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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP
Arthur Henrique de Oliveira
ALBERTO JOSÉ DE SAMPAIO (1881-1946): CONTEXTO,
VIDA E OBRA DE UM CONSERVACIONISTA BRASILEIRO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUADOS EM HISTÓRIA DA CIÊNCIA
SÃO PAULO
2008
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Arthur Henrique de Oliveira
ALBERTO JOSÉ DE SAMPAIO (1881-1946): CONTEXTO,
VIDA E OBRA DE UM CONSERVACIONISTA BRASILEIRO
MESTRADO EM HISTÓRIA DA CIÊNCIA
Dissertação apresentada À Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
,
como exigência parcial para obtenção do título de
Mestre em História da Ciência, sob orientação da
Professora Doutora Lilian Al-Chueyr Pereira
Martins.
São Paulo
2008
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Oliveira, Arthur Henrique de
Alberto José de Sampaio (1881-1946): contexto, vida e obra de um conservacionista
brasileiro. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009.
119 p
Orientadora: Professora Doutora Lilian Al-Chueyr Pereira Martins.
Dissertação de Mestrado - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo
PUC/SP - Programa de Pós-Graduados em História da Ciência
1. Alberto José de Sampaio 2. História da Proteção à Natureza no Brasil 3. História do
Ambientalismo no Brasil
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
______________________________________________
_____________________________________________
RESUMO
No Brasil, a consciência crítica em relação à degradação ambiental costuma ser identificada
como algo recente, uma problemática exógena importada dos países desenvolvidos em
decorrência da influência do movimento ambientalista internacional cuja expansão ocorreu
durante a década de 1960. No entanto, alguns pensadores e pesquisadores de áreas diferentes
do conhecimento parecem ter deixado contribuições relevantes para a gênese do pensamento e
da crítica ambiental no país, logo nas primeiras décadas do século XX, muito antes, portanto,
do que convencionalmente se imagina como sendo o momento de origem desse tipo de debate.
As discussões ocorridas em torno das questões ambientais nas primeiras décadas do século XX
culminariam, na década de 30, no estabelecimento de mecanismos legais de proteção a
natureza e na Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza. Organizada pela
Sociedade dos Amigos das Árvores, essa conferência contou com apoio e infra-estrutura do
Museu Nacional do Rio de Janeiro, sendo Alberto José de Sampaio, botânico e professor dessa
instituição, o seu relator. A relevância das atividades de Alberto Sampaio levou-nos a tomar o
livro Biogeographia Dynamica: a natureza e o homem no Brasil (1935) como objeto central
dos nossos estudos. Esta dissertação inicia-se com a apresentação de Sampaio diante do
contexto histórico, social, político e econômico da década de 1930. Destacamos as suas
atividades acadêmicas, bem como sua participação em organizações civis que se dedicavam à
causa conservacionista. Apresentamos a inserção do debate sobre a conservação da natureza no
âmbito de diferentes instituições como alguns Institutos de Pesquisa e Museus, bem como
relacionamos alguns dos contemporâneos de Sampaio igualmente envolvidos com a temática
em questão. Abordamos a constituição das primeiras áreas protegidas no Brasil e dos principais
instrumentos institucionais de proteção a natureza. Explorando os ideais conservacionistas de
Alberto Sampaio procuramos evidenciar que as preocupações com a conservação e a
preservação dos elementos naturais, no Brasil, não é algo tão recente como se supõe.
Palavras-chave: Alberto José de Sampaio, História da Proteção à Natureza no Brasil, História
do Ambientalismo no Brasil.
ABSTRACT
In Brazil, the critical conscience in relation to environmental degradation generally is identified
as something recent, a problematic imported exogenous from countries developed by the
influence of the international environmentalist movement whose expansion occurred during
the sixties. However, some thinkers and researchers of different areas of the knowledge of the
beginning of century XX seem to have helped with important contributions for genesis of the
environmental thought and critical in the country a long time before than conventionally is
thought as being the moment of origin of this type of discussion. The discussions that occurred
about the environmental questions in the first decades of century XX would culminate, late in
the thirties, in the establishment of the first legal mechanisms of protection to the nature and in
the Primeira Conferência Brasileira de Proteção a Natureza. Organized by the Society of the
Friends of the Trees, it counted on strong support and infrastructure of the Museu Nacional do
Rio de Janeiro, being Alberto Jose de Sampaio, botanical and teacher of this institution, its
reporter. By the relevance of the activities of Alberto Sampaio we made as central object of our
studies his book Biogeographia Dynamica: a natureza e o homem no Brasil (1935). This
dissertation begins with the presentation of our author, the historical, social, economic and
political context in the thirties, and his participation in institutions as the Brazilian Academy of
Sciences and civil organizations that dedicated its work to the conservationist cause. We also
pointed out the importance of the research institutes and some personalities whose names had
been linked up with the protection to nature, beyond treating to the first areas protected in
Brazil and the main institutional instruments to protection to nature, and the Alberto Sampaio’s
ideals conservationists and for last, we present our final consideration, detaching that the
concerns about the conservation and the preservation of the natural elements, in Brazil, is not
so recent, as one suppose mistakenly.
Key-words: Alberto José de Sampaio, History of Protection to the Nature in Brasil, History of
Environmentalism in Brasil
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o
preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se
orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil
que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o
assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra,
o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais
Bertold Brecht
AGRADECIMENTOS
A minha esposa, amiga e companheira de jornada que sempre me apoiou,
A minha orientadora, Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, pela paciência, tolerância com meus
erros e mais que tudo pela humildade de perceber quando eu estava equivocado e mesmo
assim sorria e acreditava que eu podia fazer melhor,
A todos os professores do Programa de Pós-Graduados em História da Ciência, pela
convivência, amizade e conhecimento transmitido ao longo do curso,
A Maria Elice B. Prestes, pela boa vontade, carinho, atenção e paciência em dirimir as
dúvidas dos seus ex-orientandos,
A todos aqueles que acreditam que ainda é possível construir um mundo melhor, e que o
melhor e mais rápido caminho para esse fim é uma educação de qualidade para todos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................11
CAPÍTULO 1
Alberto José de Sampaio: vida e obra de um conservacionista
1.1 Alberto José de Sampaio: dados biográficos.............................................16
1.2 Participação em organizações e eventos ....................................................18
1.3 Publicações científicas: livros e artigos......................................................22
1.3.1 Artigos sobre vulgarização e ensino..................................................28
1.3.2. Artigos sobre História da Ciência ....................................................29
1.3.3 Artigos sobre Botânica.......................................................................30
1.3.4 Artigos sobre Genética .......................................................................32
1.3.5 Artigos sobre aplicabilidade prática.................................................33
1.4 Academicismo e romantismo: aspetos de uma unidade...........................36
1.5 A importância da divulgação científica no discurso de Sampaio............40
CAPÍTULO 2
A década de 1930: o contexto político, econômico e social
2.1 A década de 1930: o contexto político, econômico e social.......................44
2.2 O nacionalismo de Alberto Torres.............................................................47
2.2 Instituições de pesquisas e a proteção à natureza.....................................54
2.2.1 Museu Nacional do Rio de Janeiro ...................................................54
2.2.1.1 Cientistas que se dedicaram as causas conservacionistas ...55
CAPÍTULO 3
Os principais mecanismos de proteção à natureza
3.1 Proteção à natureza na década de 1930.....................................................62
3.1.1 Reflorestamento..................................................................................63
3.1.2 Edmundo Navarro de Andrade: o plantador de eucalipto.............66
3.2 As primeiras áreas protegidas no Brasil....................................................68
3.2.1 Manuel Gomes Archer e o reflorestamento da Tijuca....................73
3.3 Proteção à natureza e tutela constitucional...............................................75
3.4 Instrumentos institucionais de proteção a natureza.................................77
3.4.1 O Código Florestal de 1934 ...............................................................77
3.4.2 O Código de Caça e Pesca..................................................................81
3.4.3. O Código das Águas...........................................................................81
3.4.4 Lei de Proteção aos Animais..............................................................82
3.5 A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza ...................83
CAPÍTULO 4
A natureza e o homem no Brasil
4.1 Biogeographia Dynamica: definindo conceitos.........................................90
4.2 O Triângulo da Eficiência: Tecnologia, Educação e Força......................93
4.2.1 A Tecnologia........................................................................................93
4.2.2 A Educação..........................................................................................95
4.2.3 A Força ................................................................................................97
4.3 Pragmatismo e utilitarismo.........................................................................98
4.4 Turismo.......................................................................................................100
4.5 O Influxo de Associações e Particulares..................................................102
4.6 Movimento Mundial..................................................................................103
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................108
ANEXO I..........................................................................................................114
ANEXO II.........................................................................................................119
LISTA DAS ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Capa e contracapa do livro Biogeographia Dynamica.............................91
Figura 2 – Fotografia do Clube de Atividades Rurais. Escola Rural Modelo Aníbal
Falcão..............................................................................................................................96
Figura 3 - Fotografia de Alberto Sampaio (sem data) .............................................119
Figura 4 - Fotografia de Alberto Sampaio (Setembro de 1931)..............................119
11
INTRODUÇÃO
Os problemas ambientais surgem da interação entre o homem e a natureza, e fazem
parte da história humana. Resultam basicamente de dois aspectos do desenvolvimento das
civilizações: a rápida expansão demográfica e o aumento do consumo de energia e matéria-
prima. A degradação ambiental, em escala mundial, é algo historicamente novo que adquiriu
grande relevância nas últimas décadas. Os últimos cinqüenta anos foram marcados
profundamente pela rapidez das mudanças ocorridas nas formas de interação da sociedade
com o meio ambiente. Atualmente fenômenos como a poluição atmosférica, do solo, da água,
alterações climáticas, efeito estufa, aquecimento global, ameaças a biodiversidade,
ingressaram definitivamente nas agendas econômicas, políticas, científicas e educacionais de
diferentes países. No entanto, muito antes do que se costuma imaginar, no Brasil já se discutiu
sobre as conseqüências do esgotamento de estoques de algumas espécies vegetais e animais,
como o pau-brasil e a carnaúba comercializados durante o século XVI e as tartarugas e o
peixe-boi da Amazônia, muito explorados no século XVIII.
No Brasil, a consciência crítica em relação à degradação ambiental costuma ser
identificada como algo recente, uma problemática exógena importada dos países
desenvolvidos em decorrência da influência do movimento ambientalista internacional cuja
expansão ocorreu durante a década de 1960
1
. No entanto, alguns pensadores e pesquisadores
de áreas diversas do conhecimento no início do século XX nos parecem ter deixado
contribuições relevantes para a gênese do pensamento e da crítica ambiental no país muito
antes do que convencionalmente se imagina como sendo o momento de origem desse tipo de
1
A década de 1980 marcou a popularização da questão ambiental, mas o movimento ecológico, enquanto
movimento social global, data da década de 1960 (Brügger, Paula. Educação ou adestramento ambiental? 30),
corroborando essa assertiva, Martha Tristão coloca que o movimento ambientalista despontou no cenário
mundial junto com os movimentos sociais da contracultura da década de 1960, por resistência aos valores sociais
e políticos estabelecidos pela ordem econômica predadora dos ecossistemas naturais. Nesse contexto, emerge a
luta ecológica que cresce a partir do alerta de cientistas naturais e ecólogos das décadas de 50 e 60 sobre a
necessidade preservação da natureza (Martha Tristão. A educação ambiental na formação de professores, 56).
12
debate. As discussões ocorridas em torno das questões ambientais nas primeiras décadas do
século XX culminariam, mais tarde na década de 30, no estabelecimento dos primeiros
mecanismos legais de proteção a natureza no Brasil. Mas em relação a esse capítulo da
história, que trata da origem do pensamento e da crítica ambiental brasileira, escasseiam-se as
produções historiográficas.
Marco relevante para os estudos sobre as questões ambientais no país, a década de
1930, estava inserida em um contexto político-social permeado por fortes preocupações
nacionalistas e cientificistas e caberia ao Estado, de acordo com a Constituição de 1934
2
, o
papel de proteção da natureza por intermédio de uma ampla política nacional. Diversos temas
foram objeto de debate nesse período: o trabalho, a indústria, a educação, a saúde, o
arcabouço jurídico-institucional, o patrimônio histórico, e também, a proteção à natureza.
Dentro dessa perspectiva o surto industrial inicial revelou de maneira inequívoca a
importância representada pelos recursos minerais e energéticos para a economia do país, de
tal modo que, o Governo Vargas promulgou o Código de Minas, nacionalizando as riquezas
do subsolo. Além disso, em função da importância da prospecção mineral e da pesquisa
geológica organizou o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), além de uma
série leis relacionadas à proteção da natureza como o Código Florestal, o Código de Caça e
Pesca e o Código de Águas, todos decretados entre maio de 1933 e outubro de 1934
3
.
Foi também em 1934, que se realizou o primeiro evento nacional oficial brasileiro a
tratar especificamente de temas ligados a proteção da natureza: A Primeira Conferência
Brasileira de Proteção à Natureza. Ocorrida entre os dias oito e quinze de abril, na sede do
Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), a realização da conferência indicava a relevância
2
A consolidação das aspirações conservacionistas ficou registrada na segunda constituição republicana brasileira,
de 1934. Nela, pela primeira vez, a proteção da natureza figurava como um princípio fundamental para o qual
deveriam concorrer a União e os Estados. Em seu texto, Capítulo I, Artigo 10º, ficou definido como
responsabilidade da União proteger as belezas naturais e monumentos de valor histórico e artístico (Constituição
da República dos Estados unidos do Brasil – 16 de julho de 1934).
3
Sampaio, Alberto José. Biogeographia Dynamica, 171.
13
da questão para o contexto da época e o quanto a opinião pública estava mobilizada por meio
da atuação de uma série de entidades da sociedade civil, que atuavam pressionando no sentido
de uma política mais efetiva de proteção à natureza por parte do governo. A conferência
tratou também de diversos temas relacionados à natureza, além de ratificar crença na ciência
como guia para as políticas a serem adotadas para a conservação do patrimônio natural, bem
como e a necessidade de um Estado forte como seu executor. Organizada pela Sociedade dos
Amigos das Árvores, contou com forte apoio e infra-estrutura do Museu Nacional do Rio de
Janeiro, sendo Alberto José de Sampaio (1881-1946), botânico e professor dessa instituição, o
seu relator. A conferência contou ainda com o patrocínio do Governo Federal, representado
pelo então presidente Getúlio Vargas
4
e que, segundo Warren Dean, um dos objetivos da
conferência era justamente pressionar o governo a cumprir as medidas conservacionistas
recém aprovadas pelo Congresso Constituinte (1933) e criar um sistema de parques
nacionais
5
.
Além de Alberto Sampaio, entre aqueles que se dedicaram ao tema e à formulação de
um pensamento focalizado na proteção à natureza durante a década de 1930, podemos citar o
zoólogo Cândido Firmino de Mello Leitão (1886-1948), o escritor e desenhista Armando
Magalhães Corrêa (1889-1944), o naturalista e taxonomista Frederico Carlos Hoehne (1882-
1959) e o zoólogo e professor Hermann von Lhering (1850-1930), entre outros.
A relevância das atividades de Alberto Sampaio levou-nos a tomar a sua obra como
objeto central dos nossos estudos tendo como ênfase a análise do seu livro Biogeographia
Dynamica: a natureza e o homem no Brasil (1935). Acreditamos ser possível identificar nessa
publicação importantes discussões acerca do papel da proteção a natureza no início do
processo de industrialização da nação brasileira.
4
Sampaio, Alberto José de. “Relatório Geral da Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza”, 10-11
e 48-55.
5
Dean, Warren. A ferro e fogo. A história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira, 275.
14
Ao estudarmos as obras de Alberto Sampaio surpreendemo-nos com a atualidade do
seu discurso, sua forma de pensar e tratar as questões relacionadas às “questões ambientais”,
apesar dos quase oitenta anos que separam a década de 1930 e os dias atuais.
Um aspecto de destaque nas obras de Sampaio era justamente a percepção de que a
conservação dos recursos naturais deveria ser uma preocupação presente em todas as esferas
de governo, e a prioridade da educação como forma de elevar os ideais de proteção à natureza
em um projeto de abrangência nacional. Para Sampaio, apesar da preocupação com a natureza
ser um assunto que já havia despertado a atenção de setores importantes da sociedade, urgia a
necessidade de um programa efetivo que garantisse a sua realização. Esse programa ficaria a
cargo da Biogeografia Dynamica, e tal projeto teria por base uma estrutura triangular:
tecnologia, educação e atuação do poder público
6
. Nessa perspectiva sua proposta possui
similaridades com alguns pontos focados atualmente por alguns programas de educação
florestal na qual a ênfase recai sobre o manejo adequado dos recursos naturais e na confiança
de que a ciência e a tecnologia possuem os requisitos necessários para a solução dos
problemas antrópicos. E transcorridos os anos percebemos que a questão básica entre o uso
dos elementos naturais e o modelo de desenvolvimento prevalente não perdeu a sua
atualidade.
Esta dissertação está constituída por quatro capítulos. O primeiro deles é dedicado a
apresentação do nosso autor, dados biográficos e principais contribuições no campo das
questões que envolviam a conservação dos elementos naturais.
O segundo capítulo tratará do contexto histórico, social, político e econômico da
década de 1930, período da maior produção científica de Alberto Sampaio.
O terceiro capítulo trata da Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza,
da história, atuação e importância dos institutos de pesquisas e de algumas personalidades
6
Sampaio, Alberto. Phytogeographia do Brasil, 12-18.
15
cujos nomes estiveram vinculados a proteção à natureza, além de abordar o histórico das
primeiras áreas protegidas no Brasil e os principais instrumentos institucionais de proteção a
natureza.
O quarto capítulo é dedicado à análise do pensamento conservacionista de Alberto
Sampaio, conforme expressa em seu livro Biogeographia Dynamica: A natureza e o homem
no Brasil.
Em nossas considerações finais destacaremos a relevância e a influência dos trabalhos
de Alberto Sampaio para a conservação e a preservação do patrimônio natural brasileiro, seu
papel de destaque na elaboração da incipiente legislação de proteção aos recursos naturais,
bem como, sua participação em discussões importantes sobre o desenvolvimento das ciências
no Brasil.
A metodologia adotada neste trabalho segue a linha de pesquisa em História e Teoria
da Ciência, consistindo na análise do livro supracitado do referido autor. Além disso, nos
servimos também de fontes secundárias de autores que analisam a história das preocupações
relacionadas à ação do homem sobre a natureza no Brasil, além de obras mais gerais de
história do Brasil para contribuírem para compreensão do contexto mais amplo em que a obra
de Alberto Sampaio foi produzida
Entre as principais fontes primárias utilizadas em nossos estudos destacamos também
outra obra de Alberto Sampaio, o livro Phytogeographya do Brasil (1934), além de artigos
publicados no Archivos do Museu Nacional, no Boletim do Museu Nacional, Annaes da
Academia Brasileira de Sciencias, as revistas Chácaras e Quintais, O Campo e Revista
Brasileira de Geografia, uma vez que, foram indispensáveis para que pudéssemos
compreender, mesmo que parcialmente, a importância e a abrangência do legado deixado por
Alberto Sampaio.
16
Capítulo 1
Alberto José de Sampaio: vida e obra de um conservacionista
1.1 Informações biográficas
Alberto José de Sampaio nasceu em Campos, município localizado na região norte do
Estado do Rio de Janeiro, em janeiro de 1881. Faleceu em sua cidade natal no dia 30 de
dezembro de 1946. Em 1903, foi morar na cidade do Rio de Janeiro, formou-se em Medicina
pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e posteriormente especializou-se em
Homeopatia pela Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano, atualmente
Escola de Medicina e Cirurgia da Universidade do Rio de Janeiro. Em 1904, ao prestar
concurso para o cargo de Assistente da Seção de Botânica classificou-se em primeiro lugar,
foi nomeado e iniciou sua carreira de naturalista passando a se dedicar a Fitologia, iniciando
sua especialização em Botânica Sistemática. A princípio dedicou-se às Orquidáceas, que
possibilitou a ele, em 1909, classificar uma nova espécie resultando no seu primeiro artigo
publicado: “Uma Orchidacea nova: Restrepia dusenii A. Samp. n. sp”
1
. Depois passou a
estudar as famílias das Filicíneas (Pteridófitas), formando um herbário para o museu, e mais
tarde estudou as Lauráceas, classificando duas espécies. Posteriormente tratou do gênero
Coffea, das Rubiáceas, e especializou-se profundamente em Bignoniáceas, sistematizando
muitas espécies novas da flora brasileira, a Seção de Botânica do Museu Nacional possui
inúmeras amostras de espécies classificadas por Sampaio
2
.
1
Sampaio, Alberto. “Uma Orchidacea nova: Restrepia dusenii A. Samp. n. sp.” Archivos do Museu Nacional,
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 15, 187-192.
2
Sampaio, Alberto José de. “Biografia do Professor Alberto de Sampaio”. Museu Nacional, Seção Botânica,
179-180.
17
A partir de 1912, tornou-se professor e chefe da Seção de Botânica, viajou com a
expedição do Marechal Rondon em 1916, ao Estado do Mato Grosso e posteriormente
publicou um estudo no qual analisou diversos trabalhos realizados por pesquisadores
nacionais e estrangeiros sobre aquele estado, o que lhe possibilitou fazer um mapeamento de
alguns componentes da flora local, inclusive algas e fungos, aumentando a partir daí o seu
interesse em elaborar uma classificação fitogeográfica das diversas regiões do país
3
. Seu
nome foi usado para a criação do binômio latino que caracteriza a nomenclatura das espécies
como o de uma espécie de escorpião (Tytyus sampaiocrulsi, conferido por homenagem de
Mello Leitão) e algumas espécies vegetais (Dahlbergia sampaioana e Lavoisieira
sampaioana conferidos respectivamente por homenagens de Geraldo Kuhlmann e Frederico
Carlos Hoehne, e Melo Barreto), homenagens que indicam sua posição de destaque no meio
científico e a admiração de seus contemporâneos. Outro fato que merece destaque nas obras
de Alberto Sampaio é o tratamento prioritário dado a educação
4
.
Em 1928, Sampaio foi o botânico escolhido novamente para fazer parte da equipe de
outra expedição do Marechal Rondon a Serra Tumuc-Humuc, resultando na publicação do
artigo “A flora do rio Cuminá (E. do Pará - Brasil). Resultados botanicos da Expedição
Rondon a Serra Tumuc-Humac em 1928”
5
, foi professor contratado de Botânica da Escola de
Ciências da Universidade do Distrito Federal (1935-1937); membro da Academia Brasileira
de Ciências e secretário geral no biênio 1933-1935, vice-presidente no biênio 1939-1941,
membro da Comissão Organizadora da Exposição Nacional de Horticultura do Rio de Janeiro,
em 1929; diretor técnico florestal da Prefeitura do Distrito Federal
6
, membro e consultor-
3
Sampaio, Alberto José de. “A flora de Mato Grosso Memória em homenagem aos trabalhos botânicos da
Comissão Rondon”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 19, 1-126, 1916.
4
Sampaio, Alberto José de. Biogeographia Dynamica, 16.
5
Sampaio, Alberto José de. “A flora do rio Cuminá (E. do Pará - Brasil). Resultados botanicos da Expedição
Rondon a Serra Tumuc-Humac em 1928”. Archivos do Museu Nacional, v 35, 1933.
6
Revista Brasileira de Geografia. Seção Noticiário. “Prof. Alberto J. de Sampaio”. Ano VIII, n 4, 602-604.
18
técnico do Conselho Nacional de Geografia; sócio da Sociedade de Geografia do Rio de
Janeiro e da Sociedade Nacional de Agricultura; membro efetivo e honorário da Sociedade
Fluminense de Medicina e Cirurgia de Campos
7
, sócio do Instituto Histórico de Ouro Preto;
como membro representante do Museu Nacional, assumiu a vice-presidência do Conselho
Florestal Federal, participando ativamente das suas deliberações, inclusive da comissão
incumbida de elaborar uma legislação de proteção aos recursos naturais brasileiros
8
, foi
professor interino de Botânica Geral e Sistemática na Escola de Medicina do Instituto de
Ciências da Universidade do Distrito Federal, entre 1935-1937; em 1937, passou a exercer o
cargo de naturalista no Museu Nacional e aposentou-se no ano de 1941.
1.2 Participação em organizações e eventos
Alberto Sampaio foi designado pelo Museu Nacional a fazer uma viagem de
aperfeiçoamento à Europa. A viagem ocorreu entre os dias 7 de maio de 1913 e 25 de abril de
1914, sua proposta objetivava conhecer as principais instituições botânicas da Europa. Em sua
permanência na Europa visitou várias instituições científicas em Portugal, França, Suíça,
Alemanha e Bélgica
9
. O resultado da viagem proporcionou subsídios para que Sampaio
7
Capanema, Carolina Marotta. A natureza no projeto de construção de um Brasil Moderno e a obra de Alberto
José de Sampaio, 36-37
8
De acordo com o digo Florestal de 1934, em seu Artigo 102º, o Conselho Florestal Brasileiro deveria ser
constituído por representantes do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Jardim Botânico, Universidade do Rio de
Janeiro, Serviço do Fomento Agrícola, Touring Club do Brasil, Departamento Nacional de Estradas, Serviço de
Florestas, ou de Matas, da Municipalidade do Distrito Federal, e por outras pessoas até cinco, de notória
competência especializada, nomeadas pelo presidente da republica. Dentre as diversas atribuições do conselho
podemos citar: difusão em todo o país da educação florestal e de proteção à natureza em geral; instituir prêmios
por serviços prestados á proteção das florestas; promover anualmente a festa da árvore e organizar congressos de
silvicultura, entre outros.
9
O Museu Nacional possuía um conselho chamado de Congregação do Museu Nacional, constituído por
representantes dos professores, chefes de seção e pelo diretor. Uma das prerrogativas do conselho era autorizar
viagens ao exterior de funcionários da instituição, com designação explicita do prazo da viagem. Cabia a
congregação designar os nomes daqueles que iriam realizar cursos de aperfeiçoamento ou representar a
instituição em eventos no exterior (Ministério da Agricultura Indústria e Comércio. Museu Nacional.
19
elaborasse e divulgasse um relatório no qual discorria criticamente sobre a situação
institucional do Museu Nacional do Rio de Janeiro e da ciência brasileira. As principais
críticas recaíram, sobretudo, na falta de verba dos institutos de pesquisas e na precariedade de
materiais necessários à realização de seu trabalho na Seção de Botânica. Ele destacava a
necessidade de uma equiparação técnica do Museu aos institutos internacionais, no que dizia
respeito à disponibilização de bibliografia especializada, como obras e periódicos
indispensáveis aos trabalhos botânicos, e coleções botânicas típicas para a identificação e
classificação de plantas
10
.
Em 1926, foi escolhido pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro para representar o
Brasil em uma conferência internacional realizada na Itália, na qual apresentou um relatório
sobre as condições das florestas brasileiras. Em 1934, atuou como relator, organizador e
expositor na Primeira Conferência Brasileira sobre Proteção da Natureza, realizada no Rio
de Janeiro.
Sampaio foi um dos mais ativo e importante protagonista envolvido nos debates em
defesa da natureza e vinha se dedicando em favor do reflorestamento e da necessidade de se
criar reservas naturais desde a primeira década do século XX. Fundou a Sociedade dos
Amigos das Árvores, em 1931; foi sócio e fundador da Sociedade dos Amigos de Alberto
Torres
11
, em 1932, associações que se dedicavam à causa conservacionista; preconizou uma
série de diretrizes para o estabelecimento de um programa nacional de proteção à natureza
12
.
Escreveu diversos livros, artigos em jornais e revistas, ministrou conferências e cursos.
Regulamento que baixou com o decreto nº 9.211, de 15 de dezembro de 1911. Rio de Janeiro, Imprensa
Nacional, 1912).
10
Sampaio, Alberto. “Relatório da Comissão desempenhada na Europa para aperfeiçoamento de conhecimentos
botânicos”. Archivos do Museu Nacional, 67-68
11
Alberto Torres (1865-1917), político carioca que se destacou em fins do século XIX e início do XX por suas
posturas nacionalistas e abolicionistas, imensamente valorizadas no contexto do Estado Novo.
12
Capanema, Carolina Marotta. A natureza no projeto de construção de um Brasil Moderno e a obra de Alberto
José de Sampaio, 27
20
Participou de diversos congressos internacionais relacionados ou não com a questão central da
proteção a natureza nos quais apresentou trabalhos, como o Congresso Médico Latino-
Americano, realizado no Rio de Janeiro em 1909; o Congresso Inter-Americano de
Eugenia, realizado também naquele município, em julho de 1927; o Congresso Brasileiro
de Eugenia, de 1929; em 1931, foi escolhido como representante brasileiro enviado pela
Universidade do Rio de Janeiro ao Instituto Franco-Brasileiro de Alta Cultura, para realizar
conferências; nesse mesmo ano, representou o Brasil no Congresso Internacional de
Geografia e no Congresso Internacional de Arqueologia Pré-Histórica de Paris; participou
da Comissão Internacional de Nomenclatura Botânica, do Congresso Internacional de
Botânica de Cambridge, em 1930; participou do Comitê Técnico do Congresso de Química de
Montevidéu, da Societé des Américanistes de Paris. Ele também foi membro da The American
Geographical Society, de Nova York; membro efetivo da Societé Botanique de France; foi
membro correspondente do Office International pour la Protection de la Nature, organização
sediada em Bruxelas, mantida por várias instituições científicas que centralizava documentos
referente à legislação conservacionista mundial e divulgava temas e eventos relacionados a
proteção à natureza por intermédio de um periódico chamado Revue Internationale de
Législation pour la Protection de la Nature, criada em 1931.
Em 1931, participou em Paris do Congresso Internacional de Geografia,
desempenhando a função de vice-presidente da seção de Biogeografia e travando contato com
o geógrafo francês, Emmanuel De Martonne, que exercia naquele momento a função de
secretário da União Geográfica Internacional (UGI). A partir de então, converteu-se um dos
principais incentivadores para que o Brasil se tornasse membro da referida instituição, o que
efetivamente ocorreu, em 1937. Sampaio participou ativamente da criação do Conselho
Nacional de Geografia, que foi fundado como condição sine qua non para a adesão do Brasil à
21
UGI. A indicação em favor da adesão do Brasil àquela instituição internacional havia sido
feita a Sampaio por De Martonne no Congresso de Paris
13
.
Mas, foi somente em 24 de março de 1937, com a união de vários cientistas
interessados na instalação de uma instituição daquele porte no Brasil que foi instituído o
Conselho Brasileiro de Geografia, oficializado pelo Decreto 1.527/1937, que autorizava a
sua adesão à União Geográfica Internacional. Sampaio foi um dos principais articuladores
para que a adesão se concretizasse, conforme pode ser observado no artigo publicado na
Revista Brasileira de Geografia de 1939:
O primeiro contato real da cultura geográfica brasileira com a
União Geográfica Internacional foi, sem dúvida, a participação do
Brasil no Congresso Internacional de Geografia, promovido pela
União, realizado em 1931, em Paris e no qual o delegado brasileiro,
o conhecido e acatado Prof. A. de Sampaio, desempenhou as
funções de vice-presidente da Secção de Biogeografia. Nasceu o
primeiro anseio pela adesão do Brasil, da qual o Prof. Sampaio
constituiu-se o advogado principal.
Mais tarde, em julho de 1933,vinha ao Brasil o eminente geógrafo
francês, Prof. Emmanuel De Martonne, Secretário Geral da União
que, na memoravel sessão conjunta do dia 25 daquele mês, foi
solenemente recebido pelas magnas instituições culturais
brasileiras, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a
Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e a Academika Brasileira
de Ciências; nessa ocasião, o ilustre visitante formulou o convite
oficial no sentido de o Brasil concretizar a desejada filiação.
Fez o discurso de recepção o próprio Prof. A. de Sampaio que, com
justeza, salientou a figura excepcional do visitante, dizendo que
“pertence ao número dos que por tal forma se notabilizaram perante
o mundo científico que, onde estejam ou onde cheguem, seu nome
ilustre vale por si só mais do que a mais minuciosa apresentação”
14
.
13
De Martonne, segundo Sampaio, era membro da União Geográfica Internacional e havia publicado em 1928,
um estudo entitulado L’Extension des Régions Provées d’Ecoulement vers l’Océan, em que tratava dos
problemas relativos a seca na região nordeste do Brasil (Sampaio, Alberto José de. Phytogeographia do Brasil,
138-139).
14
Revista Brasileira de Geografia. “Antecedentes da adesão do Brasil à União Geográfica Internacional”. Ano I,
n 1, 9, 1939.
22
Sua participação nesse empreendimento provavelmente fortaleceu ainda mais suas
relações e sua representação junto ao meio geográfico brasileiro, que eram significativas
devido aos seus estudos realizados na área de fitogeografia. Sampaio construiu durante grande
parte de sua vida uma rica rede de relacionamentos, transitando com facilidade por diversas
áreas conhecimento, participando ativamente das discussões de seu tempo e exercendo
influência nas instituições e nos meios pelos quais circulava. Alberto Sampaio mantinha
contato por meio de correspondências com diversas instituições científicas internacionais,
entre elas, a School of Forestry, Yale University; Stanford University; Smithsonian
Institution, United States National Museum; Bureau of Plant Industry, United States
Department of Agriculture; Botanical Garden, The John Hopkins University; Instituto
Panamericano de Geografia e História
15
.
1.3 Publicações científicas: livros e artigos
Ao mesmo tempo em que se ocupava de taxonomia vegetal, Sampaio recolhia
elementos para a publicação de livros, entre eles Phytogeographia do Brasil (1934). O livro é
uma compilação de três trabalhos, o primeiro deles foi apresentado na Academia Brasileira de
Ciências sob o título “A flora Brasileira sob o ponto de vista phytogeographico”, no qual
divulgou conhecimentos básicos de fitogeografia adotando o sistema Adolf Engler
16
, com
algumas modificações em relação ao Brasil. O segundo trabalho “Phytogeographia do Brasil”
foi publicado no Boletim do Museu Nacional e posteriormente apresentado com algumas
modificações no Congresso Internacional de Geografia, de Paris em 1931. No terceiro os
15
Revista Brasileira de Geografia. Seção Noticiário. “Prof. Alberto J. de Sampaio”, Ano VIII, n 4, 169.
16
Heinrich Gustav Adolf Engler (1844-1930), especialista em Taxonomia e geobotânico alemão. Colaborou com
Karl Friedrich Philipp von Martius na elaboração da Flora Brasiliensis (1861–1906) e com Alphonse de
Candolle no livro Phanerogamarum (1878–1891). Sua grande contribuição para a Taxonomia foi a obra Die
natürlichen Pflanzenfamilien (“Adolf Engler”. Encyclopaedia Britannica).
23
temas abordados receberam maior amplitude de detalhes ao serem ministrados em forma de
curso realizado na Universidade do Rio de Janeiro, durante o ano de 1932 e posteriormente
publicado em fascículos no Suplemento Ilustrado do jornal Correio da Manhã, entre janeiro e
outubro de 1933. Em 1935, publicou Biogeographia Dynamica: a natureza e o homem no
Brasil, no qual abordava as noções gerais e estudo especial da proteção a natureza no Brasil.
Alberto Sampaio intencionava criar também uma nova Flora Fluminense, conforme
artigo publicado na Revista Brasileira de Geografia de 1940:
No que concerne, porém a vegetação comum em uma dada região
brasileira, precisa que um livro de vulgarização, amplamente
ilustrado, lhe permita prontas identificações botânicas, pelo menos
das espécies que encontra por toda a parte ou são dominantes, nas
formações e associações floristicas regionais.
No momento, o Dr F.C. Hoehne inicia seus trabalhos no sentido da
publicação de uma Flora Brasílica”, conforme exposição feita na
1ª Reunião Brasileira de Botânica em 1937 e recente artigo na
revista “Orquídea” (Niterói, set. 1939, p. 4) sob o título Amigos
da Flora Brasílica”.
De minha parte, viso a possibilidade de uma Nova Flora
Fluminense”, como sequência natural da obra clássica de Frei
Conceição Veloso (elaborada na segunda metade do século XVIII)
e de que foram publicadas primeiro as iconografias em 11 volumes
e muito mais tarde o texto, nos Arquivos do Museu Nacional.
Esta obra de Frei Veloso, subordinada ao critério de diagnose
curtas, muito lacônicas e estampas muito deficientes, tem hoje valor
limitado, quanto a utilização pública; uma “Nova Flora
Fluminense”, como padrão de flora regional deve ser feita de modo
a tornar muito simples, fácil e pronta, para os que não professam a
Sistemática, a identificação das plantas freqüentes.
Nesse sentido, estou me esforçando por elaborar pessoalmente a
série enorme de iconografias, das plantas mais freqüentes no
Distrito Federal e no Estado do Rio tendo também em vista
padronizar a elaboração de tantas floras regionais no país, quantas
as regiões com um dado complexo florístico.
Essas floras regionais o se fazem de um momento para o outro;
exigem continuidade de estudos durante muitos anos; cada autor
deve ir publicando notas parceladas porque a extensão do assunto
torna muito mais difícil se chegar ao fim.
24
A utilidade maior de cada observação, relativa a cada planta,
depende muito da adequada ilustração, para que fiquem bem nítidas
aos consulentes ou leitores, as verificações feitas
17
.
Logo após aposentar-se publicou seu último livro A alimentação sertaneja e o interior
da Amazônia (1944) e a tradução comentada do livro do naturalista Jorge Marcgrave, História
Natural do Brasil (1942), obra de extrema relevância para a História da Ciência, no que diz
respeito às fontes acerca das investigações sobre a natureza brasileira no período colonial.
Entretanto, continuou colaborando com o Museu até o seu falecimento em 1946
18
.
O livro Phytogeographia do Brasil foi considerado por Waldemiro Potsch, professor
do Colégio Pedro II e autor de vários livros didáticos, o mais completo trabalho realizado
por um botânico brasileiro sobre fitogeografia:
VEGETAÇÃO E APECTO PHYTOGEOGRAPHICO DO BRASIL,
SEGUNDO O PROFESSOR A. J. DE SAMPAIO Uma das
maiores autoridades em Botanica e sem duvida a maior em
Phytogeographia em nosso paiz, o professor A. J. de Sampaio
realizou um curso no Museu Nacional em que com a proficiência de
mestre exhaustivamente tratou da Geographica botânica do Brasil,
sob os seus mais variados aspectos. O que se vae ler não é senão um
pallido resumo do mais completo trabalho feito por um botânico
sobre Phytogeographia de todo o nosso vastíssimo território. Muito
nos pesa não possamos dar uma synopse mais desenvolvida do seu
curso, que é sem duvida um dos grandes serviços prestados ao
Brasil
19
.
17
Sampaio, Alberto José de. “Fitogeografia”. Revista Brasileira de Geografia, Ano II, n 1, 1940.
18
Capanema, Carolina Marotta. A natureza no projeto de construção de um Brasil Moderno e a obra de Alberto
José de Sampaio, 27
19
Potsch, Waldemiro. Compêndio de Botânica, 355-356.
25
A divisão da flora brasileira, ou mapa fitogeográfico, publicado no livro supracitado,
representou um importante passo para desenvolvimento dessa ciência no país
20
. Seu nome
também foi um grande destaque em publicações que tratam das classificações fitogeográficas
brasileiras. No livro Sampaio forneceu detalhes sobre a zona de transição, ainda não
individualizada naquele momento, entre a Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga:
A flora do Estado do Maranhão, até agora considerada como
simples zona de transição entre a Amazônia e a das Caatingas e
Cerrados, não estava bem definida, nem tinha sido ainda
cartographada, de modo a permitir uma noção perfeita das diversas
associações floristicas que a compõem...
Eis porque, no presente Curso, individualizo botanicamente esta
zona floristica do Meio-Norte, dando-lhe o nome de zona dos
Cocaes, porque ahi as florestas de babassú são chamadas cocaes; a
Phytogeographia adota hoje, de preferencia, os nomes regionaes
21
.
Apesar de ter sido publicado apenas em 1934, a classificação fitogeográfica proposta
por Sampaio havia sido adotada por Waldemiro Potsch no livro didático Compendio de
Botânica (1933).
A relevância dos livros Phytogeographia do Brasil e Biogeographia Dynamica,
levaram Luiz Emygdio de Mello Filho (1914-2002)
22
, diretor do Museu Nacional, a afirmar:
Imensa foi a repercussão dessas duas obras na massa das pessoas
cultas ou alfabetizadas. Entretanto, trouxeram-lhe o dissabor de ver
20
Veloso, Henrique Pimenta; Antonio Lourenço R. R. Filho e Jorge Carlos A. Lima. Classificação da vegetação
brasileira adaptada a um sistema universal, 18 e IBGE, Manual Técnico da Vegetação Brasileira, 9.
21
Sampaio, Alberto José de. Phytogeographia do Brasil, 94-96.
22
Luiz Emygdio de Mello Filho (1914-2002) graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (1939), graduado em História Natural pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1941), graduado em
Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1953), doutorado em Ciências Biológicas (Fisiologia)
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1954) e doutorado em Biologia (Biociências Nucleares) pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1961). Foi Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (1984-2002) e diretor do Museu Nacional (1976-1980).
26
quão pouco de suas sugestões, cuidadosamente trabalhadas, logrou
merecer o apoio oficial e a execução. A semente porém está
lançada e de germinar. Outros hão de segui-lo e difundir o seu
evangelho do amor à natureza
23
.
Enaltecendo a relevância e a contribuição dos trabalhos de Alberto Sampaio, Roquette
Pinto ao prefaciar o livro Biogeographia Dynamica, escreveu:
Depois de haver aprofundado de maneira singular os seus
conhecimentos da nossa Natureza com enthusiasmo e
honestidade examinando os melhores herbários, descobrindo e
determinando muitas plantas ainda não catalogadas, percorrendo
léguas de mattas, campos e cerrados; depois de ter visitado os
maiores centro scientificos do Mundo recebendo em todos a
respeitosa acolhida que os seus trabalhos originaes tanto
cimentaram começa o professor A. J. de Sampaio a publicar uma
série notável de livros, em que a orientação superior do scientista
de amplo descortino vem dar á sua terra admiráveis documentos,
indispensáveis aos desejam conhecel-a
24
.
Sampaio notabilizou-se perante a comunidade científica nacional e internacional, e
dispensava qualquer tipo de apresentação onde quer que fosse. Pesquisador incansável deixou
volumosa produção científica constituída por 174 trabalhos. Mesmo doente e aposentado
continuou pesquisando e colaborando com o Museu Nacional até o fim da sua vida. Foi
considerado uma das autoridades brasileira em Geobotânica
25
.
23
Discurso pronunciado em 10 de fevereiro de 1947, na solenidade dedicada à memória de Alberto Jode
Sampaio, pelo representante do Museu Nacional e do Conselho Florestal Federal, Dr Luiz Emygdio de Mello
Filho. Museu Nacional do Rio de Janeiro. Seção de Botânica, Departamento de Botânica 31.
24
Pinto, Roquette. Prefácio. In: Alberto Sampaio. Biogeographia Dynamica. A natureza e o homem no Brasil.
Biblioteca Pedagogica Brasileira, Série V, Coleção Brasiliana, v LIII. Companhia Editora Nacional, 1935.
25
Revista Brasileira de Geografia. Seção Noticiário. “Prof. Alberto J. de Sampaio”. Ano VIII n 4, 602-603,
out/nov 1946.
27
Devido ao grande volume das obras de Sampaio, optamos por agrupar uma parcela
significativa da sua produção científica em blocos temáticos. Constituída por 90 artigos
pesquisados no acervo da biblioteca do Museu Nacional do Rio de Janeiro os blocos foram
agrupados da seguinte forma: vulgarização e ensino de ciência, Botânica, Genética, história da
ciência e aplicabilidade prática.
1.3.1 Artigos sobre vulgarização e ensino
1 - “Sistemática das plantas”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 11 e 12, 10-16,
ago./set. 1933.
2 - “Sociedade dos Amigos das Árvores: postulados sobre o problema florestal”.
Revista Nacional de Educação. Ano 2, n 18 e 19, 90-91, mar./abr. 1934.
3 - “Histórico da taxonomia vegetal para uso de iniciandos”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 20 e 21, 28-32, mai./jun. 1934.
4 - “O Babaçu (Noticia para um filme educativo preparado no Museu Nacional)”.
Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 6, 37-43, março 1933.
5 - “A Carnaúba (Noticia para um filme educativo preparado no Museu Nacional)”.
Revista Nacional de Educação, ano 1, n 7, 54-59, abril 1933.
6 - “Conselheiro Saldanha da Gama”. Revista Nacional de Educação. Ano1, n 7, 24-
26, abril 1933.
7 - “A Geografia Humana na Escola Rural”. Jornal do Comercio, 4 de julho de
1933“A Geografia Humana na Escola Rural”. Jornal do Comercio, 4 de julho de 1933.
8 - “Bibliografia botânica: relativa à flora brasileira, com inclusão dos trabalhos
indispensáveis aos estudos botânicos no Brasil”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro:
v 1, n 2, janeiro de 1924, p 111-125.
28
9 - “Técnica da colheita de material botânico no litoral do Brasil: para estudos
organográficos, fitográficos, florísticos, ecológicos e taxonômicos”. Boletim do Museu
Nacional. Rio de Janeiro, v 2, n 3, 1926, 19 p.
10 - A Pesquisa e a Diversificação do Ensino (da Botânica) – Contingência da
Técnica segundo o Habitat” - Quadro didático, Museu Nacional. Boletim do Museu Nacional.
Rio de Janeiro, 1935.
11 - “Quadro didático do Sistema de Engler (1924) para o Secundário (as grandes
divisões do reino Vegetal, na terminologia clássica, em comparação com a linguagem vulgar,
indicada em quadro especial para Escola Primaria)”. Boletim do Museu Nacional. Rio de
Janeiro, 1935.
12 - “Como se classifica uma planta”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 2,
novembro 1932, p 3-14;
13 - “Prof. Emmanuel de Martonne”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 9,
junho 1933, p 16-18.
14 - “O tricentenário da Quina”. Revista Nacional de Educação. Rio de Janeiro:
Museu Nacional. Ano 1, n 10, julho 1933, p 1-10.
15 - “Sistemática das plantas”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 11-12,
ago./set. 1933, p 10-16.
16 - “Clubes de Amigos da Natureza nas Escolas Primarias”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 13-14, out./nov. 1933, p 45-47.
17 - “Proteção à Natureza no Brasil: estudo especial de nossas possibilidades atuais
para a individualidade do método brasileiro, de proteção à natureza”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 15, dezembro 1933, p 26-28.
18 - “Sociedade dos Amigos das Arvores: postulados sobre o problema florestal”.
Revista Nacional de Educação. Ano 2, n 18-19, mar./abr. 1934, p 90-91.
29
19 - “Clubes de Amigos da Natureza nas Escolas Primárias”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 13 e 14, 45-47, out./nov. 1933.
20 - “Proteção à Natureza no Brasil: estudo especial de nossas possibilidades atuais
para a individualidade do método brasileiro, de proteção à natureza”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 15, 26-28, dezembro 1933.
21 - “Clubes de Amigos da Natureza nas Escolas Primárias”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 13 e 14, 45-47, out./nov. 1933.
22 - “Proteção à Natureza no Brasil: estudo especial de nossas possibilidades atuais
para a individualidade do método brasileiro, de proteção à natureza”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 15, 26-28, dezembro 1933.
23 - “Habitat Rural Brasileiro”. Jornal Correio da Manhã, 10 de julho de 1934.
24 - “Contribuição da Escola Regional para o melhoramento do Habitat Rural: O
Ensino e os Subsídios Técnicos”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 7 e 8, 9-26,
out./nov. 1934.
25 - “Clubes Escolares de Amigos da Natureza”. “Primeira conferência brasileira de
proteção à natureza: Relatório”. Boletim do Museu Nacional. v 11, n 1, 50-51, 1935.
26 - A Pesquisa e a Diversificação do Ensino (da Botânica) – Contingência da
Técnica segundo o Habitat” - Quadro didático, Museu Nacional, Rio de Janeiro, 1935.
1.3.2. Artigos sobre História da Ciência
30
1 - “A flora de Mato Grosso - Memória em homenagem aos trabalhos botânicos da
Comissão Rondon”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 19, 1916, p 1-126.
2 - “A Seção de Botânica no primeiro século de existência do Museu Nacional”.
Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro: v 22, 1919, p 38-47.
3 - “Histórico da Geografia Botânica contribuição para o ensino de Fitogeografia do
Brasil”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 37, 1943, p 465-
486.
4 - “Minha homenagem ao bandeirante da ciência de laboratório (J.B.Lacerda)”.
Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro: exemplar n 6, 1946.
5 - “Conselheiro Saldanha da Gama”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 7, abril
1933, p 24-26.
6 - “Histórico da taxonomia vegetal para uso de iniciandos”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 20-21, mai./jun. 1934, p 28-32.
1.3.3 Artigos sobre Botânica
1 - “A nomenclatura das espécies na Flora Fluminensis de Conceição Veloso e sua
correspondência atual. Archivos do Museu Nacional. p 331-394, v 37, 1943.
2 - “Uma Orchidacea nova: Restrepia dusenii A. Samp. n. sp.” Archivos do Museu
Nacional. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 15, 187-192, 1909.
3 - “Plantas Carnívoras”. Relatório apresentado ao Congresso Médico Latino
Americano. Rio de Janeiro, 1 a 8 de agosto de 190927- “Plantas Carnívoras”. Relatório
apresentado ao Congresso Médico Latino Americano. Rio de Janeiro, 1 a 8 de agosto de
1909.
31
4 - “A flora de Mato Grosso Memória em homenagem aos trabalhos botânicos da
Comissão Rondon”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 19, 1-126, 1916.
5 - “Bibliografia botânica: relativa à flora brasileira, com inclusão dos trabalhos
indispensáveis aos estudos botânicos no Brasil”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro,
v 1, n 2, 111-125, jan. 1924.
6 - “Técnica da colheita de material botânico no litoral do Brasil: para estudos
organográficos, fitográficos, florísticos, ecológicos e taxonômicos”. Boletim do Museu
Nacional. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello, v 2, n 3, 1926.
7 - “A Flora Brasileira sob o ponto de vista fitogeográfico”. Annaes da Academia
Brasileira de Sciencias, v 1, n 3, setembro 1929.
8 - “Endemismos na Flora Neotrópica”. Actas do Congresso Internacional de Biologia
de Montevidéo. Fascículo 1, 1930.
9 - “Eufilicineas do Rio Cuminá”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 32,
7-48, 1930.
10 - “Flora do Rio Cuminá: (Estado do Pará). Cyperaceas, Malpighiaceas e
Leguminosas”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v 34, 49-206, 1932.
11 -Flora do Rio Cuminá – resultados botânicos da Expedição Rondon a serra
Tumuc-Humac em 1928”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 35, 9-206, 1928.
12 - “Fitogeografia do Brasil”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 6, n 4,
dezembro de 1930, p 271-299.
13 - “Phytogeographia do Brasil”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 6, n
4, 271-299, Dez. 1930.
14 - “Apontamentos para a revisão da flora brasiliensis de Martius: cuidando
especialmente do índice das novas diagnoses, posteriores as diversas monographias da flora
de Martius e em geral de plantas brazileiras não citadas nessa obra e bem assim da área
32
geográphica das plantas brazileiras, segundo os actuaes conhecimentos de geographia
botânica. Rio de Janeiro: Sociedade Nacional de Agricultura, 1914.
15 - “Apontamentos para a bibliographia botânica referente a flora brazileira e as
plantas cultivadas no Brazil”. Rio de Janeiro: Sociedade Nacional de Agricultura, 1914.
16 - “Contribuição para a nova flora brasiliense, o gen. Alsophila R. Br. (1810) na
flora brasileira (Cyatheaceae). Archivos do Museu Nacional . v 25, 1925, p 33-82.
17 - “O problema florestal no Brasil, em 1926. Relatorio succinto, visando a
phytotechnia e a phytogeographia, apresentado ao Congresso Internacional de Silvicultura de
Roma. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro: v 28, abril-maio 1926, p 53-143.
18 - “Nomes vulgares de plantas do Distrito Federal e do Estado do Rio de Janeiro”.
Boletim do Museu Nacional. Série Botânica, Rio de Janeiro, n 4, 15 jan. 1946.
19 - “Moldura florística às obras de engenharia rural”. Revista Brasileira de
Geografia. Ano III, n2, 415-421, abril-junho de 1941.
20 - A flora amazônica”. Revista Brasileira de Geografia. Ano IV, n 2. Abril-Junho
de 1942.
21 - “Iniciação de Geógrafos nos Princípios da Arte e na sua Filosofia”. Boletim
Geográfico. Rio de Janeiro. Conselho Nacional de Geografia IBGE. Ano II, n15, 281-
284, jun. 1944.
22 - “Sistemática das plantas”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 11-12,
ago./set. 1933, p 10-16.
23 - “A nomenclatura botânica e o método de tipos”. Boletim do Museu Nacional. Rio
de Janeiro: Pimenta de Melo, v 2, n 3, 1926.
1.3.4 Artigos sobre Genética
33
1 - “Genética do Café” Nota à Sociedade Nacional de Agricultura, em 1/12/1932.
Jornal do Comercio. Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1932.
2 - “Genética Vegetal Tese apresentada ao 1º Congresso Brasileiro de Eugenia”, Rio
de Janeiro, julho 1929. Actas e Trabalhos, v 1, 1929.
3 - “Genética e Florística”. A Ordem. Rio de Janeiro. Janeiro de 1930.
4 - “Ecologia e Genética na Reflorestação”. Revista Florestal. Rio de Janeiro, jul.-ago.
1930.
5 - “Genética Vegetal (Apontamentos que serviram de base à tese apresentada ao
Congresso Brasileiro de Eugenia, Rio de Janeiro, julho, 1929)”. Archivos do Museu Nacional,
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 37, 395-461, 1943.
6 -O Ensino da Genética no Brasil, em Curso Secundário ou Iniciação – Uma
norma”. Algodão. IV, n33-34, jul.-ago. 1937.
7 - “Fitogeografia Genética”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, jan. 1928.
8 - Genética e Sistemática Experimental do Cafeeiro e das Plantas Superiores em
geral”. Revista do Departamento Nacional do Café. Outubro de 1933 a abril de 1935.
1.3.5 Artigos sobre aplicabilidade prática.
1 - “O Museu Nacional em defesa da flora brasileira, em prol da evolução econômica
do país”. Boletim da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia. Campos, 1922.
2 - “Sistemática dos Cafeeiros”. Revista do Departamento Nacional do Café. Maio
1935.
34
3 - “Estatística Regional de plantas úteis”. Revista Brasileira de Geografia. Ano I, n 3,
Julho de 1939.
4 - “Leguminosas Tóxicas”. Chácaras e Quintais, Abril 1930
5- “A Flora Brasileira e suas plantas medicinais”. Revista da Flora Medicinal. Rio de
Janeiro, 1934.
6 - “Sistemática dos Algodoeiros”. Algodão. Rio de Janeiro, janeiro 1935.
7 - “Dicionário Ilustrado das Plantas Úteis do Brasil”. Almanak Agrícola Brasileiro.
São Paulo, 1912.
8 - “Os Campos do Brasil: Estudo phytogeographicos visando à agronomia”. O
Campo. Rio de Janeiro, Ano I, n 5, 34-37, 1930.
9 - “A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 18-19, mar./abr., 1934, p 31-33.
10 - “As formigas e as plantas”. Almanak Agrícola Brasileiro. São Paulo, n 1, 216-
220, 1912.
11 - “Dicionário Ilustrado das Plantas Úteis do Brasil”. Almanak Agrícola Brasileiro.
São Paulo, 1912.
12 - “As saúvas no cômoro”. Chácaras e Quintais, setembro de 1915.
13 - “Plantas que fornecem madeiras”. Biblioteca Agrícola Popular Brasileira. São
Paulo, n 17, 1915.
14 - “Plantas venenosas ou mais ou menos nocivas para o gado”. Almanak Agrícola
Brasileiro. 2ª edição. São Paulo, 257-290, 1925.
15 - “A indústria açucareira como base da Silvicultura”. O Brasil Agrícola. Rio de
Janeiro, 1920.
16 - “As florestas industriais para combustível vegetal”. Chácaras e Quintais, v 31, n
1, 21-23, 15 jan. 1925.
35
17 - “O Problema Florestal no Brasil, em 1926. Relatório apresentado ao Congresso
Internacional de Silvicultura de Roma, abril-maio, 1926”. Archivos do Museu Nacional. Rio
de Janeiro: Gráfica Ypiranga, v 28, dez. 55-173, 1926.
18 - “O Congresso do Café”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 3, n 4,
dez. 1927.
19 - “Atuais Dificuldades da Sistemática do gen. Coffea Trabalho apresentado ao
Congresso do Café de São Paulo, out. 1927”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 3,
n 4, dez. 1927.
20 - “Organização de Herbários Agronômicos e especialização de agrônomos em
sistemática por gênero”. Revista Rural, novembro de 1929.
21 - “Instruções para a organização de Herbários Agronômicos, visando o estudo
especializado de cada gênero e o desenvolvimento de estudos florísticos regionais”. Almanak
Agrícola Brasileiro. 1930-31.
22 - “Eufilicineas do Rio Cuminá”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v 32,
7-48, 1930.
23 - “Como organizar herbários agronômicos”. Almanak Agrícola Brasileiro. São
Paulo, 19, 1930-31, p. 279-284.
24 - “Herbários Agronômicos e sua finalidade”. A Lavoura. Rio de Janeiro, abr., mai.,
jun., 1931.
25 - “Nota sobre Habitat Rural Rudimentar no Brasil” (com a colaboração do Prof.
Magalhães Correa). Actas do Congresso Internacional de Americanistas de La Plata, v I, n 1,
1932.
26 - “O Habitat Rural na Geografia Humana”. Conferência na Sociedade Nacional de
Agricultura. Jornal do Comercio. Rio de Janeiro, 24 de maio de 1932.
36
27 - “Habitat Rural”, Correio da Manhã. Novembro de 1932.
1.4 Academicismo e romantismo: aspetos de uma unidade
Alberto Sampaio, Candido de Mello Leitão e Frederico Carlos Hoehne, além de
estarem absortos nos temas ligados a proteção da natureza, compartilhavam entre si elementos
do romantismo. Ao que tudo indica, conforme demonstra os textos que serão analisados,
sensibilidade, poesia, versos e amor a natureza, caminhavam lado a lado com a racionalidade
científica.
Em Sampaio, a unidade academicismo-romantismo era justificada, uma vez que, se os
preceitos científicos deveriam nortear as realizações em prol da proteção do patrimônio
natural, por outro lado, era a palavra convincente e oportuna dos educadores e dos homens de
letras o dínamo dessas iniciativas. Para Sampaio, em relação à natureza, poderíamos aplicar
sem receio as palavras de Humboldt: É mister que a Poesia se allie á Sciencia e que esta se
eleve até a poesia
26
.
Para Sampaio, ciência-literatura e ciência-poesia se complementavam na ação
conservacionista, esta aproximação já havia sido sugerida no primeiro congresso internacional
a tratar de temas ligados a proteção da natureza organizado pela Association Litteraire et
Artistique Internationale, na cidade francesa de Liége, em 1905. Além do que, segundo
Sampaio, quarenta certames científicos, literários e artísticos haviam ocorridos
posteriormente, evidenciando as afinidades existentes entre ciências e artes. Discorrendo
sobre a eficiência e conveniência do espírito romântico estar aliado a ciência, escreveu
Sampaio:
26
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 21-22.
37
Bem diversa é a linguagem litteraria, em face da scientifica,
relativamente aos primores da Natureza; a Arte nelles bellezas e
o poder divino da Creação, a sciencia principalmente utilidades
e confessa, com Edmond Perrier, que a capacidade metaphysica é
superior ás suas possibilidades.
as duas linguagens, juntas e harmonicas, podem exaltar
simultaneamente bellezas e utilidades e como esses dois objectivos
são justamente os da Biogeographia Dynamica, na Proteção á
Natureza, é claro que Letras e Artes teem no caso a sua actuação
privativa, cujo influxo a sciencia espera a cada momento, para agir
depois, realizando.
Cabe por isso ás Letras e ás Artes a ambientação popular da
protecção aos bens naturaes, em cada paiz, fallando á alma de toda
gente, creando a mentalidade, integrando no sub-consciente do
povo a noção básica: ”a vida é funcção do meio”; se melhorarmos o
ambiente, ipso facto melhoraremos nossa propria existencia
27
.
Sampaio dedica um capítulo de vinte páginas intitulado Letras e Artes no livro
Biogeographia Dynamica, no qual são enaltecidas as características positivas da literatura
romântica na educação popular, especificamente na educação rural.
Candido Firmino de Mello Leitão, demonstrando afinidades com aspectos do
romantismo, dedicou um capítulo inteiro no livro A vida maravilhosa dos animais (1935),
sobre a importância do espírito romântico na valorização do mundo natural:
Com o nacionalismo, o individualismo, talvez um pouco exagerado
dos romanticos, levou-os á contemplação da Natureza.
Ensimesmando-se, emprestam á Natureza um espirito capaz de
vibrar acorde com as vibrações de suas almas, um coração sensível,
caritativo, piedoso ou rígido, egoista, e duro segundo os proprios
corações.
As vozes da alma dos romanticos aparecem repercutidas nas mil
vozes da Natureza. Ceos e terra, astros, montes, mares, selvas,
vales e outeiros, ervas humildes e árvores seculares, flores e
passaros, tudo é invadido pela nova vida sentimental, tudo reflete a
côr, o aspecto, o senso, a vida da alma que se expande e busca um
infinito confidente
28
.
27
Ibidem, 24-25.
28
Mello-Leitão, Candido Firmino de. A vida maravilhosa dos animais, 249.
38
Segundo, o autor, o espírito romântico tocava não só os poetas, mas também, os
homens de ciência:
A natureza, com o feitiço de seus encantos aumentado na visão dos
literatos, parece ter influido nessa ansia de viagens de estudos, de
que foi prodigo o século transato, presos os naturalistas viajantes da
fascinação daquelas paisagens exóticas, lidas e sonhadas nos
agraços da juventude, com todo esse amavio perigoso das primeiras
leituras, para sempre em nossa alma indelevelmente gravadas, a
decidir, não raro, de nosso futuro ou de uma vocação mal
definida
29
.
Mello Leitão destacava ainda a importância do espírito romântico para a valorização
do mundo natural, enaltecendo o lado mais ativo da sensibilidade romântica, aquele que teria
inspirado os naturalistas a lançarem-se em busca do desconhecido:
Os naturalistas foram romanticos de ação que procuraram viver o
que outros se satisfizeram em sonhar. Muitos aportaram a nossas
plagas e aqui ficaram, enfeitiçados por essa formosa uiara, cuja
coma de esmeralda se extende da floresta amazônica ás campinas
do Prata, evolvendo-os em ondas de perfume e sedução e,
encantados amantes, a vida toda passaram nos seus braços e felizes
morreram no seu seio.
Neles e por eles abençoemos o romantismo!
30
Características do romantismo são percebidas também nos trabalhos de Frederico
Carlos Hoehne, que assumiu papel de destaque entre os brasileiros que se preocupavam com a
proteção da natureza nos anos de 1930-1940. Na sua posição de cientista e de gestor de
instituições científicas, conseguiu transmitir o seu saber sobre a natureza brasileira e a
preocupação com a sua preservação para várias gerações de cientistas brasileiros cadas
29
Ibidem, 249-250.
30
Mello-Leitão, Candido Firmino de. A vida maravilhosa dos animais, 261.
39
antes de a questão ambiental emergir de forma globalizada no contexto mundial. Segundo
Frederico Carlos Hoehne, para além da desordem e da competição, prevalecia a cooperação.
A natureza expressava-se como um todo harmônico
31
:
Permitam-nos mais um devaneio. Se literato ou poeta fossemos,
diríamos que todas estas belezas, esta harmonia que observamos na
natureza, é resultado, efeito da luz, exteriorização da vida, em tudo
manifesta, em todos uma só. Essa vida, - harmonia e beleza -, surge
em todos os recantos, nos ensolarados e sombrios, e traduz, em
cada ambiente, uma finalidade que, - aparentemente egoísta, por
natureza exercida com requintado e insofismável desejo de alijar e
excluir rivais e comparsas, - resulta no maravilhoso entrosamento
de interesses, que, em realidade, é a energia universal mantenedora
de todas as coisas e de todas as espécies, causa do equilíbrio, que ao
observador arguto não escapa
32
.
Para Hoehne, a percepção do mundo natural estava intimamente ligada a uma idéia
que articulava utilidade e estética, desse modo, era fundamental uma relação mais harmoniosa
com a natureza, procurando conhecê-la e admirá-la sob uma perspectiva organicista
33
, na qual
o uso e a transformação do meio natural deveriam obedecer às leis naturais:
Desejo apresentar algo que sirva para despertar, na mente e no
coração dos patrícios, o interesse e amor pelo mais belo e
empolgante que a natureza da nossa terra produz e oferece. A
intenção é nobre e patriótica, porque é pura, despida de vaidade e
31
Ao observar o comportamento de várias espécies de animais, Mello Leitão procurando compreender as
diversas formas de organização dos seres vivos acaba discordando de Darwin em relação ao papel atribuído a
competição e a seleção natural no processo evolutivo, tanto para ele, como para Hoehne, a cooperação era um
aspecto fundamental e a sobrevivência dos seres vivos dependeria, em grande parte, da capacidade de articulação
de vínculos cooperativos entre os seres. A luta pela sobrevivência, quando observada mais de perto,
demonstraria que na natureza existe sempre uma grande harmonia (Mello Leitão, C. F. A Vida Maravilhosa dos
Animais, 15-21).
32
Hoehne, Frederico Carlos. Iconografia de Orchidáceas do Brasil, 52.
33
A concepção organicista, segundo Grün, é uma oposição a concepção mecanicista e tem sua origem na idéia
aristotélica de natureza como algo animado e vivo, na qual as espécies procuram realizar seus fins naturais. A
natureza de cores, tamanhos, sons, cheiros e toques está intimamente associada à sensibilidade (Grün, Mauro.
Ética e educação Ambiental: a conexão necessária, 27).
40
orgulho. Ensinando a conhecer as belezas da flora indígena,
pretendemos fazê-la querida e admirada e, conseguindo isso,
teremos logrado implantar um patriotismo que pulsa e freme por
tudo que o seio pátrio cria e produz
34
.
1.5 A importância da divulgação científica no discurso de Sampaio
Atualmente existem diversos conceitos utilizados como sinônimos de divulgação
científica entre eles, “vulgarização científica”, “disseminação científica”, “popularização da
ciência”, “comunicação em ciências”, embora cada um desses termos tenha uma conotação
própria e com variações históricas. No Brasil, uma designação surgida no final do século XIX,
e empregada por Sampaio, foi o termo vulgarização do saber
35
.
Alberto Sampaio foi um grande divulgador científico que procurou utilizar várias
formas de comunicação disponíveis na época para divulgar suas idéias. Publicava,
periodicamente, artigos, nas principais revistas de seu tempo, como no Boletim do Museu
Nacional, nos Archivos do Museu Nacional e nos Annaes da Academia Brasileira de
Sciencias, escrevia regularmente em jornais da grande imprensa, sendo muitos artigos
transcrições de conferências, ministrava regularmente cursos em instituições como a
Academia Brasileira de Ciências, a Sociedade dos Amigos de Alberto Torres e o Museu
Nacional. Proferiu diversas palestras na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro nas décadas de
1920 e 1930, além de artigos em revistas de divulgação científicas, como a Revista Nacional
34
Hoehne, Frederico Carlos. “As Plantas Ornamentaes da Flora Brasílica”. v 1, 3.
35
Em terras brasileiras, um dos marcos mais importante da divulgação científica, ocorreu com a vinda da Corte
portuguesa, e com ela a suspensão da proibição de impressão com o estabelecimento da Imprensa Régia em
1810, abrindo-se os caminhos para a publicação de livros, revistas e jornais. Com isso, textos e manuais
científicos, embora em número reduzido, começaram a ser publicados ou, pelo menos, difundidos no país
(Cardoso, Walter. Divulgação matemática, ao tempo do príncipe regente D. João. In: Ubiratan D’Ambrósio-
Org.- Anais do 2º Congresso Latino-americano de História da Ciência e da Técnica, 510). Para saber mais sobre
a divulgação científica no Brasil ver Ildeu de Castro Moreira e Luisa Massarani. “A divulgação científica no Rio
de Janeiro: algumas reflexões sobre a década de 1920”. História, Ciências, Saúde- Manguinhos, v VII, 627-651;
Miguel Ozório de Almeida. A vulgarização do saber, Rio de Janeiro: Ariel, 1931 e Maria Rachel Fróes Fonseca
e Marcos Chor Maio. “Miguel Ozorio de Almeida e o projeto de uma história científica e cultural da
humanidade”. História, Ciências, Saúde Manguinhos, v 11(2), 459-68, maio-agosto, 2004.
41
de Educação (RNE), publicação mensal lançada pelo Museu Nacional em outubro de 1932,
sob a direção de Edgar Roquette Pinto e financiada pelo Ministério da Educação e Saúde
Pública, possuía uma tiragem inicial de 12.500 exemplares e era distribuída em todo território
nacional. Escolas, professores, prefeituras e diversas instituições culturais e de classe
recebiam o periódico gratuitamente. O Museu Nacional possuía uma longa tradição de
publicações científicas, iniciada em 1876 com a fundação dos Arquivos do Museu Nacional,
que abrangia artigos de zoologia, botânica, fisiologia, geologia, paleontologia, antropologia e
arqueologia. A revista circulou até meados de 1934. Na capa da primeira edição da revista, ao
lado do título estava grafado: “Em todos os lares do Brasil, o conforto moral da Ciência e da
Arte”, frase de autoria de Roquette Pinto, que considerava a publicação a coroação de um
sonho de mais de vinte anos em sua carreira de pesquisador científico e professor
36
.
Os colaboradores da Revista Nacional Educação eram cientistas e intelectuais
pertencentes, grande parte deles, ao quadro de pesquisadores do Museu Nacional. Alberto
Sampaio, Cândido Firmino de Mello Leitão e próprio Roquette Pinto, entre outros,
publicaram diversos artigos na revista que circulou ininterruptamente entre outubro de 1932 e
junho de 1934.
A década de 1930 foi uma época marcada por uma intensificação das atividades de
divulgação científica no Rio de Janeiro cabendo papel de destaque a figura de Miguel Ozório
de Almeida (1890-1953), contemporâneo de Alberto José de Sampaio, pela sua atuação e
empenho na história da divulgação científica brasileira e por ter colocado em debate questões,
ainda hoje muito atuais, relacionadas à prática da divulgação científica, como a possibilidade
e conveniência de se levar o conhecimento científico ao conjunto da população
37
. Seu
36
Duarte, Regina Horta. “Em todos os lares, o conforto moral da ciência e da arte: a Revista Nacional de
Educação e a divulgação científica no Brasil (1932-34), 36.
37
Para Miguel Ozório, a vulgarização científica não parecia ser discutível, apesar do ceticismo de muitos, como
o de Émile Meyerson (Miguel Ozório. A vulgarização do Saber, 230-231). Essa falta de consenso atualmente
42
principal trabalho, a esse respeito foi publicado no livro A vulgarização do saber (1931), um
dos primeiros do gênero no país a tratar da questão da divulgação científica.
Um marco determinante para divulgação científica no Brasil foi à criação, em 1916, da
Sociedade Brasileira de Ciências no Rio de Janeiro, que se transformaria mais tarde na atual
Academia Brasileira de Ciências (ABC), da qual Sampaio foi membro efetivo.
Vários jornais, desde o início da década de 1920, haviam concedidos espaços, em
maior ou menor grau, para notícias relacionadas à ciência. Eram publicadas notícias sobre
eventos ligados à ciência, palestras a serem realizadas, viagens ou transferências de cientistas
nacionais, presença de importantes cientistas estrangeiros no país como a visita de Albert
Einstein ocorrida no Rio de Janeiro entre os dias 4 e 12 de maio de 1925, e Marie Curie em
1926.
Em 1923, foi fundada a primeira rádio brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
criada por um grupo de cientistas e intelectuais brasileiros no Rio de Janeiro nas dependências
da Academia Brasileira de Ciências, por iniciativa de Edgard Roquette-Pinto
O jornal, livro e o rádio figuravam entre os mais importantes veículos divulgadores
defendidos e utilizados por Sampaio:
A palavra da sciencia, porem, tem um auditorio restricto, o das
Academias sempre pouco populosas, razão porque, desde velhos
tempos se attraía o povo ás Arcádias, para a vulgarização do saber,
sob o artístico e sugestivo influxo das columnas gothicas; hoje
diffundi-se a sciencia por todos os modos úteis, no livro popular, na
imprensa, na rádio, no cinema, etc
38
.
ainda não foi superada, Morris Herbert Shamos, por exemplo, no livro The Myth of Scientific Literacy classifica
de mito irrealizável a difusão da cultura científica a toda população.
38
Sampaio, Alberto José de. Biogeographia Dynamica, 23
43
Outro trecho que exprime o valor de destaque da divulgação científica nas obras de
Sampaio pode ser lido no texto a seguir:
No entanto ha um pequeno detalhe que deve ser indicado aqui, por
ser da maior importancia para o ensino da Biogeographia
Dynamica, em nosso paiz, como o foi para todos os paizes cultos, a
ogeriza dos homens de letras pela terminologia arrevezada das
sciencias, difficultando o entrosamento adequado e indispensavel,
dos esforços simultaneos de homens de letras, educadores e
scientistas, na vulgarização do saber, para a proteção á Natureza
39
.
Outro meio de comunicação importante utilizado a partir da década de 1930 foi o
cinema. O Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE), criado em 1936 e dirigido por
Roquette-Pinto produziu uma série de filmes voltados para a educação em ciências ou para a
divulgação de temas científicos e tecnológicos
40
.
Após destacarmos as informações que consideramos relevantes a respeito do nosso
autor, no próximo capítulo trataremos de forma geral do panorama político-econômico-social
da década de 1930, da criação de alguns institutos pesquisas ligados a proteção à natureza e de
cientistas que se dedicaram a causa conservacionista.
39
Ibidem, 53.
40
Moreira, Ildeu de Castro e Luisa Massarani. “A divulgação científica no Rio de Janeiro: algumas reflexões
sobre a década de 1920”, 26-32.
44
Capítulo 2
A década de 1930: o contexto político, econômico e social
2.1 Era Vargas e industrialização
A ascensão de Vargas ao poder marca a ruptura entre dois períodos da história do
Brasil. Politicamente representava a perda de hegemonia entre a oligarquia paulista e a
mineira, após quase quatro décadas da famosa política do café-com-leite
41
. A ruína dessa
política significou o desmoronamento da economia agrário-exportadora assentada sobre a
monocultura do café. A crise mundial ocasionada pela queda dramática na Bolsa de Valores
de Nova Iorque, em 1929, repercutiu em toda economia mundial, inclusive no Brasil, com a
queda acentuada no preço do café. A falta de divisas diminuiu a capacidade de importação,
tornando os produtos estrangeiros inacessíveis, isso deixou o mercado interno aberto,
permitindo o avanço da indústria nacional, sobretudo no tocante aos bens de consumo não-
duráveis. Como conseqüência, a industrialização começou a ganhar destaque na economia
nacional, alterando o padrão de acumulação de capital
42
.
A indústria, no período de 1933 a 1939, obteve um rápido crescimento, enquanto a
agricultura recuava. A década de 1930 marca um momento de reacomodação dos interesses
dominantes com a substituição do modelo capitalista dependente agrário-exportador, pelo
modelo, igualmente capitalista e dependente, urbano-industrial, que itornar-se hegemônico
a partir de 1945. Nesse processo, as iniciativas do Estado foram fundamentais para a
organização das estruturas sociais. Inaugura-se, então, a segunda etapa do desenvolvimento
41
Em outubro de 1930, o Estado do Rio Grande do Sul, cujo presidente, Getúlio Vargas, fora derrotado nas
eleições para a presidência da República, levanta-se, em armas, com o apoio de Minas Gerais, contra o governo
de Washington Luís, que é deposto pelos seus próprios chefes militares. Iniciava-se, então, a Era Vargas, cuja
primeira fase duraria de 1930 a 1945 (Bedê, Waldyr Amaral. “Volta Redonda na Era Vargas (1941- 1964)”, 25.
42
Motoyama, Shozo. Prelúdio para uma história. Ciência e Tecnologia no Brasil, 251-253.
45
industrial do Brasil, caracterizada pelo modelo de substituição de importações, ou seja, a
substituição de bens de consumo de produtos importados, por bens de consumo de produção
nacional. Essa nova realidade exigia a modernização do aparelho administrativo e
instrumentos de ação no âmbito governamental, cujo governo recém empossado tentava
implementar. Entre as medidas tomadas estava a criação, em 1930, do Ministério da Educação
e Saúde Pública, atendendo uma antiga reivindicação da atuante Associação Brasileira de
Educação (ABE), que reivindicava avanços urgentes em prol da melhoria da qualidade da
educação
43
.
O início da década de 1930 é o período em que o Brasil ensaia seus primeiros passos
no sentido da criação de uma economia industrial mais moderna, e existia a clara noção da
importância do aço e dos combustíveis fósseis para o novo estágio de desenvolvimento do
país. As preocupações com estes temas deveriam necessariamente repercutir sobre os órgãos
do governo dedicados as pesquisas geológicas. O Departamento Nacional da Produção
Mineral é criado em um clima de tensão, as empresas de capital privado, sobretudo as
empresas estrangeiras, não viam com bons olhos a iniciativa federal, que o Código das
Minas de 1934, pela primeira vez na história do Brasil, nacionalizava as riquezas do
subsolo
44
.
Mais que um projeto nacional, que tomaria forma no final dos anos trinta, Getúlio
Vargas detém uma orientação de governo centrada na idéia da implantação da indústria de
base como ponto de partida para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Essa idéia
aparece, em nítidos contornos, no discurso de Getúlio Vargas, em sua primeira viagem a Belo
Horizonte poucos meses após o começo do seu governo, em 1931:
43
Motoyama, Shozo. Prelúdio para um história. Ciência e desenvolvimento no Brasil, 253-254.
44
Schwartzman, Simon. Formação da comunidade científica no Brasil, 143-146.
46
Mas o problema máximo, pode dizer-se, básico da nossa economia,
é o siderúrgico. Para o Brasil, a idade do ferro marcará o período da
sua opulência econômica. No amplo emprego desse metal, sobre
todos, precioso, se expressa a equação do nosso progresso. Entrava-
o a nossa míngua de transportes e a falta de aparelhamento
indispensável à exploração da riqueza material que possuímos
imobilizada
45
.
A deficiência dos transportes e a falta de aparelhamento não são, todavia, os únicos
problemas que Vargas enfrentou, não havia na burguesia nacional, mesmo se consorciados,
empresários com capital suficiente para bancar a implantação de uma usina siderúrgica de
grande porte capaz suprir as demandas iniciais, além disso, não se dispunha naquele momento
de know how cnico específico para a produção de aço, e dependeríamos, como de fato
aconteceu de transferência tecnológica estrangeira.
A grande preocupação do Brasil era consolidar obras de infra-estrutura e instalar
indústrias de base. Após ter se posicionado ao lado dos países aliados durante a Guerra
Mundial (1939-1945), o país recebeu alguns dividendos, como o financiamento e a tecnologia
necessária para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, que começou o seu
funcionamento no Estado do Rio de Janeiro em 1946.
O ambiente político da década de 1930, segundo José Luiz de Andrade Franco,
definia-se por um intenso nacionalismo aliado ao desejo de modernização da sociedade e das
instituições do Estado. Diversos temas foram objetos de debates nesse período: o trabalho, a
indústria, a educação, a saúde, o arcabouço jurídico-institucional, as manifestações culturais,
o patrimônio histórico, e também, a proteção à natureza
46
. Nesse período a “proteção
45
Sodré, Nelson Werneck: Capitalismo e revolução burguesa no Brasil, 84.
46
Franco, José Luiz de Andrade. Proteção à natureza e identidade nacional: 1930-1940, 14.
47
ambiental” era exercida justamente pelos órgãos públicos responsáveis pela própria
exploração
47
.
2.2 O nacionalismo de Alberto Torres
Desde os primeiros anos da República, houve uma tendência em direção à aplicação
potencial dos conhecimentos científicos na resolução de problemas de interesse nacional
expressa em expedições ao interior do Brasil, como as empreendidas pelas Comissões
Geológicas, por Rondon a partir de 1900 para a construção de linhas telegráficas, pelo
Instituto Oswaldo Cruz entre 1908 e 1922 e pela Inspetoria de Obras contra as Secas, a partir
de 1909. A tendência à valorização da cultura e da sociedade brasileiras vinha se
desenvolvendo desde o início do século XX, em trabalhos clássicos da literatura como Os
Sertões de Euclides da Cunha (1866-1909)
48
.
As concepções de Alberto Torres (1865-1917), que vinculava natureza e identidade
nacional, forneceram subsídios a Sampaio para que ele formulasse um projeto em torno dos
quais as iniciativas relacionadas à proteção da natureza iriam circundar
49
.
No campo intelectual, o pensamento e o corpo da doutrina de Torres muito influenciou
aqueles que se propuseram a pensar os problemas nacionais nas primeiras décadas do século
passado, resulta desse fato a importância de se conhecer, ao menos de passagem um pouco
das idéias de Alberto Torres
50
.
47
Bedê, Waldyr Amaral. Volta Redonda na Era Vargas (1941- 1964), 27-30.
48
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, Rio de Janeiro. Foi escritor, professor, sociólogo,
repórter jornalístico e engenheiro, tendo se tornado famoso internacionalmente pelo livro Os Sertões, que retrata
a Guerra de Canudos. Em 1901, viajando do Rio de Janeiro para São Paulo escreveu Fazedores de Deserto e
Entre as ruínas, ensaios nos quais descrevia os montes intermináveis de lenha estocados ao longo das faixas de
solo e encostas erodidas pelo abandono das plantações de café (Dean, Warrean. A ferro e fogo, 245).
49
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 167.
50
Pádua, José Augusto. Natureza e projeto nacional. As origens da Ecologia Política no Brasil, 43-62.
48
Figura singular do pensamento social brasileiro, Alberto Torres, formou-se em Direito,
foi homem de ão e pensador, militante abolicionista e republicano. Deputado Estadual,
Federal e Presidente do Estado do Rio de Janeiro. Foi também Ministro da Justiça e Negócios
Interiores (Governo Prudente de Moraes) e Ministro do Supremo Tribunal Federal, atuando
assim nos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Como Presidente de Estado do
Rio de Janeiro, entre 31 de dezembro de 1897 a 31 de dezembro de 1900, preocupou-se com o
saneamento básico e com a instrução pública. Como Ministro do Supremo Tribunal Federal
ocupou-se da defesa da soberania da União e da liberdade individual por meio da ampliação
do conceito de habeas corpus. Após aposentar-se utilizou sua experiência como homem
público e passou a escrever sua obra, cujos principais livros são: Vers la paix (1909), Le
problème mondial (1913), A organização nacional (1914), O problema nacional brasileiro
(1914) e As fontes da vida no Brasil (1915). Deixou pequeno e fiel grupo de seguidores
alguns dos quais, no intuito de homenageá-lo e estudar sua obra e os problemas do país,
fundaram em 1932, na cidade do Rio de Janeiro a Sociedade de Amigos de Alberto Torres.
Alberto Torres, embora republicano, manifestava profunda decepção com a República,
com a forma como foi proclamada por meio de uma quartelada e como se constituiu. Também
a Federação, da maneira como estava organizada, sob seu ponto de vista, outorgava poderes
excessivos aos estados e municípios fragilizando a União. O autor chega a propor um projeto
de revisão constitucional na qual constavam: a ampliação das prerrogativas da União nas
decisões político-administrativas, a eleição do Presidente da República por um colegiado e
para um mandato de oito anos
51
.
Para Ricardo Luiz de Souza, poucos autores brasileiros encarnaram tão bem quanto
Alberto Torres a idéia de transição, de fim de um ciclo e início de outro. Torres é um autor
que assinala a transição do predomínio de idéias liberais para a articulação de um ideário
51
Torres, Alberto. A organização nacional, 301-331.
49
republicano que nascia em contraste com a ideologia liberal ainda vigente durante a República
Velha, e que se consolidaria como pensamento preponderante a partir das primeiras décadas
do século XX
52
.
As idéias de Torres influenciaram a construção de um ambiente político-intelectual
mais favorável ao debate em torno da proteção à natureza e de um uso mais racional dos
recursos naturais no Brasil. Torres era, em muitos aspectos, um crítico da modernidade, para
ele o destino do Brasil era ser um país agrícola e toda ação que tendesse a desviá-lo desse
destino seria um crime contra a própria natureza e contra os interesses do povo brasileiro
53
.
Sua percepção era de que a industrialização vinha acelerando a extinção dos recursos naturais,
como pode ser lido no seguinte texto:
O homem tem sido um destruidor implacável e voraz das riquezas
da Terra. Toda a vida histórica da humanidade tem sido uma vida
de devastação e de esgotamento do solo, de incêndio de tesouros e
florestas, de saque de minérios ao seio da Terra, de esterilização da
sua superfície. A exploração colonial dos povos sul-americanos foi
um assalto às suas riquezas; toda a sua história econômica é o
prolongamento deste assalto, sem precauções conservadoras, sem
corretivos reparadores, sem piedade para com o futuro, sem atenção
para com os direitos pósteros.
O Brasil é ainda, e apesar da ação de deus governos, um repositório
e uma reserva de riquezas; e a humanidade crescendo
desproporcionalmente à sua produção, e, principalmente, ao seu
sistema de distribuição econômica, está pedindo, neste momento,
lições, e escola, de produtividade econômica, ao contrário das de
esgotamento da natureza- que é o que se tem feito e se está fazendo,
com pueril e demente imprevidência, entre nós
54
.
52
Souza, Ricardo Luiz de. Nacionalismo e autoritarismo em Alberto Torres, 302-323.
53
Torres, Alberto. O problema nacional brasileiro, 101.
54
Ibidem, 91 e 110.
50
Crítico da falta de organização da sociedade brasileira, a qual teria sido propiciada
pela sua conformação de improviso, transplantação de instituições e excessos do liberalismo,
situação esta que se expressaria na fragilidade do Estado, na ausência de sociedade e povo, de
solidariedade, estrutura sócio-econômica e sentimento coletivo e patriótico, que viabilizariam
a existência plena da uma nação. O nacionalismo, para Torres, representava idéia-força da
organização do país e possibilitaria o seu ordenamento político-administrativo capaz de barrar
os interesses individuais ou de grupos particulares; promover a coesão social e harmonia entre
as classes; zelar pelas fontes de vida e recursos naturais e colocar o país nos trilhos do
desenvolvimento. Economicamente seu nacionalismo manifestava-se na recusa do
imperialismo dos países colonizadores que drenavam as riquezas nacionais. A exploração das
riquezas nacionais e a colonização do território deveriam estar a cargo dos brasileiros.
Nacionalismo, patriotismo, soberania e progresso são, para Torres, elementos intrinsecamente
conectados. Para Torres, uma nação poderia ser livre, ainda que bárbara, sem segurança e sem
garantias jurídicas; mas não poderia ser livre, sem o domínio de suas fontes de riqueza, de
seus meios de nutrição, das obras vivas de sua indústria e do seu comércio
55
.
As concepções de Torres começaram a ganhar destaque com as crises de
abastecimento e financiamento que o Brasil enfrentou durante a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). O ambiente político-intelectual, nesse período, caracterizou-se pelo amplo
debate sobre os problemas nacionais. Os projetos das elites intelectuais eram inseparáveis da
vontade de contribuir para reestruturar a sociedade e a política. Embora os temas discutidos
fossem diversificados, havia um clima comum determinado pelo nacionalismo e pelo
cientificismo. A obra de Alberto Torres continha elementos que contribuíam para legitimar
esta aspiração de moldar a sociedade de cima para baixo. A junção entre fortalecimento da
nacionalidade com o uso prudente dos recursos naturais aproximava Torres daqueles
55
Ibidem, 112.
51
cientistas que se preocupavam com a proteção aos elementos naturais
56
. A penetração
intelectual do projeto de Torres em alguns setores da elite nacional depois de 1914
proporcionou aos cientistas conservacionistas uma espécie de subsídio para formulações mais
abrangentes e mais eficazes no que diz respeito à proteção da natureza
57
.
Alberto Torres, segundo Warren Dean, foi um pensador político muito influente da
República, defendia propostas políticas de reforma do Estado e da sociedade com a defesa da
necessidade de se conservar os recursos naturais, foi um crítico da concessão da exploração
dos recursos naturais e das linhas rreas por empresas estrangeiras, chegou a sugerir em
1913, uma proposta de reforma constitucional, contendo um artigo relativo à defesa do solo e
dos recursos naturais
58
, criticava a importância econômica excessiva atribuída às exportações
conforme o texto abaixo:
As exportações comerciais para os mercados externos representam
o esgoto da substância, da riqueza dos solos, brutalmente
explorados; o que as importações restituem não passa de
mercadorias e produtos de interesse secundário, de satisfação de
necessidades imediatas, quase sempre de uso breve e rápido
consumo
59
.
Torres não era favorável a industrialização, sustentava que o Brasil era um país de
vocação agrícola. O seu projeto nacional visava evitar no Brasil o que ele considerava um
56
As preocupações com a proteção à natureza e com o uso dos recursos naturais na Primeira República brasileira
receberam atenção especial de cientistas e escritores que contribuíram para a formação de um pensamento
nacional sobre a questão da proteção à natureza ou, em termos contemporâneos, sobre a questão ambiental. Esse
grupo, constituído por Herman von Ihering (1850-1930), Alberto Loefgren (1854-1918), Edmundo Navarro de
Andrade (1881-1941) e Alberto Torres (1865-1917), deu valiosas contribuições à formação de um pensamento
crítico sobre as relações sociais e os elementos naturais em nosso país (Dean, Warrean. A ferro e fogo, 247-259 e
Franco, José Luiz de Andrade. e José Augusto Drummond. Preocupações com a proteção à natureza e com o
uso dos recursos naturais na Primeira República, 145-149).
57
Franco, José Luiz de Andrade e José Augusto Drummond. Preocupações com a proteção à natureza e com o
uso dos recursos naturais na Primeira República Brasileira, 154-160.
58
Dean, Warren. A ferro e fogo, 259.
59
Torres, Alberto. O problema nacional brasileiro, 95-98.
52
desequilíbrio entre o meio urbano e o rural, característico das sociedades modernas
industrializadas. Segundo Torres, essa harmonia seria reencontrada na possibilidade de se
criar uma nação de pequenos proprietários rurais cultivando e fabricando os produtos
necessários à vida, importando apenas produtos e matéria prima inexistentes no país
60
.
Alberto Sampaio foi um grande entusiasta das idéias de Alberto Torres. A influência e
a importância das idéias de Torres na obra de Sampaio podem ser observadas em diversos
textos, entre quais destacamos:
Não podendo citar todos os nomes illustres, do quadro de honra de
proteção à natureza no Brasil, - que neste livro se esboça, limito-me
a citar alguns exemplos... tendo cabido a Alberto Torres o mérito
especial de corpo de doutrina, expresso em seus conhecidos livros:
“A Organização Nacional”, “O Problema Nacional Brasileiro” e
“As Fontes de Vida no Brasil”... Nesse ambiente, os que hoje
tratam do assumpto, como eu, apenas precisam dizer como
proseguir, tendo em conta os esforços anteriores, para a conveniente
continuidade da acção, a orientar de acordo com os seguintes
preceitos de Alberto Torres, apllicaveis a todos os paizes: “A
civilização tem o dever de conservar as riquezas inexploradas da
Terra, reservas destinadas ás gerações futuras e defender as que
estão em producção, contra a exploração imprevidente” (Sampaio,
Alberto José de. Biogeographia Dynamica, 8-10).
A proximidade de idéias entre os dois pensadores pode ser percebida nas seguintes
palavras de Roquette Pinto no prefácio do livro Biogeographia Dynamica:
Estou convencido de que o povo do Brasil vae ler o volume e até
mesmo decorar muito do que nelle se contem. Escripto sob a
inspiração dos ensinos magníficos de Alberto Torres, o livro de A.
J. de Sampaio representa uma das maiores victorias espirituais
verificadas neste paiz. A grande voz do philosopho, apaixonado do
problema humano, amplia-se nestas resonancias, fundamentadas na
melhor capacidade technica. O titulo talvez assuste os professores
primários; não importa. “Biogeographia Dynamica” precisa ser um
60
Torres, Alberto. A organização nacional, 207.
53
livro de todos os lares e de todas as escolas. “A nacionalidade, dizia
Alberto Torres, é a vida de um povo, feita pelo calor e pela energia
de um espírito, sobre a saúde de uma economia”. Este livro – de um
grande discípulo – serve aos ideaes do Mestre
61
.
Em vários momentos da sua obra Sampaio se aproxima das concepções de Torres,
principalmente no que concerne ao sentido pragmático de seu discurso. Em O Problema
Nacional Brasileiro, Torres explicita seu ideal nacionalista de conservação da natureza, ao
qual Sampaio filia-se, afirmando que a civilização tem o dever de conservar as riquezas
inexploradas da Terra, reservas destinadas às gerações futuras, e de defender as que estão em
produção, contra a exploração imprevidente, assim como tem o dever de se de proteger contra
todas as formas de concorrência que possam ameaçar seus interesses vitais
62
.
Para Alberto Sampaio, o patrimônio natural brasileiro era a maior fonte de riqueza da
nação e deveria obedecer a um programa de exploração racional que colocasse o Brasil no
rumo dos países desenvolvidos econômica e socialmente. A utilização racional da natureza
seria a solução para o suposto “atraso” brasileiro. Sob sua perspectiva, as ações em defesa da
natureza deveriam ter como foco o ambiente rural por considerá-lo fonte de prosperidade da
nação. Nas suas projeções, a natureza exercia um papel estratégico, figurando como um
emblema à nacionalidade, permeada pela idéia de patrimônio que deveria ser preservado e
racionalmente utilizado para o progresso do país, reiteradas vezes criticava a devastação das
florestas, destacando a necessidade de implantação de um programa de silvicultura no Brasil,
dada a crescente exigüidade do patrimônio florestal brasileiro, bem como a ascendente
necessidade da utilização desses recursos.
61
Pinto, Roquette. Prefácio. In: Alberto Jode Sampaio, Biogeographia Dynamica (1935), Série V, Brasiliana,
V LIII.
62
Torres, Alberto. O problema nacional brasileiro, 84-112.
54
2.2 Instituições de pesquisas e a proteção à natureza
Os instituições de pesquisas foram os primeiros centros gabaritados de pesquisas a
empregar equipes de cientistas brasileiros. Foi pela atividade desses profissionais que a
concepção de pesquisa experimental se introduziu no país e foi em seus laboratórios que se
formaram as primeiras gerações de pesquisadores brasileiros. O estudo sobre os institutos de
pesquisas são importantes, e nesse trabalho nos limitaremos a citar alguns, pela importância
do papel que desempenharam no processo de institucionalização das ciências no Brasil. Nesse
sentido, destacaremos os institutos nos quais trabalharam grande parte daqueles que
contribuíram para a formação de um pensamento brasileiro sobre a questão da proteção à
natureza ou, em termos mais contemporâneos, sobre a questão ambiental. Será tratado mais
profundamente o Museu Nacional do Rio de Janeiro, primeira instituição de pesquisas em
Ciências Naturais no Brasil.
2.2.1 Museu Nacional do Rio de Janeiro
O Museu Nacional foi criado em 1818, recebeu primeiramente o nome de Museu Real.
Foi a primeira instituição brasileira dedicada exclusivamente ao estudo das Ciências Naturais.
No corpo técnico constava o cargo de naturalista-viajante (com função de realizar
expedições para coleta de espécimes), que foram ocupados por diversos naturalistas: Fritz
Müller (1822-1897), Emílio Goeldi (1859-1917), Claude Gorceix (1842-1919), Hermann Von
Lhering (1850-1930), entre outros
63
.
63
Fritz Müller, zoólogo, professor de matemática, naturalista e evolucionista. Sua obra Für Darwin representa
significativa contribuição às teorias evolucionistas. Durante muitos anos foi naturalista viajante do Museu
Nacional. Emílio Goeldi, zoólogo suíço que assumiu a direção Museu Paraense, em 1867, na capital do Estado.
Claude Gorceix, bacharel em ciências físicas e matemáticas, em 1874 assumiu a direção da Escola de Minas no
Brasil (Schwartzman, Simon. Formação da comunidade científica no Brasil, 59, 84-85, 95-96, 74-76).
55
Diversos cursos blicos ministrados por especialistas do Museu contavam com a
presença do Imperador, de pessoas da Corte, de senadores, deputados e do público em geral.
Em 1876, iniciou-se a publicação dos Arquivos do Museus Nacional, revista de cunho técnico
que tornou o Museus conhecido internacionalmente.
Durante a década de 1930 as áreas do museu estavam assim delineadas: Antropologia,
Paleontologia, Geologia, Zoologia e Botânica.
Além do Museu Nacional, outras instituições desempenharam importante papel no
processo de institucionalização das ciências no Brasil, entre elas destacamos: o Museu
Paraense Emílio Goeldi, Museu Paulista, o Horto Florestal de São Paulo, o Jardim Botânico
Paulista, o Instituto Bacteriológico de São Paulo, Instituto Oswaldo Cruz, Instituto Butantã,
Instituto Biológico, Instituto Agronômico de Campinas e Instituto de Pesquisas Tecnológicas
de São Paulo
64
.
O Museu Nacional foi representante de uma tradição naturalista que na década de
1930 possuía um quadro de pesquisadores responsáveis por grande parte do volume de
pesquisas e publicações sobre a questão da proteção à natureza, cujos nomes serão destacados
a seguir.
2.2.1.1 Cientistas que se dedicaram as causas conservacionistas
Armando Magalhães Corrêa
65
, que fez parte de uma geração de conservacionistas no
Brasil que conseguiu integrar as dimensões sociais e naturais, aproximando a necessidade de
defender a natureza com o imperativo de melhorar as condições de vida dos habitantes do
64
Dantes, Maria Amélia Mascarenhas. Institutos de Pesquisa Científica no Brasil, 343-379.
65
Magalhães Corrêa, era a forma abreviada que o autor costumava assinar suas gravuras. Todas as ilustrações
dos livros Phytogeographia do Brasil e Biogeographia Dinâmica de Alberto Sampaio, foram feitas por
Magalhães Corrêa.
56
interior brasileiro. Foi professor do Museu Nacional, jornalista, escultor, desenhista e escritor.
Colaborou assiduamente no importante jornal carioca Correio da Manhã, escrevendo e
ilustrando, com desenhos a bico-de-pena, estudos do passado e do presente da cidade do Rio
de Janeiro, inclusive as matérias que deram origem ao livro O sertão carioca (1936). O livro
surgiu de uma série de artigos publicados no jornal carioca O Correio da Manhã, publicados
entre 1931 e 1932. Os artigos publicados apresentavam aos leitores apelos de alerta em favor
da conservação, especialmente o reflorestamento, regulamentação da caça e refúgios para a
vida selvagem. Seu livro obteve grande repercussão entre as associações ligadas a natureza,
como os clubes cívicos, associação de professores e sindicatos
66
.
Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976), zoóloga, em 1919 tornou-se secretária do Museu
Nacional do Rio de Janeiro. O fato teve grande repercussão, considerando-se que na época o
acesso ao funcionalismo público ainda era vedado às mulheres. Mais tarde, tornou-se
naturalista na Seção de Botânica, em 1922, representou o Brasil na Assembléia Geral da Liga
das Mulheres Eleitoras, realizada nos Estados Unidos, sendo eleita vice-presidente da
Sociedade Pan-Americana. Bertha Lutz teve também grande preocupação com as questões
relacionadas ao patrimônio natural e cultural brasileiro, participando como conselheira do
Conselho Federal Florestal e do Conselho Federal de Expedições Artísticas e Científicas
67
.
Cândido Firmino de Mello Leitão era zoólogo e professor do Museu Nacional do Rio
de Janeiro, ocupou-se e escreveu extensamente sobre a proteção à natureza no Brasil. A esta
preocupação somava-se o seu empenho pelo desenvolvimento da pesquisa científica no
campo da biologia. Além dos estudos sobre os aracnídeos, a sua especialidade, interessou-se
pela distribuição geográfica dos animais, pela conformação dos seus habitats e por suas
formas de comportamento. Mello Leitão, além de professor do Museu Nacional, lecionava no
66
Dean, Warren. A ferro e fogo, 274.
67
Sousa, Lia Gomes Pinto, Mariana Moraes de Oliveira Sombrio e Maria Margaret Lopes. Para ler Bertha
Lutz”, 1-5.
57
Instituto de Educação do Rio de Janeiro, tornando-se amigo pessoal de Fernando Azevedo
(1894–1974), que era o principal responsável pelos projetos pedagógicos dessa escola e editor
da famosa Coleção Brasiliana, da Companhia Editora Nacional. Mello Leitão foi um autor
privilegiado por essa coleção, tendo seis títulos publicados em menos de dez anos. Era amigo
também Roquette Pinto (1884-1954), o que lhe possibilitou a transmissão de seus
conhecimentos e ideais científicos e de proteção à natureza por intermédio de programas de
rádio. Foi presidente da Academia Brasileira de Ciências, entre 1943 e 1945, e desenvolveu
atividades junto ao Ministério da Agricultura, nos anos 1930-1940
68
.
Frederico Carlos Hoehne foi um dos diretores da Seção de Botânica do Instituto
Butantã, em 1917. Foi taxonomista, interessava-se por biogeografia e ecologia, foi um dos
primeiros na pesquisa etnobotânica
69
. Em 1923, transferiu-se para a Seção de Botânica no
Museu Paulista. Trabalhou no Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal, passando a
denominar-se Seção de Botânica e Agronomia. A seção ganhou autonomia, em 1938, quando
se transformou no Departamento de Botânica, subordinado diretamente à Secretaria de
Agricultura, Indústria e Comércio. Finalmente, em 1942, o Departamento passou a ser o atual
Instituto de Botânica. Hoehne esteve sempre à frente dessas instituições, trabalhando até
1952, quando, ao atingir a idade de 70 anos, recebeu aposentadoria compulsória
70
.
Em 1924, Hoehne realizou uma campanha para salvar a floresta do Jaraguá, zona sul
da cidade de São Paulo. Em seus argumentos, sustentava que a preservação de faixas
68
Franco, José Luiz de Andrade e JoAugusto Drummond. Cândido de Mello Leitão: as ciências biológicas e
a valorização da natureza e da diversidade da vida, 1266-1268.
69
A Etnobotânica estuda a interação de comunidades humanas com o mundo vegetal, em suas dimensões
antropológica, ecológica e botânica. Ao abordar os conhecimentos sobre recursos vegetais nas mais diferentes
sociedades converte-se em uma importante ferramenta para conhecer, proteger e conservar recursos os naturais,
em função da biopirataria e dos processos de degradação ambiental (Baldini, Karla Beatriz Lopes e Janie Garcia
da Silva. “Avaliação etnobotânica de plantas aromáticas e madeiras do Parque Nacional de Itatiaia com vistas a
conservação: resultados preliminares”, 1).
70
Franco, José Luiz de. José Augusto Drummond. Frederico Carlos Hoehne: a atualidade de um pioneiro no
campo da proteção à natureza no Brasil, 1-10.
58
florestais nativas propiciaria habitats para pássaros, insetos e animais que poderiam proteger
os cafezais e outras culturas dos predadores e parasitas
71
.
Entre 1908 e 1948, participou de 15 expedições científicas nas quais aproveitava para
coletar exemplares de plantas e ampliar as coleções sob a sua responsabilidade, publicava
sistematicamente artigos, inventários e notas, além de realizar trabalho de identificação,
classificação conservação, reprodução e intercâmbio. As viagens o levaram, entre outros
lugares, a Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e ao
litoral sul brasileiro, gerando extensos relatos de viagem e numerosos artigos sobre as
paisagens, coletas e descobertas. Nessas expedições, ele e os seus colaboradores coletaram
cerca de 10.000 espécimes vegetais, das quais cerca de 200 eram novas para a ciência.
Escreveu mais de 600 artigos científicos e de divulgação, principalmente sobre as plantas
coletadas nas suas viagens, mas também sobre outros assuntos, como arborização de estradas,
desmatamento, reflorestamento, introdução de plantas exóticas, uso e cultivo de plantas
medicinais, agricultura, recuperação ambiental e econômica de regiões desmatadas, criação de
plantas e de coleções, unidades de conservação, estações de pesquisa etc. Contribuiu com
muitas outras produções, como palestras, conferências, livretos para crianças e textos diversos
de circulação. Sua vasta obra obteve amplo reconhecimento, inclusive, internacional. Hoehne
foi homenageado por inúmeras instituições, destacando-se o convite para participar como
membro honorário da American Orchid Society, distinção conferida a poucos cientistas no
mundo inteiro, e o recebimento do título de doutor honoris causa pela Universidade de
Göttingen na Alemanha, em 1929
72
.
Hermann von Lhering, nascido na Alemanha, havia sido naturalista viajante do
Museu Nacional do Rio de Janeiro até 1891, possuía uma formação abrangente, circulava
71
Dean, Warren. A ferro e fogo, 274.
72
Franco, José Luiz de. José Augusto Drummond. Frederico Carlos Hoehne: a atualidade de um pioneiro no
campo da proteção à natureza no Brasil, 3-4.
59
entre as especialidades da zoologia e da botânica. As preocupações de von Lhering com
patrimônio natural brasileiro estão registradas em seu artigo Devastação e Conservação das
Matas
73
. Seus estudos abrangeram as mais diversas áreas da História Natural, tendo deixado
contribuições publicadas em diversas áreas como Botânica, Paleontologia, Zoologia e
Paleozoologia. Foi sócio honorário da Sociedade Antropológica Italiana, Academia de
Ciências de Córdoba, Sociedade Geográfica de Bremen, Sociedade Antropológica de Berlim,
Sociedade de Naturalistas de Moscou e da Sociedade Científica do Chile, entre outros. O
nome de von Lhering também está entre os predecessores da Teoria da Deriva Continental.
Publicou em 1907, o livro Archhelenis & Archinotis, no qual, baseados em suas pesquisas
paleontológicas em diferentes coleções de fósseis brasileiros, sul-americanos, desenvolveu
uma teoria admitindo antigas conexões entre América do Sul, África e Antártica. O
significado do trabalho de von Lhering para a Teoria da Deriva Continental pode ser atestada
pelo fato de suas idéias e seu livro terem sidos citados por Alfred Wegener
74
, desde a primeira
edição do livro A origem dos continentes e oceanos (1915)
75
.
Lhering condenava a exploração imprevidente dos recursos naturais e dizia que a
silvicultura poderia utilizar-se de espécies exóticas como o eucalipto, principalmente para a
produção de combustível, no entanto, seria necessário atenção para que fosse conservado o
73
Franco e Drummnond. Preocupações com a proteção à natureza e com o uso dos recursos naturais na
Primeira República brasileira, 148.
74
A idéia de que a Terra se move sob nossos s, exposta em 1912, pelo geofísico e meteorologista alemão
Alfred Lothar Wegener (1880-1930), incomodou a comunidade científica. No livro A Origem dos Continentes e
Oceanos (1915), Wegener propôs que o encaixe da costa brasileira e da África Ocidental, como peças de um
enorme quebra-cabeça, não era coincidência: antes, num tempo geológico ainda sem seres humanos, o que hoje
são os territórios separados do Brasil e da África faziam parte de um continente único (que ele chamou Pangea,
a terra total), envolto por um oceano. No entanto, o reconhecimento do seu acerto ocorreria nos anos 60,
com as pesquisas do geofísico inglês Fred Vine, que trabalhou com computadores na análise de dados colhidos
no fundo do oceano Índico (“Os saltos incômodos da ciência”. Revista Pesquisa FAPESP, n 58).
75
Lopes, Maria Margaret e Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa. “A criação do Museu Paulista na
correspondência de Hermann von Lhering”, 29.
60
caráter misto e variado das matas brasileiras. Isso demandava, segundo ele, a fundação de um
Serviço Florestal
76
.
Alberto Sampaio constatava de acordo com relatório apresentado no Congresso
Internacional de Silvicultura de Roma, que com o desenvolvimento de uma sociedade urbano-
industrial e o conseqüente consumo de produtos florestais, haveria uma tendência à
diminuição das áreas de florestas em todas as partes do mundo. E concluía que os países que
mais reflorestassem seriam os que mais lucrariam com essa situação. O Brasil tinha uma
vantagem natural, dado o seu potencial florestal, no entanto, era importante não dilapidá-lo e
promover o mais rapidamente possível a silvicultura, com o objetivo de garantir a sua
conservação. Em relação ao consumo de madeiras apontou que:
O crescente aumento da população, das áreas urbanas, da
quilometragem de estradas de ferro e de viação urbana, de obras e
industrias de toda ordem, consumindo madeiras, combustível
vegetal e outros productos florestais, tem determinado correlato
aumento de consumo destes productos, mal grado os sucedaneos.(
Sampaio, Alberto José de. “O Problema Florestal no Brasil em
1926”. In: Archivos do Museu Nacional, v XXVIII, março de 1926,
78).
Sampaio em seus estudos botânicos estabeleceu uma série de correlações entre
natureza e desenvolvimento empreendendo diversos debates sobre a utilização racional dos
recursos naturais. Para ele, o patrimônio natural brasileiro era a maior fonte de riqueza da
nação e deveria obedecer a um programa de exploração racional que colocasse o Brasil no
rumo dos países desenvolvidos social e economicamente
77
.
76
Franco e Drummnond. Preocupações com a proteção à natureza e com o uso dos recursos naturais na
Primeira República brasileira, 146-148.
77
Sampaio, Alberto José. Biogeographia Dynamica, 111
61
Durante a década de 1930 os debates em torno das questões ambientais ocorreram em
um contexto incipiente de industrialização e de importantes mudanças no cenário político-
social-econômico. Iniciava-se a transição de um país predominantemente agrário para outro
que começava a industrializar-se e urbanizar-se. Temas ligados ao reflorestamento e a
proteção à natureza estiveram em foco, diversas instituições e renomados pesquisadores se
dedicaram as causas conservacionistas, faltava, no entanto, a elaboração do arcabouço legal
de proteção à natureza, bem como a criação de áreas de proteção, temas que serão abordados
no próximo capítulo.
62
Capítulo 3
Os principais mecanismos de proteção à natureza
3.1 Proteção à natureza na década de 1930
No curto intervalo de tempo entre os anos de 1934 e 1937, grande parte dos
instrumentos legais que dariam o suporte necessário para a efetiva criação das primeiras áreas
protegidas no Brasil seriam estabelecidos.
Quando se falava em proteção à natureza na década de 30 referia-se basicamente a
conservação das florestas, como pode ser constatado na legislação contida no Código
Florestal.
Diversos fatores convergiriam para a criação de um ambiente político e institucional
favorável a tais mudanças, entre eles a influência e a pressão exercida pelas organizações
voltadas à proteção da natureza que aqui começavam a se aparelhar, aliada à necessidade de
reorganização da exploração florestal no Brasil.
Até a década de 1930, as associações cívicas eram tímidas e não adotavam estratégicas
direcionadas a pressionar o governo no sentido de adotar medidas conservacionistas e não
havia organizações especificamente conservacionistas. Nesse sentido, Alberto Sampaio
propunha que a proteção da natureza não deveria ficar exclusivamente a cargo dos poderes
públicos, os diversos setores da sociedade brasileira tinham igualmente sua parcela
responsabilidade na conservação e na manutenção dos elementos naturais, e justifica a pressão
popular citando o Secretário Geral do Ofício Internacional de Proteção a Natureza:
O Prof. Derscheid, de Bruxellas, Secretário Geral do Officio
Internacional de Protecção á Natureza, declara mesmo que essa
protecção não se realiza, senão sob a “pressão forte da opinião
publica”, isto é, quando todo mundo reconhece a necessidade,
63
clama e exige essa protecção, agindo alem disso cada cidadão em
favor da natureza, por palavras e actos concretos, em cada
opportunidade
78
.
Até então o regime vigente preferia muito mais uma tecnocracia a uma cidadania
autônoma, mas esta não podia ser suprimida na atmosfera reformista e inovadora do início da
década de 1930, período em que uma rie associações assumiram compromissos com as
questões ligadas à conservação da natureza, como o Centro Excursionista Brasileiro, sediado
na cidade do Rio de Janeiro, fundado em 1919, cujos guias haviam sido credenciados como
guardas-florestais do Serviço Florestal; a Sociedade de Amigos de Alberto Torres (Armando
Magalhães Corrêa foi um de seus fundadores); a Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro e a
Sociedade de Amigos das Árvores (fundada em 1931, por Alberto Sampaio), que protestava
continuamente contra o desmatamento na cidade do Rio de Janeiro.
3.1.1 Reflorestamento
O reflorestamento, nesse período, foi tema central nas discussões conservacionistas e
deveria ser amplamente incentivado, principalmente por dois motivos: desenvolvimento e
prosperidade da agricultura e suprimento de combustível vegetal para as indústrias. As
exportações de café não estavam gerando divisas suficientes para importação de grandes
quantidades de carvão ou petróleo, cuja maior parte era aplicada ao transporte marítimo. A
indústria brasileira continuava a depender do seu enorme estoque de recursos vegetais nativos
para obter combustíveis. Em São Paulo os consumidores tradicionais de lenha eram os
fabricantes de tijolos, telha e cal, os consumidores domésticos, cervejarias e destilarias,
engenhos e refinarias de açúcar, fábricas de cimento, torrefação de café, padarias entre outros.
78
Sampaio, Alberto. Phytogeographia do Brasil, 14-15.
64
Mas, nenhuma atividade industrial teve maior impacto sobre as reservas de madeiras do que a
siderurgia. As usinas empregavam altos-fornos projetados para funcionarem com carvão
vegetal, e grande parte delas teria sido construída ainda na década de 1920, no Estado de
Minas Gerais. O carvão era comprado, em grande parte, de empreiteiros itinerantes que
derrubavam as florestas em terras alugadas. No Estado de São Paulo no início da década de
1940 o setor metalúrgico processava 30 mil toneladas de ferro por ano. A madeira também era
utilizada na queima de motores a vapor, que forneciam energia em muitas fábricas. As
ferrovias, por sua vez, queimavam, de acordo com Warren Dean, muito mais madeira do que
a própria indústria siderúrgica. Apesar do uso de certa quantidade de carvão importado e do
início da expansão da eletrificação, as ferrovias dependiam da madeira para suprimento de
energia e grande parte dessa madeira provinha de florestas nativas cujas espécies de lenha
mais densa e rica em carbono, propiciavam melhores rendimentos
79
.
O crescente aumento da demanda por madeira exercia forte pressão sobre as florestas
nativas, principalmente sobre a Mata Atlântica. Tal fato era objeto de preocupação constante
de muitos cientistas, inclusive do próprio Sampaio, que passou a defender a urgência de se
estimular a silvicultura, além da necessidade premente de se criar um código florestal
brasileiro, cuja proposta inicial havia sido sugerida por Alberto Loefgren (1854-1918), no
início do século XX, permanecendo ignorada até então
80
.
A expansão da malha ferroviária elevava ainda mais o consumo de lenha que era
também utilizada como dormentes e postes, cuja demanda segundo, Warren Dean, era de mil
79
Dean, Warren. A ferro e fogo, 266-269.
80
Alberto Loefgren foi um importante cientista que se preocupava com a questão florestal no Brasil. Nascido na
Suécia chegou ao Brasil em 1874 tendo uma longa e diversificada carreira profissional. Trabalhou algum tempo
como engenheiro-arquiteto da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Em 1898, fundou um Jardim Botânico
na reserva florestal da Cantareira (mais tarde transformado no atual Horto Florestal). Graças aos seus
argumentos, foi criado em São Paulo, em 1899, um Serviço Florestal e Botânico, responsável pelo uso racional
das florestas. Foi de Loefgren a idéia de se introduzir a comemoração do Dia da Árvore, lançado em 1902 na
cidade de Araras, interior de São Paulo. Loefgren conseguiu também que fosse estabelecida, em terras adquiridas
pelo governo federal, uma Estação Biológica em Itatiaia, local onde seria criado o primeiro parque nacional
brasileiro (Dean, Warren. A ferro e fogo, 270).
65
e quinhentos por quilômetro, que eram substituídos a cada seis anos. no estado de São
Paulo eram consumidos um milhão e meio de dormentes por ano. Madeiras de lei da floresta
eram freqüentemente utilizadas para esse fim
81
.
Em São Paulo, apesar da Companhia Paulista de Estradas de Ferro Paulista e o Serviço
Florestal do Estado possuir suas próprias reservas florestais de eucalipto, a produção era
insuficiente para atender a demanda. A Companhia Paulista de Estradas de Ferro era a maior
plantadora de eucalipto no estado, contudo, grande parte das áreas produtoras era
anteriormente de floresta nativa que foram derrubadas para dar lugar ao plantio das florestas
homogêneas de eucaliptos
82
. Mas, nem toda madeira era utilizada como combustível, o
eucalipto, por exemplo, na década de 1930, alcançava altos preços como matéria-prima para a
fabricação do papel e era comercializado mais como matéria-prima para a indústria do papel
do que como carvão vegetal.
A silvicultura foi um tema tratado enfaticamente por Sampaio, que destacava o fato de
que com o desenvolvimento urbano e industrial a demanda por produtos florestais exerceriam
forte pressão sobre as florestas nativas, assim os países que mais reflorestassem seriam os que
mais lucrariam. O Brasil, nesse sentido, possuía grande vantagem devido as suas grandes
extensões de florestas nativas, no entanto, era importante não dilapidar esse patrimônio
natural e promover o mais rápido possível a silvicultura nacional. Ao referir-se a proteção à
natureza, Sampaio apontava o problema florestal como tema prioritário e fundamental a ser
tratado pela “nova ciência” denominada por ele de “Proteção à Natureza”
83
. No entanto, a
preocupação com a defesa das florestas ocorria porque elas representavam
um inestimável valor
para a economia do país
.
81
Ibidem, 271.
82
Dean, Warren. A ferro e fogo, 269.
83
Sampaio, Alberto. Biogrographia Dynamica, 21 e Phytogeographia do Brasil, 12.
66
Para Sampaio, os caminhos para a efetivação da proteção a natureza estavam abertos.
No campo tecnológico, desde as primeiras décadas do século XX, Edmundo Navarro de
Andrade (1881-1941) vinha realizando avanços na silvicultura com a aclimatação do
eucalipto no Brasil:
O Serviço Florestal da Companhia de Estrada de Ferro, tendo
especialmente por fim satisfazer as necessidades da companhia
quanto a produtos florestais (madeira de construção e de obra,
dormentes, postes, lenha, etc.), mas com margem também a grandes
suprimentos a estranhos, constituiu-se desde logo o precursor da
Silvicultura Racional no Brasil, como um campo experimental
rigorosamente cnico e que faz irradiar por todo país, em ampla
divulgação, os ensinos adquiridos
84
.
Vale ressaltar que o plantio de eucalipto foi alvo de diversas críticas, muitas delas
baseadas no argumento nacionalista de que, sendo aquela árvore exótica, não deveria ser
plantada maciçamente na zona rural brasileira em detrimento das espécies nativas. Além
disso, constavam críticas aos efeitos maléficos causados pelo eucalipto, como o ressecamento
do solo
85
. Alberto Sampaio, apesar de defender ideologias nacionalistas, não era contra a
disseminação daquele gênero no Brasil, era favorável à valorização do plantio de espécies
vegetais nativas, mas ao mesmo tempo acreditava que o eucalipto poderia contribuir
enormemente para o desenvolvimento econômico do país. Ciente das experiências de Navarro
e observando a alta produção em curto prazo, acreditava que aquele era um excelente
investimento para o Brasil.
3.1.2 Edmundo Navarro de Andrade: o plantador de eucalipto
84
Sampaio, Alberto. O problema florestal no Brasil em 1926, 98.
85
Dean, Warren. A ferro e fogo, 252.
67
Edmundo Navarro de Andrade formou-se em agronomia pela a Universidade de
Coimbra em 1903, visitou os EUA em 1910, e a Austrália em 1913. Dedicou-se a tarefa de
reflorestamento com espécimes exóticos, assunto no qual se tornou uma autoridade
internacionalmente reconhecida. Como funcionário da Companhia Paulista de Estradas de
Ferro (CPEF), orientou o plantio de milhões de pés de eucalipto, geralmente nas imediações
dos leitos ferroviários. No Horto de Rio Claro e em outros sete pertencentes à Companhia
Paulista de Estradas de Ferro, produziu milhões de mudas de eucaliptos. O reflorestamento
conduzido por Edmundo Navarro foi o maior registrado no Brasil até a sua época
86
.
Edmundo Navarro publicou, em colaboração com Otávio Vecchi, outro estudioso das
questões florestais, alguns livros como Les Bois Indigenes de SãoPaulo, em 1916, obra em
que muitas essências características da vegetação paulista são descritas e ilustradas; e Os
Eucaliptos, em 1918, sobre a cultura e exploração dos eucaliptos e Questões Florestais, de
1915, abordando a relação entre as formações florestais e o clima.
Edmundo Navarro, segundo Mário Guimarães Ferri, afirmava que a destruição das
florestas não era o único, nem o principal fator a influenciar o regime das chuvas, mesmo que
tal afirmativa pesasse desfavoravelmente contra o reflorestamento e a proteção às florestas.
Navarro mostrava-se também contrário a qualquer tipo de medida coercitiva que pudesse ser
adotadas pelo governo para a proteção das florestas, o que favorecia as suas boas relações
com os proprietários de terras:
A muitos parecerá exquisito que sejamos nós, chefe do Serviço
Florestal de São Paulo, o primeiro a protestar contra tão absurda
medida. A nossa atitude, porém, é fácil de explicar. Além de nos
repugnar, por índole e por educação, toda e qualquer violência, as
nossas idéas e opiniões de longos annos de trabalhoso estudo, não
variam de acordo com os cargos que occupamos... Aos governos
cabe fazer a acquisição das mattas que estejam nos casos acima
86
Franco e Drummnond. Preocupações com a proteção à natureza e com o uso dos recursos naturais na
Primeira República brasileira, 152-154.
68
citados, ou nos terrenos em que ellas devem ser formadas. Se aos
poderes publicos parecer dispendiosa a sua acquisição, conservação
ou reflorestamento desses terrenos, com muito menor razão poderá
querer impô-los aos seus proprietários
87
.
No entanto, a escolha do eucalipto, espécie nativa australiana, não foi uma descoberta
acidental, o próprio Alberto Loefgren, havia recomendado o eucalipto em 1903. O
eucalipto havia sido plantado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 1825, e no início
dos anos de 1870 diversas espécies foram plantadas no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro
a partir de sementes trazidas do Uruguai, onde aquela variedade havia sido introduzida
primeiramente em 1853, também procedente da Austrália. Mas esses plantios iniciais tinham
como objetivo usos medicinais e sanitários diferentemente da proposta de Navarro
88
.
Ao assumir o Serviço Florestal e Botânico Navarro procurou concentrar-se quase que
exclusivamente a difusão do eucalipto. As pesquisas botânicas foram interrompidas, o
herbário desapareceu. Mas por sua vez, Edmundo Navarro, segundo Warren Dean, jamais
afirmou que estivesse se dedicando ao reflorestamento, ele cultivava árvores apenas como
matéria-prima, pelos meios mais rápidos e eficientes disponíveis
89
.
3.2 As primeiras áreas protegidas no Brasil
Áreas protegidas são importante instrumento de conservação dos recursos naturais.
Elas começaram a ser demarcadas no Brasil efetivamente apenas na década de 1930. Embora
87
Ferri, Mário Guimarães. A Botânica no Brasil, 182-184.
88
Dean, Warren. A Ferro e fogo, 251.
89
Ibidem, 251-252.
69
fossem expressivas as manifestações em prol da criação de parques no Brasil durante o
segundo reinado, tais pretensões se efetivaram apenas após a proclamação da República.
Um dos primeiros esforços para a criação de áreas protegidas no Brasil foi realizado
por Luís Felipe Gonzaga de Campos (?) com a publicação do livro Mapa Florestal do Brasil
(1911). O livro talvez tenha sido um dos primeiros estudos realizados com a finalidade de se
conhecer o estado de conservação das florestas brasileiras e subsidiar as autoridades na
criação de um conjunto de parques nacionais. Em decorrência de sua publicação, decretos
foram editados pela Presidência da República, criando dois Parques Nacionais no então
território do Acre. A iniciativa, no entanto, não surtiu efeito, os decretos caíram no total
esquecimento e essas áreas nunca foram implantadas
90
.
André Rebouças (1838-1898), talvez, inspirado no modelo de criação dos parques
nacionais americanos, tenha sido o primeiro a propor, em 1872, a criação de um Parque
Nacional similar no Brasil
91
. A idéia original era a criação de dois Parques Nacionais: um em
Sete Quedas e outro na Ilha do Bananal. Essa proposta, que acabou não se concretizando,
abriu espaço para discussões e mobilizações nos anos seguintes contribuindo
significativamente para a criação dos primeiros parques nacionais brasileiros
92
.
No Brasil a primeira área protegida foi o Parque Nacional de Itatiaia, criado em 1937
no Rio de Janeiro. O parque representou a materialização de longos anos de debates e
mobilizações iniciados ainda durante o período colonial e imperial, mas que efetivamente não
se traduziram em ações concretas pelo governo federal. O parque surgiu como conseqüência
90
A Reserva Florestal do Território do Acre possuía quatro faixas, ao longo dos rios Acre, Purus-Envira,
Gregório e Juruá, no sudoeste amazônico. Juntas, essas áreas cobriam 28.000 km², mas a reserva florestal foi um
falso começo, porque foi totalmente ignorada (Medeiros, Rodrigo. “A evolução das tipologias e categorias de
áreas protegidas no Brasil”, 44-45).
91
O primeiro parque nacional criado no mundo foi o Yellowstone nos Estados Unidos, em 1872, no Estado de
Wyoming. Esse modelo de parque influenciou a criação de diversos outros em vários países. O parque surgiu
após um período de intensos debates e de polarização entre propostas conservacionistas e preservacionistas, tema
que será tratado no próximo capítulo.
92
Medeiros, Rodrigo. “Evolução das tipologias e categorias de áreas protegidas no Brasil”,45.
70
da emancipação de uma estação de pesquisas sob responsabilidade do Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, conhecida como Estação Biológica de Itatiaia. O primeiro dos Parques Nacionais
brasileiro, nas primeiras linhas do seu decreto de criação indicava suas pretensões: manter a
região permanentemente conservada no seu aspecto primitivo e atender às necessidades de
ordem científica, além de atender também às finalidades de ordem turística
93
.
Dois anos mais tarde, em 1939, mais dois novos Parques Nacionais somaram-se ao de
Itatiaia: O Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos,
no Rio de Janeiro
94
. Entretanto, a criação de parques no Brasil arrefeceu nos 20 anos
seguintes, quando nenhum outro foi criado. Somente a partir de 1959 é que foram novamente
retomadas a criação de parques de maneira mais expressiva
95
.
O caráter dessas medidas refletia, em certa medida, a preocupação do Governo Federal
com a questão da nacionalidade, presente na Carta Magna de 1937, no que diz respeito à
natureza:
Os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim como as
paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza,
gozam da proteção e dos cuidados especiais da Nação, dos Estados
e dos Municípios. Os atentados contra eles cometidos serão
equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional
96
.
93
Criação do Parque Nacional de Itatiaia. Decreto nº 1.713, de 14 de junho de 1937, localizado no município de
Resende, Estado do Rio de Janeiro.
94
O Parque Nacional do Iguaçu foi criado em 10 de janeiro de 1939, pelo Decreto 1.035, este foi o segundo
parque nacional brasileiro a ser criado. O Parque Nacional da Serra dos Órgãos foi criado pelo Decreto 1.822
de 30 de novembro de 1939, e está localizado entre os municípios de Teresópolis, Petrópolis e Magé, no Estado
do Rio de Janeiro.
95
Franco, José Luiz de Andrade. Proteção à Natureza e Identidade Nacional: 1930-1940, 38-44.
96
Constituição dos Estados Unidos do Brasil (10 de Novembro de 1937) Artigo 134.
71
O Brasil, segundo Rodrigo Medeiros, foi um dos países que mais tardiamente aderiu à
criação de parques nacionais. No entanto, os registros históricos indicam que tanto a Coroa
Portuguesa quanto o Governo Imperial empreenderam algumas iniciativas destinadas à
proteção, à gestão ou ao controle de determinados recursos naturais
97
.
Os primeiros dispositivos voltados à proteção de áreas ou elementos naturais em terras
brasileiras têm seu registro ainda no período colonial. Mas o principal objetivo era a garantia
sobre o controle de determinados recursos como os vegetais, animais e minerais. A Carta
Régia de 13 de março de 1797, por exemplo, afirmava ser necessário tomar as precauções
para a conservação das matas no Brasil, e evitar que elas se arruinassem ou fossem destruídas.
Tais medidas visavam inibir a extração do pau-brasil, que a Coroa Portuguesa alarmada
com os relatórios sobre a exploração e a possível escassez, passou a controlar o seu corte,
instituiu a pena de morte para quem praticasse a extração ilegal e criou a Guarda Florestal
98
.
Comentando sobre a gênese da crítica ambiental no Brasil do século XVIII, José
Augusto de Pádua, no livro Um sopro de destruição, destaca as contribuições de diversos
nomes: Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815), Manuel Arruda da Câmara (1752-1811),
Baltasar da Silva Lisboa (1761-1840) e José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), entre
outros. Mas, de acordo com o autor os nomes citados, de maneira geral, defendiam o ambiente
natural pela sua importância econômica e política.
Corroborando a mesma idéia, para Maria Elice Brzezinski Prestes, ainda não havia
uma mentalidade conservacionista no século XVIII com a conotação que o mesmo iria ser
empregado a partir do século XX, o que se temia era basicamente a eliminação de um recurso
natural cujo uso era útil e rentável, nesse sentido, as preocupações quanto a conservação das
espécies remete apenas aos interesses econômicos. Se a constatação de que os “problemas
97
Medeiros, Rodrigo. “A evolução das tipologias e categorias de áreas protegidas no Brasil”, 46.
98
Dean, Warren. A ferro e fogo, 64, 68, 151.
72
ambientais” foram objetos de estudos no passado, isto não significa ou implica na pré-
existência de algum tipo de proto-ecologia
99
.
Ainda segundo a autora, afirmar a existência de uma ciência ecológica durante o
século XVIII exigiria pressupor a existência de um campo de estudos que abrangesse os
mesmos fenômenos englobados atualmente pela Ecologia:
Isso não é verdade. Entre as preocupações dos naturalistas do
século XVIII eram contempladas apenas algumas das questões
posteriormente encampadas pela Ecologia atual, quando foram
organizadas e agrupadas de um modo novo. Um segundo aspecto
seria o de que, embora se possam encontrar os mesmos termos da
Ecologia atual sendo usados pelos naturalistas do século XVIII,
deve-se ressaltar a mudança de seus significados. “Conservar” não
quer dizer o mesmo nos dois períodos, pois as implicações e
motivações que levam a conservação são radicalmente distintas.
Desde que a Ecologia do século XX desenvolveu-se em torno do
conceito de ecossistema, termos como “conservação”,
“preservação” e extinção conduzem imediatamente às implicações e
efeitos sobre os demais indivíduos da população e sobre as demais
espécies da comunidade, noção não encontrada nem em esboço no
naturalista Manuel Arruda da Câmara
100
.
No entanto, ao contrário do que foi explanado pelos dois autores citados, Evaristo
Eduardo de Miranda, no livro Natureza, conservação e cultura. Ensaio sobre a relação do
homem com a natureza no Brasil (2003), refere-se aos mesmos nomes atribuindo-lhes o
adjetivo de “ambientalistas”
101
.
99
Segundo Robert Patrick McIntosh, o termo protoecologista (protoecologist) foi cunhado por D.W. Voorhees
para descrever aqueles que tinham um discernimento ecológico antes de a ciência formal da Ecologia ter sido
formulada (McIntosh, Robert Patrick. The background of ecology Concept and theory, 15).
100
Prestes, Maria Elice Brzezinski. A investigação da natureza no Brasil Colônia, 136-138.
101
Miranda, Evaristo Eduardo de. Natureza, conservação e cultura. Ensaio sobre a relação do homem com a
natureza no Brasil, 81-86.
73
3.2.1 Manuel Gomes Archer e o reflorestamento da Tijuca
Em 1862, por iniciativa governamental, o Governo Imperial deu início ao processo de
reflorestamento da Floresta da Tijuca, no Estado do Rio de Janeiro, devido ao
comprometimento dos mananciais que abasteciam a capital federal. A escassez de água era
imputada ao desmatamento e queimadas, anteriormente para a produção de cana-de-açúcar e
depois para o cultivo do café. Diversas áreas foram desapropriadas e entregues a
administradores com ordens para que se efetuasse o replantio da cobertura vegetal. A
desocupação dessas áreas pelo Governo Imperial havia sido iniciado a partir de 1844. Com
a decisão inédita e histórica de replantar toda a vegetação local, segundo recomendações
expressas do próprio D. Pedro II em 1857, o Barão de Bom Retiro, Ministro dos Negócios do
Império, iniciou a desapropriação das fazendas devastadas pelas plantações de café
instituindo, em 1861, as Florestas da Tijuca e das Paineiras com o objetivo de resguardar os
recursos hídricos da região
102
. É provável que, essas áreas tenham sido as primeiras áreas
protegidas do país, um esboço do que viria a ser mais tarde denominado de Florestas
Protetoras pelo Código Florestal de 1934
103
.
Anteriormente haviam sido feitos alguns replantios de forma esporádica na região,
no entanto, o reflorestamento da Floresta da Tijuca foi realizado de forma constante até 1891.
Localizada dentro dos limites da cidade do Rio de Janeiro, a Floresta da Tijuca é o
produto de um programa de reflorestamento bem sucedido, aplicado às encostas da montanha
cuja vegetação original havia sido destruída. O Governo imperial de Dom Pedro II iniciou
então o primeiro grande programa de recuperação de uma área degradada na Mata Atlântica.
102
Drummond, José Augusto. Devastação e preservação ambiental: os Parques Nacionais do Estado do Rio de
Janeiro. 49-56.
103
O Artigo , do Código Florestal considerava as florestas protetoras aquelas que, devido a sua localização,
servisse de forma conjunta ou separada para conservar, dentre outras coisas, o regime das águas.
74
A execução do projeto de reflorestamento foi entregue ao Major Manuel Gomes
Archer (?) que era proprietário da Fazenda Independência localizada próxima da floresta que
estava sendo recuperada.
De 1862 a 1887, Manuel Gomes Archer e Gastão d’Escragnolle (?) organizaram as
plantações de espécies nativas e exóticas, com o propósito de restabelecer o fluxo dos rios que
forneciam água potável à capital. Archer trabalhava sistematicamente plantando variadas
espécies de árvores nas encostas, desde as mais degradadas ou ameaçadas pela erosão até os
trechos importantes para a recuperação das nascentes, empregando mudas que retirava
diretamente da Floresta das Paineiras que ficava ao lado da área que estava sendo reflorestada,
de áreas pertencentes a sua fazenda e de viveiros construídos na própria floresta. Archer, em
seus inúmeros relatórios, sugeria à Coroa que, com a aplicação de técnicas racionais de
silvicultura, poderiam ser criadas florestas cultivadas para produção contínua e venda de
madeira. Após a saída de Archer do projeto, o processo de recuperação da floresta teve
continuidade na administração de Gastão d’Escragnolle, que contando com a colaboração do
paisagista francês Auguste François Glaziou (1833-1906)
104
, embelezou a área com pontes,
mirantes, recantos, lagos e plantou mais de 21.500 mudas de espécies. Em 1887 a Floresta da
Tijuca contava com cerca de 95.000 árvores plantadas e se tornara importante área de
recreação e lazer para a população
105
.
104
Auguste Marie François Glaziou nasceu Lannion, França. Formou-se em engenharia civil e depois realizou
estudos de botânica no Museu de História Natural de Paris, aprofundando seus conhecimentos em agricultura e
horticultura. Em 1858, a convite do Imperador Dom Pedro II, veio ao Brasil para iniciar um projeto paisagístico
no país, assumindo a Diretoria de Parques e Jardins da Casa Imperial. Foi responsável pela construção de
inúmeros jardins e praças em outras cidades. Em 1897 ao aposentar-se retornou para a cidade de Bordeaux,
França, onde faleceu em 1906 (Janeira, Ana Luisa e Antonieta Moellon. Poder, saber e cais de intercâmbios à
volta de l’interieur d’un negociant bordelais au XVIII. e siecle, 43-44).
105
Archer deixou a função de administrador da Floresta da Tijuca em 1873 assumindo a reflorestamento de
Petrópolis a pedido do imperador. Em 1874, a administração da Floresta da Tijuca foi transferida para Gastão
d’Escragnolle. Em 1890, Archer reassumiu a administração e plantou mais árvores do que Escragnolle havia
plantado em quase catorze anos (Dean, Warren. A ferro e fogo, 238-239).
75
O exemplo de reflorestamento empreendido por Archer na Floresta da Tijuca era
freqüentemente citado por Sampaio, além, é claro do empreendedorismo de Edmundo
Navarro:
No Brasil já temos serviços florestais, federais, estaduais e
municipais e se executam reflorestamentos; um dos mais bellos
exemplos é o de Archer, reflorestando a Tijuca, por ordem do Barão
do Bom Retiro; a Tijuca, que quasi chegou a ser morro pelado, foi
replantada por Archer e Escragnolle Taunay com essencias de que
vieram mudas de Guaratiba e de outros lugares; mas de um modo
geral a iniciativa privada tem feito muito mais; assim o exemplo de
Navarro de Andrade e da Companhia Paulista;assim vários outros
casos, conforme Monteiro Lobato – “A Onda Verde”
106
.
3.3 Proteção à natureza e tutela constitucional
Foi durante o governo do Presidente Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892) que
ocorreu a promulgação da primeira Constituição Republicana, em 1891. A referida
Constituição, no entanto, não tratou ou fez menção a qualquer assunto relacionado a proteção
à natureza, fez referência apenas no Artigo 34, Inciso 29, atribuindo competência à União
para legislar sobre as minas e terras
107
.
A consolidação das aspirações conservacionistas ficaria registrada somente na segunda
Constituição Republicana, de 1934. Nela, pela primeira vez, a proteção da natureza figurava
como um princípio fundamental para o qual deveriam concorrer a União e os Estados. Em seu
texto, ficou definida como responsabilidade da União proteger belezas naturais e monumentos
de valor histórico e artístico. Ao tratar a questão da proteção da natureza como
responsabilidade da União e dos Estados, mesmo que de maneira resumida e pouco precisa, a
106
Sampaio, Alberto. Phytogeographia do Brasil, 143.
107
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (24 de Fevereiro de 1891).
76
Constituição de 1934 outorgava à natureza um novo valor, isto é, ela passava a ser
considerada patrimônio nacional admirável a ser preservado. Com isso, sua proteção adquire
novo sentido e destaque, consistindo tarefa ou dever a ser cumprido e fiscalizado pelo poder
público
108
, definitivamente a proteção à natureza entrava na agenda governamental
republicana, passando a configurar um objetivo da política desenvolvimentista nacional. É
neste cenário que os principais dispositivos legais de proteção da natureza, que levaram à
criação e consolidação das primeiras áreas protegidas, são criados contemporaneamente no
Brasil: o Código Florestal (Decreto Lei 23.793 de 23 de janeiro de 1934), o Código de
Águas (Decreto Lei 24. 643 de 10 de julho de 1934), o Código de Caça e Pesca (Decreto
Lei 23.672 de 02 de fevereiro de 1934) e a lei de Proteção aos Animais (Decreto Lei
24.645 de 10 de julho de 1934).
Os dispositivos econômicos, contidos na Constituição de 1934, expressavam
claramente às intenções nacionalistas em relação às riquezas naturais do país (água, floresta,
caça, pesca e a sua exploração), dando a União as prerrogativas para legislar sobre esses
temas. Conforme os princípios expressos na Carta Magna, os bens ambientais figuravam
apenas como fonte de riquezas a serem explorados.
A Constituição outorgada em 1937, não representou avanços na área florestal, em
relação à anterior
109
, no Capítulo Organização Nacional, Artigo 15 estabelecia como
competência da União legislar sobre todos os bens de domínio federal, minas, metalurgia,
energia hidráulica, águas, florestas, caça e pesca e sua exploração. Mas os Estados teriam
autonomia para legislar, desde que não dispensassem ou diminuíssem as exigências da lei
federal, e não havendo lei federal poderiam legislar até que esta fosse regulamentada sobre os
108
Artigo 10 - Compete concorrentemente à União e aos Estados: III - proteger as belezas naturais e os
monumentos de valor histórico ou artístico, podendo impedir a evasão de obras de arte (Constituição da
República dos Estados Unidos do Brasil, 16 de Julho de 1934).
109
Ver Constituição de 1934, Título IV, Da Ordem Econômica e Social, Artigos 118 e 119; Constituição de
1937, Artigo 16, Inciso XIV, e Artigo 134.
77
seguintes assuntos: riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia hidrelétrica,
florestas, caça e pesca e sua exploração. A responsabilidade pela proteção a natureza seria de
competência conjunta dos poderes públicos federais, estaduais e municipais:
Artigo 134 - Os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim
como as paisagens ou os locais particularmente dotados pela
natureza, gozam da proteção e dos cuidados especiais da Nação,
dos Estados e dos Municípios. Os atentados contra eles cometidos
serão equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.
A Carta Magna de 1937 estabelecia também critérios para a exploração ou a utilização
industrial, bem sua progressiva estatização:
Artigo 143 - As minas e demais riquezas do subsolo, bem como as
quedas d'água constituem propriedade distinta da propriedade do
solo para o efeito de exploração ou aproveitamento industrial. O
aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das
águas e da energia hidráulica, ainda que de propriedade privada,
depende de autorização federal.
Artigo 144A lei regulará a nacionalização progressiva das minas,
jazidas minerais e quedas d'água ou outras fontes de energia assim
como das indústrias consideradas básicas ou essenciais à defesa
econômica ou militar da Nação.
3.4 Instrumentos institucionais de proteção a natureza
3.4.1 O Código Florestal de 1934
Devido às mudanças ocorridas no cenário político e social brasileiro no início da
década de 1930, com o processo de transição de um país até então dominado pelas elites
rurais para outro que começava a se industrializar e urbanizar, no curto espaço de tempo entre
os anos de 1934 e 1937, grande parte dos instrumentos legais que dariam o suporte necessário
78
para a efetiva criação de áreas protegidas no Brasil seria estabelecida. Diversos fatores
convergiram para a criação de um ambiente político e institucional favorável a tais mudanças.
Em parte, a influência e pressão de movimentos organizados voltados à proteção da natureza,
que aqui começavam a melhor se aparelhar, aliada à necessidade de reorganização da
exploração florestal no Brasil, estabeleceram importantes referenciais para a construção
efetiva de mecanismos de proteção aos elementos naturais. Com a ascensão de Getúlio Vargas
à Presidência da República, diversas mudanças políticas foram colocadas em execução, entre
elas, as novas leis trabalhistas, os incentivos à industrialização, a expansão e ocupação do
oeste brasileiro ditaram o ritmo dessas mudanças. Nesse cenário, seguindo as tendências
internacionais, abriu-se espaço para as reivindicações de áreas de “proteção ambiental”.
A idéia de constituição de parques nacionais se disseminou pelo mundo de maneira
ampla, servindo de parâmetro no que se refere às iniciativas de proteção da natureza. O
parque nacional americano de Yellowstone foi criado em de março de 1872, pelo
Congresso dos EUA, o qual determinou, a partir daquela data, que uma área de 800 mil
hectares no Estado do Wyoming seria reservada e proibida de ser colonizada, ocupada ou
vendida. Estaria destinada para benefício e desfrute do povo. A intenção era preservar áreas
dotadas de grande beleza natural em seu estado selvagem para a posteridade. A experiência
americana repercutiu internacionalmente.
O Canadá criou o seu primeiro parque nacional em 1885, a Nova Zelândia em 1894,
Congo em 1909, África do Sul e Austrália em 1898. Na América Latina, os primeiros parques
surgiram no México em 1894, Argentina em 1903, Chile em 1926, com objetivos semelhantes
aos de Yellowstone, ou seja, proteger áreas consideradas intactas e de grande beleza
natural
110
.
110
Mello-Leitão, Candido Firmino de. A vida na selva, 169-195.
79
Foi justamente nesse cenário que os principais dispositivos legais de proteção da
natureza, que levaram à criação e consolidação das primeiras áreas protegidas, são criados
contemporaneamente no Brasil.
Para melhor se compreender as preocupações que justificavam a edição do Código
Florestal de 1934, é preciso entender a realidade sócio-econômica e política da sociedade
brasileira no início do século XX. A população estava concentrada próximo à capital do país,
a cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara. A cafeicultura avançava pelos morros que
constituem a topografia do Vale do Paraíba, substituindo toda a vegetação nativa. A criação
de gado, outra forma de utilização das terras, fazia-se de modo extensivo e com nima
técnica. Na silvicultura, que se iniciara nos primeiros anos do século XX, verificava-se o
trabalho desenvolvido por Edmundo Navarro de Andrade, com a aclimatação do eucalipto,
mas restrito às atividades da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, no Estado de São Paulo. No
resto do País, assim como antes no Estado de São Paulo, a atividade florestal era
fundamentada no mais puro extrativismo. Nos Estados do Paraná e Santa Catarina os estoques
de araucárias eram rapidamente exauridos. Foi nesse cenário que o Poder Público decidiu
intervir, estabelecendo limites ao que parecia ser um saque ou pilhagem dos recursos
florestais, tal intervenção foi possível com a edição do primeiro Código Florestal
Brasileiro
111
.
Dentre os demais instrumentos de proteção a natureza, o Código Florestal foi um
importante instrumento legal de proteção, pois objetivamente definiu as bases para a proteção
territorial das principais formações vegetais do país. Ele tinha como objetivos legitimar a ação
dos serviços florestais, em franca implantação em alguns estados brasileiros, além de
regularizar a exploração do recurso madeireiro, estabelecendo as bases para sua proteção. Ele
111
O Código Florestal era constituído por nove capítulos e cento e onze artigos; estabelecia quatro categorias de
florestas: Protetoras - cujas funções destinavam-se a proteção hidrogeológicas; Remanescentes - funções
biológicas e estéticas; Modelo-função de experimentação; Rendimento- função de produção (Ahrens Sergio. O
novo Código Florestal Brasileiro: conceitos jurídicos fundamentais”, 4-6).
80
foi, também, o primeiro instrumento de proteção brasileiro a definir claramente tipologias de
áreas a serem especialmente protegidas. Ele declarava o conjunto de florestas existentes no
país como de interesse comum a todos os habitantes, classificando-as em quatro tipos:
Florestas Protetoras, Florestas Remanescentes, Floresta Modelo e Floresta de Rendimento.
Eram consideradas protetoras as florestas que tivessem finalidade de conservar o
regime das águas e evitar a erosão, fixar dunas, assegurar a salubridade pública, proteger
sítios, abrigar espécimes da fauna, ou proteger, do ponto de vista militar, as fronteiras;
florestas remanescentes eram aquelas declaradas pelo Poder Público Federal, Estadual ou
Municipal, visando à criação de parques, inclusive pequenos bosques de gozo público e
reservas de proteção biológica ou estética; florestas modelo e de rendimento eram aquelas que
poderiam ser submetidas a manejo de recursos naturais, visando o extrativismo de madeira
112
.
A implantação, administração e fiscalização dessas áreas estavam subordinadas ao
Serviço Florestal Federal, Seção de Parques e Florestas Nacionais, órgão vinculado ao
Ministério da Agricultura. Tal fato reforçava um caráter protecionista signatário de uma
tradição de proteção vinculada a uma escola essencialmente de administração florestal, onde a
floresta era encarada como recurso econômico cuja exploração deveria ser controlada ou
supervisionada pelo Estado ou resguardadas em função dos serviços ambientais por ela
prestados
113
.
O Código Florestal de 1934 resultou de um ante-projeto elaborado por uma Comissão
cujo relator foi Luciano Pereira da Silva, procurador jurídico do Serviço Florestal do Brasil,
autarquia criada em 1921 e subordinada ao então Ministério da Agricultura, Indústria e
Comércio. O Código Florestal declarava que as florestas constituíam bem de interesse comum
a todos os habitantes do país. A expressão “bem de interesse comum a todos habitantes do
112
Código Florestal Brasileiro. Decreto 23.793, De 23 de Janeiro de 1934. Capítulo II, Da Classificação das
Florestas, Artigos 6º e 7º.
113
Ver Florestas Modelo, Rendimento, Protetoras e Remanescentes – Código Florestal de 1934, Artigo 3º.
81
país” indicava, à época, a preocupação do legislador com a crescente destruição do
patrimônio florestal, enquanto os particulares tivessem poder de livre disposição sobre as
florestas:
Art. - As florestas existentes no território nacional, consideradas
em conjunto, constituem bem de interesse comum a todos os
habitantes do país, exercendo-se os direitos de propriedade com as
limitações que as leis, em geral, e especialmente este Código,
estabelecem.
Art. 2° - Aplicam-se os dispositivos deste Código assim às florestas
como às demais formas de vegetação reconhecidas de utilidade às
terras que revestem.
3.4.2 O Código de Caça e Pesca
A fauna brasileira passou a ser legalmente protegida a partir de 1934, quando surgiu o
Código de Caça e Pesca. O código, no entanto, anos mais tarde acabou desmembrado em um
específico para a pesca e outro para a caça pelo Decreto Lei nº 794 de dezenove de outubro de
1938. O código em seu Capítulo III indicava a destinação de terras públicas do domínio da
União, dos Estados e dos Municípios para o estabelecimento de parques de criação e de
refúgio. A principal característica desse período foi trazer para a legislação brasileira os
primeiros elementos capazes de garantir um regime diferenciado de proteção e gestão de
parcelas do território brasileiro, embora efetivamente isso não tenha se refletido de forma
expressiva no número de áreas instituídas
114
.
3.4.3. O Código das Águas
114
Medeiros, Rodrigo. Evolução das tipologias e categorias de áreas protegidas no Brasil, 49-51
82
A promulgação do Código das Águas era uma forma de dotar a nação brasileira de
uma legislação atualizada, mais condizente com a realidade brasileira e com os interesses da
coletividade nacional, e sua execução ficaria a cargo do Ministério da Agricultura. A lei
considerava como prioridade permitir ao poder público controlar e incentivar o
aproveitamento industrial das águas, em particular o aproveitamento racional para geração de
energia elétrica; tratava das fontes públicas de abastecimentos, da navegabilidade das águas
territoriais; das águas públicas de uso comum; da desapropriação em caso de interesse
público; do aproveitamento; uso de portos; da exploração da caça e da pesca, que estaria
sujeita as leis federais não excluindo as estaduais subsidiárias e complementares; das águas
subterrâneas e nascentes; da salubridade pública e das concessões, entre outras.
3.4.4 Lei de Proteção aos Animais
A referida lei tinha como proposta estabelecer medidas de proteção aos animais.
Submeter os animais a tratamento inadequado em lugar público ou privado era passível de
multa e detenção de 2 a 15 dias. Era considerado como maus tratos praticar ato de abuso ou
crueldade em qualquer animal; manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes
impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz; obrigar
animais a trabalhos excessivos ou superiores às suas forças; golpear, ferir ou mutilar, exceto a
castração, para animais domésticos, ou operações outras praticadas em benefício exclusivo
do animal e as exigidas para defesa do homem, ou interesse da ciência; abandonar animal
doente, ferido, extenuado ou mutilado, deixar de ministrar tudo que humanitariamente lhe
fosse necessário, inclusive assistência veterinária; não dar morte rápida, livre de sofrimento
prolongados, a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo ou não; fazer viajar
um animal a pé, mais de 10 quilômetros, sem lhe dar descanso, ou trabalhar mais de 6 horas
83
contínuas sem lhe dar água e alimento; conservar animais embarcados por mais de 12 horas,
sem água e alimento.
A Lei definia como animal todo ser irracional quadrúpede, ou bípede, doméstico ou
selvagem, exceto os daninhos, e para entrar em vigor a Lei não necessitaria de
regulamentação.
3.5 A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza
A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza, realizada entre os dias 8 e
15 de abril de 1934, no Rio de Janeiro, foi organizada pela Sociedade dos Amigos das
Árvores, contou com forte apoio e infra-estrutura do Museu Nacional do Rio de Janeiro,
sendo Alberto José Sampaio, botânico e professor desta instituição, o seu relator. Diversas
organizações diretamente ligadas à conservação dos elementos naturais estavam ali
representadas (Associação Brasileira de Educação, Federação Brasileira pelo Progresso
Feminino, Liga Brasileira de Higiene Mental, Associação Brasileira de Farmacêuticos,
Academia Brasileira de Ciências, Instituto Histórico de Ouro Preto, Instituto Histórico e
Geográfico do Brasil, Sociedade de Amigos de Alberto Torres, Tijuca Tennis-Club, Instituto
Nacional de Música, Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, Sociedade
Fluminense de Medicina Cirúrgica, Sociedade Amigos do Museus). Vale ressaltar que a
conferência contou ainda com o patrocínio do Chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas.
O grau de mobilização e engajamento das organizações pode ser percebido em
manifesto registrado em Ata pelos membros da Academia Brasileira de Ciência:
O Sr. Alvaro Alberto pede que a Academia se manifeste junto aos
poderes públicos, faça um apelo às demais associações científicas e
culturais do país, e se utilize dos meios adequados à propaganda, tal
84
como as sociedades de radiodifusão, para que se ponha termo ao
espetáculo deprimente da destruição simultânea da fauna e flora.
Pede que a Academia faça sentir ao governo a inadiável
necessidade da criação de parques nacionais. Informou o Sr. Mello
Leitão que a maior parte das medidas solicitadas pelo Sr. Alvaro
Alberto se acham reunidas em um projeto de lei de defesa da caça e
pesca, elaborado por uma comissão de que faziam parte Roquette-
Pinto, Alberto Sampaio e ele, Acadêmico. Estava o projeto no
Ministério da Educação, oito meses, aguardando solução. Ficou
deliberado solicitar dos poderes públicos a sanção e execução do
projeto em questão, bem assim do Código Florestal, elaborado e
entregue ao Governo. Informou o Sr. Alberto Betim que a última
mata da Serra do Espinhaço fora recentemente vendida para
transformação em carvão. Manifestou-se, ainda, sobre o assunto, o
Sr. Alberto Sampaio. Foi deliberado aprovar a proposta do Sr.
Alvaro Alberto, com o adendo do Sr. Mello Leitão, solicitando da
administração pública a execução do Código Florestal e da Lei de
Defesa da Caça. Foi designada uma comissão dos senhores Alvaro
Alberto, Alberto Sampaio, Mello Leitão e Alberto Betim, para dar
execução às propostas aprovadas
115
.
A conferência reuniu delegados de diversos estados brasileiros e do exterior. A
situação florestal foi analisada estado por estado. No Rio de Janeiro, segundo se estimou não
havia sobrevivido nenhuma floresta primária. No Espírito Santo e Minas Gerais, a extensão da
destruição da floresta era calamitosa, e em São Paulo, apesar do reflorestamento, a derrubada
era generalizada. As instituições e organizações participantes relataram suas atividades, quase
todas de ordem educativa, evidenciando que pouquíssimas pesquisas estavam sendo
realizadas. Um delegado argentino apresentou um relatório em que apontava o quanto o Brasil
caminhava a passos lentos em matéria de conservação. Pelo tom da conferência, poderíamos
talvez, interpretar a sua realização como uma forma de pressão para que o governo a
cumprisse as medidas conservacionistas recém aprovadas pelo Congresso Constituinte (1933)
e criar um sistema de parques nacionais.
115
Álvaro Alberto da Motta e Silva - Solicita providências para por termo à destruição da fauna e flora e para a
criação de parques nacionais. Academia Brasileira de Ciência. Ata da Sessão Ordinária de 26 de setembro de
1933 (P. 52 v A 53).
85
A abertura da conferência teve inicio com o discurso proferido por Leôncio Corrêa,
presidente da Sociedade dos Amigos das Árvores:
Promovida a realização desta Conferência pela Sociedade dos
Amigos das Árvores, cujo escopo precípuo, é a solução racional
inteligente do problema florestal, fica desde logo explicada a razão
de ser dessa mesma Sociedade, destinada a colaborar com os
poderes públicos em tudo que entenda com o importante assunto,
que é neste instante, a preocupação suprema dos países civilizados
do mundo
116
.
De acordo com Leôncio Corrêa, a Sociedade dos Amigos das Árvores havia sido
fundada para colaborar a favor da proteção do ameaçado patrimônio florestal brasileiro. Para
Corrêa, a necessidade dos poderes públicos serem assistidos por uma agremiação como a
Sociedade dos Amigos das Árvores, era muito importante que, a devastação das matas em
todos ou quase todos os pontos do território nacional prosseguia em ritmo descontrolado. No
seu discurso na sessão inaugural, Leôncio Corrêa constatava os processos que estavam
levando à devastação do patrimônio florestal brasileiro e defendia a necessidade de se acertar
o passo com outras nações em matéria de proteção à natureza.
Contudo, não bastava apenas a elaboração de leis, era imprescindível que elas fossem
cumpridas e severamente punidos aqueles que as desrespeitassem. Era fundamental que se
lançasse uma campanha educacional no sentido de despertar nas crianças, desde a mais tenra
idade, o amor às árvores e aos animais, e a criação de uma Escola Florestal nos moldes
existentes na Itália e nos Estados Unidos. A esse respeito esclarecia que:
O problema florestal é, ao mesmo tempo, um problema social, de
higiene, de riqueza, de importância capital e de relevante
transcendência. Daí, o empenho da Sociedade dos Amigos das
116
Sampaio, Alberto José de. Relatório Geral da Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza, 8-11.
86
Árvores em proclamar a necessidade da cadeira de Silvicultura nas
escolas primárias e secundárias do país
117
.
Na conferência, nomes como os de José Bonifácio, Joaquim Nabuco, André Rebouças,
Freire Alemão, Euclides da Cunha, Alberto Torres e Manoel Bonfim foram referências
constantes, em função das críticas que fizeram às devastações a que a natureza vinha sendo
submetida no Brasil. Por outro lado, uma série de Congressos Internacionais e leis de outros
países, que objetivavam a proteção da natureza, eram citados como exemplo.
Ainda na seção de abertura Alberto José Sampaio, citou os 51 congressos realizados
pelo mundo inteiro, entre 1884 e 1933, o que confirmava sua preocupação em buscar
referências que viessem definir e legitimar o conceito de proteção à natureza. Sampaio
costumava agrupar esses certames por tipos: congressos especificamente relacionados com a
questão da proteção à natureza, congressos científicos e congressos de silvicultura. Em
relação a essa conferência, a ênfase recaiu exclusivamente sobre as questões relacionadas à
proteção da natureza, cujo movimento internacional tinha seu ponto mais alto na atuação do
Oficio Internacional de Proteção à Natureza, fundado em 1928, pelo naturalista holandês
Pieter Gerbrand van Tienhoven (1875-1953)
118
. A coordenação do escritório internacional
publicava regularmente o periódico Revue Internationele de Lesgislation pour la Protecion de
la Nature, divulgando a legislação de cada país, sobre proteção à natureza
119
.
Os temas tratados na conferência, em grande parte, recaíram sobre a questão
educacional. As iniciativas de criação de Clubes Escolares de Amigos da Natureza, por parte
117
Sampaio, Alberto José de. “Relatório Geral da Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza”, 15.
118
Pieter Gerbrand van Tienhoven, advogado e naturalista, fundador do Movimento Internacional de
Conservação da Natureza na Holanda. Van Tienhoven estudou Direito e Biologia na Universidade de
Amsterdam. Em 1902 obteve o título de doutor em Direito. Em 1946 recebeu o título de professor honoris causa
pela Universidade de Amsterdam, pelo trabalho que vinha desenvolvendo em prol da natureza (“Van Tienhoven”
disponível em http://www.vantienhovenfoundation.com/vantienhoven.php?menu_id=2&submenu_id=0).
119
Franco, José Luiz de Andrade. A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza e a questão da
Identidade Nacional, 10.
87
da Diretoria de Instrução Municipal do Distrito Federal, eram vistas como uma forma
relevante de inculcar o amor pelas plantas e animais nas crianças das cidades, incentivando-
as, por exemplo, por meio do plantio de mudas. As festas das árvores e de soltura de pássaros
também são citadas. No campo, são mencionados os Clubes Agrícolas Escolares que teriam a
função de ensinar uma maneira mais produtiva de lidar com a terra evitando as queimadas, de
desenvolver a consciência da importância de preservar ou replantar uma parcela da área de
florestas em torno das produções agrícolas. Assim, a Proteção à Natureza era encarada como
forma de viabilizar uma alternativa de progresso econômico e de preservação das florestas.
O relatório da conferência foi redigido optando-se por agrupar os tópicos em três
partes:
Parte - Notas e Comunicações, consistindo da parte mais substanciosa. Contém os
resumos de cada um dos trabalhos apresentados, subdividindo-se em sete seções: I Educação,
II Proteção à Natureza, III Solo e Subsolo, IV Flora, V Fauna, VI Antropologia e
Biogeografia, VII Legislação e Métodos.
Parte Respostas aos questionários. Trata das respostas de um questionário
aplicado, distribuído previamente aos participantes pela Sociedade dos Amigos das Árvores,
visando obter informações sobre a situação do meio natural da região de origem do
participante.
Parte Diz respeito os votos, apelos e protestos aprovados em assembléia pelos
participantes.
Além das práticas de reflorestamento com eucaliptos, o relatório propunha também
reflorestamentos com essências nativas. O desflorestamento dos morros da capital, das
margens das estradas, o problema das secas no nordeste e o da reposição de madeiras (para
dormentes, móveis, construção civil, carvão), seriam questões a serem resolvidas por meio do
plantio de árvores. A criação de hortos florestais e jardins botânicos nos principais municípios
88
do país era encarada na perspectiva do desenvolvimento da silvicultura como conhecimento
científico, mas também, como prática econômica.
É importante notar que, de acordo com a conferência, depositava-se uma forte
confiança nas possibilidades econômicas advindas do plantio de florestas homogêneas,
fossem elas de essências nacionais ou exóticas. A idéia de paisagismo aparecia, também, com
freqüência, reforçando a perspectiva de uma “natureza jardim”.
Havia, por fim, os votos apresentados e aprovados pela conferência, indicadores das
preocupações em voga, relacionadas, sobretudo, à necessidade de cooperação internacional no
campo da proteção à natureza; aos estudos que viessem a aumentar o grau de conhecimento
das áreas e dos elementos do mundo natural que deveriam ser objeto de proteção especial; as
iniciativas na área de educação centradas na conscientização da importância da preservação
das riquezas naturais (tanto pelo seu valor econômico, quanto pelo seu valor estético e
científico); um maior conhecimento técnico-científico para utilização mais eficiente dos
recursos naturais; harmonizar o artifício humano e as criações da natureza.
A noção de proteção à natureza, que perpassou os debates da conferência envolvia
tanto a de preservação das belezas naturais, quanto uma idéia de melhoramento da natureza
pelo homem. Os argumentos utilitários coexistiam em harmonia com aqueles de ordem
estética. Desse modo, os ecos oriundos da conferência repercutiram positivamente entre os
diversos grupos e associações cívicas que atuavam em prol da proteção à natureza, garantindo
espaço junto às instâncias deliberativas do governo de Getúlio Vargas e contribuindo para a
aprovação de uma série de leis, decretos e regulamentos, visando à conservação da natureza,
além da criação dos primeiros parques nacionais.
Como vimos os caminhos para a efetivação da proteção à natureza se encontravam
abertos. No terreno tecnológico, desde as primeiras décadas do século XX, Edmundo Navarro
de Andrade vinha realizando avanços na Silvicultura com a aclimatação do eucalipto. No
89
campo institucional os mecanismos legais de proteção ao ambiente natural haviam sido
criados com as novas leis de proteção à natureza. Estando as discussões sobre a proteção da
natureza nesse nível, urgia a necessidade de ensinar a fazer, ou seja, realizar na prática a
proteção visada. No próximo capítulo vamos definir os termos Biogeographia Dynamica e
Proteção à Natureza, e estudar o pragmatismo-utilitarista de Alberto Sampaio, expresso no
livro Biogeographia Dynamica: a natureza e o homem no Brasil.
90
CAPÍTULO 4
A natureza e o homem no Brasil
Figura 1. Capa e contracapa do livro Biogeographia Dynamica: a natureza e o homem no Brasil
4.1 Biogeographia Dynamica: definindo conceitos
Resumidamente, atualmente a Biogeografia, de forma geral, trata do estudo da
distribuição geográfica dos seres vivos, o qual se divide em zoogeografia e fitogeografia,
conforme tenha esse estudo por objeto os animais ou os vegetais. Procura entender os padrões
de organização espacial e processos que resultaram em tais padrões. É uma ciência
multidisciplinar que relaciona informações de diversas outras ciências como geografia,
biologia, climatologia, geologia, ecologia e evolução
120
.
Alberto Sampaio definiu Biogeographia como a ciência que estudava a distribuição
dos seres vivos e suas causas e estava dividida em três grandes ramos: Phytogeographia, que
120
Lisboa, Cristiane Varella e Samanta Cristina das Chagas Xavier. A Biogeografia”. Instituto Oswaldo Cruz,
Fiocruz (Disponível em http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=107).
91
estudava a distribuição das plantas; a Zoogeographia, que estudava a distribuição da fauna e a
Anthropogeographia, que estudava o homem e sua distribuição geográfica. Para Sampaio os
três ramos se completavam em uma síntese cujo conhecimento proporcionaria ao homem a
possibilidade de manter bem conservado os recursos de que necessitava
121
. O ponto de partida
da Biogeographia Dynamica, segundo Sampaio, residia na interdependência entre os seres
vivos, ou seja, a biocenose
122
.
A Proteção à Natureza era definida por Sampaio como uma nova ciência que estava
diretamente ligada a Biogeografia Dynamica:
É assim uma feição ou parte da Biogeographia Dynamica que
ensina a melhorar o ambiente para a vida humana, partindo do
principio: “Primum vivere, deinde philosophare!”
É porem uma nova sciencia que se deve tornar visceralmente
popular, razão pela qual, até mesmo nos congressos scientificos a
que tem dado lugar, seu nome é Proteção á Natureza
123
.
A primeira edição do livro Biogeographia Dynamica: a natureza e o homem no Brasil
(1935), foi prefaciada por Roquette Pinto e estava dividida em duas partes: Ambiencia e
Methodologia.
A primeira parte é dividida em seis capítulos:
I- Letras e Artes
II- Movimento Educacional
III- Influxo dos Poderes Públicos
121
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 113-114.
122
O termo biocenose foi criado pelo zoólogo alemão Karl Möbius (1825-1908), que escreveu sobre a
comunidade de organismos num recife de ostras como uma biocenose, em 1887. O conceito de biocenose foi
posteriormente expandido por ecologistas russos para geobiocenose, para ressalvar a relação de vida em comum
dos seres vivos que habitam determinada região (Odum, Eugene P. Ecologia, 9).
123
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 21.
92
IV – Associações e Particulares
V- Movimento Mundial
VI- Defesa Nacional
A segunda parte dividi-se em três capítulos:
I- Noções Geraes;
II- Monumentos Naturaes;
III- Proteção à Natureza: Preceitos e Legislação
1- Solo e Sub-sólo
2- Primores floristicos
3- Primores faunísticos
4- indígenas e Sertanejos
5- Sítios e Paizagens
6- Turismo
7- Subsídios Accessorios
8- Legislação Brasileira
Na introdução da referida obra, Alberto Sampaio comenta sobre sua participação no
Congresso Internacional de Geographia, realizado em Paris em 1931, no qual se inteirou
sobre o tema referente a Proteção a Natureza no mundo civilizado”; cita sua participação no
Congresso Internacional de Silvicultura ocorrido em Roma, em 1926 no qual expôs os nomes
de Azeredo Coutinho e José Bonifácio, que a mais de um século desenvolviam no país
campanhas em prol das riquezas naturais; destaca as principais realizações de vulto no campo
da silvicultura, como os plantios florestais realizados por Edmundo Navarro e Monteiro
Lobato com a publicação do livro A Onda Verde; além da criação do Serviço Florestal do
Brasil; destaca as correspondências mantidas entre ele e o Officio Internacional para à
93
Proteção à Natureza; fala do curso realizado no Museu Nacional do Rio de Janeiro em 1932,
publicado posteriormente no jornal Correio da Manhã, e que deu origem ao livro
Phytogeographya do Brasil; tece elogios a Edmundo Navarro, assumindo ser seu discípulo;
destaca uma série de nomes que estariam vinculados ao “Quadro de Honra da Proteção a
Natureza no Brasil” como o Bispo Azeredo Coutinho, José Bonifácio, Augusto Saint-Hilaire e
Porto Alegre, entre os mais antigos e dentre os mais modernos, Coelho Netto, Affonso
Arinos, Augusto de Lima, Euclydes da Cunha, Leôncio Corrêa, Roquette Pinto, Gustavo
Barroso e Alberto Torres, que teve o mérito especial do corpo de doutrina, expresso em livros
como A Organização Nacional, O Problema Nacional Brasileiro e As Fontes de Vida no
Brasil; e finalizando a introdução escreve que a Primeira Conferência de Proteção a
Natureza, realizado em 1934, poderia muito bem ser sido realizada em 1931, como havia
sugerida a Sociedade dos Amigos das Árvores.
4.2 O Triângulo da Eficiência: Tecnologia, Educação e Força
Após a introdução, com o título de Considerações Gerais, Sampaio propõe uma
definição para Biogeographia Dynamica, afirmando que suas noções básicas estavam
contidas na obra de Alberto Torres, e logo a seguir introduz o conceito de “Triângulo da
Eficiência”, estrutura tripartite cuja sustentação se daria por intermédio da Tecnologia;
Educação e Força como garantia das realizações e da defesa do patrimônio natural.
4.2.1 A Tecnologia
O campo tecnológico representado pelos Hortos Florestais da Companhia Paulista de
Estradas de Ferro, com seus cerca de 10 milhões de pés de eucaliptos plantados, eram para
94
Sampaio, exemplos da eficiência prática e científica da Silvicultura. A Silvicultura, de acordo
com Sampaio, era o setor tecnológico mais indicado para zelar pelas florestas nativas.
A agricultura e a pecuária eram os dois setores mais importantes da economia, por
isso, o empirismo que vinha dominando o setor deveria dar lugar as modernas técnicas de
agronomia.
Para Sampaio, apesar da extensão do território brasileiro suportar tranquilamente a
expansão urbana e industrial, entre as quais a atividade siderúrgica, o país não deveria perder
suas características essencialmente agrícola. Para tanto, novas técnicas de melhoramento
agrícola e de zootecnia deveriam ser incorporadas visando à ampliação das áreas produtivas e
o aumento dos rebanhos
124
.
Diferentemente do que ocorre atualmente com a agricultura e a pecuária, cuja
expansão causa preocupação devido aos impactos ambientais que causam ao ambiente, para
Sampaio, a agricultura tinha primazia, por isso, seria absurdo supor que a proteção à natureza
se oporia à agricultura e à pecuária. No seu entender não havia antagonismo entre lavoura e
proteção à natureza, pois essa deveria ficar restrita as áreas sem interesse para a agricultura ou
a pecuária. Sampaio argumentava que no Brasil esses dois setores primários eram
fundamentais para a prosperidade da nação, e sendo o Brasil um país essencialmente agrícola,
todos os esforços deveriam ser feitos para que se perpetuasse e ampliasse essa vocação:
O Brazil, pais essencialmente agrícola, é noção que ninguém
discute e todos os esforços devem ser feitos para que seja cada vez
mais amplamente agrícola. Assim, a Agricultura e a Pecuária são os
sectores primários, fundamentaes, básicos da prosperidade
nacional
125
.
124
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 111-115.
125
Ibidem, 111.
95
4.2.2 A Educação
Durante a década de 1930, Alberto Sampaio ampliou sua argumentação em defesa da
natureza brasileira, propondo um programa de proteção ao patrimônio natural principalmente
por meio de ações educativas. As premissas básicas da educação florestal, expressas no
Código Florestal, estavam sendo vivenciadas na prática escolar das crianças como as
experiências que promoviam o aprendizado de práticas agrícolas e de proteção a fauna e a
flora, os clubes de atividades rurais, as atividades de jardinagem, o ensino e as práticas de
horticultura, reflorestamento, apicultura, jornais escolares, concursos e distribuição de mudas,
e uma pedagogia orientada para uma aproximação mais íntima da criança com a natureza.
Referindo-se a ineficiência das leis de proteção aos bens naturais, quando não vivenciadas
pela educação da população, escreveu Sampaio:
Para uma idéa, sobre a inefficiencia das leis de protecção aos bens
naturaes, quando não vivificadas pela Educação do povo para
comprehende-las e respeita-las, basta lembrarmos que antes mesmo
da descoberta do Brasil, já havia em Portugal leis acauteladoras da
Natureza e que sempre foram “letra morta” no Brasil, da mesma
forma que muitas outras posteriores, de que Paulo Ferreira de Souza
mos minuciosas informações, em seu trabalho sobre “Legislação
Florestal” (Primeira Parte-Legislação Histotica (1789 a 1889),
citando cartas regias e alvarás anteriores, a partir da Carta Regia de
27 de Abril de 1442)
126
.
O ambiente urbano, de acordo com Sampaio, estava subordinado ao rural. As cidades,
dizia ele: são cosmopolitas, ao passo que dos sertões é que emana para o país seu caráter
nacional. Quando falava em educação visando à proteção à natureza, Sampaio estava se
referindo a educação rural cujos princípios estavam expressos no Capítulo II, Da Educação e
126
Ibidem, 16.
96
da Cultura, Artigo 156 da Constituição de 1934. A importância da ação educativa,
principalmente no ambiente rural, é assim enfatizada por Sampaio:
Se fallo em educação, visando a Proteção á Natureza, é que tudo
depende do ensino; como é obvio, essa protecção terá de ser
realizada principalmente no Habitat Rural, razão porque já tive
opportunidade de fornecer ao ensino alguns subsidios technicos, em
these que apresentei, por intermédio da Soc. dos Amigos de Alberto
Torres, no Congresso de Ensino Regional da Bahya, em 1934,
publicada pela “Revista de Educação” do E. do E. Santo, Victoria,
n.ºs 7-8, out-nov.1934
127
.
As atividades da Escola Rural Modelo Aníbal Falcão, localizada na capital
pernambucana, segundo Sampaio, eram exemplos a ser seguidos. A escola desenvolvia
atividades de marcenaria, horticultura, jardinagem, agricultura, apiários, possuindo também
um clube de atividades rurais e cooperativa escolar. Abaixo aula ao ar livre.
Figura 2 - Clube de Atividades Rurais. Escola Rural Modelo Aníbal Falcão. Fonte: Livro
Biogeographia Dynamica, 65.
127
Ibidem, Biogeographya Dynamica, 64.
97
Para Alberto Sampaio o ensino público deveria objetivar uma integração maior entre o
homem e a natureza. Essa integração deveria ser alcançada por meio de uma educação que
possibilitasse a circulação das informações necessárias à utilização racional dos recursos
naturais, bem como a formação de valores éticos que ensinassem o respeito e o amor pela
natureza, segundo ele, não bastava simplesmente uma longa produção no campo das ciências,
letras e das artes focalizada no mundo natural, era preciso que ela circulasse e atingisse todos
os pontos do Brasil
128
. Mas para Sampaio, pesquisas, elaboração de leis, bem como, acordos
internacionais, nada disso surtiria efeito, se cada pessoa não pudesse ser educada desde o lar
até a escola, para se evitar toda ordem de malefícios à natureza. Na sua perspectiva, o
programa escolar vigente deveria conduzir a criança a uma aproximação mais íntima com a
natureza, sendo que a educação de cada pessoa era fundamental para que um eficiente
programa de proteção a natureza obtivesse bons resultados:
Mas não bastam as leis; é indispensável a educação de cada pessoa,
desde o lar e a escola primaria, para evitar toda ordem de
malefícios, pois o essencial é evitar. Quanto mais adiantado o paiz,
maior o influxo dos educadores nesse sentido e quando adiantado
como os Estados Unidos, até as Universidades publicam folhetos e
outras obras educativas, como a Universidade de New York e sua
interessante publicação sobre o Arbor Day
129
.
4.2.3 A Força
Para Sampaio, os preceitos científicos deveriam nortear as realizações no campo da
proteção da natureza; a educação seria a mola propulsora, uma vez que, “a educação faria o
homem, e o homem faria a terra” e ao poder público caberia a tarefa de criar uma força
128
Ibidem, 40-41 e 63-77.
129
Ibidem, 96.
98
nacional militarizada responsável pela garantia da ordem, para que o patrimônio natural
brasileiro remanescente não continuasse a ser depauperado. Como exemplo, Sampaio citava o
serviço florestal italiano que fora militarizado e estava sob o comando de um general
130
.
Segundo Sampaio, a militarização do serviço florestal vinha sendo discutido na
Europa desde a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), como exemplo, ele cita o livro Manuel
de l’Arbre (1921), editado pelo Touring-Club de France, que abordava a importância do papel
estratégico representado pelas florestas em situações de guerras. No entanto, diferentemente
da Itália, onde o serviço florestal estava totalmente militarizado, no Brasil, teria de ser
subdividido em vários ministérios, cabendo a maior contribuição ao Ministério da
Agricultura
131
.
A idéia de proteção a natureza e defesa nacional ganhou força, quando estando em
Paris, em 1931, Sampaio encontrou-se com o então Major João Baptista Magalhães, que
defendia a militarização do serviço florestal. De volta ao Brasil o Major escreve um artigo que
foi prontamente publicado por Sampaio no jornal Correio da Manhã, de 26 de dezembro de
1931, sob o título: “As Reservas florestais, os Parques dos Escoteiros e a Arborização de
Estradas, sob o ponto de vista da Defesa Nacional”.
4.3 Pragmatismo e utilitarismo
Segundo Sampaio, a exploração dos recursos naturais deveria ser regulamentada, mas
era preciso não embaraçar a sua utilização racional
132
. Nas perspectivas de Sampaio, a
130
Para Sampaio, a Itália comandada por Benito Amilcare Andrea Mussolini (1883-1945), com o seu regime
florestal militarizado reunia as três condições básicas da eficiência - tecnologia, educação e força (Sampaio,
Alberto. Phytogeographia do Brasil, 15).
131
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 97-104.
132
Ibidem, 188-189.
99
proteção à natureza visava objetivos econômicos, estéticos e sociais. Ele também não
condenava simplesmente a devastação, pois esta seria uma conseqüência da ocupação
humana, e para alcançar o vel de desenvolvimento das nações industrializadas era
imprescindível a exploração dos recursos naturais. Contudo, ele defendia a utilização racional
desses recursos para que não se extinguissem e fosse sempre fonte de riquezas, pois entendia
que o patrimônio natural brasileiro era a maior fonte de riqueza da nação e deveria obedecer a
um programa de exploração racional que colocasse o Brasil no rumo dos países desenvolvidos
social e economicamente
133
.
Apesar de seus argumentos pautarem-se essencialmente em perspectivas pragmáticas,
Alberto Sampaio, defendia ideais de proteção à natureza com intuitos preservacionistas e
conservacionistas. Nesse sentido, cabe ressaltar a diferenciação entre esses dois termos
134
.
O Parque de Yellowstone nos Estados Unidos surgiu após um período de intensos
debates entre duas propostas: Conservacionismo e Preservacionismo
135
. Ambas foram
importantes na luta por terras protegidas naquele país e foram sistematizadas pelo engenheiro
florestal Gifford Pinchot (1865-1946) e pelo naturalista John Muir (1838-1914),
respectivamente.
Os conservacionistas defendiam a exploração dos recursos naturais do continente, mas
de maneira racional e sustentável, e os preservacionistas defendiam a preservação das áreas
virgens de qualquer utilização que não fosse recreativa ou educacional.
136
Para Pinchot a conservação da natureza deveria basear-se nos seguintes princípios: uso
racional dos recursos existentes pela geração presente, prevenção ao desperdício e que o uso
133
Phytogeographia do Brasil, 12-14.
134
Capanema, Carolina M. A natureza no projeto de construção de um Brasil Moderno, 62
135
McCormick, John. Rumo ao Paraíso: A História do Movimento Ambientalista, 15.
136
Ibidem, 30.
100
dos recursos naturais beneficiasse a maioria das pessoas, incluindo as gerações futuras. Suas
idéias são consideradas predecessoras do conceito contemporâneo de desenvolvimento
sustentável. Em contrapartida, o preservacionismo voltava-se mais para uma reverência
estética e espiritual da vida selvagem.
Os duas propostas, de forma geral, estiveram presentes no pensamento sobre a
natureza no Brasil nas primeiras décadas do século XX, entretanto, não ocorreu uma
polarização entre as duas tendências, como nos Estados Unidos, apesar da prevalência dos
ideais do conservacionismo
137
.
4.4 Turismo
O turismo era considerado por Sampaio como uma das forças mundiais mais eficientes
na proteção a natureza, nesse sentido, ele cita as palavras do Professor Waléry Goetel, da
Escola de Minas da Cracóvia, pronunciadas do Congresso Internacional de Paris, em 1931: A
proteção á natureza é a condição mesma do turismo.
Para Sampaio, o turismo era uma fórmula ideal para a preservação na natureza, pois
geraria divisas suficientes para a criação e manutenção de parques nacionais em todo o país,
proporcionando empregos e garantindo a conservação do patrimônio natural. Os monumentos
naturais nacionais relevantes para o turismo brasileiro seriam os monumentos
geomorfológicos como as grutas estudadas por Peter Wilhelm Lund (1801-1880)
138
na Lagoa
Santa em Minas Gerais, o Pão de Açúcar, Agulhas Negras em Itatiaia, O Dedo de Deus;
137
Diegues, Antônio Carlos. O Mito Moderno da Natureza Intocada, 29.
138
O naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund, um dos pioneiros da Paleontologia brasileira, professava a
chamada Teoria do Catastrofismo, do Barão Georges Cuvier. Foi para tentar comprovar esta teoria que o
naturalista escavou milhares de fósseis nas cavernas de Lagoa Santa (MG) entre 1835 e 1844, quando descreveu
dezenas de espécies extintas do período Pleistoceno. Durante este trabalho, Lund descobriu os esqueletos
fossilizados de cerca de 30 seres humanos, que ficaram conhecidos como os Homens de Lagoa Santa (Filho,
Pedro Ernesto de Luna. Peter Wilhelm Lund: o auge das suas investigações científicas e a razão para o término
das suas pesquisas, 24-26).
101
monumentos topográficos como as Sete Quedas do Parque Iguaçu, Paulo Afonso, Salto do
Rio Chapecó, as diversas cachoeiras dos rios da Amazônica; monumentos botânicos como as
florestas com seus diversos tipos de vegetação, as espécies raras de cada região; os
monumentos zoológicos que incluiriam as mais representativas espécies da fauna brasileira;
monumentos etnográficos como as aldeias indígenas, as tradições sertanejas, os sambaquis; os
paleontológicos, locais onde se encontrem fósseis humanos, vegetais ou animais.
Segundo Sampaio, na Europa a maioria dos países, possuía órgãos de turismo que
prestavam um ótimo serviço a proteção dos elementos naturais. Como exemplos são citados a
Sociedade de Turismo da România que praticamente iniciou a propaganda de proteção
naquele país; na França o Turing Club exercia influência das mais notáveis, chegando a
organizar vários congressos internacionais sobre silvicultura; na Espanha o Ofício Nacional
do Turismo, incentivava o reflorestamento; nos Estados Unidos, os parques nacionais estavam
sob responsabilidade do departamento de turismo; na Holanda a proteção a natureza estava
subordinada a indústria turística e na Itália o Serviço Oficial da Indústria Turística que
trabalhava em cooperação com a Milícia Florestal Italiana, para adaptação das florestas ao
turismo.
Comparando as perspectivas favoráveis ao turismo elencadas por Sampaio, em favor
da proteção à natureza, com o conceito contemporâneo de “Ecoturismo”, estabelecido pelas
Diretrizes para a Política Nacional de Ecoturismo
139
, talvez seja possível estabelecer algumas
semelhanças entre as propostas, apesar da diferença cronológica entre ambas
140
.
139
Em 1994, com a criação das Diretrizes para a Política do Programa Nacional de Ecoturismo, estabeleceu-se
o marco legal do ecoturismo no Brasil, definido como um segmento da atividade turística que utiliza, de forma
sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência
ambiental por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. (Brasil.
Diretrizes para a Política Nacional de Ecoturismo, 48).
140
De acordo com lio Cesar Hintze, a origem do ecoturismo tem suas raízes na filosofia adotada pelos
movimentos ambientalistas da década de 1970. Sendo o ecoturismo uma proposta concebida originalmente de
turismo de baixo impacto sobre os locais e comunidades nas quais se desenvolve. No entanto, uma discussão
historiográfica, talvez, pudesse contribuir para esclarecer as possíveis raízes do ecoturismo, uma vez que
Sampaio na década de 1930 já enfatizava as vantagens do turismo para a preservação do ambiente natural, não só
102
4.5 O Influxo de Associações e Particulares
Segundo Sampaio, a proteção a natureza não deveria ficar a cargo exclusivamente dos
poderes públicos, por isso, apoiava e incentiva a iniciativa de diversas organizações, que a
força da opinião pública era um componente importante na luta contra a devastação. Nesse
sentido, várias organizações e personalidades são por ele citados, e nomes como Pedro Bruno
e Major Archer, são lembrados. Archer como vimos anteriormente trabalhou arduamente no
reflorestamento da Floresta da Tijuca e Pedro Bruno dedicou-se a trabalhar em prol da
natureza na Ilha de Paquetá; César Bierrenbach, por instituir a festa anual das andorinhas, na
cidade de Campinas; Leôncio Corrêa, pela realização em Paquetá, desde 1903, pelas festas
das árvores e dos pássaros; Edmundo Navarro pelos plantios de eucaliptos na Companhia
Paulista de Estradas de Ferro; Coelho Neto e Augusto Lima, por terem proporcionado no
Congresso Nacional um ambiente propício que permitiu a criação do Serviço Florestal do
Brasil; Mariano Procópio, por ter criado por iniciativa própria, um parque florestal em Juiz de
Fora e a Catulo da Paixão Cearense, Monteiro Lobato, Roquette Pinto, Alberto Torres e Luiz
Pereira Barreto, por seus escritos terem contribuído para gerar uma consciência favorável às
iniciativas no campo da proteção à natureza, além da imprensa, que dedicava regularmente
espaço aos temas relacionados às questões envolvendo a proteção a natureza no Brasil:
Que dizer a propósito de diários e periódicos, se não há dia que pelo
menos não haja em um delles uma palavra sobre o assumpto.
Desde is maiores diários até os pequenos jornaes escolares dos
clubes Agrícolas, pode-se dizer não há um que em suas columnas já
não tenha impresso, uma vez pelo menos a expressão “Proteção á
Natureza”
141
.
no Brasil, mas de forma geral nas diversas nações do globo (Ecoturismo na cultura de consumo: possibilidade
de educação ambiental ou espetáculo? 59).
141
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 91.
103
4.6 Movimento Mundial
Se no Brasil, as circunstâncias favoráveis a aceitação das idéias e práticas relacionadas
com a proteção da natureza se encontravam em franca formação, internacionalmente essas
questões estavam sendo amplamente discutida muito mais tempo. Para Sampaio, havia um
movimento internacional no qual o Brasil deveria inserir-se, segundo ele, a maioria dos países
possuía leis acauteladoras que protegiam suas riquezas naturais contra o uso imprevidente.
Como conseqüência desse movimento, Sampaio cita publicações e alguns congressos
internacionais cujo foco girava em torno das questões envolvendo o uso dos elementos
naturais, entre eles, a Convenção Internacional de Londres-1900, Convenção Internacional
para a Proteção das Aves Úteis à Agricultura de Paris-1902, Convenção Internacional para
a Proteção das Focas-1911, Convenção Internacional de Londres para a proteção da fauna e
da flora da África-1933.
O Brasil era signatário de apenas uma delas: Convenção Internacional para a
Proteção das Aves Úteis à Agricultura de Paris-1922, e segundo Sampaio, achava-se em
condições de contribuir para a observância dessa convenção, graças a efetivação da Lei de
Caça e Pesca
142
.
Alberto Sampaio recebia periodicamente a Revue Internationale pour La Protection de
La Nature, uma publicação oficial do Ofício Internacional para a Proteção à Natureza, que
sediado em Bruxelas era mantido financeiramente pelas mais diversas instituições científicas
do mundo. A instituição centralizava as mais diversas produções científicas relacionadas com
a proteção à natureza e contava ainda com a cooperação científica de técnicos de diversos
institutos espalhados pelo globo como a União Internacional das Ciências Biológicas, o
Comitê Internacional para a Proteção das Aves, de Nova Iorque e Bruxelas, Comitê
142
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 93-96.
104
Americano para a Proteção Internacional da Natureza, Comitê Belga para a Proteção à
Natureza, Sociedade para a Proteção da Fauna do Império Britânico, entre outros
143
.
Sampaio participava e acompanhava os eventos internacionais e embasado em suas
experiências recomendava uma série de normas universais a serem seguidas por todas as
nações. Essas normas, de acordo com Sampaio, seriam:
1- Preservar de rareiamento ou extincção os bens naturaes, sujeitos
a consumo e passiveis de multiplicação.
2- Cuidar de sítios e paizagens, em beneficio do turismo e do
excursionismo.
3- Assegurar a perpetuidade de espécies animais e vegetais, bem
como das curiosidades geomorphologicas, de interesse scientifico,
em seu estado natural.
4- Evitar qualquer damno ás quedas d’aguas e mananciaes, como a
outras não especificadas, producções naturaes que devam ser
permanentemente conservadas.
5- Melhorar a natureza, onde necessário
144
.
Após discorrermos sucintamente sobre as principais idéias abordadas e defendidas por
Alberto Sampaio no livro Biogeographia Dynamica, na seqüência dedicaremos espaço as
nossas considerações finais.
143
Sampaio, Alberto. Biogeographia Dynamica, 153-154.
144
Ibidem, 114-115.
105
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os debates em torno dos problemas ambientais se intensificaram no início do século
passado. Pode-se notar a relevância da questão, sobretudo, nas obras de Alberto Torres e
Alberto José de Sampaio. Entretanto, esta fase importante de discussões e debates que se
sucederam envolvendo as questões ambientais no Brasil não recebeu sua devida importância
historiográfica
145
.
O comportamento predatório não é algo recente no Brasil, ele não se restringe ao
início do século XX e nem aos últimos séculos de industrialização, o que é novo é a escala
dos instrumentos de degradação. No entanto, devido a emergência dos problemas ambientais
em escala global, apenas na década de 1970, quase quarenta anos após a realização da
primeira conferência de proteção a natureza no Brasil, é que as preocupações ambientais
passaram a fazer parte novamente da agenda política, econômica e ambiental do governo
brasileiro.
Apesar do discurso enfático de Sampaio estar centralizado na questão florestal, na sua
opinião, as demais “fontes da vida” no Brasil, como o solo, subsolo, flora, fauna, populações
indígenas e sertanejas, os monumentos naturais de beleza estética e paleontológica também
deveriam receber igual tratamento. Sampaio, obviamente, vivendo em conformidade com o
seu contexto histórico ambiental, pensava as questões relacionadas à proteção da natureza de
maneira diferente da concepção atual, na qual, as florestas constituem um bem jurídico com
valor intrínseco próprio e independente de suas utilidades. Sampaio construiu sua obra em
diálogo com sua contemporaneidade e, inserido em uma rede interligada, buscava
arregimentar colaboradores elaborando estratégias de mudança para o país, tendo em vista um
145
Pádua, José Augusto. Um sopro de destruição, 10.
106
futuro promissor para a nação. Seus conhecimentos científicos eram significativamente
legitimadores para o estabelecimento da nova ciência (Proteção à Natureza), uma vez que, a
ciência assumia cada vez mais um lugar central no re-ordenamento político e social do país,
havendo uma convicção de que, a ciência proveria a fundamentação para a modernização
nacional e, os conhecimentos científicos seriam instrumentos eficientes na construção de uma
nova sociedade, na qual os elementos naturais não seriam utilizados imprevidentemente.
Para Sampaio a expansão demográfica e a urbanização, mesmo causando perdas
significativas ao patrimônio florestal, não poderia ser inibida, pois o consumo de recursos era
inerente as próprias civilizações. Além do que, o Brasil, com população predominantemente
rural poderia ampliar significativamente as áreas destinadas à agricultura, pecuária e
indústrias, em até cem vezes o que existia. Mas mesmo com o avanço da urbanização, do
desenvolvimento industrial, entre as quais a siderurgia, o Brasil nunca deixaria de ser um país
essencialmente agrícola.
Um fato de destaque nas obras de Sampaio é justamente a percepção de que a
conservação dos recursos naturais deveria ser uma preocupação presente em todas as esferas
do governo e a ênfase na educação como forma de elevar os ideais de proteção à natureza em
um projeto de abrangência nacional. O foco na educação, como medida para evitar a
destruição das florestas tornou-se tese muito enfatizada no discurso de Sampaio. Tal modelo,
no qual se consegue obter a conservação, associando educação, legislação e fiscalização,
ainda hoje, é muito utilizado em programas de educação florestal e, transcorridos os anos, as
questões elementares sobre o uso dos recursos naturais e o modelo de desenvolvimento
econômico prevalente não perdeu a atualidade e permanece em aberto.
Para Sampaio, apesar da preocupação com a natureza ser um assunto que havia
despertado a atenção de setores importantes da sociedade, urgia a necessidade de um
programa efetivo que garantisse a sua realização. Esse programa ficaria a cargo da
107
biogeografia dinâmica, e tal projeto teria por base uma estrutura triangular: tecnologia,
educação e a atuação do poder público
146
.
Sampaio participou ativamente em discussões importantes sobre o desenvolvimento
das ciências no Brasil, além de colaborar intensamente para a conservação e a preservação do
patrimônio natural, contribuiu com a definição de políticas científicas nacionais, consolidando
uma participação importante em um grupo formado principalmente por cientistas e
intelectuais que, entre as décadas de 1930 e 1940, mobilizaram-se contra o uso imprevidente
das riquezas naturais e a favor da viabilização de recursos para a realização de pesquisas
científicas no país, exercendo também papel de destaque na elaboração da legislação de
proteção dos recursos naturais redigida em 1934 e na criação do Código Florestal. Sampaio
formulou de maneira objetiva um projeto de desenvolvimento econômico com preocupações
com o mundo natural.
A contribuição de cientistas brasileiros preocupados com as conseqüências
ocasionadas pela destruição das florestas, do esgotamento do solo, dos desequilíbrios
climáticos e de outros danos ao ambiente, anos antes do que convencionalmente se imagina
como sendo o momento de origem desse tipo de debate, revela o quanto ainda desconhecemos
a realidade da nossa própria história e apesar da importância da sua obra, Alberto Sampaio,
como muitos outros, parece não ter deixado discípulos, no entanto, deixou um importante
legado para a História da Ciência no Brasil. Mas ao que tudo indica a política econômica
desenvolvimentista adotada durante a Era Vargas e pelos governos posteriores, ofuscou e
relegou ao esquecimento a figura e a obra de um importante conservacionista brasileiro do
início do século XX.
146
Sampaio. Phytogeographia do Brasil, 12-18.
108
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114
ANEXO I
Cronologia da Produção Científica de Alberto José de Sampaio
1- “Uma Orchidacea nova: Restrepia dusenii A. Samp. n. sp.” Archivos do Museu Nacional,
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 15, 187-192, 1909.
2- “Plantas Carnívoras”. Relatório apresentado ao Congresso Médico Latino Americano.
Rio de Janeiro, 1 a 8 de agosto de 1909.
3- “As formigas e as plantas”. Almanak Agrícola Brasileiro, São Paulo, n 1, 216-220, 1912.
4- “Dicionário Ilustrado das Plantas Úteis do Brasil”. Almanak Agrícola Brasileiro. São
Paulo, 1912.
5- “O Parque Imperial de Schonbrunn, em Vienna”. Chácaras e Quintais, v IX, n 6, 7-8,
1914.
6- “As saúvas no cômoro”. Chácaras e Quintais, set. 1915.
7- “Plantas que fornecem madeiras”. Biblioteca Agrícola Popular Brasileira. São Paulo, n 17,
1915.
8- “Plantas venenosas ou mais ou menos nocivas para o gado”. Almanak Agrícola Brasileiro.
2ª edição. São Paulo, 257-290, 1925.
9- “A flora de Mato Grosso – Memória em homenagem aos trabalhos botânicos da Comissão
Rondon”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 19, 1-126, 1916.
10- “A Seção de Botânica no primeiro século de existência do Museu Nacional”. Archivos do
Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 22, 38-47, 1919.
11- “A indústria açucareira como base da Silvicultura”. O Brasil Agrícola. Rio de Janeiro,
1920.
12- “O Museu Nacional em defesa da flora brasileira, em prol da evolução econômica do
país”. Boletim da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia, Campos, 1922.
13- “Bibliografia botânica: relativa à flora brasileira, com inclusão dos trabalhos
indispensáveis aos estudos botânicos no Brasil”. Boletim do Museu Nacional. Rio de
Janeiro, v 1, n 2, 111-125, jan. 1924.
14- “As florestas industriais para combustível vegetal”. Chácaras e Quintais, v 31, n 1, 21-23,
15 jan. 1925.
15- “O Problema Florestal no Brasil, em 1926. Relatório apresentado ao Congresso
Internacional de Silvicultura de Roma, abril-maio, 1926”. Archivos do Museu Nacional.
Rio de Janeiro: Gráfica Ypiranga, v 28, dez. 55-173, 1926.
115
16- “A nomenclatura botânica e o método de tipos”. Boletim do Museu Nacional. Rio de
Janeiro: Pimenta de Melo, v 2, n 3, 1926.
17- “Técnica da colheita de material botânico no litoral do Brasil: para estudos
organográficos, fitográficos, florísticos, ecológicos e taxonômicos”. Boletim do Museu
Nacional. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello, v 2, n 3, 1926.
18- “O Congresso do Café”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 3, n 4, dez. 1927.
19- “Atuais Dificuldades da Sistemática do gen. Coffea Trabalho apresentado ao Congresso
do Café de São Paulo, out. 1927”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 3, n 4,
dez. 1927.
20- “Fitogeografia Genética”. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, jan. 1928.
21- “Genética Vegetal Tese apresentada ao Congresso Brasileiro de Eugenia”, Rio de
Janeiro, julho 1929. Actas e Trabalhos, v 1, 1929.
22- “A Flora Brasileira sob o ponto de vista fitogeográfico”. Annaes da Academia Brasileira
de Sciencias, v 1, n 3, setembro 1929.
23- “Organização de Herbários Agronômicos – e especialização de agrônomos em sistemática
por gênero”. Folheto editado pelo Serviço de Inspeção e Fomento Agrícolas do Ministério
da Agricultura, Indústria e Comércio. Revista Rural, nov. 1929.
24- “Endemismos na Flora Neotrópica”. Actas do Congresso Internacional de Biologia de
Montevidéo. Fascículo 1, 1930.
25- “Genética e Florística”. A Ordem. Rio de Janeiro. Janeiro de 1930.
26- “Leguminosas Tóxicas”. Chácaras e Quintais, Abril 1930.
27- “Ecologia e Genética na Reflorestação”. Revista Florestal, Rio de Janeiro, jul.-ago. 1930.
28- “Phytogeographia do Brasil”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 6, n 4, 271-
299, Dez. 1930.
29- “Os Campos do Brasil: Estudo phytogeographicos visando à agronomia”. O Campo. Rio
de Janeiro, Ano I, n 5, 34-37, 1930.
30- “Instruções para a organização de Herbários Agronômicos, visando o estudo especializado
de cada gênero e o desenvolvimento de estudos florísticos regionais”. Almanak Agrícola
Brasileiro. 1930-31.
31- “Eufilicineas do Rio Cuminá”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v 32, 7-48,
1930.
32- “Como organizar herbários agronômicos”. Almanak Agrícola Brasileiro. São Paulo, 19,
1930-31, p. 279-284.
116
33- “Herbários Agronômicos e sua finalidade”. A Lavoura. Rio de Janeiro, abr., mai., jun.,
1931.
34- “Nota sobre Habitat Rural Rudimentar no Brasil” (com a colaboração do Prof. Magalhães
Correa). Actas do Congresso Internacional de Americanistas de La Plata, v I, n 1, 1932.
35- “O Habitat Rural na Geografia Humana”. Conferência na Sociedade Nacional de
Agricultura. Jornal do Comercio, Rio de Janeiro, 24 de maio de 1932.
36- “Como se classifica uma planta”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 2, 3-14,
Novembro 1932.
37- “Habitat Rural”, Correio da Manhã. Novembro de 1932.
38- “Genética do Café” Nota à Sociedade Nacional de Agricultura, em 1/12/1932. Jornal do
Comercio, Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1932.
39- “Flora do Rio Cuminá: (Estado do Pará). Cyperaceas, Malpighiaceas e Leguminosas”.
Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v 34, 49-206, 1932.
40- “Flora do Rio Cuminá – resultados botânicos da Expedição Rondon a serra Tumuc-
Humac em 1928”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v 35, 9-206, 1928.
41- “O Babaçu (Noticia para um filme educativo preparado no Museu Nacional)”. Revista
Nacional de Educação. Ano 1, n 6, 37-43, março 1933.
42- “A Carnaúba (Noticia para um filme educativo preparado no Museu Nacional)”. Revista
Nacional de Educação, ano 1, n 7, 54-59, abril 1933.
43- “Conselheiro Saldanha da Gama”. Revista Nacional de Educação, ano1, n 7, 24-26, abril
1933.
44- “Prof. Emmanuel de Martonne”. Revista Nacional de Educação, ano1, n 9, 16-18, junho
1933.
45- “A Geografia Humana na Escola Rural”. Jornal do Comercio, 4 de julho de 1933.
46- “O tricentenário da Quina”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 10, 1-10, Julho 1933.
47- “Sistemática das plantas”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 11 e 12, 10-16,
ago./set. 1933.
48- “Clubes de Amigos da Natureza nas Escolas Primárias”. Revista Nacional de Educação.
Ano 2, n 13 e 14, 45-47, out./nov. 1933.
49- “Proteção à Natureza no Brasil: estudo especial de nossas possibilidades atuais para a
individualidade do método brasileiro, de proteção à natureza”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 15, 26-28, dezembro 1933.
117
50- “Genética e Sistemática Experimental do Cafeeiro e das Plantas Superiores em geral”.
Revista do Departamento Nacional do Café, de outubro de 1933 a abril de 1935.
51- “A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 18 e 19, 31-33, mar./abr.1934.
52- “Sociedade dos Amigos das Árvores: postulados sobre o problema florestal”. Revista
Nacional de Educação. Ano 2, n 18 e 19, 90-91, mar./abr. 1934.
53- “Histórico da taxonomia vegetal para uso de iniciandos”. Revista Nacional de Educação.
Ano 2, n 20 e 21, 28-32, mai./jun. 1934.
54- “Habitat Rural Brasileiro”. Jornal Correio da Manhã, 10 de julho de 1934.
55- “Contribuição da Escola Regional para o melhoramento do Habitat Rural: O Ensino e os
Subsídios Técnicos”. Revista de Educação. Ano 1, n 7 e 8, 9-26, out./nov. 1934.
56- “A Flora Brasileira e suas plantas medicinais”. Revista da Flora Medicinal. Rio de
Janeiro, 1934.
57- Phytogeographia do Brasil. Coleção Brasiliana. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1934.
58- “Sistemática dos Algodoeiros”. Algodão. Rio de Janeiro, janeiro 1935.
59- “Sistemática dos Cafeeiros”. Revista do Departamento Nacional do Café, maio 1935.
60- “Clubes Escolares de Amigos da Natureza”. “Primeira conferência brasileira de proteção
à natureza: Relatório”. Boletim do Museu Nacional. v 11, n 1, 50-51, 1935.
61- “A Pesquisa e a Diversificação do Ensino (da Botânica) – Contingência da Técnica
segundo o Habitat” - Quadro didático, Museu Nacional, Rio de Janeiro, 1935.
62- “Quadro didático do Sistema de Engler (1924) para o Secundário (as grandes divisões do
reino Vegetal, na terminologia clássica, em comparação com a linguagem vulgar, indicada
em quadro especial para Escola Primaria)”. Museu Nacional, Rio de Janeiro, 1935.
63- “Primeira conferência brasileira de proteção à natureza: Relatório”. Boletim do Museu
Nacional, Rio de Janeiro: Museu Nacional, v 11, n. 1 e 2, 230, 1935.
64- Biogeographia Dynamica: A Natureza e o Homem no Brasil noções gerais e estudo
especial da Proteção à Natureza” no Brasil. Coleção Brasiliana, v 53. São Paulo: Cia
Editora Nacional, 1935.
65- “O Ensino da Genética no Brasil, em Curso Secundário ou Iniciação Uma norma”.
Algodão, IV, n33-34, jul.-ago. 1937.
66- “Estatística Regional de plantas úteis”. Revista Brasileira de Geografia. Ano I, n 3, Julho
de 1939.
118
67- “Moldura florística às obras de engenharia rural”. Revista Brasileira de Geografia. Ano
III, n2, 415-421, abril-junho de 1941.
68- “A flora amazônica”. Revista Brasileira de Geografia. Ano IV, n 2. Abril-Junho de 1942.
69- “Genética Vegetal (Apontamentos que serviram de base à tese apresentada ao
Congresso Brasileiro de Eugenia, Rio de Janeiro, julho, 1929)”. Archivos do Museu
Nacional, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 37, 395-461, 1943.
70- “Histórico da Geografia Botânica contribuição para o ensino de Phytogeographia do
Brasil”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 37, 465-486,
1943.
71- A alimentação sertaneja e o interior da Amazônia: onomástica da alimentação rural.
Coleção Brasiliana, v 238. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1944.
72- “Iniciação de Geógrafos nos Princípios da Arte e na sua Filosofia”. Boletim Geográfico.
Rio de Janeiro. Conselho Nacional de Geografia – IBGE. Ano II, n15, 281-284, jun. 1944.
73- “Minha homenagem ao bandeirante da ciência de laboratório (J.B.Lacerda)”.
Comemoração do Centenário de J.B.Lacerda. Rio de Janeiro. Museu Nacional, avulso n 6,
1946.
74- “Nomes vulgares de plantas do Distrito Federal e do Estado do Rio de Janeiro”. Boletim
do Museu Nacional – Série Botânica, Rio de Janeiro, n 4, 15 jan. 1946.
119
ANEXO II
Figura 3 - Fotografia sem data de Alberto Sampaio
Fonte: Museu Nacional do Rio de Janeiro. Seção de Botânica. DB 31.
Figura 4 – Fotografia de Alberto Sampaio, setembro de 1931
Congresso Internacional de Geografia de Paris. Alberto Sampaio é o primeiro da esquerda para a direita.
Fonte: Museu Nacional do Rio de Janeiro, Seção de Botânica. DB 25.
114
114
ANEXO I
Cronologia da Produção Científica de Alberto José de Sampaio
1- “Uma Orchidacea nova: Restrepia dusenii A. Samp. n. sp.” Archivos do Museu Nacional,
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 15, 187-192, 1909.
2- “Plantas Carnívoras”. Relatório apresentado ao Congresso Médico Latino Americano.
Rio de Janeiro, 1 a 8 de agosto de 1909.
3- “As formigas e as plantas”. Almanak Agrícola Brasileiro, São Paulo, n 1, 216-220, 1912.
4- “Dicionário Ilustrado das Plantas Úteis do Brasil”. Almanak Agrícola Brasileiro. São
Paulo, 1912.
5- “O Parque Imperial de Schonbrunn, em Vienna”. Chácaras e Quintais, v IX, n 6, 7-8,
1914.
6- “As saúvas no cômoro”. Chácaras e Quintais, set. 1915.
7- “Plantas que fornecem madeiras”. Biblioteca Agrícola Popular Brasileira. São Paulo, n 17,
1915.
8- “Plantas venenosas ou mais ou menos nocivas para o gado”. Almanak Agrícola Brasileiro.
2ª edição. São Paulo, 257-290, 1925.
9- “A flora de Mato Grosso – Memória em homenagem aos trabalhos botânicos da Comissão
Rondon”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 19, 1-126, 1916.
10- “A Seção de Botânica no primeiro século de existência do Museu Nacional”. Archivos do
Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 22, 38-47, 1919.
11- “A indústria açucareira como base da Silvicultura”. O Brasil Agrícola. Rio de Janeiro,
1920.
12- “O Museu Nacional em defesa da flora brasileira, em prol da evolução econômica do
país”. Boletim da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia, Campos, 1922.
13- “Bibliografia botânica: relativa à flora brasileira, com inclusão dos trabalhos
indispensáveis aos estudos botânicos no Brasil”. Boletim do Museu Nacional. Rio de
Janeiro, v 1, n 2, 111-125, jan. 1924.
14- “As florestas industriais para combustível vegetal”. Chácaras e Quintais, v 31, n 1, 21-23,
15 jan. 1925.
15- “O Problema Florestal no Brasil, em 1926. Relatório apresentado ao Congresso
Internacional de Silvicultura de Roma, abril-maio, 1926”. Archivos do Museu Nacional.
Rio de Janeiro: Gráfica Ypiranga, v 28, dez. 55-173, 1926.
115
115
16- “A nomenclatura botânica e o método de tipos”. Boletim do Museu Nacional. Rio de
Janeiro: Pimenta de Melo, v 2, n 3, 1926.
17- “Técnica da colheita de material botânico no litoral do Brasil: para estudos
organográficos, fitográficos, florísticos, ecológicos e taxonômicos”. Boletim do Museu
Nacional. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello, v 2, n 3, 1926.
18- “O Congresso do Café”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 3, n 4, dez. 1927.
19- “Atuais Dificuldades da Sistemática do gen. Coffea Trabalho apresentado ao Congresso
do Café de São Paulo, out. 1927”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 3, n 4,
dez. 1927.
20- “Fitogeografia Genética”. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, jan. 1928.
21- “Genética Vegetal Tese apresentada ao Congresso Brasileiro de Eugenia”, Rio de
Janeiro, julho 1929. Actas e Trabalhos, v 1, 1929.
22- “A Flora Brasileira sob o ponto de vista fitogeográfico”. Annaes da Academia Brasileira
de Sciencias, v 1, n 3, setembro 1929.
23- “Organização de Herbários Agronômicos – e especialização de agrônomos em sistemática
por gênero”. Folheto editado pelo Serviço de Inspeção e Fomento Agrícolas do Ministério
da Agricultura, Indústria e Comércio. Revista Rural, nov. 1929.
24- “Endemismos na Flora Neotrópica”. Actas do Congresso Internacional de Biologia de
Montevidéo. Fascículo 1, 1930.
25- “Genética e Florística”. A Ordem. Rio de Janeiro. Janeiro de 1930.
26- “Leguminosas Tóxicas”. Chácaras e Quintais, Abril 1930.
27- “Ecologia e Genética na Reflorestação”. Revista Florestal, Rio de Janeiro, jul.-ago. 1930.
28- “Phytogeographia do Brasil”. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v 6, n 4, 271-
299, Dez. 1930.
29- “Os Campos do Brasil: Estudo phytogeographicos visando à agronomia”. O Campo. Rio
de Janeiro, Ano I, n 5, 34-37, 1930.
30- “Instruções para a organização de Herbários Agronômicos, visando o estudo especializado
de cada gênero e o desenvolvimento de estudos florísticos regionais”. Almanak Agrícola
Brasileiro. 1930-31.
31- “Eufilicineas do Rio Cuminá”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v 32, 7-48,
1930.
32- “Como organizar herbários agronômicos”. Almanak Agrícola Brasileiro. São Paulo, 19,
1930-31, p. 279-284.
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33- “Herbários Agronômicos e sua finalidade”. A Lavoura. Rio de Janeiro, abr., mai., jun.,
1931.
34- “Nota sobre Habitat Rural Rudimentar no Brasil” (com a colaboração do Prof. Magalhães
Correa). Actas do Congresso Internacional de Americanistas de La Plata, v I, n 1, 1932.
35- “O Habitat Rural na Geografia Humana”. Conferência na Sociedade Nacional de
Agricultura. Jornal do Comercio, Rio de Janeiro, 24 de maio de 1932.
36- “Como se classifica uma planta”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 2, 3-14,
Novembro 1932.
37- “Habitat Rural”, Correio da Manhã. Novembro de 1932.
38- “Genética do Café” Nota à Sociedade Nacional de Agricultura, em 1/12/1932. Jornal do
Comercio, Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1932.
39- “Flora do Rio Cuminá: (Estado do Pará). Cyperaceas, Malpighiaceas e Leguminosas”.
Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v 34, 49-206, 1932.
40- “Flora do Rio Cuminá – resultados botânicos da Expedição Rondon a serra Tumuc-
Humac em 1928”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v 35, 9-206, 1928.
41- “O Babaçu (Noticia para um filme educativo preparado no Museu Nacional)”. Revista
Nacional de Educação. Ano 1, n 6, 37-43, março 1933.
42- “A Carnaúba (Noticia para um filme educativo preparado no Museu Nacional)”. Revista
Nacional de Educação, ano 1, n 7, 54-59, abril 1933.
43- “Conselheiro Saldanha da Gama”. Revista Nacional de Educação, ano1, n 7, 24-26, abril
1933.
44- “Prof. Emmanuel de Martonne”. Revista Nacional de Educação, ano1, n 9, 16-18, junho
1933.
45- “A Geografia Humana na Escola Rural”. Jornal do Comercio, 4 de julho de 1933.
46- “O tricentenário da Quina”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 10, 1-10, Julho 1933.
47- “Sistemática das plantas”. Revista Nacional de Educação. Ano 1, n 11 e 12, 10-16,
ago./set. 1933.
48- “Clubes de Amigos da Natureza nas Escolas Primárias”. Revista Nacional de Educação.
Ano 2, n 13 e 14, 45-47, out./nov. 1933.
49- “Proteção à Natureza no Brasil: estudo especial de nossas possibilidades atuais para a
individualidade do método brasileiro, de proteção à natureza”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 15, 26-28, dezembro 1933.
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50- “Genética e Sistemática Experimental do Cafeeiro e das Plantas Superiores em geral”.
Revista do Departamento Nacional do Café, de outubro de 1933 a abril de 1935.
51- “A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza”. Revista Nacional de
Educação. Ano 2, n 18 e 19, 31-33, mar./abr.1934.
52- “Sociedade dos Amigos das Árvores: postulados sobre o problema florestal”. Revista
Nacional de Educação. Ano 2, n 18 e 19, 90-91, mar./abr. 1934.
53- “Histórico da taxonomia vegetal para uso de iniciandos”. Revista Nacional de Educação.
Ano 2, n 20 e 21, 28-32, mai./jun. 1934.
54- “Habitat Rural Brasileiro”. Jornal Correio da Manhã, 10 de julho de 1934.
55- “Contribuição da Escola Regional para o melhoramento do Habitat Rural: O Ensino e os
Subsídios Técnicos”. Revista de Educação. Ano 1, n 7 e 8, 9-26, out./nov. 1934.
56- “A Flora Brasileira e suas plantas medicinais”. Revista da Flora Medicinal. Rio de
Janeiro, 1934.
57- Phytogeographia do Brasil. Coleção Brasiliana. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1934.
58- “Sistemática dos Algodoeiros”. Algodão. Rio de Janeiro, janeiro 1935.
59- “Sistemática dos Cafeeiros”. Revista do Departamento Nacional do Café, maio 1935.
60- “Clubes Escolares de Amigos da Natureza”. “Primeira conferência brasileira de proteção
à natureza: Relatório”. Boletim do Museu Nacional. v 11, n 1, 50-51, 1935.
61- “A Pesquisa e a Diversificação do Ensino (da Botânica) – Contingência da Técnica
segundo o Habitat” - Quadro didático, Museu Nacional, Rio de Janeiro, 1935.
62- “Quadro didático do Sistema de Engler (1924) para o Secundário (as grandes divisões do
reino Vegetal, na terminologia clássica, em comparação com a linguagem vulgar, indicada
em quadro especial para Escola Primaria)”. Museu Nacional, Rio de Janeiro, 1935.
63- “Primeira conferência brasileira de proteção à natureza: Relatório”. Boletim do Museu
Nacional, Rio de Janeiro: Museu Nacional, v 11, n. 1 e 2, 230, 1935.
64- Biogeographia Dynamica: A Natureza e o Homem no Brasil noções gerais e estudo
especial da Proteção à Natureza” no Brasil. Coleção Brasiliana, v 53. São Paulo: Cia
Editora Nacional, 1935.
65- “O Ensino da Genética no Brasil, em Curso Secundário ou Iniciação Uma norma”.
Algodão, IV, n33-34, jul.-ago. 1937.
66- “Estatística Regional de plantas úteis”. Revista Brasileira de Geografia. Ano I, n 3, Julho
de 1939.
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67- “Moldura florística às obras de engenharia rural”. Revista Brasileira de Geografia. Ano
III, n2, 415-421, abril-junho de 1941.
68- “A flora amazônica”. Revista Brasileira de Geografia. Ano IV, n 2. Abril-Junho de 1942.
69- “Genética Vegetal (Apontamentos que serviram de base à tese apresentada ao
Congresso Brasileiro de Eugenia, Rio de Janeiro, julho, 1929)”. Archivos do Museu
Nacional, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 37, 395-461, 1943.
70- “Histórico da Geografia Botânica contribuição para o ensino de Phytogeographia do
Brasil”. Archivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v 37, 465-486,
1943.
71- A alimentação sertaneja e o interior da Amazônia: onomástica da alimentação rural.
Coleção Brasiliana, v 238. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1944.
72- “Iniciação de Geógrafos nos Princípios da Arte e na sua Filosofia”. Boletim Geográfico.
Rio de Janeiro. Conselho Nacional de Geografia – IBGE. Ano II, n15, 281-284, jun. 1944.
73- “Minha homenagem ao bandeirante da ciência de laboratório (J.B.Lacerda)”.
Comemoração do Centenário de J.B.Lacerda. Rio de Janeiro. Museu Nacional, avulso n 6,
1946.
74- “Nomes vulgares de plantas do Distrito Federal e do Estado do Rio de Janeiro”. Boletim
do Museu Nacional – Série Botânica, Rio de Janeiro, n 4, 15 jan. 1946.
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ANEXO II
Figura 3 - Fotografia sem data de Alberto Sampaio
Fonte: Museu Nacional do Rio de Janeiro. Seção de Botânica. DB 31.
Figura 4 – Fotografia de Alberto Sampaio, setembro de 1931
Congresso Internacional de Geografia de Paris. Alberto Sampaio é o primeiro da esquerda para a direita.
Fonte: Museu Nacional do Rio de Janeiro, Seção de Botânica. DB 25.