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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Densidade de fluxo de seiva e relações hídricas foliares nas faces
leste e oeste da copa de laranjeira ‘Valência’
Lúcio Flavo Lopes Vasconcelos
Tese apresentada para obtenção do título de
Doutor em Ciências. Área de concentração:
Fisiologia e Bioquímica de Plantas
Piracicaba
2008
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Lúcio Flavo Lopes Vasconcelos
Engenheiro Agrônomo
Densidade de fluxo de seiva e relações hídricas foliares nas faces leste e oeste
da copa de laranjeira ‘Valência’
Tese apresentada para obtenção do título de
Doutor em Ciências. Área de concentração:
Fisiologia e Bioquímica de Plantas
Piracicaba
2008
Orientador:
Prof. Dr. RICARDO FERRAZ DE OLIVEIRA
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Vasconcelos, Lúcio Flavo Lopes
Densidade de fluxo de seiva e relações hídricas foliares nas faces leste e oeste da copa
de laranjeira ‘Valência’ / Lúcio Flavo Lopes Vasconcelos. - - Piracicaba, 2008.
115 p. : il.
Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2008.
Bibliografia.
1. Agroclimatologia 2. Dossel (Botânica) 3. Ecofisiologia 4. Fisiologia vegetal 5. Laranja
6. Transpiração vegetal I. Título
CDD 634.31
V331d
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
À minha esposa, Antônia Ferreira Gomes
Vasconcelos, pelo amor, carinho, dedicação
e apoio incondicional tanto nas tribulações
quanto nos regozijos vivenciados ao longo
dessa nossa jornada existencial.
DEDICO
Aos meus pais, Francisco Tabajara de Vasconcelos
(in memorian) e Maria Virgínia Lopes Vasconcelos,
por todo o carinho e esmero despendidos na formação dos filhos.
Aos meus irmãos Francimar, Marcos, Giovani e Hélder,
pelos fortes laços que nos unem.
Aos meus avôs, tias e tios,
A minha terna gratidão.
OFEREÇO
4
AGRADECIMENTOS
À Deus, por conceder-me a graça de fazer da fraqueza a força para enfrentar
os embates da vida e por traçar-me os caminhos de forma sábia, embora, num
primeiro momento, às vezes não se nos apresentem como tal.
À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em especial à
Embrapa Meio-Norte de Teresina (PI), pela oportunidade de realização do Doutorado.
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São
Paulo (ESALQ/USP), especialmente ao Departamento de Ciências Biológicas e ao
Programa de Pós-Graduação em Fisiologia e Bioquímica de Plantas, pela excelente
formação adquirida ao longo do curso.
Ao professor Ricardo Ferraz de Oliveira, pela orientação, pela visão holística da
Fisiologia Vegetal e da própria vida, o que permitiu alargar, em muito, os meus
horizontes, e pela amizade, compreensão e auxílio ao longo da minha estadia em
Piracicaba (terrinha boa, sô!).
Ao prezado amigo Rafael Vasconcelos Ribeiro, um Ser de luz a guiar-me por
entre as sendas deste trabalho de tese, a minha mais sincera gratidão. Sem a sua
ajuda na condução dos trabalhos de campo e na orientação de como trabalhar os
dados, este trabalho não teria chegado a contento.
Ao professor Luiz Roberto Angelocci, pelos conhecimentos transmitidos, pelo
exemplo de dedicação ao ensino, pelas valiosas sugestões e pela amizade.
Ao pesquisador Eduardo Caruso Machado (IAC), pelo apoio, pelas sugestões e
pelo estilo zen de ser e por compartilhar de sua amizade.
Aos professores Murilo Melo, Carlos Labate, Beatriz Apezzatto-da-Glória,
Lázaro Peres, Ricardo Kluge e Paulo Castro, pelos ensinamentos, exemplo e
amizade.
Aos colegas e amigos do Laboratório de Fisiologia do Estresse: Jales Teixeira,
Mauro Guida, Rafael Vivian, Evandro Binotto, Rodrigo Ruiz, Juliana Salomé, Simone
Ruiz, Luana Salinet e Saulo, pelo companheirismo, amizade e agradável convívio.
5
Aos amigos Francisco Ednaldo e Francilene, Edson Cabral e Lázara, Waleska
Eloi, Ralini Melo, Marconi Batista, Tales Miler, Gregori Ferrão e Freddy Contreras, pelo
muito que nos apoiaram ao longo da nossa estadia em Piracicaba.
Aos grandes amigos de longa data, Marcos Emanuel da Costa Veloso e
Eugênio Celso Emérito Araújo, e às suas respectivas esposas, Madaíla e Jamila, a
quem o destino tem nos reservado partilharmos os mesmos caminhos, tanto em nível
de formação acadêmica (graduação, mestrado e doutorado) quanto profissional
(Embrapa Meio-Norte), a minha gratidão por tudo. Continuemos, pois, ‘caminhando e
cantando e seguindo a canção’.
Ao casal amigo, César Nogueira e Liliosa, e aos demais integrantes da família,
pelo prazeroso convívio durante os anos que aqui permaneceram, pelas agradáveis
reuniões promovidas em sua residência e pela valiosa ajuda na coleta de dados.
Aos meus sogros, Ozéas e Cleuza, ao casal Agenor e Fátima, aos meus
cunhados, cunhadas, concunhados e concunhadas, aos meus primos e primas e aos
meus sobrinhos e sobrinhas, pelas orações, apoio, incentivo e torcida organizada.
À amável Solizéte, secretaria da pós-graduação, pelo fino trato, eficiência e
educação.
Ao pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Carlos Antônio Ferreira de Sousa,
pelo acompanhamento, junto à Embrapa, na qualidade de conselheiro acadêmico
institucional.
Aos médicos, cirurgiões, enfermeiros e demais funcionários do Instituto “Dante
Pazzanese” de Cardiologia, bem como aos médicos, enfermeiros e demais
funcionários do Hospital do Coração, por toda a assistência e cuidados a mim
dispensados durante as minhas internações. O meu muitíssimo obrigado!
Às médicas Rejane Martins Prestes e Renilda Martins Prestes, e aos médicos
Osias Martins Prestes, Alcino Pereira de Sá Filho e Paulo Márcio de Sousa Nunes,
pelo apoio, carinho, assistência e acompanhamento que tiveram para comigo. Os
meus sinceros agradecimentos de todo o “Coração”!
Ao Técnico José Zanetti Júnior, pela inestimável ajuda no decorrer do período
experimental, sempre prestativo e atencioso na execução dos trabalhos de coleta de
dados e manutenção dos equipamentos, e pela amizade.
6
Ao grande Sr. Pequeno - a bondade em pessoa - e ao Tirolês, funcionários do
Horto Botânico, pelos dois dedos de prosa, quando se não quando.
Ao Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros “Sylvio
Moreira”, por disponibilizar o pomar e a logística necessária para a condução do
presente estudo.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo
apoio financeiro dado ao projeto e pela bolsa concedida ao Técnico Jóse Zanetti
Júnior.
À todos que, dos planos físico e espiritual, contribuíram, cada um à sua
maneira, para a concretização deste trabalho. Sou-lhes grato.
7
A vida é a arte do encontro,
Embora haja tantos desencontros pela vida.
(Vinícius de Morais)
A mim,
Já me basta
O meu saber de plantas.
Minha alma clama
Por saberes dela.
(Lúcio Flavo, 17/07/08)
8
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................... 10
ABSTRACT ............................................................................................................... 11
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. 12
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18
2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................. 21
2.1 Revisão bibliográfica ............................................................................................ 21
2.1.1 Importância econômica dos citros ..................................................................... 21
2.1.2 Métodos térmicos de determinação do fluxo de seiva ....................................... 22
2.1.3 Características e aplicações do método de balanço de calor ............................ 24
2.1.4 Comparações de métodos de estimativas da transpiração de plantas .............. 26
2.1.5 Influência dos fatores ambientais e da planta no movimento estomático e
transpiração ............................................................................................................... 27
2.1.5.1 Intensidade e qualidade da luz ....................................................................... 28
2.1.5.2 Umidade do ar ............................................................................................... 29
2.1.5.3 Umidade do solo ............................................................................................ 32
2.1.5.4 Temperatura do ar .......................................................................................... 32
2.1.5.5 Temperatura do solo ...................................................................................... 34
2.1.5.6 Concentração de CO2 ................................................................................... 35
2.1.5.7 Estado hídrico da folha .................................................................................. 35
2.1.5.8 Fatores hormonais ......................................................................................... 37
2.2 Material e métodos .............................................................................................. 38
2.2.1 Localização e caracterização da área experimental .......................................... 38
2.2.2 Medidas das variáveis ambientais ..................................................................... 39
2.2.3 Medidas de potencial da água no ramo ............................................................. 39
2.2.4 Medidas de fluxo de seiva ................................................................................. 40
2.2.5 Medidas de área foliar....................................................................................... 43
2.2.6 Medidas de condutância estomática e transpiração .......................................... 44
9
2.2.7 Análise dos resultados ...................................................................................... 45
2.3 Resultados e discussão ....................................................................................... 45
2.3.1 Condições ambientais e área foliar dos ramos das faces leste e oeste ............. 45
2.3.2 Variação sazonal do potencial da água no ramo ............................................... 50
2.3.3 Variação da densidade de fluxo de seiva das faces leste e oeste da copa ........ 53
2.3.4 Comparações dos padrões diários de DFS e os dos elementos meteorológicos64
2.3.5 Variação da transpiração das faces leste e oeste da copa em períodos diário,
matutino e vespertino ................................................................................................ 76
2.3.6 Regressão multilinear de DFS para as faces leste e oeste da copa .................. 84
2.3.7 Variação da transpiração instantânea e da condutância estomática das faces
leste e oeste da copa ................................................................................................. 89
2.3.8 Comparação da transpiração determinada por fluxo de seiva e por análise de
gases por infravermelho (IRGA)................................................................................. 96
3 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 102
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 104
10
RESUMO
Densidade de fluxo de seiva e relações hídricas foliares nas faces leste e oeste
da copa de laranjeira ‘Valência’
O estudo das relações hídricas em plantas é de fundamental importância para a
compreensão da sua fisiologia. Nesse sentido, a determinação do fluxo de seiva tem
sido bastante empregada em pesquisas sob condições de campo. As diferentes
condições ambientais que ocorrem entre as faces leste e oeste da copa, certamente
irão determinar uma resposta fisiológica diferenciada entre ambas as faces da planta.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da variação sazonal dos fatores
ambientais sobre as relações hídricas das faces leste e oeste da copa de laranjeiras
‘Valência’ em condições naturais. O estudo foi desenvolvido entre fevereiro e
dezembro de 2005, em Cordeirópolis (SP). O espaçamento entre plantas foi de 8 x 5
m, com as linhas de plantio orientadas no sentido norte-sul. As avaliações foram
realizadas em quatro épocas: verão, outono, inverno e primavera. Independente da
época do ano, o potencial da água no ramo, medido antes do amanhecer, não
apresenta diferenças significativas entre as faces leste e oeste da copa de laranjeiras
‘Valência’, indicando que a reidratação durante esse período ocorre uniformemente
em toda a copa da planta. Por outro lado, às 14:30 h, a face oeste apresenta menor
potencial da água no ramo, diferindo significativamente da face leste, em todas as
épocas avaliadas. Em dias ensolarados, há uma defasagem entre os cursos diários da
densidade de fluxo de seiva (DFS) das faces leste e oeste da copa. Essa defasagem
é conseqüência das variações dos fatores ambientais entre as faces ao longo do dia,
principalmente da radiação solar. Em dias nublados, os cursos diários de DFS entre
as faces são similares, ocasionado pela predominância da radiação difusa. A variação
dos fatores ambientais, dependendo da época do ano, promove diferenças
significativas de transpiração entre as faces da copa. Na face leste, em dias
ensolarados, a partição da transpiração diária ocorre de forma equilibrada entre os
períodos da manhã e da tarde, enquanto na face oeste ocorre predominantemente no
período da tarde, independente da época do ano. Em dias nublados, e para ambas as
faces da copa, a transpiração ocorre mais intensamente no período da tarde. Em dias
ensolarados, a DFS da face leste apresenta melhor associação com a radiação solar,
em todas as épocas, enquanto na face oeste, a melhor associação se verifica com o
déficit de pressão de vapor do ar. Em dias nublados, há melhor associação de DFS
com a temperatura do ar, para ambas as faces. A comparação entre os cursos diários
da transpiração instantânea (E) e de DFS, expressas em unidades equivalentes,
evidencia a defasagem entre ambas, tanto na face leste quanto na oeste, em todas as
épocas avaliadas, exceto no inverno, quando os baixos valores da condutância
estomática limitaram a transpiração.
Palavras-chave: Citrus sinensis; Transpiração; Potencial hídrico; Fatores ambientais;
Trocas gasosas
11
ABSTRACT
Sap flow density and leaves water relations in the east and west sides of the
canopy of ‘Valencia’ sweet orange plant
The study of water relations in plants is of fundamental importance to
understand their physiology. Therefore, determining the sap flow has been frequently
used in field researches. The environmental differences between the east and west
sides of the canopy surely determines a different physiological response between the
two plant sides. This work was aimed at assessing the influence of seasonal variation
of environmental factors on the water relations of the east and west sides of the
canopy of ´Valencia´ sweet orange plants in natural conditions. The study was
conducted between February and December 2005 in Cordeirópolis (SP). Plant spacing
was 8 x 5m, with plant rows in north-south orientation. Evaluations were carried out
during each season: spring, summer, fall and winter. Regardless of the season, the
stem water potentials in the east and west sides of the canopy of ‘Valencia sweet
orange plants measured at predawn did not show significant differences, indicating an
even rehydration during this period throughout the plant canopy. On the other hand, at
02:30pm, the west side shows lower stem water potential than the east side in all
seasons evaluated, differing significantly between them. In sunny days, there is a gap
between the daily courses of the sap flow density (SFD) of the east and west sides of
the canopy. Such gap is due to differences in the environmental factors, especially
solar radiation, between the sides along the day. In cloudy days, the daily SFD courses
are similar in both sides due to the predominance of the diffused radiation. Depending
on the season, the variations in the environmental factors cause significant differences
in the transpiration between the two canopy sides. In sunny days, there is a balanced
partition in the daily transpiration between the morning and afternoon periods in the
east side, while in the west side, the partition happens predominantly in the afternoon
period, regardless of the season. In cloudy days, transpiration is more intense in the
afternoon period in both sides of the canopy. In sunny days, in the east side the SFD
is best associated with the solar radiation in all seasons, while in the west side the
SFD is best associated with the air vapor pressure deficit. In cloudy days, the SFD is
best associated with the air temperature in both sides. The comparison of the daily
courses of the instantaneous transpiration (E) and of the SFD, expressed in equivalent
unities, evidences the gap between them, in both east and west sides, in all seasons
except for winter, when the low stomatic conductance limited transpiration.
Keywords: Citrus sinensis; Transpiration; Water potential; Environmental factors; Gas
exchange
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Relações entre a área foliar medida e as dimensões foliares de
comprimento (Comp), largura (Larg) (em A) e o produto de
ambas (Prod) (em B), e a relação entre a área foliar estimada
(AE) e a área foliar medida (AM) (em C)........................................
44
Figura 2 - Temperatura do ar (A) e do solo (B) e precipitação (C) durante
2005 em Cordeirópolis (SP). Os símbolos representam o valor
médio decendial (A e B) e as barras representam o somatório
decendial (C). As setas indicam as épocas das avaliações.
Dados obtidos em estação meteorológica convencional
(CIIAGRO/IAC) localizada a 500 m do campo experimental........
48
Figura 3 - Extrato do balanço hídrico climatológico durante 2005 em
Cordeirópolis (SP). Valores positivos indicam excedentes
hídricos (incluindo a reposição de água) e negativos a
deficiência hídrica (incluindo a retirada de água). Capacidade
de água disponível (CAD) de 100 mm. As setas indicam as
épocas das avaliações. Os cálculos foram realizados a partir
dos dados decendiais obtidos em estação meteorológica
convencional (CIIAGRO/IAC) localizada a 500 m do campo
experimental................................................................................
51
Figura 4 - Variação do potencial de água em ramos (Ψ) de laranjeiras
‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação.
As medidas foram efetuadas antes do amanhecer (Ψ
A
, em A) e
às 14:30 h (Ψ
14
, em B) em ramos amostrados nas faces leste e
oeste da copa. Barras indicam o valor médio (n=3) ± erro
padrão. As medidas foram realizadas em 17/02, 02/06, 30/08 e
10/12 de 2005. Em B, médias sinalizadas por letras distintas,
nas colunas de cada mês, representam diferenças
significativas pelo teste-t (p<0,05) ............................................
52
Figura 5 - Curso diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A,E), da
radiação solar global (Qg, em B,F), da temperatura do ar (Tar,
em C,G) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em D,H) das
faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em
condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia
ensolarado (dia Juliano 53) e um dia nublado (dia Juliano 49) do
mês de fevereiro de 2005. Símbolos (em A,E) indicam valor
médio (n=2) ± erro padrão.............................................................
55
13
Figura 6 - Curso diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A,E), da
radiação solar global (Qg, em B,F), da temperatura do ar (Tar,
em C,G) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em D,H) das
faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em
condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia
ensolarado (dia Juliano 147) e um dia nublado (dia Juliano 150)
do mês de maio de 2005. Símbolos (em A,E) indicam valor
médio (n=2-3) ± erro padrão.........................................................
57
Figura 7 - Curso diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A,E), da
radiação solar global (Qg, em B,F), da temperatura do ar (Tar,
em C,G) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em D,H) das
faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em
condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia
ensolarado (dia Juliano 240) e um dia nublado (dia Juliano 239)
do mês de agosto de 2005. Símbolos (em A,E) indicam valor
médio (n=3) ± erro padrão.............................................................
59
Figura 8 - Curso diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A,E), da
radiação solar global (Qg, em B,F), da temperatura do ar (Tar,
em C,G) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em D,H) das
faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência em
condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia
ensolarado (dia Juliano 348) e um dia nublado (dia Juliano 345)
do mês de dezembro de 2005. Símbolos (em A,E) indicam valor
médio (n=2-3) ± erro padrão.........................................................
61
Figura 9 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em
comparação com os padrões da radiação solar global (Qg, em
A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do déficit de pressão
de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia ensolarado (dia Juliano 53) do mês de
fevereiro de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio
(n=2)..............................................................................................
65
Figura 10 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em
comparação com os padrões da radiação solar global (Qg, em
A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do déficit de pressão
de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia nublado (dia Juliano 49) do mês de
fevereiro de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio
(n=2).............................................................................................
67
14
Figura 11 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em
comparação com os padrões da radiação solar global (Qg, em
A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do déficit de pressão
de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia ensolarado (dia Juliano 147) do mês
de maio de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio (n=2-
3)..................................................................................................
69
Figura 12 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em
comparação com os padrões da radiação solar global (Qg, em
A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do déficit de pressão
de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia nublado (dia Juliano 150) do mês de
maio de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio (n=2-3)....
71
Figura 13 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em
comparação com os padrões da radiação solar global (Qg, em
A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do déficit de pressão
de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia ensolarado (dia Juliano 240) do mês
de agosto de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio
(n=3).............................................................................................
72
Figura 14 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em
comparação com os padrões da radiação solar global (Qg, em
A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do déficit de pressão
de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia nublado (dia Juliano 239) do mês de
agosto de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio (n=3).....
74
Figura 15 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em
comparação com os padrões da radiação solar global (Qg, em
A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do déficit de pressão
de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia ensolarado (dia Juliano 348) do mês
de dezembro de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio
(n=2-3...........................................................................................
75
15
Figura 16 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em
comparação com os padrões da radiação solar global (Qg, em
A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do déficit de pressão
de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia nublado (dia Juliano 345) do mês de
dezembro de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio
(n=2-3)..........................................................................................
76
Figura 17 - Total diário da densidade de fluxo de seiva (DFS) das faces
leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência em condições
de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia
ensolarado e um dia nublado dos meses de fevereiro, maio,
agosto e dezembro de 2005. Barras indicam o valor médio
(n=2-3) ± erro padrão.................................................................
78
Figura 18 - Distribuição percentual da densidade de fluxo de seiva (DFS),
antes e após o meio-dia, das faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia ensolarado (A-D) e um dia nublado
(E-H) dos meses de fevereiro, maio, agosto e dezembro de
2005............................................................................................
80
Figura 19 - Distribuição percentual do somatório da densidade de fluxo de
seiva das faces leste e oeste da copa (DFS Total), antes e após
o meio-dia, de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo,
conduzidas sem irrigação, durante um dia ensolarado e um dia
nublado dos meses de fevereiro, maio, agosto e dezembro de
2005.............................................................................................
82
Figura 20 - Total diário da densidade de fluxo de seiva (DFS) das faces
leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições
de campo, conduzidas sem irrigação, durante o período de
avaliação nos meses de fevereiro (A), maio (B), agosto (C) e
dezembro (D) de 2005, e suas respectivas médias. Barras
indicam o valor médio (n=2-3) ± erro padrão. Letras distintas,
nas colunas de ‘Média’, representam diferenças significativas
pelo teste-t (p<0,05)..................................................................
83
Figura 21 - Variação diurna da transpiração (E) e da condutância
estomática (g
s
) medidas nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas
sem irrigação, nos meses de fevereiro (dia Juliano 48, em
A,E), junho (dia Juliano 153, em B,F), agosto (dia Juliano
242, em C,G) e dezembro (dia Juliano 344, em D,H) de 2005.
Símbolos indicam valor médio (n=5) ± erro padrão...................
90
16
Figura 22 - Variação diurna da diferença de pressão de vapor folha-ar
(DPV
folha-ar
), da densidade de fluxo de fótons fotossintéticos
(DFFF) e da temperatura foliar (T
f
) medidas nas faces leste e
oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de
campo, conduzidas sem irrigação, nos meses de fevereiro (dia
Juliano 48, em A,E), junho (dia Juliano 153, em B,F), agosto
(dia Juliano 242, em C,G) e dezembro (dia Juliano 344, em
D,H) de 2005. Símbolos indicam valor médio (n=5) ± erro
padrão........................................................................................
91
Figura 23 - Total diário da transpiração (E
i
) das faces leste e oeste da copa
de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas
sem irrigação. As medidas foram realizadas nos dias Julianos
48 (17/02), 153 (02/06), 242 (30/08) e 344 (10/12) de 2005.
Barras indicam o valor médio (n=5) ± erro padrão. Letras
distintas, nas colunas de cada mês, representam diferenças
significativas pelo teste-t (p<0,05)...............................................
96
Figura 24 - Variação diurna da transpiração (E) medida pelo IRGA e da
densidade de fluxo de seiva (DFS) (valores obtidos nos
horários correspondentes aos de E), nas faces leste e oeste da
copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo,
conduzidas sem irrigação, nos meses de fevereiro (dia Juliano
48, em A,B), junho (dia Juliano 153, em C,D), agosto (dia
Juliano 242, em E,F) e dezembro (dia Juliano 344, em G,H) de
2005. Símbolos indicam valor médio (n=5, em E; e n=2-3, em
DFS) ± erro padrão .....................................................................
98
Figura 25 - Transpiração diária medida pelo método do balanço de calor no
caule (MBC) e por um analisador de gases infravermelho
(IRGA) nas faces leste (A) e oeste (B) da copa de laranjeiras
‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação.
As medidas foram realizadas nos dias Julianos 48 (17/02), 153
(02/06), 242 (30/08) e 344 (10/12) de 2005. Barras indicam
valor médio (n=5, em IRGA; e n=2-3, em MBC) ± erro
padrão.........................................................................................
.
100
17
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Valores do somatório das áreas foliares dos ramos das faces leste
e oeste da copa de laranjeira ‘Valência’, conduzidas sem
irrigação, nas avaliações realizadas nos meses de fevereiro,
maio, agosto e dezembro de 2005.................................................
49
Tabela 2 - Coeficientes de regressão, coeficientes de determinações parcial e
acumulado (em %), probabilidade (P) e número de dados (N)
utilizados na análise de regressão múltipla stepwise para as faces
leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ nos dias
ensolarados avaliados (dias Julianos 53, 147, 240 e 348 de
2005)...............................................................................................
87
Tabela 3 - Coeficientes de regressão, coeficientes de determinações parcial
e acumulado (em %), probabilidade (P) e número de dados (N)
utilizados na análise de regressão múltipla stepwise para as faces
leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ nos dias nublados
avaliados (dias Julianos 49, 150, 239 e 345 de 2005)....................
88
18
1 INTRODUÇÃO
A cultura dos citros tem ocupado posição de destaque no comércio
internacional das commodities agrícolas, em especial, as do setor frutícola. Neste
cenário, o Brasil desponta como o maior produtor mundial de frutas cítricas e o maior
exportador de suco de laranja concentrado e congelado, com participação de 39% da
produção mundial de laranja, o equivalente a um volume superior a 18 milhões de
toneladas (FNP, 2007). Em nível nacional, São Paulo é o maior Estado produtor de
citros, com participação de 80% do total dessa produção, o que gera uma receita bruta
de US$ 3,4 bilhões (ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2008), além de
gerar mais de 500 mil empregos diretos e indiretos (PASSOS; SOARES FILHO, 2008).
Não obstante a liderança brasileira na produção mundial de citros, a
produtividade dos novos pomares ainda é baixa, apresentando média nacional de
cerca de 560 caixas/hectare (FNP, 2007). Vários fatores, tanto de natureza biótica,
quanto abiótica, têm sido considerados como responsáveis por essa baixa
produtividade. Nos últimos anos, o fator fitossanidade tem motivado sérias
adversidades à citricultura brasileira, como a ocorrência de novas pragas e doenças, o
que, em associação a ocorrências esporádicas de limitações climáticas, como
deficiência hídrica e temperaturas extremas, têm afetado sobremaneira a
produtividade dos pomares e a qualidade da fruta, aumentando significativamente os
custos de produção.
Para fazer face à crescente competitividade pelo mercado citrícola mundial, é
de vital importância que se envidem esforços no sentido de se melhorar a eficiência
global do processo da produção citrícola. E tal eficiência depende da adoção de
tecnologias, da otimização no uso de insumos e da melhor compreensão da influência
dos fatores ambientais, tais como radiação solar, temperatura do ar, déficit de pressão
de vapor e umidade do solo, sobre a fisiologia e a produtividade das plantas cítricas.
No Estado de São Paulo, existem vários tipos climáticos que certamente afetam
o metabolismo das plantas de forma diferenciada. Existem áreas com distribuição
anual irregular de chuvas, determinando épocas com alta e baixa disponibilidade
hídrica, e áreas em que o fator sazonal determinante é a temperatura (RIBEIRO,
19
2006). Ressalta-se, entretanto, que a maior parte do território paulista possui climas
onde ocorre deficiência hídrica em parte do ano. Segundo Ribeiro (2006), apesar da
importância da citricultura paulista, a maioria dos estudos de campo disponíveis
apresenta resultados de cunho prático (produção, plantio, adubação e crescimento)
que nem sempre relacionam os aspectos fisiológicos subjacentes essenciais para a
construção do conhecimento.
O estudo das relações hídricas em plantas é de fundamental importância para a
compreensão da sua fisiologia. Nesse sentido, a determinação do fluxo de seiva tem
merecido especial atenção por parte da comunidade científica, principalmente em
pesquisas conduzidas em condições de campo. Essa metodologia permite o
acompanhamento da dinâmica do transporte de água no xilema em resposta às
variações do ambiente, tanto em microescala (minutos, horas, dias), quanto em
macroescala (meses, anos).
Como se sabe, as variações no ângulo zenital solar ao longo do dia impõem
condições diferenciadas de radiação entre as faces leste e oeste das copas das
plantas, o que certamente irá determinar uma resposta fisiológica diferenciada entre
ambas as faces no tocante ao potencial da água foliar, fluxo de seiva, condutância
estomática e transpiração, dentre outras. O conhecimento desses processos
fisiológicos setorizados na copa poderá subsidiar informações para um melhor manejo
da cultura, bem como para futuras pesquisas, além, é claro, de ampliar o
conhecimento da ecofisiologia dos citros.
Visando a aumentar esse conhecimento sobre a resposta fisiológica das
plantas cítricas aos fatores climáticos prevalecentes no Estado de São Paulo, pilar da
citricultura nacional, e assim melhor alicerçar a atividade citrícola, é que a ESALQ,
juntamente com o IAC e demais parceiros, vêm realizando trabalhos nesta área,
dentre os quais se inclui o presente estudo.
A hipótese assumida neste trabalho é que as variações dos fatores ambientais
alteram significativamente as relações hídricas entre as faces leste e oeste da copa de
plantas cítricas. O presente estudo teve por objetivo avaliar a influência da variação
sazonal dos fatores ambientais sobre as relações hídricas das faces leste e oeste da
20
copa de laranjeiras ‘Valência’, enxertadas sobre tangerineiras ‘Cleópatra’, conduzidas
em condição natural de regime térmico e hídrico.
21
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Revisão bibliográfica
2.1.1 Importância econômica dos citros
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, sendo superado apenas
pela a China e a Índia. Segundo estimativas, em 2007, o País colheu um total de 43,7
milhões de toneladas de frutas, em um elenco de 20 espécies, numa área
correspondente a 2,3 milhões de hectares. Desse total, as frutas cítricas participaram
com cerca de 20,3 milhões de toneladas, representando 46,4% de toda a produção
frutícola nacional (ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2008).
O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo, com um volume superior a
18,2 milhões de toneladas, representando cerca de 39% da produção mundial, a qual
gira em torno de 46,8 milhões de toneladas. Em segunda posição no ranking aparece
os Estados Unidos, responsável por aproximadamente 15% da produção mundial de
laranjas (FNP, 2007).
Apesar da imensa área agrícola que o Brasil possui, 80% da produção de
laranja está concentrada no Estado de São Paulo. A produção paulista de laranja na
safra de 2007 foi de 365,8 milhões de caixas de 40,8 kg, o equivalente a 14,9 milhões
de toneladas (INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2008). O Estado participou
com uma área de 565.790 ha, do total de 799.549 ha ocupados com laranjais no País,
representando cerca de 71% dessa área (FNP, 2007). O rendimento médio dos
pomares paulistas é de 637 caixas por hectare (25,9 ton ha
-1
), bem superior à média
nacional, que é de 560 caixas por hectare (22,8 ton ha
-1
) (FNP, 2007).
O Brasil também se destaca no cenário mundial da citricultura como o maior
produtor e exportador de suco concentrado de laranja. Na safra de 2006/07, foi
responsável por 62% da produção mundial de suco, a qual alcançou um volume de
produção superior a 2,3 milhões de toneladas. Os Estados Unidos participaram com
apenas 27% dessa produção (FNP, 2007).
22
As exportações de suco de laranja concentrado foram recordes em 2007,
fechando o ano com faturamento de US$ 2,3 bilhões. A receita é 53,3% superior à de
2006, quando foi contabilizado US$ 1,5 bilhões com as exportações de suco. O
volume embarcado correspondeu a 1,3 milhões de toneladas em 2007. A maior parte
das vendas (62,8%) teve como destino a União Européia, seguido pelos países
integrantes do Nafta (Canadá, Estados Unidos e México), com 19,7% (ANUÁRIO
BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2008).
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), da Esalq, a receita bruta gerada pela laranja em São Paulo na safra 2007/08
foi de US$ 3,4 bilhões (ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2008). Somente
no estado de São Paulo, a citricultura gera mais de 500 mil empregos diretos e
indiretos (PASSOS; SOARES FILHO, 2008).
2.1.2 Métodos térmicos de determinação do fluxo de seiva
Nos denominados métodos térmicos, mede-se diretamente o fluxo de seiva que
passa por um determinado segmento do caule utilizando-se princípios físicos
relativamente simples. A sua determinação se baseia no aquecimento da corrente
transpiratória e no acompanhamento da transferência de calor pela mesma.
Apresentam a vantagem de poderem ser aplicados diretamente no campo sem
perturbarem a fisiologia e as condições microclimáticas da planta ao longo do período
de avaliação. Conforme a técnica e os princípios utilizados de fornecimento de calor,
os métodos térmicos podem ser classificados em 3 grupos: método de pulso de calor;
método de dissipação de calor; e método de balanço de calor.
O método de pulso de calor foi proposto inicialmente por Huber (1932 apud
TREJO-CHANDIA, 1997), tendo recebido, posteriormente, desenvolvimentos teóricos
realizados por Marshall (1958) e Closs (1958). O método emprega um pulso de calor
como traçador para determinar a velocidade da seiva. A limitação desta teoria é que
somente a velocidade da seiva é medida; o cálculo do fluxo de seiva requer o
conhecimento da área condutora do xilema, o que representa uma dificuldade
adicional.
23
O método de dissipação de calor foi desenvolvido por Granier (1985) para
utilização em árvores de grande porte. O método utiliza duas sondas inseridas
radialmente no caule; uma contendo um fio que dissipa calor e um termopar, e a outra,
contendo apenas um termopar. A variação temporal da diferença de temperatura entre
as sondas é ocasionada pelo transporte convectivo de calor pela seiva. A estimativa
do fluxo de seiva é determinada empiricamente pelo monitoramento do aumento da
temperatura quando o fio dissipador é alimentado com corrente elétrica constante. A
desvantagem do método é a de necessitar o estabelecimento da relação entre a
velocidade do fluxo de seiva e a diferença de temperatura entre as sondas, bem como
a de se fazer amostragem invasiva do caule para a determinação da área efetiva de
transporte de seiva.
Medidas diretas de fluxo de massa de seiva usando uma aplicação contínua de
calor ao caule foram primeiramente propostas por Vieweg e Ziegler (1960 apud
TREJO-CHANDIA, 1997), e posteriormente por Daum (1967). A utilização prática do
método de balanço de calor (MBC) foi inicialmente feita por Cermak, Deml e Penka
(1973), que aplicavam intensidade de calor variável para manter estável o gradiente
de temperatura nas extremidades do segmento de caule aquecido. A precisão do
método em condições de campo foi demonstrada por Schulze et al. (1985) e Grime,
Morison e Simmonds (1995b). A desvantagem dessa modalidade é requerer
aparelhagem eletrônica sofisticada, controle individual para cada sensor e ser
invasivo.
Uma modalidade mais simples do método de balanço de calor foi proposta por
Sakuratani (1981), no Japão, para uso em herbáceas. O autor empregou um sistema
de fornecimento de calor constante, o que dispensa a utilização de uma sofisticada
aparelhagem eletrônica para manter a estabilidade térmica no segmento aquecido.
Posteriormente recebeu aperfeiçoamentos propostos por Baker e van Bavel (1987).
Sua aplicação em lenhosas começou com os trabalhos de Steinberg, Van Bavel e
McFarland (1989), nos Estados Unidos, e Valancogne e Nasr (1989), na França.
Vários métodos têm sido usados para determinar a transpiração de plantas
individuais, incluindo medidas de traçadores para os cálculos da velocidade do fluxo
de seiva e medidas porométricas da transpiração foliar para a estimativa da
24
condutância estomática (ZHANG et al., 1997). Muitos trabalhos têm sido feitos
usando-se um fornecimento contínuo de calor como um traçador (SAKURATANI,
1981; BAKER; VAN BAVEL, 1987; STEINBERG; VAN BAVEL; McFARLAND, 1989).
Com este método, o fluxo de massa de seiva é calculado a partir do balanço de calor
e é considerado igual à transpiração se o período considerado é suficientemente
longo tal que a capacitância hidráulica da planta possa ser ignorada.
2.1.3 Características e aplicações do método de balanço de calor
Os princípios do método de balanço de calor são tratados mais detalhadamente
em Material e Métodos, mas de uma maneira geral, envolve a aplicação de um
pequeno fluxo constante de calor a um segmento de caule, medindo-se a partição
desse calor nos fluxos condutivos axiais e radiais nos tecidos, na variação de
armazenamento de calor no volume correspondente ao segmento, e no calor
dissipado convectivamente pela seiva. Este último é calculado como termo residual na
equação do balanço e, então, transformado em fluxo de seiva através do grau de
aquecimento que esta sofre durante sua passagem pelo segmento e da capacidade
calorífica da água, assumindo-se ser a água a componente predominante na seiva.
O método de balanço de calor apresenta uma série de vantagens em relação
aos métodos anteriormente descritos, dentre as quais citam-se: é um método
absoluto, não necessitando de calibração; exige equipamento relativamente mais
simples que os demais; e é não invasivo (MARIN et al., 2008). Sua utilização, no
entanto, exige que certos cuidados sejam tomados de modo a minimizar erros de
medidas, sendo os principais: assegurar bom contato entre o corpo do sensor e o
caule (HAM; HEILMAN, 1990; WEIBEL; DE VOS, 1994); realizar boa amostragem dos
gradientes axiais de temperatura, nos casos em que houver acentuada variabilidade
espacial na secção reta do tronco para condução de água (STEINBERG;
McFARLAND; WORTHINGTON, 1990); e cômputo da variação do armazenamento de
calor no volume de tronco amostrado, especialmente nos caules de grande porte
(GRIME; SINCLAIR, 1999; VALANCOGNE; NASR, 1993; WEIBEL; DE VOS, 1994).
25
Em plantas lenhosas, desde que evitadas tais fontes de erro, o MBC tem se
mostrado eficiente na determinação do fluxo de seiva e, portanto, da transpiração (em
intervalos de 24 h) de ramos ou troncos, mesmo em plantas de grande porte (GRIME;
SINCLAIR, 1999).
Na maioria dos trabalhos nos quais foram feitas comparações entre a
transpiração medida pelo método de balanço de calor e a medida por pesagens em
balanças, têm sido encontradas diferenças variando de 4% (STEINBERG; VAN
BAVEL; McFARLAND, 1989; VELLAME, 2007; WEIBEL; DE VOS, 1994) a cerca de
10% (SMITH; ALLEN, 1996; TREJO-CHANDIA, 1997). Em lenhosas de certo porte, a
boa concordância somente ocorre em escala diária, porque em intervalos menores ou
iguais a quatro horas, o fluxo medido próximo à base do tronco representa bem a
absorção de água pelas raízes, mas não corresponde necessariamente à transpiração
nas folhas (SHACKEL et al., 1992; STEINBERG; VAN BAVEL; McFARLAND, 1989;
VALANCOGNE; NASR, 1993).
Muitos trabalhos têm sido desenvolvidos em condições de campo utilizando o
método do balanço de calor na modelagem da transpiração de plantas (COELHO
FILHO, 2002; VILLA NOVA et al., 2002; ZHANG et al., 1997), em estudos de balanço
de energia (MARIN et al., 2002; RIGHI, 2004), na avaliação de estresse de plantas
(KNIGHT; HARRIS; FANELLI, 2000; MASSAI et al., 2000), e em estudos envolvendo
problemas fitossanitários (DAL BOSCO, 2001; MACHADO et al., 2006).
No Brasil, ao longo dos últimos onze anos, vários trabalhos foram
desenvolvidos com a cultura dos citros nos quais empregaram-se o método de
balanço de calor para a estimativa da transpiração. Em São Paulo, utilizou-se a limeira
ácida ‘Tahiti’ em diferentes idades e condições ambientais: mudas em ambiente de
casa de vegetação (DAL BOSCO, 2001; TREJO-CHANDIA; ANGELOCCI; OLIVEIRA,
1997); em plantas adultas a campo (MARIN et al., 2001b, 2002); em pomar jovem,
com menos de um ano de idade (COELHO FILHO, 2002; COELHO FILHO et al.,
2005); e em plantas jovens e adultas (ROJAS, 2003), além de laranjeira ‘Natal’ em
condições de campo, com pouco mais de dois anos de idade (MACHADO et al.,
2006). Na Bahia, Vellame (2007) trabalhou com mudas de laranja em ambiente
26
protegido e, em Minas Gerais, Simões (2007) utilizou um pomar de limeira ácida
‘Tahiti’ de quatro anos de idade.
2.1.4 Comparações de métodos de estimativas da transpiração de plantas
As medidas do fluxo de seiva podem proporcionar um método preciso para a
determinação da transpiração a partir de uma única árvore (STEINBERG;
McFARLAND; WORTHINGTON, 1990; GRIME; MORISON; SIMMONDS, 1995a). Além
disso, o fluxo de seiva pode ser monitorado continuamente durante longos períodos
(GRANIER; LOUSTAU, 1994; ALLEN; GRIME, 1995).
Vários trabalhos têm mostrado que as medidas de fluxo de seiva com os
métodos de balanço de calor caulinar concordam bem com os resultados de técnicas
gravimétricas (HEILMAN; HAM, 1990; STEINBERG; McFARLAND; WORTHINGTON,
1990; DUGAS et al., 1993; GRIME; MORISON; SIMMONDS, 1995a; VALANCOGNE;
NASR, 1993). Steinberg, McFarland e Worthington (1990) também encontraram boa
correlação entre fluxo de seiva e estimativas porométricas da transpiração em pecan.
O mesmo se verificou para limeira ácida ‘Tahiti’ nas condições de Piracicaba (SP)
(COELHO FILHO et al., 2005). Ansley et al. (1994) encontraram que o fluxo de seiva e
a transpiração estimada por porometria em Prosopis glandulosa tiveram padrões
diurnos similares, exceto quando a transpiração aumentou durante a tarde enquanto o
fluxo de seiva decresceu. Uma possível razão sugerida para esta discrepância é a
capacitância hidráulica das plantas.
No Brasil, foram efetuados estudos de comparação entre o fluxo de seiva e a
transpiração medida em balanças de precisão em condições controladas em mudas
de limeira ácida ‘Tahiti’ (TREJO-CHANDIA; ANGELOCCI; OLIVEIRA, 1997).
Angelocci et al. (2000) e Marin et al. (2001b) desenvolveram estudos em árvores
adultas de limeira ácida ‘Tahiti’ com o MBC, no qual o fluxo de seiva foi utilizado como
estimativa da transpiração, como parte do consumo de água do pomar.
27
2.1.5 Influência dos fatores ambientais e da planta no movimento estomático e
transpiração
Os estômatos respondem rapidamente aos estímulos do meio, sendo o
mecanismo básico de controle das interações da planta com o ambiente. Vários
fatores ambientais, tais como irradiância solar, temperatura e umidade do ar,
temperatura e umidade do solo, concentração de CO
2
, velocidade do vento, e fatores
da própria planta, tais como reguladores do crescimento e estado hídrico da planta,
estão associados com o papel regulatório do estômato (ANGELOCCI et al., 2004;
ELFVING; KAUFMANN; HALL, 1972; HALL; CAMACHO-B; KAUFMANN, 1975; HALL;
HOFMANN, 1976; JARVIS, 1976; LEVY, 1980), sendo que a condutância estomática é
reduzida em função de estresses ambientais, os quais são presumidos de atuarem
independentemente (JARVIS, 1976).
Para um eficiente funcionamento da planta, a condutância estomática deve
estar sintonizada com o ambiente e o metabolismo fotossintético da folha e com as
características hidráulicas do solo e da planta. Todos esses fatores, em algum grau,
variam estocasticamente, e isto requer que o estômato seja capaz de perceber as
mudanças que ocorrem (FARQUHAR; SHARKEY, 1982).
As respostas estomáticas às variáveis ambientais são extremamente
complexas (LLOYD, 1991 apud ANGELOCCI et al., 2004) e os mecanismos
envolvidos na resposta estomática às condições ambientais são múltiplos e têm
diferentes efeitos quantitativos sobre a condutância estomática (TARDIEU;
SIMONEAU, 1998). A quantificação dos efeitos de cada fator afetando essas
respostas é difícil de estimar sob condições experimentais em nível de campo
(JONES, 1994 apud ANGELOCCI et al., 2004; SYVERTSEN; LLOYD, 1994).
A seguir, serão abordados os principais fatores ambientais e fisiológicos que
influenciam o movimento estomático e a transpiração.
28
2.1.5.1 Intensidade e qualidade da luz
Em citros, a condutância foliar aumenta com a densidade de fluxo de fótons
fotossintéticos (DFFF), tendendo a atingir a saturação em um determinado valor
(ANGELOCCI et al., 2004; JONES, 1998; ZIEGER; ZHU. 1998). Entretanto, esse valor
poderá sofrer variações em função de fatores endógenos e exógenos, pois conforme
ressalta Hsiao (1973), o nível de saturação de luz que determina o máximo de
abertura estomática possivelmente aumentará com o aumento do déficit hídrico foliar.
Segundo Angelocci et al. (2004), o valor da saturação poderá variar em função das
condições de temperatura do ar e do déficit de pressão de vapor (DPV).
Para plantas de pomelo cultivadas em casa-de-vegetação e em condições de
campo, o valor de DFFF no qual a abertura estomática alcançou a saturação foi cerca
de 500 μmol m
-2
s
-1
(SYVERTSEN; LLOYD, 1994; SYVERTSEN, 1999). Para
laranjeiras em ambiente controlado (DAVIES; KOZLOWSKI, 1974; KRIEDEMANN,
1971) e sob condições de campo (COHEN; COHEN, 1983), o valor da saturação por
luz para a condutância foliar também foi de aproximadamente 500 μmol m
-2
s
-1
. Já
para citrange e citrumelo, em ambiente controlado, a saturação foi de 800 μmol m
-2
s
-1
(BRAKKE; ALLEN JUNIOR, 1995), sendo esse valor também similar ao encontrado
para laranjeira ‘Valência nas condições do Estado de São Paulo (MACHADO et al.,
2005). Em limeira ácida ‘Tahiti’ a campo, nas condições de Piracicaba, a saturação da
condutância foliar variou de cerca de 400 a 800 μmol m
-2
s
-1
(ANGELOCCI et al.,
2004).
A relação entre a condutância foliar à difusão de vapor e DFFF é bem descrita
como uma função exponencial, mas é adequadamente considerada como uma
relação linear na maior parte da faixa fisiológica (GRANTZ; MEINZER, 1990). Em
ambiente controlado, no qual a energia radiante foi abaixo de 200 W m
-2
, a
condutância estomática de laranjeira foi linearmente relacionada à radiação (HALL;
CAMACHO-B; KAUFMANN, 1975). Entretanto, alguns trabalhos relatam a ausência de
efeito da radiação sobre a condutância foliar. Segundo Khairi e Hall (1976), em plantas
de laranjeira sob condições controladas e com temperatura foliar constante (26°C),
mas variando-se os DPV
folha-ar
(0,7, 1,4 e 2,1 kPa), a radiação não teve efeito
29
significativo sobre a condutância foliar, mas foi significativa sobre a assimilação de
CO
2
. Sob condições de campo, a condutância difusiva da copa de citros foi
relativamente insensível às mudanças no aumento da energia radiante (COHEN;
COHEN, 1983; COHEN; FUCHS; MORESHET, 1993; MEYER; GREEN, 1981).
A abertura estomática também é induzida por luz, respondendo tanto à luz azul,
quanto à luz vermelha. A luz azul atua como um sinal e a luz vermelha tanto como um
sinal quanto como fonte de energia. A luz azul ativa a H
+
-ATPase da membrana
plasmática, hiperpolarizando o potencial de membrana com a simultânea acidificação
do apoplasto, e impele a absorção de potássio através do canais de K+ ativado por
diferença de potencial elétrico (SHIMAZAKI et al., 2007). A abertura estomática
induzida por luz vermelha pode resultar da combinação da resposta da célula-guarda
à redução na concentração intercelular de CO
2
e de uma resposta direta dos
cloroplastos da célula-guarda à luz vermelha (ROELFSEMA; HEDRICH, 2005).
A luz azul, em uma base quântica, é até 20 vezes mais efetiva que a vermelha
na abertura estomática (FARQUHAR; SHARKEY, 1982; SHIMAZAKI et al., 2007). A
alta sensibilidade desta resposta à luz azul torna-se proeminente na presença de luz
vermelha de fundo (SHIMAZAKI et al., 2007).
2.1.5.2 Umidade do ar
Na maioria das plantas, os estômatos fecham-se à medida que a concentração
de vapor d’água na atmosfera diminui sob temperatura de folha constante. Isto reduz
a perda de água em ambientes com baixa umidade do ar (MOTT; PARKHURST,
1991). Medições em laboratório e em condições de campo, cobrindo uma ampla faixa
de espécies, têm demonstrado que a condutância estomática decresce em exposição
ao ar seco (GRANTZ, 1990).
Respostas estomáticas das folhas dos citros ao DPV são bem documentadas
(ANGELOCCI et al., 2004; BRAKKE; ALLEN JUNIOR, 1995; COHEN et al., 1997;
COHEN; COHEN, 1983; HABERMANN et al., 2003; HALL; CAMACHO-B;
KAUFMANN, 1975; KAUFMANN; LEVY, 1976; KHAIRI; HALL, 1976; KRIEDEMANN;
BARRS, 1981; LLOYD; HOWIE, 1989; SHERIFF, 1977; SINCLAIR; ALLEN JUNIOR,
30
1982; SYVERTSEN, 1982, 1985). Os estômatos de todas as cultivares de citros que
tem sido estudadas fecham-se em resposta a um aumento no DPV
folha-ar
,
presumivelmente como uma adaptação evolucionária para conservar água
(SYVERTSEN, 1999; SYVERTSEN; LLOYD, 1994; SINCLAIR; ALLEN JUNIOR, 1982).
A condutância da copa como um todo também tem sido mostrada como sendo
negativamente correlacionada com o DPV
folha-ar
em citros (GREEN; MORESHET,
1979), macadâmia, lichia (LLOYD et al., 1995) e espécies florestais tropicais
(GRANIER; HUC; BARIGAH, 1996).
Brakke e Allen Junior (1995), em trabalho realizado com duas espécies cítricas
na Flórida, em condições de casa de vegetação, relataram que com o aumento da
demanda evaporativa houve um limitado aumento na transpiração. Quando a
condutância de folhas de laranjeira foi medida sob condições controladas e com
temperatura constante (26°C), mas variando-se os DPV
folha-ar
, a condutância foliar
determinada em DPV
folha-ar
de 2,4 kPa foi somente um terço daquela medida a 0,8 kPa
(KHAIRI; HALL, 1976). Em Israel, sob condições de deserto, a condutância foliar de
Citrus grandis foi altamente sensível às mudanças no DPV
folha-ar
, reduzindo
substancialmente após as 9:00 h, mesmo em plantas irrigadas (VESTE; BEN-GAL;
SHANI, 2000). Valores de DPV
folha-ar
superiores a 1,5 kPa foram capazes de promover
reduções na condutância estomática de laranjeiras (JIFON; SYVERTSEN, 2003;
MACHADO et al., 2005).
Na Austrália, em laranjeira sob irradiância não-limitante e temperaturas de
folhas entre 20 e 41°C, aumento no DPV de 1,2 para 2,2 kPa reduziu a condutância
estomática em 34% (LLOYD; HOWIE, 1989). Nas condições de Israel, a condutância
foliar de laranjeira foi reduzida em cerca de 50% com o aumento do DPV
folha-ar
de 0
para 3,5 kPa (COHEN; COHEN, 1983). Em São Paulo, em trabalho conduzido com
laranjeira, verificou-se uma redução de 80% na abertura estomática quando o DPV
aumentou de 1,2 para 2,5 kPa (HABERMANN et al., 2003).
Mott e Parkhurst (1991) apresentaram evidências de que a aparente resposta
do estômato a uma mudança na umidade do ar ambiente é a conseqüência de uma
mudança na taxa de transpiração do que da umidade per se. Uma reanálise de
trabalhos já publicados e a qual envolveram 52 conjuntos de medidas em 16 espécies,
31
suportou essa conclusão (MONTEITH, 1995). A abertura e a condutância estomática
são determinadas pela taxa de transpiração e não pela diferença de concentração de
vapor d’água entre o interior da folha e o ar. O estômato responde às taxas de perdas
de água e não “sente” e responde diretamente à concentração de vapor d’água
próximo à folha. Assim, as respostas estomáticas à umidade do ar são, na verdade,
respostas às taxas de perda de água, mas, na natureza, estas duas variáveis estão
inevitavelmente correlacionados (MOTT; PARKHURST, 1991).
O mecanismo pelo qual a taxa de transpiração regula a condutância estomática
é ainda muito debatido, mas presumivelmente reflete as mudanças no gradiente de
potencial da água no interior do mesofilo e/ou epiderme e as células-guarda da folha.
À medida que a transpiração aumenta, o suprimento de água para as células-guarda
através das células epidérmicas é reduzido, o que reduz o turgor estomático e,
portanto, a sua abertura (EAMUS, 1999).
Mesmo quando os solos estão próximos à capacidade de campo, a condutância
estomática pode ser diminuída por uma alta demanda evaporativa oriunda de elevado
DPV, o qual tenderá a aumentar a transpiração, especialmente quando os
decréscimos na condutância estomática não são grandes o bastante para reduzir a
transpiração (SYVERTSEN, 1982, 1999).
Angelocci et al. (2004), trabalhando com limeira ácida ‘Tahiti’ irrigada nas
condições de Piracicaba, relataram que o decréscimo geral na condutância foliar e
transpiração a partir de maio até outubro foi uma conseqüência dos efeitos da
temperatura do ar e do DPV, concluindo que mesmo sob condições de boa
disponibilidade de água no solo, as trocas gasosas foram limitadas pela regulação
estomática decorrentes da baixa umidade do ar. Medina; Machado e Gomes (1999)
também concluíram que no Estado de São Paulo, mesmo quando há alta irradiância
solar e boa umidade no solo durante o verão, baixas condições de umidade do ar em
alguns dias poderiam contribuir para o fechamento estomático.
A depressão do meio-dia na condutância estomática é frequentemente
observada em citros, principalmente em dias quentes com alto DPV ao meio-dia, e o
fechamento estomático ocorre em resposta a tais condições climáticas adversas, ou
seja, alta temperatura associada a uma baixa umidade do ar (BRAKKE; ALLEN
32
JUNIOR, 1995; SINCLAIR; ALLEN JUNIOR, 1982; VESTE; BEN-GAL; SHANI, 2000;
VU; YELENOSKY, 1988). Uma depressão no meio-dia na abertura estomática também
é típica para outras espécies, tais como pêssego, uva (LANGE; MEYER, 1979 apud
VESTE; BEN-GAL; SHANI, 2000) e Arbutus unedo (RASCHKE; RESEMANN, 1986).
2.1.5.3 Umidade do solo
Embora os estômatos estejam distanciados espacialmente do solo,
principalmente em árvores de grande porte, eles respondem às condições de umidade
do solo. Quando a água do solo não está prontamente disponível, os citros são mais
sensíveis a altos níveis de temperatura do ar e DPV, o que resulta na redução da
condutância estomática (BRAKKE; ALLEN JUNIOR, 1995).
Durante períodos de reduções no teor de água do solo, reduções na
condutância estomática e na transpiração são comumente observados em citros
(KAUFMANN; LEVY, 1976; LEVY, 1983), ocorrendo, simultaneamente, decréscimos
no potencial da água foliar (Ψ
f
) (ELFVING; KAUFMANN; HALL, 1972).
De acordo com Ramos e Kaufmann (1979), o estresse hídrico sozinho pode
reduzir a condutividade hidráulica das raízes. Em plantas cítricas estressadas, a
condutância foliar permaneceu praticamente constante, e em baixos níveis, na faixa
de Ψ
solo
de -0,2 a -0,8 MPa, caindo rapidamente após decréscimos abaixo deste valor
(COHEN; COHEN, 1983).
2.1.5.4 Temperatura do ar
A resposta estomática à temperatura, em geral, pode ser perfeitamente descrita
pela pressuposição de uma faixa ótima de temperatura acima e abaixo da qual a
condutância estomática decresce (MACHADO et al., 2005; SYVERTSEN, 1999;
SYVERTSEN; LLOYD, 1994). Em citros, temperatura foliar de 16°C resultou em
redução da condutância foliar, a qual permaneceu irreversível por um período de
algumas horas. Em temperaturas foliares entre 22 e 30°C, a condutância foliar foi
33
relativamente constante, quando o DPV
folha-ar
foi mantido estável (0,8 kPa). Entretanto,
acima de 30°C, houve uma redução substancial na condutância (KHAIRI; HALL,
1976).
Tipicamente, há pouco ou nenhum efeito da temperatura foliar na condutância
estomática de folhas de citros na faixa de 20 a 41°C (HALL; CAMACHO-B;
KAUFMANN, 1975; KAUFMANN; LEVY, 1976). Para as condições do Estado de São
Paulo, a sensibilidade estomática à temperatura é baixa entre 25 e 40°C, mas fora
dessa faixa o fechamento estomático é provavelmente afetado (MACHADO et al.,
2005). Para a região de Cordeirópolis (SP), foram registrados valores máximos de
temperatura foliar ao redor de 39°C (RIBEIRO; MACHADO; SANTOS, 2005). Segundo
Ahrens e Ingram (1988), a temperatura letal para as folhas de citros se encontra entre
54 e 56°C, indicando que as folhas sob condições naturais não estão suscetíveis à
injúria severa causada pela temperatura. Vale salientar que um dos principais
mecanismos reguladores da temperatura foliar é a transpiração e que menores
aberturas estomáticas levam a redução da transpiração e aumento da temperatura da
folha, afetando diretamente o movimento estomático (NOBEL, 1999).
Baixas temperaturas reduzem a condutância estomática e a transpiração em
laranjeira ‘Valência’ (VU; YELENOSKY, 1988). Segundo Vu (1999), as baixas
temperaturas alteram a expressão gênica e o metabolismo de proteínas, e pode
causar impedimentos à fotossíntese através dos efeitos sobre as proteínas catalíticas
e o metabolismo de carbono. O fechamento estomático causado pelo frio poderia ser
um efeito direto da baixa temperatura no funcionamento da célula-guarda ou uma
resposta indireta a um aumento na concentração intercelular de CO
2
causada pela
perda de atividade da Rubisco induzida pelo frio (ALLEN; ORT, 2001).
Em muitas espécies sensíveis ao frio, as baixas temperaturas podem causar
um bloqueio no fechamento dos estômatos e torná-los incapazes de responder
normalmente ao déficit hídrico da folha. Isto pode provocar um rápido murchamento
se as plantas não forem aquecidas sob alta umidade do ar, especialmente se suas
raízes estiverem resfriadas ( ALLEN; ORT, 2001).
34
2.1.5.5 Temperatura do solo
Declínios na temperatura do solo perturbam as relações hídricas das raízes,
uma vez que as baixas temperaturas diminuem a condutividade hidráulica da raiz e,
assim, diminuem o potencial da água foliar (ELFVING; KAUFMANN; HALL, 1972;
FARQUHAR; SHARKEY, 1982; FENNEL; MARKHART, 1998; PASSIOURA, 1988).
Isto, por sua vez, pode fechar o estômato, restringindo, então, a perda de água.
Limitar a perda de água pela parte aérea é uma reação adaptativa da raiz a ambientes
muito desfavoráveis (VESELOVA et al., 2005).
O resfriamento das raízes reduz a condutividade hidráulica e inibe
substancialmente a absorção de água (ALLEN; ORT, 2001). Um menor fluxo de água
na raiz pode ser uma conseqüência direta da baixa temperatura sobre as membranas
celulares (FENNEL; MARKHART, 1998; RAMOS; KAUFMANN, 1979), uma vez que o
reduzido fluxo não poderia ser explicado só pelas mudanças na viscosidade da água.
Portanto, a temperatura teve um efeito muito maior sobre a resistência hidráulica do
que sobre a viscosidade (RAMOS; KAUFMANN, 1979).
Em plântulas de limoeiro e laranjeira submetidos a temperaturas do solo de 16,
24 e 33°C por 3 meses, Syvertsen, Zablotowicz e Smith Junior (1983) relataram não
ter havido efeito da temperatura do solo na condutância estomática ou no Ψ
f
,
ressaltando que essa faixa de temperatura pode não ter sido o suficiente para causar
efeitos significativos nas relações hídricas da planta. No entanto, a redução da
temperatura do ar reduziu a condutividade hidráulica das raízes em todas as
temperaturas do solo avaliadas. Segundo Khairi e Hall (1976), variações da
temperatura do ar são provavelmente mais importantes do que as da temperatura do
solo em determinar mudanças nas relações hídricas foliares.
Em citros, tanto em condições de campo quanto de laboratório, temperaturas
do solo menores que 15°C propiciaram as mais altas resistências radiculares ao fluxo
de água (ELFVING; KAUFMANN; HALL, 1972; RAMOS; KAUFMANN, 1979).
Em Citrus grandis, a condutância foliar foi similar no verão e no inverno, e a
transpiração foi maior no verão (VESTE; BEN-GAL; SHANI, 2000). Assim, o inverno
reduziu a transpiração porque a absorção de água e o seu transporte foram limitados
35
por uma baixa condutância hidráulica (KRIEDEMANN; BARRS, 1981; MORESHET et
al., 1990; VESTE; BEN-GAL; SHANI, 2000).
O resfriamento da raiz reduziu a condutância estomática, a qual esteve
associada com um rápido decréscimo no conteúdo de citocinina nos ramos, ligada a
um aumento na atividade de citocininas oxidases. Esta redução de citocinina pode ter
sido responsável pelo fechamento estomático, uma vez que o hormônio é conhecido
por manter a abertura estomática quando aplicado às plantas (VESELOVA et al.,
2005). Os autores também verificaram que enquanto o resfriamento das raízes
sozinho fechou os estômatos, pré-tratamento com citocinina evitou este efeito.
2.1.5.6 Concentração de CO2
Os estômatos também são influenciados pela concentração de CO
2
do ar e da
câmara subestomática (MACHADO et al., 2005; RASCHKE, 1979). Altos valores de
concentração intercelular de CO
2
(C
i
) tendem a induzir o fechamento estomático,
enquanto que baixos valores de C
i
tendem a promover a abertura estomática
(MACHADO et al., 2005; SYVERTSEN; LLOYD, 1994).
Aumentos na concentração de CO
2
induzem reduções na condutância
estomática e na transpiração, tanto na luz quanto no escuro (FARQUHAR; SHARKEY,
1982; SYVERTSEN, 1999). O estômato é mais sensível ao CO
2
na presença de ABA,
o que pode explicar porque os estômatos de plantas com estresse de água e de frio
são também mais sensíveis (FARQUHAR; SHARKEY, 1982).
2.1.5.7 Estado hídrico da folha
A relação entre condutância estomática e o potencial da água foliar (Ψ
f
) sugere
uma relação de retroalimentação (“feedback”), com um valor crítico de Ψ
f
para o
fechamento estomático (COHEN; COHEN, 1983). Ambos decrescem
progressivamente com decréscimos de longo prazo (vários dias) no estado hídrico da
planta. Em estresse hídrico de curto prazo (1-2 h), déficits hídricos na planta podem
36
causar o fechamento estomático quando um valor crítico no Ψ
f
é alcançado (LAKSO,
1979).
De acordo com Syvertsen (1982), a condutância foliar máxima foi
correlacionada de forma positiva e significativa às variações diárias em Ψ
f
, indicando
que a condutância geralmente decresce com decréscimos em Ψ
f
, mesmo em plantas
bem supridas de água, corroborando os dados encontrados por Hall, Camacho-B e
Kaufmann (1975) e Sheriff (1977).
O potencial da água foliar mínimo no qual ocorreu o fechamento estomático em
folhas maduras de laranjeira ‘Valência’ variou de -2,6 a -3,6 MPa (SYVERTSEN,
1982). para Syvertsen, Smith Junior e Allen (1981), o valor crítico de Ψ
f
foi de cerca
de -2,5 a -3,1 MPa, para folhas maduras de laranjeira ‘Valência’ a campo. Em Israel,o
valor crítico de Ψ
f
para o fechamento estomático do meio-dia em folhas de laranjeiras
bem-irrigadas foi de -2,0 a -2,2 MPa (COHEN; COHEN, 1983). Potenciais hídricos
mais baixos têm sido reportados em citros que sofreram vários ciclos de estresse
hídrico (-4,3 MPa) (KAUFMANN; LEVY, 1976) ou experienciaram seca severa (-6,5
MPa) (FERERES et al., 1979).
À medida que o potencial da água foliar da antemanhã (Ψ
A
) declina nas
diferentes épocas do ano, não apenas o valor máximo da condutância estomática
diminui, mas também as maiores aberturas tornam-se mais confinadas às primeiras
horas da manhã, quando a temperatura e DPV exercem menor demanda sobre a
transpiração. À medida que Ψ
A
diminui, a disponibilidade de água para a transpiração
diminui e, por conseguinte, a abertura estomática diminui para reduzir a transpiração
(EAMUS, 1999).
Na Flórida, em trabalhos com laranjeiras ‘Valência’ e ‘Navel’, o potencial da
água foliar da antemanhã (Ψ
A
) variou de -0,3 a -0,7 MPa ao longo do ano. Em
trabalho conduzido com laranjeiras ‘Valência’ cultivadas em vasos, os valores de Ψ
A
variaram de -0,36 a -0,58 MPa em plantas irrigadas, ao passo que em plantas que
permaneceram 10 dias sem irrigação Ψ
A
chegou a -2,23 MPa (MEDINA; MACHADO;
PINTO, 1998). Em Cordeirópolis (SP), laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo,
conduzidas com e sem irrigação, os valores de Ψ
A
variaram ao longo do ano entre -
37
0,2 e -0,4 MPa em plantas irrigadas, e entre -0,2 e -1,1 MPa, em plantas em
condições naturais (RIBEIRO, 2006).
Em condições ambientais não-limitantes há uma dependência de Ψ
f
em relação
ao fluxo transpiratório. A relação foi linear em citros em condições de campo e
curvilinear em mudas em ambiente controlado (CAMACHO-B; KAUFMANN; HALL,
1974; ELFVING; KAUFMANN; HALL, 1972).
2.1.5.8 Fatores hormonais
O controle da abertura e fechamento dos estômatos também pode ser mediado
por processos metabólicos, envolvendo principalmente dois grupos de hormônios
endógenos de efeitos antagônicos, o ácido abscísico (ABA) e as citocininas. Nas
células-guardas, o fechamento dos estômatos é induzido pelo ABA, que provoca um
rápido efluxo de K
+
das células-guardas. O efeito contrário, o influxo de K
+
e a
abertura dos estômatos envolvem a participação das citocininas, um hormônio
sintetizado principalmente nas raízes e transportado via xilema para a parte aérea
(MARENCO; LOPES, 2005).
Há tempos tem sido sugerido que o ABA, conduzido no fluxo xilemático, exerce
um importante papel na regulação da abertura estomática (BLAKE; FERREL, 1977).
Posteriormente, fortes evidências experimentais deram suporte a esta visão, onde a
concentração de ABA na seiva do xilema apresentou uma correlação muito alta com o
grau de abertura do estômato na folha (DAVIES; ZHANG, 1991; ZHANG; GOWING;
DAVIES, 1990; TARDIEU et al., 1991).
Existem relatos de que a falta de água induz o fechamento estomático devido
ao acúmulo de ABA nas folhas (GOMES et al., 2003; LAUER; BOYER, 1992;
THOMAS; EAMUS, 2002). Em laranjeiras, o fechamento estomático ocorre em valores
de Ψ
f
inferiores a -1MPa, estando relacionado ao aumento de ABA nas folhas
(GOMES et al.,2004).
Segundo Veselova et al. (2005), as citocininas mantêm os estômatos mais
abertos e uma redução do seu conteúdo na folha pode muito bem favorecer o
fechamento estomático e reduzir a transpiração.
38
O resfriamento das raízes reduziu a concentração de citocininas na parte aérea
em cerca de 66% dentro de 15 minutos, enquanto o nível de ABA permaneceu
estável. Esse decréscimo da concentração foliar de citocininas pode ocorrer via
redução na quantidade transportada a partir das raízes ou pela maior degradação das
mesmas nas folhas (VESELOVA et al., 2005).
2.2 Material e métodos
2.2.1 Localização e caracterização da área experimental
O trabalho foi desenvolvido entre fevereiro e dezembro de 2005, na Área
Experimental do Centro APTA Citros “Sylvio Moreira”, do Instituto Agronômico - IAC,
situada no município de Cordeirópolis, SP, nas seguintes coordenadas geográficas:
22° 32 de latitude Sul; 47° 27’ de longitude Oeste; e a 639 m de altitude.
O tipo climático da região de Cordeirópolis é subtropical úmido sem estação
seca (ROLIM et al., 2005), com as temperaturas médias mensais variando de 23,8°C,
no verão, a 17,8°C, no inverno. A precipitação pluviométrica média anual é da ordem
de 1366 mm. Segundo Ribeiro, Machado e Brunini (2006), o balanço hídrico
climatológico médio (1995-2004) evidencia que o período de menor disponibilidade
hídrica ocorre entre os meses de julho a setembro, sendo agosto o mês que
apresenta o máximo valor de deficiência hídrica, alcançando 11,7 mm ao se
considerar uma capacidade de água disponível (CAD) de 100 mm.
O experimento foi instalado em um pomar de 2,5 ha de plantas matrizes de
laranjeiras doces com cerca de 15 anos de idade. O espaçamento entre plantas foi de
8 x 5 m, com linha de plantio orientada no sentido norte - sul.
O solo da área experimental é classificado como Latossolo vermelho distrófico,
com textura médio-argilosa. As adubações com macro e micronutrientes, os tratos
fitossanitários e a roçagem das entrelinhas foram feitas em conformidade com as
orientações técnicas.
Utilizaram-se plantas de laranjeiras ‘Valência’ [Citrus sinensis (L.) Osbeck]
enxertadas sobre tangerineira ‘Cleópatra’ (Citrus reticulata Blanco), as quais estavam
39
localizadas em uma mesma linha de plantio, uma vez que cada fileira do pomar era
composta por diferentes combinações de copa/porta-enxerto. Foram utilizadas cinco
plantas para as avaliações de condutância estomática (g
S
) e transpiração (E), e
destas, três foram selecionadas para as avaliações de fluxo de seiva e potencial da
água do ramo. As plantas foram conduzidas em regime de sequeiro, ou seja, sem
irrigação.
2.2.2 Medidas das variáveis ambientais
Os sensores para as medidas dos dados meteorológicos no interior do pomar
foram instalados em dois mastros, um de cada lado da copa (leste e oeste), situados a
uma altura de 2 m do solo e a uma distância de 20 cm da copa. Os dados de radiação
solar global (Qg, W m
-2
), temperatura do ar (Tar, °C) e déficit de pressão de vapor
(DPV, kPa) foram coletados e armazenados em um sistema de aquisição de dados
modelo CR7 (Campbell Scientific, Logan, UT, USA), com leitura a cada segundo e
média a cada 15 minutos. Para as medidas de radiação solar global, utilizaram-se
piranômetros modelo LI-200 (LI-COR, Lincoln, NE, USA). Para as medidas de
temperatura do ar e do déficit de pressão de vapor, foram utilizados psicrômetros
ventilados, construídos com tubos de PVC e junções de termopar de cobre-
constantan, conforme descrito em Marin et al. (2001a). Os dados de temperatura do
solo a 5, 10, 40 e 100 cm de profundidade e os de precipitação pluvial foram obtidos
em uma estação meteorológica convencional (CIIAGRO/IAC) localizada a 500 m do
campo experimental.
2.2.3 Medidas de potencial da água no ramo
As medidas de potencial da água no ramo (Ψ, MPa) foram realizadas com uma
câmara de pressão, modelo 3005 (SoilMoisture Equipment Corp., EUA). As medidas
foram realizadas antes do amanhecer (Ψ
A
) e às 14:30 horas (Ψ
14
). Em ambos os
horários foram retirados dois ramos por plantas situadas na porção externa da copa:
40
um do lado leste (nascente) e o outro do lado oeste (poente). Com o objetivo de
diminuir a variabilidade e aumentar a representatividade da amostragem optou-se por
realizar as medições em ramos ao invés de folhas. Para minimizar erros na medida do
potencial da água, colocou-se a câmara de pressão próxima às plantas avaliadas, de
modo que o tempo entre o corte do ramo e a leitura do potencial fosse o mínimo
possível, evitando-se ultrapassar 30 segundos, conforme relata Fereres et al. (1979).
As avaliações foram efetuadas durante um dia de cada estação, ou seja, nos dias
Juliano 48 (verão), 153 (outono), 242 (inverno) e 344 (primavera) de 2005.
2.2.4 Medidas de fluxo de seiva
As medidas de fluxo de seiva foram realizadas nas quatro estações climáticas,
durante dias consecutivos, cujos intervalos foram os seguintes: de sete dias, para o
verão e o outono, e de seis dias, para o inverno e a primavera. O fluxo de seiva foi
determinado pelo método do balanço de calor (SAKURATANI, 1981), utilizando-se
sensores dos modelos SGB10, SGB16, SGB19 e SGB25 (Dynamax Inc., Houston, TX,
EUA) instalados em ramos, cujos diâmetros variaram de 11,92 a 27,29 mm. Os ramos
de maiores diâmetros estavam localizados no terço inferior da copa, e os sensores
(SGB19 e SGB25) foram instalados próximos da base dos ramos, no interior da copa.
Os ramos mais finos situaram-se no terço médio da copa, com os sensores instalados
menos internamente na copa. Em fevereiro foram utilizados três sensores SGB10,
dois SGB19 e um SGB25. Nas demais épocas, utilizaram-se um sensor SGB10, um
SGB16, dois SGB19 e dois SGB25. Foram utilizados três sensores em cada face
avaliada. Os mesmos foram conectados através de cabos manga a um sistema de
aquisição de dados modelo CR7 (Campbell Scientific, Logan, UT, USA). Para a
alimentação elétrica das jaquetas térmicas dos sensores utilizou-se um regulador
portátil de voltagem de corrente contínua (AVR 3/6, Dynamax Inc., Houston, TX, EUA),
fazendo-se o ajuste da potência aplicada ao elemento resistivo de cada sensor de
acordo com o recomendado pelo fabricante (VAN BAVEL, 1999). As leituras dos sinais
dos sensores foram realizadas a cada segundo, sendo as médias armazenadas a
cada 10 minutos.
41
Foram selecionados ramos com segmentos de caule uniformes, e antes da
instalação dos sensores, o tecido suberoso de cada ramo foi parcialmente eliminado
com o auxílio de uma lixa fina. Esse procedimento é importante para garantir um bom
contato do sensor com o caule (WEIBEL; DE VOS, 1994). Em seguida, aplicou-se
uma camada da pasta de alta condutividade térmica Dow Corning Compound 4 (Dow
Corning Corp., Midland, MI, EUA), que é também isolante elétrica e hidrofóbica, a fim
de melhorar o contato da jaqueta térmica e os termopares com o segmento de caule,
favorecendo, assim, a manutenção do sistema em condição de equilíbrio-dinâmico
(WILTSHIRE et al., 1995; BETHENOD et al., 2000). Para melhorar o isolamento
térmico após a instalação, cada sensor foi totalmente coberto com quatro camadas de
papel alumínio (MARIN et al., 2008), tanto acima quanto abaixo das extremidades dos
sensores.
Nos cálculos de fluxo de seiva foram utilizados os princípios envolvidos no
método de balanço de calor de Sakuratani (1981), com modificações propostas por
Baker e Van Bavel (1987). O principio teórico deste método se baseia na aplicação de
um fluxo constante de calor (P
in
, W) a um determinado segmento de caule ou ramo,
através de uma resistência que o envolve, e à posterior quantificação da partição
desse calor nos fluxos condutivos axiais (Q
v
, W) e radiais (Q
r
, W), na variação de
armazenamento (Q
s
, W) no segmento de caule aquecido e no fluxo convectivo
dissipado pela seiva (Q
f
, W). Esta, pelo princípio de conservação da energia, é
determinada como termo residual do balanço de calor, sendo, então, associada ao
fluxo de massa de seiva.
Desta forma, o balanço de calor no segmento de caule aquecido é descrito
conforme a equação abaixo:
QfQsQrQvPin +++=
(1)
O cálculo do calor fornecido ao segmento de caule é dado pela equação:
R
V
Pin
2
=
(2)
onde V (volt) é a voltagem fornecida e R () é a resistência do elemento aquecedor.
O fluxo de calor axial Q
v
, que é o resultante da somatória dos fluxos condutivos
acima e abaixo dos limites do segmento de caule aquecido, é calculado como:
42
x
TT
AKQv
is
st
Δ
Δ+Δ
=
)(
(3)
em que K
st
é a condutividade térmica do caule, a qual foi considerada igual a 0,42 W
m
-1
K
-1
, recomendada para caules lenhosos (STEINBERG; VAN BAVEL e
McFARLAND, 1989); A é a área da secção transversal do caule aquecido; ΔT
s
e ΔT
i
são os gradientes de temperatura dos limites superior e inferior do segmento de caule
aquecido; e Δx é a distância entre os dois termopares fixados acima e abaixo da
jaqueta térmica do sensor.
O fluxo de calor conduzido radialmente Q
r
pode ser estimado como:
TKrQr Δ= .
(4)
onde Kr é a condutividade térmica do substrato de cortiça do fluxímetro, em W K
-1
, e
ΔT é a diferença de temperatura entre a face interna e externa do fluxímetro.
Para uma correta estimativa de Q
r
é necessário que Kr seja determinado em
condições de fluxo de seiva nulo ou próximo de nulo (GRIME; MORISON;
SIMMONDS, 1995b), condição essa geralmente alcançada no final da madrugada.
Deve-se, também, determinar o valor de Kr a cada instalação e para cada sensor. No
presente trabalho, o Kr foi calculado pela média dos valores obtidos entre as 3 e 5 h,
para cada dia avaliado.
No presente trabalho, o valor de Q
s
(calor armazenado no caule) foi
desprezado, uma vez que em caules e ramos com diâmetros inferiores a 3 cm pode-
se prescindir de Q
s
sem prejuízos na qualidade das estimativas do fluxo de seiva
(WEIBEL; DE VOS, 1994; GRIME; MORISON; SIMMONDS, 1995a; WEIBEL;
BOERSMA, 1995; TREJO-CHANDIA, 1997; TREJO-CHANDIA; ANGELOCCI;
OLIVEIRA, 1997).
A quantidade de calor transportada convectivamente pela seiva da planta é
determinada, então, conforme a equação (5):
QrQvPinQf =
(5)
Sendo a quantidade de calor (Q) absorvida por um corpo calculada como:
TmcQ Δ=
(6)
43
em que m é a massa do corpo considerado; c é o calor específico desse corpo; e ΔT é
a sua variação de temperatura, tem-se, igualando-se as equações (5) e (6), que o
fluxo de massa de seiva (FS) é determinado como:
Tcp
QrQvPin
FS
Δ
=
(7)
onde cp é o calor específico da seiva, considerado como igual ao da água pura (4,186
J kg
-1
K
-1
), e ΔT a variação de temperatura da seiva entre o limite inferior e o superior
do sensor, a qual é calculada conforme a seguinte equação:
2
is
TT
T
ΔΔ
=Δ
(8)
Após o cálculo do fluxo de seiva (FS, g s
-1
), esse foi expresso por unidade de
área foliar, doravante denominado neste trabalho como densidade de fluxo de seiva
(DFS, g m
-2
s
-1
).
2.2.5 Medidas de área foliar
Após cada período de avaliação foi realizada a medida da área foliar de cada
ramo nos quais os sensores de fluxo de seiva foram instalados. Para a determinação
da área foliar, primeiramente estimou-se equações de regressão da área em função
das medidas do maior comprimento (C) e da maior largura (L) de folha e do produto
de ambas. Foram coletadas 200 folhas ao acaso e determinadas suas medidas
lineares e a sua área foliar real por meio de um planímetro digital, modelo LI 3100 (LI-
COR, Lincoln, NE, EUA). Embora o modelo linear envolvendo o produto tenha
apresentado o maior coeficiente de determinação (R
2
= 0,9703) (Figura 1B), decidiu-se
trabalhar com o modelo envolvendo a maior largura (L), uma vez que este também
apresentou um alto valor de R
2
(0,9327) (Figura 1A), além de facilitar a execução dos
trabalhos de medições em campo. Deste modo, a área de cada folha foi estimada
através da equação AF = 9,4537.L - 15,211, sendo que o somatório de AF
correspondeu à área foliar total do ramo em estudo. O modelo proposto para
determinação de AF foi testado em 100 folhas, e obteve-se uma alta correlação dos
valores reais de AF com os valores estimados, com r = 0,977 (p<0,001) (Figura 1C).
44
Figura 1 - Relações entre a área foliar medida e as dimensões foliares de comprimento (Comp), largura
(Larg) (em A) e o produto de ambas (Prod) (em B), e a relação entre a área foliar estimada
(AE) e a área foliar medida (AM) (em C)
2.2.6 Medidas de condutância estomática e transpiração
A condutância estomática (g
s
, mol m
-2
s
-1
) e a transpiração (E, mmol m
-2
s
-1
)
foram avaliadas com um analisador de gases por infravermelho, modelo LI - 6400 (LI-
COR, Lincoln, NE, EUA), operando em sistema aberto. O aparelho estava equipado
com uma fonte de luz modelo LI - 6400 - 02B LED (LI-COR, Lincoln, NE, EUA),
utilizada para a fixação da densidade de fluxo de fótons fotossintéticos (DFFF,
μmol m
-2
s
-1
) em cada horário de medida e em cada face da copa (leste e oeste). Para
tanto posicionou-se o sensor quântico do aparelho paralelamente à superfície do solo
a uma altura aproximada de 1,7 m e a uma distância de cerca de 20 cm da copa,
considerando-se esse valor de DFFF para as medidas da seqüência considerada, em
y = 0,3951x
2
- 0,9945x + 2,4719
R
2
= 0,8809
y = 9,4537x - 15,211
R
2
= 0,9327
0
10
20
30
40
50
60
70
80
02468101214
Comprimento ou largura foliar (cm)
Área foliar medida (cm
2
)
Comp
Larg
A
y = 0,6735x - 0,9195
R
2
= 0,9703
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20406080100
Produto das dimensões foliares (cm
2
)
Área foliar medida (cm
2
)
Prod
B
0
10
20
30
40
50
60
0 102030405060
Área foliar medida, AM (cm
2
)
Área foliar estimada, AE (cm
2
)
Larg
Pr od
Prod: AE = 1,002*AM
R= 0,995
(P<0,0001)
Larg: AE = 1,013*AM
R= 0,977
(P<0,0001)
C
45
cada posição da copa. Adotou-se este procedimento com o intuito de evitar que
variações rápidas e momentâneas de DFFF criassem variabilidade indesejável, ou
seja, diferentes DFFF numa mesma seqüência de medidas.
As leituras foram efetuadas em folhas sadias, maduras e expostas ao sol, em
ramos sem frutos situados no terço médio da copa. Utilizou-se uma folha por planta
em cada face da copa, em cinco plantas diferentes. Essas medidas foram realizadas
nos mesmos dias da avaliação de potencial da água no ramo, e transcorreram durante
o período diurno em intervalos de 1 a 1,5 hora. O total de avaliações ao longo do dia
variou de 9, em abril, a 12, em fevereiro e dezembro.
2.2.7 Análise dos resultados
O estudo da relação entre a DFS e as variáveis ambientais radiação solar
global, temperatura do ar e déficit de pressão de vapor foi realizado mediante análise
de regressão multilinear do tipo “stepwise” (passo a passo).
As médias de potencial da água no ramo, da DFS acumulada no período de 24
horas durante os períodos de avaliação, bem como dos valores integrados de
transpiração foliar (E
i
) foram comparadas empregando-se o teste t a um nível de
significância de 5% de probabilidade.
2.3 Resultados e discussão
2.3.1 Condições ambientais e área foliar dos ramos das faces leste e oeste
Ao analisar-se o ambiente da área experimental no decorrer do ano de 2005,
percebe-se um nítido período de baixas temperaturas, que abrange os meses de
junho, julho e agosto, e outro de temperaturas mais elevadas, abrangendo não só o
verão, mas também as outras duas estações. As maiores temperaturas do ar,
expressas em médias decendiais, foram verificadas nos meses de fevereiro, abril e
outubro, nos quais pelo menos um decêndio apresentou média superior a 30°C
46
(Figura 2A). As menores temperaturas foram registradas em julho e agosto, atingindo
valores de 11,7 e 12,5°C, respectivamente (Figura 2A). Tendo em vista que os citros
paralisam o crescimento da parte aérea em temperaturas menores que 13°C
(REUTHER, 1973), certamente as plantas tiveram o seu crescimento paralisado
nesses dois meses. As temperaturas médias variaram de 17,6°C, em julho, a 25,5°C,
em abril.
A temperatura do solo acompanhou a variação da temperatura do ar, sendo que
as maiores variações de temperatura ocorreram nas camadas superficiais, ou seja, a
5 e 10 cm de profundidade (Figura 2B). Nessas camadas foram registrados valores
entre 11,9 e 21,8°C, a 5 cm, e entre 14,3 e 23,4°C, a 10 cm. Uma vez que a
temperatura inferior a 15°C diminui o crescimento e a absorção radicular dos citros
(ELFVING; KAUFMANN, 1972; RAMOS; KAUFMANN, 1979; CASTLE, 1980 apud
SPIEGEL-ROY; GOLDSMITH, 1996), muito provavelmente os mesmos foram afetados
durante o período abrangido desde o primeiro decêndio de junho até o segundo
decêndio de agosto, os quais apresentaram temperatura do solo abaixo de 15°C à
profundidade de 5 cm. À profundidade de 10 cm, tal situação só se verificou nos dois
primeiros decêndios de julho (Figura 2B). Tal possibilidade torna-se mais evidente
devido ao fato de que os citros apresentam sistema radicular superficial. Em
tangerineira ‘Cleópatra’ não irrigada, 65,4% das raízes se localizaram nos primeiros 25
cm do solo, e que elas se distribuem, praticamente, na mesma proporção em todas as
direções (OLIVEIRA; VIEIRA; SOUZA, 1998). Em limão ‘Cravo’, em condições de
sequeiro, a atividade de absorção de água na camada de 0-25 cm de profundidade foi
responsável por 68 a 74% do volume de água absorvida, evidenciando que as raízes
mais rasas apresentam maior capacidade de absorção e de condutividade hidráulica
(MACHADO; COELHO, 2000).
Quanto ao regime pluviométrico, os maiores valores decendiais foram registrados em
janeiro, março e maio, com totais decendiais ultrapassando os 100 mm. Percebe-se,
ainda, que o inverno, além de apresentar as menores temperaturas (Figura 2A,B),
também é o período de menor precipitação pluviométrica (Figura 2C). Em 2005, o
volume de precipitação registrada no inverno foi de 83 mm, de um total anual de 1084
mm, correspondendo a cerca de 7,6% desse valor. Cabe destacar que esse total
47
anual de chuvas em 2005 ficou bem abaixo da média normal da região, que é de 1366
mm. Verifica-se, outrossim, que o verão sobressai-se como a estação do ano de maior
intensidade pluviométrica, registrando cerca de 50% do total anual (Figura 2C).
48
Figura 2 - Temperatura do ar (A) e do solo (B) e precipitação (C) durante 2005 em Cordeirópolis (SP).
Os símbolos representam o valor médio decendial (A e B) e as barras representam o
somatório decendial (C). As setas indicam as épocas das avaliações. Dados obtidos em
estação meteorológica convencional (CIIAGRO/IAC) localizada a 500 m do campo
experimental
10
15
20
25
30
35
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
s
Temperatura do ar (°C)
máxima
média
nima
A
10
14
18
22
26
30
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
s
Temperatura do solo (°C)
5 cm
10 cm
40 cm
100 cm
B
0
20
40
60
80
100
120
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
s
Precipitação (mm)
C
49
A disponibilidade de água para as plantas ao longo do ano de 2005 pode ser
melhor avaliada pelo extrato do balanço hídrico climatológico apresentado na Figura
3. Verifica-se que houve deficiência hídrica na maior parte do ano, ou seja, em
decêndios de fevereiro, março, abril, maio e a partir de julho até dezembro (Figura 3).
A deficiência hídrica decendial máxima foi de 22,3 mm, registrada no primeiro
decêndio de novembro. No geral, a deficiência hídrica decendial foi inferior ou flutuou
ao redor dos 10 mm. Segundo relata Ribeiro (2006), o ano de 2005 foi atípico, com
menor intensidade pluviométrica anual, maior irregularidade na distribuição de chuvas,
maior período e maior valor anual de deficiência hídrica. Esta apresentou grande
variação temporal na última década para a região de Cordeirópolis, com valores entre
38,9 mm, em 1996, e 236 mm, em 2005 (RIBEIRO; MACHADO; BRUNINI, 2006).
Os valores referentes à soma das áreas foliares dos ramos de cada face da
copa, em cada época de avaliação, estão apresentados na Tabela 1. A variação
refletiu a desigualdade de área foliar entre ramos de diâmetros semelhantes, como foi
o caso da época de fevereiro, em que o ramo da face oeste que recebeu um sensor
SGB19 apresentou área foliar 4,3 vezes maior que a do ramo da face leste com o
mesmo modelo de sensor (SGB19), bem como a falhas no funcionamento dos
sensores, como em maio e dezembro.
Tabela 1 – Valores do somatório das áreas foliares dos ramos das faces leste e oeste da copa de
laranjeira ‘Valência’, conduzidas sem irrigação, nas avaliações realizadas nos meses de
fevereiro, maio, agosto e dezembro de 2005
Face da copa
Somatório da área foliar dos ramos (m
2
)
Fevereiro Maio Agosto Dezembro
Leste 0,722 2,230 2,299 2,165
Oeste 2,189 1,375 2,118 1,338
50
2.3.2 Variação sazonal do potencial da água no ramo
O potencial da água nos ramos (Ψ) refletiu a condição da disponibilidade
hídrica do solo por ocasião das avaliações, demonstrando que as plantas estavam
menos hidratadas durante o período de deficiência hídrica, o qual é característico para
a época de inverno (Figuras 3 e 4). Vale salientar que outros fatores, também típicos
de ocorrência no inverno, tais como baixas temperaturas do ar e do solo, poderiam
estar contribuindo para o decréscimo no Ψ. Durante o período experimental a
temperatura do solo variou entre 27,5°C (a 40 cm de profundidade) e 11,9°C (a 5 cm
de profundidade), sendo esses valores observados em fevereiro e julho,
respectivamente (Figura 2B). De fato, temperaturas do solo abaixo de 15°C reduzem a
absorção de água pelas raízes dos citros (ELFVING; KAUFMANN, 1972; RAMOS;
KAUFMANN, 1979; SYVERTSEN, 1982), induzindo a menores valores de Ψ.
Os potenciais da água nos ramos medidos antes do amanhecer (Ψ
A
) foram
semelhantes para os meses de fevereiro, junho e dezembro, variando entre -0,31 e -
0,48 MPa, enquanto em agosto o valor obtido foi duas a três vezes maior, ou seja,
cerca de -1,1 MPa (Figura 4A).
Em todas as avaliações, os valores de Ψ
A
entre as faces da copa não
apresentaram diferenças significativas (p>0,05), indicando que a reidratação dos
tecidos que normalmente acontece durante o período da noite ocorreu uniformemente
na copa da planta.
Em relação aos valores de potencial da água nos ramos obtidos às 14:30 h
(Ψ
14
) (Figura 4B), este foi menor (p<0,01) do que os medidos antes do amanhecer,
fato que se verificou em todas as épocas avaliadas. O menor valor de Ψ
14
ocorreu em
agosto, alcançando -1,89 MPa, enquanto o maior Ψ
14
foi verificado em dezembro, com
valor de -0,95 MPa. À medida que a planta perde água para a atmosfera via
transpiração, vai ocorrendo um aumento na tensão da coluna de água no interior dos
vasos de xilema.
51
Figura 3 - Extrato do balanço hídrico climatológico durante 2005 em Cordeirópolis (SP). Valores
positivos indicam excedentes hídricos (incluindo a reposição de água) e negativos a
deficiência hídrica (incluindo a retirada de água). Capacidade de água disponível (CAD) de
100 mm. As setas indicam as épocas das avaliações. Os cálculos foram realizados a partir
dos dados decendiais obtidos em estação meteorológica convencional (CIIAGRO/IAC)
localizada a 500 m do campo experimental
Essa variação diurna de Ψ ocorre mesmo em plantas com boa disponibilidade
hídrica no solo e, em média, esses valores de Ψ em laranjeira ‘Valência’ variaram
entre -0,4 e -2,4 MPa ao longo do dia nas condições da Flórida, em um pomar com 20
anos de idade, cuja área recebeu 1177 mm de chuva, bem distribuídas ao longo do
ano de estudo (SYVERTSEN; ALBRIGO, 1980).
Em todas as avaliações, a face oeste da copa apresentou menores (p<0,05)
valores de Ψ
14
quando comparados aos obtidos na face leste. Em trabalho com
laranjeira ‘Valência’, Ribeiro (2006) também obteve menores (p<0,05) valores de Ψ
14
na face oeste, tanto em plantas irrigadas, quanto em condições de sequeiro. Uma vez
que a face oeste recebe radiação solar direta no período da tarde, quando se observa
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
s
mm
Excedente
Deficiência
52
a maior temperatura e a menor umidade relativa do ar, essa conjunção de fatores
aumentou a diferença de pressão de vapor entre a folha e o ar na face oeste,
redundando em maior transpiração e a conseqüente redução de Ψ
14
.
Figura 4 - Variação do potencial de água em ramos (Ψ) de laranjeiras ‘Valência’ em condições de
campo, conduzidas sem irrigação. As medidas foram efetuadas antes do amanhecer (Ψ
A
,
em A) e às 14:30 h (Ψ
14
, em B) em ramos amostrados nas faces leste e oeste da copa.
Barras indicam o valor médio (n=3) ± erro padrão. As medidas foram realizadas em 17/02,
02/06, 30/08 e 10/12 de 2005. Em B, médias sinalizadas por letras distintas, nas colunas de
cada mês, representam diferenças significativas pelo teste-t (p<0,05)
Em laranjeiras ‘Valência nas condições da Flórida, e não irrigadas, pois a área
recebeu 1173 mm de chuvas bem distribuídas ao longo do ano de estudo, Syvertsen e
Albrigo (1980) também relataram que o Ψ
14
da face oeste foi menor que o da face
leste, cujos valores foram cerca de -1,90 e -1,65 MPa, respectivamente.
-2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
FEV JUN AGO DEZ
s
Ψ
A
(MPa)
Leste Oeste
A
-2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
FEV JUN AGO DEZ
s
Ψ
14
(MPa)
Leste Oeste
a
b
a
a
a
b
b
b
B
53
A maior amplitude de variação de Ψ (diferença entre os valores da antemanhã e
as 14:30 h), ocorreu no mês de junho, e a menor amplitude em agosto, sendo maiores
na face oeste.
2.3.3 Variação da densidade de fluxo de seiva das faces leste e oeste da copa
Na Figura 5 são observadas as variações diárias da densidade de fluxo de
seiva, da radiação solar global, da temperatura do ar e do déficit de pressão de vapor,
em intervalos de 30 minutos, para um dia de céu claro e para um dia nublado do mês
de fevereiro de 2005. A variação de DFS para o dia ensolarado (dia Juliano 53)
apresentou, para a face leste, um rápido incremento, a partir das 7:30 h, alcançando o
seu valor máximo às 11:30 h (74,34 g m
-2
30min
-1
), com decréscimos graduais até o
início da noite. Na face oeste, houve um aumento progressivo até atingir o seu pico,
às 14 h (108,01 g m
-2
30min
-1
), diminuindo lentamente até ás 16:30 h, seguido por
reduções acentuadas em DFS (Figura 5A). O padrão de irradiância para esse dia foi
de sombreamento para a face oeste até às 10 h, igualando-se, a partir daí, à radiação
recebida pela face leste até às 14h, quando esta passou, então, a ficar completamente
sombreada (Figura 5B).
A diferença de temperatura do ar entre ambas as faces foi de 4°C, às 15 h. A
temperatura máxima do dia Juliano 53 (22/02/05) foi de 33,1°C, na face oeste, e de
29,8°C, na face leste, ambas ocorridas às 13:30 h (Figura 5C). Para o déficit de
pressão de vapor do ar (DPV), o valor máximo foi de 2,37 kPa, ocorrido às 15:30 h, na
face oeste. Já para a face leste, o máximo DPV ocorreu às 14:30 h, alcançando o
valor de 1,94 kPa (Figura 5D).
Para o dia nublado (dia Juliano 49), a variação da densidade de fluxo de seiva
nas faces leste e oeste, durante o período da manhã, foi bastante similar, tanto em
relação aos valores quanto ao padrão de variação ocorridos no dia ensolarado para o
período considerado (Figuras 5A,E). Isto deveu-se ao fato de no dia nublado ter
ocorrido céu claro durante toda a manhã, com nebulosidade somente no período da
tarde (Figura 5F), sendo esta característica bem típica de dias nublados de verão. No
período da tarde, as oscilações bruscas na densidade de fluxo de seiva,
54
principalmente para a face oeste, estiveram em estreita concordância com as
oscilações da radiação solar.
A diferença máxima de temperatura entre as faces foi de aproximadamente
1,2°C, às 10:30 h. O valor máximo da temperatura do ar ocorreu às 13:30 h,
alcançando valores de 33,3 e 33°C para as faces leste e oeste, respectivamente
(Figura 5G). As pequenas diferenças de DPV verificadas entre as faces foram
decorrentes das diferenças de temperatura das mesmas. Os valores máximos de DPV
foram de 1,71 e 1,55 kPa para as faces leste e oeste, respectivamente (Figura 5H).
55
Figura 5 - Curso diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A,E), da radiação solar global (Qg, em
B,F), da temperatura do ar (Tar, em C,G) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em D,H)
das faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo,
conduzidas sem irrigação, durante um dia ensolarado (dia Juliano 53) e um dia nublado (dia
Juliano 49) do mês de fevereiro de 2005. Símbolos (em A,E) indicam valor médio (n=2) ±
erro padrão
Dia 53
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
B
Dia 53
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
Leste
Oeste
D
Dia 53
15
20
25
30
35
0 4 8 12 16 20 24
Hora
TarC)
Leste
Oeste
C
Dia 49
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
04812162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
F
Dia 49
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
Leste
Oeste
H
Dia 49
15
20
25
30
35
0 4 8 12162024
Hora
TarC)
Leste
Oeste
G
Dia 53
0
20
40
60
80
100
120
140
0 4 8 12162024
Hora
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
A
Dia 49
0
20
40
60
80
100
120
140
0 4 8 12162024
Hora
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
E
56
Na Figura 6 estão representados os cursos diários da densidade de fluxo de
seiva (DFS), da radiação solar, da temperatura do ar e do déficit de pressão de vapor
(DPV), em escala semi-horária, para um dia ensolarado e um dia nublado do mês de
maio de 2005. Para o dia ensolarado (dia Juliano 147), a densidade de fluxo de seiva
da face leste começou a acentuar-se às 8:30 h (Figura 6A), ou seja, uma hora e meia
após o nascer do Sol (Figura 6B), e aumentou de forma repentina e linear até às 11 h,
quando, então, passou a declinar de maneira gradual até o final da tarde (Figura 6A).
Já para a face oeste, a DFS acentuou-se por volta das 10 h e, à semelhança da face
leste, prosseguiu aumentando linearmente, porém de maneira menos intensa,
atingindo o ápice do fluxo por volta das 14:30 h e mantendo-se praticamente neste
platô até às 15:30 h, quando, então, se verifica um declínio acentuado do fluxo até às
18 h (Figura 6A).
A radiação solar medida na face leste no dia Juliano 147 (27/05/05) foi superior
à da face oeste até às 14:30 h (Figura 6B). A intensidade de radiação incidente na
face oeste acentuou-se somente por volta das 11 h, atingindo o pico às 13 h (Figura
6B).
Como as temperaturas verificadas no dia Juliano 147 foram amenas, não
ultrapassando os 24,5°C, as diferenças entre as faces foram de menor intensidade
que as ocorridas em fevereiro, alcançando valor máximo de 2,36°C. A face leste
apresentou temperatura máxima de 24,1°C (Figura 6C). A variação do DPV entre as
faces espelhou fielmente o verificado para a temperatura, apresentando diferença
máxima de 0,17 kPa. Os picos de DPV foram de 1,23 e 1,26 kPa, na faces leste e
oeste, respectivamente, ocorridos às 14 h (Figura 6D).
Com relação ao dia nublado (dia Juliano 150), tanto para a DFS, quanto para a
radiação solar, praticamente não houve diferença entre as faces avaliadas. Em virtude
da intensa nebulosidade ocorrida ao longo de todo o dia, houve o predomínio da
radiação difusa, a qual promoveu uma distribuição uniforme da energia radiante entre
as faces da copa (Figura 6F), refletindo, tal fato, num padrão idêntico para o fluxo de
seiva (Figura 6E).
57
Figura 6 - Curso diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A,E), da radiação solar global (Qg, em
B,F), da temperatura do ar (Tar, em C,G) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em D,H)
das faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo,
conduzidas sem irrigação, durante um dia ensolarado (dia Juliano 147) e um dia nublado
(dia Juliano 150) do mês de maio de 2005. Símbolos (em A,E) indicam valor médio (n=2-3) ±
erro padrão
Dia 147
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
B
Dia 147
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
Leste
Oeste
D
Dia 147
5
10
15
20
25
30
0 4 8 12 16 20 24
Hora
TarC)
Leste
Oeste
C
Dia 150
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
04812162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
F
Dia 150
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
Leste
Oeste
H
Dia 150
5
10
15
20
25
30
0 4 8 12162024
Hora
TarC)
Leste
Oeste
G
Dia 147
0
20
40
60
80
100
120
0 4 8 12162024
Hora
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
A
Dia 150
0
20
40
60
80
100
120
0 4 8 12162024
Hora
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
E
58
As temperaturas apresentaram pouca variação ao longo do dia, com máxima de
22,6°C, para a face leste, e de 23,2°C, para a oeste (Figura 6G). A demanda
evaporativa da atmosfera do dia nublado (30/05/05) foi muito baixa, com valor máximo
de DPV de 0,53 kPa, verificado às 16 h (Figura 6H).
Para o dia de céu claro da avaliação de agosto (dia Juliano 240), observou-se
que a DFS, para a face leste da copa, aumentou de forma linear, até às 9h, atingindo
o valor máximo às 12 h (65,66 g m
-2
30min
-1
). Após esse horário, verificou-se um
decréscimo gradual até estabilizar-se por volta das 18:30 h (Figura 7A). Para a face
oeste, a DFS também começou a aumentar, de forma lenta e gradual, a partir das 7:30
h até alcançar o valor máximo de 42,54 g m
-2
30min
-1
, às 14 h (Figura 7A).
Quanto à radiação solar, percebe-se o típico comportamento da mesma para
cada face da copa. Na face leste iniciou-se às 7 h e prosseguiu até o seu máximo, às
12:30 h (1,608 MJ m
-2
30min
-1
), decaindo verticalmente após as 14 h, enquanto que a
face oeste recebeu radiação solar só após as 10:30 h, alcançando o seu pico às 12:30
h (1,579 MJ m
-2
30min
-1
) (Figura 7B).
O dia Juliano 240 (28/08/05) apresentou temperaturas elevadas, no qual a
máxima da face leste foi de 31,5°C, e de 35,1°C, na face oeste, ambas ocorridas às
15 h. A temperatura da face oeste suplantou a da face leste em até 3,84°C, às 16 h
(Figura 7C). As diferenças de DPV verificadas entre as faces das copas refletiram,
similarmente, as diferenças observadas nas temperaturas do ar. O DPV da face oeste
foi superior à leste em 0,45 kPa, ocorrido às 16 h. Os valores máximos foram de 2,81
e 3,23 kPa, para as faces leste e oeste, respectivamente, ocorridos às 15:30 (Figura
7D).
O dia Juliano 239 foi um dia de intensa nebulosidade e de alta umidade relativa
do ar durante todo o período da manhã, o que ocasionou a ausência de fluxo
transpiratório no período matutino. No período da tarde, em resposta aos pequenos
aumentos verificados na energia radiante, temperatura do ar e DPV, a DFS começou a
ocorrer a partir das 12:30 h, e seguiu aumentando até atingir o seu máximo por volta
das 15:30h, declinando gradualmente em seguida (Figuras 7E,F,G,H).
59
Figura 7 - Curso diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A,E), da radiação solar global (Qg, em
B,F), da temperatura do ar (Tar, em C,G) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em D,H)
das faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo,
conduzidas sem irrigação, durante um dia ensolarado (dia Juliano 240) e um dia nublado
(dia Juliano 239) do mês de agosto de 2005. Símbolos (em A,E) indicam valor médio (n=3) ±
erro padrão
Dia 240
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
B
Dia 240
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
Leste
Oeste
D
Dia 240
10
15
20
25
30
35
40
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Tar (°C)
Leste
Oeste
C
Dia 239
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
04812162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
F
Dia 239
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
Leste
Oeste
H
Dia 239
10
15
20
25
30
35
40
0 4 8 12162024
Hora
Tar (°C)
Leste
Oeste
G
Dia 240
0
20
40
60
80
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
A
Dia 239
0
20
40
60
80
0 4 8 12162024
Hora
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
E
60
Observa-se, ainda, que os cursos diários da DFS foram similares em ambas as faces,
cujos valores máximos foram de 27,57 e 25,80 g m
-2
30min
-1
, para as faces leste e
oeste, respectivamente. As temperaturas variaram de 14 a 24,4°C, enquanto o DPV
ximo foi de 0,59 kPa.
Observando-se os cursos diários da DFS para o dia ensolarado da avaliação de
dezembro (dia Juliano 348), verificou-se que na face leste da copa a DFS começou a
intensificar-se a partir das 6:30 h e aumentou rapidamente, de forma praticamente
linear, até às 9:30 h, alcançando o seu valor máximo: 92,55 g m
-2
30min
-1
. Após esse
horário, e até às 16 h, a DFS apresentou oscilações motivadas pelas variações
ocorridas nas condições ambientais, decaindo, após isso, de maneira gradual (Figura
8A). Para a face oeste, o fluxo de seiva acentuou-se a partir das 7 h, aumentando,
lenta e gradualmente, até atingir o seu valor máximo, de 73,94 g m
-2
30min
-1
, às 14:30
h, decaindo acentuadamente em seguida (Figura 8A).
Embora o dia Juliano 348 (14/12/05), aqui representado como dia ensolarado,
tenha mostrado variações na radiação solar decorrentes da presença de nuvens a
partir das 10 h, este foi o dia, dentre os seis avaliados em dezembro, que apresentou
maior valor integrado de radiação solar, num total de 24,96 MJ d
-1
. Os valores
máximos obtidos foram de 2,27 e 2,21 MJ m
-2
30min
-1
, às 12 h, para as faces leste e
oeste, respectivamente (Figura 8B).
As diferenças de temperatura entre as faces da copa foram relativamente
pequenas, sendo que no período da manhã a diferença máxima foi de 1,33°C a favor
da face leste, e de 1,15°C, no período da tarde, a favor da face oeste. As
temperaturas máximas e mínimas alcançadas neste dia foram de 30,7°C, às 14:30 h,
e de 16,2°C, às 24 h (Figura 8C).
Em consonância com a temperatura, as diferenças de DPV entre as faces da
copa também foram pequenas, e os seus valores máximos foram de 0,08 kPa, no
período da manhã, e de 0,15kPa, no período da tarde. O DPV máximo foi de 1,80 kPa,
ocorrido às 14:30 h (Figura 8D).
61
Figura 8 - Curso diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A,E), da radiação solar global (Qg, em
B,F), da temperatura do ar (Tar, em C,G) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em D,H)
das faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo,
conduzidas sem irrigação, durante um dia ensolarado (dia Juliano 348) e um dia nublado
(dia Juliano 345) do mês de dezembro de 2005. Símbolos (em A,E) indicam valor médio
(n=2-3) ± erro padrão
Dia 348
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
B
Dia 348
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
Leste
Oeste
D
Dia 348
15
20
25
30
35
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Tar (°C)
Leste
Oeste
C
Dia 345
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
F
Dia 345
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
Leste
Oeste
H
Dia 345
15
20
25
30
35
0 4 8 12162024
Hora
Tar (°C)
Leste
Oeste
G
Dia 348
0
20
40
60
80
100
120
0 4 8 12162024
Hora
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
A
Dia 345
0
20
40
60
80
100
120
0 4 8 12162024
Hora
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Leste
Oeste
E
62
Com relação ao dia nublado (dia Juliano 345), os cursos diários da DFS entre
ambas as faces da copa foi bastante similar, e a maior disponibilidade de energia
radiante no período da tarde promoveu um fluxo mais intenso, cujos valores máximos
obtidos em cada face foi de 48,71 g m
-2
30min
-1
, na leste, e de 51,18 g m
-2
30min
-1
, na
oeste. As temperaturas variaram de 17,7 a 25,3°C, e o DPV máximo foi de 0,77 kPa
(Figuras 8E,H).
Nos dias ensolarados, como era de se esperar, observa-se claramente a
defasagem entre os ciclos diurnos da densidade de fluxo de seiva das faces leste e
oeste da copa (Figuras 5A, 6A, 7A, 8A). Essa defasagem reflete a diferença na
incidência da radiação solar entre ambas as faces da copa durante o percurso do Sol
na abóbada celeste ao longo do dia. Enquanto a face leste encontra-se iluminada
durante toda a manhã, a face oeste encontra-se sombreada durante boa parte do
período matutino, invertendo-se esse padrão de disponibilidade energética das faces
durante o período da tarde. Essa defasagem pode ser explicada em parte, também,
pelas diferenças de variação da temperatura e DPV do ar.
De um modo geral, nos dias ensolarados, a DFS da face leste atingiu o seu
ximo por volta das 11-12 h, enquanto na face oeste, o pico da DFS ocorreu ao
redor das 14:00-14:30 h. Esses resultados concordam com os obtidos por Machado et
al. (2006), que, ao avaliarem o fluxo de seiva da planta inteira de laranjeira ‘Natal’, ou
seja, com os sensores instalados no tronco da planta, obtiveram valores máximos de
DFS entre 12 e 14 h. Uma vez que a DFS da planta inteira corresponde à média dos
valores obtidos em cada face da copa, o seu valor máximo ocorrerá entre os horários
de pico de cada face.
Nos dias ensolarados, o rápido aumento da DFS no lado leste da copa está
respondendo ao aumento da radiação global, o qual promove aumento da abertura
estomática e o conseqüente aumento da transpiração, até atingir a saturação. Em
condições subtropicais, independente da estação climática, os valores máximos de
condutância estomática são verificados por volta das 9:00-10:30 h (MACHADO et al.,
2006, 2007; RIBEIRO, 2006). Atingida a saturação lumínica da condutância
estomática, o aumento da DFS passa a responder ao aumento da demanda
evaporativa do ar (DPV e temperatura) até atingir o seu máximo, por volta das 11-12
63
h. A partir desse horário, o desbalanço entre o total de água transpirada e o total de
água absorvida pela face leste durante o período matutino induz um acentuado déficit
hídrico foliar, ocasionando rígido controle estomático para evitar a desidratação
excessiva dos tecidos dessa face. O indício desse desbalanço é a diferença de Ψ ao
longo do dia, variando entre -0,56 e -0,84 kPa (Figura 4).
Na face oeste, o lento aumento da DFS na parte inicial da manhã está sendo
limitado pelos baixos níveis de radiação solar devido ao sombreamento em que essa
face se encontra. Quando a radiação passa a ser não limitante para a abertura
estomática, o que geralmente ocorre entre 10-11 h, o aumento da DFS indica estar
sendo em função do aumento da transpiração promovida, principalmente, pelo
aumento do DPV. A DFS continua a aumentar até alcançar o seu pico, por volta das
14:00-14:30 h, quando o potencial da água foliar atinge os valores mais negativos
(Figura 4B), induzindo à ativação de mecanismos de controle estomático da
transpiração, a fim de evitar a desidratação excessiva dos tecidos da face oeste,
prevenindo, assim, disfunções fisiológicas à planta, como, por exemplo, a cavitação
dos vasos do xilema. As reduções em DFS, logo após o seu pico, parecem estar
respondendo ao controle estomático e à redução da demanda evaporativa, a qual se
verifica após às 15:00-15:30 h, sendo que mais para o final da tarde, a DFS passa a
responder às limitações de radiação. Segundo Lakso (1979), déficits hídricos de curto
prazo (1-2 h) na planta podem causar o fechamento estomático quando um valor
crítico de potencial da água foliar é alcançado.
Fato interessante aconteceu em agosto (Figura 6A), em que os valores de DFS
da face oeste foram menores que o da face leste. Nessa época as plantas
encontravam-se menos hidratadas (Figuras 3 e 4A), e à medida que o Ψ
A
decresce
nas diferentes épocas, não apenas o valor máximo da condutância estomática
diminui, mas também as maiores aberturas tornam-se mais confinadas às primeiras
horas da manhã, quando a temperatura e o DPV exercem menor demanda
evaporativa (EAMUS, 1999), o que permite maiores valores de transpiração. À tarde,
o forte aumento na demanda evaporativa promove restrições adicionais na abertura
estomática, reduzindo sensivelmente os valores de transpiração.
64
Em dezembro, também foi observado menores valores de DFS na face oeste
(Figura 8A). Uma vez que as plantas encontravam-se bem hidratadas (Figura 4A) e
sob condições de demanda evaporativa intermediária (Figura 8C,D), era de se esperar
maiores intensidades de DFS na face oeste. Porém, como esse dia apresentou
oscilações acentuadas na radiação durante o período da tarde (Figura 8B), esse fato
provavelmente pode ter contribuído para as reduções nos valores esperados para
DFS.
Já para os dias nublados, devido à predominância da radiação difusa, o curso
diário de DFS foi praticamente similar em ambas as faces da copa, o que concorda
com Ribeiro et al. (2005), que afirmam não haver diferença significativa na energia
disponível entre as faces da copa de laranjeira em dias de alta nebulosidade.
2.3.4 Comparações dos padrões diários de DFS e os dos elementos
meteorológicos
Para uma melhor comparação entre os padrões de variação da densidade de
fluxo de seiva e os de cada variável ambiental isoladamente, optou-se por plotar o
curso diário separadamente para cada face da copa (Figura 9). Verifica-se que os
padrões de variação diurna entre a densidade de fluxo de seiva e a radiação solar
global para a face leste apresentaram estreita concordância durante o período da
manhã (Figura 9A), evidenciando a rápida resposta do fluxo de seiva ao aumento da
radiação solar durante o período matutino. Para esta face, o valor máximo do fluxo de
seiva foi de 74,34 g m
-2
30min
-1
, ocorrido às 11:30 h, enquanto a irradiância máxima
alcançou 2,06 MJ m
-2
30min
-1
, às 12:30 h. No período da tarde, conforme o esperado,
verificou-se uma queda brusca na radiação global após as 14 h, e uma diminuição
menos acentuada na densidade de fluxo de seiva até o horário das 20 h. Para a face
oeste da copa (Figura 9B), o aumento do fluxo de seiva se dá de forma gradual,
menos intensa, respondendo pouco aos aumentos na intensidade de radiação que se
verificam após as 9:30 h, e continua crescendo mesmo após se verificar declínio nos
valores de irradiância ocorridos depois do seu pico, 2,13 MJ m
-2
30min
-1
, às 12:30 h,
indo alcançar o seu ponto máximo somente às 14 h, com um valor de 108,01 g m
-2
65
30min
-1
. Posteriormente, verifica-se uma lenta e gradual redução no fluxo de seiva a
às 17 h, ocorrendo, após este horário, uma abrupta queda no mesmo e mantendo-se
essa tendência até às 19 h.
Figura 9 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em comparação com os
padrões da radiação solar global (Qg, em A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do
déficit de pressão de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de laranjeiras
‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia ensolarado
(dia Juliano 53) do mês de fevereiro de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio
(n=2)
Os padrões de variação diária entre o fluxo de seiva e a temperatura do ar
apresentaram-se com menor grau de concordância, sendo que a face oeste (Figura
Leste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
DPV
DFS
E
Oeste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
0
20
40
60
80
100
120
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
DPV
DFS
F
Leste
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
2,1
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
Qg
DFS
A
Oeste
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
2,4
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
20
40
60
80
100
120
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
B
Leste
16
18
20
22
24
26
28
30
0 4 8 12 16 20 24
Hora
TarC)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
Tar
DFS
C
Oeste
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
0 4 8 12 16 20 24
Hora
TarC)
0
20
40
60
80
100
120
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
Tar
DFS
D
66
9D) mostra-se bem mais concordante do que a leste (Figura 9C), tanto para o período
da manhã, quanto para o da tarde.
Quanto ao fluxo de seiva e déficit de pressão de vapor, a resposta dos seus
ciclos diários apresenta-se, para a face leste da copa (Figura 9E), bem mais
concordante do que a temperatura do ar (Figura 9C) e menos concordante do que a
da radiação solar global (Figura 9A). A defasagem entre o pico do fluxo de seiva e o
do déficit de pressão de vapor foi de 3 h, tendo os mesmos ocorridos às 11:30 h e
14:30 h, respectivamente. Para a face oeste (Figura 9F), verifica-se um ótimo
acoplamento entre os padrões de variação ao longo de todo o dia. O valor máximo do
déficit de pressão de vapor foi de 2,37 kPa, ocorrido às 15:30 h. Este foi superior ao
verificado para a face leste em cerca de 22%.
Para o dia nublado da avaliação realizada em fevereiro (dia Juliano 49), as
comparações dos padrões diários da densidade de fluxo de seiva com os das
variáveis ambientais avaliadas estão representadas na Figura 10. Observa-se que a
variação da densidade de fluxo de seiva da face leste da copa acompanha, de forma
bastante similar, a variação ocorrida na radiação solar ao longo do dia (Figura 10A),
enquanto que para a face oeste, essa similitude verificou-se somente para o período
da tarde, no qual houve uma acentuada redução na radiação solar em virtude da
presença de nuvens (Figura 10B). Nesse período, em ambas as faces, as variações
do fluxo de seiva foram moduladas pela disponibilidade de energia radiante. Os
valores máximos de densidade de fluxo de seiva foram de 82,64 g m
-2
30min
-1
, às
11:30 h, e de 95,71 g m
-2
30min
-1
, às 13 h, para as faces leste e oeste,
respectivamente. O pico da radiação solar foi às 13 h, em ambas as faces, cujos
valores alcançaram 1,61 MJ m
-2
30min
-1
, na face leste, e 1,64
MJ m
-2
30min
-1
, na face
oeste.
O padrão de temperatura do ar para a face leste da copa apresentou, de certa
forma, boa concordância com o do fluxo de seiva durante o período matutino,
passando a apresentar padrões discordantes no período da tarde (Figura 10C). Já
para a face oeste, observou-se uma visível resposta diferenciada entre ambos os
padrões, especialmente no período vespertino (Figura 10D).
67
Quanto ao padrão diário do déficit de pressão de vapor para o dia Juliano 49
(18/02/05), observou-se que a face oeste apresentou forte correlação com o fluxo de
seiva até por volta das 14 h, só voltando a exibirem bom correlacionamento a partir
das 17 h (Figura 10F). Já para a face leste (Figura 10E), observa-se que o
correlacionamento foi bem inferior quando comparado ao apresentado pela face oeste
da copa.
Figura 10 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em comparação com os
padrões da radiação solar global (Qg, em A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e do
déficit de pressão de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de laranjeiras
‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia nublado (dia
Juliano 49) do mês de fevereiro de 2005. Símbolos de DFS indicam valor médio (n=2)
Leste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
04812162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
A
Oeste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30min
-1)
Qg
DFS
B
Leste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
DPV
DFS
E
Oeste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
DPV
DFS
F
Leste
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
04812162024
Hora
TarC)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
Tar
DFS
C
Oeste
16
21
26
31
36
0 4 8 12 16 20 24
Hora
TarC)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
Tar
DFS
D
68
Em relação à comparação dos padrões entre a DFS e a radiação solar para o
dia ensolarado da avaliação de maio (dia Juliano 147), observa-se que a DFS da face
leste da copa acompanhou pari passu o aumento da radiação solar, apresentando um
aumento rápido e linear a partir das 8:30 h, atingindo o seu pico às 11 h, e cujo valor
foi de 70,90 g m
-2
30min
-1
. Já a irradiância apresentou valor máximo às 13 h,
alcançando 1,443 MJ 30min
-1
. Na parte da tarde, conforme o esperado, verificou-se
uma súbita redução na radiação global após as 14:30 h, enquanto a DFS se manteve
num ritmo gradual de decréscimo às 18 h (Figura 11A). Já para a face oeste, durante
o período matutino, observa-se um acentuado afastamento entre os padrões da DFS e
da radiação solar recebida pela copa, pois o rápido incremento que se verifica nesta
após as 10:30 h, não é acompanhado na mesma intensidade pela DFS. No período da
tarde também se verifica certa defasagem entre os padrões, pois enquanto a radiação
solar começou a decrescer após as 13 h (1,362 MJ 30min
-1
), a DFS só iniciou a
decrescer após as 15:30 h (88, 46 g m
-2
30min
-1
), porém, de forma acentuada,
atingindo valores mínimos no início da noite (Figura 11B).
69
Figura 11 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em comparação com os
padrões da radiação solar global (Qg, em A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e
do déficit de pressão de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um
dia ensolarado (dia Juliano 147) do mês de maio de 2005. Símbolos de DFS indicam
valor médio (n=2-3)
O padrão da temperatura do ar para a face leste da copa apresentou boa
concordância com a DFS durante o período da manhã, passando a apresentar
padrões menos concordantes no período da tarde, verificando-se uma redução mais
acentuada na DFS em relação às verificadas para a temperatura, a qual decresceu de
maneira lenta e gradual (Figura 11C). Já para a face oeste, durante a manhã, observa-
se um distanciamento entre os padrões, pois ocorre apenas um reduzido aumento na
DFS durante esse período, representando 42,3% do seu aumento total, enquanto se
verifica um incremento acentuado na temperatura, correspondente a 82,4% da
amplitude térmica do dia.
Leste
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
E
Oeste
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
F
Leste
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
A
Oeste
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
B
Leste
8
12
16
20
24
28
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Tar (°C)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
C
Oeste
8
13
18
23
28
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Tar (°C)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
D
70
Quanto ao padrão de variação do DPV para o dia ensolarado (27/05/05),
observou-se certa concordância com DFS para o período da manhã, na face leste,
porém, no período da tarde, os padrões apresentaram fraca concordância. No horário
em que a DFS apresentou valor máximo, às 11 h, o DPV se encontrava em 0,68 kPa,
só indo alcançar o seu pico às 14 h, cujo valor foi de 1,23 kPa (Figura 11E). Já para a
face oeste, observa-se uma ótima concordância entre a DFS e o DPV ao longo de
todo o dia. Para esta face, o DPV apresentou um ritmo contínuo e linear de aumento
desde o início da manhã até atingir o seu pico (1,26 kPa), às 14 h, mantendo-se
praticamente estacionário até às 15:30 h, quando, então, apresenta quedas
acentuadas até o final da tarde (Figura 11F).
As comparações dos padrões diários da DFS com os das variáveis ambientais
avaliadas durante o dia nublado de maio (dia Juliano 150) estão representadas na
Figura 12. Verifica-se que os padrões de variação diurna entre a DFS e a radiação
solar global para a face leste apresentaram-se discordantes durante todo o dia. As
oscilações na radiação solar ocorridas durante o dia não foram acompanhadas pela
DFS. Este seguiu crescente e de forma linear até às 14 h, cujo valor foi de 27,93 g m
-2
30min
-1
, apresentando uma queda seguida de novo aumento, porém esta oscilação foi
defasada da ocorrida na radiação solar (Figura 12A). Na face oeste também se
verificou padrões discordantes até às 15:30 h, quando, então, passaram a apresentar
padrões similares (Figura 12B).
Os padrões de variação entre a DFS e a temperatura do ar apresentaram boa
concordância tanto para a face leste, quanto para a face oeste (Figuras 12C,D). Para
o DPV também se verificou um bom relacionamento com a DFS, em ambas as faces
(Figuras 12E,F).
Na Figura 13 estão apresentadas as comparações dos padrões diários de DFS
com os das variáveis ambientais estudadas referentes ao dia ensolarado de agosto
(dia Juliano 240). Na face leste, durante o período da manhã, observa-se que o
aumento da DFS acompanhou em estreita relação ao aumento da radiação solar.
Percebe-se, também, no horário das 7 às 9 h, um aumento quase vertical da DFS em
resposta ao aumento da radiação solar.
71
Figura 12 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em comparação com os
padrões da radiação solar global (Qg, em A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e
do déficit de pressão de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante
um dia nublado (dia Juliano 150) do mês de maio de 2005. Símbolos de DFS
indicam valor médio (n=2-3)
No período da tarde, verifica-se o comportamento discrepante entre ambos,
uma vez que a radiação reduz-se drasticamente após as 14 h, enquanto a DFS
diminui de forma lenta e gradual até o início da noite (Figura 13A). Já para a face
oeste da copa, o comportamento de ambas se dá de forma inversa, ou seja, são
pouco concordantes durante a manhã, enquanto no período da tarde passam a
apresentar certa concordância após as 14 h (Figura 13B).
Leste
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
A
Oeste
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
-5
5
15
25
35
45
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
B
Leste
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
E
Oeste
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
F
Leste
16
17
18
19
20
21
22
23
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Tar (°C)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
C
Oeste
16
17
18
19
20
21
22
23
24
0 4 8 12162024
Hora
Tar (°C)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
D
72
Figura 13 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em comparação com os
padrões da radiação solar global (Qg, em A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e
do déficit de pressão de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um
dia ensolarado (dia Juliano 240) do mês de agosto de 2005. Símbolos de DFS
indicam valor médio (n=3)
Os padrões de variação diária entre DFS e a temperatura do ar apresentaram,
para a face leste, comportamento com certa semelhança durante o período da manhã,
porém, bem menor do que a verificada entre a DFS e a radiação solar para esse
Leste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
10
20
30
40
50
60
70
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
E
Oeste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
10
20
30
40
50
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
F
Leste
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
70
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
A
Oeste
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
9
18
27
36
45
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
B
Leste
16
20
24
28
32
0 4 8 12 16 20 24
Hora
TarC)
0
10
20
30
40
50
60
70
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
C
Oeste
15
20
25
30
35
40
0 4 8 12162024
Hora
Tar (°C)
0
10
20
30
40
50
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
D
73
mesmo período (Figuras 13C,A). À tarde, verificou-se um padrão diferenciado entre
ambos (Figura 13C). Para a face oeste, observa-se que houve uma alta concordância
entre os padrões durante praticamente todo o dia (Figura 13D). Ressalta-se que esse
foi um dia com temperaturas elevadas, o que pode ter causado uma maior influência
direta da temperatura na transpiração, além do seu efeito indireto, via DPV.
Em relação à DFS e DPV, os padrões dos seus ciclos diários, para a face leste
da copa, apresentaram-se bem defasados, sendo essa defasagem de cerca de quatro
horas. Enquanto o pico da DFS ocorreu às 12 h, o do DPV ocorreu só às 16 h (Figura
13E). Já para a face oeste, houve uma ótima concordância ao longo do dia (Figura
13F), porém, um pouco menor que a da temperatura (Figura 13D).
Para o dia nublado da avaliação realizada em agosto (dia Juliano 239), em
virtude da forte nebulosidade e da alta umidade do ar, não houve transpiração durante
o período da manhã (Figura 14). Desse modo, durante o período da tarde, para a face
leste, a maior concordância entre os padrões foi entre a DFS e o DPV (Figura 14E), e
a menor foi com a radiação solar (Figura 14A). Para a face oeste, a DFS apresentou
alta concordância com a temperatura do ar (Figura 14D), enquanto que com a
radiação solar e o DPV, a DFS apresentou um certo afastamento entre os padrões
(Figuras 14B,F).
Em relação à comparação dos padrões entre a DFS e a radiação solar para o
dia ensolarado da avaliação de dezembro (dia Juliano 348), observa-se que as
variações da DFS acompanharam as variações da radiação solar ao longo do dia,
para ambas as faces da copa (Figura 15A,B). Entre DFS e temperatura, a face oeste
mostrou boa semelhança entre os padrões ao longo do dia (Figura 15D), enquanto na
face leste, somente no período da manhã houve boa semelhança, havendo no período
da tarde um acentuado afastamento (Figura 15C). Para os padrões de variação entre
DPV e DFS, verificou-se, para a face oeste, uma concordância quase total entre
ambos ao longo de todo o dia (Figura 15F). Já na face leste, houve uma fraca
concordância (Figura 15E).
As comparações dos padrões diários da DFS com os das variáveis ambientais
avaliadas durante o dia nublado de dezembro (dia Juliano 345) estão apresentadas na
Figura 16. Verifica-se que houve uma elevada concordância da DFS com o DPV e a
74
temperatura em ambas as faces da copa, tanto no período da manhã, quanto no
período da tarde (Figuras 16C,D,E,F), sendo que o DPV, para a face oeste,
apresentou uma concordância perfeita (Figura 16F). Embora a DFS tenha tido um
bom acompanhamento das variações da radiação em ambas as faces (Figuras
16A,B), a concordância entre ambas foi menos pronunciada que as das outras duas
variáveis.
Figura 14 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em comparação com os
padrões da radiação solar global (Qg, em A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e
do déficit de pressão de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um
dia nublado (dia Juliano 239) do mês de agosto de 2005. Símbolos de DFS indicam
valor médio (n=3)
Leste
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
A
Oeste
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
B
Leste
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
E
Oeste
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
F
Leste
14
15
16
17
18
19
20
21
22
0 4 8 12162024
Hora
Tar (°C)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
C
Oeste
14
16
18
20
22
24
26
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Tar (°C)
0
5
10
15
20
25
30
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
D
75
Figura 15 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em comparação com os
padrões da radiação solar global (Qg, em A,B), da temperatura do ar (Tar, em C,D) e
do déficit de pressão de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da copa de
laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um
dia ensolarado (dia Juliano 348) do mês de dezembro de 2005. Símbolos de DFS
indicam valor médio (n=2-3)
Leste
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
E
Oeste
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
0 4 8 12162024
Hora
DPV (kPa)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
F
Leste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 4 8 12162024
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
A
Oeste
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
B
Leste
16
18
20
22
24
26
28
30
04812162024
Hora
TarC)
0
20
40
60
80
100
DFS (g m
-2
30m in
-1
)
Tar
DFS
C
Oeste
16
18
20
22
24
26
28
30
32
0 4 8 12162024
Hora
Tar (°C)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
D
76
Figura 16 - Padrão diário da densidade de fluxo de seiva (DFS, em A-F) em comparação com
os padrões da radiação solar global (Qg, em A,B), da temperatura do ar (Tar, em
C,D) e do déficit de pressão de vapor (DPV, em E,F) nas faces leste e oeste da
copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação,
durante um dia nublado (dia Juliano 345) do mês de dezembro de 2005. Símbolos
de DFS indicam valor médio (n=2-3)
2.3.5 Variação da transpiração das faces leste e oeste da copa em períodos diário,
matutino e vespertino
Os valores integrados da DFS em cada face da copa para os dias de céu claro
e os dias nublados estão apresentados na Figura 17. Analisando-se os dias
ensolarados, na avaliação de fevereiro (verão) a face oeste transpirou mais que a face
Leste
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
10
20
30
40
50
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
A
Oeste
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Qg (MJ m
-2
30min
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Qg
DFS
B
Leste
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
0
10
20
30
40
50
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
E
Oeste
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 4 8 12 16 20 24
Hora
DPV (kPa)
0
10
20
30
40
50
60
DFS (g m
-2
30min
-1
)
DPV
DFS
F
Leste
17
20
23
26
04812162024
Hora
Tar (°C)
0
10
20
30
40
50
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
C
Oeste
17
20
23
26
0 4 8 12 16 20 24
Hora
Tar (°C)
0
10
20
30
40
50
60
DFS (g m
-2
30min
-1
)
Tar
DFS
D
77
leste em cerca de 34%. Esta época também foi a que apresentou os maiores valores
de transpiração, os quais alcançaram 1055,8 e 1417,9 g m
-2
d
-1
, nas faces leste e
oeste, respectivamente (Figura 17A). No outono (maio), ambas as faces apresentaram
valores semelhantes de transpiração, atingindo 881,4 g m
-2
d
-1
, na face leste, e 899,1
g m
-2
d
-1
, na face oeste (Figura 17B). Verifica-se, ainda, que houve uma redução
acentuada na transpiração quando comparada à época de maior transpiração (verão),
redução esta que correspondeu a cerca de 28%, em termos de média das faces. Já
em agosto (inverno), a transpiração do lado leste da copa foi superior em cerca de
53% à do lado oeste, cujos valores foram, respectivamente, 952,1 e 621,6 g m
-2
d
-1
(Figura 17C). Considerando a média das faces, o inverno foi a estação em que
ocorreu a menor transpiração, e correspondeu a cerca de 64% da registrada no verão
(fevereiro). Em dezembro (final da primavera), verificou-se também maior transpiração
da face leste da copa em relação à oeste, sendo essa superioridade de
aproximadamente 37%. Os valores de transpiração registrados para as faces leste e
oeste foram, respectivamente, 1354,1 e 975,1 g m
-2
d
-1
(Figura 17D). Vale ressaltar,
ainda, que a transpiração média nesta época voltou a elevar-se, atingindo patamares
próximos aos verificados em fevereiro. Em outras palavras, a transpiração média na
primavera foi inferior em 6% apenas quando comparada à ocorrida no verão
78
Figura 17 - Total diário da densidade de fluxo de seiva (DFS) das faces leste e oeste da
copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem
irrigação, durante um dia ensolarado e um dia nublado dos meses de
fevereiro, maio, agosto e dezembro de 2005. Barras indicam o valor médio
(n=2-3) ± erro padrão
FEV
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Ensolarado Nublado
Dia
DFS (g m
-2
d
-1
)
LESTE
OESTE
A
MAI
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Ensolarado Nublado
Dia
DFS (g m
-2
d
-1
)
LESTE
OESTE
B
AG O
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Ensolarado Nublado
Dia
DFS (g m
-2
d
-1
)
LESTE
OESTE
C
DEZ
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Ensolarado Nublado
Dia
DFS (g m
-2
d
-1
)
LESTE
OESTE
D
79
No tocante aos dias nublados, as diferenças entre os valores de transpiração
de cada face foram bem menos acentuadas. Estas corresponderam a cerca de 7, 20,
10 e 20% para os meses de fevereiro, maio, agosto e dezembro, respectivamente
(Figura 17). É importante atentar para o fato dos valores de transpiração da face leste
do dia ensolarado e nublado, na época do verão (fevereiro), ter sido praticamente
idênticos (Figura 17A). Isto é explicado pelo fato do dia nublado, com menor valor
integrado de radiação solar dentre os dias avaliados em fevereiro, só ter apresentado
nebulosidade praticamente no período da tarde, o que permitiu que a face leste
recebesse os níveis normais de radiação durante a manhã. Adicionalmente, o valor
integrado da radiação deste dia foi inferior apenas em 25% ao do dia ensolarado.
Com o intuito de verificar a partição da transpiração de cada face entre os
turnos da manhã e tarde, realizou-se a integração dos valores da DFS antes e após o
meio-dia, expressando-os em termos de percentuais para uma melhor percepção da
mesma (Figura 18). De uma maneira geral, para os dias ensolarados, a face leste
apresentou uma distribuição mais equânime entre os turnos, notadamente para o
verão (fevereiro), outono (maio) e inverno (agosto). No outono, a transpiração ocorrida
após o meio-dia representou cerca de 55%, enquanto na primavera, foi o período
antes do meio-dia que apresentou o maior percentual de transpiração, com cerca de
56% (Figura 18A,D).
80
Figura 18 - Distribuição percentual da densidade de fluxo de seiva (DFS), antes e após o
meio-dia, das faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições
de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia ensolarado (A-D) e um dia
nublado (E-H) dos meses de fevereiro, maio, agosto e dezembro de 2005
Por sua vez, na face oeste, em qualquer época avaliada, observa-se
claramente o predomínio da transpiração após o meio-dia, em especial no verão
(fevereiro) e outono (maio), quando chegaram , respectivamente, a cerca de 78 e 85%
do total transpirado por esta face. Em agosto (inverno), a transpiração no período da
tarde representou 69%, enquanto em dezembro (final da primavera), foi ao redor de
FEV
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Leste Oeste
Face da copa
DFS (%
)
Manhã
Tarde
A
MAI
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Leste Oeste
Face d a co pa
DFS (%)
Manhã
Tarde
B
AGO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Leste Oeste
Face d a co pa
DFS (%)
Manhã
Tarde
C
DEZ
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Leste Oeste
Face da copa
DFS (%)
Manhã
Tarde
D
FEV
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Leste Oeste
Face da copa
DFS (%
)
Manhã
Tarde
E
MAI
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Leste Oeste
Face da copa
DFS (%)
Manhã
Tarde
F
AGO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Leste Oeste
Face d a co pa
DFS (%
)
Man hã
Tarde
G
DEZ
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Leste Oeste
Face da copa
DFS (%
)
Manhã
Tarde
H
81
66% (Figura 18A,D). Em termos gerais, pode-se dizer que cerca de 70 a 80% da
transpiração da face oeste ocorre após o meio-dia.
Em dias nublados (Figura 18E-H), tanto na face leste, quanto na face oeste da
copa, a transpiração quase que exclusivamente se deu após o meio-dia, sendo que
nos dias de intensa nebulosidade (maio e agosto), cerca de 90% da perda total de
água da planta ocorreu no período da tarde. Isso vem reforçar mais uma vez a
importante contribuição que a conjugação dos fatores ambientais que se verificam
após o meio-dia exerce sobre o total de água transpirada pela planta durante o dia.
Realizando-se agora a análise para a partição do total de água transpirado pela
planta (Figura 19), ou seja, do somatório da transpiração ocorrida em cada face da
copa, verifica-se que a participação do período da tarde variou entre 55%, em
dezembro, e 70%, em maio, para dias ensolarados. Em média, o período da tarde foi
responsável por cerca de 62% do total transpirado pelas plantas de laranjeiras. Nos
dias nublados, a participação do período vespertino na transpiração total foi bem mais
relevante, e variou entre 55%, em fevereiro, e 91%, em agosto.
Na Figura 20 estão apresentados os valores integrados da DFS de cada face
da copa, em base diária, por um período de seis a sete dias consecutivos durante as
quatro épocas avaliadas, bem como as suas respectivas médias. Durante o período
do verão, os valores de transpiração da face oeste superaram os da face leste em
todos os dias. Essa transpiração mais elevada, em termos percentuais variou entre
2,1%, para o dia Juliano 48, e 41,6%, para o dia Juliano 52. Em termos de média, a
face oeste diferiu significativamente (p<0,01) da face leste (Figura 20A), e os seus
valores foram, respectivamente, 1278,08 e 1070,72 g m
-2
d
-1
.
No outono, não houve diferença significativa (p>0,05) entre as médias das
faces, cujos valores foram de 785,17 e 830,72 g m
-2
d
-1
para as faces leste e oeste,
respectivamente (Figura 20B).
,
82
Figura 19 - Distribuição percentual do somatório da densidade de fluxo de seiva das faces leste
e oeste da copa (DFS Total), antes e após o meio-dia, de laranjeiras ‘Valência’ em
condições de campo, conduzidas sem irrigação, durante um dia ensolarado e um dia
nublado dos meses de fevereiro, maio, agosto e dezembro de 2005
O período do inverno apresentou resposta inversa à observada no verão, ou
seja, a transpiração na face leste foi bem mais intensa que a da face oeste para todos
os dias avaliados. Percentualmente, a diferença entre as faces variou de 10,5%, no
dia Juliano 239, e 61,7%, no dia 244 (Figura 20C). A transpiração média da face leste
diferiu significativamente (p<0,05) da ocorrida na face oeste, cujos valores foram,
respectivamente, 795,89 e 531,30 g m
-2
d
-1
.
Para a avaliação realizada no final da primavera, a face leste da copa também
apresentou transpiração média maior (p<0,05) do que a da face oeste (Figura 20D).
Essa superioridade variou entre 19,6 e 57,2%, registradas, respectivamente, nos dias
Juliano 345 e 343. Os valores médios foram de 1142,30 e 854,05 g m
-2
d
-1
para as
faces leste e oeste, respectivamente.
FEV
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Ensolarado Nublado
Dia
DFS Total (% )
Man hã
Tarde
A
AGO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Ensolarado Nublado
Dia
DFS Total (%
)
Man hã
Tarde
C
MAI
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Ensolarado Nublado
Dia
DFS Total (% )
Man hã
Tarde
B
DEZ
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Ensolarado Nublado
Dia
DFS Total (% )
Man hã
Tarde
D
83
Figura 20 - Total diário da densidade de fluxo de seiva (DFS) das faces leste e oeste da copa
de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação,
durante o período de avaliação nos meses de fevereiro (A), maio (B), agosto (C)
e dezembro (D) de 2005, e suas respectivas médias. Barras indicam o valor
médio (n=2-3) ± erro padrão. Letras distintas, nas colunas de ‘Média’,
representam diferenças significativas pelo teste-t (p<0,05)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
47 48 49 50 51 52 53 Média
Dia Juliano
DFS (g m
-2
d
-1
)
LESTE OESTE
a
b
A
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
147 148 149 150 151 152 153 Média
Dia Juliano
DFS (g m
-2
d
-1
)
aa
B
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
239 240 241 242 243 244 Média
Dia Juliano
DFS (g m
-2
d
-1
)
a
b
C
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
343 344 345 346 347 348 Média
Dia Juliano
DFS (g m
-2
d
-1
)
a
b
D
84
Considerando-se os valores de transpiração diária verificados neste trabalho,
pode-se inferir que os mesmos encontram-se dentro da magnitude esperada para
citros. Em trabalhos realizados por Marin et al. (2001b, 2002) com limeira ácida ‘Tahiti’
irrigada, em Piracicaba (SP), os valores variaram de 290 a 1320 g m
-2
d
-1
, no verão, e
de 260 a 630 g m
-2
d
-1
, no inverno. Vellame (2007), em plantas jovens de laranjeira em
ambiente protegido, relatou que a transpiração diária variou de 400 a 1350 g m
-2
d
-1
.
Simões (2007), em trabalho conduzido no Norte de Minas Gerais, com limeira ácida
‘Tahiti’ irrigada e no qual foi avaliada a DFS nas faces leste, oeste, norte e sul,
obtiveram valores de transpiração diária das faces variando de 252 a 874 g m
-2
d
-1
, na
floração, e de 420 a 1300 g m
-2
d
-1
, na frutificação.
Ao longo do ano, verificou-se que a transpiração decresceu do verão para o
inverno, voltando a aumentar na primavera. Este fato também foi verificado em outros
trabalhos com citros irrigados (ANGELOCCI et al., 2004; RIBEIRO, 2006), nos quais a
transpiração foi estimada por meio de medidas de trocas gasosas. O acentuado
decréscimo da transpiração no inverno está associado às limitações da abertura
estomática em conseqüência do elevado DPV (baixa umidade do ar) (ANGELOCCi et
al., 2004) e das baixas temperaturas do solo e do ar (MARIN et al., 2001b; RIBEIRO,
2006).
2.3.6 Regressão multilinear de DFS para as faces leste e oeste da copa
Para a associação das mensurações de DFS com as variáveis climáticas
radiação solar global, temperatura do ar e déficit de pressão de vapor (DPV), nos dias
ensolarados e nublados avaliados, utilizou-se a análise de regressão multilinear do
tipo “stepwise”, cujos resultados encontram-se nas Tabelas 2 e 3. Para os dias
ensolarados, na face leste da copa, a radiação global foi a variável climática que
apresentou maior poder de explicação na variação da DFS, para todos as épocas
avaliadas. O seu coeficiente de determinação variou de cerca de 70%, em maio, a
78%, em fevereiro. Embora as outras duas variáveis tenham tido participação
significativa nos modelos, os seus percentuais de contribuição para a explicação da
variação de DFS foram muito pequenos, geralmente abaixo dos 9%. Na face oeste,
85
houve uma forte associação do DPV com a DFS, pois a sua influência na variação
total de DFS foi ao redor de 90%, em todas as épocas, exceto para a avaliação de
agosto, que em virtude das altas temperaturas registradas neste dia, houve uma forte
associação desta com a DFS (Tabela 2).
Uma possível explicação para o fato da radiação global ter sido a variável mais
correlacionada com a DFS na face leste e o DPV a que melhor se correlacionou com
a DFS na face oeste, nos dias ensolarados, é que, provavelmente, a radiação solar
sofre uma variação maior na face leste, no período da manhã, e tem uma amplitude
de variação que vai desde valores ainda bem abaixo da saturação para a abertura
estomática até valores acima da saturação, enquanto, à tarde, ela, em média,
atingiu esses valores saturantes, não tendo mais efeito sobre a abertura estomática.
Quanto ao efeito do DPV, parece, pela observação das Figuras 9, 11, 13 e 15, que ele
não se diferenciou tanto entre as duas faces, mas como se faz a análise “stepwise”, o
que reflete bastante é a proporção de efeito de cada variável. Um problema da análise
de regressão utilizada é que há uma grande covariância entre as variáveis,
dificultando as explicações.
Contudo, mesmo havendo multicolinearidade entre as variáveis, Ogutunde,
Giesen e Savenije (2007), na África, estudaram a modelagem da condutância da copa
de citros com base na transpiração estimada pelo fluxo de seiva, utilizando-se de um
modelo de regressão multilinear e um não-linear (modelo de Jarvis ou multiplicativo).
As variáveis ambientais utilizadas foram radiação solar global, temperatura do ar e
DPV. Para o modelo multilinear, o DPV apresentou o mesmo poder de explicação, e
com menores erros nos parâmetros, que o modelo completo, cujo R
2
foi de 79,7%. No
modelo não-linear, o DPV apresentou R
2
de 78,6%, enquanto o completo o R
2
foi de
82,4%. Os autores concluíram que ambos os modelos são capazes de descrever a
resposta fisiológica da copa de laranjeiras às condições ambientais prevalecentes em
clima tropicais subúmidos.
Teixeira Filho (2005), trabalhando com laranjeira ‘Pêra’ em
evapotranspirômetros nas condições de Campinas, utilizou um modelo polinomial
quadrático para as variáveis radiação solar global, radiação fotossinteticamente ativa
e DPV em diferentes faixas de Ψ
A
,
e reportou que a transpiração se correlacionou
86
melhor com o DPV até à faixa de Ψ
A
de -0,5 a -3,0 MPa, com R
2
variando de 65 a
72%.
Nos dias nublados, a variável climática que praticamente influenciou na DFS,
independentemente da face da copa, foi a temperatura do ar, exceto para as
avaliações de fevereiro e agosto, na face leste. Em fevereiro, por ter apresentado céu
claro durante a manhã do dia avaliado, foi a radiação que melhor se relacionou com a
DFS, com R
2
de aproximadamente 88%. Em agosto, época de acentuada demanda
evaporativa do ar, foi o DPV que se relacionou com a DFS, com alto valor de R
2
(~97%) (Tabela 3).
Tabela 2 - Coeficientes de regressão, coeficientes de determinações parcial e acumulado (em %), probabilidade (P) e número de dados (N)
utilizados na análise de regressão múltipla stepwise para as faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ nos dias
ensolarados avaliados (dias Julianos 53, 147, 240 e 348 de 2005)
Variável Coeficiente R
2
Parcial R
2
Acumulado P N Variável Coeficiente R
2
Parcial R
2
Acumulado P N
----------------------------Fevereiro Leste---------------------------- ---------------------------Fevereiro Oeste----------------------------
Qg 11,23 77,86 77,86 ** 26 DPV 33,79 91,88 91,88 ** 26
Tar 17,45 4,97 82,83 ** 26 Qg 9,98 2,83 94,71 ** 26
DPV -95,92 7,77 90,60 ** 26 Constante -1,93 ns
Constante -301,02 **
-------------------------------Maio Leste------------------------------- ------------------------------Maio Oeste-------------------------------
Qg 21,71 69,56 69,56 ** 22 DPV 69,63 90,62 90,62 ** 22
Tar 2,32 17,34 86,90 ** 22 Constante -9,36 *
Constante -24,62
------------------------------Agosto Leste----------------------------- -----------------------------Agosto Oeste------------------------------
Qg 14,37 74,68 74,68 * 24 Tar 1,51 88,48 88,48 ** 24
Tar 9,15 4,33 79,01 * 24 Qg 6,16 3,49 91,97 ** 24
DPV -48,35 5,10 84,11 * 24 Constante -20,89 **
Constante -131,48 *
----------------------------Dezembro Leste--------------------------- ----------------------------Dezembro Oeste---------------------------
Qg 33,25 73,61 73,61 ** 28 DPV 53,39 90,57 90,57 ** 28
DPV 18,11 8,81 82,42 * 28 Qg 13,22 4,61 95,18 ** 28
Constante 5,40 ns Tar -3,16 0,94 96,12 * 28
Constante 48,01 *
* = significativo a 5% de probabilidade ** = significativo a 1% de probabilidade
ns = não significativo
87
Tabela 3 - Coeficientes de regressão, coeficientes de determinações parcial e acumulado (em %), probabilidade (P) e número de dados (N)
utilizados na análise de regressão múltipla stepwise para as faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ nos dias nublados
avaliados (dias Julianos 49, 150, 239 e 345 de 2005)
Variável Coeficiente R
2
Parcial R
2
Acumulado P N Variável Coeficiente R
2
Parcial R
2
Acumulado P N
----------------------------Fevereiro Leste---------------------------- ---------------------------Fevereiro Oeste----------------------------
Qg 43,79 88,56 88,56 ** 26 Tar 3,68 68,59 68,59 ** 26
Constante
13,75 ** Qg 20,14 14,01 82,60 ** 26
Constante
-68,75 **
-------------------------------Maio Leste------------------------------- ------------------------------Maio Oeste-------------------------------
Tar 4,74
92,93 92,93
** 22 Tar
4,95 88,87 88,87
** 22
Constante
-81,71
**
Constante -83,34
**
------------------------------Agosto Leste----------------------------- -----------------------------Agosto Oeste------------------------------
DPV
49,78 97,30 97,30
** 24 Tar
2,72 92,40 92,40
** 24
Constante -0,93
ns Qg
7,17
1,30
93,70
* 24
Constante -43,67
**
----------------------------Dezembro Leste--------------------------- ----------------------------Dezembro Oeste---------------------------
Tar
7,78
93,11
93,11
** 28 Tar
7,05 97,16 97,16
** 28
Constante -144,51
**
Constante -133,81
**
* = significativo a 5% de probabilidade ** = significativo a 1% de probabilidade
ns = não significativo
88
89
2.3.7 Variação da transpiração instantânea e da condutância estomática das faces
leste e oeste da copa
A Figura 21 apresenta a variação diurna da transpiração instantânea (E) e da
condutância estomática (g
s
) nas faces leste e oeste da copa, durante o período
experimental. Em fevereiro (dia Juliano 48), na face leste, E e g
s
aumentaram
rapidamente logo no início da manhã, ambas atingindo os seus valores máximos, 2,7
mmol m
-2
s
-1
e 0,18 mol m
-2
s
-1
, respectivamente, já por volta das 7:30 h, enquanto na
face oeste, ainda sombreada (Figura 22E), os valores são praticamente nulos (Figura
22A,E). Verifica-se, pois, a rápida e forte influência do aumento de DFFF na abertura
estomática, principalmente em condições não-limitantes dos fatores ambientais, como
parece ser este o caso. Em fevereiro, estação quente e chuvosa, as plantas
encontravam-se bem hidratadas (Figura 4A), e os valores de DFFF, DPV
folha-ar
e T
f
no
horário de máxima abertura estomática do dia (7:30 h) eram de 600 μmol m
-2
s
-1
, 1,5
kPa e 28,8°C, respectivamente (Figura 22A,E). Na literatura reporta-se que os
estômatos respondem ao aumento de DFFF até valores próximos a 600 μmol m
-2
s
-1
,
quando apresentariam sua máxima abertura. Em outras palavras, este seria o ponto
de saturação luminosa da abertura estomática (VU; YELENOSKY; BAUSHER, 1986;
MACHADO et al., 2005). Em seguida, às 8:20 h, observa-se uma queda acentuada
em g
s
e menos intensa em E, provavelmente devido ao aumento do DPV
folha-ar
, que
neste horário já se encontrava em 2,2 kPa (Figura 22A), induzindo a uma redução na
abertura estomática e na transpiração (Figura 21A,E). Essa redução em g
s
para a face
leste continua de forma praticamente linear até ao meio-dia, quando atinge valor
próximo aonimo, verificando-se, também, queda acentuada na transpiração nesse
horário. Paralelamente a isso, na face oeste, observa-se um aumento linear no
DPV
folha-ar
até atingir o seu ponto máximo, às 12 h (3,6 kPa). Isso indica que os
estômatos da face leste estão exercendo um estreito controle da abertura estomática
em resposta ao aumento da demanda evaporativa do ambiente, evitando, assim, a
desidratação excessiva desta face.
90
Figura 21 - Variação diurna da transpiração (E) e da condutância estomática (g
s
) medidas nas
faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo,
conduzidas sem irrigação, nos meses de fevereiro (dia Juliano 48, em A,E), junho
(dia Juliano 153, em B,F), agosto (dia Juliano 242, em C,G) e dezembro (dia Juliano
344, em D,H) de 2005. Símbolos indicam valor médio (n=5) ± erro padrão
Fevereiro
0
1
2
3
4
5
6 8 10 12 14 16 18
Hora
E (mmol m
-2
s
-1
)
Leste
Oeste
A
Fevereiro
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
6 8 10 12 14 16 18
Hora
g
s
(mol m
-2
s
-1
)
Leste
Oeste
E
Junho
0
1
2
3
4
5
6 8 10 12 14 16 18
Hora
E (mmol m
-2
s
-1
)
Leste
Oeste
B
Junho
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
6 8 10 12 14 16 18
Hora
g
s
(mol m
-2
s
-1
)
Leste
Oeste
F
Agosto
0
1
2
3
4
5
6 8 10 12 14 16 18
Hora
E (mmol m
-2
s
-1
)
Leste
Oeste
C
Agosto
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
6 8 10 12 14 16 18
Hora
g
s
(mol m
-2
s
-1
)
Leste
Oeste
G
Dezembro
0
1
2
3
4
5
6 8 10 12 14 16 18
Hora
E (mmol m
-2
s
-1
)
Leste
Oeste
D
Dezembro
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
6 8 10 12 14 16 18
Hora
g
s
(mol m
-2
s
-1
)
Leste
Oeste
H
91
Figura 22 - Variação diurna da diferença de pressão de vapor folha-ar (DPV
folha-ar
), da
densidade de fluxo de fótons fotossintéticos (DFFF) e da temperatura foliar (T
f
)
medidas nas faces leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições
de campo, conduzidas sem irrigação, nos meses de fevereiro (dia Juliano 48, em
A,E), junho (dia Juliano 153, em B,F), agosto (dia Juliano 242, em C,G) e
dezembro (dia Juliano 344, em D,H) de 2005. Símbolos indicam valor médio
(n=5) ± erro padrão
Em fevereiro, ocorreu também um fato interessante que exemplifica a
resposta diferenciada dos estômatos entre as faces leste e oeste da copa às
Fevereiro
0
1
2
3
4
5
6 8 10 12 14 16 18
Hora
DPV
folha-ar
(kPa)
Leste
Oeste
A
Junho
0
1
2
3
4
5
6 8 10 12 14 16 18
Hora
DPV
folha-ar
(kPa)
Leste
Oeste
B
Agosto
0
1
2
3
4
5
6 8 10 12 14 16 18
Hora
DPV
folha-ar
(kPa)
Leste
Oeste
C
Dezembro
0
1
2
3
4
5
6 8 10 12 14 16 18
Hora
DPV
folha-ar
(kPa)
Leste
Oeste
D
Fevereiro
0
10
20
30
40
6 8 10 12 14 16 18
Hora
T
f
(°C)
0
400
800
1200
1600
2000
DFFF (μmol m
-2
s
-1
)
Tf Leste
Tf Oeste
DFFF Les te
DFFF Oes te
E
Junho
0
10
20
30
40
6 8 10 12 14 16 18
Hora
T
f
(°C)
0
400
800
1200
1600
2000
DFFF (μmol m
-2
s
-1
)
Tf Leste
Tf Oeste
DFFF Leste
DFFF Oeste
F
Agosto
0
10
20
30
40
6 8 10 12 14 16 18
Hora
T
f
(°C)
0
400
800
1200
1600
2000
DFFF (μmol m
-2
s
-1
)
Tf Leste
Tf Oeste
DFFF Les te
DFFF Oes te
G
Dezembro
0
10
20
30
40
6 8 10 12 14 16 18
Hora
T
f
(°C)
0
400
800
1200
1600
2000
DFFF (μmol m
-2
s
-1
)
Tf Leste
Tf Oeste
DFFF Leste
DFFF Oeste
H
92
mesmas condições pontuais do ambiente. Conforme discutido acima, observa-se
que a face leste apresentou o fenômeno fisiológico conhecido como “depressão
do meio-dia”, o qual é caracterizado pela redução da condutância estomática às
12 h em decorrência da alta demanda evaporativa atmosférica que geralmente
se verifica nesse horário. Essa redução na abertura estomática causou uma
queda acentuada na transpiração da face leste, enquanto que a face oeste
continuou a transpirar a taxas três vezes superiores. As condições ambientais
nesse horário, em ambas as faces, eram bem similares (Figura 22A,E). Esse fato
pode ser explicado pela responsividade diferenciada entre os estômatos de cada
face aos fatores ambientais previamente experenciados. De outra forma: os
estômatos da face leste, desde o início da manhã estão sendo submetidos a
níveis crescentes de radiação solar direta, enquanto que os da face oeste estão
à sombra até por volta das 11 h. Isso faz com que essa face experiencie
condições mais amenas de temperatura foliar e, consequentemente, de DPV
folha-
ar
do que a face leste, à qual é exigida a manter, cada vez mais, um controle
mais sensível ao aumento das condições adversas do ambiente.
A depressão do meio-dia é um fenômeno típico em citros, e mesmo sob
condições de boa disponibilidade hídrica no solo, a condutância estomática pode
ser reduzida em função da alta demanda evaporativa decorrente do aumento no
DPV (SINCLAIR; ALLEN JUNIOR, 1982; VU; YELENOSKY, 1988; SYVERTSEN;
LLOYD, 1994; MEDINA; MACHADO; GOMES, 1999). Tyree e Sperry (1988)
sugerem que a diminuição da condutância estomática ao meio-dia, em algumas
espécies de planta, estaria relacionada à prevenção da disfunção do xilema, pois
a água nos vasos do xilema está sob tensão, ou seja, o potencial de pressão do
xilema é negativo. Esta tensão aumenta à medida que a umidade do solo
decresce e/ou a transpiração aumenta, o que poderia levar à cavitação e embolia
da coluna de água no xilema. O ácido abscísico também pode estar envolvido
nesse processo, pois Burschka, Tenhunen e Hartung (1985) detectaram aumento
do conteúdo de ABA, ao meio-dia, em folhas de Arbutus unedo.
Em junho (dia Juliano 153), na face leste, verifica-se também, no início da
manhã, o rápido aumento na condutância estomática induzido pelo aumento em
93
DFFF, ocorrendo uma queda acentuada às 9 h, e voltando a aumentar às 10 h,
quando atinge o seu valor máximo, de 0,16 mol m
-2
s
-1
. A partir daí se mantém
praticamente estabilizada até por volta das 14 h, decaindo rápida e linearmente
até o entardecer (Figura 21F). A oscilação em g
s
no período da manhã foi em
decorrência da presença de nuvens, que promoveu uma queda em DFFF de 840
μmol m
-2
s
-1
, às 8:10 h, para 440 μmol m
-2
s
-1
, às 9 h, e retornando a aumentar
até por volta das 11 h, com um valor máximo de 1400 μmol m
-2
s
-1
(Figura 22F).
Na face oeste, g
s
aumenta gradualmente até por volta das 11 h (0,16 mol m
-2
s
-1
),
mantendo-se nesse patamar até às 13:30 h, ocorrendo, em seguida, um
acentuado aumento às 14 h (0,22 mol m
-2
s
-1
), ocasião em que alcança o valor
máximo registrado no dia. Em seguida, decresce de forma linear e acentuada até
o final da tarde (Figura 21F). Vale ressaltar que durante a maior parte do dia, em
ambas as faces, os valores de gs se mantiveram elevados, indicando que as
condições ambientais foram favoráveis ou pouco limitantes à abertura
estomática. De fato, verifica-se que ao longo do dia a T
f
situou-se praticamente
entre 20 e 30°C, o DPV
folha-ar
entre 1 e 2 kPa, e o DFFF não ultrapassou os 1400
μmol m
-2
s
-1
(Figura 22B,F), como também as plantas se encontravam bem
hidratadas (Figura 4A). Assim, a transpiração máxima em junho
(3,8 mmol m
-2
s
-1
) chega a superar o valor máximo do registrado em fevereiro
(Figura 21A,B), que foi de alta demanda atmosférica (4,6 kPa) e T
f
elevadas
(40°C) (Figura 22A,E). Mesmo com o menor fotoperíodo em relação a fevereiro,
a transpiração diária das faces foi bastante semelhante entre essas duas épocas
(Figura 23).
Em agosto (dia Juliano 242) há um decréscimo bastante acentuado em E
e g
s
, não alcançando mais do que 1,6 mmol m
-2
s
-1
e 0,06 mol m
-2
s
-1
,
respectivamente. As diferenças entre os valores das faces leste e oeste são
muito pouco evidenciadas, e com um padrão praticamente estável ao longo do
dia (Figura 21C,G). Numa análise comparativa com a avaliação realizada em
fevereiro, pode-se perceber certa semelhança para DPV
folha-ar
, T
f
e níveis de
saturação luminosa de DFFF. Nessas duas épocas, o padrão do DPV
folha-ar
apresenta-se de forma crescente e linear até o meio-dia, e decaindo linearmente
94
com a mesma inclinação da subida, exceto para a face oeste de fevereiro, que
apresenta uma leve diferença desse padrão. Os valores máximos de DPV
folha-ar
são idênticos: 4,6 kPa (Figura 22A,E). A T
f
exibe também padrões semelhantes e
com variações entre 20 e 40°C, em fevereiro, e entre 22,5 e 37,5°C, em agosto.
Níveis de DFFF acima de 600 μmol m
-2
s
-1
, se verificam desde as 8 h até por
volta das 15 h, em ambos os dias (Figura 22E,G). No entanto, em fevereiro,
observa-se altos valores de E e g
s
, indicando que a alta demanda atmosférica
não está sendo o fator preponderante na restrição estomática em agosto. Poder-
se-ia, então, supor que a deficiência hídrica do solo que ocorre nesta época
(Figuras 3 e 4) é que seria o fator limitante da abertura estomática. Entretanto,
Ribeiro (2006) constatou, em trabalho realizado com laranjeiras ‘Valência’ com e
sem irrigação na região de Cordeirópolis, que não houve efeito da irrigação no
aumento de g
s
ao longo do dia durante o período de menor disponibilidade
hídrica do solo. Angelocci et al. (2004), em experimento conduzido em Piracicaba
com limeira ácida ‘Tahiti’ irrigada, reportaram que a menor condutância foliar à
difusão de vapor ocorreu em agosto. Machado et al. (2002), trabalhando com
laranjeiras ‘Valência’ enxertadas em quatro espécies de porta-enxerto, também
relataram redução acentuada de g
s
durante o inverno, mesmo em plantas
irrigadas. Comportamento semelhante também foi verificado para cafeeiro em
condição de campo (BARROS et al., 1997). Portanto, a deficiência hídrica do
solo também não estaria limitando a condutância estomática em agosto.
Embora a avaliação de agosto tenha apresentado médias decendiais de
temperaturas mínima, média e máxima do ar bem próximas às de fevereiro
(Figura 2A), observa-se que nos nove decêndios anteriores, as médias de
temperaturas mínimas do ar e do solo a 5 cm de profundidade, situaram-se
abaixo dos 15°C (Figura 2A, B). Portanto, essa exposição prolongada às baixas
temperaturas do ar e do solo estaria limitando a abertura estomática. Ao que
parece, esse efeito inibidor ainda levaria um certo tempo a desaparecer, após as
plantas voltarem a experienciar condições de temperatura mais elevadas, como
foi o presente caso.
95
Em dezembro (dia Juliano 344), a face oeste apresentou valores de E e g
s
superiores aos da face leste durante todo o período da manhã (Figura 21D,H).
Este comportamento inverso ao esperado pode ser atribuído ao fato de que
houve uma acentuada redução de DFFF em virtude de nebulosidade ao longo do
período matutino (Figura 22H). Esse fato, juntamente com o relativamente baixo
DPV
folha-ar
durante a manhã, abaixo de 2 kPa, e da T
f
entre 25 e 31°C (Figura
22D,H) nesse período, favoreceram aos altos valores de gs durante a manhã
(Figura 21H). Após o meio-dia, o retorno de DFFF aos seus níveis normais de
radiação promove aumentos expressivos na T
f
e no DPV
folha-ar
(Figura 22D,H),
provocando um acentuado aumento na transpiração até por volta das 14 h
(Figura 21D). Em seguida, instala-se uma forte restrição na abertura estomática
induzida, provavelmente, pela redução do potencial da água foliar dado aos altos
fluxos transpiratórios previamente ocorridos, os quais alcançaram valores de até
4,4 mmol m
-2
s
-1
.
A Figura 23 apresenta os valores de transpiração diária (E
i
) para as faces
leste e oeste da copa nas quatro épocas avaliadas. O total de água transpirado
pela face oeste foi significativamente maior (P<0,05) do que o da face leste para
todas as épocas, exceto agosto. Os valores de E
i
variaram entre 665,8 g m
-2
d
-1
,
em agosto, e 1764,6 g m
-2
d
-1
, em dezembro, ambos na face oeste. As diferenças
percentuais entre as faces oeste em relação à leste foram de 19,3, 22,5, -1,2 e
31%, em fevereiro, junho, agosto e dezembro, respectivamente. Em termos de
média das duas faces, pode-se distinguir três níveis de transpiração: de alta
transpiração, em dezembro (final da primavera), com média de 1556 g m
-2
d
-1
; de
baixa transpiração, em agosto (inverno), com média de 670 g m
-2
d
-1
; e
intermediário, em fevereiro (verão) e junho (outono), com valores de 1246 e 1120
g m
-2
d
-1
, respectivamente.
96
Figura 23 - Total diário da transpiração (E
i
) das faces leste e oeste da copa de laranjeiras
‘Valência’ em condições de campo, conduzidas sem irrigação. As medidas foram
realizadas nos dias Julianos 48 (17/02), 153 (02/06), 242 (30/08) e 344 (10/12) de
2005. Barras indicam o valor médio (n=5) ± erro padrão. Letras distintas, nas
colunas de cada mês, representam diferenças significativas pelo teste-t (p<0,05)
2.3.8 Comparação da transpiração determinada por fluxo de seiva e por
análise de gases por infravermelho (IRGA)
A Figura 24 apresenta a comparação entre as variações diurnas da
transpiração instantânea (E) e da densidade de fluxo de seiva (DFS) nas faces
leste e oeste da copa realizadas ao longo de um dia nos meses de fevereiro,
junho, agosto e dezembro de 2005. Para essa comparação, os valores de DFS,
registrados nos horários correspondentes às medidas de E, foram transformados
para a mesma unidade (mmol m
-2
s
-1
). Inicialmente, observa-se que, em ambas
as faces, as maiores diferenças entre as duas técnicas de medição ocorreram
nos períodos de alta transpiração, em todas as épocas estudadas, exceto em
agosto (Figura 24E) e fevereiro (Figura 24A), na face leste. No geral, esse
período de maior transpiração ocorreu entre as 12 e 14 horas. Esse
comportamento mostra claramente a defasagem entre a transpiração e a
absorção de água pela planta (fluxo de seiva), uma vez que em fluxos
0
400
800
1200
1600
2000
FEV JUN AGO DEZ
s
E
i
(g m
-2
d
-1
)
Leste
Oeste
aa
a
a
b
b
a
b
97
transpiratórios mais intensos, mesmo com boa disponibilidade hídrica no solo, as
raízes não conseguem suprir, na mesma velocidade, o volume de água perdida
para a atmosfera. Sob essas condições, o fluxo transpiratório dá-se às expensas
da água armazenada no caule e ramos da planta, ou seja, ao seu efeito de
capacitância hídrica. Landsberg, Blanchard e Warrit (1976), avaliando a teoria do
fluxo de água em plantas, explicaram que o fluxo transpiratório é suprido tanto a
partir da capacitância da água armazenada no caule e ramos, quanto a partir da
água do solo, via raízes. Segundo Schulze et al. (1985), o uso da água
armazenada permite à planta transpirar a altas taxas e a abrir os estômatos para
a assimilação de CO
2
sob condições de baixo influxo de água oriunda das raízes.
De uma maneira geral, verifica-se que a transpiração se mantém superior
à absorção se água (DFS) desde o período da manhã até o meio da tarde, e
praticamente cessando ao entardecer (Figura 24). O fluxo de seiva continua
ocorrendo durante parte do período noturno, até que a água armazenada
consumida seja totalmente reposta (SCHULZE et al., 1985; ANGELOCCI, 2002).
Em trabalho com limeira ácida ‘Tahiti’ a campo, na região de Piracicaba,
comparando-se a transpiração medida com porômetro (Licor LI 1600) e o fluxo
de seiva determinado pelo método do balanço de calor, não foi possível constatar
a defasagem entre ambas (COELHO FILHO, 2002; COELHO FILHO et al.,
2005), porém, como o estudo foi conduzido em plantas muito pequenas, entre
quatro e oito meses de idade, e, portanto, com pouca capacitância hidráulica,
isto explicaria a ausência de defasagem. Já Trejo-Chandia et al. (1997),
trabalhando com mudas de limeira ácida ‘Tahiti’ em condições de laboratório, ao
comparar o fluxo de seiva com a transpiração determinada em balança de
precisão, verificaram uma defasagem na escala horária entre ambos os métodos,
porém, o padrão de defasagem foi invertido. No período da manhã, no qual a
transpiração deveria ser maior, em função da capacitância do tronco, foi menor,
permanecendo essa tendência em boa parte do dia. Os autores atribuíram a
superestimativa das medidas do fluxo de seiva aos erros inerentes ao método do
balanço de calor.
98
Figura 24 - Variação diurna da transpiração (E) medida pelo IRGA e da densidade de fluxo de
seiva (DFS) (valores obtidos nos horários correspondentes aos de E), nas faces
leste e oeste da copa de laranjeiras ‘Valência’ em condições de campo, conduzidas
sem irrigação, nos meses de fevereiro (dia Juliano 48, em A,B), junho (dia Juliano
153, em C,D), agosto (dia Juliano 242, em E,F) e dezembro (dia Juliano 344, em
G,H) de 2005. Símbolos indicam valor médio (n=5, em E; e n=2-3, em DFS) ± erro
padrão
Fevereiro
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6 8 10 12 14 16 18
Hor a
E, DFS (mmol m
-2
s
-1
)
E Les t e
DFS Leste
A
Junho
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6 8 10 12 14 16 18
Hor a
E, DFS (mmol m
-2
s
-1
)
E Les t e
DFS Leste
C
Fevereiro
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6 8 10 12 14 16 18
Hor a
E, DFS (mmol m
-2
s
-1
)
E Oes te
DFS Oes te
B
Junho
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6 8 10 12 14 16 18
Hor a
E, DFS (mmol m
-2
s
-1
)
E Oes te
DFS Oes te
D
Agosto
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6 8 10 12 14 16 18
Hor a
E, DFS (mmol m
-2
s
-1
)
E Les t e
DFS Leste
E
Agosto
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6 8 10 12 14 16 18
Ho ra
E, DFS (mmol m
-2
s
-1
)
E Oes te
DFS Oes te
F
Dezembro
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6 8 10 12 14 16 18
Ho ra
E, DFS (mmol m
-2
s
-1
)
E Leste
DFS Leste
G
Dezembro
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6 8 10 12 14 16 18
Hor a
E, DFS (mmol m
-2
s
-1
)
E Oes te
DFS Oes te
H
99
Na Figura 25 tem-se a transpiração total diária determinada por analisador de
gases por infravermelho (IRGA) e pelo método do balanço de calor caulinar (MBC),
nas faces leste e oeste da copa, nos dias Juliano 48 (fevereiro), 153 (junho), 242
(agosto) e 348 (dezembro) de 2005. Na face leste, observa-se que ocorreram sub e
superestimativas de um método em relação ao outro (Figura 25A). As diferenças do
IRGA em relação ao MBC foram de -4, 18, -24 e 12% para os meses de fevereiro,
junho, agosto e dezembro, respectivamente. Já na face oeste, a transpiração
estimada pelo IRGA foi sempre maior que a determinada pelo fluxo de seiva (MBC)
(Figura 25B), como também os valores foram mais discrepantes entre os métodos,
quando comparados aos da face leste (Figura 25A). As diferenças foram de 12, 23, 16
e 79% a favor do IRGA. Os valores de transpiração do MBC variaram entre 854,3 g m
-
2
d
-1
(junho) e 1207,4 g m
-2
d
-1
(dezembro), na face leste, e entre 572,5 g m
-2
d
-1
(agosto) e 1208,1 g m
-2
d
-1
(fevereiro), na face oeste. Os do IRGA variaram entre
673,8 g m
-2
d
-1
(agosto) e 1347,1 g m
-2
d
-1
(dezembro), na face leste, e entre 665,8 g
m
-2
d
-1
(agosto) e 1764,6 g m
-2
d
-1
(dezembro), na face oeste.
Alguns autores avaliando a transpiração diária por diferentes metodologias em
coníferas (SCHULZE et al., 1985), pecan (STEINBERG; McFARLAND;
WORTHINGTON, 1990) e limeira ácida ‘Tahiti’ (COELHO FILHO et al., 2005;
COELHO FILHO, 2002), encontraram valores similares entre as transpirações
medidas por fluxo de seiva e por porometria, fato esse não observado no presente
trabalho, principalmente para a face oeste. Essa discordância pode ser explicada em
função da metodologia de amostragem das folhas ou do intervalo de tempo entre as
medidas porométricas. Schulze et al. (1985) realizaram medições porométricas em
diferentes exposições (norte, sul, leste e oeste), em diferentes camadas da copa
(extremidade, meio e base do ramo principal) e nas partes ensolaradas e sombreadas
da copa.
100
Figura 25 - Transpiração diária medida pelo método do balanço de calor no caule (MBC) e por um
analisador de gases infravermelho (IRGA) nas faces leste (A) e oeste (B) da copa de
laranjeiras ‘Valência em condições de campo, conduzidas sem irrigação. As medidas
foram realizadas nos dias Julianos 48 (17/02), 153 (02/06), 242 (30/08) e 344 (10/12)
de 2005. Barras indicam valor médio (n=5, em IRGA; e n=2-3, em MBC) ± erro padrão
Desta forma, as medidas apresentaram uma alta representatividade das diversas
condições ambientais existentes na copa. No entanto, a transpiração medida em um
ramo situado na parte externa e ensolarada da copa, utilizando-se uma câmara de
trocas gasosas, foi 25% maior em Picea abies, e 12% maior em Larix. Steinberg,
McFarland e Worthington (1990), também realizaram medições em folhas expostas ao
sol e sombreadas, em igual número, permitindo uma boa representatividade. Já
Coelho Filho et al. (2005) realizaram medições em folhas expostas ao sol, porém, em
intervalos de 20 minutos, permitindo, assim, obter uma maior quantidade de pontos e,
consequentemente, melhor representatividade. Como nesse trabalho usaram-se
apenas folhas expostas ao sol e intervalos de medições de 1-1,5 h, isso
provavelmente favoreceu a uma maior diferença entre os métodos.
Por outro lado, Machado et al. (2006), estudando o fluxo de seiva (pelo MBC) e
as trocas gasosas (com IRGA) em laranjeira ‘Natal’ em condições de campo,
obtiveram valores máximos de E 2,4 vezes superiores aos valores médios máximos
do fluxo de seiva (média de 10 dias), calculados em unidades equivalentes. Os
valores foram, respectivamente, de 3,2 e 1,3 mmol m
-2
s
-1
. Segundo os autores, a
diferença entre os valores está relacionada com o método de medida, pois enquanto E
foi determinado de forma pontual, em folhas totalmente expandidas e expostas
diretamente à radiação solar, o fluxo de seiva representou a média de todas as folhas
da copa. Segundo Angelocci et al. (2004), folhas diretamente expostas à radiação
Leste
0
400
800
1200
1600
2000
FEV JUN AGO DEZ
s
E
i
, DFS (g m
-2
d
-1
)
MBC
IRGA
A
Oeste
0
400
800
1200
1600
2000
FEV JUN AGO DEZ
s
E
i
, DFS (g m
-2
d
-1
)
MBC
IRGA
B
101
solar apresentam maior temperatura e, portanto, maior DPV
folha-ar
, proporcionando
elevação na transpiração, e que o arranjo de folhas com diferentes idades e
intensidades de sombreamento que se verifica na copa da planta proporciona redução
na transpiração, ocasionada tanto pelo sombreamento quanto pela idade das folhas.
Ainda conforme Angelocci et al. (2004), nas camadas mais internas da copa, o fluxo
de radiação decresce exponencialmente, promovendo reduções na temperatura e na
transpiração das folhas localizadas mais internamente na copa. Portanto, para
Machado et al. (2006), esse arranjo das folhas deve ter sido a principal causa da
menor transpiração média estimada pelo fluxo de seiva.
Desse modo, como as folhas expostas da face oeste estão submetidas à
condições mais adversas de temperatura e DPV
folha-ar
que as da face leste, o que
ocasiona aumentos na transpiração durante o período da tarde (Figura 24), isso,
provavelmente, deve ter motivado à maior discrepância entre os métodos para a face
oeste (Figura 25B).
102
3 CONCLUSÕES
Independente da época do ano, o potencial da água no ramo, medido antes do
amanhecer, não apresenta diferenças significativas entre as faces leste e oeste da
copa de laranjeiras ‘Valência’, motivado pela similaridade das condições ambientais
em ambas as faces durante o período noturno, indicando que a reidratação durante
esse período ocorre uniformemente em toda a copa da planta. Por outro lado, às
14:30 h, a face oeste apresenta menor potencial da água, diferindo significativamente
da face leste, em todas as épocas avaliadas.
Em dias ensolarados, há uma defasagem entre os cursos diários da densidade
de fluxo de seiva (DFS) das faces leste e oeste da copa, cujos picos ocorrem por volta
das 11:00-12:00 h e 14:00-14:30 h, respectivamente. Essa defasagem é conseqüência
das variações dos fatores ambientais entre as faces ao longo do dia, principalmente
da radiação solar. Em dias nublados, os cursos diários de DFS entre as faces são
similares, ocasionado pela predominância da radiação difusa.
A variação dos fatores ambientais, dependendo da época do ano, promove
diferenças significativas de transpiração entre as faces da copa, e se verifica em
ambos os métodos utilizados para a sua estimativa (o método de balanço de calor e o
de análise de gases por infravermelho).
As condições ambientais que se verificam após o meio-dia exercem forte
influência sobre a transpiração da planta ao longo do ano, representando, em média,
62% do total transpirado pela planta, em dias ensolarados, chegando a alcançar 91%,
em dias nublados.
Na face leste, em dias ensolarados, a partição da transpiração diária ocorre de
forma equilibrada entre os períodos da manhã e da tarde, enquanto na face oeste
ocorre predominantemente no período da tarde, independente da época do ano. Em
dias nublados, e para ambas as faces da copa, a transpiração ocorre mais
intensamente no período da tarde.
Em dias ensolarados, a DFS da face leste apresenta melhor associação com a
radiação solar, em todas as épocas, enquanto na face oeste, a melhor associação se
103
verifica com o déficit de pressão de vapor do ar. Em dias nublados, há melhor
associação de DFS com a temperatura do ar, para ambas as faces.
A comparação entre os cursos diários da transpiração instantânea (E) e de
DFS, expressas em unidades equivalentes, evidencia a defasagem entre ambas, tanto
na face leste quanto na oeste, em todas as épocas avaliadas, exceto em agosto,
quando os baixos valores da condutância estomática limitaram a transpiração.
104
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