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CÁSSIA SCHROEDER BUITONI
MAYUMI WATANABE SOUZA LIMA:
A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA A
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PARA OBTENÇÃO DO
TITULO DE MESTRE EM ARQUITETURA E URBANISMO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROJETO, ESPAÇO E CULTURA
ORIENTADORA: PROFA. DRA. VERA MARIA PALLAMIN
SÃO PAULO
2009
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI4
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Buitoni, Cássia Schroeder
B932e Mayumi Watanabe Souza Lima: a construção do
espaço para a educação / Cássia Schroeder Buitoni.
--São Paulo, 2009.
226 p. : 194 il.
Dissertação (Mestrado – Área de Concentração:
Projeto, Espaço e Cultura) – FAUUSP.
Orientadora: Vera Maria Pallamin
1.Escolas(Arquitetura) 2.Crianças 3.Equipamento urbano
4.Espaço escolar – Produção – Uso 5.Participação
6.Lima, Mayumi Watanabe Souza I.Título
CDU 727.1
5A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para a realização
desta pesquisa:
Vera, minha orientadora.
• Dulcília e Ademir – meus pais, por tudo.
• Mariana Viégas, minha sócia no escritório, pelo apoio e amizade.
Ana Cláudia Castilho Barone, pelos comentários precisos desde o
início do trabalho.
• Mário de Souza Lima, pela preservação da memória.
• Professores Celso Lamparelli e Reginaldo Ronconi, pela grande
contribuição na banca de qualificação.
• Professor Celso de Rui Beisiegel, arquitetas Odete Tomchinsky e
Vera Pastorello, à pedagoga Marta Grosbaum e ao arquiteto Sérgio
Ferro, pela atenção, pelos depoimentos e pelo empréstimo de
documentos de seus acervos particulares.
• Catarina Bessel, pelo auxílio na diagramação, e Jenny Laguna, pela
tradução do resumo.
• Professores e funcionários da FAUUSP.
Andreza e equipe da Proart, pela atenção.
• Equipe do Centro Sérgio Buarque de Holanda, pela recepção
atenciosa e pelo auxílio à consulta do acervo, em especial a Carlos,
Gláucia, Leo, Aline e Patrícia.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI6
ABSTRACT
The central theme of this document is the work of the brazilian archi-
tect Mayumi Watanabe de Souza Lima (1934-1994), with an emphasis
in the discussion surrounding educational spaces.
As an architect with a career aimed at planning, designing and
constructing public facilities for the education of children and youth,
she acted on a variety of public institutions (local, state and federal)
and developed specific procedures, where the users and their particular
way of using the space were the central focus of the architectural de-
sign. Constantly reflecting on projects, Mayumi defended the concep-
tualization and usage of a school space with an educational emphasis.
In her activities, she sought to teach school users to critically “interpret
the space”: understand how the space was built, how it reflected the
structure of society, to understand oneself as an individual in the world,
to see oneself as capable of transforming the space and of building
again. Her objective was to shape citizens with critical consciences
able to actively participate in the construction of democracy.
The starting point was the evaluation of the material uncovered at
the architect’s collection (currently found at the Centro de Memória Sérgio
Buarque de Holanda, at the Fundação Perseu Abramo, São Paulo) and the inter-
viewing of the architect’s work colleagues. The documents that were
selected (texts, photographs, articles, manuscripts, projects, technical
illustrations, reports and other documents) were annexed to this in the
form of digital files stored on dvd.
The essay examines the architect’s professional path, attempting
to understand: her origins and education, her field of action (in the
production of facilities for education at public institutions and in the
education of professionals at architectural institutions); the academic
research and in the elaboration of her thought on the production and
usage of spaces based on everyday project experience. Her ideas on
the relationship between children, space and education are described
in two pilot experiences: the enlargement of the João Kopke school
expansion (São Paulo, 1976-78) and the construction of two public
schools with the active participation of the population (Jardim Fortaleza
and Bairro da Varginha, São Paulo, 1983-84) and in two reflective books:
Espaços educativos, uso e construção (1986) and A cidade e a criança (1989).
Additionally, this work examines Cedec’s achievements (Centro de
Desenvolvimento de Equipamentos Urbanos e Comunitários), which Mayumi direc-
ted and coordinated during Luiza Erundina’s mayorship of the city of São
Paulo (1989-1992). Cedec developed research about the production
of urban equipment, and ran a factory of pre-fabricated ferrocement
equipments such as trash cans, bus shelters, banks and components
for the construction of buildings such as schools, childcare and social
centers. Mayumis work on citizenship development at Cedec was
unprecedented. Amongst other activities, it included the spread of
information to the population through the use of educational folders
and meetings with the communities where the constructions would
take place.
Key words: Mayumi Watanabe Souza Lima; planning; architecture and education;
public facilities; educational facilities – usage and production; participation and
citizenship; architectural education; Cedec.
7A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
RESUMO
O tema desta pesquisa é a obra da arquiteta Mayumi Watanabe de Souza
Lima (1934-1994), com enfoque em sua discussão sobre a construção
dos espaços para a educação.
Arquiteta com carreira dedicada ao planejamento, projeto e
constrão de equipamentos públicos para a educação de crianças e
de jovens, atuou em diversos órgãos públicos (municipais, estaduais e
federais) e desenvolveu abordagens específicas de atuação, onde o foco
de projeto era o usuário e sua maneira particular de apropriar-se do
espaço. Em trabalho de reflexão constante sobre a prática de projeto,
Mayumi defendia a concepção e o uso do espaço de uma escola com um
caráter educativo. Em suas atividades, buscava ensinar os usuários das
escolas a “ler o espaço” de maneira crítica: compreender como aquele
espaço foi construído, como ele reflete a organização da sociedade,
perceber-se como sujeito no mundo, saber-se capaz de transformar o
espaço e de construir o novo. Seu objetivo era a formação de cidadãos
com consciência crítica para a participação ativa na constrão do
espaço da democracia.
O ponto de partida foi o levantamento do material existente no
acervo da arquiteta (que atualmente encontra-se no Centro de Memória
Sérgio Buarque de Holanda, na Fundação Perseu Abramo, São Paulo)
e a realização de entrevistas com colegas de trabalho da arquiteta. Os
documentos selecionados no acervo (textos, fotos, publicações, manus-
critos, projetos, desenhos técnicos, relatórios e outros) foram anexados
ao trabalho na forma de arquivos digitais gravados em dvd.
A dissertação examina a trajetória profissional da arquiteta, bus-
cando compreender: suas origens e formação; o campo de atuação
(em órgãos públicos na produção de equipamentos para a educação
e em escolas de arquitetura na formação de profissionais); a pesquisa
acadêmica e a elaboração de seu pensamento sobre a produção e o
uso dos espaços a partir da prática cotidiana de projeto. Suas idéias
sobre a relação da criança com o espaço e a educação são ilustradas em
duas experiências piloto: a ampliação da escola João Kopke (São Paulo,
1976-78) e a construção de duas escolas públicas com a participação da
população (Jardim Fortaleza e Bairro da Varginha, São Paulo, 1983-84)
e nos dois livros de reflexão: Espaços educativos, uso e construção (1986) e A
cidade e a criança (1989).
Examina-se ainda a atuação do Cedec Centro de Desenvolvimento
de Equipamentos Urbanos e Comunitários, dirigido e coordenado
por Mayumi durante a gestão de Luiza Erundina na Prefeitura de São
Paulo (1989-1992). Além de desenvolver pesquisas sobre a produção
de equipamentos urbanos, o Cedec incluía uma fábrica de elementos
pré-fabricados de argamassa armada que produziu equipamentos como
lixeiras, abrigos de ônibus, bancos e componentes para a construção
de edifícios como escolas, creches e centros de convivências. Mayumi
realizou no Cedec um trabalho inédito de formação para a cidadania
que incluía, dentre outras atividades, divulgação de informações para a
população através de folders explicativos e reuniões com as comunida-
des onde as obras seriam realizadas.
Palavras chave: Mayumi Watanabe Souza Lima; planejamento, arquitetura e
educação; equipamentos públicos; espaços educativos – uso e produção; participação
e cidadania; ensino de arquitetura; Cedec.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI8
9A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
SUMÁRIO
11 APRESENTAÇÃO
17 CAPÍTULO 1: TRAJERIA EM CONSTRUÇÃO
18 ORIGENS
19 FORMÃO
20 BRASÍLIA E A CONSTRUÇÃO DO NOVO PAÍS
24 PLANEJAMENTO E PROJETO
26 PROJETOS PARTICIPATIVOS
27 ENSINO DE ARQUITETURA: A FUNÇÃO SOCIAL DO ARQUITETO
28 FAU SANTOS, 1970-71
31 FAU SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 1972-74
33 EESC-USP, 1987-1993
34 PESQUISA ACAMICA
40 CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS
43 CAPÍTULO 2: REFLEXÃO E PRÁTICA SOBRE A RELAÇÃO
CRIAA-ESPAÇO
45 EEPG JOÃO KOPKE (1976-78)
55 BAIRRO DA VARGINHA E JARDIM FORTALEZA:
DUAS EXPERIÊNCIAS DE CONSTRUÇÃO COM A
PARTICIPAÇÃO DA POPULÃO (1983-84)
58 ESPAÇOS EDUCATIVOS – USO E CONSTRUÇÃO (1986)
64 A CIDADE E A CRIANÇA (1989)
69 CATULO 3: CEDEC – A CONSTRUÇÃO DO EQUIPAMENTO
BLICO COMO CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA
70 CONTEXTO
74 O CEDEC
76 LELÉ E A ARGAMASSA ARMADA
79 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
80 O DESENHO DOS EQUIPAMENTOS URBANOS COLETIVOS
84 O PROJETO DAS ESCOLAS EM ARGAMASSA ARMADA
86 PRODUÇÃO DO CEDEC: PROGRAMAS
87 COMUNICAÇÃO COM A POPULAÇÃO USUÁRIA
90 IDENTIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO PÚBLICO COM OS USUÁRIOS
92 PARTICIPAÇÃO E MANUTENÇÃO
93 ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA FÁBRICA
96 REALIZÕES
100 CONTINUIDADE
100 REGISTRO DOS PROJETOS REALIZADOS
129 CONSIDERÕES FINAIS
135 BIBLIOGRAFIA
141 ANEXOS
141 ANEXO 1: MAYUMI WATANABE SOUZA LIMA – CURRÍCULO
159 ANEXO 2: CEDEC – MATERIAL DE COMUNICAÇÃO
217 ANEXO 3: ACERVOS DIGITALIZADOS
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI10
APRESENTAÇÃO
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI12
A intenção inicial que me motivou a realizar esta pesquisa de mestrado
foi desenvolver uma reflexão sobre o uso dos espaços nas escolas -
blicas. Essa questão me acompanha há algum tempo.
Em meu trabalho nal de graduação
1
, fiz um estudo dos espaços
de três escolas públicas no Jardim Pantanal – bairro periférico de baixa
renda na zona leste de São Paulo. O que mais me chamou a atenção nos
três casos era a forma como os espaços eram utilizados por alunos e
professores. Todas as escolas possuíam muitas grades – nos corredores,
nas áreas de acesso, no pátio, nas janelas. Na lógica de funcionamento
dessas escolas, as grades servem para separar a circulação de pais, de
alunos e de professores, isolando os espaços que não devem ser aces-
sados por uns ou por outros. Ao ins de fazer um convite à entrada
da população, a escola se isola da cidade por muros altos. O espaço das
crianças dentro de cada escola era sempre restrito e claramente delimi-
tado – por grades. Vários espaços externos encontravam-se “abandona-
dos”, sem uso e sem possibilidade de acesso. Em todas elas, sinais de
depredação por toda parte: vidros quebrados, paredes pichadas, portas
sem maçanetas, carteiras e cadeiras em péssimo estado, sanitários sem
torneiras, buracos no piso, falta de lâmpadas etc. O edifício que foi
construído para educar crianças se assemelhava mais a uma prisão. As
quadras esportivas eram praticamente invadidas” pelos meninos do
bairro, apesar da existência de campinhos de futebol na região. Um dos
motivos alegados para tantas grades era evitar o contato dos alunos com
os “invasores”. Como é possível ensinar o que é liberdade e democracia
num ambiente como esse? Por que esses espaços são ocupados dessa
maneira? Por que tão pouco respeito pelo equipamento público, que
1 Desenvolvido em 2000 na FAUUSP sob orientação da professora Vera Maria Pallamin.
é de toda a população? Uma resposta comum seria de que “o bairro é
muito pobre e as pessoas não têm educação”. Mas não é este o lugar
onde deveriam ser educadas?
Na época do trabalho de gradução os textos de Mayumi Watanabe
Souza Lima (1934-1994) publicados sobre a criança e o uso do es-
paço
2
foram muito importantes para analisar o espaço dessas escolas e
elaborar possibilidades de intervenção. Ela denunciava como o espaço
pode ser um instrumento de dominação e controle pela maneira como
é organizado e utilizado – o que era muito evidente no caso das escolas
no Jardim Pantanal. Defendia a criação de espaços que suportassem
a intervenção das crianças, incentivando a sua participação ativa na
apropriação do equipamento público. Atenta à qualidade necessária a
um espaço educativo, Mayumi preocupava-se, por exemplo, com os
símbolos gráficos que colocava na porta da sala de aula de uma escola.
Atras de um material gráfico ela criava um canal de comunicação
com os alunos. Ao mesmo tempo, através de um procedimento di-
dático, ela educava as crianças. É um processo de mão dupla: através
do espaço ela educava as crianças e através da educação ela revelava o
espaço
3
. Essa precisão no tratamento do detalhe que influi na qualidade
de um espaço contribui para a formação de um olhar atento na análise
do espaço projetado.
2 Mayumi publicou dois livros: Espaços Educativos, uso e construção (Brasília, MEC/CEDATE, 1986)
e A Cidade e a Criança (São Paulo, Nobel, 1989). O primeiro é fruto de uma pesquisa sobre o
uso dos espaços das escolas públicas, contratada pelo governo federal em 1985. O segundo
reúne reflexões da arquiteta sobre a relação da criança com o espaço, a partir de suas
experiências de projeto, observações de atividades das crianças nas escolas e de leituras de
diversos teóricos, como Piaget, Bronovski, Sommer, etc.
3 Conforme depoimento de Ana Cláudia Barone à autora em 10/02/2009.
13A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
formada, no trabalho cotidiano do escritório com minhas sócias,
tive oportunidade de fazer projetos de reforma, ampliação e de restauro
de edifícios escolares para a FDE – Fundação para o Desenvolvimento
da Educação. Nas visitas às escolas públicas onde seriam realizados os
projetos, nos deparávamos com as mesmas questões de uso dos espaços,
depredação, presença de grades... É difícil projetar nessas condições,
agravadas ainda pelas normas e padrões construtivos estabelecidos e
pelas restrições de prazo e de orçamento para a execução das obras.
Por mais que o projeto crie espaços agradáveis e estimulantes, sabemos
que professores, alunos e funcionários têm seus hábitos de uso dos
espaços profundamente enraizados. A mudança de postura em relação
aos espaços educativos exige muito mais do que um projeto com boas
intenções. Nesse sentido, o trabalho de Mayumi aponta possibilidades
de reflexão para uma atuação mais crítica e transformadora. Logo, um
caminho que se mostrou oportuno para uma pesquisa sobre o uso dos
espaços nas escolas públicas foi o de retomar o pensamento e a obra
da arquiteta.
Ao decidir pesquisar o trabalho de Mayumi, descobri que seu
acervo completo encontrava-se disponível no Centro de Memória
rgio Buarque de Holanda, na Fundão Perseu Abramo, em São
Paulo. O Projeto Memória & História foi criado pela Fundação em 1997 com
o objetivo de “estimular a pesquisa acadêmica sobre a história social
brasileira e contribuir para recuperar a documentação produzida pelo
Partido dos Trabalhadores, por militantes, lideranças e dirigentes par-
tidários e pelos movimentos sociais a ele relacionados.
4
Mário Souza
Lima, filho do casal de arquitetos Mayumi e Sérgio Souza Lima, que
4 Conforme consultado em www.fpa.org.br em 15/02/2009.
participaram da fundação do PT reuniu em 2004 o acervo deixado
pelos pais e doou-o para a Fundação. O acervo inclui livros, fotos,
textos, revistas, filmes, cartas, manuscritos, documentos, projetos etc.,
guardados em caixas arquivo. O material ainda o foi catalogado,
organizado ou processado. Uma etapa importante deste trabalho foi a
pesquisa documental do acervo para levantar as informações relativas à
questão do uso do espaço. Os documentos selecionados foram digitali-
zados e organizados
5
com o objetivo subsidiar a pesquisa e contribuir
para tornar pública a obra da arquiteta. Essa coleta de dados primários
forneceu as bases para o desenvolvimento da pesquisa. Foram ainda
realizadas entrevistas
6
para complementar as informações do Acervo.
Sérgio Souza Lima, preocupado com o registro do trabalho da
esposa e companheira de atuação profissional e política, organizou em
1995 a publicação stuma de uma coletânea de textos escritos por
Mayumi. O livro abrange um período de produção que vai da disserta-
ção de mestrado (defendida na Universidade de Brasília em 1965) até
os textos produzidos para o projeto de educação ambiental ligado à
despoluição do Rio Tietê (1994). A seleção de textos é uma amostra da
vasta produção teórica da arquiteta – dentre textos preparados para se-
minários e palestras, memoriais de apresentação de projetos e pesquisa
acadêmica que se encontra sob a guarda do Centro Sérgio Buarque
de Holanda.
5 A pesquisa no acervo do Centro Sérgio Buarque de Holanda produziu um conjunto
de documentos digitalizados que inclui todos os textos citados na dissertação e pode ser
consultado no dvd anexo no final deste trabalho.
6 Foram entrevistados no segundo semestre de 2008: Mário Souza Lima (filho da arqui
-
teta), a pedagoga Marta Grosbaum e as arquitetas Vera Pastorello e Odete Tomchinsky,
colaboradoras de Mayumi por mais de 20 anos.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI14
Inicialmente tratei de reconstituir a trajetória profissional da arqui-
teta, o que revelou algumas facetas até então desconhecidas. Mayumi
exerceu atividades de planejamento e projeto de equipamentos para a
educação em diversos órgãos públicos, municipais, estaduais e federais.
Paralelamente, envolveu-se com a atividade de ensino de arquitetura.
A carreira docente a princípio não teria interesse especial para esta
pesquisa, que enfoca na questão do uso dos espaços para a educação de
crianças. No entanto, o estudo um pouco mais aprofundado das ques-
tões de ensino de arquitetura revelou muitos aspectos da construção da
postura crítica de projeto da arquiteta. A atividade docente de Mayumi
estava diretamente ligada ao seu questionamento político e às suas
atividades nos órgãos públicos. Os exercícios propostos para os estu-
dantes de arquitetura eram em sua maioria projetos de equipamentos
públicos, abrindo a discussão para a questão política do planejamento
urbano e da oferta de serviços públicos de qualidade à população de
baixa renda, privada do direito à cidade. Os programas das disciplinas
foram incluídos nesta pesquisa, por serem manifestos da postura de
atuação da arquiteta.
Sua atuação profissional possui um sentido amplo de formação,
em todos os níveis. Mayumi trabalhava o aspecto global da formação
como ferramenta de transformação para a emancipação de todos os
envolvidos estudantes de arquitetura, técnicos a serviço do Estado,
operários da construção, professores, crianças...
A questão da formação é fundamental e está articulada à reflexão
sobre a produção e o uso dos espaços educativos. A análise que Mayumi
fez dos espaços parte invariavelmente da crítica à forma como esses
espaços são produzidos onde estão localizados, como são projeta-
dos, como é feito o programa, como são construídos, por quem, para
quem... No trabalho da arquiteta, a reflexão sobre o uso do espaço é
inseparável da questão da produção do mesmo.
Mayumi não estava sozinha ela fez parte de uma geração que
repensou a atuação profissional do arquiteto a partir de uma crítica ao
modo de produção capitalista. Um dos representantes mais conhecidos
desta geração é o arquiteto Sérgio Ferro, que publicou vários textos
e faz parte do “grupo” que se convencionou chamar de Arquitetura
Nova. Sérgio Ferro, Rodrigo Lefèvre, Flávio Império, Mayumi e Sérgio
Souza Lima freqüentavam um grupo de estudos marxistas e eram filia-
dos ao Partido Comunista.
Ao terminar o curso de arquitetura na FAUUSP, no icio da
década de 1960, esses cinco arquitetos envolveram-se com o ensino
de arquitetura Mayumi e rgio na recém-criada Universidade de
Brasília e os demais na própria FAUUSP. Configurou-se um grupo
com interesses comuns – a preocupação com a formação do arquiteto
para uma atuação consciente na transformação das condições sociais,
políticas e econômicas do país.
No contexto do processo de industrialização acelerada, incentivada
pelo governo federal desde a década de 1930, intensifica-se a migração
da população do campo para os grandes centros urbanos, gerando imen-
so contingente de mão de obra barata para trabalhar nas indústrias e na
construção da nova capital do país e de grandes obras de infra-estrutura
e equipamentos públicos. Com a afirmação da cultura nacional através
da música, das artes plásticas e do cinema gera-se uma espécie de “caldo
de cultura” que forma os intelectuais voltados para uma reflexão sobre
as questões de desenvolvimento, atentos às condições da nova classe
proletária urbana habitante da periferia das grandes cidades, privada
do acesso aos direitos básicos de saúde, educação, moradia e transporte.
15A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Esse grupo de arquitetos acreditava que o país caminhava para
o socialismo e estava empenhado em propor formas de atuação que
contribuíssem para a construção dessa nova sociedade. A ditadura mi-
litar instaurada em 1964 acabou com essas esperanças. Alguns partiram
para a luta armada. Mayumi persistiu buscando maneiras de continuar
trabalhando com esse sentido de formação. Ela escolheu a carreira
“anônima” dentro dos órgãos públicos como forma de atuar na cons-
trução de uma nova sociedade. Em todas as instituições públicas em
que trabalhou, buscava sempre oportunidades de transformar a ordem
vigente para a conquista da participação da população nos processos de
decisão – transformar essas instituições por dentro com um sentido de
democratização. Batalhava ainda pelo direito de toda a população aos
serviços públicos de qualidade. Era uma revolucionária paciente.
Com a abertura política a partir do final da cada de 1970, as
oportunidades de atuação com esse sentido revolucionário que Mayumi
tinha se ampliam. Mas é somente no início da década de 1990, durante
a primeira gestão petista na prefeitura da cidade de São Paulo, que ela
conseguirá o espaço durante tanto tempo batalhado para experimentar
com mais liberdade a aplicação dos princípios que sempre defendeu ao
longo de toda a carreira.
O título propositalmente ambíguo desta dissertação – “a constru-
ção do espaço para a educação” – remete a dois aspectos fundamentais
da obra de Mayumi: a reflexão sobre a construção (obra) do espaço
físico da cidade e a constrão de espaços” onde seja possível essa
reflexão (no sentido de crião de oportunidades, abertura para a
realização de experiências).
A dissertação foi estruturada em três capítulos.
O primeiro capítulo apresenta um breve histórico da carreira da
arquiteta, buscando compreender suas origens, o seu campo de atua-
ção e a elaboração de seu discurso sobre a construção do espaço para a
educação. É possível perceber como as questões relativas à produção e
ao uso dos espaços são desenvolvidas nas diferentes atividades – ensino
de arquitetura, pesquisa acadêmica, atuação em órgãos públicos, pla-
nejamento e projeto de redes escolares públicas.
O segundo capítulo destaca quatro momentos em que a arquiteta
pôde trabalhar com alguma liberdade as questões relativas ao uso e à
apropriação dos espaços pelas crianças, elaborando importante reflexão
a partir de sua prática profissional. Relata as experiências de projeto,
realizadas no âmbito da Conesp, com a participação do usuário: a
ampliação da escola João Kopke com atividades lúdicas envolvendo os
alunos (São Paulo, 1976-78) e
a construção de duas escolas com a par-
ticipação da população na gestão da obra (Jardim Fortaleza e Bairro da
Varginha, São Paulo, 1983-84). A partir dessas experiências práticas e de
suas leituras teóricas, Mayumi publicou dois livros com suas observa-
ções: Espaços educativos – uso e construção (1986) e A cidade e a criança (1989).
O terceiro capítulo é dedicado ao CEDEC Centro de
Desenvolvimento de Equipamentos Urbanos e Comunitários, proje-
to coordenado por Mayumi durante a geso de Luiza Erundina na
Prefeitura de São Paulo (1989-1992). As atividades do CEDEC abran-
giam pesquisa de materiais e de sistemas construtivos; treinamento e
formação de pessoal; produção de elementos pré-fabricados de arga-
massa armada; planejamento, projeto e execução de obras. A fábrica
de elementos de argamassa armada produziu equipamentos como
lixeiras, bancos e componentes para a construção de edifícios como
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI16
escolas, creches e centros de convivência. Mayumi desenvolveu no
Cedec um trabalho inédito de formação para a cidadania que incluía,
dentre outras atividades, divulgação de informações para a população
através de folders explicativos e reuniões com as comunidades onde as
obras seriam realizadas.
Este trabalho de mestrado tem um caráter de apresentação da obra
de Mayumi Watanabe Souza Lima. A aproximação inicial das questões
colocadas pela arquiteta, somada à existência dos inúmeros documentos
de seu acervo
7
, aponta diversos projetos de pesquisa possíveis: o ensino
crítico de arquitetura; a ação do Estado na construção de equipamentos
públicos e a atuação do arquiteto dentro dos órgãos públicos; a im-
portância do planejamento para a qualidade do equipamento público;
a participação da população na construção da cidade; a importância do
Cedec em seu contexto político, etc. A retomada de suas idéias ainda
muito atuais abre um campo de reflexão sobre o sentido da atuação
das novas gerações de arquitetos frente às condições da sociedade global
capitalista. Espero que este trabalho possa oferecer uma contribuição
para novas leituras do trabalho de Mayumi e para a reflexão sobre novas
formas de encarar, nos dias de hoje, os desafios que ela propôs.
7 Além do material digitalizado para esta pesquisa e do acervo que se encontra na
Fundação Perseu Abramo, outra fonte documental importante para futuras pesquisas é o
arquivo da FDE Fundação para o Desenvolvimento da Educação, que abriga todos os
documentos da antiga Conesp, onde Mayumi trabalhou por muitos anos. Provavelmente
os relatórios de projetos, bem como as propostas para políticas de construção que Mayumi
elaborou como Superintendente de Planejamento encontram-se arquivados na FDE. Seria
possível ainda buscar outros documentos importantes nos acervos do Premen, da Emurb e
de órgãos públicos em que Mayumi trabalhou – mas é necessário localizar estes acervos (se
é que eles foram preservados). Um trabalho a ser realizado por futuros pesquisadores...
CAPÍTULO 1
TRAJETÓRIA EM CONSTRUÇÃO
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI18
Quem foi Mayumi Watanabe Souza Lima (1934-1994)?
Arquiteta com carreira dedicada ao projeto e planejamento de espaços
para a educação de crianças e jovens, Mayumi desenvolveu abordagens
específicas de atuação, tendo realizado algumas experiências onde o
foco de projeto era o usuário e sua maneira de apropriar-se do espaço.
O ponto de partida para compreender sua trajetória profissional
foi o curculo organizado pela própria arquiteta em 1993, incluído
no livro Arquitetura e Educação1. A lista de atividades desenvolvidas ao
longo da carreira é imensa. Definimos para esta pesquisa três eixos
principais de atuação: ensino de arquitetura, atividades de projeto e
de planejamento para a construção de equipamentos blicos (em
sua maioria, equipamentos para a educação de crianças e jovens) e
produção teórica. Conforme veremos mais adiante, as atividades de
ensino, de projeto e de reflexão eram muito ligadas entre si. Prática e
teoria eram indissociáveis na sua atuação profissional.
É importante notar que a maior parte das atividades de projeto e
planejamento foi desenvolvida em cargos técnico-administrativos em ór-
gãos públicos, ou em consultorias contratadas por estes mesmos órgãos.
Além de discutir a maneira como os espaços para a educação eram pro-
jetados pelos técnicos e utilizados pela população, Mayumi questionava
também a forma como o Estado atuava na produção desses espaços.
É fundamental entender o discurso da arquiteta em seu contexto
histórico, visto que Mayumi sempre atuou posicionando-se claramente
frente à realidade política, econômica e social do país.
1 LIMA, Sérgio Souza (org.). Arquitetura e Educação, Editora Nobel, São Paulo, 1995, pp.244-
259. O documento original do currículo encontra-se no acervo da arquiteta no Centro de
Memória Sérgio Buarque de Holanda, Fundação Perseu Abramo, São Paulo, SP Acervo
Mayumi Watanabe Souza Lima, caixa 37. Ver anexo 1, pp.143-157.
ORIGENS
Mayumi Watanabe nasceu em 5 de dezembro de 1934 emquio,
no Japão. Seu pai, Minoru Watanabe, era jornalista e sua mãe, Yuri,
trabalhava no teatro pertencente ao Grupo de Arte Proletária. Ambos
participavam de organizações culturais de esquerda em Tóquio. Minoru
escrevia na revista marxista “Bandeira Vermelha”. Chegou a ser preso
em 1930 por um s. Por causa da perseguição do governo aos inte-
lectuais marxistas no país, Minoru e Yuri Watanabe decidiram migrar
com as filhas pequenas, Sayumi e Mayumi, para o Brasil.
Embarcaram em março de 1938 no La Plata Maru, último navio
que partiu do Japão para a América do Sul. Durante a viagem, a mãe
de Mayumi dava aulas de corte e costura para os viajantes do navio.
Minoru, que além de jornalista era também caricaturista, produziu
mais tarde uma série de aquarelas
2
relatando a viagem e os primeiros
anos da família no Brasil.
Ao chegar, a família viveu em fazendas em Lins e Guaratinguetá,
até março de 1940, quando se mudou para São Paulo. As escolas que
Mayumi e sua irmã mais velha, Sayumi, freqüentaram no interior fica-
vam distantes de sua casa, sendo longo o percurso diário de caminhada
para poder estudar. Os colegas arquitetos
3
relacionam esse fato da in-
fância de Mayumi a sua preocupação com a localização e acessibilidade
das escolas em seu trabalho de planejamento da rede escolar.
2 Algumas das aquarelas foram publicadas no livro organizado por Sérgio Souza Lima,
Mayumi Watanabe de Souza Lima – arquitetura e educação, pp.24-30. São Paulo, Studio Nobel, 1995.
3 Conforme comentário da arq. Odete Tomchinsky em entrevista à autora, em
20/10/2008.
19
A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Durante a II Guerra Mundial o Brasil rompeu relões com o
Japão, tornando a vida dos imigrantes japoneses mais difícil no país.
Já não havia correio e os periódicos japoneses não chegavam ao Brasil.
Os imigrantes japoneses ficaram isolados de seu país de origem. E,
ao mesmo tempo, é discriminado no novo país por ser estrangeiro e
oriundo de um país inimigo de guerra.
Yuri faleceu em março de 1945, pouco tempo antes do m da
guerra, após alguns anos adoentada.
4
Minoru casou-se novamente em
1951 com Saki, dona de uma pensão em São Paulo. Mayumi, que sem-
pre fora boa aluna na escola, dava aulas de reforço para as crianças da
pensão. Desde pequena já demonstrava aptidão e gosto pela atividade
de ensino.
A origem japonesa é um traço muito marcante na formação de
Mayumi
5
. Assim como o pai, Mayumi gostava de desenhar e utilizava o
desenho como um instrumento para a comunicação. Tinha ainda um
grande apreço pelas atividades manuais, pelo ato do fazer que encerra
em si um ato de re-criação do mundo. A observação dos detalhes e dos
fenômenos da natureza leva ao aprendizado – a natureza aparece como
algo que educa. Essa idéia é muito clara no trabalho de Mayumi, que
utilizava em suas aulas de tecnologia para estudantes de arquitetura
muitos exemplos de estruturas orgânicas naturais. Nas atividades lú-
dico-educativas com crianças utilizava personagens do mundo animal
como metáfora para as relações entre os seres humanos.Veremos ainda
que em suas atividades com crianças Mayumi utilizava exemplos da
4 Conforme informações no livro organizado por Sérgio Souza Lima Mayumi Watanabe de Souza
Lima – arquitetura e educação, pp.13-30. São Paulo, Studio Nobel, 1995.
5 Conforme depoimento de Mário Souza Lima à autora, em 20/10/2008.
cultura e da história do Japão para ilustrar diferenças de comporta-
mento entre diferentes civilizações em diferentes períodos da história.
Tratava de explicitar a diversidade cultural dos próprios alunos para
criar uma relação de respeito com as origens de cada um.
FORMAÇÃO
Em 1956, Mayumi iniciou o curso de arquitetura na FAUUSP (Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) e naturali-
zou-se brasileira.
Foi diretora de publicações do GFAU (Grêmio da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo), responsável pela publicação do jornal
“Estudos”, de 1956 a 1957. O jornal publicava em português textos tra-
duzidos de revistas estrangeiras de arquitetura, trazendo para o âmbito
da Universidade as discussões internacionais das idéias de importantes
arquitetos e intelectuais
6
. Freqüentou na mesma época o curso de
extensão universitária “Introdução às Ciências Sociais na Escola de
Sociologia e Política de São Paulo.
Na faculdade, Mayumi conheceu o estudante de arquitetura Sérgio
Souza Lima, com quem se casou em 16 de dezembro de 1961 (um
ano após o fim do curso de arquitetura), no Pavilhão Japonês (Parque
do Ibirapuera). Foram grandes companheiros durante toda a vida,
na atuação profissional, na vida acadêmica e na militância política de
6 A Biblioteca da FAUUSP possui apenas o exemplar do mero 2 de Estudos, que contém
dois textos: “Os valores espirituais da arquitetura moderna”, de Bruno Zevi e “Plano para
um ensino de arquitetura”, de Walter Gropius. Para o número 3 anunciava-se a publicação
de textos de Max Bill, Mies van der Rohe, Alvar Aalto, Oliver Hill e Gino Severini.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI20
esquerda
7
. Colaborando com Sérgio, executou diversos projetos de ar-
quitetura, como escolas públicas, residências e mesmo o detalhamento
e coordenação das obras do MASP para a arquiteta Lina Bo Bardi.
8
Mayumi foi estagiária de agosto de 1958 a maio de 1960 no escritó-
rio de Vilanova Artigas (1915-1985), e de novembro de 1959 a julho de
1961 no escritório de Joaquim Guedes e Lina Bo Bardi, onde trabalhava
também, no mesmo período, o arquiteto e cenógrafo Flávio Império
(1935-1985), então estudante. Artigas na época era o grande “mestre”
daquela geração, um dos professores mais admirado pelos estudantes,
uma referência da chamada “Escola Paulista”. Artigas construía casas,
escolas e outros equipamentos públicos em todo o país. A partir de
1957 coordenou, juntamente com Rino Levi (1901-1965), a comissão
responsável pela elaboração da Reforma Curricular, que estabeleceu o
novo currículo do curso de arquitetura da FAUUSP a partir de 1962. Foi
o grande mentor dessa geração formada no início dos anos 1960. Por
indicação de Artigas, em 1962 Mayumi e Sérgio Souza Lima o para
Brasília cursar mestrado na UnB (Universidade de Brasília).
7 Segundo o filho, a paixão pela discussão política e a luta por uma sociedade melhor
eram pontos fortes de uno do casal. [rio Souza Lima em depoimento à autora,
13/10/2008.]
8 Souza Lima, Mayumi Watanabe.
Aspectos da habitação urbana – dissertação de mestrado, p.61.
Brasília, UnB, 1965. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima, caixa 16.
BRASÍLIA E A CONSTRUÇÃO DO NOVO PAÍS
A lei que criou a UnB (Universidade de Bralia) foi sancionada
em 15 de dezembro de 1961, pelo presidente João Goulart. O Plano
Orientador
9
da universidade foi elaborado pelo educador Anísio
Teixeira (1900-1971)e pelo antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997).
Na primeira reunião do conselho diretor, Darcy Ribeiro foi eleito pre-
sidente do colegiado e reitor da nova universidade.
As atividades foram iniciadas com a implantação de três “cursos-
tronco” que constituíram o embrião da UnB: direito, economia e
administração; arquitetura e urbanismo; e letras brasileiras (abrangen-
do literatura e jornalismo). As primeiras aulas foram ministradas em
um dos prédios da Esplanada dos Ministérios, enquanto se iniciava o
projeto e a construção da sede da universidade.
Darcy convocou grandes cientistas e intelectuais brasileiros para
montar a universidade. O propósito era montar um novo modelo de
ensino, que partisse da reflexão sobre a situação de subdesenvolvimen-
to do país para propor uma transformação da realidade nacional, como
aponta Paulo Freire:
Essa forma de pensar o Brasil como sujeito que levava a uma ne-
cessária integração com a realidade nacional, vai caracterizar a ação
da Universidade de Brasília que, fugindo obviamente à importação
de modelos alienados, busca um saber autêntico, por isso compro-
metido. Sua preocupação não era, assim, a de formar bacharéis ver-
bosos, nem a de formar cnicos tecnicistas. Inserindo-se cada vez
mais na realidade nacional, sua preocupação era contribuir para a
9 RIBEIRO, Darcy. Plano Orientador da Universidade de Brasília. Brasília, UnB, 1962.
21A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
transformação da realidade, à base de uma verdadeira compreensão
de seu processo.
10
A estrutura do curso de arquitetura partia do modelo de um Instituto
Central de Artes (ICA) com ciclo básico de 2 anos, seguido por ciclo
profissionalizante de especialização: arquitetura ou artes plásticas, co-
municações, teatro, cinema, etc. Ou seja, a escola de arquitetura era um
departamento dentro do ICA, denominado “Arquitetura e Artesanato”.
Era uma Universidade que nascia da idéia de cultura e de conhecimen-
to coletivo:
(...) essa Universidade parte da idéia de Universidade, da idéia de
cultura, do conhecimento, da tecnologia, da produção do saber en-
quanto um todo. O curso de arquitetura também tem essa totalidade.
Ao contrário, a Faculdade de Arquitetura, aqui em São Paulo, como
aliás, todas as outras faculdade, surgem como escolas, mais ou me-
nos isoladas, agregadas a uma coisa que se chama universidade. Na
verdade, essa unidade não existe: há o curso disso, o curso daquilo
(...). É outro o ponto de partida da Universidade de Brasília. (...) a
segmentação ocorre depois da unidade existente. A origem do curso
vem como um todo, então é discutido que parcelamento se dará.
11
O departamento de arquitetura tinha como professores Lucio Costa
(1902-1998), Oscar Niemeyer (1908-), Edgar Graeff (1921-1990)
10 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 2008, p.107.
11 Depoimento de Mayumi Souza Lima a Gelson Pinto in PINTO, Gelson Almeida. A prática
do projeto no ensino de arquitetura: investigação sobre algumas experiências. Dissertação de Mestrado. São
Carlos, EESC-USP, 1989, vol.2, p.163)
e João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé (1932-), dentre outros. Eram
os mesmos arquitetos que haviam participado da construção da
nova capital e que, ao mesmo tempo em que davam aulas no curso
de arquitetura, faziam no Ceplan (Centro de Planejamento da UnB)
os trabalhos de projeto e de construção da sede da universidade. “Era
uma escola em construção, no meio de universidade em construção,
no meio de uma cidade em construção”
12
enquanto se construía o
espaço físico da UnB, encontrava-se também em elaboração a estrutura
do que deveria ser o ensino universitário no país.
Podemos destacar duas particularidades do ensino de arquitetura
em Brasília. A primeira é que Niemeyer enfatizava a importância da
construção no ensino. Estudar a história da arquitetura significava estu-
dar como se construíram os edifícios – por exemplo como os egípcios
construíram as pirâmides. Muitas das aulas eram dadas no canteiro
de obras da universidade para que os alunos conhecessem todos os
métodos construtivos empregados.
A segunda refere-se ao destaque dado ao ensino de Urbanismo
(que na FAUUSP só começava a partir do quarto ano) desde o
pri
meiro ano os estudos estavam voltados para a compreensão da
formação das cidades. Na época Brasília “era o que havia de mais
avançado em termos de urbanismo”, eno partia-se da discussão
levantada pela construção da própria cidade como referência para o
ensino. Uma das disciplinas era “Cidade e
Cultura”, que tratava da
história social desde a tendência associativa do homem primitivo a
12 A frase foi encontrada no material do acervo em meio a anotações de Mayumi (pela
caligrafia provavelmente é de sua autoria) sobre o ensino de arquitetura no Brasil. Foi
reproduzida aqui por sintetizar muito bem o que era o clima da época.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI22
as discussões da Carta de Atenas, passando pelo projeto de Brasília. Era
fundamental fazer com que o aluno tivesse uma compreensão crítica
da realidade, que ele compreendesse o contexto onde se o projeto do
arquiteto estava inserido
13
.
Mayumi aprofundou seus estudos em Sociologia e Urbanismo,
cursando disciplinas na UnB com os professores Perseu Abramo e
Nelson Werneck Sodré. Iniciou sua carreira docente como professora
assistente no curso de arquitetura da UnB de 1963 a 1965, nas discipli-
nas de Física aplicada às construções, Teoria da Arquitetura, Técnica da
Edificação, Iluminação e Instalações Elétricas.
O referido Ceplan, no planejamento e construção das instalações
da universidade, tornou-se um importante laboratório
14
, onde os ar-
quitetos puderam iniciar as experiências de pré-fabricação. O Ceplan
era coordenado por Oscar Niemeyer, que defendia a pré-fabricação
de elementos pesados para eliminar componentes de pequeno porte
que demandassem mais trabalho durante a montagem. O projeto do
Instituto Central de Ciências (ICC) da UnB que mais tarde cou
conhecido como “Minhocão” – foi construído nesses moldes.
O diretor executivo do Ceplan era o arquiteto Lelé, que foi res-
ponsável pelo projeto e pela construção de muitos dos edifícios na
primeira fase de implantação da UnB. Lelé nessa época foi enviado em
viagem de estudos para visitar as fábricas de elementos pré-fabricados
13 Conforme depoimento de Mayumi Souza Lima a Gelson Pinto in PINTO, Gelson
Almeida. A prática do projeto no ensino de arquitetura: investigação sobre algumas experiências. Dissertação de
Mestrado. São Carlos, EESC-USP, 1989, vol.2, pp.148-151.
14 Para saber mais sobre a importância do Ceplan no histórico da industrialização da cons-
trução no Brasil, consultar KOURY, Ana Paula. Arquitetura Construtiva – Proposições para a produção
material da arquitetura contemporânea no Brasil. Tese de Doutorado. São Paulo, FAUUSP, 2005.
nos pses do leste europeu (Polônia, Tchecoslováquia, Alemanha
Oriental e União Soviética). Foi montada em Brasília uma fábrica de
pré-moldados para a construção dos projetos do Ceplan. Mayumi e
Sérgio trabalharam com Lelé no Ceplan, onde projetaram e constru-
íram com elementos pré-fabricados uma Unidade de Vizinhança para
10.000 habitantes, a Unidade de São Miguel, em Brasília.
O mesmo projeto da Unidade de Vizinhança de São Miguel será
o tema escolhido por Mayumi para seu mestrado em arquitetura,
sob orientação do Lelé. A dissertação defendida em 1965, intitulada
“Aspectos da habitação urbana projeto de habitação para a unidade
de vizinhança São Miguel”, discutia as questões de desenvolvimento
nacional e o significado do projeto de Brasília como resposta aos pro-
blemas habitacionais urbanos e de infra-estrutura.
Em 1963, Mayumi foi a Havana, Cuba, para o VII Congresso
Internacional de Arquitetos (UIA), sobre Arquitetura nos países sub-
desenvolvidos, como membro da comissão julgadora do Simpósio de
Ensino de Arquitetura. Provavelmente teve oportunidade de conhecer
as políticas públicas para a educão (era novel a inflncia das
experncias cubanas entre os educadores brasileiros). Em Cuba a
alfabetização da população adulta fez parte do processo de revolução
– a guerrilha já se preocupava com a alfabetização e a conscientização,
com o objetivo de integrar a população no processo revolucionário.
Após a revolução (1959), 1961 é declarado o “Ano da Educação” em
Cuba. o criadas brigadas” de alfabetização com voluntários que
seguiam um “manual” (“Alfabeticemos”) de caráter prescritivo, com
apoio da cartilha “Venceremos”. A cartilha era baseada em imagens
acompanhadas de frases. O manual situa e problematiza os temas para
o professor trabalhar em aula. Os temas tinham a ver com o cotidiano
23A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
dos estudantes, como por exemplo: “La cooperativa pesquera ayuda
al pescador. El pescador ya no es explorado. El pescador ahora vive
mejor. Em 1958, 33% da população cubana era analfabeta. Em 1959,
iniciam-se as primeiras experiências de alfabetização. No final do “Ano
da Educação”,100% da população adulta estava alfabetizada.
15
A dele-
gação brasileira que foi para o Congresso da UIA incluía mais de 100
arquitetos. As políticas sociais e a Reforma Urbana promovidas após a
revolução em Cuba (1959) são referências e temas de debate para os
arquitetos do mundo todo.
No mesmo ano de 1963, foi realizado em São Paulo e no Rio de
Janeiro o 1º Seminário de Habitação e Reforma Urbana. No contexto
das Reformas de Base propostas pelo Presidente João Goulart, era
importante para os arquitetos definir o que seria a Reforma Urbana.
A inexistência de propriedade do solo em Brasília e a constrão de
conjuntos habitacionais coletivo sem unidades de vizinhança era um
modelo a ser reproduzido, com tendências socializantes.
Os intelectuais brasileiros preparavam-se para as transformações
do país e acreditavam que se caminhava para uma sociedade socialista,
como aponta Sérgio Souza Lima:
Com esse processo, nós estávamos querendo levar para as cidades
brasileiras, para o conjunto das cidades brasileiras, através de um
processo de Reforma Urbana, as mesmas condições que tinham
possibilitado Brasília, ou seja, o domínio sobre o uso do solo. É cla-
ro que a tendência era socializada, mas o processo todo dava nisso.
Era devagar, pois não se acreditava em resistências. O golpe de 64 é
15 Fonte: anotações de seminário da disciplina “Educação e Sociedade no Brasil
Contemporâneo”, prof. Celso de Rui Beisiegel, FEUSP, outubro de 2007.
uma surpresa. (...) Pelo menos para nós, recém-formados, jovens,
com toda vida pela frente, o golpe foi uma tremenda surpresa.
16
Em abril de 1964, após o golpe militar, alguns professores foram presos
sob acusação de subversão da ordem vigente. Iniciou-se a perseguição
política na Universidade: a sede foi invadida por tropas militares e re-
vistada à procura de material subversivo. O então reitor Anísio Teixeira
foi substituído por Zeferino Vaz, interventor nomeado pelos militares.
Zeferino era amigo de Darcy Ribeiro e tentou seguir o projeto original
da universidade, porém não aceitava a pressão do governo para demitir
professores e pediu demissão. Zeferino transferiu-se para Campinas,
onde como reitor coordenou a fundação da Unicamp.
O governo continuou a pressão sobre o novo interventor nomeado,
o filósofo da USP Laerte Ramos de Carvalho. Os professores reunidos e
assinam um documento comprometendo-se a pedir demissão coletiva
caso houvesse demissão de um professor. Em outubro de 1965, após
o afastamento de 15 professores por ordem do novo Reitor, mais de
200 professores pediram demissão de seus cargos em solidariedade aos
colegas, esvaziando a universidade.
Sérgio e Mayumi retornaram a São Paulo.
16 Depoimento de Sérgio Souza Lima a Gelson Pinto in PINTO, Gelson Almeida. A prática
do projeto no ensino de arquitetura: investigação sobre algumas experiências. Dissertação de Mestrado. São
Carlos, EESC-USP, 1989, vol.2, pp.152-153
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI24
PLANEJAMENTO E PROJETO
De volta a o Paulo em 1965, Mayumi trabalhou na diretoria de
planejamento do FECE (Fundo Estadual de Construções Escolares).
Desenvolveu estudos para metodologia de cadastro da rede física de
escolas no estado de São Paulo; programas-modelo para projetos de
arquitetura destinados ao ensino fundamental e estudos sobre os siste-
mas construtivos regionais no estado.
Deste momento em diante, a maioria de suas atividades profis-
sionais estiveram ligadas ao planejamento e projeto de espaços para
a educão de crianças e jovens, tendo atuado como consultora de
diversos órgãos e programas públicos para a educação
17
.
De 1968 a 1970 atuou no Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas
de Administração Municipal, fundação ligada à Secretaria do Interior
do Estado de São Paulo). Elaborou roteiro para o planejamento educa-
cional e o cadastro de informações dos municípios paulistas. A partir de
1969, participou de uma cooperativa de arquitetos, a EDAP (Educação,
Assessoria e Planejamento). Com os colegas Celso Lamparelli e Maria
Alice Pompéia Gonzaga, também integrantes da cooperativa, publicou
um texto
18
sobre a situação das escolas no estado de São Paulo num
suplemento do jornal Folha de São Paulo.
De 1970 a 1975, Mayumi foi Superintendente de Arquitetura e
17 Não cabe aqui listar todos os projetos que a arquiteta elaborou nesse sentido, apenas
citaremos alguns órgãos onde trabalhou por mais tempo. A lista completa dos trabalhos
desenvolvidos encontra-se no seu currículo, em anexo a este trabalho, pp.143-157.
18 “Condições das instalações escolares”, em suplemento especial “Investimento nas novas
gerações”, Folha de São Paulo, 1970. Fonte: Acervo Prof. Celso Lamparelli. Ver arquivo
anexo.
Organização da Consultoria de Arquitetos e Engenharia do Premen
(Programa de Expansão e Melhoria do Ensino), ligado ao governo fe-
deral. Desenvolveu programas e projetos para todo o Brasil e participou
da criação do Cebrace (Centro Brasileiro de Construções Escolares),
com o qual colaborou ativamente de 1975 a 1979 na elaboração de
metodologias de planejamento de rede e edifícios escolares.
Nota-se que essas atividades ligadas aos órgãos públicos, res-
ponsáveis pela produção de equipamentos escolares, estavam sempre
ligadas à elaboração de metodologias e abrangiam todas as etapas do
planejamento. E Mayumi insistia muito na clareza dos métodos de tra-
balho. Na elaboração de manuais de metodologia de planejamento de
rede física escolar, criticava a distribuição dos equipamentos públicos
no território em geral um resultado de poder político em lugar do
processo de planejamento baseado em diagnósticos e estudos criterio-
sos sobre as demandas de cada local. Defendia a reserva de terrenos
para os equipamentos públicos como uma prerrogativa do Estado para
a garantia da qualidade e localização adequada desses equipamentos.
Criticava as leis existentes, que o incluíam exigências mínimas de
qualidade dos terrenos a serem doados pelas empresas imobiliárias
quando da criação de novos loteamentos.
Em relação ao sistema de cadastro de informações que subsidia-
riam a elaboração de planos, ela questionava: que tipo de informações
deveriam ser cadastradas, por quem, com que nalidade. Para ela era
fundamental estabelecer procedimentos que gerassem dados quantita-
tivos e qualitativos que refletissem de maneira fiel e abrangente as con-
dições de projeto. E que esses procedimentos estivessem em constante
avaliação, permitissem mudanças para melhorar o próprio sistema de
coleta de dados.
25A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Na elaboração de modelos para o projeto de escolas públicas, que
estabeleciam padrões de materiais e acabamentos a serem utilizados
nessas obras, uma das principais questões da arquiteta era a crítica aos
sistemas de avaliação de custos da constrão, sempre baseados em
números esvaziados, sem levar em conta a qualidade ou a durabilidade
dos equipamentos públicos produzidos. A comparação entre materiais
priorizava sempre o de preço (absoluto) mais “barato” na hora da com-
pra, sem avaliar outros componentes do custo real do material como
os gastos com a manutenção posterior, com a reposição de elementos
quebrados pela pouca resistência, com a instalação, etc.
Além disso, preocupava-se com a cristalização de modelos que
acarretassem na repetição de projetos padronizados para esses equipa-
mentos. Defendia que deveriam existir projetos adequados à variedade
de situações existentes no estado de São Paulo, com suas diferenças
geográficas, culturais, sociais e econômicas entre as várias regiões:
Um padrão corresponde sempre a um modelo teórico que serve
como termo de comparação entre uma dada realidade e uma outra
que, por exemplo, se pretende implantar.
Trata-se de um dado sempre relativo aos elementos de confronto e
em função das hipóteses e dos objetivos adotados “a priori”.
Apesar do seu caráter transitório, um padrão corre o risco de se
tornar permanente e, muitas vezes, obstáculos para mudaas
porque, ao se transformar em instrumento normativo e institucio-
nalizado, permanece fiel às hipóteses iniciais e não à realidade que
se modifica.
Daí, o extremo cuidado com que falamos em definição de padrões
e mais do que fornecer valores e dados definitivos, preferimos
estabelecer varveis intervenientes no sistema-objeto de nosso
exame.
19
Como se pode notar, sua preocupação com a qualidade dos equipa-
mentos públicos abrangia várias dimensões de projeto, desde a correta
distribuição dos equipamentos no território até a questão do desenho
do mobiliário. Inconformada com a qualidade do desenho das
carteiras e cadeiras utilizadas nas escolas públicas muito pesadas,
pouco ergonômicas e que não permitiam movimentação na sala de
aula Mayumi envolveu-se na realização do Concurso Nacional de
Mobiliário Escolar, em 1968, para a escolha de novo mobiliário para as
escolas públicas do estado de São Paulo. O vencedor foi o designer Karl-
Heinz Bergmüller, da ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial) do
Rio de Janeiro. Por ocasião do concurso, Mayumi conheceu a pedagoga
Marta Grosbaum e convidou-a para trabalhar no FECE, como consulto-
ra na avaliação dos projetos de arquitetura de escolas. Marta participava
das reuniões com os arquitetos contratados para executar os projetos
e opinava sobre as soluções espaciais propostas do ponto de vista pe-
dagógico. Mayumi preocupava-se com a formação multidisciplinar da
equipe de projeto, onde todos pudessem aportar contribuições para
a construção de espaços adequados às propostas educativas
20
. Marta
colaborou em diversos trabalhos de Mayumi.
A experiência de trabalho nos órgãos e programas públicos citados
colocou-a em contato com diversas limitações da burocracia existente
19 LIMA, Mayumi W. Souza. Estudo de Padrões de Equipamentos para o Município de São Paulo – Relatório
final. Manuscrito, c.1975. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima, caixa 45.
20 Conforme depoimento de Marta Grosbaum à autora, em 21/10/2008, São Paulo.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI26
dentro da estrutura da administração pública. Mayumi buscou alterna-
tivas que rompessem a ordem vigente para a criação de novas posturas
de atuação na máquina governamental. Muitos dos problemas que ela
apontava na elaboração das políticas de construção de equipamentos
blicos persistem ainda hoje. Uma releitura atenta das propostas
feitas por Mayumi para o planejamento da rede física poderia fornecer
subsídios para o debate de novas metodologias a partir do contexto
atual de projeto.
PROJETOS PARTICIPATIVOS
Nos diversos órgãos públicos em que trabalhou com atividades de
planejamento da rede e projeto do edifício escolar, Mayumi sempre
buscou a construção de alternativas mais democráticas de atuação para
poder blico. Em algumas ocasiões, propôs e conseguiu convencer
seus superiores a autorizar a realização de experiências piloto de pro-
jeto com a participação da população usuária. Essas experiências foram
descritas em seu livro A cidade e a criança, de 1988, e apresentadas em
diversos seminários sobre infância e educação.
A relação com o usuário do espaço era uma questão muito cara
para Mayumi.
A primeira experiência que realizou foi na Conesp (Companhia
de Construções Escolares do Estado de São Paulo),durante a reforma
e ampliação da EEPG João Kopke (1976-1978), que funcionava em um
casarão antigo no Bom Retiro, em São Paulo. Ela convocou uma equipe
multidisciplinar para realizar atividades lúdicas com os alunos de 7
a 11 anos, durante os meses que antecediam a demolição do casarão
antigo para a constrão do novo edifício da escola. A proposta era
em primeiro lugar conhecer as crianças e suas famílias para depois
desenvolver atividades onde os alunos pudessem entender o processo
de reforma da escola.
Durante a gestão de Franco Montoro (1983-1986) no governo
do Estado de São Paulo, Mayumi desenvolveu, também no âmbito da
Conesp, uma experiência de construção de escolas com a participação
da comunidade local na gestão da obra. Mayumi era Superintendente
de Planejamento e estava elaborando a nova política de construções
escolares
21
da Conesp. Dentre as diretrizes, ela propunha a pesquisa
de alternativas para a constrão de edifícios escolares, apresentando
como possibilidade a auto-constrão pela população. Não se tratava
de um sistema de mutirão voluntário e sim de uma gestão da obra
pela associação de moradores do bairro, com assessoria dos técnicos
da Conesp e contratação da mão de obra de acordo com os valores de
mercado e a legislação trabalhista vigente.
No capítulo 2 apresentamos o relato dessas experiências de parti-
cipação e a reflexão posterior que a arquiteta elaborou no livro A cidade
e a criança.
21 Ver documento Algumas reflexões sobre construções escolares”, elaborado pela
Superintendência de Planejamento da Conesp em setembro de 1983. Fonte: Acervo Mayumi
Watanabe Souza Lima.
27A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
ENSINO DE ARQUITETURA: A FUNÇÃO SOCIAL DO ARQUITETO
Mayumi iniciou sua carreira docente na Universidade de Brasília, em
1963. Como vimos anteriormente, era um momento de entusiasmo
e de otimismo com o governo de João Goulart, em que se acreditava na
construção de uma nova sociedade rumo ao socialismo. A UnB estava
em processo de formação, portanto discutia-se a metodologia e os ob-
jetivos do ensino superior no Brasil e do ensino de arquitetura em si. O
estudo da atividade docente de Mayumi é fundamental para entender a
elaboração de sua postura crítica de projeto, porque as questões que ela
enfrentava no ensino estavam diretamente vinculadas ao contexto social,
político e econômico do país e à sua atuação profissional. A universidade
apresenta-se como um espaço de reflexão sobre a atuação profissional
do arquiteto, onde se oferece a oportunidade de troca de experiências e
de elaboração de práticas alternativas de ensino e de projeto.
Podemos distinguir ts momentos distintos de sua carreira
docente. O primeiro, recém formada, como professora assistente em
Brasília. O segundo momento, na década de 1970, durante a ditadura
militar, quando os colegas tentavam elaborar formas de resistência e
muitos (inclusive ela) foram presos. Finalmente, em meados da década
de 1980, na abertura política do país, quando se buscava construir a
nova sociedade democrática.
No final da década de 1960, em resposta aos movimentos que pres-
sionavam por aumento na oferta de vagas no ensino superior, o governo
militar faz uma Reforma Universitária. Sem expandir a rede pública,
propõe otimizar a estrutura existente com a ampliação do número de
vagas. Além disso, cria as condições para a abertura de escolas privadas
que supririam o excedente da demanda. Isso gerou uma proliferação
descontrolada de novas instituições de ensino superior em todo o país,
tendo como conseqüência a queda da qualidade do ensino. No estado
de São Paulo abrem-se novas escolas particulares em Santos, o José
dos Campos, Guarulhos, Campinas, Taubaté e Mogi das Cruzes.
Em 1968, a FAUUSP realizou um rum de Ensino, com amplas
discussões a respeito da função social do arquiteto. No fórum ficou evi-
dente a polarização entre dois “grupos” principais o famoso “racha”
entre o mestre Vilanova Artigas e seus “pupilos” Sérgio Ferro (1938-),
Rodrigo Lefèvre (1938-1984) e Flávio Império (1935-1985) – o grupo
que mais tarde ficou conhecido como Arquitetura Nova. Por um lado,
Artigas defendia a atuação através do desenho o projeto como pro-
pulsor da revolução técnica no país, enquanto o grupo da Arquitetura
Nova elaborava a ctica ao desenho como forma de exploração do
trabalhador no canteiro de obras e propunha uma atuação mais ligada à
realidade das classes populares, como explicita Ana Paula Koury:
Se para Artigas a elaboração de um projeto cultural autônomo
passava pela superação do subdesenvolvimento com a adoção de
um projeto de modernização técnica baseado nos países ricos, para
a Arquitetura Nova tal superação dependia da elaboração de um
modelo tecnológico baseado no emprego intensivo de mão de obra
e de menores investimentos em mecanização da produção, ou seja,
um processo a ser realizado com os recursos possíveis e com os
limites existentes no contexto efetivo do país.
22
22 KOURY, Ana Paula. Grupo Arquitetura Nova: Flávio Império, Rodrigo Lefèvre, Sérgio Ferro. São Paulo,
Romano Guerra Editora/Edusp, 2003, p.56.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI28
Para os alunos, a discussão era percebida apenas no plano da arquitetura.
No entanto, todos esses arquitetos faziam parte do Partido Comunista,
onde ao mesmo tempo ocorria outro racha” contrariando as di-
retrizes do partido, que o concordava com a luta armada, Carlos
Marighela criara a ALN (Aliança Libertadora Nacional). A discussão no
plano profissional radicaliza-se no plano político e Sérgio e Rodrigo
decidem tentar a solução das armas contra a ditadura.
Importa aqui assinalar que o grupo da Arquitetura Nova repre-
senta uma geração que se dedicou ao estudo das condições de vida das
classes populares, no intuito de oferecer soluções para a transformação
da realidade política, social e econômica do país. Mayumi e Sérgio
Souza Lima foram contemporâneos desse grupo durante a graduação
e tornaram-se grandes amigos, trabalhando juntos na estruturação do
curso de arquitetura das Faculdades de Santos em 1970 e de São José
dos Campos em 1972. Era um grupo de pessoas com formação marxis-
ta e uma opção política comum, o que propiciava um debate conjunto
sobre a atuação do arquiteto e sua importância na construção de uma
nova sociedade brasileira. Como relembra Sérgio Ferro:
Fizemos projeto de algumas escolas em São Paulo através da
Mayumi, quando ela trabalhava não me lembro mais em qual ad-
ministração publica
23
. Nossos projetos, portanto nossas propostas
teóricas, foram objeto de longos e convergentes debates com ela.
Em particular sobre a função formadora e pedagógica da arquite-
tura. Sob esse aspecto insistia muito sobre a clareza construtiva, a
presença evidente de todas as equipes de produção (por exemplo,
23 No período de 1965 a 1969, quando Mayumi trabalhava no FECE (Fundo Estadual de
Construções Escolares). N.A.
a ausência de revestimentos, evidencia estrutural, tubulações apa-
rentes, etc). Os alunos deveriam compreender facilmente todos
os componentes arquiteturais, seus porquês”, seus “como”.
24
FAU SANTOS, 1970-71
Em Santos, Mayumi,Sérgio Souza Lima e Rodrigo Lefèvre davam aulas
pelo Departamento de Tecnologia. Sérgio Ferro dava aulas de História e
Teoria. Em 1970, fizeram uma experiência inovadora com os alunos do
primeiro ano, enviando-os para estudar as favelas da região, numa ação
entre várias disciplinas. E
m tecnologia, discutia-se as técnicas emprega-
das para a população na auto-construção. Em desenho industrial, proje-
tavam objetos para o uso dessa classe popular. Em projeto, propunham
soluções para o bairro estudado. No conjunto, a experiência gerou uma
reflexão importante sobre a atuação do arquiteto junto às classes popu-
lares. O sociólogo Francisco de Oliveira também era professor em Santos
e aponta a pesquisa sobre habitação popular como ponto fundante para
sua crítica sobre a industrialização e o aumento mais-valia do custo de
reprodução
da força de trabalho através da auto-construção
25
. A maior
parte das habitações pesquisadas era própria, construída em mutirões
nos finais de semana, quando os proprietários chamavam os amigos e
juntos iam fazendo a casa aos poucos. Em suas palavras:
Caiu a ficha. Crítica à razão dualista partiu dessa constatação. (...) a in-
dustrialização estava se fazendo, com base na autoconstrução, como
um modo de rebaixar o custo de reprodução da força de trabalho.
24 Depoimento de Sérgio Ferro à autora, por email, de 01/04/2009.
25 OLIVEIRA, Francisco de. Crítica à razão dualista/O ornitorrinco. São Paulo, Boitempo, 2003.
29A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Eu diria que a industrialização brasileira foi sustentada por duas
vertentes. A primeira foi a vertente estatal, pela qual o Estado
transferia renda de certos setores e subsidiava a implantação indus-
trial. E a segunda eram os recursos da própria classe trabalhadora,
que autoconstra sua habitação e com isso rebaixava o custo da
produção.
26
Naquele momento, estavam preocupados em revelar aos alunos as
condições de vida das classes populares, estudar os problemas da auto-
construção e orientá-los para uma atuação engajada. O relato de Sérgio
Ferro reforça o caráter inédito da experiência:
Nossa atuação em Santos foi bastante inovadora. Basicamente aplica-
mos as propostas que haviam sido derrotadas no Fórum da FAUUSP
em 68. Propúnhamos um ensino ancorado em questões atuais de
uma arquitetura socialmente engajada. Tomamos, por exemplo,
uma favela próxima como objeto de estudo de todas as matérias
do 1° ano. Sergio e Mayumi eram professores de Estrutura, e todos
os conceitos básicos dessa matéria surgiam e eram desenvolvidos a
partir do estudo das casas da favela. A introdução à teoria da arqui-
tetura partia de uma análise socioeconômica da favela, de enquetes
sociológicas precisas, de suas condições de produção e da forma
resultante, etc. Enfim, todas as matérias tomavam como suporte
uma realidade presente, e construíam seus conceitos a partir dela,
inclusive, evidentemente, o projeto. Infelizmente, a experncia
durou apenas 1 ano - com a prisão de boa parte dos professores
26 OLIVEIRA, Francisco. “O vício da virtude – autoconstrução e acumulação capitalista no
Brasil” in Revista Novos Estudos, n.74, março 2006.
(Sergio, Mayumi, Rodrigo e eu) os outros tiveram que se afastar ou
por as barbas de molho.
27
Sérgio Souza Lima havia entrado para a luta armada junto com Sérgio
Ferro e Rodrigo. Os três foram presos no final de 1970, acusados de en-
volvimento na explosão de uma bomba em frente à embaixada norte-
americana. Ficaram por um ano no Presídio Tiradentes, em 1971, junto
com os arquitetos Júlio Barone e Carlos Henrique Heck (que também
era professor em Santos) onde eram conhecidos como “grupo dos
arquitetos”, tendo montado um ateliê de desenho para os presos
28
.
Mayumi também foi presa e torturada por um mês no mesmo
período. Tinha dois filhos pequenos, Mario (1968) e Silvio (1967), que
ficaram com os avós. Mayumi não gostava de falar sobre o assunto e,
apesar de sua postura contra o regime, não concordava com a opção
pela luta armada. Foi presa provavelmente para pressionar o marido e
os colegas de faculdade, mas não entregou ninguém. Naquele momen-
to, a sociedade brasileira ignorava a existência de presos políticos e do
uso da tortura pelos militares. Mayumi denunciou à família de Sérgio
que o marido estava sendo torturado. A família demorou a buscar ajuda
para tirá-lo da prisão (foi preciso que Mayumi mostrasse as próprias
marcas de tortura para que eles acreditassem
29
).
Mayumi continuou dando aulas no início de 1971, com os colegas
na prisão. Sentia a necessidade de manter a discussão sobre a atuação
27 Depoimento de Sérgio Ferro à autora, por email, de 01/04/2009.
28 Conforme SISTER, Sérgio. “Cultura: Fazendo Arte na cadeia”, artigo da Revista Teoria e
Debate n.27, 12/2004, consultado em www.fpa.org.br.
29 Conforme depoimento de Mário Souza Lima à autora, em 20/10/2008.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI30
engajada do arquiteto frente aos problemas políticos e sociais que o
país enfrentava:
Eu diria que em Santos, com o período político de uma crise,
inclusive da esquerda, a gente à procura de uma saída para a vida
pessoal, para a vida profissional, para a vida nacional: mas, afinal,
vamos ficar fazendo o quê? Então, se de um lado ainda havia arqui-
tetos que ficavam discutindo forma com o aluno, para nós parecia
algo absolutamente impossível de ficar fazendo. Eu não podia ficar
discutindo a casa do burguês, dizendo se o concreto vai ser aparente
ou não, quando se tinha aquela situação no país.
30
Ela achava “um absurdo continuar a fazer projeto de arquitetura como
se nada tivesse mudado no país” e batalhava pela politização da ação do
arquiteto, no sentido de compreender a realidade brasileira como cam-
po de atuação.
Daí a importância de se colocar os alunos em contato
com a realidade da favela desde o primeiro ano de formação.
31
Após sair da prisão, sem emprego e impedido de dar aulas, Sérgio
Souza Lima exila-se voluntariamente na Argélia. A convite de Oscar
Niemeyer, foi trabalhar na construção da Universidade de Constantine,
em 1973. Por conta da tortura, Sérgio sofreu perda da funcionalidade
dos rins e teve a saúde debilitada para o resto da vida. Mário Souza Lima
comenta que o pai pediu visto para se exilar na França, não conseguiu,
depois chegou a cogitar levar Mayumi e os filhos para a Argélia, mas
30 Depoimento de Mayumi Souza Lima a Gerson Pinto em PINTO, Gerson Almeida. A prática
do projeto no ensino da arquitetura: investigação sobre algumas experiências, São Paulo 1958/85. Dissertação
de Mestrado. EESC-USP, 1989, vol.2, pp.181.
31 Idem, pp.179-180.
acabou desistindo e voltando para o Brasil. Ainda segundo rio
32
,
Sérgio estava insatisfeito com o trabalho porque discordava um pouco
da arquitetura que Niemeyer estava fazendo na Argélia, pois era um
país atrasado e tudo tinha que ser importado da França, com custo
muito elevado, não compatível com o nível de pobreza da população.
Essa crítica é comum ao grupo na época – eles defendiam a adequação
das técnicas ao nível de desenvolvimento da sociedade, com vistas a um
processo de modernização que não fosse imposto de cima para baixo.
A opinião de Rodrigo Lefèvre sobre o desenho de Joaquim Cardozo
para a ferragem das cúpulas de Brasília tem esse mesmo sentido:
Se voltarmos para aquele desenho, ele é um desenho muito bonito,
que está ligado à própria forma daquelas meias laranjas que tem
no Congresso Nacional. Mas se nós tentarmos imaginar um operário
colocando aqueles ferros, um ao lado do outro, um dentro do outro,
tentando amarrar um ferrinho no outro, pegando aqueles vergalhões
de uma polegada, de uma polegada e meia, tentando encaixar dentro
de outros ferros que estavam montados... e depois de toda a fer-
ragem montada, o pedreiro tem que trazer o concreto para cima, e
começar a jogar o concreto ali, dentro daquela trama de ferro, mais
fechada que uma peneira dessas de cozinha, e tendo que jogar o
concreto dentro e socar o concreto... Se você olha isso pensando no
processo de produção, em como realmente o operário vai trabalhar
para conseguir fazer aquilo, você começa a pensar que talvez existam
algumas coisas na nossa arquitetura que são “fogo”.
33
32 Em depoimento à autora em 13/10/2008.
33 Depoimento de Rodrigo Lefèvre a Renato de Andrade Maia em 1974, consultada em
www.vitruvius.com.br/entrevista/lefevre/lefevre.asp, em outubro de 2008.
31A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
FAU SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 1972-74
Aberta em 1970, a Faculdade de Arquitetura de o José dos Campos
passou por diversas modificações em sua estrutura. Boa parte dos
professores vinha da FAU Santos: Jean Claude Bernadet, Chico de
Oliveira, Mayumi Souza Lima e Rodrigo Lefèvre. Inicialmente foi
adotado o funcionamento no modelo de ateliês integrados, visando
à formação de um Instituto de Projeto e Comunicação (IPC) que teria
3 departamentos: Som e imagem; Projeto de Edificações, Desenho de
Objeto e Urbanismo; História e Tecnologia. O modelo do IPC partia da
experiência da UnB, conforme relata Mayumi:
Pensávamos um pouco no modelo de Instituto de Arte e Arquitetura,
porque o Paulo Bastos estava vindo da experiência de Brasília. Assim,
ele propõe para a Fundação que, ao invés de ser Arquitetura,
fosse Arte e Arquitetura, e entram cinema, comunicação. (...) É
uma idéia que procura recompor, a partir de uma Faculdade, a con-
cepção da futura universidade que haveria no Vale do Paraíba. Veja
que interessante, é a retomada da idéia da Universidade de Brasília,
de trás para frente, pois, enquanto a Universidade de Brasília parte
da idéia de Universidade para chegar à Faculdade, em São Jose
parte da Faculdade para montar uma Universidade.
34
No início de 1973, é formada uma Comissão de Reestruturação da
Proposta Básica do IPC, que em setembro propõe o sistema das UIDs
(Unidade Interdepartamental de Ensino e Pesquisa), onde em cada se-
34 Depoimento de Mayumi Souza Lima a Gerson Pinto em PINTO, Gerson Almeida. A prática
do projeto no ensino da arquitetura: investigação sobre algumas experiências, São Paulo 1958/85. Dissertação
de Mestrado. EESC-USP, 1989, vol.2, p.180.
mestre os alunos desenvolvem um projeto de pesquisa sobre um tema
comum sob orientação interdisciplinar:
Ao contrário de modelos anteriores, o sistema de UID não estabele-
ce um modelo acabado de profissional a ser formado pela escola. A
ênfase é dada ao processo de formação do indivíduo, e não somente
na aprendizagem para uma atuação profissional futura após a con-
clusão do curso. Pretende-se que os participantes (estudantes e pro-
fessores) desenvolvam a capacidade de selecionar as informações,
analisá-las criticamente e identificar os meios e os momentos das
soluções mais adequadas para a transformação desejada. Pensar para
propor, e não um treinamento específico e limitado a uma atuação
profissional por condicionamento prático, empírico, ao sabor das
circunstâncias, alheio à realidade política, social e econômica.
35
O projeto era conceituado de forma mais ampla, partindo de um tema
(eg. A Universidade Brasileira) e não de um objeto (eg. posto de ga-
solina, logotipo de supermercado). Iniciava-se com a problematização
do tema de trabalho e a eleição de metodologias, para então passar ao
equacionamento da solução (que poderia utilizar ou não a linguagem
do desenho). Após a apresentação das propostas, ocorria uma avaliação
crítica da provável solução, quanto a sua utilização, suas implicações -
35 “Prática-investigação: um processo de trabalho em São José dos Campos”. IX Congresso
Brasileiro de Arquitetos. Grupo 4: formação do arquiteto, 1976, p.17. Fonte: Acervo Mayumi
Watanabe Souza Lima, caixa 12. O documento digitalizado encontra-se no dvd anexo a este
trabalho.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI32
sicas, sociais, econômicas e políticas.
36
Ou seja, a importância era dada
ao processo de elaboração da solução e não ao projeto em si. A ênfase
continuava sendo dada à temática de interesse das camadas populares.
Incluía-se na proposta de ensino a prestação de serviços à população.
Até então a preocupação com a temática social não era tão pre-
sente no ensino de arquitetura, e muitas vezes existia uma ironia em
relação a esse grupo engajado: “Fomos muito combatidos, e se dizia
que éramos a favor da ‘arquitetura da miséria porque fomos falar de
favela.
37
A posição do PC era a possibilidade revolucionária estava nos
setores organizados, nos sindicatos dos operários das indústrias. Não se
enxergava a favela como ambiente propício à organização da popula-
ção. Os arquitetos começam a trabalhar com habitação popular, entram
em contato com os movimentos organizados por moradia e começam
a perceber seu conteúdo revolucionário. Em 1973, Sérgio Souza Lima
faz para os alunos de São José a tradução de um texto do Jean Lojkine
38
sobre a urbanização, que coloca o urbano como o espaço da reprodu-
ção da força de trabalho no capitalismo:
O que aparece de interessante naquele artigo é a idéia do urbano.
duas coisas: a primeira, a importância da reprodução da força
de trabalho, essa expressão “reprodução da força de trabalho”, e
36 “Prática-investigação: um processo de trabalho em São José dos Campos”. IX Congresso
Brasileiro de Arquitetos. Grupo 4: formação do arquiteto.1976, p.15. Fonte: Acervo Mayumi
Watanabe Souza Lima.
37 Depoimento de Mayumi Souza Lima a Gerson Pinto em PINTO, Gerson Almeida. A prática
do projeto no ensino da arquitetura: investigação sobre algumas experiências, São Paulo 1958/85. Dissertação
de Mestrado. EESC-USP, 1989, vol.2, p.181.
38 LOJKINE, Jean. “Contribuição para uma teoria da urbanização capitalista”, originalmen-
te publicado em Cahiers Internationaux de Sociologie, vol. LII, 1972, pp.123-146. Acervo Mayumi
Watanabe Souza Lima. A tradução encontra-se digitalizada no dvd anexo.
o urbano como o lugar disso. Então, o urbano era um elemento
importante da formação capitalista.
(...) O pessoal do [padre] Lebret mexia com favela, a Igreja mexia
com favela, cuidar desse negócio de pobre era com a Igreja, e nós
dizíamos que pobre não era revolucionário, pobre-coitado tem que
sobreviver; e o pessoal da Igreja trabalhava com os pobres. Então
isso nos opunha ao pessoal católico.
39
No final de 1974, a mantenedora da universidade demitiu o diretor
e grande parte do corpo docente, instaurando um curso seriado nos
modos tradicionais. Mayumi afastou-se definitivamente, por não con-
cordar com os rumos tomados. A faculdade foi fechada em 1976 e os
alunos do curso foram transferidos para a faculdade Brás Cubas, em
Mogi das Cruzes. O processo de transformação do currículo da escola
encontra-se registrado em documento
40
apresentado no IX Congresso
Brasileiro de Arquitetos em 1976 e constitui importante contribuição
para a discussão sobre o ensino de arquitetura.
39 Depoimento de Sérgio Souza Lima a Gerson Pinto em PINTO, Gerson Almeida. A prática
do projeto no ensino da arquitetura: investigação sobre algumas experiências, São Paulo 1958/85. Dissertação
de Mestrado. EESC-USP, 1989, vol.2, pp.176-177. Até então quem se ocupava da população
marginalizada nas favelas eram os movimentos vinculados à Igreja Católica, naturalmente
oposta aos marxistas ateus. N.A.
40 “Prática-investigação: um processo de trabalho em São José dos Campos”. IX Congresso
Brasileiro de Arquitetos. Grupo 4: formação do arquiteto.1976. Fonte: Acervo Mayumi
Watanabe Souza Lima.
33A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
EESC-USP, 1987-1993
Em 1987, Mayumi e Sérgio mudaram-se para São Carlos e voltaram a dar
aulas na Universidade, no Departamento de Arquitetura e Planejamento
da Escola de Engenharia de São Carlos. Sérgio tinha a saúde debilitada
nesse momento, fruto da tortura sofrida na década de 1970.
41
Mayumi
foi professora e coordenadora da área de Projeto de 1987 a 1988 e
atuou como professora até 1993.
Ao dar aulas para a turma de primeiro ano do curso de arquitetura
na Faculdade de São Carlos, por exemplo, Mayumi percebeu que os
alunos não tinham domínio do desenho. Ora, não é possível ensinar
projeto para alguém que não sabe desenhar. O desenho é a escrita do
arquiteto, é sua forma de comunicação. Então decidiu dar aulas de
desenho para aquela turma e, ao nal, os alunos haviam aprendido a
observar o espaço em que viviam, desenhar e comunicar idéias através
do desenho
42
.
Os programas de suas disciplinas constituem importante fonte de
pesquisa. Toda a postura crítica da arquiteta transparecia claramente nas
propostas dos exercícios de projeto para os alunos a cada semestre. Em
geral os temas propostos eram os de edifícios e/ou equipamentos pú-
blicos, onde se discutia a relação entre Arquitetura, Estado e população
usuária:
O tema do edifício público coloca em questão o espaço destinado
ao consumo coletivo, construído pela ação deliberada do Estado e,
por isso mesmo, destinado a satisfazer a necessidades heterogêneas
41 Conforme depoimento de Mário Souza Lima à autora em 20/10/2008, Mayumi muda-
se para São Carlos também para estar mais próxima e poder cuidar da saúde do marido.
42 Conforme depoimento de Mário Souza Lima à autora em 20/10/2008.
da população e dos grupos de interesse organizados, como as cor-
porações e as empresas.
Enquanto equipamento prestador de servos, sua localização,
número, programa funcional e dimensionamento refletem o tipo
de organização da sociedade, a interpretação que o Estado – através
dele, as classes dominantes tem sobre necessidades e priorida-
des de uma cidade e sua população. Ao se situar em determinado
território e de forma específica, ele sempre e obrigatoriamente
intervém no espaço urbano (ou rural) alterando, não apenas o
objetivo-fim do serviço, mas a configuração geral da área, propor-
cional ou acima do seu raio de ação, em função do movimento da
demanda e do abastecimento necessário para seu funcionamento.
É um elemento sico e espacial que não pode ser limitado à sua
unidade porque se relaciona com os outros elementos, quase sem-
pre articulados numa rede.
43
Como material de apoio às suas disciplinas de projeto, Mayumi pu-
blicou em 1992 a apostila Arquitetura e Equipamentos Sociais. Trata-se de um
estudo sobre o significado dos “equipamentos sociais coletivos”, que
traça um histórico dos equipamentos para saúde e educação desde as
transformações ocorridas a partir do século XVII nas sociedades oci-
dentais. A apostila tem 60 páginas ilustradas com exemplos históricos
e atuais, discutindo o processo de projetar equipamentos públicos e as
responsabilidades nele implicadas:
43 SOUZA LIMA, Mayumi W. e SCHIEL, Kristian. Disciplina Projeto V SAP 335. Plano de Curso
1º. semestre 1989. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima, caixa 40. Documento digi-
talizado em dvd anexo a este trabalho.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI34
Mas se a obra de arquitetura indica a existência de uma ação criativa
individual, essa criação resulta de um processo coletivo de produção
do conhecimento e de produção da própria obra. O que há de indi-
vidual é a forma peculiar com que determinada pessoa organizou,
articulou ou estruturou os elementos conhecidos. Enfim, a obra de
arquitetura é uma produção coletiva, porque cultural.
(...)
O desconhecimento de materiais, de tecnologias, de processos
produtivos, de formas concretas de realização ou a ignorância de
variáveis de natureza política, cultural ou social levam ao equívoco
de confundir arquitetura com desenho e o espaço como sucessão
de fachadas ou de simples composição plástica.
Esta confusão é tanto mais grave quanto mais coletiva for a desti-
nação do espaço projetado. O projeto de equipamentos coletivos,
públicos ou privados, é sempre um projeto comprometido: a forma
que se dá implica tanto nas referências que oferece à cidade e à sua
população, quanto a gama de materiais de que poderá lançar o
e acaba por determinar quem terá condições de realizar, quem e
quantos poderão usufruir ou ainda como e onde poderá existir.
Nada é abstrato, neutro ou indiferente no ato de produção da
arquitetura dos equipamentos coletivos. Nele, o traço nunca é um
risco: é um material, é uma dimensão, é um custo, é uma resposta a
demandas que são concretas em um tempo histórico.
44
44 LIMA, Mayumi W. Souza. Arquitetura e Equipamentos Sociais. São Carlos: EESC-USP, 1992.
pp.57-58. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima, caixa 01. Documento digitalizado
em dvd anexo a este trabalho.
Os programas das disciplinas e a apostila publicada refletem a experi-
ência profissional da arquiteta e revelam sua preocupação em formar
jovens profissionais conscientes de sua responsabilidade social, que se
dedicassem a construir edifícios de qualidade sempre respeitando a
população usuária.
PESQUISA ACADÊMICA
Em sua atuação profissional, Mayumi sempre misturou teoria e prática,
numa atividade constante de pesquisa e reflexão sobre o trabalho. Em
dois momentos realizou trabalhos teóricos dentro da Universidade,
formalizando a reflexão sobre os projetos realizados.
De 1963 a 1965, Mayumi fez o Mestrado na Universidade de
Brasília, sob a orientação do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé. O
tema da dissertação era a produção de habitações coletivas no Brasil e
tratava da reflexão sobre o projeto da Unidade de Vizinhança de São
Miguel
45
, em Brasília, projeto de Mayumi em colaboração com Sérgio
Souza Lima.
A dissertão foi dividida em ts partes. Na primeira parte,
Mayumi apresentava as origens do problema habitacional urbano, a
partir de autores como Lewis Munford, Max Weber, Karl Marx, Nelson
45 Algumas imagens do projeto e da obra, bem como trechos da dissertação, foram publi-
cados no livro Arquitetura e Educação, opus cit., pp.39-47. Os dois volumes existentes no acervo
da arquiteta foram digitalizados e os arquivos encontram-se em dvd anexo a este trabalho.
35A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Werneck Sodré, Friederich Engels, Walter Gropius e Le Corbusier
46
. Na
segunda, a mesma discussão sobre as origens do problema habitacional
urbano era deslocada para o contexto brasileiro, apresentando contri-
buições dos arquitetos em Congressos e Seminários. No final deste
capítulo, Mayumi fez uma declaração de princípios sobre a questão da
habitação:
No que se refere ao planejamento urbano e regional, cabe lembrar
as conclusões a que chegaram os arquitetos brasileiros, por ocasião
do 1º. Seminário de Habitação e Reforma Urbana, realizado em
1963, no Rio e em São Paulo:
a. que o problema da habitação é de responsabilidade do Estado,
e sua intervenção deve ser no sentido de formular o problema em
sua totalidade; disciplinar as atividades no campo da habitação;
estimular todas as iniciativas que procuram sua solução, e suprir
diretamente as deficiências que se manifestam;
b. que esta política deve materializar-se mediante planos nacionais,
territoriais e de habitação, com o objetivo de corrigir as deficiên-
cias quantitativas das moradias e serviços sociais, integrando-os em
uma planificação global em diferentes níveis (nacional, regional,
estadual e municipal);
c. que todo plano de habitação deve estabelecer metas através de
critérios objetivos que levem em consideração as relações necessá-
46 MUNFORD, Lewis. La cultura delle cittá. Milano, Ed. Di Comunitá, 1954; WEBER, Max.
Historia econômica general. Mexico, Fondo de Cultura Económinca, 1961; MARX, Karl. Obras
escolhidas. Rio de Janeiro, Ed. Vitória, 1961; SODRÉ, Nelson W. História da burguesia nacional. Rio
de Janeiro, Civilização Brasileira, 1964; ENGELS, F. Contribuição ao problema da habitação. Rio de
Janeiro, Ed. Vitória, 1961; GROPIUS, W. Alcances de la arquitectura integral. Buenos Aires, La Isla,
1957; LECOBUSIER.Carta de Atenas. São Paulo, GFAU, 1950.
rias entre habitação, trabalho e serviço e equipamentos urbanos;
d. que torna-se imprescindível a adoção de medidas que cerceiem a
especulação imobiliária, regulando a inversão privada nesse setor.
47
Na terceira parte foi examinado o caso da construção da Unidade de
Vizinhança de São Miguel, projeto feito por Mayumi em parceria com
Sérgio Souza Lima para o Ceplan, utilizando elementos pré-moldados
– daí a orientação de Lelé, que desde o início da construção de Brasília
vinha trabalhando com a racionalização das obras e participou das pri-
meiras experiências de pré-fabricação na cidade. Brasília era examinada
como fruto de um processo de expansão industrial, ligada à ampliação
do mercado interno, mais intenso no período de 1955 a 1960, quando
o país intensificou seu desenvolvimento capitalista e começou a romper
a velha estrutura agrária. Mayumi ressaltava a importância didática da
construção de Brasília, cujo “plano possibilita aplicar, pela primeira vez
no Brasil, em grande escala o conceito correto de habitação coletiva,
tão deturpada pela especulação imobiliária”.
48
No início, foram utiliza-
dos métodos construtivos tradicionais por causa da rede de transportes
deficiente. No entanto, já nos canteiros de obra, Lelé preocupou-se em
estudar e racionalizar as construções provisórias em madeira para os
acampamentos e barracões.
49
Em função da escala das obras e do prazo disponível, criaram-se
47 LIMA, Mayumi W. de Souza. Aspectos da habitação urbana projeto de habitação para a unidade de
vizinhança de São Miguel. Dissertação de Mestrado. Brasília, Faculdade de Arquitetura da UnB,
1965, p.29.
48 Idem, p.45.
49 EKERMAN, Sergio Kopinski. “Um quebra-cabeça chamado Lelé”, consultado em http://
www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq064/arq064_03.asp em 10/04/2008.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI36
condições para a experimentação de novas técnicas, e em 1959 foi cons-
truído o Terminal Rodoviário de Brasília com os primeiros elementos
pré-moldados. Segundo Mayumi, foi com a Fundação da Universidade
de Brasília e a criação do Ceplan que se ampliaram as experiências de
industrialização da construção.
50
O projeto da Unidade de Vizinhança de o Miguel partiu de um
convênio entre a UnB, o Ministério das Relações Exteriores e a prefei-
tura do Distrito Federal para a construção de habitações para os funcio-
nários destes órgãos (uma população estimada de 10.000 habitantes)
nas superquadras 107, 108, 307 e 308 da Asa Norte Residencial, o que
possibilitaria a transferência do Itamaraty e das delegações estrangeiras
para a nova capital. A constrão do conjunto foi realizada com pré-
fabricados produzidos na fábrica do Ceplan.
O projeto possibilitou o planejamento global de toda a área de
vizinhança, incluindo urbanização (arq. Fernando Lopes Burmeister),
paisagismo (arq. Afonso Leiva Galvis), escolas (arq. Geraldo José de
Santana), habitações (arqs. Mayumi Souza Lima e Sérgio Souza Lima) e
unidades complementares.
Em 1984, Mayumi iniciou o curso de doutorado em História e Filosofia
da Educação, na Faculdade de Educação, sob orientação de Celso de Rui
Beisiegel, pesquisador da história das políticas públicas de educação
no Brasil. Novamente, o tema de pesquisa tem a ver com a sua atuação
profissional. Se no mestrado a discussão era em torno das questões de
urbanismo e da pré-fabricação, no doutorado o interesse se desloca para
50 LIMA, Mayumi W. Souza. Aspectos da habitação urbana dissertação de mestrado, p.48.
Brasília, UnB, 1965. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima, caixa 16.
a produção de equipamentos públicos para a educação, no contexto da
abertura política após anos de ditadura militar. O plano de pesquisa
apresentado em 1986 aponta como objetivo “Analisar as condições em
que ocorre o processo de produção e consumo dos espaços escolares
no Estado e examinar as possibilidades de sua transformação em ins-
trumento de educação popular.
51
Os exemplos escolhidos para estudo
de caso foram o projeto de ampliação da EEPG João Kopke (1976-78)
e a experncia de construção das escolas no Bairro da Varginha e no
Jardim Fortaleza, na periferia de o Paulo, com a participação da
população (1983-84) dois casos de estudos piloto desenvolvidos
no âmbito da Conesp sob coordenação da própria Mayumi. Em 19
de janeiro de 1989 apresentou a qualificação para sua tese, intitulada
“Estado e movimentos populares na construção do prédio escolar: con-
fronto ou colaboração?”
52
, tendo sido aprovada com A (excelente). Em
seguida teve que afastar-se da Universidade para dedicar-se ao trabalho
na Prefeitura de São Paulo, durante a gestão Erundina (1989-1992),
nunca tendo concluído a tese de doutorado (o que, segundo o filho
Mário, era motivo de constrangimento para ela
53
).
A estrutura do texto preparado para a qualificação tem cinco
partes: introdução; quadro político de 1976 a 1986; conflitos, ideologia
e participação; Estado e movimentos populares na construção escolar;
críticas preliminares ao processo desencadeado.
51 LIMA, Mayumi W. Souza. “Plano de pesquisa”, 1986. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe
Souza Lima, caixa 40.
52 Parte do texto da qualificação foi publicada no livro Arquitetura e Educação, opus cit., pp.75-
107. O volume doado pelo prof. Celso de Rui Beisiegel foi digitalizado e encontra-se em
dvd anexo a este trabalho.
53 Conforme depoimento de Mário Souza Lima à autora, em 20/10/2008.
37A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Na introdução, discorre sobre as condições de vida urbana das
camadas populares, privadas dos seus direitos básicos e denuncia o
papel do Estado na manutenção da situação de espoliação, explicando
a origem do título da tese:
Nesse quadro de exploração/espoliação, o Estado teria um papel
múltiplo e fundamental para a manutenção do status quo. De um lado,
ele produz diretamente parte dessas condições de espoliação, atra-
vés das políticas de investimento público e seu direcionamento; de
outro, na reprodução e divulgação da ideologia dominante, através
de seus aparelhos que penetram na vida cotidiana dos indivíduos.
Mas, o Estado constituiria também a instância privilegiada de pres-
são e de negociação das camadas populares. É nele, ou melhor, em
pessoas que representam conjunturalmente o poder do Estado, que
as camadas populares identificam a possibilidade de ver atendidas
suas reivindicações ou, em outros momento, seu principal opositor.
Esta relação ambígua de confronto e colaboração fica bastante clara
na luta pelo direito à educação, concretizada nas reivindicações por
construção de escolas.
54
No segundo capítulo, analisa o período definido para estudo – de 1976
a 1986, quando acontece a abertura política no país e se discute o en-
caminhamento do processo de democratização política e social. Nesse
processo, inicialmente não havia consenso sobre as condições ideais
de construção da democracia entre os diferentes grupos que haviam se
54 LIMA, Mayumi Watanabe Souza. Estado e movimentos populares na construção do prédio escolar:
confronto ou colaboração? Texto para exame geral de qualificação para doutorado na FEUSP, São
Paulo, 1988, p.1. Fonte: Acervo Celso Beisiegel.
unido na oposição à ditadura. Partindo das definições de democracia
discutidas por autores como Francisco Weffort, Norberto Bobbio e
Giovanni Sartori
55
, Mayumi defende a democracia participativa como
forma possível de transformação social, em complemento à represen-
tação por meio do voto:
A participação exclusivamente nos períodos eleitorais, especial-
mente quando esta é condicionada por uma forma de coação que
obriga a participação de todos, com a punição à ausência na eleição,
serve para legitimar as desigualdades e reforçar o poder dos grupos
tradicionais hegemônicos.
(...) a questão da participação por meio de representação ou de
participação direta deixa de ter sentido de alternativas excludentes,
mas de um sistema de participação política integral, que decorre
da luta por uma democracia de sociedade e que por isso mesmo
encontra um ‘continuum’ de formas de participação, desde as ins-
tâncias mais puras de democracia direta, às de democracia indireta
ou da democracia representativa.
56
Ainda dentro do quadro político do período, Mayumi analisa o discur-
so da democracia participativa no plano de governo do PMDB e critica
sua aplicação na prática:
A manipulação das informações continua a ser instrumento cada
vez mais importante no aparelho do Estado, associado este a
55 WEFFORT, F. Por que Democracia? Ed. Brasiliense, S.Paulo, 1984; BOBBIO, N. O futuro da Democracia.
Ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1986; SARTORI, G. De la Democracie. Armand’Collin, Paris, 1973.
56 LIMA, Mayumi Watanabe Souza. Estado e movimentos populares na construção do prédio escolar:
confronto ou colaboração? Texto para exame geral de qualificação para doutorado na FEUSP, São
Paulo, 1988, pp.18-20.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI38
grupos escolhidos pelo poder como ‘representantes letimos
juridicamente instituídos como as lideranças mais cooperativas de
sociedades amigos de bairros ou eleitos, como vereadores, depu-
tados e prefeitos do mesmo partido que, embora não estivessem
comprometidos com os movimentos populares de reivindicação
são chamados pelo governo para se tornarem os ‘anunciadores do
benefício do Estado’.
Nesse processo, a participação popular é estimulada ou no mínimo
aceita, para canalizar as insatisfações, até traduzi-la numa solicitação
ao governo.
A partir desse momento, a relação Estado x setores populares re-
torna à relação de dependência, onde as decisões são de exclusiva
competência (no sentido jurídico de quem tem o ‘direito de’) do
Governo e o “participante” transformado em “solicitante” aguarda
a aprovação benevolente dos dirigentes.
Essa situação de retorno a formas antigas de participação política
são justificadas, através da questão de representação e eleição.
57
No terceiro capítulo, parte para a análise do campo ideológico dos
prédios escolares:
O prédio escolar se confunde com o próprio serviço escolar e com
o direito à educação. Embora colocado no rol dos itens secundários
dos programas educativos, é o prédio da escola que estabelece con-
cretamente os limites e as características do atendimento. E é ainda
esse objeto concreto que a população identifica e dá significado.
58
57 Idem, p.38.
58 LIMA, Mayumi W. Souza. Arquitetura e Educação. Opus cit., p.75.
A partir da análise de Celso de Rui Beisiegel da pressão dos movimen-
tos populares por educação, examina a atuação do Estado no processo
de expansão dos serviços educativos da rede pública para as classes
populares, apontando a conseqüente redução da qualidade dos edifí-
cios construído:
À escola que servia para os futuros dirigentes, o prédio correspon-
dia oferecendo-lhes não apenas biblioteca, auditório ou laboratório.
Oferecia-lhes muito mais: a expreso da “superioridade” do
segmento social ao qual pertencia a criança, valorizando aqueles
elementos visuais que ressaltavam a escola, no confronto com os
demais edifícios.
A escala, os volumes, os materiais, tudo concorria para identificar a
escola com a cultura das elites.
Ao se popularizar, ou melhor dizendo, quando os setores dirigentes,
situados no aparelho do Estado, cedem às pressões das reivindica-
ções populares e das necessidades do crescimento econômico, as
escolas sofrem uma mudança qualitativa, justificada teoricamente,
tanto pela ótica da pedagogia, quanto pela ótica da psicologia social
como de “adequação aos valores populares”.
59
Em seguida contrapõe a justificativa de adequação aos valores popula-
res à real razão da simplificação e da baixa qualidade das construções
escolares destinadas às classes populares – a redução de custos:
Ou seja, a simplicidade das soluções não foi buscada para identifi-
car-se à simplicidade dos usuários, nem se deu oportunidade a que
se recriassem elementos caros ao imaginário daquela população. A
59 Idem, p.78.
39A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
simplicidade transformou-se na padronização e primariação [sim-
plificação] dos espaços, interpretadas as necessidades educativas das
camadas populares, segundo a visão reducionista e hierárquica das
camadas dominantes. Não se mudavam conceitos de espaços edu-
cativos e sua apropriação ou adequação segundo as necessidades
e características concretas de uma população. Homogeneizava-se
como ‘clientela carente’ e, como tal, as escolas sofreram cortes nos
ambientes, nas instalações e nos materiais.
60
O texto passa a discutir a maneira como são interpretadas as neces-
sidades das camadas populares e como o produzidos os espos
para a educação a partir desta interpretação, analisando as políticas
públicas e a organização administrativa dos órgãos responsáveis pelo
planejamento da rede física e pela constrão de edifícios escolares
primeiramente o FECE (Fundo Estadual de Construções Escolares)
e, a partir de 1976, a CONESP (Companhia de Construções Escolares
do Estado de São Paulo). o apresentadas e analisadas diversas meto-
dologias de planejamento da rede sica propostas ao longo do século
XX, discutindo-se a possibilidade de participação da população usuária
nesse processo.
Quando da qualificação, o capítulo final que relataria as experi-
ências de constrão de escolas com a participação da população na
gestão da obra não havia sido escrito.
60 Idem, p.80.
De 1989 a 1990, Mayumi orienta quatro alunos de iniciação científica
na universidade de São Carlos para a pesquisa intitulada “Arquitetura
dos espaços destinados à educação das crianças e dos jovens em São
Paulo”, financiada pelo Cnpq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico). A pesquisa pretendia:
• pesquisar e identificar as carências dos espaços destinados ao uso
coletivo das crianças;
• propor e testar elementos projetuais, com ênfase naqueles ele
-
mentos lúdicos e visuais que interferem nos espaços destinados
à educação.
61
As pesquisas dos alunos estavam vinculadas a uma pesquisa maior,
envolvendo a FDE (Fundão para o Desenvolvimento da Edu-
cação
62
) e com financiamento do BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento), para a elaboração de um diagnóstico das carências
dos espaços das escolas blicas no estado de São Paulo. A partir do
diagnóstico, propunha-se chegar à elaboração de recomendações para
futuros projetos escolas, tendo em vista a melhoria qualitativa desses
espaços. O enunciado dos objetivos da pesquisa reflete claramente a
postura crítica de projeto da arquiteta:
61 LIMA, Mayumi W. Souza. “Relatório Pesquisa 1º Semestre 1989 Arquitetura dos Espaços
destinados à Educação de crianças e de jovens da rede escolar de São Paulo”. Fonte: Acervo
Mayumi Watanabe Souza Lima, caixa 24.
62 A FDE é uma fundação de direito privado vinculada à Secretaria da Educação do Estado
de São Paulo. Foi criada em 1987 em substituição à Conesp e incorporou além das funções
de construção e manutenção da rede física de escola, fornecimento de mobiliário e de ma-
terial pedagógico para as escolas, definição e aplicação de políticas educacionais, formação
permanente dos professores, pesquisa técnica, etc. Para mais informações consultar www.
fde.sp.gov.br.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI40
Nesse sentido, o prédio escolar tem de refletir a preocupação do
educador e as necessidade
s das populações usuárias específicas que,
desde 1983 vem se corporificando na ênfase dada pela Secretaria da
Educação às primeiras séries do 1º grau, sob a forma do projeto Ciclo
Básico e complementado na fase seguinte pela Jornada Cíclica.
Essas medidas trazem necessariamente no seu bojo algo mais do
que a mera expansão do período de permanência da criança na
escola com a presença do professor. Significa sobretudo a aceitação
oficial da existência de condições sociais, econômicas e culturais
prerias de parcelas consideveis da populão, que exigem
tratamento especial sem os quais a universalização do direito à
educação não passa de um engodo. Significa ainda que, em virtude
desse reconhecimento institucional abre-se campo para aqueles
educadores e comunidades que pretendam desenvolver metodo-
logias mais adaptadas a sua realidade para melhor desempenho da
atividade educativa.
A arquitetura escolar terá de responder à nova conjuntura, refle-
tindo sobre as conveniências e os limites tanto de padronização
quanto da originalidade, tendo em vista as variáveis que interferem
no problema da expansão e melhoria da rede de ensino público em
São Paulo.
63
A pesquisa coloca em questão a padronização de materiais, de pro-
gramas e de projeto utilizada na FDE (e que vigora ahoje). É uma
iniciativa importante deste órgão, na medida em que visa identificar
63 “Relatório n.1 – fevereiro/março 1989”. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima,
caixa 24.
deficiências nos espaços existentes para criar diretrizes para os futuros
projetos, num processo de auto-avaliação da própria produção e de
seus métodos.
Além das atividades de pesquisa acadêmica e de consultoria para os
órgãos públicos, por sua vasta experiência Mayumi era freqüentemente
convidada para palestras em seminários sobre a infância, a educação e
os espaços públicos para a criança na cidade. Produziu e publicou di-
versos textos sobre o assunto.
64
Defendia a importância da experiência
de percepção do espaço e das atividades de brincar na elaboração do
conhecimento da criança, o que implicava a necessidade de construção
de espaços orientados e adequados para a formação, de acordo com
a faixa etária. O capítulo 2 apresenta algumas das idéias da arquiteta
sobre a relação da criança com o espaço.
CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS
Mayumi e Sérgio sempre estiveram envolvidos em movimentos de es-
querda e eram filiados ao Partido Comunista. Desde a ida a Brasília, em
sua postura de atuação o casal demonstrava um grande compromisso
com o a transformação da realidade social do país através do fazer
profissional. Nesse sentido, participaram da fundação do Partido dos
Trabalhadores (PT) em 1980, juntamente com outros intelectuais que
defendiam a democracia direta e a formação da população de baixa
renda para a participação na vida política do país.
64 Os textos existentes no acervo da arquiteta, na Fundação Perseu Abramo, foram digitali-
zados e os arquivos encontram-se em dvd anexo a este trabalho.
41A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Quando Luiza Erundina assumiu a Prefeitura de São Paulo, em
1989, Mayumi foi convidada para dirigir a Edif (Departamento de
Edificações da Secretaria de Servos e Obras da Prefeitura de o
Paulo). Ao chegar ao poder, o PT precisou operar a máquina do estado
e para isso convocou intelectuais e técnicos de destaque em suas res-
pectivas áreas. Paulo Freire assumiu a Secretaria da Educação, Marilena
Chauí a Secretaria da Cultura, Paul Singer a Secretaria do Planejamento
e Ermínia Maricato a Secretaria da Habitação, dentre outros. Trabalhar
na administração municipal neste momento, mais do que uma opção
pessoal, era um compromisso ideológico de participar da construção
de uma alternativa petista de governo.
65
Desde a criação do partido, a
questão da democracia direta com a participação da população nas
decisões sobre a cidade – era muito cara ao governo petista.
Na dirão da Edif, Mayumi elaborou o esboço de uma nova
política de construção e de manutenção dos equipamentos sociais. Ela
criticava a qualidade dos equipamentos oferecidos à população
periférica e propunha que fosse criado um setor de pesquisa dentro
da Edif, que pudesse testar e avaliar tecnologias e materiais destinados
ao uso nos equipamentos públicos. Propunha ainda que se implantasse
um processo mais organizado de planejamento das obras públicas e
que houvesse programas arquitetônicos e normas de referência para
a elaboração desses projetos, em função das pesquisas realizadas. Isso
envolveria a realização de programas de formação para os cnicos da
Edif. Um dos projetos interessantes que ela fez na época foi o do Espaço
65 Conforme depoimentos de rio Souza Lima, Reginaldo Ronconi e Vera Pastorello à
autora em São Paulo, ao longo deste trabalho.
Criança
66
, na Favela Nova República, em São Paulo. O projeto foi feito
por uma equipe multidisciplinar, com sociólogos e pedagogos envolvi-
dos, e previa um centro de convivência para as crianças da favela, com
espaços para diversas atividades lúdicas e de formação creche, área
de exposições, brinquedoteca, equipamentos esportivos. Destaca-se a
proposta de um espaço destinado ao convívio entre as crianças e os
idosos da comunidade da favela, como incentivo a um processo de
recuperação da cultura dessa população.
No ano seguinte assumiu a criação da brica de elementos
de argamassa pré-moldada da prefeitura – o Cedec (Centro de
Desenvolvimento de Equipamentos Coletivos, 1990-1992), coordenan-
do sua organização e implantação e estabelecendo todas as diretrizes
de funcionamento. Pela importância do Cedec e pela maneira ímpar
com que Mayumi coordenou suas atividades, dedicamos o capítulo 3
a este projeto.
Em 1993, após o término da gestão de Luisa Erundina na Prefeitura,
o Cedec foi fechado. Mayumi diminuiu o ritmo intenso de trabalho
que vinha levando nos quatro anos de administração petista e dedicou-
se novamente a dar aulas em São Carlos e a trabalhar em projetos de
consultoria.
Um exemplo é o projeto de educação ambiental (1993), vinculado
à despoluição do Rio Tietê, para o governo do Estado de São Paulo
67
. O
projeto envolvia um trabalho educativo em todas as escolas próximas ao
66 No livro Arquitetura e Educação, pp.177-185, encontram-se publicados alguns textos de
apresentação do projeto. A prefeitura também promoveu uma publicação do projeto: Espaço
Criança.São Paulo, PMSP, 1990, que pode ser consultada no dvd anexo.
67 Os textos relativos ao projeto de educação ambiental foram publicados no livro Arquitetura
e Educação, op.cit., pp. 213-236.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI42
Tietê e seus afluentes, com o objetivo de conscientizar os alunos dessas
escolas sobre a importância das obras de tratamento dos rios. Os alunos
seriam então agentes de disseminação das idéias de educação ambiental
e das ações de preservação nos bairros onde residiam. O projeto previa
ainda um curso de formação para os trabalhadores das obras nos rios,
para que estes estivessem conscientes de seu papel na sociedade e pu-
dessem explicar o projeto à população vizinha ou mesmo aos grupos de
estudantes e de curiosos que fossem visitar as obras.
Mayumi faleceu em 23 de outubro de 1994, aos 59 anos de idade,
em decorrência de um atropelamento ao atravessar a Avenida Rebouças,
em São Paulo. Após a morte, seu marido Sérgio organizou a publica-
ção do livro Arquitetura e Educação, uma seleção de textos e projetos da
arquiteta. O estudo e a divulgação da produção de Mayumi como um
todo pode ser uma contribuição importante para o debate atual sobre
a atuação do arquiteto.
CAPÍTULO 2
REFLEXÃO E PRÁTICA SOBRE A RELAÇÃO CRIANÇA-ESPAÇO
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI44
Em duas ocasiões, como Superintendente de Planejamento da Conesp,
Mayumi pôde realizar experiências piloto com a participação da po-
pulação usuária das escolas (o caso da reforma da escola João Kopke,
em 1976-78, e o caso da construção das escolas no Jardim Fortaleza e
no Bairro da Varginha, em 1983-84). A partir dessas experiências e de
outras observações realizadas em paralelo, a arquiteta publicou dois
livros (Espaços Educativos: uso e construção, 1986, e A cidade e a criança, 1989)
com suas reflexões sobre a construção e o uso dos espaços educativos
para crianças.
Antes de relatar as experiências e as reflexões da arquiteta, convém
apresentar o que ela entende por espaço educativo:
Todo o espaço que possibilite e estimule positivamente o
desenvolvimento e as experiências do viver, do conviver,
do pensar e do agir conseqüente, é um espaço educativo.
Portanto, qualquer espo pode se tornar um espaço educativo,
desde que um grupo de pessoas dele se aproprie, dando-lhe este
caráter positivo, tirando-lhe o caráter negativo da passividade e
transformando-o num instrumento ativo e dinâmico da ação dos
seus participantes, mesmo que seja para u-lo como exemplo
crítico de uma realidade que deveria ser outra.
1
Na sua concepção, o espaço não É educativo – ele se TORNA educativo
a partir da apropriação pelos usuários. Por isso a questão do uso dos
espaços é tão trabalhada em sua obra. Todas as atividades realizadas
1 Texto “Algumas reflexões sobre construções escolares”, documento interno da Superinten-
dência de Planejamento da Conesp, setembro de 1983, pp.2-3. Grifos do próprio texto.
Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima, caixa 24.
com crianças eram na realidade experimentos de percepção do es-
paço, oportunidades em que Mayumi testava na prática sua reflexão
sobre uma pedagogia do espaço. Como poderemos ver adiante, nessas
experiências Mayumi criticava a passividade do processo educativo
tradicional e defendia de uma nova concepção pedagica onde o
aluno participasse ativamente na elaboração do próprio conhecimento.
Em outras palavras, ela criticava a concepção tradicional da educação
como mera transmissão de conhecimento, que cria indivíduos passivos
e reprodutores da ordem vigente, e defendia uma educação criadora,
onde o conhecimento é elaborado de maneira coletiva através do fazer
conjunto de educadores e educandos. Essa crítica das concepções de
educação está diretamente vinculada à difusão das idéias do educador
Paulo Freire a partir da década de 1960, quando foram publicados seus
dois livros mais famosos.
2
Mayumi transpõe para o espaço a concepção
da construção do conhecimen
to a partir da consciência do real. Enquanto
Paulo Freire alfabetiza a partir do diálogo e da reflexão sobre situações
da vida cotidiana dos participantes do processo, Mayumi propõe um
ensino a partir da observação
e da vivência do espaço cotidiano:
2 Paulo Freire publicou seu livro Educação como prática da liberdade em 1967 no Chile, quando
estava exilado. O livro relata sua experiência de alfabetização de adultos a partir da utilização
de “palavras geradoras” nos Círculos de Cultura no início da década de 1960 – o que mais
tarde ficou conhecido como método Paulo Freire. A alfabetização implicava numa discussão
sobre a problemática envolvida nas palavras geradoras, cuidadosamente selecionadas para
cada grupo específico, num processo de tomada de consciência do indivíduo sobre seu
contexto social, cultural e político. Com a conscientização buscava-se formar sujeitos
ativos capazes de participar da sociedade com liberdade. Em 1970 Freire publica Pedagogia
do Oprimido, o livro que lança a definição de “educação bancária”a concepção tradicional
de educação onde o professor (detentor do saber) “deposita” o conhecimento na cabeça
do aluno, entendido como uma espécie de recipiente vazio a ser preenchido. Os dois livros
tiveram ampla divulgação no Brasil e são referências mundiais de educação.
45A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Espaços para a educação são as cidades, as praças, as ruas como hoje
elas existem; são as construções que nos cercam; são os bairros pe-
riféricos que crescem em torno das grandes cidades; são os volumes
e as cores, os materiais naturais e produzidos....; são, enfim, cheios
e vazios dentro dos quais as nossas experiências se processam. São
educativos, na medida em que refletem e representam a realidade
brasileira, com sua cultura, seu nível tecnológico, suas condições de
clima, a estrutura sócio-econômica de sociedade; são educativos,
porque através deles pode-se descobrir, com os participantes, como
e porque são e como são. E, finalmente, são educativos, se através
das ações sobre esses espaços, os participantes puderem apropriar-se
dos mesmos, criando-lhes novas formas de uso, encontrando novas
formas de relacionamento entre eles.
3
3 Texto “Espaços educativosapresentado por Mayumi Souza Lima no I Seminário de
Educação pela Arte, Rio de Janeiro, 1977. O trecho encontra-se citado no documento
“Algumas reflexões sobre construções escolares”, Superintendência de Planejamento da
Conesp, setembro de 1983, p.27. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima.
EEPG JOÃO KOPKE
De 1976 a 1978, Mayumi foi Superintendente de Planejamento na
Conesp (Companhia de Construções Escolares do Estado de São Paulo).
O governador era Paulo Egydio Martins e a Superintendência cons-
truía escolas num ritmo “desenfreado”
4
, algo como 2000 salas de aula
por ano
5
. Nesse período, Mayumi encontra tempo para desenvolver
atividades lúdicas com os alunos da EEPG João Kopke, em São Paulo,
paralelamente ao processo de ampliação da escola. Em meio ao fazer
“mecânico” da reprodução de projetos em larga escala, ela busca uma
alternativa que possa ser transformada em exemplo para as futuras
intervenções. Foi sua primeira iniciativa de construção com a partici-
pação dos usuários.
Em 1976, com a transferência da EEPG
6
Caetano de Campos da
Praça da República para o bairro da Aclimação, os alunos que eram
moradores do centro foram transferidos para a escola mais próxima,
no caso a EEPG João Kopke, no Bom Retiro, próxima à rodoviária e
à Estação Julio Prestes. Surgiu então a necessidade de ampliar a ca-
pacidade da escola para receber os novos alunos. A EEPG João Kopke
funcionava desde 1930 num casarão antigo, construído em 1890, que
havia sido moradia de uma baronesa do café. Na época o estado do
edifício era tão precário, devido à falta de manutenção, que era neces-
4 Segundo depoimentos das arquitetas Vera Pastorello e Odete Tomchinsky, que conhece-
ram Mayumi quando começaram a trabalhar na Conesp, nesse período. A partir de então
trabalharão juntas em muitas ocasiões, inclusive na implantação do Cedec em o Paulo
(1990-1992).
5 Conforme depoimento de Vera Pastorello à autora em 16/10/2008.
6 Escola Estadual de Primeiro Grau.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI46
sário substituí-lo. Previa-se a demolição do casarão e a construção de
um novo edifício, sem interrupção das aulas por não haver outro local
para funcionar como escola enquanto durassem as obras.
Mayumi, como Superintendente de Planejamento, solicita auto-
rização para realizar um estudo piloto envolvendo os alunos, tendo
por objetivo “estabelecer uma metodologia que assegurasse a efetiva
participação dos usuários na definição de suas necessidades.
7
A abor-
dagem buscava amenizar os efeitos do processo de obras e incentivar
uma melhor apropriação do equipamento público pelos usrios,
minimizando os problemas de manutenção decorrentes de vandalismo
e outras formas de agressão ao edifício escolar.
Montou-se uma equipe interdisciplinar (arquiteto, socióloga,
jornalista, educadora) externa à Conesp, para realizar atividades lúdi-
cas (relacionadas à obra do novo edifício, à percepção do espaço da
escola e de seu entorno, sua relação com a cidade) com as crianças.
Ao iniciar um novo projeto, Mayumi preocupava-se em montar uma
equipe coerente com os objetivos. Preocupava-se com o envolvimento
dos integrantes e com a compreensão correta dos objetivos de projeto,
fazendo um trabalho educativo com a equipe, através de uma dinâmica
de leituras para discussão e reflexão conjunta. Buscava conscientizar os
profissionais sobre como trabalhar em de forma integrada, incentivando
a participação e o envolvimento dos colegas na avaliação dos processos
e nas decisões sobre os caminhos a seguir, e a respeitar o conhecimento
7 LIMA, Mayumi W. Souza. “Estudo do espaço escolar”, trabalho apresentado na 32ª.
Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Rio de Janeiro,
1980. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima.
dos demais (contra a postura de impor decisões, de cima para baixo).
8
Compartilhava o respeito pelo trabalhador da construção, que não
executa o projeto é um artesão e também tem experiência, pensa e
faz junto com todos os técnicos formados na universidade.
9
A direção da escola organizou um grupo de alunos
10
que par-
ticipou de reuniões quinzenais com a equipe da Conesp onde eram
realizadas atividades que objetivavam a perceão por parte dos
usuários do espaço sico da escola e da sala de aula, suas funções
convencionais e suas possibilidades de alteração; percepção do espaço
cultural, social e econômico refletido no espaço físico.
11
A idéia é que
esses representantes transmitissem aos colegas informações sobre as
atividades desenvolvidas, como “agentes multiplicadores”. Além disso,
havia no pátio um painel com fotos das atividades e uma urna para
sugestões, críticas e comentários para uso de todos os alunos. No início
do processo, os alunos utilizavam as urnas para desabafo e agressões
gratuitas, inclusive com uso de palavrões. Após quatro meses de tra-
balho da equipe da Conesp na escola, praticamente desapareceu o uso
de palavrões nas mensagens, que passaram a ter um tom de carência,
pedindo atenção para os problemas de cada um dos alunos e de sua
relação com o espaço da escola e do bairro.
8 Conforme comentários dos colegas de trabalho, Vera Pastorello, Odete Tomchinsky e
Reginaldo Ronconi, em depoimentos à autora, 2008.
9 Idéia que nasce com Paulo Freire, na sua defesa do “saber-feito” (o conhecimento gerado
pela experiência de vida da população) e da construção de um saber coletivo. Sérgio Ferro
defende essa idéia no canteiro de obras em seu livro O canteiro e o desenho.
10 Um representante de cada classe, de 1ª a 8ª série. A escola tinha 5 turmas de cada série,
portanto o grupo possuía 40 alunos. Nos anexos pode ser consultada a lista de alunos.
11 Idem.
47A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
As atividades lúdicas realizadas com esse grupo de alunos acon-
teciam na sala de aula e envolviam projeção de slides, encenação de
peças de época representando os antigos barões do café que moravam
na região, desenho, sica, etc. Inicialmente as crianças tiveram difi-
culdade em
participar e interagir com a equipe dentro da sala de aula.
Foi preciso tampar as carteiras e cadeiras com jornais, descaracterizando
o espaço de aula, para que as crianças pudessem se sentir mais livres,
sem o “peso” da disciplina ligada à sala de aula. (ver fotos ao lado)
Os professores foram convidados a participar dessas atividades, mas
acabaram não se envolvendo por falta de interesse no projeto, alegando
falta de tempo livre e inexistência de remuneração pelo que seriam
“horas extras” de trabalho.
Foi colocada no saguão da escola uma maquete do novo prédio
para que os alunos soubessem o que ia ser construído. Ao lado da ma-
quete, Mayumi instalou um aquário de água salgada com alguns ber-
nardos-eremitas (foto ao lado). O bernardo-eremita é um invertebrado
que vive alojado em conchas vazias para não ser devorado por peixes.
Para continuar crescendo, o bernardo-eremita precisa mudar para uma
concha maior. No caso, o bernardo-eremita tornou-se um símbolo de
quem se arrisca e muda para poder sobreviver e crescer, uma metáfora
para a mudança de prédio da escola. Notamos aqui a já citada influência
da cultura japonesa no aprendizado através da observação da natureza.
Entre as atividades lúdicas realizadas, havia brincadeiras de fingir-se
animais ou povos de outras épocas e culturas (por exemplo, os barões
do café ou gueixas japonesas). Mayumi usava essasguras animais ou
históricas para que as crianças pudessem perceber as diferenças cultu-
rais ou refletir sobre o comportamento e as relações de poder entre as
pessoas, passando a entender o seu próprio espaço de maneira crítica.
Fotos da maquete e do aquário com o bernardo-eremita. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
Página do relatório “Estudo do espaço escolar” (CONESP, c.1976) . Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI48
Páginas do relatório “Estudo do espaço escolar” (CONESP, c.1976), com as atividades realizadas em sala de aula com os alunos da EEPG João Kopke. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
49A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Páginas do relatório “Estudo do espaço escolar” (CONESP, c.1976), com as atividades realizadas em sala de aula com os alunos.Nas fotos à esquerda, vê-se Mayumi. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI50
Ao comparar o edifício antigo com o novo em construção, a equi-
pe da Conesp almejava que os alunos percebessem as diferenças entre
materiais e técnicas e seu significado como cada edifício representava
um momento s
ocial, histórico e cultural. Tratava-se também de trabalhar
a destruição simbólica do casarão antigo, fazendo-os perceber que a toda
construção está ligada uma destruição. E que essa destruição é consciente
e planejada, na qual se escolhe o que preservar e o que destruir.
Além das atividades em sala de aula, foram realizadas e visitas às
casas onde os alunos moravam e entrevistas com suas famílias. Através
de fotos reas do bairro, podiam identificar suas casas, o percurso
para chegar à escola e pontos de referência. Com câmeras emprestadas,
as crianças puderam fotografar e documentar locais de seu convívio
diário. A equipe entrou em contato com a realidade dos usuários do
futuro edifício: eram moradores de cortiços ou apartamentos peque-
nos, sem espaços para brincar/estudar, sendo o espaço da escola sua
única alternativa. Tal constatação sensibilizou a direção da Conesp, que
permitiu a criação de um espaço de lazer na nova escola para uso fora
do horário de aulas.
Propõe-se então, além da construção de um projeto de escola nos
padrões da Conesp, o acréscimo de uma área para as crianças, junto à
quadra esportiva: o grêmio (espaço com mesa para jogos e pequena
arena para apresentações artísticas), cujo programa foi definido em
conjunto com os alunos. Foram escolhidos elementos do casarão antigo
para serem preservados em sua construção: colunas de ferro fundido,
domo de cristal, lustre de bronze, como forma de manter a memória
da antiga escola (ver fotos p.52).
O uso do espaço do grêmio seria administrado pelos próprios
alunos. Cada rie tinha um representante, que possa a chave.
Fotos de registro das visitas às casas dos alunos e fotos do entorno da escola, tiradas pelos próprios
alunos (c.1976). Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
51A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Imagens do casarão antigo, sede da EEPG João Kopke.
Fonte: relatório “estudo do espaço escolar” (Conesp, c.1976).
Acervo Mayumi Souza Lima, caixa 40.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI52
Inicialmente a equipe da Conesp desenvolveu atividades para estimular
o uso e a apropriação do espaço. Apesar de todo o processo de incen-
tivar os alunos a participar e compreender o seu espaço na escola e
dele apropriar-se, em pouco tempo o grêmio foi tomado dos alunos
pela diretoria da escola e transformado em depósito, e foram instaladas
grades no pátio. A proposta de gestão do espaço com eleições livres
para escolha dos representantes de cada classe e autonomia para os
alunos no uso do espaço – não se enquadrava muito bem no clima dis-
ciplinar no contexto da ditadura militar. Mayumi entende o resultado
final como “caso exemplar da dominação opressiva – e possivelmente
inconsciente – dos adultos sobre as crianças das escolas públicas.
12
Em 1980, a equipe da Conesp retornou à escola para acompanhar
o uso do espaço de conviência construído pelos alunos, que havia
sido transformado em depósito. Foi organizado um dia de eventos no
grêmio, com encenação de peça criada pelos próprios alunos e apre-
sentação musical. Um grupo de alunos fantasiados percorreu a escola
para convidar os demais a assistir as apresentações (ver fotos p.54).
Mesmo assim, na visita posterior da equipe o espaço do grêmio havia
voltado a ser transformado em depósito.
A equipe buscou com esse processo primeiramente conhecer
os usuários daquela escola. Mayumi criticava o sistema de projetos
padronizados adotado pela Conesp, que supunha uma população
homogênea, e defendia o estudo caso a caso. A iniciativa de Mayumi
face a essa situação delicada da obra a ser realizada durante o período
de aulas possibilitou a realização desse estudo piloto. Para aproximar-se
das crianças foi preciso construir um espaço de diálogo que não existia
12 LIMA, Mayumi W. Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, p.78.
antes naquela escola. Foi preciso romper a disciplina e a ordem da
sala de aula (representadas pelas carteiras em organizadas em fila) com
jogos e brincadeiras para que a crianças fossem capazes de interagir. As
atividades de reconhecimento do espaço da escola e do bairro onde as
crianças viviam tinham como objetivo compreender a maneira como
essas crianças se situam e se apropriam (ou não) do espaço. A partir
dessa compreensão, é possível interagir com as crianças para que elas
possam perceber e desenvolver novas formas de uso do espaço. Eram
atividades de formação de uma consciência espacial para as crianças.
Com a falta de envolvimento do corpo docente da escola mais
voltado para o sistema tradicional de ensino de o única onde as
crianças apenas recebem passivamente o conhecimento a criação de
um espaço de liberdade para as crianças dentro da escola acabou sendo
frustrada
13
. As atividades lúdicas desenvolvidas não foram suficientes
para mobilizar os alunos a lutarem por seu espaço.
13 Adriana Sousa considera que a falta de envolvimento dos professores no processo pode
ter sido o principal motivo do “fracasso” do estabelecimento de um espaço de uso dos
alunos. Sua análise pode ser consultada no relatório de iniciação científica: SOUSA, Adriana
Ferreira. Arquitetura, projeto participativo e educação infantil na produção de Mayumi Watanabe de Souza Lima.
FAUUSP, 2007.
53A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Fotos das obras de construção do novo edifício da EEPG João Kopke. Observa-se a coexistência com o casarão antigo em processo de demolição. Nas fotos ao alto, vê-se o grêmio em construção. Ao centro, o
acesso dos alunos às salas de aula do antigo casarão durante o período de obras. Abaixo, vista geral do novo edifício. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI54
Fotos dasatividades realizadas para a utilização do grêmio com os alunos em 1980: passeio pela escola convidando todos para as apresentações, de música e de teatro. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
55A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
BAIRRO DA VARGINHA E JARDIM FORTALEZA:
DUAS EXPERIÊNCIAS DE CONSTRUÇÃO COM A
PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO
De 1983 a 1984, Mayumi voltou a trabalhar como Superintendente de
Planejamento da Conesp. Desenvolveu o programa pioneiro de assesso-
ria aos movimentos populares na gestão da construção de escolas, que
fez parte de sua pesquisa de doutorado.
Esses projetos acontecem no momento de abertura política do
país, com a idéia de construção da nova democracia. O governador
Franco Montoro tinha como diretrizes de governo: a democratização
da administração, a descentralização dos processos decisórios e a par-
ticipação da população.
Mayumi propõe a implantão de uma política alternativa de
descentralização para a constrão de escolas com a participação da
população na gestão da obra. Nesse intento, são selecionados quatro
movimentos de associações de bairro que reivindicavam a construção
de escolas em sua região para a realização da experiência piloto: Bairro
da Varginha, Jardim Fortaleza, bairro Divinéia e Jardim Ikeda
14
. A Conesp
seria encarregada do projeto, fornecimento de materiais, assessoria
técnica e pagamento da mão de obra. A Sociedade Amigos do Bairro
(SAB) seria responsável pela seleção dos trabalhadores, divulgação do
processo para a comunidade e administração da obra.
A equipe da Conesp envolveu-se em diversas atividades com a
população local, desde o início do projeto, com a escolha dos terrenos
para a constrão, até a entrega da obra. Eram realizadas reuniões
14 Apenas as duas primeiras obras puderam ser finalizadas.
semanais aos domingos com a comunidade envolvida no processo,
para discutir a forma de trabalho. A equipe reunia-se também com os
trabalhadores no canteiro de obras, para discutir direitos trabalhistas,
materiais e técnicas, o tratamento entre eles, etc.
Foram desenvolvidas ainda atividades lúdicas envolvendo as crian-
ças, futuras usuárias da escola: desenho, colagem, projeção de filmes,
passeios de reconhecimento do bairro, etc. Todas as atividades desenvol-
vidas pela equipe eram um esforço para que as crianças e a comunidade
se conscientizassem e se apropriassem do equipamento escolar:
Enquanto tentávamos nos entender com os adultos, desenvolvíamos
com as crianças atividades com o intuito de fazê-las repensar os
espaços por elas ocupados, como e porque eles são organizados,
como é possível alterá-los. Permeando tudo isto estava a tentativa de
colocá-las como sujeitos de sua realidade, capazes de transformá-la
a partir do seu entendimento, através de sua ação e na direção da
satisfação de suas necessidades. Para isto utilizávamos atividades de
desenho, pintura e colagem, onde as crianças reproduziam a sua
casa, o bairro, o surgimento da nova escola, etc., onde foi possível
perceber a falta de liberdade de criação em que vivem.
15
O processo
16
encontrou algumas dificuldades e diversos âmbitos. Nas
comunidades de bairro, havia conflitos de poder das lideranças locais
15 CONESP. EEPG Bairro da Varginha – Relatório de avaliação sobre a sua execução, 1984, pp.18-19. Fonte:
Acervo Mayumi W. Souza Lima, caixa 33.
16 Para a descrição detalhada do processo, conferir os relatórios da Conesp existentes no
Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima, digitalizados no dvd anexo. Veja-se também a análise
no relatório final de iniciação científica da estudante Adriana Ferreira Sousa: Arquitetura, projeto
participativo e educação infantil na produção de Mayumi Watanabe de Souza Lima. FAUUSP, 2007.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI56
entre si e em relação aos técnicos da Conesp, que enfrentavam ainda
dificuldade de comunicação direta com a população, acostumada a ser
tratada de forma paternalista. Havia entraves políticos e burocráticos
dentro da própria Conesp e divergência de postura entre os membros
da equipe. No entanto, foi um aprendizado importante para toda a
equipe envolvida e para a população local, que se fortaleceu enquanto
grupo mobilizado.
A maneira como foi conduzida a experiência de participação da
população na obra se assemelha à idéia do canteiro de obras como local
de formação de cidadãos, defendida por Rodrigo Lefèvre em sua dis-
sertação Projeto de um acampamento de obra: uma Utopia
17
. Rodrigo visualizava
o canteiro como um local de aprendizado para todos os trabalhadores
envolvidos um local de troca entre trabalhadores e técnicos formados
pela universidade, democratização do conhecimento e de transforma-
ção das relações de produção
18
. Ele propunha a organização de um can-
teiro de obra num sistema onde os trabalhadores, oriundos das classes
populares, fizessem a autogestão e a autoconstrução de suas casas,
como base de um processo de formação e aprendizado de atividades
profissionais ligadas à construção. Como vimos, Rodrigo e Mayumi
eram contemporâneos na FAUUSP e foram colegas na reformulação dos
cursos de arquitetura em Santos e São José dos Campos. Partilhavam as
mesmas reflexões e faziam parte de uma geração comprometida com
a reflexão da função do arquiteto e com a busca constante de soluções
para a melhoria das condições de vida das classes de baixa renda.
17 LEFÈVRE, Rodrigo Brotero. Projeto de um acampamento de obra: uma utopia. Dissertação de
Mestrado. São Paulo, FAUUSP, 1981.
18 ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura Nova. São Paulo, Editora 34, 2002, p.132.
Fotos da escola no Jardim Fortaleza, 1984.
Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
57A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Fotos da obra da escola no Bairro da Varginha, 1984. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI58
ESPAÇOS EDUCATIVOS – USO E CONSTRUÇÃO
O CEDATE Centro de Desenvolvimento e Apoio Técnico à Educação
foi criado em meados de 1981 como um órgão de pesquisa vincu-
lado ao MEC Ministério da Educação e Cultura. Fruto da fusão da
Coordenadoria de Desenvolvimento das Instalações do Ensino Superior
(PREMESU) e do Centro Brasileiro de Construções Escolares (CEBRACE),
incorporou ainda o Programa de Expano e Melhoria do Ensino
(PREMEN). Sua finalidade era a produção de conhecimento ligado à
construção e manutenção da infra-estrutura física de equipamentos de
educação, cultura e esportes – planejamento da rede de equipamentos,
padronização de especificações técnicas para os edifícios, pesquisa de
materiais e técnicas construtivas e diretrizes de projeto.
Mayumi havia trabalhado anteriormente em projetos para o
PREMEN, tendo colaborado na criação do CEBRACE. Em 1985, foi con-
tratada para pesquisar elementos espaciais adequados às crianças das
escolas públicas de 1º grau, com o objetivo de produzir recomendações
de projeto para arquitetos e sugestões de uso dos espaços escolares
existentes para professores.
Mayumi determinou como universo de pesquisa as escolas recém-
construídas com a participação da população no Bairro da Varginha e
no Jardim Fortaleza, por serem duas escolas em que já havia estabeleci-
do um contato próximo com os usuários.
A pesquisa previa três etapas: 1.observação do cotidiano da escola
e seu funcionamento; 2. projeto e produção de material pedagógico
em conjunto com professores e alunos e testes de uso dos materiais
produzidos; 3. construção de elementos-suporte para as atividades
pedagógicas em sala de aula, observação de uso, avaliação e proposta
de espaços escolares para futuros projetos e/ou transformação de
espaços existentes.
No texto de apresentação do projeto, Mayumi partia do contexto
mais global para entender o edifício escolar. Contextualizava a vida na
sociedade de consumo, onde o mercado produtor de bens de consumo
e os meios de comunicação de massa possuem técnicas de manipula-
ção da vontade coletiva, estimulando o consumo passivo e reprimindo
o pensar próprio, individual. No Brasil, a situação era agravada pela
precariedade das instalações e do funcionamento da escola pública e
das condições de vida das crianças das classes populares, frequenta-
doras essas escolas. Partindo deste existente precário, a proposta era
investigar possibilidades de alterar a condição de pobreza do espaço
existente, com intervenções de baixo custo
19
.
Mayumi criticava a padronização de programas, dimensões e ma-
teriais para a construção de edifícios escolares. De norte a sul do país,
as crianças são muito diferentes entre si e convivem com realidades
muito distintas. Na periferia de São Paulo, no caso das duas escolas
observadas, o entorno era indefinido, com casas nas cores dos blocos
de alvenaria, sem nomes nas ruas, com poucas referências espaciais
importantes. A escola elemento tão importante para a comunidade
apresentava-se isolada por muros, sem oferecer à criança estímulos
de cores fortes ou algum outro aspecto mais acolhedor. A pesquisa
apontava a necessidade de se conhecer como as escolas são pensadas,
construídas e usadas pela população para que se pudesse repensar as
19 Tendo em vista que os argumentos estatais contra a implementação de projetos de
modernização dos espaços escolares em geral apóiam na falta de verbas para financiar esses
projetos [n.a.].
59A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
diretrizes de projeto. Os espaços educativos devem oferecer aos usuá-
rios estímulos para a sua apropriação e uso criativo. Assim sendo, a
proposta era introduzir no espaço da escola elementos que estimulas-
sem a curiosidade da criança:
A sugestão é muito simples: com relação a espaços o que importa
é criar elementos que possam ser recriados pela imaginação
ou construídos realmente pelas crianças; com relação a objetos,
com maior razão, justifica-se o cuidado de oferecer-lhes material
e elementos que permitam a experiência positiva da destruição/
construção, da negação do óbvio e proposta do inesperado.
Serão educativos na medida em que possibilitar o contacto, a per-
cepção do material, do tempo e estimular a relação da criança com
o mundo.
O projeto do espaço educativo para criança é portanto um projeto
necessariamente inacabado intencionalmente incompleto isto
é, o projeto se completa somente com e pela ação da criança; isto
não significa falta de projeto ou de proposta do educador ou do
arquiteto, mas uma intenção claramente contida no projeto de fazer
da criança o elemento ativo de construção do espaço. Esta criança,
porém, não será de novo a abstração padronizada, criança na cabeça
de quem projeta ou educa, mas cada criança real que pertence a um
determinado grupo social, mora em determinado local e condição.
O espaço deverá permitir, portanto, a interpretação variada que
cada criança dará. (...)
20
20 LIMA, Mayumi W. Souza. “Espaço para a Educação Pré-escolar”. Texto preparado para o
Seminário do CEDATE/MEC, Brasília, outubro de 1985. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima,
caixa 24.
O produto final da pesquisa para o CEDATE é a publicação do livro
Espaços Educativos, Uso e construção21
. O livro é direcionado aos professores
da rede pública e traz sugestões de atividades de percepção e transfor-
mação do espaço a serem desenvolvidas em sala de aula.
O texto de introdução do livro é uma espécie de manifesto so-
bre o uso do espaço das escolas públicas, convocando os professores
a assumirem seu papel na transformação da concepção de espaço na
sociedade:
Elas [as sugestões de atividades] partem do pressuposto de que todo
espaço produzido pelo homem interfere no processo educativo de
quem o produz e de quem o consome, de forma negativa ou posi-
tiva. Isto é, o espaço produzido nunca é indiferente na medida em
que condiciona nossos gestos diários, habitua nossa visão, estimula
elementos simbólicos, estabelece pontos de referência. Será positivo
se aquele que produz e aquele que usa, perceber o seu significado
e puder participar de sua transformação/construção, situar-se
nesse espaço e usá-lo como instrumento de sua ação intencional.
Será negativo se o produtor não tiver consciência do seu trabalho
parcelado e se o usuário, quase sempre insatisfeito da precariedade
que o espaço da escola oferece, permanecer passivo, confundido
entre móveis e utensílios que o acaso ou decisões misteriosas das
autoridades lhes colocou em contato.
O professor é principal agente na determinação do sentido
positivo ou negativo que se ao uso dos espaços escolares,
21 Brasília, MEC/CEDATE, 1988. Coordenação: Mayumi Souza Lima. Equipe responsável:
Mayumi W. de Souza Lima e Tereza Beatriz Herling (arquitetas), Irineu M. Sugahra e
Massako M. Kohl (fotos e desenhos).
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI
60
Reprodução de página do livro Espaços Educativos: uso e construção, com a crítica à organização da sala de aula em fileiras. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima.
Fotos das salas de aula da escola Jardim Fortaleza, onde foram realizadas as experiências para o projeto do CEDATE. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima.
61
A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
embora não seja ele(a) o responsável por sua produção inicial.
Somente ele(a) pode desvelar esses espaços, analisá-los, trans-
formá-los em instrumento de trabalho dos seus alunos e, se
possível, elementos lúdicos e educativos para adultos e crianças
da comunidade.
22
Sem nomear explicitamente Paulo Freire, o texto opõe as duas concepções
de educação definidas pelo educador: a educação de mão única – onde o
professor apenas transmite valores e conhecimentos para alunos passivos
e a educação integral, crítica e criativa onde cada participante seja
ao mesmo tempo educador e educando, num processo de crescimento
e construção coletiva do conhecimento. Surge a crítica à organização
tradicional das salas de aula com as carteiras enfileiradas que refletem
a pedagogia da mera transmissão de conhecimento o professor como
orador e os alunos como platéia (ver página ao lado). Esta não precisa
necessariamente ser a única configuração adotada para a sala de aula. O
livro recomenda que as crianças sejam apresentadas ao edifício da escola
e aos seus funcionários, numa atividade de reconhecimento do território
para que a criança se sinta segura em seu novo espaço.
São sugeridas diversas intervenções no espaço da sala de aula e da
escola, como podemos observar nas imagens a seguir.
22 LIMA, Mayumi W. Souza. Espaços educativos: uso e construção. Brasília, MEC/CEDATE,
1988, pp.9-10.
Página do livro Espaços Educativos: uso e construção, com propostas de uso das portas como suporte
para aplicação de elementos de comunicação. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI62
Páginas do livro Espaços Educativos: uso e construção, com propostas: o uso do batente da porta como escala (à esq.) e a criação de suportes para pendurar materiais educativos (dir.).
Fotos das atividades realizadas com os alunos da escola Jardim Fortaleza, para o projeto do CEDATE. Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima.
63A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Fotos das atividades realizadas com os alunos da escola Jardim Fortaleza, para o projeto do CEDATE. (Nas fotos ao alto aparece Mayumi com as crianças). Fonte: Acervo Mayumi Watanabe Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI64
A CIDADE E A CRIANÇA
No livro A cidade e a criança, publicado em 1989, Mayumi reuniu suas
observações ao longo de anos de trabalho planejando ou projetando
espaços para uso de crianças. Como havia acabado de fazer a qualifi-
cação para o doutorado em Filosofia da Educação, estava impregnada
por todas as leituras que havia feito. O livro anunciava logo no início a
questão frequente em sua atuação como arquiteta, que seria discutida
ao longo do texto:
De alguma maneira, a questão do espaço sempre esteve presente
em nossas atividades. Não tanto o espaço enquanto resultado da
concepção de um arquiteto, mas antes a forma como é organizado,
distribuído e direcionado pelos que detêm o poder e como esse
espaço é apropriado ou não por aqueles a quem se destinaria.
23
A primeira referência trica apresentada no livro é a questão da
tirania do desenho sobre o usuário, descrita por Robert Sommer
24
.
Mayumi observa que a tirania do desenho só ocorre plenamente sobre
os usuários coletivizados, que não m voz nem vontade pprias.
A interpretação que os detentores do poder social fazem do desejo
e das necessidades do usuário coletivizado determina os programas
dos edifícios constrdos para essa mesma população usuária cole-
tivizada, abstrata, anônima. No esforço de reduzir gastos, os edifícios
produzidos pelo poder público acabam sofrendo um empobrecimento
23 LIMA, Mayumi W. Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, p.9.
24 SOMMER, Robert. O papel do arquiteto a conscientização do design. São Paulo, Ed. Brasiliense,
1979.
de espaços causado pela redução cultural dos programas, pela redu-
ção de áreas, pela qualidade dos materiais utilizados. No caso de
edifícios destinados ao uso de crianças, Mayumi destaca a observação
de como esses espaços são construídos para o controle:
Foi nesse observar assistemático, num compromisso descompro-
missado, que a nossa atenção foi chamada pela forma como o
poder, primeiro da sociedade de classes, segundo, das instituições
representativas dessa sociedade e, terceiro, dos adultos em geral, se
apodera do espaço da criança e o transforma num instrumento de
dominação.
A organização e a distribuição dos espaços, a limitação dos movi-
mentos, a nebulosidade das informações visuais e até mesmo a falta
de conforto ambiental estavam e estão voltadas para a produção de
adultos domesticados, obedientes e disciplinados – se possível lim-
pos –, destituídos de vontade própria e temerosos de indagações.
Nesse processo, somos todos co-responsáveis. Há, em todos os
lugares, como que a obsessão do controle que perpassa todos os
nossos comportamentos adultos em relação à criança; precisamos
sentir-nos donos da situação, ter presente todas as alternativas que
a criança poderá escolher, porque só assim nos sentiremos seguros.
A liberdade da criança é a nossa insegurança, enquanto educadores,
pais ou simples adultos e, em nome da criança, buscamos a nossa
tranqüilidade, impondo-lhes até os caminhos da imaginação.
25
Mayumi contrapõe dois tipos distintos de uso do espaço. Primeiramente,
o espaço como elemento ativo de condicionamento da criança para
25 LIMA, Mayumi W. Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, pp.10-11.
65A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
a constituição do futuro adulto passivo, conforme pado desejado
pela sociedade de consumo. Nas escolas públicas, Mayumi observou o
comportamento autoritário e repressivo dos adultos na organização e
uso dos espaços destinados às crianças, produto do condicionamento
social a que estamos todos submetidos, como por exemplo no caso do
uso do espaço do grêmio na EEPG João Kopke.
A segunda forma seria a do espaço como um instrumento para a
formação de adultos criativos e inteligentes, como um laboratório onde
as crianças tenham liberdade para experimentar e criar, apropriando-se
do espaço e transformando-o.
Não espaço vazio, nem de matéria nem de significado; nem
espaço imutável. Nada é mais dinâmico do que o espaço
porque ele vai sendo construído e destruído permanentemente,
seja pelo homem, seja pelas forças da natureza.
Também nada existe nem se articula fora dele. Justamente porque
ninguém escapa à inevitabilidade de viver e de se relacionar com
pessoas e objetos num espaço material e concreto, carregado de
significado, é que o espaço se mascara na rotina familiar e passa
desapercebido da maioria das pessoas.
É no espaço físico que a criança estabelece a relação com o
mundo e com as pessoas; e ao fazê-lo esse espaço material se
qualifica. (...)
O espaço material é, pois, um pano de fundo, a moldura, sobre
o qual as sensações se revelam e produzem marcas profundas
que permanecem, mesmo quando as pessoas deixam de ser
crianças. É através dessa qualificação que o espaço físico adquire
uma nova condição: a de ambiente.
Parece-nos importante insistir em que espaço, entendido apenas
enquanto elemento neutro organizado ou construído por peças
ou componentes materiais, é um ente que, apesar de sua concre-
tude, paradoxalmente, existe na abstração, quando ele passa
a ser um objeto-mercadoria ou um objeto-estudo. Em qualquer
outra situação, o espaço organizado ou constrdo é mediado,
qualificado, completado ou alterado pela relação que nele estabe-
lece o indivíduo consigo próprio ou com outros indivíduos.
26
Ao contrário da abstração do mundo adulto, as crianças percebem o
espaço sempre como ambiente relacionado às suas sensações: espaço-
alegria, espaço-medo, espaço-proteção ou seja, os espaços onde elas
podem experimentar a liberdade ou a opressão.
Em suas experiências Mayumi procurava observar a forma como
as crianças podem se apropriar criativamente do espaço sem a “repres-
são” promovida pelo adulto, com a intenção de oferecer alternativas
de uso para os espaços das escolas públicas. Era importante também
desvelar os motivos pelos quais os espaços são produzidos e utilizados,
mostrar porque as escolas públicas possuem as características físicas de
descuido e depredação que possuem.
Na sociedade moderna, existe a perda do poder patriarcal sobre
os filhos é o Estado quem passa a decidir qual o tipo de educação
apropriado para a criança, em função dos interesses do capitalismo,
com o objetivo de produzir cidadãos disciplinados, obedientes e
produtivos para o sistema. Ao pais resta o “dever” de formar os filhos
conforme o padrão estabelecido e esperado, reproduzindo o sistema
de dominação em que foram criados. Dessa maneira, o espaço físico é
26 LIMA, Mayumi W. Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, pp.13-14.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI66
tratado como instrumento de poder, concebido de forma a perpetuar
a dominação vigente.
Os espaços definidos pelo poder o, de alguma maneira,
estabelecidos em fuão da preservação e fortalecimento
desse mesmo poder e, portanto, voltados para o controle e a
distribuição desigual de direitos e poderes, atras da ilusão da
superioridade de alguns, naturalmente colocados em confronto
com a inferioridade dos demais.
27
No livro são descritos rios exemplos do uso do espaço como instru-
mento de poder. Cita o caso dos campos de concentração nazistas, onde
a organização do espaço visava a quebra da autonomia do indivíduo, a
“transformação do sujeito em objeto”. Usa também exemplos registra-
dos na literatura, como as descrições de Dostoievski da relação de poder
entre pais e filhos no espaço doméstico, e exemplos de outras culturas: o
funcionamento da sociedade de castas na Índia, a postura de reverência
na rua à passagem do Imperador no Japão até o início do século XX.
Passa então a examinar a história dos edifícios escolares no Brasil,
demonstrando como a escola, ao popularizar-se na metade do século
XX, sofreu uma conseqüente redução de qualidade
28
:
Se antes as escolas ocupavam os terrenos mais visíveis e altos, passa-
ram a se instalar nas sobras dos loteamentos, naqueles terrenos que
a obrigação legal, formal, incluía em seu índice de áreas destinadas
a equipamentos públicos. Praças e escolas tornaram-se cada vez
menos o símbolo de apropriação e presença do homem no terri-
27 LIMA, Mayumi W. Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, p.37.
28 Tema também estudado em seu doutorado.
tório em contraposição à natureza, mas o retrato de uma sociedade
que considera a criança parte da sucata industrial que se aproveita
ou não na produção futura, desde que ela não se oxide enquanto
cresce. Se isso acontecer, ela deixa de ser criança e passa à categoria
de menor, objeto mais insignificante do que a criança.
Criança dos bairros de periferia, candidata permanente à condição
de menor, recebe professor, escola e merenda de acordo com a
distribuição desigual dos direitos na sociedade. (...)
O espaço escolar não poderia ser outro: desinteressante, frio, padro-
nizado e padronizador, na forma e na organização as salas, fechando
as crianças para o mundo, policiando-as, disciplinando-as.
29
Analisa a organização da sala de aula, com a disposição das carteiras em
fila, voltadas para o único centro de poder o professor. As carteiras
utilizadas nas escolas até metade do século XX eram as do tipo “pé
de ferro”, pesadas, que impossibilitavam o movimento, reforçando o
domínio sobre o corpo da criança como parte da estratégia de controle
do pensamento. A própria Mayumi envolveu-se, conforme descrito
no capítulo 1, na realização de um concurso nacional de projeto para o
redesenho do mobiliário das escolas públicas. Mayumi descreve ainda
casos onde as janelas das classes haviam sido parcialmente vedadas para
evitar que as crianças distraíssem sua atenção com o mundo exterior;
ou a solicitação de portas com visores para as salas de aula onde
a simples possibilidade de ser observada faria com que a criança se
comportasse (idéia do panóptico de Foucault
30
).
29 LIMA, Mayumi W. Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, p.38.
30 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, Vozes, 1977, pp.173-199.
67A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Ainda que as propostas pedagógicas evoluam, es escolas continuam
sendo construídas a partir de concepções conservadoras de educação.
Mayumi observou que os próprios professores sentem-se inseguros em
experimentar organizações mais flexíveis do espaço da sala de aula. Ao
lidar com as crianças, a disciplina e a ordem aparecem como referência
para o uso do espaço, a alegria e a brincadeira não fazem parte da idéia
de aprendizado. Permanece a concepção da educação de mão única,
onde apenas o professor tem a ensinar:
A relão que se espera estabelecer no interior dos espos
escolares o é uma relação entre iguais, no sentido de que
todos os envolvidos tenham lugar para opinar, para questionar,
para descobrir, para aprender. Todo o esquema espacial reflete a
relação de autoridade e de disciplina.
31
Questiona: como é possível ensinar hábitos de higiene para as crianças se
a escola não está equipada para tal? É preciso ter lavatórios próximos às
áreas de comida para poder ensiná-la a lavar as mãos antes de comer; é
preciso ter funcionários responsáveis pela limpeza da escola e material de
limpeza para que esses funcionários possam trabalhar. Além disso, seria
desejável que as crianças fossem envolvidas na limpeza da escola, com o
propósito de acabar com o preconceito em relação ao trabalho braçal.
O espaço físico da sala de aula não é pensado para a apropriação
dos alunos. A começar pelo uso compartilhado onde várias turmas
utilizam a mesma sala ao longo do dia. A apropriação supõe a ocu-
pação e a alteração do espaço, além da possibilidade de deixar marcas
cartazes, desenhos ou outros materiais pendurados nas paredes, por
31 LIMA, Mayumi W. Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, p.58.
exemplo. No entanto, existe nas escolas o conceito de “limpeza” – as
marcas da passagem das crianças não devem aparecer. Muitas vezes, em
vez de permitir aos alunos que pintem os muros, a direção contrata um
adulto para produzir – de forma organizada e no lugar das crianças – a
pintura da escola. E o adulto pinta aquele muro com flores e árvores
imitando o modo como a criança desenha além de ocupar o espaço
da criação da criança, em vez de criar algo dele mesmo, o adulto ape-
nas reproduz a idéia do que ele acha que seria o desenho da criança.
Da mesma forma, muitos brinquedos produzidos para recreação não
deixam espaço para a fantasia da criança o adulto se adianta à sua
imaginação. Perde-se a oportunidade de que as crianças possam inter-
vir no espaço a escola de forma criativa, como propõe Mayumi:
É preciso, pois, deixar o espaço suficientemente pensado para esti-
mular a curiosidade e a imaginação da criança, mas incompleto o
bastante para que ela se aproprie e transforme esse espaço através
de sua própria ação.
32
No capítulo final, sobre a criança e a cidade, retoma a história da in-
dustrialização
33
para demonstrar como a criança perdeu seu espaço nas
grandes cidades. Até o século XVIII, a rua era o local da vida cotidiana
de adultos e de crianças. As casas eram pequenas, apenas lugar de
dormir/comer, não um local de permanência. Na rua aconteciam as
festas populares, os encontros e as trocas (o comércio), uma espécie de
32 Idem, p.72.
33 O texto baseia-se em FARGE, Arlete. “Vivre dans la rue”, Conferência Informations sociales
transmises par les objects, Helsinki, 1976; e ÁRIES, Philippe. “La vie ancienne et l’urbanité de
l’enfance”. Revista Architecture d’Aujourd’hui, n.20.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI68
extensão da casa, onde as crianças podiam brincar. Aos poucos, com a
industrialização, surge a polícia metropolitana, responsável pela ordem
urbana. As festas são proibidas, evita-se tumultos e promove-se o deco-
ro. A rua passa a ter a função predominante de circulação e as crianças
passam a ser confinadas em espaços fechados – a casa, a escola, o asilo,
as bricas onde passam a trabalhar. Perde-se o convívio natural entre
adultos e crianças no espaço urbano.
Em São Paulo, Mayumi relata suas observações sobre as brincadei-
ras de crianças de diferentes locais – favelas, cortiços, apartamentos na
região central, casas em bairros periféricos.
As crianças moradoras de favelas não tinham espaço para brincar
dentro de casa, por isso utilizam a área da favela e das ruas do entorno
como território para suas brincadeiras. Essas crianças apresentavam um
domínio “considerável” sobre o espaço e muitas vezes construíam seus
próprios brinquedos ou mesmo ambientes de jogo delimitados por
madeira, papelão ou outros materiais. No entanto, como as passagens
da favela eram estreitas, muitas vezes de topografia íngreme, e havia
poucas áreas livres onde essas crianças pudessem participar de ativida-
des coletivas.
As criaas moradoras de corto tinham espaços de uso p-
prio brincavam na calçada em frente ou no corredor de acesso aos
cômodos de moradia. Não havia lugar para guardar brinquedos ou
outros objetos – como havia pouco espaço, as mães guardavam apenas
o mínimo necessário.
as crianças moradoras de apartamento nas áreas centrais eram
as “mais prejudicadas”passavam o dia brincando dentro do próprio
apartamento, proibidas de descer à rua ou às praças próximas e muitas
vezes mesmo ao pátio do edifício, por motivo de segurança.
As criaas dos bairros periféricos brincavam muito na rua e
possuíam um bom domínio do território, identificando pontos de re-
ferência e caminhos percorridos no bairro. No entanto, nesses bairros
não existiam números de casas ou nome de ruas – a criança apesar de
bem orientada no espaço não estava familiarizada com os símbolos da
escrita e abstrações com os quais a escola trabalha.
A conclusão ao final do livro era de que “a escola é o único espaço
que as cidades paulistas oferecem universalmente como possibilidade
dos espaços blicos e populares domínio das atividades dicas
(jogos e brinquedos) que as crianças e jovens perderam na cidade
capitalista e industrial.
34
Razão pela qual a arquiteta sempre defendeu
em seu trabalho o tratamento adequado e a criação de novos espaços
para a criança na cidade.
34 LIMA, Mayumi W. Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, p.101.
CAPÍTULO 3
CEDEC – A CONSTRUÇÃO DO EQUIPAMENTO
PÚBLICO COMO CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI70
O Cedec (Centro de Desenvolvimento de Equipamentos Urbanos e
Comunitários) foi criado em 1990, durante a gestão de Luíza Erundina
na Prefeitura de São Paulo (1989-1992), como um setor de pesquisa e
de produção industrial de equipamentos dentro da estrutura da Emurb
(Empresa Municipal de Urbanizão), com ão complementar ao
departamento de Edificações (Edif) da Secretaria de Obras e Serviços
(SSO). Suas atividades abrangiam pesquisa de materiais e de sistemas
construtivos; treinamento e formação de pessoal; planejamento, projeto
e execução de obras. Foi montada uma fábrica de elementos constru-
tivos em sistema pré-moldado de argamassa armada para a produção
de equipamentos públicos (escolas, creches, postos de saúde etc.) e de
mobiliário urbano, a partir da experiência acumulada pelos engenhei-
ros da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP) e pelo arquiteto
João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé. A arquiteta Mayumi Watanabe
Souza Lima coordenou a implantação da fábrica e dirigiu o Cedec,
imprimindo uma orientação diferenciada na organização da estrutura
funcional e no relacionamento com os envolvidos no processo – desde
a formação dos operários e cnicos que trabalhavam na fábrica até
a relação com a população usuária dos equipamentos. Buscava cons-
cientizar a população sobre a importância do equipamento público
de qualidade e da participação ativa dos usuários em sua preservação.
As realizações no Cedec são uma síntese do tratamento que Mayumi
acreditava que deveriam ter as obras públicas.
CONTEXTO
Em janeiro de 1989, Luiza Erundina assumiu a Prefeitura da cidade de
São Paulo, a primeira grande conquista do Partido dos Trabalhadores
numa eleão direta para cargos executivos. Grandes intelectuais
da esquerda ligados ao partido e comprometidos com as lutas dos
movimentos populares por moradia, educação, transporte e sde
assumiram os principais cargos do governo. Várias experiências que
vinham sendo elaboradas foram viabilizadas na nova gestão. No setor
de habitação, a Prefeitura implantou programas inovadores, como o de
construção de habitação popular por meio de mutirões autogeridos e o
de renovação de cortiços na área central da cidade.
Erundina construíra sua liderança política a partir do trabalho com
os movimentos populares reivindicatórios da periferia da cidade e, sob
o slogan de “São Paulo para todos”, propõe-se a ampliar o acesso de
todos os cidadãos aos serviços públicos de qualidade (educação, saúde,
transporte); garantir o direito à moradia e incentivar e abrir canais para
a participação nas discussões sobre o espaço urbano e sobre o uso do
orçamento público ou seja, propõe-se a trabalhar na construção de
uma democracia participativa, conforme aponta Paul Singer
1
:
S
e houve alguma diretriz fundamental que, por assim dizer,
marcou o governo de Luiza Erundina, esta foi a da democratização
do Estado, a de inaugurar um estilo de governar que instaurasse um
relacionamento completamente diferente entre prefeitura e mu-
nícipes. Tradicionalmente, este relacionamento fora marcado pelo
1 O economista Paul Singer foi Secretário de Planejamento durante a gestão petista.
71A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
autoritarismo dos governantes e pela submissão dos cidadãos, sempre
no papel de solicitantes de despachos, concessões, empregos etc.
2
Incentivar a participação da população nas decisões políticas supunha
a divulgação de informações sobre a gestão pública para que as pes-
soas pudessem acompanhar a sua execução, o que mobilizou todas
as secretarias a trabalharem na produção de planos de atuação, o que
caracterizava
(...) um estilo de governo: sempre que possível, a ação administra-
tiva seria planejada de antemão, com a definição de metas e prazos,
e os planos seriam divulgados, para poderem ser acompanhados
pelos interessados e depois cobrados. Ao fim de cada plano, o
governo faria uma avaliação de quanto do planejado se cumprira
e divulgaria uma prestação de contas. Este estilo correspondia uma
prioridade fundamental da prefeita e de sua equipe: a transparência.
O cidadão comum tinha que ser informado sobre o que o governo
se propunha a fazer e depois do que fora logrado.
3
Desde a elaboração do programa de governo de Luiza Erundina já existia
a discussão sobre o espaço urbano, buscando identificar alternativas para
garantir a qualidade e ao mesmo tempo reduzir o custo das obras de
melhoria da cidade. Surge a idéia da instalação de uma unidade de desen-
volvimento e pesquisa para a construção de edifícios e de equipamentos
urbanos com processos e materiais diferentes e econômicos, como por
2 SINGER, Paul. Um governo de esquerda para todos: Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo. São Paulo,
Editora Brasiliense, 1996, p.239.
3 Idem, p.40.
exemplo a argamassa armada, já utilizada em projetos em Salvador e no
Rio de Janeiro pelo o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé.
No primeiro semestre de governo, foram discutidas simultanea-
mente duas propostas neste sentido
4
. Por um lado, a Emurb sugeria
que fosse implantada uma grande fábrica central, sob o comando do
próprio arquiteto Lelé. A segunda proposta partiu de uma articula-
ção entre secretarias (Secretaria da Habitação Sehab, Secretaria das
Administrações Regionais SAR e Edif/Secretaria de Serviços e Obras
SSP), que sugeria uma unidade central de produção de protótipos
e pesquisa tecnológica, articulada a unidades de pequeno porte ins-
taladas em cada uma das Administrações Regionais, para atender as
demandas específicas locais. Em junho de 1989 as duas propostas foram
condensadas na criação de uma unidade central, sob a administração
da Emurb o Cedec (Centro de Desenvolvimento de Equipamentos
Urbanos e Comunitários).
Lelé foi então convidado oficialmente para montar em São Paulo
a brica de componentes de argamassa armada nos moldes de suas
experncias anteriores, mas declinou do convite por estar envolvido
no projeto de construção dos Ciacs para o governo federal. No entanto,
participou como consultor do projeto de instalação da fábrica em
São Paulo e doou à cidade os desenhos técnicos dos componentes e
respectivas fôrmas desenvolvidos na FAEC – Fábrica de Equipamentos
Comunitários, criada por ele em Salvador em 1986.
Mayumi assumiu em 1990 a direção do Cedec e a implantação
da fábrica de componentes de argamassa armada. Mayumi à época era
4 CEDEC/EMURB. Atividades desenvolvidas: 1990/92. São Paulo, dezembro 1992, p.7. Fonte:
Acervo Odete Tomchinsky.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI72
diretora da Edif – Departamento de Edificações da Secretaria Municipal
de Serviços e Obras, setor de projetos responsável pelas obras execu-
tadas pela Prefeitura de São Paulo. Como veremos adiante, muitas de
suas propostas para o funcionamento da Edif serão incorporadas ao
programa do Cedec. O Plano de metas para o ano de 1990 elaborado
pela Edif para a Sempla (Secretaria de Planejamento) – dentro do pres-
suposto de repensar a forma de atuação do poder público discutia a
forma de produção dos equipamentos públicos na cidade e propunha
como diretrizes de atuação:
a. privilegiar os programas de recuperação dos equipamentos
existentes aos de construção de novos;
b. atuar diretamente no processo de produção dos equipamentos
de modo a assegurar padrões de qualidade, de custo e de prazo,
comprometidos com a melhoria das condições de vida da popu-
lação trabalhadora;
c. estimular e desenvolver, no processo de recuperação e de cons-
trução de equipamentos sociais, urbanos, as oportunidades de
ampliar a participação popular, a organização dos trabalhadores,
a melhoria das condições de trabalho e a descentralização articu-
lada do poder decisório.
Em função dessas diretrizes, resultam metas destinadas:
à pesquisa, acompanhamento e avaliação de tecnologias e ma-
teriais mais apropriados para o uso público intensivo e de acordo
com o perfil da população usuária;
à implantação de um processo de planejamento que organize e
racionalize as ações e aplicações de recursos, articuladas às condi-
ções de demanda;
ao estabelecimento de programas arquitetônicos e normas para
a elaboração de projetos e de execução de serviço, compatíveis
com o quadro social, financeiro e tecnológico do município;
– ao desenvolvimento do quadro de pessoal técnico e operacional
e da estrutura organizativa para melhorar a qualidade da ação
municipal em projeto, orçamento e execução de serviços e obras,
bem como para instrumentar os servidores para o desempenho
seguro da fiscalização de serviços e obras contratadas;
– à implantação do sistema de desenvolvimento e de produção de
componentes da construção municipal, através do núcleo central
e das unidades regionais;
ao desenvolvimento do sistema de manutenção preventiva e
corretiva com atendimento central, regional e local.
5
Verifica-se nessas diretrizes e metas a proposta de reestruturação da
atuação da Edif como um todo, em função das diretrizes políticas do
governo petista de privilegiar os investimentos nos equipamentos
públicos de qualidade para a população de baixa renda e de incentivar
a participação da população na tomada de decisões. A questão da quali-
dade envolvia, além da construção de equipamentos públicos sob uma
nova perspectiva de funcionamento, a manutenção e melhoria dos ser-
viços já existentes – um programa sem visibilidade e impacto que pu-
desse funcionar em termos de propaganda política, mas atento às reais
necessidades da população. Além das atribuições de projeto, orçamento
5 “Constrão e manutenção de equipamentos sociais”, pp.3-4, documento interno
elaborado pela Edif (provavelmente por sua diretora, Mayumi Souza Lima) no final de 1989
para a Sempla, contendo o planejamento, as metas de atuação e a proposta de orçamento da
unidade para o ano de 1990. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima, caixa 24.
73A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
e execução de obras, o departamento passaria a desenvolver pesquisas
de técnicas e de materiais adequados às obras públicas, normatização
de programas arquitetônicos, planos de manutenção da rede de equi-
pamentos municipais e a implantação de processo de planejamento
de obras (o que demandava a criação de um cadastro atualizado de
todos os edifícios municipais contendo sua situação de manutenção).
Além disso, o documento defendia a criação das unidades regionais
de produção de componentes para obras de urbanização, tais como
guias e bocas de lobo, de acordo com a política de descentralização da
administração e fortalecimento das Administrações Regionais
6
:
Ao propor a brica de componentes, em fase de organização na
Emurb, como núcleo central do sistema, defendeu-se a implan-
tação de outras usinas que atendessem às diretrizes da presente
Administração, no sentido de assegurar soluções construtivas mais
adequadas à variedade das demandas do município. Esta variedade,
fruto das priorizações estabelecidas no planejamento descentralizado
e com participação popular, está a exigir do depto. Edif uma resposta
técnica e administrativa que agilize o atendimento, naqueles casos
mais urgentes, através do fornecimento de componentes destinados
à substituição ou à recuperação de equipamentos urbanos.
7
Mayumi preocupava-se com a autonomia do órgão público em relação
à ação das construtoras, contratadas em longos processos de licitação.
A implantação de unidades de produção de componentes para cada
6 SINGER, Paul. Um governo de esquerda para todos: Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo. São Paulo,
Editora Brasiliense, 1996, p.30.
7 Idem, pp.12-13.
Administração Regional era justificada pela grande demanda de obras.
Dessa maneira a Prefeitura poderia gerenciar os custos e prazos dessa
produção, garantindo a qualidade das obras. As Administrações Regionais
teriam mais independência na programação e execução de suas ativida-
des e o valor das obras não estaria sujeito ao superfaturamento.
As diretrizes das ações do Cedec devem ser entendidas no contexto
da gestão petista, num momento de abertura política recente do país
e de um esforço de construção de uma democracia participativa. Na
época da criação do Cedec, o Secretário de Educação do Município era
Paulo Freire. Freire, que não esteve envolvido diretamente nas obras do
Cedec; mas alguns membros de sua equipe participaram na definição
dos programas para a construção de escolas. No entanto, sabe-se que
Mayumi estudou os textos de Paulo Freire em suas pesquisas sobre es-
paços para educação. É evidente a coincidência de intenções expressas
nas diretrizes do Cedec e na descrição de “educador progressista”, nas
palavras de Paulo Freire:
(...) significa, por exemplo, trabalhar lucidamente em favor da
escola blica, em favor da melhoria de seus padrões de ensino,
em defesa da dignidade dos docentes, de sua formação permanente.
Significa lutar pela educação popular, pela participação crescente
das classes populares nos conselhos de comunidade, de bairro, de
escola. Significa incentivar a mobilização e a organização não apenas
de sua própria categoria mas dos trabalhadores em geral como con-
dição fundamental de luta democrática com vistas à transformação
necessária e urgente da sociedade brasileira.
8
8FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 2006, p.50.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI74
Em ambos os discursos está explícita a luta por escola pública popular e
democrática, ou seja, uma escola de qualidade para todos, com uma
gestão popular participativa. Paulo Freire enunciou esse modelo polí-
tico-pedagógico de escola pública popular no documento “Aos que fazem a
Educação conosco em São Paulo”:
Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, pos-
tulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para partici-
par coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber
de pura experiência feito, que leve em conta suas necessidades e
o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar-se em
sujeito de sua própria história. A participação popular na criação
da cultura e da educação rompe com a tradição de que a elite
é competente e sabe quais são as necessidades e interesses de toda
a sociedade. A escola deve ser também um centro irradiador da
cultura popular, à disposição da comunidade, não para consumi-la,
mas para recriá-la. A escola é também um espaço de organização
política das classes populares. A escola como um espaço de ensino-
aprendizagem será então um centro de debates de idéias, soluções,
reflexões, onde a organização popular vai sistematizando sua pró-
pria experiência. O filho do trabalhador deve encontrar nessa escola
os meios de auto-emancipação intelectual independentemente dos
valores da classe dominante. A escola não é um espaço físico. É
um clima de trabalho, uma postura, um modo de ser.
9
9 FREIRE, Paulo. “Aos que fazem a Educação conosco em São Paulo”, texto originalmente
publicado no Diário Oficial do Município de São Paulo, 01/02/1989; apud FREIRE, Paulo.
A Educação na Cidade. São Paulo, Cortez Editora, 2006, p.16. Sobre as diretrizes da política
municipal de educação,ver tamm o folder da Secretaria de Educação no anexo 2,
pp.160-161.
O CEDEC
O Cedec foi criado com o objetivo de pesquisar soluções projetuais e
construtivas para melhorar a qualidade dos equipamentos públicos na
cidade. Suas atividades abrangiam: a pesquisa de materiais e de sistemas
construtivos industrializáveis; o treinamento e a formação de quadros
técnicos e operacionais; o planejamento, projeto, fiscalização e execu-
ção de obras; a elaboração de programas arquitetônicos e diretrizes de
projeto dos equipamentos públicos; produção de material informativo;
assessoria técnica e a orientação aos grupos envolvidos na construção
dos equipamentos.
O foco de atuação era a construção de equipamentos públicos
de pequeno porte e de componentes para a urbanização de favelas
– demandas sempre crescentes e em volume elevado que deveriam ser
atendidas a curto prazo. Do uso de processos industriais de cons-
trão, sob controle do governo, o que permitiria maior economia,
controle da qualidade, rapidez na construção e autonomia em relação
às grandes empreiteiras, que tradicionalmente investem apenas em pes-
quisa técnica de grandes obras viárias e de infra-estrutura. A qualidade
das obras era defendida como direito dos cidadãos a viverem bem em
sua cidade. Nessa perspectiva, os projetos eram pensados em função da
qualidade final do espaço construído, seu tempo de execução e dura-
bilidade, reduzindo os custos da obra e os gastos com a manutenção
posterior do equipamento em uso.
A fábrica de componentes p-moldados de argamassa armada
estruturou-se a partir do projeto fornecido pelo Lelé, com assessoria
da equipe da Escola de Engenharia de São Carlos. Os arquitetos Vera
Pastorello e Paulo Eduardo Fonseca Campos foram para Salvador conhe-
75A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
cer a fábrica. Lelé forneceu não apenas o projeto de instalação da fábri-
ca, mas também toda a listagem (com quantidades e especificações) de
equipamentos e materiais necessários ao seu funcionamento, o que pos-
sibilitou que os processos de licitação ocorressem concomitantemente à
construção da fábrica, sem atrasos para o início da produção
10
.
A fábrica foi inaugurada em junho de 1990 em terreno da Prefeitura
no bairro do Canindé e iniciou sua produção com componentes de
canalização de rregos. A fábrica consolidada produziu lixeiras, ban-
cos, abrigos de ônibus, brinquedos para playgrounds e componentes para
construção de edifícios de escolas, creches e centros de convivência.
As atividades do Cedec tinham os seguintes objetivos:
a. Pesquisa de soluções técnicas e estéticas de melhor qualidade e de
maior adequação às condições específicas das demandas sociais
em São Paulo, mais apropriadas para o uso público específico;
b. Realizar ações de natureza técnico-produtiva articuladas às de na-
tureza educativa e ambiental, buscando conscientizar e envolver a
população na construção de um novo espaço público urbano;
c. O desenvolvimento contínuo e sistemático de novos padrões
referenciais de qualidade e de custos das obras públicas, de modo
a permitir o controle de tempo de execução e de custos reais,
com a diminuição dos custos indiretos e a obtenção de padrões
de referência para a contratação de terceiros, quando necessário;
d. O estabelecimento de programas arquitetônicos e normas para
elaboração de projetos e de serviços, compatíveis com o quadro
social, financeiro e tecnológico do Município;
e. O desenvolvimento contínuo do quadro de pessoal técnico e
10 Conforme depoimento da arq. Vera Pastorello à autora em 16/10/2008.
operacional para assegurar a qualidade da ação municipal em
planejamento, projeto, orçamento e execução de serviços e obras,
bem como a instrumentação dos funcionários para o desempe-
nho seguro da fiscalização de serviços e obras contratadas;
f. A interligação profunda entre construção e manutenção, priori-
zando a implantação da política e da estruturação de manutenção
preventiva sobre as obras novas;
g. O desenvolvimento técnico, político e social dos trabalhadores
da construção civil envolvidos na execução das obras municipais
de equipamentos sociais, buscando estimular a organização e a
participação consciente de todos no avanço político da sociedade
civil;
h. O desenvolvimento de processos e elaboração de materiais auxi-
liares, informativos, para estímulo à participação consciente de
usuários e trabalhadores dos equipamentos
sociais.
11
Para o desenvolvimento desses objetivos, a estrutura interna do Cedec
foi organizada em quatro departamentos principais. O Departamento
de Desenvolvimento Tecnogico era responvel pela pesquisa de
materiais, pelo detalhamento das pas e pelo desenvolvimento da
produção do sistema construtivo. Lelé veio algumas vezes acompanhar
o processo, auxiliou a equipe na definão da modulação, apontou
detalhes que haviam dado errado nas experiências anteriores e como
melhorar. Na pesquisa dos materiais e processos produtivos, era
11 “Centro de Desenvolvimento de Equipamentos Urbanos e Comunitários atividades
desenvolvidas 1990/92”, documento publicado pelo Cedec/Emurb em dezembro de 1992,
pp.5-7. Fonte: Acervo Odete Tomchinsky.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI76
avaliada a qualidade dos resultados e realizado um estudo econômico.
O departamento era responsável também pelo treinamento técnico.
O Departamento de Planejamento trabalhava junto às Secretarias
(Saúde, Educação, Bem Estar) na realização de estudos das demandas e
do programa de atendimento. Selecionava o terreno para a implantação
da obra e fazia o projeto, que incluía o orçamento e a quantificação de
materiais e componentes. Produzia ainda cadernos de cada equipamen-
to (escola, posto de saúde, velório,...) com a definição do programa
arquitetônico e das diretrizes de projeto.
O Departamento de Produção era responsável por todas as ativida-
des da fábrica: execução de componentes e de protótipos; manutenção
de fôrmas e equipamentos; treinamento dos operários.
O Departamento de Montagem e Manutenção supervisionava
a execução das obras no local, orientando as equipes de montagem.
Desenvolvia também um trabalho de acompanhamento do uso do
edifício após a entrega da obra, para realizar a substituição de peças
defeituosas, detectar eventuais problemas do sistema construtivo e
propor soluções.
LELÉ E A ARGAMASSA ARMADA
O arquiteto Lelé, consultor do projeto, é uma gura importante da
introdução da tecnologia da argamassa armada no Brasil. Conhecia
Mayumi desde a época da Universidade de Brasília, quando trabalha-
ram juntos no Ceplan e davam aulas na faculdade de arquitetura. Lelé
foi o orientador de Mayumi no Mestrado (1963-65). Suas experiências
com a pré-fabricação na construção iniciaram-se nas obras de Brasília,
no final da década de 1950. Reproduzimos aqui o depoimento de Lelé
sobre sua experncia. Ainda que um pouco longo, situa muito bem
todas as origens e personagens envolvidos na aplicação da técnica:
Houve uma grande contribuição minha na área da argamassa ar-
mada, pesquisei muito. Os primeiros relatos sobre ela remontam
ao final dos anos 1840, quando um engenheiro francês chamado
Lambot começa a fazer pesquisas com a argamassa armada para
construir embarcações. Desde que o concreto surgiu, a argamassa
veio paralelamente, porque usa os mesmos ingredientes. que
em vez de usar uma armação específica como o concreto, usa uma
armação difusa, que torna o material mais homogêneo.
(...) Mais tarde, na década de 1940, um engenheiro italiano que
trabalho também como arquiteto, Pier Luigi Nervi, volta a fazer
pesquisas com a argamassa armada Lina Bo Bardi trabalhou com
o Nervi, até me deu uns documentos originais dele.
Nervi retomou essa tecnologia e fez muitas coisas, não especifi-
camente na área industrial, mas muitos prédios em que utilizou a
argamassa armada. E o engenheiro alemão que trabalhou com ele
nesse período e depois se ajustou a uma feição mais industrial veio
para a Universidade de São Carlos e trouxe essa tecnologia pra cá.
77A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Frederick Schiel, se chamava. O filho dele, Kristian, foi meu aluno,
estudante de arquitetura [na UnB], começou a trabalhar comigo
na construção do Hospital de Taguatinga [1968], e me falou dessas
experiências. Outra coincidência
A obra de Nervi era muito conhecida na faculdade. Falava-se em
ferro-cimento, a quantidade de malha de aço era maior, a argamassa
era mais forte. O que chamamos de argamassa hoje é diferente,
um produto que decorre daquele, mas não exatamente igual. Fui
conhecer o trabalho do Schiel e fiz algumas experiências lá mesmo
em Brasília com o auxílio dele em 1972, na sede da Planalto de
Automóveis, uma revendedora de veículos. Os sheds do prédio são
de argamassa, uma experiência pequena, até bastante artesanal.
Na primeira vez que vim trabalhar em Salvador com projetos ur-
banos, em 1979, tínhamos de equacionar o transporte, distribuir
o material para as áreas mais pobres.(...) nhamos que construir
escadas drenantes naquelas comunidades para fazer a água escorrer
na época das chuvas, em condições absolutamente precárias. E o
caminhão não chegava lá.
Imaginei que a solução seria desenvolver uma tecnologia indus-
trializada em argamassa armada, fazendo peças menores e mais
leves, o que facilitaria o transporte. Kristian Schiel veio para a Bahia
trabalhar comigo, e trouxemos também o pai dele para desenvolver
conosco a melhoria do saneamento básico. (...) Infelizmente, Mário
Kersz, que era prefeito nomeado, brigou com o governador
Antonio Carlos Magalhães, foi demitido, e tivemos de sair. A expe-
riência ficou na metade do caminho, mas chegamos a fazer muitos
quilômetros de drenagem que estão aí até hoje.
Na época em que fui demitido da prefeitura, estava tão entusias-
mado com o processo de argamassa armada que quando começou
a abertura política e nosso amigo Vander Almada foi eleito prefeito
de uma cidade do interior de Goiás, Abadiânia, resolvi embarcar na
aventura. Ele reuniu várias pessoas de outras áreas, médicos, educa-
dores. Queríamos fazer uma experiência-modelo em Abadiânia, no
meio do mato. (...)
Construí uma fabriqueta em Abadiânia, bem improvisada. Primeiro
fizemos pontes, depois escolas, vários equipamentos para uso rural.
Foi nesse período que Leonel Brizola ganhou a eleição para gover-
nador do Rio de Janeiro pela primeira vez, e seu vice, meu amigo
Darcy Ribeiro, me chamou para trabalhar com eles.(...)
Existiam dois projetos paralelos. O Ciep (Centro Integrado de
Educação blica) era um conceito que Darcy tinha criado, da
criança em tempo integral na escola. Uma parte dos Cieps era feita
pelas empresas construtoras, foi o Oscar quem projetou. Eu atuava
a seu lado, mas quem fez foi ele. Nossa fábrica produzia escolas
isoladas, sobretudo nas favelas, onde não havia condições de se
instalar os Cieps, que exigiam um terreno maior. Algumas tinham
o mesmo tamanho dos Cieps, mas em geral eram menorzinhas. E
funcionavam da mesma forma. Chegamos a fazer 200 escolas na
brica. Também zemos outras coisas, como postos de saúde,
equipamentos comunitários. Isso foi até o Brizola sair e Darcy não
ganhar a eleição de 1986 para substituí-lo.
rio Kertész acabou ganhando em Salvador para a prefeitu-
ra no ano seguinte, e deu a idéia de se criar a Faec (Fábrica de
Equipamentos Comunitários) aqui. Houve uma espécie de interesse
generalizado no Brasil, na década de 1980, pela tecnologia do pré-
fabricado. (...)
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI78
Depois que saí da Faec e antes que Brizola voltasse ao governo, Darcy
tornou-se Secretário de Educação de Minas Gerais, e me levou pra
lá. Fiz todos os projetos, hospitais, postos de saúde, mas ele brigou
com o governador Newton Cardoso, e a experiência durou pouco.
Nisso o Brizola ganha, em 1990, e o Darcy volta para o Rio como
secrerio de programas especiais. Foi a época do governo de
Fernando Collor. Brizola pegou esses projetos do Darcy e foi levar
para o Collor, sem me falar nada. E eu me vi envolvido de repente
nessa confusão dos Ciacs (Centros Integrados de Apoio à Criança).
Nem sabia o que estava acontecendo e fui chamado a Brasília para
fazer, para montar os Ciacs.
Desde o início, sabia que não ia dar certo, o interesse do governo
era outro. Havia toda a corrupção de Paulo César Farias, o PC,
que levou a o impeachment, em 1992. A idéia dos Ciacs era boa,
mas a administração era ruim. E tinha uma compromisso muito
grande com as empresas de construção, elas queriam ganhar muito
dinheiro, todo o sistema havia sido montado para isso. Tive que me
demitir, largar logo. Mesmo assim, fizemos dois protótipos, um no
Rio e outro em Brasília. Depois fizeram outros, tínhamos criado em
todos os Estados, desde o Amazonas, tudo adaptado a cada clima.
Mas esculhambaram tudo, não sobrou nada do projeto original.
12
É importante lembrar os princípios envolvidos na criação da Faec em
Salvador (1986-88), que almejavam a criação de um laboratório de
estudos urbanos. A experiência foi realizada pouco antes do Cedec e
12 LIMA, João Filgueiras. O que é ser arquiteto: memórias profissionais de Lelé (João Filgueiras Lima) em
depoimento a Cynara Menezes. Rio de Janeiro, Record, 2004, pp.55-59.
provavelmente a idéia contribuiu para a elaboração das diretrizes mais
amplas de atuação do Cedec:
A proposta da Faec (Fábrica de Equipamentos Comunitários) que
idealizamos em 1985, em Salvador, era atuar em todos os níveis,
com vários tipos de ação, não só intelectual. Quando se trata de um
esgoto, da construção de um prédio, também se está fazendo cultu-
ra. A rigor, a cultura é inerente a todos esses aspectos da vida urbana
– essa era (e é) a concepção de Roberto Pinho, de Gilberto Gil e do
jornalista João Santana, então secretários do governo municipal. Ou
seja: tratar todas as reformas planejadas como expressão cultural.
A Faec era um projeto muito ambicioso, uma brica de cidades,
conforme a concepção de Mário [Kertész, prefeito de Salvador na
época] e Roberto. (...)
O que pretendíamos era montar um grande laboratório para ree-
xaminar, recolocar todos os problemas urbanos que envolvem uma
cidade da dimensão da capital baiana. Salvador era o protótipo de
atuação, mas o queria dizer que a idéia ia ficar nela. Afinal, o
nome do projeto era fábrica de cidades.
Quando se examina uma cidade, desde as coisas mais simples,
infra-estrutura, esgoto, até as mais complexas, que têm de ser revis-
tas. Ver quais as alternativas, porque os problemas vão se repetindo.
A tendência do conservadorismo, quando esligado à estrutura
capitalista, é de nenhuma empresa fazer uma pesquisa se não der
lucro pra ela. Fazem pesquisa com remédio, coisas espaciais, mas
com a cidade nunca fazem pesquisas porque não dinheiro. E
a iniciativa privada não vai botar dinheiro pra depois perder. Se o
poder público não fizer pesquisas com a cidade, quem vai?
(...) A Faec foi uma experiência frustrante.
79A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Tudo poderia ter melhorado em Salvador se a Faec tivesse funciona-
do: saneamento básico, educação, saúde, transporte público. Cultura
é mesmo a soma da melhoria dessas coisas todas. Nosso projeto era
mesmo cultural, para ver a cidade de uma forma diferente, torná-la
um pouco mais amena. Tinha programas de contenção de encostas
para evitar desabamentos, um problema recorrente na época das
chuvas. Havia o interesse de rever até a tipologia da habitação, mas
a coisa fica difícil até pela falta de poder aquisitivo da população.
13
Lelé alertou a equipe do Cedec sobre sua frustração com a interrupção
de seus projetos em decorrência de motivos políticos a cada mudança
de governo, incentivando a buscar a criação de mecanismos que pu-
dessem garantir a continuidade do projeto.
13 LIMA, João Filgueiras. O que é ser arquiteto: memórias profissionais de Lelé (João Filgueiras Lima) em
depoimento a Cynara Menezes. Rio de Janeiro, Record, 2004, pp.79-81.
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
A partir da experiência acumulada pelo arquiteto Lelé na implantação
das bricas anteriores, com o auxílio dos engenheiros de São Carlos,
os técnicos que trabalhavam no setor de tecnologia do Cedec puderam
testar e introduzir algumas inovações no processo de fabricação das
peças. Um exemplo é o uso de fibras de polipropileno complementan-
do as telas metálicas eletrosoldadas estruturais de cada componente,
alternativa mais barata e que proporcionava resistência equivalente.
Foram testados diferentes de tipos de aditivos plastificantes na mis-
tura da argamassa utilizada em divisórias e telhas, para definir um
desempenho mais satisfatório. Também foram avaliados os agentes
desmoldantes utilizados nas fôrmas e testados novos métodos de cura
das peças com vapor, no intuito de reduzir o tempo de produção e
melhorar a qualidade das peças.
14
Após o primeiro ano de funcionamento, foi proposta a ampliação
da fábrica com alterações em seu layout de produção a partir da expe-
riência acumulada e das inovações introduzidas.
Mayumi foi a Osaka, no Japão, como palestrante na Expo Osaka
90. Conheceu o sistema de reciclagem de entulho implantado naquela
cidade e propôs implantar em São Paulo a mesma cnica. O entu-
lho recolhido pela Prefeitura, em vez de ocupar os aterros sanitários
destinados ao lixo comum, seria triturado e reaproveitado na fábrica
do Cedec para a fabricação de blocos de piso e vedação. A reciclagem
14 O documento “Centro de Desenvolvimento de Equipamentos Urbanos e Comunitários
atividades desenvolvidas 1990/92, publicado pelo Cedec/Emurb em dezembro de
1992, contém o relato do desenvolvimento tecnológico, pp.26-28. Fonte: Acervo Odete
Tomchinsky.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI80
no entanto permaneceu apenas na fase experimental, com a fabrica-
ção de 4.000 blocos para piso. Mas é notável a intenção de resolver a
questão da reciclagem de entulho naquela época. Com a proximidade
da ECO 92, a discussão sobre o meio ambiente ia criando importân-
cia. O aumento da produção de lixo tornava preocupante a questão
do espaço necessário para os aterros sanitários na cidade. Na gestão
Erundina inicia-se a coleta seletiva de lixo, com incentivo para a cria-
ção de cooperativas de reciclagem. O problema do entulho ainda não
foi solucionado – paga-se até hoje às empresas de caçambas para levar
o entulho resultante de obras na cidade para locais de despejo, sem
que seja dada uma destinação adequada a essa imensa quantidade de
material desperdiçado.
O DESENHO DOS EQUIPAMENTOS URBANOS COLETIVOS
A maior parte dos desenhos dos equipamentos urbanos produzidos
pelo Cedec foi desenvolvida pelo arquiteto João Filgueiras Lima em
suas experiências nas cidades do Rio de Janeiro e Salvador e posterior-
mente adaptados às condições e demandas locais para serem produzi-
dos em São Paulo. As imagens a seguir mostram a origem do desenho
de algumas peças.
A equipe de arquitetos do Cedec desenvolveu o desenho de novos
equipamentos, como por exemplo as lixeiras coloridas para coleta sele-
tiva de lixo e os brinquedos instalados em praças e escolas municipais.
lixeiras e bebedor projetados pelo Cedec (Fonte: LIMA, M., 1995)
81A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
abrigos produzidos na fábrica do Rio de Janeiro em 1985. (Fonte: LATORRACA,1999)
componente abrigo de ônibus fabricado no CEDEC, usado em
composição para formar cobertura de entrada nas escolas de
argamassa armada. (Fonte: LIMA, M., 1995)
componentes para abrigos de ônibus
peças produzidas pela Renurb em Salvador, 1980. (Fonte: LATORRACA, 1999)
componentes para canalização de córregos
obra de canalização de córrego realizada pelo CEDEC em São Paulo. (Fonte: Acervo Reginaldo Ronconi)
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI82
escola transitória em argamassa armada, Abadiânia, Goiás, 1986, arq. Lelé e eng. Frederico Schiel (Fonte: LATORRACA, 1999)
detalhe do encaixe viga-pilar no projeto de Abadiânia
(Fonte: LIMA, JF, 1984)
sequência de montagem do sistema construtivo da escola Abadiânia(Fonte: LIMA, JF, 1984)
83A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
fábrica de escolas, Rio de Janeiro, 1984-87, arq. Lelé (Fonte: LATORRACA, 1999)
sequência de montagem do sistema construtivo da escola Abadiânia(Fonte: LIMA, JF, 1984)
detalhes da cobertura da escola Abadiânia(Fonte: LIMA, JF, 1984)
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI84
O PROJETO DAS ESCOLAS EM ARGAMASSA ARMADA
15
Foram finalizadas sete escolas (5 EMEIs e 2 EMPGs
16
) na brica do
Cedec. Os componentes da estrutura, painéis de vedação e cobertura
eram de argamassa armada e os caixilhos de aço. O projeto parte do
sistema construtivo desenvolvido por Le e Frederico Schiel para
as escolas transitórias (protótipo de Abadiânia, GO, 1983) e depois
aperfeiçoado nas escolas produzidas no Rio de Janeiro de 1984 a 1987
(ver imagens pp. 82-83). Em São Paulo, o projeto foi pensado como
um sistema construtivo aberto, permitindo variações nos edifícios de
acordo com o programa e a situação específica do terreno disponível
(ver projetos pp101-110). Propunha-se ainda a composição do siste-
ma com outros materiais, adequados a cada uso, como por exemplo
os caixilhos metálicos modulados e produzidos em série. A principal
alteração formal do projeto original das escolas de argamassa armada
em São Paulo refere-se à criação de pátios internos ajardinados.
A implantação dos equipamentos externos, como playground, qua-
dra de esportes, vestiários e anfiteatros era feita de forma a possibilitar
o uso pela comunidade, independentemente do edifício das salas de
aula. A área externa era organizada ao longo de um caminho, elemento
lúdico e de exploração pedagógica, percorrendo diversos ambientes,
como “cidades do imaginário infantil, com brinquedos alternativos
criados a partir da composição de elementos de argamassa armada
desenhados pela equipe do Cedec.
15 Uma análise interessante do espaço destas escolas pode ser encontrada em MACHADO,
Tatiana. Ambiente escolar infantil. Dissertação de Mestrado. São Paulo, FAUUSP, 2008.
16 EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil, para crianças até 6 anos de idade) e EMPG
(Escola Municipal de Primeiro Grau, de 1ª a 4ª série)
85A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
[página ao lado e esta] imagens dos equipamentos projetados para as áreas externas das escolas (EMEIs e EMEFs) do Cedec. Destacam-se os teatros ao ar livre; os caminhos com a criação de diferentes relevos no
piso; os brinquedos compostos por uma família de peças de argamassa armada desenhada pela equipe do Cedec; a utilização de materiais de construção (tubos, corpos de prova) para a criação de brinquedos; o uso
das cores primárias. Fontes: Acervo Mayumi W. Souza Lima, Acervo Reginaldo Ronconi.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI86
PRODUÇÃO DO CEDEC: PROGRAMAS
Os diferentes programas (escolas, centro comunitários, velórios, etc.)
eram cuidadosamente estudados. Para cada tipologia havia um caderno
de especificões de ambientes, dimensões, materiais, mobilrio,
ventilação e iluminação, etc. as diretrizes para o projeto de arquite-
tura, com o objetivo de normatizar características que garantissem a
qualidade dos equipamentos construídos. Esses cadernos eram desen-
volvidos em conjunto com os técnicos (pedagogos, médicos, etc.) das
secretarias responsáveis. Partia-se da premissa de que a qualidade do
espaço e sua manutenção interferem na qualidade de vida da população
usuária, portanto:
Isso significa uma nova postura de projeto e de manutenção, porque
significa uma mudança radical de enfoque dos investimentos mu-
nicipais: o ponto de partida será o usuário e o ponto de chegada, a
melhoria da qualidade do ambiente que a ele é oferecido. Por isso,
uma creche ou escola não é mais uma construção de baixo custo a
ser inaugurada. Ela é a arquitetura de um lugar destinado às crian-
ças, e portanto, necessariamente alegre, clara, com áreas projetadas
para as necessidades específicas das crianças.
17
A qualidade do equipamento era pensada a partir do usuário, defendia-
se a adequação dos programas em função das necessidades específicas
de cada grupo. No caso do projeto de um posto de atendimento de saú-
de, os médicos do serviço municipal foram consultados para ajudar na
elaboração do programa arquitetônico. Iniciou-se uma discussão sobre
17LIMA, Mayumi Watanabe Souza. Arquitetura e Educação. São Paulo, Nobel, 1995, p.138.
o funcionamento do posto que acabou gerando uma nova proposta de
atendimento à população – ao elaborar o programa, repensava-se o ser-
viço público de maneira global. A princípio não era uma meta, mas na
conjuntura política havia um sentido de revisão da atuação profissional
no âmbito público que acabou por “contagiar” muitos técnicos.
18
18 Conforme depoimento do prof. Reginaldo Ronconi à autora em fevereiro de 2009.
87
A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
COMUNICAÇÃO COM A POPULAÇÃO USUÁRIA
A partir de sua experiência de trabalho, a arquiteta Mayumi Souza Lima
imprimiu diretrizes bastante peculiares ao funcionamento do Cedec.
Mayumi defendia em seus projetos a participação dos usuários (alunos,
professores, pais, funcionários) e a conscientização dos construtores
para a importância do serviço prestado à população na produção dos
equipamentos públicos. As atividades do Cedec estavam ligadas às dire-
trizes políticas do PT adotadas na Administração Municipal, conforme
explicita a própria arquiteta:
A realização dos objetivos não pode ser desligada das diretrizes po-
líticas do PT, no que se refere à criação de condições para facilitar a
organização dos trabalhadores, a participação popular, a garantia de
condições favoráveis de trabalho e a descentralização do poder deci-
sório. Todas elas, no entanto, têm como objetivos finais a melhoria
qualitativa do ambiente urbano destinado à população trabalhadora
e a diminuição de custos e prazos na produção e manutenção de
equipamentos urbanos [...]
Entende-se que os interesses públicos no desenvolvimento de uma
nova prática social que construa a cidadania e que identifique o
morador com a sua cidade estão acima dos interesses do poder
temporário.
19
As atividades do Cedec eram orientadas com o propósito de alterar as
relações tradicionalmente autoritárias e paternalistas do poder público
19LIMA, Mayumi Souza. “A cidade e os equipamentos urbanos”. In: Arquitetura e Educação.
São Paulo, Editora Nobel, 1995, p.115.
com a população e com os trabalhadores envolvidos na execução de
obras públicas. Buscava-se romper os vícios do clientelismo na oferta
de equipamentos públicos, tais como a passividade e a baixa exigência
qualitativa da população em relação aos serviços oferecidos, seu dis-
tanciamento das decisões sobre a cidade e sua indiferença em relação
à depredação dos edifícios públicos. Além de fornecer o equipamento,
havia o propósito de incentivar a gestão democrática do espaço urbano,
envolvendo a população nos processos de decisões:
Assegurar o direito da população aos servos públicos básicos
significa, no campo que diz respeito à produção dos equipamentos
urbanos, garantir: a participação crescente dos usuários nas deci-
sões de planejamento, cujo embrião se encontra nos NPR (Núcleos
Regionais de Planejamento); a qualidade dos espaços, ambientes e
instalações oferecidos; a oferta de informações claras e objetivas.
20
Antes do início de cada obra, eram distribuídos folhetos para a co-
munidade local, apresentando a equipe de trabalho e convidando a
população para a reunião de apresentação do projeto, com o objetivo
de infor-la sobre a obra e buscar seu envolvimento no processo
de construção do edifício. Mayumi ia pessoalmente nessas reuniões
para conversar com a comunidade, em geral acompanhada por algum
membro da equipe. Ao apresentar o projeto, discorria sobre a qualida-
de do equipamento a ser construído, buscando a conscientização da
população da necessidade de se exigir obras de qualidade do poder
público, e entender que o equipamento público deve ser preservado,
enquanto serviço de uso coletivo a que todos têm direito. A oferta de
20CEDEC. Caderno 7: Casa da Cultura – programa arquitetônico preliminar. São Paulo, 1990, p.3.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI88
informações precisas visava subsidiar a formação de cidadãos com voz
ativa no processo de construção da cidade.
A reunião
21
começava com a discussão sobre os conceitos de peri-
ferização, explorão imobiliária, espoliação urbana para fazer a
comunidade entender sua situação histórica na cidade e em seguida
apresentava o CEDEC e como com seu trabalho eles pretendiam mudar
essas condições. Era apresentado o projeto do equipamento comunitário
(escola, creche, canalização do córrego, posto de saúde etc.) para que
a comunidade soubesse o que seria feito no bairro. Ela se preocupava
em dizer para as pessoas que “a escola é de vocês, dos seus filhos, vocês
têm que acompanhar o processo. A escola não pertence ao diretor, ela
é da comunidade e todos devem zelar por ela. Desejava que as pessoas
se apropriassem do equipamento. As reuniões terminavam sempre com
o agendamento de um próximo encontro – Mayumi queria estabelecer
o compromisso com a população, que eles soubessem que ela o
desapareceria como a maioria dos políticos populistas costuma fazer.
Convidava a população a acompanhar e “fiscalizar” as obras.
No nal do processo, ao entregar o equipamento à população,
eram distribuídos folhetos apresentando o novo edifício e pedindo à
população que zelasse por esse espaço coletivo conquistado. Todos os
folhetos eram elaborados em linguagem acessível à população, de for-
ma simples e convidativa, com desenhos e chamadas instigantes como
“Não fiquem por fora!” ou “Entre: a casa é sua”.
21 O conteúdo das reuniões foi descrito aqui a partir do relato de Marta Grosbaum à
autora em 21/10/2009. Marta fazia parte da equipe do Cedec e acompanhava a Mayumi em
muitas dessas reuniões.
Anotação de Mayumi Souza Lima sobre pauta a ser tratada nas reuniões com os
moradores dos bairros Jardim Robru e Jardim Sinhá. Fonte: Acervo Marta Grosbaum.
89A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Folders de comunicação com os moradores dos bairros onde eram realizadas as obras do Cedec. Fonte: Acervo Mayumi Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI90
IDENTIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO PÚBLICO COM OS USUÁRIOS
A comunicação visual das escolas
22
reforçava o partido de identificação
do usuário com o equipamento público: a logomarca de cada escola
era concebida com a função de resgatar a origem do nome do bairro.
No Jardim Curuçá, cujo nome significa cruz em guarani, o logotipo foi
desenhado a partir de diferentes formas de cruz ao longo da história
(egípcia, celta, latina).
Foram produzidos folhetos explicativos para cada escola construí-
da
23
, contando a origem do nome do bairro e relacionando o desenho
dologotipo da escola a esse nome para que todos soubessem seu signi-
ficado. Os folhetos frisavam ainda a idéia de que a escola é um espaço
para o conhecimento, por isso deve ser bem cuidada e preservada.
A comunicação visual era pensada em função da faixa etária das
crianças, com cores fortes e alegres, de modo que elas pudessem fa-
cilmente reconhecer e se apropriar do espaço escolar. Na parede ao
lado de cada sala de aula, eram pintados meros grandes em cores
pririas. Mayumi preocupava-se com a falta de familiaridade das
crianças com informações escritas na paisagem dos bairros periféricos
– onde algumas vezes não havia nem mesmo placas com nome de ruas
ou números nas casas.
O logotipo das escolas era aplicado na caixa d’água, local de gran-
de visibilidade, para identificar a escola no bairro. Foram reproduzidos
também nos painéis de argamassa para aplicação nos espaços internos
das escolas. Na EMEI Jardim Robru (ver fotos ao lado), por exemplo,
22 O projeto de comunicação visual das escolas do Cedec é de Francisco Homem de Mello.
23 Ver reprodução no anexo 3, pp.166-173.
logotipo da escola Jardim Robru e aplicação. Fontes: Acervo MWSL, Acervo Reginaldo Ronconi.
aplicação da comunicação visual na área de refeitório. Fonte: Acervo Reginaldo Ronconi.
91A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
logotipo da escola Jardim Robru e aplicação. Fontes: Acervo MWSL, Acervo Reginaldo Ronconi.
aplicação da comunicação visual na área de refeitório. Fonte: Acervo Reginaldo Ronconi. aplicação da comunicação visual nas salas de aula e logotipo da EMEI Nova Curuçá na caixa d’água da escola. Fonte: Acervo Reginaldo Ronconi.
folder da escola Jardim Sinhá, apresentando as origens do nome do bairro e do desenho da marca da escola. Fonte: Acervo MWSL. logotipos. Fonte: Acervo MWSL.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI92
PARTICIPAÇÃO E MANUTENÇÃO
Para as escolas construídas em argamassa armada, foi produzido o
“Manual do usuário”, uma iniacitiva inédita. Apresentava o sistema
construtivo do edifício e dava orientações gerais sobre a manutenção
da estrutura, das instalações hidráulicas e elétricas, das áreas externas,
incentivando os usuários a preservar o equipamento público:
A escola é de todos e por isso, todos são responsáveis pela escola.
É importante que se desenvolva na escola um trabalho pedagógico
de conscientizão de toda a comunidade escolar (professores,
alunos, pessoal operacional e pais de alunos) visando ao seu envol-
vimento direto com a conservação do prédio.
26
O Manual sugere ainda que o professor utilize o edifício de maneira
didática, retomando as propostas do livro Espaços educativos – uso e produção
(LIMA, M. 1986):
A confrontação da criança com o prédio escolar abre possibilidades
da apreensão de um conjunto de informações sobre os processos
de transformação da natureza, sobre a ecologia e sobre o trabalho
do homem.
O professor pode, então, ampliar o interesse dos alunos para os
processos de produção, tipo de material, suas regiões de origem,
bem como as implicações sócio-econômicas de todas as fases de
produção dos componentes até o produto final.
27
26CEDEC/EMURB. Escolas Manual do usuário, p.12. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
Ver anexo 3. Foi uma iniciativa inédita dentro do poder público.
27Idem, p.8.
o símbolo é o desenho de dois meninos, em homenagem aos irmãos
Roberto e Bruno, que deram nome ao bairro. O cuidado no tratamen-
to das informações no espaço demonstrava uma atitude política de
democratização:
A mudança na estrutura de poder exige que as informações escritas,
orais e visuais sejam produzidas, tratadas e apresentadas de modo
a se tornar uma arma e um instrumento de liberação política das
camadas populares.
24
O objetivo era buscar a identificação do projeto com os usuários, o
bairro, sua história e o meio ambiente:
Os espaços produzidos têm, portanto, a intenção de estimular, de
convidar, de provocar o uso inventivo. E tudo terá de ser simples,
para que a criança que vai à escola, os pais que se reúnem ou os
trabalhadores que os constroem possam compreender, contribuir e
apropriar-se do espaço.
25
A falta de identificação dos usuários com o equipamento público acar-
reta muitas vezes em depredação por parte dos próprios usuários. É
preciso que as pessoas se apropriem dos espaços, tenham o sentido de
que o equipamento público lhes pertence.
24CEDEC. Caderno 7: Casa da Cultura – programa arquitetônico preliminar. São Paulo, 1990, p.6.
25LIMA, Mayumi Watanabe Souza. “Projeto e produção industrial: Cedec/Emurb” in
“Emurb (1989-1992): Política e obras fortalecem cidadania”. Separata da Revista Projeto n.
157, São Paulo, 1992.
93A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA FÁBRICA
Além das funções de pesquisa de materiais e sistemas construtivos e de
fábrica de componentes em argamassa armada, Mayumi imprimiu ao
Cedec o caráter de centro de formação de cidadãos. Os operários eram
funcionários contratados da Emurb (180 funcionários permanentes,
concursados e treinados em servo) e temporios (funcionários
contratados por licitação, com incentivo às cooperativas de traba-
lhadores). O treinamento envolvia, além da fabricação, manuseio e
montagem dos componentes pré-moldados, a orientação para o rela-
cionamento dos trabalhadores com a população, como representantes
e prestadores de um serviço público, conscientizando-os de seu papel
na construção da cidade. A equipe de montagem dos componentes
industrializados no local das obras limitava-se a um pequeno quadro
formado para orientar os trabalhadores da região, estimulando sempre
que possível os grupos cooperativos organizados que atuam através da
contratação de serviços. Buscava-se assim gerar empregos na própria
região, aproveitando a oportunidade para contribuir para a formação
de o de obra especializada. Os funcionários possuíam uniforme
com a identificação do Cedec e eram instruídos a usar equipamentos
de proteção (EPIs), como luvas, capacetes, sapatos fechados, óculos.
A preocupação com o uso de EPIs chegou a ser ridicularizada no
caso de canalização de córregos, em que se pretendia o uso de botas,
macacão impermeável e máscaras para respirar, dizia-se que o Mayumi
queria “colocar marcianos nos córregos”.
28
28 Conforme relato do professor Reginaldo Ronconi.
A preocupação em melhorar as condições de trabalho abrangia a
realização de estudos do esquema de produção da fábrica, resultando,
por exemplo, na criação de um sistema de rolamentos pendurados
onde as ferramentas eram transportadas para reduzir o esforço do
operário. O próprio esquema de produção da fábrica seguia o mesmo
partido do Lelé de uma automatização reduzida no sentido de privi-
legiar o emprego:
Quando nós pensamos no uso da argamassa para construir, pen-
samos também numa tecnologia que empregasse gente, porque o
desemprego é um dos grandes problemas do Brasil. Não podíamos
inventar uma tecnologia industrializada que significasse a perda de
empregos na constrão civil, que continua a ser o que mantém
muitas famílias comendo, sobrevivendo. Tínhamos de inventar uma
tecnologia que continuasse a empregar gente. O nível de automa-
ção nessas fábricas todas que foram feitas para os Cieps, no Rio de
Janeiro, era baixo no CTRS do Sarah é maior. O peso das peças
era diminuído para permitir que dois homens as carregassem. Tudo
isso para manter a mão-de-obra, havia um sistema híbrido, de usar
a industrialização sem abrir mão dos operários. A idéia das fábricas
não era só fazer uma coisa mais barata, era dar ocupação, manter as
pessoas empregadas.
29
Mayumi implantou um programa de alfabetização para os funcionários
que quisessem aprender a ler. As aulas eram dadas após o horário de
trabalho pela pedagoga Marta Grosbaum.
29 LIMA, João Filgueiras. O que é ser arquiteto: memórias profissionais de Lelé (João Filgueiras Lima) em
depoimento a Cynara Menezes. Rio de Janeiro, Record, 2004, p.113.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI94
Marta e Mayumi editaram durante o período de funcionamento
da fábrica um jornal-mural de formação política para os trabalhadores,
nos moldes dos periódicos japoneses produzidos para serem afixados
nos muros e postes nas ruas, os da-dzi-bau. O jornal era afixado no
mural da fábrica às segundas e quintas-feiras. Mayumi elaborou um
roteiro definindo o conteúdo de cada edição e Marta redigia o jornal,
utilizando guras recortadas ou mesmo ilustrações produzidas por
Mayumi. O da-dzi-bau
30
contava uma história crítica da sociedade em
capítulos. A organização da narrativa do jornal parte de uma leitura de
O Capital, de Karl Marx. No início, havia o homem primitivo lutando
pela sobrevivência. Depois, surge o trabalho que transforma a natureza
e posteriormente a divisão do trabalho e a exploração do homem pelo
homem. Explica ainda o processo de industrialização e passa a abordar
os problemas da urbanização, discutindo as questões da cidade de São
Paulo e conscientizando o trabalhador da fábrica sobre a importância
de seu papel na construção de uma cidade melhor. A abordagem parte
do geral (a história do homem) para o local (a atuação do Cedec). O
objetivo era a formação crítica dos trabalhadores e sua conscientização
social, política, econômica, ética e profissional. Com o jornal, Mayumi
pretendia fazer um trabalho de conscientização política dos funcioná-
rios, fazê-los entender seu papel e sua importância para a sociedade
como construtores de equipamentos comunitários. É um exemplo de
como Mayumi achava que deveria ser a atuação profissional dos técni-
cos, colaborando para a formação de cidadãos conscientes e capazes de
participar da construção da nova sociedade democrática.
30 Ver reprodução do conjunto completo de originais do jornal no anexo 2, pp.188-216.
trabalhadores do CEDEC (Fonte: Acervo Reginaldo Ronconi)
95A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
exemplares do “da-dzi-bau”, jornal para o mural dos trabalhadores da fábrica do CEDEC (Fonte: Acervo Marta Grosbaum)
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI96
exemplar do “da-dzi-bau”, jornal para o mural dos trabalhadores da fábrica do CEDEC
(Fonte: Acervo Marta Grosbaum)
REALIZAÇÕES
Mesmo com a conjuntura favorável do PT no governo, existiam muitas
dificuldades, especialmente em relação às limitações da máquina buro-
crática na pouca agilidade em liberar verbas programadas ou realizar de
licitações. Problemas que muitas vezes atrapalhavam o funcionamento
da fábrica, chegando a atrasar a produção. Era difícil a resolução de
imprevistos como, por exemplo, viabilizar a compra de dinamite para
implodir pedras encontradas no fundo de um córrego para não ter que
paralisar a obra de canalização.
31
Também havia discordâncias dentro da
Emurb quanto aos projetos em si.
Em uma ocasião houve uma reunião sobre o fechamento da escola
de Parelheiros, que foi construída simultaneamente com o terminal de
ônibus vizinho. Para a Emurb deveria ser construído um muro alto para
isolar a escola da circulação de passageiros no terminal. Mayumi, por
sua vez, defendeu um fechamento de gradil metálico que garantisse a
transparência da escola [ver fotos as lado] e foi “massacrada” na reu-
nião. Ela argumentava que “ao desenhar o contorno da escola, no fundo
a gente está desenhando o contorno da sociedade. A construção de um
muro de alvenaria com 2 metros de altura parte do pressuposto que
a sociedade é irrecuperável e violenta por si só. O gradil transparente
denota a numa sociedade passível de transformação.
32
Existia uma
vontade política muito grande da prefeita Erundina, que “bancou” a
idéia Cedec e apoiou muito a Mayumi nesses casos, mantendo a opção
pelo gradil transparente.
31 Conforme depoimento de Vera Pastorello à autora em 15/10/2008.
32 Conforme depoimento de Reginaldo Ronconi na banca de qualificação em julho 2009.
97A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Um exemplo da postura ética de Mayumi no trato da coisa pública
é o caso da construção de uma das escolas, em que a construtora entre-
gou a medição da cubagem de movimento de terra apenas no final da
obra. O volume cobrado era absurdo, pois tratava-se de terreno quase
plano. A equipe do Cedec protestou e propôs rasgar o piso da escola já
pronta para medir (com trena) a altura do aterro e calcular o volume
correto [ver fotos p.97], que evidentemente era muito menor. Mayumi
apóia a proposta e a entrega da obra foi adiada em uma semana. Mas
conseguiu-se que o valor do pagamento fosse corrigido.
33
A arquiteta Vera Pastorello relata
34
que o objetivo de Mayumi com
a fábrica era construir espaços adequados e com boa qualidade, a
preços menores que os praticados pelo governo e pelas empresas pri-
vadas, para atender à população necessitada e provar que a construção
para a população de baixa renda pode ter qualidade, mesmo a custos
baixos. Em trabalho conjunto com a Edif, conseguiram estabelecer
um referencial de custos para possibilitar comparação com os preços
oferecidos pela iniciativa privada. Lutava para incluir na composição
dos preços dos materiais a relação de durabilidade: o uso de materiais
baratos não significa custo baixo, pois muitas vezes exige gastos maio-
res com reposição e manutenção. A grande “mágoa” é que, devido ao
curto período de funcionamento da fábrica, o investimento inicial em
maquinário embutido no custo não pôde ser diluído, e o Cedec não
chegou a atingir custos menores que a iniciativa privada, em termos
numéricos absolutos. No entanto, se levarmos em conta a durabilidade
desses equipamentos, talvez a conta hoje fosse diferente. No caso dos
33 Conforme depoimento de Reginaldo Ronconi na banca de qualificação em julho 2009.
34 Conforme depoimento à autora em 15/10/2008.
[no alto] medições para cáculo correto do volume de movimento de terra em escola
[embaixo] escolas com fechamento transparente (Fonte: Acervo Reginaldo Ronconi)
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI98
uma cobertura de telhas onduladas de fibrocimento sobre a cobertura
existente (telhas de argamassa armada). O motivo alegado era a infil-
tração de água na cobertura, atras da juntas entre as telhas, mas na
realidade o principal problema enfrentado por essas escolas referia-se
furtos realizados pela invasão através dos vãos de iluminação zenital na
cobertura, que foram fechados, prejudicando a ventilação e a ilumi-
nação das salas de aula. Os espaços sob os beirais, que originalmente
configuravam uma circulação avarandada, e os jardins internos foram
fechados com grades, deixando a escola com aparência de prisão.
As sete escolas receberam nomes novos, como por exemplo: EMEI
Severino do Ramo (EMEI Jardim Robru), EMEI Dr. Fausto Ribeiro da
Silva Filho (EMEI Vila Nova Curá) ou EMEI Juca Rocha (EMEI Nova
Parelheiros), rompendo-se o vínculo inicial criado entre a logomarca
da escola e a identidade do bairro.
Utilizando o mesmo sistema construtivo das escolas, foram cons-
truídos dois centros de educação para o trânsito (CETET), na Barra
Funda e no Tatuapé. Os dois edifícios encontram-se em pleno uso e
em bom estado de conservação. Também neste caso foi acrescentada
uma cobertura sobre as telhas de argamassa armada, provavelmente
por problemas de conforto térmico e de infiltração.
A seguir, a título de registro, apresentamos a listagem das obras exe-
cutadas pelo Cedec de 1990 a 1992
36
. As fichas de cada projeto, com
informões, desenhos dos projetos e fotos das obras executadas,
encontram-se nas páginas finais deste capítulo.
36 Fonte: CEDEC/EMURB. Centro de Desenvolvimento de Equipamentos Urbanos e Comunitários atividades
desenvolvidas 1990/92. Relatório, dezembro 1992.
abrigos para paradas de ônibus, atualmente os implantados no Largo
Paissandu, no centro de São Paulo, encontram-se em bom estado de
conservação inteiros após 17 anos de uso, apenas sujos (o que é
facilmente resolvido por lavagem ou pintura).
Nessa batalha pela redução dos custos da construção de escolas,
Mayumi envolvia até os operários da fábrica, mostrando no jornal da-dzi-
bau (p.96) como todas as ações dos operários (cuidado na desfôrma das
peças, na montagem e no transporte, no reaproveitamento de materiais)
poderiam contribuir para a melhoria da qualidade das obras e redução
dos gastos com reposição e perdas de peças por ruptura acidental.
Os edifícios das sete escolas municipais construídas pelo Cedec
continuam em uso ainda, com alguns problemas de manutenção, em
parte devido à falta de informações específicas sobre o sistema constru-
tivo e das plantas originais contemplando as instalações (hidráulicas,
elétricas, etc.). Existia um manual do usuário preparado pelo Cedec
exatamente com essa finalidade, e fazia parte das atribuições do centro
de pesquisa o acompanhamento dos edifícios construídos para manu-
tenção e avaliação do desempenho das peças fabricadas em argamassa. A
extinção do Cedec colabora para a deterioração dos edifícios, à medida
que não existe um departamento municipal destinado exclusivamente
à pesquisa de materiais e ao planejamento da manutenção periódica
das obras públicas.
Em duas escolas de ensino fundamental examinadas em dis-
sertação sobre avaliação pós-ocupação
35
, verificou-se a instalação de
35FERREIRA, Maria Cristina Domingues Lopez. Avaliação pós-ocupação (APO): Escolas de Ensino
Fundamental em argamassa armada – cidade de São Paulo e sua região metropolitana. Dissertação de mestra-
do. FAUUSP, São Paulo, 2005.
99A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
ESPAÇO VIVENCIAL DE TRÂNSITO (CET)
1. CETEC Leste
2. CETEC Oeste
LAZER
Projeto e execução de Playgrounds em Centros
Esportivos (SEME) – obras concluídas
1. CEE Aurélio Campos/Região Norte
2. Mini balneário Garcia D’Ávila/Região Norte
3. CEE Brigadeiro Eduardo Gomes/Região Norte
4. Balneário Mário Moraes/Região Oeste
5. Balneário José Ermírio de Moraes/Região Leste
6. CEE Cidade Tiradentes/Região Leste
OUTROS
7. Praça Nova Parelheiros
8. Playground Parque D. Pedro
C. MOBILIÁRIO URBANO
1. Lixeiras: instalação de 200 unidades em 92
2. Abrigos de ônibus: instalação de 120 unidades
em 92
3. Terminais de transporte (CMTC): instalação de
14 mini terminais em execução
Cedec – Projetos e Implantação de Obras (1990-92)
A. CANALIZAÇÃO
1. Favela Mirangoaba (extensão: 300ml)
2. Favela Rubilene (extensão: 330ml)
3. Favela Esperantinópolis (extensão: 600ml)
B. EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO (SME)
1. EMEI Nova Parelheiros
2. EMEI Vila Nova Curuçá
3. EMEI Jd. Robru
4. EMEI jd, Joamar
5. EMPG Jd. Sinhá
6. EMPG Jd. São Francisco
7. EMPG Jd. Ingá (projeto)
8. EMPG Vila Guilherme (projeto)
9. EMPG Vila Prudente (projeto)
10. EMPG Cidade Kemel (projeto)
SECRETARIA DO BEM ESTAR SOCIAL (SEBES)
1. Casa de Convivência/Homens de Rua
2. Creche Gleba do Pêssego
3. Creche Vila Guilhermina
SECRETARIA DA SAÚDE (SMS)
1. PAM Seckler
2. UBS Três Corações/Santo amaro
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI100
REGISTRO DOS PROJETOS REALIZADOS
Apresentamos a seguir a ficha técnica dos projetos realizados pelo Depar-
tamento de Planejamento e Programação do Cedec, de 1990 a 1992.
É interessane notar os diversos arranjos permitidos pela exibilidade
da modulação do sistema construtivo com componentes de argamassa
armada. Era possível construir, com o mesmo kit de peças, edifícios
bem diferentes entre si. Uma das diretrizes do Cedec era justamente a
elaboração de projetos específicos para cada situação, como se poderá
verificar adiante.
As fichas foram elaboradas a partir de um relatório interno do Cedec, do
período final de funcionamento da fábrica, em que algumas obras ainda
se encontravam em execução. Com o fechamento da fábrica, alguns dos
projetos não chegaram a ser construídos.
Fonte dos dados técnicos e dos desenhos:
• Relatório interno do Departamento de Planejamento e Programação, Cedec/Emurb,
São Paulo, 1992. (Acervo Odete Tomchinsky)
Fontes das fotos:
• LIMA, Mayumi Watanabe de Souza. Arquitetura e Educação. São Paulo, Nobel, 1995;
• Acervo Reginaldo Ronconi..
CONTINUIDADE
O arquiteto Lelé havia alertado a equipe sobre a questão da conti-
nuidade do projeto como sempre acontece quando mudança de
governo, as novas diretrizes políticas poderiam alterar os rumos das
ações desenvolvidas, o que de fato aconteceu. Nesse caso, o prefeito
seguinte Paulo Maluf determinou o encerramento das atividades do
Cedec, desprezando a importante experiência acumulada e os índices
de produção alcançados nesse curto período de dois anos e meio. A
fábrica foi fechada com grande quantidade de componentes em esto-
que
37
, e nunca mais voltou a funcionar. Foi uma grande decepção para
todos os integrantes da equipe do Cedec, que haviam se empenhado
com muita dedicação viabilizar o projeto. Além disso, o novo Prefeito
instaura processos contra esses mesmos técnicos, numa espécie de per-
seguição política a quem havia trabalhado na administração anterior,
com o intuito de desmoralizar as ações do governo petista
38
.
A descontinuidade dos programas de obras públicas entre os dife-
rentes governos contribui para a piora da qualidade dos equipamentos
oferecidos à população. Com a criação do Cedec, buscava-se instituir um
departamento permanente, dentro da Emurb, responsável pela pesquisa
contínua e pela produção de alternativas construtivas, suprindo uma
demanda que permanece órfã, sendo atendida por programas sem ga-
rantias de continuidade ou de boa manutenção, a médio e longo prazo.
37 O arquiteto Reginaldo Ronconi relata que havia 9 escolas prontas para montagem. A
fábrica tinha na época capacidade para produzir 8 escolas/mês. Seu fechamento nessas
condições foi uma “violência” ao patrimônio público.
38 Conforme depoimento de Mário Souza Lima à autora em 20/10/2008.
101A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
EMEI NOVA PARELHEIROS
1 acesso principal 2 sala de aula 3 páteo/refeitório 4 sanitários 5 cozinha 6 despensa 7 manutenção 8 área de serviço
9 secretaria/recepção 10 sala professores/coord. pedagógica/diretoria 11 jardim 12 playground 13 estacionamento 14 caixa d’água
capacidade: 8 salas/1280 alunos em 4 turnos
área construída: 1240
área terreno: 2890
local: Rua Gentil Shunk Roschel s/n°
obra concluída/execução CEDEC
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI102
EMEI JARDIM ROBRU
capacidade: 8 salas/1280 alunos em 4 turnos
área construída: 1380
área terreno: 4800
local: Rua Francisco Monteiro Tavares n° 100
obra concluída/execução CEDEC
1 acesso principal 2 sala de aula 3 diretoria 4 coordenação 5 sala professores/secretaria 6 cozinha 7 despensa 8 almoxarifado 9 sanitários
10 manutenção 11 páteo/refeitório 12 caixa d’água 13 playground 14 área de serviço 15 acesso lateral 16 estacionamento
103A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
EMEI JARDIM JOAMAR
capacidade: 8 salas/1280 alunos em 4 turnos
área construída: 1250m²
área terreno: 5730
local: Rua Canto do Engenho n° 260
previsão de conclusão: jan/93 - execução CEDEC
1 acesso principal 2 sala de aula 3 diretoria 4 coordenação 5 sala professores/secretaria 6 cozinha 7 des
-
pensa 8 alomoxarifado 9 sanitários 10 manutenção 11 páteo/refeitório 12 playgorund 13 área de serviço
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI104
EMEI SAVOY CITY
área construída = 1209m
2
área do terreno = 2934m
2
1 acesso principal 2 sala de aula 3 sanitários 4 diretoria 5 coordenação 6 sala professores 7 secretaria 8 cozinha 9 despensa
10 refeitório 11 galpão 12 acesso 2° pavimento 13 almoxarifado 14 área de serviço 15 caixa d’água 16 playground
105A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
EMEI VILA NOVA CURUÇÁ
capacidade: 8 salas/1280 alunos em 4 turnos
área construída: 1270
área terreno: 6970m²
local: Rua Alexandre Dias Nogueira n° 100
obra concluída/execução CEDEC
1 acesso principal 2 sala de aula 3 páteo 4 refeitório 5 sanitários 6 cozinha 7 sala professores/coord. pedagógica/secretaria
8 almoxarifado 9 diretoria 10 despensa 11 manutenção 12 área de serviço 13 caixa d’água 14 playground
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI106
EMPG ALTOS DE VILA PRUDENTE
capacidade: 12 salas/1920 alunos em 4 turnos
área construída: 2250m² (2 pavimentos)
área terreno: 6304m²
local: Rua Carla Petrela s/ n°
projeto em elaboração/CEDEC
1 acesso principal/abrigo 2 sala de aula 3 sanitários 4 cozinha 5 despensa 6 refeitório
7 depósito/manutenção 8 sala uso múltiplo 9 galpão 10 grêmio 11 diretoria 12 coordenação
13 sala professores 14 secretaria 15 almoxarifado 16 dep. educação física 17 biblioteca 18 quadra
107A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
capacidade: 12 salas/1920 alunos em 4 turnos
área construída: 2300m²
área terreno: 4270
local: Rua Paris n° 52
obra concluída/execução CEDEC
EMPG JARDIM SINHÁ
1 acesso principal/abrigo 2 sala de aula 3 sala multi-uso 4 sala de leitura 5 sala de informática 6 grêmio 7 diretoria 8 coord. pedagógica 9 sala de professores
10 cozinha 11 despensa/depósito 12 sala ed. física 13 sanitários 14 refeitório 15 páteo 16 jardim 17 caixa d’água 18 quadra
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI108
EMPG JARDIM INGÁ / SÃO ROQUE
capacidade: 10 salas/1600 alunos em 4 turnos
área construída: 1810m²
área terreno: 19350
local: Rua Catarinenses s/ n°
projeto concluído/obra sem previsão de início
1 acesso principal 2 sala de aula 3 sanitários 4 páteo 5 cozinha 6 despensa 7 biblioteca 8 diretoria 9 coord. pedagógico 10 sala de professores
11 secretaria 12 almoxarifado 13 manutenção 14 mat. educação física 15 caixa d’água 16 jardim 17 arquibancada 18 quadra 19 palco 20 estacionamento
109A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
EMPG JARDIM SÃO FRANCISCO
capacidade: 12 salas/1920 alunos em 4 turnos
área construída: 2400m²
área terreno: 7930
local: COHAB Setor 1A – Rua 5
obra iniciada/execução terceiros: fiscalização CEDE
1 acesso principal 2 sala de aula 3 sala multi-uso 4 sala de leitura 5 sala de informática 6 grêmio 7 sanitários 8 circulação 9 jardim 10 páteo
11 refeitório 12 cozinha 13 despensa 14 diretoria 15 secretaria 16 sala de professores 17 coord. pedagógica 18 almoxarifado 19 sala de educação
física 20 depósito 21 acesso de funcionários 22 caixa d’água 23 quadra
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI110
EMPG VILA GUILHERME
capacidade: 12 salas/1920 alunos em 4 turnos
área construída: 2300m²
área terreno: 7770
local: Travessa Simis s/ n°
projeto concluído/obra sem previsão de início
1 acesso principal 2 sala de aula 3 sala multi-uso 4 sala de leitura 5 sala de informática 6 grêmio 7 sanitários 8 páteo 9 cozinha 10 refeitório 11 despensa
12 depósito 13 sala de educação física 14 secretaria 15 sala de professores 16 diretoria 17 almoxarifado 18 coord. pedagógico 19 quadra
111A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
CRECHE GLEBA DO PÊSSEGO
capacidade: 130 crianças
área construída: 830
área terreno: 2890
local: Rua 1 com Av. 12
obra em andamento/execução CEDEC
1 acesso principal 2 berçario 3 sala de atividades 4 galpão/refeitório 5 secretaria 6 diretoria 7 cozinha 8 lactário 9 despensa 10 lavanderia
11 zeladoria 12 sanitários 13 almoxarifado 14 depósito 15 caixa d’água 16 playground 17 área de serviço
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI112
CRECHE VILA GUILHERMINA
capacidade: 130 crianças
área construída: 830
área terreno: 2790
local: Rua Lino Cunha s/ n°
obra iniciada/execução terceiros: fiscalização CEDEC
1 acesso principal 2 berçário 3 sala de atividades 4 sanitários 5 secretaria 6 diretoria 7 galpão/refeitório
8 cozinha 9 lactário 10 despensa 11 lavanderia 12 depósito 13 zelador 14 almoxarifado 15 playground
16 caixa d’água 17 área de serviço
113A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
ESPAÇO VIVENCIAL DE TRÂNSITO - CETET LESTE
área construída: 645m²
área terreno: 5900m²
local: Rua Vilela n° 573
obra concluída/execução CEDEC
1 acesso principal 2 guarita 3 secretaria 4 coord. 5 sanitários 6 copa 7 almoxarifado 8 reunião 9 monitores 10 micro 11 jogos 12 projeção 13 cantina 14 auditório 15 manutenção 16 garagem 17 pista 18 abrigo
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI114
ESPAÇO VIVENCIAL DE TRÂNSITO - CETET OESTE
1 acesso principal 2 auditório 3 monitores 4 coordenadores 5 secretaria 6 analista 7 reuniões 8 cantina 9 jogos 10 ambulatório
11 administração 12 sanitários 13 projeção 14 garagem 15 manutenção 16 almoxarifado 17 limpeza 18 vigilância 19 pista 20 guarita
área construída: 1050m²
área terreno: 8600m²
local: Av. Marquês de São Vicente n° 2154
obra concluída/execução CEDEC2
115A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
área construída = 225m2
área do terreno = 1220m2
CASA DA TERCEIRA IDADE
1 acesso principal 2 sala de múltiplo uso 3 sanitários 4 sala/cozinha 5 dormitório 6 área de serviço 7 caixa d’água
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI116
CASA DA CULTURA
área construída = 1445m
2
área do terreno = 3790m
2
1 acesso principal 2 sotão 3 palco 4 oficina 5 cursos 6 depósito 7 sanitários 8 recepção 9 setor técnico
10 setor administrativo 11 copa/cozinha 12 serviço 13 almoxarifado 14 manutenção 15 lanchonete/cozi-
nha/dispensa 16 artes plásticas 17 acesso 2º pavimento 18 sala de vídeo 19 leitura informal 20 depósito
21 sacada 22 praça 23 caixa d’água 24 abrigo de ônibus
117A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
área construída: 345
área terreno: 445
local: Av. Alcântara Machado com Rua Placidina s/ n°
obra concluída/execução CEDEC
1 acesso principal 2 dormitórios 3 reuniões/cursos 4 administração 5 sanitários
6 guarda-volume 7 cozinha 8 refeitório/galpão 9 área serviços 10 circulação
CASA DE CONVIVÊNCIA HOMENS DA RUA
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI118
HOSPITAL DIA VILA PRUDENTE
área construída = 966m2
área do terreno = 1920m2
1 acesso principal 2 hall 3 secretaria 4 diretoria 5 almoxarifado/arquivos 6 reunião 7 sanitários 8 depósito 9 farmácia 10 cozinha 11 despensa
12 lavanderia 13 uso-múltiplo 14 galpão 15 refeitório 16 biblioteca 17 consultório 18 enfermaria 19 sala/grupo 20 caixa d’água 21 jardim 22 praça
119A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
POSTO DE ATENDIMENTO MÉDICO PAM SECKLER
área construída (ampliação): 203m²
área terreno: 1075m²
local: Rua Carlos Mauro n° 150
obra em andamento/execução CEDEC
1 acesso principal 2 sala de espera 3 dentista 4 curativo 5 medicação 6 coleta 7 UVE 8 fono
9 expediente 2 10 psicólogo 11 sala de reunião 12 sanitários 13 caixa d’água/oxigênio
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI120
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE TRÊS CORAÇÕES
área construída: 900
área terreno: 1440m²
local: Rua General José de Oliveira Ramos
obra em licitação/fiscalização CEDEC
1 acesso principal 2 espera 3 recepção/matrícula 4 odontologia 5 serviço social 6 educação em saúde 7 consultório pediatria 8 consultório 9 coleta papanicolau
10 consultório ginecologia obstetrícia 11 inalação 12 posto enfermaria 13 T.R.O. 14 vacinação 15 coleta 16 atendimento emergência 17 curativos emergência 18 medicação
19 curativos sépticos 20 expurgo 21 esterilização 22 consultório psicologia 23 sanitários 24 circulação 25 reuniões 26 expediente 27 chefia 28 arquivo 29 distribuição medicamento
30 depósito medicamentos 31 N.E.P.I. 32 depósito administração 33 estar 34 copa/refeitório 35 distribuição materiais/almoxarifado 36 zeladoria 37 área serviço 38 caixa d’água
121A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
PLAYGROUND MINI BALNEÁRIO GARCIA D’ÁVILA
área playground = 405m2
1 acesso principal 2 praça 3 trepa-trepa 4 túnel com trepa-trepa 5 escada-árvore 6 palco 7 painel lúdico 8 banco 9 caminho
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI122
PLAYGROUND BALNEÁRIO MÁRIO MORAES
área playground = 580m2
1 acesso principal 2 praça 3 trepa-trepa 4 tanque de areia 5 caminho 6 escada-árvore 7 túnel com trepa-trepa 8 piso cimentado 9 “chuveirão” 10 labirinto
123A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
PLAYGROUND C.E.E. AURÉLIO CAMPOS
área playground = 670m2
1 acesso principal 2 praça 3 trepa-trepa 4 tanque de areia 5 caminho 6 escada-árvore 7 túnel com trepa-trepa 8 piso cimentado 9 labirinto 10 cavalinho
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI124
PLAYGROUND C.E.E. JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES
área playground = 634m2
1 acesso principal 2 praça 3 trepa-trepa 4 tanque de areia 5 brinquedo existente 6 caminho 7 túnel com trepa-trepa 8 cavalinho 9 painel lúdico
10 labirinto 11 taturama 12 palco 13 medidor elétrico existente 14 banco 15 piscina existente
125A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
PLAYGROUND CIDADE TIRADENTES
1 acesso principal 2 praça 3 trepa-trepa 4 tanque de areia 5 caminho 6 escada-árvore 7 túnel com trepa-trepa
8 piso cimentado 9 labirinto 10 cavalinho
área playground = 990m2
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI126
PLAYGROUND CEL. BRIG. EDUARDO GOMES
área playground = 650m2
1 acesso principal 2 praça/escada 3 caminho 4 tanque de areia 5 escorregador de concreto 6 corda de nylon 7 quadra existente
8 cavalinho 9 “chuveirão” 10 túnel com trpa-trepa 11 banco 12 arquibancada existente
127A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
TERMINAL DE ÔNIBUS PARELHEIROS
área construída = 88m2
área do terreno = 1500m2 (praça)
1 abrigo de ônibus 2 sanitários 3 guichê 4 caixa d’água 5 bancos 6 praça
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI128
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI130
131A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Se fosse possível resumir em algumas palavras a obra da arquiteta
Mayumi Watanabe Souza Lima, diria que toda sua vida foi orientada
em um sentido de formação da consciência crítica para a participação
na construção do espaço da democracia.
Todas as atividades envolviam a formação das pessoas o desen-
volvimento de uma consciência crítica da realidade social, econômica
e política do país; o perceber-se em relação ao espaço e em relação aos
demais; a consciência de que é possível transformar o espaço dessa rea-
lidade. A formação da consciência crítica fornece instrumentos para que
as pessoas possam participar ativamente na construção dos espaços da
cidade e nas discussões democráticas sobre os rumos desta construção.
O ponto de partida é sempre a análise crítica do contexto his-
rico, social, político e ecomico. Vivemos numa sociedade de
consumo, baseada no modo de produção capitalista, onde a disciplina
e a alienação (que têm como conseqüência e objetivo a passividade
dos indivíduos) são instrumentos de manutenção da ordem vigente.
No Brasil, o desenvolvimento foi baseado na exploração do trabalho
de um contingente marginalizado de mão de obra barata. A partir dos
anos 1960, essa população será o foco de atenção da obra da arquiteta.
Ao longo de sua carreira, ela se preocupou em entender as carências e
necessidades populares e, a partir disso, batalhar pela oferta de serviços
públicos para a transformação das condições de vida dessa população.
Mayumi acreditava numa evolução da sociedade em direção a uma de-
mocracia com fundamentos socialistas. Não acreditava nisso como
utopia de um futuro distante, mas trabalhava com muito empenho de
maneira a criar os instrumentos de transformação dessa sociedade no
presente. Era visionária e ao mesmo tempo possuía sentido prático de
transformação de seu entorno cotidiano. É a partir dessa consciência do
real e dentro dos mecanismos existentes que ela apontava possibilida-
des de atuação e de mudança.
Não é mera coincidência o fato de ter optado por trabalhar com
planejamento em órgãos blicos e com atividades de ensino em
faculdades de arquitetura e instituições de formação profissional
1
. Ela
via nessas atividades a oportunidade de transformação. Através da cons-
trução do equipamento público, a criação de serviços voltados para a
formação dos cidadãos emancipados. Através do ensino, a formação de
profissionais conscientes de sua responsabilidade social e comprometi-
dos com a atuação para a mudança da sociedade.
A forma de atuação de Mayumi é uma espécie de transposição do
método de alfabetização de Paulo Freire para a construção: enquan-
to ele alfabetiza a população a partir da leitura do mundo, Mayumi
ensina a pessoa a ler o espaço ao seu redor, desvelar e problematizar
as relações dos indivíduos entre si e com o espaço, para então poder
transformá-lo. A construção de um objeto ou de um espaço constitui
uma das experiências primeiras e mais completas do ser humano,
porque o faz senhor do ato de produzir o novo, capaz de transformar
o mundo que o cerca. Mayumi revela a importância de se perceber/
compreender o espaço:
“O espaço é elemento cheio de significado, que reflete sempre a
história e a cultura de um povo; que revela, no seu uso e na sua
disposição, a relação efetiva que está estabelecida entre pessoas
1 Conforme depoimento de Mario Souza Lima à autora em 20/10/2008,
o casal Souza Lima tinha um certo “preconceito” contra o trabalho do arquiteto em seu
escritório particular não era coerente com a postura política deles trabalhar “fazendo o
projeto da casa burguesa”. A questão deles era a construção para as classes populares.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI132
que nele convivem. Enfim, o espaço é um espelho no qual se faz a
leitura de uma sociedade, seus valores, seu sistema social e político,
seu desenvolvimento tecnológico.
2
Nesse sentido, a atuação do arquiteto ao projetar um espaço nunca
é neutra. Mayumi possa uma atuão comprometida com o real,
onde compreender as contradições existentes na produção e no uso
dos espaços é condição para o projeto que por sua vez será sempre
um reflexo das condições culturais como um todo (sociais, políticas,
econômicas).
Quando Mayumi falava em espaço, não estava se referindo apenas
a uma sala com suas quatro paredes. A idéia de espaço incluía também
a forma como ele era ocupado. Ao defender a qualidade do equipa-
mento público, ela não tratava o espaço construído como determinante
para a qualidade das atividades a serem desenvolvidas ali, mas entendia
que a qualidade do espaço poderia influir positiva ou negativamente
nessas atividades. Podemos imaginar o caso de uma sala de aula: se
for um ambiente escuro e sem ventilação, certamente vai atrapalhar
o desenvolvimento de atividades de ensino. Por outro lado, uma sala
bem iluminada, com janelas generosas, pode ser mais agradável. Se
essa sala tiver abertura direta para a área externa, pode propiciar a
realização de atividades didáticas ao ar livre, o que seria uma inovação
em relação às salas de aula comuns. No entanto, se essa mesma sala
agradável for ocupada por carteiras enfileiradas, seu caráter inovador se
perde e ela refletirá apenas a concepção tradicional de “ensino de mão
2 LIMA, Mayumi W. Souza. Espaços Educativos: uso e construção. Brasília, MEC/CEDATE, 1986,
p.11.
única”, onde o professor coloca-se como único orador e os alunos
disciplinados apenas assistem ao que o professor fala. Assim sendo,
a qualidade do espaço é entendida o apenas por sua característica
física mas também pela maneira como é utilizado. Então, a atividade de
projeto reveste-se de uma responsabilidade importante em termos de
oferecer diversas possibilidades de apropriação por parte dos usuários.
E por isso mesmo Mayumi também se preocupava com a formação
das pessoas que ocupariam esses espaços, desenvolvendo diversos tipos
de atividades, antes, durante e depois da construção, para incentivar
o uso e a apropriação do espaço de forma criativa. Criar espaços que
propiciem determinadas experncias de aproprião/destruição e
transformação/criação é uma busca constante e coerente do trabalho
de Mayumi.
Anos após a queda da ditadura, ainda não fomos capazes de
educar cidadãos conscientes capazes de participar na construção de
uma nova sociedade. Muitos equipamentos públicos continuam
sendo construídos sob cririos meramente quantitativos, onde o
importante é construir mais metros quadrados a um menor preço,
sem preocupar-se com a qualidade real do espaço para a sociedade.
Todo o questionamento da arquiteta em relação ao projeto de escolas
e outros equipamentos públicos lido para os dias de hoje. Nesse
sentido, o estudo de sua obra é fundamental para se repensar a atuação
do arquiteto na construção de espaços para a educação e de espaço
para a reflexão sobre a construção.
133A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
NOTA: É importante retomar algumas caractesticas do presente
trabalho, que teve como ponto de partida a pesquisa documental do
acervo e a realização de entrevistas e, como um dos objetivos, resgatar
a trajetória da arquiteta. Ao longo de um ano de consultas ao acervo no
Centro Sérgio Buarque de Holanda, na Fundação Perseu Abramo, São
Paulo, foram selecionados e digitalizados inúmeros documentos, como
subsídio ao trabalho. O produto da pesquisa documental foi organi-
zado e reunido em DVD
3
contendo mais de 300 arquivos de textos,
fotos, relatórios, manuscritos, projetos, periódicos, cartas, entre outros
documentos. O DVD é uma contribuição para futuros pesquisadores,
na reflexão ligada à construção, à educação e à administração pública,
e para a divulgação da obra da arquiteta.
3 Ver anexo 3.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI134
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CÁSSIA SCHROEDER BUITONI136
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Documentos consultados
Foram consultados documentos originais pertencentes ao acervo da arqui-
teta Mayumi Souza Lima, no Centro de Memória Sérgio Buarque de Holanda
da Fundação Perseu Abramo (FPA), São Paulo.Todos os documentos citados
neste trabalho encontram-se no conjunto dos arquivos digitais no dvd anexo,
produto desta consulta.
ANEXO 1
MAYUMI WATANABE SOUZA LIMA – CURRÍCULO
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI142
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
143A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI144
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
145A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI146
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
147A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI148
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
149A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI150
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
151A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI152
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
153A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI154
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
155A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI156
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
157A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI158
“Curriculum Vitae”, 1993. Fonte: Acervo Mayumi W. Souza Lima.
ANEXO 2
CEDEC – MATERIAL DE COMUNICAÇÃO
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI160
Folder “Cosntruindo a Educação Pública Popular
Secretaria da Educação, PMSP, 1991
Fonte: Acervo MWSL
161A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Folder “Cosntruindo a Educação Pública Popular
Secretaria da Educação, PMSP, 1991
Fonte: Acervo MWSL
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI162
Folder “São Paulo melhor: a contribuição do CEDEC”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1990-92
Fonte: Acervo MWSL
163A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Folder “São Paulo melhor: a contribuição do CEDEC”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1990-92
Fonte: Acervo MWSL
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI164
Folder “Estranhos seres invadem o
nosso bairro...”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1990-92
Fonte: Acervo MWSL
Folder “Não fiquem por fora...”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1990-92
Fonte: Acervo MWSL
165A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Folder “Entre: a casa é sua!”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1990-92
Fonte: Acervo MWSL
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI166
Folder “EMPG Jardim Sinhá”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1992
Fonte: Acervo MWSL
167A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Folder “EMPG Jardim Sinhá” (verso)
Cedec/Emurb, São Paulo, 1992
Fonte: Acervo MWSL
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI168
Folder “EMPG Jardim Robru”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1991
Fonte: Acervo MWSL
169A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Folder “EMPG Jardim Robru” (verso)
Cedec/Emurb, São Paulo, 1991
Fonte: Acervo MWSL
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI170
Folder “EMEI Nova Curuçá”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1991
Fonte: Acervo MWSL
171A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Folder “EMEI Nova Curuçá” (verso)
Cedec/Emurb, São Paulo, 1991
Fonte: Acervo MWSL
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI172
Folder “EMEI Nova Parelheiros”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1991
Fonte: Acervo MWSL
173A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Folder “EMEI Nova Parelheiros” (verso)
Cedec/Emurb, São Paulo, 1991
Fonte: Acervo MWSL
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI174
Folder “Você se educa...”
Cedec/Emurb, São Paulo, 1990-92
Fonte: Acervo Odete Tomchinsky
175A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Roteiro para o jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI176
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
177A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI178
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
179A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI180
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
181A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI182
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
183A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI184
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
185A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI186
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
187A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI188
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
189A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI190
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
191A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI192
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
193A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI194
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
195A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI196
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
197A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI198
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
199A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI200
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
201A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI202
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
203A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI204
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
205A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI206
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
207A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI208
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
209A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI210
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
211A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI212
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
213A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI214
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
215A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
Jornal interno da fábrica do Cedec, destinado à formação política dos operários. Acervo Marta Grosbaum.
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI216
Recado de Mayumi para Marta Gorsbaum, sobre a continuação da
estória do Jornal interno da fábrica do Cedec. Acervo MWSL.
ANEXO 3
ACERVOS DIGITALIZADOS
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI218
dvd contendo os arquivos digitalizados dos acervos:
• Mayumi e Sérgio Souza Lima (Centro Sérgio Buarque de Holanda, Fundação Perseu Abramo, São Paulo)
• Marta Grosbaum, São Paulo.
• Odete Tomchinsky, São Paulo.
219A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
CONTEÚDO DO DVD
Ao longo de um ano de visitas à Fundação Perseu Abramo
para consulta do Acervo de Mayumi Watabanbe Souza Lima
(MWSL), digitalizamos (por scanner ou fotografia) mais
de 300 documentos, dentre textos, manuscritos, apostilas,
fotografias, relatórios, projetos, etc. Esses arquivos foram
organizados por temas e, sempre que possível, em ordem
cronológica. Com este levantamento esperamos contribuir
para o trabalho de futuros pesquisadores da obra da arquiteta.
Foram incorporados alguns documentos (textos, anotações,
desenhos técnicos) relativos ao período do Cedec, perten-
centes aos acervos pessoais da arquiteta Odete Tomchinsky e
da pedagoga Marta Grosbaum, colaboradoras de projetos de
Mayumi,que gentilmente cederam o material.
A seguir, apresentamos a listagem das pastas e arquivos
incluídos no DVD, com a descrição do respectivo conteúdo.
Por se tratar de lista extensa, muitos nomes estão abreviados.
OBS: Para facilitar a localização do doumento no acervo físico,
os arquivos foram nomeados com o prefixo do número da
caixa em que se encontram guardados.
01_FORMAÇÃO
01.1_1962-65_MESTRADO UNB
cx16_MWSL_mestrado-vol1.pdf; cx16_MWSL_mestrado-vol2.pdf
LIMA, MWS. Aspectos da habitação urbana: projeto de habitação coletiva
para a unidade de vizinhança São Miguel. Dissertação de mestrado.
Brasília, Faculdade de Arquitetura da UnB, 1965, vols. 1 e 2
ssl_cx59_unb_mwsl_justificativa_mestrado.pdf
LIMA, MWS. “Justificação” – projeto de mestrado,Brasília,
1962. Acervo SSL, caixa 59
01.2_1984-88_DOUTORADO_FEUSP
cx03_FE_qualificacao_celso.pdf
comentário de Celso Beisiegel sobre o texto da qualificação
cx06_FFLCH_programa_disciplina_guilhon.jpg
FFLCH. Programa da disciplina “Estado e classes sociais no
Brasil Contemporâneo”, curso de pós-graduação em ciên-
cias políticas, prof. José Augusto Guilhon de Albuquerque
cx11_mariliasposito_txt_participacaopopular.pdf
SPOSITO, Marilia Pontes. “Redefinindo a participação popular
na escola”, in Cadernos do CEDI, n.19. S Paulo, CEDI, 1989
cx24_planopesq_mwsl_FE_doutorado.pdf
LIMA, MWS. “Construção escolar: um instrumento político
e pedagógico de alienação e desalienação”. Proposta
preliminar de pesquisa apresentada à FEUSP, dez1983.
cx24_txt_mwsl_organizestadoconstrescolas.pdf
folha de organização do estado para a construção de escolas
sobre o caso de Fortaleza (Guarulhos) e de Varginha
cx26_mwsl_pg_relatoriopesq_1988.pdf
Relatório de atividades desenvolvidas no período de 1984 a
1988, relacionados a pós-graduação e ao tema da pesquisa
cx31_mwsl_pg_trabalhodisciplina_fls863.pdf
LIMA, MWS. Liberdade e igualdade: problemas de teoria política contempo-
rânea. Trabalho de doutorado. FEUSP, 1988
cx31_txt_movpopularesurbanos_edisonnunes_greyscale.pdf
NUNES, Edson; JACOBI, Pedro. “Movimentos populares
urbanos, poder local e conquista da democracia”
cx37_FEUSP_ata_qualificacao_MWSL.pdf
FEUSP. Ata do “Exame geral de qualificação - nível de
doutorado”, 1989
cx38_MWSL_PG_analisetxt_beisiegel.pdf
LIMA, MWS. Análise dos textos “Educação e sociedade no
Brasil após 1930” e “Ensino público e educação popular”
de Celso de Rui Beisiegel, ca.1983
cx38_MWSL_PG_analisetxt_paiva_bruneau.pdf
LIMA, MWS. Sobre os textos “Educação de adultos e educação
popular” de Vanilda Pereira Paiva e “Igreja e educação
popular” de Thomas C. Bruneau, s/d
cx38_MWSL_PG_analisetxt_paulofreire.pdf
LIMA, MWS. Sobre os textos “Educação como prática da liber-
dade” e “Pedagogia do oprimido” de Paulo Freire, s/d
cx38_MWSL_PG_FE_historicoescolar.pdf
histórico escolar do programa de Pós-Graduação em Educação
da Universidade de S Paulo, ca.1988
cx38_MWSL_PG_programa_sociologiaeduc_1984.pdf
calendário do primeiro semestre e programação da disciplina
de Sociologia da Educação, ca.1984
cx38_MWSL_PG_trabalho_prof.josealvaromoises.pdf
LIMA, MWS. A transição política: condição de possibilidade ou bloqueio à
democratização. Disciplina prof. José Álvaro Moisés. 1988
cx38_MWSL_PG_trabalho_profaMVitoriaBenevides_1987.pdf
LIMA, MWS. Participação e democracia educacional: o discurso e os limites
da prática no planejamento e execução das construções escolares. Tema
de trabalho de doutorado. FEUSP, 1987
cx38_MWSL_PG_txt_goldberg_ms_analise.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito sobre o documento “Da escola
reflexo de uma sociedade”, ca.1984
cx38_MWSL_PG_txt_participcomunitariabrasil.pdf
LIBÂNIO, Anamaria VA. “Participação comunitária e progra-
mas públicos no Brasil”, in: Cad. Pesq., n.48. S Paulo, 1984
cx40_MWSL_planopesquisa_prodespacoseducativos.pdf
folha do plano de pesquisa de doutorado
cx51_MWSL_livroAE_txt_escolaconquistapop.pdf
LIMA, MWS. texto “A escola como conquista popular e como
instrumento de legitimação dos setores dirigentes”
cx7_FFLCH_bibliografia.jpg
bibliografia de curso da FFLCHUSP
02_DOCÊNCIA
02.1_AVULSOS
cx01_ABEA_txt_MWSL_universidade.pdf
ABEA. Caderno 4:demandas internas. lixo. cidade moradia. paisagem urbana.
informática.exercício profissional . Cadernos ABEA
cx01_unb_aulamaior_teoriaarqtt_jan1964.pdf
Esquema de aula maior da disciplina Teoria da Arquitetura II
cx01_unb_relatorio_2sem_1963.pdf
LIMA, MWS. Relatório da disciplina Teoria da Arquitetura II
cx04_MWSL_txt_analiseprojetoedificio.pdf
LIMA, MWS. Análise de projeto de edificações. Tema para o Simpósio
de engenharia Civil da UFSCAR, ca.1987
cx06_MWSL_ms_projeto.jpg
LIMA, MWS. Manuscrito sobre a complexidade do projeto
cx09_MWSL_ms_palestrafauusp_1993.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito de itens e temas a tratar em palestra
dada na FAUUSP, ca.1993
cx11_rinolevi_txt_ensinoarqtt.pdf
LEVI, Rino. “O ensino da arquitetura”. Conferência realizada
na Universdade Mackenzie a convite do grêmio da
Faculdade de Arquitetura. S Paulo, 1956
cx21_UNB_resumoaula_1963.pdf
resumo de aula sobre “Teoria da arquitetura”
cx32_mwsl_txt_30reuniaosbpc_ideologiadaarqtt.pdf
LIMA, MWS. Ideologia e produção de arquitetura brasileira. A formação do
arquiteto, ensino de arquitetura e mercado de trabalho. Simpósio SBPC
da 30a Reunião Anual. S Paulo, 1978
CÁSSIA SCHROEDER BUITONI220
cx34_txts_mwsl_arq_ciduniversitaria.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito de tópicos para palestra no Simpósio
de Engenharia Civil na UFSCAR, ca.1987
cx46_MWSL_ms_simposio_13111987.pdf
LIMA, MWS. O profissional arquiteto e a organização de espaço nas cidades
universitárias.
MWSL_cx21_quadro_deptoprojeto_01.jpg
anotações no quadro do departamento de projeto da FAU
MWSL_ms_tecnologiaformacaoarqt.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito sobre o conhecimento da ciência e
da tecnologia do arquiteto
ssl_cx52_txt_mwsl_30sbpc_1978_ideologiaarqtt
LIMA, MWS. “A formação do arquiteto, ensino de arquitetura
e mercado de trabalho”, texto 30ª Reunião anual SBPC,
S Paulo, 1978
02.2_SÃO CARLOS [EESC-USP, 1987-1993]
cx01_USPSC_SAP335_programa.pdf
ementa da disciplina de projeto Projeto V SAP 335, 1989
cx01_USPSC_SAP335_programa_1987.pdf
propostas para o curso de Projeto V SAP 335, 1987
cx01_USPSC_SAP335_programa_1989.pdf
programa do curso de Projeto V SAP 335,1987
cx01_USPSC_SAP617_anotações_1993.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito com anotações e programação da
discplina Projeto III SAP 617 , 1993
cx03_USPSC_MWSL_programapesquisa.pdf
LIMA, MWS. Anotações para a elaboração de um possível
programa de pesquisa no departamento de arquitetura e
planejamento - EESC/USP.
cx06_USPSC_SAP376_programa_1990.pdf
programa da discplina “Tecnologia I - SAP 376”, 1990
cx38_FAUSC_projetoVI_programa_1990.pdf
LIMA, MWS. Exercício “espaço para habitação provisório de
crianças alienígenas” para disciplina Projeto VI,1990
cx40_EESC_projetoV_edifpublico_programa.pdf
LIMA, MWS. Aula sobre edifício público e programação para a
discplina “Projeto V”, 1987
cx40_txt_MWSL_producaoequipamentoscoletivos.pdf
LIMA, MWS. texto “Produção de equipamentos coletivos:
uma reflexão necessária” para o departamento de projeto
da EESC. São Carlos, 1989
cx41_txt_MWSL_producaoequipamentocoletivos.pdf
LIMA, MWS. Texto base da palestra sobre o tema “Produção
de equipamentos coletivos” da EESC. São Carlos, 1989
02.3_SÃO JOSÉ DOS CAMPOS [FAUSJC, 1972-74]
cx01_FAUSJ_introdarqtt_programacurso.pdf
LIMA, MWS. Programação para a discplina “Introdução à
arquitetura”
FAUSJ_MWSL_txt_estruturacao_1972.pdf
“Anotações para discussão” – Representação do Departamento
de Tecnologia à Comissão de Estruturação da FAUSJC
cx04_txt_reformauniversitaria.pdf
Relatório do grupo de trabalho transcrito do relatório do
M.E.C. para a FAUSJC
cx07_FAUSJ_encontro_faus_1972.pdf
documento final conclusivo do Primeiro Encontro Regional de
Escolas de Arquitetura - Região Sul - São José dos Campos
cx12_IXcongressobrasileirodearq.pdf
FAUSJC. Prática - Investigação: um processo de trabalho de São José dos
Campos. IX Congresso Brasileiro de Arquitetos. São José dos
Campos, 1976
03_PROJETOS
03.1_1976-8_JOAOKOPKE
cx40_relatorio_joaokopke.pdf
relatório “Estudo do espaço escolar: pré teste EEPG João Kopke
cx43_conesp_joaokopke_decretos_GESP.pdf
decretos processo CONESP EEPG João Kopke
cx43_conesp_joaokopke_levantamento_ms.pdf
LIMA, MWS. manuscrito de levantamento de ambientes da
EEPG João Kopke
cx43_conesp_joaokopke_programa.pdf
LIMA, MWS. Programa arquitetônico da Superintendência de
Planejamento CONESP, ca.1978
cx43_conesp_joaokopke_relatorio_2afase.pdf
Relatório da CONESP da 2a fase da experiência na João Kopke
cx43_joakopke_folhasatividades.pdf
folhas de atividades para os alunos da eepg joão kopke (orig.)
cx43_joakopke_jornal alunos.pdf
jornal dos alunos do João Kopke “Novo J.K. Ano I
cx43_joakopke_lista alunos.pdf
lista dos alunos da EEPG João Kopke
cx43_joakopke_MWSL_ms_levantamento.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito de levantamento de ambientes sobre
a escola João Kopke, ca.1978
cx44_sbpc_32reuniao_txt_mwsl_estudoespacoescolar_joaoko-
pke.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito da 32a reunião sobre o estudo do
espaço escolar
cx46_joakopke_projeto.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito sobre a “Integração clientela da EEPG
João Kopke no problema de construção do prédio novo”
pasta entrevistas_desenhos_alunos
relatórios de visitas, fotos daas residêcias e desenhos dos
alunos da EEPG João Kopke
03.2_1983-83_VARGINHA_JDFORTALEZA
cx20_relat_tereza_pedreirareago.pdf
HERLING, Tereza Beatriz Ribeiro. Relatório apresentado à
ATPGE Secretaria de Estado da Educação sobre a “EEPG
Pedreira Reago: o espaço escolar e seu funcionamento
cotidiano”. S Paulo, ca.1985
cx20_relat_tereza_varginha.pdf
HERLING, Tereza Beatriz Ribeiro. Relatório apresentado à
ATPCE Secretaria de Estado da Educação sobre a “EEPG
da Varginha: o espaço escolar e seu funcionamento
cotidiano”. S Paulo, ca.1985
cx20_relat_varginha.pdf
LIMA, MWS. Relatório sobre a EEPG Pedreira Raego e a EEPG
Varginha
cx22_relatoriopesq_terezaherling.pdf
HERLING, Tereza Beatriz Ribeiro. Relatório de pesquisa
“Estudo da apropriação do espaço escolar pelos seus
usuários”. S Paulo, ca.1985
cx24_txt_mwsl_roteiroavaliacaoconstresc.pdf
roteiro de avaliação dos processos de construção escolar com
a participação da população
221A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO
cx35_conesp_varginha.pdf
relatório CONESP de avaliação sobre a execução da EEPG
bairro da Varginha. S Paulo, 1984
cx35_jdfortaleza_txt1.pdf
relatório CONESP sobre a experiência de autoconstrução do
Jardim Fortaleza. S Paulo, 1986
cx35_jdfortaleza_txt2.pdf
relatório CONESP sobre a experiência de autoconstrução do
Jardim Fortaleza. S Paulo, 1986
cx39_conesp_jdfortaleza_relacaoslides.pdf
Manuscrito com a relação de slides do Jardim Fortaleza
cx39_conesp_relatorio_ms1.pdf (até ms4)
LIMA, MWS. Relatórios manuscritos da CONESP
cx39_conesp_varginha_relacaoslides.pdf
Manuscrito com a relação de slides do Jardim Varginha
cx40_conesp_roteiro_avaliacao_participacao.pdf
roteiro da CONESP de avaliação de processos de construção
escolar com a participação da população.
cx40_jdfortaleza_relatorio_conesp_1984.pdf
relatório CONESP sobre o Jd. Fortaleza/Guarulhos, ca.1984
cx40_reuniao_autoconstrucao_varignha_divineia_fortaleza.pdf
relatório de reunião “reunião sobre 3 experiências de
autoconstrução: Varginha, Divinéia e Fortaleza”
cx40_varginha_estoria.pdf
texto “Estória da escola de Varginha”
cx40_varginha_mapa.pdf
mapa localização de Varginha
cx40_varginha_proposta_atividades.pdf
folha “proposta de programação de atividades” de Varginha
cx40_varginha_roteiroentrevista_adultos.pdf
roteiro de entrevista com os adultos para “experiência de
auto-construção em Varginha”
cx40_varginha_txt_solucoesalternativasredefisica.pdf
folha “soluções alternativas para a rede física - auto-constru-
ção no bairro de Varginha”
cx52_conesp_processos_autoconstrucao.pdf
relatório da CONESP de resolução de diretoria sobre a cele-
bração de convênio com entidades Comunitárias, ca.1983
cx52_shoppingnews_03061984_varginha_01.jpg
“Varginha não tinha nada. Mas os moradores se organizaram
e...”, in: Shopping News - City News, S Paulo, 03/06/1984, p.2
MWSL_cx9_croquis_jdfortaleza.jpg
LIMA, MWS. Croquis do Jardim Fortaleza
03.3_1989_1992_EDIF/CEDEC/EMURB
clipping_cx15_jornalpaulista_230590_01.jpg
“Uma solução japonesa para o lixo de S Paulo”. Jornal Paulista,
S Paulo, 23/05/1990, capa
cx06_emurb_atareuniao_030590.pdf
EMURB. Ata da reunião sobre “projeto Santa Tereza/FO”
cx09_MWSL_croquis_creche.pdf
LIMA, MWS. Croquis para creche
cx12_MWSL_publicacao_espacaocrianca.pdf
LIMA, MWS. Publicação para Espaço Criança, EMURB, PMSP,1990
cx12_MWSL_publicacao_revistaconstrucao.pdf
LIMA, MWS. “A contribuição do CEDEC/EMURB à cidade”.
Revista Construção
cx15_emurb_carta-hospitaldia.pdf
LIMA, MWS. Carta à secretaria municipal de higiene e saúde.
cx16_MWSL_carta_cursoconstr_jovens_1992.pdf
LIMA, MWS. Carta ao Curso de Edificação para Jovens,1992
cx16_MWSL_cursoconstr_jovens_1992.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito com observações e sugestões para o
Curso de Edificação para Jovens, 1992
cx21_CEDEC_folder_spmelhor.pdf
CEDEC/EMURB. Folder “S Paulo melhor: a contribuição do Cedec”
cx23_24_folder_PMSP_educacao.jpg
PMSP. Folder “Construindo a Educação Pública Popular”
cx23_24_PMSP_folder_acasacai.pdf
PMSP. Folder “Se você não cuida a casa cai...
cx23_24_PMSP_folder_encontrojovens_vm.pdf
PMSP, SURBES/VM. Folder “Da cidade que temos à cidade que
queremos”
cx24_edif_contrucaoequipamentososciais_txt.pdf
EDIF. Proposta do Orçamento Programa para 1989 -
Planejamento/Metas e campo de atuação da unidade
cx24_edif_folder_acasacai
EDIF. Folder “A casa cai”, sobre manutenção de escolas
cx26_prop_SMC_PMSP_erundina.pdf
SMC, PMSP. “Proposta da SMC para o PLano de Governo
durante o Biênio 1991-1992”
cx28_cedec_relatorioatividade_1991.pdf
CEDEC/EMURB. Relatório de atividades, ca.1991
cx28_mwsl_cedec_colegiostarita.pdf
LIMA, MWS. Pauta da reunião no Colégio Santa Rita,1990
cx28_mwsl_txt_cedec.pdf
CEDEC/EMURB. Texto “Equipamentos urbanos e comunitários”
cx28_mwsl_txt_cedec_spaulo.pdf
CEDEC. Texto “Escolas - Manual do Usuário”
cx35_cedec_escolas_manual_usuario.pdf
LIMA, MWS. “S Paulo: velhos problemas, novas soluções”
cx35_CEDEC_folder_arvores.pdf
CEDEC/EMURB. Folder sobre os cuidados com árvores
cx35_CEDEC_folder_corrego.pdf
CEDEC/EMURB. Folder córrego Rubilene
cx35_CEDEC_folder_eivoce.pdf
CEDEC/EMURB. Folder “Ei Você”
cx35_CEDEC_folder_emei_curuca.pdf
CEDEC/EMURB. Folder EMEI Curuça
cx35_CEDEC_folder_emei_jdrobru.pdf
CEDEC/EMURB. Folder EMEI Jardim Robru
cx35_CEDEC_folder_emei_jdsinha.pdf
CEDEC/EMURB. Folder EMEI Jardim Sinhá
cx35_CEDEC_folder_emei_parelheiros.pdf
CEDEC/EMURB. Folder EMPG Nova Parelheiros
cx35_CEDEC_folder_empg_jdrobru.pdf
CEDEC/EMURB. Folder EMPG Jardim Robru
cx35_CEDEC_folder_estranhos_seres.pdf
CEDEC/EMURB. Folder Estranhos Seres
cx35_CEDEC_folder_inaugura_escola.pdf
CEDEC/EMURB. Folder Inauguração escola “Entre: a casa é sua!”
cx35_CEDEC_folder_naofiquefora.pdf
CEDEC/EMURB. Folder “não fique de fora”
cx35_cuadernodesarollolocal_gestaoerundina.pdf
texto “Erundina a la Alcadia”, Cuaderno de Desarollo Local
cx35_edif_reconstruindoescola.pdf
EDIF. Texto “Reconstruindo a escola”
cx35_MWSL_ms_alfabetizacao.pdf
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SEBES. Minuta sobre equipamentos sociais. S Paulo, ca.1974
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SEBES. Plano setorial previsto para os equipamentos sociais.
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SEBES. Texto de apresentação do projeto “Plano setorial de
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SEBES. Manuscrito do projeto “Padrões de equipamentos
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Protocolo de Pedro Paulo de Melo Saraiva à SEBES. S Paulo, 1974
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SEBES. Manuscrito do projeto “Padrões de equipamentos
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fluxograma de levantamento de necessidades para o planeja-
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CONESP. Como repensar a escola quanto a recursos físicos. Cadernos
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CONESP. Texto sobre o Sistema de Manutenção e Centro de
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CONESP. Especificações escolares. 1° grau. Caderno do Estado de
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CONESP. Metodologia de planejamento da rede física.Caderno do Estado
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CONESP. Instruções para a indicação e reserva de terrenos destinados às
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S Paulo. S Paulo, CONESP, 1976
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GESP/SM. Apresentação da Casa da Criança Renascer. 1987
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GESP/SM. Estudo preliminar Clube da turma. Manuscrito do
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GESP/SM. Clube dos jovens. Caderno com o programa do GESP/SM
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GESP/SM. Creche / pré-escola. Caderno SM e do Governo de
S Paulo. S Paulo, 1987
04.9_1994_PROJETO TIETE [1994]
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LIMA, MWS. Proposta de trabalho para GESP. S Paulo, 1993
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GESP. Organograma de elaboração do programa de educação
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GESP. Projeto Tietê. Cartilha do GESP. S Paulo, ca.1994
cx23_GESP_projtiete_fichasatividades.pdf
GESP. Ficha de atividades do projeto Tietê. S Paulo, ca.1994
cx23_GESP_projtiete_folder.pdf
GESP. Folder “Projeto Tietê”. S Paulo, ca.1994
cx23_GESP_projtiete_mapa.jpg
GESP. Mapa “Circuito de despoluição” para o Projeto Tietê.
S Paulo, ca.1994
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LIMA, MWS. Manuscrito do “Projeto Tietê”. S Paulo, 1994
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LIMA, MWS. Manuscrito com os temas do “Projeto Tietê”.
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LIMA, MWS. Manuscrito do 1° Encontro Sua Escola. S Paulo
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LIMA, MWS. Manuscrito sobre o IPTU. SPaulo
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LIMA, MWS. Manuscrito para seminário de políticas públicas
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LIMA, MWS. Manuscrito Cidade para todos. S Paulo
cx09_MWSL_ms_depredacap.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito sobre depredação.
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LIMA, MWS. Manuscrito sobre equipamentos comunitários
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LIMA, MWS. Manuscrito Informação, instrumento de manipulação ou de
construção da democracia.
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LIMA, MWS. Manuscrito para o Projeto Faria Lima. S Paulo, 1993
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LIMA, MWS. Manuscrito com esboços e estratégias
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LIMA, MWS. Relatório n°1 de pesquisa. S Paulo, 1989
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LIMA, MWS. Programa de pesquisa. Relatório para o departa-
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LIMA, MWS. Manuscrito sobre a avaliação pós-uso das escolas
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LIMA, MWS. Retrospectiva histórica do brincar e o espaço urbano.
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LIMA, MWS. Lazer, uma conquista dos trabalhadores não escravos. Texto
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LIMA, MWS. O brincar na história dos homens e o espaço dos brinquedos e
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LIMA, MWS. Investimentos em construções escolares:a face descoberta de
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LIMA, MWS. Croquis para o Projeto Paulo Bastos do SESC
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05.3_TEXTOS CONGRESSOS_CRIANCA_ESPACO
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LIMA, MWS. Relatório seminário SESC-ABRINQ. S Paulo,1991
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LIMA, MWS. “A recuperação da cidade para as crianças”, texto
para seminário de SESC-ABRINQ. S Paulo, 1991
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LIMA, MWS. Espaço para a educação pré-escolar. Texto para o seminá-
rio do CEBATE/MEC. Brasília, 1985
05.4_SESC_CRIANCAESPACOLUDICO
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LIMA, MWS. Transparências do seminário do SESC.
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LIMA, MWS. Texto sobre a criança e o espaço lúdico.
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Folder Seminário “A criança e a cultura: o espaço lúdico”,
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“Senec analisa os maiores problemas (e suas razões) na educa-
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“Livros novos”. A Gazeta da Zona Norte, S Paulo, 02/12/1989
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“Equipe apresenta levantamento da educação em AL”. jornal de
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“Prefeitura implanta rede de creches”. O Vale Paraibano”,
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“Não se faz mais escola como antigamente”. Revista Nova Escola,
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“Prefeitura anuncia continuação de ‘obras sociais’ deixadas
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“A crise dos arquitetos”. O Estado de S Paulo, S Paulo,
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6.2_DOCS_CURRICULO
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Declaração de participação nos trabalhos da COGEP. S Paulo,
1982
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LIMA, MWS. Carta de desligamento da GTNM. S Paulo, 1992
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LIMA, MWS. Cadastro para o MEC.
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LIMA, MWS. Declaração para o MEC de trabalhos realizados.
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cx16_MWSL_curriculos_1990a92.pdf
Currículo de Mayumi Watanabe de Souza Lima 1990 a 1992
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Cadastro de especialistas em educação pré-escolar. cadastro do
MEC. Brasília, 1991
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Curriculum Vitae de Mayumi Watanabe de Souza Lima.
S Paulo, 1993
cx39_MWSL_FAU_historicoescolar.pdf
LIMA, MWS. Histórico escolar da FAUUSP. S Paulo, ca.1960
cx39_MWSL_naturalizacao.pdf
Documento de naturalização brasileira. Rio de Janeiro, 1956
cx39_PMSP_emurb_nomeacaoMWSL.pdf
PMSP/EMURB. Titulo de nomeação para o cargo e Diretor da
Empresa Munipal de Urbanização - EMURB. S Paulo, 1990
cx44_sbpc_32reuniao_resumos.pdf
SBPC. Resumo da 32
a
reunião so SBPC. S Paulo
MWSL_curriculo_rascunho.pdf
LIMA, MWS. Manuscrito rascunho do curriculum vitae,1993
06.3_IMIGRACAO
cx27_minoru_historiaimigracao.pdf
Manuscrito com a história da imigração de Minoru Watanabe
e Yuri Takao
06.4_FALECIMENTO
cx13_carta_freibetto_falecimento.jpg
Carta de Frei Betto a Sérgio, Yuri e Mário sobre o falecimento
de Mayumi Watanabe de Souza Lima. S Paulo, 1994
cx13_GTNMfalecimentoMWSL.pdf
“Mayumi, continuaremos na luta com seu exemplo”. Tortura
Nunca Mais, n.5. S Paulo, OUT/NOV 1994, capa
cx46_MWSL_clipping_falecimento.pdf
“Missa de sétimo dia”. Diario Nippak, n.11390. S Paulo,
28/10/1994, capa
06.5. CATALOGAÇÃO DE DOCUMENTOS E COMPROVANTES DE
CURRÍCULO DA PASTA 15
FPA_MWSL_pasta 15.xls
07_REFERENCIAS
[Alguns textos de interesse que estavam nas caixas em meio
aos projetos e anotações de Mayumi foram digitalizados. Com
esse material tem-se uma pequena idéia do referencial teórico
da arquiteta]
07.1_TEXTOS DO ACERVO
cx01_USPSC_txt_castells_spaceandsociety.pdf
“The new historical relationship between space and society”,
in: A cross-cultural theory of urban social change
cx04_txt_joaohojkine_urbanista.pdf
LOJKINE, Jean. “Contribuição para uma teoria da urbanização
capitalista”. Cahiers Internationaux de Sociologie, vol.LII, 1972,
págs. 123-146
cx06_txt_jamespetras.pdf
PETRAS, James. As transformações mundiais: crise e desafio para a
esquerda. New York, 1992
cx07_txt_flaviovillaca_terraurbana.pdf
VILLAÇA, Flávio. A questão da terra urbana. Manuscrito.
cx10_ref_txt_philosophyofplay.pdf
SCHILLER, Friedrich. “The philosophy of play”, s/d
cx19_revistaande_txt_beisiegel_ensinocomum.pdf
BEISIEGEL, Celso de Rui. Relações entre a quantidade e a qualidade no
ensino comum, in: ANDE - revista da associação nacional de
educação, s/d
cx19_txt_caderno_FCC_eepgnegromonte.pdf
cx21_ref_txt_educpopular.pdf
“Educação popular: a questão do saber”, in: A questão política da
educação popular, s/d
cx26_txt_ref_kowarick_encontro.pdf
KOWARICK, Lúcio. Os caminhos do encontro. Caderno do CEDEC.
S Paulo, 1983
cx26_txt_ref_tragediaurbanabrasileira.pdf
Texto “A tragédia urbana brasileira”.
cx37_EMURB-bibliografia.pdf
bibliografia de referência utilizada no Cedec/Emurb
cx37_premen_encontroplanejamento_doc11.pdf
PREMEN. documento n°11 do encontro nacional de instala-
ções escolares, ca.1973
cx38_diederich_27maneirasfugirproblemaeducac.pdf
DIEDERICH, Paulo B. 27 maneiras de fugir dos problemas da educação
cx38_txt_escola_ruimcomela_piorsemela.pdf
texto “A escola: ruim com ela, pior sem ela”
folhetim_emiliaviotti.pdf
COSTA, Emilia Viotti. “Liberalismo brasileiro, uma ideologia
de tantas caras”. Folhetim, n. 423. S Paulo, 24/02/1985,
págs. 6-9
txt_caminhosalternateducpublica.pdf
“Caminhos e alternativas para a valorização da escola
pública”. S Paulo, 1991
07.2_CATALOGAÇÃO DE LIVROS DO ACERVO
MWSL_livros acervo.doc [catalogação de
todos os livros
encontrados no acervo MWSL na Fundação]
ACERVOS PESSOAIS
Incorporamos ao DVD os acervos de duas colaboradoras
de Mayumi: a pedagoga Marta Grosbaum e a arquiteta
Odete Tomchinsky. Estes acervos contém documentos
originais do período do Cedec, dentre os quais destacam-se
anotações pessoais, o jornal mural produzido por Mayumi
e Marta para os operários da fábrica, os folders das escolas
e os cadernos de números 3 e 4 do Cedec, sobre escolas e
equipamentos coletivos.
Livros Grátis
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