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VENÚSSIA ELIANE SANTOS
A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO E DO PROCESSAMENTO DO
CAFÉ NA ECONOMIA MINEIRA
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de s-
Graduação em Economia Aplicada, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2005
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VENÚSSIA ELIANE SANTOS
A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO E DO PROCESSAMENTO DO CAFÉ
NA ECONOMIA MINEIRA
Tese apresentada à Universidade Federal
de Viçosa, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Economia
Aplicada, para obtenção do título de Magister
Scientiae.
APROVADA: 06 de dezembro de 2005.
________________________________ ______________________________
Profª Suely de Fátima Ramos Silveira Prof. Erly Cardoso Teixeira
(Conselheira)
________________________________ _______________________________
Profª Viviani Silva Lírio Prof. José Luís dos Santos Rufino
___________________________________
Profª Marília Fernandes Maciel Gomes
(Orientadora)
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ii
A Deus.
À minha mãe.
À minha irmã Vanessa.
Ao meu afilhado Gabriel.
Ao meu namorado Lucas.
iii
AGRADECIMENTO
À Universidade Federal de Viçosa, pela oportunidade de realizar o Curso.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pelo apoio financeiro.
À Professora Marília Fernandes Maciel Gomes, pela orientação,
fundamental para a elaboração desta pesquisa, e pelo exemplo de dedicação e
profissionalismo.
À Professora Suely de Fátima Ramos Silveira, pela ajuda na
operacionalização do referencial analítico e pelas diversas considerações
importantes para o trabalho.
Ao Professor Marcelo José Braga, pela colaboração e pelos
questionamentos.
Aos Professores Viviani Silva Lírio, Erly Cardoso Teixeira e José Luis dos
Santos Rufino, participantes da banca examinadora, pelas críticas e sugestões.
Aos professores do Departamento de Economia Rural, pelos ensinamentos
que me fizeram crescer não só intelectualmente, mas também como ser humano.
Aos funcionários do Departamento de Economia Rural, em especial à
Carminha, Cida e Luiza.
Aos estudantes e meus colegas de turma, pelo bom convívio desfrutado
em todo o tempo.
Às minhas amigas da República, pelo apoio em diversos momentos de
desespero.
Ao Lucas Zinato Carraro, pela ajuda na execução dos resultados e pelo
apoio, pelo carinho e pela boa vontade demonstrados a todo tempo.
iv
Aos meus familiares e, principalmente, à minha e Clarita e minha
irmãzinha Vanessa.
Enfim, a todos que, de uma forma ou de outra, tornaram este trabalho
possível.
v
BIOGRAFIA
VENÚSSIA ELIANE SANTOS, filha de Joaquim José dos Santos e Clarita
dos Reis Santos, nasceu em João Monlevade, Estado de Minas Gerais, em 11 de
setembro de 1979.
Em abril de 1998, iniciou o curso de graduação em Ciências Econômicas
na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa, MG, concluindo-o em
setembro de 2002.
Em 2004, ingressou no Programa de Pós-graduação, em nível de
Mestrado, em Economia Aplicada da UFV, submetendo-se à defesa de tese em
dezembro de 2005.
vi
CONTEÚDO
RESUMO viii
ABSTRACT x
1. INTRODUÇÃO 01
1.1. Considerações iniciais 01
1.2. O problema e sua importância 03
1.3. Hipótese 06
1.4. Objetivos 06
2. Caracterização das principais regiões produtoras de café em Minas
Gerais
07
3. REFERENCIAL TEÓRICO 11
3.1. O modelo de insumo-produto 11
3.1.1. Base teórica do Modelo 11
3.1.2. A matriz insumo-produto 13
3.2. Modelo de desenvolvimento regional 18
3.3. Setores-chave 21
3.4. Multiplicadores de impactos dos modelos multissetoriais 22
4. METODOLOGIA 25
4.1. Modelo analítico 25
4.1.1. Índices de Rasmussem-Hirschman 25
4.1.2. Campo de influência 28
4.1.3. Índices puros de ligação: abordagem GHS 29
4.1.4. Multiplicadores regionais 32
4.1.4.1. Multiplicadores da produção 33
vii
4.1.4.2. Multiplicadores da renda 34
4.1.4.3. Multiplicadores do emprego 34
4.2. Fonte de dados 35
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 39
5.1. Índices de ligações de Rasmussen-Hirschman 39
5.2. Coeficientes do campo de influência 45
5.3. Índices puros de ligações -abordagem GHS 49
5.4. Multiplicadores regionais 56
5.4.1. Multiplicadores da produção 56
5.4.2. Multiplicadores da renda 58
5.4.3. Multiplicadores do emprego 60
6. CONCLUSÕES 63
REFERÊNCIAS 67
ANEXOS 75
RESUMO
SANTOS, Venússia Eliane, M. S., Universidade Federal de Viçosa, dezembro de
2005. A importância da produção e do processamento do café na
economia mineira. Orientadora: Marília Fernandes Maciel Gomes.
Conselheiros: Marcelo José Braga e Suely de Fátima Ramos Silveira.
Objetivou-se, neste trabalho, analisar os setores de produção e de
processamento de café na estrutura econômica de Minas Gerais, determinando a
importância destes e seus encadeamentos na estrutura do Estado. O referencial
teórico utilizado foi o modelo insumo-produto, bem como o de desenvolvimento
regional. Foram calculados os índices de Rasmussen-Hirschaman, o campo de
influência, os índices puros de ligações e os multiplicadores de produção, renda e
emprego. Para tanto, utilizou-se a matriz regional de insumo-produto de 1995,
para Minas Gerais. Os resultados decorrentes desta análise permitem caracterizar
a estrutura produtiva de Minas Gerais, os seus setores-chave e o efeito
multiplicador de cada setor econômico em termos de produção, renda e emprego.
De acordo com os resultados, os setores considerados como chaves pelas
abordagens adotadas (índice de Rasmussen-Hirschman e índice puro de ligação)
e que apresentaram grande campo de influência foram: (4) Produtos o
metálicos, siderurgia e metalurgia, (5) Mecânica, material elétrico e material de
transportes e (10) Outras Indústrias de Produtos Alimentares. Quando se
consideram apenas o índice de Rasmussen-Hirschman e o campo de influência,
ix
inclui-se entre os setores-chave o setor (1) Café em coco, (6) Produtos de
madeira, papel, borracha e plástico e (9) Indústria do café. Com relação à análise
dos multiplicadores, observou-se que os setores: (4) Produtos não metálicos,
siderurgia e metalurgia, (9) Indústria do Café e (10) Outras Indústrias de Produtos
Alimentares foram os que apresentaram os maiores valores em termos de
geração de produto; os setores (13) Comércio, (2) Agropecuária e (3) Café em
coco, em termos de geração de renda; e os setores (16) Serviços, (1) Café em
coco e (2) Agropecuária em termos de geração de emprego. Por meio desses
resultados, pode-se inferir que a indústria de café apresenta fortes ligações para
trás; o setor de produção de café é importante em termos de encadeamentos
para trás e para frente. O setor de produção do café também apresentou poder de
contribuir para a geração de renda e emprego na economia mineira e a indústria
de café, para a geração de produto. Em face dos resultados, conclui-se que
políticas que incentivam o aumento no consumo de café podem, de maneira
indireta, produzir o crescimento no próprio setor e nos outros setores da
economia. Tendo em vista que a indústria de café torrado e moído tem
capacidade para crescer e modernizar-se para ampliar a sua competitividade, é
também um setor com potencial para receber investimentos.
x
ABSTRACT
SANTOS, Venússia Eliane, M.S., Universidade Federal de Viçosa, December
2005. The importance of coffee production and processing in the
economy of Minas Gerais. Adviser: Marília Fernandes Maciel Gomes.
Committee members: Marcelo Jose Braga and Suely de Fátima Ramos
Silveira.
The objective of this work was to analyze the coffee production and
processing sectors in Minas Gerais’s economic structure, determining
their
importance and linkages in the structure of the State. The theoretical referential
used in this research were the input-output model and the regional development.
The indexes Rasmussen-Hirschman, fields of influence, pure linkages and
production, income and employment multipliers were calculated using the regional
input-output matrix of Minas Gerais for the year 1995. The analysis results allowed
the characterization of Minas Gerais’ productive structure, its key-sectors and the
multiplying effect of each economic sector in terms of production, income and
employment. According to the results, the sectors that were considered keys by
the used approaches (Rasmussen-Hirschman and pure linkage indexes) and
presented great field of influence, were: (4) non-metallic products, siderurgy and
metallurgy, (5) mechanical, electric material, and transport material and (10) other
industries of food products. When only the indexes Rasmussen-Hirschman and
field of influence were considered, the key-sectors (1) coffee bean, (6) wooden,
x
i
paper, rubber and plastic products and (9) coffee industry were included. In
relation to the multiplier analysis, the sectors (4) non-metallic products, siderurgy
and metallurgy, (9) coffee industry and (10) other industries of food products gave
the highest values for product generation; the sectors (13) commerce, (2) farming
and (3) coffee beans for income generation; and the sectors (16) services, (1)
coffee beans and (2) farming for employment generation. Through these results
one can infer that the coffee industry has strong backward linkages; however the
coffee production sector is important in terms of backward and forward linkages.
The sector of coffee production also showed capacity to contribute to income and
employment generation in the State’s economy, and the coffee industry for product
generation. In agreement with results, the work concluded that politics that
stimulate the increase of the coffee consumption can, in indirect way, result in the
growth in all sectors of the economy. The coffee processing industry is a potential
sector to receive investments because it has the capacity to grow and to
modernize, increasing its competitiveness.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Considerações iniciais
No Brasil, a contribuição da produção cafeeira para a formação econômica
foi uma constante ao longo do tempo, porém sua participação relativa diminuiu
gradativamente, dada a contínua diversificação da pauta de exportações
brasileira. Mesmo assim, o café continua sendo importante gerador de divisas
para o país, contribuindo com 2,0% do valor total das exportações brasileiras, em
2004 (SECEX, 2006).
Em 2000/01, a produção de café no Brasil correspondeu a 28,86% do total
mundial, em 2004/05 representou 37,49%, indicando um crescimento de
29,90% (COFFEE BUSINESS, 2005). O país é o maior produtor e exportador de
café, mas destaca-se também como importante consumidor mundial, o segundo
maior, com um consumo anual de 15,5 milhões de sacas de 60 kg, representando
22,79% do consumo (ABIC, 2005).
Minas Gerais, dentre os estados brasileiros produtores de café, destaca-se
como o maior produtor, 20,469 milhões de sacas, e foi responsável, em 2004/05,
por 49,78% do total produzido internamente. O consumo de café no Estado girou
em torno de 6,09 kg per capita/ano, enquanto a média nacional ficava em torno de
5,01 kg per capita/ano (ABIC, 2005).
O café é um dos produtos agropecuários de maior importância na
economia mineira, representando, em 2004, 21,69% do Produto Interno Bruto
(PIB) agropecuário do Estado, ou seja, R$ 3,113 bilhões, caracterizando esse
produto como importante gerador de receitas para o Estado (FUNDAÇÃO JOÃO
PINHEIRO, 2004).
2
Em Minas, a importância da cafeicultura pode ser avaliada não apenas
como fonte de produção e renda, mas pelo seu papel no mercado de trabalho,
como geradora de empregos e como fator de fixação de mão-de-obra no meio
rural. A cadeia produtiva do café gera cerca de 4,6 milhões de empregos diretos e
indiretos em todo o Estado (SAES et al., 2002).
Em 2004, existiam 150 mil propriedades rurais com cultivo de café, o
correspondente a 30% das propriedades mineiras. A área cultivada com essa
atividade foi de 1.081.983 ha, enquanto a quantidade produzida atingiu o patamar
de 1.228.124 toneladas. Naquele ano, a área colhida representou 24,4% da área
total mineira (FIBGE, 2005).
A cadeia produtiva do café
1
, por sua vez, é a mais expressiva, em termos
de geração de receitas em Minas Gerais. Essa foi responsável por 45,57% do
total exportado pelo agronegócio mineiro, em 2003, ou seja, por mais de R$ 2
bilhões dos R$ 5,429 bilhões da receita de exportação. A cadeia café associada à
de grãos foi responsável, em 2003, por 90% do total do valor exportado pelo
agronegócio em Minas Gerais (FAEMG, 2005).
Os diferentes segmentos que compõem a cadeia produtiva de café, em
Minas Gerais, são: fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos;
produção primária; primeiro processamento (maquinistas e cooperativas);
segundo processamento (empresas de torrefação e moagem, empresas de café
solúvel e cooperativas); vendedores nacionais (exportadores, cooperativas e
atacadistas); compradores internacionais (empresas de café solúvel, empresas de
torrefação); e varejo nacional e internacional (supermercados, pequeno varejo,
mercado institucional, lojas de café e bares e restaurantes) (SAES et al., 2002).
A transformação da matéria-prima origem a três produtos principais: o
café torrado, o café torrado e moído e o café solúvel. Esses produtos podem gerar
outros subprodutos, como cappuccinos, soft-drinks, balas e outros.
A indústria de torrefação e moagem no Brasil, em 2005, eram compostas
por 1.121 empresas. A maior parte da indústria está concentrada na Região
Sudeste, especialmente em São Paulo, que torra quase 50% do total produzido
no país. O Estado de São Paulo produz 12,4% do total de grão verde do país e
1
A cadeia produtiva de café é composta a montante pela indústria fornecedora de insumos, máquinas e
equipamentos, unidade de produção agropecuária; e a jusante, formado pela indústria de beneficiamento e
processamento, distribuição, comercialização e colocação do produto final no mercado consumidor.
3
48,10% de café torrado. Minas Gerais produz 50,8% de grão verde e apenas
10,5% de café torrado (ABIC, 2005).
A indústria de café torrado e moído está voltada para o mercado interno e
tem sofrido grande processo de consolidação com o ingresso de empresas
multinacionais. A grande atratividade do mercado brasileiro deve-se ao fato de o
Brasil ser o segundo maior consumidor mundial de café.
Ressalta-se que, nos últimos 15 anos, têm sido observadas mudanças na
estrutura da cadeia produtiva de café, como a busca pelo aumento na qualidade
do produto e na imagem deste perante o consumidor, entre outras, relacionadas,
principalmente, com a escala de produção, a produtividade e o nível tecnológico.
Tais mudanças são imprescindíveis para ampliar a competitividade do produto no
mercado internacional.
1.2. O problema e sua importância
Em uma economia, os recursos são escassos e, portanto, os investimentos
a ela direcionados devem ser distribuídos de forma eficiente. Assim, quando se
pretende proporcionar desenvolvimento em uma região ou em um país, deve-se
procurar beneficiar setores que, ao serem incentivados, proporcionarão maior
crescimento na economia como um todo. Quando se priorizam as atividades no
setor indutor do crescimento econômico, uma região estará fazendo a opção por
um grau mais elevado de eficiência na alocação de seus recursos, principalmente
no caso daquela que ainda não atingiu os padrões de desenvolvimento
econômico considerado satisfatório. A complexidade e a dimensão dos diferentes
setores na economia exigem, por sua vez, cuidado adicional na escolha daqueles
aos quais serão destinados os investimentos.
O estímulo ao desenvolvimento pode ser viabilizado pela ação de setores
produtivos que possuem capacidade de relacionar-se com os demais e de gerar
efeitos multiplicadores, em termos de produto, renda e emprego.
A cadeia produtiva do café, aqui analisada segundo os setores de
produção e processamento do café, é considerada a mais importante do
complexo agroindustrial mineiro e tem, ao longo do tempo, apresentado
incessante busca por maior eficiência e competitividade. Os setores de produção
4
e de processamento do café desempenham papel de suma importância na
produção, no emprego, na arrecadação de impostos e nas exportações.
O café tem relevância para Minas Gerais, traduzida na receita que
proporciona via Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e
pela contribuição ao FUNRURAL. A circulação dos 20,47 milhões de sacas
colhidas na safra 2004/05 proporcionou ao Estado uma receita superior a 2,5
bilhões de reais. O café é o terceiro produto na pauta de exportações mineiras,
atrás apenas do aço e do minério de ferro. Sua importância social é explicitada no
seu papel de gerador de empregos ou de fixador de mão-de-obra no meio rural
(COFFEE BREAK, 2006).
Pesquisas recentes revelam que o setor cafeeiro é um dos que tem maior
capacidade de gerar empregos em Minas Gerais. Apenas no segmento da
produção, o café proporciona 600 mil empregos temporários e 1,6 milhão de
empregos diretos e indiretos. Com a especialização do produto, o mercado teve
que se adaptar e, com isso, novos empregos foram gerados, da mão-de-obra
usada para cultivar a planta, ao barista
2
, especialista que prepara e serve café
gourmet. Nas empresas que torram e moem os grãos, milhares de pessoas
que trabalham na torra, na moagem, na embalagem e no transporte do café
(CECAFE, 2006).
Em face da relevância dessa cadeia na estrutura econômica do Estado,
questiona-se, neste trabalho, a capacidade dos setores de produção e
processamento de, ao receber incentivos, proporcionar o crescimento do próprio
setor e dos outros setores da economia e, em conseqüência, promover o
crescimento da economia mineira.
Tendo em vista que absorve matérias-primas de outros setores (adubos,
defensivos agrícolas, máquinas e equipamentos) e fornece insumos para diversas
indústrias (de torrefação, de doces e balas, de produtos medicinais e de alimentos
e bebidas em geral), o setor de produção e de processamento pode apresentar
interligações com outros setores da economia. Destarte, os choques ocorridos
nesse setor (como oferta, demanda, políticas de retenção de estoques e
2
Barista é o profissional especializado em cafés de alta qualidade e que cria novas e diferentes bebidas
baseadas nele, utilizando-se de licores, cremes, bebidas alcoólicas, entre outros. É também profundo
conhecedor de todo o processo necessário para se chegar ao espresso perfeito.
5
variações cambiais) podem provocar efeitos multiplicadores sobre a economia na
qual está inserido.
Em decorrência dessas e de várias outras características, torna-se
interessante a realização de estudos que venham quantificar a importância
relativa dos setores de do café na estrutura produtiva de Minas Gerais,
principalmente no que se refere ao poder de encadeamento destes, tanto no
próprio setor quanto na economia como um todo, gerando, assim, o crescimento
econômico. Além disso, esse conhecimento pode promover o embasamento
necessário à tomada de decisões, com vistas em melhorar o desempenho dessa
cadeia.
Assim, dado que os setores de produção e de processamento de café
apresentam ligações para trás e para frente com outros setores da economia, ou
seja, a partir do momento que se compram e vendem produtos a outros setores,
influenciam e são influenciados pelas ações dos demais setores, propôs-se, neste
trabalho, analisar o setor produtivo e de processamento do café na economia
mineira, determinando sua importância relativa e seus encadeamentos dentro da
estrutura do Estado, mediante a utilização de matriz de insumo-produto, de 1995.
O modelo insumo-produto tem sido freqüentemente utilizado em diversos
estudos que objetivam efetuar análises intersetoriais, com vistas na identificação
identificação dos setores-chave para o desenvolvimento econômico de
determinada região e na determinação da importância de setores específicos
dentro de determinadas economias. Entre esses estudos, destacam-se os de
SANTANA (1994), MONTOYA e GUILHOTO (2000) e FURTUOSO e GUILHOTO
(2003), que fizeram análises da economia nacional; e CAVALCANTI (1991),
FERNANDES (1997), RODRIGUES et al. (2001), PARRÉ e GUILHOTO (2001) e
TOSTA et al. (2005), que efetuaram análises regionais.
Ressalta-se ainda que, em Minas Gerais, não se tem conhecimento de
nenhum trabalho que utilizou matrizes de insumo-produto com o intuito de
analisar os setores de produção e processamento do café. Dessa forma, estudos
que preencham essa lacuna são relevantes para maior ampliação do
conhecimento acerca desse setor na economia do Estado.
6
1.3. Hipótese
O setor de processamento do café apresenta maiores encadeamentos a
jusante e a montante, comparativamente ao setor de produção de café no Estado
de Minas Gerais.
1.4. Objetivos
Neste trabalho, objetivaram-se analisar os setores de produção e de
processamento de café em Minas Gerais, para o ano de 1995, com o intuito de
verificar seus impactos no desenvolvimento da economia do Estado.
Especificamente, pretendeu-se:
1) Analisar os setores de produção e processamento de café em Minas
Gerais, quanto à sua importância e ao seu poder de encadeamento na economia
mineira.
2) Avaliar o impacto dos investimentos feitos sobre os setores de produção e
de processamento do café de Minas Gerais, determinando-se seus efeitos
multiplicadores, em termos de produto, renda e emprego.
7
2. Caracterização das principais regiões produtoras de café em Minas Gerais
As áreas cafeeiras estão concentradas na Região Sudeste do país, onde
se destacam três estados produtores: Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.
Existem também plantações na Bahia, Rondônia, Paraná, Pará, Mato Grosso do
Sul e Ceará, mas em menor escala.
A produção de café arábica se concentra em São Paulo, Minas Gerais, no
Paraná, na Bahia e em parte do Espírito Santo, enquanto o café robusta se
encontra, principalmente, no Espírito Santo e em Rondônia.
O parque cafeeiro do Estado de Minas Gerais possuía, em 2004/05, 2,567
bilhões de covas, ocupando uma área de 1,001 milhão de hectares,
representando 47,93% e 45,26% dos cafeeiros e da área em produção,
respectivamente. O contingente de cafeeiros em formação (384 milhões) é
indicativo da manutenção da posição de destaque do Estado de Minas Gerais no
cenário da cafeicultura brasileira (ABIC, 2005).
Esse produto desempenha papel de grande importância social, como fator
de fixação de mão-de-obra no meio rural. Apenas no segmento da produção, o
café proporcionou cerca de 600 mil empregos temporários e 1,6 milhão de
empregos diretos e indiretos (FLORIANI, 2000).
Existem, em Minas Gerais, 691 municípios produtores de café, cuja
produtividade média foi de 19,95 sacas de 60 kg por hectare. As produtividades
municipais variaram de 2,0 a 60,0 sacas de 60 kg/ha. É importante ressaltar que
75% das médias municipais ficaram abaixo da média do Estado, e em apenas 2%
dos municípios as produtividades foram o dobro da média estadual (LEITE, 2005).
A expansão e a renovação das lavouras ocorrem em todas as regiões
cafeeiras de Minas Gerais, as quais apresentam características distintas na infra-
8
estrutura das propriedades, nos sistemas de manejo, na composição do parque
cafeeiro e na sua capacidade de produção.
De acordo com estudo da FAEMG (1996), a estrutura predominante das
propriedades produtoras de café constituía-se de 71% de pequenas e médias
propriedades, e 40,4% dos produtores de café de Minas Gerais eram associados
a uma cooperativa, 36,6% a um sindicato e 8,7% pertenciam a uma associação
de classe. A assistência técnica recebida pelos produtores mineiros era oriunda
de cooperativa (17,8%), de instituição oficial (13,2%) e de firmas particulares
(8,1%).
O avanço tecnológico na produção do café em Minas foi, indubitavelmente,
responsável pelo crescimento da produção de café nos últimos anos, em que
esse se deveu mais ao aumento da produtividade do que a expansão de área.
As principais regiões produtoras de café no Estado foram, em 2004, o
Sul/Sudoeste, responsáveis por 38% da produção; as Matas de Minas (Zona da
Mata e Rio Doce), por 25%; e o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (Cerrado
Mineiro), por 19% (FIBGE, 2005).
O Sul de Minas destaca-se pela expressiva produção agrícola, sendo a
principal região produtora de café do Brasil. A técnica de produção do café na
região é “tradicional”, e é que se encontram os cafezais mais velhos do Estado,
estando na faixa de 20 anos. É devido à sua tradição na produção de café que o
parque cafeeiro dessa região chega a possuir o dobro da área do Cerrado.
A cafeicultura do Sul de Minas é considerada “tradicional” mais em função
da herança e da sua história do que em conseqüência de uso limitado de
inovações. Algumas propriedades dessa região chegam a superar a produtividade
do Cerrado, região na qual se utiliza a mais moderna tecnologia para a produção
do café. Esse fato ocorre em função de maiores cuidados e adoção de métodos
mais apropriados ao Sul de Minas (RIBEIRO et al., 2001).
A adoção do renque nas lavouras sinaliza uma intensificação do uso de
equipamentos nos tratos culturais. Além disso, é perceptível que, dadas a
especificidade da região e sua capacitação, vêm surgindo pequenos e médios
produtores de equipamentos mais simplificados e de baixo custo operacional,
adequados às características da região.
9
O café produzido é o arábica e a altitude média, de aproximadamente, 950
m. A variedade mais cultivada é o Mundo Novo, mas também há lavouras das
variedades Icatu, Obatã, Catuaí e Catuaí Rubi.
A cafeicultura do Sul de Minas ocupa 15% das propriedades, e o café é
responsável por 70% da renda da região. Cerca da metade da mão-de-obra
empregada reside nas fazendas de café (300.000 pessoas), e as demais
utilizadas vêm das cidades da região (SANTOS, 2002).
O Sul/Sudoeste de Minas constituem a mais antiga região produtora de
café do Estado. A região é uma tradicional área de produção de café arábica
mais de um século. Mais de 70% das propriedades produtoras são de pequeno
porte, e a maior parte do restante é de porte médio, embora algumas das maiores
fazendas do Brasil estejam localizadas nessa área. O Sul de Minas se destaca
também como pioneiro no cultivo de café orgânico. Apesar do terreno ser
acidentado, os cafeicultores fazem muito uso da mecanização em suas lavouras.
Na Zona da Mata, a cultura do café foi inserida na época do império e até
os dias de hoje possui influência sobre a economia da região. Esta foi apontada
num passado recente como produtora de café de baixa qualidade e hoje
apresenta uma realidade diferente, em que se observam produção de café de
bebida suave e produtores ganhadores do Prêmio Brasil de Qualidade da
Illycaffe
3
, em razão da melhoria na qualidade do produto.
Em razão do relevo da região, os produtores não utilizam muito da
mecanização, sendo que 90% dos tratos culturais são feitos manualmente, o que
ocorre devido ao sistema de plantio adensado. Cerca de 20% das lavouras da
região são do tipo adensado.
A região da Zona da Mata está a uma altitude média de 650 m e possui
lavouras de café arábica das variedades Catuaí (80%) e Mundo Novo, entre
outras.
Quanto ao Alto Paranaíba, o café se destaca entre os seus principais
produtos agrícolas. Essa região produz 16,2% do produto no Estado.
No Cerrado mineiro (Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba), o café foi
introduzido na década de 1970, e, devido às sofisticadas pesquisas agronômicas,
3
Illycaffe é uma empresa italiana que se destaca como compradora de café. Essa empresa realiza um
concurso de qualidade do café, com distribuição de prêmios para os melhores colocados.
10
têm-se utilizado tecnologias específicas para essa região. A introdução dessas
tecnologias permitiu ganhos em termos de produtividade e, em conseqüência,
elevado rendimento por hectare.
A altitude média do Cerrado mineiro é de 800 m, e, dentre o café arábica
cultivado, a predominância é de plantas das variedades Mundo Novo e Catuaí. Os
cafezais do Cerrado são os mais novos do Estado, a maioria situa-se na faixa de
3 a 10 anos.
Dadas às especificidades geográficas e a recente formação das lavouras
do Cerrado, estas são mais tecnificadas, e os agricultores comunicam-se mais,
principalmente na associação e nas atividades desenvolvidas por ela. As
associações do Cerrado têm atuação mais próxima aos produtores, embora o
número de produtores ligados às associações seja praticamente o mesmo ligado
às cooperativas, ou seja, cerca de 60% (RIBEIRO et al., 2001).
Apesar de muitos municípios terem diversificado as culturas agrícolas, o
café continua, ainda hoje, tendo forte influência na economia da região. A
estrutura produtiva é caracterizada por grandes fazendas, mas coexistem
algumas de médio porte. O café é plantado em filas ou “renques” para permitir o
cultivo e a colheita mecanizados. Existem mais de 4.300 fazendas de café no
Cerrado, com área total de 135.000 hectares (SANTOS, 2002). A irrigação é
bastante utilizada no Cerrado mineiro, sendo a região que mais faz uso dessa
tecnologia.
11
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. O Modelo de Insumo-Produto
3.1.1. Base teórica do Modelo
É crescente a preocupação com os problemas de desenvolvimento e
planejamento regional no Brasil. O planejamento nacional, desde o Plano Salte
4
(1951), possui, em sua estrutura, a preocupação em adotar uma política de
desenvolvimento que enfoque o desenvolvimento regional e inter-regional. No
entanto, a preocupação com o desenvolvimento regional e a interdependência
dos setores econômicos não é recente. François Quesnay publicou, na França,
um livro intitulado Tableau Économique, em 1758, no qual descreveu o fluxo de
produção e dos gastos efetuados entre agricultores, manufatureiros e donos de
terra. Esta obra, de acordo com LANGONI (1986), pode ser considerada como a
idéia inicial do modelo de insumo-produto, posteriormente desenvolvido por
Wassily Leontief.
Foi Léon Walras, porém, o pioneiro da formulação matemática voltada ao
sistema econômico, que considerou explicitamente a interdependência dos
mercados utilizando um sistema de equações simultâneas. Em sua obra Élements
d’ Économie Politique Pure, em 1874, Walras afastou-se dos modelos de
equilíbrio parcial para direcionar sua análise para o modelo de equilíbrio geral
(LANGONI, 1986).
O trabalho de LEONTIEF (1985), todavia, foi o que possibilitou a
modelagem aplicada do Modelo de Insumo-Produto. Este pode ser considerado
4
Sigla que identificava os objetivos do plano: Saúde, Alimentação, Transporte e Energia.
12
uma extensão prática da teoria clássica de interdependência geral, na qual a
economia de uma região, de um país ou do mundo é considerada um sistema.
Além do mais, permite a simplificação de equações, tornando mais reduzido o
sistema de equilíbrio geral de Walras.
A primeira aplicação do modelo de insumo-produto foi feita para a
economia norte-americana, em 1936. A partir de então, o modelo de insumo-
produto passou a ser utilizado como instrumento de análise, tanto de fatores
estruturais quanto de fatores concernentes ao planejamento econômico.
A importância e validade da Análise de Insumo-Produto têm sido
estabelecidas pela grande aceitação que teve esse método. Hoje, nações
desenvolvidas, ou menos desenvolvidas, utilizam esse método para o estudo das
relações, em níveis regional e inter-regional, entre os diversos setores da
economia.
Este método tem-se mostrado bastante útil durante a realização de
previsões em que se procuram analisar e medir, em termos de fluxo monetário, as
conexões entre os centros consumidores e produtores de um sistema econômico.
Para se elaborar um modelo insumo-produto o necessárias informações
referentes aos fluxos de produtos entre os setores produtivos de dada região,
sendo estes fluxos interindustriais medidos em unidades monetárias em dado
período de tempo.
O modelo de insumo-produto permite quantificar as inter-relações entre os
vários setores de um sistema econômico. Segundo RODRIGUEZ (1998), o
modelo insumo-produto detecta as conseqüências que uma mudança na
demanda final de determinado setor da economia acarreta em outro setor ou
conjunto de setores. Dadas as interligações entre os diferentes setores que
compõem a economia, é possível analisar quais setores teriam maior poder de
encadeamento na economia e, portanto, maior capacidade para responder aos
estímulos de uma política.
Basicamente, a análise proveniente dos estudos da matriz insumo-produto
elaborada por Leontief se refere à seguinte questão: “qual a quantidade produzida
deve adotar cada uma das “nindústrias de uma economia para que a demanda
pelos diferentes produtos seja exatamente satisfeita” (CHIANG, 1982). A resposta
a essa questão pode ser obtida mediante uma estrutura matemática de um
13
modelo insumo-produto, que consiste num sistema de n equações lineares com n
variáveis, representado na forma matricial, cuja resolução se utiliza do
procedimento de inversão de matrizes. A solução do sistema informa os
requerimentos necessários de cada produto para atender a determinado vetor de
demandas finais. Por construção, a solução do sistema (a denominada "matriz
inversa de Leontief") é uma matriz não-negativa, implicando, sempre, a existência
de um vetor de produção bruta que atende ao nível de demanda final acrescida
da correspondente demanda intermediária induzida (FERREIRA FILHO, 1995).
A matriz insumo-produto não informa como a renda é apropriada pelas
famílias. Assim, a demanda final é tratada como uma variável exógena.
Na aplicação do modelo Insumo-Produto é necessário levar em
consideração algumas hipóteses essenciais: a) os coeficientes técnicos são
utilizados em proporções fixas, indicando que não existe possibilidade de
substituição entre os fatores, caso haja variações em seus preços relativos;
considera-se, também, que não existem economias ou deseconomias externas; b)
cada setor produz apenas um produto homogêneo, e existe apenas uma
tecnologia para produzi-lo. Dessa forma, os preços são considerados exógenos.
Além das duas hipóteses citadas, salienta-se que, para o modelo insumo-
produto, a análise ocorre apenas de maneira estática, não levando em conta a
mudança ou variação dos coeficientes técnicos.
3.1.2. A matriz insumo-produto
A construção da matriz de insumo-produto é feita a partir das tabelas de
recursos e usos dos bens e serviços, tabelas essas que fazem parte do Sistema
de Contas Nacionais.
As tabelas de recursos e usos da produção são constituídas em uma matriz
que apresenta as correspondências físicas (em valores monetários) dos produtos
(bens e serviços), descritos em suas linhas, e os setores da atividade econômica,
descritos em suas colunas. São duas as tabelas de recursos e usos da produção:
a Tabela de Recursos dos Bens e Serviços (V) e a Tabela de Usos dos Bens e
Serviços (U). A primeira evidencia as condições da oferta dos produtos, enquanto
a segunda evidencia as condições de sua demanda.
14
A construção de ambas as tabelas molda-se pelo princípio do equilíbrio
entre oferta e demanda de mercado de cada produto, respeitando, em seu
conjunto, o equilíbrio geral da economia. Tal equilíbrio pode ser verificado
diretamente no Sistema de Contas Nacionais, pela comparação entre a coluna da
oferta total (primeira coluna da Tabela de Recursos dos Bens e Serviços) e a
coluna da demanda total (última coluna da Tabela de Usos dos Bens e Serviços).
Os vetores de oferta e demanda totais formados por essas colunas se equivalem,
significando que o valor da oferta de cada produto é igual ao valor de sua
absorção, a preços de mercado (GRIJÓ et al., 2005).
As matrizes de produção (V) e absorção (U), típicas do modelo de insumo-
produto, constroem-se, assim, a partir do equilíbrio entre oferta e demanda,
transformando-se o valor das transações em preços básicos. As relações
fundamentais do modelo insumo-produto obtidas a partir das matrizes U e V são
representadas conforme ilustrado no Quadro 1.
Quadro 1 – Exemplo de uma tabela de insumo-produto
Consumo
Intermediário
Demanda Final
Setores
Compradores
Consumo
das
Famílias
Governo
Investimentos
Exportações
Total
(VBP)
Setores
vendedores
Z = Σxij C G I E X
Importação
M Mc Mg Mi M
Impostos T Tc Tg Ti Te T
Valor
adicionado
W W
Total (VBP)
X’ C G I E
Fonte: FIGUEIREDO, 2003.
Dessa forma, o produto bruto total de uma economia composta de n
setores é determinado por:
( )
=
++++=
n
ij
iiiiiji
EGICxX
1
i = 1,..., n j = 1,...,n (1)
em que
15
X
i
= produção bruta total do setor i (utilizada como insumo intermediário e como
demanda final);
x
ij
, = produção do setor i utilizada como insumo intermediário pelo setor j, e o
somatório de todos os setores determina a demanda intermediária;
C
i
, = produção do setor i consumida pelas famílias;
I
i
, = produção do setor i destinada ao investimento;
G
i
, = produção do setor i consumida pelo governo; e
E
i
, = exportações líquidas do setor i.
Na matriz de insumo-produto, o sistema econômico aparece dividido em
vários setores produtivos, cada um representado por uma linha (i), que indica o
total das vendas de bens e serviços intermediários (entre os setores) e a
demanda final (consumo familiar, consumo do governo, formação de capital e
exportação); e por uma coluna (j), onde são registradas as compras de bens e
serviços intermediários e o valor agregado bruto. Assim, o elemento que aparecer
na célula onde se encontra a i-ésima linha e j-ésima coluna representará o valor
da quantidade da produção do setor i absorvida como insumo pelo setor j
(Haddad, 1976) (Quadro 1).
Por meio dos vetores linha ou coluna, chega-se ao conceito de valor bruto
da produção (VBP), que consiste no valor total dos bens e serviços produzidos
pelos setores. A partir do vetor linha, soma-se o consumo intermediário à
demanda final e obtém-se o VBP, e a partir do vetor coluna, soma-se o consumo
intermediário ao valor agregado para obter o VBP.
De outra forma, nas relações interindustriais, as linhas de uma tabela
insumo-produto indicam a distribuição do produto de um setor para toda a
economia (output). As colunas descrevem a composição dos insumos (input)
requerida por um setor em particular para produzir seu produto. A coluna
Demanda Final registra as vendas de cada setor para o mercado final. As linhas
adicionais da tabela contabilizam o valor adicionado, em que são computados
outros insumos não industriais, necessários à produção, como o trabalho e o
capital, por exemplo (MILLER e BLAIR, 1985).
Assumindo que os fluxos intermediários por unidade do produto final o
fixos, pode-se derivar o sistema aberto de Leontief:
16
=
=+
n
j
iijij
XYXa
1
, (2)
em que Yi é a demanda final da produção do setor i, obtida através da identidade
C
i
+ I
i
+ G
i
+ E
i
; e a
ij
é a produção necessária do setor i para a produção de uma
unidade de produção total do setor j, sendo a
ij
< 1 e ( 1 – a
ij
) > 0.
A matriz A é a matriz de coeficientes técnicos diretos de insumos de ordem
(nxn). Ela é constituída pelo conjunto de coeficientes a
ij
, de modo que os a
ij
descrevem, em cada coluna da matriz A, a estrutura tecnológica do setor
correspondente. Seus valores são fixos e definem funções de produção lineares e
homogêneas para os setores j, que podem ser representados, genericamente,
pela seguinte equação (uma relação técnica entre variáveis):
jijij
Xax
=
e
j
ij
ij
X
x
a =
(i,j = 1, 2,..., n), (3)
sendo a
ij
a produção necessária do setor i para a produção de uma unidade de
produção total do setor j e a
ij
< 1 e (1 - a
ij)
> 0. O conjunto dos coeficientes
técnicos constitui a matriz tecnológica (A), de forma que os a
ij
descrevem a
estrutura tecnológica do setor correspondente em cada coluna da matriz A. Esta
matriz pode ser assim expressa:
=
nnnn
n
n
aaa
aaa
aaa
A
...
.........
...
...
21
22221
11211
(4)
MIERNYK (1974) destacou que a tabela de coeficientes técnicos diretos
(Matriz A) deve satisfazer determinadas condições de estabilidade, que são: a
17
soma de pelo menos uma coluna na tabela deve ser inferior ou igual a unidade, e
nenhuma coluna na tabela deve somar mais que a unidade.
As dependências dos fluxos interindustriais sobre o produto total de cada
setor podem ser estabelecidas pelo conjunto das equações abaixo relacionadas:
X
1
= a
11
X
1
+ a
12
X
2
+ ... + a
1n
X
n
+ Y
1
X
2
= a
21
X
1
+ a
22
X
2
+ ... + a
2n
X
n
+ Y
2
. . . . .
. . . . .
. . . . .
X
i
= a
i1
X
1
+ a
i2
X
2
+ ... + a
in
X
n
+ Y
i
(5)
. . . . .
. . . . .
. . . . .
X
n
= a
n1
X
1
+ a
n2
X
2
+ ... + a
nn
X
n
+ Y
n
As quais podem ser descritas na forma matricial como:
,
Y
AX
X
+
=
(6)
em que A é a matriz de coeficientes técnicos diretos de insumos de ordem n x n;
Y e X são vetores-coluna de ordem (n x 1).
Sendo Y a demanda final e X a produção, bem como considerando que Y é
determinada exogenamente em dado período de tempo, então a equação (4)
pode ser resolvida para a produção total, X, que será aquela necessária para
satisfazer o nível de demanda final nesse período:
YAIX
1
)(
=
, (7)
em que (I – A)
-1
é a matriz de coeficientes técnicos de insumos diretos e indiretos,
ou a matriz inversa de Leontief, devendo cada elemento b
ij
dessa matriz inversa
ser interpretado como os requisitos diretos e indiretos da produção total do setor i,
requisitos esses necessários para produzir uma unidade de demanda final do
setor j.
18
HADDAD (1989) apresentou algumas características dos elementos b
ij
da
matriz inversa (matriz de Leontief), quais sejam:
a) se
ijij
ab
, cada elemento da matriz inversa de Leontief é superior ou
igual ao respectivo elemento na matriz tecnológica, uma vez que o elemento b
ij
indica os efeitos diretos e indiretos sobre a produção do setor i para atender a
uma unidade monetária de demanda final no setor j, enquanto o elemento a
ij
indica apenas os efeitos diretos; a igualdade entre os dois coeficientes ocorre no
caso particular em que os efeitos indiretos são nulos.
b) se
0
ij
b
, isso significa que, desde que os coeficientes técnicos de
produção são fixos, a proporção entre os insumos também é fixa, e não há
possibilidade de substituição entre eles. Assim, uma expansão na demanda final
da indústria i irá provocar efeito positivo ou nulo sobre a produção da indústria j,
não podendo ocorrer efeito negativo; no caso de b
ij
= 0, isso significa que não
interdependência direta entre as indústrias i e j.
c) se
1
ij
b
e j = i, e considerando que os elementos da diagonal principal
da matriz inversa de Leontief serão sempre iguais ou superiores a 1, tem-se que
um acréscimo de uma unidade monetária na demanda final de uma indústria
deverá provocar uma expansão na produção dessa indústria de pelo menos uma
unidade monetária.
3.2. Modelo de desenvolvimento regional
As matrizes regionais e inter-regionais de insumo-produto têm sido
utilizadas como instrumentos para estudos acerca das diferenças regionais entre
estruturas de produção, da avaliação de efeitos inter-regionais de políticas de
redistribuição geográfica de atividades econômicas, do impacto de programas de
investimentos públicos em diferentes regiões e elaboração de planos de
desenvolvimento regional (SILVEIRA, 2000).
A forma de incorporar as características regionais à estrutura de insumo-
produto distingue os modelos inter-regionais (ou multirregionais) dos regionais. O
modelo inter-regional pode ser considerado apenas um modelo que compreende
19
mais de uma região; o modelo regional é semelhante ao nacional, portanto
pode ser um modelo equilibrado (MIERNYK, 1974).
Os modelos regionais equilibrados são construídos através da
desagregação da Matriz Insumo-Produto (MIP) nacional em suas regiões
componentes. Nessa abordagem, a região de interesse é separada do resto do
país (MIERNYK, 1974).
De acordo com FIGUEIREDO (2003), os primeiros estudos regionais
utilizando modelos de insumo-produto se referem aos trabalhos de KUENNE e
ISARD (1953) e MILLER (1957), os quais estimaram características de algumas
economias regionais a partir da matriz A de coeficientes técnicos nacionais,
através de um processo de ajustamento, uma vez que não dispunham de
coeficientes técnicos regionais específicos.
Os modelos regionais ou modelos para uma única região são utilizados
com o objetivo de quantificar os impactos de uma variação na demanda final por
bens produzidos dentro de determinada região sobre os seus setores produtivos
(MILLER e BLAIR, 1985).
Uma das principais críticas quanto ao modelo é que eles ignoram os efeitos
sobre a atividade regional induzidos pelos fluxos de comércio inter-regionais por
meio do mecanismo de feedback. Tal efeito pode ser ilustrado da seguinte forma:
dado um aumento na demanda de determinada região, J, por um bem i qualquer,
estimula-se a produção desse bem i na própria região J. No entanto, os setores
de J demandarão diversos tipos de insumos para a fabricação de i. Esses
insumos poderão vir da própria região, J, ou de outra região, M, por exemplo. A
região M, por sua vez, utiliza, na produção dos insumos requeridos por J,
determinada quantidade de insumos provenientes da região J, o que propicia um
novo aumento na produção de J. Essa nova demanda para trás” da região M por
insumos de J é chamada de efeito feedback inter-regional. Tal efeito não é
captado pelos modelos regionais, pelo fato de as relações inter-regionais não
fazerem parte destes.
Uma economia regional apresenta, no entanto, duas características
básicas que influenciam um estudo de insumo-produto regional, a saber: a
estrutura de produção de determinada região não é, necessariamente, igual à
estrutura de produção nacional e, quanto mais aberta for a área econômica
20
considerada no estudo, mais dependente do comércio com outras reges essa
área se tornará, tanto para vendas da produção regional quanto para compra de
insumos necessários à produção.
CAO-PINNA (1961, p. 305) descreveu as principais vantagens de se
construírem matrizes de insumo-produto regionais, a saber:
a) A medida do diferencial da renda (agregada) entre as regiões de uma
economia nacional não fornece a base necessária para a procura de uma
abordagem racional para os problemas de alocação dos investimentos públicos. A
base real para a escolha da localização dos investimentos públicos é construída
através de uma descrição desagregada das estruturas das economias regionais e
do conhecimento das capacidades atuais e potenciais dos mercados.
b) O conhecimento da posição funcional de cada setor dentro da economia
regional e nacional pode auxiliar o estabelecimento de prioridades de assistência
financeira que possam ser concedidas aos programas de investimentos privados.
c) A construção de matrizes de insumo-produto regionais torna necessária
a determinação dos fluxos inter-regionais de mercadorias e serviços individuais ou
em grupo e, então, permite a mensuração das interdependências estruturais entre
as regiões estudadas e o resto da economia nacional ou outras regiões.
d) Do ponto de vista metodológico, a abordagem de insumo-produto
oferece muitas vantagens associadas às facilidades de coordenação das
estatísticas regionais e ao teste de consistência das estimativas diretas dos
produtos brutos regionais. A segmentação do produto bruto por setor de origem
apresenta um detalhado sistema de pesos que são necessários para a construção
de índices de preços e de produção regional, permitindo, então, um
acompanhamento das mudanças reais na estrutura da economia regional, bem
como nas tendências dos termos de comércio inter-regional com o resto da
economia nacional ou com outras áreas.
A partir das vantagens abordadas em se utilizarem matrizes de insumo-
produto regionais e dado que a análise é feita para um estado apenas, utilizou-se,
neste trabalho, a matriz de insumo-produto regional elaborada por SILVEIRA
(2000).
21
3.3. Setores-chave
A análise da interdependência das relações intersetoriais por meio de
setores-chave, ligações inter-setoriais e inter-regionais constitui-se numa
ferramenta importante, à medida que pode fornecer informações relevantes para
a tomada de decisões políticas de desenvolvimento e planejamento econômico.
Dessa forma, são considerados setores-chave aqueles que exercem
encadeamentos para trás e para frente, acima da média, na economia. O
conhecimento de um setor-chave oferece a informação de em qual setor pode ser
induzido um crescimento de forma a causar um crescimento ainda maior na
economia como um todo.
Nesse sentido, diversos métodos procuram mensurar as ligações
intersetoriais, com o objetivo de identificar setores-chave, na definição de
RASMUSSEM (1956) e HIRSCHAMAN (1958), ou pólos de crescimento, na
definição de PERROUX (1977) e MYRDAL (1957). Esses métodos, que permitem
caracterizar as estruturas de transações nacionais e internacionais, estão também
associados à idéia de estabelecer prioridades na alocação de recursos e na
estratégia de promoções industriais. Isso porque se espera que os recursos
alocados em setores-chave estimulem um crescimento mais rápido da produção,
do emprego e da interdependência econômica do que se fossem alocados em
outros setores.
Em geral, poucos são os setores que têm real importância para a
economia, ou seja, poucos são os que apresentam muitas ligações com os
demais setores econômicos. As matrizes de insumo-produto e os vários
indicadores delas derivados, por proporcionarem uma visão de interdependência
dos diversos setores de uma economia, podem ser utilizados, como primeiro
passo, na identificação de área com potencial para investimentos (RODRIGUES,
1997). Mediante os índices de ligação de Hasmussen-Hirschman e do campo de
influência, pode-se analisar o poder de encadeamento dos setores de produção e
de processamento do café sobre a economia mineira e, por meio do índice puro
de ligação (GHS), medir a importância da cadeia em relação ao resto da
economia. Esses índices são apresentados, em detalhes, no capítulo 3.
22
Pode-se determinar, também, como a economia se comporta diante de
uma variação na demanda final por produtos de setores específicos, podendo
estes ser setores-chave ou qualquer outro setor para o qual se queira quantificar
esse impacto. Essa análise na teoria de insumo-produto é feita através do lculo
dos multiplicadores de produção, renda e emprego.
3.4. Multiplicadores de impactos dos modelos multissetoriais
Um multiplicador do modelo de insumo-produto representa o efeito total
ocorrido a partir de um efeito inicial, provocado por mudança exógena (como uma
variação na demanda final de determinado setor i, ∆f
i
), isto é, o efeito inicial é
ampliado (multiplicado) para se tornar o efeito total. Em termos de insumo-
produto, o efeito total pode ser encontrado em um modelo aberto (efeitos diretos e
indiretos) ou em um modelo fechado (efeitos diretos, indiretos e induzidos)
(MILLER, 1998).
O efeito que um setor causa em outros, em razão de aumentos na sua
demanda por insumos e que resulta em variações na renda, no emprego e na
produção, é, tipicamente, medido pelos multiplicadores de impactos econômicos.
Em muitos modelos, essa demanda é realizada por três agentes: o governo, os
consumidores e o resto do mundo.
A demanda do governo são as compras efetuadas pelos setores públicos
por produtos oferecidos pelas empresas. A demanda dos consumidores são as
compras de produtos finais produzidos pelas empresas, e a demanda do resto do
mundo são as exportações das empresas para o exterior.
Essas demandas são também denominadas demandas finais, que são
ligadas às indústrias e estas, ligadas umas às outras pelas compras.
Exemplificando, quando aumenta a demanda por café torrado e moído, a indústria
de torrefação e moagem de café deve produzir mais e, conseqüentemente,
compram mais café em coco ou beneficiado, produtos químicos e demais
insumos usados na produção do café torrado e moído, para abastecer a nova
demanda. As indústrias ligadas a essas também aumentam a produção e
contratam mais pessoas, que consomem mais café e outros produtos,
aumentando a produção da economia como um todo. Nesse sentido, uma
23
variação positiva na demanda final resulta em efeitos circulares, através dos quais
se eleva ainda mais a demanda por café, de maneira indireta.
A partir do momento que várias indústrias produzem mais, elas compram
mais de seus fornecedores. Assim, com o crescimento da demanda por produtos
originários do café, a indústria do café estimulará a produção e o crescimento
econômico dentro da região, em muitos casos numa extensão maior que outras
indústrias.
Como se observa, o aumento na demanda cria efeitos na produção, no
emprego e na renda. Se a demanda por café cresce em um dólar, a produção da
economia crescerá em mais de um dólar. Tal comportamento se pelo fato de
que, para atender à demanda dos seus produtos, a indústria de torrefação e
moagem de café cria demanda por produtos dos seus fornecedores, aumentando
também a sua produção, e assim por diante. Cada ligação, nessa cadeia
produtiva, adiciona um pouco mais para produção da economia, e, para produzir
mais, pessoas trabalham mais, alugam mais espaços e emprestam mais capital
para as indústrias, efeitos esses que podem ser calculados pelos multiplicadores
da renda e do emprego.
Os multiplicadores de emprego para a cadeia cafeeira consistem na
mudança no emprego total da economia, causada por alteração unitária na
demanda final por produtos do café, dividido pelo emprego direto por unidade de
produto na produção de café em coco e na indústria de café torrado e moído.
Pelo menos três suposições devem ser consideradas nessa questão dos
multiplicadores. Primeiro, os multiplicadores não necessariamente prevêem o
efeito de uma nova expansão na economia. O modelo apenas assume o sentido
da acomodação da economia (em termos de produção, renda e emprego), dada a
expansão da demanda final, ou seja, os multiplicadores mostram apenas que, se
existe capacidade suficiente na economia para atender à demanda final, a
produção, a renda e o emprego devem expandir ainda mais para atender à nova
demanda. Segundo, os multiplicadores são baseados numa pressuposição sobre
requerimentos rígidos de produção. Terceiro, os multiplicadores são derivados do
modelo de uma economia em equilíbrio, ou seja, após todos os ajustamentos
necessários terem sido realizados para acomodar a demanda em razão de um
choque e as indústrias estarem todas produzindo a quantidade desejada de
produtos; caso mude as preferências e, conseqüentemente, as demandas, os
24
empresários necessitam de tempo para se ajustarem. As mudanças previstas
pelos multiplicadores não ocorrem instantaneamente. Os multiplicadores prevêem
as alterações nos veis da produção, da renda e do emprego depois de
empresas terem se ajustado aos estímulos (VALVERDE, 2000).
Além do mais, qualquer economia real está mudando continuamente, dado
que novas demandas ocorrem, velhas demandas cessam, novas indústrias
surgem, os governos mudam suas compras, exportações e importações flutuam,
e assim por diante. Enquanto os efeitos teóricos de cada mudança podem ser
previstos pelos multiplicadores, o efeito real não pode ser facilmente testado,
dada a dinâmica da economia.
Apesar dessas limitações, os multiplicadores podem ser usados para
comparar setores, porque as condições em que eles são derivados são idênticas
para qualquer setor analisado.
O setor de produção e indústria do café, como qualquer outro setor ou
indústria, gera efeitos multiplicadores nos setores relacionados por causa da
dependência intersetorial numa economia. A relação insumo-produto indica que
os insumos de produção também requerem seus próprios fatores de produção
para serem produzidos. O multiplicador de insumo-produto é a razão que
quantifica a relação entre uma demanda inicial por um produto, café por exemplo,
e o aumento na demanda de todos os insumos requeridos no processo seguinte
para suprir a demanda por café. A matriz de insumo-produto é um procedimento
poderoso para quantificar essa relação multiplicadora.
Apesar da importância na sua aplicação para estudos relacionados com
políticas de desenvolvimento regional e setorial, os multiplicadores de impacto
apresentam algumas limitações no seu emprego, a saber: os multiplicadores não
podem ser agrupados (somados) e não são apropriados para mudanças de larga
escala numa economia, porque os modelos multissetoriais assumem que a oferta
de insumos é inelástica; e o alto valor de um multiplicador não é uma indicação de
que uma indústria é relativamente mais importante.
As expressões para o cálculo dos multiplicadores serão explicitadas no
capítulo 3.
25
4. METODOLOGIA
4.1. Modelo analítico
Neste trabalho são utilizados os índices de ligação, para trás e para frente,
de Rasmussen-Hirschman, o índice puro de ligação (abordagem GHS) e a
abordagem do campo de influência para analisar os setores de produção e de
processamento de café, com o objetivo de verificar a importância e poder de
encadeamento desses na economia mineira.
Os multiplicadores regionais, por sua vez, são usados para avaliar os
impactos dos investimentos no setor de produção e de processamento do café,
em Minas Gerais, sobre o crescimento do produto, renda e emprego.
4.1.1. Índices de Rasmussen-Hirschman
Conhecer os setores-chave da economia, ou seja, aqueles que possuem
grande poder de indução sobre outros setores, é importante para se priorizarem
investimentos de forma a causar o maior impacto possível. O modelo de insumo-
produto é o mais apropriado para definir esses setores-chave, e muitos dos
trabalhos que objetivam identificá-los se baseiam nos índices de ligações
intersetoriais, como RODRIGUEZ (1998), BLISKA (1999), SILVEIRA (2000),
FIGUEIREDO (2003), MARTINS et al. (2003) e TOSTA et al. (2005).
A metodologia de RASMUSSEN (1956) e HIRSCHAMAN (1958) tornou-se
parte de procedimentos utilizados e, geralmente, aceitos para identificação dos
26
setores-chave na economia. Segundo os valores obtidos, pode-se determinar
quais setores têm maior poder de encadeamento dentro da economia.
O índice de ligações para trás, de Rasmussen-Hirschman, indica até que
ponto um setor demanda insumos da economia em relação aos demais setores.
Valores maiores que 1 indicam um setor altamente dependente do restante da
economia; esse índice possui poder de dispersão (U
j
). Por sua vez, o índice de
ligações para frente, de Rasmussen-Hirschman, representa até que ponto um
setor tem seus insumos demandados pela economia relativamente aos demais
setores. Valores maiores que 1 indicam um setor cuja produção é amplamente
utilizada pelos demais, o qual possui sensibilidade de dispersão (U
i
). Valores
maiores do que um tanto dos índices de ligações para trás como para frente
indicam setores acima da média e, portanto, considerados setores-chave para o
crescimento da economia. Num sentido mais restrito, de acordo com McGILVRAY
(1977), devem ser considerados setores-chave aqueles setores que possuírem
tanto os índices de ligações para trás quanto os índices de ligações para frente
maiores que a unidade.
A classificação de setores-chave, segundo os critérios de Rasmussen-
Hirschman, é menos rígida e estabelece que aqueles setores que apresentarem
índices de ligações para trás ou para frente maiores que 1 constituem setores-
chave para o crescimento da economia.
Definindo-se b
ij
como um elemento da matriz inversa de Leontief B, B
j
e
B
i
, respectivamente, como a soma de uma coluna e de uma linha típica de B; B*,
a média de todos os elementos de B; e n, o número de setores da economia, os
índices de ligações para trás e para frente poderão ser obtidos, respectivamente,
através das seguintes expressões:
[
]
= BnBU
jj
//
[
]
= BnBU
i
i
//
(8)
Como são normalizados, esses índices são independentes das unidades
de medida, o que permite que se façam comparações intersetoriais, inter-
27
regionais e intertemporais. As dispersões dos índices de ligações para trás e para
frente são determinadas, respectivamente, por:
( )
n
B
n
n
B
b
V
j
n
i
j
ij
j
=
1
2
e
( )
n
B
n
n
B
b
V
i
n
j
i
ij
i
=
1
(9)
Os índices de dispersão evidenciam como os efeitos de ligação se
espalham pelos demais setores. Um valor baixo de dispersão dos índices de
ligações para trás significa que o impacto de uma variação da produção em dado
setor estimula os demais de maneira uniforme; valor alto de dispersão significa
que o estímulo se concentra em poucos setores. Um valor baixo de dispersão dos
índices de ligações para frente significa que esse setor é demandado, de maneira
uniforme, pelos demais; valor alto de dispersão significa que a demanda por esse
setor se concentra em poucos setores.
GUILHOTO et al. (1994) fizeram uma crítica aos índices de Rasmussen-
Hirschman, por eles não levarem em consideração os diferentes níveis de
produção em cada setor da economia, e destacaram que, “apesar de avaliarem a
importância de dado setor em termos de seus impactos no sistema como um
todo, é difícil visualizar os principais elos de ligação dentro da economia, ou
melhor, quais seriam os coeficientes que, alterados, teriam maior impacto no
sistema como um todo”.
Com o intuito de corrigir essa deficiência, outros autores desenvolveram
diferentes enfoques para o lculo de índices de ligações intersetoriais em uma
economia, os quais podem ser considerados complementares. Dois desses
enfoques são os Índices Puros de Ligações e o Campo de Influência,
desenvolvidos, respectivamente, por GUILHOTO et al. (1994) e SONIS e
HEWINGS (1989).
28
4.1.2. Campo de influência
O campo de influência foi apresentado, de forma mais detalhada, por
SONIS e HEWINGS (1989). Essa abordagem permite verificar como se
distribuem as mudanças dos coeficientes diretos no sistema econômico como um
todo, possibilitando determinar que relações entre os setores são mais
importantes no processo produtivo. A questão central deste enfoque se refere ao
efeito das mudanças de um ou mais coeficientes da matriz inversa de Leontief; e
essa idéia está associada ao fato de que mudanças em alguns coeficientes
tendem a causar maiores alterações no sistema como um todo do que se essas
mudanças ocorressem em outros coeficientes.
Esta análise complementa a dos índices de ligações, de Rasmussen-
Hirschman, tendo em vista que os últimos avaliaram a importância do setor a
partir de seus impactos no sistema como um todo, mas não permitem visualizar
facilmente quais coeficientes que alterados provocarão maiores efeitos na
economia como um todo.
O procedimento para o cálculo do campo de influência do setor produtivo e
de processamento de café requer a matriz de coeficientes diretos A = a
ij
e a
definição da matriz de variações incrementais nos coeficientes diretos de insumo
E = │ε
ij
│. As correspondentes matrizes inversas de Leontief são dadas por
[
]
ij
bAIB ==
1
e por
(
)
[
]
(
)
εεε
ij
bAIB ==
1
.
De acordo com SONIS e HEWINGS (1989 e 1994), caso a variação seja
pequena e ocorra num coeficiente direto, tem-se que o campo de influência
dessa variação pode ser aproximado pela expressão:
( )
(
)
[
]
ij
ij
ij
BB
F
ε
ε
ε
=
(10)
em que F(ε
ij
) é uma matriz (n x n) do campo de influência do coeficiente a
ij
.
Para se determinar quais são os coeficientes do campo de influência,
associa-se a cada matriz F(ε
ij
) um valor, que resulta em:
29
(
)
[
]
= =
=
n
lk
n
l
ijklij
fS
1
2
ε
(11)
em que S
ij
é o valor associado à matriz F(ε
ij
).
A partir dos valores de S
ij
, identificam-se os coeficientes diretos com maior
campo de influência, ou seja, é possível indicar as relações setoriais que
apresentam maior sensibilidade às mudanças e que possibilitarão maiores
impactos na economia como um todo.
4.1.3. Índices puros de ligação: abordagem GHS
O índice puro de ligações (enfoque GHS), desenvolvido por GUILHOTO el
al. (1996), é um procedimento alternativo para separar os impactos de
determinado setor dos demais setores da economia, ou de determinada região do
restante da economia ou de determinado país do bloco econômico no qual esteja
inserido.
A idéia básica é isolar determinado setor j do restante da economia, com a
intenção de definir o efeito das ligações desse setor j na economia, isto é, refere-
se ao diferencial entre a produção total da economia e a produção nesta
economia caso o setor j não comprasse insumos do resto da economia e não
vendesse sua produção para o resto da economia, o que equivale ao
desaparecimento de todo o setor j.
Para isolar determinado setor j do resto da economia, considera-se um
sistema de insumo-produto de dois setores, representado pela matriz A de
coeficientes diretos, de Leontief:
=
rrrj
jrjj
AA
AA
A
em que A
jj
e A
rr
o matrizes quadradas de coeficientes diretos (dentro da
primeira e da segunda região), e A
jr
e Arj são matrizes retangulares, indicando os
insumos diretos comprados pelo segundo setor e vice-versa.
Da expressão anterior, pode-se chegar à seguinte expressão:
30
( )
=
==
IA
AI
BB
BB
AIB
jrj
rjr
r
j
rr
jj
rrrj
jrjj
0
0
0
0
1
em que:
(
)
1
=
jjj
AI
(
)
1
=
rjrjrjjj
AAI
(13)
(
)
1
=
rr
r
AI
(
)
1
=
jrjrjrrr
AAI
(14)
Decompondo-se a expressão (8), é possível recuperar o processo
produtivo em uma economia, assim como derivar um conjunto de multiplicadores,
ou seja:
IA
AI
jrj
rjr
Na matriz anterior, a primeira linha separa a demanda final pela sua
origem, diferenciando a demanda final interna, que vem de dentro do setor (I), da
demanda final externa, que vem de fora do setor (A
jr
r
). Analogamente, tem-se a
segunda linha.
Dada a equação de Leontief
(
)
YAIX
1
=
e utilizando as
informações contidas em (9 e 10), pode-se derivar um conjunto de índices que
servirá para classificar os setores quanto à sua importância na economia e para
verificar como o processo de produção ocorre nesta.
Desta forma, obtém-se:
=
r
j
jrj
rjr
r
j
rr
jj
r
j
Y
Y
IA
AI
X
X
0
0
0
0
(15)
31
que pode ser descrito como:
+
+
=
rjjrj
rrjrj
r
j
rr
jj
r
j
YYA
YAY
X
X
0
0
0
0
(16)
em que
rrjr
YA
é o impacto direto da demanda final do resto da economia
sobre o setor j, ou seja, indica o nível de exportação do setor j que é necessário
para satisfazer as necessidades de produção do resto da economia para o nível
da demanda final dado por Y
r
; e
jjrj
YA
é o impacto direto da demanda final do
setor j sobre o resto da economia, ou seja, indica os níveis das exportações do
resto da economia que são necessários para satisfazer as necessidades de
produção do setor j para o nível de demanda final dado por Y
j
. Dessa forma,
retornando à expressão (12), obtêm-se as definições de Índice Puro de Ligações
para Trás (PBL) e Índice Puro de Ligações para Frente (PFL), dados por:
jjrjr
YAPBL
=
e
rrjrj
YAPFL
=
(17)
O PBL representa o impacto puro na economia do valor da produção total
do setor j, (
Σ
j
Y
j
); ou seja, o impacto que é dissociado da demanda de insumos que
o setor j realiza do próprio setor j, e dos retornos da economia para o setor j e
vice-versa. Já o PFL indica o impacto puro no setor j da produção total no resto da
economia, (
Σ
r
Y
r
).
Em outras palavras, os índices puros de ligações para trás calculado para
determinado setor de Minas Gerais mostram o impacto puro do valor da produção
total de determinado setor na economia do Estado. Chama-se puro porque são
descontados a demanda de insumos do próprio setor e os efeitos feedback (ou
retornos). Os índices puros de ligação para frente, calculados para esse mesmo
setor, indicam, em valor da produção, o impacto puro da produção total dos
demais setores da economia em sua produção. O índice puro total, resultante da
soma dos dois primeiros, revela setores dinâmicos da economia.
32
Pode-se, então, obter o índice puro total de ligações, PTL, somando-se o
índice puro de ligações para frente e o índice puro de ligações para trás.
Partindo novamente da equação (15) e multiplicando os termos do lado
direito, obtém-se:
+
+
=
+
+
=
r
r
r
j
j
r
j
j
rrrrjjrjrrr
rrjrjjjjjjj
r
j
XX
XX
YYA
YAY
X
X
(18)
O nível da produção total no setor j pode ser dividido em dois componentes:
jjjj
j
j
YX =
rrjrjjj
r
j
YAX =
(19)
em que
j
j
X
indica o nível de produção total no setor j que é devido à demanda
final do setor j, e,
r
j
X
, indica o nível de produção total do setor j que é devido à
demanda final do resto da economia. Similarmente, o nível de produção total no
resto da economia pode ser dividido em dois componentes:
jjrjrrr
j
r
YAX =
r
r
rr
r
r
YX =
(20)
em que
j
r
X
é o nível de produção total no resto da economia que é devido à
demanda final do setor j, e
r
r
X
fornece o nível de produção total no resto da
economia que é devido à demanda final do resto da economia.
4.1.4. Multiplicadores regionais
Os multiplicadores regionais referem-se à análise de impactos de
elementos exógenos sobre um sistema econômico, tanto para o curto quanto para
o longo prazo. Dentre as utilidades dos multiplicadores, destaca-se a análise dos
33
efeitos de políticas governamentais sobre a produção total de uma economia, os
salários, as importações e a distribuição da renda.
O modelo para o cálculo dos multiplicadores (MILLER, 1998) segue a
forma geral
(
)
YAIB
1
=
, em que B é o valor da produção,
(
)
1
AI
a
matriz inversa de Leontief e Y a demanda final. Seu cálculo permite analisar o
impacto de uma variação na demanda final de determinado setor sobre a variável
econômica de interesse.
Os três tipos de multiplicadores mais freqüentemente utilizados são
aqueles que estimam os efeitos das mudanças exógenas na produção dos
setores na economia, na renda ganha pelos consumidores domésticos por causa
da nova produção e no emprego (em termos físicos) esperado a ser gerado
devido à nova produção.
Os multiplicadores podem ser encontrados considerando-se o consumo
doméstico das famílias exogenamente e, neste caso, são chamados de
multiplicadores do tipo I. Aqueles obtidos a partir de modelos que consideram o
consumo doméstico das famílias endogenamente são conhecidos como
multiplicadores do tipo II.
Neste trabalho, utilizaram-se os multiplicadores do tipo I, de forma a captar
os efeitos diretos (sobre o próprio setor) e indiretos (sobre os demais setores) de
um aumento unitário na demanda final do setor, em específico aquele que se
deseja avaliar quanto ao impacto sobre a economia.
4.1.4.1. Multiplicadores da produção
O multiplicador da produção representa a produção adicional gerada em
toda a economia decorrente de alteração na demanda final de determinado setor.
Denotando os elementos da matriz
(
)
YAIB
1
=
por b
ij
, tem-se o
multiplicador da produção:
=
=
n
i
ijj
bMP
1
(21)
34
em que j representa determinado setor da economia.
4.1.4.2. Multiplicadores da renda
Os multiplicadores da renda permitem quantificar a renda gerada em toda a
economia, para cada unidade monetária de renda obtida em determinado setor,
em razão do aumento de produção necessário para atender à variação de uma
unidade da demanda final dele.
O multiplicador da renda, para determinado setor j , é expresso por:
(
)
jn
n
i
ijinj
abaMR
,1
1
,1 +
=
+
=
(22)
em que:
j = dado setor da economia;
a
n+1,i
= elementos da linha dos coeficientes de remuneração das famílias; e
b
ij
= elementos da matriz inversa de Leontief, sem a endogeneização do consumo
doméstico das famílias.
4.1.4.3. Multiplicadores do emprego
Os multiplicadores de emprego permitem determinar o impacto de
mudanças na demanda final sobre o produto que, por sua vez, leva a variações
no nível de emprego. A variação no emprego conduz outra na renda e,
conseqüentemente, na demanda do consumidor. O multiplicador de emprego em
um setor j é definido como novos empregos gerados em todos os setores da
economia resultante do aumento de uma unidade monetária de demanda final
pelo produto do setor j
Algebricamente, o multiplicador de emprego pode ser expresso por:
(
)
=
+
=
n
i
ijnj
bwME
1
1
(23)
35
em que
j = dado setor da economia;
w
n+1
= coeficiente de trabalho físico (número de empregos) por unidade monetária
produzida; e
b
ij
= elementos da inversa de Leontief sem a endogeneização do consumo
doméstico das famílias. No caso do multiplicador de emprego, ele é dado em
unidades físicas e não em unidades monetárias, como em outros multiplicadores.
4.2. Fonte de dados
Neste trabalho são utilizadas informações provenientes da matriz de
insumo-produto, calculada por SILVEIRA (2000), para Minas Gerais, no ano de
1995. Salienta-se que essa matriz é proveniente do modelo de insumo-produto
regional, sendo obtida a partir da desagregação da matriz de insumo-produto do
Brasil, de 1995. A escolha do período deve-se à disponibilidade dos dados
referentes à respectiva matriz.
Visando simplificar a análise da matriz e concentrando o interesse sobre os
setores mais importantes de Minas Gerais, em especial o café e a indústria do
café, agregou-se a matriz de 1995 em 16 setores (Quadro 2).
36
Quadro 2 - Agregação da matriz insumo-produto de Minas Gerais, 1995, em 16
setores
(1) Café em coco
(2) Agropecuária
(3) Extrativa mineral
(4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia
(5) Mecânica, material elétrico, eletrônico e de transportes
(6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico
(7) Produtos químicos
(8) Produtos têxteis, indústria de couro e calçados
(9) Indústria do café
(10) Outras indústrias de produtos alimentares
(11) Indústrias diversas
(12) Construção civil
(13) Comércio
(14) Transporte e comunicações
(15) Instituições financeiras
(16) Serviços
Fonte: SILVEIRA (2000) e CNAE (IBGE).
Nessa agregação, respeitou-se a Classificação Nacional das Atividades
Econômicas (CNAE) estabelecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). A matriz utilizada neste trabalho e o detalhamento da
agregação da matriz original encontram-se no Anexo.
A matriz utilizada, a fim de atender aos objetivos propostos, teve o setor
Agropecuária desagregado do setor Café em coco e o setor Índústria de produtos
alimentares desagregado no setor Indústria do café. O setor Indústria do café,
utilizado neste trabalho, representa a indústria de torrefação e moagem de café e
de fabricação de café solúvel. O procedimento utilizado na desagregação de
ambos os setores consistiu em explicitar, na matriz de insumo-produto, os valores
da produção de café e da indústria do café, anteriormente agregados. Para a
desagregação dos setores foi utilizada a matriz de coeficientes elaborada por
LÍRIO (2001), bem como dados do valor de produção, para a indústria do café e
para o setor produtivo de café.
37
A partir dos dados sobre os valores brutos de produção da indústria de café
e da indústria de produtos alimentares, obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), obteve-se o porcentual da indústria do café na indústria de
produtos alimentares, porcentual esse que foi utilizado para a desagregação do
setor na matriz de insumo-produto de Minas Gerais de 1995.
Para encontrar o valor de produção do setor produtivo do café, separaram-
se, primeiro, as porcentagens referentes à agricultura e à pecuária, dentro da
agropecuária, em Minas Gerais, no ano de 1995, a partir de dados obtidos da
Fundação João Pinheiro. Em segundo lugar, calculou-se a participação do valor
da produção do café em coco sobre o valor da produção da agricultura (BDMG,
2002). A multiplicação dos porcentuais encontrados fornece a participação do
setor produtivo do café no valor bruto de produção da agropecuária.
Optou-se por utilizar porcentuais, tanto do valor bruto de produção da
indústria do café quanto do setor produtivo do café, porque, dessa maneira,
seriam encontrados valores mais coerentes com os da matriz utilizada. Isso
porque os dados encontrados em diversas fontes possuíam valores divergentes,
em decorrência da utilização de diferentes metodologias para seus cálculos.
No cálculo dos índices de Rasmussen-Hirschman, do campo de influência
e da abordagem GHS foi empregado um programa computável (Matlab
5
), sendo
as rotinas utilizadas no programa desenvolvidas por Guilhoto
6
.
Para o cálculo dos multiplicadores da produção, da renda e do emprego
foram utilizados os elementos da matriz inversa de Leontief e dados sobre
emprego, salário e excedente operacional, por setor de atividade econômica, para
Minas Gerais, obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
do Anuário Estatístico de Minas Gerais 2001/2002.
Os dados de emprego encontrados disponibilizavam a indústria de
transformação agrupada, e para desagrupá-la nos setores componentes, (4)
Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (5) Mecânica, material elétrico,
eletrônico e de transportes, (6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico,
5
MATLAB é um "software" interativo de alta “performance” voltado para o cálculo numérico. Ele integra análise
numérica, cálculo com matrizes, processamento de sinais e construção de gráficos em ambiente fácil de usar, onde
problemas e soluções são expressos somente como eles são escritos matematicamente, ao contrário da
programação tradicional.
6
Prof. D.S. Joaquim José Martins Guilhoto (FEA/USP).
38
(7) Produtos químicos, (8) Produtos têxteis, indústria de couro e calçados, (10)
Indústria de produtos alimentares e (11) Indústrias diversas, utilizou-se a
participação do emprego em cada setor no Brasil. A quantidade de emprego
utilizada no setor de produção do café refere-se à participação do valor bruto de
produção deste setor no valor bruto de produção da Agropecuária, ou seja, o
mesmo porcentual utilizado na desagregação da matriz de insumo-produto de
1995. A mesma lógica aplica-se à quantidade de emprego utilizada para a
indústria do café.
39
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A discussão acerca dos resultados desta pesquisa é apresentada em duas
partes. Primeiramente, analisam-se os indicadores econômicos constituídos pelos
índices de ligações de Rasmussen-Hirschman, para frente e para trás, o campo
de influência e os índices puros de ligação (GHS) para frente, para trás e total, os
quais foram obtidos utilizando-se a matriz de insumo-produto para Minas Gerais,
de 1995. Em seguida, discutem-se os multiplicadores de produção, renda e
emprego.
Os índices de Rasmussen-Hirschman e os índices puros de ligações
normalizados foram calculados para identificação dos setores-chave da economia
de Minas Gerais. Os valores apresentados são relativos à média da economia.
5.1. Índices de ligações de Rasmussen-Hirschman
No Quadro 3, apresentam-se os valores calculados para os índices de
ligação (para trás e para frente) de Rasmussen-Hirschman, no Estado de Minas
Gerais. As Figuras 1 e 2 ilustram, na forma gráfica, as relações dos índices para
trás e para frente, respectivamente.
Para os índices de Rasmussen-Hirschman, as médias de cada série de
índices são iguais a 1, o que significa dizer que todos os valores maiores que 1
indicam que o encadeamento do setor é superior à média dos demais, e, portanto,
estes representam setores-chave para o desenvolvimento da região.
Verificou-se, de acordo com o Quadro 3 e a Figura 1, que os setores (9)
Indústria do café, (10) Outras indústrias de produtos alimentares, (4) Produtos
não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (5) Mecânica, material elétrico e material
40
de transportes, (6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico, (11)
Indústrias diversas, (3) Extrativa mineral e (1) Café em coco, transcritos em ordem
decrescente de importância, foram os que apresentaram maiores índices de
ligações para trás, ou seja, setores que dinamizam a economia ao se destacarem
como importantes compradores para seus fornecedores de bens e serviços.
Como denotado, ambos os setores em análise, indústria do café e café em coco,
apontaram forte poder de encadeamento para trás.
41
Quadro 3 – Índices de ligações para trás e para frente, de Rasmussen-Hirschman, Minas Gerais, 1995
Setor
Índice
para Trás Ordem
Dispersão
Ordem
Índice para
Frente Ordem
Dispersão
Ordem
1 Café em coco 1,0016 8 2,6070 12 1,0484 5 2,6636 10
2 Agropecuária 0,8857 12 3,0592 4 1,2242 4 2,2456 14
3 Extrativa mineral 1,0101 7 2,4865 13 0,7364 13 3,4606 5
4 Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia 1,2722 3 3,0277 5 1,6113 1 2,3886 13
5 Mecânica, material elétrico e de transporte 1,1189 4 2,6960 10 1,0280 6 2,8706 9
6 Produtos de madeira, papel, borracha e plástico 1,0181 5 2,6636 11 0,8453 10 3,2339 6
7 Produtos químicos 0,9261 10 3,1605 3 1,5006 2 1,8692 16
8 Produtos têxteis, indústria de couro e calçados 0,9949 9 2,9988 6 0,7947 11 3,8083 3
9 Indústria do ca 1,4295 1 2,0704 16 0,7345 14 3,9579 1
10 Outras indústrias de produtos alimentares 1,2498 2 2,3678 15 1,0116 8 2,9167 8
11 Indústrias diversas 1,0153 6 2,4554 14 0,6837 15 3,7351 4
12 Construção civil 0,9020 11 2,7247 9 0,6390 16 3,8688 2
13 Comércio 0,8410 14 2,9007 8 0,9749 9 2,4381 12
14 Transporte e comunicações 0,8807 13 2,9065 7 1,0239 7 2,4475 11
15 Instituições financeiras 0,7031 16 3,4394 2 0,7767 12 3,0819 7
16 Serviços 0,7510 15 3,6480 1 1,3667 3 1,8992 15
Fonte: Resultados da pesquisa.
42
os principais setores com fortes ligações para frente (em ordem
decrescente de importância), os quais dinamizam a economia ao se destacarem
como importantes fornecedores de matéria-prima para os outros setores, são: (4)
Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (7) Produtos químicos, (16)
Serviços, (2) Agropecuária, (1) Café em coco, (5) Mecânica, material elétrico e
material de transporte, (14) Transporte e comunicações e (10) Outras indústrias
de produtos alimentares (Quadro 3 e Figura 2).
Observou-se que setores diretamente relacionados com a Agropecuária,
como a Indústria do café, Outras indústrias de produtos alimentares e o setor de
produção de café em coco destacaram-se como importantes compradores de
insumos dos demais setores, o que indica que a agropecuária tem papel
importante no crescimento econômico do Estado, em razão de suas relações
comerciais com os demais setores.
Dentre os setores mais demandados pelos demais, destacaram-se (4)
Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (7) Produtos químicos (altamente
demandados pela Agropecuária), (2) Agropecuária e o (1) Café em coco.
No entanto, são considerados grandes compradores e vendedores da
economia mineira aqueles que possuem os menores índices de dispersão dos
índices de ligação para trás e para frente.
Com relação à dispersão dos índices de ligação para trás, observou-se que
o setor (1) Café em coco apresentou o 12º maior valor de dispersão, o que indica
que ele é demandado por maior número de setores. O setor (16) Serviços
apresentou o primeiro valor, demonstrando que o estímulo provocado neste setor
afeta poucos setores da economia. O setor (9) Indústria do café apresentou o 14º
maior valor, indicando ser este demandado por vários setores.
A dispersão dos índices de ligações para frente comportou-se de forma
semelhante à dispersão dos índices de ligações para trás, ou seja, menores
índices de ligações para frente corresponderam a maiores dispersões desses
índices. Tal comportamento indica que um setor definido como mais importante
no fornecimento de insumos teria impactos mais bem distribuídos nos demais.
43
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Setores
ìndices
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura 1 Índices de ligações para trás, de Rasmussen-Hirschman, Minas
Gerais, 1995.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Setores
Índices
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura 2 – Índices de ligações para frente, de Rasmussen-Hirschman,
Minas Gerais, 1995.
Dentre os setores que apresentaram menores dispersões dos índices para
frente e que, portanto, são demandados por maior número de setores e de
maneira uniforme, destacaram-se (7) Produtos químicos, (16) Serviços, (2)
Agropecuária e (4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia. Os setores
(1) Café em coco e (9) Indústria do café ocuparam a 10ª e posições,
respectivamente, indicando que o primeiro é demandado de maneira uniforme por
44
grande número de setores, enquanto o último, por um número muito pequeno de
setores.
Seguindo a abordagem mais restrita (McGILVRAY, 1977), o
considerados setores-chave aqueles que apresentam tanto os índices de ligação
para trás quanto para frente maiores do que 1. Têm-se, então, identificados como
setores-chave em Minas Gerais, (1) Café em coco, (4) Produtos não-metálicos,
siderurgia e metalurgia, (5) Mecânica, material elétrico e material de transportes e
(10) Outras indústrias de produtos alimentares.
Pela análise de Rasmussen-Hirschman são considerados setores-chave
tanto os setores que apresentaram índice de ligações para trás maior que 1
quanto aqueles que mostraram índice de ligações para frente acima da média.
Esses setores são: (1) Café em coco, (2) Agropecuária, (3) Extrativa mineral, (4)
Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (5) Mecânica, material elétrico e
material de transportes, (6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico, (7)
Produtos químicos, (9) Indústria do café, (10) Outras indústrias de produtos
alimentares, (11) Indústrias diversas, (14) Transporte e comunicações e (16)
Serviços.
Este resultado indica que esses setores são os mais indicados para que se
implementem políticas de desenvolvimento, a fim de propiciar crescimento
econômico. Conclui-se que os que obtiveram maiores índices são aqueles da
indústria de transformação e os relacionados à indústria de produtos alimentares
(agroindústria).
Os resultados encontrados são condizentes com o trabalho de TOSTA et
al. (2005), tendo em vista que os autores supracitados também encontraram
como setores com fortes encadeamentos para trás os apresentados a seguir:
Fabricação de produtos alimentícios e de bebidas; quinas, equipamentos,
materiais elétricos e equipamentos de transporte; e com fortes encadeamentos
para frente, os setores: Agropecuária; Produtos o-metálicos e metalurgia
básica; Serviços; Produtos químicos; Fabricação de produtos alimentícios e de
bebidas; e Transporte e comunicações.
com relação a DUARTE FILHO et al. (2002) e levando-se em
consideração a análise restrita de McGILVRAY (1977), são considerados setores-
chaves o siderúrgico e o de metalurgia. Esse resultado é coerente com o do
45
presente trabalho, visto que foi o que apresentou os maiores índices de ligações
tanto para trás quanto para frente, no ano de 1995.
Em se tratando dos setores objeto de análise deste estudo, mais
particularmente o setor de produção do café, observa-se pelos resultados que
este apresentou forte poder de ligação para trás e para frente, ou seja, grande
capacidade para influenciar os setores fornecedores de insumos (fungicidas,
adubos, defensivos agrícolas), quinas e equipamentos, e a indústria de solúvel
e torrefação e moagem e cooperativas, respectivamente.
A indústria de máquinas e equipamentos é importante fornecedora à
produção do café, visto que nesta cultura se utilizam máquinas específicas à
produção, entre as quais se destacam as colheitadeiras, os secadores de café, os
separadores de grãos, os catadores de pedra e os descascadores de grãos.
No que diz respeito à indústria de torrefação e moagem, esta apresentou
fortes encadeamentos para trás, o que influenciou principalmente o setor de
produção e, em segundo lugar, indiretamente, os mesmos setores que oferecem
insumos para a produção de café. Além disso, este setor possui poder de
encadeamento sobre setores que fornecem insumos diretamente à indústria, tal
como a indústria de embalagens. O setor de processamento de café possui
menor capacidade para influenciar os setores que demandam seus produtos.
5.2. Coeficientes do campo de influência
A análise do campo de influência vem complementar os índices de ligações
de Rasmussen-Hirschman. Os coeficientes do campo de influência permitem
visualizar os principais elos de ligação dentro da economia. O conceito do campo
de influência descreve como se distribuem as mudanças dos coeficientes diretos
no sistema econômico, permitindo determinar quais relações entre os setores
seriam as mais importantes dentro do processo produtivo, em razão de suas
relações de compra e venda com os demais. Da mesma maneira que os índices
de Rasmussen-Hirschaman, os coeficientes do campo de influência não levam
em consideração o valor da produção em cada atividade.
Na Figura 3, apresentam-se os coeficientes do campo de influência no
Estado de Minas Gerais, e em seus eixos estão discriminados os setores
considerados neste trabalho. Foram escolhidos 128 coeficientes setoriais, aqueles
46
que apresentavam maior campo de influência na estrutura econômica de Minas
Gerais. Os resultados permitiram verificar quais setores causaram maiores
mudanças no sistema econômico mineiro a partir de pequenas mudanças nos
coeficientes de produção.
No eixo vertical da Figura 3 estão discriminados os setores vendedores (i),
ou seja, aqueles que produzem impactos para frente; e no eixo horizontal, os
setores compradores (j), ou seja, aqueles que proporcionam impacto para trás
sobre os outros setores da economia. O tamanho das bolhas é proporcional ao
valor do coeficiente do campo de influência, quanto maior o coeficiente, maior o
tamanho da bolha.
De acordo com a Figura 3, os setores que geraram os maiores impactos no
sistema econômico de Minas Gerais foram: (1) Café em coco, (2) Agropecuária,
(4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (5) Menica material elétrico
e material de transportes, (6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico, (7)
Produtos químicos, (8) Produtos têxteis, indústria de couro e calçados, (9)
Indústria do café, (10) Outras indústria de produtos alimentares e (16) Serviços.
Variações nos coeficientes diretos do setor (4) Produtos não-metálicos, siderurgia
e metalurgia propiciaram maior propagação das relações comerciais intersetoriais
para o sistema como um todo, em comparação com os outros setores. Esse setor
foi o único que apresentou capacidade de influenciar, em compra e venda, todos
os 16 setores, indicando sua importância na economia do Estado. Tal resultado
era esperado, visto que este setor é o mais importante para o Estado na geração
de receitas, no volume e valor exportado, além de se constituir no principal pólo
industrial de Minas Gerais, pólo esse responsável pela exploração e manufatura
do minério de ferro.
47
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura 3 – Campo de influência, Minas Gerais, 1995.
48
Em geral, os setores identificados como chave, pelo critério de
Rasmussen-Hirschman, o também identificados como os de maiores
coeficientes do campo de influência, o que se justifica pelo fato de que, se o setor
tiver fortes ligações tanto de compra quanto de venda, possivelmente exercerá
forte influência nas relações de compra e venda da matriz como um todo.
O setor (1) Café em coco mostrou capacidade de influenciar, em compra e
venda, um total de seis e nove setores, respectivamente. Por outro lado, o setor
(2) Agropecuária apresentou capacidade de influenciar oito setores para trás e 10
para frente. Este resultado vem confirmar a importância da agropecuária para
Minas Gerais, dado que o Estado é produtor de uma gama de importantes
produtos, como a suinocultura, a avicultura, a produção de leite e café.
O setor (5) Mecânica, material elétrico e material de transportes apresentou
13 coeficientes de compra e 13 de venda, o que indica que influencia 13 setores
tanto para frente quanto para trás. O setor (6) Produtos de madeira, papel,
borracha e plástico apresentou nove coeficientes de compra e seis de venda. O
setor (7) Produtos químicos apresentou coeficientes de compra e venda de 10 e
13, respectivamente. O setor (8) Produtos têxteis, indústria de couro e calçados
apresentou 11 coeficientes de compra e 13 de venda.
Quanto ao setor (16) Serviços, o resultado apresentou oito coeficientes na
compra e sete na venda, enquanto na análise dos índices de Rasmussen-
Hirschaman esse setor não apresentou poder de influenciar os setores dos quais
compra produtos, mas ocupou o terceiro lugar quando se tratava de influenciar os
setores para os quais vende seus produtos.
De forma geral, os coeficientes com os maiores campos de influência
indicaram possibilidades de ampliar a interdependência dos setores da economia
no Estado de Minas Gerais, através do comércio, mediante políticas de incentivos
principalmente aos setores com maior poder de encadeamento na economia.
Pelos resultados encontrados, o setor que mais se encaixa nessa classificação é
o (4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia. No entanto, não se pode
deixar de mencionar os setores (1) Café em coco e (9) Indústria do café.
Os setores (9) Indústria do Café e (10) Outras indústrias de produtos
alimentares apresentaram 14 e 13 coeficientes de compra, respectivamente; e 9 e
13 de venda, respectivamente.
49
Os setores que exibiram maiores coeficientes do campo de influência, (4),
(5), (7), (8), (9) e (10), são os mais dinâmicos da economia mineira, considerados
setores-chave, reforçando as indicações dos índices de Rasmussen-Hirschman.
Os resultados desta pesquisa foram similares àqueles encontrados por
TOSTA et al. (2005). Essas autoras observaram que o setor siderurgia e
metalurgia básica foi o que apresentou maior interdependência com os demais
setores, tanto na compra quanto na venda, possuindo poder de influenciar os 17
setores, para trás e para frente.
Não obstante os índices de Rasmussen-Hirschman e do campo de
influência serem amplamente utilizados na análise de setores-chave,
especialmente no estudo da estrutura produtiva de cada economia, estes não
levam em consideração o valor da produção total das indústrias, apontando
apenas o grau de ligação de cada uma às demais. Nesse sentido, torna-se
necessário que a análise seja complementada pelos índices puros de ligações, os
quais levam em consideração o valor da produção em cada setor.
5.3. Índices puros de ligações – Abordagem GHS
O conceito utilizado para estimar os índices puros foi o da abordagem
GHS, desenvolvida por GUILHOTO et al. (1996).
No Quadro 4, apresentam-se os valores dos Índices Puros de Ligações
para trás (PBL), para frente (PFL) e para o total (PTL). As Figuras 4, 5 e 6
permitem a melhor visualização dos índices puros normalizados.
Os resultados encontrados nos índices puros de ligações para a economia
do Estado de Minas Gerais são medidos em valores monetários e estão
apresentados em mil reais e em valores de 1995 (Quadro 4).
Valores dos índices puros de ligações totais maiores que a média estadual
identificam os setores considerados como chave em uma região, porque suas
produções impactam a produção do resto da economia e são impactadas por ela,
em uma proporção acima da média dentre os demais setores pertencentes à
mesma região.
50
Quadro 4 – Índices puros de ligações para trás, para frente e total, Minas Gerais, 1995, em mil reais
(%)
Setor Trás (PBL)
Ordem
Frente
(PFL) Ordem
Total
(PTL) Ordem
PBL PFL
1 Café em coco 874.870 9 899.120 8 1.774.000
10 49,32 50,68
2 Agropecuária 1.638.100 6 2.674.100 4 4.312.200
4 37,99 62,01
3 Extrativa mineral 1.094.000 7 480.420 12 1.574.500
11 69,48 30,51
4 Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia 2.656.700 3 3.782.400 1 6.439.100
1 41,26 58,74
5 Mecânica, material elétrico e de transporte 3.330.300 2 1.205.700 7 4.536.000
3 73,42 26,58
6 Produtos de madeira, papel, borracha e plástico 590.740 10 748.650 9 1.339.400
12 44,10 55,89
7 Produtos químicos 383.130 12 3.351.200 2 3.734.300
5 10,26 89,74
8 Produtos têxteis, indústria de couro e calçados 399.680 11 128.710 14 528.390 14 75,64 24,36
9 Indústria do ca 204.410 13 25.051 16 229.460 16 89,08 10,92
10 Outras indústrias de produtos alimentares 4.723.100 1 559.660 11 5.282.800
2 89,41 10,59
11 Indústrias diversas 109.660 14 207.640 13 317.300 15 34,56 65,44
12 Construção civil 2.445.400 4 81.377 15 2.526.800
9 96,78 3,22
13 Comércio 1.967.600 5 1.646.100 6 3.613.600
6 54,45 45,55
14 Transporte e comunicações 939.230 8 1.825.200 5 2.764.500
8 33,97 66,02
15 Instituições financeiras 33.890 15 695.510 10 729.400 13 4,65 95,35
16 Serviços 5.948 16 3.093.200 3 3.099.200
7 0,19 99,81
Média 1.337.297
1.337.752
2.675.059
Fonte: Resultados da pesquisa.
51
O índice puro total (resultante da soma do PBL e do PTL) revela os setores
dinâmicos da economia. No caso desta pesquisa, como pode ser visto no Quadro
4, Minas Gerais apresentou oito setores-chave com PTL acima da média, a saber:
(4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (10) Outras indústrias de
produtos alimentares, (5) Mecânica, material elétrico e material de transportes, (2)
Agropecuária, (7) Produtos químicos, (13) Comércio, (16) Serviços e (14)
Transporte e comunicações. Não se pode deixar de observar a presença do setor
agropecuário (Agropecuária e Outras indústrias de produtos alimentares) como
importante no sentido de promover o desenvolvimento da economia do Estado.
O setor (4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, quando
comparado com os demais, é o que mais impacta a produção do resto da
economia, em cerca de duas vezes acima da média, além de ser também o mais
impactado por esta, em 2,83 vezes acima da média, ocupando a primeira posição
no “ranking” dos setores-chave ao desenvolvimento do Estado. Outras
indústrias de produtos alimentares, setor (10), embora seja relativamente pouco
demandado, exerce elevado impacto na produção total do restante da economia,
em 3,53 vezes acima da média, colocando-o na segunda posição, em termos de
pólos de desenvolvimento econômico.
Os setores em análise, o de produção e de processamento de café, não se
apresentaram como importantes para a economia do Estado, de acordo com o
índice puro de ligação.
É interessante ressaltar a composição do PTL dos setores-chave
destacados. No setor (2) Agropecuária, a maior parte do PTL proveio das ligações
para frente (62,01%), o que demonstra que maior impacto na sua produção
resultou em maior demanda dos seus produtos por outros setores da economia. O
mesmo ocorreu nos setores (7) Produtos químicos, (14) Transporte e
comunicações e (16) Serviços, pois também apresentaram na composição do
PTL maior parcela originária do PBL, ou seja, de ligações para frente, 89,74%,
66,02% e 99,81%, respectivamente.
Os setores (10) Outras indústrias de produtos alimentares e (13) Comércio
apresentaram 89,41% e 54,45% do PTL, também advindos de ligações para trás
(PBL), respectivamente, o que indica que a dinâmica desse setor ocorreu pelo
lado da demanda.
52
O setor (4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia apresentou
PFL de 58,74%, e o setor (5) Mecânica, material elétrico e material de transporte
também apresentou o PBL maior que o PFL, 73,42% e 26,58%, respectivamente.
Isso indica que é a produção gerada nesse setor que impacta o resto da
economia, acionada pela demanda da indústria de produtos não-metálicos e
metalurgia básica, que serão diretamente afetados, no caso de expansão ou
redução de suas compras.
A composição do PTL para o setor (1) Café em coco indica que 50,68% de
sua estrutura procediam do PFL, resultado esse análogo àquele obtido no índice
de Rasmussen-Hirschman, que apresentou índice de ligação para frente similar
ao do índice de ligação para trás.
O resultado encontrado, em termos da composição da ligação para frente e
para trás, para o setor de produção de café era esperado, dado que esse
produto é importante demandador e vendedor de produtos dentro da cadeia na
qual está inserido e dentro da estrutura produtiva de Minas Gerais, destacando-se
em termos de geração de renda e empregos.
Ademais, a maior parte dos insumos e serviços utilizados na produção de
café é direcionada ao setor agrícola, como os de fabricação de fungicidas, de
novas máquinas e equipamentos para colheita do café, de secadores, de
separadores de impurezas e de descascadores de café, que aliás estão cada vez
mais sendo utilizados no beneficiamento do café, em razão da maior exigência do
mercado consumidor por produtos de melhor qualidade e padronizados.
Esse setor, no entanto, possui importante poder de encadeamento para
frente, principalmente com relação à indústria de café, que compra a parcela da
produção que não é exportada. Pequena parcela da produção atende, ainda, ao
próprio setor de produção de café e às indústrias de produtos alimentares.
Observa-se também que o impacto que o setor produtivo de café causa
nos setores a montante e a jusante, em termos das compras (principalmente
quanto aos ofertantes de insumos) e vendas que efetua com outros setores,
depende da expectativa de preços. Quando se espera a evolução crescente nos
preços do produto, os cafeicultores dispensam maiores cuidados às lavouras,
aplicando fertilizantes nas dosagens recomendadas pelos técnicos, bem como
mantêm uma prevenção mais rigorosa com relação aos possíveis ataques de
pragas e ocorrência de doenças. Diante da perspectiva de preços
53
desestimulantes, o comportamento é o inverso, o que provoca diminuição da
produtividade e da qualidade final do produto (CASTRO JUNIOR,1995).
Quanto ao setor (9) Indústria do café, este apresentou 89,08% da
composição do PTL, em ligações para trás, ou seja, possui maior poder de
encadeamento sobre os setores dos quais utiliza insumos, como: a produção do
café, da indústria de embalagens etc. Este resultado indica que 89,08% da
produção gerada nesse setor impactam o resto da economia, pelo lado da
demanda.
Este resultado é coerente com o que era esperado, visto que as indústrias,
de modo geral, possuem mesmo maior poder de encadeamento para trás do que
para frente, e isso se explica pelo fato de que elas possuem maior número de
setores com os quais comercializam a montante. As indústrias de alimentos
vendem seus produtos basicamente para o atacado e varejo, ou para o mercado
internacional.
Acrescenta-se, no entanto, o fato de que as indústrias de café, em Minas
Gerais, absorvem e, ou, processam uma parte muito pequena da produção do
Estado, dado que a maior parte da produção é adquirida pelas indústrias de café
do Estado de São Paulo. Em Minas Gerais, existem muitas, mas pequenas
indústrias de torrefação e moagem de café.
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura 4 – Índice puro de ligação total, Minas Gerais, 1995.
0
1.000.000
2.000.000
3.000.000
4.000.000
5.000.000
6.000.000
7.000.000
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Setores
Índices
(em mil reais)
54
Na Figura 5, podem-se observar, em escala decrescente, o valor do índice
puro de ligação para trás dos setores analisados, para Minas Gerais, no ano de
1995.
Os setores considerados os principais demandantes do sistema
econômico, por possuírem os índices de ligações para trás acima da média,
foram: (10) Outras indústrias de produtos alimentares, (5) Mecânica, material
elétrico e de transporte, (4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (12)
Construção civil, (13) Comércio e (2) Agropecuária.
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura 5 – Índice puro de ligação para trás, Minas Gerais, 1995.
Na Figura 6, apresentam-se os índices puros de ligação calculados para os
16 setores em análise. Os setores que apresentaram valores acima da média
foram: (4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (7) Produtos
Químicos, (16) Serviços, (2) Agropecuária, (14) Transporte e comunicações e (13)
Comércio.
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
3.500.000
4.000.000
4.500.000
5.000.000
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Setores
Índices
(em mil reais)
55
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura 6 – Índice puro de ligação para frente, Minas Gerais, 1995.
Quando se comparam os distintos índices, observa-se que os índices
calculados sobre a abordagem GHS apresentaram menor número de setores
dinâmicos. A explicação está fundamentada no fato de que, nos índices de
Rasmussen-Hirschman e do campo de influência, o mais importante para
definição de setores-chave é a estrutura interna da economia, sem levar em
consideração o nível de produção em cada setor; enquanto nos índices puros se
considera não apenas o comportamento da estrutura produtiva interna, mas
também os diferentes níveis de produção em cada setor.
De acordo com a produção (em termos de valor), os índices puros revelam
a importância relativa de cada um deles sobre os demais setores da economia,
seja como compradores (ligações para trás), seja como vendedores (ligações
para frente).
O fato de o índice puro de ligação levar em consideração o valor bruto de
produção explica também a pequena importância do setor produtivo de café e da
indústria do café, quando se analisam os resultados encontrados para esse
índice. Essa diferença com relação aos resultados encontrados para os outros
índices ocorre pelo fato de que os demais setores da economia foram agrupados,
enquanto o setor de produção e indústria do café foram analisados isoladamente,
o que permite concluir que o valor bruto de produção dos primeiros são
obviamente maiores que o dos últimos. O resultado encontrado diminui, mas o
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
3.500.000
4.000.000
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Setores
Índices
(em mil reais)
56
anula a importância do setor de produção e da indústria de café para a economia
do Estado de Minas Gerais.
5.4. Multiplicadores regionais
Os multiplicadores setoriais de produção, de emprego e de renda
calculados no presente trabalho representam o impacto sobre a economia (em
termos de produto, renda e emprego) de uma mudança na demanda final de
produtos dos diferentes setores. Os multiplicadores do tipo I informam os
impactos diretos e indiretos, permitindo auferir quanto de produção, renda e
emprego são gerados na economia, direta e indiretamente, devido a uma variação
na demanda final de determinada indústria, o suficiente para criar um produto,
renda ou emprego adicional nessa economia. Esses multiplicadores consideram o
consumo das famílias exógeno no sistema.
5.4.1. Multiplicadores da produção
No Quadro 5, apresentam-se os multiplicadores setoriais da produção em
Minas Gerais, em 1995.
Observou-se, pelos resultados, que os setores (4) Produtos não-metálicos,
siderurgia e metalurgia, (9) Indústria do café e (10) Outras indústrias de produtos
alimentares foram os que apresentaram os maiores valores de impacto na
produção, 2,107; 2,365; e 2,063, respectivamente. No entanto, os setores que
apresentaram as piores contribuições foram: (13) Comércio (1,393), (15)
Instituições financeiras (1,165) e (16) Serviços (1,244). O setor (1) Café em coco
apresentou o sétimo maior valor (1,657), significando que se a demanda final por
produtos do setor de produção do café aumenta R$1.000,00, ocorre uma variação
global da produção em todos os setores da economia para atender a essa
mudança da ordem de R$1.657,00. Em outras palavras, R$1.657,00 indicam a
mudança total na capacidade produtiva dos setores requeridos para atender ao
estímulo exógeno por produtos do setor cafeeiro.
57
Quadro 5 – Multiplicadores setoriais da produção em Minas Gerais, 1995
Setores Multiplicadores Ordem
1 Café em coco 1,657 7
2 Agropecuária 1,442 13
3 Extrativa mineral 1,673 6
4 Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia 2,107 2
5 Mecânica, material elétrico e material de transporte 1,854 4
6 Produtos de madeira, papel, borracha e plástico 1,684 5
7 Produtos químicos 1,534 10
8 Produtos têxteis, indústria de couro e calçados 1,647 8
9 Indústria do café 2,365 1
10
Outras indústrias de produtos alimentares 2,063 3
11
Indústrias diversas 1,644 9
12
Construção civil 1,494 11
13
Comércio 1,393 14
14
Transporte e comunicações 1,459 12
15
Instituições financeiras 1,165 16
16
Serviços 1,244 15
Fonte: Resultados da pesquisa.
O resultado encontrado neste estudo para o multiplicador da produção no
setor (9) Indústria do café é semelhante àquele obtido por DUARTE FILHO et al.
(2002), 2,3781. De acordo com o referido trabalho, a indústria de café é um dos
setores que mais consomem produtos originários do próprio Estado, 49,58% do
total dos insumos adquiridos.
DUARTE FILHO et al. (2002) identificaram, segundo os multiplicadores de
produção em Minas Gerais, 11 setores com fortes efeitos multiplicadores,
destacando-se entre eles os de fabricação de outros produtos metalúrgicos, de
fabricação de aparelhos e equipamentos de material elétrico, siderurgia, indústria
do café e indústria do açúcar. Os resultados obtidos pelos referidos autores são
similares ao do presente trabalho, visto que o setor (4) Produtos não-metálicos,
siderurgia e metalurgia apresentou o segundo lugar em termos de geração de
produto e o setor (5) Mecânica, material elétrico e material de transportes, o
quarto lugar.
58
Em síntese, observou-se que os setores que apresentaram os maiores
multiplicadores de produto em Minas Gerais pertenciam aos principais complexos
industriais do Estado: o metal-mecânico e o agroindustrial. Esse resultado é o
mesmo encontrado por FERNANDES (1997).
Os resultados encontrados pelo multiplicador da produção se assemelham
mais àqueles encontrados pelos índices de Rasmussen-Hirschman (análise
restrita) e do campo de influência. Os setores importantes análogos aos do índice
de Rasmussen-Hirschman são (1) Café em coco, (4) Produtos não-metálicos,
siderurgia e metalurgia, (5) Mecânica, material elétrico e material de transportes e
(10) Outras indústria de produtos alimentares. Na comparação com os resultados
do campo de influência, têm-se a exclusão do setor (1) Café em coco e a
inclusão dos setores (8) Produtos têxteis, indústria de couro e calçados e (9)
Indústria do café.
com relação aos resultados do índice puro de ligação (abordagem
GHS), observa-se que os setores mais dinâmicos são: (4) Produtos não-
metálicos, siderurgia e metalurgia, (5) Mecânica, material elétrico e material de
transporte e (10) Outras indústria de produtos alimentares.
Ao comparar o multiplicador da produção com o índice puro de ligação
(GHS), podem-se observar resultados muitos distintos, dado que foram
encontrados alguns setores como sendo importantes em uma análise e pouco
importantes em outra. Esses setores são: (13) Comércio, (14) Transporte e
comunicações e (16) Serviços.
5.4.2. Multiplicadores da renda
Os multiplicadores da renda, tal como foi definido o multiplicador da
produção, representam a renda gerada em todos os setores da economia
resultante de uma variação de uma unidade monetária na demanda final de
determinado setor.
Os valores dos multiplicadores da renda para cada um dos 16 setores
analisados estão apresentados no Quadro 6.
Os setores que apresentaram maior capacidade de geração de renda
dentre os 16 setores da economia o: (13) Construção civil (1,0117), (2)
Agropecuária (1,0077) e (3) Café em coco (0,9727).
59
Quadro 6 – Multiplicadores setoriais da renda em Minas Gerais, 1995
Setores Multiplicadores
Ordem
1 Café em coco
0,9727
3
2 Agropecuária
1,0077
2
3 Extrativa mineral
0,9123
5
4 Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia
0,6838
12
5 Mecânica, material elétrico e material de transporte
0,6673
13
6 Produtos de madeira, papel, borracha e plástico
0,7659
9
7 Produtos químicos
0,6368
14
8 Produtos têxteis, indústria de couro e calçados
0,7328
10
9 Indústria do café
0,2938
16
10
Outras indústrias de produtos alimentares
0,4738
15
11
Indústrias diversas
0,7996
8
12
Construção civil
1,0117
1
13
Comércio
0,7197
11
14
Transporte e comunicações
0,8147
7
15
Instituições financeiras
0,9274
4
16
Serviços
0,8224
6
Fonte: Resultados da pesquisa.
Os setores (1) Café em coco e (9) Indústria do café apresentaram-se na
e 1posições, respectivamente. Isso indica que, se a demanda final por esses
produtos aumentar de uma unidade monetária, ocorrerá uma variação global da
renda em todos os setores da economia para atender a essa mudança da ordem
de 0,9727 e 0,2938 unidades monetárias, respectivamente. Este resultado indica
que o setor (1) Café em coco possui grande poder de gerar renda na economia,
juntamente com os setores (2) Agropecuária e (12) Construção civil.
Comparando os resultados dos multiplicadores da renda e do índice de
Rasmussen-Hirschman (abordagem mais restrita), observa-se que apenas o setor
(1) Café em coco apresentou-se importante nas duas abordagens,
concomitantemente.
Mediante os resultados obtidos do multiplicador da renda e do campo de
influência e considerando os sete primeiros setores mais importantes nas duas
análises, nenhum resultado semelhante foi observado nessas, ou seja, os setores
60
mais importantes diferiram de uma metodologia para outra. No entanto, os setores
(2) Agropecuária, (14) Transporte e Comunicações e (16) Serviços destacaram-se
como importantes e dinâmicos para a economia do Estado, quando se levam em
consideração os resultados encontrados pelo multiplicador da renda e pelo índice
puro de ligações (GHS), conjuntamente. Esse maior número de setores
correspondentes entre a abordagem GHS e o multiplicador da renda,
comparativamente ao índice de Rasmussen-Hirschman e do campo de influência,
pode estar relacionado ao fato de que os primeiros indicadores citados levam em
consideração o valor monetário, ou seja, o índice puro de ligação utiliza o valor de
produção e o multiplicador da renda, a própria renda.
5.4.3. Multiplicadores do emprego
No que diz respeito ao efeito multiplicador de empregos na economia de
Minas Gerais, em 1995, de acordo com os valores apresentados no Quadro 7,
pode-se destacar que o setor (16) Serviços apresenta as melhores contribuições
para o desenvolvimento da economia, com a maior participação na geração de
empregos (1,008). Os setores (1) Café em coco e (2) Agropecuária, indústria de
couro e calçados posicionaram-se no segundo e no terceiro lugar, com
multiplicadores de emprego iguais a 0,234 e 0,204, respectivamente.
Já o setor (9) Indústria do café ocupou a décima primeira posição na
geração de empregos na economia.
No geral, considerando apenas os efeitos diretos dos choques na demanda
exógena, pode-se afirmar que o setor (16) Serviços apresenta desempenho mais
significativo para a economia que outros setores ditos estratégicos, em termos de
crescimento econômico, como Veículos, Eletroeletrônico e Petroquímico.
A economia cafeeira, por sua vez, possui forte expressão social em Minas
Gerais, dado o alto emprego de mão-de-obra de baixa qualificação.
Considerando-se apenas as atividades relacionadas com a colheita, os gastos
com a mão-de-obra podem variar de 40 a 90% do custo total de produção,
embora existam variações de acordo com o sistema de produção adotado.
Segundo PONCIANO (1995), um hectare de café necessita da participação de
114 dias-homem por ano.
61
Quadro 7 – Multiplicadores setoriais do emprego em Minas Gerais, 1995
Setores Multiplicadores Ordem
1 Café em coco
0,234 2
2 Agropecuária
0,204 3
3 Extrativa mineral
0,015 16
4 Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia
0,022 14
5 Mecânica, material elétrico e material de transporte
0,035 13
6 Produtos de madeira, papel, borracha e plástico
0,119 9
7 Produtos químicos
0,019 15
8 Produtos têxteis, indústria de couro e calçados
0,202 4
9 Indústria do café
0,054 11
10
Outras indústrias de produtos alimentares
0,048 12
11
Indústrias diversas
0,167 6
12
Construção civil
0,135 8
13
Comércio
0,172 5
14
Transporte e comunicações
0,087 10
15
Instituições financeiras
0,152 7
16
Serviços
1,008 1
Fonte: Resultados da pesquisa.
NAJBERG et al. (2004) fizeram um estudo para o Brasil, buscando
encontrar os setores mais importantes na geração de emprego. Para tanto
consideraram, em seu estudo, os empregos direto, indireto e gerado a partir do
efeito-renda (aumento do consumo em outros setores, como resultado da
elevação da renda). Os resultados dos 41 setores analisados indicaram que os
setores que tendem a ter maior participação na geração de empregos são
aqueles intensivos em mão-de-obra, nos quais predominam os pequenos
estabelecimentos, com mão-de-obra pouco qualificada e salários menores, a
exemplo do setor de serviços prestados à família.
O referido estudo indicou também que não houve mudanças significativas
na posição dos setores com relação a 2001, observando-se, no entanto,
diminuição no potencial de vagas criadas com o estímulo à produção. O setor
agropecuário, em 2001, tinha potencial para criar um total de 1.193 empregos; já,
em 2003, sua capacidade caiu para 986 empregos. Isso se refere ao fato de que,
62
com a abertura da economia brasileira e a globalização, tornou-se necessário que
as empresas fossem cada vez mais eficientes, o que, muitas vezes, significa a
utilização de máquinas em detrimento do uso de mão-de-obra, indicando
tendência de redução do emprego, nesse setor.
Com relação ao trabalho mencionado, os setores com maior potencial em
termos de geração de empregos no país o os de serviços (saúde, educação e
lazer), o agropecuário, o de madeira e mobiliário, o de calçados, o de vestuário e
a indústria do café. as indústrias de automóvel, caminhão e ônibus, de
equipamentos eletrônicos, de produtos químicos, de artigos plásticos e de
borracha apresentaram menor potencial para empregar. Esse resultado é similar
ao do presente trabalho, visto que os setores (1) Café em coco, (2) Agropecuária,
(6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico, (8) Produtos têxteis, indústria
de couro e calçados; e (16) Serviços destacaram-se em termos de geração de
emprego.
Em se tratando dos diferentes multiplicadores em análise para o Estado de
Minas Gerais, observou-se que os efeitos dos multiplicadores da produção, renda
e emprego foram distintos. Ao considerar os cinco maiores multiplicadores em
termos de renda e emprego, verificou-se que apenas os setores (1) Café em coco
e (2) Agropecuária estão presentes nestes. Já quando se comparam esses com o
multiplicador da produção, não se observa nenhum setor em comum.
Os setores (1) Indústria do café, (12) Construção civil e (16) Serviços foram
aqueles que apresentaram maior multiplicador da produção, renda e emprego,
respectivamente. Nesse sentido, esses setores apresentam as melhores
contribuições para o desenvolvimento da economia mineira, em termos de
geração de produto, renda e emprego.
Os setores, no entanto, que menos contribuíram para o processo de
desenvolvimento econômico de Minas Gerais, quando se aumenta em uma
unidade o valor da demanda final por seus produtos, considerando
separadamente as variáveis de interesse, foram: (15) Instituições financeiras,
quanto ao multiplicador da produção; (9) Indústria do café, quanto à geração de
renda; e (3) Extrativa mineral, quanto à geração de empregos.
63
6. CONCLUSÕES
O objetivo geral deste trabalho consistiu em avaliar a contribuição do setor
de produção e de processamento de café no desenvolvimento socioeconômico de
Minas Gerais. Especificamente, visaram-se analisar a importância e o poder de
encadeamento desses setores na economia mineira, assim como determinar os
multiplicadores de impacto nas variáveis produção, renda e emprego, diante de
um choque exógeno da demanda final dos setores em questão.
Para determinar o poder de encadeamento e a importância dos setores de
produção e processamento de café em Minas Gerais, no ano de 1995, utilizaram-
se os índices de Rasmussen-Hirschman, do campo de influência e do índice puro
de ligação (GHS), buscando conhecer os setores-chave da economia mineira.
A mensuração das ligações industriais e a identificação dos setores-chave,
com base nos índices de Rasmussen-Hirschman e do campo de influência,
indicaram padrões semelhantes.
Pela análise de Rasmussen-Hirschman são considerados setores-chave
tanto os setores que exibiram índice de ligações para trás maior que 1 quanto
aqueles que apresentaram índice de ligações para frente acima da média. Esses
setores são: (1) Café em coco, (2) Agropecuária, (3) Extrativa mineral, (4)
Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (5) Mecânica, material elétrico e
material de transporte, (6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico, (7)
Produtos químicos, (9) Indústria do café, (10) Outras indústrias de produtos
alimentares, (11) Indústrias diversas, (14) Transporte e comunicações e (16)
Serviços.
Seguindo a abordagem mais restrita, o considerados setores-chave
aqueles que apresentam tanto os índices de ligação para trás quanto para frente
64
maiores do que 1. m-se, então, identificados como setores-chave em Minas
Gerais: (1) Café em coco, (4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia, (5)
Mecânica, material elétrico e material de transportes e (10) Outras indústrias de
produtos alimentares.
Os setores-chave encontrados pela abordagem do campo de influência
foram: (1) Café em coco; (2) Agropecuária; (4) Produtos o-metálicos, siderurgia
e metalurgia; (5) Mecânica, material elétrico e material de transporte; (6) Produtos
de madeira, papel, borracha e plástico; (7) Produtos químicos; (8) Produtos
têxteis, indústria de couro e calçados; (9) Indústria do café; (10) Outras indústrias
de produtos alimentares; e (16) Serviços.
De acordo com os índices puros de ligações, encontraram-se os seguintes
setores como chaves (em ordem decrescente): (4) Produtos não-metálicos,
siderurgia e metalurgia; (10) Outras indústrias de produtos alimentares; (5)
Mecânica, material elétrico e material de transporte; (2) Agropecuária; (7)
Produtos químicos; (13) Comércio; (16) Serviços; e (14) Transporte e
comunicações.
De maneira geral, os setores considerados chaves, pelas abordagens
adotadas (GHS e Rasmussen-Hirschman), e que apresentaram grande campo de
influência foram: (4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia; (5)
Mecânica, material elétrico e material de transporte; e (10) Outras indústrias de
produtos alimentares.
Quando se consideram apenas o índice de Rasmussen-Hirschman e o
campo de influência, inclui-se entre os setores-chave os setores (1) Café em
coco, (6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico e (9) Indústria do café.
De acordo com esses índices, confirma-se que o setor de produção é importante
para a economia mineira, dada a grande relação com seus fornecedores de
matérias-primas e consumidores de seus produtos finais.
Quanto à indústria de processamento de café, esta se mostrou importante
em termos de poder de encadeamento para trás, somente pela análise dos
coeficientes do campo de influência e dos índices de ligações de Rasmussen-
Hirschman, Já, no índice puro de ligação, verificou-se que este não é um setor
importante para a economia mineira.
Com relação à análise dos multiplicadores, observou-se que os setores: (9)
Indústria do café, (4) Produtos o-metálicos, siderurgia e metalurgia e (10)
65
Outras indústrias de produtos alimentares foram os que apresentaram os maiores
valores de impacto sobre a produção. O setor (1) Café em coco teve o sétimo
maior valor, demonstrando seu poder em contribuir para o aumento da produção
na economia mineira como um todo, dada uma variação na sua demanda final.
Os setores (13) Construção civil (1,0117), (2) Agropecuária (1,0077) e (3)
Café em coco (0,9727) apresentaram os maiores valores em termos de geração
de renda, em toda a economia mineira. os setores (16) Serviços, (1) Café em
coco e (2) Agropecuária tiveram os melhores resultados, em termos de geração
de emprego.
Pelos resultados encontrados, rejeitou-se a hipótese inicial do trabalho de
que a indústria do café apresenta maiores encadeamentos para trás e para frente,
comparativamente ao setor de produção. Como mostrado, ela apresenta
somente maiores encadeamentos para trás.
De modo geral, os resultados da análise dos índices de Rasumssen-
Hirschaman e do campo de influência indicam que o setor (1) Café em coco
apresentou grande importância para a economia mineira em termos de
encadeamento, pois mostrou forte relação com os fornecedores de insumos para
sua produção e com os setores demandantes de sua produção. com relação
ao índice puro, este setor não se apresentou importante em razão de o seu valor
de produção ser relativamente menor que de outros setores como o (4) Produtos
não-metálicos, siderurgia e metalurgia.
Quanto aos multiplicadores, confirmou-se a expectativa de que o setor de
produção do café pode contribuir para melhorar os indicadores socioeconômicos
mineiros, principalmente no que se refere à geração de renda e emprego.
Com relação ao setor (9) Indústria de café, este mostrou grande poder de
encadeamento para trás, ou seja, influencia fortemente os setores que lhes
fornecem insumos, entre eles o próprio setor de produção do café. Esta conclusão
é corroborada pelos coeficientes do campo de influência e dos índices de ligações
de Rasmussen-Hirschman, mas não pelo índice puro de ligação. A análise dos
multiplicadores, por sua vez, indicou que este é um setor importante na geração
de produto.
Conclui-se, de maneira geral, que os setores analisados neste trabalho,
café em coco e indústria do café, têm capacidade para contribuir para o
desenvolvimento da economia do Estado, quando incentivados positivamente,
66
promovendo o crescimento no próprio setor e, em grande parte, dos setores
presentes em Minas Gerais, além de melhorar os níveis de produto, renda e
emprego da economia.
É importante ressaltar, entretanto, que os resultados obtidos no presente
trabalho podem não refletir a atual situação da economia mineira, visto que se
utilizou na análise uma matriz insumo-produto para Minas Gerais referente ao ano
de 1995, e os setores em estudo podem ter sofrido mudanças como aumento de
produtividade, padronização do produto e aumento de qualidade. Assim, sugere-
se para trabalhos futuros a construção e, ou, o uso de uma matriz de insumo-
produto mais recente com vistas a obter resultados que representem a estrutura
econômica atual.
Outra limitação está relacionada à agregação da matriz, dado que
originariamente esta era composta de 26 setores, e para a presente análise essa
matriz foi agregada em 16 setores. Essa agregação criou um viés, pois, por um
lado, simplificou a comparação dos setores em análise com os demais setores da
economia e, por outro, subestimou os setores de produção e indústria do café,
nos resultados do índice puro de ligação (GHS). Ou seja, os valores de produção
do setor produtivo e de processamento do café tornaram-se relativamente
menores que os dos setores agregados, resultando em pequena importância
desses valores, em comparação com os demais.
67
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73
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Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
75
ANEXOS
76
Agregação da Tabela Insumo-produto em Minas Gerais, 1995
1. Agropecuária
2. Extração de Minerais
3. Produtos não-metálicos e Metalurgia Básica
3.1. Minerais não-metálicos
3.2. Siderurgia e metalurgia
4. Máquinas, Equipamentos, Materiais Elétricos e Equipamentos de
Transporte
4.1. Mecânica
4.2. Material elétrico e eletrônico
4.3. Material de transporte
5. Produtos de Madeira, Papel, Borracha e Plástico
5.1. Madeira e mobiliário
5.2. Papel e gráfica
5.3. Indústria da borracha
5.4. Artigos de plástico
6. Produtos Químicos
6.1. Indústria Química
6.2. Farmacêutica e perfumaria
7. Produtos Têxteis, Indústria de Couro e Calçados
7.1. Indústria têxtil
7.2. Vestuário e calçados
8. Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
8.1. Produtos do café
8.2. Arroz beneficiado
8.3. Farinha de trigo
8.4. Outros produtos vegetais beneficiados
8.5. Leite beneficiado
8.6. Outros laticínios
8.7. Açúcar
8.8. Óleos vegetais em bruto
8.9. Óleos vegetais refinados
8.10. Outros produtos alimentares inclusive rações
77
8.11. Bebidas
8.12. Abate e preparação de carnes
9. Indústria Diversas
10. Construção Civil
11. Comércio
12. Transporte e Comunicações
12.1. Transporte
12.2. Comunicações
13. Instituições Financeiras
14. Serviços
14.1. Administração pública
14.2. Aluguel de Imóveis
14.3. Outros serviços
14.4. SIUP - Serviços Industriais de Utilidade Pública
78
Matriz insumo-produto para Minas Gerais – 1995
1 2 3 4 5 6 7
(1) Café em coco 200762 318216 0 0 0 0 0
(2) Agropecuária 146559 937635 2152 187335 0 162765 91420
(3) Extrativa mineral 5913 32607 136159 341012 2162 2223 25403
(4) Produtos não-metálicos, siderurgia e metalurgia 6786 9167 134782 4817881 1323997 41507 71559
(5) Mecânica, material elétrico e material de transporte 8280 18817 138196 349104 1545741 25836 76608
(6) Produtos de madeira, papel, borracha e plástico 2951 11787 18416 89560 122148 254318 34889
(7) Produtos químicos 362729 411263 112098 407075 140679 142405 881334
(8) Produtos têxteis, indústria de couro e calçados 2998 11055 2739 2722 15143 11584 3209
(9) Indústria do ca 20436 922 6 7 14 15 21
(10) Outras indústrias de produtos alimentares 193130 217510 1709 2801 1680 2484 84423
(11) Indústrias diversas 1692 2655 8598 97646 9362 11953 10072
(12) Construção civil 8 227 10651 13707 9395 2700 5840
(13) Comércio 65939 142551 62148 265787 229212 87452 90780
(14) Transporte e comunicações 597 193698 109328 363023 158570 51949 160321
(15) Instituições financeirast 0 27863 48043 79940 45733 7400 29823
(16) Serviços 35539 107726 243109 529800 200010 84397 137531
Valor adicionado + Importações 1587406 6066744 1372850 5332600 4384364 1127429 3259841
Valor Bruto de Produção (VBP) 2641725 8510442 2400984 12880000 8188210 2016417 4963076
79
8 9 10 11 12 13 14 15 16
Demanda
Final VBP
0 83675 462167 0 0 0 0 0 0 1576906 2641725
37896 13253 1848300 1199 0 0 0 0 224168 4857760 8510442
151 5 13845 16261 22674 0 0 0 175 1802393 2400984
6657 865 150360 22227 704549 6379 16347 0 57940 5508996 12880000
16245 358 66577 4606 94252 19744 246666 0 339141 5238038 8188210
15972 1855 94008 11779 112829 87453 46985 10186 275578 825702 2016417
72505 1314 111916 18208 74488 585647 364972 0 282513 993931 4963076
289305 579 28709 4203 714 4114 15245 0 50411 972298 1415027
11 39701 159 3 0 0 3 0 1709 174595 237602
16141 21596 1357404 771 0 0 20663 0 597124 5165040 7682477
2408 258 7436 22406 15016 2629 4277 22861 130401 46986 396655
1128 157 7608 375 135966 11766 18983 0 228948 4994346 5441805
54399 4131 323529 13795 181476 113035 134220 2582 520676 4800217 7091930
22099 3258 214166 8312 62626 320794 296172 72760 327820 3077507 5442999
5640 4126 27877 2458 9368 69552 53372 123155 1947818 694849 3177016
39281 2854 221241 34631 83938 771048 252221 375994 3374197 22363452 28856969
835188 59619 2747175 235422 3943910 5099768 3972873 2569477 20498350
1415027 237602 7682477 396655 5441805 7091930 5442999 3177016 28856969
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