Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Flávio Mendes Furtado
ALISE DA IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO
ENXUTA EM EMPRESAS DO VALE DO PARAÍBA
PAULISTA
Taubaté – SP
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Flávio Mendes Furtado
ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO
ENXUTA EM EMPRESAS DO VALE DO
PARAÍBA PAULISTA
Dissertação apresentada para obtenção do
título de Mestre em Gestão e
Desenvolvimento Regional do Programa de
Pós-Graduação em Administração da
Universidade de Taubaté.
Área de Concentração: Gestão de Recursos
Socioprodutivos
Orientador: Prof. Dr. José Glenio Medeiros
de Barros
Taubaté – SP
2009
ads:
3
Ficha catalográfica elaborada pelo
SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU
F992a Furtado, Flávio Mendes
Análise da implantação da produção enxuta em empresas do Vale do
Paraíba Paulista / Flávio Mendes Furtado. - 2009.
126f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade de Taubaté, Departamento de
Economia, Contabilidade e Administração, 2009.
Orientação: Prof. Dr. José Glenio Medeiros de Barros, Departamento
de Economia, Contabilidade e Administração.
1. Produção enxuta: Implantação. 2. Vale do Paraíba Paulista.
4. Análise de resultados. I. Título.
4
FLÁVIO MENDES FURTADO
ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA EM
EMPRESAS DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA
Dissertação apresentada para obtenção do tulo de
Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do
Programa de Pós-graduação em Administração da
Universidade de Taubaté.
Área de concentração: Gestão de Recursos Socioprodutivos
Data: 27/02/2009
Resultado: Aprovado
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. José Glenio Medeiros de Barros Universidade de Taubaté
Assinatura _____________________________________
Prof. Dr. Antonio Pascoal Del’Arco Junior Universidade de Taubaté
Assinatura _____________________________________
Prof. Dr. Cyro Alves Borges Junior Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Assinatura _____________________________________
5
A meus pais, Cesarino (in memoriam) e Glauce (in memoriam),
meus maiores incentivadores;
À minha esposa Fátima Valéria e meus filhos Matheus, Gustavo
e Mariana, razão e estímulo para tudo que faço.
6
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. José Glenio Medeiros de Barros, pela orientação segura e crítica,
contribuindo para o desenvolvimento do trabalho e pelas observações sempre
pertinentes;
Ao Prof. Dr. Antônio Pascoal Del’arco Junior, pelas boas idéias e sugestões que
enriqueceram o conteúdo do trabalho;
Ao Prof. Dr. Cyro Alves Borges Junior, pelas intervenções e comentários coerentes e
precisos durante as discussões sobre o trabalho;
Aos colegas da Turma 9 do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional, pelo
apoio, incentivo e convívio durante o período do curso.
Aos professores do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional da UNITAU,
pelo constante estímulo à discussão e ao trabalho de pesquisa durante todo o curso.
7
RESUMO
Nos dias atuais, a busca por técnicas de gestão mais eficientes tem sido cada vez
mais frequente no ambiente industrial. As empresas se deparam com o acirramento
da concorrência e enfrentam desafios crescentes, não mais limitados às fronteiras
locais, mas sim em âmbito mundial. Neste contexto, a filosofia de Produção Enxuta,
originária do Sistema Toyota de Produção e resultado da evolução do sistema de
Produção em Massa, tem se mostrado eficaz na redução dos desperdícios de
natureza diversa e nos ganhos de eficiência operacional. No Brasil, a despeito de
possíveis falhas na sua implantação e manutenção, a Produção Enxuta tem sido
adotada por diversas organizações, em diferentes segmentos de mercado.
Considerando os aspectos envolvidos, o presente trabalho tem por objetivo analisar
a implantação da Produção Enxuta em uma amostra de empresas do Vale do
Paraíba Paulista, verificando-se de que forma ela se processou e avaliando-se os
benefícios alcançados. Para isto, foi realizada uma pesquisa de campo, com a
aplicação de um instrumento de coleta de dados. Os resultados obtidos na pesquisa
mostram as dificuldades e os progressos que a Produção Enxuta tem possibilitado,
segundo a percepção dos gestores recenseados. As informações resultantes devem
contribuir para a difusão da mentalidade enxuta na região do Vale do Paraíba
Paulista, auxiliando as empresas em sua busca por maior eficiência e favorecendo o
desenvolvimento regional.
PALAVRAS-CHAVE
Produção Enxuta, Implantação, Vale do Paraíba Paulista, Análise de Resultados
8
ABSTRACT
Nowadays, the search for more efficient management techniques has become more
frequent in the industrial environment. Organizations face increasing competition and
stand up to growing challenges, not only limited to the local borderlines, but also
worldwide. In this context, the philosophy of Lean Production, which derived from
Toyota Production System and evolved from Mass Production system, has shown
efficacy on waste reduction and operational efficiency improvement. In Brazil, Lean
Production, despite possible failures on its implementation and maintenance, has
been adopted by various organizations from different market segments. As far as the
aspects involved are concerned, the present work aims to analyse the
implementation of Lean Production in a sample of firms at Vale do Paraíba Paulista,
checking the way it was processed and assessing the reached benefits. For this
purpose, a field inquiry was made, utilizing a data collecting instrument. The results
obtained show the difficulties and the progresses Lean Production has allowed,
according to the participating managers’ perception. The information from this inquiry
must contribute to the spreading of lean thinking in the region of Vale do Paraiba
Paulista, helping organizations in their search for more efficiency and favouring the
regional development.
KEY WORDS
Lean Production, Implementation, Vale do Paraíba Paulista, Results’ Analysis
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 12
1.1 NATUREZA DO PROBLEMA...................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS................................................................................................. 14
1.2.1 Objetivo Geral..................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos Específicos......................................................................... 14
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...................................................................... 15
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO........................................................................ 15
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO................................................................ 17
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................. 18
2.1 CENÁRIO MUNDIAL NA ATUALIDADE...................................................... 18
2.2 PRODUÇÃO EM MASSA VERSUS PRODUÇÃO ENXUTA....................... 20
2.3 O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO...................................................... 25
2.4 A MENTALIDADE ENXUTA NAS EMPRESAS........................................... 31
2.5 AS MELHORES PRÁTICAS DE PRODUÇÃO ENXUTA.............................
38
2.6 SITUAÇÃO RECENTE DA PRODUÇÃO ENXUTA..................................... 46
2.7 DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DO VALE DO PARAÍBA................... 48
3 METODOLOGIA................................................................................................ 51
3.1 O TIPO DE PESQUISA............................................................................... 51
3.2 O UNIVERSO DA PESQUISA..................................................................... 52
3.3 DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA...................................... 53
3.4 O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.............................................. 56
3.5 ANÁLISE DE DADOS.................................................................................. 57
4 RESULTADOS e DISCUSSÃO......................................................................... 59
5 CONCLUSÕES ................................................................................................. 108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 111
ANEXO 1 – Cidades do Vale do Paraíba Paulista............................................... 115
ANEXO 2 – Questionário da Pesquisa................................................................. 117
GLOSSÁRIO......................................................................................................... 122
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – O Sistema Toyota de Produção e seus fundamentos....................................
28
Figura 02 – Ramo de Atividade das empresas respondentes...........................................
61
Figura 03 – Porte das empresas respondentes.................................................................
62
Figura 04 – Natureza jurídica das empresas respondentes..............................................
63
Figura 05 A – Motivação das empresas para a implementação da PE.............................
65
Figura 05 B – Motivadores para a implementação da PE, por ramo de atuação..............
67
Figura 06 – Forma de implementação da PE....................................................................
68
Figura 07 – Ferramentas de PE implementadas nas empresas do VPP..........................
70
Figura 08
A – Tempo de implementação da PE nas empresas do VPP............................
73
Figura 08 B – Empresas que levaram mais de 2 anos para implementar as ferramentas
de PE, por ramo de atuação........................................................................
75
Figura 09 – Problemas encontrados durante a implementação da PE.............................
77
Figura 10 A – Redução de custos com a PE – Geral........................................................
78
Figura 10 B – Redução de custos com a PE – Setor Automobilístico...............................
79
Figura 10C – Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução de custos.
81
Figura 10D - Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução de custos
com a PE, por ramo de atuação....................................................................
82
Figura 11A – Acréscimo nas Vendas com a PE – Geral....................................................
83
Figura 11B – Acréscimo nas Vendas com a PE – Setor Automobilístico...........................
84
Figura 11C – Percentual de empresas que obtiveram algum acréscimo nas vendas com
a PE.............................................................................................................
85
Figura 12A – Redução nos Lead Times com a PE – Geral................................................
86
Figura 12B – Redução nos Lead Times com a PESetor Automobilístico.......................
87
Figura 12C - Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução de Lead
Times com ferramentas de PE.....................................................................
88
Figura 12D - Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução de Lead
Times, por ramo de atuação..........................................................................
89
Figura 13A – Redução nas reclamações de Clientes com a PE – Geral...........................
90
Figura 13B – Redução nas Reclamações de Clientes com a PE – Setor
Automobilístico
91
Figura 13C – Percentual de empresas que obtiveram alguma redução nas
Reclamações de Clientes com a PE............................................................
91
Figura 13D - Percentual de empresas que obtiveram alguma redução nas
11
Reclamações de Clientes, por ramo de atuação..........................................
92
Figura 14A – Redução de Estoques com a PE – Geral.....................................................
93
Figura 14B – Redução de Estoques com a PE - Setor
Automobilístico........................
94
Figura 14C – Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de Redução de
estoques com ferramentas de PE................................................................
95
Figura 14D - Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de Redução de
Estoques, por ramo de atuação.....................................................................
96
Figura 15 – Percepção quanto aos resultados da implementação da PE..........................
97
Figura 16 – Redução de Funcionários com a implementação da PE.................................
98
Figura 17 – Empresas consideradas benchmark na gestão de PE....................................
104
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Valores Críticos de acordo com a grau de confiança.......................................
54
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Evolução dos sistemas de produção..............................................................
37
Quadro 2 – Princípios enxutos, melhorias e ações...........................................................
40
Quadro 3 – Programa de Manufatura Integrada................................................................
42
Quadro 4 – Indicadores utilizados para avaliar a implementação de ferramentas de PE
No Vale do Paraíba Paulista...........................................................................
102
12
1 INTRODUÇÃO
Vive-se em um ambiente de extrema competição, onde o sucesso e o
fracasso de uma empresa se definem em condicionantes como eficiência
operacional, investimento em recursos humanos, inovação tecnológica, entre outros.
Com isto, a busca por técnicas de gestão mais eficientes tem sido constante e as
empresas em geral não têm medido esforços no sentido de vencer as barreiras
culturais e quebrar paradigmas para mudar, quando necessário, o seu modus
operandi.
O dilema entre Produção em Massa (PM) versus Produção Enxuta (PE) ainda
tem gerado constantes discussões e os resultados encontrados nem sempre se
mostram definitivos ou conclusivos. Existem diversos trabalhos de pesquisa
abordando esta temática, sendo a maioria deles focada em estudos de caso
detalhando a implantação da PE em empresas específicas. Além disso, o que se
tem visto são programas que resultam na adoção de alguns princípios ou algumas
ferramentas da PE. Dificilmente se a utilização no dia-a-dia de todas as práticas
do Sistema Toyota de Produção, até porque a cultura de cada país e de cada
empresa influencia na forma com que a PE é implantada e mantida.
Dennis (2008) lembra que a Produção Enxuta é, acima de tudo um sistema,
ou um conjunto integrado de partes que se inter-relacionam com uma meta bem
definida. Hoje em dia, um dos problemas que se verifica na implementação da PE
tem sido a tendência de escolher algumas práticas isoladas, ao invés de adotar a
filosofia enxuta como um todo.
Neste contexto, o presente trabalho procura investigar o alcance e os
benefícios que a PE pode trazer para as organizações que a adotam. Para isto, foi
realizada uma pesquisa com empresas que implantaram ou estejam implantando
13
as ferramentas da PE, de forma parcial ou integral, com o objetivo de identificar e
analisar a percepção destas empresas a respeito das suas vantagens, dificuldades e
benefícios.
1.1 NATUREZA DO PROBLEMA
Apesar dos movimentos mais recentes das empresas no Brasil em direção à
adoção da PE, ainda se encontram muitos adeptos da PM nas indústrias. Porém, a
busca de um modelo de negócios focado em maior competitividade continua sendo
um dos maiores desafios para as organizações.
Neste contexto, os resultados obtidos com a implantação dos princípios do
pensamento enxuto têm evidenciado a eficácia destes na redução de desperdícios,
priorizando atividades que agregam valor para o cliente, em detrimento das que se
constituem em perdas de natureza diversa. No país existem inúmeros exemplos de
empresas que decidiram adotar ferramentas de PE. Muitas vezes, porém, por
situações diversas, a implantação termina se dando de forma parcial. Considerando
os princípios difundidos a partir do Sistema Toyota de Produção (STP), que foi o
embrião da PE no mundo, observa-se uma diversidade de maneiras e níveis de
implantação do STP. Sendo assim, determinadas questões se fazem presentes em
relação aos resultados alcançados: teriam sido eles condizentes com as
expectativas das empresas ? Estariam dentro dos níveis planejados, segundo
indicadores de redução de custos, estoques, lead times, reclamações de clientes
entre outros ?
Visando responder a estas e outras questões, este trabalho faz uma revisão
bibliográfica sobre a Produção Enxuta, com o objetivo de construir um referencial
14
teórico para a pesquisa que foi desenvolvida junto às empresas, considerando os
diferentes segmentos de mercado, porte e ramos de atuação. Esta pesquisa visa
avaliar em que medida os conceitos de Produção Enxuta estão implantados e
difundidos nas empresas de uma determinada região e quais os benefícios da sua
implantação.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem por objetivo analisar a implantação da Produção Enxuta
em empresas do Vale do Paraíba Paulista (VPP), verificando se todos os conceitos e
ferramentas foram utilizados, da forma como estão descritos na literatura pesquisada
e avaliando o resultado da implantação da metodologia referida, ou seja, se houve
benefícios para as empresas em conseqüência da sua utilização.
1.2.2 Objetivos Específicos
A partir da pesquisa sobre a implantação da Produção Enxuta em empresas
do VPP, pretende-se avaliar as seguintes questões:
se a implantação se deu de forma parcial ou integral;
se os resultados atingidos estão dentro dos parâmetros esperados pelos
gestores;
se os resultados diferem quanto ao tamanho da empresa, natureza jurídica e
área de atuação.
15
se os resultados obtidos com a PE auxiliam na difusão da mentalidade enxuta
nas empresas da região.
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O presente trabalho se propõe a investigar o grau de implantação e os
resultados alcançados com a PE em uma amostra de empresas de médio e grande
porte situadas na região do VPP.
Esta região, que abrange 38 municípios, foi definida em função da
proximidade em relação à base de pesquisa (UNITAU) e de sua relevância no
cenário industrial do Estado de o Paulo, contribuindo com uma parcela
significativa do PIB paulista e congregando atividades diversificadas, como
aeronáutica, automobilística, autopeças, farmacêutica, química, metalúrgica,
alimentícia, têxtil, entre outras.
Acredita-se que a abrangência da amostra estabelecida contribui para uma
análise adequada a respeito das contribuições da filosofia da PE para a melhoria
dos resultados operacionais nas empresas, alavancando os negócios, favorecendo e
estimulando o desenvolvimento regional.
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Em tempos de competição acirrada, como nos dias atuais, é conveniente uma
estratégia de negócios que crie condições para a obtenção da excelência
operacional nas empresas. A Produção Enxuta tem sido utilizada para se atingir este
objetivo, buscando reduzir desperdícios e criar valor para o cliente.
16
A Toyota é o exemplo acabado do sucesso deste sistema de produção em
que a ênfase é dada à criação de fluxos contínuos de produção e sistemas puxados,
baseados na demanda real do cliente. Porém, ferramentas e técnicas por si não
são suficientes para transformar uma empresa. É necessário, como no caso da
Toyota, uma mudança cultural mais profunda, baseada na compreensão das
pessoas e na motivação humana (LIKER, 2005). Contudo, apesar de muitas
empresas terem implantado ou estarem implantando o conceito de PE, na maioria
das vezes este trabalho tem sido feito de forma superficial ou parcial, concentrando-
se em ferramentas como 5S e kanban, sem compreender o conceito de “enxuto”
como um sistema mais amplo que deve permear a cultura da organização.
Por esse motivo, é relevante analisar e se conhecer até que ponto a
implantação da PE está incorporada na cultura da empresa, se todas as ferramentas
estão sendo utilizadas e se os resultados projetados estão sendo alcançados. Este é
o propósito deste trabalho no qual, a partir de uma pesquisa de campo, se espera
investigar se o conceito de PE está realmente sendo entendido e praticado nas
empresas do Vale do Paraíba Paulista. Esta região concentra um grande número de
empresas de diversos segmentos e tem grande relevância regional para a economia
do Estado de São Paulo. A PE tem sido reconhecida como propulsora do
desenvolvimento nas indústrias, por meio da redução dos desperdícios e,
conseqüentemente, dos ganhos de eficiência operacional.
Desta forma, um conhecimento mais profundo sobre os resultados
alcançados com o uso desta filosofia pode auxiliar na disseminação das práticas
envolvidas em seu sistema de gestão, contribuindo para melhorar os resultados das
empresas que decidirem adotar a PE e, por extensão, favorecendo o
desenvolvimento da região do VPP e do próprio Estado de São Paulo.
17
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Esta dissertação está dividida em cinco capítulos. No capítulo introdutório é
apresentado o problema da pesquisa, com a definição do objetivo geral e dos
objetivos específicos. Descreve-se também a delimitação do estudo, em termos
geográficos do universo a ser estudado, bem como apresenta-se a relevância do
estudo, ou seja, que aspectos o tornam significativo, importante e revelador.
O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica, resultado de
pesquisa em livros, periódicos, artigos científicos, dissertações de mestrado e
experiências vividas pelo autor durante sua carreira em empresas nacionais e
multinacionais.
O terceiro capítulo aborda a questão metodológica, descrevendo o tipo de
pesquisa a ser utilizado, bem como as técnicas de coleta e tratamento dos dados e a
forma de análise e apresentação.
No quarto capítulo, é realizada uma descrição dos resultados obtidos na
pesquisa por meio do questionário enviado às empresas e das entrevistas
individuais, apresentando gráficos e tabelas e uma análise detalhada dos mesmos.
O quinto capítulo apresenta as conclusões sobre o trabalho de pesquisa e as
sugestões para o possível desdobramento da dissertação em trabalhos futuros.
18
2 REVISÃO DA LITERATURA
O verdadeiro fim da indústria não é o de moldar as pessoas todas no
mesmo formato; não é o de elevar o trabalhador a uma falsa posição
de supremacia – a indústria existe para servir ao público do qual faz
parte (FORD apud OHNO, 1997, p.111).
2.1 CENÁRIO MUNDIAL NA ATUALIDADE
O mundo tem vivido grandes transformações nos últimos anos. Em termos
econômicos, os Estados Unidos enfrentam uma grave crise no setor financeiro, cujas
conseqüências são impossíveis de se prever e que se disseminou para o mundo
todo, afetando fortemente os investimentos de forma global e prenunciando um
período recessivo em grande escala pelos próximos meses. China e Índia continuam
crescendo a taxas relativamente elevadas e dão sinais de não ter condições
estruturais e humanas de sustentar este crescimento a longo prazo. A Rússia se
recupera de um período de letargia após a queda do regime soviético e volta a
desempenhar um papel importante no cenário internacional graças, principalmente,
às suas reservas gigantescas de petróleo e gás. A União Européia, embora
crescendo menos que o resto do mundo, consolida o euro e incentiva a entrada de
novos membros, a partir do histórico positivo de recuperação econômica de
Portugal, Espanha, Irlanda, Polônia, entre outros. Por outro lado, seus países
sentem os efeitos da crise financeira mundial, apresentando sinais claros de retração
na atividade econômica.
O aquecimento global parece finalmente ter se incorporado à agenda das
grandes discussões, gerando iniciativas positivas, embora ainda tímidas, no sentido
de reduzir as emissões de gás carbônico. Como um dos signatários do Protocolo de
Kyoto, o Brasil se beneficia desta onda verde com o aumento da demanda pelos
19
biocombustíveis, entre os quais o etanol se destaca como opção abundante e
eficiente do ponto de vista de custos de produção.
Neste ambiente em constante ebulição, as empresas também enfrentam
mudanças constantes. Fusões e aquisições entre grandes organizações preenchem
as páginas dos jornais a todo momento. Siderurgia, mineração, comunicações e
entretenimento, internet e tecnologia da informação, surgem mega-corporações em
busca de ganhos de escala e custos mais competitivos. A indústria automobilística
cresce no Brasil e se recupera no mundo. A produção realizada pela indústria local
no ano de 2008 fica próxima de 3 milhões de automóveis pela primeira vez na
história, segundo dados da ANFAVEA (2008).
A General Motors perde pela primeira vez em 70 anos o posto de maior
montadora do mundo para a Toyota (WOMACK, 2008), fato de grande significância
neste mercado de gigantes e que consolida a imagem da montadora japonesa como
a empresa industrial mais bem sucedida no mundo nos últimos 57 anos em
rentabilidade e participação de mercado.
Nesse contexto de grandes mudanças, uma discussão que teve início na
primeira metade do culo XX continua presente: Produção em Massa versus
Produção Enxuta. A ascensão da indústria automobilística japonesa em geral e da
Toyota, em particular, contribuíram para manter esta polêmica em evidência, a tal
ponto que a General Motors, na década de 80, percebeu a necessidade de entender
o que havia de tão especial com a produção japonesa e que a tornava mais
competitiva que a americana. A Toyota fabricava veículos mais seguros e confiáveis,
a um custo competitivo, mesmo pagando salários relativamente altos aos
funcionários japoneses. Esta constatação levou à criação de uma joint venture entre
a General Motors e a Toyota, originando a NUMMI (New United Motor
20
Manufacturing) em Fremont, Califórnia (LIKER, 2005). Era a comprovação de que o
sistema de produção da empresa japonesa merecia atenção e tinha algo a ensinar
para o mundo.
Nas últimas cadas, o Sistema Toyota de Produção tem sido estudado e
difundido em todo o mundo como um conjunto de ferramentas de gestão da
produção que buscam reduzir desperdícios e ganhar eficiência operacional. Seus
princípios deram origem ao que se conhece hoje como Produção Enxuta,
denominação empregada por muitas empresas em diversos países. Como observa
Zayko (2008), o domínio da Toyota pode ser explicado como uma abordagem
sistemática para a melhoria da empresa, concentrando-se em processos criadores
de valor desde a matéria-prima até o produto final, do pedido à expedição, do projeto
ao lançamento do produto, ao invés de focar em departamentos e funções, como na
maioria das organizações.
Este trabalho enfatiza esta discussão. Procura-se, a partir de uma revisão
histórica e conceitual a respeito do Sistema Toyota e da PE e de uma pesquisa de
campo com empresas do segmento industrial, avaliar em que extensão esses
princípios estão sendo realmente implantados nas empresas do VPP e que
resultados têm sido obtidos.
2.2 PRODUÇÃO EM MASSA VERSUS PRODUÇÃO ENXUTA
Nos primeiros anos do século XX, ainda predominava o sistema de produção
sob encomenda em muitos setores da economia mundial. Na indústria
automobilística, por exemplo, era comum que o comprador de um automóvel
aguardasse meses para receber seu veículo, pois o fabricante, em uma pequena
21
oficina, construía o veículo de acordo com o pedido do cliente. A produção sob
encomenda se caracterizava por uma força de trabalho com habilidades em
desenho, máquina e montagem, organizações descentralizadas, máquinas de uso
geral, baixo volume de produção e altos preços (DENNIS, 2008).
Na evolução dos processos industriais, a Produção em Massa surgiu e
ganhou importância a partir desta época, com os estudos de Frederick Taylor e sua
Administração Científica, que tinha por objetivo superar problemas decorrentes da
produção sob encomenda. Taylor buscava, por meio da observação dos
trabalhadores em seus postos de trabalho, uma forma de padronizar suas atividades
e eliminar os movimentos ineficientes. Foi uma tentativa de reduzir desperdícios e
ganhar escala, produzir cada vez maiores quantidades para atender a um mercado
que crescia ávido por consumo.
O sistema de Taylor tinha como premissa a separação entre planejamento e
produção: os engenheiros determinavam a melhor forma de executar o trabalho e os
operários cuidavam das tarefas repetitivas no chão-de-fábrica. Apesar de
considerado por alguns autores como um sistema desumano e sinônimo de trabalho
bruto, o taylorismo deixou um legado indiscutível de inovações, como trabalho
padronizado, redução do tempo de ciclo, estudo de tempos e movimentos, melhoria
de processo, por meio de medição e análise (DENNIS, 2008). Um dos grandes
responsáveis pela criação e evolução do Sistema Toyota de Produção, Taiichi Ohno
e alguns de seus colaboradores, como Shigeo Shingo, reconhecem a importância de
Taylor para os princípios da PE. Conforme salienta Shingo (1996a), a eliminação do
desperdício, que é a base do pensamento enxuto, depende da compreensão dos
elementos básicos presentes na Engenharia de Produção e estes se originaram da
Administração Científica de Taylor.
22
Por volta de 1908, Henry Ford buscava um meio de produzir um automóvel
barato, cil de fabricar e de consertar. Utilizando os princípios de Taylor, Ford criou
novas ferramentas e padronizou o uso de peças em todas as operações, reduzindo
sua quantidade nos motores e outros sistemas e simplificando o processo de
montagem. Além disso, Ford desenvolveu a linha de montagem, fazendo com que o
carro se movimentasse em direção ao trabalhador reduzindo o número de ações
desempenhadas por estes. A linha de montagem interligou processos sequenciais e
reduziu o tempo de caminhada dentro da fábrica, reduzindo a quantidade do esforço
humano exigido na montagem de um veículo (DENNIS, 2008). Com o modelo T,
Ford criou o sinônimo de carro acessível à população, simples, barato e com
pouquíssimas opções de cores.
Com estas medidas, Ford conseguiu uma redução de custos significativa,
baixando o preço do automóvel à medida que a produção aumentava, o que levou
sua empresa à liderança de mercado em poucos anos. Consolidava-se então o
modelo de PM, que teve grande desenvolvimento a partir dos anos 20, com Henry
Ford e Alfred Sloan, este último da General Motors, adepto de um sistema de
gerenciamento profissional centralizado e baseado em forte apoio contábil. Naquele
contexto, a flexibilidade e a oferta de opções ao cliente não eram consideradas tão
importantes (LIKER, 2005). O crescimento da indústria automobilística, a partir de
então, veio trazer argumentos aos adeptos deste sistema, que se baseia na crença
de que, ao se investir em quinas cada vez maiores e mais automatizadas, estará
aberto o caminho para se produzirem grandes quantidades de um determinado item,
reduzindo-se os custos unitários de fabricação.
Porém a PM tinha seus problemas. Os sindicatos se fortaleceram com o
surgimento da divisão no trabalho preconizada por Taylor. Os trabalhadores eram
23
considerados intercambiáveis e pouco valorizados. O ambiente de brica se
deteriorou e os sindicatos lutavam para reduzir as horas de trabalho. Havia pouco
sentimento de parceria entre a empresa e seus funcionários (DENNIS, 2008). A
qualidade acabou ficando em segundo plano em relação à produção e os índices de
defeitos cresceram a níveis muito altos, pois os trabalhadores não se envolviam na
solução dos problemas. Os equipamentos, como por exemplo as prensas,
aumentavam de tamanho e se especializavam em produzir um tipo de peça, para
reduzir custos unitários e aumentar lotes. Os engenheiros se separaram, à medida
que os produtos se tornavam mais complexos, criando problemas de comunicação e
demora nos projetos.
Segundo o pensamento de Ohno (1997), a chave do sistema de PM de Ford
estava em produzir grandes lotes de uma única peça sem fazer trocas de
ferramental, que teria um grande efeito na redução de custos. A maior parte das
empresas hoje ainda se guia por esta premissa e busca reduzir custos pela via da
automação, criando um fluxo de produção intermitente, composto de vários
processos funcionando cada vez mais rápidos e gerando peças em quantidades
cada vez maiores e, conseqüentemente, gerando depósitos intermediários entre
esses processos, devido ao desbalanceamento existente entre eles. Este conceito
hoje não é mais considerado como ideal, pois gera desperdícios como
superprodução, defeitos encobertos, estoques desnecessários.
Ohno (1997) defende que esta situação é particularmente evidente em
períodos de crescimento econômico lento, como o que enfrentou o Japão após a
Segunda Guerra Mundial. Naquele momento, enquanto as empresas americanas
utilizavam a PM, economias de escala e grandes equipamentos para produzir o
máximo possível de peças ao menor custo possível, as empresas japonesas,
24
particularmente a Toyota, enfrentavam as dificuldades de um mercado restrito e
tiveram que buscar outra forma de atender aos clientes, com maior flexibilidade e
menor tempo de entrega (LIKER, 2005).
O mercado interno no Japão era pequeno e demandava uma grande
variedade de veículos, como caminhões grandes para abastecimento em geral,
caminhões pequenos para os agricultores, carros de luxo para os mais ricos e carros
pequenos adaptados para as estradas estreitas e adequados ao custo do
combustível. Além disso, a economia japonesa, destruída pela guerra, não dispunha
de capital para investimentos em grandes fábricas com tecnologia avançada para a
época (DENNIS, 2008).
A Produção Enxuta, sob diversos aspectos, caminha na direção contrária à da
Produção em Massa. Seus princípios sicos o: produção em pequenos lotes e
troca pida de ferramentas. Criado a partir do Sistema Toyota de Produção, esta
filosofia busca eliminar totalmente a superprodução, os inventários desnecessários e
criar um fluxo contínuo e balanceado em que um processo posterior vai até um
processo anterior para retirar peças necessárias no momento certo.
Embora o Sistema Toyota de Produção tenha sido criado no Japão para
superar um momento difícil de estagnação econômica, com o passar dos anos e
com o sucesso cada vez maior da Toyota, a evolução da Produção Enxuta tem
mostrado que ela tem lugar em diversos tipos de empresa, de diferentes ramos de
atividade e em países de culturas variadas.
25
2.3 O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
Tudo o que estamos fazendo é olhar a linha do tempo, do momento
que o cliente nos entrega um pedido até o ponto em que recebemos
o dinheiro. E estamos reduzindo essa linha do tempo, removendo os
desperdícios que não agregam valor (OHNO, 1997).
O Sistema Toyota de Produção (STP) nasceu da necessidade. Após a
Segunda Guerra Mundial, o Japão vivia uma situação de estagnação econômica e a
indústria automobilística local lutava contra as adversidades, contando com recursos
escassos em um ambiente totalmente diverso daquele enfrentado pela Ford e GM
nos Estados Unidos. Enquanto estas investiam em grandes equipamentos e
economias de escala para produzir o máximo de itens com o menor custo possível,
adotando os pilares da PM, no Japão, o mercado era restrito e a produtividade dos
trabalhadores muito inferior aos padrões americanos e europeus. Segundo Ohno
(1997), um operário alemão produzia três vezes mais que um japonês e um
americano, cerca de 9 vezes mais.
Esta situação levou a Toyota a uma decisão de buscar alcançar os padrões
de produtividade americanos no menor prazo possível. O caminho encontrado por
Kiichiro Toyoda, então presidente da Toyota Motor Company, foi o da redução
incansável dos desperdícios, como meio mais rápido de multiplicar a produtividade.
A partir daí, nasceu o STP (OHNO, 1997).
Tudo começou em 1946, quando um acordo inédito entre a Toyota e o
sindicato dos trabalhadores criou as bases para a sustentação do STP, a partir de
uma situação de quase falência por que passava a empresa em meio à crise
generalizada no Japão. Os trabalhadores concordaram em ser flexíveis quanto às
funções que teriam que desempenhar, apoiando a empresa em esforços de
melhoria, em troca de emprego vitalício e remuneração ligada ao tempo de cada um
26
na empresa e nus por lucratividade, conforme descreve Dennis (2008). Desta
forma foi criado um contrato de trabalho diferente, baseado na cooperação, na
flexibilidade e em benefícios mútuos, condições necessárias para o desenvolvimento
da cultura enxuta que se pretendia implantar.
Para superar as dificuldades por que passavam o Japão e a indústria
automobilística, a solução encontrada pela Toyota, para fazer crescer o interesse por
seus produtos, foi aumentar a variedade dos carros produzidos em suas fábricas e,
assim, satisfazer seus clientes. Para concretizar este objetivo teve que flexibilizar
suas operações, reduzindo os lead times e melhorando a utilização dos
equipamentos e do espaço. O sistema de PM parece atrativo, se analisamos o custo
unitário por peça por equipamento, porém, o que os clientes realmente desejam é
um número maior de opções de produtos, que sejam entregues num prazo reduzido.
A melhor forma que a Toyota encontrou para agilizar e flexibilizar seus processos,
visando entregar aos clientes o que eles desejam, quando desejam e com qualidade
e custo competitivo, foi reduzindo desperdícios de tempo e material em cada etapa
de produção (LIKER, 2005).
O STP foi desenvolvido e implantado por Taiichi Ohno, à época gerente de
produção da fábrica da Toyota, em Toyota City, com todo o apoio e incentivo do
presidente da Toyota, Kiichiro Toyoda e de Eiji Toyoda, seu sucessor. O sistema
todo se baseava na absoluta eliminação do desperdício, apoiando-se em dois pilares
de sustentação: o Just-in-time (JIT) e a Autonomação (Jidoka).
O Just-in-time, conforme concebido por Ohno (1997), é um sistema de
trabalho no qual as partes necessárias à montagem são trazidas à linha de produção
no momento em que são demandadas e somente na quantidade em que vão ser
utilizadas. Em condições ideais, este conceito pode levar a uma situação de estoque
27
zero de peças. Liker (2005) define o JIT como um conjunto de princípios,
ferramentas e técnicas que permitem à empresa entregar os itens corretos na hora
certa e na quantia exata, reduzindo os lead times e entregando produtos em
pequenos lotes.
A Autonomação, conhecida também como automação com um toque humano
ou Jidoka, consiste na instalação de dispositivos de parada automática nas
máquinas, interrompendo a produção sempre que alguma anormalidade ocorra
evitando, assim, que produtos defeituosos sejam fabricados. Este sistema foi criado
pelo pai de Kiichiro Toyoda, Sakichi Toyoda, inventor de um tear auto-ativado,
dotado de um mecanismo que interrompia seu funcionamento toda vez que um fio
de urdume ou trama se rompesse (OHNO, 1997). Na Toyota, a evolução desta
invenção criou o princípio das operações em que os funcionários não precisam ficar
amarrados a uma máquina, pois não é necessário que estejam o tempo todo
controlando seu funcionamento. Desta forma, um operário pode cuidar de várias
máquinas ao mesmo tempo.
A Figura 1 mostra uma configuração básica do STP, fazendo uma analogia
com uma casa, em que os pilares de sustentação são o JIT e o Jidoka, nas
fundações estão a padronização, a estabilidade, o gerenciamento visual e o telhado
corresponde ao foco no cliente, visando melhorar a qualidade, reduzir custos e lead
times, aumentar a segurança e, consequentemente, o moral da equipe.
Estes dois princípios constituíram a base do STP, e foram essenciais para a
redução de custos que a Toyota foi forçada a adotar no período do pós-guerra para
enfrentar o baixo crescimento econômico do Japão e a retração interna de demanda.
28
Figura 1 – O Sistema Toyota de Produção e seus fundamentos
Fonte: adaptado de Liker (2005)
MAIS QUALIDADE – MENOR CUSTO – LEAD TIMES MAIS
BAIXOS – MAIS SEGURANÇA – MORAL ALTO
POR MEIO DA CONSTANTE REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS
Just-in-time
“A peça correta,
na quantidade
correta, no tempo
adequado
Takt time
Fluxo contínuo
Sistema
puxado
Troca rápida
de ferramentas
Logística
integrada
Equipe de Trabalho
Seleção criteriosa
Metas comuns
Treinamento
Decisão compartilhada
MELHORIA
CONTÍNUA
Autonomação
“Tornar os
problemas
visíveis, auto-
correção”
Paradas
automáticas
Andon
Separação
operador-
máquina
Controle de
Qualidade
Solução dos
problemas na
origem
Redução dos Desperdícios
Ver por si mesmo para
compreender a situação
5 Porques
Visão de perdas
Solução de Problemas
PRODUÇÃO NIVELADA (HEIJUNKA)
PROCESSOS ESTÁVEIS E PADRONIZADOS
GERENCIAMENTO VISUAL
FILOSOFIA DO MODELO TOYOTA
29
A implantação do STP foi possível após uma intensa mudança cultural na
Toyota, com a participação do sindicato dos trabalhadores e a mão firme de
Taiichi Ohno. Defensor da luta contra os desperdícios, ele identificou aqueles que
deveriam ser completamente eliminados para aumentar a eficiência da operação,
cortando o excesso de capacidade e ajustando a força de trabalho a uma
realidade mais enxuta. Neste contexto, os sete tipos de desperdícios
identificados por Ohno (1997) foram:
Desperdício de superprodução significa produzir itens para os
quais o pedidos, gerando perdas com estoque, pessoal
desnecessário, movimentação excessiva;
Desperdício de espera ocorre nas situações em que falta de
estoque, atrasos no processamento, paradas de máquinas e
gargalos de produção e os funcionários ficam sem ter o que fazer;
Desperdício de transporte ocorre quando movimentação
desnecessária, ineficiente, em longas distâncias, de peças ou
produtos intermediários e acabados para o estoque ou entre
processos;
Desperdício de superprocessamento ou processamento
incorreto é causado por processamento ineficiente, devido a uma
ferramenta ou projeto de baixa qualidade; por outro lado, também
ocorrem perdas quando se produzem materiais com qualidade
superior à que é necessária;
Desperdício de estoque matéria-prima, material em processo ou
produto acabado em excesso, causando lead times mais
prolongados, obsolescência, avarias, maiores custos de transporte
30
e armazenagem, ocultando problemas na produção, como horas
paradas de máquina, longos set-ups, linhas desbalanceadas,
atrasos de fornecedores, etc.;
Desperdício de movimentação movimentos desnecessários que
os trabalhadores têm que fazer durante o trabalho, como procurar
ferramentas, empilhar peças, caminhar longos trajetos, alinhar
produtos, etc.;
Desperdício de produzir defeitos produção de peças
defeituosas, retrabalho, conserto, descarte, inspeção
desnecessária, são operações que consomem tempo e esforço do
pessoal, gerando perdas;
Liker (2005) acrescenta um oitavo desperdício, de criatividade, relacionado
com a perda de tempo, idéias, habilidades, melhorias e oportunidades de
aprendizagem por não envolver e/ou ouvir os funcionários.
Segundo a visão de Ohno, a superprodução poderia ser considerado o pior
desperdício, pois origina a maioria dos outros tipos de desperdício. Produzir em
excesso em qualquer etapa do processo cria estoques indesejáveis que encobrem
defeitos e inibem ações de melhoria contínua das operações. Afinal, por que se
preocupar se a produção não será interrompida imediatamente na ocorrência de um
problema ?
O STP desenvolveu-se a partir desta idéia inicial de lutar contra os
desperdícios, utilizando os pilares do JIT e da Autonomação e diversas ferramentas
que se originaram a partir destes conceitos, como Kanban, 5S, Kaizen, Andon etc,
as quais serão detalhadas em outro capítulo. Em síntese, estabelecer um fluxo
31
contínuo de produção e uma forma de manter um abastecimento constante de
componentes nas quantidades e tempos adequados seriam os conceitos básicos
pelos quais o STP deveria ser operado.
Na avaliação de Shingo (1996a), O Sistema Toyota de Produção o pode
simplesmente ser aplicado em qualquer empresa, sem uma compreensão detalhada
dos princípios sobre os quais está fundamentado. Para implementar este sistema
com sucesso, é necessário um claro entendimento de como as ferramentas
individuais se encaixam no contexto geral.
Por este motivo, as idéias presentes no STP acabaram sendo incorporadas
nas últimas décadas em vários países na forma de um conjunto de princípios
conhecidos como “Mentalidade Enxuta”.
2.4 A MENTALIDADE ENXUTA NAS EMPRESAS
Os princípios que compõem a mentalidade enxuta constituem a mais
poderosa ferramenta disponível para criar valor e, ao mesmo tempo,
eliminar o desperdício em qualquer empresa (WOMACK e JONES,
2004)
O sucesso da Toyota e seu sistema de produção nas últimas décadas deram
origem ao que se conhece hoje por Produção Enxuta, um conjunto de princípios,
técnicas, ferramentas que têm por objetivo eliminar os desperdícios nas empresas. A
mentalidade enxuta possibilita grandes oportunidades de redução de perdas por
meio da eliminação ou redução de etapas que não agregam valor ao processo
(LIKER, 2005). Na concepção de Womack e Jones (2004), a PE é uma forma de
especificar valor, alinhar as ações que criam valor, realizar essas ações sem
interrupção e de forma cada vez mais eficaz.
32
As cnicas tradicionais para melhoria de processos pressupõem a
identificação de pontos de eficiência locais na visão de Liker (2005), baseados em
melhorar tempos, agilizar ciclos, substituir funcionários ou automatizar
equipamentos. Estas ações podem, em alguns casos, surtir efeito positivo em um
processo isolado, mas tem pouco impacto no fluxo de valor como um todo.
Segundo Womack e Jones (2004), o ponto de partida essencial para a
mentalidade enxuta é o valor que se cria para o cliente final. Partindo deste princípio,
eles definiram cinco etapas básicas que são necessárias para que se atinja o que foi
definido como “Empreendimento Enxuto”:
Especificar o valor;
Identificar o fluxo de valor;
Fazer o valor fluir;
Introduzir processos puxados;
Buscar a perfeição.
A seguir realiza-se uma definição de cada um desses passos para um melhor
entendimento da PE:
Especificar o Valor: o valor, segundo Womack e Jones (2004), só pode ser definido
pelo cliente final, na forma de um produto específico, que pode ser um bem ou um
serviço, ou ambos. Este produto tem que atender às necessidades do cliente. A
maioria das empresas busca definir o valor a partir das estruturas, tecnologias e
ativos existentes, imaginando que podem criar valor para o cliente com os produtos
que conhecem, utilizando os fornecedores de sempre e os processos internos
consolidados, baseados em economias de escala. Este é o maior equívoco cometido
pelas organizações, na visão de Womack e Jones (2004), pois se apóia em uma
33
visão voltada para dentro da empresa, sem levar realmente em conta as
necessidades do cliente. Em síntese, a definição de valor para o cliente deve ser
feita em termos de produtos específicos com capacidades específicas a preços
específicos. Esta é a essência da mentalidade enxuta.
Identificar o Fluxo de Valor: a identificação do fluxo de valor para cada produto, ou
família de produtos, é o segundo passo no processo de implementação do
pensamento enxuto, por meio do qual se pode visualizar uma grande quantidade de
desperdício, normalmente oculta nas operações do dia-a-dia. O Fluxo de Valor nada
mais é que o conjunto de ações espeficas necessárias para fazer com que o
produto passe por três tarefas gerenciais críticas (WOMACK e JONES, 2004):
Solução de problemas, da concepção ao lançamento do produto;
Gerenciamento da informação, do recebimento do pedido até a entrega;
Transformação física, da matéria-prima ao produto final entregue no cliente.
A análise do fluxo de valor costuma desvendar três tipos de atividades
presentes nas organizações: a) atividades que geram valor, como por exemplo a
pintura de um automóvel; b) atividades que não geram valor mas não podem ser
eliminadas, como a inspeção de qualidade e a manutenção preventiva; e c)
atividades que não geram valor e podem ser eliminadas, como movimentações
desnecessárias de pessoal e material.
Rother e Shook (1998) desenvolveram uma metodologia denominada
Mapeamento do Fluxo de Valor, que ajuda a enxergar e entender o fluxo de material
e de informações. Seguindo a trilha da produção de um produto, desde o
consumidor até o fornecedor e desenhando uma representação visual de cada
processo no fluxo, se pode visualizar as fontes de desperdício e, desta forma,
34
planejar e traçar um mapa do “estado futuro” de como o valor deveria fluir. Por meio
desta técnica, aprende-se a enxergar o chão-de-fábrica de modo a apoiar a
Produção Enxuta.
Fazer o Valor fluir: uma vez especificado o valor de forma precisa e mapeados os
fluxos de valor para todos os produtos ou famílias de produtos, eliminando as
atividades que geram desperdícios, deve-se concentrar em fazer com que todas as
etapas do processo fluam, ou seja, se movimentem de forma contínua. Vive-se ainda
nos dias atuais o mundo dos lotes e filas e o senso comum diz que se deve realizar
as tarefas de forma agrupada, em etapas, o que é mais fácil de se gerenciar. Porém,
esta forma de trabalho implica em longas esperas, em que o produto precisa
aguardar a passagem pelos departamentos onde vai sofrer os processos
correspondentes. Ohno (1997) afirma que todos precisam combater o pensamento
departamentalizado, ou seja, em lotes e filas, porque as operações sempre podem
ser realizadas mais eficientemente quando se trabalha continuamente da matéria-
prima a o produto acabado. Womack e Jones (2004) enfatizam que as coisas
funcionam melhor quando se focaliza o produto e as necessidades do cliente e o
o equipamento e a organização. O grande desafio para se fazer o valor fluir é
abandonar a produção em alta escala e se concentrar em pequenos lotes, trocando
rapidamente as ferramentas e dimensionando corretamente as máquinas, para que
as etapas de processamento possam ficar adjacentes e o produto mantido em um
fluxo contínuo (SHINGO, 1996b). A idéia ainda presente é que o pensamento em
fluxo é contra-intuitivo, ou seja, parece óbvio para a maioria dos técnicos que o
trabalho deva ser organizado em departamentos e lotes (WOMACK e JONES,
2004). O pensamento enxuto pressupõe uma redefinição das funções e
35
departamentos, analisando cada ponto do processo de modo que eles façam o valor
fluir e quebrando o paradigma do sistema de lotes e filas.
Introduzir processos puxados: a maioria das empresas hoje ainda trabalha o
planejamento da produção a partir das projeções de vendas que, por sua vez, se
baseiam em consumos históricos e estoques de segurança. Este sistema cria
estoques indesejados e a necessidade de “empurrar” os produtos ao longo da
cadeia de produção, muitas vezes em direção contrária às reais necessidades dos
clientes. A filosofia enxuta trabalha em sentido contrário deve-se deixar que o
cliente “puxe” os produtos quando desejarem ou precisarem. O trabalho em fluxo,
reduzindo os tamanhos de lotes, reduz num primeiro momento os tempos da
concepção ao lançamento do produto, da venda à entrega e do processamento da
matéria-prima ao produto acabado. (WOMACK e JONES, 2004). A redução drástica
nos estoques intermediários é a consequência mais imediata, conforme descobriu a
Toyota na década de 80, ao introduzir um sistema puxado em seus depósitos. As
ferramentas necessárias para se implantar um sistema puxado são a melhoria
contínua (kaizen), a produção nivelada (heijunka) e o kanban, que serão detalhados
na próxima seção.
Buscar a Perfeição: pensar em perfeição pode parecer utópico mas, à medida que
as organizações começam a especificar o valor com precisão, mapeando o fluxo de
valor de todos os produtos, fazendo o valor fluir continuamente pelos processos e
deixando que os clientes “puxem” os produtos conforme sua necessidade, uma série
de mudanças ocorrem na organização. Estes princípios, quando aplicados em
seqüência, desencadeiam uma corrente de melhorias que vão desde a exposição
36
dos desperdícios ocultos, que são minimizados, passando pelo aparecimento dos
obstáculos ao fluxo, que são eliminados até uma aproximação com os clientes,
criada pela diminuição dos lead times de entrega e desenvolvimento de produtos.
Nas palavras de Womack e Jones (2004):
“Talvez o estímulo mais importante à perfeição seja a transparência,
o fato de que em um sistema enxuto todos subcontratados,
fornecedores de primeiro nível, integradores do sistema
(freqüentemente chamados de montadores), distribuidores, clientes,
funcionários possam ver tudo e seja fácil descobrir melhores
formas de criar valor”
Para um melhor entendimento da evolução dos sistemas de produção ao
longo das últimas décadas, é apresentado a seguir um quadro ilustrativo que mostra
as características principais de cada um, seus problemas e a situação nos dias
atuais.
O que se pode perceber é que a Produção Enxuta incorporou diversos
princípios dos sistemas que a precederam, numa cadeia evolutiva que tende a se
transformar continuamente na busca por melhores resultados, adaptando-se às
condições do ambiente empresarial, que estão em constante mutação.
37
Quadro 01 Evolução dos sistemas de produção baseado em Dennis (2008) e Womack
(1992).
TIPO
CARACTERÍSTICAS
PROBLEMAS
SITUAÇÃO ATUAL
Baixo volume de produção e altos custos
Acesso a poucos devido aos
preços altos
Sistema composto de pequenas oficinas de
máquinas
Qualidade imprevisível, cada
produto era diferente
O dono cuidava de tudo: fornecedores,
operários e clientes
Falta de sistematização para
ações de melhoria
Máquinas de uso geral Produção muito baixa
Trabalho padronizado, tempo de ciclo
reduzido, estudo de tempos e movimentos
Baixo sentimento de parceria
entre a empresa e os
funcionários, que não
gostavam do trabalho
Criação da linha de montagem,
intercambiabilidade de peças, simplificação de
processos
Qualidade em segundo plano
devido à prioridade para
produção de grandes lotes
Redução das ações exigidas de cada operário,
menor esforço humano na montagem do
veículo
Alta taxa de defeitos, que
eram replicados em todo o
lote antes de ser detectados
Redução de custos baseada no aumento de
escala, máquinas grandes e especialistas
Máquinas enormes para
produzir um só tipo de peça;
ênfase na produção a
qualquer custo
Novas técnicas de gerenciamento profissional
e marketing, maior controle de custos
Divisão do trabalho; os
operários não eram
estimulados a pensar e os
engenheiros se ramificavam
em especialidades
Preços acessíveis
Crescimento do movimento sindical
Ênfase no trabalhador flexível e participativo
nas decisões
Eliminação total dos desperdícios
Produzir apenas o que o cliente pediu
(sistemas puxados) e entregar no momento
certo
Equipamentos menores, troca rápida de
ferramentas, nivelamento da carga de trabalho
Produzir peças uma de cada vez e mover
rapidamente pelo sistema (fluxo unitário)
Parar a produção para resolver os problemas
Tarefas padronizadas, controle visual
Melhoria contínua, aprendizagem constante,
decisões por consenso
Trabalho em células, layout simplificado
Redução de estoques em processo e de
produtos acabados
Ajudar os fornecedores a se desenvolver
Pressão do sindicato para
redução das horas de trabalho
A Produção em Massa
rapidamente se tornou
hegemônica nos Estados
Unidos, com a expansão
da Ford e General
Motors, difundindo-se em
seguida para a Europa
com a Fiat, Renault e
Citroen e Volkswagen,
com grande aceitação
até a década de 70. Com
a crise do petróleo e o
crescimento da Toyota,
passou a ser
questionada em seus
princípios. Ainda é muito
utilizada nos dias de
hoje, mas vem perdendo
espaço e se
transformando.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
ENXUTA A
PARTIR DO
SISTEMA
TOYOTA DE
PRODUÇÃO
Funciona melhor em
mercados fragmentados que
demandam muitos produtos
em baixo volume
Difícil de entender e de
implementar, envolve forte
mudança cultural - a maioria
das empresas prefere adotar
apenas alguns princípios mais
simples
No Brasil, as carências de
infra-estrutura de transporte
dificultam o funcionamento do
sistema
Prazo de implementação
longo
Com os bons resultados
alcançados pela Toyota
nas últimas décadas, a
Produção Enxuta tem se
tornado uma opção viável
e está sendo adotada por
empresas de diferentes
segmentos em diversos
países. Os resultados
têm sido animadores.
PRODUÇÃO
SOB
ENCOMENDA
A Produção sob
Encomenda continua a
existir em nichos de
mercado, como os
produtos de luxo.
Exemplos de empresas:
Ferrari, Lamborghini,
Aston Martin
PRODUÇÃO EM
MASSA
(FREDERICK
TAYLOR /
HENRY FORD /
ALFRED
SLOAN)
38
2.5 AS MELHORES PRÁTICAS DE PRODUÇÃO ENXUTA
Com a disseminação das práticas enxutas ao longo das últimas décadas, a
partir das experiências bem sucedidas da Toyota , têm surgido muitos exemplos de
empresas em diversos países, nas quais foram implantadas ferramentas de
Produção Enxuta. Como consequência, pode-se encontrar uma grande quantidade
de artigos publicados relatando estas experiências e descrevendo as melhores
práticas utilizadas pelas organizações.
Neste contexto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica relacionada com o
tema da PE. Dentre as publicações consultadas, foram selecionadas aquelas que
continham referências explícitas às ferramentas de PE mais utilizadas pelas
empresas, seja resultado de pesquisas anteriores sobre práticas de PE, seja por
meio de estudos de caso em organizações que já implementaram as mesmas.
Filho e Fernandes (2004) realizaram uma revisão bibliográfica sobre o tema,
avaliando 82 artigos sobre PE e classificando-os segundo quatro parâmetros:
metodologia, abrangência, princípios e capacitadores. Os princípios mais
importantes da PE, segundo esta análise são:
Determinar valor para o cliente, eliminando desperdícios;
Trabalhar em fluxo;
Produção puxada / just in time;
Autonomação / qualidade seis sigma;
Limpeza, ordem e segurança;
Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos;
Gerenciamento visual;
Adaptação de outras áreas da empresa ao pensamento enxuto.
Fonte: Filho e Fernandes (2004)
39
Berry et al (2003) exploraram as melhores práticas por meio de uma pesquisa
em 63 empresas dinamarquesas, em diferentes segmentos: químicas, mecânicas,
equipamentos, eletrônicas, telecomunicações e aparelhos médicos. O objetivo da
pesquisa foi levantar que práticas operacionais influenciam a performance das
empresas. O estudo considerou dois grupos estratégicos, de acordo com as
prioridades competitivas:
Performance operacional: os indicadores representativos são: custo,
qualidade, entrega na data, lead times, níveis de estoque, valor agregado por
funcionário.
Práticas de PE: o grau de implementação da PE foi avaliado segundo as
seguintes práticas: Just-in-time, TQM (Total Quality Management), TPM (Total
Productive Maintenance), relações com clientes, relações com fornecedores,
planejamento da produção e controle de tecnologia.
McManus et al (2007) pesquisaram um método para ensinar os princípios do
pensamento enxuto por meio de um processo de simulação desenvolvido na LAI
(Lean Aerospace Iniciative) e conhecido por LEV (Lean Enterprise Value). Neste
processo, os participantes fabricam peças, trabalham com projetos, montagem e
construção de mini-aeronaves, para atender a demandas de clientes e parceiros na
corporação. Durante a simulação, os alunos aprendem a aplicar os princípios
enxutos de modo a obter um verdadeiro empreendimento lean, lançando mão de
ferramentas tais como: mapeamento do fluxo de valor, melhoria contínua (kaizen),
trabalho padronizado, fluxo unitário, kanban etc. O Quadro 2 mostra alguns
resultados de melhorias que podem ser obtidas com a aplicação do treinamento por
simulação de princípios enxutos:
40
Quadro 2: Princípios enxutos, melhorias e ações, adaptado de Mc Manus et al (2007)
Como resultado de uma pesquisa com as maiores empresas da Malásia no
segmento de construção civil, Imtiaz e Ibrahim (2007) confirmaram a hipótese de que
a aplicação dos princípios da Produção Enxuta tem relação direta com o aumento de
performance operacional. Esta pesquisa revelou que os princípios mais utilizados
pelas empresas avaliadas são:
Eliminação de desperdícios;
Melhoria contínua;
Times multifuncionais;
Produção e entrega just-in-time;
Integração de fornecedores;
Sistemas de informação flexíveis.
Estes princípios foram denominados variáveis dependentes e compuseram o
instrumento de coleta de dados junto às companhias da Malásia.
Melhorias Simuladas Princípios Enxutos Ações Típicas dos Alunos
Organizar atividades 5S, Controle Visual,
Trabalho padronizado
Limpar o local de trabalho,
organizar estoque, padronizar
seqüência de pedidos, montagem e
documentos
Balancear carga de trabalho
entre as plantas
Takt time, fluxo unitário,
trabalho balanceado
Mover tarefas entre as plantas para
balancear o trabalho
Modificar instalações Eliminar tarefas
desnecessárias, fluxo
unitário, entregas just-in-
time
Acabar com o depósito, diminuir
estoques
Modernizar o sistema de
pedidos de peças
Eliminar tarefas
desnecessárias, trabalho
padronizado
Melhorar o sistema de requisições
e padronizar pedidos para
conjuntos unitários
41
Adeleye e Yusuf (2006), citando Womack (1990), enfatizam a importância das
técnicas de PE para sincronizar o fluxo por meio da melhoria contínua e da
integração funcional cruzada. O objetivo principal sempre deve ser aumentar a
eficiência evitando a rigidez do modelo de Produção em Massa. As ferramentas
principais para se atingir estes objetivos, na visão de Adeleye e Yusuf (2006) são o
Just-in-time, a gestão da qualidade total (TQM), a melhoria contínua e o controle
descentralizado das operações no chão-de-fábrica.
Seddon and Caulkin (2007) descrevem o poder do pensamento sistêmico na
gestão organizacional, citando o exemplo da Toyota e sua filosofia enxuta, cujos
resultados se devem em grande parte à cultura disseminada por Taiichi Ohno de
trabalho em equipe, melhoria contínua, e uma liderança voltada para a transferência
das decisões dos níveis gerenciais para as células de trabalho. O Sistema Toyota de
Produção, segundo Seddon e Caulkin (2007), baseado em pilares como o Just-in-
time e lançando mão de técnicas como troca rápida de ferramentas, sistemas
puxados, fluxo unitário de peças, entre outros, é o exemplo bem acabado de
pensamento sistêmico, em que a soma das partes é maior que o todo.
Cua, McKone-Sweet e Schroeder (2006) afirmam que a melhoria contínua,
necessária para garantir vantagens competitivas e lucratividade, depende de uma
síntese de vários programas de manufatura de classe mundial, entre eles a
produção enxuta e o Seis-sigma. Estudos realizados por estes três pesquisadores
mostraram as vantagens da implementação das técnicas de TQM (Total Quality
Management), JIT (Just-in-time) e TPM (Total Productive Maintenance) de forma
integrada, causando impactos positivos à performance operacional. Os programas
de TQM, JIT e TPM, segundo os autores, possuem o objetivo comum de tornar o
sistema de produção mais eficiente, por meio da melhoria contínua e eliminação de
42
desperdícios. Devem, portanto, trazer melhores resultados quando implementados
juntos. O Quadro 3 mostra a estrutura envolvida no Programa de Manufatura
Integrada, que resulta da união das práticas citadas:
Quadro 3: Programa de Manufatura Integrada, adaptado de Cua, McKone-Sweet e
Schroeder (2006)
Na visão de Liker (2005), o Sistema Toyota de Produção é muito mais que um
conjunto de técnicas para melhorar a eficiência operacional. Trata-se de uma cultura,
dependente de pessoas, que dão vida ao sistema: trabalhando em equipe,
municiando-se, resolvendo problemas e crescendo juntas. Liker listou os 14
princípios que regem a cultura do STP e que traduzem este sofisticado sistema de
produção em que as partes contribuem para o todo e no qual as pessoas são
estimuladas para que continuamente melhorem os processos com que trabalham:
Práticas Comuns Técnicas TQM Técnicas JIT Técnicas TPM
Liderança
comprometida
Gestão de processos Redução de set-up
Manutenção autônoma
e planejada
Planejamento
estratégico
Projeto interfuncional Produção puxada Ênfase na tecnologia
Treinamento cruzado
Gestão de
fornecedores
Layout de
equipamentos
Desenvolvimento de
equipamentos próprios
Envolver os
funcionários
Envolver os clientes Entregar JIT
Informação e feedback Aderência de horários
PROGRAMA DE MANUFATURA INTEGRADA
43
Filosofia de longo prazo
A empresa deve tomar decisões de acordo com uma filosofia de longo prazo,
mesmo que isso implique em não-cumprimento de metas financeiras de curto prazo.
Alinhar toda a organização rumo a um objetivo comum, de trabalhar, crescer, gerar
valor para o cliente, para a sociedade e para a economia, ao invés de simplesmente
ganhar dinheiro.
Fluxo de processo contínuo para trazer os problemas à tona
Procurar eliminar a ociosidade nos projetos, criando um fluxo contínuo para mover
rapidamente os materiais e as informações; tornar os problemas visíveis para uma
rápida solução. Tornar este fluxo aparente dentro da organização.
Usar sistemas “puxados” (Kanban) para evitar a superprodução
Os clientes devem receber os materiais solicitados quando desejarem e na
quantidade que necessitarem. Estoques de material intermediário devem ser
minimizados, mantendo-se simplesmente pequenas quantidades estocadas entre
cada operação. Reagir rapidamente às mudanças diárias na demanda do cliente.
Usar o sistema dos supermercados, no qual o abastecimento das prateleiras
somente ocorre quando o produto é retirado pelo cliente.
Nivelar a carga de trabalho (Heijunka)
Deve-se nivelar a carga de trabalho de todos os processos de produção e de
serviços, evitando interrupções, lotes e filas e eliminando as sobrecargas das
pessoas e dos equipamentos, bem como as variações no programa de produção.
44
Parar e resolver problemas para obter a qualidade na primeira tentativa
Introduzir nos equipamentos sistemas de detecção de problemas e de
autodesligamento em caso de anomalias (Autonomação). Desenvolver um sistema
visual para avisar a equipe que uma quina precisa de assistência. Incentivar e
apoiar a solução rápida de problemas. Desenvolver a cultura de parar ou
desacelerar para obter qualidade da primeira vez, pensando na produtividade de
longo prazo. Qualidade é um dos principais pilares da proposta de valor para o
cliente.
Tarefas padronizadas são a base da melhoria contínua
Utilizar métodos bem definidos que possam ser repetidos em todos os processos,
visando manter a previsibilidade, a regularidade e o fluxo contínuo. Aproveitar as
experiências acumuladas e incorporar às práticas atuais. Permitir a expressão da
criatividade dos funcionários, visando melhorar os padrões.
Usar controle visual para que nenhum problema fique oculto
Utilizar indicadores visuais simples para ajudar os funcionários a perceberem
rapidamente quando um problema. Simplificar e reduzir ao máximo os relatórios,
para evitar desvios à atenção dos trabalhadores. Criar sistemas visuais simples para
auxiliar o sistema puxado.
Usar somente tecnologia confiável e testada
Usar a tecnologia para auxiliar as pessoas e não para substituí-las. Inicialmente, é
melhor executar um trabalho manualmente até que se possa usar a tecnologia para
aprimorá-lo. Efetuar testes reais antes de adotar novas tecnologias em processos
45
administrativos ou produtivos. Rejeitar tecnologias que estiverem em conflito com a
cultura da empresa e que possam atrapalhar a estabilidade, a confiabilidade e a
previsibilidade
Desenvolver líderes que compreendam o trabalho, vivam a filosofia e
ensinem aos outros
Desenvolver líderes dentro da organização que sejam modelos da filosofia da
empresa e que entendam detalhadamente o trabalho diário, de modo que possam
ensinar adequadamente à sua equipe o trabalho, transmitindo a cultura e o modo de
fazer negócios.
Desenvolver pessoas e equipes excepcionais
Criar uma cultura forte e estável de compartilhamento contínuo dos valores e
crenças da empresa. Estimular constantemente o trabalho em equipe, como
ferramenta para o atingimento das metas e resultados excepcionais. Utilizar equipes
interfuncionais para melhorar a qualidade e produtividade.
Respeitar parceiros e fornecedores, ajudando-os a melhorar
Respeitar os parceiros e fornecedores como se fossem uma extensão da sua própria
empresa, auxiliando-os em seu crescimento e desenvolvimento e estabelecendo
metas desafiadoras para eles.
Ver por si mesmo para compreender (Genshi Genbutsu)
Seja qual for o nível do gestor, verificar os problemas onde eles efetivamente
acontecem, por meio de observação criteriosa e lançando mão de dados confiáveis,
46
ao invés de se basear unicamente em relatos de terceiros. Tomar decisões após
análise da situação in loco.
Tomar decisões lentamente por consenso (Nemawashi)
Considerar todas as alternativas possíveis e consultar todos os envolvidos antes de
tomar uma decisão. Discutir os problemas e as soluções potenciais com todos os
afetados, ouvindo suas idéias e decidindo o melhor caminho por consenso. Este é o
processo preferencial de tomada de decisão na Toyota, porém se a administração
sentir que o grupo tem dificuldades em chegar ao consenso, pode intervir para
buscar uma decisão mais rápida.
Tornar-se uma organização de aprendizagem pela reflexão e melhoria
contínua (Kaizen)
Estabilizar os processos e, a partir daí, usar ferramentas de melhoria contínua para
aprimorá-los e na solução de problemas. Criar processos que não exijam estoque.
Desenvolver equipes estáveis e sistemas de sucessão cuidadosos. Padronizar as
melhores práticas, criando soluções para evitar a repetição de erros.
2.6 SITUAÇÃO RECENTE DA PRODUÇÃO ENXUTA
No ano de 2002, a Toyota divulgou sua estratégia e seus planos de se tornar
a líder de mercado no setor global de veículos automotivos, incluindo a pretensão de
alcançar e superar as três grandes nos Estados Unidos (WOMACK, 2004). Naquela
época, a participação da Toyota no mercado americano era de 10%, contra cerca de
30% da General Motors e 20% da Ford.
47
Num período de apenas 5 anos a Toyota concretizou seu sonho, tendo
superado a GM pela primeira vez no ano de 2007 e, desde então, vem se mantendo
numa posição privilegiada frente às concorrentes globais. Este avanço se deu sem
sacrifício nas margens de lucro e sem inovações radicais, ou seja, seus modelos
seguem as tendências da maioria das montadoras em modelos, aplicações e sem
grandes revoluções em design.
O que explica o estrondoso sucesso da estratégia da Toyota, segundo
Womack (2004) é a sua capacidade de desenvolver produtos com rapidez, entregar
dentro do prazo e com pouquíssimos defeitos, cobrando menos que seus
concorrentes em itens similares. Tudo isso graças a um sistema de gestão que
administra e aperfeiçoa implacavelmente cada processo, cada etapa, cada detalhe
de seu negócio. E ainda se preocupa em cuidar de seus fornecedores, certificando-
se de que eles também sigam seus princípios e suas práticas. Esta, em síntese, é a
essência do Sistema Toyota de Produção.
O pensamento enxuto nasceu a partir do STP, buscando aprender com sua
estratégia vitoriosa e ampliar seus horizontes para outros países e culturas. Criou-
se, então, a cultura Lean”, ou a “Produção Enxuta” que, nos últimos anos, tem se
disseminado pelo mundo de forma consistente.
No Reino Unido, os princípios enxutos têm se espalhado rapidamente em
diversos segmentos da economia, segundo informe da Society of Mechanical
Engineers (2008). Empresas como a rede de supermercados Tesco mostram
resultados excepcionais com as práticas enxutas. Na Turquia, a partir da crise de
2001, forçados a desvalorizar sua moeda, os turcos se voltaram para o mercado
externo e os setores automobilístico e têxtil iniciaram a implementação de princípios
“lean” para poderem competir globalmente.
48
Na Espanha, começam a surgir sinais de que o movimento “Lean” está
crescendo, principalmente na indústria da moda, conhecida mundialmente pela sua
competitividade. Na Polônia, empresas de vários setores, como automotivo,
químico, medicinal, estão seguindo as transformações da filosofia enxuta, buscando
ganhar eficiência. Na Alemanha, apesar de ter se criado uma idéia equivocada de
que a filosofia enxuta buscava reduções de pessoal e aumentar a pressão sobre os
funcionários, surgem mais e mais exemplos de empresas bem sucedidas na
aplicações dos conceitos “lean”.
No Brasil, completaram-se 10 anos desde a fundação do Lean Institute Brasil,
quando começaram a se difundir os princípios enxutos e as empresas locais pouco a
pouco foram se interessando e iniciando a adoção de práticas baseadas no sistema
“lean”, com bons resultados em praticamente todos os segmentos.
O Vale do Paraíba Paulista não é exceção neste universo. Polo concentrador
de riqueza e detentor de tecnologia avançada em segmentos tão díspares como
Aeronáutico, Automobilístico, Químico, Petróleo, entre outros, a região tem se
destacado por apresentar empresas que buscam continuamente melhorar seus
processos e ganhar competitividade.
2.7 DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA
O Vale do Paraíba Paulista está situado na região Sudeste do Brasil e
caracteriza-se geograficamente pelo rio Paraíba do Sul, cuja nascente deriva da
junção dos rios Paraitinga e Paraibuna e pelas serras do Mar e da Mantiqueira.
Caracterizado pelo IBGE, compreende 38 municípios, que aparecem listados no
Anexo 1.
49
Desde o início do processo de colonização portuguesa, o VPP serviu como
caminho natural para ocupação de terras, busca de metais preciosos e captura de
índios, que se deslocavam entre o mar e a serra por inúmeras trilhas. O primeiro
núcleo de povoamento foi a Vila de São Francisco de Chagas de Taubaté, fundada
em 5 de dezembro de 1645 (DELFINO, 2004).
O rio Paraíba do Sul atuou como fator de desenvolvimento e ocupação da
região, facilitando a penetração e fixação dos exploradores da região. Pelo seu
curso, foi aberto o caminho que ligou a vila de São Paulo aos sertões de Minas
Gerais, para onde seguiam os bandeirantes.
Com o declínio da mineração, novas atividades econômicas foram surgindo
às margens do rio Paraíba, como o cultivo da cana-de-açúcar, entre 1770 e 1830 e o
café, entre 1830 e 1875. Posteriormente, começaram as plantações de arroz e
outras culturas de subsistência às margens do rio, como roças de milho e feijão,
além da produção de farinha, melado, aguardente e a criação de porcos e galinhas
(PASIN, 1988).
A decadência do café obrigou a procura de novas formas de produção
econômica e os núcleos urbanos descobriram a necessidade de partir para uma
nova forma de sustento – a industrialização.
As primeiras indústrias surgiram no VPP nas últimas décadas do século XIX,
seguindo uma tendência que se verificava em todo o Estado de o Paulo, como
decorrência das políticas protecionistas do império. Os primeiros estabelecimentos
com registro no ano de 1888 eram os seguintes: produção de gás e óleos minerais,
em Taubaté; indústrias têxteis, em Jacareí; beneficiamento de arroz, em
Pindamonhangaba; destilarias de álcool e cervejarias, em Taubaté, Jacareí e São
50
José dos Campos, Pindamonhangaba e Cachoeira Paulista, entre outros. Esta pode
ser considerada a primeira fase do desenvolvimento industrial da região.
A segunda fase abrange o período de 1914 a 1943 e caracterizou-se por um
crescimento acelerado, principalmente em Taubaté e Guaratinguetá, nos setores de
transformação de produtos agropecuários, minerais não-metálicos, madeiras etc.,
culminando com a construção da rodovia presidente Dutra e a Usina Siderúrgica de
Volta Redonda.
A partir daí, vem a terceira fase, com destaque para os municípios de São
José dos Campos, Jacareí, Guaratinguetá, Cruzeiro e Caçapava e o surgimento de
modernas indústrias, principalmente mecânicas e metalúrgicas. A partir da década
de 40, com a construção do C.T.A. (Centro Tecnológico Aerospacial) em São Jo
dos Campos, foi aberto o caminho para o surgimento de indústrias de base
tecnológica, como a Embraer, a Avibrás e outras.
Outro fator de destaque para a região foi a vinda de grandes indústrias do
setor automobilístico, como a General Motors, em São José dos Campos, a
Volkswagen e a Ford, em Taubaté, que atraíram inúmeras empresas fornecedoras
de autopeças, criando um polo concentrador de riqueza e gerador de empregos
qualificados.
51
3 METODOLOGIA
Este capítulo descreve os procedimentos metodológicos utilizados no
desenvolvimento da presente pesquisa com empresas do Vale do Paraíba Paulista,
com o objetivo de analisar a implantação de ferramentas de Produção Enxuta.
Apresentam-se a seguir conceitos sobre o tipo de pesquisa realizado, o universo
compreendido, a determinação do tamanho da amostra selecionada, a construção
do instrumento de coleta de dados e a forma de análise dos dados coletados.
3.1 O TIPO DE PESQUISA
Analisando quanto aos fins, a presente pesquisa tem caráter exploratório, a
qual, segundo Gil (2007), tem por objetivo desenvolver, esclarecer e modificar
conceitos e idéias, visando estudos posteriores. Além disso, as pesquisas
exploratórias são normalmente aplicadas a temas pouco explorados, sobre os quais
torna-se difícil formular hipóteses precisas.
A metodologia utilizada é a de pesquisa de campo, por meio de levantamento
de dados diretamente nas empresas investigadas.
A primeira etapa consta de uma revisão bibliográfica em livros, artigos
científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre o tema Produção
Enxuta, com o objetivo de construir uma plataforma teórica que suporte e
fundamentação ao caso em estudo. Em sua maioria, as fontes de pesquisa
utilizadas foram obtidas por meio de acesso à internet, entre as quais podemos citar:
ferramentas de busca como o Google Acadêmico, bases de dados especializadas
como Scielo, Science Direct, Ibict e Capes. No caso desta última, o acesso foi
52
possível com a senha distribuída aos mestrandos de Gestão e Desenvolvimento
regional.
Como a literatura disponível sobre Produção Enxuta é abrangente e
diversificada, foi possível lançar mão de uma série de publicações a respeito do
assunto, muitas delas disponíveis na biblioteca da UNITAU, o que contribuiu para
criar um histórico desde os primeiros anos da criação do Sistema Toyota de
Produção, até sua evolução e a criação dos conceitos Lean, que resultaram no que
hoje se conhece como Produção Enxuta. Além disso, existe uma grande quantidade
de artigos disponíveis sobre este tema, o que enriquece a discussão.
Em seguida, foi construído um instrumento de coleta de dados na forma de
um questionário composto de perguntas abertas e fechadas. Para a construção do
questionário, buscou-se um número suficiente de questões que tornasse possível a
análise da implantação da PE nas empresas e uma avaliação dos resultados.
Para complementar os dados coletados e para possibilitar um cruzamento de
dados, foram realizadas entrevistas individuais em algumas empresas.
3.2 O UNIVERSO DA PESQUISA
A pesquisa foi desenvolvida na região do VPP, que compreende um universo
de 38 cidades, conforme relação que consta do anexo 1.
Dentro deste universo, foram selecionadas médias e grandes indústrias,
conforme classificação do SEBRAE (2007), de acordo com o número de
empregados:
Médias Empresas – de 100 a 499 empregados
Grandes Empresas – 500 ou mais empregados
53
O ponto de partida foi um conjunto de 347 empresas associadas ao CIESP,
entre pequenas, médias e grandes, localizadas na região do Vale do Paraíba
Paulista, segundo dados de 2007. A partir deste universo de empresas, foi composta
uma amostra significativa de médias e grandes indústrias que fizeram parte da
pesquisa em questão.
O segundo passo foi excluir as empresas de prestação de serviços,
microempresas e empresas de pequeno porte, pois o escopo desta pesquisa está
limitado às empresas do segmento industrial, ou seja, com atividade de manufatura.
Como resultado desta triagem, chegou-se a uma população composta de 93
empresas.
3.3 DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA
Geralmente, o pesquisador social busca tirar conclusões a respeito de um
grande número de indivíduos. Por exemplo, ele poderia desejar estudar os 600.000
cidadãos que compõem, aproximadamente, a população da cidade de São José dos
Campos; ou os 2.000 funcionários de uma determinada empresa; ou mesmo os 500
sócios de uma dada instituição beneficente.
Quando o pesquisador trabalha com a totalidade do grupo que está sendo
estudado, isto significa que ele está envolvendo a população. Segundo Levin (1987)
População consiste de um conjunto de indivíduos que possuem alguma
característica em comum.
Porém, os recursos de que dispõe o pesquisador são sempre escassos,
principalmente no que se refere a tempo disponível. Desta forma, ele procura
estudar um número menor de indivíduos que fazem parte da população. Este
54
pequeno grupo é denominado amostra e o processo de seleção dos indivíduos que
farão parte da amostra é conhecido por amostragem.
Obviamente uma amostra não representa de modo perfeito uma população,
pois existe sempre uma margem de erro envolvida, que é denominada erro amostral
(E). Este erro não pode ser evitado, mas deve ser minimizado por meio da
determinação de uma amostra de tamanho adequado (TRIOLA, 1999). Amostras
demasiadamente grandes significam desperdício de tempo e dinheiro e, por outro
lado, amostras excessivamente pequenas, podem comprometer a confiabiidade dos
resultados.
Outro fator importante para o cálculo do tamanho mínimo da amostra é o valor
crítico (Zα/2) que corresponde ao grau de confiança desejado. A Tabela 1 mostra os
valores críticos mais utilizados no cálculo estatístico:
Tabela 1 – Valores críticos de acordo com o grau de confiança (Triola, 1999)
Grau de Confiança α Valor Crítico Zα/2
90% 0,10 1,645
95% 0,05 1,96
99% 0,01 2,575
Quando a amostra tiver um tamanho maior ou igual a 5% do tamanho da população,
considera-se que a população é finita. Neste caso, segundo Triola (1999), o
determinação do tamanho mínimo da amostra é feita por meio da equação a seguir:
55
Equação 1: Cálculo do tamanho da amostra necessário para validação
Onde:
n = número de indivíduos da amostra
Zα/2 = valor crítico que corresponde ao grau de confiança escolhido
p = proporção de indivíduos que pertence à categoria em estudo
q = proporção de indivíduos que não pertence à categoria em estudo
E = margem de erro de estimativa
N = tamanho da população
Para o cálculo do tamanho da amostra necessário para a validação estatística
da pesquisa sobre PE nas empresas do VPP, foi utilizada a Equação 1, adotando-se
os seguintes valores:
n = tamanho da amostra procurada
N = tamanho da população = 93
Zα/2 = 1,645 (correspondente a um grau de confiança de 90% segundo a Tabela 1);
p = 0,6 (que indica a proporção da característica pesquisada no universo, ou seja,
estima-se que 60% do universo apresente uma ou mais das ferramentas de PE);
q = 0,4 (que indica a diferença percentual 100 – p);
E = 0,1 (correspondente a um erro de estimativa de 10%, considerado suficiente
para a confiabilidade da pesquisa).
²).1(2/).(.(
2/.(..
ENZqp
ZqpN
n
+
=
α
α
56
Utilizando os valores acima na Equação 1, obteve-se o seguinte tamanho de
amostra necessário:
n = 38,48 = 39 empresas
3.4 O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
O questionário para levantamento de dados tem sido utilizado com freqüência
na pesquisa científica, devido ao seu baixo grau de inferência subjetiva (FROTA;
FROTA, 1999), o que permite uma verificação em maior escala dos dados
requeridos.
Na elaboração do questionário distribuído às empresas selecionadas, as
questões, de natureza aberta e fechada, foram estruturadas de modo a obter-se
respostas que permitam uma análise quantitativa e qualitativa do problema em
estudo. Neste sentido, utilizou-se como base teórica a pesquisa realizada em livros e
artigos científicos e apresentada na seção 2.5. Nesta pesquisa, foram identificadas
as melhores práticas de PE em vários países e indústrias de diferentes segmentos,
por meio das ferramentas utilizadas pelas mesmas na implementação da filosofia
enxuta.
Nem todas as empresas utilizam integralmente as ferramentas de PE em seu
sistema de gestão, porém procurou-se incluir no questionário aquelas consideradas
de maior relevância para avaliar a eficácia desta filosofia.
Em primeiro lugar, foi realizado um pré-teste do questionário com 2 empresas
selecionadas entre aquelas que compuseram a amostra. O objetivo deste pré-teste
foi identificar possíveis vidas por parte dos respondentes, bem como sugestões
que pudessem contribuir para um aprimoramento do instrumento de coleta de dados
57
e assim validar o mesmo. De um modo geral, o questionário foi considerado de fácil
compreensão e não foi necessária nenhuma alteração em seu conteúdo.
Em seguida, o questionário foi encaminhado por correio eletrônico para os
responsáveis pela implantação e/ou gestão da PE nas empresas selecionadas entre
a população pesquisada no período compreendido entre os meses de abril e
setembro de 2008. Juntamente com o questionário, foi encaminhada uma carta de
sensibilização, explicitando os motivos que levaram à realização da pesquisa e sua
relevância no contexto da região do Vale do Paraíba Paulista. No Anexo 2 está o
Questionário utilizado para a pesquisa.
Adicionalmente ao questionário, foram realizadas entrevistas com os gestores
de algumas empresas selecionadas, com o objetivo de avaliar mais profundamente
as seguintes questões, entre outras:
O real entendimento das ferramentas de Produção Enxuta;
A percepção quanto aos resultados da implantação destas ferramentas;
O grau de implantação dos conceitos de PE;
Os benefícios quantitativos da implantação da PE.
Da mesma forma, buscou-se, com as entrevistas, esclarecer dúvidas sobre
alguns resultados que apareceram durante a tabulação dos questionários.
3.5 ANÁLISE DE DADOS
As informações obtidas por meio do questionário e das entrevistas foram
processadas, utilizando-se para isto o Software Microsoft Excel. Por meio deste
software foi organizada a base de dados e foram gerados gráficos e tabelas
passíveis de análise.
58
Os dados contidos nos questionários aplicados foram tabulados e passaram
por tratamento estatístico, organizando-se os resultados em termos de freqüências
de respostas similares dos respondentes e outras informações de caráter particular
que possibilitaram a análise em conjunto com os resultados das entrevistas com os
gestores. Sob este aspecto buscou-se um cruzamento entre as duas fontes de
informações com o objetivo de se proceder a uma análise comparativa.
Além disto, as análises possíveis para cada uma das abordagens da pesquisa
também permitiram uma visão abrangente sobre os resultados da aplicação das
técnicas de PE nas empresas do Vale do Paraíba Paulista. A partir das informações
levantadas pelo questionário, foi possível obter gráficos e tabelas, com o objetivo de
analisar os seguintes temas:
A difusão da filosofia de PE nas empresas do VPP, de acordo com o ramo de
atividade, porte e natureza jurídica da empresa;
Os motivos que levaram à adoção das ferramentas de PE e de que forma se
processou esta implementação e sua abrangência;
Quais as ferramentas de PE efetivamente adotadas e quais os indicadores
selecionados para controlar sua eficácia;
Quais os resultados alcançados com a implementação das ferramentas de PE,
no que diz respeito a redução de custos, incremento nas vendas, redução nos
lead times , reclamações de clientes e redução nos estoques;
A percepção dos executivos quanto à eficácia das ferramentas de PE para a
melhoria dos resultados das empresas.
59
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa com as empresas do VPP,
utilizando gráficos e tabelas que ilustram as respostas obtidas, bem como efetua
uma análise destes resultados, com o objetivo de avaliar a implementação da
filosofia de PE nestas empresas.
Foram obtidos 40 questionários respondidos, em um total de 93 empresas-
alvo, o que constitui número suficiente para uma validação estatística da amostra,
conforme descrito na seção 3.3.
4.1 Setor do Respondente
A primeira questão trata do setor em que trabalha o respondente da pesquisa.
O motivo para a inclusão desta pergunta foi verificar se o mesmo realmente tem
relação com a implantação ou com a gestão de processos em que a filosofia de PE
está presente. Verificou-se uma grande diversidade de denominações para os
cargos ocupados por estes profissionais, como por exemplo: “Coordenação Lean”,
“Melhoria Contínua”, “Lean Office”, Business Excellence”, “Sistema Integrado de
Gestão”, entre outros.
Via de regra, a grande maioria dos profissionais que respondeu o questionário
está vinculada à gestão das ferramentas de PE, com raras exceções. Em geral, eles
trabalham em setores como Engenharia de Processos, Industrial, Qualidade ou
Logística.
60
4.2 Ramo de Atividade
Em relação ao ramo de atividade das empresas que participaram da
pesquisa, houve predomínio do segmento automobilístico, com 37,5% do total, como
se pode observar na Figura 02. Este resultado era previsível, pois a mentalidade
enxuta se originou na indústria automobilística, mais especificamente na Toyota e é
neste tipo de indústria que esta filosofia tem encontrado terreno fértil para uma
difusão mais intensa.
Em segundo lugar, aparece o segmento de Metalurgia, Materiais Metálicos e
Não-metálicos, com 15% do total pesquisado. Em seguida, encontramos o segmento
Químico/Agroquímico, com 12,5% das respostas e o segmento
Médico/Farmacêutico, com uma participação de 7,5%.
Três segmentos bem distintos aparecem com 5% das respostas:
Alimentos/Bebidas, Material Eletroeletrônico/Comunicações e Têxtil/Vestuário. Com
menor incidência, aparecem os setores Aeronáutico, Mecânico, Construção Civil,
Refrigeração Industrial e Vidreiro, contribuindo com 2,5%.
Este resultado mostra que as ferramentas de PE estão cada vez mais se
disseminando para diferentes setores industriais. Isto se deve aos bons resultados
alcançados com a implementação destas práticas, como se verá adiante. Outro fator
que auxilia a difusão da mentalidade é a capilaridade existente entre os profissionais
que trabalham na gestão dos processos Lean. Existe atualmente um grupo
denominado Forum Lean, que se reúne mensalmente na FAAP para apresentar e
discutir os benefícios da PE. Esta troca de experiências tem contribuindo
sobremaneira para a ampliação do entendimento sobre as práticas “Lean”.
61
Figura 02 – Ramo de Atividade das empresas respondentes
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
5,0
5,0
5,0
7,5
12,5
15,0
37,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Construçao Civil
Vidreiro
Refrigeração Industrial
Aeronáutico
Mecânico
Têxtil/Vestuário
Material Eletroeletrônico/ Comunicações
Alimentos/Bebidas
Médico/Farmacêutico
Químico/Agroquímico
Metalúrgico/Mat. metálicos e não-metálicos
Automobilístico
%
62
4.3 Porte das Empresas
Num primeiro momento, pensou-se em incluir na amostra empresas de
grande, médio e pequeno porte, de acordo com a classificação do SEBRAE
apresentada na seção 3.2.
Porém, com o andamento da pesquisa, verificou-se que a incidência de
pequenas empresas que possuem ferramentas de PE implementadas, mesmo que
de forma parcial, é muito baixa, o que não contribuiria para o resultado da pesquisa.
A grande maioria das pequenas e micro-empresas têm um conhecimento muito
limitado do que vem a ser Produção Enxuta, sendo que muitas delas nem sequer
ouviram falar deste tema.
Decidiu-se, portanto, considerar somente as médias e grandes empresas,
com participação significativa destas últimas, com 62% do resultado, conforme
mostra a Figura 03. As médias empresas corresponderam a 38% do total das
empresas respondentes.
Figura 03 – Porte das empresas respondentes
62%
38%
Grandes empresas
Médias Empresas
63
4.4 Natureza Jurídica das Empresas
No que se refere à natureza jurídica das empresas que participaram da
pesquisa, observa-se uma grande incidência de sociedades empresárias limitadas
(LTDA), com 64% das respostas, seguida por sociedades anônimas (S.A.), com 27%
do total.
Em pequeno número aparecem sociedades de economia mista, sociedades
em cotas de participação, e sociedades comanditas, todas com 3%. A Figura 04
mostra a proporção entre os tipos de sociedades pesquisadas.
Figura 04 – Natureza Jurídica das empresas respondentes
4.5 Motivação para a implementação da PE
Esta questão teve por objetivo investigar o que motivou as empresas a
implementar a filosofia de PE, ou seja, em que contexto foi tomada a decisão de
adotar estas práticas e o que se buscou com elas. A essência do pensamento
3%
27%
64%
3%
3%
Sociedade de economia
mista
Sociedade anônima
Sociedade limitada
Sociedade comandita
Sociedade em cotas de
participação
64
enxuto, derivado do Sistema Toyota de Produção, está na eliminação dos
desperdícios, o que, na prática, acaba se desdobrando em inúmeros outros fatores
críticos que contribuem para a melhoria dos resultados nas organizações. Um dos
objetivos deste trabalho é conhecer o que as empresas do VPP consideram
relevante quando decidem adotar as ferramentas de PE.
Os respondentes foram orientados no enunciado da questão a escolher mais
de uma alternativa, motivo pelo qual a soma dos percentuais excede 100%, pois a
maioria dos questionários apresentou várias opções. A Figura 05 A mostra os
resultados obtidos.
O item “Redução de Custos”, foi o mais citado, apontado por 88% dos
respondentes, seguido de perto por “Ganhos de Produtividade”, que aparece em
83% das respostas. Em tempos de competição acirrada, percebe-se uma busca
cada vez maior das empresas por aumento em sua eficiência operacional.
“Aumento de Flexibilidade”, com 70% das respostas e “Melhoria nos Lead
Times”, com 65% aparecem em seguida como fatores que levaram as empresas a
optar pela implementação de práticas de PE, mostrando uma preocupação das
empresas com a redução dos prazos de entrega. Entende-se por Lead Time o tempo
entre a colocação do pedido pelo cliente e a efetiva entrega do produto.
Observa-se também uma preocupação das empresas em melhorar a
qualidade dos produtos e o atendimento aos clientes, que estão indicados em 40%
e 43% das respostas, respectivamente.
Um percentual de 23% das empresas participantes da pesquisa decidiram
implementar ferramentas de PE a partir de uma exigência da matriz, o que mostra
que, muitas vezes, as decisões são tomadas de cima para baixo na hierarquia,
65
partindo de uma experiência bem sucedida em seus países de origem e que são
disseminadas para as subsidiárias.
Figura 05 A – Motivação das empresas para a Implementação de ferramentas de PE
Por outro lado, 20% dos respondentes considerou a melhoria no Layout de
fábrica como fator importante na decisão, seguindo o exemplo da Toyota, que tinha
como princípio a execução de mudanças drásticas na configuração dos
equipamentos, visando reduzir distâncias e eliminar movimentações desnecessárias.
5
5
5
20
23
40
43
65
70
83
88
0 20 40 60 80 100
Oportunidade de Mercado
Redução de Inventário
Solicitação dos Clientes
Melhoria de Layout
Exigência da matriz
Melhoria na Qualidade
Melhoria Atendimento aos Clientes
Melhoria nos Lead Times
Aumento Flexibilidade
Ganhos de Produtividade
Redução de Custos
%
66
Um pequeno número de empresas considerou como motivação para a
implementação da PE a questão de “Oportunidade de Mercado”, que aparece em
8% das respostas.
Curiosamente, somente 5% dos respondentes mencionaram o item
“Solicitação dos Clientes” como fator motivador. No mercado automobilístico é
comum que as montadoras solicitem, ou mesmo exijam de seus fornecedores a
implementação de ferramentas de PE, visando principalmente reduzir custos e
repassar estes ganhos aos preços. Porém, não é o que se verifica em larga escala
entre as empresas pesquisadas no VPP.
Com o objetivo de refinar um pouco mais esta questão da motivação para a
implantação da PE, foi feita uma análise considerando os três segmentos com maior
participação na pesquisa: Automobilístico, Metalurgia/Materiais Metálicos e Não-
Metálicos e Químico/Agroquímico. Para estes segmentos, foram utilizados os seis
fatores motivacionais mais apontados pelas empresas, ou seja, aqueles
considerados mais relevantes para a decisão de implantação das práticas “Lean”.
Os resultados desta análise aparecem na Figura 05
B. Pode-se perceber que
os fatores que motivaram as empresas diferem para os três maiores segmentos
participantes da pesquisa. No setor automobilístico, o principal motivador foi Ganho
de Produtividade, com 87%, seguido por Redução de Custos e Melhoria dos Lead
Times, com 80% das respostas. As indústrias deste setor estão cada vez mais
preocupadas em melhorar seus índices de eficiência na produção, com o objetivo de
combater a concorrência, como comprovam os fatores que aparecem na sequência:
Melhoria de Flexibilidade, com 60% e Melhoria na Qualidade, com 53%. É
importante lembrar que os respondentes podiam escolher várias opções, razão pela
qual a soma dos percentuais excede 100%.
67
Figura 05
B – Motivadores para implantação da PE, por ramo de atuação
No setor de Metalurgia/Materiais Metálicos e Não-Metálicos, o fator
preponderante de decisão foi Redução de Custos, com 83%, percentual próximo do
quadro geral, conforme Figura 05 A. Em seguida aparece Aumento de Flexibilidade,
com 67%. Ganho de Produtividade, Melhoria de Qualidade e Atendimento aos
Clientes figuram com 50%. Este setor caracteriza-se por indústrias pesadas e
antigas e que têm vislumbrado nas práticas enxutas uma oportunidade de tornar
seus processos mais ágeis e flexíveis, a partir da experiência bem sucedida da
Toyota.
80
87
60
80
53
20
83
50
67
33
50
50
80
80
100
80
40
40
0 20 40 60 80 100 120
Redução Custos
Ganho
Produtividade
Aumento
Flexibilidade
Melhoria Lead
Times
Melhoria
Qualidade
Melhoria Atend.
Clientes
%
Automobilístico Metalurgia/Metálicos e Não Met. Químico/Agroquímico
68
O terceiro maior segmento participante da pesquisa, Químico/Agroquímico,
apresentou resultados diferentes dos anteriores: o maior fator motivador para a
implantação da PE foi Aumento de Flexibilidade, apontado por 100% dos
respondentes deste setor. Na sequência, três fatores: Redução de Custos, Ganho
de Produtividade e Melhoria dos Lead Times, com 80%. Em menor escala estão
Melhoria na Qualidade e no Atendimento aos Clientes, com 40%.
Apesar de os motivadores variarem de acordo com o ramo de atuação das
empresas, pode-se inferir que o item Redução de Custos continua entre os de maior
influência na decisão de implementação doLean” nas empresas do Vale do Paraíba
Paulista, aparecendo em primeiro ou segundo lugar, como mostra a Figura 06 B.
4.6 Forma de Implementação da PE
Esta questão procurou identificar de que forma se deu a implementação das
ferramentas de PE nas empresas. O resultado ficou bem distribuído, conforme
demonstrado na Figura 06.
Figura 06 – Forma de Implementação da PE
23%
36%
15%
26%
Generalizada em toda a
empresa
Inicialmente em uma área piloto
Somente no chão de fábrica
De forma gradual, por setores
69
Para 36% dos respondentes, a opção adotada foi iniciar a implementação por
uma área piloto, buscando avaliar primeiro os resultados parciais para depois
estender o conceito para as demais áreas da empresa.
Um número significativo de empresas (23%) decidiu por uma implementação
generalizada em toda a empresa, inclusive em áreas administrativas, confiando na
eficácia das ferramentas de PE para a melhoria dos resultados em toda a empresa.
Em 26% das empresas a implementação foi feita de forma gradual, por
setores e somente 15% dos respondentes considerou que a implementação deveria
ficar restrita ao chão de fábrica, o que demonstra a força da Produção Enxuta. Cada
vez mais o mercado reconhece que existe espaço para a adoção destas práticas em
vários tipos de organização e em diversas áreas envolvidas.
4.7 As Ferramentas de PE implementadas
Esta questão apresentou diversas ferramentas de PE como alternativas aos
respondentes, que tinham a possibilidade de escolher todas aquelas que estivessem
implementadas e utilizadas nas respectivas empresas.
O critério utilizado para a definição de quais ferramentas são relevantes para
o estudo foi a revisão bibliográfica em diversos livros artigos que descrevem as
melhores práticas de PE em vários países. Também foram considerados alguns
casos de empresas da região que implementaram sistemas Leane tiveram suas
experiências detalhadas em dissertações de mestrado. A partir das informações
coletadas, foram listadas as ferramentas de PE mais utilizadas nos dias atuais.
70
Não existe consenso entre os vários autores pesquisados quanto às
ferramentas de PE mais utilizadas, portanto buscou-se incluir o maior número
possível delas de acordo com as citações encontradas.
A Figura 07 mostra o resultado encontrado nas empresas do VPP.
Figura 07 – Ferramentas de PE implementadas nas empresas do VPP
13
33
33
45
55
55
58
58
60
63
70
75
80
83
88
0 20 40 60 80 100
Outras
One Piece Flow
Heijunka
Células
TPM
Multifunção
Poka Yoke
Andon
Value Stream Mapping
SMED
Kanban
Proced. Padrão
Indicadores
Kaizen
5S
%
71
A mais conhecida entre as ferramentas de PE é a 5S, utilizada por 88% das
empresas que participaram da pesquisa. Muitas empresas, aliás, utilizam a
ferramenta 5S até mesmo desvinculada de um programa Lean”, simplesmente
como forma de melhorar a organização e limpeza do chão de fábrica. A metodologia
de implantação do 5S é considerada de fácil compreensão, porém sua manutenção
exige uma série de cuidados, como por exemplo auditorias bem planejadas e
executadas com periodicidade controlada, de modo a criar a disciplina necessária
para o bom funcionamento desta ferramenta.
Em seguida, aparece Kaizen, ou Melhoria Contínua, mencionada por 83% das
empresas. A ferramenta Kaizen é normalmente utilizada na forma de projetos de
melhoria incremental, com duração de alguns dias, nos quais é apresentado um
problema, são analisadas suas causas e são propostas e implementadas soluções
imediatas para o mesmo. Em seguida, é montado um plano de acompanhamento
das ações propostas durante um período determinado. Desta forma, é possível
resolver de forma rápida problemas que de outra forma levariam semanas ou meses
em meio à burocracia organizacional.
Indicadores de Desempenho o encontrados em 80% dos respondentes, o
que mostra a preocupação das empresas em controlar a gestão do sistema de PE,
acompanhando os resultados e divulgando os mesmos para os envolvidos. A
pesquisa com as empresas do VPP identificou os indicadores mais utilizados, que
serão descritos na seção 4.17.
Duas ferramentas consideradas por Taiichi Ohno (1997) como essenciais
para o sucesso do STP e, consequentemente, para a Produção Enxuta, aparecem
em seguida, com 75% das respostas (Procedimentos de Trabalho Padrão) e 70%
(Kanban).
72
Troca Rápida de Ferramentas (SMED) aparece com 63% das citações,
seguida de perto por Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Mapping), com
60%, Andon e Poka Yoke, com 58% .
O uso de trabalhadores multifuncionais e TPM (Total Productive
Maintenance), duas das ferramentas mais utilizadas nos primórdios do Sistema
Toyota de Produção, estão presentes com 55% das respostas.
Células de trabalho têm sido utilizadas com uma frequência cada vez maior e
estão implementadas em 45% das empresas respondentes no VPP.
Por fim, em menor número, aparecem Heijunka (Produção Nivelada), e Fluxo
Unitário de Peças (One Piece Flow), ambas com 33% das respostas.
4.8 Tempo de Implementação da PE
Um dos fatores que chamou a atenção nos resultados obtidos com o
questionário foi a questão do tempo que levou a implementação da PE nas
empresas pesquisadas. A grande maioria dos exemplos citados pelos autores
menciona que a Produção Enxuta demanda um longo tempo para que se possa
efetivar uma mudança cultural nas empresas, acostumadas a muitos anos de
convívio com a Produção em Massa. Além disso, os conceitos de PE o muitas
vezes contra-intuitivos, ou seja, estão na contra-mão do que se considera como
senso comum no ambiente industrial.
Um exemplo disto é o Kanban, ou sistema puxado. As empresas, em geral,
costumam produzir para estoque, “empurrando” os produtos ao longo do processo
até o depósito de acabados, sem preocupação real com a demanda do cliente. A PE
pressupõe trabalhar com sistemas “puxados”, onde quem determina o que vai ser
73
produzido é o processo posterior, que vai até o anterior buscar peças, em uma
situação similar à de um supermercado. Esta mudança envolve uma quebra de
paradigmas muito forte, que normalmente não se processa a curto prazo.
Porém, 8% das empresas do VPP que participaram da pesquisa afirmaram
ter implementado as práticas de PE em a 6 meses e 30% das empresas
responderam que em um período de 6 meses a 1 ano foi possível implantar as
ferramentas de PE, conforme Figura 08A.
Figura 08A – Tempo de implementação da PE nas empresas do VPP
Esta questão necessitou de um detalhamento melhor, que foi realizado por
meio de contato telefônico com algumas empresas que tiveram a implantação em
tempo inferior a um ano. Na verdade, muitas destas empresas ainda estão em um
estágio inicial do processo de implementação das ferramentas enxutas, o que
explica em parte o tempo tão curto informado no questionário.
8%
30%
13%
28%
21%
a6 meses
de 6 meses a 1 ano
de 1 a 2 anos
de 2 a 5 anos
mais de 5 anos
74
Por outro lado, realizou-se um cruzamento de dados, tomando-se as
empresas que informaram um prazo de implementação de até 1 ano e analisando o
número de ferramentas efetivamente adotadas por estas empresas. O número
médio de ferramentas de Produção Enxuta utilizado por elas ficou próximo de 7, o
que indica que ainda não está sendo explorado na totalidade o potencial que esta
filosofia oferece em termos de práticas “Lean”.
Por outro lado, 21% das empresas afirmaram que foi necessário mais de 5
anos para a implementação da PE, muitas delas salientando que o processo ainda
se encontra em andamento. Um percentual igualmente elevado (28%) foi verificado
para o período de 2 a 5 anos. Somando as duas últimas respostas, podemos
perceber que 49% das empresas respondentes levaram mais de 2 anos para colocar
as ferramentas de PE em prática, o que confirma as experiências encontradas na
literatura pesquisada. Somente 13% das empresas que participaram levaram de 1 a
2 anos para a implementação da PE.
Foi feita uma análise em separado com as empresas que informaram ter
levado mais de 2 anos para implementar as ferramentas de PE, que representam
50% dos participantes da pesquisa. O objetivo foi conhecer que segmentos
dedicaram mais tempo à adoção da nova filosofia de gestão baseada nos princípios
Lean”. A Figura 08B mostra os resultados por ramo de atuação.
Em primeiro lugar aparece o setor automobilístico, ou seja, 50% dos
participantes da pesquisa e que levaram mais de 2 anos para implementar as
ferramentas de PE pertencem a este setor.
Em seguida aparecem os setores Químico/Agroquímico, com 15%,
Metalúrgico e Médico/Farmacêutico, ambos com 10%. Por fim, os segmentos
Eletrônico/Comunicações, Vidreiro e Aeronáutico, com 5% dos respondentes.
75
Figura 08B Empresas que levaram mais de 2 anos para implementar as ferramentas de
PE, por ramo de atuação
Os demais segmentos que participaram da pesquisa e que não aparecem na
Figura 08B informaram ter levado menos de 2 anos para implementar as práticas
“Lean”.
4.9 Problemas encontrados durante a implementação da PE
Em um processo tão complexo como a mudança cultural já citada, necessária
para a implementação da filosofia enxuta, é natural que ocorram problemas no
caminho, obstáculos que dificultam a conclusão do processo ou mesmo retardam
algumas etapas.
A pesquisa sobre PE identificou vários problemas apontados pelas empresas,
sendo “Falta de Experiência com a PE” o mais citado, com 45% das respostas. Da
5%
50%
10%
10%
5%
15%
5%
Aeronáutico
Automobilístico
Médico/Farmacêutico
Metalúrgico/Materiais
metálicos e não-
metálicos
Material Eletroeletrônico/
Comunicações
Químico/Agroquímico
Vidreiro
76
mesma forma, “Falta de Conhecimento sobre a PE” foi mencionado por 30% dos
participantes e “Treinamento Insuficiente”, por 28% dos respondentes. Isto evidencia
que muitas vezes as empresas iniciam o processo de mudança sem uma devida
preparação, ou seja, sem treinar adequadamente os envolvidos, sem o apoio de
profissionais que conheçam a fundo a nova filosofia, o que pode dificultar o
processo.
“Falta de Comprometimento dos Pares”, mencionado por 35% dos
respondentes, ficou em segundo lugar entre os problemas apontados, seguido por
“Recursos Insuficientes”, com 33%. “Atrasos no Cronograma de Implementação” e
“Falta de Comprometimento dos Subordinados”, com 25%, também estão na
sequência decrescente de respostas. Esta última evidencia a dificuldade de se obter
o mesmo grau de participação de toda a equipe na construção do novo sistema de
gestão. Normalmente se encontra muita resistência à mudança quando o que está
em jogo são novos conceitos e novas ferramentas. Curiosamente, “Falta de Apoio da
Alta Direção” foi pouco citado (16% somente), provavelmente pelo fato de que os
programas relacionados com a PE resultarem de decisões Top Down, ou seja, de
cima para baixo na hierarquia. A Figura 09 mostra os problemas apontados pelas
empresas do VPP. Aqui novamente os respondentes puderam citar várias
alternativas, o que explica o fato de que a soma dos percentuais excede 100%.
77
Figura 09 – Problemas encontrados durante implementação da PE
3
3
3
5
15
25
25
28
30
33
35
45
0 10 20 30 40 50
Fábrica muito antiga, mudanças de layout
Prazo muito curto
Entendimento e estruturação
Resistência à mudança
Falta apoio alta dirão
Falta de comprometimento dos
subordinados
Atraso no cronograma de implementação
Treinamento insuficiente
Falta de conhecimento sobre a PE
Recursos insuficientes
Falta de comprometimento dos pares
Falta de experiência com PE
%
78
4.10 Redução de Custos com a PE .
Esta questão procurou avaliar se houve redução de custos operacionais com
a implementação das ferramentas de PE. Está na essência da filosofia enxuta a
busca pela eliminação de desperdícios e a grande maioria das empresas
participantes mencionou este tema como principal motivador para a adoção desta
filosofia.
Conforme se pode verificar na Figura 10A, somente uma pequena parcela dos
respondentes (3%) afirmou não ter obtido nenhuma redução de custos com a
implementação da PE.
Figura 10A – Redução de Custos com a PE - Geral
Para 27% das empresas participantes, houve redução de até 5% nos custos
industriais e para 13%, esta redução ficou entre 5 e 10%. Verifica-se também que
uma parcela significativa das empresas (19%) conseguiu alcançar uma redução
entre 10 e 20%, porém o resultado mais extraordinário mostrou que 20% das
3%
27%
13%
19%
20%
18%
Não houve
até 5% reduçao
de 5% a 10% redução
de 10% a 20% redução
mais de 20% redução
Não Mensurável
79
empresas que adotaram as ferramentas de PE reduziram seus custos em mais de
20%, o que é notável nos dias atuais, podendo significar a liderança de mercado e a
capacidade de seguir crescendo e investindo.
Em 18% das empresas pesquisadas, não foi possível mensurar a redução de
custos obtida com a PE, seja pelo fato de o programa estar em fase inicial, seja pela
dificuldade de obter os dados necessários para este indicador.
Como o segmento automobilístico contribuiu com quase 40% das respostas,
além de ser pioneiro na implementação de práticas “Lean em todo o mundo,
considerou-se relevante conhecer os resultados deste segmento no que se refere à
melhoria de resultados obtida com as práticas enxutas. Portanto, serão
apresentados a seguir gráficos e análises em separado para este ramo de atividade.
A Figura 10B mostra os resultados obtidos pelas empresas do setor
automotivo em relação à redução de custos com as práticas “Lean”:
Figura 10 B – Redução de Custos com a PE – Setor Automobilístico
0%
26%
27%
27%
7%
13%
Não houve
até 5% reduçao
de 5% a 10% redução
de 10% a 20% redão
mais de 20% redução
Não Mensurável
80
Pode-se perceber que os resultados não são tão significativos se
compararmos com o quadro geral da Figura 12A. No caso do setor automotivo, a
redução de custos ficou mais concentrada nas faixas de 5 a 10% e de 10 a 20%,
ambas com 27% de diminuição. Reduções maiores que 20% ficaram limitadas a um
percentual de 7% das empresas. Como fato relevante, podemos citar que nenhum
dos respondentes do segmento automotivo afirmou que não houve redução de
custos com as ferramentas de PE. Na pior das hipóteses, houve uma pequena
redução de até 5%.
Historicamente, o segmento automobilístico tem trabalhado nas últimas
décadas em projetos de melhoria operacional e, consequentemente, redução de
custos. Desta forma, a margem existente para grandes reduções provavelmente
ficou mais estreita, o que pode explicar este resultado. Para os demais segmentos,
os movimentos em direção às práticas Lean são mais recentes, deixando mais
espaço para reduções significativas.
No Brasil, o movimento Leané recente, tendo se iniciado há uma década
com a criação do Lean Institute Brasil; portanto, muitas empresas descobriram
poucos anos este novo sistema de gestão.
Outro fator que pôde ser analisado foi a relação entre o porte da empresa e o
grau de redução de custos verificada com a implementação das ferramentas de PE.
Foi feito um cruzamento de dados, tomando-se as empresas que obtiveram mais de
10% de diminuição em seus custos industriais e verificando se havia alguma relação
com o tamanho das mesmas. O resultado pode ser visualizado na Figura 10C.
81
Figura 10C – Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução de custos com
ferramentas de PE
Percebe-se que a grande maioria das empresas participantes da pesquisa e
que obtiveram mais de 10% de redução de custos com as ferramentas Lean”, são
grandes empresas, compondo 81% desta amostra. O percentual das médias
empresas respondentes que alcançaram este grau de redução correspondeu a 19%
somente.
Este resultado indica que é nas empresas da região do VPP com mais de 500
funcionários que têm se encontrado as maiores oportunidades para redução de
custos em valor significativo utilizando as práticas enxutas.
A pesquisa buscou também identificar quais as empresas que mais se
beneficiaram com a implementação das ferramentas de PE, agrupadas por ramo de
atuação. Para isto, foram selecionadas aquelas que informaram ter obtido mais de
10% de redução de custos, conforme Figura 10D.
81
19
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Grandes Médias
%
% de empresas que
tiveram mais de 10%
de redução nos
custos com a PE
82
Figura 10D Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução de custos com
a PE, por ramo de atuação
Observa-se que o segmento automobilístico foi o mais beneficiado, pois 31%
dos participantes da pesquisa afirmaram ter obtido mais de 10% de redução de
custos. Em seguida aparece o segmento de Metalurgia/Materiais Metálicos e Não-
metálicos, com 25% das respostas. Mais abaixo está o segmento
Médico/Farmacêutico, com 13% dos respondentes. Outros segmentos estão
presentes num percentual bem menor, em torno de 6%.
6
6
6
6
6
13
25
31
0 10 20 30 40
Refrigeração
Industrial
Químico
Material
Eletroeletrônico
Aeronáutico
Alimentos/ Bebidas
Médico/Farmacêutico
Metalurgia/materiais
Metálicos e Não Met.
Automobistico
%
% de empresas que tiveram mais de 10% de redução nos custos com a
PE
83
4.11 Acréscimo nas Vendas com a PE
Em geral, 44% das empresas participantes afirmaram não ter identificado
acréscimo nas vendas com a implementação da PE. Em alguns casos, foi
comentado que não era possível afirmar que os aumentos ocorridos tenham sido
causados pela nova filosofia.
Porém, para 22% dos respondentes, houve acréscimo que variou de 5 a 10%,
o que pode ser considerado significativo, levando-se em conta que o objetivo
primordial da PE é eliminar desperdícios. Ampliar vendas seria, portanto, um efeito
secundário. 8% das empresas verificaram um acréscimo de até 5% nas vendas, ao
passo que 3% apontou crescimento de 10% a 20%, mesmo percentual das que
afirmaram que as vendas aumentaram mais de 20%.
Para 20% dos respondentes, não foi possível mensurar se houve acréscimo
ou não de vendas com a implementação da PE, devido à falta de dados, conforme
mostra a Figura 11A.
Figura 11A – Acréscimo nas Vendas com a PE - Geral
44%
8%
22%
3%
3%
20%
Não houve
até 5% acréscimo
de 5% a 10% acréscimo
de 10% a 20%
acréscimo
mais de 20% acréscimo
Não Mensurável
84
Se analisarmos esta questão com foco somente no segmento automobilístico,
veremos que os resultados são muito semelhantes, conforme se pode perceber na
Figura 11B. Para 47% das empresas deste setor, não houve acréscimo nas vendas
com a implementação de ferramentas de PE, em 7% observou-se um acréscimo de
até 5% nas vendas e em 27% dos respondentes, ocorreu um incremento de 5 a
10%. Em 7% dos participantes, foi constatado um crescimento nas vendas da ordem
de mais de 20% em função das ferramentas de PE.
Figura 11B – Acréscimo nas Vendas com a PE – Setor Automobilístico
Analisando a relação existente entre porte das empresas e o acréscimo nas
vendas obtido com a PE, verificamos que, da mesma forma que no item “Redução
de Custos”, as grandes empresas foram as mais beneficiadas com a obtenção de
resultados positivos nesta questão. 64% dos participantes que obtiveram algum
percentual de acréscimo nas vendas são empresas de grande porte e 36% das
46%
7%
27%
0%
7%
13%
Não houve
até 5% acréscimo
de 5% a 10% acréscimo
de 10% a 20%
acréscimo
mais de 20% acréscimo
Não Mensuvel
85
respondentes que atingiram qualquer índice de aumento de receitas são empresas
de médio porte.
Estes resultados podem ser visualizados na Figura 11C.
Figura 11C – Percentual de empresas que obtiveram algum acréscimo nas vendas com
ferramentas de PE
4.12 Redução nos Lead Times com a PE
As empresas buscam cada vez mais atender e superar as expectativas dos
clientes. Um dos fatores que pode ser decisivo na escolha de um fornecedor é o
prazo de entrega, que está intimamente ligado com os Lead Times de produção.
Entende-se por Lead Time o tempo entre a colocação do pedido pelo cliente e a
efetiva entrega do produto pelo fornecedor. Por este motivo, foi incluída uma
questão específica sobre este assunto no questionário.
19% dos respondentes identificaram uma redução de 5 a 10% nos Lead
Times, enquanto que, para 18% das empresas, houve redução de 10 a 20%. Uma
parcela considerável dos participantes da pesquisa (22%) apontou mais de 20% de
64
36
0
10
20
30
40
50
60
70
Grandes Médias
%
% de empresas que
tiveram algum
acréscimo nas
vendas com a PE
86
redução nos Lead Times, conforme Figura 12A. Se somarmos estes três últimos
indicadores, podemos constatar que, para 59% das empresas houve redução de
mais de 5%, o que pode ser considerado um ótimo resultado.
Figura 12A – Redução nos Lead Times com a PE - Geral
Uma pequena parcela dos respondentes (13%) afirmou que não obteve
redução nos Lead Times com a PE , enquanto que 18% não conseguiram mensurar
se houve ou não redução e 10% das respostas informaram uma redução de até 5%.
No caso do setor automotivo, percebe-se algumas diferenças nos resultados
de Lead Times, conforme mostra a Figura 12B.
Um percentual maior de empresas, cerca de 20% dos respondentes, afirmou
não ter havido redução nos Lead Times por consequência da implementação de
ferramentas de PE.
13%
10%
19%
18%
22%
18%
Não houve
até 5% reduçao
de 5% a 10% redução
de 10% a 20% redução
mais de 20% redução
Não Mensuvel
87
Figura 12B – Redução nos Lead Times com a PESetor Automobilístico
Da mesma forma, foi maior o número de participantes que verificou
decréscimos de 5 a 10% e de 10 a 20% nos Lead Times – 27% nos dois casos. Foi
sensivelmente menor o número de empresas que observou uma redução de mais de
20% , ou seja, 13% do total.
Neste caso, entende-se que é válida a mesma análise feita no item “Redução
de Custos”, ou seja, o segmento automotivo vem fazendo ajustes há muitos anos
e a situação atual deixa menor espaço em relação aos outros segmentos para
reduções de grande porte.
O mesmo cruzamento de dados foi feito para analisar a relação entre o porte
das empresas e a redução de Lead Times a partir de um percentual de 10%. Os
resultados são semelhantes ao item “Redução de Custos”, com uma predominância
das empresas de grande porte, conforme se pode ver na Figura 12C.
20%
0%
27%
27%
13%
13%
Não houve
até 5% reduçao
de 5% a 10% redução
de 10% a 20% redução
mais de 20% redão
Não Mensurável
88
Figura 12C - Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução de Lead Times
com ferramentas de PE
Da mesma forma que na seção 4.10 (Redução de Custos com a PE), foi feita
uma correlação das empresas que informaram ter obtido mais de 10% de redução
nos Lead Times, separadas por ramo de atuação, conforme mostra a Figura 12D.
Novamente o setor automobilístico aparece como o maior beneficiado com a
redução dos Lead Times, com 38% das respostas obtidas. Este setor é
especialmente sensível a este indicador, devido à forte concorrência e às
características do consumidor, que nunca está disposto a esperar pelo veículo.
Em segundo lugar está o segmento de Metalurgia/Materiais metálicos e Não-
metálicos, no qual 19% das empresas afirmaram ter atingido mais de 10% de
redução nos Lead Times. Na sequência, aparecem dois segmentos distintos:
Médico/Farmacêutico e Químico, com 13% das respostas.
Com menor incidência estão os segmentos Alimentos/Bebidas, Material
Eletroeletrônico e Mecânico, com 6% das empresas respondentes. Os demais ramos
de atividade que participaram da pesquisa obtiveram uma redução de Lead Times
da ordem de até 10% e não aparecem neste gráfico.
80
20
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Grandes Médias
%
% de empresas que
tiveram mais de 10%
de redução nos Lead
Times com a PE
89
Figura 12D – Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução nos Lead
Times, por ramo de atuação
4.13 Redução nas Reclamações de Clientes com a PE
Em termos de redução nas Reclamações de Clientes, o resultado o foi tão
significativo quanto no caso dos Lead Times e dos Custos Industriais, porém 58%
das empresas identificaram alguma melhora neste item, sendo que 17% obtiveram
redução de até 5%; 18% das empresas verificaram de 5 a 10% de redução, 5% dos
respondentes obtiveram de 10 a 20% de redução e 18% alcançaram mais de 20%
de redução nas Reclamações de Clientes.
6
6
6
13
13
19
38
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Mecânico
Material
Eletroeletrônico
Alimentos/ Bebidas
Químico
Médico/Farmacêutico
Metalurgia/materiais
Metálicos e Não Met.
Automobilístico
%
% de empresas que tiveram mais de 10% de redução nos lead times com a PE
90
Por outro lado, para 24% dos participantes da pesquisa, não houve redução
nas Reclamações de Clientes e 18% não puderam mensurar se houve alguma
redução neste indicador. A Figura 13A mostra estes resultados.
Figura 13A – Redução nas reclamações de Clientes com a PE – Geral
Analisando o setor Automobilístico em separado, verificamos que o percentual
de empresas participantes que obteve alguma redução nas Reclamações de
Clientes com a implementação das ferramentas de PE é menor 54% do total,
contra 58% no caso geral. Nesta soma, estão 20% que obtiveram até 5% de
redução, 27% que obtiveram de 5 a 10%, 7% que obtiveram de 10 a 20% de
redução e zero com mais de 20% de redução, como se pode observar na Figura
13B.
24%
17%
18%
5%
18%
18%
Não houve
até 5% reduçao
de 5% a 10% redução
de 10% a 20% redução
mais de 20% redução
Não Mensurável
91
Figura 13B – Redução nas Reclamações de Clientes com a PE – Setor Automobilístico
Para o item “Reclamação de Clientes”, a análise da relação entre porte da
empresa com o índice de redução mostrou um equilíbrio maior, sendo 61% das
empresas que obtiveram qualquer redução neste item de grande porte e 39% das
participantes, de médio porte. A Figura 13C mostra estes valores.
Figura 13C Percentual de empresas que obtiveram alguma redução nas Reclamações de
Clientes com a PE
33%
20%
27%
7%
0%
13%
Não houve
até 5% reduçao
de 5% a 10% redução
de 10% a 20% redução
mais de 20% redução
Não Mensurável
61
39
0
10
20
30
40
50
60
70
Grandes Médias
%
% de empresas
que tiveram alguma
redução nas
Reclamações de
Clientes com a PE
92
Analisando a correlação entre as empresas que informaram ter obtido mais de
10% de redução nas Reclamações de Clientes com a PE, separadas por ramo de
atuação, podemos observar uma situação diferente em relação às anteriores –
Redução de Custos e de Lead Times, conforme mostra a Figura 13D.
Figura 13D Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de redução nas
Reclamações de Clientes, por ramo de atuação
O segmento mais beneficiado, neste caso, foi o de Metalurgia/Materiais
Metálicos e Não-metálicos, representado por 44% dos respondentes da pesquisa
que afirmaram ter obtido mais de 10% de redução nas Reclamações de Clientes.
11
11
11
22
44
0 10 20 30 40 50
Aeroutico
Alimentos/ Bebidas
Automobilístico
Químico
Metalurgia/materiais
Metálicos e Não
Met.
%
% de empresas que tiveram mais de 10% de redução nas reclamações de
clientes com a PE
93
Em segundo lugar está o setor Químico, com 22% das respostas e, em
seguida, os setores Automobilístico, Alimentos/Bebidas e Aeronáutico, com 11% dos
participantes.
4.14 Redução de Estoques com a PE
Uma das características mais valorizadas da Produção Enxuta é a
possibilidade de reduzir as áreas ocupadas por estoques, devido à redução de
inventários de processo e finais, que se observa com a instalação de processos
puxados e fluxos unitários de peças. A pesquisa realizada evidenciou este benefício,
como se pode constatar na Figura 14A.
Figura 14A – Redução de Estoques com a PE - Geral
Para 29% das empresas respondentes, houve mais de 20% de redução nos
estoques com a implementação da PE. Igualmente significativo foi o número de
empresas (15%) que constatou uma redução de 10 a 20% nos estoques. 13%
obtiveram redução de 5 a 10% nos estoques e 13% alcançaram até 5% de redução.
15%
13%
13%
15%
29%
15%
Não houve
até 5% reduçao
de 5% a 10% redução
de 10% a 20% redução
mais de 20% redução
Não Mensurável
94
Porém, 15% das empresas afirmaram não ter conseguido reduzir estoques e
igualmente 15% não puderam mensurar se houve redução nos inventários físicos.
No caso do setor automobilístico, os resultados obtidos em termos de redução de
estoques foram muito similares, conforme se pode ver na Figura 14B. 13% das
empresas respondentes identificaram uma redução de estoques da ordem de 5%,
mesmo percentual observado quando a redução apontada foi de 5 a 10 % .
Figura 14B – Redução de Estoques com a PE – Setor Automobilístico
Contudo, 27% das empresas do setor automotivo identificaram uma redução
de estoques de mais de 20%, resultado significativo, e 20% dos participantes da
pesquisa apontaram uma redução de estoques de 10 a 20%, também digno de nota.
Para 13% das empresas, não houve redução nos estoques e o mesmo percentual
não pôde mensurar os resultados.
Dentro deste universo, predominaram as grandes empresas na obtenção dos
maiores índices de redução de inventários físicos. 72% dos respondentes que
13%
13%
13%
20%
28%
13%
Não houve
até 5% redao
de 5% a 10% redução
de 10% a 20% redão
mais de 20% redão
Não Mensurável
95
obtiveram mais de 10% de diminuição de estoques pertencem a esta categoria e
28% são empresas de médio porte, conforme mostra a Figura 14C.
Figura 14C Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de Redução de Estoques
com ferramentas de PE
Procurou-se verificar também aqui a correlação entre as empresas que
obtiveram mais de 10% de redução de estoques e o ramo de atuação de cada uma
e o resultado aparece na Figura 14D. O segmento automobilístico novamente figura
como o mais beneficiado com a redução de estoques, pois 39% dos respondentes
afirmaram ter alcançado mais de 10% de redução. Em segundo lugar está o
segmento de Metalurgia/Materiais Metálicos e Não-metálicos, com 28% das
respostas. Em seguida, dois segmentos: dico/farmacêutico e Químico, ambos
com 11% dos participantes.
Em menor escala aparecem os segmentos de Alimentos/Bebidas e
Aeronáutico, com 6% dos respondentes.
72
28
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Grandes Médias
%
% de empresas que
tiveram mais de
10% de redução nos
Estoques com a PE
96
Figura 14D Percentual de empresas que tiveram mais de 10% de Redução nos Estoques,
por ramo de atuação
4.15 Percepção quanto aos Resultados da implementação da PE
Esta questão procurou avaliar, na percepção dos responsáveis pela gestão
dos novos processos que utilizam ferramentas de Produção Enxuta, se os resultados
da implementação foram superiores, iguais ou inferiores aos esperados antes da
mudança de sistema de gestão.
Na opinião de 45% dos respondentes, os resultados foram superiores aos
esperados, indicando que a adoção de práticas enxutas excedeu as expectativas
dos gestores envolvidos, conforme mostra a Figura 15. Para 36% das empresas, os
resultados foram iguais aos esperados, percentual significativo de satisfação.
6
6
11
11
39
28
0 10 20 30 40 50
Aeronáutico
Alimentos/ Bebidas
Químico
Médico/Farmacêutico
Metalurgia/materiais
Metálicos e Não Met.
Automobilístico
%
% de empresas que tiveram mais de 10% de redução nos estoques com a PE
97
Pode-se inferir que 81% dos gestores Lean consideram satisfatórios os
resultados da filosofia enxuta, valores que confirmam as respostas anteriores em
termos dos benefícios alcançados com as ferramentas de PE, como a Redução de
Custos, Estoques e Lead Times, de forma mais significativa, e diminuição das
reclamações de clientes e acréscimo nas vendas, de forma menos relevante.
Somente 15% dos participantes da pesquisa consideraram os resultados
inferiores aos esperados antes da implementação. Entre as empresas que
demonstraram insatisfação com os resultados da PE, verificou-se que algumas delas
tiveram ganhos, porém consideraram os mesmos aquém do que se esperava
quando da decisão de adotar os princípios enxutos.
Em 13% dos casos, não foi possível mensurar a percepção quanto aos
resultados da PE, principalmente devido ao pouco tempo de implementação das
ferramentas.
Figura 15 – Percepção quanto aos resultados da implementação da PE
15%
33%
39%
13%
Inferiores aos esperados
Iguais aos esperados
Superiores aos
esperados
Não mensuravel
98
4.16 Redução de Funcionários com a Implementação da PE
Com o advento da Reengenharia na década de 90 e seus efeitos mais
visíveis, que foram a redução indiscriminada de pessoal nas empresas, criou-se a
idéia de que os programas de reestruturação organizacional buscam unicamente o
enxugamento do quadro de pessoal. Por este motivo, esta questão procurou verificar
se, com a implementação da PE nas empresas do VPP, houve redução de
funcionários.
Conforme o testemunho de 62% dos respondentes, não houve redução de
funcionários com a adoção de ferramentas Lean. Para 23% das empresas, houve
redução, porém não exclusivamente por causa da implementação da PE, havendo
outros fatores que causaram esta redução.
Em somente 15% das empresas participantes, houve redução de
funcionários, vinculada à implementação da PE, conforme Figura 16.
Figura 16 – Redução de Funcionários com a Implementação da PE
15%
23%
62%
Sim
Sim, porém não
exclusivamente
devido à PE
o
99
4.17 Indicadores para Controle da Eficácia das Ferramentas de PE
Qualquer sistema de gestão necessita de indicadores que possibilitem um
controle por parte da administração, ou seja, uma verificação da eficácia das
ferramentas utilizadas pelos gestores dos processos. Com o desenvolvimento da
Produção Enxuta nos últimos anos, foram criados uma série de indicadores
específicos para controle das atividades relacionadas com estes processos Lean,
como por exemplo: Tempo Takt, Tempo de Set-up, WIP (Work-in-Process), Lead
Time, Percentual de Refugos e Retrabalho, entre outros. Muitos destes indicadores
derivam diretamente do Sistema Toyota de Produção, da forma como foram
definidos por Taiichi Ohno nos anos 50 do século passado.
O questionário enviado às empresas do Vale do Paraíba Paulista procurou
identificar que indicadores são mais utilizados por estas empresas na gestão das
práticas Lean. De um modo geral, pôde-se perceber que as empresas adotam
denominações bastante diversas para os indicadores utilizados para controle de
seus processos.
Foram tabulados os indicadores citados pelos respondentes e agrupados
segundo as seguintes áreas: Produtividade/Eficiência, Qualidade, Atendimento ao
Cliente/Fornecedor, Resultados Financeiros, Controle de Estoques, Recursos
Humanos e Melhoria Contínua. Cada área contém os indicadores que possuem
uma relação mais próxima com o que se pretende medir. Os indicadores apontados
aparecem por ordem de número de citações, considerando o percentual calculado
em relação ao total de questionários respondidos.
O resultado da tabulação dos indicadores aparece no Quadro 04. O maior
número de indicadores é utilizado para controle de produtividade e eficiência,
100
contemplando os itens: volume produzido por funcionário, vendas por funcionário,
OEE, (overall equipment efficiency), tempo de set-up, atendimento ao cronograma e
tempo de paradas de máquinas como os mais citados.
Para a avaliação de qualidade, os indicadores mais utilizados são: redução de
refugos, defeitos por 1000 peças, redução de retrabalho e devoluções de Clientes
por meio do RPPM (rejected parts per million).
Em se tratando de atendimento ao cliente/fornecedor, as empresas utilizam
indicadores como: pontualidade na entrega, satisfação de clientes (pesquisa) e
redução de lead times, enquanto que para avaliar os resultados financeiros o
empregados principalmente indicadores que descrevem a redução de custos ou, em
alguns casos, custos/célula de trabalho. Outros indicadores utilizados para este fim
são: melhoria no fluxo de caixa, aumento das receitas, fretes/vendas.
Para controle de estoques, o que se aplica com mais frequência é o controle
do giro de estoque, seja para o material em processo (work-in-process), seja para o
material acabado no depósito.
Diversos indicadores são aplicados para avaliação de recursos humanos,
sendo o mais frequente o número de acidentes de trabalho, mostrando uma
preocupação crescente com a segurança no trabalho, já que acidentes trazem
prejuízos tanto ao trabalhador como à empresa. O primeiro fica afastado, muitas
vezes com sequelas físicas e tem os rendimentos reduzidos durante o período de
recuperação. A empresa fica desfalcada do trabalhador, tendo que buscar
alternativas temporárias para não perder capacidade produtiva. Outros indicadores
relacionados com recursos humanos são: treinamento, medido em horas e recursos
por funcionário, horas extras, absenteísmo e satisfação dos funcionários, medida por
meio de pesquisa.
101
A ultima categoria relaciona indicadores relacionados com melhoria contínua,
sendo o mais utilizado a auditoria de 5S, para avaliação de organização, limpeza,
método e disciplina nas áreas fabris e administrativas. Redução de área ocupada
aparece logo em seguida, refletindo a preocupação com a otimização de layout que
a Produção Enxuta busca, como efeito secundário da redução de estoques e da
reorganização dos fluxos de produção. Também foi citado o desenvolvimento de
novos processos e os projetos de melhoria contínua (kaizen), que buscam criar um
círculo virtuoso de inovação e melhoria dos processos.
Mais recentemente se observa uma crescente preocupação das empresas em
geral com a questão ambiental, que se pode contatar pelo crescimento de
certificações ISO 14000, norma específica para o controle do sistema de gestão
ambiental, que tem se utilizado de indicadores para medição do consumo de água,
energia, gás, combustíveis e outras utilidades.
102
.
Quadro 04 Indicadores utilizados para avaliar a implementação de ferramentas de
PE em empresas do VPP
ÁREA INDICADOR
CITAÇÕES
(%)
Produtividade, Volume Produzido/Func., Vendas/Func., 50
OEE (overall equipment efficiency)
27,5
Tempo de Set-up
20
Atendimento ao Cronograma
12,5
Tempo de Paradas de Máquinas
10
Índice de Atendimento e Confiabilidade
7,5
MTBF (tempo médio entre falhas) e MTTR (tpo médio de reparo)
5
LMPU (labor minutes per unit)
5
Tempo de Ciclo
5
Tempo Takt
5
Índice de Utilização de Materiais, Redução de Transporte
5
Auditoria TPM
5
de Operadores/célula
2,5
Redução de Refugos, Defeitos/1000 pçs, Redução de Perdas
25
Redução de Retrabalho
12,5
Devoluções de Clientes (RPPM) interno e externo
10
Pontualidade na entrega, DTD (dock-to-dock) 27,5
Satisfação dos Clientes (pesquisa)
10
Redução de Lead Times
7,5
Análise da Demanda do Cliente
5
Delivery Precision (Precisão nas Entregas)
2,5
de Visitas pela Assistência Técnica
2,5
Avaliação de Fornecedores
2,5
Redução de Custos, Custos/célula, Savings
25
Cash Flow Improvement (Melhoria no Fluxo de Caixa)
2,5
Acréscimo nas Receitas
2,5
Fretes/vendas
2,5
ESTOQUES
Giro de Estoques, WIP (Work-in-Process) 22,5
Treinamento (Horas e Recursos)
15
de Acidentes de Trabalho
5
Horas Extras
2,5
Satisfação dos Funcionários 2,5
Absenteísmo
2,5
Auditorias 5S
15
Redução de Área Ocupada
5
Desenvolvimento de Novos Processos
2,5
Melhoria Contínua (projetos)
2,5
Consumo de Água, Energia, Gás, etc
2,5
ATENDIMENTO AO
CLIENTE /
FORNECEDOR
RESULTADOS
FINANCEIROS
RECURSOS
HUMANOS
MELHORIA
CONTÍNUA
PRODUTIVIDADE
EFICIÊNCIA
QUALIDADE
103
4.18 Modelos (Benchmark) de PE para as empresas pesquisadas
A Toyota foi a pioneira na criação do STP na metade do século passado e na
difusão da mentalidade enxuta para o ocidente. Nos dias atuais, ela continua sendo
referência quando o assunto é mentalidade enxuta. Porém, no Brasil, existem
diversos exemplos de empresas, dentro e fora do segmento automotivo, que m se
destacado na implementação e utilização de práticas enxutas.
Esta questão procurou identificar, na visão dos gestores Lean das empresas
do VPP, que empresas são consideradas benchmark na gestão de processos
utilizando ferramentas de PE.
A Toyota foi a empresa mais citada, com 45% de referências, seguida de
Johnson & Johnson, com 25%, Bosch, com 18%, Eaton, com 13%, Parker, com
10%, Delphi e Valeo, com 8%. Gessy Lever, Alcoa e Multibrás foram citadas por 5%
dos respondentes.
Diversas empresas foram mencionadas por 3% dos respondentes, como se
pode verificar na Figura 17. Esta questão também possibilitava a escolha de várias
empresas.
Este resultado mostra que as ferramentas Lean estão se disseminando para
toda a cadeia de fornecimento em vários segmentos de mercado. Mesmo empresas
que estão fora do ramo automobilístico foram citadas como referência na
implementação de PE.
104
Figura 17 – Empresas consideradas benchmark na gestão de PE
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
5
5
5
8
8
10
13
18
25
45
0 10 20 30 40 50
Continental
Siemens
PPG
ICI
Femsa
Gerdau
Pirelli
Fiat
Porsche
Mann & Hummel
Schrader
GE
Mercedes
Scania
Nestlé
SKF
Cooper Cameron
Lear
GM
VW
Ford
Multibrás
Alcoa
Gessy Lever
Valeo
Delphi
Parker
Eaton
Bosch
J&J
Toyota
%
105
Em síntese, o resultado da pesquisa mostrou que as empresas que adotaram
as ferramentas de Produção Enxuta estão, na maioria, satisfeitas com os resultados
obtidos. 45% dos participantes da pesquisa responderam que as práticas Lean
superaram as expectativas, enquanto que 36% disseram que os benefícios foram
aqueles esperados antes da implementação. Somente 19% ficaram insatisfeitos.
A forma de implementação da filosofia enxuta tem se dado de forma variada.
A maioria das empresas optou por iniciar por uma área piloto (36%), e boa parte
delas o fez de forma gradual, por setores (26%), porém 23% dos participantes da
pesquisa decidiu por uma mudança generalizada. Uma pequena parcela (15%)
acabou escolhendo somente o chão-de-fábrica para testar os conceitos enxutos.
Quanto à motivação, as principais razões que levaram as empresas a adotar
as ferramentas de PE foram, pela ordem: redução de custos (88%), ganhos de
produtividade (83%), aumento de flexibilidade (70%) e melhoria nos lead times
(65%). Isto mostra o quanto as empresas estão preocupadas em ganhar eficiência,
por meio da redução dos desperdícios.
Houve problemas durante a implementação das ferramentas de PE, conforme
apontaram os participantes da pesquisa, sendo os mais críticos: falta de experiência
com a PE, apontado por 45% dos respondentes, falta de comprometimento dos
pares (35%), recursos insuficientes (33%), falta de conhecimento sobre a PE (30%)
e treinamento insuficiente (28%). O tempo necessário para a implementação da
filosofia enxuta variou muito de empresa para empresa, sendo que 49% dos
participantes levou mais de 2 anos para efetuar as mudanças e 51% menos de 2
anos, apesar de, neste último grupo, estarem as empresas que ainda estão em
processo de implementação ou que iniciaram há pouco tempo o trabalho.
106
Do ponto de vista da abrangência da implementação, houve muitos casos de
empresas que adotaram somente algumas das ferramentas de PE, caso de 25% dos
participantes, que utilizam até 5 ferramentas. A média geral de utilização ficou ao
redor de 8,65 ferramentas, de um total de 14 pesquisadas, o que demonstra que a
implementação das práticas Lean” ocorre de forma parcial em algumas empresas.
Este fato, porém, não inviabiliza a obtenção de bons resultados, o que se verá a
seguir.
Quantos aos resultados obtidos, pode-se dizer que foram amplamente
satisfatórios. Na questão “Custos”, 39% dos respondentes afirmou ter obtido mais de
10% de redução e 40% dos participantes, até 10% de redução. Somente 3% das
empresas disse não ter obtido nenhuma diminuição nas despesas.
O item “Acréscimo nas Vendas” não foi o impactante, pois 44% não
conseguiram nenhum aumento por consequência das práticas enxutas; porém 36%
dos participantes conseguiu algum ganho nas vendas, mesmo que em pequeno
percentual. O que se pode concluir é que, muitas vezes, não existe uma relação
direta entre ganhos de eficiência operacional e crescimento nas vendas, pois
existem muitos outros fatores de mercado envolvidos.
Com relação aos Lead Times, houve diminuição de 10% ou mais em 40% das
empresas que responderam ao questionário e redução menor que 10% em 19% dos
casos. Este resultado é significativo, pois os Lead Times influenciam diretamente na
relação com os clientes, ao encurtar o tempo entre a colocação do pedido e a
entrega dos produtos.
Analisando as Reclamações de Clientes, 24% dos respondentes afirmaram
não ter havido redução, porém em 41% dos casos houve diminuição de mais de 5%,
apesar de 18% não terem conseguido mensurar este item.
107
Finalmente, no que se refere aos Estoques Intermediários e Finais, os
resultados foram expressivos. Para 29% das empresas participantes, houve redução
de mais de 20% nos estoques físicos e em 28% dos casos, a diminuição variou de 5
a 10%. Somente 15% dos participantes não verificaram nenhuma redução.
Esta pesquisa também procurou investigar se houve redução no quadro de
pessoal em consequência da implementação das ferramentas Lean, que surgiram
muitos programas de reestruturação nas empresas a partir da década de 90 que
ficaram conhecidos por promover o chamado downsizing , ou enxugamento da
estrutura. A pesquisa com as empresas do VPP mostrou que este não é o caso em
se tratando de Produção Enxuta: 62% dos participantes responderam que não
houve diminuição de pessoal com as práticas Lean”, enquanto que em 23% dos
casos houve demissões, porém não exclusivamente por causa das novas práticas e
somente 15% dos respondentes afirmou ter havido redução de pessoal.
108
5. CONCLUSÕES
Este trabalho procurou investigar e analisar a implementação de ferramentas
de Produção Enxuta em uma amostra de empresas do Vale do Paraíba Paulista.
Pôde-se constatar ao longo da pesquisa que, em geral, as organizações desta
região têm um bom conhecimento desta metodologia de gestão que se originou do
Sistema Toyota de Produção, criado pela indústria japonesa Toyota na segunda
metade do século XX e difundido para outros países nas décadas seguintes, dando
origem ao que se conhece hoje por Produção Enxuta.
Baseadas em bons resultados obtidos inicialmente em empresas do setor
automobilístico e, com o passar dos anos, em outros setores industriais, estas
empresas vislumbraram uma oportunidade de aplicar as práticas desenvolvidas
pelos japoneses com o objetivo de melhorar sua eficiência operacional, reduzindo
desperdícios e, por consequência, diminuindo custos, lead times, estoques,
reclamações de clientes, entre outras medidas que visam aumentar a satisfação dos
clientes e trazer benefícios financeiros aos acionistas.
Como se pôde constatar por meio da pesquisa apresentada, os resultados
apontados pelas empresas do Vale do Paraíba Paulista permitem afirmar que existe
espaço para melhorias e as práticas enxutas contribuem de maneira inequívoca para
a obtenção de melhores resultados nos indicadores operacionais analisados.
Embora as ferramentas de PE não tenham sido implementadas em sua
totalidade, houve benefícios substanciais em termos de redução de custos, lead
times, reclamações de clientes e estoques. Com relação às vendas, o acréscimo
percebido foi pequeno, pois diversos fatores estão envolvidos e se torna difícil
afirmar que a PE contribuiu efetivamente para o crescimento das receitas.
109
Quanto ao processo de implementação das ferramentas enxutas, verificou-se
a necessidade de informar e treinar os funcionários de forma intensiva e sistemática
antes do início da adoção das novas práticas, bem como envolver e conscientizar
todos os níveis da organização, para evitar bloqueios, principalmente nos níveis
gerenciais. Da mesma forma, é importante ressaltar que trata-se de uma mudança
cultural, que envolve quebra de paradigmas, o que não é possível em um curto
espaço de tempo. Muitas empresas no Vale do Paraíba Paulista levaram mais de
dois anos para implementar as ferramentas de PE e ainda se encontram em pleno
processo de mudança.
Concluímos que as práticas de PE tiveram ampla aceitação entre as
empresas da região do VPP, apresentando resultados concretos e mensuráveis e
demonstrando a força deste sistema de gestão organizacional que, a cada dia, vem
ganhando mais adeptos em diversos segmentos da cadeia industrial. Entende-se
que a divulgação destes resultados pode servir de estímulo para o desenvolvimento
da região do VPP, na medida em que outras empresas que não conhecem ou ainda
não decidiram adotar esta filosofia possam dispor de indicadores para a tomada de
decisão.
Sugestões para Trabalhos Futuros
Este trabalho se constituiu em um primeiro passo na direção do entendimento do
processo de implementação das ferramentas de PE na região do VPP. A partir da
análise crítica do autor em relação aos resultados obtidos, outros desdobramentos
podem ser desenvolvidos em estudos futuros, entre os quais:
110
a investigação mais detalhada das ferramentas Lean” utilizadas pelas
empresas da região, quais as mais eficientes e mais simples de
operacionalizar;
uma análise pormenorizada do processo de implementação das práticas
enxutas, levantando as particularidades de cada empresa e/ou cada setor,
com o objetivo de criar um guia prático que possa ser adotado nos casos
mais simples;
um estudo sobre os indicadores mais eficientes para o acompanhamento
das ferramentas no dia-a-dia das empresas, com o objetivo de controlar a
eficácia do sistema.
111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.anfavea.com.br Acesso em 31/110/08
http://www.empresasvale.com.br Acesso em 15/11/07.
http://www.sebraesp.com.br Acesso em 28/11/07
ADELEYE, E. O.; YUSUF, Y.Y. Towards agile manufacturing: models of
competition and performance outcomes. Disponível em
www.inderscience.metapress.com. Acesso em 30/01/08.
ALVAREZ, Roberto R.; ANTUNES JR., José A.V. Takt Time: Conceitos e
Contextualização dentro do Sistema Toyota de Produção. Gestão & Produção,
v.8, n.1, p.1-18. Disponível em www.scielo.br/scileo.php. São Carlos, 2001. Acesso
em 15/04/08.
BERRY, William L. et al. Lean Manufacturing: a mapping of competitive
priorities, initiatives, practices and operational performance in Danish
manufacturers. Disponível em www.tem.dtu.dk/assets. Acesso em 14/02/08.
CARRARO, Reinaldo V. Avaliação de um Processo de Implantação da
Mentalidade Enxuta e seu Desempenho no Fluxo de Valor: Um Estudo de Caso.
Dissertação (Mestrado em gestão e Desenvolvimento Regional) Universidade de
Taubaté, Taubaté, 2005.
CIESP. Guia Regional das Indústrias 2007/2008. São José dos Campos:
Resolução Gráfica, 2007.
CUA, K.; McKONE-SWEET; SCHROEDER, R. Improving performance through an
integrated manufacturing program. Disponível em
www.sqp.arq.org/data/subscriptions. Acesso em 30/01/08.
DELFINO, Maria Aparecida. A importância do rio Paraíba do Sul para o
desenvolvimento da região do Vale do Paraíba. Disponível em
www.univap.br/biblioteca/hp. Acesso em 14/04/08.
DENNIS, Pascal. Produção Lean Simplificada. Porto Alegre: Bookman, 2008.
IMTIAZ, Ghaffar; IBRAHIM, Dr. Abdul R. Lean Production system to enhance
performance in operations: an empirical study of malaysian construction
industry. Disponível em
www.iglc.net/conferences/2007. Michigan, USA, 2007.
Acesso em 20/03/08.
112
FILHO, Moacir G.; FERNANDES, Flávio C. F. Manufatura Enxuta: uma revisão
que classifica e analisa os trabalhos apontando perspectivas de pesquisas
futuras. Gestão e Produção, v.11, n.1, p.1-19. Disponível em
www.scielo.br/scielo.php. São Carlos, 2004. Acesso em 15/04/08.
FROTA, Maurício; FROTA, Maria H. Acesso à informação: estratégia para a
competitividade. Brasília: CNPq/IBICT, 1999
GIL, Antônio C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5
a
Ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2007.
JUNIOR, José Lourenço. O Conceito de Produção Enxuta Aplicado a uma
Indústria de Manufatura Não Seriada: Uma Proposta Metodológica de
Implantação. Dissertação (Mestrado em gestão e Desenvolvimento Regional) –
Universidade de Taubaté, Taubaté, 2002.
LEAN ao redor do mundo. Lean Manufacturing 2007, Society of Mechanical
Engineers, Estados Unidos da América, 2008. Disponível em http://www.lean.org.br .
Acesso em 03/11/08.
LEVIN, Jack. Estatística aplicada a Ciências Humanas. São Paulo: Editora Harbra
Ltda, 1987.
LIKER, Jeffrey K. O Modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante
do mundo. Porto Alegre: Bookman, 2005.
LIKER, Jeffrey K.; BURR, Karl. Advanced Planning Systems as an Enabler of
Lean Manufacturing. Automotive Manufactuing and Production, 1999.
LINDGREN, Paulo C. C. Implementação do Sistema de Manufatura Enxuta (Lean
Manufacturing) na Indústria Aeronáutica. Dissertação (Mestrado em Gestão e
Desenvolvimento Regional) – Universidade de Taubaté, Taubaté, 2004.
MARTINS, Gilberto A. Estudo de Caso: Uma Estratégia de Pesquisa. São Paulo:
Atlas, 2006.
McMANUS, Hugh L. et al. Teaching lean thinking principles through hands-on
simulations. Disponível em
www.cdio.org/meetings/jun07mit. Acesso em 30/01/08.
113
MORGAN, James M.; LIKER, Jeffrey K. The Toyota Production Development
System: Integrating People, Process and Technology. New York: Productive
Press, 2006.
OHNO, Taiichi. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga
escala. Porto Alegre: Bookman, 1997.
PASIN, José Luiz. Vale do Paraíba: ontem e hoje. Rio de Janeiro: AC&M
Assessoria de Comunicação e Marketing: 1988
ROTHER, Michael; SHOOK, John. Aprendendo a enxergar: Mapeamento do
Fluxo de Valor para adicionar valor e eliminar desperdícios. o Paulo: Lean
Institute, 2002.
SEDDON, J.; CAULKIN, S. Systems thinking, lean production and action
learning. Disponível em www.informaworld.com/smpp. Acesso em 30/01/08.
SHINGO, Shigeo. O Sistema Toyota de Produção do ponto de vista de
Engenharia de Produção. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1996a.
SHINGO, Shigeo. Sistemas de Produção com Estoque Zero o Sistema Shingo
de Melhorias Contínuas. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1996b.
SLACK, Nigel; CHAMBERS, S.; ROBERT, J. Administração da Produção. 2
a
Ed.
São Paulo: Editora Atlas, 2002.
SORIANO-MEIER, H.; FORRESTER, P. L. A model for evaluating the degree of
leanness of manufacturing firms. Integrated ufacturing Systems, 2002.
SOUZA, Daniel L. O. Ferramentas de Gestão de Tecnologia: um Diagnóstico de
Utilização nas Pequenas e Médias Empresas Industriais da Região de Curitiba.
Dissertação (Mestrado) CEFET PR, Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia, Curitiba, 2003.
TRIOLA. Mário F. Introdução à Estatística. 7
a
Ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
WOMACK, James P.; JONES, Daniel T.; ROOS, Daniel. A Máquina que mudou o
Mundo. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1992.
114
WOMACK, James P.; JONES, Daniel T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas:
elimine o desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2004.
WOMACK, James P.; JONES, Daniel T. Soluções Enxutas. Rio de Janeiro: Editora
Elsevier, 2007.
WOMACK, James P. Das ferramentas enxutas (lean tools) ao gerenciamento
enxuto (lean management): a situação da mentalidade lean em 2007. Disponível
em www.lean.org.br/bases. Acesso em 02/03/08.
ZAYKO, Matt. Uma Visão Sistemática dos Princípios Lean: Reflexão após 16
anos de Pensamento & Aprendizagem Lean. Disponível em
www.lean.org.br/bases. Acesso em 09/03/08.
115
ANEXO 1 - CIDADES DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA
1. Aparecida
2. Arapeí
3. Areias
4. Bananal
5. Caçapava
6. Cachoeira Paulista
7. Campos do Jordão
8. Canas
9. Cruzeiro
10. Cunha
11. Guaratinguetá
12. Guararema
13. Igaratá
14. Jacareí
15. Jambeiro
16. Lagoinha
17. Lavrinhas
18. Lorena
19. Monteiro Lobato
20. Natividade da Serra
21. Paraibuna
22. Pindamonhangaba
23. Piquete
24. Potim
25. Queluz
26. Redenção da Serra
27. Roseira
28. Santa Branca
29. Santo Antônio do Pinhal
30. São Bento do Sapucaí
31. Salesópolis
32. Santa Isabel
116
33. São José do Barreiro
34. São José dos Campos
35. São Luiz do Paraitinga
36. Silveiras
37. Taubaté
38. Tremembé
117
ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO
QUESTIONÁRIO SOBRE PRÁTICAS DE PRODUÇÃO ENXUTA NAS EMPRESAS
Data:___/___/2008
Setor do Respondente: ________________________
1. Assinale o principal ramo de atividade da empresa:
( ) aeronáutico
( ) automobilístico
( ) alimentos/bebidas
( ) celulose/papel/papelão
( ) couros e peles/calçados e afins
( ) farmacêutico
( ) material eletroeletrônico/comunicações
( ) mecânico
( ) metalurgia/materiais metálicos e não metálicos
( ) químico
( ) têxtil/vestuário
( ) outro (especifique) __________________________________
2. Assinale o número total de funcionários da empresa:
( ) de 20 a 99 funcionários
( ) de 100 a 499 funcionários
( ) mais de 500 funcionários
3. Assinale a natureza jurídica da empresa:
( ) empresa pública
( ) empresa privada tipo sociedade de economia mista
( ) empresa privada tipo sociedade anônima (S.A.)
( ) empresa privada tipo sociedade empresária limitada (Ltda)
( ) empresa privada tipo sociedade empresária em comandita
( ) empresa privada tipo sociedade em cotas de participação
4. O que motivou a empresa a implementar a filosofia e/ou ferramentas de Produção
Enxuta (PE)? Assinale as cinco alternativas mais importantes:
( ) redução de custos
( ) ganhos de produtividade
( ) determinação da matriz
( ) solicitação dos clientes
( ) aumento de flexibilidade na produção
118
( ) melhoria no layout de fábrica
( ) melhoria na qualidade dos produtos
( ) melhoria nos lead times (tempo entre a colocação do pedido e a entrega no
cliente)
( ) melhoria no atendimento aos clientes
( ) outra (especifique) ______________________________
5. Como se deu a implantação das ferramentas de PE ?
( ) de forma generalizada em toda a empresa
( ) inicialmente em uma área piloto
( ) somente no chão de fábrica
( ) de forma gradual, por setores
( ) outra (especifique) ______________________________
6. Selecione abaixo as ferramentas de PE implementadas na empresa. Escolha
quantas alternativas forem necessárias:
( ) mapeamento do fluxo de valor (value stream mapping)
( ) trabalho em fluxo contínuo (one piece flow)
( ) produção nivelada (heijunka) de acordo com o takt time
( ) produção puxada (kanban)
( ) manutenção produtiva total (TPM)
( ) troca rápida de ferramentas
( ) melhoria contínua (kaizen)
( ) dispositivos à prova de erros (poka yoke)
( ) sistemas de controle visual (andon)
( ) 5S
( ) trabalhadores multifuncionais/rodízio de funções
( ) trabalho em células
( ) indicadores de performance
( ) procedimentos de trabalho padrão
( ) outros (especifique) ____________________________________________
7. Quanto tempo levou a implementação das ferramentas de PE ?
( ) até 6 meses
( ) de 6 meses a 1 ano
( ) de 1 a 2 anos
( ) de 2 a 5 anos
( ) mais de 5 anos
119
8. Quais os principais problemas encontrados durante a implementação ? Assinale
quantas alternativas forem necessárias:
( ) falta de apoio da alta direção
( ) falta de comprometimento dos pares
( ) falta de comprometimento dos subordinados
( ) recursos insuficientes
( ) treinamento insuficiente
( ) atrasos no cronograma de implementação
( ) falta de experiência
( ) falta de conhecimento sobre a PE
( ) outros (especifique) ____________________________________
9. Quais os indicadores aplicados para avaliar o sucesso na implementação das
ferramentas de PE ?
Indicador 1
Indicador 2
Indicador 3
Indicador 4
Indicador 5
Indicador 6
Indicador 7
Indicador 8
Indicador 9
Indicador 10
Outros
10. Houve redução de custos industriais/operacionais com a implementação das
ferramentas de PE ?
120
( ) não houve redução de custos
( ) até 5% de redução
( ) de 5% a 10% de redução
( ) de 10% a 20% de redução
( ) mais de 20% de redução
11. Desconsiderando as condições favoráveis de mercado nos últimos anos, você
acredita que houve acréscimo nas vendas após a implementação das ferramentas
de PE ?
( ) não houve acréscimo nas vendas
( ) até 5% de acréscimo
( ) de 5% a 10% de acréscimo
( ) de 10% a 20% de acréscimo
( ) mais de 20% de acréscimo
12. Houve redução nos lead times (tempo entre a colocação do pedido e a entrega
do produto no cliente) após a implementação das ferramentas de PE ?
( ) não houve redução nos lead times
( ) até 5% de redução
( ) de 5% a 10% de redução
( ) de 10% a 20% de redução
( ) mais de 20% de redução
13. Houve redução nas reclamações de clientes com a implementação das
ferramentas de PE ?
( ) não houve redução nas reclamações de clientes
( ) até 5% de redução
( ) de 5% a 10% de redução
( ) de 10% a 20% de redução
( ) mais de 20% de redução
14. Houve redução nos estoques intermediários e finais após a implementação das
ferramentas de PE ?
( ) não houve redução nos estoques
( ) até 5% de redução
( ) de 5% a 10% de redução
( ) de 10% a 20% de redução
( ) mais de 20% de redução
121
15. Os resultados da implementação das ferramentas de PE foram:
( ) inferiores aos esperados antes da implementação
( ) iguais aos esperados antes da implementação
( ) superiores aos esperados antes da implementação
16. Houve redução de funcionários por causa da implementação das ferramentas de
PE ?
( ) sim
( ) sim, porém não exclusivamente devido à implementação das ferramentas de PE
( ) não
17. Que empresa (s) você considera modelo na implementação/utilização das
ferramentas de PE hoje em dia ?
___________________________________________________________________
_______
18. Comentários Finais e Sugestões (Opcional)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________
122
GLOSSÁRIO
Andon mecanismo que permite ao operador parar a máquina quando identificar
um defeito; normalmente se usa uma corda que o operador pode puxar.
Autonomação também conhecida como Jidoka, significa utilizar a inteligência
humana para automatizar equipamentos, de modo que estes possam suspender a
produção ao detectar uma peça defeituosa. Surgiu com Sakichi Toyoda, inventor do
tear auto-ativado que parava instantaneamente quando um fio se rompia.
Células conjunto de equipamentos dispostos de forma ordenada em sequência,
normalmente em forma de “U”, de modo a permitir o fluxo contínuo e o trabalho
flexível por meio de operadores polivalentes.
Cinco Ss sistema que tem por objetivo criar um local de trabalho adequado ao
controle visual e à Produção Enxuta, baseado nas 5 palavras japonesas: Seiri
significa separar e eliminar tudo o que é desnecessário; Seiton significa ordenar e
identificar todas as peças necessárias; Seiso significa limpar o local de trabalho;
Seiketsu significa realizar os três primeiros Ss em intervalos frequentes, visando
manter o local em condições ótimas; Shitsuke significa criar a disciplina e o hábito
de seguir os 4 primeiros Ss.
Controle Visual colocar em local visível a todos os operadores, ferramentas,
peças, quadros com indicadores de desempenho para um entendimento rápido de
todo o sistema de Produção Enxuta.
123
Desperdício também conhecido como Muda, significa qualquer atividade que
consome recursos mas não adiciona valor ao processo.
Empurrar produzir peças independente da demanda real, criando excesso de
produção.
Estoque em processo material produzido e armazenado em lotes que ficam
aguardando a próxima operação no processo de produção.
Fluxo de Valor realização progressiva de tarefas para que um produto passe da
concepção ao lançamento; de pedido à entrega; da matéria-prima às mãos do
cliente sem interrupções, refugos ou retrabalhos.
Fluxo Contínuo ou Unitáriosistema no qual os itens são processados e movidos
diretamente para a próxima operação, uma peça de cada vez. Cada etapa do
processo encerra seu trabalho imediatamente antes da próxima etapa necessitar do
item e o tamanho de lote é igual a um.
Genchi Genbutsu ao local de trabalho e veja com seus olhos o que de fato
está acontecendo.
Heijunka – nivelamento de produção, ou seja, criação de um programa nivelado por
meio do sequenciamento de pedidos em um padrão repetitivo, eliminando variações
diárias nos pedidos totais e adequando à demanda de longo prazo. Exemplo: se o
124
cliente durante uma semana pedir 100 unidades do produto A, 100 doproduto B e
200 do produto C, o programa de produção nivelada sequenciaria da seguinte
forma: A,C,B,C,A,C,B,C, A,C,B,C... e assim por diante.
Jidoka – ver Autonomação.
Just-in-time sistema de produção que prevê a entrega dos produtos certos no
momento adequado e na quantidade certa. Necessita de alguns elementos-chave,
como trabalho em fluxo, sistema puxado, tempo takt, trabalho padrão.
Kaizen melhoria contínua e incremental de um processo ou uma atividade, de
modo a eliminar desperdícios e criar valor. Normalmente executada em projetos de
curta duração (dias).
Kanban cartão pendurado em caixas de peças, responsável pelo controle do
processo puxado no Sistema Toyota de Produção, sinalizando o processamento e a
entrega em etapas anteriores.
Lead Time tempo decorrido entre a colocação do pedido pelo cliente e a efetiva
entrega do produto.
Lotes e Filas prática de Produção em Massa, por meio da qual se produzem
grandes lotes de um peça, que ficam esperando numa fila pela apróxima
operação.
125
Manutenção Produtiva Total (TPM Total Productive Maintenance) sistema
integrado de atividades que tem por objetivo maximizar a eficácia dos
equipamentos, envolvendo todas as pessoas, de vários departamentos e níveis,
visando garantir que um processo de produção seja sempre capaz de realizar as
tarefas necessárias para que não haja interrupção.
Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM – Value Stream Mapping) diagrama feito
á mão que mostra a série de etapas necessárias para que um produto ou serviço
chegue até o cliente, identificando o fluxo de informações e material.
Nemawashi método formal e informal de obter um consenso antes da
implantação de um plano de trabalho.
Poka-Yoke dispositivo ou procedimento à prova de erros destinado a impedir a
ocorrência de defeitos durante os processos fabris.
Processo conjunto de operações individuais necessárias para criar um projeto,
pedido ou produto.
Puxar sistema de produção por meio do qual nada é processado pelo fornecedor
sem que o cliente a posteriori sinalize uma necessidade.
SMED (Single Minute Exchange of Die) sistema de troca rápida de ferramentas,
desenvolvido por Shigeo Shingo para a Toyota, no qual se preparava uma prensa
em menos de dez minutos.
126
Trabalho-padrão descrição precisa de cada atividade de trabalho, na qual se
especifica o tempo de ciclo, tempo takt, sequência de trabalho e o estoque mínimo
de peças necessário para realizar a operação.
Trabalho Multifuncional sistema de trabalho por meio do qual os operário são
treinados para operar e manter diferentes tipos de equipamentos de produção. É
essencial para a criação de células de produção.
Tempo de Ciclo – tempo necessário para se completar o ciclo de uma operação.
Tempo Takt – é o tempo de produção disponível dividido pela demanda do cliente.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo