125
TCEMG-Aux. Con. Externo-B02
MODELO - Caderno de Prova, Cargo B02, Tipo 001
CONHECIMENTOS GERAIS
Português
Atenção: As questões de números 1 a 9 baseiam-se no
texto apresentado abaixo.
Ilhas de Minas, no vôo das palavras
(...) Agora, você já viu coisa mais mineira,
caligrafi camentesutil e bonita como geografi a, do que a
ilha da Cabeça do M, junto ao cachoeirão do M, um M
líquido, bordado em espuma cadente, inicial-resumo do
santo nome de Minas? Do vértice do M cai a espumarada,
a envolver de nuvens essa maior ilha de Minas, que é
a própria Minas, tida como constelação de montanhas,
mas por isso mesmo ilhada, alta ilha, ilha alterosa, a
tamanha altura do nível do mar, ilha suspensa.
Ensandeço? Não. São as ilhas que subvertem a
razão natural, interrompendo a continuidade do mundo.
Elas se isolam orgulhosas ou prudentes. Mas vamos
adiante. Se estamos no rio Doce, cheguemos à ilha
irônica do Talaveira, do maturrango, do mau cavaleiro,
do bisonho lidar com lavoura ou gado. Minas gosta de
brincar com o imperfeito. E acha nomes engraçados para
suas ilhas, como a da Pindaíba (ouço ainda a voz dos
mais velhos: “Estou numa pindaíba danada.”), tem a dos
Casados e a das Marias; a do Periquito e a do Alferes,
não sei se homenagem a Tiradentes ou alusiva a um
dono qualquer de uniforme. Tem a dos Estados, a dos
Pombos, e das Antas e das Batatas e esta outra que faço
questão de inventar uma história para ela: a ilha Lucrécia,
tão bórgia! Onde príncipes, cardeais, assassinos e outros
fi gurantes, entre eles, uma turma ilustríssima de poetas
e artistas, se dedicam às mais diversifi cadas aventuras
em torno dessa dama egrégia. Furo sensacionalíssimo
de reportagem: Lucrécia, a magnífi ca, em Minas Gerais,
numa ilha particular, tão particular que nela só pode ter
acesso minha fantasia deste momento e você, se me der
crédito e o prazer de acompanhar-me até lá...
Não, desisto de surpreender Lucrécia em sua ilha
cativa. Minas é surrealista, concordo, mas sem exagero;
conservo a justa medida das coisas, até no absurdo.
Fiquemos por aqui, você e eu habitando em pensamento
as ilhas que afl oram em Minas, que enfl oram Minas, essa
ilha maior balançando no alto dos montes e serras...
(Carlos Drummond de Andrade. Prosa seleta.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p. 812.)
1. De acordo com o texto,
(A) os diferentes nomes atribuídos a ilhas nem
sempre têm relação com a natureza que
elas mostram ou com fatos específi cos que
justifi quem a origem desses nomes.
(B) a natureza geográfica de Minas desperta a
imaginação de seus habitantes, capazes de
atribuir-lhes nomes distanciados de qualquer
fato da realidade.
(C) o Estado de Minas é visto, por extensão, como
uma ilha, por tratar-se de um território cercado de
montanhas, portanto isolado e limitado por elas.
(D) a idéia de haver uma ilha habitada por uma única
mulher, por mais famosa que seja, ultrapassa
qualquer possível lógica na ordem dos fatos da
vida real.
(E) a atribuição de características humanas às ilhas,
como o sentimento de orgulho, prova que elas
realmente estão além da ordem natural das
coisas em todo o mundo.
2. É correto inferir do texto que
I. orgulho e prudência podem ser características
perfeitamente atribuíveis aos mineiros, a partir
da comparação com as ilhas.
II. Minas Gerais é berço de artistas ilustres do
passado, que encontraram campo magnífi co em
suas ilhas para concretizar suas fantasias.
III. ilhas, por caracterizarem descontinuidade,
permitem aos poetas e artistas a criação de
sonhos e de fantasias, mesmo contrárias à
realidade.
IV. ilhas não precisam necessariamente receber
nomes, tendo em vista sua uniformidade e seu
isolamento geográfi co.
Está correto o que se afi rma APENAS em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) II e IV.
(E) III e IV.
___________________________________________
3. Ensandeço? Não. (início do 2º parágrafo)
O autor retoma a mesma idéia, exposta acima, na frase:
(A) ... ouço ainda a voz dos mais velhos...
(B) ... não sei se homenagem a Tiradentes ou
alusiva a um dono qualquer de uniforme.
(C) ... que faço questão de inventar uma história
para ela...
(D) ... que nela só pode ter acesso minha fantasia
deste momento...
(E) ... conservo a justa medida das coisas, até no
absurdo.
___________________________________________
4. A alteração da pontuação altera também o sentido
original do texto no par:
(A) Mas vamos adiante.
Mas, vamos adiante.
(B) Minas gosta de brincar com o imperfeito. E acha
nomes engraçados para suas ilhas ...
Minas gosta de brincar com o imperfeito e acha
nomes engraçados para suas ilhas ...
(C) ... a do Periquito e a do Alferes, não sei se
homenagem a Tiradentes ou alusiva a um dono
qualquer de uniforme.
... a do Periquito e a do Alferes − não sei se
homenagem a Tiradentes ou alusiva a um dono
qualquer de uniforme.
(D) Não, desisto de surpreender Lucrécia em sua
ilha cativa.
Não desisto de surpreender Lucrécia em sua
ilha cativa.
(E) ... Minas é surrealista, concordo, mas sem
exagero...
... Minas é surrealista (concordo), mas sem
exagero...