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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE AERÓBIA DE SILAGENS DE
MILHO
Autor: Michele Simili da Silva
Orientador: Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim
Dissertação apresentada, como parte das
exigências para obtenção do título de
MESTRE EM ZOOTECNIA, no Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia da
Universidade Estadual de Maringá - Área de
Pastagens e Forragicultura
MARINGÁ
Estado do Paraná
Abril-2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE AERÓBIA DE SILAGENS DE
MILHO
Autor: Michele Simili da Silva
Orientador: Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim
Dissertação apresentada, como parte das
exigências para obtenção do título de
MESTRE EM ZOOTECNIA, no Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia da
Universidade Estadual de Maringá - Área de
Pastagens e Forragicultura
MARINGÁ
Estado do Paraná
Abril-2009
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)
Silva, Michele Simili da
S586a Avaliação da establidade aeróbia de silagens de milho
/ Michele Simili da Silva. -- Maringá : [s.n.], 2009.
50 f. : il. color.
Orientador : Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de
Maringá, Programa de Pós-graduação em Zootecnia, 2009.
1. Silagem de milho - Estabilidade aeróbia. 2. Silagem
de milho - Temperatura. 3. Silagem de milho - Massa
específica. I. Universidade Estadual de Maringá, Programa
de Pós-graduação em Zootecnia. II. Título.
CDD 21.ed.633.2
ii
Meu filho, guarda a sabedoria e a reflexão,
não as perca de vista.
Elas serão a vida de tua alma
e um adorno para o teu pescoço.
Então caminharás com segurança,
Sem que teu pé tropece.
Se te deitares, não terás medo.
Uma vez deitado, teu sono será doce.
Não terás a recear nem terrores repentinos,
nem a tempestade que cai sobre os ímpios,
Porque o Senhor é tua segurança
E preservará teu pé de toda cilada.”
Provérbios 3, 21-26
iii
A Deus, pelo seu amor incondicional e por sua preciosa presença em todos os momentos de
minha vida.
OFEREÇO
Aos meus pais, Isaura Simili da Silva e Cidinei Rodrigues da Silva,
pelo amor, carinho, dedicação, apoio e incentivo durante todas as etapas de minha vida.
Aos meu irmãos, Michael e Marivana, ao meu cunhado, Elizeu e aos meus sobrinhos,
Mariana e Pedro, por toda ajuda, compreensão e carinho.
DEDICO
iv
AGRADECIMENTOS
A Jesus por mais esta vitória.
A Universidade Estadual de Maringá e ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia,
pela oportunidade de realização do mestrado.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
concessão da bolsa de estudos.
Ao Professor Clóves Cabreira Jobim, por ser um exemplo de pesquisador, pela
orientação, paciência, ensinamentos, confiança, incentivo e atenção a mim destinados.
Ao Professor Celso Nakamura, pelas orientações, por permitir que o trabalho fosse
conduzido no laboratório de Microbiologia do Departamento de Farmácia.
Ao Professor Cássio Tormena pelos ensinamentos, ajuda e sugestões.
A Doutora e amiga Carla Luiza da Silva Ávila pela importante ajuda, pela atenção e
amizade durante a condução desse experimento.
Ao professor Elias Nunes pelo auxílio.
Ao amigo Alexandre Leseur pela ajuda imprescindível na fase final.
A toda equipe da conservação, principalmente aos meus amigos Moyses, Juliano, José
Luís, Fábio Cortez, Valter e Domenico cuja ajuda, amizade e companheirismo foram
fundamental para a conclusão deste trabalho.
Aos bolsistas de iniciação científica Ângelo, Willen e Sheilla, pela amizade e pela
importante ajuda durante a condução deste experimento.
A minha família pelo apoio e por sempre acreditarem em mim.
Aos meus amigos de Maringá Josy, Hanna, Larissa, Maria Emília, Roberta, Cláudio,
Ana Paula, Bruno, Tatiane, Marco Antônio, Fernanda, Fabiano e Júlio pela ajuda, apoio,
paciência e bons momentos compartilhados.
v
Aos meus amigos Érica, Murilo, Cristiane, Lívya, Ana, Rafael, Fernanda, Palominha,
Claudinha e a todos os outros que mesmo à distância estiveram sempre tão próximos e
sempre torcendo por mim.
A minha catequista Dijanira por todos ensinamentos, orações e conselhos.
Aos funcionários do Departamento de Zootecnia, Creuza, Cleuza, e Augusto pela
amizade e apoio durante o curso e colaboração nas análises.
Aos demais professores e funcionários do DZO.
A todos aqueles que me acompanharam e apoiaram nesta conquista.
vi
BIOGRAFIA
Michele Simili da Silva, filha de Cidinei Rodrigues da Silva e Isaura Simili da Silva,
nasceu em Jundiaí, São Paulo, no dia 2 de setembro de 1982.
Em agosto de 2001, ingressou na Universidade Federal de Lavras, onde em junho de
2006, obteve o título de Zootecnista.
Em março de 2007, iniciou no mestrado em Zootecnia, na Universidade Estadual de
Maringá, concentrando seus estudos na área de Pastagens e Forragicultura.
No dia 03 de abril de 2009, submeteu-se à banca para defesa da Dissertação para
obtenção do título de Mestre.
vii
ÍNDICE
Página
LISTA DE TABELAS........................................................................................... ............... ix
LISTA DE FIGURAS......................................................................................... ................... x
RESUMO.................................................................................................... ......................... xii
ABSTRACT................................................................................................................... ..... xiv
I - INTRODUÇÃO............. .................................................................................................... 1
1.1 Introdução Geral............................................................................................................. .. 1
1.2 Processo de Ensilagem ........................................................................................ ............ 3
1.3 Tecnologia da ensilagem...................................................................................................3
1.3.1 Massa Específica............................................................................................................3
1.3.2 Estádio de maturidade para colheita e altura de corte…................................................4
1.3.3 Tamanho Médio de Partículas......................................................................................5
1.3.4 Compactação e Vedação.............................................................................................6
1.4 Estabilidade Aeróbia da Silagem................................................................................7
1.4.1 Fermentação por Leveduras.........................................................................................9
1.4.2 Fungos filamentosos.....................................................................................................9
1.5 Uso de inoculantes contendo enzimas e bactérias homofermentativas no processo de
ensilagem...............................................................................................................................10
Literatura Citada ...... .............................................................................................................12
II - OBJETIVOS GERAIS....................................................................................................15
Capítulo 1- VEDAÇÃO OU NÃO DO PAINEL DO SILO DURANTE O PERÍODO DE
UTILIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA SILAGEM DE MILHO................................16
Resumo..................................................................................................................... ............ 16
Abstract............ .................................................................................................................... 17
Introdução.............................................................................................................. .............. 18
Material e Métodos ........................................................................ ..................................... 19
Resultados e Discussão ........................................................................................................ 22
Conclusão.......................... ................................................................................................... 29
Literatura Citada ................................................................................................................... 30
viii
Capítulo 2- ESTABILIDADE AERÓBIA E MASSA ESPECÍFICA DE SILAGENS DE
MILHO EM DUAS ALTURAS DE CORTE DURANTE O PERÍODO DE
UTILIZAÇÃO.......................................................................................................................32
Resumo ................................................................................................................................. 32
Abstract. ............................................................................................................................... 33
Introdução. ........................................................................................................................... 34
Material e Métodos .............................................................................................................. 35
Resultados e Discussão. ....................................................................................................... 38
Conclusão..............................................................................................................................48
Literatura Citada....................................................................................................................49
ix
LISTA DE TABELAS
Páginas
Capítulo 1
TABELA 1. Teores de matéria seca (MS), concentrações de fungos filamentosos e de
leveduras e valores de pH no painel do silo com e sem proteção e nos estratos superior (S),
mediano (M) e basal (B)¹ ..................................................................................................... 24
TABELA 2. Teores de matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO) e carboidratos não
estruturais (CNE) na MS da silagem nos estratos superior (S), mediano (M) e basal (B) das
silagens com e sem proteção do painel. .............................................................................. 26
TABELA 3. Massa específica calculada com base na matéria seca (MEms) e na matéria
verde (MEmv) utilizando cilindro, resistência da massa ensilada à penetração do cone
metálico (PCM) e tamanho médio de partículas (TMP) nos diferentes estratos do painel do
silo. ....................................................................................................................................... 27
TABELA 4. Coeficientes de correlação (r) entre a ME da matéria seca (MEms), ME da
matéria verde (MEmv) determinada com uso do cilindro e resistência da massa ensilada à
penetração do cone metálico (PCM) .................................................................................... 29
Capítulo 2
TABELA 1. Populações de fungos filamentosos, leveduras e valores de pH das silagens de
milho com e sem uso de inoculante nas alturas de corte de 20 e 40cm em três estratos do
painel do silo superior (S), mediano (M) e basal (B)
1
. ......................................................... 38
TABELA 2. Massa específica do material verde (MEmv) dos estratos superior (S),
Mediano (M) e Basal (B) das silagens de milho com e sem inoculante em duas alturas de
corte. ..................................................................................................................................... 40
TABELA 3. Coeficientes de correlação (r) entre a ME da matéria seca (MEms), ME do
material verde (MEmv) determinada com uso do cilindro, massa específica estimada do
material seco (MEEms) e massa específica estimada do material verde (MEEmv) com uso
do penetrômetro. .................................................................................................................. 42
x
LISTA DE FIGURAS
Páginas
Capítulo 1
Figura 1. Metodologia utilizada na leitura das temperaturas no painel do silo. ................... 20
Figura 2. Temperatura ambiente média durante o período de avaliação no painel do silo... 20
Figura 3. Termografia do painel do silo com e sem proteção durante as cinco semanas de
avaliação. .............................................................................................................................. 23
Figura 4. Relação entre massa específica da silagem (kg/m³) e resistência à penetração do
cone metálico (MPa). ........................................................................................................... 28
Capítulo 2
Figura 1. Representação gráfica da metodologia utilizada na leitura das temperaturas no
painel dos silos ..................................................................................................................... 37
Figura 2. Relação entre massa específica da silagem (kg/m³) e resistência à penetração do
cone metálico (MPa). . ......................................................................................................... 40
Figura 3. Massa específica estimada do material verde (MEEmv) em função dos estratos do
painel do silo Superior (S), Mediano (M) e Basal (B) e da resistência à penetração do cone
metálico (PCM) em silagem de milho. ................................................................................ 41
Figura 4. Massa específica estimada do material seco (MEEms) em função dos estratos do
painel do silo Superior (S), Mediano (M) e Basal (B) e da resistência à penetração do cone
metálico (PCM) em silagem de milho. ................................................................................ 42
Figura 5. Relação entre a massa específica observada do material verde (MEmv) e a massa
específica observada do material seco (MEms) pelo método tradicional do cilindro. ......... 43
Figura 6. Relação entre a massa específica estimada pela resistência a penetração do cone
metálico e a massa específica observada com o método tradicional do cilindro. ................ 43
Figura 7– Termografia do painel da silagem de milho com altura de corte de 20 cm e sem
adição de inoculante durante o período de utilização. ......................................................... 44
Figura 8 - Termografia do painel da silagem de milho com altura de corte de 40 cm, sem
adição de inoculante durante a 1ª semana e a 2ª semana de avaliação................................. 46
Figura 9 - Termografia do painel da silagem de milho com altura de corte de 20 cm, com
adição de inoculante durante a 1ª semana e a 2ª semana de avaliação................................. 47
xi
Figura 10 - Termografia do painel da silagem de milho com altura de corte de 40 cm, com
adição de inoculante durante a 1ª semana e a 2ª semana de avaliação................................. 48
RESUMO
O objetivo do trabalho foi avaliar os principais fatores que influenciam na qualidade e na
estabilidade aeróbia das silagens de milho e de buscar técnicas mais viáveis para
determinação da massa específica das mesmas. Foram conduzidos dois experimentos, no
Primeiro Experimento avaliou-se o efeito da utilização de lona plástica para proteção nas
características do painel do silo de silagem de milho durante o período de utilização, onde
metade do painel foi coberta com lona e a outra metade foi mantida descoberta. Cada parte
do painel foi dividida em três estratos verticais: estrato superior, mediano e basal do painel
do silo. O teor de matéria seca (MS) na parte do painel protegida com lona preta foi
superior a parte sem proteção, com médias de 30,92 e 32,26% de MS respectivamente. Os
valores de matéria orgânica (MO) e carboidratos não estruturais (CNE) observados no
estrato superior do painel do silo com e sem proteção, foram inferiores (p<0,05) aos valores
encontrados nos estratos mediano e basal. As populações de fungos filamentosos e de
leveduras não foram diferentes (p>0,05) entre as metades do painel do silo e estratos
estudados. Os menores valores de massa específica e de resistência a penetração do cone
metálico foram verificados no estrato superficial, que diferiu estatisticamente dos demais
estratos. O uso de lona plástica preta para proteção do painel do silo durante o período de
utilização da silagem de milho contribui para o aumento da temperatura no painel, não
favorecendo a estabilidade aeróbia da silagem de milho. O Segundo Experimento, avaliou o
efeito do inoculante enzimo bacteriano e da altura de corte sobre a estabilidade aeróbia de
silagens de milho. Foram avaliadas as seguintes silagens: altura de corte de 20 cm e sem
adição do inoculante, altura de corte de 40 cm e sem a adição do inoculante, altura de altura
de corte de 20 cm e com inoculante e altura de corte de 40 cm e com adição do inoculante.
xiii
Cada silo foi dividido em três estratos verticais: estrato superior, mediano e basal do painel
do silo. O inoculante enzimo-bacteriano e a altura de corte do milho não mostraram efeito
sobre a população de fungos filamentosos e de leveduras das silagens. A adição do
inoculante à planta de milho com altura de corte de 20 cm resultou em silagens com valores
de pH mais elevados. A silagem de milho com altura de corte de 40 cm com inoculante
enzimo-bacteriano, apresentou as menores massas específicas e as maiores temperaturas.
Nos dois experimentos a relação entre a resistência à penetração do cone metálico e a
massa específica foi obtida como alternativa para se estimar indiretamente a massa
específica da silagem em substituição aos métodos tradicionais. Concluiu-se que o
penetrômetro pode ser utilizado como método indireto na determinação da massa específica
de silagens de milho, uma vez que a correlação entre a massa específica estimada
e a massa
específica observada foi alta e positiva.
Palavras-chave: painel do silo, penetrômetro, termografia
ABSTRACT
The objective was to evaluate the main factors influencing the quality and aerobic stability
of silage corn and to seek the most viable techniques for determining their density. Two
experiments were carried out and in the first it was evaluated the effect of plastic tarp to
protect the characteristics of the silo panel corn silage during the use, where half of the
panel was covered with canvas and the other half was kept discovery. Each part of the
panel was divided into three vertical strata: stratum superior, median and basal panel of the
silo. The content of dry matter (DM) in the panel that was protected with black tarp was
higher than the part without protection, with averages of 30.92 and 32.26% of DM
respectively. The values of organic matter (OM) and non-structural carbohydrates (NSC)
observed in the upper stratum of the silo panel with and without protection, were lower (p
<0.05) to the values found in the median and basal layers. The populations of filamentous
fungi and yeasts were not different (p> 0.05) between the halves of the panel and strata
studied. The lowest values of density and resistance to cone penetration of metal were
found in superficial layer, which differed statistically from the other strata. The use of black
plastic tarp for protection of the silo during the use of corn silage contributes to the increase
of temperature in the silo panel, not favoring the aerobic stability of corn silage. The
Second Experiment assessed the effect of inoculant bacterial enzyme and the height of cut
on the aerobic stability of silage maize. There were evaluated the following silages: cutting
height of 20 cm without addition of inoculant, cutting height of 40 cm without the addition
of inoculant, cutting height of 20 cm with inoculant and cutting height of 40 cm with the
addition of inoculant. Each silo was divided into three vertical strata: stratum superior,
median and basal panel of the silo. The inoculum and bacterial enzyme-cutting height of
xv
corn showed no effect on the population of filamentous fungi and yeast from silage. The
addition of inoculant to the maize plant with the cutting height of 20 cm resulted in silages
with higher values of pH. Corn silage with cutting height of 40 cm with enzyme-bacterial
inoculant, showed the lowest specific masses and higher temperatures. In the two
experiments the relationship between the penetration resistance of the metal cone and the
mass was specified as an alternative to estimate indirectly the silage density to replace the
traditional methods. It was concluded that the penetrometer can be used as indirect method
to determine the density of silage maize, since the correlation between density and
estimated density values were high and positive.
Key words: silo panel, penetrometer, thermography
1
INTRODUÇÃO
1.1 Introdução Geral
O crescimento da pecuária brasileira exigindo alta demanda de nutrientes pelos
animais, somado ao problema de estacionalidade de produção de forragem na maior parte
do território brasileiro, faz com que o processo de conservação de forragem produzida na
época das chuvas, na forma de feno ou silagem, seja de fundamental importância. Com a
conservação de forragens é possível garantir uma oferta mais uniforme de forragens de boa
qualidade durante o ano todo, mantendo os níveis de produtividade animal.
Nos processos de conservação de forragens ocorrem perdas de nutrientes de diversas
magnitudes. Assim, a qualidade da silagem está diretamente relacionada ao material que lhe
deu origem e às condições que o mesmo foi ensilado. Desta maneira esta relacionada com o
teor de matéria seca, carboidratos solúveis e relação entre carboidratos e capacidade
tampão. A preservação dos nutrientes na forragem ensilada decorre principalmente da
fermentação por bactérias do ácido lático (BAL). De acordo com Mcdonald et al. (1991),
para a obtenção de bons resultados decorrentes da atuação desses microrganismos são
necessárias três condições: 1) presença de material fermentescível para crescimento
bacteriano; 2) ausência de O
2
no material para favorecer o crescimento de BAL; e 3) baixa
umidade para evitar as fermentações indesejáveis.
A presença de O
2
, pela entrada de ar durante o período de estocagem ou na abertura
do silo, favorece o crescimento de microrganismos aeróbios ou anaeróbios facultativos.
Esses microrganismos utilizam vários substratos oriundos diretamente da forragem ou
indiretamente da fermentação. O resultado dessa atividade é a perda de nutrientes e
consequentemente, a redução no valor nutritivo da silagem. A maior penetração de ar na
2
silagem ocorre quando a compactação da massa ensilada é insuficiente para uma adequada
massa específica. A remoção de grande parte do ar na forragem ensilada pelo aumento da
compactação pode proporcionar condições ideais para o crescimento de bactérias láticas,
que é o principal grupo de microrganismos atuante no processo fermentativo para
conservação da massa ensilada.
É importante destacar que as perdas ocorridas durante a utilização da silagem são
provocadas pela atividade microbiana, e que essa atividade é limitada normalmente por
fatores químicos e físicos, como fornecimento de oxigênio e alterações da temperatura
ambiente (Williams et al., 1994). Se o período de exposição ao ar for longo, podem ocorrer
grandes alterações na composição química das silagens, o que influi prejudicialmente em
seu valor nutritivo. Essas alterações ocorrem primeiramente devido às bactérias e leveduras
e, subsequentemente aos fungos. Inicialmente os componentes solúveis das silagens,
carboidratos solúveis, os ácidos orgânicos e os compostos nitrogenados solúveis, servem
como substratos para o desenvolvimento desses microrganismos. As perdas desses
nutrientes resultam em correspondente aumento nos conteúdos de fibra em detergente
neutro, fibra em detergente ácido e cinzas, e perda de nutrientes digestíveis e energia. As
alterações na composição das silagens, durante a fase de utilização, são acompanhadas pelo
aumento do pH, temperatura e nitrogênio amoniacal (McDonald et al., 1991). Nos estágios
finais da deterioração, os carboidratos estruturais também podem ser decompostos (Honig
& Woolford, 1980).
O substrato utilizado para a respiração depende do tipo do microrganismo. Segundo
Rotz e Muck (1994), as leveduras consomem somente compostos solúveis tais como
açúcares e produtos da fermentação, enquanto os fungos filamentosos degradam uma ampla
variedade de nutrientes, inclusive carboidratos estruturais e lignina. A presença desses
fungos é indesejável, não somente porque quebram o açúcar e o ácido lático pela via
normal da respiração, mas também hidrolisam e metabolizam a celulose e outros
componentes da parede celular. Além disso, alguns bolores, principalmente as espécies dos
gêneros Aspergillus, Fusarium e Penicillum, crescem em silagens onde penetração de ar
e produzem toxinas que são prejudiciais aos animais e ao homem (McDonald et al., 1991).
A baixa estabilidade aeróbia das silagens é um problema ao qual se deve dar maior
importância, uma vez que representa perdas quantitativas e qualitativas de forragem e,
3
consequentemente, aumento nos custos de produção. Portanto, é necessário que os
principais fatores responsáveis por esta deterioração sejam mais estudados e assim possam
ser apontadas alternativas que contornem ou retardem este processo. Dentre esses fatores, a
pressão de compactação é fator determinante na qualidade final da silagem, sendo assim o
conhecimento da massa específica do material ensilado torna-se também imprescindível.
1.2 O Processo de Ensilagem
Gramíneas e outros vegetais com teor de água suficientemente alto e sujeitos a
deterioração por microrganismos aeróbios, podem ser preservados com a ensilagem.
Ensilagem é um método de preservação de forragens baseado em fermentações ácido
láticas espontâneas sobre condições anaeróbias, onde as bactérias láticas fermentam os
carboidratos solúveis, produzindo principalmente ácido lático. Devido à produção deste
ácido o pH do material ensilado decresce e microrganismos responsáveis pela deterioração
da silagem são inibidos (Oude Elferink et al., 2000). Segundo Woolford (1990), estes
microrganismos são inibidos pelo efeito dos ácidos produzidos durante a fermentação, pela
pressão osmótica elevada e pela ausência de oxigênio.
A conservação de forragens como silagem envolve um complexo processo
bioquímico e microbiológico, da colheita até sua utilização na alimentação animal. A
forragem ensilada é conservada por meio de fermentações, podendo ser dividida segundo
Oude Elferink et al.(2000), em quatro fases: a) fase aeróbia, b) fase de fermentação ativa, c)
fase estável e d) fase de utilização. O contato com o oxigênio é complexo e se torna
inevitável durante algumas destas fases.
1.3 Tecnologia da Ensilagem
São vários os fatores que causam variações na qualidade da silagem de milho, como a
escolha do híbrido, estádio de maturação na colheita, além de fatores ambientais como tipo
de solo, clima entre outros. Durante a confecção da silagem aspectos ligados ao tamanho
das partículas e altura de colheita das plantas ensiladas afetam o grau de compactação e
consequentemente a condição de anaerobiose obtida, que é essencial no processo de
conservação (Neumann, 2007).
1.3.1 Massa Específica
De acordo com Jobim et al. (2007), o termo densidade, embora internacionalmente
adotado, é indevidamente usado para definir a massa específica (kg de MV ou MS/m
3
) de
4
uma silagem armazenada. A densidade de um corpo é a relação entre as massas específicas
do corpo e de um líquido padrão (água), nas mesmas condições, e é adimensional (não
possui unidade). A massa específica é a razão entre a massa de uma quantidade da
substância e o volume por ela ocupado. Embora a questão possa parecer semântica, os
valores para cada variável são diferentes. Na prática os dois termos são usados como
sinônimos.
Várias metodologias m sendo testadas para avaliação da massa específica (ME) de
silagens, em sua maioria constituída por pesagem da massa de forragem retirada de um
volume conhecido do silo, sendo os valores expressos em kg de MS ou MV/m
3
. A
aplicação de métodos indiretos na avaliação da ME tem sido estudada, visando facilitar
operacionalmente a tomada desses dados em condições de campo. Um dos métodos que
vem sendo testado é o sistema de georadar, utilizado também para estimar a ME de solos,
com base em um radar de penetração que propaga ondas eletromagnéticas de alta
frequência e tem a vantagem de precisar de contato direto com a massa ensilada. Porém,
são métodos ainda em estudo e de difícil acesso.
Diante disso, deve-se buscar alternativas eficientes e de baixo custo que possibilitem
a determinação da ME em silagens de forma fácil e com baixo custo. Nesse contexto, o
grupo de estudos em forragens conservadas da Universidade Estadual de Maringá vem
desenvolvendo pesquisas com uso do penetrômetro para essa finalidade. O penetrômetro é
um equipamento de mais fácil acesso, utilizado normalmente para se determinar a
resistência que o solo oferece a penetração. Os mais comuns consistem de um anel
dinamométrico, uma haste com 1 m de comprimento e um cone de diâmetros variáveis,
menores que o diâmetro da haste. Este aparelho vem sendo estudado como um método
indireto para se indicar a massa específica da silagem.
1.3.2 Estádio de maturidade para colheita e altura de corte
A época de colheita da forrageira para produção de silagem deve obedecer a
parâmetros de produtividade e qualidade. A qualidade da silagem está diretamente
relacionada com a composição química da forragem no momento da ensilagem. Sendo
assim, para cada espécie forrageira, o momento do corte se dá em função do teor de
açúcares solúveis, da umidade e da digestibilidade da matéria orgânica. No caso específico
de silagem de milho, o momento de corte ideal é quando a planta alcançar teor de matéria
5
seca (MS) entre 30% a 35%, e no mínimo de 3% de carboidratos solúveis na matéria
original (Nussio, 2001). Estes teores de MS são obtidos nas plantas de milho no momento
em que a consistência dos grãos estiver variando entre o estádio pastoso e o farináceo duro,
o que corresponde à visualização da linha de leite entre 1/3 e 2/3 (Nussio e Manzano,
1999).
A altura de corte da planta de milho para confecção de silagem é outro ponto
importante a ser considerado. A silagem da parte superior das plantas de milho é indicada
como uma nova opção, sendo obtida mantendo a ensiladeira o mais próximo possível da
espiga com o objetivo de recolher somente a parte superior da planta de milho,
constituindo-se numa silagem com alta participação de grãos na MS, possuindo menor
conteúdo de fibra e maior conteúdo energético (Vasconcelos et al., 2005).
Caetano (2001) avaliando cultivares de planta de milho para ensilagem, sob duas
alturas de corte diferentes, concluiu que a elevação da altura de corte melhorou a qualidade
da forragem, em decorrência da redução da participação das frações colmo e folhas,
havendo como consequência a redução dos componentes da parede celular e aumento nas
proporções de grãos, o que determinou o aumento nos valores de digestibilidade da MS e
dos nutrientes digestíveis totais (NDT).
1.3.3 Tamanho Médio de Partículas
O tamanho em que a forragem é picada esta entre os fatores que definem a qualidade
final da silagem. Menores tamanhos de partícula podem favorecer a fermentação, por
facilitar a compactação, promover maior superfície de contato entre substrato e
microrganismos e disponibilizar mais conteúdo celular (Aguiar et al., 2000). Segundo
McDonald et al. (1991), tamanho de partículas inferior a 20 mm pode atuar positivamente
sobre a disponibilidade de carboidratos solúveis, favorecendo assim o crescimento de
bactérias láticas. Dessa maneira, o abaixamento do pH é mais rápido, com melhor
conservação do valor nutritivo da forragem.
O tamanho da partícula também atua no consumo de matéria seca e na passagem da
digesta pelo trato digestório (Kononoff et al., 2003). Partículas com tamanhos entre 6 e 18
mm permitem uma melhor relação entre fermentação da silagem e ótimo funcionamento do
rúmen (Mahanna & Chase, 2003). Segundo Baumont et al. (1997) o tamanho das partículas
picadas está entre os principais fatores com importância sobre a ingestão de silagens,
6
juntamente com a qualidade de conservação e o teor de matéria seca. Para um teor de MS
de até 35% a 40% a ingestão de silagem aumenta quando a forragem é picada finamente.
Destaca-se que, para silagens de boa qualidade, o aumento no consumo permite reduzir o
uso de alimentos concentrados. Isso resulta em menor custo de produção do leite ou da
carne, com maior margem de ganho líquido.
O tamanho médio de partícula pode ser um fator restritivo ao aumento da massa
específica da silagem. A maior massa específica da silagem facilita a eliminação do
oxigênio, prevenindo aquecimento excessivo e o crescimento de microrganismos aeróbios.
Neumann et al. (2007) estudando o efeito do tamanho de partículas da planta de milho
sobre perdas e valor nutritivo da silagem, verificou que partículas de tamanho pequeno
determinaram maior eficiência de compactação da massa ensilada, diminuindo gradientes
de temperatura e pH na fase de utilização em relação às silagens produzidas a partir de
partículas grandes. É importante também aqui ressaltar, que além do tamanho de partícula,
outros fatores exercem influência sobre a massa específica da silagem, tais como a massa e
o tempo de compactação, taxa de enchimento do silo e o teor de matéria seca da forragem
(Ruppel et al. 1995).
1.3.4 Compactação e Vedação da silagem
A quantidade de ar que penetra na silagem durante o período de fermentação exerce
influência na composição final do produto e na perda de nutrientes. Silos mal compactados
e/ou mal vedados apresentaram perdas de MS e aumento da temperatura da silagem durante
as fases de fermentação e de utilização. Estudos feitos por McDonald et al (1991) em silos
experimentais com diferentes compactações revelaram que houve diferença nos teores de
nitrogênio amoniacal e de lignina, na digestibilidade da MS, na produção de ácidos
orgânicos e nos valores de pH, obtendo uma melhor fermentação da silagem com maior
compactação. A massa específica (ME) é determinante na qualidade final da silagem e
combinada com o teor de MS da forragem determinam a porosidade da massa ensilada, a
qual condiciona a taxa de movimentação do ar e, consequentemente, o potencial de
deterioração durante o período de estocagem e de utilização (Holmes & Muck, 1999).
Existe uma relação inversa da porosidade com a massa específica e o teor de matéria
seca contido na silagem. Pitt & Muck (1993) determinando perdas de matéria seca durante
o período de alimentação, chegaram à conclusão de que as perdas são reduzidas com o
7
aumento da massa específica. Em estudos posteriores estes mesmos autores afirmaram que
perdas de matéria seca são proporcionais a porosidade da silagem (Muck & Pitt, 1994).
Também Ruppel et al. (1995) observaram que perdas durante a estocagem são
inversamente proporcionais aos valores de ME.
Devido à dificuldade de compactação durante o abastecimento, as zonas mais porosas
estão localizadas nas camadas superficiais e laterais do silo. Quanto maior a porosidade da
massa, mais facilmente o ar poderá penetrar no seu interior. Assim, a redução da
porosidade é de fundamental importância para conter a deterioração aeróbia (Bernardes,
2006). Por isso, a compactação é necessária para o estabelecimento de condições de
anaerobiose no interior do silo, estabelecendo relação inversa com a quantidade de O
2
no
silo.
1.4 Estabilidade Aeróbia da silagem
Estabilidade aeróbia é um termo usado para definir a resistência que a massa ensilada
oferece à deterioração após ser exposta ao ar (Kung Jr., 2008). A fase de deterioração
aeróbia se inicia no momento em que o silo é aberto para o fornecimento da silagem aos
animais ou quando o oxigênio penetra no silo por difusão ou por danos físicos no próprio
silo. A presença de O
2
, pela entrada de ar durante o período de estocagem ou na abertura do
silo, favorece o crescimento de microrganismos aeróbios. Esses microrganismos utilizam
vários substratos derivados diretamente da forragem ou indiretamente da fermentação. A
deterioração aeróbia das silagens, ocasionada por fungos filamentosos e leveduras, é
indesejável em razão da grande perda de nutrientes, associada ao baixo consumo voluntário
do material e até mesmo a rejeição completa da silagem pelos animais (McDonald et al.,
1991).
A estabilidade das silagens varia em função de diversos fatores. A temperatura
ambiente, a concentração de carboidratos solúveis, a população de fungos e a concentração
de ácidos orgânicos em interação com o pH são os fatores que mais afetam a estabilidade
das silagens. O aumento do pH após a exposição da silagem ao ar, queda no teor de
carboidratos solúveis e baixa concentração de ácido lático são importantes indicadores da
deterioração da massa ensilada. (Pitt et al., 1991 e Phillip e Fellner 1992). Em temperaturas
inferiores a 10ºC e superior a 40ºC, a silagem poderá apresentar maior estabilidade pela
8
inibição no crescimento de fungos. Contudo, as temperaturas intermediárias favorecem o
desenvolvimento desses microrganismos.
Segundo Jobim e Gonçalves (2003), a fermentação aeróbia mostra-se mais intensa em
silagens bem preservadas e de melhor qualidade, devido aos maiores teores de carboidratos
solúveis residuais e de ácido lático. Os principais substratos utilizados pelos
microrganismos são os açúcares solúveis, os ácidos orgânicos e o etanol, com consequente
aumento do pH, redução na digestibilidade e no conteúdo de energia. O processo de
deterioração pode ser dividido em dois estágios. O início da deterioração se caracteriza pela
utilização dos ácidos orgânicos por leveduras e eventualmente por bactérias produtoras de
ácido acético, causando o aumento do pH e dando início ao segundo estágio de
deterioração, que é caracterizado pelo aumento da temperatura e atividade de
microrganismos que deterioram a silagem, como bacilos, fungos filamentosos e
enterobactérias. Perdas significativas de matéria seca podem ocorrer nesta fase (Oude
Elferink et al. 2000).
Muck e Kung Jr. (1997) estudando a estabilidade aeróbia das silagens aditivadas com
inoculantes bacterianos, destacaram que a estabilidade é afetada pelo pH e pelo ácido
predominante produzido durante a fermentação da silagem. O pH mais baixo produzido
com o uso de inoculante deveria aumentar a estabilidade da silagem. No entanto, a maior
concentração de ácido lático, predominante em silagens decorrentes de fermentação
desejável, parece ser menos inibitória que o ácido acético às leveduras e fungos
filamentosos, causadores do aquecimento e perdas.
De acordo com Rust et al. (1989), o aumento das concentrações de ácido lático,
resultado do aumento da fermentação do tipo homofermentativa, poderia resultar em
silagens menos estáveis à deterioração aeróbia. As leveduras assimiladoras de ácidos
orgânicos consomem ácido lático, elevando o pH da silagem e aumentando os riscos no
desenvolvimento de bactérias oportunistas e de fungos. Ranjit & Kung Jr (2000) estudando
a deterioração aeróbia em silagem de milho observaram perdas de 5,3% da MS existente no
dia da abertura do silo, até o terceiro dia de exposição ao ar. No mesmo período, o pH
aumentou de 3,66 para 5,3 e os teores de acido lático e acético foram reduzidos de 7,72
para 1,35% e de 1,82 para 0,08% na MS, respectivamente. Sendo assim, as perdas que
ocorrem no período de desabastecimento serão influenciadas pela disponibilidade de
9
nutrientes, temperatura ambiente (Ashbell et al., 2002) e pelo tempo de exposição da
silagem ao O
2
(Weinberg & Ashbell, 2003).
1.4.1 Fermentação por Leveduras
As leveduras são microrganismos eucarióticos, anaeróbicos facultativos e
heterotróficos (McDonald et al. 1991), que apresentam crescimento unicelular. Como as
leveduras podem crescer em condições anaeróbias, podem manter altas populações nessas
condições pela fermentação alcoólica dos açúcares (1 glicose 2 etanol + 2 CO
2
+ H
2
O)
(Jobim & Gonçalves, 2003). Sob condições anaeróbias, as leveduras fermentam açúcar a
etanol e CO
2
, reduzindo assim a quantidade de substrato que seria utilizado pelas bactérias
ácido láticas. Em condições de aerobiose, muitas espécies de leveduras degradam ácido
lático a CO
2
e H
2
O, causando um aumento do pH da silagem e promovendo condições para
que outros microrganismos deterioradores se desenvolvam (McDonald et al. 1991).
As leveduras envolvidas com a deterioração aeróbia podem ser classificadas em dois
grupos: as espécies que utilizam ácidos orgânicos (Cândida, Endomycopsis, Hansenula e
Pichia) e as utilizadoras de açúcares que são principalmente as espécies que pertencem ao
gênero Torulopsis (Jonsson & Pahlow, 1984). Os fatores que afetam a sobrevivência de
leveduras, durante a permanência no silo, são o grau de anaerobiose e a concentração de
ácidos orgânicos. Presença de O
2,
baixo pH inicial da cultura e culturas com alto teor de
açúcares são fatores favoráveis á sobrevivência, ao crescimento e à atividade desses
microrganismos (Pereira et al., 2002). Segundo Oude Elferink et al. (2000), as populações
de leveduras na silagem podem chegar a valores de 10
8
ufg /g durante as primeiras semanas
de ensilagem, ocorrendo um decréscimo gradual durante as etapas subsequentes de
armazenagem. Porém, esse decréscimo não ocorre em todas as silagens. Em silagens de
cana-de-açúcar existe a necessidade de utilização de aditivos para inibir a atividade das
leveduras.
1.4.2 Fungos filamentosos
São microrganismos eucarióticos e aeróbios, sendo que algumas espécies podem
tolerar uma atmosfera contendo 10% de CO
2
(Woolford, 1984). Durante o desabastecimento
do silo, o seu desenvolvimento acontece em sucessão ao crescimento das leveduras
(McDonald et al., 1991).
10
Os fungos filamentosos não são significantes em relação à fermentação da silagem,
mas contribuem para as perdas na superfície do silo durante o descarregamento e em casos
de vedação e compactação inadequadas. Na presença de O
2
os fungos metabolizam os
açúcares residuais ou ácidos orgânicos formados (açúcares ou ácidos orgânicos + O
2
→ CO
2
+ H
2
O + calor). Os fungos também podem degradar proteínas com a formação de NH
3
, que
tem ação tamponante, neutralizando os ácidos formados e impedindo assim o abaixamento
do pH (Jobim e Gonçalves, 2003), além de também serem capazes de degradar proteínas,
hidrolisar e metabolizar a celulose e outros componentes da parede celular. Alguns crescem
em silagens onde penetração de ar produzindo toxinas, que podem ser prejudiciais ao
homem e aos animais (Golieb, 1997).
Alguns gêneros tem sido isolados de silagens, incluindo os gêneros Penicillium,
Fusarium, Aspergillus, Mucor, Byssochlamys, Absidia, Arthrinium, Geotrichum, Monascus,
Scopulariopsis and Trichoderma (Oude Elferink et al., 2000). Porém, os deuteromicetos
representados pelos gêneros Fusarium, Aspergillus e Penicillium são considerados os mais
importantes produtores de micotoxinas em alimentos para os humanos e para os animais
(Oldenburg, 1991; Seglar, 1997).
1.5 Uso de inoculantes contendo enzimas e bactérias do ácido lático no
processo de ensilagem
Os inoculantes microbianos são classificados como estimulantes da fermentação, os
quais agem pela adição de culturas bacterianas, constituindo os grupos de aditivos mais
utilizados em todo mundo (McDonald et al. 1991). Os inoculantes bacterianos promovem
uma fermentação rápida e eficiente do material ensilado, com consequente abaixamento do
pH. Além disso, são mais vantajosos que os aditivos químicos por serem mais seguros e
fáceis de usar, não são corrosivos ao maquinário, não poluem o ambiente e são considerados
produtos naturais (Weinberg e Muck, 1996).
Silagens inoculadas com cepas de bactérias do ácido lático (BAL)
homofermentativas, para as quais o ácido lático representa mais de 85% dos produtos finais
do metabolismo, apresentam rápida queda do pH e menor pH final e são consequentemente
melhor preservadas. Contudo, a maioria destes inoculantes possui pequeno efeito sobre a
inibição no desenvolvimento de leveduras, devido ao fato destes maximizarem a produção
de ácido lático e terem baixo acúmulo de ácidos voláteis com propriedades antifúngicas
11
(Kung Jr., 2008). O uso de enzimas que degradam a parede celular como aditivo na silagem
têm sido considerado sob dois pontos de vista: primeiro, como um meio de aumentar a
disponibilidade de carboidratos solúveis como substrato para as BAL; segundo, como um
método de aumentar a digestibilidade da matéria orgânica (MO) da forragem (Henderson,
1993). Segundo Van Soest (1994), a fração fibra em detergente neutro (FDN) da forragem
nem sempre é reduzida e o aumento na disponibilidade de carboidratos solúveis (CS) pode
promover a fermentação lática. No entanto, o acúmulo de CS, que podem ser
oligossacarídeos pobremente utilizados pelas BAL irão favorecer a fermentação ruminal.
Somando-se a isto, as bactérias que degradam a parede celular aumentam a taxa inicial de
fermentação (reduz o lag-time), mas não a extensão da fermentação.
Silva et al. (2002) avaliando o padrão fermentativo de silagens de milho e de sorgo,
em silos experimentais, tratadas com inoculantes comerciais SILOBAC
®
contendo
Lactobacillus plantarum, Lactobacillus sp., Enterococcus faecium, Enterococcus sp.e
Pediococcus sp. e MAIZE-ALL
®
contendo E. faecium, L.plantarum, Pediococcus
acidilactici, e enzimas amilolíticas, celulolíticas e proteolíticas, concluíram que as silagens
resultantes eram de boa qualidade, por apresentarem baixos valores de pH, de nitrogênio
amoniacal/N total e de ácido butírico e altos teores de ácido lático. Muck e Kung Jr. (1997)
relataram em uma revisão, os resultados de estudos realizados com o uso de inoculantes
contendo bactérias láticas entre os anos de 1990 a 1995, onde os inoculantes se mostraram
relativamente eficientes em melhorar a fermentação da silagem. No entanto, a menor
percentagem dos estudos indicou melhoria da estabilidade aeróbia das silagens inoculadas.
Rodrigues et al. (2002) avaliando o efeito dos inoculantes Sil-All produto à base de
Streptococcus faecium, Pediococcus acidilactici e Lactobacillus plantarum, bem como,
amilase, hemicelulase e celulase, SiloBac produto à base de L. plantarum, S. faecium e
Lactobacillus sp. e Pioneer 1174 produto à base de S. faecium e L. plantarum sobre a
silagem de sorgo, não obtiveram nenhuma melhora na composição química, perfil de
fermentação ou estabilidade aeróbia dessa silagem.
12
LITERATURA CITADA
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OBJETIVOS GERAIS
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a estabilidade
aeróbia de silagens de milho produzidas em diferentes condições e o uso ou não de lona
preta para proteção do painel silo durante a fase de utilização da silagem. Buscou-se
também desenvolver um método alternativo para estimar a massa específica da silagem
com utilização do penetrômetro.
Capítulo 1
INFLUÊNCIA DA PROTEÇÃO DO PAINEL DO SILO DURANTE O PERÍODO DE
UTILIZAÇÃO NAS CARACTERÍSTICAS DE SILAGEM DE MILHO
RESUMO
O objetivo do estudo foi avaliar o efeito do emprego de lona plástica para proteção
do painel do silo durante o período de utilização da silagem e os possíveis efeitos nas
suas características. O estudo foi realizado em silo tipo trincheira, com silagem
produzida a partir de um híbrido de milho DKB 789. Durante o período de utilização da
silagem metade do painel foi coberto com lona e a outra metade foi mantida descoberta.
Cada umas das partes do painel foi dividida em três estratos: estrato superior, mediano e
basal do painel do silo. O teor de MS na metade do painel protegida com lona preta foi
superior a metade sem proteção, com médias de 30,92 e 32,26% de matéria seca (MS)
respectivamente. Os valores de matéria orgânica (MO) e de carboidratos não estruturais
(CNE) observados no estrato superior foram inferiores aos valores encontrados nos
estratos mediano e basal nas duas partes do painel. As populações de fungos
filamentosos e de leveduras foram semelhantes entre a parte do painel coberta e
descoberta do silo e os estratos estudados. A menor massa específica e a menor
resistência a penetração do cone metálico foi para o estrato superior, que diferiu
estatisticamente dos demais estratos. O uso de lona plástica preta para proteção do
painel do silo durante o período de utilização da silagem de milho contribui para o
aumento da temperatura no painel, não favorecendo a estabilidade aeróbia da silagem.
Visto que houve alta correlação positiva entre a resistência à penetração do cone
metálico e kg de silagem/m
3
o penetrômetro pode ser utilizado como método indireto na
avaliação da massa específica de silagem de milho.
Palavras-chave: estratos, estabilidade aeróbia, massa específica, penetrômetro,
termografia
17
INFLUENCE OF THE SILO PROTECTION PANEL DURING THE FEED PERIOD
IN CHARACTERISTICS OF CORN SILAGE
ABSTRACT
The objective was to evaluate the effect of the use of plastic tarp to protect the
panel silo during the use of silage and the possible effects on their characteristics. The
study was conducted in trench silo with corn silage produced from the hybrid corne
DKB 789. During the use of silage half of the panel was covered with canvas thus
establishing The Treatment 1 and the other half was kept discovering, defining the
Treatment 2. Each of the panel was divided into three layers: upper layer, middle and
basal panel of the silo. The DM content in the middle of the panel that was protected
with black canvas was higher than the half that was unprotected, with averages of 30.92
and 32.26% respectively. The values of organic matter (OM) and non-structural
carbohydrates (NSC) were observed in the upper stratum were lower than the values
found in the basal and middle strata in the two parts of the panel. The populations of
filamentous fungi and yeasts were similar between the panel covered and uncovered and
the strata studied. The lower density and lower resistance to penetration of the metal
cone was for the superior stratum, which differed statistically from the other strata. The
use of black plastic tarp for protection of the silo during the use of corn silage
contributes to increase the temperature in the panel, not favoring the aerobic stability
of silage. Since there was a high positive correlation between the penetration resistance
of the metal cone and kg of silagem/m
3
the penetrometer can be used as indirect method
in assessing the density of corn silage.
Keywords: aerobic stability, penetrometer, specific mass, stratum, thermography
18
INTRODUÇÃO
Ensilagens de culturas forrageiras com alto teor de matéria seca, compactação
inadequada e baixas taxas de fermentação favorecem o desenvolvimento de leveduras e
de fungos filamentosos no silo. Muito se tem feito com a intenção de melhorar o
processo fermentativo das forragens, no entanto, forragens bem conservadas têm
apresentado problemas de estabilidade aeróbia em consequência da entrada de ar no silo
durante a fase de utilização.
Silos horizontais são economicamente atrativos para o armazenamento de
forragens sob a forma de silagem, porém suas conformações permitem grande
superfície de exposição e de trocas gasosas com o ambiente, o que torna as silagens
mais vulneráveis as perdas (Bolsen et al.1993). A exposição ao oxigênio proporciona o
crescimento de microrganismos aeróbios e aeróbios facultativos que sobreviveram
inativos na ausência do oxigênio. Essa fase está associada com as perdas de nutrientes e
é definida como deterioração aeróbia, na qual, tipicamente, picos de temperatura são
observados em função da atividade de leveduras e fungos filamentosos (Nishino et al.,
2003). A deterioração aeróbia das silagens, além da redução do valor nutritivo, pode
aumentar o risco de proliferação de microrganismos potencialmente patogênicos
(Driehuis et al., 2001). Diante deste fato, nos últimos anos têm ocorrido um crescente
interesse em melhorar a estabilidade aeróbica das silagens.
É comum nas propriedades o uso de lona plástica para proteção do painel do silo,
dos danos provocados pela chuva e pela luz solar durante o manejo diário da silagem.
No entanto, a adoção de técnicas como esta, ao invés de prolongarem a estabilidade
aeróbia da silagem podem estar favorecendo e acelerando o processo de deterioração.
Em geral, a luz solar direta, devido à radiação ultravioleta, é elemento fungicida. A lona
preta inibe a incidência da luz diretamente sobre a silagem, além de propiciar um
ambiente mais úmido e com temperaturas mais elevadas, o que pode favorecer o
crescimento de mofos, podendo assim resultar em maior deterioração da silagem.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da proteção ou não do
painel do silo com lona plástica sobre algumas características da silagem de milho
durante o período de utilização. Buscou-se também testar o uso do penetrômetro como
método indireto para se estimar a massa específica de silagens.
19
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental de Iguatemi da
Universidade Estadual de Maringá UEM. O estudo foi realizado em silo tipo
trincheira, com dimensões de 7,0 m de base por 2,4 m de altura e 20 m de comprimento
equivalendo a uma superfície de 16,8 m
2
. Para confecção da silagem utilizou-se o
híbrido DKB 789, com plantio em outubro de 2006 e colheita em fevereiro de 2007. A
colheita do milho foi feita com a ensiladeira JF 90Z10, regulada para corte de 5 a 6 mm
de tamanho de partícula. Em agosto de 2007 o silo foi aberto e manejado diariamente
para alimentação do rebanho leiteiro.
Para aplicação dos tratamentos o painel do silo foi dividido em duas partes iguais
(8,4 m
2
). Diariamente era retirada uma camada de aproximadamente 20 cm de silagem
para alimentação dos animais. Após esta utilização diária, metade do painel era coberto
com lona e a outra metade era mantida descoberta. Cada parte do painel do silo foi
dividido em três estratos verticais, sendo: (estrato superior = profundidade de 0 a 80 cm,
mediano = profundidade de 80 a 160 cm e basal = profundidade de 160 a 240 cm). O
período determinado para as avaliações foi de três dias por semana, durante seis
semanas (6 de agosto a 14 de setembro de 2007), definidas como repetições no tempo.
Com o objetivo de identificar as regiões do painel do silo com maior atividade
microbiológica e consequente maior deterioração da silagem, foram coletados dados de
temperatura da silagem, em 36 pontos de cada uma das partes do painel (Figura 1). O
monitoramento da temperatura no painel do silo foi feito com uso de termômetro digital
(Gulterm 1001) a uma profundidade de 10 cm, no momento da retirada das amostras,
em três dias da semana, durante cinco semanas. Os dados obtidos foram alocados em
planilha do programa Excel e posteriormente produzidas imagens com escala
calorimétricas utilizando o software Surfer, segundo a metodologia utilizada por
Bernardes (2006).
20
X= largura do painel do silo (cm)
Figura 1. Metodologia utilizada na leitura das temperaturas do painel do silo
.
Na Figura 2, estão apresentadas as médias da temperatura ambiente durante as
cinco semanas do período de avaliação.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Temperatura Ambiente MédiaC)
1 2 3 4 5
Semanas
Figura 2. Temperatura ambiente média durante o período de avaliação no painel do silo.
Nos dias referentes às avaliações de temperatura eram tomadas amostras dos
estratos superior, mediano e basal do painel com proteção e do painel sem proteção da
lona preta, as quais eram divididas em duas subamostras. A primeira subamostra foi
encaminhada ao Laboratório de Nutrição Animal de DZO-UEM. As amostras foram
secas em estufa com ventilação forçada a 55ºC por 72h, moídas em moinho tipo faca,
com peneira de malha 1mm e armazenadas em potes plásticos devidamente
identificados e enviadas ao laboratório para determinação de matéria seca (MS), matéria
mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e extrato etéreo
(EE) conforme os métodos descritos por Silva e Queiroz (2002). O teor de carboidratos
10
50
95
135
170
200
cm 10 70 130 190 250 310 X/2
21
não fibrosos (CNF) foi determinado segundo Sniffen et al. (1992) pela equação: CNF =
MO – (PB + EE + FDNcp), onde FDNcp é a FDN corrigida para cinzas e proteína.
A segunda subamostra retirada foi utilizada para determinação do pH. Para
determinação dos valores de pH foram diluídas vinte e cinco gramas de silagem fresca
de cada amostra em 250 mL de água destilada e posterior leitura do pH com uso de
potenciômetro, segundo Cherney & Cherney (2003). Uma vez por semana uma terceira
porção era retirada para determinação da população de fungos filamentosos e de
leveduras. Desta terceira porção coletada de cada estrato foi retirada uma subamostra
de 100 g, a qual foi misturada com 900 mL de solução salina a 0,85% e agitada, de
acordo com a metodologia descrita por Jobim et al. (2007). Em seguida foram levadas
ao Laboratório de Microbiologia-Departamento de Farmácia da UEM. A partir do
extrato obtido foram preparadas diluições decimais de 10
-1
a 10
-6
. As contagens totais
de fungos filamentosos e leveduras foram realizadas tomando-se 0,1 mL de cada
diluição em duplicata, espalhando com alça de Drigalsky no meio Sabouraud Dextrose
composto de peptona bacteriológica (5 g/L), hidrolizado enzimático de caseína (5 g/L),
dextrose (40 g/L) e ágar (15 g/L)
, acrescido de cloranfenicol (0,1%). As placas foram
incubadas a 28 ºC e a contagem total foi realizada após 24-168 horas de incubação.
Foram consideradas passíveis de contagem as placas com valores entre 30 e 300
unidades formadoras de colônia (ufc).
O tamanho médio de partículas (TMP) e a massa específica (ME) foram
determinados para os três estratos do painel do silo (superior, mediano e basal). Para
determinar o TMP foram coletadas amostras no painel do silo, com três repetições para
cada uma das partes do painel, e utilizada à metodologia proposta pela Pen State
University e adaptada por Mari & Nussio (2002).
Para avaliação da ME foram realizadas vários procedimentos durante duas
semanas consecutivas. A ME foi determinada por duas metodologias, primeiro segundo
descrito por Holmes & Muck (1999) e Schmidt (2006), onde um cilindro metálico com
5,6 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento, com borda cortante serrilhado, foi
introduzido na massa ensilada por meio de rotação. A profundidade utilizada para o
cálculo do volume de amostra retirada foi medida com uma régua no orifício deixado no
painel do silo após a retirada do cilindro. A ME da silagem obtida com uso do cilindro
foi determinada para o material verde e para o material seco (55ºC/72 horas). Uma
segunda metodologia foi proposta para avaliação da ME por meio de método indireto
com uso de um penetrômetro, utilizado para se estimar a resistência do solo à
22
penetração em estudos de compactação do solo. Com uso do aparelho mediu-se a
resistência oferecida pela massa da silagem à penetração de um cone metálico, em pelo
menos 12 pontos em cada estrato do silo e em cada metade do painel. Para isto, o cone
metálico foi empurrado para dentro da massa ensilada, em posição horizontal ao painel
do silo, com uma constante de velocidade de aproximadamente 2 cm/s até a haste, tendo
penetrado 0,9 m na silagem. Foi obtida a leitura da máxima resistência em kgf e
posteriormente corrigida para superfície do cone obtendo o valor em MPa. Em seguida
os valores de resistência ao penetrômetro foram correlacionados com os valores de ME
obtidos com o uso do cilindro metálico por meio de regressão e estimada a ME da
silagem.
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com seis
repetições no tempo, em esquema fatorial 2 (metade coberta e metade descoberta do
painel) x 3 (estratos) com seis repatições no tempo, de acordo com o seguinte modelo:
Yijk=µ +Ti + Ej + TEij + eijk
Em que: µ= média geral; Ti = efeito das metades do painel (i = 1 a 2), Ej = efeito
dos estratos (1 a 3); TEij= interação metades do painel e estrato, eijk = erro associado à
observação Yijk.
Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e suas médias
comparadas por meio do teste Tukey a 5% de probabilidade. A relação entre a massa
específica e a resistência à penetração ao cone metálico foi feita por regressão. Utilizou-
se o pacote estatístico SAEG (1998).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como pode ser observado (Figura 2) a temperatura ambiente não apresentou
grandes variações durante o período de avaliação, permanecendo estável na faixa entre
15-20ºC. Permitindo assim condições uniformes de temperatura para o desenvolvimento
dos microrganismos durante todo o período de estudo.
23
10
80
160
200
Figura 3. Termografia do painel do silo com e sem proteção, durante cinco semanas de
avaliação.
Semana 1
Semana 3
Semana
4
Semana
2
Painel sem proteção
Painel com proteção
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
ºC
10 70 130 190 250 310 cm
Semana 5
Mediano
Basal
Superior
24
A termografia do painel do silo não apresentou grandes alterações no decorrer
das cinco semanas avaliadas (Figura 3). A área do painel protegida pela lona plástica
durante a fase de utilização, apresentou uma região com temperaturas elevadas, onde em
alguns pontos na quinta semana, a temperatura chegou a 43ºC, principalmente na
camada superior. A elevação de temperatura na silagem é um importante indicador de
deterioração aeróbia e da atividade de oxidação por parte das leveduras e fungos
filamentosos (McDonald, 1991).
As temperaturas mais elevadas na metade do painel protegida com lona plástica e
no estrato superior podem ser atribuídas à atividade de microrganismos indesejáveis.
Essa maior atividade microbiana resultou em aumento de temperatura e menores teores
de matéria seca (MS), de matéria orgânica (MO) e de carboidratos não estruturais
(CNE). Bernardes (2006) também encontrou temperaturas mais elevadas para a zona
mais periférica do silo ao avaliar as características da silagem de milho em duas regiões
do silo tipo trincheira.
Observou-se diferença (p<0,05) entre as metades do painel do silo, para os teores
de MS da silagem e não houve efeito dos estratos sobre esta variável. Já as contagens de
fungos filamentosos e de leveduras não mostraram efeito da proteção do painel do silo e
dos estratos estudados (Tabela 1).
Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), populações de fungos filamentosos e de
leveduras e valores de pH no painel do silo com e sem proteção e nos três
estratos superior (S), mediano (M) e basal (B)¹
¹Médias na mesma linha, seguidas de diferentes letras, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade
EI = efeito da interação tratamento e estrato
ns = não significativo; * (P< 0,05)
CV: coeficiente de variação
Variáveis Tratamentos Estratos EI CV
(%)
Vedado Não Vedado
S M B T E TxE
MS (%)
Fungos Fil.
(log ufc/g)
Leveduras
(log ufc/g)
pH
30,92b 32,26a
3,35a 2,60a
4,58a 4,13a
3,79a 3,78a
31,58a 32,06a 31,14a
3,31a 2,30a 2,30a
5,28a 3,62a 3,95a
3,84a 3,79a 3,73b
* ns ns
ns ns ns
ns ns ns
ns * ns
5,05
14,97
23,85
2,09
25
O teor de MS na metade do painel do silo protegida com o uso de lona preta foi
inferior (p<0,05) a metade sem proteção, com médias de 30,92% e 32,26% de MS
respectivamente. Esse resultado pode ser atribuído a ação direta da radiação solar e do
vento no painel do silo sem proteção da lona, facilitando a evaporação da água.
Apesar de não mostrar diferença estatistica (p>0,05), a metade do painel do silo
com proteção assim como o estrato superior da silagem, apresentaram maiores
populações de fungos com médias de 3,35 e 3,31 log ufc/g e leveduras de 4,58 e 5,28
log ufc/g, respectivamente, quando comparados com a metade do painel sem proteção e
aos estratos mediano e basal. Esta maior população de fungos filamentosos e de
leveduras na silagem do painel do silo protegido com lona preta pode ser explicada, o
uso da lona favorece o desenvolvimento desses microrganismos, principalmente os de
mofos, por proporcionar um ambiente úmido, quente e sem incidência direta da luz
solar. Silagens com mais de 10
5
ufc/g MS de leveduras parecem ser mais susceptíveis a
deterioração (Honig & Woolford, 1980), porém esse fato não determina que silagens
com menores populações de leveduras também não possam ser deterioradas
rapidamente.
A atividade microbiológica no painel do silo, durante a fase de utilização, pode
levar a alterações na composição química da silagem. No presente estudo, embora não
tenha sido observado alterações significativas nas populações de fungos filamentosos e
de leveduras, foram encontradas diferenças (p<0,05) nos teores de CNE, MO e MM,
com interação estratos x metades do painel do silo, conforme se observa na Tabela 2.
26
Tabela 2. Teores de matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), e carboidratos não
estruturais (CNE) na MS dos estratos superior (S), mediano (M) e basal (B)
das silagens com e sem proteção do painel.
Tratamentos
Estratos
Variáveis
CNE % MO % MM %
Protegido
S 30,16b 94,82b 5,18a
M 38,17a 95,72a 4,28b
B 36,99a 95,43a 4,57b
Média 35,11 95,32 4,67
Não Protegido
S 32,87b 94,91c 5,09a
M 34,97ab 95,35b 4,65b
B 38,22a 95,92a 4,08c
Média 35,35 95,39 4,61
Média Geral 35,23 95,35 4,64
CV (%) 11,19 0,41 8,43
Médias na mesma coluna, seguidas de diferentes letras, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade
O estrato superior apresentou os menores (p<0,05) teores de CNE e de MO nas
duas metades do painel do silo, o que evidencia a ocorrência de maiores perdas de
compostos não estruturais em relação aos estratos mais profundos no silo. O menor teor
de CNE e de MO observado nos estratos superficiais, concomitante com uma maior
presença de fungos e leveduras, pressupõem maior consumo de carboidratos solúveis
residuais durante a fase de utilização da silagem.
o teor de MM foi maior (p<0,05) no estrato superior, nas duas metades do
painel do silo. Isso pode ser explicado pelas perdas de MO, normalmente mais elevadas
na superfície do silo, devido à dificuldade de compactação durante o abastecimento. A
maior atividade microbiológica nessa área do silo, reduz o teor de MO e em
consequência eleva o teor de MM.
Normalmente as regiões periféricas dos silos apresentam maior concentração de
microrganimos. Vissers et al. (2007) observaram concentrações de mofos e leveduras
significativamente superiores na camada superficial de silagens de milho. Também
Guim et al. (2002) avaliando a estabilidade aeróbia de silagens de capim-elefante em
três profundidades, notaram que as silagens das camadas inferiores do silo
apresentaram menor contagem de leveduras (6,00 log ufc/g MS), (p<0,01) que as das
camadas intermediárias e superficiais (6,77 e 6,42 log ufc/g MS, respectivamente), que
não diferiram entre si.
27
Os estratos mediano e basal do painel do silo apresentaram os maiores (p<0,05)
valores de massa específica (ME), não diferindo entre si tanto para massa específica do
material seco (MEms) quanto para a massa específica do material verde (MEmv)
(Tabela 3).
Tabela 3. Massa específica calculada com base na matéria seca (MEms) e na matéria
verde (MEmv) utilizando cilindro, resistência da massa ensilada à penetração
do cone metálico (PCM) e tamanho médio de partículas (TMP) nos diferentes
estratos do painel do silo.
Estratos MEms (kg/m
3
) MEmv (kg/m
3
) PCM (MPa) TMP (cm)
Superficial 129,17b 411,06 b 0,82 b 4,19a
Mediana 200,35a 622,40 a 1,23 a 4,17a
Basal 179,14a 569,69 a 1,22 a 2,63b
Média 169,55 534,38 1,09 3,66
Médias na mesma coluna, seguidas de diferentes letras, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade
Em relação ao TMP (Tabela 3), constatou-se que o estrato basal apresentou os
menores tamanhos de partícula, diferindo dos demais estratos (p<0,05). Porém foi o
estrato mediano que apresentou quantitativamente a maior massa específica. Assim fica
evidente que nas condições deste estudo o TMP teve pequena influência no grau de
compactação dos diferentes estratos do painel do silo. O menor TMP no estrato basal
pode ser explicado por fatores de manejo no corte e carregamento do silo, como por
exemplo a menor eficiência de corte das facas picadoras com o tempo de uso na
colheita.
A ME média observada está coerente com os valores normalmente observados
em silos de fazenda. A maior ME nos estratos inferiores do silo se deve ao efeito da
maior compactação exercida pelo peso da massa da forragem. Estes valores estão
coerentes com as observações em relação a população de fungos filamentosos e de
leveduras e a concentração de CNE (Tabelas 1 e 2), uma vez que são fatores
influenciados pela ME da silagem. A menor ME encontrada foi para o estrato
superficial, que diferiu dos demais estratos com uma média de 129,17 Kg/m
3
expressa
na MS e como se supunha foi também o estrato que ofereceu a menor resistência a
penetração do cone metálico (0,82 MPa). Também Vissers et al. (2007), utilizando o
penetrômetro para inferir sobre a compactação da silagem, encontrou diferença
significativa entre as camadas da silagem, obtendo na camada superficial os menores
28
valores de resistência a penetração com uma média de 2,45 MPa
comparada com 9,42
MPa de resistência oferecida no estrato médio da silagem.
O estrato superior do painel do silo além de apresentar a menor ME, também
mostrou as maiores populações de fungos filamentosos e de leveduras e como
consequência da atividade destes microrganismos deterioradores as maiores
temperaturas e os menores teores de MS, MO e CNE para as metades com e sem
proteção do painel do silo. Isto se deve ao fato de que durante o período de estocagem e
após a abertura do silo, o estrato superior estar mais susceptível a penetração de ar,
como foi confirmado pelos dados de compactação, a menor ME, aliada à proximidade
do filme plástico, possibilita maior troca gasosa, favorecendo um maior fluxo de
oxigênio nesta camada e permitindo maior crescimento microbiano.
A quantidade de ar que penetra na silagem durante o período de fermentação
exerce influência na composição final do produto e na perda de nutrientes. Silos mal
vedados e mal compactados apresentam maiores perdas de MS e aumento da
temperatura da silagem. Williams et al. (1997) usando modelos matemáticos para
calcular perdas de MS durante o período de estocagem de silagens de gramíneas,
chegou a uma média de perdas de 2,4 g/kg para uma silagem com 504 kg/m
3
de ME e
8,2 g/kg de perdas para outra silagem com 418kg/m
3
de ME.
Houve relação linear e positiva entre a ME da silagem e a resistência à penetração
do cone metálico. Constatou-se que à medida que aumentou a resistência à penetração
do cone, maior foi a ME (Figura 4).
y = 109,29x + 50,08
R
2
= 0,6741
y = 357,17x + 142,6
R
2
= 0,7334
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
Resistência à Penetração do Cone Metálico (MPa)
Massa Específica (Kg/m
3
)
material seco
material verde
Figura 4. Relação entre massa específica da silagem (kg/m³) e resistência à penetração
do cone metálico (MPa).
29
Constata-se também que a estimativa da ME com uso do penetrômetro tem maior
precisão quando expressa na matéria verde, uma vez que 73,34% da variação de ME da
silagem foi explicada pela resistência à penetração do cone metálico, contra 67,41%
com uso da MS.
A correlação entre a ME do material seco (MEms) e a ME do material verde
(MEmv) obtidas com uso do cilindro, foi alta e positiva. Quando estas variáveis foram
correlacionadas com a resistência da massa ensilada à penetração do cone metálico
(PCM) a correlação também se apresentou alta e positiva (Tabela 4). Isto demonstra que
para o cálculo da ME tanto o peso seco como o peso verde podem ser utilizados.
Tabela 4. Coeficientes de correlação (r) existentes entre a ME da material seco (MEms),
ME do material verde (MEmv) determinados com uso do cilindro e resistência
da massa ensilada à penetração do cone metálico (PCM).
MEmv MEms PCM
MEmv 1,0 0,98 0,85
MEms 1,0 0,82
PCM 1,0
CONCLUSÕES
O uso de lona plástica preta para proteção do painel do silo durante o período de
utilização da silagem de milho contribui para o aumento da temperatura no painel, não
favorecendo a estabilidade aeróbia da silagem. A camada superficial apresenta menor
massa específica e tem maior atividade microbiológica durante a exposição ao ar, com
consequente elevação da temperatura da silagem. O penetrômetro pode ser utilizado
como método indireto na avaliação da massa específica de silagem de milho, visto que
houve alta relação positiva entre a resistência à penetração do cone metálico e kg de
silagem/m
3
.
30
LITERATURA CITADA
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Capítulo 2
ESTABILIDADE AERÓBIA E MASSA ESPECÍFICA DE SILAGENS DE MILHO
EM DUAS ALTURAS DE CORTE DURANTE O PERÍODO DE UTILIZAÇÃO
RESUMO
O experimento foi conduzido com o objetivo avaliar o efeito do inoculante enzimo
bacteriano e da altura de corte das plantas para ensilagem, sobre a estabilidade aeróbia
de silagens de milho armazenadas em silos trincheira. Foram avaliadas as seguintes
silagens: altura de corte de 20 cm e sem adição do inoculante, altura de corte de 40 cm e
sem a adição do inoculante, altura de corte de 20 cm e com inoculante e altura de corte
de 40 cm e com adição do inoculante. O inoculante comercial empregado foi o Maize-
All
®
, produto à base de Lactobacillus plantarum, Enterococcus faecium, Pediococcus
acidilactici, amilase, celulase e enzima hemicelulolítica. Em cada silagem o painel do
silo foi dividido em três estratos: estrato superior, mediano e basal. Não foi observado
efeito significativo do inoculante e das alturas de corte sobre a população de fungos
filamentosos e leveduras nas silagens e nos estratos do painel do silo. Na silagem
inoculada e com altura de corte de 40 cm foram encontradas extensas faixas de
temperaturas elevadas. O uso do inoculante enzimo- bacteriano e as diferentes alturas de
corte não proporcionou nenhuma melhora na estabilidade aeróbia das silagens testadas.
A correlação entre os dados de massa específica estimados pela resistência a penetração
do cone metálico à massa ensilada e os dados de massa específica observados foi alta e
positiva, sendo assim possível utilizar o penetrômetro como método indireto na
determinação da massa específica de silagens.
Palavras- chave: inoculante, leveduras, termografia
33
AEROBIC STABILITY AND SPECIFIC MASS OF CORN SILAGE IN TWO CUT
HEIGHTS DURING THE FEED PERIOD
ABSTRACT
The experiment was carried out with the objective of assessing the bacterial
enzyme inoculant effect and the plants cutting height for silage over the aerobic stability
of corn silage stored in trench silo. The following silages were evaluated: 20cm cut
height without adding the inoculant, 40cm cut height without adding the inoculant,
20cm cut height with the addition of the inoculant and 40cm cut height with the addition
of the inoculant. The commercial inoculant used was Maize-all
®
, basically constituted
of Lactobacillus plantarum, Enterococcus faecium, Pediococcus acidilactici, amylase,
cellulose and hemicellulase enzyme
. Each silage was divided in three layers: superior,
middle and baseline extracts of the bunker panel. There was no significant inoculant and
cutting heights effect over the population of filamentous fungi and yeasts in silages and
stratums panel of the silo. On the inoculated silage with 40 cm cutting height were
found extensive ranges of high temperatures. The correlation between the specific mass
values estimated by the metallic cone penetration resistance and the specific mass
values observed was high and positive, therefore it is possible to use the penetrometer as
an indirect method to determine the silage specific mass.
Keywords: inoculant, yeasts, thermography
34
INTRODUÇÃO
A qualidade da silagem depende da eficiência do processo fermentativo anaeróbio
e das condições que a determinam: umidade, temperatura, presença de oxigênio,
concentração de carboidratos solúveis e características particulares da composição
físico-química da planta ensilada, podendo proporcionar a obtenção de silagens com
variados valores nutritivos a partir do mesmo tipo de forragem (Neumann, 2001). A
altura de corte da planta de milho para confecção de silagem é um fator importante a ser
considerado. A possibilidade de manipulação do processo de colheita do milho para
ensilagem permite que se produza silagem da parte superior das plantas de milho, com
maior participação de grãos na massa ensilada, em detrimento da participação de
colmos e folhas senescentes, apresentando fibras mais digestíveis e de maior conteúdo
energético
(Nussio, 2001).
Com o objetivo de minimizar as perdas decorrentes da ensilagem, otimizar o
processo fermentativo, reduzir a deterioração aeróbia e preservar o valor nutritivo, tem
sido utilizados inoculantes enzimo-bacterianos na ensilagem (Harrison & Blauwiekel,
1994).
O uso de enzimas que degradam a parede celular como aditivo na silagem tem
sido considerado como um meio de aumentar a disponibilidade de carboidratos solúveis
como substrato para as bactérias do ácido lático (BAL) e como um método de aumentar
a digestibilidade da matéria orgânica (MO) da forragem (Henderson, 1993). O principal
efeito da adição de bactérias homoláticas na ensilagem é a rápida diminuição do pH,
resultando em silagens melhor preservadas. Contudo, silagens bem preservadas podem
apresentar maiores problemas de deterioração aeróbia. Isto pelo fato destas silagens
apresentarem altas concentrações de ácido lático e de carboidrato solúvel residual,
servindo como substrato para o desenvolvimento de microrganismos que atuam na
deterioração aeróbia e também por conterem baixas concentrações de ácido acético,
importante inibidor do crescimento de leveduras (McDonald et al, 1991). Em vista
disso, é
importante que se busque saber mais a respeito da influência da adição de
aditivos enzimo- bacterianos sobre as características de fermentação e estabilidade
aeróbia da silagem, que a baixa estabilidade aeróbia representa perdas de forragem
resultando em aumento nos custos de sua produção.
35
Outro fator de grande relevância na estabilidade aeróbia da silagem é a massa
específica (ME), uma vez que existe relação direta com a porosidade da silagem e a
atividade de microrganismos deterioradores. Na avaliação da ME de silagens são
utilizados alguns métodos tradicionais. Porém, em virtude da dificuldade de se proceder
a avaliação da ME com o uso destes métodos a aplicação de métodos indiretos vem
sendo testada, visando facilitar operacionalmente a tomada desses dados em condições
de campo (Jobim et al., 2007).
Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do inoculante enzimo-bacteriano
e da altura de corte sobre a estabilidade aeróbia e sobre a massa específica de silagens
de milho. Buscou-se também estimar a massa específica das silagens com o uso do
penetrômetro.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI) da
Universidade Estadual de MarinUEM. O estudo foi realizado em quatro silos tipo
trincheira revestidos, com dimensões de 3,80 m de base por 1,10 m de altura (4,18 m
2
) e
13 m de comprimento, equivalendo a um volume de 54,34 m
3
. Para confecção da
silagem utilizou-se o híbrido DKB 789, com plantio em novembro de 2007 e colheita
em fevereiro de 2008. A colheita do milho foi feita com a ensiladeira JF90Z10, regulada
para corte de 11 a 13 mm para tamanho de partícula. Em maio de 2008 os silos foram
abertos e manejados diariamente para alimentação do rebanho de corte da FEI.
As silagens foram divididas em: Silagem 1.) com altura de corte do milho de 20
cm e sem adição do inoculante; Silagem 2.) com atura de corte de 40 cm e sem a adição
do inoculante; Silagem 3.) com uma altura de corte de 20 cm e com inoculante e
Silagem 4.) com altura de corte de 40 cm e com adição do inoculante. Diariamente eram
retiradas camadas de aproximadamente 15 cm de silagem de cada silo para alimentação
de bovinos confinados. Para as silagens com inoculante, o produto comercial
empregado foi o Maize-All
®
, produto a base de Lactobacillus plantarum, Enterococcus
faecium na concentração de 10 x 10
11
ufc/g do produto e Pediococcus acidilactici na
concentração de 1 x 10
11
ufc/g, bem como amilase, celulase e enzima hemicelulolítica.
O inoculante foi adicionado de acordo com as recomendações do fabricante (250 g para
cada 50 t de forragem), com diluição de 250 g em 50 litros de água. Em cada silo o
painel foi dividido em três estratos, sendo: (estrato superior = profundidade de 0 a 35
36
cm, estrato mediano = profundidade de 35 a 70 cm e estrato basal = profundidade de 70
a 105 cm).
Uma vez por semana foram coletados dados de temperatura da silagem e tomadas
amostras dos estratos superior, mediano e basal no painel de cada silo, as quais eram
divididas em três porções para determinação do pH, do teor de matéria seca e da
população de fungos filamentosos e leveduras.
Para determinação dos valores de pH foram diluídas vinte e cinco gramas de
silagem fresca de cada amostra em 250 mL de água destilada e posterior leitura do pH
com uso de potenciômetro, segundo metodologia de Cherney & Cherney (2003). As
análises químicas foram realizadas no laboratório de nutrição animal do DZO-UEM. As
amostras secas foram moídas em moinho do tipo faca, com malha 1 mm e armazenadas
em potes plásticos devidamente identificados e enviadas ao laboratório para
determinação de matéria seca e cinzas.
Da terceira porção coletada de cada estrato foram retiradas subamostras de 100 g,
as quais foram misturadas com 900 mL de solução salina a 0,85% e agitadas, de acordo
com a metodologia descrita por Jobim et al. (2007). As amostras foram levadas ao
laboratório de microbiologia para determinação da população de fungos filamentosos e
de leveduras. A partir do extrato obtido foram preparadas diluições decimais de 10
-1
a
10
-6
. As contagens totais de fungos filamentosos e leveduras foram realizadas tomando-
se 0,1 mL de cada diluição em duplicata, espalhando com alça de Drigalsky no meio
Sabouraud Dextrose composto de peptona bacteriológica (5 g/L), hidrolizado
enzimático de caseína (5 g/L), dextrose (40 g/L) e ágar (15 g/L), acrescido de
cloranfenicol (0,1%). As placas foram incubadas a 28ºC e a contagem total foi realizada
após 24-168 horas de incubação. Foram consideradas passíveis de contagem as placas
com valores entre 30 e 300 unidades formadoras de colônia (ufc).
Para determinar a massa específica (ME), foram realizadas três repetições por
estrato para cada uma das silagens. A ME foi determinada seguindo duas metodologias.
De acordo com a metodologia descrita por Holmes & Muck (1999) e Schmidt (2006),
um cilindro metálico com 5,6 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento com borda
cortante serrilhado foi introduzido na massa ensilada por meio de rotação. A
profundidade utilizada para o cálculo do volume de amostra retirada foi medida com
uma régua no orifício deixado no painel do silo após a retirada do cilindro.
Considerando-se o volume do cilindro e o peso da massa de silagem retirada foi
determinada a ME da silagem para o material verde e para o material seco em estufa de
37
ventilação forçada a 55ºC por 72 horas. A segunda metodologia proposta para estimar a
ME foi por meio de método indireto com uso de um penetrômetro, utilizado para
determinar a resistência à penetração em estudos de compactação do solo. Com uso do
aparelho mediu-se a resistência oferecida pela massa da silagem à penetração de um
cone metálico em 12 pontos em cada estrato do silo. Para isto, o cone metálico foi
empurrado horizontalmente do painel para dentro da massa ensilada com uma constante
de velocidade de aproximadamente 2 cm/s até a haste penetrar 0,9 m na silagem. Foi
obtida a leitura da máxima resistência em kgf e posteriormente corrigida para superfície
do cone obtendo o valor em MPa. Em seguida os valores de resistência ao penetrômetro
foram correlacionados com os valores de ME obtidos com o uso do cilindro metálico
por meio de regressão e estimada a ME da silagem.
As médias de temperatura ambiente encontradas foram de 17,2 ºC para a primeira
semana e 21,2 ºC para a segunda semana de avaliação. Durante esse período foram
coletados valores de temperatura da silagem em 42 pontos do painel do silo (14
pontos/estrato) de cada silagem. O monitoramento da temperatura no painel do silo foi
feito com uso de termômetro digital (Gulterm 1001) a uma profundidade de 10 cm, no
momento da retirada das amostras. Os dados obtidos foram alocados em planilha do
programa Excel e posteriormente produzidas imagens com escala calorimétricas
utilizando o software Surfer, segundo Bernardes (2006).
X= largura do painel do silo
Figura 1. Representação gráfica da metodologia utilizada na leitura das temperaturas no
painel dos silos
Os tratamentos foram arranjados em um delineamento inteiramente casualizado,
em esquema fatorial 4 (silagens) x 3 (estratos), com duas repetições no tempo.
O modelo utilizado foi o seguinte:
x
cm
10
30
45
65
80
100
10 70 130 190
38
Yijk=µ +Ti + Ej + TEij + eijk
Em que: µ= média geral; Ti = efeito de tratamento (i= 1 a 4), Ej = efeito dos estratos (1
a 3); TEij= interação tratamento e estrato, eijk=erro associado à observação Yijk.
Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e suas médias
comparadas por meio do teste Tukey a 5% de probabilidade. A relação entre a massa
específica e a resistência à penetração ao cone metálico foi feita por regressão. Utilizou-
se o pacote estatístico SAEG (1998).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de pH, assim como as populações de fungos filamentosos (mofos) e de
leveduras das silagens em cada tratamento encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1.Populações de fungos filamentosos, leveduras e valores de pH das silagens de
milho com e sem uso de inoculante nas alturas de corte de 20 e 40 cm, nos
estratos superior (S), mediano (M) e basal (B) do painel do silo
1
.
Silagens
Váriáveis Sem Inoc. Com Inoc. Estratos EI CV
Alt.
20 40 20 40 S M B T E TxE (%)
Fung. Fil. (log ufc/ g) 3,92 3,29 3,26 3,35 3,55 3,58 3,09 ns ns ns 29,60
Lev. (log ufc/g) 6,04 6,70 7,26 6,60 7,07 6,27 6,60 ns ns ns 12,30
pH 4,16b 4,26b 4,88a 4,26b
* - - 7,26
Médias na mesma linha, seguidas de diferentes letras, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade
EI = efeito e interação tratamento e estrato
ns = não significativo; * (P< 0,05)
O valor de pH encontrado na silagem com altura de corte a 20 cm e adição de
inoculante enzimo-bacteriano (4,88), foi superior (p<0,05) aos valores encontrados para
as demais silagens. Condizendo com os dados observados por Ranjit e Kung Jr. (2000),
que obtiveram valores de pH de 4,85 para as silagens inoculadas com L.plantarum após
três dias de exposição ao ar. Os valores de pH mais elevados observados nesta silagem
podem ser explicados pela concentração de leveduras de 7,26 ufc/g, numericamente
maior que nas silagens dos demais tratamentos. As leveduras assimiladoras de ácidos
orgânicos consomem ácido lático, elevando o pH da silagem e aumentando os riscos no
39
desenvolvimento de bactérias oportunistas e de fungos.
Bernardes (2006), estudando o
efeito de inoculantes na ensilagem de milho, também observou valores elevados de pH
(5,6), para silagens controle e silagens tratadas com L. plantarum, não existindo
diferença significativa entre tratamentos.
Não foi observado efeito das silagens e dos estratos sobre a população de fungos
filamentosos e de leveduras. Houve predominância de leveduras em todas as silagens,
com uma concentração média de 6,65 log
10
ufc/g. Populações de leveduras superiores a
5 log
10
ufc/c em silagem de milho é um indicativo de deterioração aeróbia. As
concentrações de leveduras apresentadas neste estudo são semelhantes àquelas
encontradas na literatura para este tipo de silagem. Bernardes (2006) estudando o efeito
de inoculantes na silagem de milho observou populações elevadas de leveduras, com
uma média de 6,7 log
10
ufc/g entre silagens controle e silagens tratadas com L.
plantarum, não existindo diferença entre os tratamentos.
A predominância de leveduras em relação aos fungos filamentosos é normalmente
observada em silagens. Os fungos filamentosos são mais sensíveis a acidez do meio,
enquanto as leveduras são relativamente insensíveis ao pH podendo ser encontrados em
silagens com pH variando de 3,7 a 6,5 (Jobim e Gonçalves, 2003). Já os fungos
filamentosos exigem pH ótimo para crescimento entre 5-6 e a sequência normal de
reprodução é: esporo esporo com tubo germinativo→ hifa→ micélio→ órgãos de
frutificação→ novos esporos. Para que o fungo produza seus órgãos de frutificação
pode levar de 3 a 14 dias, variando em função da espécie (Ruiz, 1992). Sendo assim a
menor concentração de fungos filamentosos pode ser atribuída aos valores de pH das
silagens e ao metabolismo intenso e mais lento destes microrganismos no processo de
desenvolvimento de seus órgãos de frutificação, em contraste com o rápido crescimento
de leveduras.
As Massas específicas encontradas nos estratos superior, mediano e basal das
quatro silagens apresentadas na Tabela 2, foram obtidas com uso do cilindro metálico.
40
Tabela 2. Massa específica do material verde (MEmv) dos estratos superior (S),
mediano (M) e basal (B) das silagens de milho com e sem inoculante em
duas alturas de corte.
Estratos
Silagens
Sem Inoculante Com Inoculante
Média
Alt. 20 40 20 40
Superior 309,18 204,35 223,17 107,22 210,18 c
Mediano 374,47 433,53 416,90 368,73 398,41 b
Basal 492,58 491,58 477,41 480,60 485,61 a
Média 392,08 376,58 372,50 318,84
Médias na mesma coluna, seguidas de diferentes letras, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade
Houve efeito significativo dos estratos (p<0,05) sobre a ME do material verde das
silagens, não sendo verificado efeito das silagens e interação estrato x silagem. O estrato
superior apresentou uma ME de 210,18 kg/m
3
, a menor entre os estratos. Neumann et
al. (2007) também encontraram baixa
ME e altas temperaturas no estrato superior em
relação ao estrato inferior das silagens de milho avaliadas
.
Verificou-se que à medida que aumentou a ME da silagem, maior foi a resistência
oferecida à penetração do cone metálico. Isto tanto para a ME calculada para o material
verde como para o material seco. No entanto, a equação linear ajustada teve um
coeficiente de determinação baixo explicando apenas 33% das variações observadas
(Figura 2).
y = 413,6x + 281,85
R
2
= 0,3303
y = 87,724x + 96,072
R
2
= 0,1589
0
100
200
300
400
500
600
700
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Resistência à Penetrão do Cone Metálico (MPa)
Massa Específica Observada (kg/m
3
)
material verde
material seco
Figura 2. Relação entre a massa específica da silagem (kg/m
3
) e a resistência à
penetração do cone metálico (MPa).
41
As conformações superficiais dos silos aqui utilizados proporcionaram uma
menor compactação do material ensilado e a correlação física de massa volume pode ter
influenciado a relação ME/ Resistência à penetração do cone metálico, explicando
assim o baixo coeficiente de determinação obtido.
A massa específica do material verde e do material seco das silagens pode ser
estimada em função da posição ocupada no silo (superior, mediana ou basal) e da
resistência oferecida pela massa ensilada à penetração do cone metálico. Para isso
utilizou-se as equações de regressão: y = 94,5358 + 137,968x
1
+ 121,364x
2
para o
material verde e y = 36,9859 +155,215x
1
+ 217,425(x
1
)
2
+ 30,8919x
2
para o material
seco, expressas nas Figuras 3 e 4.
0,21
0,02
0,18
0,21
S
M
B
0
100
200
300
400
500
600
MEEmv (kg/m
3
)
PCM (MPa)
Estratos
500-600
400-500
300-400
200-300
100-200
0-100
Figura 3. Massa específica estimada do material verde (MEEmv) em função dos estratos
do painel do silo Superior (S), Mediano (M) e Basal (B) e da resistência à penetração do
cone metálico (PCM) em silagem de milho.
O modelo linear descreveu melhor a variação dos dados para o material verde.
Pode-se observar na figura 3, que no estrato superior à resistência da massa ensilada à
penetração do cone metálico foi menor que nos demais estratos e consequentemente a
ME estimada também foi inferior. Para uma resistência oferecida de 0,02 MPa neste
estrato, a ME estimada para o material verde foi de 218,90 kg/m
3
. O material seco
também apresentou as menores resistências, assim como as menores ME estimadas nas
camadas com menor profundidade. O modelo que melhor se ajustou para este material
foi o quadrático (Figura 4).
42
0,21
0,02
0,18
0,21
S
M
B
0
50
100
150
200
MEEms (kg/m
3
)
PCM (MPa)
Estratos
150-200
100-150
50-100
0-50
Figura 4. Massa específica estimada do material seco (MEEms) em função dos estratos
do painel do silo Superior (S), Mediano (M) e Basal (B) e da resistência à penetração do
cone metálico (PCM) em silagem de milho.
A correlação entre os dados de ME estimados e os dados de ME observados para
matéria seca e matéria verde foi alta e positiva como mostra os dados apresentados na
Tabela 3.
Tabela 3. Coeficientes de correlação (r) existentes entre a ME da matéria seca (MEms),
ME do material verde (MEmv) determinada com uso do cilindro, massa
específica estimada do material seco (MEEms) e massa específica estimada do
material verde (MEEmv) estimada com uso do penetrômetro.
MEmv MEEmv MEms MEEms
MEmv 1,0 0,86 0,95 0,84
MEEmv 1,0 0,78 0,95
MEms 1,0 0,82
MEEms 1,0
A correlação obtida entre a MEmv e a MEEmv (0,86) indica uma alta associação
positiva entre estas variáveis. O grau de associação entre a ME observada e a ME
estimada para o material seco (MEEms) também foi alto e positivo (0,82). Isto indica
que estas variáveis estão diretamente e altamente relacionadas, sendo assim possível
utilizar os valores estimados de ME pela equação de regressão para se determinar a ME
de silagens de milho. A MEms e MEmv também estão altamente relacionadas (r =
0,95), demonstrando assim que para o cálculo da ME da silagem tanto o peso do
material seco como o peso do material verde podem ser utilizados.
Como pode ser observado na figura 5, à medida que aumenta a massa específica
observada para o material verde aumenta também a massa específica observada para o
material seco, indicando uma relação linear, alta e positiva entre estas duas variáveis.
43
y = 3,1075x + 11,652
R
2
= 0,903
0
100
200
300
400
500
600
0 50 100 150 200
MEms (kg/m
3
)
MEmv (kg/m
3
)
Figura 5. Relação entre a massa específica observada para o material verde (MEmv) e a
massa específica observada para o material seco (MEms) pelo método tradicional do
cilindro.
Na figura 6, está representada a relação entre a ME estimada pela equação
regressão e a ME observada para a silagem expressa em materia verde e materia seca.
Pode-se observar relação linear e positiva entre as variáveis.
y = 0,7423x + 94,06
R
2
= 0,7423
y = 0,6764x + 36,899
R
2
= 0,6756
0
100
200
300
400
500
600
0 100 200 300 400 500 600
Massa Específica Observada(kg/m
3
)
Massa Específica Estimada (kg/m
3
)
Matéria verde
Matéria seca
Figura 6. Relação entre a massa específica estimada pela resistência a penetração do
cone metálico e a massa específica observada com o método tradicional do cilindro.
Na Figura 7, é apresentada a termografia do painel do silo da silagem 1 (altura de
corte de 20 cm e sem adição do inoculante), em duas semanas de avaliação da silagem
de milho. Na primeira semana de avaliação, a camada superior e parte da camada
mediana apresentaram temperaturas mais elevadas entre 32-35ºC, sendo que o estrato
superior apresentou uma área consideravelmente maior com temperaturas entre 31 e
44
41ºC. Temperaturas mais elevadas na camada superficial eram esperadas, pois o silo
não é um ambiente hermético, durante a estocagem o ar penetra em seu interior (Muck
et al., 2003), principalmente no topo e nas laterais em contato com a parede (Bolsen et
al., 1993). Além disso, o estrato superior apresentou menor ME, o que resulta em maior
porosidade, maiores concentrações de O
2
e como conseqüência maior atividade
microbiológica.
Figura 7 – Termografia do painel da silagem de milho com altura de corte de 20 cm e
sem adição de inoculante durante a utilização.
Além da compactação menos eficiente desta camada, pode ter ocorrido manejo de
descarga inadequada na lateral direita do silo contribuindo para maior aeração da massa
ensilada nestas regiões, resultando em aumento da temperatura. Durante a semana de
avaliação as diferenças de temperaturas não eram tão evidentes entre os estratos. O
lado direito do painel apresentou uma extensa área com temperaturas elevadas,
chegando em alguns pontos a 42ºC. Nesta semana houve aumento na temperatura
ambiente, o que pode ter contribuído para o aumento da atividade microbiana nesta
silagem. Visto que esta apresentou as concentrações mais altas de fungos filamentosos
(Tabela 1) e estes microrganismos possuem desenvolvimento mais lento. Bernardes
(2006) avaliando as características da silagem de milho em duas regiões do silo,
Superior
Mediano
Basal
1
a
semana de avaliação
ºC
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
cm
10
35
70
105
70 130 190
2ª semana de avaliação
45
também encontrou temperaturas diferentes para a mesma silagem em um intervalo de
19 dias entre as medições e a diferentes temperaturas ambientes. Ashbell et al. (2002)
estudando o efeito da temperatura na estabilidade aeróbia de silagem de milho,
observaram aumento de temperatura e do desenvolvimento de leveduras em silagens
expostas a uma temperatura ambiente de 30ºC.
A ME de 374,47 kg/m
3
(base na MV) encontrada no estrato mediano desta
silagem, também pode ter contribuído para o aumento das temperaturas neste estrato
durante este segundo período de avaliação.
A ME e o teor de MS da forragem indicam a
porosidade da silagem, que influencia a taxa de movimentação do ar e, sucessivamente,
o potencial de deterioração durante o armazenamento e após a abertura do silo (Holmes
& Muck, 1999).
Com o avanço do tempo de exposição ao ar podem ocorrer alterações
nas características da silagem e o aumento de temperatura é uma delas, devido à
atividade intensa dos microrganismos. Amaral et al. (2008) estudando a estabilidade
aeróbia de silagens do capim-marandu submetido a diferentes compactações, observou
que silagens com maiores ME alcançaram máxima temperatura em maior tempo que as
de ME inferiores.
O perfil de temperatura da primeira semana de avaliação da silagem de milho com
altura de corte de 40cm sem inoculante (Figura 8), foi semelhante ao da silagem de
milho com altura de corte de 20 cm sem inoculante, com a diferença que neste
tratamento as maiores temperaturas se concentraram na lateral esquerda do painel do
silo. na segunda semana de avaliação, o estrato superior apresentou as maiores
temperaturas, enquanto nos estratos mediano e basal as temperaturas permaneceram
amenas entre 24-30ºC, mostrando que as temperaturas mais elevadas neste período e o
tempo de exposição ao ar, não exerceram efeito sobre a temperatura desta silagem. Isto
pode ser atribuído a ME mais elevada dos estratos mediano (453,33 kg/m
3
) e basal
(491,58 kg/m
3
) neste silo.
46
2ª semana de avaliação
Figura 8 - Termografia do painel da silagem de milho com altura de corte de 40 cm,
sem adição de inoculante durante a 1ª semana e a 2ª semana de avaliação.
A silagem de milho com altura de corte de 20 cm e com adição do inoculante
apresentou temperaturas mais elevadas nas regiões mais periféricas do silo onde as
zonas mais porosas estão localizadas. Porém, durante a segunda semana de avaliação,
além do estrato superior a lateral esquerda deste painel concentrou as temperaturas mais
elevadas (Figura 9). O que pode ser explicado pela compactação inadequada destas
áreas ou pelo manejo imposto durante a retirada da silagem para alimentação dos
animais. Os altos valores de pH e temperatura nesta silagem podem ser um
reflexo da
intensidade de reações promovidas por fungos filamentosos e leveduras. A população
de leveduras de 7,26 log ufc/g nesta silagem, a maior entre as silagens avaliadas, pode
estar relacionada a um melhor padrão fermentativo, resultado da aplicação do aditivo
enzimo-bacteriano o qual gerou maior concentração de substratos e, consequentemente,
maior atividade microbiológica.
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ºC
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Figura 9 - Termografia do painel da silagem de milho com altura de corte de 20 cm,
com adição de inoculante durante a 1ª semana e a 2ª semana de avaliação.
Pode-se observar temperaturas bem elevadas em uma grande área do painel do
silo da silagem de milho com altura de corte de 40 cm e com aditivo na primeira
semana de avaliação (Figura 10). Estas extensas faixas de temperaturas mais elevadas
podem ser explicadas pela oxidação de açúcares residuais e ácido lático por leveduras e
fungos filamentosos, que apresentaram concentrações de 6,60 e 3,35 ufc/g de silagem
neste tratamento em razão da baixa ME observada nos estratos superior (107,22kg/m
3
) e
mediano (368,73 kg/m
3
)
encontraram condições propícias para se desenvolverem.
1ª semana de avaliação
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ºC
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2ª semana de avaliação
Figura 10 - Termografia do painel da silagem de milho com altura de corte de 40 cm,
com adição de inoculante durante a 1ª semana e a 2ª semana de avaliação.
Nas termografias apresentadas dos painéis das quatro silagens, as regiões em
maior contato com o O
2
determinaram condições de maiores temperaturas na massa
ensilada, o que indica a atividade de microrganismos aeróbios e consequente
deterioração. Uma vez que a presença de oxigênio na silagem determina a multiplicação
de alguns grupos de microrganismos aeróbios que consomem os compostos energéticos
presentes, elevando as perdas de MS e reduzindo o valor nutritivo do alimento (Pahlow
et al., 2003).
CONCLUSÕES
O inoculante enzimo-bacteriano e a altura de corte do milho não mostraram efeito
sobre a população de fungos filamentosos e leveduras nas silagens durante a fase de
utilização. A silagem de milho com altura de corte de 40 cm com adição de inoculante
enzimo-bacteriano, apresentou as menores massas específicas e as maiores
temperaturas, evidenciando baixa estabilidade aeróbia. O penetrômetro pode ser
utilizado como método indireto na determinação da massa específica de silagens de
milho, uma vez que a correlação entre a massa específica estimada e a massa específica
observada
foi alta e positiva.
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LITERATURA CITADA
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