desenvolvimento, pelos meios e pelas formas de organização até então alcançadas pelo
homem. Esse é o movimento dialético da Atividade, os “laços dialéticos” apontados por
Leontiev.
É nesse sentido que Hawi (2005: 30) afirma que:
A teoria da atividade busca explicar o desenvolvimento do indivíduo,
a partir de seu relacionamento social, isto é, seu relacionamento com
os outros indivíduos da mesma espécie. Portanto, esta teoria tem como
conceito fundamental, a atividade humana com suas práticas e seu
relacionamento. A partir desse relacionamento, a espécie humana
evolui pelo seu trabalho, entendido este conceito em um sentido mais
amplo e abrangente de todas as atividades da vida humana. O
conjunto dessas atividades é influenciado por práticas sociais
estabelecidas culturalmente, sendo possível compreender como se
estabelece determinada prática e, a partir daí, propor ou fazer
mudanças, visando a sua transformação, conforme o desejo.
Para Leontiev (1978b: 6), a Atividade é definida como “uma unidade de vida,
mediada pela reflexão psíquica, cuja verdadeira função é orientar o sujeito no mundo
objetivo”
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. Isso implica dizer que a Atividade tem estrutura própria e não pode ser
isolada das relações sociais, da vida em sociedade. Avançando nessa idéia, é possível
afirmar que a constituição do homem como ser humano, ou seja, a constituição da sua
consciência, dá-se por meio da Atividade objetiva, concreta e coletiva, que é a produção
de meios de vida. Para produzir esses meios, o homem relaciona-se com outros homens
por meio da linguagem, que, por sua vez, é um produto social que surgiu, exatamente, a
partir da necessidade de se relacionar com outros homens nessa produção.
Leontiev (ibid) aponta para a característica constitutiva da Atividade, que é a sua
objetividade, ou seja, o seu objeto. O objeto da Atividade é o motivo que a impulsiona,
que define a Atividade. É o que leva o sujeito a agir na Atividade. O objeto que motiva
a Atividade se forma a partir das necessidades do sujeito, que direcionam a Atividade
por parte do sujeito. No entanto, só a necessidade não é suficiente para que a Atividade
ocorra. Ela só ocorre quando há um motivo, ou seja, aquilo que se deseja alcançar, que
“articula uma necessidade a um objeto” (Asbahr, 2005: 110). Esse motivo, ao ser
constituído, é primeiramente idealizado. No caso deste trabalho, o objeto é o ensino-
aprendizagem da língua inglesa e, portanto, é esse objeto que nomeia a Atividade. A
professora tem como objeto ensinar a língua aos alunos, e os alunos têm como objeto
12
Tradução minha. No original: “a unit of life, mediated by psychic reflection, the real function of which
is that it orients the subject in the objective world”.