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se reconhecer a menininha que está identificada com sua mãe, que sonhava em
oferecer um filho ao seu pai; a adolescente que é arrebatada pelas forças de suas
primeiras experiências sexuais, e a mulher em quem essa dor surge do fundo de
suas entranhas, despertando inesperada surpresa. Cada mulher que está em
trabalho de parto está dando a luz a si mesma, e isso pode ocorrer na dor ou num
tipo de prazer dessa mulher desconhecida que aparece então, e sobre a qual todos
se enganaram, inclusive ela própria (SZEJER e STEWART, 1997).
Rzezinski e Cord (1997) acrescentam que nesses momentos importantes do
ciclo biológico da mulher, a qualidade da relação mãe- filha é elemento fundamental,
pois com adequada identificação com a própria mãe, a mulher sentirá mais
segurança no enfrentamento dessas experiências.
Mccallum e Reis (2006) compartilham da mesma opinião afirmando que a
relação mãe- filha é de grande importância para a parturiente durante o nascimento
de seu bebê.
“Assim, retomando a perspectiva freudiana mais uma vez,
lembramos que a complexidade no processo de aquisição da
identidade feminina deve-se, entre outras coisas, ao fato de que a
menina tem que transferir o seu apego libidinal em relação a sua mãe
– o seu primeiro objeto de amor – para o pai, mas mantendo a
identificação com a mãe. A relação amorosa primária e de
identificação entre mãe e filha é marcada por um poderoso vínculo
que, pela sua intensidade, só pode ser desfeito num primeiro
momento, através do ódio e da hostilidade. O ódio e a hostilidade,
resultantes da inveja do pênis, levam a menina a transferir o vínculo
amoroso com sua mãe para seu pai. Esta transferência é uma das
condições para que a mulher tenha acesso à feminilidade”
(MARKUSCHOWER, 1995 p. 83)
Aumentando ainda mais a importância dessa relação, Rzezinski e Cord (1997)
salientam que a relação da mãe com a filha é essencial quando se observa a mulher
em suas difíceis etapas do ciclo biológico, como a menarca, a defloração, gravidez,
eventuais abortos, parto, puerpério, aleitamento, menopausa... Assim, uma boa
identificação com uma mãe adequada fornecerá à mulher mais segurança no
enfrentamento dessas vivências.
“... lutos, casamentos, nascimentos, assim como separações e
aposentadorias. São eventos que modificam e até revolucionam a
ordem estabelecida, sendo susceptíveis de reavivar feridas antigas e
de re-atualizar problemas não-resolvidos. A gravidez, por definição,
faz parte desses eventos. Porque, o abrir espaço para uma nova
pessoa na família, o lugar de cada um será levemente modificado e,
conforme a história pessoal de uns e de outros, cada um se sentirá