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gente vive num país extremamente hipócrita, que acha que você
adotou pela incapacidade de gerar filhos ou porque você quer fazer
um bem para a sociedade. No meu caso não é nada disso. Eu tenho um
filho adotivo que é meu xodó, todo mundo sabe disso. E não foi por
incapacidade, porque a documentação dele saiu em novembro, em
dezembro eu engravidei minha filha. Então não foi por incapacidade,
mas pelo fato realmente de um chamado, eu acho que é isso mesmo. É
uma coisa de Deus não tem explicação. É uma coisa nem do meu
marido que a gente queria [...], a gente sabia que ia ser um menino.
Antes de mais nada, ninguém me falou. Meu filho é a minha cópia,
que não sabe da minha história, [diz] não é possível que esse filho não
seja teu. Porque ele é a minha cópia, mas temos uma ligação que eu
fui estudar muito, e eu tenho lido muita coisa e hoje eu vejo que é
realmente algo de Deus, que transcende qualquer entendimento. A
adoção dela [Angelina Jolie] é por amor, por chamado de Deus,
porque ela pega as crianças que não tem, pega não, as crianças a
escolhe, não é uma coisa de escolha, é criança que nos escolhe e não
nós as escolhemos. Crianças que não tem as características dela. A
pessoa vai olhar e [dizer] realmente não é filho dela. Ela não tem nada
a ver com isso, é amor, é um chamado que aquela criança tinha com
ela que ela tem com aquela criança. Eu acho que a adoção vai mais
além do que, eu fiquei nove meses dentro de uma casa abrigo, sou
voluntária lá até hoje, faço um papel social com as crianças. Sou
engajada, sou muito ativa na casa e o que é isso? Ah, é a linha que
adotar, e eu quero uma loira de olhos azuis, pele branca, cabelos
encaracolados, ela quer uma boneca e não um filho. Aí quando ela
falou assim, olha eu tenho aquele menino ali, é uma criança que foi
adotada recentemente, ele não enxerga, ele nunca vai falar, ele não
houve, ele é assim... desculpem a expressão, você olhando pro menino
parecia um siri. O olhinho dele, um de um lado e outro para o outro. É
uma criança que você fala assim, nossa! A mãe desse menino que
gerou um monstro, não gerou um filho, nunca ninguém chegava perto
do Osório. O Osório era colocado de lado, teve um trabalho de
readaptação, teve muita fisioterapia, mas teve muito amor, muito
carinho, das crianças no berçário e era o xodó do berçário. Conclusão.
Apareceu uma mãe do nada, que ninguém imaginava que aquela
pessoa, naquela pose, quando ela bateu o olho no menino, ela adotou
menino. Nossa! Foi a maior festa naquele lugar quando o Osório saiu.
Porque é um chamado, não é você quem escolhe é a criança que
escolhe. No dia em que eu fui ver o meu filho a diretora da creche
estava com 4 crianças no colo, quando eu olhei para ele eu sabia que
era ele, sem ninguém falar. Ela falou toma que o filho é teu. Tudo bem
ela tava com quatro, como é que eu sei qual deles. Eu cheguei para ela
peguei, eu sabia que ele ia ser meu, eu tinha certeza, não é um
processo fácil, é uma coisa muito longa, é uma coisa muito dificultosa.
Espero que através da Angelina isso seja divulgado. Não por um ato
de piedade, ah, eu estou fazendo um bem. Não, é uma sensação
diferenciada, onde levou oito meses e meio até sair a guarda dele e
depois mais cinco anos que tive que brigar pelos direitos de realmente
ser legalizada como mãe. Foi uma luta e fui privada de vários direitos,
sabe muito constrangedor. Quem na época me acompanhou sabe da
minha briga. Chegou lá no concurso público a minha filha biológica
tava lá e ele não, isso dura muito, por que? Porque ele não passa da
minha barriga. Não é filho? Não sou eu que sustento? Ele não está lá
no meu imposto de renda? Não ta lá em todos os lugares? O porque
ele não é meu filho? Então, com esse filme da Angelina que isso seja
divulgado. Porque às vezes a criança está num lar, que não é para ser