
para pacientes que vem
do interior e não tem
onde ficar aqui em Natal
Quadro 13 - Relação da LIGA em apoio a ONG's.
Fonte: Do Autor (2008).
Quanto ao apoio que a LIGA presta às Organizações não Governamentais -
ONG'S, os entrevistados identificaram basicamente três entidades que trabalham em
parceria com a LIGA e que também ajudam nas atividades ali desenvolvidas.
77
Trata-se do Grupo Despertar, composto por mulheres operadas de câncer
de mama, que desenvolve um importante papel junto a essa parcela de usuárias da
LIGA, prestando apoio nos mais variados casos desse tipo de câncer.
A segunda organização é a casa de apoio Irmã Gabriela que se destina
hospedar pacientes vindos do interior para tratar-se em Natal e não têm onde ficar.
Nesses casos, essas pessoas são atendidas na casa de apoio e recebem
alojamento, refeição, etc durante sua estada em Natal.
A terceira ONG apoiada pela LIGA é a Rede Feminina Contra o Câncer,
constituída por senhoras da sociedade natalense que arrecadam fundos (apoiadas
também pela LIGA) para custear as necessidades dos pacientes carentes.
No último indicador, buscou-se evidenciar a forma como o trabalho
voluntário interfere de forma positiva no processo de atividades desenvolvidas pela
LIGA. Para tanto, destacou-se duas variáveis, a saber: incentivo ao voluntariado e
as atividades desenvolvidas pelos voluntários.
Considerando que o voluntariado é mais uma forma de propagar a mesma
Ação de Responsabilidade Social que se iniciou na mesa de Reuniões de uma
empresa, aqui vista de forma muito mais presente e efetiva, e principalmente, por
ser o voluntariado uma forma de dividir com a comunidade capacidades que, até
pouco antes se destinavam apenas ao detentor dessas faculdades, buscou-se
evidenciar a importância da ação voluntária na LIGA.
Percebe-se que, assim como a maioria das organizações hoje em dia,
valorizam o trabalho voluntário por julgá-lo como de vital importância, não para
aquele que se sente útil em ajudar a quem realmente precisa, mas, sobretudo, pelo
fato de que toda a sociedade se beneficia de ações como essa, quer seja no curto
prazo ou mesmo em médio prazo.
TRABALHO VOLUNTÁRIO
78
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Incentivo ao
voluntariado
“Como foi dito, a rede
feminina é um trabalho
voluntário, o grupo
despertar é um trabalho
voluntário e nós temos
um grupo de estagiários
voluntários, um grupo de
pessoas que estão
vinculadas ao setor de
humanização. São
estagiários que vem
espontaneamente
oferecer seu trabalho
para o bom
funcionamento da LIGA.”
“Quando se vem para o
tratamento de ncer o
trabalho de voluntariado
precisa de aspectos
técnicos de
compromisso de
horários de uma série de
coisas, mas a LIGA tem
um departamento que
busca acolher esses
voluntariados e
encontrar maneiras
delas serem úteis aos
pacientes, mas dentro
dessa gica que
trabalho voluntário é um
trabalho sem
compromisso.”
“Os voluntários que
aparecem aqui, isso é
interessante, geralmente
são esses pacientes, que
vêem o nosso trabalho e
a satisfação que dá, é
que eles receberam tanto
da LIGA que querem dar
em troca, e aí nós
recebemos os pacientes
que estão a mais de um
ano fora do tratamento,
para que de repente não
tenham uma recaída ou
vejam alguém igual a
eles e entrem em
depressão, aconteceu
isso, então existe aqui
quatro grupos de
voluntários, cada um é
especifico.”
Quadro 14 - Incentivo ao voluntariado por parte da LIGA.
Fonte: Do Autor (2008).
A primeira variável trata do incentivo ao trabalho voluntário, a liga possui um
setor específico para angariar, recrutar, planejar e desenvolver o trabalho voluntário,
tamanha é a importância que o mesmo tem para a LIGA e, por via de conseqüência,
para a comunidade como um todo. É na Gerência de Humanização e Voluntariado
onde todo o trabalho e distribuído.
Inicialmente destaca-se o fato de que para os entrevistados, o trabalho
voluntário deve ser sempre levado a sério, ou seja, existe um compromisso entre o
voluntário, a LIGA e o trabalho a ser desenvolvido. Não se trata a penas de algo que
se faça nas horas vagas e que não mereça dedicação, afinco e esforço. Ao
contrário, é uma atividade a ser desenvolvida em favor dos outros que esperam o
melhor serviço e o melhor de cada um. Todos os entrevistados foram uníssonos em
afirmar a seriedade com que se conduzem os assuntos afetos a esse tipo de
serviço.
79
Segundo a Gerente de voluntariado, existem atualmente na LIGA quatro
grupos de voluntários divididos em várias atividades. As atividades são distribuídas
segundo o critério da necessidade da LIGA e da aptidão do voluntário.
Variáveis
Superintendente da
LIGA
Coordenador do
Departamento de
Doações
Gerente de
Humanização e
voluntariado
Atividades
desenvolvidas
pelos
voluntários
Através do Setor de
humanização temos
todas as especialidades.
Estas datas festivas mais
importantes: Páscoa, São
João, Natal, em todas as
unidades da LIGA nós
fazemos comemorações,
eventos para os
pacientes e também para
os funcionários.”
“Trabalho na orientação
dos pacientes no
deslocamento pelos
setores da LIGA, como
também no acolhimento
desses pacientes, tudo
isso é feito pela pessoas
voluntárias”.
“A LIGA tem uma política
forte de humanização ao
atendimento ao paciente
e isso é conduzido pelo
departamento de
voluntariados da
instituição.”
“Temos um outro grupo
de voluntariados, que
são os voluntários da
LIGA, que são pessoas
que tem outros projetos
para realizarem, os
estudantes de medicina,
que querem conhecer o
outro lado do paciente, e
não a parte médica,
tipo empurrar a cadeira
de rodas, tem uma pasta
com nomes e telefones
de voluntários, e vai ter
um reunião no final de
maio para o inicio de
junho para novos
voluntários, em torno de
20 ou 30”.
Quadro 15 - Ações dos voluntários na LIGA.
Fonte: Do Autor (2008).
Dentre as várias atividades desenvolvidas pelos voluntários destacam-se a
organização de festas nas datas comemorativas do ano, aniversário do paciente,
servir lanche na sala de espera, cafezinho, inclusive médicos quando não estão de
efetivo serviço de medicina, "empurram cadeira de rodas" para ajudar os pacientes.
Nas diversas atividades desenvolvidas pelos voluntários, pode-se verificar o
denodo e o sentimento de preocupação, sobretudo com aquele que necessita do
serviço e se encontra, pela própria situação de doente, fragilizado com a situação
como um todo. O trabalho desenvolvido pela Gerência de Humanização e
voluntariado se destaca pelo profissionalismo e, principalmente, pela vontade de
bem servir sem receber nada em troca por isso.
80
Sobre as ações da COSERN nas unidades da Policlínica do Alecrim e no
Hospital Luis Antônio, foram entrevistados dois funcionários da área técnica sendo
um o encarregado de manutenção da Policlínica do alecrim e o outro o eletricista do
hospital Luiz Antonio.
O Primeiro entrevistado, lotado na Policlínica do Alecrim, desenvolve
atividades de manutenção e trabalha diretamente com a parte elétrica do hospital,
tendo inclusive presenciado a ação desenvolvida pela COSERN na melhoria das
instalações elétricas do hospital.
O segundo entrevistado desenvolve suas atividades profissionais como
eletricista do Hospital Luis Antônio, tendo igualmente presenciado a ação da
COSERN na instituição, ressaltando que as ações nessa unidade se deram a mais
tempo do que na primeira unidade citada.
As ações de responsabilidade social praticadas pela COSERN nas unidades
acima citadas, correspondem a melhoria direta das condições de conforto,
segurança das instalações elétricas e consumo de energia. Ressalte-se que a
substituição de lâmpadas e a troca de equipamentos além de melhorar as condições
de habitabilidade, tanto para funcionários, quanto para pacientes, resulta de forma
indireta na economia no consumo mensal, o que ocasiona diminuição dos valores
despendidos com a fatura mensal de energia elétrica.
Com tal ação, é de verificar o surgimento de outra preocupação da empresa
socialmente responsável, qual seja a diminuição do consumo geral de energia
elétrica, muito embora seja ela uma concessionária, ou seja, seu lucro depende
diretamente daquilo que consegue vender a mais de energia, a COSERN, ao
substituir equipamentos velhos por novos, reduz o consumo de cliente seu,
reduzindo também seu lucro direto.
Mesmo assim, promove a ação social acima descrita, arcando também com
o ônus da doação dos equipamentos de ar-condicionado e lâmpadas mais
econômicas e que iluminam mais, trazendo melhoria para a instituição beneficiada e
contribuindo para a redução do consumo de energia elétrica.
Assim, as entrevistas que se seguem buscam evidenciar a forma como tais
melhorias ocorreram e de que forma a própria LIGA percebe o resultado e a eficácia
das ações praticadas no cotidiano de seus funcionários, pacientes e demais pessoas
que se utilizam de seus serviços.
81
Questões Enc. da Manutenção - Policlínica Eletricista - Hosp. Luiz Antonio
Função que
exerce
Encarregado da manutenção Eletricista
Benefício
realizado
Sim. A COSERN realizou toda a
substituição das luminárias (lâmpadas)
da unidade e trocou todos os
aparelhos de ar-condicionado
A COSERN trocou todas as
lâmpadas do Hospital
Data da
realização
Não sei dizer a data exata, mas foi no
ano de 2006.
No ano de 2003. o mês eu não sei
dizer
Valor gasto pela
COSERN
Exatamente não sei dizer, mas pelo
tamanho da obra, acho que foi perto
de R$ 100.000,00.
Não sei dizer.
Participação da
LIGA
Até onde sei a liga não precisou pagar
nada pelo serviço nem pelos aparelhos
O Hospital não precisou pagar nada.
Melhoria para o
Hospital
Melhorou por que antes os
equipamentos eram muito velhos e
viviam dando problema. Tinha vezes
que vários ar-condicionados
quebravam e muita luzes queimavam.
Dava muito trabalho. Hoje não. As
lâmpadas são mais modernas e os ar-
condicionados são muito melhores.
Sim. Melhorou por que antigamente
o consumo de energia era muito
alto. As lâmpadas eram antigas e
consumiam muita energia. Hoje elas
são bem mais modernas e possuem
acionamento eletrônico que não
demora para acender e ilumina mais
que as outras.
Melhoria para
os pacientes
Não trabalho nessa área, mas acho
que sim. As pessoas que estão
internadas têm mais conforto agora.
Tinha vezes que o ar-condicionado
não gelava por que era muito velho e
isso era ruim para o paciente. Acho
que também tem a economia. O
consumo de energia antes era bem
maior. Acho que agora, se paga
menos energia.
Acho que sim por que se o hospital
paga menos energia por que as
luzes são mais econômicas, esse
dinheiro que não se gasta deve
ajudar em outras coisas que estão
precisando, como comprar
equipamento, remédio, coisa desse
tipo.
Quadro 16 - Questionário com respostas dirigido aos técnicos da LIGA.
Fonte: Do Autor (2008).
Inicialmente, os entrevistados, após indicarem suas funções (encarregado
de manutenção e eletricista, respectivamente), apontaram segundo sua verificação
qual o benefício que a COSERN realizou nas unidades da Policlínica do Alecrim e
no Hospital Luis Antonio, como sendo a troca de lâmpadas e aparelhos de ar-
condicionado em uma, e a troca de lâmpadas em outra.
No que diz respeito aos valores empregados nas duas ações, somente o
encarregado da manutenção soube informar, e mesmo assim de forma aproximada,
que o valor gasto no referido projeto seria de cerca de R$ 100.000,00 (cem mil
reais). Ainda sobre o valor despendido, consta pelos entrevistados que tanto numa
unidade com na outra unidade da LIGA, a COSERN teria arcado com a totalidade
82
dos recursos necessários para o implemento do projeto, sem que a LIGA, nem os
hospitais tenham pago qualquer valor na realização da obra.
No tocante às melhorias, ambos entrevistados afirmaram que a
implementação das ações referidas representaram uma melhoria na situação dos
hospitais, na medida em que os equipamentos que forma substituídos, vários deles,
eram muito velhos, apresentavam constantes problemas, as lâmpadas não raro
queimavam, além de serem responsáveis por um consumo maior de energia. Com
as substituições desses equipamentos, boa parte desses problemas foi solucionada,
inclusive com a diminuição do consumo de energia. Ademais disso, ressaltaram, os
próprios pacientes, além da instituição puderam sentir melhoras na sua condição de
conforto, uma vez que, segundo afirmara na entrevista, os novos aparelhos de ar
condicionado da Policlínica do Alecrim, por serem equipamentos, dificilmente
apresentem defeitos ou careçam de reparo, o que proporciona ao paciente
internado, um maior conforto e bem estar.
Sobre o aspecto da economia, o eletricista do Hospital Luiz Antonio destaca
que, pelo fato de as lâmpadas ofertadas pela COSERN serem mais caras e
modernas, são de uma nova tecnologia de acionamento eletrônico, que funcionam
de forma imediata, iluminam mais em comparação com as antigas e consomem
menos energia. Tal fato, segundo alega, se constitui de menos dinheiro sendo gasto
no pagamento da fatura de energia que, acredita ser revertido em favor do próprio
hospital, na aquisição de remédios, equipamentos diversos, etc.
Da análise das informações fornecidas pelos entrevistados, pode-se
depreender que as ações da COSERN, tanto na Policlínica do Alecrim, quanto no
Hospital Luiz Antônio, apresentaram resultado imediato, uma vez que puderam ser
percebidas pelos funcionários e, provavelmente pelos próprios usuários dos serviços
da LIGA.
No que tange ao período em que as ações foram efetivadas, os
entrevistados informaram que na Policlínica do Alecrim as obras foram realizadas no
ano de 2006 e no Hospital Luiz Antônio em 2003. Somente a Policlínica do Alecrim
possui arquivada alguma documentação referente ao período das obras. No hospital
Luiz Antônio não existem registros documentais da realização da troca das
lâmpadas.
Da verificação dos registros daquilo que foi proposto pela COSERN, para a
realização da obra, além de sua realização, destaca-se que o projeto foi
83
desenvolvido com diagnóstico energético realizado pela empresa ACE Energia,
tendo sido executado pela COSERN. O projeto recebeu a denominação de
Programa de eficiência energética Cosern Policlínica, tendo como objetivo
principal promover melhorias na iluminação e na climatização da referida unidade da
LIGA na cidade do Natal.
O projeto referido objetiva implementar uma renovação dos equipamentos
de iluminação e climatização na Policlínica do Alecrim, promover uma maior
eficiência energética (diminuição do consumo, sem afetar a qualidade da iluminação
e da climatização).
O período de levantamento dos dados se deu em julho de 2006, e o relatório
final do projeto foi feito em agosto de 2006, apontando as principais áreas
contempladas na estrutura do hospital, equipamentos existentes, equipamentos
propostos, economia de consumo real e valores associados ao investimento.
Verificou-se na carga instalada do hospital, que o consumo de energia, na sua maior
parte, era representado pelo sistema de climatização existente, que contava com
vários anos e se achava defasado em tecnologia de consumo econômico,
Tal situação se verificava em todo o sistema de climatização, a julgar pelo
fato de a LIGA haver recebido o prédio da Policlínica vários anos sem reforma
e em estado de conservação deficiente, o que incluía toda a sua instalação elétrica e
hidráulica.
O consumo elevado de energia, pelo fato de os equipamentos serem
antigos, era responsável pelos elevados valores das faturas do consumo de energia,
tornando o custo mensal de manutenção do hospital ainda maior.
Conforme demonstra o gráfico a seguir, resultado do levantamento da carga
instalada do hospital, o responsável pela maior parte do consumo e da elevada
carga era o antigo sistema de climatização, responsável diretamente por 77% de
toda a carga do hospital.
84
Gráfico 1. Carga instalada
Fonte: Projeto de eficiência energética (2006).
Depreende-se, portanto, que uma melhor adequação do sistema de
climatização, sozinho, responderia por importante economia no consumo mensal de
energia, assim como redundaria em evidente economia de recursos financeiros por
parte do Hospital.
O antigo sistema de climatização além de muito velho, encontrava-se
obsoleto no que diz respeito à economia no consumo de energia, bem como se
achava mal dimensionado, o que redundava em baixa de aparelhos para reparos,
causando desconforto para os funcionários e pacientes.
Em suma, os custos diretos e indiretos referentes à manutenção e utilização
dos equipamentos de ar- condicionado, eram significativos em comparação com os
benefícios que o antigo sistema oferecia, atendendo de forma deficiente às
expectativas da instituição, conforme asseverado pelo funcionário da manutenção
entrevistado no presente trabalho.
De forma sucinta, as tabelas que se seguem enumeram de forma concisa a
composição da antiga instalação de climatização da Policlínica do Alecrim, de
acordo com o disposto no projeto:
Carga por Uso Final
Outros
14%
Iluminação
9%
Climtização
77%
85
Quadro 17 - Esquema de otimização de condicionadores de ar.
Fonte: Projeto de melhoria na instalação elétrica da Policlínica (2006).
A tabela abaixo complementa a instalação de climatização em outras
dependências do hospital.
Quadro 18 - Esquema de otimização de condicionadores de ar nas demais dependências do
hospital.
Fonte: Projeto de melhoria na instalação elétrica da Policlínica (2006).
Pela análise dos dados acima expostos, a Policlínica do Alecrim possuía um
total de 108 aparelhos condicionadores de ar, estes em uso bastante tempo,
segundo os funcionários entrevistados.
Pode-se verificar, inicialmente, que a capacidade dos aparelhos de ar-
condicionado variava entre 7.500 BTU/h a 60.000 BTU/h, o que nem sempre
significa refrigeração adequada com um consumo reduzido. Com efeito, é de se
verificar se a relação entre consumo e eficiência energética se constatava com os
it pavimento área marca capacidade (BTU/h) quantidade
1 térreo e superior diversos Consul 7.500 17
2 térreo Pediatria Procedimentos Totaline 7.500 1
3 térreo e superior diversos Consul 10.000 55
4 térreo e superior diversos Consul 12.000 11
5 térreo e superior diversos Consul 18.000 5
6 térreo e superior diversos Consul 21.000 8
7 superior apartamento 21 Springer 21.000 1
pavimento sala marca modelo
capacidade
(BTU)
qtde
potência
(kW)
térreo UTI Central 60.000 1
térreo Endoscopia Consul Split 8.550 1
térreo Serviço Social LG Split 12.000 1 1,25
térreo CC Cirurgia B Carrier Split 30.000 1
térreo Expurgo Carrier Split 24.000 1 2,55
anexo Urocentro LG Split 18.000 1 1,9
anexo Urocentro LG Split 12.000 1 1,25
anexo Lab. Patologia LG Split 9.000 1 0,75
anexo Clinica dos olhos Central 60.000 1
anexo Otorrino-Laringo Brickel Split 60.000 1
86
equipamentos então instalados no hospital. Pelo resultado do projeto os mesmo
consumiam muita energia com um custo bastante elevado para a instituição.
Vejamos:
O projeto da COSERN propôs a troca de todos os equipamentos de
refrigeração de ar então existente por outros novos com maior eficiência, ou seja,
com consumo de energia reduzido. A tabela seguinte mostra quais aparelhos foram
instalados em substituição aos antigos.
Quadro 19 - Equipamentos novos a serem instalados.
Fonte: Projeto de melhoria na instalação elétrica da Policlínica (2006).
Percebe-se que houve uma redução na quantidade dos equipamentos,
passando de 108 antigos para 98 novos condicionadores, uma redução quantitativa
na casa de dez aparelhos a menos. Igualmente se percebe que a capacidade dos
mesmo também foi reduzida, tendo-se como potência máxima apenas 21.000
BTU/h.
Essa redução de capacidade significa redução de consumo, o que se traduz
em redução de custo nas faturas mensais de energia, sem que isso signifique,
contudo, diminuição no padrão de conforto das instalações. Ao contrário,
equipamentos novos significam diminuição de baixa por pane ou defeito que
necessite reparo com paralisação, redução de emissão de gases danosos à camada
de ozônio, baixo nível de ruído e outras vantagens inerentes à aquisição desses
equipamentos.
No que pertine ao sistema de iluminação, a modificação dos sistema antigo
pela adoção de novos equipamentos, no caso presente de calhas, lâmpadas e
luminárias, significou de igual forma, uma melhoria no consumo de energia e
conseqüente redução dos valores gastos com o pagamento de energia, sem falar na
diminuição dos serviços de manutenção.
it pavimento área marca capacidade (BTU/h) quantidade
1 térreo e superior diversos Consul 7.500 17
2 térreo Pediatria Procedimentos Consul 7.500 1
3 térreo e superior diversos Consul 10.000 55
4 térreo e superior diversos Consul 10.000 11
5 térreo e superior diversos Consul 18.000 5
6 térreo e superior diversos Springer 21.000 8
7 superior apartamento 21 Springer 21.000 1
87
O antigo sistema era composto pelos seguintes equipamentos:
Quadro 20 - Equipamentos antigos a serem substituídos.
Fonte: Projeto de melhoria na instalação elétrica da Policlínica (2006).
Pode-se perceber, de início, a existência de lâmpadas incandescentes
representando 116 unidades em um universo total de 411 lâmpadas. As mpadas
incandescentes possuem uma baixa emissão de luminosidade e um elevado
consumo de energia, uma vez que convertem boa parte da energia em calor e não
em luz. Desta forma, necessitam consumir muito mais energia para gerar pouca
luminosidade, sem falar no elevado índice de queima.
Pela verificação feita no projeto, pode-se verificar que o sistema de
instalação de iluminação era bastante antigo e não comportava mais as
necessidades do hospital.
A proposta da COSERN pode se resumir no constante na tabela que se
segue:
Quadro 21 - Proposta de melhoria feita pela COSERN para a iluminação do hospital.
Fonte: Projeto de melhoria na instalação elétrica da Policlínica (2006).
Codificão Tipo de luminária Tipo de lâmpada
potência das
mpadas (W)
qtde
INC-60W SPOT INCANDESCENTE 60 116
S-1x40W CALHA FLUOR TUBULAR 1x40 21
S-2x40W CALHA FLUOR TUBULAR 2x40 43
S-2x20W CALHA FLUOR TUBULAR 2x20 231
it Equipamento Qde
1 mpada fluorescente 32W 94
2 Reator 2x32W 43
3 Luminárias S-2x32W 43
4 Luminárias S-2x16W 244
5 mpada fluorescente 16W 488
6 Reator 2x16W 244
7 mpada Fluor. Compacta de 15W E27 116
8 Reator 1x32W 8
9 Retrofit 1x32W 8
88
Destaca-se a ausência de lâmpadas incandescentes nos equipamentos que
foram instalados no hospital. Com efeito, pelas razões acima expostas, não mais
aplicabilidade, pelo menos no caso presente, onde se trata de um hospital, de se
instalaremmpadas que possui baixo índice de luminosidade de elevado consumo.
Preferiu-se, por tais razões, adotar as lâmpadas fluorescentes, que oferecem melhor
relação entre o custo e o benefício conseguido.
Merece igual destaque a quantidade de lâmpadas que foram instaladas. O
projeto contemplou a instalação de 1288 lâmpadas, exatamente 877 unidades a
mais do que a instalação antiga. Registre-se que diante da economia de consumo
proporcionada por lâmpadas mais modernas, foi possível mais que dobrar o numero
de instalações, consumindo menos energia e, consequentemente, mantendo as
dependências do hospital mais iluminadas
Nos investimentos realizados pela COSERN, com base nas informações
constante do projeto, alcançaram, na parte de instalação, aquisição e adequação do
sistema de ar-condicionado, a cifra de R$ 201.877,00 (duzentos e onze mil
oitocentos e setenta e sete reais).
No tocante às instalações de iluminação, na aquisição e instalação das
lâmpadas, luminárias, reatores, etc, o investimento foi de R$ 38.228,40 (trinta e oito
mil duzentos e oitenta e oito reais e quarenta centavos). O somatório de todo o
investimento alcançou o valor total de R$ 240.105,40 (duzentos e quarenta mil cento
e cinco reais e quarenta centavos)
É importante destacar que a COSERN, por ser uma empresa concessionária
de energia elétrica, obtém lucratividade exclusivamente da energia que vende.
Assim, em princípio, seria melhor que o consumo mensal das unidades
consumidoras fosse sempre elevado, o que representaria para si uma maior
lucratividade. Contudo, a questão de economia de energia elétrica é de interesse de
todos. O uso racional dos recursos energéticos é preocupação de toda a sociedade,
inclusive das próprias concessionárias.
Segundo dados do projeto aqui analisado, a economia no consumo de
energia pela entidade beneficiada, no caso presente a Policlínica do Alecrim,
unidade da LIGA em Natal, é de 231,79 MW/ano, o que significa que em 3,5 anos, o
hospital, caso houvesse custeado todo o investimento feito, teria o retorno dos
valores investidos com a reestruturação.
89
Hoje, as duas unidades da LIGA, a Policlínica do Alecrim e o Hospital Luiz
Antonio, contam com os equipamentos que foram instalados funcionando e em bom
estado de conservação.
Não foi possível ter acesso aos documentos da ação correspondente no
Hospital Luiz Antonio, uma vez que não existem registros documentais da mesma na
referida unidade hospitalar. Entretanto, sabe-se, pelo relato dos entrevistados,
gestores e do técnico, que na referida unidade, assim como na Policlínica, todas as
lâmpadas e luminárias foram substituídas por equipamentos novos e mais
econômicos, sem que isso retivesse representado quaisquer ônus para a LIGA.
90
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final do trabalho, deve-se destacar a forma como o mesmo foi
direcionado e o que se buscou atingir com o estudo que aqui se verificou.
O que se buscou não foi apenas identificar as ações sociais da COSERN na
LIGA, mas, sobretudo avaliar a percepção da própria beneficiada sobre essa ação
de Responsabilidade social. Procurar enxergar não com a empresa a que oportuniza
o surgimento da ação social, mas daquele conjunto de pessoas que sente
diretamente em suas vidas o que essa mesma ação provoca.
Para tanto, buscou-se estar longe do ambiente climatizado da empresa e
buscar o dia-a-dia daquele que sua vida um pouco melhor depois da chegada
daquela "ajuda'" que alguém talvez muito distante dela tenha feito chegar em suas
mãos. Mãos quase sempre invisíveis e anônimas que aliviam o sofrimento de outras
tantas.
Buscar ver a Responsabilidade Social pelo prisma de quem se beneficia
dela, e procurar verificar se ela cumpre com os objetivos que justificaram (ou
justificariam) o seu surgimento, foi a preocupação constante no presente trabalho.
O trabalho evidenciou a realidade de como uma ação de Responsabilidade
Social pode fazer a diferença na comunidade, na região no país.
Com efeito, os resultados alcançados evidenciam conclusões sobre a forma
como as ações de responsabilidade social, desenvolvidas pela COSERN, uma
empresa atuantes em todos os municípios do Estado, conseguem atingir o objetivo a
que se propõe.
Constatou-se ao fim do estudo de caso, que as ações da COSERN
impactam basicamente na maior dificuldade enfrentada pela Liga Norteriograndense
contra o Câncer, qual seja o custeio de suas atividades.
Restou claro que sem a ação encampada pela COSERN, dificilmente a LIGA
sozinha poderia angariar tamanha soma de recursos, de forma mensal, em espécie
e depositada mensalmente em sua conta, sem nenhum custo adicional. E essa
liquidez, ou seja, esses valores em moeda corrente, com data certa para o crédito,
possui o condão de tornar mais ágil o atendimento ao doente, reflete diretamente
nas atividades mais urgentes da LIGA (folha de pagamento, fornecedores, reparos,
manutenção, material de uso diário, etc) e faz com que, pelo menos de forma
91
paliativa, a instituição não careça fazer empréstimos ou financiamentos ainda
maiores.
Ademais disso, o fato de haver refeito toda a instalação elétrica de algumas
unidades da LIGA, em especial, fazendo a substituição de equipamentos velhos por
outros novos, promovido a adequação do sistema elétrico interno totalmente às suas
expensas e ainda promover a manutenção desses equipamentos, é outra forma
encontrada pela COSERN para fazer ainda mais ampla sua inserção na sociedade
potiguar.
Em outras palavras, as ações de responsabilidade social da COSERN na
LIGA cumprem o fim a elas dirigido quando de sua implementação na empresa.
Torna possível a melhoria da qualidade de vida de parcela da sociedade,
especialmente a mais carente, na medida em que, através da LIGA, devolve à esta
mesma sociedade, parte daquilo que ela aufere pelo exercício de sua atividade
comercial.
No que diz respeito à percepção da entidade beneficiada, na pessoa de
seus gestores, notou-se durante a análise dos dados coletados que, muito embora
as ações sejam visíveis e percebidas com relevantes para a instituição, não se
verificou a existência de uma ferramenta avaliativa segura, que possa emprestar
certeza e precisão dos benefícios que as ações sociais realizadas atingem de fato o
fim a que se destinam.
Por seu turno, a percepção dos gestores sobre os benefícios das ações
sociais da COSERN junto à comunidade, se mostra de maneira genérica, ou seja,
devido a ausência de meios de avaliação de resultados, não se pode verificar de
forma precisa qual ou quais os efeitos das ações sociais da COSERN junto à
comunidade, sob a ótica da entidade beneficiada.
No que diz respeito ao trabalho voluntário, pode-se perceber que a LIGA
desenvolve várias ações que envolvem o voluntariado, possuindo, inclusive, setor
específico para desenvolver os projetos afetos a este setor.
Na instituição, os voluntários desenvolvem várias funções, com destaque
àquelas que proporcionam melhoria na qualidade de vida dos usuários, sobretudo os
internos. Segundo os dados obtidos na entrevista com a responsável pelo setor de
voluntariado, os programas são sempre desenvolvidos de acordo com as
necessidades da instituição, e privilegiando o paciente.
92
Se constata, em verdade, que a COSERN desenvolve duas ações de
responsabilidade social na Liga Norteriograndense Contra o Câncer a saber:
repasse direto de fundos arrecadados junto à sociedade para a LIGA mensalmente.
Em segundo lugar, a melhoria das instalações de duas unidades hospitalares da
instituição beneficiada com a troca de equipamentos elétricos (lâmpadas, luminárias
em ambas as unidades e em uma delas, lâmpadas, luminárias e condicionadores de
ar).
Mesmo assim, a percepção dessas ações é limitada, pois não existem meios
seguros na instituição para avaliar o resultado prático de tais benefícios, a exemplo
do modelo de Mendonça (2003) com o uso da ferramenta PDCA.
Ademais disso, no que diz respeito à primeira ação, o planejamento do uso
dos recursos não obedece, ao menos no que se pode verificar na presente
pesquisa, um planejamento de médio ou longo prazo, capaz de otimizar a sua
utilização e melhorar ainda mais sua reversão em função do usuário, destinatário
final dos serviços prestados pela LIGA.
Em suma, conclui-se que as ações sociais da COSERN em relação à Liga
Norteriograndense Contra o Câncer são percebidas por esta como sendo de grande
valia e importância para a continuidade dos serviços oferecidos à população.
Contudo, tal percepção é limitada pela ausência de meios de aferição precisos e
eficientes, o que compromete, de certa forma, a verificação de toda amplitude das
ações. Tal ausência, reflete numa avaliação parcial dos resultados obtidos com as
ações, o que compromete um melhor planejamento e utilização dos meios
disponíveis.
O presente estudo encontrou limitações no que diz respeito à disponibilidade
dos entrevistados para a realização das entrevistas, o que decerto dificultou a coleta
de dados e a conseqüente referência dos mesmos no presente trabalho.
De igual forma, no caso do Hospital Luiz Antonio, a ausência de registros
documentais das ações da COSERN no que diz respeito à substituição de lâmpadas
e luminárias, dificultando a verificação da quantidade da doação, valores gastos na
obra, diminuição do consumo de energia e reflexos para os pacientes e funcionários,
tornou mais difícil a verificação das ações intentadas.
Em sede de aprofundamento do estudo que poderiam ser abordados no
futuro, destacam-se a implementação de mecanismos de avaliação de resultados do
uso, destinação e aplicação prática dos valores repassados pela COSERN à Liga
93
Norteriograndense Contra o Câncer, assim como a verificação direta dessas ações
sociais no tratamento do paciente enquanto indivíduo.
Tais abordagens demandariam novos estudos e maiores informações sobre
as atividades desenvolvidas pela instituição em relação ao universo do paciente, de
forma exclusiva. O que não afasta a possibilidade de uma nova e mais abrangente
pesquisa, esta, por sua vez, mais focada na propagação das ações de
responsabilidade social aqui identificadas, para a comunidade em geral, público,
pacientes e/ou funcionários da LIGA.
94
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podem oferecer à sociedade. Tradução: José Wagner Maciel Kaehler, Maria Tereza
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______. Economia e Sociedade. V.1: Brasília: UnB.1991.
QUEIROZ, Adele. A utilização de indicadores de responsabilidade social das
empresas. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas). São Paulo:
Fundação Getúlio Vargas, Escola de Administração de Empresas, 2001.
ZANOTI, Luiz Antonio Ramalho. A função social da empresa como forma de
valorização da dignidade da pessoa humana. Dissertação (Mestrado em Direito) -
Universidade de Marília, Marília. 2006.
ZARPELON, Márcio Ivanor. Gestão e responsabilidade social: NBR 16.001/AS
8.000: Implantação e prática. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.
96
APÊNDICE - A
QUESTIONÁRIO ADOTADO PARA OS GESTORES
1 No que diz respeito ao relacionamento com a COSERN, a LIGA recebe
algum incentivo oriundo do programa de responsabilidade social da
COSERN?
2 A quanto tempo foi firmado este convênio com a COSERN?
3 Em termos percentuais, o que representa esta doação financeira no
faturamento mensal da LIGA?
4 De que forma basicamente esses benefícios são revertidos aos usuários da
LIGA?
5 A LIGA mantém outros convênios ou entidades das quais recebe algum
tipo de incentivo?
6 Qual o planejamento que a LIGA utiliza para o desenvolvimento das suas
ações, dando destinação ao apoio recebido da COSERN?
7 A LIGA mantém algum programa de apoio a entidades ou comunidades
relacionadas à sua atividade?
8 Como a LIGA avalia o resultado de suas ações junto à comunidade?
9 A LIGA realiza campanhas educacionais junto à comunidade?
10 A LIGA possui mecanismos para incentivar seus funcionários para efetuar
doações para as entidades que recebem seu apoio?
11 A LIGA incentiva o trabalho voluntário?
12 De que forma o voluntariado age em relação ao público que é atendido pela
LIGA?
97
APÊNDICE - B
QUESTIONÁRIO ADOTADO PARA OS TÉCNICOS
1 Qual a função que o Sr. Desenvolve aqui na Policlínica/Hospital Luis Antônio?
2 A COSERN realizou algum benefício nas instalações da policlínica/Hospital Luis
Antônio?
3 Quando se deu essa ação da COSERN?
4 Qual o valor gasto pela COSERN com essas substituições?
5 A ação da COSERN foi gratuita ou a LIGA teve de efetuar algum pagamento?
6 Com a ação da COSERN existiu alguma melhora no hospital?
7 Essa melhora também se refletiu no atendimento prestado pelo hospital?
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