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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
HELENITA CATHARINA DALLA-LANA FORCELINI
DEPURAÇÃO DE OSTRAS DE CULTIVO
DA BAÍA DE GUARATUBA – PARANÁ – BRASIL
PONTAL DO PARANÁ
2009
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HELENITA CATHARINA DALLA-LANA FORCELINI
DEPURAÇÃO DE OSTRAS DE CULTIVO
DA BAÍA DE GUARATUBA – PARANÁ – BRASIL
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-Graduação em Sistemas
Costeiros e Oceânicos, Centro de
Estudos do Mar, Setor de Ciências da
Terra, Universidade Federal do
Paraná, como parte das exigências
para obtenção do título de Mestre em
Sistemas Costeiros e Oceânicos.
Orientadora: Profa. Dra. Hedda
Elisabeth Kolm
Co-orientadora: Profa Dra. Therezinha
Monteiro Abshe
r
PONTAL DO PARANÁ
2009
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AGRADECIMENTOS
À profa. Dra. Hedda Kolm, pela orientação, por sua paciência, pela confiança
e dedicação que depositou em mais esse trabalho. Por toda infra-estrutura
oferecida, esforço e apoio para a realização desse projeto. Pela amizade, pelo
carinho e também pelas broncas necessárias para cumprir mais essa etapa.
À profa. Dra. Theresinha Absher, pela co-orientação, por toda infra-estrutura
cedida, por todas as dicas, pela grande contribuição através do seu vasto
conhecimento em moluscos marinhos.
Ao Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos, através do
Dr. Fabiano Bendhack e Dr. Moacyr Serafim, por toda infra-estrutura cedida para o
cultivo das microalgas, pelo barco para as saídas de campo e por toda ajuda e
conhecimento passados.
Ao professor César Martins, pela infra-estrutura cedida.
Aos colegas do CPPOM, Chuck, Tonho, Lineu, e especialmente ao Cássio e a
Katina, por toda ajuda, por todo esforço oferecido e por todo conhecimento
repassado. Aprendi muito com vocês!
Ao Laboratório de Biogeoquímica Marinha, através da profa. Dra. Eunice da
Costa Machado, em especial à técnica Liciane Siqueira e aos alunos Taiana e Felipe
pela grande ajuda nas análises físico-químicas realizadas nesse estudo.
Aos funcionários Ruthinha, Ronei, Abraão, João e Josias por toda ajuda
prestada.
A todos os amigos e colegas, Raquel, Manuela, Luana, Elaine, Carolina,
Felipe, Augusto, Renato, Diógenes, Marco, que me ajudaram na realização desse
projeto, trocando a água dos aquários, lavando as ostras, salgando a água e
ajudando nas análises microbiológicas.
Meus sinceros agradecimentos ao meu braço direito Augusto “Tinho”, por
toda ajuda, essencial e importantíssima, sem a qual esse projeto jamais teria sido
realizado. Muito obrigada por me ajudar a carregar e salgar a água, limpar os
aquários, lavar e alimentar as ostras, e por manter o ambiente de trabalho sempre
animado e descontraído.
Ao amigo Maikon pela enorme ajuda com as análises estatísticas a serem
utilizadas, pelo tempo e paciência quando me ensinou a trabalhar com o software R.
À minha grande amiga Lua, que me incentivou, me ajudou no laboratório
inúmeras vezes, me descontraiu nos momentos críticos, pela eterna amizade e
imenso carinho.
Às minhas amigas Tai, Vivi e Ju, por fazer da nossa casa um local divertido,
alegre, descontraído e feliz! Muito obrigada pela amizade e sinceridade de vocês.
À minha amiga Kalina, por todas as conversas, dicas e pelos momentos
descontraídos que passei contigo nos últimos meses.
Ao Fernando, pela amizade, compreensão, companhia, conversas,
palhaçadas, papos cabeça, discussões, conselhos e carinho ofertados em nossa
convivência.
À minha família, especialmente aos meus pais, Ademar e Carmem, por tudo
que me ofereceram e proporcionaram, por todas as ajudas, pelos incentivos, pelo
ombro amigo, pelos conselhos, por toda educação me que deram e por acreditarem
em mim. Muito obrigada!
À 2ª turma do PGSISCO, pelas amizades, pelas conversas e pelas terças-
festa!
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo estudar o grau de depuração de ostras
através de experimentos em laboratório, a fim de subsidiar informações e técnicas
para a implantação adequada da depuradora no Mercado Municipal de Guaratuba;
avaliar a contaminação por Escherichia coli da água e das ostras de dois cultivos da
Baía de Guaratuba -PR; verificar o tempo necessário para que as ostras sejam
depuradas; averiguar variabilidades do tempo de depuração e do peso das ostras
através de adição ou não de alimento (Isochrysis galbana) . Foram realizadas
coletas na primavera de 2007 e verão, outono e inverno de 2008 em dois pontos da
baía (ponto interno e ponto externo). De cada cultivo foram retiradas, por período de
amostragem, 11 dúzias de ostras, perfazendo um total de 264 organismos
analisados Simultaneamente foram coletadas amostras de água superficial para
medição de parâmetros físico-químicos (pH, salinidade, temperatura, oxigênio
dissolvido, seston, material orgânico particulado) e quantificação de E. coli. A
contaminação da água onde são feitos os cultivos foi maior no verão, e
consistentemente maior no ponto externo. A perda de peso das ostras foi verificada
em quase todos os tempos de depuração em todos os períodos estudados. A adição
de alimento só foi significativa na variação do peso das ostras no outono e no
inverno. A quantidade de E. coli nas ostras foi significativa, com valores mais
elevados no verão, e no ponto interno. Os maiores valores foram registrados no
início do experimento (0h) e os menores depois de 48h. A adição de alimento não
influenciou na quantidade de E. coli durante todo o tempo de depuração. A
quantidade de E. coli nas ostras tende a zerar entre 168h e 192h de depuração. Os
resultados mostraram que há necessidade de reformulação da legislação brasileira,
incluindo análises de E. coli em ostras a serem comercializadas. Sugere-se ainda
que sejam previstas depurações de ostras de até pelo menos 168 horas nas
depuradoras que estão sendo implantadas no litoral do Paraná.
Palavras-chave: Depuração, ostras, Escherichia coli
ABSTRACT
The objective of the present work was to study the degree of purification of oysters
through laboratory experiments, in order to supply information and techniques for the
appropriate implantation of a depuration system in the Municipal Market of
Guaratuba, built by EMATER-PR; to evaluate the contamination by E. coli in the
water and in oysters of two cultivations of Guaratuba -PR's Bay; to verify the
necessary time for the oysters´ depuration; to investigate the variability in the
purification time and in the weight of the oysters through addition or not of food
(Isochrysis galbana). Sampling in the spring of 2007 and in the summer, autumn and
winter 2008 in two points of the bay (internal point and external point) were
accomplished. From each cultivation 11 dozens of oysters were removed, at each
sampling period, coming to a total of 264 analyzed organisms. Simultaneously
samples of surface water were collected for measurement of physical-chemical
parameters (pH, salinity, temperature, dissolved oxygen, seston, particulated organic
matter) and quantification of E. coli. The contamination of the water at the cultivation
site was larger in the summer and consistently larger in the external point. The loss
of the oysters’ weight was observed in almost all the depuration times in all the
studied periods. The food addition was only significant in the variation of the oysters’
weight in autumn and winter. The amount of E. coli in the oysters was significant,
with higher values in summer, and in the internal point. The higher values were
registered in the beginning of the experiment (0h) and the lower after 48h.The
addition of food did not influence in the amount of E. coli during the whole time of
depuration. The amount of E. coli in the oysters tends to zero between 168h and
192h of depuration. The results showed that a reformulation of the Brazilian
legislation is required, including analyses of E. coli in oysters to be marketed...We
suggest that the depuration systems that are being installed at Paraná littoral should
foreseen a depuration time of at least 168h.
.
Key-words: Depuration, oysters, Escherichia coli.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Ilustração das espécies de ostras mundialmente cultivadas............................. 9
FIGURA 2 - A) Mapa do Brasil com a localização do litoral do Paraná: B) Mapa do litoral
do Paraná com a localização da Baía de Guaratuba; C) Mapa da Baía de
Guaratuba com a localização das estações de coleta.................................
25
FIGURA 3 - Exemplo de cultivo do tipo “long line”.................................................................
27
FIGURA 4 – Desenho amostral dos aquários e tempos de retiradas das ostras..................
35
FIGURA 5 - Ilustração da preparação das cartelas............................................................... 37
FIGURA 6 - Altura de maré da Baía de Guaratuba nos dias em que foram realizadas as
coletas................................................................................................................
39
FIGURA 7 - Índices pluviométricos, por estação do ano, de seis dias que antecederam a
coleta. Setas indicam o dia da coleta.................................................................
40
FIGURA 8 - Média dos valores absolutos da temperatura da água......................................
40
FIGURA 9 - Média dos valores absolutos de salinidade na água..........................................
41
FIGURA 10 - Média dos valores absolutos de pH na água...................................................
42
FIGURA 11 - Média dos valores absolutos de oxigênio dissolvido na água..........................
42
FIGURA 12 - Média dos valores absolutos de seston na água.............................................
43
FIGURA 13 - Média dos valores absolutos de MOP na água................................................
43
FIGURA 14 - Médias dos valores absolutos de E. coli na água............................................
44
FIGURA 15 - Análise dos Componentes Principais dos parâmetros físico-químicos e
biológicos estudados.......................................................................................
45
FIGURA 16 - Diferença entre o ganho e perda de peso das ostras na primavera................
46
FIGURA 17 - Diferença entre o ganho e perda de peso das ostras no verão.......................
47
FIGURA 18 - Diferença entre o ganho e perda de peso das ostras no outono.....................
48
FIGURA 19 - Diferença entre o ganho e perda de peso das ostras no inverno....................
49
FIGURA 20 - Representação gráfica da Análise de Variância (ANOVA) da relação do
peso com o tempo de depuração, adição ou não de alimento e réplicas de
aquário, no ponto externo................................................................................
50
FIGURA 21 - Representação gráfica da Análise de Variância (ANOVA) da relação do
peso com o tempo de depuração, adição ou não de alimento e réplicas de
aquário, no ponto interno.................................................................................
51
FIGURA 22 - Valores absolutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas na primavera...................................................................................
52
FIGURA 23 - Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas na primavera, no
ponto externo. A = sem alimento; B = com alimento.......................................
53
FIGURA 24 - Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas na primavera, no
ponto interno. A = sem alimento; B = com alimento........................................
54
FIGURA 25 - Valores absolutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no verão..........................................................................................
55
FIGURA 26 - Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no verão, no ponto
externo. A = sem alimento; B = com alimento.................................................
56
FIGURA 27 - Equação de regressão logaritma das ostras depuradas no verão, no ponto
interno. A = sem alimento; B = com alimento..................................................
56
FIGURA 28 - Valores absolutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no outono........................................................................................
57
FIGURA 29 - Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no outono, no
ponto externo. A = sem alimento; B = com alimento.......................................
58
FIGURA 30 - Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no outono, no
ponto interno. A = sem alimento; B = com alimento........................................
59
FIGURA 31 - Valores absolutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no inverno.......................................................................................
60
FIGURA 32 - Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no inverno, no
ponto externo. A = sem alimento; B = com alimento.......................................
61
FIGURA 33 - Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no inverno, no
ponto interno. A = sem alimento; B = com alimento........................................
61
FIGURA 34 - Representação gráfica da Análise de Variância (ANOVA) da relação da
quantidade de E. coli com a estação do ano, o ponto, a alimentação e o
tempo de depuração, no ponto externo...........................................................
64
FIGURA 35 - Representação gráfica da Análise de Variância (ANOVA) da relação da
quantidade de E. coli com a estação do ano, o ponto, a alimentação e o
tempo de depuração, no ponto interno............................................................
65
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – RESULTADOS DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) COMPARANDO
OS DIFERENTES FATORES QUE INFLUENCIARAM O GANHO OU
PERDA DE PESO DAS OSTRAS................................................................
49
TABELA 2 - RESULTADOS DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) COMPARANDO
OS DIFERENTES FATORES QUE INFLUENCIARAM NA
QUANTIDADE DE E.COLI NAS OSTRAS................................................
63
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 8
1.1 ASPECTOS DA AQUICULTURA.................................................................................. 8
1.2 CONTAMINAÇÃO EM MOLUSCOS BIVALVES.......................................................... 11
1.3 BACTÉRIAS ENTÉRICAS............................................................................................ 13
1.4 ENFERMIDADES ASSOCIADAS AO CONSUMO DE MOLUSCOS........................... 14
1.5 DEPURAÇÃO DE MOLUSCOS BIVALVES................................................................. 15
1.6 LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL.......................................................... 17
1.7 ESTUDOS DE CONTAMINAÇÃO DE OSTRAS REALIZADOS NO LITORAL
PARANAENSE.................................................................................................................... 20
1.8 OBJETIVOS.................................................................................................................. 21
1.8.1 Objetivo geral............................................................................................................. 21
1.8.2 Objetivos específicos................................................................................................. 21
2 ÁREA DE ESTUDO......................................................................................................... 23
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 28
3.1 ATIVIDADES DE CAMPO............................................................................................. 28
3.2 MARÉ............................................................................................................................ 28
3.3 PLUVIOSIDADE............................................................................................................ 29
3.4 AMOSTRAS DE ÁGUA SUPERFICIAL........................................................................ 29
3.4.1 Temperatura da água................................................................................................ 29
3.4.2 Salinidade.................................................................................................................. 29
3.4.3 Potencial hidrogeniônico............................................................................................ 30
3.4.4 Oxigênio dissolvido.................................................................................................... 30
3.4.5 Seston e matéria orgânica particulada...................................................................... 30
3.4.6 Escherichia coli.......................................................................................................... 31
3.5 CULTIVO DE ORGANISMO ALIMENTO...................................................................... 32
3.6 DEPURAÇÃO DAS OSTRAS....................................................................................... 34
3.6.1 Avaliação da perda de peso das ostras durante o processo de depuração.............. 35
3.6.2 Análises de Escherichia coli...................................................................................... 36
3.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS.......................................................................................... 38
4 RESULTADOS................................................................................................................ 39
4.1 MARÉ............................................................................................................................ 39
4.2 PLUVIOSIDADE............................................................................................................ 39
4.3 ÁGUA SUPERFICIAL................................................................................................... 40
4.3.1 Temperatura.............................................................................................................. 40
4.3.2 Salinidade.................................................................................................................. 41
4.3.3 pH............................................................................................................................... 41
4.3.4 Oxigênio dissolvido.................................................................................................... 42
4.3.5 Seston e matéria orgânica particulada...................................................................... 43
4.3.6 Escherichia coli.......................................................................................................... 44
4.4 ANÁLISE DOS COMPONENTES PRINCIPAIS............................................................ 44
4.5 OSTRAS....................................................................................................................... 45
4.5.1 Variação do peso das ostras..................................................................................... 45
4.5.1.1 Coleta de primavera................................................................................................ 46
4.5.1.2 Coleta de verão....................................................................................................... 46
4.5.1.3 Coleta de outono..................................................................................................... 47
4.5.1.4 Coleta de inverno.................................................................................................... 48
4.5.1.5 Análises estatísticas da variação do peso das ostras............................................ 49
4.5.2 Depuração das ostras coletas na primavera............................................................. 52
4.5.3 Depuração das ostras coletas no verão.................................................................... 54
4.5.4 Depuração das ostras coletadas no outono.............................................................. 57
4.5.5 Depuração das ostras coletadas no inverno.............................................................. 59
4.5.6 Análise de Variância por quantidade de Escherichia coli.......................................... 62
5 DISCUSSÃO.................................................................................................................... 66
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES..................................................................................... 73
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 75
ANEXOS............................................................................................................................. 83
8
1 INTRODUÇÃO
1.1 ASPECTOS DA AQÜICULTURA
A aqüicultura se apresenta como uma alternativa viável para suprir parte da
carência de alimentos e seu desenvolvimento tem contribuído para a redução do
extrativismo e da pesca predatória repercutindo de forma positiva na preservação
dos ecossistemas (ROCZANSKI et al. 2000). As atividades aqüícolas, dentre elas a
maricultura, estão em plena expansão no mundo e também no Brasil, onde estão
suprindo os problemas sociais e econômicos gerados pelo declínio da pesca
extrativista (ASSAD; BURSZTYN, 2000).
Nos últimos anos, a aqüicultura tem-se desenvolvido simultaneamente através
da diversificação e do incremento da produção das principais espécies cultivadas.
Um número cada vez maior de países vem dedicando-se ao cultivo de organismos
aquáticos de alto valor econômico. Calcula-se que o ritmo atual de crescimento
desta atividade já alcança 8% ao ano. Este padrão de crescimento contrasta com
aqueles vigentes nos setores de criação de gado e pesca, cujas taxas não
ultrapassam, respectivamente, os valores de 3 e 1,5% ao ano (RANA et al., 1996;
RANA, 1997).
As espécies de ostras mundialmente cultivadas são: Ostrea edulis – ostra
plana, européia; Ostrea lúrida – ostra limpa; Crassostrea angulata – ostra
portuguesa; Crassostrea gigas - ostra do Pacífico, japonesa; Crassostrea
rhizophorae – ostra do mangue; Crassostrea brasiliana – ostra da pedra e
Crassostrea virginica – ostra americana (Figura 1).
9
A- Ostrea edulis; B - Ostrea lúrida; C - Crassostrea angulata; D - Crassostrea gigas; E -
Crassostrea rhizophorae; F - Crassostrea virginica; G – Crassostrea brasiliana.
FIGURA 1 – Ilustração das espécies de ostras mundialmente cultivadas.
C
B
A
E
F
D
G
De acordo com o relatório publicado pela “Food and Agriculture Organization
of the United Nations” (FAO, 2004) a comercialização mundial de ostras
provenientes de aqüicultura, em 2002, foi de 4.317.380 toneladas. Embora o Brasil
não seja um grande consumidor de ostras, elas têm uma boa aceitação no mercado,
principalmente em regiões litorâneas, onde são também consumidas pelas
populações locais.
No Brasil, as pesquisas sobre cultivos de ostras e mexilhões iniciaram-se na
década de 1970 e têm se desenvolvido principalmente com o cultivo da ostra
10
japonesa (Crassostrea gigas), a ostra nativa (Crassostrea rhizophorae) e o mexilhão
Perna perna (POLI, 1999). Entretanto, segundo Absher (com. pess.) existe ainda no
Brasil a Crassostrea brasiliana facilmente confundida com a Crassostrea
rhizophorae.
Atualmente a ostreicultura no Brasil, seja ela na fase comercial ou
experimental, está presente em vários estados, entre eles: Bahia, Pernambuco,
Sergipe, Ceará, Maranhão, São Paulo, Rio de Janeiro e, em especial, Santa
Catarina, que é o maior produtor da espécie exótica Crassostrea gigas (PANORAMA
DA AQUICULTURA, 2001).
As ostras nativas de maior interesse econômico pertencem ao gênero
Crassostrea (C. rhizophorae e C. brasiliana) da família Ostreidae. Elas são
eurialinas, adaptadas ao ambiente estuarino. A distribuição geográfica da ostra C.
rhizophorae abrange a região sul do Caribe, Venezuela, Suriname e Brasil até o
Uruguai (RIOS, 1994). Essa espécie ocupa a zona entremarés, prendendo-se às
raízes de Rhizophora mangle e quando presente em praias fixa-se em rochas.
Nas últimas décadas a Crassostrea gigas, originária do Japão, China e
Coréia, foi introduzida no Brasil para cultivos controlados.Segundo Polli et al. (1988)
essa espécie foi trazida para o Brasil em 1974, pelo Instituto de Pesquisas da
Marinha em Cabo Frio-RJ. A ostra japonesa desenvolve-se em águas com
temperaturas entre 11 e 25°C e salinidades entre 14 e 35% (AKABOSHI, 1979).
As conseqüências sócio-econômicas das atividades de cultivo têm sido
marcantes, apontando seus efeitos em curtíssimo prazo, já que os resultados aqui
no Brasil podem ser vistos em menos de um ano. Na perspectiva social de
atendimento a geração de emprego e renda e fornecimento de alimento de alto valor
protéico, a implantação dos cultivos representa mais uma opção rentável aos
pescadores artesanais e para os que optaram por serem maricultores ou trabalhar
com os produtos da maricultura. Os primeiros projetos para cultivos experimentais
com objetivo comercial foram os de ostras e mariscos e estes se desenvolveram
simultaneamente em diversos pontos do litoral brasileiro. Nesses cultivos, é
importante a seleção da área, pois, esta deve oferecer algumas condições básicas a
uma exploração eficiente, quais sejam: a) o local deve ser protegido da ação dos
ventos, correntes e ondas; b) as correntes e o fluxo das marés devem favorecer a
renovação da água; c) a quantidade de nutrientes da água deve ser suficiente para
11
suprir as necessidades das ostras, moluscos e larvas; d) a salinidade e temperatura
da água devem estar de acordo com as exigências das espécies a serem cultivadas;
e) a área deve ser livre das “marés vermelhas” e, f) deve ser protegida de detritos
industriais e domésticos (MACHADO, 2002).
No cenário paranaense a ostreicultura surge como atividade produtiva que
pode contribuir para melhoria das condições de vida das populações tradicionais e
para a preservação dos recursos naturais. No Complexo Estuarino de Paranaguá, o
cultivo da Crassostrea rhizophorae ou ostra do mangue é desenvolvido em pequena
escala por comunidades de pescadores artesanais como alternativa de incremento
no rendimento econômico familiar fortemente comprometido por períodos de defeso
ou de baixa produtividade pesqueira. A atuação de instituições que, através de
trabalhos de extensão, buscavam alternativas sustentáveis de geração de renda
para as populações tradicionais foi decisiva para o desenvolvimento da ostreicultura
em várias comunidades (CALDEIRA, 2004).
Da mesma forma, na Baía de Guaratuba existem cultivos de pequeno porte
nas proximidades da cidade homônima, que incrementam o rendimento econômico
familiar dos moradores da região.
1.2 CONTAMINAÇÃO EM MOLUSCOS BIVALVES
Os bivalves possuem um eficiente mecanismo de filtração que permite
acumular, a partir da água em que são cultivados ou extraídos, inúmeros
microorganismos, armazenando assim, uma flora bacteriana muito rica (KINNE,
1983). Assim sendo, apesar de não contraírem doenças bacterianas, os moluscos
filtradores podem agir como portadores de microorganismos patogênicos humanos
(VILLALOBOS; ELQUEZABAL, 2001, SILVA et al., 2003, CLAYTON 2006, PEREIRA
et al. 2006).
Dessa forma esses organismos podem acumular, quando mantidos em águas
poluídas por dejetos de animais homeotérmicos, grandes quantidades de bactérias,
como as dos gêneros Salmonella, Escherichia e Shigella, vírus entéricos e
12
protozoários, entre outros, o que os transforma em problema de Saúde Pública,
abalando o prestígio desses alimentos junto à população.O consumo desses
moluscos na forma crua ou levemente cozidos agrava o problema.
A maior concentração de microorganismos encontra-se no intestino,
brânquias e muco superficial destes organismos. Suas duas valvas são mantidas
ligeiramente abertas e o alimento, que provém de um fluxo de água entra, passando
através das cavidades do manto, pelas brânquias. Essas funcionam como um filtro e
concentram partículas orgânicas, algas microscópicas e organismos planctônicos
que lhe servem como alimento (CORRÊA, 2006). A capacidade filtradora de uma
ostra pode chegar a 10 L de água por hora e cerca de 200L por dia (WARD, 1996).
De acordo com Liang et al. (2004) esses moluscos também podem concentrar
contaminantes químicos como metais pesados, compostos organoclorados,
hidrocarbonetos e elementos radioativos. Devido a essa capacidade de bioacumular,
os moluscos bivalves são importantes bioindicadores de alterações ambientais,
assim como biomarcadores para o monitoramento de contaminação no ambiente
aquático.
O número e tipo de microorganismos encontrados no molusco recém
capturado são influenciados por diversos fatores, tais como: localização geográfica
da captura (lugares mais populosos geram maior contaminação), estação do ano e
método de captura (BEIRÃO et al., 2000).
Os problemas sanitários que afetam os produtos da aqüicultura, incluindo
aqueles que interessam particularmente aos países em desenvolvimento, foram
analisados pela FAO/OMS na Tailândia em julho de 1997, e associados com a
contaminação biológica e química que podem ocorrer durante o cultivo destes
animais. O grupo identificou e avaliou a quantificação dos perigos potenciais e como
controlá-los, na prática, com programas aplicados no âmbito nacional e internacional
(LUPIN, 1999 apud Beirão et al., 2000). As toxinfecções alimentares provocadas por
parasitas (tremátodos), bactérias patogênicas, resíduos de agrotóxicos,
medicamentos veterinários e metais pesados foram os principais perigos
identificados. As razões para a preocupação são diversas, incluindo as más práticas
de cultivo, a poluição ambiental e os hábitos culturais tradicionais de preparação e
consumo destes alimentos. Existem muitos métodos de cultivo utilizados na
aqüicultura no âmbito mundial, variando desde a produção em pequena escala ou
13
sistemas de subsistência, até operações comerciais intensivas. As potencialidades
dos perigos variam segundo o sistema de cultivo, práticas de manejo e condições do
meio ambiente (BEIRÃO et al., 2000).
1.3 BACTÉRIAS ENTÉRICAS
As enterobactérias são bacilos Gram-negativos e embora possam ser
encontradas amplamente na natureza, a maioria habita os intestinos do homem e
dos animais, seja como membro da microbiota normal ou como agentes de infecção
(TRABULSI et al., 2002).
Na família Enterobateriaceae são encontradas algumas espécies residentes
permanentes, outras apenas em uma parte da população e outras são somente
agentes de doenças. Alguns dos gêneros incluídos nesta família são Escherichia,
Salmonella, Shigella, Klebsiella, Serratia, Proteus, Yersinia, Erwinia e Enterobacter
(TORTORA et al., 2002).
As enterobactérias podem causar infecções intestinais e extra-intestinais. As
que causam infecções intestinais são geralmente chamadas enteropatogênicas e
incluem várias categorias de Escherichia coli, todos os sorotipos de Shigella, quase
todos os sorotipos de Salmonellas e alguns de Yersinias enterocolitica. Embora
primariamente sejam enteropatogênicas, algumas salmonelas e Yersinias costumam
atravessar a mucosa intestinal causando bacteremia e infecções em diferentes
órgãos. Estudos recentes sugerem que Providencia, Hafnia e Citrobacter podem ser
enteropatogênicas. Os demais gêneros de enterobactérias são patogênicas somente
para outros órgãos e tecidos que não o aparelho digestivo, ou seja, vivem
normalmente nos intestinos, mas são patogênicas para outros órgãos e tecidos. Os
fatores que determinam a virulência das enterobactérias, para o intestino humano,
incluem adesinas, toxinas e substâncias ainda não identificadas que promovem a
invasão do epitélio intestinal (TRABULSI et al., 2002).
14
A família das enterobactérias é responsável por 50% das infecções
nosocomiais, que são freqüentemente causadas por E. coli, Klebsiella spp.,
Enterobacter spp., Proteus spp. e Serratia spp. (HOLT, 1994).
1.4 ENFERMIDADES ASSOCIADAS AO CONSUMO DE MOLUSCOS
O risco de enfermidades oriundas do consumo de moluscos é um problema
reconhecido há muitos anos, tanto pela indústria de alimentos quanto pelas agências
de saúde.
Nos Estados Unidos, entre todos os casos de doenças alimentares, o
consumo de frutos do mar responde por 10-19% dos casos, sendo que 9% vão a
óbito. Em quinze anos de estudos sobre essas doenças em Nova Iorque, os frutos
do mar foram indicados como veículos de transmissão em 19% dos casos. Destes,
moluscos bivalves (ostras e mexilhões) foram responsáveis por 64% das
intoxicações. Em países com grande consumo de frutos do mar, ou onde eles são
tradicionalmente consumidos crus, uma grande porcentagem dos surtos está
relacionada ao consumo dos moluscos. Na Austrália, 20% das intoxicações
alimentares são relacionadas a esse consumo; na China, a ingestão de frutos do
mar responde por 70% das intoxicações (BUTTI et al., 2004).
Altas concentrações de Escherichia coli em bivalves e ingerida através do
consumo dos próprios moluscos, além de indicadora de possível contaminação
destes organismos com microorganismos patogênicos humanos de veiculação
hídrica, segundo Vieira (2004), pode causar pelo menos seis tipos de infecções
intestinais.
A E. coli enteropatogênica (EPEC) é a principal causa da diarréia infantil,
sendo responsável por cerca de 30% dos casos de diarréia aguda em crianças com
idade inferior a seis meses. As EPEC são associadas a uma diarréia intensa,
geralmente acompanhada de dores abdominais, vômitos e febre. A doença pode ter
duração de 6 horas até 3 dias. A infecção por E. coli enterotoxigênica (ETEC) é
chamada de diarréia do viajante, ataca adultos de países desenvolvidos, em visitas
15
a áreas onde a infecção (contraída por alimentos e águas contaminadas) por ETEC
é endêmica. Os sintomas provocados por esse tipo de bactéria são diarréia aquosa,
febre baixa, dores abdominais e náuseas, e quando intensa, causa diarréia severa
semelhante à da cólera, muitas vezes provocando desidratação. A E. coli
enteroinvasora (EIEC) causa infecções freqüentes em crianças maiores e adultos,
onde a transmissão se dá por água e/ou alimentos contaminados, bem como pelo
contato interpessoal. Os sintomas são diarréia profusa, cólicas abdominais, febre,
dor de cabeça e dores musculares. Já a E. coli entero-hemorrágica (EHEC) é uma
doença caracterizada por dores abdominal severas, diarréia aguda com grande
quantidade de sangue nas fezes e ausência de febre. A E. coli enteroagregativa
(EAEC) está associada à diarréia infantil persistente, que pode durar mais de 14
dias. Finalmente a E. coli difusamente aderente (DAEC) causa diarréia aquosa sem
ocorrência de sangue na maioria dos pacientes infectados (VIEIRA, 2004).
Além de doenças relacionadas com a presença de bactérias, vírus e
protozoários, ainda há a possibilidade de doenças causadas por ingestão de
moluscos bivalves contaminados por biotoxinas produzidas por esses
microrganismos e também por microalgas, como dinoflagelados. Essas biotoxinas
podem ser causadoras de diarréias e paralisias (YEN et al.,2005).
1.5 DEPURAÇÃO DE MOLUSCOS BIVALVES
O princípio da depuração é a manutenção dos moluscos, por um determinado
tempo, em contato com água limpa sob condições controladas, a fim de que, através
do processo de filtração, os organismos patogênicos presentes nos tecidos sejam
excretados nas fezes e pseudofezes (RICHARDS, 1988).
A depuração satisfatória depende dos parâmetros ambientais associados à
qualidade da água utilizada. Apesar de a depuração ser um processo natural para os
moluscos bivalves, pode-se melhorar os resultados se o ambiente ao qual os
moluscos são expostos (tanques de depuração) for trabalhado de forma a minimizar
as variações ambientais (RICHARDS,1991). A temperatura da água, a salinidade, o
teor de oxigênio dissolvido, a turbidez e a concentração de fitoplâncton podem afetar
16
o processo de depuração. Esses fatores devem ser controlados pois a atividade
fisiológica, a taxa de filtração e as respostas comportamentais dos moluscos podem
variar em resposta ao ambiente de depuração (RODRICK et al., 2003).
Existem três tipos de sistemas de depuração: (i) os tanques de depuração que
funcionam com água do mar limpa e fresca injetada continuamente através de uma
bomba (sistema de fluxo contínuo), (ii) os tanques onde a água pode ser substituída
em intervalos determinados (Batch-process) e (iii) tanques de sistema fechado de
circulação (RICHARDS, 2003).
O fluxo contínuo é o mais econômico desde que os sistemas de depuração
estejam localizados em locais próximos à fonte de água limpa. O batch-process,
assim como o fluxo contínuo também apresenta a necessidade de uma fonte
adequada de água, mas a substituição da água não pode ocorrer em intervalos
grandes demais, pois podem tornar esse processo ineficiente. Os sistemas fechados
de circulação de água são os mais utilizados e necessitam igualmente de uma fonte
de água limpa, mas essa água, uma vez coletada é recirculada pelo sistema,
passando por tratamentos para descontaminação (RODRICK et al., 2003).
Os principais aspectos a serem considerados na escolha do sistema são o
custo de implantação, custo operacional, facilidade e custo de manutenção,
desempenho (eficiência), efeitos residuais e tempo de contato necessário
(SUPLICY, 1998).
Existem vários métodos para desinfecção da água a ser utilizada no processo
de depuração. O tratamento químico da água através da cloração é amplamente
usado principalmente por sua conhecida capacidade desinfetante e também pela
fácil manipulação. Entretanto, as formas livres do cloro interferem na capacidade de
filtração dos moluscos. A estratégia para eliminar os efeitos do cloro sobre os
moluscos é neutralizá-lo com Tiosulfato de Sódio, que no entanto, também pode
provovar inibição de filtração (BOYD, 1996). Além disso, o uso de água clorada pode
afetar a qualidade do produto final, modificando a aparência e o gosto dos moluscos.
Outro método utilizado é a ozonização. O gás ozônio inativa os
microorganismos podendo também reagir com outros compostos presentes na água
do mar aumentando o efeito desinfetante. A vantagem do ozônio em relação ao
cloro é a não alteração do gosto e da aparência dos moluscos (CORRÊA, 2006).
17
O processo de esterilização da água através do tratamento com luz ultravioleta
(UV) é um método amplamente utilizado nos Estados Unidos e Reino Unido
(RODRICK et al., 2003). Os raios ultravioletas atuam sobre os ácidos nucléicos,
causando danos progressivos à célula bacteriana. O principal mecanismo de ação
da radiação UV é a quebra da estrutura de dupla- hélice do DNA e a formação de
dímeros de timina. Quando a célula absorve uma alta dose de radiação, ocorre a
ruptura da membrana celular, causando a morte biológica da mesma (UPADHYAYA
et al., 2004).
1.6 LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL
No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), órgão que
estabelece padrões e normaliza os parâmetros de qualidade da água, determina, na
Resolução nº 357, de 17 de março de 2005 que a água salina ou salobra utilizada
para o cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação humana não deverá
exceder 43 coliformes termotolerantes por 100 mililitros de água, de uma média
geométrica da densidade desses coliformes, e um mínimo de 15 amostras coletadas
no mesmo local. O percentual 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes
termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em
monitoramento anual com um mínimo de cinco amostras. A E. coli pode ser
determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo
com limites estabelecidos pelo próprio Conselho Nacional do Meio Ambiente. Nessa
mesma resolução são dados os parâmetros físico-químicos das águas de cultivo que
devem ser monitorados, como carbono orgânico total, pH, oxigênio dissolvido e
presença de elementos químicos como os metais pesados chumbo e mercúrio
(BRASIL, 2005). A partir de 1995, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente, o controle da qualidade das áreas de cultivo tornou-se responsabilidade
dos próprios maricultores (SUPLICY, 1998).
A Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) somente prevê limites para estafilococos coagulase
positivos e de Salmonella sp. em moluscos bivalves "in natura", resfriados ou
18
congelados, não consumidos crus (BRASIL, 2001). A portaria nº. 685, de 27 de
agosto de 1998 (BRASIL, 1998) estabelece os limites máximos de tolerância de
contaminantes químicos para os alimentos. Para peixes e produtos de pesca, os
metais pesados avaliados são antimônio, chumbo, arsênio, cobre, cádmio, cromo,
mercúrio, níquel e zinco.
O Serviço de Inspeção de Produto Animal do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), através do Serviço de Inspeção Federal (SIF),
emite um certificado de inspeção sanitária quando a comercialização de moluscos
bivalves for para fora das fronteiras estaduais onde é cultivado. A falta de
conhecimento das origens do produto e consequentemente dos certificados acaba
por limitar o comércio dos moluscos. Essa certificação funciona como uma inspeção
de qualidade, que informa a procedência dos produtos vendidos. Para que o
produtor venha a conseguir esse registro, precisa seguir uma série de
determinações exigidas pelo Ministério da Agricultura, que vão desde medidas para
construção das instalações, roupas usadas pelos funcionários e uma certificação de
qualidade microbiológica da origem do produto (RIGOTTO, 2003).
Através do decreto nº 5.564, de 19 de outubro de 2005, foi instituído o Comitê
Nacional de Controle Higiênico-Sanitário de Moluscos Bivalves - CNCMB, com a
finalidade de estabelecer e avaliar os requisitos necessários para a garantia da
qualidade higiênico-sanitária dos moluscos bivalves, visando à proteção da saúde da
população e a criação de mecanismos seguros para o comércio nacional e
internacional. (BRASIL, 2005).
As legislações que vigoram internacionalmente são extremamente rigorosas,
levando-se em conta os elevados números de casos de doenças vinculadas ao
consumo de alimentos contaminados de origem marinha (YOUNGER et al., 2003). A
maioria dos países que produze e comercializa frutos do mar seguem legislações
próprias, tomando como base os mercados da União Européia e os Estados Unidos.
A Diretriz Européia 91/492/EEC, de 15 de julho de 1991 (EEC, 1991),
estabelece as normas sanitárias para a produção e a colocação de moluscos
bivalves vivos no Mercado Comum Europeu. As áreas para o cultivo são
classificadas seguindo padrões de qualidade microbiológica da carne dos moluscos
cultivados.
19
As áreas classificadas como classe A, podem apresentar 90% dos moluscos
coletados com concentração de coliformes fecais (CF) menor que 300 NMP/100g
(Número Mais Provável/ 100 g de carne) e uma concentração de E. coli menor que
230 NMP/100g. Nessa classe, os moluscos cultivados nessas áreas podem ser
introduzidos no mercado para o consumo humano. A classe B determina que os
moluscos cultivados em determinada área não podem exceder 6.000 NMP de CF
por 100g e 4.600 NMP de E. coli por 100g. As áreas nas quais os moluscos
cultivados apresentam um número entre 6.000 NMP e 60.000 NMP de CF por 100g
de carne, são classificadas como classe C (EEC, 1991). Depois de determinada a
classe a qual a área pertence, é avaliado o tipo de tratamento que deverá ser
utilizado para que a produção seja comercializada. Os moluscos provenientes da
classe B somente poderão ser colocados à venda após um tratamento em centros
de purificação ou após transposição em áreas classificadas como A por determinado
tempo descrito pela diretriz. A produção de bivalves em áreas de classe C,
obrigatoriamente, deve passar por um período mínimo de dois meses de
transposição, juntamente com um tratamento de purificação (EEC, 1991).
Além dos parâmetros citados, a produção não deve apresentar Salmonella
spp. em 25g de carne e também ser analisada quanto à presença de elementos
radioativos e toxinas paralisantes e diarréicas (EEC, 1991).
Nos Estados Unidos o programa de controle sanitário da produção de
moluscos bivalves (National Shellfish Sanitation Program), que tem por finalidade
promover e valorizar a produção de moluscos no país, padronizando a
regulamentação entre os Estados americanos. Este programa apresenta medidas
regulamentadas a partir de acordos comerciais interestaduais, aceitos pela Food and
Drug Administration (FDA) (NSSP, 2003).
A legislação americana leva em consideração a qualidade microbiológica das
águas de cultivo. As áreas avaliadas como aprovadas devem apresentar uma média
geométrica, de, no mínimo, 2 amostras/ano, sem exceder 14 NMP CF/100mL. Nas
áreas classificadas como restritas, a média geométrica, de, no mínimo, 5 amostras
anuais, não deve exceder 88 NMP/100mL. Se houver presença de fontes pontuais e
não pontuais de poluição, as áreas podem ser avaliadas como condicionalmente
aprovadas e condicionalmente restritas. Isso significa que elas necessitam se
adequar às normas exigidas para a produção de moluscos. As produções em áreas
20
classificadas como restritas, devem obrigatoriamente, da mesma forma que a
legislação da União Européia, passar por um sistema de purificação ou ser
transportada para áreas de qualidade microbiológica superior, antes de serem
introduzidas no mercado (NSSP, 2003).
1.7 ESTUDOS DE CONTAMINAÇÃO DE OSTRAS REALIZADOS NO LITORAL
PARANAENSE
Devido ao alto valor comercial, as espécies de ostras têm sido exploradas
indiscriminadamente ao longo das últimas décadas no litoral paranaense.
Atualmente elas são encontradas, em tamanhos adequados para a comercialização,
principalmente na Baía dos Pinheiros e de Guaratuba. Destes locais são
transportadas para os mercados de Paranaguá e Guaratuba, onde são
comercializadas em quantidades que variam ao longo do ano. Entretanto no verão,
época de maior afluência de turistas ao litoral, a venda desses organismos é
intensificada. Como sua sobrevida fora da água é de alguns dias, as ostras são
vendidas durante o dia e mantidas, durante a noite, em águas próximas às cidades
de Paranaguá, para retornarem aos mercados no dia seguinte (KOLM; ABSHER,
2008).
Estudos efetuados em 1997 e 1998 por Kolm; Absher (2008) mostraram que
os valores de coliformes totais e Escherichia coli encontrados em ostras
comercializadas no mercado de Paranaguá foram muito mais elevados durante o
verão.
Kolm et al. (2007) encontraram, em um estudo feito em 2002, valores de E.
coli muito maiores que os permitidos pela legislação para cultivos de organismos a
serem consumidos crus, nas águas próximas aos criadouros de ostras da Baía de
Guaratuba. Estas alterações da qualidade da água são principalmente causadas
pela deficiência de sistemas de coleta, tratamento e disposição final dos esgotos na
cidade de Guaratuba e inexistência dos mesmos em Caiobá, balneário pertencente
ao município de Matinhos. Além disso, Forcelini (2006) também encontrou valores
altos de coliformes totais e E. coli nas ostras vendidas no Mercado Municipal de
21
Guaratuba e salientou a necessidade urgente de depuração destes bivalves. Estes
estudos ainda destacaram a falta de legislação nacional vigente levando-se em
consideração as quantidades de coliformes termotolerantes e/ou de E. coli na carne
das ostras, e o hábito das populações em consumi-las cruas.
Christo (2006) analisou, entre março de 2002 e março de 2003, a água
superficial de dois pontos da Baía de Guaratuba, um localizado na entrada e outro
em um parque de cultivos de ostras, e encontrou consistentemente valores
extremamente altos (superiores ou iguais a 2.419,2 NMP.100mL
-1
) de coliformes
totais e E. coli. A autora concluiu que as ostras cultivadas na Baía de Guaratuba são
impróprias para o consumo cru quando retiradas diretamente dos cultivos, e também
sugeriu a necessidade urgente de um sistema de depuração para esses bivalves.
1.8 OBJETIVOS
1.8.1 Objetivo geral
O presente trabalho teve como objetivo estudar o grau de depuração de
ostras em relação à contaminação por Escherichia coli, através de experimentos em
laboratório para subsidiar a implantação adequada da depuradora no Mercado
Municipal de Guaratuba, construída pela Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural (EMATER-PR) e que ainda não está em funcionamento.
1.8.2 Objetivos específicos
- Avaliar a contaminação por E. coli da água e das ostras de dois cultivos da Baía de
Guaratuba ao longo de quatro coletas;
- Verificar o tempo necessário para que as ostras desses cultivos sejam depuradas;
22
- Averiguar diferenças de tempo de depuração e peso das ostras com e sem adição
de alimento;
- Analisar os padrões de correlação entre as concentrações de E. coli na água de
superfície e nas ostras no início do experimento com os parâmetros físico-químicos
do local.
23
2 ÁREA DE ESTUDO
O litoral brasileiro compreende mais de 8000 km de extensão, abrangendo os
mais variados tipos de sistemas costeiros como praias arenosas, falésias ígneas e
sedimentares, estuários, dunas e manguezais (TESSLER; GOYA, 2005).
Tradicionalmente, o litoral do Brasil é dividido em cinco grandes compartimentos:
Norte, Nordeste, Leste ou Oriental, Sudeste ou das Escarpas Cristalinas e Sul. O
compartimento Norte vai do extremo norte do Amapá até o Golfão Maranhese.
Nesse trecho da costa a amplitude da maré pode variar até 12 metros, favorecendo
o desenvolvimento de grandes manguezais. O litoral Nordeste caracteriza-se pela
presença de tabuleiros terciários da Formação Barreiras estendendo-se até a Baía
de Todos os Santos, Bahia. O compartimento Leste ou Oriental estende-se até Cabo
Frio – RJ, sendo um trecho marcado pela desembocadura de alguns grandes rios e
pela formação de extensas planícies de idade quaternária. Do Cabo Frio até o Cabo
de Santa Marta (SC), desenvolve-se o litoral Sudeste ou Litoral das Escarpas
Cristalinas. Este é marcado pelas encostas da Serra do Mar próximas à costa,
favorecendo o desenvolvimento de pequenas planícies costeiras ou de praias de
bolso entre costões rochosos. O litoral Sul estende-se até o limite meridional
brasileiro (Chuí – RS), apresentando uma costa retilínea, desenvolvida a partir de
uma sucessão de cordões arenosos, que levaram ao desenvolvimento de vários
ambientes lagunares, destacando-se as lagunas dos Patos e Mangueira (TEIXEIRA
et al.,2003).
O litoral paranaense está situado entre as coordenadas geográficas gerais de
25º12’44”S – 48º01’15”W e 25º58’38” S – 48º35’26” W. Possui características que o
diferem dos demais Estados da costa sul e sudeste brasileiro. A Serra do Mar, que
se estende do Espírito Santo ao Cabo de Santa Marta em Santa Catarina, encontra-
se bem interiorizada no Estado do Paraná, possibilitando a formação de extensas
planícies costeiras e duas grandes baías, Paranaguá e Guaratuba. Nos 105 Km de
linha da costa oceânica, observa-se um grande contraste entre as áreas
rapidamente urbanizadas nas últimas décadas, em função do fluxo turístico de
veraneio ao sul e as áreas de preservação situadas mais ao norte, onde se localiza
uma das áreas mais intactas de Mata Atlântica do Brasil, a Área de Proteção
24
Ambiental de Guaraqueçaba e o Parque Nacional do Superagüi (SOARES et al.,
1997).
O município de Guaratuba possui uma população aproximada de 31.000
habitantes (IBGE, 2007), porém nos meses de verão recebe um importante
incremento populacional.
A Baía de Guaratuba (Figura 2) que pertence ao município homônimo, possui
uma área de 50,19 Km
2
, sendo que seu eixo principal é orientado no sentido leste-
oeste. Seu comprimento é de aproximadamente 16 Km, e sua largura máxima de 3
Km, quando considerada a linha da baixa-mar, e 10 Km, quando se inclui a planície
de maré. A profundidade máxima da área mais interna é de 5 m e sua comunicação
com o Oceano Atlântico é feita por uma desembocadura estreita de
aproximadamente 500m de largura, sendo limitada por pontais rochosos do extremo
meridional da Serra da Prata ao norte, e do Morro de Guaratuba ao sul. Nessa
região da desembocadura a sua profundidade atinge 27 m (SOARES et.al., 1997).
Nela encontram-se vários baixios e ilhas de pequeno e médio porte. Entre
elas podemos destacar a Ilha do Rato na Travessia do “Ferry boat”, a Ilha da
Sepultura, a Ilha do Araçá e a Ilha das Garças (SANTOS, 2003).
Dois terços dos rios que deságuam no sistema localizam-se na margem norte
da baía. Nessa região ainda são encontrados bancos de gramíneas (Spartina
alterniflora) e bosques de manguezais constituídos de Rhizophora mangle,
Laguncularia racemosa e Avicennia schaueriana. A cidade de Guaratuba está
localizada na margem sul da baía.
Este estuário recebe as águas da bacia hidrográfica de Guaratuba. A bacia
possui uma densidade de drenagem de 1,87 rios por Km
2
e cerca de 1.724 Km
2
de
área. Os dois principais rios são: rio São João e o rio Cubatão. Juntos eles
contribuem com aproximadamente 80 m
3
/s de água doce para a baía
(NOERNBERG, et al., 2004). Estes rios possuem curso superior, localizado na
região serrana, com grandes declividades, vales densamente encaixados e um
padrão de canal retilíneo. O curso inferior, localizado nas planícies, possui um vasto
vale de fundo plano e um padrão de curso meandrante (ANGULO, 1992).
25
O fluxo de água da Baía de Guaratuba é principalmente dominado pelo
regime das marés na área, apresentando fluxo em ambas as direções, na enchente
e na vazante (SANTOS, 2003).
FIGURA 2 - A) Mapa do Brasil com a localização do litoral do Paraná: B) Mapa do litoral do
Paraná com a localização da Baía de Guaratuba; C) Mapa da Baía de Guaratuba com a
localização das estações de coleta.
Assim como a Baía de Paranaguá, a maré da Baía de Guaratuba é semi-
diurna com desigualdades diurnas (SOARES et al., 1995). O registro de maré,
efetuado por Soares et al. (1997) durante dois meses, no corpo central da baía,
indicou alturas médias de sizígia e quadratura de 1,5 e 0,7 m respectivamente.
Segundo classificação de Köppen, o clima da região, é definido como
subtropical úmido mesotérmico com verão quente (Cfa). As influências do
Anticiclone do Atlântico Sul e as passagens de sistemas frontais controlam o regime
de ventos na região (MONTEIRO, 1963), sendo predominantes de ENE, E, ESSE, e
SE, com intensidade média de 4m/s. O sistema de brisa, cujos valores observados
26
são de até 2m/s nos meses de novembro a março é bastante relevante (CAMARGO
et al., 1996). A pluviosidade anual média é de 1988 mm ao nível do mar, variando
entre 2.248 mm e 3.530 mm na região da serra (TODESCHINI, 2004).
Segundo Zem (2005), os sedimentos da Baía de Guaratuba são compostos
principalmente por areia fina, areia muito fina e silte grosso. As areias grossas e
médias ocorrem somente na desembocadura dos rios Cubatão e São João e na
boca do estuário, sendo, portanto, regiões de alta energia hidrodinâmica. De uma
maneira geral os depósitos de sedimentos dessa baía são pobremente
selecionados. Os teores de carbonato de cálcio e matéria orgânica predominantes
são menores que 5%.
Na região da bacia hidrográfica de Guaratuba as principais atividades são o
cultivo de banana no sopé da Serra do Mar, iniciado na década de 1980, sendo
atualmente a região de maior produção no Estado com uma área de 3.000 hectares,
e o cultivo de arroz nas planícies alagadiças, iniciado em 1965, ocupando
atualmente uma área de 420 hectares, além da criação de gado bovino e bubalino,
com cerca de 1.420 e 780 cabeças, respectivamente (TODESCHINI, 2004)
Já as principais atividades realizadas na região litorânea de Guaratuba são o
turismo, principalmente a partir da década de 1950, a pesca e mais recentemente a
maricultura. A pesca na região, assim como a dos demais lugares do litoral do
Paraná é meramente artesanal. Entretanto, em decorrência das várias épocas de
proibição da pesca predatória, os pescadores estão sendo incentivados a implantar
criações de ostras na região. Assim, já existem vários criadouros de pequeno porte
espalhados pela baía (SANTOS, 2003) que comercializam suas ostras
principalmente no Mercado Municipal de Guaratuba.
Dentre os diferentes métodos de cultivo de moluscos empregados no litoral
do Paraná, na Baía de Guaratuba, devido às suas características, à espécie
cultivada e ao padrão artesanal dos produtores, é utilizado o sistema de cultivo do
tipo espinhel ou “long-line”. Esse sistema é confeccionado com flutuadores (de
plástico ou fibra), amarrados em linha com um cabo mestre, na superfície da água
do mar, ao qual são penduradas as lanternas (Figura 3).
27
FIGURA 3 - Exemplo de cultivo do tipo “long line”
FONTE: Caldeira, 2004
Segundo o engenheiro Wilson Barion (com. pess.) da Companhia de
Saneamento do Paraná (SANEPAR), a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de
Guaratuba possui uma vazão de 98 L/s fora de temporada e de até 210 L/s no ano-
novo e carnaval. As obras de manilhamento de esgoto contemplam 45% da cidade,
atuando principalmente nas regiões centrais e bairros de veraneio. Durante a
temporada 2007/2008 uma forte operação incentivou moradores e veranistas a
fazerem a correta ligação dos esgotos na rede da SANEPAR. Foram 7.537 imóveis
beneficiados, perfazendo pouco mais de 76% do total manilhado.
28
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1.ATIVIDADES DE CAMPO
Foram feitas coletas em determinados dias representativos das condições de
primavera (08/11/2007), verão (16/01/2008), outono (23/04/2008) e inverno
(30/06/2008) e adquiridas ostras de dois cultivos (um no setor interno, dorvante
denominado de “interno” e outro no setor externo, doravante denominado de
“externo”) da Baía de Guaratuba. O ponto interno está localizado em um canal de
maré, onde a hidrodinâmica é mais baixa quando comparado ao ponto externo, que
está localizado na desembocadura da baía.
De cada cultivo foram retiradas, por período de amostragem, 11 dúzias de
ostras, perfazendo um total de 264 organismos, acondicionadas em caixas
isotérmicas até a chegada no Laboratório de Microbiologia Marinha, no Centro de
Estudos do Mar/UFPR.
Em cada período e em cada cultivo, ainda foram coletadas amostras de água
superficial para medição de parâmetros físico-químicos (pH, salinidade, temperatura,
oxigênio dissolvido, seston, material orgânico particulado) e quantificação de
Escherichia coli.
3.2 MARÉ
Os dados de maré na Baía de Guaratuba foram gentilmente cedidos pelo
Laboratório de Física Marinha do Centro de Estudos do Mar/UFPR.
29
3.3 PLUVIOSIDADE
Os valores de pluviosidade diária dos seis dias que antecederam o dia da
coleta, incluindo o dia da coleta, foram obtidos através da estação meteorológica
“Guaratuba”, gentilmente cedidos pela Superintendência de Desenvolvimento de
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA).
3.4 AMOSTRAS DE ÁGUA SUPERFICIAL
3.4.1 Temperatura da água
A temperatura da água foi medida no campo, utilizando um termômetro de
mercúrio, escala 1/100°C.
3.4.2 Salinidade
As amostras de água foram acondicionadas em frascos de polietileno
fechados, transportadas em isopor com gelo para o Laboratório de Microbiologia
Marinha – CEM/UFPR e a salinidade foi medida com refratômetro QA Supplies, LLC,
modelo MT-100 ATC.
30
3.4.3 Potencial hidrogeniônico
As amostras para pH foram acondicionadas em frascos plásticos e levadas no
gelo até o Laboratório de Microbiologia Marinha – CEM/UFPR, onde foi medido o pH
utilizando pHmetro portátil Analion.
3.4.4 Oxigênio dissolvido
As amostras de água para a análise de oxigênio dissolvido (OD) foram
acondicionadas com muito cuidado para evitar a formação de bolhas em frascos
com volume conhecido. Para que fosse possível a determinação por titulação
através da oxido-redução, adicionou-se, ainda no campo, a cada amostra 1,0 mL de
cloreto de manganês II e 1,0 mL de iodeto de potássio. Os frascos foram
homogeneizados e acondicionados em caixa térmica com água do local e trazidos
ao Laboratório de Biogeoquímica Marinha – CEM/UFPR, onde foi feita a análise por
titulação segundo a técnica descrita Strickland & Parsons (1968). A porcentagem de
saturação foi calculada segundo as tabelas de solubilidade de oxigênio na água
marinha (cm
3
/dm
3
) da Organização das Nações Unidas (UNESCO).
3.4.5 Seston e matéria orgânica particulada
As amostras de água foram acondicionadas em frascos plásticos de 2 litros e
trazidas para o Laboratório de Microbiologia Marinha – CEM/UFPR em isopor com
gelo. Alíquotas de cada amostra foram filtradas com microfiltros de fibra de vidro GF
52-C da empresa Schleicher & Schuell de 47 mm de diâmetro, previamente lavados
três vezes e secos a 60
o
C por 24 horas (peso constante). Foram filtradas
quantidades variáveis de água até a saturação do filtro. Após a filtração estes foram
31
congelados em envelopes de papel alumínio e posteriormente secos e pesados
novamente. O seston foi calculado através da diferença de peso entre o filtro vazio e
o cheio. Todos os valores foram padronizados para 1000 mL.
A concentração da MOP foi determinada através da técnica de ignição. Os
mesmos filtros usados para a análise do seston foram incinerados a 450°C por 1
hora em mufla QUIMIS e em seguida pesados em uma balança Shimadzu modelo
AY 220. A subtração do peso do filtro após a incineração pelo peso do filtro vazio
gerou a matéria inorgânica particulada (MIP). O seston subtraído da MIP gerou a
MOP. Todos os valores foram padronizados para 100mL.
3.4.6 Escherichia coli
As amostras de água para análise de E. coli foram mantidas em isopor com
gelo até a chegada no Laboratório de Microbiologia – CEM/UFPR. Em seguida
foram preparadas diluições de 30 mL da água de campo e 70 mL de água destilada
autoclavada. Para a análise utilizou-se um substrato cromogênico (IDEXX-WP020-
18 da empresa IDEXX Laboratories, Inc), composto, entre outros, pelos sais ortho-
nitrofenil-β-D-galactopiranosídio (ONPG) específico para o grupo de coliformes totais
e 4-metil-umberifenil-β-D-glucoronídeo (MUG) específico para Escherichia coli,
conforme descritos no “Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater” (1995). O material foi incubado em cartelas por 18 horas a 36
0
C. A
contagem de E. coli foi realizada sob luz ultravioleta (365nm). Para obtenção do
número mais provável (NMP) de E. coli em 100 mL de água, isto é, a estimativa de
densidade celular bacteriana em uma amostra de água calculada a partir da
combinação de resultados positivos e negativos, utilizou-se uma tabela fornecida
pela empresa Idexx Laboratories, Inc.
32
3.5 CULTIVO DE ORGANISMO ALIMENTO
Dez dias antes do início dos experimentos e das saídas de campo, foi
realizado, no Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos
(CPPOM), da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) , o cultivo da
microalga Isochrysis galbana, utilizando a metodologia e infra-estrutura disponível no
local.
A captação de água foi feita em frente ao CPPOM, sendo que a ponteira dista
aproximadamente 120 m da praia das Caieiras (Guaratuba). Com o auxílio de duas
bombas a água foi filtrada em dois filtros que retém partículas acima de 70µm e
armazenada em duas cisternas de 15.000 litros cada. A água utilizada para as
microalgas passou por um sistema chamado “elemento filtrante” que é constituído
por três filtros: 75µ, 50µ - 25µ e 25µ - 1µ. Após essa etapa, a água foi mantida em
duas caixas de 3.000 litros cada e foi feita a distribuição pelo setor de cultivo de
microalgas no CPPOM. A água usada para os meios de cultura passou ainda por um
filtro cuno de 5µ e um filtro “bag” de 0,5µ.
Tanto a composição das soluções estoques de nutrientes do meio de cultura
utilizado, quanto os componentes para preparação do mesmo seguiram a
metodologia de Guillard f/2 modificada, utilizando-se Citoneurin como complexo de
vitamina B.
Para o preparo dos meios de cultura foram utilizados baldes de 20 litros
previamente lavados com água doce e água salgada. Em seguida os volumes totais
dos meios de cultura foram divididos em Erlenmeyers de 125 mL, 500 mL e 1000
mL. Os frascos foram tampados com papel alumínio e levados à autoclave por 30
minutos a 121°C. Depois de esfriarem, os Erlenmeyers prontos para receber os
inóculos foram para o setor primário de produção.
33
A inoculação da microalga foi feita no setor primário de produção a partir dos
Erlenmeyers de 125 mL, seguindo para um de 500 mL e depois para os de 1000 mL.
Esse procedimento foi realizado na câmara de fluxo laminar, com bico de Bunsen,
utilizando máscara e luvas.
Os Erlenmeyers de 1000 mL com inóculo foram mantidos com aeração e luz
constantes, temperatura entre 18°C e 22°C durante 3 dias, e depois serviram de
inóculo para garrafões de 20 litros, no setor intermediário de produção.
Antes de realizar a repicagem, os garrafões foram submersos durante 24h em
uma solução de cloro e após esvaziados foram esterilizados quimicamente com
solução 20% de HCl e muito bem enxaguados com água doce por cerca de 2
minutos. Depois de bem limpos, A solução de cloro ficou agindo por uma hora e em
seguida foi neutralizas garrafões foram completados com água do mar filtrada e
adicionado 5 mL de Cloro 12%, agindo por 1 hora. Em seguida foi neutralizado com
5 g de Tiossulfato de Sódio diluído em 50 ml de água destilada por 30 minutos e
posteriormente a água do mar foi enriquecida com 10 mL de solução nitrato, 10 mL
de solução fosfato e 10 mL de solução TRIS.
Depois da adição dos nutrientes, o meio de cultura foi inoculado com 3 litros
da cultura de microalga vinda do setor primário de produção. Após de 3 dias, o
garrafão inóculo estava pronto para a preparação dos cultivos nos demais
garrafões. Todo procedimento de lavagem, esterilização, cloragem e neutralização
foi feito em 10 garrafões. Para evitar o aumento excessivo das microalgas ao longo
do período de depuração das ostras, cada garrafão recebeu microalgas do garrafão
inóculo nas seguintes proporções: garrafões 1, 2 e 3 receberam 2 litros do inóculo;
garrafões 4, 5, 6 e 7 receberam 1,5 litro do inóculo e garrafões 8, 9 e 10 receberam
1 litro do inóculo. Depois de 3 dias as culturas de algas estavam prontas para
servirem de alimento para as ostras e foram transportadas para o Centro de Estudos
do Mar, onde foram mantidas em uma câmara com temperatura de 20°C, aeração e
luz constantes.
Os aquários das ostras com alimento receberam Isochrysis galbana duas
vezes ao dia (manhã e tarde), logo após a troca de água. A quantidade de
microalgas/litro que cada aquário recebeu foi variável, levando-se em consideração
a abundância de ostras, como segue:
34
a) Dia da coleta: Chegada no CEM no período da tarde, os aquários receberam 2
litros da cultura de algas.
b) Primeiro dia de depuração – 24h: 1,5 litro de manhã e 1,5 litro à tarde.
c) Segundo dia de depuração – 48h: 1,5 litro de manhã e 1,5 litro à tarde.
d) Terceiro dia de depuração – 72h: 1,5 litro de manhã e 1,2 litro à tarde.
e) Quarto dia de depuração – 96h: 1,2 litro de manhã e 1,2 litro à tarde.
f) Quinto dia de depuração – 120h: 1,2 litro de manhã e 1 litro à tarde.
g) Sexto dia de depuração – 144h: 1 litro de manhã e 1 litro à tarde.
h) Sétimo dia de depuração – 168h: 1 litro de manhã e 1 litro à tarde.
i) Oitavo dia de depuração – 192h: 1 litro de manhã.
3.6 DEPURAÇÃO DAS OSTRAS
No Centro de Estudos do Mar –UFPR, todas as ostras foram muito bem
lavadas, escovadas e retirados todos os organismos incrustantes nas valvas.
Das 132 ostras adquiridas por cultivo em cada período de amostragem, 66
foram separadas em 3 aquários (22 ostras em cada aquário) aos quais foram
adicionadas microalgas (Isochrysis galbana) como alimento. As outras 66 ostras
também foram separadas em 3 aquários (22 ostras em cada aquário) e não
receberam alimento. Os experimentos foram conduzidos em aquários
constantemente aerados e com renovação diária de água a cada 12 horas. Para tal
foi utilizada água de poço, previamente analisada e garantida a ausência de E. coli.
A salinidade da água foi ajustada em 28‰, utilizando-se sal sintético da marca Coral
Life.
Lotes de 3 ostras de cada aquário foram retirados e analisados
microbiologicamente através da quantificação de E.coli durante os seguintes
períodos de depuração: 0 hora, 48 horas, 72 horas, 96 horas, 120 horas, 168 horas,
192 horas (Figura 4).
35
Ponto Interno
Ponto Externo
22 ostras22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras22 ostras
com microalgas
com microalgas sem microalgas
sem microalgas
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
Ponto Interno
Ponto Externo
22 ostras22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras
22 ostras22 ostras
com microalgas
com microalgas sem microalgas
sem microalgas
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
0h – 3 ostras
48h – 3 ostras
72h – 3 ostras
96h – 3 ostras
120h – 3 ostras
168h – 3 ostras
192h - ostras
FIGURA 4 - Desenho amostral dos aquários e tempos de retirada das ostras
3.6.1 Avaliação da perda de peso das ostras durante o processo de depuração
Com o intuito de comparar o ganho ou perda de peso das ostras durante os
oito dias em que foram submetidas ao experimento, as ostras foram pesadas, depois
de retirados os organismos incrustantes das valvas, logo após a chegada ao
Laboratório de Microbiologia e, antes das análises microbiológicas do primeiro lote
de ostras (0h). As ostras retiradas dos aquários em cada unidade de tempo, foram
pesadas novamente, para posterior comparação daquelas que foram alimentadas,
com as que não receberam as microalgas.
36
3.6.2 Análises de Escherichia coli
Para as análises microbiológicas as ostras foram abertas axenicamente com
faquinhas e as partes moles (com os líquidos intervalvares) foram colocadas em
placas de Petri com pesos já conhecidos e pesadas em uma balança de precisão de
0,01g marca Helmac HM 1000. Em seguida foram maceradas em liquidificadores
(cuidadosamente lavados com álcool 70% e enxaguados com água destilada
esterilizada entre uma amostra e outra) adicionando-se água destilada, até
completar 200 mL (peso/volume). Por exemplo: 50 g de carne de ostra menos 200
mL de água destilada esterilizada foi igual a 150 mL de água esterilizada que foi
adicionada no liquidificador e batidas por cerca de 1 minuto. Com o intuito de reter
parte da carne da ostra e evitar problemas no momento do fechamento das cartelas
o composto de ostra e água foi coado em peneiras com uma trama de
aproximadamente 0,5 mm e, quando necessário, em rede de nylon com trama de
200 µm. Do composto peneirado foram retiradas alíquotas variáveis para diferentes
diluições conforme o tempo de depuração das ostras, como segue:
A) Para os três primeiros experimentos (primavera, verão e outono) das ostras
retiradas do cultivo externo da Baía de Guaratuba: 0h – 10:90 (10 mL da solução do
liquidificador/ 90 mL de água destilada autoclavada); 48h – 10:90; 72h – 20:80; 96h
– 20:80; 120h – 40:60; 168h – 70:30; 192h – 100:0.
B) Para os três primeiros experimentos (primavera, verão e outono) das ostras
retiradas do cultivo interno da Baía de Guaratuba: 0h – 10:90 (10 mL da solução do
liquidificador/ 90 mL de água destilada autoclavada); 48h – 10:90; 72h – 20:80; 96h
– 20:80; 120h – 20:80; 168h – 20:80; 192h – 20:80.
C) Para o experimento realizado no inverno das ostras retiradas dos dois cultivos
(externo e interno) da Baía de Guaratuba: 0h – 10:90 (10 mL da solução do
liquidificador/ 90 mL de água destilada autoclavada); 48h – 10:90; 72h – 50:50; 96h
– 50:50; 120h – 50:50; 168h – 50:50; 192h – 50:50.
37
FIGURA 5 – Ilustração da preparação das cartelas
FONTE: o autor, 2008
Às diluições foi adicionado o meio de cultura da marca Colilert 18 horas da
Firma IDEXX Laboratories, Inc. Esse meio de cultura é um substrato cromogênico
composto por sais ortho-nitrofenil-β-D-galactopyranosideo (ONPG) usado para
detectar a enzima β-D-galactosidase, produzida pelo grupo de coliformes totais.
Essa enzima hidrolisa o substrato e produz uma mudança na cor do meio, tornando-
o amarelo e o 4-metil-umberifenil-β-D-glucoronídeo (MUG) usado para detectar a
enzima β-glicuronidase, produzida pela E. coli. Esta enzima hidrolisa o substrato e
libera um produto fluorogênico quando observado sob luz ultra-violeta (UV) de 365
nm.
38
As misturas (líquido dos liquidificadores + água destilada + meio de cultura)
foram homogeneizadas e vertidas em cartelas que contém 48 cavidades pequenas e
49 cavidades grandes (Figura 5). Estas foram seladas e levadas à estufa por 22h a
36ºC para avaliação do Número Mais Provável (NMP) seguindo metodologia descrita
pela própria empresa. Finalmente foram feitos os cálculos para determinar o NMP de
coliformes totais e E. coli em cada grama de carne de ostra.
3.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os resultados dos parâmetros físico-químicos, a quantidade de E. coli na
água de superfície e nas ostras no tempo 0h de depuração foram submetidos a uma
Análise de Componentes Principais para verificar quais fatores influenciaram na
quantidade de E.coli na água e nas ostras.
Foi realizada uma Análise de Variância para comparar quais fatores (ponto,
alimentação, tempo de depuração e réplica de aquário) influenciaram o ganho ou
perda de peso das ostras durante os experimentos de depuração.
Para verificar qual o melhor tempo de depuração, levando-se em
consideração as coletas, o ponto interno ou externo e a adição ou não de microalgas
foram realizadas Equações de Regressão Logarítmica e uma Análise de Variância
por tempo de depuração.
39
4 RESULTADOS
4.1 MARÉ
Como pode ser observado na Figura 6, somente no verão a coleta foi
realizada em maré vazante de quadratura. Nos demais períodos (primavera, outono
e inverno) a maré foi de enchente de sizígia. Também é interessante observar que a
maior maré no horário da coleta foi no inverno e a menor no outono.
0
20
40
60
80
100
120
08/nov/07 16/jan/08 23/abr/08 30/jun/08
Ponto Interno
Ponto Externo
Maré (m)
0
20
40
60
80
100
120
08/nov/07 16/jan/08 23/abr/08 30/jun/08
Ponto Interno
Ponto Externo
Maré (m)
FIGURA 6 - Altura de maré da Baía de Guaratuba nos dias em que foram realizadas as coletas.
4.2 Pluviosidade
O maior valor de pluviosidade (129,5mm), acumulada durante sete dias, foi
observado no outono seguido do verão (109,4mm) e a menor no inverno (4,6mm).
Já o maior índice pluviométrico no dia da coleta foi de 7,8 mm no verão,
seguido de 0,2 mm na primavera e no outono, e o menor foi 0 mm no inverno
(Figura 7).
40
0
10
20
30
40
50
60
70
1/nov
2/nov
3/nov
4/nov
5/nov
6/nov
7/nov
8/nov
9/jan
10/jan
11/jan
12/jan
13/jan
14/jan
15/jan
16/jan
16/abr
17/abr
18/abr
19/abr
20/abr
21/abr
22/abr
23/abr
23/jun
24/jun
25/jun
26/jun
27/jun
28/jun
29/jun
30/jun
Primavera (2007) Verão (2008) Outono (2008) Inverno (2008)
Pluviosidade (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
1/nov
2/nov
3/nov
4/nov
5/nov
6/nov
7/nov
8/nov
9/jan
10/jan
11/jan
12/jan
13/jan
14/jan
15/jan
16/jan
16/abr
17/abr
18/abr
19/abr
20/abr
21/abr
22/abr
23/abr
23/jun
24/jun
25/jun
26/jun
27/jun
28/jun
29/jun
30/jun
Primavera (2007) Verão (2008) Outono (2008) Inverno (2008)
Pluviosidade (mm)
FIGURA 7 – Índices pluviométricos, por estação do ano, de seis dias que antecederam a coleta.
Setas indicam o dia da coleta.
4.3 ÁGUA SUPERCIFICIAL
Nos gráficos de temperatura, salinidade, pH, oxigênio dissolvido e seston
encontram-se representadas, por estação do ano e local de coleta, as médias dos
valores de tréplicas.
4.3.1 Temperatura
Ao longo das quatro coletas houve pouca diferença de temperatura entre os
dois pontos, com mínima de 18,8°C na terceira coleta (inverno) no ponto interno e
máxima de 27°C na segunda coleta (verão) no ponto externo (Figura 8).
0
5
10
15
20
25
30
Coleta
Primavera
Coleta
Verão
Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
Temperatura
(
ºC)Temperatura
(
ºC)
0
5
10
15
20
25
30
Coleta
Primavera
Coleta
Verão
Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
Temperatura
(
ºC)Temperatura
(
ºC)
FIGURA 8 - Média dos valores absolutos da temperatura da água.
41
4.3.2 Salinidade
A Figura 9 mostra que a menor salinidade (12,6) foi observada no ponto
interno na segunda coleta, e a maior (34,6) na coleta de inverno, no ponto externo. É
importante observar ainda que, com exceção do outono, as salinidades foram mais
elevadas no ponto externo que no interno.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
Salinidade
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Coleta
Primavera
Coleta
Verão
Ponto Interno
Ponto Externo
Salinidade
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
Salinidade
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Coleta
Primavera
Coleta
Verão
Ponto Interno
Ponto Externo
Salinidade
FIGURA 9 - Média dos valores absolutos de salinidade na água
4.3.3 pH
O potencial hidrogeniônico manteve-se quase constante entre os períodos
amostrados, porém notou-se um pequeno aumento (8,25) no ponto externo, na
coleta de inverno. O menor valor registrado (7,31) foi no ponto interno, na coleta de
verão (Figura 10).
42
pH
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Coleta
Primavera
Coleta
Verão
Coleta
Outono
4ª Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
pH
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Ponto Interno
Ponto Externo
pH
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Coleta
Primavera
Coleta
Verão
Coleta
Outono
4ª Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
pH
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Ponto Interno
Ponto Externo
FIGURA 10 - Média dos valores absolutos de pH na água
4.3.4 Oxigênio dissolvido
Na coleta de primavera e de outono houve pouca variação na porcentagem
de saturação de oxigênio dissolvido. Entretanto, no ponto externo, no outono,
verificou-se a maior porcentagem de saturação (163,7%). Já a menor foi de 59,5%
no ponto interno na quarta coleta (Figura 11).
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Coleta
Primavera
Coleta
Verão
Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
OD (%)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Ponto Interno
Ponto Externo
OD (%)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Coleta
Primavera
Coleta
Verão
Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
OD (%)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Ponto Interno
Ponto Externo
OD (%)
FIGURA 11 – Média dos valores absolutos de oxigênio dissolvido na água.
43
4.3.5 Seston e matéria orgânica particulada
Os valores mais elevados de seston, com um máximo de 261,9 mg.L
-1
no
ponto interno, foram observados na segunda coleta e os menores, com um mínimo
de 17,7 mg.L
-1
,
na coleta de inverno no ponto interno (Figura 12).
0
50
100
150
200
250
300
1ª Coleta
Primavera
Coleta
Verão
3ª Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
Seston
(mg.l
-
1)
0
50
100
150
200
250
300
Ponto Interno
Ponto Externo
Seston
(mg.l
-
1)
0
50
100
150
200
250
300
1ª Coleta
Primavera
Coleta
Verão
3ª Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
Seston
(mg.l
-
1)
0
50
100
150
200
250
300
Ponto Interno
Ponto Externo
Seston
(mg.l
-
1)
FIGURA 12 – Média dos valores absolutos de seston na água
A matéria orgânica particulada foi mais elevada no ponto externo em quase
todas as coletas. Exceção foi no verão, onde o valor foi maior no ponto interno. Os
menores valores foram observados na coleta de outono (0,1204 mg.L
-1
no ponto
interno e 0,1210 mg.L
-1
no ponto externo). Os maiores foram registrados na quarta
coleta (0,1236 mg.L
-1
no ponto interno e 0,1255 mg.L
-1
no ponto externo) (Figura 13).
0,117
0,118
0,119
0,12
0,121
0,122
0,123
0,124
0,125
0,126
Coleta
Primavera
2ª Coleta
Verão
Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
MOP (mg.L
-
1
)
0,117
0,118
0,119
0,12
0,121
0,122
0,123
0,124
0,125
0,126
Ponto Interno
Ponto Externo
MOP (mg.L
-
1
)
0,117
0,118
0,119
0,12
0,121
0,122
0,123
0,124
0,125
0,126
Coleta
Primavera
2ª Coleta
Verão
Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
MOP (mg.L
-
1
)
0,117
0,118
0,119
0,12
0,121
0,122
0,123
0,124
0,125
0,126
Ponto Interno
Ponto Externo
MOP (mg.L
-
1
)
FIGURA 13 – Média dos valores absolutos de MOP na água
44
4.3.6 Escherichia coli
A água de superfície analisada no inverno, foi a que apresentou o menor
Número Mais Provável de E. coli, tanto no ponto interno (72,32 NMP.100 mL
-1
),
como no ponto externo (36,66 NMP.100 mL
-1
). Na primavera e no outono os valores
destes microorganismos foram intermediários, entretanto sempre mais elevados no
ponto interno (124,88 NMP.100 mL
-1
e 340,55 NMP.100 mL
-1
, respectivamente).
Seus maiores valores foram no verão (1.659,22 NMP.100 mL
-1
no ponto externo e
958,55 NMP.100 mL
-1
no ponto interno) (Figura 14).
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1ª Coleta
Primavera
Coleta
Verão
3ª Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
E. coli
(NMP. 100ml
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Ponto Interno
Ponto Externo
E. coli
(NMP. 100ml
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1ª Coleta
Primavera
Coleta
Verão
3ª Coleta
Outono
Coleta
Inverno
Ponto Interno
Ponto Externo
E. coli
(NMP. 100ml
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Ponto Interno
Ponto Externo
E. coli
(NMP. 100ml
-1
)
FIGURA 14 - Médias dos valores absolutos de E. coli na água.
4.4 ANÁLISE DOS COMPONENTES PRINCIPAIS
O primeiro componente do PCA explicou 66,4% da variação dos dados e
evidenciou correlação positiva entre a salinidade e o pH e negativa da pluviosidade,
temperatura e E.coli na água e nas ostras, nos dois pontos de amostragem no
inverno. Resultados inversos puderam ser observados nos dois pontos durante o
verão.
O segundo componente explicou 15,6% da variação, e mostrou correlação
positiva do oxigênio dissolvido e negativa da maré e da matéria orgânica nos dois
pontos durante o outono. Na primavera pode ser observada correlação positiva com
45
o seston e temperatura no ponto interno. Os valores dos parâmetros físico-químicos
e biológicos registrados no ponto externo na primavera não influenciaram na análise
(Figura 15).
PI
PI
PI
PE
PEPE
VI
VI
VI
VE
VE
VE
OI
OI
OI
OE
OE
II
II
II
IE
IE
-0.2
-0.4
-0.6
-0.7
-0.9
0.2
0.4
0.6
0.7
0.9
-0.2-0.4-0.6-0.7-0.9 0.2 0.4 0.6 0.7
0.9
Temp
Salin
pH
EC água
Seston
OD
Pluv
MOP
Maré
EC ostra
OE
IE
PI
PI
PI
PE
PEPE
VI
VI
VI
VE
VE
VE
OI
OI
OI
OE
OE
II
II
II
IE
IE
-0.2
-0.4
-0.6
-0.7
-0.9
0.2
0.4
0.6
0.7
0.9
-0.2-0.4-0.6-0.7-0.9 0.2 0.4 0.6 0.7
0.9
Temp
Salin
pH
EC água
Seston
OD
Pluv
MOP
Maré
EC ostra
OE
IE
PI
PE
VI
VE
OI
OE
II
IE
Coleta de primavera – ponto interno
Coleta de primavera – ponto externo
Coleta de verão ponto interno
Coleta de verão ponto externo
Coleta de outono – ponto interno
Coleta de outono – ponto externo
Coleta de inverno – ponto interno
Coleta de inverno – ponto externo
PI
PI
PI
PE
PEPE
VI
VI
VI
VE
VE
VE
OI
OI
OI
OE
OE
II
II
II
IE
IE
-0.2
-0.4
-0.6
-0.7
-0.9
0.2
0.4
0.6
0.7
0.9
-0.2-0.4-0.6-0.7-0.9 0.2 0.4 0.6 0.7
0.9
Temp
Salin
pH
EC água
Seston
OD
Pluv
MOP
Maré
EC ostra
OE
IE
PI
PI
PI
PE
PEPE
VI
VI
VI
VE
VE
VE
OI
OI
OI
OE
OE
II
II
II
IE
IE
-0.2
-0.4
-0.6
-0.7
-0.9
0.2
0.4
0.6
0.7
0.9
-0.2-0.4-0.6-0.7-0.9 0.2 0.4 0.6 0.7
0.9
Temp
Salin
pH
EC água
Seston
OD
Pluv
MOP
Maré
EC ostra
OE
IE
PI
PE
VI
VE
OI
OE
II
IE
Coleta de primavera – ponto interno
Coleta de primavera – ponto externo
Coleta de verão ponto interno
Coleta de verão ponto externo
Coleta de outono – ponto interno
Coleta de outono – ponto externo
Coleta de inverno – ponto interno
Coleta de inverno – ponto externo
PI
PE
VI
VE
OI
OE
II
IE
Coleta de primavera – ponto interno
Coleta de primavera – ponto externo
Coleta de verão ponto interno
Coleta de verão ponto externo
Coleta de outono – ponto interno
Coleta de outono – ponto externo
Coleta de inverno – ponto interno
Coleta de inverno – ponto externo
FIGURA 15 - Análise dos Componentes Principais dos parâmetros físico-químicos e biológicos
estudados.
4.5 OSTRAS
4.5.1 Variação do peso das ostras
Nos gráficos de barras está expressa a variação média do peso das ostras
(três indivíduos de cada aquário) por tempo de depuração (horas).
46
4.5.1.1 Coleta de primavera
Durante a coleta de primavera, a maior parte das ostras ganhou peso durante
o experimento. Exceção foi observada nas ostras do aquário 1 depois de 48 horas
de depuração (-0,43g), das do aquário 3 depois de 168 horas (-0,55g) e das do
aquário 2 depois de 192 horas (-0,36g), todas com alimentação. As ostras que não
receberam alimento foram as que mais ganharam peso, porém essa variação foi
muito pequena (Figura 16).
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
123123123123123123123123123123123123
48h 72h 96h 120h 168h 192h 48h 72h 96h 120h 168h 192h
Ponto Externo Ponto Interno
S/A
C/A
Ganho/Perda de peso (g)
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
123123123123123123123123123123123123
48h 72h 96h 120h 168h 192h 48h 72h 96h 120h 168h 192h
Ponto Externo Ponto Interno
S/A
C/A
Ganho/Perda de peso (g)
1,2 e 3 = réplicas dos aquários; S/A = sem alimento; C/A = com alimento
FIGURA 16 – Diferença entre o ganho e perda de peso das ostras na primavera.
4.5.1.2 Coleta de verão
Na coleta realizada no verão, as ostras, de uma maneira geral, ganharam
peso durante o período de depuração. Entretanto, no ponto externo as do aquário 3
que foram alimentadas perderam peso depois de 192h de depuração (-1,36g). No
ponto interno foram observados resultados semelhantes nas ostras dos aquários 2 e
3 depois de 48h (-2,26g e -0,99g, respectivamente) e nas do aquário 1 depois de
192 horas de depuração (-2,15g), todas alimentadas e nas não alimentadas do
aquário 3 depois de 192 horas de depuração (-1,36g) (Figura 17).
47
-2,5
-1,5
-0,5
0,5
1,5
2,5
3,5
123123123123123123123123123123123123
48h 72h 96h 120h 168h 192h 48h 72h 96h 120h 168h 192h
Ponto Externo Ponto Interno
S/A
C/A
Ganho/Perda de peso (g)
-2,5
-1,5
-0,5
0,5
1,5
2,5
3,5
123123123123123123123123123123123123
48h 72h 96h 120h 168h 192h 48h 72h 96h 120h 168h 192h
Ponto Externo Ponto Interno
S/A
C/A
Ganho/Perda de peso (g)
1,2 e 3 = réplicas dos aquários; S/A = sem alimento; C/A = com alimento
FIGURA 17 – Diferença entre o ganho e perda de peso das ostras no verão
4.5.1.3 Coleta de outono
Os experimentos de depuração realizados no outono, mostram que, no ponto
externo, as ostras que não receberam alimento foram as que mais ganharam peso.
Já no ponto interno, as ostras que não receberam alimentação perderam peso ao
longo de todo o período de depuração, principalmente depois de 72 horas de
depuração quando foi verificada uma perda de quase 2g nos aquários 2 e 3,
evidenciando uma grande diferença entre aquelas que receberam organismos
alimento daquelas que não o receberam (Figura 18).
48
-2
-1
0
1
2
3
4
5
123123123123123123123123123123123123
48h 72h 96h 120h 168h 192h 48h 72h 96h 120h 168h 192h
Ponto Externo Ponto Interno
S/A
C/A
Ganho/Perda de peso (g)
-2
-1
0
1
2
3
4
5
123123123123123123123123123123123123
48h 72h 96h 120h 168h 192h 48h 72h 96h 120h 168h 192h
Ponto Externo Ponto Interno
S/A
C/A
Ganho/Perda de peso (g)
1,2 e 3 = réplicas dos aquários; S/A = sem alimento; C/A = com alimento
FIGURA 18 – Diferença entre o ganho e perda de peso das ostras no outono.
4.5.1.4 Coleta de inverno
Durante os experimentos de inverno, a variação entre ganho/perda de peso
das ostras foi pequena. De uma maneira geral as ostras ganharam peso, com
exceção da réplica 2, em 48h de depuração (-1,74g), sem alimentação no ponto
externo e réplica 3, com alimentação, em 72h (-2,20g), réplicas 1, 2 e 3, sem
alimento, em 168h (-0,28g, -2,39g e -0,80g, respectivamente), e réplicas 1, 2 e 3 ,
em 192h sem alimento no ponto interno (- 1,19g, -1,47 e -1,54g, respectivamente)
(Figura 19).
49
-2,5
-1,5
-0,5
0,5
1,5
123123123123123123123123123123123123
48h 72h 96h 120h 168h 192h 48h 72h 96h 120h 168h 192h
Ponto Externo Ponto Interno
S/A
C/A
1,2 e 3 = réplicas dos aquários; S/A = sem alimento; C/A = com alimento
FIGURA 19 – Diferença entre o ganho e perda de peso das ostras no inverno.
4.5.1.5 Análises estatísticas da variação do peso das ostras
Para avaliar quais fatores (ponto interno/externo, adição ou não de alimento,
tempo de depuração, e réplica de aquário) influenciaram na variação de peso das
ostras, foi realizada uma Análise de Variância (ANOVA) e o do Teste “Post Hoc” de
Tuckey para cada experimento (Tabela 3, Figuras 20 e 21).
TABELA 1 – RESULTADOS DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) COMPARANDO OS DIFERENTES
FATORES QUE INFLUENCIARAM O GANHO OU PERDA DE PESO DAS OSTRAS.
Fat Prim Ver Ou Inverno ores avera ão tono
Pon 0,0 0,30 0,00 ,37to 2082 4388 0000 0 4260
Alim 0,3 0,75 0,00 ,00entação 72021 8057 0000 0 0005
Tem 0,00 0,00 0,00 ,00po 00 0675 2882 0 0024
Pon 0,5 0,45 0,00 ,16to:alimentação 97891 2746 0000 0 7801
Pon 0,1 0,88 0,01 ,00to:tempo 8422 7146 3748 0 1153
Alim 0,0 0,95 0,00 ,00entação:tempo 5628 2918 8902 0 0390
Pon 0,0 0,94 0,23 ,00to:alimentação:tempo 92145 0831 2855 0 0270
Pon ,3 0,79 0,15 ,62to:alimentação:tempo:aquário 0 92516 1839 4447 0 5751
A variação do peso entre as ostras que receberam alimento e as que não o
receberam foi significativa somente no outono e no inverno. Nestes períodos foi
observado que nos dois pontos, as ostras alimentadas foram consistentemente mais
50
pesadas que as não alimentadas (Figuras 20 e 21). Exceção pode ser observada
nas ostras do ponto interno, do aquário 2, que após 72h de depuração apresentou
perda de peso l.
S/A
C/A
Aquário 1
48h
72h
96h
120h
168h
192h
-04
-03
-02
-01
00
01
02
03
Ganho/Perda de peso (g)
Aquário 2
48h
72h
96h
120h
168h
192h
Aquário 3
48h
72h
96h
120h
168h
192h
FIGURA 20 - Representação gráfica da Análise de Variância (ANOVA) da relação do peso com o
tempo de depuração, adição ou não de alimento e réplicas de aquário, no ponto externo.
Já o tempo de depuração foi um fator significativo na variação do peso das
ostras em todos os períodos estudados. A Figura 21 mostra que principalmente no
ponto interno, após 168h de depuração, houve uma redução de peso das ostras não
alimentadas.
51
S/A
C/A
Aquário 1
48h
72h
96h
120h
168h
192h
-04
-03
-02
-01
00
01
02
03
Ganho/Perda de peso (g)
Aquário 2
48h
72h
96h
120h
168h
192h
Aquário 3
48h
72h
96h
120h
168h
192h
FIGURA 21 - Representação gráfica da Análise de Variância (ANOVA) da relação do peso com o
tempo de depuração, adição ou não de alimento e réplicas de aquário, no ponto interno.
A interconexão dos fatores ponto (interno/externo) e alimentação mostrou-se
significante somente no outono, sendo que a maior perda de peso foi observada no
ponto interno, nas ostras que não receberam alimento.
Fatores ponto e tempo de depuração juntos, influenciaram no peso das ostras
no outono, sendo que, consistentemente as que perderam mais peso foram as do
ponto externo, depois de 96h e 120h de depuração, e no ponto interno depois de
48h e 72h de depuração. Já no inverno, as que perderam mais peso foram as do
ponto interno, depois de depuração 96h, 120h e 192h e depuração.
As variáveis alimento (microalga) e tempo de depuração foram significativas
na perda de peso das ostras no outono e no inverno, principalmente naquelas que
não foram alimentadas.
As variáveis ponto (interno/externo), adição ou não de alimento e tempo de
depuração juntos foram significantes na variação de peso das ostras somente no
inverno, consistentemente no ponto interno, sem alimento, nos tempos de
depuração 168h e 192h.
52
A união dos todos os fatores (ponto, alimentação, tempo e réplica de aquário)
não foi significativa em nenhum dos períodos estudados.
4.5.2 Depuração das ostras coletadas na primavera
Ao contrário das ostras do ponto interno, em que foi registrado um máximo de
1176,276 NMP/g de E. coli, as do ponto externo tiveram quantidades bem menores,
com um máximo de 413,576 NMP/g destes microrganismos no início do experimento
(T=0h). Entretanto, depois de iniciada a depuração, o maior valor (544,097 NMP.g
-1
)
foi registrado depois de 72 horas de depuração, nas ostras da réplica 1 e os
menores (0,206 NMP.g
-1
) na réplica 2 depois de 168 horas de depuração, ambos
nas que receberam alimento. Em linhas gerais ainda pode ser observado que,
principalmente nas ostras do ponto interno, as que receberam alimento, apesar de
terem tido mais E. coli no T=0h, depuraram com maior rapidez (Figura 22).
0
150
300
450
600
750
900
1050
1200
S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3 S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3
Ponto Externo Ponto Interno
0 h
48 h
72 h
96 h
120 h
168 h
192 h
E. coli (NMP.g
-1
)
0
150
300
450
600
750
900
1050
1200
S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3 S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3
Ponto Externo Ponto Interno
0 h
48 h
72 h
96 h
120 h
168 h
192 h
E. coli (NMP.g
-1
)
S/A = sem alimento; C/A = com alimento; 1,2 e 3 = réplicas dos aquários
FIGURA 22 – Valores absolutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas na primavera.
A Figura 23 mostra que nas ostras do ponto externo que não receberam
alimentação a contaminação era menor no T=0h do que nas ostras com
alimentação. Após 96h de depuração, os valores de E. coli nas que não receberam
53
alimento se aproximaram de zero, enquanto que nas ostras que receberam
alimentação isso ocorreu após 48h.
0h
48h
01020
30 40
Tempo de depuração
E.coli (NMP.g
-1
)
0h
48h
01020
30 40
Tempo de depuração
E.coli (NMP.g
-1
)
72h
96h
120h
168h
192h
A
0h
48h 96h 192h
0
100
200 300
400
500
Tempo de depuração
E.
coli (NMP.g
-
1
)
0h
48h 96h 192h
0
100
200 300
400
500
Tempo de depuração
E.
coli (NMP.g
-
1
)
72h
120h
168h
0h
48h 96h 192h
0
100
200 300
400
500
Tempo de depuração
E.
coli (NMP.g
-
1
)
0h
48h 96h 192h
0
100
200 300
400
500
Tempo de depuração
E.
coli (NMP.g
-
1
)
72h
120h
168h
B
FIGURA 23 – Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas na primavera, no ponto
externo. A = sem alimento; B = com alimento.
No ponto interno a equação de regressão mostra que as ostras que não
receberam alimento estiveram quase que isentas de E. coli em três momentos: 48h,
96h e 168h. Já as ostras que receberam organismo alimento apresentaram
contaminação baixa a partir de 48h, com leve aumento em 72h, mas voltando a
baixar após 96h de depuração (Figura 24).
54
0h
0
200
400
600
800
1000
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
0
200
400
600
800
1000
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
48h
72h
96h
120h
168h
192h
A
0h
0 200 400 600
800 1000 1200
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
0 200 400 600
800 1000 1200
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
48h
72h
96h
120h
168h
192h
B
FIGURA 24– Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas na primavera, no ponto interno.
A = sem alimento; B = com alimento.
4.5.3 Depuração das ostras coletadas no verão
Enquanto no início do experimento (T=0h) a quantidade de E. coli nas ostras
do ponto externo foi muito semelhante nas três réplicas sem alimento, houve
variação de uma para outra, com um máximo de 1.237,78 NMP/g
de E. coli na
réplica 2, nas que foram alimentadas (Figura 25).
É importante ressaltar ainda que, apesar de ter havido redução do número
destes microorganismos nas ostras do ponto acima citado ao longo do período de
depuração, pode ser observado, tanto nas ostras com, quanto nas sem alimento,
redução drástica destes microorganismos, com um mínimo de 4,05 NMP/g de E. coli
nas ostras da réplica 3 sem alimento que estavam depurando por 48 horas, nas da
réplica 2 com alimento em 72 e na da réplica 1 sem alimento em 96 horas, seguido
de um aumento entre as 120 e 168 horas e nova redução depois de 192 horas.
No ponto interno, de uma maneira geral, as ostras analisadas no início do
experimento de depuração (T0) foram as que apresentaram, durante o verão, os
maiores valores de E. coli. Exceção foram as da réplica 3 com alimento que, depois
de 48 horas de depuração, continham a maior quantidade (1.466,42 NMP.g
-1
) destes
55
microorganismos. Já seu menor número (14,92 NMP.g
-1
) foi observado nas ostras
da réplica 1 que não receberam alimento depois de 72 horas de depuração.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3 S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3
Ponto Externo Ponto Interno
0 h
48 h
72 h
96 h
120 h
168 h
192 h
E. coli (NMP.g
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3 S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3
Ponto Externo Ponto Interno
0 h
48 h
72 h
96 h
120 h
168 h
192 h
E. coli (NMP.g
-1
)
S/A = sem alimento; C/A = com alimento; 1,2 e 3 = réplicas dos aquários
FIGURA 25 – Valores absolutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no verão.
A equação de regressão mostra a semelhança entre o comportamento das
ostras do ponto externo que receberam e das que não receberam microalga durante
a depuração. Inicialmente nos dois casos elas estavam bem contaminadas, porém,
após 48h de depuração houve uma grande redução na quantidade de E. coli. Em
120h houve novo aumento destes microrganismos tanto nas ostras que foram
alimentadas quanto nas que não receberam alimento. Uma nova redução pode ser
observada após 192h de depuração (Figura 26).
56
0h
0
200 400
600
800
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
0
200 400
600
800
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
48h
72h
96h
120h
168h
192h
A
0h
0
200
400 600
800 1000 1200
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
0
200
400 600
800 1000 1200
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
48h
72h
96h
120h
168h
192h
B
FIGURA 26 – Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no verão, no ponto externo. A = sem
alimento; B = com alimento.
A Figura 27 mostra que as ostras do ponto interno coletadas no verão
depuraram muito pouco. Somente é possível notar que houve uma redução de E.coli
nas ostras (tanto as que receberam alimento, quanto as que não o receberam) após
168h de depuração, seguido por um aumento em 192h.
0h
0
200
400 600
800 1000 1200 1400
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
0
200
400 600
800 1000 1200 1400
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
48h
72h
96h
120h
168h
192h
A
0h
0 200 400
600
800
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
0 200 400
600
800
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
48h
96h 120h 168h
72h
192h
B
FIGURA 27 – Equação de regressão logaritma das ostras depuradas no verão, no ponto interno. A = sem alimento;
B = com alimento
57
4.5.4 Depuração das ostras coletadas no outono
Como pode ser observado na Figura 28 depois de 72 horas de depuração nas
ostras da réplica 1 com alimento do ponto externo não puderam ser detectadas E.
coli. Resultados semelhantes foram registrados nas ostras da réplica 1 sem
alimento depois de 96 horas de depuração.
No mesmo ponto os máximos (1.273,51 NMP.g
-1
) de E. coli
foram nas ostras
da réplica 1que não receberam microalgas, depois de 72 horas de depuração.
Com relação aos resultados do ponto interno a Figura 28 mostra que no
período de estudo nem sempre o máximo de E. coli foi no T0, mas sim,
consistentemente depois de 72 horas de depuração. Seu número máximo (1.753,33
NMP.g
-1
) foi registrado nas ostras da réplica 2 que não receberam organismo
alimento, depois de 72 horas e o mínimo (0,16 NMP.g
-1
) nas ostras da réplica 3 sem
alimento, depois de 120 horas de depuração.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3 S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3
Ponto Externo Ponto Interno
0 h
48 h
72 h
96 h
120 h
168 h
192 h
E. coli (NMP.g
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3 S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3
Ponto Externo Ponto Interno
0 h
48 h
72 h
96 h
120 h
168 h
192 h
E. coli (NMP.g
-1
)
S/A = sem alimento; C/A = com alimento; 1,2 e 3 = réplicas dos aquários
FIGURA 28 – Valores absolutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no outono.
A análise de regressão mostrou que neste período, no ponto externo, houve
pouca variação na depuração das ostras que não receberam alimento. Já as ostras
que receberam organismo alimento, apresentaram quantidades elevadas de E. coli
58
no inicio do experimento e a taxa de eliminação desses microorganismos foi elevada
a partir das 48h de depuração. Pode-se observar um aumento em 168h e nova
redução em 192h. (Figura 29).
0h
48h
96h 168h
0
50 100 150
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
48h
96h 168h
0
50 100 150
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
72h 120h 192h
A
100 200 300 400
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
48h
96h 168h
0
Tempo de depuração
100 200 300 400
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
48h
96h 168h
0
Tempo de depuração
72h
120h
192h
B
FIGURA 29 – Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no outono, no ponto externo.
A = sem alimento; B = com alimento.
As ostras adquiridas no cultivo do ponto interno durante o outono sofreram
grandes variações durante o experimento de depuração. O lote escolhido para não
receber alimento chegou do campo bem menos contaminado do que o lote escolhido
para receber organismo alimento. Durante a depuração as ostras que receberam
alimentação depuraram mais rapidamente do que as que não o receberam. Após
48h as ostras que receberam microalgas mantiveram as quantidades de E. coli
próximas a zero até 168h de depuração, quando sofreram uma pequena elevação,
voltando a reduzir a contaminação em 192h (Figura 30).
59
0h
48h 96h 168h
0
100
200
300
400
500
600
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
48h 96h 168h
0
100
200
300
400
500
600
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
72h
120h
192h
A
0h
48h
96h
168h
0
500
1000
1500
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
48h
96h
168h
0
500
1000
1500
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
72h
120h
192h
B
FIGURA 30 – Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no outono, no ponto interno. A
= sem alimento; B = com alimento.
4.5.5 Depuração das ostras coletadas no inverno
Consistentemente neste período do ano as ostras dos dois cultivadores
tiveram valores muito baixos de E. coli no T=0h (análise inicial). Por isto, em
decorrência da metodologia adotada, principalmente quanto às diluições, não foi
possível detectar a quantidade inicial (T0) de E. coli na carne da ostra das réplicas
PI S/A1, PE S/A2 e PE C/A3, e tampouco sua quantidade depois de 48 horas de
depuração das réplicas PI S/A1, PI S/A2, PI S/A3, PI C/A1, PI C/A2, PE S/A1, PE
S/A3, PE C/A1, e PE C/A3.
Dentre as ostras em que foram encontradas E. coli no ponto externo os
menores valores deste microrganismo (0,21 NMP.g
-1
), foram nas ostras da réplica 2
que não receberam alimento depois de 168 horas de depuração e o maior valor foi
de 724,43 NMP.g
-1
nas ostras da réplica 3, também sem alimentação, que haviam
depurado por 120 horas (Figura 31).
No ponto interno, dentre as ostras em que foram encontradas E. coli, o menor
valor deste microrganismo foi de 0,47 NMP.g
-1
no T0 nas ostras da réplica 2 que não
receberam microalgas. Já o maior foi de 356,87 NMP.g
-1
, nas ostras da réplica 3 que
depuraram por 120 horas, também sem alimentação (Figura 31).
60
E. coli (NMP.g
-1
)
0
100
200
300
400
500
600
700
S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3 S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3
Ponto Externo Ponto Interno
0 h
48 h
72 h
96 h
120 h
168 h
192 h
E. coli (NMP.g
-1
)
0
100
200
300
400
500
600
700
S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3 S/A1 S/A2 S/A3 C/A1 C/A2 C/A3
Ponto Externo Ponto Interno
0 h
48 h
72 h
96 h
120 h
168 h
192 h
S/A = sem alimento; C/A = com alimento; 1,2 e 3 = réplicas dos aquários
FIGURA 31 – Valores absolutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no inverno.
Em decorrência das dificuldades encontradas nas diluições, a depuração das
ostras durante o inverno foi intrincada. Pode-se perceber uma pequena semelhança
entre as ostras que receberam alimentação com as que não receberam. Houve uma
ligeira diminuição dos valores do NMP de E. coli em 96h de depuração, um aumento
em 120h, novamente uma queda em 168h, mantendo-se quase igual em 192h
(Figura 32).
Neste período do ano pode ser observado que nas ostras provenientes da
estação externa houve uma depuração maior das que não receberam alimento.
Entretanto, nos dois casos houve uma ligeira diminuição dos valores de E. coli em
96h de depuração, um aumento em 120h, nova redução em 168h, sendo que as
ostras que não receberam alimento apresentaram menor quantidade deste
microorganismo em 192 horas de depuração (Figura 32).
61
0h
48h
96h
168h
0 100 200
300
400
Tempo de depuração
E. coli (
NMP.g
-
1
)
0h
48h
96h
168h
0 100 200
300
400
Tempo de depuração
(
NMP.g
-
1
)
72h
120h
192h
0h
48h
96h
168h
0 100 200
300
400
Tempo de depuração
E. coli (
NMP.g
-
1
)
0h
48h
96h
168h
0 100 200
300
400
Tempo de depuração
(
NMP.g
-
1
)
72h
120h
192h
A
0h 48h
96h
0
100
200
300
400
500
600
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h 48h
96h
0
100
200
300
400
500
600
Tempo de depuração
(NMP.g
-1
)
72h
120h
168h
192h
0h 48h
96h
0
100
200
300
400
500
600
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h 48h
96h
0
100
200
300
400
500
600
Tempo de depuração
(NMP.g
-1
)
72h
120h
168h
192h
B
FIGURA 32 – Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no inverno, no ponto externo. A = sem
alimento; B = com alimento
A Figura 33 mostra que as ostras do ponto interno praticamente não
depuraram, mantendo valores próximos a 250 NMP de E. coli por grama de carne de
ostra até as 168 horas. Porém depois de 192 horas houve uma grande redução
desses microrganismos, principalmente nas ostras que receberam organismo
alimento.
0h
48h
72h 168h
50
100
150
200 250
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
0h
48h
72h 168h
50
100
150
200 250
Tempo de depuração
E. coli (NMP.g
-1
)
120h
96h
192h
A
0h
48h
96h
168h
050
100
150 200 250
300 350
Tempo de depuração
E.coli (NMP.g
-1
)
0h
48h
96h
168h
050
100
150 200 250
300 350
Tempo de depuração
E.coli (NMP.g
-1
)
72h
120h
192h
B
FIGURA 33 – Equação de regressão logarítmica das ostras depuradas no inverno, no ponto interno. A = sem alimento;
B = com alimento.
62
4.5.6 Análise de Variância por quantidade de Escherichia coli
Na Tabela 4 e Figuras 34 e 35, encontram-se os resultados da ANOVA
quando comparados os diversos fatores que influenciaram os valores de E. coli nas
ostras.
Ao longo do período estudado houve variação significativa da quantidade de
E. coli nas ostras, com valores mais elevados no verão. O ponto do qual as ostras
foram retiradas também foi significativo, isto é as ostras do ponto interno estavam
mais contaminadas que as do ponto externo. Ao longo do período de depuração os
maiores valores de E. coli nas ostras foram registrados no início do experimento (T0)
e os menores depois de 48h.
A interconexão entre a coleta e o ponto mostrou-se significativa, sendo que as
ostras do ponto interno tinham mais E.coli na coleta de primavera, de verão (maiores
valores) e de outono. Já na coleta de inverno, a quantidade deste microorganismo
foi semelhante para os dois pontos analisados.
A coleta e o tempo de depuração juntos foram significativos, mostrando que
as maiores quantidades de E. coli foram encontradas no T=0h, na coleta de verão,
de primavera e de outono, respectivamente.
Os fatores ponto e tempo de depuração mostraram-se significativos e
evidenciaram que as ostras do ponto interno estavam mais contaminadas em
praticamente todos os tempos de depuração. Exceção pôde ser observada no
T=120h, em que as ostras do ponto externo estavam mais contaminadas.
A junção dos fatores coleta, ponto e tempo de depuração foi significativa,
evidenciando que as ostras adquiridas na coleta da primavera, no ponto interno, no
tempo de depuração 0h estavam mais contaminadas, seguidas das ostras coletadas
no verão, no mesmo ponto e tempo de depuração.
O fator alimentação sozinho não foi significativo, porém quando analisado
juntamente com ponto e tempo de depuração e quando analisado junto com coleta,
ponto e tempo de depuração, apresentou variação significativa. No ponto interno, na
coleta de primavera, as ostras alimentadas chegaram a uma contaminação muito
63
próxima a zero nos tempos de depuração 96h, 120h e 168h. Na coleta de outono, no
mesmo ponto, tanto nas ostras que foram alimentadas, quanto nas que não foram,,
as quantidades de E. coli foram próximas a zero, nos tempos de depuração 96h,
120h e 168h. Já no ponto externo, na coleta realizada na primavera, as ostras
alimentadas estiveram menos contaminadas nos tempos 96h, 120h, 168h e 192h, e
as que não foram alimentadas, nos tempos 168h e 192h. Na coleta de outono, no
mesmo ponto, nas ostras que receberam organismo alimento os valores de E. coli
foram próximos a zero depois de 72h, 96h e 120h de depuração, e as que não
receberam microalgas, depois de 120h de depuração. Ainda no ponto externo, na
coleta de inverno, os menores valores de E.coli foram registrados em 48h de
depuração, tanto nas ostras que receberam alimentação, quanto nas que não o
receberam, e em 96h de depuração nas ostras que receberam organismo alimento.
TABELA 2 – RESULTADOS DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) COMPARANDO OS
DIFERENTES FATORES QUE INFLUENCIARAM NA QUANTIDADE DE E.COLI NAS OSTRAS.
Fatores Significância
Coleta (prima
inverno)
0,000000
vera, verão, outono,
Ponto
0,000000
Alimentação
0,938102
Tempo
0,000000
Coleta:Ponto
0,004525
Coleta:Alimen
0,186448
tação
Ponto:Alimen
0,942551
tação
Coleta: Temp
0,000000
o
Ponto:Tempo
0,000058
Alimentação:
0,094194
Tempo
Coleta:Ponto
0,936475
:Alimentação
Coleta:Ponto
0,000000
:Tempo
Coleta:Alimen
0,000003
tação:Tempo
Ponto:Alimen
0,705439
tação:Tempo
Coleta:Ponto
0,031655
:Alimentação:Tempo
64
S/A
C/
A
Primavera
0
48
72
96
120
168
192
-400
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
E.coli (NMP.g
-1
)
Verão
0
48
72
96
120
168
192
Outono
0
48
72
96
120
168
192
Inverno
0
48
72
96
120
168
192
FIGURA 34 - Representação gráfica da Análise de Variância (ANOVA) da relação da quantidade de
E. coli com a estação do ano, o ponto, a alimentação e o tempo de depuração, no ponto externo.
65
S/A
C/A
Primavera
0
48
72
96
120
168
192
-400
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
E.coli (NMP.g
-1
)
Verão
0
48
72
96
120
168
192
Outono
0
48
72
96
120
168
192
Inverno
0
48
72
96
120
168
192
FIGURA 35 - Representação gráfica da Análise de Variância (ANOVA) da relação da quantidade de
E. coli com a estação do ano, o ponto, a alimentação e o tempo de depuração, no ponto interno.
66
5 DISCUSSÃO
O fato da temperatura da água superficial ter sido mais elevada no verão
coincide com os dados encontrados por Christo (2006) que efetuou, nos mesmos
pontos, entre outras, análises físico-químicas e microbiológicas da água de
superfície, coletada bimensalmente entre março de 2002 e março de 2003 em baixa-
mar de sizígia.
Os valores de salinidade foram semelhantes, isto é, maiores no ponto externo
e menores no ponto interno, aos registrados por Santos (2003), que efetuou, em
julho e agosto de 2002, estudos de parâmetros físico-químicos e microbiológicos em
águas superficiais nos mesmos locais da presente pesquisa. Com relação à estação
do ano, as salinidades registradas neste trabalho foram inversas às reportadas por
Christo (2006), isto é, enquanto a autora encontrou os maiores valores deste
parâmetro na coleta realizada no verão, na presente pesquisa eles foram registradas
na coleta de inverno. Tais diferenças podem estar relacionadas com a baixa
quantidade de chuvas registradas no inverno de 2008. Além disto, pode ter havido
variação em decorrência da diferença da altura da maré, já que a altura máxima de
maré foi registrada no inverno, e apenas no verão a coleta foi realizada em maré
vazante.
Já o potencial hidrogeniônico e a quantidade de seston diferiram de uma
pesquisa para outra. Enquanto Santos (2003) registrou valores iguais de pH de 7,82
nas duas estações, nesta pesquisa seus valores sempre foram mais elevados na
estação externa. Diferenças também foram registradas com relação à quantidade de
seston na água. Santos (2003) registrou valores muito mais elevados na estação
interna, e nesta pesquisa os seus valores, quando comparados período a período,
foram semelhantes, e na coleta de inverno sempre menores que os observados no
trabalho acima citado.
Com relação à quantidade de oxigênio dissolvido pode ser observado que na
presente pesquisa seus valores sempre foram mais elevados na estação externa
que na interna. Enquanto a estação externa é diretamente influenciada pela água da
plataforma continental adjacente, mais salina, mais pobre em nutrientes e mais rica
em oxigênio dissolvido, a interna se encontra em um braço de mar em que, que
67
recebe grande influência das águas dos rios adjacentes e, segundo Christo (2006), a
transparência é menor. Tais características levam a crer que a quantidade deste
parâmetro é diretamente influenciada pelo local. Ainda é importante ressaltar que as
águas da estação externa são mais agitadas que as da interna e que, portanto,
nelas pode haver maior introdução do oxigênio proveniente do ar em águas
superficiais. Ainda, comparando-se os valores deste parâmetro, obtidos nesta
pesquisa no inverno, com os registrados por Santos (2003), pode-se observar que,
enquanto a autora acima citada registrou, nas duas estações, valores próximos dos
100% de saturação, neste trabalho seus valores foram bem menores (em torno dos
50%). Tais resultados podem estar relacionados com a ausência de chuva e
conseqüente redução do aporte de água proveniente dos rios, nos dias que
antecederam a coleta realizada no inverno de 2008. É importante ressaltar ainda
que a maior quantidade de matéria orgânica particulada também foi registrada no
inverno. Grandes quantidades de matéria orgânica tendem a levar a um aumento de
bactérias heterotróficas, contribuindo assim a uma redução quantitativa do oxigênio
dissolvido.
Christo (2006) registrou valores mais elevados de E. coli na estação interna e
menores na externa. Características semelhantes foram observadas por Santos
(2003) no inverno do mesmo ano. Resultados diferentes foram observados nesta
pesquisa onde, na coleta de primavera, outono e inverno, os valores foram baixos
nos dois locais. Já na coleta de verão, houve um aumento significativo de E. coli,
principalmente no ponto externo. Como entre 2002 e 2008 foi implantado o sistema
de tratamento de esgoto em Guaratuba, era de se esperar que os resultados fossem
diferentes. Entretanto, segundo o engenheiro Wilson Barion (com. pess.) da
Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), as obras de manilhamento de
esgoto contemplam 45% da cidade, atuando principalmente nas regiões centrais e
bairros de veraneio. Como a região no entorno da Baía de Guaratuba ainda é
deficiente em redes de coleta e tratamento de esgoto, boa parte dos efluentes
servidos devem estar sendo despejados em suas águas. Além disto, há deficiências
no sistema de coleta e tratamento de esgoto proveniente de Caiobá, bairro do
município de Matinhos, situado na entrada da Baía de Guaratuba e muito
freqüentado por veranistas. Problema adicional passa a ser o grande contingente de
veranistas que freqüentam os municípios de Guaratuba e Matinhos durante o verão,
68
aumentando assim tanto a quantidade de águas servidas que tem que ser tratadas,
quanto as que são lançadas diretamente na baía. Durante este período as águas da
região ainda foram consistentemente consideradas, pelo Instituto Ambiental do
Paraná (IAP), impróprias para banho, o que corrobora com os resultados obtidos
nesta pesquisa.
Apesar do número de amostras analisadas nesta pesquisa ter sido menor que
o exigido pela Resolução nº 357 (BRASIL, 2005), pode ser constatado que a
quantidade de E. coli em todos os períodos estudados é maior que os limites
estabelecidos pela referida resolução, indicando que os pontos estudados não são
próprios para cultivos de bivalves. Ainda pode-se constatar que a quantidade de E.
coli está acima do permitido pela legislação americana que avalia as condições
microbiológicas das águas de cultivos (NSSP, 2003).
Muitos estudos evidenciam correlação inversa entre as quantidades de E. coli
na água e nas ostras. Kolm e Absher (2008) compararam a quantidade de E. coli em
espécies nativas (C. brasiliana e C. rhizophorae) e na água adjacente onde foram
coletadas na Baía de Paranaguá e concluíram que nos meses com maiores índices
de coliformes nas ostras (verão), os da água foram menores; Faria (2002), que
efetuou estudos com C. gigas proveniente de cultivos na Baía da Babitonga (SC) e
encontrou valores mais altos de E. coli na água no outono e inverno e nas ostras no
verão; Siqueira (2008) analisando semente de ostras do gênero Crassostrea
provenientes do estuário do Rio Vaza-Barris – SE , verificou valores altos de
coliformes termotolerantes na água e baixos nas sementes no período chuvoso e
relação inversa no período seco; Vieira (2008), analisou coliformes totais e
termotolerantes em águas e C. rhizophorae provenientes do estuário do Rio Pacoti –
CE e evidenciou que a contaminação da água de cultivo foi maior que a das ostras.
Entretanto, essas correlações não foram observadas no presente estudo, onde as
quantidades de E. coli nas ostras e na água foram consistentemente maiores no
verão. Segundo Absher (com. pess.), a correlação direta encontrada nessa pesquisa
pode estar relacionada com o aumento da quantidade de turistas no período de
verão, que levam ao aumento da quantidade de esgotos gerados e possivelmente
despejados na Baía, sem tratamento prévio. A maré vazante registrada no dia da
coleta de verão também pode ter influenciado na quantidade de E. coli encontrada
69
tanto nas ostras como na água superficial, já que segundo Andrews (1979) as ostras
possuem capacidade de filtração maior que 400 litros/dia.
Silva et al (2003) realizaram, entre março e outubro de 2002, um estudo com
C. rhizophorae, provenientes de um cultivo localizado no estuário do Rio Cocó-CE.
Os autores observaram contaminações entre <1,8 e 920 NMP/g de coliformes fecais
nas ostras, valores muito próximos aos encontrados na presente pesquisa, na qual o
número mais provável de E. coli/g de ostra foi entre 0,86 e 979,7 NMP/g, no tempo
0h de depuração.
Foram realizados ainda muitos trabalhos sobre depuração de bivalves. Dentre
eles podem ser citados Fox et al (1988), que trabalharam com Crassostrea virginica
em sistemas fechados de recirculação de água, com uma contaminação inicial de 92
NMP/100g de coliformes fecais. Segundo os autores após 24h de depuração a
contaminação caiu para 18 NMP/100g e desta forma eles sugeriram que depois de
48h era de se esperar que as ostras não tivessem mais concentrações significativas
de coliformes fecais; Belmonte e Espinosa (1984), trabalhando com Mytilus
chilensis, observaram que mexilhões com contaminação inicial de 24.000 NMP/100g
de coliformes fecais, atingiram 230 NMP/100g após 34h de tratamento; Rowse e
Fleet, citados por Souness e Fleet (1991), demonstraram que em 12h de depuração
a ostra Crassostrea commercialis, com níveis iniciais de 378 cels/g, eliminou toda
contaminação de E. coli e Salmonella charity; Suplicy (1998), observou padrão de
eliminação de bactérias fecais pelo mexilhão Perna perna, semelhantes aos estudos
citados, ratificando os resultados que indicam que a depuração de bactérias fecais
ocorre dentro de 48h, com a maior parte da eliminação ocorrendo nas primeiras 24h.
Na presente pesquisa, realmente, verificou-se um decréscimo de E. coli tanto nas
ostras alimentadas, quanto nas não alimentadas, provenientes dos dois pontos, nas
primeiras 48h na primavera, no verão e no outono, entretanto os valores do
microrganismo voltaram a subir nos demais tempos, tendendo a zerar somente entre
as 168 e 192 horas de depuração. Isso pode estar relacionado com a espécie
estudada, uma vez que poucos estudos de depuração foram realizados com
Crassostrea rhizophorae e Crassostrea brasiliana, e também com os lotes de
organismos escolhidos em cada tempo de depuração. Para realizar as análises,
lotes de diferentes organismos foram retirados dos aquários, uma vez que um
organismo analisado não poderia ter voltado para o aquário. Dessa forma, existe a
70
possibilidade de que os organismos analisados, por exemplo, depois 72h de
depuração, no outono, sem alimentação tenham tido quantidades maiores de E. coli
no inicio do experimento.
Levando-se em consideração a legislação nacional vigente, a Resolução -
RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) somente prevê limites estafilococos coagulase positivos e de Salmonella
sp. em moluscos bivalves "in natura", resfriados ou congelados, não consumidos
crus (BRASIL, 2001). Entretanto, sabe-se que está presente no hábito da população
brasileira, a ingestão de ostras cruas ou abertas no bafo. Desta forma, sugere-se
que sejam feitas alterações urgentes da legislação, incluindo limites de coliformes
termotolerantes e/ou E. coli em bivalves a serem consumidos sem cocção.
Já as legislações que vigoram internacionalmente são extremamente
rigorosas, levando-se em conta os elevados números de casos de doenças
vinculadas ao consumo de alimentos contaminados de origem marinha (YOUNGER
et al., 2003). A maioria dos países que produzem e comercializam frutos do mar
seguem legislações próprias, tomando como base os mercados da União Européia e
os Estados Unidos.
A Diretriz Européia 91/492/EEC, de 15 de julho de 1991 (EEC, 1991),
estabelece as normas sanitárias para a produção e a colocação de moluscos
bivalves vivos no Mercado Comum Europeu. As áreas para o cultivo são
classificadas seguindo padrões de qualidade microbiológica da carne dos moluscos
cultivados e divididas em classe A, classe B e classe C. As áreas classificadas como
classe A, podem apresentar 90% dos moluscos coletados com concentração de E.
coli menor que 230 NMP/100g ou 2,30 NMP/g. Nessa classe, os moluscos
cultivados nessas áreas podem ser introduzidos no mercado para o consumo
humano. A classe B determina que os moluscos cultivados em determinada área
não podem exceder 4.600 NMP de E. coli por 100g ou 46 NMP/g. Os moluscos
provenientes da classe B somente poderão ser colocados à venda após um
tratamento em centros de purificação ou após transposição em áreas classificadas
como A por determinado tempo descrito pela diretriz. As áreas nas quais os
moluscos cultivados apresentam um número entre 6.000 NMP e 60.000 NMP de
coliformes fecais por 100g de carne, são classificadas como classe C. A produção
de bivalves em áreas de classe C, obrigatoriamente, deve passar por um período
71
mínimo de dois meses de transposição, juntamente com um tratamento de
purificação (EEC, 1991). Tomando por base essa legislação, somente as ostras
analisadas no inverno, no tempo 0h de depuração (equivalente ao valor real de
contaminação no momento da retirada dos organismos do cultivo), tanto no ponto
interno, como no externo, calculando a média de 6 indivíduos analisados, podem ser
atribuídas à classe A. Porém, como houve um erro nas diluições durante esse
experimento de inverno, esses valores não podem ser considerados confiáveis. Os
demais períodos estudados apresentaram contaminação entre 979,7 NMP/g
(primavera, ponto interno) e 112,2 NMP/g (primavera, ponto externo).
Pouca informação sobre perda de peso durante a depuração foi encontrada
da literatura. Suplicy (1998) trabalhou com depuração de Perna perna e creditou a
perda de peso às desovas ocorridas durante o processo de depuração. Estudos
realizados por Belmonte e Espinosa (1984) com o mexilhão Mytilus chilensis,
mostram que após 25 horas de depuração ocorreu uma desova que causou turbidez
da água dentro dos tanques e levou os autores a renovar toda a água após 44 horas
de iniciado o processo. No presente estudo, pôde ser observada a presença de água
turva, durante a lavagem dos aquários, e a perda de peso foi verificada em quase
todos os tempos de depuração, desde o início (48h) até 192h. A perda de peso
causada pela desova durante a depuração implica prejuízos ao produtor, e, ainda
segundo Suplicy (1998), uma alteração visual dos mexilhões após o cozimento, que
pode prejudicar a imagem do produto perante o consumidor. Sugere-se que sejam
realizados estudos com ostras para verificar se elas também mudam o visual após o
cozimento.
72
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
- A contaminação da água onde são feitos os cultivos foi maior no verão e
consistentemente maior no ponto externo.
- A perda de peso das ostras foi verificada em quase todos os tempos de depuração,
desde o início (48h) até 192h.
- A adição de alimento somente foi significativa na variação do peso das ostras no
outono e no inverno;
- O tempo de depuração foi o único fator que influenciou no peso das ostras durante
- Ao longo do período estudado houve variação significativa da quantidade de E. coli
nas ostras, com valores mais elevados no verão;
- As ostras adquiridas do ponto interno apresentaram maior contaminação por E. coli
que as do ponto externo;
- Os maiores valores de E. coli nas ostras foram registrados no início do experimento
(0h) e os menores depois de 48h;
- A adição ou não de alimento não foi significativa com relação à quantidade de E.
coli nas ostras durante todo tempo de depuração e todas as coletas realizadas;
- A quantidade de E. coli nas ostras tende a zerar entre as 168h e 192h de
depuração;
- A pesquisa evidenciou correlação direta entre as quantidades de E. coli na água e
nas ostras;
- As análises de água e de ostras indicam que a falta de um sistema de coleta e
tratamento de esgotos sanitários está influenciando a qualidade da água destinada à
maricultura na Baía de Guaratuba;
- Sugere-se que sejam realizados outros estudos de depuração de ostras da região,
utilizando C. rhizophorae e C. brasiliana;
73
- Sugere-se que sejam realizados novos estudos sobre a correntometria da Baía de
Guaratuba, com a finalidade de entender qual a movimentação dos poluentes e
contaminantes na baía;
- Alterações urgentes devem ser feitas na legislação brasileira, incluindo limites de
coliformes termotolerantes e/ou E. coli em bivalves a serem consumidos crus;
- Depurações de ostras devem durar pelo menos 168 horas nas depuradoras que
estão sendo implantadas no litoral do Paraná.
74
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ANEXOS
ANEXO 1 - Dados brutos dos parâmetros físico-químicos, E. coli, maré e pluviosidade
utilizados na Análise dos Componentes Principais (PCA).
Coleta_Ponto Temp. Sal. pH
E. coli
água
Seston
mg/L
OD% Pluv.
MOP
mg/L
Maré
E. coli
ostra
Primavera_Interno 24 19 7,31 147 144,8 125,23 79,4 0,1224 73,49 841,6305
Primavera_Interno 24 20 7,35 175,66 143 121,721 79,4 0,1239 73,49 992,3805
Primavera_Interno 25 21 7,39 52 192,8 130,8073 79,4 0,1227 73,49 1105,35
Primavera_Externo 25 23 7,61 118,33 106 150,9782 79,4 0,1235 84 44,7135
Primavera_Externo 25 22 7,7 28,33 106 158,6896 79,4 0,1243 84 50,574
Primavera_Externo 25 22 7,75 38,66 100,3 154,7369 79,4 0,1245 84 241,3435
Verão_Interno 26,5 13 7,28 293,33 256,6 86,0342 109,4 0,1223 63,8 1098,65
Verão_Interno 27 13 7,33 538,66 254,8 94,3494 109,4 0,1216 63,8 796,215
Verão_Interno 27 12 7,34 2043,66 274,5 90,50771 109,4 0,1223 63,8 789,355
Verão_Externo 27 15 7,75 2043,66 259,2 117,6577 109,4 0,1208 59 715,69
Verão_Externo 27 14 7,66 2289 253,1 117,3766 109,4 0,1209 59 891,315
Verão_Externo 27 15 7,78 645 256,8 114,6592 109,4 0,1208 59 876,89
Outono_Interno 23 21 7,63 184,66 53,8 139,6741 129,5 0,1204 26,16 349,625
Outono_Interno 24 23 7,62 165 55 126,1322 129,5 0,1202 26,16 260,01
Outono_Interno 23,5 23 7,63 191 53,6 123,299 129,5 0,1208 26,16 1183,765
Outono_Externo 22,5 19 7,9 291 41 170,7009 129,5 0,121 31,35 436,715
Outono_Externo 22 18 7,92 404,33 45,7 155,8281 129,5 0,121 31,35 261,12
Outono_Externo 23 17 7,99 326,33 48,9 164,5752 129,5 0,121 31,35 190,43
Inverno_Interno 19 27 7,95 40,66 15,7 53,06178 4,6 0,1217 84,49 0,235
Inverno_Interno 19 28 7,99 36,66 17 76,08441 4,6 0,1247 84,49 1,195
Inverno_Interno 18,5 29 8,02 32,66 20,4 49,596 4,6 0,1244 84,49 1,15
Inverno_Externo 19,5 34 8,23 76,66 28,3 75,1919 4,6 0,1264 100,2 3,485
Inverno_Externo 19 35 8,27 51,66 28,6 67,91011 4,6 0,1256 100,2 4,125
Inverno_Externo 19 35 8,27 88,66 24,6 74,08947 4,6 0,1245 100,2 3,52
ANEXO 2 – Valores brutos do ganho ou perda de peso das ostras durante a depuração
realizada na primavera. S/A = sem alimentação, C/A = com alimentação.
Ponto Tempo Aquário
Ganho/Perda
peso S/A (g)
Ganho/Perda
peso C/A (g)
1 0,536667 0,413333
2 0,530000 0,673333
48h
3 0,740000 0,826667
1 0,903333 1,076667
2 1,093333 0,833333
72h
3 0,676667 1,350000
1 0,763333 1,163333
2 1,383333 0,656667
96h
3 1,163333 0,843333
1 1,090000 1,533333
2 1,816667 1,593333
120h
3 1,590000 1,530000
1 1,016667 0,396667
2 0,673333 0,280000
168h
3 0,256667 0,436667
1 0,483333 0,653333
2 0,736667 0,606667
Ponto Externo
192h
3 0,690000 0,713333
1 0,760000 -0,436667
2 0,710000 0,590000
48h
3 1,116667 0,886667
1 1,243333 1,003333
2 1,173333 1,370000
72h
3 1,453333 1,433333
1 1,230000 1,883333
2 1,160000 1,433333
96h
3 1,473333 1,836667
1 0,313333 2,036667
2 2,240000 2,703333
120h
3 2,446667 2,273333
1 1,803333 0,586667
2 0,096667 0,523333
168h
3 0,563333 -0,553333
1 0,570000 0,663333
2 1,480000 -0,360000
Ponto Interno
192h
3 0,710000 0,483333
ANEXO 3 – Valores brutos do ganho ou perda de peso das ostras durante a depuração
realizada no verão. S/A = sem alimentação, C/A = com alimentação.
Ponto Tempo Aquário
Ganho/Perda
peso S/A (g)
Ganho/Perda
peso C/A (g)
1 1,01667 0,50000
2 0,49000 1,23000
48h
3 0,56667 0,63667
1 1,57000 1,15667
2 1,67333 1,52333
72h
3 1,44000 1,50667
1 1,63667 3,73000
2 1,91667 2,96333
96h
3 1,84000 1,81333
1 2,54333 3,01333
2 3,07000 2,37667
120h
3 2,31000 2,57667
1 0,33667 0,95000
2 0,22667 1,12333
168h
3 0,59000 0,15667
1 1,16333 0,80000
2 0,79000 1,97333
Ponto Externo
192h
3 0,54667 -1,36667
1 0,73000 0,98333
2 0,04333 -2,26333
48h
3 0,77000 -0,99333
1 2,79333 1,41667
2 1,74667 1,76667
72h
3 2,18667 1,53333
1 2,66000 0,17000
2 2,14000 2,54333
96h
3 1,99000 2,07333
1 0,52000 2,47333
2 1,90333 2,16667
120h
3 2,57000 2,78667
1 0,02000 1,39333
2 0,56333 0,55000
168h
3 1,19333 -0,11333
1 0,59000 -2,15333
2 0,83667 1,07000
Ponto Interno
192h
3 -1,36667 1,47000
ANEXO 4 – Valores brutos do ganho ou perda de peso das ostras durante a depuração
realizada no outono. S/A = sem alimentação, C/A = com alimentação.
Ponto Tempo Aquário
Ganho/Perda
peso S/A (g)
Ganho/Perda
peso C/A (g)
1 1,31667 1,00333
2 1,07000 1,00000
48h
3 4,07000 1,64667
1 1,30333 1,08000
2 1,49000 1,33667
72h
3 2,53000 1,70667
1 1,54667 1,91333
2 1,75667 1,40333
96h
3 2,71000 2,89333
1 3,01667 1,45333
2 2,78667 2,03333
120h
3 2,39667 3,30333
1 0,07000 1,13000
2 2,30000 1,61667
168h
3 1,97667 1,59000
1 1,44333 0,66667
2 4,72000 1,39000
Ponto Externo
192h
3 2,05667 1,09333
1 -1,12667 0,76667
2 -1,23333 1,26667
48h
3 -1,58333 2,98000
1 -1,48333 1,18333
2 -1,82333 0,96667
72h
3 -1,86000 3,51333
1 1,09667 1,26667
2 -1,10667 1,76000
96h
3 -1,43667 3,48667
1 -0,78333 1,57333
2 -1,25667 0,56667
120h
3 0,72333 4,47000
1 -0,52000 1,08000
2 0,15000 1,15333
168h
3 1,76333 4,86000
1 -1,12333 0,85000
2 0,36667 0,65333
Ponto Interno
192h
3 1,18333 3,02667
ANEXO 5 – Valores brutos do ganho ou perda de peso das ostras durante a depuração
realizada no inverno. S/A = sem alimentação, C/A = com alimentação.
Ponto Tempo Aquário
Ganho/Perda
peso S/A (g)
Ganho/Perda
peso C/A (g)
1 0,22667 1,49333
2 -1,74000 0,61000
48h
3 0,13000 0,63333
1 0,92667 0,96333
2 0,34333 0,56667
72h
3 0,54000 1,20333
1 1,04333 1,45000
2 0,67000 0,42000
96h
3 0,94333 0,80667
1 0,71333 1,06667
2 0,91667 0,68000
120h
3 1,33000 0,71333
1 0,08333 -0,03667
2 0,55333 1,51333
168h
3 0,36000 1,67000
1 0,35667 1,06000
2 0,25667 0,67000
Ponto Externo
192h
3 1,07333 0,91333
1 0,80667 0,41667
2 0,66000 1,12667
48h
3 0,48000 0,44000
1 0,76667 0,95667
2 0,92000 -2,20000
72h
3 0,97333 1,19000
1 1,44333 1,30667
2 1,00667 1,20000
96h
3 1,08667 1,89333
1 0,85333 1,58333
2 0,98000 1,88000
120h
3 1,20000 1,82000
1 -0,28000 0,93000
2 -2,39667 0,69000
168h
3 -0,80333 1,22000
1 -1,19000 1,47000
2 -1,47000 0,75000
Ponto Interno
192h
3 -1,54000 0,86000
ANEXO 6 – Valores brutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas na primavera. S/A = sem alimentação, C/A = com alimentação, 1, 2 e 3 = réplicas.
0 h 48 h 72 h 96 h 120 h 168 h 192 h
S/A1 43,48 0,658 3,686 127,45 351,30 2,044 0,6434
S/A2 45,947 0,5212 13,658 2,060 320,474 0,206 1,115
S/A3 23,435 1,321 11,951 2,646 1,667 1,131 0,314
C/A1 77,713 0,487 544,097 0,612 0,863 2,215 0,306
C/A2 69,111 0,643 4,943 0,553 6,981 5,200 0,197
Ponto
Externo
C/A3 413,576 0,681 1,790 1,910 0,665 0,783 0,84
S/A1 1091,973 54,434 9,357 781,272 263,883 52,862 259,031
S/A2 591,288 1,280 32,631 434,433 76,314 29,340 106,176
S/A3 808,485 1,908 21,275 496,356 67,823 71,290 72,004
C/A1 1176,276 8,108 609,624 41,192 45,489 110,703 31,027
C/A2 1107,875 8,463 82,510 36,833 27,136 76,072 22,746
Ponto
Interno
C/A3 1102,825 6,803 31,151 26,956 27,481 51,796 18,642
ANEXO 7 – Valores brutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no verão. S/A = sem alimentação, C/A = com alimentação, 1, 2 e 3 = réplicas.
0 h 48 h 72 h 96 h 120 h 168 h 192 h
S/A1 884,14 4,20 14,50 8,78 435,96 173,07 83,64
S/A2 547,24 9,53 9,62 9,65 368,84 200,63 6,93
S/A3 835,62 4,05 75,76 41,74 286,02 246,64 63,05
C/A1 947,01 208,71 25,94 30,40 902,83 212,99 63,03
C/A2 1237,78 202,55 8,27 94,20 287,85 199,30 76,02
Ponto
Externo
C/A3 516,00 23,20 21,68 56,41 378,65 144,98 100,16
S/A1 1382,62 179,56 14,92 506,69 452,46 39,10 281,99
S/A2 814,68 86,43 22,07 349,03 689,34 20,26 17,49
S/A3 892,84 98,84 701,33 344,74 597,43 79,72 287,87
C/A1 699,59 18,57 722,26 348,78 564 31,69 95,03
C/A2 725,07 66,20 520,34 240,83 417,56 9,66 646,95
Ponto
Interno
C/A3 853,64 1466,42 517 155,33 587,28 66,27 383,38
ANEXO 8 – Valores brutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no outono. S/A = sem alimentação, C/A = com alimentação, 1, 2 e 3 = réplicas.
0 h 48 h 72 h 96 h 120 h 168 h 192 h
S/A1 399,26 5,86 1273,51 0 3,06 136,21 6,99
S/A2 474,17 2,15 3,19 1,75 1,47 170,66 12,17
S/A3 91,35 5,61 5,71 1,35 1,06 199,62 4,14
C/A1 430,89 1,02 0 2,38 2,78 156,85 5,97
C/A2 152,47 3,69 11,86 1,35 1,06 46,36 3,82
Ponto
Externo
C/A3 228,39 2,81 4,7 2,3 0,85 184,55 4,49
S/A1 628 54,88 1448,86 2,97 5,19 303,24 12,73
S/A2 71,25 54,33 1753,33 9,43 1,63 95,54 1,39
S/A3 211,98 76,6 750,17 1,24 0,16 80,21 1,91
C/A1 308,04 15,47 975,64 3,57 0,56 142,32 2,88
C/A2 917,68 18,28 13,7 3,21 0,81 437,67 1,78
Ponto
Interno
C/A3 1449,85 14,55 17,38 4,26 4,65 320,88 9,41
ANEXO 9 – Valores brutos de E. coli ao longo do período de depuração das ostras
coletadas no inverno. S/A = sem alimentação, C/A = com alimentação, 1, 2 e 3 = réplicas.
0 h 48 h 72 h 96 h 120 h 168 h 192 h
S/A1 6,97 0 320,9 265,94 425,77 0,56 396
S/A2 0 2,53 108,88 1,47 362,42 0,21 83,47
S/A3 5,98 0 314,83 29,89 724,43 1,98 19,28
C/A1 2,27 0 78,74 0,86 510,46 1,39 31,9
C/A2 7,04 1,21 566,3 2,85 142,38 2,29 317,32
Ponto
Externo
C/A3 0 0 333,28 53,16 580,23 4,1 370,27
S/A1 0 0 224,03 178,14 275,89 283,65 30,55
S/A2 0,47 0 186,5 115,57 225,28 221,19 200,46
S/A3 1,48 0 211,98 212,43 278,11 165,52 238,14
C/A1 0,91 0 183,36 31,49 274,33 259,3 36,56
C/A2 0,48 0 277,47 230,43 267,95 322,61 10,1
Ponto
Interno
C/A3 1,82 2,59 313,01 264,72 356,87 221,88 42,56
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