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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL
PROJETO E CONSTRUÇÃO DE LAJES NERVURADAS
DE CONCRETO ARMADO
Eng. Civil Marcos Alberto Ferreira da Silva
SÃO CARLOS
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL
PROJETO E CONSTRUÇÃO DE LAJES NERVURADAS
DE CONCRETO ARMADO
Eng. Civil Marcos Alberto Ferreira da Silva
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Construção Civil do Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal de São Carlos, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em Construção
Civil.
Orientador: Prof. Dr. Jasson Rodrigues de Figueiredo Filho
SÃO CARLOS
2005
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
S586pc
Silva, Marcos Alberto Ferreira da.
Projeto e construção de lajes nervuradas de concreto
armado / Marcos Alberto Ferreira da Silva. -- São Carlos :
UFSCar, 2005.
239 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2005.
1. Concreto armado. 2. Lajes nervuradas. 3. Pavimentos
de edificações. 4. Estruturas. I. Título.
CDD: 624.18341 (20
a
)
Dedico este trabalho a Elaine e Vitória, esposa e filha
queridas, pelo amor sem limite, incentivo e compreensão.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, presente em todos os momentos de minha vida e
que me dá a possibilidade de concretizar mais este sonho.
Ao professor Jasson Rodrigues de Figueiredo Filho, pela zelosa
orientação, ensinamentos, incentivos, compreensão e, acima de tudo, pela amizade.
Ao professor José Samuel Giongo, pelas valiosas correções e sugestões
dadas no Exame de Qualificação.
Ao professor e ao amigo Roberto Chust Carvalho, exemplo de dedicação
ao trabalho e de caráter, que me encaminhou profissionalmente e ensinou que não há
nada que resista ao trabalho sério e honesto, em quem sempre procurei me espelhar.
Aos professores do mestrado, pelos ensinamentos, dedicação, atenção e
paciência dispensadas durante o andamento do curso.
Aos amigos José Ricardo Fernandes, Jorge Augusto Galvão Frem e Jorge
Miguel Nucci, pelos constantes incentivos.
Finalmente, aos meus pais Nestor e Eliza por tudo que sempre fizeram
por mim.
RESUMO
SILVA, M.A.F. (2005). Projeto e construção de lajes nervuradas de concreto armado.
Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos, 2005.
A procura de soluções que sejam simples e ao mesmo tempo eficazes, tragam redução
de custos, rapidez e versatilidade nas aplicações é crescente na construção civil. Em
virtude de apresentarem uma série de vantagens, as lajes nervuradas de concreto armado
têm se firmado como excelente solução para a construção de pavimentos de edificações.
Neste trabalho aborda-se este tipo de lajes, divulgando suas características, opções
construtivas, funcionamento e comportamento estrutural e as principais recomendações
propostas por autores a todos os potenciais usuários (projetistas, construtores,
proprietários); apresentam-se as recomendações da NBR 6118:2003 que entrou em
vigor recentemente, os processos de cálculo usualmente empregados para a
determinação dos esforços solicitantes e deslocamentos transversais, roteiros com
indicações gerais sobre o projeto e construção, e exemplos ilustrativos com o cálculo, o
detalhamento e as verificações do estado limite de serviço (fissuração e deformação
excessiva). Comparam-se os resultados obtidos simulando as lajes nervuradas armadas
em duas direções como grelha com os obtidos admitindo-as como laje maciça.
Palavras-Chave: concreto armado, lajes nervuradas, pavimentos de edificações,
estruturas
ABSTRACT
SILVA, M.A.F. (2005). Design and construction of reinforced concrete ribbed slabs.
MSc Dissertation. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005.
The demand for simple and efficient solutions is increasing in civil construction,
wherein the reduction of costs and the increase of speed and versatility within the
applications are required. Due to its advantages, reinforced concrete ribbed slabs have
been consolidated as an excellent alternative to compose buildings floors. The present
research deals with this type of slab, disseminating its constructive characteristics,
variations, structural behavior and the main recommendations proposed by different
authors and addressing to all potential users (designers, constructors, contractors);
recommendations, calculation methods to determine the internal forces and
displacements, design and construction procedures according to the Brazilian code of
practice NBR 6118:2003 are presented. Additionally, illustrative examples with the
calculation, the detailing and the verifications of the serviceability limit state (crack
width and extreme deformation) are presented. Finally, the results obtained from the
examples simulating ribbed slabs in two directions are compared with the results
obtained from the consideration of a massive slab.
Keywords: reinforced concrete, rib slabs, buildings floors, structures
i
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.............................................................................
1
1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES................................................................ 1
1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA....................................................................... 7
1.3 BENEFÍCIOS ESPERADOS................................................................................ 8
1.4 OBJETIVOS.......................................................................................................... 8
1.5 PLANEJAMENTO DO TRABALHO.................................................................. 10
CAPÍTULO 2 – ASPECTOS GERAIS SOBRE PLACAS E LAJES...................
13
2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES................................................................ 13
2.2 TIPOS USUAIS DE LAJES DE EDIFÍCIOS....................................................... 15
2.2.1 Lajes Moldadas no Local de Concreto Armado.......................................... 15
2.2.2 Lajes Pré-Fabricadas.................................................................................... 21
2.3 AÇÕES NAS LAJES DOS EDIFÍCIOS............................................................... 28
2.3.1 Tipos de Ações............................................................................................ 28
2.3.2 Ações Normalmente Consideradas nas Lajes dos Edifícios........................ 30
2.4 RECOMENDAÇÕES GERAIS DA NBR 6118:2003 PARA AS LAJES DE
CONCRETO ARMADO............................................................................................. 32
2.4.1 Vãos Efetivos............................................................................................... 32
2.4.2 Espessura Mínima........................................................................................ 34
2.4.3 Aberturas...................................................................................................... 34
2.4.4 Cobrimento.................................................................................................. 36
2.4.5 Detalhamento das Armaduras...................................................................... 39
2.4.5.1 Armadura mínima de flexão............................................................. 39
2.4.5.2 Armadura máxima de flexão............................................................ 41
2.4.5.3 Armadura secundária de flexão (armadura de distribuição)............ 42
2.4.5.4 Espaçamento e diâmetro máximo.................................................... 43
2.4.5.5 Armaduras em bordas livres e aberturas.......................................... 43
2.4.6 Estados Limites de Serviço.......................................................................... 44
2.4.6.1 Estados limites de serviço referentes à fissuração........................... 46
ii
2.4.6.2 Estado limite de deformações excessivas......................................... 54
CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS LAJES
NERVURADAS MOLDADAS NO LOCAL DE CONCRETO ARMADO........
63
3.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES................................................................ 63
3.2 TIPOS DE LAJES................................................................................................. 64
3.3 VINCULAÇÃO DAS LAJES............................................................................... 70
3.4 MATERIAIS DE ENCHIMENTO....................................................................... 73
3.5 FÔRMAS DE POLIPROPILENO........................................................................ 78
3.6 ARMADURAS NECESSÁRIAS......................................................................... 80
3.7 PRESCRIÇÕES NORMATIVAS......................................................................... 81
3.7.1 Prescrições da NBR 6118:2003................................................................... 82
3.7.1.1 Dimensões limites............................................................................ 82
3.7.1.2 Análise estrutural.............................................................................. 83
3.7.1.3 Verificação ao cisalhamento............................................................ 84
3.7.1.4 Espaçamento máximo entre estribos................................................ 86
3.7.2 Prescrições de Outros Autores (Normas Internacionais)............................. 87
3.7.2.1 Eurocode (1992) .............................................................................. 87
3.7.2.2 Normas espanholas........................................................................... 87
3.8 INDICAÇÕES GERAIS SOBRE A CONSTRUÇÃO DE LAJES
NERVURADAS MOLDADAS NO LOCAL.............................................................
91
3.9 INDICAÇÕES GERAIS SOBRE O PROJETO DE LAJES NERVURADAS
MOLDADAS NO LOCAL.........................................................................................
98
CAPÍTULO 4 – ASPECTOS GERAIS SOBRE AS LAJES NERVURADAS
COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS...................................................................
115
4.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES................................................................ 115
4.2 DESCRIÇÃO DAS LAJES NERVURADAS COM VIGOTAS PRÉ-
FABRICADAS............................................................................................................
117
4.3 PARÂMETROS GEOMÉTRICOS QUE DEFINEM A LAJE E AS
NERVURAS...............................................................................................................
120
4.4 CLASSIFICAÇÃO DAS LAJES NERVURADAS COM VIGOTAS PRÉ-
FABRICADAS............................................................................................................
124
iii
4.5 MATERIAIS CONSTITUINTES DAS LAJES NERVURADAS COM
VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS................................................................................ 125
4.6 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DAS LAJES NERVURADAS COM
VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS................................................................................ 133
4.7 AÇÃO DA LAJE NERVURADA COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS NOS
SEUS APOIOS............................................................................................................ 135
4.8 DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO DE LAJES NERVURADAS COM
VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS................................................................................ 136
4.9 VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO DAS LAJES NERVURADAS COM
VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS................................................................................ 139
4.10 CÁLCULO DE FLECHAS NAS LAJES NERVURADAS COM VIGOTAS
PRÉ-FABRICADAS................................................................................................... 141
4.11 INDICAÇÕES GERAIS SOBRE A CONSTRUÇÃO DE LAJES
NERVURADAS COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS.......................................... 143
4.12 INDICAÇÕES GERAIS SOBRE O PROJETO DE LAJES NERVURADAS
COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS...................................................................... 148
CAPÍTULO 5 – PROCESSOS DE CÁLCULO À FLEXÃO DE LAJES
NERVURADAS DE CONCRETO ARMADO.......................................................
155
5.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES................................................................ 155
5.2 MÉTODO ELÁSTICO.......................................................................................... 156
5.3 PROCESSOS DE CÁLCULO.............................................................................. 160
5.3.1 Método das Diferenças Finitas (MDF) ....................................................... 161
5.3.2 Método dos Elementos Finitos (MEF) ....................................................... 162
5.3.3 Processo de Grelha Equivalente (Analogia de Grelha)............................... 164
5.3.4 Processo de Resolução de Placas Elásticas por Meio de Séries.................. 169
CAPÍTULO 6 – EXEMPLOS..................................................................................
175
6.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES................................................................ 175
6.2 EXEMPLO 1 (PAVIMENTO COM LAJE NERVURADA MOLDADA NO
LOCAL ARMADA EM UMA DIREÇÃO)............................................................... 175
6.3 EXEMPLO 2 (LAJE NERVURADA MOLDADA NO LOCAL ARMADA
EM DUAS DIREÇÕES)............................................................................................. 189
iv
6.4 EXEMPLO 3 (LAJE NERVURADA MOLDADA NO LOCAL ARMADA
EM DUAS DIREÇÕES).............................................................................................
196
6.5 EXEMPLO 4 (LAJE NERVURADA UNIDIRECIONAL COM VIGOTAS
PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO ARMADO)..................................................
212
CAPÍTULO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES.......................
225
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................
231
ANEXO.......................................................................................................................
237
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O pavimento de um edifício, que é um elemento estrutural de superfície,
pode ser projetado com elementos moldados no local ou pré-fabricados. Quando
projetado com elementos moldados no local, o pavimento pode ser composto por uma
única laje (maciça ou nervurada), sem vigas, apoiada diretamente em pilares, ou por um
conjunto de lajes, maciças ou nervuradas, apoiadas em vigas ou paredes de concreto ou
de alvenaria estrutural; na figura 1.1 mostram-se estas possibilidades.
a) Laje sem vigas, apoiada diretamente em pilares
b) Laje maciça apoiada em vigas
c) Laje nervurada apoiada em vigas
FIGURA 1.1. Esquemas estruturais de pavimentos de concreto armado
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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2
Para se projetar uma estrutura composta de lajes, vigas e pilares é
necessário definir inicialmente o tipo de pavimento que será empregado (principalmente
em função da finalidade da edificação, dos vãos a vencer e das ações de utilização), para
então determinar as ações finais e, a partir delas, calcular e detalhar os elementos da
estrutura.
Dependendo da finalidade da edificação projetada há um grau de
exigência de funcionalidade, dimensões mínimas e ações a serem atendidos. Desse
modo, a escolha do sistema estrutural mais adequado para um determinado pavimento
de um edifício, assim como a definição do processo construtivo a ser utilizado,
partindo-se sempre do pressuposto que em cada escolha o sistema estrutural deverá ser
projetado obedecendo a disposições normativas, deve ser feita considerando-se aspectos
econômicos, de funcionamento, de execução, e os relacionados à interação com os
demais subsistemas construtivos do edifício. Devem ser considerados os principais
parâmetros:
finalidade da edificação;
projeto arquitetônico;
ações de utilização;
altura do edifício;
dimensões dos vãos que devem ser vencidos;
rigidez adequada de modo que os deslocamentos transversais fiquem dentro dos
limites prescritos pelas normas;
rigidez às ações laterais;
qualidade requerida;
tempo de construção (execução);
exigência de técnicas especiais de construção;
disponibilidade de equipamentos, materiais e mão-de-obra capacitada;
possibilidade ou facilidade de racionalização da construção;
custos da estrutura e do edifício;
interação com os demais subsistemas construtivos da edificação (instalações,
vedações, etc.);
possibilidades ou exigências estéticas.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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3
Para pavimentos em que o menor vão a ser vencido pelas lajes é pequeno
ou médio (lajes em que a dimensão do menor vão teórico não é maior que 5 m) e com
ações a serem suportadas não muitas elevadas, normalmente têm-se empregado as lajes
nervuradas com vigotas pré-fabricadas e as lajes maciças apoiadas em vigas (sistema
tradicional), estas últimas por demandarem, nesta situação, espessura pequena; como o
custo de uma laje maciça está diretamente relacionado, entre outros, com a espessura da
mesma (o custo das fôrmas praticamente não se altera em função da altura da laje), lajes
esbeltas, ou seja, com pequena espessura, são mais econômicas.
Entretanto, para grandes vãos, principalmente por apresentarem nesse
caso valores elevados de deslocamentos transversais, as lajes nervuradas com vigotas
pré-fabricadas não são adequadas, e o emprego de lajes maciças, quando possível, pode
ser antieconômico, pois nesse caso a espessura necessária da laje, para atender ao
critério de pequenos deslocamentos transversais, também será grande, ao passo que a
profundidade da linha neutra (linha em relação a qual as tensões normais atuantes na
seção transversal do elemento estrutural passam de tração para compressão)
provavelmente resultará pequena; como o concreto situado abaixo da linha neutra se
encontra submetido a tensões de tração por causa da flexão e, sendo a resistência do
mesmo a este tipo de tensão desprezada no estado limite último, tem-se como resultado
uma estrutura com grande quantidade de material inerte e, conseqüentemente, com
grande peso próprio. Esse concreto serve apenas para proteger e manter a armadura
tracionada em sua posição, garantindo a altura útil (distância do centro de gravidade da
armadura longitudinal tracionada à fibra mais comprimida do concreto) necessária da
laje.
Desse modo, em se tratando de grandes vãos, uma alternativa é utilizar as
lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado, pois apresentam pequenos
deslocamentos transversais, além de permitirem uma construção racionalizada, com a
mesma tecnologia empregada nas lajes maciças; as lajes nervuradas, moldadas no local
ou com vigotas pré-fabricadas, possibilitam que o peso próprio da estrutura seja
reduzido suprimindo-se nas zonas tracionadas da seção transversal parte do concreto
que não trabalha estruturalmente, deixando apenas algumas faixas deste, onde estarão
agrupadas as armaduras tracionadas. A essas regiões de tração, com armaduras
concentradas, dá-se o nome de nervuras, e daí o termo lajes nervuradas (figura 1.2).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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4
mesa
vaziovazio
armadura principal
armadura de distribuição
vaziovazio
nervura
armadura principal
mesa
vazio vazio
nervura
vazio
armadura de distribuição
vazio
armadura principal
mesa
vazio vazio
nervura
vazio
armadura de distribuição
vazio
FIGURA 1.2. Laje nervurada moldada no local
As lajes nervuradas resultam em famílias de vigas (nervuras), em uma ou
duas direções, solidarizadas pela mesa, com comportamento intermediário entre grelha e
laje maciça.
De acordo com a NBR 6118:2003 “lajes nervuradas são as lajes
moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração para momentos
positivos está localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte.”
Por apresentar um braço de alavanca maior (distância entre as forças
resultantes das tensões de tração na armadura e compressão no concreto) do que as lajes
maciças, as lajes nervuradas moldadas no local têm maior rigidez e resistem a maiores
esforços (ou vencem vãos maiores), com um aproveitamento mais eficiente do aço e do
concreto.
Nas lajes nervuradas moldadas no local, para criar os espaços entre as
nervuras, é recomendado empregar elementos de enchimento leves que permaneçam no
local (tijolos cerâmicos, blocos de concreto celular ou de poliestireno expandido, etc.),
pois caso contrário haverá aumento no consumo de fôrmas, maior até que no caso das
lajes maciças, comprometendo assim a economia conseguida com a redução da
quantidade de concreto, ou então utilizar fôrmas reaproveitáveis (de polipropileno ou
metálicas) que se encontram disponíveis comercialmente para aluguel.
No caso de utilizar fôrmas reaproveitáveis e desejar esconder as nervuras
e os espaços vazios entre as mesmas, podem ser empregadas placas de gesso ou de
madeira que se fixam na própria laje; é importante destacar que o emprego destas placas
contribui para o aumento dos custos, pois são caras. Utilizando elementos de
enchimento nos espaços entre as nervuras, além de possibilitarem um acabamento plano
do teto, estes servirão de fôrma para a mesa da laje e para as faces laterais das nervuras;
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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5
nesse caso utiliza-se fôrma apenas para a face inferior das nervuras, constituída
normalmente de um tablado de madeira que é sustentado por um cimbramento que pode
ser em estrutura de madeira ou metálica. Este tablado de madeira serve também de
apoio para os elementos de enchimento durante a construção do pavimento.
Dentre as vantagens que as lajes nervuradas moldadas no local de
concreto armado apresentam, algumas merecem ser destacadas:
permitem vencer grandes vãos, liberando espaços, o que é vantajoso em locais como
garagens, onde os pilares, além de dificultarem as manobras dos veículos, ocupam
regiões que serviriam para vagas de automóveis;
podem ser construídas com a mesma tecnologia empregada nas lajes maciças,
diferentemente das lajes protendidas que exigem técnicas especiais de construção;
versatilidade nas aplicações, podendo ser utilizadas em pavimentos de edificações
comerciais, residenciais, educacionais, hospitalares, garagens, “shoppings centers”,
clubes, etc.;
permitem o uso de alguns procedimentos de racionalização, tais como o uso de telas
para a armadura de distribuição e a utilização de instalações elétricas embutidas;
as lajes nervuradas também são adequadas aos sistemas de lajes sem vigas, devendo
manter-se regiões maciças apenas nas regiões dos pilares, onde há grande
concentração de esforços;
pelas suas características (grande altura e pequeno peso próprio), são adequadas para
grandes vãos; em se tratando de grandes vãos estas lajes apresentam deslocamentos
transversais menores que os apresentados pelas lajes maciças e por aquelas com
nervuras pré-fabricadas, conforme mencionado anteriormente.
Em contrapartida, as lajes nervuradas moldadas no local de concreto
armado apresentam uma série de desvantagens, dentre as quais merecem ser destacadas
as seguintes:
normalmente aumentam a altura total da edificação;
aumentam as dificuldades de compatibilização com outros subsistemas (instalações,
vedações, etc.);
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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6
construção com maior número de operações na montagem;
dificuldade em projetar uma modulação única para o pavimento todo, de maneira
que o espaçamento entre as nervuras seja sempre o mesmo;
exigem maiores cuidados durante a concretagem para se evitar vazios (“bicheiras”)
nas nervuras (que costumam ser de pequena largura);
dificuldades na fixação dos elementos de enchimento, com a possibilidade de
movimentação dos mesmos durante a concretagem;
resistência da seção transversal diferenciada em relação a momentos fletores
positivos e negativos, necessitando de cálculo mais elaborado.
Tradicionalmente as lajes nervuradas moldadas no local de concreto
armado têm sido analisadas admitindo-as, por simplificação, como lajes maciças,
determinando-se os esforços solicitantes e os deslocamentos transversais mediante a
utilização de tabelas de lajes elaboradas a partir do emprego da teoria das placas
delgadas, a qual as considera em regime elástico; é importante destacar que nesse caso
consideram-se as vigas de contorno da laje indeslocáveis na direção vertical, não
correspondendo à realidade. Essa metodologia, constante em diversas referências
bibliográficas, também encontra respaldo na NBR 6118:2003, a qual permite que as
lajes nervuradas sejam calculadas como maciças desde que observadas algumas
recomendações quanto às dimensões da mesa e das nervuras e também espaçamento
entre as nervuras. Ao permitir essa simplificação, supõe que a laje nervurada
apresentará a mesma rigidez à torção que a laje maciça equivalente, o que não é
verdade. Desse modo, os esforços solicitantes e os deslocamentos transversais assim
obtidos podem resultar bastante aquém dos reais.
Assim, quando utilizadas, tem-se recomendado que estas lajes sejam
analisadas empregando-se outros processos de cálculo, como por exemplo o método dos
elementos finitos (MEF) ou o processo de analogia de grelha; é importante ressaltar que,
diferentemente do que ocorre no cálculo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos
transversais utilizando as tabelas elaboradas para lajes maciças, nestes dois processos
pode-se considerar as vigas de contorno das lajes nervuradas, caso existam, como
deformáveis verticalmente, e incluir na análise a não linearidade física do concreto
armado, sendo mais real.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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7
1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
A crescente concorrência no mercado da construção civil tem levado
tanto os projetistas de estruturas de concreto armado como também as construtoras a
uma constante busca por soluções que, além de simples e eficazes, tragam redução de
custos (material e/ou mão-de-obra), rapidez, versatilidade nas aplicações ou que ainda
proporcionem um aumento na relação custo-benefício. Deve-se ressaltar que nessa
busca, ao contrário do que ocorreu em tempos passados, a preocupação com a qualidade
e durabilidade das construções tem sido maior.
Embora as vantagens das lajes nervuradas moldadas no local de concreto
armado fossem reconhecidas já há bastante tempo, o meio técnico tradicionalmente
apresentou resistência ao seu emprego, principalmente em relação às lajes nervuradas
bidirecionais (nervuras em duas direções), em virtude do alto consumo de fôrmas
necessárias à sua construção, as quais, geralmente de madeira, elevavam em muito o
custo destas lajes. Hoje, porém, este panorama está se modificando. O desenvolvimento
tecnológico que levou à criação de novos materiais e métodos construtivos, como os
blocos leves de poliestireno expandido (conhecidos pela sigla EPS – isopor) e os de
concreto celular, e as fôrmas plásticas reaproveitáveis aplicadas especialmente à
produção de lajes nervuradas moldadas no local (fôrmas de polipropileno), tornou o
emprego dessas lajes uma solução viável economicamente, sendo este um dos motivos
que tem contribuído para que estejam cada vez mais presentes na construção de
pavimentos de edifícios de múltiplos pisos.
Com a recente entrada em vigor da NBR 6118:2003, em substituição a
NBR 6118:1980, é necessário estudar as alterações propostas no projeto de lajes em
geral e de lajes nervuradas em particular (verificação da segurança com relação aos
estados limites últimos e de serviço, dimensões, recomendações construtivas, etc.),
servindo de referência tanto para aqueles que estão no meio acadêmico como também
para os profissionais que trabalham com o projeto de estruturas em concreto armado.
Também é importante que o sistema de lajes nervuradas se torne cada
vez mais conhecido, em virtude das vantagens que apresenta, divulgando-se
amplamente suas características, opções construtivas e comportamento estrutural a
todos os potenciais usuários (projetistas, construtores, proprietários).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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8
1.3 BENEFÍCIOS ESPERADOS
Com este estudo espera-se obter informações que esclareçam as
principais alterações propostas pelo texto da norma brasileira NBR 6118:2003 no que se
refere ao projeto e construção das lajes nervuradas, servindo de suporte para àqueles que
desejam estudar, projetar e utilizar este tipo de laje
Em virtude das diversas vantagens que apresentam, espera-se, também,
incentivar ainda mais a utilização destas lajes como uma excelente solução estrutural
para pavimentos de edifícios de concreto armado, mostrando toda a potencialidade do
sistema de lajes nervuradas com suas principais características e alternativas
construtivas.
Por meio da apresentação das principais recomendações propostas pelos
autores pesquisados (livros, normas vigentes, etc.), de exemplos resolvidos e roteiros
gerais sobre o cálculo, projeto e construção de lajes nervuradas, moldadas no local e
com nervuras pré-fabricadas, espera-se ainda fornecer, àqueles que estudam, subsídios
para a pesquisa, e aos potenciais usuários, subsídios que auxiliem na escolha, no projeto
e na construção dessas lajes.
1.4 OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho é contribuir para o aprimoramento da
pesquisa sobre as lajes nervuradas de concreto armado, moldadas no local e com
nervuras pré-fabricadas.
Como objetivos específicos pode-se relacionar:
a) fazer uma introdução a respeito das lajes em geral, apresentando as principais
funções que desempenham nas estruturas dos edifícios, como estas podem ser
classificadas, os tipos usuais empregados na construção de pavimentos de edifícios,
os tipos de ações normalmente consideradas no seu projeto e, também, apresentar as
recomendações gerais propostas pela NBR 6118:2003 para as lajes de concreto
armado (vãos efetivos, espessura mínima, detalhamento das armaduras, etc.);
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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9
b) fazer uma ampla introdução a respeito das lajes nervuradas de concreto armado
(moldadas no local e com nervuras pré-fabricadas), apresentando considerações
gerais sobre o seu projeto (cálculo, detalhamento e verificações do estado limite de
serviço), funcionamento e comportamento estrutural, características, tipos,
alternativas construtivas (materiais e métodos construtivos empregados) e as
principais recomendações propostas pelos autores pesquisados (livros, manuais,
normas nacionais e internacionais, etc.) para as mesmas, e apontando em quais
condições é adequado o uso destas lajes;
c) fornecer roteiros com indicações gerais sobre o projeto e construção de lajes
nervuradas de concreto armado (moldadas no local e com nervuras pré-fabricadas);
d) apresentar os processos de cálculo usualmente empregados para a determinação dos
esforços solicitantes e deslocamentos transversais das placas (com o emprego de
tabelas práticas, processo de analogia de grelha, etc.), destacando as hipóteses que
devem ser feitas em cada processo e em que situações é mais adequado o uso de
cada um deles;
e) resolver exemplos em que se mostra o cálculo, o detalhamento e as verificações do
estado limite de serviço (fissuração e deformação excessiva) para lajes nervuradas
moldadas no local armadas em uma e em duas direções, simulando estas últimas
como grelhas (processo de analogia de grelha), utilizando-se para tal o programa de
computador GPLAN4 desenvolvido na Escola de Engenharia de São Carlos,
comparando os resultados (esforços solicitantes e deslocamentos transversais) com
os obtidos utilizando o cálculo admitindo a laje nervurada como laje maciça (com o
emprego de tabelas elaboradas com base na teoria das placas elásticas), conforme
permitido pela NBR 6118:2003;
f) estimar deslocamentos transversais em lajes nervuradas de concreto armado
admitindo comportamento não linear para o concreto, ou seja, levando em
consideração os efeitos da fissuração e fluência, seguindo as recomendações
propostas pela NBR 6118:2003;
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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g) resolver exemplos de lajes nervuradas unidirecionais com vigotas pré-fabricadas,
admitindo os elementos pré-fabricados como simplesmente apoiados.
h) apresentar as conclusões finais do trabalho e fazer propostas de novos estudos.
1.5 PLANEJAMENTO DO TRABALHO
Este trabalho está dividido em sete capítulos, referências bibliográficas, e
anexo.
Neste capítulo 1 apresentam-se a introdução do assunto, as justificativas
e os benefícios esperados da pesquisa, os objetivos e o planejamento do trabalho (como
ele se encontra dividido).
No capítulo 2 faz-se uma introdução a respeito das lajes em geral,
apresentando as principais funções que desempenham nas estruturas dos edifícios, como
elas podem ser classificadas, os tipos usuais empregados na construção de pavimentos
de edifícios, e os tipos de ações normalmente consideradas no seu projeto. Finalmente,
são apresentadas as recomendações gerais propostas pela NBR 6118:2003 para as lajes
de concreto armado (vãos efetivos, espessura mínima, aberturas, detalhamento das
armaduras, etc.).
No capítulo 3 aborda-se as lajes nervuradas moldadas no local de
concreto armado, apresentando considerações gerais sobre o seu projeto (cálculo,
detalhamento e verificações do estado limite de serviço), funcionamento e
comportamento estrutural, vinculação, características, tipos, alternativas construtivas
(materiais e métodos construtivos empregados na sua construção), as recomendações
gerais propostas pela NBR 6118:2003, e as principais recomendações dadas pelos
demais autores pesquisados; aponta-se em quais condições é adequado o uso destas
lajes, fornecendo ainda roteiros com indicações gerais sobre o projeto e construção das
mesmas.
No capítulo 4 aborda-se as lajes nervuradas de concreto armado
constituídas por nervuras pré-fabricadas. Para estas lajes apresentam-se as principais
vantagens e desvantagens, as características, os tipos (como são classificadas), os
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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parâmetros geométricos que definem a laje e as nervuras (intereixo, altura total da laje,
espessura da capa, etc.), informações gerais sobre os materiais e elementos
constituintes, as recomendações gerais dadas pelas normas nacionais e as principais
recomendações propostas pelos demais autores pesquisados, e aponta-se em quais
condições é adequado o uso das mesmas. Discute-se o comportamento e funcionamento
estrutural dessas lajes e como considerar a sua ação nas vigas do pavimento.
Finalmente, são fornecidos roteiros com indicações gerais sobre o projeto e construção
dessas lajes.
No capítulo 5 apresentam-se os processos de cálculo usualmente
empregados para a determinação dos esforços solicitantes e deslocamentos transversais
das placas (com o emprego de tabelas elaboradas com base na teoria das placas
elásticas, processo de analogia de grelha, etc.), destacando as hipóteses que devem ser
feitas em cada processo e em que situações é mais adequado o uso de cada um deles.
No capítulo 6 apresentam-se exemplos ilustrativos em que se mostra o
cálculo, o detalhamento e as verificações do estado limite de serviço (fissuração e
deformação excessiva) para lajes nervuradas moldadas no local armadas em uma e em
duas direções, simulando estas últimas como grelhas (processo de analogia de grelha),
utilizando-se para tal o programa de computador GPLAN4, comparando os resultados
(esforços solicitantes e deslocamentos transversais) com os obtidos utilizando o cálculo
admitindo a laje nervurada como laje maciça (com o emprego de tabelas elaboradas
com base na teoria das placas elásticas), conforme permitido pela NBR 6118:2003;
nestes exemplos estimam-se os deslocamentos transversais admitindo comportamento
não linear para o concreto, ou seja, levando em consideração os efeitos da fissuração e
fluência, seguindo as recomendações propostas pela NBR 6118:2003. Finalmente,
apresenta-se um exemplo ilustrativo de laje nervurada unidirecional com vigotas pré-
fabricadas, admitindo os elementos pré-fabricados como simplesmente apoiados; neste
exemplo, estimam-se os deslocamentos transversais admitindo comportamento não
linear para o concreto.
No capítulo 7 apresentam-se as conclusões finais do trabalho, bem como
sugestões/propostas para o prosseguimento da pesquisa.
CAPÍTULO 2
ASPECTOS GERAIS SOBRE PLACAS E LAJES
2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Segundo definição constante na NBR 6118:2003, placas (figura 2.1) são
elementos estruturais de superfície (elementos estruturais bidimensionais), planos, em
que as ações atuantes são predominantemente perpendiculares a seu plano médio. A
dimensão normal ao plano médio é normalmente chamada de espessura, e é
relativamente pequena em face das outras duas dimensões (comprimento e largura).
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FIGURA 2.1. Placa
Nas estruturas dos edifícios, as placas de concreto armado ou protendido,
usualmente denominadas lajes, são normalmente construídas para suportar as ações
verticais – permanentes e variáveis – atuantes nos pavimentos (pisos e coberturas das
edificações) (figura 2.2); as lajes são submetidas essencialmente a esforços solicitantes
de flexão, momentos fletores e forças cortantes.
Nas estruturas ditas convencionais, do tipo laje-viga-pilar, as lajes têm
outras funções importantes, como por exemplo no contraventamento das estruturas,
funcionando como diafragmas (infinitamente rígidos no seu plano) que distribuem as
ações horizontais atuantes entre as estruturas de contraventamento, por exemplo,
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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pórticos formados por pilares e vigas. Outra função importante das lajes é a de, quando
construídas ligadas monoliticamente às vigas, para momentos fletores positivos,
funcionarem como mesas de compressão da seção “T”.
viga
viga
viga
laje
laje
laje
pilarpilarpilar
FIGURA 2.2. Perspectiva de um pavimento de concreto armado
Por uma série de fatores que serão vistos ao longo deste trabalho, as lajes
aparecem de várias maneiras nos pavimentos das edificações (em concreto armado ou
em concreto protendido, maciças ou nervuradas, com ou sem vigas, moldadas no local
ou com elementos pré-fabricados, etc.), compondo os chamados sistemas estruturais
para pavimentos de edifícios.
Nos edifícios de múltiplos pisos com estruturas em concreto armado as
lajes são responsáveis pelo consumo de elevada parcela do volume total de concreto
utilizado. De acordo com FRANCA & FUSCO (1997), utilizando-se o sistema de lajes
maciças com vigas nos pavimentos de edifícios usuais de concreto armado, também
conhecido como sistema tradicional, esta parcela chega a quase dois terços do volume
total de concreto consumido pelas estruturas do edifício (no conjunto total da
edificação). Desse modo, não somente pelo fato de estarem sempre presentes na
composição estrutural dos pavimentos das edificações, mas também pelo consumo de
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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concreto que representam, é de suma importância a escolha do tipo de laje (ou sistema
estrutural) mais adequado para um determinado pavimento de um edifício de concreto
armado; é importante ressaltar que a escolha do sistema estrutural mais adequado para
um determinado pavimento de um edifício é uma opção que cabe ao projetista de
estruturas, que a faz normalmente em função de sua experiência profissional, levando
em conta aspectos econômicos, de funcionamento, de execução, e os relacionados à
interação com os demais subsistemas construtivos do edifício (instalações, vedações,
etc.).
Neste capítulo faz-se uma introdução a respeito das lajes em geral.
Inicialmente apresenta-se como as lajes podem ser classificadas, destacando os tipos
usuais empregados na construção de pavimentos de edifícios com suas principais
características. Indicam-se os tipos de ações normalmente consideradas no projeto das
lajes das edificações e, finalmente, são apresentadas as recomendações gerais propostas
pela NBR 6118:2003 para as lajes de concreto armado (vãos efetivos, espessura
mínima, aberturas, detalhamento das armaduras, etc.).
2.2 TIPOS USUAIS DE LAJES DE EDIFÍCIOS
De maneira geral pode-se dividir as lajes de edifícios em dois grandes
grupos: as lajes moldadas no local (“in loco”), construídas em toda a sua totalidade na
própria obra, no local em que serão utilizadas, e as construídas com elementos pré-
fabricados, normalmente produzidos fora do canteiro de obras, industrialmente. Podem
também ser de concreto armado ou de concreto protendido, independentemente se pré-
fabricadas ou moldadas no local em que serão utilizadas.
2.2.1 Lajes Moldadas no Local de Concreto Armado
As lajes moldadas no local de concreto armado podem ser subdivididas
em lajes com vigas e lajes sem vigas e, ainda, cada uma delas podendo ser maciça ou
nervurada.
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As lajes maciças são aquelas constituídas por uma placa de concreto
armado na qual a espessura é mantida constante ao longo de toda a superfície, sendo de
uso mais freqüente as que se apóiam em vigas. Historicamente, na construção de
edifícios de múltiplos pisos com estruturas em concreto armado, têm sido as lajes mais
utilizadas.
Para construir um pavimento utilizando lajes maciças de concreto armado
é necessário o emprego de uma estrutura auxiliar que sirva de fôrma; essa estrutura
auxiliar é constituída de um tablado horizontal normalmente construído empregando-se
compensados de madeira. Há necessidade também de cimbramento, o qual pode ser em
estrutura de madeira ou metálica, sendo esta última a de uso mais freqüente atualmente
nas edificações de médio e grande porte; atualmente existem várias empresas que
disponibilizam comercialmente para aluguel sistemas de escoramentos compostos por
elementos metálicos, o que tem contribuído para a crescente utilização dos mesmos. É
importante destacar que o custo de pavimentos construídos utilizando essas lajes
diminui consideravelmente quando o pavimento se repete, pois nesse caso pode-se
utilizar as mesmas fôrmas e o mesmo cimbramento várias vezes; as fôrmas representam
uma grande parcela do custo final da estrutura, em particular da laje.
As lajes maciças, quando utilizadas, permitem o uso de alguns
procedimentos de racionalização, tais como empregar armadura em telas e embutir
tubulações elétricas ou de outros tipos de instalações nas mesmas. Outra vantagem
apresentada pelas lajes maciças é a versatilidade nas aplicações, podendo ser utilizadas
em pavimentos de edificações comerciais, residenciais, educacionais, hospitalares,
clubes, etc.
As lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado, por sua vez,
são constituídas por uma ou duas mesas e por nervuras normalmente posicionadas em
uma ou duas direções e onde são concentradas as armaduras de tração (armadura
longitudinal principal das nervuras); a mesa pode ser superior ou inferior às nervuras, ou
então, no caso de existirem duas mesas, uma é superior e a outra inferior a estas. No
capítulo 3 serão apresentadas figuras destacando todas estas possibilidades.
Neste tipo de lajes os espaços entre as nervuras podem ser ocupados por
elementos de enchimento leves, inertes, sem função estrutural, ou então permanecerem
vazios; é importante destacar que os elementos de enchimento servem de fôrma para as
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faces laterais das nervuras e, quando existe uma mesa superior às nervuras, também
para esta.
Para construir um pavimento utilizando lajes nervuradas em que a mesa é
superior às nervuras, caso mais comum, e com elementos de enchimento colocados
entre as nervuras, possibilitando assim um acabamento plano do teto, é necessário o
emprego de uma estrutura auxiliar que sirva de fôrma apenas para a face inferior das
nervuras e, simultaneamente, de apoio para os elementos de enchimento; essa estrutura
auxiliar é constituída de um tablado horizontal normalmente construído empregando-se
compensados de madeira, sustentado por um cimbramento que, assim como para as
lajes maciças, pode ser em estrutura de madeira ou metálica.
Ainda nesse caso, não utilizando elementos de enchimento entre as
nervuras, criando espaços vazios entre elas, é necessário o emprego de fôrma em toda a
laje (face inferior da mesa e faces laterais e inferior das nervuras); nesta situação,
normalmente vinha se utilizando fôrmas de madeira, porém, principalmente por conta
dos altos custos deste material, atualmente têm-se optado, para a moldagem dessas lajes,
pela utilização de fôrmas de polipropileno (também conhecidas como “cabacinhas”),
reaproveitáveis, que se apóiam diretamente no escoramento. É oportuno destacar que
utilizando as fôrmas de polipropileno não se obtém um acabamento plano do teto e, se
esse for o aspecto estético desejado, há a necessidade de empregar-se placas de gesso ou
de outro material, normalmente caras.
O capítulo 3 deste trabalho é dedicado exclusivamente ao estudo das lajes
nervuradas moldadas no local de concreto armado, onde serão abordadas com maiores
detalhes; as principais vantagens dessas lajes foram destacadas no capítulo 1.
Quanto ao tipo de apoio, as lajes moldadas no local de concreto armado,
tanto as maciças como as nervuradas, podem ser apoiadas em vigas (apoio contínuo),
diretamente em pilares (apoio discreto), ou então apoiadas em paredes de concreto ou de
alvenaria estrutural (apoio contínuo); é importante ressaltar que no caso das lajes
nervuradas, se apóiam em pilares apenas aquelas que possuem nervuras em duas
direções (lajes nervuradas bidirecionais, armadas em duas direções).
No primeiro caso, para efeito de cálculo, geralmente admite-se que as
ações aplicadas às lajes são transmitidas, por estas, às vigas de contorno, que as
transmitem aos pilares e estes, finalmente, às fundações. Nesta situação, as lajes
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distribuem as ações que nelas atuam em todas as vigas de contorno. Com isso, há um
melhor aproveitamento das vigas do pavimento, pois todas elas, dependendo apenas dos
vãos das lajes, podem estar submetidas a ações da mesma ordem de grandeza. A figura
2.3 mostra a perspectiva de um pavimento com laje maciça de concreto armado que se
apóia em vigas.
viga
estacas
bloco
pilar
laje
viga
pilar
bloco
estacas
laje
viga
pilar
bloco
estacas
laje
FIGURA 2.3. Perspectiva de um pavimento com laje maciça apoiada em vigas
No segundo caso as ações aplicadas às lajes são transmitidas, por estas,
diretamente aos pilares, e daí às fundações. É importante ressaltar que na ligação entre a
laje e os pilares podem existir capitéis, que são engrossamentos dos pilares em forma de
troncos de pirâmides (aumento da seção transversal do pilar), os ábacos (também
chamados de pastilha ou “drop panel”), que são engrossamentos da laje (aumento da
espessura da laje), ou ainda ambos, projetados com a finalidade de se diminuir as
tensões de cisalhamento e evitar a possibilidade de puncionamento da laje, uma vez que
nestas regiões sempre atuam forças cortantes elevadas, e em algumas situações altos
momentos fletores (figura 2.4). Na figura 2.5 mostra-se a perspectiva de um painel de
laje maciça apoiado diretamente em pilares, com capitel e ábaco na ligação com os
mesmos.
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É importante ressaltar que além de resultarem em tetos não lisos, os
ábacos e os capitéis impõem dificuldades na sua construção e também do pavimento,
principalmente no que se refere à montagem das fôrmas, e em decorrência destes fatos
tem-se aconselhado evitar essas soluções para combater a punção na ligação laje-pilar
nas lajes maciças sem vigas; a utilização de armadura específica para combater a
punção tem se mostrado como uma boa alternativa. Diversos tipos de armadura de
cisalhamento comumente utilizados para combater à punção em lajes maciças sem
vigas podem ser vistos em vários autores, por exemplo FIGUEIREDO FILHO (1989),
CORDOVIL & FUSCO (1995), MELGES (2001) e SILVA et al. (2003). Na figura 2.6
mostra-se a perspectiva de um painel de laje maciça apoiado diretamente em pilares,
estes sem capitel ou ábaco.
lajelaje
"drop panel"capitel
laje
capitel
"drop panel"
laje laje
capitel "drop panel"
laje
"drop panel"
capitel
laje laje
capitel "drop panel"
laje
"drop panel"
capitel
FIGURA 2.4. Exemplos de capitel e de “drop panel” (ábaco)
ábacoábaco
ábaco
capitelcapitel
capitel
pilarpilarpilar
lajelaje
laje
FIGURA 2.5. Laje maciça sem vigas com capitel e ábaco na ligação com os pilares
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pilar
laje
pilar
laje
pilar
laje
FIGURA 2.6. Laje maciça sem vigas sem capitel ou ábaco na ligação com os pilares
No terceiro caso as ações aplicadas às lajes são transmitidas, por estas,
diretamente às paredes de concreto ou de alvenaria estrutural nas quais se apóiam. Nesta
situação, as lajes distribuem as ações que nelas atuam em todas as paredes de contorno,
as quais, dependendo apenas dos vãos das lajes, podem estar submetidas a ações da
mesma ordem de grandeza. Ressalta-se que no caso de paredes de alvenaria estrutural,
junto às lajes (última fiada das paredes), são construídas vergas de concreto com a
finalidade de proporcionar uma melhor distribuição das ações da laje sobre os painéis de
alvenaria. É importante destacar ainda que, enquanto no primeiro caso (apoio contínuo
de viga), há deformação vertical no contorno da laje, neste terceiro caso esta
praticamente não ocorre. Na figura 2.7 mostra-se a perspectiva de um pavimento com
laje maciça apoiada em paredes e vigas de concreto armado.
É oportuno destacar que, caso sejam apoiadas em vigas ou paredes
(apoios contínuos) e quando a relação entre o maior e o menor vão efetivo da laje é
menor ou igual a dois, para efeito de cálculo costuma-se considerar que as lajes maciças
trabalham em duas direções, ou são armadas em duas direções; quando essa relação é
maior que dois, essas lajes são consideradas trabalhando em apenas uma direção, a do
menor vão efetivo, e nesse caso, sem levar em conta armaduras construtivas ou mínimas
exigidas, são armadas apenas nessa direção.
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viga alavanca
viga alavanca
viga alavanca
bloco
bloco
bloco
estacas
estacas
estacas
concreto
parede de
concreto
parede de
parede de
concreto
viga
viga
viga
pilar
pilar
pilar
laje
laje
laje
viga baldrame
viga baldrame
viga baldrame
FIGURA 2.7. Pavimento com laje maciça apoiada em paredes e vigas de concreto
2.2.2 Lajes Pré-Fabricadas
Basicamente, as lajes pré-fabricadas podem ser divididas em dois grupos:
as nervuradas com vigotas pré-fabricadas, e as em painéis.
As lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas são construídas com o
emprego de vigotas unidirecionais pré-fabricadas (elementos lineares pré-fabricados),
elementos leves de enchimento posicionados entre as vigotas (apoiados nas vigotas), e
concreto moldado no local (concreto de capeamento), como ilustrado na figura 2.8.
Os elementos pré-fabricados utilizados neste tipo de laje podem ser com
ou sem armadura saliente, com seção transversal em forma de “T” invertido ou I. Os
materiais de enchimento normalmente utilizados são blocos vazados de material
cerâmico (lajotas cerâmicas) ou concreto celular ou, ainda, blocos de poliestireno
expandido (blocos de EPS). Na figura 2.9 são mostradas algumas alternativas.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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lajota
trilho
lajota
trilho
trilho
lajota
treliça
lajota
treliça
lajota
lajota
treliça
capa de concreto
capa de concreto
capa de concreto capa de concreto
capa de concreto
capa de concreto
a) Laje tipo trilho b) Laje tipo treliça
FIGURA 2.8. Seções transversais de lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas
(de concreto protendido)
(de concreto armado)
(de concreto armado)
Vigota com armação treliçada
Vigota tipo trilho
Vigota tipo trilho
Bloco de poliestireno expandido
Bloco de concreto celular
Bloco cerâmico
Vigota tipo trilho
(de concreto protendido)
Bloco cerâmico
Vigota tipo trilho
Vigota com armação treliçada
(de concreto armado)
(de concreto armado)
Bloco de concreto celular
Bloco de poliestireno expandido
Vigota tipo trilho
(de concreto protendido)
Bloco cerâmico
Vigota tipo trilho
Vigota com armação treliçada
(de concreto armado)
(de concreto armado)
Bloco de concreto celular
Bloco de poliestireno expandido
a) Tipos de vigotas b) Elementos de enchimento
Figura 2.9. Tipos de vigotas e de elementos de enchimento empregados nas lajes
formadas com nervuras pré-fabricadas
Para construir um pavimento utilizando este tipo de laje não é necessário
o emprego de fôrmas para a concretagem da capa e de parte da nervura, pois as vigotas
e os elementos de enchimento fazem esse papel; o escoramento utilizado é reduzido e
pode ser composto por elementos de madeira ou metálicos. Atualmente o emprego de
escoramento composto por elementos de madeira está praticamente restrito às obras de
pequeno porte.
As lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas, quando utilizadas,
permitem o uso de alguns procedimentos de racionalização, tais como empregar
armadura em telas e embutir tubulações elétricas ou de outros tipos de instalações nas
mesmas. Outra vantagem apresentada por essas lajes é a versatilidade nas aplicações,
podendo ser utilizadas em pavimentos de edificações de diversos fins (comerciais,
residenciais, etc.). Pelo fato de trabalhar com vários materiais industrializados, este tipo
de laje proporciona, ainda, uma baixa perda de materiais durante a sua montagem.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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A decisão de se adotar lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas nas
estruturas dos edifícios deve levar em conta análises estruturais e de custos. Nos
edifícios de muitos pavimentos deve ser analisada com cautela a conveniência de adotar
este tipo de laje, pois além de não desempenharem adequadamente a função de
diafragma há que se pensar no transporte dos elementos pré-fabricados, que é feito por
meio de elevadores de obra, fato este que pode trazer acréscimo de custo e
principalmente de segurança na obra. Na construção de pavimentos de edificações de
pequeno porte (edifícios residenciais de um ou dois pavimentos, etc.), este tipo de laje é
a de uso mais freqüente atualmente.
O capítulo 4 deste trabalho é dedicado exclusivamente ao estudo das lajes
nervuradas com vigotas pré-fabricadas, onde serão abordadas com maiores detalhes.
As lajes pré-fabricadas em painéis, por sua vez, como o próprio nome
diz, são construídas com o emprego de painéis pré-fabricados, que podem ser de
concreto armado, celular (concreto leve) ou protendido. As de uso mais freqüente têm
sido as compostas por painéis treliçados (em concreto armado), por painéis protendidos,
por painéis vazados (lajes alveolares) e por painéis nervurados.
Os painéis treliçados (figura 2.10) e os protendidos (figura 2.11) são
placas pré-fabricadas constituídas por concreto estrutural, de espessura pequena e
larguras padronizadas. Esses painéis podem ser do tipo unidirecional (armados em uma
direção), correspondentes a elementos em forma de faixas que se apóiam em dois lados,
ou do tipo bidirecional (armados em duas direções), correspondentes a elementos de
geometria quadrada ou retangular, normalmente apoiados em quatro lados; os elementos
unidirecionais podem ser em concreto armado ou em concreto protendido, enquanto que
os bidirecionais são em concreto armado. Entre esses dois tipos de elementos, os mais
utilizados na construção de pavimentos de edifícios são os do tipo unidirecional.
Armadura Principal
Armadura Principal
Armadura Principal
Placa de Concreto
Placa de Concreto
Placa de ConcretoTreliça
Treliça
TreliçaPlaca de Concreto
Placa de Concreto
Placa de Concreto
Armadura Principal
Armadura Principal
Armadura Principal
Treliça
Treliça
Treliça
FIGURA 2.10. Seções transversais de painéis treliçados
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Armadura Pré-Tracionada
Placa de Concreto
Armadura Pré-Tracionada
Placa de Concreto
Placa de Concreto
Armadura Pré-Tracionada
Placa de Concreto
Armadura Pré-Tracionada
Placa de Concreto
Armadura Pré-Tracionada
Placa de Concreto
Armadura Pré-Tracionada
FIGURA 2.11. Seções transversais de painéis protendidos
Nos painéis treliçados do tipo unidirecional, por ocasião de sua
fabricação, são posicionadas a armadura na direção do vão (armadura longitudinal) e as
treliças; as barras dessa armadura longitudinal têm comprimento maior do que o
elemento, com a finalidade de ancorá-las corretamente nas vigas de apoio. A armadura
na outra direção (direção transversal) é montada no local; esta armadura é posicionada
na face superior do elemento pré-fabricado (figura 2.12). As treliças tornam o painel
mais rígido, possibilitando manuseio e transporte com segurança e, além disso permitem
uma melhor ligação do concreto lançado na obra com o concreto do elemento pré-
fabricado.
FIGURA 2.12. Painéis treliçados com armadura na direção transversal às treliças
(www.comunidadedaconstrução.com.br)
A armadura dos painéis protendidos do tipo unidirecional é composta por
fios de aço de alta resistência (aço para concreto protendido), pré-tracionados,
posicionados na direção do vão (direção longitudinal) do painel por ocasião de sua
fabricação. A armadura na outra direção (direção transversal), passiva, é montada no
local; esta armadura é posicionada na face superior do elemento pré-fabricado.
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Para construir um pavimento utilizando estes painéis dispensa-se o uso
de fôrmas para a concretagem da capa, pois os próprios painéis fazem este papel; o
escoramento utilizado é reduzido e pode ser composto por elementos de madeira ou
metálicos.
Nas lajes construídas utilizando os painéis treliçados ou os protendidos, a
parte da laje que recebe o concreto moldado no local pode ser sem ou com elementos de
enchimento (materiais inertes diversos, maciços ou vazados) formando seções maciças
ou vazadas (nervuradas), respectivamente; os elementos de enchimento têm a função de
reduzir o volume de concreto e conseqüentemente o peso próprio da laje, e são
desconsiderados como colaborantes nos cálculos de resistência e rigidez da laje. A
figura 2.13 mostra a seção transversal de lajes com painéis treliçados, sem e com
elementos de enchimento.
Armadura Principal
Armadura Principal
Armadura PrincipalArmadura Principal Placas de Concreto
Armadura Principal Placas de Concreto
Placas de ConcretoArmadura Principal
Treliça
Treliça
Treliça
Concreto de Capeamento
Concreto de CapeamentoConcreto de Capeamento
a) Sem elementos de enchimento (seção maciça)
Concreto de Capeamento Elemento de EnchimentoTreliça
Placas de ConcretoArmadura Principal Armadura Principal
Armadura PrincipalArmadura Principal Placas de Concreto
Treliça Elemento de EnchimentoConcreto de Capeamento
Armadura PrincipalArmadura Principal Placas de Concreto
Treliça Elemento de EnchimentoConcreto de Capeamento
b) Com elementos de enchimento (seção nervurada)
FIGURA 2.13. Lajes com painéis treliçados, sem e com elementos de enchimento
Na obra os painéis treliçados ou protendidos de maior peso são
posicionados nos locais em que serão utilizados com a ajuda de equipamentos de
montagem (guindastes), e os de menor peso, manualmente.
Os painéis treliçados e os protendidos são usualmente denominados de
elementos de pré-laje, e podem ser entendidos como uma extensão das vigotas pré-
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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fabricadas. Destaca-se que estes painéis também têm sido utilizados na construção de
lajes de tabuleiros de pontes.
Os painéis pré-fabricados vazados, também chamados de painéis de laje
alveolar (figura 2.14), por sua vez, possuem furos longitudinais contínuos que podem
ser com seção transversal de forma circular, oval, “pseudo” elipse, retangular, etc.
FIGURA 2.14. Painel de laje alveolar
São peças de concreto protendido produzidas industrialmente, fora do
local de utilização definitiva, normalmente com aplicações em grandes vãos e com a
vantagem de dispensarem fôrmas e cimbramentos; a armadura dos painéis é constituída,
em geral, apenas por armadura ativa, na parte inferior e, muitas vezes, também na mesa
superior, colocadas somente no sentido longitudinal do painel. Em geral, não há
armadura para resistir à força cortante e nem para solicitações na direção transversal, o
que obriga a contar com a resistência à tração do concreto para resistir a essas
solicitações. Destaca-se também que, em virtude do processo de fabricação desses
painéis, a colocação de armaduras adicionais é praticamente inviável.
A ligação entre painéis de laje alveolar na direção longitudinal dos
mesmos é, em geral, garantida pelo rejuntamento, com argamassa de cimento ou
concreto, da folga entre as bordas dos elementos pré-fabricados justapostos; sobre os
apoios (vigas ou paredes), na direção longitudinal dos painéis, a ligação entre painéis
contíguos normalmente é realizada utilizando-se barras de aço para concreto armado,
colocadas nessa mesma folga. Deve-se destacar ainda que esses painéis podem ser sem
ou com previsão de capa de concreto moldado no local, formando seção composta; na
capa, caso esta seja utilizada, recomenda-se colocar uma armadura de distribuição
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_____________________________________________________________________________
27
composta por barras de aço de pequeno diâmetro ou em tela soldada para o controle da
fissuração e para a distribuição das tensões. Na obra esses painéis são posicionados nos
locais em que serão utilizados com a ajuda de equipamentos de montagem (guindastes),
por apresentarem peso elevado.
A exemplo dos painéis vazados (laje alveolar), os painéis nervurados, por
sua vez, também são produzidos industrialmente, fora do local de utilização definitiva.
Normalmente com aplicações em grandes vãos, estes painéis dispensam na obra o uso
de fôrmas e cimbramentos. Salvo casos excepcionais de pequenos vãos, em que podem
ser de concreto armado, estes elementos são fabricados em concreto protendido.
As principais formas de seção dos painéis nervurados são: “T”, duplo
“T”, “U” invertido e múltipo “T”, todas elas compostas de uma laje superior (mesa) e
nervuras. Dentre estas formas de seção, a mais usual é a duplo “T” (figura 2.15).
FIGURA 2.15. Painel nervurado em duplo “T”
Os painéis nervurados também podem ser empregados sem ou com capa
de concreto moldado no local, formando elemento composto. Por apresentarem peso
elevado, na obra, estes painéis são posicionados nos locais em que serão utilizados com
a ajuda de equipamentos de montagem (guindastes).
A ligação entre painéis nervurados na direção longitudinal dos mesmos é
realizada utilizando-se dispositivos de ligação específicos; sobre os apoios (vigas ou
paredes), na direção longitudinal dos painéis, a ligação entre painéis contíguos
normalmente é realizada utilizando-se barras de aço para concreto armado, colocadas na
mesa dos painéis.
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_____________________________________________________________________________
28
Quanto ao tipo de apoio, as lajes pré-fabricadas, tanto as nervuradas com
vigotas pré-fabricadas como as em painéis, podem ser apoiadas em vigas, em paredes de
concreto e em paredes de alvenaria estrutural.
Deve-se ressaltar que nas lajes pré-fabricadas os elementos estruturais
são dispostos segundo uma só direção, geralmente a do menor vão a ser vencido, sendo
normalmente considerados simplesmente apoiados nas extremidades, desprezando-se a
continuidade. Geralmente considera-se que as vigas ou paredes em que esses elementos
se apóiam recebam toda a ação atuante na laje, desconsiderando-se qualquer ação da
laje nas vigas ou paredes paralelas aos mesmos.
2.3 AÇÕES NAS LAJES DOS EDIFÍCIOS
2.3.1 Tipos de Ações
A norma brasileira NBR 8681:2003 define ações como sendo causas que
provocam esforços ou deformações nas estruturas. Diz ainda que, do ponto de vista
prático, as forças e as deformações impostas pelas ações são consideradas como se
fossem as próprias ações. As deformações impostas são por vezes designadas por ações
indiretas e as forças, por ações diretas.
De acordo com a sua variabilidade no tempo a NBR 8681:2003 classifica
as ações em três categorias: permanentes, variáveis e excepcionais.
a) Ações permanentes
De acordo com a NBR 8681:2003, as ações permanentes são aquelas que
ocorrem com valores constantes ou de pequena variação em torno da média, durante
praticamente toda a vida da construção. A variabilidade das ações permanentes é
medida num conjunto de construções análogas.
A NBR 8681:2003 divide as ações permanentes em diretas e indiretas:
as ações permanentes diretas são assim consideradas aquelas oriundas dos pesos
próprios dos elementos da construção, incluindo-se o peso próprio da estrutura e de
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_____________________________________________________________________________
29
todos os elementos construtivos permanentes, os pesos dos equipamentos fixos e os
empuxos por conta do peso próprio de terras não removíveis e de outras ações
permanentes sobre elas aplicadas;
as ações permanentes indiretas são constituídas pelas deformações impostas por
retração dos materiais, fluência do concreto, deslocamentos de apoio, imperfeições
geométricas e protensão.
b) Ações variáveis
As ações variáveis, de acordo com a NBR 8681:2003, são aquelas que
ocorrem com valores que apresentam variações significativas em torno de sua média,
durante a vida da construção. São as ações decorrentes do uso das construções (pessoas,
mobiliário, materiais diversos, cargas móveis, etc.), bem como seus efeitos (forças de
frenação, de impacto, centrífugas, etc.), dos efeitos do vento, das variações de
temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio e, em geral, das pressões hidrostáticas e
hidrodinâmicas. Em função de sua probabilidade de ocorrência durante a vida da
construção, as ações variáveis são classificadas em normais ou especiais:
as ações variáveis normais são aquelas com probabilidade de ocorrência
suficientemente grande para que sejam obrigatoriamente consideradas no projeto
das estruturas de um dado tipo de construção;
são consideradas ações variáveis especiais as ações sísmicas ou cargas acidentais de
natureza ou de intensidade especiais.
c) Ações excepcionais
De acordo com a NBR 8681:2003, as ações excepcionais são aquelas que
tem duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a
vida da construção, mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas
estruturas.
Consideram-se como excepcionais as ações decorrentes de causas como
explosões, choques de veículos, incêndios, enchentes, ou sismos excepcionais. Segundo
a NBR 8681:2003, os incêndios, ao invés de serem tratados como causa de ações
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_____________________________________________________________________________
30
excepcionais, também podem ser levados em conta por meio de uma redução da
resistência dos materiais constitutivos da estrutura.
2.3.2 Ações Normalmente Consideradas nas Lajes dos Edifícios
A NBR 6118:2003 prescreve que: “na análise estrutural deve ser
considerada a influência de todas as ações que possam produzir efeitos significativos
para a segurança da estrutura em exame, levando-se em conta os possíveis estados
limites últimos e os de serviço.”
Ainda, estabelece que para cada tipo de construção as ações a considerar
devem respeitar suas peculiaridades e as normas a que ela se aplica.
As ações normalmente consideradas nas lajes dos edifícios são:
a) ações permanentes diretas
peso próprio estrutural: é determinado a partir das dimensões da seção transversal da
laje e do peso específico do concreto. Normalmente essa ação é admitida
uniformemente distribuída na superfície da laje, independente do tipo utilizado;
revestimento inferior: se for o caso, deve ser considerado o peso do revestimento
feito na face inferior da laje (figura 2.16), obtido multiplicando-se a espessura do
revestimento pelo peso específico aparente do material de que ele é feito,
geralmente argamassa de cal, cimento e areia;
peso do contra-piso (camada de regularização): com o intuito de se obter uma
superfície plana no pavimento, normalmente é executado sobre as lajes uma camada
de regularização (figura 2.16), mais conhecida como contra-piso; o peso desta
camada de regularização é obtido multiplicando-se a espessura da mesma pelo peso
específico aparente do material de que ela é feita, geralmente argamassa de cimento
e areia;
revestimento superior (piso): deve-se considerar o peso do revestimento superior
(figura 2.16), lembrando que alguns revestimentos, como pedras de granito ou
mármore, possuem um peso bastante elevado; o peso desta camada é obtido
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_____________________________________________________________________________
31
multiplicando-se a espessura da mesma pelo peso específico aparente do material
utilizado;
peso de elementos fixos: se for o caso, deve ser considerado o peso dos elementos
fixos utilizados para se fazer os chamados forros falsos, tais como placas de gesso
ou de madeira;
peso de enchimento: atua no caso de laje com rebaixos, ou com pisos elevados,
sendo calculado multiplicando-se o peso específico do material utilizado para o
enchimento pela altura do rebaixo;
peso de inertes utilizados como fôrma em lajes nervuradas: se for o caso, deve-se
considerar o peso de materiais inertes utilizados como fôrma em lajes nervuradas e
que ficarão incorporados às mesmas, tais como tijolos cerâmicos, blocos de concreto
celular, cilindros de papelão, etc.;
peso de alvenaria sobre a laje: se for o caso, deve-se considerar o peso de alvenarias
que se apóiam diretamente na laje; normalmente essa ação é admitida
uniformemente distribuída na superfície da laje, embora seja linear.
b) ações permanentes indiretas
retração e fluência do concreto: normalmente, as deformações impostas pela
retração e fluência do concreto são consideradas apenas no caso das lajes
protendidas;
protensão: a ação da protensão é considerada no caso das lajes protendidas.
c) ações variáveis
carga acidental: refere-se a carregamentos que atuam na estrutura em função do uso
da edificação (pessoas, mobiliário, etc.), e é suposta uniformemente distribuída na
superfície da laje, com valores mínimos recomendados para cada local da edificação
indicados na NBR 6120:1980;
ações durante a construção (ações de caráter transitório): refere-se a carregamentos
que podem ocorrer durante a construção (cargas acidentais de execução, peso
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_____________________________________________________________________________
32
próprio de estruturas provisórias auxiliares, etc.); a duração dessas ações deve ser
definida em cada caso particular.
REVESTIMENTO INFERIOR
REVESTIMENTO INFERIOR
REVESTIMENTO INFERIOR
PISO
PISO
PISO
LAJE
LAJE
LAJE
CAMADA DE REGULARIZAÇÃO
CAMADA DE REGULARIZAÇÃO
CAMADA DE REGULARIZAÇÃO
FIGURA 2.16. Camada de regularização e revestimentos em uma laje
Para efeito de cálculo, normalmente considera-se que todas as lajes que
compõem um pavimento são totalmente carregadas. Segundo TIMOSHENKO &
WOINOWSKY (1959) e ROCHA (1972), quando a carga acidental for superior à
metade da ação total é que se deve considerar as lajes carregadas alternadamente com
carga acidental.
2.4 RECOMENDAÇÕES GERAIS DA NBR 6118:2003 PARA AS
LAJES DE CONCRETO ARMADO
Para o correto projeto e execução de qualquer elemento estrutural, uma
série de recomendações prescritas pelas normas vigentes deve ser atendida. A seguir são
apresentadas algumas recomendações gerais dadas pela NBR 6118:2003 que se aplicam
às lajes de concreto armado.
2.4.1 Vãos Efetivos
Segundo a NBR 6118:2003, quando os apoios puderem ser considerados
suficientemente rígidos quanto à translação vertical, o vão efetivo das lajes deve ser
calculado pela seguinte expressão:
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_____________________________________________________________________________
33
210ef
aa ++λ
(2.1)
com
1
a igual ao menor valor entre 0,3h) e /2(t
1
e
2
a igual ao menor valor entre
0,3h) e /2(t
2
, conforme indicado na figura 2.17;
0
λ é a distância entre faces de dois
apoios consecutivos.
h
t
21
t
t
12
t
h
t
12
t
h
a) Apoio de vão extremo b) Apoio de vão intermediário
FIGURA 2.17. Vãos efetivos de lajes conforme a NBR 6118:2003
A seguir, como exemplo, apresenta-se o cálculo do vão efetivo segundo a
NBR 6118:2003 para uma laje maciça isolada, de 10 cm de espessura e apoiada em
vigas de 20 cm de largura (figura 2.18).
laje maciça
viga
viga
laje maciça
viga viga
laje maciça
viga viga
10 cm
10 cm
10 cm
400 cm
400 cm
400 cm20 cm
20 cm
20 cm 20 cm
20 cm
20 cm
FIGURA 2.18. Laje maciça isolada apoiada em vigas
0
λ
0
λ
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_____________________________________________________________________________
34
- vão efetivo: cm 406100,3100,3400
ef
=++=λ ; de acordo com as recomendações
da NBR 6118:1980, para este mesmo exemplo, resultaria um vão teórico de 410 cm,
valor maior que este aproximadamente 1% (diferença desprezível para fins práticos).
2.4.2 Espessura Mínima
De acordo com a NBR 6118:2003, a prescrição de valores limites
mínimos para as dimensões de elementos estruturais de concreto tem como objetivo
evitar um desempenho inaceitável para os elementos estruturais e propiciar condições
de execução adequadas. Ela indica que nas lajes maciças devem ser respeitados os
seguintes limites mínimos para a espessura:
a) 5 cm para lajes de cobertura não em balanço;
b) 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço;
c) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
d) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;
e) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, λ/50 para lajes de piso contínuas
e λ/42 para lajes de piso biapoiadas;
f) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo.
De acordo com NBR 6118:2003, lajes-cogumelo são lajes apoiadas
diretamente em pilares com capitéis, enquanto lajes lisas são as apoiadas nos pilares
sem capitéis.
2.4.3 Aberturas
Os furos ou aberturas executadas em qualquer elemento estrutural dão
origem a concentração de tensões em torno das mesmas, as quais podem ser
prejudiciais. Os furos, de maneira geral, têm dimensões pequenas em relação as do
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_____________________________________________________________________________
35
elemento estrutural, enquanto as aberturas não; de acordo com a NBR 6118:2003, um
conjunto de furos muito próximos deve ser tratado como uma abertura.
Entretanto, as aberturas em lajes normalmente são necessárias,
principalmente para dar passagem às instalações prediais (água, esgoto, etc.). De acordo
com a NBR 6118:2003, quando forem previstas aberturas em lajes seu efeito na
resistência e na deformação deve ser verificado, e não devem ser ultrapassados os
limites previstos nessa norma; desde que não sejam lajes-lisas ou lajes-cogumelo, outros
tipos de lajes podem ser dispensados dessa verificação, devendo ser armadas em duas
direções e verificadas, simultaneamente, as seguintes condições:
a) as dimensões da abertura devem corresponder no máximo a 1/10 do vão menor da
laje )(
x
λ (figura 2.19);
b) a distância entre a face de uma abertura e uma borda livre da laje deve ser igual ou
maior que 1/4 do vão, na direção considerada (figura 2.19); e
c) a distância entre faces de aberturas adjacentes deve ser maior que a metade do
menor vão da laje.
FIGURA 2.19. Dimensões limites para aberturas de lajes com dispensa de
verificação conforme a NBR 6118:2003
A NBR 6118:2003 prescreve, ainda, que no caso de aberturas em lajes as
condições seguintes devem ser respeitadas em qualquer situação:
y
a
x
a
y
λ
x
λ
/10a
/10a
xy
xx
λ
λ
<
<
x
4
1
λ
y
4
1
λ
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_____________________________________________________________________________
36
a) a seção do concreto remanescente da parte central ou sobre o apoio da laje deve ser
capaz de equilibrar os esforços no estado limite último, correspondentes a essa seção
sem aberturas;
b)
as áreas das armaduras interrompidas devem ser substituídas por áreas equivalentes
de armaduras de reforço, corretamente ancoradas;
c)
no caso de aberturas em regiões próximas a pilares, nas lajes lisas ou cogumelo, o
modelo de cálculo deve prever o equilíbrio das forças cortantes atuantes nessas
regiões.
2.4.4 Cobrimento
Entre os fatores dos quais depende a durabilidade das estruturas de
concreto armado e protendido são fundamentais a qualidade e a espessura do concreto
de cobrimento das armaduras. Cobrimento mínimo é a menor distância livre entre uma
face da peça e a camada de barras mais próxima dessa face (inclusive estribos) e deve
ser observado ao longo de todo o elemento considerado; tem por finalidade proteger as
barras tanto da corrosão como da ação do fogo.
A NBR 6118:2003 prescreve que para garantir o cobrimento mínimo da
armadura
)
min
(c o projeto e a execução devem considerar o cobrimento nominal da
armadura
)
nom
(c , que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (c),
ou seja, ccc
mínnom
+= . Quando houver um adequado controle de qualidade e rígidos
limites de tolerância da variabilidade das medidas durante a execução pode ser adotado
o valor c = 5 mm; a exigência de controle rigoroso deve ser explicitada nos desenhos
de projeto. Caso contrário, deve-se ter c = 10 mm, no mínimo, o que determina, para
as lajes de concreto armado, em função das classes de agressividade ambiental, os
cobrimentos nominais indicados na tabela 2.1; nos projetos das estruturas correntes a
agressividade ambiental pode ser classificada de acordo com o apresentado na tabela
2.2. Conforme prescreve a NBR 6118:2003, a agressividade ambiental pode ser
avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição da estrutura ou de suas
partes; a agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas
que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas, das
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_____________________________________________________________________________
37
variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no
dimensionamento das estruturas de concreto.
TABELA 2.1 Correspondência entre classe de agressividade ambiental e
cobrimento nominal para c = 10 mm
Classe de agressividade ambiental
Tipo de estrutura Elemento
I II III IV
Cobrimento nominal (em mm)
Concreto armado
1)
Laje
20 25 35 45
1)
Para a face superior de lajes que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com
revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e
acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos, e
outros tantos, as exigências desta tabela podem ser substituídas pelo valor dado por
barra c
nom
φ , respeitado um cobrimento nominal 15 mm.
TABELA 2.2 Classes de agressividade ambiental
Classe de
agressividade
ambiental
Agressividade
Classificação geral do
tipo de ambiente para
efeito de projeto
Risco de
deterioração da
estrutura
Rural
I Fraca
Submersa
Insignificante
II Moderada
2) 1),
Urbana
Pequeno
1)
Marinha
III Forte
2) 1),
Industrial
Grande
3) 1),
Industrial
IV Muito forte
Respingos de maré
Elevado
1)
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um
nível acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e
áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com
concreto revestido com argamassa e pintura).
2)
Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras
em regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da
estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos, ou regiões onde
chove raramente.
3)
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,
branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias
químicas.
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38
De acordo com a NBR 6118:2003, os cobrimentos nominais e mínimos
devem ser sempre referidos à superfície da armadura externa. Para o concreto armado, o
cobrimento nominal de uma determinada barra deve sempre ser maior que seu diâmetro
( barra c
nom
φ ), e no caso de feixes, maior que o diâmetro equivalente
(
nfeixe c
nnom
φ=φ=φ ). Essa norma prescreve, ainda, que a dimensão máxima
característica do agregado graúdo utilizado no concreto não pode superar 20% da
espessura nominal do cobrimento, ou seja,
nommáx
c 1,2d
.
A seguir, como exemplo, determina-se o cobrimento das armaduras de
acordo com a NBR 6118:2003 para os dados:
¾ Laje maciça no interior de edifício residencial, revestida na face inferior com
argamassa de cal cimento e areia, de espessura de 1,5 cm, e na face superior
revestida com argamassa de contrapiso de cimento e areia, de espessura de 2,0 cm,
e tacos de madeira; controle não rigoroso durante a execução; diâmetro das barras
da armadura de flexão igual a 10 mm; dimensão máxima do agregado graúdo igual
a 19 mm (brita 1).
De acordo com a NBR 6118:2003, admitindo a agressividade do meio
ambiente fraca (classe de agressividade ambiental I e risco de deterioração da estrutura
insignificante), tem-se:
mm ,8315
1,2
19
1,2
d
2.1) (tabela laje dainferior face a junto aposicionad armadura para mm 20
2.1) (tabela laje dasuperior face a junto aposicionad armadura para mm 15
mm 10barra
c
máx
nom
==
=φ
o que conduz a um cobrimento nominal (
nom
c ) de 20 mm para as armaduras a serem
posicionadas junto a face inferior e/ou superior da laje; neste exemplo, considerando a
dimensão máxima do agregado graúdo igual a 25 mm (brita 2) e mantendo-se
inalterados os demais dados obtêm-se um cobrimento nominal (
nom
c ) de 21 mm.
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39
É importante destacar que, contrário ao que indica a NBR 6118:2003, a
NBR 6118:1980 especificava alguns valores fixos para o cobrimento em função do tipo
de revestimento do concreto e do local (ao ar livre, no interior de edifícios, etc.). Para o
exemplo apresentado, de acordo com a NBR 6118:1980, independente se brita 1 ou
brita 2, seria obtido para o cobrimento das armaduras o valor de 10 mm; pode-se
observar que a NBR 6118:2003 conduz a valores bem maiores para o cobrimento das
armaduras. Especificamente para o caso de lajes, o aumento do cobrimento na
quantidade necessária de armadura de flexão é óbvio; para uma mesma espessura, o
aumento do cobrimento leva a uma redução do valor da altura útil e, conseqüentemente,
a necessidade de utilizar armadura maior, contribuindo para o aumento nos custos.
2.4.5 Detalhamento das Armaduras
Um dos pontos mais importantes do projeto de qualquer elemento
estrutural de concreto armado é o detalhamento das armaduras necessárias, e para que
seja efetuado corretamente deve-se atender uma série de recomendações prescritas pelas
normas vigentes. A seguir apresentam-se algumas recomendações gerais dadas pela
NBR 6118:2003 para as lajes de concreto armado quanto ao detalhamento das
armaduras.
2.4.5.1 Armadura mínima de flexão
Quando a tensão de tração atinge o valor da respectiva resistência do
concreto, ocorre a ruptura por tração, caracterizada pelo aparecimento de fissuras. Neste
instante, as tensões de tração são transferidas do concreto para a armadura. A armadura
mínima, portanto, é determinada de modo que seja capaz de absorver, com adequada
segurança, as tensões de tração causadas por um momento fletor de mesma magnitude
daquele que, quando atingido, é capaz de provocar a primeira fissura na peça. Na
ausência dessa armadura, a ruptura pode se dar de forma brusca, sem aviso (ruptura
frágil). De acordo com a NBR 6118:2003, a armadura mínima de tração, em elementos
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
40
estruturais armados ou protendidos deve ser determinada pelo dimensionamento da
seção para um momento fletor mínimo dado pela expressão a seguir, respeitada a taxa
mínima absoluta de 0,15%:
supctk,0mind,
fW0,8M =
(2.2)
onde:
0
W é módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto relativo à fibra mais
tracionada;
supctk,
f é a resistência característica superior do concreto à tração (
2/3
cksupct,
f0,39f = ).
O dimensionamento para
mind,
M será considerado atendido se forem
respeitadas as taxas mínimas de armadura (
mín
ρ ) indicadas na tabela 2.3, válidas para
lajes e vigas; nesta tabela,
mín
ω
é a taxa mecânica mínima de armadura longitudinal de
flexão.
A NBR 6118:2003 prescreve que a armadura mínima em lajes tem a
função de melhorar o desempenho e a ductilidade à flexão e à punção, assim como
controlar a fissuração. Essa armadura deve ser constituída preferencialmente por barras
com alta aderência ou por tela soldada. Para as lajes de concreto armado, os valores
mínimos de armadura passiva aderente devem atender a:
armaduras negativas:
míns
ρρ ;
armaduras positivas de lajes armadas nas duas direções:
míns
ρ670ρ
, ;
armadura positiva (principal) de lajes armadas em uma direção:
míns
ρρ .
onde:
hb
A
ρ
w
s
s
=
, é a taxa geométrica de armadura passiva aderente (armadura longitudinal);
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_____________________________________________________________________________
41
c
míns,
mín
A
A
ρ
= , é a taxa geométrica mínima de armadura longitudinal (tabela 2.3).
TABELA 2.3 Taxas mínimas de armadura de flexão para lajes e vigas
Valores de )/A(A ρ
cmíns,
1)
mín
em porcentagem
Resistência característica do concreto (
ck
f) em MPa
Forma da seção
mín
ω
20 25 30 35 40 45 50
Retangular
0,035
0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
T (mesa comprimida)
0,024
0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197
T (mesa tracionada)
0,031
0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0,229 0,255
Circular
0,070
0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575
1)
Os valores de
n
ρ estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50,
4,1γ
c
= e 15,1γ
s
= . Caso esses fatores sejam diferentes,
mín
ρ deve ser recalculado
com base no valor de
mín
ω dado.
NOTA – Nas seções tipo "T", a área da seção (
c
A ) a ser considerada deve ser
caracterizada pela alma acrescida da mesa colaborante.
A seguir, como exemplo, determina-se a armadura mínima de tração de
acordo com a NBR 6118:2003 para uma laje maciça de concreto armado de 10 cm de
espessura (h), considerando uma seção retangular com largura cm 100b
w
= e a
resistência característica do concreto à compressão MPa 20f
ck
=
.
Da tabela 2.3, tem-se
%15,0
A
A
ρ
c
míns,
mín
== . Assim, a armadura mínima de tração
será:
/mcm 5,110100
100
0,15
hb
100
0,15
A
2
wmíns,
=== .
2.4.5.2 Armadura máxima de flexão
A NBR 6118:2003 prescreve que: “A especificação de valores máximos
para as armaduras decorre da necessidade de se assegurar condições de dutilidade e de
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_____________________________________________________________________________
42
se respeitar o campo de validade dos ensaios que deram origem às prescrições de
funcionamento do conjunto aço-concreto.”
Estabelece, ainda, que nas lajes a soma das armaduras de tração e
compressão ( 'AA
ss
+ ) não deve ter valor maior que 4% da área de concreto da seção
(
c
A ), calculada na região fora da zona de emendas. Para uma laje maciça de 10 cm de
espessura (h), considerando uma seção retangular com largura cm 100b
w
=
, resulta:
/mcm 4010100
100
4
hb
100
4
A
2
wmáxs,
===
mostrando que este limite é bastante elevado.
2.4.5.3 Armadura secundária de flexão (armadura de distribuição)
A armadura positiva secundária de flexão, tradicionalmente chamada de
armadura de distribuição, é colocada na laje com a função de distribuição das tensões e
para o controle da fissuração; essa armadura deve ser constituída preferencialmente por
barras com alta aderência ou por tela soldada.
Segundo a NBR 6118:2003 a quantidade de armadura positiva secundária
de flexão (distribuição) de lajes de concreto armadas em uma direção, passiva aderente,
deve atender a:
20%/sA
s
da armadura principal;
/mcm 0,9/sA
2
s
;
míns
ρ0,5ρ .
onde:
hb
A
ρ
w
s
s
=
, é a taxa geométrica de armadura passiva aderente (armadura positiva
secundária);
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_____________________________________________________________________________
43
c
míns,
mín
A
A
ρ
= , é a taxa geométrica mínima de armadura longitudinal (tabela 2.3).
Ainda, deve-se manter entre as barras dessa armadura um espaçamento
de, no máximo, 33 cm; a emenda das barras da armadura positiva secundária de flexão,
se necessária, deve respeitar os mesmos critérios de emenda das barras da armadura
principal (armadura longitudinal), que por sua vez seguem as recomendações referentes
às vigas.
2.4.5.4 Espaçamento e diâmetro máximo
A NBR 6118:2003 estabelece que as barras da armadura principal de
flexão das lajes armadas em uma ou em duas direções devem apresentar espaçamento
no máximo igual a
h2 ou 20 cm, prevalecendo o menor desses dois valores na região
dos maiores momentos fletores; h é a espessura da laje.
Em relação ao diâmetro máximo das barras, a NBR 6118:2003 estabelece
que qualquer barra da armadura de flexão (armadura positiva ou negativa, principal ou
secundária) deve ter diâmetro no máximo igual a h/8; tendo h o mesmo significado
anterior.
2.4.5.5 Armaduras em bordas livres e aberturas
A NBR 6118:2003 prescreve que nas aberturas executadas nos elementos
estruturais devem ser previstas armaduras complementares, a serem dispostas no
contorno e nos cantos das mesmas.
Ainda, em bordas livres e junto às aberturas das lajes, devem ser
respeitadas no detalhamento dessas armaduras complementares as prescrições mínimas
contidas na figura 2.20, indicada a seguir; as seções das armaduras interrompidas devem
ser substituídas por seções equivalentes de reforço, corretamente ancoradas.
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_____________________________________________________________________________
44
h
h
h
FIGURA 2.20. Detalhe das armaduras complementares em bordas livres e junto às
aberturas das lajes conforme a NBR 6118:2003
2.4.6 Estados Limites de Serviço
Além de garantir segurança contra o colapso ou a qualquer outra forma
de ruína estrutural que determine a paralisação do uso da estrutura, é preciso garantir
que a estrutura de concreto (armado ou protendido) atenda aos estados limites de
serviço indicados na NBR 6118:2003; conforme essa norma, estados limites de serviço
são aqueles relacionados à durabilidade das estruturas, à aparência, ao conforto do
usuário e à boa utilização funcional das mesmas, seja em relação aos usuários, às
máquinas ou aos equipamentos utilizados. Enquanto o cálculo na ruína é fundamental
para conferir às estruturas uma adequada segurança com relação à sua capacidade de
resistir satisfatoriamente a todas as solicitações possíveis de ocorrer durante o tempo
previsto para a sua existência, o cálculo em serviço é imprescindível para garantir um
desempenho satisfatório das estruturas quando em uso normal, ou seja, nas condições de
utilização (em serviço) para as quais foram projetadas.
y
λ
b
2h λ+
b
ou 2h λ
sxs
AA
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_____________________________________________________________________________
45
Entretanto, muitas vezes, não se dá importância a verificação dos estados
limites de serviço ou, quando realizada, adotam-se simplificações grosseiras que
acabam conduzindo a resultados distantes da situação real.
De acordo com a NBR 6118:2003, a segurança das estruturas de concreto
armado pode exigir a verificação de alguns dos seguintes estados limites de serviço:
a)
Estado limite de formação de fissuras (ELS-F): estado em que se inicia a formação
de fissuras;
b)
Estado limite de abertura das fissuras (ELS-W): estado em que as fissuras se
apresentam com aberturas características (
k
w ) iguais aos máximos especificados;
c)
Estado limite de deformações excessivas (ELS-D): estado em que as deformações
atingem os limites estabelecidos para utilização normal da estrutura;
d)
Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE): estado em que as vibrações
atingem os limites estabelecidos para a utilização normal da construção.
Enquanto na verificação da segurança em relação aos estados limites
últimos as ações devem ser consideradas com seus valores de cálculo, na verificação da
segurança em relação aos estados limites de serviço, de acordo com a NBR 6118:2003,
as ações devem ser consideradas com seus valores característicos usuais, sem
majoração, ou seja, o coeficiente de ponderação das ações vale
0,1γ
f
= .
Antigamente, segundo LEONHARDT (1979), a verificação da segurança
dos elementos estruturais com relação aos estados limites de serviço era feita, na
maioria dos casos, considerando uma situação em que atuassem todas as ações
(permanentes, variáveis e excepcionais) com seus valores característicos máximos. No
caso de edifícios, ocasionalmente, considerava-se uma redução de 30% no valor da ação
variável e desprezava-se a ação excepcional.
Entretanto, o conhecimento tem indicado que no cálculo de abertura de
fissuras, avaliação de deformações transversais, etc., o carregamento decisivo para o
bom desempenho das estruturas é dado pela ação permanente acrescida de uma parcela
da ação variável, que ocorre com freqüência ou atua por um longo período de tempo; é
importante destacar que o valor da parcela das ações variáveis a ser considerado difere
para cada estado limite de serviço. Assim, conforme será visto posteriormente,
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_____________________________________________________________________________
46
consideram-se diferentes combinações das ações na verificação dos estados limites de
serviço citados anteriormente; a NBR 6118:2003 indica o tipo de combinação das ações
(combinações de serviço) a ser utilizado na verificação de cada estado limite de serviço.
As recomendações dadas pela NBR 6118:2003 para a verificação dos
estados limites de serviço referentes à fissuração e o referente às deformações
excessivas e também para o controle da fissuração, em estruturas de concreto armado,
serão apresentadas a seguir; essas recomendações são válidas tanto para elementos
estruturais lineares como também para lajes.
2.4.6.1 Estados limites de serviço referentes à fissuração
Pode-se dizer que a fissuração em elementos estruturais de concreto
armado é inevitável, em virtude da grande variabilidade e da pequena resistência do
concreto à tração quando comparada com a de compressão.
Entretanto, as fissuras não devem se apresentar com aberturas muito
grandes. Quando excessiva, a fissuração pode comprometer significativamente a
estética, a funcionalidade ou a durabilidade de uma peça de concreto armado. Além
disso, deve-se ter em conta o desconforto psicológico que fissuras com aberturas
exageradas pode gerar aos usuários.
Embora não seja a única causa, ou condição necessária, quando da
ocorrência de fissuras com aberturas exageradas, acima dos máximos especificados,
pode-se dizer que há grande risco de haver uma degradação rápida do concreto
superficial e da armadura.
Vale salientar que outros fatores, tais como porosidade do concreto,
cobrimento insuficiente da armadura, presença de produtos químicos, agentes
agressivos etc., contribuem ou podem ser determinantes na durabilidade da estrutura.
Examinados esses fatores, visando obter bom desempenho relacionado à proteção das
armaduras quanto à corrosão e à aceitabilidade sensorial dos usuários, é necessário que
o projetista de estruturas busque controlar a abertura das fissuras, evitando que a peça
sofra fissuração excessiva, por causa da flexão, detalhando adequadamente a armadura
na seção transversal e, se for o caso, aumentando-a. Nesse caso trata-se de uma
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_____________________________________________________________________________
47
verificação de estado limite de serviço, ou seja, interessa saber a fissuração que ocorrerá
na peça quando esta estiver em serviço (utilização) e não próxima a atingir o colapso.
Convém lembrar que a fissuração, ainda, é influenciada pela retração e
pela compacidade do concreto. Desse modo, é importante o controle da fabricação do
concreto com relação à utilização do menor fator água/cimento possível, como também
o controle das operações de lançamento e adensamento do concreto e da sua cura.
Portanto, diversas são as circunstâncias que podem acarretar a formação
de fissuras em peças de concreto. Pode-se distinguir as fissuras produzidas por
solicitações relativas ao carregamento, que são causadas por ações diretas de tração,
flexão ou cisalhamento e que ocorrem nas regiões tracionadas, e as fissuras não
produzidas por carregamento, que são causadas por deformações impostas, tais como
retração, variação de temperatura e recalques diferenciais.
Conforme mencionado, são dois os estados limites referentes à fissuração
que devem ser analisados para o caso de peças de concreto fletidas: estado limite de
formação de fissuras (ELS-F), e estado limite de abertura das fissuras (ELS-W). Nas
estruturas usuais de concreto armado, este último tem interesse maior.
a) Estado limite de formação de fissuras
De acordo com a NBR 6118:2003, o estado limite de formação de
fissuras (ELS-F) é aquele em que se inicia a formação de fissuras. Admite-se que este
estado limite é atingido quando a tensão de tração máxima na seção transversal for igual
a
fct,
f (resistência do concreto à tração na flexão);
fct,
f é obtido por ensaios de prismas
à flexão, realizados de acordo com a NBR 12142:1991.
Conforme mencionado, a fissuração é um fenômeno inevitável em peças
de concreto. Assim, poder-se-ia pensar que a verificação do estado limite de formação
de fissuras é desnecessária. Entretanto, a partir desta verificação, torna-se possível
identificar o estádio de comportamento da peça.
A identificação do estádio de comportamento em que se encontra a peça
em serviço, é um importante aspecto a ser analisado no equacionamento do problema de
verificação dos estados limites de serviço. Estes estádios traduzem as diversas fases,
pelas quais passa uma peça de concreto armado quando submetida a um carregamento
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_____________________________________________________________________________
48
crescente. Normalmente, para as ações de serviço (ações reais, não majoradas), as
seções encontram-se nos estádios I ou II.
No estádio I a tensão de tração no concreto não ultrapassa sua resistência
à tração na flexão (
fct,
f ), e não há fissuras de flexão visíveis; nesse estádio o diagrama
de tensão normal ao longo da seção é linear, e as tensões nas fibras mais comprimidas
são proporcionais às deformações, correspondendo ao trecho linear do diagrama tensão-
deformação do concreto. Já o estádio II, este é caracterizado pela presença de fissuras
nas zonas de tração e, portanto, o concreto situado nessas regiões é desprezado; nesse
estádio a tensão de tração na maioria dos pontos situados na região tracionada da seção
tem valor superior ao da resistência do concreto à tração na flexão (
fct,
f ), e as fissuras
de flexão são visíveis.
A separação entre estes dois estádios de comportamento é definida pelo
momento de fissuração (
r
M ), que é o momento fletor capaz de provocar a primeira
fissura na peça. Se o momento fletor atuante numa dada seção da peça for menor do que
o momento de fissuração, isto significa que esta seção não está fissurada e, portanto,
encontra-se no estádio I, caso contrário, se o momento fletor atuante for maior do que o
de fissuração, a seção encontra-se fissurada e, portanto, no estádio II. Neste segundo
caso, diz-se que foi ultrapassado o estado limite de formação de fissuras.
De acordo com a NBR 6118:2003, o momento de fissuração pode ser
calculado pela seguinte expressão aproximada:
t
cct
r
y
Ifα
M
=
(2.3)
onde:
α é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a
resistência à tração direta (α = 1,5 para seções retangulares, e α = 1,2 para seções em
forma de “T” ou duplo “T”);
t
y é a distância do centro de gravidade da seção transversal a sua fibra mais
tracionada;
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_____________________________________________________________________________
49
c
I é o momento de inércia da seção bruta de concreto (no estádio I);
ct
f é a resistência à tração direta do concreto, com o quantil apropriado a cada
verificação particular. Na verificação do estado limite de formação de fissuras, para
determinação do momento de fissuração, deve ser usado
2/3
ckct
f0,21f = e, na
verificação do estado limite de deformações excessivas,
2/3
ckct
f0,30f = .
Para a verificação do estado limite de formação de fissuras, indica-se
considerar a combinação rara de serviço. Nas combinações raras de serviço
(combinações que ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura) a ação
variável principal
q1
F
é tomada com seu valor característico
q1k
F
e todas as demais
ações variáveis são tomadas com seus valores freqüentes
qk1
Fψ
, sendo:
∑∑
++=
qjk1jq1kgikserd,
FψFFF
(2.4)
onde:
serd,
F é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
k1q
F
é o valor característico da ação variável principal direta;
gik
F é o valor característico das ações permanentes;
1
ψ é o fator de redução de combinação freqüente para estado limite de serviço (no
anexo, na tabela A5, indicam-se valores para este coeficiente).
Na expressão anterior, é possível observar que as ações devem ser
consideradas com seus valores característicos usuais, sem majoração, ou seja, o
coeficiente de ponderação das ações vale
0,1γ
f
=
.
b) Estado limite de abertura das fissuras
Para evitar que surjam problemas relativos à funcionalidade e à
durabilidade das estruturas, as fissuras não devem se apresentar com aberturas muito
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
50
grandes. Outro grave problema que pode ser evitado pela limitação da abertura das
fissuras é a corrosão das armaduras; aberturas excessivas facilitam a penetração, do
meio externo para o interior da massa de concreto, de agentes agressivos capazes de
provocar a degradação do próprio concreto e, também, das armaduras, podendo
conduzir ao colapso da estrutura. Além disso, convém lembrar que fissuras com
aberturas exageradas geram um certo desconforto psicológico aos usuários,
prejudicando, ainda, a estética.
O estado limite de abertura das fissuras é caracterizado pela situação em
que as fissuras se apresentam com aberturas características (
k
w ) iguais aos máximos
especificados. Na tabela 2.4 indicam-se estes limites, dados pela NBR 6118:2003 em
função das classes de agressividade ambiental.
TABELA 2.4
Abertura máxima das fissuras características (
k
w ), para elementos
de concreto armado, combinação freqüente, em função das classes
de agressividade ambiental
Classe de agressividade
ambiental (ver tabela 2.2)
Abertura máxima das
fissuras características (
k
w
)
Combinação de ações
em serviço a utilizar
I
mm 0,4w
k
Combinação freqüente
II
mm 0,3w
k
Combinação freqüente
III
mm 0,3w
k
Combinação freqüente
IV
mm 0,2w
k
Combinação freqüente
De maneira geral, em estruturas bem projetadas e construídas e sob ações
previstas na normalização (com combinação freqüente de ações), a presença de fissuras
com aberturas que respeitem os limites indicados na tabela 2.4 não denota perda de
durabilidade ou perda de segurança quanto aos estados limites últimos, conforme
prescreve a NBR 6118:2003.
As aberturas máximas
k
w apresentadas na tabela 2.4 correspondem a
valores-limite característicos para garantir proteção adequada das armaduras passivas
quanto à corrosão; com vistas à garantia da durabilidade das estruturas, em função das
classes de agressividade ambiental, a NBR 6118:2003 limita a abertura máxima
característica
k
w das fissuras em valores que variam de 0,2 mm a 0,4 mm, sob ação das
combinações freqüentes de serviço.
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_____________________________________________________________________________
51
Entretanto, esses limites devem ser vistos apenas como critérios para um
projeto adequado de estruturas, não se devendo esperar que as aberturas de fissuras reais
correspondam estritamente aos valores estimados, isto é, fissuras reais podem
eventualmente ultrapassar os limites indicados nessa tabela.
Como pode ser observado na tabela 2.4, para a verificação da segurança
com relação ao estado limite de abertura das fissuras devem ser consideradas as
combinações freqüentes de serviço.
Nas combinações freqüentes de serviço (combinações que se repetem
muitas vezes durante o período de vida da estrutura) a ação variável principal
q1
F é
tomada com seu valor freqüente
q1k1
Fψ
e todas as demais ações variáveis são tomadas
com seus valores quase permanentes
qk2
Fψ
, sendo:
++=
qjk2jq1k1gikserd,
FψFψFF
(2.5)
onde:
serd,
F é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
q1k
F
é o valor característico da ação variável principal direta;
gik
F é o valor característico das ações permanentes;
1
ψ é o fator de redução de combinação freqüente para estado limite de serviço;
2
ψ é o fator de redução de combinação quase permanente para estado limite de
serviço (no anexo, na tabela A5, indicam-se valores para este coeficiente).
Na avaliação dos valores das aberturas das fissuras, para a verificação
dos limites indicados na tabela 2.4, conforme prescreve a NBR 6118:2003, para cada
elemento ou grupo de elementos das armaduras passiva e ativa aderente que controlam a
fissuração do elemento estrutural deve ser considerada uma área
cr
A do concreto de
envolvimento, constituída por um retângulo cujos lados não distam mais de
φ
7 do
contorno do elemento da armadura (ou então
φ
7,5 em relação ao centro do elemento
da armadura) (figura 2.21).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
52
É conveniente que toda a “pele” tracionada tenha armaduras que limitem
a abertura de fissuras na região de envolvimento
icr,
A considerada, conforme indicado
na figura 2.21.
i
i
7,5φ
i
i
Armadura de pele
tracionada da viga
φ
φ
Linha Neutra
φ7,5
crii
com área A
Região de envolvimento
φde
7,5φ
Linha Neutra
φ
φ
tracionada da viga
Armadura de pele
i
i
φ7,5
i
i
de φ
Região de envolvimento
com área A
icri
7,5φ
Linha Neutra
φ
φ
tracionada da viga
Armadura de pele
i
i
φ7,5
i
i
de φ
Região de envolvimento
com área A
icri
FIGURA 2.21. Concreto de envolvimento da armadura conforme a
NBR 6118:2003
A grandeza da abertura de fissuras, w, determinada para cada parte da
região de envolvimento, é a menor entre as obtidas pelas expressões seguintes:
mct,
si
si
si
i
i
f
σ3
E
σ
η12,5
w
φ
=
(2.6)
()
φ
= 45 +
ρ
4
E
σ
η12,5
w
risi
si
i
i
(2.7)
onde:
si
σ ,
i
φ ,
si
E,
ri
ρ são definidos para cada área de envolvimento em exame;
cri
A é área da região de envolvimento protegida pela barra
i
φ
;
si
E é o módulo de elasticidade do aço da barra considerada, de diâmetro
i
φ
. Na
falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, o módulo de elasticidade do
aço pode ser admitido igual a 210 GPa;
i
φ
é o diâmetro da barra que protege a região de envolvimento considerada;
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
53
ri
ρ é taxa de armadura passiva ou ativa aderente (que não esteja dentro de bainha)
em relação à área da região de envolvimento (
cri
A);
i
η é o coeficiente de conformação superficial
1
η da armadura considerada. Na
tabela 2.5 apresenta-se os valores de
1
η
indicados na NBR 6118:2003;
mct,
f é a resistência média do concreto à tração. Na falta de ensaios, conforme
indica a NBR 6118:2003, pode-se considerar
2/3
ckmct,
f0,3f = ;
si
σ é a tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada, calculada
no estádio II.
TABELA 2.5
Coeficiente de conformação superficial de barras (
1
η )
Coeficiente de conformação superficial
Barra lisa (CA-25) Barra entalhada (CA-60) Barra nervurada de alta
aderência (CA-50)
1
η = 1,0
1
η = 1,4
1
η = 2,25
Conforme prescreve a NBR 6118:2003, o cálculo no estádio II pode ser
feito considerando a relação
e
α entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto
igual a 15.
É importante destacar que o valor da abertura das fissuras pode sofrer a
influência de restrições às variações volumétricas da estrutura, e de fenômenos como a
retração plástica ou térmica do concreto e expansão devida às reações químicas internas
do concreto nas primeiras idades. Por essas razões, os critérios apresentados
anteriormente para a avaliação dos valores das aberturas de fissuras, conforme salienta a
NBR 6118:2003, devem ser encarados como avaliações aceitáveis do comportamento
geral do elemento estrutural, mas não garantem avaliação precisa da abertura de uma
fissura específica.
Para dispensar a avaliação da grandeza da abertura de fissuras e atender
ao estado limite de fissuração (aberturas máximas esperadas da ordem de 0,3 mm para o
concreto armado), um elemento estrutural deve ser dimensionado respeitando as
exigências de cobrimento e de armadura mínima determinadas pela NBR 6118:2003,
bem como as restrições da tabela 2.6 quanto ao diâmetro máximo (
máx
φ ) e ao
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
54
espaçamento máximo (
máx
s ). As restrições da tabela 2.6 encontram-se indicadas na
NBR 6118:2003; a tensão
s
σ na barra deve ser determinada no estádio II.
TABELA 2.6 Valores máximos de diâmetro e espaçamento, com barras de alta
aderência
Valores máximos para
concreto sem armaduras ativas
Tensão
s
σ na
barra (MPa)
máx
φ (mm)
máx
s (cm)
160 32 30
200 25 25
240 16 20
280 12,5 15
320 10 10
360 8 6
Com relação à estética e ao efeito psicológico causado nos usuários, a
fixação de um valor limite para a abertura das fissuras depende de diversos fatores,
dentre os quais: distância do observador, tipo e finalidade da estrutura e posição e
condições de iluminação das peças; conforme indica BRANDÃO & PINHEIRO (1999),
em geral, aberturas de fissuras até 0,3 mm não causam inquietação nas pessoas e não
prejudicam a aparência das estruturas. Dentre as providências que podem ser tomadas
nos casos em que as aberturas características das fissuras ultrapassam os respectivos
valores limites, citam-se: adotar barras com diâmetros menores, mantendo a área total
calculada, o que implica em aumentar o número de barras e diminuir o espaçamento
entre elas; aumentar a área total de armadura; aumentar a seção transversal da peça.
No capítulo 6 deste trabalho serão apresentados exemplos em que se
verifica o risco de fissuração excessiva em lajes nervuradas moldadas no local de
concreto armado, seguindo as recomendações propostas pela NBR 6118:2003.
2.4.6.2 Estado limite de deformações excessivas
A verificação do estado limite de deformações excessivas tem por
objetivo garantir a manutenção das boas condições de uso da estrutura. Além do aspecto
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
55
visual desagradável, a ocorrência de deslocamentos transversais (flechas) com valores
que ultrapassem determinados limites (deslocamento limite) pode gerar desconforto aos
usuários, por exemplo o devido a vibrações sentidas no piso, e causar danos a elementos
estruturais e não estruturais, interferindo de modo desfavorável no funcionamento e na
durabilidade das estruturas.
Dentre os diversos danos provocados por deformações excessivas,
destacam-se:
flechas excessivas podem provocar o aparecimento de fissuras na peça com abertura
elevada, afetando a estética e a durabilidade;
vibrações sentidas no piso, causando sensações desagradáveis aos usuários; essas
vibrações normalmente decorrem de deformações excessivas associadas a pequena
rigidez;
necessidade de nivelamento de superfícies que deveriam ser horizontais, por meio
de revestimento adicional que, além de representar aumento nos custos, tendem a
provocar um aumento nas flechas, devido ao acréscimo de carga na laje;
em lajes que ficarão descobertas (lajes de cobertura ou de varandas, por exemplo),
flechas excessivas podem causar uma inversão da inclinação prevista, interferindo
na drenagem das águas pluviais;
paredes não estruturais de alvenaria podem apresentar fissuras se ocorrerem flechas
excessivas nas lajes nas quais se apóiam; devido à grande rigidez dessas paredes,
elas não conseguem acompanhar a deformação da laje e, assim, surgem nas mesmas
fissuras inclinadas de cisalhamento;
Deformações excessivas de lajes e de vigas podem afetar o bom funcionamento de
esquadrias de portas e de janelas;
De acordo com a NBR 6118:2003, os deslocamentos excessivos e
tendência à vibração dos elementos estruturais podem ser classificados em quatro
grupos básicos, indicados a seguir:
a)
aceitabilidade sensorial: o limite é caracterizado por vibrações indesejáveis ou
efeito visual desagradável. Na tabela 2.7 apresentam-se limites para esses casos;
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
56
b) efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a utilização adequada da
construção. Na tabela 2.8 apresentam-se limites para esses casos;
c)
efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais podem ocasionar
o mau funcionamento de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura,
estão a ela ligados, por exemplo alvenarias, caixilhos, revestimentos, divisórias
internas, etc. Na tabela 2.9 apresentam-se limites para esses casos;
d) efeitos em elementos estruturais: os deslocamentos podem afetar o
comportamento do elemento estrutural, provocando afastamento em relação às
hipóteses de cálculo adotadas. Se os deslocamentos forem relevantes para o
elemento considerado, seus efeitos sobre as tensões ou sobre a estabilidade da
estrutura devem ser considerados, incorporando-as ao modelo estrutural adotado.
TABELA 2.7 Limites para deslocamentos – aceitabilidade sensorial
Tipo de efeito
Razão da
limitação
Exemplo
Deslocamento a
considerar
Deslocamento
limite
Visual
Deslocamentos
visíveis em elementos
estruturais
Total
/250λ
Aceitabilidade
sensorial
Outro
Vibrações sentidas no
piso
Por causa de cargas
acidentais
/350λ
TABELA 2.8 Limites para deslocamentos – efeitos estruturais em serviço
Tipo de efeito
Razão da
limitação
Exemplo
Deslocamento a
considerar
Deslocamento
limite
Superfícies
que devem
drenar água
Coberturas e varandas Total
1)
/250λ
Total
2)
hacontraflec
/350
+λ
Pavimentos
que devem
permanecer
planos
Ginásios e pistas de
boliche
Ocorrido após a
construção do piso
/600λ
Efeitos
estruturais em
serviço
Elementos
que suportam
equipamentos
sensíveis
Laboratórios
Ocorrido após
nivelamento do
equipamento
De acordo com
recomendação do
fabricante do
equipamento
1)
As superfícies devem ser suficientemente inclinadas ou o deslocamento previsto compensado por
contraflechas, de modo a não se ter acúmulo de água.
2)
Os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela especificação de contraflechas.
Entretanto, a atuação isolada da contraflechao pode ocasionar um desvio do plano maior que
/350λ .
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_____________________________________________________________________________
57
TABELA 2.9 Limites para deslocamentos – efeitos em elementos não estruturais
Tipo de efeito
Razão da
limitação
Exemplo
Deslocamento a
considerar
Deslocamento
limite
Alvenaria, caixilhos e
revestimentos
Após a construção da
parede
2)
1)
rad 0,0017θ
ou mm 10ou /500
=
λ
Divisórias leves e
caixilhos telescópicos
Ocorrido após a
instalação da divisória
mm 25ou /250
1)
λ
Movimento lateral de
edifícios
Provocado pela ação do
vento para combinação
freqüente (
0,30ψ
1
=
)
4)
3)
pavimentos entre
/850
i
Hou H/1700
Paredes
Movimentos térmicos
verticais
Provocado por diferença
de temperatura
mm 15ou
5)
/400λ
Movimentos térmicos
horizontais
Provocado por diferença
de temperatura
/500
i
H
Revestimentos colados
Ocorrido após
construção do forro
/350λ
Forros
Revestimentos
pendurados ou com
juntas
Deslocamento ocorrido
após construção do forro
/175λ
Efeitos em
elementos não
estruturais
Pontes
rolantes
Desalinhamento de
trilhos
Deslocamento
provocado pelas ações
decorrentes da frenação
H/400
1)
O vão λ deve ser tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve.
2)
Rotação nos elementos que suportam paredes.
3)
H é a altura total do edifício e
i
H
o desnível entre dois pavimentos vizinhos.
4)
Esse limite aplica-se ao deslocamento lateral entre dois pavimentos consecutivos devido à atuação de
ações horizontais. Não devem ser incluídos os deslocamentos devidos a deformações axiais nos pilares. O
limite também se aplica para o deslocamento vertical relativo das extremidades de lintéis conectados a
duas paredes de contraventamento, quando
i
H
representa o comprimento do lintel.
5)
O valor λ refere-se à distância entre o pilar externo e o primeiro pilar interno.
Para as tabelas 2.7 a 2.9 apresentadas anteriormente, são necessárias as
seguintes observações gerais indicadas pela NBR 6118:2003:
1.
Todos os valores limites de deslocamentos supõem elementos de vão λ suportados
em ambas as extremidades por apoios que não se movem. Quando se tratar de
balanços, o vão equivalente a ser considerado deve ser o dobro do comprimento do
balanço.
2.
Para o caso de elementos de superfície, os limites prescritos consideram que o valor
λ é o menor vão, exceto em casos de verificação de paredes e divisórias, onde
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_____________________________________________________________________________
58
interessa a direção na qual a parede ou divisória se desenvolve, limitando-se esse
valor a duas vezes o vão menor.
3.
O deslocamento total deve ser obtido a partir da combinação das ações
características ponderadas pelos coeficientes definidos nessa norma.
4.
Deslocamentos excessivos podem ser parcialmente compensados por contraflechas.
A avaliação dos deslocamentos transversais e das rotações, para a
verificação dos limites indicados nas tabelas de 2.7 a 2.9, deve ser feita por meio de
modelos que considerem a rigidez efetiva das seções do elemento estrutural, ou seja,
levem em consideração a presença da armadura, a existência de fissuras no concreto ao
longo dessa armadura e as deformações diferidas no tempo (com o efeito da fluência),
conforme recomenda a NBR 6118:2003. Os elementos estruturais devem ser analisados
isoladamente.
De acordo com a NBR 6118:2003, para a verificação da segurança com
relação ao estado limite de deformações excessivas, devem ser consideradas as
combinações quase permanentes de serviço (combinações que ocorrem durante grande
parte do período de vida da estrutura). Nessas combinações todas as ações variáveis
devem ser consideradas com seus valores quase permanentes
qk2
Fψ
, sendo:
∑∑
+=
qjk2jgikserd,
FψFF
(2.8)
onde:
serd,
F é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
gik
F é o valor característico das ações permanentes;
2
ψ
é o fator de redução de combinação quase permanente para estado limite de
serviço.
A NBR 6118:2003, para a verificação do estado limite de deformações
excessivas em lajes, permite que as flechas sejam avaliadas no estádio I admitindo
comportamento elástico e linear do concreto e aço quando os esforços forem menores
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_____________________________________________________________________________
59
que aquele que dá inicio à fissuração, e no estádio II quando o ultrapassarem, e nesse
caso é utilizado o conceito de rigidez equivalente. Para uma avaliação aproximada da
flecha imediata em vigas e em lajes, para a determinação da rigidez equivalente, pode-
se utilizar a seguinte expressão:
ccsII
3
a
r
c
3
a
r
cseq
IEI
M
M
1I
M
M
EI)(E
+
=
(2.9)
onde:
c
I é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
II
I é o momento de inércia da seção fissurada de concreto no estádio II, calculado
com
csse
/EEα = ;
a
M é o momento fletor na seção crítica do vão considerado;
r
M é o momento de fissuração do elemento estrutural, apresentado anteriormente;
para barras lisas, deve ser reduzido à metade;
MPa) (em f56000,85E
ckcs
= , é o modulo de elasticidade secante do concreto.
Conforme a NBR 6118:2003, a flecha adicional diferida, decorrente das
ações de longa duração em função da fluência, pode ser calculada de maneira
aproximada pela multiplicação da flecha imediata pelo fator
f
α dado pela seguinte
expressão:
'ρ051
∆ξ
α
f
+
=
(2.10)
onde:
d
b
A
ρ'
'
s
=
, é a taxa geométrica da armadura longitudinal de compressão;
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_____________________________________________________________________________
60
)ξ(tξ(t)∆ξ
0
= ; ξ é um coeficiente função do tempo, que pode ser obtido
diretamente da tabela 2.10, ou calculado pelas expressões seguintes:
meses70tparat0,9960,68(t)ξ
0,32t
= ;
meses70tpara2(t)ξ =
.
sendo:
t é o tempo, em meses quando se deseja o valor da flecha imediata;
0
t é a idade, em meses, relativa à data de aplicação da ação de longa duração. No caso
de parcelas da ação de longa duração serem aplicadas em idades diferentes, pode-se
tomar para
0
t o valor ponderado a seguir:
i
0ii
0
PΣ
tPΣ
t
=
(2.11)
onde:
i
P representa as parcelas de ação;
0i
t é a idade em que se aplicou cada parcela
i
P , em meses.
TABELA 2.10 Valores do coeficiente ξ em função do tempo
Tempo (t)
meses
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 70
Coeficiente
ξ (t)
0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
O valor da flecha total no tempo infinito (
t,
a ) deve ser obtido
multiplicando a flecha imediata por (
f
α1+ ). Assim:
)α(1aa
ft,0t,
+=
(2.12)
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_____________________________________________________________________________
61
Dentre as providências que podem ser tomadas para limitar as
deformações transversais, citam-se as indicadas em BRANDÃO & PINHEIRO (1999):
aumentar a rigidez do elemento, adotando valores baixos de esbeltez, dada pela relação
λ/h; aumentar a área da seção da armadura, o que contribui para aumentar a rigidez,
porém, em proporções menores do que o aumento produzido pelo incremento da altura
das peças; prever, sempre que possível, sistemas estáticos que impeçam a rotação nos
apoios, por meio, por exemplo, do engastamento proporcionado pela continuidade dos
elementos; na construção da estrutura, tendo em vista a qualidade do concreto
produzido, adotar procedimentos adequados para o seu preparo (seleção de materiais,
dosagem e mistura), manuseio (transporte, lançamento e adensamento) e tratamento
posterior à concretagem (cura); promover uma cura cuidadosa, de modo a garantir um
alto grau de hidratação do cimento e, por conseguinte, maior resistência e módulo de
elasticidade do concreto; finalmente, evitar descimbramento prematuro de modo a
permitir que o concreto adquira resistência suficiente para que possa receber o
carregamento, sem apresentar deformações iniciais excessivas.
No capítulo 6 deste trabalho serão apresentados exemplos em que se
verifica o estado limite de deformações excessivas em lajes nervuradas de concreto
armado, estimando os deslocamentos transversais admitindo comportamento não linear
para o concreto, ou seja, levando em consideração os efeitos da fissuração e fluência do
concreto, seguindo as recomendações propostas pela NBR 6118:2003.
CAPÍTULO 3
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS LAJES
NERVURADAS MOLDADAS NO LOCAL DE CONCRETO
ARMADO
3.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Entende-se por lajes nervuradas moldadas no local (“in loco”) aquelas
construídas em toda a sua totalidade na própria obra, com as nervuras e mesa (ou mesas)
que as constituem fundidas na posição definitiva em que serão utilizadas; as nervuras
normalmente são inferiores à mesa, e podem ser posicionadas em uma (laje nervurada
unidirecional) ou em duas direções (laje nervurada bidirecional). A construção deste
tipo de lajes basicamente envolve a utilização de concreto, aço para concreto armado,
fôrmas (de madeira, metálicas ou de polipropileno), materiais de enchimento (materiais
leves como tijolos cerâmicos vazados, blocos de concreto celular ou de poliestireno
expandido, etc.), cimbramento (de madeira ou metálico) e mão-de-obra.
Conforme mencionado anteriormente, o meio técnico tradicionalmente
apresentou grande resistência ao emprego deste tipo de lajes em virtude do alto
consumo de fôrmas exigido na sua construção. Sobretudo pela criação de novos
materiais e métodos construtivos, hoje, este panorama está se modificando; atualmente,
estas lajes estão cada vez mais presentes na construção de pavimentos de edifícios de
múltiplos pisos com estruturas em concreto armado.
No projeto dessas lajes, como também na sua construção, existem várias
particularidades cujo conhecimento é essencial para que se obtenha uma estrutura que
atenda satisfatoriamente as exigências de economia, qualidade, durabilidade, rigidez
adequada, segurança, etc.
Neste capítulo apresentam-se considerações gerais quanto aos tipos, às
características, ao funcionamento e comportamento estrutural, à vinculação, ao cálculo,
ao detalhamento, e aos materiais e métodos usualmente empregados na construção de
lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado. Apresentam-se, também, as
recomendações gerais propostas pela NBR 6118:2003 e as principais recomendações
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
64
dadas pelos demais autores pesquisados para este tipo de lajes. Finalmente, são
fornecidos roteiros com indicações gerais sobre o projeto e construção dessas lajes.
3.2 TIPOS DE LAJES
As lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado podem ser
classificadas de diversas maneiras, sendo mais comum as que se referem à posição das
nervuras na laje, na seção transversal e em planta.
De acordo com a posição das nervuras na seção transversal da laje e com
a quantidade de mesas que utilizam, pode-se dividir estas lajes em três tipos: a dupla, a
invertida, e a normal (direta).
Na laje nervurada do tipo dupla as nervuras ficam situadas entre duas
mesas de concreto, uma inferior e a outra superior (figura 3.1). Nos espaços entre as
nervuras podem ser colocados materiais de enchimento, servindo simultaneamente de
fôrma para as nervuras e para a mesa superior, ou então estes espaços podem
permanecer vazios, sendo necessário nesse caso utilizar fôrmas, as quais serão perdidas.
Por ser de difícil construção, este tipo de laje está praticamente em desuso atualmente.
mesa superior
mesa superior
mesa superior
vazio
vazio
vaziovazio
vazio
vaziovazio
vazio
vazio vazio
vazio
vazio
nervura
nervura
nervuramesa inferior
mesa inferior
mesa inferior
FIGURA 3.1. Laje nervurada dupla
Na laje nervurada do tipo invertida as nervuras são superiores, existindo
uma mesa inferior de concreto (figura 3.2). Neste tipo de laje os espaços entre as
nervuras normalmente permanecem vazios, com as nervuras aparentes, exigindo
portanto a presença de fôrma para moldar tanto a mesa como as nervuras. A utilização
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
65
deste tipo de laje é restrita para casos de lajes em balanços, em que os momentos
fletores são negativos. Por ser de difícil construção, a exemplo da laje nervurada do tipo
dupla, hoje, este tipo de laje está praticamente em desuso.
vazio
vazio
vazio vazio
vazio
vazio vazio
vazio
vazio vazio
vazio
vazio
nervura
nervura
nervura
mesa
mesa
mesa
FIGURA 3.2. Laje nervurada invertida
A laje nervurada do tipo normal (direta) é aquela em que as nervuras são
inferiores, possuindo uma mesa superior de concreto (figura 3.3). Neste tipo de laje os
espaços entre as nervuras podem ser ocupados por algum material de enchimento sem
função estrutural e que irá permanecer no local, servindo de fôrma para a mesa e para as
faces laterais das nervuras, ou podem permanecer vazios, exigindo-se nesse caso a
utilização de fôrmas de madeira, de polipropileno ou de qualquer outro material. Este é
o tipo de laje nervurada moldada no local de uso mais freqüente, e será o estudado neste
texto. Assim, a partir deste momento qualquer referência feita às lajes nervuradas
moldadas no local de concreto armado diz respeito às do tipo normal.
mesa
mesa
mesa
nervura
nervura
nervura
vazio
vazio
vaziovazio
vazio
vazio vazio
vazio
vaziovazio
vazio
vazio
FIGURA 3.3. Laje nervurada normal (direta)
De acordo com a posição em planta das nervuras, por sua vez, as lajes
nervuradas moldadas no local de concreto armado são divididas em dois tipos: as
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
66
armadas em uma direção, também chamadas de lajes nervuradas unidirecionais, e as
armadas em duas direções, também chamadas de lajes nervuradas bidirecionais.
Nas lajes nervuradas armadas em uma direção as nervuras normalmente
são dispostas na direção do menor vão teórico, e admite-se que apresentam
comportamento estrutural de vigas simplesmente apoiadas; dependendo das dimensões
deste vão, utiliza-se nervuras transversais (nervuras na direção do maior vão teórico)
com a função de travamento das nervuras principais. Quando existem ações
concentradas ou parcialmente distribuídas (peso de paredes, por exemplo) nessas lajes,
com a função de distribuí-las entre as nervuras principais, também utiliza-se nervuras
transversais.
As lajes nervuradas armadas em uma direção devem ser usadas quando a
relação entre a dimensão do maior e do menor vão teórico da laje é superior a dois. A
figura 3.4 mostra o exemplo de um pavimento de 20 m x 6 m com laje nervurada
armada em uma direção, apoiada em vigas, e com uma nervura transversal.
y = 20 mλ
y = 20 mλ
λ
y = 20 m
PILAR
PILAR
V
I
G
A
PILAR
PILAR
V
I
G
A
V
I
G
A
PILAR
PILAR
VIGA
VIGA
VIGA
VIGA
VIGA
VIGA
PILAR
PILAR
x
=
6
m
λ
V
I
G
A
PILAR
PILAR
x
=
6
m
λ
V
I
G
A
V
I
G
A
λ
x
=
6
m
PILAR
PILAR
y >>
y >>
y >>
λ
λ
λλx
λx
x
λ
FIGURA 3.4. Pavimento com laje nervurada armada em uma direção
O cálculo dos esforços solicitantes (momento fletor e força cortante) e
dos deslocamentos transversais para as lajes nervuradas armadas em uma direção
normalmente é feito considerando as nervuras como um conjunto de vigas paralelas que
trabalham praticamente independentes, adotando-se a seção transversal em forma de
“T” para as mesmas; normalmente não se considera a continuidade entre lajes vizinhas,
analisando as nervuras como vigas simplesmente apoiadas nas extremidades.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
67
As lajes nervuradas armadas em duas direções, por sua vez, devem ser
usadas quando a relação entre a dimensão do maior e do menor vão teórico da laje não é
superior a dois. Com isso há uma diminuição dos esforços solicitantes, deformações
transversais e uma distribuição das ações em todas as quatro vigas ou paredes de
contorno, caso estas sejam os apoios da laje; se nas duas direções da laje o espaçamento
entre as nervuras for o mesmo ou então se o numero de nervuras forem iguais,
dependendo apenas das dimensões dos vão teóricos da laje as vigas ou paredes de
contorno podem estar submetidas a ações da mesma ordem de grandeza.
No caso de serem apoiadas em vigas ou em paredes, neste tipo de laje
costuma-se dispor as nervuras paralelas às direções destes apoios, e geralmente
ortogonais entre si (figura 3.5).
VIGA
PILAR
PILAR
VIGA
PILAR
V
I
G
A
PILAR
V
I
G
A
PILARPILAR
VIGA
V
I
G
A
PILAR
V
I
G
A
PILAR
VIGA
PILARPILAR
VIGA
V
I
G
A
PILAR
V
I
G
A
PILAR
VIGA
FIGURA 3.5. Laje nervurada armada em duas direções (nervuras ortogonais)
Embora alguns livros mais antigos, como ROCHA (1975) e GUERRIN
(1980), destaquem sobre a possibilidade da utilização de lajes nervuradas armadas em
duas direções com nervuras enviesadas (figura 3.6), as possíveis vantagens estruturais
obtidas com o emprego deste tipo de estrutura certamente não compensam as
dificuldades encontradas na sua construção, e portanto acredita-se que a sua utilização
deva ocorrer apenas nos casos em que haja exigência arquitetônica, com as nervuras
ficando aparentes.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
68
V
I
G
A
V
I
G
A
VIGA
PILARPILAR
PILAR
VIGA
PILAR
PILAR PILAR
VIGA
V
I
G
A
V
I
G
A
PILAR
VIGA
PILAR
PILAR PILAR
VIGA
V
I
G
A
V
I
G
A
PILAR
VIGA
PILAR
FIGURA 3.6. Laje nervurada armada em duas direções (nervuras enviesadas)
Um processo que normalmente se emprega para o cálculo dos esforços
solicitantes e dos deslocamentos transversais para as lajes nervuradas armadas em duas
direções é o da grelha equivalente, também conhecido como processo de Analogia de
Grelha. Neste processo a laje nervurada armada em duas direções é substituída por uma
grelha equivalente, onde as nervuras fazem o papel das barras dessa grelha. Para utilizar
este processo, em virtude do grande número de nervuras que estas lajes normalmente
apresentam, tendo-se assim grelhas com grande número de nós e de barras, é necessário
o emprego de um programa computacional, devendo-se fornecer as características
geométricas dos elementos (barras da grelha), as propriedades mecânicas do concreto
(módulos de elasticidade transversal e longitudinal), e também as ações atuantes; assim,
deve-se ter uma estimativa dos esforços para pré-dimensionar a estrutura antes do
cálculo computacional. Deve-se ressaltar ainda que neste processo pode-se considerar as
vigas de contorno da laje, caso este seja o tipo de apoio utilizado, deformáveis
verticalmente.
Por outro lado, diversas referências bibliográficas destacam que as lajes
nervuradas armadas em duas direções podem ser analisadas admitindo-as, por
simplificação, como lajes maciças, dentre as quais algumas mais antigas e a própria
NBR 6118:2003.
ROCHA (1975) destaca que para lajes nervuradas armadas em duas
direções com espaçamento entre nervuras não superior a 60 cm o cálculo dos esforços
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
69
solicitantes e dos deslocamentos transversais pode ser feito como laje maciça,
utilizando-se tabelas elaboradas a partir do emprego da teoria das placas delgadas. Este
autor apresenta ainda alguns outros processos simplificados de cálculo, o que tamm é
feito por GUERRIN (1980).
LEONHARDT & MÖNNIG (1978) salientam que nas lajes nervuradas
armadas em duas direções os esforços solicitantes nas nervuras podem ser determinados
pela Teoria das Placas, mas sem a consideração da rigidez à torção.
Desde que a distância entre eixos de nervuras não ultrapasse 110 cm e
sejam respeitadas algumas recomendações quanto a dimensões da mesa e das nervuras,
a NBR 6118:2003 permite calcular os esforços solicitantes em lajes nervuradas como se
fosse placa elástica de espessura constante, ou seja, como laje maciça.
Entretanto, em razão das nervuras apresentarem pequena rigidez à torção,
diferentemente das lajes maciças, os esforços solicitantes obtidos considerando o
cálculo como laje maciça são em geral menores que os obtidos com o modelo de grelha.
Para corrigir esta imprecisão HAHN (1972) recomenda que os esforços encontrados
considerando a laje nervurada como maciça (placa) devem ser multiplicados pelo
coeficiente δ dado por:
+
=
4
2
ε1
ε
6
5
1
1
δ
(3.1)
sendo
λ==ε /1/
yx
λλ
, com λ
x
e λ
y
a dimensão do menor e do maior vão teórico da
laje, respectivamente.
CARVALHO & FIGUEIREDO FILHO (2001) apontam que esta
expressão conduz a um valor elevado, geralmente muito a favor da segurança; estes
autores recomendam que a laje nervurada armada em duas direções seja calculada como
laje maciça apenas na fase de pré-dimensionamento, em que se deseja apenas uma
estimativa inicial das dimensões da seção transversal da laje, e que para o cálculo
definitivo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais seja empregado o
processo de analogia de grelha ou então outros métodos de cálculo.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
70
Atualmente, um outro método que têm sido muito utilizado para o
cálculo das lajes nervuradas armadas em duas direções é o dos elementos finitos (MEF).
Muitos projetistas e pesquisadores que utilizam programas com base em elementos
finitos têm tratado estas lajes como se fossem lajes maciças de mesma rigidez à flexão.
Como exemplo pode-se citar o estudo feito por BARBIRATO (1997); para não se
considerar a rigidez à torção, o autor considerou o módulo de deformação transversal do
concreto, G, correspondente a 1% do valor calculado pela equação obtida pela teoria
clássica da elasticidade.
3.3 VINCULAÇÃO DAS LAJES
As lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado podem ser
apoiadas em paredes de concreto ou de alvenaria estrutural (apoio contínuo), em vigas
(apoio contínuo) ou diretamente em pilares (apoios discretos).
No caso de serem apoiadas em paredes ou vigas, estas lajes podem ter
bordas simplesmente apoiadas ou engastadas. A figura 3.7 mostra uma laje nervurada
armada em duas direções com bordas simplesmente apoiadas.
PILAR
VIGA
PILAR
PILAR
VIGA
PILAR
PILAR
VIGA
PILAR
ESQUEMA ESTÁTICO
ESQUEMA ESTÁTICO
ESQUEMA ESTÁTICO
VIGA
PILAR
V
I
G
A
VIGA
PILAR
V
I
G
A
V
I
G
A
PILAR
VIGA
E
S
Q
U
E
M
A
E
S
T
Á
T
I
C
O
PILAR
E
S
Q
U
E
M
A
E
S
T
Á
T
I
C
O
PILAR
PILAR
E
S
Q
U
E
M
A
E
S
T
Á
T
I
C
O
V
I
G
A
V
I
G
A
V
I
G
A
FIGURA 3.7. Laje nervurada com bordas simplesmente apoiadas
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
71
Entretanto, para que uma laje nervurada possa ser admitida engastada no
contorno pode ser necessário criar uma mesa de compressão inferior, sendo que neste
caso a concretagem deverá ser feita em pelo menos duas etapas. Outra solução é
eliminar, nas regiões do contorno, o material de enchimento, criando-se aí uma região
maciça; embora se saiba dos benefícios da continuidade, redução dos momentos fletores
positivos e dos deslocamentos transversais, deve-se ressaltar que estas duas soluções,
mostradas nas figuras 3.8 e 3.9, podem acarretar, dependendo da situação, grande
aumento do peso próprio da estrutura, do consumo de fôrmas, e também dos serviços a
serem feitos. É importante destacar, ainda, que no caso das lajes isoladas, ao engastá-las
no contorno, surgirão momentos torsores nas vigas de apoio.
Caso não se queira considerar a continuidade (contorno engastado) entre
duas lajes vizinhas (lajes que têm trechos contíguos), preferindo analisá-las como lajes
isoladas e simplesmente apoiadas em seus contornos e, portanto, não necessitando criar
nem a mesa de compressão inferior ou o trecho maciço, na região da face comum deve
ser colocada uma armadura construtiva, negativa, para evitar fissuras com aberturas
exageradas na mesa de concreto.
PILAR
V
I
G
A
PILAR
mesa inferior
ESQUEMA ESTÁTICO
E
S
Q
U
E
M
A
E
S
T
Á
T
I
C
O
V
I
G
A
PILAR
PILAR
V
I
G
A
PILAR
PILAR
VIGA
VIGA
ESQUEMA ESTÁTICO
PILAR
V
I
G
A
PILAR
VIGA
VIGA
PILAR
PILAR
V
I
G
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PILAR
PILAR
V
I
G
A
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S
Q
U
E
M
A
E
S
T
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T
I
C
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mesa inferior
ESQUEMA ESTÁTICO
PILAR
V
I
G
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PILAR
VIGA
VIGA
PILAR
PILAR
V
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G
A
PILAR
PILAR
V
I
G
A
E
S
Q
U
E
M
A
E
S
T
Á
T
I
C
O
mesa inferior
FIGURA 3.8. Laje nervurada contínua com mesa de compressão inferior
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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72
ESQUEMA ESTÁTICO
VIGA
VIGA
PILAR
V
I
G
A
PILAR
trecho maciço
PILAR
PILAR
V
I
G
A
PILAR
PILAR
V
I
G
A
E
S
Q
U
E
M
A
E
S
T
Á
T
I
C
O
VIGA
VIGA
PILAR
V
I
G
A
PILAR
E
S
Q
U
E
M
A
E
S
T
Á
T
I
C
O
V
I
G
A
PILAR
PILAR
V
I
G
A
PILAR
PILAR
trecho maciço
ESQUEMA ESTÁTICO
VIGA
VIGA
PILAR
V
I
G
A
PILAR
E
S
Q
U
E
M
A
E
S
T
Á
T
I
C
O
V
I
G
A
PILAR
PILAR
V
I
G
A
PILAR
PILAR
trecho maciço
ESQUEMA ESTÁTICO
FIGURA 3.9. Laje nervurada contínua com trecho maciço
No caso de serem apoiadas diretamente em pilares (lajes nervuradas sem
vigas), com a finalidade de diminuir as tensões de cisalhamento e evitar a possibilidade
de puncionamento, na ligação entre estas lajes e os pilares devem ser criados os ábacos,
que são, como já mencionado, regiões maciças obtidas a partir do engrossamento da
laje; deve-se ressaltar que este tipo de apoio tem sido utilizado apenas para as lajes
nervuradas armadas em duas direções. Embora nos últimos anos tenha crescido no país
a utilização das lajes nervuradas sem vigas, sobretudo nos grandes centros urbanos, a
NBR 6118:2003, que entrou em vigor recentemente, não apresenta nenhuma
recomendação específica para este tipo de laje. Neste capítulo, mais adiante, serão
apresentadas algumas recomendações dadas pelas normas espanholas para as lajes
nervuradas sem vigas (dimensões limites, recomendações construtivas, etc.); essas
recomendações tem sido muito utilizadas pela maioria dos projetistas que fazem o uso
deste tipo de laje para pavimentos de edificações. A figura 3.10 mostra uma laje
nervurada armada em duas direções, sem vigas, apoiada diretamente em pilares, e com
ábacos.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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73
pilar
pilar
pilar
á
b
a
c
o
á
b
a
c
o
p
i
l
a
r
ábaco
p
i
l
a
r
ábaco
ábaco
p
i
l
a
r
á
b
a
c
o
PILAR
PILAR
PILARPILAR
PILAR
PILAR
PILAR
PILAR
PILARPILAR
PILAR
PILAR
FIGURA 3.10. Laje nervurada apoiada em pilares e com ábacos
3.4 MATERIAIS DE ENCHIMENTO
Nas lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado os espaços
entre as nervuras podem permanecer vazios, exigindo nesse caso a presença de fôrma
para moldar a mesa e as nervuras, ou então serem ocupados por algum tipo de material
de enchimento, inerte, sem função estrutural, e que irá permanecer no local após a
construção da laje.
Utilizando materiais de enchimento nos espaços entre as nervuras, além
de permitir um acabamento plano do teto, estes servirão de fôrma para a mesa da laje e
para as faces laterais das nervuras; nesse caso utiliza-se fôrma apenas para a face
inferior das nervuras, constituída normalmente de um tablado de madeira que é
sustentado por um cimbramento que pode ser em estrutura de madeira ou metálica, e
que também serve de apoio para os materiais de enchimento. Conforme mencionado
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
74
anteriormente, atualmente é mais freqüente o uso de cimbramento composto por
elementos metálicos.
É aconselhável que os materiais de enchimento utilizados na construção
dessas lajes sejam de peso próprio reduzido e mais barato em comparação com o
concreto. Entre os materiais de enchimento mais utilizados estão os tijolos cerâmicos
furados, tradicionalmente chamados de tijolos “baianos”, os blocos de concreto celular,
também conhecidos como blocos de aeroconcreto, e os blocos de poliestireno expandido
(conhecidos pela sigla EPS - isopor).
Os tijolos cerâmicos furados apresentam peso específico aparente não
muito elevado comparado com o do concreto armado, em torno de 13 kN/m³ segundo a
NBR 6120:1980. Devem apresentar o mínimo de resistência necessária para não se
quebrarem ao serem transportados até o local em que serão utilizados, e para suportar
o peso das pessoas e equipamentos que irão trafegar sobre os mesmos durante a etapa
em que serão colocados e também durante a concretagem da laje. Em virtude de
absorverem água com facilidade, devem ser bastante e constantemente molhados
durante a concretagem da laje, a fim de que não absorvam a água de amassamento do
concreto. São produzidos com poucas opções de dimensões, e não permitem que sejam
cortados, pois se quebrariam. Os tijolos cerâmicos furados mais empregados como
material de enchimento nas lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado são
os de oito furos (figura 3.11).
FIGURA 3.11. Tijolo cerâmico furado (de oito furos)
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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75
Os tijolos cerâmicos furados podem ser utilizados como material de
enchimento na construção de lajes nervuradas armadas em uma como também em duas
direções, porém, neste segundo caso, é importante destacar que é necessário tapar os
furos dos tijolos com jornal ou outro material (papelão, por exemplo), impedindo que o
concreto penetre nos mesmos durante a concretagem da laje, pois caso contrário haverá
um consumo maior de concreto.
Os blocos de concreto celular, por sua vez, são bastante leves, com peso
específico aparente variando entre 5 kN/m³ a 12 kN/m³ dependendo da sua composição,
pequeno em comparação com o do concreto armado, o que facilita o seu manuseio e
reduz o peso próprio da estrutura. O comércio disponibiliza estes blocos em diversas
medidas, uniformes, mas havendo a necessidade de outras, estes podem ser fabricados
com medidas sob encomenda; estes blocos permitem que sejam cortados facilmente
com serras mecânicas ou serrotes, não se quebrando. O concreto celular é um composto
leve formado a partir de uma mistura de areia média, cimento Portland, fibras de
polipropileno, água e pequenas bolhas de ar incorporadas uniformemente na massa, por
meio de uma espuma com uma densidade em torno de 80 g/
λ. É um material
homogêneo, de baixa condutividade térmica, de elevada fluidez, que possui excelentes
índices de isolamento térmico e acústico, e resistente (figura 3.12). Os blocos de
concreto celular podem ser utilizados como material de enchimento na construção de
lajes nervuradas armadas em uma como também em duas direções; atualmente, este é o
material de enchimento mais utilizado na construção dessas lajes.
FIGURA 3.12. Bloco de concreto celular
(www. ufmg.br)
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76
O bloco de EPS (poliestireno expandido, matéria plástica derivada do
petróleo - isopor), por sua vez, tem características muito favoráveis para utilização
como enchimento de lajes nervuradas. São bastante leves (com peso específico aparente
variando entre 0,13 kN/m³ a 0,25 kN/m³ dependendo da sua composição), o que facilita
o seu manuseio e reduz o peso próprio da estrutura, de baixa absorção de água, o que
permite uma cura do concreto melhor e mais rápida, proporcionam um bom isolamento
térmico e acústico, e são ainda fáceis de se cortar, não se quebrando. Estes blocos são
produzidos normalmente com as dimensões de 100 cm
× 100 cm × 400 cm, uniformes,
porém, de acordo com o projeto, podem ser cortados facilmente em blocos menores ou
fornecidos sob encomendas nos tamanhos necessários (figura 3.13). Os blocos de
poliestireno expandido podem ser utilizados como material de enchimento na
construção de lajes nervuradas armadas em uma como também em duas direções. Nas
lajes nervuradas com blocos de EPS o revestimento inferior da laje é feito do modo
tradicional, ou seja, com uma camada de chapisco e sobre esta uma camada de reboco;
na argamassa de chapisco recomenda-se adicionar algum tipo de adesivo à base de
resina acrílica, a fim de proporcionar melhor aderência entre esta e os blocos.
FIGURA 3.13. Blocos de poliestireno expandido (EPS - isopor)
(www. ufmg.br)
A figura 3.14 mostra seções transversais de lajes nervuradas do tipo
normal com estes três materiais de enchimento. Além desses três materiais, outros, por
exemplo tubos de papelão, também são utilizados como enchimento de lajes nervuradas
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
77
moldadas no local de concreto armado, porém em menor escala. A figura 3.15 mostra
uma laje nervurada moldada no local de concreto armado com tubos de papelão
utilizados como material de enchimento.
tijolo cerâmico furado
tijolo cerâmico furado
tijolo cerâmico furado
a) com tijolos cerâmicos de oito furos
bloco de concreto celular ou de poliestireno expandido (EPS)
bloco de concreto celular ou de poliestireno expandido (EPS)
bloco de concreto celular ou de poliestireno expandido (EPS)
b) com blocos de concreto celular ou de poliestireno expandido (EPS)
FIGURA 3.14. Seção transversal de laje nervurada com materiais de enchimento
normalmente empregados
FIGURA 3.15. Laje nervurada com tubos de papelão como material de enchimento
(www. dimibu.com.br)
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78
3.5 FÔRMAS DE POLIPROPILENO
Optando-se por permanecerem vazios os espaços entre as nervuras, há a
necessidade de se utilizar fôrma em toda a laje (face inferior da mesa e faces laterais e
inferior das nervuras). Neste caso normalmente vinha se utilizando fôrmas de madeira,
porém, por causa dos altos custos deste material, atualmente têm-se optado pela
utilização de fôrmas de polipropileno (“cabacinhas”), reaproveitáveis; essas fôrmas são
encontradas com variadas dimensões em planta e alturas (diversos moldes), são
reforçadas internamente, e proporcionam uma ótima precisão nas dimensões e
acabamento. Elas são leves e de fácil manuseio, e são colocadas diretamente sobre o
escoramento, dispensando assoalho para a construção da laje.
A desforma é simples e manual, sem a necessidade de uso de ar
comprimido, o que resulta estruturas com ótimo acabamento, dispensando muitas vezes
revestimentos, pinturas, etc. Na grande maioria das situações a redução no custo final da
estrutura é significativa, quando comparado com os processos construtivos
convencionais. Atualmente existem empresas que alugam essas fôrmas e também
sistemas de escoramento próprio para as mesmas, normalmente compostos por
elementos metálicos. Ao contrário do que ocorre quando se utiliza entre as nervuras
algum tipo de material de enchimento, essas fôrmas não incorporam peso à laje,
conduzindo a estruturas mais leves e conseqüentemente a ações menores nas fundações.
A figura 3.16 mostra o detalhe de alguns tipos de moldes dessas fôrmas.
FIGURA 3.16. Detalhe de moldes de fôrmas de polipropileno
(www.atex.com.br)
O ideal é que as fôrmas de polipropileno sejam utilizadas em pavimentos
onde não exista restrição em relação às nervuras e aos espaços vazios entre estas
ficarem aparentes. No caso de utilizar estas fôrmas e desejar esconder as nervuras e os
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79
espaços vazios entre as mesmas, pode-se utilizar placas de gesso ou de outro material
que se fixam na própria laje, normalmente na face inferior das nervuras, conforme
indicado na figura 3.17; estas placas normalmente são caras, e o seu uso contribui para o
aumento nos custos da construção do pavimento.
vazio
vazio
vazio vazio
vazio
vazio vazio
vazio
vaziovazio
vazio
vazio
placa de gesso ou de outro material
placa de gesso ou de outro material
placa de gesso ou de outro material
FIGURA 3.17. Seção transversal de laje nervurada com placas escondendo as
nervuras e os espaços vazios entre estas
A figura 3.18 mostra o exemplo de um pavimento com laje nervurada
moldada no local de concreto armado apoiada diretamente em pilares que foi construída
utilizando fôrmas de polipropileno e em que as nervuras estão aparentes.
FIGURA 3.18. Laje nervurada construída com fôrmas de polipropileno
(www.atex.com.br)
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80
3.6 ARMADURAS NECESSÁRIAS
Nas lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado as armaduras
necessárias são colocadas nas nervuras e na mesa da laje. Nas nervuras dispõe-se uma
armadura longitudinal e, caso seja necessária, uma armadura transversal. Na mesa da
laje dispõe-se uma armadura de distribuição e, nos casos em que for necessária, em
apenas algumas regiões da mesa, uma armadura superior (armadura negativa).
A armadura longitudinal das nervuras normalmente é montada
utilizando-se barras, as quais são colocadas na parte inferior das nervuras para resistir as
tensões de tração por ação de momentos fletores positivos; essa armadura deve ser
posicionada retilínea.
A armadura transversal das nervuras, quando necessária, com a função
de resistir às tensões de cisalhamento por ação de forças cortantes, é constituída
normalmente de estribos simples fechados; os estribos são colocados ao longo de todo o
comprimento da nervura, mantendo-se entre eles o espaçamento necessário previsto em
projeto. Quando se empregam os estribos é necessário dispor na parte superior das
nervuras uma armadura construtiva (porta estribos) na qual os estribos são amarrados
por meio de arame, auxiliando no seu posicionamento, impedindo que se movimentem
durante a concretagem da laje; essa armadura deve ser posicionada longitudinalmente,
retilínea. Neste capítulo 5, mais adiante, apresentam-se as condições necessárias
exigidas pela NBR 6118:2003 para a dispensa da armadura transversal neste tipo de
lajes.
A armadura de distribuição, colocada na mesa da laje nas direções
transversal e longitudinal, próximo à sua face inferior, com a função de distribuição das
tensões oriundas de ações aplicadas concentradas na laje e para o controle da fissuração,
pode ser montada utilizando-se tela soldada (armadura composta por fios, pré-fabricada)
ou barras; embora o emprego de tela soldada permita maior rapidez na montagem dessa
armadura, ainda é mais freqüente o uso de barras.
A armadura superior (armadura negativa), quando necessária, por
exemplo quando se pretende a continuidade entre lajes vizinhas (lajes contíguas), pode
ser montada utilizando-se tela soldada (composta por fios) ou barras; a exemplo da
armadura de distribuição, o uso de barras é mais freqüente na montagem dessa
armadura. Essa armadura é colocada na mesa da laje, próximo à sua face superior, sobre
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_____________________________________________________________________________
81
os apoios intermediários da laje, com a função de resistir às tensões de tração por ação
de momentos fletores negativos que aí ocorrem; conforme mencionado anteriormente,
caso não se considere a continuidade entre duas lajes vizinhas, preferindo analisá-las
como lajes isoladas simplesmente apoiadas em seu contorno, essa armadura é apenas
construtiva, colocada nessa mesma região para evitar fissuras com aberturas exageradas
da mesa de concreto.
As recomendações gerais dadas pela NBR 6118:2003 para as lajes de
concreto armado quanto ao detalhamento das armaduras (valores máximos e mínimos
das áreas das seções das armaduras, espaçamento máximo entre barras e entre estribos,
diâmetro máximo de barras, armaduras em bordas livres e aberturas, etc.) foram
apresentadas no capítulo 2. A figura 3.19 mostra a seção transversal de uma laje
nervurada do tipo normal com as armaduras mencionadas anteriormente, exceto a
armadura superior (armadura negativa).
armadura de distribuição
nervura
vazio
construtiva (porta estribos)
armadura longitudinal
principal da nervura
armadura longitudinal
mesa
vazio
da nervura (estribos)
armadura transversal
vaziovazio
construtiva (porta estribos)
vaziovazio
mesa
armadura longitudinal
principal da nervura
armadura longitudinal
vazio
armadura transversal
da nervura (estribos)
vazio
nervura
armadura de distribuição
construtiva (porta estribos)
vaziovazio
mesa
armadura longitudinal
principal da nervura
armadura longitudinal
vazio
armadura transversal
da nervura (estribos)
vazio
nervura
armadura de distribuição
FIGURA 3.19. Seção transversal de laje nervurada com armaduras
3.7 PRESCRIÇÕES NORMATIVAS
Para o correto projeto e construção das lajes nervuradas moldadas no
local de concreto armado, uma série de recomendações prescritas pelas normas vigentes
deve ser atendida. Para este tipo de lajes, a seguir, são apresentadas as recomendações
gerais dadas pela NBR 6118:2003 e as principais recomendações dadas por outros
autores pesquisados (normas internacionais).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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82
3.7.1 Prescrições da NBR 6118:2003
As principais recomendações dadas pela NBR 6118:2003 para as lajes
nervuradas moldadas no local de concreto armado, sem distinção se armadas em uma ou
duas direções, são apresentadas a seguir.
3.7.1.1 Dimensões limites
A NBR 6118:2003 prescreve que para o projeto das lajes nervuradas
devem ser obedecidas as seguintes condições:
a)
a espessura da mesa (
f
h ), quando não houver tubulações horizontais embutidas,
deve ser maior ou igual a 1/15 da distância entre nervuras e não menor que 3 cm;
b)
quando existirem tubulações embutidas de diâmetro máximo 12,5 mm, o valor
mínimo absoluto da espessura da mesa (
f
h ) deve ser de 4 cm;
c)
a espessura das nervuras (
w
b ) não deve ser inferior a 5 cm;
d)
nervuras com espessura menor que 8 cm não devem conter armadura de
compressão;
e)
para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm, pode
ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do cisalhamento
na região das nervuras, permite-se utilizar os critérios de laje;
f)
para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm, exige-se
a verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento
como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento entre eixos de
nervuras for até 90 cm e a largura média das nervuras for maior que 12 cm;
g)
para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110 cm, a
mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas, respeitando-
se os seus limites mínimos de espessura.
Na Figura 3.20, a seguir, representam-se algumas dessas recomendações
estabelecidas pela NBR 6118:2003 para as dimensões limites de lajes nervuradas.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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83
5 cmb
w
a b
w
5 cm
h
f
w
b5 cm
f
h
5 cm
w
b a
w
b5 cm
f
h
5 cm
w
b a
quando existirem tubulações embutidas de diâmetro 12,5 mm
quando existirem tubulações embutidas de diâmetro 12,5 mm
quando existirem tubulações embutidas de diâmetro 12,5 mm
quando não houver tubulações horizontais embutidas
quando não houver tubulações horizontais embutidas
quando não houver tubulações horizontais embutidas
4 cm
4 cm
4 cm
3 cm
a/15
3 cm
a/15
a/15
3 cm
f
h
h
f
h
f
h
f
h
f
f
h
FIGURA 3.20. Dimensões a observar na seção transversal de lajes nervuradas
conforme a NBR 6118:2003
É de se estranhar que a NBR 6118:2003 não recomede a presença de
nervuras transversais nas lajes nervuradas armadas em uma direção em nenhuma
situação, contrário do que fazia a NBR 6118:1980; ao nosso ver, dependendo das
dimensões do menor vão teórico da laje, deve-se utilizar nervuras transversais nas lajes
nervuradas armadas em uma direção com a função de travamento das nervuras
principais, ou ainda quando existirem ações concentradas ou parcialmente distribuídas
na laje (peso de paredes, por exemplo), nesse caso com a finalidade de distribuir estas
ações entre as nervuras principais.
3.7.1.2 Análise estrutural
Todas as prescrições relativas às estruturas de elementos de placa (laje)
são válidas desde que sejam obedecidas as condições relacionadas no item anterior. De
acordo com a NBR 6118:2003, quando essas recomendações não forem verificadas,
deve-se analisar a laje nervurada considerando a mesa como laje maciça apoiada em
grelha de vigas.
Assim, é possível observar que a NBR 6118:2003, desde que observadas
algumas recomendações quanto às dimensões da mesa e das nervuras e também
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
84
espaçamento entre as nervuras, permite que as lajes nervuradas sejam calculadas como
se fosse placa elástica de espessura constante, ou seja, como laje maciça.
3.7.1.3 Verificação ao cisalhamento
A NBR 6118:2003 prescreve que as lajes nervuradas com espaçamento
entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm e as lajes maciças, podem prescindir de
armadura transversal para resistir as tensões de tração causadas pela força cortante
quando o valor solicitante de cálculo obedecer à expressão:
Rd1Sd
V V
(3.2)
em que:
Sd
V é a força cortante de cálculo;
Rd1
V é a resistência de cálculo ao cisalhamento.
A resistência de cálculo ao cisalhamento
Rd1
V , com o valor particular
para elementos sem armadura transversal, é dada por:
[]
db)ρ40(1,2kτV
w1RdRd1
+=
(3.3)
onde:
cinfctk,ctdRd
/γf0,25f0,25τ == ;
0,02
db
A
ρ
w
s1
1
= ;
1d)-(1,6k =
, com d em metros.
onde:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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85
Rd
τ é a tensão de cisalhamento resistente de cálculo limite, para que uma laje possa
prescindir de armadura transversal para resistir à força cortante;
ctd
f é a resistência de cálculo do concreto à tração;
infctk,
f é a resistência característica à tração do concreto com o valor inferior,
medido por ensaios de prismas à flexão (na falta de ensaios pode-se adotar
2/3
ckinfctk,
f21,0f = , com
ck
f em MPa );
s1
A é a área da armadura de tração que se estende até não menos que
necb,
d
λ
+
além da seção considerada, onde
necb,
λ
é o comprimento de ancoragem necessário;
w
b é a largura mínima da seção ao longo da altura útil d.
A verificação da compressão diagonal do concreto (bielas comprimidas)
em elementos sem armadura de cisalhamento, de acordo com a NBR 6118:2003, deve
ser feita comparando a força cortante solicitante de cálculo
Sd
V com a resistência de
cálculo
Rd2
V dada por:
d9,0bf5,0V
wcd1vRd2
α=
(3.4)
em que:
Rd2
V é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas
de concreto, em elementos sem armadura de cisalhamento;
5,0)200/f7,0(
ck1v
=α , com
ck
f em MPa;
/1,4f/γff
ckcckcd
=
= , é a resistência de cálculo do concreto à compressão.
Às lajes que necessitam de armadura transversal (armadura de
cisalhamento) para resistir as tensões de tração oriundas da força cortante, conforme a
NBR 6118:2003, aplicam-se os critérios estabelecidos por essa norma que tratam da
verificação do estado limite último de cisalhamento em elementos lineares com
d5b
w
< (vigas). Assim, a resistência do elemento estrutural, numa determinada seção
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
86
transversal, deve ser considerada satisfatória quando verificadas simultaneamente as
seguintes condições:
Rd2Sd
VV
(3.5)
swcRd3Sd
VVVV +=
(3.6)
onde:
Sd
V é força cortante solicitante de cálculo, na seção;
Rd2
V é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais
comprimidas de concreto, e determinada de acordo com processo indicado nessa
norma;
swcRd3
VVV += , é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração
diagonal, onde
c
V é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos
complementares ao de treliça e
sw
V a parcela resistida pela armadura transversal, e
determinada por processo indicado nessa norma.
Complementarmente a esse caso, a NBR 6118:2003 estabelece que a
resistência dos estribos pode ser considerada com os seguintes valores máximos, sendo
permitida interpolação linear:
250 MPa, para lajes com espessura até 15cm;
435 MPa (
ywd
f ), para lajes com espessura maior que 35cm.
3.7.1.4 Espaçamento máximo entre estribos
De acordo com a NBR 6118:2003, os estribos em lajes nervuradas
(armadura de cisalhamento), quando necessários, não não devem ter espaçamento
superior a 20 cm.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
87
3.7.2 Prescrições de Outros Autores (Normas Internacionais)
A seguir apresentam-se algumas recomendações dadas pelo
EUROCODE (1992) e pelas normas espanholas para as lajes nervuradas moldadas no
local de concreto armado.
3.7.2.1 Eurocode (1992)
De acordo com o EUROCODE (1992), uma laje nervurada pode ser
tratada como laje maciça quando:
as nervuras possuírem rigidez suficiente à torção;
a distância entre nervuras não ultrapassar 150 cm;
a espessura da mesa for maior ou igual a 5 cm ou 4 cm (quando existir bloco de
fechamento permanente entre as nervuras), ou maior que 1/10 da distância livre
entre nervuras.
3.7.2.2 Normas espanholas
Em REGALADO TESORO (1991) e MONTOYA et al. (2000)
encontram-se diversas recomendações das normas espanholas para as lajes nervuradas
moldadas no local sem vigas, entre as quais, as mais importantes, são apresentadas a
seguir:
Distância mínima entre os centros das nervuras: a 1,0 m; como valor de referência
é recomendado 80 cm nas duas direções.
Espessura mínima da mesa:
asconcentrad açõeshouver se cm 5
nervuras entre distânciamaior da 1/15
cm 3
h
f
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_____________________________________________________________________________
88
Altura mínima total:
maior vão do 1/30
cm 15
h
Largura das nervuras:
nervura da altura a é h ndeo ,4/h
nervuras entre distânciamaior da 1/7
laje da totalaltura a éh onde h/3,
cm 10
b
nn
w
As normas espanholas indicam que para pilares centrais a distância da borda do
ábaco até o centro do pilar não deverá ser menor que 0,15 do vão correspondente do
painel considerado, tal como mostra a figura 3.21.
0
,
1
5
0
,
1
5
0
,
1
5
1
1
1
1
1
1
λλ
λ
λ
λλ
0,15
0,150,15
λ
λλ
22
2
λ
λ
λ
2
22
FIGURA 3.21. Tamanho do ábaco para pilares centrais conforme as normas
espanholas
Quando o pilar é de borda e existe balanço, as normas espanholas nada indicam
sobre a dimensão que o ábaco deve possuir no sentido do balanço, mas por
precaução recomenda-se que ele tenha pelo menos a mesma dimensão que a parte
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
89
interna ou a metade do comprimento do balanço, o que for maior, tal como se indica
na figura 3.22; para balanços que não superem 1,0 m, é aconselhável projetar o
ábaco até a borda, como indicado na figura 3.23.
A 0,5 V
B
BA
A 0,5 V
B
BA
AB
B
0,5 VA
V
BAB
V
BAB
BAB
V
0,15
0,15
0,15
λλ
λ
λ
λλ
FIGURA 3.22. Tamanho do ábaco para pilares de borda conforme as normas
espanholas
B
V
0,15
1,0 m
B
V
0,15
1,0 m
1,0 m
0,15
V
B
λ
λ
λ
λ
λ
λ
V
V
VB
B
BB
B
B
FIGURA 3.23. Tamanho do ábaco para pilares de borda e com balanço menor que
1,0 m conforme as normas espanholas
A instrução espanhola EF-88 fixa dimensões mínimas de 25 cm × 25 cm para os
pilares; essas dimensões são para pilares centrais e com ações características
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
90
menores que 200 kN, desde que não existam aberturas muito próximas dos mesmos
de modo a interferir no perímetro de puncionamento da laje. Em caso contrário, os
pilares deverão ter no mínimo 30 cm
× 30 cm, dimensões estas que devem sempre
ser respeitadas se os pilares forem posicionados nas bordas ou nos cantos. Para vãos
em torno de 5 m a 6 m, os pilares de canto devem ser no mínimo de 40 cm
× 40 cm,
e os de borda de 40 cm
× 30 cm, sendo a dimensão maior paralela à borda da laje
(figura 3.24).
= 5 a 6 m
= 5 a 6 m
= 5 a 6 mλ
λ
λ
40 x 40 cm
40 x 40 cm
40 x 40 cm 30 x 40 cm
30 x 40 cm
30 x 40 cm
30 x 30 cm
30 x 30 cm
30 x 30 cm30 x 40 cm
30 x 40 cm
30 x 40 cm
FIGURA 3.24. Tamanho mínimo recomendado para pilares de lajes nervuradas
sem vigas conforme as normas espanholas
Em se tratando de pilares circulares, recomenda-se que o diâmetro mínimo dos
mesmos seja de 30 cm no caso de pilares centrais, de 35 cm no caso de pilares
intermediários e, de 40 cm, no caso de pilares de canto.
Aconselha-se que em todo o contorno da laje exista uma nervura com largura não
inferior a 25 cm nem à altura
h.
Aconselha-se que os balanços não tenham vãos maiores que dez vezes a altura h da
laje.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
91
As normas espanholas indicam que, no mínimo, deve haver seis nervuras em cada
direção em cada vão.
Na Figura 3.25 representam-se algumas das recomendações estabelecidas
pelas normas espanholas para as dimensões limites de lajes nervuradas moldadas no
local sem vigas.
f
b
w
b
a
3 cm
a /15
máx
f
b
w
b
a
3 cm
a /15
máx
b
f
máx
a /15
3 cm
a
b
w
10 cm
a /7
h/3
máx
1 m
10 h
h
25 cm
h
10 cm
a /7
h/3
máx
1 m
10 h
h
25 cm
h
h
25 cm
h
10 h
1 m
máx
h/3
a /7
10 cm
15 cm
15 cm
15 cm
λ
λλ
0,15
0,15
0,15
≥≥
0,15
0,15
0,15λλ
λ
λ
λλ
/30/30
/30
máx
máx
máx
FIGURA 3.25. Dimensões recomendadas para lajes nervuradas sem vigas
conforme as normas espanholas
3.8 INDICAÇÕES GERAIS SOBRE A CONSTRUÇÃO DE LAJES
NERVURADAS MOLDADAS NO LOCAL
A construção de pavimentos de edificações utilizando laje nervurada
moldada no local de concreto armado exige o desenvolvimento de várias etapas de
trabalho. Deve-se observar com atenção a colocação dos escoramentos, a montagem das
fôrmas (tablado que sustenta os elementos de enchimento ou fôrmas reaproveitáveis), a
colocação dos elementos de enchimento, caso existam, a montagem das instalações
prediais embutidas (elétricas, hidráulicas, etc.), a colocação das armaduras previstas no
projeto (armaduras das nervuras, armadura de distribuição na mesa, etc.), a limpeza das
fôrmas antes da concretagem, além dos cuidados inerentes ao lançamento, adensamento
e cura do concreto, e a retirada dos escoramentos. As etapas do processo construtivo de
pavimentos de edificações, utilizando lajes nervuradas moldadas no local de concreto
armado, podem ser enumeradas assim:
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_____________________________________________________________________________
92
Etapa 1: Colocação dos escoramentos
Nesta etapa inicialmente deve ser feito o nivelamento e o acerto do piso
(base) que serve de apoio para as escoras. O escoramento pode ser em estrutura de
madeira ou metálica, sendo este último o de uso mais freqüente atualmente na
construção de edificações de médio e grande porte; nas obras de pequeno porte ainda
predomina o uso de escoramento em estrutura de madeira. Nesta etapa ainda deverão ser
aplicadas as contraflechas, quando necessárias.
Quando se utiliza algum tipo de elemento de enchimento no espaço entre
as nervuras, o escoramento deste tipo de lajes é composto normalmente por pontaletes
(escoras), guias e travessões. Os pontaletes servem de apoio para as guias, estas para os
travessões, e estes para o tablado (compensados de madeira) que serve de apoio para os
elementos de enchimento.
Quando se utilizam fôrmas de polipropileno, o escoramento deste tipo de
lajes é composto normalmente por pontaletes, guias, travessões (também chamados de
barrotes neste caso) e travessas (tábuas de madeira). Os pontaletes servem de apoio para
as guias, estas para os barrotes, estes para as tábuas, e estas, finalmente, para as fôrmas
de polipropileno. Conforme mencionado anteriormente, atualmente existem empresas
que fornecem sistemas de escoramento próprio para estas fôrmas, normalmente em
estrutura metálica.
A figura 3.26 mostra exemplos de sistemas de escoramento de fôrmas de
polipropileno, ambos em estrutura metálica.
FIGURA 3.26. Exemplos de sistemas de escoramento de fôrmas de polipropileno
(www.atex.com.br)
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_____________________________________________________________________________
93
Etapa 2: Montagem das fôrmas
Quando se utiliza algum tipo de elemento de enchimento no espaço entre
as nervuras é necessário o emprego de uma estrutura auxiliar que sirva de fôrma apenas
para a face inferior das nervuras e de apoio para os elementos de enchimento; esta
estrutura auxiliar normalmente é constituída de um tablado de madeira (assoalho
composto por compensados de madeira) que é sustentado pelo cimbramento. Nesta
situação os elementos de enchimento servem de fôrma para a face inferior da mesa e
para as faces laterais das nervuras da laje, além de permitir um acabamento plano do
teto (sem espaços vazios).
No caso de se utilizar fôrmas de polipropileno, dispensa-se o tradicional
assoalho de madeira para a concretagem da laje. Essas fôrmas são leves, com peso
unitário aproximado variando de 3,0 kg a 12,5 kg dependendo das suas dimensões (do
tipo de molde), de fácil manuseio, e são colocadas diretamente sobre o escoramento; é
imprescindível não usar pregos para sua fixação. Nesse caso, conforme mencionado
anteriormente, não se obtém um acabamento plano do teto, e se esse for o aspecto
estético desejado, há a necessidade de utilizar placas de gesso ou de outro material para
esconder os espaços vazios entre as nervuras. A figura 3.27 mostra exemplos de
montagem dessas fôrmas.
FIGURA 3.27. Exemplos de montagem de fôrmas de polipropileno
(www.atex.com.br)
Quando são utilizadas fôrmas de polipropileno, nesta etapa também é
feita a colocação dos componentes das instalações prediais embutidas (elétricas,
hidráulicas, etc.), tais como tubulações elétrica e hidráulica, caixas de derivação, etc.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
94
Etapa 3: Colocação dos elementos de enchimento
Nesta etapa de trabalho, de início, em cada lado do painel de laje (no
contorno da laje), monta-se uma fila de elementos de enchimento, que servirão de
referência para a colocação dos demais elementos; os elementos de enchimento, que
servem simultaneamente de fôrma para a mesa da laje e para as faces laterais das
nervuras, são dispostos diretamente sobre o tablado de madeira que os sustenta. Na
figura 3.28 mostra-se o posicionamento de blocos de concreto celular em uma laje
nervurada moldada no local de concreto armado.
FIGURA 3.28. Posicionamento de blocos de concreto celular em uma laje
nervurada moldada no local de concreto armado
(www.ufmg.br)
Nesta etapa de trabalho também é feita a colocação dos componentes das
instalações prediais embutidas (tubulações, caixas de passagem, etc.).
Nas lajes nervuradas armadas em duas direções, empregando-se blocos
de concreto celular ou de poliestireno expandido como elementos de enchimento do
espaço entre as nervuras, com a finalidade de impedir que os mesmos se movimentem
durante a concretagem da laje, mantendo-se afastados uns dos outros e garantindo assim
as dimensões da seção transversal da laje (largura das nervuras, espaçamento entre
nervuras, etc.), é recomendado utilizar espaçadores de bloco (cruzeta de plástico) (figura
3.29); estes espaçadores são posicionados na intersecção das nervuras, entre os blocos
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
95
(figura 3.30). Estes espaçadores também se prestam como gabarito do espaçamento
entre blocos. Atualmente existem várias empresas que comercializam estes espaçadores.
FIGURA 3.29. Espaçador de blocos para laje nervurada moldada no local
(www.ufmg.br)
FIGURA 3.30. Espaçador de blocos posicionado na interseção das nervuras de
uma laje nervurada moldada no local
(www.ufmg.br)
Quando são utilizadas fôrmas de polipropileno, dispensa-se esta etapa de
trabalho.
Etapa 4: Colocação das armaduras
Após a colocação dos elementos de enchimento, ou então da montagem
das fôrmas de polipropileno, deve ser feita a colocação das armaduras necessárias da
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
96
laje; conforme já foi dito, as armaduras necessárias são colocadas nas nervuras e na
mesa da laje.
Caso não seja necessário utilizar armadura transversal nas nervuras,
primeiramente deve-se colocar a armadura longitudinal principal das nervuras, e na
seqüência a armadura de distribuição (na mesa da laje). A armadura superior (armadura
negativa, colocada na mesa da laje), quando prevista, deve ser colocada após a armadura
de distribuição.
Caso seja necessário utilizar armadura transversal nas nervuras,
empregando-se estribos abertos ou fechados para a mesma, estes devem ser amarrados
por meio de arame à armadura longitudinal principal da nervura e à armadura
longitudinal construtiva (porta estribos), formando um conjunto; este conjunto deve ser
montado fora das nervuras e, posteriormente, colocado nas mesmas.
É imprescindível que as armaduras da laje sejam montadas com seus
respectivos espaçadores (normalmente chamados de “pastilhas”), a fim de se garantir o
cobrimento mínimo necessário à proteção das mesmas contra corrosão; estes
espaçadores são normalmente feitos de argamassa de cimento e areia, e são amarrados
por meio de arame às barras das armaduras.
A figura 3.31 mostra o posicionamento das armaduras longitudinal e de
distribuição em lajes nervuradas com fôrmas de polipropileno.
a) armadura longitudinal das nervuras b) armadura de distribuição na mesa
FIGURA 3.31. Lajes nervuradas com fôrmas de polipropileno e armaduras
(www.atex.com.br)
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
97
Etapa 5: Limpeza das fôrmas antes da concretagem
Antes de proceder a concretagem da laje é importante que se faça uma
limpeza cuidadosa das fôrmas (tablado de madeira, elementos de enchimento, fôrmas de
polipropileno, fôrma das vigas), evitando-se a presença de substâncias como areia, pó,
terra, óleo, etc., e de restos de materiais (pedaços de madeira, de arame, etc.).
Etapa 6: Concretagem da laje
A concretagem da laje deve ser acompanhada de alguns cuidados:
é importante colocar passadiços de madeira para o trânsito dos trabalhadores e
transporte de concreto, impedindo que os elementos de enchimento colocados nos
espaços entre as nervuras, ou as fôrmas de polipropileno, sejam danificados;
instalar mestras (guias de madeira ou réguas metálicas) de concretagem para
“sarrafar” o concreto lançado;
antes da concretagem deve ser feito o umedecimento das fôrmas, exceção feita às de
polipropileno, evitando-se entretanto que haja água livre;
é imprescindível usar material desmoldante nas fôrmas de poliproplileno, para obter
uma desforma fácil e um melhor acabamento das superfícies das nervuras e da
superfície inferior da mesa da laje;
é recomendável que a concretagem seja feita de uma só vez, evitando-se criar juntas
de concretagem. Se for inevitável a criação de juntas de concretagem, sua
localização deve ser indicada pelo projetista;
garantir uma vibração adequada, utilizando-se vibradores de imersão.
Etapa 7: Cura
A fim de impedir o aparecimento de fissuras no concreto por retração,
logo após a concretagem da laje deve ser iniciada a cura. Normalmente é recomendado
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
98
molhar a superfície da laje de concreto durante pelo menos três dias após a
concretagem, várias vezes ao dia.
Etapa 8: Retirada das fôrmas e do escoramento
A retirada do escoramento deve seguir o funcionamento estrutural do
painel de laje. Assim, nos painéis de laje em que as nervuras trabalham simplesmente
apoiadas deve-se retirar as escoras do centro para as extremidades dos vãos, e nas lajes
em balanço da extremidade livre da laje para a extremidade apoiada. Nos edifícios de
múltiplos pavimentos o escoramento do piso inferior não deve ser retirado antes do
término da laje imediatamente superior. Normalmente é recomendado que a retirada do
escoramento não ocorra antes de pelo menos quatorze dias (duas semanas) contados
após a concretagem da laje. No caso de se utilizar fôrmas de polipropileno a desforma é
rápida, segura e simples, sendo realizada manualmente, sem a necessidade de uso de ar
comprimido.
3.9 INDICAÇÕES GERAIS SOBRE O PROJETO DE LAJES
NERVURADAS MOLDADAS NO LOCAL
De uma maneira geral, o projeto de lajes, assim como o de qualquer outro
elemento estrutural, consiste basicamente em pré-dimensionar as dimensões da seção
transversal, determinar as ações (carregamento) atuantes, efetuar o cálculo dos esforços
solicitantes (momentos fletores, esforços cortantes e, quando for o caso, momentos
torçores), dos deslocamentos e das reações de apoio, calcular e detalhar as armaduras
necessárias (longitudinal, transversal, etc.), e efetuar as verificações do estado limite de
serviço (deslocamentos e fissuração).
Conforme mencionado, as lajes nervuradas moldadas no local que mais
se empregam na construção de pavimentos de edifícios de concreto armado são aquelas
que se apóiam no seu contorno em apoios contínuos (vigas ou paredes). Para este tipo
de laje nervurada propõe-se o seguinte roteiro com indicações gerais sobre o cálculo e o
projeto:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
99
Etapa 1: Pré-dimensionamento das dimensões da seção transversal da laje
Inicialmente, dependendo da dimensão dos vãos teóricos da laje, opta-se
por utilizar laje armada em uma ou em duas direções; conforme já mencionado, as lajes
nervuradas armadas em uma direção devem ser usadas quando a dimensão de um dos
vãos teóricos da laje é bem maior que a do outro, enquanto que as lajes nervuradas
armadas nas duas direções devem ser usadas quando a relação entre a dimensão do
maior e do menor vão teórico da laje não é superior a dois.
Na seqüência, adotam-se as dimensões da seção transversal da laje
(largura das nervuras, espessura da mesa, altura total da laje, distancia entre eixos ou
faces de nervuras); é necessário e importante estimar as dimensões da seção transversal
da laje para a determinação da ação por causa do peso próprio estrutural, que é feita em
outra etapa do cálculo. Posteriormente ao cálculo dos esforços solicitantes e da
verificação dos deslocamentos transversais da laje, se necessário, essas dimensões são
alteradas, corrigindo-as.
A largura das nervuras (espessura das nervuras), a espessura da mesa
(altura da mesa) e a distância entre nervuras (entre eixos ou faces de nervuras) devem
ser arbitradas, principalmente, considerando as recomendações da NBR 6118:2003 para
as dimensões limites dessas lajes, em função do tipo e das dimensões do elemento de
enchimento a ser utilizado no espaço entre as nervuras, se for o caso, e também a partir
da experiência do projetista; a distância entre eixos de nervuras também pode ser
adotada em função do interesse de se empregar ou não armadura transversal na laje
(estribos a serem colocados nas nervuras), pois, como já comentado, dependendo desta
distância estas lajes são verificadas para tensões de cisalhamento como lajes maciças e,
desde que observado a condição necessária estabelecida pela NBR 6118:2003 para que
tal situação ocorra, podem prescindir de armadura transversal.
A altura da laje, por sua vez, é função do momento fletor no estado-limite
último ou da deformação-limite. Como na NBR 6118:2003 não existe recomendação
sobre a altura a ser adotada para lajes ou vigas antes que se proceda ao cálculo, apenas
como indicação, é sugerido estimar a altura da laje considerando a recomendação da
NBR 6118:1980 de que para vigas de seção retangular ou “T” e lajes maciças
retangulares de edifícios a altura útil
d (distância do centro de gravidade da armadura
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
100
longitudinal tracionada à fibra mais comprimida do concreto) a ser utilizada, para evitar
a verificação de deformação excessiva, pode ser determinada por meio da expressão
apresentada a seguir; após dimensionar a laje deve-se verificar o estado limite de
deformações excessivas de acordo com os critérios estabelecidos pela NBR 6118:2003,
é evidente.
32
d
ψψ
λ
(3.6)
em que:
λ dimensão do menor vão teórico da laje;
2
ψ
coeficiente dependente das condições de vinculação e dimensões da laje;
3
ψ
coeficiente dependente do tipo de aço.
Os valores de
2
ψ e
3
ψ
estão indicados nas tabelas 3.1, 3.2 e 3.3; vale
destacar que os valores de
2
ψ listados na tabela 3.2, indicados na NBR 6118:1980,
foram adaptados por vários autores, por exemplo PINHEIRO (1986) e SOUZA &
CUNHA (1994).
TABELA 3.1
Valores de
2
ψ para vigas e lajes armadas em uma direção
Vigas/Lajes
Valores de
2
ψ
Simplesmente apoiadas 1,0
Contínuas 1,2
Duplamente engastadas 1,7
Em balanço 0,5
Para a tabela 3.2, a seguir, são necessárias as seguintes observações:
-
y
λ
= dimensão do menor vão teórico da laje;
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
101
-
x
λ = dimensão do maior vão teórico da laje;
-
número superior:
2
ψ para
yx
λλ
= 1
-
número inferior:
2
ψ
para
yx
λλ
= 2, podendo usar-se para razão entre lados maior
que 2, exceto nos casos assinalados com asterisco;
-
para 1 <
yx
λλ
< 2: interpolar linearmente.
TABELA 3.2
Valores de
2
ψ para lajes armadas em duas direções
1,31,31,41,41,4
0,5
0,6
0,5
0,7
1,1
1,0
***
0,5
1,0
0,5
1,3
0,5
1,7
0,5
1,1
0,5
1,4
0,5
1,7
1,9
1,2
1,7
1,1
1,5
1,1
**
0,3
0,5
0,5
0,6
1,0
1,0
1,4
1,7
1,7
x
λ
λ
y
1,71,82,0
1,9
1,7
2,0
1,71,7
2,2
1,3
1,7
1,7
2,2
1,7
2,0
1,2
1,9
1,7
0,5
1,7
0,5
1,4
y
λ
λ
x
1,4 1,4 1,3 1,3
1,0
1,0
0,6
0,5
0,5
0,3
**
1,1
1,5
1,1
1,7
1,4
0,5
1,1
0,5
1,3
0,5
1,0
0,5
***
1,0
1,1
0,7
0,5
0,6
0,5
1,7
1,7
1,3
1,7
2,0
1,7
1,9
1,8 1,7
1,7
1,7
1,4
2,2
1,7
2,0
1,2
1,9
1,7
0,5
1,7
0,5
1,4
y
λ
λ
x
1,4 1,4 1,3 1,3
1,0
1,0
0,6
0,5
0,5
0,3
**
1,1
1,5
1,1
1,7
1,4
0,5
1,1
0,5
1,3
0,5
1,0
0,5
***
1,0
1,1
0,7
0,5
0,6
0,5
1,7
1,7
1,3
1,7
2,0
1,7
1,9
1,8 1,7
1,7
1,7
1,4
TABELA 3.3
Valores de
3
ψ
para vigas e lajes nervuradas
Aço
Valores de
3
ψ
CA-25 25
CA-50 17
CA-60 15
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
102
A partir do valor estimado para a altura útil d da laje, é possível avaliar a
altura total
h da laje. Para as lajes nervuradas armadas em duas direções a altura total h
da laje é avaliada somando-se ao valor estimado para a sua altura útil
d o cobrimento c
a ser considerado mais uma vez e meia o diâmetro
φ das barras que se supõe serem
utilizadas para montar a armadura longitudinal principal das nervuras (figura 3.32).
Assim, nesta situação, obtém-se para cálculo da altura total
h da laje a expressão:
c/2dh +φ+φ+=
(3.7)
c
d
h
c
h
d
c
h
d
FIGURA 3.32. Altura útil e altura total de laje nervurada moldada no local
armada em duas direções
Para as lajes nervuradas armadas em uma direção, por sua vez, a altura
total
h da laje é avaliada somando-se ao valor estimado para a sua altura útil d o
cobrimento
c a ser considerado mais metade do diâmetro φ das barras que se supõe
serem utilizadas para montar a armadura longitudinal principal das nervuras (figura
3.33). Assim, nesta situação, obtém-se para cálculo da altura total
h da laje a expressão:
c/2dh +φ+=
(3.8)
h
h
h
d
d
d
c
c
c
FIGURA 3.33. Altura útil e altura total de laje nervurada moldada no local
armada em uma direção
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
103
Considerando a possibilidade de ser necessário o uso de armadura
transversal nas nervuras, empregando-se estribos para a mesma, nas expressões
anteriores deve-se acrescentar, ainda, o diâmetro das barras que se supõe serem
utilizadas para montar os estribos ( estribo
φ
). Assim, nesta situação, obtém-se para
cálculo da altura total
h da laje as expressões:
cestribo /2dh +φ+φ+φ+= (para lajes nervuradas armadas em duas direções)
(3.9)
cestribo /2dh +
φ
+φ+= (para lajes nervuradas armadas em uma direção)
(3.10)
Caso sejam utilizadas fôrmas de polipropileno, as dimensões da seção
transversal da laje nervurada serão dadas em função das dimensões do molde disponível
comercialmente que se adota para estas fôrmas, portanto, pelo fabricante das fôrmas;
além dessas dimensões, para qualquer um dos moldes disponível, o fabricante indica,
ainda, as propriedades geométricas da seção transversal da laje (área da seção,
coordenadas do centro de gravidade, inércia, módulos de flexão), e o peso próprio
estrutural e o volume de concreto por metro quadrado de superfície da laje.
Etapa 2: Determinação das ações atuantes
As ações verticais normalmente consideradas no projeto dessas lajes,
permanentes e variáveis, são as seguintes:
peso próprio estrutural: é determinado a partir das dimensões assumidas na fase de
pré-dimensionamento da seção transversal da laje (distância entre eixos de nervuras,
largura das nervuras, espessura da mesa e altura total da laje) e do peso específico
do concreto armado (25 kN/m³, conforme indica a NBR 6120:1980). Normalmente
essa ação é admitida uniformemente distribuída na superfície da laje. Caso sejam
utilizadas fôrmas de polipropileno, como já mencionado, o fabricante das mesmas
fornece o valor dessa ação;
peso dos revestimentos (inferior, camada de regularização e superior): é avaliado em
função da espessura de cada camada de revestimento, com base no peso específico
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
104
aparente do material que as constituem; o peso de cada camada é obtido
multiplicando-se a espessura da mesma pelo peso específico aparente do material de
que ela é feita. Essa ação é admitida uniformemente distribuída na superfície da laje.
Na tabela 3.4 destaca-se o peso específico aparente de alguns materiais de
construção normalmente utilizados na execução das camadas de revestimentos das
lajes, indicados na NBR 6120:1980;
peso dos elementos de enchimento utilizados como fôrma: é avaliado em função das
dimensões do elemento de enchimento utilizado no espaço entre as nervuras, com
base no peso específico do material que o constitui; os materiais de enchimento
normalmente utilizados nas lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado,
com os respectivos pesos específicos aparentes, já foram apresentados no item 3.4
deste capítulo. Normalmente essa ação é admitida uniformemente distribuída na
superfície da laje. Caso sejam utilizadas fôrmas de polipropileno, estas não
incorporarão peso a laje em virtude de serem retiradas posteriormente a
concretagem da mesma;
carga acidental: refere-se a carregamentos de uso por pessoas, móveis,
equipamentos, etc.. Salvo casos especiais, essa ação deve ser admitida
uniformemente distribuída na superfície da laje, com valores mínimos
recomendados para cada local da edificação indicados na NBR 6120:1980; na tabela
3.5 destacam-se alguns desses valores.
TABELA 3.4 Peso específico aparente dos materiais de construção, indicados pela
NBR 6120:1980
Materiais
Peso específico
aparente (kN/m³)
Granito 28
Rochas
Mármore 28
Argamassa de cal, cimento e areia 19
Argamassa de cimento e areia 21
Argamassa de gesso 12,5
Concreto simples 24
Revestimentos e concretos
Concreto armado 25
Pinho, cedro 5
Imbuia 6,5
Madeiras
Ipê róseo 10
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
105
TABELA 3.5 Valores mínimos das ações variáveis normais para edificações
recomendados pela NBR 6120:1980
Local da edificação
Valor da ação
(kN/m²)
Dormitório, sala, copa, cozinha e banheiro de edifícios residenciais 1,5
Área de serviço, lavanderia e despensa de edifícios residenciais 2,0
Forros não destinados a depósitos e sem acesso público 0,5
Dependências de escritórios 2,0
Corredores e terraços sem acesso ao público 2,0
Corredores e terraços com acesso ao público 3,0
Compartimentos destinados a bailes, ginástica ou esportes 5,0
Em platéia com assentos fixos em cinemas, clubes, teatros e escolas 3,0
Salas de aula 3,0
Sala de leitura de bibliotecas 2,5
Lojas 4,0
Laboratórios 3,0
Lavanderias 3,0
Restaurantes 3,0
Galerias de arte 3,0
Dependências de hospitais, exceto corredores 2,0
Palco de teatros 5,0
Etapa 3: Cálculo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais
Após determinar as ações atuantes na laje, procede-se ao cálculo dos
esforços solicitantes (momentos fletores, forças cortantes e, quando for o caso,
momentos torçores) e dos deslocamentos transversais. O cálculo desses parâmetros
pode ser feito por meio de diversos processos de cálculo, uns mais precisos que outros
ou que são mais adequados que outros para uma determinada situação, utilizando ou não
algum programa de computador.
Conforme mencionado anteriormente o cálculo dos esforços solicitantes
e dos deslocamentos transversais em lajes nervuradas armadas em duas direções deve
ser feito preferencialmente empregando-se o processo da grelha equivalente (Analogia
de Grelha) ou o método dos elementos finitos (MEF), por meio de algum programa
computacional. Nestes dois processos pode-se analisar o pavimento como um todo,
levando-se em consideração a influência da flexibilidade dos apoios, da rigidez à torção,
tanto das lajes como das vigas de contorno, e incluindo na análise a não linearidade
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
106
física do concreto armado, sendo mais real, diferentemente do que ocorre no cálculo
admitindo essas lajes como lajes maciças com o emprego de tabelas elaboradas com
base na teoria das placas elásticas. No capítulo 5 apresenta-se e discute-se a
determinação dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais em lajes
nervuradas armadas em duas direções considerando o processo de analogia de grelha e a
feita usando as referidas tabelas, destacando as hipóteses que devem ser feitas em cada
processo; no capítulo 6 apresenta-se um exemplo em que se comparam os resultados
obtidos utilizando estes dois processos.
Paras as lajes nervuradas armadas em uma direção, por sua vez, como já
comentado, o cálculo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais
normalmente é feito considerando as nervuras como um conjunto de vigas paralelas que
trabalham independentes; nesse caso o cálculo pode ser feito com o auxílio de algum
programa computacional, ou então, em face da simplicidade, com o auxílio de uma
calculadora.
Tanto para as lajes nervuradas armadas em uma como para as armadas
em duas direções, o cálculo dos deslocamentos transversais e da armadura longitudinal
normalmente é feito adotando a seção transversal em forma de “T” para as nervuras,
devendo-se determinar a largura colaborante
f
b para as mesmas; a largura colaborante
é a largura da laje que colabora com a nervura.
De acordo com a NBR 6118:2003, a largura colaborante
f
b deve ser dada
pela largura da viga
w
b acrescida de no máximo 10% da distância “a” entre pontos de
momento fletor nulo, para cada lado da viga em que houver laje colaborante. Essa
distância “a” pode ser estimada, em função do comprimento λ do tramo considerado,
como se apresenta a seguir:
-
λ= 1,00a
(viga simplesmente apoiada);
-
λ= ,750a
(tramo com momento em uma só extremidade);
-
λ= ,600a
(tramo com momentos nas duas extremidades);
-
λ= ,002a
(tramo em balanço).
Deve-se respeitar os limites
1
b e
3
b , conforme indicado na figura 3.34.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
107
a0,10
b
b
a0,10
b0,5
b
4
3
2
1
b
b
cb
4
b
31
bb
1
f
b
w
b
2
c
b
f
b
13w
b
b
w
b
c
2
b
f
1
bb
13
b
4
bc
b
b
w31
b
f
b
b
w
b
c
2
b
f
1
bb
13
b
4
bc
b
b
w31
b
f
b
FIGURA 3.34. Largura colaborante de viga “T” conforme a NBR 6118:2003
Etapa 4: Cálculo e detalhamento das armaduras necessárias
Para as lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado,
conhecendo os valores dos esforços solicitantes (momentos fletores, forças cortantes,
etc.), as dimensões da seção transversal da laje (largura das nervuras, espessura da
mesa, etc.) e as características mecânicas do concreto e do aço, é possível determinar as
armaduras necessárias (armadura longitudinal, transversal, de distribuição, etc.), e então
detalhá-las.
O dimensionamento das armaduras que tem a função de resistir as
tensões produzidas por ação dos esforços solicitantes (armaduras principais), como a
armadura longitudinal principal das nervuras, deve ser feito de acordo com as hipóteses
de cálculo para o estado limite último de elementos estruturais fletidos, garantindo
segurança à ruína da estrutura. As armaduras construtivas, por sua vez, como a
armadura de distribuição, são dimensionadas levando-se em conta as prescrições da
NBR 6118:2003 que tratam da determinação da quantidade mínima das mesmas; essas
prescrições já foram apresentadas no capítulo 2 deste trabalho. Na verificação da
segurança em relação aos estados limites últimos, devem ser considerados os valores de
cálculo das variáveis fundamentais do problema, ou seja, as solicitações características
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
108
devem ser majoradas pelo coeficiente de ponderação
f
γ e as resistências características,
minoradas pelos respectivos coeficientes de segurança, sendo
c
γ para o concreto e
s
γ
para o aço.
Para estas lajes, assim como para qualquer outro elemento estrutural, o
detalhamento das armaduras necessárias é um dos pontos mais importantes no projeto, e
para efetuá-lo corretamente uma série de recomendações prescritas pelas normas
vigentes deve ser atendida; com atenção, deve-se observar as recomendações dadas pela
NBR 6118:2003 quanto ao cobrimento mínimo das barras, aos valores máximos e
mínimos das áreas das seções das armaduras (armadura principal das nervuras, de
distribuição, etc.), aos espaçamentos entre barras (espaçamento vertical e horizontal), ao
diâmetro máximo das barras, e ao espaçamento máximo entre estribos. Essas
recomendações já foram apresentadas nesse texto, parte no capítulo 2, e outra neste
capítulo.
O detalhamento das armaduras necessárias deve ser apresentado por meio
de desenhos claros, em planta e em corte, feitos em escala conveniente e colocados em
papel de destaque a fim de não passarem despercebidos; esses desenhos devem conter
todas as informações necessárias que permitam na obra a correta montagem dessas
armaduras. Para cada tipo de barra, além do número da mesma, deve-se indicar o
diâmetro, a quantidade, o tamanho dos ganchos, o espaçamento entre barras, o
comprimento parcial e o total.
Além das recomendações dadas pela NBR 6118:2003 referentes ao
detalhamento das armaduras, os projetistas devem ficar atentos também às operações de
lançamento e adensamento do concreto, de modo a permitir que o concreto ocupe com
facilidade todo o espaço reservado para as nervuras e mesa da laje, eliminando assim o
risco de formação de vazios (“bicheiras”), bem como assegurar que haja espaço
suficiente para que as agulhas de vibradores possam ser introduzidas entre as barras das
armaduras. De acordo com a NBR 6118:2003, o detalhamento das armaduras
necessárias e os cuidados na execução devem ser tais que garantam de forma inequívoca
a segurança requerida.
A figura 3.35, apresentada a seguir, mostra desenhos em que se indica o
detalhamento das armaduras de uma laje nervurada moldada no local armada nas duas
direções, de concreto armado.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
109
CORTE AA
2N2 2N2 2N2 2N2 2N2 2N22N2N1
N
1
-
Ø
5
,
0
C
=
5
4
6
5
4
6
5
4
6
N
2
-
Ø
1
0
,
0
C
=
5
7
6
1
5
1
5
N
1
C
/
1
3
B
B
A A
4
0
N
1
-
Ø
5
,
0
C
/
1
3
40N1-Ø5,0 C/13
N1 C/13
1515
N2-Ø10,0 C=576
546
546
N1-Ø5,0 C=546
N1
P2V1
V
4
P4V2
P1
V
3
P3
C
O
R
T
E
B
B
N
1
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
N1
P3
V
3
P1
15
A
2N2 2N22N22N22N22N22N2
CORTE AA
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
N
1
C
O
R
T
E
B
B
V2 P4
V
4
V1 P2
N1
N1-Ø5,0 C=546
546
546
N2-Ø10,0 C=576
15
N1 C/13
40N1-Ø5,0 C/13
4
0
N
1
-
Ø
5
,
0
C
/
1
3
A
B
B
N
1
C
/
1
3
1
5
1
5
N
2
-
Ø
1
0
,
0
C
=
5
7
6
5
4
6
5
4
6
N
1
-
Ø
5
,
0
C
=
5
4
6
N1
P3
V
3
P1
15
A
2N2 2N22N22N22N22N22N2
CORTE AA
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
2
N
2
N
1
C
O
R
T
E
B
B
V2 P4
V
4
V1 P2
N1
N1-Ø5,0 C=546
546
546
N2-Ø10,0 C=576
15
N1 C/13
40N1-Ø5,0 C/13
4
0
N
1
-
Ø
5
,
0
C
/
1
3
A
B
B
N
1
C
/
1
3
1
5
1
5
N
2
-
Ø
1
0
,
0
C
=
5
7
6
5
4
6
5
4
6
N
1
-
Ø
5
,
0
C
=
5
4
6
FIGURA 3.35. Detalhamento das armaduras de uma laje nervurada moldada no
local de concreto armado
Etapa 5: Verificação dos estados limites de serviço
O procedimento usualmente empregado no dimensionamento das
estruturas de concreto armado consiste no cálculo considerando os estados limites
últimos, seguido da verificação dos estados limites de serviço.
A verificação dos estados limites de serviço deve ser feita considerando
as recomendações da NBR 6118:2003 apresentadas no capítulo 2 deste trabalho. As
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
110
características geométricas da seção transversal devem ser calculadas no estádio I ou no
estádio II, dependendo do estado limite verificado. Para o cálculo das características
geométricas de seções no estádio I, pode-se ou não considerar a presença da armadura
não seção transversal.
Na tabela 3.6 apresentam-se as expressões para o cálculo das
características geométricas de seções transversais em forma de “T”, no estádio I, sem
considerar a presença da armadura, ou seja, da seção bruta (figura 3.36).
b
b
f
h
cg
f
h
y
w
b
b
f
h
cg
f
h
y
w
w
y
h
f
cg
h
f
b
b
cg
cg
cg
FIGURA 3.36. Seção transversal em forma de “T” no estádio I, sem armadura
TABELA 3.6 Características geométricas de seções transversais em forma de “T”,
no estádio I, sem considerar a presença da armadura.
Expressão
Área (seção
geométrica)
(
)
h
w
b
f
h
w
b
f
b
g
A
+
=
(3.11)
Centro de
gravidade
g
A
2
2
h
w
b
2
2
f
h
)
w
b
f
(b
cg
y
+
=
(3.12)
Momento de
inércia à flexão
2
2
h
cg
yh
w
b
2
2
f
h
cg
y
f
h)
w
b
f
(b
12
3
h
w
b
12
3
f
h)
w
b
f
(b
g
I
+
++
+
=
(3.13)
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
111
Caso se considere a presença da armadura não seção transversal, deve ser
feita a homogeneização da seção, que consiste em considerar no lugar da área de aço
existente
s
A uma área de concreto equivalente. Na tabela 3.7 apresentam-se as
expressões para o cálculo das características geométricas de seções transversais em
forma de “T”, no estádio I, considerando a presença da armadura, ou seja, da seção
homogeneizada (figura 3.37); nestas expressões,
e
α representa a relação entre os
módulos de deformação longitudinal do aço e do concreto.
b
b
d
cg
h
f
s
A
h
w
y
h
f
f
h
y
w
h
A
s
f
h
cg
d
b
b
f
h
y
w
h
A
s
f
h
cg
d
b
b
FIGURA 3.37. Seção transversal em forma de “T” no estádio I, com armadura
TABELA 3.7 Características geométricas de seções transversais em forma de “T”,
no estádio I, com armadura longitudinal
s
A
Expressão
Área (seção
homogeneizada)
(
)
1)
e
(α
s
Ah
w
b
f
h
w
b
f
b
h
A
+
+
=
(3.14)
Centro de
gravidade
h
A
d1)
e
(α
s
A
2
2
h
w
b
2
2
f
h
)
w
b
f
(b
h
y
++
=
(3.15)
Momento de
inércia à flexão
()
()
2
d
h
y1
e
α
s
A
2
2
h
h
yh
w
b
2
2
f
h
h
y
f
h)
w
b
f
(b
12
3
h
w
b
12
3
f
h)
w
b
f
(b
h
I
+
+
+
+
+
=
(3.16)
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
112
É importante destacar que as características geométricas da seção de
concreto sem armadura (seção bruta), em diversas situações pouco diferem daquelas em
que se considera a armadura (seções homogeneizadas), podendo-se em alguns casos
calcular apenas as referentes à seção bruta, em vez de à homogeneizada; no estádio I, a
NBR 6118:2003 permite calcular as características geométricas considerando a seção
bruta.
No estádio II (estádio II puro), por sua vez, para o cálculo do momento
de inércia da seção fissurada de concreto, é necessário conhecer a posição
II
x da linha
neutra. Para seções em forma de “T” (figura 3.38), a posição
II
x da linha neutra pode
ser obtida da seguinte equação do segundo grau:
0axaxa
3II2
2
II1
=++
(3.17)
cuja solução é:
1
31
2
22
II
a2
aa4aa
x
±
=
(3.18)
com os coeficientes
1
a
,
2
a
, e
3
a iguais a:
/2ba
w1
=
(3.19)
()()
se
'
sewff2
AαA1αbbha ++=
(3.20)
() ()
wf
2
f
se
'
se
'
3
bb
2
h
AαdA1αda =
(3.21)
Conhecendo
II
x , é possível calcular o momento de inércia da seção no
estádio II puro (
0
IIx,
I ), lembrando que há duas possibilidades: a primeira quando a
profundidade da linha neutra é inferior à espessura da mesa (
f
II
hx
<
), e a segunda
quando esta profundidade é superior à espessura da mesa (
f
II
hx > ).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
113
Se a linha neutra passar pela mesa da seção (
fII
hx < ), o momento de
inércia
0
IIx,
I é obtido da seguinte equação:
2'
II
'
se
2
IIse
3
IIf
ΙΙx,
)d-(xA1)(αd)-(xAα
3
xb
Ι
0
++
=
(3.22)
Caso a linha neutra passe pela alma da seção (
fII
hx > ), por sua vez, o
momento de inércia
0
IIx,
I é obtido da seguinte equação:
()
2'
II
'
se
2
IIse
2
f
IIwf
3
IIw
3
fwf
ΙΙx,
)d-(xA1)-(αd)-(xAα
2
h
x)b(b
3
xb
12
hbb
Ι
0
++
+
+
+
=
(3.23)
b
f
b
d'
f
h
cg
d
II
x
A'
s
h
w
A
s
f
b
s
A
w
h
s
A'
x
II
d
cg
h
f
d'
b
f
b
s
A
w
h
s
A'
x
II
d
cg
h
f
d'
b
FIGURA 3.38. Seção transversal em forma de “T” no estádio II puro
CAPÍTULO 4
ASPECTOS GERAIS SOBRE AS LAJES NERVURADAS
COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
4.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Nas edificações residenciais e comerciais usuais (casas térreas, sobrados,
pequenos edifícios, galpões, etc.), que normalmente apresentam vãos pequenos ou
médios, as lajes dos pavimentos podem ser consideradas simples, desde que resultem
em soluções que sejam econômicas, seguras, de simples construção e que se comportem
estruturalmente de maneira satisfatória. Nos projetos desses tipos de edificações tem-se
empregado cada vez mais o sistema de lajes nervuradas com nervuras pré-fabricadas.
Entende-se por lajes nervuradas com nervuras pré-fabricadas aquelas em
que parte da laje, as nervuras (vigotas pré-fabricadas de concreto armado ou
protendido), são construídas fora do local definitivo em que irão permanecer durante a
vida útil da edificação. A construção deste tipo de lajes basicamente envolve a
utilização de vigotas unidirecionais pré-fabricadas (elementos lineares pré-fabricados),
elementos leves de enchimento posicionados entre as vigotas (lajotas cerâmicas, blocos
de poliestireno expandido, etc.), concreto moldado no local (concreto de capeamento),
aço para concreto armado, cimbramento e mão-de-obra, sendo dispensadas as fôrmas.
Em comparação com os sistemas de lajes maciças e lajes nervuradas
moldadas no local, as lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas apresentam diversas
vantagens:
Versatilidade nas aplicações - possibilitam uma ampla gama de aplicações, tais como
edifícios residenciais ou comerciais de múltiplos pavimentos, escolares, residências
térreas ou assobradadas, núcleos habitacionais, galpões, etc., proporcionando grande
agilidade na construção.
Distribuição direta de tubulações - permitem embutir tubulações elétricas ou de
outros tipos de instalações prediais nas mesmas, evitando em alguns casos o uso das
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
116
lajes rebaixadas ou o artifício do forro falso; as tubulações, evidentemente, são
distribuídas na laje antes da sua concretagem.
Emprego de armadura em telas - permitem o uso de telas (tela soldada) para a
armadura de distribuição, proporcionando rapidez na montagem da laje; armaduras
negativas, quando necessário, também podem ser montadas utilizando telas.
Redução no consumo de fôrmas e escoramentos - dependendo da sua altura, as
vigotas pré-fabricadas têm rigidez que permite vencer vãos da ordem de 1 m a 2 m, de
modo que a quantidade de escoras necessárias para sua construção é bem menor do que
seria em lajes maciças similares. Os elementos de enchimento são apoiados nas vigotas,
formando com estas um plano que serve de fôrma para a concretagem da capa e de parte
da nervura, dispensando o uso das tradicionais de madeira.
Redução de custos da estrutura - pelo fato de trabalhar com vários materiais
industrializados (vigotas pré-fabricadas, elementos de enchimento, etc.), este sistema
proporciona uma baixa perda de materiais durante a montagem, e além disso, é o que
apresenta menor volume de concreto e armaduras; a quantidade de mão-de-obra
necessária para a construção dessas lajes é substancialmente reduzida. Em razão desses
aspectos há uma evidente redução no custo da estrutura.
Como principal desvantagem apresentada pelas lajes nervuradas com
vigotas pré-fabricadas pode-se destacar os valores dos deslocamentos transversais, bem
maiores que os apresentados pelas lajes maciças e pelas lajes nervuradas moldadas no
local de concreto armado. Para vencer grandes vãos ou suportar ações de valores
elevados este tipo de laje se mostra, ainda, menos vantajoso, em virtude do aumento da
taxa de armadura e da altura final da laje. Nas lajes armadas em uma direção (lajes
unidirecionais), uma outra desvantagem que pode ser destacada é a distribuição em
apenas uma única direção da maior parte das ações que atuam na laje; usualmente,
admite-se que a ação das lajes pré-fabricadas armadas em uma direção ocorre apenas
nas vigas ou paredes em que as vigotas pré-fabricadas se apóiam, não considerando
qualquer ação das lajes nas vigas ou paredes paralelas a estes elementos.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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117
Neste capítulo apresentam-se considerações gerais quanto aos tipos
(como são classificadas), às características, aos parâmetros geométricos que definem a
laje e as nervuras (intereixo, altura total da laje, espessura da capa, etc.), e aos materiais
e métodos construtivos usualmente empregados na construção de lajes nervuradas com
vigotas pré-fabricadas. Apresentam-se, ainda, as recomendações gerais propostas por
normas nacionais e as principais recomendações propostas pelos demais autores
pesquisados. Discute-se o comportamento e funcionamento estrutural dessas lajes e
como considerar a sua ação nos seus apoios (vigas ou paredes). Finalmente, são
fornecidos roteiros com indicações gerais sobre o projeto e construção dessas lajes.
4.2 DESCRIÇÃO DAS LAJES NERVURADAS COM VIGOTAS
PRÉ-FABRICADAS
As lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas, conforme se mostra na
figura 4.1, são construídas com o emprego de vigotas unidirecionais pré-fabricadas do
tipo trilho (em concreto armado ou protendido, com seção transversal em forma de “T”
invertido ou I) ou com armadura em treliça (placa de concreto armado, com armadura
saliente e em forma de treliça espacial), elementos de enchimento leves (blocos
cerâmicos, de concreto celular, de poliestireno expandido, etc.) posicionados entre as
vigotas, e concreto moldado no local (concreto de capeamento); na capa se recomenda
dispor uma armadura de distribuição (nas direções transversal e longitudinal) composta
por barras de aço de pequeno diâmetro ou em tela soldada para o controle da fissuração
e para a distribuição das tensões oriundas de ações concentradas. A capa, juntamente
com as vigotas, compõe a seção da laje resistente à flexão.
Para construir um pavimento utilizando este tipo de laje não é necessário
o emprego de fôrmas para a concretagem da capa e de parte da nervura, pois as vigotas
e os elementos de enchimento fazem esse papel; as fôrmas são necessárias apenas para a
concretagem das vigas que se encontram no pavimento. Nas fases de montagem e
concretagem, as vigotas pré-fabricadas são os elementos resistentes do sistema, devendo
suportar além de seu pequeno peso próprio a ação dos elementos de enchimento, do
concreto de capeamento e de uma pequena ação de construção (homens trabalhando); o
escoramento utilizado também é reduzido, sendo composto por um pequeno número de
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_____________________________________________________________________________
118
travessas que servem de apoio para as vigotas pré-fabricadas e também de pontaletes.
Essa é uma das principais vantagens proporcionada por este tipo de laje: utiliza-se
pouca fôrma e exigi-se pouco escoramento.
Bloco de Enchimento
Armadura Principal
Concreto de Capeamento
a) Laje tipo trilho (com vigotas de concreto armado)
Bloco de Enchimento
Armadura Pré-Tracionada
Concreto de Capeamento
b) Laje tipo trilho (com vigotas de concreto protendido)
Concreto de CapeamentoTreliça
Bloco de Enchimento
Placa de Concreto Armadura Princi
p
al
c) Laje tipo treliça (com vigotas de concreto armado)
FIGURA 4.1. Tipos de lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas
Embora sejam desconsiderados no contexto da laje como elementos
resistentes, é importante que os materiais de enchimento utilizados sejam de boa
qualidade, uma vez que não podem se danificar com facilidade durante a fase de
montagem da laje, e devem suportar o peso do concreto fresco moldado no local e as
ações atuantes durante a concretagem (ações de construção).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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119
As vigotas pré-fabricadas são dispostas em uma única direção,
normalmente a do menor vão da laje, e apoiadas apenas nas suas extremidades;
trabalham, portanto, como viga bi-apoiada. Desse modo, as vigas ou paredes em que as
vigotas pré-fabricadas se apóiam recebem a maior parte das ações atuantes na laje.
Podem, assim, ser consideradas lajes armadas em uma direção (lajes unidirecionais), o
que configura uma desvantagem frente às lajes maciças; além de apresentarem maiores
esforços solicitantes e deformações que as lajes maciças, distribuem a maior parte das
ações que nelas atuam em apenas uma única direção.
Dependendo das dimensões do menor vão da laje, são construídas
nervuras transversais (na direção ortogonal às vigotas) com a finalidade de travamento
das nervuras principais, sendo necessário nesse caso o uso de fôrmas para a
concretagem dessas nervuras transversais; é importante ressaltar que a utilização de
nervuras transversais é construtivamente viável quando se utilizam vigotas com
armadura em treliça, pois caso contrário, utilizando-se vigotas do tipo trilho, seria
grande a dificuldade em colocar a armadura das nervuras transversais. No caso de
existirem paredes perpendiculares às vigotas e que se apóiam na laje, sob estas, também
se deve colocar nervuras transversais, neste caso com a finalidade de distribuir a ação
relativa ao peso da parede entre as nervuras principais. No caso de existirem paredes
paralelas aos elementos pré-fabricados e que se apóiam na laje, sob estas, costuma-se
dispor uma ou mais vigotas pré-fabricadas.
Nos painéis com geometria aproximadamente quadrada, desde que sejam
utilizadas vigotas com armadura em treliça e construídas nervuras transversais, ter-se-á
lajes armadas em duas direções (lajes bidirecionais), com comportamento semelhante ao
de uma grelha.
No caso em que se pretende a continuidade entre lajes contíguas, e
também em lajes em balanço, deve ser disposta na capa, sobre os apoios, nas
extremidades das vigotas e no mesmo alinhamento da nervura, uma armadura superior
de tração (armadura negativa), com a função de resistir aos momentos negativos que aí
ocorrem.
Nas edificações de pequeno porte (residências térreas ou assobradadas,
pequenos edifícios comercias, galpões, etc.), este tipo de laje é a de uso mais freqüente
atualmente.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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120
4.3 PARÂMETROS GEOMÉTRICOS QUE DEFINEM A LAJE E
AS NERVURAS
Os principais parâmetros geométricos que definem a laje e as nervuras
estão indicados na figura 4.2, e são relacionados a seguir.
c
h
e
h
h
c
h
e
h
h
h
h
e
h
c
Vigota (V)
Vigota (V)
Vigota (V)
Intereixo (i)
Intereixo (i)
Intereixo (i)
Largura colaborante (b )
Largura colaborante (b )
Largura colaborante (b )
f
f
f
Capa de concreto (C)
Capa de concreto (C)
Capa de concreto (C)
Elemento de enchimento (E)
Elemento de enchimento (E)
Elemento de enchimento (E)
FIGURA 4.2. Parâmetros geométricos que definem a laje e as nervuras
a) Intereixo (i)
De acordo com a NBR 14859-1:2002, intereixo (i) é a distância entre
eixos de vigotas pré-fabricadas, entre as quais serão colocados os elementos de
enchimento (E).
O intereixo de nervuras é função do tipo de material de enchimento a ser
utilizado (lajotas cerâmicas, blocos de poliestireno expandido ou de concreto celular,
etc.), e normalmente se situa na faixa de 40 cm a 50 cm, sendo raros os casos em que
ultrapassa 60 cm; valores de intereixo acima de 60 cm normalmente conduzem a
armaduras longitudinais elevadas para as nervuras, obrigando o alargamento das
mesmas e gerando, assim, aumento no consumo de concreto.
Um outro detalhe ao qual se deve prestar atenção na definição do
intereixo é com relação à capacidade portante do bloco de enchimento durante a fase de
concretagem da laje, tomando-se cuidado para não adotar blocos de enchimento de
pouca rigidez (pequena altura e grande largura).
Os intereixos mínimos variam em função do tipo de vigota pré-fabricada
e das dimensões do elemento de enchimento utilizados. Na tabela 4.1 apresentam-se os
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121
intereixos mínimos padronizados indicados pela NBR 14859-1:2002, dados em função
do tipo de vigota pré-fabricada.
TABELA 4.1 Intereixos mínimos padronizados em função do tipo de vigota pré-
fabricada
Tipo de vigota pré-fabricada Intereixos padronizados
(cm)
Vigota de concreto armado (VC) 33,0
Vigota de concreto protendido (VP) 40,0
Vigota treliçada (VT) 42,0
No capítulo 3 deste trabalho, foram apresentadas as recomendações da
NBR 6118:2003 para o cálculo à flexão e cisalhamento das lajes nervuradas (moldadas
no local ou com vigotas pré-fabricadas) dependendo do espaçamento (intereixo) entre
nervuras.
b) Largura da mesa ou largura colaborante (
f
b)
A largura da mesa (
f
b ) é função do intereixo adotado, e deverá ser
verificado, no dimensionamento da nervura, se toda ela colabora na resistência às
tensões de compressão no concreto.
As recomendações da NBR 6118:2003 para o cálculo da largura
colaborante
f
b de viga de seção transversal em forma de “T”, já foram apresentadas no
capítulo 3 deste trabalho.
c) Largura das nervuras (
w
b)
A largura das nervuras (
w
b ) é o parâmetro que menos sofre variação no
projeto deste tipo de laje.
Nas lajes em que se utilizam vigotas com armadura em treliça (vigota
treliçada), a largura das nervuras é igual à largura do elemento pré-fabricado de
concreto, normalmente 12 cm ou 13 cm, descontando-se 1,5 cm de cada lado para apoio
dos elementos de enchimento. Com isto, normalmente, têm-se nervuras com largura de
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122
9 cm ou 10 cm; valores maiores só se justificam quando a densidade de armadura é
grande, ou a força cortante na nervura for elevada. Esta segunda situação normalmente
acontece quando se tem parede de alvenaria, transversal às nervuras, muito próximas ao
apoio da laje. É importante destacar que quando for necessário aumentar a largura das
nervuras, deve-se lembrar de aumentar também a largura do elemento pré-fabricado de
concreto para que se mantenha um espaço mínimo de apoio dos elementos de
enchimento sobre a mesma; recomenda-se que esse espaço não seja inferior a 1,5 cm.
De acordo com a NBR 6118:2003, a largura das nervuras não deve ser
inferior a 5cm, não sendo permitido o uso de armadura de compressão em nervuras de
espessura inferior a 8cm, conforme mencionado anteriormente.
d) Altura do elemento de enchimento (
e
h)
Em função das alturas padronizadas previstas para os elementos de
enchimento, a NBR 14859-1:2002 prescreve as alturas totais das lajes pré-fabricadas;
estes valores são apresentados na tabela 4.2. Outras dimensões podem ser utilizadas,
desde que atendidas todas as disposições da referida norma e que fornecedor e
comprador estejam de acordo. Posteriormente serão apresentadas as demais dimensões
padronizadas previstas para os elementos de enchimento (largura, dimensões das abas
de encaixe, etc.).
TABELA 4.2 Alturas totais de lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas em
função das alturas padronizadas dos elementos de enchimento
Altura do elemento
de enchimento (
e
h)
(cm)
Altura total da laje (h)
(cm)
7,0 10,0; 11,0; 12,0
8,0 11,0; 12,0; 13,0
10,0 14,0; 15,0
12,0 16,0; 17,0
16,0 20,0; 21,0
20,0 24,0; 25,0
24,0 29,0; 30,0
29,0 34,0; 35,0
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123
e) Altura da vigota (
v
h)
No caso de vigotas pré-fabricadas com armadura em treliça, a definição
da altura da vigota (distância entre o plano inferior do elemento pré-fabricado de
concreto e o topo do banzo superior da treliça) depende principalmente da necessidade
ou não de armadura de cisalhamento na laje.
Quando as nervuras necessitam de armadura de cisalhamento, a própria
armadura lateral da treliça (diagonais) desempenhará essa função, recomendando-se
nesse caso que a barra do banzo superior da treliça fique cerca de 1,5 cm a 2,0 cm
abaixo da face superior da laje; nesse caso a altura da treliça, e conseqüentemente a
altura da vigota, passam a depender da altura da laje.
Quando as nervuras não necessitam de armadura de cisalhamento, por
sua vez, a armadura lateral da treliça será apenas construtiva, e a altura da treliça não
fica vinculada à altura da laje. Neste caso, a altura escolhida para a treliça definirá tão
somente a capacidade portante da vigota durante a fase de montagem; alturas de treliça
maiores permitirão adotar um espaçamento maior entre linhas de escora. Normalmente
se adota nessas situações o valor mínimo que é de 8 cm.
f) Altura total da laje (h)
A altura total da laje (h) é resultado da soma da altura do elemento de
enchimento (
e
h ) com a espessura da mesa (
c
h ). Na tabela 4.2 já foram indicadas as
alturas totais previstas pela NBR 14859-1:2002 para as lajes com vigotas pré-fabricadas.
A altura total da laje é função dos esforços solicitantes que atuam nos
seus elementos e das limitações de deslocamentos impostas pelas normas; normalmente
escolhe-se a altura total da laje em função do vão e das ações a serem suportadas,
comprovando-se no dimensionamento a necessidade ou não de aumentar esta altura.
g) Altura da mesa ou espessura da capa (
c
h )
De acordo com a NBR 14859-1:2002, capa é o complemento superior da
laje, formada por concreto moldado no local e cuja espessura é medida a partir da face
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124
superior do elemento de enchimento; a capa também é denominada de mesa de
compressão (mesa de compressão para momentos fletores positivos).
A espessura da capa é função geralmente da altura total da laje.
Conforme visto no capítulo 3, a NBR 6118:2003 limita a espessura da capa (mesa) a um
mínimo de 3 cm ou 1/15 da distância entre nervuras caso não haja tubulações
horizontais embutidas, e a um mínimo de 4 cm caso existam tubulações embutidas de
diâmetro máximo igual a 12,5 mm.
A NBR 14859-1:2002, por sua vez, permite considerar a capa como parte
resistente da laje se sua espessura for no mínimo igual a 3,0 cm; no caso da existência
de tubulações, a espessura da capa acima destas deverá ser de no mínimo 2,0 cm,
conforme prescreve essa norma. Devem ser observados ainda os limites indicados na
tabela 4.3 para a espessura mínima da capa, dados pela NBR 14859-1:2002 em função
da altura total da laje.
TABELA 4.3 Espessura mínima da capa para as alturas totais padronizadas
Altura total da laje
(cm)
10 11 12 13 14 16 17 20 21 24 25 29 30 34
Espessura mínima
da capa resistente
(cm)
33444444445555
4.4 CLASSIFICAÇÃO DAS LAJES NERVURADAS COM
VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
As lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas tradicionalmente têm
sido indicadas pela letra grega β seguida de um número, o qual representa a altura total
da laje em centímetros; desde os seus primórdios, essa é a classificação que têm sido
usada para este tipo de lajes, tanto em projeto como também comercialmente.
Entretanto, a NBR 14859-1:2002 prescreve que a designação da altura
padronizada da laje com vigotas pré-fabricadas deve ser composta por sua sigla (LC, LP
ou LT), seguida da altura total (h), da altura do elemento de enchimento (
e
h ), seguido
do símbolo “+” e da altura da capa (
c
h ), sendo que todos os valores devem ser
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125
expressos em centímetros. Na tabela 4.4, mostram-se exemplos de como as lajes com
vigotas pré-fabricadas devem ser classificadas de acordo com a NBR 14859-1:2002;
nessa tabela as siglas LC, LP e LT, conforme prescreve essa norma, faz referencia às
lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas de concreto armado (laje tipo trilho), de
concreto protendido (laje tipo trilho) e de concreto armado e com armadura em treliça
(laje treliçada), respectivamente.
TABELA 4.4 Exemplos da designação da altura padronizada de lajes nervuradas
com vigotas pré-fabricadas
Genérico Exemplos
LC h (
ce
hh + )
LC 11 (7+4)
LP h (
ce
hh + )
LP 12 (8+4)
LT h (
ce
hh + )
LT 30 (24+6)
4.5 MATERIAIS CONSTITUINTES DAS LAJES NERVURADAS
COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
Os materiais que compõem as lajes nervuradas com vigotas pré-
fabricadas e possibilitam que elas atendam às necessidades de vãos, ações a serem
suportadas, condições estáticas (simplesmente apoiadas, em balanço, contínuas), etc.,
são descritos a seguir.
a) Elementos lineares pré-fabricados
O elemento linear pré-fabricado, também chamado de vigota pré-
fabricada, tem função resistente, obtida da associação do concreto com armaduras; esses
elementos são moldados com concreto de resistência característica à compressão (
ck
f
)
igual a 20 MPa ou superior, têm formato e dimensões constantes e são produzidos em
mesas vibratórias com fôrmas metálicas. O elemento linear pré-fabricado e a capa
trabalham como uma só peça, formando a seção resistente da laje, que para efeito de
cálculo é admitida como tendo a forma de um “T”. Os elementos lineares pré-
fabricados, de acordo com a NBR 14859-1:2002, podem ser de três tipos:
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126
vigotas de concreto armado (VC): com seção de concreto usualmente formando um
“T” invertido (vigota tipo trilho), com armadura passiva totalmente envolta pelo
concreto da vigota; são utilizadas para compor as lajes de concreto armado (LC)
(figura 4.3);
v
h
v
h
h
v
i = +b
e
b
v
h = +
e
hh
v
e
c
h
h
i = +b
e
b
v
h = +
e
hh
v
e
c
h
h
h
h
c
e
v
hh
e
h = +
v
b
e
bi = +
h
hh
Intereixo (i)
Intereixo (i)
Intereixo (i)
e
b
b
e
b
e
Vigota (VC)
Vigota (VC)
Vigota (VC)
Capa de concreto (C)
Capa de concreto (C)
Capa de concreto (C) Elemento de enchimento (E)
Elemento de enchimento (E)
Elemento de enchimento (E)
b
v
v
b
v
b
FIGURA 4.3. Laje nervurada com vigotas de concreto armado (LC)
vigotas de concreto protendido (VP): com seção de concreto usualmente formando
um “T” invertido (vigota tipo trilho), com armadura ativa pré-tensionada totalmente
envolta pelo concreto da vigota; são utilizadas para compor as lajes de concreto
protendido (LP) (figura 4.4);
h
Vigota (VP)
Capa de concreto (C)
h
v
v
b
Elemento de enchimento (E)
h
h
c
e
v
hh
e
h = +
v
b
e
bi = +
Intereixo (i)b
e
h
Capa de concreto (C)
Vigota (VP)
b
v
v
h
e
b Intereixo (i)
i = +b
e
b
v
h = +
e
hh
v
e
c
h
h
Elemento de enchimento (E)
h
Capa de concreto (C)
Vigota (VP)
b
v
v
h
e
b Intereixo (i)
i = +b
e
b
v
h = +
e
hh
v
e
c
h
h
Elemento de enchimento (E)
FIGURA 4.4. Laje nervurada com vigotas de concreto protendido (LP)
vigotas treliçadas (VT): com seção de concreto formando uma placa (elemento pré-
fabricado de concreto, de seção transversal retangular), com armadura treliçada
(conforme NBR 14862:2002), parcialmente envolta pelo concreto da vigota, e
devendo, quando necessário, ser complementada com armadura passiva inferior de
tração totalmente envolta pelo concreto da nervura; são utilizadas para compor as
lajes treliçadas (LT) (figura 4.5).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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h
e
b
v
b Intereixo (i)
Vigota (VT)
i = +b
e
b
v
h = +
e
hh
v
Capa de concreto (C)
v
h
e
c
h
h
Elemento de enchimento (E)
h
Capa de concreto (C)
Vigota (VT)
h
v
v
b
Elemento de enchimento (E)
h
h
c
e
v
hh
e
h = +
v
b
e
bi = +
Intereixo (i)b
e
h
Capa de concreto (C)
Vigota (VT)
h
v
v
b
Elemento de enchimento (E)
h
h
c
e
v
hh
e
h = +
v
b
e
bi = +
Intereixo (i)b
e
FIGURA 4.5. Laje nervurada com vigotas de concreto armado treliçadas (LT)
A NBR 14859-1:2002 adota como tolerância dimensional, para
v
b e
v
h,
± (5,0) mm, para todos os tipos de vigotas.
A seção transversal em forma de “T” invertido das vigotas pré-fabricadas
do tipo trilho, e a treliça espacial da vigota treliçada, têm a finalidade de enrijecer o
elemento pré-fabricado com vistas a transporte e posicionamento na obra.
Conforme a NBR 14859-1:2002, nas vigotas de concreto armado (VC)
exigi-se a colocação de espaçadores distanciados em no máximo 50,0 cm, com a
finalidade de garantir o posicionamento das armaduras durante a sua concretagem.
De acordo com a NBR 14859-1:2002, as vigotas pré-fabricadas devem
ter uma largura mínima tal que permita a execução das nervuras de concreto
complementar com largura mínima equivalente de 4,0 cm, quando montadas em
conjunto com os elementos de enchimento.
O elemento pré-fabricado de concreto das vigotas treliçadas, onde se
alojam as barras inferiores da treliça, normalmente têm largura de 12 cm ou de 13 cm, e
altura da ordem de 3 cm.
A armadura das vigotas em concreto armado do tipo trilho é apenas
longitudinal, e pode ser composta por fios ou barras de aço destinados a armaduras para
concreto armado (que atendam as especificações da NBR 7480:1996). Essa armadura é
colocada na parte inferior da vigota para resistir as tensões de tração por ação de
momentos fletores positivos, retilineamente; eventualmente, também se utiliza uma
armadura superior construtiva.
A armadura das vigotas em concreto protendido do tipo trilho também é
apenas longitudinal, e é composta por fios de aço para concreto protendido (que
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
128
atendam as especificações da NBR 7482:1991). Essa armadura é colocada na parte
inferior e superior da vigota, retilineamente, e destina-se à produção das forças de
protensão.
A armadura das vigotas em concreto armado do tipo treliça, por sua vez,
é composta por uma treliça espacial pré-fabricada (armadura treliçada). Essa treliça é
constituída por dois fios de aço paralelos na base (banzo inferior) e um fio de aço no
topo (banzo superior), interligados por eletrofusão aos dois fios de aço diagonais
(sinusóides), com espaçamento regular (passo) (figura 4.6). Os fios de aço do banzo
inferior da treliça são necessários para resistir as tensões de tração por ação dos
momentos fletores positivos, enquanto que o do banzo superior não é considerado nos
cálculos, sendo empregado apenas por facilidade de fabricação e também para limitar as
aberturas de fissuras que possam ocorrer no transporte da vigota. As diagonais da treliça
podem funcionar como armadura de cisalhamento, e proporcionam uma excelente
ligação entre o concreto da vigota e o concreto moldado no local.
FIGURA 4.6. Armadura pré-fabricada (treliça espacial) da vigota treliçada
(www. comunidadedaconstrução.com.br)
De acordo com a NBR 14862:2002, as armaduras treliçadas devem ser
designadas pela abreviatura de armadura treliçada (TR), seguido da altura (em
centímetros, sem casas decimais) e do diâmetro dos fios que as compõem (banzo
superior, diagonais e banzo inferior, respectivamente, em milímetros, sem casas
decimais); caso seja utilizado aço CA-50 para alguma das partes da treliça (banzo
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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129
inferior, diagonais ou banzo superior), deve-se acrescentar a letra “A” em seguida ao
número indicativo da bitola correspondente, porém, se a armadura for composta
integralmente por aço CA-60, não há nenhuma designação. Assim, como exemplo, uma
armadura treliçada composta integralmente por aço CA-60, com 20,0 cm de altura,
banzo superior com 10,0 mm, diagonal (sinusóide) com 6,0 mm e banzo inferior com
9,5 mm, será designada TR201069; neste mesmo exemplo, utilizando aço CA-50 apenas
para o banzo superior, a armadura treliçada será designada TR2010A69.
O aço para fins de utilização em lajes com vigotas pré-fabricadas deve
atender as exigências da tabela 4.5, indicadas na NBR 14859-1:2002. Outras dimensões,
desde que superiores à mínima padronizada, podem ser utilizadas, mediante acordo
prévio e expresso entre fornecedor e comprador.
TABELA 4.5 Aço para utilização em lajes com vigotas pré-fabricadas
Produto Norma
Diâmetro nominal
mínimo
(mm)
Diâmetro nominal
máximo
(mm)
Barras/fios de aço
CA-50 / CA-60
NBR 7480:1996
6,3 (CA-50)
4,2 (CA-60)
20,0 (CA-50)
10,0 (CA-60)
Tela de aço
eletrossoldada
NBR 7481:1990 3,4 -
Fios de aço
para protensão
NBR 7482:1991 3,0 -
Cordoalhas de aço
para protensão
NBR 7483:1991 3 x 3,0 -
Armadura treliçada
eletrossoldada
NBR 14862:2002
Diagonal: 3,4
Banzo superior: 6,0
Banzo inferior: 4,2
Diagonal: 7,0
Banzo superior: 12,5
Banzo inferior: 12,5
b) Elementos de enchimento
Neste tipo de lajes, assim como para as lajes nervuradas moldadas no
local, o elemento de enchimento normalmente fica incorporado na laje, e pode ser
composto de blocos cerâmicos (lajota cerâmica), blocos de concreto comum, blocos de
concreto celular, blocos de poliestireno expandido (EPS) ou outros suficientemente
rígidos que não produzam danos ao concreto nem às armaduras; esses elementos podem
ser maciços ou vazados.
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130
Os elementos de enchimento devem apresentar face inferior plana, e
faces laterais providas de abas de encaixe para apoio nas vigotas pré-fabricadas. Devem
estar isentos de partes quebradas e trincas que permita a fuga do concreto complementar
ou que comprometa o seu desempenho. Os elementos de enchimento devem manter
íntegras as suas características durante a sua utilização.
Respeitando o que se indica na NBR 14859-1:2002, os elementos de
enchimento utilizados na construção de lajes com vigotas pré-fabricadas, de concreto
armado ou protendido, devem ter as dimensões padronizadas definidas na tabela 4.6 e
figura 4.7 indicadas a seguir.
TABELA 4.6 Dimensões padronizadas dos elementos de enchimento (medidas em
centímetros)
Altura (
e
h ) nominal
7,0 (mínima); 8,0; 9,5; 11,5; 15,5; 19,5; 23,5; 28,5
Largura (
e
b ) nominal
25,0 (mínima); 30,0; 32,0; 37,0; 39,0; 40,0; 47,0; 50,0
Comprimento (c) nominal
20,0 (mínimo); 25,0
(
v
a)
3,0
Abas de encaixe
(
h
a)
1,5
b
c
h
e
v
a
e
a
h
b
e
h
c
h
a
e
a
v
b
e
h
c
h
a
e
a
v
FIGURA 4.7. Elemento de enchimento
Utilizando materiais de enchimento leves como o concreto celular e o
poliestireno expandido (EPS), além de possibilitarem lajes de menor peso próprio,
pode-se também ter intereixos maiores, os quais tendem a conduzir a menores volumes
de concreto em função da redução do número de nervuras; estes dois materiais
apresentam ainda a vantagem de poderem ser recortados facilmente nas dimensões
desejadas, com serras ou serrotes, não se quebrando.
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131
A figura 4.8 mostra uma laje nervurada com vigotas treliçadas e com
blocos de concreto celular utilizados como elementos de enchimento. A figura 4.9
mostra uma laje, também com vigotas treliçadas, mas neste caso com blocos de
poliestireno expandido (EPS) utilizados como elementos de enchimento.
FIGURA 4.8. Laje com vigotas treliçadas e com blocos de concreto celular
(www.comunidadedaconstrução.com.br)
FIGURA 4.9. Laje com vigotas treliçadas e com blocos de poliestireno expandido
(www.comunidadedaconstrução.com.br)
c) Concreto complementar (concreto de capeamento) e das vigotas
O concreto complementar (concreto da capa e de parte da nervura),
lançado na obra, deve se ligar ao concreto da vigota pré-fabricada formando uma
estrutura de concreto única (monolítica) e sem planos de deslocamento. Esse concreto
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_____________________________________________________________________________
132
tem importância fundamental, pois dará a forma final da seção transversal e será um dos
elementos básicos de resistência da estrutura, formando a região comprimida da laje
(mesa de compressão); deverá possuir resistência característica à compressão mínima de
20 MPa, que é a resistência mínima especificada pela NBR 6118:203 para o concreto
estrutural.
A qualidade do concreto empregado para a moldagem das vigotas pré-
fabricadas deve ser tal que não comprometa sua principal função que é a de posicionar e
proteger a armadura longitudinal de tração contra a corrosão; é aconselhável sempre se
evitar o uso de vigotas com vazios (“bicheiras”). O concreto das vigotas, a exemplo do
concreto complementar, deverá possuir resistência característica à compressão mínima
de 20 MPa, conforme prescreve a NBR 14859-1:2002.
d) Armadura complementar
A armadura complementar é toda armadura adicionada na obra, durante a
montagem da laje; esta armadura, assim como a das vigotas pré-fabricadas, também
deve ser especificada no projeto estrutural da laje. A armadura complementar pode ser
longitudinal, transversal, de distribuição, superior de tração, e outras; todas essas
armaduras são previstas pela NBR 14859-1:2002.
A armadura longitudinal complementar é admitida apenas em lajes com
vigotas treliçadas, quando da impossibilidade de integrar na vigota treliçada toda a
armadura passiva inferior de tração necessária.
A armadura transversal, por sua vez, é aquela que compõe a armadura
das nervuras transversais (nervuras perpendiculares às principais).
A armadura de distribuição, por sua vez, é posicionada na capa de
concreto (parte superior da laje) nas direções transversal e longitudinal, para a
distribuição das tensões oriundas de ações concentradas e também para o controle da
fissuração; essa armadura pode ser montada com barras distribuídas uniformemente
entre os elementos de enchimento e a capa (mesa da laje), e também com tela soldada.
De acordo com a NBR 14859-1:2002, a armadura de distribuição deve ter seção de no
mínimo 0,9 cm²/m para aços CA-25 e de 0,6 cm²/m para os aços CA-50 e CA-60 e tela
soldada contendo pelo menos três barras por metro (tabela 4.7).
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133
TABELA 4.7 Área mínima e quantidade de armadura de distribuição
Número de barras/m
Aço Área mínima
Ø 5,0 mm Ø 6,3 mm
CA-25 0,9 cm²/m 5 3
CA-50, CA-60 e tela soldada 0,6 cm²/m 3 3
A armadura superior de tração, por sua vez, é utilizada nos casos em que
se pretende a continuidade entre lajes contíguas e em lajes em balanços. Essa armadura
é composta principalmente por barras, mas também é possível de ser montada em tela
soldada; ela é colocada na capa de concreto (parte superior da laje), sobre os apoios, nas
extremidades das vigotas e no mesmo alinhamento das nervuras longitudinais, com a
função de resistir às tensões de tração por ação de momentos fletores negativos que aí
ocorrem.
4.6 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DAS LAJES
NERVURADAS COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
As lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas apresentam um
comportamento estrutural diferente do comportamento de placas de espessura constante
(laje maciça), pois em princípio elas podem ser entendidas como a associação de
diversas vigas, arranjadas em uma única direção ou em duas direções ortogonais.
Por essa razão, o comportamento estrutural da laje nervurada pré-
fabricada unidirecional, que é a mais usual, aproxima-se mais do comportamento de
vigas (simplesmente apoiadas ou, em algumas situações, contínuas), do que das lajes
maciças, embora a capa possa proporcionar um pequeno efeito de placa a esse conjunto;
assim, essas lajes trabalham preferencialmente em uma única direção e, em princípio,
transmitem as ações apenas para as vigas ou paredes nas quais as vigotas pré-fabricadas
se apóiam. Pelo fato de trabalhar em apenas uma direção, a laje pré-fabricada
unidirecional apresenta maiores esforços solicitantes e deformações que a laje maciça, o
que caracteriza uma desvantagem frente a estas.
O cálculo dos esforços solicitantes (momento fletor e força cortante) e
dos deslocamentos transversais para as lajes pré-fabricadas unidirecionais normalmente
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134
é feito considerando as nervuras como um conjunto de vigas paralelas que trabalham
independentes; dependendo do número de apoios, as nervuras podem ser simplesmente
apoiadas nas extremidades, contínuas, ou com balanços.
Desde que sejam utilizadas vigotas pré-fabricadas com armadura em
treliça, pode-se construir nervuras transversais com função resistente, tendo-se assim
lajes armadas nas duas direções (laje pré-fabricada bidirecional), com comportamento
semelhante ao de uma grelha. Assim como para as lajes nervuradas moldadas no local
armadas em duas direções, um processo que normalmente se emprega para o cálculo
dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais para este tipo de laje é o da
grelha equivalente, onde as nervuras fazem o papel das barras dessa grelha; para utilizar
este processo, em virtude do grande número de nervuras que estas lajes normalmente
apresentam, tendo-se assim grelhas com grande número de nós e de barras, é necessário
o emprego de um programa computacional.
As lajes bidirecionais, quando convenientemente projetadas, apresentam
um comportamento estrutural melhor do que as lajes unidirecionais. Pelo fato de
distribuírem as ações em duas direções, apresentam menores esforços solicitantes e
deformações transversais, diminuindo conseqüentemente a altura total da laje e o
consumo de concreto e armadura, além de carregarem as vigas ou paredes do contorno
de modo mais uniforme. Além disso, as lajes pré-fabricadas armadas em duas direções
são mais rígidas do que as armadas em uma direção.
Apesar das vantagens proporcionadas pelas lajes pré-fabricadas
bidirecionais, deve-se ressaltar que nem todo painel de laje pode ser armado e funcionar
de forma bidirecional. Para que este efeito seja notado, é importante que a relação entre
os vãos em direções ortogonais seja aproximadamente igual a um, isto é, a laje tenha em
planta uma geometria aproximadamente quadrada.
Nas lajes pré-fabricadas do tipo bidirecional, a exemplo das do tipo
unidirecional, as nervuras podem ser simplesmente apoiadas, contínuas, ou com
balanços.
No cálculo das lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas, tanto para a
do tipo unidirecional como para a do tipo bidirecional, normalmente adota-se a seção
transversal em forma “T” para as nervuras, sem qualquer contribuição do material de
enchimento na resistência do conjunto (figura 4.10).
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135
FIGURA 4.10. Seção transversal da laje e o respectivo modelo adotado
4.7 AÇÃO DA LAJE NERVURADA COM VIGOTAS PRÉ-
FABRICADAS NOS SEUS APOIOS
Conforme já destacado, as lajes nervuradas unidirecionais são as de uso
mais freqüente na construção de pavimentos de edificações. Nesse sistema as vigotas
pré-fabricadas são dispostas em uma única direção, geralmente a do menor vão da laje,
e apoiadas apenas nas suas extremidades, de tal modo que a maior parte da ação atuante
na laje é recebida pelas vigas ou paredes nas quais as vigotas se apóiam; na prática tem
sido usual admitir que a ação das lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas ocorre
apenas nos apoios das vigotas, não considerando qualquer ação das lajes nas vigas ou
paredes paralelas às vigotas.
Entretanto, CARVALHO & FIGUEIREDO FILHO (2004) apontam que
a capa de concreto confere rigidez, mesmo que pequena, ao pavimento na outra direção,
propiciando que também as vigas ou paredes paralelas às vigotas recebam uma parcela
das ações provenientes da laje. Analisando diversos exemplos de pavimentos (de
geometria praticamente quadrada) compostos por lajes pré-fabricadas unidirecionais
apoiadas no contorno em vigas, pelo processo da grelha equivalente, estes autores
verificaram que de fato as vigas paralelas às nervuras também recebem uma parcela das
ações atuantes no pavimento; em função dos resultados obtidos para os vários casos
estudados, estes autores recomendam, em princípio, que de 25% a 30% da ação total
seja transmitida a essas vigas, porém ressaltam que esses valores recomendados são
limites, o que pode resultar em vigas com ações maiores do que o real para particulares
situações. Na composição das grelhas equivalentes analisadas, as nervuras foram
representadas pelos elementos da menor direção, e a capa de concreto, pelos elementos
da maior direção. Nas análises procurou-se verificar a influência da geometria do painel,
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_____________________________________________________________________________
136
da relação entre a rigidez dos trilhos pré-fabricados (de concreto armado) e da capa, e
da deslocabilidade das vigas de apoio e da inércia da capa (para simular a influência da
fissuração desses elementos), nos valores das reações nas vigas de apoio.
Estes autores destacam ainda que quando se considera uma fração da
ação para uma direção, o valor para a outra direção automaticamente fica fixado, pois a
soma das ações deve resultar na ação total sobre o pavimento. Assim ao se optar, por
exemplo, em usar 80% da ação total nas vigas da direção x e este valor estiver a favor
da segurança (for maior que o real) na outra direção estará sendo considerada ação
menor que a real. Dessa maneira, a favor da segurança, recomendam ainda que nas
vigas perpendiculares aos elementos seja admitido que atue toda a ação proveniente da
laje, e nas vigas paralelas 25% a 30% dessa ação, ou seja, nos cálculos de todas as vigas
de apoio será empregada uma ação maior que a total atuante.
4.8 DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO DE LAJES NERVURADAS
COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
Para o dimensionamento à flexão de lajes nervuradas com vigotas pré-
fabricadas e do tipo unidirecional, é necessário que se determine inicialmente o
momento fletor máximo atuante nas nervuras, e para isso é preciso analisar
separadamente as situações de nervuras simplesmente apoiadas nas extremidades,
daquelas de nervuras com apoios intermediários ou com balanços; embora a capa da laje
possa proporcionar um pequeno efeito de placa ao conjunto, normalmente têm-se
recomendado que o momento fletor máximo atuante nas nervuras seja calculado, a favor
da segurança, como o de um elemento linear isolado, ou seja, como o de uma viga bi-
apoiada ou contínua, dependendo do número de apoios das nervuras.
Assim, para o caso de lajes pré-fabricadas do tipo unidirecional com
nervuras simplesmente apoiadas nas extremidades, o momento fletor positivo máximo
atuante nas nervuras é obtido pela seguinte expressão:
8
)qg(
M
2
máx
λ+
=
(4.1)
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137
onde:
g é a ação permanente atuante na nervura, por metro linear;
q é a ação variável atuante na nervura, por metro linear;
λ é o vão teórico da nervura, normalmente admitido como sendo a distância entre os
eixos dos apoios da nervura.
Conhecendo o máximo momento fletor positivo atuante nas nervuras, as
dimensões da seção transversal das mesmas e as características mecânicas do concreto e
do aço, é possível determinar a armadura longitudinal necessária, e então detalhá-la;
essa armadura deve ser colocada na parte inferior da seção transversal da nervura, para
resistir às tensões de tração que aí ocorrem.
Conforme já destacado, no cálculo das lajes nervuradas com vigotas pré-
fabricadas normalmente adota-se a seção transversal em forma de “T” para as nervuras,
a qual resiste melhor aos momentos positivos que aos negativos, pois a região de
concreto disponível junto à borda inferior da seção (região comprimida para momento
negativo) é bem menor que a região junto à borda superior.
Assim, em lajes contínuas, junto aos apoios intermediários das nervuras,
nem sempre é possível obter regiões comprimidas suficientes para resistir ao momento
negativo total encontrado pelo cálculo elástico, ocorrendo então a plastificação do
concreto, com o surgimento de uma rótula plástica no apoio. Em decorrência da
plastificação do concreto, não é possível definir com exatidão qual o momento fletor
negativo a considerar no cálculo, pois a hipótese de comportamento elástico não
corresponde à situação real; caso, mesmo assim, se decida dimensionar a laje para os
valores do momento negativo obtidos do cálculo elástico, este procedimento poderá
levar a valores de momentos positivos menores que os realmente atuantes.
Na prática, em razão da grande dificuldade em determinar um valor exato
para o momento fletor negativo, tem sido usual admitir que os elementos lineares pré-
fabricados sejam sempre simplesmente apoiados, o que resulta em momentos positivos
maiores que em elementos contínuos; para um mesmo carregamento, isso resulta em
seções maiores ou em limitação do vão a ser vencido, além de ocorrer deslocamentos
transversais maiores.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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138
Entretanto, pretendendo-se aproveitar as vantagens da continuidade, uma
solução apontada por FURLAN JUNIOR et al. (2002) para obter regiões comprimidas
suficientes para resistir ao momento fletor negativo total encontrado pelo cálculo
elástico, é a adoção de seção maciça de concreto junto ao apoio intermediário das
nervuras (figura 4.11); essa região maciça é obtida substituindo o material de
enchimento por concreto, exigindo-se o uso de fôrma e escoramento para a sua
concretagem.
Vigota treliçada
Vigota treliçada
de concreto
de concreto
de concreto
Região maciça
Região maciça
Região maciça
Apoio intermediário (viga)
Vigota treliçada
Apoio intermediário (viga)
Apoio intermediário (viga)
Elemento de enchimento
Elemento de enchimento
Elemento de enchimento
FIGURA 4.11. Região maciça da laje sobre o apoio intermediário (apoio interno)
Outra possibilidade é considerar que o momento fletor negativo no apoio
intermediário diminua até um valor correspondente à resistência da seção nesse apoio
(ou uma parcela deste valor, ou ainda, um valor obtido experimentalmente) e, em
seguida, considerar a redistribuição dos esforços ao longo da nervura (entre os apoios),
para verificar se o máximo momento fletor positivo solicitante que assim resulta não
ultrapassa o máximo momento resistido na seção de momento positivo.
No capítulo 6 deste trabalho, conforme já foi destacado, será apresentado
um exemplo ilustrativo de laje nervurada unidirecional com vigotas pré-fabricadas,
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139
admitindo os elementos lineares pré-fabricados como simplesmente apoiados; em
FLÓRIO (2004) pode-se encontrar um exemplo de dimensionamento à flexão de uma
laje nervurada unidirecional contínua com vigotas pré-fabricadas.
4.9 VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO DAS LAJES
NERVURADAS COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
A verificação ao cisalhamento e o cálculo da armadura transversal nas
lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas podem ser feitos como em vigas, pois
conforme já foi dito, as nervuras podem ser consideradas como vigas simplesmente
apoiadas ou como vigas contínuas.
Entretanto, pelas dificuldades de se colocar essa armadura nas nervuras,
que são elementos de pequena altura e, também de pequena largura, não é o comum o
seu emprego; isso é possível e permitido pelas normas se as lajes nervuradas com
vigotas pré-fabricadas forem consideradas como lajes nervuradas moldadas no local de
concreto armado, o que não deixa de ser correto, pois é possível admitir que as
características de concreto pré-fabricado, nesses casos, são apenas transitórias, antes da
concretagem da capa da laje.
Assim, conforme visto no capítulo 3 deste trabalho, dependendo do
espaçamento entre eixos de nervuras, a NBR 6118:2003 permite utilizar os critérios de
laje para a verificação do cisalhamento na região das nervuras, ou então as nervuras
devem ser verificadas ao cisalhamento como vigas; se forem verificadas utilizando os
critérios de laje, as nervuras podem prescindir de armadura transversal para resistir as
tensões de tração causadas pela força cortante quando a força cortante solicitante de
cálculo (
Sd
V ) for menor ou igual à resistência de projeto ao cisalhamento (
Rd1
V).
A instrução espanhola EF-96, por sua vez, prescreve que as lajes
nervuradas com vigotas pré-fabricadas podem ser construídas sem armadura transversal
se a força cortante última nas nervuras, calculada conforme se indica nessa instrução,
for maior ou igual a cortante de cálculo. Caso contrário, pode-se aumentar as dimensões
das nervuras ou colocar armadura transversal; nas vigotas com armadura treliçada
permite-se considerar a colaboração das diagonais da treliça na resistência a força
cortante se a barra superior estiver localizada a menos de 4 cm da face superior da laje.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
140
As prescrições da instrução espanhola EF-96 para a verificação do estado
limite último de solicitações tangenciais para nervuras não protendidas é apresentado a
seguir, e indica que nas lajes com nervuras pré-fabricadas a força cortante de cálculo
c
V em cada nervura deverá ser menor que os seguintes valores:
a) Ruína por compressão oblíqua da nervura
dbf3,0VV
wcd1uc
=
(4.2)
b) Ruína por tração oblíqua da nervura
Sem armadura transversal
dbfVV
wcv2uc
ζξ=
(4.3)
Com armadura transversal
()
[]
dcosαsenαAf0,9dbfVV
ttdwcvu3c
++=
(4.4)
em que:
w
b é a largura mínima da nervura;
d é altura útil da laje;
cd
f é a resistência de cálculo à compressão do concreto;
cv
f é a resistência nominal de cálculo do concreto ao esforço cortante, igual a
cd
f16,0
, com
cd
f expresso em N/mm
2
;
()
1d6,1 =ξ , é um fator adimensional, com d em metros;
()
2501 ρ+=ζ , é um fator adimensional, função da taxa geométrica de
armadura;
s
A é a área da armadura de tração;
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141
410
f
db
A
yk
w
s
=ρ , é a taxa geométrica de armadura;
yk
f é o limite elástico característico da armadura tracionada, em N/mm
2
;
2
syktd
N/mm 420/γff
=
, é a resistência de cálculo à tração do aço da armadura
transversal, com o fator
s
γ igual a 1,15;
t
A é a área da armadura transversal, por metro de comprimento da nervura;
α é o ângulo entre a armadura transversal e o eixo da nervura.
No caso das nervuras com vigotas pré-fabricadas com armação treliçada,
embora as diagonais (sinusóides) da treliça espacial colocada neste tipo de vigota
possam contribuir para a resistência ao cisalhamento, não é usual contar com essa
contribuição. Sendo necessário o uso de armadura transversal nas nervuras, pode-se
empregar estribos abertos ou fechados para a mesma.
4.10 CÁLCULO DE FLECHAS NAS LAJES NERVURADAS COM
VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
A favor da segurança, sugere-se que o cálculo das flechas nas lajes
nervuradas com vigotas pré-fabricadas seja feito admitindo a laje como um conjunto de
vigas isoladas (nervuras) e com a consideração da não linearidade do concreto, ou seja,
com os efeitos da fissuração e fluência do concreto.
A avaliação de deformação considerando a fissuração pode ser feita
analisando as nervuras isoladamente e obedecendo as prescrições da NBR 6118:2003
apresentadas no capítulo 2 deste trabalho para a avaliação aproximada da flecha
imediata em vigas e em lajes. Assim, a flecha imediata, ainda sem o efeito da fluência
do concreto, para a situação de nervuras simplesmente apoiadas nas extremidades, que é
o caso mais comum, pode ser avaliada por meio da seguinte expressão:
eq
4
I)E(384
)qg(5
a
+
=
λ
(4.5)
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142
onde:
g é a ação permanente atuante na nervura, por metro linear;
q é a ação variável atuante na nervura, por metro linear;
λ é o vão teórico da nervura;
eq
I)(E é a rigidez equivalente da nervura (ver capítulo 2 deste trabalho).
Por sua vez, a avaliação de deformação transversal considerando o efeito
da fluência do concreto (deformação do concreto ao longo do tempo, sob ações
permanentes), seguindo recomendação da NBR 6118:2003 também apresentada no
capítulo 2 deste trabalho, pode ser feita de maneira aproximada pela multiplicação da
flecha imediata obtida para combinação quase permanente-permanente de ações por um
fator
f
α que considera as diversas influências neste fenômeno.
O valor da flecha total no tempo infinito será a flecha imediata relativa à
ação total (obtida para combinação rara de ações), mais a obtida considerando o efeito
da fluência.
O deslocamento transversal de uma nervura pode ser parcialmente
compensado pela especificação de uma contraflecha, sempre que necessário. Entretanto,
conforme já foi dito, a NBR 6118:2003 indica que a atuação isolada da contraflecha não
pode ocasionar um desvio do plano da laje maior que /300λ ; a contraflecha deve ser
aplicada nas vigotas pré-fabricadas durante a fase de montagem da laje, elevando o
escoramento.
Para que se possa usar determinada laje com vigotas pré-fabricadas sem
ter que efetuar todo o cálculo, na prática, o engenheiro costuma fazer o uso de tabelas
fornecidas pelas empresas fabricantes deste tipo de lajes; ressalta-se que a maioria
destas tabelas fornecidas por fabricantes não leva em conta os efeitos da fissuração e
deformação lenta do concreto (fluência), o que pode conduzir a grandes erros na escolha
da laje mais adequada para uma determinada situação. A fissuração e a fluência
conduzem a valores de flechas bem superiores àqueles obtidos admitindo o
comportamento linear para o concreto, conforme poderá ser observado em exemplos
que serão apresentados no capítulo 6 deste trabalho.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
143
4.11 INDICAÇÕES GERAIS SOBRE A CONSTRUÇÃO DE LAJES
NERVURADAS COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
A qualidade e o desempenho estrutural das lajes nervuradas com vigotas
pré-fabricadas dependem, em grande parte, de como é desenvolvida cada etapa do
processo construtivo. Com atenção deve ser observado o nível e o acerto do piso que
serve de apoio para as escoras, a colocação dos escoramentos, o nível dos apoios das
vigotas, a colocação das vigotas, dos elementos de enchimento e das armaduras
complementares previstas no projeto, a montagem das instalações prediais embutidas, a
limpeza e umedecimento dos elementos da laje antes da concretagem, a instalação de
passadiços para o trânsito dos trabalhadores e transporte de concreto, além dos cuidados
inerentes ao lançamento, adensamento e cura do concreto complementar, e a retirada
dos escoramentos. Na figura 4.12 estão representados, em um mesmo painel, alguns
detalhes do processo construtivo deste tipo de lajes.
FIGURA 4.12. Detalhes construtivos de laje com vigotas pré-fabricadas
(EL DEBS, 2000)
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144
As etapas do processo construtivo de pavimentos de edificações
utilizando lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas, podem ser enumeradas da
seguinte maneira:
Etapa 1: Colocação dos escoramentos
Nesta etapa, inicialmente, deve ser verificado o nível e o acerto do piso
que serve de apoio para as escoras, o qual deve ser resistente, de maneira a não ceder
durante a concretagem. Quando o apoio das escoras for o terreno natural, deve-se
compactá-lo e apoiar as escoras em tábuas dispostas sobre o mesmo, e não diretamente
neste.
O escoramento normalmente é composto por pontaletes e “guias
mestres”, ambos podendo ser de madeira ou metálicos, colocados transversalmente às
vigotas pré-fabricadas (no sentido contrário ao de montagem das vigotas); os pontaletes
devem ser contraventados (travados entre si) transversal e longitudinalmente, de modo a
compor uma estrutura que se auto sustente. Atualmente, os escoramentos compostos por
elementos de madeira são empregados com maior freqüência na construção de
pavimentos de edificações de pequeno porte. Na presença de nervuras transversais às
principais, devem ser previstas tábuas deitadas sob as mesmas para servirem de fôrma.
Nesta etapa, quando necessário, deve-se aplicar as contraflechas às
vigotas pré-fabricadas; as contraflechas devem ser aplicadas por meio do escoramento,
elevando-o.
Etapa 2: Colocação das vigotas pré-fabricadas
A colocação das vigotas pré-fabricadas deve ser feita posicionando
elementos de enchimento nas extremidades das mesmas como gabarito do espaçamento
entre vigotas; no meio do vão, quando este é grande, também se recomenda posicionar
elementos de enchimento para delimitar o espaçamento entre vigotas. No vão, as vigotas
são apoiadas sobre as linhas de escoramento; nas extremidades, duas situações são
possíveis para o apoio das vigotas:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
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145
apoio das vigotas sobre vigas de concreto armado: neste caso deve-se apoiar as
vigotas sobre as fôrmas das vigas, após estas terem sido alinhadas, niveladas e
escoradas, e ter colocado e posicionado as armaduras das vigas no interior das
mesmas; recomenda-se que as vigotas penetrem nos apoios pelo menos 5 cm, e no
máximo igual à metade da largura da viga. A concretagem das vigas de apoio deve
ser simultânea com a da laje;
apoio das vigotas diretamente sobre alvenaria: neste caso deve-se construir
vergas de concreto (cinta de solidarização) com a finalidade de proporcionar uma
melhor distribuição das ações da laje sobre os painéis de alvenaria, impedindo o
aparecimento de trincas na alvenaria; as vigotas devem penetrar nos apoios de modo
semelhante ao anterior, e a concretagem das vergas também deve ser simultânea
com a da laje.
Com vistas à economia, normalmente apóia-se a primeira fila de
elementos de enchimento de um lado sobre a parede ou viga e, de outro, sobre a vigota
pré-fabricada. Com isso é possível economizar uma vigota em cada painel de laje, além
de facilitar a passagem de tubulações hidráulicas e elétricas embutidas, pois é mais fácil
cortar (“quebrar”) um elemento de enchimento do que uma vigota.
Etapa 3: Colocação dos elementos de enchimento
Depois de colocadas todas as vigotas, colocam-se os demais elementos
de enchimento; se forem previstas nervuras transversais às principais, deve-se deixar
espaço entre os elementos de enchimento para a criação das mesmas. Nesta etapa
também se realiza a montagem das instalações embutidas (elétricas, hidráulicas, etc.).
Etapa 4: Colocação das armaduras complementares
Conforme indicação (bitola, quantidade e posição) que deve ser fornecida
pelo projetista, nesta etapa realiza-se a montagem das armaduras complementares. Se
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_____________________________________________________________________________
146
forem previstas nervuras transversais às principais, primeiramente devem ser colocadas
as armaduras destas nervuras, e na seqüência a armadura de distribuição; quando da
utilização de vigota pré-fabricada do tipo treliça, a armadura de distribuição deve ser
amarrada no banzo superior da treliça, para impedir que ela saia da posição durante a
concretagem. A armadura negativa, disposta transversalmente às vigotas, deve ser
colocada após a armadura de distribuição, apoiada e amarrada na mesma por meio de
arame.
Etapa 5: Limpeza da interface entre os elementos da laje e o concreto a ser lançado
Antes de proceder a concretagem da capa, é importante que se faça uma
limpeza cuidadosa da interface entre os elementos da laje (elementos de enchimento,
vigotas, forma das vigas, etc.) e o concreto a ser lançado, evitando-se a presença de
qualquer substância (areia, pó, etc.) que possa prejudicar a transferência de esforços
entre as superfícies de contato.
Etapa 6: Concretagem
A concretagem da capa da laje deve ser acompanhada de alguns
cuidados:
é importante colocar passadiços (tábuas de madeira) sobre a laje para o trânsito dos
trabalhadores e transporte de concreto, evitando que os elementos de enchimento se
quebrem ao pisar diretamente sobre os mesmos;
instalar mestras (guias) de concretagem para “sarrafear” o concreto lançado
(concreto complementar);
antes da concretagem deve ser feito o umedecimento da interface entre os elementos
da laje e o concreto a ser lançado, evitando-se, porém, que haja água livre;
é recomendável que a concretagem seja feita de uma só vez, evitando-se criar juntas
de concretagem. Se for inevitável a criação de juntas de concretagem, sua
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_____________________________________________________________________________
147
localização deve ser indicada pelo projetista; normalmente, as juntas de
concretagem são necessárias em pavimentos com grandes extensões;
garantir uma vibração adequada, adensando o concreto suficientemente para que ele
penetre no espaço entre os elementos de enchimento e as vigotas, evitando-se a
presença de vazios (“bicheiras”) e solidarizando assim a capa com a nervura e
formando uma estrutura monolítica;
é importante se garantir o posicionamento das armaduras da laje durante a
concretagem, impedindo que elas se desloquem.
Etapa 7: Cura
A cura deve ser iniciada logo após a concretagem. Geralmente a capa de
concreto apresenta alturas pequenas (inferiores a 5 cm), o que faz com que a evaporação
da água ocorra de maneira intensa, podendo provocar o aparecimento de fissuras no
concreto por retração, o que torna esta etapa de suma importância. É recomendado
molhar a superfície da laje de concreto durante pelo menos três dias após a
concretagem, várias vezes ao dia.
Etapa 8: Retirada do escoramento
A retirada do escoramento deve seguir o funcionamento estrutural do
painel de laje. Assim, nos painéis em que as vigotas pré-fabricadas trabalham
simplesmente apoiadas deve-se retirar as escoras do centro para as extremidades das
vigotas, e nas lajes em balanço, da extremidade das vigotas para os seus apoios. Nos
edifícios de múltiplos pavimentos, o escoramento do piso inferior não deve ser retirado
antes do término da laje imediatamente superior; nas lajes de forro, por sua vez,
recomenda-se retirar o escoramento da laje somente depois de terminada a montagem da
cobertura (telhado). Normalmente, têm-se recomendado que a retirada do escoramento
não ocorra antes de pelo menos quatorze dias (duas semanas) contados após a
concretagem da laje.
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148
4.12 INDICAÇÕES GERAIS SOBRE O PROJETO DE LAJES
NERVURADAS COM VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS
De uma maneira geral, o projeto de lajes nervuradas com vigotas pré-
fabricadas, assim como o de qualquer outro elemento estrutural de concreto armado,
consiste basicamente em determinar as ações atuantes, efetuar o cálculo dos esforços
solicitantes, dos deslocamentos transversais e das reações de apoio, calcular e detalhar
as armaduras necessárias, e efetuar as verificações do estado limite de serviço. De modo
que haja segurança adequada, conforto aos usuários e economia, uma série de
recomendações prescritas pelas normas vigentes deve ser atendida no projeto deste tipo
de lajes.
A seguir, apresenta-se um roteiro com indicações gerais sobre o cálculo e
projeto de lajes nervuradas unidirecionais com vigotas pré-fabricadas de concreto
armado, que orienta desde a determinação das ações atuantes até as verificações do
estado limite de serviço.
Etapa 1: Determinação das ações atuantes
Para escolher a altura total de uma laje nervurada com vigotas pré-
fabricadas é preciso, inicialmente, conhecer as ações verticais que nela atuarão. As
ações verticais normalmente consideradas no projeto dessas lajes, permanentes e
variáveis, são as seguintes:
peso próprio da laje: é constituído pelo peso da capa, das nervuras e dos elementos
de enchimento. Essa ação é admitida uniformemente distribuída na superfície da laje
e, normalmente, é fornecida pelo fabricante da laje;
peso dos revestimentos (inferior, camada de regularização e superior): é avaliado em
função da espessura de cada camada de revestimento, com base no peso específico
aparente do material que as constituem; o peso de cada camada é obtido
multiplicando-se a espessura da mesma pelo peso específico aparente do material de
que ela é feita. Essa ação é admitida uniformemente distribuída na superfície da laje.
Na tabela 3.4, foi indicado o peso específico aparente de alguns materiais
normalmente utilizados nas camadas de revestimentos das lajes;
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_____________________________________________________________________________
149
carga acidental: refere-se a carregamentos relativos a pessoas, equipamentos,
móveis, etc. Salvo casos especiais, essa ação deve ser admitida uniformemente
distribuída na superfície da laje, com valores mínimos recomendados para cada local
da edificação indicados na NBR 6120:1980; alguns desses valores foram destacados
na tabela 3.5.
Etapa 2: Escolha do tipo de laje (determinação da altura total da laje)
Tradicionalmente, para evitar que todo o cálculo seja efetuado, o
projetista de estruturas tem feito a escolha das lajes nervuradas com vigotas pré-
fabricadas a partir de tabelas fornecidas pelas empresas fabricantes deste tipo de lajes.
Nessas tabelas, a partir das ações atuantes na laje, exceto do peso próprio que já é
computado, do vão, do de elemento de enchimento, do tipo de vigota pré-fabricada e do
intereixo (distância entre eixos de vigotas), e em função da altura total da laje (altura do
elemento de enchimento mais a espessura da capa), é possível determinar qual a
quantidade necessária de armadura a ser utilizada para atendimento da condição de
colapso (estado limite último).
Entretanto, como já destacado, a maioria dessas tabelas não leva em
conta os efeitos da fissuração e deformação lenta do concreto, o que pode conduzir a
grandes erros na escolha da laje mais adequada para uma determinada situação. Diante
dessa realidade, sugere-se que estas tabelas sejam utilizadas apenas como referência
para que se faça o pré-dimensionamento da laje, devendo-se calcular a armadura
necessária no estado limite último e, em seguida, fazer as verificações para o estado
limite de deformação excessiva; se este não for atendido, aumenta-se a altura total da
laje ou a área da armadura longitudinal.
A altura total de uma laje nervurada com vigotas pré-fabricadas de
concreto armado também pode ser pré-dimensionada considerando o critério adotado
pela NBR 6118:1980 para dispensa da verificação de deformação excessiva em vigas de
seção retangular ou “T” e lajes maciças retangulares de edifícios, a exemplo das lajes
nervuradas moldadas no local; este critério já foi apresentado no capítulo 3 deste
trabalho.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
150
Etapa 3: Cálculo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais
Após ter feito o pré-dimensionamento da altura total da laje, procede-se
ao cálculo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais. Conforme já foi
dito, a favor da segurança, recomenda-se que o cálculo destes parâmetros seja feito
considerando as nervuras como um conjunto de vigas paralelas que trabalham
independentes, bi-apoiadas ou contínuas, dependendo do caso; o cálculo pode ser feito
com o auxílio de algum programa computacional, ou então, por conta da simplicidade,
com o auxílio de uma calculadora.
Conhecendo as ações atuantes na laje, permanentes e variáveis, por metro
quadrado de superfície, multiplicam-se as mesmas pelo intereixo, obtendo-se a ação por
metro linear atuante nas nervuras. Conhecendo a ação atuante nas nervuras, é possível
determinar para as mesmas o momento fletor máximo, a força cortante máxima e as
flechas.
Neste tipo de lajes, a exemplo das lajes nervuradas moldadas no local de
concreto armado, o cálculo dos deslocamentos transversais e da armadura longitudinal
normalmente é feito adotando a seção transversal em forma de “T” para as nervuras; a
largura colaborante
f
b da seção transversal das nervuras deve ser determinada
obedecendo as recomendações da NBR 6118:2003, já apresentadas no capítulo 3 deste
trabalho.
Etapa 4: Cálculo e detalhamento das armaduras necessárias
Conhecendo os valores dos esforços solicitantes, as dimensões da seção
transversal da laje (largura das nervuras, altura da mesa e largura colaborante) e as
características mecânicas do concreto e do aço, é possível determinar as armaduras
necessárias, e então detalhá-las. Neste tipo de lajes, as armaduras necessárias são
colocadas nas nervuras e na mesa da laje.
O dimensionamento das armaduras necessárias para as nervuras deve ser
feito de acordo com as hipóteses de cálculo para o estado limite último de elementos
estruturais fletidos, garantindo segurança à ruína da estrutura. A armadura de
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
151
distribuição (armadura colocada na capa da laje), por sua vez, deve ser dimensionada
levando em conta as prescrições da NBR 6118:2003 que tratam da determinação da
quantidade mínima da mesma; essas prescrições já foram apresentadas no capítulo 2.
Pelas dificuldades de colocar armadura transversal em elementos de
pequena altura e largura, como são as nervuras, não é comum o seu emprego, o que é
permitido pelas normas; conforme já foi comentado, nas lajes nervuradas é possível
prescindir da armadura transversal, verificando-se apenas o esmagamento do concreto
das bielas comprimidas. Assim, a armadura das nervuras é composta basicamente por
uma armadura longitudinal, que tem a função de resistir as tensões de tração produzidas
por ação dos momentos fletores; essa armadura deve ser posicionada na região
tracionada da seção transversal das nervuras, retilínea.
A armadura longitudinal das vigotas em concreto armado do tipo trilho
deve ser composta por barras ou fios de aço destinados a armaduras para concreto
armado; essa armadura deve ser colocada na parte inferior da vigota. No detalhamento
dessa armadura, que normalmente é apresentado no projeto apenas em um corte feito na
seção transversal da laje, é importante que se indique com clareza o diâmetro e a
quantidade das barras ou fios utilizados; nesse mesmo desenho recomenda-se indicar,
ainda, o intereixo e as alturas do elemento de enchimento, da capa e total da laje (figura
4.13). Neste tipo de vigota eventualmente também se utiliza uma armadura superior,
nesse caso, construtiva.
3 cm3 cm
3 cm
11 cm
11 cm
11 cm
As (2Ø 6,3 mm)
As (2Ø 6,3 mm)
As (2Ø 6,3 mm)
33 cm
33 cm
33 cm
8 cm
8 cm
8 cm
FIGURA 4.13. Detalhamento da armadura longitudinal de uma vigota de concreto
armado do tipo trilho
A armadura das vigotas em concreto armado do tipo treliça, por sua vez,
deve ser composta por uma treliça espacial pré-fabricada. Conforme já foi visto, essa
treliça é constituída por dois fios de aço paralelos na base (banzo inferior) e um fio de
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
152
aço no topo (banzo superior), interligados por eletrofusão aos dois fios de aço diagonais.
No detalhamento dessa armadura é importante que se indique com clareza a sua altura,
o diâmetro dos fios ou barras que compõem os banzos e as laterais, e o tipo de aço
utilizado, designando-a conforme prescreve a NBR 14862:2002 (figura 4.14).
TR8638
12 cm
4 cm
40 cm
8 cm
8 cm
40 cm
4 cm
12 cm
TR8638
8 cm
40 cm
4 cm
12 cm
TR8638
FIGURA 4.14. Detalhamento da armadura de uma vigota de concreto armado do
tipo treliça
A armadura de distribuição, por sua vez, é colocada na mesa da laje nas
direções transversal e longitudinal, próximo à sua face inferior, com a função de
distribuição das tensões oriundas de ações aplicadas concentradas na laje e para o
controle da fissuração. Essa armadura pode ser montada utilizando tela soldada ou
barras; embora o emprego de tela soldada permita maior rapidez na montagem dessa
armadura, ainda é mais freqüente o uso de barras. No detalhamento dessa armadura, que
normalmente é apresentado no projeto apenas em planta, deve-se indicar com clareza o
diâmetro e o comprimento das barras, assim como a quantidade e o espaçamento entre
as mesmas (figura 4.15).
Na região comum entre duas lajes vizinhas, na mesa de concreto e
próximo à sua face superior, recomenda-se colocar uma armadura construtiva (armadura
negativa) com a finalidade de limitar as aberturas das fissuras (figura 4.15); essa
armadura pode ser montada utilizando tela soldada ou barras.
Quando se pretende a continuidade entre lajes vizinhas (lajes contíguas),
analisando as nervuras nessa situação como vigas contínuas, é necessário o uso de uma
armadura superior nas nervuras (armadura negativa). Essa armadura deve ser colocada
próximo à face superior das nervuras (na mesa), sobre os apoios intermediários das
mesmas, com a função de resistir às tensões de tração por ação de momentos fletores
negativos que aí ocorrem (figura 4.16).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
153
16N1-Ø5,0 C/ -660
16N1-Ø5,0 C/ -660
16N1-Ø5,0 C/ -660
12N2-Ø5,0 C/ -420
P4
P1 V1
V2
V3
12N2-Ø5,0 C/ -420
P4
P1 V1
V2
V3V3
V2
V1P1
P4
12N2-Ø5,0 C/ -420
12N2-Ø5,0 C/ -420
V5
P6P5
P3P2
V4
12N2-Ø5,0 C/ -420
V5
P6P5
P3P2
V4V4
P2 P3
P5 P6
V5
12N2-Ø5,0 C/ -420
16N3-Ø5,0 C/ -200
16N3-Ø5,0 C/ -200
16N3-Ø5,0 C/ -200
FIGURA 4.15. Detalhamento das armaduras de distribuição e negativa de uma
laje nervurada com vigotas pré-fabricadas
As (2Ø 10,0 mm)
8 cm
40 cm
4 cm
12 cm
As (2Ø 10,0 mm)
12 cm
4 cm
40 cm
8 cm
As (2Ø 10,0 mm)
12 cm
4 cm
40 cm
8 cm
FIGURA 4.16. Detalhamento da armadura negativa de uma laje nervurada
unidirecional contínua com vigotas pré-fabricadas
Etapa 5: Verificação dos estados limites de serviço
Neste tipo de lajes, a exemplo das lajes nervuradas moldadas no local de
concreto armado, a verificação dos estados limites de serviço é feita admitindo a laje
como um conjunto de vigas isoladas, representado pelas nervuras. Assim, para esta
verificação, pode-se utilizar os mesmos procedimentos indicados no capítulo 3 deste
trabalho.
CAPÍTULO 5
PROCESSOS DE CÁLCULO À FLEXÃO DE LAJES
NERVURADAS DE CONCRETO ARMADO
5.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Os processos usualmente empregados para calcular os esforços
solicitantes e os deslocamentos transversais em lajes, na sua maioria, se baseiam no
método elástico, também designado por teoria clássica das placas delgadas ou, ainda,
pela Teoria de Kirchhoff; esta teoria pode ser encontrada detalhadamente em
MARTINELLI et al. (1986), BARES (1972) e TIMOSHENKO & WOINOWSKY
(1959).
Segundo TIMOSHENKO & WOINOWSKY (1959), a teoria das placas
delgadas interpreta suficientemente bem o comportamento de placas que apresentam
relação espessura/menor vão entre 1/5 e 1/100; placas cuja relação se encaixa nesses
limites têm espessura considerada pequena para efeito de cálculo. Segundo
MARTINELLI et al. (1986), lajes usuais de edifícios apresentam a relação entre a altura
(espessura) e o menor vão variando entre 1/40 a 1/60, costumeiramente; portanto, o
método elástico é adequado para análise do comportamento das mesmas.
No método elástico os deslocamentos transversais são subestimados, pois
não se leva em conta a fissuração do concreto; este método baseia-se na análise do
comportamento do elemento sob ações de serviço e concreto íntegro (não fissurado), ou
seja, admite-se comportamento elástico linear para os materiais.
Dentre os processos de cálculo que se baseiam nesta teoria, pode-se
destacar o método das diferenças finitas (MDF), o método dos elementos finitos (MEF)
e o tradicional processo de resolução de placas elásticas por meio de séries; estes três
processos, mais o processo de grelha equivalente (Analogia de Grelha), são os mais
utilizados na análise das lajes dos edifícios de concreto armado.
Conforme foi destacado, as lajes nervuradas moldadas no local e armadas
em duas direções têm sido analisadas como lajes maciças, determinando-se os esforços
e os deslocamentos transversais mediante a utilização de tabelas de lajes elaboradas a
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
156
partir do emprego da teoria das placas delgadas; essa metodologia consta em diversas
bibliografias, e também encontra respaldo na NBR 6118:2003.
Entretanto, essa simplificação não é adequada; em razão das nervuras
apresentarem pequena rigidez à torção, diferentemente das lajes maciças, os esforços
solicitantes obtidos considerando o cálculo como laje maciça resultam bastante aquém
dos reais. Assim, é recomendado que estas lajes sejam analisadas empregando-se outros
processos de cálculo.
Neste capítulo, inicialmente, são apresentadas as hipóteses
simplificadoras nas quais se baseia a teoria das placas delgadas. Na seqüência,
apresentam-se os processos de cálculo usualmente empregados para a determinação dos
esforços solicitantes e deslocamentos transversais das placas e em particular das lajes
nervuradas, destacando as hipóteses que devem ser feitas em cada processo e em que
situações é mais adequado o uso de cada um deles.
5.2 MÉTODO ELÁSTICO
O método elástico, ou clássico, designado também por teoria das placas
delgadas, ou ainda de Kirchhoff, baseia-se nas equações de equilíbrio de um elemento
infinitesimal de placa e nas relações de compatibilidade das deformações do mesmo.
Dentre as vantagens do uso da teoria das placas está o conhecimento dos
valores das grandezas (esforços, tensões, deformações, deslocamentos, etc.) em cada
ponto no interior da placa, e como maior desvantagem têm-se as consideráveis
dificuldades analíticas para obtenção da solução, especialmente quando a geometria, as
ações e as condições de contorno são complexas.
A teoria das placas delgadas sob pequenas deformações, conforme
TIMOSHENKO & WOINOWSKY (1959), baseia-se nas seguintes hipóteses
simplificadoras:
a placa pode ser representada por seu plano médio (ou superfície média);
o material da placa é linear e elástico (obedece à lei de Hooke), homogêneo e
isótropo;
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
157
a placa é, inicialmente, plana;
a espessura da placa é pequena em relação às outras dimensões;
as deformações angulares da superfície média são pequenas comparadas à unidade;
os deslocamentos dos pontos da superfície média são pequenos comparados com a
espessura da placa;
as ações dinâmicas ou estáticas são aplicadas perpendicularmente à superfície da
placa;
as retas normais à superfície média permanecem normais e retas após a deformação,
ou seja, desprezam-se as deformações por força cortante (hipótese de Kirchhoff,
similar à de Bernoulli-Navier no estudo da flexão de vigas).
O concreto armado não é um material homogêneo, pois é constituído de
barras de aço (armadura) e concreto, porém, para fins práticos e simplificação de
cálculo, ele é assim admitido.
A propriedade da elasticidade refere-se ao fato de que o elemento
estrutural feito desse material volta à sua forma inicial quando é retirada a ação que nele
atua.
Material isótropo é aquele que tem as mesmas propriedades qualquer
que seja a direção observada, ao contrário do material ortótropo, que tem propriedades
diferentes em duas direções ortogonais.
Diz-se que um material é linearmente elástico (ou linear fisicamente)
quando a relação entre tensões e deformações se mantém linear; portanto, no caso do
concreto, não se leva em conta a fissuração.
A consideração de pequenos deslocamentos permite efetuar os cálculos
usando o princípio da superposição de efeitos, ou seja, admite-se a linearidade
geométrica, que é verificada, na prática, na maioria dos casos; quando há linearidade
geométrica, os esforços solicitantes, e conseqüentemente as tensões, não são afetados
pelo estado de deformação da estrutura.
Essas simplificações estão de acordo com a NBR 6118:2003, que
estabelece que as equações de equilíbrio podem ser determinadas com base na
geometria indeformada da estrutura (teoria de 1ª ordem), exceto nos casos em que os
deslocamentos alterem significativamente os esforços solicitantes.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
158
Para facilitar o emprego das condições de contorno na resolução do
problema de determinação de esforços, consideram-se, na maioria das vezes, outras
simplificações, tais como:
a) a ação das placas nas vigas de contorno se faz somente por forças verticais, não
havendo transmissão de momentos para as vigas;
b) as ações das placas nas vigas são uniformemente distribuídas e não há transmissão
de força diretamente para os pilares; a ação nas placas vai para as vigas e daí para os
pilares;
c) as vigas de contorno são indeslocáveis na direção vertical;
d) a rotação das placas no contorno é livre (apoio simples) ou totalmente impedida
(engastada).
A equação diferencial de momento fletor de uma viga:
IE
m(x)
xd
wd
2
2
=
(equação da linha elástica)
(5.1)
pode ser expressa em função de uma ação p(x) aplicada pela expressão:
IE
p(x)
xd
wd
4
4
=
(5.2)
A equação diferencial correspondente a uma placa, por sua vez, é mais
complicada, pois deve incluir termos para os momentos nas direções x e y, assim como
os momentos torsores que também estão presentes nas placas:
y)p(x,
y
m
yx
m
2
x
m
2
y
2
xy
2
2
x
2
=
+
(5.3)
A equação (5.3) é a equação diferencial de equilíbrio das placas, obtida
por equilíbrio de forças verticais e de momentos fletores em um elemento infinitesimal
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
159
de placa. É importante ressaltar que esta equação independe da placa estar em regime
elástico ou plástico, do coeficiente de Poisson e do fato da placa ser isótropa ou
ortótropa. Observe ainda que esta equação relaciona apenas os momentos (momentos
fletores e o torsor) com a ação p(x,y) aplicada. É também interessante relacionar os
deslocamentos com a ação.
As expressões que relacionam os momentos com as curvaturas da placa
são:
+
=
2
2
2
2
x
y
w
υ
x
w
Dm
(5.4)
+
=
2
2
2
2
y
x
w
υ
y
w
Dm
(5.5)
=
yx
w
υ)-D(1m
2
xy
(5.6)
onde:
)υ12(1
hE
D
2
3
=
, é a rigidez à flexão da placa;
E é o módulo de deformação longitudinal do material;
h é a espessura da placa;
υ é o coeficiente de Poisson.
As expressões que relacionam as forças cortantes com as curvaturas da
placa são:
+
=
2
3
3
3
x
yx
w
υ
x
w
Dq
(5.7)
+
=
yx
w
υ
y
w
Dq
2
3
3
3
y
(5.8)
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
160
Substituindo-se as expressões (5.4), (5.5) e (5.6) na expressão (5.3),
chega-se à equação diferencial de Lagrange (também conhecida como equação
diferencial fundamental das placas), em coordenadas cartesianas retangulares, a qual
relaciona deslocamentos com ação (p) na placa:
D
y)p(x,
y
w
yx
w
2
x
w
4
4
22
4
4
4
=
+
+
(5.9)
Integrando esta equação diferencial, de acordo com as condições de
contorno do problema, obtém-se a função
y)w(x,w
=
da superfície média deformada,
a partir da qual, utilizando as expressões (5.4) a (5.8), determina-se os esforços
solicitantes (momentos fletores e forças cortantes).
A equação das placas delgadas resolve por completo o problema da placa
de forma qualquer, submetida à ação qualquer e repousando num contorno de apoios
quaisquer. Entretanto, normalmente não é fácil encontrar uma função
y)w(x,w
=
que,
simultaneamente, satisfaça a equação diferencial de Lagrange e atenda às condições de
contorno.
A solução exata obtida pela integração direta da equação de Lagrange é
restrita a alguns poucos casos de formas de placas e condições de apoio; a grande
maioria dos formatos de placas, incluindo as placas retangulares e poligonais, os mais
utilizados em estruturas de concreto armado, não possuem solução pela integração
direta desta equação, o que torna este processo de pouca finalidade prática.
5.3 PROCESSOS DE CÁLCULO
A solução do problema de placas pela integração direta da equação de
Lagrange é limitada a um número relativamente pequeno de geometria de placas, de
carregamentos e condições de contorno. Se estas condições forem mais complexas a
análise torna-se muito difícil e em muitos casos impraticável.
Entretanto, a partir dessa equação pode-se montar outro tipo de modelo
que permita a determinação dos esforços solicitantes e deslocamentos transversais de
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
161
placas; dentre os processos que se baseiam na equação diferencial Lagrange pode-se
destacar o método das diferenças finitas (MDF), o método dos elementos finitos (MEF)
e o tradicional processo de resolução de placas elásticas por meio de séries
trigonométricas (séries de Fourier). Estes três processos, mais o processo de Analogia
de Grelha, são os mais utilizados na análise das lajes que compõem os pavimentos de
edificações; na seqüência, apresentam-se estes processos de cálculo.
5.3.1 Método das Diferenças Finitas (MDF)
Este processo consiste na integração numérica da equação diferencial de
Lagrange, que é substituída por outra, de diferenças finitas. No cálculo a placa é
dividida em uma malha que se adapte ao seu contorno, e substituem-se as derivadas por
expressões aproximadas, determinadas empregando-se convenientes polinômios de
interpolação. As derivadas do polinômio são consideradas como aproximadamente
iguais às da função incógnita, cujas derivadas parciais se pretende substituir pelas
diferenças finitas, como por exemplo:
12
12
x
y
x
y
xx
yy
d
d
Essas expressões são aplicadas para diversos pontos da superfície da laje
(número finito de pontos da superfície da laje), permitindo que a solução do problema
se dê, geralmente, por meio da resolução de um sistema de equações algébricas
lineares.
A maior dificuldade de aplicação deste método encontra-se na
representação de contornos irregulares, os quais, por simplicidade, muitas vezes são
aproximados por contornos escalonados (figura 5.1); quanto menor for a distância entre
os pontos da malha adotada, melhor será a aproximação do contorno e,
conseqüentemente, dos resultados.
Este processo de cálculo pode ser encontrado detalhadamente em
MARTINELLI et al. (1986), inclusive com exemplos.
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_____________________________________________________________________________
162
FIGURA 5.1. Placa de contorno irregular aproximado por uma malha de
diferenças finitas de contorno escalonado
5.3.2 Método dos Elementos Finitos (MEF)
No processo de Elementos Finitos subdivide-se a placa em elementos de
dimensão finita conectados por pontos nodais, impondo-se nestes pontos a
compatibilidade dos esforços solicitantes e deslocamentos. É usada, para tanto, a
equação fundamental, exprimindo-se os deslocamentos
w com polinômios cujos
coeficientes devem ser determinados. Aplicadas aos diversos pontos nodais dos
elementos, estas condições conduzem a um sistema de equações lineares cuja solução
não apresenta dificuldades.
Utilizando-se um número adequado de elementos da superfície da laje
(número finito de elementos), é possível obter soluções para praticamente qualquer
geometria definida.
O método dos elementos finitos se constitui atualmente numa das
melhores técnicas para analisar a estrutura do pavimento de edifícios, uma vez que este
processo possibilita que se faça a análise integrada do pavimento, podendo-se inclusive
considerar nesta análise outros comportamentos no elemento de placa além do elástico,
como, por exemplo, deformações por força cortante e a não linearidade física do
concreto; este processo permite reproduzir o comportamento estrutural de pavimentos
com praticamente qualquer geometria, seja ele composto de lajes de concreto armado
maciças, com ou sem vigas, ou então de lajes nervuradas.
Especificamente para o cálculo das lajes nervuradas armadas nas duas
direções, o método dos elementos infinitos é um dos processos que tem sido mais
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_____________________________________________________________________________
163
utilizado atualmente. Conforme já foi dito, muitos projetistas de estruturas e
pesquisadores que utilizam programas com base em elementos finitos têm tratado estas
lajes como se fossem lajes maciças de mesma rigidez à flexão, ou seja, a laje nervurada
é transformada numa laje maciça equivalente considerando a inércia à flexão; para não
se considerar a rigidez à torção, tem-se adotado para o módulo de deformação
transversal do concreto valor reduzido em relação àquele calculado pela equação obtida
pela teoria clássica da elasticidade.
A figura 5.2 mostra uma malha de elementos finitos para o pavimento de
um edifício que tem contorno regular (os traços mais espessos representam as vigas do
pavimento), e a figura 5.3, a de uma malha de elementos finitos para uma placa de
contorno irregular.
P9
P9
P9
P5
P1
P5
P1
P1
P5
P6
P2
P6
P2
P2
P6 P7
P3
P7
P3
P3
P7
P8
P4
P8
P4
P4
P8
P10
P10P10
P11
P11P11 P12P12
P12
FIGURA 5.2. Pavimento de edifício em modelo de elementos finitos
FIGURA 5.3. Malha de elementos finitos de uma placa de contorno irregular
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_____________________________________________________________________________
164
A conceituação teórica do método dos elementos finitos pode ser
encontrada detalhadamente em MARTINELLI et al. (1986).
5.3.3 Processo de Grelha Equivalente (Analogia de Grelha)
O processo de grelha equivalente ou analogia de grelha foi utilizado
inicialmente por Marcus em 1932 (ver TIMOSHENKO & WOINOWSKY (1959)) para
calcular os esforços solicitantes em placas com bordas indeslocáveis verticalmente; por
não dispor na época de computadores, Marcus tinha que se valer de processos
aproximados para resolver as placas. O procedimento consiste em substituir a placa
(laje) por uma malha equivalente de vigas (grelha equivalente), a qual, para efeito de
cálculo, passa a representar a placa. No caso de pavimentos de edifícios compostos por
lajes maciças, com ou sem vigas, ou por lajes nervuradas, pode-se usar o mesmo
procedimento.
Dividindo uma laje ou mesmo um pavimento em um número adequado
de elementos (barras da grelha equivalente), é possível obter por este processo soluções
para praticamente qualquer geometria definida; a exemplo do método dos elementos
finitos, este processo possibilita que se faça a análise integrada do pavimento, levando-
se em consideração a influência da flexibilidade dos apoios e da rigidez à torção, tanto
das lajes como das vigas, sendo ainda possível incluir na análise a não linearidade física
do concreto armado.
Considera-se que as ações distribuídas atuantes na laje se dividem entre
os elementos da grelha equivalente de acordo com a área de influência de cada
elemento; as ações podem ser consideradas uniformemente distribuídas ao longo dos
elementos ou então concentradas nos nós. No caso de existirem ações concentradas
atuantes na laje, estas devem ser aplicadas aos nós da malha; quando a posição dessas
ações não coincidir com um nó, deve-se adequar a malha ou adotar valores equivalentes
da ação nos nós mais próximos.
A rigidez (deslocamento para um esforço unitário de um certo elemento)
à torção, assim como à flexão, é tratada como concentrada nos elementos
correspondentes da grelha equivalente. Conforme HAMBLY (1976), as rigidezes das
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_____________________________________________________________________________
165
barras da grelha equivalente devem ser tais que, ao carregar a estrutura real e a da
grelha equivalente, obtenha-se o mesmo estado de deformação e os mesmos esforços
nas duas estruturas. Isso ocorre apenas aproximadamente, em virtude da diferença de
características das duas estruturas. Entretanto, conforme destaca BARBOZA (1992),
utilizando malhas com espaçamentos adequados e definindo as rigidezes de maneira
apropriada, consegue-se obter valores razoáveis para os esforços solicitantes e
deslocamentos transversais dos elementos que compõem o pavimento (vigas e lajes).
A utilização de programas de computadores para a resolução de grelhas
equivalentes foi feita inicialmente por LIGHTFOOT & SAWKO, no final da década de
50; HAMBLY (1976), posteriormente, sistematizou este estudo. Conforme destaca
CARVALHO (1994), com o processo de analogia de grelha adequadamente
programado para uso em microcomputador é possível analisar pavimentos de edifícios
com grandes dimensões em planta, contornos não regulares, vazios internos (poços de
elevadores, caixas de escada, etc.) e lajes com ou sem vigas (maciças ou nervuradas). É
importante destacar que o processo de grelha equivalente vem sendo usado em muitos
programas de análise de estruturas amplamente difundidos no país e de grande aceitação
no meio profissional.
A figura 5.4 mostra um pavimento em concreto armado composto por
duas lajes maciças, cinco vigas e seis pilares, e a grelha equivalente utilizada para
representá-lo. Os elementos que aparecem em traço mais espesso na grelha equivalente
representam as vigas, enquanto que os demais representam os elementos de laje.
VIGA
VIGA
L1
VIGA
VIGA
L1
L1
VIGA
VIGA
V
I
G
A
V
I
G
A
V
I
G
A
P4
P4
P4
P1
P1
P1
V
I
G
A
V
I
G
A
V
I
G
A
V
I
G
A
V
I
G
A
V
I
G
A
GRELHA EQUIVALENTE
GRELHA EQUIVALENTE
GRELHA EQUIVALENTE
P6P5
L2
PAVIMENTO
P6P5
L2
PAVIMENTO
PAVIMENTO
L2
P5 P6
P3P2
P3P2
P2 P3
FIGURA 5.4. Grelha equivalente de um pavimento em concreto armado
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
166
Especificamente na análise das lajes nervuradas de concreto armado
(moldadas no local ou com nervuras pré-fabricadas), o processo de grelha equivalente
normalmente tem sido utilizado para determinar os esforços solicitantes e os
deslocamentos transversais daquelas armadas em duas direções, embora também possa
ser aplicado à análise daquelas armadas em uma direção; como exemplo da análise de
lajes nervuradas unidirecionais com vigotas pré-fabricadas pelo processo de analogia de
grelha pode-se citar o estudo feito por CARVALHO & FIGUEIREDO FILHO (2004),
onde se verifica a influência da rigidez da capa da laje nos valores dos esforços
solicitantes, deslocamentos transversais e nas reações de apóio de lajes com vigotas pré-
fabricadas de concreto armado do tipo trilho.
Para aplicar o processo de grelha equivalente na análise das lajes
nervuradas de concreto armado bidirecionais (armadas em duas direções) é necessário
que as nervuras e as vigas sejam substituídas por elementos estruturais de barras
exatamente nos seus eixos, obtendo-se assim uma grelha equivalente que passa a
representar o pavimento. As características geométricas que devem ser consideradas
para as barras da grelha equivalente são de dois tipos: as do elemento que representa as
nervuras e as do elemento que representa as vigas; normalmente adota-se a seção em
forma de “T” para o elemento que representa as nervuras, e retangular para àquele que
representa as vigas do pavimento.
Para o cálculo das características geométricas do elemento que representa
as nervuras, no estádio I e desprezando a presença da armadura longitudinal, com base
na figura 5.5, pode-se utilizar as expressões apresentadas a seguir:
Momento de inércia à flexão:
2
2
h
cg
yh
w
b
2
2
f
h
cg
y
f
h)
w
b
f
(b
12
3
h
w
b
12
3
f
h)
w
b
f
(b
f
I
+
+
+
=
(5.10)
Momento de inércia à torção:
3
3
w
b)
f
h-(h
3
3
f
h
f
b
t
I
+
=
(5.11)
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
167
Área da seção transversal:
w
b)
f
h-(h)
f
h
f
b(A
+
=
(5.12)
h
f
cg
b
f
cg
b
w
y
h
h
y
w
b
cg
f
b
cg
f
h
h
y
w
b
cg
f
b
cg
f
h
FIGURA 5.5. Seção transversal do elemento que representa as nervuras na grelha
equivalente
Para o cálculo das características geométricas do elemento que representa
as vigas do pavimento, por sua vez, no estádio I e desprezando a presença da armadura
longitudinal, e sem levar em conta a contribuição da laje adjacente, o que poderia
configurar dependendo da posição uma viga de seção transversal em forma de “T” ou
em forma de “L” invertido (meio “T”), com base na figura 5.6, pode-se utilizar as
expressões apresentadas a seguir:
Momento de inércia à flexão:
12
3
hb
f
I
=
(5.13)
Momento de inércia à torção:
3
3
bh
t
I
=
(5.14)
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_____________________________________________________________________________
168
Área da seção transversal:
hbA =
(5.15)
b
h
h
b
h
b
FIGURA 5.6. Seção transversal do elemento que representa as vigas do pavimento
na grelha equivalente
Como indica CARVALHO (1994), no estádio II, pode-se considerar o
valor da inércia à torção do elemento que representa as vigas do pavimento como sendo
10% daquele dado pela Resistência dos Materiais; SUSSEKIND (1985), por sua vez,
recomenda considerar 20%. Assim:
30
3
bh
t
I
=
(segundo CARVALHO (1994))
(5.16)
15
3
bh
t
I
=
(segundo SUSSEKIND (1985))
(5.17)
Os valores do módulo de deformação longitudinal à compressão do
concreto (
cs
E ), do módulo de deformação transversal do concreto
c
G , e do coeficiente
de Poisson (
υ ) relativo às deformações elásticas, também necessários para a análise da
grelha equivalente, podem ser determinados a partir das recomendações dadas pela
NBR 6118:2003. Assim:
ckcs
f4760E = , com
cs
E e
ck
f dados em MPa;
ckcsc
f1904E4,0G == , com
c
G e
ck
f dados em MPa;
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_____________________________________________________________________________
169
2,0υ =
.
A figura 5.7 mostra um pavimento em concreto armado composto por
uma laje nervurada armada nas duas direções apoiada em vigas, e a grelha equivalente
utilizada para representá-lo. Os elementos que aparecem em traço mais espesso na
grelha equivalente representam as vigas, enquanto que os demais representam as
nervuras.
PILAR
PILAR
GRELHA EQUIVALENTEPAVIMENTO
V
I
G
A
PILAR
PILAR
VIGA
VIGA
V
I
G
A
PAVIMENTO GRELHA EQUIVALENTE
PILAR
PILAR
V
I
G
A
VIGA
VIGA
PILAR
PILAR
V
I
G
A
PAVIMENTO GRELHA EQUIVALENTE
PILAR
PILAR
V
I
G
A
VIGA
VIGA
PILAR
PILAR
V
I
G
A
FIGURA 5.7. Grelha equivalente de um pavimento composto por uma laje
nervurada armada nas duas direções
Conforme já foi dito, no capítulo 6 apresentam-se exemplos ilustrativos
em que se mostra o cálculo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais
em lajes nervuradas moldadas no local armadas em duas direções simulando-as como
grelhas (processo de analogia de grelha).
5.3.4 Processo de Resolução de Placas Elásticas por Meio de Séries
No cálculo por séries, substitui-se o valor de
y)p(x, por uma série,
normalmente composta por funções trigonométricas, obtendo-se uma solução para a
integração da equação diferencial de Lagrange (equação (5.9)).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
170
Em 1820 Navier apresentou um trabalho na Academia Francesa de
Ciências contendo a solução por séries duplas trigonométricas de uma placa retangular
simplesmente apoiada (ver TIMOSHENKO & WOINOWSKY (1959)). A solução
apresentada por Navier permitia analisar placas retangulares simplesmente apoiadas
com qualquer tipo de carregamento y)p(x,p = , representando a função y)p(x, por uma
série de Fourier dupla trigonométrica (superposição de carregamentos com a forma bi-
senoidal) do tipo:
b
yπn
sen
a
xπm
senpy)(x,pp
mn
mn
==
∑∑
(5.18)
em que:
a e b – dimensões da placa;
m e n – número de retângulos em que se divide a placa, cada um com lados a/m e b/n;
m
n
p – valor máximo da ação no centro de cada retângulo.
A linha elástica y)w(x, (forma da superfície da placa após sua
deformação) afim ao carregamento (tem a mesma forma do carregamento, ou seja é uma
função do mesmo tipo) é dada por uma série dupla e obtida a partir das derivadas da
equação fundamental e das condições de contorno para a placa, apoiada ao longo das
bordas (deslocamentos verticais impedidos) e com rotação livre, resultando:
b
yn
sen
a
xm
sen
b
n
a
m
D
p
w
2
2
2
2
2
4
mn
π
π
+π
=
(5.19)
Os valores de
mn
p são dados por:
∫∫
=
b
0
a
0
nm
dydx
b
yπn
sen
a
xπm
seny)(x,p
ba
4
p
(5.20)
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
171
Com m e n ímpares (1,3,5,...), pois valores pares de m e n levam a
0p
mn
= , e com
p
x
y
p
(,)=
=
ação uniformemente distribuída,
mn
p torna-se:
nmπ
p16
p
2
nm
=
(5.21)
Superpondo os efeitos, e colocando
m
n
p da equação (5.21) na da linha
elástica, tem-se finalmente a função y)w(x, para ação uniforme:
∑∑
+
π
π
π
=
mn
2
2
2
2
6
b
n
a
m
nm
b
xn
sen
a
xm
sen
D
p16
w
(5.22)
Os momentos fletores
x
m
e
y
m , por faixa de comprimento unitário, nas
direções x e y são obtidos a partir das derivadas da superfície elástica y)w(x, , conforme
as equações (5.4) e (5.5), resultando, finalmente, nas expressões:
∑∑
+
+
=
mn
2
2
2
2
2
2
2
2
2
4
x
b
yπn
sen
a
xπm
sen
b
n
a
m
nm
b
n
ν
a
m
π
p16
m
(5.23)
∑∑
+
+
=
mn
2
2
2
2
2
2
2
2
2
4
y
b
yπn
sen
a
xπm
sen
b
n
a
m
nm
a
m
ν
b
n
π
p16
m
(5.24)
Deve-se ressaltar que as expressões de
x
m e
y
m dependem
exclusivamente de a, b,
p e de quantos valores de m e n serão considerados, ou seja,
qual a precisão que se pretende atingir.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
172
Antes do uso efetivo de programas computacionais para o cálculo de
lajes em projetos de edifícios, a maioria dos casos era solucionada pela utilização de
tabelas de placas, as quais foram montadas quase que na sua totalidade a partir do
emprego do processo de cálculo de placas elásticas por séries simples ou por séries
duplas trigonométricas (conhecida por solução de Navier), visto que este processo é
bastante adequado para esta finalidade; estas tabelas permitem determinar facilmente
momentos fletores máximos e deslocamentos transversais a partir da geometria e
condições de vinculação da placa. Para isso o pavimento deve ser discretizado, ou seja,
cada laje deve ser tratada individualmente, e verificado como cada uma está vinculada
às demais (só é possível borda simplesmente apoiada ou engastada). De maneira geral,
considera-se que as lajes menos rígidas são engastadas nas mais rígidas.
Muitos autores de livros sobre estruturas de concreto armado incluíram
em suas obras tabelas práticas para o cálculo dos esforços solicitantes e deslocamentos
transversais em lajes isoladas com diversas condições de apoio e carregamento.
Algumas tabelas fornecem coeficientes para cálculo de deslocamentos transversais,
momentos fletores, momentos de torção, forças cortantes, reações de apoio e forças
concentradas nos cantos; outras apresentam coeficientes apenas para o cálculo de
momentos fletores, sem indicar o coeficiente de Poisson adotado e, em alguns casos, os
momentos fletores referem-se ao centro da placa, sem a indicação de que pode existir
um momento fletor maior em outro ponto fora do centro da mesma.
Entre as tabelas de placas mais utilizadas no Brasil destacam-se as
tabelas de Marcus, as de Bares e as de Czerny, amplamente difundidas.
Para o cálculo de painéis contínuos de lajes apoiadas em vigas, o cálculo
por meio de tabelas restringe-se ao cálculo de lajes isoladas com a utilização de critérios
para corrigir os esforços em virtude da continuidade. No caso do apoio em vigas, a
flexibilidade é geralmente desprezada, o quê, em alguns casos, pode resultar em grandes
diferenças nos valores dos esforços e nos deslocamentos verticais.
Apesar dos programas de computador tornarem possíveis as soluções de
painéis de lajes de edifícios de um modo bastante eficiente, as tabelas para o cálculo de
soluções elásticas de placas com carregamentos especiais, para o projeto de estruturas
hidráulicas, como tanques, reservatórios, estações de tratamento de água e efluentes,
continuam ainda a serem usadas com muita freqüência.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
173
É importante observar que os deslocamentos transversais encontrados
com o emprego de tabelas de placas são deslocamentos elásticos, ou seja, considera-se o
concreto um material linear, não sendo considerados os fenômenos de fissuração e
fluência, que devem ser posteriormente considerados.
Conforme já foi dito, no capítulo 6 apresenta-se um exemplo ilustrativo
em que se calcula os esforços solicitantes e o deslocamento transversal em uma laje
nervurada moldada no local armada em duas direções com o emprego de tabelas
elaboradas com base na teoria das placas elásticas, admitindo a laje nervurada como laje
maciça, conforme permitido pela NBR 6118:2003; os resultados são comparados com
aqueles obtidos utilizando o processo de grelha equivalente.
CAPÍTULO 6
EXEMPLOS
6.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Neste capítulo são apresentados exemplos com cálculo, detalhamento e
as verificações do estado limite de serviço (fissuração e deformação excessiva) para
lajes nervuradas moldadas no local armadas em uma e em duas direções e, também,
para lajes nervuradas unidirecionais com vigotas pré-fabricadas.
Serão seguidos os roteiros com indicações gerais sobre o cálculo e o
projeto de lajes nervuradas propostos nos capítulos 3 e 4; em todos os exemplos são
obedecidas as recomendações dadas pelas normas brasileiras citadas nos capítulos
anteriores.
6.2 EXEMPLO 1 (PAVIMENTO COM LAJE NERVURADA
MOLDADA NO LOCAL ARMADA EM UMA DIREÇÃO)
Projetar uma laje nervurada moldada no local de concreto armado, para o
pavimento mostrado na figura 6.1. Usar blocos de concreto celular como material de
enchimento. Considerar que o pavimento destina-se a utilização para escritórios
(edifício comercial). Admitir os seguintes dados de projeto:
Materiais: concreto C20 ( MPa 20f
ck
=
), aços CA-50 e CA-60 ( GPa 210E
s
= ).
Elemento de enchimento: bloco de concreto celular (
3
kN/m 5γ = ).
Revestimentos: revestimento inferior em argamassa de gesso (
3
kN/m 12,5γ = ), com
espessura de 1,5 cm; camada de regularização (contra-piso) em argamassa de
cimento e areia (
3
kN/m 21γ = ), com espessura de 2,0 cm; piso de plástico, com
peso de
2
kN/m 0,10 (já inclui o peso da cola).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
176
Retirada do escoramento: admitir que o escoramento será retirado 14 dias após a
concretagem da laje.
Cobrimento nominal das armaduras: mm 25c
nom
=
(classe de agressividade
ambiental II).
PILAR
V
I
G
A
PILAR
20
VIGA
LAJE
PILAR
VIGA
PILAR
1310
5
6
0
2
0
PILAR
V
I
G
A
PILAR
2
0
20
131020
PILAR
PILAR
V
I
G
A
VIGA
PILAR
VIGA
PILAR
LAJE
20
PILAR
2
0
2
0
PILAR
V
I
G
A
5
6
0
131020
PILAR
PILAR
V
I
G
A
VIGA
PILAR
VIGA
PILAR
LAJE
20
PILAR
2
0
2
0
PILAR
V
I
G
A
5
6
0
FIGURA 6.1. Pavimento a ser projetado – exemplo 1 (medidas em cm)
Etapa 1: Pré-dimensionamento das dimensões da seção transversal da laje
Como a dimensão de um dos vãos da laje é bem maior que a do outro
(maior que o dobro), opta-se por utilizar laje nervurada armada em uma direção.
Considerando as recomendações da NBR 6118:2003 para as dimensões limites das
lajes nervuradas, arbitra-se os seguintes valores para a espessura das nervuras (
w
b),
distância livre entre nervuras (a) e espessura da mesa (
f
h ):
cm 10b se-adotacm 5b
ww
=> ;
a = 50 cm, resultando entre eixos de nervuras 60 cm e evitando-se dessa maneira a
verificação da flexão da mesa e a verificação das nervuras ao cisalhamento como
vigas;
cm 5h se-adota
cm 3,3350/15a/15
cm 4
h
ff
=
==
.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
177
O pré-dimensionamento da altura da laje será feito considerando as
recomendações da NBR 6118:1980 apresentadas no capítulo 3 deste trabalho. Assim,
com
1,0ψ
2
=
(tabela 3.1, viga simplesmente apoiada), 17ψ
3
=
(tabela 3.3, viga, aço
CA-50) e λ = 5,80 m (vão teórico), estima-se a altura útil da laje (d):
cm 0,34
171
580
ψψ
d
32
=
λ
A altura total da laje (h) será avaliada somando-se ao valor estimado para
a altura útil (d) o cobrimento nominal (
nom
c ) mais metade do diâmetro das barras
utilizadas para montar a armadura longitudinal das nervuras. Admitindo que serão
utilizadas barras de φ 10,0 mm, resulta:
cm 37,02,51,0/234,0c/2dh
nom
=++=+φ+=
Na figura 6.2 mostra-se a seção transversal da laje, com as dimensões
adotadas.
5 cm
32 cm
32 cm
5 cm
32 cm
5 cm
10 cm
10 cm
10 cm50 cm
50 cm
50 cm10 cm
10 cm
10 cm
FIGURA 6.2. Seção transversal da laje – exemplo 1
Etapa 2: Determinação das ações atuantes
A partir das dimensões adotadas para a seção transversal da laje, do peso
específico dos materiais e do uso a que se destina o pavimento é possível determinar as
ações atuantes, que são:
Ações permanentes:
peso próprio: .........................
23
1
kN/m 2,58kN/m 25)0,32)/0,60(0,10(0,05g =+=
enchimento: ...........................
23
ench
kN/m 1,33kN/m 5)0,50)/0,60((0,32g ==
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
178
revestimentos:
revestimento inferior: ............
23
inf,rev
kN/m 19,0kN/m 5,12015,0g ==
camada de regularização: ......
23
reg,rev
kN/m 42,0kN/m 21020,0g ==
piso: .......................................
2
piso,rev
kN/m 10,0g =
total:
2
kN/m 62,410,042,019,033,158,2g =++++=
Ação variável:
carga acidental (de acordo com a NBR 6120:1980):
2
kN/m 00,2q =
Para obter as ações por nervura, por metro linear, basta multiplicar os
valores encontrados pela distância entre eixos de nervuras (60 cm). Assim, tem-se:
permanente: kN/m 77,260,062,4g =
= ;
variável:
kN/m 20,160,000,2q ==
;
total:
kN/m 97,320,177,2qg =+=+
.
Etapa 3: Cálculo dos esforços solicitantes
Considerando para as nervuras da laje o esquema estático mostrado na
figura 6.3, determina-se:
mkN 69,16
8
80,597,3
8
)qg(
M
22
máx
=
=
+
=
λ
(momento fletor na seção do meio do
vão);
kN 51,11
2
80,597,3
2
)qg(
V
máx
=
=
+
=
λ
(força cortante na seção do apoio).
λ = 5,80 m
λ = 5,80 m
= 5,80 mλ
g + q = 3,97 kN/m
g + q = 3,97 kN/m
g + q = 3,97 kN/m
FIGURA 6.3. Esquema estático das nervuras – exemplo 1
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
179
Etapa 4: Cálculo das armaduras necessárias
a) Verificação à flexão
O cálculo da armadura longitudinal das nervuras será feito adotando
seção transversal em forma de “T” para as mesmas. Com base na figura 6.2 apresentada
anteriormente, determina-se a largura colaborante (
f
b ) da seção:
cm 6025210b2bb
1wf
=
+=
+= , em que:
cm 10b
w
= é a largura da alma da seção “T”;
cm 50b
2
= é a distância entre as faces das nervuras;
====
==
apoiada) tesimplesmen viga,(a cm 585800,100,10a0,10
cm 255050,0b0,5
b
2
1
λλ
.
Assim, tem-se a seção transversal mostrada na figura 6.4.
= 60 cmb
f
b= 10 cm
w
f
= 5 cm
32 cm
h
= 60 cm
f
b
h
32 cm
= 5 cm
f
w
= 10 cmb
= 60 cm
f
b
h
32 cm
= 5 cm
f
w
= 10 cmb
FIGURA 6.4. Seção transversal admitida para as nervuras – exemplo 1
Admitindo que a linha neutra passa na mesa da seção transversal,
calcula-se:
0,0236
4,1
20000
34,060,0
69,161,4
fdb
M
KMD
2
cd
2
f
d
=
=
=
Adotando KMD = 0,0300 e usando a tabela A1 apresentada no anexo,
tem-se:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
180
KX = 0,0449; KZ = 0,9820;
c
ε = 0,4704‰;
s
ε
= 10,00‰.
A posição da linha neutra é obtida por:
cm 5,0hcm 1,5334,00,0449d(KX)x
f
=
<=== ; a linha neutra passa na mesa e a
seção trabalha como retangular.
Como
c
ε = 0,4704‰ e
s
ε
= 10,00‰, a peça está trabalhando no
domínio 2 (deformação no aço de 10,00‰ e no concreto menor que 3,5‰), e
yds
ff = .
A armadura longitudinal das nervuras é obtida por:
2
yd
d
s
cm 61,1
15,1
50
34,09820,0
69,161,4
fdKZ
M
A =
=
=
Com duas barras de φ 10,0 mm resulta
22
s
cm 61,1cm 60,1A = (ou
então, por metro de largura da laje,
/mcm 67,260,1
60
100
A
2
s
== ).
Agora, é necessário verificar se esta armadura é superior à mínima. Da
tabela 2.3 tem-se 0,15%
A
A
c
mín,s
min
==ρ (para seção transversal “T” e MPa 20f
ck
= ).
Assim, a armadura mínima de flexão será:
2
cmín,s
cm 90,0620
100
15,0
A
100
15,0
A === (ou então, por metro de largura da laje,
/mcm 50,190,0
60
100
A
2
míns,
== ), em que:
2
wfwfc
cm 62037105)1060(hbh)bb(A =+=+= , corresponde à área da
seção transversal da nervura.
Como
22
s
cm 0,90cm 1,60A >= , atende-se.
Finalmente, é necessário determinar a armadura de distribuição ( /sA
s
).
Deve-se atender:
/mcm 0,532,67
100
20
/sAprincipal armadura da 20%/sA
2
ss
= ;
/mcm 0,9/sA
2
s
;
/mcm 0,751,500,5A0,5/sAρ0,5ρ
2
míns,smíns
== .
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
181
Adotando barra de φ 5,0 mm (
2
barra,s
cm 20,0A = ) a cada 22 cm, resulta
/mcm 0,910,20(100/22)/sA
2
s
== que é superior a /mcm 0,9
2
; com este diâmetro e
espaçamento também atende-se as recomendações da NBR 6118:2003 quanto ao
diâmetro e espaçamento máximo para as barras dessa armadura, que são,
mm 6,2550/8/8h
fmáx
=
=
=φ e 33 cm, respectivamente.
b) Verificação ao cisalhamento
Como a distância entre eixos de nervuras é menor que 65 cm, a laje pode
prescindir de armadura transversal para resistir as tensões de tração causadas pela força
cortante se
Rd1Sd
V V . Tem-se:
kN 11,1651,114,1V4.1V
máxSd
=
== (força cortante solicitante de cálculo)
[]
[
]
34,010,0)0047,040(1,226,1276db)ρ40(1,2kτV
w1RdRd1
+
=
+
=
kN 41,16V
Rd1
= (resistência de cálculo ao cisalhamento), em que:
2
3
2
c
3
2
ck
c
inf,ctk
Rd
kN/m 276MPa 276,0
4,1
2021,0
25,0
γ
f21,0
25,0
γ
f
0,25τ ==
=
==
;
126,1)34,06,1(k1)d6,1(k >
=
== ;
0,020047,0
3410
60,1
ρ02,0
db
A
ρ
1
w
s1
1
<=
=
= .
Como kN 41,16VkN 11,16V
Rd1Sd
=
<
=
, conclui-se que não é
necessário a utilização de armadura transversal.
Agora, é necessário fazer a verificação da compressão diagonal do
concreto (bielas comprimidas). Em elementos sem armadura de cisalhamento, esta
verificação é feita comparando a força cortante solicitante de cálculo
Sd
V com a
resistência de cálculo
Rd2
V. Tem-se:
kN 109,290,340,90,10142860,50,5d9,0bf5,0V
wcd1vRd2
=
=
α= , em que:
5,06,0)20/2007,0(5,0)/200f7,0(
1v1vck1v
=
α
⇒∴
=
=
α
=α ;
2
c
ck
cd
kN/m 14286
1,4
20000
γ
f
f ===
.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
182
Como kN 29,129VkN 11,16V
Rd2Sd
=
<= , conclui-se que não risco de
ruptura por compressão do concreto das bielas.
Posteriormente à verificação dos estados limites de serviço, apresenta-se
o detalhamento das armaduras necessárias.
Etapa 5: Verificação dos estados limites de serviço
a) Verificação da fissuração
Para a verificação da fissuração é necessário determinar, inicialmente, as
características geométricas da seção transversal, o que será feito usando as expressões
indicadas no capítulo 3; deve-se determinar essas características no estádio I e estádio II
puro.
No estádio I, sem considerar a presença da armadura e com base na seção
transversal apresentada anteriormente na figura 6.4, tem-se:
Área da seção transversal:
2
wfwfg
cm 62037105)1060(hbh)bb(A =+=+=
Posição do centro de gravidade a partir da borda superior da seção:
cm 05,12
620
2
37
10
2
5
)1060(
A
2
h
b
2
h
)bb(
y
22
g
2
w
2
f
wf
cg
=
+
=
+
=
Momento de inércia à flexão:
2
cgw
2
f
cgfwf
3
w
3
fwf
g
2
h
yhb
2
h
yh)bb(
12
hb
12
h)bb(
I
+
+
+
=
22
33
g
2
37
05,123710
2
5
05,125)1060(
12
3710
12
5)1060(
I
+
+
+
=
4
g
cm 80925I =
No estádio II puro, por sua vez, para o cálculo do momento de inércia da
seção fissurada de concreto, é necessário conhecer, inicialmente, a relação entre os
módulos de elasticidade do aço e do concreto (
e
α ):
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
183
9,865
21287
210000
E
E
α
cs
s
e
=== , em que:
MPa 212872056000,85f56000,85E
ckcs
=== .
Também é preciso conhecer a posição da linha neutra (
II
x ). Admitindo a
linha neutra passando na mesa da seção transversal (
fII
hx
<
), de modo que
fw
bb
=
, e
destacando que neste caso 0A
'
s
= (não há armadura superior comprimida), calcula-se:
cm 3,97
302
66,53630478,1578,15
a2
aa4aa
x
2
1
31
2
22
II
=
++
=
+
=
, em que:
cm 3060/2/2b/2ba
fw1
==== ;
()()
2
se
'
sewff2
cm 78,156,1865,9AαA1αbbha ==++= ;
() ()
3
wf
2
f
se
'
se
'
3
cm 66,5366,1865,934bb
2
h
AαdA1αda === .
Como
cm 5hcm 3,97x
f
II
=
<
= , a linha neutra passa na mesa da seção
transversal e o momento de inércia fica:
2'
II
'
se
2
IIse
3
IIf
ΙΙx,
)d(xA1)(αd)(xAα
3
xb
Ι
0
++
=
42
3
ΙΙx,
cm 15485)3497,3(6,1865,9
3
97,360
Ι
0
=+
=
O momento de fissuração (
r
M ), no caso para seção “T”, sendo
c
I o
momento de inércia da seção bruta de concreto (aqui chamado de
g
I
) e
t
y a distância
do centro de gravidade da seção bruta à fibra mais tracionada, fica:
mkN 03,6
)1205,037,0(
)1080925(15502,1
y
Ifα
M
8
t
cct
r
=
=
=
com 1,2α = (seção “T”) e
22/32/3
ckct
kN/m 1550MPa 1,55200,21f0,21f ==== .
O momento fletor de serviço fica (combinação freqüente de ações):
mkN 14,68
8
5,801,20
0,6
8
5,802,77
MψMM
22
qk1gkserd,
=
+
=+= ; conforme já
foi comentado,
1
ψ é o fator de redução de combinação freqüente para o estado limite de
serviço, igual a 0,6 neste caso pois trata-se de edifício comercial (ver tabela A5).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
184
Como mkN 03,6MmkN 14,68M
rserd,
=
>
= , a peça está fissurada e
deve-se verificar o estado limite de abertura das fissuras.
Para a verificação do estado limite de abertura das fissuras,
primeiramente é necessário o calculo da tensão na armadura no estádio II. Esta tensão
fica:
MPa 281kN/m 2805659,86530,0
1015485
14,68
αy
I
M
σ
2
8
esi
IIx,
serd,
si
0
=
==
com cm 3097,334xdy
IIsi
== (distância da armadura i até a linha neutra no
estádio II).
A taxa de armadura (
ri
ρ ), obtida pela relação entre a área de uma barra
(
barras,
A ) e a área do retângulo que considera o envolvimento de concreto na mesma
(
cri
A), fica:
0152,0
52,5
0,8
A
A
ρ
cri
barras,
ri
===
com
2
cri
cm 5,5255,10A == (área do retângulo indicado na figura 6.5).
= 7,5φ7,5 ·
criA
5,0
3,0
3,04,03,0
3,0 4,0 3,0
3,0
5,0
A
cri
7,5 · φ = 7,5
3,0 4,0 3,0
3,0
5,0
A
cri
7,5 · φ = 7,5
FIGURA 6.5. Concreto de envolvimento das barras da armadura – exemplo 1
Finalmente, estima-se a abertura das fissuras:
mm 0,18
2,21
2813
210000
281
2,2512,5
10
f
σ3
E
σ
η12,5
w
mct,
si
si
si
i
i
=
=
φ
=
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
185
mm 0,1545 +
0,0152
4
210000
281
2,2512,5
10
45 +
ρ
4
E
σ
η12,5
w
risi
si
i
i
=
=
φ
=
com 2,25η
i
= (tabela 2.5) e MPa 2,21200,30f0,30f
2/32/3
ckmct,
=== .
Assim, a abertura máxima característica das fissuras fica: mm 0,15w = ,
que é o menor valor obtido. Como mm 3,0wmm 0,15w
limite
=
<
=
(tabela 2.2, para
classe de agressividade ambiental II e combinação freqüente de ações), conclui-se que a
fissuração não é nociva.
b) Verificação do estado limite de deformações excessivas
b.1) Flecha imediata
Para as diversas combinações de ações, pode-se calcular a flecha
imediata (considerando o efeito da fissuração e ainda sem o efeito da fluência do
concreto) pela expressão:
eq
4
)IE(385
p5
a
=
λ
sendo p a ação por metro linear atuante na nervura, λ o vão (neste caso, igual a 5,80 m)
e
eq
)IE(
a rigidez equivalente.
A rigidez equivalente é dada por:
ccsII
3
a
r
c
3
a
r
cseq
IEI
M
M
1I
M
M
EI)(E
+
=
com
cs
E,
gc
II
=
e
0
IIx,II
II =
, todos obtidos anteriormente; para esta verificação, o
momento de fissuração (
r
M ) fica:
mkN 60,8
)1205,037,0(
)1080925(22102,1
y
Ifα
M
8
t
cct
r
=
=
=
com
23/22/3
ckct
kN/m 2210MPa 21,22030,0f0,30f ==== .
Para as diversas combinações de ações, o momento fletor atuante (
a
M) é
obtido por:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
186
8
p
M
2
a
λ
= , em que p e λ têm os mesmos significados anteriores.
Na tabela 6.1 apresenta-se a flecha imediata obtida para três situações
distintas de carregamento das nervuras: carregamento somente com a ação permanente e
carregamentos obtidos com as combinações quase-permanente e rara de ações; essas
flechas deverão ser comparadas com as flechas-limite.
TABELA 6.1 Flecha imediata para as diversas combinações de ações – exemplo 1
Ação
p
(kN/m)
a
M
( mkN
)
a
r
M
M
eq
I)(E
(
2
mkN )
a
(cm)
g
(soma das ações permanentes)
2,77 11,65 0,74 8941 0,46
q0,4g +
(combinação quase-permanente)
3,25 13,67 0,63 6780 0,70
g + q
(combinação rara)
3,97 16,69 0,51 5255 1,11
A flecha imediata relativa à ação variável é dada pela diferença entre a
obtida com a combinação rara (totalidade das ações) e a obtida com a soma das ações
permanentes:
cm 65,046,01,11aaa
permanenteraraq
===
Como
cm 66,1
350
580
350
acm 65,0a
itelimq
===<=
λ
(tabela 2.7, caso de
aceitabilidade sensorial visual), atende-se.
b.2) Flecha diferida no tempo
Na seqüência deve-se determinar o fator
f
α , para considerar o efeito da
fluência:
1,47
1
0,532
ρ'501
)ξ(t)ξ(
ρ'501
∆ξ
α
0
f
=
=
+
=
+
= , em que:
0ρ'= , pois não há armadura comprimida;
2)ξ( = (valor fixo para idade maior que 70 meses);
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
187
53,047,0996,068,0t996,068,0)t(
32,047,032,0t
0
===ξ , com 0,4714/30t
=
= a
idade, em meses, relativa à data de aplicação da ação de longa duração, no caso 14 dias.
O valor da flecha total no tempo infinito será a flecha imediata por causa
da ação total (combinação rara de ações), acrescida da calculada com a combinação
quase-permanente de ações multiplicada pelo fator
f
α :
cm 2,140,701,471,11aαaa
permanente quasefraratotal,
=
+
=
+=
Como
cm 32,2
250
580
250
acm 2,14a
limitetotal,
===<=
λ
(tabela 2.7,
caso de aceitabilidade sensorial de vibrações sentidas no piso), atende-se, não havendo a
necessidade de ser dada uma contraflecha; caso fosse necessário uma contraflecha, esta
poderia ser de até: cm 1,66580/350/350
=
=λ (tabela 2.8).
Etapa 6: Detalhamento das armaduras necessárias da laje
Para as lajes nervuradas, o detalhamento das armaduras necessárias deve
ser apresentado em planta e em corte; para cada tipo de barra, além do numero da
mesma, deve-se indicar o diâmetro, a quantidade, o tamanho dos ganchos, o
espaçamento entre barras, o comprimento parcial e o total. Para o exemplo em questão,
esse detalhamento é apresentado nos desenhos indicados na figura 6.6.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
188
6
1
N
2
-
Ø
5
,
0
C
/
2
2
2
N
3
-
Ø
1
0
,
0
(
P
/
N
E
R
V
U
R
A
)
27 N1 - Ø5,0 C/22
N1 - Ø5,0 (CORRIDO COM TRASPASSE DE 25 cm - EMENDAS ALTERNADAS)
B
CORRIDO
ARMAÇÃO EM PLANTA
1
5
A
B
A
1
5
N
3
-
Ø
1
0
,
0
C
=
6
2
5
5
9
5
N
2
-
Ø
5
,
0
C
=
5
9
5
5
9
5
A
N1 - Ø5,0 (CORRIDO COM TRASPASSE DE 25 cm - EMENDAS ALTERNADAS)
CORRIDO
ARMAÇÃO EM PLANTA
6
1
N
2
-
Ø
5
,
0
C
/
2
2
B
B
27 N1 - Ø5,0 C/22
A
2
N
3
-
Ø
1
0
,
0
(
P
/
N
E
R
V
U
R
A
)
5
9
5
N
2
-
Ø
5
,
0
C
=
5
9
5
5
9
5
N
3
-
Ø
1
0
,
0
C
=
6
2
5
1
5
1
5
A
N1 - Ø5,0 (CORRIDO COM TRASPASSE DE 25 cm - EMENDAS ALTERNADAS)
CORRIDO
ARMAÇÃO EM PLANTA
6
1
N
2
-
Ø
5
,
0
C
/
2
2
B
B
27 N1 - Ø5,0 C/22
A
2
N
3
-
Ø
1
0
,
0
(
P
/
N
E
R
V
U
R
A
)
5
9
5
N
2
-
Ø
5
,
0
C
=
5
9
5
5
9
5
N
3
-
Ø
1
0
,
0
C
=
6
2
5
1
5
1
5
N1 C/22
N1
N2
ARMAÇÃO EM CORTE
2N32N3
N2 C/22
CORTE AA CORTE BB
N2
ARMAÇÃO EM CORTE
CORTE AA
N2 C/22
2N3 2N3
CORTE BB
N1
N1 C/22
N2
ARMAÇÃO EM CORTE
CORTE AA
N2 C/22
2N3 2N3
CORTE BB
N1
N1 C/22
FIGURA 6.6. Detalhamento das armaduras da laje – exemplo 1
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
189
6.3 EXEMPLO 2 (LAJE NERVURADA MOLDADA NO LOCAL
ARMADA EM DUAS DIREÇÕES)
Calcular os esforços solicitantes (momento fletor e força cortante) e os
deslocamentos transversais para a laje nervurada armada nas duas direções indicada na
figura 6.7 utilizando o processo de analogia de grelha, e comparar os resultados com os
obtidos utilizando o cálculo admitindo a laje nervurada como laje maciça (com o
emprego de tabelas elaboradas com base na teoria das placas elásticas). Considerar que
serão utilizadas fôrmas reaproveitáveis para construir a laje e que a mesma esteja
apoiada no seu contorno em paredes de alvenaria estrutural (contorno admitido
indeslocável verticalmente). Admitir os seguintes dados:
Materiais: concreto C20 ( MPa 20f
ck
=
), aço CA-50 ( GPa 210E
s
=
).
Ação permanente:
2
2
kN/m 1,0g = (contra-piso, piso e forro falso).
Ação variável:
2
kN/m 4q = (carga acidental).
p
a
r
e
d
e
8
0
0
c
m
p
a
r
e
d
e
8
0
0
c
m
8
0
0
c
m
p
a
r
e
d
e
A
A
p
a
r
e
d
e
parede
parede
800 cm
A
A
p
a
r
e
d
e
parede
parede
800 cm
800 cm
parede
parede
p
a
r
e
d
e
A
A
CORTE AA
10 cm90 cm10 cm
CORTE AA
10 cm90 cm10 cm
10 cm 90 cm 10 cm
CORTE AA
7 cm
30 cm
7 cm
30 cm
30 cm
7 cm
A
A
AA
A
A
FIGURA 6.7. Laje nervurada armada nas duas direções – exemplo 2
a) Ações atuantes
peso próprio:
23
1
kN/m 25,3kN/m 252)0,30)(0,10(0,07g =+=
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
190
contra-piso + piso + forro falso:
2
2
kN/m 00,1g =
carga acidental:
2
kN/m 00,4q =
valor total das ações:
2
21
kN/m 25,800,400,125,3qggP =++=++=
b) Cálculo dos esforços solicitantes e deslocamentos transversais por meio de
tabelas (admitindo a laje como maciça)
Os esforços solicitantes e os deslocamentos transversais serão calculados
usando as tabelas A2, A3 e A4 apresentadas no anexo, elaboradas para lajes maciças; é
importante destacar que neste caso, de fato, o contorno da laje está impedido de se
deslocar verticalmente, pois a laje apóia-se em paredes de alvenaria estrutural que são
admitidas indeformáveis nesta direção. Admite-se que a laje está simplesmente apoiada,
ou seja, não há engastamento (a rotação da laje nos apoios é livre).
Na tabela A2 com o parâmetro de entrada λ (relação entre os lados da
laje) igual a 1,00 por ser a laje quadrada, se obtêm: 4,41µµµ
yx
=
=
=
. Os momentos
fletores no meio do vão (momentos fletores máximos), por metro de largura da laje, são
iguais a:
m/mkN 23,28
100
8,08,25
4,41
100
P
µmmm
2
x
yx
=
=
===
λ
; como o espaçamento
entre eixos de nervuras é de um metro (100 cm), este valor também representa o
momento máximo atuando nas nervuras, ou seja: mkN 23,28M
máx
=
.
A máxima força cortante atuante em uma nervura, por sua vez, pode ser
obtida calculando a reação de apoio da laje nas paredes. Na tabela A3 com o parâmetro
de entrada λ igual a 1,00 se obtêm 50,2kkk
yx
=
=
= , e a reação de apoio fica:
kN/m 50,16
10
8,0
25,850,2
10
Pkvvv
x
yx
=====
λ
; como o espaçamento entre
eixos de nervuras é de um metro (100 cm), este valor também representa a força
cortante máxima atuando em uma nervura, ou seja: kN 50,16V
máx
=
.
A flecha, por sua vez, será calculada sem os efeitos da fissuração e
fluência do concreto, ou seja, apenas será calculada a flecha imediata, admitindo o
concreto com comportamento elástico e linear; a combinação de ações empregada será a
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
191
rara (totalidade das ações). Para realizar este cálculo, a laje nervurada será transformada
em uma laje maciça de espessura constante tal que a inércia a flexão nos dois casos seja
equivalente; com base na figura 6.7 apresentada anteriormente, inicialmente, determina-
se a largura colaborante (
f
b ) da seção:
cm 10045210b2bb
1wf
=
+=
+= , em que:
cm 10b
w
= é a largura da alma da seção “T”;
cm 90b
2
= é a distância entre as faces das nervuras;
====
==
apoiada) tesimplesmen viga,(a cm 808000,100,10a0,10
cm 459050,0b0,5
b
2
1
λλ
.
Assim, tem-se para as nervuras da laje a seção transversal mostrada na
figura 6.8.
= 7 cm
30 cm
h
= 7 cm
30 cm
h
h
30 cm
= 7 cm
= 100 cm
= 100 cm
= 100 cmb
b
b
b= 10 cm
= 10 cmb
= 10 cmb
f
f
f
w
w
w
f
f
f
FIGURA 6.8. Seção transversal admitida para as nervuras – exemplo 2
A partir da figura 6.8 e usando as expressões apresentadas no capítulo 3,
no estádio I e sem considerar a presença da armadura, determinam-se:
Área da seção transversal:
2
wfwfg
cm 100037107)10100(hbh)bb(A =+=+=
Posição do centro de gravidade a partir da borda superior da seção transversal:
cm 05,9
1000
2
37
10
2
7
)10100(
A
2
h
b
2
h
)bb(
y
22
g
2
w
2
f
wf
cg
=
+
=
+
=
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
192
Momento de inércia à flexão:
2
cgw
2
f
cgfwf
3
w
3
fwf
g
2
h
yhb
2
h
yh)bb(
12
hb
12
h)bb(
I
+
+
+
=
22
33
g
2
37
05,93710
2
7
05,97)10100(
12
3710
12
7)10100(
I
+
+
+
=
4
g
cm 97231I =
Considerando uma largura
b de 1 m (100 cm), determina-se a altura h da
laje maciça de mesma inércia à flexão que a da laje nervurada (também no estádio I e
sem considerar a presença da armadura):
cm 22,7h97231
12
h100
12
hb
I
33
f
==
=
=
Na tabela A4 com o parâmetro de entrada λ igual a 1,00 se obtêm
4,67=α , e a flecha elástica fica:
cm 63,0am 0063,0
100
67,4
227,0)1021287(
0,825,8
100
hE
P
a
33
4
3
4
x
==
=
α
=
λ
, em que:
MPa 212872056000,85f56000,85E
ckcs
=== , é o módulo de elasticidade
secante do concreto.
A seguir, apresenta-se o resumo dos resultados obtidos calculando a laje
nervurada como laje maciça por meio de tabelas:
momento fletor máximo por nervura:
mkN 23,28M
máx
=
força cortante máxima por nervura:
kN 16,50V
máx
=
flecha para combinação rara de ações: a = 0,63 cm
Conforme comentado no capítulo 3, HAHN (1972) recomenda que os
esforços solicitantes encontrados considerando a laje nervurada como maciça devem ser
multiplicados pelo coeficiente
δ
dado por:
+
=
4
2
ε1
ε
6
5
1
1
δ
; com 1
0,8
0,8
ε
y
x
===
λ
λ
, tem-se:
71,1
11
1
6
5
1
1
δ
4
2
=
+
=
.
Com este critério, se obtêm os seguintes valores para os esforços
solicitantes:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
193
momento fletor máximo por nervura:
mkN 39,811,7123,28M
máx
=
=
força cortante máxima por nervura:
kN 28,221,7116,50V
máx
=
=
c) Cálculo dos esforços solicitantes e deslocamentos transversais pelo processo de
analogia de grelha
Para a determinação dos esforços solicitantes e deslocamentos
transversais da laje pelo processo de analogia de grelha empregou-se uma grelha
equivalente composta de 81 nós e 144 barras (figura 6.9), com espaçamento de 1m nas
duas direções entre as barras (coincidindo com a distância entre eixos de nervuras).
E56E55E54E53E52E51E50E49
636261605958575655
E68
E60
E80
E79
E104
E103
E96
E95
E88
E87
E67E66E65
E59E58E57
76757473
67666564
E144
E143
E136
E135
E128
E127
E120
E119
E112
E111
E72E71E70E69
E64E63E62E61
8180797877
7271706968
E44
E36
E28
E20
E12
1
E78
E77
E76
E75
E74
E102
E101
E100
E99
E98
E97
E94
E93
E92
E91
E90
E89
E86
E85
E84
E83
E82
E81E73
E33
E43E42E41
E35E34
E27E26E25
E19E18E17
E11E10E9
E4E3E2E1
49484746
40393837
31302928
22212019
13121110
432
E142
E141
E140
E139
E138
E137
E134
E133
E132
E131
E130
E129
E126
E125
E124
E123
E122
E121
E118
E117
E116
E115
E114
E113
E110
E109
E108
E107
E106
E105
E48E47E46E45
E40E39E38E37
E32E31E30E29
E24E23E22E21
E16E15E14E13
E8E7E6E5
5453525150
4544434241
3635343332
2726252423
1817161514
98765
8
17
26
35
44
53
E129
E130
E131
E132
E133
E134
71
80
E135
E136
6255 56 57 58 59 60 61
E49 E50 E51 E52 E53 E54 E55
66
75
64 65
73 74
E57 E58
E65 E66
E87
E88
E95
E96
E79
E80
68 69 70
77 78 79
E61 E62 E63
E69 E70 E71
E111
E112
E119
E120
E127
E128
67
76
E59
E67
E103
E104
E60
E68
12
21
30
39
48
23
10 11
19 20
28 29
37 38
46 47
E1 E2
E9 E10
E17 E18
E25 E26
E34
E41 E42
E33
E73 E81
E82
E83
E84
E85
E86
E89
E90
E91
E92
E93
E94
E74
E75
E76
E77
E78
1
567
14 15 16
23 24 25
32 33 34
41 42 43
50 51 52
E5 E6 E7
E13 E14 E15
E21 E22 E23
E29 E30 E31
E37 E38 E39
E45 E46 E47
E105
E106
E107
E108
E109
E110
E113
E114
E115
E116
E117
E118
E121
E122
E123
E124
E125
E126
4
13
22
31
40
49
E3 E4
E11
E19
E27
E35
E43
E97
E98
E99
E100
E101
E102
E12
E20
E28
E36
E44
63
E56
72
81
E64
E72
E143
E144
9
18
27
36
45
54
E8
E16
E24
E32
E40
E48
E137
E138
E139
E140
E141
E142
8
17
26
35
44
53
E129
E130
E131
E132
E133
E134
71
80
E135
E136
6255 56 57 58 59 60 61
E49 E50 E51 E52 E53 E54 E55
66
75
64 65
73 74
E57 E58
E65 E66
E87
E88
E95
E96
E79
E80
68 69 70
77 78 79
E61 E62 E63
E69 E70 E71
E111
E112
E119
E120
E127
E128
67
76
E59
E67
E103
E104
E60
E68
12
21
30
39
48
23
10 11
19 20
28 29
37 38
46 47
E1 E2
E9 E10
E17 E18
E25 E26
E34
E41 E42
E33
E73 E81
E82
E83
E84
E85
E86
E89
E90
E91
E92
E93
E94
E74
E75
E76
E77
E78
1
567
14 15 16
23 24 25
32 33 34
41 42 43
50 51 52
E5 E6 E7
E13 E14 E15
E21 E22 E23
E29 E30 E31
E37 E38 E39
E45 E46 E47
E105
E106
E107
E108
E109
E110
E113
E114
E115
E116
E117
E118
E121
E122
E123
E124
E125
E126
4
13
22
31
40
49
E3 E4
E11
E19
E27
E35
E43
E97
E98
E99
E100
E101
E102
E12
E20
E28
E36
E44
63
E56
72
81
E64
E72
E143
E144
9
18
27
36
45
54
E8
E16
E24
E32
E40
E48
E137
E138
E139
E140
E141
E142
FIGURA 6.9. Malha da grelha equivalente usada na análise da laje – exemplo 2
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
194
O carregamento da grelha equivalente foi feito considerando as ações
aplicadas nos nós (ações concentradas); o valor numérico destas ações foi determinado
multiplicando o valor total por metro quadrado das ações atuantes (8,25 kN/m²) pela
área de influência dos nós (1 m²), resultando em 8,25 kN.
As características geométricas das barras da grelha equivalente foram
determinadas no estádio I e sem considerar a presença da armadura; com base na figura
6.8 apresentada anteriormente, foi obtido:
2
g
cm 1000A = (área da seção transversal, já calculada anteriormente);
4
g
cm 97231I = (inércia à flexão, já calculada anteriormente);
4
33
3
wf
3
ff
t
cm 21433
3
107)(37
3
7100
3
b)h(h
3
hb
I =
+
=
+
= (inércia à torção).
Para o concreto, foram empregadas as seguintes características:
23
cs
kN/m 1021287E = (módulo de deformação longitudinal à compressão, já
calculado anteriormente);
23
csc
kN/m 108515E0,4G == (módulo de deformação transversal);
0,2υ = (coeficiente de Poisson).
O cálculo dos esforços solicitantes e deslocamentos transversais da laje
foi feito empregando o programa GPLAN4 de CORRÊA & RAMALHO (1987), versão
educativa, desenvolvido na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São
Paulo; foram obtidos os seguintes valores, colocados na tabela 6.2 juntamente com os
obtidos pela teoria das placas elásticas para facilitar a comparação:
TABELA 6.2 Valores máximos de momento fletor, força cortante e deslocamento
transversal obtidos por diferentes processos de cálculo – exemplo 2
Processo de cálculo
Momento fletor
máximo por nervura
(
mkN
)
Força cortante
máxima por nervura
(kN)
Flecha
(cm)
Analogia de grelha
40,22 19,24 1,31
Placa (por meio Tabelas)
23,28 16,50 0,63
Placa (correção de HAHN)
39,81 28,22 ---
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
195
Como já salientado, os valores dos esforços solicitantes e dos
deslocamentos transversais são maiores quando calculados pelo processo de analogia de
grelha, confirmando a recomendação de que a laje nervurada armada em duas direções
seja calculada como laje maciça apenas na fase de pré-dimensionamento, em que se
deseja uma estimativa inicial das dimensões da seção tansversal da laje; embora a
correção proposta por HAHN tenha conduzido neste caso a um valor próximo àquele
fornecido pelo processo de analogia de grelha para o momento fletor máximo, para a
força cortante máxima , por sua vez, conduziu a um valor bem superior.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
196
6.4 EXEMPLO 3 (LAJE NERVURADA MOLDADA NO LOCAL
ARMADA EM DUAS DIREÇÕES)
Projetar uma laje nervurada moldada no local de concreto armado, para o
trecho de pavimento mostrado na figura 6.10. Usar blocos de EPS como material de
enchimento. Considerar que a laje destina-se a utilização para escritório (edifício
comercial).
600 cm
V2 (20/50)
V1 (20/50)
LAJE
P3
V
3
(
2
0
/
5
0
)
P1
P4
V
4
(
2
0
/
5
0
)
P2
6
0
0
c
m
V1 (20/50)
V2 (20/50)
P3
P1
V
3
(
2
0
/
5
0
)
600 cm
P4
6
0
0
c
m
P2
V
4
(
2
0
/
5
0
)
LAJE
V1 (20/50)
V2 (20/50)
P3
P1
V
3
(
2
0
/
5
0
)
600 cm
P4
6
0
0
c
m
P2
V
4
(
2
0
/
5
0
)
LAJE
FIGURA 6.10. Trecho de pavimento a ser projetado – exemplo 3
Admitir os seguintes dados de projeto:
Materiais: concreto C20 ( MPa 20f
ck
= ), aços CA-50 e CA-60 ( GPa 210E
s
=
).
Elemento de enchimento: bloco de EPS (
3
kN/m 13,0γ = ).
Revestimentos: revestimento inferior em argamassa de gesso (
3
kN/m 12,5γ = ), com
espessura de 1,5 cm; camada de regularização (contra-piso) em argamassa de
cimento e areia (
3
kN/m 21γ = ), com espessura de 2,0 cm; piso de plástico, com
peso de
2
kN/m 0,10 (já inclui o peso da cola).
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
197
Retirada do escoramento: admitir que o escoramento será retirado 14 dias após a
concretagem da laje.
Cobrimento nominal das armaduras: mm 25c
nom
=
(classe de agressividade
ambiental II).
Etapa 1: Pré-dimensionamento das dimensões da seção transversal da laje
Como a laje é quadrada, opta-se por utilizar laje nervurada armada em
duas direções. Considerando as recomendações da NBR 6118:2003 para as dimensões
limites das lajes nervuradas, arbitra-se os seguintes valores para a espessura das
nervuras (
w
b ), distância livre entre nervuras (a) e espessura da mesa (
f
h
):
cm 10b se-adotacm 5b
ww
=
> ;
a = 40 cm, resultando entre eixos de nervuras 50 cm e evitando-se dessa maneira a
verificação da flexão da mesa e a verificação das nervuras ao cisalhamento como
vigas;
cm 5h se-adota
cm 67,20/154a/15
cm 4
h
ff
=
==
.
O pré-dimensionamento da altura da laje será feito considerando as
recomendações da NBR 6118:1980 apresentadas no capítulo 3 deste trabalho. Assim,
com
1,5ψ
2
= (tabela 3.2, laje armada em duas direções), 17ψ
3
= (tabela 3.3, laje
nervurada, aço CA-50) e
cm 600
yx
==λλ
(dimensão dos vãos teóricos da laje),
estima-se a altura útil da laje (d):
cm 0,24
175,1
600
ψψ
d
32
=
λ
A altura total da laje (h) será avaliada somando-se ao valor estimado para
a altura útil (d) o cobrimento nominal (
nom
c ) mais uma vez e meia o diâmetro das
barras utilizadas para montar a armadura longitudinal das nervuras. Admitindo que
serão utilizadas barras de φ 12,5 mm, resulta:
cm 28,42,51,251,524,0c1,5dh
nom
++=+φ+=
; será adotado h = 30 cm, tendo-
se d = 26 cm aproximadamente.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
198
Na figura 6.11 mostra-se a seção transversal da laje (igual nas duas
direções), com as dimensões adotadas.
10 cm
10 cm
10 cm 40 cm 10 cm
40 cm 10 cm
10 cm40 cm
5 cm
5 cm
5 cm
25 cm
25 cm
25 cm
FIGURA 6.11. Seção transversal da laje (nas duas direções) – exemplo 3
Etapa 2: Determinação das ações atuantes
A partir das dimensões adotadas para a seção transversal da laje, do peso
específico dos materiais e do uso a que se destina a laje, é possível determinar as ações
atuantes, que são:
Ações permanentes:
peso próprio: ........
23
1
kN/m 75,3kN/m 252))0,25)/0,50(0,10((0,05g =+=
enchimento: .........
23
ench
kN/m 0,040,50))/(0,50kN/m 25,00,25)0,40((0,40g ==
revestimentos:
inferior: ................
23
inf,rev
kN/m 19,0kN/m 5,12015,0g ==
Contra-piso: .........
23
reg,rev
kN/m 42,0kN/m 21020,0g ==
piso: .....................
2
piso,rev
kN/m 10,0g =
total:
2
kN/m 50,410,042,019,004,075,3g =++++=
Ação variável:
carga acidental (de acordo com a NBR 6120:1980):
2
kN/m 00,2q =
Assim, por metro quadrado de superfície da laje, o valor total das ações
é:
2
kN/m 50,600,250,4qg =+=+ .
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
199
Etapa 3: Determinação dos esforços solicitantes
O cálculo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais será
feito empregando o processo de analogia de grelha. Na figura 6.12 mostra-se a grelha
equivalente que será utilizada, com 169 nós e 312 barras; o espaçamento entre as barras
é de 50 cm nas duas direções, coincidindo com a distância entre eixos de nervuras.
E72E71E70E69E68E67E66E65E64E63E62E61
E72E71E70E69E68E67E66E65E64E63E62E61
E61 E62 E63 E64 E65 E66 E67 E68 E69 E70 E71 E72
166
153
140
127
114
101
166
153
140
127
114
101
101
114
127
140
153
166
E252E240E228E216E204E192E180E168 E276E264
E252E240E228E216E204E192E180E168 E276E264
E264 E276E168 E180 E192 E204 E216 E228 E240 E252
E149
E149
E149E147
E146E145
159158157
E148
161160
E147
E146E145
159158157
E148
161160
160 161
E148
157 158 159
E145 E146
E147 E152E151
164163162
E150 E153
165
E152E151
164163162
E150 E153
165
165
E153E150
162 163 164
E151 E152
E137
E125
E113
E101
E89
E77
E137
E125
E113
E101
E89
E77
E77
E89
E101
E113
E125
E137E135
E123
E111
E99
E87
E75
E191
E190
E189
E188
E187
E186
E179
E178
E177
E176
E175
E174
E167
E166
E165
E164
E163
E162
E134E133
E122E121
E110E109
E98E97
E86E85
E74E73
146144
133132131
120119118
107106105
949392
818079
145
E215
E214
E213
E212
E211
E210
E203
E202
E201
E200
E199
E198
E136
E124
E112
E100
E88
E76
148147
135134
122121
109108
9695
8382
E135
E123
E111
E99
E87
E75
E191
E190
E189
E188
E187
E186
E179
E178
E177
E176
E175
E174
E167
E166
E165
E164
E163
E162
E134E133
E122E121
E110E109
E98E97
E86E85
E74E73
146144
133132131
120119118
107106105
949392
818079
145
E215
E214
E213
E212
E211
E210
E203
E202
E201
E200
E199
E198
E136
E124
E112
E100
E88
E76
148147
135134
122121
109108
9695
8382
82 83
95 96
108 109
121 122
134 135
147 148
E76
E88
E100
E112
E124
E136
E198
E199
E200
E201
E202
E203
E210
E211
E212
E213
E214
E215
145
79 80 81
92 93 94
105 106 107
118 119 120
131 132 133
144 146
E73 E74
E85 E86
E97 E98
E109 E110
E121 E122
E133 E134
E162
E163
E164
E165
E166
E167
E174
E175
E176
E177
E178
E179
E186
E187
E188
E189
E190
E191
E75
E87
E99
E111
E123
E135 E140
E128
E116
E104
E92
E80
E251
E250
E249
E248
E247
E246
E239
E238
E237
E236
E235
E234
E227
E226
E225
E224
E223
E222
E139E138
E127E126
E115E114
E103E102
E91E90
E79E78
151150149
138137136
125124123
112111110
999897
8684
E275
E274
E273
E272
E271
E270
E263
E262
E261
E260
E259
E258
E141
E129
E117
E105
E93
E81
152
139
126
113
100
8887
E140
E128
E116
E104
E92
E80
E251
E250
E249
E248
E247
E246
E239
E238
E237
E236
E235
E234
E227
E226
E225
E224
E223
E222
E139E138
E127E126
E115E114
E103E102
E91E90
E79E78
151150149
138137136
125124123
112111110
999897
8684
E275
E274
E273
E272
E271
E270
E263
E262
E261
E260
E259
E258
E141
E129
E117
E105
E93
E81
152
139
126
113
100
8887
87 88
100
113
126
139
152
E81
E93
E105
E117
E129
E141
E258
E259
E260
E261
E262
E263
E270
E271
E272
E273
E274
E275
84 86
97 98 99
110 111 112
123 124 125
136 137 138
149 150 151
E78 E79
E90 E91
E102 E103
E114 E115
E126 E127
E138 E139
E222
E223
E224
E225
E226
E227
E234
E235
E236
E237
E238
E239
E246
E247
E248
E249
E250
E251
E80
E92
E104
E116
E128
E140
E312E300E288
E312E300E288
E288 E300 E312
169
E156E155E154
168167
169
E156E155E154
168167
167 168
E154 E155 E156
169
156
143
130
117
104
E311
E310
E309
E308
E307
E306
E299
E298
E297
E296
E295
E294
E287
E286
E285
E284
E283
E282
E144E143E142
E132E131E130
E120E119E118
E108E107E106
E96E95E94
E84E83E82
155154
142141
129128
116115
103102
919089
156
143
130
117
104
E311
E310
E309
E308
E307
E306
E299
E298
E297
E296
E295
E294
E287
E286
E285
E284
E283
E282
E144E143E142
E132E131E130
E120E119E118
E108E107E106
E96E95E94
E84E83E82
155154
142141
129128
116115
103102
919089
89 90 91
102 103
115 116
128 129
141 142
154 155
E82 E83 E84
E94 E95 E96
E106 E107 E108
E118 E119 E120
E130 E131 E132
E142 E143 E144
E282
E283
E284
E285
E286
E287
E294
E295
E296
E297
E298
E299
E306
E307
E308
E309
E310
E311
104
117
130
143
156
E53
E41
E29
E17
E5
E53
E41
E29
E17
E5
E5
E17
E29
E41
E53E51
E39
E27
E15
E3
E185
E184
E183
E182
E181
E173
E172
E171
E170
E169
E161
E160
E159
E158
E157
E50E49
E38E37
E26E25
E14E13
E2E1
686766
555453
424140
292827
161514
321
E209
E208
E207
E206
E205
E197
E196
E195
E194
E193
E52
E40
E28
E16
E4
7069
5756
4443
3130
1817
54
E51
E39
E27
E15
E3
E185
E184
E183
E182
E181
E173
E172
E171
E170
E169
E161
E160
E159
E158
E157
E50E49
E38E37
E26E25
E14E13
E2E1
686766
555453
424140
292827
161514
321
E209
E208
E207
E206
E205
E197
E196
E195
E194
E193
E52
E40
E28
E16
E4
7069
5756
4443
3130
1817
54
45
17 18
30 31
43 44
56 57
69 70
E4
E16
E28
E40
E52
E193
E194
E195
E196
E197
E205
E206
E207
E208
E209
123
14 15 16
27 28 29
40 41 42
53 54 55
66 67 68
E1 E2
E13 E14
E25 E26
E37 E38
E49 E50
E157
E158
E159
E160
E161
E169
E170
E171
E172
E173
E181
E182
E183
E184
E185
E3
E15
E27
E39
E51 E56
E44
E32
E20
E8
E245
E244
E243
E242
E241
E233
E232
E231
E230
E229
E221
E220
E219
E218
E217
E55E54
E43E42
E31E30
E19E18
E7E6
737271
605958
474645
343332
212019
876
E269
E268
E267
E266
E265
E257
E256
E255
E254
E253
E57
E45
E33
E21
E9
7574
6261
4948
3635
2322
109
E56
E44
E32
E20
E8
E245
E244
E243
E242
E241
E233
E232
E231
E230
E229
E221
E220
E219
E218
E217
E55E54
E43E42
E31E30
E19E18
E7E6
737271
605958
474645
343332
212019
876
E269
E268
E267
E266
E265
E257
E256
E255
E254
E253
E57
E45
E33
E21
E9
7574
6261
4948
3635
2322
109
910
22 23
35 36
48 49
61 62
74 75
E9
E21
E33
E45
E57
E253
E254
E255
E256
E257
E265
E266
E267
E268
E269
678
19 20 21
32 33 34
45 46 47
58 59 60
71 72 73
E6 E7
E18 E19
E30 E31
E42 E43
E54 E55
E217
E218
E219
E220
E221
E229
E230
E231
E232
E233
E241
E242
E243
E244
E245
E8
E20
E32
E44
E56
E305
E304
E303
E302
E301
E293
E292
E291
E290
E289
E281
E280
E279
E278
E277
E60E59E58
E48E47E46
E36E35E34
E24E23E22
E12E11E10
787776
656463
525150
393837
262524
131211
E305
E304
E303
E302
E301
E293
E292
E291
E290
E289
E281
E280
E279
E278
E277
E60E59E58
E48E47E46
E36E35E34
E24E23E22
E12E11E10
787776
656463
525150
393837
262524
131211
11 12 13
24 25 26
37 38 39
50 51 52
63 64 65
76 77 78
E10 E11 E12
E22 E23 E24
E34 E35 E36
E46 E47 E48
E58 E59 E60
E277
E278
E279
E280
E281
E289
E290
E291
E292
E293
E301
E302
E303
E304
E305
FIGURA 6.12. Malha da grelha equivalente usada na análise da laje – exemplo 3
Para empregar o processo de analogia de grelha é necessário introduzir as
características geométricas das barras da grelha equivalente, e portanto é preciso
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
200
determinar, inicialmente, o valor da largura colaborante (
f
b ) da seção transversal em
forma de “T” das nervuras. Com base na figura 6.11 apresentada anteriormente,
determina-se:
cm 5020210b2bb
1wf
=
+=+= , em que:
cm 10b
w
= é a largura da alma da seção “T”;
cm 40b
2
= é a distância entre as faces das nervuras;
====
==
apoiada) tesimplesmen viga,(a cm 606000,100,10a0,10
cm 204050,0b0,5
b
2
1
λλ
.
Assim, para o elemento que representa as nervuras da laje na grelha
equivalente tem-se a seção transversal mostrada na figura 6.13.
25 cm
= 5 cmh
25 cm
= 5 cmh
h= 5 cm
25 cm
f
f
f
= 50 cm
= 50 cm
= 50 cm
f
f
f
b
b
b
w
w
w
= 10 cmb
= 10 cmb
b= 10 cm
FIGURA 6.13. Seção transversal do elemento que representa as nervuras da laje
na grelha equivalente – exemplo 3
No estádio I e sem considerar a presença da armadura, com base na
figura 6.13 e usando as expressões apresentadas no capítulo 5, determina-se para este
elemento as seguintes características geométricas:
Área da seção transversal:
2
wfwf
cm 50030105)1050(hbh)bb(A =+=+=
Posição do centro de gravidade a partir da borda superior da seção transversal:
cm 10
500
2
30
10
2
5
)1050(
A
2
h
b
2
h
)bb(
y
22
g
2
w
2
f
wf
cg
=
+
=
+
=
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
201
Momento de inércia à flexão:
2
cgw
2
f
cgfwf
3
w
3
fwf
f
2
h
yhb
2
h
yh)bb(
12
hb
12
h)bb(
I
+
+
+
=
4
22
33
f
cm 41667
2
30
103010
2
5
105)1050(
12
3010
12
5)1050(
I =
+
+
+
=
Momento de inércia à torção:
4
33
3
wf
3
ff
t
cm 10417
3
105)(30
3
550
3
b)hh(
3
hb
I =
+
=
+
= (inércia à torção); a
fim de se desprezar os efeitos provenientes da torção será tomado 1% deste valor,
apenas, seguindo recomendação prosposta por STRAMANDINOLI (2003).
Para o elemento que representa as vigas do contorno da laje na grelha
equivalente, por sua vez, será adotada seção transversal retangular (figura 6.14), sem
levar em conta a contribuição da laje adjacente.
b = 20 cm
h = 50 cm
b = 20 cm
h = 50 cm
b = 20 cm
h = 50 cm
FIGURA 6.14. Seção transversal do elemento que representa as vigas do contorno
da laje na grelha equivalente – exemplo 3
No estádio I e sem considerar a presença da armadura, com base na
figura 6.14 e usando as expressões apresentadas no capítulo 5, determina-se para este
elemento as seguintes características geométricas:
Área da seção transversal:
2
cm 10005020hbA ===
Momento de inércia à flexão:
4
33
f
cm 208333
12
5020
12
hb
I =
=
=
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
202
Momento de inércia à torção:
4
33
t
cm 133333
3
0250
3
bh
I =
=
= ; a fim de se considerar a fissuração do concreto
será tomado 10% desse valor (estádio II), apenas, seguindo recomendação proposta por
CARVALHO (1994).
Para o concreto, serão empregadas as seguintes características:
23
ckcs
kN/m 1021287MPa 212872056000,85f56000,85E ==== (módulo
de deformação longitudinal à compressão);
23
csc
kN/m 108515E0,4G == (módulo de deformação transversal);
0,2υ = (coeficiente de Poisson).
O carregamento da grelha equivalente será feito considerando as ações
aplicadas nos nós (ações concentradas); o valor numérico destas ações é obtido
multiplicando o valor total por metro quadrado das ações atuantes (6,5 kN/m²) pela área
de influência dos nós. Para as barras do contorno será considerada uma ação
uniformemente distribuída (p) devido ao peso proprio das vigas. Têm-se os seguintes
valores:
kN/m 2,5kN/m 250,50)(0,20p
3
== (ação distribuída nas barras do contorno);
kN 63,1kN/m 5,60,50)(0,50p
2
1
== (ação concentrada nos nós internos);
kN 81,0kN/m 5,60,25)(0,50p
2
2
==
(ação concentrada nos nós do contorno).
A partir dos dados anteriores e empregando o programa GPLAN4
obteve-se os seguintes valores máximos para os esforços solicitantes:
momento fletor máximo:
mkN 96,9M
máx
= (por nervura)
força cortante máxima:
kN 88,5V
máx
= (por nervura)
Vale destacar que em todas as nervuras o momento torçor praticamente
resultou nulo, como era esperado; com o momento de inércia à torção das nervuras
reduzido os momentos fletores aumentam, porém não é necessário considerar no
dimensinamento das mesmas os torsores.
É importante destacar, ainda, que o carregamento da grelha equivalente
também poderia ser feito considerando as ações uniformemente distribuídas ao longo
dos elementos que representam as nervuras; neste caso, o valor númerico destas ações
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
203
seria obtido multiplicando o valor total por metro quadrado das ações atuantes pela área
de influência das barras e dividindo pelo comprimento das barras (50 cm).
Etapa 4: Cálculo das armaduras necessárias
a) Verificação à flexão
Admitindo que a linha neutra passa na mesa da seção transversal
apresentada anteriormente na figura 6.13, calcula-se:
0,0289
4,1
20000
26,050,0
96,91,4
fdb
M
KMD
2
cd
2
f
d
=
=
=
Adotando KMD = 0,0300 e usando a tabela A1 apresentada no anexo,
tem-se:
KX = 0,0449; KZ = 0,9820;
c
ε
= 0,4704‰;
s
ε
= 10,00‰.
A posição da linha neutra é obtida por:
cm 5,0hcm 1,17260,0449d(KX)x
f
=
<
=
=
= ; a linha neutra passa na mesa e a
seção trabalha como retangular.
Como
c
ε = 0,4704‰ e
s
ε
= 10,00‰, a peça está trabalhando no
domínio 2 (deformação no aço de 10,00‰ e no concreto menor que 3,5‰), e
yds
ff
=
.
A armadura longitudinal das nervuras é obtida por:
2
yd
d
s
cm 26,1
15,1
50
26,09820,0
96,91,4
fdKZ
M
A =
=
=
Com duas barras de φ 10,0 mm resulta
2
s
cm 60,1A = (ou então por
metro de largura da laje,
/mcm 20,360,1
50
100
A
2
s
==
).
Agora, é necessário verificar se esta armadura é superior à mínima. Da
tabela 2.3 tem-se
0,15%
A
A
c
mín,s
min
==ρ (para seção transversal “T” e MPa 20f
ck
= ).
Assim, a armadura mínima de flexão será:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
204
2
cmín,s
cm 50,0500
100
15,0
67,0A
100
15,0
67,0A === (ou então por metro de largura da
laje,
/mcm 00,150,0
50
100
A
2
míns,
==
), em que:
2
c
cm 500A = corresponde à área da seção transversal admitida para as nervuras e que
já foi calculada anteriormente.
Como
22
s
cm 50,0cm 60,1A >= , atende-se.
Na mesa, para combater a retração, recomenda-se colocar uma armadura
construtiva; essa armadura será calculada considerando as mesmas recomendações da
NBR 6118:2003 para a armadura secundária de flexão em lajes armadas em duas
direções. A armadura secundária de flexão, por metro de largura da laje, deve ter área
igual ou superior a 20% da área da armadura principal (no caso, superior a
/mcm 0,64
2
), mantendo-se, ainda, um espaçamento entre barras de, no máximo, 33 cm;
adotando barra de φ 5,0 mm a cada 30 cm resulta
/mcm 0,67
2
, atendendo-se a estas
duas condições e, também, a recomendação da NBR 6118:2003 quanto ao diâmetro
máximo das barras da armadura de flexão, que é mm 25,6/850/8h
fmáx
=
=
=
φ
.
b) Verificação ao cisalhamento
Como a distância entre eixos de nervuras é menor que 65 cm, a laje pode
prescindir de armadura transversal para resistir as tensões de tração causadas pela força
cortante se
Rd1Sd
V V . Tem-se:
kN 23,888,54,1V4.1V
máxSd
=== (força cortante solicitante de cálculo)
[]
[
]
26,010,0)0062,040(1,234,1276db)ρ40(1,2kτV
w1RdRd1
+
=
+=
kN 92,13V
Rd1
= (resistência de cálculo ao cisalhamento), em que:
2
3
2
c
3
2
ck
c
inf,ctk
Rd
kN/m 276MPa 276,0
4,1
2021,0
25,0
γ
f21,0
25,0
γ
f
0,25τ ==
=
== ;
134,1)26,06,1(k1)d6,1(k >=== ;
0,020062,0
2610
60,1
ρ02,0
db
A
ρ
1
w
s1
1
<=
=
= .
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
205
Como kN 92,13VkN 23,8V
Rd1Sd
=
<
=
, conclui-se que não é
necessário a utilização de armadura transversal.
Agora, é necessário fazer a verificação da compressão diagonal do
concreto (bielas comprimidas). Em elementos sem armadura de cisalhamento, esta
verificação é feita comparando a força cortante solicitante de cálculo
Sd
V com a
resistência de cálculo
Rd2
V. Tem-se:
kN 57,830,260,90,10142860,50,5d9,0bf5,0V
wcd1vRd2
=
=
α= , em que:
5,06,0)20/2007,0(5,0)/200f7,0(
1v1vck1v
=
α
⇒∴
=
=
α
=α ;
2
c
ck
cd
kN/m 14286
1,4
20000
γ
f
f === .
Como kN 57,83VkN 23,8V
Rd2Sd
=
<
= , conclui-se que não há risco de
ruptura por compressão do concreto das bielas.
Posterior a verificação dos estados limites de serviço, apresenta-se o
detalhamento das armaduras necessárias.
Etapa 5: Verificação dos estados limites de serviço
a) Verificação da fissuração
Inicialmente é necessário determinar as características geométricas da
seção transversal das nervuras no estádio I e estádio II puro, o que será feito usando as
expressões indicadas no capítulo 3; no estádio I e sem considerar a presença da
armadura, tem-se:
2
cm 500A = (área da seção transversal, já calculada anteriormente);
4
f
cm 41667I = (inércia à flexão, já calculada anteriormente).
No estádio II puro, por sua vez, para o cálculo do momento de inércia da
seção fissurada de concreto é necessário conhecer a relação entre os módulos de
elasticidade do aço e do concreto (
e
α ):
9,865
21287
210000
E
E
α
cs
s
e
=== , em que:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
206
MPa 212872056000,85f56000,85E
ckcs
=== .
Também é preciso conhecer a posição da linha neutra (
II
x ). Admitindo a
linha neutra passando na mesa da seção transversal (
fII
hx
<
), de modo que
fw
bb = , e
destacando que neste caso 0A
'
s
= (não há armadura superior comprimida), calcula-se:
cm 3,75
252
38,41025478,1578,15
a2
aa4aa
x
2
1
31
2
22
II
=
++
=
+
=
, em que:
cm 25/250/2b/2ba
fw1
=
=== ;
()()
2
se
'
sewff2
cm 78,156,1865,9AαA1αbbha ==++= ;
() ()
3
wf
2
f
se
'
se
'
3
cm 38,4106,1865,926bb
2
h
AαdA1αda === .
Como
cm 5hcm 3,59x
fII
=
<
=
, a linha neutra passa na mesa e o
momento de inércia fica:
2'
II
'
se
2
IIse
3
IIf
ΙΙx,
)d(xA1)(αd)(xAα
3
xb
Ι
0
++
=
42
3
ΙΙx,
cm 8693)2675,3(6,1865,9
3
75,350
Ι
0
=+
=
O momento de fissuração (
r
M ), no caso para seção “T”, sendo
c
I o
momento de inércia da seção bruta de concreto (aqui chamado de
f
I ) e
t
y a distância
do centro de gravidade da seção bruta à fibra mais tracionada, fica:
mkN 88,3
)10,030,0(
)1041667(15502,1
y
Ifα
M
8
t
cct
r
=
=
=
com 1,2α = (seção “T”) e
22/32/3
ckct
kN/m 1550MPa 1,55200,21f0,21f ==== .
O momento fletor de serviço fica (combinação freqüente de ações):
máx1máxqk1gkserd,
Mq))(q/(gψMq))(g/(gMψMM
+
+
+
=
+=
mkN 73,896,9(2,0/6,5)0,696,9(4,5/6,5)M
serd,
=
+=
Como mkN 88,3MmkN 73,8M
rserd,
=
>
= , a peça esta fissurada e
deve-se verificar o estado limite de abertura das fissuras.
Para a verificação do estado limite de abertura das fissuras,
primeiramente é necessário o cálculo da tensão na armadura no estádio II:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
207
MPa 220kN/m 2204309,8652225,0
108693
8,73
αy
I
M
σ
2
8
esi
IIx,
serd,
si
0
=
==
com cm 25,2275,326xdy
IIsi
=
=
= (distância da armadura i até a linha neutra no
estádio II).
A taxa de armadura (
ri
ρ ), obtida pela relação entre a área de uma barra e
a área do retângulo que considera o envolvimento de concreto na mesma, fica:
0139,0
57,5
0,8
A
A
ρ
cri
barras,
ri
===
com
2
cri
cm 5,5755,11A == (área do retângulo indicado na figura 6.15).
= 7,5φ7,5 ·
criA
5,0
3,04,03,0
= 7,5φ7,5 ·
criA
5,0
3,04,03,0
3,0 4,0 3,0
5,0
A
cri
7,5 · φ = 7,5
4,0
4,0
4,0
FIGURA 6.15. Concreto de envolvimento das barras da armadura – exemplo 3
Finalmente, estima-se a abertura das fissuras:
mm 0,11
2,21
2203
210000
220
2,2512,5
10
f
σ3
E
σ
η12,5
w
mct,
si
si
si
i
i
=
=
φ
=
mm 0,1245 +
0,0139
4
210000
220
2,2512,5
10
45 +
ρ
4
E
σ
η12,5
w
risi
si
i
i
=
=
φ
=
com 2,25η
i
= (tabela 2.5) e MPa 2,21200,30f0,30f
2/32/3
ckmct,
=== .
Assim, a abertura máxima característica das fissuras fica: mm 0,11w = ,
que é o menor valor obtido. Como mm 3,0wmm 0,11w
limite
=
<
=
(tabela 2.2, para
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
208
classe de agressividade ambiental II e combinação freqüente de ações), conclui-se que a
fissuração não é nociva.
b) Verificação do estado limite de deformações excessivas
b.1) Flecha imediata
Na tabela 6.3 apresenta-se a flecha imediata (considerando o efeito da
fissuração e ainda sem o efeito da fluência do concreto) para três situações distintas de
carregamento da laje: carregamento somente com a ação permanente e carregamentos
obtidos com as combinações quase-permanente e rara de ações; essas flechas foram
obtidas usando o programa GPLAN4, com
4
ΙΙx,
cm 8693Ι
0
= .
TABELA 6.3 Flecha imediata para as diversas combinações de ações – exemplo 3
Ação
Flecha imediata
(cm)
g
(soma das ações permanentes)
1,55
q0,4g +
(combinação quase-permanente)
1,83
g + q
(combinação rara)
2,24
A flecha imediata relativa à ação variável é dada pela diferença entre a
obtida com a combinação rara e a obtida com a soma das ações permanentes:
cm 69,055,124,2aaa
permanenteraraq
===
Como
cm 71,1
350
600
350
acm 69,0a
itelimq
===<=
λ
(tabela 2.7, caso de
aceitabilidade sensorial visual), atende-se.
b.2) Flecha diferida no tempo
Deve-se determinar o fator
f
α
, para considerar o efeito da fluência:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
209
1,47
1
0,532
ρ'501
)ξ(t)ξ(
ρ'501
∆ξ
α
0
f
=
=
+
=
+
= , em que:
2)ξ( = (valor fixo para idade maior que 70 meses);
53,047,0996,068,0t996,068,0)t(
32,047,032,0t
0
===ξ , com
0,4714/30t
=
=
a
idade, em meses, relativa à data de aplicação da ação de longa duração, no caso 14 dias;
0ρ'= , pois não há armadura comprimida.
O valor da flecha total no tempo infinito será a flecha imediata relativa à
ação total (combinação rara de ações), acrescida do deslocamento calculado com a
combinação quase-permanente de ações multiplicado pelo fator
f
α :
cm 93,483,11,4724,2aαaa
permanente quasefraratotal,
=
+
=
+=
Como
cm 4,2
250
600
250
acm 93,4a
limitetotal,
===<=
λ
(tabela 2.7, caso
de aceitabilidade sensorial de vibrações sentidas no piso), não atende.
Porém, pode ser dada uma contraflecha de até:
cm 71,1
350
600
350
a
cf
===
λ
(tabela 2.8)
Resultando:
cm 4,2
250
600
250
acm 22,371,193,4a
itelimtotal,
===>==
λ
e mesmo assim o estado limite de deformações excessivas não é atendido.
Neste caso é necessário aumentar a área da armadura longitudinal das
nervuras ou mais convenientemente aumentar a altura total da laje; também poderia
fazer a continuidade dessa laje com a adjacente, caso esta última existisse.
O exemplo será refeito considerando uma altura total de 35 cm para a
laje, 5 cm a mais que a anterior; as demais dimensões adotadas para a seção transversal
da laje serão mantidas. Não serão repetidos os cálculos, mas apenas indicados os
principais valores encontrados. Tem-se:
Ações atuantes
g = 5,0 kN/m²; q = 2,0 kN/m²; P = 7,0 kN/m².
Características geométricas no estádio I
A = 550 cm²; cm 05,12y
cg
= ;
4
f
cm 64782I =
;
4
t
cm 12083I = .
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
210
Esforços solicitantes
mkN 18,14M
máx
= (por nervura); kN 26,8V
máx
=
(por nervura).
Verificação à flexão
2
s
cm 60,1A = (duas barras de φ 10,0 mm); Armadura de mesa (armadura construtiva,
colocada na mesa da laje)
/mcm 0,67
2
= (barra de φ 5,0 mm a cada 30 cm).
Verificação ao cisalhamento
kN 54,15VkN 56,11V
Rd1Sd
=<= (não é necessário utilizar armadura transversal);
kN 65,99VkN 56,11V
Rd2Sd
=<= (não há risco de ruptura por compressão do
concreto das bielas).
Características geométricas no estádio II puro
cm 12,4x
II
= ;
4
ΙΙx,
cm 12570Ι
0
= .
Verificação da fissuração
mkN 25,5M
r
= ; mkN 56,12M
serd,
= ; MPa 265σ
si
=
; mm 0,15w
=
(a fissuração
não é nociva).
Verificação do estado limite de deformações excessivas
Os novos valores obtidos para a flecha imediata foram:
cm 27,1a
permanente
= (para ação permanente);
cm 48,1a
permanente quase
= (para combinação quase-permanente de ações);
cm 78,1a
rara
= (para combinação rara de ações);
cm 51,027,178,1a
q
==
(devida à ação variável).
Como
cm 71,1
350
cm 51,0a
q
=<=
λ
, atende-se.
A flecha total no tempo infinito será igual a:
cm 2,4
250
cm 96,348,11,4778,1a
total,
=>=+=
λ
Porém, pode ser dada uma contraflecha de até:
cm 71,1
350
a
cf
==
λ
.
Resultando assim:
cm 4,2
250
cm 25,271,196,3a
total,
=<==
λ
, e o
estado limite de deformações excessivas é atendido.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
211
Etapa 6: Detalhamento das armaduras necessárias
Na figura 6.16 apresenta-se o detalhamento das armaduras necessárias.
N1 C/30
CORTE AA = CORTE BB
N1 - Ø5,0 C = 615
21 N1 - Ø5,0 C/30
N2 - Ø10,0 C = 645
N1 C/30
CORTE AA = CORTE BB
N1 - Ø5,0 C = 615
21 N1 - Ø5,0 C/30
N2 - Ø10,0 C = 645
N2 - Ø10,0 C = 645
21 N1 - Ø5,0 C/30
N1 - Ø5,0 C = 615
CORTE AA = CORTE BB
N1 C/30
2N22N2 2N22N22N22N2
2N22N2 2N22N22N22N2
2N2 2N2 2N2 2N22N2 2N2
P3
V
3
15
B
V2
615
615
P3
V
3
15
B
V2
615
615
615
615
V2
B
15
V
3
P3
P1
A
B
V1
P1
A
B
V1
V1
B
A
P1
N1
2N22N22N2 2N22N2
N1
2N22N22N2 2N22N2
2N2 2N22N2 2N2 2N2
N1
N1
2
1
N
1
-
Ø
5
,
0
C
/
3
0
P4
1
5
V
4
N
2
-
Ø
1
0
,
0
C
=
6
4
5
N
1
-
Ø
5
,
0
C
=
6
1
5
6
1
5
6
1
5
15
N1
2
1
N
1
-
Ø
5
,
0
C
/
3
0
P4
1
5
V
4
N
2
-
Ø
1
0
,
0
C
=
6
4
5
N
1
-
Ø
5
,
0
C
=
6
1
5
6
1
5
6
1
5
15
15
6
1
5
6
1
5
N
1
-
Ø
5
,
0
C
=
6
1
5
N
2
-
Ø
1
0
,
0
C
=
6
4
5
V
4
1
5
P4
2
1
N
1
-
Ø
5
,
0
C
/
3
0
N1
P2
1
5
A
P2
1
5
A
A
1
5
P2
FIGURA 6.16. Detalhamento das armaduras da laje – exemplo 3
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
212
6.5 EXEMPLO 4 (LAJE NERVURADA UNIDIRECIONAL COM
VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO ARMADO)
Projetar uma laje nervurada com vigotas unidirecionais pré-fabricadas do
tipo treliçada, para o trecho de pavimento mostrado na figura 6.17. Usar lajotas
cerâmicas como material de enchimento. Considerar que a laje destina-se a dormitório
de uma edificação residencial.
P3
P1
20
V
3
P3
P1
20
V
3
V
3
20
P1
P3 V2V2
V2
LAJE
V1
480
P4
P2
20
2
0
V
4
2
0
LAJE
V1
480
P4
P2
20
2
0
V
4
2
0
2
0
V
4
2
0
20
P2
P4
480
V1
LAJE
3
4
5
3
4
5
3
4
5
FIGURA 6.17. Trecho de pavimento a ser projetado – exemplo 4 (medidas em cm)
Admitir os seguintes dados de projeto:
Materiais: concreto C20 ( MPa 20f
ck
= ), aços CA-50 e CA-60 ( GPa 210E
s
=
).
Elemento de enchimento: lajota cerâmica (
3
kN/m 6γ = ).
Revestimentos: revestimento inferior em argamassa de gesso (
3
kN/m 12,5γ =
), com
espessura de 1,5 cm; camada de regularização (contra-piso) em argamassa de
cimento e areia (
3
kN/m 21γ = ), com espessura de 2,0 cm; piso com tacos de
madeira (
3
kN/m 10γ = ) de 2 cm de espessura, assentados diretamente sobre a
camada de regularização.
Retirada do escoramento: admitir que o escoramento será retirado 14 dias após a
concretagem da laje.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
213
Cobrimento nominal das armaduras: mm 15c
nom
=
(classe de agressividade
ambiental I; pode-se considerar que há rigoroso controle de qualidade, pois as
vigotas são construídas em fábrica).
Etapa 1: Determinação das ações atuantes
Com exceção do peso próprio da laje, que ainda não foi escolhida, é
possível determinar as demais ações atuantes; essas ações são:
Ações permanentes:
revestimentos:
revestimento inferior: ...............
23
infrev,
kN/m 0,19kN/m 12,50,015g ==
camada de regularização: .........
23
regrev,
kN/m 0,42kN/m 210,020g ==
piso: ..........................................
23
pisorev,
kN/m 0,20kN/m 100,020g ==
Ação variável:
carga acidental (de acordo com a NBR 6120:1980):
2
kN/m 1,50q =
Etapa 2: Escolha do tipo de laje (determinação da altura total da laje)
Excluindo o peso próprio da laje as ações atuantes somam
2
kN/m 2,31 .
A partir desse valor e do menor vão teórico da laje (λ = 3,65 m), é possível pré-
dimensionar a sua altura total (h) com base em tabelas fornecidas por fabricantes de laje
ou por autores; esta mesma altura também pode ser predimensionada considerando o
critério adotado pela NBR 6118:1980 para dispensa da verificação de deformação
excessiva em vigas de seção retangular ou “T” e lajes maciças retangulares de edifícios,
indicado no capítulo 3 deste trabalho.
Com base nas tabelas apresentadas em CARVALHO & FIGUEIREDO
FILHO (2004), inicialmente adota-se laje com altura total de 16 cm, com espessura da
capa igual a 4 cm e intereixo igual a 50 cm (figura 6.18); se com esta altura não for
atendido o estado limite de deformações excessivas, deve-se aumentá-la ou, ainda,
aumentar a área da armadura longitudinal.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
214
50 cm
50 cm
50 cm
1
6
c
m
4
c
m
1
6
c
m
4
c
m
4
c
m
1
6
c
m
50 cm
50 cm50 cm
1
2
c
m
1
2
c
m
1
2
c
m
FIGURA 6.18. Seção transversal da laje (seção real) – exemplo 4
Na figura 6.19 mostra-se a seção transversal adotada para o cálculo,
inclusive para o do peso próprio da laje; as medidas estão em centímetros.
1010 4040 10
12
4
1010 1040 40
4
12
1010 1040 40
4
12
FIGURA 6.19. Seção transversal adotada para o cálculo – exemplo 4
Com base na figura 6.19 e nos pesos específico do concreto e do
elemento de enchimento, determina-se o peso próprio da laje:
mesa:
23
kN/m 1,00kN/m 250,04 =
nervuras:
23
kN/m 0,60)/0,50kN/m 250,12)((0,10 =
lajotas:
23
kN/m 0,58)/0,50kN/m 60,40)((0,12 =
total:
2
1
kN/m 2,180,580,601,00g =++=
Assim, por metro quadrado de superfície da laje, o valor total das ações
permanentes é:
2
kN/m 2,992,180,81g =+=
É importante destacar que, caso o pré-dimensionamento da altura da laje
fosse feito usando o critério indicado pela NBR 6118:1980 para dispensa da verificação
de deformação excessiva, resultaria para a altura útil (d) da laje o seguinte valor:
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
215
cm 5,21
171
365
ψψ
d
32
=
λ
; este valor já é bem superior a altura total de 16 cm que
foi adotada para a laje.
Etapa 3: Cálculo dos esforços solicitantes
Para obter as ações por nervura, por metro linear, basta multiplicar os
valores encontrados pela distância entre eixos de nervuras (50 cm). Assim, tem-se:
permanente:
kN/m 1,500,502,99g
=
=
;
variável: kN/m 0,750,501,50q
=
= ;
total: kN/m 2,250,751,50qg
=
+=+ .
Considerando para as nervuras da laje o esquema estático mostrado na
figura 6.20, determina-se:
mkN 75,3
8
65,325,2
8
)qg(
M
22
máx
=
=
+
=
λ
(momento fletor na seção do meio do
vão);
kN 11,4
2
65,325,2
2
)qg(
V
máx
=
=
+
=
λ
(força cortante na seção do apoio).
λ = 3,65 m
λ = 3,65 m
= 3,65 mλ
g + q = 2,25 kN/m
g + q = 2,25 kN/m
g + q = 2,25 kN/m
FIGURA 6.20. Esquema estático das nervuras – exemplo 4
Etapa 4: Cálculo das armaduras necessárias
a) Verificação à flexão
O cálculo da armadura longitudinal das nervuras será feito adotando
seção transversal em forma de “T” para as mesmas, sendo necessário determinar
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
216
inicialmente a largura colaborante (
f
b ) da laje. Com base na figura 6.19 apresentada
anteriormente, calcula-se:
cm 5020210b2bb
1wf
=
+=+= , em que:
cm 10b
w
= é a largura da alma da seção “T”;
cm 40b
2
= é a distância entre as faces das nervuras;
====
==
apoiada) tesimplesmen viga,(a cm 363600,100,10a0,10
cm 204050,0b0,5
b
2
1
λλ
.
Assim, tem-se a seção transversal mostrada na figura 6.21.
12 cm
= 4 cmh
12 cm
= 4 cmh
h= 4 cm
12 cm
b
b
b
w
w
w
= 10 cm
= 10 cm
= 10 cm
= 50 cm
= 50 cm
= 50 cm
f
f
f
b
b
b
f
f
f
FIGURA 6.21. Seção transversal admitida para as nervuras – exemplo 4
Admitindo que serão utilizadas barras de φ 8,0 mm, estima-se o valor da
altura útil (d) da laje:
cm 14,0/2)8,05,1(,016/2)c(hd
nom
+=φ+=
Admitindo que a linha neutra passa na mesa da seção transversal,
calcula-se:
0,0375
4,1
20000
14,050,0
75,31,4
fdb
M
KMD
2
cd
2
f
d
=
=
=
Adotando KMD = 0,0400 e usando a tabela A1 apresentada no anexo,
tem-se: KX = 0,0603; KZ = 0,9759;
c
ε = 0,6414‰;
s
ε
= 10,00‰.
A posição da linha neutra é obtida por:
cm ,04hcm 84,0140,0603d(KX)x
f
=
<
=
== ; a linha neutra passa na mesa e a
seção trabalha como retangular.
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
217
Como
c
ε = 0,6414‰ e
s
ε
= 10,00‰, a peça está trabalhando no
domínio 2 (deformação no aço de 10,00‰ e no concreto menor que 3,5‰), e
yds
ff
=
.
A armadura longitudinal das nervuras é obtida por:
2
yd
d
s
cm 88,0
15,1
50
14,09759,0
75,31,4
fdKZ
M
A =
=
=
Com duas barras de φ 8,0 mm resulta
2
s
cm 00,1A = (ou então, por
metro de largura da laje,
/mcm 00,200,1
50
100
A
2
s
==
)
Agora, é necessário verificar se esta armadura é superior à mínima. Da
tabela 2.3 tem-se
0,15%
A
A
c
mín,s
min
==ρ (para seção transversal “T” e MPa 20f
ck
= ).
Assim, a armadura mínima de flexão será:
2
cmín,s
cm 48,0320
100
15,0
A
100
15,0
A === (ou então, por metro de largura da laje,
/mcm 96,048,0
50
100
A
2
míns,
== ), em que:
2
wfwfc
cm 32016104)1050(hbh)bb(A =+=+= , corresponde à área da
seção transversal da nervura.
Como
22
s
cm 48,0cm 00,1A >= , atende-se.
Finalmente, deve-se determinar a armadura de distribuição. Para os aços
CA-50 e CA-60 e tela soldada, a armadura de distribuição deve ter seção de no mínimo
/mcm 0,60
2
contendo pelo menos três barras por metro (NBR 14859-1:2002); adotando
barra de φ 5,0 mm (
2
barra,s
cm 20,0A = ) a cada 33 cm atende-se a estas duas condições
e, também, a recomendação da NBR 6118:2003 quanto ao diâmetro máximo para as
barras dessa armadura, que é mm 5,040/8/8h
fmáx
=
=
=
φ
.
b) Verificação ao cisalhamento
Como a distância entre eixos de nervuras é menor que 65 cm, a laje pode
prescindir de armadura transversal para resistir as tensões de tração causadas pela força
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
218
cortante se
Rd1Sd
V V . Tem-se:
kN 75,511,44,1V4.1V
máxSd
=== (força cortante solicitante de cálculo)
[]
[
]
14,010,0)0071,040(1,246,1276db)ρ40(1,2kτV
w1RdRd1
+
=
+=
kN 37,8V
Rd1
= (resistência de cálculo ao cisalhamento), em que:
2
3
2
c
3
2
ck
c
inf,ctk
Rd
kN/m 276MPa 276,0
4,1
2021,0
25,0
γ
f21,0
25,0
γ
f
0,25τ ==
=
==
;
146,1)14,06,1(k1)d6,1(k >=== ;
0,020071,0
1410
0,1
ρ02,0
db
A
ρ
1
w
s1
1
<=
=
=
.
Como kN 37,8VkN 75,5V
Rd1Sd
=
<= , conclui-se que não é necessário
a utilização de armadura transversal.
Agora, é necessário fazer a verificação da compressão diagonal do
concreto (bielas comprimidas). Em elementos sem armadura de cisalhamento, esta
verificação é feita comparando a força cortante solicitante de cálculo
Sd
V com a
resistência de cálculo
Rd2
V. Tem-se:
kN 0,450,140,90,10142860,50,5d9,0bf5,0V
wcd1vRd2
=
=
α= , em que:
5,06,0)20/2007,0(5,0)/200f7,0(
1v1vck1v
=
α
⇒∴
=
=α=α ;
2
c
ck
cd
kN/m 14286
1,4
20000
γ
f
f === .
Como kN 0,45VkN 75,5V
Rd2Sd
=
<= , conclui-se que não risco de
ruptura por compressão do concreto das bielas.
Posteriormente à verificação do estado limite de deformações excessivas,
apresenta-se o detalhamento das armaduras necessárias.
Etapa 5: Verificação do estado limite de deformações excessivas
a) Flecha imediata
Usando as expressões indicadas no capítulo 3, inicialmente, determinam-
se as características geométricas da seção transversal; deve-se determinar essas
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
219
características no estádio I e estádio II puro.
No estádio I, sem considerar a presença da armadura e com base na seção
transversal apresentada anteriormente na figura 6.21, tem-se:
Área da seção transversal:
2
wfwfg
cm 32016104)1050(hbh)bb(A =+=+=
Posição do centro de gravidade a partir da borda superior da seção:
cm 0,5
320
2
16
10
2
4
)1050(
A
2
h
b
2
h
)bb(
y
22
g
2
w
2
f
wf
cg
=
+
=
+
=
Momento de inércia à flexão:
2
cgw
2
f
cgfwf
3
w
3
fwf
g
2
h
yhb
2
h
yh)bb(
12
hb
12
h)bb(
I
+
+
+
=
22
33
g
2
16
51610
2
4
54)1050(
12
1610
12
4)1050(
I
+
+
+
=
4
g
cm 6507I =
No estádio II puro, por sua vez, para o cálculo do momento de inércia da
seção fissurada de concreto, é necessário conhecer, inicialmente, a relação entre os
módulos de elasticidade do aço e do concreto (
e
α ):
9,865
21287
210000
E
E
α
cs
s
e
=== , em que:
MPa 212872056000,85f56000,85E
ckcs
=== .
Também é preciso conhecer a posição da linha neutra (
II
x
). Admitindo a
linha neutra passando na mesa da seção transversal (
fII
hx
<
), de modo que
fw
bb
=
, e
destacando que neste caso 0A
'
s
= (não há armadura superior comprimida), determina-
se:
cm 16,2
252
11,13825487,987,9
a2
aa4aa
x
2
1
31
2
22
II
=
++
=
+
=
, em que:
cm 2550/2/2b/2ba
fw1
==== ;
()()
2
se
'
sewff2
cm 87,90,1865,9AαA1αbbha ==++= ;
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
220
() ()
3
wf
2
f
se
'
se
'
3
cm 11,1380,1865,914bb
2
h
AαdA1αda === .
Como
cm 4hcm 16,2x
f
II
=
<
=
, a linha neutra passa na mesa da seção
transversal e o momento de inércia fica:
2'
II
'
se
2
IIse
3
IIf
ΙΙx,
)d(xA1)(αd)(xAα
3
xb
Ι
0
++
=
42
3
ΙΙx,
cm 1551)1416,2(0,1865,9
3
16,250
Ι
0
=+
=
Para as diversas combinações de ações, pode-se calcular a flecha
imediata (considerando o efeito da fissuração e ainda sem o efeito da fluência do
concreto) pela expressão:
eq
4
)IE(385
p5
a
=
λ
sendo p a ação por metro linear atuante na nervura, λ o vão (neste caso, igual a 3,65 m)
e
eq
)IE( a rigidez equivalente.
A rigidez equivalente é dada por:
ccsII
3
a
r
c
3
a
r
cseq
IEI
M
M
1I
M
M
EI)(E
+
=
com
cs
E,
gc
II =
e
0
IIx,II
II
=
, todos obtidos anteriormente; o momento de fissuração
(
r
M ), no caso para seção “T”, sendo
t
y a distância do centro de gravidade da seção
bruta à fibra mais tracionada, fica:
mkN 57,1
)05,016,0(
)106507(22102,1
y
Ifα
M
8
t
cct
r
=
=
=
com
1,2α = e
23/22/3
ckct
kN/m 2210MPa 21,22030,0f0,30f ==== .
Para as diversas combinações de ações, o momento fletor atuante (
a
M),
por sua vez, é obtido por:
8
p
M
2
a
λ
= , em que p e λ têm os mesmos significados anteriores.
Na tabela 6.4 apresenta-se a flecha imediata obtida para três situações
distintas de carregamento das nervuras: carregamento somente com a ação permanente e
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
221
carregamentos obtidos com as combinações quase-permanente e rara de ações; essas
flechas deverão ser comparadas com as flechas-limite.
TABELA 6.4 Flecha imediata para as diversas combinações de ações – exemplo 4
Ação
p
(kN/m)
a
M
(
mkN
)
a
r
M
M
eq
I)(E
(
2
mkN )
a
(cm)
g
(soma das ações permanentes)
1,50 2,50 0,63 594 0,58
q0,3g +
(combinação quase-permanente)
1,73 2,88 0,55 506 0,79
g + q
(combinação rara)
2,25 3,75 0,42 408 1,27
A flecha imediata relativa à ação variável é dada pela diferença entre a
obtida com a combinação rara (totalidade das ações) e a obtida com a soma das ações
permanentes:
cm 69,058,027,1aaa
permanenteraraq
=
==
Como
cm 04,1
350
365
350
acm 69,0a
itelimq
===<=
λ
(tabela 2.7, caso de
aceitabilidade sensorial visual), atende-se.
b) Flecha diferida no tempo
Na seqüência deve-se determinar o fator
f
α , para considerar o efeito da
fluência:
1,47
1
0,532
ρ'501
)ξ(t)ξ(
ρ'501
∆ξ
α
0
f
=
=
+
=
+
= , em que:
2)ξ( = (valor fixo para idade maior que 70 meses);
53,047,0996,068,0t996,068,0)t(
32,047,032,0t
0
===ξ , com 0,4714/30t
=
= a
idade, em meses, relativa à data de aplicação da ação de longa duração, no caso 14 dias;
0ρ'= , pois não há armadura comprimida.
O valor da flecha total no tempo infinito será a flecha imediata por causa
da ação total (combinação rara de ações), acrescida da calculada com a combinação
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quase-permanente de ações multiplicada pelo fator
f
α :
cm 43,279,01,4727,1aαaa
permanente quasefraratotal,
=
+
=+=
Como
cm 46,1
250
365
250
acm 43,2a
limitetotal,
===>=
λ
(tabela 2.7,
caso de aceitabilidade sensorial de vibrações sentidas no piso), não atende-se.
Porém, pode ser dada uma contraflecha de até:
cm 04,1
350
365
350
a
cf
===
λ
(tabela 2.8).
Adotando contraflecha de 1 cm, resulta:
cm 46,1
250
365
250
acm 43,10,143,2a
itelimtotal,
===<==
λ
e o estado limite de deformações excessivas é atendido.
Etapa 6: Detalhamento das armaduras necessárias da laje
O detalhamento das armaduras necessárias deve ser apresentado em
planta e em corte.
Em planta, deve-se apresentar o detalhamento da armadura de
distribuição; no detalhamento dessa armadura deve-se indicar o diâmetro e o
comprimento das barras, assim como a quantidade e o espaçamento entre as mesmas.
Em corte, por sua vez, deve-se apresentar o detalhamento da treliça
espacial pré-fabricada que compõe a armadura das vigotas; no detalhamento dessa
treliça deve-se indicar a sua altura, o diâmetro dos fios ou barras que compõem os
banzos (superior e inferior) e as laterais (diagonais), e o tipo de aço utilizado, conforme
prescreve a NBR 14862:2002.
Na figura 6.22 apresenta-se o detalhamento das armaduras necessárias da
laje; para as diagonais e para o banzo superior da armadura treliçada, adotou-se barras
com o diâmetro mínimo recomendado pela NBR 14862:2002 (φ 6,0 mm para o banzo
superior e φ 3,4 mm para as diagonais), de aço CA-60.
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223
1
6
N
2
-
Ø
5
,
0
C
/
3
3
-
3
8
1
12 N1 - Ø5,0 C/33 - 516
V2P3 P4
V
3
V1P1
V
4
P2
1
6
N
2
-
Ø
5
,
0
C
/
3
3
-
3
8
1
P3 V2
12 N1 - Ø5,0 C/33 - 516
P4
P1
V
3
V1 P2
V
4
1
6
N
2
-
Ø
5
,
0
C
/
3
3
-
3
8
1
P3 V2
12 N1 - Ø5,0 C/33 - 516
P4
P1
V
3
V1 P2
V
4
a) Armadura de distribuição
4 cm
4 cm
4 cm
12 cm
12 cm
12 cm
16 cm
16 cm
16 cm
50 cm50 cm
50 cm
TR12638A
TR12638A
TR12638A
b) Armadura treliçada das vigotas
FIGURA 6.22. Detalhamento das armaduras da laje – exemplo 4
CAPÍTULO 7
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
Além de serem responsáveis pelo consumo de elevada parcela do volume
total de concreto utilizado, as lajes desempenham importantes funções nas estruturas do
edifício. Assim, a escolha de um sistema estrutural para pavimento de edificação deve
ser sempre feita analisando-se aspectos econômicos, de funcionamento, de execução, e
os relacionados à interação com os demais subsistemas construtivos da edificação. Via
de regra normalmente se considera que o sistema estrutural mais adequado para um
determinado pavimento é aquele que apresenta custo final menor, contabilizando-se
apenas os insumos (material e mão-de-obra) utilizados, não considerando, por exemplo,
os custos de manutenção que ocorrem no período de pós-ocupação; o que deve ser
analisado não é o custo final, mas sim, os custos em relação aos benefícios obtidos.
Atualmente as lajes nervuradas de concreto armado constituem uma das
melhores alternativas para a construção de pavimentos de edificações, em virtude de
apresentarem uma série de vantagens. Neste trabalho foi abordado este tipo de lajes,
divulgando suas características, opções construtivas e comportamento estrutural a todos
os potenciais usuários, por meio da apresentação das principais recomendações
propostas pelos autores pesquisados (livros,normas, etc.), de exemplos resolvidos e
roteiros gerais sobre o cálculo, projeto e construção dessas lajes.
A seguir, apresentam-se as principais conclusões obtidas do estudo
realizado:
A NBR 6118:2003, em comparação com a NBR 6118:1980, trouxe várias alterações
no seu texto no que se refere ao projeto das lajes de concreto armado em geral e das
nervuradas em particular; a NBR 6118:2003 alterou vários conceitos, ampliou
outros, propôs mudanças na verificação da segurança em relação aos estados limites
últimos e de serviço, de dimensões, nas recomendações construtivas, nos limites a
serem observados, etc.
Ao contrário da NBR 6118:1980, a NBR 6118:2003 dá bastante ênfase à questão da
durabilidade das estruturas de concreto, tratando no seu texto dos aspectos relativos
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226
às exigências de durabilidade, vida útil da estrutura, mecanismos de envelhecimento
e deterioração e agressividade do meio ambiente.
A estimativa dos deslocamentos transversais é dificultada pelo fato de que devem
ser consideradas várias influências, muitas vezes de difícil avaliação. Dentre essas
influências, as principais são a fissuração, a fluência e a retração do concreto, que,
em geral, tendem a produzir um aumento no valor das deformações finais; o cálculo
da flecha total baseado apenas na flecha imediata leva a uma estimativa pouco fiel
com a situação real. Neste sentido, programas de análise estrutural que se baseiam
no comportamento linear devem ser utilizados como procedimentos para que se
possa tomar decisões importantes, apenas, sendo necessário manipular os dados
fornecidos pelos mesmos para se ter uma idéia mais clara sobre o estado de
deformação da estrutura.
Atualmente, com o avanço dos microcomputadores e com o surgimento de
programas de análise estrutural mais abrangentes que possibilitam o cálculo
integrado, é possível analisar o comportamento de um pavimento como um todo,
levando-se em consideração a influência da flexibilidade dos apoios e da rigidez à
torção, tanto das lajes como das vigas, sendo ainda possível de se incluir na análise a
não linearidade física do concreto armado, o que a torna mais real; entre os diversos
processos de cálculo que possibilitam a análise integrada de um pavimento, levando-
se em consideração a influência desses parâmetros, destaca-se o processo de
analogia de grelha, o qual vem sendo usado em muitos programas computacionais
de análise de estruturas de concreto armado amplamente difundidos no país e de
grande aceitação no meio profissional.
Com a utilização do processo de analogia de grelha é possível analisar pavimentos
de concreto armado de uma forma integrada, fugindo do cálculo clássico, o qual
considera os elementos componentes do pavimento de maneira isolada, sem levar
em conta a interação entre os mesmos. Com o cálculo integrado, a contribuição de
cada elemento que compõe o pavimento fica corretamente caracterizada e, desse
modo, os esforços e os deslocamentos determinados tendem a ser mais precisos e
mais próximos dos valores reais.
Quando se determina os esforços solicitantes pela teoria das placas elásticas,
considera-se que a seção da laje é capaz de resistir aos momentos torsores em sua
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_____________________________________________________________________________
227
plenitude. Entretanto, nas lajes nervuradas, por apresentar seção tranversal com
dimensões que normalmente são pequenas, as nervuras não conseguem resistir a
estes momentos torsores. Tem-se, então, a plastificação da seção transversal nas
regiões mais solicitadas, com a conseqüente redistribuição dos esforços solicitantes,
aparecendo, então, momentos fletores e deslocamentos transversais superiores
àqueles obtidos considerando a teoria das placas elásticas.
O cálculo das lajes nervuradas por meio de tabelas, como placas, forneceu esforços
solicitantes e deslocamentos elásticos menores do que os obtidos pelo processo de
grelha equivalente, confirmando a conclusão anterior. Embora a NBR 6118:2003
permita analisar as lajes nervuradas moldadas no local como lajes maciças, indica-se
utilizar este procedimento apenas na fase de pré-dimensionamento, em que se deseja
uma estimativa inicial das dimensões da seção transversal da laje, e que para o
cálculo definitivo dos esforços solicitantes e dos deslocamentos transversais seja
empregado o processo de analogia de grelha ou então outros processos de cálculo; o
processo de grelha equivalente para a análise de lajes nervuradas armadas em duas
direções já foi utilizado em alguns estudos, por exemplo BOCCHI JÚNIOR (1995)
e STRAMANDINOLI (2003).
Pelo processo de grelha equivalente é possível obter o momento fletor máximo que
atua em cada nervura, e não apenas no centro da laje, contrário do que acontece
quando a laje nervurada armada em duas direções é calculada com o emprego de
tabelas elaboradas com base na teoria das placas elásticas, admitindo-a como
maciça. Desse modo, as nervuras podem ser calculadas uma a uma e,
conseqüentemente, serem detalhadas com armaduras diferentes, resultando a
princípio num projeto mais econômico; quando a laje nervurada é calculada
utilizando as referidas tabelas, normalmente, repete-se para todas as nervuras a
armadura calculada para resistir o momento fletor máximo.
A fim de desprezar os efeitos provenientes da torção nos exemplos em que se
analisou as lajes nervuradas por meio da analogia de grelhas, o momento de inércia
à torção do elemento utilizado para representar as nervuras foi tomado como 1%
daquele dado pela Resistência dos Materiais; isto faz com que os momentos fletores
atuantes nas nervuras aumentem, porém, não é necessário considerar no
dimensionamento das mesmas os momentos torsores, que resultam pequenos.
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228
O pré-dimensionamento da altura da laje por meio da expressão apresentada pela
NBR 6118:1980 que fornece o valor da altura útil d a ser utilizada para evitar a
verificação de deformação excessiva, conduziu a resultados conservativos, ou seja, a
alturas elevadas. Em SOUZA & CUNHA (1994), por exemplo, encontra-se outros
critérios que permitem estimar a altura útil de lajes para fins de pré-
dimensionamento, inclusive alguns deles propostos por normas internacionais.
Na prática, a maioria dos problemas e acidentes verificados durante a construção de
lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas tem ocorrido na etapa de concretagem
da capa, por falta de conhecimento técnico do funcionamento do sistema ou por falta
de regras específicas para a execução desta tarefa. Conforme foi mencionado no
capítulo 4, nesta etapa, além de seu peso próprio, a vigota pré-fabricada tem que
suportar a ação do material de enchimento, do concreto moldado no local (concreto
de capeamento) e dos operários e seus equipamentos. Portanto, para a correta
determinação da distância entre as escoras da laje deve-se definir previamente qual o
tipo de equipamento a ser utilizado na concretagem (carrinhos de mão ou gericas,
por exemplo) e também qual é a quantidade máxima de concreto que pode ser
lançado em uma certa região da laje. Esses aspectos não foram abordados nesse
texto, recomendando-se para maiores esclarecimentos a leitura de GASPAR (1997),
DROPPA JÚNIOR (1999) e FORTE et al. (2000), que dão indicações de como
determinar em função de equipamentos empregados e tipo de treliça adotada o
espaçamento máximo entre escoras da laje.
Em lajes nervuradas unidirecionais contínuas com vigotas pré-fabricadas os
momentos fletores (negativos) que surgem junto aos apoios intermediários
dificilmente podem ser resistidos na sua totalidade pelas nervuras, as quais
trabalham como elementos retangulares nestas regiões, normalmente, de pequenas
dimensões. Nas obras de pequeno porte, por este motivo e pelo fato de que nestas é
difícil de se garantir o posicionamento da armadura negativa (durante a
movimentação dos operários pode-se deslocar essa armadura da sua posição), têm-
se recomendado admitir que as nervuras sejam simplesmente apoiadas,
desprezando-se os benefícios da continuidade; caso se queira aproveitar as
vantagens da continuidade neste tipo de lajes, pode-se recorrer às soluções
apresentadas no capítulo 4.
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As lajes nervuradas do tipo unidirecional foram analisadas admitindo que
apresentam comportamento estrutural de vigas simplesmente apoiadas, tanto as
moldadas no local como as com vigotas pré-fabricadas, desprezando a rigidez
conferida ao pavimento na outra direção pela mesa. Caso queira considerar essa
rigidez, também é possível utilizar o processo de grelha equivalente para a análise
deste tipo de lajes; a aplicação do processo de grelha equivalente para a análise de
lajes nervuradas do tipo unidirecional pode ser feito representando as nervuras por
um elemento de seção transversal em forma de “T” e, na direção transversal,
representando a mesa por um elemento do tipo placa com largura definida pelo
espaçamento da malha adotada nesta direção e espessura igual à espessura da mesa.
Considerando na direção transversal uma faixa de largura b dada pela soma da
metade dos espaços entre os elementos vizinhos e altura h dada pela espessura da
mesa, pode-se determinar as propriedades geométricas do elemento tipo placa por
meio das expressões: hbA
=
(área da seção transversal); 12/
3
hb
f
I = (momento
de inércia à flexão no estádio I); 6/
3
hb
f
I2
t
I == (momento de inércia à torção
no estádio I, conforme indica HAMBLY (1976)).
Neste trabalho não houve a intenção de se aprofundar na análise
estrutural das lajes nervuradas de concreto armado, nem tampouco de realizar estudos
comparativos deste sistema com outros existentes para pavimentos de edificações; o que
se pretendia, e se espera ter conseguido ainda que de maneira modesta, foi apresentar
uma idéia geral sobre o projeto e a construção deste tipo de lajes, e esclarecer as
principais recomendações propostas pela NBR 6118:2003, que entrou em vigor
recentemente, para as lajes em geral e nervuradas em particular.
Para o prosseguimento da pesquisa indica-se realizar um estudo no qual
se aprofunde na análise estrutural dessas lajes, determinado-se os esforços solicitantes e
os deslocamentos transversais utilizando os diversos processos de cálculo à flexão de
lajes, comparando os resultados obtidos e verificando-os experimentalmente por meio
ensaios de modelos reduzidos. Outra sugestão é realizar um estudo comparativo entre o
sistema de lajes nervuradas e outros existentes para pavimentos de edificações,
contemplando análises de comportamento (deformação e flexão) e, também, de custos.
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ANEXO
TABELA A1 Valores para cálculo de armadura longitudinal de seções
retangulares (CARVALHO & FIGUEIREDO FILHO (2004))
KMD KX KZ
c
ε
s
ε
KMD KX KZ
c
ε
s
ε
0,0100 0,0148 0,9941 0,1502 10,0000 0,2050 0,3506 0,8597 3,5000 6,4814
0,0200 0,0298 0,9881 0,3068 10,0000 0,2100 0,3609 0,8556 3,5000 6,1971
0,0300 0,0449 0,9820 0,4704 10,0000 0,2150 0,3714 0,8515 3,5000 5,9255
0,0400 0,0603 0,9759 0,6414 10,0000 0,2200 0,3819 0,8473 3,5000 5,6658
0,0500 0,0758 0,9697 0,8205 10,0000 0,2250 0,3925 0,8430 3,5000 5,4170
0,0550 0,0836 0,9665 0,9133 10,0000 0,2300 0,4033 0,8387 3,5000 5,1785
0,0600 0,0916 0,9634 1,0083 10,0000 0,2350 0,4143 0,8343 3,5000 4,9496
0,0650 0,0995 0,9602 1,1056 10,0000 0,2400 0,4253 0,8299 3,5000 4,7297
0,0700 0,1076 0,9570 1,2054 10,0000 0,2450 0,4365 0,8254 3,5000 4,5181
0,0750 0,1156 0,9537 1,3077 10,0000 0,2500 0,4479 0,8208 3,5000 4,3144
0,0800 0,1238 0,9505 1,4126 10,0000 0,2550 0,4594 0,8162 3,5000 4,1181
0,0850 0,1320 0,9472 1,5203 10,0000 0,2600 0,4711 0,8115 3,5000 3,9287
0,0900 0,1403 0,9439 1,6308 10,0000 0,2650 0,4830 0,8068 3,5000 3,7459
0,0950 0,1485 0,9406 1,7444 10,0000 0,2700 0,4951 0,8020 3,5000 3,5691
0,1000 0,1569 0,9372 1,8611 10,0000 0,2750 0,5074 0,7970 3,5000 3,3981
0,1050 0,1654 0,9339 1,9810 10,0000 0,2800 0,5199 0,7921 3,5000 3,2324
0,1100 0,1739 0,9305 2,1044 10,0000 0,2850 0,5326 0,7870 3,5000 3,0719
0,1150 0,1824 0,9270 2,2314 10,0000 0,2900 0,5455 0,7818 3,5000 2,9162
0,1200 0,1911 0,9236 2,3621 10,0000 0,2950 0,5586 0,7765 3,5000 2,7649
0,1250 0,1998 0,9201 2,4967 10,0000 0,3000 0,5721 0,7712 3,5000 2,6179
0,1300 0,2086 0,9166 2,6355 10,0000 0,3050 0,5858 0,7657 3,5000 2,4748
0,1350 0,2175 0,9130 2,7786 10,0000 0,3100 0,5998 0,7601 3,5000 2,3355
0,1400 0,2264 0,9094 2,9263 10,0000 0,3150 0,6141 0,7544 3,5000 2,1997
0,1450 0,2354 0,9058 3,0787 10,0000 0,3200 0,6287 0,7485 3,5000 2,0672
0,1500 0,2445 0,9022 3,2363 10,0000 0,3300 0,6590 0,7364 3,5000 1,8100
0,1550 0,2536 0,8985 3,3391 10,0000 0,3400 0,6910 0,7236 3,5000 1,5652
0,1600 0,2630 0,8948 3,5000 9,8104 0,3500 0,7249 0,7100 3,5000 1,3283
0,1650 0,2723 0,8911 3,5000 9,3531 0,3600 0,7612 0,6955 3,5000 1,0983
0,1700 0,2818 0,8873 3,5000 8,9222 0,3700 0,8003 0,6799 3,5000 0,8732
0,1750 0,2913 0,8835 3,5000 8,5154 0,3800 0,8433 0,6627 3,5000 0,6506
0,1800 0,3009 0,8796 3,5000 8,3106
0,1850 0,3106 0,8757 3,5000 7,7662
0,1900 0,3205 0,8718 3,5000 7,4204
0,1950 0,3305 0,8678 3,5000 7,0919
0,2000 0,3405 0,8638 3,5000 6,7793
cd
2
w
d
fdb
M
KMD
= ;
d
x
=KX ;
sc
c
εε
ε
KX
+
=
;
d
z
KZ = ;
s
d
s
fd(KZ)
M
A
=
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
238
OBSERVAÇÃO: As tabelas A2, A3 e A4 apresentadas a seguir foram extraídas de
CARVALHO & FIGUEIREDO FILHO (2004); o parâmetro de entrada (
λ) é a relação
entre o maior vão teórico da laje (
y
λ
) e o menor (
x
λ ). O coeficiente de Poisson (ν) é
igual a 0,2.
TABELA A2
Coeficientes
x
µ ,
y
µ
para o cálculo dos momentos máximos em lajes
retangulares uniformemente carregadas, com bordas simplesmente
apoiadas
λ
x
µ
y
µ
λ
x
µ
y
µ
1,00
4,41 4,41
1,55
8,12 4,20
1,05
4,80 4,45
1,60
8,34 3,14
1,10
5,18 4,49
1,65
8,62 4,07
1,15
5,56 4,49
1,70
8,86 4,00
1,20
5,90 4,48
1,75
9,06 3,96
1,25
6,27 4,45
1,80
9,27 3,91
1,30
6,60 4,42
1,85
9,45 3,83
1,35
6,93 4,37
1,90
9,63 3,75
1,40
7,25 4,33
1,95
9,77 3,71
1,45
7,55 4,30
2,00
10,00 3,64
1,50
7,86 4,25
12,57 3,77
TABELA A3
Coeficientes
x
k,
y
k
para o cálculo das reações de apoio em lajes
retangulares uniformemente carregadas, com bordas simplesmente
apoiadas
λ
x
µ
y
µ
λ
x
µ
y
µ
1,00
2,50 2,50
1,55
3,39 2,50
1,05
2,62 2,50
1,60
3,44 2,50
1,10
2,73 2,50
1,65
3,48 2,50
1,15
2,83 2,50
1,70
3,53 2,50
1,20
2,92 2,50
1,75
3,57 2,50
1,25
3,00 2,50
1,80
3,61 2,50
1,30
3,08 2,50
1,85
3,65 2,50
1,35
3,15 2,50
1,90
3,68 2,50
1,40
3,21 2,50
1,95
3,72 2,50
1,45
3,28 2,50
2,00
3,75 2,50
1,50
3,33 2,50
5,00 2,50
Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado
_____________________________________________________________________________
239
TABELA A4 Coeficientes α para o cálculo de flechas elásticas em lajes
retangulares uniformemente carregadas, com bordas simplesmente
apoiadas
λ
α
λ
α
1,00
4,67
1,55
9,22
1,05
5,17
1,60
9,54
1,10
5,64
1,65
9,86
1,15
6,09
1,70
10,15
1,20
6,52
1,75
10,43
1,25
6,95
1,80
10,71
1,30
7,36
1,85
10,96
1,35
7,76
1,90
11,21
1,40
8,14
1,95
11,44
1,45
8,51
2,00
11,68
1,50
8,87
15,35
TABELA A5
Valores do coeficiente
f2
γ
f2
γ
Ações
0
ψ
1
ψ
2
ψ
Locais em que não há predominância de pesos
de equipamentos que permanecem fixos por
longos períodos de tempo, nem de elevadas
concentrações de pessoas, como é o caso de
edifícios residencias
0,5 0,4 0,3
Locais em que há predominância de pesos de
equipamentos que permanecem fixos por
longos períodos de tempo, ou de elevada
concentração de pessoas, como é o caso de
edifícios comerciais, de escritórios, estações e
edifícios públicos
0,7 0,6 0,4
Cargas acidentais
de edifícios
Biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6
Vento
Pressão dinâmica do vento nas estruturas em
geral
0,6 0,3 0
Temperatura
Variações uniformes de temperatura em
relação à media anual local
0,6 0,5 0,3
0
ψ - fator de redução de combinação para estado limite último;
1
ψ - fator de redução de combinação freqüente para estado limite de serviço;
2
ψ - fator de redução de combinação quase permanente para estado limite de serviço.
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