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Um líder da cidade de Teixeira Soares, ao ser questionado sobre o trabalho
que realiza relata o seguinte:
[...]o que tem, o que segura, o alicerce da nossa pastoral é a mística, a oração, a
gente se entregar totalmente a Deus, não adianta eu fazer uma coisa de repente, é só
pra aparecer, se eu não ter Deus comigo [...] (Entrevista 02/06 p.01).
[...] que a gente consegue voltar lá, e chamar novamente pela aquela família,
inclusive comigo, aconteceu várias vezes, porque a gente sai da casa e esquece da
grande pessoa que é Jesus, e se ele não vigia a gente, e Nossa Senhora não está
acompanhando a gente, pra gente enfrentar, a gente vai enfrentar dificuldade, a PC
não é aceita por muitas famílias, não é aceita nem por muitos padres, tem padre que
rejeita, inclusive eu, a porta, da paróquia, muitas vezes foi fechada pra mim, porque
não queriam saber da PC, hoje graças à Deus, tem os párocos que nos recebem
muito bem, somos muito bem acolhidos, mas no passado, então eu não desanimei,
teve época que a gente só podia ficar com uma líder, a gente tinha um grupão de
líder e teve época que eu fiquei com uma líder, eu disse Senhor, se o trabalho é seu,
dá pessoas pra mim continuar, eu não vou deixar esse trabalho e, inclusive nesse
conhecimento de treinamento, curso e mais curso que a gente fez, através da PC,
até parto eu fiz dentro de casa, noites frias, salvei crianças, dentro de choupanas, de
casinhas bem pequeninas, de só ter uma luz pra clarear, eu fiz parto e hoje as
crianças estão grandes então depois de pronto, levei pro médico e o médico me
parabenizou por eu ser uma pessoa leiga e poder fazer esse trabalho maravilhoso,
mas se eu não tivesse o conhecimento da PC com vários e vários cursos eu também
seria uma pessoa que não teria condições de fazer. (Entrevista 02/06, p.01).
[...] eu sou há 25 anos de casado, a minha idade, hoje, já é praticamente 50 anos, e
já to entrando nessa idade, mas eu tenho uma filha maravilhosa, com 22 anos, e
uma esposa que também me apóia, me dá assim, toda a força, pra eu fazer esse
trabalho, minha filha trabalha comigo na PC também, visitando ela é líder, tem uma
irmã minha que trabalha também, então a gente tem aquele alicerce, assim, de um
apoiar o outro, a gente trabalha sempre se ajudando, então na PC, a gente vê que
naquela família, não precisa de ter, tanta ajuda material, mas ela precisa mais de
ajuda espiritual, uma palavra amiga, de repente chegam na gente, e pedem, façam
uma oração pra mim, eu to tão péssimo, e eu depois, não são curandeiro, mas me
tornei curandeiro, não sou médico, mas me tornei médico da família, então muitas e
muitas famílias que não me recebiam na primeira, nem na segunda, até na terceira
visita, mas eu rezava, senhor eu volto aqui, essa família eu tenho que salvar, logo
em seguida eles iam atrás de mim, olha ta acontecendo tal coisa, as vezes eu tava
dormindo na minha casa de noite, e batiam pedindo, e se eu fosse uma pessoa dura
de coração e não tivesse Cristo junto comigo, eles nem iriam na minha casa, e
muitas vezes eu próprio passava e eu amanhecia fazendo soro caseiro, fazendo
alguma espécie de remédio que eu tinha capacidade de fazer e saberia que eu ia dar
conta do recado, então é gratificante isso. (Entrevista 02/06, p. 02).
A participação das líderes da comunidade, nas atividades, é carregada de um
sentido de responsabilidade. O sucesso de suas ações junto às famílias favorece o
desenvolvimento da auto-estima do líder; é um valor que existe na motivação dos integrantes
da PC. Contudo, conflitos inter-pessoais são motivos de desmobilização e desistência de
alguns líderes.