Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA: CIRURGIA
REPARO DO DEFEITO ÓSSEO NA TREPANAÇÃO CRANIANA
COM ENXERTO ÓSSEO AUTÓLOGO. ESTUDO COMPARATIVO
MORFOLÓGICO E TOMOGRÁFICO
PAULO VALDECI WORM
Orientador
PROF. DR. MARCUS VINÍCIUS MARTINS COLLARES
Co-Orientador
Prof. Dr. Nelson Pires Ferreira
Porto Alegre
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA: CIRURGIA
REPARO DO DEFEITO ÓSSEO NA TREPANAÇÃO CRANIANA
COM ENXERTO ÓSSEO AUTÓLOGO. ESTUDO COMPARATIVO
MORFOLÓGICO E TOMOGRÁFICO
PAULO VALDECI WORM
ORIENTADOR: PROF. DR. MARCUS VINÍCIUS MARTINS COLLARES
CO ORIENTADOR: PROF. DR. NELSON PIRES FERREIRA
Dissertação apresentada ao curso de pós-
graduação em Medicina: Cirurgia da
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, como requisito parcial para a obtenção
do grau de mestre.
Porto Alegre
2007
ads:
W928R WORM, PAULO VALDECI
REPARO DO DEFEITO ÓSSEO NA TREPANAÇÃO
CRANIANA COM ENXERTO ÓSSEO AUTÓLOGO : ESTUDO
COMPARATIVO MORFOLÓGICO E TOMOGRÁFICO /
PAULO VALDECI WORM ; ORIENT. MARCUS VINÍCIUS
MARTINS COLLARES ; CO-ORIENT. NELSON PIRES
FERREIRA. – 2007.
92 f. : il. color.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-
Graduação em Medicina: Ciências Cirúrgicas. Porto Alegre,
BR-RS, 2007.
1. Transplante ósseo 2. Transplante autólogo 3. Crânio 4.
Cirurgia 5. Trepanação I. Collares, Marcus Vinícius Martins II.
Ferreira, Nelson Pires.III. Título.
NLM: WL 368
Catalogação Biblioteca FAMED/HCPA
AGRADECIMENTOS
Desejo expressar meus agradecimentos:
Aos meus pais que me ensinaram que um dos pilares de um homem
é a integridade;
Às minhas irmãs, pelo carinho, companheirismo, pela amizade e
compreensão;
À Leonora pela paciência, compreensão, dedicação a mim, e por
tornar as coisas mais fáceis;
Ao Professor Dr. Nelson Pires Ferreira, pelo carinho, exemplo, pela
paciência e por todos os ensinamentos durante a minha formação e pela
oportunidade oferecida para que esse projeto fosse desenvolvido;
Ao Professor Dr. Marcus Vinícius Martins Collares, pela altivez,
camaradagem, amizade, vibração e pelo espírito empreendedor. Também
pelas críticas feitas e pelos ensinamentos que me passou durante a orientação
desta dissertação;
Ao Dr. Carlos Alexandre Netto, com quem provei pela primeira vez o
gosto pela pesquisa;
Ao Dr. Jorge Luiz Kraemer, por facilitar a aquisição de bibliografia e
permitir a execução do procedimento nos seus pacientes;
Ao Dr. Mario de Barros Faria, amigo, companheiro, pela troca de
idéias e pelo auxílio inestimável na execução das fotografias e no
desenvolvimento e domínio da técnica;
Aos médicos e enfermeiros do Hospital São José, Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre;
Ao Dr. René Lenhardt e Dr. Ronni Alves e aos físicos Ricardo
Castilho Wunderlich e Luís Felipe Toschi pela disposição na execução e
aferição das medidas tomográficas. A nossa integração permitiu a execução de
uma técnica inédita, com aplicabilidade clínica.
Às enfermeiras Carla Zanardi e Cleuza Meneghetti do Centro de
Imagens do Hospital Dom Vicente Scherer/Santa Casa, pela presteza e pelo
auxílio nas marcações dos exames tomográficos;
Aos Drs. Carlos Adyl Veloso Quaglia e Eduardo Mainieri Chem pela
avaliação estética das reconstruções;
À Dra. Vânia Naomi Hirakata, e ao Dr. Mathias Azevedo Bresser pela
análise estatística;
À Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre pelo
ambiente rico do seu corpo clínico;
Em especial,
Aos pacientes e às suas famílias, pela colaboração: fundamentais na
execução deste trabalho;
Aos amigos que me acompanharam em mais uma jornada.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 13
1.1 HISTÓRICO ............................................................................................... 13
1.2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 15
1.2.1 Anatomia dos ossos do crânio ............................................................ 15
1.2.2 Trepanação Craniana............................................................................ 16
1.2.2.1 Histórico .............................................................................................. 16
1.2.3 Cranioplastia.......................................................................................... 17
1.2.4 Biologia dos enxertos........................................................................... 22
1.2.5 A Incorporação do Enxerto .................................................................. 24
1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO .................................................................. 25
1.4 HIPÓTESE ................................................................................................. 25
2 OBJETIVOS.................................................................................................. 26
2.1 OBJETIVO PRINCIPAL.............................................................................. 26
2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS: ................................................................... 26
3 CASUÍSTICA E MÉTODO ............................................................................ 27
3.1 DELINEAMENTO ....................................................................................... 27
3.1.1 Critérios de inclusão............................................................................. 28
3.1.2 Critérios de exclusão ............................................................................ 28
3.2 VARIÁVEIS ESTUDADAS.......................................................................... 28
3.2.1 Primárias................................................................................................. 28
3.2.2 Secundárias ........................................................................................... 28
3.2.3 Intervenção ............................................................................................ 29
3.2.3.1 Procedimento cirúrgico e obtenção do material de estudo................... 29
3.2.4 Desfecho ................................................................................................ 35
3.3 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................. 37
3.4 EQUIPE DE TRABALHO E PERÍODO DE REALIZAÇÃO ......................... 37
4 RESULTADOS.............................................................................................. 38
4.1 Características dos pacientes................................................................. 38
5 COMPLICAÇÕES ......................................................................................... 47
5.1 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS................................................................ 47
5.2 COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS .............................................................. 47
6 CONDIÇÕES DA ALTA............................................................................... 48
7 DISCUSSÃO................................................................................................. 49
7.1 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS E CIRÚRGICAS ..............
....................... 50
7.2 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO................................................................. 50
7.3 A DENSIDADE ÓSSEA.............................................................................. 55
8 CONCLUSÕES............................................................................................. 58
REFERÊNCIAS%,%/,2*5È),&$
ANEXO 1 - FIGURAS ILUSTRATIVAS DO PACIENTE NÚMERO 12 ............ 66
ANEXO 2 - FIGURAS ILUSTRATIVAS DO PACIENTE NÚMERO 20 ............ 73
ANEXO 3 - MODELO DE CONSENTIMENTO INFORMADO..........................77
ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO
59
RESUMO
A cranioplastia para a correção dos defeitos causados pelo trépano cirúrgico é
um dos problemas não adequadamente solucionados em neurocirurgia. As
depressões deixadas pelo trépano neurocirúrgico nas craniotomias é uma
queixa freqüente dos pacientes no pós-operatório. A extensa gama de
materiais aloplásticos que tem sido propostos e utilizados para este fim é um
bom exemplo desta dificuldade. O de osso, que é comumente usado
nessas reconstruções, sofre um alto grau de reabsorção, mas ao momento,
essa absorção não tinha sido mensurada, nem comparada com a do osso
cortical. Outro grande desafio não solucionado até o momento é a dificuldade
para acessar o desenvolvimento biológico de ossos transplantados em
humanos, impossibilitando assim a quantificação dos resultados. A avaliação
do local de reconstrução pela inspeção e pela palpação é um todo
grosseiro de aferição e permite apenas uma análise qualitativa subjetiva.
Nossa insatisfação com o resultado estético das cranioplastias, além da falta
de medidas objetivas das falhas ósseas, nos levou a testar a utilização do
enxerto ósseo autógeno da lâmina interna da calota craniana para a resolução
estético-funcional das deformidades causadas pelo trépano neurocirúrgico.
Vinte e três pacientes adultos submetidos à cirurgia por variadas causas
(aneurisma roto, aneurisma não roto, formação artériovenosa e neoplasia
benigna) tiveram os orifícios de trepanação reconstruídos com de osso
autólogo ou um fragmento circular de osso autólogo retirado da lâmina interna
do segmento ósseo removido para o procedimento intracraniano. No mesmo
paciente, os dois tipos de reconstrução foram realizados. O de osso foi
recolhido durante a trepanação e o fragmento ósseo foi retirado, com uma
trefina, especialmente confeccionada pelo autor para esse fim. Após oito
meses, realizamos tomografia de crânio com reconstrução óssea. Os locais
reconstruídos com de osso e com fragmento ósseo foram delimitados e
tiveram a densidade óssea aferida mediante tomografia computadorizada de
crânio, procedimento ainda não utilizado na prática clínica neurocirúrgica. Os
resultados foram expressos em unidades Hounsfield (HU). As reconstruções
foram avaliadas por dois especialistas diferentes, cegados para o estudo, que
atribuíram uma nota de 0 a 10 para a aparência estética dos locais
reconstruídos. Analisamos a correlação entre a nota atribuída pelos
avaliadores com a densidade medida pela TC. Foram reconstruídos 108
orifícios de craniotomia nos 23 pacientes estudados, sendo 36 orifícios
reconstruídos com fragmento circular da lâmina interna (33,3%) e 72 com
de osso (66,6%). A densidade média das reconstruções com fragmento
circular foi 987,01 ± 172,6 HU, enquanto a de pó de osso foi 464,46 ±197,66
HU. Essa diferença foi estatisticamente significativa (p< 0,001, teste t de
Student,
α< 0,05). A nota média atribuída às reconstruções pelos avaliadores
foi de 9,5 para ao fragmento ósseo e 5,7 para o pó de osso, (p< 0,001, teste t
pareado α< 0,05). Não ocorreram complicações durante o seguimento de até
25 meses. Ao final do estudo, pode-se concluir que o fragmento de osso
autólogo da lâmina interna é superior ao de osso para reconstrução dos
orifícios de trepanação. A absorção do fragmento ósseo é menor e sua
característica estética é superior. O custo nulo, bem como a ausência de
morbidade do tio doador, habilita o auto-enxerto como a primeira escolha
para a correção dos defeitos causados pelo trépano cirúrgico.
ABSTRACT
The cranioplasty for the correction of defects caused by surgical trepan is one
of the problems that is not properly solved in neurosurgery. Frequently, the
patients complain during postoperative period about the depressions left by the
neurosurgical trepan in the craniotomy. The extensive gamma of aloplastic
materials that has been considered and used for this end is a good example of
this difficulty. The bone dust, frequently used in these reconstructions, suffers a
high reabsorption degree, but until the moment, this absorption had not been
mesured, nor compared to the one of the cortical bone. Another great challenge
that has not been solved yet until the moment is the difficulty to access the
biological development of transplanted bones in human beings, something that
disabled the results quantification. The place reconstruction evaluation through
inspection and palpation is a coarse method of gauging and allows only a
subjective qualitative analysis. Our insatisfaction with the cranioplasties
aesthetic result and the lack of objective measures of the bone imperfections
made us test the use of bone autogenous graft of the internal calvarial bone
blade as a aesthetic-functionary resolution for the deformities caused by
neurosurgical trepan. Twenty three adult patients submitted to the surgery due
to varied causes (ragged aneurism, not ragged aneurism, arteriovenous
malformation and benign neoplasia) had had the trepanation orifices
reconstructed with autologous bone dust or a autologous bone circular took
from the internal blade of the bone segment removed for the intracranium
procedure. In the same pacient, the two types of reconstruction had been
carried through. The bone dust was collected during trepanation with a trephine
especially confectioned by the author for this end. After eight months, we have
carried through a tomography of the cranium that had bone reconstruction. The
places reconstructed with dust of bone and with bone fragment had been
delimited and they had had the bone density gauged by means of cranium
computerized tomography, procedure still not used in the practical
neurosurgical clinic. The results were expressed in Hounsfield units (HU). The
reconstructions were evaluated by two different specialists, blinded for the
study, who attributed a grade from 0 to 10 for the aesthetic appearance of the
reconstructed places. We analyzed the correlation between the grade attributed
for the appraisers with the density measured for the CT. 108 orifices of
craniotomy in the 23 studied patients were reconstructed, among those 36
orifices were reconstructed with circular fragment from the internal blade
(33,3%) and 72 with bone dust (66,6%). The mean density of the
reconstructions with circular fragment was 987.01 ± 172,6 UH, while the one of
bone dust was 464,46 ±197,66 UH. This difference was significant in a
statistical way (p< 0.001, paired t-test α < 0,05). The average grade attributed to
the reconstructions by the appraisers was of 9,5 to the bone fragment and 5,7
to the bone dust, (p< 0.001. paired t-test α < 0,05). It had not occurred
complications during the pursuing of up to 25 months. In the end of the study, it
can be concluded that the autologous bone fragment of the internal blade is
superior to the dust of bone for the reconstruction of trepanation orifices. The
absorption of bone fragment is smaller and its aesthetic characteristic is
superior. The null cost, as well as the absence of morbidade of donor place,
qualifies the selfgraft as the first choice for the correction of the defects caused
by surgical trepan.
LISTA DE TABELAS
Tabela I - Doenças que justificaram procedimento cirúrgico nos 23 pacientes
estudados......................................................................................................... 38
Tabela II: Médias das notas atribuídas pelos avaliadores para as reconstruções
......................................................................................................................... 45
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O de osso (P) acumulado é recolhido e ulteriormente reutilizado
na reconstrução da falha óssea ....................................................................... 30
Figura 2a: Trefina especialmente confeccionada e utilizada nos procedimentos
......................................................................................................................... 30
Figura 2b-c: visão inferior da trefina, evidenciando sua face cortante, o
diâmetro interno e o condutor central (C)......................................................... 31
Figura 3 a: Corte da lâmina interna do osso com a trefina. Irrigação com soro
fisiológico, (FO - fragmento ósseo, LI - lâmina interna, LE lâmina externa, T -
trefina). ............................................................................................................. 32
Figura 3b: Entalhe da lâmina interna causada pela trefina. ........................... 33
Figura 3 c: Pastilhas ósseas retiradas do osso da lâmina interna................... 33
Figura 4: locais trepanados reconstruídos com pó de osso e fragmento ósseo
da lâmina interna, retirado com utilização da trefina. A - orifício preenchido com
de osso, e B orifício preenchido com pastilha óssea retirada da lâmina
interna. ............................................................................................................. 34
Figura 5: Degrau causado pelo trépano, onde o enxerto ósseo se apóia, sem
necessidade de fixação. O – orifício do trépano; D - degrau deixado pelo
trépano. ............................................................................................................ 35
** 4 meningiomas, 1 adenoma de hipófise, 1 cisto ependimário e 1 cisto de 3°
ventrículo.
.......................................................................................................... 38
Figura 6: distribuição dos pacientes de acordo com a idade e sexo. .............. 39
Figura 7: meses de pós-operatório em que foi realizada a tomografia de crânio
com reconstrução tridimensional...................................................................... 41
Figura 8 a - b: Numeração dos orifícios a serem medidos (8a) e delimitação do
espaço a ser medido pela tomografia de crânio (8b) ....................................... 43
Figura 9: medidas do osso cortical e do pó de osso (média). Teste T pareado p
<0,001................................................................................................................43
Figura 10: Nota atribuída pelos avaliadores para o aspecto estético da
reconstrução com osso cortical (osso cort) e para o pó de osso (pó). ............. 45
Figura 11: encaixe da pastilha óssea feita de lâmina da cortical interna......... 51
Figura 12: Reconstrução na região do “key hole” com osso cortical (C). ........ 55
LISTA DE ABREVIATURAS
Cm
2
– Centímetros Quadrados
HU – Unidades Hounsfield
HSA – Hemorragia subaracnóidea
MAVs – Malformações artériovenosas
ml – Mililitros
MEDP – Medidas em HU do pó de osso
mm – Milímetros
Rx – Radiografia
TC – Tomografia computadorizada de crânio
Fig – Figura
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 HISTÓRICO
As perfurações nos ossos cranianos são antigas e comuns. Desde
séculos, constituem a base para a terapêutica em neurocirurgia. Estudos
arqueológicos e antropológicos sugerem que, desde a antiguidade, o homem
relaciona a cabeça e o conteúdo intracraniano com funções particularmente
importantes de manutenção da vida e percepções sensitivas e sensoriais, de
ordem mágica ou mesmo mística
1
. Essas noções geraram, através dos
tempos, diferentes tentativas de aplicações práticas, principalmente de ordem
terapêutica, dentre as quais se destacam as perfurações cranianas.
Dada a sua freqüência e sistematização em diversas civilizações pré-
históricas, a simples perfuração craniana, denominada trepanação, e sua
abertura mais ampla, a craniotomia ou a craniectomia, possivelmente se
constituem nos atos cirúrgicos mais antigos da humanidade
2
. O termo
trepanação se refere à retirada de partes de osso do crânio mediante um
instrumento chamado trépano; provém do grego trypanon (perfurador). Existem
evidências de que a trepanação era realizada desde o período neolítico, na
Europa e na Ásia
3, 4
.
Dentre as civilizações pré-históricas, as que mais realizaram
trepanações cranianas foram as pré-incaicas e incaicas; por vezes eram
recobertas com placas de ouro e prata, procedimento que hoje se denomina
cranioplastia
5
.
Na Medicina moderna, as indicações mais comuns para a cranioplastia
são: a proteção do cérebro, as alterações neurológicas, o controle de epilepsia,
as correções estéticas e o conforto do paciente. Todos esses fatores são
críticos na determinação da qualidade de vida do indivíduo
6
. Defeitos
cranianos – especialmente na região fronto-orbitária – são desfigurantes e
podem produzir profundos distúrbios psicológicos nos pacientes. Esses
pacientes apresentam dificuldades de adaptação social e são considerados
14
portadores de doenças neurológicas e intelectualmente deficientes para o
grande público
7
.
Desconforto no local da craniotomia pode ser sentido pelos pacientes e
não parece haver correlação com o tamanho do defeito
7
. A despeito desse
fato, o desconforto pode ser eventualmente exacerbado por influências
psicossociais, então a cranioplastia pode ser indicada para reduzir os sintomas
e melhorar a sensação de bem estar. A “síndrome da trefinada” é um espectro
de sintomas experimentados pelos pacientes portadores de defeitos cranianos.
Os sintomas incluem: cefaléia, tonturas, fadiga, insônia, dificuldade de
concentração, depressão e ansiedade. Se, por um lado essa síndrome não
parece estar relacionada com o tamanho ou com a topografia do defeito, esses
pacientes podem apresentar melhora dos sintomas após a cranioplastia, em
termos de aceitação social, e da auto-estima
8
.
Em neurocirurgia e cirurgia craniofacial, o preenchimento de defeitos da
calota craniana, originados por perdas traumáticas, iatrogênicas, infecções e
tumores são procedimentos comuns. O fechamento do defeito craniano nem
sempre é simples, pois é necessária a reconstrução das porções perdidas
numa topografia geométrica complexa; além disso, exige-se resultados estético
e funcional satisfatórios
9-11
.
As depressões nos locais de trepanação (perfurações realizadas nos
ossos para descolar a dura-máter e serrar um fragmento ósseo) são vistas em
pacientes previamente submetidos a procedimentos intracranianos através de
craniotomia e se constituem numa queixa freqüente no pós-operatório,
permanecendo um problema não-resolvido em neurocirurgia. As deformidades
tornam-se evidentes em pacientes com pele fina, ou em regiões desprovidas
de cabelos. Estas depressões se manifestam porque são insuficientemente
reconstruídas ou não o reconstruídas por serem rotuladas como “mal
menor”.
Os reparos dos pequenos defeitos em áreas expostas são realizados por
motivação estética, embora Dujovny et. al.
10
tenham concluído que muitos
15
pacientes submetidos à cranioplastia cosmética apresentam melhora na
performance neurológica. Resultado estético aceitável é demandado
principalmente na região frontal, onde a reconstrução é ao mesmo tempo
desafiadora, visto que deve levar em conta o contorno e a simetria da face
11
.
Atualmente, nas correções dos defeitos da trepanação craniana são
utilizados materiais aloplásticos de alto custo e com biocompatibilidade e
resultado estético duvidosos. Esses substitutos ósseos sintéticos são utilizados
cada vez mais freqüentemente, mas muitas questões ainda não
respondidas no que concerne aos processos sicos de imunologia,
incorporação e remodelamento desses materiais
12
.
A melhora no conhecimento dos processos de histocompatibilidade,
aliado às complicações com a utilização de materiais sintéticos, têm reacendido
o interesse pela utilização de osso autógeno para a reconstrução de defeitos
cranianos e faciais
13
.
Levando em conta que grande parcela dos indivíduos submetidos a
procedimentos intracranianos retorna às atividades que exercia anteriormente,
a preocupação com o resultado estético dos orifícios das craniotomias deve
fazer parte do procedimento. Esses orifícios algumas vezes são reconstruídos
com “pó de osso”
14
produzidos no momento da craniotomia, ou com materiais
aloplásticos, como botões de silicone, resinas acrílicas e cerâmicas, que são
materiais sujeitos à reação tipo “corpo estranho”, vulneráveis à infecção local,
além de apresentarem alto custo
15-19
.
1.2 REVISÃO DA LITERATURA
1.2.1 Anatomia dos ossos do crânio
A maioria dos ossos do crânio é constituída por uma lâmina interna e
uma lâmina externa de osso compacto, separada internamente por uma
camada espongiforme denominada díploe
7
. A lâmina interna é mais fina
20
.
16
Os ossos do crânio são recobertos por periósteo na sua face interna e
externa. Esse periósteo é marcadamente deficiente em atividade osteogênica,
quando comparado com o periósteo de ossos longos, logo pouca regeneração
óssea pode ser esperada após craniectomia em um adulto
20
.
1.2.2 Trepanação Craniana
1.2.2.1 Histórico
A trepanação é um dos exemplos mais precoces de procedimento
cirúrgico realizado pelo ser humano, e foi utilizada desde o período neolítico
por um grande número de culturas através dos cinco continentes
5
. A
trepanação com a finalidade de corrigir deformação craniana foi comum nas
culturas pré-colombianas e foram realizados em ambos os sexos com motivos
terapêuticos, para o tratamento de fraturas, epilepsia, cefaléias e em
procedimentos ritualísticos
21
.
Nas Américas, foi realizada principalmente pelos Maias e pelos Incas.
Nos sítios habitados por estes povos, um grande número de crânios que
trazem marcas desse procedimento ainda pode ser encontrado, graças ao
clima árido da região do deserto do Atacama. Em torno de 80% desses
crânios mostram evidências de que os indivíduos sobreviveram após o ato
cirúrgico
5, 21
.
A concepção de cérebro como órgão da inteligência e do pensamento
não estava presente nas culturas pré-históricas sul-americanas, e os motivos
para sua realização são desconhecidos. Diversas hipóteses foram aventadas,
incluindo razões terapêuticas e mágicas. A maioria das trepanações no Peru
(70%) foi realizada em homens, principalmente em crânios encontrados
próximos a locais militarizados. Acredita-se que entre 30 a 50% delas tenham
sido realizadas por motivos de trauma de combate. Na atualidade, algumas
culturas africanas ainda realizam trepanações
21
.
17
1.2.3 Cranioplastia
A cranioplastia é definida como reparo de um defeito ou de uma
deformidade craniana
5
. A primeira descrição acerca da verdadeira
cranioplastia foi feita por Fallopius (1523-1562), escrevendo sobre o
tratamento das fraturas cranianas. Ele defendia que o osso poderia ser
recolocado no local se a dura-máter não fosse violada; se a mesma fosse
lesada, deveria ser utilizada uma placa de ouro
5
.
A primeira cranioplastia realizada com sucesso foi descrita por Van
Meekren, em 1668
22
. Ele descreveu a correção de uma lesão craniana num
soldado russo causada por um golpe de espada, corrigida com osso do crânio
de um cão. O paciente foi excomungado devido ao procedimento; dois anos
após, Van Meekren removeu o osso, e o paciente foi reintegrado à igreja
5, 13
.
Consideráveis avanços têm sido alcançados nas reconstruções
cranianas nos últimos anos, feitos com a utilização de novos biomateriais,
oferecendo alternativas para o uso das tradicionais próteses de materiais
absorvíveis. Muitos materiais, substitutivos ósseos, têm sido propostos para
esse fim, dentre eles o silicone, o metilmetacrilato, a cerâmica, a hidroxiapatita,
polímeros, enxertos autógenos, transplantes ósseos usando osso
vascularizado fresco ou congelado, osso desmineralizado ou liofilizado e
matriz óssea desmineralizada adicionada ou não a fatores osteogênicos
23-29
.
Os primeiros estudos experimentais foram atribuídos a Ollier em 1859.
Ele trepanava animais e realizava cranioplastia; sendo um dos primeiros a
descrever e distinguir os conceitos de auto-enxerto, aloenxerto e xenoenxerto
5
.
Macewen (1885) é considerado o pioneiro da utilização de enxertos
ósseos; reimplantava os ossos retirados após realizar anti-sepsia dos
fragmentos. Burrel e Guerix, em 1888, implantaram botões de osso no local da
trepanação: Guerix em animais e Burrel em humanos
22
. Ballou descreveu
18
a evolução satisfatória de um paciente no qual ele recolocou o botão de osso
que havia retirado com a trefina
22
.
O xenoenxerto foi empregado através da história e era proveniente de
várias espécies de animais. Na atualidade, não existe justificativa para seu
uso, tendo como opção o auto-enxerto e os materiais substitutivos.
O emprego de aloenxerto cresceu muito durante a I guerra mundial, o
material utilizado era cartilagem proveniente de cadáveres
30
. A utilização
de implantes metálicos como a prata e o ouro foram introduzidos pelos Incas
5
.
O alumínio foi o primeiro metal da história recente a ser utilizado como
substituto ósseo, porém não se mostrou satisfatório pelo risco de infecção e
irritação dos tecidos adjacentes, além do potencial epileptogênico. O ouro é
um bom metal para cranioplastia, mas seu uso não se popularizou pelo alto
custo
5
.
O uso da prata foi abandonado devido à oxidação e descoloração dos
tecidos adjacentes. Ela foi utilizada na I guerra mundial, mas seu uso foi
abandonado durante a II guerra, sendo substituída pelo tântalo. O tântalo foi
primeiramente utilizado para cranioplastia em humanos por Fulcher, em 1943,
para correção dos defeitos ocorridos durante a II guerra mundial
31, 32
.
Mostrou-se um bom material, mas sua obtenção é difícil, tornando-se também
um material de alto custo. Outro problema é a sua capacidade condutora,
causando cefaléia intensa nos ambientes de temperaturas extremas; além
disso, é radiopaco e prejudica os exames de imagens
5
.
Embora o tântalo fosse o material de escolha para a correção dos
defeitos cranianos causados durante a II guerra mundial, o metilmetacrilato
surgiu como uma excelente alternativa como substituto dos implantes de metal
na década de 40: é o material aloplástico mais comumente utilizado, apesar de
apresentar pouca aderência ao osso e resultado estético nem sempre
satisfatório. É radiotransparente, não alterando os estudos de imagens pós-
operatórias, além de ser resistente às variações de temperatura. Contudo, as
19
placas de acrílico podem infectar, causar reação inflamatória e cefaléia e por
ser um material inerte, necessita fixação e não se incorpora ao esqueleto
29, 33
.
O titânio foi introduzido por Simpson, em 1965
34
. Na atualidade, é
amplamente utilizado para cranioplastia. É biocompatível e mecanicamente
resistente, mas apresenta alto custo
15
. É empregado na forma de placas,
malhas e mini-placas para fixação de blocos de hidroxiapatita
23, 25, 35, 36
e de
metilmetacrilato
37
: materiais que apresentam dificuldade para fixação no osso.
Esse procedimento agrega custo ao material aloplástico.
Courtemanche e Thompson, em 1968, introduziram o silicone como
material para cranioplastia
38
. Ele é macio em comparação com o polietileno,
razão pela qual seu emprego se restringiu, em cranioplastia, às correções de
pequenos defeitos. É muito empregado na confecção de materiais
implantáveis em humanos, como marcapassos e sistemas de derivação;
embora seja considerado um material inerte. na literatura recente relatos
de reação tipo corpo estranho com formação de seroma
39-42
.
A hidroxiapatita tem se tornado muito popular, devido às suas
propriedades mecânicas, osteoindutivas e características de integração
5
. Seu
uso clínico teve início em 1992
33
. É um material quebradiço e apresenta baixa
resistência à tensão, mas a sua porosidade facilita a invasão das células que
promovem a neoformação óssea
7
. Por outro lado, em estudos experimentais
com seguimento de um ano, não demonstraram crescimento ósseo
significativo
43
. Após três anos, biópsia realizada num implante colocado na
região frontal de um paciente de quatro anos de idade demonstrou que o
implante apresentava mínimo crescimento ósseo. Este foi notado apenas na
periferia do implante
44
. O papel da hidroxiapatita para cranioplastia ainda não
está bem definido
45-47
.
As características dos defeitos cranianos identificados nas imagens
pela TC podem ser digitalizadas e utilizadas para molde de uma reconstrução
exatamente do tamanho do defeito e obedecendo a seus contornos
23, 48, 49
.
Esse mecanismo tem auxiliado na confecção de blocos de hidroxiapatita,
20
metilmetacrilato e outros materiais para a correção de grandes defeitos, ou em
defeitos complexos com estética satisfatória. A utilização da TC para as
correções dos defeitos cranianos tem se restringido a esse fim.
Psillakis, et al.
50
e Santoni-Rugiu
51
utilizaram a tábua externa da
calota craniana para o reparo de defeitos ósseos.
Ray e Parsons
52
utilizaram trefina para craniotomia na região frontal de
50 pacientes com recolocação do osso de espessura tricortical no orifício de
trepanação após a cirurgia. Não documentaram complicações com a utilização
dessa técnica.
Prolo et. al.
53
utilizaram discos de cadáveres, após processo de
liofilização, para o preenchimento de pequenos defeitos ósseos e descrevem
bons resultados.
Vialogo
14
utilizou de osso e surgicel
®
para confecção de uma
pastilha para reconstrução dos orifícios de trepanação. Refere que diminuiu
com isso a incidência de fístula liquórica nas trepanações para procedimentos
endoscópicos. Não descreve o resultado estético dessa técnica em longo
prazo.
Matsumoto et. al.
54
utilizaram pó de osso proveniente da broca de
trepanação misturado com cola de fibrina (beriplast
®
), em 92 pacientes com
intervalo de seguimento de um a cinco anos. Essa técnica apresentou bons
resultados para a correção de pequenos defeitos, concluem os autores.
Replogue et. al.
37
, utilizaram mini-placas de titânio para suporte do
metilmetacrilato para melhorar o contorno estético do crânio com bons
resultados.
Kobayashi et. al.
16
têm projetado e utilizado vários implantes de
cerâmica para a reconstrução de orifícios de trepanação e prevenir
indentações na pele.
21
Schantz et. al.
55
, recentemente projetaram e fabricaram um tampão
de polímero reabsorvível para o fechamento dos orifícios de craniotomia. A
experiência inicial mostrou boa biocompatibilidade, mas o custo final do
produto poderá ser um fator limitante para sua utilização.
Couldwell et. al.
56
, utilizaram polietileno poroso (medpor
®
), para
cranioplastia em pacientes com defeitos menores de 8 cm
2
, descrevem
resultado cosmético equivalente ao metilmetacrilato; no entanto, esse material
é difícil de remover se nova cirurgia é necessária; além disso, o material é
incapaz de sustentar peso e a resistir a trauma, mesmo de pequenas
proporções.
Cokluc et. al.
57
, utilizaram tábua interna do crânio para reconstrução
dos orifícios de trepanação em dez pacientes. Concluiu que é uma técnica
simples, natural e efetiva, embora o acompanhamento dos pacientes fora de
apenas três meses.
Viterbo et. al.
29
, para defeitos menores de 2 cm
2
, utilizam cartilagem da
concha da orelha fixada com fios de nylon; para defeitos maiores utiliza tábua
externa do crânio.
Fukuta et. al.
58
compararam a reconstrução de falhas de espessura
total da calota craniana em coelhos. Eles demonstraram que tanto o de
osso autógeno, grânulos de hidroxiapatita porosa ou partículas de osso
mineral bovino geram regeneração na calota craniana. No entanto, a
quantidade de osso gerada com material autógeno foi significativamente
maior.
Enquanto o uso de osso de espessura total e de tábua craniana externa
foi utilizado ao longo da história, a utilização de tábua interna é uma idéia
nova. Ela foi descrita por Kyoshima et. al.
59
, que utilizaram a tábua interna
para a reconstrução do assoalho da fossa anterior após remoção de
meningioma de sulco olfatório. O mesmo autor descreve as vantagens da
22
utilização da tábua interna do crânio: 1) não é necessária incisão adicional e
nem retirada de osso de outras partes do corpo, 2) fusão fisiológica pode ser
esperada, 3) reação tipo corpo estranho é mínima.
1.2.4 Biologia dos enxertos
Embora haja apenas três métodos básicos pelos quais os enxertos
ósseos exercem sua função (osteocondução, osteoindução e resposta
osteogênica), existe um amplo grau de variabilidade nas quais esses
mecanismos operam. A osteogênese é a capacidade do próprio enxerto em
formar novo osso no leito onde é colocado, independente das condições
fisiológicas desse sítio, embora seja influenciado pelas mesmas. A
osteoindução é a capacidade de estimular o sítio do enxerto a produzir novo
osso pela transformação de células mesenquimais e fibroblastos do tecido
receptor em osteoblastos. A osteocondução é o fenômeno pelo qual ocorre o
crescimento de estruturas do receptor, como vasos ou partículas ósseas
recém-formadas para dentro do enxerto
60
.
A osteogênese, a osteoindução e a osteocondução são mediadas por
várias proteínas osteogênicas, dentre elas o TGFβ, IGF-I, IGF-II,
prostaglandinas, interleucinas, fatores estimulantes de macrófagos e outros,
que terão sua ação influenciada pelo tipo de enxerto utilizado.
51, 59
. Uma
quarta e importante característica, que depende do sítio de implantação, é a
capacidade de suporte mecânico a que o enxerto será submetido.
O osso autólogo por ser a alternativa mais biológica disponível,
permanece sendo o mais utilizado, pois apresenta menores riscos de
complicações.
27, 29
. Entre as vantagens da utilização do osso autógeno está a
facilidade de ser obtido a partir do crânio, ilíaco, costelas, tíbia, grande
trocânter ou na parte distal do fêmur, além de ser menos dispendioso
61
. Assim
como os outros materiais, também possui certa maleabilidade para a
moldagem trans-operatória.
27, 62
. Não risco de transmissão de doenças
como nos materiais obtidos de doadores; além disso, sofre mínima
reabsorção, podendo desde o começo resistir a algum suporte mecânico e
23
não desencadeia reações de imunogenicidade no paciente. Por outro lado, o
sítio de retirada traz uma morbidade a mais para o paciente, estende o tempo
da cirurgia e a quantidade obtida em crianças e alguns adultos pode não ser
suficiente para a reconstrução
12
.
O osso autógeno pode ser empregado de três formas principais:
enxerto membranoso, cortical, vascularizado ou misto. O osso membranoso é
derivado embriologicamente de centros de ossificação como na calota
craniana e na mandíbula. Tem grande poder osteogênico, osteoindutivo e
osteocondutivo, não sofre grande absorção, mas também não exerce suporte
mecânico. O osso cortical é derivado da calcificação endocondral, sendo
encontrado nos ossos longos, possuindo uma porção de osso medular entre
as duas lâminas corticais. Tem vantagens sobre o anterior pela maior
resistência, mas, por ser mais absorvido, perde um tanto dessa característica
nos primeiros dias
12
.
Outro fator importante nos transplantes de ossos autólogos
desvascularizados é que, embora uma pequena fração de células sobrevivam,
elas contribuem para a resposta reparadora
27, 44
.
O osso autógeno vascularizado é bem menos disponível, e sua
obtenção é mais trabalhosa, (pelo tempo de cirurgia e pela morbidade no sítio
doador), tendo uso restrito. Também necessita imobilização para evitar
deiscência das anastomoses. Freqüentemente ele não cicatriza bem e motiva
novas intervenções
63
.
Nos enxertos alogênicos, isto é, quando o doador e o receptor não são
a mesma pessoa, como no uso de osso congelado, há o perigo de vírus
permanecerem após o processamento do material e contaminarem o receptor.
Há relatos de casos de transmissão de HIV com osso congelado, mas a
chance de isso acontecer com osso liofilizado ou desmineralizado é
considerada nula
12
. Esse fato tem desencorajado os cirurgiões a utilizarem
este tipo de material.
24
Estudos experimentais têm confirmado a ocorrência de uma resposta
imune nos enxertos alogênicos, mas a significância clínica dessa resposta em
humanos é incerta
63
.
Outro grande influenciador do resultado final é a absorção. Como
qualquer tecido inserido no organismo, os aloenxertos ósseos também
sofrerão resposta imune e serão, em parte, absorvidos. Dependendo da
intensidade da resposta, esta pode ser uma grande desvantagem em relação
aos auto-enxertos. Contudo, com o uso de osso liofilizado e desmineralizado a
resposta não é tão grande e, apesar de diminuir a massa e o volume total do
enxerto, não prejudica o resultado final, a não ser em cirurgias cosméticas
onde ele é inserido em áreas bem expostas como a maxila e a região frontal
do crânio. Essa absorção é mais rápida no jovem
12
.
1.2.5 A Incorporação do Enxerto
O termo incorporação é utilizado para descrever a interação biológica
entre o material enxertado e o sítio receptor que resulta na formação de osso
com propriedades mecânicas adequadas
64
. De certa forma, os processos
envolvidos na incorporação dos enxertos alogênicos é quantitativamente
similar aos fenômenos que ocorrem nos enxertos autólogos não
vascularizados; porém, ocorre de maneira mais lenta e é acompanhado por
uma cascata inflamatória que pode ser atribuída a uma resposta imunológica
do receptor.
A interação entre os tecidos e a superfície do implante é um processo
dinâmico. Água, biomoléculas livres e íons dissolvidos, circundam o implante
no período inicial da implantação. Com o passar do tempo, dependendo do
tipo de célula, da sua atividade e as modificações na superfície do implante,
resulta em tecido de integração ou formação de cápsula fibrosa
7
.
A experiência clínica e estudos em animais m mostrado que os
enxertos utilizando ossos do crânio mantêm melhor o seu volume do que
costelas ou osso da crista ilíaca
20
. Sabe-se que absorção do de osso é
25
significativa, mas até o momento essa absorção não tinha sido mensurada,
nem comparada com a do osso cortical.
1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
O tratamento adequado do defeito ósseo causado pela trepanação
craniana é um dos problemas não resolvidos na neurocirurgia. insatisfação
com os resultados obtidos atualmente e com as complicações da utilização de
inúmeros materiais aloplásticos e com o de osso. Como alternativa,
propomos um modelo de cranioplastia utilizando um fragmento circular de osso
autógeno retirado da lâmina interna do segmento ósseo proveniente da
craniotomia.
Devido à falta de critérios objetivos para avaliar a correção destes
defeitos ósseos propomos, ainda, avaliar a densidade óssea nos locais
preenchidos, calculada mediante estudo com tomografia computadorizada.
1.4 HIPÓTESE
O uso do fragmento de ósseo autógeno da calota craniana sofre menor
absorção e tem melhor resultado estético do que o uso do pó de osso.
26
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO PRINCIPAL
Comparar a utilização do de osso e do enxerto ósseo autógeno
da lâmina interna da calota craniana, para a resolução estético-funcional das
deformidades causadas pelo trépano neurocirúrgico.
2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS
Desenvolver uma nova técnica cirúrgica para estas reconstruções.
Desenvolver instrumentos adequados para realizar o procedimento.
Criar mecanismos objetivos, com a utilização de um programa
tomográfico específico para mensurar o preenchimento da falha óssea.
Comparar o de osso e o fragmento ósseo autólogo da tábua
interna da calota craniana quanto ao volume ósseo remanescente e o
resultado estético.
27
3 CASUÍSTICA E MÉTODO
3.1 DELINEAMENTO
Ensaio clínico controlado.
AMOSTRA
Constaram de pacientes adultos, acima de 18 anos, ambos os sexos, que
realizaram craniotomia devido à doença neurocirúrgica benigna. As cirurgias
foram realizadas no Bloco Cirúrgico do Hospital São José da Santa Casa de
CRANIOPLASTIA
s elegíveis
Osso cortical
Pó de osso
PREENCHIMENTO DA
FALHA ÓSSEA
Tomografia com reconstrução tridimensional
Análise do preenchimento da falha óssea por
Software tomográfico
8-18 MESES
28
Misericórdia, de maneira consecutiva, no período de 01 de julho de 2005 a 01
de agosto de 2006.
3.1.1 Critérios de inclusão
Para ser incluído no estudo, o paciente deveria preencher os seguintes
critérios:
Ser portador de doença intracraniana com indicação cirúrgica;
Ser maior de 18 anos;
Concordar em participar do estudo e assinar o termo de
consentimento.
3.1.2 Critérios de exclusão
Não poderia integrar o grupo a ser avaliado, ou seria excluído o paciente
que:
Apresentasse neoplasia maligna;
Apresentasse doença infecciosa óssea ou intracraniana;
Não concordasse em participar do estudo;
Viesse a falecer por qualquer causa não relacionada à reconstrução
durante o acompanhamento.
3.2 VARIÁVEIS ESTUDADAS
3.2.1 Primárias
Densidade óssea nos locais reconstruídos
Aparência estética dos locais reconstruídos
3.2.2 Secundárias
O corticóide administrado foi dexametasona 4mg endovenoso de 6/6h.
Tempo de utilização foi expresso em dias.
29
Idade expressa em anos
Doenças envolvidas
Complicações clínicas e cirúrgicas
3.2.3 Intervenção
3.2.3.1 Procedimento cirúrgico e obtenção do material de estudo
O procedimento cirúrgico para a realização de craniotomias consistiu na
realização de perfurações (trepanações) na calota craniana e por estes orifícios
descolou-se a dura-máter do osso adjacente. Uma serra de Gygly foi utilizada
para serrar o fragmento ósseo e retirá-lo para ter acesso ao compartimento
intracraniano (craniotomia osteoplástica). A trepanação craniana foi realizada
com trépano elétrico e durante o procedimento foi utilizado soro fisiológico para
resfriar a extremidade da broca e para umidificar o de osso, de modo a
torná-lo facilmente recolhido do local. O pó de osso, devidamente irrigado,
umidificado e com forma de pasta foi cuidadosamente recolhido em uma cuba
provida de 80 mg de gentamicina e aproximadamente 100 ml de soro
fisiológico. Ulteriormente foi utilizado para preencher os orifícios de trepanação
em consistência de pasta, (figura 1).
30
Figura 1: O de osso (P) acumulado é recolhido e ulteriormente reutilizado na
reconstrução da falha óssea
O procedimento cirúrgico para a obtenção do material de estudo
(pastilha óssea da mina interna) foi realizado com uma trefina, especialmente
confeccionada para esse fim, com diâmetro interno de 14 mm, conectada a
uma furadeira elétrica, (figura 2a, 2b, 2c).
Figura 2a: Trefina especialmente confeccionada e utilizada nos procedimentos
P
2a
31
Figura 2b-c: visão inferior da trefina, evidenciando sua face cortante, o diâmetro
interno e o condutor central (C).
C
2b
2c
32
A técnica cirúrgica consistiu no corte da lâmina interna do fragmento
ósseo, até a díploe. Após, com a utilização de um osteótomo, retirou-se o
fragmento ósseo para ser colocado no orifício causado pelo trépano, (figura 3).
Figura 3 a: Corte da lâmina interna do osso com a trefina. Irrigação com soro
fisiológico, (FO - fragmento ósseo; LI - lâmina interna; LE lâmina externa;
T - trefina).
LE - LI
FO
T
3a
a
33
Figura 3b: Entalhe da lâmina interna causada pela trefina.
Figura 3 c: Pastilhas ósseas retiradas do osso da lâmina interna
Orifício do
condutor
Corte da
lâmina
interna
Persistência
da lâmina
externa
Pastilhas
ósseas da
lâmina
interna
3c
3b
34
Os orifícios de trepanação da craniotomia, que em dia foram cinco,
eram aleatoriamente escolhidos e preenchidos com pó de osso resultante da
broca de trepanação cirúrgica ou fragmento do osso retirado da lâmina interna
da peça óssea da calota craniana do próprio paciente (figura 4). Os dois tipos
de reconstrução foram realizados no mesmo paciente. Como o material de
estudo era obtido da lâmina interna do osso retirado por ocasião do
procedimento cirúrgico, não foi necessário nenhum tipo de incisão adicional.
Figura 4: locais trepanados reconstruídos com de osso e fragmento ósseo
da lâmina interna, retirado com utilização da trefina. A - orifício preenchido com
pó de osso; B – orifício preenchido com pastilha óssea retirada da lâmina
interna.
Nos procedimentos que efetuamos, não foi realizado qualquer tipo de
fixação dos fragmentos ósseos implantados. A pastilha óssea fica retida pelo
degrau deixada pelo debriador do trépano, (figura 5).
A
B
35
Figura 5: Degrau causado pelo trépano, onde o enxerto ósseo se apóia, sem
necessidade de fixação. O – orifício do trépano; D - degrau deixado pelo
trépano.
3.2.4 Desfecho
Os desfechos foram aferidos pela tomografia computadorizada de crânio.
Os exames foram realizados por aparelho de múltiplos detectores (multislices).
Tomógrafo Ge light Speed 16 canais, cortes de 0,6 mm ou 1.2 mm no modo 16
canais helicoidal (General Eletric High Speed Advantage scanner, GE Medical
Systems Inc. Milwaukee, WI). Foi realizada reconstrução tridimensional da
calota craniana. O cálculo do preenchimento do orifício foi realizado por
“software” tomográfico, “Workstation” modelo “Advantage Windows” versão 4.2.
da General Eletric. Os resultados foram apresentados em unidades Hounsfield.
O
D
36
A avaliação da densidade foi baseada em uma escala de cinzas que foi
criada especialmente para a tomografia computadorizada e sua unidade foi
chamada de unidade Hounsfield (HU), em homenagem ao cientista que
desenvolveu a TC. Em relação às imagens, existe uma convenção para traduzir
os valores de voltagem detectados em unidades digitais. Dessa forma, temos
valores que variam de –1000, onde nenhuma voltagem é detectada, ou seja, o
objeto o absorveu praticamente nenhum dos fótons de RX, e se comporta
como o ar; ou um valor muito alto, algo como 1000 ou mais, caso poucos fótons
cheguem ao detector e nesse caso, o objeto absorveu quase todos os fótons de
RX. Dessa forma, quanto mais fótons o objeto absorver, mais claro ele é na
imagem, e foi nesses dados que os resultados foram baseados.
Além da medida da densidade óssea no local de implantação dos
enxertos, as reentrâncias da pele nesses locais também foram avaliadas. A
aparência estética da reconstrução tomográfica foi submetida à apreciação por
dois médicos cegados para o estudo (cirurgião geral e cirurgião plástico).
Ambos desconheciam o procedimento realizado e foram convidados para
analisar a estética da reconstrução que estava devidamente marcada e
recoberta por pele, não sendo possível para os mesmos identificar qual tipo de
reconstrução fora realizada. Cada avaliador atribuía uma nota de 0 a 10 para a
aparência estética do local da reconstrução.
O processamento estatístico dos dados foi feito pelo programa SPSS for
Windows. A comparação entre os grupos foi realizada pelo teste t de Student.
O nível de significância adotado foi o de p < 0,05.
A normalidade da distribuição dos dados foi realizada pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov. A análise de concordância entre os grupos foi analisada
com o teste de correlação de Spearman. A comparação das médias entre os
grupos foi realizada pelo teste de Tukey.
37
3.3 ASPECTOS ÉTICOS
O presente trabalho foi desenvolvido integralmente no Hospital São José
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, com aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Registro no SISNEP sob número 1293/06.
Foi solicitado consentimento livre e esclarecido de todos os participantes
(Anexo 3). Foram explicitados os objetivos da realização dos procedimentos
bem como o acompanhamento e a realização do exame tomográfico
ulteriormente. Os participantes consentiram na realização de fotografias das
reconstruções no transoperatório.
3.4 EQUIPE DE TRABALHO E PERÍODO DE REALIZAÇÃO
O projeto foi elaborado e executado pelo autor, em conjunto com a
equipe cirúrgica do Hospital São José e incluiu orientadores, preceptores,
residentes e anestesistas.
Orientadores: Marcus Vinicius Martins Collares e Nelson Pires Ferreira.
Preceptores: Jorge L. Kraemer, Albert V.B. Brasil e Marcelo P. Ferreira.
Anestesistas: Leonardo Fonseca, Fernando Macagnam, Fabio Petry,
Marcos Pasa e João Roth.
Residentes: Gustavo de David, Mário Faria, Vinícius Pedroso Severo.
O período de realização dos procedimentos cirúrgicos foi de julho de
2005 a agosto de 2006.
38
4 RESULTADOS
4.1 Características dos pacientes
A amostra constou de 23 pacientes (20 do sexo feminino e 3
masculinos), que foram submetidos a procedimento cirúrgico intracraniano no
Hospital São José da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
As distribuições dos pacientes por doenças que motivaram o tratamento
cirúrgico inicial estão estratificadas na tabela 1.
Tabela I - Doenças que justificaram procedimento cirúrgico nos 23 pacientes
estudados
Nº. de pacientes Doença Percentagem
6 Aneurisma roto 26,1 %
5 Aneurisma não roto 21,7 %
5 Malformação vascular* 21,7 %
7 Neoplasia benigna** 30,4 %
* 2 Malformações artériovenosas e 3 cavernomas.
** 4 meningiomas, 1 adenoma de hipófise, 1 cisto ependimário e 1 cisto de
ventrículo.
A idade dos pacientes variou de 20 a 70 anos, com uma média de 45,26
anos. Houve predomínio do sexo feminino, com 20 pacientes (87%). (figura 6).
39
Idade
706759545352474644433431252220
Número de pacientes
3
2
1
0
Masculino
Feminino
SEXO
Figura 6: distribuição dos pacientes de acordo com a idade e sexo.
A história médica pregressa dos pacientes apresentava as seguintes
características:
Hipertensão arterial sistêmica - 4 pacientes (18,1%)
Tabagismo - 3 pacientes (13,6%)
Dislipidemia - 2 pacientes (9,0%)
Cardiopatia - 2 pacientes (9,0%)
Depressão - 2 pacientes (9,0%)
40
Imunossupressão - 2 pacientes (9,0%)
Diabetes mellitus - 1 paciente (4,5%)
Pan – hipopituitarismo - 1 paciente (4,5%)
Hipotireoidismo - 1 paciente (4,5%)
Osteoporose - 1 paciente (4,5%)
Anemia - 1 paciente (4,5%)
Lúpus eritematoso sistêmico - 1 paciente (4,5%)
Foram reconstruídos 108 orifícios de craniotomia, nos 23 pacientes
estudados, sendo 36 orifícios reconstruídos com fragmento de osso (33,3%) e
72 com de osso (66,6%). No mesmo paciente foram realizadas as
reconstruções com pó de osso e osso cortical.
A dia de internação foi de 12 dias e o seguimento médio pós-
operatório de 17,2 meses.
5
Não houve diferença significativa da densidade óssea medida nos
pacientes quando estratificados por sexo.
Não houve diferença significativa entre as médias das densidades ósseas
entre os grupos estudados quando os mesmos foram estratificados pelas
doenças correspondentes (teste de tukey, p = 0,9).
O tempo de pós-operatório que foi realizada a TC foi em dia de 12
meses (8-18 meses), figura 7.
41
Meses
181716151413121198
Número de pacientes
4
3
2
1
0
Figura 7: meses de pós-operatório em que foi realizada a tomografia de crânio
com reconstrução tridimensional.
Os orifícios reconstruídos foram numerados e delimitados exatamente na
área de reconstrução. A TC mediu a densidade óssea desse local, figura 8a - b.
42
Figura 8 a - b: Numeração dos orifícios a serem medidos (8a) e delimitação do
espaço a ser medido pela tomografia de crânio (8b).
8a
43
Figura 8 a - b: Numeração dos orifícios a serem medidos (8a) e delimitação do
espaço a ser medido pela tomografia de crânio (8b)
A densidade óssea do defeito reconstruído foi medida mediante TC, com
cálculo da média em unidades Hounsfield (HU), figura 9. A média das
reconstruções com fragmento ósseo foi de 987,01 ± 172,6 HU e do de osso
foi de 464,46 ±197,66 HU. Essa diferença foi estatisticamente significativa (p<
0,001, teste t de Student, α< 0,05). Esses dados corroboram a superioridade do
osso da lâmina interna em comparação ao pó de osso.
8b
44
Figura 9: medidas do osso cortical e do de osso (média). Teste T pareado
p <0,001.
Na avaliação estética, cada especialista atribuiu uma nota mínima de
zero e uma nota máxima de dez para cada orifício reconstruído em função da
aparência da reconstrução, figura 10.
45
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Cir Plastico osso cort Cir Geral osso cort Cir Plastico Pó Cir Geral
Tipo de reconstrução
Nota atribuída
Figura 10: Nota atribuída pelos avaliadores para o aspecto estético da
reconstrução com osso cortical (osso cort) e para o pó de osso (pó).
A média da nota atribuída pelos avaliadores para a aparência estética da
reconstrução em cada grupo foi de 9,5 para o fragmento ósseo e de 5,7 para o
pó de osso (p < 0, 01, teste t pareado), Tabela II.
Tabela II: Médias das notas atribuídas pelos avaliadores para as reconstruções
Nota (0 - 10) Fragmento ósseo Pó de osso p
Cirurgião geral 9,71 6,18 <0,001
Cirurgião plástico 9,29 5,29 <0,001
Média 9,5 5,73 < 0,001
O cirurgião geral atribuiu valores maiores para ambos os grupos e o
cirurgião plástico valores menores também para ambos. Essa diferença não foi
46
estatisticamente significativa, figura 10. Não houve diferença significativa inter
observador (teste correlação de Spearman).
Os locais com melhor aparência estética coincidiram com maior densidade
óssea medida na TC.
47
5 COMPLICAÇÕES
5.1 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS
Foram documentadas complicações em seis pacientes durante o
tratamento; descritas a seguir:
Vasoespasmo 2 pacientes (8,6%)
Diabetes insípido 1 paciente (4,3%)
Hipertensão intracraniana 1 paciente (4,3%)
Distúrbio hidroeletrolítico 1 paciente (4,3%)
Pneumonia 1 paciente (4,3%)
Infecção do trato urinário 2 pacientes (8,6%)
Hidrocefalia 1 paciente (4,3%)
Meningite 1 paciente (4,3%)
Anemia 1 paciente (4,3%)
5.2 COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS
Hematoma no leito cirúrgico 1 paciente (4,3%)
48
6 CONDIÇÕES DA ALTA
As condições de alta dos 23 pacientes classificados segundo a escala de
Glasgow foram:
Sem seqüelas 21 pacientes (91,3 %)
Seqüela moderada e vida independente 1 paciente (4,3 %)
Seqüela severa e vida dependente 1 paciente (4,3 %)
49
7 DISCUSSÃO
A amostra é composta por pacientes adultos (20 -70 anos), faixa etária
onde a regeneração óssea é pequena quando comparada a crianças
65, 66
. Este
fator é determinante para a produção da falha óssea (depressão) no local da
trepanação. Esta falha crítica produz um modelo adequado para o estudo do
preenchimento do defeito com osso de diferentes formas.
O predomínio de pacientes do sexo feminino reflete uma casualidade do
período estudado e também a seleção das doenças.
O fato de alguns pacientes necessitarem uso de corticóide por período
mais prolongado pode causar rarefação óssea e dificultar, ou diminuir, a reação
de incorporação do enxerto
67
. Esse fator não se mostrou significativo na amostra
estudada, tampouco se correlacionou às doenças envolvidas, e pode ser
explicado pelo fato de que o tempo médio de utilização de corticóide foi de
apenas 7,6 dias (4-19 dias). Este intervalo de utilização é curto para se esperar
conseqüências na integração óssea. Para que isso ocorra, o uso de corticóide
deve ser pelo menos três meses
68, 69
.
As comorbidades refletiram os fatores de risco envolvidos nas doenças
que motivaram a indicação dos procedimentos nos pacientes estudados. Como a
maioria dos pacientes apresentava doenças vasculares, os fatores de risco como
hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, dislipidemia e cardiopatia foram os
achados mais comuns
70-79
.
O tempo de internação dos pacientes foi de 12 dias, ocasionado pelo
maior número de pacientes com doenças vasculares, que demandam uma
permanência hospitalar maior.
50
7.1 COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS E CIRÚRGICAS
O vasoespasmo é uma complicação da hemorragia subaracnóidea (HSA)
e está associado com o aumento da morbidade e mortalidade, mesmo após o
tratamento cirúrgico dos aneurismas e das MAVs
80
. Em torno de 70% dos
pacientes com HSA ocorre vasoespasmo clínico
81
. Dos seis pacientes com
aneurisma roto, 2 (33 %) apresentaram vasoespasmo. Esses pacientes
freqüentemente apresentam distúrbio hidroeletrolítico e hidrocefalia que
ocorrem em torno de 20%
80, 81
. Essas complicações ficaram dentro do previsto
para as doenças envolvidas. Outras complicações foram: pneumonia, infecção
do trato urinário e meningite. Um paciente com hematoma epidural pós-
operatório, não necessitou reintervenção, permanecendo no grupo estudado.
7.2 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
O material necessário é simples e conta com uma contribuição do autor.
Para tal, foi desenvolvida uma trefina com 14 mm de diâmetro interno. Esta
possui uma fenestração central onde foi acoplado um pino com o objetivo de
fixá-la ao osso a ser perfurado. Esse mecanismo evita o deslizamento do
instrumento, bem como a sua trepidação evitando com isso desgaste maior do
que o necessário e conseqüentemente inutilização do material.
A confecção da trefina permite utilizá-la ou manualmente ou acoplada a
uma furadeira elétrica. A confecção da trefina com diâmetro interno de 14 mm
permitiu o ajuste perfeito do fragmento ósseo da lâmina interna no orifício de
trepanação, realizada por broca Aesculap GB 305-R com 12 mm de diâmetro,
figura 11.
Durante o procedimento, deve-se ter cuidado especial para que a
perfuração atinja a díploe. Caso contrário, o enxerto pode se fragmentar na
retirada.
51
Figura 11: encaixe da pastilha óssea feita de lâmina da cortical interna.
A fixação dos enxertos ósseos pode ser realizada com fios de aço
inoxidável ou placas de titânio, para reduzir a probabilidade de migração do
enxerto. Entretanto, fios e placas de titânio impuro podem irritar os tecidos e
causar artefatos nos exames tomográficos e de ressonância magnética
82
.
A broca de trepanação neurocirúrgica deixa um degrau onde o auto-
enxerto pode repousar sem necessidade de fixação de qualquer natureza. Esse
fator é de grande valia, pois diminui o custo do procedimento, que não
necessita de fios, ou de outros materiais de fixação.
Nenhum dos fragmentos ósseos implantados se deslocou durante o
seguimento.
Foi tomado cuidado, durante a trepanação, com a irrigação da broca. Se a
irrigação for insuficiente haverá liberação de calor, provocando necrose óssea e
perda da vitalidade e viabilidade do material. Se a irrigação for demasiada, o
de osso é lavado com conseqüente perda do material
14
.
52
A utilização de material autólogo vem sendo defendida por diversos
autores por não desencadear reações de imunogenicidade e pelo baixo custo
13,
29
. O risco de transmissão de doenças infecciosas é nulo e não apresenta
resposta imune após a implantação. O material autólogo apresenta capacidade
osteocondutiva, osteoindutiva e propriedades osteogênicas ótimas; além disso,
não apresenta morbidade no sítio doador nas cranioplastias, pois a tábua interna
do crânio é a escolhida para doadora na reparação de pequenos defeitos, sem
custos adicionais.
Em tempos de recursos médicos restritos, os aspectos monetários devem
ser levados em consideração, especialmente onde os departamentos são
responsáveis pelo seu próprio orçamento.
Fragmentos ósseos circulares foram empregados na tentativa de
reconstrução dos orifícios. Quando as trefinas eram utilizadas para a realização
de craniotomias, Ray e Parsons
52
recolocaram o fragmento ósseo de espessura
total retirado do local do orifício na região frontal de 50 pacientes. Essa cnica
não é utilizada atualmente, por não se usar trefinas para as craniotomias devido
ao risco de lesões ao rebro subjacente. Esse sistema dificulta a fusão das
margens do enxerto pelo desgaste realizado pela trefina e não apresentam
superfície de contato e apoio o que demandaria fixação do mesmo com material
aloplástico.
Woodroffe et. al.
30
utilizaram cartilagem proveniente de cadáveres para
reconstruções cranianas, durante a primeira guerra mundial. Alguns pacientes
apresentam problemas de aceitação e desconforto psicológico com enxertos
provenientes de banco de osso e daqueles provenientes de cadáveres.
Cokluc et. al.
57
utilizou tábua interna do crânio para reconstrução dos
orifícios de trepanação em dez pacientes. Com a utilização de uma serra (Midas
Rex), bipartiu o osso retirado pela craniotomia e retirou um fragmento. Nesse
fragmento, realizou uma perfuração e fixou com fios de náilon sobre o orifício
causado pelo trépano. A técnica empregada no presente estudo não utiliza
serras especiais; além disso, o fragmento ósseo é acoplado no orifício de
53
trepanação dispensando qualquer tipo de fixação. Na técnica utilizada por Cokluc
et. al., não foi realizada nenhuma medida da densidade óssea, o número de
pacientes foi pequeno, o acompanhamento fora de apenas três meses, e a
estética também não foi avaliada.
Bostrom, et al.
83
reconstruíram também os orifícios de trepanação com
de osso compactado em um instrumento desenvolvido especialmente para esse
fim. Relataram bons resultados, mas não houve comparação com outro tipo de
enxerto nem foi medida a densidade óssea; além disso, algumas vezes foi
necessário à utilização de cola de fibrina para fixar os implantes, o que elevou o
custo da reconstrução.
As condições de alta dos 23 pacientes foram favoráveis em 95,6 % dos
casos. Desses pacientes, 75% voltaram às suas atividades habituais exercidas
anteriormente, o que reforça a importância da reconstrução das deformidades
causadas pelo trépano cirúrgico para a completa convivência social dos
indivíduos operados.
Dentre as vantagens encontradas com a técnica empregada, citamos:
A execução do procedimento é simples, rápida e segura, sem
necessidade de equipamentos caros ou especiais.
Quando a broca do trépano apresentar dimensões diferentes, a
trefina pode ser confeccionada com essas dimensões, observando que o seu
diâmetro interno seja igual ao do enxerto desejado.
Não há morbidade no sítio doador, comum nos enxertos autólogos,
pois o mesmo é retirado da porção interna do segmento ósseo, sem necessidade
de incisão adicional.
O cirurgião pode acompanhar a evolução da cranioplastia nos
exames tomográficos de rotina de seus pacientes, solicitando apenas a
reconstrução craniana, se assim o desejar.
54
O resultado desta análise evidencia uma melhor performance do enxerto
de lâmina interna em relação ao pó de osso. Os benefícios para os pacientes
são claros não sendo necessária incisão adicional, nem a utilização de materiais
de cadáveres ou sintéticos. Diminui o risco de reação tipo corpo estranho e o
resultado estético é significativamente melhor.
A aparência estética foi melhor nos pacientes onde as reconstruções
foram realizadas com osso da lâmina interna, pois o de osso tem uma alta
taxa de absorção, o que causa depressões, irregularidades e uma aparência
estética pouco satisfatória.
A diferença entre as notas atribuídas pelos avaliadores pode ser
explicada pelo olhar mais crítico sobre ambas as reconstruções quando realizada
pelo cirurgião plástico e pela avaliação menos crítica realizada pelo cirurgião
geral.
Outro local de difícil reconstrução é na região do “key hole” (orifício de
trepanação anterior inferior da craniotomia frontotemporal). As depressões nessa
região ficam evidentes quando o músculo temporal é delgado ou atrofia e tem
sido alvo de preocupação de outros autores
16, 17
. O método ora empregado
também propiciou a reconstrução desses orifícios sem dificuldades, figura 12.
55
Figura 12: Reconstrução na região do “key hole” com osso cortical (C).
7.3 A DENSIDADE ÓSSEA
Conforme Prolo et. al.
53
, na atualidade, a maior dificuldade para acessar
o desenvolvimento biológico de ossos transplantados em humanos é a
impossibilidade de quantificar os resultados. A análise do período necessário
para a fusão das margens, o preenchimento do defeito e o grau de
reorganização do osso neoformado é difícil em humanos, porque o é
eticamente recomendável a retirada do enxerto para avaliar a sua integração.
Para Prolo e Oklund
35
, a avaliação do local de reconstrução pela inspeção e
pela palpação é um método grosseiro de aferição, permitindo apenas uma
análise qualitativa.
C
56
A diversidade de métodos e materiais propostos para a reconstrução do
crânio atesta a magnitude desse problema e justifica o engajamento na tentativa
de resolução. Diversos autores têm se dedicado à resolução funcional e estética
dos orifícios de craniotomias
14, 16-19, 30, 52, 54, 55, 57, 84, 85
.
Resultados satisfatórios com a utilização de implantes de cerâmica têm
sido relatados por Yamashima
19
. A hidroxiapatita e o tântalo também
apresentaram bons resultados, mas são materiais caros
86
.
Pó de osso adicionado à cola de fibrina (beriplast
®
) foi utilizado por
Matsumoto et. al.
54
, para correção de defeitos causados pelo trepano cirúrgico
em 92 pacientes. Esse método não foi comparado com outro tipo de
reconstrução, sendo necessárias trepanações em outros locais para obter pó de
osso que fora insuficiente para as reconstruções de todos os orifícios. Esse fato
aliado à necessidade de utilização de pelo menos 2ml de cola de fibrina, além
de não ser prático aumenta os custos do procedimento. Apesar dos autores
afirmarem que a aparência estética foi favorável, eles o descrevem a
metodologia empregada para essa afirmação.
Não existem estudos em humanos comparando o de osso e osso da
lâmina interna, quanto à reabsorção e aparência estética. O presente estudo é
pioneiro nessa comparação.
O osso autólogo para a reconstrução dos defeitos cranianos tem-se
mostrado superior a outros materiais, e até mesmo a osso autólogo de outros
sítios
29, 87
. Os ossos do crânio não sofrem absorção quando transplantados de
outras áreas do crânio, isso pode eventualmente ocorrer quando se utiliza
costela
83
.
A TC com reconstrução tridimensional vem sendo utilizada desde 1980,
primeiro para visualização
49, 88
; mais recentemente, para a pré-fabricação de
próteses
89
e planejamento pré-operatório em cirurgia craniofacial
90
, mas esta
tecnologia ainda não tem sido totalmente explorada na prática clínica
60
.
57
A medida da densidade óssea pela TC foi empregada previamente por
Keyak et. al.
91
e por Levi et al.
92
para análise de densidade óssea de colo de
fêmur de humanos. Mais recentemente, para emprego de implantes
ortodônticos a densidade óssea também foi medida por Lee et. al.
93
e
Turkyilmaz et al.
94
.
Tanto quanto saibamos, a medida da densidade óssea pela TC ainda não
tinha sido empregada em neurocirurgia. Chen e Wang
95
utilizaram a tomografia
com reconstrução tridimensional para averiguar a neoformação óssea em
reconstruções onde utilizou matriz óssea desmineralizada perfurada e pó de
osso. Neste estudo apenas comparou visualmente as reconstruções após o
procedimento demonstrando novos locais de formação óssea. Com a técnica
empregada no presente estudo, é possível não somente visibilizar, mas também
quantificar a neoformação óssea.
A medida da densidade óssea pelo todo tomográfico, com
reconstrução, ora utilizado mostrou-se de grande valia, não é invasivo e não
necessita contraste. O método detecta inclusive as saliências e reentrâncias da
pele no local do enxerto. Este instrumento de avaliação permite, ainda, uma
análise quantitativa da densidade óssea no sítio de implantação do enxerto.
Os exames tomográficos foram realizados por aparelho de múltiplos
detectores “(multislices)”, no modo 16 canais helicoidais; porém os exames
podem ser realizados em qualquer tomógrafo helicoidal “single slice”, com uma
espessura de corte entre 0.5 e 1.2mm, e processados com o uso de “software
de MPR” (multi-planar). Portanto, os resultados podem ser facilmente
acompanhados mesmo em lugares com tecnologia menos avançada.
58
8 CONCLUSÕES
Os resultados do estudo permitem que se estabeleçam as seguintes
conclusões:
O enxerto autólogo da lâmina interna é adequado para a resolução
estético-funcional dos defeitos causados pelo trépano cirúrgico.
A técnica cirúrgica desenvolvida e a execução do procedimento é
simples, rápida e segura, não necessitando de equipamentos caros ou
especiais, nem de incisão adicional.
A trefina desenvolvida mostrou-se eficaz à retirada do fragmento para
subseqüente implantação no local a ser reconstruído.
A técnica de medida com a utilização de programa tomográfico
mostrou-se satisfatória para documentar a diferença entre as densidades do
de osso e do fragmento ósseo de lâmina interna, podendo ser uma alternativa
para a aferição da integração ou neoformação óssea em cranioplastias.
A quantidade de osso remanescente no local da implantação, aferido
pela tomografia de crânio, foi significativamente superior com a técnica proposta
quando comparado ao pó de osso.
A aparência estética foi melhor naqueles orifícios com maior
densidade óssea, evidenciando a superioridade da técnica empregada em
relação ao pó de osso.
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Finger S: Origins of Neuroscience. New York: Oxford University Press,
1994,
2. Ribas GC: Das trepanações pré-históricas à neuronavegação:evolução
histórica das contribuições da neuroanatomia e das cnicas de
neuroimagem à prática neurocirúrgica. Arq Bras Neurocir 25:166-175,
2007
3. Lillie MC: Cranial surgery dates back to Mesolithic. Nature 391:854, 1998
4. Alt KW, Jeunesse C, Buitrago-Tellez CH, et al: Evidence for stone age
cranial surgery. Nature 387:360, 1997
5. Sanan A, Haines SJ: Repairing holes in the head: a history of
cranioplasty. Neurosurgery 40:588-603, 1997
6. Lee C, Antonyshyn OM, Forrest CR: Cranioplasty: indications, technique,
and early results of autogenous split skull cranial vault reconstruction. J
Craniomaxillofac Surg 23:133-142, 1995
7. Yaremchuk MJ: Surgical repair of major defects of the scalp and skull, in
Henry H.schmidek, David W.Roberts (eds): operative neurosurgical
techniques: indications, methods, and results. Philadelphia: Elsevier,
2006, Vol 1, pp 15-30
8. Yaremchuk MJ: Facial skeletal reconstruction using porous polyethylene
implants. Plast Reconstr Surg 111:1818-1827, 2003
9. Cho YR, Gosain AK: Biomaterials in craniofacial reconstruction. Clin
Plast Surg 31:377-85, v, 2004
10. Dujovny M, Aviles A, Agner C, et al: Cranioplasty: cosmetic or
therapeutic? Surg Neurol 47:238-241, 1997
11. Manson PN, Crawley WA, Hoopes JE: Frontal cranioplasty: risk factors
and choice of cranial vault reconstructive material. Plast Reconstr Surg
77:888-904, 1986
12. Bauer TW, Muschler GF: Bone graft materials. An overview of the basic
science. Clin Orthop Relat Res10-27, 2000
13. Artico M, Ferrante L, Pastore FS, et al: Bone autografting of the calvaria
and craniofacial skeleton: historical background, surgical results in a
series of 15 patients, and review of the literature. Surg Neurol 60:71-79,
2003
14. Vialogo JG: [Autogenic bone plug to seal burr holes: technical note]. Arq
Neuropsiquiatr 57:1041-1045, 1999
60
15. Broaddus WC, Holloway KL, Winters CJ, et al: Titanium miniplates or
stainless steel wire for cranial fixation: a prospective randomized
comparison. J Neurosurg 96:244-247, 2002
16. Kobayashi S, Hara H, Okudera H, et al: Usefulness of ceramic implants in
neurosurgery. Neurosurgery 21:751-755, 1987
17. Koyama J, Hongo K, Iwashita T, et al: A newly designed key-hole button.
J Neurosurg 93:506-508, 2000
18. Tsuchimochi H, Nagasaka S, Yamada H, et al: [Cosmetic cranioplasty
using the bone chips and Biobond (EDH-adhesive): technical note]. No
Shinkei Geka 17:457-459, 1989
19. Yamashima T: Reconstruction of surgical skull defects with
hydroxylapatite ceramic buttons and granules. Acta Neurochir (Wien )
90:157-162, 1988
20. Stark RB, Khoury F: Plastic Surgery of the Head and Neck. New York:
Churchill Livingstone, 1987, p 3
21. Carod-Artal FJ, Vazquez-Cabrera CB: [Neurological paleopathology in the
pre-Columbine cultures of the coast and the Andean plateau (II). The
history of cranial trepanations]. Rev Neurol 38:886-894, 2004
22. Grant CF, Norcross CN: Repair of cranial defects by cranioplasty. Annals
of surgery 110:488-512, 1939
23. Joffe JM, McDermott PJ, Linney AD, et al: Computer-generated titanium
cranioplasty: report of a new technique for repairing skull defects. Br J
Neurosurg 6:343-350, 1992
24. Kubler N, Michel C, Zoller J, et al: Repair of human skull defects using
osteoinductive bone alloimplants. J Craniomaxillofac Surg 23:337-346,
1995
25. Miyake H, Ohta T, Tanaka H: A new technique for cranioplasty with L-
shaped titanium plates and combination ceramic implants composed of
hydroxyapatite and tricalcium phosphate (Ceratite). Neurosurgery
46:414-418, 2000
26. Moss SD, Joganic E, Manwaring KH, et al: Transplanted demineralized
bone graft in cranial reconstructive surgery. Pediatr Neurosurg 23:199-
204, 1995
27. Stevenson S: Enhancement of fracture healing with autogenous and
allogeneic bone grafts. Clin Orthop Relat ResS239-S246, 1998
28. Vanaclocha V, Bazan A, Saiz-Sapena N, et al: Use of frozen cranial vault
bone allografts in the repair of extensive cranial bone defects. Acta
Neurochir (Wien ) 139:653-660, 1997
61
29. Viterbo F, Palhares A, Modenese E: Cranioplasty: the autograft option. J
Craniofac Surg 6:80-83, 1995
30. Woodroffe HL: The reparation of cranial defects by means of cartilaginous
grafts. Br J Surg 5:42-52, 1917
31. Fulcher OH: Tantalum as a metallic implant to repair cranial defects.
JAMA 121:931-933, 1943
32. Pudenz RH: The repair of cranial defects with tantalum: An experimental
study. JAMA 121:478-481, 1943
33. Gosain AK: Biomaterials for reconstruction of the cranial vault. Plast
Reconstr Surg 116:663-666, 2005
34. Simpson D: TITANIUM IN CRANIOPLASTY. J Neurosurg 22:292-293,
1965
35. Prolo DJ, Oklund SA: The use of bone grafts and alloplastic materials in
cranioplasty. Clin Orthop Relat Res270-278, 1991
36. Simpson D: TITANIUM IN CRANIOPLASTY. J Neurosurg 22:292-293,
1965
37. Replogle RE, Lanzino G, Francel P, et al: Acrylic cranioplasty using
miniplate struts. Neurosurgery 39:747-749, 1996
38. Courtemanche AD, Thompson GB: Silastic cranioplasty following cranio-
facial injuries. Plast Reconstr Surg 41:165-170, 1968
39. Winkler PA, Herzog C, Weiler C, et al: Foreign-body reaction to silastic
burr-hole covers with seroma formation: case report and review of the
literature. Pathol Res Pract 196:61-66, 2000
40. Goldblum RM, Pelley RP, O'Donell AA, et al: Antibodies to silicone
elastomers and reactions to ventriculoperitoneal shunts. Lancet 340:510-
513, 1992
41. Benjamin E, Ahmed A, Rashid AT, et al: Silicone lymphadenopathy: a
report of two cases, one with concomitant malignant lymphoma. Diagn
Histopathol 5:133-141, 1982
42. Srinivasan S, Singh AK, Desai SP, et al: Foreign body episcleral
granulomas complicating intravitreal silicone oil tamponade: a
clinicopathological study. Ophthalmology 110:1837-1840, 2003
43. Gosain AK, Riordan PA, Song L, et al: A 1-year study of osteoinduction in
hydroxyapatite-derived biomaterials in an adult sheep model: part II.
Bioengineering implants to optimize bone replacement in reconstruction
of cranial defects. Plast Reconstr Surg 114:1155-1163, 2004
62
44. Gosain AK, Persing JA: Biomaterials in the face: benefits and risks. J
Craniofac Surg 10:404-414, 1999
45. Chiarini L, Figurelli S, Pollastri G, et al: Cranioplasty using acrylic
material: a new technical procedure. J Craniomaxillofac Surg 32:5-9,
2004
46. Eufinger H, Wehmoller M, Machtens E, et al: Reconstruction of
craniofacial bone defects with individual alloplastic implants based on
CAD/CAM-manipulated CT-data. J Craniomaxillofac Surg 23:175-181,
1995
47. Wehmoller M, Eufinger H, Kruse D, et al: CAD by processing of computed
tomography data and CAM of individually designed prostheses. Int J Oral
Maxillofac Surg 24:90-97, 1995
48. Fallahi B, Foroutan M, Motavalli S, et al: Computer-aided manufacturing
of implants for the repair of large cranial defects: an improvement of the
stereolithography technique. Neurol Res 21:281-286, 1999
49. Knapp RH, Vannier MW, Marsh JL: Generation of three dimensional
images from CT scans: technological perspective. Radiol Technol
56:391-398, 1985
50. Psillakis JM, Nocchi VL, Zanini SA: Repair of large defect of frontal bone
with free graft of outer table of parietal bones. Plast Reconstr Surg
64:827-830, 1979
51. Santoni-Rugiu P: Repair of skull defects by outer table osteoperiosteal
free grafts. Plast Reconstr Surg 43:157-161, 1969
52. Ray, B. S. and Parsons, H. The replacement of free bone plates in routine
craniotomies. 1947.
Ref Type: Conference Proceeding
53. Prolo DJ, Gutierrez RV, DeVine JS, et al: Clinical utility of allogeneic skull
discs in human craniotomy. Neurosurgery 14:183-186, 1984
54. Matsumoto K, Kohmura E, Kato A, et al: Restoration of small bone
defects at craniotomy using autologous bone dust and fibrin glue. Surg
Neurol 50:344-346, 1998
55. Schantz JT, Lim TC, Ning C, et al: Cranioplasty after trephination using a
novel biodegradable burr hole cover: technical case report.
Neurosurgery 58:ONS-E176, 2006
56. Couldwell WT, Chen TC, Weiss MH, et al: Cranioplasty with the Medpor
porous polyethylene flexblock implant. Technical note. J Neurosurg
81:483-486, 1994
57. Cokluk C, Senel A, Iyigun O, et al: Reconstruction of burr hole by using
autologous button-shaped graft harvested from inner table of craniotomy
63
flap: technique and clinical result. Minim Invasive Neurosurg 46:372-
373, 2003
58. Fukuta K, Har-Shai Y, Collares MV, et al: Comparison of inorganic bovine
bone mineral particles with porous hydroxyapatite granules and cranial
bone dust in the reconstruction of full-thickness skull defect. J Craniofac
Surg 3:25-29, 1992
59. Kyoshima K, Gibo H, Kobayashi S, et al: Cranioplasty with inner table of
bone flap. Technical note. J Neurosurg 62:607-609, 1985
60. Chim H, Schantz JT: New frontiers in calvarial reconstruction: integrating
computer-assisted design and tissue engineering in cranioplasty. Plast
Reconstr Surg 116:1726-1741, 2005
61. Wolfe SA: Autogenous bone grafts versus alloplastic material in
maxillofacial surgery. Clin Plast Surg 9:539-540, 1982
62. Nidoli MC, Nielsen FF, Melsen B: Endochondral vs. intramembranous
demineralized bone matrices as implants for osseous defects. J
Craniofac Surg 10:177-185, 1999
63. Hardin CK: Banked bone. Otolaryngol Clin North Am 27:911-925, 1994
64. Healy KE, Ducheyne P: Hydration and preferential molecular adsorption
on titanium in vitro. Biomaterials 13:553-561, 1992
65. Gallagher DA, Sturrock A: Corticosteroid-induced osteoporosis in
neurology patients. Clin Neurol Neurosurg 109:218-219, 2007
66. Ungprasert S, Wangkaew S, Louthrenoo W: Physician's awareness of the
prevention of corticosteroid induced osteoporosis. J Med Assoc Thai
90:59-64, 2007
67. Compeyrot-Lacassagne S, Tyrrell PN, Atenafu E, et al: Prevalence and
etiology of low bone mineral density in juvenile systemic lupus
erythematosus. Arthritis Rheum 56:1966-1973, 2007
68. Van Staa TP, Leufkens HG, Cooper C: The epidemiology of
corticosteroid-induced osteoporosis: a meta-analysis. Osteoporos Int
13:777-787, 2002
69. Lozsadi DA, Peters G, Sadik HY, et al: Prevention of osteoporosis in
glucocorticoid-treated neurology patients. Clin Neurol Neurosurg
108:157-162, 2006
70. Harrod CG, Bendok BR, Batjer HH: Prediction of cerebral vasospasm in
patients presenting with aneurysmal subarachnoid hemorrhage: a review.
Neurosurgery 56:633-654, 2005
71. Aiba T, Tanaka R, Koike T, et al: Natural history of intracranial cavernous
malformations. J Neurosurg 83:56-59, 1995
64
72. Bonita R, Thomson S: Subarachnoid hemorrhage: epidemiology,
diagnosis, management, and outcome. Stroke 16:591-594, 1985
73. Bonita R: Cigarette smoking, hypertension and the risk of subarachnoid
hemorrhage: a population-based case-control study. Stroke 17:831-835,
1986
74. Brown RD, Jr., Flemming KD, Meyer FB, et al: Natural history, evaluation,
and management of intracranial vascular malformations. Mayo Clin Proc
80:269-281, 2005
75. Juvela S, Porras M, Poussa K: Natural history of unruptured intracranial
aneurysms: probability and risk factors for aneurysm rupture. Neurosurg
Focus 8:review, 2000
76. Juvela S: Cigarette smoking and death following subarachnoid
hemorrhage. J Neurosurg 95:551-554, 2001
77. Juvela S: Risk factors for aneurysmal subarachnoid hemorrhage. Stroke
33:2152-2153, 2002
78. Juvela S: Natural history of unruptured intracranial aneurysms: risks for
aneurysm formation, growth, and rupture. Acta Neurochir Suppl 82:27-
30, 2002
79. Juvela S: Hypertension and aneurysmal subarachnoid hemorrhage. Wien
Klin Wochenschr 114:285-286, 2002
80. Haley EC, Jr., Kassell NF, Torner JC: The International Cooperative
Study on the Timing of Aneurysm Surgery. The North American
experience. Stroke 23:205-214, 1992
81. Dorai Z, Hynan LS, Kopitnik TA, et al: Factors related to hydrocephalus
after aneurysmal subarachnoid hemorrhage. Neurosurgery 52:763-769,
2003
82. Shaffrey ME, Persing JA, Shaffrey Ci, et al: Craniofacial Reconstruction,
in Michael L.J.Apuzzo (ed): Brain Surgery:Complication avoidance
and management. Los Angeles, Califórnia: Churchill Livingstone, 1993,
pp 1373-1398
83. Bostrom S, Zsigmond P, Karlsson A, et al: A new bone dust packer for
use in neurosurgery. Acta Neurochir (Wien ) 141:183-185, 1999
84. Bostrom S, Kourtopoulos H, Nilsson I: Reconstruction of craniotomy burr-
holes with autologous bone blugs made by a new hole-saw. Acta
Neurochir (Wien ) 105:132-134, 1990
85. Dujovny M, Aviles A, Cuevas P: Bone-like polyethelyne burr-hole cover.
Neurol Res 27:333-334, 2005
65
86. Kveton JF, Friedman CD, Costantino PD: Indications for hydroxyapatite
cement reconstruction in lateral skull base surgery. Am J Otol 16:465-
469, 1995
87. Edwards MS, Ousterhout DK: Autogeneic skull bone grafts to reconstruct
large or complex skull defects in children and adolescents. Neurosurgery
20:273-280, 1987
88. Marsh JL, Vannier MW: The "third" dimension in craniofacial surgery.
Plast Reconstr Surg 71:759-767, 1983
89. Vannier MW, Marsh JL, Warren JO: Three dimensional CT reconstruction
images for craniofacial surgical planning and evaluation. Radiology
150:179-184, 1984
90. Cutting C, Bookstein FL, Grayson B, et al: Three-dimensional computer-
assisted design of craniofacial surgical procedures: optimization and
interaction with cephalometric and CT-based models. Plast Reconstr
Surg 77:877-887, 1986
91. Keyak JH, Meagher JM, Skinner HB, et al: Automated three-dimensional
finite element modelling of bone: a new method. J Biomed Eng 12:389-
397, 1990
92. Levi N, Ingles A, Jr., Klyver H, et al: Fracture of the femoral neck: optimal
screw position and bone density determined by computer tomography.
Injury 27:287-289, 1996
93. Lee S, Gantes B, Riggs M, et al: Bone density assessments of dental
implant sites: 3. Bone quality evaluation during osteotomy and implant
placement. Int J Oral Maxillofac Implants 22:208-212, 2007
94. Turkyilmaz I, Tozum TF, Tumer C: Bone density assessments of oral
implant sites using computerized tomography. J Oral Rehabil 34:267-
272, 2007
95. Chen TM, Wang HJ: Cranioplasty using allogeneic perforated
demineralized bone matrix with autogenous bone paste. Ann Plast Surg
49:272-277, 2002
66
ANEXO 1 - FIGURAS ILUSTRATIVAS DO PACIENTE NÚMERO 12
O paciente foi submetido a duas abordagens cirúrgicas, com
reconstrução bilateral dos orifícios e trepanação.
I - Retirada das pastilhas ósseas.
I
67
II e III - Colocação dos enxertos nos locais trepanados
II
III
68
IV - TC com reconstrução do lado direito
V-TC com reconstrução do lado esquerdo
IV
V
69
VI e VII - Demarcação dos espaços aferidos pela TC
VI
VII
70
VIII - Reconstrução tomográfica em três dimensões
VIII
71
IX - Reconstrução tomográfica com aposição de partes moles.
IX
72
X - Fotografia da paciente cinco meses após a última reconstrução,
mostrando a região frontal sem evidências de depressões nos locais
reconstruídos.
X
73
ANEXO 2 - FIGURAS ILUSTRATIVAS DO PACIENTE NÚMERO 20
I – Foto evidenciando os orifícios de trepanação antes da reconstrução.
II - Retirada das pastilhas ósseas.
74
III – Reconstrução dos orifícios com pó (P) de osso e osso cortical (C).
IV Reconstrução tomográfica do crânio evidenciando a reconstrução dos
orifícios e a absorção do pó de osso.
c
p
75
V Fotografia demonstrando a depressão no local reconstruído com de
osso.
76
TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO
Quando se faz necessário a abertura da cabeça para a realização de
cirurgia no cérebro, são realizados alguns buracos no osso para que se possa
serrá-lo e então retirá-lo para fazer-se a cirurgia. Esses locais onde se realiza
os buracos podem ser sentidos quando se palpa a cabeça, ou vistos quando
esses ficam fora do couro cabeludo. Para tentar evitar essa alteração, que
sempre acontece quando se realiza a cirurgia na cabeça, pretendemos, colocar
um pedacinho do próprio osso nos buracos, que será cortado da parte de
dentro do mesmo, sem que isso cause qualquer perda ou que apareça na
cabeça que a parte interna que é retirada. A esse procedimento estamos
atribuindo o nome de “REPARO DO DEFEITO ÓSSEO NA TREPANAÇÃO
CRANIANA”. ESTUDO COMPARATIVO MORFOLÓGICO E TOMOGRÁFICO.
Esse procedimento não aumenta o corte, e não traz nenhum tipo de risco ou
desconforto, já que é usado de rotina quando se quer reconstruir partes de osso
perdidas em acidentes, retiradas por cirurgias, ou no tratamento de crianças
com alterações cranianas. O que se tem usado até então, é o farelo de osso
que sai na hora que se fura o mesmo, mas ele em muitos casos “murcha” muito
e o buraco aparece alguns meses após a cirurgia, mas é o que se tem e o que
se utiliza. Também pode ser utilizado botão de silicone, que não é fornecido
para o SUS nem coberto pela maioria dos convênios. O benefício esperado
com isso é que essas depressões no crânio não ocorram, ou se ocorrerem que
sejam menores, principalmente nas áreas que apareçam. A avaliação será feita
com uma radiografia e uma tomografia de crânio que é feita de rotina nos pós-
operatório e será complementada com uma reconstrução da parte óssea para
averiguar a formação do calo ósseo ou não.
Pelo presente consentimento esclarecido, declaro que fui esclarecido de
forma clara e detalhada, livre de qualquer forma de constrangimento e coerção,
dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos que serei submetido, dos
riscos, desconfortos e benefícios do presente projeto de pesquisa, assim como
dos procedimentos alternativos aos quais poderia ser submetido, todos acima
listados.
Fui igualmente, informado:
77
Da garantia de receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimentos
a qualquer dúvida a cerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros
assuntos relacionados com a pesquisa;
Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar
de participar do estudo, sem que isto me traga prejuízo à continuação do meu
cuidado e tratamento;
De não incorrer sobre qualquer tipo de custo, de ter assegurada minha
privacidade e de ter informação atualizada sempre que julgar necessária.
Os pesquisadores responsáveis por esse projeto de pesquisa são Dr
Paulo Worm, Dr Nelson Pires Ferreira, Dr Marcos Collares, Dr Marcelo Ferreira
(fone: 3214 8207), tendo este documento sendo revisado e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa desta instituição de atenção a saúde em
________/____________/______________.
Data_______/__________/________
Nome e assinatura do paciente:
________________________________________
Nome e assinatura do responsável, quando for o caso.
OBS: O presente documento, baseado no item IV Diretrizes e Normas
Regulamentadoras para Pesquisa em Saúde do Conselho Nacional de Saúde
(Resolução 1996/96) será assinado em duas vias de igual teor, ficando uma via
em poder do entrevistado e ou de seu representante legal e outra com o
pesquisador responsável.
78
ARTIGO
Quantitative computed tomography for evaluating the quality of cranial
reconstruction in humans
Paulo Valdeci Worm*, Marcus Vinicius Martins Collares**, Nelson Pires Ferreira*, Mário de
Barros Faria*, Marcelo Paglioli Ferreira*, Jorge Luiz Kraemer*, Rene Lenhardt***, Luis Felipe
Toschi***.
*Department of Neurological Surgery, Hospital São José, Complexo Hospitalar Santa Casa de
Porto Alegre, Porto Alegre – RS, Brasil
**Department of Plastic Surgery, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre – RS, Brasil
***Department of Radiology, Hospital Dom Vicente Scherer, Complexo Hospitalar Santa Casa
de Porto Alegre, Porto Alegre – RS, Brasil
Quantitative computed tomography for evaluating the quality of cranial
reconstruction in humans
Background: difficulty in evaluating the biological development of transplanted
bone in humans remains an unsolved challenge. In this scenario, quantification
of results when studying bone grafts is still hard to be obtained.
Purpose: to propose and evaluate a method of measuring cranial bone density
after reconstruction with autograft using quantitative computed tomography
(QCT).
Material and Methods: a pilot study was performed, including 4 patients whose
surgical burr holes were reconstructed using wet bone powder, collected during
skull trephination, or a bone fragment, removed from the inner table of the
79
cranial bone flap created for the neurosurgical approach, both autogenous.
Each patient had one burr hole reconstructed with bone dust only, and one with
a circular fragment of cortical bone, resulting in a total of 8 reconstructed burr
holes. Patients were followed for 12 months, and the reconstructed areas were
studied using three-dimensional QCT; bone density was measured in
Hounsfield units (HU).
Results: the mean of bone densities obtained was 861 ± 200 HU for bone
fragment, and 538 ± 200 HU for bone dust (p < 0.001). As expected, densities
obtained from cortical bone grafts were consistently greater than those obtained
from bone dust, supporting the use of QCT as an accurate and reproducible
method of evaluation in cranial reconstructions.
Conclusion: QCT is an adequate means of measuring and comparing the
density of bone grafts. This facilitates the evaluation of cranial reconstructions,
which used to be done only through subjective analysis using palpation and
visual inspection.
Keywords: computed tomography, skull, cranioplasty, autograft, bone dust,
bone density.
Our difficulty in evaluating the biological development of transplanted
bone in humans remains an unsolved challenge. In this scenario, quantification
of results when studying bone grafts still represents a difficult task to be
accomplished. Palpating and visually inspecting a reconstructed area constitute
coarse ways of evaluation, providing us only with a subjective qualitative
analysis (1). The dissatisfaction related to the aesthetic results of cranioplasties,
in addition to the lack of objective means of quantifying bone rarefaction,
motivated the search for a new method to compare and evaluate the efficacy of
80
this procedure. This resulted in the use of quantitative computed tomography
(QCT) as an objective instrument to measure cranial bone density. Bone dust,
collected during burr hole drilling, and autogenous compact bone graft, from the
inner table of the cranial vault, were chosen to have its densities quantified.
Patient and Methods
A pilot study was conducted including 4 patients whose craniotomy burr
holes were reconstructed using whether a circular bone fragment or bone
powder only, both autologus. Each patient had 2 burr holes reconstructed
during the same neurosurgical procedure, which were considered for the
analysis. These reconstructed bone flaws were studied with QCT one year after
the procedure, with bone density quantification. Statistical analysis was done
using SPSS for Windows. Comparison between groups was performed with
Student’s t test, adopting a level of significance of 95% (p < 0,05).
Surgical Procedure
The standardized defect produced by the neurosurgical trepan was
chosen as a template to allow bone density measurement. From the inner
surface of the bone flap, elevated to perform the intracranial procedure, a coin-
shaped fragment of bone with 14 mm of diameter and about 2 to 3 mm thick
was obtained using a trephine. The procedure consisted of drilling the bone
flap’s inner table until reaching the diploe. Using an osteotome, this circular
fragment of cortical bone was separated free from the outer cortical table and
placed over the studied burr hole, with perfect fit. Alternatively, wet bone
powder collected during skull trepanation was used to fill in the burr hole (Fig.
1).
81
Fig. 1. Bone dust (arrow), collected during cranial trepanation (A), and cortical
“bone discs”, created from the inner table of the craniotomy flap (B), were used
to correct the defect produced by the trepan (C and D, respectively).
Three-dimensional computed tomography of the skull
Tomographic images of the skull were obtained 12 months following the
procedure. They were obtained with a 16 channel multi-slice General Electric
Light Speed tomograph, performing 0,6 or 1,2 mm thick slices in helical mode
(General Electric High Speed Advantage Scanner GE Medical Systems Inc.
Milwaukee, WI). Bone density in the reconstructed burr hole area was
measured using tomographic software (GE Advantage Windows Workstation
4.2). Results were presented in Hounsfield units (HU). The territory to be
analyzed was determined as a circle with 14 mm of diameter centered on the
reconstructed area, in which bone density was quantified using QCT (Fig. 2).
82
Fig. 2. Delimitating the area of bone density measurement on QCT.
Results
Patient’s ages ranged from 20 to 70 years, with a mean age of 45 years.
Bone flaws reconstructed with cortical bone graft had a mean density of 861 ±
200 HU, in contrast to 538 ± 200 HU obtained from the areas filled with bone
powder only (p < 0.001). Mean post-operative follow-up was 12 months. There
was no statistical significant difference in bone densities between sexes after
stratification (Fig. 3).
83
Fig. 3. Mean bone densities obtained from cortical bone graft and bone dust.
Paired t test (p < 0.001).
Discussion
QCT constitutes one of the most accurate methods for measuring bone
density (2). In addition to being a noninvasive method, its results are not
influenced by circumventing soft tissues. QCT can determine the real volumetric
value of trabecular and cortical bone densities separately at any part of the
skeleton (3). It allows an in situ densitometric evaluation associated with a
macro morphologic analysis of the bone.
Keyak (4) and Levi (5) have already used tomography to identify femoral
bone density. More recently, it has been used to study orthodontic implants
(2,6,7). There is no previous record of QCT being performed for bone density
84
measurements in neurosurgery. Chen et. al. (8) obtained three-dimensional
tomographic images to analyze osseous neoformation in cranial reconstructions
performed with allogeneic perforated demineralized bone matrix and
autogenous bone paste. Reconstructed areas were compared only visually for
the demonstration of neoformed bone tissue. In contrast to that, the diagnostic
method proposed in this paper provides not only visualization but also
quantification of bone neoformation.
Our impossibility to accurately quantify results remains as one of the
major current limitations for evaluating the biological development of human
bone grafts (1). It is not ethical to remove implanted bone grafts in order to
analyze its degree of integration, a fact that interferes with our capability of
determining the time needed to achieve adequate fusion and the degree of graft
reorganization. Prolo et al. state that palpation and visual inspection are not
suitable for an objective evaluation (1). The use of QCT regarding the study of
bone density has been described for the diagnosis and follow-up of diseases
affecting the skeleton, such as osteoporosis (9).
In addition to determining graft density, QTC allowed us to demonstrate
the degree of bone powder resorption for the first time. Local quantitative
analysis of bone density makes it feasible to objectively compare cranial
implants. The three-dimensional image obtained was also able to demonstrate
with great detail the cutaneous contour over the reconstructed burr holes (Fig.
4). All these features make the QCT an invaluable noninvasive method of
investigation. However, in order to obtain accurate and reproducible results,
caution has to be taken when manually demarcating the circular area of
interest, in which bone density
is to be verified. As expected, densities obtained
85
from cortical bone grafts were consistently greater than those obtained from
bone dust, supporting the use of QCT as an adequate instrument of evaluation
in cranial reconstructions.
Even though bone powder does not confer immediate structural support,
it is rapidly incorporated to the surrounding calvarium and, following a period of
6 to 12 months, its mechanical resistance becomes similar to that of cortical
bone (10). In spite of that, cranial defects reconstructed using only bone dust
demonstrate, after a variable period of time, local surface depressions probably
due to a high level of bone resorption, which leads to unfavorable aesthetic
results (Fig. 4D).
Fig. 4. A and B represent, respectively, axial tomographic views of burr holes #1
and 2, three-dimensionally demonstrated in C. Burr hole #1 was reconstructed
using autogenous cortical bone graft, which resulted in good alignment with the
86
surrounding external table (A) and, consequently, adequate aesthetic result (C
and D). On the other hand, burr hole #2 was treated with autogenous bone
powder, and the control image shows a residual bone defect (B and C), which
remains visible through the skin (D).
Conclusion
QCT was found to be an adequate method of investigation to evaluate
bone density of skull grafts, and to objectively compare autogenous implants
used in human cranial reconstructions.
References
1. Prolo DJ, Gutierrez RV, DeVine JS, Oklund SA. Clinical utility of allogeneic
skull discs in human craniotomy. Neurosurgery 1984; 14(2):183-186.
2. Feifel H, Riediger D, Weiske R. Measurement of mandibular bone density
after iliac crest grafting. Int J Oral Maxillofac Surg 1994; 23(2):104-109.
3. Prevrhal S, Genant HK. [Quantitative computer tomography]. Radiologe
1999; 39(3):194-202.
4. Keyak JH, Meagher JM, Skinner HB, Mote CD, Jr. Automated three-
dimensional finite element modelling of bone: a new method. J Biomed
Eng 1990; 12(5):389-397.
5. Levi N, Ingles A, Jr., Klyver H, Iversen BF. Fracture of the femoral neck:
optimal screw position and bone density determined by computer
tomography. Injury 1996; 27(4):287-289.
87
6. Lee S, Gantes B, Riggs M, Crigger M. Bone density assessments of dental
implant sites: 3. Bone quality evaluation during osteotomy and implant
placement. Int J Oral Maxillofac Implants 2007; 22(2):208-212.
7. Turkyilmaz I, Tozum TF, Tumer C. Bone density assessments of oral
implant sites using computerized tomography. J Oral Rehabil 2007;
34(4):267-272.
8. Chen TM, Wang HJ. Cranioplasty using allogeneic perforated
demineralized bone matrix with autogenous bone paste. Ann Plast Surg
2002; 49(3):272-277.
9. Cann CE. Quantitative CT for determination of bone mineral density: a
review. Radiology 1988; 166(2):509-522.
10. Gazdag AR, Lane JM, Glaser D, Forster RA. Alternatives to Autogenous
Bone Graft: Efficacy and Indications. J Am Acad Orthop Surg 1995; 3(1):1-
8.
88
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo