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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
CENTRO DE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS
EDUCAÇÃO FÍSICA UEM/UEL
LEONARDO PESTILLO DE
MOTIVAÇÃO
PERFECCIONISMO EM ATLETAS
PROFISSIONALIZADOS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MARINGÁ
CENTRO DE
CIÊ
NCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS
-
GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UEM/UEL
Maringá
2009
LEONARDO PESTILLO DE
OLIVEIRA
MOTIVAÇÃO
, ESTRATÉGIAS DE
COPING
PERFECCIONISMO EM ATLETAS
PROFISSIONALIZA
DOS E NÃO
PROFISSIONALIZADOS
DE
FUTEBOL DE
CAMPO.
MARINGÁ
NCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UEM/UEL
OLIVEIRA
COPING
E
PERFECCIONISMO EM ATLETAS
DOS E NÃO
-
FUTEBOL DE
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Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa Associado de Pós-Graduação em
Educação Física – UEM/UEL, para obtenção
do título de Mestre em Educação Física.
Maringá
2009
LEONARDO PESTILLO DE OLIVEIRA
MOTIVAÇÃO, ESTRATÉGIAS DE COPING E
PERFECCIONISMO EM ATLETAS
PROFISSIONALIZADOS E NÃO-
PROFISSIONALIZADOS DE FUTEBOL DE
CAMPO.
Orientador: Prof. Dr. José Luiz Lopes Vieira
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)
Oliveira, Leonardo Pestillo de
O48m Motivação, estratégias de coping e perfeccionismo em
atletas profissionalizados e não-profissionalizados de futebol
de campo / Leonardo Pestillo de Oliveira. -- Maringá : [s.n.],
2009.
101 f. : il.
Orientador : Prof. Dr. José Luiz Lopes Vieira.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Maringá,
Universidade Estadual de Londrina, Programa Associado de Pós-
graduação em Educação Física, 2009.
1. Educação física - Coping - Atletas - Futebol de campo.
2. Coping - Futebol de campo - Motivação. 3. Futebol de campo
- Atletas - Perfeccionismo. 4. Atletas - Futebol de campo -
Coping. 5. Talento esportivo. I. Universidade Estadual de
Maringá, Universidade Estadual de Londrina, Programa Associado
de Pós-graduação em Educação Física. II. Título.
CDD 21.ed.796.334
Dissertação apresentada à Universidade
Estadual de Maringá, como parte das
exigências do Programa Associado de Pós-
Graduação em Educação Física UEM/UEL,
na área de concentração em Estudos do
Movimento Humano, para obtenção do título de
Mestre em Educação Física.
APROVADA em ...... de ......................................... de .................
Prof. Dr.
Dante De Rose Junior
Prof. Dr.
Eduardo Augusto Tomanik
Prof. Dr.
José Luiz Lopes Vieira
(Orientador)
LEONARDO PESTILLO DE OLIVEIRA
MOTIVAÇÃO
, ESTRATÉGIAS DE
COPING
E
PERFECCIONISMO EM ATLETAS PROFISSIONALIZADOS
E NÃO-PROFISSIONALIZADOS DE FUTEBOL DE CAMPO.
iii
Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu pai, minha mãe e meu
irmão, que mesmo estando longe sempre me apoiaram
em minhas decisões, e me parabenizaram pelas
minhas conquistas.
iv
Agradecimentos
Ao terminar este trabalho, gostaria de agradecer àqueles que contribuíram para minha
formação acadêmica na pós-graduação:
Ao Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL, em
especial ao corpo docente pela contribuição à minha formação acadêmica.
Ao meu orientador José Luiz Lopes Vieira, pela contribuição ao meu amadurecimento
acadêmico, profissional e pessoal, bem como pela amizade e relacionamento pessoal.
Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Gomes e ao Prof. Alison Gustavo Laurindo Pereira pela
contribuição significativa para realização deste estudo.
Ao Clube Atlético Paranaense e aos técnicos das Escolas de Seleção e Formação de
Talentos no Futebol do Clube Atlético Paranaense, com sedes em Curitiba, Londrina,
Cianorte, Sarandi, e Umuarama.
À professora Lenamar Fiorese Vieira pela participação em mais uma fase da minha
vida, acadêmica, profissional e pessoal.
A todos os colegas de Mestrado, em especial, Schelyne, Viviane (Guto), Paula, Jane e
Clarice pela companhia tanto nas horas de trabalho quanto nas horas de diversão.
Aos amigos de República, Kazu, Marcelo, João Gustavo, Bianca, Saulo e em especial
João Ricardo, companheiro de graduação, pós-graduação, noites de estudo e dias de
trabalho.
Em especial meu pai Adélcino, minha mãe Aparecida e meu irmão Adelcino Junior pelo
incentivo e cooperação em todos os momentos da minha vida.
E a Deus pelas bênçãos e a oportunidade de ultrapassar mais uma etapa da minha
vida.
v
OLIVEIRA, Leonardo Pestillo de. Motivação, estratégias de coping e perfeccionismo em
atletas profissionalizados e não-profissionalizados de futebol de campo. 2009. 99f.
Dissertação (Mestrado em Educação Física) Centro de Ciências da Saúde.
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2009.
RESUMO
O objetivo deste estudo descritivo tipo correlacional foi investigar a motivação, as
estratégias de coping e as características do perfeccionismo de atletas de futebol de
campo profissionalizados e não-profissionalizados. Os sujeitos foram divididos em 2
grupos, 63 profissionalizados com idade média de 17,59 anos 0,77), e 119 não-
profissionalizados com idade média de 14,01 anos 1,53). Como instrumentos de
medida foram utilizados: Sport Motivation Scale; Athletic Coping Skills Inventory-28; e
Multidimensional Perfectionism Scale. Para análise dos dados utilizou-se os testes:
Shapiro-Wilk, Mann-Whitney e o coeficiente de Spearman, adotando P<0,05. Os
resultados demonstraram que em relação à motivação tanto os atletas
profissionalizados quanto os não-profissionalizados apresentaram maiores escores
para a motivação intrínseca com destaque para a motivação intrínseca para
experiências estimulantes. Os atletas profissionalizados apresentaram escores
superiores aos não-profissionalizados para a motivação intrínseca para atingir objetivos,
motivação intrínseca para experiências estimulantes e para o índice de
autodeterminação, sendo essas diferenças estatisticamente significativas. A estratégia
de coping mais utilizada pelos atletas profissionalizados foi a confiança e motivação,
os não-profissionalizados as estratégias confronto com a adversidade, confiança e
motivação, e treinabilidade. Os atletas profissionalizados apresentaram escores
superiores aos não-profissionalizados para as seguintes estratégias de coping:
rendimento máximo sob pressão, formulação de objetivos e confiança e motivação,
além do índice de confronto no esporte, todas com diferenças estatisticamente
significativas. As características do perfeccionismo mais presente em ambos os grupos
foram a organização e padrões de realização pessoal, a característica menos presente
foi a de criticismo parental. As diferenças estatisticamente significativas entre os grupos
ocorreram para as subescalas de expectativas parentais e criticismo parental com os
profissionalizados apresentando escores inferiores aos não-profissionalizados, e para
padrões de realização pessoal e organização, com escores superiores para os atletas
profissionalizados. Para os atletas profissionalizados foi encontrada correlação entre o
índice de autodeterminação e o índice de confronto no esporte. Nas correlações entre a
motivação e o perfeccionismo foi encontrada correlação entre o índice de
perfeccionismo ajustado normal e estilos regulatórios da motivação intrínseca. E
também foi encontrada correlação entre o índice de confronto no esporte e o
perfeccionismo ajustado normal. Para os atletas não-profissionalizados foram
encontradas correlações entre o índice de autodeterminação e o índice de confronto no
esporte; e entre o índice de confronto no esporte e o perfeccionismo ajustado normal.
Concluindo, os resultados indicam que os fatores motivacionais apresentados pelos
atletas devem ser considerados como influenciadores na utilização das estratégias de
coping durante uma situação estressante na competição esportiva, bem como fatores
vi
indicativos da forma como demonstram suas características da personalidade, por
exemplo, as características do perfeccionismo.
Palavras-chave: Motivação, Coping, Perfeccionismo, futebol de campo.
vii
OLIVEIRA, Leonardo Pestillo de. Motivação, estratégias de coping e perfeccionismo em
atletas profissionalizados e não-profissionalizados de futebol de campo. 2009. 99f.
Dissertação (Mestrado em Educação Física) Centro de Ciências da Saúde.
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2009.
ABSTRACT
The objective of this descriptive study with correlational type was to investigate
motivation, coping and characteristics of perfectionism of professionalized and not
professionalized soccer players. The sample was divided in 2 groups, 63
professionalized with average age of 17,59 years 0,77), and 119 not professionalized
with average age of 14,01 years 1,53). As measure instruments were used: Sport
Motivation Scale; Athletic Coping Skills Inventory-28; and Multidimensional
Perfectionism Scale. Data analysis was performed through the testes: Shapiro-Wilk,
Mann-Whitney and Spearman coefficient, adopting P<0,05. The results showed that in
relation to motivation both athletes professionalized and not professionalized showed
higher scores for intrinsic motivation with emphasis on intrinsic motivation to experience
stimulation. Professionalized athletes presented higher scores in relation to not
professionalized for intrinsic motivation to accomplish things, experience stimulation and
for the self-determination index, showing statistical significant differences. The coping
strategy of choice of the professionalized athletes was confidence and achievement
motivation, as for those non professionalized the coping strategies of choice were
coping with adversity, confidence and achievement motivation and coachability.
Professionalized athletes showed higher scores in relation to not professionalized to the
following coping strategies: peak under pressure, goal setting and confidence and
achievement motivation, as well as for the sport confrontation index, all showing
statistical significant differences. Perfectionism characteristics more frequent in the
professionalized as in the not professionalized were organization and personal
standards; the less frequent characteristic for both groups was parental criticism.
Statistical differences between groups were observed in the subscales Parental
expectancies and parental criticism with not professionalized showing higher scores in
relation to professionalized and Personal standards and organization, with higher scores
to professionalized athletes. The professionalized athletes showed correlations between
the self-determination index and the sport confrontation index. In the correlations
between motivation and perfectionism a correlation between adjusted perfectionism
index and intrinsic motivation regulation styles. Also, a correlation was found between
sport confrontation index and normal adjusted perfectionism. As for the non
professionalized athletes correlations between the sport confrontation index and normal
adjusted perfectionism. In conclusion, the results indicate that motivational factors
showed by the athletes must be considered as influences in the selection and use of
coping strategies during and stressful situation in sport competition, as well as indicative
factors to the demonstration of personality characteristics, such as, perfectionism
characteristics.
Keywords: Motivation, Coping, Perfectionism, soccer.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
-
Continuum de Autodeterminação (DECI e RYAN, 1985)..........................
16
Figura 2
-
Mapa ecológico dos talentos esportivos (VIEIRA, 1999a)........................
34
Figura 3
-
Distribuição das escolas de futebol de campo de um clube paranaense
participante da primeira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol....
43
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
-
Estilos regulatórios da motivação de atletas profissionalizados e não-
profissionalizados praticantes de futebol de campo................................. 47
Tabela 2
-
Estratégias de coping dos atletas profissionalizados e não-
profissionalizados praticantes de futebol de campo.................................
52
Tabela 3
-
Características do perfeccionismo dos atletas profissionalizados e não-
profissionalizados praticantes de futebol de campo.................................
58
Tabela 4
-
Correlação entre os estilos regulatórios da motivação e estratégias de
coping de atletas profissionalizados e não-profissionalizados de futebol
de campo...................................................................................................
62
Tabela 5
-
Correlação entre os estilos regulatórios da motivação e as
características do perfeccionismo dos atletas profissionalizados e o-
profissionalizados de futebol de campo....................................................
67
Tabela 6
-
Correlação entre as estratégias de coping e características do
perfeccionismo para os atletas profissionalizados e não-
profissionalizados de futebol de campo....................................................
71
x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
SMS
Sport Motivation Scale
ACSI-28
Athletic Coping Skills Inventory-28
MPS
Multidimensional Perfectionism Scale
MI Motivação Intrínseca
ME Motivação Extrínseca
Perfec. Perfeccionismo
xi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
.....................................................................................................
01
1.1
Justificativa
s
................................................................................................
05
1.2 Definição de termos
....................................................................................
06
2 OBJETIVOS .........................................................................................................
07
2.1 Objetivo Geral
..............................................................................................
07
2.2 Objetivos Específicos.................................................................................
07
3 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................
08
3.1 Considerações Acerca dos Talentos Esportivos.....................................
08
3.
2
Motivação no
Processo
de
Formação Esportiva
.....................................
13
3.3
Estresse
e
Estratégias
de
Coping
no
Esporte
..........................................
21
3.4 O Papel do Perfeccionismo no Desenvolvimento Atlético.....................
27
3.5 Família e Outros Fatores que Influenciam na Carreira Esportiva..........
32
4 MÉTODOS ...........................................................................................................
40
4.1 Caracterização do
Estudo
..........................................................................
40
4.2 População Alvo...........................................................................................
40
4.3 Instrumentos de Medida.............................................................................
40
4.4 Coleta dos Dados........................................................................................
43
4.5 Análise dos Dados......................................................................................
44
5 RESULTADOS
e DISCUSSÃO
............................................................................ 45
5.1
Motivação
em
Atletas Profissionalizados
e
Não
-
Profissionalizados
no
Futebol de Campo.......................................................................................
46
5.2
Estratégias de
Coping
em
Atletas Profissionalizados
e
Não
-
Profissionalizados no Futebol de Campo..............................................
51
5.3
Características do
Perfeccionismo
em
Atletas Profissionalizados
e
Não-Profissionalizados no Futebol de Campo......................................
57
5.4
Correlação entre
Motivação
,
Estratégias
de
Coping
e
Características
do Perfeccionismo em Atletas Profissionalizados e Não-
Profissionalizados do Futebol de Campo..............................................
61
5.4.1 Estilos regulatórios da motivação e estratégias de coping......................
62
5.4.2 Estilos regulatórios da motivação e características do perfeccionismo..
66
5.4.3 Estratégias de coping e características do perfeccionismo.....................
70
6
CONCLUSÃO
....................................................................................................... 77
REFERÊNCIAS
........................................................................................................
81
ANEXOS
E APÊNDICES
.........................................................................................
92
1 INTRODUÇÃO
É comum na sociedade atual a idéia de que existem indivíduos mais dotados e mais
capazes que outros de utilizar as suas potencialidades em qualquer domínio do
conhecimento, ou seja, em diferentes áreas como a música, artes plásticas, esporte,
ciências exatas, entre outras; esses indivíduos são denominados expoentes, experts ou
até mesmo talentos (MAIA, 2000, MORAES, RABELO e SALMELA, 2004).
Para Maia (2000) o significado da palavra talento sugere algo valioso e invulgar, sendo
que os portadores de talento ou capacidades invulgares representariam para a
sociedade uma fonte preciosa devido às expectativas que geram à sua volta, sobretudo
pela possibilidade de expressarem a excelência em diferentes domínios da atividade
humana. para Böhme (1995) o talento esportivo é a denominação dada a uma
pessoa que em determinada fase de desenvolvimento mostra pressupostos como
condições corporais e psicológicas, as quais com grande probabilidade podem levar
posteriormente a um alto desempenho esportivo.
No contexto esportivo, segundo Pearson, Naughton e Torode (2006) o processo de
identificação de talentos é complexo e o prognóstico de sucesso é imperfeito, sendo
que essa identificação baseia-se em torno do reconhecimento da dotação natural ou a
capacidade de uma qualidade superior, além de ser multifacetada e complexa. O
talento no esporte é identificado por características que são pelo menos parcialmente
geneticamente determinadas, afetadas por inúmeras condições ambientais e difíceis de
determinar com precisão.
O processo de identificação e desenvolvimento de talentos esportivos tem crescido
muito em vários países nos últimos anos (ABBOTT, COLLINS, MARTINDALE e
SOWERBY, 2002), e vários estudos são conduzidos a fim de descrever modelos e
métodos para a identificação e desenvolvimento desses talentos, como os de Bloom
(1985), Bompa (1994), Gagné (1993), Gimbel (1976), Harre (1982), Matsudo, Rivet e
2
Pereira (1987), Montpett e Cazorla (1988), Piirto (2000), Renzulli (2002) e Tennenbaum
(1993), entre outros.
A característica que predomina na determinação de talentos esportivos é que os
processos baseiam-se em evidências e discussões teóricas que resultam na descrição
e identificação de condições e características que possam identificar e caracterizar as
pessoas como talentos dentro de determinada população (BOHME, 1995). A maioria
dos programas de identificação de talentos é conduzida durante a adolescência,
descartando assim o efeito do crescimento e da maturação que podem confundir a
predição da performance futura (PEARSON, NAUGHTON e TORODE, 2006). O estudo
da detecção e do desenvolvimento de talentos em diferentes contextos é necessário,
sendo essa prática mais observada nos domínios do esporte e da música (BLOOM,
1985; CÔTÉ, 1999; CSIKSZENTMIHALYI et al., 1993; ERICSSON, KRAMPE, e
TESCH-ROMER, 1993; HELSEN, HODGES, VAN WINCKEL, e STARKES, 2000;
SINGER e JANELLE, 1999).
Apesar da grande importância apresentada no âmbito das ciências do esporte, o
desenvolvimento do tema não escapa às criticas, indefinições, contradições e limitações
metodológicas. Isto porque muitas das pesquisas realizadas centravam-se apenas na
detecção, sem se preocupar com a definição concreta do que seria o talento esportivo,
quais as características e capacidades psicológicas que caracterizam estes talentos
(BARREIROS, 2005). O foco principal das investigações realizadas está apenas na
performance atual, no momento em que os atletas são jovens; os especialistas não
realizam uma avaliação a longo prazo a fim de predizer um sucesso desse atleta em
idades futuras (MARTINDALE, COLLINS e DAUBNEY, 2005). O que muitas vezes não
se leva em conta é que existe um grande número de fatores que influenciam jovens no
desenvolvimento de sua carreira esportiva e também em sua vida particular (fora do
esporte), fatores estes que irão contribuir ou até mesmo atrapalhar sua carreira, tais
como os objetivos traçados pelo atleta, a prática de identificação e desenvolvimento de
talentos, os processos técnicos, recursos financeiros, apoio dos pais e técnicos,
competições, estrutura disponibilizada pelo clube em que treina, entre outros (INGHAM,
CHASE e BUTT, 2002; MARTINDALE, COLLINS e DAUBNEY, 2005).
3
Quando um atleta é considerado talento em uma idade muito jovem, corre o risco de
vivenciar uma especialização precoce; a pressão e a cobrança (da família, do técnico,
da mídia, etc.), a inexperiência, a preparação física excessiva (ZAKHAROV, 1992;
MARQUES, 1993) entre outros fatores que podem ocasionar um abandono também
precoce da prática esportiva por parte desse atleta, fenômeno este conhecido como
drop out. Para evitar o desperdício de talentos, autores discutem e afirmam ser
necessário a condução de programas que apresentem uma visão a longo prazo,
processos associados de identificação de talentos a fim de evitar esse abandono
precoce do esporte (MARTINDALE, COLLINS e DAUBNEY, 2005). Altos resultados
esportivos realizados por jovens atletas no período de iniciação ou desenvolvimento
(BLOOM, 1985) são objetos de duas críticas principais: primeiro a possibilidade de
provocarem um esgotamento precoce das reservas de adaptação do jovem atleta
(BRITO, Fonseca e ROLIM, 2004), a segunda relaciona-se com a ausência de trabalho
de base essencial para se obterem resultados de alto nível na idade adulta (CAFRUNI,
MARQUES e GAYA, 2006; COELHO, 2000; MARQUES, 1993; NADORI, 1990;
WIERSMA, 2000).
Alguns estudos foram conduzidos de forma a entender e descrever as características
presentes nos talentos esportivos em diferentes fases do seu desenvolvimento
(ABBOTT, COLLINS, MARTINDALE e SOWERBY, 2002; PEARSON, NAUGHTON e
TORODE, 2006). Esses estudos demonstraram empiricamente as limitações dos
programas de identificação e desenvolvimento de talentos. Bloom (1985) descreve em
seu estudo com 25 atletas adultos de elite, que apenas 10% desses foram
considerados talentos esportivos quando na idade de 11 ou 12 anos, demonstrando
que 90% dos eventuais 25 melhores atletas do mundo não brilhavam como supremos
em seus esportes quando jovens. Dentro deste âmbito a maioria dos estudos realizados
tem utilizado o método retrospectivo e realçado alguns fatores que distinguem os
atletas considerados talentos daqueles que não apresentam o mesmo nível de
desempenho. Um desses fatores é a motivação, a determinação dos atletas para iniciar
a prática esportiva, bem como para investir os seus recursos e capacidades e até
mesmo para persistir a um longo e exigente processo de treinamento e competição
(BLOOM, 1985; CSIKSZENTMIHALYI et al., 1993; GAGNÉ, 1993; HOLT, 2003;
4
ORLICK e PARTINGTON, 1988; PATRICK et al., 1999; PIIRTO, 2000; VALLERAND e
LOSIER, 1999).
A motivação é considerada um fator indispensável para o sucesso em qualquer
atividade; sem a motivação se torna impossível aprender, se desenvolver e obter
sucesso. Atletas amadores podem não melhorar sua performance justamente porque
acreditam que alcançaram (em suas mentes) um nível aceitável (ERICSSON, 2003).
Diferentes estágios do desenvolvimento exigem diferentes tipos de motivação, sendo a
motivação intrínseca e a autodeterminação forças cruciais em todos os níveis (BLOOM,
1985; VAN ROSSUM, 2001).
A Teoria da Autodeterminação (DECI e RYAN, 1985) tem sido a base teórica de maior
impacto para o estudo da motivação nas últimas três décadas no esporte (HAGGER e
CHATZISARANTIS, 2007), e os estudiosos têm buscado investigar a personalidade e a
motivação humana, focalizando as tendências evolutivas, as necessidades psicológicas
inatas e as condições contextuais favoráveis à motivação, ao funcionamento social e ao
bem-estar pessoal.
Além da motivação outras características psicológicas como estratégias de coping,
comprometimento com o objetivo a ser alcançado (GEISLER e KEER, 2007; GIACOBBI
JR, FOORE e WEINBERG, 2004; PENSGAARD e DUDA, 2003), determinação, atitude
competitiva (STORNES, 2001; TAUER e HARACKIEWCZ, 2004; VANSTEENKISTE,
SIMONS, LENS, SHELDON e DECI, 2004), apoio dos pais e dos técnicos
(MARTINDALE, COLLINS e DAUBNEY, 2005; MORAES, RABELO e SALMELA, 2004)
apresentam forte impacto no desempenho desses atletas considerados talentos.
Desta forma, o que se pretende com esta pesquisa é analisar a motivação, as
estratégias de coping e as características do perfeccionismo de atletas de futebol de
campo profissionalizados e não-profissionalizados, podendo esta avaliação revelar-se
determinante para uma melhor orientação do processo de treino esportivo.
5
1.1 Justificativas
Uma pergunta fundamental para entender o desempenho esportivo de alto rendimento
que muitos psicólogos do esporte e estudiosos do desenvolvimento motor se fazem a
respeito dos talentos esportivos é: Estão estes atletas prontos? (MAGGIL e
ANDERSON, 1996; PASSER, 1996; SEEFELDT, 1996). Smoll e Smith (1996) afirmam
que é bem conhecido que a idade cronológica sozinha é um indicativo pobre para o
grau individual de progresso rumo à maturidade, devido ao fato de que o relógio
biológico avança em graus diferentes. Fatores biológicos, no entanto, não devem ser os
únicos a serem considerados para responder a esta pergunta; concomitantes a eles
devem ser considerados o desenvolvimento social, emocional e cognitivo desses
atletas (INGHAM, CHASE e BUTT, 2002).
Muitos programas de detecção de talentos privilegiam em princípio a ótica genética e
neuromotriz principalmente através de testes fisiológicos, em detrimento da ótica
neurocognitiva (PEARSON, NAUGHTON e TORODE, 2006). Com isso a influência do
meio ambiente, da família e particularmente a capacidade de desenvolvimento e
aprendizagem na formação do atleta, que devem ser levadas em consideração, são
fatores desconsiderados na indicação do talento esportivo (NADORI, 1990).
Com isso torna-se necessário o estudo de características psicológicas que
acompanham os talentos esportivos ao longo de sua carreira, pois fatores ambientais e
sociais também influenciam no desempenho de atletas. Assim, muitos autores como
Durand-Bush e Salmela (2002) acreditam que apesar de os modelos de detecção de
talentos estarem alicerçados em pressupostos científicos, estes se mostram ineficazes
para indicar uma prestação futura, pois a interação entre fatores genéticos e ambientais
é de difícil determinação. Pesquisas são propostas a fim de que as investigações
acerca do tema sejam focadas no controle e desenvolvimento do talento e não na sua
detecção, reconhecendo assim a natureza evolutiva do mesmo (BARTMUS, NEUMANN
e MARÉES, 1987; ABBOTT e COLLINS, 2004).
Atualmente o paradigma da detecção do talento esportivo vem dando lugar a uma nova
perspectiva, ou seja, a do desenvolvimento do talento, sugerindo que o atleta
6
considerado como um talento é um ser complexo, multidimensional e dinâmico, que se
desenvolve segundo diferentes fases ao longo de sua vida. Apesar do enorme número
de pesquisas acerca da detecção de talentos, bem como a contribuição dos mesmos
para o desenvolvimento científico, existe ainda pouca informação que dizem respeito ao
desenvolvimento das características psicológicas em jovens atletas considerados
talentos.
Na prática, o trabalho do psicólogo esportivo não se resume apenas na busca pela
excelência esportiva, mas também no auxílio no momento em que se escolhe um jovem
atleta para integrar uma equipe profissional, e no desenvolvimento da carreira atlética,
processo este que não pode ser ignorado quando se pretende formar um atleta de
sucesso.
Frente ao exposto pretende-se neste trabalho analisar a motivação, as estratégias de
coping e as características do perfeccionismo de atletas de futebol de campo
profissionalizados e não-profissionalizados, o que permitirá auxiliar profissionais
responsáveis pela formação de jovens atletas a entender melhor alguns processos
psíquicos que influenciam seu desenvolvimento e desempenho esportivo.
1.2 Definição de Termos
Atletas profissionalizados: Jovens atletas de futebol, profissionalizados de uma
equipe do estado do Paraná que disputa a Divisão do Campeonato Brasileiro de
Futebol. A partir de um contrato profissional os atletas são federados junto à Federação
de Futebol do estado correspondente.
Atletas o-profissionalizados: Jovens atletas de futebol que atuam de forma não
profissionalizada, que praticam a modalidade apenas em centros de treinamento
credenciados pela equipe envolvida, e que no período de realização da pesquisa não
haviam sido selecionados para fazerem parte do outro grupo, ou seja, em processo de
profissionalização. Atletas que não apresentam nenhum tipo de contrato profissional e
também não são federados junto à Federação de Futebol do estado correspondente.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar a motivação, as estratégias de coping e as características do perfeccionismo
em atletas de futebol profissionalizados e não-profissionalizados.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar a motivação, as estratégias de coping e as características do perfeccionismo
em atletas profissionalizados e não-profissionalizados.
Comparar os níveis de motivação, estratégias de coping e as características do
perfeccionismo entre os atletas profissionalizados e os atletas não-profissionalizados.
Correlacionar a motivação, as estratégias de coping e as características do
perfeccionismo tanto para os atletas profissionalizados como os não-profissionalizados.
3 REVISÃO DE LITERATURA
No primeiro capítulo serão abordadas considerações a respeito dos talentos esportivos,
desde a origem do termo até as formas de identificação e desenvolvimento. O segundo,
o terceiro e o quarto capítulos tratam das características de Motivação, Coping e
Perfeccionismo, que são abordadas no estudo. O quinto e último capitulo trata da
influência da família e de outras variáveis que podem influenciar de forma positiva ou
negativa no desenvolvimento da carreira esportiva de atletas.
3.1 Considerações Acerca dos Talentos Esportivos.
O futebol atualmente é considerado um esporte de espetáculo, um produto da indústria
cultural, e se configura como um dos ramos mais lucrativos da economia de serviços de
entretenimento, tornando-se um negócio altamente milionário, que movimenta
anualmente uma quantia superior a 250 bilhões de dólares. As transformações sociais e
culturais modificaram as pautas dos intercâmbios estabelecidos entre o futebol e a
formação de novos talentos (CARRAVETTA, 2001). Essa formação de novos talentos
esportivos é influenciada pelas diferenças individuais das pessoas que modificam suas
eventuais características, incluindo suas capacidades, de forma direta ou indireta, e de
forma previsível ou imprevisível (HOWE, 1999).
Segundo Csikszentmihalyi, Rathunde e Whalen (1993) o termo “talento” remonta a uma
origem bíblica, pois era um nome que denotava a uma unidade monetária, uma moeda
valiosa amplamente utilizada no Oriente Médio, é um sentido metafórico que deriva da
parábola dos talentos (Mateus, 25), uma seção do Novo Testamento da Bíblia. Mais na
ótica do desenvolvimento humano, as investigações têm sugerido que o talento é um
fenômeno complexo, multidimensional e dinâmico, que ocorre segundo diferentes
etapas e ao longo de um conjunto alargado de anos, sendo que essa determinação de
talentos, principalmente no âmbito esportivo, baseia-se nas evidências abstratas e
discussões teóricas que resultam na descrição e identificação de possíveis condições e
9
características que possam resultar na identificação das pessoas como “talentos” dentro
da população (BARREIROS, 2005; BOHME, 1995).
O talento o é uma categoria natural, é uma construção cultural, é um rótulo de
aprovação que se estabelece a uma característica pessoal que tem um valor positivo e
um contexto particular no qual vive o ser humano (CSIKSZENTMIHALYI et al., 1993).
Segundo Abbot, Collins, Martindale e Sowerby (2002) o interesse na identificação e
desenvolvimento de talentos esportivos tem crescido muito nos últimos anos, porém o
processo de identificação de talentos para times esportivos é complexo e a predição do
sucesso é imperfeita (PEARSON et al., 2006).
Sobral (1994) coloca que o processo de identificação de talentos ocorre através de três
fases: a identificação, a seleção e a promoção. A identificação ocorre na infância, uma
avaliação baseada no desenvolvimento corporal, coordenações motoras de base e o
gosto pela prática. A segunda fase ocorre na puberdade, em que o foco está nos
desvios de postura, fragilidade do aparelho locomotor, traços de crescimento e
composição corporal. a última fase culmina com o processo de promoção do talento,
em que estes atletas começam a participar de competições esportivas representativas
em seu país e até internacionais.
Os programas de detecção de talentos privilegiam a ótica neuromotriz em detrimento da
ótica neurocognitiva, não levando em conta também a influência do meio ambiente, da
família, e particularmente a capacidade de desenvolvimento e aprendizagem do atleta
no seu processo de formação. A identificação de um talento baseia-se em torno do
reconhecimento da dotação natural ou a capacidade de uma qualidade superior aos
outros, porém esta identificação é multifacetada e complexa, pois as características
individuais são parcialmente geneticamente determinadas, e são afetadas por inúmeras
condições ambientais e difícil de determinar com precisão (PEARSON et al., 2006).
A simples menção do termo seleção evoca Darwin, à seleção natural e uma série de
preconceitos e juízos de valor sobre o esporte e a competição esportiva. A seleção
pressupõe diversidade ou variação de características morfológicas, de potencial
fisiológico, de qualidades motoras e de atributos psicológicos (SOBRAL, 1994).
10
Segundo Durand-Bush e Salmela (2002) os modelos de detecção de talentos
esportivos, apesar de alicerçados em pressupostos científicos, mostram-se ineficazes
para predizer a prestação futura, uma vez que a interação entre fatores genéticos e os
fatores ambientais é muito difícil de determinar.
Outra dificuldade para a predição de que alguém se tornará um atleta de alto nível é o
que as habilidades podem ser identificadas ou promovidas em desenvolvimento a fim
de alcançar um sucesso em curto prazo, mas pode se tornar redundante em anos
posteriores. Pelo fato de a maioria dos programas de identificação de talentos ser
conduzida durante a adolescência, os efeitos do crescimento e da maturação podem
confundir a predição do desempenho futuro (MARTINGALE et al., 2005; PEARSON et
al., 2006).
Segundo Barreiros (2005) o paradigma da “detecção de talento” esportivo tem dado
lugar a uma nova perspectiva, mais propriamente conhecida como “desenvolvimento de
talento”, tendo o trabalho coordenado por Bloom (1985) como o precursor na
comunidade científica. Holt (2002) desenvolveu uma teoria semelhante às etapas da
participação esportiva de Côté (1999) para explicar as competências psicossociais
envolvidas durante o processo de desenvolvimento de um atleta até atingir o
profissionalismo. Na primeira das três fases, a criança tem que apresentar habilidades
acima da média, que lhe possibilitem o ingresso em um clube com perspectivas
profissionais. A segunda fase compreende o período em que o jovem adolescente
integra a organização profissional propriamente dita, em que o desenvolvimento de
características como a resiliência parece ser fundamental assim como a existência de
estratégias eficazes de coping, em relação a situações de pressão competitiva e social,
como por exemplo, reagir positivamente aos erros e ao criticismo. a terceira fase
inicia-se com o cumprimento de um contrato como profissional, o qual implica um
conjunto complexo de desafios e adaptações.
Assim, para Csikszentmihalyi, Rathunde e Whalen (1993) o que distingue os jovens
talentos é o fato de possuírem qualidades com valor cultural e traços da personalidade
que conduzem a elevados níveis de concentração (realização e resistência), bem como
11
a uma maior predisposição para a aprendizagem e para a experiência (consciência e
compreensão). Além de qualidades complementares como o balanço motivacional que
leva o indivíduo a persistir e sentir prazer numa atividade específica. Nenhum outro
domínio investiu tanto no papel da detecção, seleção e desenvolvimento de talento
como o esporte, e conseqüentemente muitos têm sido os estudos realizados por
pesquisadores de diferentes países propondo modelos e metodologias para a
identificação e desenvolvimento de “talentos esportivos” (BARREIROS, 2005).
Nos últimos anos, vários autores têm vindo a dedicar-se ao estudo do desenvolvimento
do talento e à aquisição de performances de excelência em diversos contextos,
nomeadamente nos domínios do esporte e da música (BLOOM, 1985; CÔTÉ, 1999,
CSIKSZENTMIHALYI et al., 1993). Bloom (1985) coloca ainda que as crianças
necessitam suporte de um grande número de indivíduos e instituições para desenvolver
seu talento. Sem pais dedicados, cnicos e mentores experientes, bons colégios e
oportunidades desafiadores para expressar seus dons, é muito difícil para os
adolescentes persistirem com a disciplina exigida para o cultivo do talento.
O foco dos responsáveis pelo desenvolvimento dos jovens atletas está na sua
performance atual, o que ocorre é que os especialistas não realizam uma avaliação a
longo prazo a fim de predizer o sucesso desse atleta mais tarde. Fato comprovado
através dos estudos de Bloom (1985) mostrando que apenas 10% dos atletas de elite
adultos foram considerados talentos quando na idade de 11 ou 12 anos, isso significa
que 90% dos eventuais 25 melhores atletas do mundo estudados não brilhavam como
supremos em seus esportes quando eram jovens. Entretanto muitos são os fatores que
influenciam jovens no desenvolvimento de sua carreira esportiva e também a sua vida,
tais como os processos técnicos, financeiros, recursos, avaliação, gratificação técnica,
competição e estrutura do clube (MARTINDALE et al., 2005).
Os psicólogos esportivos e os estudiosos do desenvolvimento motor compartilham da
mesma dúvida, ou seja, se os atletas considerados talentos estão realmente prontos.
Smoll e Smith (1995) apontaram que a idade cronológica sozinha é um indicativo pobre
para o grau individual de progresso rumo à maturidade, isto porque o relógio biológico
12
avança em um grau diferente, assim, fatores biológicos não devem ser os únicos a
serem considerados para esclarecer esta dúvida. O desenvolvimento social, emocional
e cognitivo também devem ser considerados.
O desenvolvimento cognitivo é um dos principais fatores a serem considerados no
desenvolvimento do talento esportivo, com isso as características psicológicas
associadas ao sucesso esportivo tem merecido a dedicação de muitos investigadores
na área. Assim, segundo Morris (2000) é consenso entre os autores de que a principal
abordagem metodológica adotada no passado foi o estudo comparativo dos traços da
personalidade de atletas adultos de elite e de nível inferior, partindo do pressuposto de
que as características que identificam os que atingem o sucesso são aquelas que
interessa detectar nos jovens adolescentes. Porém, apesar do crescente interesse no
estudo, a agora a verdade é que ainda existe pouca informação relativamente aos
processos de desenvolvimento das características psicológicas em jovens atletas de
sucesso.
Uma característica a ser analisada é a motivação dos atletas para persistir em um longo
processo, que envolve grandes exigências, pelo que normalmente os mais talentosos e
que atingem mais sucesso são atletas que parecem ser muito motivados
intrinsecamente, que procuram estabelecer grandes padrões de realização pessoal, e
que utilizam estratégias de coping eficazes, no sentido de garantir o sucesso das
diferentes transições associadas à carreira esportiva. Sobral (1994) coloca ainda que
outro elemento importante na identificação do talento é a capacidade de
desenvolvimento, que coincide de certa forma, com a treinabilidade.
Seguindo a mesma linha, Nadori (1990) caracteriza o talento como sendo alguém que
possui as seguintes características: reação mais eficaz aos estímulos em geral; reação
mais favorável aos estímulos de elevada intensidade; aplicação mais correta e criativa
da técnica; soluções individuais para os problemas e, criatividade e capacidade de
aprendizagem.
O esporte de rendimento apresenta exigências de natureza diversa, ou seja, físicas,
motoras, perceptivas, sociais, emocionais e intelectuais. O êxito no esporte de
13
competição não assenta exclusivamente na capacidade atlética e na maestria motora, o
ajuste emocional de atletas principalmente nas idades mais baixas frente às pressões
competitivas determina uma parte significativa do nível de rendimento e da sua
consistência, e ainda na sua orientação para a prática esportiva (SOBRAL, 1994).
Especificamente no futebol, Carravetta (2001) escreve que os atletas se transformaram
em verdadeiros produtos industriais, pois além de atletas passaram a funcionar como
produtos comercializáveis e que desde o início de suas carreiras esportivas são
acostumados com a idéia de que o futebol é um negócio altamente lucrativo, sendo
este mais um fator a ser considerado no processo de desenvolvimento de um talento
esportivo.
3.2 Motivação no Processo de Formação Esportiva
No âmbito esportivo, a motivação representa uma das variáveis mais importantes.
Técnicos e atletas concordam que a motivação é um dos elementos chave que irão
facilitar não apenas o desempenho, mas também uma experiência positiva na área
esportiva. rios profissionais como dramaturgos, filósofos e psicólogos têm dado
atenção ao estudo da motivação, psicólogos em particular têm estudado ao longo dos
últimos dois culos e fornecido algumas definições gerais deste constructo
(VALLERAND, 2004).
Os estudos centrados na motivação tentam responder a algumas perguntas que
permeiam a mente dos profissionais que trabalham com esporte, ou seja, “Porque uma
pessoa inicia a prática esportiva?” “Porque uma pessoa pratica o esporte por vários
anos e abandona sua prática?”. Assim os estudos o conduzidos por autores
interessados na origem, direção e persistência da prática esportiva, mais precisamente
sobre os motivos presentes no ser humano que levam uma pessoa a praticar um
determinado esporte (BAKKER, WHITING e BRUG, 1993). A direção e a intensidade
dos esforços de uma pessoa para determinada prática o os fatores que compõem a
motivação, a direção do esforço refere-se a fato de um indivíduo procurar, aproximar-se
ou ser atraído a certas situações, a intensidade refere-se a quanto esforço uma
pessoa coloca em uma determinada situação (WEINBERG e GOULD, 2001).
14
Uma definição de motivação amplamente aceita é representada pelo constructo
hipotético usado para descrever forças internas e/ou externas que conduzem à
iniciação, direção, intensidade e persistência de um comportamento, um motivo ou
conjunto de motivos que levam alguém a se esforçar, a agir, persistir ou trabalhar em
prol de algum objetivo (DOUGLAS e ARAUJO, 2004; VALLERAND, 2004). Entretanto, a
existência de diferentes sistemas de classificação dos motivos humanos dificulta uma
definição exata. Bakker et al. (1993) citam que alguns dos motivos pessoais dizem
respeito a que as atividades implicadas possuem um valor intrínseco (alegria, prazer) e
em conseqüência vale a pena esforçar-se para realizá-las, pois causam efeitos
positivos à saúde, e ao realizar essas atividades as pessoas obtêm uma sensação de
competência.
Weinberg e Gould (2001) apresentam algumas visões que tentaram ao longo do tempo
definir o que seria a motivação. A primeira delas é a Visão centrada no traço, que
sustenta que o comportamento motivado se em função da personalidade da pessoa,
as suas necessidades e seus objetivos, assim algumas pessoas apresentam atributos
pessoais que parecem torná-las mais predispostas ao sucesso e a altos níveis de
motivação, enquanto outras parecem necessitar de motivação, de objetivos pessoais e
de desejo. Contrariamente à primeira, a Visão centrada na situação apresenta
definições de que o nível de motivação é determinado primariamente pela situação,
entretanto essa não é uma visão muito aceita pelos autores pelo fato de que por mais
negativa que seja uma situação em algumas situações o sujeito continua motivado
mostrando que a situação não é, neste caso, o fator primário influenciando o seu nível
de motivação. A visão mais aceita pelos psicólogos esportivos é a Visão interacional,
que leva em conta o indivíduo e a situação, afirmando que a motivação o resulta
somente de fatores relacionados ao sujeito, nem de fatores situacionais, o ideal seria
examinar o modo como esses dois conjuntos de fatores interagem.
A partir destas considerações, o estudo da motivação constitui-se como um dos
aspectos importantes para a compreensão das diferenças individuais presentes na
prática esportiva, isto porque alguns indivíduos apresentam padrões motivacionais
adaptacionais à medida que aplicam determinado esforço para o sucesso, persistindo
15
assim na prática esportiva, enquanto outros abandonam a prática esportiva frente aos
primeiros momentos de insucesso (FERNANDES e VASCONCELOS-RAPOSO, 2005).
As situações de sucesso e fracasso têm alto valor informativo no ambiente competitivo,
e diferenças também são encontradas entre os gêneros, pois autores como Weinberg e
Gould (2001) sugerem que homens exibem níveis significativos mais altos de motivação
intrínseca após sucessos do que após fracassos, enquanto as mulheres não variam
muito nas condições de sucesso e de fracasso, demonstrando que o sucesso na
competição é mais importante para os homens do que para as mulheres.
Dentro do contexto da atividade física e do esporte a Teoria da Autodeterminação se
tornou um dos enquadramentos teóricos mais utilizados para examinar as questões da
motivação. Esta abordagem teórica aponta para a natureza e a função da motivação
em conjunto com as bases psicológicas a partir das quais os motivos se desenvolvem,
sendo que a motivação varia ao longo de um continuum regulatório (DECI e RYAN,
1985; WILSON, ROGERS, RODGERS e WILD, 2006). A base inicial desta teoria é a
concepção do ser humano como organismo ativo, dirigido para o crescimento,
desenvolvimento integrado do sentido do self e para a integração com as estruturas
sociais. A busca de experiência com atividades interessantes estaria incluída neste
empenho evolutivo a fim de o indivíduo alcançar determinados objetivos como
desenvolver habilidades e exercitar capacidades, buscar e obter vínculos sociais e
obter um sentido unificado do self por meio da integração das experiências
intrapsíquicas e interpessoais (GUIMARÃES e BORUCHOVITCH, 2004).
A proposta da Teoria da Autodeterminação é desenvolver um olhar diferenciado sobre a
motivação que se traduz em diferentes processos regulatórios nos quais os resultados
relacionados a uma atividade são exercidos, e que os homens têm um desejo inato
para a estimulação e aprendizagem desde a nascença, que é reforçado ou
desencorajado pelo meio social (DECI e RYAN, 1985; PELLETIER e SARRAZIN, 2007).
Os processos regulatórios incluem Amotivação, Motivação Extrínseca (externa,
introjetada, identificada e regulação integrada) e Motivação Intrínseca, que o
alocadas em um continuum de autodeterminação.
Figura 1: Continuum
de Auto
Seguindo o constructo da Teoria da Autodeterminação, a Amotivação refere
ausência total de finalidade ou intencionalidade em realizar uma ação. Quando
amotivados
, os atletas apresentam sentimentos de incompetência e uma importante
perda da motivação (VALLERAND, 2004; 2007). De acordo com Pelletier, Dion, Tuson
e Green-
Demers (1999) quatro grandes crenças cercam um comportamento sem
motivação: 1) a pessoa
empregada é inadequada para levar ao sucesso; 3) o sucesso requer muito esforço; e
4) a pessoa não pode alcançar resultados desejáveis independentemente de seus
esforços.
Quando motivado extrinseca
prazer, mas sim para obter algum tipo de recompensa que é externa a sua própria
vontade (VALLERAND, 2004; VALLERAND, 2007). De acordo com a Teoria da
Autodeterminação a motivação extrínseca tange à uma am
comportamentos que são engajados como um meio para um fim. Originalmente se
pensava que a motivação extrínseca se referia a um comportamento não
autodeterminado, comportamento que pode apenas ser solicitado por contingências
externas (PELL
ETIER, FORTIER, VALLERAND, BRIÈRE, TUSON e BLAIS, 1995).
Segundo Moreno, Dezan, Duarte e Schwartz (2006), a motivação extrínseca é
dependente de múltiplos fatores de recompensa, onde o executar da tarefa não é o
único objetivo, existem fatores externos que
grande influencia, tais como dinheiro, fama, sucesso, reconhecimento, entre outros.
de Auto
determinação (DECI e RYAN
, 1985)
Seguindo o constructo da Teoria da Autodeterminação, a Amotivação refere
ausência total de finalidade ou intencionalidade em realizar uma ação. Quando
, os atletas apresentam sentimentos de incompetência e uma importante
perda da motivação (VALLERAND, 2004; 2007). De acordo com Pelletier, Dion, Tuson
Demers (1999) quatro grandes crenças cercam um comportamento sem
motivação: 1) a pessoa
carece de habilidades para obter sucesso; 2) a estratégia
empregada é inadequada para levar ao sucesso; 3) o sucesso requer muito esforço; e
4) a pessoa não pode alcançar resultados desejáveis independentemente de seus
Quando motivado extrinseca
mente o indivíduo não se dedica a uma atividade por
prazer, mas sim para obter algum tipo de recompensa que é externa a sua própria
vontade (VALLERAND, 2004; VALLERAND, 2007). De acordo com a Teoria da
Autodeterminação a motivação extrínseca tange à uma am
comportamentos que são engajados como um meio para um fim. Originalmente se
pensava que a motivação extrínseca se referia a um comportamento não
autodeterminado, comportamento que pode apenas ser solicitado por contingências
ETIER, FORTIER, VALLERAND, BRIÈRE, TUSON e BLAIS, 1995).
Segundo Moreno, Dezan, Duarte e Schwartz (2006), a motivação extrínseca é
dependente de múltiplos fatores de recompensa, onde o executar da tarefa não é o
único objetivo, existem fatores externos que
direcionam as ações dos indivíduos com
grande influencia, tais como dinheiro, fama, sucesso, reconhecimento, entre outros.
16
, 1985)
.
Seguindo o constructo da Teoria da Autodeterminação, a Amotivação refere
-se à
ausência total de finalidade ou intencionalidade em realizar uma ação. Quando
, os atletas apresentam sentimentos de incompetência e uma importante
perda da motivação (VALLERAND, 2004; 2007). De acordo com Pelletier, Dion, Tuson
Demers (1999) quatro grandes crenças cercam um comportamento sem
carece de habilidades para obter sucesso; 2) a estratégia
empregada é inadequada para levar ao sucesso; 3) o sucesso requer muito esforço; e
4) a pessoa não pode alcançar resultados desejáveis independentemente de seus
mente o indivíduo não se dedica a uma atividade por
prazer, mas sim para obter algum tipo de recompensa que é externa a sua própria
vontade (VALLERAND, 2004; VALLERAND, 2007). De acordo com a Teoria da
Autodeterminação a motivação extrínseca tange à uma am
pla variedade de
comportamentos que são engajados como um meio para um fim. Originalmente se
pensava que a motivação extrínseca se referia a um comportamento não
-
autodeterminado, comportamento que pode apenas ser solicitado por contingências
ETIER, FORTIER, VALLERAND, BRIÈRE, TUSON e BLAIS, 1995).
Segundo Moreno, Dezan, Duarte e Schwartz (2006), a motivação extrínseca é
dependente de múltiplos fatores de recompensa, onde o executar da tarefa não é o
direcionam as ações dos indivíduos com
grande influencia, tais como dinheiro, fama, sucesso, reconhecimento, entre outros.
17
De acordo com a Teoria da Autodeterminação, a motivação extrínseca é composta por
quatro estilos regulatórios, como descritos anteriormente. A Regulação Externa é o
mais baixo nível de autodeterminação, em que o indivíduo rege seu comportamento
com o objetivo de obter uma recompensa ou evitar uma punição, sendo a fonte de
controle externa a si (BRIÈRE, VALLERAND, BLAIS e PELLETIER, 1995). Este estilo
regulatório consiste na imposição de contingências externas por parte de outra pessoa
(FERNANDES e VASCONCELOS-RAPOSO, 2005). A Regulação Introjetada consiste
em uma representação interna dos contingentes externos, sendo que a fonte de
controle do comportamento se encontra no interior da pessoa, ou seja, é ela que exerce
a pressão sobre si mesma para regular seu comportamento (BRIÈRE et al., 1995). Deci
e Ryan (1985) afirmam que neste caso os estilos regulatórios não são tão explícitos e a
regulação é mais afetiva do que cognitiva.
Na Regulação Identificada o indivíduo se identifica com as conseqüências e o
comportamento, sendo este valorizado, julgado, importante para o indivíduo e
proveniente de sua própria escolha; a pressão interior e mesmo as tensões que caem
sobre o indivíduo são mais autônomas. Este estilo é verificado quando uma ação ou
comportamento é motivado pela apreciação dos resultados e benefícios da participação
numa atividade (BRIÈRE et al., 1995). Já o último estilo regulatório chamado de
Regulação Integrada é a forma mais autodeterminada ou autônoma da regulação
externa de um comportamento, e segundo Deci e Ryan (1985), apesar deste tipo de
motivação extrínseca representar uma forma integrada e autodeterminada, considera-
se ser um comportamento motivado extrinsecamente, na medida em que é realizado
com vista à concretização de objetivos pessoais e não pelo próprio prazer advindo do
envolvimento nessa atividade.
Apesar dos quatro tipos de estilos regulatórios existentes, a Teoria da
Autodeterminação postula que a motivação intrínseca é unidimensional em sua
natureza, sendo definida como o fato de o individuo engajar-se em uma atividade por si
mesmo e pelo prazer e satisfação derivada dessa participação (PELLETIER et al.,
1995; VALLERAND, 2004). Pelletier e Sarrazin (2007) citam que altos níveis de
autodeterminação no continuum são associados com um reforço para as funções
18
psicológicas. Vários estudos em diferentes domínios, mais especificamente no esporte,
têm demonstrado mais comportamentos efetivos, compreensão conceitual, persistência
intencional, ajustamento pessoal, coping positivo e um aumento do bem estar como
uma mudança da amotivação para a motivação intrínseca.
Segundo Vallerand e Losier (1999) a motivação intrínseca define-se em duas formas: 1)
pela participação voluntária do individuo numa atividade, em uma aparente ausência de
recompensas ou pressões externas; e, 2) pela participação numa atividade, pelo
interesse, satisfação e prazer que o indivíduo obtém desse envolvimento. Configura-se
como uma tendência natural para buscar novidade, desafio, para obter e exercitar as
próprias capacidades (CSIKSZENTMIHALYI, 1991). Os profissionais responsáveis pela
promoção da atividade física e do esporte acreditam que a motivação intrínseca é o
aspecto chave para a manutenção de bons desempenhos e do envolvimento esportivo
(FERNANDES e VASCONCELOS-RAPOSO, 2005).
A motivação intrínseca assenta em três necessidades psicológicas específicas:
necessidades de autonomia, competência e estabelecimento de vínculos (DECI e
RYAN, 1985; FAIRCHILD, HORST, FINNEY e BARRON, 2003). As três necessidades
psicológicas básicas (autonomia, competência e estabelecimento de vínculos) são
inatas, integradas e interdependentes. Dessa forma, a satisfação de cada uma delas
reforça e fortalece as demais, e é considerada essencial para um ótimo
desenvolvimento e saúde psicológica (GUIMARÃES e BORUCHOVITCH, 2004;
TREASURE, LEMYRE, KUCZKA, STANDAGE, 2007).
A necessidade de autonomia é encontrada quando o sentimento e o comportamento
das pessoas têm origem em si mesmo, um sentimento volitivo é necessário para
sustentar comportamentos motivados e um funcionamento eficaz. A necessidade de
competência reflete os desejos de se sentir capaz e sentir que tem a oportunidade de
exibir suas competências, e é satisfeita quando as pessoas se sentem eficazes na
interação com o ambiente social alcançando seus resultados desejados; o sentimento
de competência é necessário para que o indivíduo desenvolva uma abordagem ótima
para os desafios que lhe permita aprender e desenvolver. a necessidade por
19
estabelecer vínculos envolve os sentimentos de uma conexão ou pertença com outros,
sendo satisfeita exatamente quando as pessoas autenticamente se conectam com
outros e se sentem envolvidas em um contexto social (CONROY, ELLIOT e
COATSWORTH, 2007; MCDONOUGH e CROCKER, 2007). Apesar de a satisfação das
necessidades psicológicas básicas ser o componente central da Teoria da
Autodeterminação, poucas são as pesquisas envolvendo os resultados associados à
percepção de autonomia e estabelecimento de vínculos comparadas às existentes
sobre a percepção de competência no âmbito da atividade física e do esporte.
Vallerand (2001) propôs a existência de três tipos de estilos regulatórios referentes à
motivação intrínseca: Conhecimento, Realização e Estimulação. O primeiro tipo de
regulação (Conhecimento) é representado por muitos conceitos tais como a exploração,
a curiosidade, os objetivos intrínsecos de aprender, a motivação intrínseca intelectual, o
desejo de conhecer e de saber e a busca do significado. A Motivação Íntrínseca de
Realização é composta por conceitos tais como eficácia, motivação pela maestria da
tarefa e uma orientação relacionada à tarefa, como forma de demonstrar a si mesmo
que é competente, interagindo com o ambiente a fim de criar realizações únicas. o
último estilo regulatório referente à motivação intrínseca, a estimulação, está presente
nas pessoas que fazem uma atividade pelo simples prazer, por apreciar a atividade
(VALLERAND, 2007; DECI e RYAN, 1985).
Pelletier et al. (1995) colocam que a motivação das pessoas varia na linha com que
ocorrem mudanças na percepção de competência e da autodeterminação. Os eventos
que levam a ganhos em qualquer um desses sentimentos podem aumentar a motivação
intrínseca e a identificação enquanto diminui a introjeção, a regulação externa e a
amotivação. Entretanto, os eventos que podem diminuir um sentimento de competência
ou autodeterminação podem conduzir a uma perda da motivação intrínseca e da
identificação, mas à um aumento da introjeção, regulação externa e amotivação.
Numerosos fatores que estimulam a motivação surgem no processo de
desenvolvimento técnico dos atletas, seja através de objetos, pessoas ou situações que
impulsionam estados de atuação, porém estes fatores não atuam com a mesma
20
intensidade e não são os mesmos para todos os atletas. A motivação dos atletas
geralmente advém da obtenção de bons resultados, da progressão do desempenho
esportivo, por um desafio pessoal e pela busca de atenção diferenciada. No futebol,
Carravetta (2001) cita a motivação extrínseca baseada nas recompensas materiais
como o fator que predomina como prioritário.
Martindale et al. (2005) colocam que a motivação é absolutamente indispensável para o
sucesso em qualquer atividade, e que sem esta é impossível o ser humano aprender,
desenvolver e ter sucesso. Assim, atletas amadores podem não melhorar seu
desempenho justamente porque acham que alcançaram (em suas mentes) um nível
aceitável (ERICSSON, 2003). Segundo Treasure, Lemyre, Kuczka e Standage (2007) a
maioria dos estudos que examinam a motivação pela perspectiva da autodeterminação
no esporte tem sido conduzidos com atletas que não são de elite ou atletas que
praticam o esporte como recreação, ocasionando uma lacuna na literatura sobre a
motivação em atletas de elite. Nos estudos realizados, os autores utilizaram o método
retrospectivo e realçam os estilos regulatórios que distinguem os atletas com mais
sucesso daqueles que não atingem os mesmos níveis de prestação.
Keegan, Harwood, Spray e Lavallee (in press) desenvolveram uma pesquisa com
atletas e concluíram que atletas mais jovens viviam em um clima motivacional que se
mostra consistente com os modelos de motivação existentes, sugerindo que são
necessários mais estudos para esta população. Além disso, a influência dos pais sobre
estes atletas era muito acentuada, em termos de forma como dão suporte ao
aprendizado e à participação das crianças. em relação à motivação
autodeterminada, Vissoci, Vieira, Oliveira e Vieira (2008) concluíram em sua pesquisa
que a motivação autodeterminada intrinsecamente se constituiu como fator favorável
para atitudes positivas voltadas às convenções esportivas, regras e juízes,
influenciando na preocupação e comprometimento com o oponente e na tendência a
comportar-se agressivamente.
Sobre atitudes positivas frente à prática esportiva, Donahue, Miquelon, Valois, Goulet,
Buist e Vallerand (2006) encontraram resultados em que atletas que apresentam estilo
21
de motivação mais autodeterminado (intrínseco) são menos propensos a se
comportarem de forma antiética como o uso de substâncias ilícitas que possam
melhorar seu desempenho esportivo. Quanto mais autodeterminado o atleta mais suas
necessidades psicológicas de autonomia, competência e estabelecimento de vínculos
estão superadas, levando-os a resultados mais positivos (MCDONOUGH e CROCKER,
2007).
Nesse sentido, estudar a motivação implica em investigar o porquê de se realizar uma
ação e o modo como tal ação está relacionada ao estudo do julgamento do indivíduo
sobre o que é certo e o que é errado, para assim se atribuir um significado moral à ação
e definir a melhor maneira de se comportar.
3.3 Estresse e Estratégias de Coping no Esporte
Durante muito tempo o pensamento tradicional dos autores da Psicologia Esportiva foi
de que o estresse por si tem um efeito prejudicial em vários processos cognitivos e
psicofisiológicos, e a aceitação de que é necessário e fundamental que os atletas
desenvolvam competências de confronto apropriadas. Entretanto, o fato de se
considerar o estresse apenas como algo que se refere a emoções negativas, reflete
uma visão negativista que dominou o pensamento da Psicologia, que se preocupava
mais com a prevenção da doença do que com a promoção da saúde, com o foco
principalmente no estudo da patologia e da cura, esquecendo-se do bem estar e da
prevenção, o que remete aos aspectos positivos da experiência humana (DIAS, 2005).
O estresse é definido como um desequilíbrio substancial entre a demanda e a
capacidade de resposta, sob condições em que a falha em satisfazer aquela demanda
tem importantes conseqüências, um conjunto de reações orgânicas e psíquicas de
adaptação que o organismo emite quando é exposto a qualquer estímulo que o excite,
irrite, amedronte ou lhe proporcione grande prazer. Em geral, quanto mais importante
for um evento (demanda) mais vai gerar estresse, conseqüentemente quanto maior o
grau de incerteza de um indivíduo em relação a um resultado ou a sentimentos e
avaliações de outros, maior a ansiedade-estado e o estresse, visto que a ansiedade é
um processo estritamente relacionado com o estresse, quando um determinado nível
22
de estresse é avaliado como ameaçador, provoca uma reação de estado de ansiedade
de magnitude quantificável (MARQUES, 2005; WEINBERG e GOULD, 2001).
Dias (2005) coloca ainda que o estado emocional e motivacional do atleta pode gerar
diferentes respostas relacionadas com a tarefa. Algumas respostas são consideradas
relevantes, ou seja, que facilitam o desempenho do atleta, e outras consideradas ainda
irrelevantes. Ambas podem ser de natureza cognitiva, fisiológica ou comportamental,
sendo que o equilíbrio entre elas irá afetar e influenciar decisivamente o rendimento e o
desempenho dos atletas. Determinada situação (estressor) é percebida como perigosa
ou não, representando um determinado grau de perigo físico ou psicológico, a reação
ao estressor depende da percepção e avaliação que o indivíduo faz deste (MARQUES,
2005).
Marques (2005) apresenta alguns modelos de gestão de estresse desenvolvidos por
autores que se destacam nesta área: Meichenbaum (1985) desenvolveu o Treino de
Inoculação de Estresse” (SIT), um modelo que possibilita aos atletas a introdução de
estratégias cognitivas que os preparam para utilizarem construtivamente as respostas
psicológicas e fisiológicas ao estresse na busca de um melhor desempenho. O objetivo
principal desse modelo é desenvolver e favorecer os recursos de coping do atleta, para
que suas respostas ao estresse sirvam de estratégias mobilizadoras.
Outro modelo de gestão de estresse conhecido é chamado de Pesquisa
Comportamental Visuo-Motora” (MVBR), desenvolvido por Suinn (1972), em que é
pedido aos atletas para visualizarem o seu desempenho sem erros. Segundo o autor,
essa estratégia capacita os atletas a se prepararem para a competição e evitarem os
erros, através da pesquisa de respostas corretas para cada momento. Este modelo
fornece aos atletas uma sensação de já terem tido sucesso, capacitando-os para
avaliar o desempenho, nunca excedendo as suas capacidades percebidas (citado em
MARQUES, 2005).
A partir do momento em que atletas de elite entram em uma competição estão expostos
a vários estressores que podem ter efeito negativo sobre o seu desempenho. Saber se
o estresse é percebido, no entanto, varia de atleta para atleta, e uma variável que afeta
23
a percepção do estresse, e as estratégias de enfrentamento utilizadas para lidar com o
estresse percebido, é a concretização da meta do atleta. O modo como as pessoas
lidam com o estresse tem sido assunto de interesse na Psicologia nas últimas três
décadas (PENSGAARD e ROBERTS, 2003).
A competição esportiva impõe ao atleta exigências físicas e psicológicas, sendo que
uma das principais competências a se levar em conta está relacionada com a auto-
regulação emocional do atleta em função da situação de competição. Este conjunto de
competências é também conhecido por estratégias de coping (BARREIROS, 2005). O
coping é a forma como os atletas tentam lidar com vários tipos de exigências, tais como
lesões, quebras de rendimento, gestão do tempo ou expectativas deles próprios e dos
outros, constitui um fenômeno psicológico complexo, determinado e passível de ser
planejado, diretamente relacionado com o plano emocional; é um processo, não um
traço da personalidade (BARREIROS, 2005; DIAS, 2005).
Já o coping pode ser definido de duas maneiras, a primeira como uma reação positiva a
um resultado esperado e a outra como uma estratégia independente do resultado.
Folkman e Lazarus (1988) o descreve como uma mudança cognitiva constante e um
esforço comportamental para controlar demandas específicas externas e/ou internas
que são avaliadas como exigindo demais ou excedendo a capacidade da pessoa.
Antoniazzi, Dell´Aglio e Bandeira (1998) descrevem o coping como o conjunto de
estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas. Os
esforços despendidos pelos indivíduos para lidar com situações estressantes, crônicas
ou agudas, têm se constituído em objeto de estudo da psicologia social, clinica e da
personalidade, encontrando-se atrelado ao estudo das diferenças individuais. Uma
visão Psicanalítica do coping o descreve como um processo inconsciente de defesa
que permite ao organismo gerir o instinto, o afeto e o estresse. Nesta visão, o altruísmo,
a sublimação e o humor são considerados formas maduras de coping, que permitem ao
indivíduo lidar com o estresse (MARQUES, 2005).
O coping é visto pela Perspectiva disposicional/traço como um traço de personalidade
que permite ao indivíduo lidar com o estresse de uma forma mais ou menos eficaz,
24
porém os vários problemas que tem surgido na pesquisa da personalidade do esporte
em geral afetam este modelo. a Perspectiva transacional-processo define o coping
como todos os esforços cognitivos e comportamentais do indivíduo para lidar com as
exigências específicas internas e/ou externas, que são avaliadas como excedendo os
seus recursos (FOLKMAN e LAZARUS, 1988; MARQUES, 2005).
Sobre coping, é importante esclarecer dois conceitos existentes, distinguir entre o que
os pesquisadores denominam de estratégias de coping e estilos de coping. Em uma
primeira visão os estilos de coping estão mais relacionados a características de
personalidade, enquanto as estratégias de coping se referem a ações cognitivas ou de
comportamento tomadas no curso de um episódio particular de estresse (ANTONIAZZI,
DELL´AGLIO e BANDEIRA, 1998).
De acordo com Carver e Scheier (1994) os estilos de coping não são definidos em
termos de preferência de um aspecto de coping sobre outros, mas em termos de
tendência a usar uma reação de coping em maior ou menos grau, frente a situações de
estresse. Entretanto, os estilos de coping não necessariamente implicam a presença de
traços de personalidade que predispõem a pessoa a responder de determinada forma,
mas sim podem refletir a tendência a responder de uma forma particular quando
confrontados com uma serie específica de circunstâncias. as estratégias de coping
são vinculadas a fatores situacionais e Folkman e Lazarus (1988) enfatizam o papel
assumido por elas, e que as mesmas podem mudar de momento para momento,
durante os estágios de uma situação estressante, assim, as estratégias de coping
refletem ações, comportamentos ou pensamentos usados para lidar com um estressor.
Historicamente, três gerações de pesquisadores são destacadas no estudo do coping.
Os pesquisadores vinculados à Psicologia do Ego descrevem o coping como correlato
aos mecanismos de defesa, motivado interna e inconscientemente como forma de lidar
com conflitos sexuais e agressivos; para esta primeira geração de autores o estilo de
coping utilizado pelos indivíduos era concebido como estável, numa hierarquia de
saúde versus psicopatologia (ANTONIAZZI et al., 1998). A partir da década de 60, a
segunda geração de autores apresentou uma nova perspectiva com relação ao coping,
25
buscando enfatizar os comportamentos de coping e seus determinantes cognitivos e
situacionais. Assim o coping passou a ser conceitualizado como um processo
transacional entre a pessoa e o ambiente, com ênfase no processo (FOLKMAN e
LAZARUS 1988). a terceira geração se voltou para o estudo das convergências
entre o coping e a personalidade, sendo que os traços de personalidade mais
amplamente estudados, que se relacionam às estratégias de coping, são otimismo,
rigidez, auto-estima e locus de controle.
Marques (2005) coloca que é importante reconhecer que não é suficiente descrever o
coping e desenvolver estratégias de avaliação do coping, é necessário determinar como
é que o coping influencia o estresse e as respostas apresentadas pelos indivíduos,
porem a avaliação da eficácia do coping não é uma tarefa tão fácil quanto se imagina.
Uma das maiores dificuldades dessa investigação diz respeito à existência de vários
comportamentos específicos do coping que podem ser exibidos como resposta à uma
dada situação estressante, e que ainda variam de indivíduo para indivíduo mesmo
frente a um mesmo estressor.
Duas dimensões funcionais do coping o apresentadas e discutidas por alguns
autores (ANTONIAZZI et al., 1998; DIAS, 2005; FOLKMAN e LAZARUS, 1988) que são,
o coping centrado no problema (CCP) e o coping centrado na emoção (CCE). Duas
dimensões que se influenciam mutuamente no decorrer de uma situação estressante. O
primeiro tipo (CCP) inclui comportamentos específicos como a aceitação da
responsabilidade, a planificação de uma solução para o problema, empregar
competências de gestão do tempo, ato controle, aumento do esforço, focalização no
problema; qualquer uma dessas estratégias permite ao atleta controlar a situação
desagradável (ANTONIAZZI et al., 1998; DIAS, 2005; FOLKMAN e LAZARUS, 1988).
a segunda dimensão (CCE) engloba a regulação das respostas emocionais que
resultam do problema que causa estresse ao indivíduo, envolvendo atividades
puramente cognitivas que não alteram a relação real com o envolvimento, mas sim a
forma como esta é percebida. O coping centrado no problema é mais utilizado pelas
pessoas quando se deparam com uma situação que não é passível de mudança. Entre
26
alguns dos comportamentos apresentados estão o distanciamento, o desvio da
atenção, a fuga-evitação, esforços cognitivos para modificar o significado da situação, a
procura por apoio social, religioso ou espiritual, relaxamento, entre outros (DIAS, 2005;
FOLKMAN e LAZARUS, 1988).
Marques (2005) apresenta ainda outra classificação de Endler e Parker (1990), em que
adicionam, a essas duas dimensões anteriores, uma terceira chamada de evitamento
do coping, que está relacionado com os esforços de desligamento físico ou mental da
situação estressante. O autor apresenta ainda o modelo de Cox e Ferguson (1981) que
acrescentaram a essas três, mais uma dimensão, a categoria de avaliação, que integra
os esforços para avaliação ou re-avaliação do problema estressante ou da situação que
o indivíduo encara.
Em termos de pesquisa, as investigações do coping na Psicologia em geral têm
aumentado desde a década de 80, com o surgimento de testes específicos para a
identificação das estratégias de enfrentamento utilizadas por atletas para superar uma
dificuldade ou situação desagradável. Entretanto as pesquisas não se baseiam apenas
em testes, muitos autores realizaram e continuam a realizar pesquisas de caráter
qualitativo, em que através de entrevistas são identificadas as estratégias utilizadas por
cada atleta. Marques (2005) atenta para o fato de que as investigações sobre o coping
estão focadas mais nos esportes individuais e pouca atenção é dada às potenciais
diferenças na percepção de estresse e coping entre os atletas de esportes individuais e
coletivos.
A maioria dos estudos realizados sobre coping referem-se à construção de
instrumentos de medida. Embora muitos anos de desenvolvimento teórico e pesquisa
tenham se passado, e uma grande variedade de inventários e checklists tenham sido
desenvolvidos, não chegaram, ainda, a um entendimento compreensivo da estrutura do
coping. Porém, algumas pesquisas têm buscado relacionar os processos de coping com
adaptação ao stress durante a infância e adolescência. Estes trabalhos têm
investigado, mais especificamente, o coping relacionado a apego e separação durante
a infância, suporte social, resolução de problemas interpessoais e cognição, coping em
27
contextos aquisitivos, resiliência e invulnerabilidade ao stress, regulação da emoção,
temperamento entre outros (FLETT, HEWITT e ROSA, 1996).
Pesquisa de Giacobbi Jr. e Weinberg (2000), revelou que atletas que apresentavam alta
ansiedade traço respondiam às situações estressantes usando diferentes
comportamentos de coping, o contrario ocorrendo com os atletas com baixa ansiedade
traço, que utilizavam apenas um comportamento, mais definido. Em uma pesquisa com
atletas olímpicos, Pensgaard e Duda (2000) relataram que em geral, os atletas sentiam
emoções otimistas muito freqüentemente. Emoções otimistas eram relacionadas com o
uso efetivo de estratégias de coping, enquanto surgiam como um positivo preditor de
resultados objetivos a competição. Ainda em pesquisa com atletas campeões olímpicos,
Gould et al. (2002) confirmaram que estes atletas apresentavam elevados índices de
confiança, despreocupação, formulação de objetivos, preparação mental e
concentração.
No Brasil, os estudos sobre as estratégias de coping ainda são escassos, alguns
estudos tem buscado investigar o coping e suas relações com situações de estresse e
aspectos psicopatológicos. Assim, novos estudos sobre coping são necessários,
através de trabalhos teóricos e principalmente empíricos, que contribuam para a criação
de programas de intervenção e políticas sociais adequadas à população brasileira.
3.4 O Papel do Perfeccionismo no Desenvolvimento Atlético
Na literatura da Psicologia Geral, o perfeccionismo é tradicionalmente visto como um
traço permanente de personalidade. No entanto, existem inúmeras definições de
perfeccionismo na literatura, teóricos concordam que a fixação de padrões de alto
rendimento é um elemento central da construção, estas normas podem ser avaliadas
de acordo com fatores intrapessoais e critérios interpessoais, conseqüentemente o
perfeccionismo é visto por muitos pesquisadores como um constructo multidimensional
(DUNN et al., 2006).
Atletas de elite se diferem dos demais atletas por apresentarem alta auto-estima,
pensamentos mais positivos, estratégias de coping mais efetivas para controlar a
28
ansiedade e lidar com as distrações e os erros, melhor concentração, e menor
ansiedade. Outros atributos e habilidades mentais que são relacionados ao
desempenho superior desses atletas são o bom desenvolvimento de rotinas
competitivas e planos, altos níveis de motivação e comprometimento, auto-regulação da
excitação, estabelecimento de metas, visualização mental. As habilidades mentais têm
um importante papel no desempenho de atletas de elite e no enfrentamento de
estressores que acompanham o esporte de alto nível (VOOGD, 2007). Os estudos de
Weinberg e Gould (2001) mostraram que os atletas que obtiveram sucesso
mencionaram utilizar mais freqüentemente a preparação mental e a importância de
aderir às rotinas de preparação mental do que atletas com menos sucesso, relatando
que isso seria a chave para o sucesso.
Entretanto, Frost et al. (1990) citam que apesar da literatura do perfeccionismo ter se
concentrado na elucidação do perfeccionismo em relação à psicopatologia, o termo
perfeccionismo ainda não está claramente definido, sendo que as primeiras tentativas
de se definir este termo foram para provar que o perfeccionismo teria uma natureza
unidimensional, os estudos mais recentes tem se aproximado muito de uma
abordagem multidimensional. Na última década, tem aumentado o interesse pelo
constructo do perfeccionismo e sua possível relação com diversas situações
psicopatológicas, incluindo a patologia do comportamento alimentar e fenômenos
obsessivo-compulsivos (SOARES, GOMES, MACEDO, SANTOS e AZEVEDO, 2003).
Por outro lado, pesquisas alternativas centraram-se sobre uma abordagem diferente,
em que o perfeccionismo pode desempenhar um papel saudável. Comportamentos
perfeccionistas diferem em grau e intensidade, os estudos estão fornecendo apoio à
dupla natureza do perfeccionismo (normal e neurótico, satisfeito e insatisfeito,
adaptativo e mal adaptativo) (HAASE e PRAPAVESSIS, 2004). Flett e Hewett (2002)
colocam que não existe uma simples definição de perfeccionismo, sendo geralmente
considerado como sendo disposição multidimensional da personalidade.
O perfeccionismo é caracterizado pelo estabelecimento de padrões excessivamente
elevados de desempenho, acompanhado por uma tendência excessivamente crítica da
29
avaliação de um determinado comportamento (FROST et al., 1990). Estes autores
consideram o perfeccionismo como sendo multidimensional, o aspecto central do
perfeccionismo que distingue o perfeccionismo positivo do perfeccionismo negativo é
que as pessoas que apresentam características negativas de perfeccionismo têm a
tendência a ser exageradamente críticas quanto ao seu próprio desempenho.
Perfeccionistas negativos o impulsivos pelo medo de falhar ao invés de serem
impulsionados à alcançar algo, apresentando assim uma auto-avaliação negativa e uma
necessidade de aprovação externa como o constructo central do perfeccionismo
negativo. entre as características positivas relacionadas ao perfeccionismo estão um
alto padrão de desenvolvimento e alto sentimento de organização (VOOGD, 2007).
Apesar de os modelos teóricos apresentarem o perfeccionismo como tendo várias
dimensões, estudos tem consistentemente encontrado que o conteúdo das medidas é
definido por apenas dois fatores. O primeiro fator, conhecido por perfeccionismo mal
adaptativo reflete as dúvidas e as preocupações sobre suas decisões e a percepção
das expectativas que os outros têm sobre seu desempenho. O segundo fator, o
perfeccionismo adaptativo, reflete a aderência a um conjunto de normas em relação aos
níveis de realização em vários domínios de sua vida. O perfeccionismo mal adaptativo é
ligado a problemas de saúde mental, enquanto o perfeccionismo adaptativo é
relacionado a estratégias de coping efetivas (PAGE, BRUCH E HAASE, 2008).
De acordo com Burns (1983) o perfeccionismo pode ser definido como uma rede de
cognições, incluindo expectativas e interpretações de eventos e avaliações de si
mesmo e de outros, caracterizado por um ambiente de padrões irreais, rígidos e
indiscriminada participação a estes e a equação de seu próprio valor e desempenho,
assim perfeccionismo diz respeito à definição e a continuação dos altos padrões de
desempenho pessoal, em qualquer área da vida.
Hamachek (1978) propôs dois tipos de orientação perfeccionista, uma orientação
ajustada, também chamada de perfeccionismo normal, saudável ou positivo; e uma
orientação de caráter disfuncional, neurótica, também conhecida como perfeccionismo
desajustado ou negativo. Indivíduos com perfeccionismo ajustado possuem padrões de
30
realização pessoal muito elevados, sentem uma forte necessidade por alcançar o
sucesso e são altamente motivados para dar o seu melhor em tarefas nas quais estão
envolvidos ou comprometidos. Por outro lado, as pessoas que apresentam
características de um perfeccionismo desajustado são motivadas por uma necessidade
tremenda de evitar o insucesso, percebendo o envolvimento como uma ameaça e não
como uma fonte de suporte social.
Assim, como Hamachek (1978), o modelo influente do perfeccionismo de Hewitt e Flett
(1991) diferencia duas formas de perfeccionismo: o perfeccionismo auto-orientado e o
perfeccionismo socialmente prescrito. A primeira forma compreende as crenças de que
se esforçando para chegar à perfeição e ser perfeito são fatores importantes e são
caracterizados por ajustar excessivamente altos padrões e ter uma motivação
perfeccionista para si próprio. A segunda compreende as crenças de que os outros têm
altas normas para si próprio e que a aceitação pelos outros é condicionada ao
cumprimento dessas normas.
Outra abordagem utilizada para definir o perfeccionismo (FROST, et al., 1990)
considera que o perfeccionismo é comporto por quatro dimensões que avaliam
qualidades individuais, tais como esforço para alcançar altos padrões pessoais, uma
necessidade de ordem e organização, uma preocupação com os erros, e um
generalizado sentimento de autodúvida sobre algumas ações. Frost et al. (1990)
afirmam também que duas dimensões interpessoais que medem as elevadas
expectativas parentais e o excessivo criticismo parental ainda definem o constructo,
embora alguns tem sugerido que estas dimensões são antecedentes da alienação ao
invés de características definidoras (HALL, KERR, KOZUB e FINNIE, 2007).
Voogd (2007) acredita ser importante entender o papel do perfeccionismo no esporte
porque elevados níveis de perfeccionismo entre atletas tem sido associados com uma
variedade de correlações, afetivas, cognitivas e comportamentais incluindo estado de
ansiedade pré-competitiva, traços de agressividade competitiva, baixa auto-estima e
burnout. Entretanto, enquanto o perfeccionismo tem sido estudado largamente na
31
literatura da Psicologia Geral, o estudo do perfeccionismo no esporte tem recebido
pouca atenção.
Enquanto traço de personalidade de natureza multidimensional, o perfeccionismo tem
merecido atenção de vários estudos no campo da Psicologia Social ao longo de duas
décadas (FLETT, HEWITT e ROSA, 1996). Assim, os estudos têm investigado o
perfeccionismo em associação com a perturbação mental, as relações parentais e a
auto-estima, o estresse e estratégias de coping, entre outros (BARREIROS, 2005).
Mais especificamente no âmbito esportivo, o perfeccionismo tem sido analisado em
atletas de elite em relação à psicopatologia, especificamente com transtornos
alimentares, problemas de desempenho em competições e ansiedade traço. Os atletas
estão constantemente em busca da perfeição, focando internamente em sua resistência
física e mental para alcançar resultados perfeitos, e vivem em constante pressão de
fatores externos altamente estressantes, tais como a competição, o técnico, colegas e
família. Devido a isso, Haase e Prapavessis (2004) colocam que quando ocorre a falha,
conseqüências trágicas e comportamentos compensatórios podem suceder, emergindo
como forma de ansiedade, depressão ou transtornos alimentares em resposta para
tentar manter ou alcançar a perfeição.
Voogd (2007) cita várias formas que os autores utilizam para definir o perfeccionismo
positivo e o negativo. O perfeccionismo positivo pode ser chamado por alguns de
perfeccionismo favorável, perfeccionismo adaptativo, perfeccionismo normal,
perfeccionismo positivo e perfeccionismo saudável. as formas negativas de
perfeccionismo também são chamadas de perfeccionismo desfavorável, perfeccionismo
mal adaptativo, perfeccionismo neurótico, perfeccionismo patológico, perfeccionismo
negativo e perfeccionismo não-saudável.
Segundo Hall et al. (2007) o tipo de perfeccionismo é relacionado com o tipo de
motivação, em outras palavras, a orientação para a tarefa e o perfeccionismo
adaptativo estão relacionados, assim como a orientação para o ego e o perfeccionismo
mal adaptativo. Indivíduos orientados para a tarefa tentam melhorar os padrões que
definem para si próprios, e pessoas que apresentam características do perfeccionismo
32
adaptativo também têm esses comportamentos positivos. Entretanto, indivíduos
orientados para o ego relacionam o sucesso a padrões normativos; pessoas com
características do perfeccionismo mal adaptativo relacionam o sucesso à aprovação de
outros e por isso também a padrões normativos. Os autores afirmam ainda que fatores
motivacionais mostram um importante papel no estabelecimento de metas para atingir a
realização pessoal.
Em uma amostra de 105 estudantes, que responderam a Multidimensional
Perfectionism Scale, o estudo de Flett et al. (1996) demonstrou correlação entre os
dados, ou seja, perfeccionismo socialmente prescrito estava associado com uma
variedade de problemas psicossociais ajustados, incluindo maior solidão, timidez e
medo de uma avaliação negativa, e baixos níveis de auto-estima social. Além disso,
estudantes com perfeccionismo socialmente prescrito tiveram menos auto-percepção
de suas habilidades sociais.
Em relação ao perfeccionismo auto-orientado, Hewitt, Caelian, Flett, Sherry, Collins e
Flynn (2002) e Saboonchi e Lundh (1997) relataram que este era significantemente
associado com depressão e ansiedade, considerando que o perfeccionismo
socialmente prescrito era significantemente correlacionado com depressão, ansiedade,
estresse social e raiva.
As pesquisas de Stoeber e Stoeber (in press) indicaram que em vários domínios,
sujeitos perfeccionistas são internamente motivados e não externamente motivados,
além disso, os autores mostraram que, enquanto alguns perfeccionistas podem ser
perfeccionistas em vários domínios, muitos perfeccionistas são perfeccionistas apenas
em domínios selecionados.
3.5 Família e Outros Fatores que Influenciam na Carreira Esportiva
Para que o atleta alcance os mais altos níveis de excelência esportiva, depende de
muitas variáveis, mas é difícil determinar o papel de cada uma delas e como estas vão
influenciar positiva ou negativamente o desenvolvimento desse indivíduo. Entretanto, a
idéia de que a carreira dos atletas deve ser fruto de um planejamento extremamente
33
minucioso, é consenso entre os profissionais da área. Estas questões inerentes ao
planejamento da carreira atlética estão diretamente relacionadas ao percurso do jovem
atleta e envolvem, entre outros fatores, o treinamento, as competições e a influencia
que a família exerce sobre os filhos.
Além dos treinamentos, das competições, da influencia dos técnicos e da família,
Csikszentmihalyi et al. (1993) afirmam que as características individuais ajudam a
determinar se uma pessoa irá ou não irá desenvolver seu talento. Os autores colocam
ainda que é a organização psíquica, e não a família, as formas de treinamento ou as
competições que ressaltam o desenvolvimento do talento, sendo que a principal função
da família é em ajudar na forma dessa organização psíquica.
De acordo com Böhme (1995) as características que devem ser consideradas no
processo de determinação de um talento esportivo são complexas e englobam
diferentes fatores constitucionais, sociais, físicos e psicológicos, e ainda da
dependência da capacidade de desempenho da idade biológica do atleta, que deve ser
considerado como critérios de desempenho no diagnóstico ou determinação da aptidão
do individuo a ser avaliado como provável talento esportivo. As características de
ordens constitucionais e sociais são as mais fáceis de mensurar, através de medidas e
questionamentos, apesar de que os fatores da área social possam modificar-se
rapidamente.
Considerando o ambiente, as relações sociais e o tempo de prática, o contexto do
esporte competitivo no estudo de Vieira (1999a) sobre talentos esportivos, tendo como
suporte teórico a Teoria dos Sistemas Ecológicos de Bronfenbrenner, o autor
considerou os seguintes parâmetros contextuais: microssistema, mesossistema,
exossistema e macrossistema. Os dois primeiros níveis englobam a modalidade
esportiva e a família, ou seja, os ambientes nos quais o talento esportivo está inserido
(microssistema); e as relações entre os ambientes do primeiro nível, por exemplo,
modalidade esportiva-familia caracterizam o mesossistema. os ambientes que
influenciam os microssistemas, mas no qual o talento não está inserido compõem o
exossistema é composto por secretarias de esporte, federações, patrocinadores e
34
outras instituições que estruturam a modalidade esportiva; e por fim o macrossistema,
que representa os valores e as crenças da cultura na qual o talento está inserido e que
de alguma forma contribuem para a permanência ou o abandono do envolvimento com
o esporte competitivo de rendimento (VIEIRA, VIEIRA e KREBS, 2003).
Figura 2 - Mapa ecológico dos talentos esportivos (VIEIRA, 1999a).
Mesmo levando em conta os parâmetros da perspectiva desenvolvimentista, um critério
de seleção cada vez mais utilizado para descrever um atleta como talento ou não
talento esportivo é o seu desempenho em competições, pois através dele é possível
verificar o nível de desenvolvimento esportivo, físico, técnico e tático, em interação com
a personalidade (aspectos psicológicos) do atleta, podendo dessa forma ser observado
o resultado individual dentro do perfil de exigências requerido para a modalidade
(LANARO FILHO e BÖHME, 2001). Seguindo essa lógica, Orlick (2000) evidencia que
não seriam as qualidades físicas e técnicas, mas sim a preparação mental que poderia
predizer o sucesso a nível olímpico. O autor identificou algumas características que
eram comuns a campeões olímpicos e mundiais, estes atletas demonstraram forte
compromisso com o treino e a competição, estabelecendo objetivos muito claros para
Microssistema
Equipe Atletismo
Microssistema
Família
Microssistema
Local Trabalho
Microssistema
Escola ou
Universidade
Mesossistema
Exossistema
Macrossistema
Secretaria estadual de esporte e turismo
Valores
Leis
Prefeitura
Municipal
Cronossistema : Período vital e social dos talentos
através das transições ecológicas do curso de
vida.
Federação
Mídia
Local de
trabalho
dos pais/
técnico
Talento
35
atingir o sucesso, de tal maneira que suas carreiras esportivas eram os seus projetos
de vida mais importantes.
Apesar das características individuais de cada atleta, a expressão ou a confirmação do
talento implica também em um forte empenho na preparação esportiva, mas que não se
realiza sem um conjunto de condições sociais que suportam o envolvimento das
crianças e jovens no esporte e na preparação esportiva visando o alto rendimento.
Neste caso o ambiente familiar e o empenho dos pais para a experiência esportiva dos
filhos parece ser uma dessas principais condições sociais (VIEIRA e VIEIRA, 2001). As
famílias afetam os jovens de inúmeras maneiras, elas diferem enormemente em relação
aos valores, ao tipo de modelos fornecidos, e também diferem no grau com que
fornecem aos jovens oportunidades de se identificarem com indivíduos bem sucedidos.
Howe (1999) acrescenta a isso que alguns jovens obtêm sucesso apesar de
aparentemente terem vivido em circunstâncias desfavoráveis, e outros falham apesar
de suas famílias terem lhes proporcionado todas as condições e ambientes
estimulantes.
Estudos demonstram o papel crucial dos pais no desenvolvimento atlético dos jovens,
especialmente durante os anos iniciais de experimentação e nos anos de
especialização dos atletas. Segundo Côté (1999) e Durand-Bush e Salmela (2002)
afirmam, estes estudos demonstram que quando os atletas recebem um apoio
apropriado dos pais, especialmente na infância, o enriquecimento da participação
dos mesmos possibilitando grandes experiências e permanência no esporte. Howe
(1999) cita duas formas existentes pelas quais a família influencia os jovens, a primeira
é fornecendo estímulos, ou seja, estimulando os jovens a estudar, demonstrando a
importância da educação, e a outra é fornecendo estrutura e suporte, isto porque em
um grupo de jovens igualmente inteligentes e com futuro promissor alguns obtêm mais
sucesso do que outros, visto que passam mais tempo se dedicando aos estudos do que
outros.
O jovem atleta precisa de apoio e suporte para iniciar sua carreira esportiva e vencer na
vida com confiança e segurança, sendo que todo esforço que o atleta jovem ou adulto
36
necessita dispensar será baseado na confiança que sua família deposita no seu
potencial (DOUGLAS e ARAUJO, 2004). No contexto esportivo a família é considerada
a influência mais importante da vida de um atleta, começando por criar um
envolvimento e experiências emocionais que permitam desenvolver a identidade, as
autopercepções e as características motivacionais. Assim, os pais o os principais
responsáveis pela iniciação dos filhos na participação esportiva, pela ajuda na
manutenção do seu envolvimento no contexto esportivo, mas também pelo papel que
desempenham no seu desenvolvimento, pelo ajustamento dos comportamentos às
diferentes etapas e transições implícitas a este processo (BARREIROS, 2005).
Da mesma opinião, Carravetta (2001) coloca a família como base e o principal centro
para a formação e o desenvolvimento de atletas de futebol, sendo ela, ao lado da
escola, uma das principais instituições que definem a formação e a orientação
profissional, o papel de casa, alterado no decorrer do tempo, como as qualidades e
qualificação dos professores, parecem ser fundamentais (BLOOM, 1985). A origem
familiar é muito variável e por isso são encontradas as mais diversas combinações em
relação aos códigos morais, às normas, à organização, aos costumes e aos valores. É
no seio familiar também que interiorizam a motivação para a prática do esporte, através
da aprovação e do entusiasmo transmitido pelos seus responsáveis, sendo que o apoio
da família na formação do jogador pode ser fundamental, na dimensão afetiva, na
socialização com o novo grupo, nos enfrentamentos de desafios físicos, técnicos e
táticos, no preparo para vencer desafios externos, da mídia e da torcida, alem da
construção de uma conduta de cidadão consciente de seus direitos.
Um estudo de Côté (1999) sobre os padrões da dinâmica da família para o
desenvolvimento de jovens remadores contribuiu para uma visão geral do
comportamento dos pais, no desenvolvimento do potencial de seus filhos em diferentes
fases. O autor apresentou três estágios de participação esportiva: 1) anos de
experimentação (6 a 13 anos); 2) anos de especialização (13-15 anos); e 3) anos de
investimento (15 anos em diante). No primeiro estágio, anos de experimentação, os
pais introduzem os filhos no esporte com ênfase no divertimento, euforia e agitação,
sendo que as características da dinâmica familiar nesse estagio são de que os pais
37
proporcionem oportunidades para seus filhos gostarem de esporte, reconhecendo
também um “dom” na criança.
O estágio anos de especialização é marcado pelo crescente interesse e
comprometimento com o esporte, em que os pais enfatizam a produção na escola e no
esporte, investindo tempo e dinheiro, e as crianças começam a concentrar sua atenção
em uma ou duas atividades esportivas específicas. Já no último estágio, anos de
investimento, ocorre um aumento do compromisso dos filhos e pais demonstrando
grande interesse e suporte para superar as dificuldades da progressão do treinamento.
Os elementos mais importantes neste estágio o o desenvolvimento da estratégia, da
competitividade e de habilidades características do esporte (CÔTÉ, 1999, VIANNA
JUNIOR, 2002).
Esse envolvimento dos pais no esporte, segundo Hellstedt (1990), é um continuum que
vai do subenvolvimento ao envolvimento moderado e, por fim ao superenvolvimento. O
autor define o subenvolvimento como uma relativa falta de comprometimento
emocional, financeiro ou funcional dos pais, que tem como indicativos a falta de
comparecimento a jogos e eventos; pouco envolvimento em atividades voluntárias e
pouquíssimo contato com os treinadores. No envolvimento moderado, considerado pelo
autor como sendo o ideal, os pais são firmes em suas orientações, dando suporte e
ajudando os filhos a estabelecerem metas realísticas, além de serem financeiramente
participativos. E por último o superenvolvimento ocorre quando os pais excedem em
sua participação na vida esportiva dos filhos, não sabendo separar seus próprios
desejos, fantasias e necessidades daquelas dos seus filhos.
Entretanto, autores como Csikszentmihalyi et al. (1993) acrescentam que um talento em
potencial pode facilmente ser desviado de seu curso natural se as experiências da
criança forem escassas, conflitivas, ou negligenciadas por parte dos seus pais. Pais de
crianças que mostram sinais de talento em uma das artes geralmente desencorajam
seus filhos a entrarem em um campo que em sua cultura ofereça pouca recompensa
material. Portanto, para que uma criança se desenvolva no esporte e possa demonstrar
38
suas capacidades atléticas, o suporte familiar, tanto em termos psicológicos como
materiais, são essenciais (VIEIRA, 1999b).
No Brasil, a participação e influencia dos técnicos e, principalmente dos pais parece ser
muito diferente da realidade geralmente encontrada nas pesquisas realizadas nos
Estados Unidos e na Europa, como por exemplo, no futebol brasileiro, em que os
atletas iniciam o treinamento, muitas vezes, de forma não estruturada, mudam-se para
as grandes cidades e passam a ter um contato com os pais cada vez menos freqüente
(MORAES, RABELO e SALMELA, 2004). Essa mudança muitas vezes pode acarretar o
abandono da prática esportiva, talvez os atletas percam o interesse pela área porque
não estão aptos a manter a habilidade exigida, porém programas de treino psicológico
são necessários para saber se existe um estado psicológico característico que permita
aos atletas alcançarem seu melhor rendimento (DURAND-BUSH e SALMELA, 2002;
GOULD, DIEFFENBACH e MOFFETT, 2002).
O maior dogma da Psicologia Esportiva é que as habilidades psicológicas são
importantes determinantes do desempenho esportivo, e considerável ênfase tem sido
dada para identificar relevantes habilidades e instruir consultores, técnicos e atletas em
como ensinar, aprender e aplicar essas habilidades (SMITH, SCHUTZ, SMOLL e
PTACEK, 1995). duas razões fundamentais para que os jovens possam dedicar
uma boa quantia de energia psíquica para desenvolver seu talento. A primeira inclui as
recompensas intrínsecas, que são a brincadeira, a diversão e curiosidade; já a segunda
consiste nas recompensas extrínsecas, que incluem premiação em competições,
dinheiro, status, ou algum outro incentivo para executar uma ação que é externa à sua
própria ação (CSIKSZENTMIHALYI et al., 1993).
Moraes et al. (2004) constataram que os pais dos atletas estudados tinham pouco
envolvimento nos treinamentos e competições, não alterando sua rotina familiar em
função do acompanhamento atlético dos filhos, entretanto esse pouco envolvimento
não prejudicou o progresso dos filhos pois estes praticavam futebol livremente.
A presença dos pais nas competições pode em algumas situações ser interpretado
pelos filhos como um fator de pressão, que em altos níveis é prejudicial ao desempenho
39
dos atletas, entretanto, em níveis adequados, essa presença promove reações
positivas, ajudando-os a desempenhar bem suas funções (HELLSTEDT, 1990).
Kay (2000) realizou pesquisa com famílias de jovens atletas entre 12 e 20 anos com o
objetivo de analisar a forma como a dinâmica familiar influenciou a carreira atlética dos
jovens, e confirmou o papel decisivo que a família assume no desenvolvimento dos
jovens atletas identificando duas razões pelas quais a dinâmica familiar se adapta às
exigências que o suporte familiar impõe. A primeira razão gira em torno do financeiro,
fator referido por todas as famílias como tendo impacto significativo na vida familiar e a
segunda situa-se nas conseqüências que o apoio ao jovem atleta tem no estilo de vida,
nomeadamente nos efeitos que trás para cada elemento.
O futebol é para os brasileiros, mais do que um esporte: é uma paixão que faz parte da
cultura, e vem sendo praticado de várias formas, em locais oficiais e improvisados, por
pessoas de todas as classes sociais, e também atualmente, as mulheres estão
praticando. Assim, estudos com atletas de futebol devem ser realizados com o intuito de
entender melhor a rota de sucesso dos jovens atletas, especialmente sobre os fatos
relacionados à extensão que o papel da família pode ter no contexto do
desenvolvimento de atletas no âmbito do futebol.
4 MÉTODOS
4.1 Caracterização do Estudo
Este estudo teve características de uma pesquisa descritiva tipo correlacional, pois visa
descrever as características de determinado grupo de sujeitos (THOMAS e NELSON,
2004). O estudo teve a aprovação do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá sob o Parecer
085/2008 (ANEXO A).
4.2 População Alvo
A população total de sujeitos do estudo era de 182 atletas, sendo que todos
participaram da pesquisa.
Os sujeitos do estudo foram divididos em duas categorias: Atletas profissionalizados e
não-profissionalizados (da região Norte Central Paranaense) de uma equipe de futebol
paranaense, com idade entre 12 e 18 anos.
Grupo A: 63 atletas profissionalizados de uma equipe do estado do Paraque disputa
a Divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol, com idade média de 17,59 anos
0,77).
Grupo B: 119 atletas não-profissionalizados que praticam a modalidade apenas em
centros de treinamento credenciados pela equipe envolvida, com idade média de 14,01
anos 1,53), e que ainda não haviam sido selecionados para integrarem ao grupo de
atletas profissionalizados.
4.3 Instrumentos de Medida
A avaliação da Motivação, das Estratégias de Coping e das características do
Perfeccionismo foi realizada através de três instrumentos.
41
Para mensurar a Motivação foi utilizada a Sport Motivation Scale SMS (PELLETIER,
FORTIER, VALLERAND, BRIÉRE, TUSON e BLAIS, 1995.) versão portuguesa
(SMSp) adaptada por Serpa, Alves e Barreiros (2004). As características motivacionais
foram avaliadas a partir do questionário SMSp, específico do esporte, este instrumento
baseia-se na Teoria da Autodeterminação desenvolvida por Deci e Ryan (1985), que
apresenta a motivação sobre a perspectiva de um continuum, e é composto por 28 itens
com uma escala tipo Likert de 7 pontos cada, variando de “discordo totalmente” até
“concordo totalmente”. Os resultados são baseados em sete subescalas, que são
denominadas Estilos Regulatórios da Motivação: a) amotivação (AM); b) motivação
extrínseca regulação externa (MERE); c) motivação extrínseca introjeção (MEINT); d)
motivação extrínseca identificação (MEID); e) motivação intrínseca para conhecer
(MIC); motivação intrínseca para a realização, ou atingir objetivos (MIR); e motivação
intrínseca para experiências estimulantes (MIEE). Os valores de consistência interna
confirmados pelos autores (PELLETIER et al., 1995), são considerados satisfatórios
(alfas variando entre .63 e .80; M=.75). O valor mais baixo é referente à motivação
extrínseca introjetada. Cada subescala contém quatro itens e os valores absolutos
registrados em cada um deles são somados e divididos por quatro de forma a obter um
valor dio para cada subescala. Pode-se ainda calcular um “Índice de
Autodeterminação” que revela se um indivíduo é mais ou menos autodeterminado,
através da seguinte fórmula 2*(MIR+MIC+MIEE)/3+MEID-(MEINT+MERE)/2-2*AM”, o
qual teoricamente pode variar entre -72 (baixa autodeterminação) e 72 (elevada
autodeterminação) (ANEXO B).
Para mensurar as estratégias de Coping foi utilizado o Athletic Coping Skills Inventory-
28 ACSI-28 (SMITH, SCHUTZ, SMOLL e PTACEK, 1995) versão portuguesa
adaptada por Serpa e Palmeira (1997). Instrumento que avalia as estratégias de coping
ou competências de adaptação psicológica à situação esportiva, composto de 28 itens
em uma escala de Likert de 4 pontos, variando de “quase nuncaaté “quase sempre”.
Os resultados são classificados em sete subescalas que avaliam as seguintes
competências psicológicas: a) rendimento máximo sob pressão; b) ausência de
preocupações; c) confronto com a adversidade; d) concentração; e) formulação de
objetivos; f) confiança e motivação para a realização; e g) treinabilidade ou
42
disponibilidade para a aprendizagem a partir do treino. Os valores de consistência
interna foram considerados adequados pelos autores (alfas variando entre .62 e .78).
Cada subescala contém quatro itens e os valores absolutos registrados em cada um
deles são somados e divididos por quarto de forma a obter um valor médio para cada
subescala; os valores dos itens da escala de preocupações e dois dos itens da escala
de treinabilidade (03 e 10) são invertidos. É possível ainda calcular um valor global,
denominado “Índice de Confronto no Esporte” através do somatório de todos os itens e
da sua divisão pelo número de sub-escalas, obtendo um valor que pode variar entre 0
(baixa capacidade de confronto perante a situação de competição) e 12 (elevada
capacidade de confronto perante a situação de competição) (ANEXO C).
Para mensurar as características do Perfeccionismo foi utilizada a Multidimensional
Perfectionism Scale MPS (FROST, MARTEN, LAHART e ROSENBLATE, 1990)
versão portuguesa adaptada por Serpa, Alves e Barreiros (2004). Instrumento que visa
indicar a capacidade de estabelecer padrões elevados de realização pessoal e auto-
avaliação crítica, ou seja, as Características do perfeccionismo, composto por 35 itens
em uma escala de Likert de 5 pontos, variando de “discordo plenamente” a “concordo
plenamente”. Os resultados são classificados a partir de seis subescalas: a)
preocupações com os erros (nove itens); b) padrões de realização pessoal (sete itens);
c) expectativas parentais (cinco itens); d) criticismo parental (quatro itens); e) dúvidas
na ação (quatro itens); e f) organização (seis itens). Cada subescala é calculada a partir
da média do somatório dos itens que a integra, podendo ainda calcular-se um “Índice
de Perfeccionismo Global”, a partir do somatório dos valores absolutos dos itens, sendo
que este valor poderá variar entre 35 e 175. Os valores de consistência interna são
considerados adequados (alfas variando entre .77 e .93). Além do “Índice de
Perfeccionismo Global” existem outros 2 tipos de perfeccionismo: 1) Perfeccionismo
ajustado ou normal quando se encontram elevados valores nas sub-escalas “padrões
de realização pessoal” e “organização”. O intervalo de valores possíveis de obter é de
13 a 65, que pode ser associada a uma menor (ex. 13) ou maior (ex. 65) tendência de
perfeccionismo ajustado ou normal; e 2) Perfeccionismo desajustado ou neurótico
quando se encontram elevados valores nas sub-escalas “preocupações com os erros”,
“dúvidas na ação” e “criticismo parental”. O intervalo de valores possíveis de obter é de
17 a 85, que pode ser associada a uma menor (ex. 17) ou maior (ex. 85) tendência de
perfeccionismo desajustado ou neurótico
4.4 Coleta de Dados
Os dados foram
coletados através do contato direto com os sujeitos da pesquisa em
horários de treinamento previamente agendados para a aplicação dos instrumentos de
medida, que foram
respondidos de forma individual. Antes da coleta dos dados
soli
citada autorização aos pais ou responsáveis dos atletas
bem como uma explicação prévia de como proceder no preenchimento das respostas.
O mapa do Paraná abaixo indica as regiões em que foram coletados os dados. Os
atletas profissionali
zados moravam em Curitiba, e os atletas não
moravam em
Londrina e em outras três cidades das regiões Noroeste Paranaense e
Norte Central Paranaense.
Figura 3 -
Distribuição das escolas de futebol
participante da primeira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol
17 a 85, que pode ser associada a uma menor (ex. 17) ou maior (ex. 85) tendência de
perfeccionismo desajustado ou neurótico
(ANEXO D).
coletados através do contato direto com os sujeitos da pesquisa em
horários de treinamento previamente agendados para a aplicação dos instrumentos de
respondidos de forma individual. Antes da coleta dos dados
citada autorização aos pais ou responsáveis dos atletas
(APÊNDICES E,
bem como uma explicação prévia de como proceder no preenchimento das respostas.
O mapa do Paraná abaixo indica as regiões em que foram coletados os dados. Os
zados moravam em Curitiba, e os atletas não
Londrina e em outras três cidades das regiões Noroeste Paranaense e
Norte Central Paranaense.
Distribuição das escolas de futebol
de campo de um clube paranaense
participante da primeira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol
43
17 a 85, que pode ser associada a uma menor (ex. 17) ou maior (ex. 85) tendência de
coletados através do contato direto com os sujeitos da pesquisa em
horários de treinamento previamente agendados para a aplicação dos instrumentos de
respondidos de forma individual. Antes da coleta dos dados
foi
(APÊNDICES E,
F e G)
bem como uma explicação prévia de como proceder no preenchimento das respostas.
O mapa do Paraná abaixo indica as regiões em que foram coletados os dados. Os
zados moravam em Curitiba, e os atletas não
-profissionalizados
Londrina e em outras três cidades das regiões Noroeste Paranaense e
de campo de um clube paranaense
participante da primeira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol
.
44
4.5 Análise dos Dados
A análise dos dados foi realizada seguindo parâmetros estatísticos específicos após a
verificação de normalidade (teste de normalidade Shapiro-Wilk). Para os três
instrumentos avaliados foram utilizados testes estatísticos não paramétricos devido à
distribuição de normalidade das subescalas.
Para a análise descritiva foi utilizada a Mediana (medida de tendência central) e Quartis
(medida de dispersão). Foram utilizados ainda o Teste Mann-Whitney para comparação
dos dados entre os dois grupos e o coeficiente de correlação de Spearman. Para todo o
tratamento estatístico foi estabelecido uma significância de 5%.
5 RESULTADOS e DISCUSSÃO
A literatura em geral trata de análise de características psicológicas existentes em
grupos denominados “talentos esportivos” e “não-talentos esportivos”, sendo que o
primeiro grupo se caracteriza por indivíduos mais dotados e capazes que outros de
utilizar suas potencialidades para realizar feitos superiores em qualquer domínio do
conhecimento, neste caso o esporte (MAIA, 2000, MORAES et al., 2004).
Porém, a discussão em torno dos “talentos esportivos” não se remete apenas a
identificar quais as características predominantes nos atletas, mas também o processo
de identificação e desenvolvimento desse talento. Entretanto, autores divergem em
suas opiniões a respeito do melhor método de identificação e também de
desenvolvimento, mesmo que tenham crescido muito em vários países nos últimos
anos, visto que esse processo de identificação é complexo e o prognóstico de sucesso
é imperfeito, enfatizando fatores parcialmente geneticamente determinados e se
esquecendo de como essas características são afetadas por inúmeras condições
ambientais e difíceis de determinar com precisão (ABBOTT et al., 2002; PEARSON et
a., 2006).
As diferentes fases de desenvolvimento de um atleta foram temas de muitas pesquisas,
algumas inclusive se preocupando em entender e descrever as características
presentes nos atletas nestas diferentes fases (BLOOM, 1985; CÔTÉ, 1999; DURAND-
BUSH e SALMELA, 2002; GOULD et al., 2002). Dentre estas características destaca-se
a motivação como sendo um fator indispensável para o sucesso em qualquer atividade,
pois sem motivação se torna impossível aprender, se desenvolver e obter sucesso
(ERICSSON, 2003).
Além da motivação, outras duas características foram analisadas, sendo consideradas
importantes por vários autores. A primeira chamada de estratégias de confronto, ou
coping, que é considerada a forma como os atletas tentam lidar com várias exigências
deles próprios e dos outros, constituindo um fenômeno complexo, determinado e
46
passível de ser planejado, e que segundo Barreiros (2005) e Dias (2005) é um processo
e não um traço da personalidade. A outra característica é o perfeccionismo, mais
especificamente as características do perfeccionismo presentes nos atletas, que de
acordo com Burns (1983) é definido como uma rede de cognições que inclui
expectativas e interpretações de eventos e avaliações de si mesmo e de outros, que se
caracteriza por um ambiente de padrões irreais e rígidos (HAASE e PRAPAVESSIS,
2004).
A partir das considerações iniciais, os resultados serão apresentados de acordo com os
objetivos propostos, sendo assim, primeiro serão abordadas a motivação, as estratégias
de coping e as características do perfeccionismo dos atletas profissionalizados e não-
profissionalizados. Posteriormente será realizada a comparação da motivação, das
estratégias de coping e das características do perfeccionismo dos atletas
profissionalizados e dos atletas não-profissionalizados. Por fim serão apresentados os
coeficientes de correlação existentes entre as variáveis.
5.1 Motivação Em Atletas Profissionalizados e Não-Profissionalizados no Futebol
de Campo.
O estudo da motivação assume-se como um dos aspectos importantes para a
compreensão das diferenças individuais na prática esportiva, dado que alguns
indivíduos exibem padrões motivacionais adaptacionais à medida que aplicam um
determinado esforço para o sucesso, persistindo assim na prática esportiva, enquanto
outros, às primeiras ocasiões de insucesso, abandonam a prática esportiva em questão
(STEINBERG e MAURER 1999, citado por FERNANDES E VASCONCELOS-RAPOSO,
2005).
Logo, a identificação do estilo de motivação presente em atletas é um fator importante
que auxilia no desenvolvimento da carreira profissional de jogadores de futebol, Neste
sentido, apresenta-se a Tabela 1 com os resultados do nível de motivação, através dos
estilos regulatórios, dos atletas profissionalizados e não-profissionalizados de futebol de
campo.
47
TABELA 1 - Estilos regulatórios da motivação de atletas profissionalizados e não -
profissionalizados praticantes de futebol de campo.
ESTILOS REGULATÓRIOS
PROFISSIONALIZADOS
NÃO
-
PROFISSIONALIZADOS
P
Md Q1 Q3
Md Q1 Q3
Amotivação
1,25 1,00 2,50
2,00 1,25 3,25
0,002*
ME Regulação Externa
4,00 3,00 5,25
4,00 3,00 5,00
0,570
ME Introjeção
4,50 2,75 5,25
4,50 3,50 5,25
0,594
ME Identificação
3,75 2,50 5,25
4,00 3,00 5,25
0,605
MI Conhecer
5,25 3,75 6,00
5,00 4,00 5,75
0,375
MI Atingir Objetivos
5,25 4,25 6,25
4,50 3,50 5,50
0,003*
MI Experiências Estimulantes
5,75 4,75 6,50
5,25 4,25 6,00
0,008*
Índice de autodeterminação
25,67 16,50 36,00
19,50 8,83 27,00
0,001*
* Diferença estatisticamente significativa (p0,05)
De acordo com a Tabela 1, os atletas profissionalizados demonstraram que os estilos
regulatórios correspondentes à motivação intrínseca foram os que apresentaram
maiores escores medianos quando comparados com os estilos regulatórios da
motivação extrínseca, se destacando a Motivação intrínseca para experiências
estimulantes (5,75). Considerando a motivação como a direção e a intensidade dos
esforços despendidos por uma pessoa para realizar determinada tarefa (SAGE, 1977,
citado em WEINBERG e GOULD, 2001), e ainda como entendida sob duas fontes, a
intrínseca e a extrínseca, os atletas profissionalizados apresentaram-se mais motivados
intrínsecamente. Os atletas não-profissionalizados também apresentaram os estilos
regulatórios correspondentes à motivação intrínseca (atingir objetivos, experiências
estimulantes e conhecer) com escores superiores aos estilos correspondentes à
motivação extrínseca (regulação externa, introjeção e identificação), porém não todos,
apenas o estilo de Motivação intrínseca para experiências estimulantes e o de
Motivação intrínseca para conhecer. Assim como os atletas profissionalizados, os não-
profissionalizados se demonstraram mais motivados para experiências estimulantes,
sendo este o estilo regulatório que mais predomina também neste grupo.
Essa característica da motivação intrínseca dos atletas profissionalizados pode ser
definida de duas maneiras, a primeira seria uma participação voluntária numa atividade,
sob uma “aparente” ausência de recompensas ou pressões externas, e a outra como
uma participação em uma atividade pelo interesse, satisfação e prazer que o sujeito
48
obtém desse envolvimento. Refere-se então ao engajamento em uma atividade
puramente pelo prazer e satisfação derivados do fato de realizar uma atividade, seja ela
qual for (PELLETIER et al., 1995; VALLERAND e LOISIER, 1999).
a motivação extrínseca, ao contrário da anterior tange a uma ampla variedade de
comportamentos que são engajados como um meio para um fim e o para o seu
próprio bem. Esse tipo de motivação é dependente de ltiplos fatores de
recompensas, em que o executar da tarefa não é o único objetivo, existem fatores
externos que direcionam as ações dos indivíduos com grande influencia, tais como
dinheiro, fama, sucesso, reconhecimento, entre outros (FERNANDES e
VASCONCELOS-RAPOSO, 2005).
Tanto os atletas profissionalizados quanto os não-profissionalizados demonstraram
praticar o futebol pelo prazer que sentem, com participação voluntária na atividade sem
a necessidade de recompensas ou pressões externas, apreciam a atividade, sentem
prezar em jogar futebol, sendo esta, segundo Deci e Ryan (1985), a sensação mais
pura de motivação intrínseca. O prazer que estes atletas sentem ao praticar o futebol
advém da atividade, ao invés de recompensas extrínsecas como dinheiro, prêmios ou
reconhecimento social (VALLERAND e LOISIER, 1999).
Apesar dos atletas apresentarem resultados semelhantes quanto às suas
características motivacionais, independente de serem profissionalizados ou não,
algumas diferenças estatisticamente significativas ocorreram quando comparados os
estilos regulatórios dos dois grupos, sendo essas diferenças para a Amotivação,
Motivação intrínseca para atingir objetivos, Motivação intrínseca para experiências
estimulantes e para o índice de autodeterminação.
A diferença estatisticamente significativa encontrada para a escala de Amotivação
indica que os atletas profissionalizados se apresentaram mais motivados do que os
não-profissionalizados. Outra diferença estatisticamente significativa observada refere-
se aos atletas profissionalizados apresentarem escores superiores em relação aos
atletas não-profissionalizados na subescala de Motivação intrínseca para atingir
objetivos. Os atletas profissionalizados se demonstraram mais motivados à orientação
49
relacionada à prática do futebol. A terceira diferença estatisticamente significativa entre
os estilos regulatórios dos atletas profissionalizados e não-profissionalizados observada
foi para a Motivação intrínseca para experiências estimulantes, em que os
profissionalizados apreciam a prática do futebol mais do que os não-profissionalizados.
Por fim, os atletas profissionalizados apresentaram escores superiores aos não-
profissionalizados também no índice de autodeterminação. Assim os atletas
profissionalizados sentem mais prazer e satisfação pela prática do futebol do que os
atletas não-profissionalizados. Demonstraram-se mais autodeterminados, pois quanto
maior o índice de autodeterminação, maior será a vontade dos atletas em realizar a
atividade esportiva, no caso o futebol.
O comportamento menos motivado dos não-profissionalizados é inclinado e regulado
por algo além do seu controle, ocorrendo nestes, ausência de intenção na prática
esportiva (DECI e RYAN, 1985). O fato de os atletas profissionalizados serem mais
intrinsecamente motivados do que os não-profissionalizados demonstra que o atletas
mais inclinados à prática do futebol como forma de demonstrar a si mesmo que são
competentes (PELLETIER et al., 1995), o são guiados por fatores extrínsecos tais
como recompensas materiais para que possam jogar futebol (VALLERAND e LOSIER,
1999), e ainda praticam o futebol sem que as influências externas se tornem fatores
que por ventura possam atrapalhar seu desenvolvimento atlético, sendo atletas muito
focados e determinados na busca de uma carreira atlética de sucesso (SERPA, ALVES
e BARREIROS, 2004).
Em pesquisa realizada em Portugal com atletas com características semelhantes, ou
seja, jogadores de futebol do sexo masculino com idade entre 15 e 16 anos, os autores
verificaram resultados nos quais, o estilo regulatório que se destacou para os atletas foi
o de Motivação Intrínseca para Experiências Estimulantes (PORÉM, ALMEIDA e CRUZ,
2001). Alves (2007) utilizando o mesmo instrumento de medida em atletas de futebol de
campo considerados talentos comparados com seus pares considerados não talentos
não encontrou diferenças significativas entre os níveis de motivação intrínseca e
extrínseca, porém o que diz respeito à Amotivação, o autor verificou que esta era
50
significativamente maior nos jovens atletas com menor talento, quando comparados
com os atletas considerados talentos esportivos. Outra diferença significativamente
encontrada foi quanto à Autodeterminação, o autor identificou que os jovens
considerados talentos esportivos eram significativamente mais autodeterminados do
que seus pares com menor talento.
Resultados de estudos recentes (MALLET e HANRAHAN, 2004) com atletas de elite,
sugerem que atletas de elite têm vários motivos para participar, que abrangem estilos
regulatórios contidos no continuum de autodeterminação. Apesar de as entrevistas
revelarem importantes motivos como excitação, prazer, um amor pela competição de
alto nível, e um senso de estabelecimento de vínculos com um grupo de atletas,
motivos menos autodeterminados também apareceram. Especificamente, alguns atletas
identificaram dinheiro e reconhecimento social como motivos enquanto outros relataram
o aspecto de trabalho do esporte. Apesar de os atletas iniciarem a prática do esporte
por motivos intrínsecos, as condições sociais que definem os atletas de elite tornam
esta afirmação provavelmente insustentável.
Um fator a ser levado em conta com relação à motivação dos atletas, diz respeito aos
estilos regulatórios relacionados à motivação extrínseca (Regulação externa, Introjeção
e Identificação); nenhum desses estilos regulatórios apresentou diferença
estatisticamente significativa entre atletas profissionalizados e não-profissionalizados,
demonstrando assim que os fatores externos que motivam a prática esportiva dos
atletas não se modificaram ao longo do tempo, atletas profissionalizados e não-
profissionalizados apresentaram os mesmos motivos extrínsecos, por mais que a
motivação intrínseca (autodeterminação) se torne maior para os profissionalizados, a
motivação extrínseca continua no mesmo patamar.
Formas não autodeterminadas de motivação podem gerar conseqüências negativas
durante o desenvolvimento atlético de jovens, conseqüências como o drop out, ou seja,
o abandono da prática esportiva. Apesar dos programas de desenvolvimento de jovens
atletas que visam evitar o abandono precoce da pratica esportiva, um fator que deve
ser levado em conta é a motivação dos atletas para continuarem a praticar o esporte,
51
esse fenômeno também se agrava com a pressão da família, a inexperiência e a
preparação física excessiva são alguns dos fatores que podem atrapalhar o
desenvolvimento de um atleta (ZAKHAROV, 1992; MARQUES, 1993; SARRAZIN,
BOICHÉ, e PELLETIER, 2007).
5.2 Estratégias de Coping em Atletas Profissionalizados e o-
Profissionalizados no Futebol de Campo.
A participação esportiva de caráter competitivo (prática esportiva de rendimento) impõe
aos atletas exigências físicas e psicológicas, pressão por resultados, obrigando os
atletas a se dedicarem na busca da excelência esportiva. Entre as principais
competências para o sucesso esportivo, destaca-se a capacidade de auto-regulação
emocional do atleta na situação de competição. O conjunto dessas competências
(ausência de preocupações, confiança, motivação, concentração, controle de
ansiedade) utilizadas para se adaptar a circunstâncias adversas é conhecido por
estratégias de confronto ou coping.
Segundo Antoniazzi, Dell´Aglio e Bandeira (1998) o coping é descrito como o conjunto
de estratégias utilizadas, ou os esforços despendidos pelas pessoas para se adaptarem
a circunstâncias adversas, para lidar com situações estressantes, crônicas ou agudas.
Devido à existência de centenas de comportamentos específicos de estratégias de
coping, se torna difícil a investigação do coping, pois variam de individuo para individuo
mesmo que estejam enfrentando os mesmos estressores. Entretanto muitos estudos
têm sido realizados nos últimos anos com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre
as fontes de estresse e o impacto que o mesmo tem no bem estar do atleta
(MARQUES, 2005).
Portanto, as estratégias de coping são componentes essenciais a serem diagnosticadas
entre as competências que podem diferenciar atletas profissionalizados e não-
profissionalizados. Em seguida, a Tabela 2 apresenta os resultados para as estratégias
de coping de atletas profissionalizados e não-profissionalizados de futebol de campo.
52
TABELA 2 - Estratégias de coping dos atletas profissionalizados e não-
profissionalizados praticantes de futebol de campo.
ESTRATÉGIAS DE COPING
PROFISSIONALIZADOS
NÃO
-
PROFISSIONALIZADOS
P
Md Q1 Q3
Md Q1 Q3
Rendimento Máximo sob pressão
2,25 1,75 2,75
2,00 1,50 2,25
0,001*
Ausência de preocupações
1,50 1,00 2,00
1,50 0,75 1,75
0,562
Confronto com adversidade
2,00 1,75 2,50
2,25 1,75 2,50
0,266
Concentração
2,00 1,75 2,25
1,75 1,50 2,25
0,086
Formulação de objetivos
2,00 1,75 2,50
2,00 1,50 2,25
0,029*
Confiança e motivação
2,50 2,25 2,75
2,25 2,00 2,50
0,049*
Treinabilidade
2,25 1,75 2,50
2,25 1,75 2,75
0,968
Índice de confronto no esporte
8,29 7,75 9,00
7,71 6,86 8,57
0,004*
* Diferença estatisticamente significativa (p0,05)
Na Tabela 2, pode-se observar que a estratégia de coping mais utilizada pelos atletas
profissionalizados é a Confiança e motivação, sendo esta a subescala que apresentou
o maior escore em relação às outras. Atletas profissionalizados se demonstraram
confiantes e motivados em ultrapassar quaisquer barreiras durante a prática esportiva,
no caso o futebol, são confiantes e motivados para alcançar novos objetivos. Os atletas
profissionalizados demonstraram serem atletas que aproveitam o máximo sua
habilidade para o esporte, sentem-se confiantes de que vão desempenhar bem suas
funções na atividade esportiva e que não precisam que lhes pressionem para jogar ou
treinar com empenho, são atletas que sempre se esforçam ao máximo (SMITH et al.,
1995). A motivação pode ser comprovada anteriormente através do teste de motivação
esportiva, pois este grupo de atletas se demonstrou mais motivado para experiências
estimulantes, não necessitando de influências externas para praticar o futebol.
Entretanto, os atletas profissionalizados mesmo confiantes e motivados, apresentaram
preocupação quanto ao seu desempenho atlético, isto porque, a estratégia de coping
menos presente nestes atletas é a Ausência de preocupações (Tabela 2), ou seja, se
preocupam muito com o resultado de sua prática, porém essa preocupação não é
suficiente para provocar uma situação estressante que atrapalhe seu desempenho.
os atletas não-profissionalizados apresentaram escores superiores para as
subescalas Confronto com a Adversidade, Confiança e motivação, e Treinabilidade. Isto
demonstra que não apresentam uma estratégia de coping bem definida para
53
enfrentarem uma situação difícil de competição, evidenciaram utilizar uma variedade de
estratégias de coping, não apresentando uma que se destacasse. Atletas com estas
características procuram se manter entusiasmados e com pensamento positivo durante
a competição mesmo que as coisas estejam indo mal, mantendo o controle emocional
independentemente se a situação estiver boa ou ruim; não se aborrecem quando um
treinador lhe corrige um erro, corrigindo o erro sem problema nenhum, e quando ouve
os conselhos e instruções do treinador melhora suas capacidades (SERPA e
PALMEIRA, 1997).
Alves (2007) avaliou as estratégias de coping de atletas considerados talentos e não
talentos. Os talentos esportivos apresentaram valores elevados para as estratégias de
Confiança e Motivação e Rendimento sob pressão. Outro resultado da pesquisa de
Alves (2007) que se assemelha ao presente trabalho é quanto à estratégia de coping
Ausência de preocupações, sendo esta a estratégia menos presente nos atletas
considerados talentos. Os mesmos resultados foram encontrados para os atletas
considerados não talentos, sendo a estratégia de coping mais utilizada a Confiança e
Motivação, já a estratégia menos presente nos não talentos esportivos foi a Formulação
de objetivos.
Dias (2005) cita algumas das primeiras pesquisas realizadas com o objetivo de
identificar os fatores associados à experiência de estresse em atletas de futebol, luta e
patinagem, em que foram encontrados alguns fatores que podem afetar o equilíbrio
entre as exigências da competição e as capacidades pessoais. Os primeiros fatores são
chamados de interpessoais em que os jovens possuíam percepções crônicas de
incapacidade e auto-estima e baixas expectativas de rendimento, fazendo com que
experienciem maiores níveis de estresse em situações de competição. O segundo
grupo de fatores é chamado de situacionais que enfatizam um desempenho bem
sucedido, podendo gerar elevados níveis de estresse e ansiedade antes e durante a
competição, se preocupando se vão desempenhar bem ou não suas funções atléticas.
Os últimos são os fatores relacionados com avaliações e/ou pressões de adultos
significativos, incluindo pais e treinadores, que o pessoas associadas mais ao
estresse pré-competitivo.
54
Na comparação das estratégias de coping utilizadas dos profissionalizados em relação
aos não-profissionalizados, três apresentaram diferenças estatisticamente significativas
(Rendimento máximo sob pressão, Formulação de objetivos e Confiança e motivação)
além do índice de confronto no esporte. Para todas estas subescalas os atletas
profissionalizados apresentaram escores superiores aos não-profissionalizados (Tabela
2), porém na subescala de Formulação de objetivos que apresentou valores medianos
idênticos para os dois grupos, sendo esta diferença comprovada através dos quartis,
mais especificamente o quartil, que para o grupo de atletas profissionalizados foi
superior ao grupo de atletas não-profissionalizados (2,50 e 2,25 respectivamente).
Os resultados da Tabela 2 indicam que os atletas profissionalizados tendem a jogar
melhor sob pressão do que os não-profissionalizados pensam de maneira mais clara
frente às pressões, quanto maior a pressão mais gostam de jogar, se concentram
melhor e as situações de pressão são desafios que os agradam (Rendimento máximo
sob pressão).
Os resultados superiores para a Formulação de objetivos indicam que os atletas
profissionalizados com mais freqüência estabelecem objetivos que os orientem em suas
ações, pois os objetivos a serem alcançados os estimulam a treinar e se dedicar cada
vez mais. A Confiança e Motivação superior dos atletas profissionalizados demonstram
que já confiam em suas habilidades técnicas e táticas para desempenhar bem no
esporte, não necessitam que alguém os pressione para treinar ou jogar com o máximo
de dedicação e quando não alcançam um objetivo isso faz com que se empenhem cada
vez mais.
Assim, os atletas profissionalizados apresentaram estratégias de coping melhor
definidas do que os atletas não-profissionalizados, sendo atletas que frente a uma
situação estressante que possa vir a atrapalhar seu desempenho atlético, rendem o seu
máximo frente às pressões impostas, formulam e definem melhor seus objetivos, sendo
mais confiantes e motivados para enfrentar as adversidades. Esta maior facilidade dos
atletas profissionalizados frente aos não-profissionalizados de enfrentarem uma
situação estressante é comprovada através do Índice de confronto no esporte. Neste
55
Índice de confronto no esporte ocorreu diferença estatisticamente significativa, ou seja,
os atletas profissionalizados definem melhor quais as estratégias utilizadas para
enfrentar uma situação estressante e as utilizam de maneira mais eficaz do que os
atletas não-profissionalizados.
Estudo de Pierce e Stratton (1981) com jovens atletas revelou que a maior preocupação
destes com relação à participação esportiva está relacionada com não jogar bem,
sendo que 40% dos atletas revelaram que esta preocupação os impediam de
apresentar um ótimo desempenho. Resultado este que vai de encontro com os
descritos anteriormente, visto que tanto os atletas profissionalizados quanto os não-
profissionalizados se apresentaram confiantes quanto seu desempenho atlético. A
pesquisa de Pierce e Stratton (1981) apresentou resultados semelhantes ao desta
pesquisa, visto que a estratégia de coping Ausência de preocupações foi a que
apresentou menores valores tanto para os atletas profissionalizados quanto para os
não-profissionalizados, indicando que estes atletas são muito preocupados com suas
ações e seu desempenho frente a uma situação competitiva.
Em uma pesquisa de caráter qualitativo Gould, Eklund e Jackson (1992) utilizaram
entrevistas para examinar as estratégias de coping utilizadas por lutadores dos EUA
que participaram dos Jogos Olímpicos de Seul (1988). A investigação realizada com 20
atletas revelou que os lutadores empregavam quatro categorias principais de coping. A
primeira categoria, e a que mais apareceu (citada por 80% dos atletas), englobava
estratégias de controle do pensamento, como bloquear as distrações, tomada de
perspectiva, pensamento positivo, rezar. A segunda categoria (40% dos atletas) estava
relacionada com as estratégias focadas na tarefa e emergiam fatores como o foco mais
imediato e concentração nos objetivos. As duas outras categorias encontradas
remetiam a estratégias baseadas no comportamento e estratégias de controle
emocional, a primeira com subcategorias como mudar ou controlar o meio envolvente e
seguir uma rotina estabelecida, e a segunda com controle da ativação e estratégias de
visualização.
56
Outro estudo com atletas olímpicos foi realizado por Pensgaard e Duda (2003), que
encontraram resultados que indicam predominância de estratégias de coping centradas
nas emoções, tais como aceitação, redefinição e crescimento; seguidas pelas
estratégias centradas no problema, como o confronto ativo e o planejamento. Gould et
al. (2002) realizaram uma pesquisa de forma retrospectiva para avaliar como campeões
olímpicos lidavam com o fato de terem alcançado sucesso e confirmaram que
campeões olímpicos registram elevados índices de confiança, despreocupação,
formulação de objetivos, preparação mental e concentração. Resultados semelhantes
aos encontrados nesta pesquisa, visto que tanto os atletas profissionalizados quanto os
não-profissionalizados apresentaram altos índices de Confiança e Motivação, bem
como os atletas profissionalizados apresentaram índices não tão altos assim de
Formulação de Objetivos e Concentração, mas que também se destacam. A diferença
encontrada entre as duas pesquisas foi referente à Ausência de Preocupações visto
que tanto os atletas profissionalizados quanto os não-profissionalizados apresentaram
baixos índices para esta estratégia, demonstrando serem atletas preocupados com seu
desempenho atlético.
Folkman e Lazarus (1988) afirmaram que os padrões de confronto estão adaptados à
idade das pessoas e o fato de os indivíduos mais velhos usarem significativamente
mais estratégias centradas nas emoções está relacionado com o fato de as pessoas
ficarem mais maduras nos seus comportamentos de confronto à medida que
amadurecem, fazendo avaliações das situações como menos controláveis. em
relação aos mais novos, os autores citam que estes avaliam os seus encontros
estressantes como mais modificáveis do que os mais velhos e, por isso, recorriam
geralmente a estratégias mais ativas, interpessoais e centradas no problema.
Santos (2001, citado em Marques, 2005) analisou as diferenças existentes entre as
estratégias utilizadas por atletas de decatlo de elite e de média competição encontrando
resultados que indicaram diferenças pontuais e concluindo que os atletas de elite
apresentaram maior capacidade de lidarem com a ansiedade e para se focarem nas
pistas mais relevantes, além de adaptarem-se melhor à rotina, e se concentrarem mais.
Dias (2005) avaliou as diferenças existentes entre atletas de diferentes escalões
57
(seniores e juniores) encontrando diferenças entre os dois grupos em relação às
competências de confronto. Os atletas juniores pareciam recorrer mais do que os
seniores à estratégia de desinvestimento comportamental, ou seja, deixam de se
esforçar para alcançar um objetivo com o qual o agente estressor interfere, já os
seniores exibiam valores mais elevados nas estratégias de planejamento, reavaliação
positiva das situações e aceitação. Quanto às diferenças existentes entre as estratégias
de coping dos atletas considerados talentos e não talentos Alves (2007) cita que os
jovens atletas com talento são significativamente superiores em Confiança, Motivação e
no Rendimento máximo sob pressão com relação aos não talentos esportivos, além da
Concentração e Treinabilidade.
5.3 Características do Perfeccionismo em Atletas Profissionalizados e Não-
Profissionalizados no Futebol de Campo.
O perfeccionismo é considerado uma rede de cognições, incluindo expectativas e
interpretações de eventos e avaliações de si mesmo e de outros, caracterizado por um
ambiente de padrões irreais e rígidos, porém a definição de perfeccionismo não é
simples e, geralmente é considerado como sendo uma disposição multidimensional da
personalidade (BARREIROS, 2005; HAASE e PRAPAVESSIS, 2004).
Nos dias atuais o pensamento perfeccionista desempenha um papel poderoso ou
debilitador no contexto da competição esportiva. Gould, Dieffenbach e Moffett (2002)
consideram que um dos traços que parece recorrente em atletas de alto nível é o
perfeccionismo ajustado, tido como uma tendência por estabelecer elevados padrões
de realização pessoal.
Esta busca de atletas pela realização pessoal e por desempenhar suas funções
corretamente leva a necessidade de estudar as características do perfeccionismo dos
atletas. Assim, a Tabela 3 apresenta as características do perfeccionismo dos atletas
profissionalizados e não-profissionalizados de futebol de campo.
58
TABELA 3 - Características do perfeccionismo dos atletas profissionalizados e não-
profissionalizados praticantes de futebol de campo.
CARACTERÍSTICAS DO
PERFECCIONISMO
PROFISSIONALIZADOS
NÃO
-
PROFISSIONALIZADOS
P
Md Q1 Q3
Md Q1 Q3
Preocupação com erros
2,89 2,33 3,33
2,89 2,22 3,44
0,816
Dúvidas na ação
2,75 2,50 3,25
3,00 2,50 3,50
0,053
Expectativas parentais
2,60 2,20 3,40
3,20 2,60 3,60
0,004*
Criticismo parental
2,00 1,50 2,50
2,50 2,00 3,25
0,001*
Padrões de realização pessoal
3,71 3,29 4,14
3,57 3,00 4,00
0,029*
Organização
4,00 3,67 4,33
3,83 3,50 4,33
0,008*
Índice de perfeccionismo global
111,00 96,00
117,00
112,00 98,00
122,00
0,233
Perfec. ajustado normal
50,00 46,00
54,00
47,00 42,00
52,00
0,010*
Perfec. desajustado neurótico
45,00 38,00
51,00
49,00 39,00
56,00
0,051
* Diferença estatisticamente significativa (p0,05)
A Tabela 3 demonstra que o grupo de atletas profissionalizados possui escores
superiores para as características do perfeccionismo Organização e Padrões de
realização pessoal, demonstrando que são atletas que se consideram muito
organizados e que apresentam excessivo padrão de alto desempenho, além de uma
ênfase exagerada no significado desses padrões, ou seja, exigem seu melhor
desempenho (FROST et al., 1990). A característica do perfeccionismo que menos se
destaca para os atletas profissionalizados é a de Criticismo parental, refletindo que os
pais destes atletas não são (ou eram) excessivamente críticos sobre os esforços de
realização dos mesmos.
para o grupo de atletas não-profissionalizados os resultados foram semelhantes,
tanto para os escores superiores quanto para os escores inferiores. Altos escores foram
encontrados para as características do perfeccionismo Organização e Padrões de
Realização pessoal, e baixo escore para a característica Criticismo parental.
Estudo realizado por Alves (2007) revelou que para os atletas considerados talentos
esportivos, as características do perfeccionismo que se apresentaram mais presentes
foram as de Organização e Padrões de realização pessoal, as características menos
presentes foram as de Criticismo parental e Expectativas parentais, sendo estes
resultados os mesmos encontrados neste trabalho para os atletas profissionalizados,
59
tanto para as características mais presentes quanto para às menos presentes. Com
relação aos não talentos esportivos as características perfeccionistas que mais se
destacaram, assim como para os talentos, foram as de Organização e Padrões de
realização pessoal, e as características que menos se destacaram foram as de
Criticismo parental e Expectativas parentais. Estes resultados, tanto para os talentos
quanto para os não talentos esportivos, são expressos num Índice de perfeccionismo
ajustado elevado e em um Índice de perfeccionismo desajustado neurótico de reduzido
a moderado, assim, os dois grupos apresentam um índice de perfeccionismo global
considerado moderado com uma tendência perfeccionista ajustada elevada, que pode
ser entendida por uma forte capacidade de organização e altos padrões de realização
pessoal por parte destes atletas.
Considerando-se que o Índice de perfeccionismo global varia de uma pontuação de 35
a 175, de acordo com a Tabela 3 tanto dos atletas profissionalizados quanto dos não-
profissionalizados apresentaram escores altos para este Índice (111 e 112
respectivamente). Este resultado deve ser analisado com cuidado, pois índices altos de
perfeccionismo podem até determinar uma inibição das conseqüências positivas na
prestação, o que pode ser considerado um perfeccionismo desajustado ou neurótico
(FROST et al., 1990). O Perfeccionismo ajustado normal tanto dos atletas
profissionalizados (50) quanto dos não-profissionalizados (47) apresentou índices altos,
o Perfeccionismo desajustado neurótico não apresentou resultados altos para
nenhum dos dois grupos.
Entretanto, mesmo que as características dos profissionalizados e não-
profissionalizados sejam semelhantes, algo que os diferencia, ou seja, os resultados
comparados entre os atletas profissionalizados e não-profissionalizados indicam que
algumas das características do perfeccionismo são mais presentes em um grupo do
que em outro. Uma das diferenças são as Expectativas parentais em que os atletas
profissionalizados apresentam escores inferiores aos dos atletas não-profissionalizados,
outra característica que os atletas profissionalizados apresentaram escores inferiores foi
para o Criticismo parental, sendo que essas diferenças foram estatisticamente
significativas. Os atletas não-profissionalizados interpretam o comportamento dos pais
60
como excessivamente crítico em relação ao desempenho dos filhos, com expectativas
de que os filhos apresentem altos padrões de desempenho, o contrário ocorrendo com
a interpretação dos atletas profissionalizados.
Outros resultados que apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os
dois grupos estudados foram para as características de Padrões de realização pessoal
e Organização, com escores superiores para os atletas profissionalizados. Estes atletas
vivem em um ambiente em que altos padrões de desempenho são exigidos além de se
demonstrarem atletas mais organizados do que os atletas o-profissionalizados. Além
disso, quando se analisa os índices de perfeccionismo, mais especificamente o
Perfeccionismo ajustado normal, o grupo de atletas profissionalizados apresenta escore
superior ao do grupo de atletas não-profissionalizados, indicando que aqueles possuem
as seguintes características, de forma mais acentuada do que os atletas não-
profissionalizados: padrões de realização pessoal muito elevados, sentem necessidade
de alcançar o sucesso e são altamente motivados para dar o seu melhor em tarefas nas
quais estão envolvidos ou comprometidos, sendo essa diferença estatisticamente
significativa (FROST et al., 1990). Gould et al. (2002) mostraram também em seus
estudos que atletas olímpicos apresentavam características de perfeccionismo
adaptativo.
os atletas profissionalizados apresentaram escore inferior ao dos atletas não-
profissionalizados para o Índice de Perfeccionismo desajustado neurótico,
demonstrando não serem atletas que o motivados por uma necessidade de evitar o
insucesso, e se sentem bem com a sua prestação, no entanto esta diferença não foi
estatisticamente significativa.
Quanto às diferenças existentes entre jovens atletas considerados talentos esportivos e
não talentos, Alves (2007) encontrou resultados indicando que os talentos esportivos se
demonstraram com mais Organização e Padrões de realização pessoal, além de um
perfeccionismo mais ajustado do que os atletas considerados não-talentos. Entretanto,
os talentos esportivos apresentaram características perfeccionistas significativamente
menos presentes do que nos atletas considerados não talentos, sendo que os talentos
61
recebem menos críticas de seus pais para que desempenhem bem suas funções de
atleta, e também o Perfeccionismo desajustado neurótico destes atletas é menor do
que o dos não talentos. Assim, os jovens atletas considerados talentos apresentaram
um maior perfeccionismo ajustado e um menor perfeccionismo desajustado do que os
atletas considerados não talentos esportivos.
Completando, estudos de Dunn, Dunn e Syrotuik (2002) mostraram que as dimensões
da Multidimensional Perfectionism Scale se relacionavam com as características do
perfeccionismo adaptativo e que estas eram relacionadas com a orientação para a
tarefa. Isto pode mostrar que, a tendência de atletas com alta orientação para a tarefa
apresentarem normas de auto-referência para o desempenho como um indicador de
sucesso/habilidade no esporte, pode diminuir na medida em que eles estão em risco de
desenvolver um perfeccionismo mal adaptativo. Entretanto, isto não pode ser concluído
no presente estudo, visto que a pesquisa não tinha como objetivo investigar nos atletas
suas orientações para o ego e para a tarefa.
Voogd (2007) coloca ainda que o perfeccionismo mal adaptativo se desenvolve como
uma reação aos pais que se excedem muito com os filhos e são críticos em tudo com
seus filhos. Além disso, esses pais fornecem pouco suporte emocional e sensibilidade
inconsistente quando as crianças tentam responder a estas exigências. Os resultados
do presente estudo mostraram que estas colocações são pertinentes com relação aos
atletas não-profissionalizados que demonstraram, no momento da pesquisa, receber
mais críticas dos pais do que os atletas profissionalizados. Essas críticas excessivas
por parte dos pais pode ser uma das características que influenciaram estes atletas
não-profissionalizados a desenvolverem mais características do perfeccionismo
desajustado do que os atletas profissionalizados.
5.4 Correlação entre Estilos Regulatórios da Motivação, Estratégias de Coping e
Características do Perfeccionismo em Atletas Profissionalizados e Não-
Profissionalizados do Futebol de Campo.
Neste momento serão apresentados os dados referentes aos coeficientes de correlação
entre as variáveis avaliadas. Primeiramente serão apresentados os dados dos atletas
62
profissionalizados e em seguida os dados dos atletas não-profissionalizados. Para cada
um dos grupos serão discutidos os dados na seguinte seqüência: Motivação X Coping;
Motivação X Perfeccionismo; e Coping X Perfeccionismo.
5.4.1 Estilos regulatórios da motivação e estratégias de coping
A motivação é considerada um fator primordial para o desempenho atlético, grandes
campeões no esporte são aqueles que apresentam altos índices de motivação. Douglas
e Araujo (2004) entendem a motivação como o motivo ou o conjunto de motivos que
levam alguém a se esforçar, a agir, persistir ou trabalhar em prol de algum objetivo.
Essa busca dos atletas por atingir um objetivo ou uma meta muitas vezes esbarra em
situações que dificultam o seu desempenho e é o momento de se utilizar de estratégias
de enfrentamento. O modo como as pessoas lidam com o estresse é um dos assuntos
de grande interesse da psicologia atualmente; coping é considerado por Pensgaard e
Roberts (2003) como uma mudança cognitiva constante e um esforço comportamental
para controlar demandas específicas externas e/ou internas que o avaliadas como
exigindo demais ou excedendo a capacidade da pessoa. Considerando que o estilo de
motivação pode influenciar na maneira como os atletas enfrentam as situações
estressantes e as dificuldades que encontram no decorrer do seu desenvolvimento
atlético, a Tabela 4 apresenta os valores de correlação entre os estilos regulatórios da
motivação e as estratégias de coping dos atletas profissionalizados e não-
profissionalizados.
TABELA 4 - Correlação entre os estilos regulatórios da motivação e estratégias de
coping de atletas profissionalizados e o-profissionalizados de futebol
de campo.
PROFISSIONALIZADOS
1 2 3 4 5 6 7 8
Amotivação
0,040 -0,236 0,088
-0,157 0,015
-0,090 -0,280
-0,195
ME Regulação Externa
0,187 -0,156 0,312
0,000 0,261
0,252 -0,239
0,122
ME Introjeção
0,304 -0,044 0,482*
0,081 0,299
0,356 -0,114
0,306
ME Identificação
0,117 -0,189 0,453*
0,122 0,264
0,176 -0,254
0,136
MI Conhecer
0,339 0,093 0,553*
0,223 0,273
0,405* 0,007
0,474*
MI Atingir Objetivos
0,215 -0,116 0,436*
0,285 0,379
0,327 0,180
0,383
MI Experiências Estimulantes
0,187 -0,149 0,507*
0,238 0,433*
0,307 -0,012
0,338
Índice de autodeterminação
0,184 0,138 0,366
0,347 0,325
0,319 0,205
0,431*
63
NÃO-PROFISSIONALIZADOS
1 2 3 4 5 6 7 8
Amotivação
0,048 -0,309 -0,114
-0,030 -0,050
-0,215 -0,314
-0,278
ME Regulação Externa
0,274 -0,280 0,033
-0,007 0,001
-0,032 -0,257
-0,054
ME Introjeção
0,234 -0,138 0,003
0,085 0,002
0,047 -0,178
0,032
ME Identificação
0,210 -0,130 0,127
-0,052 0,067
0,001 -0,092
0,056
MI Conhecer
0,187 -0,101 0,301
0,159 0,222
0,219 0,166
0,329
MI Atingir Objetivos
0,174 -0,143 0,147
0,158 0,177
0,182 0,124
0,212
MI Experiências Estimulantes
0,197 0,003 0,191
0,223 0,221
0,228 0,230
0,365
Índice de autodeterminação
0,108 0,209 0,268
0,111 0,259
0,289 0,429*
0,483*
Nota:
1-Rendimento ximo sob pressão; 2-Ausência de preocupações; 3-Confronto com
adversidade; 4-Concentração; 5-Formulação de objetivos; 6-Confiança e motivação; 7-Treinabilidade;
8-Índice de confronto no esporte. * Correlação estatisticamente significativa (p 0,05)
A Tabela 4 indica que para os atletas profissionalizados a estratégia de coping que
apresentou maior número de correlações com as variáveis da motivação foi a de
Confronto com adversidade, que apresentou correlações estatísticas moderadas com a
Motivação extrínseca de introjeção; a Motivação extrínseca de identificação; Motivação
intrínseca para conhecer; a Motivação intrínseca para atingir objetivos; e a Motivação
intrínseca para experiências estimulantes. Assim, a estratégia de coping de Confronto
com adversidade, mesmo não sendo a estratégia de coping mais utilizada pelos atletas
profissionalizados, apresentou uma relação significativa tanto com as variáveis da
motivação extrínseca (Introjeção e Identificação) quanto com as variáveis da motivação
intrínseca (Atingir objetivos, Experiências estimulantes e Conhecer). Estes resultados
demonstram que, para os atletas profissionalizados que apresentam a estratégia de
Confronto com adversidade como sua principal estratégia de enfrentamento de uma
situação estressante não apresentam definição do estilo de motivação utilizado, pois se
utilizam de aspectos tanto intrínsecos (prazer de praticar a atividade esportiva, de
atingir seus objetivos pré-determinados e realizar a atividade para conhecê-la) quanto
de aspectos extrínsecos (uma representação interna de contingentes externos
exercendo uma pressão sobre si mesmo para regularizar seu comportamento) e ainda
se identificando com as conseqüências que poderiam advir caso essa situação
estressante.
O estilo regulatório que predominou nos atletas profissionalizados foi o da Motivação
intrínseca para experiências estimulantes. Houve correlação entre esta variável e a
64
estratégia de coping de Formulação de objetivos, indicando que para esses atletas
quanto maior a motivação intrínseca maior será a utilização de estratégias de
formulação de objetivos para se enfrentar uma situação estressante. São atletas que
quanto maior o seu prazer em praticar o futebol, maior sua capacidade de formular seus
objetivos em prol do sucesso esportivo, são atletas calmos e controlados
emocionalmente durante uma competição mesmo que as coisas não estejam ocorrendo
bem, e mais vão estabelecer objetivos que orientem suas ações, seus treinos e suas
competições.
Juntamente com a estratégia Confronto com a adversidade, a estratégia Confiança e
motivação foi uma das que apresentou escores superiores de utilização pelos atletas
profissionalizados (Tabela 2), e esta também apresentou correlações estatísticas com a
variável Motivação intrínseca para conhecer. Assim, quanto mais os atletas se utilizam
da estratégia de Confiança e motivação significa que maior será sua motivação para
ultrapassar essas barreiras que atrapalham seu desempenho para que possam se
envolver com o esporte que praticam.
Após discutir as relações existentes entre os estilos de motivação e as estratégias de
coping utilizadas, vale ressaltar as relações existentes entre o índice de
autodeterminação e o índice de confronto no esporte desses atletas. A Tabela 4
apresenta resultados que indicam correlação entre essas duas variáveis, ou seja,
quanto mais autodeterminado o atleta, mais vai utilizar estratégias de enfrentamento
para superar uma situação aversiva, estressante. Para estes atletas, quanto mais
realizam uma atividade por suas próprias vontades, sem necessitar de contingências
externas, mais estarão aptos a lidar com vários tipos de exigências como lesões,
quedas no rendimento esportivo, gestão do tempo, e expectativas próprias ou de outros
importantes como pais e técnicos (DIAS, 2005).
A partir dos dados constantes na Tabela 4, percebe-se que para o grupo de atletas
profissionalizados o número de correlações existente entre as variáveis Motivação e
Coping foi superior ao do grupo de não-profissionalizados. Para os atletas o-
profissionalizados as correlações existentes entre as variáveis foram apenas para o
65
índice de autodeterminação, que apresentou correlação com a treinabilidade e com o
índice de confronto no esporte.
Estes resultados indicam que os atletas do grupo de não-profissionalizados são atletas
que, apesar de não apresentarem uma alta autodeterminação, aqueles que são mais
autodeterminados são também os que utilizam de sua treinabilidade e de suas
estratégias de coping como um todo para ultrapassar as barreiras que lhes impedem de
desenvolver melhor suas atividades.
Considerando as três necessidades psicológicas inatas, subjacentes à motivação
intrínseca, propostas pela Teoria da Autodeterminação (autonomia, competência e
estabelecimento de vínculos), McDonough e Crocker (2007) confirmaram em seus
estudos a hipótese de que a satisfação dessas três necessidades seria um preditor
significativo da motivação autodeterminada. Este é um resultado importante porque
enfatiza a necessidade de aprofundar nossa compreensão do papel combinado de
autonomia, competência e relacionamento em processos motivacionais. A correlação
existente entre a motivação dos atletas profissionalizados e não-profissionalizados com
suas respectivas habilidades de confronto com as adversidades seguem a mesma linha
de pensamento, pois os atletas que satisfazem melhor suas necessidades de
autonomia, competência e estabelecimento de vínculos, seriam mais aptos a enfrentar
situações estressantes e desagradáveis, independentemente de fatores externos.
Especificamente sobre a necessidade de competência, Bloom (1985) coloca que este
sentimento de competência é importante não somente para manter o jovem atleta
praticando o esporte, mas também para aumentar a intensidade do tempo gasto com
atividades no processo de aprendizagem específicas na sua área de maestria.
Vallerand (2004) demonstrou em sua pesquisa que técnicos que apresentam
comportamentos de controle sobre seus atletas, prejudicando sua treinabilidade minam
nos seus atletas a satisfação das necessidades de competência, autonomia e
estabelecimento de vínculos, a conseqüência disso é a baixa motivação
autodeterminada que estes atletas apresentarão, conduzindo ao abandono da prática
esportiva. Ao invés de exercer uma função de controle sobre seus atletas, Keegan,
66
Harwood, Spray e Lavallee (in press) assinalam que o comportamento do técnico de
fornecer instruções, dar atenção e feedback para seus atletas é considerado como uma
influencia muito positiva para a motivação. Os cnicos e pais não apenas são a chave
para a tomada de decisões dos jovens atletas (determinação de treinos, tempo de
prática, fornecendo equipamentos), como também são responsáveis por garantir
segurança para o atleta.
Devido os vários tipos de motivação presentes no continuum de autodeterminação, e
pelo fato dessa autodeterminação estar associada com o aumento das funções
psicológicas, um padrão de conseqüências é seguido. Assim, um resultado mais
positivo é conseqüência de uma motivação mais autodeterminada (motivação
intrínseca), enquanto resultados negativos são conseqüências de uma forma menos
autodeterminada da motivação (amotivação e motivação extrínseca). Este padrão de
resultados tem sido obtido no esporte e na atividade física com as seguintes
conseqüências: concentração, interesse, prazer, satisfação, e baixa ansiedade bem
como resultados comportamentais que incluem o esforço despendido, intenção
comportamental, e real nível de persistência, aderência no esporte e desempenho
(VALLERAND, 2004).
Estudos de Amiot, Gaudreau e Blanchard (2004) mostraram que a motivação
autodeterminada estava positivamente associada com o uso de estratégias de coping
orientadas para tarefa durante a competição, considerando que a motivação não
autodeterminada positivamente prediz a utilização de estratégias de desligamento
orientadas. Isto, segundo os autores, pode ser importante porque é uma valiosa
ferramenta para ajudar os atletas a melhorar seu desempenho e também tornarem-se
maduros emocionalmente através da utilização de estratégias de coping eficazes.
5.4.2 Estilos regulatórios da motivação e características do perfeccionismo
O perfeccionismo enquanto um traço da personalidade tem sido uma das variáveis que
apresenta um número considerável de estudos no campo da psicologia social, sendo
investigado com a associação com diversas outras variáveis, no entanto, o estudo do
perfeccionismo no âmbito esportivo pouca atenção tem-se dado a este tema. Somente
67
nos últimos anos é que o perfeccionismo começou a fazer parte dos estudos no âmbito
esportivo (HAASE e PRAPAVESSIS, 2004).
A Tabela 5 apresenta os resultados da avaliação das correlações existentes entre e os
estilos regulatórios da motivação e as características do Perfeccionismo dos atletas
profissionalizados e não-profissionalizados.
TABELA 5 - Correlação entre os estilos regulatórios da motivação e as características
do perfeccionismo dos atletas profissionalizados e não-profissionalizados
de futebol de campo.
PROFISSIONALIZADOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Amotivação
0,237 0,433*
0,202 0,317 0,111 0,142 0,316 0,145 0,335
ME Regulação Externa
0,250 0,103 0,251 0,033 0,416*
0,286 0,327 0,420*
0,217
ME Introjeção
0,284 0,252 0,250 0,032 0,379 0,254 0,344 0,356 0,244
ME Identificação
0,261 0,233 0,309 0,067 0,260 0,332 0,384 0,333 0,235
MI Conhecer
0,297 0,246 0,206 -0,014 0,461*
0,257 0,374 0,420*
0,222
MI Atingir Objetivos
0,227 0,149 0,104 -0,056 0,487*
0,392 0,314 0,533*
0,145
MI Experiências Estimulantes
0,261 0,172 0,222 -0,041 0,537*
0,421*
0,392 0,568*
0,177
Índice de autodeterminação
-0,001 -0,122
-0,058 -0,284 0,185 0,201 0,072 0,223 -0,130
NÃO-PROFISSIONALIZADOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Amotivação
0,304 0,343 0,279 0,312 0,103 0,056 0,324 0,085 0,350
ME Regulação Externa
0,407* 0,289 0,383 0,330 0,299 0,282 0,495*
0,311 0,417*
ME Introjeção
0,290 0,221 0,318 0,279 0,172 0,198 0,361 0,195 0,319
ME Identificação
0,344 0,183 0,328 0,256 0,156 0,157 0,380 0,162 0,355
MI Conhecer
0,045 0,175 0,209 -0,060 0,298 0,233 0,213 0,300 0,048
MI Atingir Objetivos
0,134 0,028 0,131 -0,072 0,228 0,300 0,206 0,281 0,065
MI Experiências Estimulantes
0,031 0,073 0,191 -0,004 0,308 0,277 0,175 0,338 0,019
Índice de autodeterminação
-0,182 -0,195
-0,100 -0,288 0,105 0,131 -0,121
0,132 -0,258
Nota:
1-Preocupação com erros; 2-Dúvidas na ação; 3-Expectativas parentais; 4-Criticismo parental; 5-
Padrões de realização pessoal; 6-Organização; 7-Índice de perfeccionismo global; 8-Perfeccionismo ajustado
normal; 9-Perfeccionismo desajustado neurótico. * Correlação estatisticamente significativa (p 0,05)
De acordo com a Tabela 5, três das seis subescalas do perfeccionismo apresentaram
correlações estatísticas positivas e moderadas com as variáveis da Motivação
analisadas para os atletas profissionalizados. A característica do perfeccionismo
Dúvidas na ação apresentou correlação estatística com a Amotivação, ou seja, para os
atletas profissionalizados quanto maior a situação de dúvida que apresentam sobre a
prática o futebol, mais acreditarão que não desempenharão bem suas funções, sendo
menos motivados para realizar a atividade.
68
A característica do perfeccionismo dos atletas profissionalizados que apresentou maior
número de correlações com os estilos regulatórios foi a de Padrões de realização
pessoal, correlações com Motivação extrínseca de regulação externa (r=0,416),
Motivação intrínseca para atingir objetivos (r=0,487), Motivação intrínseca para
experiências estimulantes (r=0,537) e Motivação intrínseca para conhecer (r=0,461).
Esses resultados indicam que, quanto mais os atletas profissionalizados são
organizados e suas ações refletem o ambiente de excessivo padrão de alto
desempenho que vivem, maior vai ser sua autodeterminação e suas ações serão
guiadas pela motivação em atingir objetivos, aprendendo e explorando seus
conhecimentos sobre a atividade e principalmente por praticar o futebol com prazer
gerado intrinsecamente, sem a necessidade de contingências externas.
Sendo a característica do perfeccionismo Padrões de realização pessoal uma das que
apresentou maiores escores para os atletas profissionalizados (Tabela 3), a correlação
que apresentou valores estatísticos superiores foi justamente com a variável Motivação
intrínseca para experiências estimulantes (r=0,537), que foi a variável da motivação que
também apresentou maiores escores (Tabela 1). Os resultados (Tabela 5) demonstram
que quanto mais estes atletas vivem em um ambiente de excessivos padrões de
desempenho, apresentando ênfase exagerada no significado desses padrões quando
ligados à auto-avaliação, mais estes atletas são autodeterminados, e se apresentam
motivados por fatores intrínsecos para continuar a praticar o futebol.
O alto escore para o Índice de Perfeccionismo ajustado normal (profissionalizados) foi o
único índice que apresentou correlação estatística com os estilos regulatórios
(Motivação extrínseca de regulação externa, Motivação intrínseca para atingir objetivos,
Motivação intrínseca para experiências estimulantes e Motivação intrínseca para
conhecer), porém não apresentou correlação estatística com o Índice de
Autodeterminação. O Índice de Perfeccionismo ajustado normal apresentou correlações
superiores com as variáveis da Motivação Intrínseca, demonstrando que sujeitos com
uma motivação predominantemente intrínseca apresentaram comportamentos
perfeccionistas com tendência por estabelecer elevados padrões de realização pessoal.
69
Assim, a Tabela 5 observa-se também um número reduzido de correlações existentes
para o grupo de não-profissionalizados quando comparados ao grupo de
profissionalizados. Apenas a variável motivação extrínseca de regulação externa
apresentou correlações com variáveis do perfeccionismo sendo estas a preocupação
com erros, índice de perfeccionismo global e perfeccionismo desajustado neurótico.
Os atletas não-profissionalizados apresentaram uma pontuação idêntica à dos
profissionalizados para a motivação extrínseca de regulação externa, porém suas
características são diferentes, pois quanto mais esse tipo de motivação se destaca para
os não-profissionalizados mais se preocupam com os erros que podem cometer durante
a execução de suas atividades, sendo que as características de perfeccionismo desses
atletas são mais voltadas para uma preocupação neurótica do que saudável, pois sua
motivação está baseada nas variáveis extrínsecas.
Este fato se evidencia nas correlações existentes para estes atletas ocorreram para o
estilo regulatório Motivação Extrínseca regulação externa, que se correlacionou
significativamente com a característica Preocupação com erros além dos índices de
Perfeccionismo Global e de Perfeccionismo Desajustado Neurótico. Assim, quanto
menos autodeterminado o atleta se encontra, maior sua incerteza sobre suas ações,
portanto, sua característica de perfeccionismo estará vinculada a um perfeccionismo
desajustado e neurótico. Vallerand (2004) coloca que um atleta quando apresenta uma
orientação motivacional regulada externamente tende a realizar uma atividade para
receber uma recompensa ou evitar punição, fato este que ocorre com os atletas não-
profissionalizados, devido a correlação existente entre o estilo regulatório Motivação
Extrínseca regulação externa e o Perfeccionismo Desajustado Neurótico.
O perfeccionismo ajustado é descrito por autores como a porção positiva do
perfeccionismo. Segundo Haase e Prapavessis (2004) este seria voltado para alcançar
conseqüências positivas, acompanhado pela motivação para alcançar um determinado
objetivo, a fim de obter um resultado favorável. o perfeccionismo neurótico, também
conhecido como perfeccionismo negativo, é encontrado em sujeitos que o utilizariam
com a função de evitar as conseqüências negativas e a motivação que gere os
70
comportamentos destes sujeitos é voltada para alcançar um determinado objetivo, a fim
de evitar conseqüências adversas. Estas colocações dos autores são afirmadas a partir
dos trabalhos de Gould et al. (2002) que encontraram em atletas de alto nível
características de perfeccionismo ajustado mais presentes que outras, que estão
associadas à capacidade de auto-realização e de estabelecer elevados padrões de
realização pessoal. Além disso, Barreiros (2005) coloca que em seus estudos com
jovens talentos e não talentos esportivos, os padrões de realização pessoal parecem
estar positivamente relacionados com a motivação para a estimulação e com o índice
de autodeterminação, e negativamente relacionado com a amotivação dos mesmos.
Estudos realizados por Hall et al. (2007) resultaram em que os atletas que
apresentaram perfil de perfeccionismo neurótico apresentaram também elevados níveis
de amotivação, motivação extrínseca introjetada, e baixa auto-estima. Entretanto, os
autores não encontraram relação significativa entre as variáveis motivação e
perfeccionismo. Ao estudar os antecedentes motivacionais presentes na prática
obrigatória de exercícios, não encontraram em seus estudos resultados suficientes para
afirmarem que as características motivacionais quando combinadas com metas que
incentivam a auto-validação, levassem os sujeitos a uma preocupação em cometer
erros e aumentar sua auto-avaliação crítica.
Estudos de Hewitt e Flett (1991) indicam que indivíduos que apresentam características
de um perfeccionismo auto-orientado, acreditando que chegar à perfeição é importante,
são internamente motivados, ou seja, apresentam estilos regulatórios correspondentes
à motivação intrínseca; os indivíduos que apresentam características perfeccionistas
socialmente prescritas, são motivados por fatores externos, correspondendo à estilos
regulatórios menos autodeterminados, da motivação extrínseca.
5.4.3 Estratégias de coping e características do perfeccionismo
Considerando que o pensamento perfeccionista está associado a um papel debilitador
no contexto esportivo, autores como Gould et al (2002) se preocuparam em analisar em
atletas olímpicos a ocorrência de pensamentos perfeccionismo ajustado, ou seja, a face
positiva do pensamento perfeccionista. Pessoas que são extremamente perfeccionistas
71
tendem a ser exigentes com seu desempenho nas atividades, são auto-críticos e suas
falhas geram culpa, vergonha e inutilidade. Para evitar sentimentos negativos como
culpa, vergonha e inutilidade, estas pessoas utilizam de suas estratégias de
enfrentamento, o que contribui para um melhor desempenho.
Sobre esta relação é apresentada a Tabela 6 com os dados referentes às correlações
entre as estratégias de coping e as características do perfeccionismo dos atletas
profissionalizados e não-profissionalizados de futebol de campo.
TABELA 6 - Correlação entre as estratégias de coping e características do
perfeccionismo para os atletas profissionalizados e não-
profissionalizados de futebol de campo.
PROFISSIONALIZADOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Rendimento Máximo sob pressão
-0,019 0,045 -0,180 -0,300
0,370
0,207 0,000
0,345
-0,114
Ausência de preocupações
-0,308 -0,169 -0,172 -0,149
-0,165
-0,112
-0,229
-0,166
-0,299
Confronto com adversidade
-0,012 0,024 -0,079 -0,152
0,478*
0,392 0,109
0,513*
-0,080
Concentração
0,054 -0,080 -0,129 -0,359
0,428*
0,288 0,111
0,453*
-0,109
Formulação de objetivos
0,048 -0,204 -0,176 -0,397
0,442*
0,445*
0,044
0,499*
-0,163
Confiança e motivação
0,037 -0,078 -0,165 -0,347
0,343
0,266 0,029
0,371
-0,109
Treinabilidade
-0,366 -0,169 -0,267 -0,258
0,086
0,036 -0,278
0,087
-0,361
Índice de confronto no esporte
-0,175 -0,098 -0,289 -0,459*
0,445*
0,375 -0,048
0,482*
-0,268
NÃO-PROFISSIONALIZADOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Rendimento Máximo sob pressão
0,244 0,156 0,231 0,142 0,342
0,204 0,344
0,333
0,233
Ausência de preocupações
-0,329 -0,369 -0,293 -0,207
-0,086
-0,058
-0,328
-0,095
-0,349
Confronto com adversidade
0,091 -0,047 0,109 -0,211
0,278
0,206 0,093
0,275
-0,029
Concentração
-0,017 0,013 0,130 -0,081
0,320
0,313 0,147
0,364
-0,035
Formulação de objetivos
-0,021 0,004 0,142 -0,088
0,271
0,235 0,107
0,298
-0,043
Confiança e motivação
-0,125 -0,207 0,120 -0,190
0,276
0,317 0,026
0,336
-0,194
Treinabilidade
-0,253 -0,261 -0,140 -0,441*
0,090
-0,008
-0,262
0,071
-0,365
Índice de confronto no esporte
-0,088 -0,204 0,072 -0,318
0,391
0,375 0,099
0,418*
-0,181
Nota:
1-Preocupação com erros; 2-Dúvidas na ação; 3-Expectativas parentais; 4-Criticismo parental; 5-
Padrões de realização pessoal; 6-Organização; 7-Índice de perfeccionismo global; 8-Perfeccionismo ajustado
normal; 9-Perfeccionismo desajustado neurótico. * Correlação estatisticamente significativa (p 0,05)
De acordo com a Tabela 6 as características do perfeccionismo que apresentaram
maior número de correlações com as estratégias de coping para os atletas
profissionalizados foram os Padrões de realização pessoal e o Perfeccionismo ajustado
normal. As duas características tiveram correlações positivas com as estratégias
72
Confronto com adversidade (r=0,478), Concentração (r=0,428), Formulação de
objetivos (r=0,442) e Índice de confronto no esporte (r=0,445). Com isso, os atletas
profissionalizados se caracterizam como atletas que quanto mais o ambiente em que
vivem exige que obtenham alto desempenho em suas atividades esportivas mais
utilizam estratégias de enfrentamento que refletem suas capacidades de afrontar a
adversidade, e de se concentrarem para atingir um objetivo que foi previamente
formulado. Além disso, quanto mais suas características do perfeccionismo são
desenvolvidas de uma forma ajustada e normal, maior será sua capacidade de
enfrentar as situações estressantes. Estes padrões de realização pessoal podem
interferir no desempenho dos atletas, pois quanto mais autoconfiante o atleta, mesmo
diante de um fracasso, mais se mantém alheio a essa situação; porém se essa
autoconfiança for baixa, poderá o atleta se identificar com o fracasso e ter dificuldades
para superá-lo. Quanto maior a capacidade dos atletas profissionalizados de
formularem objetivos que irão guiar suas atividades, maior será sua organização, pois
formulam os objetivos a serem alcançados e se organizam para que suas atividades o
conduzam para tal fato. Entretanto, a crítica que muitos atletas recebem de seus pais
podem atrapalhar suas atividades principalmente em situações difíceis. Os resultados
parecem demonstrar que quanto maior a crítica dos pais sobre o rendimento dos
atletas, menor será sua capacidade de enfrentar uma situação estressante.
A correlação existente entre o Índice de Perfeccionismo ajustado normal e o Índice de
confronto no esporte dos atletas profissionalizados indica que quanto mais os atletas
estabelecem elevados padrões de realização pessoal, mais se utilizam de estratégias
de enfrentamento para superar uma situação adversa e estressante, e assim atingir os
objetivos estabelecidos anteriormente, principalmente aqueles objetivos voltados para a
prática esportiva, no caso o futebol.
Na Tabela 6 observa-se que apenas duas correlações estatisticamente significativas
foram encontradas para a análise feita entre as variáveis Coping e Perfeccionismo dos
atletas não-profissionalizados. A variável do perfeccionismo criticismo parental
apresentou correlação estatisticamente significativa e negativa com a estratégia de
coping Treinabilidade, o que indica que estes atletas quanto mais recebem críticas de
73
seus pais a respeito de suas atividades, menos se utilizam dos treinos para enfrentar
situações estressantes. Estes resultados demonstram que em qualquer fase do
desenvolvimento atlético, independentemente de ser um atleta profissionalizado ou não,
a influência dos pais nem sempre tem conseqüências positivas, neste caso, os
resultados parecem demonstrar isso, críticas em demasia podem prejudicar o
rendimento desses atletas, no caso dos atletas não-profissionalizados, quanto mais
estes recebem críticas de seus pais, menor sua capacidade de receber orientações dos
treinadores ou dirigentes, aborrecendo-se e rendendo menos frente às correções e
orientações dos mesmos. Barreiros (2005) também encontrarou correlações negativas
entre a Treinabilidade e o Criticismo parental de atletas considerados talentos e não
talentos esportivos do futebol de campo.
Outra correlação estatisticamente significativa existente foi entre o perfeccionismo
ajustado normal e o índice de confronto no esporte, assim quanto mais os atletas não-
profissionalizados utilizam suas habilidades de coping para superar suas dificuldades e
situações estressantes, mais a forma de perfeccionismo que se utilizam para realizar
seus padrões pessoais se aproxima do perfeccionismo ajustado e saudável para o ser
humano.
De acordo com o continuum de envolvimento dos pais no esporte proposto por Hellstedt
(1990), que vai desde um subenvolvimento até um superenvolvimento, este último seria
a fase que menos contribui para o bom desenvolvimento atlético dos filhos, pois os pais
excedem em sua participação na vida esportiva dos filhos, o separando os seus
próprios desejos, suas fantasias e suas necessidades dos desejos, fantasias e
necessidades dos seus filhos. O autor encontrou em seus estudos que baixos níveis de
pressão estão relacionados com uma reação positiva dos filhos, enquanto altos níveis
de pressão indicam reações negativas, o que corrobora os resultados (Tabela 6), em
que o criticismo parental apresentou correlações negativas com o índice de confronto
no esporte (para os atletas profissionalizados) e com a treinabilidade (para os atletas
não-profissionalizados).
74
Estudos de Carr, Weigand e Jones (2000) demonstram que a participação dos pais no
estabelecimento de metas e no cumprimento das tarefas por parte dos atletas o
questões importantes para que estes alcancem resultados positivos na sua carreira.
Bloom (1985) cita que a diminuição da participação dos pais na carreira esportiva dos
filhos com o passar do tempo é esperada, entretanto a ausência dos pais que colabora
para o enfraquecimento do apoio, o desenvolvimento dos filhos não parece ser
comprometido.
Morais et al. (2004) investigaram a influência dos pais no desenvolvimento atlético de
jovens atletas de futebol considerados experts e encontraram resultados que
mostraram pouco envolvimento dos pais, principalmente nas fases de formação (até 7
anos) e de desenvolvimento (de 8 a 12 anos), além disso, esse envolvimento era ainda
menor na fase de especialização (acima de 13 anos).
Não as críticas e as expectativas dos pais e familiares funcionam como agentes
estressores para os atletas, segundo estudo realizado por Costa e Vieira (2003), as
discordâncias e conflitos com o treinador ou com os companheiros de equipe também
foram considerados fatores estressantes. Independentemente do tempo de prática dos
atletas, os conflitos nas relações pessoais parecem diminuir seu rendimento, pois estes
conflitos são causadores de estresse, as metas ficam comprometidas, dando lugar a
sentimentos de insatisfação e resistência ao trabalho desenvolvido. Assim, o apoio
social e profissional, é necessário para diminuir os problemas causados nos momentos
de conflito.
Outra característica presente nos atletas não-profissionalizados que também foi
discutida para os atletas profissionalizados, foi referente à correlação existente entre o
Índice de perfeccionismo ajustado normal e o Índice de confronto no esporte,
demonstrando que quanto mais os atletas não-profissionalizados apresentam
características perfeccionistas de cunho ajustado, mais terão facilidade em utilizar suas
estratégias de coping.
Essa correlação existente entre Índice de perfeccionismo ajustado normal e o Índice de
confronto no esporte tanto para os atletas profissionalizados quanto para os não-
75
profissionalizados, segundo estudos citados por Hardy, Jones e Gould (1996), indicam
que são atletas menos vulneráveis a desenvolver algum tipo de problema psíquico que
os afaste da prática esportiva, pois os autores chegaram a conclusões em que sugerem
que atletas de elite são mais vulneráveis a desenvolver burnout quando apresentam
tendências perfeccionistas, o pessoalmente desorganizados, tem estratégias pobres
de reestruturação cognitiva, e seu esporte é organizado de forma que os enfraqueçam
oferecendo-lhes poucas escolhas e pouca motivação. Os autores colocam ainda que a
personalidade e fatores motivacionais tais como traços de ansiedade, perfeccionismo,
otimismo e auto estima são identificados como potenciais influências a todos os
aspectos do processo apreciativo, focado nas categorias gerais das estratégias de
coping.
O maior número de correlações existentes entre as variáveis estudadas (Motivação,
Coping e Perfeccionismo) para os atletas profissionalizados do que para os atletas não-
profissionalizados parece indicar que com o processo de profissionalização e
conseqüente aquisição da especialização, os atletas o envolvidos por todos de
auxílio externo e social em direção à transição para a auto-regulação. Com a aquisição
da experiência, aumenta a motivação e o desenvolvimento desses atletas, e assim a
dependência em relação a outras pessoas diminui, aumentando a autoconfiança, o
auto-ajuste, o julgamento positivo que faz de si mesmo e a facilidade em aprender
coisas novas.
Estudo de Dunn et al. (2006) demonstra que sujeitos que apresentam características do
perfeccionismo mal adaptativo apresentam também altos padrões pessoais de
desempenho, mas com isso irão também apresentar mais e mais estresse, isto devido
sua auto-critica e dificuldade em sentir satisfação na melhoria de suas realizações e
encontrar expectativas realísticas. Assim, os atletas que apresentam características de
perfeccionismo mal adaptativo não conseguem apresentar altos níveis de desempenho,
porque essas características podem conduzir a baixos níveis de concentração,
ocasionando baixo desempenho atlético. Considerando que a concentração é uma das
estratégias de coping estudadas, a análise dos resultados demonstra que o
Perfeccionismo desajustado neurótico apresentou correlação negativa com todas as
76
estratégias de coping, menos para o Rendimento máximo sob pressão dos atletas não-
profissionalizados, demonstrando que as características do perfeccionismo desajustado
levam os atletas a desenvolverem menos suas capacidades de enfrentamento de
situações estressantes. Entretanto, estes resultados não podem ser considerados
conclusivos porque os coeficientes de correlação demonstram correlações baixas.
6 CONCLUSÃO
Com relação à motivação, os atletas profissionalizados apresentaram estilos
regulatórios referentes à motivação intrínseca indicando que praticam o futebol de
forma voluntária, sem necessidade aparente de receber recompensas, pois se
interessam pela atividade, sentem prazer e satisfação no envolvimento com a prática do
futebol. Para os atletas o-profissionalizados, a motivação intrínseca não foi tão alta
quanto a dos atletas profissionalizados que se apresentaram mais autodeterminados.
Assim, os atletas profissionalizados sentem maior prazer e satisfação pela prática do
futebol do que os atletas não-profissionalizados. Essa maior autodeterminação dos
atletas profissionalizados é comprovada também pela superioridade em sua motivação
orientada à prática do futebol, demonstrando-se competentes e não são orientados por
fatores externos que podem atrapalhar no objetivo de se tornarem atletas de sucesso.
A diferença nos níveis de motivação intrínseca entre os atletas profissionalizados e não-
profissionalizados não foi encontrada para os estilos de motivação extrínseca, ou seja,
apresentaram índices semelhantes de motivação extrínseca, indicando que os fatores
externos pouco influenciam na motivação dos atletas, ao contrário da autodeterminação
que parece aumentar com o processo de profissionalização e o amadurecimento dos
atletas.
A motivação intrínseca dos atletas profissionalizados contribui também para a utilização
de estratégias de coping eficazes em uma situação estressante, a estratégia de coping
mais utilizada por estes atletas foi a de Confiança e Motivação, enfrentando e
ultrapassando as barreiras que atrapalham seu desempenho atlético, se esforçam ao
máximo, diminuindo a necessidade de pressões para jogar ou treinar com empenho.
Entretanto, essa confiança não diminui a preocupação em desempenhar bem suas
habilidades esportivas, são atletas preocupados com seu desempenho, mas não o
suficiente para atrapalhar seu desenvolvimento atlético.
78
os atletas não-profissionalizados não apresentaram uma estratégia de coping
definida, evidenciaram uma variedade de estratégias: Confronto com a Adversidade,
Confiança e Motivação, e Treinabilidade. Esta diversidade de estratégias de coping não
indica que estes enfrentam melhor as situações estressantes do que os atletas
profissionalizados, pelo contrário, os atletas profissionalizados apresentaram maior
capacidade de lidar com a ansiedade e de focar em pistas relevantes, além de se
adaptarem melhor à rotina e se concentrarem melhor, utilizando uma estratégia de
coping melhor definida do que os atletas não-profissionalizados.
Essa maior capacidade de lidar com a ansiedade, o estresse e se focar melhor nas
metas e objetivos traçados é confirmada pela superioridade do índice de confronto no
esporte dos atletas profissionalizados, indicando que tendem a jogar melhor sob
pressão pensando de maneira mais clara frente às pressões impostas pela situação, de
forma geral, quanto maior pressão mais gostam de jogar, entendem a pressão como
desafios, ou seja, definem melhor qual a estratégia para enfrentar uma situação
estressante e as utilizam de maneira mais eficaz do que os atletas não-
profissionalizados.
Os atletas profissionalizados são mais motivados intrinsecamente, e utilizam melhor
suas estratégias de coping, se consideram muito organizados com excessivo padrão de
alto desempenho, sendo essas as características perfeccionistas mais presentes. Seus
pais não são pessoas que lhes pressionam ou criticam excessivamente a respeito da
sua prática esportiva e sobre os seus esforços de realização.
Tanto os atletas profissionalizados quanto os não profissionalizados apresentaram
resultados que indicam correlação entre a motivação e as estratégias de coping, ou
seja, os atletas mais autodeterminados são atletas que utilizam melhor suas estratégias
de coping para superar uma situação estressante, estes atletas que são mais
motivados intrinsecamente são também mais aptos a lidar com as situações adversas,
como lesões, quedas no rendimento atlético, e as expectativas próprias ou de outros.
Os atletas profissionalizados que praticam o futebol por prazer, sem necessidade
aparente de receber recompensas externas são os que apresentaram maior
79
capacidade de formular seus objetivos em busca do sucesso, sendo também mais
controlados emocionalmente durante a prática esportiva.
O índice de autodeterminação não se correlacionou com o índice de perfeccionismo
global, não sendo possível assim dizer que a motivação dos atletas de futebol de
campo tem relação com as características do perfeccionismo. Entretanto, para os
atletas profissionalizados ficou evidente a relação entre o índice de perfeccionismo
ajustado normal e determinados estilos regulatórios, principalmente para os que
correspondem à motivação intrínseca indicando que quanto mais intrinsecamente
motivados são estes atletas mais as características do perfeccionismo serão
evidenciadas de forma positiva, e maior a tendência por estabelecer elevados padrões
de realização pessoal.
Os atletas não-profissionalizados apresentaram relações entre o estilo regulatório
menos autodeterminado (Motivação Extrínseca de Regulação Externa) e as
características do perfeccionismo de preocupação com erros, índice de perfeccionismo
global e perfeccionismo desajustado neurótico. Indicando características do
perfeccionismo neurótico (ou negativo) como a preocupação excessiva com os erros
que podem cometer durante a prática esportiva, gerando uma preocupação neurótica,
não saudável de suas prestações.
As relações encontradas para os atletas profissionalizados indicam que quanto mais
suas características perfeccionistas são desenvolvidas de forma ajustada e normal,
melhor irão utilizar suas estratégias de enfrentamento, principalmente sua capacidade
de concentração e estabelecer objetivos reais. para os atletas não profissionalizados
a relação mostrou que quando o criticismo parental aumenta diminui a estratégia de
coping de treinabilidade, confirmando as características do perfeccionismo neurótico,
neste caso os que mais receberam críticas de seus pais a respeito de suas atividades,
menos capacidade apresentaram de receber orientações de seus treinadores, se
aborrecendo frente às correções e orientações dos mesmos.
Concluindo a análise das características psicológicas de motivação, coping e
perfeccionismo de atletas profissionalizados e não-profissionalizados no futebol de
80
campo pode-se afirmar que os atletas apresentaram características semelhantes. De
forma geral, demonstraram ser atletas motivados intrinsecamente para a prática do
futebol, porém os profissionalizados são mais autodeterminados do que os não-
profissionalizados. Em relação à utilização das estratégias de coping, o índice de
confronto no esporte se destacou, em que os atletas profissionalizados apresentaram
mais confiantes e com maior capacidade de utilizar uma estratégia bem definida e com
maior eficiência, ao contrário dos atletas não-profissionalizados que, se preocupam
mais com os erros, aumentam sua ansiedade frente à prática esportiva, o
apresentando uma estratégia de coping bem definida. Por fim, os atletas
profissionalizados apresentaram características do perfeccionismo ajustado normal
mais evidente do que os atletas não-profissionalizados, que apresentam superioridade
nas características referentes ao perfeccionismo desajustado neurótico.
Assim, os resultados indicam que os fatores motivacionais apresentados pelos atletas
devem ser considerados como influenciadores na utilização das estratégias de coping
durante uma situação estressante na competição esportiva, bem como fatores
indicativos da forma como demonstraram suas características da personalidade. A partir
disto, o acompanhamento psicológico de jovens atletas em formação pode contribuir
para que estes desenvolvam suas características de personalidade de forma positiva, a
fim de que pratiquem a atividade esportiva motivados por contingências intrínsecas,
sem uma necessidade aparente de recompensas externas, se tornando atletas que
conseguem controlar melhor sua ansiedade e sendo mais capazes de enfrentar uma
situação adversa, através de atitudes positivas que contribuam para sua formação
atlética e pessoal.
Realçando assim a importância do estudo das determinantes psicológicas que são
apresentadas e desenvolvidas ao longo do processo de desenvolvimento dos jovens
atletas, com intervenções realizadas junto a estes jovens atletas no sentido de
aperfeiçoar as suas capacidades psicológicas, criando condições necessárias e
favoráveis para o desenvolvimento destes jovens atletas.
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ZAKHAROV, A. Ciência do Treinamento Desportivo. Rio de Janeiro: Grupo Palestra
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ANEXOS E APÊNDICES
93
ANEXO A: PARECER DO COMITÊ PERMANENTE DE ÉTICA EM PESQUISA
ENVOLVENDO SERES HUMANOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
94
ANEXO B: Escala de Motivação Esportiva
PORQUE É QUE VOCÊ PRATICA ESPORTE?
Não
corresponde
nada
Corresponde
um pouco
Corresponde
moderadamente
Corresponde
muito
Corresponde
exatamente
1. Pelo prazer que sinto em viver experiências emocionantes.
1 2 3
4 5 6
7
2. Pelo prazer que me dá saber mais acerca da modalidade que pratico.
1 2 3
4 5 6
7
3. Costumava ter boas razões para praticar esporte, mas agora pergunto-
me se deverei continuar.
1 2 3
4 5 6
7
4. Pelo prazer de descobrir novas técnicas.
1 2 3
4 5 6
7
5. Já não sei por que pratico a minha modalidade. Tenho a sensação de
não ser capaz de ter êxito nesta modalidade.
1 2 3
4 5 6
7
6. Porque permite que as pessoas que conheço tenham mais consideração
por mim.
1 2 3
4 5 6
7
7. Porque na minha opinião é uma das melhores formas de conhecer
pessoas.
1 2 3
4 5 6
7
8. Porque sinto uma enorme satisfação pessoal em dominar certas
técnicas difíceis.
1 2 3
4 5 6
7
9. Por ser absolutamente necessário praticar esportes se quero estar em
forma.
1 2 3
4 5 6
7
10. Pelo prestígio de ser atleta.
1 2 3
4 5 6
7
11. Porque é uma das melhores formas que encontrei para desenvolver
outros aspectos da minha pessoa.
1 2 3
4 5 6
7
12. Pelo prazer que sinto ao melhorar alguns dos meus pontos fracos.
1 2 3
4 5 6
7
13. Pelas sensações que sinto quando estou verdadeiramente envolvido na
atividade.
1 2 3
4 5 6
7
14. Porque devo praticar esportes para me sentir bem comigo próprio.
1 2 3
4 5 6
7
15. Pela satisfação que sinto enquanto aperfeiçôo as minhas capacidades.
1 2 3
4 5 6
7
16. Porque as pessoas que me rodeiam acham que é importante estar em
forma.
1 2 3
4 5 6
7
17. Porque é uma boa forma de aprender imensas coisas que me poderão
ser úteis noutras áreas da minha vida.
1 2 3
4 5 6
7
18. Pelas emoções intensas que sinto ao praticar um esporte de que gosto.
1 2 3
4 5 6
7
19. Já não sei muito bem por que pratico a minha modalidade. Parece-me
que o meu lugar não é no esporte.
1 2 3
4 5 6
7
20. Pelo prazer que sinto nas execuções difíceis.
1 2 3
4 5 6
7
21. Porque me sentiria mal se não arranjasse tempo para praticar o esporte.
1 2 3
4 5 6
7
22. Para mostrar aos outros quanto sou bom na minha modalidade.
1 2 3
4 5 6
7
23. Pelo prazer que sinto quando aprendo novas técnicas que nunca
experimentei antes.
1 2 3
4 5 6
7
24. Por ser uma das melhores formas de manter boas relações com os
meus amigos.
1 2 3
4 5 6
7
25. Porque gosto da sensação de estar totalmente empenhado no exercício.
1 2 3
4 5 6
7
26. Porque tenho de praticar esportes regularmente.
1 2 3
4 5 6
7
27. Pelo prazer de descobrir novas estratégias no meu esporte.
1 2 3
4 5 6
7
28. Tenho muitas dúvidas, porque parece que não consigo alcançar os
objetivos que estabeleci para mim próprio.
1 2 3
4 5 6
7
95
ANEXO C: Inventário Atlético de Estratégias de Coping.
Quase nunca
Às vezes
Regularmente
Quase sempre
1. Diária ou semanalmente, estabeleço para mim um conjunto de objetivos
específicos que orientam as minhas ações.
0 1 2 3
2. Consigo aproveitar ao máximo o meu talento e habilidade. 0 1 2 3
3. Quando um treinador ou dirigente me diz como corrigir um erro que fiz, tenho
tendência a levar isso a mal e fico aborrecido.
0 1 2 3
4. Quando estou praticando esporte consigo focalizar a minha atenção e bloquear as
coisas que me distraem.
0 1 2 3
5. Por muito mal que as coisas me estejam correndo, mantenho-me motivado e
positivo durante a competição.
0 1 2 3
6. Tenho tendência a jogar melhor sob pressão, porque assim penso de maneira
mais clara.
0 1 2 3
7. Preocupo-me bastante acerca do que os outros pensam de meu desempenho. 0 1 2 3
8. Tenho tendência a fazer muitos planos sobre a forma de atingir os meus objetivos. 0 1 2 3
9. Sinto-me confiante de que vou jogar bem. 0 1 2 3
10. Se um treinador ou dirigente me critica, isso me aborrece mais do que me ajuda. 0 1 2 3
11. Para mim é fácil evitar que pensamentos que me distraem interfiram em alguma
coisa que estou vendo ou ouvindo.
0 1 2 3
12. A preocupação com o meu desempenho coloca-me sob forte pressão. 0 1 2 3
13. Estabeleço os meus objetivos de desempenho para cada treino. 0 1 2 3
14. Não preciso que me pressionem para treinar ou jogar com empenho, dou os
100%.
0 1 2 3
15. Se um treinador me critica ou grita comigo, eu corrijo o erro sem ficar zangado
com isso.
0 1 2 3
16. Lido muito bem com as situações inesperadas do meu esporte. 0 1 2 3
17. Quando as coisas me estão correndo mal, digo a mim próprio que mantenha a
calma.
0 1 2 3
18. Quanto mais pressão existe durante um jogo, mais gosto de jogar. 0 1 2 3
19. Quando estou competindo preocupo-me com a possibilidade de cometer erros ou
de não conseguir jogar bem.
0 1 2 3
20. Muito antes de o jogo começar, desenvolvo na minha cabeça o meu próprio
plano de jogo.
0 1 2 3
21. Quando sinto que estou ficando muito tenso, consigo relaxar rapidamente o
corpo e acalmar-me.
0 1 2 3
22. Para mim, as situações de pressão são desafios que me agradam. 0 1 2 3
23. Penso e imagino o que acontecerá se eu falhar ou estragar tudo. 0 1 2 3
24. Mantenho o controle emocional, independentemente do modo como as coisas
me estejam acontecendo.
0 1 2 3
25. Para mim é fácil dirigir a atenção de modo a fixá-la num só objeto ou pessoa. 0 1 2 3
26. Quando não consigo atingir os meus objetivos, isso me faz trabalhar ainda com
mais empenho.
0 1 2 3
27. Melhoro as minhas capacidades quando ouço cuidadosamente os conselhos e
instruções dos treinadores e dirigentes.
0 1 2 3
28. Cometo menos erros quando existe pressão, porque me concentro melhor. 0 1 2 3
96
ANEXO D: Escala Multidimensional de Perfeccionismo
Discordo
completamente
Discordo
Nem discordo
Nem concordo
Concordo
Concordo
completamente
1. Os meus pais exigem demais de mim. 1 2 3 4 5
2. A organização é muito importante para mim. 1 2 3 4 5
3. Quando era criança, castigavam-me se não fosse perfeito no que fazia. 1 2 3 4 5
4. Se não for o mais exigente possível comigo próprio, tornar-me-ei numa pessoa de
segunda categoria.
1 2 3 4 5
5. Os meus pais nunca tentam entender os meus erros. 1 2 3 4 5
6. É importante para mim que eu seja extremamente competente em tudo o que faço. 1 2 3 4 5
7. Sou uma pessoa arrumada. 1 2 3 4 5
8. Tento ser uma pessoa organizada. 1 2 3 4 5
9. Se falhar no esporte ou na escola, serei um fracasso como pessoa. 1 2 3 4 5
10. Deverei ficar aborrecido se cometer um erro. 1 2 3 4 5
11. Os meus pais queriam que eu fosse o melhor em tudo. 1 2 3 4 5
12. Estabeleço objetivos mais elevados do que a maioria das pessoas. 1 2 3 4 5
13. Se uma pessoa executa uma tarefa melhor do que eu na escola ou no esporte, sinto
que fracassei na execução da tarefa.
1 2 3 4 5
14. Eu falhar em parte da tarefa considero tão grave como falhar completamente. 1 2 3 4 5
15. Na minha família só o desempenho excelente é considerado suficientemente bom. 1 2 3 4 5
16. Sou muito bom em concentrar todos os meus esforços para alcançar um objetivo. 1 2 3 4 5
17. Mesmo quando faço algo com muito cuidado, sinto freqüentemente que ainda não
está bem.
1 2 3 4 5
18. Detesto não ser o melhor em tudo. 1 2 3 4 5
19. Tenho objetivos extremamente altos. 1 2 3 4 5
20. Os meus pais sempre esperaram que eu fosse excelente. 1 2 3 4 5
21. As pessoas provavelmente terão menos consideração por mim se eu cometer erros. 1 2 3 4 5
22. Nunca me achei capaz de responder às expectativas dos meus pais. 1 2 3 4 5
23. Eu não ser tão bom como os outros, significa que sou um ser humano inferior. 1 2 3 4 5
24. As outras pessoas parecem ser menos exigentes consigo próprias do que eu sou
comigo mesmo.
1 2 3 4 5
25. Se eu não fizer as coisas sempre bem, as pessoas não terão respeito por mim. 1 2 3 4 5
26. Os meus pais sempre tiveram expectativas mais elevadas para o meu futuro do que
eu.
1 2 3 4 5
27. Tento ser uma pessoa arrumada. 1 2 3 4 5
28. Habitualmente tenho dúvidas sobre as coisas simples do dia-a-dia que tenho de
fazer
1 2 3 4 5
29. O rigor é muito importante para mim. 1 2 3 4 5
30. Exijo uma maior perfeição nas minhas tarefas do que a maioria das pessoas. 1 2 3 4 5
31. Sou uma pessoa organizada. 1 2 3 4 5
32. Tenho tendência a me atrasar no meu trabalho, porque repito as coisas várias vezes. 1 2 3 4 5
33. Levo imenso tempo para fazer algo bem feito. 1 2 3 4 5
34. Quanto menos erros eu cometer, mais os outros gostarão de mim. 1 2 3 4 5
35. Nunca me achei capaz de responder às exigências dos meus pais. 1 2 3 4 5
97
APENDICE E: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Sujeitos
Departamento de Educação Física – Programa de Pós-Graduação Associado UEM/UEL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DOS SUJEITOS
Estamos conduzindo uma pesquisa na área de Psicologia do Esporte, com o
objetivo de identificar a motivação, as estratégias de enfrentamento de situações
estressantes, e as características do perfeccionismo de atletas profissionalizados e não-
profissionalizados de futebol de campo.
Para a realização do trabalho, será necessária a participação de atletas, que
pratiquem esporte em escolas de seleção e formação de jogadores de futebol. Sabendo
que seu filho é praticante de futebol em uma dessas escolas, pedimos a colaboração
dele no estudo. Na pesquisa seu filho responderá a questionários com questões
referentes à sua motivação, estratégias de enfrentamento, e características
perfeccionistas.
Informo que durante qualquer momento da coleta dos dados você poderá recusar
a participação de seu filho na pesquisa sem qualquer tipo de prejuízo pessoal ou para a
pesquisa, e ainda, que estou disponível para qualquer dúvida.
Durante o decorrer e após a conclusão do trabalho, será preservada a sua
identidade e dos demais participantes. O trabalho terá a orientação do Prof. Dr. Jo
Luiz Lopes Vieira, da Universidade Estadual de Maringá e será desenvolvido pelo
Mestrando Leonardo Pestillo de Oliveira.
Caso V. Sa. concorde com a participação de seu filho no estudo solicitamos seu
consentimento preenchendo as informações abaixo:
Eu, ______________________________________________________, após ter
lido e entendido as informações acima e esclarecido todas as minhas dúvidas
referentes ao estudo CONCORDO em permitir a participação de meu filho na pesquisa.
________________________________________________ Data: _____/_____/_____
Assinatura (Pai ou Responsável)
_____________________________________________________________________
Eu, Leonardo Pestillo de Oliveira, declaro que forneci todas as informações referentes
ao estudo.
Leonardo Pestillo de Oliveira Telefone: 30287440
Rua Bragança, 531, Apto 103.
José Luiz Lopes Vieira Telefone: 32232145
Rua Neo Alves Martins, 1886, Apto 151.
Qualquer dúvida ou maiores esclarecimentos procurar um dos membros da equipe do projeto
ou o Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da
Universidade Estadual de Maringá – Bloco 035 – Campus Central – Telefone: (44) 3261-4444.
98
APENDICE F: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Sujeitos
Departamento de Educação Física – Programa de Pós-Graduação Associado UEM/UEL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DOS SUJEITOS
Estamos conduzindo uma pesquisa na área de Psicologia do Esporte, com o
objetivo de identificar a motivação, as estratégias de enfrentamento de situações
estressantes, e as características do perfeccionismo de atletas profissionalizados e não-
profissionalizados de futebol de campo.
Para a realização do trabalho, será necessária a participação de atletas de futebol
de rendimento.
Na pesquisa você responderá a questionários com questões referentes à sua
motivação, estratégias de enfrentamento, e características perfeccionistas.
Informo que durante qualquer momento da coleta dos dados você poderá recusar
a participação na pesquisa sem qualquer tipo de prejuízo pessoal ou para a pesquisa, e
ainda que estou disponível para qualquer dúvida.
Durante o decorrer e após a conclusão do trabalho, será preservada a sua
identidade e dos demais participantes. O trabalho terá a orientação do Prof. Dr. Jo
Luiz Lopes Vieira, da Universidade Estadual de Maringá e será desenvolvido pelo
Mestrando Leonardo Pestillo de Oliveira.
Caso V. Sa. concorde com a participação no estudo solicitamos seu
consentimento preenchendo as informações abaixo:
Eu, ______________________________________________________, após ter
lido e entendido as informações acima e esclarecido todas as minhas dúvidas
referentes ao estudo CONCORDO em participar na pesquisa.
________________________________________________ Data: _____/_____/_____
Assinatura
_____________________________________________________________________
Eu, Leonardo Pestillo de Oliveira, declaro que forneci todas as informações referentes
ao estudo.
Leonardo Pestillo de Oliveira Telefone: 30287440
Rua Bragança, 531, Apto 103.
José Luiz Lopes Vieira Telefone: 32232145
Rua Neo Alves Martins, 1886, Apto 151.
Qualquer dúvida ou maiores esclarecimentos procurar um dos membros da equipe do projeto
ou o Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da
Universidade Estadual de Maringá – Bloco 035 – Campus Central – Telefone: (44) 3261-4444.
99
APENDICE G: AUTORIZAÇÃO DO CLUBE DE FUTEBOL PARA REALIZAÇÃO DA
PESQUISA
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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