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Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto
Departamento de Engenharia Civil
PROPEC – Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil
ESTRUTURAS GEODÉSICAS:
ESTUDOS RETROSPECTIVOS E
PROPOSTA PARA UM ESPAÇO
DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
Autor: João Antônio Valle Diniz, arquiteto
Orientador: Ernani Carlos de Araújo, prof. Dr.
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação do
Departamento de Engenharia
Civil da Escola de Minas da
Universidade Federal de Ouro
Preto, como parte integrante
dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em
Engenharia Civil, área de
concentração: Construção
Metálica
Ouro Preto, Agosto 2006.
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Ficha Catalográfica:
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Dissertação defendida em 31 de agosto de 2006 e aprovada pela banca
examinadora constituída pelos professores:
Prof. Dr. Ernani Carlos de Araújo
UFOP / Universidade Federal de Ouro Preto.
Prof. Dr. Geraldo Donizetti
UFOP / Universidade Federal de Ouro Preto.
Prof. Dr. Joel Campolina
UFMG / Universidade Federal de Minas Gerais.
4
Aos meus pais, Lúcia e Ricardo
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os que me ajudaram e estimularam no desenvolvimento
deste trabalho, e em especial aos que estiveram próximos:
Ao orientador Ernani Carlos de Araújo pelo incentivo, inspiração e
interatividade nas diversas etapas do trabalho.
Ao engenheiro Antônio Carlos Barbosa Vieira, o Calé, pela paciência e
empenho nas discussões das questões estruturais e pelo auxílio no desenvolvimento
da modelagem e análises estruturais computacionais.
À CSD, Superintendência de Desenvolvimento e Aplicação do Aço da
Usiminas/Cosipa através de seu arquiteto superintendente Pedrosvaldo Caram
Santos e do arquiteto Ascanio Merrighi por disponibilizarem recursos para a
consultoria técnica na área da análise estrutural computacional.
Ao engenheiro Marcello Cláudio Teixeira pela ajuda nos trabalhos de análise
estrutural.
Ao Antonio Mendes pela execução dos protótipos metálicos e o auxílio na
avaliação prática da construção e montagem de estruturas a partir deles.
À Clarissa Bastos e ao João Pedro Torres pelo auxílio nos desenhos e
modelagem arquitetônica em computador do projeto proposto nesta dissertação.
6
Aos colegas professores da FUMEC, Álvaro Veveco Hardy com saudades,
Adriana Tonani Mazzieiro, Bruno Santa Cecília e Porfírio Valladares pelo valioso
incentivo e auxílio acadêmico.
Ao Daniel d´Olivier pelo apoio logístico em Ouro Preto.
Ao Alexandre Brasil, meu colega de mestrado, pela companhia nos estudos e
pelos diálogos mutidisciplinares durante o curso.
E a Ângela, Clara, Isabel e João Marcelo pela presença, incentivo e carinho
constantes.
7
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
RESUMO
ABSTRACT
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO 20
1.1 – Aproximações Conceituais 20
1.2 – Objetivo do Trabalho 22
1.3 – Estrutura do Trabalho 23
1.4 – Revisão Bibliográfica 24
Capítulo 2 – MATRIZES NATURAIS E GEOMÉTRICAS 32
2.1 – A Geodésica na Natureza e nas Construções 32
2.1.1 – O conceito de Freqüência nas Geodésicas 35
2.2 – Sistemas Geométricos de Ordenação 38
2.2.1 – O Triangulo Como Módulo Básico 38
2.2.2 – Os Sólidos Clássicos 41
2.2.2.1 – Os Sólidos Platônicos 41
2.2.2.2 – Os Sólidos de Arquimedes 43
8
Capítulos 3 – A GEODÉSICA COMO SISTEMA CONSTRUTIVO 47
3.1 – Cúpulas Históricas 47
3.2 – A contribuição de Buckminster Fuller 50
3.3 – Componentes do Sistema Construtivo 54
3.3.1 – Os Nós 54
3.3.2 – As Barras 63
3.3.3 – As Coberturas em ETFE 64
Capítulo 4 – DUAS ESTRUTURAS GEODÉSICAS NOTÁVEIS 66
4.1 – Biosfera, Pavilhão Expo Montreal 1967 67
4.2 – Éden Project 75
4.2.1 – Descrição do Éden Project 75
4.2.2 – Geometria e Conceito Estrutural 78
4.2.3 – Componentes do Sistema Construtivo 84
4.2.3.1 – O Nó de Conexão 84
4.2.3.2 – Vigas Superiores 86
4.2.3.3 – As Vigas Inferiores e as Diagonais 86
4.2.3.4 – Os Arcos 87
4.2.3.5 – Os Suportes 88
4.2.3.6 – Portas e Venezianas 89
4.2.3.7 – Fabricação 91
4.2.3.8 – Revestimento 92
4.2.3.9 – Construção 94
4.2.3.10 – Ficha Técnica do Éden Project 95
9
Capítulo 5 – SOFTWARES DE MODELAGEM ARQUITETÔNICA E AVALIAÇÃO
DE ESTRUTURAS GEODÉSICAS UTILIZADOS NESTE ESTUDO. 97
5.1 – Softwares para o Projeto Arquitetônico 97
5.2 – O programa AnSys: Modelagem, Análise Estrutural e Pré-Dimensionamento100
Capítulo 6 – PROPOSIÇÃO PROJETUAL:
as UMEAs: Unidades Moveis de Educação Ambiental 103
6.1– Programa Arquitetônico e Características Espaciais 104
6.2 – Prospecções Experimentais 107
6,3 – Componentes do Sistema Construtivo 110
6.3.1 – Os Nós Tri-Ortogonais 111
6.4 – Avaliações Estruturais 114
6.4.1 – Modelagem e Triangulação 114
6.4.2 – Definição das Barras 119
6.4.3 – Carregamentos 121
6.4.4 – Resultados 122
6.4.5 – Discretização do Nó 128
Capítulo 7 – CONCLUSÕES 134
Capítulo 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 138
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Argumentações de Fuller sobre a teoria do Tetraedro.
Figura 2 – Imagem de Drop City.
Figura 3 – Desenhos de patente por Fuller.
Figura 4 – Triangulação de Freqüência 2.
Figura 5 – Triangulação de Freqüência 3.
Figura 6 – Triangulação de Freqüência 6.
Figura 7 – Triangulação de Freqüência 6 projetada sobre as faces de uma esfera.
Figura 8 – Padrões mais complexos de divisão de faces de uma esfera.
Figura 9 – Padrões mais complexos de divisão de faces de uma esfera.
Figura 10 – Padrões mais complexos de divisão de faces de uma esfera.
Figura 11 – Triangulação de camada dupla e a formação de uma cúpula.
Figura 12 – Tração e Compressão nas Estruturas Geodésicas
Figura 13 – A casa Farnsworth de Mies van Der Rohe
Figura 14 – O Domus de Buckminster Fuller
Figura 15 – Polígono côncavo e convexo.
Figura 16 – Os Sólidos Platônicos,
Figura 17 – Os Sólidos de Arquimedes.
Figura 18 – Os Poliedros trucados.
Figura 19 – A Tumba de Atreus.
Figura 20 – Vista Interna da Tumba de Atreus
Figura 21 – Vista do Panteon de Adriano
Figura 22 – A construção da Cúpula do Planetário Zeiss em Jena, na Alemanha.
11
Figura 23 – Buckminster Fuller e suas publicações.
Figura 24 – A Casa Dimaxyon
Figura 25 – O Banheiro Dimaxyon
Figura 26 – Dimaxyon Car.
Figura 27 – A grande utopia do Domus de Nova York.
Figura 28 – Nós da industria Mero.
Figura 29 – O Sistema de Nós Mero Ball Node.
Figura 30 – O Sistema de Nós Mero Ball Node.
Figura 31 – O Sistema de Nós Mero Ball Node.
Figura 32 – O Sistema de Nós Mero Bowl Node NK.
Figura 33 – O Sistema de Nós Mero Bowl Node NK.
Figura 34 – O Sistema de Nós Mero Bowl Node NK.
Figura 35 – O Sistema de Nós Mero Cilíndricos ZK.
Figura 36 – O Sistema de Nós Mero Cilíndricos ZK.
Figura 37 – O Sistema de Nós Mero Cilíndricos ZK.
Figura 38 – O Sistema de Nós Disk Node TK.
Figura 39 – O Sistema de Nós Disk Node TK.
Figura 40 – O Sistema de Nós Disk Node TK.
Figura 41 – O Sistema de Nós em Bloco BK.
Figura 42 – O Sistema de Nós em Bloco BK.
Figura 43 – O Sistema de Nós em Bloco BK.
Figura 44 – O Sistema de Nós Mailand.
Figura 45 – O Sistema de Nós em Bloco BK.
Figura 46 – O Sistema de Nós Triodetic.
12
Figura 47 – O Sistema de Nós UniStrut.
Figura 48 – Nós diversos usados em estruturas espaciais.
Figura 49 – O efeito Dimpling e o efeito de Rotação.
Figura 50 – Vista da Biosfera na Ilha de Santa Helena em Montreal.
Figura 51 – O modelo estrutural da Biosfera e seus padrões.
Figura 52 – Os padrões triangulares externos e hexagonais internos.
Figura 53 – Estrutura da Biosfera com padrões triangulares.
Figura 54 – Estrutura da Biosfera com padrões triangulares.
Figura 55 – Cartão postal da Expo 67 em Montreal mostrando a Biosfera
Figura 56 – Biosfera com a pele de fechamento removida
Figura 57 – Vista da Biosfera com a pele de fechamento removida
Figura 58 – Nova entrada e espelho d´água executadas na restauração do pavilhão.
Figura 59 – Vista da pérgola metálica.
Figura 60 – Vista da pérgola metálica.
Figura 61 – Vista desde do nível superior e da passarela em vidro .
Figura 62 – Vista desde do nível superior e da passarela em vidro .
Figura 63 – Vista da tela metálica de sombreamento.
Figura 64 – Vista do nível superior, ao longe o centro de Montreal.
Figura 65 – Nível superior com beiral de sombreamento e áreas de exposição.
Figura 66 – Detalhes das ligações do Domus.
Figura 67 – Detalhes das ligações do Domus.
Figura 68 – Vista Geral do Éden Project.
Figura 69 – Vista Geral do modelo computadorizado.
Figura 70 – Fig.70, Planta Geral do Éden Project.
13
Figura 71 – O primeiro modelo estrutural.
Figura 72 – A configuração estrutural adotada.
Figura 73 – Matrizes geométricas para a cúpula.
Figura 74 – O Sistema Hex-Net.
Figura 75 – A estrutura Hex-Tri-Hex.
Figura 76 – Vista externa da estrutura Hex-Tri-Hex.
Figura 77 – Vista interna da estrutura Hex-Tri-Hex.
Figura 78 – O interior da estrutura Hex-Tri-Hex.
Figura 79 – A montagem da estrutura Hex-Tri-Hex.
Figura 80 – Os nós das vigas superiores.
Figura 81 – Detalhe da viga superior e seção do nó.
Figura 82 – Detalhe do nó da viga em tubo inferior e diagonais.
Figura 83 – Vista do arco de conexão dos Domus.
Figura 84 – Vista do arco de conexão dos Domus.
Figura 85 – Vista do sistema de suportes.
Figura 86 – Corte esquemático do sistema de ventilação.
Figura 87 – Vista do sistema superior de ventilação.
Figura 88 – Venezianas de ventilação e aquecedores.
Figura 89 – Venezianas de ventilação e aquecedores.
Figura 90 – Os travesseiros de ETFE instalados.
Figura 91 – Os travesseiros de ETFE instalados.
Figura 92 – O sistema de insuflamento de ar.
Figura 93 – A cobertura realizada em painéis de ETFE.
Figura 94 – A cobertura realizada em painéis de ETFE.
14
Figura 95 – Eden Project em construção.
Figura 96 – Os alpinistas fazendo a manutenção da cúpula.
Figura 97 – Tela do programa WinDome
Figura 98 – Modelagem em 3d produzidas pelo programa Windome
Figura 99 – Tela do Autocad com a modelagem, produzidas pelo programa Windome
Figura 100 – Tela do programa CadreGeo
Figura 101 – Material de divulgação do programa AnSys
Figura 102 – Planta Cortes da UMEA
Figura 103 – Aspectos ambientais do projeto
Figura 104 – Simulação de implantação da UMEA junto ao Parque Municipal, em BH.
Figura 105 – Simulação de implantação da UMEA junto ao Parque Municipal em BH.
Figura 106 – Simulação de implantação da UMEA na Estrada Real, M.G.
Figura 107 – A dobradiça tradicional, duas placas giram em torno de um eixo.
Figura 108 – Nó de três placas, articuladas a barras estruturais.
Figura 109 – Nó de três placas, articuladas a barras estruturais.
Figura 110 – Utilização do sistema proposto para um nó de três e seis placas
Figura 111 – Utilização do sistema proposto para um nó de três e seis placas
Figura 112 – No Cubo, Dodecaedro ou Icosaedro Truncado três barras convergem
para cada vértice.
Figura 113 – O giro das placas e tubos.
Figura 114 – O giro das placas e tubos.
Figura 115 – Fotografia do protótipo do Nó Tri-Ortogonal de três folhas
Figura 116 – Fotografia do protótipo do Nó Tri-Ortogonal de três folhas
Figura 117 – Fotografia do protótipo do Nó Tri-Ortogonal de seis folhas.
15
Figura 118 – Fotografia do protótipo do Nó Tri-Ortogonal de seis folhas.
Figura 119 – Estudo experimental de sistema de triangulação.
Figura 120 – Os eixos lineares de modelagem desenhados no programa Ansys.
Figura 121 – As superfícies geradas a partir dos eixos lineares previamente definidos
Figura 122 – Projeções ortogonais das superfícies trianguladas
Figura 123 – Perspectiva da cúpula com suas superfícies trianguladas.
Figura 124 – Detalhe da modelagem estrutural.
Figura 125 – Os pontos de apoio da cúpula.
Figura 126 – Detalhe da modelagem dos pontos de apoio da cúpula.
Figura 127 – Características do tubo ou barra adotado na estrutura estudada.
Figura 128 – Diagrama dos esforços devido ao vento
Figura 129 – Diagrama da somatória dos esforços devido ao vento e à sobrecarga.
Fig. 130 – Figura mostrando os valores máximo e mínimo da tensão direta axial
Fig. 131 – Figura mostrando os valores de SMAX (tensões combinadas de forças
axiais e flexão).
Fig. 132 – Figura mostrando os valores de SMIN (tensões combinadas de forças
axiais e flexão).
Fig. 133 – Figura mostrando os valores máximo e mínimo da tensão direta axial
Fig. 134 – Figura mostrando os valores de SMIN (tensões combinadas de forças
axiais e flexão).
Fig. 135 – Figura mostrando os valores de SMAX (tensões combinadas de forças
axiais e flexão).
Fig. 136 – Figura mostrando os valores máximo e mínimo da tensão direta axial
Fig. 137 – Posição relativa de um nó típico (linhas).
16
Fig. 138 – Modelagem através de superfícies e sólidos.
Fig. 139 – Detalhe da malha de elementos finitos.
Fig.140 – Condições de Contorno mostrando cargas nodais (vermelho) e
deslocamentos impostos iguais a zero nas regiões apoiadas (azul).
Fig. 141 – Região da estrutura para o Caso 3 utilizada para a discretização do nó 138
e barras submetidas a forças de tração (positiva) e compressão (negativa).
Fig. 142 – Modelo deformado (com amplificação) superposto ao modelo
indeformado.
Fig. 143 – S1 corresponde às Tensões Principais (máxima tração)
Fig. 145 – SEQV corresponde às Tensões Equivalentes de Von Misses para
comparação com a tensão de escoamento.
Fig. 146 – Zoom da figura anterior. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
Fig. 147 – Zoom da região de descontinuidade do tubo apresentando valores
máximos de SEQV corresponde às Tensões Equivalentes de Von Misses para
comparação com a tensão de escoamento.
17
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
aprox. aproximadamente
aC. Antes de Cristo
cad computer aided design
cm. centímetro
Co. Company
ETFE etiltetrafluoretileno
Fig. Figura
g/m2 grama por metro quadrado
kg kilograma
kgf kilograma força
kgf/m2 kilograma força por metro quadrado
m metro
m2 metro quadrado
m3 metro cúbico
mm milímetros
MWh Mega Watt por hora
N/cm Newtons por centímetro
Pa Pascal
Ton. Toneladas
Tf toneladas força
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
μm micro metro
18
RESUMO
Os domus e as cúpulas fazem parte da história das estruturas compondo as
paisagens construídas desde os tempos antigos e ainda estão presentes na cidade
do século XXI através de diversas obras contemporâneas.
As Estruturas Geodésicas, como são hoje conhecidas, ganham novo impulso a partir
do advento da revolução industrial e da construção metálica e estão aliadas a uma
forma de construir que busca a economia de recursos, a leveza estética e à
produção em série, além de buscar, de maneira própria, as lições geométricas e
ordenadoras da natureza.
Este estudo pretende avaliar alguns aspectos e exemplos deste sistema construtivo
em diferentes momentos da história destacando suas principais características e
qualidades, bem como propor, em sua parte final, um projeto específico e um
sistema construtivo baseado nas Estruturas Geodésicas.
19
ABSTRACT
The domes and cupolas are part of the history of the structures composing the
constructed landscapes since ancient times and are still present in the XXI century
cities through many contemporary buildings.
The Geodesic Structures, as they are known today, got a new impulse since the
beginning of the industrial revolution and the metallic construction, and are allied to a
building process searching the economy of sources, the esthetic lightness and the
series production, as well as recognize the organizing and geometric lessons of
nature.
This study intends to evaluate some aspects and examples of this construction
system in different moments of the history detaching its main characteristics and
qualities, as well as, to propose, in its final part, a specific project and a construction
system based on Geodesic Structures.
20
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO.
1.1 APROXIMAÇÕES CONCEITUAIS:
A chegada do século XXI coloca como urgente a discussão e conscientização das
comunidades em torno das questões ambientais, tais como a preservação dos
recursos naturais e a sustentabilidade dos diversos meios de produção e dos
ambientes construídos.
Os edifícios como testemunhas e agentes da transformação da natureza orgânica
em construída participam deste discurso ambiental, quer atuando como agentes de
promoção de uma postura ecológicamente adequada e integrada, quer agindo como
vilões que prejudicam a permanência de condições ambientais desejáveis e
confortáveis em nosso planeta.
A construção metálica sempre participou destes temas ao apresentar o aço como
material reciclável e de cada vez de menor custo energético, o que pode ser
confirmado numa série de edifícios e projetos que integram de maneira peculiar seus
usuários, as condições naturais e a preservação do meio ambiente.
A busca e reconhecimento de Sistemas Construtivos que aliem estas preocupações
energéticas e ambientais se fazem necessárias e cruciais neste momento de
transformação em que vivemos. Sabemos que a Arquitetura e a Engenharia por si só
21
não serão capazes de solucionar todas estas questões, mas podem sem dúvida, se
aliar à série de ações interdisciplinares que buscam a integração de conhecimentos e
ações coerentes na busca de uma sustentabilidade integral do planeta.
A natureza sempre esteve presente como a Grande Mãe trazendo suas múltiplas
lições para diversos campos do conhecimento, das ciências às artes, da medicina à
filosofia, da agricultura ao habitat.
Após a implantação da Revolução Industrial no século XIX o homem passa por uma
euforia da produção onde os fins justificavam os meios, a ânsia de ver os novos
sistemas produtivos em operação fazia, muitas vezes, que questões ligadas á
eficiência energética, ambiental e de consumo dos meios de produção fossem
relegadas a um segundo plano.
Desta forma faz-se necessário, no momento em que vivemos, nos aproximarmos das
matrizes que dialogam com as questões fundamentais que são: o reconhecimento e
inspiração em lições da natureza, a busca de sistemas leves e de baixo consumo
energético, a capacidade de reciclagem e mobilidade das construções, a evolução da
mão de obra seja no canteiro de obras ou nas linhas industriais de produção.
22
1.2 OBJETIVO DO TRABALHO
Esta dissertação pretende abordar aspectos diversos das Estruturas Geodésicas
que, a partir do começo do século XX, aparecem como alternativa para a geração de
espaços construídos, principalmente coberturas em cúpulas, com grande leveza,
economia de material e baixo custo energético e de construção.
Esta investigação se dará através do reconhecimento e análise dos fatores
geradores deste tipo de estrutura, sejam eles provenientes de exemplos da natureza,
da ciência antiga, de obras análogas já construídas, ou das possibilidades oferecidas
por alguns programas de computadores disponíveis tanto na área da Arquitetura
quanto da Engenharia.
Esta dissertação pretende também, através destas análises, propor, através de um
Estudo Preliminar, um Sistema Espacial e Construtivo que faz uso das Estruturas
Geodésicas e que explicite o potencial que têm estas construções de agirem como
personagens ativos na busca de maior leveza, flexibilidade, e facilidade de produção.
Da mesma forma, este trabalho intenta enfatizar que a Construção Metálica, tendo o
aço como elemento principal, mas ao mesmo tempo somado a outros materiais e
componentes, aparece como tecnologia adequada à construção de espaços
ambientalmente adequados.
23
1.3 – ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho compreende seis capítulos que abordam progressivamente o tema das
Estruturas Geodésicas:
O Capítulo 1 apresenta a motivação conceitual deste estudo bem como os objetivos
e metas a serem alcançadas e a estrutura de desenvolvimento adotada.
No Capítulo 2 está uma avaliação de alguns dados que a natureza e a matemática
nos indica no sentido do desenvolvimento geométrico de estruturas existentes. Neste
Capítulo faremos também uma apresentação dos Sólidos Clássicos da Geometria
que servem de bases formais para as geodésicas.
O Capítulo 3 apresenta uma breve história de algumas construções que adotaram ou
sugeriram no passado o tema das Estruturas Geodésicas, discorre também sobre a
contribuição de Buckminster Fuller para o assunto e apresenta uma descrição dos
componentes básicos deste tipo de estruturas.
No Capítulo 4 estão apresentadas e descritas mais detalhadamente duas obras
notáveis já construídas que utilizam as Estruturas Geodésicas.
O Capítulo 5 faz uma descrição dos softwares utilizados neste estudo e como
aparecem como ferramentas de projeto e modelagem arquitetônica tridimensional
bem como de análise, pré-dimensionamento estrutural.
24
O capítulo 6 é dedicado à elaboração de uma proposta projetual, onde são utilizados
conceitos e ferramentas pertencentes ao universo tipológico das Estruturas
Geodésicas. Os edifícios gerados a partir deste projeto são denominados UMEA,
Unidades Móveis de Educação Ambiental, que aliam ao tema das Estruturas
Geodésicas uma destinação programática coerente com os conceitos de
sustentabilidade.
O Capítulo 7 apresenta as conclusões e análises das possibilidades de utilização dos
resultados deste estudo bem como a indicação das dificuldades encontradas e das
possibilidades de aperfeiçoamento e desenvolvimento destes conceitos em trabalhos
posteriores.
No Capítulo 8 são listadas as referências bibliográficas impressas e disponíveis na
internet que auxiliaram e embasaram este estudo.
1.4 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A bibliografia específica sobre as Estruturas Geodésicas é bem mais restrita que a
dedicada a outros assuntos diversos, mais programáticos ou tipológicos, da
arquitetura e da engenharia. O que se encontra geralmente são citações breves e
adendos sobre o assunto em publicações que abordam de forma ampla aspectos
referentes a estruturas diversas.
25
A própria bibliografia dedicada às estruturas metálicas costuma não mencionar de
forma ampla as construções geodésicas, restringindo-se muitas vezes às estruturas
mais absorvidas pelo mercado de construção civil.
A referência principal sobre o assunto e o nome automaticamente associado ao tema
é o de Robert Buckminster Fuller, que será citado em várias passagens deste
estudo, nascido em Milton, Massachusetts, EUA em 1895 inventor e arquiteto
autodidata americano que a partir dos anos 30 do século XX passa a propor uma
série de experimentos e artefatos inovadores e a partir dos anos 50 inicia a
construção e divulgação das construções geodésicas.
As teorias de Fuller, sobre as Estruturas Geodésicas e diversos outros assuntos,
estão nos dois volumes de seu livro ´Synergetics/ Explorações em torno da
Geometria do Pensar´ (2002), primeiramente publicado em 1975 e ampliado em
1979, onde estão descritas suas idéias sobre uma geometria inspirada nos padrões
energéticos e formais da natureza definindo um sistema matemático experimentado
não só por abstrações e cálculos mas por experimentações físicas e reais.
Todo o conteúdo destes livros é encontrado atualmente na internet, amplamente
ilustrado e com links interativos para cada parágrafo, onde os leitores e estudiosos
podem comentar e sugerir novos temas sobre cada um dos itens abordados. A
manutenção deste livro/site como também a existência do Instituto Buckminster
Fuller, com amplo programa de cursos, publicações, venda de produtos e serviços,
26
mostra que as idéias do arquiteto permanecem vivas e ativas mesmo depois de sua
morte em 1983.
Em Synergetics são importantes as constatações de Fuller de que o mundo é
composto de estáveis e elementos finitos baseados no padrão triangular do
Tetraedro (fig. 1), a pirâmide eqüilátera de base triangular. A teoria e o
desenvolvimento de teses baseadas no significado geométrico e estrutural dos
tetraedros são amplamente desenvolvidos no livro numa série de argumentações e
demonstrações.
fig. 1. Argumentações de Fuller sobre a teoria do Tetraedro. Fonte: Fuller, 2005
Nestes livros Fuller define Estrutura como um complexo evento energético auto-
estabilizado afirmando que uma estrutura é um sistema dinamicamente auto
centrado e estabilizado, e assim auto localizado, inerentemente regenerativo numa
associação constelar destes quatro elementos básicos onde em suas próprias
palavras:
“Estabilizado, significa invariabilidade angular.
27
Regenerativo, significa que contém padrões locais de conservação de energia.
Constelar, significa um agregamento durável e cosmicamente isolado onde
eventos simultâneos mantêm dinamicamente sua inter-relação, como as
Macroconstelações da Ursa Maior, Orion e o Cruzeiro do Sul; e
microcontelações como os sólidos em geral, granito, queijo, pele, água e o
núcleo do átomo.
Inerentemente, significa que os princípios de comportamento que o homem
descobre são operativos sob determinadas condições em qualquer lugar do
Universo.” (Fuller, 2002, tradução nossa)
Outro livro que discorre sobre o assunto das Estruturas Geodésicas é o Estructuras
Para Arquitectos (1986) de Mario Salvadori e Roberto Heller. Este livro apresenta a
questão estrutural de forma ampla dando ênfase aos aspectos qualitativos de
utilidade para arquitetos no ato da projetação e da analise das estruturas diversas.
No Capítulo 12 dedicado às Cascas Delgadas (p.186) os autores abordam de forma
progressiva o tema partindo do conceito das estruturas que são resistentes por sua
forma própria e curvatura. Falam dos aspectos de estabilidade das superfícies de
revolução, translação, regradas e de maior complexidade. Abordam as ações de
membrana em cúpulas circulares, cilíndricas, em forma de cela, onduladas e de
outros tipos. E chegam finalmente ao que chamam de Cúpulas Reticuladas, onde
28
estão citadas e descritas não só as Estruturas Geodésicas, mas estruturas anteriores
e posteriores que ajudaram a definir e evoluir o conceito.
Outro aspecto interessante sobre a bibliografia em torno das Estruturas Geodésicas
é a popularização lograda por este sistema estrutural em torno dos anos 1960 e a
maneira como estas construções foram abraçadas pelos movimentos de
contracultura da época. A partir dos conceitos ecológicos e sustentáveis das cúpulas
a vanguarda cultural da época passa a adotar este modelo como uma nova forma de
vida aliando esta arquitetura e engenharia alternativa a uma nova maneira de viver e
pensar. São conhecidos e amplamente divulgados os exemplos das comunidades
hippies (fig. 2) que nos anos 60 se reuniam em locais distantes das cidades a fim de
elaborar os conceitos filosóficos e praticar a ´nova consciência´.
fig. 2. Imagem de Drop City. Fonte: http://www.hippiemuseum.org/dropcity.html, acesso em 03/04/2006
29
Um exemplo clássico destas ações é a comunidade de Drop City nas proximidades
da cidade de Trinidad no estado do Colorado nos Estados Unidos onde artistas e
estudantes universitários a partir de 1965 passam a morar em diversas construções
que adotavam as Estruturas Geodésicas como modelo principal.
Esta contracultura dos anos 60 gerou uma série de publicações dentre elas o Dome
Builder´s Handbook No2, (1978), de autoria de Wlliam Yarnall que aborda de forma
prática a construção de Estruturas Geodésicas principalmente para uso doméstico
considerando vários materiais como o metal e a madeira até apresentando projetos e
detalhes de estruturas já construídas. O livro em seu Capítulo 1 apresenta uma
história das geodésicas e como elas chegam à época da publicação com tanta
popularidade.
Outro livro que aborda o assunto sob o mesmo aspecto da contracultura dos anos 60
é o Cobijo, (1979), organizado por Lloyd Kahn. A publicação analisa a questão do
abrigo de forma ampla e cronológica passando por construções pré-históricas,
indígenas, alternativas e autóctones, e apresenta um capítulo denominado ´Tercer
Libro de las Cupulas´ onde mostra com espírito ao mesmo tempo histórico, filosófico
e prático a questão das Estruturas Geodésicas ou das cúpulas reticuladas. É amplo o
espectro de análise do autor que descreve este tipo de estrutura e como foi
experimentada dos gregos aos chineses, dos indígenas a Fuller. Apresenta uma
crítica a Fuller por seu excessivo caráter místico e messiânico, negando a ele, com
propriedade, o título de inventor do Domus Geodésico.
30
Numa outra perspectiva analítica o livro El Significado en Arquitectura, (1975),
organizado por C. Jenks e G. Baird, em um de seus artigos de autoria de Alan
Colquhoun denominado ´Tipologia y Método de Diseño´ (p.297), contrapõe os
métodos de projeto provindo da história da arquitetura, antiga ou recente, que chama
de métodos artesanais ou artísticos, aos métodos que abordam a questão de
maneira menos tipológica e mais científica. No artigo o autor coloca lado a lado o
funcionalismo arquitetônico proposto pelo Movimento Moderno às condutas mais
biotécnicas que consideram mais as conquistas da ciência moderna e aí cita a obra
de Fuller como exemplo extremo desta doutrina.
Outro artigo completa esta revisão bibliográfica sobre as estruturas Geodésicas,
publicado na revista espanhola Arquitectura Viva, em seu número 93
(novembro/dezembro 2003) sob o título temático de ´Masa Crítica´, aborda a questão
das novas tecnologias informáticas e suas influências nos métodos de projeto. No
artigo de Mario Carpo intitulado ´La Era del Pliegue´ (p. 32) estão abordados os
novos métodos de projeto baseados no uso do computador e suas conseqüências
formais e tecnológicas no desenvolvimento da ´arquitetura maleável´ segundo
palavras do autor se referindo às novas arquiteturas de formas livres e onduladas.
Segundo Mario Carpo a evolução da tecnologia projetual informatizada traz para a
arquitetura e engenharia novas formalizações e resultados tipológicos até então
impossíveis de serem alcançados.
31
A revista apresenta dentro desta linha de pensamento projetos de autores como
Frank Gehry, Peter Cook e Future Systems que colocam novos aspectos na
discussão das estruturas geodésicas, e da arquitetura baseada em formas naturais
ou orgânicas. Uma das questões colocadas é como o resultado das obras destes
autores, podem ser vistos como uma evolução das propostas geodésicas iniciais da
primeira metade do século XX.
32
CAPÍTULO 2. MATRIZES NATURAIS E GEOMÉTRICAS.
2.1 - A GEODÉSICA NA NATUREZA E NAS CONSTRUÇÕES
A palavra Geodésica provém do termo Geodesia que é a ciência geológica que trata
do tamanho e da forma da terra, aparece no francês como Geodesie, no latim novo
aparece como Geodaesia, e no grego como Geôdaisia, significando divisão da terra,
onde geo significa terra e daiesthai significa dividir.
Na prática define-se como uma linha Geodésica a que define o menor segmento
entre dois pontos pertencentes à superfície de uma esfera. O termo Estrutura
Geodésica é utilizado em diversas áreas do conhecimento como Topografia,
Cartografia ou Geografia. De forma geral é usado para definir uma rede de pontos
localizados sobre uma superfície não obrigatoriamente plana.
Neste estudo Estrutura Geodésica é aquela trama composta por polígonos planos
diversos onde a interseção das linhas retas destes polígonos, ou seus vértices,
coincidem com uma superfície esférica ou oval.
Uma Superfície ou Estrutura Geodésica pode estar composta apenas por polígonos
regulares planos como triângulos ou quadrados, onde as linhas têm a mesma
dimensão, ou também por polígonos irregulares de diferentes conformações, e
33
mesmo não planos ou espaciais, gerando superfícies e tramas estruturais muito mais
complexas com duas ou mais camadas.
Quando se toma, por exemplo, a conhecida superfície do globo terrestre pode-se
definir uma Estrutura Geodésica através da ligação dos pontos de interseção entre
os meridianos e paralelos imaginários desta esfera. Neste caso estas linhas diferem
entre si em dimensão de acordo com a posição definida para cada um destes
meridianos e paralelos.
Segundo Salvadori (1986, p.218) Uma cúpula semi-esférica composta por barras
correspondentes às linhas dos meridianos e dos paralelos, se considerada
estruturalmente apresenta as barras dos meridianos comprimidas de cima até abaixo
e tem as barras paralelas tracionadas ou comprimidas dependendo do valor do
ângulo de abertura.
Como serão apresentadas adiante, as conhecidas cúpulas de Zeiss-Dywidag e de
Schendler adotam este sistema de linhas paralelas e de meridianos e se
caracterizam por não conferir a mesma dimensão a todas as barras componentes da
estrutura.
Uma superfície esférica pode também ser decomposta em múltiplos triângulos que
apresentarão forças não paralelas onde as cargas locais são distribuídas através de
sua área utilizando toda a estrutura. Estes Domus podem ser proporcionalmente
mais finos e leves que a casca de um ovo de galinha incorporando o princípio de
34
´fazer mais com menos´ ao abrigar o maior volume de espaço interior através da
menor superfície externa de material empregado o que é em si um poderoso
conceito quando se fala de economia de custos e energia. Quando o diâmetro desta
esfera é multiplicado por dois, sua área interna quadruplica e o volume é oito vezes
maior. Assim um Domus (fig.3) pode, com menor superfície de cobertura, funcionar
como um eficiente abrigo.
Fuller defendia que a estrutura de um Domus esférico pode se transformar em uma
eficiente atmosfera interior para a ocupação humana uma vez que o ar e a energia
circulam sem obstrução o que promove uma natural ventilação e aquecimento.
Abrigos geodésicos têm sido construídos em diferentes cantos do planeta e têm-se
mostrado eficientes em diferentes climas e temperaturas.
Ainda segundo Fuller (2002) o Domus é energeticamente eficiente por diversas
razões:
1) O decréscimo da área superficial demanda menos materiais de
construção.
2) A exposição ao frio no inverno e ao calor no verão decresce
porque sendo esférico há menor área superficial por unidade de
volume por estrutura.
3) O interior côncavo cria um fluxo de ar natural que permite que o ar
quente ou frio flua uniformemente através do Domus.
4) Turbulências externas de vento são minimizadas porque este
vento que contribui para aquecer ou esfriar perde força em torno do
35
Domus, por efeito aerodinâmico.
5) Os Domus funcionam como um grande ponto refletor, refletindo e
concentrando a temperatura interior, evitando a perda de calor
radiante nos climas mais frios.
A economia anual de energia, no que diz respeito a aquecimento e ventilação de um
Domus construído nos EUA, é de 30% a menos em relação a uma construção
retilínea de acordo com a Oregon Dome Co. o que é bastante significativo.
fig. 3. Desenhos de patente por Fuller. Fonte: Fuller, 2005
2.1.1 – O Conceito de Freqüência nas Geodésicas
Domus e Esferas Geodésicas aparecem em diferentes Freqüências. A Frequência de
um Domus está relacionada com o número de triângulos no qual sua superfície está
subdividida.
O website Geodesics Unlimited (2006) explica que as bases poliédricas de uma
superfície geodésica podem ser divididas ou mapeadas em padrões planos, ou
36
faces, que serão a célula básica da estrutura. Pode-se fazer uma análise, a partir da
figura de um icosaedro, das possibilidades de divisões ou dos padrões de faces que
podem ser usados, ou seja, a freqüência de cada uma destas faces.
A Triangulação de Freqüência 2 (fig. 4) é a mais simples onde cada face do triângulo
é dividida ao meio e cada ponto médio é unido aos próximos.
Fig. 4. Triangulação de Freqüência 2. Fonte: http://www.geodesics-unlimited.com/index.htm, acesso em 05/04/2006
Na triangulação de Freqüência 3 (fig. 5) cada face do triangulo é dividida em três
segmentos.
Fig. 5. Triangulação de Freqüência 3. Fonte: http://www.geodesics-unlimited.com/index.htm, acesso em 05/04/2006
Subseqüentemente na triangulação de freqüência 6 (fig. 6) cada face do triângulo é
subdividida em seis segmentos.
37
Fig. 6. Triangulação de Freqüência 6. Fonte: http://www.geodesics-unlimited.com/index.htm, acesso em 05/04/2006
Na ilustração a seguir (fig. 7) a imagem anterior é projetada na superfície de uma
esfera e cria o triângulo geodésico gerando o padrão de um icosaedro.
Fig. 7. Triangulação de Freqüência 6 projetada sobre as faces de uma esfera.
Fonte: http://www.geodesics-unlimited.com/index.htm
, acesso em 05/04/2006
Outros padrões podem ser adotados (fig. 8, fig. 9 e fig. 10) com variações no
tamanho do triângulo que é mapeado como a primeira divisão de um triangulo
proveniente de um icosaedro, ou a divisão em forma de estrela em um pentágono
plano contido num dodecaedro; ou ainda um padrão ainda mais complexo onde o
domus resultante se apresenta ondulado.
Fig. 8, Fig. 9 e Fig. 10, Padrões mais complexos de divisão de faces de uma esfera.
Fonte: http://www.geodesics-unlimited.com/index.htm
, acesso em 05/04/2006
38
A superfície da esfera também pode ser dividida e posteriormente estruturada em
faces de camadas duplas (fig. 11), ou double layer faces. Nas figuras seguintes estão
uma face de camadas dupla a partir de uma divisão triangulada, a mesma forma
projetada na superfície esférica e a formação de uma cúpula através da união de
cinco destas superfícies.
Fig. 11. Triangulação de camada dupla e a formação de uma cúpula.
Fonte: http://www.geodesics-unlimited.com/index.htm
, acesso em
05/04/2006http://www.grunch.net/synergetics/domes/domegeo.html
Quanto maior for a freqüência for um Domus significa que este é um Domus de alta
Freqüência, e que ele tem mais componentes triangulares e tem a sua curvatura
mais suave se aproximando da aparência da esfera.
2.2 – SISTEMAS GEOMÉTRICOS DE ORDENAÇÃO
2.2.1 – O Triângulo Como Módulo Básico
Em seu livro Synergetics, Fuller (2002) afirma que:
“O triângulo é o único polígono auto estabilizado e que tudo que é
reconhecível no Universo como um Padrão é identificavelmente um Padrão
39
anteriormente visto, e o triângulo persiste como um padrão constante.
Quaisquer outros padrões conhecidos são inerentemente reconhecíveis
apenas pela virtude de sua integridade estrutural triangular onde estrutura
significa uma omnitriangulação. O triângulo é pura estrutura. O que não for
auto-regenerativamente estabilizado não é uma estrutura. Este
reconhecimento é tão dependente na triangulação como é o conhecimento
original. Apenas padrões estruturados triangularmente são padrões
regenerativos e a estruturação triangular é um padrão de integridade em si.”
(Fuller, 2002, tradução nossa)
Uma das maneiras que Buckminster Fuller descreve a diferença de resistência entre
o retângulo e triangulo é quando aplicamos uma força em cada uma das estruturas
geométricas. O retângulo dobra mostrando-se instável enquanto o triangulo resiste
à pressão (fig. 12), demonstrando-se duas vezes mais forte e resistente. Este
simples princípio dirigiu seus estudos no sentido de criar uma nova tipologia
arquitetonica, o Domus Geodésico, baseado na idéia de projetar e construir
fazendo-se ´mais com menos´, o que ele chamou em suas teorias de Efemerização.
Fig. 12. Tração e Compressão nas Estruturas Geodésicas. Fonte: Fuller, 2005
40
Uma possível comparação pode ser feita aqui entre Fuller e Mies Van der Rohe,
(fig. 13) arquiteto definitivamente reconhecido como um dos mestres do século XX,
que afirmava também que ´menos é mais´ ou ´less is more´.
Fig. 13. A casa Farnsworth, 1942 de Mies van Der Rohe e o Domus de Buckminster Fuller, dois apectos do ´Less is More´
Fonte: Fuller, 2005
Os argumentos de Mies; que também gerou um procedimento construtivo e estético
importante e até hoje adotado na construção; se baseiam na incorporação pela
arquitetura e engenharia, da cultura modernista, cubista que gerou posteriormente o
minimalismo, onde qualquer tipo de acessório e ornamento deveria ser evitado no
sentido de uma maior coerência industrial.
As verdades trazidas por Mies da cultura artística e do momento inicial de um
século XX que se transformava, Fuller trazia da natureza, de uma gravidade e
estruturação orgânica entre os componentes de um mundo vivo e em constante
interação biológica.
41
2.2.2 – Os Sólidos Clássicos
O conhecimento dos poliedros da matemática se faz importante neste estudo pois é
a partir deles que tomarão forma as construções baseadas na combinação de
polígonos regulares ou não. A observação destes sólidos nos ajuda a realizar as
necessidades funcionais e geométricas dos nós de ligação, ou pontos de
convergência, das arestas ou barras e a forma final da figuras construídas já
conhecidas e descritas pela matemática.
Os sólidos apresentados a seguir são chamados de Sólidos Clássicos pois são
conhecidos e descritos desde a antiguidade, respectivamente por Platão e
Arquimedes..
2.2.2.1 – Os Sólidos Platônicos
Os Sólidos Platônicos, também conhecidos como Sólidos ou Poliedros Regulares,
são os Poliedros Convexos (fig. 15) de faces equivalentes compostas por Polígonos
regulares convexos.
Fig. 15. Polígono côncavo e convexo. Fonte: MathWorld 2005.
42
Segundo descrito e ilustrado no website MathWorld (2005) existem cinco destes
sólidos, ou sejam: O Cubo, com seis faces; o Dodecaedro, com doze faces; o
Icosaedro com vinte faces, o Octaedro com oito faces e o Tetraedro com quatro,
como primeiro mencionado por Euclides em seu livro ´Elementos´.
Fig. 16. Os Sólidos Platônicos, respectivamente: Cubo, Dodecaedro, Icosaedro, Octaedro e Tetraedro e seus
desenvolvimentos no plano. Fonte: MathWorld, http://mathworld.wolfram.com/PlatonicSolid.html
, acesso em 28/06/2006.
Os Sólidos Platônicos (fig. 16) são também chamados de ´Figuras Cósmicas´ e já
eram conhecidos na Grécia Antiga quando foram descritos por Platão em 350 aC
relacionando o tetraedro com o elemento fogo, o cubo com a terra, o icosaedro com
a água, o octaedro com o ar e o dodecaedro com a matéria que compõe as
constelações.
Se P é um poliedro congruente (convexo) de faces poligonais regulares e
congruentes, então os seguintes anunciados são equivalentes:
1. Os vértices de P estão contidos em uma esfera
2. Todos os ângulos diédricos são iguais
3. Todas as figuras-vertices são polígonos regulares
43
4. Todos os ângulos dos sólidos são equivalentes
5. Todos os vértices estão circundados pelo mesmo número de faces
Se considerarmos um sólido platônico e unirmos os pontos centrais de faces
adjacentes, obtemos um novo Sólido Platônico. Estes dois sólidos dizem-se duais
um do outro.
Os poliedros duais aos sólidos platônicos podem ser divididos em 3 grupos:
Tetraedro é dual de si próprio; o Cubo e o Octaedro são duais inversos, ou seja, o
cubo tem como dual o octaedro e vice-versa; e da mesma forma o Dodecaedro e
Icosaedro são duais Inversos.
2.2.2.2 – Os Sólidos de Arquimedes
Os treze sólidos de Arquimedes (fig. 17) são Políedros Convexos que têm um arranjo
similar aos Políedros Regulares Convexos, mas que apresentam dois ou mais tipos
diferentes de faces, que não se interceptam, organizadas de mesma maneira em
cada vértice com todos os lados de mesma dimensão.
A característica chave dos sólidos de Arquimedes é que cada face é um polígono
regular e, em volta de cada vértice, os mesmos polígonos aparecem na mesma
seqüência. Dois ou mais polígonos diferentes aparecem em cada sólido de
Arquimedes, ao contrário dos sólidos Platônicos, onde cada um contém somente um
tipo de polígono.
44
Os duais de Arquimedes constituem um grupo interessante de novos poliedros, nos
quais todas as faces são idênticas, mas existem dois ou mais tipos de vértices. Isto é
verificado porque nos sólidos originais de Arquimedes cada vértice é idêntico, mas
têm dois ou mais tipos de faces diferentes.
Estes Sólidos estão ilustrados nas figuras a seguir:
Cuboctaedro
Grande Rombicosidodecaedro
Grande Rombicuboctaedro
Icosidodecaedro
Pequeno Rombicosidodeaedro
Pequeno Rombicuboctaedro
45
Cubo Snub
Snub dodecaedro
Cubo truncado
Dodecaedro truncado
Icosaedro truncado
Octaedro truncado
Tetraedro truncado
Fig. 17. Os Sólidos de Arquimedes. Fonte: MathWorld, http://mathworld.wolfram.com/PlatonicSolid.html , acesso em
28/06/2006.
46
Truncagem (fig. 18) é a remoção de partes dos Sólidos deixando um conjunto de
planos igualmente simétricos. A figura a seguir ilustra a Truncagem em cada um dos
cinco Sólidos Platônicos, gerando em alguns casos os Sólidos de Arquimedes.
Fig. 18. Os Poliedros trucados. Fonte: MathWorld, http://mathworld.wolfram.com/PlatonicSolid.html , acesso em 28/06/2006.
47
CAPÍTULO 3.
A GEODÉSICA COMO SISTEMA CONSTRUTIVO
3.1 – CÚPULAS HISTÓRICAS
Segundo Yarnall (1978, p.10) antes de existirem as Estruturas Geodésicas o mundo
primitivo já conhecia a construção das cúpulas circulares ou Domus. No começo do
segundo milênio por volta de 1300 aC a arte de construção com pedra já estava
evoluída como podemos ver na construção da Tumba de Atreus em Micenas (fig. 19)
na Grécia com diâmetros de 16,00 m em sua base. Este tipo de construção pode ser
chamada de ´falso domus´ e é executada através da colocação de anéis de pedras
sobrepostos a partir da fundação que vão sucessivamente diminuindo em diâmetro
até alcançar o topo onde é colocada a última pedra (fig. 20). A Tumba de Atreus foi
coberta na época de sua construção por uma pequena montanha de terra o que
ajudou na sua preservação até os dias atuais.
Fig. 19. A Tumba de Atreus. Fonte: http://www.legolas.org/gallery/historicaltemples/aai.jpg.html, em 31/03/2006
Fig. 20. Vista Interna da Tumba de Atreus . Fonte http://poinikastas.csad.ox.ac.uk/introduction.shtml
, em 31/03/2006
48
Posteriormente alguns domus construídos com tijolos podem ser considerados os
primeiros ´verdadeiros domus´ onde a face dos tijolos era levemente inclinada para
cima ao mesmo tempo que eram projetados para dentro. Os antigos construtores
romanos usaram concreto para moldar as grandes cúpulas de suas termas e
edifícios públicos. A princípio as camadas de tijolos eram revestidas com argila como
um capeamento que auxiliava na estabilidade. Posteriormente este revestimento foi
suprimido e com a evolução da tecnologia do concreto as construções apenas
precisavam de uma espécie de um madeiramento de suporte enquanto eram
montadas.
Uma das cúpulas mais notáveis construída pelos romanos foi o Panteon de Adriano
(fig. 21) erguido sobre as ruínas do Panteon de Agripa de 27 aC e destruído por
incendio em 80 aC. Para esta nova obra Agripa convida o conhecido arquiteto do
século I Apolodoro de Damasco que conclui a obra em128 aC. A configuração final
apresenta diâmetro da base de 43,3m, um óculo para iluminação no topo da cúpula
de 8,92m de diâmetro e apoiado por 8 colunas. As dimensões desta notável obra só
foram superadas na renascença.
Fig. 21. Vista do Panteon de Adriano. Fonte: http://www.arqhys.com/panteon-agripa.html em 31/03/2006
49
O Panteon Romano apresenta uma base mais espessa e pesada que a parte
superior da cúpula que são ocas em intervalos regulares o que reduz
consideravelmente o seu peso.
Conforme destaca Kahn (1979, p.84) a primeira Estrutura Geodésica propriamente
dita foi construída no século XX e foi a Cúpula para o Planetário da indústria ótica
Zeiss concluída em 1922 na cidade de Jena, na Alemanha (fig. 22).
Fig. 22. A construção da Cúpula do Planetário Zeiss em Jena, na Alemanha. Fonte: Kahn, 1979.
Esta cúpula composta por 8000 barras de aço tinha o vão de 25 metros e foi coberta
por uma camada de concreto de 6cm de espessura. A idéia que a gerou foi uma
conseqüência da invenção do Projetor Planetário por parte de Walter Bauersfield.
A princípio a idéia para os Planetários era a de uma cúpula giratória com os corpos
celestes iluminados que se movimentariam à medida que a cúpula girasse.
50
Bauersfield em sua invenção transfere o mecanismo de rotação para uma série de
projetores giratórios que enviariam as imagens do firmamento sobre a superfície de
uma cúpula hemisférica imóvel de dimensões superiores às inicialmente imaginadas.
O interior da cúpula, em cujo centro se colocariam os projetores, estaria em completa
escuridão e as imagens dos corpos celestes seriam percebidas na superfície interna
lisa e branca da cúpula, por uma platéia assentada no interior do espaço.
Este sistema de cobertura e projetor ótico ficou conhecido como o sistema Zeiss
Dywidag e foi adotado em várias construções de planetários, na Europa e Estados
Unidos. Participaram do projeto os arquitetos Johannes Schreiter e Hans Schlag e a
construção ficou a cargo de firma Dyckerhoff & Widmann de Nurnberg.
3.2 – A CONTRIBUIÇÃO DE BUCKMINSTER FULLER
Na primeira metade do século XX, o mundo ocidental, e principalmente os Estados
Unidos da América viviam uma relação de amor e ódio com a tecnologia e o
desenvolvimento a ser conseguido a qualquer preço. A experiência das duas guerras
mundiais e os efeitos preocupantes da guerra fria colocava uma série de mentes
pensantes em alerta, em busca de novos caminhos que revisassem as novas
descobertas e avanços científicos e industriais, e que propusessem uma nova ética e
uma nova maneira de pensar a natureza, a ciência e a indústria.
51
Neste cenário surge a pessoa de Richard Buckminster Fuller, já citado anteriormente,
autodidata, engenheiro, arquiteto, filósofo e inventor. Ele acreditava que apenas a
compreensão da Tecnologia num sentido mais profundo permitiria às pessoas uma
forma adequada para uma conduta individual coerente e para a eventual ´salvação
da Sociedade´ como costumava dizer num misto de didatismo profético e um forte
senso prático de divulgação e comunicação de suas idéias (fig. 23).
Fig. 23. Buckminster Fuller e suas publicações. Fonte: Fuller, 2005
Fuller propunha uma maneira de pensar que unia a arte e a ciência buscando nessa
fusão um terceiro caminho que levasse os tecnólogos a pensar como os Poetas e os
Artistas no sentido de mudar a percepção que as pessoas tinham do planeta Terra.
Pela primeira vez surge o termo Design Science para descrever a nova maneira de
agir e projetar onde a efetiva aplicação dos princípios da ciência para um Design
consciente do nosso ambiente global faria que as finitas reservas da Terra
encontrassem as necessidades do ser humano sem corromper os processos
ecológicos do Planeta.
Alguns inventos de Fuller nos mostram a habilidade de seu gênio empreendedor e
provocador. Dentre estes artefatos são conhecidos as propostas da casa Dymaxion,
52
(fig. 24) dos anos 30 onde vários conceitos de conservação de energia e uso
coerente dos espaços e materiais já estavam presentes. Ele propôs também na
mesma época o Banheiro Dymaxyon (fig. 25), um kit sanitário em plástico injetado
que poderia ser acoplado a construções existentes trazendo uma serie de vantagens
ergonômicas e sanitárias e propondo economia e a não poluição da água.
Fig. 24 e Fig 25 A Casa e o Banheiro Dimaxyon. Fonte: Fuller, 2005
Outra proposta foi o automóvel Dymaxion (fig. 26) que era uma espécie de veículo
bastante leve, veloz e ágil que transportaria até 11 pessoas com considerável
economia de produção e de combustível.
Fig. 26. Dimaxyon Car: Fonte: Fuller, 2005
Mas o nome de Buckminster Fuller está definitivamente associado aos Domus
Geodésicos, tema a que se dedicou por grande parte de sua vida chegando a
53
construir grande número deles. A ampla divulgação conseguida através do senso de
marketing de Fuller fez com que estas estruturas ganhassem grande popularidade e
passassem a ser vistas e produzidas em diversas localidades e países.
Fuller resgata a idéia já existente dos Domus e alia a ela o tom filosófico e
messiânico de seu discurso, conseguindo clientes e mobilizando a sociedade em
torno da nova idéia. Seu nome é freqüentemente e erroneamente citado como o
inventor dos Domus Geodésico, que é uma idéia que já vinha se desenvolvendo
através de experiências anteriores, mas certamente a divulgação promovida por
Fuller foi crucial para a aceitação e evolução destas estruturas.
O modelo dos Domus Geodésicos levou Fuller a propor as Megaestruturas onde
estas leves cúpulas propostas ganhariam maiores dimensões e passariam a cobrir
grandes áreas urbanas numa proposta de controle ambiental, climático e energético,
trazendo ao interior destas calotas um microclima próprio. É bastante famosa a
imagem utópica da grande cúpula geodésica sobre Nova York (fig. 27), provocante
proposta que desafia as fronteiras que o pensamento inventor pode alcançar, onde a
superfície da cúpula ficaria suspensa pela pressão interna do ar.
Fig. 27. A grande utopia do Domus de Nova York.Fonte: Fuller, 2005
54
3.3 – COMPONENTES DO SISTEMA CONSTRUTIVO GEODÉSICO
O sistema construtivo de uma Estrutura Geodésica é composto basicamente por três
elementos principais: os Nós, as Barras e o Sistema de Cobertura, no caso de uma
estrutura Fechada.
Aliam-se a estes três itens principais diversos outros tais como: os sistemas de
fixação ao solo ou fundações; os sistemas de ventilação, acessos e aberturas; os
diversos elementos internos de apoio que completam os espaços internos e
permitem a utilização da construção, tais como espaços destinados a sanitários e
outras instalações hidráulicas, e também as divisórias e fechamentos internos.
Neste estudo nos deteremos na análise dos três primeiros itens que compõem o
sistema entendendo que são os mais específicos das construções geodésicas.
3.3.1 – Os Nós
Os vértices de uma Estrutura Geodésica são chamados de Nós e são os pontos mais
vulneráveis e especiais do sistema (fig. 28). Os nós recebem os esforços de
compressão proveniente das barras podendo trabalhar articulados ou não. Numa
Estrutura Geodésica ideal os nós não transferem esforços de momento às barras o
que promove a estabilidade do sistema.
55
Fig. 28. Nós da industria Mero. Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em 23/06/2006
A industria alemã Mero TKS tem estudado profundamente o assunto e tem
desenvolvido esta tecnologia se apresentando como uma das principais
fornecedoras de Estruturas Geodésicas, Domus e Cúpulas para diversos usos. O
website (2006) da empresa apresenta a sua gama de produtos bem como pesquisas,
estudos de cunho acadêmico e desenvolvimento de novas tecnologias.
Neste website está apresentada a linha sistemas de nós estruturais desenvolvidos
pela empresa que são:
Sistema Ball Node
Figs. 29, 30 e 31. O Sistema de Nós Mero Ball Node. Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em
23/06/2006
56
Foi o primeiro sistema (fig. 29, fig. 30 e fig. 31) da Mero para estruturas espaciais pré
fabricadas oferecendo até os dias de hoje grande versatilidade de aplicações. Como
em outras estruturas espaciais os esforços são aplicados nos nós e as barras
distribuem esforços de compressão e as forças de tração.
A geometria final da estrutura e os comprimentos das barras podem variar de acordo
com as especificidades dos projetos. Os nós são perfurados de maneira a
corresponder aos ângulos requeridos pelas barras e permitir outros pontos de fixação
se necessário, cada nó pode receber até 18 pontos de fixação para barras e com
conexões articuladas através de pinos.
Sistema utilizado em estruturas de uma ou mais camadas (Single or multi-layered)
Onde os vãos podem variar de 6,00 a 200,00 metros.
Os revestimentos de cobertura ou esquadrias são fixados aos nós usando peças
metálicas secundáriais se necessárias.
Sistema Bowl Node NK
Figs. 32, 33 e 34, O Sistema de Nós Mero Bowl Node NK. Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em
23/06/2006
57
Este sistema (fig. 32, fig. 33 e fig34) foi desenvolvido para estruturas planas de duas
camadas (double layer) ou estruturas curvas onde os revestimentos ou esquadrias
são fixados diretamente no topo das barras e com conexões articuladas através de
pinos.
Usado para estruturas planas ou curvas e geralmente para grandes vãos, pode ser
usado conjuntamente com outros nós de sistema Mero.
As barras superiores têm um perfil único conectados ao sistema de nós.
Sistema Cylinder Node ZK
Figs. 35, 36 e 37, O Sistema de Nós Mero Cilíndricos ZK. Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em
23/06/2006
Sistema (fig. 35, fig. 36 e fig. 37) desenvolvido para estruturas planas ou de curvatura
simples ou dupla com geometria superficial triangular ou quadrangular, com vãos
pequenos ou médios. As malhas quadradas ou trapezoidais são formadas por
conexões resistentes à flexão e oferecem grande eficiência técnica e visual nos
sistemas de fechamento.
58
Sistema Disc Node TK
Figs. 38, 39 e 40, O Sistema de Nós Mero Disk Node TK. Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em
23/06/2006
O sistema de Nós em Disco (fig. 38, fig. 39 e fig. 40) foi desenvolvido para curvaturas
simples ou duplas com geometria superficial triangular em estruturas de uma camada
(single layer) e com conexões articuladas através de pinos. Os fechamentos e
revestimentos são fixados aos nós e o sistema é usado para vãos pequenos e
médios.
Sistema Block Node BK
Figs. 41, 42 e 43, O Sistema de Nós em Bloco BK. Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em
23/06/2006
Sistema usado para estruturas de uma ou mais camadas que apresentam grandes
mudanças nas inclinações como os sheds (fig. 41, fig. 42 e fig. 43). O nó é produzido
59
por material compacto e podem ser moldados individualmente de acordo com a
geometria da estrutura.
O nó e a estrutura de suporte apresentam uma certa complexidade enquanto as
barras são simples tubos ocos de seção retangular ou quadrada que são
parafusados a consoles e a um feixe de parafusos.
Sistema Nó Mailand
Figs. 44 e 45, O Sistema de Nós Mailand. Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em 23/06/2006
Sistema desenvolvido especialmente para o Pavilhão de Feiras de Milão na Itália
projetado pelo arquiteto Maximiliano Fuksas (fig. 44 e fig. 45) e adequado para
estruturas de uma camada e seções delgadas.
Resistente a grandes curvaturas, e com conexões articuladas através de pinos.
Adequado para estruturas de formas livres.
60
Outros Sistemas
Existem ainda outros sistemas de execução dos nós para Estruturas Geodésicas
baseados na experiência de outras empresas ou no desenvolvimento espontâneo de
soluções nem sempre aliados a uma patente ou fornecedor.
Figs. 46, O Sistema de Nós Triodetic Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em 23/06/2006
O nó do Sistema Triodetic (fig. 46) é composto por um duplo anel ligado por placas
axiais nas quais são parafusadas as diversas barras que convergem para cada um
destes nós. Neste caso as barras são amassadas em sua extremidade para maior
aderência no parafusamento o que teoricamente compromete sua resistência inicial
devido à redução da área da seção comprometendo o momento de inércia original do
tubo circular que pode ser de aço ou alumínio.
A Triodetic Inc. é uma empresa norte americana com vasta experiência e gama de
obras em diversos países, e é especializada na construção de domus, esferas e
cascas que utilizam as estruturas espaciais geodésicas disponibilizando através da
61
internet (2006) seu portfolio de obras e diversas explicações técnicas e comerciais
dos processos de projeto e construção.
Fig. 47, O Sistema de Nós UniStrut Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em 23/06/2006
Outro Sistema da empresa Unistrut (fig. 47) apresenta o nó composto por peça em
chapa metálica estampada com perfurações diversas que permitem a ancoragem de
tubos cortados axialmente e parafusados aos orifícios da chapa formando um
conjunto articulado.
Silva (1999, p14) descreve ainda em sua dissertação de mestrado apresentada na
UFOP outros modelos de nós utilizados em estruturas espaciais (fig. 48). Como o nó
Oktaplatte composto por sistemas de tubos soldados. O nó de Sarton, bastante
utilizado no Brasil, é caracterizado pelo amassamento das barras em suas
extremidades gerando uma superfície plana que é atravessada por um parafuso com
porca. O nó de Wuppermann, muito usado em abóbadas modulares em que todas as
barras são do mesmo comprimento, onde concorrem seis barras unidas através de
parafusos e porcas. O nó composto por chapas cruzadas que pode promover a
62
ligação de até doze barras. O nó de Makowski com disco metálico, utilizado em
cúpulas de malha plana.
Fig. 48, Nós diversos usados em estruturas espaciais, respectivamente: O nó Oktaplatte, o nó de Sarton, o nó de Wuppermann,
o nó de chapas cruzadas e o nó de Makowski. Fonte: Silva, 1999.
Efeitos Particulares dos Nós
Os nós podem apresentar alguns problemas no caso de cúpulas com freqüências
muito elevadas. O mais comum deles é o "flop" ou “dimpling” (fig. 49), que ocorre
quando o nó inverte sua posição, ficando para dentro da esfera. Isso acontece
porque os vértices da geodésica são como vértices de pequenas pirâmides, logo,
quanto maior a freqüência utlizada, menor serão os comprimentos das barras, assim
como a altura de tais pirâmides, o que facilita a acorrência do flop. Este efeito é
também descrito por Fuller no livro Sinergetics onde o denomina de efeito Dimpling.
Os nós também podem sofrer um pequeno giro promovendo um efeito de rotação,
(fig. 49) caso as barras concêntricas não se encontrem exatamente num mesmo
ponto. Tal efeito promove pequenos momentos de segunda ordem. Isso se dá
porque o nó tende a girar até encontrar a posição de equilíbrio. Se as barras não
estiverem perfeitamente ligadas, a estrutura formada já não será mais um triângulo,
63
mas uma figura de seis lados, o que pode tornar a geodésica levemente e
teoricamente instável.
Fig. 49, O efeito Dimpling, descrito por Fuller Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1 , acesso em 23/06/2006 e o
efeito de Rotação a partir de barras concêntricas que não se tocam. Fonte http://www.mero-tsk.de/index.php?id=89&L=1
,
acesso em 23/06/2006
3.3.2 – As Barras
As barras funcionam como os elementos componentes e definidores das células
estruturais que convergem aos nós e a eles são fixados. As barras de uma estrutura
geodésica podem ser executadas em tubos metálicos redondos ou quadrados, ou
em perfis leves abertos, ou mesmo em materiais pouco convencionais como bambu
e em alguns casos experimentais até em outros tipos de madeira ou tubos de papel.
Estas barras recebem os esforços axiais de tração e compressão e os transmitem
para os nós. As barras podem estar travadas em relação aos nós ou não
dependendo do tipo de articulação que define a estrutura geodésica em questão.
Quando os nós estão travados as barras apresentam momentos localizados nestes
nós. Quando os nós estão articulados as barras apresentam apenas esforços axiais.
64
As estruturas geodésicas podem apresentar as barras dispostas em um plano
esférico único onde as barras estão posicionadas na superfície da cúpula, são as
estruturas conhecidas como sigle layer ou de camadas única. O outro tipo conhecido
de composição estrutural geodésica é aquele chamado de estrutura tipo double
layer, ou de dupla camada. Neste caso as barras estão articuladas em dois planos
ligados entre si formando poliedros estruturais. O tipo mais conhecido destas
estruturas tipo doublé layer é aquele onde as barras formam tetraedros piramidais
que articulados entre si conferem grande rigidez à estrutura.
3.3.3 – As Coberturas em ETFE
Dentre os diversos materiais que podem compor o sistema de fechamento das
cúpulas geodésicas os Fluorpolímeros são os materiais mais recentes e adequados
a este tipo de utilização por sua leveza e baixo custo ambiental. Os Fluorpolímeros
usados atualmente em construção incluem os PTFE, ETFE, TFA/PFA, THV, FEP que
são mais conhecidos por suas marcas como Teflon, Hostaflon, Polyflon, Toyoflon or
Tedlar.
São materiais extremamente resistentes aos ataques químicos e biológicos e
também à exposição continuada às condições atmosféricas e aos raios ultra-violeta.
É desnecessário qualquer tipo de revestimento para preservar a manta destes
materiais que funcionam como uma superfície à prova d´água. Estas mantas
consistem de uma combinação de duas substancias de Fluorpolimeros, uma para o
tecidos e outras para o revestimento. Tendo em vista a força máxima de ruptura das
65
membranas de ETFE (aprox.1,200 N/cm), seu peso 250 g/m2) e a pequena
resistência dos orifícios de parafusamento este material deve ser usado em
pequenos vãos ou em interiores.
O Coated ETFE é translúcido promovendo uma iluminação difusa o que pode ser
conferido na Sede da Daimler-Chrysler Design em Sindelfingen onde a
permeabilidade da luz através da manta de THV-coated ETFE chega a 90%, um
valor não obtido por nenhuma outra manta translúcida.
O fato das mantas de Fluorpropileno poderem ser combinadas com diversos outros
materiais com grande flexibilidade e maleabilidade faz com que este material
apresente um grande potencial no campo da construção das estruturas geodésicas
revestidas com membranas translúcidas.
66
CAPÍTULO 4.
DUAS ESTRUTURAS GEODÉSICAS NOTÁVEIS
No sentido de exemplificar o sistema construtivo aqui estudado com obras de
reconhecimento internacional e trazer um caráter informativo a este estudo são
apresentadas duas construções que adotam a Estrutura Geodésica como fator
determinante na definição da construção e da imagem final do edifício.
A primeira é a estrutura conhecida como Biosfera, a realização mais conhecida e
divulgada de Buckiminster Fuller para a feira de Montreal em 1967. A descrição
desta obra neste trabalho aborda prioritariamente os seus aspectos programáticos e
de utilização, o impacto causado na época, e como a adoção do sistema construtivo
geodésico influenciou na leitura que os usuário tiveram da construção.
A segunda construção Geodésica a ser apresentada é o Éden Project de autoria do
arquiteto inglês Nicholas Grimshaw, construída em 2001 em Cornwall no norte da
Inglaterra e pode ser considerada a maior geodésica em superfície até data de sua
construção.
No texto relativo a este projeto estão listados, além de seus dados programáticos e
de utilização, diversos itens construtivos que como aspectos fundamentais devem
ser atentamente cuidados na construção de uma estrutura geodésica seja da
dimensão do Eden Project, como em cúpulas de escalas mais reduzidas.
67
Ambas as construções são cada uma à sua maneira um marco da arquitetura e da
engenharia para o momento em que foram construídas e certamente permanecerão
na história por sua ousadia e precisão conceitual e tecnológica.
4.1 – BIOSFERA, PAVILHÃO EXPO MONTREAL 1967.
Segundo Boake (2005) o pavilhão dos Estados Unidos na feira internacional EXPO
1967 na ilha de Sainte-Hélène em Montreal, Canada, foi o Domus Geodésico
projetado por Buckminster Fuller e apresentava altura de aproximadamente 20
andares (fig. 50).
Fig. 50,Vista da Biosfera na Ilha de Santa Helena em Montreal, Canadá. Fonte: Boake, 2005
Como em outros Domus de Fuller foi empregado um modulo estrutural tri-
dimensional apresentando um triangulo na face externa e um hexágono no lado
interno curvado para se ajustar a um arco dado (fig. 51). Estes elementos estavam
distanciados um metro na base e se aproximavam à medida que a edificação ganha
68
altura (fig. 52). A estrutura completa foi fechada por 1900 painéis moldados em
acrílico.
Fig. 51, O modelo estrutural da Biosfera com padrões triangulares externos e hexagonais internos Fonte: Boake, 2005
Fig. 52, Os padrões triangulares externos e hexagonais internos. Fonte: Great Buildings.com
69
Figs. 53 e 54, O modelo estrutural da Biosfera com padrões triangulares externos e hexagonais internos Fonte: Boake, 2005
Estes elementos conectados distribuem o peso da estrutura por toda a superfície
externa até tocar o solo (fig. 53 e fig. 54). Para evitar a forma usual da meia esfera
que provocaria uma aparência achatada o pavilhão foi projetado na forma de ¾ da
esfera.
Este foi o mais complicado dos Domus de Fuller e usava um elaborado sistema de
telas de sombreamento retráteis, a fim de controlar a insolação e temperatura
interna, que eram operadas por computador de acordo com o giro solar e permitiam
a ´respiração´ do edifício. O sistema não funcionou perfeitamente na ocasião talvez
por estar avançado demais para a época.
Este foi o Pavilhão mais popular da EXPO 67 e recebeu cerca de 11 milhões de
pessoas em seis meses. A construção é famosa até hoje não só por sua forma, mas
também pelo conteúdo apresentado ao mesmo tempo popular e sofisticado. Além de
70
sua forma marcante o pavilhão era o único trespassado pelos trilhos do mini-trem
que circulava por toda a Expo (fig. 55).
Os sete curadores da exposição conhecidos como Cambridge Seven, decidiram
focar a mostra na Cultura Americana e na conquista do espaço exterior sob o tema
de ´América Criativa´. Baseados na premissa que não faria sentido provar a
superioridade da tecnologia americana, já evidente no caso, os curadores
organizaram o conteúdo em quatro unidades temáticas.
Fig. 55, Cartão postal da Expo 67 em Montreal mostrando a Biosfera, fonte: Stanton, 1997
A primeira parte chamada de ´O Espírito Americano´ apresentava centenas de
artefatos da arte popular juntando produtos artesanais e industriais. Neste setor
estavam itens como, arte plumária indígena, santos em madeira de origem hispano-
americana, trabalhos em retalhos feitos em New England, itens sobre a conquista do
Oeste, coleção de bonecas Ann antigas, instrumentos musicais, e material de
71
campanhas presidenciais; materiais até então entendidos como frívolos, de mal
gosto e iconoclastas que chocaram muitos visitantes mas deliciaram o grande
público e os críticos quebrando barreiras entre arte erudita e popular e se tornando
um procedimento comum em museologia apesar de ousado para a época.
O setor seguinte da mostra era alcançado através da maior escada rolante até então
construída com 40 metros na plataforma chamada ´Destino Lua´ que ilustrava o
ambicioso programa Apollo que acabou por levar o homem à lua em julho de 1969.
Este setor mostrava cápsulas espaciais reais como a Freedom Seven Mercury usada
por Alan B. Shepard in 1961 e a Gemini VII, grandes maquetes de satélites, foguetes
e paraquedas penduradas ao teto do pavilhão e uma convincente reprodução da
paisagem lunar onde a vida no espaço era apresentada através de vestimentas,
equipamentos e alimentos usados pelos astronautas. Esta foi rapidamente
reconhecida como a parte mais popular do pavilhão.
Depois da aventura vinha a cultura. A próxima seção intitulada ´A Pintura
Americana´continha 23 grandes telas de artistas reconhecidos nos anos 60 e
comissionados pelo curador Alan Solomon. Dentre os artistas estavam James
Rosenquist, Claes Oldenburg, Andy Warhol, Jaspter Johns, Jim Dine, Ellsworth Kelly,
Barnett Newman, Robert Rauschenberg e Roy Lichtenstein. Os trabalhos iam do
expressionismo abstrato, op, pop e arte geométrica e alguns figuram entre os
principais exemplos da arte contemporânea daquela época.
A Quarta e última seção era devotada ao cinema americano, e em particular a
Hollywood, a ´máquina dos sonhos´, num misto de informação e entretenimento.
72
Fotos gigantes mostravam atores e atrizes de Mary Pickford a Marlon Brando e três
telas passavam trechos de musicais, cenas de amor e trechos de atores em filmes
famosos como Orson Wells em ´Cidadão Kane´ e Vivien Leigh com Scarlett O’Hara
em ´O Vento Levou´.
Ao contrário do padrão de outras feiras mundiais anteriores à EXPO 67, onde um
monumento era construído para simbolizar o evento e exemplificar o
desenvolvimento tecnológico da época, como a Torre Eiffel de 1889 em Paris e o
Atomium de 1958 em Bruxelas, os organizadores da feira de Montreal não queriam
um símbolo desta ordem e conceberam o evento no sentido de celebrar a
colaboração e entendimento entre os povos em vez exibir conquistas industriais e
tecnológicas. Quase 40 anos depois a Biosfera de Buckminster Fuller sobreviveu ao
teste do tempo e se transformou, através de seu poder evocativo, numa ilustração
eloqüente da intenção de unir tecnologia e natureza. Ela é um símbolo vivo do
Homem e seu Mundo, que capturou a imaginação de milhões de visitantes e ainda
está lá restaurada por Eric Gauthier confirmando o status de Montreal como uma
cidade internacional.
Figs. 56 e 57, Vista da Biosphere com a pele de fechamento removida. Fonte: Boake, 2005
fotos de Terri Meyer Boake B.E.S. B.Arch. M.Arch. Associate Professor School of Architecture University of Waterloo
73
Fig. 58, Nova entrada e espelho d´água executadas na restauração do pavilhão. Fonte: Boake, 2005.
.
Figs. 59 e 60,Vistas da pérgola metálica. Fonte: Boake, 2005
Figs. 61 e 62, Vista desde do nível superior e da passarela em vidro . Fonte: Boake, 2005
74
Fig. 63, Vista da tela metálica de sombreamento. Fonte: Boake, 2005
Figs. 64 e 65, Vista do nível superior, ao longe o centro de Montreal e passarela e beiral de sombreamento na fachada sul com
espaços de exposição internos. Fonte: Boake, 2005.
Figs. 66 e 67, Detalhes das ligações do Domus. Fonte: Boake, 2005
75
Atualmente a Biosfera de Montreal é um museu interativo que trabalha no sentido de
despertar a consciência a respeito do ecossistema dos Grandes Lagos e do rio Saint-
Lawrence (fig. 56 até fig. 67). Em função de sua arquitetura específica o consumo de
energia é substancialmente reduzido. A combinação de sistemas geotérmicos e
tecnologias de ponta produz uma impressionante eficiência energética. Comparados
com as opções elétricas convencionais, o sistema geotérmico promove uma redução
no consumo de energia de 459 MWh ou 21% anuais o que é significante
considerando o uso extensivo de janelas na construção e o clima nórdico do Canadá.
4.2 – EDEN PROJECT
4.2.1 – Descrição do Eden Project
Conforme artigo de Knebel, Sanchez-Alvarez e Zimmerman (2005), disponibilizado
no website da industria Mero, o complexo conhecido como Eden Project está
localizado em St. Austell, Cornwall, Inglaterra e foi projetado pelo arquiteto Nicholas
Grimshaw com a obra concluída em 2001.
Trata-se da maior estufa já construída no mundo, e consiste em um jardim botânico e
parque temático, uma completa apresentação da bio-diversidade global e da
interdependência entre vida humana e meio ambiente.
76
Encapsulado em bolhas translúcidas climatizadas é um centro de educação
construído dentro de uma antiga área de mineração de caulim, criando um micro-
clima protegido pela disposição do complexo abaixo do nível dos terrenos vizinhos
(fig. 68 e fig. 69).
As enormes estufas (Biomas) abrigam inúmeras espécies vegetais provenientes da
Amazônia, África, Malásia, USA, do Mediterrâneo, Chile, Himalaia e Australásia,
distribuídas em dois espaços climatizados, criando respectivamente as atmosferas
Úmida Tropical - representando um ambiente de floresta tropical, e Morno
Temperado - simulando condições mediterrâneas (fig. 70).
Figs. 68 e 69, Vista Geral do Éden Project e seu modelo computadorizado. Fonte: Knebel 2005 e Metalica 2004.
O gigantesco empreendimento demandou a criação de um modelo computadorizado
da antiga mina e requereu a movimentação de 850.000m³ de terra para dar lugar às
estufas e às várias vias de acesso, áreas de estacionamento, complexos sistemas de
drenagem, estabilização de declives e rotas de acesso para visitantes. As fundações
77
que seguem os sinuosos contornos servem de apoio às estruturas leves de aço
tubular das cúpulas geodésicas que estão interligadas por arcos.
Fig.70, Planta Geral do Éden Project. Fonte: Knebel 2005
A maior das cúpulas tem 100m de diâmetro e 45m de altura. O módulo hexagonal é
capaz de variações adaptáveis à topografia do terreno. A estrutura de aço utilizada,
é composta de elementos estruturais tubulares e sistema de conectores
padronizados, seu peso total não supera as 1.000 toneladas, é altamente eficiente e
facilmente transportável.
Esta estrutura tem o fechamento dos módulos estruturais executados em painéis de
ETFE transparente, formando almofadas de ar, proporcionando uma grande redução
de peso comparando-se com uma possível execução em vidro, reduzindo os custos
com transporte e facilitando a montagem.
78
As esferas possuem diâmetros diferentes, para atender tanto à topografia quanto às
exigências de espaço internas, e a forma resultante dá a impressão de um
organismo biomórfico. A sinergia entre arquitetura e paisagem é fundamental para
entender a filosofia do Projeto Éden.
Assim o Centro de Visitantes, um edifício com forma de arco achatado cuja cobertura
em grama reforça a noção que a área externa também faz parte do conjunto, cria a
integração entre os dois conjuntos de esferas. Esta estrutura central comporta os
serviços, restaurante e espaço para exibições.
O Projeto Éden é a maior cobertura transparente autoportante do mundo, cobrindo
uma área aproximada de 23.000m² com painéis hexagonais individuais de até 80m²
(diâmetros que variam de 6 até 8 m) entre os quais 232 painéis são controlados por
computador e operáveis para ventilação.
4.2.2 Geometria e Conceito Estrutural
A primeira proposta feita pelo arquiteto e calculista similar à estação Waterloo de
Londres, projeto também de Grimshaw, com a estrutura metálica arqueada se
mostrou muito pesada e onerosa, com excesso de peças metálicas e vidro no
fechamento transparente da cobertura (fig. 71 e fig. 72).
79
Fig. 71 e 72, O primeiro modelo estrutural e a configuração adotada. Fonte: Knebel 2005
A segunda idéia foi baseada numa estrutura em Domus em duas camadas com
geometria hexagonal e se mostrou mais apropriada, mais fácil de ser adaptada ao
terreno, mais leve e com menos componentes metálicos. Para a cobertura foram
escolhidos travesseiros transparentes de ETFE cheios de ar cujo pequeno peso
propiciou uma estrutura bastante leve.
Os Domus do Eden Project são superfícies geodésicas uma vez que toda a
superfície pode ser contida no interior de uma grande esfera. A partir do
conhecimento dos Sólidos Platônicos sabemos que o icosaedro é um poliedro
regular com 20 faces iguais que são triângulos regulares. Um dodecaedro é também
um polígono regular com doze faces idênticas que são pentágonos regulares.
Dodecaedro e Icosaedro são sólidos duais entre si. Se os pontos médios de faces
adjacentes de um poliedro são conectados com linhas o corpo resultante é dual ao
outro volume e vice-versa. Pode-se notar que os dois poliedros duais têm um centro
80
comum quando posicionados concentricamente numa esfera circunscrita. Assim uma
rede geodésica pode ser obtida projetando-se ou mapeando-se de uma maneira
prevista as faces relativas dos poliedros duais na superfície de uma esfera.
A rede estrutural do domus do Éden Project consiste de duas redes esféricas e
concêntricas com a diferença entre os raios, ou a profundidade estrutural predefinida.
As redes internas e externas são interconectadas por um jogo de linhas diagonais
dando origem a uma trama esférica de duas camadas com comportamento tri-
dimensional. A trama externa é uma rede hexagonal enquanto, chamada de Hex-Net
(fig. 74), enquanto a rede interna é composta por triângulos e hexágonos e chamada
conseqüentemente de Tri-Hex-Net (fig. 75 até fig. 79).
Fig. 73, Matrizes geométricas para a cúpula. Fonte: Knebel 2005
81
Os passos para a geração a geometria do Éden Project que é uma rede dodeca-ico
são mostrados nas figuras anteriores:
De forma a gerar a rede dodeca-ico os dois poliedros são colocados como duais em
relação ao centro da esfera. Os cantos ou vértices do icosaedro na trama resultante
podem ser reconhecidos por sua simetria pentagonal e se correspondem com os
pontos médios das faces do dodecaedro (fig. 73).
Na figura um triangulo chamado ´característico´ é definido pelo ponto I2 do
icosaedro, o ponto D1 do dodecaedro e o ponto médio do canto do icosaedro DI 1´
projetado na superfície da esfera (fig. 74).
Esta região de superfície triangular é a menor parte simétrica de toda a trama
esférica e conhecida como LCD (lowest-common-denominator) o menor
denomidador comum triângulo. Através deste procedimento é possível dividir a
esfera em 120 mínimas partes simétricas. A real especificação das propriedades
geométricas e conectivas da trama completa pode ser reduzida a este triangulo
mínimo.
Nos Domus do Éden os hexágonos foram obtidos pela omissão de certos elementos
desta rede de triângulos mínimos. A completa trama hexagonal foi
subseqüentemente gerada pelas reflexões e rotações na superfície da esfera da
mínima malha dos triângulos característicos.
82
Fig. 74, O Sistema Hex-Net. Fonte: Knebel 2005
Fig. 75, A estrutura Hex-Tri-Hex. Fonte: Knebel 2005.
83
Fig. 76 e 77, A estrutura Hex-Tri-Hex. Fonte: Metálica 2004.
Fig. 78, O interior da estrutura Hex-Tri-Hex. Fonte: Metálica 2004.
Fig. 79, A montagem da estrutura Hex-Tri-Hex. Fonte: Metálica 2004.
84
Depois do design final da geometria o cálculo estrutural passou a ser executado. A
geometria foi transferida para um modelo estrutural 3d, e os cálculos foram feitos no
programa RSTAB baseado na teoria de 2
a
ordem. Os elementos superiores e os
arcos funcionam como vigas, os elementos inferiores e diagonais foram modelados
como treliças. O carregamento principal considerado foi devido à neve. As analise
comprovaram a estabilidade da estrutura mesmo com o colapso de alguns membros.
As mudanças de temperatura usualmente não são criticas para estruturas de domus
porque eles podem expandir livremente na direção radial. Os domus foram
construídos sem juntas de dilatação.
4.2.3 – Componentes do Sistema Construtivo do Éden Project
4.2.3.1 – O Nó de Conexão
Os principais parâmetros para as conexões das vigas superiores foram:
- Conexão rígida para 3 tubos com diâmetro de 193mm
- Conexão articulada para 3 membros diagonais
- Rápida e fácil manipulação
- Mínima tolerância
- Nenhuma soldagem lateral
- Possibilidade de fixação de corda para acesso externo
- Boa imagem arquitetônica
85
Fig.80, Os nós das vigas superiores. Fonte: Knebel 2005.
Chegou-se a um modelo de nó a partir da evolução do tipo usado pela MERO onde a
superfície circular e retangular são unidos por parafusos (fig. 80).
O topo desta conexão está alinhado com os tubos de forma que a cobertura pudesse
ser posta por cima. O nó é feito de ferro fundido (GGG40) e pesa em torno de 40kg.
O diâmetro de cada um dos 1100 nós é de 400mm e a espessura da parede é
40mm. Cada nó foi cortado e perfurado por máquinas computadorizadas, ou controle
numérico computadorizado, com tolerância mínima (fig. 81).
Fig. 81, Planta, Seção e Detalhe da viga superior e seção do nó. Fonte: Knebel 2005.
86
4.2.3.2 – As Vigas Superiores
O projeto das vigas superiores (top cords beams) resultou num tubo de 193,7mm de
diâmetro. De forma a gerar a mesma conexão com os nós, todas estas vigas de topo
são do mesmo diâmetro, mas com diferentes espessuras de paredes de acordo com
as forças e comprimentos de flambagem.
Desde que todos os ângulos geométricos necessários para a montagem estão nos
nós, os finais das vigas superiores são cortados retangularmente o que promove
rapidez e facilita sua manufatura. Em cada terminação uma chapa de arremate é
soldada e no topo da viga é feito um furo de montagem. Parafusos pró-tendidos de
alta resistência (M27 e M36) na conexão da viga com o nó. Um parafuso adicional
M16 foi usado para fixar a viga na posição correta e transferir os momentos de
torção. No topo das vigas pequenos suportes foram soldados para suportar o quadro
de alumínio da cobertura.
4.2.3.3 – As Vigas Inferiores e as Diagonais
A viga inferior em tubo e as diagonais são feitas com o conhecido Sistema MERO
Space Frame (fig. 82). A análise de esforços indicou uma espessura entre 76,1mm e
168,3mm.
87
Fig. 82, Detalhe do nó da viga em tubo inferior e diagonais. Fonte: Knebel 2005.
De acordo com os padrões BS Standarts o comprimento de flambagem foi limitado a
180. A conexão na camada inferior são nós clássicos da MERO que proporcionam
rápida e fácil montagem da estrutura.
4.2.3.4 – Os Arcos
Ao longo da interseção dos Domus uma viga treliçada triangular (fig. 83 e fig.84) é
colocada com o vão superior a 100m na maior delas. A seção dos arcos medem
219,1mm na viga superior e 159mm nas duas vigas inferiores e 101,6mm nas
diagonais. As vigas de topo e base são arqueadas. Para manufatura as vigas-arco
eram divididas em três partes e montadas no canteiro de obras. Os arcos se apóiam
em suportes articulados em pesadas fundações de concreto.
88
Fig. 83 e 84, Vista do arco de conexão dos Domus. Fonte: Knebel 2005 e Metálica 2004.
No topo do tubo de 219mm uma peça de 10mm de aço foi fixada para funcionar
como calha. Os arcos de conexão são integrados com o topo e base dos Domus não
interrompendo a unidade de sua imagem.
4.2.3.5 – Os Suportes
Um ponto desafiador foi o projeto do sistema de suportes. Por causa das fundações
variáveis ao longo de 800m lineares, cada um dos 187 pontos de suporte são
diferentes. Estes suportes também são feitos com tubos de 193mm cada e soldados
entre si (fig. 85).
A viga superior de conexão e as diagonais são parafusadas uma a outra. As chapas
de base são fixadas à fundação através de parafusos de ancoragem M27 e M36 e as
forças horizontais são transferidas através de blocos de cisalhamento.
89
Fig. 85, Vista do sistema de suportes. Fonte: Knebel 2005.
4.2.3.6 – Portas e Venezianas
Para se conseguir o clima tropical no interior dos Domus um sistema especial de
ventilação teve que ser usado (fig. 86).
Fig. 86, Corte esquemático do sistema de ventilação. Fonte: Metálica 2004.
90
As aberturas necessárias ao fluxo de ar foram determinadas por Ove Arup &
partners, London. As aberturas de ventilação estão no topo de cada um dos 8 Domus
(fig. 87). Os 5 hexagonos em torno do pentágono superior foram divididos em 3
triângulos de forma que cada Domus tivesse 30 aberturas comandadas por controle
remoto. Estas janelas também contêm os colchões triangulares de cobertura com ar
interno.
Fig. 87, Vista do sistema superior de ventilação. Fonte: Metálica 2004.
A subestrutura consiste de seções retangulares ocas de 140x70cm. Para a entrada
de ar janelas em lamelas de vidro aparecem na base do Domus. O ar quente pode
ser soprado no interior do Domus através do uso de aquecedores (fig. 88 e fig. 89).
Cada Domus tem apenas portas para manutenção e saídas de emergência. O
acesso de visitantes é sempre e apenas pela construção central de ligação. Os
Domus têm uma passarela superior para manutenção.
91
Fig. 88 e 89, Venezianas de ventilação e aquecedores . Fonte: Knebel 2005 e Metálica 2004.
4.2.3.7 – Fabricação
A maioria da estrutura metálica foi fabricada na fábrica MERO em Wuerzburg na
Alemanha. Apenas os arcos e os pontos de suporte foram fabricados em outros
locais. A fabricação das vigas e dos nós contaram com ajuda de máquinas
computadorizadas. As placas de terminação e os suportes da viga superior foram
soldados a mão. Cada elemento ou nó tem seu número próprio que permaneceu
durante as fases de projeto, fabricação e montagem.
Para proteção contra corrosão os elementos metálicos foram galvanizados. Os arcos
foram galvanizados na França, que tem os maiores galvanizadores da Europa,
devido sua grande dimensão. Os nós de conexão foram feitos de ferro fundido
GGG40 e também galvanizados. Com uma inspeção geral a cada dois anos a
estrutura foi projetada para não receber manutenção em 30 anos.
92
4.2.3.8 – Revestimento
Os mais de 800 elementos hexagonais são revestidos com travesseiros de folhas de
ETFE (ethiltetrafluoretireno) transparente cheios de ar (fig. 90 e fig. 91). O material
básico tem a espessura entre 50μm a 200μm com uma largura de 1,50m.
Figs. 90 e 91, Os travesseiros de ETFE instalados. Fonte: Knebel 2005.
O material em folhas foi cortado e soldado. O travesseira é formado por 3 camadas
do material. A camada do topo e base conformam o travesseiro e recebem os
esforços. A camada interna tem a função de reforçar o controle da temperatura e
dividir o espaço de ar em caso de escapes. Em áreas de fortes ventos locais e
sucções a superfície externa dos travesseiros foram reforçadas com duas camadas
da folha.
Os travesseiros foram ligados a uma moldura de alumínio e fixados nas vigas
superiores.
93
Fig. 92, O sistema de insuflamento de ar. Fonte: Knebel 2005.
Cada travesseiro é ligado a um sistema de aeração (fig. 92). A pressão dentro dos
travesseiros é de cerca de 300 Pa. A altura máxima do travesseiro inflado é de 10 a
15% de sua extensão máxima.
O material ETFE tem sido usado por mais de 20 anos. É extremamente leve e
transparente. A superfície é lisa e suave de forma que a sujeira externa é lavada pela
chuva. Travesseiros com a dimensão dos do Éden Project nunca tinham sido
executada anteriormente (fig. 93 e fig. 94).
Figs. 93 e 94, A cobertura realizada em painéis de ETFE. Fonte: Metálica 2004.
94
Vários estudos e testes foram feitos, alguns em modelos de escala 1:1, entre os
fabricantes da MERO os calculistas da Ove Arup e os fornecedores das folhas de
ETFE da Foiltec de Bremen. Os resultados permitiram que alguns travesseiros
tivessem vãos de até 11,00m. em áreas de solicitações maiores devido ao peso de
neve, como nos arcos, foram usados cabos auxiliares. Após a fase de projeto cada
um dos 800 travesseiros foi calculado, cortado e fabricado. As calhas entre os
Domus foram executadas por partes de alumínio insulado e cobertas pela folha de
ETFE na parte externa.
A água da chuva é recolhida e usada nas plantas no interior dos Biomas. Toda a
superfície da cobertura é mantida por operários através de cordas fixadas a pinos de
aço ligados a cada nó da estrutura.
4.2.3.9 – Construção
A construção da estrutura metálica começou em 1999. Os Movimentos de terra e os
858m lineares de fundações foram executadas por empresa especializada. As
fundações têm 2,00m de largura e 1,5m de altura e está apoiada em colunas de 12m
de comprimento perfuradas no terreno. Para a montagem da estrutura usou-se o
maior andaime já visto com lugar no livro Guiness dos recordes (fig. 95). A maioria
dos hexágonos são ligados em terra e içados por guindastes e então parafusados
uns aos outros.
95
Fig. 95, Eden Project em construção. Fonte: Metálica 2004.
As peças pré-fabricadas dos arcos tinham 13m de comprimento e eram também
acopladas no andaime e soldadas in loco. O andaime foi removido após a montagem
da estrutura. A instalação dos travesseiros de ETFE foi feita por escaladores quando
aconteciam paralelamente os serviços de terra no interior dos Biomas. O
revestimento foi concluído na data estimada em setembro de 2000 de forma que os
Biomas puderam ser aquecidos e o plantio pode começar durante o inverno. O Eden
Project abriu as portas para o publico em março de 2001 (fig. 96).
4.2.3.10 – Ficha Técnica do Éden Project
Local: Saint Austell, Cornwall, Inglaterra
Superfície Total: 39540 m2
Peso total do aço utilizado: 700 ton.
96
Total comprimento de todas as vigas: 36000m
Peso do aço por área: menos que 24kgf/m2
Área do maior hexágono: 80m2 e vão de 11m
Diâmetro do maior Domus (B): 125m
Área total coberta: 23000m2
projeto arquitetônico: Nicholas Grimshaw & Partners Ltd, London
engenharia estrutural: Anthony Hunt Associates
construção: Alfred McAlpine Construction
construção: Sir Robert McAlpine
estrutura de aço: Mero GmbH & Co. KG
membranes: Foiltec Verarbeitung von Folien und Textilien GmbH
engenharia: Ove Arup & Partners
Fig. 96, Os alpinistas fazendo a manutenção da cúpula. Fonte: Metálica 2004.
97
CAPÍTULO 5.
SOFTWARES DE MODELAGEM E AVALIAÇÃO DE
ESTRUTURAS GEODÉSICAS, UTILIZADOS NESTE
ESTUDO.
5.1 – SOFTWARES PARA O PROJETO ARQUITETONICO
Os softwares de desenho arquitetônico da família dos CADs, ou Computer Aided
Design, são hábeis não somente no desenho técnico bidimensional mas na
modelagem tridimensional de superfícies planas e de revolução. Estes desenhos
tridimenionais podem ser conseguidos em softwares como Autocad, 3d Max, Form Z
e Sketch Up entre outros.
Em se tratando da geração de superfícies geodésicas estes softwares acima citados
apresentam algumas limitações quanto à variedade de possibilidades triangulação de
uma superfície curva previamente modelada. Estas modelagens visam em sua
maioria a renderização de superfícies lisas, brilhantes ou não, apresentando poucas
possibilidades de controle total das triangulações como tamanho das barras, ângulos
dos nós ou figuras poligonais célulares, variações fundamentais no estudo e
modelagem de estruturas geodésicas.
Existem softwares específicos para a modelagem de superfícies geodésicas que
apresentam uma gama maior de controles para a modelagem tridimensional tais
98
como a definição da figura poliédrica e seu numero de faces, a freqüência da figura
gerada ou a deformação da base circular em elíptica.
Estes softwares são encontrados na internet podendo ser baixados como shareware
e utilizados livremente e produzem arquivos de desenhos em 3d de extensão .dwg
ou.dxf que podem ser abertos em autocad (fig. 99) para que sejam trabalhados como
base de uma estrutura geodésica em projeto.
O Windome (fig. 97, fig. 98) é um destes programas e através dele foi gerado a base
geométrica para o projeto da UMEA apresentado posteriormente.
Fig 97. Tela do programa WinDome, com os controles, entre outros, das figuras poliédricas, a freqüência, o tipo de geometria, e
a definição de forma esférica ou elíptica. Fonte: Imagem colhida pelo autor, 2006.
99
Fig. 98, Modelagem em 3d, esferas com base em um octaedro com freqüências 5 e 8 respectivamente produzidas pelo
programa Windome . Fonte: Imagem colhida pelo autor, 2006.
Fig. 99, Tela do Autocad com a modelagem em 3d, produzidas e exportada pelo programa Windome, da superfície de base
elíptica que gerou o projeto da UMEA, apresentado a seguir . Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
O CadreGeo5.0 é outro software que desenha e modela superfícies geodésicas
tridimensionais e apresenta mais recursos que o Windome tais como cálculo dos
ãngulos nos nós e nas barras, numeração e marcação dos nós, maior possibilidade
de variação de comandos, cores, fontes e figuras básicas (fig. 100). Este programa
gera figuras sólidas e tipo wireframe e exporta os resultados em arquivos DXF para
100
programas tipo CAD ou programas de análise estrutural baseados em elementos
finitos.
Fig. 100, Tela do programa CadreGeo, com os controles, entre outros, das figuras poliédricas, a freqüência, o tipo de geometria,
e a definição de forma esférica ou elíptica. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
5.2 – O PROGRAMA ANSYS, PARA MODELAGEM, ANALISE ESTRUTURAL
E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
O ANSYS (ANalisys SYStem) é um programa de análise pelo Método dos
Elementos Finitos diversos tipos de formas e estruturas não somente ligadas à
arquitetura e engenharia, mas às industrias automobilística, aeroespacial, à
medicina, odontologia e diversas outras áreas da tecnologia e ciência (fig. 101).
O Método dos Elementos Finitos, em resumo, propõem a discretização ou subdivisão
de um problema de difícil análise global em n partes menos complexas que por sua
101
vez têm uma solução conhecida. Uma estrutura teoricamente tem infinitas partes e
os Elementos Finitos são justamente a divisão desta estrutura em um numero
conhecido de partes analisáveis a partir das quais poderá ser analisada, projetada e
construída.
Cabe aqui fazer um paralelo entre este método dos Elementos Finitos e as
Estruturas Geodésicas que formalmente apresentam-se já discretizadas em módulos
espaciais ou células estruturais apresentando-se como um ´problema construtivo´
com uma solução em si mesmo já indicada ou sugerida. Não é por acaso que
diversas estruturas da natureza apresentam em sua forma visível estas superfícies já
subdivididas ou trianguladas, o que aproxima as geodésicas destas formas naturais e
orgânicas com sua forma própria de entendimento e resolução.
O programa AnSys permite que se atinja objetivos valiosos no projeto de uma
estrutura como o desenho de um modelo virtual tridimensional de uma forma,
estrutura ou construção a ser projetada e analisada, ou permite ainda que um
modelo desta natureza seja transferido através de outro programa de desenho CAD.
Este programa numa etapa posterior gera, automaticamente, diversas malhas de
elementos finitos a partir de linhas superfícies e / ou sólidos pertencentes à
modelagem anterior. A variação destas malhas de elementos finitos permite que a
estrutura em questão seja projetada da melhor forma. Este atributo da possibilidade
de variação das malhas superficiais faz do Ansys uma ferramenta muito mais
102
eficiente do que os outros programas CAD na triangulação ou subvisão de
superfícies diversas.
O AnSys permite ainda, como em outros programas de cálculo estrutural a aplicação
das condições de contorno de uma estrutura tais como deslocamentos, rotações e
carregamentos, sobre as malhas previamente modeladas.
Aplicadas esta condições de contorno o programa estuda as respostas físicas na
estrutura, tais como, níveis de tensões e deformações, temperaturas ou campos
eletromagnéticos.
Fig. 101, Material de divulgação do programa AnSys. Fonte: www.ansys.com, acesso em 25/07/2006.
Estes atributos têm sido importantes na minimização do uso de protótipos uma vez
que estas respostas físicas têm sido aplicadas pelo programa não só em construções
e estruturas, mas num grande número de peças industriais, mobiliário, próteses e
diversos outros produtos.
103
CAPÍTULO 6. PROPOSIÇÃO PROJETUAL:
UMEA: Unidades Moveis de Educação Ambiental
No intuito de transformar o presente estudo e dissertação num projeto baseado nas
Estruturas Geodésicas, foi desenvolvida uma proposta de sistema construtivo
utilizando materiais e tecnologias disponíveis no Brasil que demonstre as
potencialidades deste sistema estrutural visando a viabilização construtiva das idéias
estudadas.
Acompanhado esta proposta construtiva está também uma destinação programática
e de utilização prática da cúpula/edifício estudada dotando este projeto de significado
ambiental e ecológico através do desenvolvimento de um programa arquitetônico
ligado a atividades de educação ambiental o que fará da estrutura e do espaço
projetado um ponto de divulgação e fomento de consciência em torno da
sustentabilidade dos meios de produção e da ecologia em suas diversas facetas.
Assim este estudo e projeto aliam à pesquisa construtiva e tecnológica um dado de
utilização didática que trará ao espaço proposto significado no sentido de divulgação
da Construção Metálica aliando-a a atividades de divulgação e preservação dos
ambientes naturais e construídos de nosso dia a dia.
A idéia é que as Unidades Móveis de Educação Ambiental, as UMEAs a serem
propostas, ocupem espaços importantes das cidades ou ambientes naturais onde
104
possam ser notadas e visitadas e após cumprido seu papel de divulgação e debate
de determinadas questões possam ser desmontadas e transportadas a outra
localidade onde poderão, através de equipe de apoio e material de divulgação, iniciar
novo trabalho em interação com a comunidade.
As atividades a serem desenvolvidas e material a ser exposto em cada uma das
UMEAs deverão ser desenvolvidos com a colaboração de profissionais ligados às
áreas ambientais, biológicas, hídricas, artísticas e outras não fazendo parte desta
etapa de nosso estudo e dissertação.
6.1 – PROGRAMA ARQUITETÔNICO E CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS
A estrutura Geodésica define em si uma grande cúpula sob a qual serão
desenvolvidas as atividades do programa arquitetônico. A fim de dotar o espaço de
maior flexibilidade possível, foram definidos como cômodos fechados apenas os
estritamente necessários que aparecem como setores de apoio ao funcionamento
das UMEAs cujo progama de utilização será:
- Espaço Aberto para Exposições, Debates e Apresentações
- Arena para apresentações e comunicações
- Sanitários masculino e feminino
- Pequena área administrativa
- Área para café e copa
- Depósito
105
As UMEAs estarão locadas sobre piso elevado de concreto ou deck de madeira
que regularizarão possíveis desníveis dos terrenos em que estejam implantadas.
As plantas e cortes esquemáticos estão apresentados nas figuras a seguir:
Fig. 102,Planta e Cortes esquemáticos da UMEA. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
As metragens das áreas destinadas a cada um destes espaços poderão variar de
acordo com diferentes demandas e tipo de utilização.
106
O projeto aqui apresentado apresenta forma elíptica inserida em um retângulo de
32,00 x 16,00 metros, com área aproximada de 400,00 m2, e altura máxima de 8,00
metros, a área total da superfície de cobertura é de 676,00 m2 (fig. 102).
Como aspectos gerais do espaço a ser gerado é necessário que este ofereça uma
boa performance ambiental apresentando correta orientação solar, iluminação e
ventilação natural ou artificial, tratamento correto de resíduos, fontes naturais de
energia, além de marcante presença nos locais onde estejam montados (fig. 103).
O funcionamento de tais Unidades acontecerá patrocinado pelas empresas de
componentes construtivos utilizados e/ou por instituições ou eventos interessados na
divulgação de programas e informações ambientais, ou outro tipo de utilização que
possa acontecer naquele espaço.
Fig 103. Aspectos ambientais do projeto. Fonte: imagem produzida pelo autor 2005.
107
A proposta em questão difere da conhecida esfera associada ao Domus Geodésico
tradicional, investigando outras possibilidades formais, construtivas e estruturais
proporcionadas pelo sistema, gerando uma pesquisa morfológica de diferenciadas
possibilidades. A ruptura da tradicional esfera, forma fechada em si, favorece
também possibilidades de ventilação natural através de rasgos e aberturas zenitais.
6.2 – PROSPECÇÕES EXPERIMENTAIS
Na intenção de demonstrar a flexibilidade, presença e potencial comunicativo das
UMEAs este estudo propõe duas implantações que são igualmente simbólicas e
sinalizadoras das preocupações ambientais junto aos ecossistemas urbanos e rurais.
A primeira prospecção ou implantação proposta estará vinculada à preservação dos
recursos hídricos no ambiente urbano e está pensada de forma a se integrar e
complementar o ´Boulevard do Rio Arrudas´ criado em 2005 e construído em 2006
em Belo Horizonte´ obra de forte significado paisagístico e ambiental no centro da
cidade. A UMEA estará localizada no limite sul deste boulevard linear sobre a calha
do rio, junto ao Parque Municipal se integrando ao mesmo tempo à área verde do
parque e à massa de edifícios existentes, próxima à área do projeto HBH Habitar o
Centro de Belo Horizonte, proposto pela escola de Arquitetura da UFMG. Sobre o rio
poluído a UMEA discutirá as possibilidades da conservação e purificação da água no
meio urbano. Será previsto um rasgo no piso da edificação para que os usuários
possam tomar simbolicamente consciência da situação do rio (fig. 104 e fig. 105).
108
Fig 104. Simulação de implantação da UMEA junto ao Parque Municipal, em BH. Fonte: imagem produzida pelo autor 2006.
Fig. 105. Simulação de implantação da UMEA junto ao Parque Municipal em BH, sobre a canal do rio Arrudas, para discutir o
futura da Água no planeta Terra. Fonte: imagem produzida pelo autor 2006.
109
A segunda prospecção estará em algum local da Estrada Real (fig. 106), conhecido e
importante programa turístico da região sudeste do Brasil envolvendo os estados de
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nesta prospecção as UMEAs discutirão e mostrarão
material relativo à biodiversidade da região em que estarão implantadas, bem como
aspectos históricos, culturais, divulgar a produção local de artesanato, os
conhecimentos da culinária e registros das manifestações do folclore. Estas unidades
poderão abrigar ainda estufas de plantas, borboletário e espaço de ensino e
discuções diversas.
Fig. 106. Simulação de implantação da UMEA na Estrada Real, para informar e discutir os aspectos ambientais da região, M. G.
Fonte: imagem produzida pelo autor 2006.
110
6.3 – COMPONENTES DO SISTEMA CONSTRUTIVO
Do ponto de vista tecnológico e interagindo com os projetos anteriormente
apresentados, alguns itens são importantes na definição de nosso sistema
construtivo e deverão neste estudo e/ou futuramente, ao longo dos desdobramentos
possíveis e da execução do Projeto, serem detalhados, dimensionados e
especificados, ou sejam:
- os tubos ou barras metálicas específicas, seus tipos e dimensões
- o sistema de nós de ligação dos tubos
- os sistemas de fechamento translúcidos e opacos
- as esquadrias especiais de acesso e ventilação
- o sistema de piso e plataforma de implantação e fixação ao solo
- a definição do sistema de fechamento dos ambientes internos de apoio que
compõem o programa arquitetônico.
No escopo desta dissertação será feito um estudo mais aprofundado dos nós de
articulação das barras da estrutura que são os componentes específicos mais
característicos das Estruturas Geodésicas. Pelas características buscadas na
definição deste elemento articulador estes nós são chamados de Nós Tri-Ortogonais,
como veremos a seguir.
111
6.3.1 – Os Nós Tri-Ortogonais
Uma característica dos nós estudados é que promovem a movimentação das barras
estruturais, na maioria das vezes, em apenas um plano do conjunto, não
possibilitando a movimentação livre em todas as direções o que seria desejável
quando se busca a composição de formas livres, permitindo que as barras sejam
montadas e fixadas em qualquer direção dos eixos x, y e z.
O nó aqui proposto funciona desta forma tri-ortogonal, ou seja, permite esta desejada
movimentação e giro das barras em relação aos três eixos espaciais.
Desta forma a proposta para este sistema de nós se inspira na tradicional dobradiça
de duas ´folhas´ (fig.107) expandindo suas possibilidades através do incremento do
número destas ´folhas´ ou placas giratórias.
Fig. 107, A dobradiça tradicional, duas placas ou ´folhas´ giram em torno de um eixo.
Fonte www.alertareflet.com.br/ outros.htm
, acesso em 28/06/2006
O sistema de nós aqui proposto acrescenta o número de placas à idéia da tradicional
dobradiça, podendo conter 3, (fig. 108, fig. 109, fig. 110, fig. 115 e fig. 116) 4, 5, 6
112
(fig. 111, fig. 117 e fig. 118) ou mais placas ou folhas dependendo da quantidade de
barras necessárias para a conformação de determinado poliedro geodésico (fig.
112).
Figs. 108 e 109, Modelagem em computador da proposta para o nó de três placas, articuladas a barras estruturais, vistas frontal
e lateral. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
Figs. 110 e 111, Utilização do sistema proposto para um nó de três e seis placas. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
Fig, 112. No Cubo, Dodecaedro ou Icosaedro Truncado três barras convergem para cada vértice, na construção de cúpulas
baseadas nestes poliedros seriam usados nós de três placas. Fonte: MathWorld,
http://mathworld.wolfram.com/PlatonicSolid.html
, acesso em 28/06/2006.
113
O giro das placas em torno do eixo da dobradiça é completado pelo giro dos tubos ou
barras estruturais em torno do parafuso de articulação que trespassa a placa da
dobradiça promovendo a articulação tri-ortogonal em todas as direções do espaço
(fig. 113 e fig. 114). Numa estratégia de montagem da estrutura baseada neste
sistema os ângulos das placas da dobradiça poderiam ser fixados previamente e a
partir daí seriam parafusados os tubos, ou ainda, os tubos de diferentes tamanhos
ligados aos nós com dobradiça em giro livre entrariam em equilíbrio.
Figs.113 e 114. Modelagem em computador mostrando que placas giram livremente em torno do eixo da dobradiça e os tubos
giram livremente em torno do parafuso de articulação que trespassa a placa. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
Figs.115 e 116. Fotografia do protótipo do Nó Tri-Ortogonal de três folhas Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
114
Figs.117 e 118. Fotografia do protótipo do Nó Tri-Ortogonal de seis folhas Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
6.4 – AVALIAÇÕES ESTRUTURAIS
6.4.1 – Modelagem e Triangulação
Os softwares de modelagem e análise estrutural, como o Ansys, podem gerar
diferentes estudos de triangulação de uma casca ou qualquer outra forma livre
modelada, e posteriormente calcular os ângulos no espaço entre as diversas barras,
o que seria seguido na montagem previa dos nós e de toda a estrutura.
Para a análise estrutural da cúpula anteriormente proposta e descrita através deste
programa Ansys tomou-se como primeiro passo, a modelagem da superfície em
questão. Este modelo tridimensional pode ser exportado de algum programa de
desenho da família CAD, mas neste caso optou-se por refazer a modelagem
diretamente no programa.
115
Este programa tem a capacidade de gerar triangulações diversas em diferentes
modelagens, como, por exemplo, nas quatro figuras abaixo onde um método
aleatório de triangulação foi proposto (free mesh). A fim de investigar as
possibilidades de modelagem e triangulação do programa foram estudadas outros
sistemas de triangulação da superfície da cobertura da UMEA, diferindo da imagem
da cúpula apresentada anteriormente e gerada pelo já citado programa WinDome,
desenvolvida em AutoCad e renderizada no programa 3dMax.
A princípio foi produzida uma modelagem da cúpula (fig. 119) e uma triangulação
´aleatória´ (free mesh) no sentido de investigação das possibilidades do Ansys, que
gerou as figuras a seguir:
Fig, 119. Estudo preliminar de sistema de triangulação, sistema free mesh, feito pelo programa Ansys para a superficie da
cúpula UMEA anteriormente apresentada. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
116
Porém, para a análise estrutural que se procedeu foram definidos sobre a
modelagem superficial anterior eixos lineares longitudinais iniciais, coincidentes em
planta e se cruzando em forma de cruz no centro da figura. Outro sistema de eixos
poderia ter sido proposto nesta etapa como, por exemplo, eixos centrais e simétricos
em cada uma das duas partes das cúpulas (fig. 120).
Fig. 120, Os eixos lineares de modelagem desenhados no programa Ansys. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Estes eixos são as linhas que dão origem às superfícies das duas partes
componentes da cúpula em questão gerando os planos de fechamentos externos e
definindo a tridimensionalidade da figura. As figuras anteriores e seguintes mostram
as elevações, planta e perspectiva dos eixos geradores e respectivamente das
superfícies produzidas (fig. 120).
Fig. 121, As superfícies geradas a partir dos eixos lineares previamente definidos. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
117
O próximo passo é a triangulação destas superfícies geradas onde serão
conformados os elementos poligonais e estruturais da cúpula estudada (fig. 122, fig.
123 e fig. 124).
Considerando que a cúpula deva apresentar características que viabilizem sua
construção optou-se por definir como critério para este processo de triangulação que
as barras que passariam a compor a estrutura não tivessem seu comprimento linear
maior que dois metros, aproximando ao máximo desta medida.
Mais uma vez outros critérios poderiam ter sido adotados nesta etapa da análise
como, por exemplo, fixar o ângulo entre as barras na região dos nós ou fixar as áreas
dos polígonos gerados.
As superfícies previamente definidas são assim subdivididas em elementos
triangulares diferenciados, compostos por barras e membranas ou placas que serão
executadas em materiais opacos na face norte como chapa metálica com camada
interna de espuma termoacustica, e material translúcido como placas de ETFE ou
policarbonato na face sul da construção.
As barras transmitem axialmente os esforços para os nós da estrutura. As
membranas ou placas são superfícies resistentes à tração e compressão, mas não
resistentes à flexão, estão articuladas nos nós transmitindo forças nos eixos x, y e z;
mas não transmitindo momento ou flexão.
118
Assim a figura da cúpula e a triangulação que será submetida à avaliação estrutural
apresentou a seguinte forma:
Fig. 122, Projeções ortogonais das superfícies trianguladas, sistema ´ mapped mesh´.
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 123, Perspectiva da cúpula com suas superfícies trianguladas através do programa Ansys.
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
Fig. 124, Detalhe da modelagem estrutural mostrando a entrada da cúpula e o encontro das barras.
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
119
Na figura a seguir estão os pontos de fixação da cúpula (fig. 125) ao solo onde os
nós estão restritos nos eixos x, y e z e os apoios são simples e articulados não
engastados e as barras horizontais não estão sujeitas a esforços funcionando
apenas como delimitação e fechamento inferior da estrutura (fig. 126).
Fig. 125, Os pontos de apoio da cúpula. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 126, Detalhe da modelagem dos pontos de apoio da cúpula, as barras horizontais, paralelas ao solo não estão sujeitas a
esforços. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
6.4.2 – Definição das Barras
No tubo adotado (fig. 127) para o estudo estrutural da cúpula anteriormente
modelada foram adotadas unidades do Sistema Internacional (SI). Nesse tipo de
análise utilizando-se como material o aço para as barras estruturais optou-se por
utilizar as unidades N e mm ou Newton e milimetros. Na figura abaixo estão listadas:
120
a área útil do tubo, os momentos de inércia (Iyy, Iyz e Izz), as constantes de torção e
coordenadas dos centros de gravidade e cisalhamento. Trata-se do um tubo com
costura pertencente à norma SAE-1020 com raio externo Xout = 24,15mm e Xint =
20,45 mm, espessura da parede t= 3,7 mm, índice de esbeltez λ= 130, comprimento
máximo das barras = 2000 mm, aço com módulo de elasticidade E = 200.000
N/mm2, coeficiente de Poison
ν= 0,3, densidade de norma de 785000 N/m3 e limite
de escoamento fy >= 200MPa.
Fig. 127, Características do tubo ou barra adotado na estrutura estudada. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
121
6.4.3 – Carregamentos
A seguir foram definidas as hipóteses de carregamento para a análise do
comportamento da estrutura:
1
o
carregamento:
Peso próprio das barras: gerado pelo programa a partir da modelagem e dos dados
fornecidos. Σpp (tubos) = 4,7 tf
2
o
carregamento:
Cobertura: considerando que a área coberta da cúpula é de 400,00m2 e que os
materiais de fechamento são, conformes ilustrados em figura anterior; na face sul
material transparente tipo policarbonato ou membrana de ETFE e na face norte
chapa metálica com camada de espuma termoacústica; definiu-se como
carregamento devido à cobertura: pp(cobertura) = 5 kgf / m2
Nós de ligação: definiu-se também como carregamento adicional pela presença dos
nós de ligação das barras da estrutura incluída na sobrecarga: sc= 25 kgf / m2.
Onde
Σ(pp + sc) = 30 kgf/m2
3
o
carregamento:
Efeito de Vento (fig. 128 e fig. 129), considerando uma situação menos favorável
com ventos da esquerda para a direita, incidindo no lado da cúpula com maior área,
o lado maior apresenta pressão e o lado menor apresenta sucção, produzindo cargas
nodais equivalentes. Cálculos feitos considerando a localização da estrutura no
estado de Minas Gerais, o coeficiente de forma e as normas definem as cargas totais
como:
122
F1(esq) = 9910,00 kgf e F2(dir) = 4000,00 kgf
Fig. 128, Figura dos esforços devido ao vento, produzindo pressão do lado esquerdo e sucção do lado direito da estrutura.
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 129, Figura mostrando a somatória dos esforços devido ao vento e à sobrecarga.
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
6.4.4 – Resultados
Para a avaliação do modelo anterior foram consideradas 3 hipóteses de avaliação:
Caso 1: Nós completamente travados, análise linear estática (fig. 130, fig. 131 e fig.
132).
123
Caso 2: Nós articulados em torno do eixo local y (articulação entre a placa da
dobradiça e a barra estrutural, My=0), análise linear estática (fig. 133, fig. 134 e fig.
135).
Caso 3: Nós completamente articulados (articulação entre a placa da dobradiça e a
barra estrutural, My=0; e articulação no eixo da ´dobradiça´ do nó, Mz=0), análise
estática não linear (fig. 136).
Para os casos citados foram analisados os resultados referentes às seguintes
variáveis:
DMX(mm) = deslocamento máximo global (em milímetros)
SDIR(MPa) = Tensão direta axial (tração e/ou compressão, em mega pascal)
SMIN (Mpa) = Tensão combinada mínima de compressão (forças axiais e momentos
fletores)
SMAX (Mpa) = Tensão combinada máxima de tração (forças axiais e momentos
fletores)
VARIÁVEIS CASO 1 CASO 2 CASO 3
DMX(mm) 12 18 23
SDIR(MPa) -49 / 36 -71 / 50 -80 / 62
SMIN (Mpa) -130 / 33 -101 / 39 =SDIR, sem mom.
SMAX (Mpa) -44 / 127 -68 / 77
=SDIR, sem mom.
Da tabela anterior pode-se concluir que:
124
A estrutura mais rígida (caso 1) apresenta menores deslocamentos que os demais
casos, porém, apresenta níveis de tensões mais elevados, provocados pelos efeitos
adicionais de flexão (momentos).
Por outro lado, o caso 3 apresenta níveis de tensões axiais (SDIR) maiores,
necessitando, no entanto, de uma análise de segunda ordem (análise
geometricamente não linear com a aplicação do carregamento em vários passos)
para atingir a convergência de resultados sem apresentar hipostaticidade interna da
estrutura.
A partir da definição destes parâmetros anteriores o programa Ansys versão 5.7
forneceu resultados descritos acima que podem ser visualizados nas figuras a seguir:
CASO 1:
Fig. 130, Figura mostrando os valores máximo e mínimo da tensão direta axial (SDIR)
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
125
Fig. 131, Figura mostrando os valores de SMAX (tensões combinadas de forças axiais e flexão).
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 132, Figura mostrando os valores de SMIN (tensões combinadas de forças axiais e flexão).
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
126
CASO 2:
Fig. 133, Figura mostrando os valores máximo e mínimo da tensão direta axial (SDIR).
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 134, Figura mostrando os valores de SMIN (tensões combinadas de forças axiais e flexão).
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
127
Fig. 135, Figura mostrando os valores de SMAX (tensões combinadas de forças axiais e flexão).
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
CASO 3:
Fig. 136, Figura mostrando os valores máximo e mínimo da tensão direta axial (SDIR)
Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
128
6.4.5 – Discretização do Nó
Considerando que os nós a serem utilizados não se enquadram em nenhum padrão
comercial disponível optou-se por uma análise tridimensional localizada dos mesmos
(para o caso de um nó de seis placas, com a conexão de seis tubos), a fim de
avaliar-se os níveis de tensões localizadas. Para tanto o nó foi modelado através de
superfícies de cascas com as respectivas espessuras e volumes contendo elementos
sólidos que simulam as ligações e articulações aparafusadas (fig. 137 até fig. 147). A
seguir serão mostradas figuras representativas deste processo:
Fig. 137, Posição relativa de um nó típico (linhas). Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 138, Modelagem através de superfícies e sólidos. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
129
Fig. 139, Detalhe da malha em elementos finitos. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 140, Condições de Contorno mostrando cargas nodais (vermelho) e deslocamentos impostos iguais a zero nas regiões
apoiadas (azul). Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
130
Fig. 141, Região da estrutura para o Caso 3 utilizada para a discretização do nó 138 e barras submetidas a forças de tração
(positiva) e compressão (negativa). Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
A seguir estão listados dados quantitativos utilizados no modelo do nó, gerados
originalmente pelo programa Ansys:
M O D E L I N F O R M A T I O N
Solid model summary:
Largest Number Number
Number Defined Selected
Keypoints . . . . . . . . . 403 402 402
Lines . . . . . . . . . . . 703 703 703
Areas . . . . . . . . . . . 387 387 387
Volumes . . . . . . . . . . 100 100 100
Finite element model summary:
Largest Number Number
Number Defined Selected
Nodes . . . . . . . . . . . 83794 83794 83794
Elements. . . . . . . . . . 79471 79471 79471
Element types . . . . . . . 2 2 n.a.
Real constant sets. . . . . 7 7 n.a.
Material property sets. . . 1 1 n.a.
Coupling. . . . . . . . . . 36 24 n.a.
Constraint equations. . . . 0 0 n.a.
Master DOFs . . . . . . . . 0 0 n.a.
Dynamic gap conditions. . . 0 0 n.a.
131
As figuras seguintes ilustram os resultados obtidos:
Fig. 142, Modelo deformado (com amplificação) superposto ao modelo indeformado. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 143, S1 corresponde às Tensões Principais (máxima tração). Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
132
Fig. 144, S3 corresponde às Tensões Principais (máxima compressão). Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006
Fig. 145, SEQV corresponde às Tensões Equivalentes de Von Misses para comparação com a tensão de escoamento
(143MPa<<200Mpa) . Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
133
Fig. 146, zoom da figura anterior. Fonte: Imagem produzida pelo autor, 2006.
Fig. 147, Zoom da região de descontinuidade do tubo apresentando valores máximos de SEQV corresponde às Tensões
Equivalentes de Von Misses para comparação com a tensão de escoamento (143MPa<<200Mpa) . Fonte: Imagem produzida
pelo autor, 2006.
134
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES.
Uma constatação feita ainda no início deste estudo é que o material bibliográfico
sobre as Estruturas Geodésicas é bastante limitado, aparecendo este sistema
construtivo como um coadjuvante pouco importante em publicações sobre estruturas
e/ou construções diversas.
O grande interesse inicial em relação a este tipo de estrutura, entre os anos 50 e 70
do século XX, foi minimizado posteriormente, fazendo que as pesquisas e
realizações com outros tipos de estrutura fossem mais freqüentemente divulgadas.
Por outro lado pode-se afirmar que as Estruturas Geodésicas são um amplo campo
para estudos e desenvolvimento de futuros projetos ligados, tanto a aspectos
arquitetônicos que exploram as diversas tipologias e aplicações, quanto à questão
tecnológica e industrial de cálculo e produção. Na verdade este é um território de
estudos onde a arquitetura e a engenharia não podem se afastar uma da outra,
chegando a ser complementares e quase coincidentes as buscas e os resultados
efetuados por cada uma destas disciplinas.
Quanto às proposições que podem ser feitas em torno deste tipo de construção
entendemos que podem variar entre estruturas moduladas e bastante racionalizadas
onde todas as barras e elementos estruturais são iguais ou apresentar articulações
135
com maiores variações onde estes elementos não são obrigatoriamente repetitivos
ou modulares.
Do ponto de vista específico deste estudo alguns desdobramentos ficam sugeridos e
poderiam ser tema de futuros estudos e pesquisas:
O primeiro seria um amplo levantamento histórico das cúpulas, domus ou estruturas
geodésicas que desde o passado deram início a este tipo de construção e que
chegaram até os dias de hoje indicando varias possibilidades de desenvolvimento
tipológico e tecnológico.
O aparecimento na segunda metade do século XX dos computadores, dos
programas de modelagem e de cálculo estrutural deu um novo fôlego a estes
estudos indicando que as estruturas inspiradas nas formas da natureza, como no
caso das geodésicas, têm nestes novos softwares uma poderosa ferramenta de
desenho e de análise.
Um segundo ponto de desenvolvimento mais ligado à cúpula estudada, o projeto
denominado UMEA, numa relação específica aos nós propostos e prototipados, seria
a simulação e checagem de suas resistências e deformações em um laboratório de
estruturas onde poderiam ser confirmadas e confrontadas as conclusões numéricas
e de comportamento físico conseguidas através da análise computacional.
136
Os resultados numéricos anteriormente apresentados através da simulação
computacional referem-se a uma analise preliminar que mostra a viabilidade deste
tipo de construção e estrutura.
Nesse caso não foi realizado qualquer tipo de verificação de dimensionamento
através de normas de perfis dobrados e laminados (NBR 8800/86). Mas mesmo
assim pode-se constatar que os resultados de deslocamentos e tensões apresentam
níveis compatíveis com o material empregado.
Outro aspecto que fica sugerido através deste estudo é que seja desenvolvido em
forma de projeto executivo as informações necessárias para que possa ser oferecida
às comunidades a edificação das UMEAs que a partir da viabilização projetual e
construtiva poderiam cumprir o seu papel pedagógico funcionando como pólo de
informação, de divulgação de questões relativas a questões de preservação do meio
ambiente e de divulgação consciente e sustentável da construção metálica.
Os aspectos a serem abordados neste desenvolvimento do projeto das UMEAs,
como já sugeridos no item 6.3, seriam os detalhamentos dos sistemas de
fechamento, proposição para piso e fundações, definição e detalhamento dos
cômodos internos de apoio tais como núcleos sanitários, copa, espaço administrativo
e projetos complementares ligados às instalações hidrossanitárias, elétricas, de
iluminação, lógica e ventilação.
137
Ainda no sentido de avançar nos estudos aqui iniciados se faz necessária a
experimentação prática do funcionamento dos nós e seus acoplamentos às barras
em formas diversas através de várias formas de estruturas utilizáveis ou artísticas
que testem a eficácia dos nós prototipados seu potencial técnico e plástico na
geração de estruturas de formas livres indicando possibilidades e formas para a
arquitetura, a engenharia e a escultura com ênfase estrutural.
Para tanto seria importante a união com outros pesquisadores, arquitetos,
engenheiros, artistas e industriais numa cadeia interdisciplinar onde as experiências
de cada setor seriam discutidas, projetadas, executadas e avaliadas num ciclo
contínuo de questionamentos e descobertas.
138
CAPÍTULO 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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