Download PDF
ads:
0
UNIVERDIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
VALQUIRIA MARTINS NANUNCIO
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA VEGETAÇÃO FLORESTAL DE PIRAÍ DA
SERRA, CAMPOS GERAIS DO PARANÁ
PONTA GROSSA
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
VALQUIRIA MARTINS NANUNCIO
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA VEGETAÇÃO FLORESTAL DE PIRAÍ DA
SERRA, CAMPOS GERAIS DO PARANÁ
Dissertação apresentada para obtenção do título
de Mestre na Universidade Estadual de Ponta
Grossa, Programa de Pós-Graduação em
Geografia, Mestrado em Gestão do Território.
Orientadora: Profa. Dra. Rosemeri Segecin Moro
PONTA GROSSA
2009
ads:
2
3
4
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Rosemeri Segecin Moro pela orientação irretocável, paciência
e carinho.
A toda equipe dos projetos “Diagnóstico ambiental da região de Piraí da
Serra visando a sustentabilidade” e “Fragmentação da paisagem natural em Piraí da
Serra, Campos Gerais do Paraná” do qual este trabalho é parte integrante.
Em especial ao Prof. Dr. Carlos Hugo Rocha, pelo importante auxilio nos
levantamentos de campo. Aos amigos e companheiros de trabalho Dayana Almeida
e Marcelo Augusto Silva pelas inúmeras horas de trabalho de campo e digitalização
de dados. A mestranda Carla Correia Prieto por toda ajuda, assessorando e
fornecendo material de estudo.
À querida amiga Lia Maris Orth Ritter, cujo incentivo foi decisivo para a
concretização de mais essa etapa de minha vida, por sua lealdade e pelas valiosas
horas de auxílio e compreensão.
Aos mestrandos Wendel de Paula Fernandes, Darcieli S. Spies e Elizandra
Pitt pelo auxílio a essa pesquisa.
Aos meus pais Carlos e Alvira, pelo amor incondicional, paciência e apoio
durante tantos anos de estudo, ou melhor, durante toda uma vida. Ao João Pedro,
meu irmão preferido, pelo convívio e auxilio.
Ao Marcos, por todo amor e cumplicidade a mim dedicados durante tantos
anos.
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a
concretização deste trabalho e principalmente a Deus.
5
“Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.
(Jean Cocteau)
6
RESUMO
Piraí da Serra, nos Campos Gerais do Paraná, atualmente vista como uma
área de interesse para a preservação devido as suas características peculiares, está
situada sobre a Escarpa Devoniana, próximo ao cânion do Guartelá. Ocupa uma
área de 50.940 ha, nos municípios de Castro, Tibagi e Piraí do Sul. Região com
predomínio de Florestas com Araucaria e campos de altitude associados,
pertencentes ao bioma Mata Atlântica, é uma das mais ameaçadas do Brasil.
Processos naturais e antrópicos promoveram a fragmentação dos habitats nativos e,
com o intuito de subsidiar futuras inferências sobre tais processos, esse trabalho
propõe-se a analisar a fragmentação da vegetação florestal, tendo como objetivos
específicos levantar indicativos da fragmentação natural e antrópica, e analisar seus
processos, fornecendo subsídios para o planejamento ambiental regional. O trabalho
constituiu-se da elaboração de um mapa de uso da terra com as principais unidades
de paisagem, indicando quantitativamente o percentual de ecossistemas naturais da
região; criação de uma chave de interpretação ilustrada, para uso em SIG, com os
indicativos e parâmetros necessários para a determinação de processos de
fragmentação natural e antrópica; avaliação da paisagem utilizando métricas
fornecidas pela ecologia da paisagem, visando inferir sobre a composição e
disposição dos fragmentos florestais; e finalmente análise da fitofisionomia (campo e
floresta). Seguramente, 21 fragmentos possuem área suficiente para garantir a
conservação da diversidade dos ecossistemas florestais na região, abrangendo
79,5% da área florestada. Os resultados obtidos revelam ambientes preservados,
onde os processos de fragmentação são dominados por fatores naturais, muito
embora nas últimas décadas as mudanças nos ciclos econômicos apontem a
necessidade de medidas mitigadoras que busquem frear a interferência antrópica
sobre os habitats em Piraí da Serra. Este trabalho integra o projeto Fragmentação
da paisagem natural em Piraí da Serra, Campos Gerais do Paraná” financiado pela
Fundação Araucária (FUP 9824/2006).
PALAVRAS-CHAVE: fragmentação florestal Campos Gerais ecologia da
paisagem
7
ABSTRACT
Piraí da Serra, at Campos Gerais region, currently seen as an area of interest
for the preservation because their peculiar characteristics, is located on the Devonian
Cuesta, near Guartelá canyon. It has a 50.940ha area, at Castro, Tibagi e Piraí do
Sul. It is in a region with predominance of Araucaria forests and highlands fields,
under the Biome Atlantic, one of the most endangered in Brazil. Natural and
anthropics processes had promoted the native spalling of such habitats. In order to
subsidize future inferences of such processes, this work analyzes the spalling of the
forest vegetation, intending to raise indicative of the natural and anthropic spalling,
and to analyze its processes, supplying the environmental planning in the region. It
presents a map of use of the land with the main landscape units, with the percentage
of natural ecosystems; a illustrated key of interpretation with the indicative and
parameters for the SIG determination of natural or anhtropic spalling processes;
evaluation of the landscape using landscape ecology metrics, aiming to infer the
composition and disposal of the forest patchs; and analysis of the phytophysionomy
(field and forest). It was found that 21 patchs certainly posses enough area (79,5%)
to assure forest biodiversity conservation. The results pointed preserved
environments, where the spalling processes are dominated by natural factors,
although in the last few decades the changes in the economic cycles have arised the
necessity of actions to prevent the anthropic damage over the Piraí da Serra
Habitats. This work integrates the project “Spalling of the natural landscape in
Piraí da Serra, Campos Gerais of the Paraná” financed by the Araucária
Foundation (FUP 9824/2006).
KEY-WORDS: forest patchs – Campos Gerais – landscape ecology
8
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1- Configuração geral de um SIG........................................................
21
Figura 2- Área de Domínio original da Floresta Ombrófila Mista no Estado
do Paraná........................................................................................
23
Figura 3- Perfil esquemático de um trecho de FOM, destacando a
emergência da Araucária no dossel................................................
24
Figura 4- Mapa Geológico do Paraná, mostrando as diferentes formões
e suas respectivas idades geológicas, comparado à distribuição
original da FOM...............................................................................
29
Figura 5- Mapa Hipsométrico do estado do Paraná, comparado à
distribuição original da Floresta Ombrófila Mista............................
30
Figura 6- Inter-relação espacial e temporal de perturbações naturais e
alterações ambientais, resposta biótica e padrões de
vegetação........................................................................................
31
Figura 7- Mapa de localização da área de estudo......................................... 35
Figura 8- Mapa de solos de Piraí da Serra.....................................................
37
Figura 9- Clima da região de Piraí da Serra...................................................
38
Figura 10- Mapa geológico de Piraí da Serra...................................................
39
Figura 11- Disposição Espacial dos fragmentos de FOM em Piraí da Serra
com relação à geologia...................................................................
40
Figura 12- Fragmentos de FOM encaixado nos lineamentos estruturais
(fraturas dos diques) na região de Piraí da Serra...........................
40
Figura 13- Disposição Espacial dos fragmentos de FOM em Piraí da Serra
com relação à hidrografia................................................................
41
Figura 14- Mapa de uso da terra de Piraí da Serra entre 1962 e 1963............
42
Figura 15- Mapa de uso da terra de Piraí da Serra em 2000...........................
42
Figura 16- Mapa de uso da terra de Piraí da Serra em 2007...........................
43
Figura 17- Mapa de uso da terra em Piraí da Serra.........................................
52
Figura 18- Número de fragmentos por classe de tamanho e área das
classes............................................................................................
62
9
Figura 19- Variação de tamanho nos fragmentos florestais de Piraí da
Serra...............................................................................................
64
Figura 20- Área ocupada pela classe mata considerando uma borda de
50m.................................................................................................
66
Figura 21- Mapa de declividade de Piraí da Serra........................................... 67
Figura 22- Mapa hipsométrico de Piraí da Serra..............................................
68
Figura 23- Perfil esquemático de um fragmento florestal em Piraí da Serra....
69
Figura 24- Número seqüencial dos fragmentos ordenados em função da
disncia do vizinho mais próximo..................................................
71
Figura 25- Distribuição espacial dos pontos de coleta de vegetação em Piraí
da Serra..........................................................................................
73
10
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1- Taxonomias de sistemas de sensoriamento remoto.......................
20
Tabela 2- Propostas de subdivisão do Período Quaternário.......................... 26
Tabela 3- Unidades de paisagem em Piraí da Serra, 2008............................ 53
Tabela 4- Chave de interpretação ilustrada de classificação da
fragmentação florestal em Piraí da Serra.......................................
54
Tabela 5- Classes de fragmentos de FOM em Piraí da Serra quanto ao
tamanho..........................................................................................
62
Tabela 6- Relação entre classes de tamanho de fragmentos e índice de
circularidade médio.........................................................................
70
Tabela 7- Distribuição dos pontos de coleta de vegetação para análise da
qualidade ambiental em Piraí da Serra...........................................
72
11
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................
10
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................
13
2.1 Do conceito de paisagem a Ecologia da Paisagem ...............................
13
2.2. Aplicação da Ecologia da Paisagem em estudos de áreas florestais
fragmentadas e o uso de métricas .........................................................
16
2.3. Geotecnologias aplicadas ao estudo da paisagem ................................
18
2.4. A Floresta Ombrófila Mista .....................................................................
21
2.5. Origem e estabelecimento da Mata com Araucária e dos Campos de
Altitude Associados ................................................................................
25
2.6. Fragmentação da Mata com Araucária nos Campos Gerais ................. 27
2.6.1.
Processos naturais de fragmentação .....................................................
28
2.6.2.
Processos antrópicos de fragmentação .................................................
32
3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 35
3.1 Caracterização da área de estudo.......................................................... 35
3.2. Análise preliminar da vegetação local com base em dados de campo . 44
3.3. Elaboração de mapa de uso da terra em ambiente SIG ........................
45
3.4. Levantamento dos indicativos e parâmetros da fragmentação da
FOM........................................................................................................
46
3.5. Cálculo de métricas ..............................................................................
47
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................
52
4.1. Uso da terra ............................................................................................
52
4.2 Indicativos e parâmetros da fragmentação da FOM .............................. 53
4.3. Aplicação de métricas ............................................................................ 60
4.4. Estado geral de conservação da vegetação...........................................
72
5. CONCLUSÕES.......................................................................................
76
6. REFERÊNCIAS ......................................................................................
79
ANEXOS
1. Lista com a relação dos fragmentos florestais (polígonos) de Piraí
da Serra, incluindo área, perímetro e índice de circularidade............
85
2. Lista de xons observados na Floresta Ombrófila Mista (FOMM e
FOMA)................................................................................................
90
3. Lista de táxons observados na estepe sensu stricto, nos refúgios
vegetacionais rupestres, estepe higrófila e no relicto de
savana................................................................................................
92
10
1. INTRODUÇÃO
A transformão na organização do uso e ocupação da terra e a baixa
representatividade de áreas protegidas colocam os ecossistemas dos Campos
Gerais entre os mais ameaçados do país. A exploração da vegetação acaba
produzindo paisagens fragmentadas, ou seja, tornam desconectas áreas de
vegetação natural contínua, capazes de diminuir significativamente o fluxo gênico.
De acordo com Rambaldi e Oliveira (2003), com a fragmentação os
processos biológicos de um bioma o alterados. Com isso, perde-se diversidade e
os sistemas ecológicos simplificam-se, situação que tende a acentuar-se em longo
prazo.
Os processos de fragmentação da vegetaçãoo bastante antigos, no
entanto, os estudos científicos sobre fragmentação são recentes, seguindo o
desenvolvimento expressivo da ecologia.
De acordo com Viana (1990), um fragmento é qualquer área de vegetação
natural contínua, interrompida por barreiras antrópicas ou naturais, capazes de
diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen e/ou sementes.
Os processos de fragmentação antrópica, ou seja, aqueles causados pela
ão humana no ambiente, abrangem um amplo rol de ões impactantes. Entre os
principais estão a caça, exploração agropecuária, queimadas, extração vegetal,
atividades de lazer e turismo, urbanização e a implantação de infra-estrutura de
transportes, energia e saneamento.
Além dos processos antrópicos, existem situações naturais que
proporcionam certo grau de fragmentação a vegetação florestal, tais como:
flutuações climáticas, que podem causar expansão ou retração de determinados
11
tipos de vegetação; heterogeneidade pedológica, com certos tipos de vegetação
restritos a tipos específicos de solos; topografia, que pode isolar ilhas de tipos
específicos de vegetação em locais elevados; processos de sedimentação e
hidrodinâmica em rios e no mar; processos hidrogeológicos que produzem áreas
temporariamente ou permanentemente alagadas, induzindo tipos particulares de
vegetação. Tais fatores podem agir de maneira isolada ou combinada entre si
(RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003).
Processos antrópicos são sempre mais agressivos, com impactos negativos,
enquanto os processos naturais em geral acabam por criar situões favoráveis ao
desenvolvimento harmônico da paisagem. Assim, fragmentos naturais devem ser
claramente diferenciados de fragmentos antrópicos na definição e implementação de
políticas públicas de conservação.
Nos Campos Gerais, a Floresta Ombrófila Mista é uma vegetação
naturalmente fragmentada pela presença de solos rasos, com baixa disponibilidade
de água, num paleoambiente de grandes mudanças climáticas. Em geral os
fragmentos apresentam a forma circular (capões) ou linear, acompanhando os vales
dos rios.
Processos de fragmentação natural ocorrem num período de tempo muito
mais longo que a fragmentação causada pelo homem, sendo historicamente
importantes na geração da diversidade biológica (HAFFER, 1992). No caso da
Floresta Ombrófila Mista, muitos fragmentos naturais constituem áreas prioritárias
para conservação porque contêm espécies endêmicas e populações diferenciadas,
demandando estudos detalhados acerca de sua estrutura e dinâmica da biota.
Assim, o objetivo principal deste trabalho é analisar a fragmentação da
vegetação florestal de uma área ainda bem conservada nos Campos Gerais, Piraí
12
da Serra, tendo como objetivos específicos levantar indicativos da fragmentação
natural e antrópica, e analisar seus processos, fornecendo subsídios para o
planejamento ambiental regional.
13
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Do conceito de paisagem a Ecologia da Paisagem
O termo paisagem foi introduzido como conceito dentro das ciências
geográficas no inicio do século XIX por Alexander Von Humboldt, considerado
grande pioneiro da geografia física e geobotânica (NAVEH; LIEBERMAN, 1990).
Humboldt procurou conhecer as inter-relações entre os componentes da paisagem,
priorizando as características físicas da paisagem, no entanto sem descuidar dos
aspectos humanos. De maneira geral, o termo paisagem indica o estudo de
características estáticas e dinâmicas de determinadas regiões, considerando
aspectos naturais e culturais (MARTINS et al., 2004).
A paisagem pode ser considerada um conjunto de formas de relevo que se
repetem no espaço, delimitando assim seu vel de escala (PHILLIPS, 2001), ou
simplesmente sinônimo de ambiente (NAVEH; LIEBERMAN, 1990).
Nos vários conceitos de paisagem percebe-se que, se o aspecto estrutural
pode ser bem caracterizado, os processos e a dinâmica não o são. Além disso, foi
apenas recentemente que o homem passou a ser visto como parte do ambiente, a
medida que suas intervenções na paisagem tornaram-se cada vez mais freqüentes.
Neste trabalho optou-se pela utilização do conceito de paisagem descrito por
Turner e Gardner (2001), onde paisagem pode ser considerada como uma área
espacialmente heterogênea, considerando-se sua estrutura, função e suas
alterações.
O termo ecologia da paisagem foi introduzido por Carl Troll na década de
1930, baseado no conceito geográfico de paisagem de Humboldt. Propondo a
crião de uma nova ecociência, Troll tinha como objetivo unir geógrafos e
14
ecologistas na perspectiva de atrelar princípios da vida e da terra, tendo como noção
básica de paisagem a espacialidade e a heterogeneidade do espaço onde o homem
habita. A partir de Troll, várias escolas desenvolveram-se novos conceitos de
paisagem abrigados na denominada Ecologia da Paisagem.
Troll teve forte influência da geografia humana, da fitossociologia e da
biogeografia, além das disciplinas voltadas ao planejamento regional. Essa
abordagem geográfica caracterizou-se pela preocupação com o planejamento da
ocupação territorial, através do conhecimento dos limites e das potencialidades do
uso econômico de cada unidade de paisagem (espo de terreno com
características comuns). Dentro desta perspectiva, a preocupação com o estudo das
inter-relações do homem com seu espaço de vida e com as aplicações práticas na
solução de problemas ambientais (NAVEH; LIEBERMAN, 1990). Nessa abordagem
da ecologia da paisagem a visão integradora entre as ciências sociais, geofísicas e
biológicas tem como objetivo uma visão holística da paisagem e o ordenamento
territorial.
Uma retomada conceitual da ecologia da paisagem deu-se na década de
1980, baseada na ecologia de ecossistemas e na modelagem e análise espacial.
Sobre influência de biogeógrafos e ecólogos norte-americanos, a teoria de
biogeografia de ilhas foi adaptada à ecologia de paisagem, com a preocupação de
relacionar padrões espaciais aos processos ecológicos em ambientes naturais ou
modificados, percebidos por qualquer espécie biológica e não apenas pelo homem
(TURNER et al., 2001). Inversamente a primeira abordagem, essa enfoca sua área
de estudos às paisagens ou unidades naturais, na aplicação de conceitos na
conservação da diversidade biológica e no manejo de recursos naturais. Nessa linha
de pensamento, a ecologia da paisagem é definida como uma área heterogênea
15
composta por conjuntos interativos de ecossistemas (FORMAN; GODRON 1986),
como um mosaico de relevos, tipos de vegetação e formas de ocupação, tendo
como principal característica o estudo dos efeitos da estrutura espacial da paisagem
sobre os processos (TURNER, 1989).
Diferentemente da ecologia de ecossistemas, a ecologia da paisagem
também se concentra nos aspectos culturais, históricos e socioeconômicos da
ecologia humana. Segundo Forman e Godron (1986), um aspecto importante
relacionado às paisagens culturais são a fragmentação dos ecossistemas originais e
a destruição da biodiversidade. Na ecologia da paisagem, o homem não é apenas
um fator de perturbação externa dos ecossistemas naturais, mas sim um
componente interativo e co-evolucionário (NAVEH; LIEBERMAN, 1990).
Despontando como uma área do conhecimento emergente, a ecologia da paisagem
traz uma série de questionamentos, teorias e ferramentas para se compreender a
estrutura e a dinâmica das paisagens em diversas escalas temporais e espaciais.
Partindo da perspectiva de unificação conceitual entre as duas escolas
formadoras da ecologia da paisagem, Metzger (2001) propõe uma noção integradora
do conceito de paisagem, a qual seria reconhecida como um mosaico heterogêneo
formado por unidades interativas, sendo essa heterogeneidade existente para pelo
menos um fator, segundo um observador e sob uma determinada escala de
observação.
Também para Paese e Santos (2005), embora a perspectiva ecológica tenha
prevalecido, a diversidade de pontos de vista que evidencia a falta de uma estrutura
conceitual que caracterize a ecologia da paisagem como disciplina, proporciona a
integração de abordagens teóricas com aplicões práticas e com uma perspectiva
antropocêntrica para o estudo da paisagem.
16
Nos estudos de causas e conseqüências da fragmentação da vegetação
florestal, a escola ecológica é a que pode fornecer mais subsídios para essa análise.
Todavia, não se devem rejeitar aspectos da abordagem geográfica com relão aos
aspectos de planejamento territorial. Pois, como define Metzger (2001), apesar da
existência dessas duas abordagens distintas, elas apresentam muito em comum,
como o fato de serem espacialmente explícitas, lidarem com espaços heterogêneos
e considerarem múltiplas escalas em suas análises.
2.2. Aplicação da ecologia da paisagem em estudos de áreas florestais
fragmentadas e o uso de métricas
Para Forman e Godron (1986) a ecologia da paisagem focaliza três
características da paisagem:
- Estrutura: trata do relacionamento espacial entre os ecossistemas característicos
presentes, a distribuição de energia, materiais e espécies em relação aos tamanhos,
formas, números, tipos e configurações dos ecossistemas.
- Função: investiga as interações entre os elementos espaciais, isto é, os fluxos de
energia, materiais e espécies entre os ecossistemas componentes.
- Mudança: detecta alterações na estrutura e função do mosaico ecológico numa
escala temporal.
A respeito da estrutura da paisagem, Forman e Godron (1986) determinam
uma composão comum e fundamental a todas as paisagens, ou seja, composta
por três elementos: fragmento, matriz e corredor.
Os fragmentos, sob esta ótica, são concebidos como sendo a principal parte
da paisagem, o ecossistema (ou parte dele) que suscita a atenção do pesquisador.
As partes são dinâmicas e ocorrem numa variedade de escalas espaciais e
17
temporais que variam em fuão da percepção de quem as estuda. Portanto,
indiferente às bases para definir os fragmentos, uma paisagem não contém um
único mosaico de fragmentos, mas contém uma hierarquia de mosaico de partes
que podem estar distribuídos numa faixa de escalas (VOLOTÃO, 1998)
1
.
A matriz representa o(s) elemento(s) nos quais os fragmentos estão imersos,
podendo estes ser de ocorrência natural (como no caso das áreas de campos
associados às Florestas Ombrófilas Mistas) ou antrópicos (pastagem, culturas
agrícolas, monoculturas florestais). A matriz pode ser homogênea ou heterogênea.
Por fim, corredores são estreitas faixas, naturais ou antrópicas, que diferem
da matriz, e geralmente possuem características semelhantes à dos fragmentos,
podendo promover a união entre fragmentos distintos.
Entre as várias ferramentas para efetuar procedimentos de avaliação numa
paisagem, pela abordagem ecológica uma série de métodos o aplicados para
estabelecer relações entre padrões espaciais e processos ecológicos, conhecidos
como métricas ou índices de paisagem. Metzger (2003) descreve e agrupa as
principais métricas da paisagem em duas principais categorias: as métricas de
composição e as métricas de disposição.
De acordo com McGarigal e Marks (1995), métricas de composição referem-
se às feições associadas à presença ou ausência dos elementos na paisagem. Irão
identificar as unidades de paisagem presentes na unidade estudada, sua riqueza e
área ocupada pelas mesmas. As métricas de disposição (ou configuração) estão
relacionadas à distribuição física desses elementos na paisagem. Vão quantificar o
arranjo espacial dessas unidades em termos de grau de fragmentação, grau de
conectividade e isolamento entre fragmentos, formato, complexidade, entre outros.
1
Neste trabalho, os fragmentos são constituídos pelas áreas cobertas com Floresta Ombrófila Mista,
independentemente da fragmentação ser proveniente de processos naturais ou antrópicos.
18
Como a ecologia da paisagem baseia-se no fato de os padrões espaciais da
paisagem influenciarem fortemente os processos ecológicos, para Couto (2004) o
termo métricas da paisagem refere-se a algoritmos que quantificam características
espaciais especificas de fragmentos, classes, ou todo o mosaico da paisagem.
Existem centenas de métricas que podem ser utilizadas para estudos de
paisagens fragmentadas, no entanto estes cálculos só têm valor se inseridos em um
questionamento bem definido, podendo ser utilizadas tanto para o estabelecimento
de hipóteses como para respostas em definitivo a estas perguntas.
2.3. Geotecnologias aplicadas ao estudo da paisagem
A análise acurada de uma paisagem demanda uma base de dados com
informações espaciais atualizadas que possa gerar a sistematização e
espacialização do terririo em suas características físicas, ambientais, uso da terra,
etc.
As geotecnologias, ou geoprocessamento, compreendem um conjunto de
técnicas computacionais de coleta, armazenamento, processamento, análise e
disponibilizão de informão com referência geográfica (WUTKE et al., 2006),
sendo assim, fontes de grande utilidade para todos aqueles que visam ao estudo da
paisagem.
Compreendem inicialmente a obtenção e utilização de dados cartográficos.
Base cartográfica é uma representação analógica do espaço real, produzida através
de métodos cartográficos de transformão de superfície apoiados num referencial
geodésico único mapas e cartas, por exemplo. A base cartográfica digital reúne os
mesmos elementos representados de forma analógica, como relevo, vegetação, ou
19
outros, representados agora separadamente na interface computacional (SILVEIRA
et al., 2008).
A estruturação de bases cartográficas, através de dados existentes, ou
sua criação, demanda umarie de técnicas de coletas de informão espacial:
- executar levantamentos geodésicos em campo, gerados principalmente por
sistemas de posicionamento por satélite, como o GPS (Sistema de Posicionamento
Global), onde a posição de um ponto na superfície da Terra é determinada por sinais
de rádio enviados por um conjunto de satélites. Os pontos georreferenciados
(latitude, longitude e altitude) formam a base de um mapa digital (WUTKE et al.,
2006).
- obter dados de sensoriamento remoto, ou seja, obtenção de informações sobre
objetos distantes, sem contatos com os mesmos. Tais imagens são captadas por
sensores, equipamentos que captam e registram dados de energia eletromagnética
refletida ou emitida pelos elementos da superfície da Terra (FLORENZANO, 2002).
Entre os diversos tipos de sensores remotos, há uma série de características
que os diferenciam, como o modo de captura de imagens e a sua resolução. As
imagens de sensoriamento remoto podem ser combinadas com outras fontes
existentes sobre a área de interesse, tais como material cartográfico e fotografias
aéreas, formando a base do Sistema de Informação Geográfica SIG (WUTKE et
al., 2006). Fotos e imagens são processadas para sua correção geométrica e
transformação em ortocartas.
A tabela 1 mostra um resumo das possíveis taxonomias de tais sensores.
20
Tabela 1. Taxonomias de sistemas de sensoriamento remoto. Adaptado de ERLERS et al. (2007).
PLATAFORMA
DE GRAVAÇÃO
Satélite
Avião / balão
Estacionário
MODO DE
GRAVAÇÃO
Passivo (vivel, infravermelho, infravermelho, microondas).
Ativo (laser ou radar)
MEIO DE
GRAVAÇÃO
Analógico
Digital
COBERTURA
ESPECTRAL
Visível / ultravioleta
Infravermelho refletido
Infravermelho termal
microondas
RESOLUÇÃO
ESPECTRAL
Pancromático (1 banda)
Multiespectral (2 – 20 bandas)
Hiperespectral (20 – 250 bandas)
Ultra-espectral (> de 250 bandas)
RESOLUÇÃO
RADIOMÉTRICA
Baixa (<6 bit)
Média (6-8 bit)
Alta (8–12 bit)
Muito alta (>12bit)
RESOLUÇÃO
ESPACIAL DO
SOLO
Muito baixa (>250)
Baixa (50-250m)
Média (10-50m)
Alta (4-10m)
Muito alta (1-4m)
Ultra alta (<1m)
- organizar os dados num ambiente SIG. Segundo Star e Estes (1990), SIG é a
união entre um sistema de banco de dados projetados para trabalhar com dados
georreferenciados e um conjunto de operações que formam capacidade analítica
para trabalhar com tais dados. Permite a associação de dados gráficos (mapas) e
bancos de dados alfanuméricos (tabelas) visando à gestão espacial. Caracteriza-se,
portanto, por integrar numa única base de dados informações espaciais
provenientes de dados cartogficos, dados de censo e cadastro urbano e rural,
imagens de satélite, redes e modelos numéricos de terreno, e quaisquer outras
informações levantadas sobre uma dada área. Além de oferecer mecanismos para
combinar as várias informações, através de algoritmos de manipulação e análise,
permite consultar, recuperar, transformar e visualizar o conteúdo da base de dados
referenciados espacialmente e gerar mapas (WUTKE et al., 2006; SILVEIRA et al.,
2008). A figura 1 mostra a arquitetura geral de funcionamento de um SIG.
21
Interface
Visualização e
plotagem
Entrada e integração
de dados
Consulta e análise
espacial
Gerência dados
espaciais
Banco de dados geográficos
Arquitetura de Sistemas de Informação Geográfica
Figura 1: Configuração geral de um SIG. Adaptado de Camara et al.(1996).
2.4. A Floresta Ombrófila Mista
Pertencente a um dos principais biomas brasileiros, a Mata Atlântica
2
, esta
floresta recebe diversas denominações como: floresta com pinheiros, pinhais,
pinheirais, zona dos pinhais, Mata com Araucária, floresta acicufoliada subtropical,
entre outras.
O sistema de classificação do IBGE (VELOSO et al., 1991) designa a
Floresta com Araucária como uma Floresta Ombrófila Mista (FOM), onde o termo
“ombrófila” significa alta pluviosidade e “mista” está relacionado à mistura das floras
tropical afro-brasileira e a temperada austro-brasileira. Tal mistura ocorre devido à
2
Decreto 750, de 10 de fevereiro de 1993. Regulamentada pela Lei no 11.428, de 22 de dezembro de
2006.
22
condições onde fatores como altitude planáltica se associam à latitude, criando uma
situação neotropical.
A FOM está circunscrita a uma região de clima pluvial subtropical, ocorrendo
em geral abaixo do Trópico de Capricórnio, em altitudes que vão de 500 a
1.200m.s.n.m. nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O
Paraná, segundo Reitz e Klein (1966), apresentava a maior extensão desta unidade
fitoecológica, no primeiro, segundo e na parte leste do terceiro planalto (figura 2).
De acordo com Rambo (1951), no Sul do Brasil, o pinhal “é uma cópia
diminuída da floresta andina, especialmente da floresta valdiviana (...)”, devido a
isso, a distribuição da Araucária em território brasileiro diminui conforme avança em
direção ao norte, distante dos Andes, o centro de irradiação de muitas das espécies
características da FOM.
São propostas quatro formações florestais diferentes, de acordo com a
variação altitudinal (VELOSO et al., 1991):
a) Aluvial (FOMA) – situados nas margens dos cursos de água, em qualquer altitude;
b) Submontana (FOMS) – de 50 até 400 metros de altitude;
c) Montana (FOMM) – de 400 a 1.000 metros de altitude;
d) Altomontana (FOMT) – acima dos 1.000 metros de altitude.
Nos Campos Gerais, a FOM apresenta-se como Floresta Ombrófila Mista
Montana (FOMM) e Floresta Ombrófila Mista Aluvial (FOMA).
23
Figura 2: Área de Domínio original da Floresta Ombrófila Mista no Estado do Paraná
Nos Campos Gerais, as formações FOMM ocupam porções planálticas, em
geral, de configurações arredondadas, em locais onde existe afloramento do lençol
freático, com ocorrências de cambissolos ou neossolos litólicos húmicos (MORO et
al., 1996). As formações FOMA estão associadas a cursos d’água, ocupando as
margens de rios e normalmente vinculada a neossolos flúvicos e a gleissolos
(OLIVEIRA et al., 2003; CURCIO et al., 2007).
Indiferente às configurações adquiridas pela Floresta Ombfila Mista, como
o próprio nome sugere, seu elemento mais característico é a Araucaria angustifolia
(araucária, pinheiro-do-paraná), uma espécie formadora do dossel, que pode ocorrer
associado a diferentes grupos de espécies. A araucária imprime um aspecto
fitofisionômico próprio em virtude de sua abundância, porte e copa característicos.
Segundo Klein (1960, 1984), esta escie caracteriza esta formão por sua grande
24
abundância, porte agigantado, seus fustes retos, copas corimbiformes peculiares,
com folhas verde-escuras, que emergem por diversos metros por sobre o restante
da vegetação arbórea, a tornando inconfundível (figura 3).
Figura 3: Perfil esquemático de um trecho de FOM, destacando a emergência da Araucária no
dossel. FONTE: Roderjan et al. (2002).
Tendo um histórico de intensiva exploração, a Mata com Araucária existente
nos Campos Gerais é, em sua maioria, secundária, como conseqüência do ciclo da
erva-mate e da madeira (CASTELLA; BRITEZ, 2004; MELO et al., 2007). A
resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 002 de 18 de
março de 1994, que dispõe sobre tais estágios sucessionais, estabelece parâmetros
para cada estágio. Assim, no artigo da referida resolão, é tido que a Floresta
Ombrófila Mista pode apresentar-se em três diferentes estágios de sucessão.
O primeiro estágio esgio inicial - tem como características: fisionomia
herbáceo/arbustiva, formando um estrato, variando de fechado a aberto, com a
presença de espécies predominantemente heliófilas, espécies lenhosas ocorrem (1
a 10 espécies), com diâmetros e alturas pequenas (não ultrapassando 10m); o
crescimento das árvores do dossel é rápido, as epífitas são raras, lianas herbáceas
e gramíneas abundantes, não regeneração das árvores do dossel, e as espécies
25
mais comuns são Bracatinga (Mimosa scabrella) e Vassourão-preto (Vernonia
discolor).
O segundo estágio de sucessão, ou estágio médio, caracteriza-se por uma
fisionomia arbustiva ou arbórea (formando 1 ou 2 estratos); espécies lenhosas
variam entre 5 e 30 táxons; dossel com altura entre 8 e 17m; epífitas são comuns, a
regeneração das árvores do dossel é pequena; é as principais espécies que compõe
e indicam esse estágio são vassourão-branco (Piptocarpha angustifolia), canela-
guaicá (Ocotea puberula), entre outras.
E finalmente o terceiro estágio, ou estágio avançado, compõe-se de uma
fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando dossel fechado e
uniforme, com presença de mais de dois estratos e espécies umbrófilas, as espécies
lenhosas somam um número superior a 30 táxons; as árvores do dossel possuem
desenvolvimento lento e vida longa; as epífitas o abundantes e as gramíneas
raras; a regeneração das árvores do dossel é intensa; e as espécies mais comuns e
indicadoras são a própria araucária (Araucaria angustifolia), imbuia (Ocotea porosa),
etc.
2.5. Origem e estabelecimento da Floresta Ombrófila Mista e dos Campos de
Altitude associados
Originalmente, os fragmentos de FOM estavam envoltos por formações
campestres, com variações fisionômicas determinadas principalmente pelas
condições dos solos. Atualmente, sendo o clima francamente favorável ao
desenvolvimento florestal, existe uma tendência de expansão das Florestas com
Araucária sobre os campos, mas que é pouco perceptível devido à intensividade
com que o agronegócio atua sobre os mesmos. (RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003).
26
Evolutivamente existem fortes indícios de que a vegetação campestre teve
surgimento anterior à vegetação florestal, sendo sua presença considerada relicto de
um clima semi-árido pleistocênico. Constituem a formação florística mais antiga ou
primária do estado do Paraná. Estudos de Behling (1997), nos Campos Gerais do
Paraná, mostram que extensas áreas de campos dominaram a paisagem da região
durante o inicio e meso-Holoceno, refletindo climas frios e secos. As florestas
somente conquistaram os primitivos campos a partir das florestas de galeria, capões
de nascentes e matas de encostas de escarpas, durante um período
constantemente úmido do Holoceno (MAACK, 1968).
A tabela 2 mostra em detalhes o período Quaternário, enfatizando as
flutuações climáticas ocorridas durante o Holoceno e o Pleistoceno, intimamente
ligadas aos eventos glaciais.
Tabela 2: Propostas de subdivisão do Período Quaternário. Modificado de: Melo e Ponçano (1983).
CLASSIFICAÇÃO CRONOESTRATIGFICA CLASSIFICAÇÃO PALEOBIOCLIMÁTICA
INTERVALO DE TEMPO
(anos A.P.)
ÉPOCA REGIME CLIMÁTICO
AMÉRICA DO NORTE
10.000 HOLOCENO inter-glacial úmido Flandrian
100.000 PLEISTOCENO
Glacial semi-árido Wisconsinian
150.000 PLEISTOCENO
Interglacial
300.000 PLEISTOCENO
Glacial
400.000 PLEISTOCENO
Interglacial úmido Sangamonian
500.000 PLEISTOCENO
Glacial semi-árido Illinoian
700.000 PLEISTOCENO
Interglacial úmido Yarmouthian
1.000.000 PLEISTOCENO
Glacial semi-árido Kansan
1.300.000 PLEISTOCENO
Interglacial úmido Aftonian
1.600.000 PLEISTOCENO
Glacial semi-árido Nebraskan
Durante todo o Quaternário alternaram-se, portanto, longas fases semi-
áridas com fases úmidas, ligados às fases glaciais, com a ocorrência de flutuações
em menor escala.
No período da última glaciação, áreas de FOM eram raras no Sul do Brasil, e
provavelmente encontradas somente em vales, sugerindo condições cliticas frias
27
e mais secas do que as atuais. A FOM, como um cinturão desde a região Sul até o
sudeste do Brasil, foi estabelecida sob condições climáticas mais úmidas, sem
períodos significativos de seca (BEHLING, 1998). Ainda segundo Behling (1998),
nos Campos Gerais a expansão inicial das Florestas com Araucária a partir das
florestas de galeria, sobre a vegetação de campo, ocorreu apenas por volta de 3.000
anos A.P. (antes do presente), e significativamente a partir de 1.500 anos A.P. para
a FOMM. Klein (1979) afirma que a vegetação está evoluindo lentamente para um
“clímax climático” o qual, porém, ainda eslonge de ser atingido, devido a fatores
antrópicos. Estes aspectos sugerem que as condições climáticas atuais favorecem
as florestas em detrimento das associações de campo e de cerrados no Brasil
Meridional.
2.6. Fragmentação da Floresta Ombrófila Mista nos Campos Gerais
Originalmente, a Floresta Ombrófila Mista no estado do Paraná cobria cerca
de 73.780 Km², tendo seu inicio no Primeiro Planalto, a oeste da Serra do Mar,
estendendo-se pelos Segundo e Terceiro Planaltos (MAACK, 1968). Todavia, assim
como ocorreu com outras unidades florestais brasileiras, a FOM sofreu um extenso
processo de degradação, resultado de um processo histórico de ocupação do solo
devido à expansão agrícola. Hoje restaram apenas 0,8% desta formão florestal
em bom estado de preservação, em diversas situações pelo Estado, e cuja
conservação é de extrema importância (CASTELLA; BRITEZ, 2004).
Na região dos Campos Gerais, parte da paisagem florestal ainda existente
apresenta-se ora como fragmentos oriundos da ação humana, ora como fragmentos
florestais definidos por fatores naturais. O discernimento destes processos constituiu
28
matéria de discussão intensa na Biologia e Geografia (HAFFER, 1992), e continua
na aliança entre cnicas de sensoriamento remoto e indicadores biofísicos.
2.6.1. Processos naturais de fragmentação
Fatores geológicos, geomorfológicos, climáticos e fitogeográficos foram
determinantes para a configuração fragmentada da Floresta Ombrófila Mista na
região dos Campos Gerais.
Como visto anteriormente, as flutuações climáticas influenciaram
definitivamente o revestimento florístico no Sul do país, causando processos de
fragmentação natural na FOM e vegetação associada. Para Klein (1960) a presença
da Araucária em todo o sul do Brasil frente ao padrão climático atual, deve-se ao
fato à exigência de solos profundos de encostas, irradia-se sobre campos e outras
formações pioneiras, originando uma série de sucessões.
Além disso, segundo Haffer (1992), os ciclos paleoclimáticos funcionaram
como eficiente "máquina de especiação" ou "bomba de escies" durante o curso da
hisria geológica.
Paisagens são mosaicos gerados por processos de perturbação que variam em
escala, extensão, intervalo e intensidade de recorrência. Processos bióticos
também variam, de pequena escala, como o crescimento de um indivíduo animal
ou vegetal até a reorganização de grupos de espécies. Fatores limitantes podem
estar relacionados a condições do solo e regimes climáticos (HAFFER, 1992, p.8).
Geologicamente, a região Sul do Brasil é bastante complexa, porém no
estado do Paraná, dominam na maior parte os solos formados pela decomposição
das rochas melafiricas e basálticas (norte e oeste do estado), as rochas da Serra do
Mar pertencem ao Arqueano, e na região dos Campos Gerais aparecem sedimentos
devonianos e os arenitos do Carbonífero Superior (KLEIN, 1960).
29
De modo geral, o substrato geológico parece não representar um fator
limitante da FOM, como mostra a figura 4.
Legenda:
___
áreas de domínio original da FOM no estado do Para
Fonte: MINEROPAR, 2001. Org: NANUNCIO, 2009
Figura 4: Mapa Geológico do Paraná, mostrando as diferentes formações e suas respectivas idades
geológicas, comparado à distribuição original da Floresta Ombrófila Mista. Adaptado de:
MINEROPAR (2001).
30
O substrato geológico é menos um fator limitante ao desenvolvimento da
FOM do que a altitude. Pode-se perceber que este domínio florestal ocupava todos
os compartimentos geológicos do estado, exceto cotas inferiores a 600 m (figura 5).
Legenda:
___
áreas de domínio original da FOM no Estado do Paraná
Fonte: IPARDES, 1997. Org: NANUNCIO, 2009
Figura 5: Mapa Hipsométrico do estado do Paraná, comparado à distribuição original da Floresta
Ombrófila Mista. Adaptado de: IPARDES (1997).
Frequentemente, processos de fragmentação natural da FOM estão
relacionados à presença de solos rasos e com baixa disponibilidade de água. E
revelam para a maior parte dos solos, acentuada acidez e pobreza em elementos
nutritivos, principalmente potássio, fósforo e cálcio (KLEIN, 1960).
31
Complementarmente, no Paraná, os campos naturais ocorrem em regiões
planas ou plano-deprimidas mal drenadas, em solos de arenito (Campos Gerais) ou
em solos derivados de derrames basálticos ácidos (Campos de Palmas), e em solos
rasos e pedregosos. Segundo Imaguire (1968), há grande seletividade entre as
escies nativas de campo, face aos rigores ambientais, como condões de solo
(consistência, hidratação, nutrientes), ventos e insolação. Entretanto estas mesmas
escies apresentam um enorme sucesso quando comparadas às espécies
florestais, mais sensíveis à ação do sol, ventos e estiagem, e menos exigentes com
relação á disponibilidade hídrica e de nutrientes no solo.
A figura 6 mostra as diferentes relações que podem se estabelecer na
paisagem em diversas escalas espaciais e temporais, promovendo diferentes
alterações ambientais, respostas bióticas e padrões de vegetação.
Figura 6: Inter-relação espacial e temporal de perturbações naturais e alterações ambientais,
resposta biótica e padrões de vegetação (DELCOURT et al. apud DI CASTRI; RADLEY,
1988 apud HAFFER, 1992).
32
2.6.2. Processos antrópicos de fragmentação
Todos os principais ciclos econômicos, fortemente voltados à exportação,
desde a exploração de madeira e, mais recentemente, o plantio de monoculturas e
de plantios de espécies exóticas (Pinus), foram gradativamente desalojando as
áreas florestadas. Historicamente, os setores do agronegócio pouco se preocuparam
com a preservação dos ambientes nativos, sempre objetivando o maior lucro no
menor tempo possível (ROCHA; WEIRICH NETO, 2007).
Segundo Lavalle (1981), a exploração das florestas da região com finalidade
de aproveitamento da madeira ou para permitir o avanço da lavoura, foi muito
intensa durante o século XX (...) o esgotamento florestal foi crescente,
principalmente após 1935, quando a madeira começou a participar com maior
intensidade das exportações brasileiras.
Em 1873 a Companhia Florestal Paranaense, com o objetivo de fazer propaganda
e atrair os importadores europeus, chegou a cortar em pedaços uma araucária de
33 metros de altura, transportando-a de navio para a Europa, onde foi novamente
montada em pé, na Exposição Internacional de Viena. (CAMPANILI;
PROCHNOW, 2006, p.32-33)
Ainda segundo Lavalle, além da madeira do pinheiro-do-Paraná, que foi
extraída das matas paranaenses em quantidades que, por vezes, ultrapassavam as
possibilidades de comercialização e transporte do produto
3
, muitas outras espécies
nativas foram abatidas até sua quase extinção, de acordo com a demanda de
mercado.
Das florestas primárias, foi valorizada a madeira, mesmo assim apenas
de algumas poucas espécies. Nenhum valor era atribuído aos produtos não-
3
Dados do extinto Anuário Brasileiro de Economia Florestal mostram que, entre 1945 e 1964, mais
de 28.000 de madeira de pinheiro (Araucaria angustifolia) foram comercializados somente no
estado do Paraná.
33
madeireiros e os serviços ambientais das florestas eram ignorados ou
desconhecidos (CAMPANILI; PROCHNOW, 2006).
Segundo Rocha e Weirich Neto (2007), a baixa fertilidade dos campos
nativos inicialmente limitou o desenvolvimento de atividades agrícolas às áreas de
FOM, que foram drasticamente devastadas. Face ao baixo custo da criação de gado
nas pastagens nativas e as dificuldades para utilização agrícola das terras devido à
baixa fertilidade natural, a pecuária extensiva predominou nos Campos Gerais até
final da década de 1960.
A partir da década de 1970, um aumento na demanda de soja pelo mercado
mundial, subsidiou o capital financeiro à promover a adequação dos solos das áreas
campestres às condições de cultivo (aumento da fertilidade e controle de acidez) e à
substituição das lavouras tradicionais, muitas de subsistência, que ocupavam as
áreas desmatadas, acelerando o esvaziamento populacional da região através do
êxodo rural e da concentração fundiária. Paradoxalmente, observa-se desde então
um aumento da área de FOM pelo abandono e regeneração natural de áreas
cultivadas que não se adequam à mecanização agrícola.
Mas recentemente, a expansão das monoculturas exóticas (principalmente
de Pinus) ganhou grande incentivo dos setores madeireiro e de celulose, afetando
negativamente estes ecossistemas. A alta rentabilidade desta cultura promove um
crescimento descontrolado da mesma em áreas com solos rasos e impróprios para
agricultura, como afloramentos rochosos e campos úmidos (ROCHA; WEIRICH
NETO, 2007). Setores voltados à exportação, com produção certificada, precisam
comprovar que não fazem conversão florestal (plantação de exóticas sobre áreas de
florestas nativas), mas, infelizmente, a mesma exigência não se aplica à implantação
de monocultura de Pinus sobre campos nativos.
34
Especificamente sobre a região de Piraí da Serra, Ramos et al. (2007) citam que as
áreas de monocultura de Pinus encontram-se não só ocupando áreas de campos
nativos, mas também áreas de preservação permanente, substituindo a vegetação
ripária, e até mesmo o interior de alguns fragmentos; esse fato fica fortemente
evidenciado nas regiões mais próximas ao cânion do rio Iapó e nas proximidades do
rio Guaricanga.
35
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização da área de estudo
A região norte dos Campos Gerais, no Paraná, é um local onde a paisagem
original é dominada por campos naturais intercalados por Floresta Ombrófila Mista
que se desenvolvem em zonas com disponibilidade de água; acompanham
ambientes de cerrado e campos de altitude (BILENCA; MINARRO, 2004).
Piraí da Serra, inserida na Escarpa Devoniana, abrange três municípios:
Piraí do Sul, Castro e Tibagi (figura 7). Situada a margem esquerda do Rio
Fortaleza, entre o Rio Guaricanga e Iapó e pela rodovia PR-90, a região
compreende uma supercie de cerca de 50.940ha à margem da Escarpa
Devoniana, sob as coordenadas UTM 550403–7262276 e 601361–7318420.
Figura 7: Mapa de localização da área de estudo. Fonte: PRIETO (2007).
36
Particularidades, como a proximidade com o cânion do Guartelá, e o terreno
acidentado de suas terras altas, caracterizado pela expressiva presença de
lineamentos, favoreceram a preservação da vegetação nativa ameados do século
XX (PRIETO, 2007), mas atualmente seus hábitats estão seriamente ameaçados
pelas novas faces do agronegócio.
Nessa região, manifesta-se um dos mais notáveis enxames de diques da
superfície do planeta, orientados paralelamente ao eixo do arqueamento, na direção
NW-SE, constituídos de diabásio, microdiorito, quartzo-microdiorito e microdiorito
pórfiro (TREIN et al., 1967). São rochas que originam solos férteis (figura 8),
propícios ao desenvolvimento de vegetação arbórea, a qual por sua vez sustenta
rica fauna.
Os diques formam muitos cânions, como o do Arroio Palmeirinha, paralelos
ao Guartelá, que encaixam os tributários da margem esquerda do rio Fortaleza,
onde cachoeiras e corredeiras são comuns. Essa topografia segmentada por
nions paralelos dificultou, na região, a expansão dos latifúndios com agricultura
mecanizada (MELO et al., 2003).
37
Figura 8: Mapa de solos de Piraí da Serra. Fonte: Koene (2008).
Com base na classificação de Köppen, na região dos Campos Gerais é
possível identificar dois tipos de clima (figura 9). O clima subtropical (Cfa)
caracteriza-se por apresentar temperatura média no mês mais frio inferior a 18°C e
temperatura média no mês mais quente acima dos 22°C, com verões quentes,
geadas pouco freqüentes e tendência à concentração das chuvas nos meses de
verão, mas sem estação seca definida. No entanto, predomínio do clima
temperado (Cfb), com temperatura média no mês mais frio abaixo dos 18°C, com
verões frescos, temperatura média no mês mais quente abaixo dos 22°C e
igualmente sem estação seca definida.
38
Figura 9: Clima da região de Piraí da Serra. Fonte: SEMA/IAP (2003).
Tais características, segundo Cruz (MELO et al., 2007), são definidas por
diferentes fatores, como a presença de vales (rio Tibagi e afluentes), pela latitude e
pelo relevo da Escarpa Devoniana.
A configuração da vegetação em Piraí da Serra é bastante peculiar, pois
nesta região os fragmentos de FOM apresentam-se encaixados nas fendas dos
diques de diabásio. A figura 10 mostra a configuração geológica da área em
detalhes, enquanto as figuras 11 e 12 mostram a disposição dos fragmentos
florestais, acompanhando os lineamentos estruturais.
39
Figura 10: Mapa geológico de Piraí da Serra. Fonte: Prieto (2007).
40
Figura 11: Disposição Espacial dos fragmentos de FOM em Piraí da Serra com relação à geologia.
Figura 12: Fragmento de FOM encaixado nos lineamentos estruturais (fraturas dos diques) na região
de Piraí da Serra.
41
Os cursos de água em Piraí da Serra também acompanham os lineamentos
dos diques e são condição básica para o desenvolvimento de formões florestais,
como mostra a figura 13.
Figura 13: Disposição espacial dos fragmentos de FOM em Piraí da Serra com relação à hidrografia
Prieto (2007) descreve o uso da terra na região de Piraí da Serra a partir da
análise multitemporal entre os anos de 1962/1963, mediante de fotos aéreas (figura
14), e de imagens de satélite em 2000 (figura 15) e 2007 (figura 16). Em seu
trabalho foram consideradas quatro unidades de paisagem: campo, mata (FOM),
cultivo e monocultura exótica (Pinus e Eucalipto).
42
Figura 14: Mapa de uso da terra de Piraí da Serra entre 1962 e 1963. Fonte: PRIETO (2007).
Figura 15: Mapa de uso da terra de Piraí da Serra em 2000. Fonte: PRIETO (2007).
43
Figura 16: Mapa de uso da terra de Piraí da Serra em 2007. Fonte: PRIETO (2007).
Em seu estudo, Prieto conclui que:
(1) O campo nativo foi a formão que mais sofreu impacto, tendo perdido grandes
áreas para o cultivo e para a monocultura de Pinus. Em 2000, foram mapeados
255,6 km
2
de campo, e em 2007, 199,9 km
2
, caindo a percentagem de cobertura do
solo de 82,77% da área total (1962/1963) para 49,93% em 2000, e para 39,05% em
2007.
(2) Entre os três anos estudados houve um aumento da área de mata de 14,66%, no
início da década de 1960, para aproximadamente 17% entre 2000 e 2007. A
diferença de apenas 0,40% da quantidade de mata classificada com base nas
imagens de satélite de 2000 e 2007 pode ter relação com o fato de serem utilizadas
imagens captadas por sensores diferentes, resultando em um reconhecimento visual
distinto.
44
3.2. Análise preliminar da vegetação local com base em levantamentos de
campo
De acordo com McGarigal (1995), para estimar o significado ecológico das
métricas avaliadas, é necessário o mais completo conjunto de conhecimentos
possíveis acerca da composição e dinâmica dos ambientes sob análise.
A fim de obter informões em escala mais refinada a respeito da vegetação
de Piraí da Serra, foram realizados trabalhos de campo durante os meses de agosto
de 2007 e março de 2008. O levantamento dos sítios amostrais teve como base a
classificação qualitativa do uso da terra realizado por Prieto (2007), selecionando as
áreas de maior interesse, georreferenciadas com GPS Garmin Etrex, com cerca de
4m de erro.
A coleta expedita das amostras se deu segundo o método de Avaliação
Ecológica Rápida (SOBREVILLA; BATH, 1992), utilizando o método de
Caminhamento de Filgueiras et al. (1994), adequado pela sua fácil aplicação por um
número pequeno de pessoas em um curto espaço de tempo e, principalmente, por
ser um método “não invasivo”, isto é, que não exige que se abram “picadas” para
alocação de transeões e parcelas.
As espécies foram coletadas às bordas dos fragmentos, em diferentes
ambientes (campos e florestas) e de acordo com sua tipologia. As plantas foram
processadas de acordo com as técnicas de herborização usuais (FIDALGO;
BONONI, 1989) e identificadas por meio de bibliografia especializada e por
comparação com o acervo do herbário HUPG, da Universidade Estadual de Ponta
Grossa.
A identificão taxonômica teve por objetivo detectar a presença de
bioindicadores de estágios sucessionais, enquanto o caminhamento a campo levou
45
à análise da fitofisionomia e, consequentemente, ao reconhecimento de estratos
(herbáceo, arbustivo, arbóreo e epifítico).
3.3. Elaboração de mapa de uso da terra em ambiente SIG
A caracterização do uso da terra foi realizada em etapas. A primeira
envolveu um levantamento preliminar para identificação da diversidade de cobertura
da terra e sua distribuição (etapa descrita anteriormente), com determinação de
pontos amostrais georeferenciados e determinação de padrões espaciais.
Posteriormente, com base nos dados amostrais e em ortoimagens SPOT
4
,
foram definidas as principais classes de uso. As ortoimagens utilizadas foram: 2807-
3 (Telêmaco Borba - Tibagi), 2807-4 (Castro – Tibagi – Piraí do Sul), 2824-1 (Castro)
e 2824-2 (Piraí do Sul).
A entrada e análise de dados georeferenciados foram conduzidas no
programa SPRING, versão 4.3.2, sendo realizado primeiramente o pré-
processamento das imagens envolvidas, a partir das operações de
georreferenciamento.
Criado o banco de dados em ambiente SIG, as imagens foram analisadas e
realizou-se a interpretação visual, envolvendo a identificação e a delimitação das
unidades de paisagem. Assim, foram gerados produtos temáticos para área de
estudo. Foram cinco as unidades de paisagem definidas em Piraí da Serra: mata
(FOM), campo, cultivo, monocultura exótica (Pinus e Eucalipto) e campo com Pinus
recém plantado.
A complexidade da área em queso não permitiu a elaboração de uma
classificação supervisionada com resultados satisfatórios, portanto fez-se necessário
4
Sensor SPOT 5, resolução espacial de 5m, cedidas pelo Paraná Cidade, ano de 2005.
46
a utilização da edição topológica, resultando em um mapa temático com informações
qualitativas obtidas a partir de levantamentos de campo e posteriormente inseridas
no sistema por digitalização.
De posse dos dados digitalizados, foram realizadas novas expedições a
campo para checagem e validação dos mesmos. De posse de todos os dados,
seguiu-se a edição do produto cartográfico por meio do programa Scarta 4.3.2.
3.4. Levantamento dos indicativos e parâmetros da fragmentação da FOM
Indicativos o definidos como sendo varveis componentes de um sistema
de natureza física, química ou biológica, inclusive componentes artificiais, que
podem ser aferidos e utilizados para revelar informações sobre a situação de um
sistema (ou partes do mesmo), bem como sobre oscilações ou alterações ocorridas
no sistema. Todo indicativo, expresso em parâmetros, possui comportamento e
funcionalidade picos cuja varião exprime, em maior ou menor grau, a qualidade
ambiental dos ecossistemas (TAUK, 1995; SANTOS, 2004). Bons indicadores,
portanto, devem ter a capacidade de gerar modelos que representem a realidade
(SANTOS, 2004)
Com base em indicativos previamente levantados na literatura (HAFFER,
1992; KLEIN, 1979; BEHLING, 1998; RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003; LAVALLE, 1981;
BOLÓS, et al., 1991; RIBEIRO, 1993; TAVARES et al., 2007; BRIGUENTI, 2005;
CASTELLA e BRITEZ, 2004; MAACK, 2002; KLEIN, 1960; KLEIN, 1984), nas
análises de uso da terra e intenso trabalho de campo, foi criada uma chave da
interpretação ilustrada, com a finalidade de definir e diferenciar, de modo
simplificado, os processos que determinaram a fragmentação da vegetação florestal
em Piraí da Serra.
47
Indicativos são definidos aqui como fatores que provem indícios de um dado
processo de fragmentação, que tanto podem ser de origem natural, envolvendo uma
escala temporal ampla, como podem ser de origem antrópica, envolvendo uma
escala temporal histórica.
Os indicativos analisados foram:
- geologia utilizando como parâmetros os processos formadores do embasamento
da paisagem.
- geomorfologia – utilizando como parâmetros os elementos do relevo.
- hidrografia – utilizando como parâmetro a disponibilidade hídrica de superfície.
- solos utilizando como parâmetro a capacidade do solo em sustentar vegetação
florestal.
- evolução do histórico de uso da terra e uso atual utilizando como parâmetros a
dinâmica de uso sobre os biomas naturais;
- estágios de regeneração da FOM utilizando como parâmetros, nos fragmentos
florestais, o número de estratos presente e sua altura, e a presença de
bioindicadores.
3.5. Aplicação de métricas
Todos os índices foram calculados a partir de mapas categóricos, ou seja,
formados por classes ou unidades descontínuas, obtidos por classificação de
imagens, validados a campo conforme preconizado por Metzger (2003). A legenda
foi definida como Mata (FOM), correspondendo à classe, e Não-Mata,
correspondendo à matriz.
A aplicação de métricas de paisagem teve como objetivo a quantificação dos
padrões espaciais dos fragmentos, no sentido de avaliar a fragmentação e
48
heterogeneidade espacial dos remanescentes florestais. As unidades presentes na
paisagem, a riqueza dessas unidades e a área ocupada por elas serão verificadas
pelos parâmetros de composição. Os parâmetros de disposição irão quantificar o
arranjo espacial das unidades em termos de grau de fragmentação e freqüência de
contato entre as diferentes unidades, grau de isolamento e conectividade entre
manchas semelhantes, área e complexidade que compõem o mosaico da paisagem
(METZGER, 2003).
Volotão (1998) agrupa as métricas da paisagem em oito categorias: métricas
de área, de fragmentos, de bordas, de forma, de área central (core), de vizinho mais
próximo, de contágio e mistura, e de diversidade.
As seguintes métricas, selecionadas do elenco acima, foram calculadas a
partir dos programas de SIG Spring e Arc View, elegida a classe de interesse, Mata
(FOM):
Métricas de Área:
São à base do conhecimento da paisagem, uma vez que são utilizadas por
outras métricas. As métricas de área quantificam a composão de uma paisagem,
mas não sua configuração (PEREIRA et al., 2001).
TA - Área total: área total da paisagem em hectares.
CA - Área total de cada classe (unidade de paisagem): área de todas as classes em
hectares, em termos absolutos e/ou relativos.
Métricas de Fragmentos:
As métricas de densidade, tamanho e variabilidade de fragmentos
representam parte da configuração de uma paisagem (PEREIRA et al., 2001).
49
NP - Número de fragmentos florestais: mero de fragmentos existentes na classe
Mata (FOM).
AREA - Tamanho dos fragmentos florestais: área em hectares, de todos os
fragmentos da classe Mata (FOM).
LPI - Índice de fragmento maior: corresponde à percentagem da paisagem ocupada
pela área do maior fragmento da classe Mata (FOM).
PD – densidade de fragmento: mero de fragmentos da classe em 100 hectares de
paisagem.
MPS tamanho médio dos fragmentos: média entre as áreas em hectares de todos
os fragmentos da classe Mata.
Métricas de Bordas:
Representam também a configuração da paisagem, ainda que não
explicitamente, ao definir espacialmente a área sujeita ao efeito de borda
(VOLOTÃO, 1998) e a área núcleo (core) nos fragmentos, Neste trabalho, foi
calculada a partir de um buffer de 50m (FONTOURA; GANADE; LAROCCA, 2006).
TE – total de bordas: Soma de todas as bordas da classe.
Métricas de área central (core):
Como a área central é definida além de uma distância especificada da
borda, ela reflete tanto a composição da paisagem quanto sua configuração
(PEREIRA et al., 2001). Trata-se de uma estimativa mais apurada da qualidade do
habitat do que a área do fragmento em si, pois descarta a área sob efeito de borda.
CORE - Área central do fragmento: lculo da área central (núcleo) de cada
fragmento, em hectares, desconsiderada uma borda de 50m.
50
TCA - Área central total: soma das áreas centrais de toda a classe Mata (FOM) em
hectares.
Métricas de forma:
A forma dos fragmentos em uma paisagem influencia inúmeros processos
ecológicos importantes. O principal aspecto é a relação com o efeito de borda.
IC – índice de circularidade: mede a complexidade da forma comparada a um
círculo.
O índice de circularidade (compactness ratio) fornece o valor “IC”, que é
definido como a raiz quadrada da área do polígono (AP) em questão, dividido pela
área de um círculo (AC) de mesmo perímetro (P) do polígono (fragmento). Assim,
com o perímetro do fragmento calcula-se o raio (R) como R=P/2. Com base em R,
determina-se a área (A
2
=R
2
) de um círculo de mesmo perímetro. Logo, quando IC
for igual a 1 (um), o fragmento florestal é circular (BORGES et al., 2004). À medida
que ele se torna mais alongado, o valor de IC tende a diminuir, até chegar próximo
de 0 (zero).
Fórmula do IC:
IC=
AP
AC
Métricas de Vizinho mais próximo:
É a distância da borda de um fragmento à borda do fragmento vizinho mais
próximo da mesma classe. Quantificam a configuração da paisagem (PEREIRA et
al., 2001).
NEAR - distância do vizinho mais próximo: distância euclidiana (borda-a-borda) entre
os fragmentos de mesma classe.
51
MNN distância média do vizinho mais próximo: soma de todas as distâncias entre
cada fragmento e o vizinho mais próximo de mesma classe, dividido pelo número de
fragmentos da classe.
52
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Uso da terra em 2008
Com base na atualização dos dados de uso da terra do projeto Diagnóstico
ambiental da região de Pirai da Serra visando á sustentabilidade ambiental (MELO
et al., 2006) foi processado o mapa de uso em 2008 (figura 17), com posterior
isolamento da classe Mata (FOM), que corresponde aos fragmentos florestais
existentes no mosaico ortorretificado da área.
Figura 17: Mapa de uso da terra em Piraí da Serra, 2008.
As classes de cobertura da terra, estabelecidas a partir da correspondência
entre os tipos de vegetação e uso da terra identificados nos dados de referência e as
feições registradas na imagem resultante da segmentação espectral, foram
53
designadas Mata (representando as áreas com FOM), Campo (representando as
diferentes fitofisionomias campestres), Cultivo, Monocultura exótica (Pinus e
Eucalipto) e Campo com Pinus recém plantado
5
(tabela 3).
Tabela 3: Unidades de paisagem em Piraí da Serra, 2008.
UNIDADE DE PAISAGEM ha %
Mata (FOM)
8.771
17,2
Campo
21.338
42,0
Cultivo
16.933
33,2
Monocultura exótica (Pinus e Eucalipto)
6
3.900
7,6
TOTAL:
50.940
100,0
As áreas de FOM e campo somam quase 60% da área de Piraí da Serra,
indicando um panorama propício a preservação de áreas naturais representativas
dos ecossistemas dos Campos Gerais.
Foram individualizados 394 polígonos de floresta. O mapa de fragmentos e de
disncia entre fragmentos florestais nativos da rego de Piraí da Serra,
representados pela classe Mata, demonstra um alto grau de fracionamento e
dispersão paralela dos fragmentos remanescentes.
4.2. Indicativos e parâmetros da fragmentação da FOM
Todo planejamento que visa a sustentabilidade ambiental requer
conhecimento sobre os componentes do território em questão. Para tanto, segundo
Santos (2004), é essencial obter dados representativos da realidade, bem
formulados e interpretáveis; quando interpretados os dados se transformam em
informões, por sua vez quando estas podem ser medidas e avaliadas tornam-se
parâmetros.
5
A unidade de paisagem “campo com Pinus recém plantado indica áreas onde o campo stricto
sensu sofreu recente antropização pela monocultura de Pinus. Como o sensor não se mostrou
sensível, o reconhecimento dessas áreas se deu por trabalho de campo.
6
Soma das classes de uso: monocultura exótica e campo com Pinus recém plantado
54
Indicativos e funções derivadas dos parâmetros devem ter a capacidade de
descrever um estado ou uma resposta dos fenômenos que ocorrem em um meio,
gerando modelos que representem à realidade (SANTOS, 2004).
Com a finalidade de definir e diferenciar, de modo simplificado, os processos
que determinaram à fragmentação da vegetação florestal em Piraí da Serra, foi
criada uma chave de interpretação ilustrada (tabela 4).
Tabela 4: Chave de interpretação ilustrada de classificação da fragmentação florestal em Piraí da
Serra.
INDICATIVOS PARÂMETROS
TIPO DE
FRAGMENTAÇÃO
1- situação em 1962 Remeter a figura 14 1-1: antrópica ou
natural
2- situação em 2000 Remeter a figura 15 1-2: antrópica ou
natural
1- Histórico de Uso
3- situação em 2007 Remeter a figura 16 1-3: antrópica ou
natural
1. estratificações cruzadas e nível
conglomerático em arenito furnas.
2-1-1: natural
1- Formação Furnas: depositada em ambiente
aluvial e litorâneo é constituída por conglomerados e
arenitos grosseiros na base e arenitos médios a
siltitos nas porções superiores. Pertencente ao
período Devoniano. Originados durante o
Paleozóico
2. conglomerado basal da
Formação Furnas.
2-1-2: natural
2- Geologia (remeter a figura 10 e 11)
2- Formão Ponta Grossa: oriunda de depósitos
litorâneos e de plataforma é formada por folhelhos e
siltitos cinzentos com intercalações de arenitos
muito finos, pertencente também ao período
Devoniano.
2-2: natural ou
antrópica
55
3- Diques de Diabásio: resultantes do intenso
magnetismo e posterior tectonismo vinculado à
origem e evolução do Arco de Ponta Grossa.
Originados durante o Mesozóico.
2-3: antrópica
1- Reverso da Escarpa Devoniana – sentido NE/SW
- relevo de cuesta de origem erosiva grandes
amplitudes, com freentes encostas abruptas,
verticalizadas: Cânions e Interflúvios.
3-1: natural
3. Geomorfologia
2- Afastando-se da Escarpa - sentido W e NW -
topografia suavemente ondulada de configurão
muito uniforme, formada por conjuntos de colinas,
com declives suaves e amplitude inferior a 50
metros.
3-2: antrópica
1-neossolo litólico: na região, aparecem
dominantemente nos arenitos da Formação Furnas;
são rasos, jovens, e ocorrem em declives
consideráveis, textura arenosa, com afloramentos
de rochas, o que prejudica substancialmente o
desenvolvimento de vegetação.
4-1: natural
1. Latossolo vermelho
4-2-1: antrópica
4-Solos (remeter a figura 8)
2- latossolos vermelho e bruno: ocorrem de um
modo geral, em relevo suave ondulado, ocupando
na paisagem as superfícies mais antigas, situadas
quase sempre nos divisores de água. Na região são
desenvolvidos de rochas sedimentares de
granulação fina da Formação Ponta Grossa e Grupo
Itarae de exposição de rochas intrusivas básicas
(soleiras de diabásio). Permitem o desenvolvimento
de vegetação florestal.
2. Latossolo bruno
4-2-2: antrópico
56
3- latossolo vermelho amarelo: propicia cobertura
predominantemente campestre.
4-3: natural
4- cambissolo plico: solo pouco profundo, oriundo
de material proveniente da decomposição de
arenito, textura média e argilosa. Presente em
relevo forte ondulado e ondulado, moderadamente a
bem drenados. Permitindo o desenvolvimento tanto
de campo quanto de florestas.
4-4: natural ou
antrópico
5- cambissolo húmico: originado de material
proveniente da decomposição de arenito, textura
média com relevo ondulado, permite apenas o
desenvolvimento de vegetação campestre.
4-5: natural
6- gleissolos melânicos - solos minerais,
hidromórficos, mal drenados, pouco desenvolvidos
pela ação do clima e pelo excesso de água no solo.
Presentes em relevos com retenção hídrica,
restringem o desenvolvimento de vegetação (brejos
de altitude e campos úmidos),
4-6: natural
7- argissolo vermelho amarelo + cambissolo:
constituídos por material mineral ou argila textura
média, relevo forte ondulado, permite apenas o
desenvolvimento de áreas campestres.
4-7: natural
1- cursos de água superficiais, encaixados em
lineamentos estruturais, geralmente acompanhados
por matas ripárias.
5-1: natural
2- afloramento do lençol freático em encostas
devido a rupturas de relevo (campos úmidos,
turfeiras e capões), podendo ou o estar ligado a
um curso de água.
5-2: natural
5. Hidrografia (remeter a figura 13)
3- acúmulo de água em áreas mal drenadas,
formando brejos de altitude.
5-3: natural
57
1- degradação da FOM oriunda do ciclo madeireiro,
principalmente durante a década de 1960: retirada
de vegetação arbórea (madeiras nobres como
Araucária e Imbuia).
6-1: antrópica
2- utilização dos campos nativos para criação de
gado: campos nativos com ou sem plantio de
gramíneas exóticas (pasto).
6-2: antrópica
3- retirada de parte de da vegetação florestal para
criação de gado (invernadas), atualmente
abandonadas: clareiras abertas no meio dos
fragmentos de FOM.
6-3: antrópica
4- degradação dos campos nativos para agricultura,
a partir da década de 1970: campos substituídos
principalmente por lavouras de soja e milho (culturas
de verão), e aveia-preta e mais recentemente o trigo
(culturas de inverno).
6-4: antrópica
5- degradação de áreas florestais por rede viária e
amesmo por rede elétrica.
6-5: antrópica
6- Uso atual (remeter a figura 17)
6- recentemente, mas de maneira muito intensa, a
introdução da monocultura de Pinus degrada áreas
nativas.
1- Extensas áreas de campos
nativos são substituídas pela
monocultura.
6-6-1: antrópica
58
2- Porções de mata também m
sofrido perdas para o plantio de
Pinus.
6-6-2: antrópica
1- Fragmento florestal com mais
de dois estratos.
7-1-1: natural
1- fragmentos com fisionomia arbórea dominante
sobre as demais, formando dossel fechado e
uniforme, com presença de mais de dois estratos e
com presença de espécies indicadoras do estágio
avançado de sucessão; troncos largos, espaçados
entre si
2- Presença de espécies
indicadoras de estágio sucessional
avançado: Araucária (Araucaria
angustifolia)
7-1-2: natural
7. Estágios de regeneração da FOM
2- fragmentos com poucos estratos de fisionomia
herbáceo/arbustiva, caracterizam áreas em
regeneração (estágios de sucessão iniciais ou
intermediários) e presença de espécies invasoras;
troncos finos, muito próximos entre si.
1- Fragmentos com apenas um ou
dois estratos.
7-2-1: antrópica
59
2- Presença de espécies
indicadoras de estágios iniciais de
sucessão como Vassourão-preto
(Vernonia discolor) e Bracatinga
(Mimosa scabrella) (foto).
7-2-2: antrópica
3- Presença de espécies
invasoras, como taquaras
(Merostachys) e samambaias
(Pteridium) (foto).
7-2-3: antrópica
A chave tem como intuito orientar a tomada de decisões acerca da natureza
dos processos de fragmentação, a partir da criação de uma base de dados em
ambiente SIG, ou seja, cada fragmento florestal es atrelado a informações
específicas da chave. Isso permite a consulta à base de dados do local,
possibilitando definir, a origem de um determinado polígono de mata.
Após a chave ser ligada ao banco de dados, o pesquisador poderá inferir
sobre a fragmentação de um dado fragmento apenas clicando sobre ele.
Exemplificando:
60
Ao clicar em um polígono classificado como floresta, abre-se um link para as
planilhas do ArcView: se em histórico de uso der 1-1 (o fragmento existia, com
esta mesma configuração, na foto aérea de 1962) significa que provavelmente a
fragmentação seria natural, isto é, deve-se procurar causas geomorfológicas ou
pedológicas para sua formão. Caso o resultado seja 1-2 (o fragmento só aparece
nas imagens a partir de 2000) ou 1-3 (o fragmento aparece a partir de 2007),
possivelmente a área é uma capoeira ou capoeirão, ou seja, uma área em
regeneração constituída por fragmentação antrópica ao longo do histórico de uso.
Ou pode-se clicar numa área de campo vizinha a um fragmento e, ao
acessar na planilha o indicativo “solos”, o resultado for 4-5 (cambissolo mico). É
muito provável que a fragmentação seja de origem natural, pois este tipo de solo
limita o desenvolvimento da vegetação florestal.
Mas em algumas circunstâncias, apenas a análise de um indicativo não irá
fornecer elementos suficientes para pressupor a origem da fragmentação de
determinado fragmento. Se no exemplo anterior o resultado para a análise do
indicativo “solos” fosse igual a 4-4 (cambissolo háplico), a fragmentação poderia ter
origem tanto natural quanto antrópica, pois a vegetação florestal pode se
desenvolver neste tipo de solo também. Seria necessário então analisar outro
indicativo, como por exemplo, hidrografia ou geomorfologia.
4.3. Métricas calculadas
A geração de uma imagem classificada por agrupamentos de tamanho de
fragmentos florestais permite espacializar o resultado das métricas e verificar de
forma visual as áreas com sustentabilidade ecológica na região.
61
Métricas de Área:
A área total da paisagem permite definir a densidade dos fragmentos,
enquanto a porcentagem da paisagem coberta por fragmentos permite estimar seu
potencial no mosaico da paisagem (Tabela 3).
Métricas de Fragmentos:
A riqueza e a abundância de certas espécies florestais dependem das
características estruturais dos fragmentos para existirem (METZGER, 2000). A
Teoria de Biogeografia de Ilhas prediz que fragmentos apresentam um número de
escies proporcional à área, assim, fragmentos menores apresentariam menor
número de espécies devido à perda de área e consequente redução das populações
naturais.
A relação espécie-borda está diretamente ligada ao efeito de borda.
Segundo Schierholz (1991), em fragmentos florestais de formato quadrado, com
efeitos de borda se estendendo até 100m para o seu interior, se estes possuírem 1
ha sofrem o impacto total do efeito de borda; os de 10ha são atingidos em quase
90% de sua área; os de 100ha têm 35% da área afetada; mesmo nos de 1.000ha o
impacto é de mais de 10%.
Em Piraí da Serra, os 8.771ha de FOM encontram-se distribuídos em 394
(NP= 394) fragmentos dos mais variados tamanhos e formas. Para facilitar a análise,
os fragmentos foram divididos em cinco diferentes classes quanto ao tamanho: (1)
fragmentos menores que 10ha, (2) fragmentos de 10 a 50ha, (3) fragmentos de 50 a
100ha, (4) fragmentos de 100 a 500ha e (5) fragmentos acima de 1.000ha
7
(tabela
5).
7
Quanto ao tamanho, não foi observado nenhum fragmento de FOM com tamanho entre 500 e
1.000ha.
62
Tabela 5: Classes de fragmentos de FOM em Piraí da Serra quanto ao tamanho.
TAMANHO
DE FRAGMENTO (ha)
NÚMERO
ÁREA (ha)
%
< 10
319
658,7
7,5
10 a 50
54
1.134,0
13,0
50 a 100
12
811,3
9,2
100 a 500
6
1.785,9
20,4
>1.000
3
4.381,1
49,9
TOTAL:
394
8.771,0
100,0
A figura 18 mostra a relação entre tamanho e área dos fragmentos.
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
<10ha 10 a 50ha 50 a 100ha 100 a 500ha >1000ha
classe de fragmentos com relação ao tamanho
área da classe (ha)
Figura 18: Número de fragmentos por classe de tamanho e área das classes.
Observa-se que a maior freqüência de fragmentos se encontra naqueles
com até 10 ha (N= 319), mas eles, somados, perfazem menos de 8% da área, em
hectares. Fragmentos considerados como de tamanho viável à diversidade
ecológica, acima 10ha (SCHIERHOLZ, 1991), são apenas 75, mas suas áreas
somam 93,5% da área da região.
O maior fragmento da classe ocupa cerca de 1.941ha (LPI), o que
corresponde a 22% da classe e 3,85% da área total da paisagem. Sendo que a
densidade (PD) de fragmentos na paisagem é de apenas 0,7.
63
O número de fragmentos, juntamente com a densidade e o tamanho médio
dos fragmentos, é considerada a melhor representante da configuração da
paisagem. O número de fragmentos de um tipo particular de hábitat pode afetar uma
variedade de processos ecológicos, dependendo do contexto da paisagem. Por
exemplo, o número de fragmentos pode determinar o número de sub-populações em
uma populão.
A média de tamanho (MPS) observada foi 22,2 ha, com desvio padrão de
136,3 e mediana de 1,65 (figura 19). Isto significa que, em termos absolutos,
metade dos fragmentos (N=177) é menor do que 2 ha (me = 1,65), evidenciando a
grande vulnerabilidade ambiental natural da região.
O desvio padrão é uma medida de variação absoluta, em função do tamanho
do fragmento e expressa o quanto os valores observados (tamanho dos fragmentos)
variam em relação à sua média (tamanho médio dos fragmentos). Devido à grande
variação no tamanho dos fragmentos (= 136,3), pode ser preferível analisar o
coeficiente de variação ao se comparar a variabilidade entre paisagens. Ele mede a
variabilidade relativa em relação à média e não a variabilidade absoluta. Dessa
maneira, não é necessário conhecer o tamanho médio para interpretar o coeficiente
de variação, que na área foi de 34,1%. Há, portanto, grande variabilidade com
respeito a muitos fragmentos pequenos e poucos fragmentos realmente grandes.
64
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
< 10ha
10 a 50ha
50 a 100ha
100 a 500 ha
> 1000ha
5 a 10ha
10 a 50ha
50 a 100ha
Classe de fragmento com relação ao tamanho
Área média
Figura 19: Variação de tamanho nos fragmentos florestais de Piraí da Serra.
A existência de 75 remanescentes com área compatível com a conservação
(acima de 10ha) deve ser vista com cautela, uma vez que sua forma alongada pode
reduzir grandemente a área ecologicamente viável (core).
O tamanho médio dos fragmentos no mosaico da paisagem talvez seja a
mais importante e útil unidade de informação existente na paisagem, bem como a
área composta por cada classe de fragmento. Por exemplo, a redução progressiva
no tamanho dos habitats fragmentados é componente chave da fragmentação do
hábitat.
Ao se analisar a variação de tamanho entre os fragmentos (fig. 19), os 54
fragmentos que possuem de 10 a 50ha mostram maior variação em sua área do que
a classe seguinte (12 fragmentos de 50 a 100ha), a qual é extremamente
homogênea isto é, estes remanescentes possuem tamanhos e forma bastante
aproximados entre si. O mesmo poderia ser dito dos 6 fragmentos que possuem de
100 a 500ha. Já os 3 maiores fragmentos apresentam novamente áreas
relativamente diversas entre si, mas neste caso sua grande extensão anula qualquer
significado ecológico negativo da variação observada.
65
Esta análise indica que, seguramente, 21 fragmentos possuem área suficiente
para garantir a conservação da diversidade dos ecossistemas florestais na região,
abrangendo 79,5% da área florestada.
Métricas de Bordas:
Considerando uma borda de 50m (figura 20), observou-se um total de
5.203ha da extensão total da classe (TE) constituindo áreas de borda, ou seja, 60%
da área total de classe mata (FOM) é representada por bordas. Para organismos
fortemente associados com o interior do fragmento, a porcentagem da paisagem
coberta pela borda pode prover uma medição melhor da disponibilidade do hábitat
que a simples porcentagem da paisagem coberta por fragmentos.
A borda aplicada a um fragmento permite estimar qual a área, em hectares,
essendo afetado pelo chamado efeito de borda. Entende-se por efeito de borda o
resultado das interações entre dois ambientes adjacentes separados por uma
transição abrupta, onde processos de mudanças bióticas e abióticas nas margens
dos fragmentos levam a borda da mata a uma condição diferente do habitat interior
(MURCIA, 1995 apud TRINDADE et al., 2005). Fragmentos pequenos apresentam
risco de não se manterem na área, tal a intensidade do efeito borda a que estão
sujeitos. Mas sua posição, no interflúvio ou encaixado em um dique, serão
determinantes em sua resiliência (capacidade de retornar ao estado “original” após
um impacto).
66
Figura 20: Área ocupada pela classe mata considerando uma borda de 50m.
67
Métricas de área central (“core”):
Com base na borda de 50m, foi estimada a área central de cada fragmento
(CORE) como mostra a figura 20, sendo que a total da classe (TCA) em Piraí da
Serra foi de 3.608 ha.
O cálculo de borda e área central realizado neste trabalho levanta uma
problemática, pois, os fragmentos em questão possuem configuração alongada e
bastante recortada justamente devido a fatores estruturais do relevo, estando a FOM
encaixada nas fendas dos diques, ou seja, ao estipular um valor de borda, não
estamos considerando, por exemplo, a influência da declividade do local.
A figura 21 mostra o mapa de declividade de Piraí da Serra, onde é
facilmente observável que as formões de FOM estão presentes em locais onde a
declividade é superior a 10°. Na figura 22 pode-se observar que a altitude também
condiciona a localização dos fragmentos florestais, majoritariamente distribuídos
entre 1.000 e 1.200 m.s.n.m.
Figura 21: Mapa de declividade de Piraí da Serra.
68
Figura 22: Mapa hipsométrico de Piraí da Serra.
Assim, os resultados acima apresentados para o valor de borda de 50m, não
levam em consideração o declive de cada fragmento, que pode na verdade possuir
uma área maior do que a estimada. A figura 23 mostra um perfil esquemático da
configuração geral de um fragmento em Piraí da Serra, simulando dois cálculos
distintos, o primeiro sem considerar o fator declividade e o segundo sobre o efeito da
mesma, onde se observa:
- Ao desconsiderar o fator declividade, a largura do fragmento é subestimada, no
exemplo um fragmento com 130m de largura, teria na verdade 290m caso seu
declive tivesse sido cotado;
- Ao calcular uma borda de 50m para o mesmo fragmento, observa-se que quando
considerada a declividade do terreno, a área nuclear é maior;
69
0m
290m
0m 130m
Figura 23: Perfil esquemático de um fragmento florestal em Piraí da Serra.
Além disso, os efeitos de borda sobre um fragmento possivelmente são
diferentes quando este se localiza em uma área mais íngreme, a exemplo da
exposição solar.
Algumas circunstâncias impediram que os lculos de largura dos
fragmentos e de bordas fossem estimados com base na declividade, como a
extensão da área e o número elevado de fragmentos, pois para cálculos exatos
seriam necessários pontos cotados de cada fragmento. Observou-se também
limitações das geotecnologias empregadas em aliar cálculos de borda a declividade.
70
Métricas de forma:
O valor do índice de circularidade ou fator de forma é um parâmetro útil para
a análise da vulnerabilidade dos fragmentos a perturbações, que fornece
indicativos sobre o efeito de borda (VIANA; PINHEIRO, 1998).
Quanto mais próximo de 1 for o valor do índice de circularidade (IC) do
fragmento, mais ele será arredondado e, conseqüentemente, menor será sua razão
borda/interior. Por outro lado, os fragmentos que tiveram IC muito próximo de zero
indicam que os mesmos têm formato alongado, uma razão borda/interior alta, e
sujeitos, portanto a grandes efeitos de borda.
Como era previsto, os fragmentos florestais mais representativos em Piraí da
Serra apresentaram um valor de IC baixo (anexo 1), devido a sua configuração
alongada. O índice de circularidade médio para os fragmentos florestais em Piraí da
Serra foi de 0,6 evidenciando polígonos levemente alongados, o que não
corresponderia a realidade da área. Isto aponta a pouca utilidade da média quando
há heterogeneidade entre as classes de tamanho (tabela 6).
Tabela 6: Relação entre classes de tamanho de fragmentos e índice de circularidade médio.
TAMANHO
DE FRAGMENTO (ha)
NÚMERO
ÁREA (ha)
IC médio
< 10
37
271,4
0,65
10 a 50
54
1.134,0
0,39
50 a 100
12
811,3
0,26
100 a 500
6
1.785,9
0,17
>1.000
3
4.381,1
0,07
A partir dos cálculos de IC, constatou-se que os menores fragmentos são
também os mais arredondados. Tratam-se de fragmentos que em geral não estão
associados as fendas dos diques e possivelmente desenvolveram-se sobre uma
71
pequena porção de solos mais férteis e com afloramento do lençol freático,
configurando o capão típico (“mato redondona língua indígena).
Por outro lado, quanto maior o fragmento, menor o valor de IC, evidenciando
áreas extremamente alongadas e recortadas sinalizando para uma maior fragilidade
ecológica. Trata-se, na maior parte, de áreas florestais associadas aos lineamentos
estruturais.
Métricas de Vizinho mais próximo:
Calculando a distância euclidiana (NEAR) entre os fragmentos de FOM,
observou-se que 40% dos fragmentos encontram-se a menos de 100m de seu
vizinho mais próximo, 28% a até 200m, e 32% a até 1.000m de distância de seu
vizinho mais próximo (figura 24). Sendo que a distância média entre os fragmentos
da classe (MNN) é de cerca de 200m.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 50 100 150 200 250 300 350 400
mero sequencial dos fragmentos ordenados em função da distância
distância em metros
Figura 24: Número seqüencial dos fragmentos ordenados em função da distância do vizinho mais
próximo.
72
É razoável, portanto, supor que muitos fragmentos de menor área possuam
função ecológica de stepping stones (pontos de ligação) entre as espécies mais
geis, isto é, aquelas capazes de atravessar pequenas extensões de uma matriz
não florestal.
4.4. Estado geral de conservação da vegetação
A fragmentação de habitats produz efeitos sobre as espécies não
diretamente relacionados apenas ao tamanho, forma, distribuição dos fragmentos e
matriz a qual está envolvida. A qualidade ambiental dos fragmentos também é
imprescindível, levando-se em conta tanto o tamanho de cleo e as áreas sujeitas
ao efeito de borda quanto o estágio sucessional da vegetação.
Com base nos trabalhos de campo, foram determinados 17 pontos de
coletas, sendo cinco pontos em áreas florestais e doze em áreas de campo (tabela
7), enquanto a figura 25 mostra a distribuição espacial dos sítios amostrais.
Tabela 7: Distribuição dos pontos de coleta de vegetação para análise da qualidade ambiental em
Piraí da Serra.
PONTOS DE COLETA PARA ANÁLISE DA QUALIDADE AMBIENTAL
Áreas de FOM Áreas de Campo
Ponto Coordenadas UTM Ponto Coordenadas UTM
1 590723 7283876 6 590723 7283876
2 582151 7279448 7 591103 7286163
3 580622 7279914 8 591147 7287613
4 588354 7285907 9 591382 7300198
5 584076 7286465 10 584718 7237657
11 584188 7278121
12 582151 7279448
13 580622 7279914
14 588354 7285907
15 584076 7286465
16 585799 7283160
17 572580 7288836
73
Figura 25: Distribuição espacial dos pontos de coleta de vegetação em Piraí da Serra.
Foram analisadas áreas pertencentes à FOMM e a FOMA, todas em estágio
avançado de sucessão ecológica (anexo 2). Nos fragmentos de Floresta com
Araucária estudados, foram determinados 74 táxons de 29 famílias, com maior
freqüência de Asteraceae, seguida de Myrtaceae e Melastomataceae (domínio do
sub-bosque) e Lauraceae (formadoras de dossel). Foram encontradas ainda
escies climácicas como a imbuia (Ocotea porosa), Lauraceae, o xaxim-bugio
(Dicksonia sellowiana) e a própria Araucaria angustifolia, Araucariaceae, espécies
ameaçadas de extinção.
A Floresta com Araucária em Piraí da Serra encontra-se geralmente
associada a duas situações:
a) a alinhamentos esculturais, de forte controle estrutural, de origem
tectônica. Nos vales mais encaixados há a ocorrência de afloramentos rochosos e
neossolos litólicos, com acesso limitado à floresta. Esta se instala ao fundo destes
74
nions em função do grau de intemperismo da rocha e da intensidade dos
processos de esculturação. Como é freqüente este entalhamento através do regime
hídrico, os ambientes ripários formados podem originar latossolos profundos
capazes de suportar uma floresta complexa multiestratificada.
b) encostas com boa drenagem, predominantemente com cambissolos,
ocasionalmente latossolos nos topos de interflúvios. A floresta ocupa os terços
médios e finais destas rampas em função da profundidade do solo, do contrário
cederá lugar a estepe sensu stricto.
Quanto às áreas de campo, seus compartimentos fitofisionômicos estão
ligados a diversos fatores, os quais podem ser resumidos como:
a) sazonalidade do regime hídrico do solo e seu grau de saturação,
relacionados à posição que ocupam na encosta, bem como forma e declividade da
rampa;
b) altitude;
c) espessura do solo, textura e forma de contato com a rocha.
A combinação desses elementos pode resultar em escoamentos hídricos
distintos - laterais e verticais, os quais são determinantes não somente para a
presença de algumas espécies, como tamm para a formação de mosaicos
tipológicos (CURCIO et al., 2006).
Os fragmentos de campos nativos, áreas de campo seco e com
afloramentos rochosos (anexo 3) foram os que apresentaram maior número de
táxons (83), distribuídos entre 33 famílias, onde as mais representativas foram
Asteraceae e Poaceae, com destaque especial para Bromeliaceae, Droseraceae,
Amaryllidaceae e Iridaceae, evidenciando a grande diversidade de tais ambientes.
75
Nas áreas de campos úmidos identificou-se 12 táxons distribuídos em 7
famílias. A família com maior número de espécimes, novamente é Asteraceae,
sendo representativa também Cyperaceae, pouco coletada pela falta de material
fértil.
Devido à relativa inexistência de parâmetros para determinar o estágio
sucessional de campos de altitude, esta análise foi feita por comparação com o
acervo do herbário HUPG, sobre outras áreas reconhecidamente conservadas nos
Campos Gerais. No caso de vegetação primária de campos de altitude, a vegetação
de máxima expressão local não necessariamente es associada à grande
diversidade biológica, devido às características locais de clima, relevo, solo e
vegetação adjacente.
O relicto de cerrado, embora pequeno em área, constitui amostra expressiva
de uma vegetação que já foi predominante no Sul do Brasil. Das 30 famílias (total de
65 táxons), foram identificadas espécies bem características pertencentes às
famílias Asteraceae, Erythroxylaceae, Mimosaceae, Melastomataceae,
Vochysiaceae e Caryocaraceae.
Embora a maioria dos fragmentos de FOM analisados encontram-se em
estágio avançado de sucessão ecológica, foram observadas tamm áreas
perturbadas, em estágio médio de sucessão, característica facilmente observável
pela grande quantidade de bracatinga (Mimosa scabrella) e vassourão-preto
(Vernonia discolor), indicando regeneração de áreas.
Os resultados levantados revelam ambientes ainda preservados, reforçando
a necessidade de medidas mitigadoras que busquem frear a supressão de habitats
em Piraí da Serra.
76
5. CONCLUSÕES
A análise dos resultados obtidos neste trabalho possibilita inferir as
seguintes considerações.
Piraí da Serra possui área total de 50.940 ha. Destes, atualmente 8.771ha
(cerca de 17%) correspondem a vegetação florestal (FOM) e 21.338 (42%)
correspondem a áreas de campos nativos. Isso indica restar quase 60% de áreas
nativas sujeitas a políticas de preservação. Os resultados a respeito do estado geral
de conservação da vegetação indicam ambientes bem preservados e, seguramente,
21 fragmentos florestais possuem área suficiente para garantir a conservação da
diversidade destes ecossistemas, abrangendo 79,5% da área florestada.
Através da análise dos processos de fragmetação florestal, conclui-se que as
principais causas de seu fracionamento são processos naturais, criando uma
condição única. Assim, pode-se afirmar que originalmente as formões florestais
em Piraí da Serra se apresentariam fragmentadas, circundadas por uma matriz
campestre.
Essa condição leva à análise das premisas da ecologia da paisagem e das
métricas aqui calculadas. Todas as tricas da paisagem possuem pametros de
análise para fragmentos de origem antrópica. A pesquisa bibliográfica não localizou
trabalhos que enfoquem a fragmentação florestal por processos naturais, embora
alguns autores mencionem a existência destes processos sem abordarem sua
mensuração ou avaliação.
Ao avaliar-se os indices de circularidades, sabe-se que quanto mais próximo
do valor 1, mais circular será o fragmento e menor seo efeito de borda a incidir
sobre ele. No entanto, devido ao seu relevo natural e peculiar, os fragmentos
77
encontrados em Piraí da Serra são extremamente alongados e recortados, com
indices de circularidades podendo chegar a menos de 0,1 - o que não significa que
isso crie um ambiente desfavorável ou com biodiversidade comprometida.
A forma alongada dos fragmentos florestais, determinada em tempos
pretéritos por fatores como clima, geologia e geomorfologia; e mantidos até os
tempos atuais, permite acreditar que as populações que habitam esses fragmentos
estejam adaptadas a tais condições.
Quanto ao efeito de borda, a dificuldade em estimar a magnitude real de
borda e área nuclear nos fragmentos florestais devido a grande declividade, afasta a
região de todos os clichês analíticos da ecologia da paisagem. necessidade de
se desenvolver uma metodologia própria para a melhor estimação destes
parâmetros, e o desenvolvimento de todo um protocolo para a validação das
observações.
Podem-se levantar também as seguintes questões:
- Até que ponto existe um efeito de borda, supostamente pernicioso, em
fragmentos oriundos de processos naturais?
- Qual a importância da matriz para fragmentos originados a partir de
processos naturais e no que esta se diferencia em relação a fragmentos de origem
antrópica?
De acordo com os pressupostos da ecologia da paisagem, fragmentos
sofrem menos com o efeito de borda se a matriz que os circunda for similar a eles,
como por exemplo, um fragmento florestal em uma matriz constituída por
monocultura de Pinus. O efeito de borda seria mais expressivo caso o mesmo
fragmento fosse circundado por uma matriz contrastante campestre.
78
No entanto, isso tem validade testada para fragmentos de origem
antrópica. As formações florestais de Piraí da Serra estão, desde sua origem,
adaptadas a uma matriz campestre, pressupondo que as espécies da fauna e flora
estejam adaptadas a esta configuração espacial de ecossistemas. Melhor dizendo, o
geossistema de Piraí da Serra é fragmentário e neste mosaico encontra seu
equilíbrio dinâmico. Assim, seria totalmente desestabilizador a substituição da matriz
campestre. Há necessidade de estudos que invertam a atual ótica conceitual e
encarem a borda de capões sob um ponto de vista positivo, como buffers,
verdadeiras zonas de amortecimento às populões de seu interior.
Novos estudos sobre esta relação fragmento-matriz seriam necessários para
estabelecer critérios mais adequados sobre o efeito de borda em capões de florestas
alongados. Tais estudos poderiam fornecer suporte para um planejamento do uso da
terra, visto que o processo de degradação da matriz campestre é acelerado.
Muito embora os resultados indiquem processos de fragmentação ligados
fortemente a fatores naturais, é na ação do homem que medidas de prevenção
devem ser tomadas a fim de conservar a biodiversidade local.
79
6. REFERENCIAS
BEHLING, H. Late Quaternary vegetation, climate and fire history from the tropical
mountain region of Morro de Itapeva, SE Brazil. Palaeogeog. Palaeoclimat.
Palaeoecol., v. 129, p. 407-422, 1997a.
BEHLING, H. Late Quaternary vegetation, climate and fire history in the Araucaria
forest and campos region from Serra Campos Gerais (Paraná), South Brazil. Rev.
Paleobot. Palynol., v.97, p.109-121,1997b.
BEHLING, I. Late Quaternary vegetation and climatic changes in Brazil. Rev
Paleobot. Palynol. 99: p. 143-156 1998a.
BEHLING, H. Studies on late Quaternary environmental changes in S and SE
Brazil with a focus on the history of the Araucaria forests. Geo-ecological
Research – University of Amsterdam, 1998b. p.313-316.
BILENCA, D.N.; MINARRO, F. Identificación de áreas valiosas de pastizal (AVPs)
em las Pampas y campos de Argentina, Uruguay y sur de Brasil. Buenos Aires:
FVSA, 2004. 352p
BOLÓS, O. de; CERVI, A.C.; HATSCHBACH, G. Estudios sobre la vegetación del
estado de Paraná (Brasil Meridional). Collectanea Botanica, Barcelona, v.20, p.79-
182, 1991.
BORGES, L.F.R.; SCOLFORO, J.R.; OLIVEIRA, A.D.; MELLO, J.M.; ACERBI
JUNIOR, F.W.; FREITAS, G.D. Inventário de fragmentos florestais nativos e
propostas para seu manejo e o da paisagem. Cerne, Lavras, v. 10, n. 1, p. 22-38,
jan./jun. 2004.
BRIGUENTI, E.C. Geoindicadores na avaliação da qualidade ambiental da bacia
do rio das Anhumas, Campinas, SP. Campinas, 2005. 79p. Dissertação (Mestrado
em Geografia). UNICAMP. Disponível em: <http:// www.iac.sp.gov.br .html> .
CAMARA, G.; SOUZA, R.C.M.; FREITAS, U.M.; GARRIDO, J. SPRING: Integrating
remote sensing and GIS by object-oriented data modelling .Computers & Graphics,
v. 20, n. 3, p.395-403, May-June 1996.
CAMPANILI, M.; PROCHNOW, M. Mata Atlântica: uma rede pela floresta. Brasília:
RiMA, 2006. 332 p
CASTELLA, P.R.; BRITEZ, R.M. (Org.) A Floresta com Araucária no Paraná:
conservação e diagnóstico dos remanescentes florestais. Brasília: MMA, 2004. 236p.
CONAMA. Resolução 002 de 18 de março de 1994. Disponível em:
<www.lei.adv.br/002-94.htm> acesso em 26/10/2007.
COUTO, P. Análise fatorial aplicada a métricas da paisagem definidas em
FRAGSTATS. Associação Portuguesa de Investigação Operacional. Rev. Apdio, p.
109-137, 2004.
80
CURCIO, G.R.; BONNET, A.; PESTANA, D.; SOUZA, L.; SOCHER, L.G.; GALVÃO,
F.; RODERJAN, C.V. Compartimentação topossequencial e caracterizão
fitossociológica de um capão de Floresta ombrófila Mista. Floresta, Curitiba, v. 36, n.
3, p. 361-369, set./dez. 2006.
CURCIO, G.R.; GALVÃO, F.; BONNET, A.; BARDDAL, M.L.; DEDECEK, R.A. A
floresta fluvial em dois compartimentos do rio Iguaçu, Paraná, Brasil. Floresta,
Curitiba, v. 37, n. 2, p. 125-147, maio/ago. 2007.
EHLERS, M. Sensoriamento remoto para usuários de SIG sistemas sensores e
métodos: as exigências e a realidade. In: BLASCHKE, T.; KUX, H. (Ed)
Sensoriamento remoto e SIG avançados: novos sistemas sensores: métodos
inovadores. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. Cap. 2, p. 19-38.
FIDALGO, O.; BONONI, V.L.R. (Coord.) Técnicas de coleta, preservação e
herborização de material botânico. o Paulo, Instituto de Botânica. rie
Documentos. 1989. 62 p.
FILGUEIRAS, T.S.; BROCHADO, A.L.; NOGUEIRA, P.E.; GUALA II, G.F.
Caminhamento um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos.
Cad. Geociências, v.12 p. 39-43, 1994.
FLORENZANO, T. G. Imagens de Satélite para Estudos Ambientais. São Paulo:
Oficina de Textos, 2002. 97p.
FONTOURA, S.B.; GANADE, G; LAROCCA, J., Changes in plant community
diversity and composition across an edge between Araucaria forest and pasture in
South Brazil. Rev. Bras. Bot., v.29, n.1, p.79-91, jan.-mar. 2006.
FORMAN, R.T.T.; GODRON, M. Landscape Ecology. New York: John Wiley
&Sons, 1986.
HAFFER, J. Ciclos de tempo e indicadores de tempos na história da Amazônia.
Estudos Avançados, v.6, n.15, p. 7-39, 1992.
IMAGUIRE, N. Algumas conclusões sobre a Araucária angustifolia Bert. O. Ktze e
sugestões para sua cultura e experimentão. Revista Cult. e Ciência, São Paulo,
v. 20, n. 2, p. 506, 1968.
IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Mapa
Hipsométrico do Estado do Paraná. Disponível em: <
www.ipardes.gov.br/mapoteca/mapoteca.php>. Acesso em: abril de 2008.
KLEIN, R.M. O aspecto dinâmico do pinheiro brasileiro. Sellowia, Itajaí, v.12, p.17-
44, 1960.
KLEIN, R.M. Contribuição ao conhecimento da vegetação de partes do 1
º
e 2
º
planalto
paranaense. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTANICA, 30, 1979, Campo Grande.
Anais ... São Paulo: SBB, 1979. p.200-201.
KLEIN, R.M. Aspectos dinâmicos da vegetação do sul do Brasil. Sellowia, v.36, p.5-
54, 1984.
81
KÖENE, R. Mapa de Solos de Piraí da Serra. Ponta Grossa: UEPG, 2008.
(Relatório PIBIC/CNPq)
LAVALLE, A. M. A madeira na economia paranaense. Curitiba: Grafipar, 1981.
111p.
MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. Curitiba: M. Roesner, 1968.
350 p.
MARTINS, E.S; REATTO, A.; CARVALHO JÚNIOR, O.A.; GUIMARÃES, R.F.
Ecologia de Paisagem: conceitos e aplicações potenciais no Brasil. Planaltina, DF:
Embrapa Cerrados, 2004. (Série Documentos Técnicos, 121).
MCGARIGAL, K.; MARKS, B.J. Fragstats: spatial pattern analysis program for
quantifying landscape structure. Portland: Pacific Northwest Research Station, 1995.
MELO, M.S. et al. Patrimônio Natural dos Campos Gerais. UEPG, 2003.
(Relatório). Disponível em: <http://www.uepg.br/natural>
MELO, M.S. et al. Diagnóstico ambiental da região de Pirai da Serra visando á
sustentabilidade ambiental. Ponta Grossa: UEPG, 2006. Projeto de pesquisa
aprovado pela Fundação Araucária (FUP 9138/2006).
MELO, M.S.; MORO, R.S.; GUIMARÃES, G.B. Patrimônio Natural dos Campos
Gerais do Paraná. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2007. 230p.
MELO, M.S.; PONÇANO, W.L. Gênese, distribuição e estratigrafia dos depósitos
cenozóicos no Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo, 74 p., 1983.
METZGER, J. P. Tree functional group richness and landscape structure in a
Brazilian tropical fragmented landscape. Ecological Applications, v. 10, p. 1147-
1161, 2000.
METZGER, J. P. Estrutura da paisagem: o uso adequado de métricas. In: CULLEN
JUNIOR, L.; RUDRAN, R.; VALLADARES-PÁDUA, C. (Ed.) Métodos de estudos
em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba: Ed. UFPR,
2003. p. 423-538.
METZGER, J. P. O que é ecologia da paisagem? Biota neotropica, v.1, n.1, p.1-9,
2001. Disponível em: <www.uel.br/cca/agro/ecologia_da_paisagem>. Acesso em: 14
maio 2007.
MINEROPAR. MINERAIS DO PARANÁ S.A. Atlas geológico do estado do
Paraná. Curitiba, 2001.
MORO, R.S.; ROCHA, C.H.; TAKEDA, I.J.M.; KACZMARECH, R. Análise da
vegetação nativa da bacia do Rio São Jorge. Publicatio UEPG, sér. Ciênc. Biol.,
Ponta Grossa, v. 2, n. 1, p. 33-56, 1996.
82
MORO, R.S. et al. Fragmentação da paisagem natural de Pirai da Serra, Campos
Gerais do Paraná. Ponta Grossa: UEPG, 2006. Projeto de pesquisa aprovado pela
Fundação Araucária (FUP 9824/2006).
NAVEH, Z.; LIEBERMAN, A. Landscape Ecology: theory and application. New
York: Springer Verlag, 1990.
OLIVEIRA, E.A. de; RODERJAN, C.V.; CURCIO, G.R.; SILVA, S.M. Caracterização
florística, fitossociológica e pedológica de um trecho de floresta ripária dos Campos
Gerais do Paraná. Cad. biodivers., v.4, n.1, p. 8-25, jan. 2003.
PAESE, A.; SANTOS, J. E. Ecologia da Paisagem: abordando a complexidade dos
processos ecológicos. In: SANTOS, J.E. dos; CAVALHEIRO, F.; PIRES, J.S.R.;
OLIVEIRA, C.H.; PIRES, A.M.Z.C.R. (Orgs.). Faces da Polissemia da Paisagem:
Ecologia, Planejamento e Percepção. São Carlos: RiMa, v. 1, p. 1-21. 2005
PEREIRA, J.L.G.; BATISTA, G.T.; THALES, M.C.; ROBERTS, D.A.; VENTURIER, A.
Métricas da paisagem na caracterizão da evolução da ocupação da Amazônia.
Geografia, Rio Claro, v. 26, n.1, p. 59-90, abr. 2001.
PHILLIPS, J.D. Divergent evolution and the spatial structure of soil landscape
variability . Catena, Amsterdan, v.43, p.101-113, 2001.
PRIETO, C. C. Análise da dinâmica do uso da terra sobre o patrimônio natural
de Píraí da Serra Paraná. Ponta Grossa, 2007. Monografia (Bacharelado em
Geografia). Universidade Estadual de Ponta Grossa.
RAMBALDI, D.M.; OLIVEIRA, D.A.S. (Orgs.) Fragmentação de Ecossistemas:
Causas, efeitos sobre a biodiversidade e recomendações de políticas públicas.
Brasília: MMA/SBF, 2003. 510 p.
RAMBO, B. O elemento andino no pinhal riograndense. Anais Botânicos do
Herbário "Barbosa Rodrigues, v. 3, n.3, p. 7-39, 1951
RAMOS, A.F.; SANTANA, A.C.; PRIETO, C.C.; MATIAS, L.F. Mapeamento do uso
da terra nos Campos Gerais. In: MELO, M.S.; MORO, R.S.; GUIMARÃES, G.B.
(Eds.) Patrinio Natural dos Campos Gerais do Paraná. Ponta Grossa: Editora
UEPG, 2007. cap. 7, p.95-92.
REITZ, R.; KLEIN, R.M. Araucariáceas. Flora Ilustrada Catarinense, Itajaí, 1966.
62p.
RIBEIRO, A.G. A vegetação natural e a estruturação das paisagens na região
centro-sul do Estado do Paraná. Rev. Geografia, São Paulo, v.12, p.27-46, 1993.
ROCHA, C.H.; WEIRICH NETO, P.H. Origens dos sistemas de produção e
fragmentação da paisagem nos Campos Gerais. In: MELO, M.S.; MORO, R.S.;
GUIMARÃES, G.B. (Eds.) Patrimônio Natural dos Campos Gerais do Paraná.
Ponta Grossa: Editora UEPG, 2007. cap. 18, p.171-179.
83
RODERJAN, C. V.; GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y.; HATSCHBACH, G.G. As
unidades fitogeográficas do Estado do Paraná. Ciência & Ambiente Santa Maria, v.
24, p. 75-92, 2002.
SANTOS, R.F. dos. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina
de textos, 2004.
SCHIEROLZ, T. Dinâmica biológica de fragmentos florestais. Ciência Hoje, v. 12, p.
22-29. 1991.
SEMA/ IAP. Plano de Manejo Área de Proteção Ambiental da Escarpa
Devoniana. Curitiba, 2004.
SILVEIRA, T.A.; CARNEIRO, A.F.T.; PORTUGAL, J.L. Estruturação de bases
cartográficas para Sistemas de Informão Geográfica (SIG). In: SIMPOSIO
BRASILEIRO DE CIENCIAS GEODESICAS E TECNOLOGIAS DA
GEOINFORMAÇÃO, 2: Recife: 2008,. Anais ... CD. 9p.
SOBREVILLA, C.; BATH, P. Evaluación ecológica rápida: un manual para
usuarios de América Latina y el Caribe. Washington: The Nature Conservancy,
1992.
STAR, J.; ESTES, J. Geographic Information Systems: an Introduction. New
Jersey: Prentice Hall, , 1990..
TAUK, S.M. (Org.) 2.ed. Análise ambiental: uma visão multidisciplinar. São Paulo:
Ed. da UNESP, 1995.
TAVARES, A. B.; CRUZ. S. P.; LOLLO, J. A. Geoindicadores para a caracterizão
de estado de diferentes ambientes. Revista Estudos Geográficos, Rio Claro, v. 5 n.
2, p. 42-57, 2007.
TRINDADE, B.M.; FIGUEIRA, S.B.;SIVA, A.C.B.; SCHESSL, M. Uso de
sensoriamento remoto na análise da fragmentação da Mata Atlântica no litoral norte
de Pernambuco, Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO
REMOTO. 12: Goiânia : 2005. Anais..., p. 705 – 712.
TURNER, M.G.; GARDNER, R.H.; O’NEILL, R.V. (Eds.). Landscape ecology in
theory and practice: pattern and processes. New York: Springer Verlag. 2001
TURNER, M.G. Landscape Ecology: The Effect of Pattern on Process. Ann. Rev.
Ecol. Syst., v. 20, pp. 171-197, 1989.
VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE: Rio de Janeiro, 1991.
VIANA, V. M. (1990). Biologia e manejo de fragmentos florestais. In: CONGRESSO
FLORESTAL BRASILEIRO. 6: Campos do Jordão: 1990. Anais…, p. 113-118.
VIANA, V.M.; PINHEIRO, L.A.F.V. Conservação da biodiversidade em fragmentos
florestais. Série Técnica IPEF, v.12, n.32, p.25-42, 1998.
84
VOLOTÃO, C.F.S. Trabalho de análise espacial: métricas do Fragstats. São
José dos Campos: INPE, 1998. 45p. Disponivel em:
<http://www.dpi.inpe.br/cursos/ser431/trabalhos/fragstats.pdf>.
WUTKE, J.D; SILVA, R.; ORTH, D. Geotecnologias e sua aplicações para Gestão
Territorial. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CADASTRO TECNICO
MULTIFINALITARIO, 1: Florianópolis: 2006,. Anais ... Florianópolis: UFSC, 2006.
p.1-7.
85
ANEXO 1:
Lista com a relação dos fragmentos florestais (polígonos) de Piraí da Serra, incluindo
área, perímetro e índice de circularidade (IC).
n ÁREA PERÍMETRO
IC n ÁREA PERÍMETRO IC
1 568,8 95,6 0,88 43 2.538,0 192,5 0,93
2 582,1 95,0 0,90 44 2.648,5 196,3 0,93
3 700,3 101,0 0,93 45 2.659,3 268,5 0,68
4 707,3 110,3 0,85 46 2.665,2 266,0 0,69
5 751,4 132,2 0,73 47 2.670,9 279,9 0,65
6 925,5 113,2 0,95 48 2.764,8 201,2 0,93
7 932,9 137,3 0,79 49 2.779,2 236,6 0,79
8 933,5 121,1 0,89 50 2.830,5 208,3 0,91
9 1.052,0 123,5 0,93 51 2.865,0 203,8 0,93
10
1.098,6 131,1 0,90 52 2.894,7 211,1 0,90
11
1.126,2 131,0 0,91 53 2.919,4 404,1 0,47
12
1.288,9 215,8 0,59 54 2.929,7 255,1 0,75
13
1.303,3 162,1 0,79 55 2.936,3 241,4 0,80
14
1.365,3 155,8 0,84 56 2.977,3 253,0 0,76
15
1.393,7 186,4 0,71 57 2.979,5 206,0 0,94
16
1.447,8 170,8 0,79 58 3.026,5 263,5 0,74
17
1.463,5 147,2 0,92 59 3.126,2 232,0 0,85
18
1.510,8 261,4 0,53 60 3.165,9 249,4 0,80
19
1.545,8 341,6 0,41 61 3.184,7 334,1 0,60
20
1.627,9 165,6 0,86 62 3.198,6 214,3 0,94
21
1.698,4 169,6 0,86 63 3.215,4 277,8 0,72
22
1.707,5 187,8 0,78 64 3.258,1 262,1 0,77
23
1.832,8 243,3 0,62 65 3.275,4 282,7 0,72
24
1.950,9 178,5 0,88 66 3.316,8 265,0 0,77
25
2.008,8 166,5 0,95 67 3.325,6 325,6 0,63
26
2.033,9 274,6 0,58 68 3.327,4 228,6 0,89
27
2.065,4 218,4 0,74 69 3.512,9 252,2 0,83
28
2.076,4 175,8 0,92 70 3.536,0 233,8 0,90
29
2.206,5 222,9 0,75 71 3.577,2 219,4 0,97
30
2.230,8 264,5 0,63 72 3.591,8 297,4 0,71
31
2.254,8 216,8 0,78 73 3.838,0 264,3 0,83
32
2.277,6 188,6 0,90 74 3.866,5 263,8 0,84
33
2.298,4 190,9 0,89 75 4.042,5 241,4 0,93
34
2.323,5 226,3 0,75 76 4.067,6 322,2 0,70
35
2.334,2 257,3 0,67 77 4.081,1 555,0 0,41
36
2.340,2 179,5 0,95 78 4.193,9 476,6 0,48
37
2.367,8 192,7 0,89 79 4.217,8 250,3 0,92
86
38
2.387,1 189,0 0,92 80 4.230,4 295,3 0,78
39
2.388,3 237,6 0,73 81 4.250,6 274,1 0,84
40
2.417,9 202,4 0,86 82 4.292,7 252,6 0,92
41
2.443,9 234,8 0,75 83 4.320,0 283,8 0,82
42
2.531,6 475,9 0,37 84 4.320,4 291,5 0,80
85
4.340,8 302,8 0,77 128
7.365,5 422,3 0,72
86
4.372,5 405,3 0,58 129
7.368,0 350,5 0,87
87
4.409,3 271,2 0,87 130
7.372,0 477,7 0,64
88
4.490,3 366,2 0,65 131
7.416,2 564,4 0,54
89
4.496,4 261,8 0,91 132
7.432,6 335,0 0,91
90
4.520,1 291,1 0,82 133
7.472,6 675,4 0,45
91
4.555,6 304,5 0,79 134
7.482,7 606,7 0,51
92
4.579,2 280,8 0,85 135
7.737,4 480,5 0,65
93
4.602,0 275,5 0,87 136
7.864,8 370,6 0,85
94
4.692,4 270,4 0,90 137
7.892,0 480,5 0,66
95
4.724,1 429,0 0,57 138
7.953,0 723,9 0,44
96
4.735,2 262,9 0,93 139
8.035,7 419,2 0,76
97
4.840,0 565,1 0,44 140
8.066,8 532,4 0,60
98
4.866,4 275,9 0,90 141
8.166,1 414,7 0,77
99
4.912,1 402,4 0,62 142
8.249,9 390,7 0,82
100
4.932,3 261,5 0,95 143
8.331,3 490,5 0,66
101
5.271,0 333,3 0,77 144
8.350,0 392,7 0,82
102
5.323,7 367,6 0,70 145
8.470,3 503,0 0,65
103
5.410,1 519,2 0,50 146
8.641,1 537,9 0,61
104
5.682,9 321,9 0,83 147
8.832,8 603,9 0,55
105
5.799,2 460,0 0,59 148
9.007,1 410,9 0,82
106
5.852,8 318,7 0,85 149
9.155,4 439,8 0,77
107
5.909,5 512,7 0,53 150
9.286,0 407,1 0,84
108
5.954,9 330,0 0,83 151
9.296,2 455,9 0,75
109
6.284,7 337,7 0,83 152
9.333,1 636,9 0,54
110
6.426,5 776,7 0,37 153
9.418,6 391,9 0,88
111
6.479,7 344,3 0,83 154
9.578,3 1.031,7 0,34
112
6.568,2 329,4 0,87 155
9.861,7 393,9 0,89
113
6.622,0 350,0 0,82 156
9.923,9 1.010,6 0,35
114
6.709,5 353,4 0,82 157
10.251,1 723,6 0,50
115
6.808,8 423,8 0,69 158
10.290,5 634,5 0,57
116
6.818,0 356,5 0,82 159
10.362,4 695,6 0,52
117
6.857,1 481,6 0,61 160
10.431,3 431,8 0,84
118
6.858,0 372,5 0,79 161
10.535,9 652,8 0,56
119
6.865,0 332,2 0,88 162
10.580,2 725,8 0,50
120
6.871,4 338,0 0,87 163
10.678,3 736,5 0,50
121
6.879,1 471,5 0,62 164
10.733,1 1.097,5 0,33
122
6.898,2 402,6 0,73 165
10.737,8 464,1 0,79
87
123
6.912,6 342,5 0,86 166
10.888,4 475,2 0,78
124
6.926,6 358,9 0,82 167
11.199,4 742,5 0,51
125
7.077,6 328,4 0,91 168
11.409,5 8.232,1 0,05
126
7.083,9 420,4 0,71 169
11.763,2 633,7 0,61
127
7.086,4 363,3 0,82 170
11.836,9 473,1 0,81
171
11.902,7 537,6 0,72 214
19.244,1 1.024,4 0,48
172
12.161,4 578,5 0,68 215
19.491,3 624,3 0,79
173
12.344,3 475,7 0,83 216
19.538,6 687,4 0,72
174
12.524,0 436,4 0,91 217
20.456,8 952,7 0,53
175
12.538,6 556,3 0,71 218
20.739,8 849,8 0,60
176
12.555,7 1.000,4 0,40 219
20.883,8 601,3 0,85
177
12.609,4 504,2 0,79 220
21.079,8 1.535,5 0,34
178
12.702,9 477,9 0,84 221
21.356,9 1.015,3 0,51
179
12.863,9 506,6 0,79 222
21.504,6 1.103,4 0,47
180
12.871,4 448,1 0,90 223
21.557,8 579,4 0,90
181
13.237,4 564,7 0,72 224
21.693,4 743,7 0,70
182
13.444,6 1.089,7 0,38 225
22.160,7 1.157,1 0,46
183
13.479,8 626,6 0,66 226
22.273,9 891,2 0,59
184
13.910,1 720,5 0,58 227
22.439,6 552,6 0,96
185
13.938,8 661,0 0,63 228
23.132,5 1.163,3 0,46
186
14.171,9 745,0 0,57 229
23.165,6 1.326,9 0,41
187
14.328,4 660,0 0,64 230
23.763,3 991,7 0,55
188
14.438,8 574,6 0,74 231
23.980,3 1.390,8 0,39
189
14.480,4 576,8 0,74 232
24.233,0 1.003,2 0,55
190
14.499,1 656,1 0,65 233
24.587,0 756,2 0,73
191
14.587,5 978,9 0,44 234
24.637,0 2.593,9 0,21
192
14.606,1 649,2 0,66 235
25.057,3 670,1 0,84
193
14.692,8 452,0 0,95 236
25.117,7 934,9 0,60
194
15.097,6 1.042,0 0,42 237
25.167,9 724,2 0,78
195
15.174,6 784,1 0,56 238
25.399,1 781,7 0,72
196
15.245,2 515,9 0,85 239
25.988,4 956,4 0,60
197
15.429,3 533,1 0,83 240
26.238,1 1.854,5 0,31
198
15.439,6 677,7 0,65 241
26.834,8 1.081,6 0,54
199
15.465,9 712,7 0,62 242
27.137,6 921,9 0,63
100
15.817,9 607,6 0,73 243
27.161,6 807,4 0,72
201
16.049,8 574,3 0,78 244
28.391,2 1.479,3 0,40
202
16.054,1 955,3 0,47 245
28.798,6 752,5 0,80
203
16.144,3 936,8 0,48 246
29.145,2 1.387,0 0,44
204
16.660,3 593,1 0,77 247
29.240,3 1.659,2 0,37
205
16.767,9 830,5 0,55 248
30.606,6 1.119,1 0,55
206
16.955,8 765,1 0,60 249
30.903,0 1.729,3 0,36
207
16.963,6 952,2 0,48 250
31.213,7 925,1 0,68
208
17.003,8 705,5 0,66 251
31.534,5 1.493,1 0,42
88
209
17.312,5 1.168,8 0,40 252
31.595,3 1.492,8 0,42
210
17.663,9 1.110,8 0,42 253
31.596,0 1.232,8 0,51
211
18.129,3 717,8 0,66 254
31.831,3 915,5 0,69
212
18.894,4 1.232,7 0,40 255
31.934,1 1.801,6 0,35
213
19.128,8 525,5 0,93 256
32.357,6 1.098,6 0,58
257
33.003,0 1.218,4 0,53 300
66.744,0 3.539,0 0,26
258
33.418,3 806,3 0,80 301
68.749,5 1.850,0 0,50
259
33.554,3 1.247,4 0,52 302
69.414,4 2.398,2 0,39
260
33.665,9 991,3 0,66 303
71.432,4 2.363,5 0,40
261
34.469,0 1.696,6 0,39 304
73.584,4 3.766,6 0,26
262
34.754,6 2.236,6 0,30 305
76.528,8 3.037,3 0,32
263
35.016,0 1.089,6 0,61 306
76.971,7 1.724,9 0,57
264
36.877,2 1.785,9 0,38 307
78.868,5 2.408,9 0,41
265
37.755,4 924,0 0,75 308
80.566,8 1.643,0 0,61
266
37.833,7 1.091,3 0,63 309
81.773,3 3.599,9 0,28
267
37.860,5 1.359,0 0,51 310
82.137,5 5.693,2 0,18
268
39.253,8 1.951,8 0,36 311
82.161,2 2.179,8 0,47
269
40.128,0 1.855,5 0,38 312
82.857,4 1.915,9 0,53
270
40.721,8 1.331,5 0,54 313
84.066,1 2.854,2 0,36
271
42.210,5 2.789,8 0,26 314
85.527,9 3.374,2 0,31
272
42.514,3 2.108,8 0,35 315
86.799,5 3.123,8 0,33
273
42.559,3 1.706,3 0,43 316
87.193,8 1.313,5 0,80
274
43.227,8 1.846,5 0,40 317
88.984,8 4.383,6 0,24
275
43.636,0 1.808,8 0,41 318
92.795,6 2.485,0 0,43
276
43.685,2 1.021,6 0,73 319
93.705,3 2.001,3 0,54
277
44.014,5 1.886,1 0,39 320
94.598,3 2.793,0 0,39
278
44.072,1 946,5 0,79 321
95.310,8 3.062,0 0,36
279
44.099,2 1.319,9 0,56 322
98.230,0 5.670,0 0,20
280
45.404,8 1.622,2 0,47 323
99.064,8 2.781,4 0,40
281
45.483,3 1.357,6 0,56 324
99.525,1 1.410,8 0,79
282
45.533,0 1.057,4 0,72 325
103.710,8 5.781,1 0,20
283
46.617,8 2.293,4 0,33 326
103.875,5 1.461,6 0,78
284
47.557,1 1.654,5 0,47 327
108.038,0 4.350,1 0,27
285
47.670,8 1.358,1 0,57 328
110.208,4 2.179,3 0,54
286
49.776,8 1.318,2 0,60 329
115.904,4 2.391,7 0,50
287
52.089,0 1.014,4 0,80 330
116.329,0 4.991,2 0,24
288
52.205,5 1.959,6 0,41 331
118.199,4 3.612,9 0,34
289
53.013,8 1.447,2 0,56 332
120.387,8 4.388,4 0,28
290
53.972,7 1.225,1 0,67 333
125.175,8 1.445,5 0,87
291
56.361,5 1.397,7 0,60 334
126.498,3 2.868,4 0,44
292
56.546,4 1.141,6 0,74 335
126.525,0 4.300,8 0,29
293
57.680,2 2.645,6 0,32 336
129.069,0 5.878,6 0,22
294
59.250,4 2.859,4 0,30 337
132.239,6 5.813,5 0,22
89
295
59.849,4 2.526,9 0,34 338
132.990,8 5.729,2 0,23
296
60.507,3 1.229,1 0,71 339
138.464,0 3.243,0 0,41
297
65.552,7 2.924,6 0,31 340
138.944,5 5.321,0 0,25
298
65.713,1 2.492,6 0,36 341
147.425,0 1.643,7 0,83
299
66.181,7 2.335,3 0,39 342
154.724,3 5.132,8 0,27
343
154.762,8 4.654,3 0,30 369
369.524,4 6.791,9 0,32
344
162.698,0 4.298,0 0,33 370
380.235,8 4.760,6 0,46
345
162.741,5 2.797,9 0,51 371
395.178,1 6.577,7 0,34
346
169.419,2 3.077,4 0,47 372
435.823,8 4.169,2 0,56
347
169.603,7 2.708,7 0,54 373
468.945,50 7.680,45 0,32
348
173.359,0 2.811,9 0,52 374
505.367,4 7.359,0 0,34
349
186.659,1 7.205,8 0,21 375
642.163,2 6.617,0 0,43
350
187.961,4 4.244,9 0,36 376
660.652,3 13.882,8 0,21
351
198.038,5 8.263,2 0,19 377
702.929,5 10.257,2 0,29
352
203.437,4 4.585,3 0,35 378
714.266,8 13.035,4 0,23
353
210.043,4 2.517,8 0,65 379
728.590,9 16.478,7 0,18
354
220.913,6 5.085,5 0,33 380
758.948,8 16.884,0 0,18
355
224.573,4 5.603,1 0,30 381
800.208,1 16.114,4 0,20
356
230.773,9 2.944,2 0,58 382
809.772,0 19.718,9 0,16
357
232.150,2 6.330,0 0,27 383
854.623,5 8.692,6 0,38
358
242.523,5 3.201,3 0,55 384
905.195,1 12.323,6 0,27
359
243.405,0 4.462,0 0,39 385
908.450,8 14.648,7 0,23
360
251.242,1 7.170,6 0,25 386
1.214.590,1 17.901,8 0,22
361
251.525,9 2.063,9 0,86 387
1.627.624,7 32.425,5 0,14
362
290.832,0 5.835,6 0,33 388
2.836.568,5 39.123,4 0,15
363
310.006,5 4.499,2 0,44 389
2.991.264,6 31.703,4 0,19
364
311.077,0 7.887,1 0,25 390
3.222.866,0 37.790,3 0,17
365
319.740,9 11.441,3 0,18 391
5.787.677,8 58.166,7 0,15
366
345.949,0 8.108,7 0,26 392
11.205.477,1 226.550,5 0,05
367
346.812,10 8.361,50 0,25 393
13.291.579,5 194.392,6 0,07
368
357.480,8 4.877,8 0,43 394
19.415.198,3 167.616,4 0,09
TOTAL ÁREA: 87.713.793,2 m
2
(8.771 ha)
MÉDIA GERAL IC: 0,6
MÉDIA IC PARA FRAGMENTOS < 100 ha.: 0,13
90
ANEXO 2:
Lista de táxons observados na Floresta Ombrófila Mista (FOMM e FOMA)
FAMÍLIA ESPÉCIE HÁBITO
ARAUCARIACEAE Araucaria angustifolia O Kuntze Árvore
ARECACEAE Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Arvore
ASTERACEAE Baccharis trimera (Less.) DC. Erva
Calea pinnatifida (R. Br.) Less. Liana
Emilia sagitata DC erva
Eupatorium tanacaetifolium DC erva
Lucilia lycopodioides (Less.) S.E. Freire Erva
Mikania hoffmanniana Dusén Liana
Mikania hemisphaerica Sch. Bip. Ex Baker Liana
Mutisia coccinea A. St.-Hil. Liana
Mutisia sp Liana
Gochnatia sp arvore
Piptocarpha axillaris (Less.) Baker Arvore
Piptocarpha regnelii (Sch. Bip.) Cabrera Arvore
Senecio oligophyllus Baker Erva
Vernonia mollissima D.Don Arbusto
BIGNONIACEAE Indet. 1
Indet 2
BROMELIACEAE Dickia tuberosa (Vell) Beer Erva
COMMELINACEAE Commelina vilosa C.B. Clarke ex Chodat & Hassl. Erva
EUPHORBIACEAE Sebastiana commersoniana Baill. (Sm. & Downs) Arvore
ERICACEAE Gaylussacia brasiliensis (Spreng.) Meisn. Arbusto
ERYTHROXILACEAE Erythroxylum deciduum A. St.-Hil. Arvore
FABACEAE Collaea speciosa (Loisel.) DC. Erva
Senna multijuga (Rich.) H.S. Irwin & Barneby Arvore
Dalbergia brasiliensis Vogel Arvore
FLACOURTIACEAE Casearia lasiophylla Eichler Arvore
Casearia sylvestris Sw Arvore
GLEICHENIACEAE Sticherus penniger (Mart.) Copel. Erva
IRIDACEAE Sisyrinchium wettsteinii Hand Mazz Erva
LAMIACEAE Salvia melissaefolia Desf. Erva
LAURACEAE Cinnamomum sellowianum Kosterm. Arvore
Endlicleria paniculata (Spreng.) J.F. Macbr. arvore
Nectandra grandiflora Nees & C. Mart. ex Nees Arvore
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez Arvore
Ocotea porosa (Nees & C. Mart.) Barroso Arvore
Ocotea sp Arvore
Ocotea pulchella Mart. Arvore
MELASTOMATACEAE Leandra simplicicaulis Cogn. Erva
Miconia cinerascens Miq. Arbusto
Miconia hyemalis St Hill & Naud ex Naud Arvore
Miconia sellowiana Naud. Arbusto
Tibouchina martialis (Cham.) Cogn. Erva
MIMOSACEAE Anadenanthera collubrina (Vell.) Brenan Arvore
Mimosa orthoacantha Benth. Arbusto
Mimosa scabrella Benth. Arvore
MONIMIACEAE Mollinedia clavigera Tul. Arbusto
Mollinedia elegans Tul. Arbusto
MYRTACEAE Calyptranthes concinna DC arbusto
Eugenia pitanga (O. Berg) Kiaersk. Arvore
Myrcia arborescens O. Berg Arvore
91
Myrcia breviramis (O. Berg) D. Legrand Arbusto
Myrcia venulosa DC Arvore
Myrcia obtecta (Berg) Kiaresk Arbusto
Myrciaria tenella (DC.) O. Berg Arbusto
Campomanesia xanthocarpa O. Berg Arvore
Indet. 1 Arvore
MYRSINACEAE Myrsine umbelata (Mart) Mez Arvore
PIPERACEAE Peperomia catharinae Miq. Erva
PLANTAGINACEAE Plantago tomentosa Lam. Erva
RHAMNACEAE Rhamnus sectipetala Mart. ex Reissek Arvore
ROSACEAE Rubus urticifolius Poir. Arbusto
Prunus sellowii Koehne Arvore
Prunus myrtifolia (L.) Urb. Arvore
RUBIACEAE Borreria poaya (A St Hil) DC Erva
SAPINDACEAE Matayba elaeagnoides Radlk. Arvore
Paullinia carpopoda Cambess. Liana
SOLANACEAE Nicotiana sp Erva
Petunia linoides Sendtn. Erva
Solanum lacerdae Dusen Arvore
Calibrachoa ericifolia (R.E.Fr.) Wijsman Erva
THEACEAE Laplacea fruticosa (Schrad.) Kobuski Arvore
THYMELLAEACEAE Daphnopsis beta Taub. Arvore
Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling Arvore
Total de famílias: 29 Total de táxons: 74
92
ANEXO 3:
Lista de táxons observados na estepe sensu stricto, nos refúgios vegetacionais
rupestres, estepe higrófila e no relicto de savana.
.
Campos rochosos (refúgios vegetacionais rupestres)
FAMÍLIA ESPÉCIE
ACANTHACEAE Dyschoriste hygrophyllodes (Nees) Kunth.
Ruellia multifolia (Nees) Lindau
APOCYNACEAE Macrosiphonia SP
ASTERACEAE Aspilia setosa Griseb
Calea parvifolia (DC.) Baker
Chaptalia graminifolia Dusén
Chrysolaena oligophylla (Vell.) H. Rob.
Eupatorium betonicaeforme (DC.) Baker
Vernonia brevifolia Less.
Vernonia macrocephala Less.
Vernonia mollissima D.Don
Vernonia SP
Vernonanthura chamaedrys (Less.) H. Rob.
Indet 1
Indet 2.
Campos secos (estepe sensu stricto)
FAMÍLIA ESPÉCIE
AMARYLLIDACEAE Hippeastrum psittacinum Herb
ARECACEAE Allagoptera campestris (Mart) Kuntze
ASTERACEAE Aspilia setosa Griseb
Baccharis dracunculifolia DC
Calea parvifolia Bak
Eupatorium tanacetifolium DC
BORRAGINACEAE Moritzia dusenii I M Johnst
BROMELIACEAE Dickia tuberosa (Vell.) Beer
DROSERACEAE Drosera communis A. St.-Hil.
FABACEAE Eriosema heterophylum Benth
Sthylosanthes acuminata M.B. Ferr & S. Costa
IRIDACEAE Sisyrinchium wettsteinii Hand Mazz
LAMIACEAE Peltodon radicans Pohl
Salvia SP
MALVACEAE Sida macrodon DC
Pavonia speciosa Kunth
MELASTOMATACEAE Chaetostoma pungens DC.
Lavoisiera phyllocalycina Cogn.
Lavoisiera pulchella Cham
POLYGALACEAE Polygala SP
POACEAE Panicum SP
Eriochysis cayennensis P. Beanv.
Andropogon macrothrix Trin.
indet. 1
RUBIACEAE Borreria poaya (A St Hil) DC
SCROPHULARIACEAE Esterhazya splendida Mikan
STERCULIACEAE Waltheria douradinha A St Hil
VERBENACEAE Verbena hirta Spr
Duranta vestita Cham.
Lippia lupulina Cham.
93
AMARANTHACEAE Pfaffia jubata Mart.
CYPERACEAE Fimbristylis cf diphylla Vahl.
Lagenocarpus rigidus (Kunth) Nees
ERICACEAE Gaylussacia brasiliensis (Spreng.) Meisn.
ERIOCAULACEAE Paepalanthus planifolius (Bong.) Körn.
EUPHORBIACEAE Croton antisyphiliticus Mart.
FABACEAE Eriosema heterophylum Benth
Periandra mediterranea (Vell) Taub
GESNERIACEAE Sinningia canescens (Mart) Wiehler
IRIDACEAE Cipura
Sisyrinchium iridifolium Kunth.
Sisyrinchium fasciculatum Klatt
LAMIACEAE Salvia rosmarinoides A. St.-Hil. Ex Benth.
Peltodon radicans Pohl
MALVACEAE Pavonia sepium A. St.Hill.
MALPIGHIACEAE Byrsonima brachybotrya Nied.
MELASTOMATACEAE Leandra dusenii Cogn.
Leandra lacunosa Cogn.
Miconia cinerascens Miq.
Miconia hyemalis St Hill & Naud ex Naud
MIMOSACEAE Mimosa invisa Mart.
Mimosa micropteris Benth
Mimosa orthoacantha Benth.
MYRTACEAE Myrcia venulosa DC.
OXALIDACEAE Oxalis martiana Zucc.
POACEAE Axonopus marginatus (Trin.) Chase
Axonopus siccus (Nees) Kuhlm.
Axonopus SP
Indet. 1
Paspalum pectinatum Nees ex Trin.
POLYGALACEAE Monnina cardiocarpa A. St.-Hil.
RHAMNACEAE Rhamnus sectipetala Mart. ex Reissek
ROSACEAE Prunus myrtifolia (L.) Urb.
RUBIACEAE Borreria poaya (A St Hil.) DC
Indet. 1
indet. 2
SOLANACEAE Nicotiana langsdorfii Nees
VERBENACEAE Verbena hirta Spreng
Total de famílias: 33 Total de táxons: 83
campos úmidos (estepe higrófila)
FAMÍLIA ESPÉCIE
ASTERACEAE Vernonia obovata Less.
Chaptalia integerrima (Vell.) Burkart
Chaptalia SP
Hypochoeris gardneri
Invlopsis scapura (DC) O. Hoffm
BIGNONIACEAE Indet. 2
CYPERACEAE Rhynchospora globosa Roem. Et Schult
ERIOCAULACEAE Indet.
Indet.
GLEICHENIACEAE Dicranopteris linearis (Burm. f.) Underw.
IRIDACEAE Sisyrinchium fasciculatum Klatt
POACEAE Andropogon microstachyus Desv. ex Ham.
Total de famílias: 7 Total de táxons: 12
94
Cerrado (Savana)
FAMÍLIA ESPÉCIE HÁBITO
AMARYLLIDACEAE Hippeastrum psittacinum Herb Erva
ANACARDIACEAE Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Árvore
ARECACEAE Allagoptera campestris (Mart) Kuntze Arbusto
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Arvore
ASTERACEAE Invlopsis scapura (DC) O. Hoffm Erva
Aspilia setosa Griseb Erva
Baccharis dracunculifolia DC Erva
Calea hispida (DC.) Baker Erva
Chaptalia graminifolia Dusén Erva
Chaptalia integerrima (Vell.) Burkart Erva
Emilia sagittatta DC Erva
Eupatorium tanacetifolium DC Erva
Vernonia cuneifolia Gardner Erva
Vernonia mollissima D.Don Arbusto
BIGNONIACEAE Tabebuia ochraceae (Cham) Stand Arvore
BROMELIACEAE Tillandsia tenuifolia L Erva
Tillandsia tenuifolia L. Erva
Aechmea distichantha Lemaire Erva
Dickia tuberosa (Vell) Beer erva
CACTACEAE Cereus jamacaru DC. erva
CAESALPINACEAE Copaifera langsdorffii Desv. Árvore
CAMPANULACEAE Wahlenbergia linarioides (Lam) A DC Erva
CARYOCARACEAE Caryocar brasiliense Camb. arbusto
CLUSIACEAE Hypericum brasiliensis Choisy erva
CUSCUTACEAE Cuscuta racemosa Mart trepadeira
CYPERACEAE Scleria hirtella Sw erva
EUPHORBIACEAE Alchornea triplinervia (Spreng) Muell. Arg. Árvore
Croton antissiphyliticus Muell Arg erva
ERYTHROXYLACEAE
Erythroxylum suberosum A.St.hill. Árvore
Erythroxylum deciduum A. St.Hill. Árvore
FABACEAE Acosmium subelegans (Mohlenbr) Yakovlev
Arbusto
Eriosema obovatum Benth erva
Rhynchosia corydifolia Mart. Erva
Periandra mediterrânea Vell. (Taub.) Erva
FLACOURTIACEAE Casearia sylvestris Sw. Árvore
IRIDACEAE Sisyrinchium vaginatum Spr Erva
LAMIACEAE Hyptis glauca St Hill Erva
Eriope macrostachya Mart e Benth erva
Peltodon radicans Pohl erva
Salvia nervosa Benth. erva
MELASTOMATACEAE
Acisanthera variabilis (DC) Triana erva
Chaetostoma pungens DC. erva
Lavoisiera phyllocalycina Cogn Erva
Lavoisiera pulchella Cham. Erva
Miconia albicans (Sw.) Triana Erva
Miconia theaezans (Bonpl.) Cogn. Árvore
Miconia sellowiana Naud. Árvore
Tibouchina hatschbachii Wurdack Erva
Tibouchina sp Erva
MIMOSACEAE Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cov. Árvore
Pithecellobium langsdorffii Benth. Arvore
MYRTACEAE Campomanesia pubescens (A DC) O Berg Árvore
Gomidesia sellowiana O. Berg. Arvore
Myrcia obtecta (Berg) Kiaresk Arbusto
MYRSINACEAE Myrsine umbellata (Mart.) Mez. Árvore
95
RHAMNACEAE Rhamnus sectipetala Mart. ex Reissek Árvore
OCHNACEAE Ouratea spectabilis (Mart.) Engl. Árvore
ORCHIDACEAE Epidendron ellipticum Graham Erva
POACEAE Andropogon leucostachyus Kunth Erva
Aristida jubata (Arechav.) Herter erva
Axonopous siccus (Nees) Kuhlm erva
SMILACACEAE Smilax sp trepadeira
SOLANACEAE Petunia rupestris Dusén Erva
VERBENACEAE Verbena hirta Spr Erva
Lippia lupulina Cham. Erva
Total de famílias: 30 Total de táxons: 65
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo