DELANEZE, Taís. As Reformas educacionais de Benjamim Constant
(1890-1891) de Francisco Campos (1930- 1932): o projeto educacional das
elites republicanas. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade
Federal de São Carlos. Orientador: Dr. Amarilio Ferreira Júnior. São Carlos,
2007.
RESUMO:
Este trabalho tem como objeto de estudo duas reformas educacionais emanadas da
administração pública federal: a Reforma de Benjamim Constant (1890-1891) e a Reforma
de Francisco Campos (1930-1932). Ambas as reformas são caracterizadas por um conjunto
de decretos que legiferaram sobre diversos aspectos da educação e de seus níveis de
ensino, considerando-se que a primeira esteve restrita, com exceção do ensino superior, a
regulamentar o ensino na Capital Federal (Rio de Janeiro), e a segunda regulamentou o
ensino em âmbito nacional, caracterizando um marco nesse sentido.
A Reforma Benjamim Constant foi um produto da Proclamação da República, ao passo
que a Reforma Francisco Campos foi um seguimento da conflagração de 1930. No
contexto político-econômico brasileiro, esses dois momentos retratam um mesmo
processo: a revolução burguesa no Brasil, que não se completaria em 1930, ganhando
apenas novos impulsos. A revolução que se processou no Brasil não seguiu as “vias
clássicas” que caracterizam o tipo jacobino, como ocorreu na França. Esse processo
“aclimatado” ao Brasil foi singular, mas sua análise encontra similitudes em termos
cunhados por Lênin e Gramsci - via prussiana e revolução passiva, respectivamente. Essas
duas categorias, que podem ser utilizadas como critério interpretativo da revolução
burguesa à brasileira, desenvolvem a idéia de uma modernização conservadora, composta
por elementos renovadores e restauradores que não agregam rupturas revolucionárias. A
renovação é impulsionada por uma fração da classe dominante restaurada no poder,
significando a reação à possibilidade de uma efetiva transformação, embora assimilasse
parte das demandas populares. Aqui, o “espírito burguês” emergiu do campo, por meio de
uma aristocracia agrária que se metamorfoseou em paladina do Estado Moderno e
alavancou o desenvolvimento capitalista.
Por fim, as reformas educacionais que se operaram no contexto da revolução burguesa no
Brasil refletiram o pensamento educacional das elites refratárias que as empreenderam. A
educação primária, considerada essencialmente educação do povo, na reforma Benjamim
Constant esteve circunscrita ao Rio de Janeiro e, na reforma de Francisco Campos, o
governo central foi omisso quanto ao assunto. Sem embargo, o projeto republicano
educacional das elites republicanas não incluía a expansão da educação primária,
retardando por muito tempo a edificação de uma escola pública, aberta aos filhos das
classes subalternas, e a constituição de um Sistema Nacional de Educação.
Palavras-chave: História da educação, Reformas Educacionais Republicanas, Revolução
Burguesa.