Download PDF
ads:
INFLUÊNCIA DE COBERTURA VEGETAL DO
SOLO E DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL NA
POPULAÇÃO DE ÁCAROS-PRAGA E DE
ÁCAROS PREDADORES EM CAFEEIRO
ORGÂNICO E CONVENCIONAL
MARÇAL PEDRO NETO
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MARÇAL PEDRO NETO
INFLUÊNCIA DE COBERTURA VEGETAL DO SOLO E DA
PRECITAÇÃO PLUVIAL NA POPULAÇÃO DE ÁCAROS-PRAGA E DE
ÁCAROS PREDADORES EM CAFEEIRO ORGÂNICO E
CONVENCIONAL
Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras
como parte das exigências do Programa de Pós-
graduação em Agronomia/Entomologia, área de
concentração em Entomologia Agrícola, para a
obtenção do título de "Doutor em Ciências’
Orientador
Prof. Dr. Paulo Rebelles Reis
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2009
ads:
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Pedro Neto
, Marçal.
Influência de cobertura vegetal do solo e da precipitação pluvial na
população de ácaros-
praga e de ácaros predadores em cafeeiros orgânico
e convencional / Marçal Pedro Neto. – Lavras : UFLA, 2009.
67 p. : il.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Lavras, 2009.
Orientador: Paulo Rebelles Reis.
Bibliografia.
1. Cobertura vegetal. 2. Ácaros. 3. Precipitação pluvial. 4. Cafeeiro
orgânico. 5. Cafeeiro convencional. I. Universidade Federal de Lavras.
II. Título.
CDD –
633.7342
MARÇAL PEDRO NETO
INFLUÊNCIA DE COBERTURA VEGETAL DO SOLO E DA
PRECITAÇÃO PLUVIAL NA POPULAÇÃO DE ÁCAROS-PRAGA E DE
ÁCAROS PREDADORES EM CAFEEIRO ORGÂNICO E
CONVENCIONAL
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Curso de
Mestrado em Agronomia/Entomologia, área de
concentração em Entomologia Agrícola, para a
obtenção do título de “Doutor em Ciências”.
APROVADA em 5 de março de 2009
Dr. Mauricio Sergio Zacarias Embrapa Café
Prof. Dr. Jair Campos de Moraes UFLA
Prof. Dr. Geraldo Andrade Carvalho UFLA
Dr. Gladystone Rodrigues Carvalho Epamig Sul de Minas
Prof Dr. Paulo Rebelles Reis
Epamig Sul de Minas/EcoCentro
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2009
Primeiramente, a Deus, por tudo...
Aos meus pais, João Pedro Neto e Maria Clarice Neto, pelo amor, paciência,
ensinamentos e apoio em todos os momentos.;.
À minha querida esposa, Sheila Cristiane Ferreira Neto, pelo amor e carinho
todos os dias, compreensão e incentivos nos momentos mais difíceis. Muito
obrigado. Te amo muito. ;
A minha filha, Gabriela Ferreira Neto, que mostrou o amor de viver e o
estímulo para vencer as dificuldades de todos os dias.
Com todo amor e carinho,
DEDICO...
...As minhas irmãs, Roselene (in memoriam), Lídia, Vânia e Marcia,
a minha sogra, Vicentina, por todo apoio e tudo que teem feito por nós,
OFEREÇO.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras (UFLA), pela oportunidade
concedida.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(Fapemig), pela concessão da bolsa de estudo.
À
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
(Epamig Sul
de Minas/EcoCentro), pela oportunidade e infraestrutura concedida para a
realização deste trabalho.
Ao Prof Dr. Paulo Rebelles Reis, pela orientação, ensinamentos, grandes
incentivos, amizade e dedicação, durante todo o período acadêmico.
Ao Dr. Mauricio Sergio Zacarias, pelo aprendizado, pelas horas de
conversa, incentivo e apoio em momentos importantes.
Aos professores do Departamento de Entomologia (DEN), pelos
conhecimentos transmitidos.
Ao proprietário da fazenda Cachoeira, Fernando Paiva e ao proprietário
da fazenda Taquaril, Daniel Paiva, pela colaboração ao permitir a instalação dos
experimentos em suas propriedades.
Aos professores Dr. Jair Campos de Maraes e Dr. Geraldo Andrade de
Carvalho e ao pesquisador Dr Gladystone Rodrigues Carvalho, participantes da
banca, pelas sugestões valiosas para o térmíno do trabalho.
Ao pesquisador da Epamig Sul de Minas/EcoCentro, Dr. Rogério
Antônio Silva, por compartilhar a área experimental e ao CBP&D/Café, pelo
custeio do deslocamento até julho de 2007.
Ao pesquisador Dr. Antônio Carlos Lofêgo, da UNESP-São José do Rio
Preto, pela atenção e ajuda na identificação de espécies de ácaros.
Ao amigo e técnico Agrícola Daniel, pela amizade e auxílio na condução
dos trabalhos de campo.
Aos alunos de iniciação cientifica, mestrado e doutorado, funcionários
(Márcio) e pesquisadores da Epamig com quem convivi durante o curso, pela
amizade, aprendizado e momentos de descontração.
Aos amigos Marcelo e Simone, Rodrigo e Patrícia, Keila e Luciano.
À professora Dra. Andrea, pela ajuda nas análises dos experimentos.
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização
deste trabalho
.
SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................... ii
ABSTRACT................................................................................................. i
INTRODUÇÃO GERAL.................................................................... 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 13
ARTIGO 1. Efeito do manejo das plantas adventícias na diversidade de
ácaros em cafeeiro orgânico..........................................................................
19
RESUMO...................................................................................................... 20
ABSTRACT.................................................................................................. 21
INTRODUÇÃO............................................................................................ 22
MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 23
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 25
Análise faunística do cafeeiro orgânico..................................................... 29
Análise faunística das plantas adventícias................................................. 30
CONCLUSÕES............................................................................................ 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 36
ARTIGO 2. Ocorrência de ácaros em sistemas de produção de café
orgânico e convencional................................................................................
39
RESUMO...................................................................................................... 40
ABSTRACT.................................................................................................. 41
INTRODUÇÃO............................................................................................ 42
MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 43
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 45
Ácaros-praga.............................................................................................. 45
Ácaros predadores...................................................................................... 47
CONCLUSÕES............................................................................................ 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 53
ARTIGO 3. Distribuição de ácaros-praga e predadores, em cafeeiros
conduzidos em sistemas orgânico e convencional, influenciada pelo
regime pluviométrico....................................................................................
55
RESUMO...................................................................................................... 56
ABSTRACT.................................................................................................. 57
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 58
2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 59
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 61
4 CONCLUSÕES......................................................................................... 64
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 65
CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................... 67
i
RESUMO
PEDRO NETO, Marçal. Influência de cobertura vegetal do solo e da
precipitação pluvial na população de ácaros-praga e de predadores em
cafeeiros orgânico e convencional. 2009 67 p. Tese (Doutorado em
Entomologia Agrícola) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
Os ácaros-praga Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) e o Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917) (Acari: Tenuuipalpidae, Tetranychidae) são responsáveis por
perdas significativas na produção de café, e afetando a qualidade da bebida tanto
na produção convencional como na orgânica. Na cafeicultura conduzida no
sistema convencional, os ácaros são controlados quando necessário com
acaricidas e inseticidas acaricidas e no orgânico, o controle é realizado
naturalmente pelos ácaros predadores, principalmente aqueles pertencentes à
família Phytoseiidae comumente encontrados em lavouras cafeeiras. Há a
necessidade do uso de estratégias que favoreçam a conservação e aumento do
número de ácaros predadores no agroecossistema cafeeiro. Dessa forma, os
objetivos do presente trabalho foram estudar a influência de cobertura vegetal do
solo na população de ácaros-praga do cafeeiro e seus inimigos naturais;
influência da precipitação pluvial no número e distribuição de ácaros em dois
anos e a comparação do número de ácaros em dois sistemas de produção de café,
orgânico e convencional. Os experimentos foram conduzidos nas Fazendas
Cachoeira e Taquaril no município de Santo Antônio do Amparo, MG. A análise
das amostras e identificações dos ácaros foram realizadas no laboratório de
Acarologia da EPAMIG, em Lavras, MG. Conclui-se que: algumas plantas
adventícias encontradas nas entre linhas de cafeeiros são hospedeiras do ácaro
vetor do vírus da mancha-anular do cafeeiro, B. phoenicis, e hospedam também
os predadores da família Phytoseiidae Euseius compositus Denmark e Muma,
1970, Euseius concordis (Chant, 1959) e Euseuis citrifolus Denmark e Muma
1973, entre outros, sendo importante o manejo dessas plantas nas entre linhas dos
cafeeiros proporcionando abrigo e alimento aos ácaros predadores que podem se
transferir para os cafeeiros. A precipitação pluviométrica influencia nas
densidades dos ácaros-praga e predadores nos diferentes sistemas de produção de
café, com menor intensidade no café produzido no sistema orgânico. O sistema
de produção de café convencional apresentou maiores médias para os ácaros-
praga em relação ao orgânico. A espécie de ácaro predador mais observada foi o
E. concordis, independente do sistema de cultivo.
*
Comitê de Orientação: Dr. Paulo Rebelles Reis – EPAMIG Sul de
Minas/EcoCentro (orientador) e Dr. Mauricio Sergio Zacarias – Embrapa
Café/EcoCentro (co-orientador)
ii
ABSTRACT
PEDRO NETO, Marçal. Influence of soil plant cover and rainfall on the
population of pest mites and of predators in organic and conventional
coffee palnts. 2009. 67 pages. Thesis (Doctorate in Agricultural Entomology)
Federal University of Lavras, Lavras, MG.
Pest mites Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) and Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917) are responsible for significant losses in coffee production and
affecting the quality of the beverage both in conventional and organic production.
In conventional system-conducted coffee culture, mites are controlled, when
necessary, with acaricides and acaricideic-insecticide and in organic one, the
control of pest mites is accomplished naturally by predator mites, mainly those
belonging to the family Phytoseidae, commonly found in coffee crops. There is
the need of the use of strategies which support both the conservation and increase
of the number of predators in the coffee-growing agrosystem. So, the objectives
of the present work were to study the influence of soil plant cover on the
population of coffee tree pest mites and their natural enemies, influence of
rainfall and comparison of the number of mites in two coffee-growing systems,
namely, organic and conventional. The experiments were conducted on the
Cachoeira and Taquaril farms in the town of Santo Antônio do Amparo, MG. The
analysis of the samples and mite identifications were done in the EPAMIG
Acarology Laboratory, at Lavras, MG. It follows that some adventitious plants
found in the inter rows of coffee plants are hosts of the ringspot virus-vector mite,
B. phoenicis, and they host also predators of the family Phytoseidae Euseius
alatus DeLeon 1966, Euseius concordis (Chant, 1959) and Euseuis citrifolus
Denmark and Muma 1973, among others, the management of those plants in the
inter-rows of the coffee trees being important, providing both shelter and food to
the predator mites which can transfer themselves to the coffee trees. Rainfall
influences the densities of the pest mites and predators in the different coffee-
growing systems, with less intensity in the coffee produced in the organic system.
The conventional coffee-growing system presented higher means to the pest
mites in relation to the organic one. The most widespread predator mite species
was E. concordis, independent of the growing system.
Guindance Commitee: Dr. Paulo Rebelles Reis – EPAMIG/EcoCentro
(Adviser) and Dr. Mauricio Sergio Zacarias – Embrapa Café (Co-adviser)
1
INTRODUÇÃO GERAL
O cafeeiro (Coffea spp.) é originário do continente Africano, mais
precisamente das regiões montanhosas da Etiópia central e do sul do Sudão, à
altitude de 1.000 a 2.500 metros. O clima dessa região é ameno e úmido, com
alguns meses secos. As temperaturas médias anuais variam de 19º a 27ºC e a
pluviosidade chega a 3.800 mm anuais, possibilitando a sua vegetação
naturalmente (Krug, 1959; Prado, 1977; Galeti, 2004).
No Brasil, o café foi introduzido em meados do século XVIII, no estado
do Pará. Depois de alguns anos chegou ao Rio de Janeiro e rapidamente se
expandiu para os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. em 1822, o
Brasil exportava as primeiras sacas de café. Naquela época, o estado do Rio de
Janeiro produzia 78,4%, seguido por São Paulo, com 12,1% e Minas Gerais,
com 7,84% da produção nacional (Galeti, 2004).
Com o passar dos anos, os estados de Minas Gerais e São Paulo
tornaram-se os principais produtores de café, pois neles o cafeeiro encontrou
condições climáticas e de solos favoráveis ao seu cultivo. No século XIX, o
Brasil passou a ser o maior exportador desse produto, que alcançou mais de 70%
da receita das suas exportações (Galeti, 2004). Em 2008, a produção de cafoi
em torno de 45 milhões de sacas beneficiadas (Conab, 2009). Além de se
consolidar na liderança da produção, o Brasil se destaca também no consumo
dessa bebida, ocupando o segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos
(Galeti, 2004).
É indiscutível a importância econômica do café para o Brasil, expressiva
também no aspecto social, empregando milhares de pessoas ao longo da sua
cadeia produtiva (Leite, 2005).
2
Os estados brasileiros responsáveis pelas maiores produções de café
arábica são Minas Gerais (65%), São Paulo (13%), Paraná (7%), Espírito Santo
(7%) e outros estados com (8%) (Anuário ..., 2008).
Várias advertências foram feitas, por vários pesquisadores de várias
partes do mundo, nas décadas de 1960 e 70, com relevância para a publicação do
livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, em 1962
1
, a respeito dos
problemas advindos do uso de produtos fitossanitários no ambiente e nos
animais vertebrados e invertebrados. No Brasil, a publicação do livro
Agropecuária sem Veneno, de Pinheiro et al. (1985), despertou a atenção da
população para os agroquímicos usados na produção de alimentos.
No Brasil, a cafeicultura orgânica iniciou-se na década de 1980 e 90. É
um sistema de produção agrícola que evita ou praticamente exclui os
fertilizantes e os pesticidas sintéticos (Caixeta & Pedini, 2002). Sempre que
possível, os insumos de origem externa, como os agroquímicos e os
combustíveis adquiridos no comércio, são substituídos pelos recursos internos,
encontrados na propriedade ou nas proximidades. Esses recursos internos
incluem energia solar ou eólica, controle biológico de pragas, fixação biológica
de nitrogênio ou outros nutrientes liberados pela matéria orgânica ou pelas
reservas do solo (OIC, 2002).
Os métodos preconizados pela agricultura orgânica para alcançar a
máxima produção possível, mantendo a fertilidade do solo, são: rotação de
culturas, utilização de restos culturais, adubação com esterco, plantio de
leguminosas e adubos verdes, emprego de resíduos orgânicos de fora da
propriedade, capina mecânica, fertilização com pó-de-rocha e controle biológico
de pragas. Estas medidas garantem o fornecimento de nutrientes às plantas e o
controle de insetos e de outras pragas (USDA, 1980; Pinheiro et al., 1985).
1
CARSON, R. Silent spring. Boston: Riverside Press, Cambridge, 1962. 368 p.
3
Segundo a Internacional Federation of Organic Agriculture Movements
(IFOAM), o número de áreas em conversão de cultura convencional para a de
produtos orgânicos, principalmente nos maiores países consumidores de
alimentos orgânicos no mundo, tem aumentado significativamente nos últimos
anos. Na Europa, entre os anos de 1985 e 1997, a conversão passou de 120 mil
para 2,15 milhões hectares.
Nos EUA, em 1996, mais de 40% das maiores redes de supermercado já
vendiam alimentos produzidos organicamente. A comercialização desses
produtos no país cresce a taxas próximas de 20%, tendo movimentado US$ 7,6
bilhões, em 1995. No Brasil, calcula-se que a área ocupada com cultivos
orgânicos esteja em torno de 100 mil hectares, registrando-se altas taxas anuais
de conversão (Agrianual, 2000).
Os maiores produtores de ca orgânico são países latino-americanos,
como México (maior produtor), Peru, Costa Rica, Nicarágua, Guatemala, Brasil
e Colômbia (Caixeta & Pedini, 2002; Willer & Yussef, 2007). Países pobres,
principalmente do continente africano, onde a produção de café é extensiva sem
o uso de qualquer tipo de produtos fitossanitários são considerados produtores
orgânicos (Caixeta & Pedini, 2002). A demanda por café orgânico cresceu
significativamente nos últimos anos e os maiores consumidores desse produto
são Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Suíça, França e Japão (Yussef &
Willer, 2007).
Independente do sistema de produção de café, as pragas e as doenças são
as mesmas. Para o controle desses problemas, os insumos químicos são
substituídos por caldas para o controle de doenças e herbívoros. Outro método
possível de ser utilizado é a manutenção de predadores e parasitas na cultura, por
meio do aumento da diversidade de plantas que forneçam alimentos alternativos
a esses agentes de controle (Altieri et al., 2003).
4
O aumento da diversidade pode ser feito pelo manejo de plantas
adventícias presentes nas entrelinhas ou nas bordas da cultura. As plantas
adventícias são consideradas aquelas que se desenvolvem entre as plantas
cultivadas, podendo contribuir para a queda na produção de grãos e o
retardamento do início do período reprodutivo da cultura, diminuindo a
qualidade dos grãos colhidos, além de dificultar a colheita (Lorenzi, 2000;
Ronchi et al., 2001).
As plantas adventícias vêm merecendo a atenção dos pesquisadores
para o seu manejo em culturas conduzidas no sistema orgânico, que estudam os
seus efeitos na produtividade, as incidências de pragas, a presença de inimigos
naturais, a diminuição da erosão e a sua contribuição para a fertilidade do solo,
resultante da matéria orgânica produzida (Deuber, 1992; Ronchi et al., 2001;
Lima et al., 2005; Santos, 2005).
A competição entre as plantas adventícias e as cultivadas pode ser
mencionada como o principal entrave à presença dessas plantas nas culturas,
competindo, principalmente, por nutrientes minerais essenciais, como água, luz
e espaço (Pitelli, 1987; Deuber 1992; Santos, 2005).
Os estudos sobre os efeitos das plantas adventícias sobre a comunidade
de artrópodes foram impulsionados a partir do trabalho de Root (1973), que
formalizou a hipótese da concentração de recursos que prevê um maior número
de herbívoros em áreas simplificadas. Este fato explica o maior número de
herbívoros especializados nas monoculturas (Oliveira, 2003).
As plantas adventícias podem hospedar um grande número de insetos,
nematoides e ácaros, que são pragas de culturas de importância econômica
(Deuber, 1992). Dependendo da espécie, pode favorecer a inimigos naturais de
pragas pelo fornecimento de pólen, néctar, abrigo, locais de reprodução, presas e
hospedeiros alternativos durante períodos de entressafra ou quando esses
5
recursos não estão disponíveis nas plantas cultivadas (Chiverton & Sotherton,
1991
2
apud Altieri et al., 2003; Souza, 1991).
Por meio de resultados obtidos em estudos, sabe-se que a manipulação
de certas espécies plantas ou de uma planta adventícia específica, pode afetar a
ecologia de insetos-praga e sua associação aos inimigos naturais (Altieri &
Nicholls, 2004; Altieri et al., 2003; Venzon et al., 2005).
Altieri (1991) demonstrou que, em monoculturas, os herbívoros
especializados encontram condições favoráveis para a reprodução, devido a uma
fonte concentrada de recursos de alimentos promovendo uma maior
permanência destes insetos na cultura.
Altieri & Letourneau (1982) relataram que o decréscimo da diversidade
vegetal pode afetar seriamente a abundância e a eficiência dos inimigos naturais,
que dependem da complexidade do hábitat para obter presas/hospedeiros
alternativos. Estes autores relataram também que a diversificação da vegetação
propicia um aumento da população de predadores pelo aumento da população de
presas alternativas, diversificação que pode resultar também em aumento de
oportunidades para a sobrevivência dos inimigos naturais e, consequentemente,
melhorar o controle biogico.
Monteiro et al. (2002) relataram que, com o aumento do número de
espécies e o desenvolvimento das plantas adventícias na linha de plantio de
macieira, a presença do ácaro predador Neoseiulus californicus (McGregor,
1954) (Acari: Phytoseiidae) foi mais abundante em comparação às outras linhas
em que foram eliminadas as plantas adventícias.
Estudos realizados em cultura de seringueira comprovam que plantas
daninhas são importantes na manutenção de ácaros predadores, tendo, na espécie
de planta daninha que foi dominante durante o ano, sido encontrado o maior
número de espécies de ácaros predadores (Bellini et al., 2005). Frizzas (1998)
2
Chiverton, P. A. & Sotherton, N. M. The effects on beneficial arthropods of the exclusion of
Journal of Applied Ecology
28: 1027
1039. 1991.
6
relatou que plantas adventícias são hospedeiras de insetos-praga na entressafra
das culturas da soja e do milho sem, contudo, demonstrar, nesse trabalho, a
ocorrência de predadores nas mesmas plantas.
De acordo com Alcântara (1997), no município de São Sebastião do
Paraíso, sul do estado de Minas Gerais, as ervas daninhas que ocorreram
normalmente no agroecossistema cafeeiro foram: capim-marmelada [Brachiaria
plantaginea (Link) Hitch], predominante entre as gramíneas e, ainda, capim-
colchão (Digitaria horizontalis Willd) e capim-pé-de-galinha [Eleusine indica
(L.) Gaertn], predominante nos períodos secos. Dentre as dicotiledôneas, o
picão-preto (Bidens pilosa L.), as guaxumas (Sida spp.), o caruru (Amarantus
viridis L. e A. spinosus L.), a beldroega (Portulaca oleracea L.), a buva
[Erigeron bonariensis L. ou Conysa bonariensis (L.) Cronq], a falsa-serralha
(Emilia sonchifolia DC) e o picão-branco (Galinsoga parviflora Cav.) foram as
mais abundantes. Ainda Alcântara & Ferreira (2000) relatam que a competição
das plantas daninhas com os cafezais é mais acentuada durante a formação da
lavoura, independente do sistema de produção, orgânico ou convencional. No
entanto, é escasso o conhecimento da influência das plantas daninhas sobre as
pragas e os organismos benéficos no Brasil.
Independente do sistema de cultivo, a cultura do café é atacada por
vários insetos e ácaros, causando perdas no rendimento e na qualidade do
produto final que é a bebida. Dentre os ácaros-praga destacam-se o ácaro-
vermelho do cafeeiro Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae), o ácaro-plano Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) (Acari:
Tenuipalpidae) e o ácaro-branco Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904)
(Acari: Tarsonemiidae). Associados a esses ácaros-praga, estão os ácaros
predadores, que têm importância fundamental na manutenção da população dos
ácaros-praga em níveis baixos. No entanto, as grandes áreas de monocultivos se
7
tornam um ambiente hostil para os predadores, diminuindo fontes alternativas de
alimentos.
O ácaro-praga B. phoenicis é um ácaro de coloração alaranjada, cujas
fêmeas medem em torno de 0,5 mm e seus ovos também são de cor alaranjada a
vermelho. A fêmea, geralmente, coloca os ovos em local protegido, como fendas
nos ramos, nervuras das folhas, frutos, exúvias de insetos ou, mesmo, da própria
espécie e também próximo a grânulos de poeira. Do ovo eclode uma larva de cor
vermelha e com três pares de pernas, que sofre uma ecdise, passando para
protoninfa e depois para deutoninfa e, em seguid,a para a fase adulto, todos com
quatro pares de pernas. O ciclo é influenciado principalmente pela temperatura
(Chiavegato, 1986).
Esse ácaro foi descrito em 1939, a partir de espécimes coletados em
palmácea, Phoenix sp., em casa de vegetação, na Holanda. No entanto, o B.
phoenicis não é originário da Holanda e sim da região do mediterrâneo
(Gonzalez, 1975).
No Brasil, B. phoenicis tem sido relatado desde 1951 (A Infestação...,
1951) e, posteriormente, foi relacionado com a mancha-anular do cafeeiro, que é
causada por um vírus do grupo dos Rhabdovírus (Chagas, 1973). Essa doença,
até 1988, ainda não tinha representado problema econômico para a cultura do
café, embora, em 1986, tenha sido associada a uma intensa desfolha ocorrida
devido a um inverno seco, condição favorável ao ácaro (Chagas, 1988).
Em citros, a leprose, doença transmitida pela mesma espécie de ácaro, B.
phoenicis, é muito preocupante, pois ataca os frutos, causando lesões na casca e
prejudicando a sua comercialização como frutos “in natura”. Nas plantas, ataca
as partes vegetativas e reprodutivas, provocando queda das folhas, frutos e
partes florais. Esse ácaro-praga é responsável por um gasto anual com produtos
químicos para o seu controle de, aproximadamente, 75 milhões de dólares, ou
seja, próximo de 56% do custo de produção (Rodrigues et al., 2001).
8
A partir dos anos 1990, destacando-se o ano de 1995, a infestação do
ácaro B. phoenicis e da mancha-anular tem sido relatada em Minas Gerais,
provocando intensa desfolha em cafeeiros, principalmente na região do Alto
Paranaíba. Ele foi constatado também em outras regiões cafeeiras do Brasil,
tanto em cafeeiro arábica, quanto em canéfora (Reis et al., 2000).
Cafeeiros infestados e com sintomas de ataque do ácaro ficam
desfolhados de dentro para fora. Os frutos apresentam lesões cor de ferrugem,
evoluindo, posteriormente, para uma cor negra e alguns ficam recobertos por
fungos oportunistas (Reis et al., 2000).
Mendonça et al. (1999) encontraram esse ácaro associado a cafeeiros no
município de Machado, MG, tendo sido coletados, nos meses de junho e julho
de 1995, 34 espécimes em cafeeiros nos quais não foram aplicados inseticidas
fosforados e 196 espécimes em cafeeiros com aplicação de fosforados. Foi
constatado um menor número de ácaros predadores no campo tratado, tendo sido
encontrados 111 espécimes de ácaros fitoseídeos, enquanto no campo não
tratado foram encontrados 288 espécimes. Esse fato poderá explicar a maior
densidade populacional de B. phoenicis no campo tratado, em comparação com
o não tratado.
Reis et al. (2000), estudando a flutuação populacional de B. phoenicis na
região do Sul de Minas, constataram sua ocorrência durante o ano todo, porém,
em menor número no período compreendido entre outubro-novembro a
fevereiro-março, coincidindo com a época das chuvas e temperaturas médias
mais elevadas. A maior população foi observada no período mais seco do ano e
com temperaturas amenas, que ocorrem de abril setembro e na parte interna do
terço inferior da planta de café.
Aspectos biológicos desse ácaro, estudados sobre folhas de cafeeiro em
laboratório, mostraram período embrionário de, aproximadamente, 10,7 dias;
larval, de 3,1 dias; protoninfa, de 2,0 dias e deutoninfa 2,0 dias. A duração do
9
período ovo-adulto é de 25,2 dias e a longevidade é de 27,5 dias (Teodoro &
Reis, 2006).
o ácaro O. ilicis é considerado praga de azaleia, camélia, nogueira e
coníferas nos EUA; arroz, loureiro, chá e azevinho no Japão, e cafeeiro no Brasil
(Jeppson et al. 1975).
No Brasil, a primeira referência ao ácaro O. ilicis atacando cafeeiro foi
no estado de São Paulo, em 1950, na época referido como Paratetranychus
ununguis (Jacobi, 1905) (A Infestação..., 1951).
Essa espécie, conhecida como ácaro-vermelho do cafeeiro, é observada
na face superior das folhas que, quando atacadas, apresentam-se recobertas por
uma delicada teia, tecida pelo próprio ácaro. Para se alimentar, perfuram as
células e absorvem o conteúdo celular. Em consequência, as folhas perdem o
brilho natural, tornando-se bronzeadas. Períodos de seca ou com estiagem
prolongada são condições propícias à proliferação do ácaro, podendo provocar
desfolha. Em lavouras novas e em formação, pode ocorrer retardamento no
desenvolvimento das plantas de café (Reis & Souza, 1986).
A utilização de inseticidas piretroides no controle do bicho-mineiro
Leucoptera coffeella (Guérin-Mèneville & Perrottet, 1842) (Lepidoptera:
Lyonetiidae) tem causado acentuado aumento no número desse ácaro em
cafeeiros (Ferreira et al., 1980; D
antonio et al., 1981; Oliveira, 1998). Além dos
piretroides, os inseticidas do grupo dos neonicotinoides aplicados no controle do
bicho-mineiro também podem provocar aumento nas populações do ácaro-
vermelho (San Juan et al., 2007). Outro fator que, possivelmente, tem
contribuído para o aumento da densidade populacional dessa mesma espécie de
ácaro-praga é o uso excessivo de fungicidas cúpricos para o controle da
ferrugem do cafeeiro Hemileia vastatrix (Berk et Br.), como foi evidenciado por
Reis et al. (1974) e Paulini et al. (1975).
10
Mendonça et al. (1999), com o objetivo de identificar o complexo de
ácaros que ocorre no cafeeiro, em campos com e sem pulverização de
inseticidas, no município de Machado, região Sul de Minas, constataram que o
ácaro-vermelho do cafeeiro, O. ilicis, foi a única espécie de Tetranychidae
encontrada nos dois campos em estudo. Essa espécie foi constatada sempre em
níveis superiores, quando comparada com as demais espécies de ácaros fitófagos
coletados.
Em relação aos aspectos biológicos desse ácaro, a oviposição é feita ao
longo das nervuras, na face superior das folhas, sendo o período embrionário de,
aproximadamente, 5,5 dias (Reis et al., 1997). Dependendo da temperatura, a
eclosão ocorre entre 6 a 10 dias (Calza & Sauer, 1952). Oliveira (1984), apud
Reis et al. (1997), observou que, à temperatura de 25ºC, o período embrionário
foi de 5,2 dias.
Quando recém-eclodidas, as formas imaturas desse artrópode são
denominadas larvas, assemelhando-se aos insetos por possuírem três pares de
pernas, coloração rósea e serem piriformes, locomovem-se com dificuldade e
apresentam duração média de 1,6 dia. Após esse período o ácaro recebe a
denominação de ninfa, possuindo quatro pares de pernas, sendo, portanto,
octópodes, assemelhando-se aos adultos, passando por dois estádios, o primeiro
denominado protoninfa e o segundo, conhecido como deutoninfa, ambos com
duração média de 1,2 dia (Reis et al., 1997).
O ciclo total de ovo a adulto para fêmeas é em torno de 11,6 dias e, para
machos, de 11,8 dias, quando a temperatura é de 25ºC. Calza & Sauer (1952)
relataram que esse período variou de 11 a 17 dias, com média de 14 dias, à
temperatura de 23,4ºC.
A longevidade de fêmeas é de, aproximadamente, 24 dias e a dos
machos, 23 dias. Os machos são mais ativos, menores que as fêmeas, com o
corpo afilando acentuadamente para a parte posterior, conferindo-lhe o aspecto
11
cuneiforme, e apresentando pernas mais longas. A fêmea é de formato quase
oval, de coloração vermelho-escuro, apresentando fecundidade média de 22
ovos (Reis et al., 1997).
Essas espécies de ácaros-praga são constantemente atacadas por
predadores (insetos e ácaros), ressaltando a falia Phytoseiidae de ácaros
predadores, a principal e que, numericamente, é a mais encontrada no
agroecossistema cafeeiro. No Brasil, são relatadas 144 espécies em 25
gêneros (Moraes et al., 2004). São ácaros de coloração clara, movimentos
rápidos, facilmente vistos a olho nu na fase adulta e que possuem cinco
estágios de desenvolvimento: ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto.
Geralmente, as escies encontradas no agroecossistema cafeeiro são
espécies generalistas (Flechtmann, 1989; McMurtry, 1992; Moraes &
Flechtmann, 2008).
No agroecossistema cafeeiro são encontradas varias espécies de
ácaros predadores pertencentes à falia Phytoseiidae, como: Euseius
concordis (Chant, 1959), Amblyseius herbicolus (Chant, 1959),
Amblyseius compositus Denmark e Muma 1973, Iphiseiodes zuluagai
Denmark e Muma 1972, Euseius citrifolius Denmark e Muma 1970 e
Euseius alatus DeLeon 1966, atuando sobre os principais ácaros fitófagos
B. phoenicis, O. ilicis e P. latus, mantendo-os em baixa populão e, com
isso, diminuindo os prejuízos à cultura e o número de aplicações de
produtos fitossanitários (Pallini Filho et al., 1992; Reis et al., 2000;
Spongoski et al., 2005; Franco et al., 2008; Mineiro & Sato, 2008).
Em estudo da flutuação populacional do ácaro B. phoenicis em cafeeiro,
Reis et al. (2000) relataram também que as espécies mais abundantes de ácaros
predadores são pertencentes à família Phytoseiidae: Euseius alatus (58%),
Amblyseius herbicolus (33,6%), Amblyseius compositus (6,9%) e Iphiseiodes
zuluagai com 1,5% do total de ácaros predadores encontrados. Essa composição
12
pode, entretanto, variar conforme a região e a época do ano em que for feito o
levantamento.
Este trabalho foi realizado com os objetivos de fazer um levantamento
da ocorrência de ácaros predadores, pragas e generalistas, em cafeeiros
conduzidos nos sistemas orgânico e convencional; estudar a influência da
precipitação pluvial sobre os ácaros em cultivo orgânico e convencional de café
e estudar a influência da cobertura vegetal do solo na população de ácaros-praga
e de predadores encontrados no cafeeiro.
13
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A INFESTAÇÃO de ácaros nos cafezais. Biológico, São Paulo, v.17, n.7, p.130,
1951.
ANUÁRIO BRASILEIRO DO CAFÉ 2008. Santa Cruz do Sul. 2008. 128p.
AGRIANUAL. Alimentos orgânicos: selo para garantir origem e qualidade.
São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 2000. p. 65-66.
ALCÂNTARA, E. N. Efeito de diferentes métodos de controle de plantas
daninhas na cultura do cafeeiro (Coffea arabica L.) sobre a qualidade de um
latossolo roxo distrófico. 1997. 133p. Tese (Doutorado em Fitotecnia)
Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1997.
ALCÂNTARA, E.N.; FERREIRA, M.M. Efeitos de métodos de controle de
plantas daninhas na cultura do cafeeiro (Coffea arabica L.) sobre a qualidade
física do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 24, p. 711-721,
2000.
ALTIERI, M. A. How best can we use biodiversity in agroecosystems. Outlook
on Agriculture. v. 20, p. 15-23, 1991.
ALTIERI, M. A.; LETOURNEAU, D. K. Vegetation management and
biological control in agroecosystems. Crop Protection, v. 1, n. 4, p. 405-430,
1982.
ALTIERI, M. A.; SILVA, E. N.; NICHOLLS, C. I. O papel da biodiversidade
no manejo de pragas. Ribeirão Preto: Holos, 2003. 226 p.
ALTIERI, M. A.; NICHOLLS, C. I. Biodiversity and pest managemente in
agroecosystems. 2. ed. New York: Food Products Press , 2004. 236 p.
BELLINI, M. R.; MORAES, G. J. de; FERES, R. J. F. Plantas de ocorrência
espontânea como substratos alternativos para fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae)
em cultivos de seringueira Hevea brasilienses Muell. Arg. (Euphorbiaceae).
Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba. v. 22, n. 1, p. 35-42, mar. 2005.
CALZA, R.; SAUER, H. F. G. Aranha vermelha dos cafezais. Biológico, São
Paulo, v. 18, n. 12, p. 201-208, dez. 1952.
14
CAIXETA, I. F.; PEDINI, S. Comercialização de café orgânico. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 23, n. 214/215, p. 7-13, 2002.CHAGAS,
C.M. Associação do ácaro Brevipalpus phoenicis (Geijskes) à mancha anular do
cafeeiro. Biológico, São Paulo, v.39, n.9, p.229-232, 1973.
CHAGAS, C.M. Viroses, ou doenças semelhantes transmitidas por ácaros
tenuipalpídeos: mancha anular do cafeeiro e leprose dos citros. Fitopatologia
Brasileira, Brasília, v.13, n.2, p.92, 1988.
CHIAVEGATO, L. G., Biologia do ácaro Brevipalpus phoenicis em citros.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 21, p. 813-816, 1986.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Informações
estatísticas sobre a safra de café no Brasil. Disponível em:
<http://www.conab.gov/download/safracafe.pdf>. Acesso em 5 fev. 2009.
D’ANTONIO, A.M.; PAULA, V. de; GUERRA NETO, E.G. Estudo do
comportamento de diversos inseticidas piretroides sobre a população de ácaro
vermelho do cafeeiro, Oligonychus (O.) ilicis (McGregor, 1919) e sobre o bicho
mineiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 9.,
São Lourenço, 1981. Resumos... Rio de Janeiro: IBC/GERCA, 1981. p. 250-
253.
DEUBER, R. Cncia das plantas daninhas: fundamentos. Jaboticabal:
FUNEP, 1992. v. 1, 431 p.
FERREIRA, A.J.; PAULINI, A.E.; D’ANTONIO, A.M.; GUIMARÃES, P.M.;
PAULA, V. de. Misturas de piretroides sintéticos com acaricidas com a
finalidade de controle simultâneo de bicho-mineiro - Perileucoptera coffeella
(Guérin-Menéville, 1842), sobre os níveis populacionais do ácaro vermelho -
Oligonychus (O.) ilicis (McGregor, 1919). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PESQUISAS CAFEEIRAS, 8., Campos do Jordão, 1980. Resumos... Rio de
Janeiro: IBC/GERCA, 1980. p. 25-29.
FLECHTMANN, C. H. W. Ácaros de importância agrícola. São Paulo: Nobel,
6. ed. 1989. 189p.
FRANCO, R. A.; REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S.; ALTOÉ, B. F.; PEDRO
NETO, M. Dinâmica populacional de Oligonychus ilicis (McGregor) (Acari:
Tetranychidae) em cafeeiro e de fitoseídeos associados a ele. Coffee Science,
Lavras, v. 3, n.1, p. 38-46. 2008.
15
FRIZZAS, M. R. Levantamento de insetos em plantas daninhas na
entressafra das culturas da soja e do milho em Jaboticabal (SP), 1998. 102
p. Dissertação (Mestrado em Entomologia) Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1998.
GALETI, P. A. Pelos caminhos do café. Campinas: CATI, 2004. 178 p.
GONZALES, P. H. Revision of the Brevipalpus phoenicis “complex” with
descritions of new especies from Chile and Thailand (Acarina: Tenuipalpidae).
Acarologia, Paris, v. 17, n. 1, p. 81-91, 1975.
JEPPSON, L. R.; KEIFER, H. H.; BAKER, E. W. Mites injurious to economic
plants. Berkeley: University of California Press, 1975. 614 p.
KRUG, C. A. World coffee survey. Roma: FAO. 1959. 292 p.
LEITE, C. A. M. Avaliação da cafeicultura nos últimos anos. Viçosa: UFV,
2005. 56p.
LIMA, P. C.; CARDOSO. I. M.; SOUZA, H. N.; MOURA, W. M.;
MENDONÇA, E.S.; PERTEL. J. Sistemas de produção agroecológicos e
orgânicos dos cafeicultores familiares da Zona da Mata mineira. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 26, p. 28-44, 2005. Edição especial.
LORENZI, H. Manual de identificação e de controle de plantas daninhas:
plantio direto e convencional. 5. ed. Nova Odessa: Plantarum, 2000. 339p.
McMURTRY, J. A. Dynamics and potential impact of ‘generalist’ photoseiids in
agroecosystems and possibilities for establishment of exotic species.
Experimental and Applied Acarology, v. 14, p. 371-382, 1992.
MENDONÇA, R.S.; PALLINI FILHO, A.; SILVA, E.M. da; PINTOR, M.
Espécies de ácaros associados ao cafeeiro (Coffea arabica L.) em Machado,
Região Sul de Minas Gerais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS
CAFEEIRAS, 25., Franca, 1999. Trabalhos Apresentados... Rio de Janeiro:
MAA/PROCAFÉ, 1999. p.117-118.
MINEIRO, J. L. C.; SATO, M. E Ácaros plantícolas e edáficos em
agroecossistema cafeeiro. Bilógico, São Paulo, v. 70, n. 1, p. 25-28. 2008.
16
MONTEIRO, L. B.; SOUZA, de A.; WERNER, A. L. Efeito do manejo de
plantas daninhas sobre Neoseiulus californicus (Acari: Phytoseiidae) em pomar
de macieira. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n. 3, p. 680-
682, dez. 2002.
MORAES, G. J.; FLECHTMANN, C. H. W. Manual de Acarologia: acarologia
básica e ácaros de plnatas cultivadas no Brasil. Ribeirão Preto: Holos. P. 308.
2008.
MORAES, G. J.; McMURTRY, J. A.; DENMARK, H. A.; CAMPOS, C. B. A
revised catalog of the family Phytoseiidae. Zootaxa, Auckland, v. 434, 494 p.,
2004.
ORGANIZÃO INTERNACIONAL DO CAFÉ. Análise agroeconômico do
café cultivado: definições, análise de mercado e viabilidade econômica. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 23, n. 214/215, p. 7-13, 2002.
OLIVEIRA, C. A. L. Efeito de deltrametrina na biologia de Oligonychus ilicis
(McGregor) (Acari: Tetranychidae) em laboratório. Λ
ΛΛ
Λnais da Sociedade
Entomológica do Brasil, Itabuna, v. 27, n. 3, p. 459-467, 1998.
OLIVEIRA, N. C., Efeito de diferentes sistemas de manejo de plantas
invasoras sobre o controle biológico e incidência de Cínara athantica
(Hemiptera: Aphididae) em Pinus taeda e biologia de coccinelídeos
(Coleoptera). 2003. 74 p. Dissertação (Mestrado em Proteção de Plantas)
UNESP- Botucatu, Botucatu, 2003.
PALLINI FILHO, A.; MORAES, G.J.; BUENO, V.H.P. Ácaros associados ao
cafeeiro (Coffea arabica L.) no Sul de Minas Gerais. Ciência e Prática, Lavras,
v.16, n.6, p.303-307. 1992.
PAULINI, A.E.; MIGUEL, A.E.; MANSK, Z. Efeito de fungicida sobre o
aumento da população do ácaro vermelho Oligonychus (O.) ilicis (McGregor,
1919) em cafeeiros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS
CAFEEIRAS, 3., Curitiba, 1975. Resumos... Rio de Janeiro: IBC/GERCA,
1975. p.38-40.
PINHEIRO, S.; AURVALLE, A.; GUAZZELL, M. J. Agropecuária sem
veneno. Porto Alegre: L&PM Editores Ltda, 1985. 128p.
PITELLI, R. A. Competição e controle das plantas daninhas em áreas agrícolas.
Série técnicas IPEF, Piracicaba, v. 4, n. 12, p 1-24, 1987.
17
PRADO, S. P. A. O primeiro ciclo do café no Brasil. São Paulo: Editora
Obelisco, 1977. p. 174.
REIS, P. R.; SOUZA, J. C.; PEDRO NETO, M.; TEODORO, A. V. Flutuação
populacional do ácaro da mancha-anular do cafeeiro e seus inimigos naturais. In:
SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 1., 2000, Poços de
Caldas. Resumos Expandidos.... Brasília: Embrapa-Ca, 2000. p. 1210-1212.
REIS, P.R.; ALVES, E.B.; SOUZA, E.O. Biologia do ácaro-vermelho do
cafeeiro Oligonychus ilicis (McGregor, 1917). Ciência e Agrotecnologia,
Lavras, v.21, n.3, p.260-266, jul/set., 1997.
REIS, P.R.; SILVA, C.M. da; CARVALHO, J.G. de. Fungicida cúprico atuando
como fator de aumento de população do ácaro Oligonychus (O.) ilicis
(McGregor, 1919) (Acari: Tetranychidae) em cafeeiro. Fitopatologia, Lima, v.
9, n.2, p.67, 1974.
REIS, P.R.; SOUZA, J.C. Pragas do cafeeiro. In: RENA, A.B.; MALAVOLTA,
E.; ROCHA, M.; YAMADA, T. (eds.). Cultura do cafeeiro; fatores que afetam
a produtividade. Piracicaba: POTAFOS, 1986. p. 323-378.
RODRIGUES, J. C. V.; CHILDERS, C. C.; KITAJIMA, E. W.; MACHADO,
M. A.; NOGUEIRA, N. L. Uma estratégia para o controle da leprose dos citros.
Laranja, Cordeirópolis, v. 22, n.2, p. 411-423, 2001.
RONCHI, C. P.; SILVA, A. A.; FERREIRA, L. R. Manejo de plantas
daninhas em lavouras de café. Viçosa : Suprema , 2001. 94p.
ROOT, R. B. Organization of plant-arthropod association on simple and diverse
habitats: the fauna of collards (Brassica oleracea). Ecological Monographs,
Washigton, v. 43, n. 1, p. 95-124, 1973.
SAN JUAN, R. C. C.; FIORELLI, J. H.; MATIELLO, J. B.; PAIVA, R. N.;
REIS, R. P.; ANDRADE, R. J.; RAMOS, S. V. Quantificação do nível de dano
pelo ataque do ácaro-vermelho do cafeeiro no Sul de Minas. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 33., Lavras, 2007. Trabalhos
Apresentados… Varginha: MAPA/PROCAFÉ, 2007. p. 72-73.
SANTOS, M. N. Métodos de controle de plantas daninhas na cultura de
cafeeiro e seus efeitos na agregação e em frações da matéria orgânica do
solo. 2005. 64 p. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Lavras, Lavras,
MG, 2005.
18
SOUZA, I. F. Controle biológico de plantas daninhas. Informe Agropecuário
Belo Horizonte, v. 15, n. 167, p. 77-82, 1991.
SPONGOSKI, S.; REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S. Acarofauna da cafeicultura
de cerrado em Patrocínio, Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.
29, n. 1, p. 9-17, jan./fev. 2005.
TEODORO, A. V.; REIS, P. R. Reproductive performance of the mite
Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) on citrus and coffee, using life table
parameters. Brazilian Journal of Biology, São Carlos, v. 66, n. 3, p. 899-905,
2006.
UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Relatório e
recomendações sobre agricultura orgânica. Brasília: CNPq, 1984. 128 p.
VENZON, M.; ROSADO, M. C.; EUSEBIO, D. E.; PALLINI, A. Controle
biológico conservativo. In: VENZON, M.; PAULA JR, T. J. P.; PALLINI, A.
(Org) Controle alternativo de pragas e doenças. Visconde do Rio Branco:
Suprema. p. 1-22. 2005.
YUSSEFI, M.; WILLER, H. Organic farming 2007: Overview & main statistics.
In: WILLER, H.; YUSSEFI, M. (Eds.) The World of organic agriculture:
statistics and emerging trends 2007. 9. ed., Bonn: IFOAM. 2007. p. 9-16.
19
ARTIGO 1
EFEITO DO MANEJO DAS PLANTAS ADVENTÍCIAS NA
DIVERSIDADE DE ÁCAROS EM CAFEEIRO ORGÂNICO
EFFECT OF THE MANAGEMENT OF ADVENTITIOUS PLANTS ON
THE DIVERSITY OF MITES IN ORGANIC COFFEE PLANT
(Preparado de acordo com as normas da revista “Ciência e Agrotecnologia”)
20
EFEITO DO MANEJO DAS PLANTAS ADVENTÍCIAS NA
DIVERSIDADE DE ÁCAROS EM CAFEEIRO ORGÂNICO
RESUMO
Na agricultura orgânica, não é permitido o uso de produtos sintéticos para
o controle das pragas. Métodos que permitam a manutenção e um possível
aumento do número de inimigos naturais no cafeeiro são importantes para manter
o número das pragas em níveis baixos. Dessa forma, o presente trabalho foi
realizado com o objetivo de estudar o efeito do manejo das plantas adventícias na
diversidade de ácaros em cafeeiro produzido organicamente, no período de junho
2006 a junho 2008, em Santo Antônio do Amparo, MG. O experimento consistiu
de cinco tratamentos e cinco repetições cada um, com quatro tipos de manejos
das plantas adventícias (roçadas alternadas, capina manual, roçada, capina
manual/plantas sem manejo e testemunha sem manejo) nas entrelinhas.
Mensalmente, foram coletadas 25 folhas de cafeeiro e folhas de duas espécies de
plantas adventícias, uma de folha larga e outra de folha estreita, em cada
repetição. As folhas coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos e levadas
ao laboratório e feita a extração dos ácaros pelo método da lavagem. O material
resultante foi analisado sob microscópico estereoscópico e feita a montagem dos
ácaros em lâminas e identificados, sempre que possível, em nível de espécie.
Concluiu-se que em geral o manejo das plantas daninhas influenciou
positivamente no número do ácaro predador Euseius citrifolius Denmark e Muma
1973 (Phytoseiidae). O não manejo das plantas adventícias foi benéfico aos
ácaros predadores Euseius concordis (Chant, 1959) (Phytoseiidae) e Neoseiulus
affs mumai (Denmark, 1965) (Phytoseiidae). As plantas adventícias são
hospedeiras de ácaros-praga do cafeeiro, como Brevipalpus phoenicis (Geijskes,
1939) (Tenuipalpidae) e os ácaros predadores Euseius alatus DeLeon 1966
(Phytoseiidae), E. concordis e E.citrifolus.
Termos para indexação: acarologia agrícola, Coffea arabica, plantas daninhas,
manejo ecológico de pragas, ácaros predadores.
21
EFFECT OF THE MANAGEMENT OF ADVENTITIOUS PLANTS ON
THE DIVERSITY OF MITES ON ORGANIC COFFEE PLANT
ABSTRACT
In organic farming, the use of synthetic chemicals for pest control is not
allowed. Methods which enable the maintenance and a possible increase in the
number of the natural enemies in the coffee plant are important to maintain the
number of pests at low levels. Thus, the objective of the present work was to
study the effect of the management of the adventitious plants on the diversity of
mites on coffee plants produced organically over the period of June, 2006 to
June, 2008, at Santo Antônio do Amparo, MG. The experiment consisted of five
treatments and five replicates each, with four sorts of managements of the
adventitious plants (alternated clearings; manual hoeing; clearings; manual
hoeing/plants with no management and control with no management) in the
inter-rows. 25 coffee plant leaves and leaves of two species of adventitious
plants were collected monthly, one broad-leaved and the other narrow-leaved, in
each replicate. The leaves collected were packed in plastic bags and taken to the
laboratory and mite extraction done by the washing method. The resulting
material was analyzed under stereoscopic microscope and mounting of the mites
was done on slides and identified whenever possible at species level. It follows
that, in general, weed management influenced positively the number of predator
mites Euseius citrifolius Denmark and Muma 1973 (Phytoseiidae). The non-
management of weeds was beneficial to predator mites Euseius concordis
(Chant, 1959) and Neoseiulus affs mumai (Denmark, 1965) (Phytoseiidae). The
adventitious plants are hosts of coffee pest mites as Brevipalpus phoenicis
(Geijskes, 1939) (Tenuipalpidae) and predator mites Euseius alatus DeLeon
1966 (Phytoseiidae), E. concordis and E.citrifolus.
Index terms: Agricultural acarology, Coffea arabica, adventitious plants,
ecologic pest management, predator mites.
22
INTRODUÇÃO
Cerca de 120 países, em todo o mundo, produzem em alimentos
orgânicos certificados em quantidades comerciais A produção orgânica consiste
na ausência de produtos sintéticos para o controle de pragas, doenças e correção
da fertilidade do solo (YUSSEFI & WILLER, 2007). No Brasil, essa modalidade
de produção intensificou-se em meados da década de 1990, tornando-se
evidentes a produção e o consumo desses produtos considerados “limpos” e com
crescimento de 10% ao ano (CAIXETA & PEDINI, 2002). Os maiores
produtores de café orgânico são México, Costa Rica, Guatemala, Nicarágua e
Peru. O Brasil é o produtor mundial, com produção de 80 mil sacas, o que
representa 0,2% da sua produção total (MOREIRA, 2003).
Um desafio da cafeicultura orgânica é o controle ou o manejo adequado
das plantas adventícias, consideradas aquelas que se desenvolvem entre as
plantas e entre as linhas de cafeeiros. Essas plantas competem por água,
nutrientes e iluminação, podem ocasionar perdas de 60% a 80% da produção
(BLANCO et al., 1982) e apresentam custo elevado de controle. Contudo, se
bem manejadas, podem propiciar alguns benefícios às lavouras, como
fornecimento de matéria orgânica que possibilita o aumento da fauna e a
disponibilidade de nutrientes às plantas (ALCÂNTARA & FERREIRA, 2000) e
refúgio de inimigos naturais das principais pragas da cultura (ALTIERI &
NICHOLLS, 2004).
Dos ácaros-praga, Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae), Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) (Acari: Tenuipalpidae) e
Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904) (Acari: Tarsonemidae) (REIS et al.,
2002; REIS & ZACARIAS, 2007; REIS et al., 2008) são os mais importantes.
Os ácaros predadores pertencentes à
família Phytoseiidae são os de
maior importância e os mais estudados para o controle biológico aplicado, tanto
23
em cultivos protegidos como em cultura conduzida a campo aberto. Algumas
espécies da família Phytoseiidae, como Euseius concordis (Chant, 1959),
Amblyseius herbicolus (Chant, 1959), Amblyseius compositus Denmark e
Muma 1973, Iphiseiodes zuluagai Denmark e Muma 1972, Euseius
citrifolius Denmark e Muma 1970 e Euseius alatus DeLeon 1966, estão
associados aos principais ácaros-praga da cultura cafeeira (PALLINI FILHO et
al., 1992; REIS et al., 2000; REIS & ZACARIAS, 2007; MINEIRO & SATO,
2008).
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito do
manejo das plantas adventícias nas entrelinhas de cafeeiros (Coffee arabica L.)
sobre os ácaros-praga e ácaros predadores em cafezal cultivado no
sistema
orgânico, no período de junho de 2006 a junho 2008.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado na Fazenda Cachoeira, no município de Santo
Antônio do Amparo, MG, em um talhão de 1,0 hectare de cafeeiro Coffea
arabica cv. Catucaí Amarelo com sete anos de idade, conduzido no sistema
orgânico, no espaçamento de 3,60 x 0,75 m. Para o controle de pragas, quando
era necessário, utilizou-se extrato de nim. Para o controle da ferrugem foi
empregado hidróxido-de-cobre e a correção da fertilidade do solo foi feita com
casca de café, torta de mamona e restos de plantas adventícias após a roçada nas
entrelinhas. Foram efetuados quatro tipos de manejo das plantas adventícias nas
entrelinhas do cafeeiro: roçadas alternadas (RA) capina manual (C), roçada (R),
capina manual/plantas sem controle (C/SC) e plantas sem controle (SC) como
testemunha, possíveis de serem usados pelos produtores. Cada tipo de manejo
continha 5 repetições, com 19 plantas de cafeeiro, sendo 15 plantas como parte
24
útil da parcela para coleta de 25 folhas ao acaso, num total de 125 folhas,
mensalmente, por tratamento. Em delineamento de blocos casualizados.
As folhas de cafeeiro foram coletadas na parte interna e no terço dio
das plantas. As coletas de folhas das plantas adventícias nas entrelinhas foram
realizadas naquelas plantas predominantes no dia da coleta, feita no início de
cada mês. A área útil para coleta das plantas adventícias continha uma faixa de,
aproximadamente, de 1,2 m largura e 11,25 m de comprimento. Foram coletadas
folhas de duas plantas, uma de folha larga e outra de folha estreita (família
Poaceae), em cada parcela. Tanto as folhas de cafeeiro quanto das plantas
adventícias foram acondicionadas em sacos plásticos de 5 litros e transportadas
para o laboratório da Epamig Sul de Minas/EcoCentro, em Lavras, MG, onde
foram mantidos em geladeira, a 10ºC, até o preparo das amostras, pelo método
de lavagem das folhas (SPONGOSKI et al., 2005).
Para a extração dos ácaros das folhas de cafeeiros e das plantas
adventícias, cada amostra recebeu de 1 a 2 litros de água, e gotas de detergente
no saco plástico com a função de quebrar a serosidade das folhas e, em seguida,
realizada a agitação da amostra, por 15 segundos, aproximadamente. O líquido
resultante foi passado em peneira granulométrica de 325 mesh, retendo assim os
ácaros fitófagos e predadores que estivessem presentes naquelas folhas
coletadas. O enxágue foi repetido somente com água, para a remoção de alguns
ácaros que ficaram aderidos ao saco plástico ou, mesmo, nas folhas. O material
retido na peneira foi transferido para frasco plástico com capacidade 30 ml, com
auxílio de pisseta com álcool 70%, a partir de jatos desse líquido. Para a
identificação das plantas adventícias foi utilizado, como referência, Lorenzi
(2000).
Os dados de números de ácaros encontrados no cafeeiro orgânico foram
transformados em
5,0+x
,
buscando atender às pressuposições de
normalidade e de variâncias homogêneas, e submetidos à análise de variância,
25
seguida de teste de médias de Scott Knott, a 5% de significância (FERREIRA,
2000).
A análise faunística foi feita por meio do programa ANAFAU
(MORAIS et al., 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O manejo das plantas adventícias nas entrelinhas influenciou a presença
de três ácros ácaros predadores: o E. citrifolius, que apresentou médias maiores,
não diferindo entre si, nos tratamentos (RA), (C) e (R); as médias dos
tratamentos C/SM e SM foram inferiores e não houve diferença significativa
entre elas e os ácaros predadores E. concordis e Neoseiulus affs. mumai
(Denmark, 1965) (Acari: Phytoseiidae), tendo ambos mostrado médias maiores
no tratamento (SM), diferindo dos demais tratamentos (Tabela 1). Os resultados
encontrados para E. concordis e N. affs. Mumai, foram semelhantes aos obtidos
por Monteiro et al. (2002) que observaram maior abundância do ácaro predador
Neoseiulus californicus (McGregor, 1954) (Acari: Phytoseiidae) nas parcelas em
que as plantas adventícias se desenvolveram entre as plantas de macieiras
(Malus domestica L.). As demais espécies de predadores não diferiram entre os
manejos das plantas adventícias nas entrelinhas (Tabela 1).
Dos ácaros fitófagos e generalistas encontrados no cafezal conduzido no
sistema orgânico, somente o generalista Rhizoglyphus sp. (Acaridae) apresentou
diferença entre os manejos adotados para as plantas adventícis, sendo observado
somente no tratamento (RA) (Tabela 2).
Indiferente da espécie de ácaros observada, as médias encontradas são
baixas, possivelmente, por este ambiente encontrar-se em equilíbrio faunístico.
26
Isto ocorre por vários fatores, como o não uso de produtos químicos e o aumento
da biodiversidade de plantas na área experimental.
Diante desses resultados, pode-se inferrir que o manejo adequado das
plantas adventícias nas entrelinhas ou nas bordas das culturas é benéfico a
espécies de ácaros predadores, funcionando como reservatório de espécimes
predadoras e alimento alternativo para essas.
27
TABELA 1 - Médias (±erro padrão) do número de ácaros predadores (P) encontrados em cafeeiro orgânico, em diferentes
manejos de plantas adventícias, no período de junho 2006 a junho 2008. Santo Antonio do Amparo, MG
.
Manejo
E.
citrfolius
E.
concordis
E.
alatus
A.
herbicolus
I.
zuluagai
A.
compositus
N.
tunus
N.
mumai
T.
manglea
Phytoseius
horridus
P.
mexicanus
Agistemus
sp.
Pronematus
sp.
RA 0,51 a
(0,10)
0,54 b
(0,10)
0,03
(0,02)
0,02
(0,01)
0,01
(0,01)
0,02
(0,01)
0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,00
0,02
(0,01)
0,01
(0,01)
C 0,50 a
(0,09)
0,34 b
(0,08)
0,02
(0,01)
0,00
(0,00)
0,01
(0,01)
0,01
(0,01)
0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,00
0,03
(0,02)
0,11
(0,05)
R 0,50 a
(0,08)
0,33 b
(0,07)
0,00
(0,00)
0,01
(0,01)
0,01
(0,01)
0,01
(0,01)
0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,00
0,02
(0,01)
0,11
(0,06)
C/SM 0,10 b
(0,03)
0,41 b
(0,08)
0,01
(0,01)
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 b
0,01
(0,01) 0,01 (0,01)
0,00 0,00
0,16
(0,05)
SM 0,22 b
(0,07)
0,86 a
(0,20)
0,01
(0,01)
0,00 0,00 0,00
0,01
(0,01)
0,03 a
(0,02)
0,01
(0,01)
0,00
0,01
(0,01)
0,02
(0,01)
0,07
(0,03)
CV(%) 38,52 45,12 8,58 5,05 5,06 6,48 2,92 5,01 4,13 2,92 2,92 10,32 24,67
As médias seguidas de mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si, a 5% de significância, pelo teste de Scott-Knott.
28
TABELA 2 - Médias (±erro padrão) do número de ácaros fitófagos (F) e generalistas (G) encontrados em cafeeiro
orgânico em diferentes manejos de plantas adventícias, no período de junho 2006 a junho 2008. Santo Antonio do
Amparo, MG.
Manejo
O. ilicis
(F)
B. phoenicis
(F)
T. confusus
(G)
Tydeus
sp. (G)
Fungitarsanemus
sp. (G)
L. formosa
(G)
Rhizogliphus
sp. (G)
Daidalotasonemus
sp (G)
T. Bilobatus
(G)
Wintershimidttiidae
(G)
RA
0,36
(0,15)
0,13
(0,04)
0,20 (0,05)
0,43
(0,08)
0,00
0,02
(0,01)
0,02 a (0,01) 0,00 0,00 0,06 (0,02)
C
0,82
(0,27)
0,19
(0,04)
0,16 (0,04)
0,32
(0,06)
0,04 (0,02)
0,02
(0,02)
0,00 b 0,01 (0,01) 0,01 (0,01) 0,03 (0,02)
R
0,41
(0,10)
0,20
(0,05)
0,16 (0,04)
0,22
(0,06)
0,00
0,01
(0,01)
0,00 b 0,00 0,00 0,02 (0,01)
C/SM 0,22
(0,07)
0,31
(0,06)
0,16 (0,05)
0,23
(0,06)
0,02 (0,02)
0,02
(0,01)
0,00 b 0,01 (0,01) 0,00 0,08 (0,03)
SM
0,42
(0,13)
0,21
(0,05)
0,18 (0,04)
0,24
(0,05)
0,05 (0,02)
0,05
(0,05)
0,00 b 0,00 0,00 0,14 (0,05)
V(%) 51,95 29,84 28,68 34,65 11,63 11,36 4,12 4,13 2,92 19,44
As médias seguidas de mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si, a 5% de significância, pelo teste de Scott-Knott.
(F) ácaros fitófagos; (G) generalistas
29
Análise faunística do cafeeiro orgânico
- Foram coletadas 13 espécies de
ácaros predadores, 2 fitófagos e 8 generalistas. As espécies predadoras
E.
concordis
e
E. citrifolius
mostraram-se mais numerosas comparadas às demais
espécies, com 316 e 230 espécimes, respectivamente, classificadas como
dominantes, muito abundantes, muito frequentes e constantes. A espécie
predadora
Pronematus
sp. (Tydeidae) foi dominante, comum e frequente e
acessória. Também as espécies predadoras
Agistemus
sp. (Stigmaeidae) e
E.
alatus
foram dominantes, no entanto, pouco frequentes e acidentais. Já as demais
espécies predadoras,
A. compositus
,
N. affs mumai
,
I. zuluagai
,
A. herbicolus
,
Neoseiulus tunus
(DeLeon, 1967) (Phytoseiidae),
Typhlodromips manglea
DeLeon, 1967 (Phytoseiidae),
Proprioseiops mexicanus
(Garman, 1958)
(Phytoseiidae) e
Phytoseius horridus
Denmark (Phytoseiidae) foram
classificadas como não dominantes e raras no agrossistema cafeeiro orgânico
(Tabela 3).
As espécies de ácaros fitófagas de maior importância,
O. ilicis
e
B.
phoenicis
, foram dominantes, muito frequentes, muito abundantes e constantes.
Dos generalistas, a espécie
Tydeus
sp. foi dominante, muito abundante e muito
frequente (Tabela 3). Os resultados relativos aos ácaros-praga no cafeeiro
O.
ilicis
e
B. phoenicis
se assemelham em quantidades aos obtidos por PALLINI
FILHO et al. (1992); REIS et al. (2000) e SPONGOSKI et al. (2005), para
B
.
phoenicis
e por FRANCO et al. (2008), para
O. ilicis
.
30
TABELA 3 Análise faunística dos ácaros encontrados em cafeeiro (
C
.
arabica
L.) orgânico, em diferentes manejos das plantas adventícias nas entrelinhas, no
período de junho 2006 a junho 2008. Santo Antonio do Amparo, MG.
Espécie
Número
espécimes
Número
coletas
D
1
A
2
F
3
C
4
Euseius concordis
(P)
316 25 D ma MF W
Oligonychus ilicis
(F)
279 22 D ma MF W
Euseius citrifolius
(P) 230 25 D ma MF W
Tydeus
sp.
(G)
181 25 D ma MF W
Brevipalpus phoenicis
(F)
130 25 D ma MF W
Tarsonemus confusus
(F)
108 21 D a MF W
Pronematus
sp. (P)
58 13 D c F Y
Wintershimidttiidae
(G)
41 12 D c F Y
Lorrya formosa
(G)
15 11 D d PF Y
Fungitarsanemus
sp. (G) 14 6 D d PF Y
Agistemus
sp. (P) 13 10 D d PF Y
Euseius alatus
(P)
8 7 D r PF Y
Amblyseius compositus
(P)
5 4 ND r PF Z
Neoseiulus affs. mumai
(P)
3 3 ND r PF Z
Iphiseiodes zuluagai
(P)
3 2 ND r PF Z
Amblyseius herbicolus
(P)
3 2 ND r PF Z
Rizhoghyfus
sp. (G) 2 2 ND r PF Z
Neoseiulus tunus
(P)
2 2 ND r PF Z
Daidalotarsonemus
sp. (G)
2 1 ND r PF Z
Typhlodromips manglea
(P)
2 2 ND r PF Z
Tarsonemus bilobatus
(G)
1 1 ND r PF Z
Proprioseiopsis mexicanus
(P)
1 1 ND r PF Z
Phytoseius horridus
(P)
1 1 ND r PF Z
1
Dominância: (1) Método de Laroca e Meilke (Moraes et al., 2003)
1
Dominância: D – dominante, ND – não dominante.
2
Abundância: ma muito abundante, a abundante, c – comum, d – disperso, r - raro.
3
Frequência: PF – pouco frequente, MF – muito frequante, F – frequente.
4
Constância: W – constante, Y – acessória, Z – acidental.
Análise faunística das plantas adventícias –
Em
Brachiaria decumbens
Stapf.,
encontrada nas entrelinhas da cultura, os ácaros da família Eriophyidae foram
mais numerosos, sendo considerados como superdominantes, superfrequentes,
superabundantes e constantes. A espécie de predador
E. concordis
comumente
31
encontrada na cafeicultura foi a mais numerosa e classificada como dominante,
comum, frequente e acidental;
Pronematus
sp.,
A. compositus
e
E. citrifolius
foram dominantes, raros, pouco frequentes e acitentais.
Assim, a planta adventícia braquiária (
B. decumbens
) pode ser
considerada como reservatório de espécies de importância para a cafeicultura.
Certamente, é devido ao alto número de ácaros fitófagos observados nessa
planta, sem importância para a cultura do cafeeiro, mas sendo alimentos
alternativos para os ácaros predadores.
Dentre os fitófagos de importância para a cafeicultura, somente foi
observado o ácaro da mancha-anular
B. phoenicis
, classificado como o
dominante, frequente, comum e acidental (Tabela 4).
No decorrer do período, foram coletadas 21 espécies de plantas
adventícias de folhas largas, identificadas como apaga-fogo (
Alternanthera
tenella
Colla), soja perene [
Glycine wightii
(Graham ex Wigght & Arn.)Verdc.],
trapoeraba (
Commelina benghalensis
L.), assa-peixe (
Vernonia polysphaera
),
rubim (
Leonurus sibiricus
L.), picão-preto (
Bidens pilosa
L.), leiteiro
(
Euphorbia heterophylla
L.), guanxuma (
Sida rhombifolia
L.), trevo (
Oxalis
latifolia
Kunth), picão-branco (
Galinsoga parviflora
Cav.), erva-quente
(
Spermacoce latifolia
Aubl.), voadeira (
Conzy canadensis
(L.) Cronquist),
quebra-pedra (
Phyllanthus tenellus
Roxb.), fedegoso (
Senna obtusifolia
L. H. S.
Irwin & Barneby), corda-de-viola (
Ipomoea nil
L. Roth), mentrasto (
Ageratum
conyzoides
L.), cipó-de-são-joão (
Pyrostegia venusta
Miers.), erva-de-santa-
luzia (
Chamaesyce hirta
(L.) Millsp.), alecrim-do-campo (
Baccharis
dracunculifolia
DC.), beldoegra (
Portula oleracea
L.) e lobeira (
Solanum
lycocarpum
Saint Hilaire).
32
TABELA 4 Análise faunística de ácaros encontrados em plantas adventícias
de folha estreita, braquiária (
B. decumbes
) nas entrelinhas de cafeeiro conduzido
em sistema de produção orgânica, no período de junho 2006 a junho 2008. Santo
Antonio do Amparo, MG.
Espécie
Número
espécimes
Número
coletas
D
1
A
2
F
3
C
4
Eriophyidae (F) 24626 25 SD sa SF W
Tetranychus
sp.
(F)
534 11 D sa SF Y
Proprioseiopsis
sp.
(P)
183 20 D ma MF W
Fungitarsonemus
sp.
(G)
84 20 D ma MF W
Neoseiulus affs. mumai
(P)
68 19 D ma MF Y
Ascidae (P)
66 13 D ma MF Y
Mononychellus planki
(F)
56 6 D a MF Z
Wintershimidttiidae
(G) 54 18 D c F W
Tydeus
sp.
(G)
39 16 D c F W
Euseius concordis
(P)
38 5 D c F Z
Tetranychus urticae
(F)
20 1 D c F Z
Neoseiulus tunus
(P)
20 10 D c F Y
Proprioseiopsis cannaesis
(P)
16 8 D d PF Y
Brevipalpus phoenicis
(F)
16 7 D d PF Y
Pronematus
sp.
(P)
9 3 D r PF Z
Amblyseius compositus
(P)
9 5 D r PF Z
Proprioseiopsis mexicanus
(P)
8 7 D r PF Y
Euseius citrifolius
(P)
7 5 D r PF Z
Typhlodromips manglea
(P)
5 2 ND r PF Z
Neoseiulus anonymus
(P)
4 2 ND r PF Z
Amblyseius
sp. (P)
2 2 ND r PF Z
Phytoseius horridus
(P)
1 1 ND r PF Z
1
Dominância: (1) Método de Laroca e Meilke. (Moraes et al., 2003)
1
Dominância: SD – superdominante, D – dominante, ND – não dominante.
2
Abundância: ma muito abundante, a abundante, c – comum, d – disperso.
3
Frequência: PF – pouco frequente, MF – muito frequante, F – frequente.
4
Constância: W – constante, Y – acessória, Z – acidental.
Somente 15 espécies das plantas adventícias de folha larga foram
hospedeiras de ácaros (predadores, fitófagos ou generalistas). Ocorreram várias
espécies de ácaros predadores nas plantas adventícias que comumente também
são encontradas em cafeeiro, como
A. compositus
,
E. concordis
,
E. citrifolius
e
33
Pronematus
sp. Essas espécies foram coletadas na maioria das plantas
adventícias de folha larga, mas classificadas em todas como não dominantes,
comuns e pouco frequentes. Esses resultados se assemelham aos encontrados por
Bellini et al. (2005) que observaram
E. citrifolius
e
E. concordis
em plantas
espontâneas em cultivo de seringueira (
Hevea brasiliensis
Muell. Arg.).
O ácaro fitófago
B. phoenicis
da mancha-anular, de importância para a
cafeicultura, foi constatado em 12 das 15 plantas adventícias coletadas nas
entrelinhas, exceto em trevo, corda-de-viola e voadeira. Isso comprova que essa
espécie é polífaga, encontrada sobre diversas plantas sem valor econômico. O
B.
phoenicis
foi classificado como dominante, comum, frequente e constante
(Tabela 5).
O ácaro fitófago
O. ilicis
não foi observado em nenhuma das plantas
adventícias, embora essa espécie seja encontrada em outras plantas (Jeppson et
al., 1975), pode ser considerada específica do cafeeiro (MORAES &
FLECHTMANN, 2008).
Esses resultados demonstram que plantas encontradas nas entrelinhas da
cultura cafeeira, podem estar atuando como reservatórios de ácaros predadores e
pragas de importância para os cafezais. Também são hospedeiras de outras
espécies, que não causam danos ao cafeeiro e, assim, podem ser fonte de
alimento alternativo para os ácaros predadores. Plantas como a trapoeraba (
C.
benghalensis
) e o cipó-de-são-joão (
P. venusta
) o hospedeiras potenciais do
ácaro
B. phoenicis
, podendo ser recomendado sua eliminação da cultura ou
próximo a elas, para diminuir uma futura infestação dos cafeeiros,
principalmente na implantação da lavoura.
34
TABELA 5 Análise faunística de ácaros encontrados nas plantas adventícias
de folha larga nas entrelinhas de cafeeiro conduzido em sistema de produção
orgânica, no período de junho 2006 a junho 2008. Santo Antonio do Amparo,
MG.
Espécie
Número
espécimes
Número
coletas
D
1
A
2
F
3
C
4
Mononychellus planki
(F) 10483 24 SD sa SF W
Tetranychus urticae
(F)
541 3 D ma MF Z
Fungitarsonemus
sp.
(G)
495 19 D ma MF W
Neoseiulus tunus
(P)
290 19 D ma MF W
Wintershimidttiidae
(G)
178 15 D c F W
Tydeus
sp.
(G)
132 19 D c F W
Tetranychus
sp. (F) 113 9 D c F Y
Ascidae (P) 110 14 D c F W
Brevipalpus phoenicis
(F)
72 16 D c F W
Pronematus
sp.
(P)
60 13 D c F W
Proprioseiopsis
sp.
(P)
36 13 D d PF W
Euseius citrifolius
(P)
13 5 D d PF Z
Pyytoseius
sp. (P)
12 7 D r PF Y
Amblyseius compositus
(P)
9 5 D r F Z
Neoseiulus affs. mumai
(P)
6 5 D r PF Z
Proprioseiopsis mexicanus
(P)
4 3 ND r PF Z
Typhlodromips manglea
(P)
4 2 ND r PF Z
Euseius concordis
(P)
3 3 ND r PF Z
Agistemus
sp. (P) 1 1 ND r PF Z
Neoseiulus anonymus
(P)
1 1 ND r PF Z
1
Dominância: (1) Método de Laroca e Meilke. (Moraes et al. 2003)
1
Dominância: SD – superdominante, D – dominante, ND – não dominante.
2
Abundância: ma muito abundante, a abundante, c – comum, d – disperso.
3
Frequência: PF – pouco frequente, MF – muito frequante, F – frequente.
4
Constância: W – constante, Y – acessória, Z – acidental.
35
CONCLUSÕES
Os diferentes manejos das plantas adventícias influenciam na ocorrência
das espécies de ácaros predadores da família Phytoseiidae em cafeeiros.
As plantas adventícias, embora possam ser hospedeiras do ácaro vetor do
vírus da mancha-anular do cafeeiro,
B. phoenicis
, hospedam também os
predadores
E. alatus
,
E. concordis
e
E. citrifolus
, entre outros, sendo importante a
manutenção dessas plantas nas entrelinhas dos cafeeiros, proporcionando abrigo e
alimento aos ácaros predadores.
O melhor método de controle de plantas adventícias é a roçada alternada,
sendo benéfico ao
E. citrifolius
, ácaro predador de importância para a
cafeicultura.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALCÂNTARA, E.N.; FERREIRA, M.M. Efeitos de métodos de controle de
plantas daninhas na cultura do cafeeiro (
Coffea arabica
L.) sobre a qualidade
física do solo.
Revista Brasileira de Ciência do Solo
, Viçosa, MG, v. 24, n. 4,
p. 711-721, 2000.
ALTIERI, M. A.; NICHOLLS, C. I.
Biodiversity and pest managemente in
agroecosystems
. 2. ed. New York: Food Products Press , 2004. 236 p.
BELLINI, M. R.; MORAIS, G. J.; FERES, J. F. Plantas de ocorrência
espontânea como substratos alternativos para fitoseídeos (Acari, Phytoseiidae)
em cultivos de seringueira
Hevea brasiliensis
Muell. Arg. (Euphorbiaceae).
Revista Brasileira de Zoologia
, Curitiba, v. 22, n. 1, p. 35-42, 2005.
BLANCO, H. G.; OLIVEIRA, D. A.; PUPO, E. I. H. Período de competição de
uma comunidade natural de mato em cultura de café em formação.
Biológico
,
São Paulo, v. 48, n. 1, p. 9 – 20. jan.1982.
CAIXETA, I. F.; PEDINI, S. Comercialização de café orgânico.
Informe
Agropecuário
, Belo Horizonte, v. 23, n. 214/215, p. 7-13, jan./abr 2002.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão
4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE
INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos.
Anais...
São
Carlos: UFSCar, 2000. p. 255-258.
FRANCO, R. A.; REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S.; ALTOÉ, B. F.; PEDRO
NETO, M. Dinâmica populacional de
Oligonychus ilicis
(McGregor) (Acari:
Tetranychidae) em cafeeiro e de fitoseídeos associados a ele.
Coffee Science
,
Lavras, v. 3, n.1, p. 38-46. jan./jun. 2008.
JEPPSON, L. R.; KEIFER, H. H.; BAKER, E. W.
Mites injurious to economic
plants.
Berkeley:
University of California Press, 1975. 614 p.
LORENZI, H.
Manual de identificação e controle de plantas daninhas
:
plantio direto e convencional. 5 ed. Nova Odessa; Plantarum, 2000. 339 p.
MINEIRO, J. L. C.; SATO, M. E. Ácaros plantícolas e edáficos em
agroecossistema cafeeiro.
Biológico
, São Paulo, v. 70, n. 1, p. 25-28. jan 2008.
37
MONTEIRO, L. B.; SOUZA, de A.; WERNER, A. L. Efeito do manejo de
plantas daninhas sobre
Neoseiulus californicus
(Acari: Phytoseiidae) em pomar
de macieira.
Revista Brasileira de Fruticultura
, Jaboticabal, v. 24, n. 3, p. 680-
682, dez. 2002.
MORAES, G. J.; FLECHTMANN, H. W.
Manual de Acarologia:
Acarologia
básica e ácaros de plantas cultivadas no Brasil. Ribeirão Preto: Holos. 2008. 208
p.
MORAES, R. C. B.; HADDAD, M. L.; SILVEIRA NETO, S.; REYES, A. E. L.
Software para análise faunística ANAFAU. In: SIMPÓSIO DE CONTROLE
BIOLÓGICO, 8., 2003, São Pedro.
Anais...
São Pedro: Sociedade Entomológica
do Brasil, 2003. p. 195.
MOREIRA, C.F.
Caracterização de sistemas de café orgânico sombreado e a
pleno sol no sul de Minas Gerais
. 2003. 125p. Dissertação (Mestrado) - Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP Piracicaba, 2003.
PALLINI FILHO, A.; MORAES, G. J.; BUENO, V. H. P. Ácaros associados ao
cafeeiro (
Coffea arabica
L.) no Sul de Minas Gerais.
Ciência e Prática
, Lavras,
v.16, n.3, p. 303-307, Jul./set. 1992.
REIS, P. R.; SOUZA, J. C.; PEDRO NETO, M.; TEODORO, A. V. Flutuação
populacional do ácaro da mancha-anular do cafeeiro e seus inimigos naturais. In:
SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 1., 2000, Poços de
Caldas.
Resumos Expandidos....
Brasília: Embrapa café, 2000. p. 1210-1212.
REIS, P. R.; SOUZA, J. C.; VENZON, M. Manejo ecológico das principais
pragas do cafeeiro.
Informe Agropecuário
, Belo Horizonte, v. 23, n. 214/215,
p. 7-13, 2002.
REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S.
Ácaros em cafeeiro
. Belo Horizonte:
EPAMIG, 2007. 76 p. - (EPAMIG. Boletim Técnico, 81).
REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S.; SILVA, R. A.; MARAFELI, P. P. Manejo de
Ácaros em Cafeeiro. In:
Manejo Fitossanitário da Cultura do Cafeeiro.
Núcleo de Estudos em Fitopatologia (Org.). Universidade Federal de Lavras.
Brasíla: Sociedade Brasileira de Fitopatologia, 2008. 223 p.
SPONGOSKI, S.; REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S. Acarofauna da cafeicultura
de cerrado em Patrocínio, Minas Gerais.
Ciência e Agrotecnologia
, Lavras, v.
29, n. 1, p. 9-17, jan./fev 2005.
38
YUSSEFI, M.; WILLER, H. Organic farming 2007: Overview & main statistics.
In: ______.
The World of organic agriculture
: statistics and emerging trends
2007. 9. ed., Bonn: IFOAM. 2007. p. 9-16.
39
ARTIGO 2
OCORRÊNCIA DE ÁCAROS EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE
CAFÉ ORGÂNICO E CONVENCIONAL
OCCURRENCE OF MITES IN ORGANIC AND CONVENTIONAL
SYSTEMS OF COFFEE-GROWING
(Preparado de acordo com as normas da revista “Ciência Rural”)
40
RESUMO
Frequentemente, os insetos pragas, as doenças e os ácaros-praga causam perdas
na produção de café. A cafeicultura é atacada pelos ácaros-praga
Brevipalpus
phoenicis
(Geijskes, 1939) e
Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917) (Acari:
Tenuipalpidae, Tetranychidae), entre outros, reduzindo a produtividade e a
qualidade do produto final. Para eliminar ou reduzir o número de ácaros na
cultura, torna-se o uso de produtos fitossanitários que podem povocar danos à
saúde humana e ao ambiente. Assim, a procura por alimentos livres desses
produtos cresce mundialmente. Objetivou-se, com o presente trabalho, estudar a
ocorrência de ácaros predadores, fitófagos e generalistas entre cafeeiros (
Coffea
arabica
L.) conduzidos nos sistemas orgânico e convencional, no período de
junho 2006 a junho 2008, em Santo Antônio do Amparo, MG. Mensalmente,
foram coletadas 20 folhas de cafeeiro escolhidas ao acaso, sendo 10 de cada lado
da planta, no terço médio e interno, em um total de 15 plantas, escolhidas ao
acaso, para cada sistema de cultivo. As folhas coletadas foram acondicionadas em
sacos plásticos e levadas ao laboratório e, posteriormente, feita a extração dos
ácaros pelo método da lavagem. O material resultante da lavagem foi analisado
sob microscópico estereoscópico. Os ácaros encontrados foram montados em
lâminas e identificado no Laboratório de Acarologia da Epamig Sul de
Minas/EcoCentro, em Lavras, MG. Conclui-se que o ácaro vetor da mancha-
anular
B. phoenicis
ocorreu durante o ano todo, nos dois sistemas de produção de
café, orgânico e convencional. O sistema de produção convencional apresentou
maior numero de ácaros-pragas. A espécie de ácaro predador mais observada foi
Euseius concordis
(Chant, 1959) (Phytoseiidae,) no sistema convencional e o
I.
zuluagai
, no sistema orgânico.
Palavras-chave
: cafeeiro,
Brevipalpus phoenicis
,
Euseius concordis
, ácaros-
praga, predadores.
41
ABSTRACT
Frequently, pest insects, diseases and pest mites cause losses in coffee
production. Coffee culture is attacked by pest mites
Brevipalpus phoenicis
(Geijskes, 1939),
Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917) (Acari: Tenuipalpidae,
Tetranychidae) among others, reducing both yield and quality of the final
produce. To eliminate or reduce the number of mites in the crop, phytosanitary
chemicals are made use of, which can cause harms to human health and
environment. The search for foods free of those chemicals has grown worldwide.
It was aimed in the present work to study the occurrence of predator mites, plant-
eating and generalists, among coffee plants (
Coffea arabica
L.) conducted in the
organic and conventional systems over the period of June, 2006 to June, 2008, at
Santo Antônio do Amparo, MG. Coffee plant leaves were collected monthly
chosen at random, that is, 10 from each side of the plant, at the medium and
inside part, in a total of 15 plants, chosen randomly, for each growing system.
The leaves collected were packed in plastic bags and carried to the laboratory and
afterwards, the extraction of the mites was done by the washing method. The
material resulting from the washing was analyzed under stereoscopic microscope.
The mites found were mounted on slides and identified in the EPAMIG
Acaralogy Laboratory, Sul de Minas/EcoCenter, Lavras, MG. It follows that the
rings pot vector mite
B. phoenicis
occurred throughout the year, in the two
coffee- growing systems, organic and conventional. The conventional growing
system presented higher number of pest mites. The most widespread predator
mite species was
Euseius concordis
(Chant, 1959) (Phytoseiidae) in the
conventional and
Euseius concordis
in the conventional system.
K
ey words
: Coffee plant,
Brevipalpus phoenicis
,
Euseius concordis
, pest mite,
predators.
42
INTRODUÇÃO
mais de um século, o Brasil é o maior produtor mundial de café
(
Coffea
spp.), com cerca de 45 milhões de sacas produzidas em 2008 (CONAB,
2009) e, até o ano de 2009, o segundo em consumo, demonstrando a importância
desta cultura para o país. Quase o total da produção ainda é produzido no
sistema convencional, ou seja, com a utilização de produtos fitossanitários para
o controle de pragas e fertilizantes químicos para fornecer os minerais
essenciais, no intuito de maximizar a produção. Mas, o controle de pragas pelo
uso de produtos fitossanitários traz problemas de saúde a todos os seres da Terra
e contaminação ambiental, entre outros problemas (CARSON, 1962; NIMMO &
McEWEN, 1998). os fertilizantes químicos causam desequilíbrios
metabólicos nas plantas aumentando a concentração de aminoácidos livres e
amidos na planta, principalmente nas folhas e nos ramos mais jovens, tornando-
os mais atrativos aos ácaros e insetos-praga, juntamente com a eliminação dos
inimigos naturais das pragas pelos produtos fitossanitários. Na cultura conduzida
organicamente, o número de espécimes-praga pode ser menor, comparado ao
sistema convencional (CHABOUSSOU, 1987).
Diante dos problemas causados pelos produtos químicos e também da
procura de alimentos “limpos”, iniciou-se, no Brasil, na década de 1990, a
produção de produtos orgânicos, entre eles, o café. Esse sistema de produção
não permite a utilização de nenhum tipo de produto sintético (OIC, 2002) e
cresce em torno de 10% ao ano no país (CAIXETA & PEDINI, 2002). O ca
produzido no sistema orgânico é livre de resíduos de produtos fitossanitários que
podem ser prejudiciais à saúde humana e contamina menos o ambiente.
Independente do sistema de produção, o cafeeiro, frequentemente, será
atacado por insetos e ácaros-praga (MARTINS et al., 2004). Os insetos de maior
importância para a cultura são: broca-do-café
Hypothenemus hampei
(Ferrari,
43
1867) (Coleoptera: Scolytidae) e bicho-mineiro
Leucoptera coffeella
(Guérin-
Mèneville & Perrottet, 1842) (Lepidoptera: Lyonetiidae), entre outros insetos de
menor importância. Os ácaros-praga de maior importância são três:
Oligonychus
ilicis
(McGregor, 1917) (Acari: Tetranychidae),
Brevipalpus phoenicis
(Geijskes, 1939) (Acari: Tenuipalpidae) e
Polyphagotarsonemus latus
(Banks,
1904) (Acari: Tarsonemidae) (REIS et al., 2002; REIS & ZACARIAS, 2007),
sendo as duas primeiras espécies as mais estudadas e que causam prejuízos
significativos à cultura.
Os ácaros pertencentes à
família Phytoseiidae são os ácaros predadores
mais representativos e estudados no ambiente natural, atuando sobre os ácaros-
praga em cultura conduzida a campo aberto. Algumas espécies dessa família,
como
Euseius concordis
(Chant, 1959),
Amblyseius herbicolus
(Chant,
1959),
Amblyseius compositus
(Denmark e Muma, 1973),
Iphiseiodes
zuluagai
(Denmark e Muma, 1972),
Euseius
citrifolius
(Denmark e
Muma, 1970) e
Euseius alatus
(DeLeon, 1966) estão associadas aos
principais ácaros-praga de importância para a cafeicultura (PALLINI FILHO et
al., 1992; REIS et al., 2000; REIS & ZACARIAS, 2007; MINEIRO & SATO,
2008).
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de realizar o
levantamento da ocorrência de espécies de ácaros-praga, predadores e
generalistas nos dois sistemas de produção de café, orgânico e convencional.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o levantamento dos ácaros, coletaram-se folhas em cafeeiro (
Coffee
arabica
L.) orgânico cultivar Catuaí, na Fazenda Cachoeira, onde o controle de
pragas, quando necessário, é feito com o óleo de nim. A coleta de folhas de
cafeeiro cultivar Catuaí no sistema convencional foi feita na fazenda Taquaril,
44
onde o controle do bicho-mineiro
L. coffeella
e da ferrugem
Hemileia vastatrix
Berk et Br é feito com thiamethoxam + cyproconozole, e o da broca-do-café
H.
hampei
com endosulfan. Ambas as fazendas são localizadas no município de
Santo Antônio do Amparo, MG, e o levantamento foi feito no período de junho
de 2006 a junho de 2008. As folhas foram coletadas mensalmente, nos dois
sistemas de produção. Foram coletadas 20 folhas por planta, no terço médio e
interno, sendo 10 folhas de cada lado da planta voltadas para a entrelinha,
escolhida ao acaso, num total de 15 plantas para cada sistema de cultivo, em
delineamento inteiramente casualizado. As folhas coletadas foram colocadas em
sacos plásticos de cinco litros e levadas para o laboratório da Epamig Sul de
Minas/EcoCentro, onde foram mantidas em geladeira, a 10ºC, até a separação
dos ácaros, por meio do método de lavagem das folhas (SPONGOSKI et al.,
2005).
Cada amostra recebeu de 1 a 2 litros de água e gotas de detergente no
saco plástico, com a função de quebrar a serosidade das folhas e, em seguida,
realizada a agitação da amostra por 15 segundos, aproximadamente. O líquido
resultante foi peneirado em peneira de granulométrica de 325 mesh, que reteve,
assim, os ácaros retirados das folhas coletadas. Foi realizado o enxágue somente
com água para a remoção de alguns ácaros que ficaram aderidos ao saco plástico
ou, mesmo, nas folhas. O material retido na peneira foi transferido para frasco
plástico de 30 ml, com auxílio de pisseta com álcool 70%, a partir de jatos desse
líquido.
O material oriundo da lavagem foi analisado sob de microscópico
estereoscópico. Os ácaros encontrados foram retirados com auxílio de pincel
para sua montagem em lâminas com meio de Hoyer (FLECHTMAN, 1989) e,
posteriormente, identificados, quando possível, em nível de espécie.
Para a análise estatística, o número de ácaros foi transformado em
5,0+x
,
buscando atender às pressuposições de normalidade e de variâncias
45
homogêneas. As médias transformadas foram submetidas à análise de variância,
seguida de teste de médias pelo teste F e as médias comparadas entre si, pelo
teste de Scott-Knott, a 5% de significância (FERREIRA, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ácaros-praga
- Das três espécies de ácaros-praga mais importantes para a
cafeicultura, a espécie
P. latus
não foi observada no período estudado, no
entanto, a espécie
B. phoenicis
foi encontrada em todas as coletas realizadas e o
O. ilicis
não foi encontrado somente em 2 das 25 coletas realizadas. No decorrer
do estudo, nos dois sistemas de produção de café, doze coletas diferiram
significativamente para
B. phoenicis
, dessas, oito foram superiores para o
sistema convencional. A maior média ocorreu no mês de setembro, com um
ácaro/folha para o convencional e quatro para o sistema orgânico, com maior
média em outubro, com 0,4
B. phoenicis
/folha (Tabela 1)
46
TABELA 1 - Médias (erro padrão) de ácaros-praga/folha de cafeeiro (n= 300) em dois sistemas de produção de café,
orgânico e convencional, no período de junho 2006 a junho 2008. Santo Antonio do Amparo, MG.
Meses/2006
Meses/2007 Meses/ 2008
Ácaros
Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.
Org
0,043
(0,02)
0,140
(0,04)
0,120
(0,05)
0,190
(0,05)
0,113
(0,03)
0,100
(0,04)
0,110a
(0,04)
0,070b
(0,03)
0,053
(0,02)
0,060b
(0,03)
0,040
(0,01)
0,003b
(0,04)
0,013b
(0,01)
0,037b
(0,02)
0,117b
(0,03)
0,200b
(0,08)
0,403b
(0,12)
0,240a
(0,05)
0,040
(0,02)
0,093a
(0,03)
0,040
(0,02)
0,080
(0,02)
0,100a
(0,03)
0,083
(0,04)
0,160
(0,03)
Conv
0,043
(0,02)
0,147
(0,04)
0,177
(0,05)
0,200
(0,06)
0,173
(0,06)
0,087
(0,03)
0,027b
(0,01)
0,160a
(0,05)
0,133
(0,05)
0,223a
(0,07)
0,077
(0,03)
0,080a
(0,03)
0,217a
(0,05)
0,257a
(0,07)
0,410a
(0,13)
1,000a
(0,25)
0,877a
(0,15)
0,123b
(0,04)
0,080
(0,03)
0,017b
(0,01)
0,073
(0,03)
0,067
(0,02)
0,070
(0,02)
0,120
(0,03)
0,237
(0,09)
B.
phenicis
Cv
(%)
12,48
9,39 17,95 31,19
38,06
50,66
50,67
30,68 49,43
54,46
44,60
46,03
31,69
35,13 31,57
45,82
26,68
37,96
41,66
38,14
50,23
27,28
35,81
43,18
42,48
Org
0,023
(0,01)
0,053b
(0,02)
0,060a
(0,02)
0,033
(0,02)
0,010
(0,01)
0,003
(0,004)
0
0,003
(0,004)
0,001
(0,01)
0,040a
(0,02)
0,00
0,020
(0,02)
0,013
(0,01)
0,023
(0,01)
0,027b
(0,01)
0,147b
(0,09)
0,34b
(0,13)
0,017
(0,01)
0,00 0 0,00 0,00
0,010
(0,01)
0,00
0,007
(0,01)
Conv
0,007
(0,01)
0,437a
(0,13)
0,017b
(0,01)
0,023
(0,02)
0,020
(0,01)
0,00 0 0 0 0,00b
0,003
(0,004)
0,017
(0,01)
0,057a
(0,03)
0,083a
(0,05)
0,743a
(0,54)
0,910a
(0,31)
1,253a
(0,31)
0,057
(0,03)
0,010
(0,01)
0
0,007
(0,01)
0,013
(0,02)
0,010
(0,01)
0,007
(0,01)
0,080
(0,07)
O. ilicis
Cv
(%)
24,46
46,52
28,62 42,63
38,46
13,05
0 13,05 27,4 39 23,91
37,38
42,7 102,59
62,14
33,05
52,36
19,97
0 21,67
34,23
23,01
17,37
65,32
As médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de F, a 5% de significância.
47
Já para o ácaro-praga
O. ilicis
, nas oito amostras que apresentaram
diferença significativa, seis foram maiores no sistema convencional, todos nos
meses com baixa precipitação, considerada condição ideal para o seu aumento
do número na lavoura. As maiores médias ocorreram nos meses de junho, julho,
agosto, setembro e outubro de 2007, com ênfase no mês de outubron com média
de 1,25 ácaro/folha no cafeeiro conduzido no sistema convencional e 0,34
O.
ilicis
/folha no cafeeiro orgânico. No ano de 2007, o período seco foi de abril a
outubro, atípico para a região Sul de Minas que, normalmente, ocorre de abril a
setembro. No entanto, mesmo com o prolongamento do período seco favorável
aos ácaros-praga, as médias no cafeeiro conduzido no sistema orgânico foram
inferiores, possivelmente pela ação dos ácaros predadores.
Embora não tenham sido encontrados trabalhos de ácaros entre sistemas
de produções de café, ECOLE (2003) não observou diferença na porcentagem
do inseto praga bicho-mineiro
L
.
coffeella
, entre os sistemas de produção de café
orgânico e convencional, em Santo Antônio do Amparo, MG.
Ácaros predadores
- Foram observadas oito espécies de ácaros predadores:
E.
concordis
,
I. zuluagai
,
A. herbicolus
,
E. alatus
,
A. compositus
,
E. citrifolius
(Phytoseiidae),
Agistemus
sp. (Stigmaeidae) e
Pronematus
sp. (Tydeidae),
presentes nos dois tipos de cultivo do cafeeiro. A espécie
E. concordis
foi
encontrada em 20 coletas Dessas, somente cinco coletas deferiram entre os dois
tipos de cultivos de cafeeiro, das quais quatro foram superiores no sistema de
produção convencional e somente uma foi superior para o orgânico, no mês de
julho de 2007 (Tabela 2). A espécie
I. zuluagai
foi a segunda mais observada
durante o estudo, em 18 coletas. No sistema orgânico, foi observada em 18
coletas e, no sistema convencional, apenas uma, no mês de maio de 2008
(Tabela 2). Estes resultados divergem dos resultados obtidos por PALLINI
FILHO et al. (1992), REIS et al. (2000), SILVA (2007), FRANCO et al. (2008)
48
e MINEIRO & SATO (2008) que observaram a presença dessa espécie em
cafeeiros conduzidos no sistema convencional. No entanto, SPONGOSKI et al.
(2005) e MINEIRO (2006) não observaram o
I. zuluagai
durante o
desenvolvimento de seus trabalhos em cafeeiros de Patrocínio, MG e Garça, SP,
respectivamente.
O predador
A. herbicolus
foi encontrada em doze coletas, no entanto, as médias
não deferiram entre si, para essa espécie, nos dois sistemas de produção de café
(Tabela 2). A espécie
E. alatus
foi observada em onze coletas e somente no mês
de novembro de 2006 ocorreu diferença significativa, com a média superior para
o café orgânico; nos demais meses, não houve diferença significativa entre os
cultivos (Tabela 2).
A. compositus
apresentou diferença em apenas dois meses,
junho e julho de 2007. Tanto
E. alatus
como
A. compositus
apresentaram
maiores médias para o cafeeiro orgânico.
Agistemus
sp. e
Pronematus
sp. foram
observados em sete amostras e apenas uma para cada espécie foi
significativamente diferente, sendo mais numerosos nas amostras do cafeeiro
produzido no sistema orgânico. A espécie predadora
E. citrifolius
foi observada
somente em seis coletas, que não diferiram entre os dois tipos de cultivo do
cafeeiro (Tabela 2).
49
TABELA 2 - Médias (erro padrão) de ácaros predadores/folha de cafeeiro (n= 300) em dois sistemas de produção de
café, orgânico e convencional, no período de junho 2006 a junho 2008. Santo Antonio do Amparo, MG.
Meses/2006 Meses/2007
Meses/2008
Ácaros
Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai.
Org.
0,00b
0,003
(0,004)
0,00 0 0,00b
0,003
(0,004)
0
0,003
(0,004)
0,003
(0,004)
0,00 0 0,00
0,013
(0,01)
0,023a
(0,01)
0 0,00
0,00b
(0,00)
0,017
(0,01)
0,00
0,013
(0,01)
0,00 0 0,00 0,00
E.
concordis
Conv.
0,030a
(0,01)
0,013
(0,01)
0,007
(0,01)
0
0,033a
(0,01)
0,00 0
0,003
(0,004)
0,00
0,003
(0,04)
0
0,007
(0,01)
0,027
(0,01)
0,00b 0
0,037
(0,02)
0,020a
(0,01)
0,010
(0,01)
0,010
(0,01)
0,00
0,007
(0,01)
0
0,007
(0,01)
0,003
(0,004)
Cv (%)
28,19 28,77 21,67 0 30,13 13,05 0 18,65 13,05 13,05 0 17,37 26,56 26,24 0 32,82 26,32 34,12 23,83 25,21 17,37 0 17,37 13,05
Org.
0,010
(0,01)
0,027a
(0,02)
0,010
(0,01)
0,007
(0,01)
0 0
0,017a
(0,01)
0,020a
(0,01)
0,060a
(0,02)
0,030a
(0,01)
0
0,093a
(0,02)
0
0,047a
(0,02)
0
0,010
(0,01)
0,003
(0,004)
0,067a
(0,02)
0
0,023a
(0,01)
0
0,007
(0,01)
0,003
(0,004)
I. zulu Conv.
0,00 0,00b 0,00 0,00 0 0 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0 0,00b 0 0,00b 0 0,00 0,00 0,00b 0 0 0,00b 0 0,00
0,013
(0,01)
Cv (%)
19,97 32,83 23,83 373,21 0 0 26,00 26,32 37,77 28,19 0 31,64 0 38,48 0 23,83 13,05 34,89 0 0 29,3 0 17,37 28,77
Org.
0 0 0 0 0 0 0 0,00
0,040
(0,02)
0,017
(0,01)
0
0,007
(0,01)
0
0,010
(0,01)
0 0 0 0
0,010
(0,01)
0,017
(0,01)
0,010
(0,01)
0
0,063
(0,02)
0,013
(0,01)
A. herbicolus Conv.
0 0 0 0 0
0,027
(0,02)
0
0,003a
(0,004)
0,030
(0,01)
0,027
(0,01)
0 0,00
0,017
(0,01)
0,00 0 0 0 0
0,003
(0,004)
0,003
(0,004)
0,020
(0,01)
0
0,063
(0,02)
0,013
(0,01)
Cv (%)
0 0 0 0 0 35,39 0 13,05 33,82 38,64 0 21,67 29,11 19,97 0 0 0 0 14,38 29,62 0 0 32,66 34,64
Org.
0,003
(0,01)
0,007
(0,01)
0,007
(0,01)
0
0,013
(0,01)
0,023a
(0,01)
0,017
(0,01)
0 0 0 0 0 0
0,003
(0,004)
0
0,003
(0,004)
0,003
(0,004)
0
0,010
(0,01)
0,00 0 0 0
0,013
(0,01)
E. alatus Conv.
0,00
0,003
(0,004)
0,00 0
0,007
(0,01)
0,00b 0,00 0 0 0 0 0 0 0,00 0 0,00
0,003
(0,004)
0 0
0,003
(0,004)
0 0 0 0,00
Cv (%)
13,05 22,08 21,67 0 23,32 26,24 29,11 0 0 0 0 0 0 13,05 0 13,05 0 0 0 13,05 0 0 0 25,21
Org.
0 0 0 0 0 0 0 0
0,003
(0,004)
0,003
(0,004)
0 0
0,093a
(0,03)
0,090a
(0,04)
0 0,00 0,00 0,00 0,00
0,020
(0,01)
0 0 0,00
0,003
(0,004)
A. compositus Conv.
0 0 0 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0 0 0,00b 0,00b 0
0,007
(0,01)
0,003
(0,004)
0,003
(0,004)
0,010
(0,01)
0,010
(0,01)
0 0
0,003
(0,004)
0,00
Cv (%)
0 0 0 0 0 0 0 0 13,05 13,05 0 0 34,5 43,87 0 17,37 13,05 13,05 19,97 33,14 0 0 13,05 13,05
Org.
0 0 0 0 0 0 0 0 0
0,003
(0,04)
0 0 0 0 0 0
0,003
(0,004)
0
0,023
(0,01)
0,017
(0,01)
0 0
0,003
(0,004)
0,00
E. citri Conv.
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,00 0 0 0 0 0 0 0,00 0
0,010
(0,01)
0,00 0 0 0,00
0,007
(0,01)
Cv (%)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 13,05 0 0 0 0 0 0 13,05 0 37,24 26,00 0 0 13,05 17,37
Org.
0 0 0 0 0 0
0,003
(0,004)
0 0
0,013a
(0,01)
0 0 0,00 0 0
0,007
(0,01)
0,00
0,013
(0,01)
0 0 0 0,00b 0 0
Agistemus
sp Conv.
0 0 0 0 0
0,003
(0,004)
0,00 0 0 0,00b 0 0
0,003
(0,004)
0 0
0,003
(0,004)
0,003a
(0,004)
0,00 0 0 0
0,020a
(0,01)
0 0
Cv (%)
0 0 0 0 0 0 13,05 0 0 21,59 0 0 13,05 0 0 25,37 13,05 25,21 0 0 0 26,32 0 0
Org.
0 0 0 0 0
0,003
(0,004)
0
0,003
(0,004)
0,003
(0,004)
0 0
0,003
(0,004)
0 0 0 0,00 0,00 0 0 0 0 0
0,013a
(0,01)
0,007
(0,01)
Pronematus
sp
Conv.
0 0 0 0 0 0,00 0 0,00 0,00 0 0 0,00 0 0 0
0,017
(0,01)
0,007
(0,004)
0 0 0 0 0
0,00b
(0,00)
0,00
Cv (%) 0 0 0 0 0 13,05 0 13,05 13,05 0 0 13,05 0 0 0 26,00 21,67 0 0 0 0 0 21,59 17,37
As médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de F, a 5% de significância
50
Em geral, ocorreu maior número de ácaros predadores nos sistema de
produção orgânica. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por
SILVA et al. (2006), quando estudaram a flutuação populacional do inseto
predador generalista
Chrysoperla externa
(Hagen, 1861) (Neuroptera:
Chrysopidae), em dois sistemas de produção de café, orgânico e convencional.
Outras espécies de ácaros foram encontradas, os quais não são
relacionados como pragas ou predadores e, sim, como ácaros de hábitos
generalistas, comumente encontrados na acarofauna existente no
agroecossistema cafeeiro. O ácaro
Tarsonemus confusus
Ewing, 1939 (Acari:
Tarsonemidae) foi observado em 76% das coletas e, dessas, somente as dos
meses de abril, maio e junho de 2008 apresentaram diferença significativa entre
o café orgânico e convencional, com valores superiores para o café orgânico
(Tabela 1). A primeira ocorrência de
T. confusus
em cafeeiro foi relatada por
SPONGOSKI et al. (2005), no município de Patrocínio, MG.
As outras espécies encontradas foram
Tydeus
sp. (Tydeidae), família
Wintershimidttiidae,
Fungitarsonemus
sp. (Tarsonemidae),
Lorrya formosa
Cooremam, 1958 (Tydeidae) e
Daidalotarsonemus
sp. (Tarsonemidae). O
Fungitarsonemus
sp. foi encontrado em quinze coletas e somente cinco
mostraram diferenças nas médias, e todas superiores para o cultivo convencional
(Tabela 3).
A espécie
Tydeus
sp. foi a terceira mais observada em doze coletas, no entanto,
somente uma coleta diferiu entre os cultivos, mostrando média superior ao café
orgânico no mês de agosto de 2007. A família Wintershimidttiidae foi observada
sete vezes, diferenciando em agosto de 2008, com média superior no café
produzido no sistema convencional (Tabela 3). As espécies
L. formosa
e
Daidalotarsonemus
sp. foram observadas somente no sistema convencional,
com duas e uma médias, respectivamente, das coletas feitas (Tabela 3)
51
TABELA 3 - Médias (erro padrão) de ácaros generalistas/folha de cafeeiro (n= 300) em dois sistemas de produção de
café, orgânico e convencional, no período de junho 2006 a junho 2008. Santo Antonio do Amparo, MG.
Meses/2006 Meses/2007 Meses/2008
Ácaros
Jun.
Jul.
Ago.
Set.
Out. Nov. Dez.
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago.
Set. Out.
Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.
Org
0 0 0 0
0,003
(0,004)
0,003
(0,004)
0,007
(0,01)
0
0
0,007
(0,01)
0
0,010
(0,01)
0
0,017
(0,01)
0,047a
(0,02)
0,003
(0,004)
0 0 0 0 0
0,020
(0,01)
0,007
(0,01)
0,010
(0,01)
0,003
(0,004)
Tydeus sp Conv
0 0 0 0 0,00 0,00 0,00
0
0
0,030
(0,02)
0
0,017
(0,01)
0
0,007
(0,01)
0,007b
(0,01)
0,00
0 0 0 0 0
0
0,007
(0,01)
0,010
(0,01)
0,003
(0,004)
Cv (%)
0 0 0 0 13,05
13,05 17,37
0 0 39,06 0 34,12 0 34,08
28,43
13,05 0
0 0 0 0
29,39 27,95 17,3 18,65
Org
0 0 0 0 0
0,007
(0,01)
0
0
0,003
(0,004)
0
0
0,003
(0,004)
0,00 0 0 0 0
0 0 0 0 0
0,014
(0,01)
0,007
(0,01)
0
winterschmidttiidae
Conv
0 0 0 0 0 0,00
0,010
(0,01)
0
0,00
0
0
0,003
(0,004)
0,010
(0,01)
0 0 0 0
0 0 0 0 0
0,013a
27(0,01)
0,007
(0,01)
0
Cv (%)
0 0 0 0 0 21,67 23,83
0 13,05 0 0 18,65 23,83
0 0 0 0
0 0 0 0 0
31,6 27,95
0
Org
0 0 0 0
0,003
(0,004)
0
0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0 0
0,00
0
0,00b
0,00b
0,017b
(0,01)
0,00b 0,00b
Fungitarsonemus
sp
Conv
0 0 0 0 0,00
0
0 0
0,003
(0,004)
0,003
(0,004)
0,010
(0,01)
0,007
(0,004)
0,007
(0,01)
0,007
(0,01)
0,047
(0,01)
0,013
(0,01)
0,010
(0,01)
0
0,003
(0,004)
0
0,033a
(0,02)
0,040a
(0,02)
0,097a
(0,05)
0,067a
(0,04)
1,040a
(0,98)
Cv (%)
0 0 0 0 13,05
0 0 0 13,05 13,05 13,05 17,37
17,37
46,44
25,21 0
0
13,05
33,9 33,05 53,24 41,97 53,46
Org 0 0 0 0 0,00
0
0 0,00
0
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0
L. formasa Conv
0 0 0 0
0,003a
(0,004)
0
0
0,003a
(0,004)
0
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0
Cv (%)
0 0 0 0 13,05
0 0 13,05
0
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0
Org 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,00
0
0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0
Daidalotarsonemus
sp
Conv
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0,003a
(0,004)
0
0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0
Cv (%)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13,05 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0
Org
0 0 0 0
0,003
(0,004)
0,007 0
0,020
(0,01)
0,003
(0,004)
0,007
(0,01)
0,003
(0,004)
0,033
(0,02)
0,010
(0,01)
0,037
(0,04)
0,030
(0,02)
0,013
(0,02)
0,010
(0,01)
0,00
0,003
(0,004)
0
0,033
(0,01)
0,047
(0,04)
0,077a
(0,03)
0,030a
(0,01)
0,047a
(0,02)
T. confusus Conv
0 0 0 0
0,00 0 0 0,00 0,00
0,007
(0,01)
0,003
(0,004)
0,00 0,00 0,00
0,020
(0,01)
0,00
0,017
(0,02)
0,003
(0,004)
0,007
(0,01)
0,007
(0,01)
0,013
(0,01)
0,00 0,00b 0,00b 0,00b
Cv (%)
0 0 0 0 13,05
0 0 29,39 13,05 27,94 18,,65
42,01 19,97
49,41
36,25
34,23 31,63
13,05 25,37
17,37
48,64
57,39 39,99 28,19 22,01
As médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste F, a 5% de significância
52
CONCLUSÕES
De todos os ácaros encontrados em cafeeiro, somente o ácaro-praga
B.
phoenicis
esteve presente em todas as coletas, nos dois sistemas de produção de
café, orgânico e convencional.
O sistema de produção de café convencional apresentou maiores médias
para os ácaros-praga e em relação ao orgânico. No sistema orgânico, o número de
ácaros predadores foi superior ao do sistema convencional. A espécie de ácaro
predador mais observada foi o
E. concordis
, independente do sistema de cultivo
convencional e o
I. zuluagai
, no sistema orgânico.
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAIXETA, I. F.; PEDINI, S. Comercialização de café orgânico.
Informe
Agropecuário
, Belo Horizonte, v. 23, n. 214/215, p. 7-13, 2002.
CARSON, R.
Silent spring
. Boston: Riverside Press, Cambridge, 1962. 368 p.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO.
Informações
estatísticas sobre a safra da cultura do café no Brasil
. Disponível em:
<http://www.abic.com.br/arquivos/abic_prevconab_safra2008.pdf>. Acesso em:
5 jan. 2009.
CHABOUSSOU, F.
Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos:
teoria da
trofobiose. 2 ed. Porto Alegre: L&PM. 1987. 256 p.
ECOLE, C. C.,
Dinâmica populacional de Leucoptera coffeella
(Guérin-
Mèneville & Perrottet, 1842) (Lepidoptera: Lyonetiidae)
e seus inimigos
naturais em lavouras adensadas de cafeeiro orgânicos e convencional
. 2003.
129p. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2003.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão
4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE
INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos.
Anais...
São
Carlos: UFSCar, 2000. p. 255-258.
FLECHTMANN, C. H. W.
Ácaros de importância agrícola
. 6. ed. São Paulo:
Nobel, 1989. p. 189.
FRANCO, R. A.; REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S.; ALTOÉ, B. F.; PEDRO
NETO, M. Dinâmica populacional de
Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917)
(Acari: Tetranychidae) em cafeeiro e de fitoseídeos associados a ele.
Coffee
Science
, Lavras, v. 3, n. 1, p. 38-46. , jan./jun. 2008.
MARTINS, M.; MENDES, A. N. G.; ALVARENGA
,
M. I. N
. Incidência de
pragas e doenças em agrossistema de café orgânico de agricultores familiares de
Poço Fundo – MG.
Ciência e Agrotecnologia
, Lavras, v. 28, n. 6, p. 1306-1313,
2004.
MINEIRO, J. L. C.
Ecologia do ácaro da mancha-anular (Brevipalpus
phoenicis Geijskes) (Acari: Tenuipalpidae) em cafeeiros no Estado de São
Paulo
. 2006. 179 p. Tese (Doutorado) Centro de Energia Nuclear na
Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.
54
MINEIRO, J. L. C.; SATO, M. E. Ácaros plantícolas e edáficos em
agroecossistema cafeeiro.
Biológico
, São Paulo, v. 70, n. 1, p. 25-28, 2008.
NIMMO, D. R.; McEWEN, L. C.
Pesticides
: Handbook of ecotoxicology. 1998.
p. 619-667.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO CAFÉ. Análise agroeconômico do
café cultivado: definições, análise de mercado e viabilidade econômica.
Informe
Agropecuário
, Belo Horizonte, v. 23, n. 214/215, p. 7-13, 2002.
PALLINI FILHO, A. et al. Ácaros associados ao cafeeiro (
Coffea arabica
L.) no
Sul de Minas Gerais.
Ciência e Prática
, Lavras, v.16, n.6, p. 303-307. 1992.
REIS, P. R.; SOUZA, J. C.; PEDRO NETO, M.; TEODORO, A. V. Flutuação
populacional do ácaro da mancha-anular do cafeeiro e seus inimigos naturais. In:
SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 1., 2000, Poços de
Caldas.
Resumos Expandidos....
Brasília: Embrapa café, 2000. p. 1210-1212.
REIS, P. R.; SOUZA, J. C.; VENZON, M. Manejo ecológico das principais
pragas do cafeeiro.
Informe Agropecuário
, Belo Horizonte, v. 23, n. 214/215,
p. 7-13, 2002.
REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S.
Ácaros em cafeeiro
. Belo Horizonte:
EPAMIG, 2007. 76 p. - (EPAMIG. Boletim Técnico, 81).
SILVA, R. A.; REIS, P. R.; SOUZA, B.; CARVALHO, C. F.; CARVALHO, G.
A.; COSME, L. V. Flutuação populacional de adultos de
Chrysoperla externa
(Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae) em cafeeiros conduzidos em sistema
orgânico e convencional.
Manejo Integrado de Plagas y Agroecología,
Costa
Rica, n. 77, p. 44-49, 2006.
SILVA, E. A.
Diversidade de ácaros predadores (Phytoseiidae) em
fragmentos florestais e cafezais adjacentes
. 2007. 101p. Tese (Doutorado)
Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2007.
SPONGOSKI, S.; REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S. Acarofauna da cafeicultura
de cerrado em Patrocínio, Minas Gerais.
Ciência e Agrotecnologia
, Lavras, v.
29, n. 1, p. 9-17, jan./fev. 2005
55
ARTIGO 3
DISTRIBUIÇÃO DE ÁCAROS-PRAGA E PREDADORES, EM
CAFEEIROS CONDUZIDOS EM SISTEMAS ORGÂNICO E
CONVENCIONAL, INFLUENCIADA PELO REGIME
PLUVIOMÉTRICO
(preparado de acordo com as normas da revista “Coffee Science”)
56
DISTRIBUIÇÃO DE ÁCAROS-PRAGA E PREDADORES, EM
CAFEEIROS CONDUZIDOS EM SISTEMAS ORGÂNICO E
CONVENCIONAL, INFLUENCIADA PELO REGIME
PLUVIOMÉTRICO
RESUMO -
As mudanças climáticas, por meio da elevação de temperatura,
estiagem prolongada, chuvas intensas, prejudica a vida do homem e a produção
de alimentos. A precipitação pluvial é um dos fatores naturais mais importantes
para a manutenção da vida no planeta e fator indispensável na agricultura, não
somente pela água disponível para as plantas, mas também por ser um regulador
de organismos pragas nas culturas, por meio do controle mecânico. Os ácaros
Brevipalpus phoenicis
(Geijskes, 1939) e
Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917)
(Acari: Tenuipalpidae, Tetranychidae) são importantes pragas da cafeicultura e
também são influenciados pelo regime pluvial. Objetivou-se, com a realização
deste trabalho, estudar a distribuição dos ácaros predadores (família
Phytoseiidae) e fitófagos do cafeeiro (
B. phoenicis
e
O. ilicis
), em função da
precipitação pluvial, entre os meses de junho 2006 a junho 2008, em dois
sistemas de produção de café, orgânico e convencional. Os ensaios foram
conduzidos nas fazendas Cachoeira, com produção de café orgânico e Taquaril,
no sistema convencional, localizadas no município de Santo Antônio do
Amparo, MG. Mensalmente, foram coletadas folhas no terço médio das plantas
de cafeeiro, no sistema orgânico e convencional. Concluiu-se que a precipitação
pluviométrica influencia as densidades dos ácaros-praga e predadores nos
diferentes sistemas de produção de café, com menor intensidade no café
produzido no sistema orgânico.
Palavras-chave
: acarologia agrícola,
Caffea arabica
, precipitação pluvial,
plantas daninhas, flutuação populacional.
57
DISTRIBUTION OF PEST AND PREDATOR MITES IN COFFEE
TREES IN ORGANIC AND CONVENTIONAL SYSTEMS
INFLUENCED BY RAINFALL REGIME
ABSTRACT
- Climate change, through the elevation of temperature, prolonged
drought, heavy rainfall, affect the life of man and the production of food. The
rainfall is one of the most important natural factors for the maintenance of life
on the planet and essential factor in agriculture, not only by the available water
for plants, but also as a regulator of body pests on crops by means of mechanical
control. The mite Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) and Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917) (Acari: Tenuipalpidae, Tetranychidae) are important pests of
coffee and are also influenced by the rain. The objective is the completion of this
work, studying the distribution of predatory mites (family Phytoseiidae) and
phytophagous coffee (B. phoenicis and O. ilicis), depending on the rainfall
between the months of June 2006 to June 2008, in two systems of production of
coffee, organic and conventional. The tests were conducted on farms Waterfall,
with production of organic and Taquaril in the conventional system, located in
Santo Antonio do Amparo, Brazil. Each month, leaves were collected in the
middle third of the coffee plants in organic and conventional systems.
Concluded that rainfall influences the densities of mite-pests and predators in the
different systems of production of coffee, with less intensity in the organic
coffee produced in the system.
Key words: agricultural acarologia, Caffe arabica, rainfall, weeds, population
fluctuation.
58
1 INTRODUÇÃO
A precipitação pluvial é um elemento natural importante para a
manutenção da vida na Terra, além de ser indispensável para a agricultura. Nos
últimos anos, a população mundial foi alertada sobre o aquecimento global,
relacionado à queima de combustível fóssil, entre outros, provocada pelo
homem. O aumento da temperatura tem influência direta na precipitação,
podendo ocorrer redução de 10% a 30%, em todas as regiões brasileiras,
prejudicando diretamente a produção de alimentos (MOLION, 2008). A
precipitação pluvial diminui, por meio de ação mecânica, pragas importantes em
várias culturas.
Existem diversos relatados da influência da precipitação pluvial nas
densidades populacionais de insetos e ácaros (REIS et al., 2000a; REIS et al.,
2000b; SOUZA; CARVALHO, 2002; SILVA et al., 2006; DEMITE; FERES,
2007; FRANCO et al., 2008).
O cafeeiro é atacado por varias pragas, dentre elas o ácaro
Brevipalpus
phoenicis
(Geijskes, 1939) (Acari: Tenuipalpidae), conhecido como o ácaro-
plano, responsável pela transmissão do vírus causador da mancha-anular do
cafeeiro, do grupo dos Rhabdovírus (CHAGAS, 1973; MATIELLO et al., 1995).
Esse vírus causa grande desfolha interna das plantas (CHAGAS, 1988) e
redução da qualidade da bebida pela entrada de fungos oportunistas nas lesões
provocadas pela mancha-anular nos frutos (REIS et al. 2000c; REIS; CHAGAS,
2001; REIS; ZACARIAS, 2007).
O ácaro-vermelho do cafeeiro,
Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917)
(Acari: Tetranychidae), é praga de importância pelos danos que causa às folhas
do cafeeiro, destruindo células para sucção do conteúdo celular e reduzindo a
fotossíntese e, consequentemente, a produção (REIS; SOUZA, 1986). Os ácaros
predadores pertencentes à família Phytoseiidae são os mais estudados e de maior
59
importância para o controle biológico natural e aplicados sobre os ácaros-praga
em culturas conduzidas em campo aberto. Esses ácaros predadores estão
associados aos principais ácaros de importância para a cafeicultura (PALLINI
FILHO et al., 1992; REIS et al., 2000b; REIS; ZACARIAS, 2007; MINEIRO;
SATO, 2008).
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de estudar a
distribuição dos ácaros predadores pertecentes à família Phytoseiidae de
importância para o cafeeiro (
Euseius concordis
,
Iphiseiodes zuluagai
,
Amblyseius herbicolus
,
Euseius alatus
,
Amblyseius compositus
e
Euseius citri
)
(PALLINI FILHO et al., 1992; REIS et al., 2000b; REIS; ZACARIAS, 2007;
MINEIRO; SATO, 2008) e fitófagos do cafeeiro (
Brevipalpus phoenicis
e
Oligonychus ilicis
) (REIS ET AL. 2000; REIS; CHAGAS, 2001; REIS;
ZACARIAS, 2007), em função da precipitação pluvial, no período de junho
2006 a junho 2008, em dois sistemas de produção de cafeeiros, orgânico e
convencional.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido no município de Santo Antônio da Amparo, MG,
em duas fazendas, no periodo de junho 2006 a junho 2008. Na fazenda
Cachoeira, o cafeeiro é conduzido no sistema orgânico, cultivar Catuaí e, no
controle de pragas, quando feito, é utilizado o extrato de nim. Para ferrugem
Helmileia vastatrix
Berk et BR, utiliza-se hidróxido de cobre e a correção da
fertilidade do solo é feita com casca de café, torta de mamona e restos de plantas
adventícias após a roçada nas entrelinhas. Na fazenda Taquaril, em cafeeiro
cultivar Catuaí no sistema convencional, o controle do bicho-mineiro
Leucoptera coffeella
(Guérin-Mèneville & Perrottet, 1842) e da ferrugem é feito
com thiamethoxam + cyproconazole e da broca do café
Hypothenemus hampei
60
(Ferrari, 1867) com endosulfan. A fertilidade do solo é corrigida com adubação
convencional, principalmente nitrato de potássio.
Mensalmente, foram coletadas folhas de cafeeiros, conduzidos em
sistemas orgânico, na fazenda Cachoeira e convencional na fazenda Taquaril.
Em cada sistema, foram coletadas 20 folhas ao acaso, sendo 10 de cada lado da
planta, no terço médio e interno, em um total de 15 plantas de cafeeiro também
escolhidas ao acaso. As folhas coletadas foram acondicionadas em sacos
plásticos de 5 litros e transportados ao laboratório da Epamig Sul de
Minas/EcoCentro, em Lavras, MG, onde foram mantidos em geladeira, a 10ºC,
aproximadamente, até o preparo das amostras, feito, no máximo, três dias após a
coleta, utilizando-se o método de lavagem das folhas (SPONGOSKI et al.,
2005).
O método da lavagem consistiu na adição de uma gota de detergente
dentro do saco plástico, com a função de quebrar a serosidade das folhas. Em
seguida foram colocados de 1 a 2 litros de água, agitando-se por 15 segundos
aproximadamente. O líquido resultante foi passado em peneira de
granulométrica de 325 mesh, retendo, assim, os ácaros fitófagos e predadores
que estavam presentes naquelas folhas coletadas. O enxágue foi feito somente
com água para remover os ácaros que ficaram aderidos ao saco plástico ou,
mesmo, nas folhas. O material retido na peneira foi transferido para um frasco
plástico com capacidade de 30 mL, com auxílio de uma pisseta com jatos de
álcool 70%, a partir de jatos desse líquido.
O material oriundo da lavagem foi analisado sob microscópico
estereoscópico e os ácaros encontrados foram retirados com auxílio de pincel
para sua montagem em minas de microscopia com meio de Hoyer
(FLECHTMAN, 1989) e, posteriormente, identificados no Laboratório de
Acarologia da Epamig Sul de Minas/EcoCentro, em Lavras, MG. Os dados
meteorológicos foram obtidos em pluviômetro instalado na sede da fazenda
61
Cachoeira, em Santo Antônio do Amparo, MG. O coeficiente de correlação foi
obtido utilizando-se o pragama estatístico SIGMA PLOT versão 11.0.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A precipitação pluvial influenciou na distribuição do número de ácaros
predadores (familia Phytoseiidae) e fitófagos (
B. phoenicis
,
O. ilicis
e
T.
confusus
), no período estudado, indepentente do sistema de produção de cafeeiro
(Figuras 1 e 2), com menor influência no cafeeiro cultivado no sistema orgânico
(Figura 1). Reis et al. (2000b) observaram menor número do ácaro
B. phoenicis
em cafeeiro, nos períodos com maior precipitação pluvial e temperaturas mais
elevadas, entre os meses de outubro a março. Neste mesmo trabalho, os autores
relataram que os ácaros predadores também são afetados pela precipitação; no
entanto, deve ser levado em consideração o baixo número dos ácaros-praga
nessa época, pois são os principais alimentos dos predadores e, por esse motivo,
podem ter imigrado para outras plantas, como a vegetação adjacente.
Franco et al. (2008) observaram que o período de menor ocorrência do
ácaro-praga
O. ilicis
coincide com o período chuvoso. O mesmo resultado foi
relatado por Pallini Filho et al. (1992). Reis et al. (2000a) também constataram a
diminuição do número de ácaros predadores pertencentes à família Phytoseiidae
pelo regime pluviométrico em citros no município de Lavras.
Não foram encontrados, na literatura, relatos do efeito da precipitação
pluvial em função do sistema de produção de cafeeiro em relação aos ácaros. No
entanto, em trabalho realizado por Silva et al. (2006), demonstrou-se que a
precipitação pluvial influenciou negativamente a densidade populacional do
inseto predador
Chrysoperla externa
(Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae),
em cafeeiros conduzidos em sistemas orgânico e convencional, no município de
Santo Antônio do Amparo.
62
FIGURA 1 - Distribuição de ácaros em cafeeiro conduzido no sistema orgânico,
em função da precipitação pluvial. Santo Antônio do Amparo, MG, junho de
2006 a junho de 2008.
0
100
200
300
400
500
600
700
j
u
n
2
0
06
jul
2
006
ago2006
s
e
t
2
006
ou
t
2
0
06
n
o
v2
0
06
dez2
0
06
jan2007
f
e
v2
0
07
ma
r
2
0
07
a
b
r2007
mai20
0
7
j
u
n2
0
07
j
ul20
0
7
a
g
o2
0
07
s
e
t
2
007
ou
t
2
0
07
n
o
v2
0
07
dez2
0
07
jan2008
f
e
v2
0
08
ma
r
2
0
08
a
b
r2008
mai20
0
8
j
u
n2
0
08
Precipitação pluvial (mm)
0
100
200
300
400
500
600
700
Nº de ácaros
Precipitação Total de ácaros
0
100
200
300
400
500
600
700
j
u
n 20
0
6
jul
2
00
6
ago2006
s
e
t
2
00
6
ou
t
2
00
6
n
o
v2
0
06
dez2006
jan
2
00
7
f
e
v2
0
07
ma
r
2
0
07
abr2007
mai20
0
7
j
u
n2
0
07
jul20
0
7
a
g
o2007
s
e
t
2
00
7
ou
t
2
0
07
n
o
v2
0
07
dez2007
jan
2
00
8
f
e
v2
0
08
ma
r
2
0
08
abr2008
mai2008
j
u
n2
0
08
Precipitação pluvial (mm)
0
100
200
300
400
500
600
700
Nº de ácaros
Precipitação Phytoseideos pragas
63
FIGURA 2 - Distribuição de ácaros em cafeeiro conduzido no sistema
convencional, em função da precipitação pluvial. Santo Antônio do Amparo,
MG, junho de 2006 a junho de 2008.
A correlação da precipitação pluvial foi negativa para o número total de
ácaros encontrados no sistema de produção orgânica e convencional,
demonstrando que a precipitação é um método mecânico de controle de ácaros na
0
100
200
300
400
500
600
700
j
u
n 2
006
j
u
l 2006
ag
o2
006
set2006
out2006
no
v2
006
de
z
2006
j
an2
007
f
ev20
07
m
a
r20
07
abr2007
mai2
00
7
jun2007
jul200
7
a
g
o2007
s
e
t
2007
out
200
7
nov2
007
dez
20
07
j
a
n2008
f
e
v2008
mar2008
ab
r
2008
mai
2
008
jun2008
Precipitação pluvial (mm)
0
100
200
300
400
500
600
700
de ácaros
Precipitação Total de ácaros
0
100
200
300
400
500
600
700
j
u
n 2
006
j
u
l 2006
ag
o2
006
set2006
out2006
no
v
2006
dez2006
j
an200
7
f
ev20
07
m
a
r20
07
ab
r
2007
mai2
00
7
jun2007
jul200
7
a
g
o2007
s
e
t
2007
out
200
7
nov
2007
de
z20
07
j
a
n2008
f
e
v2008
mar2008
abr2008
mai
2
008
jun2008
Precipitação pluvial (mm)
0
100
200
300
400
500
600
700
de ácaros
Precipitação Phytoseideos pragas
64
cafeicultura. No entanto, somente no sistema de produção orgânica a precipitação
não foi significante, indicando que a precipitação pluvial afeta menos a
acarofauna no sistema orgânico. Provalvemente, isso é devido à presença de
plantas arboreas nas bordas e entre as plantas de cafeeiro, servindo de barreira. Já
no sistema de produção convencional, a precipitação pluvial foi significativa no
total de ácaro e no número de ácaros-praga, e não significativa para o total de
predadores (Tabela 1).
TABELA 1
Correlação da influência da precipitação em dois sistemas de
produão de café orgânico e convencional, no período de junho 2006 a junho
2008. Santo Antonio do Amparo, MG.
Sistemas de
produção
Total de ácaros
coletados
Total de ácaros-
praga
Total de ácaros
predadores
Orgânico
-0, 333
0, 102
-0, 122
0, 559
-0, 051
0, 807
Convencional
-0, 587
0, 002*
-0, 609
0, 001*
-0, 034
0, 867
*Correlação significativa, pelo teste de Spearmane a (p<0,050).
4 CONCLUSÕES
A precipitação pluvial influencia a densidade populacional de ácaros
predadores e fitófagos encontrados nos sistemas de produção de café orgânico e
convencional.
Em períodos de menor precipitação pluvial, são encontrados mais ácaros,
tanto no cultivo orgânico como no convencional de café.
No sistema de cultivo orgânico, ocorreu menor variação na relação
pragas e predadores
.
65
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAGAS, C.M. Associação do ácaro
Brevipalpus phoenicis
(Geijskes) à
mancha anular do cafeeiro.
Biológico
, São Paulo, v.39, n.9, p.229-232, set.
1973.
CHAGAS, C.M. Viroses, ou doenças semelhantes transmitidas por ácaros
tenuipalpídeos: mancha anular do cafeeiro e leprose dos citros.
Fitopatologia
Brasileira
, Brasília, v.13, n.2, p.92, jul.1988.
DEMITE, P. R.; FERES, R. J. F. Ocorrência e flutuação populacional de ácaros
associados a seringais vizinhos de fragmentos de cerrado.
Neotropical
Entomology
, londrina, v. 36, n.1, p.117-127, 2007.
FRANCO, R. A.; REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S.; ALTOÉ, B. F.; PEDRO
NETO, M. Dinâmica populacional de
Oligonychus ilicis
(McGregor, 1917)
(Acari: Tetranychidae) em cafeeiro e de fitoseídeos associados a ele.
Coffee
Science
, Lavras, v. 3, n. 1, p. 38-46. , jan./jun. 2008.
MATIELLO, J. B.; ALMEIDA, S. R.; SILVA, M. B.; SILVA, O. A.; VIEIRA,
E. Expansão do ataque da leprose do cafeeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 21., 1995, Caxambu.
Trabalhos
Apresentados...
Rio de Janeiro: MAPA/PROCAFÉ, 1995. p. 6.
MINEIRO, J. L. C.; SATO, M. E. Ácaros plantícolas e edáficos em
agroecossistema cafeeiro.
Biológico
, São Paulo, v. 70, n. 1, p. 25-28, 2008.
MOLION, L. C. B. Considerações sobre o aquecimento global antropogênico.
Informe Agropecuário
, Belo Horizonte, v. 29, n. 246, p. 7-18, set./out. 2008.
PALLINI FILHO, A.; MORAES, G. J.; BUENO, V. H. P. Ácaros associados ao
cafeeiro (
Coffea arabica
L.) no Sul de Minas Gerais.
Ciência e Prática
, Lavras,
v.16, n.3, p. 303-307, Jul./set. 1992.
REIS, P. R.; CHAGAS, S. J. R. Relação entre o ataque do ácaro-plano e da
mancha-anular com indicadores da qualidade do café.
Ciência e
Agrotecnologia
, Lavras, v. 25, n. 1, p. 72-76, jan./fev. 2001.
REIS, P. R.; CHIAVEGATO, L. G.; ALVES, E. B.; SOUSA, E. O. Ácaros da
família Phytoseiidae associados aos citros no município de Lavras, Sul de Minas
Gerais.
Anais da Sociedade Entomológica do Brasil,
Londrina, v. 29, n. 1, p.
95-105, Mar. 2000a.
66
REIS, P. R.; SOUZA, J. C.; PEDRO NETO, M.; TEODORO, A. V. Flutuação
populacional do ácaro da mancha-anular do cafeeiro e seus inimigos naturais. In:
SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 1., 2000, Poços de
Caldas.
Resumos Expandidos...
Brasília: Embrapa-Café, 2000b. v. 2, p. 1210-
1212.
REIS, P. R.; SOUZA, J. C.; SOUSA, E. O.; TEODORO, A. V. Distribuição
espacial do ácaro
Brevipalpus phoenicis
(Geijskes) (Acari: Tenuipalpidae) em
cafeeiro (
Coffea arábica
L.).
Anais da Sociedade Entomológica do Brasil
,
Londrina, v. 29, n. 1, p. 177-183, 2000c.
REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S.
Ácaros em cafeeiro
. Belo Horizonte:
EPAMIG, 2007. 76 p. - (EPAMIG, Boletim Técnico, 81).
REIS, P.R.; SOUZA, J.C. Pragas do cafeeiro. In: RENA, A.B.; MALAVOLTA,
E.; ROCHA, M.; YAMADA, T. (Eds.).
Cultura do cafeeiro
; fatores que afetam
a produtividade. Piracicaba: POTAFOS, 1986. p. 323-378.
SILVA, R. A.; REIS, P. R.; SOUZA, B.; CARVALHO, C. F.; CARVALHO, G.
A.; COSME, L. V. Flutuação populacional de adultos de
Chrysoperla externa
(Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae) em cafeeiros conduzidos em sistema
orgânico e convencional.
Manejo Integrado de Plagas y Agroecología,
Costa
Rica, n. 77, p. 44-49, 2006.
SOUZA, B.; CARVALHO, C. F. Population dynamics and seasonal occurrence
of adults of
Chrysoperla externa
(Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae) in a
citrus orchard in southern Brazil.
Acta Zoologica Academiae Scientiarum
Hungaricae (Suppl. 2),
n. 2, p. 301-310, 2002.
Suppl.
SPONGOSKI, S.; REIS, P. R.; ZACARIAS, M. S. Acarofauna da cafeicultura
de cerrado em Patrocínio, Minas Gerais.
Ciência e Agrotecnologia
, Lavras, v.
29, n. 1, p. 9-17, jan./fev. 2005.
67
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção orgânica é uma realidade e a demanda por alimentos e
bebidas produzidos organicamente cresce ano a ano. Este mercado consiste de
consumidores exigentes e, dessa forma, é necessária a realização de pesquisas
em todos os aspectos, como melhoramento de plantas, controle de pragas e
doenças e correção da fertilidade do solo para uma produção orgânica de
qualidade.
A produção de café orgânico, como em qualquer outra cultura orgânica,
não permite o uso de insumos químicos. Assim, estratégias são necessárias para
substituir os insumos químicos e solucionar as perdas da produção causadas
pelas pragas e doenças e maximizar a produção com insumos não químicos e
recursos internos da propriedade. Uma estratégia é o manejo correto das plantas
adventícias e, possivelmente, contribuir para a manutenção e o aumento de
inimigos naturais na lavoura, e o aumento do teor da matéria orgânica,
melhorando a fertilidade do solo.
As espécies de ácaros predadores
Euseius concordis
,
Euseius citrifolius
,
Iphiseiodes zuluagai
,
Amblyseius herbicolus
e
Amblyseius composistus
são
comumente encontrados na cafeicultura, alimentam-se de ácaros-praga, ácaros
generalistas e alimentos alternativos como pólen, néctar, etc. Assim, o aumento
da biodiversidade de plantas que sejam hospedeiras de ácaros fitófagos, que não
sejam pragas da cultura, é necessário para aumentar o número e a manutenção
dessas espécies de grande importância, auxiliando no controle dos ácaros-praga.
Até o momento da pesquisa, o sistema de produção orgânica de café apresentou
menor número de ácaros-praga e maior número de predadores em relação ao
convencional. Provavelmente, pelo maior equilíbrio faunístico de ácaros no
sistema orgânico.
68
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo