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UNIVERSIDADE ESTADUAL “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
RESPOSTAS DENSITOMÉTRICAS, MORFOFISIOLÓGICAS E
DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE TRATADOS COM ÁGUA
FILTRADA E NÃO FILTRADA
Orientada: Lizandra Amoroso
Orientadora: Profª. Drª. Silvana Martinez Baraldi Artoni
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
Maio de 2009
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias Unesp, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do título de Doutorado em
Zootecnia.
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Livros Grátis
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iii
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
Lizandra Amoroso, brasileira, nascida em 13 de agosto de 1980, em Barretos-
SP, é Médica Veterinária formada pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
da UNESP, na cidade de Jaboticabal-SP, em dezembro de 2003, e filiada ao Conselho
Federal de Medicina Veterinária desde 2004. Mestre em Zootecnia pelas Faculdades de
Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, Jaboticabal, desde julho de 2005.
iv
“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.
Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
Cora Coralina
v
Oferecimento
Ao Miguel Arcanjo Amoroso e à Sueli C. Amoroso, pelo amor e dedicação
durante todos os momentos da minha vida. Sem o apoio deles, não seria
possível manter-me firme nos propósitos e desafios da carreira. Meus pais
são merecedores do sucesso por me apoiarem nesta jornada. Obrigada
pelo incentivo!
À Patricia Amoroso, pelo carinho e afeto que dividimos desde a infância.
Ao Guilherme Pelegrini Brianez pelo amor e afeto que compartilhamos.
vi
Agradecimento especial e dedicatória
À Profa. Dra. Silvana Martinez Baraldi Artoni.
Pessoa muito competente e amiga que desde a graduação me incentivou a
trabalhar com experimentação animal e me ensinou com entusiasmo e
carinho. Obrigada por me apoiar durante a formação acadêmica, pessoal e
profissional.
À Dra. Nilce Maria Soares.
Graças à sua dedicação foi possível transformar um projeto em realidade,
nos auxiliando em todas as etapas de execução da pesquisa, desde a
elaboração do tema, a sugestão de análises e formas de discorrer sobre os
dados. Obrigada pela amizade, pela brilhante contribuição e por servir de
exemplo de amor à pesquisa.
vii
Agradecimento especial
Ao Prof. Dr. Otto Mack Junqueira, pela amizade, companheirismo e pela
concessão do galpão avícola. Sem seu auxílio, este experimento não seria
realizado.
Ao Prof. Dr. Marcos Lania de Araújo, pela amizade, carinho,
companheirismo e apoio no Departamento de Morfologia e Fisiologia
Animal desde a graduação até o doutorado.
Ao Prof. Dr. João Ademir de Oliveira que realizou as análises estatísticas
do experimento e nos orientou. Obrigada pela colaboração.
Agradecimentos
À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Campus da Unesp
Jaboticabal SP, pela Pós-Graduação em Zootecnia que, felizmente, pude
ter a honra de cursá-la.
Agradeço à instituição financiadora FAPESP - Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo, pelo incentivo e apoio financeiro para
que esta pesquisa fosse realizada.
À Pricila Vetrano Rizzo e à Gisele Cristina Guandolini, pelo auxílio neste
experimento, por compartilharmos bons momentos durante o mestrado e
pela grande amizade que adquirimos neste pouco tempo de convivência.
À Valeska Rodrigues, pela amizade sincera desde a graduação. Tenho
eterna gratidão à sua generosidade e companheirismo ao longo da nossa
vida acadêmica.
Aos funcionários do aviário, em especial ao Robson Fernando Santos e ao
Izildo José Sant'anna, pelo auxílio e companheirismo durante a realização
do experimento.
ix
Ao Prof. Dr. Luiz Augusto do Amaral e à Fernanda de Rezende Pinto,
manifesto minha gratidão por me orientarem na análise microbiológica da
água.
À Prof. Dra. Maria Rita Pacheco, pela amizade e carinho, bem como pelas
contribuições sobre o material histológico do presente trabalho.
À Paloma do Espírito Santo e ao Guilherme Silveira da Rocha pela
convivência amistosa, parceria e pelo comprometimento durante a fase
experimental.
Ao Luis Alex Sagula, pela grande amizade ao longo destes anos de
convívio no Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal e pelo suporte
durante o experimento.
À Fabiana Ribeiro Barreiro, manifesto minha gratidão pelo apoio nas
análises densitométricas.
Ao Juan Carlos os Alva, pelo apoio e companheirismo desde a fase de
implantação do experimento até a execução do mesmo.
Ao Prof. Antonio Carlos Paulillo por auxiliar na minha formação durante a
graduação e por conceder a vacina utilizada durante o experimento.
Ao Sr. Orandi Mateus, pela amizade e pelo auxílio e orientação técnica na
confecção do material histológico.
x
Aos docentes que participaram da banca pelas importantes contribuições
ao projeto de doutorado.
Ao Sr. Walter Bueno da Lubbing Basil, pelo apoio técnico e disponibilidade
durante a montagem dos bebedouros tipo nipple.
À Carime Moraes, pela amizade, companheirismo e pelos auxílios nas
coletas do material histológico.
À Marilda de Paulo Ribeiro e à Clara Aparecida Martinez, pela amizade e
companheirismo no Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal
À Claudia Aparecida Rodrigues, pelas horas agradáveis de convívio e
auxílio durante o processamento de amostras.
À Empresa Hidrofiltros, pela doação do filtro utilizado durante o
experimento.
Aos colegas e funcionários do Departamento de Morfologia e Fisiologia
Animal do Câmpus da UNESP de Jaboticabal, pela convivência saudável e
pela colaboração durante o trabalho.
xi
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS..............................................................................
13
LISTA DE TABELAS..............................................................................
15
RESUMO...............................................................................................
18
SUMMARY.............................................................................................
19
1. INTRODUÇÃO...................................................................................
20
2. OBJETIVO.........................................................................................
21
3. REVISÃO DE LITERATURA..............................................................
22
3.1. Densitometria óssea.....................................................................
22
3.2. Considerações gerais do cálcio e fósforo.....................................
23
3.3. Morfofisiologia intestinal e renal....................................................
24
3.4. Qualidade química e microbiológica da água...............................
27
4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................
33
4.1. Delineamento experimental..........................................................
33
4.2. Tipos de água utilizadas durante o experimento..........................
34
4.2.1. Água filtrada........................................................................
34
4.2.2. Água não filtrada.................................................................
36
4.3. Coleta de amostras de água.........................................................
36
4.4. Análises bacteriológicas................................................................
38
4.5. Quantificação de coliformes totais e fecais...................................
39
4.6. Análise química da água...............................................................
40
4.7. Animais, alimentação e instalação................................................
40
4.8. Densitometria óssea.....................................................................
43
4.9. Níveis séricos de cálcio e fósforo..................................................
43
xii
4.10. Avaliação macroscópica do intestino delgado e dos rins............
44
4.11. Avaliação histológica do intestino delgado e rins........................
44
4.12. Morfometria do intestino delgado e dos rins...............................
45
4.13. Microscopia eletrônica de varredura...........................................
45
4.14. Desempenho...............................................................................
46
4.15. Análise estatística.......................................................................
46
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................
47
5.1. Densitometria óssea.....................................................................
47
5.2. Níveis séricos de cálcio.................................................................
49
5.3. Níveis séricos de fósforo...............................................................
50
5.4. Avaliação macroscópica do intestino delgado e dos rins..............
51
5.5. Morfologia renal............................................................................
53
5.6. Morfologia do Intestino delgado....................................................
62
5.7. Desempenho.................................................................................
72
5.8. Análise microbiológica da água....................................................
76
5.9. Análise química da água...............................................................
78
6. CONCLUSÕES..................................................................................
81
7. REFERÊNCIAS..................................................................................
82
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Filtro HF 5000 constituído por elementos filtrantes Big 5 HPC 10’’ big; Big
50 PF 10’’ big, Big 5 FF 10’’ big, Hidrofiltros®, utilizado durante o
experimento................................................................................................35
Figura 2. Boxe contendo bebedouro tipo nipple acoplado ao galão com capacidade
de dez litros que atende a necessidade de 35 pintinhos criados em 3,45
de área........................................................................................................36
Figura 3. Coleta semanal de amostras de água no bico de bebedouros tipo nipple
utilizando espátula de madeira estéril adaptada momentaneamente.........37
Figura 4. Flaconetes do Kit COLILERT® utilizados na análise microbiológica...........39
Figura 5. Rins de frangos de corte da linhagem Cobb tratados com água filtrada (A) e
não filtrada (B) aos 21 dias de idade evidenciando o lobo cranial (A), o
médio (B) e o caudal (C) separados pelos vasos ilíacos (seta) e entre o
médio e o caudal pelos vasos isquiáticos (cabeça de seta).......................53
Figura 6. Fotomicrografia do rim de frangos de corte aos 14 dias de idade, tratados
com água filtrada (A) e água não filtrada (B). Observam-se a região do
cone medular com o segmento fino da alça de Henle (seta); segmento
espesso da alça de Henle (a) e túbulo coletor (b), Hematoxilina-eosina,
200X............................................................................................................55
Figura 7. Fotomicrografia do rim de frangos de corte aos 14 dias de idade, tratados
água filtrada (A) e água não filtrada (B) evidenciando: corpúsculo renal com
o folheto visceral (a) e o parietal (b) da cápsula renal e glomérulo renal (c)
revestidos por podócitos que formam o folheto visceral (d); túbulo contocido
proximal (e); túbulo contorcido distal (f); além de capilares intersticiais (g).
Hematoxilina-eosina, 1000X.......................................................................56
Figura 8. Visão panorâmica das regiões cortical e medular do rim de frangos de corte
tratados com água filtrada aos 14 dias de idade. Observam-se pequenos
néfrons reptilianos (a); néfrons intermediários entre o córtex e a medula (b);
néfrons medulares na camada medular (c); túbulos contorcidos proximais
(d) e túbulos contorcidos distais (e). Hematoxilina-eosina, 100X...............57
Figura 9. Fotomicrografia do rim de frangos de corte tratados com água não filtrada
(A) e não filtrada (B) aos 14 dias de idade evidenciando a região da mácula
densa (seta). Hematoxilina-eosina, 1000X.................................................58
14
Figura 10. Eletronmicrografia do rim de frangos de corte tratados com água filtrada aos
14 dias de idade evidenciando o túbulo contorcido proximal (TCP) e o
túbulo contorcido distal (TCD) (750X).........................................................59
Figura 11. Eletronmicrografia do rim de frangos de corte tratados com água não filtrada
aos 14 dias de idade evidenciando o túbulo contorcido proximal (TCP) e o
túbulo contorcido distal (TCD) (750X).........................................................59
Figura 12. Fotomicroscopia do duodeno de frangos de corte aos 14 dias de idade,
tratados com água filtrada (A) e água não filtrada (B). Observam-se as
vilosidades intestinais (setas largas), as criptas intestinais (cabeça de seta)
e as células caliciformes (setas finas), coloração PAS 200X...................68
Figura 13. Fotomicroscopia do jejuno de frangos de corte aos 14 dias de idade,
tratados com água filtrada (A) e água não filtrada (B). Observam-se as
vilosidades intestinais (setas largas) e as células caliciformes (setas finas),
coloração PAS 200X................................................................................68
Figura 14. Fotomicroscopia do íleo de frangos de corte aos 14 dias de idade, tratados
com água filtrada (A) e água não filtrada (B). Observam-se as vilosidades
intestinais (setas largas), as criptas intestinais (cabeça de seta) e as
células caliciformes (setas finas), coloração PAS 200X..........................69
Figura 15. Eletronmicrografias do duodeno de frangos de corte tratados com água
filtrada (A) e água não filtrada (B) aos 21 dias de idade (750x)..................71
Figura 16. Eletromicrografias do jejuno de frangos de corte tratados com água filtrada
(A) e água de não filtrada (B) aos 45 dias de idade (750x).........................71
Figura 17. Eletromicrografias do íleo de frangos de corte tratados com água filtrada (A)
e água não filtrada (B) aos 45 dias de idade (750x)...................................72
15
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Níveis de elementos, compostos químicos e indicadores bacterianos na água
do Campus da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. FCAV-UNESP,
Jaboticabal-SP
1
e sugeridos para a água de dessedentação de aves de
exploração comercial........................................................................................34
Tabela 2. Número Mais Provável (NMP) / 100 mL amostra de coliformes totais de
Escherichia coli da água do reservatório e da água de torneira do galpão do
aviário da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da FCAV UNESP,
Jaboticabal, 2008..............................................................................................38
Tabela 3. Composições percentual e calculada das rações experimentais...............41
Tabela 4. Temperatura média e Umidade Relativa (UR) do ar no galpão, no período de
um a 45 dias de idade......................................................................................42
Tabela 5. Valores médios ± desvio padrão da densidade mineral óssea (mm Al) da
epífise proximal, diáfise e epífise distal do tibiotarso de frangos de corte
tratados com água filtrada e não filtrada de 14 a 45 dias de idade............48
Tabela 6. Valores médios ± desvio padrão do cálcio sérico de frangos de corte tratados
com água filtrada e não filtrada no período de 14 a 45 dias idade das
aves...............................................................................................................50
Tabela 7. Valores médios ± desvio padrão do fósforo sérico de frangos de corte
tratados com água filtrada e não filtrada no período de 14 a 45 dias idade
das aves........................................................................................................50
Tabela 8. Valores médios ± desvio padrão do peso absoluto e relativo do intestino
delgado e do rim de frangos de corte tratados com água filtrada tratados
com água filtrada e não filtrada no período de 14 a 45 dias idade das
aves...............................................................................................................52
Tabela 9. Valores médios ± desvio padrão da espessura dos túbulos contorcidos
proximais do rim de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com
água filtrada e não filtrada...........................................................................61
Tabela 10. Valores médios ± desvio padrão da espessura dos túbulos contorcidos
distais do rim de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com
água filtrada e não filtrada...........................................................................61
16
Tabela 11. Valores médios ± desvio padrão do número de corpúsculos renais do rim de
frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água filtrada e não
filtrada.........................................................................................................61
Tabela 12. Valores médios ± desvio padrão do comprimento das vilosidades intestinais
do duodeno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com
água filtrada e não filtrada...........................................................................63
Tabela 13. Valores médios ± desvio padrão da largura das vilosidades intestinais do
duodeno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................63
Tabela 14. Valores médios ± desvio padrão da profundidade das criptas intestinais do
duodeno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................64
Tabela 15. Valores médios ± desvio padrão do número de células caliciformes do
duodeno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................64
Tabela 16. Valores médios ± desvio padrão do comprimento das vilosidades intestinais
do jejuno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................65
Tabela 17. Valores médios ± desvio padrão da largura das vilosidades intestinais do
jejuno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................65
Tabela 18. Valores médios ± desvio padrão da profundidade das criptas intestinais do
jejuno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................65
Tabela 19. Valores médios ± desvio padrão do número de células caliciformes do
jejuno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................66
Tabela 20. Valores médios ± desvio padrão do comprimento das vilosidades intestinais
do íleo de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................66
17
Tabela 21. Valores médios ± desvio padrão da largura das vilosidades intestinais do
íleo de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................66
Tabela 22. Valores médios ± desvio padrão da profundidade das criptas intestinais do
íleo de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada....................................................................................67
Tabela 23. Valores médios ± desvio padrão do número de células caliciformes do íleo
de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água filtrada e
não filtrada..................................................................................................67
Tabela 24. Valores médios ± desvio padrão da densidade de vilos (número de
vilo/1.145.306 µm²) por segmento de intestino em frangos de corte tratados
com água filtrada e não filtrada de um a seis semanas de idade...............70
Tabela 25. Valores médios ± desvio padrão do consumo semanal de água filtrada e
não filtrada por animal, no período de um a 49 dias de idade das aves.......73
Tabela 26. Valores médios ± desvio padrão do peso dio (g), de frangos de corte
tratados com água filtrada e não filtrada, no período de um a 45 dias de
idade..............................................................................................................74
Tabela 27. Valores médios ± desvio padrão do consumo de ração (g/ave) e do ganho
de peso g/ave de frangos de corte tratados com água filtrada e não filtrada,
no período de um a 45 dias de idade............................................................74
Tabela 28. Valores médios ± desvio padrão da conversão alimentar (CA) e da
viabilidade criatória (VC) de frangos de corte tratados com água filtrada e
água não filtrada, no período de um a 45 dias de idade...............................75
Tabela 29. Valores médios ± desvio padrão do log do número mais provável (NMP) de
coliformes totais das amostras de água obtidas de bebedouros de água
filtrada e de água e não filtrada no período de quatro a 44 dias de idade....77
Tabela 30. Valores médios ± desvio padrão do log do número mais provável (NMP) de
Escherichia coli das amostras de água obtidas de bebedouros de água
filtrada e de água e não filtrada no período de quatro a 44 dias de idade....77
Tabela 31. Análise química da água filtrada (T1) e não filtrada (T2) utilizadas como
água de bebida para frangos de corte durante o período de um a 45 dias de
idade..............................................................................................................80
18
RESUMO
RESPOSTAS DENSITOMÉTRICAS, MORFOFISIOLÓGICAS E DESEMPENHO DE
FRANGOS DE CORTE TRATADOS COM ÁGUA FILTRADA E NÃO FILTRADA
A água é um recurso natural escasso que deve ser utilizada de forma racional e
apresentar qualidade química, física e microbiológica. Neste contexto, o presente
trabalho avaliou a densitometria óssea, os níveis séricos de cálcio e sforo, a
histologia, a microscopia eletrônica de varredura, a morfometria intestinal e renal, o
desempenho de frangos de corte, a qualidade microbiológica e química da água de
consumo em frangos de corte tratados com água filtrada e não filtrada. Observou-se
que a densitometria óssea apresentou níveis crescentes aos 14 e aos 21 dias de
idades, estabilizando-se aos 45 dias de idade. A densidade mineral óssea foi maior na
epífise distal de aves que ingeriram água filtrada fazendo com que estas aves
resistissem a uma maior pressão óssea nesta região em relação às aves que ingeriram
água não filtrada. Os valores dios de cálcio sérico não apresentaram variações
significativas entre os tratamentos analisados. Por outro lado, os níveis de fósforo
sérico de aves tratadas com água filtrada foram menores em relação às que receberam
água não filtrada. Na microscopia eletrônica de varredura, observou-se que enquanto a
densidade dos vilos intestinais aumentou em aves que receberam água não filtrada, a
integridade intestinal foi mantida em frangos tratados com água filtrada em resposta à
sua condição microbiológica. Na análise macroscópica do intestino delgado e dos rins,
não houve diferença entre os tratamentos para as medidas de comprimento, largura,
peso absoluto e relativo dos órgãos. Na morfometria intestinal, observou-se que o
comprimento das vilosidades e o número de células caliciformes não variaram entre os
tratamentos. Entretanto, houve aumento na profundidade das criptas intestinais em
aves que receberam água não filtrada provavelmente em função do aumento da taxa de
turnover intestinal. Além disso, o comprimento das vilosidades intestinais foi mais
significativo no duodeno de aves que ingeriram água não filtrada em relação à filtrada.
Os índices de desempenho não variaram entre os tratamentos analisados. Por outro
lado, com relação à qualidade da água de bebida, os frangos de corte que ingeriram
água filtrada foram submetidos a um menor número de microrganismos de origem fecal,
garantindo a integridade intestinal.
Palavras-chave: aves, densidade mineral óssea, integridade intestinal, microbiologia,
morfologia, qualidade de água
19
SUMMARY
DENSITOMETRIC, MORPHOFISIOLOGIC AND PERFORMANCE ANSWERS OF
POULTRY TREATED WITH FILTERED AND NO FILTERED WATER
Water is a lean natural resource that must be used in a rational way and must be
present chemical, physical and microbiological quality. In this context, the present work
evaluated bone densitometry, serum levels of calcium and phosphorus, chicken
performance, chemical, physical and microbiological quality of consumption water by
chickens treated with filtered water and no filtered. It was observed that the bone
densitometry presented crescent levels from 14 to 21 days old, and it was being
stabilized on 45 days old. The bone mineral density was larger on the epiphyisis distal of
birds that ingested filtered water doing these birds to resist a larger bone pressure in this
area comparing to birds that ingested no filtered water. The medium values of serum
calcium didn't present significant variations among the analyzed treatments. On the
other hand, the serum levels of phosphorus of birds treated with filtered water were
smaller in relation to the one that received water no filtered. On the scanning electron
microscopy, it was observed that while the density of intestinal villi increased in birds
that received no filtered water, the intestinal integrity was maintained in chickens treated
with water filtered in response to their microbiological condition. In macroscopic analysis
of the small intestine and of the kidneys, there wasn´t difference among the treatments
for length measures, width, absolute and relative weight of the organs. In the intestinal
morphometry, it was observed that the length of the villi and the number of goblet cells
didn't vary among the treatments. However, there was increase of small intestinal crypts
depth in birds that received no filtered water, probably in function of the tax of intestinal
turnover increase. Moreover, length intestinal villi were more significant in duodenum of
birds that ingested water no filtered in relation to filtered water. The performance indexes
didn't vary among the analyzed treatments. Otherwise, regarding the quality of the drink
water, the chickens that ingested filtered water were submitted to a smaller number of
fecal origin microorganisms, guaranteeing intestinal integrity.
Keywords: poultry, bone mineral density, intestinal integrity, microbiology, morphology,
water quality
20
1. INTRODUÇÃO
As enfermidades veiculadas pela água são causadas principalmente por
microrganismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana, transmitidos pela
via fecal-oral (GRABOW, 1996). Além da contaminação microbiológica na área rural, a
escassez de água doce prejudica o seu consumo. No Brasil, a situação hídrica é
favorável, pois o país detém 12% da água doce do planeta e 6.220 bilhões de das
fontes renováveis do mundo, sendo que o segundo país no ranking é a Rússia com
4.059 bilhões de m³. Por outro lado, o Brasil possui os maiores índices de desperdício
mundial, com perdas entre o processo de captação e distribuição de 40%, sendo que a
média aceita mundialmente é de 25%. Destaca-se ainda que a riqueza hídrica brasileira
concentra-se na região Norte do país (PALHARES, 2007).
De acordo com CARVALHO (1983), a água constitui elemento indispensável à
vida e, quando destinada ao consumo humano e animal, deveria reunir os parâmetros
de potabilidade, de modo a não se constituir em veículo de disseminação de agentes de
doenças.
Atualmente, o frango de corte apresenta elevada taxa de crescimento, e,
consequentemente, alta atividade metabólica, fazendo com que a ingestão de água
seja essencial para o desenvolvimento do frango, em comparação com outras espécies
animais (BRUNO & MACARI, 2002).
Como nutriente indispensável à vida animal, a água participa de várias funções
como a hidrólise digestiva, absorção de nutrientes, equilíbrio ácido-básico, a
termorregulação corporal, secreção de hormônios e enzimas, manutenção da pressão
osmótica intracelular além de facilitar as reações enzimáticas que ocorrem no
metabolismo intermediário (BERTECHINI, 2006).
A água compõe dois terços da reserva tecidual em aves jovens (AUSTIC &
NESHEIM, 1990), sendo, portanto, um dos elementos de maior importância na
produção, tanto pelo volume consumido quanto pela utilização como veículo
terapêutico, embora também possa servir como vetor de microrganismos e de agentes
contaminantes (RUBIO, 2005) e apresente papel fundamental nos mecanismos de
21
perda de calor em condições de estresse calórico (CONY & ZOCCHE, 2004; NORTH &
BELL, 1990).
O consumo de água é aproximadamente o dobro do consumo de alimentos
sólidos. Por isso, água de má qualidade, ou imprópria para o consumo, pode ter grande
impacto negativo na produção de aves. Desta forma, a água deve apresentar
características físicas, químicas e organolépticas de acordo com as necessidades dos
animais sem, no entanto, agir como vetor de problemas sanitários ou nutricionais
(ALBINO & TAVERNARI, 2008).
A temperatura do ambiente é dos fatores que influenciam o consumo de água
pelos frangos. De acordo com o NRC (1994), o consumo de água de frangos pode
aumentar em 7% para cada grau centígrado acima de 21ºC de temperatura ambiente. A
ingestão de água pode corresponder a 100 mL por ave aos 28 dias de idade à
temperatura de 20ºC, ou a 210 mL em idade equivalente, à temperatura de 32ºC
(LEESON & SUMMERS, 1991).
A ingestão de água está associada à de alimento. Esta relação varia de 1,6 a 2,5
litros de água por quilograma de ração, de acordo com as condições ambientais
(RUBIO, 2005). Outro fator importante, que pode afetar a ingestão de água, é o tipo de
nutriente. A adição de sal, potássio, melaço ou mesmo fontes de lcio e fósforo em
excesso pode levar as aves a beberem mais água (MACARI, 1996).
2. OBJETIVO
Avaliar a influência da qualidade da água filtrada e não filtrada sobre a
morfofisiologia de frangos de corte no período de um a 45 dias de idade.
22
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1. Densitometria óssea
O tecido ósseo sofre influência dos fatores endógenos e exógenos, como
produção hormonal, nutrição e temperatura, durante todas as fases da vida, estando
sujeito a variações de massa óssea. A rigidez do tecido ósseo é resultante da
deposição de cálcio e fósforo, na forma de hidroxiapatita, durante o processo de
mineralização (BRUNO, 2002).
A reabsorção e formação ósseas são fenômenos associados e dependentes. O
predomínio de um sobre o outro resulta em ganho ou perda de massa óssea (SARAIVA
& LAZARETTI-CASTRO, 2002). Desta forma, a densitometria se torna um fator
essencial como medida do estado fisiológico do tecido ósseo. A densitometria óssea é
uma análise sequencial de variações de densidade óssea em aves. A técnica baseia-se
na comparação da imagem radiográfica do osso com a imagem radiográfica de uma
escala de alumínio pré-definida, que a densidade deste metal é muito semelhante à
densidade da hidroxiapatita existente no osso. A aplicação da técnica surgiu com a
necessidade de encontrar um método mais efetivo de avaliação de discondroplasia
tibial e osteoporose, patologias de alta freqüência em frangos de corte e poedeiras,
respectivamente.
Em um experimento realizado por ONYANGO et al. (2003), avaliou-se a
densidade mineral óssea como indicador da porcentagem de cinzas na tíbia de frangos
de corte. Os autores utilizaram dietas contendo diferentes níveis de lcio e fósforo e
concluíram que o melhor indicador de resistência óssea é o teor de cinzas, e que a
densidade mineral óssea apresenta correlação de 86% com a porcentagem de cinzas.
A densidade óssea é um parâmetro biofísico de importância experimental e clínica que
auxilia na análise da mineralização óssea (LOUZADA et al., 1997). A técnica de
densitometria óptica é evidenciada quando valores médios em escala milimétrica de
alumínio da imagem radiográfica são comparados com a porcentagem média de cálcio
dos espécimes ósseos e foi relatada por LOUZADA (1994), sendo vantajosa pelo baixo
23
custo de utilização em relação às outras metodologias como a tomografia ou a
absortometria.
ARAÚJO (2001) estudou o efeito do cálcio na dieta de duas linhagens de frango
de corte até o período de abate, sobre a densidade mineral óssea. Níveis baixos de
cálcio na ração afetaram a densidade mineral óssea em aves da linhagem Cobb, por
outro lado, os mesmos níveis não provocaram alterações de densidade óssea na
linhagem Avian Farms, demonstrando que diferenças metabólicas entre as
linhagens. O autor salienta que a técnica de avaliação de densidade óssea pela
densitometria óptica radiográfica deveria ser preconizada como uma boa alternativa
para a análise de densidade mineral óssea em frangos de corte.
3.2. Considerações gerais sobre cálcio e fósforo
As primeiras fontes de macrominerais para aves são o calcário calcítico e a
farinha de ostras, que contêm 38,4; e 36,4% de cálcio, respectivamente (ROSTAGNO
et al., 2005). Aproximadamente, 98 a 99% do cálcio total do organismo e 80 a 85% do
fósforo estão presentes nos ossos. Se a concentração sangüínea de cálcio reduz,
mobilização do cálcio ósseo para manter o nível sangüíneo fisiológico (SCOTT et al.,
1982).
SCHOULTEN et al. (2002) avaliaram os efeitos dos níveis de cálcio, em rações
suplementadas com fitase, sobre a absorção de minerais e verificaram que níveis
baixos de cálcio prejudicam a absorção de fósforo; enquanto que níveis elevados
reduzem a absorção de cálcio, fósforo, zinco e manganês em frangos de corte de um a
21 dias de vida.
No indivíduo adulto, a absorção e a reabsorção são equilibradas com a
calcificação, a mineralização e a desmineralização dependentes do teor de cálcio e
fósforo no sangue, líquido extracelular e no metabolismo das células da matriz óssea.
Por outro lado, no indivíduo idoso, predominância da reabsorção óssea, assim como
a redução na quantidade absoluta de tecido ósseo (FRANCO, 1998)
24
O paratormônio (PTH) controla a mobilização de cálcio (FRANCO, 1998). Baixos
níveis de cálcio na dieta estimulam a secreção de PTH, enquanto reduzidos níveis de
fósforo levam ao aumento da concentração de cálcio ionizado no plasma, reduzindo a
secreção de PTH. Os efeitos desta depressão envolvem a conservação de fósforo (ao
reduzir o PTH por meio da inibição da reabsorção tubular de fosfato) e a excreção
urinária do cálcio em excesso que foi absorvido no intestino (TAYLOR & DACKE, 1984).
Em contraste, altos níveis de fósforo no plasma decrescem a captação de cálcio a partir
do osso e da mucosa intestinal. Fósforo alto na dieta altera o equilíbrio ácido-básico e
prejudica a produção avícola, podendo cessar a produção de ovos (KESHAVARZ,
1994).
3.3. Morfofisiologia intestinal e renal
De acordo com GEYRA et al. (2001), o processo de maturação do intestino
delgado em pintinhos se assemelha ao de mamíferos neonatais. O número de criptas
intestinais por vilos aumenta nas primeiras 48 horas de vida em todos os segmentos do
intestino delgado, enquanto o número de células por cripta intestinal se eleva
rapidamente em todos os segmentos do intestino delgado até 72 horas s-eclosão,
sendo que após esta idade, as mudanças se tornam menos significativas.
O desenvolvimento da mucosa intestinal se inicia com o aumento do
comprimento e da densidade dos vilos intestinais. Estes eventos ocorrem graças à
elevação correspondente da população de células, entre elas, os enterócitos, as células
caliciformes e células enteroendócrinas, o que resulta na elevação da capacidade
digestiva e absortiva do intestino. Desde o desenvolvimento do órgão, constante
renovação e proliferação celular, conseqüentes das divisões mitóticas das células-
tronco localizadas nas criptas intestinais (UNI et al., 1998; APPLEGATE et al., 1999).
O desenvolvimento da mucosa é estimulado por mitoses sucessivas das células
da cripta intestinal em direção as vilosidades, e, como consequência, aumento no
número de células e do tamanho do vilo. Desta forma, o desenvolvimento da mucosa
ocorre devido à renovação celular (proliferação e diferenciação das células totipotentes
localizadas na cripta e ao longo dos vilos) e à perda de células por descamação que
25
ocorre no ápice dos vilos (MAIORKA, 2001). O equilíbrio entre a renovação e a perda
celular determina a manutenção do número de células e a capacidade funcional do
epitélio. Caso haja aumento na taxa de extrusão haverá aumento na produção celular
da cripta intestinal na tentativa de recuperar a perda epitelial do ápice das vilosidades
(FURLAN et al., 2004).
Apesar de estar anatomicamente completo no final do período de incubação, o
intestino sofre alterações morfofisiológicas que preparam a ave para o consumo e a
utilização de alimentos (MAIORKA, 2002). O início da ingestão de alimentos é
acompanhado de rápido desenvolvimento do trato gastrintestinal (UNI et al., 1998).
Durante a primeira semana de vida das aves, o intestino delgado aumenta quatro vezes
mais do o peso corporal graças ao estabelecimento das funções intestinais, em
especial a absorção (CORLESS & SELL, 1999). Além da presença do alimento, outro
fator que interfere no desenvolvimento gastrintestinal é o tipo de ingrediente utilizado na
dieta. Ao introduzir sorgo com baixo tanino na ração de frangos de corte no período de
um a 42 dias de vida, CAMPOS (2006) verificou correlação positiva entre a idade das
aves e a profundidade das criptas intestinais. Entretanto, o autor observou que o
comprimento das vilosidades não é afetado pela substituição de milho por sorgo, sendo
que o desenvolvimento máximo das vilosidades intestinais correspondeu à idade de 21
dias. RIBEIRO et al. (2002) também avaliaram a influência da idade das aves no
número e no comprimento das vilosidades intestinais e encontraram um efeito linear
nas idades de 21, 35 e 42 dias, evidenciando que, mesmo após os 21 dias, as
vilosidades intestinais mantêm o turnover celular. o jejum é um fator preponderante
que reduz a renovação celular e o comprimento das vilosidades intestinais no período
pós-incubação (YAMAUCHI et al., 1996). De acordo com VIOLA (2003), a restrição de
água em frangos de corte da primeira a terceira semana de idade está relacionada com
a redução de peso de vísceras como o intestino delgado, além de diminuição do
comprimento das vilosidades intestinais.
LODDI (2003) avaliou o efeito de probióticos, prebióticos e acidificante orgânico
sobre a morfologia intestinal de frangos de corte aos 21 dias de vida, e verificou que
embora houvesse ausência de ação trófica de mananoligossacarídeo (MOS) ou
acidificante orgânico nas diferentes porções do intestino delgado, houve aumento da
26
densidade dos vilos no íleo devido à adição de MOS e lactose, provavelmente devido à
estimulação direta ou indireta na mucosa causada pela presença dos aditivos
nutricionais. Da mesma forma, PELICANO (2006) observou maior densidade de vilos
após a utilização de prebióticos e probióticos na dieta de frangos de corte abatidos em
semelhante idade, entretanto, houve diferenças entre os diversos segmentos do
intestino delgado, com destaque para o íleo. Efeitos benéficos do uso de aditivos
também foram encontrados com relação à morfometria intestinal, como o aumento do
comprimento das vilosidades e a redução da profundidade das criptas intestinais aos 21
dias de idade, porém, tais modificações não foram encontradas aos 42 dias de vida.
GOMIDE JUNIOR et al. (2004) classificaram a morfologia do intestino por meio
de eletronmicrografias e observaram significativa perda da integridade intestinal em
pintos de corte machos, submetidos ao jejum hídrico e alimentar 86 horas pós-eclosão,
o que demonstra a importância da microscopia eletrônica de varredura na avaliação
qualitativa do intestino delgado. FIGUEIREDO et al. (2003) não relataram prejuízos
na integridade intestinal em frangos de corte de um a 21 dias de idade tratados com
níveis crescentes de farelo de canola. No entanto, houve aumento da profundidade das
criptas intestinais devido à ligação do tanino às proteínas intestinais e indução da
secreção compensatória de muco.
Os arranjos das vilosidades intestinais são determinados pela absorção de
nutrientes. Segundo APTEKMANN et al. (2001), a integridade estrutural do epitélio
intestinal interfere no desenvolvimento somático dos animais. A mucosa intestinal
responde aos agentes exógenos por meio de modificações morfológicas no
comprimento e no número das vilosidades intestinais e na profundidade de criptas
intestinais. As avaliações, quantitativa e a qualitativa, da integridade intestinal são
relevantes, pois permitem confiável re-avaliação da capacidade digestiva e de absorção
do intestino, como também a análise de danos à mucosa intestinal causados pelo jejum
ou agentes patogênicos (GOMIDE JUNIOR et al., 2004).
A absorção de água e minerais ocorre ao longo de todo intestino delgado,
principalmente no duodeno e jejuno (MAIORKA & MACARI, 2002). Nos rins, a absorção
da maior parte dos eletrólitos e água filtrada é função primária do néfron e sua
regulação é essencial para a manutenção do balanço de fluidos corporais. O processo
27
de absorção do volume envolve o movimento de água através da camada de células
epiteliais de várias regiões do néfron em resposta à diferença de osmolalidade
(CHEIDDE & SCHOR, 1999).
Os rins das aves o órgãos castanhos e alongados, arbitrariamente divididos
em partes cranial, média e caudal pelas artérias ilíaca externa e isquiática (DYCE &
SACK, 2004). Os rins podem alternar entre o uso do néfron reptiliano ou do tipo
mamífero dependendo da necessidade da conservação de água. Quando ambos os
tipos são funcionais, 25% do filtrado se origina do tipo mamífero e 75% do tipo reptiliano
(REECE, 2008). Sabe-se que a morfologia renal não é afetada pelas estações do ano
em aves (CASOTTI, 2001), mas existem poucos relatos sobre a interferência da
qualidade da água nas estruturas renais, o que evidência a relevância deste estudo.
3.4. Qualidade química e microbiológica da água
Os recursos hídricos são influenciados pela demanda urbana, industrial e
agrícola (SILVA & PRUSKI, 2000). De acordo com o artigo quatro do capítulo dois da
Portaria 1469, água potável é a água para consumo humano cujos parâmetros
microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e
que não ofereça riscos à saúde (BRASIL, 2001).
A perspectiva de transmissão de doenças de veiculação hídrica relaciona-se, em
sua maior relevância, com as características físicas, químicas e biológicas das águas
naturais e, secundariamente, com o estado geral de saúde, idade e condições de
higiene da população exposta (DANIEL, 2001). Quando utilizada na dessedentação das
aves, visto que todos os animais têm acesso à mesma fonte, o uso de água de
qualidade duvidosa pode interferir nos índices zootécnicos e na disseminação de
enfermidades, acarretando graves prejuízos econômicos, além de carrear agentes
patogênicos de doenças de interesse em saúde pública (GAMA et al., 2008).
Os parâmetros químicos são importantes para a caracterização da qualidade da
água de consumo, permitindo sua classificação pelo conteúdo mineral e pela
28
determinação do grau de contaminação e da concentração dos poluentes tóxicos na
água (SOARES, MESA & GUASTALLI, 2008).
A composição química das águas fluviais é definida pela contribuição de águas
termais, efluentes antrópicos (industriais, domésticos e agrícolas), e, finalmente, por
elementos naturalmente dissolvidos das rochas e solos (SUGUIO, 2006). Além da
origem dos elementos da água, a sua qualidade é importante questão na produção e na
saúde animal. As propriedades organolépticas (odor e sabor) e químicas, a presença de
elementos tóxicos (metais pesados, organofosforados e hidrocarbonos), o excesso de
componentes minerais (nitratos, nitritos, sulfatos e ferro) e a contagem total de
microrganismos definem a água qualidade da água de consumo humano e animal
(WALDNER & LOOPER, 2007).
O potencial hidrogeniônico (pH) é um dos parâmetros mais importantes na
determinação da maioria das espécies químicas de interesse, tanto na análise de águas
potáveis, como na análise de águas residuárias. Além disso, apresenta relações
fundamentais com acidez e alcalinidade (SILVA & OLIVEIRA, 2001). A alcalinidade é
encontrada sob a forma de carbonatos e bicarbonatos e resulta da presença de sais de
ácidos fracos, carbonatos, bicarbonatos, hidróxidos e ocasionalmente silicatos e
fosfatos, podendo ser ustica (MACÊDO, 2001). O pH é um parâmetro físico
relacionado com a natureza dos solos atravessados por água. Em geral, os solos
graníticos são mais ácidos e os calcários mais básicos. o teor de ferro total deve ser
menor que 0,1mg/L de água, pois valores superiores de ferro interferem na vacinação
através da água de bebida. O ferro se acumula nos circuitos de água pouco utilizados
depois de um significativo período de vazio sanitário (FICHES SANTÉ, 2002). Na
avicultura, pH muito ácido ou excessivamente alcalino prejudica a vacinação e a adição
de medicamentos via água de bebida (COUNOTTE, 2000).
WATKINS et al. (2005) observaram a relação de diferentes concentrações de
sódio e cloro presentes na água e na ração em frangos de corte. A concentração de
500 miligramas de sódio/litro de água e 0,25% de sódio na dieta não afetou o ganho de
peso, a conversão alimentar ou a mortalidade, no período de um a 42 dias de vida. Os
autores salientaram que devem ser feitos ajustes entre os níveis de minerais da ração
29
baseando-se na concentração dos mesmos na água de bebida a fim de evitar excesso
de minerais.
FURLAN et al. (1999) avaliaram a influência de diferentes níveis de energia
metabolizável (EM) na ração e o efeito da adição de cloro na água de bebida para
frangos de corte de um a 49 dias de vida. Os níveis de 2900 e 3200 kcal de EM/ kg de
ração não afetaram a ingestão de água e o ganho de peso das aves. Por outro lado, a
adição de cinco ppm de hipoclorito de sódio à água, determinou a redução do consumo
de água, sem interferir no desempenho das aves. Ainda que haja menor ingestão de
água, a utilização de cloro foi favorável, em virtude da qualidade bacteriológica desta,
sendo observado menor número de colônias vveis.
O excesso de minerais pode ser tóxico ou interferir na absorção de outros
minerais, tal como o magnésio que, em doses elevadas, atua como antagonista de
vários minerais, inclusive do cálcio (GEORGIEVSKI, 1982).
Níveis excedentes de nitrogênio estão relacionados com a atividade agrícola e
industrial. Neste contexto, a ingestão de nitrato tem como conseqüência a formação de
metahemoglobina, a qual é incapaz de transportar o oxigênio durante a respiração, o
que pode levar o animal à morte (FERREIRA, 2001). a intoxicação pelo acúmulo de
zinco nos rins, fígado e pâncreas interfere na secreção de insulina, aumenta a glicemia,
promove desidratação e induz ao catabolismo de proteínas e gorduras (GARCIA, 2004).
Dentre outros elementos químicos, o flúor está relacionado com lesões ósseas
em animais e no homem. A ingestão contínua e em doses elevadas de fluoreto de sódio
dissolvido na água causa diminuição do tecido ósseo mineralizado em aves, o que
caracteriza a sua toxicidade sobre o organismo (RAFFI et al., 1997).
Os coliformes são os indicadores de segurança sanitária mais utilizados. A
ausência ou a presença deles na água em densidades abaixo de certo limite implica,
respectivamente, na ausência ou em densidades não significativas de microrganismos
patogênicos (BLUM, 2003). Para monitorar as condições sanitárias da água de
abastecimento, os coliformes fecais fornecem uma estimativa da ocorrência e do grau
de contaminação fecal (BRANCO, 1974).
A adição de um a três ppm de cloro no bebedouro reduz a contagem microbiana,
especialmente, onde são usados os bebedouros com superfície de água aberta (CONY
30
& ZOCCHE, 2004). A legislação brasileira por meio da RESOLUÇÃO CONAMA 396
de 03/04/2008 determina a utilização de água de classe três para a dessedentação de
animais, enquanto que para o abastecimento doméstico após tratamento simplificado e
para a recreação humana é indicada a água de classe especial um.
As condições higiênico-sanitárias da água não tratada variam conforme a
estação do ano. Poços rasos apresentam maiores índices de contaminação em
períodos de alta precipitação pluviométrica com relação às fontes de água mineral.
JACINTHO (2001) observou correlação positiva entre o volume de chuva e a
contaminação por microrganismos fecais em áreas rurais, onde há prevalência de
minas, em que 22,6% e 32,3% das fontes analisadas foram positivas para Escherichia
coli nos períodos de estiagem e chuva, respectivamente. Enquanto as áreas
suburbanas, cuja maioria das fontes de água de consumo corresponde aos poços
rasos, 33,3% e 50% das amostras apresentavam Escherichia coli nos respectivos
períodos analisados acima. A presença de microrganismos fecais reduz a qualidade
microbiológica da água não tratada, comprometendo as condições sanitárias da água
de consumo.
Várias bactérias do grupo coliformes podem estar presentes na água, entre elas,
Escherichia sp, Citrobacter sp, Kebsiella, Enterobacter (BLUM, 2003). Entretanto, a
presença de determinada bactéria fecal nem sempre é indicativa de outro
microrganismo fecal. Números elevados de coliformes fecais nem sempre estão
relacionados à presença de salmonelas. Não associação entre o isolamento de
salmonelas e o número mais provável de coliformes fecais por 100 mililitros de amostra
(SOUZA & CÔRTES, 1992).
O tipo de bebedouro e a temperatura da água influenciam no consumo de água e
na produtividade de frangos de corte (KLOSOWSKI et al., 2004). Diferentes tipos de
bebedouro utilizados na dessedentação animal apresentam variações no número de
coliformes fecais. SOUZA & CÔRTES (1992) encontraram maior número de amostras
de água com coliformes fecais acima de 4.000/100mL relacionadas aos bebedouros
dos tipos banheiras e tambor metálico Os bebedouros tipo banheira, tambor metálico,
represamento, açude e charco foram os que se revelaram com águas altamente
poluídas, pois, em 31,6, 22,2 e 14,3%, respectivamente, o NMP/100 mL de coliformes
31
fecais foram superiores a 4.000 e, portanto, não deveriam ser utilizados na
dessedentação de animais.
Ao analisarem as condições sanitárias de bebedouros e mananciais por meio
dos números de coliformes totais (NMP) e de coliformes fecais, SOUZA et al. (1983)
encontraram água de boa qualidade, exceto em 10% das amostras de bebedouros em
relação a coliformes fecais e 5% das amostras quanto aos coliformes totais;
considerando os valores de referência de no máximo 20.000 coliformes totais e até
4.000 coliformes de origem fecal.
SANT’ANA et al. (2003) analisaram a qualidade microbiológica de águas
minerais no período de julho a agosto de 2002 e observaram que, apesar da qualidade
satisfatória da água no que se refere à presença de enterococos, houve contaminação
por coliformes totais e Escherichia coli em 20,4 a 25% das amostras, resultado este,
que está em desacordo com os padrões microbiológicos legais e sugere condições
higiênico-sanitárias deficientes.
VIANA et al. (1975) examinaram as condições de potabilidade de diferentes
fontes de água em granjas avícolas de 22 municípios do estado de Minas Gerais por
meio da contagem do número de colônias. Os autores observaram que houve diferença
significativa na qualidade bacteriológica da água de poço artesiano para a água de
poço raso e da nascente e dos dois últimos para a água proveniente do córrego, do rio
ou da lagoa. As águas de poços artesianos tiveram menor número mais provável de
coliformes (170 NMP / 100 mL de amostra), enquanto as águas superficiais
provenientes de córrego, rio ou lagoa apresentaram elevados índices colimétricos, ou
seja, 2400 NMP de coliformes / 100mL de amostra. Os resultados demonstram a
necessidade de melhorar a qualidade higiênica da água servida aos plantéis avícolas
através de medidas como a limpeza de caixas d’água, desinfecção periódica das águas
provenientes de lençóis freáticos e cloração diária das águas superficiais.
Com o intuito de averiguar a contaminação de diferentes fontes de água
fornecidas a frangos de corte, DAMASCENO (2006) analisou amostras de água
provenientes de bebedouros pendulares, caixas d’água e poços artesianos. A contagem
média de esporos de Clostridium perfringens foi superior nos bebedouros quando
comparada às contagens médias de água da caixa d’água, e nula em poços artesianos,
32
evidenciando a exposição à contaminação por fezes, poeira e ração no ambiente do
galpão. Por outro lado, SILVA et al. (2005) afirmam que o uso de bebedouro alternativo
composto de calha circular ampla e lâmina d'água, suficientemente alta para permitir a
imersão do bico e das faces da ave no interior do bebedouro em regiões de clima
quente não alteram o desempenho de frangos de corte, sendo uma alternativa viável ao
bebedouro pendular.
PINTO et al. (2008) coletaram amostras de água de em propriedades rurais com
o objetivo de averiguar a qualidade microbiológica da água de consumo animal. Neste
contexto, observou-se a contaminação microbiológica da água de dessedentação
animal por enterococos e microrganismos mesófilos, devido à introdução de material
fecal no bebedouro toda vez que os animais ingerem a água. A qualidade
microbiológica da água e a presença de agentes patogênicos de origem fecal na água
são fatores de risco à saúde dos animais.
AMARAL et al. (2001) compararam a qualidade higiênico-sanitária de
bebedouros tipo nipple e taça utilizados na dessedentação de aves de postura. Os
autores observaram que a contaminação por bactérias de poluição fecal foi maior nas
amostras colhidas nos bebedouros tipo taça, evidenciando-se que os bebedouros tipo
nipple depreciaram menos a qualidade microbiológica da água oferecida às aves. Além
do bebedouro, os poços artesianos também podem comprometer a qualidade
microbiológica da água. AMARAL et al. (1994), ao analisarem amostras de água de
poços rasos da região urbana da cidade de Jaboticabal-SP, encontraram 92,12% das
amostras fora dos padrões microbiológicos para consumo humano.
TOGASHI et al. (2008) conduziram um experimento com poedeiras às 44
semanas de idade e observaram que a utilização de bebedouros tipo nipple trouxe
benefícios como maior porcentagem de postura e melhor conversão alimentar em
relação aos bebedouros tipo taça. O uso de bebedouro tipo nipple possibilitou o
fornecimento de água com melhor qualidade microbiológica para as aves e,
conseqüentemente, favoreceu o seu desempenho.
Durante o uso rotineiro das instalações pode ocorrer o acúmulo de material
orgânico e contaminação do sistema de fornecimento de água. Assim, o crescimento de
algas, deposição de minerais e sujidades ocorrem dentro das linhas de fornecimento de
33
água, propiciando um bom ambiente para os microrganismos se desenvolverem ou se
manterem viáveis, formando o biofilme (GAMA et al. 2008).
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Delineamento experimental
O experimento foi realizado nas dependências da Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias do Campus de Jaboticabal UNESP em um galpão
experimental do Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia. Foram utilizados
1120 pintos de um dia da linhagem Cobb, com distribuição inteiramente casualizada em
32 boxes, com 16 parcelas para cada tratamento e 35 aves por parcela. Os tratamentos
foram em número de dois: água filtrada (Filtro Hidrofiltros®) e água não filtrada do
Campus da Unesp de Jaboticabal (Tabela 1), dispostos em boxes de forma intercalada.
As rações fareladas, formuladas segundo recomendações nutricionais e composição de
ingredientes de (ROSTAGNO et al., 2005) foram isonutritivas e à base de milho e farelo
de soja. (Tabela 4).
34
Tabela 1. Níveis de elementos, compostos químicos e indicadores bacterianos na água
do Campus da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. FCAV-UNESP,
Jaboticabal-SP
1
e sugeridos para a água de dessedentação de aves de
exploração comercial
Item
Água da
FCAV
VOHRA,
(1980)
ÀGUA,
(1988)
SESTI,
(2006)
BRASIL,
(2004)
CONAMA,
(2008)
pH
8,1
6,0 - 9,0
6,4 - 8,5
6,0 - 9,5
(mg/L)
Condutividade
0,1
Alcalinidade
113,0
Dureza
69,0
500
Fluoretos
0,13
14
0,02
Sulfatos
1,0
500
125
250
10
Nitrogênio
< 0,001
Nitrato
0,013
20
2-10
10
0,9
Nitrito
0,006
0,4
1
0,1
Sódio
21,0
1000
50
32
200
Potássio
2,0
10
Cálcio
26,5
600
600
60
Magnésio
0,52
350
125
14
Zinco
0,002
5
1,5
5,0
0,24
Ferro
0,005
25
0,2
0,3
Manganês
0,003
0,005
Cobre
0,003
2
0,05
Bactérias ( UFC / 100 mL )
Coliforme total
2440
0
0
-
Coliforme fecal
330
0
0
200
1
Análise realizada em 2007 pelo Laboratório de Saneamento SHS-EESC-USP, de São Carlos (SP).
4.2. Tipos de água utilizados durante o experimento
4.2.1. Água filtrada
A água filtrada foi obtida a partir do equipamento da linha Hidrofiltros®,
constituído de três elementos filtrantes (Figura 1). Na primeira etapa, a água passou por
um filtro Poly Flow de 150 micrômetros (µm) composto de polipropileno e poliéster, que
foi empregado na pré-filtração para reter galhos, pedregulhos e grandes sedimentos.
35
Na segunda etapa, o filtro Poly Flow de 25 µm, lavável, plissado de poliéster, reduzia a
areia, o barro e o limo em suspensão na água. O Hidro Pro Carbon foi o terceiro filtro
empregado, com o objetivo de remover o cloro, o odor, o gosto desagradável e a cor da
água. A água filtrada era obtida diariamente da torneira acoplada ao filtro, transportada
em balde plástico e transferida para o galão (Figura 2) que abastecia os bebedouros
por meio de um funil plástico. A quantificação do consumo de água foi determinada
adaptando-se galão graduado de dez litros para cada boxe.
Figura 1. Filtro HF 5000 constituído por elementos
filtrantes Big 5 HPC 10’’ big; Big 50 PF
10’’ big, Big 5 FF 10’’ big, Hidrofiltros®,
utilizado durante o experimento
36
4.2.2. Água não filtrada
A água não filtrada (Tabela 1), proveniente do reservatório da Faculdade,
abastece todo o Campus de Jaboticabal, sendo canalizada até todos os setores da
instituição. A água era obtida diariamente da torneira do galpão, transportada em balde
plástico e transferida para o galão que acoplado ao bebedouro (Figura 2).
4.3. Coleta de amostras de água
As condições microbiológicas da água consumida pelas aves foram avaliadas do
primeiro dia de vida das aves até a saída do lote para abate, com coletas realizadas em
intervalos de sete dias em um total de sete coletas. Foram pipetados 0,5 mL de
Figura 2. Boxe contendo bebedouro tipo nipple acoplado ao
galão com capacidade de dez litros que atende a
necessidade de 35 pintinhos criados em 3,45 de
área.
37
tiossulfato de sódio em frascos de vidro com capacidade de 250 mL para a amostragem
da água não filtrada, enquanto os frascos para a coleta da água do filtro não
apresentavam tiossulfato de sódio. Os frascos estéreis foram utilizados para a coleta de
200 mL de amostra de cada tratamento, diretamente do bico do bebedouro nipple, por
meio de uma espátula de madeira estéril (Figura 3).
As amostras foram transportadas sob refrigeração para o laboratório de Medicina
Veterinária Preventiva, sendo realizadas análises bacteriológicas logo após a chegada
das mesmas.
Figura 3. Coleta semanal de amostras de
água no bico de bebedouros tipo
nipple utilizando espátula de
madeira estéril adaptada
momentaneamente.
38
4.4. Análises bacteriológicas da água
A análise prévia da água do Campus da FCAV-Jaboticabal foi realizada antes da
instalação do experimento com o intuito de averiguar se a mesma se encontrava em
condições de consumo. Após realizar a determinação do Número Mais Provável (NMP)
de coliformes totais e de Escherichia coli na entrada e na saída água do reservatório da
FCAV - Jaboticabal, e na água não filtrada do Campus de Jaboticabal obtida
diretamente da torneira do galpão (Tabela 2), verificou-se que os três tipos de água
estavam adequados para o consumo animal, considerando-se que o máximo permitido
pela legislação (CONAMA, 2008) para Escherichia coli é 200/100 mL de amostra.
Durante o experimento, foram coletadas vinte e duas amostras semanais ao
longo de seis semanas nos dois tratamentos analisados. Para isso, as amostras foram
coletadas aleatoriamente na porção inicial, média e final de cada linha dos bebedouros,
totalizando 154 amostras, durante a fase experimental. As análises de coliformes totais
e fecais seguiram as recomendações do Standard Methods for Examination of Water
and Wastewater (APHA, 1998) e do Manual de Métodos de Análise Microbiológica da
Água (SILVA et al., 2000).
Fonte
Coliformes totais
(NMP/100mL)*
Escherichia coli*
(NMP/100mL)*
Entrada do reservatório de água
2,1 x 10²
2,0 x 10²
Saída do reservatório de água
3,0
< 1,0
Torneira do galpão
> 2,4 x 10³
2,8 x 10¹
*Contagem de coliformes totais e de E. coli representada pelo número mais provável (NMP) em
100 mililitros de amostra de água.
Tabela 2. Número Mais Provável (NMP) / 100 mL amostra de coliformes totais e
Escherichia coli da água do reservatório e da água da torneira do galpão do
Aviário da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da FCAV-UNESP,
Jaboticabal-SP, 2008
39
4.5. Quantificação de coliformes totais e fecais
Para cada amostra, um flaconete de meio de cultura COLILERT (IDEXX
Laboratories, Inc. Figura 4) foi adicionado a 100 mL de amostra de água (ou sua
diluição) em condições de assepsia. Após a homogenização, a mistura obtida foi
transferida para a cartela Quanti-tray e selada em aparelho selador específico. Em
seguida, a cartela foi incubada a 35ºC por 24 horas. Após o período de incubação, foi
realizada a contagem do número de compartimentos grandes e pequenos da cartela
que apresentavam alteração da cor de transparente para amarelo. O número mais
provável (NMP) de coliformes totais foi obtido após a leitura de uma tabela de
conversão, onde os totais dos dois tipos de compartimentos indicam os valores de
coliformes para 100 mL de amostra.
O NMP de Escherichia coli foi determinado na mesma cartela, pelo número de
compartimentos (grandes e pequenos) que apresentavam fluorescência após incidirem-
se raios UV sobre a cartela, utilizando-se a mesma tabela de conversão mencionada
para coliformes totais.
Figura 4. Flaconetes do Kit COLILERT® utilizados na
análise microbiológica.
40
4.6. Análise química da água
Amostras de água provenientes do filtro Hidrofiltros® foram coletadas na última
semana do experimento e armazenadas em frascos plásticos de capacidade de um
litro. As amostras foram obtidas diretamente da torneira e do filtro instalados no galpão
para avaliar a interferência de um sistema de tratamento sobre qualidade química da
água. As determinações analíticas foram realizadas no Departamento de Tecnologia da
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de Jaboticabal.
4.7. Animais, alimentação e instalação
As aves foram alojadas em galpão de alvenaria com piso de concreto, cama de
palha com quatro centímetros de altura e cortina externa vel. Os pintos de corte
machos, com um dia de idade, foram pesados individualmente e, com base no peso,
distribuídos entre os tratamentos para que as parcelas apresentassem peso médio
semelhante. As parcelas foram compostas de 35 aves por boxe, totalizando 32 boxes
de 3,45 de área (1,15 x 3,00 m) separados por muretas de alvenaria de 0,70 m. As
instalações continham lâmpada infravermelha de 250 watts e comedouro infantil de um
a sete dias de vida. No rmino da fase inicial, crescimento e final (oito a 45 dias de
idade), os frangos receberam ração formulada (Tabela 4), em comedouro tubular,
sendo que durante todo o período experimental, houve acesso à vontade à água em
bebedouro tipo nipple com três bicos por boxe (Figura 2).
A temperatura ambiente foi medida por intermédio de três termômetros de
valores máximos e mínimos dispostos no início, meio e final do galpão, em nível do
dorso dos animais. A Tabela 3 apresenta as variações das temperaturas médias e da
umidade relativa equivalentes ao clima da região de Jaboticabal no período de 18 de
dezembro a 31 de janeiro (verão), evidenciando que a temperatura do período da
manhã variou de 25,44 a 28,02°C, e do período da tarde de 27,20 a 28,44°C, enquanto
a umidade relativa média variou de 60,64 a 82,50% durante a manhã e de 57,83 a
41
78,88% no período da tarde. O manejo adotado para todas as fases de criação seguiu
as recomendações do manual da linhagem com programa intermitente de luz. Na fase
inicial, cada boxe possuía fonte individual de aquecimento que foi controlado de acordo
com o comportamento das aves. A partir dos 21 dias de idade, foi realizado o manejo
de cortinas e ventiladores, quando necessário.
A vacinação via ocular contra as enfermidades de Newcastle e Gumboro foi
realizada no oitavo dia de vida, com reforço no 14º dia.
Idade das aves
Temperatura ambiente (ºC)
UR (%)
Manhã
Tarde
Manhã
Tarde
1 a 3 dias
28,02
26,93
69,50
75,25
4 a 7 dias
26,18
28,44
72,40
57,83
8 a 14 dias
26,30
28,05
60,64
63,83
15 a 21 dias
25,98
27,27
82,50
78,88
22 a 45 dias
25,44
27,20
79,47
76,39
Tabela 3. Temperatura média e Umidade Relativa (UR) do ar no galpão, no período
de um a 45 dias de idade.
42
Tabela 4. Composições percentual e calculada das rações experimentais
Ingredientes
(%)
Fases
1 a 7 dias
8 a 21 dias
22 a 45 dias
Milho
56,69
62,43
66,13
Farelo de soja
36,80
29,99
25,99
Óleo de soja
2,93
4,43
4,90
Fosfato bicálcico
1,83
1,57
1,42
Calcário
0,86
0,79
0,74
Sal
0,42
0,41
0,38
DL- metionina (99%)
0,22
0,16
0,16
L-lisina
0,15
0,12
0,18
Suplemento mineral e vitamínico*
0,10
0,10
0,10
Total
100
100
100
Composição Calculada
Energia metabolizável (kcal/kg)
3,000
3,170
3,250
Proteína bruta (%)
21,63
19,02
17,51
Cálcio (%)
0,92
0,81
0,74
Fósforo disponível (%)
0,46
0,40
0,37
Fósforo total (%)
0,71
0,63
0,59
Lisina digestível (%)
1,28
1,07
1,01
Lisina total (%)
1,31
1,11
1,05
Metionina + cistina digestível (%)
0,91
0,77
0,73
Metionina + cistina total (%)
0,93
0,79
0,75
Metionina digestível (%)
0,55
0,45
0,42
Metionina total (%)
0,56
0,46
0,44
Fornecimento por kilogramas de ração: vit. A - 8000 UI; vit. D3 - 2000 UI; vit. E 15 mg; vit. K -
1.8 mg; vit. B1 - 1.8 mg; vit. B2 - 6 mg; vit. B6 - 2.8 mg; vit. B12 - 12 mcg; niacina - 40 mg; ácido
fólico - 1000 mcg, ácido pantotênico - 15 mg; biotina 600 mg; Se 0,3 mg; Manganês 90 mg;
Zn 100 mg; Fe 100 mg; Cu 16 mg; Iodo - 1.5 mg.
43
4.8. Densitometria óssea
Aos 14 dias, 21 e 45 dias de vida, vinte aves foram anestesiadas com Zoletil e
Ketamina, sacrificadas, e os tibiotarsos direitos coletados. Os mesmos foram
selecionados e os diâmetros das epífises proximais e distais e diáfises dos 20
tibiotarsos de cada tratamento foram avaliados e posteriormente destinados à análise
densitométrica dos frangos de corte nos respectivos períodos. Os tibiotarsos e a escada
de alumínio foram radiografados concomitantemente e as imagens radiográficas foram
escaneadas para a leitura da densidade mineral óssea, no software Image Pro Plus ,
do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal.
4.9. Níveis séricos de cálcio e fósforo
O volume de um mililitro de sangue de 96 aves selecionadas aleatoriamente foi
coletado nos períodos de 14, 21 e 45 dias de idade, respectivamente, para a
determinação de cálcio e fósforo séricos. O material foi obtido da veia axilar,
acondicionado em frascos plásticos de capacidade de 1,5 mL e centrifugado a 3000
rotações por minuto durante quinze minutos para obtenção do soro. As amostras
obtidas ao longo do experimento foram analisadas em Kit comerciais Labtest®
4.10. Avaliação macroscópica do intestino delgado e dos rins
Aos 14 dias, 21 dias, e 45 dias experimentais, 32 aves (uma ave por repetição)
dos dois tratamentos, passaram por jejum de 12 horas, foram anestesiadas com
Zoletil e ketamina e sacrificadas por deslocamento cervical. Após a abertura da
cavidade celomática e evisceração do trato gastrintestinal, o intestino delgado e o rim
direito foram retirados com o auxílio de pinças e tesouras cirúrgicas. O intestino delgado
e os rins foram avaliados macroscopicamente quanto ao aspecto, tamanho e coloração.
O duodeno, o jejuno e o íleo foram pesados e o comprimento de cada segmento foi
obtido com o auxílio de fita métrica. Amostras de dois centímetros da porção média do
duodeno, do jejuno e do íleo foram coletadas, lavadas em solução tampão fosfato (0,1
44
M, pH 7,4) e fixadas em solução de Bouin por 24 horas. Dos rins, foram obtidos o
comprimento e a largura dos órgãos, com o auxílio de um paquímetro de 0,01 cm de
precisão. O rim direito e o seu respectivo pólo caudal foram pesados e amostras do
pólo caudal foram introduzidas em frascos contendo solução de Bouin para a fixação
dos tecidos e posterior análise histológica.
4.11. Avaliação histológica do intestino delgado e dos rins
Imediatamente após a pesagem, os órgãos foram fixados por imersão em
solução de Bouin durante 24 horas. Após a fixação, fragmentos da parte caudal do rim
direito foram retirados e seccionados transversalmente. Em seguida, foi realizada a
lavagem das amostras dos rins e do intestino delgado em álcool etílico a 70%.
Posteriormente, o material foi submetido à desidratação, em séries crescentes de
álcool. As amostras foram recortadas, diafanizadas em benzol e processadas para
incluir o material em paraplast. A seguir, foram realizados três cortes histológicos de
sete µm de espessura e corados segundo a cnica de Hematoxilina e Eosina HE
(BEHMER et al., 2003) para cada animal. Posteriormente o material foi acondicionado
em caixas histológicas numeradas de acordo com os tratamentos. As lâminas
devidamente coradas foram analisadas ao microscópio óptico. A nomenclatura
anatômica utilizada foi a de BAUMEL (1993).
4.12. Morfometria do intestino delgado e dos rins
Das amostras colhidas aos 14, 21 e 45 dias de idade, foram preparadas 384
lâminas histológicas contendo três cortes do intestino delgado que foram observadas
em um fotomicroscópio binocular, realizando-se a seleção aleatória de 120 campos por
tratamento. As 360 imagens pertinentes à avaliação morfométrica foram capturadas
com o auxílio da microcâmera Olympus DP 11 acoplada ao microscópio e armazenadas
em um cartão de memória. As imagens, de interesse, do intestino delgado das aves
foram descarregadas em um microcomputador e analisadas à morfometria com o
45
auxílio do software Image Pro Plus , Media Cybernetics, Brasil, versão 4.1. As
características morfométricas do intestino delgado que foram avaliadas incluem o
número, o comprimento e a largura das vilosidades intestinais e o número de células
caliciformes do duodeno, jejuno e íleo.
Das amostras colhidas aos 14, 21 e 45 dias de idade, também foram analisadas
128 lâminas histológicas do pólo caudal do rim direito em um fotomicroscópio binocular,
com seleção aleatória de 50 campos por tratamento. As 300 imagens pertinentes à
avaliação morfométrica foram capturadas com o auxílio da microcâmera Olympus DP
11 acoplada ao microscópio e armazenadas em um cartão de memória. As imagens de
interesse do rim das aves foram descarregadas em um microcomputador e analisadas à
morfometria com o auxílio do software Image Pro Plus , Media Cybernetics, Brasil,
versão 4.1. As características morfométricas dos rins avaliadas incluíram a espessura
dos túbulos contorcidos proximais e distais e o número de corpúsculos renais.
4.13. Microscopia eletrônica de varredura
Decorridos 14, 21 e 45 dias de idade, 96 aves foram anestesiadas, sacrificadas e
necropsiadas para a coleta do intestino delgado e dos rins. Fragmentos do rim direito
de cada ave foram acondicionados em frascos contendo solução conservadora de
glutaraldeído 3%. Posteriormente, os mesmos foram lavados por seis vezes
consecutivas em tampão fosfato 0,1 M, pH 7,6 e então pós-fixados em solução de
tetróxido de ósmio a 1% durante 30 minutos, à temperatura de 4ºC. Posteriormente, as
amostras foram novamente lavadas com o mesmo tampão por seis vezes consecutivas,
desidratadas em concentrações crescentes de álcool etílico (30, 50, 70, 80, 90 e 100%),
20 minutos em cada concentração, sendo que, na última, as amostras foram lavadas
por três vezes consecutivas, 20 minutos em cada lavagem. Depois de cada
desidratação, o material passou pela câmara de secagem do secador de ponto crítico,
mediante a utilização de dióxido de carbono. O material foi então montado em porta
objeto apropriado, recoberto com uma camada de 30 nm de ouro e finalmente,
46
elétronmicrografado em microscópio eletrônico de varredura (Modelo Jeol JSM 54 10),
operando em 15 KV.
4.14. Desempenho
A média do consumo semanal de água foi determinada ao longo de todo o
período experimental.
No final de cada fase produtiva (, 14° 2e 45 dias de vida) foram avaliados o
peso médio da ave (g), o ganho de peso (g/ave), o consumo de ração (g/ave) e a
conversão alimentar. As aves e as sobras de alimento nos comedouros foram pesados
para determinar o consumo de ração, o ganho de peso e a conversão alimentar.
A viabilidade criatória (VC) foi determinada para comparar a mortalidade das
aves. A VC foi calculada pela fórmula: VC = 100 -{(NAM/NAI) X 100}, onde NAM é o
número de aves mortas por unidade experimental e NAI é o número inicial de aves por
unidade experimental ao final de 45 dias.
4.15. Análise estatística
Os resultados foram submetidos à análise de variância (SAS, 2001). Para a
contagem de coliformes, foi realizada a análise de variância pelo procedimento PROC
ANOVA (SAS, 2001).
47
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Densitometria óssea
A densidade mineral óssea (DMO) aumentou (p<0,05) com o decorrer das idades
(Tabela 5). Semelhantemente, BARREIRO et al. (2007), encontraram valores
crescentes de DMO nas fases inicial e de desenvolvimento de frangos de corte.
Segundo estes autores, a alteração de valores densitométricos no tibiotarso está
relacionada com a mineralização e com o aumento da resistência óssea que
acompanha o desenvolvimento da massa muscular. ARAÚJO et al. (2006) observaram
que, independente da variação fisiológica da densidade mineral óssea com o decorrer
da idade, a variação na concentração de aminoácidos ou de cálcio na dieta de galinhas
não modificou as características densitométricas do tibiotarso das poedeiras aos 49
dias de idade.
No presente experimento, a DMO foi maior em aves que ingeriram água filtrada
em relação a não filtrada (p<0,05) na epífise proximal e na diáfise dos ossos aos 14
dias de idade. Por outro lado, em semelhante idade, não se observou diferença entre os
tratamentos na DMO da epífise distal (p 0,05). Aos 21 dias de idade, a DMO das aves
que receberam água não filtrada foi maior em todas as porções ósseas analisadas
(Tabela 5).
48
Idade
Epífise proximal
(dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
1,72 ± 0,11 a
1,44 ± 0,03 b
21
1,73 ± 0,09 b
1,44 ± 0,03 b
45
3,09 ± 0,18 a
3,04 ± 0,09 a
Diáfise
14
1,72 ± 0,05 a
1,43 ± 0,04 b
21
1,79 ± 0,08 b
2,20 ± 0,11 a
45
2,29 ± 0,09 a
2,11 ± 0,09 a
Epífise distal
14
1,35 ± 0,08 a
1,28 ± 0,32 a
21
1,40 ± 0,06 b
1,82 ± 0,16 a
45
2,73 ± 0,57 b
2,25 ± 0,57 a
CV % 22,28
Aos 45 dias de idade houve significativa variação da média de DMO na epífise
distal, sendo maior nos animais que ingeriram água filtrada (p<0,05), enquanto as
outras porções ósseas permaneceram com semelhantes valores, independente do
tratamento empregado (p 0,05) evidenciando que as aves tratadas com água filtrada
apresentam maior poder de absorção de cálcio em relação as que receberam água não
filtrada.
A absorção de fósforo ocorre no intestino delgado, principalmente no duodeno
(MACARI, 2002). Como os níveis séricos desforo foram maiores em aves que
receberam água não filtrada (Tabela 7), sugere-se que a variação no equilíbrio entre o
fósforo plasmático e o tecidual, seja devido à modificação observada na morfologia da
mucosa duodenal dessas aves. Como o sforo associa-se ao cálcio para formar parte
da matriz inorgânica do osso (HENRY, 1995) e a rigidez do tecido ósseo é resultante da
deposição de cálcio e fósforo, na forma de hidroxiapatita (BRUNO, 2002), infere-se que
houve menor densidade mineral óssea na epífise distal das aves de 45 dias de idade
que ingeriram água não filtrada em função das alterações na mucosa duodenal que
Tabela 5. Valores médios ± desvio padrão da densidade mineral óssea (mm Al) da
epífise proximal, diáfise e epífise distal do tibiotarso de frangos de corte
tratados com água filtrada e não filtrada de 14 a 45 dias de idade.
Médias com letras iguais minúsculas na linha não diferem entre si.
CV = Coeficiente de variação da média
49
promoveram prejuízos na absorção de fósforo sérico, e, consequentemente, interferiram
na concentração de fósforo na matriz óssea. Além disso, o fato da densidade mineral
óssea da epífise distal das aves que ingeriram água filtrada ser significativamente maior
em relação aos frangos que receberam água não filtrada pode ser esclarecido pela
presença de maior pressão nesta região em comparação com a epífise próximal e a
diáfise. Com os presentes resultados, sugerem-se que as aves que receberam água
filtrada apresentaram maior resistência óssea, possibilitando maior desenvolvimento
muscular. Este comportamento ósseo também foi observado no experimento de
BARREIRO et al. (2007).
5.2. Níveis séricos de cálcio
Os valores médios de cálcio sérico dos animais tratados com água filtrada não
apresentaram variações significativas com relação à água não filtrada (p>0,05) (Tabela 6).
Os níveis sangüíneos de cálcio não variaram, provavelmente, em função do equilíbrio do
metabolismo de cálcio realizado pelo paratormônio (FRANCO, 1998). De acordo com
SCHOULTEN et al. (2002), os componentes da dieta podem interferir no equilíbrio de
cálcio e fósforo, afetando os níveis plasmáticos de lcio. Entretanto, no presente
trabalho, observou-se que a quantidade de cálcio presente na água filtrada e não filtrada
não interferiu no equilíbrio dinâmico desse mineral no sangue.
50
Idade
Água filtrada
Água não filtrada
(dias)
Cálcio sérico (mg/dL)
Cálcio sérico (mg/dL)
14
7,94 ± 1,96
7,55 ± 1,14
21
7,90 ± 1,45
8,05 ± 1,12
45
8,93 ± 2,03
9,05
± 1,66
Média
8,26 ± 1,10
8,22 ± 0,89
5.3. Níveis séricos de fósforo
Os níveis séricos de fósforo variaram no decorrer da primeira até a terceira
semana de vida (p<0,05) (Tabela 7). Os níveis médios de fósforo sangüíneo de
frangos tratados com água filtrada foram menores em comparação com os animais
tratados com água não filtrada (Tabela 7). O fósforo associa-se ao cálcio e ao
carbonato formando compostos que conferem rigidez aos ossos (MCDOWELL,
1992). Desta forma, sugerem-se que os maiores níveis ricos de fósforo obtidos no
presente experimento influenciaram a deposição de minerais nos ossos longos dos
frangos de corte tratados com água o filtrada no período de 14 a 45 dias (Tabela
5).
Idade
Água filtrada
Água não filtrada
(dias)
Fósforo sérico (mg/dL)
Fósforo sérico (mg/dL)
14
5,14 ± 1,42 b
7,03 ± 1,05 a
21
5,87 ± 2,66 b
7,03 ± 0,52 a
45
6,96 ± 2,69 b
7,53 ± 2,10 a
Média
5,99 ± 0,75 b
7,20 ± 0,24 a
Tabela 6. Valores médios ± desvio padrão do cálcio sérico de frangos de corte tratados
com água filtrada e não filtrada no período de 14 a 45 dias idade das aves
Tabela 7. Valores médios ± desvio padrão do fósforo sérico de frangos de corte
tratados com água filtrada e não filtrada no período de 14 a 45 dias idade
das aves.
Médias com letras iguais minúsculas na linha não diferem entre si.
51
5.4. Avaliação macroscópica do intestino delgado e dos rins
Os pesos médios do intestino delgado e dos rins dos frangos de corte tratados
com diferentes tipos de água se encontram na Tabela 8.
O peso absoluto do duodeno foi significativamente maior em aves que
receberam água não filtrada na idade de 21 dias. A diferença entre os pesos do trato
gastrintestinal das aves está diretamente relacionada com as mudanças nas
características da mucosa evidenciadas neste experimento pelo aumento nos valores
médios da densidade dos vilos do duodeno (Tabela 24). A resposta compensatória da
mucosa proporcionou o aumento do peso absoluto da primeira porção do intestino
delgado ampliando, assim, a capacidade absortiva do órgão em aves que ingeriram
água não filtrada.
O peso relativo do rim foi mais elevado em aves tratadas com água filtrada no
período de 14 a 21 dias de idade (Tabela 8). Desta forma, pode-se inferir que as aves
que receberam água filtrada estiveram com a função renal preservada, o que
demonstra a manutenção da homeostase renal caracterizada pela ausência de
alterações no peso relativo do órgão.
De acordo com FRANZO et al. (2006), fatores como restrição alimentar e a
utilização de zinco durante a muda forçada reduzem o peso do intestino em galinhas
poedeiras, sendo que a utilização de cálcio durante a restrição acarreta em um
aumento do peso médio intestinal, principalmente do íleo. Diante destes dados, infere-
se que fatores que contribuem para a integridade intestinal e renal das aves favorecem
o desenvolvimento do intestino delgado e dos rins.
Embora o consumo semanal de água não tenha apresentado variações nos
diferentes tratamentos (Tabela 25), a menor carga microbiana da água filtrada pode ter
estimulado o desenvolvimento de órgãos. Além da qualidade de água, fatores como o
estresse térmico pelo calor pode reduzir o peso visceral de aves (PLAVNIK & YAHAV,
1998).
52
Peso do duodeno
Idade
Absoluto
Relativo
Dias
T1
T2
T1
T2
14
5,40 ± 0,58 a
5,77 ± 0,92 a
1,53 ± 0,03 a
1,68 ± 0,12 a
21
8,73 ± 0,69 b
9,22 ± 0,18 a
1,14 ± 0,01 a
1,24 ± 0,02 a
42
16,30 ± 2,78 a
16,72 ± 3,26 a
0,71 ± 0,02 a
0,71 ± 0,02 a
Peso do jejuno
Idade
Absoluto
Relativo
Dias
T1
T2
T1
T2
14
7,52 ± 1,55 a
7,70 ± 0,64 a
2,14 ± 0,10 a
1,68 ± 0,12 a
21
13,70 ± 2,61 a
14,21 ± 3,06 a
1,80 ± 0,05 a
1,91± 0,04 a
42
22,10 ± 23,40 a
22,43 ± 15,34 a
0,71± 0,01 a
0,95 ± 0,02 a
Peso do íleo
Idade
Absoluto
Relativo
Dias
T1
T2
T1
T2
14
4,48±0,58 a
4,52 ± 0,56 a
1,28 ± 0,05 a
1,25 ± 0,12 a
21
8,58 ± 1,31 a
8,71 ± 4,66 a
1,13 ± 0,02 a
1,17 ± 0,07 a
42
15,50 ± 8,98 a
16,77 ± 8,54 a
0,68 ± 0,02 a
0,71 ± 0,01 a
Peso do Rim
Idade
Absoluto
Relativo
Dias
T1
T2
T1
T2
14
2,78 ± 0,20 a
2,90 ± 0,30 a
0,80± 0,02 b
0,83 ± 0,02 a
21
6,40 ± 0,75 a
6,61 ± 0,38 a
0,84 ± 0,09 b
0,90 ± 0,05 a
42
13,16 ± 0,98 a
14,62 ± 3,13 a
0,56 ± 0,01 b
0,62 ± 0,04 a
Tabela 8. Valores médios ± desvio padrão do peso absoluto e relativo do intestino
delgado e do rim de frangos de corte tratados com água filtrada tratados
com água filtrada e não filtrada no período de 14 a 45 dias idade das aves.
Médias com letras iguais minúsculas na linha não diferem entre si.
53
5.5. Morfologia renal
Os rins dos frangos de corte utilizados no presente experimento eram estruturas
pares, e retroperitoneais, castanhos, alongados e apresentaram divisões renais,
denominadas cranial, média e caudal, à semelhança de relatos de DYCE & SACK (2004)
e REECE (2008) (Figura 5). De acordo com BAUMEL (1993), as divisões renais são
típicas, sendo que, as artérias e as veias ilíacas externas dividem a região média da
caudal.
b
a
c
c
Figura 5. Rins de frangos de corte da linhagem Cobb tratados com água
filtrada (A) e não filtrada (B) aos 21 dias de idade evidenciando:
o lobo cranial (a) e médio (b) e caudal (c) separados pelos
vasos ilíacos (seta) e entre o médio e o caudal separados pelos
vasos isquiáticos (cabeça de seta).
a
b
c
A
B
54
A região cortical do rim apresentou-se intensamente corada e constituída por
numerosos corpúsculos renais, túbulos proximais e distais em ambos os tratamentos
(Figura 8). Os bulos contorcidos proximais eram revestidos por células cúbicas com
borda em escova (Figuras 6, 7, 8, 10 e 11). Observou-se a presença de diversos tipos de
néfrons em rins de aves tratados com água filtrada e não filtrada (Figura 8).
Semelhantemente, ISLAM et al. (2004), BACHA & BACHA (2003) e REECE (2008),
descreveram que o rim de aves é constituído por pequenos néfrons reptilianos situados
na camada cortical; néfrons intermediários, situados na região de transição entre o córtex
e a medula; e néfrons medulares, maiores que os outros tipos, e se localizam somente na
região medular. De acordo com REECE (2008), os néfrons reptilianos não possuem alça
de Henle e estão localizados no córtex e têm como finalidade concentrar a urina. os
néfrons do tipo mamífero têm alças de Henle bem definidas e agrupadas dentro de um
cone medular.
A região medular dos rins de ambos os tratamentos continha muitos túbulos
coletores com epitélio colunar simples caracterizado pela presença de citoplasma pouco
corado e células basofílicas (Figura 6). Os túbulos coletores uniam os túbulos contorcidos
distais aos ductos coletores. Estes últimos se associavam com os de outros lóbulos para
formar os tratos medulares, com cada um deles circundado por cápsula fina de tecido
conjuntivo. Os tratos se agrupavam para formar um cone medular. Cada cone terminava
em um ramo único do ureter. Os cones e os tratos continham segmentos finos e espessos
das alças medulares, além de ductos coletores (Figura 6). O epitélio de revestimento dos
ductos coletores menores era cubóide simples. De acordo com BACHA & BACHA (2003),
ele se torna gradualmente colunar simples e modifica finalmente para colunar
pseudoestratificado na proximidade do ramo ureteral. A região da cula densa foi
observada em néfrons nas regiões cortical e justaglomerular (Figura 9), à semelhança de
BAUMEL (1993). De acordo com BELL (2003), a região da mácula densa está associada
com mudanças na concentração luminal de cloreto de sódio. As lulas desta região
realizam importante papel na regulação do volume corporal ao interferir na concentração
renal de sal, na excreção de água e na hemodinâmica glomerular
55
Figura 6. Fotomicrografia do rim de frangos de corte aos 14 dias de idade, tratados
com água filtrada (A) e água não filtrada (B). Observam-se a região do
cone medular com o segmento fino da alça de Henle (seta); segmento
espesso da alça de Henle (a) e túbulo coletor (b), Hematoxilina-eosina,
200X.
b
a
A
B
b
a
56
Figura 7. Fotomicrografia do rim de frangos de corte aos 14 dias de idade, tratados
água filtrada (A) e água não filtrada (B) evidenciando: corpúsculo renal
com o folheto visceral (a) e o parietal (b) da cápsula renal e glomérulo
renal (c) revestidos por podócitos que formam o folheto visceral (d); túbulo
contocido proximal (e); túbulo contorcido distal (f); além de capilares
intersticiais (g). Hematoxilina-eosina, 1000X.
a
b
c
d
e
f
g
A
B
g
f
e
c
d
a
b
57
Figura 8. Visão panorâmica das regiões cortical e medular do rim de frangos de corte
tratados com água filtrada aos 14 dias de idade. Observam-se pequenos
néfrons reptilianos (a); néfrons intermediários entre o córtex e a medula (b);
néfrons medulares na camada medular (c); túbulos contorcidos proximais (d)
e túbulos contorcidos distais (e). Hematoxilina-eosina, 100X.
a
b
c
d
e
A
B
a
b
c
d
e
58
Figura 9. Fotomicrografia do rim de frangos de corte tratados com água não filtrada (A)
e não filtrada (B) aos 14 dias de idade evidenciando a região da mácula
densa (seta). Hematoxilina-eosina, 1000X.
A
B
59
Figura 10. Eletronmicrografia do rim de frangos de corte tratados com
água filtrada aos 14 dias de idade evidenciando o túbulo
contorcido proximal (TCP) e o túbulo contorcido distal (TCD)
(750X).
TCD
TCP
Figura 11. Eletronmicrografia do rim de frangos de corte tratados com
água não filtrada aos 14 dias de idade evidenciando o
túbulo contorcido proximal (TCP) e o túbulo contorcido
distal (TCD) (750X).
TCD
TCP
60
Na morfometria renal, observou-se que a espessura dos túbulos contorcidos
proximais e distais e o número de corpúsculos renais não apresentaram diferenças
(p>0,05) entre animais tratados com água filtrada e não filtrada (Tabelas 9, 10 e 11). A
extensa superfície da membrana da borda em escova da célula epitelial do túbulo
proximal é responsável pela absorção de glicose e aminoácidos, além da secreção
tubular de íons hidrogênio (GUYTON, 2006). Sugere-se que a capacidade absortiva do
segmento tubular proximal não foi influenciada pelos diferentes tipos de água utilizados
no presente experimento, pois a espessura dos túbulos contorcidos proximais dos rins
dos frangos de corte se manteve linear de um a 45 dias de idade (Tabela 9).
De acordo com REECE (2008), os túbulos contorcidos distais são responsáveis
pela excreção de íons bicarbonato e absorção de íons hidrogênio. A água alcalina do
Campus de Jaboticabal ingerida pelos frangos de corte provavelmente não aumentou a
atividade tubular renal, considerando-se que a espessura dos túbulos renais distais
manteve-se constante ao longo do experimento (Tabela 10). Além disso, os valores de
pH dos dois tipos de água utilizados no presente experimento não interferiu na
regulação do pH do meio interno, pois, segundo JUNQUEIRA & CARNEIRO (2008), o
túbulo contorcido distal realiza a manutenção do equilíbrio ácido-básico do sangue.
O número de glomérulos foi semelhante entre os dois tratamentos,
demonstrando que a água de ambos os tratamentos não prejudicou a formação do
filtrado glomerular (Tabela 11). De acordo com BANKS (1992), o sistema cardiovascular
interfere diretamente na formação do filtrado glomerular. O fluxo sangüíneo para os rins
representa 25% do rendimento cardíaco. Além disso, o glomérulo é responsável pela
exclusão seletiva de partículas grandes, pela reabsorção e pela secreção tubular.
61
Rim
Espessura dos túbulos contorcidos proximais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
12,20 ± 1,02
12,68 ± 0,46
21
12,13 ± 0,98
12,39 ± 0,97
45
12,70 ± 1,05
12,67 ± 0,85
Tabela 10. Valores dios ± desvio padrão da espessura dos túbulos contorcidos
distais do rim de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com
água filtrada e não filtrada.
Rim
Espessura dos túbulos contorcidos distais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
7,32 ± 0,45
7,76 ± 0,46
21
7,68 ± 0,74
7,95 ± 0,68
45
7,71 ± 0,59
7,88 ± 0,62
Rim
Número de corpúsculos renais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
112 ± 1,59
116 ± 1,77
21
123 ± 1,68
125 ± 1,75
45
124 ± 1,76
127 ± 1,89
Tabela 9. Valores médios ± desvio padrão da espessura dos túbulos contorcidos
proximais do rim de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com
água filtrada e não filtrada.
Tabela 11. Valores médios ± desvio padrão do número de número de corpúsculos
renais do rim de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com
água filtrada e não filtrada.
62
5.6. Morfologia do Intestino delgado
O comprimento e a largura das vilosidades intestinais, bem como o mero de
células caliciformes dos diferentes segmentos intestinais de frangos de corte tratados
com água filtrada, em geral não diferiram dos tratados com água não filtrada (Tabelas
12, 13, 16, 17, 20 e 21; Figuras 12, 13 e 14). Porém, a profundidade de cripta variou
entre os tratamentos (p<0,05), apresentando maiores médias no duodeno e no jejuno
de frangos tratados com água não filtrada (Tabelas 14 e 18), entretanto, permaneceu
sem alterações no íleo (p>0,05) (Tabela 22). No presente experimento, a qualidade de
água não interferiu na quantidade de lulas caliciformes presentes nos diferentes
segmentos do intestino delgado. No entanto, de acordo com NAKAGE (2007), o jejum
hídrico no período pós-eclosão provoca aumento no número de células caliciformes,
afetando as funções de absorção e proteção do intestino delgado. Semelhantemente,
UNI et al. (2003), observaram que o tempo de jejum é um fator que interfere no número
de células caliciformes, especialmente no íleo.
Fisiologicamente, constante renovação e proliferação celular, conseqüentes
das divisões mitóticas das células-tronco localizadas nas criptas intestinais (UNI et al.,
1998; APPLEGATE et al., 1999). Quando existe algum estímulo ou agente, o intestino
responde com desequilíbrio no turnover celular (MAIORKA et al., 2002). No presente
experimento, apesar de não haver diferença no comprimento das vilosidades
intestinais, houve maior taxa de extrusão de vilos em animais que receberam água não
filtrada, em função da significativa renovação celular das vilosidades destes animais
com relação aos que receberam água tratada. De acordo com FURLAN et al. (2004), o
aumento na taxa de extrusão dos vilos promove proliferação de células na cripta
intestinal na tentativa de recuperar a perda epitelial do ápice das vilosidades, e, como
conseqüência, há aumento da profundidade das criptas intestinais.
Os valores médios do comprimento das vilosidades intestinais não diferiram no
duodeno no período de um a 45 dias de idade em ambos os tratamentos. Por outro
lado, CAMPOS (2006) observou desenvolvimento máximo das vilosidades intestinais
aos 21 dias de idade. Da mesma forma, comprimento das vilosidades intestinais não
63
variou nos segmentos intestinais subseqüentes, ou seja, no jejuno e no íleo (Tabelas 16
e 20). a largura das vilosidades do duodeno variou aos 45 dias de idade, sendo
maior nas aves tratadas com água não filtrada em relação à filtrada (p<0,05) (Tabela
13). Estes dados evidenciam que as aves tratadas com água não filtrada apresentaram
as vilosidades intestinais com sua superfície ampliada, provavelmente para melhorar a
capacidade absortiva da primeira porção do intestino delgado. Segundo MAIORKA et
al. (2002), o duodeno é a região do intestino delgado em que a absorção de elementos
digeridos da dieta é mais significativa em relação aos outros segmentos.
vo
Duodeno
Comprimento das vilosidades intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
1170,34 ± 95,18
1178,21 ± 101,36
21
1149,34 ± 153,66
1197,10 ± 137,32
45
1329,42 ± 211,30
1341,29 ± 192,67
Duodeno
Largura das vilosidades intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
100,61 ± 12,33
102,31 ± 9,29
21
113,15 ± 9,78
112,51 ± 11,73
45
115,61 ± 11,61b
123,81 ± 12,45a
Tabela 12. Valores médios ± desvio padrão do comprimento das vilosidades intestinais
do duodeno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
Tabela 13. Valores médios ± desvio padrão da largura das vilosidades intestinais do
duodeno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
64
Duodeno
Profundidade das criptas intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
198,75 ± 21,30 a
200,62 ± 15,65 a
21
211,32 ± 9,78 b
250,72 ± 20,11 a
45
223,41 ± 22,86 b
265,14 ± 33,82 a
As células caliciformes protegem o epitélio intestinal da ação de enzimas
digestivas e de elementos agressivos como microrganismos ou parasitas que possam
estar presentes no lúmen intestinal (ROBERTIS e HIB, 2001). A ausência de
modificações no número de células caliciformes em ambos os tratamentos demonstra
que o número mais provável de microrganismos presentes na água não filtrada não
induziu ao aumento populacional destas células ao longo do intestino delgado (Tabelas
15, 19 e 24).
Duodeno
Número de células caliciformes
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
546 ± 11,21
531 ± 32,18
21
567 ± 49,30
561,87 ± 23,12
45
579 ± 36,87
571,20 ± 47,61
Tabela 14. Valores médios ± desvio padrão da profundidade das criptas intestinais do
duodeno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
Tabela 15. Valores médios ± desvio padrão do número de células caliciformes do
duodeno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
65
Jejuno
Comprimento das vilosidades intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
1073,57 ± 164,95
1067,46 ± 137,24
21
1085,12 ± 159,24
1072,42 ± 134,28
45
1519,86 ± 74,36
1587,53 ± 175,54
Jejuno
Largura das vilosidades intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
97,33 ± 9,87
92,77 ± 13,32
21
104,18 ± 6,39
101,47 ± 8,71
45
114,25 ± 12,83
103,80 ± 10,85
Jejuno
Profundidade das criptas intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
189,82 ± 15,09
199,44 ± 26,50
21
230,96 ± 12,65
233,11 ± 19,98
45
266,07 ± 30,12
269,38 ± 37,01
Tabela 16. Valores médios ± desvio padrão do comprimento das vilosidades
intestinais do jejuno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade
tratados com água filtrada e não filtrada.
Tabela 17. Valores médios ± desvio padrão da largura das vilosidades intestinais do
jejuno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
Tabela 18. Valores médios ± desvio padrão da profundidade das criptas intestinais do
jejuno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
66
Jejuno
Número de células caliciformes
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
570, 08 ± 15,18
565, 91 ± 13,34
21
549, 43 ± 38,01
556,87 ± 20,12
45
574,43 ± 32,87
568,08 ± 25,46
Íleo
Comprimento das vilosidades intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
732,30 ± 123,62
687,33 ± 87,95
21
929,67 ± 98,67
919,40 ± 101,34
45
956,59 ±100,18
949,96 ± 97,45
Íleo
Largura das vilosidades intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
100,61 ± 12,33
102,31 ± 9,29
21
113,15 ± 9,78
112,51 ± 11,73
45
115,61 ± 11,61
123,81 ± 12,45
Tabela 19. Valores médios ± desvio padrão do número de células caliciformes do
jejuno de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
Tabela 21. Valores médios ± desvio padrão da largura das vilosidades intestinais do
íleo de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
Tabela 20. Valores médios ± desvio padrão do comprimento das vilosidades intestinais
do íleo de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
67
Íleo
Profundidade das criptas intestinais
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
228,60 ± 38,382
220,77 ± 29,41
21
297,31 ± 32,87
245,07 ± 52,02
45
233,72 ± 60,25
247,90 ± 36,15
Íleo
Número de células caliciformes
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
14
580,60 ± 146,49 b
714 ± 126,76 a
21
664,31 ± 137,26 a
703,19 ± 122,48 a
45
705,61 ± 138,59 a
720,20 ± 130,61 a
Nas Figuras 12, 13 e 14 observam-se as características morfológicas qualitativas
do duodeno, jejuno e íleo. Do ponto de vista fisiológico, o comprimento das vilosidades
intestinais é maior no duodeno e no jejuno (Figuras 12 e 13, respectivamente), quando
comparadas com o íleo (Figura 14), sendo que nesta última porção intestinal, as células
caliciformes tendem a ser maiores. O jejuno apresenta vilos estreitos, pequenos e
menos numerosos em comparação com o duodeno (Figura 12). Enquanto o íleo contém
vilosidades intestinais com formato claviforme (Figura 13 B).
Tabela 22. Valores médios ± desvio padrão da profundidade das criptas intestinais do
íleo de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água
filtrada e não filtrada.
Tabela 23. Valores médios ± desvio padrão do número de células caliciformes do íleo
de frangos de corte de 14 a 45 dias de idade tratados com água filtrada e
não filtrada.
Médias com letras iguais minúsculas na linha não diferem entre si.
68
Figura 12. Fotomicroscopia do duodeno de frangos de corte aos 14 dias de idade,
tratados com água filtrada (A) e água não filtrada (B). Observam-se as
vilosidades intestinais (setas largas), as criptas intestinais (cabeça de seta) e
as células caliciformes (setas finas), coloração PAS 200X.
Figura 13. Fotomicroscopia do jejuno de frangos de corte aos 14 dias de idade, tratados
com água filtrada (A) e água não filtrada (B). Observam-se as vilosidades
intestinais (setas largas) e as células caliciformes (setas finas), coloração
PAS 200X.
A
B
B
A
69
A Tabela 24 apresenta os valores da densidade dos vilos (número de
vilo/1.145.306 µm²) dos segmentos do intestino delgado de frangos de corte. A
densidade dos vilos apresentou valores crescentes na seguinte ordem: duodeno, jejuno
e íleo (Figuras 15, 16 e 17). Os dois tratamentos não apresentaram diferença no
número de vilos intestinais no jejuno e no íleo de frangos de corte. Entretanto, o
duodeno obtido de frangos de corte tratados com água filtrada apresentou menor
densidade de vilos que o de animais tratados com água não filtrada, provavelmente
como resposta fisiológica à qualidade de água (Figura 15). Estes dados estão de
acordo com APTEKMANN et al. (2001), ao afirmarem que os arranjos das vilosidades
intestinais são controlados pela absorção dos nutrientes. As aves que ingeriram água
não filtrada apresentaram maior densidade de vilos no duodeno que a água filtrada, o
que demonstra que a estrutura do epitélio do trato intestinal sofre alterações em função
da quantidade de microrganismos presentes na água (Figuras 15, 16 e 17). A maior
densidade de vilos representa a necessidade fisiológica de ampliar a superfície
absortiva do intestino delgado em relação a um determinado nutriente. Este resultado
tem grande relevância, considerando-se que a absorção de água e minerais ocorre ao
Figura 14. Fotomicroscopia do íleo de frangos de corte aos 14 dias de idade, tratados
com água filtrada (A) e água não filtrada (B). Observam-se as vilosidades
intestinais (setas largas), as criptas intestinais (cabeça de seta) e as células
caliciformes (setas finas), coloração PAS 200X.
A
B
70
longo de todo intestino delgado, principalmente no duodeno e jejuno (MAIORKA &
MACARI, 2002). LODDI (2003) e PELICANO (2006) também observaram aumento da
densidade de vilos após a utilização de aditivos nutricionais, entretanto este resultado
foi encontrado somente no íleo, sem alterações no duodeno ou no jejuno.
Não houve aumento na densidade dos vilos da primeira a sexta semana
(p>0,05); evidenciando que aos sete dias de idade as aves apresentavam número
definido de vilosidades por área do intestino nas diferentes porções do intestino delgado
(Tabela 24).
Parâmetro avaliado
Densidade de vilos
Tratamento
Duodeno
Jejuno
Íleo
Água filtrada
24,23 ± 5,46 b
30,52 ± 7,45 a
37,07 ± 6,28 a
Água não filtrada
27,93 ± 8,07 a
32,53 ± 9,64 a
37,02 ± 7,99 a
Idade
14 dias
24,90 ± 3,84 a
30,45 ± 6,84 a
36,08 ± 6,38 a
21 dias
26,47 ± 4,81 a
31,92 ± 7,11 a
37,05 ± 12,01 a
45 dias
26,86 ± 6,96 a
32,35 ± 9,45 a
38,02 ± 9,26 a
Tabela 24. Valores médios ± desvio padrão da densidade de vilos (número de
vilo/1.145.306 µm²) por segmento de intestino em frangos de corte tratados
com água filtrada e não filtrada de um a seis semanas de idade.
Médias com letras iguais minúsculas na linha não diferem entre si.
71
Figura 15. Eletronmicrografias do duodeno de frangos de corte tratados com água
filtrada (A) e água não filtrada (B) aos 21 dias de idade (750x).
Figura 16. Eletromicrografias do jejuno de frangos de corte tratados com água filtrada
(A) e água de não filtrada (B) aos 45 dias de idade (750x).
A
B
B
A
72
5.7. Desempenho
Os valores médios do consumo de água para cada unidade experimental (boxe
com 35 aves) se encontram na Tabela 25. As médias de consumo de água da primeira a
sétima semanas de vida não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos
(p>0,05) (Tabela 25). Por outro lado, GAMA & TOGASHI (2007) observaram que o
consumo de água foi maior em poedeiras comerciais que recebiam água filtrada em
relação a não filtrada durante três ciclos de produção, em função do ajuste do organismo
animal a água de melhor qualidade. Além do acesso a água de boa qualidade e o tipo de
bebedouro, fatores como a idade das aves, temperatura do ambiente, a quantidade de sal
adicionado à ração e a densidade de bebedouros determinam a quantidade diária de
água ingerida pelas aves (MACARI, 1996).
Figura 17. Eletromicrografias do íleo de frangos de corte tratados com água filtrada (A) e
água não filtrada (B) aos 45 dias de idade (750x).
A
B
73
Idade (dias)
Água filtrada (mL)
Água não filtrada (mL)
1-7
36,5 0,26
37,8 0,22
8-14
77,20 0,13
75,00 0,13
15-21
135,60 0,21
128,12 0,21
22-28
215,00 0,26
214,06 0,34
29-35
285,62 0,48
282,81 0,26
36-42
322,18 0,47
320,31 0,62
43-49
323,12 0,57
323,75 0,62
Aos sete, 14, 21 e 45 dias de idade, foi obtido o desempenho de frangos de corte
tratados com água filtrada e não filtrada. O peso médio, o ganho de peso e o consumo
de ração não apresentaram diferenças significativas (p>0,05) (Tabelas 26, 27, 28). Da
mesma forma, TOGASHI et al. (2008) observaram que o consumo de ração e a
conversão alimentar o variaram em função do tipo de bebedouro utilizado em
poedeiras comerciais. Por outro lado, a conversão alimentar foi pior nas aves que
ingeriram água não filtrada nos períodos de um a sete dias e de um a 14 dias de idade
(Tabela 28).
Tabela 25. Valores médios ± desvio padrão do consumo semanal de água filtrada e
não filtrada por animal, no período de um a 49 dias de idade das aves.
74
Peso médio
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
1-7
149,94 ± 0,01
140,86 ± 0,01
1-14
379,23 ± 0,09
372,33 ± 0,09
1-21
608,90 ± 0,56
610,26 ± 0,57
1-45
1285 ± 0,88
1270 ± 0,86
CV (%) = 8,6
Ganho de peso
Consumo de ração
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
Água filtrada
Água não filtrada
1-7
110,00 ± 0,01
101,00 ± 0,01
136,52 ± 0,01
130,37 ± 0,01
1-14
242,20 ± 0,06
238,43 ± 0,06
411,10 ± 0,06
412,05 ± 0,06
1-21
682,71 ± 29,04
679,97 ± 0,09
1277,21 ± 0,12
1269,54 ± 0,10
1-45
1723,15 ± 0,10
1745,32 ± 0,13
3374,30 ± 0,18
3381,52 ± 0,13
CV (%)
9,18
8,26
10,75
12,93
O peso médio e o ganho de peso não diferiram entre os tratamentos (p>0,05)
(Tabela 26). Outro método mais simples de obtenção de água de boa qualidade
microbiológica, como a adição de cloro, também não acarretou em alterações no ganho
de peso de frangos de corte (FURLAN et al., 1999). Por outro lado, ao avaliarem o
desempenho de poedeiras comerciais, GAMA & TOGASHI (2007) observaram que as
Tabela 26. Valores médios ± desvio padrão do peso médio (g), de frangos de corte
tratados com água filtrada e não filtrada, no período de um a 45 dias de
idade.
Tabela 27. Valores médios ± desvio padrão do ganho de peso (g/ave) e do consumo
de ração (g/ave) de frangos de corte tratados com água filtrada e não
filtrada, no período de um a 45 dias de idade.
75
galinhas que ingeriram água não filtrada tiveram menor consumo de ração e piora do
desempenho.
Não houve diferença na viabilidade criatória entre os dois tratamentos (p>0,05)
(Tabela 28), provavelmente porque a qualidade microbiológica dos dois tipos de água
empregados ao longo do período experimental contribuiu para a obtenção de baixos
índices de mortalidade.
CA (%)
Idade (dias)
Água filtrada
Água não filtrada
1-7
1,25 ± 0,09
b
1,29 ± 0,03 a
1-14
1,58 ± 0,20 b
1,64 ± 0,21 a
1-21
1,87 ± 0,24
a
1,86 ± 0,26
a
1-45
1,96 ± 0,69 a
1,94 ± 0,62 a
VC (%)
99,02 ± 1,46
97,65 ± 3,02
5.8. Análise microbiológica da água
O número mais provável de coliformes totais e de Escherichia coli variou entre os
tratamentos analisados (Tabelas 29 e 30). Ainda que houvesse substituição diária da
água dos galões que abasteciam o bebedouro, o tratamento de água filtrada também
apresentou contaminação por coliformes totais e de Escherichia coli, entretanto, o nível
de contaminação dos galões de água filtrada foi menor em relação aos galões que
receberam água não filtrada (Tabela 30). Ainda que os bebedouros utilizados ao longo
do experimento fossem do tipo nipple, houve contaminação daqueles que eram
Tabela 28. Valores médios ± desvio padrão da conversão alimentar (CA) e da
viabilidade criatória (VC) de frangos de corte tratados com água filtrada e
água não filtrada, no período de um a 45 dias de idade.
Médias seguidas de letras iguais minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05)
76
abastecidos por água filtrada. De acordo com GAMA et al. (2008), pode haver acúmulo
de material orgânico e contaminação do sistema de fornecimento de água. Esses
elementos propiciam um micro ambiente para o desenvolvimento de microrganismos, o
que caracteriza a formação de um biofilme.
A água o filtrada apresentou valores absolutos de Escherichia coli maiores em
comparação à água filtrada, o que demonstra importante contaminação de origem fecal
nos galões que eram abastecidos pela água não filtrada (Tabela 30).
Semelhantemente, PINTO et al. (2008) observaram contaminação microbiológica da
água de dessedentação animal por enterococos e microrganismos mesófilos devido à
introdução de material fecal no bebedouro toda vez que os animais ingeriam água. No
presente trabalho, infere-se que as aves que tiveram acesso à água não filtrada eram
mais susceptíveis a ocorrência de distúrbios gastrintestinais. De acordo com
ANDREATTI & FILHO et al. (1993), a via oral é a principal porta de entrada de
microrganismos fecais, tendo como conseqüência a colonização intestinal persistente.
Além disso, as aves que ingerem bactérias de origem entérica apresentam maior
probabilidade de eliminarem Salmonella sp, contaminando o ambiente e servindo como
fonte deste microrganismo para aves saudáveis (ALCHALABY et al., 1985). Neste
contexto, a utilização de um filtro no galpão avícola pode atuar como medida profilática
na prevenção de enfermidades gastrintestinais, pois, de acordo com CARVALHO
(1983), a água destinada ao consumo animal deve reunir os parâmetros de potabilidade
para não se constituir em veículo de disseminação de agentes de doenças.
77
Idade
Coliforme total (NMP)
Água filtrada
Água não filtrada
4
0,76 ± 1,18 b
3,01 ± 0,63
a
11
1,12 ± 1,13 b
4,21 ± 0,52 a
18
3,02 ± 1,81 a
3,53 ± 1,36 a
25
3,03 ± 1,17 a
3,70 ± 1,47 a
32
1,02 ± 1,23 b
3,29 ± 1,24 a
39
3,35 ± 0,70 a
3,67 ± 0,82 a
44
2,52 ± 0,99 a
3,62 ± 0,67 a
Média
2,18
3,57
Idade
Escherichia coli
Água filtrada
Água não filtrada
4
0,43 ± 0,91 b
2,48 ± 0,32 a
11
0,60 ± 0,97 b
3,37 ± 0,50 a
18
2,55 ± 1,57 a
3,35 ± 1,13 a
25
1,94 ± 1,79 a
2,98 ± 1,69 a
32
0,85 ± 1,10 a
1,14 ± 1,58 a
39
2,01 ± 1,51 a
1,54 ± 1,34 a
44
1,17 ± 1,25 a
2,53 ± 1,13 a
Média
1,36
2,48
Tabela 29. Valores médios ± desvio padrão do log do número mais provável (NMP)
de coliformes totais das amostras de água obtidas de bebedouros de água
filtrada e de água e não filtrada no período de quatro a 44 dias de idade.
Tabela 30. Valores médios ± desvio padrão do log do número mais provável (NMP)
de Escherichia coli das amostras de água obtidas de bebedouros de água
filtrada e de água e não filtrada no período de quatro a 44 dias de idade.
Médias com letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si.
78
5.9. Análise química da água
Na Tabela 31 observam-se os parâmetros químicos da agua filtrada e não
filtrada utilizadas durante o experimento. Os valores encontrados na análise química
dos dois tipos de água estão dentro dos níveis permitidos pela legislação CONAMA
(2008). De acordo com os dados da Tabela 31, tanto a água filtrada quanto a não
filtrada continham valores mínimos, que não poderiam promover a intoxicação da ave
por minerais. Nesse sentido, de acordo com GAMA, MESA e GUASTALLI (2008),
quando as substâncias químicas estão em desequílibrio, elas podem promover,
isoladamente ou interagindo com outros elementos, um pior desempenho em frangos
de corte. No presente experimento, não foram observadas alterações significativas nos
parâmetros de desempenho em função da qualidade de água. Os valores do pH
encontram-se no intervalo recomendado por referida legislação, ou seja, de seis a nove.
O pH levemente alcalino (Tabela 31) é adequado para o consumo de água pelas aves.
Entretanto, valores extremos de pH podem interferir na vacinação e na utilização de
medicamentos via água de bebida (COUNOTTE, 2000).
Os valores de zinco encontrados na agua filtrada e não filtrada encontravam-se
dentro do intervalo permitido pela legislação. Segundo SESTI (2006), o nível máximo
permitido de zinco é de 1,5mg/L de agua, sendo que no presente experimento ele
correspondia a 0,01mg/L de água em ambos tratamentos. De acordo com FARIA &
JUNQUEIRA (2000), o zinco é responsável pela ativação de enzimas como a anidrase
carbônica, interage com hormônios, atua no metabolismo protéico, no sistema imune,
no balanço hídrico, na integridade da pele entre outras funções. A deficiência deste
mineral está relacionada com o atraso no crescimento, falhas no empenamento,
encurtamento de ossos longos, espessamento de articulações e, em casos severos,
morte.
Níveis excedentes de nitrogênio estão relacionados com a atividade agrícola e
industrial. A ingestão de nitrato tem como consequência a formação de
metahemoglobina, a qual é incapaz de transportar o oxigênio durante a respiração, o
79
que pode levar o animal à morte (FERREIRA, 2001). Neste contexto, o nível de nitrato
não pode ultrapassar 10 mg/mL de água de acordo com o CONAMA (2008) No
presente trabalho, os níveis de nitrato foram inferiores a 0,001mg/L, indicando ausência
de contaminação por produtos nitrogenados na água de dessedentação dos frangos de
corte.
Os níveis de fluoretos estavam abaixo dos níveis máximos permitidos,
favorecendo a fisiologia do tecido ósseo, pois, de acordo com RAFFI et al. (1997),
valores excessivos de flúor podem causar fragilidade óssea em aves.
Semelhantemente, os valores de manganês presentes na água (Tabela 31) eram
inferiores ao limite permitido para a água de consumo (0,5 mg/L) estabelecido por
PALHARES (2005). Segundo FARIA & JUNQUEIRA (2000), o manganês participa da
ativação de várias enzimas e é essencial para o desenvolvimento da matriz orgânica
dos ossos, a reprodução, o metabolismo de lipídios e carboidratos, o sistema imune, a
integridade celular e cerebral. A deficiência de manganês pode ocasionar a
manifestações nervosas em aves jovens, perose e condrodistrofia nutricional.
80
Parâmetros
T1
T2
Unidade
pH
7,25
7,83
Adimensional
Condutividade
169,80
166,70
S/cm a 25ºC
Dureza total
49,00
49,00
mg/L CaCO
3
Alcalinidade de hidróxidos
0,00
0,00
mg/L CaCO
3
Alcalinidade de carbonatos
0,00
0,00
mg/L CaCO
3
Alcalinidade de bicarbonatos
191,00
194,00
mg/L CaCO
3
Sódio
20,00
20,00
mg/L Na
Potássio
3,00
2,10
mg/L K
Cálcio
18,20
18,10
mg/L Ca
Magnésio
0,84
0,80
mg/L Mg
Cobre
<0,01
<0,01
mg/L Cu
Ferro total
0,01
0,01
mg/L Fe
Manganês
<0,01
<0,01
mg/L Mn
Zinco
0,01
0,01
mg/L Zn
Amônio
0,024
0,015
mg/L NH
3
Nitritos
0,006
0,008
mg/L NO
2
Nitratos
<0,001
<0,001
mg/L NO
3
Fluoretos
<0,01
<0,01
mg/L F
Sulfatos
0,1
0,1
mg/L SO
3
Tabela 31. Análise química da água filtrada (T1) e não filtrada (T2) utilizadas como
água de bebida para frangos de corte durante o período de um a 45 dias de
idade.
81
6. CONCLUSÕES
As modificações estruturais da mucosa duodenal promoveram prejuízos na
absorção de fósforo sérico, interferindo na composição da matriz óssea da epífise distal
de aves que ingeriram água não filtrada aos 45 dias de idade.
A utilização do filtro proporcionou a redução da quantidade de coliformes totais e
do número mais provável de Escherichia coli, favorecendo a qualidade microbiológica
da água de bebida.
A ausência de alterações morfológicas do intestino delgado indica o equilíbrio na
taxa de renovação celular em aves que ingeriram água filtrada.
As modificações na forma e na densidade dos vilos intestinais do duodeno
determinaram a ampliação da capacidade absortiva do intestino delgado.
Embora nenhuma resposta de desempenho tenha sido observada, as aves que
receberam água filtrada apresentaram melhor condição morfofisiológica caracterizada
pela densitometria óssea e pela mucosa intestinal. A água filtrada influenciou
positivamente sobre a integridade intestinal dos frangos de corte ao determinar a
redução da prevalência de enfermidades causadas por microrganismos, melhorando a
qualidade do plantel.
A água da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP de
Jaboticabal apresentou boa qualidade química, com valores tóxicos e de contaminantes
inferiores ou ausentes com relação aos níveis máximos recomendáveis.
82
7. REFERÊNCIAS
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