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I
HENRIQUE CISLAGUI DA SILVA
DELINEAMENTO DE MISTURAS APLICADO A
FORMULAÇÕES CERÂMICAS MULTICOMPONENTES
FLORIANÓPOLIS, ABRIL DE 2006
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA
DE MATERIAIS
DELINEAMENTO DE MISTURAS APLICADO A
FORMULAÇÕES CERÂMICAS MULTICOMPONENTES
Dissertação submetida á Universidade Federal
de Santa Catarina para obtenção do grau de
mestre em Engenharia de Materiais
Orientador: Dachamir Hotza
Coorientador: Nilson Schwartz da Silva
Henrique Cislagui da Silva
FLORIANÓPOLIS, ABRIL DE 2006
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III
Delineamento de Misturas Aplicado a Formulações Cerâmicas
Multicomponentes
Por
Henrique Cislagui da Silva
Dissertação julgada para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais,
área de concentração Materiais Particulados e aprovada em sua forma final pelo
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade
Federal de Santa Catarina.
_________________________ __________________________
Prof. Dr. Dachamir Hotza Eng. Nilson Schwartz da Silva
Orientador Co-orientador
_______________________
Prof. Dr. Alexandre Lago
Coordenador do PGMAT
Banca Examinadora:
__________________________
Prof. Dr. Anselmo Ortega Boschi
__________________________
Prof. Dr. Fernando Cabral
__________________________
Prof. Dr. Sivaldo Leite Correia
Florianópolis, 7 de Abril de 2006
IV
Silva, Henrique Cislagui da.
Delineamento de misturas aplicado a formulações cerâmicas
multicomponentes. Henrique Cislagui da Silva – Florianópolis, 2006.
97 p.
Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Santa Catarina.
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
1.Delineamento de Misturas. 2. Cerâmicas Multicomponentes
3. Faiança. 4. Grês 5. Porcelana
V
Há plantas que crescem nas cidades, você me dirá,
pois seja, mas você é trigo e seu lugar é num campo de trigo...
Van Gogh
VI
Com amor e muita gratidão a minha família e amigos.
VII
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Professor Dachamir Hotza, pela forma segura e pronta disposição na
condução deste trabalho.
Ao coorientador Nilson Schwartz da Silva, pela forma sábia como me auxiliou nos
momentos de dúvida.
Aos professores do curso pelo aprendizado durante e após aulas.
A empresa T-cota Laboratório Cerâmico Ltda, pela confiança e apoio prestado ao longo
do desenvolvimento deste trabalho.
A minha esposa Vanessa, que sempre esteve presente, apoiando-me e motivando-me.
Aos meus pais e minha irmã que mesmo longe estiveram ao meu lado durante toda a
minha caminhada.
Aos funcionários da empresa T-cota Laboratório Cerâmico, que sempre estiveram
dispostos a ensinar e sanar dúvidas.
Aos amigos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
VIII
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... X
LISTA DE TABELAS .........................................................................................................XI
LISTA DE SÍMBOLOS ....................................................................................................XIV
RESUMO ........................................................................................................................... XV
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................1
1.1 OBJETIVO ...................................................................................................................3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................... 4
2.1 PROCESSAMENTO CERÂMICO..............................................................................4
2.1.1 REVESTIMENTOS CERÂMICOS......................................................................5
2.1.2 LOUÇAS DE MESA.............................................................................................6
2.1.3 PORCELANAS ELÉTRICAS ..............................................................................7
2.2 DELINEAMENTO ESTATÍSTICO DE MISTURAS.................................................7
2.2.1 EXPERIMENTOS COM MISTURAS .................................................................8
2.2.2 PLANEJAMENTO DE EXPERIMENTOS COM MISTURAS ..........................9
2.2.3 ANÁLISE DE EXPERIMENTOS ......................................................................11
2.3 APLICAÇÃO DE PLANEJAMENTO DE ANÁLISE DE EXPERIMENTOS EM
CERÂMICA.....................................................................................................................15
3. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................17
3.1 SELEÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS ...................................................................18
3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS.................................................19
3.3 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL DE MISTURAS .........................................21
3.4 PROCESSAMENTO DAS MASSAS........................................................................22
3.4.1 FAIANÇA ...........................................................................................................22
3.4.2 GRÊS...................................................................................................................23
3.4.3 PORCELANA .....................................................................................................24
3.5 ENSAIOS FÍSICOS ...................................................................................................25
3.6 ANÁLISE E OBTENÇÃO DE MODELOS ESTATÍSTICOS.................................. 26
3.7 VERIFICAÇÃO DA CAPACIDADE PREDITIVA DOS MODELOS .................... 26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................28
4.1 FAIANÇA ..................................................................................................................28
4.1.1 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS..........................................28
IX
MATÉRIA-PRIMA..............................................................................................................29
4.1.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................. 30
4.1.3 RESULTADO DAS MASSAS PROCESSADAS ..............................................32
4.1.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................................34
4.1.4 EXPERIMENTOS DE VERIFICAÇÃO ............................................................43
4.2 GRÊS..........................................................................................................................46
4.2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS..........................................46
4.2.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................. 48
4.2.3 RESULTADO DAS MASSAS PROCESSADAS ..............................................50
4.2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................................53
4.2.4 EXPERIMENTOS DE VERIFICAÇÃO ............................................................62
4.3 PORCELANA ............................................................................................................66
4.3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS..........................................66
4.3.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................. 68
4.3.3 RESULTADO DAS MASSAS PROCESSADAS ..............................................70
4.3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................................73
4.3.4 EXPERIMENTOS DE VERIFICAÇÃO ............................................................82
4.4 COMPARAÇÃO ENTRE AS TIPOLOGIAS ...........................................................86
5 CONCLUSÕES.................................................................................................................92
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................................94
8. BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................95
X
LISTA DE FÍGURAS
Figura 2.1. Fluxograma geral mostrando as diferentes possibilidades de processamento
cerâmico....................................................................................................................................
4
Figura 2.2. Espaço experimental para processos com três variáveis....................................... 10
Figura 2.3: Resíduos deixados por um modelo linear
iii
yye
ˆ
=
.........................................
11
Figura 3.1. Fluxograma das etapas do trabalho....................................................................... 17
Figura 4.1: Variação de R
2
em função da temperatura de queima e tipologia para absorção
de água......................................................................................................................................
87
Figura 4.2: Variação da significância do modelo (P) em função da temperatura de queima
e tipologia para absorção de água.............................................................................................
88
Figura 4.3: Variação de R
2
em função da temperatura de queima e tipologia para retração
linear de queima........................................................................................................................
88
Figura 4.4: Variação da significância do modelo (P) em função da temperatura de queima
e tipologia para retração linear de queima................................................................................
89
Figura 4.5: Variação de R
2
em função da temperatura de queima e tipologia para
densidade aparente pós queima.................................................................................................
90
Figura 4.6: Variação da significância do modelo (P) em função da temperatura de queima
e tipologia para densidade aparente pós queima.......................................................................
90
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1: Código de identificação das matérias-primas..................................................... 19
Tabela 3.2: Parâmetros aplicados no processamento das matérias-primas............................ 20
Tabela 3.3: Parâmetros de processamento para faiança......................................................... 22
Tabela 3.4: Parâmetros de processamento para grês.............................................................. 23
Tabela 3.5: Parâmetros de processamento para porcelana..................................................... 24
Tabela 4.1: Composição química das matérias-primas para faiança..................................... 28
Tabela 4.2: Caracterização física das matérias-primas destinadas a faiança......................... 29
Tabela 4.3: Região de trabalho para faiança.......................................................................... 30
Tabela 4.4: Delineamento experimental para faiança............................................................ 31
Tabela 4.5: Deformação piroplástica, resistência mecânica pós-queima e densidade
aparente a seco para cada um das massas de faiança.............................................................. 32
Tabela 4.6: Resultados de retração linear e absorção de água de cada uma das
formulações queimadas em 4 temperaturas diferentes, para faiança.................................... 33
Tabela 4.7: Densidade aparente pós-queima para cada uma das formulações nas 4
temperaturas de queima........................................................................................................... 34
Tabela 4.8: Ajuste do modelo linear a densidade aparente a seco......................................... 35
Tabela 4.9: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1080ºC).................................. 36
Tabela 4.10: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1100ºC)................................ 36
Tabela 4.11: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1120ºC)................................ 37
Tabela 4.12: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1140ºC)................................ 37
Tabela 4.13: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1080ºC)................... 38
Tabela 4.14: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1100ºC)................... 38
Tabela 4.15: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1120ºC)................... 39
Tabela 4.16: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1140ºC)................... 39
Tabela 4.17: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1080ºC)......... 40
Tabela 4.18: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1100ºC)......... 40
Tabela 4.19: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1120ºC)......... 41
Tabela 4.20: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1140ºC)......... 41
Tabela 4.21: Ajuste do modelo linear a deformação piroplástica.......................................... 42
Tabela 4.22: Ajuste do modelo linear a resistência mecânica pós queima............................ 43
XII
Tabela 4.23: Formulações para verificação da capacidade preditiva do modelo linear para
faiança.....................................................................................................................................
44
Tabela 4.24: Comparação entre valores previstos e medidos para formulação F-V1............ 44
Tabela 4.25: Comparação entre valores previstos e medidos para formulação F-V2............ 45
Tabela 4.26: Composição química das matérias-primas para grês........................................ 46
Tabela 4.27: Caracterização física das matérias-primas destinadas ao grês.......................... 47
Tabela 4.28: Região de trabalho para grês............................................................................. 48
Tabela 4.29: Delineamento experimental para grês............................................................... 49
Tabela 4.30: Deformação piroplástica, resistência mecânica pós-queima e densidade
aparente a seco para cada um das massas de grês processadas...............................................
50
Tabela 4.31: Resultados de retração linear e absorção de água para as massas de grês........ 51
Tabela 4.32: Resultados densidade aparente pós-queima para as massas de grês................. 52
Tabela 4.33: Ajuste do modelo linear a densidade aparente a seco....................................... 53
Tabela 4.34: Ajuste do modelo linear a resistência mecânica a flexão a seco....................... 54
Tabela 4.35: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1150ºC)................................ 55
Tabela 4.36: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1165ºC)................................ 56
Tabela 4.37: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1180ºC)................................ 56
Tabela 4.38: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1195ºC)................................ 56
Tabela 4.39: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1150ºC)................... 58
Tabela 4.40: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1165ºC)................... 58
Tabela 4.41: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1180ºC)................... 59
Tabela 4.42: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1195ºC)................... 59
Tabela 4.43: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1150ºC)......... 60
Tabela 4.44: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1165ºC)......... 60
Tabela 4.45: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1180ºC)......... 61
Tabela 4.46: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1195ºC)......... 61
Tabela 4.47: Ajuste do modelo linear a deformação piroplástica queimada a 1180ºC.......... 62
Tabela 4.48: Massas para verificação da capacidade preditiva dos modelos para grês......... 63
Tabela 4.49: Resultados massa de verificação G-V3............................................................. 64
Tabela 4.50: Resultados massa de verificação G-V4............................................................. 65
Tabela 4.51: Composição química das matérias-primas para porcelana............................... 66
Tabela 4.52: Caracterização física das matérias-primas destinadas a porcelana................... 67
Tabela 4.53: Região de trabalho para porcelana.................................................................... 68
XIII
Tabela 4.54: Delineamento experimental para porcelana...................................................... 69
Tabela 4.55: Deformação piroplástica, resistência mecânica pós-queima e densidade
aparente a seco para cada um das massas de porcelana..........................................................
70
Tabela 4.56: Resultados de retração linear e absorção de água para as massas destinadas a
porcelana queimadas em 4 temperaturas diferentes, para porcelana......................................
71
Tabela 4.57: Densidade aparente pós-queima para as massas destinadas a porcelana nas 4
temperaturas de queima, para porcelana.................................................................................
72
Tabela 4.58: Ajuste do modelo linear a densidade aparente a seco....................................... 73
Tabela 4.59: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1180ºC)................................ 74
Tabela 4.60: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1200ºC)................................ 74
Tabela 4.61: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1220ºC)................................ 75
Tabela 4.62: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1240ºC)................................ 75
Tabela 4.63: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1180ºC)................... 76
Tabela 4.64: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1200ºC)................... 77
Tabela 4.65: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1220ºC)................... 77
Tabela 4.66: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1240ºC)................... 78
Tabela 4.67: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1180ºC)......... 79
Tabela 4.68: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1200ºC)......... 79
Tabela 4.69: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1220ºC)......... 80
Tabela 4.70: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1240ºC)......... 80
Tabela 4.71: Modelo ajustado para resistência mecânica pós-queima (1240ºC)................... 81
Tabela 4.72: Modelo ajustado para deformação piroplástica (1240ºC)................................. 82
Tabela 4.73: Massas para verificação da capacidade preditiva dos modelos para
porcelana................................................................................................................................
83
Tabela 4.74: Resultados massa de verificação P-V5............................................................. 84
Tabela 4.75: Resultados massa de verificação P-V6............................................................. 85
Tabela 4.76: Valores de R
2
para densidade aparente a seco.................................................. 86
Tabela 4.77: Variação da significância do modelo (P) para densidade aparente a seco........ 86
XIV
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
Dap densidade aparente
e
i
erro aleatório referente à i-ésima observação
F-V1 formulação de verificação para faiança 1
F-V2 formulação de verificação para faiança 2
G-V1 formulação de verificação para grês 1
G-V2 formulação de verificação para grês 2
i i-ésimo componente de uma mistura
ITC Instituto de Tecnologia Cerâmica
P nível descritivo de significância baseado num teste F
P-V1 formulação de verificação para porcelana 1
G-V2 formulação de verificação para porcelana 2
q número de vértices de um simplex
(q-1) múmero de dimensões de uma simplex
RMF resistência mecânica a flexão
R
2
coeficiente de determinação
x variáveis de controle de um processo
y variáveis de resposta de um processo
COM LETRAS GREGAS
α nível de significância
XV
RESUMO
A metodologia de experimentos com misturas apresenta-se como uma alternativa para o
estudo e otimização de formulações cerâmicas. Através da aplicação desta metodologia
pode-se avaliar o comportamento das matérias-primas em mistura, conhecendo-se assim
sua real função em uma formulação.
Esta metodologia é principalmente adotada em estudos onde o número de matérias-
primas é menor que quatro. Isto dificulta sua utilização a nível industrial onde algumas
vezes trabalha-se com até dez matérias-primas em uma mesma formulação.
Para comprovar-se a viabilidade de aplicação desta metodologia em sistemas complexos
compostos por grande quantidade de matérias-primas esta é avaliada neste trabalho.
Aplicou-se a metodologia a três sistemas: faiança, grês e porcelana. Estes foram
escolhidos devido a diferenças de propriedades, matérias-primas e reações durante o
processamento, principalmente durante a queima.
O número de matérias-primas em cada sistema variou entre 8 e 10 e avaliou-se a
aplicação da metodologia no estudo de propriedades de produto como resistência
mecânica pós-queima e absorção de água e a parâmetros de processo como a densidade
aparente a seco.
De maneira geral, os modelos matemáticos lineares adotados ajustaram-se bem às
propriedades estudadas, apresentando uma alta qualidade preditiva e a possibilidade de
avaliar-se o comportamento de cada material em misturas.
XVI
ABSTRACT
The methodology of experiments with mixtures if it presents as an alternative for the
study and optimization of ceramic formulations. Through the application of this
methodology the behavior of the raw materials can be evaluated in mixture, being
known like this your real function in a formulation.
This methodology is adopted mainly in studies where the number of raw materials is
smaller than four. This hinders your use at industrial level where he sometimes works
her with until ten raw materials in a same formulation.
To be proven the viability of application of this methodology in complex systems
composed by great amount of raw materials this it is evaluated in this work.
The methodology was applied to three systems: faiança, grês and porcelain. These were
chosen due to differences of properties, raw materials and reactions during the
processing, mainly during it burns her.
The number of raw materials in each system varied between 8 and 10 and the
application of the methodology was evaluated in the study of product properties as
mechanical resistance and absorption of water and to process parameters as the apparent
density the dry.
In a general way, the lineal mathematical models adopted were adjusted well to the
studied properties, presenting a high quality of prediction and the possibility of
evaluating the behavior of each material in mixtures.
1
1. INTRODUÇÃO
A busca das indústrias do setor cerâmico em suprir as necessidades dos
consumidores por produtos de alta qualidade e baixo custo leva a um freqüente
desenvolvimento de formulações cerâmicas.
Os principais fatores que fazem uma formulação ser desenvolvida estão ligados
ao:
- Surgimento de novos produtos no mercado;
- Necessidade da empresa de melhorar ou eliminar problemas de produtos já em
comercialização;
- Substituição de uma matéria-prima por outra de menor custo ou mais próxima da
empresa;
- Necessidade do uso mais racional de matérias-primas de elevado custo ou com
reservas escassas;
- Alterações nas características das matérias-primas ou esgotamento das jazidas;
- Alterações no processo produtivo das empresas;
Diversas são as metodologias que podem ser aplicadas na etapa de
desenvolvimento de uma formulação cerâmica. A mais freqüentemente utilizada por
profissionais do setor está baseada na experiência do formulador. Muitas vezes o
formulador leva em consideração o comportamento aditivo das matérias-primas. De
acordo com esta metodologia, as matérias-primas comportariam-se em mistura da
mesma maneira que quando puras. Porém, nem sempre é verdade, já que em mistura
temos combinações e reações que não ocorrem com o material puro. Um bom exemplo
deste comportamento pode-se observar no talco, matéria-prima que quando queimada
pura apresenta-se extremamente inerte. Já quando queimada na presença de feldspatos
forma grande quantidade de fase líquida a aproximadamente 1000ºC (eutéticos). Devido
a este comportamento não aditivo torna-se difícil prever o comportamento da matéria-
prima em uso e realizar a otimização das formulações. Esta metodologia pode requerer
grande número de experimentos com gasto de tempo, de equipamentos, de materiais e
de recursos humanos.
Uma metodologia alternativa que aos poucos vem se difundindo, principalmente
no meio acadêmico, baseia-se na utilização de métodos estatísticos aplicados no
delineamento, avaliação e otimização de experimentos. A metodologia de delineamento
2
estatístico avalia o comportamento das matérias-primas em mistura. Através dela pode-
se conhecer a ação de cada matéria-prima e com isso realizar estudos visando à
compreensão dos mecanismos envolvidos nas reações otimizando as formulações,
obtendo as que apresentarem melhor desempenho associados ao baixo custo, utilização
racional das matérias-primas e robustez.
A grande maioria dos trabalhos publicados utilizando delineamento estatístico de
misturas utilizou o número de variáveis de controle (matérias-primas) igual a três ou no
máximo quatro [Correia, 2003; Gomes, 2004 e Boschi, 2004]. Esta quantidade facilita a
interpretação dos dados, a visualização e otimização gráfica dos experimentos, mas
muitas vezes inviabiliza a aplicação no desenvolvimento de massas destinadas a
indústria, uma vez que encontramos com bastante freqüência formulações industriais
com 7 a 10 matérias-primas.
O aumento do número de matérias-primas gera um aumento da dificuldade de
interpretação dos dados e em parte impossibilita a avaliação gráfica do experimento.
Outro empecilho pode ser o grande número de formulações a serem realizadas quando
estamos trabalhando com modelamentos complexos como o quadrático. Para
exemplificar, em um experimento com 7 matérias-primas utilizando-se um modelo
linear o número de formulações deve ser de no mínimo 7, já para o modelo quadrático
completo este número aumenta para no mínimo 28. Assim, deve-se focar os estudos no
sentido de aplicar esta metodologia avaliando-se qual o menor número possível de
formulações a serem realizadas, isto é, obter o máximo de informações aplicando o
modelo mais simples possível. Sabe-se também que a redução no número de
formulações resulta em uma redução na qualidade das respostas obtidas. Logo, deve-se
estipular quais reduções poderão ser realizadas sem grandes perdas, já que quanto
menor for o número de provas mais rápida e econômica será a resposta.
Freqüentemente, as empresas do setor cerâmico não trabalham apenas com uma
tipologia de produto. Diferenças entre tipologias geram diferenças na complexidade das
reações principalmente durante a queima. Estas diferenças de complexidade poderão
representar a necessidade de trabalhar-se com maior número de formulações e modelos
mais complexos, assim deve-se levar em consideração a tipologia de produto com a qual
trabalhar-se-á .
Diante do observado, este trabalho visa a aplicação da metodologia de
delineamento estatístico de misturas em três sistemas cerâmicos de diferentes
características: um com grande formação de fase líquida durante a queima, um sem fase
3
líquida e outro sistema intermediário. O número de matérias-primas utilizadas em cada
experimento será próximo ao que se usa industrialmente, aplicando-se um modelo
linear, por ser o mais simples e econômico.
1.1 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é avaliar a aplicação do delineamento estatístico de
misturas no estudo e otimização de formulações cerâmicas, com número de matérias-
primas, propriedades e condições de processamento semelhantes aos utilizados nas
indústrias do setor.
São objetivos específicos deste trabalho:
Avaliar o ajuste do modelo linear aos dados experimentais de propriedades
tecnológicas de interesse dos produtos faiança, grês e porcelana em função da
composição;
Avaliar a capacidade preditiva do modelo linear para faiança, grês e porcelana,
levando-se em conta as faixas de temperatura utilizadas;
Fazer uma análise comparativa da adequação e capacidade preditiva dos
modelos para as três tipologias estudadas, variando-se a temperatura de queima.
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 PROCESSAMENTO CERÂMICO
De acordo com Reed [1995, p.12], a produção de um produto depende de fatores
materiais e não materiais como a economia do mercado consumidor, resposta dos
consumidores, tolerâncias dimensionais do produto, acabamento superficial, qualidade
aparente e processo produtivo.
Diversas são as rotas produtivas que podem ser empregadas para a obtenção de
produtos cerâmicos, as quais variam segundo o produto que se deseja obter. Na Figura
2.1 é mostrado um fluxograma geral com as diferentes possibilidades de rotas
produtivas aplicadas no processamento cerâmico.
Figura 2.1: Fluxograma geral mostrando as diferentes possibilidades de processamento
cerâmico. [Reed 1995, p.12]
5
As tipologias de produto avaliadas neste trabalho terão sua rota produtiva bem
como suas características descritas a seguir.
2.1.1 REVESTIMENTOS CERÂMICOS
De acordo com Barba et al. [1997, p.17], revestimentos cerâmicos são peças
constituídas normalmente por um suporte, de natureza argilosa e porosidade variada,
com ou sem recobrimento, de natureza essencialmente vítrea. Apresentam aplicações no
revestimento de pisos e paredes, interiores ou exteriores.
Na atualidade, a produção de revestimentos se caracteriza por uma ampla
diversidade tanto de forma, como em suas características técnicas (absorção de água,
resistência mecânica, resistência a abrasão do vidrado entre outras) e decorativas.
O grês, segundo norma NBR 13817 [1997], enquadra-se no grupo Bib, ao qual
pertencem placas cerâmicas esmaltadas produzidas por prensagem com absorção de
água entre 0,5% e 3,0%. Sua principal aplicação é o revestimento de pisos.
As principais características que podem ser atribuídas ao grês são as seguintes:
- estabilidade dimensional;
- porosidade entre 0,5% e 3,0% (expressa pela absorção de água);
- valores de módulo de ruptura do produto queimado acima de 30 MPa;
De acordo com Emiliani e Corbara [2001, p.700], as matérias-primas aplicadas
na produção de grês basicamente são argilas ilito-cauliníticas, fundentes (feldspatos) e
quartzo. Os principais parâmetros de processo que determinam as características do
produto são relativos a granulometria, prensagem e queima.
A moagem tem por objetivo ajustar o tamanho de partículas e realizar uma
homogeneização das matérias-primas. A moagem via úmida é realizada em moinhos de
bolas contínuos ou descontínuos até o material atingir resíduo específico.
De acordo com Oliveira [2000], na atomização realiza-se a evaporação parcial
da água da barbotina concomitantemente com a formação de aglomerados esféricos
necessários para uma adequada prensagem. Após a atomização a granulometria deve
estar concentrada entre 425 e 180 µm.
Segundo Emiliani e Corbara [2001, p.700], a prensagem é realizada em prensas
hidráulicas, garantindo constância na pressão aplicada a fim de conseguir-se uma boa
6
compactação, favorecendo a queima e permitindo eliminação de gases formados durante
a queima. Normalmente as pressões aplicadas estão entre 24,5 e 34 MPa.
A queima atualmente é em ciclo único em fornos a rolos, segundo tempo e
temperatura que devem ser adaptadas ao material que se está trabalhando. Os ciclos
mais freqüentes estão entre 45 e 60 minutos com temperaturas entre 1100ºC e 1200ºC.
2.1.2 LOUÇAS DE MESA
Louças de mesa basicamente são divididas em duas tipologias, a faiança e a
porcelana. Em termos de processamento, ambas seguem praticamente as mesmas
etapas, havendo modificações nas matérias-primas e nos parâmetros aplicados.
Segundo Emiliani e Corbara [2001 p.645], a faiança se identifica como uma
tipologia que após a queima apresenta corpo levemente colorido, com cores que vão do
bege ao rosado, com alta absorção de água podendo chegar a 25%, recoberto com
esmaltes e/ ou engobes.
Normalmente, utilizam-se materiais com baixos teores de óxido de ferro devido
à cor clara após a queima. Na faiança, são usadas basicamente argilas com pequenos
percentuais de feldspatos, calcita, dolomita e talco.
A faiança pode ser conformada por colagem, conformação plástica (roller) ou
prensagem isostática. A técnica de prensagem isostática assegura alta produtividade e
qualidade ao produto.
A moagem via úmida é realizada com barbotina de densidade próxima a 1,6
g/cm
3
. Após atingir-se tamanho de partícula adequado, realiza-se a secagem em
atomizador até umidade entre 5% e 8%, dependendo das características da massa. Para
facilitar a conformação, trabalha-se com pequena quantidade (0,5 – 1,2%) de
ligante/plastificante na massa.
As pressões normalmente aplicadas são da ordem de 30 MPa.
Utiliza-se a biqueima para obtenção dos produtos. Primeiro queima-se a base
com temperaturas próximas a 1100ºC, realiza-se a esmaltação e em seguida queima-se o
recobrimento em temperaturas abaixo da temperatura de queima da base.
7
2.1.3 PORCELANAS ELÉTRICAS
De acordo com Emiliani e Corbara [2001 p.761], porcelanas elétricas são
utilizadas como isolantes para evitar a dispersão danosa de descargas elétricas. As
características físicas e mecânicas das porcelanas elétricas são:
- absorção de água em volume: 0%;
- densidade mínima: 2,5 g/cm
3
;
- elevada resistência mecânica: 130 MPa
- elevado poder de isolante elétrico (resistividade: 10
13
– 10
15
cm);
As porcelanas elétricas se dividem de acordo com sua composição em
quartzosas, baixa alumina e alta alumina e apresentam características e aplicações
distintas.
O delineamento estatístico será aplicado a aluminosas, que se caracterizam por
apresentar entre 20 e 40% de alumina de granulometria bastante fina (3 – 5 µm). São
utilizadas na fabricação de isoladores de alta tensão, por possuírem propriedades
dielétricas adequadas e propriedades mecânicas superiores às das porcelanas que
utilizam o quartzo [Chinelatto e Souza, 2004].
As peças são conformadas no estado plástico, via extrusão, e usinados no estado
semi-seco. A queima é realizada em fornos descontínuos tipo campana ou mufla em
temperaturas entre 1250ºC e 1400ºC.
2.2 DELINEAMENTO ESTATÍSTICO DE MISTURAS
Segundo Montgomery [2003, p.268], experimentos são uma parte natural dos
processos de tomada de decisão em ciência e em engenharia. Experimentos são
aplicados quando se deseja obter informações de como as variáveis de resposta de um
sistema irão variar em função das variações nas variáveis de controle.
Experimentos estatisticamente planejados permitem eficiência e economia no
processo experimental. O uso de métodos estatísticos no exame dos dados resulta na
objetividade científica no momento de realizar conclusões.
Os planejamentos experimentais aplicados mais freqüentemente são os fatoriais
completos, fatoriais fracionados e delineamento de misturas. Na etapa de avaliação dos
resultados dos experimentos, técnicas como a análise de variância (ANOVA) e a
utilização de equações de regressão encontram larga aplicação.
8
Quando se deseja estudar e otimizar uma determinada variável de resposta em
função de algumas variáveis de controle, pode-se utilizar a metodologia de superfície de
resposta. Esta metodologia consiste na aplicação de técnicas de planejamento e análise
de experimentos visando a criação de uma superfície de resposta e através desta realiza-
se a otimização de variável de interesse.
A metodologia adotada neste trabalho aplica algumas das ferramentas
estatísticas citadas anteriormente, visando a explicação do comportamento das matérias-
primas, otimização e previsão das variáveis de resposta em estudo. Esta metodologia é
bastante semelhante à metodologia de superfície de resposta, porém como trabalhar-se-á
com mais que três variáveis de controle, a superfície criada não será possível de ser
visualizada.
Dado um processo ou sistema, com determinadas variáveis de controle, x = (x
1
,
x
2
, ..., x
k
) e uma variável de resposta y, a metodologia normalmente consiste em:
a) planejar um experimento que permita estimar uma equação de regressão;
b) com os dados do experimento, estimar os parâmetros desta equação, avaliando a
significância estatística da equação e de seus componentes;
c) estudar o comportamento e otimizar a variável de resposta y.
2.2.1 EXPERIMENTOS COM MISTURAS
Experimentos com misturas são tipos especiais de experimentos onde as
variáveis de controle não são completamente independentes e seguem algumas
restrições.
Segundo Cornell [2002, p.1], muitos produtos são formados pela mistura de duas
ou mais matérias-primas. Alguns exemplos são:
1. Bolos, usando farinha, açúcar, água e gordura;
2. Concreto de construção, formado pela mistura de areia, água e uma ou mais
misturas cimentícias;
3. Batida de frutas, constituída por sucos de melancia, abacaxi e laranja;
4. Filmes fotográficos, produzidos por uma mistura de sais de prata, solventes e
estabilizadores;
5. Charutos, constituídos por tabaco curado, misturas turcas e tabaco processado;
9
Outro exemplo, que será o foco de nosso estudo são formulações cerâmicas,
formadas freqüentemente por matérias-primas de origem mineral como argilas,
feldspatos e quartzo.
Em cada um dos casos citados anteriormente, uma ou mais propriedades do
produto são influênciadas pela mistura das matérias-primas e dependem da proporção
em que cada uma encontra-se no produto. Por exemplo, ao dobrar-se a quantidade de
cada ingrediente em um bolo, obtém-se um bolo duas vezes maior, de mesmo sabor que
o feito com a metade de cada ingrediente. Já ao alterar-se a proporção de açúcar, obtém-
se um bolo mais ou menos doce.
De acordo com Cornell [2002, p.4], em experimentos com mistura a resposta
medida depende apenas da proporção de cada ingrediente presente na mistura e não do
total da mistura.
Esta proporção que pode ser em volume, massa ou fração molar é não negativa,
expressa na forma de fração da mistura e a soma deve ser igual a um. Apenas em alguns
casos especiais onde se fixa um componente a soma é menor que a unidade. Para uma
mistura de q componentes pode-se escrever
0
i
x i = 1, 2, ..., q Equação 2.1
e
,1
1
=
=
q
i
i
x Equação 2.2
onde
i
x representa a proporção do i-ésimo componente.
De acordo com a Equação 2.1 a proporção de cada componente deve ser um
valor não negativo e a Equação 2.2 o somatório de cada i-ésimo componente deve ser
igual a unidade.
2.2.2 PLANEJAMENTO DE EXPERIMENTOS COM MISTURAS
De acordo com Barros Neto [1996, p.187], ao otimizar-se as propriedades de
uma mistura mudando-se a sua formulação, as novas proporções têm de continuar
obedecendo a Equação 2.2.
10
Para uma mistura com 3 componentes, a Equação 2.2 reduz-se a 1
321
=
++ xxx .
A região representada no espaço, obtida a partir de um experimento com mistura com q
componentes é chamada simplex, o qual contém q vértices e (q-1) dimensões. Assim o
aumento do número matérias-primas aumenta a complexidade do simplex inviabilizando
a visualização do mesmo. Para uma mistura com três componentes o simplex
corresponde geometricamente a um triangulo eqüilátero inscrito no cubo, que é
mostrado na Figura 2.2.
Figura 2.2: Espaço experimental para processos com três variáveis.
De acordo com Cornell [2002], as técnicas de seleção dos pontos experimentais
basicamente utilizadas quando se trabalha com até três componentes são os arranjos
simplex. Neste caso, os pontos experimentais são selecionados de forma uniformemente
espaçada, incluindo freqüentemente os vértices da figura. No arranjo simplex-centróide,
além dos vértices é selecionado um ponto central ao arranjo. No arranjo simplex
expandido, além dos pontos selecionados no simplex-centróide, também são
selecionados pontos distribuídos pelo interior do simplex.
À medida que se aumenta a complexidade do arranjo utilizado, aumenta-se o
número de provas a serem realizadas, porém as informações retiradas do experimento
são mais completas. Outra possibilidade de arranjo experimental que é aplicado apenas
quando o número de variáveis de controle é maior que três é o modelo algorítmico.
Neste modelo são criados algoritmos baseados nas variáveis de controle e nas suas
restrições. A partir destes algoritmos, é realizada a seleção dos pontos experimentais.
11
Busca-se através deste arranjo a minimização do número de provas e a eliminação ou
redução da confusão entre termos de mesmo grau.
Restrição de regiões é a realização do experimento em apenas algumas regiões
do espaço amostral possível. Uma variável de mistura pode variar entre 0 e 1, porém
algumas matérias-primas possuem restrições quanto a suas quantidades em uma
formulação. Por exemplo, seria impossível trabalhar-se com uma formulação com 100%
de feldspato, pois esta não poderia ser conformada. Estas restrições devem ser levadas
em consideração no momento do planejamento experimental.
2.2.3 ANÁLISE DE EXPERIMENTOS
A partir dos dados experimentais medidos e dada a forma do modelo necessita-
se estimar o vetor de parâmetros β, de forma que o modelo se ajuste adequadamente aos
dados.
De acordo com Barros Neto (1996, p. 135), um modelo ideal não deixaria
nenhum resíduo, isto é, todas as suas previsões coincidiriam com dados experimentais.
Normalmente isto não ocorre, devido a diferença entre os valores observados e os
previstos como pode ser observado na Figura 2.3.
Figura 2.3: Resíduos deixados por um modelo linear
iii
yye
ˆ
=
.
O melhor ajuste será sem duvida o que passar “mais perto” dos pontos
experimentais, já que é impossível passar exatamente sobre todos eles. Em termos
12
práticos, “passar mais perto” significa minimizar a distância global dos pontos em
relação à reta, isto é, minimizar de alguma forma o comprimento total dos segmentos
verticais da Figura 2.3. Normalmente isso é feito localizando-se a reta de tal maneira
que a soma dos quadrados desses resíduos seja mínima.
O método mais conhecido para ajuste de modelos é o dos mínimos quadrados
(MQO), que busca o vetor β que minimiza a soma quadrática dos erros (Barbetta, 1998,
p.21).
O vetor β é o resultado da operação matricial descrita na Equação 2.3:
β
= (X’X)
-1
Xy Equação 2.3
O estimador β, além de ser não-viciado (seu valor coincide com o parâmetro que
se deseja estimar), goza da seguinte propriedade conhecida como teorema de Gauss –
Markov: dentre todos os estimadores não viciados, o estimador de mínimos quadrados é
aquele que tem a menor variância, isto é, o mais eficiente.
Ao se estabelecer um modelo para a resposta, normalmente não se sabe, a priori,
quais os termos que devem fazer parte do modelo. Por isto é comum realizar testes
estatísticos sobre grupos de coeficientes ou sobre cada coeficiente individualmente. Os
testes descritos a seguir pressupõem que todos os termos de erro seguem uma
distribuição normal de probabilidade.
O teste mais geral é o teste F de análise de variância, que verifica a significância
do modelo como um todo. A hipótese nula atesta que todos os coeficientes são nulos e,
portanto, sua rejeição é fundamental para que se continue trabalhando em termos da
família de modelos estabelecida e dos fatores de entrada selecionados. A estatística
deste teste é dada pela Equação 2.4:
)/(
)1/(
0
pnSS
pSS
F
E
R
=
Equação 2.4
onde:
p é o número de parâmetros do modelo;
n é o número de observações;
SS
E
= (y – Xβ)’(y – Xβ) = y’y – β’X’y, isto é, a soma de quadrados devida ao erro e
13
SS
R
= β’X’y -
n
y
n
i
i
2
1
)(
=
, ou seja, a soma dos quadrados devida a regressão;
Sob a hipótese nula, F
0
tem distribuição F com (p – 1) graus de liberdade no
numerador e (np) graus de liberdade no denominador. Logo, o teste rejeita a nula se
F
0
exceder F
α, p-1, n-p
, onde α é o nível de significância adotado (por exemplo, α = 0,05) e
F
α, p-1, n-p
é a correspondente abscissa da distribuição F.
Nas situações onde o experimento tem replicações torna-se possível realizar um
teste estatístico para a falta de ajustamento. O teste baseia-se na decomposição da soma
dos quadrados dos erros (SS
E
) em erro puro (SS
PE
) e falta de ajuste (SS
LOF
). Sejam:
M o número de diferentes condições experimentais (níveis);
m o número de replicações;
n = Mm;
p o número de parâmetros do modelo;
i
y
ˆ
(i = 1, ..., m) o valor predito pela regressão em cada ponto experimental;
i
y (i = 1, ..., m) a média aritmética da resposta em cada ponto experimental;
∑∑
==
=
M
i
m
j
iijPE
yySS
11
2
)(
e
=
=
M
i
iiLOF
yymSS
1
2
)
ˆ
(
A estatística do teste é dada pela Equação 2.5
)/(
)/(
0
MnSS
pMSS
F
PE
LOF
=
Equação 2.5
e o teste rejeita o modelo por falta de ajuste quando F
0
>F
α, M – p, n – M
.
A significância de grupos de coeficientes também pode ser avaliada por um teste
F. Este teste é importante para se verificar, por exemplo, se existe necessidade de se
considerar uma superfície de resposta quadrática. Nesta situação, considera-se no
modelo os termos lineares e testa-se se os coeficientes dos termos quadráticos podem
ser admitidos como nulos. Para testar a hipótese nula de que o vetor de parâmetros β
1
,
com r elementos, pode ser nulo, dado que o vetor β
2
já esteja contemplado no modelo,
aplica-se a estatística descrita na Equação 2.6:
14
)/(
/)(
21
0
pnSS
rSS
F
E
R
=
ββ
Equação 2.6
onde
)(
21
ββ
E
SS
é o incremento na soma de quadrados devido à inclusão de β
1
. O teste
rejeita a hipótese nula quando F
0
exceder F
α, r, n-p
.
Pode-se aplicar um teste mais específico que avalia a significância de cada termo
do modelo, através de um teste t, sob a hipótese nula de que o valor do parâmetro é
igual a 0. De acordo com Obermiller (1996), deve-se ter cuidado ao aplicar este teste em
misturas devido ao alto grau de dependência que há entre as variáveis de controle.
A hipótese H
0
: β
j
= 0 versus H
1
: β
j
0, para algum j = 1, ..., p, pode ser testada
pela estatística mostrada na Equação 2.7.
jj
c
j
t
2
0
σ
= Equação 2.7
onde: c
jj
é o elemento da diagonal de (X’X)
-1
correspondente ao elemento β
j
e
σ
2
= SS
E
/(n - p).
A hipótese nula é rejeitada quando t
0
exceder t
α, n-p,
onde α é o nível de
significância adotado e t
α, n-p
é a correspondente abscissa da distribuição t de Student
com (n – p) graus de liberdade.
Dado o ajuste de um modelo, é comum se avaliar a sua capacidade preditiva.
Tradicionalmente isto é feito através do coeficiente de determinação R
2
, que fornece a
proporção da variabilidade da resposta que pode ser explicada pelos fatores incluídos no
modelo, admitindo correta sua forma. Este coeficiente pode é definido na Equação 2.8:
R
2
=
T
E
T
R
SS
SS
SS
SS
= 1 Equação 2.8
Onde
n
y
yySS
a
i
i
T
)(
'
1
=
=
.
15
Este coeficiente pode variar de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1 estiver melhor
é a capacidade preditiva do modelo.
Para se levar em conta o custo de incluir termos adicionais, pode-se descontar os
graus de liberdade perdidos com cada termo do modelo, resultando no coeficiente de
determinação ajustado, dado pela Equação 2.9.
)1/(
)/(
1
2
=
nSS
pnSS
R
t
e
aj
Equação 2.9
Através do modelo ajustado, pode-se realizar a otimização da variável de
resposta de interesse, isto é, obter a combinação de variáveis de controle que propiciará
a melhor resposta do sistema o qual se está trabalhando com o menor custo.
A otimização de uma superfície de resposta é realizada de forma gráfica, já a
otimização de uma equação de regressão é realizada de forma algébrica.
2.3 APLICAÇÃO DE PLANEJAMENTO DE ANÁLISE DE EXPERIMENTOS
EM CERÂMICA
As técnicas de planejamento e análise de experimentos utilizando-se de
ferramentas estatísticas vêm se desenvolvendo e sendo aplicadas em alguns estudos
envolvendo materiais cerâmicos. Citaremos alguns exemplos de trabalhos.
Correia [2003] utilizou a metodologia de delineamento e otimização de misturas
na formulação de massas cerâmicas triaxiais. Neste trabalho, devido ao número de
matérias-primas utilizadas, realizou-se uma otimização gráfica das propriedades
tratadas, como por exemplo plasticidade. Auxiliado por técnicas de caracterização
química e microestruturais estudou-se o efeito da microestrutura nas propriedades finais
do produto. Determinaram-se regiões ótimas de trabalho e combinações de matérias-
primas a fim de obter-se massas adequadas a processos de prensagem e extrusão.
Gomes [2004] utilizou a metodologia no estudo do comportamento reológico de
suspensões cerâmicas em função do tipo de defloculante utilizado. O delineamento de
misturas foi aplicado a três componentes: uma argila, um feldspato e quartzo.
Determinou-se qual matéria-prima apresenta maior influência no percentual de
defloculante necessário para atingir-se a mínima viscosidade aparente, medida com
16
viscosímetro rotacional. Dois tipos de silicato de sódio anidros foram utilizados com
razão em peso de SiO
2
:Na
2
O igual a 1:3 e 3:3. O estudo conclui que o aumento na
quantidade de argila causa um aumento no consumo de defloculante e ao aumentar-se a
alcalinidade do silicato de sódio, se necessita de menores quantidades de defloculante
para alcançar baixos valores de viscosidade.
Boschi e Zauberas [2004 e 2005] fazem uma análise crítica, em duas partes, a
respeito da aplicação da metodologia no estudo e otimização de massas para porcelanato
queimado em ciclo rápido. O delineamento foi aplicado na mistura de três matérias-
primas, uma argila, um caulim e um agalmatolito. As matérias-primas foram
combinadas e foram avaliadas propriedades a seco e pós-queima das massas de
porcelanato. Concluiu-se no trabalho que os resultados experimentais não permitiram a
obtenção de modelos para descrever adequadamente as variações das respostas de
interesse, porém com os experimentos realizados identificaram-se formulações com
características do produto desejado.
Estes trabalhos apresentam uma limitação no que diz respeito à aplicação em
escala industrial, uma vez que o número de matérias-primas, três ou quatro, é pequeno
em comparação a formulações industriais que apresentam em alguns casos até dez
matérias-primas.
17
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Os procedimentos experimentais que fazem parte deste trabalho foram
realizados nos laboratórios da empresa T-cota Engenharia de Materiais Cerâmicos,
situada em Tijucas/SC, juntamente com o Laboratório de Materiais (LABMAT) do
Departamento de Engenharia Mecânica (EMC) da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). As análises químicas de fluorescência de raios X foram realizadas
junto ao Centro de Tecnologia em Materiais (CTCmat), situado em Criciúma/SC.
As etapas que compõem este trabalho são apresentadas no fluxograma mostrado
na Figura 3.1 e descritas neste capítulo.
Figura 3.1: Fluxograma das etapas do trabalho.
Seleção das matérias-primas
Caracterização das matérias-primas
Planejamento experimental de misturas
Preparação das massas em laboratório
Caracterização
Análise e obtenção de modelos estatísticos
Verificação da capacidade preditiva dos modelos
Comparação da aplicação da metodologia proposta
às três tipologias
18
3.1 SELEÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS
As matérias-prima utilizadas no desenvolvimento deste trabalho foram obtidas
junto a empresas das respectivas tipologias de produto. Com o objetivo de preservar as
empresas e seus produtos, as matérias-primas serão identificadas por códigos e descritas
segundo suas propriedades nas formulações.
Na Tabela 3.1, são mostradas as tipologias, o código da matéria-prima e sua
principal característica ou função na formulação.
Buscou-se dividir as matérias-primas, em função de suas propriedades, em fundentes,
inertes e plásticas ou argilosas, No caso da faiança e da porcelana, temos matérias-
primas com estas três características; já no grês não se adicionou nenhum inerte, devido
a presença do mesmo como contaminante natural dos materiais utilizados.
3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS
As matérias-primas foram caracterizadas química e fisicamente, a fim de se conhecer
suas propriedades individuais. Os ensaios/análises realizados foram:
-
Fluorescência de raios X, para obtenção da composição química;
- Densidade aparente a seco, por imersão em mercúrio, procedimento ITC E-8B
[Amorós et al, 1998];
-
Resistência mecânica a flexão a seco segundo norma NBR 13818 Anexo C
[NBR 13818, 1997], apenas aplicada a materiais plásticos;
-
Diagrama de gresificação, para avaliar a capacidade de sinterização da matéria-
prima (retração linear de queima, procedimento ITC E-9 [Amorós et al, 1998],
densidade aparente pós queima, procedimento ITC E-8B [Amorós et al, 1998], e
absorção de água, procedimento ITC E-10 [Amorós et al, 1998]).
19
Tabela 3.1: Código de identificação das matérias-primas.
Tipologia Código Característica ou função
Faiança F-F1 Feldspato de Lítio (fundente)
Faiança F-F2 Feldspato sódico-potássico (fundente)
Faiança F-F3 Filito potássico (fundente)
Faiança F-I1 Quartzo
Faiança F-P1 Caulim bruto (argilosa baixa plasticidade)
Faiança F-P2 Caulim passante #200 (argilosa baixa plasticidade)
Faiança F-P3 Argila caulinítica (argilosa média plasticidade)
Faiança F-P4 Argila bentonítica (argilosa alta plasticidade)
Grês G-F1 Feldspato sódico (fundente)
Grês G-F2 Clorita (fundente)
Grês G-F3 Filito potássico (fundente)
Grês G-F4 Filito potássico (maior fundência)
Grês G-F5 Talco (fundente)
Grês G-P1 Caulim bruto (argilosa baixa plasticidade)
Grês G-P2 Argila caulinítica (argilosa baixa matéria orgânica)
Grês G-P3 Argila caulinítica (argilosa alta matéria orgânica)
Grês G-P4 Argila montmorilonítica (argilosa alta plasticidade)
Porcelana P-F1 Feldspato potássico (fundente)
Porcelana P-I1 Alumina
Porcelana P-P1 Argila ilítica (fundência baixa)
Porcelana P-P2 Argila ilítica (fundência intermediária)
Porcelana P-P3 Argila ilítica (fundência elevada)
Porcelana P-P4 Argila caulinítica
Porcelana P-P5 Argila bentonítica
Porcelana P-P6 Caulim bruto
Porcelana P-P7 Caulim Passante #200 (primário)
Porcelana P-P8 Caulim Passante #200 (secundário)
Os parâmetros de processo utilizados na caracterização variaram de acordo com a
tipologia a qual a matéria-prima é utilizada. As principais diferenças estão na etapa de
20
moagem e conformação. Matérias-primas plásticas e rochosas foram caracterizadas de
forma distintas devido a suas características e aplicações. Na Tabela 3.2, são mostrados
os parâmetros aplicados no processamento das matérias-primas.
Tabela 3.2: Parâmetros aplicados no processamento das matérias-primas.
Faiança Grês Porcelana
Plástica Rochosa Plástica Rochosa Plástica Rochosa
Meio
Via seca Via úmida Via seca Via úmida Via seca Via úmida
Malha
270 325 325
Resíduo
(%) Retido
2,0 a 3,5 12 a 15 4,5 a 5,0
Moagem
Tempo (min)
5 Variável 5 Variável 5 Variável
Água (%)
6,5 5,5 6,5 5,5 5,5 5,5
Aditivo ligante (%)
0 5,5 0 5,5 0 5,5
Prensagem
Pressão (kgf/cm
2
)
280 243
Ciclo (min)
140 32 140
Queima
Temperatura (ºC)
1080 e 1120 1150 e 1180 1160 e 1180
Na moagem das matérias-primas rochosas, trabalhou-se com um resíduo padrão
devido a grande diferença de friabilidade dos materiais trabalhados, já os materiais
plásticos são formados normalmente por partículas finas havendo a necessidade apenas
de desagrega-los; por isso, utilizou-se tempo padrão.
No caso da prensagem, materiais plásticos necessitam apenas de certa
quantidade de água para serem conformados; os rochosos, por não apresentarem
plasticidade intrínseca, necessitam de ligante para serem conformados. A pressão
utilizada na prensagem de matérias-primas para porcelana foi escolhida, levando-se em
conta densidades aparentes semelhantes as obtidas em processos de extrusão.
As queimas foram realizadas em forno a rolos, seguindo tempos e temperaturas
semelhantes aos utilizados industrialmente. Normalmente, as massas de porcelana são
queimadas em temperaturas acima de 1200ºC. Não foi possível queimar as matérias-
primas individuais nestas temperaturas, pois alguns materiais são muito fundentes
individualmente.
21
3.3 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL DE MISTURAS
Na etapa de planejamento experimental são definidos os limites de cada matéria-
prima nos sistemas trabalhados, o tipo de modelo que irá ajustar aos dados
experimentais e as formulações a serem produzidas em laboratório, a fim de se obter as
variáveis de respostas.
Os limites e as restrições das matérias-primas serão definidos a partir da
caracterização das matérias-primas e também será baseada nas quantidades indicadas na
revisão bibliográfica. Com a caracterização das matérias-primas, pode-se determinar
regiões de difícil trabalhabilidade devido, por exemplo, ao excesso de fundência ou
refratariedade de determinado material.
Trabalhar-se-á com um mesmo tipo de modelo para as três tipologias avaliando-
se a adequação do mesmo aos diferentes sistemas. Devido ao grande número de
matérias-primas que comporão os sistemas em estudo, optou-se pela utilização de um
modelo linear, por ser este o de mais fácil avaliação e que necessita da menor
quantidade de pontos experimentais medidos (massas) par ser ajustado. À medida que a
complexidade do modelo aumenta, o número de pontos experimentais medidos também
aumenta.
Os pontos experimentais medidos, ou massas a serem produzidas em laboratório,
foram definidos com o auxilio do software ECHIP 6.0
®
. Este é um programa de
delineamento e análise de experimentos com rotinas semelhantes a de outros programas
como STATISTICA e o MINITAB. Como descrito na revisão, quando se trabalha com até
três matérias-primas pode-se utilizar arranjos simplex para determinação das
formulações a serem processadas e medidas experimentalmente. Como será utilizado
um número maior de matérias-primas, com restrição de regiões, os pontos
experimentais serão determinados através de algoritmos matemáticos. Através destes
algoritmos, que são obtidos pelos programas computacionais, pode-se planejar
experimentos com grande economia de pontos medidos.
22
3.4 PREPARAÇÃO DAS MASSAS
Cada uma das massas formuladas no planejamento experimental será processada
em laboratório e suas características serão medidas (variáveis de resposta). Nas três
tipologias processadas, trabalhou-se com parâmetros semelhantes aos utilizados
industrialmente. Os parâmetros de cada tipologia serão mostrados e discutidos
separadamente.
3.4.1 FAIANÇA
Na Tabela 3.3 são mostrados parâmetros de processamento aplicados em
laboratório para faiança.
Tabela 3.3: Parâmetros de processamento para faiança.
Faiança
Água (%)
36
Sólido (%)
64
Defloculante (%)
0,6
Aditivos
Ligante (%)
0,45
Malha
270
Moagem
Resíduo
(%) Retido
2,0 a 3,5
Umidade (%)
3
Prensagem
Pressão (kgf/cm
2
)
280
Ciclo (min)
140
Tempo na temperatura máx. (min)
45
Queima
Temperatura máx. (ºC)
*
* Realizaram-se quatro queimas nas temperaturas de 1080ºC, 1100ºC, 1120ºC e
1140ºC.
A pesagem das massas foi realizada de modo a obter 600g de cada massa.
A moagem das massas foi realizada em moinho de jarros utilizando como meios
de moagem bolas de alta alumina. Os tempos de moagem variaram entre as massas,
tendo sido os necessários para atingir-se o resíduo especificado na Tabela 3.3. Como
defloculante, utilizou-se silicato de sódio C-224, fornecido pela Manchester. A massa de
faiança estudada é aplicada na produção via prensagem isostática, o que faz com que
23
haja a necessidade da aplicação de um ligante orgânico a massa. O ligante utilizado foi
um poliacrilato de sódio, fornecido pela Lamberti do Brasil. A adição do ligante é
realizada na moagem com o objetivo de melhorar a homogeneidade da massa. Após a
moagem as massas foram secas em estufa a 100ºC até atingirem peso constante. Em
seguida, as massas foram desagregadas e adicionou-se a umidade necessária para a
prensagem. Como a plasticidade da massa de faiança é devida à presença de um ligante
orgânico, a quantidade de umidade necessária para a prensagem é pequena. Caso se
trabalhe com maior quantidade de umidade, não se consegue prensar o material, pois a
massa adere nos estampos da prensa e marca a superfície das peças ou corpos-de-prova.
A prensagem foi realizada em prensa hidráulica aplicando-se a pressão mostrada na
Tabela 3.3. Foram prensados 4 corpos-de-prova circulares com 50 mm de diâmetro para
cada massa destinados ao diagrama de gresificação e 6 corpos-de-prova retangulares,
com comprimento de 110 mm e largura de 70 mm, destinados à determinação da
resistência mecânica a flexão pós-queima e a deformação piroplástica. Após a
prensagem, os corpos foram secos em estufa a 100ºC, até atingirem peso constante, e
queimados em forno a rolos no ciclo e nas temperaturas determinadas na Tabela 3.3.
3.4.2 GRÊS
As condições utilizadas no processamento das massas destinadas a avaliação do
grês são mostrados na Tabela 3.4.
Tabela 3.4: Parâmetros de processamento para grês.
Grês
Água (%)
36
Sólido (%)
64
Aditivos
Defloculante (%)
0,6
Malha
325
Moagem
Resíduo
(%) Retido
12 a 15
Umidade (%)
6
Prensagem
Pressão (kgf/cm
2
)
280
Ciclo (min)
32
Tempo na temperatura máx. (min)
10
Queima
Temperatura máx. (ºC)
*
24
*Realizaram-se quatro queimas nas temperaturas de 1150ºC, 1165ºC, 1180ºC e
1195ºC.
Da mesma maneira que na faiança, pesaram-se 600 g de cada massa que foi
moída em moinho de bolas até atingir-se o resíduo determinado na Tabela 3.4. No caso
do grês, não se realiza a adição de ligantes orgânicos à massa; o único aditivo utilizado
foi o defloculante silicato de sódio C224 da Manchester. Os procedimentos de secagem,
desagregação, umidificação e prensagem aplicado ao grês foram os mesmos utilizado na
faiança, sendo a única diferença a quantidade de umidade adicionada que no grês é de
6%. Foram prensados 4 corpos-de-prova circulares com 50 mm de diâmetro para cada
massa, destinados ao diagrama de gresificação, e 6 corpos-de-prova retangulares,
destinados à determinação da resistência mecânica a flexão pós-queima e da
deformação piroplástica. A queima também foi realizada em forno a rolos, seguindo
parâmetros especificados na Tabela 3.4.
3.4.3 PORCELANA
A Tabela 3.5 mostra os parâmetros utilizados no processamento de massas
destinadas a porcelana.
Tabela 3.5: Parâmetros de processamento para porcelana.
Porcelana
Água (%)
40
Sólido (%)
60
Aditivos Defloculante (%)
0
Malha
325
Moagem
Resíduo
(%) Retido
4,5 a 5,0
Umidade (%)
5,5
Prensagem
Pressão (kgf/cm
2
)
243
Ciclo (min)
240
Tempo na temperatura máx. (min)
120
Queima
Temperatura máx. (ºC)
*
* Realizaram-se quatro queimas nas temperaturas de 1180ºC, 1200ºC, 1220ºC e 1240ºC.
25
Sabe-se que peças porcelânicas são freqüentemente produzidas por extrusão ou
colagem de barbonita. Devido a melhor repetibilidade e disponibilidade técnicas as
massas porcelânicas foram conformadas via prensagem. Devido a grande refratariedade
das massas processadas, as temperaturas e o ciclo de queima utilizados são maiores que
das demais tipologias avaliadas. Esta maior temperatura também aumenta a
complexidade das reações ocorridas durante a queima. Foram prensados 4 corpos-de-
prova circulares com 50 mm de diâmetro para cada massa destinados ao diagrama de
gresificação e 6 corpos-de-prova retangulares destinados a determinação da resistência
mecânica a flexão pós-queima e a deformação piroplástica. A queima também foi
realizada em forno tipo mufla nas temperaturas especificadas na Tabela 3.5.
3.5 CARACTERIZAÇÃO
Nas três tipologias estudadas as propriedades medidas foram:
-
Densidade aparente a seco;
- Diagrama de gresificação;
- Resistência mecânica a flexão pós queima;
- Deformação piroplástica pós queima.
A densidade aparente a seco foi determinada para avaliar-se o estado de
compactação da massa e a influência de cada matéria-prima na compactação. O ensaio
foi realizado por imersão em mercúrio segundo procedimento ITC E8-B [Amorós et al,
1998]. Realizou-se a medida em um corpo-de-prova seco de cada massa testada.
Para o diagrama de gresificação, determinou-se a retração linear de queima segundo
procedimento ITC E-9 [Amorós et al, 1998], densidade aparente pós-queima segundo
procedimento ITC E8-B [Amorós et al, 1998] e absorção de água segundo
procedimento ITC E-10 [Amorós et al, 1998], as propriedades foram medidas para cada
uma das temperaturas de queima das massas. A resistência mecânica pós-queima foi
determinada segundo NBR 13818 Anexo C [NBR 13818, 1997]. Foi medida a
resistência de cinco corpos-de-prova queimados em temperaturas específicas para cada
tipologia, os valores utilizados no ajuste de modelos é a média dos cinco corpos-de-
prova. As temperaturas são listadas a seguir:
-
Faiança: 1120ºC;
- Grês: 1180ºC;
26
-
Porcelana: 1240ºC.
Estas temperaturas foram selecionadas por serem estas normalmente utilizadas
industrialmente.
A deformação piroplástica também foi determinada em corpos queimados nas
mesmas temperaturas do ensaio de resistência mecânica a flexão.
3.6 ANÁLISE E OBTENÇÃO DE MODELOS ESTATÍSTICOS
As propriedades medidas nos ensaios físicos são as variáveis de resposta de cada
massa processada. Ao conjunto de cada variável de resposta da tipologia trabalhada será
ajustado um modelo matemático. Assim, obtêm-se modelos empíricos válidos para as
regiões experimentais determinadas no Capítulo 3.3. O modelo adotado para ajustar-se
aos dados medidos é o linear, escolhido por ser o mais simples e de fácil interpretação.
O modelo será ajustado utilizando-se análise de regressão através do método de
mínimos quadrados.
Como o modelo linear pode não ser o mais adequado ao conjunto de dados
medidos, com a finalidade de avaliar-se a qualidade do ajuste e a significância do
modelo e dos termos que compõem o mesmo, realizaram-se análise de variância e
determinou-se a capacidade preditiva do modelo. Estas rotinas de ajuste e análise dos
modelos foram realizadas com o auxílio do programa ECHIP 6.0.
Como resposta desta etapa obteve-se o modelo matemático, mostrando os
coeficientes de cada matéria-prima que compõem determinada tipologia, o desvio-
padrão de cada coeficiente, a significância destes coeficientes (P), a significância do
modelo e seu R
2
, conforme Tabela 3.6.
3.7 VERIFICAÇÃO DA CAPACIDADE PREDITIVA DOS MODELOS
A partir do modelo ajustado pode-se estudar a influência de cada matéria-prima
na propriedade avaliada, através do valor do coeficiente da matéria-prima. Em outras
palavras, quanto maior o valor do coeficiente maior a influência sobre a propriedade
avaliada e esta pode ser positiva ou negativa dependendo do sinal do coeficiente. Outra
27
possibilidade que os modelos ajustados apresentam é a de realizar-se previsões dos
resultados de uma determinada formulação, desde que esta contenha as matérias-primas
avaliadas dentro dos limites especificados. A capacidade preditiva dos modelos pode ser
avaliada a partir do R
2
: quanto mais próxima de 1 maior a capacidade preditiva do
modelo.
Com a finalidade de avaliar-se as predições realizadas para os modelos das três
tipologias em estudo, três novas massas cada tipologia foram propostas e seguindo os
mesmos parâmetros estipulados no Capítulo 3.4 foram processadas em laboratório e os
valores obtidos experimentalmente foram comparados aos previstos pelos modelos.
Obteve-se o desvio entre medido e previsto e através deste desvio avaliou-se a
capacidade preditiva dos modelos ajustados a cada tipologia.
28
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo, serão apresentados e discutidos os resultados obtidos para cada
um dos sistemas estudados, bem como será feita uma comparação entre os três sistemas.
4.1 FAIANÇA
4.1.1 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS
Na Tabela 4.1, são apresentados os dados referentes à caracterização química
das matérias-primas usadas para fabricação de faiança.
Tabela 4.1: Composição química das matérias-primas para faiança.
Composição expressa em óxidos (%)
Matéria-
prima
SiO
2
Al
2
O
3
TiO
2
Fe
2
O
3
MnO MgO CaO Na
2
OK
2
O P
2
O
5
LiO
2
Perda
ao
fogo*
F-F1
76,36 15,46 <0,01 0,13 0,08 0,03 0,21 3,84 1,57 0,07 1,89 0,35
F-F2
59,88 18,65 0,01 0,68 0,01 0,34 0,01 3,98 14,76 0,43 0,00 1,26
F-F3
59,49 26,81 0,82 0,69 0,01 0,63 0,03 0,34 6,21 0,04 0,00 4,05
F-I1
99,00 0,25 0,04 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04
F-P1
65,63 23,07 0,29 0,95 0,01 0,1 0,01 0,08 1,09 0,03
0,00 8,74
F-P2
48,83 35,04 0,35 1,47 0,02 0,27 0,02 0,06 1,9 0,02
0,00 12,02
F-P3
67,57 20,57 0,21 1,00 0,04 0,24 0,01 0,52 0,01 0,01 0,00 9,83
F-P4
59,35 21,82 0,29 1,21 0,01 3,52 1,46 3,33 0,48 0,07 0,00 7,69
* 1000ºC, 5 minutos.
Entre os fundentes, pode-se destacar a presença de 1,89% de óxido de lítio no F-F1,
óxido este de elevada fundência. Os outros dois fundentes são potássicos com diferentes
teores de potássio. O inerte utilizado apresenta alto teor de sílica com alguns óxidos
contaminantes em teores bastante baixos. Em termos químicos, o material plástico que
apresenta maior destaque é o F-P4 com elevados teores de óxidos alcalinos e alcalino-
terrosos. Esta alta concentração é típica de materiais plásticos, como as
montmorilonitas, que apresentam elevada plasticidade e elevada fundência ainda em
baixas temperaturas.
29
Na Tabela 4.2, são apresentados os dados referentes à caracterização física das
matérias-primas usadas para fabricação de faiança. São mostradas as propriedades das
amostras a cru e queimadas nas temperaturas de 1080ºC e 1120ºC.
Tabela 4.2: Caracterização física das matérias-primas destinadas a faiança.
* foi impossível conformar corpos-de-prova sem um aditivo plástico.
** foi impossível conformar corpos-de-prova pela excessiva plasticidade.
O material F-P4, por apresentar uma plasticidade excessivamente alta, não
permitiu que a umidade necessária para prensagem fosse homogeneizada, ficando
concentrada em alguns pontos do volume do material. Ainda, devido à sua
higroscopicidade elevada, quando se consegue prensar os corpos-de-prova, os mesmos
se rompem com extrema facilidade. As avaliações desta matéria-prima serão realizadas
através de sua análise química e de seu comportamento em misturas.
Avaliando-se as matérias-primas fundentes, F-F1, F-F2 e F-F3, pode-se notar a
elevada fundência do F-F1, mesmo em baixas temperaturas. Esta fundência é provocada
pelo óxido de lítio presente em sua composição. Os dois outros fundentes são
comparativamente menos eficientes, devido à presença de potássio e, em menor
quantidade, sódio.
A matéria-prima F-I1, como pode ser observado na Tabela 4.1, é formada
predominantemente por SiO
2
, na forma de quartzo livre, que apresenta alta
refratariedade. Esta propriedade é confirmada na caracterização física, Tabela 4.2. Nota-
se que o aumento da temperatura em 40ºC praticamente não altera a absorção de água e
retração linear pós queima.
Propriedades a
cru Queima 1080ºC Queima 1120ºC
Matéria-
prima
Dap
seco
(g/cm
3
)
RMF
seco
(kgf/cm
2
)
Dap
(g/cm
3
)
Retração
Linear
(%)
Absorção
de água
(%)
Dap
(g/cm
3
)
Retração
Linear
(%)
Absorção
de água
(%)
F-F1
1,679 * 1,851 3,10 13,56 2,303 10,25 0,72
F-F2
1,590 * 1,592 0,42 23,27 1,732 3,00 17,96
F-F3
1,778 * 1,696 -0,10 20,36 1,812 1,13 16,60
F-I1
1,564 * 1,538 -0,18 26,35 1,537 -0,16 26,40
F-P1
1,875 17,5 1,772 0,61 18,51 1,822 0,93 17,37
F-P2
1,848 25,2 1,817 2,77 17,16 1,924 4,16 14,17
F-P3
1,881 24,4 1,779 0,58 18,42 1,783 0,66 18,40
F-P4
**
30
Analisando-se as matérias-primas plásticas, pode-se notar a baixa resistência
mecânica a seco dos três materiais, provavelmente causada pela predominância de
caulinita nas suas composições. Assim, usou-se um material de alta plasticidade, o F-P4,
que proporciona às peças a resistência necessária. No que diz respeito às propriedades
pós queima, o F-P2 foi o que apresentou menores valores de absorção de água. Esta
maior fundência deve-se à maior quantidade de
óxido de potássio no material, como
pode ser observado na Tabela 4.1.
4.1.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL
Baseando-se na caracterização química e física das matérias-primas, determinou-
se a região experimental a qual será trabalhada, isto é, definiram-se os limites das
matérias-primas, individualmente ou em grupo. Na Tabela 4.3 são mostrados os limites
de trabalho para cada matéria-prima.
Tabela 4.3: Região de trabalho para faiança.
Limite (%)
Matéria-prima Mínimo Máximo
F-F1
0 20
F-F2
0 20
F-F3
0 30
F-I1
0 30
F-P1
0 40
F-P2
0 40
F-P3
0 40
F-P4
0 6
Outra restrição imposta foi de que o somatório dos percentuais das matérias-
primas F-P1, F-P2 e F-P3 deve ser maior que 30%, para evitar formulações com excesso
de fundentes, e menor que 70%, para evitar problemas de empacotamento das massas.
Devido à necessidade de uma elevada porosidade na massa de faiança, a
quantidade de fundentes é pequena. Para o F-F1 e F-F2, que são mais fundentes,
determinou-se que a quantidade máxima dos mesmos não deveria ultrapassar 20 %, já o
F-F3 poderia chegar até a 30%.
31
A quantidade de material inerte estipulada foi de no máximo 30%, pois teores
maiores podem tornar a massa muito refratária.
A matéria-prima F-P4 devido a sua elevada plasticidade pode causar problema
reológicos nas massas. Por esse motivo. sua quantidade foi bastante reduzida: no
máximo 6%.
Para determinar-se as massas a serem preparadas em laboratório, além da região
experimental em estudo, precisa-se do tipo de modelo a ser usado, no caso, o linear. Na
Tabela 4.4 é mostrado o delineamento experimental para faiança.
Tabela 4.4: Delineamento experimental para faiança.
Composição das massas expressa em percentual em massa de matéria-
prima (%)
Massas F-F1 F-F2 F-F3 F-I1 F-P1 F-P2 F-P3 F-P4
1
30 30 40
1
30 30 40
2
10 20 30 40
2
10 20 30 40
3
20 30 4 40 6
3
20 30 4 40 6
4
4 20 30 40 6
4
4 20 30 40 6
5
4 20 30 40 6
5
4 20 30 40 6
6
20 30 4 40 6
7
20 30 20 30
8
30 20 4 40 6
9
20 20 30 30
10
30 30 40
11
20 4 40 30 6
12
30 40 30
13
30 30 34 6
14
10 15 10 15 20 27 3
As 5 primeiras massas são repetidas para que se possa avaliar a falta de ajuste do
modelo aos dados experimentais, o ideal para fins estatísticos seria a repetição de todas
as massas, porém este procedimento pode inviabilizar devido ao tempo e aos custos o
experimento proposto.
32
4.1.3 RESULTADO DAS MASSAS PREPARADAS
Devido à baixa quantidade de fração plástica F-P4, presente em algumas massas
destinadas ao estudo da faiança, estas apresentaram problemas na etapa de
conformação. Na Tabela 4.5, são mostradas as respostas referentes à densidade aparente
a seco; deformação piroplástica e resistência mecânica pós-queima a 1120ºC.
Tabela 4.5: Deformação piroplástica, resistência mecânica pós-queima e densidade
aparente a seco para cada um das massas de faiança.
DAP seco Deformação Módulo de Ruptura Pós
Massa (g/cm³) Piroplástica 1120ºC (mm) Queima 1120ºC (kgf/cm
2
)
1
1,710 1,12 68,3
1
1,711 1,11 47,6
2
1,754 * 241,7
2
1,758 2,04 *
3
1,854 5,09 445,7
3
1,829 4,99 541,9
4
1,825 1,37 208,6
4
1,825 1,03 224,4
5
1,827 1,44 217,2
5
1,829 1,11 199,1
6
1,833 1,27 178,5
7
1,685 5,22 459,9
8
1,810 2,91 346,7
9
1,691 0,48 65,4
10
1,793 0,64 53,4
11
1,842 1,55 382,3
12
1,761 1,5 136,8
13
1,799 2,31 225,6
14
1,807 2,36 240,1
* Propriedade não medida devido a problemas na conformação dos corpos-de-prova.
Como pode ser observado, a massa 2 e sua repetição apresentaram as maiores
dificuldades de prensagem, a ponto de não se conseguir todos os corpos-de-prova
necessários para a realização do ensaio de deformação piroplástica e resistência
mecânica pós queima.
33
É importante ressaltar a dificuldade de processamento observada, pois mesmo
que outras propriedades apresentem bons resultados, nesta região experimental esta não
poderá ser utilizada em uma massa.
A avaliação das demais formulações e respostas experimentais foi realizada
utilizando-se a análise estatística.
Nas Tabelas 4.6 e 4.7 são mostrados os dados referentes ao diagrama de
gresificação para cada uma das formulações processadas.
Tabela 4.6:
Resultados de retração linear e absorção de água de cada uma das
formulações queimadas em 4 temperaturas diferentes, para faiança.
Retração linear (%) Absorção de água (%)
Massa 1080ºC 1100ºC 1120ºC 1140ºC 1080ºC 1100ºC 1120ºC 1140ºC
1
0,02 0,34 0,67 1,41 21,25 20,77 19,97 18,74
1
0,02 0,28 0,67 1,35 21,07 21,01 19,53 18,61
2
1,70 2,60 3,47 4,56 18,21 16,54 14,79 12,57
2
1,72 2,68 3,61 4,56 18,40 16,19 14,61 12,73
3
3,79 5,46 6,55 7,43 9,05 5,74 3,75 1,40
3
4,47 6,53 7,53 8,10 8,25 4,69 2,55 0,56
4
1,19 1,74 2,36 3,13 17,32 16,04 15,21 13,28
4
1,09 1,65 2,32 3,11 17,52 16,35 15,60 14,20
5
0,83 1,29 1,78 2,68 16,47 15,61 14,67 12,91
5
0,85 1,29 1,90 2,56 16,30 15,41 14,36 13,02
6
0,22 0,70 1,19 2,07 17,77 16,72 15,95 15,06
7
2,91 4,87 6,75 8,53 15,29 11,73 7,55 3,74
8
2,02 2,86 4,17 6,17 14,66 12,93 10,33 6,64
9
1,98 3,02 4,17 5,02 18,05 15,50 13,64 11,12
10
0,49 0,65 0,89 1,21 20,04 19,63 19,33 18,76
11
3,28 4,61 5,44 6,21 13,10 10,62 9,38 7,47
12
0,75 1,33 2,12 3,52 19,55 18,28 16,85 13,89
13
1,51 2,19 3,28 4,87 15,72 14,42 12,49 9,58
14
1,09 1,73 2,66 3,45 16,23 15,05 13,46 11,49
Em uma avaliação preliminar, pode-se notar que a região experimental escolhida
na etapa de delineamento experimental é coerente com o sistema faiança, uma vez que
na grande maioria das formulações a absorção de água na temperatura de 1120ºC
apresenta valores próximos ou acima de 10% [Emiliani e Corbara, p.645, 2001]. Cabe
relembrar que o sistema em estudo caracteriza-se por apresentar corpo poroso com
34
absorção de água em torno de 10%. Quanto à retração linear, não se tem valor
especificado.
Os valores de densidade aparente pós queima, que são mostrados na Tabela 4.7,
também não são especificados e estes estão ligados diretamente ao valor de absorção de
água. À medida que há a diminuição na absorção de água ocorre uma diminuição na
porosidade e conseqüentemente um aumento da densidade aparente.
Tabela 4.7: Densidade aparente pós-queima para cada uma das formulações nas 4
temperaturas de queima.
Densidade aparente pós-queima
(g/cm³)
Massa 1080ºC 1100ºC 1120ºC 1140ºC
1
1,661 1,676 1,699 1,728
1
1,669 1,673 1,705 1,735
2
1,752 1,815 1,870 1,945
2
1,754 1,821 1,879 1,940
3
2,028 2,152 2,220 2,285
3
2,058 2,194 2,272 2,329
4
1,793 1,831 1,860 1,917
4
1,785 1,823 1,847 1,889
5
1,814 1,842 1,866 1,926
5
1,816 1,845 1,878 1,922
6
1,765 1,796 1,813 1,839
7
1,818 1,930 2,062 2,211
8
1,861 1,912 1,997 2,149
9
1,747 1,821 1,881 1,965
10
1,718 1,730 1,742 1,764
11
1,911 1,992 2,043 2,109
12
1,716 1,749 1,796 1,884
13
1,820 1,858 1,921 2,023
14
1,805 1,839 1,887 1,946
4.1.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Ao conjunto de dados experimentais mostrados nas Tabelas 4.5, 4.6 e 4.7
realizou-se o ajuste de modelos lineares, os quais através de seus coeficientes e demais
dados estatísticos serão aqui avaliados e discutidos. Os dados estatísticos a serem
35
avaliados são: coeficiente de determinação do modelo (R
2
), a significância do modelo,
coeficiente de cada termo, o desvio padrão destes coeficientes e a significância dos
termos.
Na Tabela 4.8, são mostrados os dados referentes ao ajuste do modelo linear a
densidade aparente a seco. Pode-se notar uma alta significância do modelo e um elevado
de R
2
o que indica um bom ajuste do modelo linear aos dados obtidos
experimentalmente, não havendo a necessidade de usar-se modelos mais complexos.
Tabela 4.8: Ajuste do modelo linear a densidade aparente a seco.
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
1,712 0,045 0,0000
F-F2
1,667 0,026 0,0000
F-F3
1,574 0,042 0,0000
F-I1
1,706 0,026 0,0000
F-P1
1,848 0,024 0,0000
F-P2
1,790 0,026 0,0000
F-P3
1,756 0,021 0,0000
F-P4
3,236 0,157 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,950
Avaliando-se cada um dos termos que compõem o modelo, nota-se que todos os
termos apresentam significância, isto é, alterações na quantidade de qualquer uma das
matérias-primas na formulação irão alterar de forma significativa o valor da densidade
aparente a seco.
Na avaliação dos coeficientes, quanto maior for seu valor, maior será a
influência da matéria-prima sobre a propriedade avaliada. Pode-se observar que as
matérias-primas plásticas são as que apresentam maiores coeficientes, indicando que a
presença das mesmas em formulações aumenta o empacotamento e a densidade a seco.
Deve-se destacar a alta influência da matéria-prima F-P4 que, devido à sua plasticidade
extremamente elevada, apresenta um coeficiente também elevado. Quanto às matérias-
primas fundentes, estas apresentam os menores coeficientes de densidade aparente a
seco, devido à sua origem predominantemente rochosa. O quartzo, F-I1, na
caracterização das matérias-primas foi o material que apresentou menor valor de
densidade aparente a seco, já na avaliação em mistura, o material apresenta um valor
intermediário, indicando que seu comportamento não é aditivo, provavelmente devido a
36
interação entre as matérias-primas na mistura. Se o comportamento fosse aditivo, a
matéria-prima com menor valor na caracterização individual deveria também apresentar
o menor valor de coeficiente na mistura.
A seguir serão mostrados e discutidos os ajustes realizados em propriedades pós-
queima. Nas Tabelas 4.9 a 4.12 são mostrados os ajustes realizados para absorção de
água nas temperaturas de 1080ºC, 1100ºC, 1120ºC e 1140ºC respectivamente. Devido à
queima ser realizada em temperaturas relativamente baixas com formação de pequena
quantidade de fase líquida, o ajuste do modelo linear a propriedades pós-queima
continua sendo bom.
Tabela 4.9: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1080ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
-0,74 2,20 0,7437
F-F2
11,60 1,25 0,0000
F-F3
21,23 2,05 0,0000
F-I1
25,59 1,26 0,0000
F-P1
16,88 1,18 0,0000
F-P2
19,34 1,29 0,0000
F-P3
26,22 1,02 0,0000
F-P4
-36,94 7,65 0,0009
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,971
Tabela 4.10: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1100ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
-10,67 2,38 0,0015
F-F2
8,17 1,35 0,0002
F-F3
18,36 2,22 0,0000
F-I1
27,36 1,37 0,0000
F-P1
15,64 1,28 0,0000
F-P2
17,90 1,40 0,0000
F-P3
26,84 1,11 0,0000
F-P4
-36,29 8,29 0,0018
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,979
37
Tabela 4.11: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1120ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
-15,67 2,56 0,0002
F-F2
2,86 1,45 0,0801
F-F3
12,77 2,39 0,0005
F-I1
27,66 1,47 0,0000
F-P1
16,03 1,38 0,0000
F-P2
17,13 1,50 0,0000
F-P3
27,15 1,19 0,0000
F-P4
-33,13 8,89 0,0047
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,980
Tabela 4.12: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1140ºC).
TERMO COEFICIENTES DESVIO-PADRÃO P
F-F1
-18,53 2,37 0,0000
F-F2
-2,62 1,34 0,0834
F-F3
6,22 2,21 0,0202
F-I1
28,61 1,36 0,0000
F-P1
15,29 1,27 0,0000
F-P2
14,55 1,39 0,0000
F-P3
26,77 1,10 0,0000
F-P4
-33,36 8,23 0,0029
Significância do modelo (P) : 0,0000
R
2
do modelo : 0,986
Em outras tipologias, conforme será analisado, à medida que a temperatura de
queima aumenta, o ajuste e a capacidade preditiva do modelo diminui. Nesta tipologia,
nas quatro temperaturas testadas o modelo apresenta bom ajuste com alta significância e
R
2
próximo a 1. Observa-se que a matéria-prima que mais contribui na diminuição da
absorção de água, principalmente em baixas temperaturas é a F-P4. Esta apresenta nas
quatro temperaturas coeficiente negativo. O material F-F1 que é fundente também
contribui para a diminuição da absorção de água, pouco a 1080ºC onde seu coeficiente e
próximo a zero À medida que a temperatura aumenta, provavelmente devido à formação
de fase líquida ricas em lítio, seu coeficiente apresenta valor negativo elevado.
Praticamente não se observa modificação nos coeficientes das demais matérias-primas,
38
à medida que a temperatura aumenta indicando serem estas bastante estáveis, sem
formações de fases líquidas em quantidade significativa.
Nas Tabelas 4.13 a 4.16, são mostrados os modelos ajustados para retração
linear pós queima, das formulações queimadas a 1080ºC, 1100ºC, 1120ºC e 1140ºC,
respectivamente. Observações feitas para o ajuste dos modelos da absorção de água
valem para a retração linear de queima. Os modelos ajustados nas quatro temperaturas
apresentam elevada significância e capacidade preditiva. O valor do R
2
é próximo a 1
nas quatro temperaturas avaliadas e o P do modelo apresenta valores abaixo de 0,05.
Tabela 4.13: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1080ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
9,64 1,25 0,0000
F-F2
3,74 0,71 0,0005
F-F3
1,17 1,17 0,3409
F-I1
-2,86 0,72 0,0032
F-P1
1,62 0,67 0,0393
F-P2
2,13 0,73 0,0174
F-P3
-1,41 0,58 0,0385
F-P4
6,42 4,35 0,1738
Significância do modelo (P) : 0,0001
R
2
do modelo : 0,931
Tabela 4.14: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1100ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
14,71 1,69 0,0000
F-F2
5,83 0,96 0,0002
F-F3
2,33 1,58 0,1728
F-I1
-3,75 0,97 0,0038
F-P1
2,16 0,91 0,0413
F-P2
2,62 0,99 0,0266
F-P3
-1,72 0,78 0,0560
F-P4
6,80 5,87 0,2770
Significância do modelo (P) : 0,0001
R
2
do modelo : 0,938
39
Tabela 4.15: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1120ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
17,29 1,64 0,0000
F-F2
7,94 0,93 0,0000
F-F3
5,10 1,53 0,0088
F-I1
-4,10 0,94 0,0019
F-P1
2,22 0,88 0,0333
F-P2
3,42 0,96 0,0062
F-P3
-1,73 0,76 0,0497
F-P4
6,47 5,71 0,2865
Significância do modelo (P) : 0,0000
R
2
do modelo : 0,957
Tabela 4.16: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1140ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
17,38 1,44 0,0000
F-F2
10,57 0,82 0,0000
F-F3
8,01 1,35 0,0002
F-I1
-4,08 0,83 0,0008
F-P1
2,04 0,78 0,0278
F-P2
4,52 0,85 0,0005
F-P3
-1,22 0,67 0,1017
F-P4
9,53 5,02 0,0902
Significância do modelo (P) : 0,0000
R
2
do modelo : 0,971
Pode-se observar que os materiais F-F1 e F-P4, que apresentavam coeficientes
negativos mais elevados na absorção de água, apresentam valores de coeficientes
positivos elevados para a retração linear. Isto indica que estes materiais causam na peça
alta retração linear durante a queima. O F-I1, por ser inerte, praticamente não retrai
durante a queima apresentando assim valor negativo para a retração linear. Além do F-
I1 o material F-P3 também apresenta coeficiente negativo indicando que o mesmo reduz
a retração linear de queima nesta condição de trabalho. Estes materiais, tanto em
mistura como individualmente, apresentam propriedades semelhantes, como pode ser
observado na Tabela 4.2. Este comportamento deve-se à grande estabilidade dos dois,
causada pela ausência de óxidos alcalinos em suas composições químicas.
40
A última propriedade do diagrama de gresificação a ter o modelo linear ajustado
aos dados experimentais é a densidade aparente pós queima. O ajuste do modelo para
esta propriedade, nas temperaturas de 1080ºC, 1100ºC, 1120ºC e 1140ºC, é mostrado
nas Tabelas 4.17 a 4.20, respectivamente.
Nas quatro temperaturas analisadas, o modelo linear ajustou-se de maneira
adequada apresentando o modelo alta significância com P do modelo abaixo de 0,05 e
alta capacidade preditiva, com valor de R
2
próximo a 1.
Tabela 4.17:
Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1080ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
2,276 0,072 0,0000
F-F2
1,924 0,041 0,0000
F-F3
1,631 0,068 0,0000
F-I1
1,528 0,042 0,0000
F-P1
1,827 0,039 0,0000
F-P2
1,739 0,043 0,0000
F-P3
1,526 0,034 0,0000
F-P4
3,468 0,252 0,0000
Significância do modelo (P) : 0,0000
R
2
do modelo : 0,965
Tabela 4.18: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1100ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
2,622 0,091 0,0000
F-F2
2,044 0,051 0,0000
F-F3
1,691 0,085 0,0000
F-I1
1,466 0,052 0,0000
F-P1
1,875 0,049 0,0000
F-P2
1,770 0,053 0,0000
F-P3
1,492 0,042 0,0000
F-P4
3,522 0,315 0,0000
Significância do modelo (P) : 0,0000
R
2
do modelo : 0,969
41
Tabela 4.19: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1120ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
2,797 0,095 0,000
F-F2
2,212 0,054 0,000
F-F3
1,859 0,088 0,000
F-I1
1,433 0,054 0,000
F-P1
1,874 0,051 0,000
F-P2
1,813 0,056 0,000
F-P3
1,476 0,044 0,000
F-P4
3,435 0,329 0,000
Significância do modelo (P) : 0,0000
R
2
do modelo : 0,973
Tabela 4.20: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1140ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
2,880 0,081 0,0000
F-F2
2,412 0,046 0,0000
F-F3
2,139 0,076 0,0000
F-I1
1,388 0,047 0,0000
F-P1
1,870 0,044 0,0000
F-P2
1,919 0,048 0,0000
F-P3
1,476 0,038 0,0000
F-P4
3,448 0,282 0,0000
Significância do modelo (P) : 0,0000
R
2
do modelo : 0,985
As matérias-primas com maiores coeficientes são as que apresentam maior
densificação durante a queima. Como se pode observar, F-P4 e F-F1 são os materiais
com maior densificação, devido provavelmente à sua alta fundência. Os materiais que
apresentam menor densificação durante a queima são F-I3 e F-P3. Esta avaliação condiz
com o comportamento do material analisado individualmente.
O ajuste realizado para a deformação piroplástica queimada a 1120ºC é
mostrado na Tabela 4.21. O ajuste do modelo é um pouco inferior ao da densidade
aparente a seco. Isto se deve à grande complexidade de reações que estão envolvidas no
processo de deformação piroplástica. À medida que se aumenta a complexidade das
reações, mais difícil se torna o ajuste do modelo linear aos dados experimentais. Esta
diminuição de ajuste pode-se notar pelo valor do R
2
que se afasta de 1.
42
Tabela 4.21: Ajuste do modelo linear a deformação piroplástica.
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
8,66 1,90 0,0014
F-F2
7,87 1,08 0,0000
F-F3
2,50 1,77 0,1923
F-I1
-1,70 1,09 0,1543
F-P1
1,20 1,02 0,2721
F-P2
-0,68 1,11 0,5575
F-P3
-1,47 0,88 0,1310
F-P4
8,70 6,60 0,2202
Significância do modelo (P): 0,0014
R
2
do modelo: 0,883
A avaliação de cada um dos termos mostra muitos termos não significantes com
valor de P maior que 0,05. Este fato também se deve à complexidade das reações. As
duas matérias-primas que apresentam significância são o F-F1 e F-F2, materiais
fundentes que formam grande quantidade de fase líquida, aumentando assim a
deformação dos corpos-de-prova. Os demais materiais, principalmente os plásticos,
apesar de não serem significantes, apresentam uma tendência a reduzirem a deformação
do corpo-de-prova. Isto se deve provavelmente à pequena fundência e grande
quantidade de fases cristalinas mesmo em altas temperaturas, o que impede a
deformação. O material F-P4 por suas características bastante peculiares, com alta
plasticidade e alta fundência, apresenta grandes variações de comportamento
aumentando significativamente a deformação.
O modelo ajustado para resistência mecânica pós-queima é mostrado na Tabela
4.22. Observa-se um bom ajuste do modelo aos dados experimentais e uma alta
capacidade preditiva do modelo devido ao valor de R
2
ser próximo a 1.
Na avaliação dos termos que compõem o modelo observa-se a presença de termos não
significativos, com P maior que 0,05. Entre os termos que apresentam significância o de
maior influência positiva sobre a resistência é o F-P4 muito provavelmente devido a
grande quantidade de fase líquida que o mesmo forma durante a queima, outro material
que também é bastante fundente e com alta influência sobre a resistência é o F-F1.
43
Tabela 4.22: Ajuste do modelo linear a resistência mecânica pós queima.
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
F-F1
862,2 168,6 0,0006
F-F2
533,5 95,7 0,0003
F-F3
251,8 157,4 0,1441
F-I1
-290,2 96,9 0,0151
F-P1
135,4 90,8 0,1700
F-P2
93,8 99,0 0,3679
F-P3
-42,9 78,4 0,5975
F-P4
2123,6 586,5 0,0056
Significância do modelo (P) : 0,0007
R
2
do modelo : 0,901
O material inerte F-I1 devido a sua estabilidade mesmo em altas temperaturas
apresenta coeficiente negativo elevado indicando que o mesmo diminui a resistência
nestas condições de processamento.
Pode-se afirmar que, em todas as propriedades estudadas, o modelo linear
apresentou um bom ajuste para esta tipologia. Além do bom ajuste, observa-se alta
capacidade preditiva do modelo, pelo alto valor de R
2
. Como etapa da avaliação do
modelo, alguns experimentos de verificação foram propostos e serão a seguir avaliados.
4.1.4 EXPERIMENTOS DE VERIFICAÇÃO
Como experimento de verificação da capacidade preditiva do modelo linear
ajustado aos dados experimentais, duas formulações foram propostas. Estas se
encontram dentro da região delimitada na etapa de planejamento do experimento.
Os parâmetros utilizados no processamento destas formulações foram os
mesmos utilizados no processamento das formulações utilizadas no ajuste experimental.
Na Tabela 4.23 são mostradas as duas formulações utilizadas na verificação do
experimento. As propriedades destas formulações foram previstas utilizando-se os
modelos ajustados e medidas experimentalmente. Realizou-se uma comparação entre o
previsto e o medido, quanto mais próximos forem estes valores, melhor é a capacidade
preditiva dos modelos utilizados.
44
Tabela 4.23: Formulações para verificação da capacidade preditiva do modelo linear
para faiança.
Percentual em massa (%)
Matéria-prima F-V1 F-V2
F-F1
10 10
F-F2
15 15
F-F3
12 7
F-I1
F-P1
32,5 30
F-P2
F-P3
28 35
F-P4
2,5 3
Na Tabela 4.24 são mostrados para a formulação F-V1 os valores previstos pelos
modelos, os medidos experimentalmente e a variação entre eles, que é a diferença entre
o valor medido e o previsto (previsto – medido). Não se apresenta esta diferença em
forma percentual, pois em algumas propriedades que serão avaliadas adiante, o valor do
previsto ou do medido é igual a zero.
Tabela 4.24: Comparação entre valores previstos e medidos para formulação F-V1.
Propriedade Previsto Medido Variação
Densidade aparente a seco (g/cm
3
)
1,783 1,813 0,030
Absorção de água 1080ºC (%)
16,11 16,34 0,23
Absorção de água 1100ºC (%)
14,05 14,59 0,54
Absorção de água 1120ºC (%)
12,38 12,66 0,28
Absorção de água 1140ºC (%)
10,13 11,05 0,92
Retração linear de queima 1080ºC (%)
1,960 1,430 -0,53
Retração linear de queima 1100ºC (%)
3,020 2,200 -0,82
Retração linear de queima 1120ºC (%)
3,93 3,07 -0,86
Retração linear de queima 1140ºC (%)
4,84 3,89 -0,95
Densidade aparente pós-queima 1080ºC (g/cm
3
)
1,820 1,805 -0,015
Densidade aparente pós-queima 1100ºC (g/cm
3
)
1,887 1,856 -0,031
Densidade aparente pós-queima 1120ºC (g/cm
3
)
1,943 1,917 -0,026
Densidade aparente pós-queima 1140ºC (g/cm
3
)
2,010 1,965 -0,045
Deformação piroplástica (mm)
2,54 2,30 0,24
Resistência mecânica pós-queima (kgf/cm
2
)
273,2 233,0 -40,190
45
Pode-se observar uma grande proximidade entre os valores medidos e previstos,
confirmando a boa capacidade preditiva dos modelos testada através do R
2
dos mesmos.
As propriedades com maior variação foram a deformação piroplástica e a resistência
mecânica a flexão, justamente as que apresentaram menores valores de R
2
, 0,883 e
0,901, respectivamente.
Na Tabela 4.25 são mostrados os resultados de verificação para a formulação F-
V2.
Tabela 4.25:
Comparação entre valores previstos e medidos para formulação F-V2.
Propriedade Previsto Medido Variação
Densidade aparente a seco (g/cm
3
) 1,797 1,818 0,021
Absorção de água 1080ºC (%) 16,28 16,31 0,03
Absorção de água 1100ºC (%) 14,44 14,75 0,31
Absorção de água 1120ºC (%) 13,07 12,75 -0,32
Absorção de água 1140ºC (%) 11,15 11,50 0,35
Retração linear de queima 1080ºC (%) 1,79 1,51 -0,28
Retração linear de queima 1100ºC (%) 2,76 2,26 -0,50
Retração linear de queima 1120ºC (%) 3,53 3,15 -0,38
Retração linear de queima 1140ºC (%) 4,35 3,85 -0,50
Densidade aparente pós-queima 1080ºC (g/cm
3
) 1,817 1,805 -0,012
Densidade aparente pós-queima 1100ºC (g/cm
3
) 1,878 1,853 -0,025
Densidade aparente pós-queima 1120ºC (g/cm
3
) 1,924 1,909 -0,015
Densidade aparente pós-queima 1140ºC (g/cm
3
) 1,980 1,949 -0,031
Deformação piroplástica (mm) 2,33 2,48 -0,15
Resistência mecânica pós-queima (kgf/cm
2
) 281,6 240,9 -40,650
Observa-se uma variação menor desta formulação (F-V2) em relação a F-V1 e,
da mesma maneira que na formulação anterior, as propriedades de maior variação foram
a deformação piroplástica e a resistência mecânica a flexão.
A partir dos dados analisados para esta tipologia, o modelo linear apresenta-se
suficiente para prever variações de propriedades em função de variações nos percentuais
de matérias-primas que compõem estas formulações.
46
4.2 GRÊS
4.2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS
Como primeira etapa para o delineamento experimental da tipologia grês,
realizou-se a caracterização química e física das matérias-primas que compõem a
tipologia. A partir da caracterização, determinou-se o espaço experimental, os limites de
cada componente no estudo.
Na Tabela 4.26 é apresentada a análise química das matérias-primas expressa em
percentual de óxidos.
Tabela 4.26: Composição química das matérias-primas para grês.
Composição expressa em óxidos (%) Matéria-
prima
SiO
2
Al
2
O
3
TiO
2
Fe
2
O
3
MnO MgO CaO Na
2
OK
2
O P
2
O
5
Perda
ao
fogo*
G-F1
72,52 16,33 0,12 0,93 0,01 0,03 0,42 8,11 0,51 0,01 1,00
G-F2
55,87 9,29 0,26 3,17 0,09 17,55 6,29 0,87 0,74 0,14 5,77
G-F3
59,49 26,81 0,82 0,69 0,01 0,63 0,03 0,34 6,21 0,04 4,05
G-F4
73,36 14,93 0,82 1,51 0,01 1,36 0,01 0,08 4,7 0,02 3,19
G-F5
73,83 0,99 0,07 0,8 0,12 20,08 0,13 0,01 0,03 0,02 3,94
G-P1
65,63 23,07 0,29 0,95 0,01 0,1 0,01 0,08 1,09 0,03 8,74
G-P2
65,66 20,49 1,07 2,39 0,01 0,71 0,12 0,18 1,81 0,16 7,4
G-P3
67,15 18,16 1,12 2,45 0,03 0,89 0,1 0,13 3,45 0,10 5,81
G-P4
52,23 30,86 0,15 1,15 0,07 1,23 0,8 0,91 1,71 0,01 10,86
* 1000ºC, 5 minutos.
Como no grês necessita-se de peças com baixa absorção de água (0,5% a 3,0%),
queimadas em baixas temperaturas, optou-se pela utilização de materiais aditivos que
em mistura com feldspatos atuam como fundentes bastante energéticos. Estas matérias-
primas G-F2 e G-F5, como pode ser visualizado em suas análises químicas, possuem
quantidades significativas de óxido de magnésio. Na presença de óxidos alcalinos como
o de sódio e o de potássio, há a formação de eutéticos, formando fase líquida a baixas
temperaturas. Outra característica que pode ser notada é o alto teor de ferro das
47
matérias-primas de grês em relação às utilizadas em faiança, isto faz com que sejam
obtidas pós-queima massas de cor mais escura que as de faiança.
As nove matérias-primas listadas anteriormente foram caracterizadas segundo
parâmetros específicos para grês e suas propriedades são listadas na Tabela 4.27.
Tabela 4.27: Caracterização física das matérias-primas destinadas ao grês.
Propriedades a
cru Queima 1150ºC Queima 1180ºC
Matéria-
prima
Dap
seco
(g/cm
3
)
RMF seco
(kgf/cm
2
)
Dap
(g/cm
3
)
Retração
Linear
(%)
Absorção
de água
(%)
Dap
(g/cm
3
)
Retração
Linear
(%)
Absorção
de água
(%)
G-F1
1,733 * 1,760 2,96 17,87 1,858 2,57 14,39
G-F2
2,067 * 2,178 2,85 9,28 2,421 5,45 0,88
G-F3
1,735 * 1,616 -1,01 23,19 1,676 -0,34 20,92
G-F4
1,858 * 2,084 3,74 8,58 2,165 4,97 6,35
G-F5
1,830 * 1,847 1,32 18,34 1,858 1,50 18,12
G-P1
1,875 17,5 1,770 0,50 18,95 1,788 0,79 18,33
G-P2
1,834 22,5 2,077 5,99 9,59 2,212 7,79 6,03
G-P3
1,892 24,5 2,130 5,46 8,19 2,221 6,83 5,94
G-P4
1,866 26,5 1,952 5,25 10,91 2,092 7,26 7,54
* Foi impossível conformar corpos-de-prova sem aditivo ligante.
Pode-se observar na caracterização física a presença predominante de materiais
de baixa fundência quando avaliados individualmente. O material que se apresenta mais
fundente é o G-F2 com absorção de água próxima a zero na temperatura de 1180ºC.
Esta baixa absorção de água deve-se à presença de óxido de magnésio combinado a
óxido de cálcio em sua composição química. Entre as matérias-primas plásticas, nota-se
que a G-P4 apresenta maior resistência mecânica à flexão a seco, indicando ser
provavelmente o material mais plástico e que apresenta traços de montmorilonita. A
perda ao fogo deste material também é elevada devido à presença de certa quantidade de
matéria orgânica, o que também aumenta a plasticidade do material.
48
4.2.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL
Baseando-se na caracterização das matérias-primas e nas propriedades que a
massa de grês deve apresentar, realizou-se a determinação do espaço experimental a ser
estudado.
Determinaram-se quais as quantidades mínimas e máximas de cada matéria-
prima podem fazer parte de uma massa para grês. Na Tabela 4.28 são mostrados os
limites de trabalho para cada matéria-prima.
Tabela 4.28: Região de trabalho para grês.
Limite (%)
Matéria-prima Mínimo Máximo
G-F1
10 30
G-F2
0 15
G-F3
0 20
G-F4
0 30
G-F5
0 10
G-P1
0 20
G-P2
5 20
G-P3
10 30
G-P4
7 20
Por ser o material G-F1 feldspato, fonte de sódio que se combina com G-F2 e G-
F5, determinou-se que o mesmo deveria estar presente em todas as formulações
estudadas em no mínimo 10% e no máximo 30% a fim de evitar-se problemas de
deformação piroplástica. Os materiais aditivos de fundência G-F2 e G-F5 devem ser
utilizados em pequenas quantidades, uma vez que podem dificultar a desgaseificação da
massa e também causar deformação piroplástica. Os dois materiais G-F3 e G-F4 têm
características semelhantes. O G-F3 foi utilizado em menor quantidade devido à sua alta
refratariedade. Se usado em maior quantidade, o mesmo pode dificultar que a absorção
requerida seja atingida.
Entre as matérias-primas plásticas, o caulim G-P1 foi variado de 0 a 20%, a fim
de estudar-se a influência do mesmo na deformação piroplástica da massa. Além disso,
é uma matéria-prima refratária que também pode diminuir a fundência da massa.
Quanto às argilas, a G-P2 apresenta grande quantidade de matéria orgânica, que
dificulta a desgaseificação da massa; por isso, seu limite máximo foi de 20%. A G-P4
49
apresenta limite máximo de 20%, devido à problemas reológicos observados durante a
caracterização.
Determinados a região de trabalho e o modelo o qual irá ser ajustado aos dados
experimentais (linear), realizou-se o delineamento experimental que é mostrado na
Tabela 4.29.
No delineamento experimental, com o objetivo de avaliar-se o erro experimental
e a falta de ajuste do modelo aos dados experimentais, 4 massas foram repetidas. As
massas aqui são mostradas em seqüência, mas foram processadas de forma aleatória.
Tabela 4.29: Delineamento experimental para grês.
Composição das massas expressa em percentual em massa de matéria-
prima (%)
Massas G-F1 G-F2 G-F3 G-F4 G-F5 G-P1 G-P2 G-P3 G-P4
1
28 30 20 5 10 7
1
28 30 20 5 10 7
2
30 20 20 10 20
2
30 20 20 10 20
3
10 15 20 5 30 20
4
30 3 10 20 30 7
4
30 3 10 20 30 7
5
10 20 10 20 20 13 7
5
10 20 10 20 20 13 7
6
15 15 20 10 18 5 10 7
7
25 30 10 5 10 20
8
10 10 10 15 5 30 20
9
10 30 20 20 10 10
10
15 15 20 20 10 20
11
30 8 20 5 30 7
12
10 15 8 10 20 30 7
13
10 15 20 10 10 5 10 20
14
30 10 20 10 10 20
As cinco primeiras massas foram repetidas a fim de avaliar-se o ajuste dos dados
experimentais. Todas poderiam ser repetidas, porém, o número de experimentos a serem
realizados seria muito grande.
50
4.2.3 RESULTADO DAS MASSAS PROCESSADAS
Devido à quantidade de materiais plásticos presentes, não se observaram
problemas na conformação dos corpos-de-prova para o grês. Os resultados medidos em
cada massa serão mostrados e discutidos a seguir.
Na Tabela 4.30, são mostradas as respostas referentes à densidade aparente a
seco, resistência mecânica à flexão a seco e deformação piroplástica, após queima a
1180ºC.
Avaliou-se a resistência mecânica a seco, pois normalmente peças de grês estão
muito sujeitas a quebras na linha produtiva antes da queima.
Tabela 4.30: Deformação piroplástica, resistência mecânica pós-queima e densidade
aparente a seco para cada um das massas de grês processadas.
DAP seco RMF seco Deformação
Massa (g/cm³) (kgf/cm
2
) Piroplástica 1180ºC (mm)
1
1,915 27,58 3,73
1
1,941 27,32 3,65
2
1,972 60,69 3,82
2
1,992 48,57 3,55
3
1,991 50,45 3,16
4
1,986 45,77 5,94
4
1,983 41,00 5,53
5
1,953 46,09 3,68
5
1,956 45,25 3,00
6
1,950 36,06 6,75
7
1,975 35,29 7,21
8
2,001 43,60 4,87
9
1,981 43,73 1,98
10
1,998 47,25 3,02
11
1,951 38,98 2,60
12
2,003 40,00 6,66
13
1,995 50,37 8,15
14
2,014 49,94 4,04
Observa-se nas massas repetidas para densidade aparente a seco e deformação
piroplástica uma boa repetitibilidade nos resultados. Para a resistência mecânica a seco
a repetitibilidade não é tão boa, devido possivelmente à presença de grande quantidade
de defeito nas massas (trincas e poros principalmente).
51
É complicado avaliar-se o experimento sem análise estatística, porém alguns
indícios do comportamento das matérias-primas podem ser levantados. Nas massas com
pequenas quantidades de matérias-primas plásticas, massa 1, nota-se um baixo valor na
resistência mecânica a flexão a seco, indicando ser esta propriedade bastante
influenciada pelos materiais plásticos. Quanto à deformação piroplástica, nota-se que,
nas massas onde estão presentes os aditivos fundentes G-F2 e G-F5, o valor da
deformação piroplástica é elevado (massas 6, 7, 12 e 13, principalmente). Este
comportamento deve-se provavelmente à formação de fase líquida de baixa viscosidade
durante a queima.
No diagrama de gresificação, três propriedades foram medidas em quatro
temperaturas distintas. As propriedades medidas foram retração linear de queima,
absorção de água e densidade aparente pós queima.
Tabela 4.31: Resultados de retração linear e absorção de água para as massas de grês.
Retração linear (%) Absorção de água (%)
Massa 1150ºC 1165ºC 1180ºC 1195ºC 1150ºC 1165ºC 1180ºC 1195ºC
1
3,38 4,69 5,20 6,27 8,83 6,35 5,44 3,57
1
3,06 4,27 5,16 5,80 8,76 6,74 5,12 3,94
2
3,12 4,40 5,49 5,97 7,65 5,37 3,30 2,03
2
2,91 4,08 4,98 5,75 7,61 5,51 3,61 2,07
3
4,48 5,77 6,49 6,91 6,69 4,74 2,58 2,02
4
4,68 5,97 6,61 7,08 4,80 1,90 0,45 0,04
4
4,73 6,25 6,82 6,92 4,71 2,16 0,94 0,09
5
3,18 4,51 5,28 6,24 8,75 6,39 4,71 2,82
5
3,06 4,23 5,13 5,98 9,10 6,90 5,79 3,71
6
3,73 5,06 6,16 7,05 7,48 5,00 2,91 0,50
7
4,57 6,10 6,76 6,56 4,36 1,44 0,22 0,09
8
3,72 4,71 5,51 6,25 6,77 5,08 3,02 2,01
9
3,94 4,89 5,49 5,95 7,23 5,68 4,52 3,56
10
4,18 5,24 6,09 6,69 7,01 4,76 3,12 1,87
11
2,64 3,62 4,57 5,27 9,56 7,94 6,22 5,05
12
5,67 6,68 7,44 7,26 3,71 1,27 0,09 0,00
13
4,45 5,71 6,56 6,36 4,59 1,74 0,18 0,09
14
3,78 4,98 6,01 6,81 6,14 4,17 2,09 0,36
Na Tabela 4.31 são mostrados os valores medidos experimentalmente de
retração linear e absorção de água para cada uma das massas processadas.
52
Pode-se notar a evolução da eliminação de poros da massa em função da
temperatura de queima. Para todas as massas de grês processadas, o aumento da
temperatura de queima resultou em uma redução na absorção de água, indicando uma
redução da porosidade da massa. Aparentemente, esta diminuição na absorção de água
acontece mais rápido em massas onde os aditivos fundentes G-F2 e G-F5 estão
presentes (massas 12 e 13). A correta relação entre os aditivos e a diminuição da
porosidade será conseguida através da análise estatística dos resultados. A maioria das
massas possui características de absorção de água de grês com absorção entre 0,5% e
3,0%, indicando que o espaço amostral e os parâmetros de processamento escolhidos
estão adequados. Pode-se notar também boa repetitibilidade nos experimentos repetidos.
Os valores de densidade aparente após queima, medidos experimentalmente, são
mostrados na Tabela 4.32.
Tabela 4.32: Resultados densidade aparente pós-queima para as massas de grês.
Densidade aparente pós-queima
(g/cm³)
Massa 1150ºC 1165ºC 1180ºC 1195ºC
1
2,078 2,165 2,204 2,277
1
2,081 2,154 2,218 2,265
2
2,124 2,206 2,274 2,321
2
2,122 2,202 2,266 2,326
3
2,187 2,263 2,331 2,374
4
2,242 2,341 2,391 2,397
4
2,241 2,336 2,390 2,396
5
2,091 2,175 2,239 2,312
5
2,080 2,161 2,202 2,286
6
2,155 2,247 2,333 2,407
7
2,254 2,357 2,398 2,375
8
2,169 2,234 2,300 2,253
9
2,144 2,200 2,245 2,279
10
2,178 2,258 2,316 2,365
11
2,053 2,110 2,172 2,219
12
2,298 2,384 2,428 2,401
13
2,264 2,359 2,417 2,389
14
2,193 2,268 2,347 2,403
Nas massas 7, 8, 12 e 13, nota-se que entre as temperaturas de 1180ºC e 1195ºC
há uma redução na densidade da massa, provocada pelo excesso de queima das mesmas.
53
Esta sobrequeima favorece a expansão dos poros fechados da massa devido à expansão
de gases presentes no interior destes poros. Em muitos casos, este excesso de queima
dificulta o ajuste experimental fazendo com que o R
2
dos modelos nestas condições seja
baixo.
4.2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Depois de realizadas as medidas experimentais e feita uma avaliação prévia,
realizou-se o ajuste do modelo linear a cada uma das propriedades medidas. Os modelos
ajustados e os parâmetros que indicam a qualidade do ajuste serão discutidos a seguir.
Na Tabela 4.33, é mostrado o modelo linear ajustado para densidade aparente a
seco, bem como valores estatísticos utilizados na avaliação do ajuste do modelo aos
dados.
Tabela 4.33: Ajuste do modelo linear a densidade aparente a seco.
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
1,926 0,027 0,0000
G-F2
1,969 0,039 0,0000
G-F3
1,892 0,029 0,0000
G-F4
1,927 0,021 0,0000
G-F5
2,060 0,048 0,0000
G-P1
1,945 0,022 0,0000
G-P2
2,040 0,030 0,0000
G-P3
1,981 0,028 0,0000
G-P4
2,138 0,036 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0107
R
2
do modelo: 0,855
A partir da avaliação da significância do modelo e do R
2
, pode-se concluir que o
modelo linear se ajustou adequadamente aos dados experimentais e possui boa
capacidade preditiva. O modelo linear apresentou melhor ajuste a esta propriedade na
amostra com R
2
mais elevado. Ao avaliar-se a influência de cada matéria-prima nota-se
que todas se apresentam significantes, isto é, alterações no percentual de qualquer
matéria-prima irá influenciar no valor da densidade aparente a seco da massa. O
material com maior coeficiente e logo o que mais influencia o aumento a densidade é o
54
G-P4, material argiloso que possui traços de montmorilonita em sua composição. O
material que mais influencia a redução da densidade aparente a seco é G-F3, material
rochoso de baixo empacotamento. Pode-se notar que há interação entre as matérias-
primas já nesta propriedade. O material G-P4, quando caracterizado individualmente,
apresenta valores medianos de densificação, já em mistura é o que tem maior
coeficiente. Para os demais materiais, o comportamento em mistura é semelhante ao
comportamento individual, para esta propriedade.
Outra propriedade a cru analisada no grês foi a resistência mecânica à flexão a
seco. O modelo linear ajustado a esta propriedade é mostrado na Tabela 4.34.
Tabela 4.34: Ajuste do modelo linear a resistência mecânica a flexão a seco.
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
32,21 9,91 0,0117
G-F2
33,83 14,64 0,0496
G-F3
47,44 10,81 0,0023
G-F4
22,58 7,65 0,0184
G-F5
28,99 17,84 0,1429
G-P1
35,56 8,12 0,0023
G-P2
68,18 11,23 0,0003
G-P3
42,45 10,38 0,0035
G-P4
87,23 13,46 0,0002
Significância do modelo (P): 0,0283
R
2
do modelo: 0,619
Avaliando-se o ajuste do modelo linear para resistência mecânica a seco, nota-se
um valor de R
2
bastante baixo, indicando baixa capacidade preditiva do modelo. Não se
observou falta de ajuste e o modelo é significante, porém há a necessidade de trabalhar-
se com regiões experimentais mais bem definidas ou utilizar modelos mais complexos
para que se possa conseguir boas previsões. Em relação às matérias-primas, a única que
não apresenta significância é a G-F5. Não se pode estimar com certeza como
modificações no percentual deste material irão modificar o valor da resistência
mecânica a seco.
Pode-se observar que os maiores coeficientes para esta propriedade são dos
materiais argilosos. A presença destes nas massas aumenta a resistência mecânica a seco
dos corpos-de-prova. Entre os materiais plásticos, o que apresenta maior destaque é o
55
G-P4, com maior valor de coeficiente; logo, com maior influencia sobre a propriedade
em estudo.
Às três propriedades medidas no diagrama de gresificação, ajustou-se o modelo
linear que será mostrado e discutido a seguir.
Nas Tabelas de 4.35 a 4.38 são mostrados os ajustes do modelo linear a absorção
de água de corpos-de-prova queimados a 1150ºC, 1165ºC, 1180ºC e 1190ºC.
Avaliando-se o ajuste do modelo, nota-se grande significância associada à alta
capacidade preditiva, valores de R
2
próximo a 1. Na maior temperatura de queima, nota-
se uma redução no valor do R
2
. Esta redução deve-se a um aumento da complexidade
das reações durante a queima. Em altas temperaturas ,a quantidade de fase líquida
formada é grande, havendo também grande número de interações entre as matérias-
primas. Provavelmente, queimas em maiores temperaturas resultariam em modelos com
R
2
ainda menores e, possivelmente, necessidade da utilização de modelos mais
complexos ou regiões experimentais mais restritas.
Tabela 4.35: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1150ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
7,47 0,77 0,0000
G-F2
12,83 0,84 0,0000
G-F3
12,83 0,84 0,0000
G-F4
5,82 0,59 0,0000
G-F5
-4,28 1,39 0,0150
G-P1
13,73 0,63 0,0000
G-P2
5,37 0,87 0,0003
G-P3
6,38 0,81 0,0000
G-P4
2,45 1,05 0,0471
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,975
56
Tabela 4.36: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1165ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
4,16 0,69 0,0003
G-F2
-2,47 1,02 0,0408
G-F3
10,90 0,75 0,0000
G-F4
3,29 0,53 0,0003
G-F5
-8,85 1,24 0,0001
G-P1
13,13 0,56 0,0000
G-P2
3,39 0,78 0,0024
G-P3
5,06 0,72 0,0001
G-P4
1,02 0,93 0,3060
Significância do modelo (P): 0,0000
R2 do modelo: 0,970
Tabela 4.37: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1180ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
2,00 0,93 0,0643
G-F2
-4,39 1,38 0,0129
G-F3
9,00 1,02 0,0000
G-F4
2,98 0,72 0,0033
G-F5
-9,63 1,68 0,0004
G-P1
11,15 0,76 0,0000
G-P2
3,03 1,06 0,0209
G-P3
3,41 0,98 0,0082
G-P4
-2,20 1,27 0,1204
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,971
Tabela 4.38:
Ajuste do modelo linear para absorção de água (1195ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
-0,09 1,13 0,9390
G-F2
-4,45 1,66 0,0281
G-F3
6,81 1,23 0,0005
G-F4
3,65 0,87 0,003
G-F5
-11,18 2,03 0,0006
G-P1
7,24 0,92 0,0001
G-P2
1,84 1,28 0,1866
G-P3
4,89 1,18 0,0032
G-P4
-0,87 1,53 0,5865
Significância do modelo (P): 0,0005
R
2
do modelo: 0,936
57
A avaliação dos termos que compõem o modelo linear, ajustado à temperatura
de 1150ºC, mostra que todos apresentam significância, isto é, pode-se afirmar como
modificações no percentual das matérias-primas irão influenciar na propriedade medida.
Pode-se notar que o material que mais diminui a absorção de água é o G-F5,
com coeficiente negativo.
Avaliando-se o comportamento das matérias-primas caracterizadas
individualmente na Tabela 4.27, nota-se que o material G-F5 é um dos que mais
aumenta a absorção de água; já em mistura, é o que mais diminui a absorção. Este
comportamento distinto individual e em mistura deve-se à interação entre os materiais.
O material G-F5 por apresentar óxido de magnésio em sua composição forma eutéticos
com óxido de sódio e potássio, reduzindo assim a temperatura de formação de fase
líquida. O mesmo comportamento é apresentado pelo material G-F2 na temperatura de
1165ºC e superiores.
Em todas as temperaturas, o material mais refratário, isto é, com maiores
coeficientes positivos para a absorção de água foi o G-P1. Esta refratariedade pode ser
explicada pela ausência de óxidos alcalinos ou alcalino-terrosos em sua composição
(Tabela 4.26). Outros materiais muito fundentes, principalmente nas temperaturas de
1180ºC e 1195ºC, são G-P4 e G-F1, que apresentam em suas composições teores
significativos de óxido de sódio, potássio e magnésio.
Nas Tabelas de 4.39 a 4.42, são mostrados os ajustes do modelo linear para a
retração linear de queima, medida em corpos-de-prova queimados a 1150ºC, 1165ºC,
1180ºC e 1195ºC.
Da mesma maneira que na absorção de água, nas temperaturas de 1150ºC,
1165ºC e 1180ºC, o ajuste do modelo aos dados experimentais é bom, com modelo
significante e valores de R
2
próximos a 1, indicando boa capacidade preditiva do
modelo.
Na temperatura de 1195ºC, observa-se uma redução no R
2
e também redução de
significância do modelo. A piora do ajuste em relação a temperaturas mais baixas tem o
mesmo motivo da absorção de água. Ocorre um aumento nas reações e formação de
novas fases na temperatura de 1195ºC.
Avaliando-se os termos que compõem o modelo, nota-se que todos apresentam
significância nas quatro temperaturas medidas. Quanto à influência, quanto maior for o
coeficiente, mais a matéria-prima irá aumentar a retração linear de queima da massa.
58
Os materiais G-F2 e G-F5 apresentam altos coeficientes, indicando que os
mesmos aumentam a retração de queima eliminando assim porosidade da massa. Estes
dois materiais na caracterização individual apresentam baixa retração linear de queima.
O material mais estável que reduz a retração linear de queima é o G-F3. Este
material, quando caracterizado individualmente, também apresenta valores de retração
linear bastante baixos, indicando que o material praticamente não muda seu
comportamento individual e em mistura.
Ao contrário do que se observou no ajuste do modelo linear para absorção de
água para o grês, o comportamento das matérias-primas na retração linear praticamente
não se altera à medida que a temperatura de queima aumenta.
Tabela 4.39: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1150ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
2,91 0,30 0,0000
G-F2
7,46 0,44 0,0000
G-F3
0,55 0,33 0,1263
G-F4
4,49 0,23 0,0000
G-F5
7,77 0,54 0,0000
G-P1
1,71 0,24 0,0001
G-P2
5,09 0,34 0,0000
G-P3
4,51 0,31 0,0000
G-P4
4,46 0,41 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,962
Tabela 4.40: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1165ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
4,71 0,54 0,0000
G-F2
9,00 0,80 0,0000
G-F3
1,60 0,59 0,0270
G-F4
5,73 0,42 0,0000
G-F5
9,69 0,98 0,0000
G-P1
2,49 0,45 0,0005
G-P2
5,89 0,62 0,0000
G-P3
5,40 0,57 0,0000
G-P4
5,58 0,74 0,0001
Significância do modelo (P): 0,0003
R
2
do modelo: 0,945
59
Tabela 4.41: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1180ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
5,83 0,47 0,0000
G-F2
10,05 0,69 0,0000
G-F3
2,85 0,51 0,0005
G-F4
5,99 0,36 0,0000
G-F5
10,57 0,84 0,0000
G-P1
3,54 0,38 0,0000
G-P2
6,44 0,53 0,0000
G-P3
5,73 0,49 0,0000
G-P4
6,36 0,64 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0002
R
2
do modelo: 0,951
Tabela 4.42: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1195ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
6,75 0,63 0,0000
G-F2
9,37 0,93 0,0000
G-F3
3,76 0,68 0,0006
G-F4
5,58 0,48 0,0000
G-F5
10,31 1,13 0,0000
G-P1
5,79 0,51 0,0000
G-P2
6,78 0,71 0,0000
G-P3
5,60 0,66 0,0000
G-P4
6,06 0,85 0,0001
Significância do modelo (P): 0,0199
R
2
do modelo: 0,827
Como última propriedade medida no diagrama de gresificação avaliou-se o
ajuste do modelo linear à densidade aparente após queima. Nas Tabelas de 4.43 a 4.46,
são mostrados os modelos ajustados para esta propriedade, medida em corpos-de-prova
queimados em quatro temperaturas.
Em nenhuma das quatro temperaturas medidas e avaliadas observou-se falta de ajuste
ou falta de significância do modelo linear ajustado.
Os modelos apresentaram valores de R
2
próximos a 1, mostrando ter boa
capacidade preditiva.
60
O menor valor de R
2
foi observado na temperatura de 1195ºC, também devido à
complexidade nas reações e a formação de fase líquida. Outro fator que influencia na
diminuição do valor do R
2
é a queima excessiva de algumas massas conforme mostrado
e discutido na Tabela 4.32.
Tabela 4.43: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1150ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
2,122 0,029 0,0000
G-F2
2,430 0,042 0,0000
G-F3
1,914 0,031 0,0000
G-F4
2,185 0,022 0,0000
G-F5
2,623 0,052 0,0000
G-P1
1,910 0,024 0,0000
G-P2
2,221 0,033 0,0000
G-P3
2,173 0,030 0,0000
G-P4
2,337 0,039 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,979
Tabela 4.44: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1165ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
2,239 0,026 0,0000
G-F2
2,571 0,039 0,0000
G-F3
1,981 0,029 0,0000
G-F4
2,268 0,020 0,0000
G-F5
2,786 0,047 0,0000
G-P1
1,942 0,022 0,0000
G-P2
2,294 0,030 0,0000
G-P3
2,222 0,028 0,0000
G-P4
2,397 0,036 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,986
61
Tabela 4.45: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1180ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
2,332 0,038 0,0000
G-F2
2,660 0,057 0,0000
G-F3
2,044 0,042 0,0000
G-F4
2,280 0,030 0,0000
G-F5
2,845 0,069 0,0000
G-P1
2,020 0,031 0,0000
G-P2
2,307 0,044 0,0000
G-P3
2,260 0,040 0,0000
G-P4
2,470 0,052 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,969
Tabela 4.46: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1195ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
2,461 0,057 0,0000
G-F2
2,727 0,085 0,0000
G-F3
2,104 0,062 0,0000
G-F4
2,226 0,044 0,0000
G-F5
2,736 0,103 0,0000
G-P1
2,191 0,047 0,0000
G-P2
2,388 0,065 0,0000
G-P3
2,148 0,060 0,0000
G-P4
2,347 0,078 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0049
R
2
do modelo: 0,883
As matérias-primas que mais atuam densificando a massa de grês são a G-F2 e
G-F5, que são os aditivos fundentes que reduzem muito a porosidade das massas.
Os materiais com menores coeficientes para densidade aparente pós-queima são G-F3 e
G-P1, que são materiais bastante refratários com pequenas quantidade de óxidos
alcalinos e alcalino-terrosos na composição.
A última propriedade avaliada para a tipologia grês é a deformação piroplástica
das massas queimadas na temperatura de 1180ºC. O modelo ajustado e a qualidade do
modelo são apresentados na Tabela 4.47.
62
Tabela 4.47: Ajuste do modelo linear a deformação piroplástica queimada a 1180ºC.
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
G-F1
6,28 0,61 0,0000
G-F2
11,82 0,90 0,0000
G-F3
4,96 0,66 0,0001
G-F4
6,17 0,47 0,0000
G-F5
18,02 1,09 0,0000
G-P1
-2,53 0,50 0,0010
G-P2
-0,86 0,69 0,2473
G-P3
3,53 0,64 0,0005
G-P4
3,03 0,82 0,0063
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,984
Como pode ser observado pela significância e pelo R
2
, o modelo linear, ajustado
aos dados experimentais da deformação piroplástica, apresenta significância e boa
capacidade preditiva.
Na avaliação dos termos que compõem o modelo, apenas o material G-P2 não
apresenta significância e não se pode ter certeza em afirmar como alterações no
percentual deste material irão influenciar no valor da deformação piroplástica de uma
massa.
Os materiais que mais aumentam a deformação são G-F2 e G-F5, devido à
formação de fase líquida de baixa viscosidade.
A fim de conter-se a deformação piroplástica, o material mais indicado é o G-P1,
por ser um material bastante inerte, formando estruturas que dificultam a deformação
dos corpos-de-prova.
Os modelos avaliados mostrarem-se bem ajustados aos dados experimentais e
serão avaliados quanto a sua capacidade preditiva.
4.2.4 EXPERIMENTOS DE VERIFICAÇÃO
Com a finalidade de avaliar-se a capacidade preditiva dos modelos, duas massas
foram processadas respeitando os limites de cada matéria-prima e os parâmetros
estipulados para esta tipologia. Na Tabela 4.48, são mostradas as duas massas utilizadas
como experimento de verificação dos modelos ajustados.
63
Tabela 4.48: Massas para verificação da capacidade preditiva dos modelos para grês.
Percentual em massa (%)
Matéria-prima G-V3 G-V4
G-F1
15 30
G-F2
10 9
G-F3
G-F4
15
G-F5
2,5 3
G-P1
13
G-P2
18 20
G-P3
16,5 30
G-P4
10 8
Na Tabela 4.49 são mostrados para a formulação G-V3 os valores previstos
pelos modelos, os medidos experimentalmente e a variação entre eles, que é a diferença
entre o valor medido e o previsto (previsto – medido). Não se apresenta esta diferença
em forma percentual, pois em algumas propriedades que serão avaliadas adiante, o valor
do previsto ou do medido é igual a zero.
Na avaliação da qualidade do ajuste e da capacidade preditiva, observou-se que
todos os modelos ajustados para a tipologia grês apresentavam boa capacidade preditiva
com valores de R
2
próximos a 1. Esta avaliação pode ser confirmada ao avaliar-se as
Tabelas 4.49 e 4.50, onde se nota uma variação pequena entre o valor previsto e o
medido.
Na massa de verificação G-V3, ao avaliar-se a absorção de água pode-se
observar que na temperatura de 1195ºC ocorre a maior variação entre o valor medido e
o previsto. Este fato deve-se à redução do valor de R
2
em função da temperatura de
queima. O mesmo fato ocorre para retração linear de queima e para densidade aparente
pós-queima, também pela diminuição do R
2
do modelo.
64
Tabela 4.49: Resultados massa de verificação G-V3.
Propriedade Previsto Medido Variação
Densidade aparente a seco (g/cm
3
) 1,977 1,987 -0,010
Resistência mecânica a seco (kgf/cm
2
) 41,13 44,04 -2,91
Absorção de água 1150ºC (%) 6,30 5,97 0,33
Absorção de água 1165ºC (%) 4,03 3,78 0,25
Absorção de água 1180ºC (%) 2,75 2,41 0,34
Absorção de água 1195ºC (%) 1,90 1,18 0,72
Retração linear de queima 1150ºC (%) 4,51 4,53 -0,02
Retração linear de queima 1165ºC (%) 5,65 5,63 0,02
Retração linear de queima 1180ºC (%) 6,35 6,36 -0,01
Retração linear de queima 1195ºC (%) 6,69 6,80 -0,11
Densidade aparente pós-queima 1150ºC (g/cm
3
) 2,193 2,204 -0,011
Densidade aparente pós-queima 1165ºC (g/cm
3
) 2,274 2,285 -0,011
Densidade aparente pós-queima 1180ºC (g/cm
3
) 2,322 2,335 -0,013
Densidade aparente pós-queima 1195ºC (g/cm
3
) 2,358 2,374 -0,016
Deformação piroplástica (mm) 4,05 4,5 -0,45
Quanto às propriedades das massas medidas, as duas apresentam valores de
absorção de água na temperatura de 1180ºC entre 0,5% e 3,0%, valores que estão de
acordo com a norma NBR 13817 grupo Bib, no qual o grês se enquadra.
Na Tabela 4.50 são mostrados os resultados para a massa de verificação da
capacidade preditiva do modelo G-V4.
Para esta massa, a propriedade que apresenta maiores variações entre medido e
previsto foi a resistência mecânica à flexão a seco, propriedade que apresenta valor de
R
2
menor que o observado nas demais propriedades.
Ao comparar-se as previsões realizadas para faiança e para o grês, nota-se modelos com
capacidades preditivas bastante semelhantes. Nos dois sistemas, à medida que as
temperaturas de queima aumentam, as capacidades preditivas apresentam tendência a
piorarem.
65
Tabela 4.50: Resultados massa de verificação G-V4.
Propriedade Previsto Medido Variação
Densidade aparente a seco (g/cm
3
) 1,982 1,986 -0,004
Resistência mecânica a seco (kgf/cm
2
) 44,04 37,56 6,48
Absorção de água 1150ºC (%) 5,34 4,48 0,86
Absorção de água 1165ºC (%) 2,76 2,17 0,59
Absorção de água 1180ºC (%) 1,22 0,90 0,32
Absorção de água 1195ºC (%) 0,72 0,18 0,54
Retração linear de queima 1150ºC (%) 4,70 5,17 -0,47
Retração linear de queima 1165ºC (%) 5,97 6,33 -0,36
Retração linear de queima 1180ºC (%) 6,71 6,96 -0,25
Retração linear de queima 1195ºC (%) 6,91 7,08 -0,17
Densidade aparente pós-queima 1150ºC (g/cm
3
) 2,225 2,263 -0,038
Densidade aparente pós-queima 1165ºC (g/cm
3
) 2,316 2,350 -0,034
Densidade aparente pós-queima 1180ºC (g/cm
3
) 2,373 2,392 -0,019
Densidade aparente pós-queima 1195ºC (g/cm
3
) 2,399 2,410 -0,011
Deformação piroplástica (mm) 5,10 5,52 -0,42
Os modelos lineares ajustados aos dados experimentais para a tipologia grês
mostraram-se suficientes para prever as variações nos valores das propriedades em
função de modificações nos percentuais de matérias-primas. Os modelos ainda
apresentaram alta capacidade preditiva.
Pode-se ainda observar que se deve tomar o cuidado de evitar massas com
excesso de fundência, que estejam sendo sobrequeimadas. A presença de tais massas no
delineamento experimental dificulta o ajuste dos modelos e diminui sua capacidade
preditiva, como pode ser observado nas propriedades medidas a 1195ºC.
66
4.3 PORCELANA
4.3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS
Foram dez as matérias-primas utilizadas no delineamento realizado para a
tipologia porcelana. Na Tabela 4.51 é mostrada a análise química destas matérias-
primas.
Tabela 4.51: Composição química das matérias-primas para porcelana.
Composição expressa em óxidos (%)
Matéria-
prima
SiO
2
Al
2
O
3
TiO
2
Fe
2
O
3
MnO MgO CaO Na
2
OK
2
O P
2
O
5
Perda ao
fogo*
P-F1
65,78 17,92 0,02 0,09 0,00 0,02 0,09 3,34 11,50 0,00 0,45
P-I1
0,09 99,34 0,01 0,08 0,00 0,02 0,04 0,41 0,01 0,00 0,00
P-P1
60,76 23,84 1,01 2,06 0,01 1,03 0,19 0,05 3,22 0,15 7,67
P-P2
64,10 20,77 1,06 2,46 0,01 1,06 0,19 0,08 4,01 0,12 6,15
P-P3
59,07 24,25 0,84 2,88 0,01 1,36 0,07 0,07 3,04 0,16 8,26
P-P4
68,91 18,51 1,33 1,75 0,00 0,60 0,08 0,01 1,15 0,00 7,66
P-P5
59,35 21,82 0,29 1,21 0,01 3,52 1,46 3,33 0,48 0,07 7,69
P-P6
45,16 37,58 0,36 2,61 0,00 0,06 0,01 0,02 0,85 0,05 13,20
P-P7
48,83 35,04 0,35 1,47 0,02 0,27 0,02 0,06 1,90 0,02
12,02
P-P8
46,85 36,91 0,09 0,47 0,00 0,04 0,01 0,03 1,23 0,00 13,85
*1000ºC, 5 minutos.
O material P-F1 é um feldspato a base de óxido de potássio e óxido de sódio
como pode ser visualizado na análise química. O material ainda apresenta baixo teor de
óxido de ferro fazendo com que este apresente cor bastante clara.
P-I1 é uma alumina eletrofundida com pequena quantidade de contaminantes,
basicamente Na
2
O.
No que diz respeito aos materiais plásticos, os três primeiros, P-P1, P-P2 e P-P3,
apresentam características semelhantes, diferenciando-se nos teores de Fe
2
O
3
, MgO e
K
2
O. Estas diferenças originam diferenças de fundência nos três materiais.
O material P-P4 trata-se de uma argila caulinítica bastante refratária,
praticamente isenta de óxidos de metais alcalinos e alcalino-terrosos em sua
composição.
67
P-P5 é uma argila bentonítica, com elevados percentuais de MgO, CaO e Na
2
O. A
presença destes óxidos torna esta material um fundente enérgico.
Os materiais plásticos, P-P6, P-P7 e P-P8, são caulins refratários devido à
ausência de óxidos de metais alcalinos e alcalino-terrosos.
Estes dez materiais foram caracterizados fisicamente em condições adequadas à
tipologia porcelana. Na Tabela 4.52 é mostrada a caracterização realizada nos materiais.
Tabela 4.52: Caracterização física das matérias-primas destinadas a porcelana.
Propriedades a
cru Queima 1160ºC Queima 1180ºC
Matéria-
prima
Dap
seco
(g/cm
3
)
RMF
seco
(kgf/cm
2
)
Dap
(g/cm
3
)
Retração
Linear
(%)
Absorção
de água
(%)
Dap
(g/cm
3
)
Retração
Linear
(%)
Absorção
de água
(%)
P-F1
1,556 * 2,602 6,89 12,50 2,614 11,61 3,90
P-I1
**
P-P1
1,700 18,4 1,794 13,46 0,28 2,123 13,54 0,09
P-P2
1,706 21,7 1,868 13,34 0,09 1,937 13,34 0,09
P-P3
1,714 16,3 1,742 13,82 0,09 1,803 13,62 0,05
P-P4
1,867 27,4 2,044 4,78 10,80 2,112 5,30 10,29
P-P5
***
P-P6
1,737 19,2 2,399 3,91 18,56 2,367 4,67 16,98
P-P7
1,760 15,5 2,039 6,73 10,47 2,067 7,60 8,66
P-P8
1,686 8,4 2,434 3,44 21,44 2,404 4,33 20,21
* foi impossível conformar corpos-de-prova sem um aditivo plástico.
** foi impossível conformar corpos-de-prova mesmo com aditivo plástico.
*** foi impossível conformar corpos-de-prova pela excessiva plasticidade.
Todas as matérias-primas foram caracterizadas nas temperaturas de 1160ºC e
1180ºC. Estas foram escolhidas, pois os materiais P-P1, P-P2 e P-P3 apresentam
absorção de água praticamente igual a zero. Caso as queimas fossem realizadas em
temperaturas superiores, estas três matérias-primas estariam excessivamente queimadas
e a avaliação não seria correta.
O material P-F1, feldspato a base de potássio, apresenta-se refratário em
comparação às três primeiras argilas já citadas.
Entre os caulins utilizados, P-P6, P-P7 e P-P8, nota-se semelhança na
composição química e propriedades dos mesmos. A maior diferença observa-se no
68
material P-P7, que apresenta maior fundência devido à presença de óxido de magnésio e
óxido de potássio em sua composição.
4.3.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL
Baseando-se na caracterização química e física das matérias-primas ,determinou-
se a região experimental a qual será trabalhada, isto é, definiram-se os limites das
matérias-primas e suas restrições de combinações. Na Tabela 4.53 são mostrados os
limites de trabalho para cada matéria-prima.
Tabela 4.53: Região de trabalho para porcelana.
Limite (%)
Matéria-prima Mínimo Máximo
P-F1
15 25
P-I1
35 45
P-P1
0 25
P-P2
0 25
P-P3
0 25
P-P4
0 25
P-P5
0 5
P-P6
0 25
P-P7
0 25
P-P8
0 25
Outra restrição imposta foi de que o somatório de P-P1 + P-P2 + P-P3 + P-P4 +
P-P5 deveria ser maior que 15% e menor que 30%. Além disso, o somatório de P-P6 +
P-P7 + P-P8 deve ser menor que 40%.
Como se trabalhou com apenas um feldspato, o mesmo esteve presente em todas
as massas. Determinou-se como mínimo 15% e, para evitar-se excesso de fundência,
trabalhou-se com máximo de 25%. Da mesma maneira, utilizou-se apenas um material
inerte que apresentou mínimo de 35%. Abaixo deste valor pode-se comprometer a
resistência mecânica pós-queima. Um máximo de 45% foi usado, devido a
refratariedade excessiva deste material.
Nas quatro primeiras argilas, o máximo permitido foi de 25% e para a argila P-
P5 o máximo foi de 5%, devido a formação de suspensões de elevada viscosidade.
69
Quanto à restrição imposta ao somatório dos percentuais das argilas, este deve ser maior
que 15%, o que assegura uma plasticidade adequada da massa, e menor que 40%, para
não se trabalhar com massas isentas de caulim. Todos os caulins, devido a suas
características semelhantes, variaram de 0 a 25% e o somatório dos percentuais dos
mesmos não deve ultrapassar 40%.
Com a região experimental determinada, e escolhido o modelo linear,
determinaram-se as massas a serem processadas. Na Tabela 4.54, são mostradas as
massas para a tipologia porcelana com os percentuais de cada material.
Tabela 4.54: Delineamento experimental para porcelana.
Composição das massas expressa em percentual em massa de matéria-
prima (%)
Massas P-F1 P-I1 P-P1 P-P2 P-P3 P-P4 P-P5 P-P6 P-P7 P-P8
1
15 35 25 25
1
15 35 25 25
2
15 35 25 25
2
15 35 25 25
3
15 35 25 25
3
15 35 25 25
4
25 45 25 5
4
25 45 25 5
5
15 35 25 25
5
15 35 25 25
6
25 35 25 5 10
7
15 45 10 5 25
8
25 35 10 5 25
9
15 35 25 5 20
10
25 35 25 5 10
11
25 35 15 25
12
15 35 25 5 20
13
25 45 25 5
14
15 45 15 25
15
15 45 10 5 25
As cinco primeiras massas apresentam replicação, para se avaliar as variações
experimentais e a falta de ajuste do modelo aos dados experimentais.
Todas as massas respeitam a região experimental e restrições impostas a esta.
70
4.3.3 RESULTADO DAS MASSAS PREPARADAS
As massas do delineamento experimental foram processadas seguindo
especificações e os resultados obtidos para cada massas serão mostrados e avaliados
individualmente e, em seguida, utilizados para o ajuste do modelo linear.
Na Tabela 4.55, são mostrados os resultados de densidade aparente a seco,
resistência mecânica a flexão pós-queima e deformação piroplástica para as massas
processadas.
Tabela 4.55: Deformação piroplástica, resistência mecânica pós-queima e densidade
aparente a seco para cada um das massas de porcelana.
DAP seco RMF pós queima Deformação
Massa (g/cm³) 1240ºC (kgf/cm
2
) Piroplástica 1240ºC (mm)
1
2,136 1027,5 4,8
1
2,173 1032,1 4,2
2
2,073 1087,8 3,8
2
2,106 1110,4 5,4
3
2,220 948,7 4,3
3
2,204 938,4 4,0
4
2,245 1312,1 16,9
4
2,245 1331,2 17,8
5
2,196 689,9 3,2
5
2,162 773,6 4,1
6
2,134 828,6 17,9
7
2,307 1181,1 5,7
8
2,227 1065,0 7,9
9
2,230 1114,9 4,3
10
2,250 1110,2 18,4
11
2,174 856,3 4,8
12
2,182 819,2 4,2
13
2,175 1090,3 17,7
14
2,192 875,8 4,7
15
2,327 938,5 4,1
Avaliando-se preliminarmente, sem a utilização de ferramentas estatísticas,
pode-se notar uma repetitibilidade nos ensaios, isto é, os valores das massas repetidas
são próximos principalmente na densidade aparente e resistência mecânica pós queima.
71
Já se pode notar a tendência de alguns materiais como P-I1, alumina. Nas massas
onde está presente em alto percentual, 45%, aumenta a densidade aparente a seco e
aumenta a também a resistência mecânica pós-queima (massas 4, 7 e 13).
Na deformação piroplástica, pode-se notar que nas massas onde os percentuais
das matérias-primas P-P6, P-P7 e P-P8 são baixos, a deformação é elevada, indicando
que estes materiais reduzem a deformação das massas (massas 4, 10 e 13,
principalmente).
Nas Tabelas 4.56 e 4.57, são mostrados os dados referentes ao diagrama de
gresificação para cada uma das massas processadas.
Tabela 4.56: Resultados de retração linear e absorção de água para as massas
destinadas a porcelana queimadas em 4 temperaturas diferentes, para porcelana.
Retração Linear de Queima (%) Absorção de Água (%)
Massa 1180 ºC 1200 ºC 1220 ºC 1240 ºC 1180 ºC 1200 ºC 1220 ºC 1240 ºC
1
8,05 8,28 9,01 8,75 1,94 1,64 0,64 0,60
1
7,89 8,10 8,87 8,49 2,36 1,97 1,65 1,37
2
9,74 10,42 10,66 10,05 0,64 0,23 0,28 0,23
2
9,08 9,46 9,86 9,69 0,82 0,82 0,32 0,27
3
7,49 7,68 8,39 8,23 2,60 2,41 1,47 1,36
3
7,53 8,09 7,92 8,20 2,70 1,93 2,69 1,78
4
7,44 7,92 10,48 7,99 0,44 0,53 0,00 0,00
4
7,48 7,97 8,39 7,95 0,48 0,00 0,00 0,04
5
5,14 5,63 5,89 6,41 5,44 4,42 4,02 3,06
5
4,84 5,54 6,57 6,34 6,28 5,18 3,91 3,78
6
8,90 8,59 6,86 5,08 0,04 0,04 0,04 0,36
7
6,35 6,85 7,37 7,65 1,60 0,71 0,22 0,04
8
6,82 7,39 7,90 7,90 2,11 0,81 0,77 0,27
9
7,59 8,17 8,52 8,52 1,72 0,90 0,92 0,41
10
7,10 7,92 7,46 6,94 0,00 0,04 0,00 0,09
11
4,63 6,20 7,36 7,68 6,46 4,64 3,03 1,90
12
4,05 4,90 5,60 6,00 7,61 6,35 5,40 4,03
13
8,64 8,92 8,81 8,38 0,09 0,00 0,00 0,04
14
4,67 5,22 5,86 6,08 7,40 6,50 5,60 5,16
15
4,97 5,54 5,89 6,12 4,98 4,23 3,74 3,29
Através do diagrama de gresificação, pode-se determinar a temperatura mais
adequada de queima de uma determinada massa e também a influência da matéria-prima
aumentando ou diminuindo a fundência da massa.
72
Avaliando-se preliminarmente a influência das matérias-primas, nota-se que a
presença do material P-P5 aumenta a fundência das massas fazendo com que as mesmas
atinjam absorção igual a zero em menores temperaturas (massas 4, 7, 8, 9 e 10).
Tabela 4.57: Densidade aparente pós-queima para as massas destinadas a porcelana nas
4 temperaturas de queima, para porcelana.
Densidade Aparente pós-queima
(g/cm
3
)
Massa 1180 ºC 1200 ºC 1220 ºC 1240 ºC
1
2,634 2,640 2,678 2,676
1
2,664 2,676 2,709 2,702
2
2,659 2,685 2,694 2,686
2
2,649 2,676 2,696 2,694
3
2,665 2,676 2,720 2,723
3
2,652 2,689 2,656 2,702
4
2,726 2,771 2,794 2,761
4
2,753 2,793 2,799 2,775
5
2,474 2,528 2,536 2,578
5
2,416 2,477 2,528 2,532
6
2,694 2,681 2,507 2,376
7
2,707 2,753 2,787 2,821
8
2,655 2,702 2,731 2,755
9
2,688 2,727 2,738 2,750
10
2,725 2,740 2,719 2,666
11
2,429 2,535 2,610 2,672
12
2,376 2,446 2,476 2,529
13
2,779 2,807 2,773 2,722
14
2,453 2,501 2,544 2,560
15
2,605 2,652 2,670 2,696
Como citado anteriormente, na tipologia grês, à medida que a temperatura de
queima aumenta, a densidade aparente da massa também aumenta, até o ponto em que
esta situação se inverte. Isto é, em temperaturas de queima excessivas, a densidade
passa a reduzir devido à expansão de gases no interior da massa.
Podem-se observar massas com densidade aparente pós-queima reduzida, à
medida que a temperatura aumenta (massas 6, 10 e 13 principalmente).
73
Em massas com elevadas temperaturas de queima, como é o caso da porcelana é
bastante complicado delinear-se experimentos de tal maneira que esta inversão não
ocorra.
4.3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Ao conjunto de dados experimentais mostrados nas Tabelas 4.55, 4.56 e 4.57,
realizou-se o ajuste de modelos lineares, os quais através de seus coeficientes e demais
dados estatísticos serão aqui avaliados e discutidos. Os dados estatísticos a serem
avaliados são os mesmos avaliados na faiança e grês.
Na Tabela 4.58, é mostrado o modelo estatístico ajustado e a avaliação do
mesmo para a densidade aparente a seco.
Tabela 4.58: Ajuste do modelo linear a densidade aparente a seco.
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
2,149 0,084 0,0000
P-I1
2,403 0,077 0,0000
P-P1
2,037 0,042 0,0000
P-P2
2,141 0,047 0,0000
P-P3
2,161 0,046 0,0000
P-P4
2,105 0,040 0,0000
P-P5
2,929 0,152 0,0000
P-P6
2,154 0,039 0,0000
P-P7
2,198 0,040 0,0000
P-P8
2,257 0,039 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0014
R
2
do modelo: 0,882
O modelo ajustado aos dados de densidade aparente a seco apresenta
significância com P do modelo menor que 0,05, e boa capacidade preditiva com R
2
próximo a 1. Todos os termos do modelo são significantes, isto é, pode-se afirmar com
certeza que alterações nos percentuais das matérias-primas irão alterar o valor da
densidade aparente a seco da massa.
Quanto maior o coeficiente, mais a matéria-prima aumenta a densidade da massa, assim
o material que mais densifica é o P-P5, seguido pelo P-I1. O motivo desta densificação
74
é distinto. O P-P5 densifica por ser material de alta plasticidade; já o P-I1 é material
com alta densidade real.
A seguir, serão mostrados e discutidos os ajustes realizados em propriedades
pós-queima. Nas Tabelas 4.59 a 4.62, são mostrados os ajustes realizados para absorção
de água nas temperaturas de 1180ºC, 1200ºC, 1220ºC e 1240ºC, respectivamente.
Tabela 4.59: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1180ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
-1,55 4,69 0,7479
P-I1
5,71 4,32 0,2155
P-P1
-3,07 2,34 0,2189
P-P2
-4,32 2,63 0,1321
P-P3
-1,75 2,57 0,5124
P-P4
4,87 2,26 0,0565
P-P5
-11,34 8,50 0,2116
P-P6
10,61 2,19 0,0007
P-P7
5,96 2,25 0,0242
P-P8
9,36 2,17 0,0015
Significância do modelo (P): 0,0191
R
2
do modelo: 0,787
Tabela 4.60: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1200ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
-2,83 2,40 0,2652
P-I1
-3,42 4,28 0,4426
P-P1
5,63 3,93 0,1825
P-P2
-2,19 2,14 0,3289
P-P3
-0,25 2,34 0,9181
P-P4
4,72 2,06 0,0446
P-P5
-11,11 7,75 0,1820
P-P6
8,20 2,00 0,0021
P-P7
4,15 2,05 0,0703
P-P8
6,79 1,98 0,0064
Significância do modelo (P): 0,0328
R
2
do modelo: 0,757
75
Tabela 4.61: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1220ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
-4,34 3,96 0,2988
P-I1
4,72 3,64 0,2239
P-P1
-1,40 1,97 0,4942
P-P2
-2,43 2,22 0,2993
P-P3
0,64 2,17 0,7725
P-P4
4,01 1,90 0,0614
P-P5
-7,94 7,16 0,2934
P-P6
6,57 1,85 0,0052
P-P7
2,95 1,89 0,1506
P-P8
5,27 1,83 0,0164
Significância do modelo (P): 0,0591
R
2
do modelo: 0,720
Tabela 4.62: Ajuste do modelo linear para absorção de água (1240ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
-4,25 3,54 0,2579
P-I1
5,35 3,26 0,1313
P-P1
-1,24 1,77 0,5001
P-P2
-1,59 1,99 0,4434
P-P3
1,03 1,94 0,6058
P-P4
3,31 1,70 0,0807
P-P5
-8,30 6,41 0,2248
P-P6
5,21 1,65 0,0102
P-P7
2,48 1,69 0,1733
P-P8
3,76 1,64 0,0448
Significância do modelo (P): 0,0897
R
2
do modelo: 0,688
Na avaliação das propriedades pós-queima para porcelana, nota-se uma redução
significativa nos valores de R
2
e na significância do modelo.
Para a absorção de água nas temperaturas de 1180ºC e 1200ºC, o modelo apresenta
ainda significância com P menor que 0,05; já nas temperaturas de 1220ºC e 1240ºC, o
modelo não apresenta significância. Neste caso, o P do modelo é maior que 0,05,
indicando a necessidade de se trabalhar em região experimental mais restrita ou com
modelos matemáticos mais complexos, como de interação ou quadráticos.
76
Além da falta de significância em maiores temperaturas, o modelo linear
ajustado apresenta baixa capacidade preditiva, indicando que suas previsões não serão
tão boas como as realizadas pelos modelos ajustados a faiança e ao grês.
A falta de significância observada no modelo também é observada nos termos
que compõem o modelo. Não se pode afirmar com certeza como modificações no
percentual da matéria-prima irão alterar a propriedade em estudo.
As matérias-primas com maior significância são os caulins P-P6, P-P7 e P-P8,
materiais bastante refratários, com coeficientes positivos para a absorção de água. Caso
os coeficientes apresentassem significância, poder-se-ia dizer que os materiais P-F1 e P-
P5 são os mais fundentes, com valores negativos de coeficientes para absorção de água.
Nas Tabelas 4.63 a 4.66, são mostrados os modelos ajustados para retração linear de
queima. Da mesma maneira que observado na absorção de água o R
2
e a significância
do modelo são baixas principalmente em altas temperaturas.
Tabela 4.63: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1180ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
7,32 3,21 0,0455
P-I1
4,44 2,95 0,1631
P-P1
12,61 1,60 0,0000
P-P2
11,99 1,80 0,0001
P-P3
10,16 1,76 0,0002
P-P4
6,52 1,54 0,0018
P-P5
6,23 5,81 0,3083
P-P6
3,03 1,50 0,0704
P-P7
4,61 1,53 0,0133
P-P8
3,30 1,48 0,0503
Significância do modelo (P): 0,0301
R
2
do modelo: 0,763
77
Tabela 4.64: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1200ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
9,00 3,05 0,0146
P-I1
4,54 2,81 0,1372
P-P1
12,50 1,52 0,0000
P-P2
10,94 1,71 0,0001
P-P3
9,79 1,67 0,0002
P-P4
6,83 1,47 0,0009
P-P5
6,81 5,53 0,2464
P-P6
4,25 1,42 0,0137
P-P7
5,69 1,46 0,0030
P-P8
4,78 1,41 0,0070
Significância do modelo (P): 0,0492
R
2
do modelo: 0,732
Tabela 4.65: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1220ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
8,21 4,61 0,1052
P-I1
6,93 4,24 0,1333
P-P1
12,50 2,30 0,0003
P-P2
9,72 2,59 0,0037
P-P3
8,87 2,52 0,0056
P-P4
8,33 2,22 0,0037
P-P5
6,32 8,35 0,4662
P-P6
5,92 2,15 0,0204
P-P7
5,88 2,21 0,0237
P-P8
5,99 2,13 0,0185
Significância do modelo (P): 0,6927
R
2
do modelo: 0,389
78
Tabela 4.66: Ajuste do modelo linear para retração linear de queima (1240ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
6,37 3,87 0,1310
P-I1
6,83 3,56 0,0843
P-P1
11,36 1,93 0,0002
P-P2
7,38 2,17 0,0068
P-P3
7,55 2,12 0,0052
P-P4
7,21 1,86 0,0031
P-P5
5,62 7,02 0,442
P-P6
7,57 1,81 0,0019
P-P7
6,93 1,85 0,0039
P-P8
7,61 1,79 0,0017
Significância do modelo (P): 0,6300
R
2
do modelo: 0,417
Os modelos ajustados para as temperaturas de 1220ºC e 1240ºC não apresentam
significância. Há, nesses casos, a necessidade de trabalhar-se com modelos mais
complexos ou em diferentes regiões experimentais. Esta falta de ajuste está associada à
grande fundência das massas, fazendo com que muitas já estivessem expandindo acima
de 1200ºC.
Pode-se observar, nos coeficientes que compõem o modelo, que as massas estão
expandindo, pois à medida que a temperatura aumenta, os coeficientes diminuem
mostrando que a retração diminui. Entre os coeficientes com significância, o material
com maior influência sobre a retração linear é o P-P1, argila que apresenta em sua
composição química óxidos fundentes como o magnésio e potássio.
Os materiais com menor influência sobre a retração linear são os caulins, P-P5,
P-P6 e P-P7, materiais com baixos percentuais de óxidos alcalinos ou alcalino-terrosos.
Estas conclusões condizem com o observado na caracterização individual das matérias-
primas.
Para encerrar a avaliação do diagrama de gresificação para porcelana, será avaliada a
densidade aparente pós-queima. Nas Tabelas 4.67 a 4.70, são mostrados os modelos
ajustados para esta propriedade.
79
Tabela 4.67: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1180ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
2,714 0,228 0,0000
P-I1
2,748 0,209 0,0000
P-P1
2,858 0,114 0,0000
P-P2
2,930 0,128 0,0000
P-P3
2,830 0,125 0,0000
P-P4
2,481 0,110 0,0000
P-P5
3,360 0,412 0,0000
P-P6
2,270 0,106 0,0000
P-P7
2,417 0,109 0,0000
P-P8
2,371 0,105 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0265
R
2
do modelo: 0,770
Tabela 4.68: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1200ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
2,813 0,209 0,0000
P-I1
2,818 0,192 0,0000
P-P1
2,841 0,104 0,0000
P-P2
2,852 0,117 0,0000
P-P3
2,773 0,114 0,0000
P-P4
2,522 0,101 0,0000
P-P5
3,332 0,378 0,0000
P-P6
2,366 0,097 0,0000
P-P7
2,496 0,100 0,0000
P-P8
2,488 0,097 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0392
R
2
do modelo: 0,747
80
Tabela 4.69: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1220ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
2,735 0,285 0,0000
P-I1
2,917 0,262 0,0000
P-P1
2,790 0,142 0,0000
P-P2
2,682 0,160 0,0000
P-P3
2,670 0,156 0,0000
P-P4
2,525 0,137 0,0000
P-P5
3,283 0,515 0,0001
P-P6
2,530 0,133 0,0000
P-P7
2,565 0,136 0,0000
P-P8
2,606 0,132 0,0000
Significância do modelo (P): 0,4713
R
2
do modelo: 0,484
Tabela 4.70: Ajuste do modelo linear para densidade aparente pós-queima (1240ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
2,627 0,318 0,0000
P-I1
2,937 0,292 0,0000
P-P1
2,716 0,159 0,0000
P-P2
2,516 0,178 0,0000
P-P3
2,562 0,174 0,0000
P-P4
2,509 0,153 0,0000
P-P5
3,288 0,576 0,0002
P-P6
2,664 0,148 0,0000
P-P7
2,637 0,152 0,0000
P-P8
2,752 0,147 0,0000
Significância do modelo (P): 0,6563
R
2
do modelo: 0,406
Nas temperaturas de 1180ºC e 1200ºC, pode-se observar modelos com bom
ajuste, com valores de R
2
próximos a 1. Além disso, os modelos apresentam
significância, com P do modelo sendo menor que 0,05. Modelos com estas
características apresentam boa capacidade preditiva e não há a necessidade de modelos
mais complexos. Nas temperaturas de 1220º e 1240ºC, nota-se modelos com baixo valor
de R
2
e com falta de significância (P do modelo maior que 0,05), indicando a
necessidade de ajustes com modelos mais complexos ou o estudo realizado em outras
regiões experimentais.
81
O material que mais densifica as massas é o P-P5, devido à sua elevada
fundência, causada pela presença de álcalis. Outro material com altos coeficientes para a
densidade é o P-I1, o que se deve à alta densidade real que a alumina apresenta.
Na Tabela 4.71, é mostrado o modelo ajustado para a resistência mecânica pós-
queima, de corpos-de-prova queimados na temperatura de 1240ºC.
Tabela 4.71: Modelo ajustado para resistência mecânica pós-queima (1240ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
1017,3 431,5 0,0401
P-I1
1389,3 396,8 0,0057
P-P1
1278,2 215,4 0,0001
P-P2
1091,4 242,1 0,0011
P-P3
1088,4 236,3 0,0010
P-P4
890,9 207,6 0,0016
P-P5
2432,1 781,4 0,0110
P-P6
735,7 201,3 0,0044
P-P7
740,8 206,5 0,0050
P-P8
676,5 199,7 0,0069
Significância do modelo (P): 0,2495
R
2
do modelo: 0,584
Por ser uma propriedade que varia muito, devido a defeitos no interior do corpo-
de-prova cerâmico, aliado a alta temperatura de queima das massas, o valor de R2 para
o modelo ajustado foi baixo, indicando que a capacidade preditiva do modelo não é boa.
O modelo não apresenta significância (P do modelo é maior que 0,05), indicando a
necessidade de trabalhar-se com modelos mais complexos.
Quanto à significância dos coeficientes que compõem o modelo, nota-se que
todos são significantes, com P menor que 0,05.
Ao avaliar-se a influência do termo sobre a resistência mecânica, nota-se o alto
coeficiente do material P-P5. Este alto valor deve-se à elevada fundência do material. O
P-I1 também apresenta alto valor de coeficiente. Por ser um material inerte, ele atua
como partículas dispersas reforçando a matriz do corpo-de-prova.
Os materiais mais refratários, como os caulins P-P6, P-P7 e P-P8 e a argila
caulinítica P-P4, atuam reduzindo a resistência mecânica na temperatura de 1240ºC,
pois tornam bastante poroso o corpo-de-prova.
82
Na Tabela 4.72, é apresentado o modelo ajustado para deformação piroplástica
das massas queimadas a temperatura de 1240ºC, propriedade de grande importância
devido ao formato das peças porcelânicas.
Tabela 4.72: Modelo ajustado para deformação piroplástica (1240ºC).
Termo Coeficiente Desvio-padrão P
P-F1
36,10 2,00 0,0000
P-I1
13,29 1,84 0,0000
P-P1
12,56 1,00 0,0000
P-P2
17,82 1,12 0,0000
P-P3
19,19 1,10 0,0000
P-P4
10,65 0,96 0,0000
P-P5
22,27 3,63 0,0001
P-P6
-8,33 0,93 0,0000
P-P7
-3,70 0,96 0,0031
P-P8
-10,48 0,93 0,0000
Significância do modelo (P): 0,0000
R
2
do modelo: 0,993
O modelo ajustado para deformação piroplástica apresenta alta capacidade
preditiva com valor de R
2
próximo a 1 e alta significância P do modelo menor que 0,05.
Quanto aos termos que compõem o modelo, todos apresentam significância.
Avaliando-se os coeficientes, nota-se que o feldspato P-F1 é o material que mais
aumenta a deformação piroplástica, seguido pela argila P-P5. Ambos os materiais
formam quantidades elevadas de fase líquida durante a queima, causando a deformação
do corpo-de-prova.
Os caulins atuam reduzindo a deformação, devido à baixa fundência aliada
provavelmente à formação de fases cristalinas que dificultam a deformação piroplástica
das massas.
A maioria dos modelos ajustados para porcelana não apresentou boa capacidade
preditiva. Apesar deste resultado negativo, serão avaliadas as previsões realizadas.
4.3.4 EXPERIMENTOS DE VERIFICAÇÃO
Com a finalidade de avaliar-se a capacidade preditiva dos modelos, duas massas
foram processadas, respeitando os limites de cada matéria-prima e os parâmetros
83
estipulados para esta tipologia. Na Tabela 4.73 são mostradas as duas massas utilizadas
como experimento de verificação dos modelos ajustados.
Tabela 4.73: Massas para verificação da capacidade preditiva dos modelos para
porcelana.
Percentual em massa
(%)
Matéria-prima P-V5 P-V6
P-F1
20 20
P-I1
45 45
P-P1
P-P2
20
P-P3
P-P4
17,5
P-P5
2,5
P-P6
P-P7
15
P-P8
15
Na Tabela 4.74, são mostrados para a formulação P-V5, os valores previstos
pelos modelos, os medidos experimentalmente e a variação entre eles, que é a diferença
entre o valor medido e o previsto (previsto – medido). Não se apresenta esta diferença
em forma percentual, pois em algumas propriedades que serão avaliadas adiante o valor
do previsto ou do medido é igual a zero.
Observando-se os dados previstos e os medidos experimentalmente, nota-se uma
diferença grande entre eles, principalmente em temperaturas de queima iguais ou
superiores a 1220ºC. Esta diferença comprova o baixo R
2
dos modelos que indicava
baixa capacidade preditiva dos mesmos.
Comparando-se as variações obtidas na porcelana com as obtidas no grês e na
faiança, pode-se notar o melhor ajuste dos modelos para as duas primeiras tipologias
estudadas.
Nas duas massas, P-V5 e P-V6, as previsões não são boas, com variações
grandes entre previsto e medido experimentalmente.
84
Tabela 4.74: Resultados massa de verificação P-V5.
Propriedade Previsto Medido Variação
Densidade aparente a seco (g/cm
3
) 2,229 2,179 0,050
Absorção de água 1180ºC (%) 2,07 2,64 -0,57
Absorção de água 1200ºC (%) 1,69 1,56 0,13
Absorção de água 1220ºC (%) 1,12 0,45 0,67
Absorção de água 1240ºC (%) 1,14 0,09 1,05
Retração linear de queima 1180ºC (%) 7,41 7,72 -0,31
Retração linear de queima 1200ºC (%) 7,62 8,24 -0,62
Retração linear de queima 1220ºC (%) 7,89 8,71 -0,82
Retração linear de queima 1240ºC (%) 7,24 9,21 -1,97
Densidade aparente pós-queima 1180ºC (g/cm
3
) 2,705 2,724 -0,019
Densidade aparente pós-queima 1200ºC (g/cm
3
) 2,732 2,776 -0,044
Densidade aparente pós-queima 1220ºC (g/cm
3
) 2,711 2,819 -0,108
Densidade aparente pós-queima 1240ºC (g/cm
3
) 2,682 2,865 -0,183
Resistência mecânica a flexão pós-queima (kgf/cm
2
) 1019,1 1316,1 -297,0
Deformação piroplástica (mm) 10,25 8,87 1,38
Os valores previstos e medidos para a massa P-V6 são mostrados na Tabela
4.75.
Para trabalhar-se com delineamentos experimentais, a fim de ajustar-se modelos
matemáticos para a tipologia porcelana, há a necessidade de cuidado especial na
determinação da região de trabalho, de modo a se evitar massa excessivamente
queimada onde os poros estejam expandindo. Observou-se que a presença de massas
com estas características prejudica o ajuste do modelo e a capacidade preditiva do
mesmo.
Outra possibilidade ao trabalhar-se com porcelanas é a utilização de modelos
mais complexos, de maior grau. Estes podem apresentar melhor ajuste, porém sua
aplicação pode ser inviável devido à quantidade de massas a serem processadas e
dificuldade de interpretação dos mesmos.
85
Tabela 4.75: Resultados massa de verificação P-V6.
Propriedade Previsto Medido Variação
Densidade aparente a seco (g/cm
3
) 2,238 2,189 0,049
Absorção de água 1180ºC (%) 3,91 5,51 -1,60
Absorção de água 1200ºC (%) 3,13 1,77 1,36
Absorção de água 1220ºC (%) 2,40 1,93 0,47
Absorção de água 1240ºC (%) 2,13 0,09 2,04
Retração linear de queima 1180ºC (%) 5,59 5,36 0,23
Retração linear de queima 1200ºC (%) 6,25 5,56 0,69
Retração linear de queima 1220ºC (%) 7,20 6,28 0,92
Retração linear de queima 1240ºC (%) 6,89 8,44 -1,55
Densidade aparente pós-queima 1180ºC (g/cm
3
) 2,582 2,527 0,055
Densidade aparente pós-queima 1200ºC (g/cm
3
) 2,643 2,728 -0,085
Densidade aparente pós-queima 1220ºC (g/cm
3
) 2,674 2,769 -0,095
Densidade aparente pós-queima 1240ºC (g/cm
3
) 2,684 2,809 -0,125
Resistência mecânica a flexão pós-queima (kgf/cm
2
) 1035,2 1207,9 -172,7
Deformação piroplástica (mm) 10,00 9,07 0,93
Para trabalhar-se com delineamentos experimentais, a fim de ajustar-se modelos
matemáticos para a tipologia porcelana, há a necessidade de cuidado especial na
determinação da região de trabalho, de modo a se evitar massa excessivamente
queimada onde os poros estejam expandindo. Observou-se que a presença de massas
com estas características prejudica o ajuste do modelo e a capacidade preditiva do
mesmo.
Outra possibilidade ao trabalhar-se com porcelanas é a utilização de modelos
mais complexos, de maior grau. Estes podem apresentar melhor ajuste, porém sua
aplicação pode ser inviável devido à quantidade de massas a serem processadas e
dificuldade de interpretação dos mesmos.
86
4.4 COMPARAÇÃO ENTRE AS TIPOLOGIAS
O ajuste dos modelos, através da significância do modelo (P), e a capacidade
preditiva (R
2
) das três tipologias serão comparados a fim de se observar- tendências e
necessidades de utilização de modelos mais complexos que o linear utilizado.
Não será realizado comparativo entre o modelo ajustado para resistência
mecânica a seco e resistência mecânica pós-queima, pois estas propriedades não foram
medidas para todas as tipologias.
Na Tabela 4.76 são mostrados os valores de R
2
em função da tipologia cerâmica
com que se está trabalhando para a densidade aparente a seco.
Tabela 4.76: Valores de R
2
para densidade aparente a seco.
Densidade Aparente a Seco
Tipologia R
2
Faiança 0,950
Grês 0,855
Porcelana 0,882
Não se consegue notar nenhuma tendência nos valores, do tipo aumento de
complexidade de reações na tipologia versus diminuição do valor de R
2
. Isto
provavelmente devido ao processo de conformação adotado ser semelhante entre as
tipologias e as pressões utilizadas também semelhantes. Esta inexistência de tendência
também pode ser observada na Tabela 4.77 onde são mostrados os valores da
significância do modelo (P) em função da tipologia.
Tabela 4.77: Variação da significância do modelo (P) para densidade aparente a seco.
Densidade Aparente a Seco
Tipologia P
Faiança 0,0000
Grês 0,0107
Porcelana 0,0014
Para as propriedades avaliadas no diagrama de gresificação, observa-se
claramente e relação entre complexidade da tipologia e reação com o ajuste do modelo,
87
tanto para R
2
quanto para P do modelo. Também se consegue observar uma relação
entre temperatura de queima e ajuste do modelo.
Na Figura 4.1 é mostrada a variação de R
2
em função da tipologia e temperatura de
queima, para a absorção de água. Pode-se observar que a medida em que a temperatura
de queima aumenta, há uma redução no valor do R
2
, indicando a diminuição da
capacidade preditiva do modelo.
Quanto maior a temperatura, menor a absorção de água e maior a quantidade de
novas fases se formam aumentando a complexidade de reação do sistema e fazendo com
que haja a necessidade de trabalhar-se em regiões experimentais menores ou com
modelos de maior grau.
A piora do ajuste do modelo linear em função da temperatura de queima também
pode ser evidenciada através da significância do modelo que é apresentada na Figura
4.2. Observa-se que em baixas temperaturas, para a faiança e o grês, o valor de P é
menor que 0,05, à medida que a temperatura de queima aumenta, o valor de P aumenta
sendo maior que 0,05 a 1220ºC e 1240ºC.
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
1060 1085 1110 1135 1160 1185 1210 1235 1260
Temperatura (ºC)
R
2
Faiaa
Grês
Porcelana
Figura 4.1: Variação de R
2
em função da temperatura de queima e tipologia para
absorção de água.
88
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,10
1060 1085 1110 1135 1160 1185 1210 1235 1260
Temperatura (ºC)
Significância do modelo (P)
Faiança
Grês
Porcelana
Figura 4.2: Variação da significância do modelo (P) em função da temperatura de
queima e tipologia para absorção de água.
O mesmo comparativo realizado para absorção de água das três tipologias foi
realizado para retração linear de queima e densidade aparente pós queima.
Na Figura 4.3 é mostrada a variação de R
2
em função da temperatura e tipologia
para a retração linear de queima.
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1060 1085 1110 1135 1160 1185 1210 1235 1260
Temperatura (ºC)
R
2
Faiança
Grês
Porcelana
Figura 4.3: Variação de R
2
em função da temperatura de queima e tipologia para
retração linear de queima.
89
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
1060 1085 1110 1135 1160 1185 1210 1235 1260
Temperatura (ºC)
Significância do modelo (P)
Faiança
Grês
Porcelana
Figura 4.4: Variação da significância do modelo (P) em função da temperatura de
queima e tipologia para retração linear de queima.
Em temperaturas baixas, observa-se bom ajuste com valor de R
2
próximo a 1 e à
medida que a temperatura de queima aumenta R
2
tende a diminuir indicando uma
diminuição na capacidade preditiva do modelo ajustado.
A tendência de piora do ajuste do modelo linear para retração linear de queima
em função da temperatura pode ser evidenciada também na Figura 4.4 onde é mostrada
a variação da significância do modelo (P) em função da temperatura.
Os gráficos que melhor mostram a variação do ajuste do modelo linear em
função da temperatura e tipologia são os para densidade aparente pós queima.
Na Figura 4.5 é mostrada a evolução do ajuste em função da temperatura de
queima através do R
2
do modelo ajustado para densidade aparente.
Nota-se claramente que em baixas temperaturas tem-se ajustes bons com valores
de R
2
próximos a 1; à medida que a temperatura de trabalho aumenta, há uma redução
no valor de R
2
.
90
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1060 1085 1110 1135 1160 1185 1210 1235 1260
Temperatura (ºC)
R
2
Faiança
Grês
Porcelana
Figura 4.5: Variação de R
2
em função da temperatura de queima e tipologia para
densidade aparente pós queima.
Ao avaliar-se a significância do modelo (P), Figura 4.6, observa-se também que
em elevadas temperaturas há uma falta de ajuste do modelo linear havendo a
necessidade de trabalhar-se com modelos de maior grau ou regiões experimentais
menores.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
1060 1085 1110 1135 1160 1185 1210 1235 1260
Temperatura (ºC)
Significância do modelo (P)
Faiança
Grês
Porcelana
Figura 4.6: Variação da significância do modelo (P) em função da temperatura de
queima e tipologia para densidade aparente pós queima.
91
A deformação piroplástica das massas foi avaliada em uma única temperatura
por tipologia e não se observou variação ou tendência entre as tipologias.
92
5 CONCLUSÕES
O desenvolvimento deste trabalho, a respeito da utilização de delineamento
estatístico de misturas no estudo e otimização de massas cerâmicas propiciaram as
conclusões a seguir descritas.
Faiança:
Os modelos lineares ajustados à tipologia faiança apresentaram alta
significância, com valores de P para o modelo menores que 0,05, e alto poder
preditivo, com valores de R
2
próximos a 1; isso indica que não há necessidade
de trabalhar-se com modelos mais complexos, desde que a região experimental
seja corretamente determinada.
A capacidade preditiva dos modelos lineares ajustados para a faiança é
realmente boa, uma vez que as formulações de verificação apresentaram valores
medidos próximos aos estimados pelos modelos.
Grês:
Para a tipologia grês, nas propriedades a seco e em baixas temperaturas de
queima, o modelo linear apresenta bom ajuste, com valores elevados de R
2
; em
temperaturas mais elevadas, o R
2
apresenta tendência a diminuir, porém não se
observa falta de ajuste do modelo aos dados experimentais.
Os valores de R
2
elevados para o grês se traduziram em previsões de boa
qualidade; os resultados previstos pelos modelos são próximos aos medidos
experimentalmente.
Porcelana:
Os modelos lineares ajustados à tipologia porcelana apresentam qualidade de
ajuste razoável nas temperaturas iniciais de queima e má nas temperaturas altas,
com R
2
baixo e P do modelo maior que 0,05; esta baixa qualidade no ajuste para
a porcelana deve-se ao aumento das reações entre matérias-primas e grande
quantidade de massas de elevada fundência que se apresentam expandindo
acima de 1200ºC.
93
A baixa qualidade no ajuste para a porcelana traduz-se em previsões de má
qualidade com valores observados muito distantes dos previstos pelos modelos.
Geral:
A piora do ajuste dos modelos lineares em elevadas temperaturas mostra uma
tendência de aumento da complexidade de reações entre as matérias-primas.
A fim de conseguir-se modelos lineares bem ajustados aos dados experimentais,
há a necessidade de trabalhar-se com regiões experimentais restritas, com
pequenas faixas de variação das matérias-primas, principalmente em se tratando
de tipologias com volume grande de reações durante a queima.
Deve-se evitar, no delineamento dos experimentos, regiões de trabalho com
massas excessivamente queimadas e outras refratárias; regiões com estas
características podem se converter em modelos mal ajustados.
Há uma relação entre ajuste do modelo e temperatura de queima das massas: à
medida que se aumenta a temperatura, diminui a qualidade do ajuste, devido ao
aumento da interação entre as matérias-primas.
A utilização de modelo linear no estudo de formulações cerâmicas mostra-se
promissor, havendo a necessidade da correta determinação das regiões de trabalho,
principalmente em tipologias de alto grau de reação e formação de fases liquidas
durante a queima e com grande número de matérias-primas compondo as mesmas.
94
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Avaliação da melhoria dos ajustes e da qualidade preditiva quando da utilização
de delineamentos, visando-se o ajuste de modelos mais complexos como o
quadrático ou cúbico.
Estudo da viabilidade da utilização de sistemas como redes neurais na etapa de
formulação de massas cerâmicas.
Investigação do tipo de reações que ocorrem entre as matérias-primas em altas
temperaturas de queima, que levam a falta de ajuste de modelos lineares.
Verificação do ajuste de modelos lineares a outras propriedades dos materiais
cerâmicos, como coeficiente de dilatação térmica, resistência ao ataque químico,
resistência à abrasão, expansão por umidade, entre outras.
95
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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97
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