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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
DOUTORADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM
SENSIBILIDADE DO CAJUEIRO ANÃO PRECOCE AO ESTRESSE
SALINO EM DIFERENTES FASES FENOLÓGICAS
TESE
PAULO TORRES CARNEIRO
CAMPINA GRANDE - PARAÍBA
FEVEREIRO - 2008
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ii
PAULO TORRES CARNEIRO
Engenheiro Agrônomo
SENSIBILIDADE DO CAJUEIRO ANÃO PRECOCE AO ESTRESSE
SALINO EM DIFERENTES FASES FENOLÓGICAS
Orientador: Prof. Dr. PEDRO DANTAS FERNANDES
Co-Orientador: Prof. Dr. HANS RAJ GHEYI
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Agrícola, do Centro de Tecnologia
e Recursos Naturais, da Universidade Federal de
Campina Grande, em cumprimento às exigências
para obtenção do Título de Doctor scientiae em
Engenharia Agrícola.
Área de Concentração em Irrigação e Drenagem
CAMPINA GRANDE - PARAÍBA
FEVEREIRO - 2008
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iii
PAULO TORRES CARNEIRO
PARECER FINAL DO JULGAMENTO DA TESE DE DOUTORADO
SENSIBILIDADE DO CAJUEIRO ANÃO PRECOCE AO ESTRESSE
SALINO EM DIFERENTES FASES FENOLÓGICAS
BANCA EXAMINADORA PARECER
Dr. PEDRO DANTAS FERNANDES
Orientador
Dr. HANS RAJ GHEYI
Co-Orientador
Dr. CARLOS ALBERTO VIEIRA DE AZEVEDO
Examinador
Dr. LOURIVAL FERREIRA CAVALCANTE
Examinador
Dr. CLAUDIVAN FEITOSA DE LACERDA
Examinador
Dr. JOSÉ GERALDO RODRIGUES SANTOS
Examinador
FEVEREIRO - 2008
iv
A meus pais, Pedro Carneiro e Maria Geuda,
e irmãos, José de Arimatéia, José Sidney, Sonildo,
Pedro Júnior, Salvan, Francisco e Galeno.
A minha esposa, Norma Geovanne, e a meu
filho, Iago Miguel, garantia da minha continuidade
aos laços de Jesus Cristo.
OFEREÇO E DEDICO
v
AGRADECIMENTOS
A Deus soberano e misericordioso, que se alegra de realizar o impossível, pelo espírito de
luta e perseverança que têm me proporcionado para realização desta Tese.
Ao curso de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da Unidade Acadêmica de Engenharia
Agrícola do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de
Campina Grande, UFCG, pela oportunidade concedida à realização deste curso.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, pelo apoio
financeiro ao projeto ‘estresse hídrico e salino em cajueiro anão precoce, e à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, pela concessão
da bolsa de estudo.
Aos orientadores Dr. Pedro Dantas Fernandes e Dr. Hans Raj Gheyi, pelos ensinamentos
ministrados durante o curso e na elaboração deste Trabalho e pela compreensão,
consideração, respeito e amizade.
À coordenação; aos professores do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da
Universidade Federal de Campina Grande, pelos conhecimentos técnicos/científicos
repassados; e aos funcionários do Laboratório de Irrigação e Salinidade (LIS), em
especial, a Francisco Alves da Silva e a ‘Doutor’, pela colaboração nas análises de solo.
Aos colegas do curso de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, pelo proveitoso
convívio; a Mário Luiz Farias Cavalcanti, pela contribuição prestada na instalação do
experimento e pela sua amizade e, em particular, a Frederico Antônio Loureiro Soares,
pela amizade e pelas valiosas ajudas e incentivos constantes.
A Rossini Daniel e a Arlington Ricardo e aos estagiários voluntários Abel Henrique,
Ariadne Soares, Vanessa Nóbrega, pela ajuda na condução desta Pesquisa.
A minha esposa Norma Geovanne, pelo apoio, compreensão e estímulo.
A meus pais, Pedro Carneiro e Maria Geuda, pelos esforços despendidos na minha
formação moral e intelectual, e irmãos, José de Arimatéia, José Sídney, Sonildo, Pedro
Júnior, Salvan, Francisco e Galeno, pelo apoio e confiança oferecidos durante meus
estudos.
Gostaria, finalmente, de agradecer a todos aqueles que de uma forma ou de outra
contribuíram para o sucesso desta Tese.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS....................................................................................................VIII
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................XII
RESUMO.........................................................................................................................XVI
ABSTRACT .................................................................................................................. XVII
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................1
2. OBJETIVOS....................................................................................................................4
2.1. GERAL .............................................................................................................................4
2.2. ESPECÍFICOS ....................................................................................................................4
3. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................5
3.1. A CULTURA DO CAJUEIRO................................................................................................5
3.2. QUALIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO..............................................................................7
3.3. EFEITO DA SALINIDADE SOBRE AS PLANTAS..................................................................10
3.3.1. Efeito de natureza osmótica....................................................................................... 11
3.3.2. Efeito de natureza tóxica ou específica .....................................................................12
3.3.3. Efeito de natureza nutricional....................................................................................14
3.4. TOLERÂNCIA DAS PLANTAS À SALINIDADE ...................................................................16
3.4.1. Mecanismos de tolerância ......................................................................................... 18
3.5. SALINIDADE EM FRUTÍFERAS.........................................................................................23
3.6.
ANÁLISE DE CRESCIMENTO............................................................................................25
4. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................27
4.1.
LOCALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO ..................................................................................27
4.2. TRATAMENTOS E DELINEAMENTO ESTATÍSTICO............................................................28
4.3. MATERIAIS GENÉTICOS .................................................................................................30
4.4.
MATERIAL DE SOLO....................................................................................................... 30
4.5.
PREPARO DAS ÁGUAS DE IRRIGAÇÃO.............................................................................31
vii
4.6. ADUBAÇÃO DO CAJUEIRO..............................................................................................32
4.7. TRATOS CULTURAIS E FITOSSANITÁRIOS.......................................................................33
4.8. RECIPIENTES..................................................................................................................34
4.9. SISTEMA E FREQÜÊNCIA DE IRRIGAÇÃO.........................................................................34
4.10. IRRIGAÇÃO E DRENAGEM ............................................................................................35
4.11. VARIÁVEIS ANALISADAS .............................................................................................36
4.11.1. Avaliação de crescimento........................................................................................ 36
4.11.2. Produção de frutos e pedúnculos.............................................................................37
4.11.3. Evapotranspiração real ............................................................................................39
4.12.
ANÁLISES DE SALINIDADE DO SOLO ............................................................................39
4.13.
ANÁLISES ESTATÍSTICAS .............................................................................................39
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................41
5.1. CRESCIMENTO DA CULTURA DO CAJU ...........................................................................41
5.1.1. Altura de planta .........................................................................................................41
5.1.2. Diâmetro de Caule.....................................................................................................48
5.1.3. Número de Folhas......................................................................................................56
5.1.4. Área Foliar.................................................................................................................63
5.2. PRODUÇÃO E SEUS COMPONENTES ................................................................................70
5.2.1. Número e fitomassa média de frutos.........................................................................70
5.2.2. Produção total............................................................................................................76
5.2.4. Comprimento e Diâmetro Médio do Pedúnculo........................................................79
5.2.5.
O
BRIX.......................................................................................................................... 81
5.3.
EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL (ETR)............................................................................... 83
5.4. SALINIDADE DO SOLO....................................................................................................86
6. CONCLUSÕES..............................................................................................................92
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................94
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classificação de água de irrigação quanto ao risco de salinidade......................... 9
Tabela 2. Riscos de problemas de infiltração no solo causados pela sodicidade da água... 10
Tabela 3. Riscos de toxicidade de sódio, cloreto e boro na água de irrigação.................... 10
Tabela 4. Características físico-hídricas e químicas do solo utilizado no experimento...... 31
Tabela 5. Características químicas da água da CAGEPA utilizada na preparação dos
tratamentos salinos......................................................................................... 32
Tabela 6. Recomendação de adubação mineral para cajueiro anão precoce sob irrigação
no 1
o
ano......................................................................................................... 33
Tabela 7: Resumo da análise de variância e médias para altura de planta no final da
prefloração (fase A), da floração (fase B) e da frutificação (fase C) de
plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce irrigadas com águas de
diferentes concentrações de sais, aos 120, 90 e 90 dias após estresse salino,
respectivamente.............................................................................................. 42
Tabela 8. Resumo da análise de variância e médias para altura de planta de plantas do
clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressado na prefloração (fase A),
no final da floração (fase B) e da frutificação (fase C), e estressado na
floração (fase B), no final da frutificação (fase C), durante 120 e 90 dias,
respectivamente.............................................................................................. 43
Tabela 9. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para altura de planta
na frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, aos 420 dias
após transplantio............................................................................................. 45
Tabela 10. Resumo da análise de variância e médias para diâmetro de caule no final da
prefloração (fase A), da floração (fase B) e da frutificação (fase C) de
plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce irrigadas com águas de
diferentes concentrações de sais, aos 120, 90 e 90 dias após estresse salino,
respectivamente.............................................................................................. 49
Tabela 11. Resumo da análise de variância e médias para diâmetro de caule de plantas
do clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na prefloração (fase
A), no final da floração (fase B) e da frutificação (fase C), e na floração
(fase B), no final da frutificação (fase C), durante 120 e 90 dias,
respectivamente.............................................................................................. 50
ix
Tabela 12. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para diâmetro de
caule na frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, aos 420
dias após transplantio..................................................................................... 52
Tabela 13. Resumo da análise de variância e médias para número de folhas no final da
prefloração (fase A), da floração (fase B) e da frutificação (fase C) de
plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce irrigadas com águas de
diferentes concentrações de sais, aos 120, 90 e 90 dias após estresse salino,
respectivamente.............................................................................................. 57
Tabela 14. Resumo da análise de variância e médias para número de folhas de plantas
do clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na prefloração (fase
A), no final da floração (fase B) e da frutificação (fase C), e na floração
(fase B), no final da frutificação (fase C), durante 120 e 90 dias,
respectivamente.............................................................................................. 58
Tabela 15. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para número de
folhas na frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, aos 420
dias após transplantio..................................................................................... 59
Tabela 16. Resumo da análise de variância e médias para área foliar no final da
prefloração (fase A), da floração (fase B) e da frutificação (fase C) de
plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce irrigadas com águas de
diferentes concentrações de sais, aos 120, 90 e 90 dias após estresse salino,
respectivamente.............................................................................................. 64
Tabela 17. Resumo da análise de variância e médias para área foliar de plantas do clone
CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na prefloração (fase A), no
final da floração (fase B) e da frutificação (fase C), e na floração (fase B),
no final da frutificação (fase C), durante 120 e 90 dias, respectivamente ..... 65
Tabela 18. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para área foliar na
frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, aos 420 dias após
transplantio..................................................................................................... 67
Tabela 19. Resumo da análise de variância e médias para número de frutos (NFrutos) de
plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na
prefloração (fase A), na floração (fase B) e na frutificação (fase C) durante
90, 90 e 120 dias, respectivamente................................................................. 70
x
Tabela 20. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para número de
frutos (NFrutos) no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro
anão precoce................................................................................................... 72
Tabela 21. Resumo da análise de variância e médias para fitomassa fresca média da
castanha (FFMCastanha), do pedúnculo (FFMPedúnculo) e da
castanha+pedúnculo (FFMCastanha+Pedúnculo) de plantas do clone
CCP76 estressadas na prefloração (fase A), na floração (fase B) e na
frutificação (fase C) durante 90, 90 e 120 dias, respectivamente .................. 73
Tabela 22. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para fitomassa
fresca média da castanha (FFMCastanha), do pedúnculo (FFMPedúnculo)
e da castanha+pedúnculo (FFMCastanha+Pedúnculo) no primeiro ano de
ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce............................................ 76
Tabela 23. Resumo da análise de variância e médias para produção total (PTotal) de
plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na
prefloração (fase A), na floração (fase B) e na frutificação (fase C) durante
90, 90 e 120 dias, respectivamente................................................................. 77
Tabela 24. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para produção total
(PTotal) no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce ........................................................................................................... 78
Tabela 25. Resumo da análise de variância e médias para comprimento (CMPedúnculo)
e diâmetro (DMPedúnculo) médio do pedúnculo
(FFMCastanha+Pedúnculo) de plantas do clone CCP76 estressadas na
prefloração (fase A), na floração (fase B) e na frutificação (fase C) durante
90, 90 e 120 dias, respectivamente................................................................. 79
Tabela 26. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para comprimento
(CMPedúnculo) e diâmetro (DMPedúnculo) médio do pedúnculo no
primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce.................. 81
Tabela 27. Resumo da análise de variância e médias para
o
Brix de pedúnculos do clone
CCP76 de cajueiro anão precoce estressado na prefloração (fase A), por
120 dias, na floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), por
90 dias ............................................................................................................ 82
xi
Tabela 28. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para
o
Brix de
pedúnculos no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce ........................................................................................................... 83
Tabela 29. Resumo da análise de variância e médias para evapotranspiração real na
prefloração (ETrPrefloração), na floração (ETrFloração) e na frutificação
(ETrFrutificação) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
irrigadas com águas de diferentes concentrações de sais, aos 120, 90 e 90
dias após estresse salino, respectivamente..................................................... 84
Tabela 30. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para
evapotranspiração real (ETrFrutificação) na frutificação do clone CCP76
de cajueiro anão precoce, aos 90 dias após estresse salino............................ 86
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Dados médios mensais de temperatura máxima, média e mínima obtidos em
casa de vegetação durante o período experimental de estresse salino
(fevereiro-dezembro/2006)...............................................................................27
Figura 2. Combinação dos tratamentos (A) e croqui da área experimental com
distribuição dos tratamentos e recipientes utilizados para preparação das
águas salinas (B)...............................................................................................28
Figura 3. Distribuição das plantas na casa de vegetação (A) e recipientes utilizados para
preparação das águas de irrigação (B).............................................................. 29
Figura 4. Clone CCP76 enxertado por garfagem fenda cheia no Clone CCP06, (A) e seu
fruto (B) obtido no experimento.......................................................................30
Figura 5. Vasos utilizados para cultivo das plantas (A) e coleta da água de drenagem (B) 34
Figura 6. Detalhe do sistema de irrigação instalado na casa de vegetação: bomba
submersa (A), manômetros (B), disposição das tubulações nas parcelas (C) e
gotejador (D).....................................................................................................35
Figura 7. Descrição das medidas de diâmetro apical (DA) e diâmetro basal (DB) (A) e
comprimento médio de pedúnculo (B) do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce.............................................................................................................. 38
Figura 8: Altura da planta no final da prefloração (fase A), da floração (fase B) e da
frutificação (fase C) do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, em função
da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90 e 90 dias
após estresse salino, respectivamente...............................................................42
Figura 9. Altura das plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce no final da
floração (fase B) e da frutificação (fase C), quando submetidas, durante 120
dias, a estresse na prefloração (fase A), e no final da frutificação (fase C),
quando estressadas na floração (fase B) durante 90 dias, em função da
condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)...........................................44
Figura 10. Evolução da altura de planta no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas..... 46
Figura 11. Evolução da altura de planta no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas..... 47
xiii
Figura 12. Diâmetro de caule no final da prefloração (fase A), da floração (fase B) e da
frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
em função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90
e 90 dias após estresse salino, respectivamente................................................49
Figura 13. Diâmetro de caule do clone CCP76 de cajueiro anão precoce no final da
floração (fase B) e da frutificação (fase C), quando submetidas, durante 120
dias, a estresse na prefloração (fase A); e no final da frutificação (fase C),
quando estressadas na floração (fase B) durante 90 dias, em função da
condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)...........................................51
Figura 14. Evolução do diâmetro de caule no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas..... 54
Figura 15. Evolução do diâmetro de caule no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológica ......55
Figura 16. Número de folhas no final da prefloração (fase A), da floração (fase B) e da
frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
em função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90
e 90 dias após estresse salino, respectivamente................................................57
Figura 17. Número de folhas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce no final da
floração (fase B) e da frutificação (fase C), quando submetidas, por 120
dias, a estresse na prefloração (fase A), e no final da frutificação (fase C),
quando estressadas na floração (fase B) durante 90 dias, em função da
condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)...........................................58
Figura 18. Evolução do número de folhas no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas..... 61
Figura 19. Evolução do número de folhas no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas..... 62
Figura 20. Área foliar no final da prefloração (fase A), da floração (fase B) e da
frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
em função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90
e 90 dias após estresse salino, respectivamente................................................64
Figura 21. Área foliar do clone CCP76 de cajueiro anão precoce no final da floração
(fase B) e da frutificação (fase C), quando submetido, por 120 dias, a
estresse na prefloração (fase A), e no final da frutificação (fase C), quando
xiv
estressado na floração (fase B) durante 90 dias, em função da condutividade
elétrica da água de irrigação (CEa)...................................................................66
Figura 22. Evolução da área foliar no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro
anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas................... 68
Figura 23. Evolução da área foliar no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro
anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas...................69
Figura 24. Número de frutos no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce, quando submetido ao estresse na prefloração (fase A), por 120
dias, na floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante 90
dias, em função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)............71
Figura 25. Fitomassa fresca média da castanha (FFMCastanha), do pedúnculo
(FFMPedúnculo) e da castanha+pedúnculo (FFMCastanha+Pedúnculo) no
primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, quando.......75
Figura 26. Produção total no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce, quando submetido ao estresse na prefloração (fase A), por 120
dias, na floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante 90
dias, em função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)............77
Figura 27. Comprimento (CMPedúnculo) e diâmetro (DMPedúnculo) médio do
pedúnculo no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce, quando submetido ao estresse na prefloração (fase A), por 120
dias, na floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante 90
dias, em função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)............80
Figura 28.
o
Brix de pedúnculos no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro
anão precoce, quando submetido ao estresse na prefloração (fase A), por
120 dias, na floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante
90 dias, em função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa).......82
Figura 29. Evapotranspiração real (ETr) média na prefloração (fase A), floração (fase B)
e frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce,
em função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90
e 90 dias após estresse salino, respectivamente................................................85
Figura 30: pH (pHes) e condutividade elétrica (CEes) do extrato de saturação do solo,
pressão osmótica (PO) do solo na umidade de capacidade de campo e razão
xv
de adsorção de sódio (RAS) em função dos níveis e das épocas de aplicação
de águas salinas ................................................................................................89
Figura 31: Cálcio, magnésio, potássio, sódio, cloreto e bicarbonato solúveis no extrato
de saturação, em função dos níveis e das épocas de aplicação de águas
salinas ...............................................................................................................90
Figura 32. Sintomas de toxicidade de sódio em plantas do clone CCP76 de cajueiro
anão precoce, aos 60 (A), 90 (B) e 120 (C) dias de estresse salino na
prefloração........................................................................................................91
RESUMO
Os Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte são responsáveis por mais de 97% da
produção de caju do Brasil, tornando a cajucultura uma atividade de grande importância
para o Nordeste brasileiro, região propensa aos problemas de salinidade. A salinidade
constitui um fator limitante do crescimento e rendimento das culturas em virtude do nível
salino da água de irrigação e/ou da época de aplicação. A pesquisa foi desenvolvida em
ambiente protegido da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da Universidade
Federal de Campina Grande, PB, objetivando-se estudar a sensibilidade do cajueiro anão
precoce (clone CCP76) ao estresse salino em diferentes fases fenológicas. Os tratamentos
resultaram da combinação entre quatro níveis de condutividade elétrica da água (CEa) de
irrigação (CEa: 1,6, 2,4, 3,2 e 4,0 dS m
-1
) e três épocas de aplicação (A - do transplantio ao
início da floração; B - da floração ao início da formação de frutos e C - do início da
formação de frutos ao final da frutificação do primeiro ano ciclo de produção), além do
nível de 0,8 dS m
-1
de salinidade, que foi aplicado sem variar durante os estudos. A cada
30 dias da aplicação do estresse salino, foram feitas avaliações de crescimento, e a partir
dos 330 dias do plantio das mudas, foi iniciada a colheita dos cajus. As plantas submetidas
ao estresse salino na fase inicial de desenvolvimento tiveram um crescimento abaixo das
submetidas ao estresse salino na floração e na frutificação. Os níveis de salinidade da água
de irrigação inibiram significativamente a altura de planta, o diâmetro de caule, o número
de folhas e a área foliar, com maior intensidade na área foliar e menor no diâmetro de
caule. O cajueiro anão precoce é ‘moderadamente sensível’ a salinidade da água na
prefloração e frutificação, com valores de salinidade limiar da água de irrigação de 1,37 e
1,75 dS m
-1
, respectivamente, para um rendimento máximo de área foliar e fitomassa
média do fruto (castanha+pedúnculo) de 90%. Os níveis e as épocas de aplicação de águas
salinas exerceram efeitos significativos na quantidade e na qualidade de produção do
cajueiro. O número de frutos por planta e a produção total foram afetados negativamente
pela salinidade da água de irrigação a partir de 1,72 e 1,65 dS m
-1
, respectivamente. A
fitomassa fresca média do fruto (castanha+pedúnculo), da castanha e do pedúnculo, além
do comprimento e do diâmetro médio do pedúnculo, decresceram linearmente com o
aumento da salinidade da água de irrigação a partir de 0,8 dS m
-1
. A salinidade da água de
irrigação de até 2,98 dS m
-1
proporcionou aumento no
o
Brix do suco dos pedúnculos.
PALAVRAS-CHAVE: Anacardium occidentale, irrigação, salinidade
SENSITIVITY OF THE PRECOCIOUS DWARF CASHEW TO SALINE STRESS
IN DIFFERENT PHENOLOGICAL PHASES
ABSTRACT
The States of Ceará, Piauí and Rio Grande do Norte are responsible for more than 97% of
the cashew production in Brazil, turning the cashew crop an activity of great importance
for the Northeast Brazil, area prone to salinity problems. It is well known that salinity is a
limiting factor for the growth and revenue of the crops by virtue of the salinity level of
irrigation water and/orof the application time. The study was conducted in a protected
atmosphere of the Department of Agricultural Engineering of the Federal University of
Campina Grande, PB, with the objective to study the sensitivity of the precocious dwarf
cashew (clone CCP76) to the saline stress in different phenological phases. The treatments
consisted of the combination among four levels of electric conductivity of the irrigation
water (ECw) (ECw: 1.6, 2.4, 3.2 and 4.0 dS m
-1
) and three application times (A - from
transplanting to the beginning of the flowering; B - from flowering to the beginning of the
formation of fruits and C - from beginning of the formation of fruits up to the end of the
fruity phase of the first year production cycle), starting from the 330 days , besides the
level of 0.8 dS m
-1
of salinity, that was applied without varying during the studies, at
interval of 30 days growth evaluations of seedings. The plants submitted to the saline stress
in the initial phase of development had a growth less than those stressed in the flowering
and in the fruiting phase. The levels of salinity of the irrigation water inhibited the plant
height, stem diameter, number of leaves and the leaf area significantly, with larger
intensity in the leaf area and smaller in the stem diameter. The precocious dwarf cashew is
moderately sensitive to salinity of the water in the pre-flowering and fruiting phase, with
values of threshold of the water salinity of 1.37 and 1.75 dS m
-1
, respectively, for a
maximum reduction of the leaf area and for 90% of phytomass of the fruit (cashew nut and
fruit). The levels and the times of application of saline waters exercised significant effects
in the amount and in the quality of production of the cashew. The number of fruits per
plant and the total production was negatively affected by the salinity of the irrigation water
starting from 1.72 and 1.65 dS m
-1
, respectively. The mean fresh phytomass of the (cashew
nut and fruit), besides the length and of the medium diameter of the cashew nut and fruit
decreased linearly with the increase of the salinity of the irrigation water starting from 0.8
xviii
dS m
-1
. The salinity of the irrigation water up to 2.98 dS m
-1
increased the amount of
soluble solids
o
Brix in the juice of the cashew fruit.
KEY-WORDS: Anacardium occidentale, irrigation, salinity
1. INTRODUÇÃO
O cajueiro, classificado botanicamente como Anacardium occidentale L.,
pertence à família Anacardiaceae; a ela pertencem cerca de 60 a 70 gêneros e 400 a 600
espécies; dos tipos genéticos mais conhecidos se destacam o ‘cajueiro comum’ e o
‘cajueiro anão precoce’ (LIMA, 1988). Originário provavelmente da região Amazônica, o
tipo anão precoce apresenta características botânicas, fisiológicas e agronômicas que o
diferenciam do cajueiro do tipo comum, tais como porte baixo, precocidade (inicia o
florescimento aos 6 meses após plantio de mudas enxertadas), período de floração e
produtivo mais longo,além de menor variabilidade de fruto e pedúnculo (LIMA, 1988).
O cultivo do caju é uma atividade de maior importância econômica e social
para o Nordeste brasileiro, pois, além de empregar grande contingente de pessoas,
participa, de forma expressiva, na geração de divisas externas. No Brasil, a atividade se
concentra na região Nordeste, sobressaindo o Ceará, o Piauí e o Rio Grande do Norte como
os maiores produtores de castanha de caju, responsáveis por mais de 97% da produção
interna; segundo dados do IBGE, até agosto de 2000 aqueles Estados produziram 162,4 mil
toneladas de castanha, proporcionando uma exportação, até julho do mesmo ano, de 19 mil
toneladas de amêndoas, principal produto do cajueiro, gerando divisas para o País da
ordem de 100 milhões de dólares (AGRIANUAL, 2001). Além da amêndoa, o óleo e o
suco do caju também encontram mercados em expansão constante, enquanto o pedúnculo,
devido ao seu fino sabor e ao elevado teor de vitamina C (cinco vezes superior ao das
frutas cítricas), tem todas as condições de ampliar sua penetração no mercado de frutas de
mesa (AGRIANUAL, 2000).
2
Em sua maioria, os pomares de cajueiro são implantados em regime de
sequeiro, com base na possibilidade de que a planta possa ser cultivada sob condições de
extrema adversidade hídrica, o que resulta em produtividade média baixa, inferior a 220 kg
ha
-1
de castanha (BARROS et al., 2000). Após a obtenção de clones via melhoramento
genético como o caju anão precoce e com a utilização de irrigação localizada, este quadro
começa a mudar, obtendo-se produtividades superiores a 3.000 kg de castanha por hectare
(EMBRAPA, 2004). Neste contexto, cresceram as perspectivas de utilização da irrigação
para aumento da produtividade, menor risco de exploração, ampliação do período de
colheita e melhoria da qualidade da castanha e do pedúnculo; no entanto o uso inadequado
da irrigação em áreas semi-áridas, predominantes no Nordeste brasileiro, tem ocasionado
salinização de solos (AUDRY & SUASSUNA, 1995).
A salinidade do solo tem se constituído em um dos mais sérios problemas
para a agricultura irrigada em diversas partes do mundo. Estima-se, em nível global, que
cerca de 30% de toda a área irrigada afetada por sais ou por problemas associados e,
anualmente, de 1 a 2% dessas áreas abandonadas em virtude desses problemas (FAO.
2002). No Brasil, são aproximadamente nove milhões de hectares de solos afetados por
sais, incluindo as áreas naturalmente salinas, visto que as áreas irrigadas são bem menores,
cobrindo sete Estados, com destaque para a Bahia responsável por 44% do total, seguido
do Ceará, que representa 25,5% (PEREIRA et al., 1984).
A salinidade reduz o crescimento e o desenvolvimento das plantas pelo
efeito osmótico, ocasionando estresse hídrico, e por problemas de íons específicos
(SHANNON, 1997). O estresse salino representa um dos mais sérios fatores que limitam o
crescimento e a produção das culturas, induzindo modificações morfológicas, estruturais e
metabólicas em plantas superiores (IZZO et al., 1991). Maas & Hoffmann (1977) e Maas
(1986), todavia, reportam a existência de uma grande variabilidade de comportamento
entre as culturas em relação aos limites de tolerância à salinidade; dentro de uma mesma
espécie pode haver variações entre genótipos e, ainda, para um mesmo genótipo, o nível de
tolerância pode variar entre fases de desenvolvimento.
Ante a inviabilidade econômica e ambiental do uso de lixiviação ou da
utilização de corretivos para se manter em nível baixo a salinidade do solo e da
indisponibilidade de água de boa qualidade para irrigação, são necessários estudos de
cultivares tolerantes e/ou pesquisas que visem à identificação da sensibilidade aos sais em
3
diferentes períodos fenológicos, de forma que, em certas ocasiões, possam ser utilizadas
águas de qualidade inferior, em função de cultivares e de fases fenológicas menos sensíveis
ao estresse salino. Apesar da relevância socioeconômica da cajucultura para o Nordeste e
da importância de ser desenvolvido manejo para o cultivo de caju em condições de
salinidade, poucos trabalhos de pesquisa foram realizados com esta frutífera (FERREIRA
et al., 2000; VIÉGAS et al., 2001; CARNEIRO et al., 2002; CARNEIRO et al., 2004),
todos eles investigando os efeitos da salinidade na formação de porta-enxertos. Vale
salientar que apenas dois trabalhos foram encontrados (MEIRELES, 1999; BEZERRA et
al., 2002) abrangendo a fase de enxertia do cajueiro mas se restringindo à formação de
mudas enxertadas.
2. OBJETIVOS
2.1. Geral
Estudar a viabilidade do cultivo de caju irrigado com águas salinas no
primeiro ano de ciclo de produção, a partir de mudas enxertadas, e identificar a
sensibilidade de plantas de cajueiro ao estresse salino, em diferentes fases de
desenvolvimento.
2.2. Específicos
Registrar as fases de desenvolvimento em que o cajueiro é mais tolerante ao
estresse salino, viabilizando a utilização de águas com condutividade elétrica mais alta.
Desenvolver estratégia de manejo para uso de água salina na irrigação no
primeiro ano de ciclo de produção do cajueiro.
Avaliar os efeitos da salinidade da água sobre o crescimento, a produção e a
qualidade de frutos e de pseudofrutos de cajueiro, no primeiro ano de ciclo.
Estudar a evolução da salinidade do solo, em função da qualidade da água
de irrigação, durante o período experimental.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. A cultura do Cajueiro
O cajueiro, botanicamente classificado como Anacardium occidentale L.,
pertence à família Anacardiaceae, espécie nativa da costa norte do Brasil, hoje espalhada
por toda a América Tropical e Antilhas e até, subespontaneamente, em várias zonas da
África e da Ásia. Pertencem a esta família cerca de 60 a 70 gêneros e 400 a 600 espécies
(LIMA, 1988).
Busca-se, para o cajueiro, um tipo genético que permita a exploração
racional e com mais viabilidade econômica, através dos modernos sistemas de produção
desenvolvidos para as frutíferas, nos quais se utilizam plantas de porte baixo para plantios
adensados, precoces e com grande potencial produtivo, associado à qualidade do produto,
com o objetivo de se alcançar altas produções em menor espaço de tempo. Dos tipos
varietais mais conhecidos se destacam o ‘cajueiro comum’ e o ‘cajueiro anão precoce’
(LIMA, 1988).
Originário provavelmente da região Amazônica, o tipo anão precoce,
também conhecido por cajueiro de seis meses, cajueiro precoce, cajueiro de seis meses do
Ceará e cajueiro do Ceará, apresenta características botânicas, fisiológicas e agronômicas
que o diferenciam do cajueiro do tipo comum, tais como porte baixo, precocidade (inicia o
florescimento dos 6 aos 18 meses), período de floração e produtivo mais alongado, e
menor variabilidade de fruto e pedúnculo (LIMA, 1988). A altura média não ultrapassa 4
m e o diâmetro médio de copa varia entre 6 e 8 m. O sistema radicular se constitui de uma
raiz axial pivotante e de uma malha lateral superficial, com cerca de 82% das raízes laterais
6
localizadas nos primeiros 30 cm de profundidade do solo. O caule é ereto e se ramifica
próximo ao solo, formando uma copa compactada, enquanto que as folhas são simples,
caducas, ovaladas, onduladas, inteiras, alternas, glabras e pecioladas, medindo de 10 a 20
cm de comprimento por 6 a 12 cm de largura, tendo coloração roxo-avermelhada que se
torna verde-amarelada com o avanço da idade (BARROS, 1995; CENTEC, 2004).
Dois tipos de flores são observadas no cajueiro: as masculinas e as
hermafroditas, na proporção de 6:1, respectivamente, agrupadas em inflorescências do tipo
panícula (COSTA, 1986). As flores são pequenas, de coloração branca tornando-se, logo
após a abertura, pálido avermelhadas. O percentual de frutificação, em relação à
quantidade de flores hermafroditas produzidas, é muito baixo e quando ocorre fertilização,
o pedicelo da flor fica avermelhado e, cerca de uma semana depois, o verdadeiro fruto
(castanha) se torna visível. Por volta da quinta semana o fruto cessa seu crescimento e
começa a diminuir até a completa maturação, atingindo 73 a 77% do tamanho máximo;
este desenvolvimento da fecundação do ovário à maturação do fruto, se dá entre 50 e 55
dias (COSTA, 1986; CENTEC, 2004).
O cajueiro anão precoce é uma planta característica de clima tropical,
cultivado em regiões com pluviosidade compreendida entre 750 a 1500 mm, distribuídos
em um período de 5 a 7 meses, com estação seca bem definida. A planta tem melhor
desenvolvimento e produção em temperaturas médias de 32
o
C (máxima) e 20
o
C (mínima),
sendo sensível ao frio e à geadas; é tolerante quanto à umidade relativa, embora valor
acima de 80%, no período reprodutivo, comprometa a produção e a qualidade da castanha.
Os solos indicados para o cultivo do cajueiro anão-precoce são profundos, bem drenados,
com relevo plano e suave ondulado; a textura média em todo o perfil, arenosa na superfície
e média nos horizontes subseqüentes, oferece as melhores condições físicas (PARENTE,
1991, citado por MEIRELES, 1999). O cajueiro anão precoce, quando cultivado sob
condições de irrigação, apresenta um aumento na produtividade média em castanha, de 367
kg ha
-1
ano
-1
em condições de sequeiro para 4.601 kg ha
-1
ano
-1
(PAULA PESSOA et al.,
1998).
Como a cultura se tornou importante do ponto de vista comercial, o cajueiro
foi levado para diferentes regiões do mundo, caracterizado pelos tipos climáticos de
Köppen, Af, Am, Aw, BSh e BWh. Em termos comparativos, todos os tipos de clima ‘A’ se
7
encontram no Brasil, dentro da região da qual o cajueiro é nativo. Os climas Aw,
caracterizados por uma estação seca definida, predominam nas áreas mais vastas, tanto no
Brasil como em outros países para onde o cajueiro foi levado (EMBRAPA/CNPAT, 1993).
Os limites de altitude aos quais o cajueiro pode se adaptar estão
correlacionados com a latitude, uma vez que a cultura é sensível às baixas temperaturas e
às geadas. Segundo Barros et al. (1984), citados por Lima (1988), a maior concentração de
cajueiros se encontra nas faixas costeiras, cuja altitude não ultrapassa 600 m, a qual pode
ser considerada o limite máximo para explorações econômicas da cultura.
O cajueiro se caracteriza por apresentar crescimento intermitente, cuja
periodicidade pode manifestar-se em diferentes níveis de intensidade nas diversas fases do
crescimento e desenvolvimento da planta, como queda de folhas, fluxo foliar, floração e
frutificação; essas fases fenológicas, apesar de inter-relacionadas, podem apresentar
exigências diferentes com relação aos fatores ambientais (LIMA, 1988). Em estudos
realizados em Pacajus, Ceará (PARENTE, 1981 e FROTA et al., 1985, citados por LIMA,
1988), ficou evidenciado que no cajueiro podem ocorrer oscilações periódicas acentuadas
em diferentes fases de seu crescimento e desenvolvimento, que parecem ser controladas,
em larga escala, por fatores climáticos.
3.2. Qualidade da Água de Irrigação
Muito embora a irrigação venha sendo praticada há milênios, a importância
da qualidade da água só começou a ser reconhecida a partir do início do século passado
(WILCOX & DURUM, 1967; SHAINBERG & OSTER, 1978; ARAGUEZLAFARGA,
1982). Segundo AYERS & WESTCOT (1999), a desatenção a este aspecto se deveu à
abundância de fontes de água que, no geral, eram de boa qualidade e de fácil utilização;
esta situação, porém, está mudando em muitos lugares, em decorrência de aumento do
consumo, tendo-se que recorrer ao uso de águas de qualidade inferior, tornando-se
necessários cuidados qualitativos em sua utilização.
Todas as águas naturais contêm sais solúveis em quantidades e proporções
variáveis, independentemente de sua origem; assim, qualquer adição de água ao solo, quer
seja por ascensão capilar do lençol freático ou por irrigação, implica, necessariamente, na
adição de sais ao perfil. Portanto, se não for manejada corretamente, a água de irrigação,
8
mesmo de baixa salinidade, poderá tornar-se importante fator de salinização do solo
(Reeve & Fireman, 1967; Molen, 1974; Pizarro, 1985).
Segundo Doneen (1975), Shalhevet & Kamburov (1976) e Medeiros (1992),
a água de irrigação apresenta, na maioria das vezes, composição química constituída de
sais de sódio, cálcio, magnésio e potássio, na forma de cloretos, sulfatos, bicarbonatos e
carbonatos, os quais podem apresentar diferentes proporções, dependendo da fonte de
água, de sua localização geográfica, época de coleta, etc. Porém, apesar de diversos fatores
influenciarem a quantidade e composição de sais das águas utilizadas em irrigação, as
variações não são muito acentuadas em uma determinada região (MEDEIROS, 1998).
De acordo com Leprun (1983), nas condições do Nordeste Brasileiro a
composição iônica média das diferentes fontes é a seguinte: Na>Ca>ou<Mg>K e
Cl>HCO
3
>SO
4
, tendo as águas de açudes e poços uma relação Ca/Mg>1, ao passo que
para as de cacimbões e rios este valor é menor que 1.
Conforme Wilcox & Durum (1967), a adequabilidade da água para irrigação
depende tanto de sua própria qualidade quanto de fatores relacionados com as condições de
uso; desta forma, uma mesma classe de água de irrigação pode ser considerada
perfeitamente adequada para certos tipos de solo ou de cultura e inadequada para outros
(HOORN, 1971).
Além das características físico-químicas da água, outros fatores devem ser
levados em consideração e analisados em conjunto, quando de sua avaliação e
recomendação de uso para irrigação. Entre esses fatores podem ser apontados o manejo da
irrigação e drenagem, as características do solo, a tolerância à salinidade das culturas a
serem exploradas e as condições climáticas locais (LOGAN, 1965; PALACIOS &
ACEVES, 1970; RHOADES, 1972; KOVDA et al., 1973; CHRISTIANSEN et al., 1977;
FRENKEL, 1984).
De modo geral, na avaliação de sua qualidade para irrigação, a água deve
ser analisada em relação a cinco parâmetros básicos: concentração total de sais solúveis
(salinidade); proporção relativa de sódio em relação ao cálcio e magnésio (sodicidade);
concentração de elementos tóxicos; concentração de carbonatos e bicarbonatos, além do
aspecto sanitário (BERNARDO, 1995). O efeito principal da salinidade é de natureza
osmótica, podendo afetar diretamente o rendimento das culturas. A sodicidade se refere ao
9
efeito relativo do sódio da água de irrigação, tendendo a elevar a percentagem de sódio
trocável no solo (PST), com danos nas propriedades físico-químicas, provocando
problemas de infiltração. A toxicidade diz respeito ao efeito específico de certos íons sobre
as plantas, afetando o rendimento, independentemente do efeito osmótico. Em alguns
casos, o efeito iônico pode manifestar-se na forma de desequilíbrio nutricional
(HOLANDA & AMORIM, 1997).
As determinações mais usuais das águas para irrigação são: acidez (pH);
condutividade elétrica (CE); teores de cálcio, magnésio, sódio, potássio, cloreto, sulfato,
carbonato, bicarbonato e boro; total de sólidos dissolvidos (TSD); relação de adsorção de
sódio (RAS); percentagem de sódio solúvel (%Na); soma de cátions e soma de ânions
(BERNARDO, 1995; HOLANDA & AMORIM, 1997).
Usualmente, a água de irrigação é classificada em relação a três parâmetros,
o primeiro dos quais relacionado ao risco de salinidade vindo, depois, o de sodicidade ou
de problemas de infiltração e, por último, o risco de toxicidade por íons específicos
(AYERS & WESTCOT, 1991). Medeiros & Gheyi (1994) enfatizam a necessidade do
desenvolvimento de um sistema de classificação de água, próprio para as condições
brasileiras, como medida para se ter um prognóstico seguro de seu efeito quando usada em
irrigação; enquanto isto não ocorre, os autores sugerem que, para classificação quanto à
salinidade, seja utilizada a proposição do UCCC (University of California Committee of
Consultants), citada em FRENKEL (1984) e PIZARRO (1985), por não ser tão
conservadora como a de RICHARDS (1954) e, tampouco, genérica, como a de AYERS &
WESTCOT (1991). Com respeito à sodicidade ou aos problemas de infiltração e à
toxicidade iônica, as diretrizes apresentadas por AYERS & WESTCOT (1991) são
adequadas; as referidas proposições de classificação quanto ao risco de salinidade e
sodicidade, se encontram nas Tabelas 1 e 2, respectivamente, e as diretrizes com respeito à
toxicidade iônica, na Tabela 3.
Tabela 1. Classificação de água de irrigação quanto ao risco de salinidade
Richards (1954)
UCCC
1
Ayers & Westcot (1991)
Classe de
salinidade
Faixas de CEa
(dS m
-1
)
Risco de
salinidade
Faixas de CEa
(dS m
-1
)
Problema de
salinidade
C
1
< 0,25 < 0,75 Baixo < 0,7 Nenhum
C
2
0,25 - 0,75 0,75 - 1,50 Médio 0,7 - 3,0 Moderado
C
3
0,75 - 2,25 1,50 - 3,00 Alto > 3,0 Severo
C
4
> 2,25 > 3,00 Muito alto - -
1
Citada por Holanda & Amorim (1997)
10
Tabela 2. Riscos de problemas de infiltração no solo causados pela sodicidade da água
Grau de restrição
RAS (mmol
c
L
-1
)
0,5
Nenhum Ligeira e moderada Problemas severos
--------------------------------------- CEa (dS m
-1
) -------------------------------------
0 - 3 > 0,7 0,7 - 0,2 < 2,0
3 - 6 > 1,2 1,2 - 0,3 < 0,3
6 - 12 > 1,9 1,9 - 0,5 < 0,5
12 - 20 > 2,9 2,9 - 1,3 < 1,3
20 - 40 > 5,0 5,0 - 2,9 < 2,9
Fonte: Ayers & Westcot (1999)
Tabela 3. Riscos de toxicidade de sódio, cloreto e boro na água de irrigação
Grau de restrição para uso
Íon específico
(afeta culturas sensíveis)
Unidade
Nenhum Ligeira a moderada Severa
Sódio, irrigação por superfície RAS < 3 3 – 9 > 9
Sódio, irrigação por aspersão mmol
c
L
-1
< 3 > 3 -
Cloreto, irrigação por superfície mmol
c
L
-1
< 4 4 – 10 > 10
Cloreto, irrigação por aspersão mmol
c
L
-1
< 3 > 3 -
Boro mg L
-1
< 0,7 0,7 – 3,0 > 3,0
Fonte: Ayers & Westcot (1999)
3.3. Efeito da Salinidade sobre as Plantas
Quanto aos efeitos sobre as plantas, a salinidade se refere às concentrações
elevadas de sais solúveis, que afetam as propriedades da solução do solo na qual as raízes
estão expostas, especificamente reduzindo o potencial osmótico (WYN JONES &
GORHAM, 1983, citados por LÄUCHLI & EPSTEIN, 1990), enquanto a sodicidade diz
respeito, em particular, à elevada concentração de íons trocáveis de Na
+
no solo, em
relação a outros elementos, principalmente o Ca
++
e o Mg
++
. A distinção entre salinidade e
sodicidade é pertinente; todavia, o termo salinidade é freqüentemente usado como
genérico, abrangendo ambas as condições (LÄUCHLI & EPSTEIN, 1990).
A salinidade exerce uma variedade de efeitos sobre o desenvolvimento das
plantas e na qualidade da produção, dependendo de fatores como natureza e quantidade de
sais solúveis, espécie, cultivar e sua tolerância à salinidade, estádio de desenvolvimento da
cultura e condições atmosféricas, devido aos seus efeitos na taxa de evapotranspiração,
além do manejo de irrigação (INGVALSON et al., 1976; KORKOR & HILLAL, 1976).
Os sais podem afetar o desenvolvimento das plantas em razão da sua
concentração na solução do solo, elevando a pressão osmótica e reduzindo a
disponibilidade de água para os vegetais, podendo haver, também, efeito tóxico de íons
11
específicos, como sódio, cloreto e boro, dentre outros, que causam sintomas característicos
de injúria, associados à acumulação do íon específico na planta (RICHARDS, 1954).
TAYER (1987) cita três formas de ação dos sais sobre as plantas: supressão
geral no crescimento, supressão causada pelo desbalanceamento nutricional dos íons
essenciais e por íons de natureza tóxica. Relata que os mecanismos de supressão geral no
desenvolvimento das plantas, resultantes da salinidade, são devidos ao seu efeito direto na
síntese do RNA e na redução da divisão celular e/ou alongamento das células, causados
pela diminuição da água disponível para a planta e, também, aos efeitos específicos, como
o desbalanceamento nutricional de íons essenciais e a absorção de íons de natureza tóxica.
A sodicidade ocorre devido à concentrações elevadas de íons Na
+
, em
relação aos íons de Ca
++
e Mg
++
, afetando o desenvolvimento radicular das plantas por
alterar as propriedades físico-hídricas do solo, reduzindo a sua permeabilidade em
decorrência da compactação, em condições secas, causando dispersão e floculação, em
condições molhadas (LIMA, 1997).
A salinidade pode, ainda, interferir positivamente no crescimento de
algumas plantas e em sua qualidade. Pode promover o crescimento de halófitas e pode,
também, aumentar o rendimento ou qualidade dos cultivos (PASTERNAK, 1987); a
salinidade moderada pode aumentar os rendimentos de algodão (PASTERNAK et al.,
1979), elevar a concentração total de sólidos solúveis em tomates (RUSH & EPSTEIN,
1981) e melão (PORTO FILHO, 2003), uma característica de qualidade, e aumentar a
tolerância dos citros a geadas (SYVERTSEN & YELENOSKY, 1988).
3.3.1. Efeito de natureza osmótica
As plantas absorvem a água do solo quando as forças de embebição dos
tecidos das raízes são superiores às forças de retenção da água, exercidas pelo solo.
Qualquer aumento no conteúdo de sais do solo provoca decréscimo no potencial osmótico
da solução; assim sendo, níveis de salinidade elevados no solo reduzem o potencial
osmótico de sua solução e, em conseqüência, o potencial hídrico e, por conseguinte, a
disponibilidade de água para as plantas (MENGUEL & KIRKBY, 1987; RHOADES &
LOVEDAY, 1990).
12
Segundo Epstein (1972) e Menguel & Kirkby (1987), as células do tecido
radicular das plantas sob condições salinas são impedidas de absorver água do substrato ou
o fazem a uma velocidade muito lenta, devido à inibição osmótica imposta pela elevada
concentração salina da solução do solo.
O efeito da salinidade nas plantas aparece, inicialmente, no desvio de
energia do processo de crescimento para manter o potencial osmótico. Um dos primeiros
processos dos quais a energia é desviada é a elongação celular. A ocorrência de mais
células por unidade de área faz com que apareça, em cor verde escura, sintoma típico de
planta estressada osmoticamente (BOHN et al., 1979).
Algumas diferenças em relação ao crescimento das plantas, quando se
compara um sal com outro, indicam que, além do efeito osmótico, ocorre efeito específico
de íon, como reportado por Ryan et al. (1975), citados por Souza (1990), que, estudando o
efeito de diferentes sais (NaCl, CaCl
2
, MgCl
2
, Na
2
SO
4
, CaSO
4
.2H
2
O e MgSO
4
.7H
2
O) em
várias concentrações (50, 100, 150 e 200 mmol
c
L
-1
) na germinação de quatro espécies de
gramínea, verificaram que a percentagem de germinação foi influenciada tanto pela
concentração de sais como pela natureza dos íons da solução salina; também KRAMER
(1983) reporta que as injúrias visíveis nos órgãos vegetais, a redução no desenvolvimento e
as mudanças internas são mais diretamente relacionadas ao aumento da concentração
iônica (sais) interna na planta e à sua composição iônica.
3.3.2. Efeito de natureza tóxica ou específica
Enquanto os problemas osmóticos são causados pela alta concentração de
sais na solução do solo, a origem dos problemas de toxicidade se deve à uma concentração
elevada de um cátion ou ânion específico ou à uma composição salina desfavorável na
solução do solo (SMEDEMA & RYCROFT, 1988).
Comumente, os problemas de toxicidade surgem quando certos íons,
constituintes do solo ou da água, são absorvidos pelas plantas e acumulados em seus
tecidos, em concentrações suficientemente altas (tóxicas) para provocar danos e reduzir
seus rendimentos (AYERS & WESTCOT, 1991). Condições específicas reinantes em solos
salinos e/ou sódicos podem afetar, notadamente, diferentes processos metabólicos das
plantas, como assimilação de CO
2
, fotossíntese, síntese de proteínas, respiração, relações
13
hídricas, reações enzimáticas e conversão de fitohormônios (STROGONOV, 1964; MEIRI
& SHALHEVET, 1973; BERNSTEIN, 1975; SHANNON, 1979; MENGUEL &
KIRKBY, 1987).
O efeito prejudicial da toxicidade de sais no desenvolvimento das culturas é
variável, dependendo do tipo e da concentração de íons envolvidos e da espécie ou
variedade vegetal (STROGONOV, 1964). Em geral, os danos em culturas sensíveis
ocorrem em concentrações iônicas relativamente baixas e se manifestam como
queimaduras nas bordas e clorose na área internerval das folhas e, se a acumulação de íons
chegar a ser suficientemente elevada, produzirá redução significativa nos rendimentos
(AYERS & WESTCOT, 1999).
De acordo com Ayers & Westcot (1999), a toxicidade mais freqüente é a
provocada pelo cloreto contido na água de irrigação, seguido do sódio e boro; entretanto,
outros elementos podem tornar-se tóxicos às plantas, mesmo em concentrações
relativamente baixas. Segundo Allison (1964), Bernstein (1974), Bresler et al. (1982),
Bohn et al. (1985), Rhoades & Loveday (1990), íons como sulfato, bicarbonato, carbonato,
cálcio, magnésio, potássio, nitrato e lítio, quando em concentrações suficientemente
elevadas, são igualmente tóxicos.
Segundo Läuchli & Epstein (1990), problemas de toxicidade em plantas
lenhosas podem ocorrer, mesmo sob concentrações moderadas de alguns íons. Bernstein
(1965) registrou danos severos em folhas de várias frutíferas causados pelo sódio e cloreto;
relata que as frutíferas possuem pouca habilidade para excluir sódio e cloreto das folhas e,
aliado ao fato de serem culturas perenes, o que lhes confere um longo tempo de exposição,
sofrem freqüentemente problemas de toxicidade, até mesmo sob condições de salinidade
moderada. O excesso de sódio resulta em danos, principalmente nas folhas mais velhas,
como queimaduras iniciais ao longo das bordas, podendo evoluir para toda a folha
causando necrose. De acordo com Biggar (1984) citado por Lima (1997), os sintomas
aparecem nas plantas sensíveis quando o teor de sódio atinge 0,25% (em peso).
Os sintomas de toxicidade também podem ocorrer quando as folhas, ao
serem molhadas durante a aplicação de água por aspersão, absorvem íons tóxicos, sendo o
sódio e o cloreto os principais íons absorvidos via foliar, salientando-se que a toxicidade
14
resultante da acumulação desses íons, em conjunto ou separadamente, pode causar
problemas para as culturas sensíveis (AYERS & WESTCOT, 1999).
3.3.3. Efeito de natureza nutricional
Um outro mecanismo de injúrias em plantas causado por sais envolve o
desbalanço nutricional; com destaque para a toxicidade por bicarbonato em muitos
ambientes salinos, resultando na redução da disponibilidade de ferro em alto pH, comuns
em solos com alta concentração de bicarbonato. A necessidade nutricional da planta pode
variar com o tipo de sal presente; por exemplo, altos níveis de sódio levam à deficiência de
cálcio e magnésio; sais ricos em magnésio podem acarretar deficiência de cálcio; altos
níveis de pH podem acentuar a deficiência de micronutrientes (BOHN et al., 1979).
O desequilíbrio nutricional pode resultar do efeito da salinidade na
disponibilidade de nutrientes, competição nos processos de absorção, transporte,
disponibilidade de nutrientes, competição nos processos de absorção ou distribuição na
planta ou pode ser causado por inativação fisiológica de dado nutriente, resultando em
aumento do requerimento interno por elementos essenciais (GRATTAN & GRIVE, 1999,
citado por FERNANDES, 2000).
Elevadas concentrações de sódio e/ou cloreto na solução do solo podem
reduzir a atividade iônica e provocar relações extremas desses elementos com os
macronutrientes, tornando a planta susceptível a um dano osmótico, como também a
desordens nutricionais que podem levar a uma perda de rendimento e de qualidade
(GRATTAN & GRIVE, 1999, citados por FERNANDES, 2000).
Altas concentrações de sódio na solução do solo podem afetar o crescimento
e desenvolvimento das plantas, indiretamente, através de seu efeito sobre as características
físicas do solo ou na disponibilidade de outros elementos; por exemplo, quando no extrato
de saturação do solo há teores apreciáveis do íon carbonato, o pH do solo poderá alcançar
valores tão altos, como 10 (GHEYI et al., 1991), sendo que, nessas condições, a
disponibilidade de vários elementos essenciais às plantas (Cu, Fe, Mn, Zn) é reduzida
(BRADY & BUCKMAN, 1983), influenciando o seu crescimento, não diretamente pelo
íon carbonato mas por seu efeito no pH do solo.
15
De acordo com Rains & Epstein (1967), em ambientes salinos onde o sódio
predomina em relação ao potássio, a exigência nutricional da planta quanto a este nutriente
(K) pode ficar prejudicada. Estudos conduzidos por Ball et al. (1987), com Avicennia
marina, mostram que, apesar desta espécie possuir alto grau de seletividade e mecanismo
de transporte de K, ainda assim pode mostrar evidências de deficiência potássica induzida
pela salinidade.
Segundo Fageria (1989), através de resultados obtidos no Centro Nacional
de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF), em relação aos teores de P, K e Na em 11
cultivares de arroz sob vários níveis de salinidade, os teores de P e de K na parte aérea das
plantas diminuíram com o aumento dos níveis de salinidade, enquanto o teor de Na
aumentou, com reflexos negativos sobre a produção, cujos resultados mostram que o
desbalanço nutricional é uma das razões para a diminuição da produção em solos salinos.
Bernstein & Hayward (1958) observaram que o feijão e algumas variedades
de cenoura podem restringir a absorção de potássio quando as concentrações de cálcio são
elevadas. Bernstein (1964) verificou que o milho requer nível elevado de cálcio, sob
condições salinas, para uma nutrição adequada desse elemento. Ansari et al. (1978)
verificaram, utilizando duas cultivares de trigo, aumento dos teores de fósforo e sódio na
matéria seca com aumento da concentração salina, enquanto diminuíam os teores de
potássio e cálcio.
Estudos realizados por Epstein (1961), Läuchli & Epstein (1970) e por
Kramer et al. (1988) demonstraram que íons de sódio geralmente causam distúrbios na
nutrição de cálcio; altas concentrações de sódio no meio, em relação a cálcio, tendem a ser
danosas; desordens nutricionais que envolvem outros elementos podem estar relacionadas
aos efeitos de salinidade sobre o transporte e metabolismo de cálcio; quando são altas as
concentrações externas de cálcio, os efeitos da salinidade podem ser amenizados;
concentrações inadequadas de cálcio podem afetar negativamente as funções da membrana
e o crescimento da planta, em questão de minutos. Os efeitos variam com os genótipos.
O excesso de um íon pode provocar deficiência de outro em virtude da
precipitação (por exemplo, excesso de sulfato, carbonato e bicarbonato podem precipitar o
cálcio), afetando o crescimento da planta pela disponibilidade reduzida do elemento
precipitado e não pelo excesso do íon considerado (GHEYI et al., 1991).
16
De acordo com Kafkafi (1984), existem evidências de competição na
absorção entre nitrato e cloreto, de modo que um aumento na concentração de nitrato na
zona radicular pode inibir a absorção de cloreto pela planta; por outro lado, o nitrogênio
amoniacal reduz os teores de cálcio e magnésio na planta, diminuindo a permeabilidade
seletiva da membrana radicular, proporcionando aumento na absorção de cloreto, quando o
mesmo se encontra em concentração elevada no meio.
3.4. Tolerância das Plantas à Salinidade
Nem todas as culturas respondem igualmente à salinidade; algumas
produzem rendimentos aceitáveis em altos níveis de salinidade e outras são sensíveis a
níveis relativamente baixos; esta diferença se deve à melhor capacidade de adaptação
osmótica que algumas culturas têm, o que lhes permite absorver, mesmo em condições de
salinidade, quantidade suficiente de água; tal capacidade de adaptação é muito útil e
permite a seleção de culturas mais tolerantes e capazes de produzir rendimentos
economicamente aceitáveis, quando não se pode manter a salinidade do solo no nível
tolerado pelas plantas (AYERS & WESTCOT, 1999).
A tolerância das culturas ao estresse salino pode ser definida, em nível de
produção comercial, como a capacidade da planta de suportar os efeitos do excesso de sais
presentes na solução do solo, sem haver perdas significativas de seus rendimentos, quando
comparados com os rendimentos obtidos sob condições não salinas (MAAS, 1990).
Dada à grande variabilidade de comportamento existente entre as culturas
em relação aos limites de tolerância à salinidade, a adequabilidade da água é bastante
influenciada, variando desde as classes que se adequam para irrigação de culturas bastante
tolerantes a sais, como o algodão, até aquelas que podem não se adequar a culturas muitos
sensíveis, como as hortaliças e espécies frutíferas, em geral. Dentro de uma mesma espécie
pode haver variações entre variedades por adaptação ao meio em que se desenvolveram e,
ainda, para uma mesma variedade, o nível de tolerância pode variar entre estádios de
desenvolvimento (MAAS & HOFFMANN, 1977; MAAS, 1986).
Segundo Ayers & Westcot (1985), a tolerância à salinidade de algumas
culturas pode alcançar valores entre 8 e 10 vezes a tolerância de outras. A amplitude dessa
17
tolerância relativa permite maior uso das águas de salinidade moderada e aumenta a faixa
aceitável das águas salinas consideradas adequadas para irrigação.
De acordo com Maas & Hoffman (1977) e Maas (1984), praticamente todas
as culturas podem alcançar seu potencial máximo de rendimento quando a água de
irrigação tem salinidade menor que 0,7 dS m
-1
; portanto, as águas com este nível de
salinidade não têm nenhuma restrição de uso. Com a água de restrição ligeira a moderada
(0,7-3,0 dS m
-1
), todavia, pode-se obter o máximo de potencial quando se mantiver a
salinidade do solo dentro dos níveis de tolerância das culturas, por meio da lixiviação; nos
casos de culturas sensíveis e de águas de salinidade elevada, satisfazer uma necessidade de
lixiviação acima de 25 ou 30 % não é realmente prático devido à quantidade
excessivamente grande de água de que se necessitaria, casos em que se deve considerar a
alternativa de selecionar uma cultura de maior tolerância, que, conseqüentemente, requeira
fração de lixiviação menor.
Existem duas maneiras de se minimizar os problemas decorrentes da
salinidade: a) adotar práticas adequadas de manejo de solo e água para evitar ou reduzir ao
máximo o acúmulo de sais no perfil do solo e, com isto, proteger as plantas, ou seja,
melhorar o solo para sua adaptação; e b) selecionar adequadamente as espécies e cultivares
que possam produzir economicamente em condições salinas, isto é, melhorar as plantas
visando à sua adaptação ao solo (AYERS & WESTCOT, 1999).
Sob determinadas circunstâncias, entretanto, em que a água disponível para
irrigação é salina, a profundidade do lençol freático é rasa, a infiltração do solo é deficiente
e a drenagem não pode ser melhorada o suficiente para se evitar a acumulação de sais no
solo, torna-se difícil ou antieconômico, manter um nível de salinidade aceitável para a
cultura em exploração; neste caso, a única alternativa viável para o manejo bem sucedido
de solos afetados por sais é a seleção criteriosa de culturas que sejam, ao mesmo tempo,
mais tolerantes à salinidade, assim como possam produzir economicamente (RICHARDS,
1954; BERNSTEIN, 1958; CARTER, 1975; FOLLETT et al., 1981; FAGERIA et al.,
1981; DAHIVA et al., 1983; MAAS, 1984; FAGERIA, 1989; AYERS & WESTCOT,
1991).
Segundo Richards (1954), a tolerância de uma espécie ou cultivar à
salinidade pode ser avaliada de três maneiras: a) a tolerância pode ser considerada a
18
capacidade de sobrevivência da planta sob condições de elevada concentração salina,
considerando que uma espécie cultivada em solo com alta concentração de sais pode
crescer pouco ou não crescer, embora permaneça viva; assim, a capacidade de
sobrevivência de uma planta quando submetida a aumentos crescentes de sais, é uma
medida de tolerância à salinidade; b) a tolerância à salinidade pode ser considerada, do
ponto de vista da capacidade produtiva da planta, quando submetida a um dado nível de
salinidade; por exemplo, algumas cultivares de uma mesma espécie podem ser testadas em
um solo contendo certo nível de salinidade, sendo considerada a mais tolerante a cultivar
mais produtiva, critério largamente utilizado pelos pesquisadores, devido à sua importância
agronômica, para comparar cultivares de uma mesma espécie; e c) compara-se o
comportamento, em termos de produção relativa, de uma planta ou cultivar submetida a
certo nível de salinidade com o seu comportamento em solo não salino; caso em que a
tolerância pode ser avaliada em relação ao baixo, médio e alto níveis de salinidade; este é o
método mais criterioso visto que a comparação entre espécies é avaliada conforme
potencial inerente de cada cultivar.
3.4.1. Mecanismos de tolerância
As plantas tolerantes à salinidade, com algumas exceções, são designadas
plantas halófitas e sua tolerância pode atingir até cerca de 15 g L
-1
de cloreto de sódio,
equivalente à metade da concentração da água do mar. Essas plantas absorvem, por
exemplo, o cloreto de sódio em altas taxas e o acumulam em suas folhas para estabelecer
um equilíbrio osmótico com o baixo potencial da água presente no solo. Este ajuste
osmótico se dá com o acúmulo dos íons absorvidos nos vacúolos das células das folhas,
mantendo a concentração salina no citoplasma em baixos níveis, de modo que não haja
interferência com os mecanismos enzimáticos e metabólicos e com a hidratação de
proteínas das células (LIMA, 1997). Esta compartimentação do sal é que permite às plantas
halófitas, segundo Läuchi & Epstein (1984), viverem em ambiente salino.
Para este ajuste osmótico, não há fluxo de um compartimento para outro,
através da membrana que separa o citoplasma e o vacúolo, mesmo que seja elevado o
gradiente de concentração. Obtém-se o ajuste osmótico através de substâncias compatíveis
com as enzimas e os metabólitos ali presentes; esses solutos são, na maioria, orgânicos,
19
como compostos nitrogenados e, em algumas plantas, açúcares como o sorbitol (LÄUCHI
& EPSTEIN, 1984). As plantas sensíveis à salinidade tendem, em geral, a excluir os sais
na absorção da solução do solo mas não são capazes de realizar o ajuste osmótico descrito
e sofrem com decréscimo de turgor, levando-as ao estresse hídrico por osmose, já as
plantas muito sensíveis à salinidade também absorvem água do solo, juntamente com os
sais, causando toxidez na planta por excesso de sais absorvidos promovendo
desbalanceamentos e danos ao citoplasma, resultando em danos, principalmente na
bordadura e no ápice das folhas, a partir de onde a planta perde água por transpiração
havendo acúmulo do sal translocado do solo para a planta e, obviamente, intensa toxidez
de íons (BERNSTEIN, 1974).
Na medida em que a concentração salina da solução do solo aumenta, sua
pressão osmótica também aumenta, chegando a um momento em que as raízes das plantas
não têm a força de sucção necessária para vencer essa pressão osmótica e, em
consequência, não absorvem mais água do solo, razão pela qual o caráter de halofismo se
deve a adaptações morfológicas ou fisiológicas das plantas, que lhes permitem absorver
água de soluções com elevada pressão osmótica (PIZARRO, 1985).
Segundo Maas & Nieman (1978), o princípio de tolerância das plantas à
salinidade está fundamentado em mecanismos de adaptação de natureza morfológica e
fisiológica.
3.4.1.1. Mecanismo morfológico
Na medida em que a concentração salina aumenta acima de um limite
tolerável, a taxa de crescimento e o tamanho final da maioria das espécies de plantas
diminuem progressivamente (MAAS & HOFFMANN, 1977). Assim, um dos principais
efeitos negativos da salinidade é, sem dúvida, o aumento da resistência à absorção de água
pelas raízes das plantas (HAYWARD & SPURR, 1944).
Por outro lado, o mais evidente mecanismo da tolerância à salinidade é a
adaptação morfológica das plantas; portanto, nas espécies tolerantes ocorrem alterações
morfológicas e anatômicas para superar a deficiência hídrica. A mudança de estrutura
inclui redução do tamanho e número de folhas, diminuição do número de estômatos e
20
alteração na sua distribuição nas folhas, aumento na espessura da cutícula foliar e
diminuição da diferenciação e do desenvolvimento do tecido vascular (MAAS &
NIEMAN, 1978; SHANNON, 1979; FAGERIA, 1984; FAGERIA, 1989).
Quantos aos efeitos nos diferentes órgãos, a salinidade inibe menos
frequentemente, o crescimento das raízes que o da parte aérea, resultando em maior relação
raiz/parte aérea (EATON, 1942; BERNSTEIN & PEARSON, 1954; MEIRI &
POLJAKOFF-MAYBER, 1970; MAAS et al., 1972; MAAS & HOFFMANN, 1977;
SHANNON, 1979; FAGERIA, 1984; FAGERIA, 1989; VIANA, 2000; SOARES, 2001;
CARNEIRO et al., 2004); com isto, a planta aumenta a capacidade de absorção de água e
diminui a taxa de transpiração (FAGERIA, 1984; FAGERIA, 1989; CARNEIRO et al.,
2004); no entanto, Amorim (1994), Marinho (1996) e Souza (1999), trabalhando com
diferentes espécies vegetais, verificaram maior sensibilidade do sistema radicular;
portanto, nem todas as partes da planta são igualmente afetadas pela salinidade (MAAS &
HOFFMANN, 1977) e os efeitos variam tanto de espécie para espécie como de cultivar
para cultivar (FAGERIA, 1984; FAGERIA, 1989).
Mudanças morfológicas e anatômicas têm sido observadas em raízes de
glicófitas, submetidas a altas concentrações de sódio e baixas de cálcio: na região apical
das raízes de Pium sativum submetidas a essas condições se notaram pontos de curvatura,
constrição e afinamento; esses efeitos não foram observados quando a concentração de
cálcio foi aumentada (SHANNON et al., 1994).
3.4.1.2. Mecanismo fisiológico
A seleção baseada nos parâmetros fisiológicos pode resultar em maior
sucesso na obtenção de genótipos tolerantes à salinidade. Alguns trabalhos de revisão
publicados neste sentido (LÄUCHLI & EPSTEIN, 1990; NOBLE & ROGERS, 1992)
evidenciam que vários mecanismos de tolerância são envolvidos. Ainda mais, a
importância relativa de muitos mecanismos varia entre espécies de plantas (RUSH &
EPSTEIN, 1981) e entre cultivares da mesma espécie (YEO & FLOWERS, 1983). A
acumulação, a exclusão de íons e o ajustamento osmótico são os parâmetros fisiológicos
mais importantes.
21
Nas plantas em que a exclusão de sais é o principal mecanismo de tolerância
à salinidade, pode haver elevação na síntese de açúcares e aminoácidos ou na taxa de
absorção de potássio, cálcio ou nitrato (MIRANDA, 2000). Nas plantas inclusoras de sais,
o ajustamento osmótico se dá pelo acúmulo de sais nos tecidos foliares, principalmente
NaCl (FLOWERS, 1988). Em espécies natrofíticas, o sódio pode substituir o potássio na
regulação osmótica e em funções metabólicas, sendo que, nas inclusoras, a capacidade
vacuolar para acumular sódio e cloreto aumenta com o tamanho das células.
As halófitas acumulam certos íons inorgânicos em altas concentrações e se
utilizam deles para manter o potencial osmótico de tecidos abaixo do potencial hídrico
externo. Em muitas alicofíticas, a diferença entre cultivares tolerantes à salinidade é
associada ao baixo teor de absorção e à acumulação de Na
+
ou Cl
-
em toda a planta ou na
parte aérea. Neste caso, a tolerância é relacionada ao mecanismo de exclusão de íons.
Läuchli (1984) observou que a maioria das leguminosas responde à salinidade pela
exclusão de sais das folhas. Tolerância à salinidade em soja, alfafa e trigo é também
relacionada à exclusão de Na
+
e/ou Cl
-
da parte aérea (NOBLE & ROGERS, 1992); assim,
a seleção dessas espécies, com base de exclusão de Na
+
ou Cl
-
, pode ser um bom critério.
As plantas tolerantes à salinidade devem ser capazes de ajustar o potencial
osmótico, envolvendo tanto a absorção e a acumulação de íons como a síntese de solutos
orgânicos. Embora esses dois mecanismos tenham sido usados como base de classificação
de halofíticas (WAISEL, 1972), eles geralmente operam juntos. O mecanismo dominante
varia entre espécies de planta e, em alguns casos, entre partes da planta (FAGERIA &
GHEYI, 1997).
A contribuição relativa de vários íons no ajustamento osmótico depende do
mecanismo regulador do transporte de íons, como permeabilidade da membrana, cinética
de transporte, energia e seletividade. A taxa de absorção é variável de íon para íon e, por
isso, influencia o balanço iônico na planta. O Cl
-
contribui bem mais para o ajustamento
osmótico que o SO
-2
4
. Quando a salinidade consiste predominantemente de cátions
monovalentes e ânions bivalentes, como Na
2
SO
4
, a taxa de absorção de cátions é maior que
a de ânions; nesta situação, o balanço iônico é alcançado através da síntese e da
acumulação de ácidos orgânicos (MAAS & NIEMAN, 1978).
22
Segundo Fageria & Gheyi (1997), é possível que o mecanismo mais
importante para regular o potencial osmótico seja a absorção seletiva de íons. Plantas
tolerantes possuem capacidade de adquirir nutrientes essenciais na solução salina, em que a
concentração de íons não-essenciais (tóxicos) é muito maior que a de íons essenciais; por
exemplo, a concentração de Na
+
, em solução de solos salinos, é maior que a de K
+
;
entretanto, a relação Na/K em plantas que crescem nesse tipo de solo, é aproximadamente
um ou menos. Esta alta especificidade para absorção de K
+
está presente em várias
espécies de plantas (PITMAN, 1970, citado por FAGERIA & GHEYI, 1997).
Entre as halofíticas, classe de eualofíticas, as plantas se ajustam ao ambiente
salino pela acumulação de uma grande quantidade de sal, geralmente NaCl (WAISEL,
1972). Essas plantas possuem mecanismo de adaptação para alta concentração de sais pelo
aumento de suculência (exemplo: Salicornia herbacea), pelo acúmulo em partes menos
sensíveis (exemplo: Atriplex sp), pela secreção do excesso de sais de seus órgãos
(exemplo: Spartina alterniflora) ou por várias combinações desses mecanismos
(FAGERIA & GHEYI, 1997).
O custo do consumo de energia metabólica durante as reações de ajuste
osmótico ao estresse salino, pode ser deduzido pelo aumento da respiração. O crescimento
das plantas é quase que instantaneamente afetado pelo estresse salino, reduzindo
drasticamente suas taxas de crescimento, fato acompanhado de perda do turgor das células
e do relaxamento das tensões das paredes das mesmas devido a mudança na composição de
suas proteínas constituintes (CUSHMAN, 1990).
O conteúdo de água nas células diminui com o aumento de NaCl; em
algumas plantas, entretanto, a manutenção do turgor das células pelo ajuste osmótico não é
fator limitante do seu crescimento, como é o caso das plantas de tabaco adaptadas, isto é, o
aumento da tolerância não está proporcionalmente ligado ao aumento do turgor. A
tolerância das células adaptadas e das não adaptadas, está ligada ao estádio de
desenvolvimento da planta e ao maior grau de tolerância exibido pela mesma durante a
fase de crescimento exponencial; assim, certos aspectos do desenvolvimento, tais como a
absorção de água pela semente, a emergência, crescimento, floração e tempo de
senescência, são influenciados pelos processos osmóticos, embora em determinados
estádios este se torne um fator mais ou menos crítico (CUSHMAN et al., 1990).
23
De acordo com Läuchli & Epstein (1990), Araújo (1994) e Souza (1995), a
redução da área foliar decorre provavelmente, da diminuição do volume das células.
Conforme os autores, as reduções da área foliar e da fotossíntese contribuem, de certo
modo, para a adaptação das culturas à salinidade. Segundo Läuchli & Epstein (1990), a
redução da área foliar pode aumentar, embora indiretamente, a concentração total de
solutos na folha, contribuindo para o ajustamento osmótico, a menos que os solutos se
elevem a níveis tóxicos em compartimentos celulares específicos da folha.
3.5. Salinidade em Frutíferas
Utilizando-se dos clones CCP06 e CCP1001 como porta-enxertos
(avaliações aos 30 e 60 dias após a semeadura) e do clone CCP76 como enxerto, Meireles
(1999) constatou, ao estudar o efeito da salinidade da água de irrigação no
desenvolvimento de mudas de cajueiro anão precoce, em seis qualidades de águas de
irrigação (0,26; 0,43; 0,96; 1,28; 2,04 e 2,63 dS m
-1
) no desenvolvimento dos porta-
enxertos, que o clone CCP06 teve melhor desempenho para as variáveis diâmetro do caule,
altura da plântula e número de folhas, quando irrigado com os níveis de salinidade mais
altos (2,04 e 2,63 dS m
-1
) e que nos clones CCP06 e CCP1001, o desenvolvimento do
enxerto foi afetado apenas quando a salinidade da água de irrigação foi de 2,04 dS m
-1
ou
superior; c) a salinidade de 2,63 dS m
-1
não permitiu o desenvolvimento do enxerto nos
dois clones usados como porta-enxerto e d) as mudas desenvolvidas sobre o clone CCP06
apresentaram, quando irrigadas com água de 2,04 dS m
-1
, maiores valores de altura de
planta e número de folhas em comparação com o clone CCP1001, em que se deu redução
brusca dessas características.
Ferreira et al. (2000) avaliando a tolerância inicial do cajueiro ao estresse
salino através de índices de crescimento, aos 38 dias após a semeadura e se utilizando de
sementes de 10 genótipos, sendo 06 provenientes de clones comerciais do tipo anão
precoce (CCP06, CCP09, CCP76, CCP1001, EMBRAPA50 e EMBRAPA51) e 04 do tipo
comum (CP46, CP95, CP96 e comum), irrigadas com solução de 50 mol m
-3
de NaCl (CEa
5 dS m
-1
), observaram que os clones comerciais tiveram maior massa de raiz em relação
aos cajueiros do tipo comum, os quais produziram maior massa de folhas e, dentre os
24
clones, EMBRAPA50 e EMBRAPA51 foram mais afetados pela salinidade, em termos de
redução no crescimento das folhas.
Carneiro et al. (2002) testando os efeitos de quatro níveis de condutividade
elétrica da água de irrigação (0,7, 1,4, 2,1 e 2,8 dS m
-1
), contendo Na:Ca:Mg na proporção
equivalente 7:2:1, em ambiente protegido sobre o crescimento inicial, durante 50 dias, de
cinco clones comerciais de cajueiro anão precoce (CCP06, CCP09, CCP1001,
EMBRAPA50 e EMBRAPA51), observaram decremento significativo no crescimento das
plantas em altura e área foliar, com águas de irrigação acima de 0,7 dS m
-1
de salinidade e
valor de salinidade limiar da água de irrigação de 1,48 dS m
-1
. Plantas dos genótipos acima
citados submetidas aos mesmos tipos e concentrações de sais nas águas de irrigação
durante 100 dias, tiveram seu crescimento em altura e área foliar e sua evapotranspiração,
reduzidos a partir de 0,7 dS m
-1
de condutividade elétrica, com limite de tolerância à
salinidade da água de irrigação de 1,39 dS m
-1
(CARNEIRO et al., 2004).
Com o propósito de avaliar os efeitos da salinidade da água de irrigação
(0,5, 1,5, 2,5, 3,5, 4,5, e 5,5 dS m
-1
), contendo, também, Na:Ca:Mg na proporção
equivalente 7:2:1, no crescimento de dois porta-enxertos (CCP06 e CCP1001), aos 40 dias
após a semeadura, e no pegamento do enxerto (CCP76), aos 30 dias após a enxertia, de
cajueiro anão precoce, Bezerra et al. (2002) obtiveram diminuição significativa na emissão
de folhas, na altura e no diâmetro de caule das plantas, bem como no pegamento do
enxerto, quando utilizaram água de salinidade superior a 0,5 dS m
-1
, ocorrendo morte de
plantas em níveis de condutividade elétrica da água de irrigação acima de 3,5 dS m
-1
.
Águas de salinidade semelhantes às da pesquisa desenvolvida por Bezerra et al. (2002)
resultaram em efeito negativo na área foliar da aceroleira, aos 50 e 90 dias após a
emergência de plântulas do clone BV1 (GURGEL et al., 2003).
Plantas do clone CCP1001 de cajueiro anão precoce, com 42 dias de idade,
cultivadas em solução nutritiva contendo 100 mmol
c
L
-1
de NaCl, durante 8 dias, em casa
de vegetação, sofreram redução significativa nas taxas de transpiração, induzida pelo efeito
osmótico (VIÉGAS et al., 2004).
Soares et al. (2006) irrigando plantas de maracujazeiro amarelo (Passiflora
edulis Sims. f. flavicarpa Deg.) com águas salinas variando de 1,0 a 5,0 dS m
-1
, contendo
Na:Ca:Mg na proporção equivalente 7:2:1, em casa de vegetação, observaram decremento
25
significativo na produção total e comercial, no número de frutos total e comercial bem
como no peso médio do total de frutos e dos frutos comercial da cultura com águas de
salinidade superiores a 1,0 dS m
-1
.
Porto Filho (2003) estudando o rendimento do meloeiro sob irrigação com
águas de diferentes salinidades (0,6, 1,9, 3,2 e 4,5 dS m
-1
), utilizadas de forma incremental
em três estádios de desenvolvimento e sem variar durante o ciclo da cultura, observou
redução significativa na produção comercial e total, no número de frutos comerciais e
totais e no peso médio de frutos comerciais e totais, com o uso de águas salinas durante
longos períodos e, ainda, efeitos mais severos na produção comercial e total de frutos
quando as plantas foram estressadas na fase inicial de desenvolvimento. Barros (1998)
avaliando a qualidade de frutos de melão quando submetidos a incrementos de salinidade
da água (CEa variando de 1,0 a 5,0 dS m
-1
) nas diferentes fases fenológicas da cultura,
notou maiores valores de
o
Brix nos frutos das plantas irrigadas com águas mais salinas.
Marinho et al. (2005), com o objetivo de estudar o efeito residual dos níveis
salinos da água de irrigação (2,2, 5, 10, 15 e 20 dS m
-1
) aplicados na germinação e no
crescimento inicial de plântulas de coqueiro anão-verde (Cocos nucifera L.), após
repicagem para viveiro, quando passaram a ser irrigadas com água de CEa = 2,2 dS m
-1
,
durante 120 dias, verificaram que as plantas oriundas de germinação sob condições de alta
salinidade, após passarem a ser irrigadas com água de 2,2 dS m
-1
, cresceram no mesmo
ritmo daquelas germinadas sem estresse salino.
3.6. Análise de Crescimento
A análise quantitativa do crescimento vegetal foi desenvolvida pelos
fitofisiólogos da escola inglesa (WATSON, 1952 e BLACKMAN, 1968, dentre outros,
citados por MAGALHÃES, 1979), considerada, internacionalmente, método padrão para a
estimativa da produtividade biológica ou produtividade primária das comunidades
vegetais.
Segundo Magalhães (1979), a análise de crescimento consiste no método
que descreve as condições morfo-fisiológicas da planta, em diferentes intervalos de tempo,
com o intuito de se quantificar o desenvolvimento de um vegetal. De acordo com
Benincasa (1988), a análise de crescimento permite avaliar o crescimento final da planta,
26
como um todo, e a contribuição dos diferentes órgãos no crescimento total podendo, assim,
ser muito útil no estudo do comportamento vegetal, sob diferentes condições ambientais e
de cultivo, auxiliando na seleção de cultivares ou espécies que apresentem características
funcionais mais apropriadas aos objetivos da pesquisa.
O crescimento de plantas sob diferentes condições ambientais, pode ser
medido por diversas maneiras, como tamanho, número ou massa de seus órgãos. Apesar da
complexidade que envolve o crescimento das plantas, a análise de crescimento ainda é um
meio acessível e preciso para se avaliar o crescimento e os processos fisiológicos do
comportamento vegetal (WHALE et al., 1985; BENINCASA, 1988).
A análise de crescimento se baseia, fundamentalmente, no fato de que cerca
de 90%, em média, da matéria seca acumulada pelas plantas ao longo do seu crescimento,
resultam da atividade fotossintética, sendo o restante procedente da absorção de nutrientes
minerais do solo (BENINCASA, 1988). Segundo o autor, para a execução da análise de
crescimento torna-se necessário a coleta de dados através de medidas de diferentes tipos,
como comprimento, massa e número de unidades estruturais, realizadas a intervalos de
tempo definidos, durante o período de desenvolvimento da cultura.
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Localização do Experimento
O trabalho foi desenvolvido em ambiente protegido (casa de vegetação) da
Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola (UAEAg), do Centro de Tecnologia e
Recursos Naturais (CTRN) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em
Campina Grande, PB (7°15´18´´ de latitude Sul, 35°52´28´´ de longitude Oeste e altitude
de 550 m), no período de outubro de 2005 a dezembro de 2006. O clima da região, de
acordo com a classificação climática de Köppen adaptada ao Brasil (COELHO &
SONCIN, 1982), é do tipo ‘CSa’, que representa um clima mesotérmico, semi-úmido, com
período de estiagem quente e seco (4 a 5 meses) e chuvas de outono e inverno, sendo os
meses de junho e julho os mais frios, comdias inferiores a 20 ºC. Os dados médios
mensais de temperatura obtidos na casa de vegetação no período dos estudos do estresse
salino (fevereiro-dezembro/2006) se encontram na Figura 1.
Florão Frutificão
Fase vegetativa
10
15
20
25
30
35
40
45
Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura (
o
C)
Temperatura máxima Temperatura média Temperatura mínima
Figura 1. Dados médios mensais de temperatura máxima, média e mínima obtidos em casa
de vegetação durante o período experimental de estresse salino (fevereiro-
dezembro/2006)
28
4.2. Tratamentos e Delineamento Estatístico
Os tratamentos consistiram de cinco níveis de salinidade da água (S
1
= 0,8;
S
2
= 1,6; S
3
= 2,4; S
4
= 3,2 e S
5
= 4,0 dS m
-1
a 25
o
C) e três épocas de aplicação (A - do
transplantio ao início da emissão de botões florais; B - da emissão de botões florais ao
início da formação de frutos e C - do início da formação de frutos ao final da frutificação
do primeiro ciclo de produção), resultando em S
2
A (T
1
), S
2
B (T
2
), S
2
C (T
3
), S
3
A (T
4
), S
3
B
(T
5
), S
3
C (T
6
), S
4
A (T
7
), S
4
B (T
8
), S
4
C (T
9
), S
5
A (T
10
), S
5
B (T
11
), S
5
C (T
12
) e S
1
ABC (T
13
)
sendo que as plantas T
13
foram irrigadas com água de baixa salinidade durante todo o ciclo
de estudos do clone CCP76 de cajueiro anão precoce (Figura 2A).
A.
B.
Fases fenoló
g
icas
Tratamentos A B C
T
1
S
2
S
1
T
2
S
1
S
2
S
1
T
3
S
1
S
2
T
4
S
3
S
1
T
5
S
1
S
3
S
1
T
6
S
1
S
3
T
7
S
4
S
1
T
8
S
1
S
4
S
1
T
9
S
1
S
4
T
10
S
5
S
1
T
11
S
1
S
5
S
1
T
12
S
1
S
5
T
13
S
1
A - Do transplantio ao início da floração
B - Da floração ao início da formação de frutos
C - Da formação de frutos ao final da frutificação
T
8
T
1
T
9
T
7
T
4
T
12
T
11
T
6
T
13
T
5
T
3
T
10
T
2
T
11
T
4
T
10
T
6
T
1
T
5
T
13
T
3
T
8
T
2
T
12
T
7
T
9
T
7
T
2
T
12
T
13
T
9
T
10
T
6
T
1
T
11
T
3
T
5
T
4
T
8
1,30 m
1,80 m
2,10 m
S
5
S
4
S
3
S
2
S
1
Bloco I
Bloco II
Bloco III
Bloco IV
Bloco V
Bloco VI
Figura 2. Combinação dos tratamentos (A) e croqui da área experimental com distribuição
dos tratamentos e recipientes utilizados para preparação das águas salinas (B)
29
O delineamento experimental foi em blocos completamente ao acaso, com
treze tratamentos e seis repetições, totalizando-se 78 parcelas, constituindo-se a unidade
experimental de uma planta (Figura 3). A distância entre blocos foi de 1,80 m e entre
parcelas de uma mesma repetição, de 2,10 m; as plantas em cada unidade experimental
foram espaçadas 1,30 m, a partir do centro de cada vaso (Figura 2B).
Conforme a fenologia da cultura, as fases A, B e C foram avaliadas da
maneira a seguir:
a) Fase A ou fase inicial de desenvolvimento ou prefloração: de 20 de
fevereiro a 20 de junho de 2006, correspondendo a 120 dias, entre 123 e 243 dias após o
transplantio (DAT);
b) Fase B ou fase de floração: de 21 de junho a 20 de setembro de 2006,
correspondendo a 92 dias, entre 124 e 335 DAT;
c) Fase C ou fase de produção ou frutificação: de 21 de setembro a 31 de
dezembro de 2006, referente a 102 dias, entre 336 e 437 DAT.
As plantas foram irrigadas com as águas de condutividade elétrica dos
respectivos tratamentos salinos; nas épocas em que as plantas não foram submetidas a
estresse salino, a irrigação foi feita com água de 0,8 dS m
-1
(Figura 2A).
A. B.
Figura 3. Distribuição das plantas na casa de vegetação (A) e recipientes utilizados para
preparação das águas de irrigação (B)
30
Realizou-se o plantio das mudas enxertadas, no dia 20 de outubro de 2005.
Visando-se assegurar o desenvolvimento inicial das plantas, os tratamentos salinos foram
iniciados somente no dia 20 de fevereiro de 2006. Durante este período de adaptação das
plantas, o solo foi umedecido, deixando-o na capacidade de campo, monitorado pelo
controle de saída de água pela tubulação de drenagem.
4.3. Materiais Genéticos
Por se tratar de um dos tipos genéticos mais utilizados nos pomares de
cajueiro anão, em virtude da qualidade das castanhas e do pedúnculo, usou-se o clone
CCP76 enxertado por garfagem fenda cheia, sobre o porta-enxerto CCP06 (Figura 4A),
ambos provenientes da Embrapa Agroindústria Tropical, localizada em Pacajus, CE.
Aquele genótipo produz, sob sequeiro, cerca de 1.250 kg ha
-1
de castanha, com peso médio
de 7,9 g e 17.200 kg ha
-1
de pedúnculos de cor vermelha (Figura 4B), e 2.500 kg ha
-1
de
castanha, sob irrigação (EMBRAPA, 2004).
4.4. Material de Solo
O material de solo utilizado proveio de um solo franco-arenoso, não salino e
não sódico, cujas características químicas constam na Tabela 4 e as físico-hídricas, na
Tabela 5. As análises foram realizadas no Laboratório de Irrigação e Salinidade, da
Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, em Campina Grande, PB, de acordo
com as metodologias propostas por Richards (1954) e pela EMBRAPA (1997).
A. B.
Figura 4. Clone CCP76 enxertado por garfagem fenda cheia no Clone CCP06, (A) e seu
fruto (B) obtido no experimento
31
Tabela 4. Características físico-hídricas e químicas do solo utilizado no experimento
Características Valor
Granulometria
Areia, g kg
-1
758,50
Silte g kg
-1
80,60
Argila g kg
-1
160,90
Classificação textural Franco arenoso
Densidade aparente, kg dm
-3
1,52
Densidade real, kg dm
-3
2,63
Porosidade, % 42,20
Umidade % (gravimétrica)
33,4290 kPa (capacidade de campo) 9,60
1519,50 kPa (ponto de murcha) 2,90
Água disponível, % 6,70
Complexo sortivo
Cálcio, cmol
c
kg
-1
1,49
Magnésio, cmol
c
kg
-1
1,10
Sódio, cmol
c
kg
-1
0,16
Potássio, cmol
c
kg
-1
0,14
Hidrogênio, cmol
c
kg
-1
0,00
Alumínio, cmol
c
kg
-1
0,00
Soma de bases (S), cmol
c
kg
-1
2,89
Capacidade de troca de cátions (CTC), cmol
c
kg
-1
2,89
Saturação de bases (V), % 100,00
Percentagem de sódio trocável (PST) 5,88
Carbonato de cálcio qualitativo Ausente
Carbono orgânico, g kg
-1
2,60
Matéria orgânica, g kg
-1
4,50
Nitrogênio, g kg
-1
0,26
Fósforo assimilável, mg kg
-1
0,30
pH em água (1:2,5) 7,06
Condutividade elétrica da suspensão solo-água (1:2,5), dS m
-1
0,19
Extrato de saturação
pH do extrato de saturação 6,62
Condutividade elétrica do extrato de saturação, dS m
-1
0,35
Cloreto, mmol
c
L
-1
1,95
Carbonato, mmol
c
L
-1
0,00
Bicarbonato, mmol
c
L
-1
2,08
Sulfato, mmol
c
L
-1
Ausente
Cálcio, mmol
c
L
-1
0,58
Magnésio, mmol
c
L
-1
1,27
Potássio, mmol
c
L
-1
0,24
Sódio, mmol
c
L
-1
2,03
Percentagem de saturação, g kg
-1
190,00
Relação de adsorção de sódio, (mmol L
-1
)
0,5
1,18
Classificação em relação à salinidade Não salino e não sódico
4.5. Preparo das Águas de Irrigação
Para se obter a condutividade elétrica das águas utilizadas nas irrigações,
houve adição de NaCl (sem iodo) na água do sistema de abastecimento local (CAGEPA),
32
cuja quantidade de NaCl (Q
de
de NaCl) foi determinada, levando-se em consideração a
salinidade inicial da água, utilizando-se da seguinte equação (RICHARDS, 1954):
Q
de
de Na Cl (mg L
-1
) = 640 x CEa
sendo:
CEa - condutividade elétrica da água desejada, em dS m
-1
Na Tabela 5, estão as características químicas da água da CAGEPA
utilizada na preparação das águas salinas usadas nas irrigações. Igualmente às
determinações do material de solo, as análises foram realizadas no Laboratório de Irrigação
e Salinidade, da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, em Campina
Grande, PB, segundo as metodologias contidas em Richards (1954).
4.6. Adubação do Cajueiro
As adubações de fundação com fósforo e de cobertura com nitrogênio e
potássio foram realizadas com base na análise do material de solo atendendo-se às
exigências nutricionais para o primeiro ano de cultivo de cajueiro anão precoce sob
irrigação, conforme recomendação da Embrapa Agroindústria Tropical, contida na Tabela
6, apresentada por Crisóstomo et al. (2001).
Tabela 5. Características químicas da água da CAGEPA utilizada na preparação dos
tratamentos salinos
Valor
Características químicas
Fase A Fase C
pH 8,42 7,47
Condutividade elétrica, dS m
-1
0,41 0,39
Cloreto 2,20 2,21
Carbonato 0,12 0,00
Bicarbonato 1,57 1,30
Sulfato Ausente Ausente
Cálcio 0,91 1,00
Cálcio + Magnésio 1,41 1,30
Potássio 0,14 0,14
mmol
c
L
-1
Sódio 1,66 1,55
Relação de adsorção de sódio, (mmol L
-1
)
0,5
2,00 1,94
Classificação quanto ao risco de salinidade Médio Médio
Classificação quanto ao risco de sodicidade Baixo Baixo
33
Tabela 6. Recomendação de adubação mineral para cajueiro anão precoce sob irrigação no
1
o
ano
P resina (mg dm
-3
) K solo (mmol
c
dm
-3
)
0 a 12 13 a 30 > 30 0 a 1,5 1,6 a 3,0 > 3,0
Adubação N (g por planta)
P
2
O
5
(g por planta) K
2
O (g por planta)
Fundação - 200 - - - - -
Cobertura
0-1 ano 60 - - - 60 - -
Fonte: Crisóstomo et al. (2001)
Previamente ao transplantio, foram incorporados, ao material de solo de
cada vaso, 200 g de P
2
O
5
, na forma de superfosfato simples (18% P
2
O
5
). Na adubação de
cobertura se aplicaram 60 g de N, na forma de uréia (46% N) e 60 g de K
2
O, na forma de
cloreto de potássio (58% K
2
O). Objetivando-se o maior aproveitamento da uréia e do
cloreto de potássio e para minimizar a concentração no substrato e a lixiviação, dividiu-se
a recomendação anual desses fertilizantes em 24 parcelas (CRISÓSTOMO et al., 2001),
aplicando-se quinzenalmente, a partir de 149 DAT, 5,42 g de uréia e 4,31 g de KCl por
planta; já a partir de 215 DAT, o potássio foi incorporado na forma de sulfato (48% K
2
O),
aplicando-se, também, a cada quinze dias, 5,95 g de K
2
SO
4
por planta.
Foram feitas, ainda, quinzenalmente e a partir de 40 dias do transplantio,
pulverizações de uma solução contendo 2 mL do fertilizante Vitan
1
L
-1
. A partir de 223
dias do transplante, as plantas foram pulverizadas com Albatros
2
, na dose de 1 g do
fertilizante para cada litro de água (0,1%).
4.7. Tratos Culturais e Fitossanitários
Os principais tratos culturais efetuados durante a condução da pesquisa,
foram a desbrota e a retirada de panículas, através de tesoura de poda; a desbrota consistiu
na retirada das brotações laterais na base da planta, desenvolvidas no porta-enxerto. Em
função da precocidade das plantas de cajueiro do tipo anão, deu-se emissão de panículas
logo após o plantio das mudas enxertadas, as quais foram removidas até o oitavo mês do
transplante, para se evitar o desvio de energia do crescimento vegetativo.
1
Vitan. Composição: nitrogênio (N) - 6%; fósforo (P
2
O
5
) - 8%; potássio (K
2
O) - 8%; cálcio (Ca) - 1%; enxofre (S) - 2%; magnésio (Mg)
- 0,5%; boro (B) - 0,6%; cobre (Cu) - 0,2%; ferro (Fe) - 0,1%; manganês (Mn) - 0,5%; molibdênio (Mo) - 0,2%; zinco (Zn) - 1%.
2
Albatros. Composição: Composição: nitrogênio (N) - 7%; fósforo (P
2
O
5
) - 17%; potássio (K
2
O) - 35%; cálcio (Ca) - 0,1%; boro (B) -
0,02%; cobre (Cu) - 0,02%; ferro (Fe) - 0,15%; manganês (Mn) - 0,1%; molibdênio (Mo) - 0,005%; zinco (Zn) - 0,02%
34
A ocorrência da praga da cochonilha, mais intensa na fase vegetativa, e do
pulgão, na floração e frutificação, foi controlada por meio de pulverizações periódicas com
Bioneem (1%), produto natural à base de óleo vegetal. O controle preventivo das doenças
antracnose, mofo-preto e resinose, comuns em cajueiros, foi realizado utilizando-se o
Agrinose, fungicida à base de cobre, na dose recomendada pelo fabricante (6,5 g L
-1
).
4.8. Recipientes
No estudo, foram utilizados vasos plásticos com dimensões de 70 cm de
altura e 57 cm de diâmetro, com capacidade para 150 litros (Figura 5A). De início, os
recipientes foram preenchidos com uma camada de 2,5 cm de brita zero e 2,5 cm de areia,
visando-se facilitar a drenagem e evitar a perda de solo e, logo acima, com uma camada de
60 cm de material de solo correspondendo a uma massa de 230 kg.
Os vasos foram preparados abrindo-se dois furos na base, em posições
diametralmente opostas, com
''
21 de diâmetro, para instalação do sistema de drenagem,
cada um interligado a um recipiente externo (2,0 L de capacidade), para coleta da água
lixiviada e controle do consumo de água pela planta (Figura 5B).
4.9. Sistema e Freqüência de Irrigação
As plantas foram irrigadas por gotejamento através de um sistema de
irrigação constituído de uma bomba submersa; manômetros, para controle de pressão,
instalados no início das tubulações principal; tubulação principal de polietileno flexível de
32 mm; linha lateral, de acesso a cada parcela, e linha terciária, de acesso aos gotejadores,
de polietileno flexível de 16 mm (Figura 6).
A.
B.
Figura 5. Vasos utilizados para cultivo das plantas (A) e coleta da água de drenagem (B)
35
A. B.
D.
C.
Figura 6. Detalhe do sistema de irrigação instalado na casa de vegetação: bomba submersa
(A), manômetros (B), disposição das tubulações nas parcelas (C) e gotejador (D)
Cada planta foi irrigada por três gotejadores ‘Katif’, do tipo botão,
autocompensantes, espaçados 0,10 m, com vazão nominal de 2,4 L h
-1
, correspondendo a
7,2 L de água aplicada em cada vaso por hora. Antecedendo à aplicação dos tratamentos
salinos, todos os emissores foram avaliados registrando-se vazão média, desvio padrão e
coeficiente de variação de vazão de 2,472 L h
-1
, 0,042 e 0,017, respectivamente.
Nesta pesquisa, o intervalo entre as irrigações foi de três dias, por ser o
material de solo utilizado no cultivo dos cajueiros de textura média e, também, em virtude
do estudo ser conduzido em ambiente protegido.
4.10. Irrigação e Drenagem
As irrigações foram efetuadas no início da manhã e cada tratamento salino
recebeu um volume de irrigação próprio, corrigido a cada irrigação, com base no consumo
de água das plantas na irrigação anterior, dividindo-se o volume estimado pelo fator 0,8
restabelecendo-se, assim, a umidade do solo à capacidade de campo e se obtendo uma
fração de lixiviação (FL) de aproximadamente 0,2, para todos os tratamento, conforme a
equação a seguir, também utilizada por Carneiro et al. (2004) na irrigação de cajueiros:
36
(
)
()
FL
VDVA
VI
=
1
(mL)
em que:
VI - volume de água a ser aplicado na irrigação, em mL
VA - volume de água aplicado na irrigação anterior, em mL
VD - volume de água drenado na irrigação anterior, em mL
A água de drenagem foi coletada no final da tarde e na manhã do dia
seguinte à irrigação, medindo-se o volume lixiviado e a condutividade elétrica, com auxílio
de condutivímetro portátil e correção de temperatura para 25
o
C.
4.11. Variáveis Analisadas
4.11.1. Avaliação de crescimento
Após 123 dias do plantio das mudas, quando se iniciaram os tratamentos, e a
cada 30 dias, houve avaliação do crescimento das plantas em altura, diâmetro de caule,
número de folhas e área foliar.
4.11.1.1. Altura de planta e diâmetro de caule
A altura de planta (AP) foi mensurada do colo da planta à gema apical do
ramo mais alto. Para medição do diâmetro caulinar (DC), utilizou-se de um paquímetro,
com leituras a cinco centímetros acima da enxertia.
4.11.1.2. Número de folhas e área foliar
Na contagem do número de folhas (NF), foram consideradas as que tinham
comprimento mínimo de 5,0 cm, critério também utilizado por Meireles (1999) na
avaliação do número de folhas em plantas de cajueiro.
37
A área foliar (AF) média foi avaliada em um ramo da planta, multiplicando-
se o comprimento de cada folha por sua largura máxima e pelo fator de ajuste ‘f’, como
indica a relação a seguir, encontrada por Carneiro et al. (2002) para cajueiro:
()
fCxLAF
=
(cm
2
)
donde:
C - comprimento da folha, em cm
L - largura máxima da folha, em cm
f - fator de ajuste
O valor do fator ‘f’ foi considerado igual a 0,6544, obtido com base na
relação entre a área foliar calculada em função do peso de matéria seca e área conhecida de
discos retirados de todas as folhas, e a área foliar estimada, obtida através do produto entre
o comprimento e a maior largura da folha, para cada planta. Os discos foram retirados de
várias partes da folha, alguns abrangendo a nervura principal, em número representativo do
limbo foliar, utilizando-se cilindros de 9 e 13 mm de diâmetro (CARNEIRO et al., 2002).
Obteve-se a área foliar total através do produto entre a área foliar média e o número de
folhas da respectiva planta.
4.11.2. Produção de frutos e pedúnculos
Iniciou-se a colheita aos 336 dias do transplante, na medida em que os
pedúnculos atingiam o estágio de maturação, ainda ligados à planta.
4.11.2.1. Número de frutos e produção total por planta
Diariamente e a partir da colheita (336 dias do transplante), foram contadas
e pesadas, em balança de precisão (0,01 g), todas as unidades produtivas [fruto (castanha)
+ pseudofruto (pedúnculo)] colhidas, obtendo-se o número de unidades produtivas
(NCastanha+Pedúnculo) e a produção total (PTotal) por planta; logo depois se selecionou
38
um caju médio por parcela para se obter sua fitomassa fresca (FFCastanha+Pedúnculo) e,
após descastanhamento, se pesaram, separadamente, o fruto e o pseudofruto para se
determinar as fitomassas frescas da castanha (FFCastanha) e do pedúnculo (FFPedúnculo).
4.11.2.2. Comprimento e diâmetro médio de pedúnculo
Através do caju selecionado para determinação da FFCastanha+Pedúnculo,
mediram-se o comprimento (CMPedúnculo) e o diâmetro médio do pedúnculo
(DMPedúnculo) utilizando-se um paquímetro. O DMPedúnculo foi calculado por meio da
média aritmética entre o diâmetro basal (DB) e o diâmetro apical (DA), descritos na Figura 7.
4.11.2.3. Sólidos solúveis totais (
o
Brix)
Com o caju selecionado para obtenção da FFCastanha+Pedúnculo, mediu-se
o
o
Brix do suco do pedúnculo, cortando-o em três pedaços, no sentido transversal,
selecionando-se o primeiro terço (região basal), que foi pressionado sobre o refratômetro
digital com leituras de 0 a 50
o
Brix (AOAC, 1992).
DA
DB
CMPedúnculo
A. B.
Figura 7. Descrição das medidas de diâmetro apical (DA) e diâmetro basal (DB) (A) e
comprimento médio de pedúnculo (B) do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
39
4.11.3. Evapotranspiração real
Avaliou-se, a partir do acompanhamento do volume de água drenado,
durante o ciclo, a demanda evapotranspirométrica (ETr), estimada através da equação a
seguir, obtida pelo balanço hídrico proposto por Van Hoorn & Van Alphen (1994):
()
FI
xD
xVDVA
ETr
=
4
1416,3
10
2
3
(mm dia
-1
)
sendo:
VA – Volume de água aplicado, em mL;
VD – Volume de água drenado, em mL
D - diâmetro de exposição do recipiente, em m
FI - freqüência ou intervalo de irrigação, em dias
4.12. Análises de Salinidade do Solo
Para a realização das análises de salinidade do solo se retirou uma amostra
do solo nos tratamentos T
1
, T
2
, T
3
, T
4
, T
6
, T
12
e T
13
, nas profundidades de 0-30 cm e de 30-
60 cm, no final da fase vegetativa, da floração e da frutificação. As análises constaram de
pH da pasta de saturação, condutividade elétrica do extrato de saturação (CEes) a 25 ºC,
cátions (Ca
++
, Mg
++
, K
+
e Na
+
) e ânions (Cl
-
, CO
3
-
e HCO
3
-
) solúveis, de acordo com a
metodologia proposta por Richards (1954) e pela Embrapa (1997).
4.13. Análises Estatísticas
Os efeitos isolados dos cinco níveis de salinidade da água de irrigação no
final da fase vegetativa, da floração e da frutificação, e conjuntos dos treze tratamentos, no
final do primeiro ano de estudos do cajueiro anão precoce sobre o crescimento das plantas
40
e a produção, foram analisados por meio de análises de variância simples com testes ‘F’
(ZIMMERMANN, 2004). Seguindo-se os mesmos procedimentos estatísticos sugeridos
pelo autor se estudaram, também, os efeitos residuais da salinidade da água de irrigação
sobre o crescimento das plantas ao final da floração e da frutificação, quando submetidas
ao estresse na prefloração, e ao final da frutificação, quando estressadas na floração e
passaram a ser irrigadas com água de menor condutividade elétrica nas fases seguintes.
Para salinidade da água de irrigação, foram realizadas análises de regressão
polinomial, obtendo-se equações de regressão e se utilizando modelos linear, quadrático e
linear response plateau - LRP (BRAGA, 1983), devido à sua natureza quantitativa. Para os
tratamentos, por serem de natureza qualitativa, se aplicou o teste de Tukey (p < 0,05) para
comparação das médias (SANTOS et al., 1998). A fim de se explicar a evolução do
crescimento das plantas submetidas ao estresse salino em cada fase fenológica, usou-se o
modelo de regressão não linear do tipo ‘sigmóide’ ou ‘logístico’ (SOUZA, 1998).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Crescimento da Cultura do Caju
5.1.1. Altura de planta
Estão resumidas na Tabela 7 as análises de variância e as médias observadas
para o crescimento das plantas em altura, em avaliações realizadas no final das fases A
(prefloração), B (floração) e C (frutificação). Observa-se ter ocorrido efeito significativo
da salinidade da água (p < 0,01), pelo teste F, sobre a altura de planta, nas três épocas de
avaliação.
Conforme os estudos de regressão, o aumento da salinidade da água de
irrigação inibiu linearmente o crescimento em altura da planta, no final das fases de
prefloração, floração e frutificação (p
< 0,01) (Tabela 7). Observa-se segundo as equações
de regressão obtidas (Figura 8), que houve reduções em S
5
de 32,18, 13,19 e 10,82%, em
relação à S
1
, na prefloração, floração e frutificação, respectivamente, correspondentes à
redução de 9,53, 3,55 e 2,91%, nas referidas fases, respectivamente, por aumento unitário
da condutividade elétrica da água de irrigação (Figura 8); portanto, com base nesses
resultados se observa ter havido redução da altura de planta com o aumento da salinidade
sobre a altura de planta, sendo menos intenso com o desenvolvimento das plantas, uma vez
que esta variável foi mais sensível na fase vegetativa que nas fases seguintes, sobretudo na
época de formação dos frutos.
Carneiro et al., 2002 e 2004 verificaram que irrigações com águas salinas
(CEa: 0,7; 1,4; 2,1 e 2,8 dS m
-1
a 25
o
C), contendo NaCl, CaCl
2
e MgCl
2
(proporção 7:2:1),
42
na fase inicial de desenvolvimento de cinco clones de cajueiro anão precoce, durante 50
dias e 100 dias, produziu, também proporcionaram reduções da altura de planta com o
aumento da CEa acima de 0,7 dS m
-1
. Bezerra et al. (2002) avaliando a influência de
diferentes níveis de condutividade elétrica da água de irrigação (0,5; 1,5; 2,5; 3,5; 4,5 e 5,5
dS m
-1
a 25
o
C) contendo, também, Na:Ca:Mg na proporção equivalente 7:2:1 sobre o
crescimento de dois clones de cajueiro anão precoce durante 40 dias, observaram, de modo
semelhante, decremento significativo da altura de planta com águas de irrigação acima de
0,5 dS m
-1
de salinidade.
Tabela 7: Resumo da análise de variância e médias para altura de planta no final da
prefloração (fase A), da floração (fase B) e da frutificação (fase C) de plantas do
clone CCP76 de cajueiro anão precoce irrigadas com águas de diferentes
concentrações
de sais, aos 120, 90 e 90 dias após estresse salino, respectivamente
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
Altura de planta - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 1585,47 ** 350,55 ** 409,12 **
Reg. Linear 1 6080,27 ** 1144,07 ** 1033,35 **
Reg. Quadrática 1 55,05
NS
37,33
NS
18,11
NS
Desvio Regressão 2 33,15
NS
67,20
NS
458,86 **
Bloco 5 81,01
NS
76,80
NS
38,30
NS
Resíduo 20 101,35 80,35 80,52
CV (%) 8,99 6,20 5,27
Médias (cm)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 135,67 156,67 180,17
S
2
(1,6 dS m
-1
) 116,67 143,50 167,83
S
3
(2,4 dS m
-1
) 112,00 145,67 177,50
S
4
(3,2 dS m
-1
) 103,33 141,17 165,33
S
5
(4,0 dS m
-1
) 92,00 136,00 160,67
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo
Y (Fase A) = 142,1333 - 12,5833**X
R
2
= 0,96
0
50
100
150
200
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Altura de planta (cm)
Y (Fase B) = 157,7000- 5,4583**X
R
2
= 0,82
0
50
100
150
200
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Altura de planta (cm)
Y (Fase C) = 182,7500 - 5,1875**X
R
2
= 0,64
0
50
100
150
200
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Altura de planta (cm)
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C
Fase A
Figura 8: Altura da planta no final da prefloração (fase A), da floração (fase B) e da
frutificação (fase C) do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, em função da
condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90 e 90 dias após
estresse salino, respectivamente
43
Os efeitos da salinidade da água de irrigação aplicada durante a fase de
prefloração, foram sendo paulatinamente superados na floração e na frutificação, quando
as plantas passaram a receber água de 0,8 dS m
-1
de condutividade elétrica, haja vista que
no final da floração e da frutificação o incremento unitário da CEa resultou em
decréscimos na altura de planta, respectivamente de 8,33 e 6,78% (Figura 9). Após 90 dias
de estresse, a altura de planta em S
2
, S
3
, S
4
e S
5
correspondia, respectivamente, a 94,51,
89,03, 83,54 e 78,05% dos valores de S
1
, enquanto após 180 dias de estresse estes valores
foram 96,09, 92,18, 88,27 e 84,37%, denotando-se que as plantas submetidas a estresse
salino na fase de desenvolvimento inicial, se recuperaram com o decorrer do tempo, quando
passaram a ser irrigadas com água de baixa salinidade (0,8 dS m
-1
) nas fases seguintes.
Fato semelhante foi registrado por Marinho et al. (2005), recuperando-se o
comprimento de mudas de coqueiro do estresse salino aplicado na fase de sementeira,
quando irrigadas com águas de 2,2; 5; 10; 15 e 20 dS m
-1
de salinidade, em fase de viveiro,
quando passaram a ser irrigadas com água de 2,2 dS m
-1
de condutividade elétrica.
O efeito residual significativo da irrigação com águas salinas durante a fase
de floração, sobre o crescimento das plantas em altura, na fase de frutificação foi também
notado, mesmo após 90 dias de irrigação com águas de baixa salinidade (0,8 dS m
-1
). De
acordo com a equação de regressão, no final da fase de frutificação o decréscimo de altura
de planta foi de 6,22% por unidade de salinidade excedente de água utilizada com menor
concentração de sais, na fase de floração (Figura 9).
Tabela 8. Resumo da análise de variância e médias para altura de planta de plantas do
clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressado na prefloração (fase A), no
final da floração (fase B) e da frutificação (fase C), e estressado na floração (fase
B), no final da frutificação (fase C), durante 120 e 90 dias, respectivamente
Estresse na Fase A Estresse na Fase B
No final da Fase B No final da Fase C No final da Fase C
(90 dias após estresse) (180 dias após estresse) (90 dias após estresse)
Fontes de Variação GL
Altura de planta - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 1296,55 ** 821,78 ** 1218,55 **
Reg. Linear 1 4646,40 ** 3081,67 ** 4611,27 **
Reg. Quadrática 1 5,76
NS
183,05
NS
154,71
NS
Desvio Regressão 2 102,02
NS
12,00
NS
52,15
NS
Bloco 5 66,67
NS
8,75
NS
35,68
NS
Resíduo 20 39,39 73,80 52,23
CV (%) 4,11 5,08 4,56
Médias (cm)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 156,67 180,17 180,17
S
2
(1,6 dS m
-1
) 159,17 177,83 162,67
S
3
(2,4 dS m
-1
) 140,33 173,00 158,00
S
4
(3,2 dS m
-1
) 130,83 161,83 149,00
S
5
(4,0 dS m
-1
) 126,83 152,33 143,17
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo
44
Y (Fase B) = 169,1667 - 11,0000**X
R
2
= 0,90
0
50
100
150
200
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase C) = 190,5333- 8,9583**X
R
2
= 0,94
0
50
100
150
200
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase C) = 184,9000 - 10,9583**X
R
2
= 0,95
0
50
100
150
200
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas em
A no final das fases B e C
Plantas estressadas em
B no final da fase C
Fase B Fase C
Figura 9. Altura das plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce no final da floração
(fase B) e da frutificação (fase C), quando submetidas, durante 120 dias, a
estresse na prefloração (fase A), e no final da frutificação (fase C), quando
estressadas na floração (fase B) durante 90 dias, em função da condutividade
elétrica da água de irrigação (CEa)
Nota-se, através do resumo da análise de variância (Tabela 9), que o
crescimento das plantas em altura variou significativamente (p < 0,01) entre tratamentos,
aos 420 dias após transplantio (DAT), quando todos os cajueiros tinham sido submetidas
aos diferentes tratamentos ao longo do primeiro ano de cultivo.
Pela comparação de médias entre tratamentos, vê-se, na Tabela 9, que as
plantas submetidas à irrigação com água de menor salinidade durante todo o primeiro ano
de ciclo (T
13
), tiveram tendência a crescer mais em altura, apesar de não terem diferido
estatisticamente, dos cajueiros dos tratamentos T
1
e T
4
, na prefloração, e T
3
, T
6
e T
9
, na
frutificação; porém seu crescimento em altura se destacou das plantas estressadas na
floração, com altura média de 20,54% superior à dos cajueiros irrigados com água salina
de 4,0 dS m
-1
, na floração [T
11
]. Meireles (1999) irrigando clones de cajueiro anão precoce
com águas salinas variando de 0,26 a 2,63 dS m
-1
durante 60 dias, na fase de formação de
mudas enxertadas, observou diminuição significativa na altura de planta do clone
CCP1001 a partir da CEa de irrigação de 2,04 dS m
-1
.
45
Tabela 9. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para altura de planta na
frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, aos 420 dias após
transplantio
Altura de planta
Fontes de Variação GL
Valor de Quadrado Médio
Tratamentos 12 790,31 **
Bloco 5 15,34
NS
Resíduo 60 64,37
CV (%) 4,90
Médias (cm)
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 177,83 ab
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 162,67 bcdef
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 167,83 abcde
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 173,00 abcd
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 158,00 defg
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 177,50 abc
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 161,83 cdef
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 149,00 fg
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 165,33 abcde
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 152,33 efg
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 143,17 g
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 160,67 fg
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 180,17 a
dms 15,98
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms)
diferença mínima significativa; médias seguidas de mesma letra na
vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste
de Tukey
Neste estudo se optou, também, por estudar a evolução do crescimento
através do comportamento das plantas durante o primeiro ano de ciclo do cajueiro anão
precoce, gerando-se equações de regressão do tipo ‘sigmóide’ ou ‘logístico’
(HOFFMANN, 1998), em função da época de estresse a que a cultura foi submetida em
comparação com a água de mais baixa salinidade [S
1
(0,8 dS m
-1
)] (Figura 10).
As plantas submetidas ao estresse por aplicação de águas a partir de 1,6 dS m
-1
de salinidade, na fase inicial de desenvolvimento (fase A), dos 120 dias do transplantio até
o início da floração (240 DAT), tiveram altura média inferior à das plantas que receberam
água de 0,8 dS m
-1
de condutividade elétrica (Figuras 10 e 11). Utilizando-se dos valores
estimados pelos modelos matemáticos obtidos no final daquela fase, o crescimento das
plantas irrigadas com águas salinas de 1,6, 2,4, 3,2 e 4,0 dS m
-1
de CE teve incrementos em
altura de 62,37, 48,68, 35,32 e 33,45%, respectivamente, enquanto as plantas submetidas à
irrigação com água de 0,8 dS m
-1
de salinidade cresceram 79,60% em altura, no mesmo
período de estresse.
46
A
70
100
130
160
190
Fase A Fase B Fase C
B
70
100
130
160
190
Fase A Fase B Fase C
C
70
100
130
160
190
Fase A Fase B Fase C
D
70
100
130
160
190
Fase A Fase B Fase C
E
70
100
130
160
190
Fase A Fase B
Fase C
F
70
100
130
160
190
Fase A
Fase B Fase C
G
70
100
130
160
190
Fase A
Fase B Fase C
H
70
100
130
160
190
Fase A Fase B Fase C
I
70
100
130
160
190
Fase A Fase B Fase C
J
70
100
130
160
190
Fase A
Fase B Fase C
K
70
100
130
160
190
Fase A
Fase B Fase C
L
70
100
130
160
190
Fase A Fase B Fase C
M
70
100
130
160
190
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio (DAT)
Fase A Fase B Fase C
A l t u r a d e p l a n t a (c m)
Irrigação com água de CEa de 0,8 dS
m
-1
Irrigação com água de CEa do tratamento
+
+
=
90,3164
249,4058 - X
1-
2
1
161,0504 41,6262
Y ]A )m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
R
2
= 0,97
+
+
=
377,7024
720,9966 - X
1-
2
1
2098,0045 1824,8399-
Y ] B )m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,97
+
+
=
90,1566
160,3840 - X
1-
2
1
165,8427 4,6991
Y ] C )m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
1291,5804
937,5021 - X
1-
3
1
1643,5920 498,0525-
Y ]A )m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
162,2045
307,2982 - X
1-
3
1
1642,1453 1466,5835-
Y ] B )m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
41,2082
191,4062 - X
1-
3
1
108,5699 54,7716
Y ] C )m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
196,1199
463,5378 - X
1-
4
1
289,4775 34,6714
Y ]A )m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,97
+
+
=
89,5370
144,3161 - X
1-
4
1
175,2647 5,6928
Y ] B )m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
33,5033
194,5123 - X
1-
4
1
102,9675 4208,61
Y ] C )m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
86,2634
315,8901 - X
1-
5
1
121,0059 9071,60
Y ]A )m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,96
+
+
=
68,9309
141,9064 - X
1-
5
1
150,2772 6643,4
Y ] B )m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
50,2789
185,6651 - X
1-
5
1
109,3366 1560,48
Y ] C )m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,97
+
+
=
76,5355
163,9282 - X
1-
1
1
157,9593 4145,16
Y ] ABC )m dS 0,8 (CEa [S
e
Figura 10. Evolução da altura de planta no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas
47
0,8 dS/m 1,6 dS/m 2,4 dS/m 3,2 dS/m 4,0 dS/m
Plantas estressadas na Fase C
70
100
130
160
190
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Altura de planta (cm)
Fase A Fase B Fase C
Plantas estressadas na Fase B
70
100
130
160
190
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Altura de planta (cm)
Fase A Fase B Fase C
Plantas estressadas na Fase A
70
100
130
160
190
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Altura de planta (cm)
Fase A Fase B Fase C
Figura 11. Evolução da altura de planta no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas
48
Os cajueiros submetidos à irrigação com águas salinas acima de 1,6 dS m
-1
de salinidade durante 90 dias, na floração (fase B), dos 240 aos 330 DAT, e por 90 dias, na
frutificação (fase C), dos 330 aos 420 DAT, tiveram, também, incrementos percentuais de
altura da planta inferiores aos que foram irrigados com água de 0,8 dS m
-1
de
condutividade elétrica, nos respectivos intervalos de estudo (Figuras 10 e 11). Entre 240 e
330 DAT (fase B), segundo as equações obtidas, os incrementos de altura de planta foram
de 20,11%, para S
1
, de 25,33%, para S
2
, de 18,74%, para S
3
, de 20,23%, para S
4
, e de
15,88%, para S
5
; entre 330 e 420 DAT (fase C), os incrementos percentuais de altura de
planta foram de 6,84, para S
1
, de 8,82, para S
2
, de 2,01, para S
3
, de 1,02, para S
4
, e de 3,19,
para S
5
.
Tal comportamento denota ser o clone CCP76 de cajueiro anão precoce
mais sensível ao estresse salino na fase inicial de cultivo (fase A); no final desta fase, a
taxa de crescimento das plantas em altura em S
5
(em média 24,16 cm) correspondia a
41,39% do valor de S
1
(em média 58,37 cm), enquanto no final da produção (fase C)
aquele valor foi de 44,73% [S
5
(em média 4,84 cm) e S
1
(em média 10,82 cm)]. Cairo
(1995) e Taiz & Zeiger (2004) relatam que o primeiro e mais visível efeito do déficit
hídrico no vegetal, normalmente ocorrido em meio salino através do efeito osmótico, é a
diminuição da turgescência celular e, por conseqüência, o alongamento das células,
afetando diretamente o crescimento das plantas.
5.1.2. Diâmetro de Caule
As análises de variância e as médias observadas para o crescimento das
plantas em diâmetro de caule, em avaliações realizadas no final das fases A (prefloração),
B (floração) e C (frutificação), estão resumidas na Tabela 10. Verifica-se ter havido efeito
significativo da salinidade da água (p < 0,01) sobre o diâmetro de caule, nas três épocas de
avaliação.
No final das fases de prefloração e floração, o efeito depreciativo da
salinidade da água sobre o diâmetro de caule foi linear (p < 0,01) (Tabela 10), segundo os
estudos de regressão, ocorrendo reduções relativas a S
1
, de 6,07 e 3,54% por incremento
unitário da CEa de irrigação; já ao final da frutificação (fase C), se constatou efeito
quadrático dos níveis salinos (p < 0,01) (Tabela 10), obtendo-se uma diferença de 9,96%
49
entre o menor (S
1
) e o maior nível de salinidade (S
5
), com pontos de máximo e mínimo de
36,76 e 33,10 mm, respectivamente; entretanto, o maior diâmetro de caule foi obtido com
CEa de 1,41 dS m
-1
(Figura 12). Observa-se, mediante esses resultados, que a salinidade da
água favoreceu o crescimento das plantas em diâmetro, no final da fase C; contudo, os
efeitos foram mais severos nas fases anteriores havendo diminuição da variável a partir da
condutividade elétrica da água de irrigação, de 0,8 dS m
-1
.
Tabela 10. Resumo da análise de variância e médias para diâmetro de caule no final da
prefloração (fase A), da floração (fase B) e da frutificação (fase C) de plantas do
clone CCP76 de cajueiro anão precoce irrigadas com águas de diferentes
concentrações
de sais, aos 120, 90 e 90 dias após estresse salino, respectivamente
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
Diâmetro de caule - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 25,50 ** 13,37 ** 21,42 **
Reg. Linear 1 106,67 ** 52,27 ** 50,42 **
Reg. Quadrática 1 3,05
NS
0,76
NS
11,44 **
Desvio Regressão 2 0,54
NS
0,29
NS
23,81 **
Bloco 5 2,83
NS
1,17
NS
0,61
NS
Resíduo 20 3,00 1,21 1,59
CV (%) 6,97 3,56 3,54
Médias (mm)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 26,83 33,00 37,00
S
2
(1,6 dS m
-1
) 27,00 31,50 36,00
S
3
(2,4 dS m
-1
) 25,00 30,83 37,83
S
4
(3,2 dS m
-1
) 23,33 29,83 34,17
S
5
(4,0 dS m
-1
) 22,00 29,17 33,33
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C
Fase A
0
10
20
30
40
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Diâmetro do caule (mm)
Y (Fase C) = 35,8333 + 1,6220**X - 0,5766**X
2
R
2
= 0,72
0
10
20
30
40
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Diâmetro do caule (mm)
Y (Fase B) = 33,6667 - 1,1667**X
R
2
= 0,98
0
10
20
30
40
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Diâmetro do caule (mm)
Y (Fase A) = 28,8333 - 1,6667**X
R
2
= 0,94
Figura 12. Diâmetro de caule no final da prefloração (fase A), da floração (fase B) e da
frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce em
função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90 e 90
dias após estresse salino, respectivamente
50
Bezerra et al. (2002) ao avaliarem a influência de diferentes níveis de CEa
de irrigação (0,5; 1,5; 2,5; 3,5; 4,5 e 5,5 dS m
-1
a 25
o
C), contendo Na:Ca:Mg na proporção
equivalente 7:2:1, sobre o crescimento de dois clones de cajueiro anão precoce, na fase de
formação de porta-enxertos registraram, também, diminuição significativa no diâmetro de
caule com águas de irrigação acima de 0,5 dS m
-1
de salinidade.
O estresse salino aplicado na prefloração exerceu efeito residual
significativo (p < 0,01) sobre o diâmetro de caule nas fases de floração e frutificação,
quando as plantas passaram a ser irrigadas com água de 0,8 dS m
-1
de salinidade, sendo os
efeitos linear (p < 0,01), no final da floração e quadrático no final da frutificação, segundo
os estudos de regressão (Tabela 11).
Constata-se, de acordo com as equações de regressão (Figura 13), ter havido
recuperação do diâmetro de caule após aplicação do estresse salino na fase A, visto que,
enquanto o decréscimo de diâmetro caulinar entre os níveis de CEa de 0,8 e 4,0 dS m
-1
chegou a 17,80% no final da fase B, no final da fase C a queda foi de 14,92%.
Tabela 11. Resumo da análise de variância e médias para diâmetro de caule de plantas do
clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na prefloração (fase A), no
final da floração (fase B) e da frutificação (fase C), e na floração (fase B), no
final da frutificação (fase C), durante 120 e 90 dias, respectivamente
Estresse na Fase A Estresse na Fase B
No final da Fase B No final da Fase C No final da Fase C
(90 dias após estresse) (180 dias após estresse) (90 dias após estresse)
Fontes de Variação GL
Diâmetro de caule - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 33,70 ** 34,28 ** 37,53 **
Reg. Linear 1 132,02 ** 112,07 ** 147,27 **
Reg. Quadrática 1 2,68
NS
19,05 ** 0,43
NS
Desvio Regressão 2 0,03
NS
0,01
NS
2,29
NS
Bloco 5 0,75
NS
0,29
NS
1,57
NS
Resíduo 20 1,32 1,34 1,37
CV (%) 3,78 3,26 3,43
Médias (mm)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 33,00 37,00 37,00
S
2
(1,6 dS m
-1
) 32,00 38,00 36,17
S
3
(2,4 dS m
-1
) 30,67 36,50 33,83
S
4
(3,2 dS m
-1
) 29,17 34,00 32,83
S
5
(4,0 dS m
-1
) 27,00 32,17 30,83
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo
51
A irrigação com águas salinas acima de 1,6 dS m
-1
efetuada na fase de
floração, reduziu significativamente (p < 0,01) o diâmetro de caule das plantas na fase de
frutificação (Tabela 11); portanto, o efeito residual da salinidade sobre as plantas ainda foi
verificado, mesmo após 90 dias de irrigação com águas de baixa salinidade (0,8 dS m
-1
).
De acordo com a equação de regressão, no final da fase de frutificação foi de 5,25% o
decréscimo de diâmetro de caule em relação a S
1
, por incremento unitário da CEa utilizada
na fase de floração (Figura 13).
Analisando-se as equações de regressão obtidas para diâmetro de caule no
final da fase B [Figura 12 (efeito pontual)] e no final da fase C [Figura 13 (efeito
residual)], não se nota ter havido ‘aclimatação’ das plantas no final da fase C, uma vez que
o decréscimo relativo de diâmetro de caule por incremento unitário da CEa foi de 3,54% na
fase de aplicação do estresse, enquanto na fase final dos estudos aquele valor foi de 5,25%.
Através do resumo da análise de variância, nota-se ter havido diferença
significativa entre as médias de diâmetro do caule pelo teste de Tukey, aos 420 dias após
transplantio (DAT), quando todas as plantas tinham sido submetidas à irrigação com águas
salinas a partir de 1,6 dS m
-1
, nos diferentes estádios de desenvolvimento do clone CCP76
de cajueiro anão precoce.
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas em
A no final das fases B e C
Plantas estressadas em
B no final da fase C
Fase B Fase C
0
10
20
30
40
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase C) = 38,8333 - 1,9583**X
R
2
= 0,98
0
10
20
30
40
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase B) = 34,8167 - 1,8542**X
R
2
= 0,98
0
10
20
30
40
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase C) = 36,3000 + 1,8631**X - 0,7440**X
2
R
2
= 0,96
Figura 13. Diâmetro de caule do clone CCP76 de cajueiro anão precoce no final da
floração (fase B) e da frutificação (fase C), quando submetidas, durante 120 dias,
a estresse na prefloração (fase A); e no final da frutificação (fase C), quando
estressadas na floração (fase B) durante 90 dias, em função da condutividade
elétrica da água de irrigação (CEa)
52
Tabela 12. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para diâmetro de
caule na frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, aos 420 dias
após transplantio
Diâmetro de caule
Fontes de Variação GL
Valor de Quadrado Médio
Tratamentos 12 28,39 **
Bloco 5 1,79
NS
Resíduo 60 1,22
CV (%) 3,17
Médias (mm)
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 38,00 a
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 36,17 ab
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 36,00 a
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 36,50 a
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 34,04 bc
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 37,63 a
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 34,00 bc
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 32,83 cd
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 34,17 bc
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 32,17 cd
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 31,19 d
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 33,33 cd
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 37,00 a
dms 2,20
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms)
diferença mínima significativa; médias seguidas de mesma letra na
vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste
de Tukey
Verifica-se na Tabela 12, mediante aplicação do teste de comparação de
médias, que as plantas cultivadas sob irrigação com água de 1,6 dS m
-1
na fase A (T
1
)
cresceram mais em diâmetro de caule, apesar de não terem diferido estatisticamente das
irrigadas com águas salinas de 1,6 dS m
-1
, nas fases B e C (T
2
e T
3
), e de 2,4 dS m
-1
nas
fases A e C (T
4
e T
6
) e de 0,8 dS m
-1
, em todo o ciclo (T
1
), destacando-se dos cajueiros
irrigados com águas de 2,4 dS m
-1
, na fase B (T
5
), e de 3,2 e 4,0 dS m
-1
de salinidade nas
fase A, B e C (T
7
, T
8
, T
9
, T
10
, T
11
e T
12
). Apesar do diâmetro de caule obtido no nível S
5
(Fase B) ter sido 15,7% inferior ao de S
1
, ainda assim é próximo ao valor médio obtido por
Ribeiro et al. (2002b), aos 540 dias de idade, também no clone CCP76 de cajueiro anão
precoce, em condições de sequeiro, que foi de 33 mm.
Através do estudo da evolução do crescimento das plantas submetidas ao
estresse salino, em diferentes fases fenológicas, verifica-se, tal como na altura de planta,
ter sido o diâmetro médio de caule das plantas estressadas com águas a partir de 1,6 dS m
-1
de salinidade na prefloração, dos 120 aos 240 DAT, na floração, dos 240 aos 330 DAT, e
na frutificação, dos 330 aos 420 DAT, inferior ao daquelas que receberam água de 0,8 dS
53
m
-1
de CE nas respectivas fases de desenvolvimento (Figuras 14 e 15). Conforme os
modelos logísticos obtidos, as taxas de crescimento das plantas em diâmetro de caule,
quando irrigadas com águas de 0,8; 1,6; 2,4; 3,2 e 4,0 dS m
-1
de CE, foram,
respectivamente, de 153,58; 122,79; 115,85; 105,22 e 95,34% no final da prefloração, de
29,27; 24,42; 19,33; 16,41 e 8,82% no final da floração e 3,99, 5,19, 3,88, 1,50 e 0,92% no
final da frutificação.
Tais resultados denotam ser o clone CCP76 de cajueiro anão precoce mais
sensível ao estresse salino na fase final de cultivo (fase C); no final dessa fase, a taxa de
crescimento das plantas em diâmetro de caule em S
5
(em média, 0,3 mm) correspondia a
apenas 21,9% do valor de S
1
(em média, 1,37 mm), enquanto no final da floração (fase B),
este valor alcançou 31,15% [S
5
(em média, 2,42 mm) e S
1
(em média, 7,77 mm)] e, no
final da prefloração, chegou a 66,23% [S
5
(em média, 10,65 mm) e S
1
(em média, 16,08
mm)].
Ao ser submetido a estresse por aplicação de águas mais salinas na fase de
frutificação, as plantas podem ter se adaptado ao meio, diminuindo as taxas de crescimento
e gastando parte da energia para se adaptarem ao meio excessivamente salino que está
sendo disponibilizado; Larcher (2000) afirma que a paralisação do crescimento vegetativo
em função da aceleração do crescimento produtivo, ocorre pelo direcionamento dos
fotoassimilados produzidos para os órgãos produtivos.
54
D i â m e t r o d o c a u l e (m m )
A
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
B
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
C
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
D
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
E
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
F
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
G
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
H
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
I
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
J
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
K
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
L
0
10
20
30
40
Fase A Fase B Fase C
M
0
10
20
30
40
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio (DAT)
Fase A
Fase B Fase C
Irrigação com água de CEa de 0,8 dS m
-1
Irrigação com água de CEa do tratamento
R
2
= 0,99
+
+
=
77,5565
194,1559- X
1-
2
1
38,2892 7808,0
Y )A]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
51,9186
193,3903- X
1-
2
1
29,2434 8385,5
Y )B]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
50,2022
203,0951- X
1-
2
1
27,9716 0409,7
Y )C]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
106,1460
166,1455- X
1-
3
1
47,4103 3991,7
Y )A]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
35,2336
201,2327- X
1-
3
1
23,1663 5133,9
Y )B]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
44,7954
203,3537- X
1-
3
1
27,8724 2156,8
Y )C]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
129,7914
144,2852- X
1-
4
1
52,3406 6416,12
Y )A]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
31,0875
201,5283- X
1-
4
1
20,8812 3816,10
Y )B]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
32,2155
208,6137- X
1-
4
1
23,0313 1018,10
Y )C]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
220,5838
81,9010- X
1-
5
1
109,3404 9034,66
Y )A]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
20,3918
202,9199- X
1-
5
1
17,5667 3209,12
Y )B]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
28,3664
210,1769- X
1-
5
1
21,9355 8412,10
Y )C]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
45,2662
209,7102- X
1-
1
1
4558,284291,7
Y )ABC]m dS 0,8 (CEa [S
e
Figura 14. Evolução do diâmetro de caule no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas
55
Plantas estressadas na Fase A
0
10
20
30
40
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Diâmetro do caule (mm)
Fase A Fase B Fase C
Plantas estressadas na Fase B
0
10
20
30
40
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Diâmetro do caule (mm)
Fase A Fase B Fase C
Plantas estressadas na Fase C
0
10
20
30
40
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Diâmetro do caule (mm)
Fase A Fase B Fase C
0,8 dS/m 1,6 dS/m 2,4 dS/m 3,2 dS/m 4,0 dS/m
Figura 15. Evolução do diâmetro de caule no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológica
56
5.1.3. Número de Folhas
As análises de variância e as médias observadas para número de folhas, em
avaliações realizadas no final das fases A, B e C, estão resumidas na Tabela 13. Observa-se
que a salinidade da água de irrigação exerceu efeito significativo sobre a emissão de
folhas, ao nível de 0,01 de probabilidade, nas três épocas de avaliação. De acordo com os
estudos de regressão (Tabela 13), a salinidade da água resultou em declínio do número de
folhas linearmente, no final das fases de prefloração (p < 0,01) e floração (p < 0,01),
ocorrendo decrementos, segundo os modelos matemáticos utilizados, de 14,15 e 17,74%,
respectivamente, por incremento unitário da CEa de irrigação (Figura 16); verifica-se na
Tabela 13 ter havido uma diferença de 45,28%, no final da prefloração, e de 56,77%, no
final da floração, entre o menor (S
1
) e o maior nível de salinidade.
No final da frutificação constatou-se efeito quadrático da salinidade da água
(p < 0,01) (Tabela 13), conforme os estudos de regressão, obtendo-se uma diferença de
aproximadamente 56% entre S
1
e S
5
, com pontos de máximo e mínimo de 879,07 e 386,85
folhas, respectivamente (Figura 16). Fica evidenciado, portanto, através dos resultados
acima citados, maior resistência das plantas para produzir novas folhas quando submetidas
à salinidade mais elevada na época de floração; nesse estádio fenológico os vegetais passam
a priorizar os fotoassimilados para desenvolverem estruturas produtivas (PERES &
KERBAUY, 2004; TAIZ & ZEIGER, 2004).
Bezerra et al. (2002) observaram, também, efeito semelhante da salinidade
da água na formação de porta-enxertos de cajueiro anão precoce, registrando-se diminuição
significativa no número de folhas das plantas quando irrigadas com água de CE superior a
0,5 dS m
-1
; contudo, Meireles (1999) trabalhando, também, com clones de cajueiro anão
precoce sob estresse salino na produção de mudas, notou diminuição significativa no
número de folhas a partir da CEa de irrigação de 2,04 dS m
-1
.
Em condições de deficiência hídrica induzida pelo efeito osmótico (seca
fisiológica) é comum ocorrerem alterações morfológicas e anatômicas nas plantas, como
medida de se manter a absorção de água e reduzir a taxa de transpiração; dentre as
mudanças morfológicas se destaca a redução do tamanho e do número de folhas (MAAS &
NIEMAN, 1978; SHANNON, 1979; FAGERIA, 1984 e 1989).
57
Tabela 13. Resumo da análise de variância e médias para número de folhas no final da
prefloração (fase A), da floração (fase B) e da frutificação (fase C) de plantas do
clone CCP76 de cajueiro anão precoce irrigadas com águas de diferentes
concentrações de sais, aos 120, 90 e 90 dias após estresse salino, respectivamente
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
Número de folhas - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 18986,45 ** 112720,03 ** 230790,63 **
Reg. Linear 1 71553,07 ** 416000,27 ** 742371,27 **
Reg. Quadrática 1 171,43
NS
233,33
NS
46954,71 **
Desvio Regressão 2 1501,04
NS
27669,72 ** 64951,74 **
Bloco 5 1259,95
NS
3878,61
NS
22850,64 **
Resíduo 20 863,57 3924,71 4439,87
CV (%) 12,45 14,91 10,15
Médias (folhas por planta)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 297,33 580,67 810,33
S
2
(1,6 dS m
-1
) 277,83 494,17 809,50
S
3
(2,4 dS m
-1
) 250,17 472,17 778,50
S
4
(3,2 dS m
-1
) 181,83 284,50 451,50
S
5
(4,0 dS m
-1
) 172,67 269,17 433,17
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C
Fase A
Y (Fase A) = 339,5667 - 43,1667**X
R
2
= 0,94
150
300
450
600
750
900
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Número de folhas
Y (Fase B) = 669,9333 - 104,0833**X
R
2
= 0,92
150
300
450
600
750
900
0,81,62,43,2 4
CEa (dS m
-1
)
Número de Folhas
Y (Fase C) = 824,8000 + 38,2798
NS
X
- 36,9420**X
2
R
2
= 0,86
150
300
450
600
750
900
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Número de Folhas
Figura 16. Número de folhas no final da prefloração (fase A), da floração (fase B) e da
frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce em
função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90 e 90
dias após estresse salino, respectivamente
O efeito dos sais remanescente da irrigação com águas salinas durante a fase
de prefloração, reduziu linearmente o número de folhas no final da floração (p < 0,01) e no
final da frutificação (p < 0,01), de acordo com os estudos de regressão (Tabela 14).
Usando-se equações de regressão (Figura 17), observa-se que houve recuperação paulatina
do número de folhas, com o decorrer do tempo; após 90 dias da aplicação do estresse
salino, o aumento unitário da CEa resultou em diminuição do número de folhas de 16,27%
(relativa a água de CE de 0,8 dS m
-1
), reduzindo para 13,26%, depois de 180 dias da
aplicação de águas salinas.
58
Tabela 14. Resumo da análise de variância e médias para número de folhas de plantas do
clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na prefloração (fase A), no
final da floração (fase B) e da frutificação (fase C), e na floração (fase B), no
final da frutificação (fase C), durante 120 e 90 dias, respectivamente
Estresse na Fase A Estresse na Fase B
No final da Fase B No final da Fase C No final da Fase C
(90 dias após estresse) (180 dias após estresse) (90 dias após estresse)
Fontes de Variação GL
Número de folhas - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 89745,08 ** 133374,08 ** 132894,53 **
Reg. Linear 1 337650,02 ** 457102,82 ** 499411,27 **
Reg. Quadrática 1 2030,58
NS
3281,25
NS
8845,76
NS
Desvio Regressão 2 12322,92
NS
63886,67 ** 18150,29
NS
Bloco 5 3519,23
NS
4521,01
NS
4400,91
NS
Resíduo 20 4864,18 3343,26 4355,21
CV (%) 16,37 8,92 10,91
Médias (folhas por planta)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 580,67 810,33 810,33
S
2
(1,6 dS m
-1
) 496,17 717,33 693,33
S
3
(2,4 dS m
-1
) 448,83 734,83 544,67
S
4
(3,2 dS m
-1
) 303,00 493,17 548,00
S
5
(4,0 dS m
-1
) 302,17 486,00 426,83
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas em
A no final das fases B e C
Plantas estressadas em
B no final da fase C
Fase B Fase C
Y (Fase B) = 651,2167 - 93,7708**X
R
2
= 0,94
150
300
450
600
750
900
0,81,62,43,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase C) = 910,1833 - 109,1042**X
R
2
= 0,86
150
300
450
600
750
900
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase C) = 878,3333 - 114,0417**X
R
2
= 0,94
150
300
450
600
750
900
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Figura 17. Número de folhas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce no final da floração
(fase B) e da frutificação (fase C), quando submetidas, por 120 dias, a estresse
na prefloração (fase A), e no final da frutificação (fase C), quando estressadas na
floração (fase B) durante 90 dias, em função da condutividade elétrica da água
de irrigação (CEa)
59
O estresse salino aplicado na floração ainda foi observado na frutificação,
reduzindo significativamente (p < 0,01) o número de folhas após 90 dias de irrigação com
água de baixa salinidade (Tabela 14); entretanto, ao se analisar as equações de regressão
obtidas para número de folhas no final da floração, Figura 16 (efeito pontual), e no final da
frutificação, Figura 17 (efeito residual), não se constata ter havido ‘aclimatação’ das
plantas; no final da frutificação com decréscimo relativo de número de folhas por
incremento unitário da CEa, de 11,95% na época de aplicação do estresse, enquanto no
final dos estudos, este valor foi aumentado para 14,49%.
Verifica-se, por meio do resumo da análise de variância (Tabela 15), que o
número de folhas variou significativamente ao nível de 0,01 de probabilidade, pelo teste de
Tukey entre tratamentos, aos 420 dias do plantio das mudas, quando todas as plantas
tinham sido submetidas à irrigação com águas salinas a partir de 1,6 dS m
-1
em todo o
período de estudos.
Tabela 15. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para número de folhas
na frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, aos 420 dias após
transplantio
Número de folhas
Fontes de Variação GL
Valor de Quadrado Médio
Tratamentos 12 134727,18 **
Bloco 5 7151,83
NS
Resíduo 60 4615,93
CV (%) 11,14
Médias (folhas por planta)
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 717,33 a
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 693,33 a
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 809,50 a
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 734,83 a
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 544,67 b
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 778,50 a
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 493,17 b
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 548,00 b
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 451,50 b
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 486,00 b
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 426,83 b
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 433,17 b
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 810,33 a
dms 135,33
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms)
diferença mínima significativa; médias seguidas de mesma letra na
vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste
de Tukey
60
Nota-se na Tabela 15, através da comparação de médias entre tratamentos,
que as plantas submetidas à irrigação com água de menor salinidade durante todo o
primeiro ano de ciclo (T
13
), desenvolveram um número maior de folhas, superando em
47,33% as plantas irrigadas com água salina de 4,0 dS m
-1
, na floração (T
11
), embora não
tenham diferido estatisticamente pelo teste de Tukey, ao número de folhas dos cajueiros
irrigados com águas salinas de 1,6, nas fases A, B e C (T
1
, T
2
e T
3
) e das plantas irrigadas
com água com CE de 2,4 dS m
-1
nas Fases A e C (T
4
e T
6
). Meireles (1999) também
observou efeito semelhante da salinidade da água de irrigação em cajueiro anão precoce;
este autor registrou diferença significativa no número de folhas das plantas quando
irrigadas com água de CE, superior a 2,04 dS m
-1
na fase de formação de porta-enxertos.
A evolução do número de folhas ao longo do primeiro ano de cultivo do
cajueiro anão precoce, conforme pode ser observado na Figura 18, foi expressa através de
regressão não-linear do tipo ‘sigmóide’ ou logística por melhor representar as condições
verificadas durante o período de estudos (120 e 420 DAT). A partir da análise da figura
supracitada evidencia-se, novamente, mudança no comportamento dos cajueiros quanto à
evolução do número de folhas para cada época em que os tratamentos foram aplicados,
sobretudo a partir dos 30 dias de estresse salino, na floração (fase B) e na frutificação (fase C),
e 90 dias de estresse salino, na prefloração (fase A), nos níveis S
4
e S
5
(Figuras 18 e 19).
A intensidade do efeito da salinidade da água sobre a produção do número de
folhas ao longo do período de estudos, variou entre níveis salinos e entre estádios de
desenvolvimento da cultura; conforme as equações obtidas (Figura 18), os incrementos do
número de folhas das plantas submetidas às águas de irrigação de 0,8, 1,6, 2,4, 3,2 e 4,0 dS
m
-1
de salinidade foram, respectivamente, de 446,67, 411,83, 334,42, 180,24 e 123,67%, no
final da prefloração (fase A), de 91,47, 86,87, 77,34, 51,96 e 28,48%, no final da floração
(fase B), e de 40,44, 51,09, 60,41, 18,92 e 19,46%, ao final da frutificação (fase C).
Observa-se, ainda, através dos modelos obtidos (Figura 18), no final das
fases A, B e C, serem as taxas de incremento do número de folhas no nível S
5
57,27, 69,44
e 63,92% inferiores ao nível S
1
, respectivamente, inferindo-se, portanto, ser o genótipo
CCP76 de cajueiro anão mais sensível ao estresse salino na Fase B, em conformidade com
Peres & Kerbauy (2004) e Taiz & Zeiger (2004) ao relatarem que as plantas em floração
passam a priorizar os fotoassimilados para desenvolverem órgãos produtivos.
61
N ú m e r o d e f o l h a s
A
0
200
400
600
800
Fase A Fase B Fase C
B
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
C
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
D
0
200
400
600
800
Fase A Fase B Fase C
E
0
200
400
600
800
Fase A Fase B
Fase C
F
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
G
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
H
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
I
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
J
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
K
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
L
0
200
400
600
800
Fase A
Fase B Fase C
M
0
200
400
600
800
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio (DAT)
Fase A
Fase B Fase C
Irrigação com água de CEa de 0,8 dS m
-1
Irrigação com água de CEa do tratamento
R
2
= 0,98
+
+
=
115,6136
289,6736 - X
1-
2
1
1100,6954 8654,150
Y )A]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
70,1656
282,4696 - X
1-
2
1
789,9578 9444,2
Y )B]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
289,8008
633,6960 - X
1-
2
1
4138,8727 4419,556
Y )C]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
288,7431
1017,0111 - X
1-
3
1
9264,0203 5654,339
Y )A]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
49,9857
251,5908 - X
1-
3
1
518,8586 9980,28
Y )B]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
275,7479
1148,7240 - X
1-
3
1
15548,4837 4242,306
Y )C]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
176,7167
534,1671 - X
1-
4
1
1676,2238 2269,80
Y )A]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,87
+
+
=
543,2082
868,1788 - X
1-
4
1
7832,2793 5569,6692
Y )B]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,89
+
+
=
50,6334
261,1034 - X
1-
4
1
512,3603 5689,32
Y )C]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
86,9577
354,5826 - X
1-
5
1
672,8263 1093,38
Y )A]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,90
+
+
=
31,8507
207,6670 - X
1-
5
1
325,6788 0515,41
Y )B]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,89
+
+
=
49,0356
265,9227 - X
1-
5
1
464,4918 0459,44
Y )C]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
87,6282
298,8703 - X
1-
1
1
1044,8688 8965,67
Y )ABC]m dS 0,8 (CEa [S
e
Figura 18. Evolução do número de folhas no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas
62
0,8 dS/m 1,6 dS/m 2,4 dS/m 3,2 dS/m 4,0 dS/m
Plantas estressadas na Fase A
50
250
450
650
850
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Número de folhas
Fase A Fase B Fase C
Plantas estressadas na Fase B
50
250
450
650
850
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Número de folhas
Fase A Fase B Fase C
Plantas estressadas na Fase C
50
250
450
650
850
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Número de folhas
Fase A Fase B Fase C
Figura 19. Evolução do número de folhas no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de
cajueiro anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas
63
5.1.4. Área Foliar
Tal como ao observado para o crescimento das plantas em altura, diâmetro
caulinar e número de folhas, a salinidade da água de irrigação exerceu efeito significativo
sobre a área foliar das plantas (p < 0,01), no final das fases A, B e C (Tabela 16). A
salinidade da água contribuiu linearmente para a redução da área foliar das plantas, no final
da fase A (p < 0,01) e da fase B (p < 0,01), conforme os estudos de regressão (Tabela 16),
havendo decréscimos relativos de 17,67 e 17,48%, respectivamente, por unidade de
salinidade excedente à água utilizada com menor concentração de sais (Figura 20); usando-
se das mesmas equações de regressão, constata-se ter havido, entre S
1
e S
5
, uma diferença
de 56,56%, no final da fase A, e de 55,95%, ao final da fase B.
Verificou-se, enfim, no final da fase C, que os dados da área foliar se
ajustaram ao modelo quadrático (p < 0,01), segundo os estudos de regressão, obtendo-se
uma diferença de 51,36% entre S
1
(486,12 dm
2
) e S
5
(236,45 dm
2
), respectivamente, e
ponto de máximo em CEa de aproximadamente 0,9 dS m
-1
(486,33 dm
2
) (Figura 20).
Registra-se, portanto, pelos resultados acima, efeito semelhante dos níveis salinos sobre os
estudos de área foliar, apesar de ter havido incremento, em relação a S
1
, até CEa de
irrigação de 0,9 dS m
-1
na frutificação (fase C).
Gurgel et al. (2003) também verificaram efeito semelhante da salinidade da
água na formação de porta-enxertos de aceroleira, registrando incremento na área foliar das
plantas até CEa de irrigação de 2,25 dS m
-1
. Carneiro et al. (2002) e Carneiro et al. (2004),
contudo, trabalhando também com clones de cajueiro anão precoce sob estresse salino na
formação de porta-enxertos, notaram diminuição significativa na área foliar das plantas, a
partir da CEa de irrigação de 0,7 dS m
-1
. A deficiência hídrica induzida pelo efeito osmótico
que caracteriza a seca fisiológica, provoca alterações morfológicas e anatômicas nas plantas,
a ponto de desbalancear a absorção de água e a taxa de transpiração; dentre as mudanças
morfológicas, a redução do tamanho das folhas é a mais expressiva (MAAS & NIEMAN,
1978; FAGERIA, 1989; SANTOS & GHEYI, 1994). Para Läuchi & Epstein (1990), Araújo
(1994) e Souza (1995) a redução da área foliar decorre, provavelmente, da diminuição do
volume de células; os autores afirmam, ainda, que a redução da área foliar se reflete em
fotossíntese menor contribuindo, de certo modo, para adaptação da cultura à salinidade.
64
De acordo com Ayers & Westcot (1999) como critério para escolha de uma
cultura quanto a tolerância à salinidade, pode ser aceita uma diminuição no rendimento
potencial de até 10%, isto é, a salinidade máxima aceitável é aquela que permite produzir
rendimento relativo mínimo de 90%. A despeito da referida taxa de decréscimo registrada
para área foliar no estádio inicial de cultivo, conforme equação de regressão contida na
Figura 20, CEa de 1,37 dS m
-1
ainda proporciona 90% de crescimento das folhas de modo
que o cajueiro anão precoce pode ser considerado ‘moderadamente sensível’ à
condutividade elétrica da água de irrigação, e aquele valor constitui seu limite de
salinidade na fase de prefloração.
Tabela 16. Resumo da análise de variância e médias para área foliar no final da prefloração
(fase A), da floração (fase B) e da frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76
de cajueiro anão precoce irrigadas com águas de diferentes concentrações de sais,
aos 120, 90 e 90 dias após estresse salino, respectivamente
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
Área foliar - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 11437,37 ** 46597,71 ** 78727,73 **
Reg. Linear 1 43369,27 ** 171232,47 ** 233755,41 **
Reg. Quadrática 1 765,99
NS
710,61
NS
22974,06 **
Desvio Regressão 2 1256,33
NS
9063,23* 2376,81
NS
Bloco 5 852,21
NS
861,41 1268,27
NS
Resíduo 20 952,14 1756,72 2194,97
CV (%) 22,63 15,24 11,88
Médias (dm
2
)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 183,39 371,28 458,00
S
2
(1,6 dS m
-1
) 164,25 331,78 524,80
S
3
(2,4 dS m
-1
) 152,79 308,77 441,71
S
4
(3,2 dS m
-1
) 100,75 187,04 277,97
S
5
(4,0 dS m
-1
) 80,74 176,54 269,33
* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente;
NS
não significativo
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C
Fase A
50
150
250
350
450
550
0,81,62,43,2 4
CEa (dS m
-1
)
Área foliar (dm
2
)
Y (Fase B) = 435,3480 - 66,7771**X
R
2
= 0,92
50
150
250
350
450
550
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Área foliar (dm
2
)
Y (Fase A) = 217,0293 - 33,6067**X
R
2
= 0,95
50
150
250
350
450
550
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Área foliar (dm
2
)
Y (Fase C) = 465,8480 + 46,0122
NS
X - 25,8404**X
2
R
2
= 0,82
Figura 20. Área foliar no final da prefloração (fase A), da floração (fase B) e da
frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce em
função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90 e 90
dias após estresse salino, respectivamente
65
O efeito residual da irrigação com águas salinas sobre a área foliar quando
utilizada na fase A, foi linear e decrescente no final das fases B (p < 0,01) e C (p < 0,01),
conforme os estudos de regressão (Tabela 17). Constata-se, pela análise das equações de
regressão (Figura 21), que houve recuperação paulatina da área foliar com o decorrer do
tempo; após 90 dias da aplicação do estresse salino o aumento unitário da CEa resultou em
diminuição da área foliar de 19,87%, reduzindo para 9,93%, após 180 dias da aplicação de
águas salinas, mantendo-se as tendências já observadas para altura de planta, diâmetro de
caule e número de folhas (BRAY et al., 2000; HASEGAWA et al., 2000).
O estresse salino aplicado na fase B ainda foi evidenciado na fase C,
diminuindo significativamente (p < 0,01) a área foliar depois de 90 dias de uso da irrigação
com água de baixa salinidade (Tabela 17). Através das análises das equações de regressão
obtidas para área foliar no final das fases B (Figura 20) e C (Figura 21), nota-se, de modo
igual ao número de folhas, não ter havido ‘aclimatação’ das plantas; no final da fase B, na
época de aplicação do estresse, o decréscimo relativo de área foliar, por incremento
unitário da CEa de irrigação, foi de apenas 4,35%, enquanto no final dos estudos, quando
as plantas passaram a ser irrigadas com água de 0,8 dS m
-1
de salinidade, aquele valor
chegou a 14,47%.
Tabela 17. Resumo da análise de variância e médias para área foliar de plantas do clone
CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na prefloração (fase A), no final da
floração (fase B) e da frutificação (fase C), e na floração (fase B), no final da
frutificação (fase C), durante 120 e 90 dias, respectivamente
Estresse na Fase A Estresse na Fase B
No final da Fase B No final da Fase C No final da Fase C
(90 dias após estresse) (180 dias após estresse) (90 dias após estresse)
Fontes de Variação GL
Área foliar - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 53086,83 ** 20588,68 ** 48263,86 **
Reg. Linear 1 203622,22 ** 77556,22 ** 183302,41 **
Reg. Quadrática 1 2442,76
NS
202,86
NS
3685,28
NS
Desvio Regressão 2 2215,60
NS
2,57
NS
1971,95
NS
Bloco 5 2002,08
NS
1071,32
NS
672,36
NS
Resíduo 20 1995,27 1283,71 1142,99
CV (%) 17,87 9,42 9,22
Médias (dm
2
)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 371,29 458,00 458,00
S
2
(1,6 dS m
-1
) 310,06 400,85 436,55
S
3
(2,4 dS m
-1
) 252,92 383,17 393,05
S
4
(3,2 dS m
-1
) 160,62 363,95 292,96
S
5
(4,0 dS m
-1
) 154,72 296,69 253,44
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo
66
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas em
A no final das fases B e C
Plantas estressadas em
B no final da fase C
Fase B Fase C
50
150
250
350
450
550
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase C) = 488,3901 - 44,9410**X
R
2
= 0,94
50
150
250
350
450
550
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase B) = 424,6866 - 72,8194**X
R
2
= 0,96
50
150
250
350
450
550
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Y (Fase C) = 532,6160 - 69,0905**X
R
2
= 0,95
Figura 21. Área foliar do clone CCP76 de cajueiro anão precoce no final da floração (fase
B) e da frutificação (fase C), quando submetido, por 120 dias, a estresse na
prefloração (fase A), e no final da frutificação (fase C), quando estressado na
floração (fase B) durante 90 dias, em função da condutividade elétrica da água
de irrigação (CEa)
A área foliar das plantas também variou significativamente (p < 0,01) entre
tratamentos, aos 420 dias do transplante (Tabela 18). As plantas submetidas à irrigação
com água de 1,6 dS m
-1
na fase C (T
3
) formaram maior área foliar (média de 524,80 dm
2
),
apesar de não terem diferido estatisticamente apenas dos cajueiros irrigados com água de
0,8 dS m
-1
de salinidade durante todo o primeiro ano do ciclo [T
13
(média de 458,00 dm
2
)],
e as plantas irrigadas com água salina de 4,0 dS m
-1
na fase B (T
11
) formaram menor área
foliar (média de 253,44 dm
2
), embora não tenham diferido estatisticamente das plantas
sujeitas à CEa de irrigação de 3,2, na fase C [T
9
(média de 277,97 dm
2
)], e 4,0 dS m
-1
, nas
fases A [T
10
(média de 296,69 dm
2
)] e C [T
12
(média de 269,33 dm
2
)], correspondendo a
48,29% do valor de T
3
.
Efeitos semelhantes foram observados em clones de cajueiro anão precoce
por Carneiro et al. (2002) e Carneiro et al. (2004) ao registrarem diferença significativa na
área foliar das plantas quando irrigadas com água de condutividade elétrica superior a 0,7
dS m
-1
, na fase de formação de porta-enxertos. Gerik et al. (1996) ressaltam que em
condições adversas, o equilíbrio entre a produção de assimilados e a demanda para o
desenvolvimento dos órgãos reprodutivos, é severamente afetado pela redução da área
fotossinteticamente ativa, acarretando queda na produtividade da cultura.
67
Tabela 18. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para área foliar na
frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, aos 420 dias após
transplantio
Área foliar
Fontes de Variação GL
Valor de Quadrado Médio
Tratamentos 12 43223,87 **
Bloco 5 1789,64
NS
Resíduo 60 1416,51
CV (%) 10,21
Médias (dm
2
)
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 400,85 bc
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 436,55 bc
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 524,80 a
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 383,17 bc
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 393,05 bc
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 441,71 b
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 363,94 cd
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 292,96 de
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 277,97 e
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 296,69 de
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 253,44 e
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 269,33 e
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 458,00 a b
dms 74,97
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms)
diferença mínima significativa; médias seguidas de mesma letra na
vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste
de Tukey
A evolução da área foliar ao longo dos 420 dias de monitoramento dos
cajueiros expressa, também, pelo modelo não-linear ‘logístico’, pode ser encontrada na
Figura 22, na qual se nota a mesma tendência de comportamento das plantas observado
para número de folhas, a partir dos 90, na fase A, e 30 dias de estresse salino nas fases B e
C, nos níveis S
4
e S
5
(Figuras 22 e 23). A magnitude do efeito da salinidade sobre a
formação de área foliar ao longo do período de estudos, variou entre níveis salinos e entre
fases fenológicas; os incrementos de área foliar das plantas submetidas às águas de
irrigação de 0,8, 1,6, 2,4, 3,2 e 4,0 dS m
-1
de salinidade foram, respectivamente, de 394,68,
476,40, 492,51, 90,65 e 89,14%, no final da fase A, de 113,54, 81,20, 89,23, 47,36 e
17,89%, no final da fase B, e de 26,74, 43,55, 39,05, 15,34 e 16,54%, no final da fase C
(Figura 22). Nota-se ainda, através das análises das equações de regressão (Figura 22), no
final das fases A, B e C, serem as taxas de incremento da área foliar no nível S
5
,
aproximadamente 70, 83 e 56% inferiores ao nível S
1
, respectivamente, denotando-se ser o
genótipo CCP76 de cajueiro mais susceptível à salinidade na fase B, em consonância com
Peres & Kerbauy (2004) e Taiz & Zeiger (2004) ao afirmarem que as plantas em floração
passam a priorizar os fotoassimilados para órgãos produtivos.
68
Á r e a f o l i a r (d m
2
)
A
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
B
0
150
300
450
600
Fase A
Fase B Fase C
C
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
D
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
E
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
F
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
G
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
H
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
I
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
J
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
K
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
L
0
150
300
450
600
Fase A Fase B Fase C
M
0
150
300
450
600
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Di ó l i (DAT)
Fase A
Fase B Fase C
Irrigação com água de CEa de 0,8 dS m
-1
R
2
= 0,99
+
+
=
68,2845
256,6364 - X
1-
2
1
442,4864 9463,22
Y )A]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
71,4025
260,1701 - X
1-
2
1
498,0947 0001,32
Y )B]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
235,7487
338,5124 - X
1-
2
1
1599,6272 0001,438
Y )C]m dS 1,6 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
564,1307
1074,5554 - X
1-
3
1
4030,7359 2190,602
Y )A]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
65,6443
259,3886 - X
1-
3
1
438,9359 3796,30
Y )B]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
115,7913
288,1036 - X
1-
3
1
696,7098 8668,110
Y )C]m dS 2,4 (CEa [S
e
R
2
= 0,97
+
+
=
115,2596
941,8455 - X
1-
4
1
29887,8556 3088,24
Y )A]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,95
+
+
=
250,2827
272,1618 - X
1-
4
1
2233,9690 8319,1828
Y )B]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,94
+
+
=
47,1509
252,8201 - X
1-
4
1
316,6294 2999,13
Y )C]m dS 3,2 (CEa [S
e
R
2
= 0,98
+
+
=
69,0932
375,5953- X
1-
5
1
411,2153 7575,35
Y )A]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,94
+
+
=
24,4972
202,7195- X
1-
5
1
187,3105 0213,28
Y )B]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,95
+
+
=
56,5026
242,8979- X
1-
5
1
313,3602 1651,3
Y )C]m dS 4,0 (CEa [S
e
R
2
= 0,99
+
+
=
52,0487
276,4582- X
1-
1
1
472,2579 7842,11
Y )ABC]m dS 0,8 (CEa [S
e
Figura 22. Evolução da área foliar no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro
anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas
69
Plantas estressadas na Fase A
0
150
300
450
600
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Área Foliar (dm
2
)
Fase A Fase B Fase C
Plantas estressadas na Fase B
0
150
300
450
600
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Área foliar (dm
2
)
Fase A Fase B Fase C
Plantas estressadas na Fase C
0
150
300
450
600
120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420
Dias após transplantio
Área foliar (dm
2
)
Fase A Fase B Fase C
0,8 dS/m 1,6 dS/m 2,4 dS/m 3,2 dS/m 4,0 dS/m
Figura 23. Evolução da área foliar no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro
anão precoce sob estresse salino, em diferentes fases fenológicas
70
5.2. Produção e seus Componentes
Analisaram-se os dados de produção das plantas sob condições de estresse
nas fases de prefloração (fase A), floração (fase B) e frutificação (fase C); contudo,
preferiu-se estudar o efeito da salinidade da água na época de aplicação do estresse (fase
C).
5.2.1. Número e fitomassa média de frutos
Considerou-se ‘fruto’ a soma das unidades produtivas (castanha+pedúnculo).
Através da análise de variância de número de frutos (NFrutos) para diferentes níveis de
CEa de irrigação, obteve-se efeito altamente significativo (p < 0,01) da salinidade sobre o
NFrutos (Tabela 19). Ao se desdobrar o grau de liberdade da salinidade, notou-se
significância das equações linear e quadrática, porém se optou por utilizar o modelo
quadrático em virtude de apresentar melhor ajuste (R
2
) e, também, por seus coeficientes
serem todos significativos.
Tabela 19. Resumo da análise de variância e médias para número de frutos (NFrutos) de
plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na prefloração
(fase A), na floração (fase B) e na frutificação (fase C) durante 90, 90 e 120 dias,
respectivamente
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
NFrutos - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 450,67 ** 403,37 ** 245,62 **
Reg. Linear 1 1530,15 ** 1353,45 ** 331,35 **
Reg. Quadrática 1 50,30
NS
186,01 * 550,30 **
Desvio Regressão 2 111,11 * 36,85
NS
50,41
NS
Bloco 5 38,43
NS
49,79
NS
16,05
NS
Resíduo 20 26,27 24,13 38,24
CV (%) 18,87 16,73 16,08
Médias (frutos por planta)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 37,00 37,00 37,00
S
2
(1,6 dS m
-1
) 36,17 32,83 46,33
S
3
(2,4 dS m
-1
) 22,33 34,00 41,00
S
4
(3,2 dS m
-1
) 21,00 26,67 39,17
S
5
(4,0 dS m
-1
) 19,33 16,33 28,83
* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente;
NS
não significativo
71
Pela equação de regressão (Figura 24), o NFrutos aumentou 14% ao se
irrigar as plantas com água de CE de 1,6 dS m
-1
(comparado com S
1
); todavia, o número
máximo de frutos (44,12 frutos por planta) foi obtido ao se irrigar as plantas com água de
2,03 dS m
-1
de salinidade. Ajustando-se os dados ao modelo platô, verificou-se valor da
salinidade limiar (SL) da água de 1,72 dS m
-1
e decréscimo no percentual de número de
frutos por aumento unitário da CEa de 38,16%, a partir do valor da SL (Figura 24).
Em frutíferas, quando se aumentam as concentrações salinas na água de
irrigação, uma série de características da planta diminui, como altura, diâmetro, área foliar,
fitomassas fresca e seca de folhas, ramos e raízes (PORTO FILHO, 2003; SOARES et al.,
2006). Essas perdas no desenvolvimento vegetativo se refletem em diminuição da
produção, associada a um número menor de frutos e/ou a uma massa menor dos mesmos.
Em ensaio com melão irrigado, no qual se usou água salina variando de 0,6 a 4,5 dS m
-1
,
Porto Filho (2003) verificou diminuição significativa no número e peso médio de frutos
comercial e total de melão, com o aumento da salinidade; fato semelhante foi comprovado
em maracujazeiro por Soares et al. (2006), utilizando de águas salinas variando de 1,0 a 5,0
dS m
-1
, ao constatarem redução linear do número de frutos comercial e total e do peso
médio do total de frutos e dos frutos comercial, a partir de água de salinidade superior a 1,0
dS m
-1
.
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C Fase A
Y = 42,3167 - 6,3125**X
R
2
= 0,85
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Número frutos (frutos por planta)
Y = 33,2000 + 5,2232
NS
X - 2,3251**X
2
R
2
= 0,95
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Número frutos (frutos por planta)
Y = 27,6000 + 16,2589**X - 3,9993**X
2
R
2
= 0,90
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Número frutos (frutos por planta)
Y = 100 - 14,5185(X - 1,724)
R
2
= 0,90
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
NFrutos relativos
Figura 24. Número de frutos no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce, quando submetido ao estresse na prefloração (fase A), por 120 dias, na
floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante 90 dias, em
função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)
72
Pela análise de variância de número de frutos (NFrutos) para os treze
tratamentos o efeito foi, também, altamente significativo (p < 0,01) (Tabela 20). Através da
comparação de médias, o uso de S
2
(1,6 dS m
-1
) na fase de frutificação (T
3
), apesar de não
ter divergido estatisticamente da utilização de S
3
(2,4 dS m
-1
) e S
4
(3,2 dS m
-1
) na mesma
época [T
6
(média de 41,00 frutos por planta) e T
9
(média de 39,17 frutos por planta)],
resultou em maior número de frutos (média de 46,33 frutos por planta), 2,65 vezes superior
à utilização de S
5
(4,0 dS m
-1
) na fase de floração [T
11
(média de 16,33 frutos por planta)] e
1,25 vezes superior ao uso de S
1
durante todo o primeiro ano de ciclo da cultura [T
13
(média de 37,00 frutos por planta)].
Verifica-se, com os resultados acima, que a indução de 1,6 dS m
-1
de CEa
de irrigação na fase final do primeiro ano de ciclo, favoreceu o número de frutos, sem
variação significativa entre os tratamentos T
6
e T
9
e com diferença significativa entre os
demais tratamentos; esses resultados são semelhantes aos apresentados por Porto Filho
(2003); o autor observou efeitos menos severos na produção de frutos de meloeiro quando
induziu as plantas a níveis salinos da água de irrigação no final do ciclo da cultura; porém,
o número excessivo de frutos por planta em frutíferas está associado ao baixo peso médio
de frutos (ALMEIDA et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2004).
Tabela 20. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para número de frutos
(NFrutos) no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
NFrutos
Fontes de Variação GL
Valor de Quadrado Médio
Tratamentos 12 513,18 **
Bloco 5 21,02
NS
Resíduo 60 17,02
CV (%) 13,37
Médias (frutos por planta)
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 36,17 bc
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 32,83 bcd
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 46,33 a
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 22,33 efg
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 34,00 bcd
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 41,00 ab
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 21,00 efg
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 26,67 d ef
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 39,17 ab
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 19,33 fg
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 16,33 g
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 28,83 cd e
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 37,00 bc
dms 8,22
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms)
diferença mínima significativa; médias seguidas de mesma letra na
vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste
de Tukey
73
Tabela 21. Resumo da análise de variância e dias para fitomassa fresca média da castanha
(FFMCastanha), do pedúnculo (FFMPedúnculo) e da castanha+pedúnculo
(FFMCastanha+Pedúnculo) de plantas do clone CCP76 estressadas na
prefloração (fase A), na floração (fase B) e na frutificação (fase C) durante 90, 90
e 120 dias, respectivamente
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
FFMCastanha - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 3,18 ** 1,17
NS
3,76 **
Reg. Linear 1 2,00 ** 2,94 * 14,23 **
Reg. Quadrática 1 0,64
NS
0,94
NS
0,34
NS
Desvio Regressão 2 5,04 ** 0,40
NS
0,22
NS
Bloco 5 1,46 ** 0,23
NS
0,53
NS
Resíduo 20 0,18 0,39 0,22
CV (%) 7,81 12,71 10,52
Médias (g)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 5,26 5,26 5,26
S
2
(1,6 dS m
-1
) 4,95 4,95 5,08
S
3
(2,4 dS m
-1
) 5,26 5,25 4,37
S
4
(3,2 dS m
-1
) 6,78 4,90 4,17
S
5
(4,0 dS m
-1
) 5,26 4,17 3,28
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
FFMPedúnculo - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 315,99 ** 75,88 ** 213,33 **
Reg. Linear 1 216,75 ** 129,86 ** 701,58 **
Reg. Quadrática 1 115,50 ** 39,21
NS
31,76
NS
Desvio Regressão 2 465,85 ** 67,22 ** 59,99 **
Bloco 5 10,03
NS
26,52
NS
6,77
NS
Resíduo 20 14,35 11,50 11,60
CV (%) 9,06 10,00 10,42
Médias (g)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 39,42 39,42 39,42
S
2
(1,6 dS m
-1
) 33,86 31,29 33,53
S
3
(2,4 dS m
-1
) 43,21 35,54 36,77
S
4
(3,2 dS m
-1
) 53,34 31,15 29,27
S
5
(4,0 dS m
-1
) 39,18 32,13 24,45
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
FFMCastanha+Pedúnculo - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 379,41 ** 83,72 ** 265,80 **
Reg. Linear 1 260,50 ** 165,20 ** 915,88 **
Reg. Quadrática 1 133,41 ** 30,46
NS
38,71
NS
Desvio Regressão 2 561,86 ** 69,61 ** 54,31 **
Bloco 5 17,36
NS
28,39
NS
8,12
NS
Resíduo 20 15,24 11,99 12,41
CV (%) 8,25 8,92 9,49
Médias (g)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 44,68 44,68 44,68
S
2
(1,6 dS m
-1
) 38,81 36,23 38,61
S
3
(2,4 dS m
-1
) 48,47 40,44 41,13
S
4
(3,2 dS m
-1
) 60,12 36,40 33,43
S
5
(4,0 dS m
-1
) 44,44 36,30 27,73
* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente;
NS
não significativo
Visualizam-se, na Tabela 21, as análises de variância e as médias observadas
para fitomassa fresca média da castanha (FFMCastanha), do pedúnculo (FFMPedúnculo) e da
74
castanha+pedúnculo (FFMCastanha+Pedúnculo), observando-se efeitos significativos da
salinidade da água sobre a FFMCastanha, a FFMPedúnculo e a FFMCastanha+Pedúnculo, todos
a nível de 0,01 de probabilidade, nas fases fonológicas estudadas, com exceção da fitomassa
fresca média da castanha, na Fase B, cujo efeito significativo foi a 0,05 de probabilidade.
Conforme os estudos de regressão (Tabela 21), os efeitos negativos dos níveis
salinos da água de irrigação sobre as FFMCastanha (p < 0,01) e FMPedúnculo (p < 0,01) foi
linear, ocorrendo decréscimos, comparados com S
1
, de 11,26 e 10,81%, respectivamente,
por aumento unitário da CEa de irrigação. Seguindo-se as tendências verificadas para
FFMCastanha e FFMPedúnculo, a FFMCastanha+Pedúnculo foi reduzida de forma linear
(p < 0,01) na medida que a salinidade da água de irrigação foi aumentada (Tabela 21);
segundo o modelo matemático obtido (Figura 25), houve redução, de 10,87% por aumento
da CEa de irrigação. Porto Filho (2003) e Soares et al. (2006) também constataram redução
significativa no peso médio de frutos de meloeiro e maracujazeiro a partir do nível menos
salino da água de irrigação.
De acordo com referida taxa de decréscimo registrada para fitomassa fresca
média total das unidades produtivas (FFMCastanha+Pedúnculo) (Figura 25), CEa de 1,75
dS m
-1
ainda proporciona 90% de FFMCastanha+Pedúnculo; com base nos critérios de
tolerância das culturas à salinidade (Ayers & Westcot, 1999), o cajueiro anão precoce pode
ser considerado ‘moderadamente sensível’ à salinidade da água na frutificação e o valor de
1,75 dS m
-1
, seu limite de tolerância à salinidade na produção.
Pela análise de variância de fitomassa fresca média de castanha
(FFMCastanha), de pedúnculo (FFMPedúnculo) e de castanha+pedúnculo
(FFMCastanha+Pedúnculo) para os treze tratamentos, os efeitos foram significativos pelo
teste ‘F’, todos em nível de 0,01 de probabilidade (Tabela 22). Através da comparação de
médias (Tukey - p < 0,01), o uso de S
4
(3,2 dS m
-1
), na irrigação das plantas na fase inicial
de cultivo (T
7
), resultou em valores estatisticamente superiores de FFMCastanha (média de
6,78 g), de FFMPedúnculo (média de 53,34 g) e de FFMCastanha+Pedúnculo (média de
60,12 g), respectivamente, 2,08, 2,18 e 2,17 vezes superiores ao uso de S
5
(4,0 dS m
-1
), na
fase de frutificação [T
12
(médias de 3,28, 24,45 e 27,73 g, respectivamente)], e 1,29, 1,35 e
1,35 vezes superior à utilização de S
1
(0,8 dS m
-1
) na irrigação dos cajueiros, durante todo
o ciclo.
75
Y = 4,9540 + 0,2283**X
R
2
= 0,16
0
1
2
3
4
5
6
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMCastanha (g)
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C Fase
A
Y = 5,5705 - 0,2769*X
R
2
= 0,63
0
1
2
3
4
5
6
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMCastanha (g)
Y = 5,8929 - 0,6087**X
R
2
= 0,95
0
1
2
3
4
5
6
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMCastanha (g)
Y = 27,8887 + 11,1705**X - 1,8322**X
2
R
2
= 0,26
0
10
20
30
40
50
60
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMPendúculo (g)
Y = 38,3195 - 1,8390**X
R
2
= 0,43
0
10
20
30
40
50
60
0,81,62,43,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMPendúculo (g)
Y = 42,9438 - 4,2744**X
R
2
= 0,82
0
10
20
30
40
50
60
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMPendúculo (g)
Y = 32,2287 + 12,0564**X - 1,9691**X
2
R
2
= 0,26
0
10
20
30
40
50
60
70
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMCastanha+Pedúnculo (g)
Y = 43,7883 - 2,0742**X
R
2
= 0,49
0
10
20
30
40
50
60
70
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMCastanha+Pedúnculo (g)
Y = 47,8370 - 4,6338**X
R
2
= 0,79
0
10
20
30
40
50
60
70
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
FFMCastanha+Pedúnculo (g)
Figura 25. Fitomassa fresca média da castanha (FFMCastanha), do pedúnculo
(FFMPedúnculo) e da castanha+pedúnculo (FFMCastanha+Pedúnculo) no
primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, quando
submetido ao estresse na prefloração (fase A), por 120 dias, na floração (fase
B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante 90 dias, em função da
condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)
De modo diferente do observado para número de frutos e produção total, em
geral, a indução do estresse salino na fase final inicial de cultivo favoreceu a qualidade das
unidades produtivas, em termos de fitomassa fresca média da castanha, do pedúnculo e da
castanha+pedúnculo com variação significativa entre os tratamentos que receberam águas
salinas nas fases seguintes, inclusive do que recebeu água menos salina em todo o ciclo;
tais resultados estão de acordo com as observações de Porto Filho (2003), ao irrigar
meloeiro de forma incremental em diferentes fases fenológicas da cultura, de Almeida et
al. (1998).
76
Tabela 22. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para fitomassa fresca
média da castanha (FFMCastanha), do pedúnculo (FFMPedúnculo) e da
castanha+pedúnculo (FFMCastanha+Pedúnculo) no primeiro ano de ciclo do
clone CCP76 de cajueiro anão precoce
FFMCastanha FFMPedúnculo FFMCastanha+Pedúnculo
Fontes de Variação GL
Tratamentos 12 4,03 ** 311,66 ** 376,95 **
Bloco 5 1,00 ** 6,46
NS
14,40
NS
Resíduo 60 0,29 14,06 14,75
CV (%) 10,93 10,52 9,48
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 4,95 bc 33,86 cde 38,81 cde
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 4,95 bc 31,29 def 36,24 de
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 5,08 bc 33,53 cde 38,61 cde
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 5,26 b 43,21 b 48,47 b
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 5,24 b 35,54 cde 40,44 cde
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 4,37 bc 36,77 bcd 41,13 bcd
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 6,78 a 53,34 a 60,12 a
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 4,90 bc 31,15 def 36,40 de
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 4,17 cd 29,27 ef 33,43 ef
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 5,25 b 39,18 bc 44,44 bc
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 4,17 cd 32,13 cde 36,30 de
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 3,28 d 24,45 f 27,73 f
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 5,26 b 39,42 bc 44,68 bc
dms 1,07 7,47 7,65
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms) diferença mínima significativa; médias
seguidas de mesma letra na vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey
5.2.2. Produção total
Assim como para número e fitomassa média de frutos, a salinidade da água
de irrigação exerceu efeito significativo (p < 0,01) sobre a produção total (PTotal) (Tabela
21), com variação, segundo a equação de regressão (Figura 26), de 1510,22 a 631,66 g
planta
-1
, entre o menor (S
1
) e o maior (S
5
) nível salino, e decréscimos em relação a S
1
, de
3,73, 10,94, 18,15 e 25,36%, para S
2
, S
3
, S
4
e S
5
, respectivamente.
Pela regressão segmentada (modelo platô), constatou-se que a produção
total (PTotal) só foi afetada a partir de 1,65 dS m
-1
de CEa de irrigação, constituindo este
valor a salinidade limiar (SL) da água para a PTotal, ocorrendo decréscimo acima daquele
valor de 20,44% para cada aumento unitário da salinidade da água (Figura 26). Através das
análises dos modelos platô para NFrutos e Ptotal, percebe-se ser a diminuição do número
de frutos, a partir da SL, maior que a redução da produção, implicando ter a salinidade da
água influenciado mais negativamente no número de frutos.
77
Tabela 23. Resumo da análise de variância e médias para produção total (PTotal) de
plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce estressadas na prefloração
(fase A), na floração (fase B) e na frutificação (fase C) durante 90, 90 e 120 dias,
respectivamente
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
PTotal - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 385464,75 ** 843768,16 ** 946309,20 **
Reg. Linear 1 1386419,37 ** 3153530,91 ** 2894468,63 **
Reg. Quadrática 1 1580,72
NS
79836,75 * 249093,51 **
Desvio Regressão 2 76929,47 ** 70852,50 * 320837,33 **
Bloco 5 5617,90
NS
15116,24
NS
16770,16
NS
Resíduo 20 11698,32 12811,88 6847,59
CV (%) 10,07 11,28 7,01
Médias (g por planta)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 1437,72 1437,72 1437,72
S
2
(1,6 dS m
-1
) 1118,79 1155,44 1561,88
S
3
(2,4 dS m
-1
) 1067,73 1164,63 1400,00
S
4
(3,2 dS m
-1
) 1017,28 780,32 758,43
S
5
(4,0 dS m
-1
) 728,42 478,99 741,25
* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente;
NS
não significativo
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C Fase A
Y = 1530,0178 - 190,0123**X
R
2
= 0,90
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Produção total (g por planta)
Y = 1475,3867 - 55,3527
NS
X - 48,1706*X
2
R
2
= 0,96
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Produção total (g por planta)
Y = 1457,5810 + 133,8677**X - 85,0867**X
2
R
2
= 0,83
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
Produção total (g por planta)
Y = 100 - 24,7502(X - 1,652)
R2 = 0,88
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
PTotal relativa
Figura 26. Produção total no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce, quando submetido ao estresse na prefloração (fase A), por 120 dias, na
floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante 90 dias, em
função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)
Efeitos semelhantes foram obtidos em melão por Porto Filho (2003) e em
maracujá por Soares et al (2006); Porto Filho (2003) notou redução significativa da
produção comercial e total das plantas de meloeiro a partir do nível salino da água de
irrigação de 0,6 dS m
-1
; Soares et al. (2006) registraram que a produção comercial e total
78
das plantas de maracujazeiro foi diminuída linearmente com o aumento da salinidade
acima de 0,5 dS m
-1
CEa de irrigação.
Através da análise de variância de produção total (PTotal) para os treze
tratamentos, o efeito foi, também, altamente significativo (p < 0,01) (Tabela 24). Pela
comparação de médias, o uso de S
2
(1,6 dS m
-1
) na fase de frutificação [T
3
(média de
1561,88 g por planta)], embora não tenha diferido estatisticamente apenas da utilização de
S
3
(2,4 dS m
-1
) na mesma época [T
6
(média de 1400,00 g por planta)] e S
1
(0,8 dS m
-1
)
durante todo o primeiro ano de ciclo [T
13
(média de 1437,72 g por planta)], destacou-se em
produção, com valores 3,26 vezes superior à utilização de S
5
(4,0 dS m
-1
) na fase de
floração [T
11
(média de 478,99 g por planta)].
Do mesmo modo que no número de frutos, a indução de 1,6 dS m
-1
de CEa
de irrigação na fase final do primeiro ano de ciclo, favoreceu a produção total, sem
variação significativa entre os tratamentos T
6
e T
13
e com diferença significativa entre os
demais tratamentos; este comportamento é reforçado pelas observações de Porto Filho
(2003) ao irrigar melão de forma incremental em diferentes estádios de desenvolvimento
da cultura; entretanto, normalmente alta produção não se reflete em qualidade dos frutos
(ALMEIDA et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2004).
Tabela 24. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para produção total
(PTotal) no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
PTotal
Fontes de Variação GL
Valor de Quadrado Médio
Tratamentos 12 621676,24**
Bloco 5 13311,21
NS
Resíduo 60 10924,76
CV (%) 10,13
Médias (g por planta)
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 1118,79 b
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 1155,44 b
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 1561,88 a
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 1067,73 b
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 1164,63 b
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 1400,00 a
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 1017,28 b
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 780,32 c
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 758,43 c
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 728,42 c
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 478,99 d
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 741,25 c
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 1437,72 a
dms 208,20
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms)
diferença mínima significativa; médias seguidas de mesma letra na
vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste
de Tukey
79
5.2.4. Comprimento e Diâmetro Médio do Pedúnculo
Pode-se encontrar, na Tabela 25, as análises de variância e as médias
observadas para comprimento (CMPedúnculo) e diâmetro (DMPedúnculo) médio de
pedúnculo, observando-se efeitos significativos da salinidade da água de irrigação sobre o
CMPedúnculo (p < 0,01) e o DMPedúnculo (p < 0,01).
Tabela 25. Resumo da análise de variância e médias para comprimento (CMPedúnculo) e
diâmetro (DMPedúnculo) médio do pedúnculo (FFMCastanha+Pedúnculo) de
plantas do clone CCP76 estressadas na prefloração (fase A), na floração (fase B)
e na frutificação (fase C) durante 90, 90 e 120 dias, respectivamente
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
CMPedúnculo - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 120,05 ** 67,05 ** 203,61 **
Reg. Linear 1 6,81
NS
50,73 ** 635,05 **
Reg. Quadrática 1 139,94 ** 3,24
NS
72,91 **
Desvio Regressão 2 166,72 ** 107,11 ** 53,23 **
Bloco 5 3,42
NS
2,10
NS
4,44
NS
Resíduo 20 9,49 4,53 4,15
CV (%) 5,89 4,43
Médias (mm)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 51,99 51,99 51,99
S
2
(1,6 dS m
-1
) 51,45 45,60 46,82
S
3
(2,4 dS m
-1
) 52,27 49,48 49,64
S
4
(3,2 dS m
-1
) 59,05 51,27 44,58
S
5
(4,0 dS m
-1
) 46,50 44,56 36,84
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
DMPedúnculo - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 57,50 ** 41,38 ** 109,40 **
Reg. Linear 1 1,74
NS
82,04 ** 386,54 **
Reg. Quadrática 1 0,04
NS
8,32
NS
15,33
NS
Desvio Regressão 2 114,11 ** 37,58 ** 17,86 **
Bloco 5 1,81
NS
4,63
NS
1,58
NS
Resíduo 20 5,18 4,29 3,78
CV (%) 6,14 5,91 5,71
Médias (mm)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 39,08 39,08 39,08
S
2
(1,6 dS m
-1
) 34,14 33,16 35,10
S
3
(2,4 dS m
-1
) 36,08 36,33 36,00
S
4
(3,2 dS m
-1
) 41,39 33,77 32,45
S
5
(4,0 dS m
-1
) 34,60 32,93 27,71
* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente;
NS
não significativo
Conforme os estudos de regressão, o comprimento médio do pedúnculo se
ajustou ao modelo quadrático (p < 0,01) (Tabela 25), com incremento positivo em relação
a S
1
, até a CEa de irrigação de 1,0 dS m
-1
(Figura 27), a partir da qual o CMPedúnculo
decresceu 1,03, 5,60, 13,87 e 25,81%, em S
2
, S
3
, S
4
e S
5
, respectivamente. Já em relação ao
diâmetro médio do pedúnculo, constatou-se efeito linear dos níveis salinos da água de
80
irrigação (p < 0,01), segundo os estudos de regressão (Tabela 25), ocorrendo decremento
comparado com S
1
, no DMPedúnculo de 8,11% por aumento unitário da condutividade
elétrica da água de irrigação (Figura 27).
Verificaram-se, através das análises de variância com treze tratamentos em
relação ao comprimento (CMPedúnculo) e diâmetro (DMPedúnculo) médio do pedúnculo,
efeitos significativos entre eles para CMPedúnculo e DMPedúnculo, todos com nível de
significância de 0,01 de probabilidade (Tabela 26).
Mantendo-se as tendências constatadas para FFMCastanha+Pedúnculo,
FFMCastanha e FFMPedúnculo, verifica-se superioridade do uso de S
4
(3,2 dS m
-1
), na
irrigação dos cajueiros na prefloração (T
7
), desenvolvendo maior CMPedúnculo (média de
59,05 mm) e DMPedúnculo (média de 41,39 mm) correspondendo, respectivamente, a
37,61 e 33,05% acima da utilização de S
5
(4,0 dS m
-1
), na floração [T
12
(médias de 36,84
mm e 27,71 mm, respectivamente)], e 11,96 e 5,58% acima do uso de S
1
(0,8 dS m
-1
), na
irrigação das plantas em todo o ciclo [T
13
(médias de 51,99 e 39,08 mm, respectivamente)],
apesar do tratamento T
7
não ter diferido estatisticamente apenas do T
13
em DMPedúnculo.
Plantas estressadas
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Fase B Fase C Fase
A
Y = 44,2273 + 9,2591**X - 2,0167**X
2
R
2
= 0,31
0
10
20
30
40
50
60
70
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
CMPendúculo (mm)
Y = 51,3358 - 1,1494**X
R
2
= 0,19
0
10
20
30
40
50
60
70
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
CMPendúculo (mm)
Y = 49,2109 + 2,9208**X - 1,4557**X
2
R
2
= 0,87
0
10
20
30
40
50
60
70
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
CMPendúculo (mm)
Y = 38,5610 - 1,4617**X
R
2
= 0,50
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
DMPendúculo (mm)
Y = 41,6820 - 3,1727**X
R
2
= 0,88
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
DMPendúculo (mm)
Figura 27. Comprimento (CMPedúnculo) e diâmetro (DMPedúnculo) médio do pedúnculo
no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, quando
submetido ao estresse na prefloração (fase A), por 120 dias, na floração (fase B),
por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante 90 dias, em função da
condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)
81
Tabela 26. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para comprimento
(CMPedúnculo) e diâmetro (DMPedúnculo) médio do pedúnculo no primeiro
ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
CMPedúnculo DMPedúnculo
Fontes de Variação GL
Valores de Quadrados Médios
Tratamentos 12 169,24** 65,36**
Bloco 5 1,00
NS
3,59
NS
Resíduo 60 5,33 3,69
CV (%) 4,76 5,52
Médias
...………… (mm) …………... ...………… (mm) …………...
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 51,45 b 34,14 cd
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 45,60 de 33,16 cd
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 46,82 cde 35,10 cd
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 52,27 b 36,08 bcd
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 49,48 bcd 36,33 bc
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 49,64 bcd 36,00 bcd
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 59,05 a 41,39 a
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 51,27 bc 33,77 cd
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 44,58 e 32,45 d
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 46,50 de 34,60 cd
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 44,56 e 32,93 cd
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 36,84 f 27,71 e
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 51,99 b 39,08 ab
dms 4,60 3,83
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms) diferença mínima significativa; médias
seguidas de mesma letra na vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey
Com base nos dados já discutidos de FFMCastanha+Pedúnculo,
FFMCastanha e FFMPedúnculo e através dos resultados de CMPedúnculo e DMPedúnculo,
evidencia-se que, quanto mais cedo foi aplicado o estresse com água de 3,2 dS m
-1
de
salinidade, maior foi a tendência dos cajueiros em desenvolverem suas unidades produtivas,
fato reforçado pelas observações de Porto Filho (2003), em meloeiro sob estresse salino, e
Almeida et al. (1998) e Oliveira et al. (2004), em cajueiro anão precoce sob estresse hídrico.
5.2.5.
o
Brix
A salinidade da água de irrigação exerceu efeito significativo sobre o
o
Brix
(p < 0,01) (Tabela 27). Tal como no CMPedúnculo, o
o
Brix se ajustou melhor ao modelo
quadrático (p < 0,01), segundo os estudos de regressão, com incremento positivo,
comparado com S
1
, até a CEa de irrigação de 2,98 dS m
-1
(12,40
o
Brix) (Figura 28), a
partir da qual o
o
Brix decresceu 0,08%, em S
4
(12,39
o
Brix), e 2,42%, em S
5
(12,10
o
Brix).
82
Tabela 27. Resumo da análise de variância e médias para
o
Brix de pedúnculos do clone
CCP76 de cajueiro anão precoce estressado na prefloração (fase A), por 120
dias, na floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), por 90 dias
Fase A Fase B Fase C
Fontes de Variação GL
o
Brix - Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 0,91
NS
1,89 ** 1,84 **
Reg. Linear 1 2,06 * 3,39 ** 4,29 **
Reg. Quadrática 1 0,69
NS
2,06 * 2,88 **
Desvio Regressão 2 0,44
NS
1,05
NS
0,10
NS
Bloco 5 0,17
NS
0,36
NS
0,33
NS
Resíduo 20 0,34 0,29 0,36
CV (%) 5,27 5,05 5,06
Médias (
o
Brix)
S
1
(0,8 dS m
-1
) 11,02 11,02 11,02
S
2
(1,6 dS m
-1
) 10,58 10,74 11,92
S
3
(2,4 dS m
-1
) 10,89 10,93 12,18
S
4
(3,2 dS m
-1
) 11,44 11,01 12,50
S
5
(4,0 dS m
-1
) 11,52 9,70 12,07
* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente;
NS
não significativo
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C Fase A
Y = 10,5350 + 0,2317*X
R
2
= 0,57
9,0
9,4
9,8
10,2
10,6
11,0
11,4
11,8
12,2
12,6
13,0
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
ºBrix
Y = 10,2983 + 0,8779
NS
X - 0,2448*X
2
R
2
= 0,72
9,0
9,4
9,8
10,2
10,6
11,0
11,4
11,8
12,2
12,6
13,0
0,81,62,43,2 4
CEa (dS m
-1
)
ºBrix
Y = 9,8367 + 1,7235**X - 0,2894**X
2
R
2
= 0,97
9,0
9,4
9,8
10,2
10,6
11,0
11,4
11,8
12,2
12,6
13,0
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
ºBrix
Figura 28.
o
Brix de pedúnculos no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce, quando submetido ao estresse na prefloração (fase A), por 120 dias, na
floração (fase B), por 90 dias, e na frutificação (fase C), durante 90 dias, em
função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa)
Barros (1998) avaliando a qualidade de frutos de melão quando submetidos
a incrementos de salinidade da água (CEa variando de 1,0 a 5,0 dS m
-1
) nos diferentes
estádios fenológicos da cultura obteve, também, maiores valores de
o
Brix nos frutos das
plantas irrigadas com águas mais salinas.
Com base na análise de variância de
o
Brix para tratamentos, o efeito foi
também altamente significativo (p < 0,01) (Tabela 28). Através da comparação de médias,
o uso de S
4
(3,2 dS m
-1
) na fase de frutificação (T
9
), apesar de não ter divergido
estatisticamente da utilização de S
2
(1,6 dS m
-1
), S
3
(2,4 dS m
-1
) e S
5
(4,0 dS m
-1
) na
mesma época [T
3
(média de 12,17
o
Brix), T
6
(média de 12,17
o
Brix) e T
12
(média de 12,00
83
o
Brix)], resultou em maior valor de
o
Brix (média de 12,50
o
Brix), 1,29 vezes superior à
utilização de S
5
(4,0 dS m
-1
) na fase de floração [T
11
(média de 9,67
o
Brix)] e 1,15 vezes
superior ao uso de S
1
durante todo o primeiro ano de ciclo da cultura [T
13
(média de 10,83
o
Brix)].
O valor observado para o tratamento T
9
(12,50
o
Brix) foi próximo dos
encontrados por Moura (1998) e Bezerra & Damasceno Júnior (2002) em pedúnculos do
clone CCP76 de cajueiro anão cultivado em condições de irrigação, ou seja, de 12,93 e
11,90
o
Brix, respectivamente.
Tabela 28. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para
o
Brix de
pedúnculos no primeiro ano de ciclo do clone CCP76 de cajueiro anão precoce
o
Brix
Fontes de Variação GL
Valor de Quadrado Médio
Tratamentos 12 4,02 **
Bloco 5 0,44
NS
Resíduo 60 0,37
CV (%) 5,38
Médias (
o
Brix)
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 10,50 de
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 10,50 de
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 12,17 ab
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 10,83 cde
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 11,00 bcd
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 12,17 ab
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 11,50 abcd
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 11,00 bcd
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 12,50 a
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 11,50 abcd
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 9,67 e
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 12,00 abc
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 10,83 cde
dms 1,20
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms)
diferença mínima significativa; médias seguidas de mesma letra na
vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste
de Tukey
5.3. Evapotranspiração Real (ETr)
Tem-se, na Tabela 29, as análises de variância e as médias observadas para
evapotranspiração real (ETr), em avaliações realizadas no final da prefloração (fase A), da
floração (fase B) e da frutificação (fase C). Verificam-se efeitos significativos da salinidade da
água, todos em nível de 0,01 de probabilidade, sobre a ETr nos três estádios fenológicos.
84
Tabela 29. Resumo da análise de variância e médias para evapotranspiração real na
prefloração (ETrPrefloração), na floração (ETrFloração) e na frutificação
(ETrFrutificação) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce irrigadas
com águas de diferentes concentrações de sais, aos 120, 90 e 90 dias após
estresse salino, respectivamente
ETrPrefloração ETrFloração ETrFrutificação
Fontes de Variação GL
Valores de Quadrados Médios
Salinidade 4 10,28 ** 52,44 ** 142,43 **
Reg. Linear 1 38,08 ** 192,50 ** 532,88 **
Reg. Quadrática 1 0,03
NS
2,73 * 3,80 *
Desvio Regressão 2 1,53 ** 7,26 ** 16,52 **
Bloco 5 0,16
NS
0,24
NS
1,02
NS
Resíduo 20 0,08 0,45 0,50
CV (%) 4,31 5,37 4,77
Médias
mm dia
-1
S
1
(0,8 dS m
-1
) 7,76 15,20 19,95
S
2
(1,6 dS m
-1
) 7,77 15,68 18,69
S
3
(2,4 dS m
-1
) 6,39 12,39 16,24
S
4
(3,2 dS m
-1
) 5,29 10,32 10,26
S
5
(4,0 dS m
-1
) 5,02 8,93 9,27
* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente;
NS
não significativo
No final da prefloração, o efeito depreciativo da salinidade da água sobre a
ETr foi linear (p < 0,01) (Tabela 29); os resultados decresceram de forma linear (p < 0,01)
(Figura 29), com o incremento da CEa de irrigação, na proporção de 12,54% para cada
unidade de salinidade excedente à água utilizada com menor concentração de sais; no final
da floração e da frutificação se constataram efeitos quadráticos dos níveis salinos da água
de irrigação, todos a 0,05 de probabilidade (Tabela 29), com incrementos positivos,
comparados com S
1
, até as CEa de irrigação de 1,58 (14,51 mm) e 3,2 dS m
-1
(12,12 mm)
(Figura 29), respectivamente, a partir das quais a ETr decresceu 14,20% (12,45 mm), no
final da fase B e 37,87% (7,53 mm), no final da fase C, por aumento unitário da CEa de
irrigação.
O efeito osmótico da salinidade fica evidenciado e indica que as plantas
sofreram estresse hídrico induzido pelo estresse salino; a concentração de sais solúveis na
zona radicular resulta em diminuição no potencial osmótico da solução do solo e no fluxo
de água, no sentido solo-planta-atmosfera, com redução conseqüente da transpiração da
planta, afetando seu crescimento (Rhoades & Loveday, 1990). Plantas de cajueiro anão
precoce cultivadas em solução nutritiva contendo 100 mmol
c
L
-1
de NaCl, em casa de
vegetação, sofreram redução significativa nas taxas de transpiração induzida pelo efeito
osmótico (VIÉGAS et al., 2004).
85
240 DAT 330 DAT 420 DAT
120 DAT
Plantas estressadas
Fase B Fase C Fase A
Y = 8,8347 - 0,9950**X
R
2
= 0,92
0
4
8
12
16
20
24
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
ETr (mm)
Y = 16,6150 - 0,8881
NS
X - 0,2814*X
2
R
2
= 0,93
0
4
8
12
16
20
24
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
ETr (mm)
Y = 22,3323 - 2,1291**X - 0,3324*X
2
R
2
= 0,94
0
4
8
12
16
20
24
0,8 1,6 2,4 3,2 4
CEa (dS m
-1
)
ETr (mm)
Figura 29. Evapotranspiração real (ETr) média na prefloração (fase A), floração (fase B) e
frutificação (fase C) de plantas do clone CCP76 de cajueiro anão precoce, em
função da condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), aos 120, 90 e 90 dias
após estresse salino, respectivamente
Existe uma relação direta entre a evapotranspiração e o crescimento das
plantas; a evapotranspiração e o crescimento são máximos quando a necessidade hídrica da
planta é plenamente satisfeita (Doorenbos & Kassam, 1994). Por outro lado, sob restrição
de água ocorre redução no crescimento, fato observado no presente estudo, uma vez que a
diminuição do potencial osmótico da solução do solo, decorrente do aumento da salinidade
da água, resultou em redução no consumo de água e no crescimento das plantas.
Na comparação de médias (Tukey - p < 0,05) entre tratamentos (Tabela 30),
as plantas submetidas à irrigação com água de menor salinidade no primeiro ano de ciclo
(T
13
), tiveram maior ETr (média) diária (19,95 mm dia
-1
), embora não tenham diferido
estatisticamente dos cajueiros irrigados com águas salinas de 2,4 dS m
-1
, na prefloração (T
4
),
e 1,6 dS m
-1
, na floração e na frutificação (T
2
e T
3
); contrariamente, os cajueiros irrigados
com água salina de 4,0 dS m
-1
no último estádio de cultivo, fase C (T
12
), tiveram menor ETr
(média) diária, apesar de não terem divergido estatisticamente das plantas irrigadas com
águas salinas de 3,2 dS m
-1
, na frutificação (T
9
), e 4,0 dS m
-1
, na floração (T
11
).
86
Tabela 30. Resumo da análise de variância e médias dos tratamentos para evapotranspiração
real (ETrFrutificação) na frutificação do clone CCP76 de cajueiro anão precoce,
aos 90 dias após estresse salino
ETrFrutificação
Fontes de Variação GL
Valor de Quadrado Médio
Tratamentos 12 84,05 **
Bloco 5 1,15
NS
Resíduo 60 0,81
CV (%) 5,85
Médias (mm dia
-1
)
T
1
[S
2
(1,6 dS m
-1
) A] 18,07 b
T
2
[S
2
(1,6 dS m
-1
) B] 18,79 ab
T
3
[S
2
(1,6 dS m
-1
) C] 18,69 ab
T
4
[S
3
(2,4 dS m
-1
) A] 18,79 ab
T
5
[S
3
(2,4 dS m
-1
) B] 17,16 bc
T
6
[S
3
(2,4 dS m
-1
) C] 16,24 c
T
7
[S
4
(3,2 dS m
-1
) A] 16,07 c
T
8
[S
4
(3,2 dS m
-1
) B] 13,08 d
T
9
[S
4
(3,2 dS m
-1
) C] 10,26 e
T
10
[S
5
(4,0 dS m
-1
) A] 14,10 d
T
11
[S
5
(4,0 dS m
-1
) B] 9,83 e
T
12
[S
5
(4,0 dS m
-1
) C] 9,27 e
T
13
[S
1
(0,8 dS m
-1
) ABC] 19,95 a
dms 1,79
** significativo a 1% de probabilidade;
NS
não significativo; (dms)
diferença mínima significativa; médias seguidas de mesma letra na
vertical não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade, pelo teste
de Tukey
5.4. Salinidade do Solo
Os dados da análise do material de solo (parte solúvel) no final de cada
estádio fenológico estão resumidos Figura 30. Não houve tendência de aumento e/ou
diminuição no pHes com o aumento da condutividade elétrica da água de irrigação, porém
na profundidade de 0 a 0,30 m, o pHes diminuiu com o aumentando a salinidade da água,
ao contrário da profundidade de 0,30 a 0,60 m. Ainda se observa que o pHes diminuiu após
a aplicação do estresse salino na fase A, quando as plantas passaram a ser irrigadas com
água de 0,8 dS m
-1
, principalmente na profundidade de 0,30-0,60 m.
O acúmulo de sais na faixa mais profunda (0,30–0,60 m) foi superior ao da
superfície do solo (0–0,30 m); em geral, em cultivos irrigados, onde não se protege o solo
das perdas de água por evaporação e por infiltração lateral, a condutividade elétrica é
maior na superfície (DIAS, 1998). No caso em estudo, com perdas por infiltração lateral
quase nula, o carreamento provocou o acúmulo de sais nas camadas mais profundas do
perfil, como pode ser observado na superioridade da condutividade elétrica do extrato de
87
saturação nos tratamentos mais salinos; comparando-se o efeito dos tratamentos na
evolução da salinidade, nota-se que o aumento foi diretamente relacionado à concentração
de sais na água de irrigação, haja vista que esta tendência foi constatada em todas as fases.
O solo no final da fase A apresentava uma condutividade elétrica na camada
de 0-0,30 m de 1,96, 1,87, 2,54, 4,27 e 4,93 dS m
-1
e, no final do ensaio, atingiu valores de
1,02, 1,28, 1,00, 1,02 e 1,46 dS m
-1
, e na camada de 0,30-0,60 m tinha 1,48, 4,18, 5,47,
6,14 e 7,03 dS m
-1
ao término da fase A passando para 1,48, 2,60, 1,48, 1,10 e 2,10 dS m
-1
,
para as águas de irrigação de CE de 0,8, 1,6, 2,4, 3,2 e 4,0 dS m
-1
, respectivamente.
Denotando-se, portanto, nas duas profundidades estudadas, ter havido
acúmulo de sais no solo, sendo diretamente proporcional aos níveis de salinidade da água
de irrigação, sendo a intensidade de acumulação maior na camada de 0,30-0,60 m, tendo a
CEes atingido valores de 55,26, 53,56, 30,46 e 29,87% superior aos da camada de 0-0,30
m, para os tratamentos T
1
, T
4
, T
7
e T
10
, respectivamente, no final da fase A, e de 50,77,
32,43, 7,27 e 30,48%, no final da fase C.
A pressão osmótica (PO) da solução do solo na umidade de capacidade de
campo (CC) foi obtida segundo correlação entre condutividade elétrica do extrato de
saturação e pressão osmótica (PO = 0,36*CEes) contida em Daker (1988), considerando a
umidade do solo na CC igual a metade da umidade de saturação. Os valores de pressão
osmótica da solução do solo aumentaram com a elevação da CEa de irrigação e com a
profundidade do solo, reforçando a redução da taxa de evapotranspiração real ocorrida nos
níveis de salinidade mais altos, confirmando observações de Menguel & Kirkby (1987) e
Rhoades & Loveday (1990).
Os valores de RAS, em função dos níveis de salinidade de água de irrigação,
aumentaram nas duas profundidades. Os aumentos mais acentuados foram verificados na
camada de 0,30-0,60 m, onde também foram encontrados os maiores valores de CEes
(Figura 30), tendo a RAS atingido valores superiores a 18 e 20 (mmol
c
L
-1
)
0,5
, no nível S
5
,
nas camadas de 0-0,30 e 0,30-0,60 m, respectivamente.
O aumento dos valores de RAS foi devido ao incremento de sódio solúvel
na solução do solo, que atingiu valores médios de 45 e 69 mmol
c
L
-1
nas duas camadas,
respectivamente, uma conseqüência da aplicação de águas salinas preparadas com sódio
88
em base de cloreto. No final da fase C, as plantas que sofreram estresse salino na fase A, os
valores de RAS foram praticamente iguais nas duas camadas, possivelmente por ter havido
lixiviação de sais de sódio para a água de drenagem. Os aumentos da CEes do solo, já
discutidos, contribuíram também para a ocorrência desse fato.
Na Figura 31, constata-se ter havido aumento de cálcio e magnésio na
camada mais profunda (0,30-0,60 m) em todos os níveis salinos e no final de cada fase, ao
contrário do potássio, onde a camada de 0-0,30 m foi superior. Os valores de cálcio,
magnésio e potássio, presentes no solo das plantas irrigadas com água de 0,8 dS m
-1
, foram
1,88, 0,76 e 0,85 vezes maior que os das irrigadas com água de 4,0 dS m
-1
; no final da Fase
A e C, aqueles valores foram de 0,61, 0,91 e 0,73 vezes, respectivamente.
Em relação ao sódio, os valores cresceram com a salinidade da água de
irrigação nas duas profundidades, sendo maior na camada de 0,30-0,60 m, havendo
incrementos (comparados com a camada de 0-0,30 m) de 14,19, 62,54, 59,64, 33,70 e
35,04% para T
13
, T
1
, T
4
, T
7
e T
10
, respectivamente, no final da fase A; no final da fase C,
aqueles valores caíram acentuadamente, 48,88, 22,97, 19,08, 10,90 e 9,43% superior na
camada 0,30-0,60 m do que na de 0-0,30 m, para os respectivos tratamentos. Quanto ao
cloreto, observou-se ter ocorrido lixiviação desse íon para a camada inferior, visto que os
valores de 0-0,30 foram maiores aos de 0,30-0,60 em todos os níveis salinos e no final de
todas as fases. A quantidade de bicarbonato variou de 0,4 a 2,43 mmol
c
L
-1
entre
profundidades e fases, valores coerentes, cujo pH da pasta de saturação foi inferior a 7,0.
De acordo com a literatura, uma característica universal da salinidade é a
presença em altas concentrações dos íons de sódio e cloreto na solução do solo (EPSTEIN
& RAINS, 1987; SZABOLCS, 1989); altas concentrações destes íons, em relação a outros
que estejam presentes em baixas concentrações na solução do solo, podem causar
toxicidade (LÄUCHLI &EPSTEIN, 1990). Conforme Ayers & Westcot (1991), os
problemas de toxicidade mais freqüentes são provocados, principalmente, pelos íons
cloreto e sódio contidos na água de irrigação. Neste estudo, além do efeito osmótico da
salinidade, também ocorreu problemas de toxicidade, provavelmente pelo sódio; observou-
se, nos níveis S
4
e S
5
, necrose no ápice e nas bordas das folhas mais velhas, espalhando-se
em todo limbo foliar e resultando na abscisão das mesmas (Figura 32). Bernstein (1965)
também registrou danos severos em folhas de várias frutíferas causados por sódio.
89
Profundidade 0-0,30 m
Profundidade 0,30-0,60 m
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
pHes
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
pHes
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
Fase A Fase B Fase C
0 100 200 300 400
PO (kPa)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0 100 200 300 400 500 600
PO (kPa)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
CEes (dS m
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
CEes (dS m
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
RAS (mmol
c
L
-1
)
1/2
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
RAS (mmol
c
L
-1
)
1/2
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
Figura 30: pH (pHes) e condutividade elétrica (CEes) do extrato de saturação do solo,
pressão osmótica (PO) do solo na umidade de capacidade de campo e razão de
adsorção de sódio (RAS) em função dos níveis e das épocas de aplicação de
águas salinas
90
01234567891011121314
Cálcio (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cálcio (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Magnésio (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Magnésio (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Potássio (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Potássio (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
Sódio (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0
Sódio (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
Cloreto (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
Cloreto (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Bicarbonato (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Bicarbonato (mmol
c
L
-1
)
S1ABC
S2A
S3A
S4A
S5A
S3B
S5C
Tratamentos
Fase A Fase B Fase C
Profundidade 0-0
,
30
m
Profundidade 0
,
30-0
,
60
Figura 31: Cálcio, magnésio, potássio, sódio, cloreto e bicarbonato solúveis no extrato de
saturação, em função dos níveis e das épocas de aplicação de águas salinas
91
A.
A.
A.
B.
B.
B.
B. C.
Figura 32. Sintomas de toxicidade de sódio em plantas do clone CCP76 de cajueiro anão
precoce, aos 60 (A), 90 (B) e 120 (C) dias de estresse salino na prefloração
6. CONCLUSÕES
1. O aumento da salinidade da água de irrigação foi mais prejudicial ao crescimento do
cajueiro na fase inicial de desenvolvimento que na floração e frutificação.
2. Os níveis de salinidade da água de irrigação afetaram negativamente a altura de planta,
o diâmetro de caule, o número de folhas e a área foliar, inibindo o crescimento, com
maior e menor intensidade na área foliar e no diâmetro de caule.
3. A área foliar e o diâmetro de caule foram reduzidos, respectivamente, 56,56 e 19,39%
na prefloração, 55,95 e 11,41% na floração, e 51,36 e 9,96% na frutificação, entre as
águas de menor (0,8 dS m
-1
) e maior (4,0 dS m
-1
) concentração salina.
4. A utilização de águas altamente na prefloração e floração exerceu efeito residual sobre
as plantas nas fases seguintes, após passarem a ser irrigadas com água de baixa
salinidade (0,8 dS m
-1
), mas se recuperaram na frutificação quando o estresse salino foi
aplicado na fase inicial de cultivo.
5. As plantas submetidas à irrigação com água de menor salinidade (0,8 dS m
-1
) durante o
primeiro ano de ciclo, cresceram mais em altura, diâmetro de caule, número de folhas e
área foliar.
6. Os níveis e as épocas de aplicação de águas salinas exerceram efeitos significativos na
quantidade e qualidade de produção do cajueiro anão precoce.
7. O número de frutos (NFrutos) por planta e a produção total (Ptotal) foram afetados
negativamente pela salinidade da água de irrigação a partir de 1,72 e 1,65 dS m
-1
,
respectivamente, com reduções, acima destes valores, de 38,16 e 20,44% nas respectivas
variáveis, por aumento unitário da condutividade elétrica da água de irrigação.
93
8. A fitomassa fresca média do fruto (castanha+pedúnculo) e individual, da castanha e do
pedúnculo, além do comprimento e diâmetro médio do pedúnculo, decresceram de forma
linear com o aumento da salinidade da água de irrigação a partir de 0,8 dS m
-1
.
9. O clone CCP76 de cajueiro anão precoce é ‘moderadamente sensível’ à salinidade da
água na prefloração, floração e frutificação, com valores de salinidade limiar da água
de 1,37, 1,37 e 1,75 dS m
-1
, respectivamente, para um rendimento máximo de área
foliar e fitomassa média do fruto (castanha+pedúnculo) de 90%.
10. As plantas submetidas à irrigação com água de 3,2 dS m
-1
de salinidade na prefloração,
produziram maior fitomassa fresca média do fruto (castanha+pedúnculo), da castanha e
do pedúnculo, além de maior comprimento e diâmetro médio do pedúnculo.
11. [A salinidade da água de até 2,98 dS m
-1
promoveu maior teor de açúcar (
o
Brix) no
suco dos pedúnculos do clone CCP76 de cajueiro anão precoce].
12. A evapotranspiração real da cultura decresceu nas diferentes fases do ciclo com o
aumento da salinidade da água a partir de 0,8 dS m
-1
, em decorrência do aumento da
salinidade do solo.
13. O estresse salino aplicado no estádio de desenvolvimento inicial e na floração é mais
prejudicial ao clone CCP76 de cajueiro anão precoce que quando fornecido na frutificação.
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