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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DA ÁGUA DE
DRENAGEM PLUVIAL EM SUB-BACIA URBANA NA CIDADE DE
BRASÍLIA-DF
VANUSA MEIRELES GOMES
ORIENTADOR: NÉSTOR ALDO CAMPANA
CO-ORIENTADOR: RICARDO SILVEIRA BERNARDES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E
RECURSOS HÍDRICOS
PUBLICAÇÃO: PTARH.DM –068/2004
BRASÍLIA/DF: JULHO – 2004
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DA ÁGUA DE DRENAGEM
PLUVIAL EM SUB-BACIA URBANA NA CIDADE DE BRASÍLIA-DF
VANUSA MEIRELES GOMES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.
APROVADA POR:
Prof. Néstor Aldo Campana, DSc (ENC-UnB)
(ORIENTADOR)
Prof. Ricardo Silveira Bernardes, PhD (ENC-UnB)
(CO-ORIENTADOR)
Prof. Sergio Koide, PhD (ENC-UnB)
(EXAMINADOR INTERNO)
Prof.Márcio Benedito Baptista, DSc (EHR-UFMG)
(EXAMINADOR EXTERNO)
BRASÍLIA/DF, 09 DE JULHO DE 2004.
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iii
FICHA CATALOGRÁFICA
GOMES, VANUSA MEIRELES
Aspectos qualitativos e Quantitativos da água de drenagem pluvial em sub-bacia urbana na
cidade de Brasília-DF. [Distrito Federal] 2004 xiv, 85p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB,
Mestre, Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, 2004). Dissertação de Mestrado –
Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental.
1. Drenagem urbana 2. Qualidade de água pluvial
3. Quantidade de água pluvial 4. Poluição de corpos d’água
I. ENC/FT/UnB II. Título (série)
REFERÊNCIA BIBLIOFRÁFICA
GOMES, V.M. (2004). Aspectos qualitativos e quantitativos da água de drenagem pluvial
em sub-bacia urbana na cidade de Brasília-DF. Dissertação de Mestrado em Tecnologia
Ambiental e Recursos Hídricos, publicação PTARH.DM-068/04, Departamento de
Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 85p.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Vanusa Meireles Gomes
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: Aspectos qualitativos e quantitativos da água de drenagem
pluvial em sub-bacia urbana na cidade de Brasília-DF.
GRAU: Mestre ANO: 2004
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação
de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte dessa dissertação
de mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.
Vanusa Meireles Gomes
SHIS QI 28 Conj. 03 Casa 17 Lago Sul
71.670-230 Brasília DF Brasil
iv
“Eu dormia e sonhava que a vida era alegria. Acordei e vi que a vida era serviço. Servi e
descobri que o serviço é alegria.” (Rabindranath Tagore)
Ao meu pai (Gilberto), que
partiu do nosso convívio
quando iniciava este trabalho,
mas que estará sempre em meu
coração, dedico.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus por toda força concedida, que me faz seguir confiante, enfrentando com muita
coragem as dificuldades da vida;
A minha mãe Nazaré, minha irmã Gertrudes e meu irmão Gilberto por tanto amor e por
estarem sempre ao meu lado, incondicionalmente;
Ao meu amor Ednardo por todo o carinho, apoio em tudo, pelo exemplo de persistência,
por suportar meus momentos de impaciência e preocupação e principalmente por me fazer
sentir tão amada;
A toda minha família que torce por mim, mesmo de longe, e em especial a minha prima
Marilac pelo apóio e incentivo desde a época de colégio, e até hoje dando sugestões para
uma melhor conclusão dessa dissertação;
Ao meu povo nordestino, com o exemplo de resistência e fé, mesmo enfrentando tantos
problemas com a escassez de água;
Aos meus colegas de turma Adriana, André, César, Josélia, Marcelo, Marco Neves e
Viviane pelo companheirismo e em especial às amigas Andrea Naritza, Andrea Barnez,
Christinne, Janaina e Renata por tantas dúvidas esclarecidas e maior proximidade;
Ao meu amigo e quase co-orientador Gustavo por boas sugestões para melhoramento do
trabalho, pela ajuda nas coletas e por muito apoio nos momentos difíceis;
Aos meus grandes amigos Janaina e Vicente, pelo enorme apoio e carinho durante todo o
curso e em especial durante as correções, vocês foram essenciais para a conclusão desse
trabalho;
Aos meus queridos colegas de trabalho Giovanni Henke e Álvaro Cappellesso que fizeram
muito mais que ajudar nas coletas, tornaram-se verdadeiros amigos;
Aos amigos de outras turmas que de alguma forma me deram apoio como Jazielli, Erica,
Selma, Mônica, Juliana, Betânia, Marquinho, Jackson, Daniela (Dandan) e aos novos
colegas de sala Simoneli e Thales;
Às minhas queridas amigas Adriana, Janisse e Daniele por tanto apoio e torcida;
Ao professor Nestor e Ricardo pela orientação, boas idéias, paciência e estarem a
disposição todas as vezes que precisei;
vi
A todos os professores do PTARH pela grande ajuda nas disciplinas, especialmente ao
professor Koide por acompanhar de perto o início do trabalho e a professora Cristina pela
boa receptividade, compreensão e apoio quando comecei a freqüentar o mestrado em 2000;
Ao professor Márcio Baptista por todas as sugestões e comentários no momento da defesa
e principalmente por todo o apoio durante as correções;
Aos funcionários do laboratório de análise de águas André, Boy e Bruno por sempre
estarem dispostos a me ajudar com bom humor e simpatia;
Ao professor Geraldo Boaventura do Laboratório de Geoquímica-Lageq pela análise de
metais e a grande ajuda e boa receptividade dos funcionários Fernando, Vitor, Fortes e
Renato;
Ao Artur do Laboratório de Engenharia Mecânica pela confecção de algumas peças e por
estar sempre disposto a me receber, mesmo estando sempre muito ocupado;
Aos carpinteiros da Prefeitura do Campus, Francisco (Chico) e Antônio (Gaiolão) por
fazerem os furos na parede da galeria de água pluvial com muita boa vontade;
Ao Marcos Pufal e todos os funcionários do Projeto Descoberto pela ajuda nos trabalhos de
campo;
A Erliene pela ajuda sempre bem humorada;
Ao professor Carlos Kleber do Departamento de Química pelo empréstimo de algumas
vidrarias para análise de óleos e graxas;
À Novacap pela autorização para realização dos trabalhos na rede de drenagem pluvial e
por disponibilizar projetos e plantas;
A CPRM pela liberação do trabalho na semana da defesa e por disponibilizar as instalações
da empresa para realização das correções;
A Sílvia Lúcia por todo o apoio e compreensão durante o período da defesa e correções;
Ao meu novo amigo Bernardo, por todo apoio durante as correções;
A família de D. Anatália e Mirian pelo carinho e pelo empréstimo do computador;
Ao CNPq pela concessão do auxílio financeiro;
Depois de concluída esta dissertação posso dizer que, sendo este um trabalho de
contribuição tão pequena para um uso mais racional da água, mesmo assim foi necessária a
ajuda de muitas pessoas. É bem provável que eu tenha esquecido de citar alguém, assim,
sintam-se agradecidas todas as pessoas que contribuíram com trabalho, opiniões, carinho,
apoio, que torceram para que chovesse ou simplesmente fazem parte de minha vida.
vii
ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DA ÁGUA DE DRENAGEM
PLUVIAL EM SUB-BACIA URBANA NA CIDADE DE BRASÍLIA-DF
RESUMO
Atualmente tem se observado a crescente utilização de alternativas de controle de
enchentes na fonte. Medidas de controles como pavimentos permeáveis, reservatórios,
trincheira de infiltração, entre outras, têm se mostrado eficientes quanto ao controle
quantitativo do escoamento superficial. Porém, não se conhece o tipo e a magnitude do
impacto causado ao solo ou às águas subterrâneas devido aos poluentes carreados pelas
águas drenadas superficialmente.
Diante da possibilidade de contaminação de solo e águas subterrâneas por meio de medidas
alternativas de controle de enchentes, ou de contaminação de corpos d’água receptores por
fontes difusas, tentou-se, com o presente trabalho, conhecer a qualidade da água
proveniente do escoamento superficial urbano, de uma área da cidade de Brasília. Para isto,
foi executado o monitoramento de uma rede de drenagem pluvial desse local, onde foram
coletadas amostras de água para análise de qualidade, além de serem feitas medições de
vazão no momento da coleta.
Foram feitas sete campanhas de coleta de dados, divididas entre dois locais, sendo que a
primeira ocorreu em outubro de 2003 e a última em fevereiro de 2004. Os parâmetros de
qualidade analisados foram: temperatura, pH, condutividade, DBO, DQO, orto-fosfato,
nitrato, coliformes totais e termotolerantes, sólidos em suspensão, metais e óleos e graxas.
A velocidade do escoamento no interior da tubulação de água pluvial foi medida com a
utilização de flutuadores.
A comparação dos resultados obtidos referentes à carga de parâmetros como DQO, DBO,
sólidos em suspensão e óleos e graxas, com padrões de carga per capita de esgoto
doméstico, revelam valores expressivos, que correspondem a produção de um grande
número de habitantes.
viii
QUALITATIVE AND QUANTITATIVE CARACTERIZATION OF THE
RAINFALL DRAINAGE
ABSTRACT
Currently it has been observed the development of alternative methods for flood control
such as permeable pavements, reservoirs, infiltration trenches and others. These methods
have been proved to be an efficient tool for surficial runoff quantitative control.
Nevertheless, it is unknown the impact caused on the soil and the groundwater due to the
pollutants carried by the urban drainage waters.
Thus, the main motivation of this research was the limited information about the water
quality attributable to diffused sources contamination during a flood occurrence. The
research focused on the evaluation of the urban drainage water by monitoring two different
sites from the Brasilia metropolitan area during October 2003 and February 2004. The
following parameters were measured to appraise the water quality: temperature, pH,
conductivity, BOD, COD, orthophosphate, nitrate, heavy metals, oil and grease, solid
suspended, coliforms and flowrate. Floating method was used to assess the water velocity
inside the drainage water pipelines.
The obtained results demonstrated that the load charges of COD, BOD, suspended solids
and oils were closed to the domestic wastewater demand, and their values were very
expressive.
ix
ÍNDICE
1- INTRODUÇÃO..........................................................................................................1
2- OBJETIVOS ...............................................................................................................4
3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................5
3.1- URBANIZAÇÃO.......................................................................................................5
3.2- DRENAGEM URBANA............................................................................................7
3.3- MEDIDAS DE CONTROLE DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL.........................9
3.4- FONTES POLUIDORAS.........................................................................................12
3.5- IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA DOS CORPOS RECEPTORES......... 14
3.6- PARÂMETROS UTILIZADOS PARA ANÁLISE DE QUALIDADE...................16
3.7- MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DAS CARGAS POLUIDORAS............................19
3.8- MÉTODOS UTILIZADOS PARA MEDIÇÃO DE VAZÃO ..................................21
3.9- DIRETRIZES PARA O MONITORAMENTO DE PARÂMETROS DE
QUALIDADE E QUANTIDADE DA ÁGUA DE DRENAGEM PLUVIAL................. 24
4 – ASPECTOS DA ÁREA DE ESTUDO...........................................................26
5 – METODOLOGIA.................................................................................................30
5.1- DESCRIÇÃO DOS LOCAIS DE COLETA DE DADOS E EVENTOS
AMOSTRADOS..............................................................................................................30
5.2- ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
.........................................................................................................................................33
5.2.1- Metodologia para medição de velocidade........................................................33
5.2.2- Metodologia para coleta de amostras............................................................... 40
5.3- INSTALAÇÃO DO PLUVIÓGRAFO..................................................................... 44
5.4- ANÁLISE DAS AMOSTRAS..................................................................................45
6 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS..........................................47
x
6.1 COLETA DE AMOSTRAS EM ÉPOCA DE ESTIAGEM ....................................47
6.2 COLETAS DE AMOSTRAS NO PERÍODO CHUVOSO.....................................48
6.2.1 – Dados de qualidade.........................................................................................49
6.2.2 – Dados de vazão................................................................................................ 55
6.3 HIDROGRAMA E POLUTOGRAMA ..................................................................58
6.4 CONCENTRAÇÃO MÉDIA DO EVENTO PARCIAL CMEP..........................62
6.5 PRECIPITAÇÃO DIÁRIA.....................................................................................64
6.6 LEVANTAMENTO DE CARGAS DE POLUENTES DURANTE EVENTOS DE
PRECIPITAÇÃO ............................................................................................................67
6.6.1 – Carga acumulada............................................................................................70
7 – CONCLUSÕES......................................................................................................72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EM APUD.........................................................80
APÊNDICES......................................................................................................................81
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1 - Processos que ocorrem numa área urbana.......................................................... 6
Figura 3.2 - Visão integrada dos aspectos da água no ambiente urbano (Fonte: Tucci,
2003a)................................................................................................................
12
Figura 3.3 - Perfil de velocidade em seção transversal de canais.......................................... 22
Figura 4.1 - Delimitação da área de contribuição da rede de drenagem(Ikonos,
29/04/01).............................................................................................................
26
Figura 4.2 – Rede de drenagem pluvial da bacia em estudo.................................................. 28
Figura 4.3 - Gráfico climatológico......................................................................................... 29
Figura 5.1 - Planta baixa e corte dos poços de visita utilizados no ponto A......................... 31
Figura 5.2 - Planta baixa e corte do sistema de coleta de dados no ponto B.......................... 32
Figura 5.3 - Escavação lateral à galeria de águas pluviais..................................................... 35
Figura 5.4 - Desenho esquemático da peça de nylon............................................................. 36
Figura 5.5 - Esquema do local de medição de vazão e coleta de amostras - Ponto B............ 36
Figura 5.6 - Tubos de Pitot deformados devido ao escoamento no interior da galeria.......... 38
Figura 5.7 - Aumento do nível do lençol freático no ponto B................................................ 38
Figura 5.8 - Régua instalada no ponto de deságüe da rede de drenagem pluvial................... 40
Figura 5.9 - Coletor de amostra de água utilizado nos pontos A e B................................... 41
Figura 5.10 - Torneiras instaladas na parede da galeria de água pluvial no ponto B............. 41
Figura 5.11 - Escoamento na rede de drenagem pluvial no período de estiagem no ponto
A..........................................................................................................................
43
Figura 5.12 - Escoamento na rede de drenagem pluvial no período de estiagem no ponto
B..........................................................................................................................
43
Figura 5.13 - Localização do pluviógrafo instalado na área em estudo................................. 44
Figura 5.14 - Pluviógrafo instalado na área em estudo.......................................................... 45
Figura 6.1 - Curva cota vazão correspondente ao ponto A.................................................... 58
Figura 6.2 - Curva cota vazão correspondente ao ponto B.................................................... 58
Figura 6.3 - Hidrogramas e polutogramas referentes aos eventos 1A e 2A .......................... 59
Figura 6.4 - Hidrogramas e polutogramas referentes aos eventos 1B e 3B........................... 60
xii
Figura 6.5 - Hidrogramas e polutogramas referentes aos eventos 2B e 4B .......................... 61
Figura 6.6 - Gráfico que relaciona a precipitação e a concentrações de condutividade,
DQO e sólidos em suspensão............................................................................
66
Figura 6.7 – Cargas referentes aos eventos 1A, 2A e 3A....................................................... 67
Figura 6.8 – Cargas referentes aos eventos 1B e 3B.............................................................. 68
Figura 6.9 – Cargas referentes aos eventos 2B e 4B.............................................................. 69
xiii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.1 - Intervalos máximos para medida de qualidade de água..................................... 25
Tabela 5.1 – Data e local referentes às campanhas de coleta de dados.................................. 33
Tabela 5.2 - Métodos utilizados para análise dos parâmetros................................................ 46
Tabela 6.1 - Parâmetros de qualidade da água de amostra coletada no ponto de deságüe da
rede de drenagem pluvial....................................................................................
47
Tabela 6.2 – Comparação entre esgoto bruto e resultado obtido........................................... 48
Tabela 6.3 - Dados de qualidade do evento 1A (25/01/04).................................................... 49
Tabela 6.4 - Dados de qualidade do evento 2A (09/02/04).................................................... 49
Tabela 6.5 - Dados de qualidade do evento 3A (10/02/04).................................................... 49
Tabela 6.6 - Dados de qualidade do evento 1B (08/10/03).................................................... 50
Tabela 6.7 - Dados de qualidade do evento 2B (19/01/04).................................................... 51
Tabela 6.8 - Dados de qualidade do evento 3B (26/01/04).................................................... 51
Tabela 6.9 - Dados de qualidade do evento 4B (02/02/04).................................................... 51
Tabela 6.10 - Qualidade de esgoto bruto e de efluente de estações de tratamento,
concentrações típicas – Médias em mg/l. (Fonte: Jordão e Pessoa, 1995).........
52
Tabela 6.11 - Concentração Média do Evento Parcial dos elementos químicos.................... 53
Tabela 6.12 - Variação da concentração média do evento para alguns metais pesados
(Gromaire-Mertz et al., 1999).............................................................................
54
Tabela 6.13 - Carga acumulada de metais nos eventos 1A,
2A, 3A, 2B, 3B e 4B................ 55
Tabela 6.14 - Dados de velocidade e de vazão coletados no Ponto A................................... 56
Tabela 6.15 - Dados de velocidade e de vazão coletados no Ponto B (eventos 1B e 2B)..... 57
Tabela 6.16 - Dados de velocidade e de vazão coletados no Ponto B (eventos 3B e 4B)..... 57
Tabela 6.17 - Concentração Média do Evento Parcial-CMEP do ponto A............................ 62
Tabela 6.18 - Concentração Média do Evento Parcial-CMEP do ponto B............................ 62
Tabela 6.19 - Variação da concentração média do evento para os parâmetros sólidos em
suspensão, DQO e DBO (Gromaire-Mertz et al., 1999)..................................
63
Tabela 6.20 – Comparação entre carga acumulada, carga/habitante/dia e densidade de
habitantes equivalentes.....................................................................................
70
xiv
Tabela A1 – Precipitação diária de 20 de agosto de 2003 a 20 de outubro de 2003.............. 82
Tabela A2 – Precipitação diária de 21 de outubro de 2003 a 25 de dezembro de 2003........ 83
Tabela A3 – Precipitação diária de 26 de dezembro de 2003 a 10 de fevereiro de 2004...... 84
RELAÇÃO DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES
ADCP.......................................................................…….Acoustic Doppler Current Profiler
ADV…….................................................................................Acoustic Doppler Velocimeter
ASCE..............................................................................American Society of Civil Engineers
Aw…………………………………………………...………………………..Clima tropical
CAESB..........................................................Companhia de Saneamento do Distrito Federal
Cb..........................................................................................................................Cambissolo
CEUB....................................................................................Centro Universitário de Brasília
CME.......................................................................................Concentração Média do Evento
CMEP........................................................................Concentração Média do Evento Parcial
CONAMA...................................................................Conselho Nacional de Meio Ambiente
COT...................................................................................................Carbono Orgânico Total
Cwa.......Clima tropical de altitude – Temperatura <18
o
C (mês frio) e >22
o
C (mês quente)
Cwb.......Clima tropical de altitude – Temperatura <18
o
C (mês frio) e <22
o
C (mês quente)
DBO..................................................................................Demanda Bioquímica de Oxigênio
DF....................................................................................................................Distrito Federal
DQO.......................................................................................Demanda Química de Oxigênio
EMBRAPA......................................................Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ETE.....................................................................................Estação de Tratamento de Esgoto
ICP/AES............ Espectrômetro de Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado
INMET.............................................................................Instituto Nacional de Meteorologia
LE................................................................................................Latossolo Vermelho-Escuro
LV.............................................................................................Latossolo Vermelho-Amarelo
MTBE...............................................................................................….Metil Tetra-Butil Éter
Novacap................................................Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
NURP……………………………………………..Nationwide Urban Runoff Program-USA
pH....................................................................................................Potencial Hidrogeniônico
RIMA....................................................................................Relatório de Impacto Ambiental
UnB...................................................................................................Universidade de Brasília
xv
USGS......................................................………………….United States Geological Survey
WEF………………...………………………………………Water Environment Federation
1
1- INTRODUÇÃO
A caracterização qualitativa e quantitativa das águas de drenagem pluvial, bem como a
aplicação de um sistema de monitoramento e a elaboração de um banco de dados
georreferenciado são atividades de grande importância para um eficiente gerenciamento de
dos corpos d’água receptores. As águas provenientes do escoamento superficial urbano
podem influenciar de forma significativa nas características dos corpos d’água receptores.
Essa influência se processa, muitas vezes, na forma de impactos negativos, principalmente
no tocante à carga poluidora carreada pelo escoamento superficial. Por isso, para que se
possa realizar qualquer atividade objetivando a atenuação desses impactos, faz-se
necessário o mais amplo conhecimento da situação em que se encontra o sistema de
drenagem pluvial da área que se pretende analisar.
Segundo Ramos et al. (1999), a falta de Planos Diretores de Drenagem Urbana que
favoreçam o equacionamento dos problemas de drenagem sob o ponto de vista da bacia
hidrográfica, a falta de mecanismos legais e administrativos eficientes que permitam uma
correta gestão dos problemas causados devido ao processo de urbanização e a concepção
inadequada dos projetos de drenagem urbana, contribuem para o agravamento do
problema.
Do ponto de vista mundial, alguns países desenvolvidos já avançaram muito em relação ao
equacionamento de problemas de drenagem urbana, tanto por meio de mecanismos legais,
institucionais, administrativos e financeiros, quanto por meio de uma nova filosofia de
concepção de projetos de drenagem. No Brasil, esses mecanismos são ainda muito
incipientes, dificultando ações no sentido de preservar os centros urbanos de calamidades
provocadas por inundações e proteger os corpos d'água receptores de grandes cargas
poluentes. Outra grande dificuldade ainda enfrentada no Brasil é a escassez de planos
diretores de drenagem urbana, além da pequena ênfase dada à qualidade da água nos
poucos planos diretores existentes.
A adoção de uma nova filosofia de projeto de drenagem urbana, onde é priorizada a adoção
de medidas alternativas de controle de enchentes urbanas, tem contribuído para a redução
dos elevados custos das obras de drenagem urbana, integrando-se o meio ambiente e a
2
ocupação urbana. Essas medidas têm por base o equacionamento do problema onde ele
ocorre, tentando-se reduzir o volume de água escoado por meio de infiltração no solo ou
com a utilização de bacias de contenção ou detenção, e não apenas transferindo
rapidamente esse volume para jusante.
Porém, há que se atentar para os impactos negativos que essas medidas podem ocasionar,
como é o caso da contaminação do solo ou das águas subterrâneas. Assim, faz-se
necessário o conhecimento das características da qualidade das águas provenientes do
escoamento superficial, para que se possa estudar o tipo de impacto causado e,
conseqüentemente, as medidas adotadas para reduzir ou eliminar os impactos.
Com relação à qualidade das águas pluviais, os estudos desenvolvidos nesse sentido são
bem significativos nos países desenvolvidos, porém, aqui no Brasil, esse estudo é ainda
recente, existindo poucos trabalhos relacionados ao assunto. Isto pode ser creditado à
preocupação maior dada à quantidade dessas águas que, com a crescente aglomeração das
grandes cidades, têm causado inundações; ou ainda, pode ser devido ao desconhecimento
dos importantes poluentes que podem ser encontrados nessas águas, os quais podem
contaminar os cursos d’água.
Uma das premissas para o equacionamento de certos problemas urbanos é conhecer o
sistema de drenagem por meio da caracterização qualitativa e quantitativa da água pluvial.
Assim, o presente trabalho pretende adotar procedimentos para o monitoramento quali-
quantitativo do escoamento superficial em área urbana, com o intuito de identificar a
dimensão desses problemas. Com isso, acredita-se estar contribuindo para viabilizar a
implementação de medidas de controle que permitam reduzir os efeitos negativos da
urbanização nas características das águas escoadas.
Este trabalho apresenta-se estruturado em capítulos, de acordo com o que se segue. O
capítulo 1 compreende a introdução, o presente capítulo. No capítulo 2 estão expostos os
objetivos, divididos entre principal e específicos. O capítulo 3 é composto pela revisão
bibliográfica, onde estão discutidos os aspectos mais relevantes da pesquisa. Faz-se então
um breve comentário sobre urbanização. Em seguida é feita uma explanação sobre
poluição entre aspectos de causas (fontes), conseqüências (impactos) e métodos de
avaliação. É explanado também os métodos de medição de vazão e as diretrizes para
3
execução de um monitoramento quali-quantitativo das águas de drenagem pluvial. Já o
capítulo 4 trata das características da área em estudo, como a localização e aspectos da área
escolhida para o trabalho. A metodologia do trabalho é exposta no capítulo 5, onde é feita a
descrição da montagem dos equipamentos e como foram desenvolvidos todos os
experimentos, além de informar os métodos de análise dos resultados obtidos. No capítulo
6 são apresentados os dados resultantes do trabalho e são feitas a interpretação e a
discussão dos mesmos. O capítulo 7 expõe as conclusões alcançadas, além das sugestões
para pesquisas futuras.
4
2- OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho é fazer uma análise dos aspectos qualitativos e
quantitativos do escoamento de drenagem pluvial de uma área urbana localizada em
Brasília-DF. Para isso, têm-se como objetivos específicos:
analisar a presença de poluentes na água drenada nesse tipo de bacia;
analisar o comportamento da concentração e da carga dos poluentes ao longo do evento
de precipitação;
analisar o comportamento da concentração e da carga dos poluentes ao longo do
período chuvoso;
analisar o comportamento da vazão ao longo do evento de precipitação;
analisar o comportamento da vazão ao longo do período chuvoso;
avaliar a carga de poluentes que será acumulada no corpo receptor, proveniente do
escoamento superficial, em decorrência do evento de chuva.
5
3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1- URBANIZAÇÃO
A urbanização é um processo que acarreta mudanças que podem provocar grandes
benefícios, trazendo praticidade ao dia a dia da população, porém, por outro lado, pode
desencadear conseqüências bastante desagradáveis, afetando a qualidade de vida de cada
cidadão. A principal causa dos malefícios oriundos da urbanização está ligada à falta de
um planejamento integrado referente aos aspectos de transporte, saneamento, habitação,
entre outros, que deve ser feito sempre de forma antecessora ao crescimento de um centro
urbano. As conseqüências indesejáveis estão muitas vezes relacionadas a problemas
ambientais, dentre as quais se destacam as inundações e a poluição dos cursos d'água.
Segundo Tucci et al. (1995), as enchentes urbanas constituem-se num dos importantes
impactos sobre a sociedade. Esses impactos podem ocorrer devido à urbanização ou a
inundação natural da várzea ribeirinha.
Os principais problemas causados ao comportamento hidrológico em uma bacia
hidrográfica, associados à urbanização, são o aumento do pico de vazão de cheia, a
antecipação no tempo dessa vazão máxima e o aumento do escoamento superficial
(Campana e Tucci, 1999).
Segundo Porto et al. (2001), as conseqüências da urbanização que mais interferem com a
drenagem urbana são as alterações do escoamento superficial direto. Para os casos
extremos, verifica-se que o pico de cheia numa bacia urbanizada pode chegar a ser seis
vezes maior do que o pico desta mesma bacia em condições naturais. Existem também
conseqüências da urbanização sobre o clima, porém de pequena escala, mas podem, a
longo prazo, introduzir alterações significativas no balanço hídrico, com impactos
inclusive sobre a qualidade das águas. A urbanização tem também conseqüências não
hidrológicas que interferem significativamente nas questões de drenagem urbana,
principalmente nas condições brasileiras das últimas décadas. Estes impactos são: a
proliferação de loteamentos executados sem condições adequadas, ocupação de áreas
impróprias (várzeas de inundação), proliferação de favelas e invasões, ocupação extensa e
6
adensada dificultando a construção de canalizações e eliminando áreas de armazenamento
da água escoada, crescimento acelerado da disputa por recursos financeiros entre os
diversos setores da administração urbana, dificuldade na aplicação de medidas para
disciplinar a ocupação do solo devido a conflitos de interesses e colocação em segundo
plano de políticas de médio e longo prazo. A figura 3.1 mostra a relação entre os diversos
processos que ocorrem em uma área urbana.
Figura 3.1 - Processos que ocorrem numa área urbana (Hall, 1984 apud Porto et al., 2001,
modificado)
URBANIZAÇÃO
Densidade
populacional
aumenta
Densidade de
construções
aumenta
Volume de águas
servidas aumenta
Demanda de
água aumenta
Área
impermeabilizada
aumenta
Modificações
no sistema de
drena
g
e
m
Problemas de
recursos hídricos
Clima urbano
se altera
Qualidade das
águas pluviais
deteriora
Recarga
subterrânea
diminui
Escoamento
superficial
direto aumenta
Velocidade do
escoamento
aumenta
Qualidade dos
cursos receptores
deteriora
Vazões
básicas
diminuem
Picos de
cheias
aumentam
Tempos de
concentração e
recessão
menores
Problemas de
controle de
poluição
Problemas de
controle de
inundações
7
Outro problema decorrente do crescimento urbano que pode afetar o sistema de drenagem
está relacionado à poluição que atinge as águas de escoamento. O sedimento carreado pode
ser uma importante carga poluente, ocasionando sérios prejuízos tanto aos cursos d'água
que recebem as águas pluviais, quanto aos instrumentos utilizados para diminuir a vazão
ou tratar a água escoada, como é o caso das bacias de percolação e dos pavimentos
porosos. O estudo de Nelson e Booth (2002) desenvolvido na bacia hidrográfica localizada
a oeste de Washington, com 144km
2
, com o objetivo de avaliar a relação entre os efeitos
das práticas de uso da terra, inclusive urbanização, e a produção de sedimentos, levou a
conclusão de que a atividade humana, particularmente o desenvolvimento urbano, tem
causado um aumento de aproximadamente 50% na produção anual de sedimentos,
totalizando 44ton/km
2
/ano, na área estudada. As principais conseqüências desse aumento
são a mortandade de peixes e a degradação na qualidade da água.
Segundo Pompêo (2000), o problema das cheias urbanas deve ser tratado de forma a
incorporar a dinâmica populacional e o planejamento multissetorial, promovendo assim
uma ação integrada que permita a articulação de forma sustentável do tratamento das
enchentes urbanas e das políticas de saneamento e de recursos hídricos.
3.2- DRENAGEM URBANA
Com o crescimento das zonas urbanas houve também o crescimento das superfícies
impermeáveis. A construção de edificações, estradas, calçadas, entre outras, contribuiu
para um aumento do volume e da velocidade do escoamento superficial. Este aumento
ocasionou o surgimento das inundações urbanas. Em conseqüência, houve a necessidade
da criação de mecanismos que impedissem a inundação.
Os primeiros sistemas tradicionais ou convencionais de drenagem são conhecidos como
sistemas unitários ou combinados. Estes sistemas conduzem o escoamento superficial
drenado juntamente com os esgotos domésticos e industriais. Existem também os sistemas
separados, ou seja, as águas pluviais escoam por tubulações distintas do esgoto doméstico
ou industrial.
8
Baseados no conceito higienista, os sistemas convencionais são implantados para retirar, o
mais rápido possível, toda a água precipitada que poderá causar problemas para um centro
urbano. Assim, são utilizadas obras hidráulicas como canalizações e retificações de rios,
condutos subterrâneos, entre outras. Porém, com o aumento de áreas impermeáveis, a
capacidade de utilização destas obras pode ser superada, exigindo, intervenções mais
complexas, ou o aumento do diâmetro das tubulações inicialmente utilizadas. Essas
modificações são muito onerosas, dificultando sua implementação. Além disso, resolvem o
problema de forma localizada, a medida que transferem o excesso de água para jusante.
Além dos sistemas de drenagem combinados e separados, existem atualmente os sistemas
ditos ambientalistas ou compensatórios, onde se admite a convivência com a água no meio
urbano, integrando-se o meio ambiente à cidade, de forma a compensar os efeitos da
urbanização sobre o ciclo hidrológico.
Os sistemas de drenagem também são definidos de acordo com a abrangência desses. O
sistema que capta o escoamento originário em lote, condomínio, estacionamento, parque,
ou seja, em pequenas áreas, é definido como sistema de drenagem na fonte. A
microdrenagem é um tipo de sistema formado por condutos pertencentes a um loteamento
ou rede primária urbana. Já a macrodrenagem representa os sistemas coletores de vários
sistemas de microdrenagem. Em geral estes sistemas envolvem áreas maiores que 2 km
2
e
são projetados para suportar precipitações maiores que os dos sistemas de microdrenagem.
(Tucci, 2003b).
Dentro da nova concepção de projeto de drenagem, onde se pretende não somente livrar-se
o mais rápido possível da água precipitada, mas fazer com que seja controlado o deságüe a
jusante, existem medidas alternativas de controle de enchente. Essas medidas, em geral,
reúnem diferentes soluções, envolvendo equipes multidisciplinares. Dentre essas podem
ser citadas as bacias de percolação, os planos, trincheiras e valos de infiltração, os
pavimentos porosos, os armazenamentos em coberturas, estacionamentos e
microreservatórios e as bacias de amortecimento de cheias.
Um outro ponto importante a ser salientado quanto à drenagem urbana é a lavagem de
poluentes depositados nas superfícies dos centros urbanos, pelo escoamento das águas
pluviais, o que pode causar impactos negativos nos corpos d’água receptores, ou problemas
9
nos sistemas de controle de enchentes. Porém, devido ao crescimento do uso de sistemas
de drenagem alternativos é ainda mais necessário tratar o problema da qualidade da água
como um aspecto indissociável ao aspecto de quantidade.
Segundo Ide (1985) e Chebbo (1992) apud Souza (2002), a carga de poluição pode ser tão
nociva como os esgotos domésticos, e da mesma ordem de grandeza, assim, não pode ser
desconsiderada.
3.3- MEDIDAS DE CONTROLE DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL
Para a utilização de qualquer intervenção com o objetivo de controle do escoamento
superficial urbano, há que se planejar quais as medidas a serem utilizadas, visto que em
geral é necessário o emprego de várias medidas associadas entre si, para uma melhor
eficiência.
As medidas alternativas de controle estão sendo cada vez mais utilizadas, já que propiciam
a retomada das condições relativas ao processo hidrológico da época de pré-ocupação da
bacia hidrográfica. Pelo fato de que a utilização de algumas dessas medidas ser ainda
recente, não se sabe ao certo que tipo de problema essas medidas podem apresentar ao
longo do tempo, além de não existirem ainda padrões de projeto.
Existem ações preventivas que, no caso da qualidade da água, têm o objetivo de evitar que
poluentes atinjam as águas escoadas superficialmente. Porém, existem também as medidas
corretivas que atuam no sentido de “tratar” o efluente do escoamento superficial. Segundo
a EPA (2002), as ações preventivas podem ser realizadas em nível individual ou domiciliar
e em nível governamental. As medidas individualizadas ou domiciliares podem ser:
Manter lixo, dejetos de animais, restos de vegetação e destroços em geral longe de
sarjetas e canais de drenagem, visto que esses deságuam diretamente em lagos,
riachos, rios e alagadiços;
Usar produtos químicos de jardinagem com parcimônia e de maneira direcionada;
Não depositar óleos usados, tintas e outros químicos domésticos em sistemas de
drenagem;
10
Limpar os respingos de óleo de freio, óleos e graxas. Não lavar esses produtos para
a rua, onde eles podem alcançar riachos ou lagos;
Controlar a erosão do solo em cada propriedade particular plantando algum tipo de
cobertura vegetal, estabilizando áreas propensas à erosão;
Limitar a quantidade de área impermeável nos jardins e sempre que possível usar
pavimentos permeáveis para contribuir na infiltração d’água;
Permitir que cresçam vegetações ao longo dos cursos d’água para diminuir a vazão
e propiciar uma maior absorção dos poluentes;
Usar alternativas naturais de fertilizantes e pesticidas. Quando houver necessidade
do uso de produtos químicos, testar o solo para saber a quantidade certa para cada
tipo de solo;
Não lavar ruas e calçadas e sim varrer, tomando cuidado com a disposição final dos
resíduos;
Desviar, sempre que possível, o escoamento de superfícies pavimentadas para áreas
gramadas, para que a água possa vagarosamente infiltrar no solo;
Lavar o carro em local gramado para que a água com sabão ou óleo possa infiltrar
no solo;
Cobrar do governo local a execução de programas de controle de erosão.
Ainda segundo a EPA (2002), as ações em nível governamental podem ser:
Elaboração de zoneamento urbano através da ordenação da ocupação de áreas
ocupadas ou de espaços livres, buscando distribuir da melhor forma possível a
densidade ocupacional. Esse planejamento deve garantir a existência de áreas
permeáveis, já que estas áreas contribuem para uma diminuição de vazões e de
cargas de sedimentos e poluentes;
Aplicação de programas de conscientização da população quando aos prejuízos
causados ao meio ambiente, sugerindo medidas preventivas e corretivas. A
população deve conhecer os problemas causados devido à disposição de lixo e
dejetos de animais nas vias. Deve ser elaborado um sistema de recolhimento de
produtos tóxicos como restos de tinta, solventes, óleo lubrificante, produtos de
manutenção de piscinas, pesticidas e venenos;
11
Aplicação de programas de prevenção e controle de erosão em áreas sujeitas a
erosão e áreas em construção. Deve-se atuar junto às prefeituras municipais para
que sejam exigidas práticas de controle de produção de sedimentos em canteiros de
obras;
Aplicação de programas junto ao serviço de limpeza urbana do município, com o
objetivo de intensificar a limpeza de áreas públicas, como ruas e calçadas,
principalmente pouco antes e durante o período chuvoso. A varrição pode ser uma
medida adotada, embora não se tenha comprovado a eficiência desta ação, visto que
remove apenas materiais grosseiros, sem a retirada de partículas finas. Esse
programa pode também atuar no controle da área onde é feita a disposição final dos
resíduos sólidos, para prevenir que altas cargas poluidoras dessas áreas sejam
carreadas pelo escoamento superficial;
Aplicação de programas de monitoramento de indústrias que possam provocar
poluição de águas pluviais, inclusive monitoramento de postos de gasolina;
Ação conjunta com a companhia de saneamento local, para que sejam detectados e
eliminados os casos de ligações clandestinas na rede de drenagem.
As medidas corretivas são aplicadas nos casos em que se deseja remover os poluentes já
introduzidos nas águas pluviais ou reduzir o volume escoado. A implantação dessas ações
visa diminuir os impactos causados aos corpos receptores, e podem ser implementadas
como alternativas para usos múltiplos, como é o caso da construção de parques e áreas
recreativas.
Os mecanismos geralmente utilizados por essas medidas para a remoção de poluentes são:
a sedimentação, a filtração, a infiltração e a remoção bacteriológica. As principais ações
corretivas usualmente empregadas, segundo a UDFCD (2002), são a utilização de
estruturas como faixas gramadas, valetas gramadas, bacias de detenção secas, bacias de
detenção alagadas, alagadiços e pavimentos porosos.
Comparando-se os custos de ações preventivas e corretivas, ou seja, a utilização de um
planejamento não-estrutural dos controles, comparado com a execução de obras futuras de
contenção estruturais, os custos são muito menores no primeiro caso. Porém, para a
utilização de técnicas preventivas há a necessidade de execução de uma gestão municipal
12
da água por meio de uma visão integrada da água na cidade, incorporada ao plano de
desenvolvimento urbano, objetivando que os componentes: manancial, esgotamento
sanitário, resíduo sólido, drenagem urbana, inundação ribeirinha, sejam vistos dentro de
um mesmo conjunto e relacionados com a ocupação do solo urbano. (Tucci, 2003a).
Figura 3.2 - Visão integrada dos aspectos da água no ambiente urbano (Fonte: Tucci,
2003a).
3.4- FONTES POLUIDORAS
No passado, o controle de poluição dos corpos d'água era focado apenas nas chamadas
fontes pontuais, que podem ser exemplificadas pelo sistema de esgotamento sanitário
municipal ou industrial. Porém, atualmente, tem-se dado grande atenção às cargas não
pontuais, também conhecidas como cargas difusas, que podem ser provenientes do
escoamento superficial, em geral de difícil identificação e combate. As águas precipitadas
que escoam superficialmente podem transportar qualquer tipo de carga poluente originária
de variadas fontes. Essas águas, após atingirem a rede de drenagem pluvial, chegam ao
13
corpo receptor e, dependendo do tipo de carga transportada, podem prejudicar a qualidade
da água desse corpo.
Os poluentes que alcançam o escoamento superficial são de origem diversa, visto que
existem variadas formas de se contaminar a água escoada em uma bacia. Devido a essa
característica do escoamento superficial, pode ser difícil identificar com exatidão a fonte
poluidora.
As fontes de poluentes que prejudicam a qualidade das águas descarregadas nos sistemas
de drenagem de águas pluviais podem ser classificadas, de acordo com ASCE e WEF
(1994), em dois grandes grupos, abrangendo tanto as fontes pontuais quanto as não-
pontuais, e são:
fontes não provenientes do escoamento da água precipitada, como por exemplo
ligações clandestinas de esgoto, disposição imprópria diretamente em bacias de
contenção ou no solo, derramamentos, mau funcionamento de fossas sépticas, entrada
de água subterrânea contaminada na tubulação;
fontes relacionadas ao escoamento direto de precipitação, como por exemplo
escoamento de áreas residenciais e comerciais, escoamento de áreas em construção,
escoamento de áreas industriais, escoamento de estradas e rodovias.
Segundo Braga Netto (2001a), um trabalho realizado nas redes de drenagem pluvial na
cidade de Brasília, com o objetivo de identificar os principais pontos de obstrução das
redes e galerias de águas pluviais, indicados pelas áreas que apresentavam alagamentos
durante a ocorrência de chuvas, constatou a existência de várias ligações clandestinas.
A identificação da fonte poluidora está intimamente associada ao tipo de uso do solo. De
acordo com o trabalho de Davis et al. (2001), as áreas em construção podem ser fontes de
chumbo, cobre, cádmio e zinco, já o desgaste de freios de automóveis pode emitir cobre,
pneu usado pode produzir zinco e deposição atmosférica pode ser uma importante fonte de
cádmio, cobre e chumbo.
Já o trabalho desenvolvido por Borden et al. (2002), concluiu que a presença de altas
concentrações de combustível oxidante (MTBE) e hidrocarbonetos aromáticos, nas águas
14
de drenagem pluvial, está associada ao escoamento direto proveniente de postos de
gasolina ou às descargas de águas subterrâneas contaminadas por vazamentos de antigos
tanques subterrâneos de estocagem de combustível.
Segundo Appel e Hudak (2001), variações significativas de concentrações entre estações
de amostragem e entre eventos de chuva podem ser devido a variações de uso do solo e às
condições pluviométricas.
Lee e Bang (2000) estudaram bacias hidrográficas residenciais e industriais e concluíram,
por meio da comparação dos limites extremos de concentração, que os valores da
concentração de parâmetros como DQO, sólidos suspensos, orto-fosfato, fósforo total, e
extrato de n-hexano, são maiores em bacias residenciais do que em bacias industriais.
3.5- IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA DOS CORPOS RECEPTORES
Os corpos d'água podem ser classificados como sistemas conservativos e não
conservativos. Reservatórios e lagos com tempo de residência muito longo são
considerados eficientes sistemas conservativos. Rios, estuários e reservatórios com tempo
de residência muito curto são ditos sistemas não conservativos. Esses últimos têm a
facilidade de transportar de forma mais rápida poluentes das áreas onde se originam.
Assim, os impactos que podem ocorrer na qualidade da água dos corpos receptores
dependem do tipo de curso d'água no qual está sendo depositado algum tipo de poluente e
das características químicas e hidrológicas desse curso d'água, além de depender da
quantidade e da qualidade da água que está sendo descarregada.
A alteração da qualidade da água dos corpos receptores ao longo das estações do ano é
facilmente constatada, principalmente quando se comparam as características da água entre
o período seco e durante as primeiras chuvas. Segundo Apoitia et al. (2000), essas
alterações podem ser notáveis até a olho nu devido ao aumento da turbidez e de resíduos
transportados (lixo). Podem ser observadas também mudanças como diminuição do pH e
da taxa de oxigênio dissolvido, aumento de resíduos totais, nitrogênio Kjeldhal, nitrato,
fósforo e índices de coliformes totais. Essas mudanças são bastante preocupantes, já que
provocam fortes alterações repentinas no ambiente aquático, podendo ocasionar
mortandade de peixes.
15
No trabalho de Barbé et al. (2001) que teve como objetivo estudar o efeito climático na
qualidade das águas do lago Pontchartrain, em New Orleans-USA, mais especificamente
com relação à análise da concentração de coliformes fecais, chegou-se à conclusão de que
as águas desse lago tornam-se impróprias para contatos primários de recreação nos dois ou
três dias após um evento de chuva, principalmente nas imediações onde são lançados os
efluentes da drenagem urbana, devido à elevada concentração de bactérias.
Em geral os impactos mais comuns que ocorrem nos cursos d'água estão relacionados aos
seguintes problemas:
depósito de sedimento – o excesso de sedimentos depositados podem causar a
morte dos organismos da camada bentônica, a redução da capacidade de
reservação, prejuízo na obtenção de oxigênio pelos organismos vivos que
dependem do oxigênio dissolvido na água devido ao aumento de turbidez, redução
da penetração da luz solar e aumento do custo de tratamento de água;
aumento da demanda de oxigênio – o nível de oxigênio dissolvido pode diminuir
devido à decomposição de matéria orgânica ou porque a vegetação aquática utiliza
à noite mais oxigênio do que o seu próprio produto. O aumento da demanda de
oxigênio prejudica o metabolismo de sobrevivência dos organismos aquáticos;
patogênicos - os patógenos, dentre vírus e algumas bactérias, podem ser
transmitidos ao homem ou aos animais pelo contato direto em recreação, pela
ingestão da água contaminada ou consumo de animais aquáticos. Esses podem
entrar em contato com o escoamento superficial por meio de vazamentos de esgotos
sanitários, ligações clandestinas de esgoto no sistema de drenagem, mau
funcionamento de fossas sépticas e dejetos de animais;
toxicidade – muitos dos metais tóxicos e outros constituintes tóxicos encontrados
no escoamento superficial estão adsorvidos em sólidos suspensos e outros
sedimentam nos corpos receptores, onde podem persistir por um longo período de
tempo. Os produtos tóxicos que sedimentam podem causar problemas aos
organismos presentes na camada bentônica, podem ser suspensos novamente
durante um aumento de vazão ou podem ser dissolvidos na água devido a uma
variação de pH ou da quantidade de oxigênio dissolvido;
16
nutrientes – quantidades excessivas de nutrientes podem estimular o crescimento de
plantas aquáticas, resultando em níveis baixos de oxigênio, aceleração do processo
de eutrofização, má aparência do corpo d’água, interferência na navegação,
interferência nos processos de tratamento de água e desagradável sabor e odor;
temperatura: o aumento da temperatura pode causar efeitos negativos nos peixes e
em outras formas de vida aquática durante vários estágios de seus ciclos de vida.
(ASCE e WEF, 1994)
3.6- PARÂMETROS UTILIZADOS PARA ANÁLISE DE QUALIDADE
As águas provenientes de escoamento superficial podem conter variados tipos de
poluentes, dentre os quais: sólidos suspensos, bactérias, metais pesados, nutrientes e óleos
e graxas. A quantidade e o tipo dos poluentes estão relacionados à densidade populacional,
ou ao tipo de uso do solo. A partir da avaliação de alguns estudos realizados com objetivos
distintos, foi possível perceber a importância de realizar a análise de certos parâmetros de
qualidade da água de drenagem pluvial.
Para se ter uma idéia da quantidade de carga poluente em um escoamento superficial,
segundo Field e O’Shea (1994), o processo de tratamento de águas pluviais poderá gerar
resíduos em quantidade igual ou superior ao volume de lodo gerado por uma estação
convencional de tratamento de esgoto. As características das águas pluviais diferem
substancialmente das águas residuárias ou das águas oriundas dos sistemas combinados de
esgotos, principalmente com relação aos sólidos suspensos e compostos orgânicos, sendo
que os sólidos suspensos se apresentam em quantidades maiores e os compostos orgânicos
e nutrientes, em quantidades menores.
As características microbiológicas da água proveniente do escoamento superficial são
geralmente conhecidas por intermédio da detecção das bactérias do grupo coliforme. As
práticas mais comuns de detecção de coliformes identificam apenas os microorganismos
que estão dispersos em água. Segundo o trabalho de Borst e Selvakumar (2003), o número
de microorganismos adsorvidos nas partículas presentes nas águas de drenagem pluvial
pode significar um acréscimo representativo na quantidade de microorganismos detectados
pelos métodos tradicionais de quantificação da concentração de bactérias que usam o
17
Standard Methods, como por exemplo, a técnica dos Tubos Múltiplos e a técnica da
Membrana Filtrante, os quais identificam apenas a presença de microorganismos dispersos.
Metais pesados são poluentes de particular interesse devido à sua toxicidade e ao fato de
que os metais não podem ser quimicamente transformados ou destruídos. De forma
generalizada, os níveis de metais encontrados no escoamento de áreas urbanas seguem a
seguinte ordem: zinco (20-5000 µg/l) > Cobre chumbo (5-200 µg/l) > cádmio (< 12
µg/l). As fontes de metais são numerosas no escoamento urbano e o mecanismo de
lançamento é complexo. O fluxo dos metais, ou seja, a quantidade de metais presente no
escoamento superficial depende das características do uso do solo, dos componentes e
matérias específicos empregados na área de drenagem, da intensidade da chuva, entre
outros (Davis et al., 2001).
Segundo estudo de Appel e Hudak (2001) realizado em bacia urbana no Texas, a
concentração de alguns metais (cádmio e arsênio), bem como de pesticidas, excedeu o
nível máximo admissível em água de abastecimento, embora estando dentro do limite
típico de escoamento urbano. Já as concentrações de cálcio e fósforo encontradas são
maiores que as encontradas em estudos anteriores, e essa diferença foi atribuída à carga
oriunda do solo, de materiais de construção e da aplicação de fertilizantes na área estudada.
A amostra referente à carga de lavagem foi encontrada mais concentrada que as outras
amostras na maioria dos parâmetros utilizados, porém foram encontrados valores com
diferença relevante em apenas cinco parâmetros.
O trabalho de Davis e Burns (1998), teve o objetivo de avaliar a concentração de chumbo
no escoamento superficial originário de estruturas pintadas. Os níveis de chumbo
encontrados no escoamento sobre superfícies com pinturas velhas foram bem maiores que
os encontrados no escoamento sobre superfícies recentemente pintadas. Em áreas onde a
água precipitada não entra em contato com solo, o chumbo dissolvido e o chumbo
adsorvido às partículas de pintura são transportados para o sistema de drenagem pluvial. O
chumbo preso às partículas continua a dissolução em água enquanto é transportado. Isso
significa que os corpos d’água receptores receberam tanto chumbo dissolvido quanto
chumbo particulado.
18
A utilização ou não de certos parâmetros para análise da qualidade da água de drenagem
pluvial deve depender do objetivo do estudo, bem como de alguma eventual especificidade
da bacia e até mesmo dos recursos disponíveis para análise. Alguns dos estudos
consultados não esclarecem o critério de escolha para utilização dos parâmetros eleitos.
Isso possivelmente se deve à necessidade de se caracterizar a bacia estudada com um
número mínimo representativo de parâmetros que envolvam a análise de matéria orgânica,
nutrientes, sólidos e metais, visto que esses parâmetros são sempre utilizados acrescidos de
outros, que podem estar relacionados à necessidade de caracterizar alguma particularidade
da bacia.
No trabalho de Gray e Becker (2002) realizado em uma bacia urbana, em área residencial,
foram estudados os seguintes parâmetros: cobre, zinco, chumbo, cádmio, sólidos
suspensos, sólidos dissolvidos, nitrogênio total, amônia, fósforo total, DQO,
hidrocarbonetos aromáticos e óleos e graxas. As fontes de contaminantes consideradas
nesse estudo foram as áreas de contribuição provenientes de telhados, rodovias, áreas
pavimentadas, escoamento em solo permeável, e da aplicação de fertilizantes.
Já no estudo de Lee e Bang (2000) também realizando em bacia urbana, de ocupação
residencial com baixa e alta densidade populacional, área industrial e ainda áreas sem
ocupação, foram analisados os parâmetros DBO, DQO, sólidos suspensos, nitrogênio total,
nitrato, orto-fosfato, fósforo total, extrato de n-hexano, chumbo e ferro, com o objetivo de
conhecer as características dos poluentes, a relação entre carga poluente e a vazão, assim
como conhecer o efeito do fluxo de lavagem em áreas urbanas.
Para o estudo da carga de lavagem em bacia urbana com áreas residenciais e industriais,
Lee et al. (2002) analisaram os seguintes parâmetros: DQO, sólidos suspensos, nitrogênio
total, orto-fosfato, fósforo total, extrato de n-hexano, chumbo e ferro.
De acordo com os estudos de Gray e Becker (2002), Lee e Bang (2000) e Lee et al. (2002)
os parâmetros comuns aos três trabalhos são DQO, sólidos suspensos, nitrogênio total,
fósforo total e chumbo. A justificativa de escolha dos parâmetros não é feita em nenhum
dos casos, visto que são parâmetros básicos para caracterização do escoamento superficial
de bacias urbanas, ou seja, abrangem a análise de matéria orgânica, sólidos, nutrientes e
metais pesados.
19
De acordo com ASCE e WEF (1994), estudos realizados pelo Programa NURP
(Nationwide Urban Runoff Program-USA) em áreas residenciais e comerciais, entre os
anos de 1978 e 1983, por meio da análise dos parâmetros DBO, DQO, sólidos suspensos,
fósforo total, fósforo, nitrogênio, NO
x
(nitrito e nitrato), cobre total, chumbo total e zinco
total, chegaram às seguintes conclusões quando foram comparados os resultados
encontrados, com valores das cargas anuais provenientes de estação de tratamento
secundário de esgoto: a quantidade de sólidos suspensos encontrados nas águas de
escoamento superficial é aproximadamente a mesma ou um pouco maior, a DQO é
também praticamente a mesma, enquanto que a quantidade de nutrientes é menor. É
importante lembrar que a descarga do escoamento superficial é intermitente, e que em
curto prazo as cargas associadas aos eventos individuais podem ser altas, causando
impacto repentino aos corpos receptores.
3.7- MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DAS CARGAS POLUIDORAS
A avaliação dos poluentes existentes nas águas pluviais pode ser feita utilizando-se o
estudo da concentração de cada poluente ao longo de um evento de chuva. Com esses
dados pode-se construir o polutograma, gráfico que representa a variação da concentração
ao longo do tempo de escoamento.
Para o cálculo da carga ou massa total do poluente no evento é necessário conhecer o
comportamento da concentração e da vazão ao longo do evento chuvoso. De posse do
hidrograma e do polutograma correspondente a um mesmo evento e a um mesmo ponto de
observação, pode-se calcular a carga no evento. Esse cálculo é feito por meio do somatório
da vazão multiplicada pela concentração correspondente.
Para calcular a concentração média do evento (CME) é necessário o conhecimento da
carga total do poluente e do volume total escoado. A CME pode ser útil para caracterizar
os constituintes do escoamento, apesar da grande variação do valor da concentração da
carga poluidora ao longo do evento de chuva.
Segundo Browne (1989), os dados de concentração são úteis para comparar a qualidade da
água com o padrão, comparar a concentração de poluentes com o período seco e
20
determinar a freqüência e duração da degradação da qualidade da água durante o período
de chuva. Já os dados de carga são úteis para o desenvolvimento de informações
estatísticas para tomada de decisão, desenvolvimento de modelos simples usados para
prever a média anual de poluente, e calibrar modelos complexos de simulação de fontes
não pontuais.
Lee e Bang (2000), depois de analisarem os hidrogramas e polutogramas correspondentes a
quatro bacias com características diferentes, ou seja, bacias em áreas residenciais,
comerciais, industriais e não desenvolvidas, chegaram à conclusão que o pico de
concentração de poluente ocorre antes do pico de vazão em bacias menores que 100 ha, nas
quais as áreas impermeáveis ocupam mais de 80% da área total. Contudo, o pico de
concentração de poluente ocorre depois do pico de vazão em áreas maiores que 100 ha,
onde a área impermeável é menor que 50%. Segundo o estudo, quando o pico de
concentração ocorre antes do pico de vazão, isso significa que o escoamento inicial lava os
poluentes acumulados nas ruas e esgotos antes da vazão maior chegar à foz.
Segundo Lee et al. (2002), a CME é um importante parâmetro analítico porque é
apropriado para avaliar os efeitos das águas pluviais nos corpos receptores; isso se deve a
forma relativamente lenta que estes corpos d’água respondem à influência da variação da
concentração ao longo do evento de chuva, comparada à grande variação da concentração
que chega. Isso significa que apesar do grande impacto que sofrem as águas dos corpos
receptores com a chegada do escoamento superficial, a variação da concentração dos
parâmetros ao longo da chuva não é tão significativa.
Para a análise da concentração de cargas poluidoras é importante conhecer a existência ou
não da chamada carga de lavagem ou fluxo de lavagem. Segundo Lee et al. (2002), fluxo
de lavagem (first flush) pode ser definido como sendo o período inicial de escoamento de
chuva no qual a concentração de poluentes é substancialmente maior que no período
subseqüente. A magnitude do fenômeno foi encontrada como sendo maior para alguns
poluentes, como sólidos suspensos em áreas residenciais, e menor em outros, como DQO
em áreas industriais.
A existência de alguma correlação entre o fenômeno do fluxo de lavagem e o período de
tempo sem chuva antecedente não foi observada no estudo de Lee et al. (2002). Contudo,
21
Wanielista e Yousef (1993) e Gupta e Saul (1996) apud Lee et al. (2002) citam o período
seco que antecede uma chuva como um dos parâmetros que podem influenciar o
fenômeno. A correlação encontrada no estudo de Lee et al. (2002) foi entre o fluxo de
lavagem e o tamanho da área da bacia, ou seja, quanto menor a bacia de contribuição maior
o fluxo de lavagem. Contudo, nesse estudo não foi citada nenhuma relação entre o fluxo de
lavagem e o tipo de ocupação do solo, o que é um aspecto importante que deve ser
considerado.
3.8- MÉTODOS UTILIZADOS PARA MEDIÇÃO DE VAZÃO
A escolha do método mais adequado para medição de vazão em tubulação de drenagem
pluvial pode ser feita utilizando critérios como acessibilidade aos locais de medição,
manutenção e facilidade no manuseio do equipamento, precisão nos resultados, grandeza
do valor da vazão a ser medida e custo. Dentre os variados instrumentos usados para
medição de vazão destacam-se o molinete, ADV, ADCP, tubo de Pitot, traçador e sonda
ultra-sônica.
De forma geral, os métodos mais utilizados de medição de vazão segundo Santos et al.
(2001) são:
O método convencional com molinete hidrométrico, largamente utilizado para
medições em cursos d’água naturais. Consiste em determinar a área da seção
transversal e a velocidade média do fluxo que passa por essa seção. A área é
determinada medindo-se a largura do rio e a profundidade em vários pontos ao
longo da seção. A velocidade é determinada com molinete hidrométrico em um
número significativo de pontos, em diferentes profundidades, dando origem a
velocidade média na vertical;
O método acústico, que se baseia na medição e integração de áreas e velocidades
como na medição com molinete, porém essas informações são obtidas pela análise
do eco de pulsos de ultra-som, que são ondas acústicas de alta freqüência,
refletidas pelas partículas sólidas em suspensão na massa líquida e pela superfície
sólida do fundo;
O método volumétrico, que consiste em determinar a vazão medindo-se o tempo
necessário para encher um reservatório de volume conhecido;
22
O método químico, também chamado de traçador, se baseia na injeção de uma
certa quantidade de solução de um produto químico de concentração conhecida e
determina-se a concentração do produto em um ponto a jusante;
O uso de dispositivos de geometria regular, como calhas Parshall e vertedores.
Com o conhecimento da relação cota-descarga obtida em laboratório, é fácil
transpor essa relação para as condições de campo. Esses dispositivos são em geral
aplicados para vazões menores que 5m
3
/s;
Medição com flutuadores. Consiste em determinar a velocidade de deslocamento
de um objeto flutuante, por meio da medida do tempo de deslocamento do objeto
em comprimento conhecido. É geralmente utilizado em locais onde ocorrem altas
velocidades, as quais podem colocar em risco a vida de hidrometristas ou quando
há riscos de arraste de equipamentos.
Segundo Chow (1973), o padrão geral de distribuição de velocidades em canais numa
seção transversal é esquematizado da forma mostrada na figura 3.3.
Figura 3.3 – Perfil de velocidade em seção transversal de canais (Fonte: Chow, 1973)
Com base no perfil de distribuição de velocidade, de acordo com as técnicas de
investigação em recursos hídricos da USGS (Buchanan, 1969), a velocidade média pode
ser obtida por meio da correção da velocidade superficial. A instituição recomenda um
coeficiente de multiplicação de 0,85.
23
No estudo de Godley (2002), sobre medição de vazão em condutos fechados parcialmente
cheios, são descritas as técnicas mais adequadas para medição de vazão. Dentre essas,
existem técnicas tradicionais que englobam o método volumétrico, método da diluição
(traçador) e estruturas de geometria regular. Existem também os métodos ultra-sônicos,
métodos eletromagnéticos e os métodos que utilizam equipamentos que não entram em
contato com a água. Nesse estudo Godley (2002) chegou à conclusão de que o vasto
número de opções de medidas de vazão em condutos livres tem-se expandido com o
desenvolvimento de tecnologias tradicionais, bem como com a disponibilidade de novas
técnicas, contudo, a escolha de um instrumento apropriado para um local em particular,
ainda depende das condições e das necessidades de cada local.
De acordo com Maheepala et al. (2001), embora existam no mercado vários tipos de
medidores de vazão, a maioria deles é projetada para uso em laboratório, com água limpa.
Dentre os tipos que podem ser usados para aplicação no campo, um deles é o chamado
intrusivo, que é colocado dentro da tubulação, dependendo do tamanho, pode não ser
adequado para medir pequenas vazões em condutos de drenagem urbana porque pode criar
excessiva interferência na vazão.
De acordo com Nicolau e Güths (2001), o tubo de Pitot é um equipamento que mede
velocidade de escoamentos em tubulações sob pressão ou em condutos livres. Os conceitos
básicos necessários para o entendimento e para o uso do tubo de Pitot estão associados às
pressões estática, dinâmica e total relativas ao escoamento. A pressão estática é a pressão
registrada por um sensor de pressão que acompanhe o fluido com a mesma velocidade do
fluido. A pressão dinâmica corresponde à transformação da energia cinética do fluido em
pressão. Corresponde também à altura atingida por uma partícula sólida em movimento
vertical que possua velocidade inicial igual à velocidade do fluido em escoamento. A
pressão total é a soma da pressão estática com a pressão dinâmica. É medida com uma
tomada de pressão voltada contra o escoamento e alinhada com as linhas de corrente, de
forma a receber o impacto do fluido.
Segundo Freitas e Nunes (1999), que utilizaram o tubo de Pitot para medição de vazão em
turbinas hidráulicas, concluíram que se torna extremamente vantajoso e atrativo o uso
desse equipamento quando os fatores mais importantes são: custo envolvido, tempo para
24
execução e implantação, facilidade e simplicidade de obtenção dos dados e precisão dos
resultados obtidos.
3.9- DIRETRIZES PARA O MONITORAMENTO DE PARÂMETROS DE
QUALIDADE E QUANTIDADE DA ÁGUA DE DRENAGEM PLUVIAL
As principais características de drenagem pluvial que devem ser monitoradas são a vazão
escoada e os parâmetros relativos a qualidade da água drenada, como é o caso de DBO,
DQO, fósforo, nitrogênio, coliformes, sólidos em suspensão, metais e óleos e graxas.
Definidos os parâmetros quali-quantitativos os quais se pretende monitorar, devem ser
definidos os locais adequados para instalação de equipamentos de monitoramento, o tipo
de equipamento a ser utilizado, além da sua calibração e instalação adequadas.
Segundo Smith (2001), o critério de seleção dos locais das estações inclui o tamanho da
área de drenagem, a distribuição dos pontos de amostragem por toda área coletora, uso do
solo e adequabilidade de locais para construção de estação de auto-amostragem.
Para a execução de medições de vazão podem ser utilizadas medidas de baixo custo, como
é o caso do uso de flutuadores; porém existem medidas sofisticadas e de custo elevado,
capazes de oferecerem resultados mais precisos, com margem de erro desprezível, como
por exemplo um equipamento que utilize efeito Doppler ultra-sônico. Segundo Maheepala
et al. (2001), a combinação de medidas caras e sofisticadas com medidas simples e de
baixo custo pode ser usada para reduzir os custos com aquisição de dados, sem
comprometer a acurácia das medidas, já que o custo da coleta de dados de campo
freqüentemente constitui uma significante proporção do custo total de uma investigação de
drenagem urbana.
Quanto ao intervalo de tempo que deve ser obedecido entre coletas, pode-se observar que
no estudo de Lee e Bang (2000), as amostras foram coletadas desde o início do evento de
chuva até o seu final, com intervalo de coleta de aproximadamente 5 a 10 minutos na fase
de ascensão do hidrograma, e intervalo de 1 a 2 horas durante a recessão, cobrindo assim
todo o evento. Já Lee et al. (2002) utilizaram intervalo de tempo de 3 a 5 minutos até o
pico de vazão, ou seja, durante o aumento da vazão, e intervalo de 15 a 30 minutos depois
do pico de vazão, quando a vazão escoada estava decrescendo. É importante destacar que o
25
primeiro estudo foi realizado em nove bacias com características diferentes, como a área de
drenagem que vai de 1,5ha a 650ha, o tipo de uso do solo (residencial, comercial e
industrial), a taxa de impermeabilização (de 5% a 90%), bem como foram estudados
eventos com diferentes durações e intensidades. No segundo trabalho foram estudadas
treze bacias com área de drenagem de 0,74ha a 190ha, residencial e industrial e taxa de
impermeabilização de 35% a 98% e, conforme o estudo anterior, as precipitações
estudadas também foram diferentes entre si.
É importante lembrar que nos dois estudos anteriores os intervalos de coleta não foram
diferenciados para as diferentes situações, ou de acordo com as distintas características da
bacia. Porém, o intervalo de tempo entre coletas e entre medições de vazão é um
importante item a ser definido para a execução de um bom monitoramento. A definição
desses intervalos depende de algumas características da área em estudo, como é o caso do
tempo de concentração da bacia, da intensidade e da duração da chuva, bem como da
disponibilidade ou não do uso de amostradores automáticos, ou da disponibilidade de
pessoal, no caso de coleta e medição manual, além da dependência de recursos para a
análise das amostras coletadas. Assim, deve-se ter cuidado para que sejam coletados dados
que representem as características da bacia, embora seja considerado o custo.
Segundo Browne (1989), o intervalo máximo para coleta de amostras deve ser uma função
do tamanho da bacia de contribuição e do nível de impermeabilização do terreno, como
mostra a tabela 3.2.
Tabela 3.1 - Intervalos máximos para medida de qualidade de água (Browne, 1989)
Intervalo máximo (min)
Área de contribuição (ha)
Bacia altamente impermeável Bacia permeável
20 3 4
40 4 7
240 7 20
1200 15 30
26
4 – ASPECTOS DA ÁREA DE ESTUDO
A região escolhida para a pesquisa está localizada na cidade de Brasília-DF, mais
precisamente na Asa Norte e abrange uma área desde o autódromo de Brasília (zona de
cabeceira ou montante), até o lago Paranoá (nas proximidades do centro olímpico da
Universidade de Brasília), conforme indicado na imagem de satélite Ikonos, bandas 1, 2 e
3, de 29/04/01, mostrada na figura 4.1.
Figura 4.1 – Delimitação da área de contribuição da rede de drenagem (Ikonos, 29/04/01)
Em termos de uso-ocupação a área sob estudo pode ser considerada representativa do tipo
de urbanização predominante em Brasília. Além de áreas de esporte e lazer (Autódromo de
Brasília), existem zonas com comércios, oficinas, escolas, áreas residenciais e campus
Autódromo
Campus
universitário
Lago
Paranoá
Oficinas, comércios,
intenso tráfego de
automóveis
Ponto B -
Centro
Olímpico
Áreas
residenciais
Ponto B -
Deságüe
da rede
Ponto A -
Quadra 306
27
universitário, além de regiões com intenso tráfego de automóveis e também regiões
gramadas e com solo exposto.
A rede de drenagem que atravessa essa área tem origem dentro do autódromo, passando
pelo Centro Unificado de Brasília-CEUB e por quadras mistas (residenciais e comerciais)
das 700 às 400, entre os números 5 e 8, chegando ao Campus da UnB e desaguando no
Lago Paranoá nas imediações do Centro Olímpico-UnB, compreendendo uma área de
aproximadamente 5,24 km
2
(Paulucci e Rezende, 1988). A rede estudada está mostrada na
figura 4.2.
Os pontos selecionados para coleta de amostras e medição de vazão são dois. O primeiro
ponto escolhido situa-se na quadra 306, foi chamado de ponto A e está localizado próximo
ao comércio local. O outro ponto corresponde ao local de deságüe dessa rede de drenagem
no lago Paranoá, foi chamado de ponto B e está situado nas proximidades do Centro
Olímpico da Universidade de Brasília.
A justificativa para escolha desses pontos é a seguinte: dividindo-se a bacia hidrográfica
estudada em duas áreas, conforme o uso-ocupação do solo predominante e colocando um
ponto de coleta a jusante de cada área, o ponto A representa primeiramente o escoamento
superficial que ocorre dentro do autódromo. Os dados coletados nesse ponto
corresponderão ao escoamento sobre o asfalto com predominância de deposição de
borracha de pneu e partículas oriundas do desgaste de freios. Óleos e graxas podem ser
originados dos locais onde são feitas as manutenções dos carros de corrida, além disso,
existe também o escoamento em área gramada e em solo exposto. Esse ponto também
oferece dados representativos da área onde predomina o desenvolvimento de atividades
como comércios e oficinas, além de atividades como escolas e áreas residenciais, sendo
também um local de intenso tráfego de automóveis. A área subseqüente ao ponto A é
caracterizada por residências, porém existem comércios locais, vias com tráfego intenso de
automóveis além do campus universitário. O ponto B é considerado o mais importante por
está localizado na área de deságüe da rede de drenagem, possibilitando o conhecimento das
características que representam toda a bacia, sendo o local mais adequado para que seja
feita uma análise mais ampla.
29
Quanto ao clima no Distrito Federal, segundo ENGEVIX (1990), predomina o quente e
semi-úmido. Segundo a classificação de Köppen o clima dominante no Distrito Federal é o
tropical (Aw) e o tropical de altitude (Cwa) e (Cwb). Existem duas estações bem definidas,
uma chuvosa e quente que ocorre entre os meses de outubro e abril, e outra fria e seca que
ocorre entre maio e setembro. Os meses mais chuvosos são os de novembro a janeiro. Com
relação aos índices de precipitação, a média pluviométrica anual fica em torno de 1500 a
1700 mm. Já a média térmica anual varia entre 22 a 24
o
C, sendo que a média máxima
ultrapassa 25
o
C e a média mínima alcança 18
o
C.
Precipitação Máxima 24 Hs (mm) em Brasília no período 1961-1990
Precipitação (mm) em Brasília no período 1961-1990
Temperatura Média (ºC) em Brasília no período 1961-1990
Figura 4.3 - Gráfico climatológico. (Fonte: INMET, 2004)
30
5 – METODOLOGIA
Neste capítulo estão descritas as características das instalações utilizadas, o
desenvolvimento do procedimento metodológico relativo à medição de vazão e coleta de
amostras, além do procedimento de análise de amostras.
5.1- DESCRIÇÃO DOS LOCAIS DE COLETA DE DADOS E EVENTOS
AMOSTRADOS
Antes da escolha definitiva dos locais onde seriam coletadas as amostras de água de
drenagem pluvial e onde seriam feitas as medições de vazão, várias alternativas foram
cogitadas e estudadas. De início, foi proposta a localização desses pontos em apenas parte
da rede de drenagem. Porém, chegou-se a conclusão que seria mais interessante fazer a
coleta de dados em dois locais da bacia de contribuição. Assim, escolheu-se o ponto A,
localizado na quadra 306 norte, mais a montante na bacia, e o ponto B, onde ocorre o
deságüe da rede de drenagem pluvial, conforme mostra a figura 4.2.
A coleta de dados referente ao ponto A foi realizada por meio de dois poços de visita já
existentes na rede de drenagem, sendo o primeiro com as seguintes dimensões: 0,60 m de
diâmetro, 4,00 m de profundidade, com tubulação de chegada de 1,00 m de diâmetro, um
tubo de 0,30 m oriundo da boca-de-lobo mais próxima e uma tubulação de saída de 1,00 m
de diâmetro. O segundo poço de visita localiza-se a 183 metros do primeiro e não possui as
características comuns de poços de visita. Na verdade, na época de construção desse poço
foi feita uma escavação vertical, onde foram colocados anéis de concreto até que se
atingisse a tubulação da rede de drenagem, essa então foi quebrada para que se alcançasse
o interior da tubulação. Nesse ponto foi ligada uma tubulação de aproximadamente 40
centímetros de diâmetro. O esquema dos poços de visita utilizados para coleta de dados no
ponto A está esquematizado na figura 5.1.
31
Figura 5.1 – Planta baixa e corte dos poços de visita utilizados no ponto A.
O ponto B é composto pela estrutura de deságüe da rede pluvial no lago Paranoá. A
aproximadamente 61m do local de deságüe existe um poço de visita, o qual foi utilizado
para lançamento das esferas de isopor, objetivando a medição da velocidade. O sistema
correspondente ao ponto B é mostrado na figura 5.2.
183m
1.00
Ø
.
6
0
Ø.60
.40
.30
Boca de Lobo
Tubulação – Diâmetro 30cm
Projeção Poço de Visita 01
Tubulação -
Chegada e Saída
Projeção Poço de Visita 02
4.00
1.00
.60 .60
Poço de
Visita 02
Tubulação - Chegada e Saída
Projeção Tubulação
Proveniente boca-de-lobo
32
.60
61 m
Figura 5.2 – Planta baixa e corte do sistema de coleta de dados no ponto B.
As datas e os locais relativos aos eventos em que foram coletados os dados referentes a
qualidade da água pluvial da bacia em estudo e os dados de velocidade do escoamento no
interior da tubulação estão expostos na tabela 5.1.
61m
Leito Lago Paranoá Margem Lago Paranoá
Limite Galeria
Projeção Poço Visita
Galeria
Po
ç
o de Visita
Limite Final
da Galeria
La
g
o Paranoá
33
Tabela 5.1 – Data e local referentes às campanhas de coleta de dados.
DATA LOCAL EVENTO
TOTAL
PRECIPITADO NO
DIA DA COLETA
(mm)
08/10/03 Ponto B 1B 27,2
19/01/04 Ponto B 2B 12,0
25/01/04 Ponto A 1A 24,2
26/01/04 Ponto B 3B 23,0
02/02/04 Ponto B 4B 29,5
09/02/04 Ponto A 2A 7,2
10/02/04 Ponto A 3A 63,0
5.2- ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO PROCEDIMENTO
METODOLÓGICO
As etapas que compõem a metodologia adotada para medição de velocidade e coleta de
amostras de água foram desenvolvidas conforme os objetivos do presente estudo, levando-
se em consideração as características dos locais de coleta de dados, bem como a
disponibilidade de recursos financeiros.
5.2.1- Metodologia para medição de velocidade
De acordo com o que foi pesquisado, dentro da limitação orçamentária da pesquisa e tendo
em vista as particularidades dos pontos escolhidos, pensou-se na utilização de instrumentos
de medição de velocidade, como flutuadores e tubo de Pitot. Optou-se inicialmente pela
utilização de tubos de Pitot nos pontos A e B. O ponto A mostrou-se inadequado até
mesmo para a fixação do equipamento. Já no ponto B, chegou-se a instalar os tubos de
Pitot, no entanto, devido a falhas no procedimento metodológico, não se obteve êxito com
a utilização de tal instrumento. Assim, foram utilizadas esferas de isopor para a medição da
velocidade do escoamento dentro da tubulação da rede de drenagem pluvial tanto no ponto
A quanto no B, mesmo sabendo as limitações do método.
34
Utilização do tubo de Pitot
A instalação dos tubos de Pitot no ponto B foi feita por meio de uma escavação lateral à
galeria de águas pluviais, de aproximadamente 3,00 metros de profundidade e 1,50m x
1,50m. Foi encerrada a escavação no momento em que se alcançou o lençol freático,
faltando aproximadamente 35cm para alcançar a laje do fundo da galeria. Existia a opção
de continuar a escavação com a utilização de bombas para rebaixamento do lençol freático
enquanto era feita a escavação, e em seguida, seria utilizada alguma forma de
impermeabilização para garantir que a água não voltasse ao local. Essa solução, entretanto,
mostrou-se onerosa e inviável dentro do orçamento da pesquisa. Optou-se, portanto, por
instalar o primeiro Pitot na cota do piso do poço construído, ou seja, a 35cm,
aproximadamente, do fundo da galeria. A conseqüência imediata assumida quando dessa
decisão é o fato de que a velocidade média na seção só seria medida de forma direta com o
Pitot, caso tivéssemos uma lâmina d’água na galeria superior a 1m, já que esta velocidade,
segundo a literatura, ocorre a 60% da profundidade. Conhecendo o perfil aproximado de
distribuição de velocidades numa seção transversal de canal retangular, entretanto, seria
possível coletar dados de velocidade para uma lâmina a partir de 40cm de altura,
promovendo a sua correção, posteriormente. Pensou-se, portanto, que a assunção do erro
da correção de tais velocidades seria a solução mais viável para dá prosseguimento aos
trabalhos.
Com relação ao método construtivo do poço do ponto B, devido ao tipo de solo do local, a
escavação foi feita sem inclinação dos taludes. Como as dimensões da área escavada eram
pequenas, e devido ao fato de que um dos lados da escavação era a própria parede de
concreto da galeria, cada lado funcionava como apoio para os demais, ficando a escora a
cargo de andaimes de ferro, acrescidos de pranchas de compensado naval entre o solo e os
andaimes. O piso foi coberto com uma camada de brita acrescido de um cimentado
simples, conforme mostra a figura 5.3.
Para uma boa acomodação da equipe de trabalho no momento da chuva foi construído um
abrigo de alvenaria ao redor do local escavado de aproximadamente 1,90 m de altura, com
cobertura de telha de amianto. A iluminação é natural, obtida através de algumas telhas
35
transparentes. A ventilação alcança o local através de espaçamentos deixados entre alguns
tijolos.
Figura 5.3 - Escavação lateral à galeria de águas pluviais no ponto B de coleta.
Na parede da galeria foram feitos cinco furos horizontais de aproximadamente 3,00 cm de
diâmetro, onde foram colocadas peças confeccionadas de nylon, de aproximadamente
16,00 cm de comprimento, 2,50 cm de diâmetro externo e 1,27 cm de diâmetro interno,
conforme figura 5.4. No interior dessas peças foram colocados os tubos de Pitot,
construídos com tubos de aço de aproximadamente 0,50 m de comprimento, com curvatura
de 90
o
na extremidade interna à galeria para medição de velocidade. Na extremidade
externa à galeria e interna à escavação foram conectadas mangueiras de borracha
transparente, colocadas verticalmente e fixadas em réguas, as quais foram presas à parede
da galeria, para que fosse feita a leitura da pressão dinâmica referente aos tubos de Pitot.
A distribuição dos tubos ao longo da altura da parede foi pensada para que se pudesse obter
o perfil de distribuição de velocidades experimentalmente. Sendo a medição da altura da
água realizada por meio de uma tomada piezométrica colocada próximo ao primeiro Pitot,
também a 35 cm do fundo da galeria. Na figura 5.5 apresenta-se um croqui indicando a
instalação dos equipamentos.
Parede da galeria
36
Figura 5.4 - Desenho esquemático da peça de nylon.
Tomada piezométrica
Coletor de amostras
Tubos de Pitot
Coletor de amostras
Galeria (2,60m x 2,60m)
Figura 5.5 - Esquema do local de medição de vazão e coleta de amostras - Ponto B.
Parede de Concreto
Borracha de vedação
Parafuso com bucha
Tubo de aço inox
Peça a ser confeccionada de nylon
O-Ring
Parafuso 3/8
37
A utilização das instalações do ponto B não ocorreu logo após sua conclusão devido a
ocorrência de chuva de pouca intensidade, não levando o nível d’água a alcançar alturas
maiores que 35 cm. Em evento posterior, onde o nível d’água chegou a uma média de 60
cm, tentou-se medir a velocidade utilizando os tubos de Pitot, porém não foi possível
devido a grande oscilação do nível no tubo. Entende-se que, mesmo o tubo estando em
média a 25 cm do nível d’água, esse sofreu a interferência da camada superficial do
escoamento, a qual sofre grande turbilhonamento, ocasionando a entrada de bolhas de ar
no tubo. Além disso, a grande quantidade de material carreado na água de drenagem pode
ter contribuído para a oscilação. Destaca-se como outra possível fonte de erro, a
dificuldade na obtenção do perpendicularismo do Pitot com as linhas de fluxo do
escoamento, essencial ao bom funcionamento do instrumento.
Uma falha no procedimento metodológico ocasionou a deformação dos tubos de Pitot, em
decorrência da força do escoamento no interior da galeria, como pode ser observado na
figura 5.6. A idéia inicial era que os tubos permanecessem próximos a parede da galeria,
sendo empurrados para o centro, um a um, no momento em que fossem feitas as leituras, e
retornados ao local inicial logo em seguida. Porém, no momento em que foram instalados
os cinco tubos de Pitot, esses foram deixados na posição de leitura. Com a ocorrência de
uma forte chuva na madrugada seguinte, os tubos foram entortados. Houve então a
necessidade de cortar os tubos e não mais deixá-los na posição de leitura. Assim, a
velocidade medida do escoamento seria próximo à parede da galeria, devido ao
encurtamento dos tubos e por cautela, para evitar outros prováveis acidentes que pudessem
gerar envergadura no instrumento.
Um outro problema identificado com relação a utilização das instalações montadas no
ponto B foi a elevação do lençol freático, devido a não impermeabilização da escavação.
Como a distância do lago é pequena, cerca de 80m, a variação da altura do lençol é
bastante expressiva, conforme pode ser observado na figura 5.7.
Em função das dificuldades encontradas com a utilização dos tubos de Pitot, justificadas
sobretudo pelas falhas de procedimentos, buscou-se uma outra metodologia para medição
de velocidade no interior da rede.
38
Figura 5.6 - Tubos de Pitot deformados devido ao escoamento no interior da galeria.
Figura 5.7 - Aumento do nível do lençol freático no ponto B.
Utilização das esferas de isopor
A utilização das esferas de isopor baseou-se na simplificação de que o tempo de percurso
dessas é semelhante à velocidade superficial do escoamento. É importante ressaltar que tal
39
consideração incorre em erros, devido à influência do vento e da dispersão das esferas (em
função da variação da velocidade superficial na seção).
Assim, tanto no ponto A como no ponto B, foi adotado o método do lançamento das
esferas de isopor na rede para obtenção da velocidade de percursos dessas. Algumas
observações sobre esse procedimento merecem destaque:
Ao lançar as esferas, percebeu-se que um grande bloco delas deslocava-se
próximas, enquanto algumas sofriam dispersão ao longo do percurso;
Visualmente considerava-se a chegada desse bloco para que o cronômetro fosse
acionado;
Procurou-se colocar as esferas o mais próximo possível da superfície quando do
lançamento, para minimizar o efeito do vento nesse instante;
Para correção da velocidade medida, considerando ser a velocidade de percurso do bloco
principal de esferas igual à velocidade superficial média do escoamento, utilizou-se a
recomendação do Serviço Geológico dos Estados Unidos (Buchanan, 1969), a qual é
baseada no perfil de distribuição de velocidades numa seção transversal de canal.
Outro dado importante para obtenção da vazão na rede era o nível d´água nesta. Para o
ponto A utilizou-se uma trena. Já no ponto B, foi possível a instalação de uma régua na
parede externa da galeria, conforme mostrado na figura 5.8.
40
Figura 5.8 - Régua instalada no ponto de deságüe da rede de drenagem pluvial.
5.2.2- Metodologia para coleta de amostras
O equipamento utilizado para executar a coleta das amostras de água pluvial no primeiro
ponto, o ponto A, foi elaborado de forma simples, por meio da utilização de um recipiente
de plástico de 01 (um) litro, preso a hastes conectadas através de rosqueamento,
possibilitando o alcance de grandes profundidades, conforme figura 5.9.
A coleta realizada no ponto B seria feita por meio de duas torneiras instaladas na parede da
galeria de água pluvial, no mesmo local onde foram instalados os equipamentos para
medição de vazão. No entanto, isto não ocorreu porque, já que era necessário medir
velocidade e cota fora do abrigo, ou seja, no ponto de deságüe da rede para o lago, tornou-
se mais prático realizar a coleta das amostras também nesse local, utilizando o coletor de
amostras de água já descrito. Além disso, houve um aumento do nível no lençol freático
dentro da escavação do ponto B, impedindo a coleta das amostras por meio das torneiras,
conforme mostrado na figura 5.10.
41
Figura 5.9 - Coletor de amostra de água utilizado nos pontos A e B.
Figura 5.10 – Torneiras instaladas na parede da galeria de água pluvial no ponto B.
Torneiras
42
Após obtida a amostra do efluente, essa era colocada em recipientes plásticos ou de vidro,
dependendo do tipo de parâmetro a ser analisado, sendo cada recipiente devidamente
identificado com informações sobre a amostra, como por exemplo, a hora da coleta. A
medição da temperatura era realizada no momento da coleta. A amostra destinada à análise
de coliformes era colocada em recipiente de vidro esterilizado. Outro recipiente de vidro de
1 litro era utilizado para armazenar a amostra destinada à análise de óleos e graxas. Um
recipiente de aproximadamente 250ml de polietileno foi utilizado para armazenar as
amostras destinadas a análise de metais pesados. E, por fim, era utilizado um recipiente de
plástico de 1 litro para análise dos demais parâmetros. Em seguida, todos os frascos eram
colocados em recipiente de isopor. Assim, as amostras eram levadas ao Laboratório de
Análise de Águas-LAA do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade
de Tecnologia-FT da Universidade de Brasília. Sendo os frascos selecionados para a
análise de metais, levados ao Laboratório de Geoquímica-LAGEQ do Departamento de
Geoquímica e Recursos Minerais do Instituto de Geociências-IG, também da Universidade
de Brasília, para realização da filtração de metade de cada amostra, e em seguida colocado
ácido nítrico em cada frasco, para conservação e posterior leitura.
A idéia inicial era que durante o evento de chuva fossem coletas amostras com intervalos
de aproximadamente 5 a 10 minutos, antes, durante e por um período de aproximadamente
30 minutos após o pico de vazão. Porém, as coletas não foram realizadas exatamente como
foi previsto, já que algumas vezes não foi possível chegar ao local de coleta no início da
chuva. Assim, os intervalos de coleta ficaram em torno de 5 até 30 ou 40 minutos, de
acordo com a variação do nível d’água, ou seja, buscou-se identificar as vazões
correspondentes às diferentes alturas e conseqüentemente as coletas foram feitas seguindo
o momento da medição de velocidade.
Devido ao escoamento detectado na rede de drenagem no período seco, conforme figuras
5.11 e 5.12 a seguir, verificou-se a necessidade de coleta de amostras de água também no
período sem chuva. Assim, antes de iniciado o período chuvoso na bacia em estudo, foi
coletada uma amostra de água no ponto de deságüe, ponto B, da rede de drenagem pluvial.
43
Figura 5.11 - Escoamento na rede de drenagem pluvial no período de estiagem no ponto A.
Figura 5.12 - Escoamento na rede de drenagem pluvial no período de estiagem no ponto B.
44
5.3- INSTALAÇÃO DO PLUVIÓGRAFO
O monitoramento da precipitação foi feito com um pluviógrafo instalado na área em
estudo. A instalação foi feita no teto do bloco SG-12 do Campus Universitário Darcy
Ribeiro da Universidade de Brasília. A alocação desse instrumento na bacia é mostrado na
figura 5.13.
Figura 5.13 – Localização do pluviógrafo instalado na área em estudo.
O pluviógrafo da Onset foi conectado a uma estação meteorológica da Campbell Scientific
modelo CR10X, conforme figura 5.14.
O intervalo de tempo considerado para quantificação da chuva quando da programação do
instrumento foi primeiramente de 30min, nos meses de setembro/2003 a janeiro/2004.
Posteriormente, no mês de fevereiro, o equipamento foi reprogramado para intervalos de
5min.
O programa utilizado pela estação meteorológica para armazenar os dados coletados pelo
mesmo, bem como os dados coletados por esta estação estão disponíveis no apêndice B.
Esses dados revelam a quantidade de água precipitada na área em estudo, bem como a
quantidade de dias que antecedem uma chuva.
Bloco SG-12
(Pluviógrafo)
Ponto B – Local de
desá
g
üe da rede
Galeria principal da
rede de drenagem
45
Figura 5.14 - Pluviógrafo instalado na área em estudo.
5.4- ANÁLISE DAS AMOSTRAS
De acordo com o que foi visto em estudos realizados com os mesmos objetivos do presente
trabalho, deve ser tomado o cuidado para que os parâmetros escolhidos para análise de
amostras do efluente envolvam a análise de, no mínimo, matéria orgânica, nutrientes,
microbiologia e metais pesados. A escolha dos parâmetros para o presente trabalho foi feita
baseada nesse princípio, além de levar em conta também os parâmetros mais usuais.
As características físicas do efluente foram analisadas por meio da medida da temperatura
e sólidos em suspensão. As características químicas foram analisadas por meio do pH,
condutividade (quantidade de sais) e metais pesados. Os nutrientes foram avaliados por
meio do orto-fosfato e nitrato. Os parâmetros utilizados para análise de matéria orgânica
contida na água foram DBO, DQO e óleos e graxas. Já as características microbiológicas
foram analisadas por meio da medida de coliformes totais e termotolerantes.
No caso da análise dos metais pesados, as amostras foram sendo devidamente armazenadas
para que, depois de coletadas todas as amostras, estas pudessem ser analisadas
conjuntamente, visto que o tempo de armazenamento de amostras para essa análise é
longo. Foi utilizado filtro de 0,47 µm para filtragem de metade de cada amostra. A leitura
46
dos elementos químicos foi feita por meio do Espectrômetro de Emissão Atômica com
Plasma Indutivamente Acoplado (ICP/AES). O equipamento está programado para indicar,
caso ocorra, a presença dos seguintes elementos químicos: estrôncio (Sr), lantânio (La),
ítrio (Y), titânio (Ti), cálcio (Ca), vanádio (V), magnésio (Mg), ferro (Fe), silício (Si),
níquel (Ni), zircônio (Zr), cobre (Cu), alumínio (Al), crômio (Cr), manganês (Mn), bário
(Ba), cobalto (Co), zinco (Zn), chumbo (Pb), cádmio (Cd), fósforo (P) e molibdênio (Mo).
No entanto, a análise de dados foi feita apenas para os elementos Fe, Cu, Al, Cr, Zn, Pb e
Cd.
O espectrômetro da marca SPECTRO ANALITYCAL INSTRUMENTS (Laboratório de
Geoquímica/UnB), modelo SPECTROFLAME FVM03 é equipado com policromador de
vácuo e monocromador com rede holográfica de 2400 estrias/mm. Acoplado a este
equipamento existe um nebulizador MEINHARD com pressão de 38 psi e fluxo de argônio
de 1 litro/min, com distância focal de 75 cm e gerador de rádio com freqüência de 27,12
MHz para geração de plasma de argônio (Moreira, 2002).
A metodologia utilizada para análise de cada parâmetro foi a seguinte, de acordo com o
Standard Methods (APHA, AWWA e WPCF, 1985):
Tabela 5.2 - Métodos utilizados para análise dos parâmetros
PARÂMETRO MÉTODO UTILIZADO
Temperatura Termômetro
pH Phmetro
Condutividade elétrica Condutivímetro
DBO Respirométrico
DQO Colorimétrico de refluxo fechado
Orto-fosfato Colorimétrico do ácido ascórbico
Nitrato Colorimétrico
Coliformes Colilert
Sólidos em suspensão Gravimétrico
Metais pesados ICP-AES (Inductively Coupled Plasma-Atomic Emission Spectrometry)
Óleos e graxas Gravimétrico
47
6 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
O presente capítulo refere-se à análise e discussão dos resultados obtidos para a bacia
estudada. Para o período chuvoso, em particular, foram coletados dados de vazão e
amostras d’água, a fim de quantificar cargas de poluentes em eventos.
6.1 – COLETA DE AMOSTRAS EM ÉPOCA DE ESTIAGEM
Os objetivos dessa coleta inicial foram, dentre outros, colocar em prática os procedimentos
básicos de coleta e análise de amostra, bem como obter os primeiros valores de alguns
parâmetros de qualidade para que se pudesse ter uma idéia do tipo de efluente que deságua
no lago Paranoá no período de estiagem, através da rede de drenagem dessa micro-bacia.
Os resultados obtidos estão descritos na tabela 6.1.
Tabela 6.1 - Parâmetros de qualidade da água de amostra coletada no ponto de deságüe da
rede de drenagem pluvial.
Altura
nível
d’água
(cm)
Tempera
tura (
o
C)
pH Conduti
vidade
(µS/cm)
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sol.
Suspen
são
(mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Colif.
Totais
(NMP/100
ml)
Colif.
Termotoler.
(NMP/100
ml)
3,0 23,0 6,92 208,0 52,6 21,4 7,8 0,3 >2,4x10
4
2,38E+04
Fazendo uma observação geral dos valores encontrados, confirma-se o que já era esperado,
de que esse efluente seja proveniente de ligações clandestinas de esgotos domésticos
residenciais e comerciais. Essa hipótese deve-se principalmente à presença de coliformes
termotolerantes e totais na água escoada. Percebe-se, entretanto, que o valor dos coliformes
termotolerantes ficou abaixo do valor típico de esgoto bruto. Fato este que pode ser
justificado pela provável infiltração de água subterrânea na rede, já que em alguns trechos
ela se encontra abaixo do nível do lençol freático. Outro fato que reforça essa hipótese são
os baixos valores de DBO e DQO, em comparação aos valores típicos referentes ao esgoto
doméstico bruto.
48
Tabela 6.2 – Comparação entre esgoto bruto e resultado obtido.
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sólidos em
Suspensão
(mg/l)
Coliformes
termotolerantes
(NMP/100ml)
Esgoto bruto*
700 350 400 1,00E+07
Dados obtidos
52,6 21,4 7,8 2,38E+04
% entre dados obtidos e esgoto bruto
8% 6% 2% 0,24%
*Von Sperling (1996)
Com a comparação obtida na tabela 6.2, percebe-se que o efluente analisado está bastante
diluído, se comparado a esgoto bruto, ou seja, mais de 90% do escoamento em estudo,
corresponde à água subterrânea ou outro tipo de efluente diferente de esgoto bruto.
6.2 – COLETAS DE AMOSTRAS NO PERÍODO CHUVOSO
As coletas de amostra, bem como a medição de vazão, foram realizadas no período de 08
de outubro de 2003 a 10 de fevereiro de 2004, sendo feitas 7 coletas, divididas entre o
ponto A e o ponto B. As coletas do ponto A foram realizadas nos dias 25/01/04 (coleta
1A), 09/02/04 (coleta 2A) e 10/02/04 (coleta 3A). Já no ponto B foram realizadas nos dias
08/10/03 (coleta 1B), 19/01/04 (coleta 2B), 26/01/04 (coleta 3B) e 02/02/04 (coleta 4B).
Devido ao menor tempo de concentração do ponto A, comparado ao ponto B, houve uma
dificuldade maior nas campanhas realizadas no ponto A, no sentido de coletar amostras
desde o início do escoamento. Além disso, houve uma maior prioridade em coletar dados
referentes ao ponto B, principalmente quando ocorriam chuvas de maior intensidade, já
que esse ponto era representativo de toda a sub-bacia explorada. As coletas do ponto A
foram promovidas durante a ocorrência de precipitações de menor intensidade. Assim, o
número de amostras do ponto A é muito pequeno, dificultando uma compreensão maior do
comportamento desses dados.
O critério para o intervalo de tempo entre uma coleta e outra foi basicamente à altura da
lâmina d’água. Assim, tentou-se coletar amostras que representassem vários níveis d’água,
ou seja, vários valores de vazão.
49
6.2.1 – Dados de qualidade
Os resultados de concentração obtidos com as análises das amostras coletadas em cada
evento estão expostos a seguir por ponto de coleta, evento e amostra, sendo os valores
relativos aos metais apresentados separadamente.
Ponto A
Tabela 6.3 - Dados de qualidade do evento 1A (25/01/04)
No
da
amos
tra
Hora Tem-
pera-
tura
(
o
C)
Conduti
vidade
(µS/cm)
DQO
(mg/l)
Sol.
Suspen
são
(mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Colif.
Totais
(NMP/100
ml)
Colif.
Termotoler
(NMP/100
ml)
Orto-
fosfato
(mg/l)
Óleos
e
graxas
(mg/l)
1 16:32 21,0 35,4 13,0 11,0 0,2 2,76E+05 2,38E+04 0,06 NI
2 16:40 21,0 33,8 13,0 9,0 0,2 2,49E+05 1,35E+04 0,05 7,30
3 16:57 21,0 38,3 9,0 12,5 0,0 3,45E+05 2,38E+04 0,10 *
NI: não identificado; * amostra não analisada para esse parâmetro.
Tabela 6.4 - Dados de qualidade do evento 2A (09/02/04)
No da
amost
ra
Hora Tem-
pera-
tura
(
o
C)
Condutivida
de (µS/cm)
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sol.
Suspen
são
(mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Colif.
Totais
(NMP/100
ml)
Colif.
Termot.
(NMP/100
ml)
Óleos
e
graxas
(mg/l)
1 15:05 23,8 22,7 12,0 2,8 27,5 0,7 3,65E+05 1,85E+04 NI
2 15:19 23,8 22,9 16,0 1,8 30,0 1,0 3,61E+05 2,56E+04 NI
3 15:32 23,5 23,5 11,0 5,3 24,0 0,9 3,45E+05 2,31E+04 14,0
NI: não identificado.
Tabela 6.5 - Dados de qualidade do evento 3A (10/02/04)
No
da
amos
tra
Hora Tem
pera-
tura
(
o
C)
pH Conduti
vidade
(µS/cm)
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sol.
Suspen
são
(mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Colif.
Totais
(NMP/100
ml)
Colif.
Termot.
(NMP/100
ml)
Óleos
e
graxas
(mg/l)
1 09:56 19,2 6,10 22,10 19,0 2,8 18,5 0,6 2,49E+05 9,60E+03 22,63
2 10:38 19,2 6,43 27,90 15,0 1,5 8,0 0,4 4,35E+05 2,16E+04 10,20
50
Os dados referentes às análises das amostras do ponto A, relativos aos três eventos
estudados, mostram que não houve grande variação nos valores dos parâmetros analisados,
em geral. O que se percebe é um pequeno aumento nos valores de sólidos em suspensão se
comparados os eventos 1A e 2A. No entanto, deve-se considerar que a quantidade de dados
é pequena e que os dias de coleta foram muito próximos, o que pode justificar a pequena
variação desses valores.
É válido lembrar que as variações de concentração entre os pontos A e B são de difícil
discussão, visto que os eventos estudados não foram os mesmos para os dois locais de
coleta de dados.
Ponto B
Tabela 6.6 - Dados de qualidade do evento 1B (08/10/03)
No
da
amos
tra
Hora Tem-
peratu
ra (
o
C)
pH Conduti
vidade
(µS/cm)
DQO
(mg/l)
Sol.
Suspen
são
(mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Colif.
Totais
(NMP/100
ml)
Colif.
Termotoler
(NMP/100
ml)
Orto-
fosfato
(mg/l)
1 17:12 24,0 6,60 113,1 81,0 45,6 NI >2,4E+04 >2,4E+04 1,31
2 17:20 24,0 6,96 77,2 200,0 32,6 0,0 >2,4E+04 2,4E+04 0,54
3 17:35 23,5 6,94 55,5 65,0 23,5 0,0 >2,4E+04 1,6E+04 0,40
4 15:45 23,8 6,83 55,5 85,0 27,8 0,5 >2,4E+04 1,7E+04 0,31
5 17:55 23,8 6,75 58,3 71,0 19,0 0,0 >2,4E+04 2,4E+04 0,30
6 18:06 23,9 6,68 61,0 72,0 13,6 0,3 >2,4E+04 >2,4E+04 0,38
NI: não identificado.
A primeira análise das amostras do ponto B corresponde também a primeira análise de
amostras coletadas no momento da chuva. Assim, algumas dificuldades foram encontradas,
como por exemplo, a análise de coliformes. Nesse caso, teria sido necessária a execução de
uma maior diluição das amostras coletadas, no entanto, a princípio, não se sabia a ordem
de grandeza desses valores, por isso não se fez a adequada diluição.
51
Tabela 6.7 - Dados de qualidade do evento 2B (19/01/04)
No
da
amos
tra
Hora Tem-
pera-
tura
(
o
C)
pH Conduti
vidade
(µS/cm)
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sol.
Suspe
nsão
(mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Colif.
Totais
(NMP/
100ml)
Colif.
Termot
(NMP/
100ml)
Orto-
fosfato
(mg/l)
Óleos
e
graxas
(mg/l)
1 16:00 23,0 6,75 160,9 65,0 21,2 104,0 2,5 6,9E+05 2,6E+05 0,13 *
2 16:05 26,3 * * * * * * * * * 10,91
3 16:10 26,3 6,67 62,1 47,0 * 48,0 0,9 2,4E+06 2,0E+05 0,22 *
4 16:15 26,3 * * * * * * * * * 10,78
5 16:30 26,3 6,60 57,1 34,0 12,8 100,0 1,0 2,4E+06 1,9E+05 0,02 *
6 16:40 26,0 6,59 67,7 53,0 * 113,0 1,3 2,0E+06 9,3E+04 0,31 14,35
7 17:00 26,0 6,67 87,5 79,0 16,0 119,0 1,2 1,7E+06 2,5E+05 0,12 14,56
* amostra não analisada para esse parâmetro.
Tabela 6.8 - Dados de qualidade do evento 3B (26/01/04)
No
da
amos
tra
Hora pH Conduti
vidade
(µS/cm)
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sol.
Suspe
nsão
(mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Colif.
Totais
(NMP/100
ml)
Colif.
Termotol.
(NMP/100
ml)
Orto-
fosfato
(mg/l)
Óleos
e
graxas
(mg/l)
1 16:25 6,98 39,2 39,0 5,1 152,0 1,2 1,41E+06 8,60E+04 0,17 *
2 16:35 7,02 37,1 40,0 3,2 169,5 1,3 4,61E+05 3,13E+04 0,15 10,34
3 16:45 7,02 39,1 32,0 2,4 134,0 1,5 1,12E+06 3,88E+04 0,05 *
4 16:53 6,92 40,0 23,0 5,6 122,5 1,8 * * 0,11 *
5 17:10 6,59 46,3 41,0 4,2 115,0 2,0 * * 0,11 *
* amostra não analisada para esse parâmetro.
Tabela 6.9 - Dados de qualidade do evento 4B (02/02/04)
No
da
amos
tra
Hora pH Conduti
vidade
(µS/cm)
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sol.
Suspen
são
(mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Colif.
Totais
(NMP/100
ml)
Colif.
Termotol.
(NMP/100
ml)
Orto-
fosfato
(mg/l)
1 14:50 6,79 58,8 43,0 12,7 134,5 1,2 2,42E+06 2,25E+05 0,25
2 15:00 6,71 45,0 50,0 * 173,5 0,9 2,42E+06 1,04E+05 0,29
3 15:19 6,68 44,9 29,0 * 104,0 1,2 2,42E+06 5,65E+04 0,09
4 15:38 6,66 43,6 22,0 * 60,0 0,9 1,99E+06 5,78E+04 0,15
5 16:20 6,59 46,3 19,0 6,9 43,5 0,7 1,05E+06 4,35E+04 0,09
6 16:34 6,53 50,8 19,0 * 42,5 0,8 1,55E+06 3,54E+04 0,07
7 17:15 6,64 66,0 23,0 11,5 43,5 0,9 1,55E+06 5,98E+04 0,14
* amostra não analisada para esse parâmetro.
52
Pode-se observar que algumas amostras não foram analisadas, como por exemplo para o
parâmetro DBO. Isso se deu pelo fato de que, como o laboratório de análises na época teve
grande demanda e as coletas em questão não poderiam ser programadas, já que dependiam
de um fenômeno natural (a chuva), houve momentos em que o equipamento não estava
disponível. Não há, entretanto, prejuízos maiores decorrentes dessa falha de dados de
DBO, já que, para todas as amostras foi feita análise de DQO.
Tabela 6.10 - Qualidade de esgoto bruto e de efluente de estações de tratamento,
concentrações típicas – Médias em mg/l. (Fonte: Jordão e Pessoa, 1995)
Tipo de
esgoto
Tipo de tratamento
Sólidos em
suspensão
DBO DQO N total P total
Bruto - 200 220 500 40 10
Primário Decantação 100 155 350 38 9
Secundário Convencional
Lodos ativados-L.A.
30 25 75 30 8
Secundário L. A. com nitrificação 20 10 35 30 8
Secundário L. A. c/ nitrif. + denitrif. 20 10 30 8 8
Secundário L. A. c/ remoção biol. de P 15 10 30 20 2
Terciário L. A. + rem. N, P + filt. 10 5 25 <5 <2
Comparando-se os valores obtidos com a análise das amostras coletadas no ponto B e os
valores apresentados na tabela 6.10, como, por exemplo, os padrões de efluentes de
tratamento terciário, percebe-se que em 45% das amostras, os valores de DBO estão acima
do padrão considerado. No caso de DQO, mais de 78% das amostras apresentaram valores
acima do padrão. Já com relação a sólidos em suspensão, 100% ficaram acima dos valores
correspondentes ao padrão de efluente de tratamento terciário, o que era esperado, já que
em geral, os valores de sólidos em suspensão provenientes do escoamento superficial
urbano, estão próximos ou são maiores que os valores de esgoto bruto. É importante
ressaltar que, no caso de Brasília, existe a preocupação de que o esgoto doméstico lançado
no corpo d’água em estudo passe por processo de tratamento que vai até a remoção de
nitrogênio e fósforo, no entanto, não existe nenhum cuidado quanto ao lançamento de
efluentes de redes de drenagem pluvial no corpo receptor.
53
Tentou-se realizar alguma correlação entre os valores dos parâmetros analisados e algum
padrão estabelecido por legislação local, como é o caso de padrões de lançamentos de
efluentes provenientes do escoamento superficial urbano, porém não foi encontrada
nenhuma lei distrital ou estadual que trate desse assunto. Assim, buscou-se comparar os
resultados com valores encontrados em trabalhos semelhantes quanto à análise de
qualidade, realizados em outros países. Nesses trabalhos, os resultados obtidos são
apresentados na forma de concentração média do evento, assim, serão discutidos
posteriormente com os resultados da concentração média do evento parcial alcançada no
presente trabalho.
Metais
É considerável a variação que ocorre em alguns valores obtidos entre as amostras de um
mesmo elemento químico, mesmo quando esses valores são relativos a um mesmo evento
ou a um mesmo ponto de coleta.
É esperado que a quantidade de metais encontrada em águas de drenagem pluvial oriunda
do escoamento superficial esteja particulada, devido ao pouco tempo de contato entre o
metal particulado e a água. Por isso, houve a necessidade de se analisar tanto a quantidade
de metais dissolvidos quanto a quantidade total de metais, para se chegar à quantidade de
metais particulados. Assim, a Concentração Média do Evento Parcial-CMEP foi calculada
com o valor de metais particulados, ou seja, utilizando o resultado obtido da diferença
entre a quantidade total de metais e a quantidade de metais dissolvidos, conforme exposto
a seguir.
Tabela 6.11 - Concentração Média do Evento Parcial dos elementos químicos.
Eventos Elemento (µg/l)
1A 2A 3A 2B 3B 4B
Cu 0,0 14,9 4,8 9,3 0,0 4,4
Cr 0,0 34,3 17,4 5,7 0,0 8,1
Zn 35,3 45,9 51,4 112,9 43,6 77,4
Pb 0,0 1.000,4 307,2 67,4 20,2 266,1
Cd 0,0 46,0 32,2 2,9 0,0 7,3
Al 69,1 2.523,9 755,5 2.509,0 8.494,0 6.924,0
Fe 51,6 222,0 41,1 230,2 758,2 675,8
54
É importante observar que as concentrações expostas anteriormente foram ponderadas por
meio das vazões ocorridas no momento da coleta, facilitando então, a compreensão da
influência desta rede de drenagem pluvial para o lago Paranoá.
Com a utilização de um estudo realizado na cidade de Paris, em um distrito com áreas
residenciais antigas e poucas áreas comerciais, com 42 ha, sendo 90% impermeável,
buscou-se uma correlação com os valores encontrados no presente trabalho no caso dos
elementos cádmio, cobre, chumbo e zinco. Os valores estão expostos tabela 6.12.
Tabela 6.12 - Variação da concentração média do evento para alguns metais pesados
(Gromaire-Mertz et al., 1999)
Escoamento em ruas
Mínimo Máximo
Médio
Cádmio (µg/l)
0,3 1,8
0,6
Cobre (µg/l)
27 191
61
Chumbo (µg/l)
71 523
133
Zinco (µg/l)
246 3839
550
As médias de cádmio encontradas em todos os eventos estudados no presente trabalho são
superiores a encontrada na tabela 6.12 Com relação a chumbo, em 60% dos eventos as
médias apresentaram valores maiores que a média encontrada no trabalho de Paris. Já os
valores médios de cobre e zinco foram menores que os relativos a tabela anterior. É
importante lembrar que a cidade de Paris possui uma quantidade bem maior de áreas
impermeáveis, além disso, a área de contribuão dessa bacia é também muito maior, se
comparada à área estudada, o que surpreende os resultados encontrados. No entanto,
podem existir fatores que levem a diminuir a quantidade de metais, ou de outro poluente,
na superfície de escoamento da cidade de Paris, como é o caso da lavagem de ruas, comum
nessa cidade.
Na tabela 6.13 foram expostos os valores correspondentes às cargas acumuladas referentes
aos metais analisados. É importante lembrar que não foi possível coletar dados de todo o
período de escoamento superficial em cada evento de chuva, assim, tem-se apenas uma
parte de todo o metal depositado no lago para as respectivas precipitações.
55
Tabela 6.13 – Carga acumulada de metais nos eventos 1A,
2A, 3A, 2B, 3B e 4B.
Eventos Elemento (g)
1A 2A 3A 2B 3B 4B
Cu 0,0 4,8 6,4 14,7 0,0 40,1
Cr 0,0 11,1 23,1 9,1 0,0 80,5
Zn 10,6 14,8 68,0 184,7 112,4 576,3
Pb 0,0 323,8 406,7 102,9 64,1 2.198,9
Cd 0,0 14,9 42,6 4,6 0,0 80,9
Al 201,8 815,7 999,4 3.931,7 21.817,3 45.998,7
Fe 14,9 71,8 54,4 377,8 1.959,0 4.478,3
Percebe-se um aumento nos valores de Fe e Al, a medida em que se passa o período de
chuva. A justificativa para o ocorrido se baseia no fato de que esses metais estão
relacionados ao aumento da quantidade de sólidos em suspensão, já que provavelmente são
provenientes do próprio solo da região.
Com base nos dados obtidos, não é possível relacionar as cargas dos metais pesados com
áreas de oficinas, como é o caso do ponto A, o qual não mostrou cargas significativamente
maiores que no ponto B. Além disso, as variações entre os pontos A e B referentes aos
resultados de cargas são de difíceis discussões devido ao fato que os eventos estudados não
foram os mesmos para os dois locais de coleta de dados.
6.2.2 – Dados de vazão
Como já foi comentado no capítulo cinco, para medição da vazão escoada, considerou-se a
correção dos dados de velocidade superficial (coeficiente de correção de 0,85), obtidos
pela simplificação de que esta é semelhante à velocidade de percurso do bloco principal de
esferas de isopor lançadas no canal. Nesse item, descreve-se as particularidades observadas
nos dois pontos estudados, bem como os resultados obtidos de velocidades e vazões, com
as devidas correções.
56
Ponto A
A medição da velocidade no ponto A foi facilitada pelas características do segundo poço
de visita que, conforme descrito anteriormente, trata-se de um ponto de observação do
escoamento diretamente na tubulação, ou seja, ao passar o escoamento pelo poço, este não
sofre nenhuma interferência, como é o caso dos poços de visita tradicionais que interferem
no movimento devido à mudança de forma. Assim, as particularidades desse poço
facilitaram tanto a observação da passagem das esferas de isopor, quanto à medição da
altura do nível d’água.
Apesar de a distância entre os dois poços de visita ser de aproximadamente 183 m, não
houve dificuldade no momento de cronometrar o tempo de percurso das esferas de isopor.
Embora tenha se observado a ocorrência de dispersão das esferas, já comentada no capítulo
cinco, a maior parte delas deslocavam-se em um grande bloco. Com isso, visualmente
detectado esse bloco, cronometrava-se o tempo de percurso das referidas esferas. Os
resultados alcançados referentes às velocidades superficiais foram corrigidos e os valores
correspondentes às velocidades médias resultantes dessa correção estão expostos na tabela
6.14.
Tabela 6.14 - Dados de velocidade e de vazão coletados no Ponto A.
Ponto B
Com relação à medição das velocidades no ponto B, o lançamento das esferas na galeria
era feito em um poço de visita localizado a 61m do ponto de deságüe da mesma, tomado
como referência de chegada para o cálculo da velocidade. Pelo fato dessas duas seções de
estudo no ponto B estarem a uma distância menor do que no caso do ponto A, observou-se
Evento 1A Evento 2A Evento 3A
Tempo
(Hora)
Veloc_Méd
(m/s)
Vazão
(m
3
/s)
Tempo
(Hora)
Veloc_Méd
(m/s)
Vazão
(m
3
/s)
Tempo
(Hora)
Veloc_Méd
(m/s)
Vazão
(m
3
/s)
16:32 1,56 0,19 15:05 1,79 0,25 09:56 2,02 0,36
16:40 1,43 0,16 15:19 1,38 0,10 10:38 1,60 0,16
16:57 1,15 0,10 15:32 1,05 0,05
57
que a dispersão das esferas era menos expressiva que no primeiro caso. Isso facilitou o
procedimento de medição de velocidade nesse ponto, já que a visualização da passagem do
bloco principal das esferas de isopor era mais clara do que no ponto A.
Tabela 6.15 - Dados de velocidade e de vazão coletados no Ponto B (eventos 1B e 2B).
Evento 1B Evento 2B
Tempo (Hora) Veloc_Méd (m/s) Vazão (m
3
/s) Tempo (Hora) Veloc_Méd (m/s) Vazão (m
3
/s)
17:12 3,97 6,19 16:00 0,78 0,16
17:22 3,97 6,19 16:05 0,78 0,16
17:35 2,86 2,97 16:10 1,08 0,34
17:45 1,95 1,27 16:15 1,08 0,34
17:55 1,63 0,85 16:30 1,22 0,44
18:06 1,50 0,70 16:40 1,50 0,70
17:00 0,93 0,24
Tabela 6.16 - Dados de velocidade e de vazão coletados no Ponto B (eventos 3B e 4B).
Evento 3B Evento 4B
Tempo (Hora) Veloc_Méd (m/s) Vazão (m
3
/s) Tempo (Hora) Veloc_Méd (m/s) Vazão (m
3
/s)
16:25 3,59 5,60 14:50 2,10 1,42
16:35 3,03 3,15 15:00 2,46 2,05
16:45 2,00 1,56 15:19 2,31 1,68
16:53 1,77 0,92 15:38 1,74 1,04
17:10 1,16 0,36 16:20 1,30 0,51
16:34 1,13 0,35
17:15 0,81 0,21
Curva cota-vazão
Os dados de vazão medidos nos pontos A e B, com todas as limitações oriundas das
simplificações já descritas, permitiram a elaboração da curva-chave dos respectivos pontos.
A curva correspondente ao ponto A foi construída com 08 pontos e a do ponto B com 11
pontos, enquanto que o tipo de modelo usado nos dois casos foi o potencial, o qual
alcançou melhores resultados, conforme se observa o valor do R
2
.
58
Curva Cota-Vazão Ponto A
y = 0,4018x
0,4566
R
2
= 0,9793
0,00
0,10
0,20
0,30
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40
Vazão (m
3
/s)
Cota (m)
Figura 6.1 - Curva cota vazão correspondente ao ponto A.
Curva Cota-Vazão Ponto B
y = 0,2192x
0,5526
R
2
= 0,9932
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
Vazão (m
3
/s)
Cota (m)
Figura 6.2 - Curva cota vazão correspondente ao ponto B.
É importante ressaltar que, devido à qualidade dos dados coletados, o presente estudo foi
considerado de caráter exploratório, assim a precisão dessas curvas-chave está relacionada
às considerações assumidas.
6.3 – HIDROGRAMA E POLUTOGRAMA
Alguns parâmetros como DBO, DQO, sólidos em suspensão, nitrato e orto-fosfato foram
analisados por meio de curva que relaciona a concentração do poluente ao longo do tempo,
ou seja, no decorrer de parte da precipitação. Com o auxílio do hidrograma pôde-se
analisar a ocorrência de alguns picos de concentração antes e outros após o pico de vazão.
59
Ponto A
Figura 6.3 – Hidrogramas e polutogramas referentes aos eventos 1A
e 2A.
Evento 1A (25/01/04)
0,0
5,0
10,0
15,0
16:26 16:33 16:40 16:48 16:55 17:02
Hora
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
DQO l. Suspensão vazão
Evento 1A (25/01/04)
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
16:32 16:40 16:57
Hora
Concentração
(mg/l)
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
Vazão (m
3
/s)
Nitrato Orto-fosfato
Vazão
Evento 2A (09/02/04)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
15:05 15:19 15:32
Hora
Concentração
(mg/l)
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
Vazão (m
3
/s)
DQO DBO
Sól. Suspensão Nitrato
Vazão
Concentração (mg/l) Vazão (m
3
/s)
60
Devido a pouca quantidade de dados referentes ao ponto A, observa-se uma certa
dificuldade em descrever o comportamento desses parâmetros, contudo, percebe-se que
parâmetros como DQO, DBO, sólidos em suspensão, nitrato e orto-fosfato aparentemente
tiveram seus picos de concentração ocorridos após o pico de vazão.
Ponto B
Figura 6.4 – Hidrogramas e polutogramas referentes aos eventos 1B e 3B.
Os eventos 1B e 3B foram agrupados devido ao fato que, nos dois casos, não foi possível a
coleta de dados no período de ascensão da vazão. Por meio da análise dos gráficos de
polutograma desses eventos, percebe-se que as concentrações dos parâmetros DQO, e orto-
fosfato sofrem decaimento do evento 1B ao 3B. Esse fato pode ser justificado pela
Evento 1B (08/10/03)
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
1
7:
12
1
7:
2
0
17:
3
5
15
:
45
1
7:
55
1
8:
06
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
DQO
Sól. Suspensão
Vazão
Evento 1B (08/10/03)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1
7
:
1
2
1
7
:20
17:35
1
5:4
5
1
7
:
5
5
18:06
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
Nitrato
Orto-fosfato
Vazão
Conc. (mg/l) Vazão (m
3
/s)
Hora
Conc. (mg/l)
Vazão (m
3
/s)
Hora
Evento 3B (26/01/04)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
1
6
:
25
1
6
:
35
1
6
:
4
5
16:
5
3
17:
1
0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
Nitrato
Orto-fosfato
DBO
Vazão
Conc. (mg/l) Vazão (m
3
/s)
Hora
Evento 3B (26/01/04)
0
50
100
150
200
16:2516:3516:4516:5317:10
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
DQO
Sólidos em suspensão
Vazão
Vazão (m
3
/s) Conc. (mg/l)
Hora
61
lavagem da bacia de drenagem no período. Ou seja, no início do evento a bacia encontra-se
com uma quantidade maior de poluentes depositados.
Figura 6.5 - Hidrogramas e polutogramas referentes aos eventos2B e 4B.
No caso dos eventos 2B e 4B percebe-se que foi possível a amostragem de parte
significativa de cada evento, da ascensão à recessão do nível, relativa ao pico de vazão na
galeria. Pela observação do polutograma dos parâmetros DQO, sólidos em suspensão e
nitrato no evento 2B, percebe-se que no início do mesmo, com o aumento da vazão,
ocorreu decréscimo nos seus níveis de concentração. Próximo ao pico de vazão, observa-se
a ascensão nos níveis desses parâmetros.
Evento 2B (19/01/04)
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
16:00
16:10
1
6
:
3
0
1
6
:40
1
7
:
0
0
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
DQO
Sól. Suspensão
Vazão
Conc. (mg/l) Vazão (m
3
/s)
Hora
Evento 2B (19/01/04)
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
16:00
16:10
16:30
16:40
17:00
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
N itrato
Vazão
Conc. (mg/l) Vazão (m
3
/s)
Hora
Evento 4B (02/02/04)
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1
4
:50
15:19
1
6:2
0
1
7
:15
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
Nitrato
Orto-fosfato
Vazão
Vazão (m
3
/s) Conc. (mg/l)
Hora
Evento 4B (02/02/04)
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
1
4
:5
0
1
5
:1
9
16:
2
0
17:15
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
DQO
Sólidos em suspeno
Vazão
Conc. (mg/l) Vazão (m
3
/s)
Hora
62
Na maioria dos parâmetros os picos de concentração provavelmente ocorreram depois do
pico de vazão, como é o caso da DQO, sólidos em suspensão, DBO e nitrato. Contudo, em
alguns eventos houve uma variação desse comportamento, como é o caso dos parâmetros
DQO, sólidos em suspensão e orto-fosfato no evento 4B e orto-fosfato no evento 3B em
que, aparentemente, os picos de vazão e concentração ocorreram simultaneamente.
6.4 – CONCENTRAÇÃO MÉDIA DO EVENTO PARCIAL – CMEP
A CMEP foi calculada para cada parâmetro, em cada evento, nos pontos A e B, conforme
tabelas 6.17 e 6.18.
Tabela 6.17 - Concentração Média do Evento Parcial-CMEP do ponto A.
Evento
Condutividade
(microS/cm)
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sól.Suspens
ão (mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Orto-
fosfato
(mg/l)
Coliformes
Totais
(NMP/100m
l)
Coliformes
Fecais
(NMP/100m
l)
1A 35,47 12,12 - 10,62 0,16 0,07 2,81E+05 2,01E+04
2A 22,85 12,84 2,87 27,67 0,80 - 3,62E+05 2,08E+04
3A 23,91 17,75 2,39 15,22 0,54 - 3,07E+05 1,33E+04
Tabela 6.18 - Concentração Média do Evento Parcial-CMEP do ponto B.
Evento
Condutividade
(microS/cm)
DQO
(mg/l)
DBO
(mg/l)
Sól.Suspens
ão (mg/l)
Nitrato
(mg/l)
Orto-
fosfato
(mg/l)
Coliformes
Totais
(NMP/100m
l)
Coliformes
Fecais
(NMP/100m
l)
1B 82,86 118,39 - 33,84 0,05 0,78 - -
2B 74,73 51,81 15,31 89,72 1,25 0,19 2,02E+06 1,70E+05
3B 38,90 37,12 4,23 150,84 1,34 0,14 1,08E+06 6,22E+04
4B 48,45 35,30 11,21 114,30 1,01 0,19 2,19E+06 1,01E+05
Analisando os valores encontrados, em especial no ponto B, percebe-se uma diminuição
nos valores dos parâmetros condutividade, DQO, DBO e orto-fosfato ao longo do período
chuvoso. Já os sólidos em suspensão mostraram-se crescentes no decorrer do período. No
entanto, parâmetros como coliformes totais e termotolerantes e pH permaneceram sem
grandes variações em seus valores.
63
É compreensível a diminuição dos valores desses parâmetros devido ao fato que, com uma
maior freqüência na ocorrência das chuvas, foi diminuído o acúmulo desses materiais nas
superfícies de escoamento. Com relação aos sólidos em suspensão, também pode ter
havido uma diminuição na quantidade dos sólidos acumulado nos dias sem chuvas, no
entanto, com o aumento da freqüência das chuvas, houve também um aumento da erosão
nas áreas de solo exposto, aumentando, assim, a quantidade total de sólidos carreados pelo
escoamento superficial.
Comparando-se os valores encontrados para CMEP do ponto A e B, e as concentrações
típicas de vários tipos de esgoto, conforme se pode observar na tabela 6.10, percebe-se que
o escoamento presente no ponto A comporta-se conforme efluente de tratamento desde o
secundário convencional com lodos ativados até tratamento terciário para o caso de sólidos
em suspensão, e como efluente de tratamento terciário para DBO e DQO.
Já a comparação com os valores do ponto B revela que no caso de sólidos em suspensão, as
águas pluviais estão no nível que vai desde o tratamento secundário convencional com
lodos ativados, chegando próximo aos valores de esgoto bruto. Porém, os valores de DBO
ficaram desde o tratamento terciário, até próximo aos valores do tratamento secundário
convencional, enquanto que a DQO ficou em torno dos valores do esgoto com tratamento
convencional com lodos ativados e o tratamento com lodos ativados com nitrificação.
Buscando uma comparação entre os resultados obtidos no presente trabalho e os
encontrados em outras cidades, foram utilizados os valores do estudo realizado na cidade
de Paris, onde as características do local de estudo foram descritas anteriormente
(Gromaire-Mertz et al., 1999).
Tabela 6.19 - Variação da concentração média do evento para os parâmetros sólidos em
suspensão, DQO e DBO (Gromaire-Mertz et al., 1999)
Escoamento em telhados Escoamento em pátios Escoamento em ruas
mín máx
méd
mín máx
méd
mín máx
méd
SS* (mg/l) 3 304
29
22 490
74
49 498
92,5
DQO (mg/l) 5 318
31
34 580
95
48 964
131
DBO (mg/l) 1 27
4
9 143
17
15 141
36
* Sólidos em suspensão.
64
Comparando-se os valores relativos ao escoamento em ruas, os quais se aproximam mais
das condições em estudo, percebe-se que a concentração média relativa a sólidos em
suspensão do ponto A está abaixo dos valores encontrados em Paris. Já com relação ao
ponto B, apenas 50% das amostras estão com valores abaixo do encontrado na tabela
anterior. Com relação aos valores de DQO e DBO nos pontos A e B, esses estão bem
abaixo dos encontrados na tabela. A ocorrência de valores mais próximos, como é o caso
de sólidos em suspensão, pode estar relacionada à grande área permeável da bacia de
Brasília, o que contribui para gerar uma quantidade maior de sólidos, proveniente do solo
exposto.
6.5 – PRECIPITAÇÃO DIÁRIA
Com relação à coleta 1B, os dados obtidos por meio do pluviógrafo colocado na área em
estudo revelam que as chuvas ocorridas depois de instalado o aparelho e antes dessa coleta
que ocorreu dia 08/10/03, dia 281 no calendário juliano, foram da ordem de 3,00 a 5,00
milímetros cada uma, o que podem ser consideradas desprezíveis para ocasionar
escoamento, estando o solo seco. Em vista disso, a quantidade de dias sem ocorrência de
escoamento superficial antes do evento 1B é de, no mínimo, 49 dias. O total precipitado no
dia da coleta foi de 27,2 milímetros. Essa informação é importante devido ao fato de que
essa chuva ocorreu depois de um longo período sem precipitação, o que difere dos demais
eventos coletados, que ocorreram em períodos com uma maior freqüência de chuva.
O segundo evento coletado, evento 2B, ocorreu em 19/01/04, com precipitação de 12,0
mm. De acordo com a figura 6.6, percebe-se facilmente a ocorrência de várias
precipitações, inclusive de chegando a mais de 70 mm em um só dia. Porém, há que se
esclarecer que esses eventos não foram estudados porque ocorreram em períodos noturnos,
impossibilitando a coleta de dados, devido à falta de condições relativas ao acesso aos
pontos de coleta, segurança e pessoal.
Os demais eventos estudados, tanto do ponto A, quanto do ponto B, ocorreram em
períodos de muita chuva nos dias anteriores às campanhas de coleta de dados, com exceção
do evento 4B, que aconteceu no dia 02/02/04, 33 no calendário juliano, onde os dias
65
anteriores foram de pouca chuva, o que pode ter ocasionado um maior acúmulo de
poluentes na superfície de escoamento.
Uma análise entre a precipitação durante os meses de agosto de 2003 e fevereiro de 2004 e
a concentração de alguns parâmetros pode ser observada no gráfico da figura 6.6, o qual
relaciona precipitação diária e a Concentração Média do Evento Parcial-CMEP, com
relação ao ponto B. O que pode ser observado é um decréscimo nos valores de
condutividade e DQO ao longo dos meses chuvosos, além de uma elevação nos valores de
sólidos em suspensão.
67
6.6 – LEVANTAMENTO DE CARGAS DE POLUENTES DURANTE EVENTOS
DE PRECIPITAÇÃO
A carga de alguns parâmetros como DQO, DBO, sólidos em suspensão, óleos e graxas e
orto-fosfato foi calculada como sendo constante para cada intervalo, de cada evento parcial
estudado. Os gráficos a seguir mostram o comportamento dessa carga ao longo do período
de escoamento superficial coletado.
Ponto A
Figura 6.7 – Cargas referentes aos eventos 1A, 2A e 3A.
Com o cálculo das cargas de cada parâmetro relativas a cada evento, torna-se mais fácil a
análise da influência desses poluentes sobre o corpo d’água receptor, provocada pelo
escoamento superficial na sub-bacia estudada. No entanto, as poucas amostras coletadas
em cada evento no ponto A, indicam apenas a ocorrência de uma descendência quanto a
cargas ao longo do período analisado. Percebe-se também que, se comparados os três
eventos, quanto aos parâmetros de DQO e sólidos em suspensão, ocorre um aumento na
Evento 1A (25/01/04)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
16:19 16:33 16:48 17:02 17:16
Hora
Carga (Kg)
DQO
Sól. Suspensão
Óleos e graxas
Evento 1A (25/01/04)
0,000
0,005
0,010
0,015
16:19 16:33 16:48 17:02 17:16
Hora
Carga (Kg)
Orto-
fosfato
Evento 2A (09/02/04)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
1
5
:0
0
1
5
:0
5
1
5
:1
0
1
5
:1
5
15:2
0
15:2
5
15:30
15:35
Hora
Carga (kg)
DQO
DBO
Sól. suspeno
Evento 3A (10/02/04)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
0
9
:3
6
0
9
:4
7
0
9
:5
8
1
0
:0
9
10:2
0
10:3
1
10:42
10:53
Hora
Carga (kg)
Sól. Suspeno
DBO
DQO
68
quantidade de carga do evento 1A ao evento 3A. Para se inferir uma justificativa sobre o
ocorrido era necessário conhecer os valores de cargas relativos a todo o período de
escoamento, levando-se em conta também a concentração das coletas em um curto período
de tempo.
Ponto B
Figura 6.8 – Cargas referentes aos eventos 1B e 3B.
Evento 1B (08/10/03)
0,0
200,0
400,0
600,0
800,0
1000,0
1200,0
17:08
17:16
17:24
17:32
17:40
17:48
17:56
18:04
Hora
Carga (kg)
Sól. Suspeno
DQO
Evento 1B (08/10/03)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
17:08
17:16
17:24
17:32
17:40
17:48
17:56
18:04
Hora
Carga (kg)
Orto-fosfato
Evento 3B (26/01/04)
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
1
6:20
1
6:28
1
6:36
1
6:44
1
6:52
1
7:00
1
7:08
1
7:16
Hora
Carga (kg)
DQO l. Supensão
Evento 3B (26/01/04)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
1
6:20
1
6:28
1
6:36
1
6:44
1
6:52
1
7:00
1
7:08
1
7:16
Hora
Carga (kg)
DBO
Evento 3B (26/01/04)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
1
6:20
1
6:28
1
6:36
1
6:44
1
6:52
1
7:00
1
7:08
1
7:16
Hora
Carga (kg)
Orto-fosfato
69
O comportamento das cargas relativas aos eventos 1B e 3B é parecido, o que pode ser
justificado devido a não coleta de amostras durante o período de ascensão da vazão. A
duração do período de coleta nos dois eventos é praticamente o mesmo, na faixa de 1 hora.
Percebe-se uma diminuição na quantidade de cargas dos parâmetros DQO, sólidos em
suspensão e orto-fosfato, do evento 1B para o 3B. O fato pode ser justificado em
decorrência do dia de coleta, ou seja, o evento 1B ocorreu em outubro de 2003, depois de
um longo período sem chuvas; já o evento 3B ocorreu em janeiro de 2004, após a
ocorrência de várias precipitações.
Figura 6.9 – Cargas referentes aos eventos 2B e 4B.
Evento 2B (19/01/04)
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
15:56
16:
0
6
16:16
16:26
16:36
16:46
16:
56
17:06
Hora
Carga (kg)
DQO Óleos e graxas
Sól. Suspeno DBO
Evento 2B (19/01/04)
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
15
:5
6
1
6
:0
6
1
6
:16
1
6
:26
1
6
:36
16:46
16:56
17:06
Hora
Carga (kg)
Orto-fosfato
Evento 4B (02/02/04)
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
14:45
15:07
15:29
15:51
16:13
16:35
16:57
17:19
Hora
Carga (kg)
Sól. Suspensão
Evento 4B (02/02/04)
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
14:45
15:08
15:31
15:54
16:17
16:40
17:03
17:26
Hora
Carga (kg)
DQO DBO
Evento 4B (02/02/04)
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
14:45
15:06
15:27
15:48
16:09
16:30
16:51
17:12
17:33
Hora
Carga (kg)
Orto-fosfato
70
Os eventos 2B e 4B também têm comportamentos parecidos quanto às cargas analisadas. O
período de coleta de amostra para os dois casos abrangeu tanto a ascensão quanto recessão
da vazão. No entanto, a duração de coleta do evento 4B foi praticamente o dobro do evento
2B. Os picos dos parâmetros sólidos em suspensão e orto-fosfato foram maiores no evento
4B em relação ao 2B, enquanto que o pico de DQO ocorreu com valores próximos nos dois
eventos.
6.6.1 – Carga acumulada
O cálculo dos valores das cargas de alguns parâmetros para cada evento possibilitou a
obtenção da carga acumulada, referente ao evento respectivo. Levando-se em conta a
duração de cada coleta, apesar de não ter sido possível a obtenção dos dados relativos a
todo o período de escoamento, fez-se a seguir uma comparação entre a carga acumulada e
a contribuição per capita diária nos esgotos domésticos brutos para os parâmetros DBO,
DQO, sólidos em suspensão e óleos e graxas. Fez-se também uma análise da densidade
populacional equivalente ao total de carga obtida, correspondente à área da sub-bacia
estudada.
Tabela 6.20 – Comparação entre carga acumulada, carga/habitante/dia e densidade de
habitantes equivalentes.
Evento Parâmetro Duração
do evento
(min)
Padrão carga
por habitante*
(kg/hab.dia)
Carga
acumulada/
evento (kg)
Habitantes
equivalentes
Área da
sub-bacia
(km
2
)
Densidade
equivalente
(hab/km
2
)
1B DQO 54 0,10 1.419,4 14.194 5,24 2.709
1B S. suspensão 54 0,06 373,1 6.218 5,24 1.187
2B DQO 60 0,10 90,4 904 5,24 173
2B S. suspensão 60 0,06 156,1 2.601 5,24 496
2B DBO 60 0,05 11,8 236 5,24 45
2B Ól. graxas 60 0,02 23,1 1.153 5,24 220
3B DQO 45 0,10 265,2 2.652 5,24 506
3B S. suspensão 45 0,06 1074,1 17.901 5,24 3.416
3B DBO 45 0,05 30,8 615 5,24 117
4B DQO 145 0,10 266,2 2.662 5,24 508
4B S. suspensão 145 0,06 834,1 13.902 5,24 2.653
4B DBO 145 0,05 22,6 452 5,24 86
* Von Sperling (1996)
71
Os resultados obtidos para cada evento analisado revelam uma grande quantidade de carga
acumulada, mesmo quando se observam durações de escoamento que vão de 45 a 145
minutos. É importante destacar que os eventos observados estão distribuídos ao longo do
período chuvoso, não se tratando apenas das primeiras chuvas. Assim, mesmo analisando-
se o evento 4B, o qual ocorreu depois da ocorrência de várias chuvas, percebe-se que a
quantidade de DQO acumulada em 145min de escoamento equivale à produção de 2.662
habitantes por dia. Distribuindo esse total de habitantes na área estudada, ou seja, em 5,24
km
2
, obtém-se uma densidade populacional de 508 hab/km
2
.
Levando-se em conta que, segundo o IBGE, a densidade demográfica de Brasília é de 420
hab/km
2
, os resultados encontrados, principalmente para os parâmetros sólidos em
suspensão e DQO, são bem expressivos. A produção dessas cargas encontradas não ocorre
em todos os dias do ano, no entanto, considerando que o período chuvoso em Brasília vai
desde o mês de outubro até abril, e que durante as primeiras chuvas esses valores
costumam ser bem maiores, pode ser preocupante a carga de poluente lançada no corpo
d’água receptor sem nenhum tratamento.
72
7 – CONCLUSÕES
O presente trabalho teve como objetivo principal realizar uma investigação a respeito das
características quali-quantitativa das águas de drenagem pluvial, de uma bacia urbana, por
meio da medição de vazão do escoamento, e da coleta de amostra de água para análise
laboratorial.
Os resultados alcançados levaram a conclusão de que as águas pluviais necessitam de uma
maior atenção quanto à possibilidade de poluição dos corpos d’água receptores, além do
grande problema devido à poluição da própria água de drenagem pluvial. No caso de
Brasília, há que se atentar para o fato de que existem consideráveis quantidades de ligações
clandestinas de esgoto na rede pluvial, sem o mínimo tratamento, e que estas contribuem
para elevar os níveis de concentração de importantes parâmetros de qualidade. Porém,
mesmo com a eliminação das ligações clandestinas, as águas provindas do escoamento
superficial no momento da chuva podem exercer influência no corpo receptor, dependendo
da carga total de poluentes transportada, que pode variar com a intensidade ou duração da
chuva ou com a quantidade de dias sem precipitação.
A análise do escoamento que ocorre continuamente na rede de drenagem pluvial, mesmo
sem a ocorrência de chuva, apontou para a conclusão de que existem ligações clandestinas
de esgoto na rede, devido à presença de coliformes totais e termotolerantes. No entanto, a
análise de parâmetros como DQO, DBO, sólidos em suspensão e coliformes
termotolerantes indicam a ocorrência de uma grande diluição desse esgoto, ou seja, menos
de 10% do material escoado corresponde a esgoto bruto.
A comparação dos resultados obtidos referentes aos metais cádmio, cobre, chumbo e zinco,
com um trabalho realizado na cidade de Paris, que possui uma porcentagem maior de área
impermeável, tendo também uma bacia de contribuição muito maior, revelou que os
valores na maioria dos resultados de Brasília foram maiores. Esse resultado pode ser
surpreendente, devido às características aparentemente menos desfavoráveis da cidade de
Brasília. No entanto, é difícil apontar as possíveis causas desse comportamento.
73
Quanto aos valores expressivos de alumínio e o ferro, pode ser em decorrência do tipo de
solo predominante na região, o latossolo vermelho, que geralmente apresenta altos teores
desses elementos.
Conforme observação das concentrações médias do evento parcial, tanto no ponto A
quanto no ponto B, percebe-se que os valores de condutividade, DQO, DBO e orto-fosfato
tendem a diminuir a medida em que vão ocorrendo as chuvas do período estudado. Isso é
justificado devido ao menor tempo de deposição de poluentes na superfície de escoamento.
O aumento dos valores de sólidos em suspensão, apesar de também ocorrer uma
diminuição na quantidade de sólidos depositados na superfície de escoamento, deve ser
decorrente do aumento da erosão de solos expostos, a medida em que se intensificam às
ocorrências de chuvas.
A comparação das concentrações médias do evento parcial do presente trabalho, com os
valores de um estudo realizado na cidade de Paris indicou que, em geral, a quantidade de
poluentes encontrados no escoamento superficial da cidade de Brasília é bem menor que a
encontrada em Paris, diferente do resultado dos metais. No entanto, há que se considerar
que a área de contribuição estudada é bem menor e com mais área permeável, o que pode
interferir.
A tentativa de utilização do tubo de Pitot para medição de velocidade em rede de drenagem
pluvial foi frustada, principalmente, devido a problemas de instalação não contornados,
como é o caso de não se ter chegado à laje de fundo da galeria. Problemas no procedimento
metodológico também ocorreram, como é o caso da deformação dos tubos. Outro problema
enfrentado foi a interferência do forte turbilhonamento da camada superficial, provocando
o aparecimento de bolhas de ar no tubo, e, consequentemente, ocasionando uma grande
oscilação no nível d’água no interior do tubo. Além disso, a grande quantidade de material
sólido contido no escoamento, pode ter contribuído para essa oscilação. Outro fator que
pode ter influenciado essa oscilação, foi a dificuldade de obtenção do perpendicularismo
do tubo de Pitot com as linhas de fluxo do escoamento.
A utilização das bolas de isopor foi considerada satisfatória, devido à facilidade quanto ao
procedimento de medição. No entanto, há que se levar em conta que os valores de
velocidade do bloco principal de esferas obtidos não correspondem à velocidade média do
74
escoamento. Na verdade, considerou-se que esses valores correspondiam à velocidade
superficial, assim houve a necessidade de correção desses valores.
Com os valores de velocidade corrigidos foi possível construir a curva-chave para os dois
pontos de coleta, com a utilização de oito valores de cota-vazão para o ponto A e onze
valores para o ponto B, com regressão do tipo potência, alcançando boas aproximações.
Com a utilização de hidrograma e polutograma dos eventos coletados foi possível concluir
que no ponto A os picos de concentração dos parâmetros DQO, DBO, sólidos em
suspensão e orto-fosfato ocorreram aparentemente depois do pico de vazão. Já com relação
ao ponto B, os picos de concentração dos parâmetros DQO, sólidos em suspensão, DBO e
nitrato, na maioria dos eventos ocorreram depois do pico de vazão. Contudo, em alguns
eventos os picos de DQO, sólidos em suspensão e orto-fosfato ocorreram simultaneamente
com os picos de vazão. Já as concentrações de orto-fosfato e nitrato, em outros eventos,
ocorreram antes do pico de vazão.
A comparação da carga de parâmetros como DQO, DBO, sólidos em suspensão e óleos e
graxas encontrada no presente trabalho, com padrões de carga per capita de esgoto
doméstico, levaram a conclusão de que o aporte de poluentes despejado no corpo d’água
receptor é alto, correspondendo a produção de um grande número de habitantes para
determinados parâmetros.
As conclusões alcançadas com o presente trabalho indicam sugestões de trabalhos futuros
que podem facilitar o entendimento das características quali-quantitativa da água de
drenagem pluvial. Para tanto, sugere-se:
A realização de coleta de dados desde o início até o final da chuva;
Avaliar a influência do tamanho da área de contribuição da bacia para os diferentes
pontos de coleta;
Realizar coleta de dados em áreas com diferentes tipos de uso do solo;
Avaliar mais profundamente a influência do escoamento permanente na rede de
drenagem pluvial, ou seja, a influência das ligações clandestinas e demais fontes
desse escoamento;
75
Executar o monitoramento em todo o período de chuva da região em estudo;
Calibrar um modelo matemático de qualidade e/ou quantidade com a utilização dos
dados obtidos;
Calcular a eficiência de medidas de controle de enchentes na fonte, relativa a
poluição do solo e das águas subterrâneas para os níveis de qualidade da água
encontrados no presente trabalho.
76
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81
APÊNDICES
82
A – TOTAL PRECIPITADO DIARIAMENTE
Tabela A1 – Precipitação diária de 20 de agosto de 2003 a 20 de outubro de 2003.
Mês
Dia
(calendário
juliano) Dia Precipitação Mês
Dia
(calendário
juliano) Dia Precipitação
Ago 232 20 0 Set 263 20 0
Ago 233 21 0 Set 264 21 0
Ago 234 22 0 Set 265 22 0
Ago 235 23 0 Set 266 23 0
Ago 236 24 0 Set 267 24 0
Ago 237 25 0 Set 268 25 0
Ago 238 26 0 Set 269 26 0
Ago 239 27 0 Set 270 27 3,5
Ago 240 28 0 Set 271 28 0
Ago 241 29 0 Set 272 29 0,3
Ago 242 30 0 Set 273 30 0,2
Ago 243 31 0 Oct 274 1 0
Set 244 1 0,1 Oct 275 2 0
Set 245 2 0 Oct 276 3 0
Set 246 3 0 Oct 277 4 0
Set 247 4 0 Oct 278 5 0
Set 248 5 0 Oct 279 6 0
Set 249 6 0 Oct 280 7 0,5
Set 250 7 0 Oct 281 8 27,2
Set 251 8 0 Oct 282 9 0
Set 252 9 0 Oct 283 10 0
Set 253 10 0 Oct 284 11 1,2
Set 254 11 0 Oct 285 12 2,1
Set 255 12 0 Oct 286 13 0,1
Set 256 13 4,7 Oct 287 14 0
Set 257 14 0,3 Oct 288 15 0
Set 258 15 4,3 Oct 289 16 0
Set 259 16 1,2 Oct 290 17 0
Set 260 17 0,8 Oct 291 18 0
Set 261 18 0 Oct 292 19 0
Set 262 19 0 Oct 293 20 0
83
Tabela A2 – Precipitação diária de 21 de outubro de 2003 a 25 de dezembro de 2003.
Mês
Dia
(calendário
juliano) Dia Precipitação Mês
Dia
(calendário
juliano) Dia Precipitação
Oct 294 21 0 Nov 327 23 0
Oct 295 22 5,7 Nov 328 24 0
Oct 296 23 2,1 Nov 329 25 1,5
Oct 297 24 3,7 Nov 330 26 0
Oct 298 25 0 Nov 331 27 6
Oct 299 26 1,1 Nov 332 28 0,1
Oct 300 27 2,5 Nov 333 29 8,1
Oct 301 28 0 Nov 334 30 0,2
Oct 302 29 0 Dec 335 1 1,6
Oct 303 30 0,3 Dec 336 2 10,8
Oct 304 31 0 Dec 337 3 9
Nov 305 1 0,4 Dec 338 4 0,2
Nov 306 2 6,9 Dec 339 5 0
Nov 307 3 4,6 Dec 340 6 0,8
Nov 308 4 0,4 Dec 341 7 5,8
Nov 309 5 2,8 Dec 342 8 1,6
Nov 310 6 6,5 Dec 343 9 5,6
Nov 311 7 26,6 Dec 344 10 0,1
Nov 312 8 6,7 Dec 345 11 3,1
Nov 313 9 0 Dec 346 12 3,2
Nov 314 10 71,7 Dec 347 13 0
Nov 315 11 0 Dec 348 14 0
Nov 316 12 0 Dec 349 15 0
Nov 317 13 13,8 Dec 350 16 0
Nov 318 14 1,9 Dec 351 17 8,8
Nov 319 15 0,4 Dec 352 18 0
Nov 320 16 12,3 Dec 353 19 0
Nov 321 17 1,7 Dec 354 20 0
Nov 322 18 0,1 Dec 355 21 0
Nov 323 19 3,8 Dec 356 22 9,4
Nov 324 20 4,6 Dec 357 23 0
Nov 325 21 0 Dec 358 24 0,4
Nov 326 22 0,1 Dec 359 25 9,9
84
Tabela A3 – Precipitação diária de 26 de dezembro de 2003 a 10 de fevereiro de 2004.
Mês
Dia
(calendário
juliano) Dia Precipitação Mês
Dia
(calendário
juliano) Dia Precipitação
Dec 360 26 0,6 Jan 26 26 23
Dec 361 27 43,6 Jan 27 27 28,4
Dec 362 28 4,5 Jan 28 28 6,1
Dec 363 29 11,7 Jan 29 29 0
Dec 364 30 0,1 Jan 30 30 0
Dec 365 31 1 Jan 31 31 3,9
Jan 1 1 2,3 Fev 32 1 4,7
Jan 2 2 0 Fev 33 2 29,5
Jan 3 3 21,8 Fev 34 3 8,2
Jan 4 4 0,5 Fev 35 4 0
Jan 5 5 1,9 Fev 36 5 0
Jan 6 6 11,8 Fev 37 6 2,6
Jan 7 7 18,9 Fev 38 7 134,3
Jan 8 8 0,7 Fev 39 8 0
Jan 9 9 1,1 Fev 40 9 7,2
Jan 10 10 0,2 Fev 41 10 63
Jan 11 11 6,8
Jan 12 12 9
Jan 13 13 0,5
Jan 14 14 1,9
Jan 15 15 13,7
Jan 16 16 32,6
Jan 17 17 5,4
Jan 18 18 1,4
Jan 19 19 12
Jan 20 20 3,2
Jan 21 21 55,6
Jan 22 22 4,4
Jan 23 23 3,1
Jan 24 24 11,5
Jan 25 25 24,2
85
B – PROGRAMA UTILIZADO NA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA
CONECTADA AO PLUVIÓGRAFO.
;{CR10X}
;Programa Vanusa
;Data: 08/12/2003
*Table 1 Program
01: 30 Execution Interval (seconds)
;Leitura da chuva
1: Pulse (P3)
1: 1 Reps
2: 1 Pulse Input Channel
3: 2 Switch Closure, All Counts
4: 1 Loc [ Prec_mm ]
5: 0.1 Mult
6: 0 Offset
2: If time is (P92)
1: 0 Minutes (Seconds --) into a
2: 5 Interval (same units as above)
3: 10 Set Output Flag High
3: Set Active Storage Area (P80)
1: 1 Final Storage Area 1
2: 101 Array ID
4: Real Time (P77)
1: 1220 Year,Day,Hour/Minute (midnight = 2400)
5: Totalize (P72)
1: 1 Reps
2: 1 Loc [ Prec_mm ]
*Table 2 Program
02: 0 Execution Interval (seconds)
*Table 3 Subroutines
End Program
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