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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
MARGOT ERIKA CARIS
ENVOLVIMENTO DA APRESENTAÇÃO
CRUZADA NA DIFERENCIAÇÃO DE
LINFÓCITOS T CD4
+
PARA O FENÓTIPO Th1
Rio de Janeiro
2007
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MARGOT ERIKA CARIS
ENVOLVIMENTO DA APRESENTAÇÃO
CRUZADA NA DIFERENCIAÇÃO DE
LINFÓCITOS T CD4
+
PARA O FENÓTIPO Th1
Dissertação de Mestrado apresentada
ao programa de Pós-graduação do
Instituto de Biofísica Carlos Chagas
Filho, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas
(Biofísica)
Orientador: Dr. João Paulo de Biaso Viola
Rio de Janeiro
2007
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Caris, Margot Erika,
Envolvimento da Apresentação Cruzada na Diferenciação de
Linfócitos T CD4
+
para o fenótipo Th1. Margot Erika Caris. Rio
de Janeiro, 2007.
Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas - Biofísica),
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho, 2007.
Orientador: D. João Paulo de Biaso Viola
1. Apresentação Cruzada. 2. IFN-γ. 3. Diferenciação de
linfócitos T CD4
+
– Teses. I.Viola, João Paulo de Biaso.
(Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto
de Biofísica Carlos Chagas Filho. III. Envolvimento da
Apresentação Cruzada na Diferenciação de Linfócitos T CD4
+
para o fenótipo Th1.
Este trabalho foi desenvolvido na Divisão de Biologia Celular
da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer
(INCA) sob a orientação do Dr. João Paulo de Biaso Viola e
com o auxílio financeiro da Fundação Ary Frauzino
(FAF/INCA), do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Dr. João Viola, por ter acreditado em mim e pela oportunidade de
trabalhar em seu grupo. Nesses anos que tive uma amostra do que é a Ciência!
Obrigada pelo exemplo de liderança, dedicação, paciência e ética.
Aos meus pais, Marlen e Godfried, pelo amor, educação e dedicação. Obrigada mãe
pelo exemplo de determinação e coragem e pai, por ter me ensinado que
independente de quão dura a vida possa parecer, temos que aproveitá-la nos
pequenos detalhes, vivê-la de forma plena e feliz!!
Aos meus irmãos, Ricardo e Marieanne, pelo amor, carinho e brigas de sempre.
À minha querida avó Elisabeth, seu apoio, carinho, confiança, amizade e incentivo
foram essenciais!!!! Obrigada pelos conselhos, pelas longas conversas e por me
conhecer verdadeiramente.
Aos meus avós, Luis e Marion, pelo carinho e pela infância maravilhosa que vocês
proporcionaram.
Aos meus tios, pelo amor, pelo incentivo e pelos momentos inesquecíveis.
Aos meus primos pela amizade, cumplicidade e pelas bagunças. Á Elisa, pelas
longas conversas em momentos difíceis e à Marcelle, que além das conversas,
trouxe mais alegria aos meus finais de semana.
Á minha querida tia Tereza, pelas palavras de apoio, pelo carinho e por me mostrar
que os sonhos só permanecem sonhos, se não tivermos determinação e garra para
transformá-los em realidade.
Aos meus amigos de bancada que além da ajuda no dia-a-dia, fazem a vida ser mais
divertida. Bianca, pela paciência e ajuda nas longas etapas de purificação. À Giu,
pela sua determinação, pela cumplicidade e pela amizade, obrigada por me ouvir.
Bruno Robbs, por ter trazido seu bom-humor e por ter enriquecido as discussões
científicas. À Lílian e Anita, pela cumplicidade e pela amizade. À Maria Theresa e
Cristiane, pela amizade e incentivo. Ao Leo, por acreditar em mim, pela amizade e
pelas longas discussões sobre Ciência.
À todo o pessoal do laboratório: Nina, André, Bruno, Patrícia e Flávia. Obrigada pelo
carinho, pelas discussões científicas e pela convivência.
À minha amiga Bruna, por sua ajuda na bancada, pela cumplicidade no dia-a-dia e
principalmente pela amizade!!! Obrigada pelas horas de risos, de choros e pelos
momentos divertidos e inesquecíveis!!!
Aos amigos da Divisão de Medicina Experimental, especialmente Sheila, Aline, Ana
Paula, Luciana, Luiz Gustavo, João Luis e João Paulo, pelo apoio, incentivo e
amizade.
Aos meus grandes amigos “do outro lado da ponte”. Na realidade, a palavra amigo é
pouco para representar o que vocês significam para mim. Apesar dos momentos
difíceis, os bons momentos prevalecem e a distância jamais vai mudar o que sinto
por vocês.
Às amigas do sul, Tânia, Michelle e Graziela. Apesar da distância, a amizade
permanece intacta. Obrigada pelo apoio, carinho, amizade, cumplicidade e pela
saudade de sempre.
Aos meus grandes amigos Roberto, Isabella, Paulinha, Verinha e Elza. Aprendo com
vocês a cada dia. Obrigada pelos momentos especiais, pelas experiências trocadas,
pelo apoio e pelo carinho.
Ao Chris, pelo carinho, respeito, amizade e por me ajudar a encarar a vida de uma
forma tranqüila.
À todos que me ajudaram a crescer, a construir e a trilhar os caminhos da minha
vida.
RESUMO
Caris, Margot Erika. Envolvimento da Apresentação Cruzada na Diferenciação
de Linfócitos T CD4
+
para o Fenótipo Th1. Dissertação (Mestrado em Ciências
Biológicas – Biofísica)- Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
Apresentação cruzada é um mecanismo onde as células dendríticas (DCs)
podem adquirir, processar e apresentar antígenos exógenos à células T CD8
+
através do complexo de histocompatibilidade (MHC) de classe I. A diferenciação de
células T CD4
+
naives para o fenótipo Th1 é influenciado por citocinas presentes no
microambiente onde estas células reconhecem o antígeno, principalmente IL-12 e
IFN-γ. As células T CD8
+
são excelentes produtoras de IFN-γ, podendo representar
uma das fontes iniciais de IFN-γ durante a diferenciação das células T CD4
+
. No
entanto, o papel do IFN-γ produzido pelas células T CD8
+
na diferenciação das
células T CD4
+
não está completamente demonstrado e a participação do
mecanismo de apresentação cruzada em modular esta diferenciação também não
está estabelecido. Neste estudo, avaliamos a função do IFN-γ produzido por células
T CD8
+
, estimuladas por apresentação cruzada, na diferenciação de células T CD4
+
para o fenótipo Th1. Usando um modelo in vitro de co-cultura com DCs e células T
CD8
+
, demonstramos que as células T CD8
+
, e não as DCs, produzem IFN-γ quando
cultivadas com OVA. As células T CD8
+
não produziram IFN-γ quando ativadas com
DCs de camundongos β2m-/-. A adição do bloqueador de proteossomo MG132, que
bloqueia o mecanismo de apresentação cruzada na DC, inibiu a produção de IFN-γ
pela célula T CD8
+
. Juntos, estes resultados sugerem que as células T CD8
+
estão
sendo ativadas pelo mecanismo de apresentação cruzada neste modelo.
Posteriormente, avaliamos a influência das células T CD8
+
ativadas pelo mecanismo
de apresentação cruzada no processo de diferenciação das células T CD4
+
. Quando
as células T CD4
+
foram estimuladas in vitro na presença de células T CD8
+
ativadas
por apresentação cruzada, e re-estimuladas com anti-CD3, elas produziram altos
níveis de IFN-γ e baixos níveis de IL-4. Contudo, quando as células T CD4
+
foram
estimuladas com células T CD8
+
ativadas por DCs de camundongos β2m-/-, ao
serem re-estimuladas com anti-CD3, produziram baixos níveis de IFN-γ e altos níveis
de IL-4. Nossos resultados sugerem que a apresentação cruzada é capaz de induzir
as células T CD8
+
a produzir IFN-γ, que pode modular a diferenciação da célula T
CD4
+
para um fenótipo Th1, e/ou ajudar na consolidação da resposta Th1.
ABSTRACT
Caris, Margot Erika. INVOLVEMENT OF CROSS-PRESENTATION IN CD4
+
Th1
DIFFERENTIATION. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas – Biofísica)-
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2007.
Cross-presentation is a process whereby dendritic cells (DCs) can acquire,
process and present exogenous antigens to CD8
+
T cells through the major
histocompatibility complex (MHC) class I. The differentiation of naive CD4
+
T cells
into the Th1 phenotype is influenced by the cytokines present in the
microenvironment where these cells recognize the antigen, mainly influenced by IL-
12 and IFN-γ. CD8
+
T cells are excellent sources of IFN-γ, and therefore may
represent one of the initial sources of IFN-γ during CD4
+
Th1 differentiation.
However, the real function of the IFN-γ produced by CD8
+
T cells in the differentiation
of CD4
+
T cells is not completely elucidated and the role of the croos-presentation in
modulating the differentiation of CD4
+
T cells is not completely established. In this
study, we evaluated the role of the IFN-γ produced by CD8
+
T cells, stimulated by
cross-presentation, in the differentiation of CD4
+
T cells to the Th1 phenotype. Using
an in vitro co-culture system with DCs and CD8
+
T cells, we showed that CD8
+
T
cells, but not DCs, produce IFN-γ when stimulated with OVA. CD8
+
T cells were not
able to produce IFN-γ when activated in the presence of DCs from β2m-/- mice. Also,
MG132 (a proteasome inhibitor), which blocks DC cross-presentation, inhibited IFN-γ
production by CD8
+
T cells. Together, these results suggested that CD8
+
T cells were
being activated by a cross-presentation mechanism in this model. We then evaluated
the influence of CD8
+
T cells activated by cross-presentation on the process of CD4
+
T cell differentiation. When naive CD4
+
T cells were stimulated in vitro in the
presence of CD8
+
T cells activated by cross-presentation, and re-stimulated with anti-
CD3, they produced high levels of IFN-γ, and low levels of IL-4. However, when naive
CD4
+
T cells were stimulated with CD8
+
T cells activated by DCs from β2m-/- mice,
they produced low levels of IFN-γ, and high levels of IL-4. Our results suggest that
cross-presentation is able to induce CD8
+
T cells to produce IFN-γ, which can
modulate the CD4
+
Th1 differentiation and/or the consolidate the Th1 response.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Ag Antígeno
APC Célula Apresentadora de Antígenos
ATPases Enzimas de degradação da adenosina trifosfato
β2m Beta 2 microglobulina
CCR Receptor de quimiocina do tipo CC
CD Complexo de diferenciação
CD40L Ligante de CD40
CsA Ciclosporina A
CTLA-4 Antígeno 4 de linfócito T citotóxico
CXCR Receptor de quimiocina do tipo CXC
DC Célula Dendrítica
DMEM Meio de Eagle modificado por Dulbecco
EDTA Ácido etileno diamino tetracético
ELISA Ensaio de imunoadsorção enzimática
ER Retículo Endoplasmático
FACS Separação celular ativada por fluorescência
FasL Ligante de Fas
FcR Receptor de Fc
FITC Isotricianato de fluoresceína
HBSS Solução salina balanceada de HANK’s
HEPES Ácido hidroxietil piperazina etanosulfônico
HSP Proteína de choque térmico
IFN Interferon
Ii Cadeia invariante
IL Interleucina
LC Célula de langerhans
LPS Lipopolissacarídeo
MHC Complexo principal de histocompatibilidade
NK Células Natural Killer
OT Camundongo com TCR transgênico responsível a OVA
OVA Ovalbumina
PAMPs Padrões moleculares associados ao patógeno
PBS Salina tamponada por fosfato
PGE Prostaglandina E
PRRs Receptores que reconhece padrões de patógenos
RAG Gene ativador de recombinação
Sec-61 Canal de translocação proteica
SFB Soro fetal bovino
STAT Ativador de transcrição e transdutor de sinal
TAP Proteína transportadora associada com processamento de antígenos
T-bet T-box expresso em células T
TCR Receptor de células T
TGF Fator de crescimento tumoral
Th Célula T auxiliar ou “T helper”
TLR Receptor do tipo Toll
TNF Fator de necrose tumoral
Ub Ubiquitina
UBCs Ubiquitina conjugada a enzimas
UPS Sistema de proteossomo e ubiquitina
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Mecanismos de reconhecimento da imunidade inata que podem influenciar a
resposta do sistema imune adaptativo.
4
Figura 2: Vias de apresentação cruzada. 15
Figura 3: Vias envolvidas na diferenciação de linfócitos T CD4
+
para o fenótipo Th1 e Th2 20
Figura 4: Vias envolvidas na diferenciação de linfócitos T CD4
+
para o fenótipo Th1 e Th2 33
Figura 5: Caracterização da população celular CD11c
+
purificada dos baços de
camundongos C57BL/6 através de coluna magnética por seleção positiva.
35
Figura 6: Perfil de ativação das células CD11c
+
purificadas de baços de camundongos
C57BL/6.
37
Figura 7: Ensaio de curva da dose de antígeno (OVA) e do tempo de cultura. 39
Figura 8: Análise da população celular produtora de IFN-γ no modelo de apresentação
cruzada in vitro.
41
Figura 9: Estabelecimento de um modelo de apresentação cruzada in vitro. 43
Figura 10: Análise da influência do IFN-γ na diferenciação de linfócitos T CD4
+
.
45
Figura 11: Influência da apresentação cruzada na diferenciação de linfócitos T CD4
+
. 47
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1
1.1 O sistema imune 1
1.1.1 Imunidade inata 1
1.1.2 Imunidade adaptativa 3
1.2 Apresentação de antígenos 5
1.2.1 Células apresentadoras de antígenos 5
1.2.2 Células dendríticas 6
1.2.2.1 Subtipos de células dendríticas de camundongos 7
1.2.2.2 Subtipos de células dendríticas humanas 8
1.2.2.3 Processo de maturação 8
1.2.3 Mecanismo de captura de antígenos 10
1.2.4 Mecanismos de processamento de antígenos 11
1.2.4.1 Processamento e apresentação por MHC de classe II para células T CD4
+
11
1.2.4.2 Processamento e apresentação por MHC de classe I para células T CD8
+
12
1.2.4.2.1 Apresentação cruzada 13
1.2.4.2.1.1 Via Fagossomo-citosol e fusão do ER ao fagossomo 14
1.2.4.2.1.2 Via Vacuolar 16
1.3 Ativação de células T 16
1.3.1 Diferenciação Th1/Th2 17
1.3.2 Importância do microambiente na diferenciação de células T CD4
+
21
1.3.2.1 IFN-γ na diferenciação de células Th1
23
2. OBJETIVOS
25
2.1 Geral 25
2.2 Específicos 25
3. MATERIAIS E MÉTODOS
26
3.1 Animais utilizados 26
3.2 Cultura de células 26
3.3 Purificação de células T CD4 26
3.4 Purificação de células T CD8 27
3.5 Purificação de células dendríticas do baço de camundongos 28
3.6 Co-cultura de DC + células T CD8
+
29
3.7 Diferenciação in vitro de células T CD4
+
29
3.8 Marcação de células para análise por citometria de fluxo (FACs) 30
3.9 Marcação intracelular de citocinas 30
3.10 ELISA 31
3.11 Anticorpos utilizados 31
4. RESULTADOS
32
4.1 Purificação de células dendríticas do baço de camundongos C57Bl/6 32
4.2 Caracterização das células CD11c
+
purificadas do baço de camundongos C57Bl/6 34
4.3 Caracterização do perfil de ativação de DCs purificadas do baço de camundongos
C57Bl/6
36
4.4 Ensaio de curva da dose de antígeno (OVA) e do tempo para o estabelecimento de um
modelo de apresentação cruzada in vitro
38
4.5 Análise da população celular produtora de IFN-γ no modelo de apresentação cruzada
in vitro
40
4.6 Estabelecimento de um modelo de apresentação cruzada in vitro 42
4.7 Análise do papel do IFN-γ na diferenciação de células T CD4
+
44
4.8 Influência da apresentação cruzada na diferenciação de células T CD4
+
46
5. DISCUSSÃO
48
6. CONCLUSÕES
58
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
59
1
1. INTRODUÇÃO
1.1- O Sistema Imune
O sistema imunológico é composto por um conjunto de células e moléculas
responsáveis pela defesa do organismo e pela manutenção do próprio. A resposta
imunológica geralmente ocorre para proteger o indivíduo de infecções e eliminar
antígenos estranhos ao organismo. Além disso, o sistema imunológico é responsável
pela retirada de células mortas, renovação de determinadas estruturas, rejeição de
enxertos e memória imunológica (revisto por Abbas & Janeway, 2000; Beutler,
2004).
Classicamente, a resposta imune tem sido subdividida em resposta imune
inata e adaptativa (Janeway, 1989). O sistema imune inato funciona como uma
primeira linha de defesa do organismo, formado por células e moléculas que
conferem uma proteção imediata e sem desencadear memória imunológica. A
resposta imune adaptativa é mais tardia e capaz de gerar memória imunológica
(revisto por Fearon & Locksley, 1996). A ativação destas respostas envolve a
participação de diferentes tipos celulares e mecanismos efetores (revisto por Akira et
al., 2006).
A geração da resposta imunológica ocorre através da diferenciação e
proliferação de compartimentos celulares específicos e da regulação estreita de
cada um dos efeitos gerados por esses componentes. A desregulação destes
mecanismos pode levar ao aparecimento de alergias, inflamações, doenças auto-
imunes e câncer (revisto por Medzhitov & Janeway, 2000).
1.1.1- Imunidade Inata
A imunidade inata pode usar uma variedade de mecanismos efetores para
eliminar uma infecção, ou na falha deste, conter a infecção até que o patógeno
possa ser reconhecido pelo sistema imune adaptativo. Os mecanismos da
imunidade inata incluem as barreiras funcionais da superfície do corpo como a pele,
epitélio mucoso do trato respiratório, gastrointestinal e reprodutivo (revisto por
Medzhitov & Janeway, 2000).
Quando o patógeno atravessa esta barreira inicial, mecanismos de defesa
são induzidos e sua ativação requer o reconhecimento específico do microorganismo
invasor. A estratégia de reconhecimento do sistema imune inato é baseado na
detecção de produtos constitutivos e conservados do metabolismo microbiano
2
(revisto por Medzhitov, 2001), como através do reconhecimento de padrões
moleculares associados ao patógeno (PAMPs, “Pathogen-Associated Mollecular
Patterns”) (Janeway, 1989). Este reconhecimento permite ao sistema imune inato
distinguir antígenos próprios e não próprios (Medzhitov & Janeway 2002).
PAMPs representam estruturas moleculares que estão presentes ou são
produzidas por microorganismos patogênicos, como peptídeoglicanos e
lipopolissacarídeos (LPS, “Lypopolysaccharide”) (Medzhitov & Janeway, 1997). O
reconhecimento dos PAMPs não indica apenas a presença de uma infecção, como
também providencia informações sobre o tipo de patógeno invasor. Esta propriedade
ajuda o sistema imune a responder com o mecanismo efetor mais eficiente contra a
classe do patógeno (revisto por Medzhitov & Janeway, 2000).
Os receptores do sistema imune inato que reconhecem estruturas
encontradas em patógenos são chamados de receptores de reconhecimento de
padrões (PRRs, “Pattern Recognition Receptors”) (Janeway, 1989). O sistema imune
inato utiliza vários PRRs que são expressos na superfície celular, em
compartimentos intracelulares ou secretados em certos fluídos do corpo (revisto por
Medzhitov & Janeway, 2000). Funcionalmente, estes receptores podem estar
envolvidos na opsonização, na fagocitose, na indução da apoptose e na ativação do
complemento e de vias de sinalização pró-inflamatórias (Fraser et al., 1998). A
indução da via de sinalização resulta na transcrição de vários genes da resposta
imune, como peptídeos antimicrobianos e citocinas inflamatórias (revisto por
Medzhitov & Janeway, 2000). As citocinas são mediadores solúveis, e podem atuar
como mensageiros do sistema imune ajudando a regulação da resposta imune
(revisto por Delves & Roitt, 2000).
Um bom exemplo destes receptores foi a identificação e caracterização da
família de receptores do tipo Toll em mamíferos (TLR, “Toll-like Receptors”)
(Medzhitov et al., 1997; Rock et al., 1998). Os receptores TLR são expressos em
devirsas células, como por exemplo, nos macrófagos, neutrófilos, mastócitos, células
NK (“Natural Killer”), células dendríticas (DCs, “Dendritic Cells”). São considerados
os principais receptores que reconhecem os PAMPs (revisto por Pulendran &
Ahmed, 2006).
A ativação das vias de transdução por TLRs leva a indução de vários genes
que funcionam na defesa do organismo, incluindo citocinas inflamatórias,
quimiocinas, aumento da expressão do complexo principal de histocompatibilidade
(MHC, “Major Histocompatibility Complex”) e moléculas co-estimulatórias (Thoma-
3
Usynski et al., 2001). Além disso, a sinalização via TLR induz a expressão de
selectinas e quimiocinas, que regulam a migração celular aos sítios de inflamação
(Huang et al., 2001) ou estimula a maturação das DCs (revisto por Takeda et al.,
2003).
O reconhecimento por TLRs não é o único mecanismo de reconhecimento do
sistema imune inato, pois existe também mecanismos de reconhecimento de células
infectadas por vírus, células com moléculas do próprio alterados ou ausentes. O
reconhecimento do próprio pode ser percebido, por exemplo, na detecção de
mudanças em regiões de glicosilação de glicoproteínas de membrana ou na
composição de fosfolipídeos de membrana (revisto por Medzhitov & Janeway, 2000;
Hoffmann et al., 1999).
1.1.2- Imunidade Adaptativa
A influência do sistema imune inato na resposta da imunidade adaptativa foi
sugerida a partir de 1960, quando foi demonstrado que células fagocíticas
mononucleares eram necessárias para induzir uma resposta linfóide efetiva ao
antígeno (Dutton, 1967; Unane & Askonas, 1968). O sistema imune adaptativo
geralmente responde ao antígeno após ele ter sido reconhecido, processado e
apresentado pelo sistema imune inato (revisto por Beutler, 2004).
A resposta adaptativa é iniciada em áreas ricas em células T nos órgãos
linfóides secundários, onde as células apresentadoras de antígenos (APCs, “Antigen
Presenting Cells”) encontram células naives que reconhecem o antígeno que está
sendo apresentando (revisto por Kaech et al., 2002). Recentes trabalhos sugerem
que as células dendríticas (DCs, “Dendritic Cells), um dos tipos de APCs, exercem
funções críticas na detecção dos patógenos de forma direta ou indireta, e integram
as informações para regular a quantidade, qualidade e duração da resposta imune
adaptativa (Figura 1) (revisto por Janeway & Medzhitov, 2002; Banchereau et al.,
2000; Shortman & Liu, 2002).
4
Figura 1- Mecanismos de reconhecimento da imunidade inata que podem influenciar a
resposta do sistema imune adaptativo. O reconhecimento de PAMPs por seus receptores,
como os TLRs, geram sinais que ativam o sistema imune adaptativo. Os receptores
endocíticos PRRs auxiliam a fagocitose pelas APCs. Estes antígenos são internalizados,
degradados e acoplados às moléculas de MHC de classe II, que são reconhecidas pelo TCR
da célula T, ocasionando a ativação da célula T. Adaptado de Medzhitov & Janeway, 2000.
Os linfócitos T e B são as células fundamentais do sistema imune adaptativo.
Existem dois tipos de resposta imune adaptativa: a imunidade celular e humoral.
Estas respostas são mediadas por diferentes componentes do sistema imune e
funcionam para eliminar diferentes tipos de patógenos (revisto por Kaech et al.,
2002). A imunidade humoral é mediada por anticorpos, que são produzidos por
plasmócitos derivados dos linfócitos B (revisto por Clark & Kupper, 2005). A
imunidade celular é mediada por linfócitos T que lisam a célula infectada por
patógenos intracelulares, vírus ou algumas bactérias (revisto por Clark & Kupper,
2005).
O reconhecimento do antígeno pela célula T ocorre através da ligação do
receptor de célula T (TCR, “T Cell Receptor”) ao MHC da APC. O TCR é encontrado
apenas na superfície da célula T e reconhece a estrutura primária do peptídeo
antigênico apenas quando estiver presente no complexo de histocompatibilidade
(MHC) na superfície da APC (revisto por Garcia & Adams, 2005). Os mecanismos
utilizados na captura, processamento e apresentação de antígenos pelas APCs
serão discutidos mais adiante, assim como os mecanismos de estabelecimento do
contato e a regulação entre a imunidade inata e a adaptativa. O reconhecimento do
5
antígeno pela célula T na superfície da APC, não é suficiente para ativar a célula T,
ela necessita de um segundo sinal vindo da APC para ser ativada, como o sinal co-
estimulatório das moléculas CD80 e CD86 (revisto por Kapsenberg, 2003).
Após o processo de ativação, os linfócitos T iniciam a proliferação e
diferenciação. Os linfócitos T CD8
+
são, juntamente com as células NK,
responsáveis pela resposta citotóxica do organismo (revisto por Harty et al., 2000).
Já os linfócitos T CD4
+
têm a capacidade de se diferenciar em populações celulares
com habilidades funcionais distintas (revisto por Mosmann et al., 1989). Os linfócitos
T CD4
+
diferenciados produzem citocinas específicas e mutuamente exclusivas,
influenciando a ativação e diferenciação de outros tipos celulares (revisto por
Mosmann et al., 1996; Abbas et al. 1996). Os mecanismos desta diferenciação e sua
influência na resposta imune serão abordados posteriormente.
1.2- Apresentação de Antígenos
1.2.1- Células Apresentadoras de Antígenos
As APCs são uma população celular altamente especializada em capturar
antígenos, processar e apresentar os fragmentos peptídicos na superfície celular no
contexto de MHC, juntamente com outras moléculas necessárias à ativação de
linfócitos. Devido a estas características, as células dendríticas, macrófagos e
células B, são chamadas de APCs (revisto por Kondo et al, 2003).
As DCs são consideradas as mais potentes e versáteis APCs do sistema
imunológico, pois além de se localizarem nas portas de entrada dos antígenos e
serem eficientes na aquisição e processamento de antígenos, apresentam a
expressão de altos níveis de moléculas co-estimulatórias e de MHC de classe II
(revisto por Banchereau & Steinman, 1998; Trombetta & Mellman, 2005). As DCs
possuem a habilidade de transportar antígenos dos sítios de infecção aos órgão
linfóides, o que aumentanda a possibilidade de induzir a resposta imune adaptativa.
Além disso, as DCs podem produzir diferentes tipos de citocinas pode ser importante
na modulação da resposta efetora pelas células T (revisto por Banchereau &
Steinman, 1998).
6
1.2.2- Células Dendríticas
As DCs se desenvolvem na medula óssea e migram aos tecidos na forma
imatura (revisto por Clark & Kupper, 2005). Estão distribuídas na maioria dos tecidos
e órgãos, com exceção do cérebro e epitélio córneo central. São encontradas
principalmente em tecidos que fazem interface com o ambiente externo (revisto por
Rescigno et al., 1999; Banchereau et al., 2003).
A DC imatura encontrada no tecido periférico é caracterizada pela grande
capacidade em capturar antígenos através de vias endocíticas e da fagocitose
(revisto por Cella et al., 1997). O mecanismo de endocitose é possível pois a DC
imatura expressa receptores endocíticos, como os receptores de manose DEC-205
e DC-SIGN. Além disso, a DC imatura pode ser capaz de processar antígenos, mas
apresenta baixa capacidade em estimular os linfócitos, visto que não expressam as
moléculas co-estimulatórias (revisto por Clark & Kupper, 2005; Cella et al., 1997).
Após o reconhecimento e endocitose do patógeno, a DC entra em processo
de maturação e reprograma suas funções (revisto por Pulendran et al. 2001;
Steinman, 2003). Primeiramente, recruta os leucócitos ao sítio de infecção através
da produção de quimiocinas, citocinas inflamatórias e interferons. Devido as
mudanças na expressão de receptores de quimiocinas na superfície celular, as DCs
adquirem propriedades migratórias, saindo do sítio de infecção para os órgãos
linfóides secundários. Durante esta migração, completam o processo de maturação
e adquirem a habilidade de ativar os linfócitos (revisto por Banchereau & Steinman,
1998; Rescigno et al., 1999; Banchereau et al., 2000; Münz et al., 2005). Durante a
maturação, as DCs aumentam a expressão de moléculas co-estimulatórias CD80 e
CD86, que são transportadas junto com moléculas de MHC de classe II à superfície
onde permanecem associadas com microdomínios de membrana (Turley et al.,
2000).
Após o processo de maturação, as DCs são capazes de ativar as células T
naives, apresentando peptídeos associados tanto em moléculas de MHC de classe I
quanto de classe II, podendo ativar células T CD8
+
e CD4
+
, respectivamente
(Rescigno et al., 1998). Além de iniciar a imunidade inata e regular a resposta imune
adaptativa, as DCs in vivo também podem capturar antígenos normalmente
encontrados no organismo (Vermaelen et al., 2001; Huang et al., 2000). Esta
captação de proteínas no estado basal (“Steady State”), permite às DCs controlar a
tolerância ao próprio e aos constituintes ambientais normais (Hawiger et al., 2001).
7
Existe uma diversidade de classificações para as DCs baseadas, por
exemplo, na sua origem, na existência de diferentes sub-populações, nas
características imunofenotípicas e funcionais e nos diferentes estágios de maturação
(revisto por Caux et al., 1995). A questão chave é se esta heterogenidade reflete a
diferença na linhagem ou no estágio de maturação, ou ambos.
As DCs foram descritas pela primeira vez em 1973, por Ralph Steinman e
Cohn, onde foi proposto inicialmente que as DCs eram de origem mielóide
(Steinman & Cohn, 1973). Posteriormente, foi confirmado que as DCs de fato são de
origem mielóide (Inaba et al., 1993) e são produzidas continuamente por células
tronco hematopoiéticas na medula óssea (revisto por Banchereau et al., 2000).
Sugere-se que a linhagem mielóide dê origem a dois tipos de DCs, as células
de Langerhans (LC) e as DCs intersticiais. Ambos os tipos de DCs podem diferir
quanto o estágio de maturação, função e localização (revisto por Pulendran et al.,
2001). No entanto, dados posteriores indicam que as DCs também podem ser
obtidas a partir de precursores comprometidos com a linhagem linfóide (Manz et al.,
2001).
1.2.2.1- Subtipos de Células Dendríticas de Camundongos
Nos órgãos linfóides secundários de camundongos, ao menos três
subpopulações principais de DCs foram descritas: DCs CD8α
+
de origem linfóide,
CD8α
-
de origem mielóide e as células de Langerhans. Elas podem difereir quanto
aos fenótipos, a localização e a função (Tabela 1) (revisto por Pulendran et al.,
2001). Em 1996, foi proposto pela primeira vez, que as DCs CD8α
+
e CD8α
-
se
originam de progenitores linfóides e mielóides, respectivamente (Wu et al., 1996).
Em 2000, o grupo do pesquisador Weissman demonstrou que tantos os progenitores
linfóides quanto os progenitores mielóides eram capazes de gerar tanto DCs CD8α
+
quanto CD8α
-
(Traver et al., 2000). Desta forma, o termo célula dendrítica mielóide
ou linfóide, usado para diferenciar as DCs, não tem sido mais tão aceito, e sim a
diferenciação pelo marcador CD8α (Traver et al., 2000; Brasel et al., 2000).
8
Tabela 1- Subtipos de DCs nos órgãos linfóides de camundongos
Linfóide Mielóide Linhagem
CD8α
+
DC CD8α
-
DC
Cel. Langerhans
(LC)
Fenótipo
CD11c
+
MHC de classe II
+
CD8α
+
DEC205
+
CD11b
dull/-
33D1
-
CD4
-
CD86
+
CD40
+
CD11c
+
MHC de classe II
+
CD8α
-
DEC205
-
CD11b
+
33D1
+
CD4
+
CD86
+
CD40
+
CD11c
+
MHC de classe II
+
CD8α
+/-
(?)
DEC205
+
CD11b
+
33D1
-
CD4
+
CD86
+
CD40
+
Localização
Zonas de células T
de órgãos linfóides;
córtex tímico
Zona marginal do
baço (move para a
zona de células T
quando ativados com
LPS ou toxoplasma);
sub-epitelial de
placas de Peyer’s
LC imatura no
epitélio; DCs
derivadas de LCs em
zonas de células T
no linfonodo.
Função
Captura de Ag
Processamento de Ag
Secreção de IL-12
Secreção de IFN-γ
Priming célula T CD4
+
Priming célula T CD8
+
+
++
++++
++++
++++ (Th1)
+++
++
++
+/-
-
++++ (Th2)
++++
++
++
++++
?
?
++++
*Diferenças entre os subtipos de DCs de camundongos de acordo com marcadores de
superfície, localização e função (adaptado de Pulendran et al., 2001).
1.2.2.2- Subtipos de Células Dendríticas Humanas
Em seres humanos, embora o conhecimento esteja sendo gerado em estudos
in vitro, a biologia, a distribuição no tecido e a função de subtipos de DCs in vivo
estão apenas começando a ser explorados. Ao menos três subtipos de DCs
humanas são conhecidas: (1) DCs mielóides, conhecidas também como DCs
intersticiais ou da pele; (2) DCs derivadas das LCs e as (3) DCs plasmocitóides
(revisto por Pulendran et al., 2001).
1.2.2.3- Processo de Maturação
As DCs imaturas funcionam como sentinelas do sistema imune inato, pois
elas patrulham o organismo através do sangue, dos tecidos periféricos, da linfa e
dos órgãos linfóides secundários (Steinman et al., 2000). Nos tecidos periféricos, as
DCs examinam (“scanning”) antígenos próprios e não-próprios (Hawiger et al.,
2001). Os antígenos internalizados são degradados e acoplados ao complexo MHC
de classe II (revisto por Kapsenberg, 2003). Os mecanismos de captura,
9
processamento e carreamento do antígeno à superfície é chamado de apresentação
de antígeno e será detalhado mais adiante.
As DCs imaturas podem ser atraídas aos sítios de infecção ou inflamação por
diferentes quimiocinas que são reconhecidas por receptores de quimiocinas, como
CCR1, CCR2, CCR5, CCR6 e CXCR1. Estes receptores geralmente são expressos
na superfície das DCs imaturas (revisto por Sallusto & Lanzavecchia, 2000). Após a
endocitose do antígeno, a DC começa a liberar quimiocinas, citocinas e IFN-α/β, que
são importantes para o recrutamento e amplificação da resposta imune inata.
Quando as DCs imaturas internalizam um antígeno na ausência de estímulos
inflamatórios ou de maturação, são ineficientes na apresentação do antígeno (revisto
por Matzinger, 1998).
Durante o reconhecmineto do antígeno, alguns fatores podem contribuir para
o processo de maturação, como citocinas, proteínas de choque térmico (HSP, “Heat
Shock Proteins”), eicosanóides, componentes da matriz extracelular de bactérias,
produtos virais, assim como outras moléculas próprias. Estes fatores são
reconhecidos através de interações com receptores específicos na superfície das
DCs, como os receptores TLRs, de citocinas, da família das moléculas TNF, FcR e
de morte celular (revisto por Guermonprez et al., 2002). Os linfócitos T, através de
vias dependentes ou independentes de CD40, e as células endoteliais, podem
contribuir para o estágio final da maturação das DCs através de um contato direto
célula-célula ou através da secreção de citocinas (revisto por Bell et al., 1999).
Após a DC iniciar o processo de maturação, sua capacidade endocítica
diminui, mas ocorre o aumento da expressão e estabilidade dos complexos de MHC
de classe I e II na superfície (revisto por Thery & Amigorena, 2001), o aumento da
expressão de moléculas co-estimulatórias, como CD40, CD54, CD80 e CD86, e a
secreção de citocinas pró-inflamatórias como IL-1, IL-6, IL-12, IL-18 e IL-23 (revisto
por Liu, 2001). Além disso, ocorrem mudanças na expressão dos receptores de
quimiocinas, como CCR6 e CCR7, de moléculas de adesão, assim como profundas
mudanças na morfologia da DC. Todas essas mudanças contribuem para a
migração das DCs através da linfa para os órgãos linfóides (revisto por Banchereau
et al., 2000).
10
1.2.3- Mecanismos de Captura de Antígenos
As DCs imaturas são eficientes em capturar antígenos e podem usar diversas
vias endocíticas, como a macropinocitose, a pinocitose e a fagocitose. O processo
de endocitose pode ser mediado por receptores via receptores de lectina tipo C,
como os receptores de manose e DEC-205 (Jiang et al., 1995; Sallusto et al., 1995)
ou os receptores Fcγ tipo I e II (Fanger et al., 1996).
Antígenos solúveis são eficientemente internalizados pelo processo de
macropinocitose (revisto por Banchereau & Steinman, 1998). O impacto da
macropinocitose in vivo ainda não está claro, mas pode certamente aplicar-se em
condições onde os antígenos estão disponíveis na forma solúvel, como após
injeções de antígeno. De fato, as DCs são o principal tipo de célula capaz de
reconhecer e carregar antígenos solúveis aos linfonodos após injeções intravenosas,
intraperitoniais ou intradérmicas (revisto por Trombetta & Mellman, 2005).
O processo de endocitose mediada por receptores pode ser vantajoso para o
sistema imune de duas formas. Primeiramente, de forma quantitativa, pois a
captação do antígeno se torna mais rápida e eficiente, sem contar que o antígeno
mesmo estando em concentrações muito mais baixas ainda pode ser apresentado
pelas APCs (revisto por Lanzavecchia, 1990). Em segundo, quanto aos aspectos
qualitativos da endocitose mediada por receptores, visto que este mecanismo pode
contribuir para uma diversidade funcional entre diferentes APCs pela expressão
seletiva dos receptores ou por conseqüências funcionais diferentes em torno do
acoplamento do ligante (revisto por Trombetta & Mellman, 2005).
A fagocitose é o processo de endocitose in vivo mais comum. Receptores
endocíticos reconhecem os ligantes na superfície dos patógenos. A ligação das
partículas ao receptor é o primeiro passo para a fagocitose (revisto por Trombetta &
Mellman, 2005). Após o reconhecimento do patógeno, ocorre um prolongamento da
membrana plasmática em torno das partículas, a formação do pseudópodo, que se
estende até que se ligue ao outro pseudópodo e ocorra a fusão, formando o
fagossomo (revisto por Desjardins, 2003). Algumas organelas, incluindo
endossomos tardios, endossomos recirculantes e lisossomos podem se fusionar
com a membrana plasmática durante a fagocitose, auxiliando na formação do
fagolisossomo (revisto por Desjardins, 2003).
Várias proteínas identificadas nos fagossomos podem estar envolvidas na
morte e degradação dos patógenos, dentre elas, hidrolases, proteínas da maquinaria
de fusão da membrana, subunidades de ATPases e muitas outras (revisto por
11
Desjardins, 2003; Garin et al., 2001). A degradação do patógeno em fagolisossomos
fornece um sistema ideal de processamento de antígeno exógeno e geração de
peptídeos para a apresentação em moléculas de MHC (revisto por Watts, 1997).
1.2.4- Mecanismos de Processamento e Apresentação de Antígenos
Atualmente, existem três tipos conhecidos de moléculas apresentadoras de
antígenos que controlam o reconhecimento antigênico pelas células T: MHC de
classe I, MHC de classe II e a família de CD1 (revisto por Germain & Jenkins, 2004).
Cada uma destas famílias está envolvida na ativação de populações distintas de
linfócitos T, as quais apresentam propriedades fenotípicas e funcionais diferentes
(Porcelli & Hämmerling, 2006). As duas moléculas de MHC, classe I e II, apresentam
diferenças quanto a sua distribuição e função. Enquanto as moléculas de MHC de
classe I são expressas na maioria das células nucleadas, a expressão do MHC de
classe II é restrito às APCs, incluindo macrófagos, DCs e linfócitos B. A degradação
do antígeno é essencial para a apresentação tanto no MHC de classe I quanto no
MHC de classe II (revisto por Rock et al., 2002). Contudo, o processo e os
mecanismos envolvidos nessas duas vias são fundamentalmente diferentes, e o
resultado da apresentação do MHC de classe I e classe II diferem, resultando na
ativação de linfócitos T CD8
+
e CD4
+
, respectivamente (revisto por Rock et al.,
2002).
1.2.4.1- Processamento e apresentação por MHC de classe II para células T CD4
+
Peptídeos exógenos, como proteínas, microorganismos e material apoptótico,
podem ser capturados e processados por proteases no compartimento endocítico
das APCs para serem acoplados ao complexo MHC de classe II e ativar células T
CD4
+
(Endres & Grey, 1980; Chapman, 1998). DCs imaturas são eficientes em
capturar antígenos solúveis e particulados e acoplar ao complexo MHC de classe II
(Inaba et al, 1998).
Inicialmente, após a síntese no ER, três dímeros do MHC de classe IIαβ são
associados ao trímero da cadeia invariante (Ii) (revisto por Watts, 2004). Este
nonâmero sai do ER e passa através do complexo de Golgi antes de ser
transportado para a via endocítica, sob a influência de sinais transportadores
presentes na região citoplasmática da cadeia Ii (Lotteau et al., 1990). Ii atua como
uma chaperona para MHC de classe II, ocupando o sítio de ligação do peptídeo
(revisto por Honey & Rudensky, 2003). Uma vez na via endocítica, a exposição a
12
proteases lisossomais, combinado com a diminuição do pH, resulta na clivagem do
canal invariante (revisto por Cresswell, 2005). Quando o sítio de ligação do peptídeo
no MHC de classe II está aberto, peptídeos exógenos derivados de material
endocitado se ligam, e passam a ser protegidos de uma degradação subseqüente
(revisto por Guermonprez et al., 2002). Posteriormente, são transportados à
membrana plasmática para apresentação do antígeno à células T CD4
+
(revisto por
Pieters, 1997).
Uma vez na superfície, MHC de classe II pode ser rapidamente internalizado,
podendo se associar a novos peptídeos nos endossomos recirculantes antes de
retornar a superfície, ou pode ser direcionado aos lisossomos onde pode ser
degradado. Esta via resulta numa apresentação curta MHC/peptídeo na superfície
de células dendríticas imaturas. Sinais de maturação induzem uma modificação
coordenada na formação do complexo MHC/peptídeo e no transporte (revisto por
Rescigno et al., 1999). A atividade endocítica diminui e o transporte de moléculas de
MHC de classe II internalizado para degradação no lisossomo reduz muito,
resultando na estabilização do complexo MHC de classe II/peptídeo na superfície.
Mais tarde, a síntese de MHC de classe II é diminuída e a associação de peptídeos
em moléculas MHC recém sintetizadas se torna pouco eficiente. Contudo, DCs
maduras podem formar novos complexos MHC/peptídeo, usando moléculas MHC
recirculantes da superfície celular (Askew et al., 2000).
1.2.4.2- Processamento e apresentação por MHC de classe I para células T CD8
+
Os receptores de células T CD8
+
reconhecem peptídeos endógenos que são
expostos através de moléculas de MHC de classe I na superfície das células (revisto
por Stager & Kaye, 2004). Os peptídeos endógenos que são acoplados ao MHC de
classe I podem representar a composição proteica intracelular, o que permite o
monitoramento do estado da célula por células T citotóxicas, ou apresentar
peptídeos de parasitas intracelulares, vírus e tumores (revisto por Guermonprez et
al., 2002).
As moléculas de MHC de classe I recém formadas no ER, estão ligadas a β2
microglobulina e podem se associar a três proteínas, a calnexina, calreticulina ou a
ERp57, o que confere estabilidade ao complexo em ausência de peptídeo de alta
afinidade. Este complexo estável se liga à outra proteína, a tapsina, com o objetivo
de se associar a transportadores peptídicos especializados (TAP) (Yang & Braciale,
1995). A proteína TAP é responsável pelo transporte, e provavelmente pela
13
colocação de peptídeos citosólicos gerados pela atividade dos proteossomos nas
moléculas MHC de classe I recém formadas (Reits et al., 2003). O sistema de
proteossomo e ubiquitina (UPS) é uma peça chave na cascata de eventos
proteolíticos, pois supre o sistema imune celular com peptídeos na quantidade e
qualidade apropriada (revisto por Strehl et al., 2005). O complexo proteossomo 26S
é responsável pela degradação seletiva de substratos protéicos poliubiquitinados
(revisto por Voges et al., 1999). Apenas os peptídeos que chegam ao ER podem ser
associados à molécula MHC de classe I.
Uma vez associado ao peptídeo, as moléculas de MHC de classe I são
rapidamente transferidas através do Complexo de Golgi para a membrana
plasmática. Foi demonstrado que a síntese e a duração de moléculas de MHC de
classe I aumenta após a indução da maturação da DC, porém, não tão intenso
quanto o MHC de classe II (revisto por Guermonprez et al., 2002). Ao contrário do
MHC de classe II, o MHC de classe I é eficientemente sintetizado e transportado à
superfície celular em DCs imaturas (Cella et al., 1999).
1.2.4.2.1- Apresentação cruzada
A apresentação cruzada foi descrita em 1976 por Bevan (Bevan, 1976). É um
processo onde antígenos exógenos, que são classicamente apresentados em
associação à molécula de MHC de classe II, passam a ser apresentados por
moléculas de MHC de classe I, ativando as células T CD8
+
. A apresentação cruzada
pode ocorrer em algumas circunstâncias, como em transplantes, infecções virais,
doenças autoimunes e câncer (revisto por Heath & Carbone, 2001).
As proteínas solúveis internalizadas através de todos os métodos de
endocitose, incluindo a macropinocitose, endocitose mediada por receptores e
fagocitose, podem ser apresentados via MHC de classe I pela apresentação cruzada
(Fonteneau et al., 2003; revisto por Steinman et al., 1999). Os mecanismos pelo qual
os antígenos exógenos são processados e apresentados ainda permanece
controverso, mas algumas hipóteses tem sido propostas.
1.2.4.2.1.1- Via Fagossomo-citosol e fusão do Retículo Endoplasmático ao
fagossomo
Uma das principais vias de apresentação cruzada foi demonstrada quando
proteínas exógenas escapavam dos fagossomos para o citoplasma, o que permitiu
sugerir que os antígenos exógenos poderiam entrar na via utilizada para processar
14
antígenos endógenos (Kovacsovics-Bankowski & Rock, 1995; Rodriguez et al.,
1999). Ao chegar no citoplasma, o antígeno é degradado por proteossomos e resulta
em peptídeos que serão transportados por TAP para as moléculas recém
sintetizadas do complexo MHC de classe I. Portanto, esta via é dependente de TAP
e proteossomos (Kovacsovics-Bankowski & Rock, 1995). O mecanismo pelo qual os
antígenos são transportados do fagossomo para o citoplasma ainda não está claro.
Com a identificação das proteínas ER contidas nos fagossomos, como MHC
de classe I, TAP, tapsinas, chaperonas e Sec-61, foi observado a presença de
proteínas características de ER, sugerindo-se então a participação do ER no
processo de endocitose (Gagnon et al., 2002). Análises posteriores revelaram que
os fagossomos podem se fusionar ao ER durante ou logo após o englobamento do
patógeno na superfície celular. Esta foi uma importante descoberta, visto que canais
de translocação proteica (Sec61) são encontrados na membrana do ER. Sec61 tanto
pode importar proteínas recém sintetizadas para o ER quanto pode exportar
proteínas, possibilitando a degradação proteica pelo proteossomo (Roy, 2003). Isto
sugere que o complexo Sec61 pode estar presente nos fagossomos após a fusão
com o ER. Se verdadeiro, este complexo pode ser o elo de ligação na via de
apresentação cruzada, o transportador responsável por exportar proteínas exógenas
do fagossomo para o citoplasma (Figura 2) (Roy, 2003; revisto por Shen & Rock,
2005).
No citoplasma, estes peptídeos podem ser degradados por proteossomos em
peptídeos antigênicos que retornam ao fagossomo transportados por TAP e se ligam
ao MHC de classe I. Corroborando com esta hipótese, foi demonstrado que tanto
TAP quanto o MHC de classe I permanecem ativos na membrana celular do
fagossomo (Roy, 2003). Contudo, este mecanismo ainda não foi demonstrado in
vivo (Guermonprez et al., 2003). Além disso, a importância de TAP no mecanismo
de apresentação cruzada é observada quando DCs incubadas com um
recombinante solúvel, US6, um inibidor de TAP, não são capazes de realizar a
apresentação cruzada (Ackerman et al., 2003). Antígenos protéicos solúveis, quando
injetados, geralmente não são apresentados às células T CD8
+
por apresentação
cruzada e in vitro somente ocorre a apresentação cruzada quando os antígenos
solúveis estão presentes em altas concentrações. Portanto, a participação de TAP
no mecanismo de apresentação cruzada in vivo precisa ser melhor elucidada.
15
Figura 2- Vias de apresentação cruzada. I) Via fagossomo-citosol. Antígenos exógenos são
endocitados, o fagossomo se fusiona com o ER adquirindo a maquinaria de apresentação
de antígeno presente no ER (TAP, tapsina e moléculas de MHC de classe I) e Sec61.
Alguns antígenos vão para o citoplasma, onde sofrem retro-translocação através do Sec61 e
ubiquitinação (Ub). Posteriormente, são clivados por proteossomos que se associam com a
membrana do fagossomo e são transferidos de volta ao fagossomo por TAP. II) Via
Vacuolar. Os antígenos internalizados podem ser clivados em peptídeos por proteases no
fagossomo, onde a Tapsina pode ajudar na colocação dos peptídeos nas moléculas MHC
de classe I, que posteriormente são levados à superfície da célula. Adaptado de Rock, 2003.
16
Novos estudos suportam fortemente um modelo de apresentação cruzada
onde a união entre o fagossomo e o ER ocorre (Gagnon et al., 2002; revisto por
Zinkernagel, 2002;). Contudo, eles não demonstram se a fusão é necessária (Touret
et al., 2005). Portanto, não é possível afirmar se a união de componentes do ER no
retículo é um artefato ou se os fagossomos adquirem moléculas do ER por outro
mecanismo.
1.2.4.2.1.2- Via vacuolar
Foi demonstrado que alguns antígenos podem ser apresentados através da
apresentação cruzada por um mecanismo distinto (revisto por Rock & Shen, 2005).
Esta via não requer TAP, é insensível a inibidores de proteossomo e difere
claramente da via do fagossomo para o citosol. Rock e colaboradores demonstraram
em 2004 que nesta via de apresentação cruzada, os peptídeos foram gerados pela
cisteina protease catepsina S. A catepsina S foi necessária in vivo para a
apresentação cruzada independente de TAP, tanto para apresentar OVA por células
transfectadas quanto para apresentar dois antígenos diferentes do vírus influenza
(Shen et al., 2004). Ainda não está claro se outras proteases presentes no vacúolo
podem contribuir para esta via de apresentação.
Ainda é necessário determinar se as moléculas de MHC de classe I são
formadas no fagossomo. MHC de classe I pode ser selecionada para os
compartimentos vacuolares através de um sinal base de tirosina no seu domínio
citoplasmático (revisto por Shen & Rock, 2006). Alternativamente, MHC de classe I e
os complexos para ligar o peptídeo, como a tapsina, podem chegar ao fagossomo
através da fusão do ER (Guermonprez et al., 2003; Houde et al., 2003).
1.3.- Ativação de Células T
Um dos processos centrais que induzem e regulam a ativação e resposta da
imunidade adaptativa envolve o estabelecimento de contato célula-célula das células
T e B com as APCs (revisto por Dustin & Cooper 2000). A interação APC-linfócito
leva a sinais de transdução e a respostas de ativação que determinam a expressão
de moléculas co-estimulatórias, expansão clonal, diferenciação e aquisição da
função efetora das células T (revisto por Lanzavecchia & Sallusto, 2001). A região
onde a membrana de ambas as células interagem é conhecida como sinapse
imunológica. As interações celulares na sinapse imunológica são curtas, o tipo e a
17
quantidade de informação trocada entre a APC e o linfócito é determinado pela
duração da interação, o tipo de receptores e moléculas de sinalização envolvidas e
recrutadas, e os sinais que são transmitidos (revisto por Friedl et al., 2005).
Uma vez ativadas, as células T naives expressam uma variedade de
proteínas que contribuem para a sustentação ou modificação dos sinais co-
estimulatórios que dirigem a expansão clonal e a diferenciação das células, como o
ligante CD40, assim chamado por se ligar à molécula CD40 nas APCs. A ligação de
CD40 ao seu receptor ativa as células T e também as APCs que passam a
expressar as moléculas B7, estimulando a proliferação de células T (revisto por
Pulendran & Ahmed, 2006).
A expansão clonal antígeno-específica de células T naives requer além do
sinal do TCR e dos co-receptores CD4 e CD8, que se unem aos complexos MHC-
peptídeo, um segundo sinal co-estimulatório que é emitido pela mesma APC sobre a
célula T. As moléculas co-estimulatórias mais bem caracterizadas nas APCs são as
glicoproteínas B7.1 (CD80) e B7.2 (CD86) ou LICOS, que se ligam aos receptores, o
CD28 ou ICOS, das células T, respectivamente. A diferenciação dos linfócitos T
depende de IL-2, que induz a proliferação e a expansão clonal. Os linfócitos T CD8
+
são então capazes de induzir a lise de células infectadas através de dois
mecanismos distintos: exocitose de grânulos dependente de uma molécula
formadora de poros em membranas, a perforina; e expressão de FasL (CD95L) que
pode iniciar a morte celular programada por agregação ao receptor Fas (CD95)
expresso na superfície das células alvo (revisto por Harty et al., 2000). Além disso,
estas células são excelente produtoras de IFN-γ, um inibidor da replicação viral e
importante indutor da expressão de MHC de classe I e da ativação de macrófagos.
As células T CD8
+
são importantes na indução da morte de células infectadas por
vírus, na produção de citocinas que ajudam a manutenção da resposta de células T
CD4
+
, na citotoxidade e memória (revisto por Stager & Kaye, 2004).
1.3.1- Diferenciação Th1/Th2
Os linfócitos T CD4
+
têm como principal função a produção e secreção de
citocinas. Originalmente foram descritos dois tipos de células T CD4
+
murinas (Th)
ativadas após infecção por Leishmania major, capazes de secretar padrões distintos
de citocinas, que foram chamados de Th1 e Th2 (revisto por Mosman & Coffman,
1989). A diferença funcional destes subtipos é caracterizada pela diferença na
atividade das citocinas que eles secretam. Células do tipo Th1 caracterizam-se pela
18
secreção de IFN-γ, IL-2, e TNF-β, auxiliando na resposta imune celular contra
patógenos intracelulares, enquanto células do tipo Th2 produzem IL-4, IL-5 e IL-13,
participando na resposta imune contra patógenos extracelulares e auxiliando na
diferenciação e produção de anticorpos por células B (revisto por Seder & Paul,
1994; O’Garra, 1998).
Alguns marcadores de superfície têm sido descritos para diferenciar essas
duas subpopulações, incluindo receptores de quimiocinas como CCR3, CCR4 e
CCR8 presentes em células Th2 e CCR5 e CXCR3 e receptor de IL-12, IL-12Rβ2,
expressos em células Th1 (revisto por Sallusto et al. 1998). Recentemente, alguns
marcadores de superfície como CD94/NKG2 e Tim-3 expressos em células Th1; e
T1/ST2 expresso em células Th2, também foram identificados como possíveis
marcadores da diferenciação de células T CD4
+
(Meyers et al., 2002; Monney et al.,
2002; Lohning et al., 1998). Porém, a produção de citocinas ainda é o principal fator
que diferencia e caracteriza essas duas subpopulações.
Após encontrarem o antígeno, as células T CD4
+
são ativadas através da
sinalização via TCR, e as citocinas presentes no microambiente ativam fatores de
transcrição específicos para Th1 ou Th2, remodelando a cromatina e permitindo a
abertura dos loci de citocinas específicas Th1 ou Th2 (Agarwal et al., 1999). Porém,
este programa de diferenciação é regulado e influenciado por vários fatores, como o
tipo de APC, a concentração de antígeno, de moléculas co-estimulatórias e
principalmente pelas citocinas presentes no microambiente (revisto por Abbas et al.,
1996; O’Garra, 1998).
Inicialmente, as células CD4
+
naive, ao serem estimuladas, diferenciam-se
para um fenótipo Th0, produzindo tanto IL-4 quanto IFN-γ. Nesse estágio, as células
CD4
+
Th0 podem ser influenciadas pela presença de determinadas citocinas a se
tornarem células comprometidas com um fenótipo Th1 ou Th2. As citocinas IL-12 e
IL-4 foram inicialmente caracterizadas como as citocinas dominantes que
influenciavam a diferenciação Th1 e Th2, respectivamente. A IL-4 permanece a
citocina dominante na diferenciação para Th2, mas as citocinas envolvidas na
indução e regulação da resposta Th1, incluem IFN-γ, IL-12 e IL-18 (revisto por Szabo
et al., 2003).
As células CD4
+
diferenciadas para Th1 e Th2 exibem fatores de transcrição
específicos e mutuamente exclusivos de seu fenótipo. Os fatores de transcrição
STAT4 e STAT1 estão envolvidos na diferenciação Th1 e na regulação IFN-γ (Figura
19
3). As proteínas STAT são expressas tanto nos subtipos Th1 quanto Th2 e podem
não ter uma função única em direcionar a regulação da transcrição do gene de IFN-γ
(Neurath et al., 2002). Certamente, a produção de IFN-γ é diminuída em células T
deficientes para STAT-4 e STAT-1 (Carter & Murphy, 1999; Durbin et al., 1996). Isto
sugere a existência de uma via regulatória alternativa no controle da expressão do
gene de IFN-γ.
Explicações adicionais para elucidar o comprometimento da linhagem Th1 e
expressão do IFN-γ têm sido fornecidas recentemente pela clonagem de um fator de
transcrição da família T-box, chamado T-bet (Szabo et al., 2000). T-bet é expresso
em células Th1, produtoras de IFN-γ, mas não nas células Th2 e a transcrição de T-
bet é aumentada 72 horas após estimulação das células T CD4 em condições Th1
(Szabo et al., 2000). O papel funcional de T-bet na regulação da produção de IFN-γ
é sustentado por estudos recentes que mostram uma profunda supressão da
produção de IFN-γ em células T CD4
+
e não em células T CD8
+
de camundongos
deficientes para T-bet (Szabo et al., 2002). As citocinas presentes no microambiente
também podem influenciar a diferenciação, a IL-12 promove a ativação de STAT4
que leva a produção de IFN-γ e polariza a diferenciação para um fenótipo Th1.
Em contrapartida, GATA-3 promove a expressão de várias citocinas Th2,
incluindo IL-4, IL-5 e IL-13 (Neurath et al., 2002), e é capaz de transativar o promotor
de IL-4 em células T (Lee et al., 2001). GATA-3 pode exercer uma auto-ativação
independente de STAT-6, criando uma alça regulatória e estabelecendo o
comprometimento Th2 (Ouyang et al., 2000). Contudo, os mecanismos moleculares
de regulação da diferenciação Th1/Th2 por fatores de transcrição ainda não estão
completamente elucidados.
20
Figura 3- Vias envolvidas na diferenciação de linfócitos T CD4
+
para o fenótipo Th1 e Th2. A
diferenciação tem início com a estimulação via TCR e moléculas co-estimulatórias que
resulta na ativação de fatores de transcrição, como o NFAT, induzindo a transcrição e
produção de citocinas, como IFN-γ ou IL-4. As citocinas presentes no microambiente
influenciam a aquisição e comprometimento da diferenciação. IFN-γ produzido por células
do sistema imune inato ou células T CD4, induz a ativação de STAT1 e consequentemente
T-bet. T-bet induz o remodelamento de cromatina do locus de IFN-γ e a transativação do
gene de IFN-γ, assim como a expressão do receptor IL-12R e inibição da produção de
citocinas Th2. IL-12 induz a diferenciação Th1 ativando STAT4 e consequentemente a
indução da produção de IFN-γ e estabilização do comprometimento Th1. A IL-4 induz a
produção de citocinas Th2 através da ativação de STAT6 seguida pela ativação do fator de
transcrição GATA3, que regula a produção de IL-4 e inibe a produção de
IFN-γ e IL-12R.
21
1.3.2- Importância do Microambiente na Diferenciação de Células T CD4
+
Alguns pontos afetam a polarização da célula T, dentre eles, o patógeno, os
receptores que reconhecem o patógeno na DC, subtipos de DCs e o microambiente
da sinalização (revisto por Shortman & Liu, 2002; Pulendran, 2005).
A ligação TCR-MHC entre as células T e DCs, e as moléculas co-
estimulatórias como CD80 e CD86 na DC com seu receptor CD28 na célula T,
induzem a célula T a expressar CD40L. Este, se liga ao receptor CD40 na DC
estimulando-a produzir citocinas, como IL-12 e IL-18 que influenciam a diferenciação
da célula T (revisto por Pulendran & Ahmed, 2006). A produção de IL-12 pode ser
modulada por citocinas e mediadores presentes durante a maturação da DC
(Kalinski et al., 1999).
Células Th1 e Th2 se desenvolvem em resposta a sinais vindos do sistema
imune inato (revisto por Romanagni, 1992). A IL-12 induz a diferenciação de células
T CD4
+
para o fenótipo Th1, caracterizado pelo aumento da produção de IFN-γ e
redução da produção de IL-4 (revisto por Trinchieri, 1995). IFN-γ e IL-12 fazem uma
alça reguladora positiva que amplifica os níveis de IFN-γ e IL-12, aumentam a
proliferação e ativação de células Th1 (revisto por Pulendran & Ahmed, 2006). As
citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α ou IL-6, também podem atuar aumentando
a expressão de moléculas co-estimulatórias na DC (Le Bon & Tough, 2002).
Além das citocinas, vários estudos sugerem que diferenças nas DCs
modulam a resposta da célula T CD4
+
(Maldonado-Lopez, 1999; Rissoan et al.,
1999). No baço, DCs CD8α
-
são encontradas na zona marginal, ao passo que DCs
CD8α
+
são encontradas em maior número nas áreas de células T (Leenen et al.,
1998). Ambos os subtipos contém DCs maduras e imaturas que podem ser
induzidas a entrar no processo de maturação após ativação (Pullendran et al., 2001).
Ainda, DCs CD8α
-
demonstram ter maior capacidade endocítica e fagocítica que
DCs CD8α
+
(Leenen et al., 1998).
Durante a resposta de células T in vivo, DCs CD8α
-
parecem induzir a
diferenciação para a expressão do fenótipo Th2, enquanto DCs CD8α
+
, parecem
induzir Th1 através de sua capacidade de produzir altos níveis de IL-12 (Maldonado-
Lopez et al., 2001). Contudo, estudos in vitro indicam que esta divisão funcional
pode ser alterada por fatores que modulam a função das DCs, em particular a
habilidade de produzir IL-12. Estes fatores incluem o estado de ativação da DC, a
natureza do antígeno, a concentração do antígeno, o tipo de receptor responsável
22
pela identificação do antígeno e as citocinas (Boonstra et al., 2003; Manickasingham
et al., 2003).
As DCs CD8α
+
têm funções especializadas que justificam seu alto potencial
em estimular células T, que são ausentes nas DC CD8α
-
. Dentre eles, a capacidade
de produzir IFN-γ e IL-12 (Ohteki et al., 1999) e a capacidade de realizar
apresentação cruzada (den Haan et al., 2000). No entanto, as diferenças entre estas
duas populações ainda precisa ser melhor elucidada.
As DCs maduras não só têm a capacidade de estimular as células T naives,
como induzir diferentes tipos de respostas da célula T, dependendo do tipo de sinal
de maturação (revisto por Liu, 2001). Existem dois grupos de sinais que estimulam a
DC imatura a induzir a diferenciação Th1 versus Th2 (Kalinski et al., 1999).
Moléculas vindas de patógenos, como LPS, CpG DNA e RNA viral de dupla fita,
assim como sinais da célula T como CD40L e IFN-γ, todos estimulam a DC imatura a
produzir IL-12 e induzem a diferenciação para Th1. Em contraste, moléculas anti-
inflamatórias como IL-10, TGF-β, PGE-2 e corticosteróides, inibem a maturação da
DC e produção de IL-12, induzindo a diferenciação Th2 ou a resposta T regulatória
(revisto por Liu, 2001).
Existem evidências que sugerem que a duração do estímulo pelo TCR junto
com a polarização de citocinas pode determinar a progressiva diferenciação das
células T CD4
+
, levando a geração de células efetoras (revisto por Lanzavecchia &
Sallusto, 2000). Células que recebem um curto estímulo do TCR em ausência de IL-
12 proliferam, mas não se diferenciam em células efetoras (revisto por Lanzavecchia
& Sallusto, 2001). Em contraste, células T que recebem um estímulo prolongado do
TCR em presença de IL-12 ou IL-4 se diferenciam em células Th1 ou células Th2,
respectivamente (revisto por Lanzavecchia & Sallusto, 2001). As citocinas que
participam da diferenciação são conhecidas (revisto por Mosmann & Coffman,
1989), mas as células responsáveis pela sua produção in vivo ainda não estão bem
estabelecidos.
1.3.2.1- IFN-γ na Diferenciação de Células Th1
O IFN-γ é um importante ativador das funções antimicrobianas dos fagócitos e
exerce papel essencial na resistência a infecções bacterianas, fungos e parasitas
intracelulares. Além disso, o IFN-γ é uma citocina fundamental na regulação
funcional de células do sistema imune inato e adaptativo. O IFN-γ pode aumentar o
23
processamento de antígenos, vias de apresentação, a atividade de células NK e
induzir a maturação e diferenciação de muitos tipos celulares (revisto por Schroder
et al., 2004). É produzido majoritariamente por células NK e após ativação, por
células T CD8
+
e NKT (Lertmemongkolchai et al., 2001). Macrófagos, DCs e células
B também podem produzir IFN-γ, contudo a real contribuição desta produção ainda
não foi determinada (Ohteki et al., 1999).
O IFN-γ aumenta a capacidade de apresentação de antígenos, pois aumenta
a expressão de moléculas de MHC de classe I e II e várias enzimas intracelulares
importantes para o processamento de antígenos (revisto por Farrar & Schreiber,
1993). Nas DCs, o IFN-γ estimula uma rápida regulação positiva de
imunoproteossomos durante a fase inicial da infecção, aumentando o
processamento de antígenos (revisto por Strehl et al., 2005). Além disso, o IFN-γ
induz a APC a produzir IL-12, que também é importante no comprometimento Th1
(Seder et al., 1993).
Estudos mostram que o IFN-γ influencia o desenvolvimento de células
efetoras do tipo Th1, aumentando a responsividade de células T CD4
+
naives à IL-12
(Wenner et al., 1996). Além disso, o IFN-γ é responsável pela indução e manutenção
da expressão da cadeia β do receptor IL-12R (IL-12Rβ2) nas células T CD4
+
,
indicando um importante papel do IFN-γ nos efeitos da diferenciação Th1 mediada
por IL-12 (Afkarian et al., 2002). Outros estudos sugerem que o IFN-γ pode atuar na
própria célula T CD4
+
que o produz, estimulando a diferenciação Th1 ou sendo
parciamente responsável pelo efeitos da IL-12 nessas células (Bradley et al., 1996).
IL-12 e IL-18 induzem a produção de IFN-γ por macrófagos e DCs, porém, na
DC apenas a IL-12 já é capaz de estimular a produção de IFN-γ (Munder et al., 1998;
Fukao et al., 2000). Foi proposto também que o IFN-γ estimula a produção de IL-12
em macrófagos, atuando em uma regulação positiva entre essas células e as células
efetoras Th1 (Bradley et al., 1996).
O IFN-γ é a citocina característica do fenótipo Th1, e além disso, é importante
para o estabelecimento do fenótipo Th1 (Wenner et al., 1996). No entanto, alguns
trabalhos sugerem que a ausência de IL-4 é suficiente para o desenvolvimento de
um fenótipo Th1 (Tanaka et al., 1993). Portanto, a precisa contribuição do IFN-γ no
desenvolvimento do fenótipo Th1 ainda requer estudos mais detalhados.
24
A identificação biológica dos efeitos biológicos do IFN-γ in vivo se torna
complexa, uma vez que esta citocina influencia diferentes tipos celulares. A
determinação dos tipos celulares envolvidos e os efeitos biológicos induzidos pelo
IFN-γ precisam ser melhor estabelecidos. Alguns trabalhos caracterizam as células
NK e células T CD8
+
como boas produtoras de IFN-γ in vivo (Das et al., 2001).
Trabalhos mais recentes sugerem que células T CD8
+
e não CD4
+
, após estímulo via
TCR nas células primárias, são excelentes produtoras de IFN-γ, podendo
representar uma fonte inicial de IFN-γ que atue diretamente na diferenciação da
célula T CD4
+
para o fenótipo Th1 (Teixeira et al., 2005).
25
2- OBJETIVOS
2.1- Geral
Após estimulação, as células T CD4
+
podem se diferenciar e se comprometer
para um fenótipo Th1 ou Th2. Células Th1 produzem IFN-γ enquanto células Th2
produzem IL-4, IL-5 e IL-13. Vários fatores influenciam a diferenciação,
principalmente as citocinas presentes no microambiente onde as células T CD4
+
encontram o antígeno (Seder & Paul, 1994). IL-12 e IFN-γ são conhecidas como as
principais citocinas que induzem a diferenciação para a aquisição do fenótipo Th1
(Szabo et al., 2003). As células T CD8
+
são boas produtoras de IFN-γ (Stager &
Kaye, 2004), e por isso tem sido sugerido que estas células podem representar uma
fonte inicial de IFN-γ, influenciando a diferenciação Th1 das células T CD4
+
(Das et
al., 2001; Teixeira et al., 2005). Contudo, os mecanismos pelo qual as células T
CD8
+
modulam a diferenciação de células T CD4
+
para o fenótipo Th1 ainda não
estão completamente estabelecidos. As células T CD8
+
podem ser ativadas por
antígenos exógenos por DCs através do complexo de MHC de classe I pelo
mecanismo de apresentação cruzada. O objetivo central deste trabalho é avaliar se
as células T CD8
+
são capazes de produzir IFN-γ em resposta ao estímulo por
apresentação cruzada, e se esta citocina é capaz de influenciar a diferenciação de
células T CD4
+
.
Portanto, temos como objetivo principal neste trabalho estudar o efeito da
apresentação cruzada por DCs às células T CD8
+
na diferenciação de células T
CD4
+
para o fenótipo Th1.
2.2- Específicos
Estabelecer um protocolo de purificação de células dendríticas do baço de
camundongos C57Bl/6;
Caracterizar o estágio de maturação e os subtipos das DCs purificadas;
Padronizar um modelo de apresentação cruzada in vitro;
Avaliar o papel do IFN-γ produzido por células T CD8
+
através de
apresentação cruzada na diferenciação de células T CD4
+
para o fenótipo
Th1.
26
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1- Animais Utilizados
Em todos os experimentos, foram utilizados camundongos entre 8 e 12
semanas de idade, mantidos e criados no biotério do Instituto Nacional de Câncer
(INCA) do Rio de Janeiro. Utilizamos a linhagem de camundongos geneticamente
deficientes para IFN-γ (IFN-γ -/-) (Dalton et al., 1993) e para β2m (β2m -/-) (Zijlstra et
al., 1990). Camundongos com TCR transgênico responsivo a ovalbumina (OVA)
restrito ao MHC de Classe I (OT-I) e RAG -/- (Hogquist et al., 1994) ou restrito ao
MHC de Classe II (OT-II) (Barnden et al., 1998). Utilizamos também a respectiva
linhagem selvagem, camundongos C57Bl/6, visto que todos os camundongos
transgênicos apresentam background C57Bl/6.
3.2- Cultura de Células
As culturas de células foram mantidas em meio DMEM (“Dulbecco’s Modified
Eagle’s Medium” – alta glicose 4.5 g/l - A13233) (Gibco) suplementado com 10%
SFB (Gibco), 40 mM de Bicarbonato de Sódio (Sigma), 1 mM de Fosfato de Sódio
Monobásico (Reagen; Rio de Janeiro, RJ), 1 mM de Piruvato de Sódio, solução de
aminoácidos essenciais e não-essenciais 1x, solução de vitaminas MEM 1x, 10 mM
de HEPES, 100.000U/L de penicilina e 100 mg/L de estreptomicina, 2 mM de L-
glutamina e 55 µM de β-mercaptoetanol (todos da Invitrogen). As culturas foram
mantidas em estufas úmidas a 37ºC, com 5% de CO
2
.
3.3- Purificação de linfócitos T CD4
Animais naives foram eutaniziados e os linfonodos inguinais, axilares,
braquiais, e cervicais superficiais dos camundongos C57Bl/6 e OT-II foram isolados
e macerados para dissociação das células. As células de cada animal foram
contadas e o número de células por animal normalizado. Foi utilizada uma coluna
magnética de purificação por seleção negativa (MACS separation columns; Miltenyi
Biotec; Auburn, CA, EUA). A coluna foi equilibrada com 15 ml de solução tampão
MACS (SFB a 0,5%; 2 mM de EDTA em q.s.p. 300 ml de H
2
O). A suspensão celular
de linfonodo total foi centrifugada, o sobrenadante foi descartado e as células (10
8
)
foram ressuspendidas em 150 µl de solução tampão por 15 minutos, no escuro,
27
contendo os anticorpos anti-CD8 (0,06 mg/ml), anti-MHC de classe II (0,03 mg/ml),
anti-CD11c (0,03 mg/ml), e anti-B220 (0,06 mg/ml).
Em seguida, as células foram diluídas em 1 ml de solução tampão e
centrifugadas por 5 minutos a 1500rpm. O sobrenadante foi descartado e as células
foram ressuspendidas em 200 µl de solução tampão contendo esferas magnéticas
marcadas com estrepto-avidinas ou anti-FITC, como descrito pelo fabricante
(Miltenyi Biotec). Após 15 minutos de incubação no escuro, as células foram diluídas
em 3 ml de solução tampão e colocadas na coluna magnética. A coluna foi eluída
com 25 ml de solução tampão e a fração purificada foi recolhida durante o processo
de eluição. As células purificadas foram centrifugadas e ressuspendidas em 1 ml de
meio de cultura para posterior contagem e plaqueamento. Para avaliar o grau de
pureza das células purificadas, utilizamos marcações por citometria de fluxo com os
anticorpos específicos para cada população linfocítária. Utilizamos o citômetro de
fluxo FACScan (Becton Dickinson) e o Cell Quest (Becton Dickinson) como
programa de aquisição e análise dos dados. As purificações variam em torno de
85% a 95% de pureza.
3.4- Purificação de linfócitos T CD8
Animais naives foram eutanaziados e os linfonodos inguinais, axilares,
braquiais e cervicais superficiais dos camundongos C57Bl/6 e OT-I foram isolados e
macerados para dissociação das células. As células de cada animal foram contadas
e o número normalizado. As células dos camundongos OT-I foram cultivadas sem
passar pela coluna magnética, pois apresentam grau de pureza em torno de 95% a
99% de linfócitos T CD8
+
.
Para purificar os linfócitos T CD8
+
dos camundongos C57BL/6, foi utilizada
uma coluna magnética de purificação por seleção negativa (MACS separation
columns; Miltenyi Biotec; Auburn, CA, EUA). A coluna foi equilibrada e as células
marcadas e purificadas como descrito no no item 3.3. No entanto, utilizamos 150 µl
de solução tampão contendo os anticorpos anti-CD4 (0,06 mg/ml), anti-MHC de
classe II (0,03 mg/ml), anti-CD11c (0,03 mg/ml), e anti-B220 (0,06 mg/ml).
Para determinar o percentual de células purificadas, utilizamos marcações de
citometria de fluxo com os anticorpos específicos para cada população linfocítária e
então as amostras foram lidas no FACScan (Becton Dickinson), utilizando o Cell
28
Quest (Becton Dickinson) como programa de aquisição e análise dos dados. As
purificações variam em torno de 85% a 95% de pureza.
3.5- Purificação de células dendríticas do baço de camundongos
Animais naives foram eutanaziados (3-5 camundongos) e o baço isolado. Foi
injetado 1 ml de DMEM 10% SFB com colagenase tipo I (1 mg/ml - Gibco) por baço.
Posteriormente, os baços foram cortados em pequenos fragmentos e mantidos a
37ºC por 20 minutos. A colagenase dissocia o tecido, facilitando a liberação das
células emaranhadas no tecido porém, ela não atua nas interações entre as células
T e DC. As células foram centrifugadas a 1500rpm por 5 minutos, ressuspendidas
em 3 ml de ACK (135 mM de NH
4
Cl; 10 mM de Na
2
HPO
4
; 1 mM de EDTA; 20 mM
de NaHCO
3
em q.s.p. 100 ml de H
2
O) por 3 minutos, para lise das hemácias. Foram
novamente centrifugadas e ressuspendidas em 5 ml de HBSS. Para dissociar o
complexo célula T-DC, foi adicionado EDTA (1 ml de 0,1M EDTA, pH 7,2) ao HBSS
--
por 5 minutos. Para dificultar o estabelecimento de interações entre essas células,
em todos os passos seguintes foi utilizado um tampão livre de Cálcio e Magnésio
(HBSS
--
) com temperatura entre 0-4ºC (Henri et al., 2001).
Posteriormente, as suspensão de células em 5 ml de HBSS
--
foram
submetidas a um gradiente de Percoll (Amersham) 54% com HBSS (Sallusto et al.,
1995) e centrifugadas a uma rotação de 2000g por 10 minutos. A interface foi
recolhida e adicionado 10 mL de HBSS
--
. As células foram centrifugadas e
ressuspendidas em 200 µl de HBSS
--
com anti-CD16/32 (bloqueador de Fc) na
proporção de 1 µl para 1x10
6
células por 15 minutos. As células foram novamente
centrifugadas e ressuspendidas em 150 µl de Tampão MACS com o anticorpo anti-
CD11c FITC (0,1 mg/ml),. As células permaneceram marcando por 30 minutos no
escuro, no gelo e sob agitação. As células foram diluídas em 1 ml de tampão MACS,
centrifugadas e ressuspendidas em 150 µl de Tampão MACS contendo as esferas
magnéticas contra FITC, como descrito pelo fabricante (Miltenyi Biotec). Após 30
minutos de incubação no escuro, no gelo e sob agitação, as células foram diluídas
em 3ml de solução tampão e colocadas na coluna magnética.
Foi utilizada uma coluna magnética de purificação por seleção positiva (MACS
separation columns; Miltenyi Biotec; Auburn, CA, EUA). A coluna foi equilibrada com
15 ml de solução tampão. Depois de adicionar as células, a coluna foi eluída com 25
ml de tampão MACS e a fração negativa com as células não marcadas foi
29
descartada. Para lavar as células que ficaram presas, a coluna foi retirada do
suporte e realizado um fluxo reverso com a seringa. A coluna foi re-colocada no
suporte e eluída com 10ml da solução tampão. Este procedimento foi repetido mais
uma vez, e a porção intermediária foi descartada. Para retirar as células da porção
positiva, a coluna foi retirada definitivamente do suporte. Foi feito outro fluxo reverso
e a coluna foi eluída com 10ml de tampão e a fração purificada foi recolhida durante
o processo de eluição. Este procedimento foi realizado mais duas vezes. As células
purificadas foram centrifugadas e ressuspendidas em 1ml de meio de cultura para
posterior contagem e plaqueamento.
Para determinar o percentual de células purificadas, utilizamos marcações de
citometria de fluxo com os anticorpos específicos e então as amostras foram lidas no
FACScan (Becton Dickinson), utilizando o Cell Quest (Becton Dickinson) como
programa de aquisição e análise dos dados. As purificações variam em torno de
80% a 95% de pureza.
3.6- Co-cultura de DC + células T CD8
+
DCs foram purificadas como descrito no item 2.5 e os linfócitos T CD8
+
foram
isoladas conforme descrito no item 2.4. As DC (8x10
4
células) foram cultivadas em
placas de 24 poços (TPP; Suíça, Europa) na presença de diferentes concentrações
de Ovalbumina (OVA) e DMEM com 10% de SFB, e mantidas em estufa úmida por 3
horas. As células foram recolhidas, centrifugadas por 5 minutos a 15000 rpm. O
sobrenadante foi descartado, e as DCs foram cultivadas em placas de 24 poços, em
presença de células T CD8
+
(8x10
5
células). As culturas foram mantidas por até 72
horas em estufa úmida a 37°C, com 5% de CO
2
. Posteriormente, o sobrenadante foi
recolhido e analisada a produção de citocinas por ELISA.
3.7- Diferenciação in vitro de linfócitos T CD4
+
A diferenciação de linfócitos T CD4
+
foi feita como descrito por Kiani et al.
(1997), porém o pulso de OVA foi feito através da DC. Inicialmente, as células
dendríticas purificadas (5x10
5
) foram estimuladas com 0,5 mg/ml de OVA em placas
de 12 poços (TPP; Suíça, Europa) e mantidas na estufa úmida a 37°C, com 5% de
CO
2
por 3 horas. As células foram recolhidas, ressuspendidas em 5 ml com DMEM
10% SFB e centrifugadas por 5 minutos a 15000 rpm. O sobrenadante foi
descartado e as células dendríticas foram cultivadas em placas de 12 poços, com as
30
células T CD8
+
(2x10
6
) e células T CD4
+
(4x10
6
). Vinte e quatro horas após a
estimulação, rIL-2 (20 U/ml, PeproTech) foi adicionada à cultura.
Após três dias de estímulo, as células foram recolhidas, lavadas três vezes
em meio de cultura e cultivadas na ausência de estímulo e na presença de rIL-2 (20
U/ml) por 24 horas. Em seguida, as células T CD4
+
forma novamente purificados. As
células foram marcadas com anti-CD8 (1 mg/ml) e anti-CD11c (1 mg/ml) e
submetidas a uma coluna magnética de seleção negativa. As células T CD4
+
foram
re-cultivadas (10
6
células) sem estímulo (PBS) ou re-estimuladas com anti-CD3 (1
µg/ml) por 48 horas. Os sobrenadantes livres de células das culturas foram
recolhidos e analisados para a presença de IFN-γ e IL-4 por ELISA.
3.8- Marcação de células para análise por citometria de fluxo (FACs)
Células (10
6
) foram plaqueadas em placas de 96 poços com fundo em “U”
(marca TPP). A placa foi centrifugada por 5 minutos a 1500rpm, e o sobrenadante foi
descartado. As células foram então ressuspendidas em PBS 1x contendo os
anticorpos de interesse diluídos. As amostras foram então incubadas por 15 minutos
no escuro. Em seguida, as amostras foram diluídas em 300 µl de PBS 1x e
analisadas no FACScan (Becton Dickinson).
3.9- Marcação intracelular de citocinas
Para a detecção da população celular responsável pela produção de IFN-γ,
co-cultura de células dendríticas e linfócitos, purificados e estimulados como descrito
previamente, foram mantidos por 72 horas em estufa úmida a 37
0
C, com 5% de
CO
2
. Foram cultivadas na proporção de 1:10 (8x10
4
DC para 8x10
5
linfócitos) em
placa de 24 poços. Brefeldina A (10 µg/ml) foi adicionada à cultura 5 horas antes do
início da marcação intracelular, como indicado pelo fabricante (BD PharMingen).
Para cada estímulo foram utilizadas células de dois poços, que foram recolhidas,
centrifugadas e ressuspendidas em 50 µl de tampão de marcação contendo o
anticorpo anti-CD3 (1/20). As células foram incubadas por 15 minutos no escuro,
posteriormente centrifugadas e ressuspendidas em 200 µl de PBS 1x. As células
foram novamente centrifugadas, e a marcação foi fixada com 200 µl de
paraformaldeído 2% por 20 minutos. Posteriormente, as células foram centrifugadas
e ressuspendidas em 200 µl de tampão de marcação. As células foram
permeabilizadas com 150 µl de tampão de permeabilização por 10 minutos. As
31
células foram novamente centrifugadas e ressuspendidas em 20 µl de tampão de
permeabilização e marcadas intracelularmente com anticorpo anti-IFN-γ (1/50) por
30 minutos no escuro. As amostras foram então analisadas no FACScan (Becton
Dickinson), utilizando o Cell Quest (Becton Dickinson) como programa de aquisição
e análise dos dados.
3.10- ELISA
Os sobrenadantes livre de células foram coletados de culturas em diferentes
intervalos de tempos, estimuladas ou não, como descrito. Os níveis das proteínas
IFN-γ e IL-4 foram então acessados utilizando kits de ELISA comerciais (BD-
Pharmingen) de acordo com as instruções do fabricante.
3.11- Anticorpos Utilizados
anti-CD8 (clone Ly-2 53-6.7; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-CD45R/B220 (clone RA3-6B2; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-MHC de classe II (clone 2G9; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-CD4 (clone GK1.5; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-CD11c (clone HL3; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-IFN-γ (clone XMG1.2; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-CD80 (clone 16-10A1; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-CD86 (clone GL1; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-IgG (clone G94-56; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-CD16/CD32 (clone 2.4G2; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
anti-CD3 (clone 14522C11; BD Pharmingen; San Diego, CA, EUA)
32
4. RESULTADOS
4.1- Purificação de células dendríticas do baço de camundongos C57BL/6
A fim de obtermos DCs purificadas do baço de camundongos C57Bl/6, foram
adaptados alguns protocolos descritos na literatura (Crowley et al., 1989; Kamath et
al., 2000; Vremec & Shortman, 1997; Vremec et al., 2000; Wakkach et al., 2003),
como descrito no item 2.5 dos Materiais e Métodos. Para analisar o perfil de
purificação, foi retirada uma alíquota antes do gradiente de separação com Percoll,
depois do Percoll e depois da Coluna e marcadas com o anticorpo anti-CD11c, que é
considerado o principal marcador de DCs.
Os valores representados nos histogramas demonstram a freqüência de
células CD11c
+
após cada etapa de purificação (Figura 4). Antes do Percoll, a
população de células CD11c
+
representa 3% da população total. Após o Percoll,
pode ser observado um enriquecimento da população de células CD11c
+
para 30%.
Depois do procedimento de purificação das células CD11c
+
através de coluna
magnética por seleção positiva, as células CD11c
+
representam 90% da população
celular total. Portanto, a freqüência de células CD11c
+
após os procedimentos de
purificação foi sempre em torno de 90%. Todos os experimentos foram realizados
com animais não sensibilizados e as análises são representativas de todos os
experimentos realizados.
33
Figura 4- Porcentagem de células CD11c
+
durante as etapas de purificação. Baços de
camundongos C57BL/6 foram dissociados, tratados com colagenase e ACK (Pré Percoll).
Posteriormente, as células mononucleares foram separadas por um gradiente de Percoll
54% (Pós Percoll) e então, a população celular desejada foi marcada com o anticorpo
monoclonal anti-CD11c e purificada através de coluna magnética por seleção positiva (Pós
coluna). Após cada etapa, as células foram marcadas com o anticorpo monoclonal anti-
CD11c FITC e analisadas por citometria de fluxo.
34
4.2- Caracterização das células CD11c
+
purificadas do baço de camundongos
C57BL/6
As DCs se caracterizam por possuirem uma diversidade de populações com
diferentes marcadores e estágios de ativação (Mailliard et al., 2002). Com o objetivo
de verificar o perfil das DCs purificadas a partir do baço de camundongos C57Bl/6,
células CD11c
+
purificadas foram marcadas e analisadas para a expressão da
molécula MHC de classe II e para a molécula CD8α, que é considerada o principal
marcador de DCs de baço de camundongos (Wu et al., 1996).
Conforme observado na Figura 5A, a maior parte das células CD11c
+
apresenta altos níveis de expressão da molécula de MHC de classe II. Quanto ao
perfil das células CD11c
+
para a molécula CD8α, existem duas populações, uma
minoritária CD11c
+
CD8α
+
e outra majoritária CD11c
+
CD8α
-
(Figura 5B). Esses
dados corroboram as caracterizações das DCs purificadas de baço de camundongos
previamente descritos (Henri et al., 2001). Portanto, a partir do baço de
camundongos C57Bl/6 naives é possível isolar células CD11c
+
CD8α
+
CD11c
+
CD8α
-
,
que expressam altos níveis da molécula de MHC de classe II.
35
CD11c
C
D
8
α
37%
63%
M
H
C
c
l
a
s
s
e
I
I
92%
8%
CD11c
A
B
Figura 5- Caracterização da população celular CD11c
+
purificada dos baços de
camundongos C57BL/6 através de coluna magnética por seleção positiva. As células
CD11c
+
foram purificadas como descrito no Materiais e Métodos e marcadas com o
anticorpo anti-CD11c
+
, (A) anti-MHC de Classe II PE ou (B) anti-CD8α PE. As células foram
analisadas por citometria de fluxo. Os valores indicados nos quadrantes representam as
freqüências de células que expressam a molécula de MHC de classe II, CD8α e CD11c
+
. Os
resultados são representativos de 3 experimentos independentes.
36
4.3- Caracterização do perfil de ativação de células dendríticas purificadas do baço
de camundongos C57BL/6
A habilidade das DCs maduras em estimular as células T está relacionada
com a expressão das moléculas de superfície CD80 (B7-1) e CD86 (B7-2)
interagindo com CD28 e/ou CTLA4 na superfície da célula T (Lenschow et al., 1996).
A molécula CD40 na superfície da DC pode providenciar um sinal de ativação para a
DC, quando este receptor se ligar à molécula CD40L nas células T (Caux et al.,
1994).
Com o objetivo de avaliar o perfil de ativação e maturação das DCs, foram
utilizadas células CD11c
+
purificadas como descrito no Materiais e Métodos e
marcadas com anticorpos contra as moléculas de superfície CD80, CD86 e CD40.
Como demonstra a Figura 6, as células CD11c
+
apresentam altos níveis de
expressão da molécula CD80. O histograma demonstra também que a população de
células CD11c
+
apresenta a expressão da molécula CD86. Para a molécula CD40, a
maioria das células CD11c
+
expressa altos níveis da molécula CD40. O nível de
expressão destas moléculas está de acordo com o descrito na literatura (Vremec &
Shortman, 1997). A análise destes resultados sugere que a maioria das DCs
purificadas do baço de camundongos C57Bl/6 é madura e previamente ativada.
37
CD80
CD86
CD40
N
º
d
e
C
é
l
u
l
a
s
Figura 6- Perfil de ativação das células CD11c
+
purificadas dos baços de camundongos
C57BL/6. As células CD11c
+
foram purificadas como descrito nos Materiais e Métodos,
marcadas com anticorpos monoclonais anti-CD80 PE, CD86 PE e CD40 PE, e analisadas
por citometria de fluxo. As linhas vazadas representam as células não marcadas com os
anticorpos, enquanto que as linhas cheias representam as células marcadas com os
respectivos anticorpos. Os resultados são representativos de 3 experimentos
independentes.
38
4.4- Ensaio de curva da dose de antígeno (OVA) e do tempo para o estabelecimento
de um modelo de apresentação cruzada in vitro
Durante o processo de maturação, as DCs têm a sua capacidade de fagocitar
material antigênico ou particulado diminuída. A maioria das DCs purificadas é
madura e ativada (Figuras 5 e 6). Com o objetivo de avaliar a funcionalidade das
DCs purificadas, verificamos se esta população celular era capaz de endocitar e
degradar um antígeno e apresentá-lo, ativando um linfócito T CD8
+
. Para isso, foram
feitas co-culturas de DCs estimuladas com OVA e células T CD8
+
de camundongos
OT-I. A capacidade de ativação da células T CD8
+
pode ser avaliada pela presença
de IFN-γ no sobrenadante da cultura. Após retirarmos os linfonodos de
camundongos OT-I x RAG-/- naives, observamos que 97% das células são linfócitos
T CD8
+
. Desta forma, não foi necessária a purificação por coluna magnética e estas
células foram diretamente cultivadas.
Para determinar uma concentração de OVA capaz de ativar as células T
CD8
+
, foi feito um ensaio com diferentes concentrações de OVA. No modelo de co-
cultura de células CD11c
+
com células T CD8
+
, como demonstra a Figura 7A, a dose
de antígeno de 0,5 mg/ml induziu maior produção de IFN-γ em 72 horas. A Figura 7B
demonstra que quando cultivadas isoladamente, nem a DC e nem a célula T CD8
+
produzem níveis detectáveis de IFN-γ. Além disso, quando a co-cultura foi
estimulada com 0,5mg/ml de OVA em diferentes tempos, em 72 horas observamos
maior produção de IFN-γ.
Portanto, as células CD11c
+
purificadas do baço de camundongos são
capazes de endocitar o antígeno e, em presença de células T CD8
+
, induzir a
produção de IFN-γ no modelo de co-cultura in vitro. Esta metodologia foi empregada
durante todos experimentos seguintes de co-cultura.
39
0 0.1 0.2 0.5
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
OVA (mg/ml)
IFN-
γ
(ng/ml)
24 48 72
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
DC
CD8
DC + CD8
Tempo (horas)
IFN-
γ
(ng/ml)
A
B
Figura 7- Ensaio de curva da dose de antígeno (OVA) e do tempo de cultura. (A) Células
CD11c
+
foram purificadas como descrito nos Materiais e Métodos, cultivadas com as
diferentes concentrações de OVA em presença de células T CD8
+
de camundongos OT-I,
na proporção de 1:10, por 72 horas. (B) Células CD11c
+
foram purificadas como descrito
nos Materiais e Métodos, cultivadas com 0,5mg/ml de OVA em presença de células T CD8
+
de camundongos OT-I, na proporção de 1:10, por diferentes tempos. O sobrenadante livre
de células foi analisado para medir os níveis de IFN-γ através de ELISA. Os resultados são
representativos de 3 experimentos independentes.
40
4.5- Análise da população celular produtora de IFN-γ no modelo de apresentação
cruzada in vitro
Na Figura 7 foi observado que 0,5 mg/ml de OVA é capaz de induzir a co-
cultura a produzir IFN-γ. No entanto, não se pode afirmar qual a população celular
que está produzindo o IFN-γ. Está descrito que tanto as células T CD8
+
quanto as
DCs são capazes de produzir IFN-γ (Wenner et al., 1996; Ohteki et al., 1999). Para
determinar a população celular responsável pela produção de IFN-γ, foram
purificadas DCs de camundongos IFN-γ-/- e cultivadas com células T CD8
+
. A Figura
8A demonstra que independente da DC ser capaz de produzir IFN-γ, os níveis de
IFN-γ foram similares, sugerindo que as células T CD8
+
seriam as produtoras desta
citocina.
Para avaliar se as células T CD8
+
de camundongos transgênicos OT-I,
caracterizado por apresentar TCR transgênico responsível a OVA e restrito ao MHC
de classe I, são capazes de responder ao estímulo com maior produção de IFN-γ do
que as células T CD8
+
purificadas dos linfonodos de camundongos C57Bl/6, foram
feitas co-culturas destas células com DCs. Como observado na Figura 8B, as células
T CD8
+
de camundongos C57Bl/6 não produzem IFN-γ em níveis detectáveis,
enquanto que as células T CD8
+
dos camundongos OT-I produzem níveis
detectáveis de IFN-γ. Novamente, este resultado demonstra que neste modelo de
co-cultura, as DCs são capazes de estimular células T CD8
+
, que quando ativadas
produzem IFN-γ.
Para caracterizar a população celular responsável pela produção de IFN-γ, foi
feita uma marcação intracelular para a produção de IFN-γ na co-cultura de DC e
células T CD8
+
de camundongos OT-I. Como demonstra a Figura 8C, a freqüência
de células CD3
+
com marcação intracelular de IFN-γ é de 98%. Como a co-cultura é
constituída apenas de DC e células T CD8
+
, podemos afirmar que as células CD3
+
são as células T CD8
+
.
Este conjunto de resultados demonstram que as DCs são capazes de
estimular os linfócitos T CD8
+
de camundongos OT-I a produzirem IFN-γ.
41
PBS OVA
0.0
0.2
0.4
0.6
DC (IFNγ+/+) + CD8
DC (IFNγ-/-) + CD8
IFN-
γ
(ng/ml)
A
PBS OVA
0
5
10
15
DC + CD8 (C57BL/6)
DC + CD8 (OT-I)
IFN-
γ
(ng/ml)
B
CD3
IFN-γ
98%2%
C
Figura 8- Análise da população celular produtora de IFN-γ no modelo de apresentação
cruzada in vitro. (A) Co-culturas de células CD11c
+
IFN-γ +/+ ou IFN-γ -/-, purificadas e
estimuladas como descrito nos Materiais e Métodos com linfócitos T CD8
+
de camundongos
OT-I foram mantidas em cultura por 72 horas, na proporção de 1:10. (B) Co-culturas de
células CD11c
+
de camundongos C57BL/6, foram purificadas e estimuladas como descrito
na Figura 4, com linfócitos T CD8
+
de camundongos OT-I ou com linfócitos T CD8
+
purificados de camundongos C57Bl/6, como descrito nos Materiais e Métodos. O
sobrenadante livre de células foi então coletado e analisado para medir os níveis de
IFN-γ
através de ELISA. (C) Co-cultura de células CD11c
+
e linfócitos T CD8 de camundongos
OT-I, foram purificadas e estimuladas como descrito na Figura 4. As células foram
recolhidas e marcadas na superfície com anticorpo monoclonal anti-CD3 PE, fixadas e
permeabilizadas para a marcação intracelular com o anticorpo monoclonal anti-
IFN-γ FITC.
A análise foi realizada por citometria de fluxo. Os resultados são representativos de 3
experimentos independentes.
42
4.6- Estabelecimento de um modelo de apresentação cruzada in vitro
Foi demonstrado nas Figuras 7 e 8 que DCs cultivadas in vitro com OVA em
presença de células T CD8
+
, são capazes de ativar as células T CD8
+
a produzirem
IFN-γ. No entanto, o mecanismo desta ativação não foi determinado. Com o objetivo
de avaliar se as células T CD8
+
estão sendo ativadas pelo mecanismo de
apresentação cruzada, foram utilizadas DCs purificadas de camundongos β2-
microblogulina -/-, e um bloqueador de proteossomo.
DCs são capazes de formar o complexo MHC de classe I na superfície e
ativar células T CD8
+
. Como demonstra a Figura 9A, DCs purificadas de
camundongos β2m+/+ e cultivadas com OVA são capazes ativar as células T CD8
+
.
Em compensação, DCs de camundongos β2m-/- não formam o complexo MHC de
classe I com o antígeno estável na superfície. Como esperado, quando as células T
CD8
+
de camundongos OT-I foram cultivadas em presença de DCs purificadas de
camundongos β2m-/-, não foi observada a ativação das células T CD8
+
pois não
foram obtidos níveis detectáveis de IFN-γ.
O bloqueador de proteossomo impede que a DC degrade o antígeno, não
ocorrendo a apresentação cruzada. Quando a DC foi cultivada em presença do
bloqueador de proteossomo MG132 (Figura 9B), não foi detectada a produção de
IFN-γ pelas células T CD8
+
. Quando foi utilizado apenas o veículo diluente do
bloqueador de proteossomo, o DMSO, a DC continuou sendo capaz de degradar o
antígeno e ativar a célula T CD8
+
a produzir IFN-γ.
Estes resultados demonstram que as DCs purificadas são capazes de ativar
as células T CD8
+
após endocitarem um antígeno exógeno, ou seja, realizar o
mecanismo de apresentação cruzada. Portanto, foi consolidado um modelo de
apresentação cruzada in vitro.
43
PBS OVA
0.0
0.2
0.4
0.6
DC (β2m+/+) + CD8
DC (β2m-/-) + CD8
IFN-
γ
(ng/ml)
PBS OVA
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
DC + CD8 + DMSO
DC + CD8 + MG-132
IFN-
γ
(ng/ml)
A
B
Figura 9- Estabelecimento de um modelo de apresentação cruzada in vitro. (A) Co-culturas
de células CD11c
+
de camundongos β2m+/+ ou β2m-/- purificadas e estimuladas como
descrito nos Materiais e Métodos, com linfócitos T CD8
+
de camundongos OT-I foram
mantidas em cultura por 72 horas, na proporção de 1:10. (B) Células CD11c
+
de
camundongos C57BL/6, foram purificadas e estimuladas como descrito nos Materiais e
Métodos. Durante o período de estímulo, foi adicionado a cultura o bloqueador de
proteossomo (MG132), e posteriormente os linfócitos T CD8
+
de camundongos OT-I foram
adicionados à co-cultura por 72 horas na proporção de 1:10. Os sobrenadantes livres de
células foram coletados e analisados para medir os níveis de IFN-γ através de ELISA. Os
resultados são representativos de 3 experimentos independentes.
44
4.7- Análise do papel do IFN-γ na diferenciação de células T CD4
+
A apresentação cruzada é um mecanismo importante para a resposta de
células T CD8
+
efetoras (revisto por Bevan, 2006). A diferenciação das células T
CD4
+
é altamente sensível às condições que prevalecem no microambiente onde
estas células reconhecem o antígeno. O desenvolvimento e estabelecimento do
fenótipo Th1 em células T CD4
+
é principalmente influenciado por IL-12 e IFN-γ
(Jacobson et al., 1995). Para abordar o papel do IFN-γ produzido pelas células T
CD8
+
na diferenciação das células T CD4
+
, foi utilizado um modelo de diferenciação
das células T CD4
+
em presença de DC estimuladas com OVA e células T CD8
+
.
Como controle, foram utilizadas células T CD8
+
purificadas de camundongos
C57Bl/6, que como mostrado anteriormente na Figura 8B, não produziam IFN-γ em
níveis detectáveis em resposta à apresentação cruzada. As células T CD4
+
diferenciadas em presença destes linfócitos, quando re-estimuladas com anti-CD3,
produziram baixos níveis de IFN-γ (Figura 10A) e altos níveis de IL-4 (Figura 10B).
Este perfil de produção de citocinas é característico de uma célula T CD4
+
diferenciada para a resposta imune do tipo Th2. Quando as células T CD4
+
foram
diferenciadas em presença de células T CD8
+
de camundongos OT-I, capazes de
produzir IFN-γ em resposta à apresentação cruzada, e re-estimulados com anti-CD3,
foi observado que as células T CD4
+
produziram níveis maiores de IFN-γ (Figura
10A) e menores de IL-4 (Figura 10B). Este perfil de produção de citocinas é
característico de uma célula T CD4
+
diferenciada para uma resposta imune do tipo
Th1. Juntos estes resultados indicam que o IFN-γ produzido pela célula T CD8
+
está
influenciando a diferenciação das células T CD4
+
para um fenótipo Th1.
45
PBS anti-CD3
0
100
200
300
400
DC + CD8 (C57BL/6) + CD4
DC + CD8 (OT-I) + CD4
IFN-
γ
(ng/ml)
PBS anti-CD3
0
100
200
300
400
DC + CD8 (C57BL/6) + CD4
DC + CD8 (OT-I) + CD4
IL-4 (pg/ml)
A
B
Figura 10- Análise da influência do IFN-γ na diferenciação de linfócitos T CD4
+
. Linfócitos T
CD4
+
foram purificados dos linfonodos de camundongos OT-II, diferenciados e re-
estimulados in vitro como descrito nos Materiais e Métodos, na presença de DCs de
camundongos C57BL/6 e linfócitos T CD8
+
de camundongos C57BL/6 ou OT-I. Após o re-
estímulo de 48 horas, o sobrenadante livre de células foi coletado e analisado para a
produção (A) de IFN-γ ou (B) de IL-4 por ELISA. Os resultados são representativos de 3
experimentos independentes.
46
4.8- Influência da apresentação cruzada na diferenciação de células T CD4
+
Apesar dos resultados até agora mostrados sugerirem que o IFN-γ produzido
pela célula T CD8
+
influencia a diferenciação da célula T CD4
+
para um fenótipo Th1,
ainda não foi demonstrado qual o mecanismo de ativação da célula T CD8
+
neste
modelo. Os resultados anteriores sugerem que a célula T CD8
+
está sendo ativada
através do mecanismo de apresentação cruzada. Para avaliar a influência da
apresentação cruzada na estimulação da célula T CD8
+
, e como esta ativação
influencia a diferenciação das células T CD4
+
, foi realizada a diferenciação da célula
T CD4
+
em co-cultura com DCs purificadas do baço de camundongos β2m-/- e célula
T CD8
+
de camundongos OT-I.
Como demonstra a Figura 9A, DCs de purificadas de camundongos β2m-/-
não foram capazes de realizar a apresentação cruzada para célula T CD8
+
de
camundongos OT-I. As células T CD4
+
que foram diferenciadas em presença de
DCs β2m-/- e células T CD8
+
, quando re-estimuladas com anti-CD3, produziram
baixos níveis de IFN-γ (Figura 11A) e altos níveis de IL-4 (Figura 11B). As células T
CD4
+
parecem estar diferenciadas para o fenótipo Th2. Em contrapartida, as células
T CD4
+
diferenciadas em presença de DC β2m+/+ e células T CD8
+
quando re-
estimuladas com anti-CD3, expressaram um fenótipo Th1, pois produziram altos
níveis de IFN-γ (Figura 11A) e baixos níveis de IL-4 (Figura 11B). Estes resultados
sugerem que em presença de células T CD8
+
ativadas por apresentação cruzada, as
células T CD4
+
se diferenciam para o fenótipo Th1.
47
PBS anti-CD3
0
100
200
300
400
DC (β2m+/+) + CD8 + CD4
DC (β2m-/-) + CD8 + CD4
IFN-
γ
(ng/ml)
PBS anti-CD3
0
100
200
300
DC (β2m+/+) + CD8 + CD4
DC (β2m-/-) + CD8 + CD4
IL-4 (pg/ml)
A
B
Figura 11- Influência da apresentação cruzada na diferenciação de linfócitos T CD4
+
.
Linfócitos T CD4
+
foram purificados dos linfonodos de camundongos OT-II, diferenciados e
re-estimulados in vitro como descrito nos Materiais e Métodos, na presença de DCs de
camundongos β2m+/+ ou β2m/- e linfócitos T CD8
+
de camundongos OT-I. Após o re-
estímulo de 48 horas, o sobrenadante livre de células foi coletado e analisado para (A) INF-γ
ou (B) IL-4 por ELISA. Os resultados são representativos de 3 experimentos independentes.
48
5. DISCUSSÃO
As DCs são APCs que se caracterizam por possuírem uma população celular
heterogênea, com diferentes características em seus estágios de ativação.
Normalmente elas apresentam antígenos exógenos no MHC de classe II, ativando
células T CD4
+
, mas também podem realizar o mecanismo de apresentação
cruzada, ativando células T CD8
+
(revisto por Heath e Carbone, 2001).
A fim de avaliar a influência do IFN-γ produzido por células T CD8
+
, após
estímulo via apresentação cruzada, na diferenciação de células T CD4
+
, foram
purificadas DCs de baços de camundongos por seleção positiva através de uma
coluna magnética. As frações resultantes da purificação atingiram um grau de
pureza em torno de 90% de células CD11c
+
durante todo o estudo (Figura 4).
Conseqüentemente, o grau de contaminação com outras populações celulares
constituintes de um baço, está de acordo com estudos anteriores que utilizam
métodos de purificação semelhantes (Crowley et al., 1988; Kamath et al., 2000;
Vremec & Shortman, 1997; Vremec et al., 2000; Wakkach et al., 2003). Está descrito
que apesar de muitos tipos de células endocíticas, incluindo macrófagos, células B,
neutrófilos e células endoteliais serem capazes de realizar a apresentação cruzada
in vitro, esta apresentação é de baixa eficiência e a DC é a principal célula capaz de
realizar este mecanismo (Reis e Souza & Germain, 1995).
A habilidade das DCs maduras em estimular células T está relacionada com a
expressão das moléculas co-estimulatórias CD80 (B7-1) e CD86 (B7-2) (Lenschow
et al., 1996). As células T expressam CD40L, que podem providenciar um sinal de
ativação via CD40 na superfície da DC (Caux et al., 1994). Esta ativação da DC leva
a um aumento da expressão de CD80/CD86, citocinas como IL-12, IL-1, TNF-α e
quimiocinas (Sallusto e Lanzavecchia, 1994). Vremec e Shortman em 1997,
analizaram a expressão de CD40, CD80 e CD86 em subpopulações de DCs do
baço, timo e linfonodo de camundongos. As DCs de ambos os tecidos expressam
diferentes níveis das moléculas CD80 e CD86, e a expressão de CD40 foi um pouco
menor nas DCs purificadas do baço. Quando colocadas em cultura, eles observaram
aumento na expressão de CD80, mas pouca modificação na expressão de CD86
(Vremec & Shortman, 1997). A partir de DCs purificadas, analisamos a expressão
das moléculas co-estimulatórias CD80 e CD86, das moléculas de MHC de classe II e
CD40. Como esperado, a maior parte das DCs é madura, pois apresentam
49
expressão de MHC de classe II (Figura 5A). Quanto as moléculas CD80, CD86 e
CD40, as DCs purificadas apresentam níveis de expressão diferentes. Estes níveis
de expressão foram similares em todos os experimentos (Figura 6) e corroboram as
caracterizações das DCs purificadas de baço de camundongos previamente
descritos (Henri et al., 2001; Vremec & Shortman, 1997). As DCs maduras tem a
capacidade de capturar e processar antígenos diminuída, mas sua capacidade de
apresentação e estimulação de linfócitos é aumentada em relação a DC imatura
(revisto por Banchereau et al., 2000). Vários trabalhos utilizam DCs maduras
purificadas a partir do baço de camundongos como modelo de estudo in vitro, e
estas células apesar de terem uma eficiência diminuída no processo de endocitose e
processamento, são capazes de capturar o antígeno e estimular as células T
(Maldonado-Lopez et al., 1999; Kamath et al., 2000; Vremec & Shortman, 1997;
Wakkach et al., 2003).
Várias subpopulações de DCs têm sido caracterizadas quanto a origem,
localização e função (revisto por Banchereau et al, 2000). Diversos estudos
anteriores sugerem que as DCs CD8α
+
, e não as CD8α
-
, são capazes de fazer
apresentação cruzada para as células T CD8
+
(den Hann et al, 2000). Além disso,
em camundongos, DCs maduras CD8α
+
produzem IL-12 e preferencialmente
estimulam a diferenciação de células T CD4
+
para o fenótipo Th1, enquanto que as
DCs CD8α
-
induzem a produção de IL-4 estimulando a diferenciação para Th2
(Maldonado-Lopez & Moser, 2001). Outros trabalhos sugerem que a ligação de
moléculas co-estimulatórias podem influenciar na ativação de linfócitos (Swallow et.
al., 1999; Ling et al., 200). A partir de DCs purificadas, foi avaliado o perfil da
população CD11c
+
e observamos que são majoritariamente CD8α
-
(Figura 5B)
corroborando os dados da literatura que demonstram que as DCs purificadas do
baço de camundongos apresentam uma população minoritária CD8α
+
(Vremec &
Shortman, 1997; revisto por Ardavín, 2003).
Após terem processado o antígeno, as DC maduras estão aptas a apresentar
o antígeno no complexo MHC de classe I às células T CD8
+
por meio do TCR. Após
esta sinalização, as células T CD8
+
se diferenciam em células citotóxicas,
desenvolvendo sua função efetora e produzindo citocinas, especialmente IFN-γ
(Wenner et al, 1996). A diferenciação de células T CD8
+
não ativadas em células
efetoras requer o reconhecimento do antígeno e um estímulo secundário, seja por
50
moléculas co-estimulatórias, como as moléculas B7, ou por citocinas produzidas
pelas células T CD4
+
.
O modelo de maturação das DCs, onde estas células têm diminuída sua
capacidade de fagocitar material antigênico ou particulado quando migram para os
órgãos linfóides, e passam a ser capazes de estimular as células T, é bem aceito.
Contudo, Kamath e colaboradores (2000) demonstram que em torno de 10% das
DCs do baço de camundongos tiveram uma ou mais esferas fluorescentes
endocitadas. Eles demonstraram que todas as subpopulações de DCs do baço de
camundongos são capazes de realizar a endocitose de esferas tanto in vitro quanto
in vivo. Surpreendentemente, quando as DCs receberam LPS (estímulo de
maturação) permaneceram com a capacidade de endocitar as esferas (Kamath et
al., 2000). Portanto, apesar das DCs dos baços expressarem os marcadores de
maturação ainda realizam o mecanismo de endocitose. Desta forma, foi testada a
capacidade das DCs purificadas em endocitar a OVA e estimular as células T CD8
+
in vitro. Como é possível observar na Figura 7, a dose de antígeno mais eficiente na
estimulação da célula T CD8
+
foi de 0,5 mg/ml de OVA e o tempo de cultura de 72
horas. Com este resultado, é possível concluir que a DC purificada é capaz de
endocitar, processar e apresentar o antígeno in vitro, pois está sendo capaz de
induzir a produção de IFN-γ.
Alguns trabalhos demonstram que as DCs CD8α
+
são a única população de
DCs capaz de realizar a apresentação cruzada de OVA (den Haan et al., 2000;
Pooley et al., 2001). Independente da subpopulação celular que esteja realizando a
apresentação cruzada, do estágio de maturação e das moléculas co-estimulatórias,
as DCs estão sendo capazes de induzir a produção de IFN-γ neste modelo de co-
cultura. Este resultado corrobora os dados da literatura, onde DCs analisadas in
vitro, tanto as imaturas quanto maduras, exibem capacidades similares para
proteólise lisossomal. Esta capacidade de proteólise pode estar relacionado com a
capacidade de apresentação cruzada. O mecanismo preciso pelo qual a proteólise é
ativada, ainda não está claro, mas certas proteases lisossomais são convertidas a
sua forma madura ou redistribuídas após a maturação da célula dendrítica (revisto
por Trombeta & Mellman, 2005).
A Figura 7 demonstra que a co-cultura DC-célula T CD8
+
está sendo capaz de
produzir IFN-γ, mas não demonstra qual população celular está sendo responsável
por esta produção. Sabe-se que as células T CD8
+
são boas produtoras de IFN-γ
51
(Wenner et al., 1996; revisto por Stager & Kaye, 2004), e que as DCs também são
capazes de produzir IFN-γ (Ohteki et al., 1999). Para avaliar se a DC poderia ser
responsável pela produção do IFN-γ, foram purificadas DCs do baço de
camundongos IFN-γ-/-. Independente da DC ser capaz ou não de produzir IFN-γ, a
co-cultura produziu níveis similares de IFN-γ (Figura 8A), sugerindo que as células T
CD8
+
seriam as produtoras desta citocina. Quando foram utilizadas células T CD8
+
de camundongos C57Bl/6 na co-cultura, não foram obtidos níveis detectáveis de
IFN-γ. O contrário foi observado quando foram utilizadas células T CD8
+
de
camundongos transgênicos OT-I, cujas as células T CD8
+
apresentam TCR
transgênico responsível a OVA e restrito ao MHC de classe I e produziram níveis
detectáveis de IFN-γ (Figura 8B). Através da marcação intracelular para a produção
de IFN-γ na co-cultura, pode-se observar que 98% das células T estão com
marcação intracelular de IFN-γ (Figura 8C), e como na cultura temos apenas DC e
células T CD8
+
, pode-se afirmar que as células T CD8
+
estão produzindo IFN-γ.
As Figuras 7 e 8 demonstram que quando a DC é estimulada com OVA, ela é
capaz de ativar as células T CD8
+
in vitro, e estas são capazes de produzir IFN-γ.
Sabe-se que as DCs podem apresentar antígenos por apresentação cruzada às
células T CD8
+
(Pooley et al., 2001). Em co-culturas de DCs purificadas de
camundongos β2-microblogulina -/- com células T CD8
+
, o nível de IFN-γ produzido
não foi detectável pelo ELISA (Figura 9A), demonstrando que as células T CD8
+
estão sendo ativadas pelas DCs pelo mecanismo de apresentação cruzada.
Alguns trabalhos demostram que a apresentação cruzada depende de dois
componentes da via de MHC de classe I – o complexo de proteossomos e moléculas
transportadoras associadas com a apresentação de antígenos (TAP) (revisto por
Cresswell, 2005). O complexo de proteossomos degrada as proteínas no citosol e o
transporte por TAP resulta em antígenos peptídicos no ER aptos a se ligarem à
moléculas de MHC de classe I (Brossart & Bevan, 1997). Outros trabalhos sugerem
uma via TAP-independente, onde o antígeno é hidrolisado em endossomos (Pfeifer
et al, 1993). Quando bloqueamos a degradação do antígeno, com um bloqueador de
proteossomo, a produção de IFN-γ não ocorreu em níveis detectáveis pelo ELISA
(Figura 9B), sugerindo que o antígeno está sendo degradado por proteossomos na
DC. Estes resultados demonstram um modelo in vitro de apresentação cruzada,
52
onde as DCs são capazes de ativar as células T CD8
+
após endocitarem um
antígeno exógeno e apresentá-lo via MHC de classe I.
Como mencionado inicialmente, a diferenciação das células T CD4
+
para um
fenótipo Th1 ou Th2 é influenciado pelas condições no microambiente onde estas
células encontram o antígeno. Alguns estudos demonstram que a presença de IFN-γ
é fator essencial para a produção posterior de IFN-γ pela célula T CD4
+
(Bradley et
al., 1996). Outros estudos demonstram que a diferenciação da célula T CD4
+
para o
fenótipo Th1 é principalmente influenciada por IL-12 e IFN-γ (Jacobson et al, 1995).
Contudo, o papel exato que o IFN-γ exerce na diferenciação de CD4 para o fenótipo
Th1 ainda não está completamente elucidado e a população celular responsável
pela produção desta citocina ainda não está demonstrada.
Alguns estudos sugerem que o IFN-γ pode ser produzido por células NK e
após ativação, por células T CD8
+
e NKT (Lertmemongkolchai et al., 2001).
Macrófagos, DCs e células B também podem produzir IFN-γ (Ohteki et al., 1999).
Outros trabalhos demonstram que as células NK e as células T CD8
+
são boas
produtoras de IFN-γ in vivo (Martín-Fontecha et al., 2004; Das et al., 2001).
Trabalhos mais recentes sugerem que células T CD8
+
e não CD4
+
, após estímulo via
TCR nas células primárias, são excelentes produtoras de IFN-γ, podendo
representar uma fonte inicial de IFN-γ atuando diretamente na diferenciação da
célula T CD4
+
para o fenótipo Th1 (Teixeira et al., 2005). Porém, os mecanismos de
ativação das células T CD8
+
na diferenciação das células T CD4
+
para o fenótipo
Th1 ainda não estão bem estabelecidos.
Para avaliar esses aspectos, foi utilizada uma co-cultura de DCs, células T
CD4
+
e células T CD8
+
. As células T CD4
+
diferenciadas em presença de células T
CD8
+
capazes de produzir IFN-γ produziram níveis mais elevados de IFN-γ e
menores níveis de IL-4, características de células T CD4
+
diferenciadas para um
fenótipo Th1. Já as células T CD4
+
diferenciadas em presença de células T CD8
+
que não produzem IFNγ produziram níveis elevados de IL-4 e baixos níveis de IFN-γ,
característicos de fenótipo Th2 (Figura 10).
Neste modelo de co-cultura, foi demonstrado que o IFN-γ produzido pela
CD8
+
polariza uma resposta Th1, mas não foi avaliado se esta ativação está sendo
dependente do mecanismo de apresentação cruzada. Para abordar este aspecto, foi
utilizado um protocolo de diferenciação em co-culturas usando DCs purificadas de
53
camundongos β2m+/+ ou β2m/-. Como demonstra a Figura 11, células T CD4
+
diferenciadas em presença de DCs incapazes de realizar a apresentação cruzada
(β2m-/-), demonstram um fenótipo Th2, com altos níveis de IL-4 e baixos níveis de
produção de IFN-γ. Este fenótipo foi revertido quando foi utilizada DCs capazes de
realizar o mecanismo de apresentação cruzada (β2m+/+). Portanto, o mecanismo de
apresentação cruzada é capaz de induzir a célula T CD8
+
a produzir IFN-γ, que
potencializa a diferenciação das células T CD4
+
para um fenótipo Th1.
Como abordado anteriormente, vários fatores influenciam o processo de
diferenciação das linhagens Th1 e Th2, incluindo o tipo de APC, a concentração do
antígeno (duração e força do sinal), a ligação de moléculas co-estimulatórias e o
envolvimento de citocinas. Alguns estudos sugerem que a escolha Th1/Th2 é feita
logo após a apresentação do antígeno pelas DCs às células T CD4. (revisto por
Abbas et al, 1996; Constant & Bottomly, 1997).
Para dar continuidade ao trabalho, pretendemos verificar se o estágio de
maturação da DC, ou se as moléculas co-estimulatórias podem influenciar a
aquisição de fenótipo Th1. Isto, baseado nos dados que demonstram que o
processo de maturação está associado com vários eventos coordenados, como a
perda de receptores endocíticos/fagocíticos, o aumento da expressão de moléculas
coestimulatórias CD40, CD58, CD80 e CD86, a mudança na morfologia, e a
diminuição da expressão de CD86 e mudanças nos compartimentos de MHCII.
Portanto, todos estes aspectos podem influenciar na resposta imune.
Outros trabalhos em camundongos demonstram que as DCs maduras CD8α
+
produzem IL-12 e preferencialmente estimulam a diferenciação Th1. Um segundo
subtipo de DCs, as CD8α
-
induzem a produção de IL-4 estimulando a diferenciação
para Th2 (Maldonado-Lopez, et al., 2001). A produção de IL-12 pode ser modulada
por citocinas e mediadores presentes durante a maturação da DC (Kalinski et al.,
1999). Contudo, a produção de IL-12 é restrita a uma janela temporal de 8-16 horas
após a indução da maturação (Langenkamp et al., 2000). Portanto, avaliar o papel
da IL-12, utilizando DCs de camundongos IL-12-/- é um ponto interessante a ser
avaliado.
Além disso, nos modelos de interação entre as células T CD4
+
, CD8
+
e DCs
durante a resposta imune mediada por células, sugere-se que a ativação da DC por
patógenos ou por resposta tecidual induzida por patógeno (Medzhitov & Janeway,
1997) é necessária para a migração das DCs para os linfonodos e para sua
54
habilidade em ativar células T naives. O passo seguinte é mediado por interações
DC40-CD40L com as células T CD4
+
específicas ao antígeno, levando a DC a
adquirir um segundo passo no nível de ativação e efetivamente interagir com as
células T CD8
+
(Bennett et al., 1998).
Ainda não se sabe se a interação DC-células T CD8
+
resulta em algum sinal
que pode afetar a resposta das células T CD8
+
(Mailliard et al., 2002). Este seria
outro aspecto interessante a ser abordado. Kapsenber e colaboradores (1999)
demonstraram que as DCs que sofreram a maturação em presença de células T
CD8
+
são diferentes das maturadas em presença de LPS ou citocinas inflamatórias,
incluindo IL-1β e TNF-α, onde estas DCs mostraram uma menor produção de IL-12
e redução na indução da resposta Th1 (Kalinski et al., 1999). DCs polarizadas com
IFN-γ produzem até 10 vezes mais IL-12p70 do que DCs maturadas por LPS ou
TNF-α/IL-1β. DCs maturadas em presença de células T CD8
+
produziram níveis
similares de IL-12p70 (Mailliard et al., 2002). Esses dados sugerem que as células T
CD8
+
podem ter influência durante a resposta imune primária induzindo a resposta
para o fenótipo Th1. No entanto, a própria célula T CD8
+
necessita de ativação por
uma APC, que providencia certos níveis de co-estimulação. Portanto, tanto células T
CD4
+
quanto células T CD8
+
naives necessitam de uma ativação inicial dependente
de patógeno vindo da DC. Assim, sugere-se que as células T CD4
+
e CD8
+
atuem
num sistema de rede, controlando a atividade uma da outra, através de sinais
mediados pela DC.
Outro ponto interessante está baseado em trabalhos que sugerem que DCs
podem providenciar sinais as células T naives e influenciar a direção da resposta
Th1/Th2. Contudo, não está claro como as DCs distinguem entre diferentes classes
de patógenos que requerem a resposta Th1 versus Th2. Um mecanismo
previamente proposto sugere a habilidade de alguns patógenos intracelulares que
induzem a produção de IL-12 ou outros fatores que direcionem a diferenciação Th1.
Outra proposta é a habilidade seletiva de distintos tipos de patógenos interagirem
com diferentes subpopulações que possam induzir Th1 ou Th2 (revisto por Liu et al.,
2001), através de diferentes receptores de PAMPs. (Mailliard et al., 2002). Portanto,
pode-se modular experimentalmente a interção entre patógenos e DCs através de
receptores, como PRRs, e avaliar se existe alteração no mecanismo de
diferenciaçõa das células T CD4
+
.
55
Está demonstrado que células T CD8
+
específicas contra antígenos tumorais
tem um papel importante na erradicação do câncer pelo sistema imune (van de
Bruggem et al., 1991). Sabe-se que as células T CD8
+
são ativadas quando
reconhecem antígenos tumorais no complexo do MHC de classe I nas APCs, pelo
mecanismo de apresentação cruzada (Larsson et al., 2001). Células tumorais podem
alterar a qualidade da apresentação cruzada nas DCs do hospedeiro (Hargadon et
al., 2006). Além disso, a apresentação cruzada de antígenos tumorais é necessária
para induzir a ativação de células T CD8
+
em alguns modelos (Nguyen et al., 2002;
Nowak, et al., 2003). A relação in vivo entre a apresentação cruzada e a
apresentação direta em modelos anti-tumorais ainda não está completamente
elucidada. Ainda não foi demonstrado se a eficiência da resposta anti-tumoral das
células T CD8
+
depende da funcionalidade ou da natureza da APC. Além disso, o
microambiente onde ocorre esta apresentação também pode influenciar a ativação
dos linfócitos. Portanto, modular o mecanismo de apresentação cruzada in vivo pode
levar a potencialização da resposta imune na erradicação do tumor. Uma forma de
potencializar a apresentação cruzada e verificar seu efeito na diferenciação seria
aumentar a quantidade de peptídeos antigênicos ou aumentar a eficiência dos
proteassomos no processamento de antígenos. Fisiologicamente, a fagocitose é a
principal rota de captura de antígeno para a apresentação cruzada. Trabalhos
pioneiros em macrófagos, e mais recentemente nas DCs, mostram que antígenos
ligados a esferas de látex, forçam a entrada por fagocitose, aumentando fortemente
a capacidade de apresentação cruzada (Kovacsovics-Bankowski et al., 1993; Shen
et al., 1997).
O aumento da apresentação cruzada não pode ser explicado somente pelo
aumento da captura do antígeno, pois não necessariamente esta capacidade
endocítica resulta em uma boa apresentação cruzada. Além disso, a apresentação
cruzada também pode ser aumentada pela adição de partículas que possam atuar
como adjuvantes para antígenos solúveis (Reis e Souza & Germain, 1995).
Peptídeos ligados a diferentes HSPs, incluindo gp96, HSP90, HSP60 e HSP70,
induzem eficiente apresentação cruzada tanto in vivo quanto in vitro. No estado
constante, HSPs são ligadas com peptídeos endógenos. A interação de gp96 com
peptídeos, por exemplo, ocorre no ER e é dependente de TAP. HSPs estão
relacionadas com morte celular por necrose, e podem ser internalizados pelas APCs
através de receptores específicos, como CD91. De alguma forma, HSPs-associados
ao antígeno são transportados às moléculas de MHC de classe I ou II para a
56
apresentação do antígeno. Bloqueando o receptor CD91, reduz-se a apresentação
cruzada, o que sugere que a captura do antígeno mediada pelo receptor é
necessária (Guermonprez et al., 2003).
O estudo do mecanismo de apresentação cruzada é especialmente relevante
no contexto da imunidade, pois permite a ativação de células T CD8
+
especificas.
Esta resposta das células T CD8
+
, além de ser importante na resposta anti-tumoral,
é necessária para o controle de parasitas intracelulares e infecções virais (revisto por
Heath et al., 2004). Entretanto, nas infecções virais ainda não está claro a
importância da apresentação cruzada (Heath & Carbone, 2001). Os patógenos
intracelulares podem ser internalizados pelas DCs em fagossomos. Sabe-se que
antígenos bacterianos podem entrar no mecanismo de apresentação cruzada (Lenz
et al., 2000) e a resposta de células T CD8
+
pode contribuir na resposta imune
contra patógenos intracelulares (Watts & Amigorena, 2001). As células T CD8
+
através da apresentação cruzada podem reconhecer células infectadas por
patógenos intracelulares ou vírus e produzir IFN-γ, que ajuda a ativar as APCs ou
matar as células infectadas para eliminar e resolver a infecção.
Uma das mais eficazes terapias para previnir muitas doenças infecciosas, tem
sido a estimulação da resposta imune através da vacinação. A maioria das vacinas
atuais consistem em componentes de patógenos mortos. Estas vacinas são
consideradas mais seguras, porém elas geralmente falham em ativar a resposta
imune mediada por células T CD8
+
(revisto por Rock & Shen, 2005). Esta limitação
impossibilitaria o uso destas vacinas para proteger o organismo contra doenças
onde a imunidade é mediada pelas células T CD8
+
, como determinadas infecções
virais e o câncer. Sabe-se que as células T CD8
+
não são estimuladas por estas
vacinas, pois as APCs não processam e não apresentam estes antígenos no MHC
de classe I. Se estes antígenos forem inoculados de forma a induzirem a
apresentação no MHC de classe I nas DCs, então seria possível a imunidade
mediada por células T CD8
+
. Alguns mecanismos têm sido sugeridos, dentre eles a
utilização de adjuvantes ou a utilização de preparações de antígenos particulados
(Falo et al., 1995). Sabe-se que estas preparações podem ser reconhecidas por
APCs e serem apresentadas no complexo de MHC de classe I ou II (Falo et al.,
1995; Raychaudhuri & Rock, 1998). A resposta imune subseqüente é
suficientemente forte para proteger os modelos animais do encontro ao desafio com
tumores agressivos (Falo et al., 1995). Os antígenos particulados podem ser usados
com outros antígenos nas DCs in vivo de forma a ativar tanto a imunidade mediada
57
por células T CD4
+
quanto as células T CD8
+
. Também é possível estimular a via de
apresentação cruzada de DCs in vitro e depois injetá-las in vivo, funcionando como
uma vacina celular (Celluzzi & Falo, 1998). Sabe-se também que a apresentação
cruzada pode conduzir a tolerância ou a imunidade. No entando, nestes estudos
ainda não está estabelecida a relação entre a apresentação cruzada, a estimulação
das células T CD8
+
e sua influência no mecanismo de diferenciação de células T
CD4
+
.
O estudo destes mecanismo celulares é de grande relevância para o
desenvolvimento e aprimoramento de técnicas de terapia celular e imunoterapia.
Alguns modelos de aplicações clínicas, que utilizam como terapia injeções de
antígenos tumorais associados a DCs possuem vários aspectos em aberto, por
exemplo, quão eficiente é a DC e por quanto tempo a DC ativada in vitro com
peptídeos pode continuar apresentando estes peptídeos in vivo (Hayashi et al.,
2006). Portanto, o desenvolvimento de modelos e estratégias que modulem e
polarizem a resposta imune, aumentando sua eficiência na estimulação dos linfócitos
é de grande valia, tanto em modelos anti-tumorais, quanto virais ou contra parasitas
intracelulares.
58
6. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, concluímos que o mecanismo de
apresentação cruzada é capaz de estimular as células T CD8
+
a produzirem IFN-γ,
que pode modular a diferenciação da célula T CD4
+
para o fenótipo Th1.
DCs purificadas do baço de camundongos C57Bl/6 apresentam diferentes
níveis de expressão das moléculas de MHC de classe II, CD8α, CD40 e co-
estimulatórias (CD80 e CD86).
DCs são capazes de realizar apresentação cruzada, estimulando as células T
CD8
+
a produzirem IFN-γ in vitro.
O IFN-γ produzido pelas células T CD8
+
potencializa a diferenciação de
células T CD4
+
para um fenótipo Th1 in vitro.
A apresentação cruzada induz as células T CD8
+
a produzir IFN-γ, que
potencializa a diferenciação das células T CD4
+
para um fenótipo Th1 in vitro
59
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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