Melo, Z. S. A inserção do infante no meio discursivo: efeitos de interpretação de diferentes interlocutores
criança, o que passou a ser considerado como um discurso científico, em que é
analisada a produção de linguagem de um ser através de fontes reais.
Para a Aquisição da Linguagem esse submetimento está relacionado com a
fala de características singulares
, é o fato de passar para essa fala o valor de dado
empírico
, ou seja, nem o pesquisador, nem a teoria particular irá definir esse
submetimento, e sim a condição constitutiva, que é, dessa forma, observada através
do caráter simbólico que ordena diferenças no discurso.
De acordo com indagações feitas, a Aquisição de Linguagem pôde se constituir
como área multidisciplinar, e foi o desenvolvimento desse trabalho que levou tanto a
Psicologia, em especial a cognitiva, quanto a Lingüística a se alimentar das várias
áreas, possibilitando um campo próprio de estudos, como é o caso da: aquisição da
língua materna, aquisição de segunda língua e aquisição da escrita.
Além disso, de acordo com De Lemos (1982), nessa área de aquisição de
linguagem existe um dilema de base, “dilema ou pecado original”: a
incompatibilidade dos dois compromissos assumidos pelo psicolingüísta na tentativa
de dar conta da tarefa de como as crianças adquirem sua língua. Caberia ao
primeiro compromisso, identificar e explicar as mudanças qualitativas que definem o
processo de aquisição da linguagem, as estruturas e categorias; e, ao segundo,
descrever em categorias e em estruturas definidas nas estruturas lingüísticas, os
enunciados representativos de cada momento do período estudado. Porém, o
investigador não consegue cumprir com os dois compromissos, e, assim, tem optado
pelo segundo compromisso, presente na grande maioria dos investigadores desta
área.
Note-se que apenas este último compromisso não é suficiente para
referenciar a constituição da primeira língua, o que para De Lemos (1982) tornou-se
uma incompatibilidade desses compromissos foi a incorporação implícita da visão
inatista da aquisição da linguagem nas descrições dos investigadores. Enfim, seria
Tomamos por singularidade o fato da criança incorporar significantes do adulto e promover
transformações em sua fala. Fragmentos que serão levados a relações imprevisíveis, ou seja, ao
insólito, ao novo na produção da linguagem infantil. Nesse sentido, esse percurso será entendido
como a “passagem da condição de infans a ser de linguagem” (CASTRO, 1995, p. 31).
É possível verificar nos estudos em aquisição de linguagem que “a maioria dos pesquisadores na
área tem tratado como evidência empírica” o que se convencionou chamar de “dado”, fazendo uso
deles para comprovar ou refutar teorias” (PERRONI, 1996, p. 18, IN: CASTRO, 1996). O dado
empírico de que se trata aqui diz respeito àquele trabalhado no método observacional que foca na
qualidade, permitindo uma análise mais completa do desenvolvimento infantil.