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Swales (...) UFC, UFSC, UFSM e outros pólos; 3) Uma linha (...)
sistêmica-funcional (...) de Halliday com interesses na análise
lingüística dos gêneros; 4)(...) perspectiva menos marcada por essas
linhas e mais geral, com influências de Bakhtin, Adam, Bronckart e
autores alemães (...) desenvolvidas na UFPE e UFPB e em parte na
UNICAMP e USP. (MARCUSCHI, 2008, p. 3)
Ao trazer o tema gênero para o foco das suas investigações, o pesquisador suíço
Bernard Schneuwly (2004), apresenta-o inicialmente como instrumento psicológico na
perspectiva do interacionismo social de Vigotsky, assim como se apóia nos princípios
bakhtinianos. Schneuwly (2004, cap. 1, p. 25), propõe gênero como instrumento. Explicita
(2004, p. 23-24) os mecanismos do interacionismo social como composto pela tríade: ação/
instrumento/ intervenção. Em leitura para o gênero cantiga de ninar, tem-se, então: o ninar/
a canção/ a performance. O ninar ou acalantar, como resultado do produto socialmente
construído, ao longo das gerações; a canção, instrumento determinador do comportamento
do sujeito sobre o objeto/situação vigente; por fim, a performance, a materialização da
intervenção do instrumento, mediando-lhe a forma e o uso. Continua o autor refletindo a
cerca do instrumento mediador, a partir de Rabardel, que o descreve em dois pontos: o
artefato material ou simbólico (a cantiga de ninar), o elemento de concretização da
atividade proposta, com sua formatação (performance); e o sujeito (a mãe) o qual responde
aos esquemas de possibilidade de uso, uma vez apropriados pelo mesmo.
A apropriação da cantiga de ninar, como tipo relativamente estável, só se dá nas
trocas das esferas sociais, considerando nos sujeitos participantes as suas propostas de
enunciação e a forma como um e Outro interagem, de acordo com os postulados de Bakhtin
(1953/1979, apud Schneuwly, 2004, cap. 1, p. 26). Os gêneros podem ser organizados
como primários e secundários, na concepção bakhtiniana. No caso das cantigas de ninar,
classificam-se como gêneros primários, pois se constituíram em circunstâncias de uma
comunicação verbal espontânea, ao passo que os secundários aparecem em circunstâncias
de uma comunicação cultural, mais complexa e relativamente mais evoluída,
principalmente escrita: artística, científica, sócio-política (Bakhtin 1953/1979, p. 281 apud
Schneuwly, 2004, cap. 1, p. 29). Os gêneros primários possibilitam a instrumentalização da
linguagem na criança, neste contexto, as cantigas de ninar contribuem de modo ímpar.
Pode-se tomar como ilustração de uma cantiga de ninar de gênero secundário, a canção