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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
REMOÇÃO DE OOCISTOS DE Cryptosporidium POR
FILTRAÇÃO DIRETA – INFLUÊNCIA DE ALGUNS
ASPECTOS OPERACIONAIS
ANDRÉIA PAIVA FAGUNDES
ORIENTADORA: CRISTINA CELIA SILVEIRA BRANDÃO
CO-ORIENTADORA: PATRICIA DE CAMPOS GOMES MONTEIRO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E
RECURSOS HÍDRICOS
PUBLICAÇÃO: PTARH.DM – 097/06
BRASÍLIA/DF: SETEMBRO – 2006
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ii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
REMOÇÃO DE OOCISTOS DE Cryptosporidium
POR FILTRAÇÃO
DIRETA – INFLUÊNCIA DE ALGUNS ASPECTOS OPERACIONAIS
ANDRÉIA PAIVA FAGUNDES
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE
TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU
DE MESTRE EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS
HÍDRICOS.
APROVADA POR:
_________________________________________________
Prof
a
CRISTINA CELIA SILVEIRA BRANDÃO, PhD (ENC-UnB)
(Orientadora)
_________________________________________________
Prof. MARCO ANTÔNIO ALMEIDA DE SOUZA, PhD (ENC-UnB)
(Examinador Interno)
_________________________________________________
Prof. RAFAEL KOPSCHITZ XAVIER BASTOS, PhD (CCE -UFV)
(Examinador Externo)
BRASÍLIA/DF, 05 DE SETEMBRO DE 2006
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iii
FICHA CATALOGRÁFICA
FAGUNDES, ANDRÉIA PAIVA
Remoção de Oocistos de Cryptosporidium por filtração direta – Influência de alguns aspectos
operacionais [Distrito Federal] 2006.
xxiii, 143p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Tecnologia Ambiental e Recursos
Hídricos, 2006).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
1.Tratamento de Água 2.Filtração Direta Descendente
3.Remoção de oocistos de Cryptosporidium 4.Sulfato de Alumínio
I. ENC/FT/UnB II. Título (série)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FAGUNDES, A. P. (2006). Remoção de Oocistos de Cryptosporidium por filtração direta
Influência de alguns aspectos operacionais. Dissertação de Mestrado em Tecnologia
Ambiental e Recursos Hídricos, Publicação MTARH.DM-97/06, Departamento de
Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 148p.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Andréia Paiva Fagundes.
TÍTULO: Remoção de Oocistos de Cryptosporidium por filtração direta – Influência de
alguns aspectos operacionais
GRAU: Mestre ANO: 2006
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação
de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte dessa dissertação
de mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.
____________________________
Andréia Paiva Fagundes
SQN 316, Bloco J, Apartamento 510 – Asa Norte
70775-100 Brasília – DF – Brasil
Endereço Eletrônico: andreiapfagundes@hotmail.com
iv
Aos meus pais, Degmar e Branca,
por acreditarem na educação
como instrumento de
transformação.
À Fabinho, por todo o apoio,
amor e incentivo.
Com todo o meu amor, dedico.
v
AGRADECIMENTOS
A minha mais sincera gratidão a todos que me ajudaram a chegar até aqui.
À Deus.
À minha família, meu pai, Degmar, e minha mãe, Branca, pelo amor, esforço e incentivo.
Ao meu irmão, Fábio, pelo apoio e aprendizado. À minha tia Déia, pelos momentos de
oração. A todos os meus familiares, por torcerem e acreditarem no meu sucesso.
À professora Cristina, pela orientação, aprendizado, dedicação e compreensão nos
momentos difíceis. A professora Patrícia, pela co-orientação, aprendizado e amizade. A
todos os professores do PTARH, pela compreensão e pelos conhecimentos transmitidos.
À FINATEC e ao CNPQ, pelo suporte financeiro, com concessão de bolsa de estudos.
À CAESB, pelo apoio operacional, em especial ao Engenheiro Gustavo, gerente da ETA
Brasília.
Ao pessoal do laboratório, Boy, Rosely, João, Júnior, Lilica e Carol pelo apoio
incondicional e amizade, tão fundamentais para a realização dos trabalhos experimentais.
Aos funcionários do Laboratório de Materiais, Xavier e Severino, pelo auxílio e dedicação.
Às amigas Débora Brito e Bianca, por estarem sempre presentes e por dedicarem tempo
precioso ao auxílio do desenvolvimento dos trabalhos experimentais.
Às amigas de sala, Ana Elisa, Renata e Deborah pelas valiosas dicas e pelas conversas
divertidas e descontraídas em momentos de fundamental importância.
Aos amigos de turma do mestrado, Rafael, José Ricardo, Edson, Mariana, Flávia, Cláudia,
Cristina e José Gabriel, pela convivência e aprendizado.
Aos amigos do doutorado, Jussanã, Férnan, Gustavo, Jaqueline, Ronaldo, Jorge, Domingo,
Selma, Luciana e Rosângela pelo carinho.
vi
Aos amigos firmados no PTARH: Fuad, Cristiane, Simone, Simoneli, Jailma, Thales,
Camila, Jennifer, Alcione, Michele, Lygia, Andresa, Carol, Neusa, Renan, Eneida, Carlos,
Lorena e Elisandra, pelos momentos compartilhados.
A todos os amigos que acreditaram em mim e de alguma forma contribuíram para a minha
formação, o meu muito obrigado.
Ao meu namorado, Fabinho, por estar sempre presente, me apoiando nos momentos
difíceis, me levantando quando preciso e acreditando, sempre.
vii
RESUMO
REMOÇÃO DE OOCISTOS DE Cryptosporidium POR FILTRAÇÃO DIRETA –
INFLUÊNCIA DE ALGUNS ASPECTOS OPERACIONAIS
Autor(a) : Andréia Paiva Fagundes
Orientador(a): Cristina Celia Silveira Brandão
Co-Orientador(a): Patrícia de Campos Gomes Monteiro
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos
Brasília, Setembro, 2006
O presente trabalho trata da remoção de oocistos de Cryptosporidium por filtração direta
descendente em meio granular praticamente uniforme, verificando a influência de aspectos
operacionais como dosagens de coagulante, taxas de filtração e características da água
bruta. O trabalho experimental foi desenvolvido em escala piloto composta por dispositivo
de mistura rápida e filtro descendente de areia. Os experimentos em escala piloto foram
precedidos de estudos em escala de bancada (Testes de Jarros) para a definição da faixa de
pH e dosagem de coagulante a serem empregados nos experimentos de filtração. Foram
realizados 15 experimentos de filtração direta descendente, utilizando como coagulante o
sulfato de alumínio. Optou-se por trabalhar com subdosagens, dosagens “ótimas” e super-
dosagens de coagulante. Foram utilizadas águas provenientes do lago Paranoá e do córrego
do Torto, sendo que toda a água empregada nos trabalhos de filtração foi inoculada com
oocistos de Cryptosporidium na ordem de 10
2
a 10
3
oocistos/L. Além disso, o filtro foi
operado com taxas constantes de 210 m/dia e 105 m/dia. Os resultados obtidos indicaram
que, independente da origem da água bruta e da taxa de filtração utilizada, ao se adotar
dosagens “ótimas” e super-dosagens de coagulante, os efluentes apresentaram valores de
turbidez inferiores a 0,5 UT e de clorofila-a inferiores a 1,5 µg/L. Quanto à remoção de
oocistos de Cryptosporidium, para o filtro estudado, não foram observadas diferenças na
remoção desse protozoário com a utilização de uma taxa conservadora, 105 m/dia, quando
comparada ao valor de 210 m/dia. Por outro lado, para as águas estudadas, a utilização de
super-dosagem parece promover uma maior remoção de oocistos de Cryptosporidium
quando comparada com o uso de dosagem “ótima”. Similarmente, foi observado que
durante a operação regular do filtro, a remoção de oocistos de Cryptosporidium tende a ser
mais elevada do que no período de amadurecimento do mesmo. Entretanto, o fator
operacional que influenciou de forma mais determinante a remoção desse protozoário foi a
utilização de subdosagem de coagulante. Quando essa condição de coagulação foi adotada,
verificou-se, independentemente da água bruta, que a remoção foi significativamente
inferior. Dessa forma, pode-se considerar como dois fatores de risco importantes: possíveis
falhas na dosagem de coagulante, com a aplicação de subdosagem, e o período de
amadurecimento do filtro.
viii
ABSTRACT
REMOVAL OF Cryptosporidium OOCYSTS BY DIRECT FILTRATION – THE
INFLUENCE OF SOME OPERATIONAL ASPECTS
Author: Andréia Paiva Fagundes
Supervisor: Cristina Celia Silveira Brandão
Co-Supervisor: Patrícia de Campos Gomes Monteiro
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos
Brasília, September of 2006.
The present work deal with the removal of Cryptosporidium oocysts by downflow direct
filtration with almost uniform filter bed to verify the influence of operational aspects such
as coagulant dosage, filtration flow rate and raw waters characteristcs. The experimental
work was carried out in pilot-plant comprised by a hydraulic flash mixing device and a
rapid downflow sand filter column. The studies in pilot-scale were preceded by benches
studies (Jar Tests) for the definition of the coagulant dosages and the pH values to be used
in the filtration experiments. Fifteen filtration experiments had been carried out, using
aluminum sulphate as coagulant. Three different dosage levels were used: suboptimal,
"optimal" and overoptimal dosages of coagulant. Raw waters from the Paranoá lake and
from the Torto stream were used. During filtration experiments these waters were spiked
with Cryptosporidium sp. oocysts in the order of 10
3
to 10
2
oocysts/L and the filter was
operated with constant flow rates of 210 m/day and 105 m/day. Independently of the
filtration flow rate and the raw water tested, when "optimal" and overoptimal coagulant
dosages were used, the filter effluents presented turbidity values lower than 0,5 NTU and
values of chlorophyll-a lower than 1,5µg/L. Regarding the removal of Cryptosporidium
oocysts, for the studied filter, no appreciable differences on the removal of these protozoan
were observed with the utilization of conservatives flow rates, 105 m/day, when comparing
with 210 m/day.. On the other hand, for the raw waters studied, the use of overoptimal
coagulant dosages tends to improve the removal of the Cryptosporidium oocysts, when
comparing with optimal dosages. Similarly, it was observed that the removal of the
Cryptosporidium oocysts was lower during ripening period when comparing with the
stable filtration operation. However, the operational aspect that placed more influence on
the removal of Cryptosporidium oocysts was the use suboptimal coagulation dosage. When
this condition was adopted, it was verified that, independently of the raw water.used, the
removal was significant lower. So, failures in the coagulation process, such the use of
suboptimal coagulant dosages and the ripening filter period may be considered as the two
major operational risk factors.
ix
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2 – OBJETIVOS ...................................................................................................... 3
2.1 – OBJETIVO GERAL................................................................................. 3
2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................. 3
3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........... 4
3.1 – FILTRAÇÃO............................................................................................. 4
3.1.1 – Tecnologia de filtração direta....................................................... 7
3.1.1.1 – Considerações iniciais.....................................................
7
3.1.1.2 – Tecnologia de filtração direta descendente.....................
9
3.1.1.3 – A coagulação aplicada a filtração direta..........................
11
3.2 – O Cryptosporidium .................................................................................... 15
3.2.1 – Introdução...................................................................................... 15
3.2.2 – O ciclo de vida dos oocistos de Cryptosporidium........................ 17
3.2.3 – Fontes e ocorrência de Cryptosporidium e surtos de
Criptosporidiose........................................................................................ 17
3.3 – EFEITOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA NA REMOÇÃO DE
Cryptosporidium ................................................................................................. 21
3.3.1 – Remoção de Cryptosporidium por meio de tratamento
convencional e filtração direta.................................................................
22
3.3.2 – Influência da operação de filtração e do mecanismo de
coagulação na remoção de oocistos de Cryptosporidium........................
33
3.4 – ASSOCIAÇÃO ENTRE INDICADORES E OOCISTOS DE
Cryptosporidium..................................................................................................
47
4 – METODOLOGIA.............................................................................................. 61
4.1 – ÁGUA DE ESTUDO................................................................................. 61
4.2. – EXPERIMENTOS EM ESCADA DE BANCADA............................... 62
4.3 – EXPERIMENTOS EM ESCALA PILOTO........................................... 66
4.3.1 – Descrição da instalação piloto...................................................... 66
4.3.1.1 – Sistema de alimentação de água bruta e dosagem de
coagulante........................................................................................
67
4.3.1.2 – Coluna de filtração.........................................................
70
4.3.2 – Desenvolvimento dos experimentos de filtração......................... 72
x
4.4 – METODOLOGIAS PARA A DETERMINAÇÃO DOS
PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA..............................................
76
5 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS............................... 85
5.1 – ENSAIOS DE BANCADA........................................................................ 85
5.1.1 – Água do lago Paranoá...................................................................
85
5.1.2 – Água do córrego do Torto............................................................
87
5.2 – EXPERIMENTOS DE FILTRAÇÃO EM ESCALA PILOTO............
91
5.2.1 – Vazões e taxas de filtração............................................................
92
5.2.2 – Residual de alumínio.....................................................................
94
5.2.3 – Clorofila-a......................................................................................
95
5.2.4 – Coliformes totais e E. coli.............................................................
96
5.2.5 – Turbidez.........................................................................................
97
5.2.6 – Perdas de carga..............................................................................
98
5.2.7 – Experimentos de filtração direta descendente – Água do lago
Paranoá......................................................................................................
103
5.2.8 – Experimentos de Filtração direta descendente – Água do
córrego do Torto........................................................................................
106
5.2.8.1 – Experimentos de filtração direta descendente – água do
córrego do torto – fevereiro e março de 2006.................................
106
5.2.8.2 – Experimentos de filtração direta descendente – água do
córrego do torto – maio a julho de 2006.........................................
108
5.2.9 – Influência da qualidade da água na remoção de oocistos de
Cryptosporidium e parâmetros indicadores.............................................
112
5.2.10 – Comparação entre as remoções dos parâmetros de
qualidade da água no período de inicial de funcionamento do filtro e
no período de estabilização do filtro........................................................
114
6 – CONCLUÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................................
116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................
119
APÊNDICES.................................................................................................................
127
APÊNDICE A – CÁLCULO DO DISPOSITIVO DE MISTURA RÁPIDA..........
128
APÊNDICE B – VAZÕES EFLUENTES DO FILTRO DESCENDENTE AO
LONGO DOS EXPERIMENTOS DE FILTRAÇÃO DIRETA .............................
130
APÊNDICE C – TURBIDEZ AO LONGO DOS EXPERIMENTOS DE
FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE................................................................
133
xi
APÊNDICE D – TAXA DE CRESCIMENTO DAS PERDAS DE CARGA NAS
CAMADAS DO MEIO FILTRANTE AO LONGO DOS EXPERIMENTOS DE
FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE................................................................
136
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 – Fluxogramas esquemáticos dos sistemas de filtração direta sem pré-
floculação (a, b e c) e com pré-floculação (d)................................................................. 9
Figura 3.2 – Diagrama de coagulação com sulfato de alumínio e potencial zeta –
Cleasby, 1990 (modificado)............................................................................................. 12
Figura 3.3 – Seção do diagrama de coagulação do sulfato de alumínio, indicando a
melhor faixa para a filtração direta – Armirtharajah e O’Melia, 1990 (modificado)...... 15
Figura 3.4 – Imagem de Cryptosporidium parvum (USEPA, 2006)............................... 15
Figura 4.1 – Filtro de laboratório de areia (a) esquema; (b) foto..................................... 63
Figura 4.2 – (a) Adaptação do aparelho de teste de jarros para uso de filtro de
laboratório de areia; (b) Detalhe do disco.................................................................... 64
Figura 4.3 – Intalação piloto: foto.................................................................................... 66
Figura 4.4 – Intalação piloto: esquema............................................................................ 67
Figura 4.5 – Reservatório de coagulante e bomba dosadora........................................... 68
Figura 4.6 – Dispositivo de mistura rápida...................................................................... 68
Figura 4.7 – Coluna de filtração direta descendente........................................................ 71
Figura 4.8 – Localização dos piezômetros no filtro descendente.................................... 71
Figura 4.9 – Resumo dos experimentos de filtração realizados durante o
desenvolvimento do trabalho em instalação piloto.......................................................... 73
Figura 4.10 – Lavagem do fitro....................................................................................... 76
Figura 4.11 – Filtração com auxílio de bomba peristáltica.............................................. 79
Figura 4.12 – Detalhe do encaixe do Filta-Max
®
, IDEXX.............................................. 79
Figura 4.13 – Estação de eluição: (a) compressão; (b) descompressão........................... 79
Figura 4.14 – (a) Filta-Max íntegro; (b) Filta-Max após a eluição.................................. 80
Figura 4.15 – Filtração a vácuo em membrana utilizando bomba a vácuo manual......... 80
Figura 4.16 – Lavagem da membrana.............................................................................. 80
Figura 4.17 – Tubos cônicos de 50 mL............................................................................ 81
Figura 4.18 – Tubos cônicos de 15 mL............................................................................ 81
xiii
Figura 4.19 – Etapa de homogeniezação......................................................................... 81
Figura 4.20 – Concentrador magnético para volume de 10 mL...................................... 82
Figura 4.21 – Concentrador magnético para volume de 1,5 mL..................................... 82
Figura 4.22 – Microscópio de epifluorescência............................................................... 84
Figura 4.23 – Oocisto de Cryptosporidium em imunofluorescência (à esquerda) e em
contraste de fases (à direita)............................................................................................. 84
Figura 5.1 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio para água proveniente
do lago Paranoá – Janeiro/2006. Turbidez da água bruta: 5,4: UT e pH da água
bruta: 6,9..........................................................................................................................
86
Figura 5.2 – Estudos preliminares com o coagulante sulfato de alumínio anidro em
água proveniente do córrego do Torto – Fevereiro/2006. Água bruta com turbidez:
7,2, pH da água bruta: 5,6 e Alcalinidade da água bruta: 207 mg/L de CaCO
3
.............. 88
Figura 5.3 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio para água proveniente
do córrego do Torto – Agosto/2006 (Fernandes, 2006). Água bruta com turbidez: 2,7
UT e pH da água bruta: 6,7..............................................................................................
89
Figura 5.4 – Ensaios para a verificação da estabilidade do pH e da alcalinidade da
água do córrego do Torto após alcalinização com bicarbonato de sódio –
Fevereiro/2006.................................................................................................................
91
Figura 5.5 – Concentrações de alumínio em amostras de água bruta e filtrada nos
experimentos de filtração direta descendente.................................................................. 94
Figura 5.6 – Concentrações de clorofila-a em amostras de água bruta e água filtrada
nos experimentos de filtração direta descendente............................................................ 95
Figura 5.7 – Perda de carga nos experimentos de filtração direta descendente com
água proveniente do lago Paranoá no período de Janeiro e Fevereiro/2006.................... 99
Figura 5.8 – Perda de carga nos experimentos de filtração direta descendente com
água proveniente do córrego do Torto no período de Fevereiro e Março/2006.............. 101
Figura 5.9 – Perda de carga nos experimentos de filtração direta descendente com
água proveniente do córrego do Torto no período de Maio a Julho/2006....................... 102
Figura B.1 – Vazão efluente ao longo do experimento 2................................................ 130
Figura B.2 – Vazão efluente ao longo do experimento 3................................................ 130
xiv
Figura B.3 – Vazão efluente ao longo do experimento 4................................................ 130
Figura B.4 – Vazão efluente ao longo do experimento 5................................................ 130
Figura B.5 – Vazão efluente ao longo do experimento 6................................................ 130
Figura B.6 – Vazão efluente ao longo do experimento 7................................................ 130
Figura B.7 – Vazão efluente ao longo do experimento 8................................................ 131
Figura B.8 – Vazão efluente ao longo do experimento 9................................................ 131
Figura B.9 – Vazão efluente ao longo do experimento 10.............................................. 131
Figura B.10 – Vazão efluente ao longo do experimento 11............................................ 131
Figura B.11 – Vazão efluente ao longo do experimento 12............................................ 131
Figura B.12 – Vazão efluente ao longo do experimento 13............................................ 131
Figura B.13 – Vazão efluente ao longo do experimento 14............................................ 132
Figura B.14 – Vazão efluente ao longo do experimento 15............................................ 132
Figura C.1 – Turbidez da água filtrada ao longo do experimento 1................................ 133
Figura C.2 – Turbidez da água filtrada ao longo do experimento 2................................ 133
Figura C.3 – Turbidez da água filtrada ao longo do experimento 3................................ 133
Figura C.4 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 4....... 133
Figura C.5 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 5....... 133
Figura C.6 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 6....... 133
Figura C.7 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 7....... 134
Figura C.8 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 8....... 134
Figura C.9 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 9....... 134
Figura C.10 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 10... 134
Figura C.11 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 11... 134
Figura C.12 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 12... 134
Figura C.13 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 13... 135
Figura C.14 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 14... 135
Figura C.15 – Turbidez da água bruta e da água filtrada ao longo do experimento 15... 135
xv
Figura D.1 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 1 Água do
lago Paranoá – Dosagem “ótima” de coagulante............................................................. 136
Figura D.2 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 2 Água do
lago Paranoá – Dosagem “ótima” de coagulante............................................................. 136
Figura D.3 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 3 Água do
lago Paranoá – Dosagem “ótima” de coagulante.............................................................
137
Figura D.4 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 4 Água do
lago Paranoá – Subdosagem de coagulante.................................................................... 137
Figura D.5 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 5 Água do
córrego do Torto em fevereiro de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante...................
138
Figura D.6 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 6 Água do
córrego do Torto em fevereiro de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante...................
138
Figura D.7 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 7 Água do
córrego do Torto em fevereiro de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante................... 139
Figura D.8 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 8 Água do
córrego do Torto em março de 2006 – Subdosagem de coagulante...............................
139
Figura D.9 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 9 Água do
córrego do Torto em maio de 2006 – Taxa de filtração reduzida para 105 m
3
/m
2
dia.....
140
Figura D.10 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 10 Água do
córrego do Torto em maio de 2006 – Taxa de filtração reduzida para 105 m
3
/m
2
dia..... 140
xvi
Figura D.11 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 11 Água do
córrego do Torto em junho de 2006 – Super-dosagem de coagulante............................. 141
Figura D.12 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 12 Água do
córrego do Torto em junho de 2006 – Super-dosagem de coagulante............................. 141
Figura D.13 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 13 Água do
córrego do Torto em junho de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante.........................
142
Figura D.14 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 14 Água do
córrego do Torto em junho de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante......................... 142
Figura D.15 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio filtrante
ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 15 Água do
córrego do Torto em junho de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante.........................
143
xvii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Resumo de limites para a filtração direta – Carrión e Esparza, 1992
(modificado)..................................................................................................................... 8
Tabela 3.2 – Resumo de limites para a filtração direta – Cleasby,1990 (modificado).... 8
Tabela 3.3 – Resumo de registros de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia
(States et al., 1997 e Cardoso et al., 2002)...................................................................... 19
Tabela 3.4 – Registros de surtos de criptosporidiose e giardíase (Cardoso et al., 2002) 20
Tabela 3.5 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia por meio
de tratamento convencional – Hashimoto et al., 2001 (modificado)............................... 23
Tabela 3.6 – Ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium nas
amostras de água provenientes da seqüência 3 da estação piloto – Hsu e Yeh, 2003
(modificada).....................................................................................................................
24
Tabela 3.7 – Ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium nas
amostras de água provenientes da seqüência 1 da estação piloto – Hsu e Yeh, 2003
(modificado).....................................................................................................................
25
Tabela 3.8 – Ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium nas
amostras de água provenientes da seqüência 2 da estação piloto – Hsu e Yeh, 2003
(modificado)..................................................................................................................... 25
Tabela 3.9 – Remoção de oo(cistos) de Giardia e de Cryptosporidium por tratamento
convencional com filtro descendente – Bastos et al., 2004 (modificado)....................... 29
Tabela 3.10 – Remoção de oo(cistos) de Giardia e de Cryptosporidium por
tratamento convencional por filtro ascendente – Bastos et al., 2004 (modificado)......... 30
Tabela 3.11 – Detecção de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium nos
diferentes compartimentos da ETA piloto – Marques et al., 2005 (modificada)............
31
Tabela 3.12 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia por meio
de tratamento convencional e filtração direta em escala piloto – Nieminski, 1997
(modificado).....................................................................................................................
32
Tabela 3.13 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia por meio
de tratamento convencional e filtração direta em escala real – Nieminski, 1997
(modificado)..................................................................................................................... 32
xviii
Tabela 3.14 – Resumo das características dos filtros utilizados em escala piloto em
Ohio Swertfeger et al.,1999 (modificado)....................................................................... 35
Tabela 3.15 – Remoção média de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium,
em escala piloto, para filtros distintos, no verão e no inverno, no estado de Ohio, USA
Swertfeger et al.,1999 (modificado)................................................................................ 35
Tabela 3.16 – Qualidade da água bruta e parâmetros operacionais utilizados nas
estações piloto de tratamento de água – Huck et al., 2002b (modificado)...................... 37
Tabela 3.17 – Remoção média de oocistos de Cryptosporidium – Huck et al., 2002b
(modicado)....................................................................................................................... 37
Tabela 3.18 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium inativados – Emelko, 2003
(modificado).....................................................................................................................
38
Tabela 3.19 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium viáveis – Emelko, 2003
(modificado).....................................................................................................................
39
Tabela 3.20 – Remoções de oocistos de Cryptosporidium – Dugan e Willimas, 2004
(modificado)..................................................................................................................... 40
Tabela 3.21 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium – States et al., 2002
(modificado)..................................................................................................................... 42
Tabela 3.22 – Concentração de turbidez e de oocistos de Cryptosporidium em
experimentos em escala de bancada – Pereira et al., 2005 (modificado)........................ 44
Tabela 3.23 – Condições experimentais e valores dos coeficientes de filtração k
a
e λ
0 –
Gistis et al., 2002 (modificado)....................................................................................... 46
Tabela 3.24 – Remoção média de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia
Swertfeger et al.,1999 (modificado)................................................................................ 54
Tabela 3.25 – Remoção média de turbidez e de partículas totais – Swertfeger et
al.,1999 (modificado)....................................................................................................... 54
Tabela 3.26 – Residual de turbidez, de partículas e remoção de oocistos de
Cryptosporidium – Edzwald et al., 2001 (modificado)................................................... 55
Tabela 3.27 – Coeficientes de correlação de Pearson Berino e De Luca, 2003
(modificado...................................................................................................................... 59
Tabela 4.1 – Características do sulfato de alumínio........................................................ 62
xix
Tabela 4.2 – Características do dispositivo de mistura rápida......................................... 69
Tabela 4.3 – Características do meio filtrante................................................................. 71
Tabela 4.4 – Freqüência de medição dos parâmetros de qualidade da água filtrada....... 74
Tabela 4.5 – Parâmetros avaliados e métodos e equipamentos ...................................... 77
Tabela 5.1 – Caracterização da água bruta do lago Paranoá ao longo dos experimentos
de filtração 1, 2, 3 e 4 – Janeiro e Fevereiro/2006........................................................... 86
Tabela 5.2 – Caracterização da água bruta do córrego do Torto ao longo dos
experimentos de filtração 5, 6, 7 e 8 – Fevereiro e Março/2006.....................................
90
Tabela 5.3 – Caracterização da água bruta do córrego do Torto ao longo dos
experimentos de filtração 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15 – Maio, Junho e Julho/2006...........
90
Tabela 5.4 – Resumo dos experimentos de filtração direta descendente......................... 92
Tabela 5.5 – Vazões médias efluentes nos experimentos de filtração direta
descendente......................................................................................................................
93
Tabela 5.6 – Concentração de coliformes totais e E. coli em amostras de água bruta e
água filtrada nos experimentos de filtração direta descendente....................................... 96
Tabela 5.7 – Turbidez residual nos experimentos de filtração direta descendente.......... 98
Tabela 5.8 – Caracterização da água de estudo preparada com água do lago Paranoá
utilizada em cada experimento de filtração – Janeiro e Fevereiro/2006.......................... 103
Tabela 5.9 – Residual e remoções de turbidez, clorofila-a, ocistos de Cryptosporidium
e E. coli em experimentos com água de estudo preparada com água do lago Paranoá –
Janeiro e Fevereiro/2006.................................................................................................. 104
Tabela 5.10 – Caracterização da água de estudo preparada com água do córrego do
Torto utilizada em cada experimento de filtração – Fevereiro e Mraço/2006................. 106
Tabela 5.11 – Residual e remoções de turbidez, clorofila-a, ocistos de
Cryptosporidium, coliformes totais e E. coli em experimentos com água de estudo
preparada com água do córrego do Torto – Fevereiro e Março/2006..............................
107
Tabela 5.12 – Caracterização da água de estudo preparada com água do córrego do
Torto utilizada em cada experimento de filtração – Maio a Julho/2006.......................... 109
xx
Tabela 5.13 – Residual e remoções de turbidez, clorofila-a, ocistos de
Cryptosporidium, coliformes totais e E. coli nos experimentos 9, 10, 11 e 12, com
água de estudo preparada com água do córrego do Torto – Maio a Julho/2006............. 109
Tabela 5.14 – Residual e remoções de turbidez, clorofila-a, ocistos de
Cryptosporidium, coliformes totais e E. coli nos experimentos 13, 14 e 15, com água
de estudo preparada com água do córrego do Torto – Maio a Julho/2006...................... 110
xxi
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURAS E ABREVIAÇÕES
A
665...............
Absorbância da solução de clorofila medida em 665 nm
A
750...............
Absorbância da solução de clorofila medida em 750 nm
AB........... Água Bruta
AE........... Água de Estudo
AF........... Água Filtrada
AIDS....... Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
c............... Diâmetro do Orifício no injetor de perda de carga
CAC........ Carvão Ativado Granular
d............... Diâmetro da contração adotado no injetor de perda de carga
D.............. Diâmetro interno da tubulação do injetor de perda de carga
DIC.......... Contraste de Interferência Diferencial
DMR....... Dispositivo de Mistura Rápida
ETA......... Estação de Tratamento de Água
EUA........ Estados Unidos da América
Exp.......... Experimento
F.............. Fator de correção de unidades na detecção de clorofila-a
FDD Filtro direto descendente
FIME....... Filtração em Múltiplas Etapas
FLA......... Filtro de Laboratório de Areia
FMTM..... Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro
G.............. Gradiente de Velocidade
Ho............ Hipótese Nulitiva
H
1...................
Hipótese Alternativa
IBGE....... Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Kgf…….. Kilograma-força
xxii
LAA…… Laboratório de Análise da Água
log...........
Logaritmo de Base 10
M............. Molar
MCLs...... Níveis Máximos de Contaminantes
MF........... Microfiltração
MON....... Matéria Orgânica Natural
MS........... Ministério da Saúde
n………... Número de amostras
N……….. Normal
N’……… Número de oocistos de Cryptosporidium quantificados em cada poço
NF........... Nanofiltração
NMP........ Número Mais Provável
P…..…… Constante de proporcionalidade em mg.cm/L, devido ao coeficiente de
extração molar de clorofórmio-metanol
PAC……. Policloreto de Alumínio
PBS......... Solução Tampão de Fosfato
pH........... Potencial Hidrogeniônico
PL............ Caminho óptico na detecção de clorofila-a (espessura da cubeta utilizada)
ppm......... Partes por Milhão
PVC......... Policloreto de Vinila
PZ............ Potencial Zeta
Qf............ Vazão no filtro
R
2
............ Coeficiente de Correlação
rpm......... Rotações por minuto
S.............. Volume da amostra filtrada (em mL) para detecção de clorofila-a
T.............. Soma do menor rank no teste estatístico de Wilcoxon
t
1.....................
Tempo inicial de coleta de amostra de água filtrada
xxiii
t
2.....................
Tempo final de coleta de amostra de água filtrada
tcal......... Estatística teste para a distribuição t de Student
TF............ Taxa de Filtração
UC........... Unidade de Cor
UT........... Unidade de Turbidez
USEPA ... Agência de Proteção Ambiental Americana
V.............. Volume da solução de clorofórmio-metanol usada em mL
Vc............ Volume final do concentrado após o processo de preparação da amostra
Val........... Volume do concentrado adicionado a cada poço da lâmina
Vam......... Volume da amostra submetido ao processo de concentração
h............
Perda de carga na expansão no injetor de mistura rápida
µ..............
Média
σx............
Desvio Padrão
1
1 – INTRODUÇÃO
O principal objetivo dos sistemas de abastecimento de água potável é proteger a saúde
pública pela provisão de água potável. A água para consumo humano é considerada
potável se forem atendidos os parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos
do padrão de potabilidade e se não oferecer riscos à saúde (Brasil, 2004).
Os oocistos de Cryptosporidium são protozoários patogênicos de veiculação hídrica que
causam a criptosporidiose, doença de remição espontânea em adultos sadios, mas que pode
levar a morte pessoas imunocomprometidas.
A remoção físico-química de protozoários patogênicos, particularmente dos oocistos de
Cryptosporidium parvum, tem recebido atenção especial devido à dificuldade de inativação
química desses organismos (Huck et al., 2002b).
Nos Estados Unidos e outros países chamados desenvolvidos, a proteção das águas para
abastecimento contra a veiculação dos protozoários parasitas emergentes, sobretudo o
Cryptosporidium parvum e a Giardia lamblia, é uma das maiores preocupações relativas
ao abastecimento de água para consumo humano. O surgimento de epidemias causadas por
esses organismos, desencadeou o aumento de estudos com a finalidade de remover
patógenos das águas de abastecimento, induzindo assim, a evolução da eficácia dos
processos de tratamento de água, incluindo a filtração em meio granular.
No Brasil, o desenvolvimento de pesquisas nessa linha é recente. Dados de ocorrência
desses micoorganismos em água bruta e tratada são escassos; entretanto, algumas
ocorrências já foram relatadas por Vieira et al. (2000), Berino e De Luca (2003), Bastos et
al., (2005), entre outros.
As regras para prover a água com segurança devem fazer uso do conceito de múltiplas
barreiras, que envolvem proteção de água das fontes (superficiais e subterrâneas),
otimização dos processos das estações de tratamento de água e a manutenção adequada do
sistema de distribuição (Betancourt e Rose, 2004).
A tecnologia de tratamento por ciclo completo composta por coagulação, floculação,
sedimentação e filtração rápida é a mais difundida no Brasil, mas é crescente o uso de
2
sistemas de filtração direta. A não realização de experimentos em escala piloto e a
dificuldade de obtenção de dados sobre a qualidade da água bruta, contribuem para que a
tecnologia de ciclo completo seja adotada, mesmo em casos em que a qualidade da água
permita a adoção de tecnologias mais simplificadas. A opção por ciclo completo, muitas
vezes, se dá também pela sua capacidade de tratar águas brutas com maior variação de
qualidade.
O uso de filtração direta para tratar águas com turbidez, cor e concentração de algas não
elevadas tem sido incentivado no Brasil, principalmente nas pesquisas do Prosab. Isso
porque, essa tecnologia quando comparada ao tratamento convencional tem como
principais vantagens a utilização de menor número de unidades de tratamento; utilização
de menor área física; o menor consumo de produtos químicos no processo de tratamento,
operação e manutenção mais simples e menor produção de lodo.
Entretanto, a filtração direta apresenta menos barreiras sanitárias do que o tratamento
“convencional” e, dessa forma, atenção especial deve ser dada ao projeto e operação do
filtro, para minimizar os riscos de traspasse de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium, pois estes não serão efetivamente inativados na desinfecção com cloro.
Sendo assim, o presente trabalho buscou avaliar a utilização de meio granular praticamente
uniforme em filtração direta descendente de areia, em instalação piloto, na remoção de
oocistos de Cryptosporidium.
3
2 – OBJETIVOS
2.1 – OBJETIVO GERAL
O trabalho tem como objetivo geral avaliar o processo de filtração direta descendente
utilizando granulometria praticamente uniforme em relação à remoção de oocistos de
Cryptosporidium, por meio de estudos em instalação piloto.
2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
O estudo em questão tem como objetivos específicos:
(1) Comparar a eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium no período de
amadurecimento com a remoção com o processo de filtração já estabelecido.
(2) Avaliar a influência do uso de dosagens não ótimas na eficiência de remoção de
oocistos de Cryptosporidium.
(3) Avaliar de forma preliminar a influência da utilização de águas distintas na remoção de
oocistos de Cryptosporidium.
(4) Avaliar, também de forma preliminar, a influência da taxa de filtração na remoção de
oocistos de Cryptosporidium.
4
3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 – FILTRAÇÃO
A filtração é a combinação de processos físicos, químicos e em alguns casos, biológicos,
que viabiliza a remoção de partículas suspensas e coloidais e de microorganismos, como os
cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, presentes na água pela utilização de um
meio poroso apropriado.
Reconhecendo a importância da etapa de filtração na produção de água segura para o
consumo humano, a Portaria do Ministério da Saúde MS 518/2004 (Brasil, 2004)
estabelece que toda a água para consumo humano, suprida por manancial superficial e
distribuída por meio de canalização deve incluir tratamento por filtração.
Em linhas gerais, as técnicas de tratamento por filtração podem ser divididas em dois
grupos: as que se baseiam na filtração rápida e as que se baseiam na filtração lenta. O
primeiro grupo incorpora a coagulação química e a utilização de taxas de filtração elevadas
como etapas fundamentais para clarificação da água, ao passo que no segundo grupo a
etapa básica é a utilização de taxas baixas e o uso de coagulantes é dispensável. Em ambos
os grupos, a filtração pode ou não ser precedida de outros processos de clarificação.
Os mecanismos pelos quais as partículas em suspensão são removidas por meio do
processo de filtração são complexos e influenciados pelas características físicas e químicas
da suspensão e do meio filtrante, pela taxa de filtração, pelas características químicas da
água e pelo método de operação do filtro (Amirtharajah, 1988).
De acordo com Amirtharajah (1988), os mecanismos de remoção têm sido desenvolvidos
em duas direções: a teoria fenomenológica com coeficientes empíricos e a teoria da
trajetória que tem como princípio que o leito filtrante é um conjunto de coletores e se
propõe a determinar a extensão da deposição de partículas nesses coletores.
No princípio, acreditava-se que a filtração em areia era restrita a ação física de coar, mas a
retenção de partículas com dimensões menores do que os vazios inter-granulares indicou
que seria impossível explicar a remoção das partículas somente por meio desse mecanismo
(Ives, 1969). Atualmente, vários autores (Ives, 1969, Cleasby, 1990, entre outros)
5
descrevem a filtração rápida como sendo a combinação de dois mecanismos distintos:
transporte e aderência. A seguir, é apresentado um resumo do discutido nos referidos
textos.
Os mecanismos de transporte são responsáveis por conduzir as partículas suspensas para a
proximidade da superfície do meio filtrante, de modo que as partículas pequenas são
carreadas para as linhas de correntes mais próximas dos grãos filtrantes. Quando as
partículas estão bem próximas do meio filtrante, as forças de superfície favorecem a
aderência ao meio, de modo que as forças de aderência resistam às forças de cisalhamento
resultantes das características do escoamento.
Os mecanismos de transporte, que são comumente utilizados para explicar a aproximação
das partículas aos meios filtrantes, são: sedimentação, interceptação, difusão, impacto
inercial e ação hidrodinâmica.
A difusão é resultante do movimento Browniano aleatório das partículas pelo
bombeamento pelas moléculas de água, devido à energia térmica dessas moléculas. Devido
ao movimento Browniano, existe uma tendência de as partículas pequenas se difundirem
das áreas de maior concentração para as áreas de menor concentração, até encontrar as
linhas de correntes mais próximas. Esta é a razão pela qual há a presença de sólidos
aderidos ao meio filtrante em pontos onde a velocidade do fluxo é praticamente zero. Este
mecanismo é predominante em partículas pequenas, menores do que 1 µm de diâmetro e
que não sofrem interferência do movimento da água.
O mecanismo de sedimentação ocorre devido à velocidade de sedimentação inerente às
partículas. Nesse mecanismo, o vetor resultante da soma dos vetores velocidade de
sedimentação e velocidade de escoamento faz com que as partículas cheguem às linhas de
correntes mais próximas, até o momento em que ocorre a aderência. A densidade das
partículas e a temperatura são muito importantes para que ocorra este fenômeno. Este
mecanismo é importante para a remoção de partículas maiores do que 1 µm, com tamanho
médio de 5 a 25 µm. Assim, a sedimentação geralmente ocorre quando há partículas em
suspensão relativamente grandes e densas, cuja velocidade de sedimentação seja alta.
Segundo Amirtharajah (1988), a combinação desses dois mecanismos, sedimentação e
difusão, resulta no transporte eficiente de partículas com diâmetros de aproximadamente 1
6
µm. Dessa forma, o autor acredita que esta combinação seja capaz de remover oocistos de
Cryptosporidium que possuem dimensões entre 3 a 5 µm, enquanto os cistos de Giardia,
por suas dimensões maiores entre 10 a 15 µm, são provavelmente removidos pelo
mecanismo de sedimentação.
O mecanismo da ação hidrodinâmica ocorre devido à rotação das partículas e ao
movimento através das linhas de corrente, sendo influenciado pela forma das partículas e
pela interação com o campo do fluido. Partículas de tamanhos relativamente grandes (~10
µm) em um meio viscoso, em movimento laminar, podem ter em seus extremos,
velocidades diferentes devido aos gradientes de velocidades. Esta diferença entre as
velocidades irá provocar um giro nas partículas, produzindo uma diferença de pressão
perpendicular ao escoamento, fazendo com que a partícula seja conduzida para uma zona
de velocidade mais baixa e que partículas passem de uma linha de corrente para a outra
mais próxima do meio filtrante.
Quando a velocidade de escoamento no meio poroso da água é baixa, as partículas se
movimentam juntamente com as linhas de corrente do escoamento. Entretanto, quando a
velocidade é alta e a partícula é grande, o efeito da inércia faz com que as partículas
mantenham a trajetória inicial e colidam com o meio filtrante. Dessa forma, as partículas
podem seguir uma trajetória distinta das linhas de corrente, se adqüirirem suficiente
quantidade de movimento para isso. A eficiência desse mecanismo é diretamente
proporcional à velocidade do escoamento e inversamente proporcional ao diâmetro do
meio filtrante.
A interceptação acontece quando o movimento das partículas ao longo das linhas de
correntes ocorre suficientemente perto do meio filtrante para que possa ocorrer a aderência.
Este mecanismo atua sobre as partículas que se encontram nas linhas de corrente cuja
distância da superfície do coletor é inferior à metade do diâmetro das partículas.
A aderência das partículas supensas aos meios filtrantes pode ser controlada pelas
propriedas superficiais dos meios. Tanto as partículas em suspensão, quanto o meio
filtrante granular reagem com espécies dissolvidas orgânicas e inorgânicas (ferro, alumínio
e polímeros), presentes nas água. Ambos têm carga elétrica superficial negativa que são
balanceadas pelo acúmulo do íon soluto de carga oposta formando camadas compactas e
7
difusas próximas às superfícies do sólido, em que cada região interfacial é eletricamente
neutra.
Dessa forma, a desestabilização das partículas é fundamental para minimizar a repulsão
entre a partícula de impureza como os oocistos de Cryptosporidium e o meio filtrante, e
entre as próprias partículas, permitindo uma maior aderência. Então, quando as partículas
estão muito próximas do meio filtrante e a distância de separação entre o meio filtrante e as
partículas se aproxima de zero, forças de aderência se aproximam do infinito e o contato
não pode ocorrer sem a atração das forças de Van der Waals (O’Melia, 1985).
Alguns autores consideram o desprendimento como sendo um mecanismo de filtração.
Sendo assim, o mecanismo de desprendimento é resultado da superação das forças de
aderência pelas forças de cisalhamento resultante do escoamento, transferindo as partículas
retidas para a camada subseqüente do meio filtrante (inferiores, no caso de filtros
descendentes e superiores, no caso de filtros ascendentes), viabilizando a filtração com
ação de profundidade.
Uma discussão mais aprofundada sobre os mecanismos de filtração pode ser encontrada
em Ives (1969) e Amirtharajah (1988), entre outros.
3.1.1 – Tecnologia de filtração direta
3.1.1.1 – Considerações iniciais
A função dos filtros rápidos no tratamento de água é clarificar a água pela remoção de
partículas menores, suspensas e coloidais e de microorganismos presentes na água. Em
algumas circunstâncias, outros benefícios são obtidos, como a oxidação da amônia ou a
remoção de DBO em águas residuárias. A filtração rápida tem grande aplicação na
clarificação de águas com partículas em suspensão variando de 0,1 µm até 50 µm. Os
principais modos de ação dos filtros rápidos são os processos físicos e físico-químicos,
descritos no item 3.1, sendo que os processos biológicos são praticamente ausentes nesta
tecnologia de tratamento (Ives, 1969).
A filtração direta é um processo de tratamento que não utiliza a decantação para
clarificação da água. Por este motivo, esta tecnologia é geralmente utilizada para tratar
8
água bruta com baixa turbidez e baixa cor verdadeira. Arboleda (1992) recomenda que a
água bruta para a filtração direta possua as mesmas características das águas provenientes
do sistema de decantação, isto é, uma turbidez inferior a 10 UT em 90% do tempo e
preferencialmente menor que 5 UT e uma cor verdadeira menor do que 10 uC em 90% do
tempo. As concentrações de ferro e magnésio devem ser inferiores a 0,3 mg/L.
Outros autores recomendam outros limites de parâmetros de qualidade da água para a
filtração direta, porém somente estudos em escala piloto fornecerão informações seguras
sobre a pertinência de um tratamento para uma determinada água. As Tabelas 3.1 e 3.2
resumem alguns limites de parâmetros para a filtração direta.
Tabela 3.1 – Resumo de limites para a filtração direta – Carrión e Esparza, 1992
(modificado)
Filtração Direta
Parâmetros
Descendente Ascendente
Ascendente/
Descendente
90% 30 90% 100 90% 200
80% 20 80% 50 80% 100
Turbidez (UT)
100% 50 Esporád. > 200 Esporád. > 200
90% 40 100% 60 90% 100
Cor Verdadeira (UC)
80% 20 90% 40 80% 50
Fecal/100 mL
MGM 100 MGM 100 MGM 200
NMP
Coliformes
Total/100mL
MGM 500 (1) MGM 500 (1) MGM 1000 (1)
Concentração de algas
(mg/m
3
)
90% 100 - 1000
Legenda: MGM = Média geométrica mensal
(1) Se o valor de coliformes fecais não for superado, esse valor pode ser aumentado.
Tabela 3.2 – Resumo de limites para a filtração direta – Cleasby, 1990 (modificado)
Parâmetro Limites para Filtração Direta
Cor (uC)
< 40
Turbidez (UT)
< 5
Algas (asu/mL)
< 2000
Ferro (mg/L)
< 0,3
Manganês (mg/L)
< 0,05
9
Nas estações de tratamento de água (ETAS) que utilizam o ciclo completo os filtros retêm
material que não foi removido no processo de decantação ou flotação. Por não se
utilizarem desses processos, as ETAs de filtração direta têm menor capacidade de
acumular impurezas que as estações de tratamento que incorporam a etapa de clarificação
preliminar (Dugan e Williams, 2004), pois os filtros são as únicas unidades responsáveis
pela retenção de material em suspensão presente na água.
A tecnologia de filtração direta pode ser realizada com ou sem a etapa de floculação
precedendo a filtração (Figura 3.1).
Legenda: AB = água bruta; AT = água tratada
Figura 3.1 – Fluxogramas esquemáticos dos sistemas de filtração direta sem pré-floculação
(a, b e c) e com pré-floculação (d)
3.1.1.2 – Tecnologia de filtração direta descendente
Na tecnologia de filtração direta descendente, o fluxo de água passa no sentindo
descendente através dos poros do meio filtrante. Como no filtro descendente todas as
partículas removidas da água ficam retidas no próprio filtro, há necessidade de um bom
aproveitamento da profundidade do meio filtrante para que se atinja uma carreira de
filtração com duração razoável.
O filtro compreende um meio filtrante granular, que permanece saturado com água
contendo material em suspensão, que se move através dos espaços porosos devido à
formação de um gradiente de pressão hidráulica. O meio filtrante na filtração direta
descendente pode ser constituído de meio granular único, geralmente a areia, meio granular
10
duplo, constituído geralmente de antracito sobre a areia ou meio granular constituído de
múltiplas camadas.
No Brasil, o meio filtrante constituído unicamente de areia ou meio filtrante de camada
dupla de antracito e areia são comumente utilizados em filtros descendentes. A vantagem
de se utilizar meio filtrante de dupla camada é que em função da diferença de densidade
entre os materiais, se consegue uma disposição granulométrica que permita que a filtração
ocorra no sentido do maior grão para o menor grão do meio filtrante, permitindo maior
aproveitamento do meio filtrante e com isso uma maior carreira de filtração (Di Bernardo
et al., 2003).
Segundo Di Bernardo e Prezotti (1991), a utilização de filtros de areia de camada única,
com distribuição granulométrica praticamente uniforme, pode levar a um eficiente
aproveitamento do meio filtrante, comparável com aquele conseguido com a utilização de
filtros de camada dupla. Esses pesquisadores ressaltam que quanto mais uniforme o meio
granular utilizado, a penetração de impurezas será mais profunda e mais longa será a
duração da carreira de filtração.
Ainda de acordo com Di Bernardo (1993a), quanto maior o tamanho dos grãos do meio
filtrante, maior terá que ser a espessura da camada filtrante requerida para obter uma
determinada eficiência de remoção e evitar o traspasse de impurezas no filtro.
A filtração direta descendente apresenta algumas vantagens em relação ao tratamento
convencional. Normalmente, essa seqüência de tratamento requer baixas dosagens de
coagulante, o que acarreta economia de recursos e menor geração de lodo. Além disso,
requer menos espaço físico porque há um menor número de unidades envolvidas e resulta
em menor custo de implantação, manutenção e operação que o tratamento convencional
(Cleasby, 1990).
Em relação ao tratamento convencional, a filtração direta descendente apresenta a
desvantagem de ser restritiva em relação à qualidade da água bruta, tendo dificuldade de
tratar água bruta com turbidez ou cor verdadeira elevada. Além disso, é necessário um
controle cuidadoso da dosagem de coagulante químico, principalmente quando não se
utiliza a pré-floculação, porque variações de dosagem podem afetar a qualidade do efluente
filtrado.
11
Outra desvantagem da filtração direta em relação ao tramento convencional é que
mudanças na qualidade da água bruta afetam rapidamente a qualidade do efluente, sendo
necessário realizar ajustes rápidos e precisos no controle das dosagens dos coagulantes.
Ademais, podem-se produzir carreiras de filtração curtas, em especial quando é preciso
utilizar dosagens elevadas de coagulante e/ou quando há grandes concentrações de algas
(diatomáceas) que podem causam obstrução nos filtros.
3.1.1.3 – A coagulação aplicada à filtração direta
A coagulação consiste na adição de substâncias químicas (coagulantes) na água para que
ocorra a alteração das forças iônicas das impurezas presentes na água, como as partículas
coloidais, as substâncias húmicas e microorganismos, permitindo a sua agregação e
formação de flocos com tamanho e característica compatíveis com o processo de separação
sólido-líquido subseqüente.
As impurezas presentes na água apresentam cargas superficiais negativas e dificultam o
mecanismo de aderência no processo de filtração, pois o meio filtrante, que geralmente é
constituído de antracito e areia, também possui carga negativa.
A aplicação de coagulantes é realizada na unidade de mistura rápida e geralmente é a
primeira etapa no processo de tratamento de água, sendo muito importante na tecnologia de
filtração direta. As reações e mecanismos de coagulação dependem da dosagem “ótima” do
coagulante, da faixa “ótima” de pH e da quantidade de partículas coloidais presentes na
água a ser tratada.
A literatura considera a coagulação como resultado da ação de quatro mecanismos
distintos: compressão da camada difusa, adsorção e neutralização de cargas, varredura e
formação de pontes. No entanto, Amirtharajah e Mills (1982) ressaltam que a coagulação
de águas de abastecimento, por sais de ferro e alumínio, é obtida na prática com maior
freqüência, por adsorção e neutralização de cargas, por varredura ou pela combinação
desses mecanismos.
Para prever as condições químicas sob as quais a coagulação ocorre, de forma efetiva, são
utilizados os diagramas de coagulação. Esses diagramas são construídos para definir a
dosagem do coagulante a ser aplicado e as condições ótimas do pH para o processo.
12
Amirtharajah e Mills (1982) desenvolveram um diagrama integrado de estabilidade e
coagulação do sulfato de alumínio (Al
2
(SO
4
)
3
) em que são definidas as regiões específicas
onde ocorre coagulação efetiva para a remoção de turbidez, assim como os mecanismos
atuantes (Figura 3.2).
Figura 3.2 – Diagrama de coagulação com sulfato de alumínio e potencial zeta – Cleasby,
1990 (modificado)
O mecanismo de adsorção e neutralização de cargas caracteriza-se pela reação de
coagulantes metálicos como os sais de alumínio e de ferro com a água formando espécies
hidrolisadas carregadas positivamente. Como as espécies hidrolisadas não são íons
indiferentes, elas são adsorvidas na superfície das impurezas dispersas na águas, que são
carregadas negativamente e pode ocorrer a neutralização das cargas. A neutralização
promove a minimização ou eliminação das forças de repulsão eletrostática entre as
partículas, permitindo a formação de flocos.
13
O mecanismo de adsorção e neutralização de cargas é muito importante quando o
tratamento de água é realizado por processo de filtração direta, porque na filtração direta,
não há necessidade de formação de flocos grandes para a posterior sedimentação, mas sim
da desestabilização das partículas para que estas possam ficar retidas no meio filtrante.
Para Johnson e Amirtharajah (1983), o modelo de adsorção e desestabilização para a
coagulação indica que a mesma irá ocorrer quando as forças elétricas repulsivas entre as
partículas forem mínimas. A carga das partículas é medida pelo Potencial Zeta (PZ).
Quando o PZ é zero, pode-se esperar que a coagulação esteja atuando de forma a atingir o
seu valor máximo. Porém, na prática, a coagulação “ótima” pode ocorrer para valores de
PZ menores ou maiores do que zero.
De acordo com a Figrua 3.2, os mecanismos de adsorção e neutralização para a remoção de
turbidez com sais de alumínio geralmente são predominantes em valores de pH entre 4,0 e
7,0 e dosagens de sulfato de alumínio inferiores a 30 mg/L. A interação entre o hidróxido
de alumínio carregado positivamente com as partículas carregadas negativamente geram
dois pontos de potencial zeta zero para valores de pH 4,8 e 6,8. Nessas circunstâncias,
podem ser esperadas condições favoráveis de coagulação.
Para valores de pH entre 4,8 e 6,8, onde os valores de PZ são diferentes de zero, a
estequiometria da coagualação pode levar à reversão de carga superficial da partículas e
esta passa a ficar carregada positivamente, surgindo nova carga repulsiva entre as
partículas.
A relação entre a dosagem de coagulante e a concentração de partículas irá resultar em
distintas zonas de reestabilização conforme a Figura 3.2 (A, B e C). Como a região para
utilização deste tipo de processo de coagulação é bem restrita em relação à dosagem de
coagulante e aos valores de pH, quando comparada às outras regiões, é imprescindível um
rigoroso controle operacional para assegurar o correto funcionamento da ETA.
O mecanismo de varredura é frequentemente utilizado em estações de tratamento que
utilizam floculação e sedimentação antecedendo a filtração, pois este mecanismo gera
flocos de maior tamanho, que apresentam velocidades de sedimentação relativamente altas.
A varredura ocorre quando há a formação de hidróxidos decorrentes da precipitação de
14
produtos hidrolisados resultantes da reação do coagulante com a água e não há
dependência da neutralização de cargas para que ocorra. Os precipitados envolvem as
partículas coloidais porque apresentam vazios capazes de “capturar” as impurezas.
De acordo com o diagrama de coagulação mostrado na Figura 3.2, há a predominância da
varredura quando são aplicadas dosagens de sulfato de alumínio superiores a 30 mg/L e
valores de pH entre 7,0 e 8,0. Amirtharajah e Mills (1982) ressaltam que no mecanismo de
varredura, a intensidade da mistura rápida não é tão importante quanto no mecanismo de
adsorção e neutralização de cargas.
Ainda segundo a Figura 3.2, há combinação do mecanismo de adsorção e neutralização de
cargas com o mecanismo de varredura numa região de pH de coagualação entre 7,0 e 8,0,
quando se adicionam baixas dosagens de coagulante (até 10 mg/L).
Amirtharajah e O`Melia (1990) destacam no diagrama de coagulação a região “ótima” para
a remoção de turbidez com o uso do sulfato de alumínio ao utilizar processo de filtração
direta, para baixas concentrações de partículas. Nessa região, o potencial zeta cai para
valores próximos de zero. De acordo com a seção do diagrama mostrado na Figura 3.3,
existe uma região “ideal” para a remoção de turbidez para essas condições. A região
proposta compreende valores de pH entre 6,0 e 7,5 e dosagens de alumínio variando entre
3 e 15 mg/L. Nessa área ocorre predominância de mecanismos de adsorção e neutralização
de cargas, mecanismo de varredura e combinação desses dois mecanismos de coagulação.
Sendo assim, em decorrência da grande variedade de coagulantes e da qualidade da água
bruta a ser utilizada, é essencial a realização de experimentos em escala de bancada para
definir as condições adequadas do coagulante a ser utilizado, de maneira que se obtenha o
valor do pH mais apropriado. Quando a coagulação não é realizada de modo adequado,
compromete-se o desempenho de todas as unidades de tratamento a jusante, aumentando
os riscos sanitários da água produzida.
15
Legenda: A = adsorção e neutralização de cargas; B = combinação de adsorção e neutralização de cargas com
varredura;C = varredura
Figura 3.3 – Seção do diagrama de coagulação do sulfato de alumínio, indicando a melhor
faixa para a filtração direta – Amirtharajah e O`Melia, 1990 (modificado)
3.2 – O Cryptosporidium
3.2.1 – Introdução
O Cryptosporidium é um protozoário parasita emergente intracelular, pertence ao filo
Apicomplexa, classe Coccidia, que infecta o trato gastrointestinal de animais e humanos.
Os oocistos de Cryptosporidium são pequenos, esféricos a ovóides e possuem diâmetros
que variam entre 3 a 7 µm, de acordo com a espécie, como pode ser observado na Figura
3.4.
Figura 3.4 – Imagem de Cryptosporidium parvum
(USEPA, 2006)
O Cryptosporidium foi primeiro descrito por Ernest Edward Tyzzer em 1907, sendo
observado como um protozoário parasita de animais inferiores, nesta época. Até 1976,
todas as infecções causadas por Cryptosporidium tinham sido observadas em animais
16
como vacas e cordeiros até que dois casos foram notificados em seres humanos. Com o
aparecimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) nos anos subseqüentes,
a criptosporidiose, doença causada por este protozoário, foi reconhecida como o agente
causador de diarréia em indivíduos com sistema imunológico debilitado. Entretanto, estes
parasitas não foram reconhecidos como agentes causadores de doenças de veiculação
hídrica em humanos imunocompetentes até 1987 (Rose, 1988).
Na década de 80, aproximadamente 20 espécies de Cryptosporidium foram identificadas e
nomeadas de acordo com o parasita hospedeiro, porém estudos posteriores de morfologia e
transmissão cruzada constataram a invalidação de muitas destas espécies (Fayer e Ungar,
1986). Segundo Carey et al. (2004), apesar das controvérsias quanto a taxonomia do
parasita, existem hoje 11 espécies reconhecidas de Cryptosporidium. Porém, o C. parvum e
o C. hominis são os agentes causadores da criptosporidiose humana.
Para Carey et al. (2004), o Cryptosporidium é um patógeno de veiculação hídrica em
destaque no mundo. A natureza robusta destes indivíduos, assim como a resistência às
técnicas de desinfecção convencionais baseadas no cloro, a habilidade para passar através
de processos de tratamento físico da água, a necessidade de baixas dosagens do organismo
para causar infecção e os modos de transmissão, contribuem para a persistência desse
parasita no meio ambiente.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças em Atlanta, Estados Unidos, atribuiu 71%
dos casos de eclosão de doenças de veiculação hídrica em 1993 e 1994 ao Cryptosporidium
parvum e a Giardia lamblia, que causam a criptosporidiose e a giardíase, respectivamente
(Gostin et al., 2000 apud Carey et al., 2004).
Os sintomas de criptosporidiose podem variar desde suave diarréia a diarréia impactante,
acompanhada por desidratação, febre, dor abdominal, estado de gripe, vômitos e perda de
peso.
A criptosporidiose é uma doença de remissão espontânea em adultos sadios, mas é
extremamente grave em grupos mais vulneráveis, tais como crianças, idosos e
imunodeprimidos, como os pacientes transplantados, aqueles que estão sendo submetidos a
tratamentos para certos tipos de câncer e principalmente aqueles portadores de AIDS.
17
3.2.2 – O Ciclo de vida dos oocistos de Cryptosporidium
O complexo ciclo de vida dos oocistos de C. parvum e C. hominis consiste em estágios de
desenvolvimento, que incluem o ciclo sexuado e assexuado. O Cryptosporidium difere de
outros coccídeos por sua capacidade de desenvolver-se completamente em um único
hospedeiro.
O oocisto esporolado é o único estágio exógeno, que consiste em quatro esporozoítos
móveis envolvidos por uma dupla camada de parede que confere resistência ao organismo.
Os oocistos são excretados nas fezes de um hospedeiro infectado e a fase endógena começa
após estes serem ingeridos por um hospedeiro susceptível, que ocorre pela contaminação
do meio ambiente, comida ou água. Os esporozoítos são liberados através da ruptura da
parede do oocisto quando são expostos a situações favoráveis como temperaturas
corporais, pH ácido, tripsina, sais biliares e enzimas pancreáticas e aderem às células
epiteliais do trato gastrointestinal e respiratório (mais comum em aves).
O rápido ciclo de vida (onde cada geração de parasita pode se desenvolver e maturar em 12
a 14 horas) e o ciclo autoinfectivo contribuem para que um baixo número de oocistos seja
requerido para causar infecção (Carey et al., 2004).
3.2.3 – Fontes e ocorrência de Cryptosporidium e surtos de Criptosporidiose
A transmissão do protozoário Cryptosporidium ocorre pela rota fecal-oral, por
contaminação de nascentes, contaminação de alimentos in natura ou contato de pessoa
para pessoa.
Pessoas podem ser expostas a oocistos de Cryptosporidium ao ingerirem água, alimentos
frescos, ao utilizarem águas de recreação, ao entrarem em contato com animais, solos,
outras pessoas ou ao terem contato com alguma superfície que não tenha sido desinfetada
após ser exposta a fezes.
As fazendas também podem ser consideradas fontes de parasitas, especialmente
Cryptosporidium. Além disso, esgoto tratado e particularmente não tratado, pode ser fonte
de protozoários, principalmente a Giardia. Efluentes de estações de tratamento de esgoto
podem constituir um abrigo crônico para cistos de Giardia (States at al., 1997).
18
De acordo com Dumoutier e Mandra (1996), os cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium são largamente disseminados no meio ambiente aquático quando há
lançamento de efluentes de estações de tratamento de esgoto. Segundo esses
pesquisadores, causas indiretas de transmissão de parasitas podem ser devido à
insuficiência de saneamento básico e aplicação de estrumes como fertilizantes em lavouras.
As concentrações de oocistos de Cryptosporidium podem variar dependendo do ambiente
onde se encontram. Cardoso et al. (2002) observaram que em esgoto, geralmente
encontram-se 1 a 20 oocistos/L, em efluente filtrado de tratamento secundário, 0,01 a 0,13
oocistos/L, em águas superficiais, 0,001 a 107 oocistos/L, em águas subterrâneas 0,004 a
0,922 oocistos/L e em água potável, 0,001 a 0,72 oocistos/L. No entanto, esses valores
podem variar de região para região.
São inúmeros os relatos de ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium
encontrados na literatura estrangeira, particularmente oriundos de países desenvolvidos. A
Tabela 3.3 apresenta alguns desses exemplos.
No Brasil, por sua vez, esses relatos não são abundantes e são relativamente recentes.
Alguns desses estudos são descritos a seguir.
Vieira et al. (2000) detectaram concentrações na ordem de 10
2
a 10
4
oocistos de
Cryptosporidium/L e 10
3
a 10
5
cistos de Giardia/L em esgotos sanitários da bacia de
Ribeirão Arrudas em Belo Horizonte, MG. A detecção dos microorganismos foi baseada
em duas técnicas distintas para a concentração da amostra: a centrifugação e a floculação
com carbonato de cálcio. A identificação dos protozoários nas amostras foi feita por meio
da técnica de imunofluorescência utilizando o kit Merifluor C/G (Meridian Diagnostics,
Inc.).
Hachich et al. (2000) avaliaram a ocorrência e distribuição de cistos de Giardia e oocistos
de Cryptospiridium em águas superficiais captadas para o consumo humano no estado de
São Paulo. Segundo esses autores, dos 28 mananciais avaliados, detectou-se a ocorrência
de Cryptosporidium em 29% dos mananciais e a ocorrência de Giardia em 57% dos
mananciais estudados, sendo que nenhuma amostra avaliada apresentou concentrações
médias de oocistos superiores a 10 oocistos/L.
19
Tabela 3.3 – Resumo de registros de oocistos de Cryptosporidium e cistos de
Giardia (States et al., 1997 e Cardoso et al., 2002)
Referência Local Amostras Fonte Registros
oocistos de
Cryptosporidium
cistos de Giardia
Rose et al., 1991 36 AT 17%; 0,5 a 1,17/100L
LeChevallier, 1991 Canadá 83 AT 26,8%; média 1,52/100L
17,1%
média 4,45/100L
LeChevallier, 1992 Canadá 83 AB média 2,7/L média 2,8/L
LeChevallier e Norton,
1995
Canadá 266 AB 13,4% - média 3,3/L 4,6% - média 2,6/L
Gimason et al., 1993 Kenia ETE 2,25 a 50/L 3,125 - 230,7/L
Kfir et al., 1995
África do
Sul
AT 50% 30%
Chauret et al., 1995 Canadá AB 78% - 10
0
a 10
2
/100L.
Hanccock et al., 1996 55 AT 7% - 1 a 26/100L 7% - 2 a 5/100L
Rosen et al., 1996 USA 1237 AT 7,10% 4,90%
States, 1997 Pittsburg AT 80%; média 2,01/100L
100%
média 28,68/100L
Zuckerman et al., 1997 Israel AB 80% 53,30%
Bukhari et al., 1997 Inglaterra ETE 10 -170/L 10 - 13.600/L
Karanis et al., 1998 Alemanha AT 33,3% - 257/100L
Robertson et al., 2000 Scotland ETE 38% 94%
Hashimoto et al., 2001 Japão 13 AB 100% - 40/100L 92% -170/1000L
Hashimoto et al., 2001 Japão 26 AT 35%; média 1,2/1000L
12%
média 0,8/1000L
Hsu et al., 2002 Taiwan 8 AB 60% - 56,1/100L 80% - 11,4/100L
Hsu et al., 2002 Taiwan 7 AT 4,7/100L
Legenda: AB = água bruta; AT = água tratada; ETE = estação de tratamento de esgoto.
Berino e De Luca (2003) verificaram a ocorrência de Cryptosporidium sp. e Giardia sp.
em águas brutas dos formadores do lago Guaíba, de onde é captada a água para tratamento
e distribuição para a população de Porto Alegre. A detecção dos microorganismos foi
baseada no método 1623 da USEPA, com algumas modificações. Os oocistos de
Cryptopsoridium e cistos de Giardia foram detectados em 35% das amostras avaliadas,
com variação de 0 a 0,32 oocistos/L.
Bastos et al. (2004) avaliaram a ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium em dois mananciais superficiais, que abastecem três estações de
tratamento de água de uma cidade no estado de Minas Gerais. Para a análise desses
protozoários, amostras de água foram concentradas usando o método de centrifugação-
floculação e os cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium foram identificados e
enumerados pelo exame de imunofluorescência. Altas concentrações de cistos de Giardia e
20
oocistos de Cryptosporidium foram detectados, com variações de 2 a 140 cistos/L e 4 a 510
oocistos/L, respectivamente.
Machado et al. (2005) observaram a ocorrência de oocistos de Cryptosporidium spp. e
cistos de Giardia sp. em mananciais da cidade de Divinópolis, MG, na ordem de 0 a 3
oocistos/10L e 3 a 250 cistos/10L. A detecção dos microorganismos foi baseada no método
1623 da USEPA.
Devido à grande ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium em águas
de mananciais superficiais e águas para consumo humano, como relatado anteriormente,
foram documentados na Tabela 3.4 alguns surtos de doenças associadas com a água
utilizada para consumo humano causados pela Giardia lamblia e pelo Crypstosporidium
parvum.
Tabela 3.4 – Registros de surtos de criptosporidiose e giardíase (Cardoso et al., 2002)
Referência Local Fonte Registros
Cryptosporidium Giardia
Richardson et al., 1991 Swincon e Oxforshire AT 19 surtos
Rose et al., 1991 EUA (1965 a 1988) AR, AT 106 casos
Gennari-Cardoso et al, 1996 Uberlândia, MG AT 4,3% das diarréias agudas
Goldstein et al., 1996 Clark County, Nevada AT 23 casos em 1993 (18 HV)
Goldstein et al., 1996 Clark County, Nevada AT 70 casos em 1994
Kramer et al., 1996 Missouri (1994) AR 101 casos em piscinas
Kramer et al., 1996 Wiscosin (1993) AB 403.000 casos em lagos
Lemmon et al., 1996 Sydney (1994 e 1995) AR 70 casos em piscinas
Craun et al., 1998 EUA AT 19 surtos
Magara et al, 1998 Ogose, Japão AT 8.880 infecções
Newman et al., 1999 Brasil (NE) AT 1.476 diarréias (crianças)
2000 Flórida AR 170 surtos
Barwick et al., 2000 EUA (1997 e 1998) AR 49 surtos com 5 mortes
Genera Technologies, 2000 Milwakee/EUA (1993) AR
400.000 pessoas com 4.400
hospitalizadas
2001 EUA AR 293 surtos 13 surtos
Cartwright e Colbourne, 2001 Mediterrâneo AR 172 casos
Kramer et al., 2001 Inglaterra e País de Gales AR, AT 13 surtos (1986 a 1996) 1 surto
Kramer et al., 2001 Espanha AT 1 surto (1986 a 1996) 7 surtos
Legenda: AB= água bruta; AR = água de recreação; AT = água tratada
21
3.3 – EFEITOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA NA REMOÇÃO DE OOCISTOS
DE Cryptosporidium
Pesquisas têm sugerido que a ocorrência e a probabilidade de detecção de cistos de Giardia
e oocistos de Cryptosporidium em água tratada (por filtração) para abastecimento está
relacionada com o número de organismos na água bruta (LeChevalier et al., 1991). Este
relato foi comprovado por experimentos com água bruta e tratada, realizados por
LeChevallier e Norton (1992) no Canadá e nos Estados Unidos.
A efetividade das técnicas de tratamento convencional e avançada na remoção de oocistos
de protozoários tem sido avaliada em estudos em escalas de bancada, piloto e/ou escalas
reais (Nieminski e Ongerth, 1995, Swertfeger et al., 1999, Shaw et al., 2000, Huck et al.,
2002a, entre outros). Estudos em escala de bancada ou estações piloto proporcionam
informações confiáveis sobre a remoção de cistos de protozoários e indicam os processos
que podem ser usados como tecnologias de tratamento para controle de protozoários na
água para consumo humano
A remoção de protozoários por meio de processos de tratamento é expressa como
percentual de remoção ou em termos de reduções logarítmicas (base 10). As reduções
logarítmicas são normalmente calculadas como a diferença entre o log das concentrações
afluentes e o log do concentrado filtrado (Betancourt e Rose, 2004).
O comportamento do Cryptosporidium parvum é similar ao de outras partículas coloidais
presentes na água. A sua remoção física requer desestabilização e subseqüente separação
(French et al., 2000). Devido aos pequenos tamanhos, os oocistos de C. parvum e C.
hominis podem passar através dos filtros convencionais, dificultando a remoção destes
organismos pelo processo físico-químico. Filtração em membranas tem sido indicada na
remoção de oocistos de Cryptosporidium.
Por outro lado, o desinfetante mais comumente usado no tratamento de água, o cloro, é
ineficiente na inativação de oocistos de Cryptosporidium, quando utilizado em dosagens e
tempos de contato usualmente utilizados nas estações de tratamento. Dessa forma, como
essa barreira de desinfecção não pode ser tida como confiável, o controle dos oocistos de
Cryptosporidium em águas de abastecimento se baseia na remoção física durante o
tratamento, por meio de processos de filtração (Hall et al., 1995).
22
Segundo Hsu e Yeh (2003), a ozonização é mais eficiente na remoção de oocistos de
Cryptosporidium do que a cloração. Esse fato pôde ser confirmado por experimentos
realizados por Dumontier e Mandra (1996), entre outros.
3.3.1 – Remoção de Cryptosporidium por meio de tratamento convencional e filtração
direta
LeChevallier e Norton (1995) analisaram 262 amostras de águas tratadas provenientes de
72 estações de tratamento de água, durante os anos de 1991 à 1993. Foram detectados
cistos de Giardia em 45% da água bruta, com média geométrica de 2,0 cistos/L e oocistos
de Cryptosporidium em 51,5%, com média de 2,4 oocistos/L. Quando foram analisadas as
amostras de água tratada, encontraram-se cistos de Giardia em 4,6% das amostras e
oocistos de Cryptosporidium em 13,4% das amostras.
Em estudo anterior, LeChevallier et al. (1991) haviam analisado 82 amostras de água
filtrada para abastecimento, provenientes de 66 estações convencionais de tratamento de
água nos EUA e detectaram cistos de Giardia em 17,1% e oocistos de Cryptosporidium em
26,9% das amostras de água tratada.Segundo esses pesquisadores, a maioria das estações
de tratamento atingiu remoção de cistos e oocistos de 2,0 a 2,5 log, ao utilizar o processo
de clarificação seguido de filtração, como estabelecido pela Agência Americana de
Proteção Ambiental (USEPA).
Para LeChevallier e Norton (1995) a maior eficiência na remoção de cistos de Giardia, se
comparada com a remoção de oocistos de Cryptosporidium, pode ser atribuída ao fato dos
oocistos de Cryptosporidium serem menores (3-5 mm) do que os cistos de Giardia (8-15
mm).
Resultados similares aos obtidos por LeChevallier e colaboradores são reportados por
States et al. (1997) e Hashimoto et al. (2001) em estações de tratamento convencional
utilizando, respectivamente, cloreto férrico e sulfato de alumínio.
States et al. (1997) analisaram 171 amostras de água durante dois anos e investigaram a
eficiência da remoção de parasitas em estações de tratamento convencional, em escala real
dotada de coagulação usando cloreto férrico, floculação, sedimentação, filtração rápida em
filtro de dupla camada (antracito e areia) e desinfecção por cloro livre. O método usado
23
para detectar esses parasitas foi a análise por imunofluorescência indireta. As análises
indicaram que todos os cistos de Giardia foram removidos, enquanto 8% dos oocistos de
Cryptosporidium estavam presentes ao fim do tratamento.
Hashimoto et al. (2001) realizaram experimentos em uma estação de tratamento
convencional de água em Kanagawa no Japão para detectar a remoção de oocistos de
Cryptosporidium e cistos de Giardia. O coagulante utilizado era o sulfato de alumínio e a
desinfecção era realizada com cloro. Foram encontrados oocistos de Cryptosporidium em
todas as amostras de água bruta, com média geométrica de 0,4 oocistos/L e cistos de
Giardia em 92% dessas amostras, com média geométrica de 0,17 cistos/L. Na água
filtrada, foram encontrados oocistos de Cryptosporidium em 35% das amostras, enquanto
que em 12% das amostras foram encontrados cistos de Giardia. As remoções destes
protozoários por meio de tratamento convencional, relatadas por Hashimoto et al. (2001)
são apresentados na Tabela 3.5.
Tabela 3.5 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia por meio de
tratamento convencional – Hashimoto et al., 2001 (modificado)
Oocistos de Cryptosporidium (log) Cistos de Giardia (log)
Média 2,54 2,53
Intervalo 2,00 – 3,18 1,74 – 3,06
Harrington et al. (2003) também analisaram os efeitos das condições da filtração na
remoção de organismos patogênicos emergentes de veiculação hídrica por meio de seis
estações de tratamento piloto ao utilizar processos de coagulação por sulfato de alumínio,
floculação, sedimentação e filtração rápida em dupla camanda. Os estudos acompanharam
a remoção de oocistos de Cryptosporidium parvum, de esporos de Encephalitozoon
intestinalis, Escherichia coli. e a Aeromonas hidrophila. Foi constatado que, em geral, as
taxas de filtração ou as configurações do meio filtrante não apresentaram efeitos na
remoção de patogênicos. Também foi indicado que o traspasse da turbidez foi
acompanhado pelo traspasse de todos os patógenos testados no estudo. Entretanto, os
resultados sugeriram que o traspasse de Escherichia coli. e Aeromonas hidrophila
ocorreram mais rapidamente do que o da turbidez.
Xagorataki et al. (2004) também avaliaram a remoção de vários patógenos emergentes de
veiculação hídrica. Estes patógenos incluíram os oocistos de Cryptosporidium parvum, os
24
esporos de Encephalitozoon intestinalis, Escherichia coli. e a Aeromonas hidrophila. O
experimento foi realizado em escala piloto, por meio de coagulação, floculação,
sedimentação e filtração em meio granular. De acordo com os resultados obtidos, pode-se
constatar que alguns patógenos foram removidos com maior efetividade que outros
organismos. A A. hidrophila foi removida com mais eficiência do que o C. parvum e por
outro lado, a E. intestinalis e a E. coli foram os organismos patogênicos que apresentaram
menor eficiência de remoção.
Se por um lado, Harrington et al. (2003) e Xagorataki et al. (2004) observaram piores
condições de remoção para a E. coli, por outro lado eles divergiram quanto à remoção de
A. hidrophila, porque enquanto os primeiros encontraram piores remoções desses
patógenos, os outros constataram que a A. hidrophila foi removida com mais eficiência do
que o C. parvum.
As estações que utilizam o carvão ativado em pó (CAG) são freqüentemente destinadas ao
tratamento de águas provenientes de fontes de qualidade pobre (LeChevallier et al., 1991).
Segundo Hsu e Yeh (2003) a função principal dos filtros de CAG é adsorver matéria
orgânica, porém, como função secundária, estes filtros podem interceptar cistos de Giardia
e oocistos de Cryptosporidium quando eles passam através dos filtros de dupla camada.
Hsu e Yeh (2003) estudaram em escala piloto a remoção de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium em três seqüências de tratamento em Taiwan. A primeira seqüência
constituiu de tratamento convencional e filtração por CAG. A segunda incluiu o tratamento
convencional, a filtração por CAG, e a ozonização. Já na terceira sequência foi utilizado o
tratamento convencional, a microfiltração e a nanofiltraçao. Foi utilizado o sulfato de
alumínio como coagulante. As análises dos protozoários foram feitas a partir dos métodos
1622 e 1623 propostos pela USEPA, com ajustes. Os resultados obtidos podem ser
observados nas Tabelas 3.6, 3.7 e 3.8.
Tabela 3.6 – Ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium nas amostras
de água provenientes da seqüência 3 da estação piloto – Hsu e Yeh, 2003 (modificado)
Tipo de amostra amostras cistos /100L oocistos/100L
Microfiltração 6 ND ND
Nanofiltração 3 ND ND
Legenda: ND = Não detectado
25
Tabela 3.7 – Ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium nas amostras
de água provenientes da seqüência 1 da estação piloto – Hsu e Yeh, 2003 (modificada)
Tipo de amostra amostras cistos /100L oocistos/100L
Água Bruta 8 11,4 56,1
Sedimentação 1 ND 5,9
Filtração em dupla camada 7 4 4,7
Filtração por CAG 2 ND ND
Água Tratada 6 ND 4,7
Legenda: ND = Não detectado
Tabela 3.8 – Ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium nas amostras
de água provenientes da seqüência 2 da estação piloto – Hsu e Yeh, 2003 (modificado)
Tipo de amostra amostras cistos /100L oocistos/100L
Água Bruta 8 11,4 56,1
Pré-ozonização 5 ND 27,4
Sedimentação 1 ND ND
Filtração em dupla camada 6 ND 4,7
Pós-ozonização 2 ND 4,7
Filtração por GAC 7 ND 4,7
Legenda: ND = Não detectado
De acordo com os resultados, pode-se constatar que na seqüência 1 de tratamento, a maior
remoção de oocistos de Cryptosporidium ocorreu na etapa de sedimentação. Quando se
utilizou a seqüência 2 de tratamento, observou-se que pré-ozonização pode destruir os dois
tipos de parasitas, especialmente os cistos de Giardia, entretando, não se observou
variações nas concentrações de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, quando
se utilizou a cloração, o que comprova que a cloração, nas dosagens corriqueiras utilizadas
em estações de tratamento, não têm eficiência na inativação desses microorgansimos.
Foi observado que a etapa da filtração é a etapa final do processo convencional de
tratamento para a interceptação de parasitas, entretanto em ambas as seqüências de
tratamento (1 e 2), embora não se tenha detecatado cistos de Giardia na água tratada,
foram detectados 4,7 oocistos/100L de Crytptosporidium nessa mesma água. Sendo assim,
oocistos de Cryptosporidium podem, em algumas situações, passar através do meio
filtrante e não se pode afirmar que ao utilizar filtração convencional com filtro de dupla
camada ou filtração convencional com filtro de dupla camada e ozonização, a água tratada
26
esteja livre de oocistos de Cryptosporidium e de doenças transmitidas pela ação desses
protozoários.
Nas seqüências 1 e 2 de tratamento, também observa-se que a filtração por CAG não foi
eficiente na remoção de oocistos de Cryptosporidium, já que não ocorreram mudanças na
remoção desses protozoários quando a água foi submetida a esse tipo de filtração.
Finalmente, pode-se constatar que na seqüência 3 de tratamento, com a utilização de
sistemas de microfiltração, foi possível interceptar todos os cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium.
Com relação aos experimentos realizados por Hsu e Yeh (2003), é importante ressaltar que
a não detecção de oocistos de Cryptosporidium na etapa de filtração por CAG da seqüência
1 de tratamento e na etapa de sedimentação da seqüência 2, assim como a não detecção de
cistos de Giardia na estapa de sedimentação da seqüência 1 de tratamento, indicam que
falhas no processo de detecção desses microorganismos podem ter ocorrido, sendo
necessária a confirmação dos dados apresentados por esses pesquisadores.
Como Hsu e Yeh (2003), Dumoutier e Mandra (1996) observaram a remoção de oocistos
de Cryptosporidium e cistos de Giardia por filtração por CAG. Dumoutier e Mandra
(1996) estudaram a remoção de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium em
estações de tratamento de água e de tratamento de esgoto. O estudo foi conduzido na
região de Paris e teve como método analítico de detecção de (oo)cistos a concentração das
amostras em filtros de polipropileno seguidos de concentração por centrifugação e
detecção por imunofluorescência. A primeira eqüência de tratamento de água avaliada
utilizava pré-cloração, coagulação com sulfato de alumínio, decantação, filtração por CAG
e cloração final. A segunda seqüência incluía a pré-ozonização, a coagulação por sulfato de
alumínio, a sedimentação, a filtração rápida em areia, a pós-ozonização, a filtração por
CAG e a desinfecção final. Em uma terceira eqüência de tratamento foi utilizada a
filtração por processos de membrana. O tratamento utilizado na estação de esgoto incluiu o
pré-tratamento, a sedimentação primária, o tratamento biológico, a clarificação final e a
disposição.
De acordo com os experimentos realizados por Dumoutier e Mandra (1996), altas
concentrações de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium foram detectadas em
todos as amostras de água residuárias brutas examinadas e o mesmo ocorreu com as
27
amostras de águas residuárias tratadas. As quantidades de cistos de Giardia e de oocistos
de Cryptosporidium removidas pelo tratamento de esgoto variaram de 0,5 log a 1,5 log e
de 0,2 log a 1,0 log, respectivamente, sendo que a média de remoção foi de 1,2 log para
cistos de Giardia e 0,7 log para oocistos de Cryptosporidium.
Na seqüência 1, a pré-cloração promoveu remoção média de 0,9 log de Giardia e 0,6 log
de Cryptospordium, com variações de 0,08 até 1,5 log para Giardia e 0,03 até 1,05 log
para Cryptosporidium. Após a clarificação, foi observada a remoção de 63% de cistos de
Giárdia e 43% de oocistos de Cryptosporidium, entretanto, dos 57% restantes, apenas 1
log foi removido ao fim de todo tratamento. Após a etapa de clarificação, as concentrações
máximas de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium foram de 200/1000L e de
70/1000L, respectivamente. Então, infere-se que a filtração por CAG pode não ser
eficiente na remoção de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium. Além disso, a
desinfecção por cloração, em condições usuais, não pode ser considerada como processo
eficiente no tratamento de água para a inativação de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptospordium, fatos esses observados também por Hsu e Yeh (2003).
Na eqüência 2, a pré-ozonização foi responsável pela remoção de 0,07 a 1,4 log de cistos
de Giardia, com média de 0,56 e de 0,33 a 1,45 log de oocistos de Cryptosporidium, com
média de 0,74. O processo de filtração em areia fez com que 81% das amostras de
Cryptosporidium e 67% das amostras de Giardia ficassem livres destes protozoários. As
concentrações máximas de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium na água
clarificada foram de 75/1000L e 15/1000L, respectivamente. Por fim, após toda a
eqüência de tratamento, com a pós-ozonização, foi obtida a remoção total de cistos de
Giardia e oocistos de Cryptosporidium. De acordo com esses resultados, infere-se que a
remoção por filtro de areia seguida de pós-ozonização pode ser considerada eficiente na
remoção desses protozoários patogênicos, fato que não foi comprovado por Hsu e Yeh
(2003) em sua seqüência 2 de tratamento de água, já que a utilização de filtro em dupla
camanda e pós-ozonização não foi suficiente para remover todos os oocistos de
Crytposporidium.
Ao avaliarem o tratamento de água por microfiltração e ultrafiltração, na seqüência 3 de
tratamento, similarmente a Hsu e Yeh (2003), Dumoutier e Mandra (1996) constataram
que a eficiência e a confiabilidade dessas técnicas não dependem da qualidade da água
28
bruta e nem das condições hidráulicas operacionais. O uso de membranas permite remoção
efetiva de cistos de Giardia e de oocistos de Criptosporidium
A flotação por ar dissolvido (FAD) é um processo de clarificação da água. Este é um
método de tratamento de água que tem sido usado para remover partículas de baixa
densidade que não são geralmente retiradas no tratamento por sedimentação gravitacional
(French et al., 2000). As estações que utilizam a FAD, similarmente às que usam
sedimentação, têm duas barreiras efetivas para prevenir a passagem de oocistos de
Cryptosporidium para a água tratada: as barreiras de flotação e a de filtração (Edzwald et
al., 2001). A seguir será abordada a FAD como instrumento para a remoção de oocistos de
Cryptosporidium.
Plummer et al. (1995) investigaram a efetividade dos processos de clarificação
(sedimentação e FAD) para a remoção de oocistos de Cryptosporidium parvum, com a
utilização de cloreto férrico como coagulante, sob uma variedade de condições. Foi
utilizada a centrifugação, flotação e análise microscópica para a detecção dos oocistos de
Cryptosporidium.
Os resultados dessa investigação indicaram que a FAD foi capaz de remover mais do que 2
log de oocistos de Cryptosporidium na maioria das condições analisadas (3 a 5 mg/L de
cloreto férrico, pH entre 4,3 e 6,2, entre outras). A remoção de oocistos foi maior (3,4 log)
para pH 5,0. A sedimentação foi menos efetiva que a FAD em todas as condições testadas,
tendo como remoção máxima de oocistos o valor de 0,81 log. Estudos têm mostrado que a
clarificação por meio de sedimentação fornece remoção de Cryptosporidium de somente
0,5 a 1,0 log (States et al., 1997), no entanto, o processo de FAD tem sido apontado como
efetivo para remoções de C. parvum superiores a 4 log em estudos de escalas pilotos
(French et al., 2000).
Edzwald et al. (2001) também avaliaram a remoção de oocistos de Cryptosporidium com
uso da FAD e filtros de dupla camada sob condições variáveis. A remoção dos oocistos foi
observada a partir de projetos de tempo de detenção e cargas hidráulicas para temperaturas
da água no inverno e na primavera. Foram inoculados oocistos de Cryptosporidium na
ordem de 10
3
oocistos/L e a coagulação foi otimizada para a remoção de turbidez e matéria
orgânica natural.
29
O desempenho do FAD foi melhor para temperaturas da água na primavera, com remoção
de 2,5 log de oocistos comparado com a remoção de 1,7 log de oocistos no inverno. A
remoção total de oocistos de Cryptosporidium após a filtração excedeu 5,4 log e não foi
afetada pela temperatura da água.
De posse dos resultados de Plummer et al. (1995) e Edzwald et al. (2001) pode-se inferir
que a clarificação por FAD é efetiva na remoção de oocistos de Cryptosporidium.
No Brasil, Bastos et al. (2004) analisaram a remoção de cistos de Giardia e de oocistos de
Cryptosporidium, por tratamento convencional, em três estações de tratamento de água, em
Minas Gerais. As Tabelas 3.9 e 3.10 resumem essas remoções ao longo do período de
estudo.
Tabela 3.9 – Remoção de oo(cistos) de Giardia e de Cryptosporidium por tratamento
convencional com filtro descendente – Bastos et al., 2004 (modificado)
Amostra Giardia (cistos/L) Cryptosporidium (oocistos/L)
Data
Agua
Bruta
Efluente
Filtrado
Remoção
(%)
Agua
Bruta
Efluente
Filtrado
Remoção
(%)
set/00 ND ND NA 16,31 13,2 19,06
out/00 56,00 0,09 99,84 2,6x10
2
0,15 99,94
dez/00 1,4x10
2
ND 100,00 5,1x10
2
ND 100,0
jan/01 18,64 2,7 85,50 21,28 1,8 91,54
jan/01 7,00 ND 100,00 ND ND NA
fev/01 7,98 ND 100,00 7,98 ND 100,00
mar/01 8,00 0,13 98,38 16,00 0,16 99,00
abr/01 4,62 0,066 98,57 11,62 0,066 99,40
mai/01 ND ND NA ND 0,2 NA
jul/01 ND ND NA ND ND 100,00
ago/01 ND ND NA ND ND NA
dez/01 ND ND NA ND ND NA
Legenda: ND = não detectado; NA = não registrado
Como se pode observar nas Tabelas 3.9 e 3.10, esses pesquisadores constataram, que as
remoções de oocistos de Cryptosporidium aparentaram ser pobres em ambas as estações de
tratamento. Foram encontrados cistos de Giardia (0,066 a 5,5 cistos/L) e oocistos de
Cryptosporidiumem (0,066 a 13,2 oocistos/L) em altas concentrações em duas das três
estações de tratamento analisadas.
30
No entanto, Bastos et al. (2004), observaram que as concentrações efluentes de 13,2
oocistos/L encontradas em setembro de 2000, são muito diferentes das concentrações nas
outras amostras analisadas. Sendo assim, esses pesquisadores acreditam que problemas
analíticos possam ter ocorrido nessa fase da pesquisa.
Esses pesquisadores observaram também, que para se atingir os níveis de risco aceitáveis
propostos pela USEPA (1998) de 10
-4
, seria necessário que fossem atingidas remoções de
protozoários entre 4 e 5 log. No entanto, essas remoções variaram entre 1 a 3 log.
Tabela 3.10 – Remoção de oo(cistos) de Giardia e de Cryptosporidium por tratamento
convencional com filtro ascendente – Bastos et al., 2004 (modificado)
Amostra Giardia (cistos/L) Cryptosporidium (oocistos/L)
Data
Agua
Bruta
Efluente
Filtrado
Remoção
(%)
Agua
Bruta
Efluente
Filtrado
Remoção
(%)
set/00 ND ND NA 16,31 ND 100,00
out/00 56,00 ND 100,00 2,6x10
2
ND 100,00
dez/00 1,4x10
2
5,5 96,07 5,1x10
2
ND 100,00
jan/01 18,64 ND 100,00 21,28 ND 100,00
jan/01 7,00 ND 100,00 ND ND NA
fev/01 7,98 ND 100,00 7,98 ND 100,00
mar/01 8,00 ND 100,00 16,00 0,66 95,88
abr/01 4,62 ND 100,00 11,62 1,32 88,64
mai/01 ND ND NA ND 0,50 NA
jul/01 ND ND NA 2,00 ND 100,00
ago/01 ND ND NA ND ND NA
dez/01 ND ND NA ND 0,10 NA
Legenda: ND = não detectado; NA = não registrado
Machado et al. (2005) avaliaram a eficiência de remoção de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptoporidium em dois sistemas convencionais de tratamento de água na cidade de
Divinópolis, MG. Foi utilizado o método 1623 proposto pela USEPA para a detecção
desses protozoários. Esses autores costataram que não foram encontrados oocistos de
Cryptosporidium em amostras de água tratada. Porém, foi registrado ocorrência de 0 a 0,1
cistos/L de Giardia nessas mesmas amostras. No entanto, não foi possível avaliar
apropriadamente a remoção desses organismos patogênicos, uma vez que as densidades de
Cryptosporidium no manancial estiveram na ordem de 10
0
e 10
1
, dificultando a avaliação
de sua remoção.
31
Marques et al. (2005) avaliaram o desempenho de uma ETA piloto convencional, instalada
na Universidade Federal do Espírito Santo, na remoção de cistos de Giardia ssp. e oocistos
de Cryptosporidium spp. Foram inoculados cistos e oocistos de Giardia e Cryptosporidium
na ordem de 10
2
oocistos e cistos/L. Para a detecção dos protozoários foram utilizados os
métodos de concentração de floculação seguidos de centrifugação. A identificação dos
protozoários nas amostras foi feita por meio da técnica de imunofluorescência utilizando o
kit Merifluor.
Os resultados da avaliação resumidos na Tabela 3.11, indicam a presença desses
protozoários na água bruta, na água de lavagem, no lodo e na água filtrada.
Embora se tenha inoculado cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium na ordem de
10
2
/L, de acordo com a Tabela 3.11, foram identificados na água bruta, cistos de Giardia
entre 15 e 30 cistos/L e oocistos de Cryptosporidium entre 22 e 45 oocistos/L. Esse fato
pode indicar possíveis erros de detecção dos protozoários e/ou baixa recuperação do
método de análise empregado.
De acordo com os resultados obtidos, observa-se que mesmo que o tratamento
convencional tenha promovido eficiente remoção de turbidez, com a diminuição de 32,3
UT para 0,89 UT, menor do que o valor de 1 UT preconizado pela Portaria 518/2004
(Brasil, 2004), a presença de (oo)cistos foi significativa na água filtrada e pode ser
suficiente para causar infecção em humanos.
Tabela 3.11 – Detecção de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium nos diferentes
compartimentos da ETA piloto – Marques et al., 2005 (modificada)
Água Bruta Lodo Água Lavagem Água Filtrada
Cistos/L Ooc/L Cistos/L Ooc/L Cistos/L Ooc/L Cistos/L Ooc/L
Exp 1
15 30 466,6 793,3 120 180 1,2 1,6
Exp 2
30 45 103,5 145 87,5 225 0,3 1,6
Exp 3
22 22 405 787 108 48 1,5 2,5
Ladeia (2004) avaliou a eficiência da filtração rápida descendente na remoção de oocistos
de Cryptosporidium em instalação piloto, em Montes Claros, MG. A análise desses
protozoários foi realizada adotando-se a concentração pela técnica de floculação com
carbonato de cálcio e identificação e quantificação por imunofluorescência direta,
utilizando-se o kit Merifluor
®
. Foram realizados experimentos de filtração em dupla
camada de antracito e areia e camada simples de areia e taxas de filtração de 180m
3
/m
2
dia,
32
270m
3
/m
2
dia, 400m
3
/m
2
dia. A água afluente aos filtros foi a água decantada de uma ETA,
contaminada com oocistos de Cryptosporidium e alíquota de esgotos sanitários, de modo
que a concentração de oocistos afluente era da ordem de 10
0
e 10
1
.
Segundo Ladeia (2004), não foram detectados oocistos de Cryptosporidium na água
efluente dos filtros rápidos, não sendo possível inferir sobre a eficiência de remoção do
processo. Entretanto, para indicar possíveis remoções desses protozoários, foram
realizados cálculos limites de detecção teórica, considerando detecção mínima de 1
oocisto/L. Sendo assim, os filtros estudados teriam alcançado remoção de 0,80 a 1,6 log.
Pesquisadores observaram comportamentos similares de remoção de oocistos de
Cryptosporidium e cistos de Giardia ao se utilizar tratamento convencional e filtração
direta. Alguns desses estudos são apresentados a seguir.
Nieminski (1997) estudou o comportamento da remoção de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium durante dois anos em estações de tratamento do estado de Utah, EUA. Os
experimentos foram realizados em escala real e piloto, por meio de tratamento
convencional com filtração em dupla camada de antracito e areia e regimes de filtração
direta. O método utilizado para a detecção dos oocistos de Cryptosporidium e cistos de
Giardia foi a filtração por membrana, a centrifugação e a análise por imunofluorescência.
Os resultados desses estudos estão resumidos nas Tabelas 3.12 e 3.13.
Tabela 3.12 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia por meio de
tratamento convencional e filtração direta em escala piloto – Nieminski, 1997 (modificado)
Escala Piloto Oocistos Cryptosporidium (log) Cistos Giardia (log)
Tratamento Convencional 2,98 3,4
Filtração Direta 2,97 3,3
Tabela 3.13 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia por meio de
tratamento convencional e filtração direta em escala real – Nieminski, 1997 (modificado)
Escala Real Oocistos Cryptosporidium (log) Cistos Giardia (log)
Tratamento Convencional 2,25 3,26
Filtração Direta 2,79 3,87
Como se pode obsevar nas Tabelas 3.12 e 3.13, não ocorreu diferença nítida na eficiência
de remoção dos oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia quando se utilizou
filtração direta ou tratamento convencional, nos experimentos realizados em escala piloto.
33
Quando os experimentos foram realizados em escala real, a remoção de Cryptosporidium
foi menor do que a remoção na correspondente escala piloto, com valores médios de
remoção de oocistos de Cryptosporidium de 2,25 log no tratamento convencional e 2,79
log quando foi utilizada filtração direta. Sendo assim, destaca-se que o processo de
tratamento empregado teve pouca influência sobre as remoções desses protozoários.
Ongerth e Percoraro (1995) analisaram a remoção de oocistos de Cryptosporidium em
filtro de múltiplas camadas (antracito, areia e granada) em estação de tratamento de água
em escala piloto, por processo de filtração direta, sem pré-floculação. Foram inoculados
oo(cistos) de Giardia e de Cryptosporidium na ordem de 5 X 10
3
oo(cistos)/L. Para a
detecção desses microorganismos foi utilizada a filtração por membrana, a centrifugação e
a análise de imunofluorescência. Foram realizados 4 experimentos de filtração com o
sulfato de alumínio como coagulante, sendo que nos 3 primeiros experimentos utilizou-se
dosagem “ótima” do coagulante de 10 mg/L. No experimento 4 foi utilizada subdosagem
de coagulante de 5 mg/L. Os valores do pH foram mantidos entre 6,4 e 6,6.
O desempenho das estações foi avaliado pela análise de amostras coletadas antes e depois
da filtração. Nos experimentos onde se utilizou condições “ótimas” de coagulação,
observou-se remoção de oocistos de Cryptosporidium entre 2,7 e 3,1 log e de cistos de
Giardia entre 3,05 e 3,6 log. Entretando, quando se utilizou subdosagem de coagulante, no
experimento 4, a remoção média de oocistos de Cryptosporidium foi de 1, 5 e de cistos de
Giardia foi de 1,3.
3.3.2 – Influência da operação de filtração e do mecanismo de coagulação na remoção
de oocistos de Cryptosporidium
Hall et al. (1995) analisaram a remoção de oocistos de Cryptosporidium, em escala piloto,
por tratamento convencional com filtro de camada única, de dupla camada ou CAG
precedido por FAD e filtração rápida com pré-floculação. Foram testados o sulfato de
alumínio, o sulfato férrico e o PAC como coagulantes e taxas de filtração de 5 e de 10 m/h.
Para Hall et al. (1995), quando foram inoculados na ordem de 10
4
oocistos/L de
Cryptosporidium, não foi observada diferença significativa entre as remoções dos oocistos
desses protozoários, ao utilizar meios filtrantes distintos. Entretanto, apesar das altas
remoções de oocistos de Cryptosporidium, os valores residuais de turbidez foram
34
relativamente elevados (entre 0,7 e 1,0 UT), assim como o número de oocistos de
Cryptosporidium efluentes (0,8 a 7,3 oocistos/L).
Quando foram inoculados oocistos de Cryptosporidium entre 300 e 800 oocistos/L, a
presença de oocistos não foi detectada em grande quantidade de amostras. Quando se pôde
detectar os oocistos de Cryptosporidium, a concentração desses oocistos foi inferior a 0,1
oocistos/L em 70% dos casos. Mais uma vez, não se observou diferenças significativas
entre as remoções de oocistos de Cryptosporidium para filtros com meios distintos. Além
disso, também não se observou diferenças significativas de remoção para diferentes
coagulantes.
Para a FAD e a sedimentação, foram observadas remoções similares de oocistos de
Cryptosporidium. Já Plummer et al. (1995) observaram remoções superiores de oocistos de
Cryptosporidium, quando se utilizou o FAD, ao invés da sedimentação.
Segundo esses pesquisadores, não foram detectados oocistos de Cryptosporidium no
efluente tratado para a taxa de 5 m/h. Além disso, foi observada alta remoção de oocistos
de Cryptosporidium para a taxa de 10 m/h, com concentração efluente de 0,13 oocistos/L.
Sendo assim, com a utilização de taxas de filtração distintas, não ocorreram diferenças
nítidas de remoção de oocistos de Cryptosporidium.
Segundo Hall et al. (1995), no período de amadurecimento do filtro, a turbidez apresentou
valores de 0,6 UT e foram encontrados 0,36 oocistos/L de Cryptosporidium na água tratada
por tratamento convencional. Já no período de operação regular do filtro, foram observados
valores de turbidez entre 0,25 e 0,45 UT e concentração de oocistos de Cryptosporidium de
0,16 oocistos/L.
Dessa forma, para esses pesquisadores, pode ocorrer aumento dos riscos de traspasse de
oocistos no período de amadurecimento do filtro, quando a turbidez tende a ser mais
elevada. Procedimentos lentos de início de funcionamento dos filtros podem ser usados
para minimizar a turbidez na água filtrada e reduzir o risco de traspasse de oocistos.
Swertfeger et al. (1999) estudaram com detalhes os efeitos do meio filtrante, durante o
verão e o inverno, na remoção de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, ao
utilizar o sulfato férrico como coagulante, em experimentos em escala piloto. Para a
35
detecção desses protozoários foi utilizado o método 1622 da USEPA. Nesse estudo foram
realizados experimentos em filtro de areia (75 cm), filtro com dupla camanda de antracito e
areia (90 cm de antracito e 30 cm de areia) e filtro profundo com dupla camada de
antracito e areia (150 cm de antracito e 30 cm de areia). A Tabela 3.14 resume as
características dos filtros utilizados e a Tabela 3.15 indica as remoções médias desses
protozoários durante as estações de verão e inverno.
Tabela 3.14 – Resumo das características dos filtros utilizados em escala piloto em Ohio
Swertfeger et al.,1999 (modificado).
Tipo de filtro Tamanho efetivo (mm) Vazão do filtro (L/min)
Areia 0,45 0,84
Dupla camada 0,80 e 0,40 1,67
Dupla camada (profundo) 1,00 e 0,45 1,67
Tabela 3.15 – Remoção média de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, em
escala piloto, para filtros distintos, no verão e no inverno, no estado de Ohio, USA –
Swertfeger et al.,1999 (modificado).
Remoção média cistos
Giardia
Remoção média oocistos
Cryptosporidium
Tipo de filtro
Verão Inverno Verão Inverno
Areia > 4,4 2,7 2,7 2,8
Dupla camada > 4,5 2,9 2,7 3,2
Dupla camada (profundo) > 4,5 3,0 3,9
3,6
Swertfeger et al. (1999) observaram que as remoções de cistos de Giardia foram maiores
no inverno, quando comparadas com o verão. Entretanto, as médias de remoção do verão
foram similares às do inverno, para os oocistos de Cryptosporidium. Além disso, os
pesquisadores concluíram que todas as configurações de meio avaliadas demonstraram
similar capacidade de remoção, com remoção de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium superiores a 3,0 log e 2,0 log, respectivamente, como preconizado pela
USEPA.
Dugan et al. (2001) também realizaram testes em escala piloto por meio de tratamento
convencional para examinar o impacto do meio filtrante, das taxas de filtração e do tipo de
coagulante na remoção oocistos de Cryptosporidium em altas concentrações na água bruta.
36
Foram utilizados o sulfato de alumínio, o cloreto férrico e o PAC como coagulantes. Além
disso, foram testadas condições de filtração para meio filtrante de camada única de areia e
dupla camada de antracito e areia. Os filtros foram operados com taxas de filtração de 5 e
10 m/h. O método usado para detectar os oocistos de Cryptosporidium foi o Método 1622
da USEPA.
Assim como Swertfeger et al. (1999), Dugan et al. (2001) observaram que a remoção de
oocistos de Cryptosporidium por filtração não foi significativamente diferente para meios
filtrantes distintos. As remoções também não foram consideradas distintas para diferentes
taxas de filtração e para diferentes coagulantes. Porém, a remoção foi afetada pelas
condições sub-ótimas de coagulação (média de 1,5 log). As condições “ótimas” e
melhoradas de coagulação promoveram o aumento da remoção de oocistos de
Cryptosporidium e turbidez, com valores de remoção superiores a 3,7 log para oocistos de
Cryptosporidium.
Huck et al. (2002b) avaliaram os efeitos do tratamento convencional em escala piloto na
remoção de oocistos de Cryptosporidium. Para isso, foram examinadas amostras de água
proveniente de duas estações de tratamento piloto onde foi utilizada a filtração em dupla
camada de antracito e areia para tratar águas com características diversas.
Foram investigadas condições de operação regular do filtro, amadurecimento, sub-
dosagem de coagulante, não utilização de coagulante e traspasse. Foram inoculados
oocistos de Cryptosporidium inativados na ordem de 10
5
oocistos/L. A detecção dos
oocistos foi realizada por filtração direta por membrana de poliestileno e análises de
imunofluorescência.
A Tabela 3.16 resume a qualidade da água bruta e os parâmetros operacionais utilizados e
a Tabela 3.17 resume os resultados obtidos ao longo dos experimentos.
37
Tabela 3.16 – Qualidade da água bruta e parâmetros operacionais utilizados nas estações
piloto de tratamento de água – Huck et al., 2002b (modificado)
Parâmetros Otawa MWDSC
Alcalinidade (mg/L de CaCO
3
) 19 - 23 107 - 134
pH 7,1 - 7,4 7,7 - 8,4
Temperatura 1 - 24 13 - 25
Carbono oragânico total (mg/L) 5 2,6 - 2,9
Turbidez (UT) 1,0 - 2,7 0,4 - 2,4
Sulfato de alumínio (mg/L) 38 5
Sílica ativada (mg/L) 2 NA
Polímero catiônico (mg/L) NA 1,5
Taxa de filtração (m/h) 6,35 9,8
Antracito (espessura do meio) 47,7 50,8
Areia (espessura do meio) 27,9 20,3
CD Antracito 1,35 < 1,65
CD Areia 1,32 < 1,65
Tabela 3.17 – Remoção média de oocistos de Cryptosporidium – Huck et al., 2002b
(modicado)
Remoção média de oocistos de Cryptosporidium (log)
Otawa MWDSC
Condição regular operação 5,5 3
Coagulação sub-ótima 3,1 0,9
Não coagulação ~0,3 ~0,1
Amadurecimento do filtro 5,1 2,9
Traspasse do filtro ~1,6 2,2
Segundo Huck et al. (2002b), quando o filtro operou em condições regulares, a remoção de
oocistos de Cryptosporidium foi de aproximadamente 5,5 log em uma estação de
tratamento, enquanto em outra foi de aproximadamente 3 log, não sendo possível
identificar os reais motivos entre as diferenças de remoção.
Ao se trabalhar com a não coagulação, os pesquisadores optaram pela pior condição
operacional, com total falha no processo de coagulação e remoções praticamente
inexistentes podem ser observadas na Tabela 3.17. Nas condições sub-ótimas de
coagulação, observou-se, em ambas as localidades, redução de aproximadamente 2 log na
remoção de oocistos de Cryptosporidium, quando se compara com a situação regular de
operação do filtro.
38
Ao analisar os dados da Tabela 3.17, pode-se constatar que o período de amadurecimento
do filtro gerou remoções de oocistos de Cryptosporidium moderadamente menores para os
experimentos realizados em Otawa, com redução de aproximadamente 0,4 log na remoção,
quando comparadas com as condições regulares de operação. Entretanto, na estação de
MWDSC, as diferenças de remoção foram ainda menores, em torno de 0,1 log.
Observou-se também, que no fim da carreira de filtração ocorreu um decréscimo
substancial na capacidade de remoção dos oocistos de Cryptosporidium. Sendo assim, esse
período pode ser considerado vulnerável para a passagem de oocistos de Cryptosporidium
através do meio filtrante.
Emelko (2003) estudou a remoção de oocistos de Cryptosporidium viáveis e inativados por
filtros de camada dupla de antracito e areia (70 cm de antracito e 30 cm de areia) e meio
filtrante triplo com areia, antracito e granada (65 cm de antracito, 25 cm de areia e 10 cm
de granada), durante o período de amadurecimento, o período de operação regular e
durante falhas no processo de coagulação.
Foram inoculados oo(cistos) de Giardia e de Cryptosporidium na ordem de 10
5
/L e
utilizou-se o sulfato de alumínio como coagulante. A concentração desses protozoários foi
realizada por filtração por membrana de policarbonato e a enumeração foi realizada por
análise de imunofluescência direta. A turbidez da água afluente aos filtros era em torno de
3,5 UT e foi induzida pela presença de kaolinita. Os resultados obtidos a partir desses
experimentos estão resumidos nas Tabelas 3.18 e 3.19.
Tabela 3.18 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium inativados – Emelko, 2003
(modificado)
Faixa de remoção e (valor médio) expresso em log
Oocistos
inativados
Amadurecimento Operação regular
Falhas de
Coagulação
Meio filtrante duplo 4,0 – 5,1 (4,6) 4,7 – 5,7 (5,3) 0,6 – 1,3 (0,8)
Meio filtrante triplo 4,2 – 5,3 (5,0) 4,9 – 5,8 (5,4) 0,6 – 2,2 (1,1)
39
Tabela 3.19 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium viáveis – Emelko, 2003
(modificado)
Faixa de remoção e (valor médio) expresso em log
Oocistos viáveis Amadurecimento Operação regular
Falhas de
Coagulação
Meio filtrante duplo
4,0 – 5,4 (4,8) 4,7 – 5,7 (5,1) 0,4 – 1,2 (0,6)
Meio filtrante triplo
4,4 – 5,7 (5,1) 4,6 – 5,8 (5,3) 0,5 – 2,5 (0,8)
Ao discutir a remoção de oocistos de Cryptosporidium, Emelko (2003) destacou que as
estimativas de remoção são freqüentemente limitadas pela concentração dos afluentes. Ao
observar as Tabelas 3.18 e 3.19, pode-se constatar que as remoções médias de oocistos de
Cryptosporidium em condições regulares de operação, variaram entre 5,1 e 5,4 log.
Valores de remoção semelhantes foram obtidos por Huck et al. (2002b), ao estudarem o
comportamento de remoção de oocistos de Cryptosporidium de uma estação piloto em
Otawa.
Pode-se notar também que em condições “ótimas” de coagulação, a remoção de oocistos
de Cryptosporidium durante o período de amadurecimento do filtro não apresentou
diferença substancial da remoção quando comparada com o período de operação regular,
sendo moderadamente menor no período de amadurecimento. Mais uma vez, os resultados
obtidos por Huck et al. (2002b) são semelhantes aos resultados apresentados por Emelko
(2003). Além disso, nos filtros de meio filtrante triplo a remoção de oocistos foi apenas
marginalmente mais alta do que os filtros de camada dupla.
Como era de se esperar, nos momentos em que foram observadas falhas na coagulação, a
remoção de oocistos foi severamente comprometida (utilizando qualquer um dos meios
filtrantes) quando comparadas com as condições “ótimas” de coagulação. Falhas de
coagulação provocaram a diminuição da remoção de C. parvum em mais de 3 log em
relação ao período de operação regular do filtro. Sendo assim, foi constatado que a
remoção do C. parvum pode ser afetada pelas condições de operação do processo. Além
disso, algumas situações de filtração, como a utilização de condições sub-ótimas de
coagulação, favorecem a passagem de patógenos através do meio filtrante.
Ongerth e Percoraro (1995) analisaram a importância de coagulantes químicos no
desempenho da filtração direta sem pré-floculação, para remoção de cistos de Giardia e
40
oocistos de Cryptosporidium. Foram realizados experimentos em escala piloto com
dosagens “ótimas” de 10 mg/L de sulfato de alumínio e sub-ótimas de 5 mg/L, em meio
filtrante triplo de antracito, areia e granada., para observar se ocorreram variações nas
remoções dos oo(cistos) desses protozoários.
Segundo Ongerth e Percoraro (1995), foi confirmada redução na remoção de oocistos de
Cryptosporidium de 3 para 1,5 log e de e cistos de Giardia de 3 para 1,3 log, quando
utilizou-se subdosagem de coagulante. Para estes pesquisadores, devem ser esperadas altas
concentrações de cistos de Giardia e de oocistos de Cryptosporidium nos efluentes tratados
em condições de coagulação-floculação pobre e também durante os períodos de
amadurecimento e no fim das carreiras de filtração.
Dugan e Williams (2004) realizaram oito experimentos em escala piloto de filtração direta,
sem pré-floculação, para analisar os impactos do tipo de coagulante (cloreto férrico e
sulfato de alumínio), das taxas de filtração (5m/h e 10 m/h) e da temperatura (20 °C e 4,5
°C) na remoção de oocistos de Cryptosporidium. Foram inoculados, na água bruta,
oocistos de Cryptosporidium na ordem de 10
5
/L. Todos os oocistos foram detectados por
meio da técnica citométrica da fase sódida, usando um dispositivo de varredura a laser. A
Tabela 3.20 resume as remoções de oocistos de Cryptosporidium do estudo.
Tabela 3.20 – Remoções de oocistos de Cryptosporidium – Dugan e Willimas, 2004
(modificado)
Parâmetros avaliados
Remoção média oocistos de
Cryptosporidium (log)
Taxa: 5 m/h; T: 20°C
SA 20 mg/L
> 4,2
Taxa: 5 m/h; T: 20°C
CF 10 mg/L
>4,1
Taxa: 10 m/h; T: 20°C
SA 20 mg/L
1,9
Taxa: 10 m/h; T: 20°C
CF 10 mg/L
>4,1
Taxa: 5 m/h; T: 4,5°C
SA 20 mg/L
2,5
Taxa: 5 m/h; T: 4,5°C
CF 10 mg/L
> 4,2
Taxa: 10 m/h; T: 4,5°C
SA 20 mg/L
1,0
Taxa: 10 m/h; T: 4,5°C
CF 10 mg/L
1,4
Legenda: T = temperatura; AS = sulfato de alumínio; CF = cloreto férrico
41
De acordo com a Tabela 3.20, pode-se observar que de forma geral, as remoções de
oocistos de Cryptosporidium foram maiores quando se utilizou temperatura de 20°C,
quando comparada com a temperatura de 4,5°C, com exceção para a condição de taxa de 5
m/h e cloreto férrico como coagulante, cujas remoções foram consideradas estatisticamente
iguas, para grau de significância de 95%. Também foram observadas maiores remoções de
oocistos de Cryptosporidium ao utilizar o coagulante cloreto férrico, quando comparadas
com as remoções obtidas ao se utilizar o sulfato de alumínio. Somente na condição de taxa
de filtração de 5 m/h e temperatura de 20°C é que as remoções foram iguais, para
coagulantes distintos.
Quanto à taxa de filtração, conclui-se que ao utilizar taxa de 5 m/h, as remoções de
oocistos de Cryptosporidium foram maiores do que quando se utilizou taxa de 10 m/h. A
única exceção estudada é aquela em que foram testadas condições de temperatura de 20°C
e cloreto férrico. Nessa circustância, as remoções médias dos oocistos de Cryptosporidium
foram consideradas estatisticamente iguais, para taxas de filtração distintas. Sendo assim,
para as condições estudadas, observa-se que a pior situação de remoção de oocistos de
Cryptosporidium é aquela em que foram utilizadas taxa de filtração de 10 m/h (mais
elevada), temperatura de 4,5°C (mais baixa) e sulfato de alumínio como coagulante.
States et al. (2002) também avaliaram a influência do tipo de coagulante e da
temperaturada na remoção de oocistos de Cryptosporidium. Contudo, além de estudar
esses dois parâmetros de interesse, States et al. (2002) analisaram a coagulação melhorada
como fator de influência na remoção desses oocistos de protozoários. A coagulação
melhorada é um termo usado para definir as modificações na condição de coagulação para
obter o aumento da remoção de precursores de sub-produtos da desinfecção no tratamento
convencional. Essas modificações incluem a adoção de valores de pH de coagulação de 5 e
6 durante o processo de coagulação e/ou uso de altas dosagens de coagulantes.
Foram realizados experimentos, em escala piloto de tratamento convencional, com filtro de
dupla camada de antracito e areia, com a utilização de sulfato de alumínio (17 mg/L),
cloreto férrico (18 mg/L) e cloreto de polialumínio (27,5 mg/L) como coagulantes. Para
cada coagulante, foram testadas condições de pH de 5,0, 6,5 e 8,0. Foram realizados
experimentos em temperatura ambiente (média de 21 °C) e em temperaturas mais baixas..
Foram inoculados oocistos de Cryptosporidium na ordem de 2,8 x 10
4
/L. A detecção dos
42
oocistos de Cryptosporidium foi realizada pelo método 1623 da USEPA. A Tabela 3.21
resume os resultados de remoção dos oocistos de Cryptosporidium.
Tabela 3.21 – Remoção de oocistos de Cryptosporidium – States et al., 2002 (modificado)
Exp T (°C) pH Coagulante Remoção (log)
1 22 5,0 CF 6,0
2 21 6,5 CF 5,8
3 17 8.0 CF 6,1
4 04 5,0 CF > 6,6
5 03 6,1 CF > 6,6
6 04 8,0 CF >6,6
7 22 7,2 a 9,2 CF 4,8
8 17 5,0 PAC 5,9
9 14 6,5 PAC 5,8
10 17 8,0 PAC 5,9
11 05 5,0 SA 2,3
12 03 5,0 SA 6,0
13 06 5,0 SA > 6,6
14 13 6,5 SA 5,7
15 11 8,0 SA > 6,5
Legenda: CF = Cloreto férrico; PAC = policloreto de alumínio; SA = Sulfato de alumínio; T = Temperatura.
De acordo com States et al. (2002), ao se utilizar o cloreto férrico como coagulante, não
houve diferenças significativas entre as remoções de oocistos de Cryptosporidium,
independente da temperatura e dos valores de pH testados. Sendo assim, para esse
coagulante, o uso de coagulação melhorada, com pH próximo de 5, não diminuiu a
remoção de oocistos de Crypsotosporidium. A única exceção, quando se utilizou o cloreto
férrico, foi o experimento 7. Nesse experimento, os valores de pH não foram mantidos
constantes ao longo da carreira de filtração e de acordo com a Tabela 3.21, a remoção de
oocistos de Cryptosporidium foi de 4,8 log, inferior a média de 6,3 log de remoção
alcançada para o cloreto férrico. Segundo os pesquisadores, a queda da remoção ocorreu
devido à falta de controle do pH e suas possíveis variações.
Assim como quando se utilizou o cloreto férrico, ao se trabalhar com o policloreto de
alumínio como coagulante foram observadas elevadas remoções de oocistos de
Cryptosporidium, para todas as variações de pH e de temperatura testadas. Por outro lado,
ao se trabalhar com o sulfato de alumínio, com valor de pH 5,0, no experimento 11,
obteve-se remoção de oocistos de Cryptosporidium (2,9 log) inferior às remoções
alcançadas com o uso de cloreto férrico e PAC. Foram realizadas repetições para pH 5,0 e
uso de sulfato de alumínio, com o objetivo de verificar possíveis problemas de operação.
43
Com as repetições e com a realização de experimentos com pH 6,5 e 8,0, observou-se que
mais uma vez, as remoções de oocistos de Cryptosporidium não sofreram variações
significativas com o uso de sulfato de alumínio como coagulante.
Sendo assim, States et al. (2002) concluíram que ocorreu remoção efetiva de oocistos de
Cryptosporidium ao utilizar a coagulação melhorada em todas as condições testadas, com
média de remoção de 5,8 log. Além disso, a utilização de cloreto férrico, cloreto de
polialumínio e sulfato de alumínio resultaram em remoção similar de oocistos de
Cryptosporidium. Esse fato não foi comprovado por Dugan e Willimas (2004), que
observaram tendência de maiores remoções de oocistos de Cryptosporidium quando foi
utilizado o cloreto férrico, quando comparado com o sulfato de alumínio.
Outro ponto comum abordado por Dugan e Willimas (2004) e States et al. (2002), foi a
influência da temperatura na remoção dos oocistos de Crytposporidium. Enquanto os
primeiros observaram tendências de maiores remoções de oocistos de Cryptosporidium
com a utilização do cloreto férrico em temperaturas maiores, States et al. (2002) não
observaram diferenças significativas entre as remoções em experimentos com temperaturas
distintas.
No Brasil, Pereira et al. (2005), avaliaram a remoção de oocistos de Cryptosporidium spp.
por meio de ensaios em escala de bancada de testes de jarros. A água de alimentação
utilizada foi a água proveniente do rio Jucu, manancial que abastece a região da Grande
Vitória. Foram inoculados oocistos de Cryptosporidium na ordem de 10
5
oocistos/L. A
concentração dos oocistos foi feita pela técnica de carbonato de cálcio e sua detecção foi
realizada pela análise de imunofluorescência pelo kit Merifluor. Foi utilizado como
coagulante o sulfato de alumínio, com dosagens entre 0 e 60 mg/L.
Para o desenvolvimento do estudo, foram recolhidas amostras de água decantada, do
sobrenadante e do lodo em duas situações distintas. A primeira situação foi aquela em que
se utilizou dosagem “ótima” de coagulante de 40 mg/L e pH de 7,6 (região de varredura).
A segunda situação analisada, foi aquela em que se utilizou 9 mg/L de coagulante e pH de
6,3 (fora da região “ótima” para a coagulação). A Tabela 3.22 resume os resultaos obtidos
no estudo.
44
Tabela 3.22 – Concentração de turbidez e de oocistos de Cryptosporidium em
experimentos em escala de bancada – Pereira et al., 2005 (modificado)
Situação 1 Situação 2
Turbidez
(UT)
Oocistos/L de
Cryptosporidium
Turbidez
(UT)
Oocistos/L de
Cryptosporidium
Água alimentação
17,3 10
5
17,3 10
5
Água decantada
1 400 10 264
Sobrenadante
ND 70.000
Lodo
80.000 13.000
Legenda: ND = Não detectado
De acordo com Pereira et al. (2005), na situação 1, onde foi utilizada dosagem “ótima” de
coagulante, ocorreu remoção de aproximadamente 94% de turbidez na água decantada.
Entretanto, quando se utilizou dosagem de coagulante fora da região “ótima”, na situação
2, observou-se remoção de turbidez de aproximadamente 42%. Além disso, a presença de
oocistos de Cryptosporidium no lodo, na situação 1, foi muito maior (aproximadamente
84%) do que a presença de oocistos de Cryptosporidium no lodo, na situação 2. No
entanto, com relação à água decantada, observa-se que a presença de oocistos de
Cryptosporidium é maior na situação 1, o que contradiz as afirmações anteriores. Os
pesquisadores creditaram essas diferenças às limitações do método de detecção utilizado.
Apesar da necessidade da realização de maior número de experimentos, Pereira et al.
(2005), constataram que a utilização de dosagem de coagulante dentro da região “ótima”
proporciona maiores remoções de turbidez e que há uma tendência de maiores remoções de
oocistos de Cryptosporidium na região “ótima” para a coagulação, haja vista que um
grande número de oocistos foi detectado no lodo sedimentado, quando se trabalhou nessas
condições.
Shaw et al. (2000) investigaram o recobrimento da superfície do meio filtrante (de areia)
por óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio em filtração, como meio de promover o
aumento de remoção de oocistos de Cryptosporidium. Os experimentos foram realizados
por filtração ascendente em colunas de 10, 20, 30 e 40 cm de comprimento e 15 mm de
diâmetro. A areia utilizada possuía diâmetro entre 0,6 e 0,7 mm. Para o recobrimento da
areia foram utilizadas soluções de 0,4M AlCl
3
x 6H
2
O e de 0,2M FeCl
3
x 6H
2
O. Foram
realizados experimentos em paralelo com areia recoberta e areia sem recobrimento, com
taxas de 203,5 m/d, 407 m/d, 610,5 m/d e 814 m/d. A água de alimentação utilizada foi
45
uma combinação de água deionizada com MgSO
4
x 7H
2
O, CaSO
4
x 2H
2
O, NaHCO
3
,
NaCl, KNO
3
e oocistos de Cryptosporidium na ordem de 500 a 1000 oocistos/mL, com pH
de 7,0.
Shaw et al. (2000) observaram que o recobrimento das partículas de areia resultou em
maior eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium, quando comparadas com as
remoções em areia sem recobrimento. Quando se utilizou taxa de filtração de 407 m/d e
coluna de filtração com comprimento de 40 cm, a remoção de oocistos de Cryptosporidium
com areia recoberta foi superior a 90%. Entretanto, quando se utilizou areia sem
recobrimento, essa remoção foi inferior a 80%. Além disso, nessas condições, o
recobrimento das partículas de areia não afetou a duração das carreiras de filtração (420
minutos).
Segundo o estudo, a remoção de oocistos de Cryptosporidium foi maior em todos os
experimentos onde se utilizou areia recoberta, independente do comprimento dos filtros
utilizados. No entanto, quanto maior o comprimento do filtro, maior a remoção de oocistos
de Cryptosporidium. Esse fato também foi comprado com a utilização de taxas de filtração
distintas. Para todas as taxas de filtração testadas, a remoção de oocistos de
Cryptosporidium foi sempre superior quando se utilizou areia recoberta. Entretanto, as
remoções foram menores à medida que ocorreu aumento nas taxas de filtração.
Para Shaw et al. (2000), o aumento da remoção de oocistos de Cryptosporidium foi
atribuído à mudança no potencial zeta da areia, de eletronegativo para eletropositivo,
resultando em uma diminuição da repulsão eletrostática entre a areia e os oocistos
eletronegativos de Cryptosporidium.
Gitis et al. (2002) realizaram experimentos em escala piloto por meio de filtração direta
descendente em camada única de areia, sem pré-floculação, para analisar a influência da
presença de caulim na remoção de oocistos de Cryptosporidium. Foram inoculados
oocistos de Crytposporidium na ordem de 8 x 10
6
oocistos/L. Para a detecção desses
oocistos foi utilizada técnica de análise da imunofluorescência. A água utilizada para
abastecer o filtro, em alguns experimentos, foi água de torneira desclorada por osmose
reversa adicionada de partículas de caulim, na concentração de 10 mg/L. Foi utilizado
como coagulante o sulfato de alumínio, com dosagem “ótima” de 20 mg/L. Para efeito de
comparação, alguns experimentos de filtração foram realizados sem a adição de
46
coagulante. Foram realizados experimentos com taxas de filtração de 5 m/h e 10 m/h. A
Tabela 3.23 resume as condições experimentais e os valores dos coeficientes de filtração k
a
e λ
0.
Tabela 3.23 – Condições experimentais e valores dos coeficientes de filtração k
a
e λ
0 –
Gistis et al., 2002 (modificado)
Caulim
(mg/L)
Taxa filtração
(m/h)
Coagulante
(mg/L)
λ
0
(m
-1
)
k
r
(m
-1
)
Taxa residual aproximada
oocistos de Cryptosporidium
NA 5 NA 0 0,1 0,6 - 1,0
10 5 NA 2,39 2,95 0,2 - 0,4
NA 10 NA 0,51 0,50 0,7 - 1,2
10 10 NA 2,56 4,15 0,2 - 0,4
NA 5 20 15,54 19,5 0,001 - 0,009
10 5 20 16,91 24,9 0,001 - 0,003
NA 10 20 12,58 24,5 NF
10 10 20 14,58 27,0 NF
Legenda: NA = Não aplicado; NF = Valores não fornecidos.
Os estudos indicaram melhor remoção de oocistos de Cryptosporidium com adição de
caulim. Na ausência de floculação, as partículas de caulim são estruturadas como camadas
com cargas positivas parciais em sua extremidade, formando um bloco de depósito junto
ao meio filtrante. Após o bloco formado, o caulim funciona como “ponte” adesiva
eletrostática entre o meio filtrante de areia e os oocistos de Cryptosporidium, ambos
carregados negativamente.
Quando se adiciona o sulfato de alumínio como coagulante, a presença de caulim ajuda a
criar melhores condições hidrodinâmicas por meio da formação de flocos menores e mais
densos de caulim-alumínio-oocistos de Cryptosporidium. Sendo assim, como se pode
observar na Tabela 3.23, a adição de coagulante é imprenscindível para proporcionar
remoções eficientes de oocistos de Cryptosporidium, porém a presença de caulim tende a
aumentar essas remoções.
A adesão eletrostática dos oocistos de C. parvum nas partículas de caulim fez com que o
caulim agisse como um agente retardador nas colunas de filtração. Esse artifício favoreceu
a redução do período de amadurecimento da filtração e a diminuição de residual de
turbidez e de oocistos de Cryptosporidium no efluente, pela adição de partículas com áreas
47
superficiais grandes. Esta redução pode ser crucial em países que possuem reservas
limitadas de água.
No entanto, é importante destacar que altas concentrações de caulim podem gerar
colmatação do meio filtrante e diminuição das carreiras de filtração e dosagens baixas
podem não surtir efeito no tratamento por filtração. Segundo Gistis et al. (2002), outros
estudos devem ser realizados de modo a comprovar a eficiência do caulim em estações de
tratamento em escala real.
Ao analisar os dados referentes aos experimentos abordados nessa revisão bibliográfica,
pode-se observar que a remoção média de oocistos de Cryptosporidium por meio de
filtração direta é similar a remoção média por meio de tratamento convencional. Essas
remoções são geralmente superiores a 2,0 log, preconizado pela USEPA. Quando a
tecnologia de flotação por ar dissolvido é empregada em conjunto com a tecnologia de
filtração em dupla camada, a remoção de oocistos de Cryptosporidium pode ser de
aproximadamente 5,0 log. Entretanto, a única tecnologia capaz de garantir total remoção
de Cryptosporidium é aquela que utiliza membranas no tratamento de águas para
abastecimento.
A maioria dos pesquisadores estudados atesta que diferentes meios filtrantes não geram
diferenças significativas nas remoções de oocistos de Cryptosporidium. Além disso, pode-
se observar que oocistos de Cryptosporidium são mais difíceis de serem removidos do que
os cistos de Giardia. Quanto à taxa de filtração, não houve consenso entre os
pesquisadores. Enquanto alguns atestaram que taxas distintas podem gerar remoções
distintas de organismos patogênicos, outros chegaram à conclusão oposta.
De acordo com os trabalhos avaliados, números reduzidos de oocistos de Cryptosporidium
já são suficientes para causar infecções. Sendo assim, deve-se continuar investindo em
estudos a respeito de tecnologias de filtração para a remoção de oocistos de
Crypstosporidium, principalmente aquelas consideradas alternativas ao tratamento
convencional. A filtração direta deve ser avaliada de forma cuidadosa, a fim de chegar a
conclusões precisas e seguras quanto à utilização dessa tecnologia para tratar águas
destinadas ao consumo humano.
48
3.4 – ASSOCIAÇÃO ENTRE INDICADORES E OOCISTOS DE Cryptosporidium
Métodos atualmente utilizados para a detecção e quantificação de cistos de Giardia e
oocistos de Cryptosporidium em corpos de água e águas de abastecimento apresentam
limitações analíticas, consomem tempo e são caros quando comparados com métodos
usados para medir outros parâmetros de qualidade da água. Se uma forte associação for
estabelecida entre concentrações de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium e um
ou mais parâmetros de qualidade da água, então as concentrações de parasitas podem ser
estimadas com confiabilidade pelas medidas dos parâmetros correlacionados (Atherholt et
al., 1998).
A confiabilidade deve ser observada no momento da escolha de parâmetros substitutos
para a avaliação da remoção de Cryptosporidium. Segundo Bastos et al. (2000), para que
um organismo seja considerado indicador de eficiência, é necessário que esse organismo
seja mais resistente ao processo de tratamento que os patógenos e que o mecanismo de
remoção de ambos seja igual.
A turbidez, contagem de partículas e as bactérias do grupo coliforme são parâmetros
frequentemente usados na avaliação da performance dos filtros. Pelo fato das medidas
destes parâmetros serem simples e/ou baratas e usadas no dia-a-dia das operações das
estações de tratamento de água, são, geralmente, consideradas medidas substitutas para
indicar a presença e a remoção de organismos patogênicos como a Giardia e o
Cryptosporidium (Swertfeger et al., 1999). Alguns substitutos como as esferas de
poliestireno e algas têm sido sugeridas por diferentes pesquisadores (LeChevallier e
Norton, 1992, Li et al., 1997 e Akiba et al., 2002).
Entretanto, segundo Bastos et al. (2000), as bactérias do grupo coliforme, indicadores mais
comuns para caracterizar a qualidade microbiológica da água, só se prestam como
indicadores confiáveis da remoção de bactérias patogências, não sendo considerados bons
indicadores da presença de cistos e oocistos de protozoários, porque de forma geral, as
bactérias são destruídas por desinfecção, enquanto os protozoários são removidos pela
filtração. Além disso, enquanto as bactérias não são resistentes aos agentes desinfetantes,
os protozoários são praticamente imunes.
49
Considerando as concentrações usualmente encontradas nos mananciais de cistos de
Giardia e de oocistos de Cryptosporidium, os Estados Unidos têm sugerido como risco
aceitável 10
-4
(USEPA, 1998),
ou seja, 1 infecção em cada 10.000 pessoas, por ano. Dessa
forma, a concentração de Giardia e de Cryptosporidium em água tratada, não pode exceder
10
-2
cistos/10L e 6 x 10
-4
oocistos/10L, respectivamente (Rose et al., 1991). Sendo assim,
para a realidade americana, a USEPA (1998) remomenda a remoção de 99% (2 log) de
oocistos de Cryptosporidium e a remoção de 99,9% (3 log) de cistos de Giardia, assim
como a manutenção de turbidez na água filtrada inferior a 0,3 UT, em 95% do tempo.
Xagorataki et al. (2004) avaliaram a remoção de organismos patogênicos emergentes
(oocistos de Cryptosporidium parvum, esporos de Encephalitozoon intestinalis, E. coli e
Aeromonas hydrophila) e a remoção de indicadores desses patógenos (turbidez e
Bacteriofagos MS2) por meio de tratamento convencional, em escala piloto. O trabalho
tinha como objetivo verificar a pertinência da recomendação da USEPA (1998) de reduzir
a turbidez nos efluentes de filtros de 0,5 UT para 0,3 UT.
Segundo os resultados do estudo, em todas as situações avaliadas, a melhor remoção de
organismos patogênicos e aumentos significativos na qualidade microbiológica do efluente
ocorreu quando a turbidez do efluente filtrado foi inferior a 0,2 UT. Para esses
pesquisadores, quando os valores de turbidez se mantiveram entre 0,3 e 0,5 UT, não
ocorreram diferenças significativas entre as remoções de oocistos de Cryptosporidium.
Sendo assim, Xagorataki et al. (2004) sugerem que a redução de 0,5 UT para 0,3 UT,
como preconizado pela USEPA, pode não significar aumento na confiabilidade do controle
de patógenos.
Os resultados obtidos sugeriram também que a otimização das estações de tratamento de
água para elevada remoção de turbidez e de matéria orgânica natural (MON) tende a gerar
aumento na remoção de patógenos. Dessa forma, segundo esses pesquisadores, ao ocorrer
otimização do processo de coagulação para reduzir a turbidez e principalmente a MON,
pode-se aumentar a remoção de patógenos emergentes.
Na Inglaterra e País de Gales, mediante a regulação do The Drinking Water Inspectorate
(1999), o número máximo permitido para oocistos de Cryptosporidium em água tratada é
de 1 oocisto/10L, o que corresponde a um risco anual de infecção de 10
-1
, mais tolerante do
que o risco assumido nos Estados Unidos.
50
No Brasil, há escassez de dados sobre ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptoporidium em águas brutas e tratadas. Embora a presença desses protozoários em
águas para consumo gere um importante problema de saúde pública, ainda não se
conhecem os riscos potenciais. Sendo assim, a Portaria MS 518 do Ministério da Saúde,
em seu artigo 11 recomenda que no controle microbiológico da água para consumo
humano devem ser incluídas pesquisas de enterovírus, cistos de Giardia spp. e ooscistos de
Cryptosporidium sp., dentre outros, com o objetivo de atingir, como meta, um padrão de
ausência desses microorganismos. O artigo 12 da mesma portaria observa que “com vistas
a assegurar a adequada eficiência de remoção de enterovírus, cistos de Giarida spp. e
oocistos de Cryptosporidium sp., recomenda-se, enfaticamente, que, para a filtração rápida
(no tratamento completo ou na filtração direta), se estabeleça como meta a obtenção de
efluente filtrado com valores de turbidez inferiores a 0,5 UT em 95% dos dados mensais e
nunca superiores a 5,0 UT (Brasil, 2004).
Entretanto, de acordo com os comentários sobre a Portaria MS 518/2004 (Brasil, 2005),
embora as evidências indiquem a adoção de um padrão mais rigoroso de turbidez de água
filtrada (turbidez inferior a 0,3 UT), argumentos de ordem prático-econômica sustentam a
manutenção dos padrões sitados anteriormente.
Devido a necessidade de monitorar de forma rápida, precisa, confiável e barata as estações
de tratamento de água, estudos foram realizados ao longo dos anos com o objetivo de
apontar indicadores confiáveis de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium. Esses
estudos são relatados a seguir.
LeChevallier et al. (1991) estudaram o comportamento da remoção de cistos de Giardia,
oocistos de Cryptosporidium, turbidez e partículas em 66 estações de tratamento de águas
superficiais nos Estados Unidos e no Canadá. Foram coletadas 82 amostras de água
filtrada, sendo 14 provenientes da filtração rápida por camada de areia, 12 provenientes da
filtração em dupla camada, 23 provenientes da filtração em múltiplos meios e 33
provenientes da filtração em GAC.
Segundo LeChevallier et al. (1991), o valor médio de turbidez para efluentes filtrados, mas
que apresentaram a presença de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, foi de
0,19 UT. Cistos de Giardia foram encontradas em 17,4% da amostras de água filtrada, com
51
média geométrica de 4,45 cistos/L, enquanto oocistos de Cryptosporidium foram
encontrados em 26,8% das amostras com média geométrica de 1,52 oocistos/L.
Esses pesquisadores não encontraram correlação quando compararam as remoções de
cistos de Giardia com as remoções de turbidez. Entretanto houve correlação positiva entre
as remoções de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia, porém pouco
significativa, com coeficiente de correlação de 0,412. Quando as estações de tratamento
foram analisadas individualmente, houve aumento das correlações entre essas remoções.
Na mesma pesquisa, LeChevallier et al. (1991) encontraram correlação estatística
significativa entre a remoção de partículas entre 5 e 15 µm e remoção de cistos de Giardia
spp. e oocistos de Cryptosporidium spp., com coeficiente de correlação de 0,82 e 0,83,
respectivamente. As boas correlações encontradas pelos pesquisadores podem estar
relacionadas ao fato da escolha da faixa do tamanho de partículas, que em grande parte
contempla a faixa de tamanho dos oocistos de Cryptosporidium (2 a 6 µm) e dos cistos de
Giardia (8 a 14 µm).
Já LeChevallier e Norton (1992) examinaram as concentrações de partículas, turbidez,
cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium em amostras de águas brutas e filtradas
nos Estados Unidos e no Canadá.
Esses pesquisadores constataram que correlações significativas foram observadas entre as
remoções de partículas (maiores do que 5 µm) e as remoções de cistos de Giardia (R
2
=
0,879) e as remoções de partículas e as remoções de oocistos de Cryptosporidium (R
2
=
0,830). Também foram observadas correlações significativas entre as remoções de turbidez
e as remoções de cistos de Giardia e as remoções de turbidez e as remoções de oocistos de
Cryptosporidium. Os dados indicaram que para 1 log de redução na contagem de
partículas, 0,66 log de remoção era alcançada para cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium. Os dados de turbidez indicaram que para 1 log de remoção de turbidez,
0,89 log de remoção era alcançada para esses parasitas.
Os experimentos realizados por esses pesquisadores indicaram que a contagem de
partículas é sensível a pequenas mudanças na operação das estações de tratamento, dessa
forma, os níveis de contagem de partículas e de tubidez podem ser proveitosos indicadores
da eficiência dos tratamentos na remoção dos oocistos de Cryptosporidium e cistos de
52
Giardia, quando utilizados em um tratamento isolado, podendo indicar quando os filtros
não estão trabalhando corretamente. No entanto, essa relação provavelmente não se
mantém para todas as estações de tratamento.
Nieminski e Ongerth (1995) estudaram as remoções de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium em estações de tratamento convencional e de filtração direta, em escala
piloto e escala real.
Esses pesquisadores observaram que a remoção de partículas com tamanho variando entre
4 a 7 µm apresentou correlação significativa com a remoção de oocistos de
Cryptosporidium (R
2
= 0,82, para p< 0,1). Similarmente, a remoção de partículas com
tamanho entre 7 e 11 µm, foi significativamente correlacionada com a remoção de cistos
de Giardia (R
2
= 0,79, para p< 0,1). Menores correlações foram observadas entre a
remoção de oocistos de Cryptosporidium e a turbidez e cistos de Giardia e turbidez, com
R
2
= 0,64, para p< 0,1 e R
2
= 0,55, para p< 0,1, respectivamente. Entretanto, não foram
observadas correlações significativas entre as remoções dos oo(cistos) desses protozoários
e bactérias heterotróficas.
Sendo assim, Nieminski e Ongerth (1995) concluíram que a remoção de turbidez pode ser
usada como indicador de menor precisão na remoção de cistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium. Entretanto, assim como LeChevallier et al. (1991), esses pesquisadores
observaram que a remoção de partículas do tamanho dos cistos de Giardia e dos oocistos
de Cryptosporidium pode ser usada como indicador confiável para a remoção desses
oo(cistos).
Por fim, Nieminski e Ongerth (1995) constataram que eficiências de remoção consistentes
para cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium foram atingidas quando as estações
de tratamento produziram água de baixa turbidez (0,1 a 0,2 UT). Esse fato também foi
comprovado por Xagorataki et al. (2004).
Plumer et al. (1995), realizaram experimentos em escala de bancada para comparar a
remoção de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia por processo de sedimentação
e de flotação, com a utilização de cloreto férrico como coagulante. Segundo esses
pesquisadores, a flotação foi mais eficiente do que a sedimentação na remoção de
oo(cistos) desses protozoários. Além disso, foi observada correlação entre a remoção de
turbidez e a remoção de oocistos de Cryptosporidium, com R
2
= 0,53, o que demonstra que
53
53% da remoção de oocistos de Cryptosporidium podem ser indicados pela remoção de
turbidez.
Li et al. (1997) avaliaram a confiabilidade do emprego de indicadores na remoção de
oocistos de Cryptosporidium, em Cincinati, Ohio. Os experimentos foram realizados por
filtração em escala real. Foram inoculados em média 3 x 10
4
oocistos/L de
Cryptosporidium e 5,5 x 10
4
microesferas de polistireno4 a 6 µm .
De acordo com esses pesquisadores, ocorreu correlação significativa entre as remoções de
oocistos de Cryptosporidium e a remoção de microesferas de polistireno de 4 a 6 µm (R
2
=
0,98). Segundo Li et al. (1997), esse fato pode ser explicado porque as microesferas têm
dimensões semelhantes às dimensões dos oocistos de Cryptosporidium e dessa forma, suas
remoções se comportaram de maneira similar. Correlações significativas também foram
observadas entre as remoções de turbidez (R
2
= 0,969) e contagem de partículas entre 1 e
25 µm (R
2
= 0,979). Entretanto, além dessas corelações serem um pouco menos
significativas, o comportamento das remoções de turbidez e de partículas entre 1 e 25 µm
foi distinto do comportamento das remoções de oocistos de Cryptosporidium.
Sendo assim, Li et al. (1997) observaram que as microesferas de polistireno de 4 a 6 µm
podem ser consideradas bons substitutos para avaliar as remoções de oocistos de
Cryptosporidium em filtração física, sem adição de coagualntes químicos. Contudo, a
turbidez e a contagem de partículas entre 1 e 25 µm, quando utilizadas, poderão sofrer
limitações impostas pelas variações naturais na fonte de água e mudanças sazonais.
Nos estudos realizados por Swertfeger et al. (1999) para determinar o efeito dos meios
filtrantes na remoção de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, constatou-se que
a remoção de partículas (estimada pela contagem de partículas) e a remoção de turbidez foi
muito menor que a remoção dos protozoários, como mostrado nas Tabelas 3.24 e 3.25.
Estes dados sugerem que o uso da remoção de turbidez e a utilização de contagem de
partículas podem subestimar a eficiência dos processos de tratamento de água, como foi
demonstrado em estudo piloto realizado. Comparações confiáveis entre a remoção de
parasitas e a remoção de parâmetros substitutos estão provavelmente ligadas a locais
específicos e condições locais.
54
Tabela 3.24 – Remoção média de oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia
Swertfeger et al., 1999 (modificado)
Tipo do filtro
Remoção média cistos
Giardia (log)
Remoção média oocistos
Cryptosporidium (log)
Verão Inverno Verão Inverno
Camada única > 4,4 2,7 2,7 2,8
Dupla camada > 4,5 2,9 2,7 3,2
Dupla camada (profundo) > 4,5 3 3,9
3,6
Tabela 3.25 – Remoção média de turbidez e de partículas totais – Swertfeger et al., 1999
(modificado)
Tipo do filtro
Remoção média de
turbidez (log)
Remoção média partículas
totais (> 2µm)
Verão Inverno Verão Inverno
Camada única 1,45 1,11 1,47 1,16
Dupla camada 1,45 1,08 1,83 0,72
Dupla camada (profundo) 1,5
1,03
1,51
0,99
No Brasil, Vieira et al. (2000) avaliaram a associação entre ocorrência de indicadores
bacteriológicos (E.coli, coliformes totais, Clostrídios sulfito redutores e Enterococcus spp.)
e a turbidez e os oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia nos esgotos sanitários da
bacia de Ribeirão Arrudas, Belo Horizonte, MG. As concentrações dos oo(cistos) de
protozoários foram realizados por duas técnicas distintas: centrifugação e floculação, e a
identificação foi realizada pela técnica de imunofluorescência utilizando-se o kit Merifluor
C/G.
Esses pesquisadores observaram similaridade entre a presença de oocistos de
Cryptosporidum e de cistos de Giardia, com R
2
= 0,4132 para a técnica de floculação e R
2
= 0,5212 para a técnica de centrifugação. Entretanto, não se observou associação entre a
ocorrência dos indicadores bacteriológicos pesquisados e os (oo)cistos de Cryptosporidium
e Giardia e entre a turbidez e os (oo)cistos desses protozoários. Esses resultados atestam
que os indicadores bacterianos não podem ser utilizados como indicadores de presença de
protozoários, provavelmente pelo fato de possuírem características físico-morfológicas
distintas, o que também foi relatado por Bastos et. al (2000).
Hashimoto et al. (2001), monitoraram as remoções de oocistos de Cryptosporidium, cistos
de Giardia e turbidez em uma estação de tratamento convencional de água em Kanagawa
no Japão, com a utilização de sulfato de alumínio como coagulante.
55
Esses pesquisadores observaram remoção média de 3,07 log de turbidez (com faixa de
variação de 2,54 log a 3,60 log). Foram observadas também remoções semelhantes para os
oocistos de Cryptosporidium e os cistos de Giardia, com valores de remoção média de
2,54 log e 2,53 log, respectivamente (com faixa de variação de 2,00 log a 3,18 log para
oocistos de Cryptosporidium e 1,74 log a 3,06 log para cistos de Giardia). Como se pode
observar, a remoção de turbidez foi um pouco maior do que a remoção de cistos de
Giardia e oocistos de Cryptosporidium, com aproximadamente 0,5 log de diferença.
Entretanto, não foi encontrada significativa correlação estatística entre a remoção da
turbidez e a remoção de oocistos de Cryptosporidium, com R
2
= 0,247. Além disso, não foi
possível realizar comparações entre as remoções de cistos de Giardia e a remoção de
turbidez devido ao número insuficiente de dados avaliados para cistos de Giardia.
Edzwald et al. (2001) realizaram experimentos em escala piloto utilizando a coagulação
com sulfato de alumínio, clarificação por FAD e filtração em dupla camada, para avaliar as
remoções de oocistos de Cryptosporidium, turbidez e partículas em diferentes estações do
ano. Os resultados desse estudo estão resumidos na Tabela 3.26.
Tabela 3.26 – Residual de turbidez, de partículas e remoção de oocistos de
Cryptosporidium – Edzwald et al., 2001 (modificado)
Efluente Turbidez (UT)
Partículas/mL
(2 a 15 µm)
Remoção oocistos
Cryptosporidium
Inverno Primavera Inverno Primavera Inverno Primavera
FAD
0,71 - 0,75 0,49 - 0,76 490 - 540 160 - 570 1,7 2,5
Filtro
0,03 - 0,05 0,03 - 0,05 65 - 120 10 - 20 > 5,4 > 5,5
Legenda: FAD = flotação por ar dissolvido
Apesar de não terem sido feitas comparações diretas ou estudos de correlações entre as
remoções da turbidez, as remoções da contagem de partículas e as remoções de oocistos de
Cryptsoporidium, Edzwald et al. (2001) acreditam que um bom tratamento de água que
produza baixos níveis de turbidez e de partículas, condiciona boas remoções de oocistos de
Cryptosporidium, como pode ser observado na Tabela 3.22.
States et al. (2002) analisaram a utilização da coagulação melhorada na remoção de
oocistos de Cryptosporidium, turbidez e partículas, por meio de tratamento convencional
em escala piloto. Foram realizados experimentos em temperatura ambiente (maior do que
15 °C) e em temperaturas mais baixas (média de 4 °C). Além disso, foram utilizados o
56
PAC (27,5 mg/L), o sulfato de alumínio (17 mg/L) e o cloreto férrico (18 mg/L) como
coagulantes, sendo testados pH de 5,0, 6,5 e 8,0.
Segundo States et al. (2002), os níveis de turbidez da água tratada foram considerados
uniformemente baixos, com valores menores do que 0,11 UT para todas as condições
testadas. Esse fato sugere que o tratamento convencional foi eficiente na remoção de
turbidez. Entretando, ao se utilizar 17 mg/L de sulfato de alumínio como coagulante, para
valores de pH 5,0 e temperatura de 5 °C, observou-se menor remoção de oocistos de
Cryptosporidium (2,3 log) quando comparados com as outras situações avaliadas. Porém,
mesmo para essas condições, a turbidez do efluente se manteve baixa, com valores de
0,062 UT, inclusive inferior a valores obtidos em outras condições. Sendo assim, esses
pesquisadores acreditam que a turbidez nem sempre pode ser considerada como um
substituto confiável para a remoção de oocistos de Cryptosporidium.
Com relação a contagem de partículas, os estudos realizados por States et al. (2002)
sugeriram que as menores contagens de partículas no efluente filtrado ( 60 partículas/mL)
tenderam a ocorrer em temperaturas mais baixas (< 15 °C) e que as maiores contagens (
60 partículas/mL) tenderam a ocorrer em condições de temperatura ambiente. Esse fato foi
justificado pela presença de maior número de algas no manancial superficial de
alimentação dos filtros, nos períodos mais quentes, sendo mais difíceis de serem removidas
pelo tratamento convencional e podendo passar através do meio filtrante, sendo contados
como partículas.
Similarmente ao que ocorreu com a turbidez, baixas contagens de partículas no efluente
tratado (2 partículas/mL, para partículas entre 4 e 6 µm e entre 6 e 18 µm) foram obtidas
no experimento em que as remoções de oocistos de Cryptosporidium foram menores (2,3
log). Então, nas condições estudadas, a contagem de partículas também não pode ser
considerada freqüentemente como um bom indicador da eficiência da remoção de oocistos
de Cryptosporidium, porque em alguns casos, as células das algas, que são registradas na
contagem de partículas podem passar através da barreira do tratamento convencional,
enquanto os oocistos podem estar sendo removidos.
Huck et al. (2002a) avaliaram a relação entre as remoções de turbidez e de partículas e a
remoção de oocistos de Cryptosporidium por meio de tratamento convencional em escala
piloto com filtros de dupla camanda. Na realização dos experimentos foi utilizado o sulfato
57
de alumínio como coagulante e foram inoculados oocistos de Cryptosporidium na ordem
de 10
5
oocistos/L. Foram avaliadas condições distintas de operação: amadurecimento,
operação regular do filtro e traspasse, bem como os efeitos da utilização de coagulação
com dosagens “ótimas” e sub-ótimas.
Dos resultados desse estudo observa-se que durante a operação regular do filtro, a remoção
média de oocistos de Cryptosporidium para as três localidades estudadas (5,5 log, 3,0 log e
4,1 log) foi superior à remoção média de partículas (3,6 log, 2,5 log e 1,6 log). Além disso,
a relação entre esses dois parâmetros não foi uma relação quantitativa. Sendo assim, a
contagem de partículas não deve ser considerada como indicador quantitativo para a
remoção de oocistos de Crypstosporidium, sob suspeita de induzir a valores conservativos,
nessa etapa do processo. Similarmente, em todos os estudos realizados na condição regular
de operação de filtro, as médias da turbidez efluente sempre foram menores do que 0,1 UT,
mesmo em situações em que as remoções de oocistos de Cryptosporidium foram menores
(3,0 log). Então, a turbidez também não pode ser considerada como indicator quantitativo
de oocistos de Cryptosporidium, nessas condições.
No período de amadurecimento do filtro, o decréscimo médio de remoção de oocistos de
Cryptosporidium (< 0,4 log e 0,1 log) foi menor do que o decréscimo médio de remoção
das partículas (0,7 log e 0,3 log), nas duas estações estudadas, quando comparados com a
operação regular do filtro. Por outro lado, no final da carreira de filtração (traspasse),
ocorreu situação inversa da anterior. Foram observados maiores decréscimos médios de
remoção de oocistos de Cryptosporidium (5,5 log e 0,6 log), quando comparados com os
decréscimos observados na remoção de partículas (0,7 log e 0, 2log). Então, pequenos
aumentos na contagem de partículas durante esse período podem ser importantes.
Quando foi utilizada a coagulação sub-ótima, houve uma substancial deterioração na
remoção de oocistos de Cryptosporidium e uma similar redução média da remoção de
partículas de aproximadamente 2 log. Entretanto, quando todas as condições de coagulação
foram consideradas, a remoção de oocistos de Cryptosporidium foi altamente
correlacionada com a remoção de partículas em uma dada estação de tratamento, com R
2
=
0,87. No entanto, em outra estação, essa correlação foi menor, com valores de R
2
= 0,60.
Sendo assim, como aumentos na turbidez sob condições não-ótimas de coagulação foram
menos correlacionados com a deterioração da remoção de oocistos de Cryptosporidium, a
58
contagem de partículas pode ser uma ferramenta mais promissora para monitorar, em
escala real, possíveis deteriorações na capacidade de remoção de oocistos de
Cryptosporidium.
Kim et al. (2002) avaliaram a utilização de Scenedesmus quadricauda (tipo de alga verde)
como parâmetro substituto para a remoção de oocistos de Cryptosporidium. Para tal, foram
introduzidas diferentes concentrações iniciais de algas e de C. parvum no afluente de uma
instalação piloto de filtração direta em areia. O estudo concluiu que as concentrações de S.
quadricauda e de oocistos de C. parvum dependem da concentração dos afluentes,
enquanto as eficiências de remoção parecem ser independentes, com variação de 2,1 log a
2,6 log. Também, foi relatado pelos autores que o comportamento e a eficiência de
remoção do S. quadricauda foi muito similar à dos oocistos de Cryptosporidium com alta
correlação (R
2
= 0,95). Os resultados sugerem que o uso de Scenedesmus quadricauda
pode ser confiável e aceitável para estimar a eficiência de remoção de oocistos de C.
parvum nos processos convencionais de tratamento de água.
Akiba et al. (2002) também analisaram o comportamento da remoção de algas (cianofitas,
clorofitas e diatomáceas) e de oocistos de Cryptosporidium em estações de tratamento
convencional. Além disso, esses pesquisadores realizaram experimentos em teste de jarros
e em escala piloto de filtração direta para avaliar as remoções de oocistos de
Cryptosporidium e de algas (Microcystis viridis, Microcystis aeruginosas e Selenastrum
capricornutum).
Akiba et al. (2002) observaram que a remoção média de algas por tratamento convencional
em escala real (2,88 log) foi similar a remoção média de oocistos de Cryptosporidium
(2,25 log). Além disso, a faixa de remoção das algas clorofitas foi a mais próxima da faixa
de remoção dos oocistos de Cryptosporidium. Com relação aos experimentos realizados
em testes de jarros, pequenas diferenças de remoção foram observadas entre as algas e os
oocistos de Cryptosporidium. As remoções de algas variaram entre 1,15 log para M.
aeroginosa a 2,05 log para M. viridis. Entretanto, a remoção de S. capricornutum (1,51
log) foi a mais próxima da remoção de oocistos de Cryptosporidium (1,49 log). Mais uma
vez, ao observar as remoções por filtração direta, constatou-se que as características de
coagulação e de filtração para os oocistos de Cryptosporidium foram similares às
características para a S. capricornutum.
59
Dessa forma, assim como Huck et al. (2002a) e Kim et al. (2002) esses pesquisadores
concluíram que, embora o monitoramento e o controle de turbidez em estações de
tratamento de água seja um parâmetro constantemente usado como indicador de oocistos
de Cryptosporidium, o monitoramento da contagem de partículas pode ser uma ferramenta
importante para indicar a qualidade dos processos de tratamento de água. Além disso, as
algas e principalmentre a S. capricornutum foram consideradas como substitutos
apropriados para a remoção de oocistos desses protozoários.
Hsu e Yeh (2003) observaram a partir de experimentos em estações piloto em Taiwan, uma
grande correlação entre a turbidez presente na água e a presença de oocistos de
Cryptosporidium. Resultados similares também foram encontrados entre partículas de
tamanhos entre 3-5 µm, 5-8 µm e 8-10 µm e oocistos de Cryptosporidium. Porém, os cistos
de Giardia não foram correlacionados com os três tamanhos de partículas e nem com a
turbidez. Dessa forma, esses pesquisadores concluíram que partículas com tamanhos
similares aos oocistos de Cryptosporidium, assim como a turbidez, podem ser usadas para
indicar a presença de oocistos de Cryptosporidium na água, o que já havia sido relado por
LeChevallier et al. (1991) e outros.
No Brasil, Berino e De Luca (2003) verificaram a ocorrência de oocistos de
Cryptosporidium sp., cistos de Giardia sp., turbidez e coliformes totais, entre outros, em
águas brutas dos formadores do lago Guaíba, de modo a observar se houve correlações
significativas entre os (oo)cistos desses protozoários e os parâmetros ambientais
monitorados. Os oocistos de Cryptosporidium e os cistos de Giardia foram detectados por
meio do método 1623 da USEPA, com algums variações. A Tabela 3.27 indica os valores
de correlação de Pearson encontrados.
Tabela 3.27 – Coeficientes de correlação de Pearson Berino e De Luca, 2003 (modificado)
Coeficientes de Correlação
Turbidez
Coliformes
Fecais
oocistos
Cryptosporidium
cistos de
Giardia
oocistos
Cryptosporidium
0,235 0,518 1 0,174
cistos de Giardia
0,358 0,433 0,174 1
Berino e De Luca (2003) observaram que não ocorreram correlaçõs significativas entre os
cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium presentes nas águas superficiais avaliadas.
Esses pesquisadores constataram também que não ocorreram correlações significativas
60
entre os (oo)cistos desses protozoários e a turbidez. Correlações pobres, mas superiores às
anteriores foram verificadas entre os cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium e os
coliformes fecais. Sendo assim, a turbidez e os coliformes fecais não podem ser
considerados bons indicadores da presença de cistos de Giardia sp. e oocistos de
Cryptosporidium sp.
Também no Brasil, Ladeia (2004) analisou a presença de cistos de Giardia, oocistos de
Cryptosporidium, turbidez e indicadores bacteriológicos de qualidade da água (coliformes
totais, E. coli, esporos de bactérias anaeróbias e Clostridium perfrigens, esporos de
bactérias aeróbias e Bacillus subtillis) em mananciais de Montes Claros, MG.
De acordo com os estudos desenvolvidos por Ladeia (2004), foram encontradas boas
correlações entre os oocistos de Cryptosporidium e os esporos aeróbios (r = 0,630), o C.
perfringens (r = 0,542) e a turbidez (r = 0,54) na água bruta. Não foi possível verificar
correlações na água filtrada, já que não foi possível detectar a presença de oocistos de
Cryptosporidium nos efluentes tratados. Dessa forma, essa pesquisadora recomenda
estudos mais aprofundados entre esses parâmetros, de modo a confirmar se os esporos
aeróbios, o C perfringes e a turbidez podem ser considerados indicadores de oocistos de
Cryptosporidium.
Devido a carência de trabalhos no Brasil para avaliar possíveis indicadores de oocistos de
Cryptosporidium e cistos de Giardia e a dificuladade de obtenção de indicadores seguros e
confiáveis, há a necessidade de realização de trabalhos consistentes para obtenção de
indicadores apropriados para a remoção desses protozoários patogênicos.
Entretanto, é importante destacar que para condições operacionais apropriadas,
principalmente no que se refere ao processo de coagulação empregado, a otimização de
estações de tratamento de água para os parâmetros de turbidez e matéria orgânica natural,
assim como para partículas, tem gerado níveis eficientes de tratamento para a remoção de
oocistos de Cryptosporidium. E, sendo a turbidez um parâmetro de qualidade da água
frequentemente medido em estações de tratamento devido a fácil detecção e ao baixo custo
de análise, há a possibilidade de se considerá-lo como substituto na remoção de oocistos de
Cyrptosporidium.
61
4 – METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Águas (LAA) do
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília durante o
período de agosto de 2005 à julho de 2006. Para atingir os objetivos propostos, foram
realizados experimentos em escala de bancada e em instalação piloto. A etapa efetuada em
escala de bancada, consistiu em ensaios de coagulação que forneceram subsídios para a
etapa seguinte, que englobou a realização de experimentos de filtração direta descendente
em escala piloto. Precedendo essas etapas foi concebida e montada a instalação piloto,
além de ter sido realizada a adaptação de teste de jarrros para a filtração direta.
4.1. – ÁGUA DE ESTUDO
A água de estudo é definida como a água a ser utilizada nos experimentos em escala de
bancada e em escala piloto. Devido à segurança e facilidade de obtenção, nas primeiras
fases dos trabalhos em bancada e primeiros experimentos de filtração direta foi utilizada
água proveniente do lago Paranoá, Brasília/DF. Em fases posteriores, foi empregada água
proveniente de outro manancial superficial, com a finalidade de trabalhar com baixas
concentrações de clorofila-a. Dessa forma, optou-se por utilizar água proveniente do
córrego do Torto, Brasília/DF.
Toda a água utilizada para fins de experimentos em instalação piloto foi inoculada com
oocistos de Cryptosporidium sp. na ordem de 10
2
a 10
3
oocistos/L. Desse modo, a água de
estudo utilizada na primeira etapa dos trabalhos foi a água captada no lago Paranoá,
inoculada com oocistos de Cryptosporidium. Já a água utilizada em fases posteriores foi a
água proveniente do córrego do Torto e inoculada com oocistos de Cryptosporidium.
Os oocistos de Cryptosporidium utilizados para produzir a água de estudo foram
adquiridos do Laboratório de Parasitologia da Faculdade de Medicina do Triângulo
Mineiro (FMTM), na concentração da ordem de 10
6
oocistos por mL. Os oocistos foram
obtidos a partir de fezes de cabritos recém-nascidos contaminados propositalmente com
oocistos viáveis de organismos, de modo que, a sua eliminação em fezes iniciava-se, em
média, no terceiro ou quarto dia após a inoculação.
62
Entretanto, para o desenvolvimento dos ensaios em escala de bancada, não foram
inoculados oocistos de Cryptosporidium à água bruta. Essa opção foi adotada em função
das seguintes razões: (1) os testes de jarros e diagramas de coagulação, no dia-a-dia das
ETAs são realizados utilizando parâmetros de qualidade de fácil medição, particularmente
a turbidez, de forma que, a tomada de decisão quanto à dosagem de coagulante e o valor de
pH são baseados nesse parâmetro; (2) pouca confiabilidade nos resultados de análise de
Cryptosporidium em função do pequeno volume de amostra utilizado nos ensaios de
coagulação/filtração; (3) custo elevado dessas análises uma vez que envolveria
aproximadamente 60 determinações de Cryptosporidium para a construção de cada
diagrama de coagulação; (4) finalmente, o risco de manipulação e contaminação humana
considerando a rotina de ensaios de coagulação.
4.2. – EXPERIMENTOS EM ESCADA DE BANCADA
Durante a etapa experimental, em escala de bancada, foram realizados ensaios de
coagulação com o objetivo de proceder estudos preliminares e construir diagramas de
coagulação para seleção da faixa de pH e da dosagem de coagulante a ser utilizada nos
experimentos efetuados em escala piloto.
O coagulante utilizado em todos os experimentos em escala de bancada e, também, em
escala piloto, foi o sulfato de alumínio, por ser amplamente utilizado nas estações de
tratamento brasileiras. O sulfato de alumínio utilizado foi o Sulfato de Alumínio Hidratado
(PA), na forma de pó, fabricado pela Vetec Química Fina Ltda, cujas características
fornecidas pelo fabricante encontram-se na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Características do sulfato de alumínio
Características Referências
Número de moléculas de água 14 a 18 H
2
O
Peso Molecular 56,11
Insolúvel em H
2
O máximo 0,01%
Cloreto (Cl
-
) máximo 0,005%
Arsênio (As) máximo 0,005 ppm
Substâncias não precipitáveis em NH
4
OH máximo 0,2 %
Metais pesados máximo 0,002%
Ferro (Fe) máximo 0,002%
63
Para a realização dos ensaios em escala de bancada, foi utilizado um aparelho de teste de
jarros dotado de seis dispositivos de agitação mecânica com velocidade variável, que
permite a variação do gradiente de velocidade nas etapas de coagulaçao e floculação (Nova
Ética, modelo 218LDB).
Usualmente, nos estudos de coagulação para uso em filtração direta, utiliza-se a filtração
em papel com o filtro Whatman 40. Porém, de acordo com Di Bernardo et al. (2003), para
obtenção de resultados mais representativos, recomenda-se que, em lugar do filtro de
papel, seja utilizado o chamado filtro de laboratório de areia (FLA). Dessa forma, optou-se
por trabalhar com esse tipo de filtro em escala de bancada. Como esse tipo de dispositivo
não estava disponível no LAA, o mesmo teve que ser confeccionado e adaptado ao
aparelho de teste de jarros convencional.
O FLA utilizado foi confeccionado em acrílico, com comprimento de 30 cm e diâmetro
interno de 19 mm. Na parte inferior foi acoplado um cap de PVC dotado de tela e de
dispositivo de saída, de acordo com a Figura 4.1. A areia empregada nesse filtro tinha
granulometria variando entre 0,42 e 0,84 mm, com coeficiente de uniformidade de 1,22
mm e diâmetro efetivo de 0,55 mm. A taxa de filtração do FLA era de aproximadamente
60 m/d e, consequentemente, vazão de 12 ml/min, seguindo as recomendações de Di
Bernardo et al., 2003.
(a)
(b)
Figura 4.1 – Filtro de laboratório de areia (a) esquema; (b) foto
64
A Figura 4.2 mostra o equipamente tradicional de teste de jarros e as adaptações realizadas
para permitir o uso dos filtros. Pode-se constatar na Figura 4.2a a presença de pequenos
funis para evitar perda de água coagulada e filtrada e a utilização de béquers para recolher
a água para a análise de turbidez. Percebe-se também, no lado esquerdo do equipamento, a
presença do disco graduado utilizado para controlar a vazão efluente.
Figura 4.2 – (a) Adaptação do aparelho de teste de jarros para uso de filtro de laboratório
de areia; (b) Detalhe do disco
Os ensaios em escala de bancada seguiram a rotina proposta na literatura. Dessa forma, os
ensaios consistiam em variar o valor do pH de coagulação assim como a dosagem de
coagulante adicionado à água utilizando-se gradientes de velocidade e tempos de contato
pré-determinados para as etapas de coagulação e floculação. Posteriormente, a água
floculada era submetida à filtração em filtro de laboratório de areia. Para finalizar,
realizava-se a determinação do residual de turbidez das amostras.
O tempo de coagulação adotado nos ensaios de teste de jarros foi de 30 s e o gradiente de
velocidade foi de 1000 s
-1
. Embora esse valor seja usual e recomendado na norma
brasileira (ABNT, 1992), ele foi utilizado em função da limitação do aparelho de teste de
jarros disponível. O valor de G = 1000 s
-1
é, entretanto, bastante inferior ao valor de 4000
s
-1
indicado por Amirthrajah e Mills (1982) para a coagulação por adsorção e neutralização
de cargas que é a mais recomendada para a filtração direta.
O tempo de floculação adotado foi de aproximadamente 4 minutos com um gradiente de
velocidade de 40 s
-1
. Muito embora a tecnologia de tratamento que se buscava simular
fosse a de filtração direta descendente, o tempo de 4 minutos de floculação foi adotado em
função do tempo de trajeto do floco e permanência da lâmina de água sobre o meio
(a)
(b)
Disco
65
filtrante, na instalação piloto, onde ocorria a floculação das partículas coaguladas. Além
disso, esse tempo viabilizava os preparativos para a fase de filtração no FLA.
Após decorridos os tempos relativos aos processos de coagulação e floculação, desligava-
se o aparelho de teste de jarros e controlava-se a vazão de alimentação da água filtrada
durante um período de 20 minutos. Esse tempo de 20 minutos foi o tempo de filtração
estimado para que fosse possível realizar a substituição da água e o amadurecimento do
FLA, antes da coleta de água para a análise de turbidez. Para que fosse possível realizar o
controle da taxa de filtração, adaptou-se um disco graduado com ângulos variando de 0° a
90° (Figura 4.2b) na extremidade do aparelho de teste de jarros e procedeu-se a calibração
dos ângulos para a vazão pré-determinada. Com o aparelho calibrado, à medida que ocorria
a diminuição do nível de água nos jarros, as saídas de água filtrada eram inclinadas em
ângulo apropriado. Após esse tempo, coletava-se água filtrada e realizava-se a leitura do
parâmetro de turbidez.
Posteriormente a cada ensaio de teste de jarros, realizava-se a lavagem de todos os filtros
de areia no sentido ascencional, tomando cuidado para evitar formação de bolhas de ar.
Cada filtro era lavado até que fosse possível observar, visualmente, que a água de lavagem
estava limpa e que fossem atingidos valores baixos de turbidez.
Os ensaios de bancada foram realizados variando o pH de coagulação na faixa de 4,5 a 7,5,
buscando-se valores de pH de 5,0, 5,5, 6,0, 6,5 e 7,0. A dosagem de coagulante variou de 0
a 18 mg/L de sulfato de alumínio anidro, sendo utilizado incremento de 1 ou 2 mg/L. A
faixa de dosagem adotada baseou-se em estudos anteriores realizados com água do lago
Paranoá, particularmente o trabalho de Cezar (2000). Nesse trabalho a autora elaborou
diagramas de coagulação para água do lago Paranoá utilizando o sulfato de alumínio como
coagulante. Em seus ensaios, foram utilizadas dosagens de sulfato de alumínio variando de
0 a 30 mg/L nas faixas de pH de 5,5 a 7,5, otimizando esses parâmetros para valores de pH
variando entre 6,3 e 6,8 e dosagens de coagulante variando entre 5 e 11 mg/L
Aqui é importante mencionar que os ensaios de bancada foram realizados utilizando-se
tanto água do lago Paranoá como água do córrego do Torto. Para água do lago Paranoá, foi
construído o diagrama de coagulação. Entretanto, um menor número de ensaios foi
realizado com água do córrego do Torto, não permitindo a construção do diagrama de
coagulação para essa água. Esse ponto será discutido em detalhes no capítulo 5.
66
4.3 – EXPERIMENTOS EM ESCALA PILOTO
4.3.1 – Descrição da instalação piloto
O desenvolvimento de experimentos em escala piloto é fundamental para estudar
alternativas de tratamento por filtração direta, permitindo a avaliação da aplicabilidade
dessa tecnologia para o tratamento de águas e a otimização dos parâmetros operacionais e
de projeto dos filtros.
A instalação piloto de FDD utilizada no presente trabalho consistia das seguintes unidades:
reservatório para armazenamento de água de estudo, reservatório de coagulante, bombas
peristáltica e dosadora, unidade de mistura rápida (injetor), uma coluna de filtração
descendente, reservatório de água filtrada e reservatório de descarte, conforme mostrado
nas Figura 4.3. O detalhamento da instalação é objeto dos itens que seguem.
Figura 4.3 – Instalação piloto: foto
67
Figura 4.4 – Instalação piloto: esquema
4.3.1.1 – Sistema de alimentação de água bruta e dosagem de coagulante
O sistema de alimentação da instalação piloto era composto de reservatório de água de
estudo, reservatório de coagulante, dispositivo de mistura rápida (DMR), assim como
bomba de alimentação de água de estudo e bomba para dosagem de coagulante.
O reservatório de alimentação de água de estudo consistia em um tanque de PVC com
500L de capacidade. Esse reservatório era dotado de agitador para minimizar a
68
sedimentação do material em suspensão presente na água de estudo (inclusive oocistos de
Cryptosporidium) durante a realização dos experimentos de filtração.
Para alimentar e permitir o controle da vazão afluente ao filtro foi utilizada uma bomba
dosadora (Prominet, Sigma) que opera com precisão para vazões de até 60L/h.
A água de estudo, bombeada do reservatório, era encaminhada ao DMR, que também
recebia, com auxílio de uma bomba peristáltica (Heidolph, PD 5001), a solução de sulfato
de alumínio proveniente do reservatório de coagulante (ver Figura 4.3, 4.4 e 4.5).
Figura 4.5 – Reservatório de coagulante e bomba dosadora
A Figura 4.6 detalha o dispositivo de mistura rápida que foi utilizado e a Tabela 4.2
apresenta as dimensões do mesmo para as taxas de filtração avaliadas.
Figura 4.6 – Dispositivo de mistura rápida
69
Tabela 4.2 – Características do dispositivo de mistura rápida
TF
(m
3
/m
2
dia)
Qf (L/s) D (mm) d (mm) c (mm)
h (m)
G (s
-1
) t (s)
210 0,83 17 3,60 0,60 0,083 4.132,1 0,21
105 0,415 17 3,60 0,60 0,023 2035,3 0,40
De acordo com Vrale e Jorden (1971), o gradiente de velocidade da mistura não é um
critério suficiente para detectar a eficiência do dispositivo de mistura rápida em termos de
taxa de agregação das partículas para uma dada dosagem de coagulante. Além disso,
segundo esses autores, os dispositivos mecanizados são menos eficientes que os
dispositivos hidráulicos injetores, independente dos valores dos gradientes de velocidade
encontrados. Sendo assim, optou-se por trabalhar com injetores como dispositivos de
mistura rápida para o processo de tratamento de água.
No cálculo de dimensionamento dos injetores, considerou-se que a dissipação de energia
correspondente ao jato de coagulante que sai de cada orifício ocorrerá no volume de água
situado a até duas vezes e meia o espaçamento linear entre orifícios adjacentes (Vianna,
2002). Considerou-se também, que o tempo decorrente para que ocorra a mistura do
coagulante se dará no momento da dissipação de energia do jato de coagulante.
No dispositivo de mistura rápida (Figura 4.6), a água bruta passava por uma contração
seguida por expansão da ordem de 7:1. Esta relação garante uma adequada velocidade de
aproximação da água na saída do injetor. O produto químico era misturado à água de
estudo, por meio de jatos no mesmo sentido do fluxo, no momento da expansão do injetor,
por seis orifícios que garantiam a velocidade determinada.
Para a taxa de filtração utilizada na maioria dos experimentos (210 m/d), o gradiente de
velocidade neste dispositivo devido à expansão era da ordem de 4.132,1 s
-1
. Um gradiente
de velocidade dessa ordem de grandeza é adotado para garantir elevado grau de mistura e
proporcionar coagulação eficiente da água de estudo em ambos os mecanismos de
coagulação: adsorção-neutralização de cargas e varredura (Amirthrajah e Mills, 1982; Di
Bernardo, 1993b). Os jatos do injetor produzem um gradiente de velocidade, conforme
metodologia de cálculo descrita por Vianna (2002). O tempo de mistura entre o produto
químico e a água bruta foi calculado de acordo com o que preconiza esse mesmo autor.
70
4.3.1.2 – Coluna de filtração
A coluna de filtração utilizada possuía diâmetro interno de 8,5 cm. Esse diâmetro está
relacionado ao critério empírico estudado por Lang et al., (1993) e sugerido por Ives, de
acordo com o qual a distância de parede a parede no modelo deve ser pelo menos de 50
vezes o tamanho do maior grão do meio filtrante. Dessa forma, como foi adotado um
diâmetro interno para o filtro piloto de 8,5 cm, o maior grão do meio filtrante deve ter no
máximo 1,7 mm. que é compatível com o material filtrante adotado (ver Tabela 4.3). Esse
cuidado minimiza os efeitos de parede, ou seja, a existência de escoamento preferencial na
interface grão/parede por formação de curtos-circuitos.
É importante ressaltar, que no caso de modelos para filtros, a similaridade dinâmica não é
fator de preocupação, porque o movimento do fluido é limitado apenas pelas fronteiras dos
grãos do meio filtrante, isto é, pelo tamanho do poro e não pelas fronteiras do recipiente.
De acordo com Di Bernardo (1993a), quanto maior o tamanho dos grãos, maior será a
espessura da camada filtrante requerida para se obter uma determinada eficiência de
remoção e evitar o traspasse no filtro. À medida que ocorre o aumento do tamanho dos
grãos e da espessura da camada filtrante, maior será o volume destinado ao armazenamento
das partículas e o tamanho dos vazios intergranulares, obtendo-se deste modo carreiras de
filtração mais longas. Por outro lado, a taxa de crescimento de perda de carga devido à
retenção de impurezas no meio filtrante é maior quanto maior for a taxa de filtração,
resultando em carreiras de filtração mais curtas. Dessa forma, há a necessidade de tentar
otimizar o meio filtrante para que seja possível trabalhar com carreiras de filtração maiores
sem que ocorra o traspasse de impurezas. Então, devido ao Cryptospiridium ser um
protozoário pequeno, com diâmetro que varia entre 3 a 7 µm, optou-se por trabalhar com a
granulometria indicada na Tabela 4.3.
Segundo Di Bernardo (1993a), a utilização de filtros de areia de camada única, com
distribuição granulométrica praticamente uniforme, pode levar a um eficiente
aproveitamento do meio filtrante, comparável com aquele conseguido com a utilização de
filtros de camada dupla. Di Bernardo e Prezotti (1991) observam que, quanto mais
uniforme o meio granular, mais profunda resultará a penetração de impurezas e mais longa
será a carreira de filtração. Dessa forma, optou-se por trabalhar com meio granular
uniforme de camada única.
71
Tabela 4.3 – Características do meio filtrante
Características Meio Filtrante de camada única
Material Areia
Tamanho efetivo dos grãos (mm) 1,00
Coeficiente de desuniformidade 1,15
Tamanho do menor grão (mm) 0,84
Tamanho do maior grão (mm) 1,19
Porosidade 0,40
Espessura da camada (cm) 110
O filtro piloto foi confeccionado em acrílico e tinha altura de 2,70 m. Foram instalados
piezômetros distribuídos ao longo da espessura do meio filtrante para o monitoramento da
perda de carga. Pode-se observar na Figura 4.7, a coluna de filtração utilizada e na Figura
4.8, a localização dos piezômetros no filtro descendente.
Figura 4.7 – Coluna de filtração direta
descendente
Figura 4.8 – Localização dos piezômetros no
filtro descendente
O filtro era operado com taxa de filtração constante e carga hidráulica (nível de água)
constante. Para compensar o desenvolvimento da perda de carga no meio filtrante foi
instalado na tubulação de saída de água filtrada um rotâmetro dotado de resgistro tipo
agulha. No início da operação esse registro encontrava-se parcialmente fechado e
gradativamente ia sendo aberto ao longo do decorrer do experimento. Dessa forma, a vazão
de entrada e de saída eram mantidas constantes e por conseqüência, o nível de água sobre o
meio filtrante.
Saída
AL
Saída
AF
Alimentação
AL
72
A taxa de filtração adotada na maioria dos experimentos foi de 210 m
3
/m
2
dia, equivalente
a uma vazão de 827 mL/min. Em experimentos específicos (ver item 4.3.2) foi utilizada
metade dessa taxa, qual seja 105 m
3
/m
2
dia (414 mL/min).
4.3.2 – Desenvolvimento dos experimentos de filtração
Foram realizados quinze experimentos de filtração, sendo quatro experimentos efetuados
com água proveniente do lago Paranoá e onze experimentos efetuados com água
proveniente do córrego do Torto. Em todos os experimentos foi utilizado o sulfato de
alumínio, como coagulante, como especificado na Tabela 4.3.
A Figura 4.9 mostra um resumo da distribuição dos experimentos em função do manancial
utilizado para preparação da água de estudo (ver item 4.1) e o período de realização dos
experimentos.
A distribuição dos experimentos mostrada na Figura 4.9 está associada aos objetivos
específicos do trabalho. A necessidade de se modificar o manancial utilizado para
preparação da água de estudo surgiu a partir da ánalise dos resultados obtidos na Etapa 1 e
não era previsto no planejamento inicial dos experimentos. Esse aspecto será discutido
com detalhes no Capítulo 5.
Sendo assim, foram realizados três experimentos com dosagem “ótima” de coagulante para
a água do lago Paranoá e um experimento com subdosagem de sulfato de alumínio, nos
meses de Janeiro e Fevereiro de 2006, de modo a se observar a influência das dosagens de
coagulante na remoção de oocistos de Cryptosporidium. Optou-se por utilizar água do
córrego do Torto, nos meses de Fevereiro e Março de 2006, com a finalidade de observar a
influência da água bruta na remoção de oocistos de Cryptosporidium. Dessa forma,
também foram realizados três experimentos com dosagem “ótima” e um experimento com
subdosagem de coagulante. No entanto, ao realizar experimentos com água do córrego do
Torto entre Maio e Julho de 2006, optou-se por realizar dois experimentos com taxa
reduzida de filtração (105 m
3
/m
2
dia), dois experimentos com super-dosagem de coagulante
e finalmente, três experimentos com dosagem “ótima” de sulfato de alumínio, de modo a
observar, de forma preliminar, a influência da taxa de filtração e da utilização de dosagens
mais elevadas de coagulante na remoção de oocistos de Cryptosporidium.
73
Figura 4.9 – Resumo dos experimentos de filtração realizados durante o desenvolvimento
do trabalho em instalação piloto
O desenvolvimento de um experimento de filtração envolvia 7 fases:
(1) Coleta de aproximadamente 500 L de água do manancial para a preparação da água de
estudo. A água era coletada sempre pela manhã e no dia da realização do experimento.
(2) Caracterização da água bruta com relação aos parâmetros pH, turbidez e alcalinidade.
(3) Preparação da água de estudo conforme descrito no item 4.1.
(4) Realização de teste de jarros para a determinação da dosagem a ser usada no
experimento. Utilizava-se o pH de coagulação selecionado a partir do diagrama de
74
coagulação e ensaios preliminares realizados. Para a seleção da dosagem de coagualante,
testava-se uma faixa de dosagem baseada também no diagrama de coagulação.
(5) Alcalinização da água de estudo, quando necessário, para obter o pH de coagulação
desejado.
(6) Preparação da solução coagulante. A concentração dessa solução variava de acordo
com a dosagem de coagulante, uma vez que a vazão dosada era constante para garantir o
gradiente de velocidade de projeto.
(7) Realização do experimento de filtração propriamente dito.
Considerando os objetivos do trabalho nos experimentos de filtração, foi testada uma
condição crítica de risco de traspasse no processo de filtração rápida, qual seja, o início da
carreira de filtração, ou seja, período de amadurecimento do filtro. Com isso, a duração do
experimento tinha em média 5 horas, o suficiente para se obter dados de qualidade da água
filtrada durante o período de amadurecimento e durante o funcionamento regular. Nesse
trabalho, não era avaliada a carreira de filtração e o comportamento do filtro ao longo do
total da mesma.
Durante a realização dos experimentos, foram medidos os parâmetros de qualidade da água
filtrada de acordo com a freqüência indicada na Tabela 4.4. O tempo de referência para
início da coleta de amostras era o tempo de detenção hidráulica do sistema, ou seja, as
primeiras amostras eram coletadas depois que a água contida no sistema fosse substituída
pela água de estudo.
Tabela 4.4 – Freqüência de medição dos parâmetros de qualidade da água filtrada
Parâmetro Freqüência
pH e Turbidez
A cada 15 ou 30 minutos, de acordo com o
experimento realizado
Alcalinidade, Clorofila-a
Duas amostras (início, no tempo t
1,
e após
3h de experimento, no tempo t
2
)
Alumínio, Coliforme Total e E. coli
Duas amostras (início, no tempo t
1,
e após
3h de experimento, no tempo t
2
)
Oocistos de Cryptosporidium
Duas amostras (início, no tempo t
1,
e após
3h de experimento, no tempo t
2
)
Os parâmetros de qualidade da água (clorofila-a, alumínio, coliformes totais, E. coli,
alcalinidade e oocistos de Cryptosporidium) eram medidos na água de estudo (bruta) após
aproximadamente 30 minutos de homogeneização da mesma, antes do início do processo
75
de filtração. As medidas de pH e turbidez da água de estudo (bruta) eram realizadas no
mesmo intervalo proposto para as medidas desses parâmetros na água filtrada.
Também na mesma periodicidade das coletas de amostras para a determinação de pH e
turbidez, eram realizadas as medidas de pressão nos piezômetros dos filtros para a
determinação da perda de carga.
As análises de pH, turbidez e alcalinidade eram realizadas imediatamente após a coleta das
amostras. As amostras para a determinação de coliformes totais, E. coli, clorofila-a e
alumínio eram processadas no final do experimento para proceder leitura no dia seguinte.
Já as amostras coletadas para a determinação de oocistos de Cryptosporidium, em função
da demanda de tempo e complexidade, tinham, de um modo geral, seu processamento
iniciado no dia seguinte.
Para o tratamento dos dados foram desenvolvidos gráficos de turbidez, clorofila-a,
alumínio, taxa de crescimento de perda de carga e perda de carga específica. Além disso,
foram construídas tabelas de todos os parâmetros de qualidade da água avaliados, com
valores desses parâmetros na água de estudo e na água filtrada efluente, em dois tempos
distintos, no tempo de amadurecimento do filtro e no tempo de operação regular do
mesmo. De posse desses gráficos e tabelas, foi possível avaliar a eficiência de remoção do
filtro direto descendente, para cada situação testada, nos tempos t
1
de amadurecimento,
assim como no tempo t
2
de operação regular.
Após cada experimento, era realizada a lavagem adequada do filtro (Figura 4.10), para
garantir a condição de meio filtrante limpo para o experimento seguinte. A lavagem ocorria
aplicando-se escoamento ascendente de água destilada, com velocidade capaz de assegurar
expansão de 30% do meio. Para assegurar que o meio filtrante estivesse completamente
limpo, o tempo de lavagem empregado era superior aos tempos convencionais de 7 a 10
minutos recomendados em Di Bernardo et al. (2003), sendo adotado tempo de lavagem de
aproximadamente 20 minutos.
76
Figura 4.10 – Lavagem do fitro
Em função da característica altamente infecciosa dos oocistos de Cryptosporidium, todo o
efluente resultante dos experimentos de filtração, assim como a água de lavagem do filtro e
toda água empregada nos experimentos eram coletadas e acondicionados em tambores e
permaneciam por um período mínimo de 24 horas em contato com elevadas concentrações
(aproximadamente 20 mg/L) de cloro livre antes de serem descartados na rede de
esgotamento sanitário. Além disso, todo o material utilizado nos experimentos era
submetido à autoclavagem com o objetivo de inativar os oocistos pelo efeito da alta
temperatura.
4.4 – METODOLOGIAS PARA A DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE
QUALIDADE DA ÁGUA
Foram realizados ensaios de qualidade da água para caracterizar a água de estudo a ser
empregada nos experimentos de filtração direta. Os mesmos ensaios realizados na água de
estudo foram realizados na água filtrada de modo que fosse possível fazer comparações e
observações a respeito do sistema de tratamento de água utilizado. Os parâmetros
avaliados estão listados na Tabela 4.5, juntamente com o método e equipamento
empregado.
Caixa de coleta
de água de
lavagem
77
Tabela 4.5 – Parâmetros avaliados e métodos e equipamentos
Parâmetro Método/Equipamento
Alcalinidade
(mg CaCO
3
/L)
Titulométrico (H
2
SO
4
– 0,02M) Titulador TITREX 2000
Alumínio
(mg/L)
Método Hach 8326 – ECR
Espectrofotômetro (HACH 2100AN)
Clorofila-a
(µg/L)
Extração em clorofórmio-metanol medida de absorbância
em λ= 665 e 750nm Espectrofotômetro (HACH/ DR- 4000)
Coliformes Totais
(NMP/100mL)
Método do Substrato Cromogênico MUG ONPG
Kit Colilert
®
Cryptosporidium
(oocistos/L)
Método 1623 da USEPA
E. coli
(NMP/100mL)
Método do Substrato Cromogênico MUG ONPG
Kit Colilert
®
pH
Potenciométrico
pHmetro Orion – Modelo 310
Turbidez
(UT)
Nefelométrico
Turbidímetro Nefelométrico (HACH 2100P)
Para a determinação do alumínio residual, o volume de amostra coletado era de 200 mL.
As amostras foram devidamente acidificadas com ácido nítrico concentrado até atingir pH
inferior ou igual a 2,0 para que fossem conservadas. No momento da realização do ensaio,
utilizava-se o hidróxido de potássio para corrigir o pH das amostras conservadas para
valores na faixa entre 2,9 e 4,9, estabelecidos pelo método.
O método ECR (Eriochrome Cyanine R dye), é baseado na reação entre o íon alumínio e o
corante Eriocromocianina R (ECR), que em pH próximo a 6,0, forma um complexo de cor
avermelhada na proporção das concentrações de alumínio presentes na amostra. Esse
método foi baseado no Standard Methods (APHA, AWWA e WEF, 1985).
A metodologia utilizada para a determinação dos teores de clorofila-a foi a extração em
solução de clorofórmio-metanol, 2:1, v/v, proposta por Wood (1985).
78
Para a determinação de clorofila-a era coletado 1 L de amostra e este volume era filtrado
em filtro de microfibra de vidro com retenção de partículas de 1 µm. Os filtros eram então
enrolados e imersos em 10 mL de solução de clorofórmio-metanol e esse conjunto de filtro
e solução era preservado em ambiente escuro por 4 horas, para permitir a extração de
clorofila-a. Em seguida, era realizada a leitura da absorção de luz no espectrofotômetro
HACH
®
modelo DR/4000U, em dois comprimentos de onda, 665 e 750 nm.
A concentração de clorofila-a na amostra, foi calculada pela equação proposta por Boyd
(1979) apud Cezar (2000). É importante observar que essa concentração é proporcional à
absorção de luz e é dada pela Equação 4.1.
Clorofila-a (µg/L) =
()
(
)
()
PLS
VFAAP
×
×××
750665
………………………………(Equação 4.1)
Onde:
P = Constante de proporcionalidade em mg.cm/L, devido ao coeficiente de extração molar
de clorofórmio-metanol: 13,2 mg.cm/L;
A
665
= Absorbância da solução medida em 665 nm;
A
750
= Absorbância da solução medida em 750 nm;
V = Volume da solução de clorofórmio-metanol usada em mL;
S = Volume da amostra filtrada em mL;
PL = Caminho óptico através da solução em cm (espessura da cubeta utilizada);
F = Fator de correção de unidades = 1000 µg/L.
Para a detecção e quantificação dos oocistos de
Cryptosporidium, foi utilizado o Método
1623 proposto pela Agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA). Este método
consiste das seguintes etapas: coleta, filtração, eluição, concentração, separação
imunomagnética e enumeração. Face à importância desse parâmetro para o presente
trabalho, e também em função da pouca familiaridade dos técnicos da área de saneamento
com o método, o mesmo é descrito em detalhes nos parágrafos que se seguem.
As coletas das amostras eram realizadas na água de estudo e na água filtrada. De acordo
com o método 1623 da USEPA, devem ser coletadas e filtradas até 50 L de amostra por
vez Os volumes coletados estão relacionados com a quantidade de material particulado e
concentração de microorganismos presentes na amostra. Sendo assim, eram coletados, em
79
média, 6 L de água de estudo e 20 L de água filtrada para a realização do processo de
detecção de oocistos de Cryptospiridium.
As amostras coletadas eram filtradas em filtro Filta-Max
®
produzido pela IDEXX (EUA)
com o auxílio de bomba peristáltica, como pode ser observado na Figura 4.11, com vazão
média de 2 L/min e pressão de até 5 kgf/cm
2
. O filtro, Filta-Max
®
(Figura 4.12), é
composto por uma série de anéis de espumas comprimidas, sendo capaz de reter em seus
poros oocistos de
Cryptosporidium e cistos de Giardia.
Figura 4.11 – Filtração com auxílio de bomba
peristáltica
Figura 4.12 – Detalhe do encaixe do Filt
a
-
Max
®
, IDEXX
O Filta-Max era então colocado em uma estrutura de acrílico denominada estação de
eluição (IDEXX, EUA). Nesse equipamento o Filta-Max é submetido a um processo de
compressão e descompressão (Figura 4.13), com o auxílio de um êmbolo e de uma solução
tampão de fosfato (PBS).
(a)
(b)
Figura 4.13 – Estação de eluição: (a) compressão; (b) descompressão
Módulo
de eluição
Suporte
Filta-Max
Módulo
acumulação
80
A Figura 4.14 mostra o filtro utilizado no processo de detecção de oocistos de
Cryptosporidium em dois momentos. O primeiro momento (Figura 4.14a) é aquele em que
o filtro embora já tivesse sido submetido à etapa de filtração, ainda se encontrava íntegro.
No segundo momento, o Filta-Max encontra-se expandido após ser submetido a eluição
(compressão e descompressão) e ter sido retirado da estação de eluição.
(b)
(a)
Figura 4.14 – (a) Filta-Max íntegro; (b) Filta-Max após a eluição
A solução de PBS com a presença do material desprendido do Filta-Max era submetido à
filtração a vácuo em mebrana de policarbonato de 25 mm de diâmetro e retenção de 1 µm
(Figura 4.15). Dessa forma, todo material particulado eluído, inclusive os oocistos de
Cryptosporidium sp., era retido na membrana. Após a filtração, a membrana era lavada
com solução de PBS, como na Figura 4.16, para então ser submetida ao processo de
centrifugação.
Figura 4.15 – Filtração a vácuo em
membrana utilizando bomba a vácuo
manual
Figura 4.16 – Lavagem da membrana
Membrana
Módulo
filtração
81
A solução resultante da lavagem da membrana era então transferida para tubos cônicos de
50 mL (Figura 4.17) e colocada em centrífuga (Jouan, modelo C – 3 22, Franca) com
rotação de 1500 x G, por um tempo de 15 minutos. Após a primeira centrifugação, parte do
líquido sobrenadante era descartada e o concentrado resultante era ressuspendido e
transferido para tubos cônicos de 15 mL (Figura 4.18), para que ocorresse uma segunda
etapa de centrifugação, realizada de forma semelhante à primeira.
Ao final da segunda centrifugação, parte do líquido sobrenadante era descartado e
aproximadamente 10 mL de concentrado era ressuspendido e transferido para tubos de
faces planas (L10, Dynal, Franca). A esses tubos eram adicionadas soluções (solução
tampão 10X SL
TM
-A e 10X SL
TM
-B) responsáveis por manter o pH e a estabilidade da
amostra e esferas imunomagnéticas anti-Cryptosporidium, responsáveis pela captura dos
oocistos de
Cryptosporidium. Os tubos eram então colocados em um homogeneizador por
inversão (Phoenix, AP 22, Brasil) na rotação de 15 a 20 rpm, por aproximadamente 1 hora
em temperatura ambiente, para garantir o contato entre as esferas e os oocistos (Figura
4.19).
Figura 4.17 – Tubos cônicos de 50 mL Figura 4.18 – Tubos cônicos de 15 mL
Figura 4.19 – Etapa de homogeniezação
82
Os tubos eram retirados do homogeneizador e acoplados a um concentrador magnético de
partículas (MPC-1, Dynal, Franca) para volume de 10 mL, como mostrado na Figura 4.20.
Eram feitos movimentos com inclinação de 90° por aproximadamente 3 minutos para
permitir que o material aderido às esferas anti-Cyptosporidium ficasse preso na parede
plana do tubo que estava em contato com o campo magnético. Todo o líquido clarificado
presente nos tubos era descartado e os mesmos eram retirados do concentrador magnético.
Em seguida, era realizada a ressuspensão das esferas com o auxílio de solução de 1X
SL
TM
-A de modo que ocorresse o total desprendimento das paredes dos tubos.
A solução resultante era transferida para tubos Eppendorf de 1,5 mL e os mesmos eram
acoplados a um concentrador magnético de partículas (MPC-S, Dynal, Franca) para
volume de 1,5 mL (Figura 4.21) onde eram realizados movimentos com inclinação de 180º
para que mais uma vez todo o material aderido às esferas ficasse preso às paredes dos
tubos Eppendorf devido ao campo magnético. O líquido sobrenadante era então
descartado.
Figura 4.20 – Concentrado
r
m
agnético
para volume de 10 mL
Figura 4.21 – Concentrado
r
m
agnético para
volume de 1,5 mL
Os tubos Eppendorf, que continham as microesferas e oocistos de
Cryptosporidium
recebiam ácido clorídrico a 0,1N para que ocorresse uma reação de separação entre os
oocistos e as microesferas. Os tubos de 1,5 mL eram agitados e logo em seguida
repousavam por um determinado tempo para que ocorresse a reação de separação dos
microorganismos. Os tubos Eppendorf eram novamente colocados no separador magnético
e um leve movimento com inclinação de 180º era realizado para que ocorresse a aderência
das microesferas, agora livres dos oocistos de Cryptosporidium, às paredes dos tubos de
83
1,5 mL. O líquido separado das microesferas era então transferido para outros tubos de 1,5
mL com presença de Hidróxido de Sódio a 1N, a fim de ajustar o pH da amostra que foi
acidificada anteriormente. Esse líquido resultante (aproximadamente 110 µL) representava
a amostra concentrada que seria utilizada para a preparação dos slides para a enumeração
dos oocistos de Cryptosporidium.
A identificação microscópica dos oocistos de Cryptosporidium foi realizada por análise de
imunofluorescência direta com utilização de kit Merifluor
®
(Meridian Diagnostics, Inc).
Para preparar os slides para a identificação microscópica dos protozoários, eram
adicionados 10
µL da amostra em um poço da lâmina de prova. Acrescentava-se à amostra
o reagente de detecção contendo anticorpos monoclonais anti-Cryptospsoridium marcados
com fluoresceína-isotiocianato e o corante de contraste (solução negro de eriocromo). As
lâminas eram então mantidas ao abrigo de luz em câmera úmida por 30 minutos e lavadas
com solução tampão. Por fim, era acrescentada solução de meio de montagem (solução
tampão contendo glicerol e formalina).
A amostra marcada era examinada em um microscópio de epifluorescência (DMLB-2,
Leica, Alemanha) (Figura 4.22), equipado com dispositivo de contraste de interferência
diferencial (DIC) e fluorescência. Análises quantitativas eram feitas procurando em cada
poço partículas que se enquadrassem nas descrições de formatos, tamanho e fluorescência
dos oocistos de Cryptosporidium, utilizando aumentos de 400X. As partículas identificadas
como oocistos potenciais eram submetidos à confirmação por meio do DIC (condensador
especial), utilizando aumentos de 1000X. Oocistos eram identificados quanto ao tamanho,
forma e morfologia de acordo com critérios específicos e exemplos da biblioteca
fotográfica (Figura 4.23). Uma análise quantitativa era feita pela contagem do número total
de partículas no visor que fossem confirmados como oocistos de Cryptosporidium.
Para a enumeração dos oocistos de Cryptosporidium, foi utilizada a Equação 4.2.
n° oocistos/L =
Vam
Val
Vc
N
×
`
……………………………………………………(Equação 4.2)
Onde: (1) N’ = número de oocistos quantificados em cada poço; (2) Vc = volume final do
concentrado, em µL, obtido após todo o processo de preparação da amostra; (3) Val =
84
volume do concentrado, em µL, adicionado a cada poço da lâmina; (4) Vam = Volume da
amostra, em L, submetido ao processo de concentração.
Figura 4.22 – Microscópio de
epifluorescência
Figura 4.23 – Oocisto de Cryptosporidium em
imunofluorescência (à esquerda) e em contraste de
fases (à direita).
85
5 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
No período de trabalho experimental, foram realizados 15 experimentos de filtração direta
descendente, onde se procurou, prioritariamente, comparar a eficiência da filtração, na
remoção de oocistos de Cryptosporidium, no período de amadurecimento do filtro com o
período de operação regular do mesmo. Buscou-se, também, avaliar a influência da taxa de
filtração, da dosagem de coagulante e da água utilizada nessas remoções.
Para melhor entendimento dos trabalhos experimentais realizados, a apresentação e a
discussão de resultados será subdivida em tópicos que englobam os ensaios em bancada e
os experimentos de filtração em escala piloto, em que se procura destacar separadamente
os parâmetros físico-químicos e mircrobiológicos. Posteriormente, serão realizadas
comparações entre os experimentos de filtração direta descendente no que tange às
remoções e aos residuais dos parâmetros analisados.
Como forma complementar de tratamento de dados foram realizados testes estatísticos t de
Student e de Wilcoxon. Entretanto, observou-se que a utilização desses testes não era
condizente com a realidade dos experimentos desenvolvidos, devido ao pequeno número
de repetições efetuadas. Sendo assim, a análise e a discussão dos resultados não está
pautada nesses testes, e sim na observação direta dos dados.
5.1 – ENSAIOS EM BANCADA
Uma vez montada a instalação piloto e realizadas as alterações no equipamento de teste de
jarros, antes de dar início aos experimentos de filtração, foram realizados ensaios em
escala de bancada, como descrito no item 4.2, para dar subsídios para definição do pH de
coagulação a ser utilizado nos experimentos em escala piloto.
5.1.1 – Água do lago Paranoá
O diagrama de coagulação para a água do lago Paranoá foi elaborado no mês de Janeiro de
2006 e precedeu os experimentos de filtração direta descendente que foram iniciados no
final do mesmo mês. A caracterização da água proveniente do lago Paranoá nos meses de
Janeiro e Fevereiro de 2006 pode ser observada na Tabela 5.1. O diagrama de coagulação
de uma amostra de água do lago Paranoá nesse período é apresentado na Figura 5.1.
86
Tabela 5.1 – Caracterização da água bruta do lago Paranoá ao longo dos experimentos de
filtração 1, 2, 3 e 4 – Janeiro e Fevereiro/2006
Parâmetro Faixa Média
Desvio
Padrão
Turbidez (UT) 3,0 – 5,6 4,0 1,3
pH 6,7 – 7,1 6,9 0,2
Clorofila-a (µg/L)
11,9 – 12,9 12,2 0,5
Alcalinidade (mg/L CaCO
3
) 16 – 22 19 3
Coliformes totais (NMP/100ml) > 2, 4 x 10
3
- -
E. coli (NMP/100 mL) 130 – 496 258 206
Da Tabela 5.1 verifica-se que no período de realização dos experimentos de filtração a
água do lago Paranoá apresentou pouca variação dos valores de clorofila-a e de pH, além
de apresentar valores relativamente baixos de alcalinidade, valores baixos de turbidez e
presença de algas.
0,16
0,13
0,16
0,26
0,18
0,16
0,20
0,19
0,19
0,16
0,17
0,10
0,16
0,21
0,14
0,17
0,13
0,26
0,17
0,23
0,29
0,11
0,11
0,12
0,17
0,30
0,14
0,22
0,21
0,22
0,22
0,18
0,21
0,24
0,27
0,21
0,25
0,22
0,18
0,20
0,21
0,17
0,25
0,27
0,39
0,41
0,49
0,300,32
0,42
0,84
0,68
2,90
2,77
2,38
3,00
2,67
2,522,192,23
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
4,50 5,00 5,50 6,00 6,50 7,00 7,50
pH de coagulação
Dosagem de sulfato de alumínio
anidro (mg/L)
turbidez < 0,3 UT turbidez 0,5 UT e 0,3 UT turbidez 1,0 UT e > 0,5 UT Turbidez > 1,0 UT
Legenda: Linha 1 – limite entre os valores de turbidez de 0,5 UT
Figura 5.1 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio para água proveniente do lago
Paranoá – Janeiro/2006. Turbidez da água bruta:5,4 UT e pH da água bruta: 6,9.
Ao analisar a Figura 5.1, observa-se que há elevada eficiência de remoção de turbidez para
uma ampla faixa de dosagem de sulfato de alumínio e para diferentes valores de pH.
Valores de turbidez inferiores a 0,3 UT (remoção maior do que 94%), valor atualmente
recomendado pela USEPA, podem ser obtidas em toda a faixa de pH avaliada. Entretanto,
observa-se tendência de necessidade de dosagens de sulfato de alumínio mais elevadas
para atingir esse valor de turbidez, com o aumento do valor de pH de coagulação.
Linha1
87
A Portaria n° 518/2004 do Ministério da Saúde (Brasil, 2004) no seu artigo 12, tabela 2,
exige valores de turbidez 1,0 UT na água filtrada ao utilizar o processo de filtração
rápida para o tratamento de água para abastecimento. Além disso, com vistas a assegurar a
adequada eficiência de remoção de enterovírus, cistos de Giardia spp. e oocistos de
Cryptosporidium sp., recomenda-se enfaticamente, que, para a filtração rápida, se
estabeleça como meta a obtenção de efluente filtrado com valores de turbidez inferiores a
0,5 UT em 95% dos dados mensais e nunca superiores a 5,0 UT.
Ao observar a Figura 5.1, pode-se concluir que para dosagens de sulfato de alumínio
anidro superiores a 4 mg/L, independente do valor do pH de coagulação, é possível se
obter valores de turbidez na água filtrada atendendo as recomendações da Portaria MS
518/2004.
Optou-se por adotar valores de pH de coagulação entre 6 e 7 para o desenvolvimento dos
experimentos de filtração com água do lago Paranoá. Isso porque, na condição da faixa de
dosagem utilizada, não há necessidade de correção do valor do pH da água do lago Paranoá
para se obter valores de pH de coagulação entre 6 e 7, o que do ponto de vista prático
configura-se em grande facilidade operacional.
5.1.2 – Água do córrego do Torto
Como já comentado, a água do lago Paranoá se caracteriza pela presença de algas e baixa
turbidez. Estudos anteriores realizados com água do lago Paranoá (Cezar, 2000; Carvalho,
2000; Melo, 2003 e Braga, 2005) indicam que a turbidez do lago Paranoá é
majoritariamente devida a concentração de algas, com pouca contribuição de turbidez
mineral.
Os experimentos de filtração realizados com água do lago Paranoá, como será discutido no
item 5.2.6, revelaram que não estava ocorrendo filtração em profundidade como desejado,
na filtração rápida. Acreditando-se que esse fenômeno estava associado às características
da água do lago Paranoá, optou-se por dar prosseguimento ao trabalho utilizando uma água
cuja turbidez fosse de origem predominantemente mineral. Assim, foi selecionado como
segunda água de estudo, a água do córrego do Torto.
88
Essa alteração não programada permitiu incluir nos objetivos desse trabalho uma avaliação
preliminar da influência da água bruta na eficiência de remoção de oocistos de
Cryptosporidium, porém limitou a avaliação da influência da taxa de filtração e,
eventualmente, outros parâmetros operacionais, e de projeto, de interesse.
Dada a premência de tempo, não foi realizado, para a água do córrego do Torto, o
diagrama de coagulação completo e sim, alguns experimentos de teste de jarros para apoiar
a tomada de decisão quanto ao pH de coagulação a ser adotado nos experimentos de
filtração. A Figura 5.2 apresenta uma seqüência de experimentos de teste de jarros
realizados com água do córrego do Torto sem controle do pH de coagulação.
Ao analisar a Figura 5.2, observa-se que, com o pH e alcalinidade naturais da água do
córrego do Torto, a turbidez residual só começa a apresentar valores menores do que 0,5
UT (valor recomendado pela Portaria MS 518/2004), quando são utilizadas dosagens de
coagulante superiores a 13 mg/L. Observa-se também, que, para a faixa de dosagem de
sulfato de alumínio testada, não foram atingidos valores de turbidez de 0,3 UT
(preconizado pela USEPA). Além disso, como o pH natural da água do córrego do Torto
era próximo de 5,5, à medida que ocorria aumento de dosagens de coagulante, os valores
do pH de coagulação tendiam a se tornar ainda menores, se mantendo em torno de 4,0
quando se adicionou 13 mg/L ou mais de sulfato de alumínio anidro.
0,00
0,50
1, 0 0
1, 5 0
2,00
2,50
3,00
2 4 6 8 10 12 14 16 18
Dosagem de sulfato de alumínio anidro (mg/L)
Turbidez (UT)
Figura 5.2 – Estudos preliminares com o coagulante sulfato de alumínio anidro em água
proveniente do córrego do Torto – Fevereiro/2006. Turbidez água bruta: 7,2 UT, pH água
bruta: 5,6 e Alcalinidade da água bruta: 2,7 mg/L CaCO
3
Na prática, não é comum se adotar valores de pH de coagulação tão baixos. Além disso,
em experiências da CAESB na operação da ETA Brasília e da ETA piloto Brasília, que
89
recebe água do sistema Torto-Santa Maria, foi observado melhor desempenho dos filtros
com valores de pH de coagulação próximos de 7,0 quando eram utilizados sais de ferro ou
de alumínio como coagulantes.
Dessa forma, para a realização dos experimentos de filtração, optou-se por alcalinizar a
água do córrego do Torto com bicarbonato de sódio para que fosse possível atingir valores
de pH de coagulação próximos de 7,0.
Mais recentemente, Fernandes (2006) construiu o diagrama de coagulação para água do
córrego do Torto, como mostrado na Figura 5.3.
0,15
0,90
0,14
0,090,16
0,19
0,14
0,09
0,07
0,12
0,10
0,07
0,08
0,160,160,120,060,13
0,16
0,09
0,190,090,10
0,10
0,15
0,09 0,08
0,06
0,07
0,10
0,07 0,11
0,17
0,06
0,07
0,17
0,09
0,10
0,11
0,09
0,45
0,33
0,27
0,21
0,32
0,25
0,48
0,32
0,36
0,50
0,30
0,45
0,35
0,98
0,91
0,17
0,87
0,97
0,59
0,75
0,93
0,77
0,89
1, 4 8
1, 4 2
1, 2 8
2,32
2,00
2,10
1, 6 7
1, 7 6
1, 7 3
1, 8 7
1, 3 9
1, 4 6
1, 3 1
1, 2 7
1, 4 1
1, 2 3 1, 12
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
4,50 5,00 5,50 6,00 6,50 7,00 7,50
pH de coagulação
Dosagem sulfato de alumínio
anidro (mg/L)
Turbidez < 0,2 UT 0,2 UT < Turbidez < 0,5 UT 0,5 UT < Turbidez < 1,0 UT Turbidez > 1,0 UT
0,65
Figura 5.3 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio para água proveniente do
córrego do Torto – Agosto/2006 (Fernandes, 2006). Turbidez da água bruta: 2,7 UT e pH
da água bruta: 6,7
Da Figura 5.3, observa-se que é na faixa entre 6,5 e 7,0 que ocorrem, de forma sistemática,
valores de turbidez menores do que 0,3 UT, mesmo com baixas dosagens de sulfato de
alumínio. Dessa forma, a construção desse diagrama de coagulação veio confirmar o acerto
da decisão de se optar por adotar valores de pH de coagulação entre 6,5 e 7,0 para a
realização dos experimentos de filtração com essa água.
A caracterização da água proveniente do córrego do Torto nos períodos em que foram
realizados os experimentos de filtração direta descendente pode ser observada nas Tabelas
5.2 e 5.3.
90
Tabela 5.2 – Caracterização da água bruta do córrego do Torto ao longo dos experimentos
de filtração 5, 6, 7 e 8 – Fevereiro e Março/2006
Parâmetro Faixa Média Desvio Padrão
Turbidez (UT) 5,7 – 9,2 7,9 1,5
pH 5,0 – 5,5 5,3 0,2
Clorofila-a (µg/L)
0 – 1,6 0,7 0,8
Alcalinidade (mg/L CaCO
3
) 2,4 – 2,7 2,5 0,1
Coliformes totais (NMP/100ml) (1,6 – 8,7) x 10
3
3,7 x 10
3
3, 4 x 10
3
E. coli (NMP/100 mL) 71 – 148 116 34
Tabela 5.3 – Caracterização da água bruta do córrego do Torto ao longo dos experimentos
de filtração 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15 – Maio, Junho e Julho/2006
Parâmetro Faixa Média Desvio Padrão
Turbidez (UT) 2,5 – 4,0 3,1 0,6
pH 5,0 – 5,6 5,2 0,2
Clorofila-a (µg/L)
0,8 – 1,4 1,3 0,3
Alcalinidade (mg/L CaCO
3
) 2,2 – 2,7 2,4 0,2
Coliformes totais (NMP/100ml) (1,2 – 2, 4) x 10
3
1,6 x 10
3
3,9 x 10
2
E. coli (NMP/100mL) 31 – 122 61 32
Verifica-se dos dados das Tabelas 5.2 e 5.3 que a água do córrego do Torto apresenta
turbdiez da mesma ordem de grandeza da água do lago Paranoá, porém, com valores de
clorofila-a com uma ordem de grandeza inferior, sugerindo que a natureza da turbidez
neste manancial é majoritariamente de origem mineral. Pode-se observar também, que a
água do córrego do Torto apresenta, de forma geral, concentrações de E.coli e valores de
alcalinidade inferiores aos da água do lago Paranoá utilizada nos experimentos 1, 2, 3 e 4.
Devido ao baixo valor da alcalinidade da água do Torto, procurou-se realizar a
alcalinização da mesma para valores próximos de 30 mg/L de CaCO
3
. Essa alcalinização
ocorreu em momento anterior ao momento de aplicação do coagulante na água de estudo.
Para investigar a estabilidade do valor do pH e da alcalinidade da água alcalinizada com
bicarbonato de sódio, realizou-se um experimento preliminar no qual o valor desses
parâmetros foi acompanhado ao longo de um tempo equivalente ao tempo máximo dos
experimentos de filtração. A Figura 5.4 mostra o resultado do ensaio realizado.
91
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
pH
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Alcalinidade (mg/L CaCO
3
)
pH Alcalinidade
Figura 5.4 – Ensaios para a verificação da estabilidade do pH e da alcalinidade da água do
córrego do Torto após alcalinização com bicarbonato de sódio – Fevereiro/2006
Ao se constatar, a partir dos dados da Figura 5.4, que não houve variação considerável do
valor do pH e da alcalinidade da água do córrego do Torto após alcalinização em um
período de 390 minutos, período máximo de realização dos experimentos de filtração,
optou-se por realizar a alcalinização da água do Torto no próprio reservatório de água de
estudo, de modo a facilitar os trabalhos experimentais.
5.2 – EXPERIMENTOS DE FILTRAÇÃO EM ESCALA PILOTO
Ao realizar os experimentos de filtração direta descendente, procurou-se operar o filtro por
um período de aproximadamente 5 horas para avaliar as condições de remoção dos
oocistos de
Cryptosporidium no início (período de amadurecimento do filtro – t
1
) e com 3
horas de filtração (filtração estabelecida ou operação regular do filtro – t
2
).
O resumo de todos os experimentos realizados é mostrado na Tabela 5.4. Nessa Tabela são
apresentados os valores de dosagem do sulfato de alumínio (expresso em mg/L de sulfato
de alumínio anidro), do pH da água de estudo e do pH de coagulação adotados em cada
experimento, além da taxa de filtração. De posse dos dados da Tabela 5.4, também se pode
observar se se optou por utilizar dosagem ótima de coagulante, subdosagem ou super
dosagem de sulfato de alumínio ao longo dos experimentos de filtração direta descendente.
92
Tabela 5.4 – Resumo dos experimentos de filtração direta descendente
Exp. Data AB pH AE pH coag.
Dosagem de
Coagulante (mg/L)
Taxa
(m
3
/m
2
dia)
1 23/Jan Paranoá 7,0 – 7,1 6,3 dosagem ótima (5) 210
2 2/Fev Paranoá 6,7 – 6,9 6,2 dosagem ótima (5) 210
3 7/Fev Paranoá 6,7 – 6,9 6,1 dosagem ótima (5) 210
4 13/Fev Paranoá 6,8 – 6,9 6,9 subdosagem (2) 210
5 24/Fev Torto 7,0 – 7,4 6,5 dosagem ótima (10) 210
6 2/Mar Torto 7,1 – 7,2 6,6 dosagem ótima (10) 210
7 8/Mar Torto 7,2 – 7,6 6,7 dosagem ótima (10) 210
8 23/Mar Torto 7,4 – 7,6 6,8 subdosagem (3) 210
9 24/Mai Torto 6,7 – 6,9 6,7 dosagem ótima (4) 105
10 29/Mai Torto 6,8 – 6,9 6,6 dosagem ótima (4) 105
11 5/Jun Torto 7,0 – 7,2 6,8 super dosagem (8) 210
12 7/Jun Torto 7,0 – 7,1 6,6 super dosagem (8) 210
13 19/Jun Torto 6,7 – 7,0 6,6 dosagem ótima (5) 210
14 21/Jun Torto 7,0 – 7,1 6,8 dosagem ótima (5) 210
15 7/Jul Torto 7,0 – 7,1 6,7 dosagem ótima (4) 210
Legenda: AB = água bruta; AE = água de estudo
Aqui cabe lembrar que antes da realização de cada experimento de filtração, era feita uma
seqüência de testes de jarros em que o pH de coagulação era mantido entre 6,1 a 6,9, para a
água do lago Paranoá, e entre 6,5 e 6,8 para a água do córrego do Torto. A dosagem de
sulfato de alumínio anidro era variada na faixa de 0 a 6 mg/L nos experimentos com água
do lago Paranoá e de 0 a 10 mg/L no caso da água do córrego do Torto.
Essas faixas foram adotadas com base nos resultados mostrados no item 5.1. Ou seja, para
a faixa de pH de coagulação selecionada, antes de cada experimento de filtração era
realizada uma seqüência de teste de jarros que permitia a determinação da dosagem
“ótima” de coagulação para água a ser usada no experimento. Nos experimentos em que
foram adotadas subdosagens (dosagens inferiores à dosagem “ótima” determinada) ou
super-dosagens (dosagens superiores à dosagem “ótima” determinada), a dosagem “ótima”
servia de referencial para a seleção dessas outras dosagens.
5.2.1 – Vazões e taxas de filtração
A vazão efluente do filtro descendente era controlada por um rotâmetro dotado de registro
tipo agulha, de modo a se manter constante em cada experimento de filtração. As vazões
foram monitoradas e controladas durante todo o tempo de filtração, para evitar mudanças
significativas na qualidade da água tratada.
93
A taxa de filtração, e por conseqüência a vazão efluente, foi um dos parâmetros alterados
nos experimentos de filtração direta com a finalidade de observar variações na qualidade
da água tratada e principalmente alterações na remoção de oocistos de Cryptosporidium. O
filtro foi operado com taxas de filtração da ordem de 210 m
3
/m
2
dia e 105 m
3
/m
2
dia e
vazões de 828 mL/min e 414 mL/min, respectivamente.
A Tabela 5.5 mostra as vazões médias efluentes do filtro e os tempos de duração de cada
experimento em escala piloto. Pode-se encontrar a representação gráfica da variação da
vazão ao longo de cada experimento de filtração no Apêndice B.
Tabela 5.5 – Vazões médias efluentes nos experimentos de filtração direta descendente
Experimentos
Meta Vazão
( mL/min)
Vazão Média
(mL/min)
Desvio Padrão
(%)
Duração
(min)
1 828 823
2,09
225
2 828 821
2,02
195
3 828 828
1,75
270
4 828 826
0,87
315
5 828 825
1,19
270
6 828 826
1,21
300
7 828 832
0,60
390
8 828 831
0,71
390
9 414 413
0,97
300
10 414 415
0,80
300
11 828 824
1,12
210
12 828 821
1,67
210
13 828 825
0,90
300
14 828 826
0,80
300
15 828 828
0,68
300
Legenda – Experimentos 1, 2 e 3: lago Paranoá – dosagem “ótima”; Experimento 4: lago Paranoá – sub-
dosagem; Experimentos 5, 6 e 7: córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – dosagem “ótima”;
Experimento 8: córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – subdosagem; Experimentos 9 e 10: córrego do
Torto (Maio a Julho/2006) – taxa reduzida (105 m
3
/m
2
dia); Experimentos 11 e 12: córrego do Torto (Maio a
Julho/2006) – super-dosagem; Experimentos 13, 14 e 15: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – dosagem
“ótima”.
Observa-se na Tabela 5.5 e no Apêndice B, que foi atingido o objetivo de manter o mais
constante possível a vazão efluente ao longo dos trabalhos de filtração. Entretanto, ocorreu
maior dificuldade em controlar as vazões nos primeiros experimentos quando comparados
com os experimentos finais, à exceção do experimento 12, onde se pode observar desvio
padrão mais elevado. Esse fato pode ser explicado pela experiência adquirida ao longo do
desenvolvimento dos estudos, já que o controle do rotâmetro era realizado manualmente e
estava diretamente relacionado com a experiência e habilidade do operador.
94
5.2.2 – Residual de alumínio
De acordo com a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde, a água potável, para estar em
conformidade com o padrão de aceitação para consumo humano, deve ter valor máximo
permitido de 0,2 mg/L de alumínio.
A Figura 5.5 mostra as concentrações residuais de alumínio encontradas nos experimentos
de filtração direta. Foram realizadas análises de alumínio em amostras de água bruta e de
água filtrada no início e em três horas de filtração.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Experimentos
Alumínio (mg/L)
AB AF1 AF2
Legenda: AB: água bruta; AF
1
: água filtrada no início dos experimentos de filtração (amadurecimento do
filtro – t
1
); AF
2
: água filtrada após três horas de filtração (operação regular do filtro – t
2
); Experimentos 1, 2 e
3: lago Paranoá – dosagem “ótima”; Experimento 4: lago Paranoá – subdosagem; Experimentos 5, 6 e 7:
córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – dosagem “ótima”; Experimento 8 = córrego do Torto
(Fevereiro e Março/2006) – subdosagem; Experimentos 9 e 10: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – taxa
reduzida (105 m
3
/m
2
dia); Experimentos 11 e 12: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – super-dosagem;
Experimentos 13, 14 e 15: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – dosagem “ótima”.
Figura 5.5 – Concentrações de alumínio em amostras de água bruta e filtrada nos
experimentos de filtração direta descendente
Como revela a Figura 5.5, foi encontrado alumínio em todas as amostras de água bruta
analisadas. Há a necessidade de confirmação desses resultados de modo que seja possível
verificar se de fato há esses teores de alumínio ou se estes valores são resultados do
método analítico utilizado.
Apesar da presença de alumínio na água bruta, nenhuma amostra de água filtrada
apresentou concentração de alumínio residual superior ao valor preconizado pela Portaria
MS 518/2004. Entretanto, observa-se que nos experimentos em que foi adotada sub-
95
dosagem (experimentos 4 e 8) ou super dosagem de coagulante (experimentos 11 e 12) o
residual de alumínio se mostrou um pouco mais elevado. No primeiro caso, de sub-
dosagem, esses valores estão associados ao traspasse de turbidez. Por outro lado, no caso
da super-dosagem, um maior residual de alumínio pode estar associado a alumínio não
agregado aos flocos formados, ou seja, alumínio não utilizado na coagulação. Não há
explicação aparente para os maiores valores observados no experimento 14, quando
comparado aos experimentos 13 e 15, realizados em condições similares.
5.2.3 – Clorofila-a
A clorofila-a é um parâmetro de qualidade que fornece a medida da biomassa de algas
presentes nas águas. Em todos os experimentos de filtração direta foram monitoradas as
concentrações de clorofila-a em amostras de água bruta e de água filtrada, conforme se
pode observar na Figura 5.6.
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Experimentos
Clorofila-a (
µ
g/L)
AB AF1 AF2
Legenda – AB: água bruta; AF
1
: água filtrada no início dos experimentos de filtração (amadurecimento do
filtro – t
1
); AF
2
: água filtrada após três horas de filtração (operação regular do filtro – t
2
); Experimentos 1, 2 e
3: lago Paranoá – dosagem “ótima”; Experimento 4: lago Paranoá – subdosagem; Experimentos 5, 6 e 7:
córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – dosagem “ótima”; Experimento 8: córrego do Torto (Fevereiro
e Março/2006) – subdosagem; Experimentos 9 e 10: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – taxa reduzida
(105 m
3
/m
2
dia); Experimentos 11 e 12: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – super-dosagem;
Experimentos 13, 14 e 15: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – dosagem “ótima”.
Figura 5.6 – Concentrações de clorofila-a a em amostras de água bruta e água filtrada nos
experimentos de filtração direta descendente
Como pode ser visto na Figura 5.6 e na Tabela 5.1, as concentrações de clorofila-a
encontradas na água do lago Paranoá possuíam valores entre 11,9 e 12,9 µg/L. Entretanto,
a água proveniente do córrego do Torto apresentou valores de clorofila-a inferiores a 1,6
96
µg/L. Esse fato foi decisivo na opção por trabalhar com água proveniente do córrego do
Torto, como já mencionado.
Na mesma Figura 5.6, pode-se observar que com exceção dos experimentos onde foi
utilizada subdosagem de coagulante, as concentrações de clorofila-a nas amostras de água
filtrada foram inferiores a 1,5 µg/L, independente da água de estudo utilizada.
5.2.4 – Coliformes totais e E. coli
Foram realizadas quantificações de coliformes totais e E. coli em amostras de água bruta e
de água filtrada no tempo inicial de amadurecimento do filtro, t
1
, e em três horas de
experimento de filtração, t
2
, como mostrado na Tabela 5.6.
Tabela 5.6 – Concentração de coliformes totais e E. coli em amostras de água bruta e água
filtrada nos experimentos de filtração direta descendente
Coliformes Totais (NMP/100 mL) E. coli (NMP/100 mL)
Exp AB AF
1
(t
1
) AF
2
(t
2
) AB AF
1
(t
1
) AF
2
(t
2
)
1 NR NR NR NR NR NR
2 >2, 4 x 10
3
56,3 53,7 496,0 9,6 5,2
3
>2, 4 x 10
3
156,5 127,4 149,0 2,0 1,0
4
>2, 4 x 10
3
>2, 4 x 10
3
>2, 4 x 10
3
129,6 20,1 16,7
5 8,7 x 10
3
52,8 17,3 148,0 1,0 <1,0
6 1,6 x 10
3
2,0 2,0 134,0 1,0 <1,0
7 2,9 x 10
3
11,0 6,3 109,0 1,0 <1,0
8 1, 7 x 10
3
1,0 x 10
3
275,5 71,2 52,0 31,0
9 1,8 x 10
3
26,3 24,3 122,0 1,0 <1,0
10 1,6 x 10
3
24,3 15,8 75,0 1,0 <1,0
11 1,5 x 10
3
13,2 13,5 31,0 1,0 <1,0
12 1,4 x 10
3
15,6 10,8 63,0 1,0 <1,0
13 1,2 x 10
3
4,1 1 63,0 1,0 <1,0
14 1,2 x 10
3
6,2 1 31,0 1,0 <1,0
15 2,4 x 10
3
13,1 3,1 41,0 1,0 <1,0
Legenda: AB: água bruta; AF
1
: água filtrada no início dos experimentos de filtração (amadurecimento do
filtro – t
1
); AF
2
: água filtrada após três horas de filtração (operação regular do filtro – t
2
); Experimentos 1, 2 e
3: lago Paranoá – dosagem “ótima”; Experimento 4 = lago Paranoá – subdosagem; Experimentos 5, 6 e 7:
córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – dosagem “ótima”; Experimento 8 = córrego do Torto
(Fevereiro e Março/2006) – subdosagem; Experimentos 9 e 10: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – taxa
reduzida (105 m
3
/m
2
dia); Experimentos 11 e 12: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – super-dosagem;
Experimentos 13, 14 e 15: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – dosagem “ótima”.
97
Como se pode observar na Tabela 5.6, as quantificações de coliformes totais e E. coli
foram geralmente maiores nas águas provenientes do lago Paranoá devido, provavelmente,
ao lançamento de esgoto tratado próximo ao ponto de coleta dessa de água. Verifica-se
também, que foram encontradas quantidades superiores desses microorganismos nas águas
filtradas dos experimentos onde se utilizou subdosagem de coagulante (experimentos 4 e
8), o que ressalta a importância da etapa de coagulação na eficiência da filtração direta.
Além disso, no período de amadurecimento do filtro (AF
1
), as concentrações de coliformes
totais e E. coli foram, de forma geral, um pouco superiores às concentrações no período de
operação regular do filtro (AF
2
), indicando que no período inicial de funcionamento do
filtro há maior probabilidade de traspasse de coliformes.
5.2.5 – Turbidez
A turbidez é um parâmetro físico de qualidade da água que fornece um indicativo das
condições da água de estudo. Como mencionado, a Portaria MS 518/2004 determina como
padrão de turbidez para água após filtração rápida (filtração direta ou por tratamento
completo) o valor máximo de 1 UT. Ao mesmo tempo, o parágrafo 2° do artigo 12 dessa
Portaria
observa que com vistas a assegurar a adequada eficiência de remoção de
enterovírus, cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium sp., que se estabeleça
como meta, para a filtração rápida, a obtenção de efluente filtrado com valores de turbidez
inferiores a 0,5 UT. Com o mesmo objetivo, a USEPA preconiza que o efluente do filtro
tenha valores de turbidez inferiores a 0,3 UT em 95% do tempo.
A Tabela 5.7 mostra a faixa de variação dos valores de turbidez efluente do filtro nos
experimentos de filtração direta descendente, assim como a média e o desvio padrão.
De acordo com a Tabela 5.7, pode-se observar que independente da água de estudo e da
taxa de filtração utilizada, ao trabalhar com condições “ideais” de coagulação, obteve-se
valores de turbidez residual inferiores ao recomendado no artigo 12 da Portaria MS
518/2004, indicando que a ação do filtro direto descendente, em condições “ótimas” de
coagulação, se mostrou eficiente para remoção de turbidez. Além disso, de forma geral, os
valores de turbidez residual foram inferiores a 0,3 UT (valores preconizados pela USEPA,
1998), o que comprova as condições eficientes de remoção para esse parâmetro. O
98
comportamento da turbidez da água filtrada ao longo de cada experimento de filtração
direta descendente é apresentado no Apêndice C.
Tabela 5.7 – Turbidez residual nos experimentos de filtração direta descendente
Turbidez (UT)
Experimento Faixa Média Desvio Padrão
1 0,17 – 0,25 0,20 0,03
2 0,10 – 0,19 0,13 0,03
3 0,13 – 0,30 0,21 0,05
4 1,2 – 1,9 1,5 0,20
5 0,20 – 0,38 0,28 0,06
6 0,13 – 0,28 0,23 0,04
7 0,14 – 0,23 0,18 0,04
8 4,7 – 5,8 5,9 0,36
9 0,06 – 0,18 0,13 0,05
10 0,08 – 0,19 0,12 0,03
11 0,07 – 0,21 0,12 0,05
12 0,09 – 0,16 0,12 0,04
13 0,09 – 0,13 0,11 0,02
14 0,09 – 0,14 0,11 0,02
15 0,09 – 0,13 0,08 0,02
Legenda: Experimentos 1, 2 e 3: lago Paranoá – dosagem “ótima”; Experimento 4: lago Paranoá – sub-
dosagem; Experimentos 5, 6 e 7: córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – dosagem “ótima”;
Experimento 8: córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – subdosagem; Experimentos 9 e 10: córrego do
Torto (Maio a Julho/2006) – taxa reduzida (105 m
3
/m
2
dia); Experimentos 11 e 12: córrego do Torto (Maio a
Julho/2006) – super-dosagem; Experimentos 13, 14 e 15: córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – dosagem
“ótima”.
Ao optar por adotar super-dosagens de coagulante, experimentos 11 e 12, os valores da
turbidez residual também se mantiveram inferiores a 0,3 UT. Somente quando foram
utilizadas subdosagens de coagulante, experimentos 4 e 8, é que a turbidez residual
ultrapassou os valores preconizados pela Portaria MS 518/2004 e pela USEPA. Ao
observar esses resultados, pode-se constatar o que a literatura técnica preconiza (Huck
et
al.
, 2002b. Emelko, 2003 e Pereira et al., 2005), ou seja, falhas na etapa de coagulação,
particularmente no caso da filtração direta, afetam de forma notável a qualidade do
efluente filtrado.
5.2.6 – Perdas de carga
O monitoramento da perda de carga ao longo da duração da carreira de filtração e a
profundidade do meio filtrante permitem observar a propagação da frente de impurezas.
99
Na prática de operação das ETAs, a perda de carga é um dos indicadores do momento de
interrupção da carreira de filtração para se proceder a lavagem do filtro. Esse valor é pré-
estabelecido no projeto do filtro. O outro indicador da necessidade de se lavar o filtro é a
turbidez maior do que 1 UT (Portaria MS 518/2004). Idealmente, para melhorar o
aproveitamento do meio filtrante, esses dois indicadores devem ocorrer simultaneamente.
A Figura 5.7 apresenta a evolução da perda de carga ao longo da duração dos experimentos
de filtração direta descendente, realizados com água proveniente do lago Paranoá. Nessa
Figura se pode observar que a evolução da perda de carga no experimento 1 não foi linear
e que a partir de 180 minutos de funcionamento do filtro, a inclinação da curva de perda de
carga aumentou bruscamente. Esse fato aparentemente pode ser atribuído a dificuldade
inicial de operação do filtro, já que esse foi o primeiro experimento completo realizado ao
longo dos trabalhos em escala piloto.
0
30
60
90
12 0
15 0
18 0
210
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Perda de carga (cm)
Ex p 1 Ex p 2 Ex p 3 Ex p 4 H Limite
Experimentos 1, 2 e 3 = lago Paranoá – dosagem “ótima”; Experimento 4 = lago Paranoá – subdosagem.
Figura 5.7 – Perda de carga nos experimentos de filtração direta descendente com água
proveniente do lago Paranoá no período de Janeiro e Fevereiro/2006
Observa-se também, que não foi possível atingir a meta de 5 horas de trabalhos de filtração
ao realizar os experimentos 2 e 3. Atribuiu-se essa rápida colmatação do meio filtrante à
característica do lago Paranoá em que a turbidez é basicamente relecionada à presença de
algas, nesses experimentos representados por concentração de clorofila-a de cerca de 12
µg/L. Comportamento similar ao mostrado na Figura 5.7 foi observado por Cezar (2000)
em experimentos também realizados com água do lago Paranoá e filtro de areia.
Entretanto, esperava-se que no presente trabalho, em função das características do meio
filtrante adotado, maior granulometria e menor CD, a duração da carreira de filtração seria
maior.
100
Como era de se esperar, a perda de carga observada ao longo do experimento 4 foi bem
inferior às observadas nos experimentos anteriores, se mantendo praticamente constante,
devido a baixa retenção de impurezas no filtro, causada pelas condições falhas de
coagulação (subdosagem).
As Figuras D.1 a D.4 do Apêndice D mostram o crescimento da perda de carga nas
camadas (profundidade) do meio granular ao longo de cada experimento de filtração direta
descendente realizados com água do lago Paranoá. A perda de carga específica para cada
camada (profundidade), expressa em centímetro de coluna de água por centímetro de meio
filtrante, foi calculada dividindo-se a diferença entre as leituras de pressão nas tomadas
piezométricas subseqüentes distribuídas ao longo do meio filtrante pela espessura da
camada em questão.
Analisando as Figuras D.1, D.2 e D.3, observa-se que nesses experimentos somente a
primeira e a segunda camada do meio filtrante foram efetivas na retenção de impurezas, o
que caracteriza um processo de filtração praticamente superficial. Entretanto, esse processo
de filtração superficial ocorreu de forma mais acentuada nos experimentos 2 e 3, quando
comparados ao experimento 1. Ao observar a Figura D.4, conclui-se que quando se usou
subdosagem de coagulante, houve uma ocupação mais uniforme do meio filtrante, já que
não ocorreu retenção efetiva de impurezas em nenhuma camada.
Comparando a Figura 5.8, que apresenta os resultados da evolução de perda de carga total
para o grupo de experimentos de filtração realizado com água do córrego do Torto, com a
Figura 5.7, relativa aos experimentos com água do lago Paranoá, observa-se que a taxa de
crescimento das curvas de perda de carga nos experimentos com água do córrego do Torto
foi menor, indicando que a duração da carreira de filtração para essa água tende a ser maior
do que para a água do lago Paranoá, provavelmente em função da menor presença de algas,
(teor de clorofila-a da água bruta em torno de 1 µg/L)
Ao analisar as Figura D.5, D.6 e D.7 do Apêndice D, observa-se que, diferentemente do
observado nos experimentos com água do lago Paranoá, há ocupação da terceira camada e
indícios de ocupação da quarta camada, sinalizando que a filtração estava ocorrendo em
maior profundidade. É difícil prever se (e como) a ocupação de camada mais profunda que
a terceira (profundidade maior do que 20 cm) ocorreria ao longo da duração total da
carreira de filtração. Entretanto, prolongando-se as retas de perda de carga total na Figura
101
5.8, estima-se que a duração da carreira de filtração nesse experimento atingiria entre 7 e
10 horas, considerando uma carga hidráulica disponível de 1,8 m. Os dados da Figura 5.7
para a água do lago Paranoá, mostra que a duração da carreira de filtração não excederia 5
horas, o que é muito pouco se comparado com as carreiras de filtração geralmente obtidas
em escala real.
0
30
60
90
12 0
15 0
18 0
210
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Perda de carga (cm)
Ex p 5 Ex p 6 Ex p 7 Ex p 8 H Limite
Legenda: Experimentos 5, 6 e 7 = córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – dosagem “ótima”;
Experimento 8 = córrego do Torto (Fevereiro e Março/2006) – subdosagem.
Figura 5.8 – Perda de carga nos experimentos de filtração direta descendente com água
proveniente do córrego do Torto no período de Fevereiro e Março/2006
Quando se observa a Figura D.8 do Apêndice D, conclui-se que houve ocupação mais
uniforme do meio ao longo do experimento 8, devido a baixa retenção de impurezas em
todas as camadas. Assim como no experimento 4, a perda de carga no experimento 8 se
manteve praticamente constante ao longo de todo o tempo de operação do filtro, como
resultado da baixa eficiência do filtro em condição de subdosagem de coagulante.
Ao realizar comparações entre os experimentos realizados em condições “ótimas” de
coagulação com água proveniente do córrego do Torto em Fevereiro e Março de 2006 e os
experimentos realizados com água proveniente do córrego do Torto entre Maio e Julho de
2006, observa-se a partir das Figuras do Apêndice D, que as perdas de carga específicas
são menores nos experimentos 13, 14 e 15 do que nos experimentos 5, 6 e 7. Esse fato por
ser explicado pelas características da água de estudo e dosagens de coagulante requeridas.
Nos experimentos 5, 6 e 7 os valores de turbidez da água do córrego do Torto eram mais
elevados e a dosagem “ótima” de coagulante foi o dobro da utilizada nos experimentos 13,
14 e 15, como pode ser observado na Tabela 5.4.
Na Figura 5.9 é possível visualizar que o crescimento da perda de carga ao longo da
duração dos experimentos de filtração com taxas de filtração de 210 e 105 m
3
/m
2
dia são
102
praticamente paralelas sugerindo, equivocadamente, que para o filtro utilizado na dosagem
“ótima” de coagulante a retenção de impurezas se dá de forma semelhante independente da
taxa de filtração. Comparando as Figuras D.9 e D.10 com a Figura D.13, D.14 e D.15,
verifica-se que nos experimentos com a menor taxa, a retenção de impurezas está mais
concentrada na primeira camada, enquanto que para a maior taxa a retenção está mais
distribuída entre a primeira e segunda camada. Cabe ainda lembrar que a carga de material
particulado afluente ao filtro no segundo caso é duas vezes maior do que no primeiro e que
essa melhor distribuição garante uma taxa de crescimento de perda de carga similar nos
dois casos.
0
30
60
90
12 0
15 0
18 0
210
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Perda de carga (cm)
Ex p 9 Exp 10 Exp 11 Exp 12
Exp 13 Exp 14 Exp 15 H Limite
Experimentos 9 e 10 = córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – taxa reduzida (105 m
3
/m
2
dia); Experimentos
11 e 12 = córrego do Torto (Maio a Julho/2006) – super-dosagem; Experimentos 13, 14 e 15 = córrego do
Torto (Maio a Julho/2006) – dosagem “ótima”
Figura 5.9 – Perda de carga nos experimentos de filtração direta descendente com água
proveniente do córrego do Torto no período de Maio a Julho/2006
Uma análise superficial das Figuras D.13, D.14 e D.15 pode induzir o observador a sugerir
que está ocorrendo nesses casos, uma filtração praticamente de superfície. Entretanto, é
necessário observar que a duração da carreira de filtração nesses experimentos, se
disponibilizada uma carga hidráulica de 1,8 m, poderia, extrapolando as retas de perda de
carga total, atingir cerca de 15 horas, não sendo possível, a partir dos dados obtidos, inferir
qual o comportamento da frente de impurezas com a continuação da operação do filtro.
Porém, acredita-se que haveria uma ocupação maior do que nos casos anteriores.
Ainda analisando a Figura 5.9, verifica-se que nos experimentos 11 e 12, realizados com
super-dosagem de coagulante, a declividade das retas de crescimento da perda de carga é
maior (maior ângulo) do que nos experimentos 13 a 15 (dosagem “ótima”). Esse
103
comportamento era esperado em função da maior carga de sólidos afluentes ao filtro,
associada a maior dosagem de coagulante.
Apesar da maior taxa de crescimento da perda de carga total e específica (Figuras D.11 e
D.12), observa-se que em termos de avanço da frente de impurezas (expressa pela
distribuição da perda de carga específica nas camadas) há semelhança no comportamento
dos experimentos 11 e 12 com os experimentos 13, 14 e 15, sugerindo que a penetração
das impurezas está sendo regida pela taxa de filtração.
5.2.7 – Experimentos de Filtração Direta Descendente – Água do lago Paranoá
Como já foi mencionado, foram realizados quatro experimentos com água proveniente do
lago Paranoá. Nos três primeiros experimentos, utilizou-se dosagem “ótima” do coagulante
sulfato de alumínio. No quarto experimento, foi utilizada uma subdosagem de coagulante,
de modo que fosse possível comparar as remoções dos parâmetros de qualidade da água de
ambas as condições de coagulação. As Tabelas 5.1 e 5.8 apresentam a caracterização da
água bruta e da água de estudo, respectivamente, ao longo desses experimentos e a Tabela
5.9 fornece os valores residuais e as remoções dos parâmetros de qualidade da água de
interesse nos tempos t
1
e t
2
, que equivalem às amostras coletadas no início da filtração (15
minutos) e em 3 horas de experimento de filtração.
Tabela 5.8 – Caracterização da água de estudo preparada com água do lago Paranoá
utilizada em cada experimento de filtração – Janeiro e Fevereiro/2006
Experimentos 1 2 3 4
Turbidez (UT)
3,1 3 5,6 4,7
pH
7,1 6,7 6,7 6,9
Clorofila-a (µg/L)
12,9 11,9 12,0 11,9
Alcalinidade (mg/L CaCO
3
)
21 17 16 22
Coliformes Totais (NMP/100ml)
NR > 2,42 x 10
3
> 2,42 x 10
3
> 2,42 x 10
3
E. coli (NMP/100 mL)
NR 496 149 129,6
Oocistos Cryptosporidium (ooc/L)
1060 860 1050 750
Legenda: NR = não realizado; Experimentos 1, 2 e 3: dosagem “ótima” de coagulante; Experimento 4:
subdosagem de coagulante.
104
Tabela 5.9 – Residual e remoções de turbidez, clorofila-a, ocistos de Cryptosporidium e E.
coli
em experimentos com água de estudo preparada com água do lago Paranoá – Janeiro e
Fevereiro/2006
Experimentos 1 2 3 4
Residual (UT)
0,2 0,1 0,2 1,5
Turbidez Média
Remoções (%)
93,6 95,5 96,3 67,6
Residual (µg/L)
1,3 1,5 1,1 4,2
Clorofila-a t
1
Remoções (%)
89,8 87,5 91,2 64,9
Residual (µg/L)
0,8 0,8 0,7 3,2
Clorofila-a t
2
Remoções (%)
93,9 93,4 94,5 73,3
Residual (ooc/L)
60 18 42 243
Oocistos
Cryptosporidium
t
1
Remoções (% - log)
94,3 – 1,25 97,9 – 1,68 96,0 – 1,40 67,4 – 0,49
Residual (ooc/L)
20 8 15 167
Oocistos
Cryptosporidium
t
2
Remoções (% - log)
98,1 – 1,72 99,1 – 2,03 98,6 – 1,85 77,8 – 0,65
Residual
(NMP/100 mL)
SM 9,6 2,0 20,1
E. coli t
1
Remoções (%)
NR 98,1 98,7 84,5
Residual
(NMP/100 mL)
SM 5,2 1,0 16,7
E. coli t
2
Remoções (%)
NR 98,95 99,33 87,11
Legenda: NR = não realizado; SM = sem monitoramento; Experimentos 1, 2 e 3 = dosagem “ótima” de
coagulante; Experimento 4 = subdosagem de coagulante; t
1
= tempo de madurecimento do filtro; t
2
= tempo
de operação regular do filtro.
Ao analisar os dados referentes aos experimentos 1, 2 e 3, na Tabela 5.9, pode-se observar
remoções dos parâmetros de qualidade da água superiores a 90%, no tempo t
2
de operação
regular do filtro. Esses valores podem ser considerados altos para turbidez, clorofila-a e
E.
coli.
Com relação aos oocistos de Cryptosporidium, as remoções foram, de forma geral,
próximas de 2 log, sendo dessa forma inferiores a valores de 3 log encontrados por alguns
pesquisadores ao utilizar filtração direta em processo de tratamento de água. Sendo assim,
mesmo para remoções elevadas de turbidez, com valores residuais inferiores a 0,3 UT
(preconizados pela USEPA), as remoções de oocistos de Cryptosporidium não atingiram 3
log e os valores residuais desses oocistos foram elevados, o que pode acarretar risco de
infecção, se concentrações afluentes da ordem de 10
3
oocistos/L fossem as concentrações
presentes na natureza.
Como era de se esperar e confirmando o já verificado por Ongerth e Percoraro (1995),
Emelko (2003), Huck et al. (2002b), Dugan et al., (2001), entre outros, quando foi
utilizada dosagem muito inferior a dosagem “ótima” de coagulação, em situações de sub-
dosagem de coagulante, como no experimento 4, as remoções dos parâmetros de qualidade
105
da água, inclusive os oocistos de Cryptosporidium, foram comprometidas, quando
comparadas com a operação do filtro em condição de coagulação “ótima”.
Esse resultado é explicado pela teoria de filtração. Ao utilizar subdosagem de sulfato de
alumínio no processo de coagulação, não houve a eficiente desestabilização das partículas
por quantidade insuficiente de coagulante, e dessa forma, a retenção das impurezas no
meio filtrante não é efetiva. Essa retenção não ocorreu porque os mecanismos de aderência
não foram eficientes. Segundo Amirtharajah (1988), os mecanismos de aderência são
governados pelas características físico-químicas da suspensão e do meio filtrante e são
fortemente influenciados pela desestabilização das partículas.
A retenção não eficiente pode ser comprovada na Figura 5.7, onde se verifica o pequeno
crescimento da perda de carga ao longo de toda a carreira de filtração, quando comparado
com o crescimento obtido nos experimentos com dosagem “ótima” (experimentos 1, 2 e 3).
Ongerth e Percoraro (1995) realizaram experimentos de filtração direta em escala piloto
para condições “ótimas” (10 mg/L de sulfato de alumínio anidro) e sub-ótimas (5 mg/L de
sulfato de alumínio anidro) de coagulação. Esses pesquisadores utilizaram filtro com tripla
camada de antracito, areia e granada, com tamanho dos meios variando entre 1,0 a 1,1 mm,
0,45 a 0,55 mm e 0,18 a 0,22 mm, respectivamente. Ongerth e Percoraro (1995)
constataram que as remoções de oocistos de Cryptosporidium foram de 2,7 a 3,1 log para o
primeiro caso e 1,5 log para o segundo. Esses valores são superiores aos encontrados na
Tabela 5.9. As diferenças de remoção podem estar associadas às múltiplas camadas de
filtração, às características da água de estudo e ao meio filtrante utilizado.
Da comparação direta dos dados apresentados na Tabela 5.9, observa-se que, no tempo t
1
de funcionamento do filtro (início dos experimentos), em condições de dosagem “ótima”
de coagulante (experimentos 1, 2 e 3), os valores de eficiência de remoção dos parâmetros
de qualidade da água foram um pouco menores do que os valores obtidos no tempo t
2
em
três horas de experimento.
Na condição de subdosagem (experimento 4), houve um distanciamento maior entres as
remoções dos parâmetros de qualidade da água em relação aos tempos t
1
e t
2
. Então, além
da eficiência de filtração se tornar severamente comprometida com as falhas de
106
coagulação, ainda pode ocorrer um maior comprometimento no período inicial de
funcionamento do filtro, o que acarreta grande risco microbiológico.
5.2.8 – Experimentos de filtração direta descendente – Água do córrego do Torto
5.2.8.1 – Experimentos de filtração direta descendente – Água do córrego do Torto –
Fevereiro e Março de 2006
Em fevereiro e março de 2006 foram realizados quatro experimentos de filtração direta
com água proveniente do córrego do Torto. Nos três primeiros experimentos, utilizou-se
dosagem “ótima” do coagulante sulfato de alumínio. No quarto experimento, foi utilizada
subdosagem de coagulante. Também se procurou observar as características da água do
lago Paranoá e da água do córrego do Torto na remoção das impurezas, particularmente na
remoção dos oocistos de Cryptosporidium.
As Tabelas 5.2 e 5.10 mostram a caracterização da água bruta e da água de estudo,
respectivamente, ao longo dos experimentos realizados com água do córrego do Torto em
Fevereiro e Março/2006 e a Tabela 5.11 fornece os valores residuais e as remoções dos
parâmetros de qualidade da água nos tempos de amadurecimento do filtro – t
1
e no tempo
de operação regualar do mesmo – t
2
.
Tabela 5.10 – Caracterização da água de estudo preparada com água do córrego do Torto
utilizada em cada experimento de filtração – Fevereiro e Mraço/2006
Experimentos 5 6 7 8
Turbidez (UT)
5,8 9,2 9,0 7,9
pH
7,3 7,2 7,5 7,5
Clorofila-a (µg/L)
1,2 0 0 1,6
Alcalinidade (mg/L CaCO
3
)
36 34 37 35
Coliformes Totais (NMP/100ml)
8,7 x 10
3
1,6 x 10
3
2,9 x 10
3
1,7 x 10
3
E. coli (NMP/100mL)
148 134 109 71,2
Oocistos Cryptosporidium (ooc/L)
672 1067 640 930
Legenda: Experimentos 5, 6 e 7 = dosagem “ótima” de coagulante; Experimento 8 = subdosagem de
coagulante
107
Tabela 5.11 – Residual e remoções de turbidez, clorofila-a, ocistos de Cryptosporidium,
coliformes totais e E. coli em experimentos com água de estudo preparada com água do
córrego do Torto –Fevereiro e Março/2006
Experimentos 5 6 7 8
Residual (UT)
0,28 0,23 0,18 5,90
Turbidez Média
Remoções (%)
95,2 97,5 98,0 33,4
Residual (µg/L)
0,09 ND ND 0,7
Clorofila-a t
1
Remoções (%)
92,4 NR NR 57,0
Residual (µg/L)
0 ND ND 0,50
Clorofila-a t
2
Remoções (% - log)
100 NR NR 68,4
Residual (ooc/L)
125 88 64 246
Oocistos
Cryptosporidium
t
1
Remoções (% - log)
81,4 – 0,73 91,7 – 1,08 90,0 – 1,00 73,5 – 0,58
Residual (ooc/L)
74 64 42 210
Oocistos
Cryptosporidium
t
2
Remoções (% - log)
89,0 – 0,96 94,0 – 1,22 93,4 – 1,18 77,4 – 0,65
Residual
(NMP/100 mL)
52,8 2 11 1046,2
Coliformes
totais t
1
Remoções (%)
99,4 99,9 99,6 37,1
Residual
(NMP/100 mL)
17,3 2 6,3 275,5
Coliformes
totais t
2
Remoções (%)
99,8 99,9 99,8 83,4
Residual
(NMP/100 mL)
1,0 1,0 1,0 52,0
E. coli t
1
Remoções (%)
99,3 99,2 99,1 27,0
Residual
(NMP/100 mL)
<1,0 <1,0 <1,0 31,0
E. coli t
2
Remoções (%)
100 100 100 56,5
Legenda: t
1
= tempo de amadurecimento do filtro; t
2
= tempo de operação regular do filtro; Experimentos 5, 6
e 7 = dosagem “ótima” de coagulante; Experimento 8 = subdosagem de coagulante.
Como nos experimentos com água proveniente do lago Paranoá, verifica-se claramente na
Tabela 5.11 uma tendência de maiores remoções dos parâmetros de qualidade da água em
condições “ótimas” de coagulação (experimentos 5, 6 e 7) quando comparados com a
condição de subdosagem de coagulante (experimento 8). Esses resultados são consistentes
com os resultados de perda de carga, a partir dos quais se verifica a baixa retenção de
impurezas no experimento 8, resultando no não crescimento da perda de carga ao longo do
experimento de filtração.
Dos dados da Tabela 5.11 observa-se que, de um modo geral, na condição de dosagem
“ótima”, as remoções de coliformes totais e de E. coli no filtro foram superiores às
remoções de oocistos de Cryptosporidium. Já na condição de subdosagem, as remoções de
coliformes totais e de E. coli foram inferiores as remoções de oocistos de Cryptosporidium.
108
Da Tabela 5.11, pode-se observar também, que os valores residuais de E. coli, para os
experimentos onde foi utilizada dosagem “ótima” de coagulante, no tempo de operação
regular do filtro, foram menores do que 1 NMP/100 ml. Sendo assim, convencionou-se que
as remoções de E. coli para a condição testada foi 100%. Dessa forma, esses valores são
geralmente superiores aos valores obtidos em estação de tratamento por filtração direta em
escala real.
Em relação à comparação entre as eficiências obtidas nos momentos t
1
e t
2
dos
experimentos de filtração, observa-se que em termos de valores absolutos, a eficiência no
tempo t
2
é um pouco maior do que a eficiência no tempo t
1
, para os parâmetros avaliados.
Essa tendência segue o preconizado na teoria de filtração, em função de que nos primeiros
momentos da filtração, os mecanismos de aderência não são favorecidos, pois o contato do
floco desestabilizado se dá com o meio filtrante não desestabilizado, diferentemente do que
ocorre na operação regular do filtro, onde há aderência de floco com floco.
5.2.8.2 – Experimentos de filtração direta descendente – Água do córrego do Torto – Maio
a Julho de 2006
Nos meses de Maio a Julho de 2006 foram realizados sete experimentos de filtração direta
descendente com água do córrego do Torto. Embora a água de abastecimento do filtro
descendente tenha sido proveniente do mesmo manancial superficial que a água utilizada
nos experimentos 5, 6, 7 e 8, é importante destacar que devido ao tempo decorrido entre os
experimentos, houve mudanças das características da água bruta, principalmente no que
tange ao parâmetro turbidez, de modo que ocorreram diminuições dos valores de turbidez
em média de aproximadamente 5,0 UT, como pode ser comprovado nas Tabelas 5.2 e 5.3.
Com a mudança nas características da água do córrego do Torto, verificou-se a partir dos
ensaios em teste de jarros, alterações significativas da dosagem “ótima” de coagulante, e,
por essa razão, foram realizados novos experimentos com dosagem “ótima” e
superdosagem de sulfato de alumínio, agregando também, experimentos com redução de
taxa de filtração.
A caracterização da água de estudo ao longo dos experimentos realizados com água do
córrego do Torto em Maio a Julho/2006 pode ser observada na Tabela 5.12. Os valores
109
residuais e as remoções dos parâmetros de qualidade da água avaliados são mostrados nas
Tabelas 5.13 e 5.14.
Tabela 5.12 – Caracterização da água de estudo preparada com água do córrego do Torto
utilizada em cada experimento de filtração – Maio a Julho/2006
Experimentos 9 10 11 12 13 14 15
Turbidez
(UT)
4,1 3,7 3,0 3,0 2,7 2,5 2,6
pH
6,8 6,8 7,0 7,0 6,9 7,0 7,0
Clorofila-a
(µg/L)
1,4 1,4 1,6 0,8 1,4 1,1 1,1
Alcalinidade
(mg/L CaCO
3
)
31 34 35 31 35 31 31
Coliformes Totais
(NMP/100ml)
1,8 x 10
3
1,6 x 10
3
1,5 x 10
3
1,4 x 10
3
1,2 x 10
3
1,2 x 10
3
2,4 x 10
3
E. coli
(NMP/100 mL)
122 75 31 63 63 31 41
Oocistos
Cryptosporidium
(ooc/L)
638 616 858 959 743 977 944
Legenda: Experimentos 9 e 10 = taxa reduzida de filtração para 105 m
3
/m
2
dia; Experimentos 11 e 12 = super-
dosagem de coagulante; Experimentos 13, 14 e 15 = dosagem “ótima” de coagulante.
Tabela 5.13 – Residual e remoções de turbidez, clorofila-a, oocistos de Cryptosporidium e
E. coli nos experimentos 9, 10, 11 e 12, com água de estudo preparada com água do
córrego do Torto – Maio a Julho/2006
Experimentos
9 10 11 12
Residual (UT)
0,1 0,1 0,1 0,1
Turbidez Média
Remoções (%)
96,9 96,7 96,1 96,1
Residual (µg/L)
0,7 0,7 1,1 0,6
Clorofila-a a t
1
Remoções (%)
51,7 53,1 32,9 30,4
Residual (µg/L)
0,5 0,5 0,9 0,4
Clorofila-a a t
2
Remoções (%)
63,4 66,9 43,0 45,6
Residual (ooc/L)
SM SM 228 215
Oocistos
Cryptosporidium
t
Remoções (% - log)
NR NR 73,4 – 0,58 77,5 – 0,65
Residual (ooc/L)
181 182 190 192
Oocistos
Cryptosporidium
t
Remoções (% - log)
71,7 – 0,55 70,4 – 0,53 77,9 – 0,65 80,0 – 0,70
Residual
(NMP/100 mL)
26,3 24,3 13,2 15,6
Coliformes totais
t
1
Remoções (%)
98,5 98,5 99,1 98,9
Residual
(NMP/100 mL)
24,3 15,8 13,5 10,8
Coliformes totais
t
2
Remoções (%)
98,6 99,0 99,1 99,2
Residual
(NMP/100 mL)
1,0 1,0 1,0 1,0
E. coli t
1
Remoções (%)
99,2 98,7 96,8 98,4
Residual
(NMP/100 mL)
<1,0 <1,0 <1,0 <1,0
E. coli t
2
Remoções (%)
100 100 100 100
Legenda – NR: não realizado; SM: sem medição; t
1
: tempo de madurecimento do filtro; t
2
: tempo de operação regular do filtro;
Experimentos 9 e 10: taxa reduzida de filtração de 105 m
3
/m
2
dia; Experimentos 11 e 12: super-dosagem de coagulante.
110
Tabela 5.14 – Residual e remoções de turbidez, clorofila-a, oocistos de Cryptosporidium,
coliformes totais e E. coli nos experimentos 13, 14 e 15, com água de estudo preparada
com água do córrego do Torto – Maio a Julho/2006
Experimentos 13 14 15
Residual (UT)
0,1 0,1 0,1
Turbidez Média
Remoções (%)
95,8 95,5 96,8
Residual (µg/L)
0,7 0,5 0,5
Clorofila-a a t
1
Remoções (%)
54,5 51,9 50,0
Residual (µg/L)
0,5 0,4 0,4
Clorofila-a a t
2
Remoções (%)
63,4 61,3 62,3
Residual (ooc/L)
219 342 273
Oocistos
Cryptosporidium
t
1
Remoções (% - log)
70,5 – 0,53 65,0 – 0,46 71,0 – 0,54
Residual (ooc/L)
179 325 255
Oocistos
Cryptosporidium
t
2
Remoções (% - log)
75,9 – 0,62 66,7 – 0,48 73,0 – 0,57
Residual (NMP/100 mL)
4,1 6,2 13,1
Coliformes totais
t
1
Remoções (%)
99,7 99,5 99,4
Residual (NMP/100 mL)
1,0 1,0 3,1
Coliformes totais
t
2
Remoções (%)
99,9 99,9 99,9
Residual (NMP/100 mL)
1,0 1,0 1,0
E. coli t
1
Remoções (%)
98,4 96,8 99,9
Residual (NMP/100 mL)
<1,0 <1,0 <1,0
E. coli t
2
Remoções (%)
100 100 100
Legenda: t
1
= tempo de madurecimento do filtro; t
2
= tempo de operação regular do filtro; Experimentos 13,
14 e 15 = dosagem “ótima” de coagulante.
Ao realizar os experimentos 9 e 10, com taxa de filtração reduzida para 105 m
3
/m
2
dia,
optou-se por não coletar amostras de água filtrada para efetuar a detecção de oocistos de
Cryptosporidium, no tempo t
1
do experimento, devido a escassez de material para detecção
desses microorganismos.
De acordo com os dados das Tabelas 5.13 (experimentos 9 e 10) e 5.14 (experimentos 13,
14 e 15), é possível observar que os valores de remoções de oocistos de Criptosporidium,
turbidez, coliformes totais e E.coli são muito próximos quando se comparam experimentos
nos quais foram empregadas taxas de filtração reduzida (105 m
3
/m
2
dia) com experimentos
onde foram utilizadas taxas de filtração de 210 m
3
/m
2
dia. Importante lembrar que nos dois
grupos de experimentos foi utilizada dosagem “ótima” de coagulante.
111
Dugan e Williams (2004), por sua vez, observaram remoções distintas de oocistos de
Cryptosporidium, ao utilizarem taxas de filtração de 120 m
3
/m
2
dia e 240 m
3
/m
2
dia, com
meio filtrante de dupla camada de antracito e areia e sulfato de alumínio como coagulante,
em estações de filtração direta sem pré-floculação. Segundo esses pesquisadores, foram
obtidas remoções médias de oocistos de Cryptosporidium maiores do que 4,2 log para taxa
de filtração de 120 m
3
/m
2
dia e de 1,9 log para taxa de filtração de 240 m
3
/m
2
dia. Essa
diferença de comportamento entre os diferentes trabalhos sugere a necessidade de maior
avaliação dos parâmetros operacionais e de projeto.
Ao se comparar, para a mesma taxa de filtração, os experimentos nos quais utilizou super-
dosagem de coagulante (experimentos 11 e 12) com os experimentos em que foi utilizada
dosagem “ótima” de sulfato de alumínio (experimentos 13, 14 e 15), pode-se constatar que
as remoções de oocistos de Cryptosporidium foram um pouco superiores nos experimentos
com super-dosagem. Entretanto, não se observou diferenças notáveis entre as remoções de
turbidez, coliformes totais e
E. coli.
Esse fato pode ser explicado por Bustamante et al. (2001). Esses pesquisadores observaram
a interação entre os oocistos de Cryptosporidium e os coagulantes utilizados no processo
de tratamento de água. Bustamante et al. (2001) utilizaram 6,8 mg/L de sulfato de alumínio
anidro, valor próximo ao utilizado nos experimentos de super-dosagem de coagulante (8
mg/L), e observaram o efeito do pH na interação entre os oocistos de Cryptosporidium e o
alumínio, assim como o efeito da remoção desses microorganismos por filtração.
Para Bustamante
et al. (2001), com valores de pH próximos de 7 (valores de pH
observados nos experimentos 11 e 12 de super-dosagem de coagulante) ocorre o aumento
da concentração de espécies hidrolisadas de alumínio. Segundo esses pesaquisadores, essas
espécies não são apenas eletrostaticamente adsorvidas nos sítios negativamente carregados,
mas também interagem quimicamente com os grupos carboxilados e fostatos da superfície
dos oocistos, tornando-os negativos. Essa interação específica das espécies hidrolisadas de
alumínio e a superfície dos oocistos resultam em uma forte atração entre os flocos e os
oocistos da ordem de 10 kT, de modo que essa força de atração pode ser um fator
determinante na habilidade dos flocos de alumínio em reterem os oocistos de
Cryptosporidium no meio filtrante. Entrentanto, esses autores observam que essa interação
entre flocos de alumínio e oocistos de Cryptosporidium precisa ser testada em
112
experimentos de filtração para se garantir que essa interação realmente possa ser
confirmada em condições de filtração em escala real.
Além disso, mais uma vez, ao utilizar água do córrego do Torto nos meses de Maio a Julho
de 2006, observou-se que a remoção de E. coli, no tempo de operação regular do filtro, no
tempo t
2
, foi de 100%, destacando-se que a remoção completa de E. coli não é usual em
estações de tratamento de água por filtração direta.
5.2.9 – Influência da qualidade da água na remoção de oocistos de Cryptosporidium e
parâmetros indicadores
A partir dos dados das Tabelas 5.9, 5.11 e 5.14 é possível observar, que há diferenças entre
as remoções de oocistos de Cryptosporidium e E. coli quando se compara a água
proveniente do lago Paranoá com a água do córrego do Torto, nas condições “ótimas” de
coagulação. Contudo, não foram observadas diferenças apreciáveis para as remoções de
turbidez, nas condições estudadas. Pode-se observar também, que, sob condições “ótimas”
de coagulação, as remoções de oocistos de
Cryptosporidium foram maiores quando se
utilizou água proveniente do lago Paranoá, em operação regular do filtro.
Analisando o comportamento do filtro quando foi utilizada água de estudo preparada a
partir da água do lago Paranoá, verifica-se, como já discutido no item 5.2.6, que a remoção
de impurezas se concentra nas duas primeiras camadas, com destaque para a primeira
camada, gerando assim, valores de perdas de carga específicas muito elevados se
comparados aos experimentos com água do córrego do Torto.
A elevada perda de carga específica observada com a água do lago Paranoá sugere que as
forças de aderência nesse caso resistam mais às forças de cisalhamento do que na situação
do córrego do Torto. Como as forças de aderência são regidas pelas características
superficiais das partículas e do meio e, são influenciadas significativamente pela
desestabilização das partículas, pode-se inferir que as características da água do lago
Paranoá, com presença de algas, juntamente com uma coagulação adequada, promoveram
um processo de retenção mais eficiente. Aqui cabe ressaltar que muitas algas, assim como
outros organismos, são capazes de produzir matéria orgânica extra-celular, que pode agir
como polieletrólitos auxiliares na resistência dos flocos e na aderência entre eles.
113
Entretanto, as remoções de E. coli foram menores quando se utilizou a água do lago
Paranoá, o que não é consistente com a explicação anterior. Uma possível explicação para
essa inconsistência pode ter origem na precisão do método analítico utilizado tendo em
vista as concentrações iniciais de E. coli na água do córrego do Torto, como observadas
nas Tabelas 5.10 e 5.12. Dos dados dessas Tabelas, observa-se que em alguns
experimentos, as concentrações iniciais de
E.coli foram inferiores a 100 NMP/100mL.
Como o método analítico utilizado possui limite inferior de detecção de 1 NMP/100mL,
nos casos em que as concentrações iniciais de
E.coli são baixas, não se pode afirmar com
precisão o valor da remoção atingida no experimento de filtração. Como exemplo, pode-se
citar o valor inicial de
E. coli de 31 NMP/100mL presente na água bruta do experimento
14 (Tabela 5.12) e a concentração residual de
E.coli inferior a 1 NMP/100mL, no tempo t
2
de operação regular do filtro (Tabela 5.14). Nessa situação, remoções de 97%, 98%, 99% e
100%, levariam a valores residuais de
E.coli inferiores a 1 NMP/100mL, não sendo
possível assegurar com precisão a remoção total de
E.coli para essas condições. Sendo
assim, optou-se por admitir remoção de 100%.
A partir dos dados das Tabelas 5.11 e 5.14, pode-se observar que não ocorreram diferenças
notáveis entre as remoções de turbidez, coliformes totais e E. coli, quando foram utilizadas
águas do córrego do Torto, em momentos distintos. Contudo, ocorreram maiores remoções
de oocistos de Cryptosporidium em Fevereiro e Março de 2006, quando comparadas com
as remoções da água do Torto em Maio a Julho de 2006.
Esse fato parece estar associado às diferenças de caracteríticas da água de estudo nos dois
grupos de experimentos (ver Tabelas 5.10 e 5.12) e seus reflexos na coagulação.
Comparando as Tabelas 5.10 e 5.12, observam-se maiores valores de tubidez na água do
córrego do Torto nos meses de Fevereiro e Março. Sendo assim, como pode ser visto na
Tabela 5.4, foram necessárias maiores dosagens de coagulante (aproximadamente 10
mg/L) para que fosse possível realizar o processo de coagulação nesses experimentos
(dosagem ótima), ocorrendo maiores taxas de crescimento das perdas de carga e maiores
retenções de impurezas nas três primeiras camadas do filtro (Figura D.5 e D.6 do Apêndice
D). Nessa situação, provavelmente ocorreu formação de flocoscom características mais
adequadas para a redução de oocistos de
Cryptosporidium.
No entanto, quando se utilizou água do córrego do Torto em Maio, Junho e Julho de 2006,
com valores mais baixos de turbidez, utilizaram-se menores dosagens de sulfato de
114
alumínio anidro (aproximadamente 5 mg/L). Esse fato pode estar associado ao que já foi
discutido no tópico 5.2.8.2 e por Bustamante et al. (2001), o que pode ter levado a menor
taxa de crescimento das perdas de carga e menores retenções de impurezas, dando um
indicativo da utilização de mecanismos de coagulação distintos dos utilizados
anteriormente. Dessa forma, nessas circunstâncias, ocorreram menores remoções de
oocistos de
Cryptosporidium.
5.2.10 – Comparação entre as remoções dos parâmetros de qualidade da água no
período de inicial de funcionamento do filtro e no período de estabilização do filtro
Para avaliar os efeitos do tratamento de água ao longo das carreiras de filtração foram
realizadas análises dos parâmetros de qualidade da água em dois tempos distintos: no
tempo t
1
, nos15 minutos iniciais de funcionamento do filtro, período de amadurecimento
do filtro, e no tempo t
2
, em três horas de experimento, com o filtro em operação regular.
Como pode ser observado nas Tabelas 5.9, 5.11, 5.13 e 5.14 há diferenças nítidas entre as
remoções de oocistos de Cryptosporidium, coliformes totais e E. coli , quando se compara
o período inicial de funcionamento do filtro, no tempo t
1,
com o período em que o processo
de filtração já está operando regularmente, no tempo t
2
.
Esse estudo confirma o que foi constatado por Hall et al. (1995), Ongerth e Percoraro
(1995), Huck
et al., (2002b) e Emelko (2003), entre outros, que afirmaram que pode
ocorrer aumento dos riscos de traspasse de oocistos de
Cryptosporidium no período inicial
de funcionamento do filtro, quando se trabalha com tratamento convencional e
principalmente com filtração direta para tratamento da água. Essa tendência segue o
preconizado na teoria de filtração, em função de que nos primeiros momentos da filtração,
os mecanismos de aderência não são favorecidos, pois após o transporte até as imediações
do grão filtrante, o contato se dá entre floco (desestabilizado) e o meio filtrante (não
desestabilizado) não havendo uma eficiência elevada de aderência. Segundo alguns desses
autores, estudos devem ser realizados para inferir se taxas reduzidas de filtração no início
do funcionamento dos filtros diretos podem ser usados para reduzir o risco de
contaminação da água filtrada por oocistos de
Criptosporidium.
Entretanto, de acordo com o Apêndice C, não há diferenças marcantes entre os valores de
turbidez efluente quando se compara o tempo t
1
e t
2
de operação do filtro. Por
115
conseqüência, não há diferenças nítidas entre as remoções desse parâmetro ao se trabalhar
em condições de amadurecimento do filtro e em operação regular do mesmo. Durante todo
o período de filtração, inclusive na fase de amadurecimento, os valores de turbidez se
mantiveram sempre inferiores a 0,5 UT (recomendável pela Portaria MS 518/2004) e,
geralmente, inferiores a 0,3 UT (preconizado pela USEPA, 1998) como pode ser
comprovado na Tabela 5.6.
Sendo assim, para as condições testadas, elevadas concentrações de oocistos de
Cryptosporidium e baixos valores de turbidez na água bruta, a turbidez efluente não pode
ser considerada como indicativo da ausência de oocistos de
Cryptosporidium.
116
6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As remoções de oocistos de Cryptosporidium realizados foi geralmente inferior a 2,0 log
(valor preconizado pela USEPA). Esses resultados podem estar relacionados com o tipo de
meio filtrante utilizado e com o diâmetro efetivo de 1,00, superior aos meios granulares
utilizados em países chamados de desenvolvidos, além dos mecanismos de coagulação
utilizados. Entretanto, é importante observar que a remoção de 2,0 log preconizada pela
USEPA, não necessariamente se aplica ao Brasil. Sendo assim, é necessário realizar
monitoramento dos mananciais superficiais e adotar um risco aceitável de infecção, para só
então, determinar valores de remoção a serem perseguidos.
Os resultados obtidos ao longo desse estudo confirmam que a remoção de protozoários
patogênicos está relacionada com as condições de coagulação empregada. Em situações de
subdosagem de coagulação, que na pratíca pode causar falhas no processo de coagulação,
como nos experimentos 4 e 8, houve tendência à diminuição da remoção de oocistos de
Cryptospiridium e de outros parâmetros de qualidade da água, dando uma indicação de que
a operação do filtro descendente ficou severamente comprometida nessas circunstâncias.
Embora em todos os experimentos de filtração realizados com dosagem “ótima” de
coagulante, com super–dosagem de sulfato de alumínio e com taxa de filtração reduzida,
os valores de turbidez no efluente do filtro tenham sido inferiores a 0,5 UT, não foi
possível garantir água tratada livre de oocistos de Cryptosporidium, nessas condições
testadas. Entretanto, é importante enfatizar que foram inoculadas concentrações elevadas
desses microorganismos, em torno de 10
2
a 10
3
oocistos/L, em toda a água afluente
utilizada nos experimentos de filtração direta descendente, o que não representa
necessariamente a realidade dos mananciais brasileiros. Contudo, esse fato pode ser um
indicativo de que há a necessidade de realizar pesquisas aprofundadas a respeito do risco
de se obter efluente tratado por filtração direta descendente contaminado por oocistos de
Cryptosporidium, mesmo que se tenha atingido valores de turbidez preconizados pela
Portaria MS 518/2004 do Ministério da Saúde.
Apesar da turbidez efluente se manter geralmente inferior a 0,3 UT (preconizado pela
USEPA, 1998), os resultados experimentais indicam que as remoções dos parâmetros
microbiológicos de qualidade da água, E. coli, coliformes totais e oocistos de
117
Cryptosporidium, são comprometidas nos primeiros momentos de operação do filtro rápido
descendente (período de amadurecimento), quando comparadas com períodos de operação
regular do mesmo, sugerindo maior risco de traspasse na água produzida nesse período.
O estudo indica que as remoções de oocistos de Cryptosporidium podem estar relacionadas
com as características da água afluente. Embora se tenha inoculado aproximadamente a
mesma concentração de oocistos de Cryptosporidium em toda a água utilizada nos
experimentos, houve indicação de diferenças elevadas entres as remoções de oocistos de
Cryptosprodium quando se trabalha com águas distintas, em condições “ótimas” de
coagulação, indicando, que a qualidade da água afluente influencia a ocupação do meio
filtrante e provavelmente influencia os mecanismos de coagulação utilizados e o tamanho
dos flocos gerados.
Ao trabalhar com experimentos de filtração direta descendente com taxa reduzida de
filtração (105 m
3
/m
2
dia), não há indicativo de variações significativas nas remoções dos
oocistos de Cryptosporidium quando se compara com experimentos onde foi empregado
taxa de filtração de 210 m
3
/m
2
dia e dosagem “ótima” de coagulante. Entretanto, ao se
trabalhar com experimentos com super-dosagem de coagulante, houve tendência de
remoções de oocistos de Cryptosporidium um pouco mais elevadas que as remoções
alcançadas com a utilização de dosagem “ótima” de sulfato de alumínio, dando um
indicativo do que a coagulação melhorada por ser favorável à remoção desses
microorganismos.
Em função dos resultados obtidos nesse trabalho, verifica-se a necessidade de prosseguir
com os estudos referentes à utilização de filtração direta descendente para remoção de
oocistos de Criptosporidium e dessa forma, sugere-se:
(1) Investigar a utilização de meio filtrante de dupla camada de antracito e areia, em
situações similares às realizadas nesse trabalho com o objetivo de observar possíveis
alterações nas remoções dos oocistos de Cryptosporidium.
(2) Investigar a utilização de meio filtrante mais fino e reproduzir as situações estudadas
nesse trabalho, para que se possa observar a influência do diâmetro do meio filtrante na
remoção de oocistos de Cryptosporidium.
(3) Estudar a influência de taxas de filtração mais elevadas na remoção de oocistos de
Cryptosporidium.
118
(4) Investigar a utilização de outros tipos de coagulante nos estudos de filtração direta
descendente, como o policloreto de alumínio e o cloreto férrico.
(5) Investigar a influência de distintos mecanismos de coagulação e do tamanho dos flocos
na remoção de oocistos de Cryptosporidium.
(6) Avaliar a influência da pré-floculação associada à filtração direta na remoção de
oocistos de
Cryptosporidium.
(7) Estudar o comportamento das últimas horas de filtração na remoção de oocistos de
Cryptosporidium.
(8) Aumentar o número de repetições para cada situação de filtração direta estudada, para
que seja possível inferir com maior segurança a respeito dos resultados obtidos.
(9) Realizar análises de detecção de Cryptosporidium em água de lavagem dos filtros
diretos descendentes, com o objetivo de verificar a concentração desses microorganismos e
definir qual o destino mais apropriado a ser dado para esse efluente.
(10) Realizar estudos referentes à presença de oocistos de Cryptosporidium em mananciais
para que se possa observar a concentração desses microorganismos na natureza e avaliar
possíveis riscos de infecção inerentes às concentrações da água bruta, com o objetivo de
perseguir valores apropriados de remoções.
(11) Realizar estudos mais detalhados de modo que seja possível assegurar indicadores
precisos e confiáveis de oocistos de Cryptosporidium, porque os métodos de detecção
desses microorganismos são difíceis, consomem tempo e têm custo elevado.
119
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127
APÊNDICE
128
APÊNDICE A – CÁLCULO DO DISPOSITIVO DE MISTURA RÁPIDA
Tabela A.1 – Cálculo do dispositivo de mistura rápida para Taxa de 210 m
3
/m
2
dia
Diâmetro do filtro (Df) 0,085 m
Área do filtro (Af) 5,67E-03 m
2
Taxa de filtração (Tf) 210 m
3
/m
2
dia
Vazão do filtro (Qf) Qf = Af*Tf 1,38E-05 m
3
/s
Vazão do coagulante (Qc) ADOTADO 6,57E-07 m
3
/s
Vazão na saída dos orifícios (Qo)
Diâmetro externo da tubulação (De) 0,02 m
Espessura da tubulação (e) 0,0015 m
Diâmetro interno da tubulação (D) D = De-2e 0,017 m
Área da expansão (AD) 2,27E-04 m
2
Diâmetro da contração (d`) d`
2
<= D
2
/7 0,0064 m
Diâmetro da contração adotado (d) 0,0036 m
Área da contração (Ac) 1,02E-05 m
2
Velocidade da água na contração (Vc) Vc = Qf/Ac 1,35 m/s
Perda de carga na expansão (h) h = (Vc
2
/2g)*(1-(d
2
/D
2
))
2
9,17E-02 m
Velocidade da água na expansão (VD) VD = Qf/AD 6,08E-02 m/s
Diâmetro do orifício (c) 0,00064 m
Área do orifício (Ao) 3,22E-07 m
2
Número de orifícios (N) 6
Espassamento entre D e Dc (E) E = ((D-d)/2)-c 0,0046 m
Posição dos orifícios (P) P = 2/3*E 0,0031 m
Raio da circunferência de posição dos orifícios ® R = (2/3*E) + (d/2) 0,0049 m
Comprimento da circunferência C 0,0397 m
Espaçamento entre orifícios (Eo') Eo' = (C-(N*c))/(N-1) 0,0072 m
Espaçamento linear entre orifícios (Eo) Eo = R 0,0049 m
Tempo de mistura (t) t = 2,5*Eo/VD 0,202 m/s
Velocidade de aproximação (Va) Va = Qf/Ac 1,35 s
Velocidade de saída de cada orifício (Vs) Vs = Qc/Ao 2,04 m/s
Peso específico (γ)
9800 N/m
3
Viscosidade absoluta (µ)
1,029E-03 Ns/m
2
Potência dissipada na massa líquida (P)
P =
γ*N*Ao*Va*((Vs+Va)
2
/(2*g))
0,02 Nm/s
Gradiente de velocidade da expansão (GD)
GD = (γ(h/µ*t))
1/2
2081,38 s
-1
Volume da água na mistura (Vol) Vol = 2,5*AD*Eo 2,78E-06 m
3
Gradiente de velocidade decorrente do injetor (Gi)
Gi = (P/(µ*Vol))
1/2
2295,53 s
-1
Gradiente de velocidade total do dispositivo (Gt) Gt = GD+Gi 4376,91 s
-1
129
Tabela A.2 – Cálculo do dispositivo de mistura rápida para Taxa de 105 m
3
/m
2
dia
Diâmetro do filtro (Df) 0,085 m
Área do filtro (Af) 5,67E-03 m
2
Taxa de filtração (Tf) 105 m
3
/m
2
dia
Vazão do filtro (Qf) Qf = Af*Tf 6,90E-06 m
3
/s
Vazão do coagulante (Qc) ADOTADO 6,57E-07 m
3
/s
Vazão na saída dos orifícios (Qo)
Diâmetro externo da tubulação (De) 0,02 m
Espessura da tubulação (e) 0,0015 m
Diâmetro interno da tubulação (D) D = De-2e 0,017 m
Área da expansão (AD) 2,27E-04 m
2
Diâmetro da contração (d`) d`
2
<= D
2
/7 0,0064 m
Diâmetro da contração adotado (d) 0,0036 m
Área da contração (Ac) 1,02E-05 m
2
Velocidade da água na contração (Vc) Vc = Qf/Ac 0,68 m/s
Perda de carga na expansão (h) h = (Vc
2
/2g)*(1-(d
2
/D
2
))
2
2,29E-02 m
Velocidade da água na expansão (VD) VD = Qf/AD 3,04E-02 m/s
Diâmetro do orifício (c) 0,00064 m
Área do orifício (Ao) 3,22E-07 m
2
Número de orifícios (N) 6
Espassamento entre D e Dc (E) E = ((D-d)/2)-c 0,0046 m
Posição dos orifícios (P) P = 2/3*E 0,0031 m
Raio da circunferência de posição dos orifícios ® R = (2/3*E) + (d/2) 0,0049 m
Comprimento da circunferência C 0,0397 m
Espaçamento entre orifícios (Eo') Eo' = (C-(N*c))/(N-1) 0,0072 m
Espaçamento linear entre orifícios (Eo) Eo = R 0,0049 m
Tempo de mistura (t) t = 2,5*Eo/VD 0,403 s
Velocidade de aproximação (Va) Va = Qf/Ac 0,68 m/s
Velocidade de saída de cada orifício (Vs) Vs = Qc/Ao 2,04 m/s
Peso específico (γ)
9800 N/m
3
Viscosidade absoluta (µ)
1,029E-03 Ns/m
2
Potência dissipada na massa líquida (P)
P =
γ*N*Ao*Va*((Vs+Va)
2
/(2*g))
0,0048
Nm/s
Gradiente de velocidade da expansão (GD)
GD = (γ(h/µ*t))
1/2
735,88 s
-1
Volume da água na mistura (Vol) Vol = 2,5*AD*Eo 2,78E-06 m
3
Gradiente de velocidade decorrente do injetor
(Gi)
Gi = (P/(µ*Vol))
1/2
1299,42 s
-1
Gradiente de velocidade total do dispositivo (Gt) Gt = GD+Gi 2035,30 s
-1
130
APÊNDICE B – VAZÕES EFLUENTES DO FILTRO DESCENDENTE AO
LONGO DOS EXPERIMENTOS DE FILTRAÇÃO DIRETA
750
800
850
900
0 30 6090120150180210
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Ex p 2 5% a menos
Meta 5% a mais
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Ex p 3 5% a menos
Meta 5% a mais
Figura B.1 – Vazão efluente ao longo do
experimento 2
Figura B.2 – Vazão efluente ao longo do
experimento 3
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Ex p 4 5% a menos
Met a 5% a mais
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Ex p 5 5% a menos
Meta 5% a mais
Figura B.3 – Vazão efluente ao longo do
experimento 4
Figura B.4 – Vazão efluente ao longo do
experimento 5
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Vao (mL/min)
Ex p 6 5% a menos
Meta 5% a mais
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Vao (mL/min)
Ex p 7 5% a menos Meta 5% a mais
Figura B.5 – Vazão efluente ao longo do
experimento 6
Figura B.6 – Vazão efluente ao longo do
experimento 7
131
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Ex p 8 5% a menos Met a 5% a mais
375
400
425
450
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Ex p 9 5% a menos
Meta 5% a mais
Figura B.7 – Vazão efluente ao longo do
experimento 8
Figura B.8 – Vazão efluente ao longo do
experimento 9
375
400
425
450
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Exp 10 5% a menos
Meta 5% a mais
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Exp 11 5% a menos
Meta 5% a mais
Figura B.9 – Vazão efluente ao longo do
experimento 10
Figura B.10 – Vazão efluente ao longo do
experimento 11
750
800
850
900
0 3060 90120150180210
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Ex p 12 5% a menos
Meta 5% a mais
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Exp 13 5% a menos
Meta 5% a mais
Figura B.11 – Vazão efluente ao longo do
experimento 12
Figura B.12 – Vazão efluente ao longo do
experimento 13
132
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Vazão (mL/min)
Exp 14 5% a menos
Meta 5% a mais
750
800
850
900
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Vao (mL/min)
Exp 15 5% a menos
Meta 5% a mais
Figura B.13 – Vazão efluente ao longo do
experimento 14
Figura B.14 – Vazão efluente ao longo do
experimento 15
133
APÊNDICE C – TURBIDEZ AO LONGO DOS EXPERIMENTOS DE
FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
0 306090120150180210240
Tempo (min)
Turbidez (UT)
Exp 1 AF
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
0 30 60 90 120 150 180 210
Tempo (min)
Turbidez (UT)
Exp 2 AF
Figura C.1 – Turbidez da água filtrada ao
longo do experimento 1
Figura C.2 – Turbidez da água filtrada ao
longo do experimento 2
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
Tempo (min)
Turbidez (UT)
Exp 3 AF
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
0 30609012015018021024
0
27
0
30
0
33
0
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 4 AF Exp 4 AB
Figura C.3 – Turbidez da água filtrada ao
longo do experimento 3
Figura C.4 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 4
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210 240 270
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 5 AF Exp 5 AB
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 6 AF Exp 6 AB
Figura C.5 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 5
Figura C.6 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 6
134
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 7 AF Exp7 AB
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Turbidez (UT)
Exp 8 AF Exp 8 AB
Figura C.7 – Turbidez da água bruta e da água
filtrada ao longo do experimento 7
Figura C.8 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 8
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 9 AF Exp 9 AB
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 10 AF Exp 10 AB
Figura C.9 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 9
Figura C.10 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 10
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 11 AF Exp 11 AB
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 12 AF Exp 12 AB
Figura C.11 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 11
Figura C.12 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 12
135
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 13 AF Exp 13 AB
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 14 AF Exp 14 AB
Figura C.13 – Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 13
Figura C.14– Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 14
0,0
0,5
1, 0
1, 5
2,0
30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Turbidez AF (UT)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10 , 0
12 , 0
Turbidez AB (UT)
Exp 15 AF Exp 15 AB
Figura C.15– Turbidez da água bruta e da
água filtrada ao longo do experimento 15
136
APÊNDICE D – TAXA DE CRESCIMENTO DAS PERDAS DE CARGA NAS
CAMADAS DO MEIO FILTRANTE AO LONGO DOS EXPERIMENTOS DE
FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE
0
5
10
15
20
25
30
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.1 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 1
Água do lago Paranoá – Dosagem “ótima” de coagulante
0
5
10
15
20
25
30
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 ( 5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.2 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 2
Água do lago Paranoá – Dosagem “ótima” de coagulante
137
0
5
10
15
20
25
30
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 ( 5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.3 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 3
Água do lago Paranoá – Dosagem “ótima” de coagulante
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1, 0 0
1, 2 0
1, 4 0
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 c m) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.4 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 4
Água do lago Paranoá – Subdosagem de coagulante
138
0
5
10
15
20
25
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.5 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 5
Água do córrego do Torto em fevereiro de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante
0
5
10
15
20
25
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.6 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 6
Água do córrego do Torto em março de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante
139
0
5
10
15
20
25
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 c m) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.7 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 7
Água do córrego do Torto em março de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1, 0 0
1, 2 0
1, 4 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.8 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 8
Água do córrego do Torto em março de 2006 – Subdosagem de coagulante
140
0
5
10
15
20
25
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 c m) Camada 9 (25 cm)
Figura D.9 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 9
Água do córrego do Torto em maio de 2006 – Taxa de filtração reduzida para 105
m
3
/m
2
dia
0
5
10
15
20
25
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 c m) Camada 9 (25 cm)
Figura D.10 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 10
Água do córrego do Torto em maio de 2006 – Taxa de filtração reduzida para 105
m
3
/m
2
dia
141
0
5
10
15
20
25
30
0 306090120150180210
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.11 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 11
Água do córrego do Torto em junho de 2006 – Super-dosagem de coagulante
0
5
10
15
20
25
30
0 306090120150180210
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 ( 5 c m) Camada 9 (25 cm)
Figura D.12 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 12
Água do córrego do Torto em junho de 2006 – Super-dosagem de coagulante
142
0
5
10
15
20
25
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 c m) Camada 2 (5 c m) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.13 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 13
Água do córrego do Torto em junho de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante
0
5
10
15
20
25
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.14 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 14
Água do córrego do Torto em junho de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante
143
0
5
10
15
20
25
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)
Perda de Carga Específica (cm/cm)
Camada 1 (5 cm) Camada 2 (5 cm) Camada 3 (10 cm) Camada 4 (10 cm) Camada 5 (10 cm)
Camada 6 (15 cm) Camada 7 (25 cm) Camada 8 (5 cm) Camada 9 (25 cm)
Figura D.15 – Taxa de crescimento das perdas de carga nas camadas do meio
filtrante ao longo do experimento de filtração direta descendente – Experimento 15
Água do córrego do Torto em junho de 2006 – Dosagem “ótima” de coagulante
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