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Joana D’Arc Vila Nova Jatobá
Depressão e ansiedade em
adolescentes de escolas públicas e
privadas
CAMARAGIBE
2007
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Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Biblioteca Prof. Guilherme Simões Gomes
Faculdade de Odontologia de Pernambuco – FOP/UPE
J39d Jatobá, Joana D’Arc Vila Nova
Depressão e ansiedade em adolescentes de
escolas públicas e privadas/Joana D’Arc Vila Nova
Jatobá; orientador: Othon Bastos. - Camaragibe, 2007.
72f. : tab. –
Dissertação (mestrado) Universidade de
Pernambuco, Faculdade de Odontologia de
Pernambuco, Camaragibe, 2007.
1 DEPRESSÃO 2 ANSIEDADE 3 ADOLESCENCIA
4 PREVALÊNCIA I Bastos, Othon (orient.) II Título
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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
MESTRADO EM HEBIATRIA
Depressão e ansiedade em
adolescentes de escolas públicas e
privadas
Dissertação aprovada pelo Mestrado de Hebiatria
da Faculdade de Odontologia da Universidade de
Pernambuco, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Hebiatria.
Mestranda: Joana D’Arc Vila Nova Jatobá
Orientador: Prof. Dr. Othon Bastos
CAMARAGIBE
2007
Depressão e ansiedade em adolescentes de
escolas públicas e privadas
Joana D’Arc Vila Nova Jatobá
Data da defesa: 27 de Fevereiro de 2007
Local da defesa: Faculdade de Odontologia da Universidade de
Pernambuco – Camaragibe – Pernambuco
BANCA EXAMINADORA
Profª. Drª. Kátia Petribu
Universidade de Pernambuco
Profª. Drª. Jael Aquino
Universidade de Pernambuco
Profª. Drª. Maria Gorete Lucena Vasconcelos
Universidade Federal de Pernambuco
AGRADECIMENTOS
A Deus, que sempre esteve presente durante toda minha vida e de maneira
especial no mestrado, proporcionando-me a oportunidade de aprendizado e
crescimento humano e profissional.
Aos meus pais, que, me dando a vida, viabilizaram o projeto divino, e sempre me
incentivaram. Mesmo ausentes, pois se encontram em outro plano físico,
sempre estiveram presentes nos exemplos e ensinamentos éticos,
comprometidos com a verdade de que sempre vale a pena sonhar e correr
atrás dos nossos sonhos para realizá-los.
À minha tia-mãe Maria Luiza Vilanova, que apesar da distância física, sempre se
fez presente incentivando e encorajando
À minha sobrinha-filha, Jéssika Jatobá, que, na sua ingenuidade, nem sempre
soube entender as minhas ausências, mas, mesmo assim, o seu amor e seu
carinho persistiram, o que me incentivou nas horas de cansaço.
Aos meus irmãos de coração, que sempre me incentivaram e estiveram
presentes, com seu apoio, compreensão e carinho.
Aos meus parentes e amigos, leigos e religiosos, que sempre entenderam minha
ausência e afastamento nesse período e me incentivaram.
Às amigas Paula Varejão e Marilda da Rocha Pinon Teixeira de Araújo, que foram
anjos de luz, pois sempre que necessário estiveram disponíveis para
assumirem minha Jéssika e proporcionaram momentos de lazer com carinho
e atenção, e assim, minimizaram o impacto de minha ausência.
Às minhas chefias, que sempre me apoiaram nessa decisão e incentivaram meu
crescimento.
Aos meus colegas de trabalho, que sempre me incentivaram e compreenderam
os períodos de ausência.
A Roseane Almeida e Vera Lúcia Vasconcelos, que sempre nos ajudaram com
atenção e dedicação.
A Irapuã Duarte, que sempre estava disponível para colaborar.
Ao Prof. Nelson Loretto, que viabilizou o nosso acesso à Secretaria de Educação.
Ao Secretário Estadual de Educação, Dr. Mozart Neves Ramos, Gerentes das
GERE Norte e Sul, Diretores, Secretários e Coordenadores das escolas
pesquisadas, que facilitaram e colaboraram com a nossa pesquisa.
Aos 242 adolescentes e seus responsáveis, que participaram da pesquisa e
tornaram-na real.
Aos docentes do Mestrado em Hebiatria.
Aos examinadores da Pré-banca, que colaboraram para o meu crescimento.
Ao meu orientador, Dr. Othon Bastos, por sua paciência e dedicação.
A todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram no desenvolvimento
desta pesquisa.
RESUMO
Objetivo: Identificar prevalência de depressão e de ansiedade em adolescentes
regularmente matriculados e freqüentando escolas públicas e privadas da cidade
do Recife, Pernambuco. Método: Por meio de estudo prospectivo, transversal, de
prevalência, de base populacional, a partir de uma população de 10.414 alunos,
extraiu-se amostra aleatória e estratificada proporcional a: característica, porte e
adscrição das escolas, semelhante ao British Association for the Study of
Community Dentistry, admitindo prevalência de depressão e transtornos
depressivos de 20,3%, precisão de 5% e nível de significância de 0,05, do que
resultou um total de 242 alunos, com idade de 14 a 16 anos, do ensino
fundamental e dio de 11 escolas das redes pública e privada da cidade de
Recife, Pernambuco. Os instrumentos de coleta foram um questionário
demográfico e as escalas de Hamilton para depressão e ansiedade, aplicadas
pela pesquisadora. As variáveis foram: idade, religião, tipo, adscrição e porte da
escola, escolaridade, tempo de estudo, condição estudantil e laboral,
características do núcleo familiar, sexo, estado civil, tipo de pele segundo escala
de Fitzpatrick e grau de depressão e de ansiedade. Para análise estatística,
empregou-se programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão
13.0. A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Pernambuco e anuída pelo Secretário de Educação do Estado.
Resultados: As prevalências de depressão e ansiedade igualaram-se a 59,9% e
19,9%, respectivamente. A ideação suicida/tentativa de suicídio foi referida por
34,3% dos estudantes e associou-se a grau leve de sintomas depressivos e
moderado de ansiedade. Conclusão: Esses resultados expressam o estado de
semi-anomia que permeia o meio socioeconômico e cultural dos adolescentes,
constatação que novos estudos poderão esclarecer.
Palavras-chave: Adolescência. Depressão. Ansiedade. Prevalência.
ABSTRACT
Objective: To identify prevalence of depression and anxiety in adolescents
regularly registered and studying at public and private schools from Recife,
Pernambuco, Brazil. Method: According to a prospective, transversal, population
base prevalence study, within a population equal to 10,414 pupils, a sample
randomized and proportionally stratified according to: schools characteristic, size
and adscription, similar to British Association for the Study of Community Dentistry
was extracted, assuming depression and depressive symptoms prevalence of
20,3%, precision of 5% and significance level of 0,05, that resulted in a total of 243
pupils, aging from 14 to 16 years, from fundamental and medium school level of
11 public and private schools from Recife city, Pernambuco, Brazil. The
instruments were a demographic questionnaire and the Hamilton’s scales for
depression and anxiety, applied by the researcher. The variables were: age,
religion, type, adscription and size of the school, scholarship, study timing, scholar
and labor condition, familiar nucleus characteristic, sex, marriage, skin according
to Fitzpatrick scale and degree of depression and anxiety. Statistical analysis was
performed by Statistical Package for Social Sciences (SPSS) version 13.0. The
research was authorized by Ethics Committee in Research of Universidade de
Pernambuco and assented by the State Education Secretary. Results: The
prevalences of depression and anxiety were equal to 59.9% and 19.9%,
respectively. The suicidal ideation/suicide attempt was related by 34.3% of the
students and associated to light degree of depressive symptoms and moderate
degree of anxiety. Conclusion: These results express the half-anomie state that
permeates the socioeconomic and cultural environment of adolescents, which new
studies will be able to clarify.
Key words: Adolescence. Depression. Anxiety. Prevalence.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1– Esquema do processo de estratificação proporcional e de aleatorização
amostral................................................................................................................ 25
Figura 2 – Esquema do desenho do estudo, da coleta e dados e da fase de
análise.................................................................................................................. 32
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Itens da escala de Hamilton para depressão segundo respectivas
pontuações........................................................................................................... 27
Quadro 2 – Itens da escala de Hamilton para ansiedade segundo respectivas
pontuações........................................................................................................... 27
Quadro 3 - Classificação do fototipo segundo escala de pigmentação de
Fitzpatrick............................................................................................................. 29
Quadro 4 – Classes econômicas, segundo número de pontos da Classificação
Econômica Brasil e renda média familiar mensal................................................. 30
Quadro 5 – Conversão da soma de pontos da escala de Hamilton em graus de
depressão............................................................................................................. 30
Quadro 6 – Conversão da soma de pontos da escala de Hamilton em graus de
ansiedade............................................................................................................. 30
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição dos estudantes quanto às características sócio-
demográficas – Recife, Setembro-Novembro 2006.............................................. 34
Tabela 2 – Distribuição dos 242 estudantes quanto às características das escolas
pesquisadas – Recife, Setembro-Novembro 2006............................................... 35
Tabela 3 – Distribuição dos 239 estudantes quanto à associação da condição
estudantil e laboral – Recife, Setembro-Novembro 2006 ..................................... 36
Tabela 4 – Distribuição dos estudantes quanto às características habitacionais –
Recife, Setembro-Novembro 2006....................................................................... 36
Tabela 5 – Distribuição da escolaridade do núcleo familiar dos 242 escolares
pesquisados – Recife, Setembro-Novembro 2006............................................... 37
Tabela 6 – Distribuição das características do núcleo familiar dos 242 estudantes
– Recife, Setembro-Novembro 2006 .................................................................... 38
Tabela 7 – Distribuição dos aspectos avaliados para classificação dos sintomas
depressivos dos 242 estudantes – Recife, Setembro-Novembro 2006................ 39
Tabela 8 – Distribuição dos aspectos avaliados para classificação dos sintomas
ansiosos dos 242 estudantes – Recife, Setembro-Novembro 2006..................... 41
Tabela 9 – Distribuição das características dos 242 estudantes segundo
graduação dos sintomas depressivos – Recife, Setembro-Novembro 2006 ........ 42
Tabela 10 – Distribuição da graduação de sintomas depressivos, tipo de escola e
graduação de sintomas de ansiedade dos 242 estudantes segundo ideação
suicida ou tentativa de suicídio – Recife, Setembro-Novembro 2006 .................. 43
Tabela 11 - Distribuição das características dos 242 estudantes segundo
graduação dos sintomas de ansiedade – Recife, Setembro-Novembro 2006...... 44
Tabela 12 – Relação entre a adequabilidade da ansiedade e a presença de
sintomas depressivos em 242 estudantes – Recife, Setembro-Novembro 2006 . 44
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1– Distribuição dos 242 estudantes segundo classe econômica familiar
mensal no critério Classe Brasil ........................................................................... 37
Gráfico 2– Distribuição de graus de sintomas depressivos entre 242 estudantes –
Recife, Setembro/Novembro 2006 ....................................................................... 38
Gráfico 3– Distribuição de graus de ansiedade entre 242 estudantes – Recife,
Setembro-Novembro 2006 ................................................................................... 40
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEn – Associação Brasileira de Enfermagem
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
AMBAN – Ambulatório de Estudo da Ansiedade
APA – American Psichiatry Association
BASCD – British Association for the Study of Community Dentistry
CDC – Center for Disease Control and Prevention
CEP – Comissão Ética em Pesquisa
CID – Classificação Internacional de Doenças
COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento e Serviços de Água
DSM – Diagnóstico de Desordens Mentais
GERE – Gerência Regional de Educação
MS – Ministério da Saúde
NINH – Instituto Nacional de Saúde Mental
OMS – Organização Mundial de Saúde
RCA – Epidemiologic Catchment Are
SNA – Síndrome Normal da Adolescência
SPSS – Statistical Package for Social Sciences
UPE – Universidade de Pernambuco
WHO – World Health Organization
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................... 7
ABSTRACT................................................................................................................... 8
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................... 9
LISTA DE QUADROS................................................................................................... 9
LISTA DE TABELAS....................................................................................................10
LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................12
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
2. OBJETIVOS.................................................................................................. 16
2.1.
Geral .................................................................................................................16
2.2.
Específicos........................................................................................................16
3. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 17
4. SUJEITOS E MÉTODO................................................................................. 23
4.1.
Tipo do estudo...................................................................................................23
4.2.
Locais do estudo ...............................................................................................23
4.3.
População .........................................................................................................24
4.4.
Amostragem......................................................................................................24
4.5.
Materiais – instrumentos de levantamento de dados.........................................26
4.6.
Variáveis e conceitos.........................................................................................28
4.7.
Procedimento para levantamento dos dados.....................................................31
4.8.
Análise dos dados.............................................................................................32
4.9.
Procedimentos éticos........................................................................................33
5. RESULTADOS.............................................................................................. 34
5.1.
Caracterização sócio-demográfica dos estudantes ...........................................34
5.2.
Caracterização do núcleo familiar dos estudantes.............................................37
5.3.
Prevalência de sintomas depressivos e de ansiedade.......................................38
6. DISCUSSÃO................................................................................................. 45
7. CONCLUSÕES ............................................................................................. 51
8. RECOMENDAÇÃO ....................................................................................... 52
9. REFERÊNCIAS............................................................................................. 53
APÊNDICES................................................................................................................59
APÊNDICE A – Relação das escolas públicas e privadas da cidade do Recife,
sorteadas para integrar a pesquisa, segundo porte e localização por GERES.............60
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .....................................62
ANEXOS......................................................................................................................63
ANEXO A – Ofício de anuência do Exmo. Sr. Secretário de Educação do Estado de
Pernambuco ................................................................................................................64
ANEXO B – Instrumento de levantamento ...................................................................66
ANEXO C – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de
Pernambuco ................................................................................................................72
1. INTRODUÇÃO
A adolescência, segundo a Organização Mundial de Saúde, é o
período da vida a partir do qual surgem as características sexuais secundárias e
se desenvolvem processos psicológicos e padrões de identificação, que evoluem
da fase infantil para a adulta. Entre elas, está a transição de um estado de
dependência para outro de relativa autonomia. Considera como adolescência o
período de 10 a 19 anos e distingue adolescência inicial (entre 10 e 14 anos de
idade) e adolescência final (na idade de 15 a 19 anos) (WHO, 2000).
É um período de intensas modificações no desenvolvimento
humano, marcado por alterações biológicas da puberdade e relacionado à
maturidade biopsicossocial do indivíduo. Deste modo, é identificada como um
período de crise, pela experiência de importantes transformações mentais e
orgânicas capazes de proporcionar manifestações peculiares em relação ao
comportamento normal para a faixa etária. Estas podem, contudo, ser
confundidas com doenças mentais ou manifestações comportamentais
inadequadas (PERES; ROSENBURG, 1998).
Aberastury (1983), ao caracterizar as modificações psicossociais da
adolescência, alerta que, nessa fase, vários processos de luto são vivenciados.
Knobel (2007) denomina o conjunto desses processos de síndrome normal da
adolescência (SNA), na qual as principais perdas são: a) do corpo infantil, b) dos
pais da infância, c) da identidade e do papel cio-familiar infantil, que devem ser
elaborados para alcançar a posição adulta definitiva. A estas perdas, somam-se
os processos de escolha afetiva, a autonomia em relação aos pais, a descoberta
progressiva do tornar-se adulto sem a plenitude das aptidões correspondentes e
uma verdadeira explosão biológica-humoral peculiar, inerente a esse
desenvolvimento (ABEn, 2001).
Se os conflitos próprios dessa fase forem mal conduzidos, podem
contribuir para o surgimento de transtornos do humor e, em particular, da
depressão (RANÑA, 2001).
14
De outro modo, a concepção tendenciosa à patogenicidade da
adolescência, aqui incluída a SNA, é merecedora de crítica, pois estudos
epidemiológicos têm revelado que a maioria dos jovens passa pela adolescência
sem distúrbios importantes (OFFER; SCHONERT-REICHL, 1992) e que
alterações do humor, o ato de experimentar coisas novas, contestar e testar
limites parecem ser características próprias à vida dos adolescentes.
Desequilíbrios persistentes não são a regra, e o desenvolvimento normal deve ser
distinguido do psicopatológico (HAARASILTA, 2003).
A depressão, embora freqüentemente não reconhecida, é comum
nessa faixa etária. Habitualmente, é debilitante e crônica no seu curso, com
efeitos adversos em longo prazo, especialmente senão for tratada (BIRMAHER et
al, 1996). Assim, a depressão na adolescência vem se constituindo num
crescente e preocupante problema de saúde pública, ainda que poucos estudos
epidemiológicos sobre o tema, neste período da vida, tenham sido realizados
(BAHLS, 2002).
Crianças e adolescentes depressivos costumam apresentar altas
taxas de co-morbidade com outros transtornos psiquiátricos, numa freqüência
maior do que em adultos deprimidos (BAHLS, 2002). Goodyer e Cooper (1993)
destacam que os transtornos depressivos em crianças e adolescentes, em 40%
dos casos, associam-se a co-morbidades como transtornos de ansiedade e, em
15% dos casos, com transtornos de conduta.
Segundo Steinberg e Morris (2001), nenhuma tentativa de
desenvolver uma teoria geral do desenvolvimento adolescente normal encontrou
ainda ampla aceitação”, mas Haarasilta (2003) considera que as pesquisas sobre
o desenvolvimento natural do adolescente são ainda escassas, o que torna
plausível admitir a necessidade de conhecer melhor as modificações psíquicas
dessa fase da vida.
O trabalho como enfermeira em diversas especialidades médicas,
por longo período, atendendo também a pacientes na fase da adolescência,
deixou perceber a importância da saúde mental na qualidade de vida desses
pacientes e convidou à reflexão de que os adolescentes não submetidos a
15
internação hospitalar também poderiam ter sua qualidade de vida comprometida
por distúrbios da saúde mental, dentre eles, a depressão e a ansiedade. Assim
motivada, buscou-se na literatura pertinente a base científica dessa hipótese e se
identificou a dimensão do problema e a importância do tema, numa abordagem
não hospitalocêntrica, mas social.
Faz-se necessário ampliar os estudos sobre depressão em
adolescentes devido à gravidade da doença, aos danos que ela causa à saúde
dos indivíduos e a sua incidência crescente. Além disso, julgou-se pertinente
associar a investigação da presença da ansiedade à da depressão em
adolescentes, pelo fato de a ansiedade ser a co-morbidade mais freqüente nos
transtornos depressivos.
Dessa forma, o estudo dos reflexos psicológicos da depressão e da
ansiedade no comportamento de adolescentes, particularmente no que se refere
ao processo ensino-aprendizagem, motivou a presente pesquisa. É na escola que
se forma o cidadão. Assim sendo é a escola o principal cenário no qual se deve
zelar pela saúde mental do adolescente, ou seja, do futuro cidadão. Essa
realidade convidou à reflexão de que, para adolescentes com transtornos
depressivos ou vivenciando um grau elevado de ansiedade, a escola deve adotar
condutas e técnicas apropriadas, no sentido de melhorar sua qualidade de vida e
dar-lhes condições de crescimento e desenvolvimento saudáveis.
Os resultados da presente pesquisa poderão permitir que se
conheça a magnitude da depressão e da ansiedade entre os adolescentes, em
atividade no ensino formal. Assim sendo, pode-se supor que se constitua num
auxílio aos gestores em educação, aos professores, aos pais ou responsáveis
para compreender o comportamento dos adolescentes deprimidos ou ansiosos e
planejar ações que os auxiliem na busca do equilíbrio e da saúde mental.
16
2. OBJETIVOS
2.1. Geral
Identificar as prevalências de depressão e de ansiedade em
adolescentes regularmente matriculados e freqüentando escolas públicas e
privadas da cidade do Recife.
2.2. Específicos
Determinar a prevalência de depressão entre os adolescentes estudados,
segundo a escala de Hamilton para depressão;
Descrever a associação de tipo de núcleo familiar, sexo, idade, tipo de pele,
religião, tipo de escola e Gerência Regional de Educação com a graduação
dos sintomas depressivos;
Determinar a prevalência de ansiedade entre os adolescentes estudados,
segundo a escala de Hamilton para ansiedade;
Verificar a associação de tipo de cleo familiar, sexo, idade, tipo de pele,
religião, tipo de escola e Gerência Regional de Educação com a graduação
de ansiedade.
17
3. REVISÃO DE LITERATURA
Para abordar os temas depressão e ansiedade no adolescente, é
mister conceituar ambos os termos. O termo de depressão ultimamente vem
sendo utilizado no linguajar diário das pessoas de uma maneira inadequada,
simplesmente porque está triste naquele dia ou devido a um aborrecimento, mas
depressão, segundo Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde, 10ª Revisão (WHO, 1999, p. 327) é:
(...) quando o paciente apresenta rebaixamento do humor, redução da energia e
diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o
prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração,
associadas em geral a fadiga acentuada, mesmo após um esforço mínimo,
observando-se em geral problemas de sono e diminuição do apetite. Existe
quase sempre uma diminuição da auto-estima e da autoconfiança e
freqüentemente idéias de culpabilidade e/ou indignidade, mesmo nas formas
leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as
circunstâncias e pode acompanhar-se de sintomas ditos “somáticos” - por
exemplo, perda de prazer ou interesse, despertar matinal precoce várias horas
antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão,
lentidão psicomotora acentuada, agitação, perda de apetite, perda de peso e
perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três
graus de episódio depressivo: leve, moderado e grave.
A elaboração do diagnóstico de depressão e a mensuração da
gravidade dos sintomas da doença são tarefas diferentes. Na primeira situação, o
investigador ou o clínico tem como principal objetivo determinar a presença ou
ausência, em um determinado paciente, de um conjunto de características
clínicas e, para tanto, utiliza a entrevista clínica. Já, na segunda situação, o
propósito é estimar quantitativamente a gravidade dos sintomas de um paciente.
Assim as escalas de avaliação de depressão ajudam na graduação dos sintomas,
na elaboração do próprio diagnóstico e, não só, no acompanhamento e resultado
dos tratamentos (CALIL; PIRES, 2000).
18
Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo ou
apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de
perigo de algo desconhecido ou estranho (CASTILLO et al., 2000).
Ela pode se manifestar como síndrome, mas pode ser confundida
com outros transtornos psiquiátricos com sintomas semelhantes. Os transtornos
ansiosos são os quadros psiquiátricos mais comuns, tanto em crianças e
adolescentes quanto em adultos, com uma prevalência estimada de 9% a 15%,
respectivamente, ao longo da vida (BERNSTEIN; BORCHARD; PERWIEN, 1996).
Os sintomas ansiosos são freqüentes em outros transtornos
psiquiátricos e se manifestam como ansiedade face a eventos habituais como, por
exemplo, o medo da separação dos pais, numa criança com depressão maior.
Todavia a ansiedade e o medo passam a ser patológicos apenas quando
exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo ou qualitativamente
diversos do que se observa como normal para a faixa etária, e interferem com a
qualidade de vida do conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo
(CASTILLO et al., 2000).
Instrumentos padronizados de avaliação podem ser úteis como um
auxiliar inicial da entrevista clínica e, ao longo do tratamento, para monitorização
da resposta terapêutica. Na avaliação inicial, o objetivo é caracterizar o quadro
clínico, de forma sistemática e rápida, abrangendo uma ampla gama de sintomas.
Os dados coletados são transformados em uma pontuação numérica resumida,
que reflete a freqüência e a gravidade dos sintomas (ITO; RAMOS, 2000).
Expostos os conceitos de depressão e ansiedade, pode-se voltar ao
foco de interesse da presente pesquisa depressão e ansiedade em
adolescentes, sendo necessário, para tanto, que se historiem brevemente as
barreiras culturais e sociais que antecederam o reconhecimento desses distúrbios
em adolescentes.
Historicamente, os primeiros relatos clínicos documentados de
depressão em crianças e adolescentes provêm do Século XVII. Na década de
1960, chegou-se a duvidar da existência dessa síndrome nessas faixas etárias,
julgando que era rara ou até inexistente, pela suposição de que a criança teria um
19
superego imaturo e, portanto, não poderia apresentar depressão. A mudança
desse pensamento começou a acontecer depois da realização do Congresso
da União Européia de Psiquiatras Infantis, cujo tema principal foi Os estados
depressivos na infância e adolescência. A partir de então, passa-se a considerar a
existência desse quadro clínico em crianças e adolescentes, sendo elaborados
critérios, entrevistas e escalas diagnósticas (REIS; FIGUEIRA, 2001).
A partir de 1975, o Instituto de Saúde Mental dos Estados Unidos da
América (NIMH) reconhece oficialmente a existência de depressão em crianças e
adolescentes (BHATARA, 1992), o que motivou a publicação de estudos,
principalmente nas décadas de 1980 e 1990 (BAHLS, 2002; BANDIM; SOUGEY;
CARVALHO 1995; BERNSTEIN; BORCHARDT; PERWEIN, 1996; CARLSON;
KASHANI, 1988; ESPELETA, 1988; KASHANI; VENZKE, 1981; WITTCHEN;
KNÄUER; KESLER, 1994).
A análise de alguns desses estudos permite identificar concordância
sobre depressão, entre os vários autores, dentre as quais estão:
é prevalente no grupo etário de 10 anos a 19 anos, aumentando
significantemente da infância para a adolescência (BAHLS, 2002; BIRMAHER
et al., 1996; BHATARA, 1992);
na adolescência é significantemente maior no sexo feminino (BAHLS, 2002;
MILIN; WALKER; CHOW, 2003; WESSMAN et al., 1996);
sua prevalência tem aumentado entre adolescentes e seu surgimento tem
ocorrido em idades mais precoces (BIRMAHER et al., 1996; JELLINEK;
SHYDER, 1998; KLERMAN; WEISSMAN, 1989; WITTCHEN; KNÄUER;
KESLER, 1994);
o diagnóstico se faz após vários atendimentos em serviços de emergência por
sintomas ou sinais físicos, e a instituição da terapêutica medicamentosa é
retardada. Quando instituída, o acompanhamento é inadequado (BAHLS,
2002; HAARASILTA, 2003; MILIN; WALKER; CHOW, 2003; ROBERTS;
LEWINSOHN; SEELEY, 1995).
20
Apesar da concordância entre resultados de pesquisas distintas, sua
interpretação deve ser cautelosa. Embora a caracterização de depressão,
constante na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde, 10ª Revisão (WHO, 1999) e na edição revisada (DSM
IV TR) do Manual de Diagnóstico e Estatística de Desordens Mentais (APA, 2000)
seja única para todas as faixas etárias, não há homogeneidade dos instrumentos
de avaliação da sintomatologia ou da graduação do quadro clínico. Da mesma
forma, não se verifica homogeneidade metodológica entre os estudos,
principalmente quando os sujeitos são crianças ou adolescentes (APA, 2000;
BAHLS, 2002; CARLSON, KASHANI, 1988; KOVACS, 1996; ROBERTS;
LEWINSOHN; SEELEY, 1995).
A diversidade metodológica tem sido considerada a possível causa
das variações significativas na prevalência e na incidência de depressão entre
crianças e adolescentes, embora também se admita que pode ser atribuída a um
conjunto de fatores, como: tamanho e seleção da amostra, local da pesquisa
(comunidades e ambulatórios psiquiátricos), características dos sujeitos
(internados em ambiente hospitalar ou estudantes), presença de doenças
associadas, critérios empregados e diferenças na definição dos casos
(ASSUNÇÃO JR; KUCZYNSKI, 2001; BAHLS, 2002; HAARASILTA, 2003).
Harrington et al. (1994) encontram prevalência da depressão em
adolescentes variando entre 2% a 8%. Roberts, Lewinsohn e Seeley (1995),
avaliando 1.710 adolescentes escolares, em Oregon Estados Unidos da
América, por meio de escalas diagnósticas estruturadas obedecendo ao Manual
de Diagnóstico e Estatística de Desordens Mentais DSM III R, relatam 2,6% de
indivíduos que preenchem critérios diagnósticos de depressão maior. Son e
Kirchner (2000) referem prevalência de 5% a 8% entre adolescentes. Bahls
(2002), em revisão de artigos internacionais, relata uma prevalência anual de
depressão em adolescentes entre 3,3% a 12,4%, todavia, em pesquisa por ele
realizada, encontra 20,3% dos adolescentes com idade de 10 a 17 anos com
sintomas depressivos. Haarasilta (2003), investigando 509 adolescentes, com
idade entre 15 e 19 anos, relata prevalência de sintomas depressivos entre 23,8%
e 31,8%. Millin, Walker e Chow (2003), em revisão de literatura, referem
21
prevalência anual estimada de depressão maior em adolescentes, variando entre
1,8% e 7,8%.
Mesmo consideradas as possíveis interferências metodológicas,
diversos autores têm alertado que prevalência da depressão está aumentando
entre crianças e adolescentes e com início em idades cada vez mais precoces,
constatação esta que se reveste de especial importância pela piora da qualidade
de vida e pela incapacidade de desempenho das atividades escolares, sociais e
familiares (BIRMAHER; BRENT, 1998; JELINEK; SHYDER, 1998; KLERMAN;
WEISSMAN, 1989; WITTCHEN; KNÄUER; KESLER, 1994).
Outro aspecto que promove piora da qualidade de vida dos
adolescentes com depressão é a expressão clínica multivariada e,
freqüentemente, associada a manifestações psicossomáticas, acometendo um
determinado sistema orgânico, o que dificulta ainda mais seu diagnóstico. Em
decorrência, os responsáveis levam os adolescentes à consulta em diversas
especialidades dicas, na busca do esclarecimento e tratamento dos problemas
emergentes e das queixas relacionadas, muitas vezes não obtendo êxito
diagnóstico, onerando a assistência da saúde e prolongando o sofrimento do
adolescente e da família (FRÁGUAS; FIGUEIRÓ, 2001; KASHANI; VENZKE,
1981).
Haarasilta, em 2003, enuncia como possíveis causas da depressão
na adolescência: reação existencial, características de personalidade, aspectos
genético-biológicos, expressão de doenças físicas, neurológicas e mentais, ou
ainda a aspectos do meio ambiente. Dentre estes, alerta a autora para a
importância das mudanças na estrutura familiar, nos papéis sociais e nos padrões
de urbanização das diversas sociedades modernas, que favorecem os transtornos
de ansiedade.
O adolescente está exposto a constantes desafios relacionados a
problemas reais e a situações imaginárias, perante o mundo que espera dele
respostas adequadas. Disso resultam sentimentos de ansiedade normal,
adaptativa, de aprendizado de novos comportamentos a novas situações. Por
essa razão, o monitoramento dessa adaptação é de fundamental importância e
22
tem caráter preventivo de um possível desencadeamento de transtornos
depressivos (BATISTA, OLIVEIRA, 2004). Stein et al. (2001) comprovam, em
estudo longitudinal de base populacional, com acompanhamento por 34 a 50
meses, envolvendo 3.021 adolescentes de 14 a 17 anos de idade, que os
transtornos ansiosos na adolescência o um preditor importante do
aparecimento e da gravidade de transtornos depressivos na idade adulta.
A compreensão do grau e da forma de expressão da depressão e da
ansiedade em adolescentes é de fundamental importância para que se criem as
melhores condições sociais e de saúde, as quais, ao longo de tempo, permitirão
formar cidadãos mais saudáveis e com melhor qualidade de vida.
À luz da literatura consultada, o aumento da prevalência da
depressão em adolescentes deve ser valorizado como um problema de saúde
pública, principalmente por ser uma doença multifatorial, complexa, na qual
interagem causas ambientais, sociais, biológicas e psicológicas.
23
4. SUJEITOS E MÉTODO
4.1. Tipo do estudo
O estudo foi do tipo prospectivo, transversal, de prevalência, de base
populacional. A transversalidade e a classificação como prospectivo consistiram
em o levantamento de dados ter sido feito em um momento definido pela
investigadora, assim como pela possibilidade de detectar freqüência da doença e
identificar os grupos, na população, que estavam mais ou menos afetados. A
base populacional esteve representada pela cnica de amostragem estratificada
proporcional, assim como pelo levantamento de dados em escolas blicas e
privadas, o que permitiu contemplar o universo de estabelecimentos de ensino,
nos quais esses adolescentes estavam inseridos (PEREIRA, 1995).
4.2. Locais do estudo
Foram locais de estudo 11 escolas que ofereciam ensino
fundamental II e ensino médio, sendo oito pertencentes à rede pública e três, à
rede privada, na cidade do Recife, Pernambuco.
A identificação das escolas que participaram do estudo dependeu de
dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Educação, referentes ao número de
alunos na faixa etária de 14 a 16 anos.
24
4.3. População
A partir das relações nominais das escolas públicas da cidade do
Recife - PE, fornecidas pelas Gerências Regionais de Educação (GERE) Norte e
Sul, foram identificadas 143, nas quais havia 131.401 alunos regularmente
matriculados e freqüentando as atividades escolares. Pelo fato de as GERE não
exercerem controle sobre os estabelecimentos de ensino da rede privada, por
meio de contato telefônico com as secretarias de 50 estabelecimentos,
determinou-se o quantitativo de alunos.
Com base nos quantitativos de alunos, as escolas foram
classificadas obedecendo à Lei 12.944 de 16 de Dezembro de 2005
(PERNAMBUCO, 2005), segundo a qual é de pequeno porte a escola com até
800 alunos, de médio porte, aquela com 801 a 1600 alunos e de grande porte, a
escola que apresenta mais de 1600 alunos.
Seguiu-se a determinação do quantitativo de alunos na faixa etária
de 14 a 16 anos, identificando-se uma população de 10.414 adolescentes,
regularmente matriculados e que estavam freqüentando aulas em 193
estabelecimentos da rede de ensino pública ou privada da cidade do Recife
(Apêndice A).
A escolha da faixa etária de 14 anos a 16 anos deveu-se a investigar
adolescentes tardios, assim classificados pela Organização Mundial de Saúde
(OMS, 1997).
4.4. Amostragem
A amostra foi aleatória e estratificada proporcional, semelhante à
empregada no British Association for the Study of Community Dentistry (BASCD)
(PINE; PITTS; NUGENT, 1997) (Figura 1).
25
Figura 1– Esquema do processo de estratificação proporcional e de aleatorização amostral
Empregando-se a sub-rotina EPITABLE SAMPLE, do programa
EPI-INFO versão 6.04d, o tamanho amostral geral foi calculado com base na
prevalência de depressão e de transtornos depressivos em adolescentes igual a
20,3% (BAHLS, 2002), e admitindo efeito desejado igual a 1,00; população igual a
10.414 alunos, precisão desejada de 5% e nível de significância igual a 0,05,
obteve-se um tamanho estimado de 243 alunos. Foram coletados dados de 242
alunos, em virtude de um aluno ter fornecido respostas com inconsistência interna
em algumas perguntas de forma a invalidar a informação.
Para distribuição do tamanho amostral pelos estratos, foram
considerados: a) o tipo de escola (pública ou privada); b) classificação da escola
por porte com base no número total de alunos com idade de 14 a 16 anos; c)
adscrição da escola à GERE Norte ou Sul (Figura 1).
26
A aleatorização dos alunos e das escolas foi feita por meio de
relação nominal, em ordem alfabética, empregando-se bua de números
aleatórios.
4.5. Materiais – instrumentos de levantamento de dados
Foram empregados três instrumentos para levantamento de dados:
um questionário demográfico, socioeconômico e de constelação familiar, a escala
de Hamilton para depressão e a escala de Hamilton para ansiedade, ambas
validadas no Brasil por Moreno e Moreno (1998) e no Projeto Ambulatório de
Ansiedade (AMBAN, 1985) da Universidade de São Paulo, respectivamente.
No questionário demográfico, socioeconômico e de constelação
familiar, foram obtidas as informações referentes a: sexo, idade, tipo de pele,
estado civil, religião, local de moradia, escolaridade, tempo de estudo,
escolaridade do pai e da mãe, estrutura familiar, tipo de família quanto ao
responsável, história de doença mental na família, tipo de moradia, tipo de
abastecimento de água, fornecimento de luz elétrica, classe econômica e
associação da condição estudantil e laboral.
A escala de depressão de Hamilton esteve constituída por 17 itens,
com três ou cinco alternativas fechadas, que foram convertidas em pontos,
conforme o Quadro 1.
27
Itens da escala de Hamilton de depressão Total de pontos
Humor deprimido 0 a 4
Sentimentos de culpa 0 a 4
Suicídio 0 a 4
Insônia inicial 0 a 2
Insônia intermediária 0 a 2
Insônia terminal 0 a 2
Trabalho, estudo e atividade 0 a 4
Retardo 0 a 4
Agitação 0 a 4
Ansiedade psíquica 0 a 4
Ansiedade somática 0 a 4
Sintomas somáticos (apetite e digestivo) 0 a 2
Sintomas somáticos (gerais) 0 a 2
Sintomas genitais (perda de libido, distúrbios menstruais) 0 a 2
Hipocondria 0 a 4
Perda de peso (de acordo com o paciente) 0 a 2
Perda de peso (com base em medidas semanais) 0 a 2
Crítica 0 a 2
Quadro 1 – Itens da escala de Hamilton para depressão segundo respectivas pontuações
A escala de ansiedade de Hamilton esteve constituída por 15 itens,
com cinco alternativas fechadas, que foram convertidas em pontos, conforme o
Quadro 2.
Itens da escala de Hamilton de ansiedade Total de pontos
Humor ansioso 0 a 4
Tensão 0 a 4
Medos 0 a 4
Insônia 0 a 4
Dificuldades intelectuais 0 a 4
Humor deprimido 0 a 4
Somatizações motoras 0 a 4
Somatizações sensoriais 0 a 4
Sintomas cardiovasculares 0 a 4
Sintomas respiratórios 0 a 4
Sintomas gastrintestinais 0 a 4
Sintomas geniturinários 0 a 4
Sintomas neurovegetativos 0 a 4
Comportamento durante a entrevista (geral) 0 a 4
Comportamento durante e entrevista (fisiológico) 0 a 4
Quadro 2 – Itens da escala de Hamilton para ansiedade segundo respectivas pontuações
28
4.6. Variáveis e conceitos
Foram adotadas variáveis de caracterização da amostra e variáveis
que contemplam os objetivos da presente pesquisa.
Para caracterização amostral, foram adotadas as seguintes
variáveis:
o Idade – variável intervalar, contínua, expressa em anos completos;
o Religião – variável nominal, categorizada em católica,
o Gerência Regional de Educação responsável pela escola variável nominal,
categorizada como Norte e Sul;
o Tipo de escola – variável nominal, categorizada como pública e privada;
o Porte da escola variável ordinal, categorizada segundo número de alunos,
como disposto na Lei n° 12.944 de 16 de Dezembro de 2005 (PERNAMBUCO,
2005), em: pequeno porte com até 800 alunos, médio porte, com 801 a 1600
alunos, e grande porte, com mais de 1600 alunos;
o Escolaridade variável ordinal, categorizada em não e não escreve, nível
fundamental I (incluindo de a série), nível fundamental II (que inclui da 5ª
à 8ª série), nível médio (contemplando de 1° a 3° ano) e nível superior;
o Tempo de estudo variável intervalar, discreta, correspondente ao número de
anos que o aluno declarou ter dedicado ao estudo.
o Condição estudantil e laboral variável nominal, categorizada como estuda e
não trabalha, estuda e trabalha no mercado formal, estuda e trabalho no
mercado informal familiar e estuda e trabalha no mercado informal não
familiar;
o Local de moradia variável nominal, categorizada em Recife, Olinda e
Jaboatão dos Guararapes;
o Tipo de moradia variável nominal, categorizada em alvenaria, madeira e
outros materiais;
o Tipo de abastecimento de água variável nominal, categorizada em água
encanada e outras formas de abastecimento;
o Fornecimento de luz elétrica variável nominal, categorizada em presente e
ausente;
29
o Tipo de família quanto ao responsável variável nominal, categorizada em
matrilinear (na qual o responsável pelo adolescente é do sexo feminino) e
patrilinear (na qual o responsável pelo adolescente é do sexo masculino);
o História de doença mental na família – variável nominal, categorizada em
ausente e presente.
Foram classificadas como variáveis de estudo, as seguintes:
o Sexo – variável nominal, categorizada como feminino e masculino;
o Estado civil variável nominal, categorizada como com companheiro e sem
companheiro;
o Tipo de pele variável ordinal, categorizada em tipo 0 a VI, segundo a escala
de fototipos de Fitzpatrick (1988) (Quadro 3).
FOTOTIPOS CARACTERÍSTICAS REAÇÕES AO SOL
0 Albino Queimadura
I Cabelo ruivo, pele branca com sardas Queima facilmente, nunca bronzeia
II
Pele branca, cabelo loiro ou castanho
claro, olhos claros ou não
Dificilmente bronzeia,
usualmente queima
III
Pele branca, cabelo castanho ou preto,
olhos castanhos escuros ou pretos
Queimadura moderada,
Bronzeamento médio
IV
Pele cor jambo, cabelo preto, olhos
castanhos escuros ou pretos
Raramente queima,
Bronzeia com facilidade
V Mulato
Queima raramente,
Bronzeia facilmente
VI Negro
Não queima,
Bronzeia muito
Quadro 3 - Classificação do fototipo segundo escala de pigmentação de Fitzpatrick
FONTE: FITZPATRICK, 1988
o Estrutura familiar variável nominal, categorizada em núcleo familiar
tradicional (composto por pai e mãe) e núcleo familiar não tradicional (com
outras composições);
o Classe econômica ou Classe social Brasil – variável ordinal, considerada como
a categoria de poder de compra determinado com base nos critérios da
Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisa (ABEP, 2003). Para essa classificação, foram convertidos em pontos
o grau de instrução dos pais do adolescente pesquisado e a quantidade de
30
bens de consumo existentes em sua casa. A soma desses pontos
correspondeu a uma das sete classes econômicas Brasil, conforme constante
do Quadro 4.
Soma de pontos CLASSE ECONÔMICA Renda média familiar real
30 – 34 A1 11.294,00
25 – 29 A2 6.736,00
21 – 24 B1 4.064,00
17 – 20 B2 2.419,00
11 – 16 C 1.343,00
6 – 10 D 614,00
0 – 5 E 300,00
Quadro 4 – Classes econômicas, segundo número de pontos da Classificação Econômica
Brasil e renda média familiar mensal
FONTE: Adaptado de ABEP. Critério de Classificação Econômica Brasil. Rio de Janeiro: ABEP, 2003
o Associação da condição estudantil e laboral variável nominal, categorizada
em estuda e não trabalha, estuda e trabalha no mercado formal, estuda e
trabalha no mercado informal familiar e estuda e trabalha no mercado informal
não familiar;
o Grau de depressão variável ordinal, categorizada segundo a conversão da
soma de pontos obtidos nos itens da escala de Hamilton para depressão
(HAM-D), categorizado em: ausente, leve, moderada e grave, conforme
constante do Quadro 5.
TOTAL DE PONTOS
Escala de depressão de Hamilton
0 – 7 Depressão ausente
8 – 17 Depressão leve
18 – 24 Depressão moderada
25 Depressão grave
Quadro 5 – Conversão da soma de pontos da escala de Hamilton em graus de depressão
o Grau de ansiedade variável ordinal, categorizada segundo a conversão da
soma de pontos dos itens da escala de Hamilton para ansiedade (HAM-A),
categorizado em: leve, moderada e grave, conforme constante do Quadro 6.
TOTAL DE PONTOS
Escala de ansiedade de Hamilton
0 – 17 Ansiedade leve
18 – 24 Ansiedade moderada
25 Ansiedade grave
Quadro 6 – Conversão da soma de pontos da escala de Hamilton em graus de ansiedade
31
4.7. Procedimento para levantamento dos dados
Foi solicitada a anuência do Exmo. Sr. Secretário de Educação do
Estado de Pernambuco, para que a pesquisa pudesse ser apresentada ao Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco, documento que foi
despachado favoravelmente (Anexo A).
Após aprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Pernambuco, apresentaram-se às GERE Norte e Sul, o
documento de anuência do Exmo. Sr. Secretário de Educação do Estado de
Pernambuco e a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de
Pernambuco, para que essas Gerências comunicassem ao Diretores das escolas
sorteadas a autorização de levantamento de dados, com os quais foram
agendados os dias e horários.
Inicialmente, foram convidados os alunos a participar da pesquisa e,
para tanto, foi-lhes entregue o Termo de Consentimento Livre Esclarecido
(Apêndice B) para assinatura dos pais ou responsáveis.
Em dia e horário previamente agendado para levantamento dos
dados, os alunos autorizados a participar da pesquisa deslocaram-se em
presença de um representante da escola e da pesquisadora para a biblioteca ou
para uma sala de aula que não estava sendo ocupada naquele horário. Foi
distribuído o questionário com dados demográficos, socioeconômicos e da
constelação familiar juntamente com as escalas de ansiedade de Hamilton e de
depressão de Hamilton (Anexo B). Foi dada a orientação sobre o preenchimento
dos mesmos. A pesquisadora lia a pergunta em voz alta e os alunos a
respondiam, uma a uma até a conclusão do preenchimento total. No decorrer
desse preenchimento as dúvidas iam sendo esclarecidas. Em dia, o tempo de
aplicação igualou-se a 30 a 40 minutos.
Na Figura 2 representa-se o esquema do desenho do estudo e dos
passos executados para o levantamento dos dados.
32
Figura 2 – Esquema do desenho do estudo, da coleta e dados e da fase de análise
4.8. Análise dos dados
Os dados foram organizados por meio do programa EPI-INFO
versão 6.04d do Center for Disease Control and Prevention (WHO, 2001). A
análise dos resultados foi feita utilizando-se o programa Statistical Package for
Social Sciences (SPSS), versão 13.0.
Para caracterização amostral, foram empregados os parâmetros da
Estatística Descritiva: distribuição de freqüências absolutas e relativas, média,
desvio padrão. Na análise inferencial, foram utilizados os testes estatísticos do
Qui quadrado ou exato de Fisher, ambos ao nível de significância de 0,05.
33
4.9. Procedimentos éticos
Este estudo foi realizado considerando os aspectos éticos
pertinentes às pesquisas que envolvem seres humanos, conforme a Resolução nº
196/96 do Conselho Nacional de Saúde / Ministério de Saúde (BRASIL, 1996),
sedo submetido à apreciação da Comissão de Ética em Pesquisa – CEP da
Universidade de Pernambuco – UPE, e aprovado sob n°. 163/06 (Anexo C).
Aos participantes foram explicados os objetivos do estudo e seus
direitos, após foi oferecido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para
assinatura do responsável pelo adolescente.
A pesquisa não apresentou qualquer forma de conflito de interesses.
34
5. RESULTADOS
5.1. Caracterização sócio-demográfica dos estudantes
Foram analisados dados de 242 estudantes, na faixa etária de 14 a
16 anos, com média de 14,87 ± 1,29 anos; 135 (55,8%) do sexo feminino e 106
(44,2%) do masculino. Cinqüenta e cinco (23,1%) estudantes informaram viver
com companheiro(a). Questionados quanto à característica da pele no dia
seguinte à exposição à radiação solar, dentre os 235 (97,1%) respondentes,
houve predomínio do tipo 4 (139; 59,1%) sobre o tipo 3 (96; 40,9%), segundo a
classificação de Fitzpatrick (Tabela 1).
Quanto à religião professada, dentre os 240 estudantes, que
forneceram a informação, predominaram a católica (130; 54,2%) e a evangélica
(67; 27,9%) (Tabela 1).
Tabela 1 – Distribuição dos estudantes quanto às características sócio-demográficas –
Recife, Setembro-Novembro 2006
VARIÁVEIS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
Freqüência Percentual
IDADE (anos)
14 93 38,4
15 74 30,6
16 75 31,0
Sexo
feminino
135 55,8
masculino
106 43,8
Estado civil declarado
(1)
com companheiro
55 23,1
sem companheiro
183 76,9
Tipo de pele segundo classificação de Fitzpatrick
(2)
Tipo III – pele apenas vermelha sem bronzeamento
96 40,9
Tipo IV – presença de bronzeamento
139 59,1
Religião
(3)
católica
130 54,2
evangélica
67 27,9
outras
31 12,9
espírita
9 3,8
umbanda
2 0,8
budista
1 0,4
NOTAS: (
1
) Quatro alunos omitiram a informação sobre estado civil
(
2
) Sete estudantes omitiram a informação sobre tipo de pele
(
3
) Dois estudantes não responderam à pergunta
35
Os alunos procederam de escolas privadas (29; 12%) ou públicas
(213; 88%), sob a jurisdição das Gerências Regionais de Educação Norte (88
escolas; 36,4%) ou Sul (154 escolas; 63,6%), sendo 42 (17,4%) de grande porte,
89 (36,8%) de porte médio e 111 (45,9%) pequeno (Tabela 2).
O tempo médio de estudo igualou-se a 9,61 ± 3,06 anos. Houve
predomínio de alunos cursando o ensino fundamental II (200; 82,6%), entre e
8ª séries, estando 42 (17,4%) no ensino médio (Tabela 2).
Tabela 2 – Distribuição dos 242 estudantes quanto às características das escolas
pesquisadas – Recife, Setembro-Novembro 2006
CARACTERÍSTICAS DAS ESCOLAS PESQUISADAS
Freqüência Percentual
Gerência Regional de Educação responsável pela escola
Norte 88 36,4
Sul 154 63,6
Tipo de escola
Pública
213 88,0
Privada
29 12,0
Porte da escola
Pequeno
111 45,9
Médio
89 36,8
Grande
42 17,4
Escolaridade
Fundamental II
200 82,6
5ª série
7 2,9
6ª série
21 8,7
7ª série
81 33,5
8ª série
91 37,6
Médio
42 17,4
ano
31 12,8
ano
11 4,5
Constatou-se que a maioria (86,6%) dos pesquisados exerciam
exclusivamente a ocupação de estudante. Trinta e dois (13,4%) adolescentes
acumulavam outra ocupação além daquela de estudante, sendo 4 (12,5%) no
mercado formal e 28 (87,5%), no mercado informal, dentre os quais predominou o
exercício de atividade laboral em ambiente não familiar (Tabela 3).
36
Tabela 3 – Distribuição dos 239 estudantes quanto à associação da condição estudantil e
laboral – Recife, Setembro-Novembro 2006
ASSOCIAÇÃO DA CONDIÇÃO ESTUDANTIL E LABORAL
Freqüência Percentual
Estuda e não trabalha 207 86,6
Estuda e trabalha no mercado formal
4 1,7
Estuda e trabalha no mercado informal familiar
4 1,7
Estuda e trabalha no mercado informal não familiar
24 10,0
NOTA: Três estudantes omitiram essa informação
Os alunos pesquisados, quanto às condições habitacionais,
caracterizaram-se pelo predomínio de moradia na cidade do Recife (221; 94,9%),
em casa de alvenaria (231; 96,7%), com abastecimento de água encanada (218;
93,2% e fornecimento de luz elétrica (9,6%) (Tabela 4).
Tabela 4 – Distribuição dos estudantes quanto às características habitacionais – Recife,
Setembro-Novembro 2006
CARACTERÍSTICAS HABITACIONAIS
Freqüência Percentual
Local de moradia
(1)
Recife
221 94,9
Olinda
8 3,4
Jaboatão dos Guararapes
4 1,7
Tipo de moradia
(2)
Alvenaria 231 96,7
Madeira 2 0,8
Outro
6 2,5
Tipo de abastecimento de água
(3)
Água encanada
218 93,2
Outras formas de abastecimento
16 6,8
Poço
10 4,3
Açude
1 0,4
Não encanada e sem especificação
5 2,1
Fornecimento de luz elétrica
(4)
Presente
237 99,6
Ausente
1 0,4
NOTA: (
1
) Nove estudantes omitiram essa informação
(
2
) Três estudantes omitiram o tipo de moradia
(
3
) Oito estudantes omitiram o tipo de abastecimento de água
(
4
) Quatro estudantes não informaram sobre o fornecimento de luz elétrica
Quanto à classe econômica das famílias, adotada a Classe Brasil,
constatou-se predomínio da classe C. Identificou-se também que a maioria da
37
amostra pesquisada (56,5%) percebia mensalmente até 4,5 salários mínimos
(Gráfico 1).
6,6
4,1
13,6
19
42,1
13,2
1,2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
percentual
A1 A2 B1 B2 C D E
classe econômica Brasil
Gráfico 1– Distribuição dos 242 estudantes segundo classe econômica familiar mensal no
critério Classe Brasil
5.2. Caracterização do núcleo familiar dos estudantes
Quanto à escolaridade, observou-se que, apesar de os pais terem
maior escolaridade que as mães, também entre eles foi mais freqüente a
iletracidade que dentre as mães, assim como o foi o terceiro grau (Tabela 5).
Tabela 5 – Distribuição da escolaridade do núcleo familiar dos 242 escolares pesquisados –
Recife, Setembro-Novembro 2006
Mãe Pai
ESCOLARIDADE DO NÚCLEO FAMILIAR
freqüência
percentual
freqüência
percentual
Não lê e não escreve 11 4,5 20 8,3
Ensino fundamental I 119 49,1 92 38,1
Ensino fundamental II 45 18,6 48 19,8
Ensino médio 33 13,6 29 12,0
Terceiro grau 34 14,0 53 21,9
O núcleo familiar dos adolescentes estudados caracterizou-se por
ser, mais freqüentemente, não tradicional e patrilinear. Quarenta e três (17,8%)
adolescentes referiram história de doença mental em um membro da família
(Tabela 6).
38
Tabela 6 – Distribuição das características do núcleo familiar dos 242 estudantes – Recife,
Setembro-Novembro 2006
CARACTERIZAÇÃO DO NÚCLEO FAMILIAR freqüência percentual
Tipo de núcleo familiar
Tradicional 96 39,7
Não tradicional 146 60,3
Tipo de família quanto ao responsável
(1)
Matrilinear 115 48,3
Patrilinear 123 51,7
História de doença mental na família
presente 43 17,8
ausente 199 82,2
NOTA:
(1)
– Quatro (1,6%) alunos não informaram seu responsável
5.3. Prevalência de sintomas depressivos e de ansiedade
Classificados os adolescentes por meio da soma de pontos obtidos
na escala de depressão de Hamilton, 95 (40,1%) obtiveram um total máximo de 7
pontos, tendo sido classificados como ausência de sintomas depressivos,
enquanto que 147 (59,9%) estudantes totalizaram 8 a 39 pontos, sendo
classificados como presença de sintomas depressivos. Dentre os adolescentes
com presença desses sintomas, foi constatado grau leve em 99 (40,9%),
seguindo-se grau moderado, acometendo 32 (13,2%) estudantes, e 14 (5,8%)
casos de sintomas depressivos graves (Gráfico 2).
sintomas
depressivos
graves
5,8%
ausência de
sintomas
depressivos
40,1%
sintomas
depressivos
moderados
13,2%
sintomas
depressivos
leves
40,9%
Gráfico 2– Distribuição de graus de sintomas depressivos entre 242 estudantes – Recife,
Setembro/Novembro 2006
39
Quanto aos aspectos avaliados para classificação da graduação dos
sintomas depressivos, identificou-se que a maioria dos adolescentes apresentara
humor deprimido (68,6%), sentimentos de culpa expressos por auto-recriminação
ou idéias de culpa (61,6%) e agitação, identificada pela pesquisadora por
irrequietude e desassossego durante a resposta ao questionário (50,8%). Menos
freqüentemente foram relatados sintomas genitais (19,8%), hipocondria (19,4%) e
perda de peso percebida pelo aluno (10,7%) ou referida com base em avaliação
que o aluno afirmou ter realizado (8,7%) (Tabela 7).
É importante ressaltar que 83 (34,3%) alunos referiram ideação
suicida ou mesmo tentativa de suicídio, expressa espontaneamente como: Eu
tentei suicídio”; “Eu preparei tudo para me suicidar, mas o tive coragem” ou
“Eu bebi água sanitária” (Tabela 7). A ideação suicida foi mais freqüente em
adolescentes do sexo feminino do que no sexo masculino, numa proporção de
1,88:1,00.
Tabela 7 – Distribuição dos aspectos avaliados para classificação dos sintomas
depressivos dos 242 estudantes – Recife, Setembro-Novembro 2006
GRADUAÇÃO
ausente
(pontuação = 0)
presente
(pontuação de
1 a 4)
ASPECTOS AVALIADOS PARA CLASSIFICAÇÃO DOS
SINTOMAS DEPRESSIVOS
n % n %
Humor deprimido 76 31,4 166 68,6
Sentimentos de culpa (auto-recriminação) 93 38,4 149 61,6
Agitação (inquietude e irrequietude)
119 49,2 123 50,8
Insônia terminal
128 52,9 114 47,1
Crítica (auto-avaliação de doença) 135 55,8 107 44,2
Ansiedade somática 144 59,5 98 40,5
Ansiedade psíquica 152 62,8 90 37,2
Trabalhos, estudos e atividades (interesse, produtividade) 155 64,0 87 36,0
Suicídio (ideação e tentativa) 159 65,7 83 34,3
Insônia inicial 165 68,2 77 31,8
Sintomas somáticos – apetite e digestivos 167 69,0 75 31,0
Sintomas somáticos gerais 173 71,5 69 28,5
Retardo (dificuldade de concentração e lentificação) 176 72,7 66 27,3
Insônia intermediária 177 73,1 65 26,9
Sintomas genitais 194 80,2 48 19,8
Hipocondria 195 80,6 47 19,4
Perda de peso de acordo com a avaliação do aluno 216 89,3 26 10,7
Perda de peso aferida em balança em medidas semanais 221 91,3 21 8,7
40
Foi identificada ansiedade de grau leve em 194 (80,2%) estudantes,
seguindo-se o grau moderado, acometendo 27 (11,2%) estudantes e o severo em
21 (8,7%) casos (Gráfico 3).
ansiedade
moderada
11,2%
ansiedade
severa
8,7%
ansiedade
leve
80,2%
Gráfico 3– Distribuição de graus de ansiedade entre 242 estudantes – Recife, Setembro-
Novembro 2006
Quanto aos itens avaliados na escala de ansiedade de Hamilton,
constatou-se que foram mais freqüentes: medo, relatado por 24,8% dos
adolescentes, seguindo-se comportamento ansioso durante a entrevista com a
pesquisadora (21,5%), humor ansioso (21,1%) e tensão (20,7%). Os sintomas
respiratórios, gastrintestinais e geniturinários menos freqüentemente foram
referidos (9,9%, 8,7% e 5,8%, respectivamente) (Tabela 8).
41
Tabela 8 – Distribuição dos aspectos avaliados para classificação dos sintomas ansiosos
dos 242 estudantes – Recife, Setembro-Novembro 2006
GRADUAÇÃO
leve média a máxima
ASPECTOS AVALIADOS PARA
CLASSIFICAÇÃO DA ANSIEDADE
n % n %
Medo 182 75,2 60 24,8
Comportamento ansioso durante a entrevista 190 78,5 52 21,5
Humor ansioso 191 78,9 51 21,1
Tensão ( 192 79,3 50 20,7
Dificuldades intelectuais 196 81,0 46 19,0
Humor deprimido
198 81,8 44 18,2
Somatizações sensoriais 200 82,6 42 17,4
Insônia 202 83,5 40 16,5
Sintomas neurovegetativos 204 84,3 38 15,7
Somatizações motoras 207 85,5 35 14,5
Sintomas cardiovasculares
207 85,5 35 14,4
Manifestações fisiológicas 211 87,2 31 12,8
Sintomas respiratórios 218 90,1 24 9,9
Sintomas gastrintestinais 221 91,3 21 8,7
Sintomas geniturinários 228 94,2 14 5,8
Analisando a associação entre as características dos adolescentes e
a graduação de sintomas depressivos, identificou-se que:
o Os adolescentes com núcleo familiar não tradicional, comparados àqueles
pertencentes a núcleo familiar tradicional, mais freqüentemente referiram
sintomas depressivos, mas não houve diferença significante (p=0,223).
o O sexo feminino associou-se à presença de sintomas depressivos (p=0,006),
principalmente de intensidade grave (p=0,003);
o A idade e o tipo da pele não se associaram aos graus de sintomas
depressivos (p=0,942 e p=0,530, respectivamente);
o Os adolescentes que declararam professar religião ligada a correntes do
cristianismo (referidos como religião católica, evangélica, protestante ou
espírita) mais freqüentemente relataram ausência de sintomas depressivos,
enquanto aqueles que se declararam adeptos a religião ligada a outras
correntes (referidos como religião budista, umbandista, outras) informaram
42
presença de sintomas depressivos, predominantemente de intensidade grave.
Essa diferença foi significante (p=0,005);
o O tipo de escola e a GERE a que a mesma estava adscrita não se associaram
aos sintomas depressivos (p=0,798 e p=0,685, respectivamente) (Tabela 9).
Tabela 9 – Distribuição das características dos 242 estudantes segundo graduação dos
sintomas depressivos – Recife, Setembro-Novembro 2006
GRADUAÇÃO DOS SINTOMAS DEPRESSIVOS
ausentes leves moderados graves
CARACTERÍSTICAS DOS
ADOLESCENTES
n % n % n % n %
p
Núcleo familiar
0,223
Tradicional 43 38,5 8 5,6 35 39,3 10 12,7
Não tradicional 54 58,5 6 8,4 64 59,7 22 19,3
Sexo
0,029
Feminino 44 45,4 11 78,6 60 61,2 20 62,5
Masculino 53 54,6 3 21,4 38 38,8 12 37,5
Idade
0,942
14 38 37,3 4 5,4 38 38,0 13 12,3
15 31 29,7 6 4,3 28 30,3 9 9,8
16 28 30,1 4 4,3 33 30,7 10 9,9
Tipo da pele
0,530
Tipo 2 44 38,5 4 5,6 33 39,3 15 12,7
Tipo 4 50 55,7 10 8,0 63 56,9 16 18,4
Religião
0,005
Cristianismo 88 90,7 76 76,8 25 78,1 8 57,1
Não cristianismo 9 9,3 23 23,2 7 21,9 6 42,9
Tipo de escola
0,798
Privada 10 11,6 1 1,7 14 11,9 4 3,8
Pública 87 85,4 13 12,3 85 87,1 28 28,2
GERE
0,685
Norte 35 35,3 7 5,1 36 36,0 10 11,6
Sul 62 61,7 7 8,9 63 63,0 22 20,4
Dentre os sintomas depressivos, buscou-se detalhar as associações
de ideação ou tentativa de suicídio e tipo de escola, graduação dos sintomas
depressivos e dos sintomas de ansiedade. A ideação suicida esteve associada a
a sintomas depressivos leves ou moderados, estudo em escola pública e
sintomas moderados de ansiedade, enquanto que a tentativa de suicídio
associou-se a sintomas depressivos graves, estudo em escola privada e
ansiedade severa, sendo todas essas associações significantes (p<0,001; p=
0,005 e p=0,002) (Tabela 10).
43
Tabela 10 – Distribuição da graduação de sintomas depressivos, tipo de escola e graduação
de sintomas de ansiedade dos 242 estudantes segundo ideação suicida ou tentativa de
suicídio – Recife, Setembro-Novembro 2006
Quanto à graduação dos sintomas de ansiedade, foi possível
identificar (Tabela 11):
o Ausência de associação com as características do núcleo familiar (p=0,220);
com o tipo da pele (p=0,671), religião (p=0,108), tipo de escola (p=0,192) e
GERE a que a escola estava adscrita (p=0,638)
o Associação significante entre ser do sexo feminino e apresentar sintomas de
ansiedade de graus moderado e severo (p=0,018);
GRADUAÇÃO DOS SINTOMAS DE SUICÍDIO
Ausência
Ideação
suicida
Tentativa de
suicídio
p
CARACTERÍSTICAS DOS
ADOLESCENTES
n % n % n %
Graduação de sintomas depressivos
Ausente 89 56,0 8 11,0 - -
<0,001
Leve 58 36,5 35 47,9 6 60,0
Moderada 11 6,9 20 27,4 1 10,0
Grave 1 0,6 10 13,7 3 30,0
Tipo de escola
0,005
Privada 21 13,2 4 5,5 4 40,0
Pública 138 86,8 69 94,5 6 60,0
Graduação de sintomas de ansiedade
0,002
Leve 139 87,4 48 65,8 7 70,0
Moderada 13 8,2 13 17,6 1 10,0
Severa 7 4,4 12 16,4 2 20,0
44
Tabela 11 - Distribuição das características dos 242 estudantes segundo graduação dos
sintomas de ansiedade – Recife, Setembro-Novembro 2006
GRADUAÇÃO DA ANSIEDADE
leve moderada severa p
VARIÁVEL
n % n % n %
Núcleo familiar
0,220
Tradicional 73 77,0 11 10,7 12 8,3
Não tradicional 121 62,4 16 59,3 9 42,9
Sexo
0,018
Feminino 103 53,1 19 70,4 13 61,9
Masculino 91 46,9 7 25,9 8 38,1
Idade
0,145
14 75 38,7 14 51,9 4 19,0
15 62 32,0 5 18,5 7 33,3
16 57 29,4 8 29,6 10 47,6
Tipo de pele
Tipo 2 80 41,2 10 37,0 6 28,6 0,671
Tipo 4 108 55,7 16 59,3 15 71,4
Tipo de escola
0,192
Privada 20 10,3 6 22,2 3 14,3
Pública 174 89,7 21 77,8 18 85,7
Religião
0,108
Cristianismo 161 83,0 18 66,7 18 85,7
Não cristianismo 33 17,9 9 33,3 3 14,3
GERE
0,638
Norte 69 35,6 12 44,4 7 33,3
Sul 125 64,4 15 55,6 14 66,7
Identificou-se que a presença de sintomas de ansiedade associou-se
significantemente à presença de sintomas depressivos, predominando a
ansiedade excessiva e presença de depressão (p<0.001) (Tabela 12).
Tabela 12 – Relação entre a adequabilidade da ansiedade e a presença de sintomas
depressivos em 242 estudantes – Recife, Setembro-Novembro 2006
DEPRESSÃO
presente ausente p
ANSIEDADE
n % n %
Excessiva 46 95,8 2 4,2 p<0,001
Adequada 99 51,0 95 49,0
45
6. DISCUSSÃO
A validade dos resultados de uma pesquisa está condicionada à
qualidade dos procedimentos metodológicos que a antecederam
(DERSIMONIAN; KACKER, 2006). Por este motivo, antes de analisar os
resultados da presente pesquisa cumpre ressaltar alguns aspectos da
metodologia adotada com a qual se buscou a obtenção de uma amostra o mais
representativa possível dos alunos de escolas públicas e privadas da Cidade do
Recife, que poderiam ser incluídos. Em primeiro lugar tomou-se por base a
estratificação amostral proporcional semelhante à empregada no British
Association for the Study of Community Dentistry (BASCD) (PINER; PITTS;
NUGENT, 1997), obedecendo ao que preconizam Stroup et al. (2000) no
consenso de estudos observacionais epidemiológicos, ao referirem à necessidade
de adotar procedimentos amostrais consagrados na realização de pesquisas em
populações de características semelhantes.
O BASCD foi realizado nas escolas da Inglaterra, com o objetivo de
determinar a prevalência de alterações odontológicas. Tal como a literatura refere
ocorrer na depressão e na ansiedade, os problemas odontológicos relacionam-se
ao nível socioeconômico e cultural da população pesquisada, que esses são
determinantes dos valores vigentes que interferem diretamente sobre o risco a
que os indivíduos aceitam estar submetidos. Por esse motivo a estratificação da
presente pesquisa contemplou escolas das GERE Norte e Sul, públicas e
privadas e, nelas, alunos de todas as séries e níveis, desde que tivessem idade
de 14 a 16 anos, independente de sexo.
Para manter a metodologia proposta e solucionar a dificuldade
derivada da intolerância de alguns diretores de escola em contribuir para com a
pesquisa, apesar de administrativamente terem sido cumpridos todos os
procedimentos adequados, às escolas nas quais em que não se obteve
autorização para coleta de dados foram substituídas por outras na mesma região,
com o mesmo porte, pesquisando-se o mesmo número de alunos previamente
planejados. A diferença que se observou na presente pesquisa do maior número
de escolas na GERE Sul do que na Norte derivou da distribuição real dessas
46
escolas na Cidade do Recife, o que parece sofrer influência do poder aquisitivo,
mais do que da distribuição populacional.
diversas escalas classificatórias para determinar o grau de
severidade dos sintomas de depressão e de ansiedade. Dentre essas, esa de
Hamilton, a qual, ao longo do tempo, passou a ser empregada também a
pacientes não internados, assim como a pessoas com formas menos severas de
depressão e que, portanto, não necessitavam tratamento medicamentoso
(WILLIAMS, 2001).
Apesar da existência de diversas escalas para avaliação de
depressão e ansiedade, indubitavelmente a de Hamilton é a mais utilizada
mundialmente e, provavelmente, a mais importante, considerando que as demais
escalas foram construídas como modificações da mesma (CALIL; PIRES, 1998).
Por este motivo, a escala de Hamilton tornou-se o padrão-ouro para avaliação,
ainda que suscite alguns questionamentos, marcadamente relativos à falta de
padronização na aplicação. Williams (2001) afirma que, a partir do ano 2000, se
tem buscado a criação de um manual de padronização da administração e da
pontuação da escala de Hamilton, mas que ela ainda é a mais adequada e a mais
usada por pesquisadores do mundo todo para fins clínicos e acadêmicos.
Do ponto de vista prático, a utilização da escala de Hamilton pode
apresentar algumas dificuldades. Pode ser difícil ao avaliado compreender a
diferença entre as graduações de intensidade dos sintomas pela escala de Likert,
em virtude dos conceitos pessoais que tem sobre maior ou menor, aumentado ou
diminuído, leve, dio, forte e máximo. Esta dificuldade pode estar relacionada à
escolaridade do avaliado e a sua classe social, por contribuir para com uma
deficiência de vocabulário ou uma capacidade de concentração diminuída,
exigindo do avaliador algumas precauções (MÖLLER, 2001).
Quanto ao examinador, podem ocorrer dificuldades oriundas da falta
de familiaridade com o teor e a interpretação das respostas ao questionário,
assim como em função de sua experiência e de sua capacidade de adequar seu
vocabulário às necessidades de compreensão dos avaliandos, mantendo a calma
e a discrição necessárias para evitar constrangimentos a ambas as partes. No
47
caso de mais de um avaliador para coleta de dados de um único estudo, pode
ocorrer discrepância de conduta na aplicação do questionário, o que também se
constitui em fonte de viés (MÖLLER, 2001).
No presente estudo foram adotadas algumas condutas
metodológicas para reduzir a possibilidade de viés. Em primeiro lugar houve um
único examinador, a pesquisadora, envolvido na obtenção das respostas ao
questionário, a qual houvera visitado as escolas locais do estudo, o que lhe
possibilitou uma análise prévia da adequabilidade do vocabulário para diálogo
com os estudantes durante a coleta de dados, já que tais visitas permitiram
avaliar, ainda que grosseiramente, as condições socioeconômicas desses alunos.
Esta avaliação prévia foi confirmada pela pesquisa, quando se identificou que os
alunos provinham predominantemente da Classe Brasil C, tendo por parentais
indivíduos de baixa escolaridade com núcleo familiar predominantemente não
tradicional.
A prevalência de depressão identificada em 59,9% dos estudantes
pesquisados foi maior do que a referida em diversos estudos. Dentre eles, o
estudo de Bahls, em 2000, na cidade de Curitiba, envolvendo 463 alunos de
escolas públicas, com idade de 10 a 17 anos, e a prevalência de 13,7%,
determinada por Fonseca, Ferreira e Fonseca, em 2005, entre escolares de 7 a
13 anos de idade, no interior do estado de Minas Gerais. A prevalência
determinada por Bandim, Sougey e Carvalho (1995) igualou-se a 12,5% no
Recife. Barbosa e Gaião, em 2001, revelaram 22% de sintomas depressivos em
crianças na Paraíba e Curatolo (2001) obteve taxa de 21% de crianças com
sintomatologia depressiva em São Paulo. No entanto Espeleta, em 1988, relata
taxa variando de 0% a 64% entre escolares, em função de diferenças regionais,
econômicas, pessoais e de etapas do ciclo da vida. Salle (1999), investigando
sintomatologia depressiva em adolescentes de 15 a 17 anos de idade, do ensino
médio, em Porto Alegre, por meio da escala de Beck, refere 32% de prevalência.
Em pesquisa realizada por Sukiennik et al. (2000) em uma escola do Rio Grande
do Sul, a prevalência de sintomatologia depressiva em 150 adolescentes de
segundo grau, empregando o Beck depressment inventary, igualou-se a 42,7%.
48
A diferença de prevalência entre o presente estudo e os demais
autores citados pode estar relacionada a dois aspectos. Em primeiro lugar cumpre
ressaltar que muitos desses adolescentes com sintomas depressivos podem não
apresentar transtorno depressivo formal pelos critérios diagnósticos, já que a
prevalência deste último varia entre 3% e 5%. Em segundo lugar deve-se
enfatizar que a comparação entre esses estudos pode ser prejudicada em virtude
de diferenças regionais, econômicas e culturais existentes entre as populações
brasileiras (BAPTISTA; GOLFETO, 2000).
A Cidade do Recife tem se caracterizado por altas taxas de violência
e criminalidade. O Mapa da Violência 2006, divulgado pela Organização dos
Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura, aponta que na
cidade, são mortos de forma violenta 223,6 jovens de cada 100 mil habitantes,
taxa essa muito maior que o da segunda colocada na lista, Vitória do Espírito
Santo, onde 64,4 jovens por 100 mil habitantes são mortos por ano
(VALADARES, 2006).
Lima et al. (2005), num estudo sobre conglomerados de violência em
Pernambuco refere o aumento das taxas de homicídio na Cidade do Recife de
389,8%, no período de 1998 a 2001, a mais alta do País, e comenta que os focos
de violência localizam-se em áreas com condições socioeconômicas precárias,
como favelas, nas quais jovens com objetivo de vida convivem com o tráfico e o
comércio ilícito de drogas, o roubo, o furto e outros atos de violência que os
expõem a riscos e lhes exigem a adoção de um novo modo de vida.
Rosa, Carignato e Berta, em 2006, ao analisarem a psicanálise
diante da realidade, dos ideais e das violências contemporâneas, chamam a
atenção para um paradoxo de viver a adolescência, uma fase de ideais e conviver
com uma realidade ética e política imposta que os abstém dos dilemas éticos e
gera, para além do mal-estar, violências. A isso se associam a necessidade de
trabalhar para compor a renda familiar, provir de um núcleo familiar não
tradicional, dispor de pouco apoio social, conviver com o desemprego e por vezes
morar sozinho, ter participação limitada em atividades recreativas e consumir
álcool e drogas, Parece ter sido esse o contexto no qual os alunos pesquisados
referiram sintomas depressivos altamente prevalentes.
49
Parte dos estudantes que participaram da pesquisa residia na favela
do Bode, local assim descrito por Luce Pereira (2006):
(...) jovens criados em lugares insalubres como aquele – que não sabem
o que são programas sociais, não vêem a face do Estado, nem das
ONG, nem mesmo da Igreja – sem nenhuma referencia afetiva, só
podem mesmo atribuir a vidas humanas o mesmo valor que atribuem a
ratos. Pois são com o que se confundem ali, mergulhados no escuro, na
lama , no mal cheiro e nos mal-tratos” (PEREIRA, 2006, p. B12).
Dentre os aspectos avaliatórios para classificação dos sintomas
depressivos cumpre ressaltar a ideação e a tentativa de suicídio, referidos por
34,3% dos pesquisados. Segundo Kazdin e Marciano (1998), a ideação suicida e
a tentativa de suicídio são particularmente comuns e podem estar presentes entre
5% a 20% dos indivíduos nessa faixa etária, sendo mais comum no sexo
feminino, tendo sido atribuídos ao desenvolvimento do pensamento abstrato, por
volta dos 12 anos de idade, que traz consigo uma compreensão mais clara do
fenômeno da morte, e, conseqüentemente, nos adolescentes depressivos, tanto
as idéias de suicídio como as tentativas (BAHLS, 2002).
As associações significantes da tentativa de suicídio a sintomas
depressivos graves e ansiedade severa, fisiologicamente podem ser explicadas,
apesar disso a significância da relação entre estudo em escola privada e ideação
ou tentativa de suicídio foi uma constatação para qual deve-se buscar explicação,
já que na literatura consultada este achado não foi relatado.
Os sintomas depressivos mais prevalentes no presente estudo foram
referidos por Bahls (2002), como aspectos clínicos de depressão em
adolescentes, podendo estar presentes em até 80%, aos quais se associam
sentimentos de auto-recriminação e inquietude.
Quanto à ansiedade, é necessário ressaltar que 80,2% dos jovens
pesquisados apresentaram ansiedade de grau leve com manifestação de um
processo motivacional adequado para essa fase de vida, marcada pela
descoberta de um mundo novo, à luz de uma compreensão também nova, o que
não deve ser preocupante. No entanto, a prevalência de 19,9% de adolescentes
com ansiedade de graus moderado e severo significantemente associada à
50
presença de sintomas depressivos pode estar indicando um risco maior de
desenvolvimento de transtorno ansioso, cuja prevalência pode variar, em
adolescentes, em torno de 4% (CASTILLO et al., 2000), podendo, então, ser
considerada alta. O entorno de meio ambiente e de convívio pode, também, estar
contribuindo com essa prevalência alta por um processo análogo, que parece ter
ocorrido na prevalência elevada de sintomas depressivos.
Um achado que pareceu interessante e indicativo de uma alteração
de valores sociais, a ser pesquisada com amostras maiores, foi a associação
entre sintomas depressivos e religião não católica. Não se encontrou na literatura
referência a esse aspecto.
Os resultados dessa pesquisa podem estar a indicar que as
características psicopatológicas dos adolescentes estão a requerer que a escola
resgate sua condição de lugar onde o aluno possa se desenvolver com saúde,
abrigado e protegido até que possa melhorar suas condições de vida. A escola e,
especialmente, a sala de aula, devem ser lugares nos quais as agruras a que
estão expostos os adolescentes pesquisados possam ser minimizadas e o
aumento do conhecimento se torne o instrumento que pode efetivamente auxiliá-
los a crescer, se desenvolver e evoluir.
Para que isso se configure como realidade é plausível supor que
estes resultados, divulgados entre os professores e os gerentes das escolas
pesquisadas possam contribuir para a melhoria do adolescente e,
conseqüentemente, do desempenho do aluno. Essas suposições poderão ser
comprovadas por novos estudos.
51
7. CONCLUSÕES
A interpretação e discussão dos resultados desse estudo permitiram
o delineamento de algumas conclusões:
1. as prevalências de depressão e ansiedade em alunos de escolas públicas e
privadas, na cidade do Recife, igualaram-se a 59,9% e 19,9%,
respectivamente;
2. identificou-se associação significante entre sexo feminino e depressão grave
(p=0,003), assim como entre religião não cristã e sintomas depressivos
predominantemente de intensidade grave (p=0,005). As demais variáveis o
se associaram a sintomas depressivos;
3. os sintomas ansiosos de graus moderado e severo associaram-se ao sexo
feminino (p=0,018), ocorrendo associação não significante com as demais
variáveis analisadas;
4. a co-morbidade foi constatada entre depressão e ansiedade, confirmando os
dados da literatura;
5. a ideação suicida / tentativa de suicídio esteve presente em 34,3% da amostra
estudada, um índice alto e alarmante para uma população tão jovem;
6. os dados foram bastante expressivos do estado de semi-anomia que permeia
o meio socioeconômico e cultural do adolescente de escolas públicas e
privadas, objeto da presente investigação.
52
8. RECOMENDAÇÃO
Os achados alarmantes e surpreendentes da nossa pesquisa
representam um sinal de alarme das deficiências existentes na rede de ensino
público em particular, e devem ser divulgados junto às autoridades competentes
visando as medidas cabíveis.
53
9. REFERÊNCIAS
1
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acolher: Projeto Acolher. Brasília: ABEn, 2001. p. 304.
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classificação econômica Brasil. São Paulo: ABEP. 2003.
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Ansiedade de Hamilton. São Paulo. 1985.
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ASSUNÇÃO JR, F. B.; KUCZYNSKI, E. Infância e adolescência. In: FRÁGUAS,
R. J.; FIGUEIRÓ, J. A. B. Depressões – em medicina interna e em outras
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BAHLS, S. C. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes. J
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BAHLS, S. C. Sintomas depressivos em estudantes de 10 a 17 anos: um
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Psicologia da Infância e Adolescência) –Setor de Ciências Humanas, Letras e
Artes. Universidade Federal do Paraná.
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APÊNDICES
60
APÊNDICE A – Relação das escolas públicas e privadas da cidade do Recife, sorteadas para integrar a
pesquisa, segundo porte e localização por GERES
ESCOLA CLASSE TOTAL PORTE GERES
PESO CLASSE X PORTE PESO GERES
PESO GERAL
CONVERSÃO PARA 100%
A PRIVADA 1601 GRANDE SUL 0,052 0,56 0,02912 0,022109515
B PRIVADA 1200 MEDIO NORTE
0,098 0,44 0,04312 0,03273909
C PRIVADA 400 PEQUENO SUL 0,109 0,56 0,06104 0,046344945
D PUBLICA 1770 GRANDE SUL 0,124 0,56 0,06944 0,05272269
E PUBLICA 1104 MEDIO SUL 0,228 0,56 0,12768 0,09694172
F PUBLICA 1556 MEDIO SUL 0,228 0,56 0,12768 0,09694172
G PUBLICA 932 MEDIO SUL 0,228 0,56 0,12768 0,09694172
H PUBLICA 508 PEQUENO NORTE
0,389 0,44 0,17116 0,129954141
I PUBLICA 528 PEQUENO NORTE
0,389 0,44 0,17116 0,129954141
J PUBLICA 152 PEQUENO NORTE
0,389 0,44 0,17116 0,129954141
K PUBLICA 663 PEQUENO SUL 0,389 0,56 0,21784 0,165396179
TOTAIS 10414 1,31708 1
(continua)
61
(continuação)
ESCOLA
% DO TOTAL DE ALUNOS
PROPORÇÃO
GERAL
CONVERSÃO PARA
100%
DE ALUNOS
NÚMERO DE
ALUNOS
MARGEM DE SEGURANÇA
A
0,153735356 0,003399014 0,04431318 9,793212674 10 11
B
0,115229499 0,003772509 0,049182456 10,86932267 11 12
C
0,038409833 0,001780102 0,023207306 5,128814594 5 6
D
0,169963511 0,008960933 0,1168243 25,81817035 26 29
E
0,106011139 0,010276902 0,133980674 29,60972888 30 33
F
0,14941425 0,014484474 0,18883508 41,73255266 42 46
G
0,089494911 0,008675791 0,113106873 24,99661894 25 28
H
0,048780488 0,006339226 0,082644927 18,26452884 18 20
I
0,050700979 0,006588802 0,085898664 18,98360478 19 21
J
0,014595737 0,001896776 0,024728403 5,464977134 5 6
K
0,063664298 0,010529832 0,137278134 30,33846756 30 33
TOTAIS
1 0,076704362 0,999999996 220,9999991 221 245
62
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TÍTULO DA PESQUISA: Depressão e ansiedade em adolescentes na cidade
do Recife
Eu,___________________________________________, abaixo assinado, dou
meu consentimento livre e esclarecido para participar o adolescente sob minha
responsabilidade como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a
responsabilidade da pesquisadora Joana D’Arc Vila Nova Jatobá, assinando este
Termo de Consentimento. Estou ciente de que:
1. o objetivo da pesquisa é determinar a prevalência de depressão e ansiedade
de adolescentes na Cidade do Recife;
2. durante o estudo, o adolescente sob minha responsabilidade responderá a um
questionário proposto pela pesquisadora;
3. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente
sobre a participação do adolescente sob minha responsabilidade na referida
pesquisa;
4. Estou livre para interromper a participação do adolescente sob minha
responsabilidade na referida pesquisa a qualquer momento;
5. Os dados pessoais do adolescente sob minha responsabilidade serão
mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos através da pesquisa serão
utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
6. Poderei contatar o Comitê de Ética da UPE para apresentar recursos ou
reclamações em relação à pesquisa ou ensaio clínico por meio do telefone:
(81) 3416-4000.
Recife, _______de _____________________ de 2005
___________________________________________________
Responsável R.G.:_________________________
___________________________________________________
Pesquisador
Impressão digital
ANEXOS
64
ANEXO A – Ofício de anuência do Exmo. Sr. Secretário de
Educação do Estado de Pernambuco
65
66
ANEXO B – Instrumento de levantamento
Joana D’Arc Vila Nova Jatobá
CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA
INICIAIS: ____________ SEXO: masculino feminino IDADE: _____ anos
QUANDO VOCÊ TOMA SOL, NO DIA SEGUINTE, SUA PELE ESTÁ:
apenas vermelha, mas você não se queima fica mais escura que antes de tomar sol
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR REPRESENTA SEU ESTADO CIVIL:
Não tenho companheiro(a) Tenho companheiro(a)
ASSINALE SUA RELIGIÃO: católica protestante judaica umbandista
espírita candomblé budista evangélica outras
EM QUE CIDADE VOCÊ MORA? ________________________________
QUAL A SÉRIE QUE VOCÊ ESTÁ CURSANDO NA ESCOLA?
Nível fundamental Nível médio
1ª série 5ª série 1ª ano
2ª série 6ª série 2ª ano
3ª série 7ª série 3ª ano
4ª série 8ª série
HÁ QUANTOS ANOS VOCÊ ESTUDA? __________ anos
CARACTERIZAÇÃO DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR
ATÉ QUE SÉRIE SUA MÃE ESTUDOU?
não lê não escreve
1ª série até a 4ª série
da 5ª série até a 7ª série
1ª grau completo ou 2º grau incompleto
2ª grau completo ou superior incompleto
Superior completo
ATÉ QUE SÉRIE SEU PAI ESTUDOU?
não lê não escreve
1ª série até a 4ª série
da 5ª série até a 7ª série
1ª grau completo ou 2º grau incompleto
2ª grau completo ou superior incompleto
Superior completo
QUEM É RESPONSÁVEL POR VOCÊ? Minha mãe meu pai minha avó
meu avô um tio um irmão
outra pessoa (explique) ______________________________
ALGUEM DA SUA FAMILIA TEM DOENÇA MENTAL? Minha mãe meu pai
minha avó meu avô um tio um irmão
67
outra pessoa (explique) ______________________________
CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA
ASSINALE O TIPO DE CASA EM QUE VOCÊ MORA: de tijolo (alvenaria) de taipa
de papelão de madeira de outro material
NA SUA CASA TEM ÁGUA ENCANADA? não COMPESA poço açude
NA SUA CASA TEM LUZ? sim não
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR EXPRESSA A RENDA MENSAL TOTAL DE SUA
FAMÍLIA:
Televisor em cores Não tenho 1 2 3 4
Radio Não tenho 1 2 3 4
Banheiro Não tenho 1 2 3 4
Automóvel (carro) Não tenho 1 2 3 4
Empregada domestica Não tenho 1 2 3 4
Aspirador de pó Não tenho 1 2 3 4
Maquina de lavar roupa Não tenho 1 2 3 4
Vídeo-cassete ou dvd Não tenho 1 2 3 4
Geladeira Não tenho 1 2 3 4
Freezer (aparelho independente ou parte de geladeira
duplex)
Não tenho 1 2 3 4
QUANTO AO SEU TRABALHO? Eu estudo, mas não trabalho eu estudo e trabalho
SE VOCÊ ESTUDA E TRABALHA, INFORME EM QUE VOCÊ TRABALHA: _________________
ESCALA DE HAMILTON PARA AVALIAÇÕES DE DEPRESSÃO
Hamilton Rating Scale for Depression (Hamilton, 1960) – versão adaptada de Blacker (2000)
1) HUMOR DEPRIMIDO (tristeza, desesperança, desamparo, menos valia)
0 Ausente
1 Sentimentos são relatados somente se perguntados
2 Sentimentos são relatados espontaneamente com palavras
3 Comunica esses sentimentos não verbalmente, ou seja, na expressão facial,
postura, voz e a tendência ao choro
4 Paciente comunica quase exclusivamente esses sentimentos, espontaneamente,
tanto em seu relato verbal como na comunicação não verbal
2) SENTIMENTOS DE CULPA
0 Ausentes
1 Auto-recriminação; acha que decepcionou outras pessoas
2 Idéias de culpa ou ruminações sobre erros ou ações do passado
3 Acha que a doença atual é um castigo; delírio de culpa
4 Ouve vozes que acusam ou denunciam e/ou tem alucinações visuais
ameaçadoras
3) SUICÍDIO
0 Ausente
1 Acha que a vida não vale a pena
2 Gostaria de estar morto ou qualquer cogitação sobre possível morte para si
mesmo
3 Idéias ou gestos suicidas
4 Tentativa de suicídio (qualquer tentativa séria, marque 4)
68
4) INSÔNIA INICIAL
0 Sem dificuldade para iniciar o sono
1 Queixa-se de dificuldade ocasional para conciliar o sono, ou seja, mais que meia
hora
2 Queixa-se de dificuldade para conciliar o sono todas as noites
5) INSÔNIA INTERMEDIÁRIA
0 Sem dificuldade
1 Queixa-se de ficar com inquietude e perturbação durante a noite
2 Acorda durante a noite (Qualquer saída da cama marcar 2, exceto para
necessidades fisiológicas)
6) INSÔNIA TERMINAL (madrugada)
0 Sem dificuldade
1 Acorda de madrugada, mas volta a dormir
2 Não consegue voltar a dormir se acordar de madrugada ou sair da cama
7) TRABALHO, ESTUDO E ATIVIDADES
0 Sem dificuldades
1 Pensamentos e sentimentos de incapacidade, fadiga ou fraqueza relacionados a
atividades, trabalho, estudo ou passatempos
2 Perda de interesse em atividades, passatempos, estudo ou trabalho relatado
diretamente pelo paciente ou indiretamente, por meio de falta de iniciativa,
indecisão, vacilação (sente que precisa se esforçar para trabalhar, estudar ou
desenvolver atividades)
3 Redução do tempo gasto em atividades ou queda de produtividade. Marque 3 se
não ocupa pelo menos três horas/dia em atividades (trabalho, estudo ou
passatempos), exceto as de rotina
4 Parou de trabalhar/estudar devido à doença atual. Marque 4 se o paciente não
desenvolve atividades além das de rotina ou deixa de executá-las sem ajuda
8) RETARDO (lentificação do pensamento e discurso, dificuldade de concentração,
diminuição da atividade motora)
0 Pensamento e discurso normais
1 Discreta lentificação durante a entrevista
2 Óbvia lentificação durante a entrevista
3 Entrevista difícil
4 Estupor
9) AGITAÇÃO
0 Nenhuma
1 Inquietude
2 Brinca com as mãos ou cabelos, etc.
3 Movimenta-se, não consegue sentar-se quieto durante a entrevista
4 Retorce as mãos, rói unhas, puxa cabelos, morde lábios
10) ANSIEDADE PSÍQUICA
0 Sem problemas
1 Tensão e irritabilidade subjetivas
2 Preocupação excessiva com trivialidades
3 Atitude apreensiva aparente na fisionomia ou no discurso
4 Medos expressos espontaneamente
11) ANSIEDADE SOMÁTICA (concomitantes fisiológicos da ansiedade: GI: boca seca,
flatulência, indigestão, diarréia, cólicas, eructação; CV: palpitação, cefaléias. Resp.:
hiperventilação, suspiros, sudorese; ter que urinar freqüentemente)
0 Ausente
1 Leve: Sintomas menores relatados quando inquirido
2 Moderado: Paciente descreve espontaneamente sintomas não incapacitantes
69
3 Grave: Maior número e freqüência que 2; acompanhado de estresse subjetivo e
prejudica o funcionamento normal
4 Incapacitante: Numerosos sintomas, persistentes ou incapacitantes na maior parte
do tempo; ataques de pânico
12) SINTOMAS SOMÁTICOS (apetite, digestivo)
0 Nenhum
1 Perda de apetite, mas come sem necessidade de encorajamento. Peso no
abdome
2 Dificuldade para comer sem encorajamento ou insistência. Pede ou requer
laxantes ou medicação para sintomas gastrointestinais
13) SINTOMAS SOMÁTICOS (gerais)
0 Nenhum
1 Peso ou lassidão em membros, costas ou cabeça. Dores nas costas, cabeça ou
musculares. Perda de energia e fatigabilidade
2 Marque 2 para qualquer sintoma bem definido
14) SINTOMA GENITAIS (perda de libido, distúrbios menstruais)
0 Ausentes, ou informação insuficiente
1 Leves: redução do libido ou desempenho sexual insatisfatório; tensão pré
menstrual leve
2 Grave: desinteresse ou impotência; tensão pré – menstrual grave
15) HIPOCONDRIA
0 Ausente
1 Auto-observação (corporal) aumentada
2 Preocupação excessiva com a saúde
3 Queixas freqüentes, pedidos de ajuda, etc.
4 Delírio hipocondríaco
16) PERDA DE PESO (Avalie A ou B)
A - De acordo com o paciente
0 Nenhuma.
1 Provável emagrecimento associado à doença atual
2 Perda de peso indubitável (de acordo com o paciente)
B - Com base em medidas semanais
3 Menos de 0,5 kg de perda de peso na semana
4 Mais de 0,5 kg de perda de peso na semana
5 Mais de 1,0 kg de perda de peso na semana
17) CRÍTICA
0 Reconhece estar deprimido e doente ou não estar deprimido esta semana
1 Reconhece estar doente, mas atribui isso à má alimentação, ao clima, ao excesso
de trabalho, ao vírus, à necessidade de descanso, etc.
2 Nega estar doente
70
ESCALA DE AVALIAÇÃO DE ANSIEDADE DE HAMILTON
Hamilton Anxiety Scale – HAM – A (Hamilton, 1959)
INSTRUÇÕES: Escolha para cada item, segundo sua experiência, a nota que corresponde à
intensidade do comportamento observado. As definições que acompanham o enunciado do item são
exemplos para orientação. Todos os itens devem ser cotados seguindo o esquema:
Perguntas O
Ausente
1
Intensidade
leve
2
Intensidade
média
3
Intensidade
forte
4
intensidade
máxima
HUMOR ANSIOSO Inquietação, temor do
pior, apreensão quanto ao presente ou ao
futuro, maus pressentimentos, irritabilidade,
etc
TENSÃO Sensação de tensão, fadiga,
reações de sobressalto, choro fácil,
tremores, sensação de cansaço,
incapacidade de relaxar e agitação
MEDOS de escuro, de estranhos, de ficar
só, de animais de grande porte, do trânsito,
de multidões, etc
INSÔNIA - dificuldade em adormecer, sono
interrompido, sono insatisfatório, fadiga de
acordar, sonhos penosos, pesadelos, terror
noturno, etc
DIFICULDADES INTELECTUAIS -
dificuldade de concentração, falhas de
memória, etc
HUMOR DEPRIMIDO - perda de interesse,
oscilação do humor, depressão, despertar
precoce, etc.
SOMATIZAÇÕES MOTORAS Dores
musculares, rigidez muscular, contrações
espásticas, contrações involuntárias, ranger
dos dentes, voz insegura, etc.
SOMATIZAÇÕES SENSORIAIS - ondas de
frio ou calor, sensação de fraqueza, visão
borrada, sensação de picadas,
formigamento, sensações auditivas de
ruído, zumbidos, etc.
SINTOMAS CARDIOVASCULARES -
taquicardia, palpitações, dores no peito,
sensação de desmaio, sensação de extra –
sístoles, etc.
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS - pressão ou
constrição no peito, dispnéia, respiração
suspirosa, sensação de sufocação, etc
SINTOMAS GASTROINTESTINAIS
Deglutição difícil, aerofagia, dispepsia,
sensação de plenitude, dor no pré ou pós –
prandial, pirose, meteorismo, náusea,
vômitos, sensação de vazio gástrico,
diarréia ou constipação e cólicas.
SINTOMAS GENITURINÁRIOS - polaciúria,
urgência de micção, amenorréia,
menorragia, frigidez, ejaculação precoce,
ereção incompleta, impotência, diminuição
de líbido, etc.
SINTOMAS NEUROVEGETATIVOS - boca
seca, palidez, ruborização, tendência à
sudação, tonturas, cefaléia de tensão, etc
71
Perguntas O
Ausente
1
Intensidade
leve
2
Intensidade
média
3
Intensidade
forte
4
intensidade
máxima
COMPORTAMENTO DURANTE A
ENTREVISTA - geral: tenso, pouco à
vontade, inquieto, agitação das mãos
(mexer, retorcer, cacoetes e tremores),
franzir a testa e face tensa.
Fisiológico: engolir a saliva, eructações,
dilatação pupilar, sudação, respiração
suspirosa, etc.
TOTAL GERAL
72
ANEXO C – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Pernambuco
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