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MARIA ANGÉLICA HUEB DE MENEZES OLIVEIRA
COMPARAÇÃO DOS ASPECTOS MORFOLÓGICOS E QUÍMICOS
DE ESMALTE E DENTINA DE DENTES DECÍDUOS E
PERMANENTES
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo, para obtenção do Título de Doutor junto
ao Programa de Pós-Graduação em
Odontopediatria.
Orientadora:
Profa. Dra. Maria Cristina Borsatto
RIBEIRÃO PRETO
2009
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Menezes-Oliveira, Maria Angélica Hueb
Comparação dos aspectos morfológicos e químicos de esmalte e
dentina de dentes decíduos e permanentes. Ribeirão Preto, 2009.
80 p. : il. ; 30cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto/USP – Programa: Odontopediatria
Orientadora: Borsatto, Maria Cristina
1. Dentes Decíduos. 2. Dentes Permanentes. 3. Microscopia Eletrônica
de Varredura. 4. Espectroscopia Dispersiva de Raio-X. 5. Difração de
Raio-X. 6. Microscopia Óptica.
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MARIA ANGÉLICA HUEB DE MENEZES OLIVEIRA
COMPARAÇÃO DOS ASPECTOS MORFOLÓGICOS E QUÍMICOS
DE ESMALTE E DENTINA DE DENTES DECÍDUOS E
PERMANENTES
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para
obtenção do Título de Doutor junto ao Programa de
Pós-Graduação em Odontopediatria.
Data da defesa:____/____/____
Banca Examinadora
Prof. Dr. ___________________________________________________________
Julgamento:___________________ Assinatura: ____________________________
Prof. Dr. ___________________________________________________________
Julgamento:___________________ Assinatura: ____________________________
Prof. Dr. ___________________________________________________________
Julgamento:___________________ Assinatura: ___________________________
Prof. Dr. ___________________________________________________________
Julgamento:___________________ Assinatura: ____________________________
Prof. Dr. ___________________________________________________________
Julgamento:___________________Assinatura: ____________________________
DADOS CURRICULARES
M
ARIA ANGÉLICA HUEB DE MENEZES OLIVEIRA
Nascimento 08/11/1963 – Uberaba– MG
Filiação Murilo Pacheco de Menezes
Terezinha Hueb de Menezes
1982-1985 Curso de Graduação
Faculdade de Odontologia de Uberaba- FIUBE
1992-1993 Especialização em Clínicas Odontológicas
Faculdade de Odontologia de Uberaba- FIUBE
1994-1995 Especialização em Odontopediatria
Associação Odontológica de Ribeirão Preto
2002-2005 Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria, nível de Mestrado
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de
São Paulo– FORP/USP
2006-2009 Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria, nível de Doutorado
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de
São Paulo– FORP/USP
DEDICO ESTE TRABALHO
A Deus,
Pela minha vida, pela minha família e pelas oportunidades ao longo de minha
existência.
Aos meus pais, Murilo e Terezinha,
Pela dedicação, exemplo de amor verdadeiro e incondicional, transpondo para a
família todos os ensinamentos sobre amor, amizade, companheirismo, alicerçado na
convivência estruturada e harmoniosa, que sempre norteou nossa família. Tenho o maior
orgulho, e agradeço a Deus, a dádiva de pertencer a esta família, e por ser filha de vocês. O
exemplo do amor e da convivência de vocês estará presente em toda a minha vida, e peço a
Deus que consiga transmitir parte do que recebi a meus filhos. Ser filha de vocês é uma
bênção. Muito obrigada por tudo. Amo vocês profundamente.
Júnior, meu querido,
Obrigada pelo seu amor, compreensão, dedicação, e, principalmente, por ter
entendido minha ausência, muitas vezes deixando as suas atividades de lado, para suprir
minha ausência em casa. Seu apoio é sempre fundamental. Obrigada pelo seu amor, por
entender e aceitar meus anseios e objetivos de vida, pelos nossos filhos e por fazer parte da
minha vida. Te amo muito.
Aos meus doces e queridos filhos, Paula, Marcelo e Renato,
Agradeço a Deus poder ser mãe de vocês, crianças tão maravilhosas. Vocês são a
razão da minha vida, minha maior riqueza, meu objetivo de vida. As vezes em que tive que
me ausentar do convívio de vocês foram sempre difíceis, tanto para mim quanto para vocês,
que na inocência da infância, conseguiam entender. Amo vocês incondicionalmente, meus
queridos.
Aos meus queridos irmãos, José Luiz, Paulo, Fabiano e Fernando,
É muito bom conviver com vocês. Obrigada pelo carinho, apoio e dedicação, e
principalmente pelo estímulo constante nas horas em que mais precisei. Vocês tornam a vida
mais bonita. O amor que nos une é especial. Amo vocês.
Às minhas cunhadas, Mônica, Nilda, Giovana e Mariana, pelo apoio, incentivo
e pelas palavras amigas.
Aos meus sogros, Aguinaldo e Alva, por me terem acolhido como filha, pela
atenção e incentivo, e aos meus cunhados, Isabel Cristina, Geraldo, Beatriz e Maria
Eugênia, pela convivência agradável e pelo apoio constante.
Ao meu querido tio Antônio, presença amiga e confortante, pelo incentivo e apoio
em todos os momentos em que precisei.
Aos meus sobrinhos, Mateus, Fabiana, João Lucas, Carolina, Ana Victória,
Bruno, Bárbara, Pedro Henrique, Marília e Stella, pela amizade e pelo amor que nos
une.
Ao meu querido pai,
A ausência ainda machuca e a saudade não aplaca, mas seu amor me acompanha e
seu carinho me embala e consola. Você é nobre, é o meu mestre, sempre que precisei tinha
uma palavra amiga e acolhedora. Ainda me sinto embalada e protegida pelo seu amor.
Como queria tê-lo por perto.....Te amo muito.
A minha querida Mãe,
Você é o verdadeiro exemplo de Mãe. Dedicada e amorosa, presente e atuante,
conciliadora, detentora de uma serenidade invejável, capaz de enxergar e mostrar com
serenidade que “enquanto houver sol, ainda haverá”... Admiro como consegue ser uma
fortaleza com serenidade, agindo sempre com equilíbrio, iluminando meu caminho. Obrigada
pela presença amiga, força e por seu amor. Te admiro e te amo muito
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Maria Cristina Borsatto, minha orientadora,
Minha gratidão pelos momentos de partilha, por sua solidariedade e compreensão
diante de minhas dificuldades, pela amizade, sabendo entender, no compartilhamento
educacional, os momentos de tensão, de ansiedade, muitas vezes até de desânimo. Você foi
a amiga de uma jornada nem sempre fácil: mas com sua compreensão, soube auxiliar-me no
afastamento das pedras do caminho. Muito obrigada por tudo.
À Profa. Dra. Regina Guenka Palma Dibb,
Obrigada por ter desempenhado comigo este trabalho, por acompanhar e incentivar
cada busca, superando os obstáculos. Você me recebeu, me impulsionou, apoiou, auxiliando-
me, dando-me credibilidade e dividindo seu conhecimento. Obrigada pelo incentivo, por seu
profissionalismo, carinho e por sua amizade. Sou profundamente grata por me permitir
conviver com você e pela sua disponibilidade em todos os momentos em que precisei dos
seus conhecimentos e de sua amizade.
Aos docentes do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e
Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Profa.
Dra. Sada Assed, Profa. Dra. Léa Assed Bezerra da Silva, Profa. Dra. Aldevina
Campos Freitas, Profa. Dra. Maria Cristina Borsatto, Profa. Dra. Kranya Victória
Diaz Serrano, Prof. Dr. Paulo Nelson Filho, Profa. Alexandra Mussolino de Queiroz,
Profa. Dra. Maria Conceição Pereira Saraiva, Prof. Dr. Adilson Thomazinho, Prof.
Dr. José Tarcísio Lima Ferreira, Profa. Dra. Mirian Aiko Nakame Matsumoto, Profa.
Dra.Maria Bernadete Sasso Stuani, meus agradecimentos pela forma desprendida e
amiga com que sempre me apoiaram.
Aos funcionários do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e
Social, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP, Marco Antônio dos
Santos, Micheli Cristina Leite Rovanholo, Fátima Aparecida Jacinto Daniel, Carmo
Eurípedes Terra Barretto e Renata Aparecida Fernandes, pela agradável convivência
e colaboração constante.
Às funcionárias da Secção de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto/USP, Isabel Cristina Galino Sola e Regiane Cristina Moi Sacilotto,
pela dedicação e carinho dispensados a todos os alunos de pós-graduação.
Aos colegas do Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto/USP, Francisco Wanderley Garcia de Paula e Silva,
Valéria Pontelli Navarro Tedeschi, Marta Estela Saravia, , Alexandra Mussolino de
Queiroz, Soraia Monique Fiorati Aguiar e Sara Elisa Medina Mattar e Raquel Assed
Bezerra da Silva, pela agradável convivência.
À Carolina Paes Torres Mantovani,
Como agradeço sua amizade. Você é especial, desprendida, disposta a ajudar
sempre, com um sorriso que ilumina e tranquiliza, independentemente de suas atribuições:
conviver com você é um privilégio. Minha gratidão pelo seu apoio e pela valiosa ajuda no
desenvolvimento deste trabalho.
À Jaciara Miranda Gomes da Silva,
Sua amizade foi uma aquisição valiosa. Como admiro sua desenvoltura,
desprendimento, sua forma de agir! Seu apoio e ajuda foram fundamentais na realização
deste trabalho. Obrigada por me acolher em todos os momentos. Minha imensa gratidão por
tudo que você fez e tem feito por mim.
Carol e Jaci,
Se eu tivesse irmã, com certeza gostaria que fosse como vocês. Obrigada pela
amizade sincera, pela convivência amável e carinhosa, por me ajudar nos momentos mais
difíceis, tornando as dificuldades mais amenas. A presença de vocês foi fundamental na
realização deste trabalho.
À Michelle Chinelatti, meu reconhecimento pela valiosa ajuda, pelo apoio e colaboração.
À Marta Contente, Rodrigo Gallo e Fátima Rizoli, obrigada pelo incentivo e pela
amizade de vocês.
Aos funcionários do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e
Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,
Benedita Viana Rodrigues, Carmo Eurípedes Terra Barreto, Dorival Gaspar, Fátima
Aparecida Jacinto Daniel, Fátima Aparecida Rizóli, Gisele Faria, José Augusto
Paciência, José Aparecido Neves do Nascimento, Marco Antonio dos Santos, Nadir
das Dores G. Felício, Nilva Aparecida Afonso Ruggiero, Osvaldo Aparecido
Pinheiro, Raquel Assed Bezerra da Silva, Rejane Gomes Cavalheiro Mazer, Renata
Aparecida Fernandes Rodrigues e Vera Ribeiro do Nascimento, obrigada pelo carinho
com que sempre me trataram.
Às funcionárias da Seção de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo, Isabel Cristina Galino Sola e Regiane Cristina Moi
Sacilotto, pelo carinho e atenção prestada.
À Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, na pessoa da Profa. Dra. Léa
Assed Bezerra da Silva, minha gratidão pelo acolhimento e pela importante oportunidade.
À Universidade de Uberaba, na pessoa do Magnífico Reitor, Dr. Marcelo Palmério,
pela atenção e incentivo, confiança e amizade.
Às amigas da UNIUBE, Ana Maria S.R. da Cunha, Cristina Luzia L. Silva, Mara Lúcia
Bonfim Misson, Rosa Maria Silva, Sara Elisa Medina Mattar, pelo incentivo, apoio e
companheirismo, e principalmente pela contribuição valiosa quando eu me ausentava.
À minha querida mãe, Terezinha Hueb de Menezes, pela competência com que revisou
este trabalho, sacrificando seu pouco tempo de descanso para me ajudar.
Ao Fernando, pelo apoio e disponibilidade em ajudar em todos os momentos.
Ao Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCAR e em especial ao Diego e ao Vítor
pela disposição para a relaização dos teste de MEV, EDX e Difração de Raio-X.
A Mara Rúbia pela disposição, competência e amizade na relaização deste trabalho.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a consecução deste
trabalho, minha sincera gratidão.
“Talvez quando o homem, substancialmente reestruturado,
vislumbrar no espelho da vida, impressa no próprio reflexo, a
imagem do seu semelhante, se inicie, então, a verdadeira
caminhada para um mundo melhor.”
Prof. Murilo Pacheco de Menezes
RESUMO
Menezes-Oliveira, MAH. Comparação dos aspectos morfológicos e químicos
de esmalte e dentina de dentes decíduos e permanentes. [tese]. Ribeirão
Preto: FORP – Universidade de São Paulo; 2009.
O objetivo deste estudo
in vitro
foi avaliar e comparar a microestrutura e a
composição mineral do esmalte e da dentina de dentes decíduos e permanentes.
Terceiros molares hígidos e segundos molares decíduos foram selecionados e
distribuídos aleatoriamente em grupos, de acordo com o método de análise dos
substratos utilizado: Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Espectroscopia de
Energia Dispersiva de Raio X (EDX), Difração de Raio X (DRX) e Microscopia
Óptica (MO). Foi realizada comparação qualitativa e quantitativa da estrutura
dental. As medidas de densidade numérica e diâmetro dos prismas de
esmalte/túbulos dentinários e, de espessura do esmalte, dentina e dentina
peritubular foram realizadas por meio de fotomicrografias obtidas pela MEV. Os
resultados obtidos por meio da SEM foram analisados estatisticamente pelo teste
não-paramétrico de Kruskal-Wallis. A quantidade relativa de íons cálcio (Ca) e
fósforo (P) foram determinadas por meio de EDX e as fases químicas presentes
em ambos os substratos, por análise de DRX. O valor das medidas de espessura
observado para o esmalte e dentina dos dentes decíduos foi de 1.14 mm e 3.02
mm, respectivamente. Para os dentes permanentes, obtiveram-se valores de 2.58
mm para o esmalte e 5.95 mm para a dentina. Com relação ao diâmetro da
cabeça dos prismas de esmalte, os resultados foram estatisticamente semelhantes
para os dentes decíduos e permanentes, demonstrando uma ligeira diminuição do
diâmetro da superfície externa para a região próxima a junção amelodentinária
(JAD). A densidade numérica dos prismas foi maior nos dentes decíduos,
principalmente próximo à JAD, sendo estatisticamente diferente dos valores
observados nos dentes permanentes, independente da região analisada. Na
análise do diâmetro e densidade numérica dos túbulos dentinários verificou-se
semelhança estatística entre os dentes decíduos e permanentes, havendo
aumento gradativo do número de túbulos a partir da JAD em direção a região
próxima a polpa. A espessura da dentina peritubular, na região próxima a JAD e
central foi, respectivamente, 0.91 e 0.59 mm nos dentes decíduos 1.16 e 0.98 mm
nos dentes permanentes. A porcentagem de Ca e P foi maior nos dentes
permanentes. Observou-se ainda, que a quantidade de colágeno nos dentes
decíduos foi aparentemente menor quando analisados por meio da MO. De acordo
com os resultados obtidos neste estudo, pode-se concluir que, de maneira geral,
os dentes decíduos apresentam menor porcentagem de Ca e P, menor espessura
de esmalte e dentina, maior densidade numérica de prismas e dentina peritubular
mais delgada quando comparada aos dentes permanentes.
Palavras-chave: dentes decíduos, dentes permanentes, microscopia eletrônica
de varredura, espectroscopia dispersiva de raio-x, difração de raio-x, microscopia
óptica.
ABSTRACT
Menezes-Oliveira, MAH. Morphological and chemical aspects comparison
between enamel and dentin of permanent and deciduous teeth. [tese].
Ribeirão Preto: FORP – Universidade de São Paulo; 2009.
This study evaluated
in vitro
the microstructure and mineral composition of dental
enamel and dentin comparing the permanent teeth with the deciduous teeth.
Sound third molars and second primary molars were selected and randomly
assigned to the following groups, according to the analysis methods of the
substrates performed: Scanning Electron Microscopy (SEM), X-Ray diffraction
(XRD), Energy dispersive X-ray spectrometer (EDS) and Optical Microscopy (OP).
A qualitative and quantitative comparison of the dental structure was done. The
measurements of the number and diameter of prisms/tubules, thickness of
enamel, dentin and peritubular dentin were done in SEM photomicrographs. The
microscopic findings were analyzed statistically by a non-parametric test (Kruskal-
Wallis). The relative amounts of calcium (Ca) and phosphorus (P) were
determined by EDS investigation. Phase present in both types of teeth were
observed by the XRD analysis. The mean thickness measurements observed in the
deciduous teeth enamel and dentin was, respectively, 1.14 mm and 3.02 mm and
in the permanent teeth, 2.58 mm and 5.95 mm. The mean rod head diameter in
deciduous teeth was statistically similar to that of permanent teeth enamel, and a
slightly decrease from the outer enamel surface to the region next to the enamel-
dentine junction was assessed. The numerical density of enamel rods was higher
in the deciduous teeth, mainly near EDJ, that showed statistically significant
difference. The mean tubules number and diameter in deciduous teeth were
statistically similar to that of permanent teeth, and this numerical density
increased from the EDJ to the region near the pulp. The mean thickness
measurements of peritubular dentin observed in the regions near EDJ and central
were, respectively, 0.91 and 0.59 mm for the primary teeth / 1.16 and 0.98 mm
for the permanent teeth. The percentage of Ca and P was higher in the
permanent teeth. The collagen level was apparently lower in deciduous teeth
when analyzed by OP. The primary teeth structure showed a lower level of Ca and
P and a thinner enamel and dentin thickness. The deciduous enamel presented
higher numerical density of rods. The peritubular dentin was thicker in the
permanent teeth.
Key-words: deciduous teeth, permanent teeth, scanning electron microscopy, X-
Ray diffraction, Energy dispersive X-ray spectrometer, optical microscopy
SUMÁRIO
1 Introdução ............................................................................................. 15
2 Proposição ............................................................................................. 22
3 Material e Método ................................................................................... 24
4 Resultados ............................................................................................. 37
5 Discussão .............................................................................................. 58
6 Conclusão .............................................................................................. 71
Referências ............................................................................................... 74
Anexo
INTRODUÇÃO
Introdução______________________________________________________________________________16
1 INTRODUÇÃO
Os tecidos dentários e suas estruturas de suporte são formados como
resultado da interação entre o epitélio oral e o ectomesênquima, durante a
odontogênese, sendo que cada tecido em particular é formado por um processo
específico. Assim, amelogênese e dentinogênese referem-se, respectivamente, à
formação do esmalte e da dentina, dois tecidos dentários mineralizados. Em
média, a formação e mineralização da coroa de um dente decíduo acontecem,
aproximadamente, entre seis meses, para incisivo central, e quatorze meses, para
segundo molar decíduo, enquanto a média, durante os mesmos processos para
um dente permanente, é de 3 a 4 anos. Presume-se, por isso, que o dente
decíduo se apresenta menos espesso em relação ao dente permanente. Além
disso, o padrão de mineralização do dente decíduo, tanto em relação à velocidade
quanto em relação à quantidade, é cerca de 5 vezes menor, quando comparado
ao dente permanente (Araújo et al., 1995).
O esmalte dentário é o mais duro dos tecidos mineralizados do corpo
humano, apresentando 96% em peso de conteúdo inorgânico, associado a 4% de
água e material orgânico. A porção mineral é representada por fosfato de cálcio
cristalino e de apatita, nas formas hidroxi, carbonatada ou fluoretada (Meckel et
al., 1965; Stack 1954; Gwinnett, 1992). Os elementos químicos que compõem a
base desse tecido são o cálcio e o fosfato (Brudevold et al., 1963). Variações
secundárias ocorrem na sua composição, em que os elementos químicos, como
Introdução______________________________________________________________________________17
alumínio, bário, estrôncio, magnésio e vanádio, também podem ser encontrados
(Gwinnett, 1992; Saleh et al., 2004).
No estágio inicial de formação do tecido, processo de mineralização,
ocorre a formação de um arcabouço cristalino, constituído de cristalitos, que são
cristais com dimensões microscópicas, distribuídos numa organização prismática, e
embebidos em uma matriz orgânica que corresponde a, aproximadamente, 1%
em volume do esmalte maduro (Fejerskov et al., 1984; Eisenmann, 2001). Esses
cristais estão distribuídos numa organização prismática. Os prismas possuem
comprimento variando entre 4 a 7 μm, dispostos sequencialmente, tendo seu
início na junção amelo-dentinária e terminando, quase sempre, na porção externa
(Gwinnett, 1992). Os ameloblastos são as células responsáveis pela formação
desse tecido, estando envolvidos na síntese e secreção das proteínas da matriz e
na mineralização do esmalte.
Durante o processo de mineralização da coroa dentária, os
ameloblastos produzem uma grande quantidade de matriz orgânica nas primeiras
fases de desenvolvimento. Com o processo de maturação, a matriz orgânica é
gradativamente substituída por material inorgânico (Gwinnett, 1992). A água é
encontrada em quantidade significantemente maior em relação aos constituintes
orgânicos (mais de 4% em volume). Aproximadamente, 25% do volume de água
estão ligados aos cristalitos, provavelmente associados à matriz orgânica, e
funcionam como meio de hidratação, circundando os cristalitos que compõem os
prismas de esmalte (Crabb et al., 1963).
Introdução______________________________________________________________________________18
Microscopicamente, observam-se regiões de esmalte aprismático,
interprismático e prismático. O esmalte interprismático corresponde à estrutura
que se encontra entre os prismas possuindo menor grau de mineralização
(Abramovich, 1999). Na camada aprismática, a orientação dos cristais de
hidroxiapatita é perpendicular à superfície, e uniformemente arranjados, paralelos
entre si, diferindo da região prismática, subjacente, onde ocorrem variações nas
orientações dos cristais (Gwinnnett, 1967; Newman & Poole, 1974; Fava et al.,
1997). O esmalte prismático possui maior quantidade de prismas, dispostos em
colunas, que atravessam toda a espessura do tecido, desde o limite
amelodentinário até a superfície do dente (Fava et al., 1999; Abramovich, 1999).
Na literatura, alguns autores relatam a existência de uma camada
aprismática no esmalte dos dentes decíduos, mais espessa e uniforme, em
comparação ao esmalte dos dentes permanentes (Fava et al., 1993;1997).
Segundo Mortimer (1970), o esmalte de dentes decíduos apresenta duas
diferenças principais, comparado ao dos permanentes: menor mineralização
(80,6% para dentes decíduos e 89,7% para dentes permanentes), e menor
espessura do esmalte dos dentes decíduos (quase a metade da espessura do
esmalte dos dentes permanentes).
A dentina é um substrato consideravelmente mais complexo, cuja
principal função estrutural é fornecer suporte para o esmalte dentário. Para tal
finalidade, a dentina necessita ser, ao mesmo tempo, um tecido duro, porém com
certa elasticidade, sendo que tais propriedades são fornecidas pelo equilíbrio entre
os componentes minerais e orgânicos que formam esse tecido. Apresenta-se como
Introdução______________________________________________________________________________19
um tecido biológico hidratado - composto por 70% de material inorgânico, 18%
de material orgânico e 12% de água - cujas propriedades e componentes
estruturais variam conforme a região (Mjör, 2009). Seu componente inorgânico é
constituído por cristais de hidroxiapatita, enquanto a porção orgânica contém
principalmente colágeno tipo I, frações de colágeno tipo III e V, glicoproteínas e
proteoglicanos, além de proteínas não colágenas.
A composição estrutural da dentina inclui canalículos orientados,
denominados túbulos dentinários. Cada túbulo dentinário está circunscrito por
uma dentina hipermineralizada, denominada dentina peritubular, e, entre eles,
encontra-se a dentina intertubular, composta por fibrilas de colágeno tipo I e
apatita (Mjör, 2009; Tronstad, 1973). Os túbulos convergem na câmara pulpar,
portanto a densidade tubular e a orientação variam de acordo com a localidade no
tecido. Esses inúmeros túbulos atravessam toda a espessura da dentina e contêm
fluido tubular, sendo que a área relativa, ocupada pelos fluidos, diminui na medida
em que eles se afastam da câmara pulpar. Além disso, apresentam as extensões
celulares dos odontoblastos que se comunicam com a polpa, conferindo a
característica de vitalidade pulpar. Osbulos dentinários são vias de difusão de
agentes nocivos e de transmissão de estímulos sensitivos ao tecido pulpar. (Mjör
et al., 2009).
Alguns autores compararam a estrurura dentinária de dentes decíduos
e permanentes e, neste sentido, Garberoglio et al. (1976) e Koutsi et al. (1994)
afirmaram que os túbulos dentinários dos dentes decíduos apresentam-se
menores e em menor número que na dentina de dentes permanentes. Nesse
Introdução______________________________________________________________________________20
contexto, Sumikawa et al. (1999) relataram que a densidade numérica dos túbulos
dentinários é maior em dentes decíduos, com diminuição da área de dentina
intertubular. De acordo com Hirayama et al.(1986), a dentina peritubular do dente
decíduo mostrou-se 2 a 5 vezes mais espessa, e os túbulos dentinários
apresentaram-se com diâmetro menor em comparação ao dente permanente.
Em função das variações na composição química, na morfologia e nas
características fisiológicas (Mortimer, 1970; Sonju CLasen & Ruyter, 1997),
dentes decíduos e permanentes respondem diferentemente aos desafios ácidos.
Dessa forma, as diferenças entre estes substratos podem influenciar na velocidade
de progressão de lesões cariosas e erosivas, bem como nos procedimentos
restauradores adesivos (Pitts, 1983; Wang et al., 2006). Alguns estudos
demonstram maior susceptibilidade à erosão do esmalte de dentes decíduos,
comparado ao esmalte de dentes permanentes (Amaechi et al., 1999; Johansson
et al., 2001). Outros trabalhos descrevem menores valores de resistência adesiva
dos dentes decíduos em relação aos dentes permanentes (Burrow et al., 2002;
Senawongse et al., 2004; Courson et al., 2005). Atualmente, a exata composição
e micromorfologia do substrato de dentes decíduos e permanentes ainda são
pouco estudadas e conhecidas, e a literatura existente apresenta resultados
controversos.
A maioria dos trabalhos explora tais substratos de maneira isolada e,
frequentemente, os resultados de pesquisas, realizadas em dentes permanentes,
são extrapolados para os dentes decíduos. Assim, tão relevante quanto os
trabalhos existentes nos diferentes substratos, é o conhecimento detalhado desses
Introdução______________________________________________________________________________21
mesmos tecidos em que são realizados os testes que avaliam as propriedades
físico-químicas dos materiais aplicados.
Dessa forma, a comparação entre o dente decíduo e o permanente em
um mesmo trabalho é essencial, seja pela padronização do método de análise da
pesquisa ou pela eliminação do fator de variação, representado pelo operador.
Técnicas novas têm permitido um maior conhecimento das estruturas que
compõem o tecido dental.
Diante do exposto, torna-se fundamental a realização de uma análise
comparativa entre esses substratos, para que protocolos preventivos e
restauradores específicos e efetivos sejam estabelecidos.
PROPOSIÇÃO
Proposição _____________________________________________________________________________
23
2 PROPOSIÇÃO
O objetivo do presente estudo foi realizar uma análise comparativa
in
vitro
de dentina e esmalte em dentes decíduos e permanentes , abordando a
morfologia, composição e fases químicas de diferentes regiões dos substratos.
MATERIAL E
MÉTODO
Material e Método _______________________________________________________________________
25
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 Aspectos éticos
A etapa laboratorial deste trabalho foi iniciada após aprovação do
projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (processo n.
2008.1.1168.58.3).
3.2 Delineamento experimental
Os fatores em estudo são a morfologia de diferentes regiões e a
composição qualitativa e quantitativa do esmalte e da dentina.
As variáveis de resposta qualitativas são a análise da morfologia das
diferentes regiões dos substratos, por meio de microscopia eletrônica de varredura
e de microscopia óptica e a identificação dos compostos minerais, presentes no
esmalte e dentina, por meio da difração de raio X e espectrometria de energia
dispersiva de raio X (EDX).
As variáveis de respostas quantitativas foram a determinação da
densidade numérica (mm
2
), do diâmetro da embocadura dos túbulos dentinários,
da espessura da dentina peritubular, da quantidade e diâmetro dos prismas de
Material e Método _______________________________________________________________________
26
esmalte, por meio das fotomicrografias e da quantificação dos íons presentes
nestes substratos, por meio da espectrometria de energia dispersiva de raio X
(EDX).
A amostra do experimento foi constituída de 11 dentes decíduos e 11
dentes permanentes, divididos aleatoriamente para os testes empregados: MEV
(n=4); EDX (n=4); Difração de raio X (n=3); Microscopia Óptica (n=4).
3.3 Seleção dos dentes
Os dentes foram limpos com curetas periodontais, polidos com pedra
pomes e água, com o auxílio de uma escova de Robinson, montada em contra-
ângulo. Em seguida, foram examinados com sonda exploradora, sob lupa
estereoscópica, com aumento de 10X (Carl Zeiss – Jena), com o intuito de
detectar alterações de estrutura ou trincas que pudessem comprometer os
resultados deste estudo. Foram selecionados onze segundos molares decíduos
hígidos, com dois terços de raiz, e onze terceiros molares, irrompidos com a
formação radicular completa, e em função, armazenados por um período de até
seis meses após a avulsão. Esses dentes foram provenientes do Banco de Dentes
da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP.
Material e Método _______________________________________________________________________
27
3.4 Análise em Microscópio Eletrônico de Varredura
Para a realização da MEV, os dentes foram levados a um equipamento
de corte seriado (Minitom, Struers A/S, Copenhagen, DK-2610, Denmark), dotado
de um disco diamantado (#7015, KG Sorensen, Barueri,06454-920, Brasil)
refrigerado com água, e tiveram suas raízes seccionadas, 3 mm abaixo da junção
amelocementária. Quatro dentes decíduos e quatro permanentes foram
seccionados, em corte transversal, no sentido mésio-distal, obtendo-se duas
secções de cada dente.
Primeiramente, as secções foram imersas por 24h em solução de
glutaraldeído (Sigma-Aldrich Corp., St. Louis, MO, USA) a 3%, com tampão de
cacodilato de sódio 0,05 e pH 7,0 (Merck KGaA, Frankfurter Str. 250, D-64293
Darmstadt, Germany) e mantidos sob refrigeração a 4°C. Após a armazenagem as
secções foram lavadas por 1 hora com água destilada.
Na sequência, a superfície plana seccionada foi lixada com lixa d’água
de granulação #600 (Norton S/A) e #1200 por cinco minutos, sob refrigeração, e
então polidas com feltro embebido em alumina de 0,5m. Nesta etapa a
espessura do esmalte e da dentina dos espécimes foi mensurada com o auxílio de
um paquímetro universal com leitura eletrônica (DIGIMATIC CALIPER mitutoyo-
Absolute-número série BB 071467), com precisão de 0,01 mm, no sentido
supefície/JAD no esmalte e no sentido JAD/teto da câmara pulpar, na dentina.
Material e Método _______________________________________________________________________
28
Os espécimes foram limpos com ácido, sendo o esmalte condicionado
com ácido fosfórico a 35% por 15 segundos e lavado durante 15s, e a dentina foi
condicionada com EDTA a 24% por 15 segundos e lavada durante 15s e então
levados ao ultrassom (ultrasonic Clearner T-1449-D. Odontobrás Ind. E Com.,
14075-060, Ribeirão Preto-SP Brasil) durante 10 minutos. Sequencialmente,
realizou-se a desidratação em graus crescentes de etanol: 25% (20 minutos),
50% (20 minutos), 75% (20 minutos), 95% (30 minutos), 100% (60 minutos).
Após a desidratação, os espécimes foram submetidos a um processo de
secagem química, com o objetivo de minimizar as alterações da superfície a ser
examinada, favorecendo a deposição subsequente da camada de ouro, a fim de
tornar o campo a ser visto mais nítido. Para a secagem química, os espécimes
foram imersos em solução de HMDS (Merck KGaA, Frankfurter Str. 250, D-64293
Darmstadt, Germany) durante 10 minutos. Todos esses procedimentos foram
realizados no interior de uma capela de exaustão de gases.
Depois da secagem, os corpos-de-prova foram fixados em
stubs
com
auxílio de uma fita adesiva dupla-face de carbono (Electron Microscopy Sciences,
Washignton, PA 19034, USA) e a cobertura com ouro foi realizada em aparelho de
metalização a vácuo (SDC 050, Bal-Tec AG, Foehrenweg 16, FL-9496 Balzers,
Liechtenstein), com pressão de 0,01mbar, corrente de 40mA, distância de trabalho
de 50mm, tempo de cobertura de 120 segundos e espessura média de deposição
de 20 a 30nm.
Concluída a etapa de preparação, os espécimes foram levados ao
microscópio eletrônico de varredura de alta resolução (Philips-FEG, Laboratório de
Material e Método _______________________________________________________________________
29
Caracterização Estrutural do DEMa – LCE-DEMa/UFsCAr-SP, Brasil) pertencente ao
Laboratório do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal
de São Carlos, São Paulo/Brasil. As regiões mais representativas de cada área
analisada foram fotografadas nos aumentos de 500x, 1500x e 5000x .
Foram analisadas diferentes regiões do esmalte e da dentina de dentes
decíduos e permanentes. No esmalte, foram observadas a região superficial e a
próxima à junção amelo-dentinária. Na dentina analisaram-se as áreas próximas à
junção amelo-dentinária, a região central e a região próxima à polpa coronária.
Para mensuração da densidade numérica e diâmetro dos túbulos dentinários, da
espessura da dentina peritubular e dos prismas do esmalte, foram utilizadas as
fotomicrografias, realizadas na MEV com o auxílio do software AxioVision (Zeiss).
Os achados microscópicos foram analisados estatisticamente por método não-
paramétrico teste de Kruskal-Wallis a significância de 5% e foi realizada a análise
morfológica com comparação visual e qualitativa dos substratos.
3.5 Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDX)
Para análise da composição dos íons, foi realizada a EDX com os
mesmos espécimes preparados para a Microscopia Eletrônica de Varredura e nas
mesmas localidades: esmalte superficial, e próximo à junção amelo-dentinária,
dentina próxima à junção amelo-dentinária, região central e região da dentina
próxima à polpa coronária.
Material e Método _______________________________________________________________________
30
A Energia Dispersiva por Fluorescência de Raio-X ou Espectrometria de
Fluorescência de Raio-X (EDX) é um método para o estudo da composição de
íons, no qual os elementos químicos de uma amostra podem ser identificados por
meio do espectro de raios-X emitidos, determinando, então, a composição em
porcentagem dos íons presentes . A EDX utiliza raios-X característicos, emitidos
por uma região da amostra, após bombardeamento por um feixe de elétrons. O
bombardeamento de elétrons pode deslocar elétrons de camadas eletrônicas
internas dos átomos da amostra. O átomo atingido (átomo ionizado) tende a
voltar para o estado fundamental e passa por uma transição. Este estado de
transição gera excesso de energia que é acompanhada de produção de raios-x
característicos que permitem a identificação dos íons presentes na amostra.
3.6 Análise por Difração de Raio X
A difratometria de raios X é uma das principais técnicas de
caracterização microestrutural de materiais cristalinos. Permite o estabelecimento
da estrutura tridimensional das moléculas, auxiliando no entendimento das
funções biológicas da molécula analisada. A técnica é particularmente importante
na análise de moléculas que apresentam estruturas repetitivas. Os raios-X são
uma forma de radiação eletromagnética, assim como a luz, com comprimento de
onda de 0,1nm. Esses raios passam através da molécula em estudo, que deve
estar em estado altamente purificado, cristalizado. Uma pequena fração dessa
Material e Método _______________________________________________________________________
31
radiação pode ser desviada por átomos da amostra em função das suas
características estruturais. Se a amostra estiver bem cristalizada, as ondas
desviadas pelas estruturas ordenadas repetitivamente vão reforçar outras em
determinados pontos. Ao final, a posição e a intensidade de cada ponto
correspondem ao padrão de difração de raio-X (mapa de elétron-densidade).
Para este estudo, empregaram-se três dentes decíduos e três dentes
permanentes seccionados no sentido mésio-distal, com o auxílio de um
equipamento de corte seriado (Minitom, Struers A/S, Copenhagen, DK-2610,
Denmark), dotado de um disco diamantado (#7015, KG Sorensen, Barueri,06454-
920, Brasil) refrigerado com água. As secções foram então separadas e
preparadas para análise.
Nas amostras de esmalte, removeu-se toda a dentina, por meio do uso
de alta rotação e pontas diamantadas, obtendo-se uma amostra de no mínimo, 1
mm de espessura. Da mesma forma, procedeu-se na amostra de dentina
removendo-se o esmalte com pontas diamantadas em alta-rotação, obtendo-se
amostras de, no mínimo, 1 mm de espessura. As amostras foram então analisadas
no Laboratório de Apoio e Uso Geral do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de São Carlos. O ensaio de difração de Raio X foi
realizado por meio do difratômetro de raio X RIGAKU (modelo Geigerflex; λ
1,54056 A; 40 kV; 25 mA).
Material e Método _______________________________________________________________________
32
3.7 Análise em Microscópio Óptico
Foram preparados quatro segundos molares decíduos e quatro terceiros
molares. Os dentes foram submetidos à fixação em solução de formol tamponado
a 10%, durante 72h, à temperatura ambiente. Posteriormente, os dentes foram
imersos em um recipiente de vidro, contendo uma solução à base de EDTA (ácido
etilenodiaminotetracético), composta 93,05g – EDTA Disodium Salt Dihydrate –
merck- Darmstadt, água destilada (200 ml) e hidróxido de sódio 0,1 N (Hidróxido
de Sódio p.a.®- Casa da Química Ind. e Com. Ltda- Diadema – Brasil) e
submetida à desmineralização, acelerada pelo forno de microondas (Sharp
Carousel® - São Paulo – Brasil). Para a realização deste procedimento, o
recipiente contendo os espécimes foi parcialmente imerso em outro recipiente de
vidro com água e gelo, para retardar o aumento da temperatura e,
consequentemente, incrementar o tempo de ação das microondas. O forno de
microondas operou na freqüência de trabalho de 2450 MHz, correspondendo a
uma freqüência de onda no vácuo de 12,2 cm, potência máxima nominal de 700
W, regulado em potência média/máxima à temperatura de 30 ºC para evitar
alterações teciduais. Os dentes foram irradiados por 10 minutos, com intervalos de
5 minutos entre as radiações, por um período de 4 horas/dia. A cada 6
irradiações, os espécimes foram lavados com solução tampão de cacodilato de
sódio a 98% tamponado, pH 7,4, e renovada a solução à base de EDTA. No
intervalo entre os dias, o material permaneceu na solução desmineralizadora sem
agitação, à temperatura ambiente.
Material e Método _______________________________________________________________________
33
A completa desmineralização das amostras, avaliada por meio da
penetração de uma agulha nos tecidos para verificação da sua consistência e por
meio de exame radiográfico dos espécimes, foi obtida em aproximadamente 30
dias. Concluída a desmineralização, os espécimes foram neutralizados em solução
de sulfato de sódio a 5% (Sulfato de Sódio Anhido – J.T. Baker – Xalostoc –
México) por 24 horas, lavados em água corrente por 24 horas, desidratados em
concentrações crescentes de álcool (Álcool Etílico Absoluto Anhidro® - J.T. Baker
– Xalostoc – México) diafanizadas em xilol (Xilol® - Merck – Darmstadt –
Alemanha), de acordo com a rotina histológica (Tabela 1). Os blocos contendo os
dentes individualizados foram reduzidos pela microtomia a cortes seriados
longitudinais com 0,5 mm de espessura. As secções foram planificadas e polidas
manualmente, utilizando-se lixas d’água de granulação 400 a 1200, até chegar a
uma espessura aproximada de 5,0 m. A seguir, os cortes foram incluídos em
lâminas.
Para avaliação histológica, as lâminas foram coradas pelo Tricrômico de
Mallory para coloração das fibras colágenas. As imagens foram capturadas e
digitalizadas para análise das superfícies em microscópio óptico (Zeiss). Para a
avaliação histológica, empregou-se o microscópio, com aumento de 10X e 40X,
com a finalidade de analisar a disposição das fibras colágenas.
A metodologia deste trabalho está representada esquematicamente nas
Figuras 1,2 e 3.
Figura 1. Fluxograma da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e
Espectroscopia Dispersiva de Raio X (EDX)
Figura 2. Fluxograma da Difração de Raio X
Figura 3. Fluxograma da Microscopia Óptica
RESULTADOS
Resultados _____________________________________________________________________________
38
4 RESULTADOS
4.1 Esmalte dentário
Em todos os espécimes foi realizada a mensuração da espessura do
substrato, observando que a espessura média do esmalte nos dentes decíduos foi
de 1,14mm, e nos dentes permanentes foi de 2,58 mm.
4.1.1 Análise em MEV
Na análise morfológica do esmalte, por meio da microscopia eletrônica
de varredura, pôde-se observar que, em relação ao diâmetro da cabeça dos
prismas de esmalte, houve semelhança entre os dentes decíduos e permanentes,
ocorrendo um diâmetro na JAD ligeiramente menor, porém não estatisticamente
significante (p>0,05) (Tabela 1, Figuras 4 e 5).
Tabela 1. Média, desvio-padrão e mediana do diâmetro da cabeça dos prismas de
esmalte (m) dos dentes decíduos e permanentes para as diferentes
regiões.
Superficie JAD
Decíduo 3,470,48 (3,38) 3,220,45 (3,18)
Permanente 4,34 0,95(4,30) 3,840,73 (3,55)
Com relação à densidade numérica dos prismas de esmalte, o valor
médio obtido das regiões analisadas demonstrou que, para ambas as dentições
Resultados _____________________________________________________________________________
39
existem um número ligeiramente maior de prismas, próximo à JAD, quando
comparado com a região de superfície, porém não foi estatisticamente significante
(p>0,05). No entanto o esmalte dos dentes decíduos apresentou maior número de
prismas que nos permanentes, principalmente em JAD sendo estatisticamente
significante (p<0,05) (Tabela 2, Figuras 4 e 5).
Tabela 2. Valores médios, desvio padrões e mediana obtidos na densidade de
prismas de esmalte dos dentes decíduos e permanentes nas diferentes
regiões.
Superficie JAD
Decíduo 14.149±1.009 (14.004) 15.244±648 (15.286)
Permanente 13.582±600 (13.582) 14.010±391 (14.114)
4.1.2 Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDX)
Na análise da composição e quantificação dos íons por meio da
Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDX), no esmalte, foram
analisadas as porcentagens de sódio, magnésio, fósforo e cálcio, na superfície e
próximo à junção amelodentinária. Observou-se que a porcentagem de sódio foi
maior em dentes decíduos, e a porcentagem de magnésio, fósforo e cálcio foi
maior em dentes permanentes, nas duas regiões (Tabela 3).
Figura 3. Fluxograma da Microscopia Óptica
Figura 4. Fotomicrografias em Esmalte da Microscopia Eletrônica de
Varredura nos aumentos de 500x, 1500x e 5000x
A, C, E. Esmalte Superficial de Dentes Decíduos
B, D, F. Esmalte superficial de Dentes Permanentes
ESMALTE
A
C
E
B
D
F
Figura 5. Fotomicrografias em Esmalte da Microscopia Eletrônica de
Varredura nos aumentos de 500x, 1500x e 5000x
A, C, E. Esmalte Próximo à Junção Amelo Dentinária de Dentes
Decíduos
B, D, F. Esmalte Próximo à Junção Amelo Dentinária de Dentes
Permanentes
ESMALTE
A
C
E
B
D
F
Resultados _____________________________________________________________________________
43
4.1.3 Difração de Raio-X
Os difractogramas de raios x das amostras de esmalte estão
representados na figura 6. As fases mais representativas, presentes em todas as
amostras analisadas por difração de raio X, evidenciada pela intensidade do pico,
são: hidroxiapatita, silicato de cálcio, fosfato de cálcio hidratado, silicato fosfato de
cálcio, fosfato de cálcio e potássio para dentes decíduos; hidroxiapatita, silicato de
cálcio, silicato de cálcio hidratado e fosfato de cálcio hidratado para dentes
permanentes.
Figura 6. Difração de Raio X do Esmalte
Resultados _____________________________________________________________________________
44
Resultados _____________________________________________________________________________
45
4.2. Dentina coronária
Em todos os espécimes foi realizada a mensuração da espessura do
substrato dentinário, observando que a espessura média da dentina nos dentes
decíduos foi de 3,02, e nos dentes permanentes foi de 5,95 mm.
4.2.1 Análise em MEV
Na análise morfológica da dentina, com relação ao diâmetro dos
túbulos dentinários, pôde-se observar que, de modo geral, não houve diferença
significante (p>0,05) entre o dente decíduo e o permanente. Além disso,
verificaram-se um aumento significante gradativo e significante (p<0,05) do
diâmetro dos túbulos dentinários da JAD em direção à polpa, para ambas as
dentições.
Na análise comparativa das diferentes regiões estudadas, pôde-se
observar que, na região da JAD, os túbulos dos dentes decíduos apresentaram
menor diâmetro, sendo estatisticamente diferente dos valores verificados na
mesma região da dentina dos dentes permanentes(p<0,05). Contudo, para a
porção central da dentina, constatou-se que o diâmetro dos túbulos dentinários
dos dentes decíduos foi significantemente maior que na região correspondente
dos dentes permanentes (p<0,05). Na região próxima à polpa, não foi observada
diferença quanto ao diâmetro dos túbulos entre as duas dentições (p>0,05)
(Tabela 4; Figuras 7- 9).
Resultados _____________________________________________________________________________
46
Tabela 4. Média, desvio-padrão e mediana do diâmetro dos túbulos dentinários
(m) dos dentes decíduos e permanentes para as diferentes regiões da
dentina.
JAD Porção central Próximo a polpa
Decíduo
0,690,10 (0,70) 1,690,15 (1,77) 2,260,35 (2,21)
Permanente
0,900,04 (0,90) 1,340,22 (1,25) 2,520,06 (2,52)
Na análise da densidade numérica dos túbulos dentinários dos dentes
decíduos e permanentes, pôde-se observar que, de modo geral, não houve
diferença significante entre as dentições estudadas (p>0,05). Porém, em relação
às profundidades, constatou-se um aumento significante gradativo a partir da JAD
em direção à polpa (p<0,05).
Na análise comparativa das diferentes regiões estudadas, observou-se
que a quantidade de túbulos dentinários foi semelhante para as duas dentições
(p>0,05), independentemente da profundidade analisada. Constatou-se apenas
uma tendência de haver um número de túbulos ligeiramente maior na dentina dos
dentes permanentes em relação aos dentes decíduos (Tabela 5; Figuras 7-9).
Tabela 5. Média, desvio-padrão e mediana da densidade dos túbulos dentinários
nos dentes decíduos e permanentes para as diferentes regiões da
dentina.
JAD Porção central Junto a polpa
Decíduo
6.2242.127
(6.159)
13.5347.387
(12.253)
28.36817.139
(21.329)
Permanente
7.4152.312
(7.650)
16.7916.661
(13.096)
32.61815.062
(29.822)
Resultados _____________________________________________________________________________
47
Na análise comparativa das diferentes regiões estudadas, pôde-se
observar que a espessura da dentina peritubular não variou significantemente
entre as regiões. O dente permanente apresentou maior espessura em todas as
regiões, observando-se diferença significante entre os substratos (p<0,05)
(Tabela 6). Pode-se observar a ausência de dentina peritubular na região próxima
a polpa (Figura 9e e 9f).
Tabela 6. Valores médios obtidos da espessura da dentina peritubular dos dentes
decíduos e permanentes nas diferentes regiões.
JAD Porção central
Decíduo
0,910,03 (0,91)a 0,590,01 (0,59)A
Permanente
1,160,03 (1,16)b 0,980,03 (0,97)B
Análise em coluna - Letras diferentes diferença estatística significante (p<0,05)
4.2.2 Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDX)
Na dentina, foram analisadas as porcentagens de magnésio, fósforo e
cálcio, próximo à JAD, na região central da dentina, e região próxima à polpa,
sendo que a porcentagem de magnésio foi maior em dentes decíduos, e a
porcentagem de fósforo e cálcio, maior em dentes permanentes, nas três regiões
avaliadas (Tabela 7).
Resultados _____________________________________________________________________________
48
TABELA 7 – Percentual de elementos químicos (%) presentes no tecido
dentinário coronário de ambos os dentes nas diferentes regiões.
Elementos
químicos
JAD
Perm
JAD
Dec
Central
Perm
Central
Dec
Polpa
Perm
Polpa
Dec
Mg - 0,95 0,52 1,09 - 1,07
P 19,08 15,61 18,96 15,61 16,73 15,57
Ca 53,06 33,48 51,52 31,91 47,86 31,51
Figura 7. Fotomicrografias em Dentina da Microscopia Eletrônica de
Varredura nos aumentos de 500x, 1500x e 5000x
A, C, E. Dentina Próximo à Junção Amelo Dentinária de Dentes
Decíduos
B, D, F. Dentina Próximo à Junção Amelo Dentinária de Dentes
Permanentes
DENTINA
A
C
E
B
D
F
Figura 8. Fotomicrografias em Dentina da Microscopia Eletrônica de
Varredura nos aumentos de 500x, 1500x e 5000x
A, C, E. Dentina da Região Central de Dentes Decíduos
B, D, F. Dentina da região Central de Dentes Permanentes
DENTINA
A
C
E
B
D
F
Figura 9. Fotomicrografias em Dentina da Microscopia Eletrônica de
Varredura nos aumentos de 500x, 1500x e 5000x
A, C, E. Dentina Próximo à Polpa de Dentes Decíduos
B, D, F. Dentina Próximo à Polpa de Dentes Permanentes
DENTINA
A
C
E
B
D
F
Resultados _____________________________________________________________________________
52
4.2.3 Difração de Raio-X
Os difractogramas de raios x das amostras de dentina estão
representados na figura 10. As fases presentes em todas as amostras analisadas
por difração de raio x, evidenciadas pela intensidade do pico, são: hidroxiapatita,
fosfato de cálcio e fosfato de cálcio hidratado para os dentes decíduos; e, silicato
de cálcio hidratado, fosfato de cálcio e hidroxiapatita para os dentes permanentes.
Figura 10. Difração de Raio X da Dentina
Resultados _____________________________________________________________________________
53
Resultados _____________________________________________________________________________
54
4.4 Microscopia Óptica
Na microscopia óptica, foi realizada a análise de colágeno em dentina
de dentes decíduos e permanentes e, por meio da coloração Tricômico de Mallory,
aparentemente o dente decíduo apresenta mais colágeno, quando comparado ao
dente permanente.
Foi observado que a distribuição do colágeno foi diferente entre os dois
substratos. Aparentemente, o dente decíduo apresenta uma disposição de
entrelaçamento das fibras colágenas diferente da disposição observada nos dentes
permanentes, demonstrando uma maior frouxidão entre as fibras (Figuras 11 a
13).
Resultados _____________________________________________________________________________
55
Figura 11. Fotomicrografias em Dentina da Microscopia Óptica nos
aumentos de 10x e 40x
A, C. Dentina Próximo à Junção Amelo Dentinária de Dentes Decíduos
B, D. Dentina Próximo à Junção Amelo Dentinária de Dentes
Permanentes
Resultados _____________________________________________________________________________
56
Figura 12. Fotomicrografias em Dentina da Microscopia Óptica nos
aumentos de 10x e 40x
A, C. Dentina da Região Central de Dentes Decíduos
B, D. Dentina da região Central de Dentes Permanentes
Resultados _____________________________________________________________________________
57
Figura 13. Fotomicrografias em Dentina da Microscopia Óptica nos
aumentos de 10x e 40x
A, C. Dentina Próximo à Polpa de Dentes Decíduos
B, D. Dentina Próximo à Polpa de Dentes Permanentes
DISCUSSÃO
Discussão _____________________________________________________________________________
59
5 DISCUSSÃO
Estudos comparativos entre dentes decíduos e permanentes são de
fundamental importância, uma vez que permitem a padronização do método de
análise da pesquisa e a eliminação do fator de variação, representado pelo
operador. O comportamento diferente desses substratos, frente aos
procedimentos erosivos e restauradores adesivos, descritos na literatura, podem
ser justificados pelas diferenças estruturais e na composição de ambos os
substratos (Amaechi et al., 1999; Johansson et al., 2001; Burrow et al., 2002;
Senawongse et al., 2004; Courson et al., 2005).
Em face das análises do esmalte dental, observou-se, por meio da
microscopia eletrônica de varredura, que houve semelhança em relação ao
diâmetro da cabeça dos prismas entre dentes decíduos e dentes permanentes e
entre a região superficial e a próxima à JAD. Neste estudo, o diâmetro médio dos
prismas de esmalte variou de 3,22 µm a 3,47 µm no dente decíduo, e de 3,84 µm
a 4,34 µm no dente permanente. Resultados diferentes foram observados por
Fosse (1968) e Mortimer (1970) nos quais observaram valores superiores, tendo o
diâmetro dos prismas do esmalte em média de 6-10 µm em dentes permanentes;
nos dentes decíduos, a variação do diâmetro foi de 4-7 µm.
Na presente investigação, a densidade numérica dos prismas, no
esmalte do dente permanente, foi de 8.094/mm2 na região superficial, e de
13.485/mm2 na região próxima à JAD. Resultados divergentes foram observados
por Fosse (1964), que encontrou um número médio de 21.904 prismas/mm2 no
Discussão _____________________________________________________________________________
60
esmalte externo e de 47.089 prismas/mm2 na região mais interna do esmalte de
dente permanente, ressaltando a existência de uma maior densidade prismática
nas regiões mais internas do esmalte, condizente com o presente estudo.
Ainda, em relação à densidade numérica dos prismas, observou-se que
o esmalte do dente decíduo apresenta um número maior de prismas em
comparação ao dente permanente, independentemente da região analisada, e que
essa densidade aumentou em direção à junção amelo-dentinária nos dois
substratos.
Essa característica morfológica confere uma maior espessura da região
periférica dos prismas, referida como bainha do prisma (Gwinnett, 1966), no
esmalte dos dentes permanentes, em comparação com os dentes decíduos. Tal
disposição viabiliza o dinamismo do esmalte do dente permanente, conferindo-lhe
uma maior permeabilidade e maior capacidade de realizar trocas iônicas,
configurando os processos de desmineralização e remineralização, traduzindo a
relação dinâmica de trocas iônicas entre o dente e o meio bucal.
Apesar de a literatura evidenciar a existência de uma camada
aprismática na superfície do esmalte, na qual o arranjo ultramicroscópico dos
cristalitos difere daquele encontrado nos prismas, tal camada não foi observada
em ambos os substratos. A camada aprismática no esmalte do dente decíduo é
mais espessa e uniforme em comparação ao dente permanente (Fava et al.,
1993;1997). Nesse sentido, Fava et al. (1993) relataram que, em terceiros
molares não irrompidos, a espessura da camada aprismática aumentou da região
oclusal (3,63 µm) para o terço médio (5,28 µm) e cervical (8,11 µm), e que, em
Discussão _____________________________________________________________________________
61
molares decíduos, a média da espessura foi de 7,26 µm em todas as regiões. Os
mesmos resultados foram obtidos por outros autores, estudando dentes decíduos
anteriores: a média da espessura da camada aprismática encontrada foi de 4,67
µm (Carassi et al., 1986; Costa et al., 1996). A presença dessa camada pode
interferir nos processos de desmineralização ácida do esmalte do dente decíduo
(Kuhar et al., 1997), pois uma variação brusca no arranjo dos cristalitos é
observada, com as unidades inorgânicas dispostas paralelamente umas às outras
e perpendiculares à superfície externa (Kodaka et al, 1989; Fava et al., 1993; Fava
et al, 1997; Costa et al., 1996). Essa disposição dos cristalitos também confere um
aumento no grau de mineralização, observado radiograficamente como uma
banda radiopaca (Gwinnett, 1992).
Alguns autores sugerem um aumento no tempo do condicionamento
ácido nos procedimentos adesivos, em esmalte de dentes decíduos, visando ao
tratamento da camada aprismática (Bozalis et al.., 1979; Hosoya, 1991). No
entanto outros autores afirmam que 15 segundos são suficientes para produzir um
padrão de condicionamento ácido favorável à penetração dos materiais resinosos
(Garcia-Godoy e Gwinnett, 1991; Gwinnett et al., 1992). No presente trabalho,
não foi possível observar a camada aprismática do esmalte em ambos os
substratos, pois os dentes utilizados estavam presentes na cavidade bucal por
aproximadamente dois anos e, portanto, sujeitos aos processos de desgaste
fisiológico do esmalte (Fava et al., 1999).
Em relação à análise morfológica da dentina, os resultados do presente
trabalho mostraram que o número de túbulos dentinários de dentes decíduos e
Discussão _____________________________________________________________________________
62
permanentes aumenta a partir da JAD em direção à polpa. Tais dados estão em
concordância com outras pesquisas em que os autores estudaram diferentes
profundidades da dentina (Costa et al., 2002b; Fosse et al., 1992; Garberoglio e
Brannstrom, 1976; Sumikawa et al., 1999).
Na presente pesquisa, os valores encontrados em dentes decíduos
foram: 6.224/mm2 na dentina próxima à JAD; 13.534/mm2 na dentina da porção
central; e 28.368/mm2 na dentina próxima à polpa. Esses dados foram
semelhantes aos relatados na literatura por Costa et al. (2002b) que encontraram
valores de 9.614/mm2 – JAD e 17.018/mm2 – central e 23.114/mm2 – polpa, e
por Couve & Onetto (1987) que apresentaram valores de 10.000/mm2 – JAD e
20.000/mm2 – polpa, estudando germes de dentes decíduos. No entanto Koutsi et
al. (1994) encontraram valores superiores aos do presente estudo nas regiões de
dentina superficial e central (17.433/mm2 e 20.433/mm2) e semelhantes na
região de dentina profunda (26390/mm2). Ruschel & Chevitarese (2002),
utilizando, segundos molares decíduos, observaram uma densidade superior de
túbulos na região central da dentina (25.211 túbulos/ mm2).
Na dentina dos dentes permanentes, em relação à densidade dos
túbulos, os valores encontrados foram: 7.415/mm2 na dentina próxima à JAD;
16.791/mm2 na dentina da porção central; e 32.618/mm2 na dentina próxima à
polpa. Resultados divergentes foram encontrados por Garberoglio & Brannstrom
(1976), que relataram um número de túbulos próximo à polpa de 45.000/ mm2,
na região central da dentina de 29.500/mm2 e próximo à JAD de 20.000/mm2,
assim como Zavgorodniy et al. (2008), que observaram valores de 34.000
Discussão _____________________________________________________________________________
63
túbulos/mm2 na região central. Outros estudos apresentaram resultados
diferentes, relatando aproximadamente 51.000 túbulos/mm2 (Fosse et al., 1992) e
43.000 túbulos/mm2 próximo à superfície pulpar em dentes permanentes
(Whittaker & Kneale, 1979; Koutsi et al., 1994; Brajdic et al., 2008).
Considerando o diâmetro dos túbulos dentinários em dentes decíduos,
o presente estudo apresentou valores médios, variando de 0,69 a 2,26 µm,
discordando do estudo de Hirayama et al. (1986) cujos diâmetros variaram de 2 –
15 µm na dentina coronária de incisivos decíduos. Entretanto os dados obtidos
estão em concordância com os de Watanabe (1988), que relatou valores variando
de 0,7 – 2,6 µm, e com os de Costa et al. (2002b), que observaram valores de
0,75 µm na dentina próxima a JAD, 1,13 µm na dentina da região central, e 1,52
µm na região da dentina próxima a polpa. Outros autores também relataram
resultados semelhantes aos deste estudo, nos quais o diâmetro dos túbulos
dentinários variou de 1,39 µm a 1,94 µm (Sumikawa et al., 1999), de 0,96 µm a
1,29 µm (Koutsi et al., 1994) e de 1,0 µm na região central de segundos molares
decíduos (Ruschel & Chevitarese, 2002). Tal divergência de resultados na
literatura pode ser devida à procedência distinta das amostras bem como o grau
de reabsorção que esses dentes sofreram. No presente estudo, empregaram-se
dentes com, pelo menos, 2/3 de raiz, para que o processo de reabsorção não
interferissse na dentina interna e, consequentemente, no diâmetro dos túbulos.
Nos dentes permanentes, observou-se que os dados encontrados para
o diâmetro médio dos túbulos dentinários variaram de 0,9 a 2,52 µm, semelhantes
aos resultados reportados por Garberoglio & Brannstrom (1976), cujos valores
Discussão _____________________________________________________________________________
64
variaram de 2,5 µm próximo à polpa, 1,2 µm na região central e 0,9 µm na região
periférica, e por Brajdic et al.(2008) que observaram 2,58 µm próximo à polpa,
1,52 µm na região central e 0,67 µm na região periférica da dentina de dentes
permanentes. Por outro lado, Zavgorodniy et al. (2008) observaram valores
superiores aos do presente estudo, no diâmetro dos túbulos, na região central da
dentina (2,19 µm).
Na análise morfológica da dentina, com relação ao diâmetro e ao
número dos túbulos dentinários, pôde-se observar que, de modo geral, houve
semelhança entre dentes decíduos e permanentes. Constatou-se apenas uma
tendência a um maior número de túbulos na dentina dos dentes permanentes.
Resultados semelhantes foram relatados por Shilke et al. (2000), analisando
molares decíduos e permanentes. No entanto Koutsi et al. (1994) relataram
valores de densidade numérica e diâmetro dos túbulos menores em molares
decíduos, em comparação aos dentes permanentes, e justificaram a menor
permeabilidade encontrada nos dentes decíduos. Hirayama et al. (1985),
observaram que o diâmetro dos túbulos em dentes decíduos foi menor do que o
dos dentes permanentes, em função de uma maior espessura da dentina
peritubular neste substrato. Por outro lado, Sumikawa et al. (1999) relataram que
o diâmetro dos túbulos dos dentes decíduos anteriores foi maior em comparação à
dentina do dente permanente, sem analisar, no entanto, dentes permanentes.
Alguns autores mencionaram a existência de túbulos, com diâmetro
variando de 5 – 40 µm, os quais denominaram de túbulos gigantes, os quais
teriam um papel relevante no desenvolvimento de lesões cariosas na dentina e na
Discussão _____________________________________________________________________________
65
sensibilidade pulpar (Liu et al., 2000; Agematsu et al., 1997; 2005). Tais
estruturas morfológicas foram observadas somente em dentes anteriores e,
principalmente, em dentes decíduos, sendo que Sumikawa et al. (1999)
observaram essas estruturas em incisivos decíduos. Como no presente estudo,
foram analisados molares decíduos, essas estruturas não foram observadas.
No presente trabalho, pôde-se constatar que a dentina peritubular foi
mais espessa no dente permanente em comparação ao dente decíduo,
contradizendo o trabalho de Hirayama et al. (1986), que relataram uma espessura
de dentina peritubular de 2 a 5 vezes maior no dente decíduo, com valores
variando de 3 a 20 µm. Ainda: Costa et al. (2002a), afirmaram que a área de
dentina peritubular foi cerca de três vezes maior do que a área de dentina tubular
em dentes decíduos em todas as regiões analisadas. Contudo convém ressaltar
que a dentina peritubular é mais mineralizada, e como o dente decíduo é menos
mineralizado que o permanente, provavelmente, pode-se correlacionar tal fato
com uma menor quantidade de dentina peritubular.
Neste estudo, a espessura da dentina peritubular diminuiu da JAD para
a região próxima à polpa nos dois substratos estudados, praticamente não tendo
sido observada próxima à polpa. Sumikawa et al. (1999) observaram valores de
espessura da dentina peritubular de dentes decíduos de 0,92 em caninos e de
0,62 em incisivos laterais, inferindo que tal espessura diminui em direção à polpa,
proporcionalmente ao aumento da densidade tubular.
Tais achados podem refletir-se diretamente no comportamento dos
materiais adesivos, pois está comprovado, na literatura, que o diâmetro e o
Discussão _____________________________________________________________________________
66
número dos túbulos dentinários influenciam nos procedimentos adesivos. Esses
procedimentos estão diretamente relacionados à permeabilidade da dentina, uma
vez que a eficácia da maioria dos adesivos atuais depende da infiltração da resina
no substrato dentinário (Koutsi et al., 1994; Pashley et al., 1993). A
permeabilidade da dentina é essencial para a fisiologia e para os padrões de
reação do complexo dentino-pulpar (Mjör, 2009).
As diferenças marcantes na quantidade e qualidade de cada elemento
estrutural da dentina, nos diferentes substratos e nas diferentes localizações,
implicam alterações nos procedimentos de adesão. Geralmente, a resistência de
união é maior na dentina superficial ou próxima à JAD do que na dentina profunda
(Pashley et al., 1995; Giannini et al., 2001), assim como na dentina dos dentes
permanentes que na dentina dos dentes decíduos (Bordin-Aykroyd et al., 1992;
Burrow et al., 2002; Senawongse et al., 2004; Courson et al., 2005). Isso se deve
à diferença na quantidade de área de dentina intertubular disponível para adesão,
conteúdo mineral e na diferença da umidade local. No presente trabalho, como a
quantidade de túbulos dentinários foi ligeiramente maior na dentina do dente
permanente em comparação ao dente decíduo, pode-se inferir que a quantidade
de dentina intertubular no dente decíduo seria maior, como observado por Costa
et al. (2002b).
Em relação ao conteúdo de cálcio e fósforo, os valores médios de
porcentagem observados, neste estudo, no esmalte e dentina dos dentes
permanentes, foram, respectivamente, de 54,56 / 21,15 e 50,77 / 18,2. Em tal
contexto, Gedalla et al. (1970) relataram uma porcentagem de 33,0-35,5 de cálcio
Discussão _____________________________________________________________________________
67
e de 16,8-19,8 de fósforo na dentina de dentes permanentes. Derise et al. (1974)
observaram concentrações de cálcio e fósforo de 37,1 e 18,1 no esmalte e de 26,7
e 13,6 na dentina de dentes permanentes.
A quantificação de íons por análise de EDX, de modo geral, revelou que
o esmalte e a dentina do dente permanente apresentam concentrações de cálcio e
fósforo aproximadamente duas vezes maior, em comparação com o dente
decíduo. Confirmando tais resultados, a análise, por meio de microscopia óptica,
revelou que o conteúdo de colágeno na dentina de dentes decíduos foi
aparentemente maior. Em tal contexto, Hirayama (1990) relatou que as
concentrações de cálcio e fósforo na dentina de dentes decíduos são menores do
que em dentes permanentes. Em outro estudo, Hirayama et al. (1985) não
observaram diferença no conteúdo de cálcio e fósforo na dentina inter e
peritubular, entre dentes decíduos e permanentes. Lakoma e Rytomaa (1977)
também não observaram diferenças no conteúdo de cálcio e fósforo entre o
esmalte e a dentina de dentes permanentes em comparação com dentes
decíduos. O menor conteúdo de cálcio e fósforo, reportados neste trabalho, no
dente decíduo, poderia ser responsável pelo comportamento diferente desses
substratos, frente aos desafios ácidos. Nör et al. (1996) relataram que a dentina
do dente decíduo apresenta-se mais reativa ao condicionamento ácido, em
comparação à dentina do dente permanente, ocasionando uma desmineralização
mais profunda da dentina intertubular. Além disso, tem sido observado, na
literatura, que a dureza e o módulo de elasticidade da dentina diminuem na
medida em que se aproxima do tecido pulpar, tanto em dentes decíduos quanto
Discussão _____________________________________________________________________________
68
em dentes permanentes (Kinney et al., 1996; Wang e Weiner, 1998; Angker et
al.,2003). Em função disso, alguns autores sugerem uma diminuição do tempo de
condicionamento ácido da dentina de dentes decíduos (Nör et al., 1996; Sardella
et al., 2005; Torres et al., 2007 ).
Como o grau de mineralização está relacionado com a densidade dos
cristalitos (Gwinnett, 1992), pode-se especular que a densidade dos cristalitos no
esmalte do dente decíduo seria menor, comparado à do dente permanente.
Wilson e Beynon (1989) relataram que a densidade mineral no esmalte do dente
decíduo é maior na região da superfície, em comparação com o dente
permanente. Como cada cristal é separado de seu cristal adjacente por finos
espaços intercristalinos, que formam uma fina rede de vias de difusão chamadas
de microporos (Thylstrup & Fejerskov, 1995), o esmalte do dente decíduo
apresentaria mais microporos, em comparação ao esmalte do dente permanente.
Essa característica - associada a uma menor espessura do esmalte do
dente decíduo - poderia ser responsável pela coloração branco-leitosa desse
substrato, visto que a coloração é resultante das diferenças nos índices de
refração de luz entre a hidroxiapatita (1,62), água (1,33) e ar (1,0).
Durante a desmineralização, íons de hidrogênio são capazes de
penetrar nos espaços intercristalinos do esmalte, desfazendo ligações moleculares,
determinando a liberação de íons minerais do dente, diminuindo o diâmetro dos
cristais de hidroxiapatita e, consequentemente, alargando os microporos. Nesse
sentido, a menor mineralização (como consequência, menor densidade dos cristais
do esmalte do dente decíduo), comparada ao dente permanente, explicaria,
Discussão _____________________________________________________________________________
69
também, as diferenças encontradas na literatura em relação aos desafios ácidos
na cavidade bucal entre estes dois substratos (Amaechi et al., 1999; Johansson et
al., 2001; Wang et al., 2006).
Ainda em relação à diferença do conteúdo inorgânico entre dentes
decíduos e permanentes, vale lembrar que essa característica é a principal
responsável por conferir resistência mecânica à estrutura dental. Seu arranjo
molecular apresenta um papel fundamental nas propriedades mecânicas. É sabido
que as moléculas de hidroxiapatita são organizadas de forma cristalina, mais
especificamente em geometria hexagonal (Fremann et al. 2001; Tesh et al.,
2001). Portanto a diferença no conteúdo mineral e no arranjo molecular entre
esses dois substratos poderia explicar as diferenças encontradas na literatura
quanto às propriedades mecânicas desses tecidos (Low et al., 2007). Kerebel et al.
(1979) descreveram uma espessura de 26,3 nm dos cristais do esmalte do dente
permanente e de 16,0 nm no esmalte do dente decíduo. Em contraste, Low et al.
(2006; 2007) relataram que os cristais de hidroxiapatita, no esmalte de dentes
decíduos, são maiores (185 nm) e mais rugosos do que os cristais presentes nos
dentes permanentes (94 nm).
No presente trabalho, observou-se que a espessura do esmalte e da
dentina dos dentes decíduos foi aproximadamente a metade da espessura do
permanente concordando com os achados da literatura. Mortimer, 1970 e Low et
al. 2007 verificaram que a espessura do esmalte dos dentes decíduos foi
aproximadamente a metade da espessura dos permanentes, além de observar que
o esmalte dos dentes decíduos é menos mineralizado e mais suscetível à fratura,
quando comparado com o esmalte dos dentes permanentes.
Discussão _____________________________________________________________________________
70
As diferenças encontradas entre os resultados apresentados nos
diversos estudos podem ser explicadas em função das características peculiares de
cada elemento dental isoladamente, da idade e grupo de dentes analisados, da
própria origem étnica dos dentes estudados e devido às diferenças metodológicas,
como técnicas de corte e análises do substrato. Além disso, os trabalhos
existentes, em relação ao estudo comparativo da microestrutura do esmalte e da
dentina de dentes decíduos e permanentes, são escassos. Esse fato, aliado às
diferenças nas metodologias empregadas nos estudos, definiu-se como um
empecilho e um desafio para que os resultados da presente investigação
pudessem ser comparados aos da literatura. Algumas peculiaridades próprias da
dentina e do esmalte do dente decíduo, observadas no presente trabalho,
sugerem possíveis condutas clínicas, distintas daquelas adotadas nos dentes
permanentes. Em face disso, outros estudos se fazem necessários para o
entendimento mais preciso da estrutura do dente decíduo, fornecendo maior
embasamento para a conduta clínica, que assim terá o respaldo biológico
necessário.
CONCLUSÃO
Conclusão _____________________________________________________________________________
72
6 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos, em relação à morfologia, composição
e fases químicas de diferentes regiões do esmalte e da dentina de dentes
decíduos e permanentes, e considerando as limitações de um estudo
in vitro
,
pôde-se concluir que:
Em relação ao esmalte:
Observou-se semelhança no diâmetro da cabeça dos prismas de
esmalte entre dentes decíduos e dentes permanentes e entre as
regiões (JAD e superfície).
Os dentes decíduos apresentaram maior número de prismas de
esmalte em relação aos dentes permanentes.
A porcentagem de fósforo e cálcio foi maior em dentes
permanentes.
Os dentes decíduos apresentaram algumas fases químicas diferentes
em comparação com os dentes permanentes.
Em relação à dentina:
Os diâmetros dos túbulos dentinários aumentaram gradativamente
da JAD em direção a polpa nos dois substratos, contudo na JAD o
dente permanente apresentou maior diâmetro e na região central o
menor diâmetro.
Conclusão _____________________________________________________________________________
73
Os dentes permanentes apresentaram maior espessura de dentina
peritubular em comparação com o dente decíduo, sendo que na
região pulpar esta estrutura não foi observada.
A porcentagem de fósforo e cálcio foi maior em dentes
permanentes.
Os dentes decíduos e dentes permanentes apresentaram fases
químicas semelhantes.
A distribuição de colágeno foi diferente em dentina de dentes
decíduos e permanentes
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75
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ANEXO
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