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Para Kosinski (1997) o problema está relacionado ao fato de muitos professores
levarem ao hospital o mesmo modelo de atuação tradicional que adotam nas salas
de aula em suas escolas regulares, sem fazer as adaptações que o contexto exige.
A pesquisadora também constata que os professores ainda em 1997 atuavam de
maneira isolada, ficando "invisíveis" aos outros profissionais e autoridades da saúde.
As ações da pedagogia hospitalar passou a ser integrada de forma nacional a
partir dos primeiros congressos da área. O primeiro Congresso de Classes Hospitalares
foi realizado no Rio de Janeiro em 2001, procurou sistematizar os dados desta área
de atuação e promoveu uma discussão a cerca da tal "crise de identidade":
No caso das classes hospitalares, considerando-se que a natureza das
ações que nela se desenvolvem são de cunho pedagógico-educacional, penso
que devam realmente constar de documentos de Políticas Educacionais. Se
entendermos a educação como um direito de todos, sem necessidade de
dicotomizar o processo entre regular e especial, eu diria que essa modalidade
de atendimento educacional deve compor o elenco das ofertas que a
educação, enquanto função social deve prever e prover, por meio dos sistemas
educacionais para todos os alunos. Todos! Em outras palavras, quero dizer
que, se já tivéssemos – os que pensamos ou que decidimos a educação
escolar – internalizado a proposta inclusiva como melhoria da qualidade
de oferta educativa para qualquer aluno, esteja ele onde estiver, então não
precisaríamos colocar as classes hospitalares como modalidade de atendimento
educacional escolar da educação especial, ainda entendida como sub-sistema
paralelo à educação regular (CARVALHO; TELLES, 2000, apud PAULA,
2005, p.30).
A questão central da discussão era a tentativa de definir se as Classe Hospitalares
faziam parte da Educação Especial ou da Educação Regular.
Para Paula (2005), muitos foram os impasses na história concretização da
pedagogia hospitalar no Brasil, um deles está relacionado à formação pessoal e
profissional do professor para atuar em contexto hospitalar:
Em muitos hospitais os professores começam a trabalhar com total despreparo
para exercer a função, pois este tipo de trabalho, não requer somente a
formação acadêmica, mas habilidades específicas de uma práxis pedagógica
complexa que envolve diferentes aspectos no trabalho cotidiano como:
sensibilidade para atuar com crianças, adolescentes e famílias fragilizadas,
conhecimento da realizade hospitalar e das patologias, habilidade para lidar
com diferentes tipos de alunos, pais e com as equipes multidisciplinares,
capacidade de elaboração e estratégias didáticas para atender alunos
provenientes de diversas regiões e com diferentes conteúdos escolares,
abertura para o outro, independente de sua condição física, econômica e social,
respeito às diferenças de etnia, raça e religião, dentre vários outros aspectos
que envolvem o fazer pedagógico nessas instituições (PAULA, 2005, p.32-33).