43
A criação de parques para crianças, como fator educacional de relevo,
tem dado ensejo a apreciações justas e oportunas, sendo, atualmente,
objeto de estudos acurados nos principais centros urbanos no país. No
Rio e Em São Paulo, o problema marcha para uma solução definitiva,
o que vale como expressão da importância de que ele se reveste (...)
Entre nós mesmo, já se ensaiou algo nesse sentido, ao tempo da
administração do prefeito Costa Maia, que inaugurou vários parques
em recantos diversos da cidade. O interesse pelos mesmos renasce,
com o Prefeito Novais Filho, que já deus os primeiros passos com o
aproveitamento dos amplos jardins do Derby, onde o movimento de
crianças, às tardes e pelas manhãs, é considerável. Instalados, ali,
jogos e entretenimentos outros, infantis, o jardim do Derby é,
atualmente, o grande centro de atração, aonde acorre a meninada das
escolas recifenses. Outros locais da cidade serão beneficiados com
providencias idênticas. Objetivado este aspecto da questão, poder-se-
á, então, cuidar e aproveita-los na sua formação educativa,
instituindo-se jogos, torneios e festas escolares, dentro de um plano
sistemático e racionalizado.
48
A matéria publicada pelo jornal Folha da Manhã ressalta a preocupação sentida
pelos gestores da Prefeitura da Cidade, que buscavam criar parques infantis para utilizá-
los como espaços para atividades educacionais. Esta matéria, que tinha uma forte
tendência de divulgar os trabalhos do Prefeito Novais Filho, refletia as novas
preocupações da época, onde os lugares das brincadeiras de rua da meninada se
reduziam, enquanto se projetava espaços para crianças se divertir a partir de uma lógica
sistematizada e racionalizada. Nas ruas do Recife não representavam espaços para as
brincadeiras espontâneas da meninada pelas calçadas e esquinas da cidade.
As ruas, que representavam o local das crianças brincarem se tornavam mais
perigosas, uma vez que o número de automóveis era cada vez mais expressivo. Nas
décadas de 1920 e 1930, o número de acidentes provocados por automóveis era
expressivo. Ao mesmo tempo, segundo Jaílson Silva, no Recife dos anos de 1920, ter
um automóvel era um privilégio, a máquina era considerada um símbolo da
modernidade:
Dentre toda uma ampla série de inventos que se estende desde o
último quartel do século XIX até meados da década de 1910, é o
automóvel aquele que aparece melhor exemplificar as transformações
da vida cotidiana engendrada pela modernidade e sua máquina
maravilhosa. Nem os aviões, nem os navios transatlânticos, nem o
telefone adentraram com tanta proficuidade.
49
48
Folha da Manhã. Parques infantis. Recife, 14 de setembro de 1938. p. 04. Apeje.
49
SILVA. Jaílson Pereira. O encanto da velocidade: automóveis, aviões e outras maravilhas no Recife
dos anos 20. 2002. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História da UFPE. Recife:
2002.