Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS TECNOL
´
OGICAS - CCT
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM F
´
ISICA - PPGF
Forma¸c˜ao: Mestrado em F´ısica
DISSERTAC¸
˜
AO DE MESTRADO OBTIDA POR
FRANCISCO ALFARO
DESCRIC¸
˜
AO DO EFEITO MAGNETOCAL
´
ORICO
NO MODELO DA REDE DE KONDO
Apresentada em 10/10/2008 Perante a Banca Examinadora:
Dr. Ben Hur Bernhard - CCT/UDESC - (presidente)
Dra. C´ıntia Aguiar - CCT/UDESC
Dr. Nilson Antunes de Oliveira - UERJ
Joinville
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS TECNOL
´
OGICAS - CCT
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM F
´
ISICA - PPGF
DISSERTAC¸
˜
AO DE MESTRADO
Mestrando: Francisco Alfaro
Orientador Prof. Dr. Ben Hur Bernhard - CCT/UDESC
DESCRIC¸
˜
AO DO EFEITO MAGNETOCAL
´
ORICO
NO MODELO DA REDE DE KONDO
DISSERTAC¸
˜
AO APRESENTADA PARA A
OBTENC¸
˜
AO DO T
´
ITULO DE MESTRE EM
F
´
ISICA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE
SANTA CATARINA, CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS
TECNOL
´
OGICAS - CCT, ORIENTADA PELO
PROF. DR. BEN HUR BERNHARD.
Joinville
2008
ads:
FICHA CATALOGR
´
AFICA
NOME: Francisco Alfaro
DATA DEFESA: 10/10/2008
LOCAL: Joinville, CCT/UDESC
N
´
IVEL: Mestrado N´umero de ordem: 01 - CCT/UDESC
FORMAC¸
˜
AO: F´ısica
´
AREA DE CONCENTRAC¸
˜
AO: F´ısica
T
´
ITULO: Descri¸c˜ao do efeito magnetocal´orico no modelo da rede de Kondo
PALAVRAS-CHAVE: Efeito magnetocal´orico, rede de Kondo
N
´
UMERO DE P
´
AGINAS: ix, 69 p.
CENTRO/UNIVERSIDADE: Centro de Ciˆencias Tec nol´ogicas da UDESC
PROGRAMA: P´os-gradua¸c˜ao em F´ısica - PPGF
CADASTRO CAPES: 41002016011P-4
PRESIDENTE DA BANCA: Dr. Ben Hur Bernhard
MEMBROS DA BANCA: Dr. Nilson Antunes de Oliveira, Dra. C´ıntia Aguiar
i
Agradecimentos
Agradco imensamente ao meu orientador Professor Ben Hur Bernhard por ter me
inserido na pesquisa cient´ıca, pelas boas discuss˜oes e horas dedicadas, sempre com boa
vontade, a essa disserta¸c˜ao de mestrado.
Quero agradecer ao pesquisador Nilson Antunes de Oliveira pelas discuss˜oes e
contribui¸c˜oes esclarecedoras fornecidas a e ste t rabalho.
Deixo tamb´em os meus agradecimentos aos professores Fernando Deeke Sasse,
Paulo Cesar Rech, Jorge Gon¸calves Cardoso e a professora C´ıntia Aguiar.
Pelo apoio financeiro e estrutural, sou grato `a Universidade do Estado de Santa
Catarina e `a Coordena¸c˜ao do Programa de P´os Gradua¸c˜ao em F´ısica.
Deixo um agradecimento aos colegas de mestrado e ao Coral da Udesc Joinville,
por toda alegria e confian¸ca a mim dedicadas. Tamb´em aos meus amigos, Anderson
Jos´e Cordeiro, Carlos Andr´e Hernaski, Celso Luiz Sigoli Risi, Chaiani Bardini, Douglas
do Nascimento, Eden´ılson Vieira, Everton Rosa, Fernando Claudio Guesser, Jao Carlos
Xavier, Julio Cesar Sag´as, La´ıs Perini, Liara Roseli Krobot, Luiz Gustavo Carreta Junior,
Maiko Becker, Mariana Couto Siqueira e Thiago Salles, pelo apoio nessa caminhada.
Agradco aos meus irm˜aos Adriano e Edward Alfaro, ao meu sobrinho Rafael
Reichert Alfaro e as minhas primas Vanderli de Oliveira e Claudia Pereira, que est˜ao
sempre presentes nas horas dif´ıceis.
Um agradecimento especial a minha falecida m˜ae Vilma da Silva Alfaro, que mesmo
estando presente de corpo apenas nos 14 anos iniciais de minha vida, sempre me d´a for¸cas
e caminha comigo nas doces lembran¸cas que tenho. Por m uma agradecimento mais que
especial, ao meu pai Jos´e Alfaro e a minha noiva Grasiela dos Santos, por me apoiarem
todas as horas que me dediquei ao mestrado.
ii
Sum´ario
1 Introdu¸c˜ao 1
2 Materiais Magnetocal´oricos 3
3 Descri¸c˜ao Termodinˆamica do Efeito Magnetocal´orico 12
4 Descri¸c˜ao Microsc´opica do Efeito Magnetocal´orico 18
4.1 O Modelo da Rede de Kondo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.2 Magnetiza¸c˜ao dos El´etrons de Condu¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.3 Intera¸c˜ao RKKY Modicada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4.4 Magnetiza¸c˜ao dos Spins Localizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.5 Efeito Magnetocal´orico no Modelo da Rede de Kondo . . . . . . . . . . . . 33
5 Resultados 35
6 Conclus˜ao 53
A C´alculo do produto S
i
· s
i
55
B Fun¸c˜oes de Green 57
C Alguns Comutadores 59
D Solu¸c˜ao para (a) 64
iii
Lista de Figuras
2.1 Representa¸c˜ao esquem´atica da cristalograa das fases de baixa tempera-
tura, existentes na fam´ılia de compostos Gd
5
(Ge
1x
Si
x
)
4
. Ref. [18]. . . . . 3
2.2 Diagrama de fases magn´eticas e cristalogr´acas do Gd
5
(Ge
1x
Si
x
) com uma
varia¸c˜ao de 2T do campo magn´etico externo. Ref. [19]. . . . . . . . . . . . 4
2.3 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para diferentes tipos de Gd
5
Si
2
Ge
2
.
Ref. [20]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.4 Representa¸c˜ao esquem´atica da cristalograa do NaZn
13
. Em cada v´ertice
do icosaedro e em seu centro existe um ´atomo de Zn, as esferas representam
os at´omos de Na. Ref. [23]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.5 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para compostos de La(F e
x
Si
1x
)
com x = 0.88, 0.89, 0.90 e uma varia¸c˜ao de 5T no campo magn´etico externo.
Ref. [20]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.6 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para diferentes tipos de La(F e, Si).
Ref. [20]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.7 Representa¸c˜ao cristalina da estrutura do NiAs, a mesma para o MnAs `a
baixas temperaturas. Ref. [23]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.8 Representa¸c˜ao cristalina da estrutura do MnP, a mesma para o MnAs entre
307K e 393K. As esferas amarelas representam os ´atomos de P e as cinzas
os Mn. Ref. [26]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.9 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para o MnAs para diferentes
valores de press˜ao. Ref. [27]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.10 Representa¸c˜ao da estru tura cristalina do F e
2
P . Ref. [26]. . . . . . . . . . . 9
2.11 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para diferentes compostos a
base de F e
2
P , com uma varia¸c˜ao no campo externo de 2T . Ref. [20]. . . . 10
iv
2.12 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para diferentes materiais com
uma varia¸c˜ao no campo externo de 2T . Ref. [20]. . . . . . . . . . . . . . . 10
3.1 Exemplica¸c˜ao visual do efeito magnetocal´orico. Ref. [36]. . . . . . . . . . 12
3.2 Diagrama S × T , que mostra gracamente as grandezas do efeito magne-
tocal´orico, T
ad
e S
mag
. A curva cinza corresponde ao caso sem campo
magn´etico, e a curva vermelha, em presen¸ca do campo. Ref. [35]. . . . . . 13
5.1 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de J e n = 0, 5. As
linha cont´ınuas representam h = 0t e as tracejadas h = 0, 01t. . . . . . . . 36
5.2 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de h, com J = 5, 0t
e n = 0, 5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.3 Magnetiza¸c˜ao dos spins localizados (linhas cont´ınuas) e dos el´etrons de
condu¸c˜ao (linhas tracejadas) em fun¸c˜ao de T , para diferentes valores de n
com J = 5, 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.4 Diagrama de fases de T
C
em fun¸c˜ao de n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.5 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de h, com J = 5, 0t
e n = 0, 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.6 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para h = 0, com J = 5, 0t e diferentes valores
de n entre 0,1 e 0,2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.7 Calor espec´ıco em fun¸c ˜ao de T para diferentes valores de n, com J = 5, 0t
e h = 0, 0t. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5.8 Calor espec´ıco em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de h, com J = 5, 0t
e n = 0, 5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.9 Calor espec´ıco em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de h, com J = 5, 0t
e n = 0, 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.10 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de J, com h =
0, 010t e n = 0, 5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5.11 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de J, com h =
0, 010t e n = 0, 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.12 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia em fun¸c˜ao de T no Gd
3
Al
2
medido por
diferentes m´etodos. Ref. [46]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
v
5.13 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de n, com J = 5, 0t
e h = 0, 010t. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.14 Contribui¸c˜oes da magnetiza¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao e dos spins loca-
lizados para a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia com h = 0, 010t, J = 5, 0t
e n = 0, 5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.15 Contribui¸c˜oes da magnetiza¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao e dos spins loca-
lizados para a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia com h = 0, 010t, J = 5, 0t
e n = 0, 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.16 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de h, com J =
5, 0t e n = 0, 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.17 Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de h, com J =
5, 0t e n = 0, 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
vi
Lista de Tabelas
2.1 Compara¸c˜ao entre alguns materiais magnetocal´oricos. (c) ´e calculado de
uma combina¸c˜ao de medidas e (d) ´e obtido por medidas diretas. Ref. [20]. 11
vii
Resumo
O modelo da rede de Kondo descreve uma rede de spins localizados S
i
que inte-
ragem com os el´etrons de condu¸c˜ao via um acoplamento de troca local J. Assumindo
um acoplamento ferromagn´etico J > 0 da regra de Hund, o modelo pode ser usado para
descrever alguns materiais magneto cal´oricos tais como Gd(Si
x
Ge
1x
)
4
, La(Fe
1x
Si
x
)
13
, e
LaCa
1x
Mn
x
O
3
, que ao importantes para refrigera¸c˜ao magn´etica pr´oximo a temperatura
ambiente. Os momentos localizados ao descritos no Hamiltoniano modelo por opera-
dores de spin, e os e l´etrons de condu¸c˜ao por operadores fermiˆonicos. Para estudar o
efeito magnetocal´orico, um campo magn´etico uniforme externo e adicionado atrav´es do
termo Zeeman. Pela m´edia dos graus de liberdade dos operadores fermiˆonicos, obt´em-se
um acoplamento de troca ind ireto J
ij
entre spins dos s´ıtios i e j, que corresponde a in-
tera¸c˜ao RKKY. O valor m´edio S
z
i
auto-consistente ´e calculado no Hamiltoniano efetivo
de Heisenberg na aproxima¸c˜ao de fase aleat´oria (RPA). Os el´etrons de condu¸c˜ao para um
dado valor de S
z
i
´e obtido das correspondentes fun¸c˜oes de Green atrav´es do m´etodo da
equa¸c˜ao de movimento. A press˜ao e a dependˆencia da dopagem com a temperatura de
Curie ao levadas em conta no c´alculo de J
ij
.
Palavras-chave: Efeito magnetocal´orico; rede de Kondo.
viii
Abstract
The Kondo lattice model describes a lattice of localized spins S
i
interacting with
the conduction electrons via a local exchange coupling J
K
. Assuming a ferromagnetic
Hunds rule coupling J
K
> 0, the model can be used to describe some itinerant mag-
netocaloric materials such as Gd(Si
x
Ge
1x
)
4
, La(Fe
1x
Si
x
)
13
, and LaCa
1x
Mn
x
O
3
, which
are important for magnetic refrigeration near room temperature. The localized magnetic
moments are described in the model Hamiltonian by spin operators, and the conduction
electrons by fermionic operators. To study the magnetocaloric eect, a uniform exter-
nal magnetic eld is added through a Zeeman term. By averaging the fermionic degrees
of freedom, one obtains an indirect exchange coupling J
ij
between spins at sites i and
j, which corresponds to the RKKY interaction. The self-consistent mean value S
z
i
is
evaluated in the eective Heisenberg Hamiltonian within the random phase approxima-
tion (RPA). The conduction electron magnetization for a given value of S
z
i
is obtained
from the corresponding Greens functions through the equation of motion method. The
pressure and doping dependence of the Curie temperature are taken into account in th e
evaluation of J
ij
. The magnetocaloric eect is characterized by the isothermal entropy
change S and the adiabatic temperature change T
ad
upon magnetic eld variations in
the neighborhood of the ferromagnetic phase transition.
Key words: Magnetocaloric eect; Kondo lattice.
ix
Cap´ıtulo 1
Introdu¸c˜ao
Todos os materiais magn´eticos apresentam a caracter´ıstica de trocar calor ou mudar
sua temperatura quando est˜ao sob a influˆencia de um campo magn´etico vari´avel. Este
fenˆomeno, conhecido como efeito magnetocal´orico, foi reportado pela primeira vez em
1881 pelo f´ısico alem˜ao E. Warburg [1]. Em 1933, o f´ısico canadense W. F. Giauque [2, 3]
utilizou o efeito magnetocal´orico para resfriar substˆancias paramagn´eticas a temperaturas
abaixo de 1K, atrav´es de processos de desmagnetiza¸c˜ao adiab´atica, trabalho que lhe
concedeu o prˆemio nobel de qu´ımica em 1949.
No ano de 1976, foi desenvolvido o primeiro prot´otipo de um refrigerador magn´etico
que funcionava `a temperatura ambiente [4, 5]. O idealizador deste trabalho, Gerald
Brown, utilizou o gadol´ınio como material refrigerante para estar sob a influˆencia das
varia¸c˜oes do campo magn´etico aplicado. Este campo tinha uma intensidade de 7 Teslas e
era gerado por um eletro´ım˜a muito caro e pesado, e por esse fato, o prot´otipo tornou-se
invi´avel para o uso dom´estico.
Mesmo com esses desenvolvimentos anteriores, o efeito magnetocal´orico revelou-se
com maior impacto para a comunidade cient´ıca apenas em 1997, quando V. K. Pe-
charsky e K. A. Gschneidner Jr. [6] reportaram sobre o efeito magnetocal´orico gigante
no composto Gd
5
Si
2
Ge
2
. Desde ent˜ao, muitos trabalhos experimentais e te´oricos vˆem
sendo desenvolvidos com a motiva¸c˜ao de tornar vi´avel o uso comercial do regrigerador
magn´etico.
O refrigerador magn´etico ´e uma op¸c˜ao tentadora para substituir os atuais refri-
geradores convencionais (b aseados na compress˜ao e descompress˜ao de um as), pois a
refrigera¸c˜ao magn´etica tem a vantagem de n˜ao usar gases nocivos ao meio ambiente e de
1
ser mais eciente que a refrigera¸c˜ao convencional. No entanto, o alto custo para produzir
campos magn´eticos intensos e a busca de um material refrigerante ideal ao as diculdades
a serem superadas para tornar o refrigerador magn´etico uma realidade no com´ercio e nas
residˆencias.
Um material refrigerante ideal deve possuir uma grande eciˆencia termodinˆamica
sob campos magn´eticos da ordem de 2 Teslas no intervalo de temperatura entre 253K
e 313K (20
C e 40
C, a escala de funcionamento dos refrigeradores convencionais).
A procura deste material tem impulsionado as pesquisas do efeito magnetocal´orico em
metais de transi¸c˜ao 3d e em metais de terras raras e suas ligas [6]-[15], entre os principais
compostos podemos citar o Gd
5
Si
2
Ge
2
[6], o MnF eP
0.45
As
0.55
[10], o La(F e
x
Si
1x
)
13
[11],
o La(F e
x
Si
1x
)
13
H
y
[11] e o MnAs [12].
O segundo cap´ıtulo dessa disserta¸c˜ao faz uma abordagem informativa de alguns
materiais magnetocal´oricos, apontando suas principais caracter´ısticas e trazendo um com-
parativo entre os seus potenciais termodinˆamicos.
O efeito magneto cal´orico vem sendo estudado intensivamente. Do ponto de vista
te´orico, esse efeito nos materiais a base de terras raras ´e descrito atrav´es do modelo de
Heisenberg [13]. Em compostos a base de metais de transi¸c˜ao, a descri¸c˜ao ´e feita por meio
de modelos da teoria de bandas, que incorporam os el´etrons itinerantes [14].
Neste trabalho, n´os estudamos teoricamente o efeito magnetocal´orico em um sis-
tema que pode ser descrito pelo mo delo da rede de Kondo, onde os momentos magn´eticos
localizados f est˜ao acoplados com a banda de condu¸c˜ao por meio de uma intera¸c˜ao de
troca local J. Alguns compostos dos citados acima podem ser exemplos deste tipo de
sistema que aqui estudamos.
No cap´ıtulo 3 ´e apresentada a descri¸c˜ao termodinˆamica do efeito m agnetocal´orico,
que ´e um m´etodo de se obter os potenciais magnetocal´oricos atrav´es de uma descri¸c˜ao
macrosc´opica do sistema. Tal descri¸c˜ao mostra que o comportamentos desses potenciais
est´a intimamente relacionado com a magnetiza¸c˜ao do sistem a.
No cap´ıtulo 4 desenvolvemos o modelo te´orico que descreve o nosso sistema de
estudo. Usamos o formalismo das fun¸c˜oes de Green para obter a magnetiza¸c˜ao geral do
sistema e consequentemente a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia, obedecendo a descri¸c˜ao
apresentada no cap´ıtulo 3.
2
Cap´ıtulo 2
Materiais Magnetocal´oricos
Desde a descoberta do efeito magnetocal´orico gigante apresentado pelo composto
Gd
5
Si
2
Ge
2
, gerou-se uma expectativa de desenvolver refrigeradores magn´eticos `a tem-
peratura ambiente para o uso comercial. Essa possibilidade despertou na comunidade
cient´ıca a necessidade de estudar o efeito magnetocal´orico em uma variedade de com-
postos. Os estudos experimentais focaram os metais de transi¸c˜ao 3d, metais de terras
raras e as ligas destes dois tipos de materiais.
Os compostos de Gd
5
(Ge
1x
Si
x
)
4
com 0.3 x 0.5 [16, 17], apresentam um
Figura 2.1: Representa¸c˜ao esquem´atica da cristalograa das fases de baixa temperatura,
existentes na fam´ılia de compostos Gd
5
(Ge
1x
Si
x
)
4
. Ref. [18].
3
efeito magnetocal´orico gigante pr´oximo a temperatura ambiente. Uma de suas principais
caracter´ısticas ´e a transi¸c˜ao de fase magn´etica acompanhada de uma transi¸c˜ao estrutural
de primeira ordem. Para baixas temperaturas, n˜ao importa o valor de x, o Gd
5
(Ge
1x
Si
x
)
apresenta uma estrutura cristalina ortorrˆombica do tipo Gd
5
Si
4
e o estado fundamental ´e
ferromagn´etico [19]. J´a na temperatura ambiente o composto pode assumir trˆes estruturas
diferentes (veja a Figura 2.1), quando x > 0.55 temos o mesmo tipo Gd
5
Si
4
est´avel
[O(I)], para x < 0.3 os materiais adotam uma estrutura do tipo Sm
5
Ge
4
[O(II)] tamb´em
ortorrˆombica e com um volume maior que a anterior. Entre esses dois tipos de estruturas
temos a monocl´ınica M , do tipo Gd
5
Si
2
Ge
2
. A estrutura M ´e sempre paramagn´etica,
enquanto que a O(II) pode suportar a fase paramagn´etica ou antiferromagn´etica. A gura
2.1 faz a representa¸c˜ao destas trˆes estruturas, nas quais as esferas verdes e vermelhas
representam os ´atomos de Ge e Si e os ´atomos de Gd ao representados por esferas azuis
e tamb´em est˜ao n os v´ertices dos paralelogramos.
Figura 2.2: Diagrama de fases magn´eticas e cristalogr´acas do Gd
5
(Ge
1x
Si
x
) com uma
varia¸c˜ao de 2T do campo magn´etico externo. Ref. [19].
A gura 2.2 mostra o diagrama de fases magn´eticas e estruturais dos compostos
de Gd
5
(Ge
1x
Si
x
). Enquanto que a gura 2.3 mostra o comparativo dos resultados ex-
4
perimentais para diferentes tipos de Gd
5
Si
2
Ge
2
com o Gd puro. Fica claro no gr´aco
a resposta para o termo efeito magnetocal´orico gigante, j´a que o comp osto Gd
5
Si
2
Ge
2
apresenta uma varia¸c˜ao da entropia magn´etica cinco vezes maior comparada ao Gadol´ıneo
puro.
Figura 2.3: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para diferentes tipos de Gd
5
Si
2
Ge
2
.
Ref. [20].
Outro tipo de material que vale a pena citar aqui ao os compostos de La(F e, Si)
13
que se cristalizam no tipo NaZn
13
(gura 2.4), que ´e uma estrutura c´ubica. Estes com-
postos apresentam um crescimento na temperatura de Curie conforme a concentra¸c˜ao de
Ferro diminui [21], veja na gura 2.5.
A gura 2.6 mostra a varia¸c˜ao da entropia magn´etica dos compostos de La(F e, Si)
13
com adi¸c˜ao de Co e H. Estes compostos ao fortes candidatos para a refrigera¸c˜ao
magn´etica por possu´ırem um bom custo benef´ıcio comparados aos outros materiais, como
est´a mostrado na tabela 2.1.
Outro composto interessante ´e o M nAs, o qual apresenta-se em duas estruturas
diferentes [22]. Para baixas temperaturas a sua forma cristalina ´e hexagonal e do tipo
NiAs (Figura 2.7) e a sua transi¸c˜ao de fase magn´etica (ferro-paramagn´etica) ´e de pri-
meira ordem, a qual ´e c aracterizada por uma elevada histerese. Para temperaturas mais
elevadas, entre 307K e 393K, a estrutura cristalina ´e ortorrˆombica do tipo M nP (Figura
2.8) e a transi¸c˜ao de fase magn´etica (ferro-paramagn´etica) ´e de segunda ordem. A gura
5
Figura 2.4: Representa¸c˜ao esquem´atica da cristalograa do N aZn
13
. Em cada v´ertice do
icosaedro e em seu centro existe um ´atomo de Zn, as esferas representam os at´omos de
Na. Ref. [23].
2.9 mostra a varia¸c˜ao da entropia magn´etica do composto MnAs para v´arios valores de
press˜ao.
Existem tamb´em os compostos a base de F e
2
P , o qual apresenta uma transi¸c˜ao
de fase magn´etica de primeira ordem em torno de 216K [24], tal transi¸c˜ao ´e altamente
sensitiva a varia¸c˜oes da press˜ao e do campo magn´etico. A substitui¸c˜ao de As, B ou Si
em P resulta em um aumento da temperatura d e transi¸c˜ao, que pode ser deslocada para
a temperatura ambiente com 10% de Si ou As, ou 4% de B [25]. A gura 2.10 representa
a estrutura cristalina do composto F e
2
P que ´e hexagonal sem simetria central. A gura
2.11 mostra a varia¸c˜ao da entropia magn´etica para alguns compostos a base de F e
2
P .
Por m, a gura 2.12 e a tabela 2.1 faz um comparativo entre alguns compostos
que foram aqui citados. Pode se pe rceber que na temperatura ambiente, os materiais a
base de metais de transi¸c˜ao tem um potencial magnetocal´orico melhor do que os outros,
no entanto, um pouco abaixo dessa temperatura, os materiais a base de terras raras,
mostram ter um efeito magnetocal´orico mais satisfat´orio.
6
Figura 2.5: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para compostos de La(F e
x
Si
1x
)
com x = 0.88, 0.89, 0.90 e uma varia¸c˜ao de 5T no campo magn´etico externo. Ref. [20].
Figura 2.6: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para diferentes tipos de La(F e, Si).
Ref. [20].
7
Figura 2.7: Representa¸c˜ao cristalina da estrutura do NiAs, a mesma para o MnAs `a baixas
temperaturas. Ref. [23].
Figura 2.8: Representa¸c˜ao cristalina da estrutura do MnP, a mesma para o MnAs entre
307K e 393K. As esferas amarelas representam os ´atomos de P e as cinzas os Mn. Ref.
[26].
8
Figura 2.9: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para o MnAs para diferentes valores
de press˜ao. Ref. [27].
Figura 2.10: Representa¸c˜ao da estrutura cristalina do F e
2
P . Ref. [26].
9
Figura 2.11: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para diferentes compostos a base
de F e
2
P , com uma varia¸c˜ao no campo externo de 2T . Ref. [20].
Figura 2.12: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica para diferentes materiais c om
uma varia¸c˜ao no campo externo de 2T . Ref. [20].
10
T S
max
(2T ) T (2T ) T
c
Custo Densidade Referˆencias
material K J/kg.K K K 10kg/m
3
Gd 270 - 310 5 5.8
d
293 20 7.9 [28]
Gd
5
Si
2
Ge
2
150 - 290 27 6.6
d
272 60 7.5 [29, 30]
La(F e, Si)H 180 - 320 19 7
c
300 8 7.1 [11]
MnAs 220 - 320 32 4.1
d
287 10 6.8 [31, 32]
MnNiGa 310 - 350 15 2
c
317 10 8.2 [33]
MnF e(P, As) 150 - 450 32 6
d
292 7 7.3 [34]
Tabela 2.1: Compara¸c˜ao entre alguns materiais magnetocal´oricos. (c) ´e calculado de uma
combina¸c˜ao de medidas e (d ) ´e obtido por medidas diretas. Ref. [20].
11
Cap´ıtulo 3
Descri¸c˜ao Termodinˆamica do Efeito
Magnetocal´orico
O efeito magnetocal´orico [15, 35, 36] ´e a caracter´ıstica que os materiais magn´eticos
tˆem de variar sua temperatura ou de trocar calor quando se aplica um campo magn´etico
externo ao sistema. A gura 3.1 mostra que, quando aumenta a intensidade do campo
magn´etico num processo adiab´atico, o material magn´etico sofre um acr´escimo em sua
temperatura, enquanto que, no processo isot´ermico, o aumento do campo provoca uma
Figura 3.1: Exemplica¸c˜ao visual do efeito magnetocal´orico. Ref. [36].
12
transferˆencia de calor do material para o ambiente, com um decr´escimo na entropia do
material magn´etico.
A varia¸c˜ao adiab´atica da temperatura T
ad
e a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia
magn´etica S
mag
ao as grandezas que caracterizam o efeito magnetocal´orico. Podemos
analisar melhor essas duas grandezas com base no diagrama S×T da gura 3.2, o processo
Figura 3.2: Diagrama S × T , que mostra gracamente as grandezas do efeito magneto-
cal´orico, T
ad
e S
mag
. A curva cinza corresponde ao caso sem campo magn´etico, e a
curva vermelha, em presen¸ca do campo. Ref. [35].
AB, corresponde a um processo isot´ermico, no qual a aplica¸c˜ao do campo provoca uma
diminui¸c˜ao S
mag
na entropia magn´etica do material. Isso ocorre porque os momentos
magn´eticos deste material tendem a se alinhar com o campo, criando assim um estado
mais ordenado e, consequentemente, de menor entropia. O processo adiab´atico BC,
resulta na diminui¸c˜ao T
ad
da temperatura do material quando o campo magn´etico ´e
retirado. O fato da entropia S permanecer constante ´e o resultado da permanˆencia do
alinhamento entre os spins, portanto, sem trocar calor, o sistema passa do estado B para
o estado C.
O funcionamento de um refrigerador magn´etico deve ser baseado em um ciclo
termodinˆamico por exemplo, como o ciclo de Carnot, indicado na gura 3.2 pelo retˆangulo
13
ABCDA. Vamos analisar os quatro processos envolvidos no ciclo, supondo
que exista um material magn´etico qualquer submetido a um campo magn´etico externo.
No processo isot´ermico AB, o material ´e colocado em contato com um meio
quente e o campo magn´etico ´e aumentado. Ocorre um maior alinhamento entre os mo-
mentos magn´eticos e a entropia diminui, ou seja, uma pequena quantidade de calor sai
do material e ´e liberada para o meio quente, fora do refrigerador.
No processo adiab´atico BC, desfaz-se o contato t´ermico e o campo magn´etico
´e reduzido fazendo com que a temperatura do material diminua.
Em seguida, no processo isot´ermico CD, o material ´e colocado em contato com
o meio a ser refrigerado e o campo magn´etico ´e desligado totalmente. Isso proporciona um
aumento da entropia e por consequˆencia uma quantidade de calor proven iente do meio a
ser refrigerado ´e fornecida ao material.
No processo adiab´atico DA, o contato t´ermico ´e retirado e o campo magn´etico
´e novamente ligado. Assim o material sofre um aumento em sua temperatura e o ciclo de
Carnot ´e completado.
Logicamente, para se obter uma grande capacidade de refrigera¸c˜ao ´e necess´ario
otimizar o ciclo, obtendo ao mesmo tempo, uma m´axima varia¸c˜ao isot´ermica da entropia
magn´etica e uma m´axima varia¸c˜ao adiab´atica da temperatura.
Neste ponto, ´e importante disting¨uir a entopia total S e a entropia magn´etica S
mag
do sistema. A entropia total S pode ser apresentada, sob press˜ao constante, da seguinte
maneira:
S(H, T ) = S
mag
(H, T ) + S
r
(H, T ) + S
e
(H, T ), (3.1)
onde S
r
´e a entropia da rede e S
e
a entropia eletrˆonica. Essa f´ormula ´e correta para os
materiais magn´eticos de terras raras, j´a para os compostos a base de metais de transi¸c˜ao,
a separa¸c˜ao das contribui¸c˜oes da entropia total n˜ao ´e t˜ao evidente.
Em geral, as trˆes contribui¸c˜oes ao dependentes da temperatura e do campo magn´etico,
n˜ao podendo ser separadas explicitamente. No entanto, em uma primeira aproxima¸c ˜ao,
podemos acreditar que a contribui¸c˜ao eletrˆonica e da rede para a entropia total dependem
apenas da temperatura. Assim, toda a influˆencia do campo magn´etico na entropia total
do sistema, est´a contida somente em S
mag
na equa¸c˜ao (3.1), ou seja:
S(H, T ) = S
mag
(H, T ) + S
r
(T ) + S
e
(T ). (3.2)
14
Desta maneira, ca claro que a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia total
S = S(H + H, T ) S(H, T ) (3.3)
´e igual a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia magn´etica
S
mag
= S
mag
(H + H, T ) S
mag
(H, T ), (3.4)
ou seja,
S(H, T ) = S
mag
(H, T ). (3.5)
Portanto, neste caso, n˜ao ´e mais necess´ario escrevermos o ´ındice mag quando falarmos da
varia¸c˜ao isot´ermica da entropia.
O potencial termodinˆamico utilizado ´e a energia livre de Gibbs:
G(T, p, H) = U T S + pV MH. (3.6)
Na representa¸c˜ao da energia interna U , temos:
U = U(S, V, M ), (3.7)
cuja diferencial dU ´e:
dU = T dS pdV + HdM, (3.8)
onde T dS ´e igual a diferencial do calor:
T dS = d
Q, (3.9)
pdV ´e o trabalho mecˆanico e HdM ´e o trabalho magn´etico devido a presen¸ca de um
campo magn´etico externo.
Escrevendo agora G na forma diferencial e usando a equa¸c ˜ao (3.8), obtemos:
dG = V dp SdT MdH, (3.10)
que por sua vez, fornece as seguintes equa¸c˜oes de estado:
S(T, p, H) =
G
T
p,H
, (3.11)
M(T, p, H) =
G
H
T,p
, (3.12)
15
V (T, p, H) =
G
p
T,H
. (3.13)
No caso de escrever U como uma fun¸c˜ao de H ao inv´es de M, n´os obtemos outra equa¸c˜ao
de estado:
H(T, M, p) =
G
M
T,p
. (3.14)
Com essas equa¸c˜oes de estado podemos obter as rela¸c˜oes de Maxwell escritas a seguir:
S
H
T,p
=
M
T
p,H
, (3.15)
S
p
T,H
=
V
T
p,H
, (3.16)
S
M
T,p
=
H
T
p,M
. (3.17)
supondo que a entropia seja fun¸c˜ao de T , p e H, podemos escrever:
dS =
S
T
p,H
dT +
S
p
T,H
dp +
S
H
T,p
dH, (3.18)
usando as rela¸c˜oes de Maxwell, dS ca na forma:
dS =
S
T
p,H
dT
V
T
p,H
dp +
M
T
p,H
dH. (3.19)
Vamos agora relembrar a defini¸c˜ao de dois coecientes termodinˆamicos, a capaci-
dade t´ermica e o coeciente de expans˜ao t´ermica, para substitu´ı-los em (3.19).
A capacidade t´ermica de um corpo ´e definida como a raz˜ao entre o calor d
Q
recebido e o correspondente incremento na temperatura dT . Escrevendo a capacidade
t´ermica `a p e H contantes:
C
p,H
=
d
Q
dT
p,H
, (3.20)
substituindo (3.9) na equa¸c˜ao acima, obtemos:
C
p,H
= T
S
T
p,H
. (3.21)
O co eciente de expanao t´ermica ´e definido como a raz˜ao entre o incremento no
volume e o incremento na temperatura, portanto, para um processo realizado `a p e H
contantes, temos:
α
T
(T, p, H) =
1
V
V
T
p,H
. (3.22)
16
Usando as equa¸c˜oes (3.21) e (3.22), podemos escrever a diferencial total d a entropia
(3.19) em termos da capacidade t´ermica e do coeciente de expanao t´ermica:
dS =
C
p,H
T
dT +
M
T
p,H
dH α
T
V dp. (3.23)
Da equa¸c˜ao (3.23), ca claro que para o caso de um processo isot´ermico-isob´arico,
onde dT = 0 e dp = 0, temos:
dS =
M
T
p,H
dH, (3.24)
ou seja,
S(H, T ) = S(H
2
, T ) S(H
1
, T ) =
H
2
H
1
M
T
p,H
dH. (3.25)
Voltando a equa¸c˜ao (3.8), vamos agora considerar um processo adiab´atico-isob´arico,
no qual dS = 0 e dp = 0, e portanto:
S
T
p,H
dT =
S
H
T,p
dH, (3.26)
lembrando da rela¸c˜ao entre c apacidade t´ermica e entropia da equa¸c˜ao (3.21), e tamb´em
da rela¸c˜ao de Maxwell j´a utilizada na equa¸c˜ao (3.18), obtemos:
dT =
T
C
p,H
M
T
p,H
dH, (3.27)
T
ad
(H, T ) = T (H
2
, T ) T (H
1
, T ) =
H
2
H
1
T
C
p,H
M
T
p,H
dH. (3.28)
Podemos observar que os potenciais magnetocal´oricos, equa¸c˜oes (3.25) e (3.28),
podem ser obtidos das curvas de magnetiza¸c˜ao M(T ) a p, H constantes e que seus valores
m´aximos acontecem quando
M
T
p,H
´e m´aximo, o que ocorre com maior frequˆencia na
temperatura de transi¸c˜ao de fase magn´etica, ou temperatura cr´ıtica T
c
.
Alternativamente, pode-se obter os potenciais magnetocal´oricos a partir das curvas
de entropia S(T ) (veja equa¸c˜ao (3.3)). O calor espec´ıco num processo a campo magn´etico
H constante e volume V constante ´e dado por:
c
H
(T ) =
d
Q
dT
(3.29)
e da equa¸c˜ao (3.9), temos:
c
H
(T ) = T
S
T
H,V
. (3.30)
Portanto, a entropia em fun¸c ˜ao da temperatura pode ser assim obtida:
S(T ) =
T
0
c
H
(T )
T
dT. (3.31)
17
Cap´ıtulo 4
Descri¸c˜ao Microsc´opica do Efeito
Magnetocal´orico
4.1 O Modelo da Rede de Kondo
O modelo da rede de Kondo [37, 38] descreve uma rede de spins localizados que
interagem com os el´etrons de condu¸c˜ao atrav´es de um acoplamento de troca. Ele pode
ser representado pelo seguinte Hamiltoniano:
H =
i,j,σ
t
ij
c
iσ
c
jσ
J
i
S
i
· s
i
, (4.1)
cujo primeiro termo `a direita da igualdade descreve a energia dos el´etrons de condu¸c˜ao
atrav´es dos operadores fermiˆonicos de cria¸c˜ao c
iσ
e destrui¸c˜ao c
jσ
, ou seja, c
jσ
destr´oi
um el´etron com spin σ no s´ıtio j e c
iσ
cria um el´etron com mesmo spin σ no s´ıtio i.
O parˆametro t
ij
´e a medida da energia do el´etron do s´ıtio j para o s´ıtio i. O termo
subseq¨uente no Hamiltoniano (4.1) representa a energia de intera¸c˜ao de troca local no
s´ıtio i entre os spins localizados S
i
e os spins dos el´etrons de condu¸c˜ao s
i
.
O modelo da rede de Kondo tem sido amplamente utilizado no estudo de in´umeros
compostos de lantan´ıdeos e actin´ıdeos, referidos genericamente como f´ermions pesados
[39]. Nestes sistemas, a intera¸c˜ao de troca J ´e negativa e est´a associada ao efeito Kondo,
onde ocorre a blindagem dos momentos localizados pelos el´etrons de condu¸c˜ao.
No caso dos materiais magnetocal´oricos considerados aqui, J ´e positivo, e a sua
origem ´e a regra de Hund, que tende a alinhar localmente os spins dos el´etrons f e de
condu¸c˜ao.
18
Retornando ao Hamiltoniano (4.1), se expressarmos s
i
em termos dos operadores
fermiˆonicos (ver Apˆendice A), podemos reescrevˆe-lo na forma:
H =
i,j,σ
t
ij
c
iσ
c
jσ
J
2
i,σ
S
σ
i
c
i¯σ
c
iσ
+ σS
z
i
n
iσ
, (4.2)
onde S
σ
i
representa o operador de aumento ou dimui¸c˜ao de spins S
+
i
ou S
i
respectiva-
mente. O parˆametro σ que multiplica o termo S
z
i
n
iσ
assume a opera¸c˜ao de adi¸c˜ao ou
subtra¸c˜ao e o termo n
iσ
´e uma forma simplicada de escrever c
iσ
c
iσ
.
Para descrevermos o efeito magnetocal´orico no modelo da rede de Kondo, precisa-
mos inserir no Hamiltoniano (4.2) a energia Zeeman, referente a intera¸c˜ao dos spins com
o campo magn´etico externo B aplicado ao sistema e orientado na dirc˜ao z, ou seja,
H =
i,j,σ
t
ij
c
iσ
c
jσ
J
2
i,σ
S
σ
i
c
i¯σ
c
iσ
σS
z
i
n
iσ
+
g
S
µ
B
B
i
S
z
i
1
2
g
el
µ
B
B
i,σ
σn
iσ
, (4.3)
no qual, g
S
´e o fator g do sp in localizado, g
el
o fator g do spin do el´etron de condu¸c˜ao e
µ
B
o magneton de Bohr. Definindo:
h
1
2
g
el
µ
B
B (4.4)
e
h
S
1
2
g
S
µ
B
B, (4.5)
podemos reescrever a equa¸c˜ao (4.3), que define o Hamiltoniano modelo a ser utilizado na
nossa descri¸c˜ao te´orica, na forma:.
H =
i,j,σ
t
ij
c
iσ
c
jσ
J
2
i,σ
S
σ
i
c
i¯σ
c
iσ
σS
z
i
n
iσ
h
S
i
S
z
i
h
i,σ
σn
iσ
. (4.6)
4.2 Magnetiza¸c˜ao dos El´etrons de Condu¸c˜ao
A magnetiza¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao ´e obtida atrav´es do formalismo das
fun¸c˜oes de Green de dois tempos, que permite escrevermos a propaga¸c˜ao dos el´etrons
de condu¸c˜ao da seguinte maneira:
G
σ
ij
(t, t
) c
iσ
(t); c
jσ
(t
) iθ(t t
){c
iσ
(t), c
jσ
(t
)}, (4.7)
19
sendo
θ(t t
) =
1 (t t
),
0 (t < t
).
(4.8)
Esta fun¸c˜ao de Green temporal (4.7) ´e classicada como retardada, j´a que o anticomutador
{c
iσ
(t), c
jσ
(0)} envolve a cria¸c˜ao de um el´etron com spin σ no s´ıtio j em um tempo t
e a
destrui¸c˜ao de outro el´etron, com mesmo spin σ, no s´ıtio i em um tempo t t
.
A transformada de Fourier temporal ´e d ada por:
G
σ
ij
(ω) =
e
iω(tt
)
G
σ
ij
(t, t
)d(t t
), (4.9)
G
σ
ij
(t, t
) =
1
2π
e
iω(tt
)
G
σ
ij
(ω)dω, (4.10)
ou seja,
G
σ
ij
(ω) = i
e
iωt
θ(t){c
iσ
(t), c
jσ
(0)}dt, (4.11)
supondo que t
= 0.
As condi¸c˜oes para θ(t) permitem- nos ree screver a equa¸c˜ao (4.11) e portanto definir
a fun¸c˜ao de Green em termos de ω:
G
σ
ij
(ω) c
iσ
; c
jσ
= i
0
e
iωt
[c
iσ
(t), c
jσ
(0)]dt, (4.12)
a qual satisfaz a seguinte equa¸c˜ao de movimento (ver Apˆendice B):
ωG
σ
ij
(ω) = δ
ij
+ [c
iσ
, H ]; c
jσ
. (4.13)
Conforme o Hamiltoniano (4.7), temos:
[c
iσ
, H ]; c
jσ
=
k,m,α
t
km
[c
iσ
, c
kα
c
mα
]; c
jσ
J
2
k,α
S
α
k
[c
iσ
, c
m¯α
c
mα
]; c
jσ
+ S
z
k
[c
iσ
, c
mα
c
mα
]; c
jσ
h
k,α
α [c
iσ
, c
mα
c
mα
]; c
jσ
. (4.14)
Estes comutadores ao calculados no Apˆendice C e nos fornecem a seguinte rela¸c˜ao:
[c
iσ
, H ]; c
jσ
=
m
t
im
c
mσ
; c
jσ
hσ c
iσ
; c
jσ
J
2
S
¯σ
i
c
i¯σ
; c
jσ
+ σ S
z
i
c
iσ
; c
jσ
, (4.15)
20
ou ainda:
[c
iσ
, H ]; c
jσ
=
m
t
im
G
σ
mj
J
2
Λ
σ
ij
(ω) + σΓ
ij
σ
(ω)
hσG
σ
ij
(ω). (4.16)
Isso faz com que a equa¸c˜ao de movimento torne-se:
(hσ + ω) G
σ
ij
(ω) =
m
t
im
G
σ
mj
(ω)
J
2
Λ
σ
ij
(ω) + σΓ
σ
ij
(ω)
, (4.17)
sendo
Λ
σ
ij
(ω) S
¯σ
i
c
i¯σ
; c
jσ
(4.18)
Γ
σ
ij
(ω) S
z
i
c
iσ
; c
jσ
(4.19)
as segundas gera¸c˜oes das fun¸c˜oes de Green.
A aproxima¸c˜ao, por n´os utilizada, consiste em desprezar as correla¸c˜oes dos opera-
dores de spin localizados S e os operadores dos el´etrons de condu¸c˜ao c
i
e c
j
. Assim, as
segundas gera¸c˜oes das fun¸c˜oes de Green ao aproximadas e reescritas da seguinte maneira:
Λ
σ
ij
(ω) S
¯σ
i
c
i¯σ
; c
jσ
S
¯σ
i
c
i¯σ
; c
jσ
= 0, (4.20)
Γ
σ
ij
(ω) S
z
i
c
iσ
; c
jσ
S
z
i
c
iσ
; c
jσ
= S
z
i
G
σ
ij
(ω). (4.21)
Essa aproxima¸c˜ao, resulta numa simplica¸c˜ao dos c´alculos anal´ıticos no que se diz respeito
as fun¸c˜oes de Green de ordem superior. A aplica¸c˜ao de tal aproxima¸c˜ao nos permitir´a
analisar se ela pr´opria nos fornecer´a resultados adequados para a descri¸c˜ao do efeito
magnetocal´orico no modelo que estamos propondo.
Conforme (4.21) a equa¸c˜ao de movimento (4.17) ca da forma:
σh + ω + σ
J
2
S
z
i
G
σ
ij
(ω) = δ
ij
m
t
im
G
σ
mj
(ω). (4.22)
Neste ponto ´e conveniente utilizarmos as transformadas de Fourier no espa¸co de
momento, tanto para as fun¸c˜oes de Green, quanto para o parˆametro t
im
e a delta de
21
Kronecker:
G
σ
k
(ω) =
1
N
ij
G
σ
ij
(ω)e
ik·(R
i
R
j
)
, (4.23)
G
σ
ij
(ω) =
1
N
k
G
σ
k
(ω)e
ik·(R
i
R
j
)
, (4.24)
ε(k) =
1
N
k
t
im
e
ik·(R
i
R
m
)
, (4.25)
δ
ij
=
1
N
k
e
ik·(R
i
R
j
)
, (4.26)
δ
kk
=
1
N
i
e
i(kk
)·R
i
, (4.27)
e aplicar essas transformadas na equa¸c˜ao de movimento (4.22) para se obter:
G
σ
k
(ω) =
1
ω + ω
k
, (4.28)
com:
ω
k
σh + σ
J
2
S
z
i
ε(k). (4.29)
A fun¸c˜ao de Green (4.28) permite-nos calcular a m´edia:
n
iσ
= c
iσ
c
iσ
=
1
π
mG
σ
ij
(ω)
e
β(ωµ)
+ 1
dω (4.30)
a qual nos fornece s
z
i
= 1/2 (n
iσ
n
i¯σ
). Podemos ver que, para qualquer valor
S
z
i
, obtemos uma solu¸c˜ao correspondente para a magnetiza¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao
s
z
i
. O potencial qu´ımico ´e calculado de maneira autoconsistente para qualquer valor da
concentra¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao n = n
iσ
+ n
i¯σ
.
4.3 Intera¸c˜ao RKKY Modicada
A intera¸c˜ao RKKY (Ruderman-Kittel-Kasuya-Yosida) [40, 41, 42] refere-se ao aco-
plamento de momentos magn´eticos nucleares ou dos momentos magn´eticos localizados dos
el´etrons dos orbitais d ou f em um metal, onde tal acoplamento ´e efetuado por meio de
uma intera¸c˜ao atrav´es dos el´etrons de condu¸c˜ao.
22
No nosso estudo, o modelo que estamos usando para a descri¸c˜ao do efeito magne-
tocal´orico n˜ao apresenta uma intera¸c˜ao de troca direta entre os spins localizados f. Nesta
se¸c˜ao discutiremos a intera¸c˜ao indireta dos spins localizados originado pela intera¸c˜ao de
troca s
f entre spins localizados e el´etrons de condu¸c˜ao [43]:
H
sf
=
1
2
J
i,σ
S
σ
i
c
i¯σ
c
iσ
+ σS
z
i
n
iσ
. (4.31)
Vamos primeiro reescrever os operadores fermiˆonicos de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao con-
forme as suas transformadas de Fourier no espa¸co de momento:
c
iσ
=
1
N
k
c
k,σ
e
ik·R
i
, (4.32)
c
iσ
=
1
N
k
c
k,σ
e
ik·R
i
, (4.33)
o termo c
iσ
c
iσ
pode ent˜ao ser escrito na forma:
c
iσ
c
iσ
=
1
N
k,q
c
q
,σ
c
k,σ
e
i(kq
)·R
i
, (4.34)
ou ainda, definindo q
= k + q, temos:
c
iσ
c
iσ
=
1
N
k,q
e
iq·R
i
c
k+q,σ
c
k,σ
, (4.35)
o que permite reescrevermos o Hamiltoniano (4.29) da maneira a seguir:
H
sf
=
J
2N
i,σ
q
e
iq·R
i
k
S
σ
i
c
k+q,¯σ
c
k,σ
+ σS
z
i
c
k+q,σ
c
k,σ
. (4.36)
O Hamiltoniano modelo (4.7) ser´a reescrito como uma soma de termos:
H = H
s
+ H
sf
+ H
mag
, (4.37)
onde
H
s
=
k,σ
ε(k)c
kσ
c
kσ
, (4.38)
H
mag
= 2h
S
i
S
z
i
h
k,σ
σc
kσ
c
kσ
(4.39)
e H
sf
j´a est´a definido na equa¸c˜ao (4.36).
A m´edia do Hamiltoniano H
sf
no subespa¸co dos el´etrons de condu¸c˜ao (
(s)
) trans-
forma H
sf
em um Hamiltoniano efetivo H
f
. Vamos, portanto, calcular o valor esperado
de (4.36) resolvendo a equa¸c˜ao de movimento da fun¸c˜ao de Green:
ˆ
G
σσ
k,k+q
(ω) = c
kσ
; c
k+qσ
(s)
ω
. (4.40)
23
Conforme o Apˆend ice B, quando c
kσ
´e considerado o operador ativo, a equa¸c˜ao de movi-
mento para a fun¸c˜ao de Green acima ´e:
ω
ˆ
G
σσ
k,k+q
(ω) = {c
kσ
, c
k+qσ
} + [c
kσ
, H ]; c
k+qσ
(s)
, (4.41)
onde
[c
kσ
, H ] = [c
kσ
, H
s
] + [c
kσ
, H
mag
] + [c
kσ
, H
sf
]. (4.42)
O primeiro termo do lado direito da igualdade na equa¸c˜ao (4.41) se reduz a:
{c
kσ
, c
k+qσ
} = {c
kσ
, c
k+qσ
} = δ
k,k+q
δ
σσ
. (4.43)
O c´alculo dos comutadores
[c
kσ
, c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
] = δ
k,k
+q
δ
σ,¯σ
′′
c
k
σ
′′
(4.44)
e
[c
kσ
, c
k
+q
σ
′′
c
k
σ
′′
] = δ
k,k
+q
δ
σ,σ
′′
c
k
σ
′′
, (4.45)
est´a detalhado no Apˆendice C. Conforme a equa¸c˜ao (4.36), encontramos:
[c
kσ
, H
sf
] =
J
2N
i,σ
′′
q
e
iq
·R
i
k
S
σ
′′
i
[c
kσ
, c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
] + σ
′′
S
z
i
[c
kσ
, c
k
+q
σ
′′
c
k
σ
′′
]
,
=
J
2N
i
q
e
iq
·R
i
(S
¯σ
i
c
kq
,¯σ
+ σS
z
i
c
kq
,σ
) . (4.46)
Os comutadores [c
kσ
, H
s
] e [c
kσ
, H
mag
] envolvem o comutador
[c
kσ
, c
k
σ
′′
c
k
σ
′′
] = δ
k,k
δ
σ,σ
′′
c
k
σ
′′
. (4.47)
Portanto,
[c
kσ
, H
s
] =
k
,σ
′′
ε(k
)[c
kσ
, c
k
σ
′′
c
k
σ
′′
] + ε(k)c
kσ
(4.48)
e
[c
kσ
, H
mag
] = h
S
i
[c
kσ
, S
z
i
] h
k
,σ
′′
σ
′′
[c
kσ
, c
k
σ
′′
c
k
σ
′′
]. (4.49)
Com os resultados (4.43), (4.46), (4.48) e (4.49), a equa¸c˜ao de movimento (4.41)
torna-se
ω
ˆ
G
σσ
k,k+q
= δ
k,k+q
δ
σσ
+ ε(k)
ˆ
G
σσ
k,k+q
σh
ˆ
G
σσ
k,k+q
J
2N
i
q
e
iq
·R
i
S
¯σ
i
ˆ
G
¯σσ
kq
,k+q
+ σS
z
i
ˆ
G
σσ
kq
,k+q
, (4.50)
24
que pode ser reescrita na forma
(ω ε(k) + σh)
ˆ
G
σσ
k,k+q
= δ
k,k+q
δ
σσ
(4.51)
J
2N
i
q
e
iq
·R
i
S
¯σ
i
ˆ
G
¯σσ
kq
,k+q
+ σS
z
i
ˆ
G
σσ
kq
,k+q
.
Vamos definir:
G
(0)
k
=
1
ω ε(k) + σh
(4.52)
e fazer q
= k k
para obter:
ˆ
G
σσ
k,k+q
= δ
k,k+q
δ
σσ
G
(0)
k
(4.53)
J
2N
ˆ
G
(0)
k
i
k
e
i(kk
)·R
i
S
¯σ
i
ˆ
G
¯σσ
k
,k+q
+ σS
z
i
ˆ
G
σσ
k
,k+q
.
Agora vamos considerar c
k+qσ
como o operador ativo na fun¸c˜ao de Green (4.40).
Conforme foi desenvolvido no Apˆendice B, temos:
ω
ˆ
G
σσ
k,k+q
(ω) = {c
kσ
, c
k+qσ
} + c
kσ
; [H , c
k+qσ
] . (4.54)
O primeiro termo ao lado direito da igualdade na equa¸c˜ao (4.54) j´a tem seu re-
sultado expresso em (4.43), quanto ao comutador [H , c
k+qσ
] de vemos realizar o mesmo
procedimento feito para a rela¸c˜ao (4.41). Os comutadores relevantes para tal desenvolvi-
mento est˜ao calculados no Apˆendice C, e seus resultados ao:
[c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] = δ
k
,k+q
δ
σ
′′
,σ
c
k
+q
¯σ
′′
, (4.55)
[c
k
+q
σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] = δ
k
,k+q
δ
σ
′′
,σ
c
k
+q
σ
′′
, (4.56)
e
[c
k
σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] = δ
k
,k+q
δ
σ
′′
,σ
c
k
σ
′′
. (4.57)
Utilizando essas rela¸c˜oes, obtemos:
[H
s
; c
k+qσ
] =
k
,σ
′′
ε(k
)[c
k
σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
],
= ε(k + q)c
k+qσ
, (4.58)
25
[H
sf
; c
k+qσ
] =
J
2N
i,σ
′′
q
e
iq
·R
i
k
S
σ
′′
i
[c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
]
+ σ
′′
S
z
i
[c
k
+q
σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
]
,
=
J
2N
i
q
e
iq
·R
i
S
σ
i
c
k+q+q
,¯σ
+ σ
S
z
i
c
k+q+q
,σ
, (4.59)
[H
mag
; c
k+qσ
] = h
S
i
[S
z
i
, c
k+qσ
] h
k
,σ
′′
σ
′′
[c
k
σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
]. (4.60)
Com esses resultados mais (4.43), a equa¸c˜ao de movimento (4.54) torna-se
ω
ˆ
G
σσ
k,k+q
= δ
k,k+q
δ
σσ
+ ε(k + q)
ˆ
G
σσ
k,k+q
σ
h
ˆ
G
σσ
k,k+q
J
2N
i
q
e
iq
·R
i
S
σ
i
ˆ
G
σ¯σ
k,k+q+q
+ σ
S
z
i
ˆ
G
σσ
k,k+q+q
, (4.61)
ou ainda
ˆ
G
σσ
k,k+q
= δ
k,k+q
δ
σσ
G
(0)σ
k+q
(4.62)
J
2N
G
(0)σ
k+q
i
k
e
i(k+qk
)·R
i
S
σ
i
ˆ
G
σ¯σ
k,k
+ σ
S
z
i
ˆ
G
σσ
k,k
,
onde definimos q
= k
k q e
G
(0)σ
k+q
=
1
ω ε(k + q) + σh
. (4.63)
Podemos agora combinar as equa¸c˜oes (4.63) e (4.65) da seguinte maneira:
ˆ
G
σσ
k,k+q
=
1
2
δ
k,k+q
δ
σσ
G
(0)σ
k
+
1
2
δ
k,k+q
δ
σσ
G
(0)σ
k+q
(4.64)
J
4N
G
(0)σ
k
i
k
e
i(kk
)·R
i
S
¯σ
i
ˆ
G
¯σσ
k
,k+q
+ σS
z
i
ˆ
G
σσ
k
,k+q
J
4N
G
(0)σ
k+q
i
k
e
i(k+qk
)·R
i
S
σ
i
ˆ
G
σ¯σ
k,k
+ σ
S
z
i
ˆ
G
σσ
k,k
,
ou de outra forma
ˆ
G
σσ
k,k+q
= δ
k,k+q
δ
σσ
G
(0)σ
k
(4.65)
J
4N
i
k
e
i(kk
)·R
i
G
(0)σ
k
S
¯σ
i
ˆ
G
¯σσ
k
,k+q
+ σS
z
i
ˆ
G
σσ
k
,k+q
+ e
i(k+qk
)·R
i
G
(0)σ
k+q
S
σ
i
ˆ
G
σ¯σ
k,k
+ σ
S
z
i
ˆ
G
σσ
k,k
,
26
realizando uma aproxima¸c˜ao de primeira ordem no lado direito da equa¸c˜ao acima, onde
ˆ
G
σσ
k
,k+q
δ
σ
σ
δ
k
,k+q
G
σ
k+q
(4.66)
ˆ
G
σσ
k,k
δ
σ
σ
δ
k,k
G
σ
k
(4.67)
ˆ
G
¯σσ
k
,k+q
δ
σ
¯σ
δ
k
,k+q
G
σ
k+q
(4.68)
ˆ
G
σ¯σ
k,k
δ
¯σ
σ
δ
k,k
G
σ
k
(4.69)
obtemos
ˆ
G
σσ
k,k+q
= δ
k,k+q
δ
σσ
G
(0)σ
k
(4.70)
J
4N
i
e
iq·R
i
ˆ
G
(0)σ
k
S
¯σ
i
δ
σ
¯σ
G
σ
k+q
+ σS
z
i
δ
σ
σ
G
σ
k+q
+ e
iq·R
i
ˆ
G
(0)σ
k+q
S
σ
i
δ
¯σ
σ
G
σ
k
+ σ
S
z
i
δ
σ
σ
G
σ
k
,
ˆ
G
σσ
k,k+q
= δ
k,k+q
δ
σσ
G
(0)σ
k
+
J
4N
i
e
iq·R
i
(δ
σ
¯σ
S
¯σ
i
+ σδ
σ
σ
S
z
i
) A
σσ
k,k+q
, (4.71)
na qual
A
σσ
k,k+q
G
(0)σ
k
G
σ
k+q
+ G
(0)σ
k+q
G
σ
k
. (4.72)
Pelo teorema espectral, podemos obter
1
N
k
c
k+q,σ
c
kσ
(s)
δ
σσ
n
σ
+
J
4
i
e
iq·R
i
S
¯σ
i
D
σ¯σ
q
+ σS
z
i
D
σσ
q
, (4.73)
onde
D
σ¯σ
q
=
1
π
m
+
dωf(ω)
1
N
k
A
σ¯σ
k,k+q
, (4.74)
portanto, a m´edia do Hamiltoniano H no subespa¸co dos el´etrons de condu¸c˜ao, pode ser
finalmente calculada:
H
sf
(s)
=
J
2N
i,σ
q
e
iq·R
i
k
S
σ
i
c
k+q,¯σ
c
k,σ
(s)
+ σS
z
i
c
k+q,σ
c
k,σ
(s)
, (4.75)
considerando que
σ
A
σ¯σ
k,k+q
=
σ
A
σσ
k,k+q
, n´os podemos chegar na seguinte rela¸c˜ao:
H
sf
(s)
=
J
2
8
ij
q
e
iq·(R
i
R
j
)
S
+
i
S
j
+ S
z
i
S
z
j
D
σσ
q
, (4.76)
27
ou seja,
H
sf
(s)
=
ij
ˆ
J
ij
S
i
· S
j
J
i
s
z
i
S
z
i
, (4.77)
sendo
ˆ
J
ij
=
1
N
q
ˆ
J(q)e
iq·(R
i
R
j
)
, (4.78)
e
J(q) =
J
2
8
σ
D
σσ
q
. (4.79)
A diferen¸ca dessa intera¸c˜ao RKKY modicada para a convencional est´a no parˆametro
J(q), onde o parˆametro
ˆ
J(q) assume a forma:
J(q) =
J
2
4
2
π
m
+
dωf(ω)
1
N
k
G
(0)
k
(ω)G
(0)
k+q
(ω), (4.80)
na qual
G
(0)
k
=
1
ω ε(k)
, (4.81)
e portanto:
G
(0)
k
G
(0)
k+q
(ω) =
1
ε(k + q) ε(k)
1
ω ε(k)
1
ω ε(k + q)
. (4.82)
Assim podemos reescrever o parˆametro J(q) da intera¸c˜ao RKKY convencional da seguinte
maneira:
J(q) =
J
2
2N
k
f[ε(k + q)] f[ε(k)]
ε(k + q) ε(k)
. (4.83)
4.4 Magnetiza¸c˜ao dos Spins Localizados
A m´edia do hamiltoniano geral no subespa¸co dos el´etrons de condu¸c˜ao d´a origem a
intera¸c˜ao efetiva de Heisenberg, ou seja, o resultado da intera¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao
com os spins localizados ´e justamente a intera¸c˜ao efetiva entre estes spins. Portanto,
podemos agora recuperar a informa¸c˜ao do comportamento dos spins localizados atrav´es
do c´alculo do S
z
i
. Importante notar que essa informa¸c˜ao foi perdida quando realizamos
as aproxima¸c˜oes (4.20) e (4.21) na se¸c˜ao 4.2.
28
Realizaremos ent˜ao, um estudo atrav´es das fun¸c˜oes de Green, considerando agora
o modelo de Heisenberg que descreve a intera¸c˜ao efetiva entre os spins localizados:
H
ef
=
ij
J
ij
S
i
· S
j
J
i
s
z
i
S
z
i
h
S
i
S
z
i
, (4.84)
=
1
4
ij
J
ij
(S
+
i
S
j
+ S
i
S
+
j
)
1
2
ij
J
ij
S
z
i
S
z
j
J
i
s
z
i
S
z
i
h
S
i
S
z
i
. (4.85)
Com base neste hamiltoniano iniciaremos o c´alculo com as fun¸c˜oes de Green para
obtermos alguns resultados de interesse.
A fun¸c˜ao d e Green, definida na sequˆencia, carrega consigo um valor de spin total-
mente arbitr´ario. Isso ´e necess´ario para efetuarmos mais adiante a correspondˆencia dos
resultados com os materiais magnetocal´oricos, assim:
G
σ
lm
(t; a) = iθ(t)[S
σ
l
(t), B
¯σ
m
(0)], (4.86)
onde o operador B
¯σ
m
´e definido como:
B
¯σ
m
= e
aS
z
m
S
¯σ
m
. (4.87)
Esta fun¸c˜ao de Green sofrer´a o mesmo procedimento j´a efetuado para os el´etrons
de condu¸c˜ao na se¸c˜ao 4.2. Inicialmente deriva-se em rela¸c˜ao a t a equa¸c˜ao (4.86):
i
G
σ
lm
(t; a)
t
= δ(t)[S
σ
l
(t), B
¯σ
m
(0)]+ [S
σ
l
(t), H
ef
]; B
¯σ
m
(0) , (4.88)
na sequˆencia obtˆem-se a equa¸c˜ao de movimento realizando as transformadas de Fourier
no espa¸co de energia:
ωG
σ
lm
(ω; a) = [S
σ
l
, B
¯σ
m
]+ [S
σ
l
, H
ef
]; B
¯σ
m
ω
. (4.89)
O resultado do comutador [S
σ
l
, H
ef
] ´e obtido no Apˆendice C atrav´es do hamilto-
niano de Heisenberg efetivo (4.85):
[S
σ
l
, H
ef
] = σ
i(=l)
J
li
(S
z
i
S
σ
l
S
σ
i
S
z
l
) Js
z
i
S
σ
l
+ 2σh
S
S
σ
l
, (4.90)
logo:
ωG
σ
lm
(ω; a) = [S
σ
l
, B
¯σ
m
] + σ
i(=l)
J
li
S
z
i
S
σ
l
S
σ
i
S
z
l
; B
¯σ
m
ω
Js
z
i
G
σ
lm
(ω; a) + 2σh
S
G
σ
lm
(ω; a). (4.91)
29
A aproxima¸c˜ao de fase aleat´oria, conhecida como RPA (random phase approxima-
tion) consiste em desprezar as correla¸c˜oes entre S
z
e S
+
, ou seja:
S
z
i
S
σ
l
; B
¯σ
m
S
z
i
S
σ
l
; B
¯σ
m
= S
z
i
G
σ
lm
(ω; a) (4.92)
S
σ
i
S
z
l
; B
¯σ
m
S
z
l
S
σ
i
; B
¯σ
m
= S
z
l
G
σ
im
(ω; a) (4.93)
o que nos proporciona reescrever a equa¸c˜ao (4.91) da seguinte maneira:
ω σ
i(=l)
J
li
S
z
i
+ Js
z
i
2σh
S
G
σ
lm
(ω; a) = δ
lm
[S
σ
l
, B
¯σ
m
] (4.94)
σS
z
l
i(=l)
J
li
G
σ
im
(ω; a).
Usando as transformadas de fourier no espa¸co de momento:
G
σ
lm
(ω; a) =
1
N
k
G
σ
k
(ω; a)e
ik(R
l
R
m
)
, (4.95)
G
σ
im
(ω; a) =
1
N
k
G
σ
k
(ω; a)e
ik(R
i
R
m
)
, (4.96)
J
li
=
1
N
k
J(k)e
ik(R
l
R
i
)
, (4.97)
δ
lm
=
1
N
k
e
ik(R
l
R
m
)
, (4.98)
encontramos para a equa¸c˜ao de movimento (4.94):
G
σ
k
(ω; a) =
[S
σ
l
, B
¯σ
m
]
ω (k)
(4.99)
onde
(k) = 2σh
S
Js
z
i
+ σS
z
l
[J(0) J(k)]. (4.100)
A RPA nos permite resgatar a aproxima¸c˜ao de campo m´edio usual, para isso basta
anular o termo J(k) na equa¸c˜ao (4.100). Este termo prov´em da aproxima¸c˜ao (4.93), ou
seja, a aproxima¸c˜ao de campo m´edio consiste em considerar apenas as intera¸c˜oes entre
primeiros vizinhos. No entanto, nesta disserta¸c˜ao de mestrado, apresentaremos apenas os
resultados obtidos atrav´es da RPA.
30
A fun¸c˜ao de correla¸c˜ao pode ser obtida da fun¸c˜ao de Green (4.99) atrav´es da
quantidade:
ψ(k, a) =
[S
σ
l
, B
¯σ
m
]
e
βω(k)
1
(4.101)
Precisamos agora encontrar a rela¸c˜ao entre [S
σ
l
, B
¯σ
m
] e S
z
[44]. Para isso efetu-
aremos o c´alculo do comutador [S
σ
, e
aS
z
S
¯σ
] utilizando a identidade
[S
+
, (S
z
)
n
] = {(S
z
1)
n
(S
z
)
n
}S
+
. (4.102)
Ent˜ao, conforme (4.100) e considerando σ = +, obtemos a rela¸c˜ao
[S
+
, e
aS
z
] = {e
a(S
z
1)
e
aS
z
}S
+
,
= (e
a
1)e
aS
z
S
+
, (4.103)
que ´e utilizada na equa¸c˜ao
[S
+
, e
aS
z
S
] = [S
+
, e
aS
z
]S
+ e
aS
z
[S
+
, S
],
= (e
a
1)e
aS
z
S
+
S
+ 2e
aS
z
S
z
, (4.104)
logo,
Θ(a) [S
σ
l
, B
¯σ
m
] = 2e
aS
z
S
z
+ (e
a
1)e
aS
z
S
+
S
. (4.105)
A inser¸c˜ao da rela¸c˜ao
S
z
= S(S + 1) (S
z
)
2
S
+
S
(4.106)
dentro de Θ(a), permite que a equa¸c˜ao (4.105) seja reescrita na forma:
Θ(a) = S(S + 1)(e
a
1)e
aS
z
+(e
a
+ 1)e
aS
z
S
z
(e
a
1)e
aS
z
(S
z
)
2
, (4.107)
ou ainda
Θ(a) = S(S + 1)(e
a
1)(a) + (e
a
+ 1)D(a) (e
a
1)D
2
(a), (4.108)
onde D =
d
da
e (a) = e
aS
z
. Outra rela¸c˜ao de interesse ´e
ψ(a):
ψ(a) e
aS
z
S
S
+
= S(S + 1)(a) + D(a) D
2
(a). (4.109)
31
Definindo uma fun¸c˜ao φ(k), onde:
φ(k)
1
e
ω(k)/kT
1
, (4.110)
da equa¸c˜ao 4.101, temos que:
ψ(k, a) φ(k)Θ(a), (4.111)
dessa maneira toda a autoconsistˆencia da fun¸c˜ao de Green est´a contida na condi¸c˜ao:
ψ(a) = ΦΘ(a), (4.112)
sendo
Φ
1
N
k
φ(k). (4.113)
Essa condi¸c˜ao determina Θ(a) e a partir dela obtemos S
z
, que ´e justamente
1/2Θ(0). No entanto, ´e mais conveniente encontrarmos (a) para determinar Θ(a). A
inser¸c˜ao de (4.108) e (4.109) dentro da equa¸c˜ao (4.112) d´a a seguinte equa¸c˜ao diferencial
para (a):
S(S + 1)[1 Φ(e
a
1)] = D[1 + Φ(e
a
+ 1)] + D
2
[1 Φ(e
a
1)], (4.114)
D
2
+
(1 + Φ)e
a
+ Φ
(1 + Φ)e
a
Φ
D S(S + 1). (4.115)
Para determinar a solu¸c˜ao desta equa¸c˜ao diferencial precisamos satisfazer duas
condi¸c˜oes de contorno:
(0) = 1, (4.116)
+S
p=S
(D p)(a)|
a=0
D
S
|
a=0
= 0. (4.117)
No apˆendice D mostramos que a solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao (4.115) ´e:
(a) =
Φ
2S+1
e
Sa
(1 + Φ)
2S+1
e
(S+1)a
[Φ
2S+1
(1 + Φ)
2S+1
][(1 + Φ)e
a
Φ]
. (4.118)
Portanto,
S
z
= D(a)|
a=0
=
(S Φ)(1 + Φ)
2S+1
+ (S + 1 + Φ)Φ
2S+1
(1 + Φ)
2S+1
Φ
2S+1
, (4.119)
ou seja, para determinarmos S
z
´e necess´ario que as equa¸c˜oes (4.99) e (4.110) sejam
resolvidas de uma maneira autoconsistente.
32
4.5 Efeito Magnetocal´orico no Modelo da Rede de
Kondo
A descri¸c˜ao te´orica apresentada ao longo das se ¸c˜oes anteriores, permite-nos obter
a partir do modelo da rede de Kondo, curvas de magnetiza¸c˜ao, calor espec´ıco e varia¸c˜ao
isot´ermica da entropia. Para isso, escrevemos a m´edia do hamiltoniano mo delo (4.7) para
obtermos a energia interna por s´ıtio:
E = H (4.120)
E
i
= JS
i
· s
i
mσ
t
im
c
iσ
c
mσ
2h (S
z
i
+ s
z
i
) . (4.121)
As m´edias que aparecem na equa¸c˜ao acima podem ser calculadas atrav´es da densidade
de estados, as quais podem ser obtidas a partir dos resultados j´a apresentados ao longo
desta disserta¸c˜ao.
Segundo a aproxima¸c˜ao de campo m´edio da se¸c˜ao 4.2 (veja a equa¸c˜ao 4.21), o
primeiro termo do lado direito da igualdade na equa¸c˜ao (4.121) ´e aproximada na forma:
S
i
· s
i
S
z
i
s
z
i
. (4.122)
Da equa¸c˜ao de movimento (4.22), fazendo i = j, temos que:
m
t
im
G
σ
mi
(ω) = 1
σh + ω + σ
J
2
S
z
i
G
σ
ii
(ω), (4.123)
onde G
σ
ii
(ω) pode ser escrito em termos da densidade de e stados ρ
0
da seguinte maneira:
G
σ
ii
(ω) =
dEρ
0
(E)G
σ
(E, ω), (4.124)
onde
G
σ
(E, ω) =
1
σh + ω + σ
J
2
S
z
i
E
. (4.125)
Essas rela¸c˜oes permitem encontrarmos os termos da equa¸c˜ao (4.121) para calcularmos E,
ou seja:
mσ
t
im
c
iσ
c
mσ
=
σ
dEρ
0
(E)Ef(E σ/2JS
z
i
σh), (4.126)
c
iσ
c
iσ
=
dEρ
0
(E)f(E σ/2JS
z
i
σh), (4.127)
33
que ´e usado para o c´alculo de s
z
i
.
A e nergia E possibilita calcularmos o calor espec´ıco a campo constante c
H
para
o sistema. Partindo da diferencial total da entropia S(T, H):
dS =
S
T
H
dT +
S
H
T
dH, (4.128)
sabemos que em um processo a H constante, temos:
T dS = T
S
T
H
dT = d
Q. (4.129)
Aplicando a regra da cadeia na derivada parcial de S em rela¸c˜ao a T , obtemos:
S
T
H
=
S
E
H
E
T
H
=
1
T
E
T
H
. (4.130)
Da defini¸c˜ao do calor espec´ıco:
c
H
=
d
Q
dT
= T
S
T
H
, (4.131)
e substituindo (4.130) na equa¸c˜ao acima, chegamos na rela¸c˜ao
c
H
=
E
T
H
, (4.132)
que usamos para obter o calor espec´ıco atrav´es da energia E.
Para obtermos a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia, utilizamos a equa¸c˜ao (3.25):
S(H, T ) =
H
2
H
1
M
T
p,H
dH, (4.133)
lembrando que a magnetiza¸c˜ao s
z
i
e S
z
i
ao obtidas por meio das equa¸c˜oes (4.127) e
(4.119).
Para obtermos T
ad
´e necess´ario levar em considera¸c˜ao a entropia da rede S
rede
que pode ser calculada pela equa¸c˜ao de Debye:
S
rede
= 3R ln[1 e
T
D
/T
] + 12R
T
T
D
3
T
D
/T
0
x
3
(e
x
1)
dx, (4.134)
onde T
D
´e a temperatura de Debye e R a constante universal dos gases. Importante
salientar que essa incluao ´e necess´aria, pois T
ad
depende tanto de H quanto T . Para
o c´alculo de S precisamos apenas da informa¸c˜ao de H, ou seja, apenas da entropia
que depende de H, j´a que neste caso T permanece constante.
34
Cap´ıtulo 5
Resultados
Aqui ao apresentados alguns resultados num´ericos obtidos para o efeito magneto-
cal´orico no mod elo da rede de Kondo. Para proceder com estes c´alculos xamos alguns
parˆametros, adotamos S = 7/2, que ´e o valor relevante para compostos a base de Gd,
consideramos uma rede cristalina c´ubica simples caracterizada por uma largura de banda
W = 12t e ainda adotamos as constantes = 1 e k
B
= 1.
35
A gura 5.1 mostra a curva de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura T para
trˆes valores diferentes de J. As linhas cont´ınuas representam os valores para campo
nulo e as tracejadas para a presen¸ca de um campo. Pode-se notar que conforme o valor
de J aumenta, ou seja, quando a intera¸c˜ao de troca local entre o momento magn´etico
localizado e o el´etron de condu¸c˜ao torna-se mais intensa, a temperatura de Curie T
C
aumenta. Podemos notar tamb´em que a presen¸ca de um campo externo aplicado ao
sistema faz com que o material tenha sempre uma magnetiza¸c˜ao maior que zero.
0
5
10
T/t
0
1
2
3
4
S
J = 3,0t
J = 5,0t
J = 7,0t
z
Figura 5.1: Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de J e n = 0, 5. As
linha cont´ınuas representam h = 0t e as tracejadas h = 0, 01t.
36
A gura 5.2 ´e o gr´aco da magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura para um valor
xo de J e para diferentes valores de h. O gr´aco exemplica o que acontece com os spins
localizados quando existe a presen¸ca d e um campo magn´etico externo sendo aplicado ao
sistema. Nota-se que quando h ´e aplicado, os momentos magn´eticos localizados se mantˆem
alinhados mesmo para T > T
C
, o que ´e a caracter´ıstica dos materiais paramagn´eticos.
0 2 4
6
8 10
T/t
0
1
2
3
4
S
h = 0,000t
h = 0,010t
h = 0,025t
h = 0,050t
z
Figura 5.2: Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de h, com J = 5, 0t e
n = 0, 5.
37
O gr´aco da gura 5.3 tamb´em mostra curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T ,
no entanto, agora considera-se o campo magn´etico nulo, J xo e diferentes valores para
o n´umero de el´etrons na banda de condu¸c˜ao n. A curva para n = 0, 1 apresenta um
comportamento diferente comparado aos demais valores de n, ela mostra uma elonga¸c˜ao
que n˜ao existe nas outras curvas do gr´aco.
0 2 4
6
8 10
T/t
0
1
2
3
4
S
n = 0,1
n = 0,2
n = 0,3
n = 0,5
n = 0,7
z
2s
z
Figura 5.3: Magnetiza¸c ˜ao dos spins localizados (linhas cont´ınuas) e dos el´etrons de
condu¸c˜ao (linhas tracejadas) em fun¸c˜ao de T , para diferentes valores de n com J = 5, 0.
38
Com as curvas do gr´aco 5.3 podemos construir o gr´aco T
c
em fun¸c˜ao de n, o
qual est´a plotado na gura 5.4. Vemos que a banda de condu¸c˜ao ´e sim´etrica em torno do
ponto n = 1, que representa o seu semi-preenchimento.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
n
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
T /t
C
Figura 5.4: Diagrama de fases de T
C
em fun¸c˜ao de n
39
O gr´aco 5.5 mostra curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para J = 5, 0t, n =
0, 1 e diferentes valores de h. Vemos que o comportamento da elonga¸c˜ao n˜ao parece mudar
com a aplica¸c˜ao do campo magn´etico externo, no entanto, percebemos que as curvas com
h > 0 se distanciam mais rapidamente da curva cujo campo ´e nulo em compara¸c˜ao com
o gr´aco 5.2.
0 1 2 3 4
5 6
T/t
0
1
2
3
4
S
h = 0,000t
h = 0,010t
h = 0,025t
h = 0,050t
z
2s
z
Figura 5.5: Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de h, com J = 5, 0t e
n = 0, 1.
40
No gr´aco 5.6 plotamos curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para J = 5, 0t, com
campo magn´etico nulo e diferentes valores de n entre 0, 1 e 0, 2. Vemos que a elonga¸c˜ao
desaparece de uma maneira suave conforme aumentamos o valor de n.
0 1 2 3 4
5 6
T/t
0
1
2
3
4
S
n = 0,10
n = 0,12
n = 0,14
n = 0,16
n = 0,18
n = 0,20
z
Figura 5.6: Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao de T para h = 0, com J = 5, 0t e diferentes valores
de n entre 0,1 e 0,2.
41
O gr´aco da gura 5.7 mostra as curvas calculadas do calor espec´ıco em fun¸c˜ao
de T para um valor xo de J = 5, 0t, sem campo magn´etico e com diferentes valores
de n. A medida que aumenta-se o n´umero de el´etrons na banda de condu¸c˜ao, o pico do
calor espec´ıco torna-se maior e se desloca para tempertaturas mais elevadas. Portanto,
da defini¸c˜ao do calor espec´ıco n´os vemos que quanto maior ´e o n, maior ´e a varia¸c˜ao da
energia do sistema para um mesmo intervalo infinitesimal de temperatura at´e chegarmos
a temperatura de transi¸c˜ao de fase magn´etica. Logo ap´os esse ponto de transi¸c˜ao o calor
espec´ıco cai abruptamente, ou seja, a varia¸c˜ao da energia em rela¸c˜ao a um pequeno
intervalo de temperatura torna-se bem menor. A curva que se destaca neste gr´aco ´e
novamente aquela em que n = 0, 1. Podemos ver que antes da temperatura de transi¸c˜ao
de fase existe um ombro da ordem do pico de c
H
.
0 2 4
6
8
T/t
0
0,5
1
1,5
2
c /t
n = 0,1
n = 0,2
n = 0,3
n = 0,5
H
Figura 5.7: Calor espec´ıco em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de n, com J = 5, 0t e
h = 0, 0t.
42
Na gura 5.8 plotamos curvas de calor espec´ıco em fun¸c˜ao de T para valores
xos de J = 5, 0t, n = 0, 5 e diferentes valores de h. O gr´aco mostra que conforme
aumentamos o valor do campo magn´etico aplicado ao sistema, o pico do calor espec´ıco
diminui e vai se deslocando suavemente para temperaturas mais baixas. Um maior valor
de h tamb´em implica numa suaviza¸c˜ao da queda de c
H
depois do seu valor m´aximo, ou
seja, a cu rva de calor espec´ıco torna-se cont´ınua com a presen¸ca de um campo magn´etico
externo, indicando que n˜ao existe mais uma transi¸c˜ao de fase magn´etica no sistema.
0 2 4
6
8 10
T/t
0
0,5
1
1,5
2
c /t
h = 0,000t
h = 0,010t
h = 0,020t
h = 0,030t
h = 0,040t
H
Figura 5.8: Calor espec´ıco em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de h, com J = 5, 0t e
n = 0, 5.
43
No gr´aco 5.9 est˜ao plotadas as curvas de calor espec´ıco em fun¸c˜ao de T para
valores xos de J = 5, 0t, n = 0, 1 e diferentes valores de h. Podemos notar que o
comportamento dessas curvas com o aumento do campo ´e diferente se comparado com o
comportamento das curvas da gura anterior. Conforme aumenta-se o campo magn´etico
externo, o ombro situado antes do pico torna-se maior, enquanto que o pico vai cando
menor e parece tender a um valor xo. Nota-se ainda que o ombro pode at´e ser maior
que o pico, isso indica que existe uma faixa de temperatura em que a varia¸c˜ao da energia
interna do sistema, para um intervalo infinitesimal de temperatura, ´e maior do que na
regi˜ao em que existiria a transi¸c˜ao de fase se n˜ao houvesse o campo magn´etico.
0 1 2 3 4
5
T/t
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
c /t
h = 0,000t
h = 0,010t
h = 0,020t
h = 0,030t
h = 0,040t
H
Figura 5.9: Calor espec´ıco em fun¸c˜ao de T para diferentes valores de h, com J = 5, 0t e
n = 0, 1.
44
Na gura 5.10 plotamos diferentes curvas de S para um valor xo de n e h =
0, 010t. Quanto maior ´e o valor de J, mais elevada se torna a temperatura de transi¸c˜ao
T
C
, que ´e justamente onde ocorre o pico da varia¸c˜ao isot´ermica da entropia. No entanto,
o deslocamento de T
C
vem acompanhado de uma dimunui¸c˜ao n a altura do pico.
0 2 4
6
8 10
T/t
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
S/t
J = 3,0t
J = 5,0t
J = 7,0t
Figura 5.10: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de J, com h =
0, 010t e n = 0, 5.
Podemos ver que as curvas acima ao semelhantes, em su a forma, com as curvas
de S de alguns compostos magnetocal´oricos apresentados no cap´ıtulos 2.
45
No gr´aco da gura 5.11 est˜ao plotadas curvas de S para n = 0, 1, h = 0, 010t
e diferentes valores de J. Da mesma maneira que acontece na gura anterior, vemos
que conforme J aumenta, a temperatura de T
C
se desloca para tempe raturas mais altas
e altura do pico de S diminui. No entanto, neste caso a forma da curva da varia¸c˜ao
isot´ermica da entropia ´e diferente daquelas que mostramos anteriormente. Existe, para
n = 0, 1, um ombro antes do pico, que vai diminuindo junto com o pico conforme aumen-
tamos a intera¸c˜ao entre el´etrons de condu¸c˜ao e spins localizados.
1 2 3 4
5 6
T/t
0,00
0,04
0,08
0,12
S/t
J = 3,0t
J = 5,0t
J = 7,0t
Figura 5.11: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de J, com h =
0, 010t e n = 0, 1.
46
Importante colocar aqui, que a anomalia apresentadas para as curvas de S, do
gr´aco anterior, tˆem uma forma parecida com as curvas experimentais reportadas por
Pecharsky em 1999 [46] para o composto Gd
3
Al
2
, conforme a gura abaixo:
Figura 5.12: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia em fun¸c˜ao de T no Gd
3
Al
2
medido por
diferentes m´etodos. Ref. [46].
Nesta gura podemos ver dois picos, um correspondente a transi¸c˜ao de fase em
torno de T
C
e outro para temperaturas mais baixas.
47
Para compararmos as diferen¸cas entre as curvas de S para diferentes valores de
n, plotamos no gr´aco da gura 5.13 diferentes curvas da varia¸c˜ao isot´ermica da entropia
para diferentes n´umeros de el´etrons na banda de condu¸c˜ao, tendo um valor xo de J
e h = 0, 020t. Podemos notar que o ombro visto na gura anterior ocorre de uma
maneira mais destacada para n = 0, 1. Isso se deve ao comportamento mostrado nas
curvas de magnetiza¸c˜ao (guras 5.3 e 5.5), que apresentam uma elonga¸c˜ao para n = 0, 1
e um deslocamento, e m rela¸c˜ao a curva para h = 0, nas curvas onde h > 0. Outro
comportamento interessante que ´e poss´ıvel visualisar neste gr´aco ´e a evolu¸c˜ao do pico
de S, que cresce at´e n = 0, 2, diminui para n = 0, 3 e volta a crescer para os dem ais
n mostrados. E depois do pico, S cai de maneira abrupta at´e um ponto e depois um
outro pequeno ombro aparece, independente do valor d e n.
0 2 4
6
8 10
T/t
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
S/t
n = 0,1
n = 0,2
n = 0,3
n = 0,4
n = 0,5
Figura 5.13: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de n, com J = 5, 0t
e h = 0, 010t.
48
A gura 5.14 apresenta de que maneira cada uma das magnetiza¸c˜oes contribuem
para a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia. Nela est´a plotada a curva de S para h =
0, 010t, J = 5, 0t e n = 0, 5. Podemos ver que a contribui¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao ´e
muito pequena e a contribui¸c˜ao predominante est´a conferida aos spins localizados.
0 2 4
6
8 10
T/t
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
S/t
S
s
S 〉 + 〈s
z
z
z
z
Figura 5.14: Contribui¸c˜oes da magnetiza¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao e dos spins locali-
zados para a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia com h = 0, 010t, J = 5, 0t e n = 0, 5.
49
A gura 5.15 tamb´em apresenta a contribui¸c˜ao de cada uma das magnetiza¸c˜oes
para a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia. Nela est´a plotada a curva de S para h =
0, 010t, J = 5, 0t e n = 0, 1. Podemos ver que as contribui¸c˜oes ao idˆenticas para n =
0, 5, ou seja, a contribui¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao ´e muito pequena e a contribui¸c˜ao
predominante ´e a aos spins localizados.
´
E f´acil compreender esse comportamento se
olharmos para a gura 5.3, onde as magnetiza¸c˜oes S
z
e s
z
est˜ao plotadas. Podemos
ver ali que a magneti¸c˜ao dos spins dos el´etrons de condu¸c˜ao ´e bem menor que a dos spins
localizados, e isso se reete no c´alculo de S. Outro ponto a salientar no gr´aco 5.15 ´e
que o ombro ´e gerado somente pela magnetiza¸c˜ao S
z
.
1 2 3 4
5 6
T/t
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
S/t
S
s
S 〉 + 〈s
z
z
z
z
Figura 5.15: Contribui¸c˜oes da magnetiza¸c˜ao dos el´etrons de condu¸c˜ao e dos spins locali-
zados para a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia com h = 0, 010t, J = 5, 0t e n = 0, 1.
50
A gura 5.16 mostra a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para valores diferentes de
h, com J = 5, 0t e n = 0, 5. Po de se notar que quanto maior ´e a varia¸c˜ao do campo
magn´etico, maior ´e o pico de S. Neste gr´aco, a queda abrupta do pico n˜ao aparece
pois a preciao utilizada para o c´alculo de S ´e menor que a da gura 5.13.
0 2 4
6
8 10
T/t
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
S/t
h = 0,010t
h = 0,020t
h = 0,030t
h = 0,040t
Figura 5.16: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de h, com J = 5, 0t
e n = 0, 5
51
O gr´aco da gura 5.17 mostra a varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para valores
diferentes de h, com J = 5, 0t e n = 0, 1. Da mesma maneira que ocorria para n = 0, 5
nota-se que quanto maior ´e a varia¸c˜ao do campo magn´etico, maior ´e o pico de S. O
comportamento do ombro tamb´em ´e de aumentar quando h aumenta, no entanto, o
ombro nunca ca maior que o pico, como acontece para as curvas de calor espec´ıco.
0 1 2 3 4
5 6
T/t
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
S/t
h = 0,010t
h = 0,020t
h = 0,030t
h = 0,040t
Figura 5.17: Varia¸c˜ao isot´ermica da entropia para diferentes valores de h, com J = 5, 0t
e n = 0, 1
52
Cap´ıtulo 6
Conclus˜ao
Nesta disserta¸c˜ao, propusemos a desc ri¸c˜ao te´orica do efeito magnetocal´orico em
alguns materiais magn´eticos a partir do modelo microsc´opico da rede de Kondo ferro-
magn´etica. A fase ferromagn´etica foi determinada pelo c´alculo autoconsistente da mag-
netiza¸c˜ao dos spins localizados e dos el´etrons de condu¸c˜ao, que envolveu a aplica¸c˜ao
de t´ecnicas de fun¸c˜oes de Green. O m´etodo explica a origem f´ısica desta fase atrav´es
da intera¸c˜ao RKKY efetiva entre os spins localizados, que ´e mediada pelos el´etrons de
condu¸c˜ao. Em presen¸ca de um valor m´edio n˜ao nulo para a magnetiza¸c˜ao dos el´etrons f, a
intera¸c˜ao local J (devido `a regra de Hund) produz tamb´em uma resposta ferromagn´etica
dos el´etrons de condu¸c˜ao, que ajuda a sustentar a fase magn´etica.
O efeito do campo magn´etico foi considerado atrav´es da introdu¸c˜ao de um termo
tipo Zeeman no hamiltoniano modelo. Ele tem um efeito direto no c´alculo dos valores
m´edios S
z
i
dos momentos localizados e s
z
i
dos momentos itinerantes, e tamb´em um
efeito indireto atrav´es do acoplamento local, que depende destes valores m´edios.
As curvas de magnetiza¸c˜ao apresentam a forma usual t´ıpica de uma transi¸c˜ao de
segunda ordem a uma temperatura cr´ıtica de Curie T
C
. Elas servem como base para a
obten¸c˜ao dos potenciais magnetocal´oricos S e T .
Com base nos estud os do modelo da rede de Kondo em sistemas de f´ermions
pesados, que correspondem a um acoplamento local antiparalelo (J < 0), considera-se
que a raz˜ao J/t ´e o parˆametro que descreve o efeito da press˜ao no modelo. Portanto,
esse trabalho abre a possibilidade de analisarmos mais adiante, de uma maneira mais
minuciosa, o efeito da press˜ao nas curvas de S.
As curvas obtidas para a varia¸c˜ao isot´ermica de entropia S assemelham-se, em
53
sua forma, aos resultados experimentais t´ıpicos obtidos para alguns materiais magneto-
cal´oricos mostrados no cap´ıtulo 2. A anomalia apresentada nas curvas para c
H
e S
tem um comportamento parecido com a forma das curvas experimentais obtidas para o
composto Gd
3
Al
2
As curvas de S n˜ao foram obtidas atrav´es das curvas de calor esp ec´ıco, pois
as curvas de entropia fornecidas pelo c´alculo de c
H
n˜ao foram satisfat´orias. Elas apre-
sentaram problemas quando a temperatura era maior que T
C
. Por isso, optamos por
obter as curvas de S por meio das magnetiza¸c ˜oes dos el´etrons de condu¸c˜ao e dos spins
localizados.
Esse m´etodo envolveu simplica¸c˜oes, onde n˜ao foi considerado o efeito da desordem
na dopagem, que foi levada em conta unicamente atrav´es da determina¸c˜ao autoconsistente
do potencial qu´ımico. A geometria de rede utilizada foi do tipo c´ubica simples para o
c´alculo da magnetiza¸c˜ao. ao consideramos o acoplamento magneto-el´astico, que pode
amplicar o efeito magnetocal´orico. Os desacoplamentos de primeira ordem adotados nas
equa¸c˜oes de movimento das fun¸c˜oes de Green justicam-se no caso J > 0, onde n˜ao est´a
presente o efeito Kondo. No entanto, mesmo com todas as simplica¸c˜oes os resultados
obtidos apresentam caracter´ısticas interessantes, que d˜ao a possibilidade de realizarmos
futuramente uma compara¸c˜ao com outras descri¸c˜oes que utilizam m´etodos semelhantes e
simplica¸c˜oes diferentes.
O c´alculo de S n˜ao foi explorado nos resultados apresentados, p ois depende da
rela¸c˜ao entre os diferentes parˆametros que aparecem em cada termo contribuindo para
a entropia. Estas simplica¸c˜oes sugerem diversos caminhos para aprimorar a descri¸c˜ao
obtida no sentido de se obter uma compara¸c˜ao quantitativa mais direta dos resultados
com materiais espec´ıcos.
54
Apˆendice A
C´alculo do produto S
i
· s
i
Estamos considerando S como o operador de spin localizado e s como o operador
de spin do el´etron de condu¸c˜ao, os quais podem ser assim escritos:
S
i
= S
x
i
ˆx + S
y
i
ˆy + S
z
i
ˆz, (A.1)
s
i
= s
x
i
ˆx + s
y
i
ˆy + s
z
i
ˆz. (A.2)
Em termos dos operadores de aumento e diminui¸c˜ao de spins:
S
+
= S
x
+ iS
y
, (A.3)
S
= S
x
iS
y
, (A.4)
podemos reescrever (A.1) e (A.2) da seguinte maneira:
S
i
=
1
2
(S
+
i
+ S
i
)ˆx
i
2
(S
+
i
S
i
)ˆy + S
z
i
ˆz, (A.5)
s
i
=
1
2
(s
+
i
+ s
i
)ˆx
i
2
(s
+
i
s
i
)ˆy + s
z
i
ˆz, (A.6)
portanto, o resultado do produto entre os operadores de spin, S
i
·s
i
, conforme as equa¸c˜oes
(A.5) e (A.6), ´e:
S
i
· s
i
=
1
2
S
+
i
s
i
+ S
i
s
+
i
+ S
z
i
s
z
i
. (A.7)
Vamos escrever os operadores s
+
i
, s
i
e s
z
i
em termos dos operadores fermiˆonicos de cria¸c˜ao
c
iσ
e destrui¸c˜ao c
iσ
considerando que o spin do el´etron pode ter apenas valores de ±
1
2
:
s
σ
i
= c
iσ
c
i¯σ
, (A.8)
s
z
i
=
1
2
c
iσ
c
iσ
c
i¯σ
c
i¯σ
, (A.9)
55
sendo ¯σ = σ.
Agora substituindo (A.8) e (A.9) em (A.7), encontramos:
S
i
· s
i
=
1
2
S
σ
i
c
i¯σ
c
iσ
+ S
¯σ
i
c
iσ
c
i¯σ
+
1
2
S
z
i
c
iσ
c
iσ
c
i¯σ
c
i¯σ
, (A.10)
ou ent˜ao:
S
i
· s
i
=
1
2
σ=+,
S
σ
i
c
i¯σ
c
iσ
+ σS
z
i
n
iσ
, (A.11)
com n
iσ
= c
iσ
c
iσ
.
56
Apˆendice B
Fun¸c˜oes de Green
Neste apˆendice est˜ao colocadas as defini¸c˜oes e deriva¸c˜oes essenciais do formalismo
das fun¸c˜oes de Green [45]. Tais fun¸c˜oes ao definidas na sequˆencia e podem ser fun¸c˜oes
tanto do comutador (η = 1), quanto do anticomutador (η = +1) dos operadores de
Heisenberg A
α
i
(t) e B
α
j
(t
), os quais obedecem as equa¸c˜oes de movimento de Heisenberg
( = 1):
A
α
i
(t) = e
iH t
A
α
i
e
iH t
, (B.1)
˙
A
α
i
(t) =
dA
α
i
(t)
dt
= i[A
α
i
(t), H ]
1
. (B.2)
A fun¸c˜ao de Green ´e assim definida:
G
αα
ij,η
(t t
) A
α
i
(t); B
α
j
(t
)
η
(B.3)
iΘ(t t
)[A
α
i
(t), B
α
j
(t
)]
η
, (B.4)
onde i e j ao os ´ındices dos s´ıtios da rede e Θ(tt
) ´e a fun¸c˜ao degrau definida da seguinte
forma:
Θ(t t
) =
1, para t t
,
0, para t < t
.
(B.5)
A equa¸c˜ao (B.4) deixa expl´ıcita as correla¸c˜oes [A
α
i
(t), B
α
j
(t
)]
η
, que ao os valores espe-
rados da termodinˆamica:
X =
1
Z
n
n|e
βH
X|n =
1
Z
Tr(e
βH
X), (B.6)
onde
Z =
n
n|e
βH
|n = Tr (e
βH
) (B.7)
57
´e a fun¸c˜ao parti¸c˜ao.
Normalmente ´e mais conveniente trabalhar com as transformadas de Fourier das
fun¸c˜oes de Green, no espa¸co de energia:
G
αα
ij,η
(ω) =
+
G
αα
ij,η
(t t
)e
iω(tt
)
d(t t
) (B.8)
G
αα
ij,η
(t t
) =
1
2π
+
G
αα
ij,η
(ω)e
iω(tt
)
dω (B.9)
e no espa¸co de momento:
G
αα
k,η
(ω) =
1
N
ij
G
αα
ij,η
(ω)e
ik(R
i
R
j
)
, (B.10)
G
αα
ij,η
(ω) =
1
N
k
G
αα
k,η
(ω)e
ik(R
i
R
j
)
, (B.11)
com:
δ
ij
=
1
N
k
e
ik(R
i
R
j
)
(B.12)
e
δ
kk
=
1
N
i
e
i(kk
)R
i
, (B.13)
onde R
i
representa a localiza¸c˜ao do s´ıtio i na rede e N o n´umero de s´ıtios.
Para encontrarmos as equa¸c˜oes de movimento da fun¸c˜ao de green (B.3) temos duas
possibilidades, tomar A
α
i
(t) como operador ativo e realizar a devirada temporal parcial
(/t) em (B.4):
i
t
G
αα
ij,η
(t t
) = δ(t t
)[A
α
i
(t), B
α
j
(t
)]
η
+ [A
α
i
(t), H ]
1
; B
α
j
(t
)
η
, (B.14)
ou ent˜ao adotar B
α
j
(t
) como operador ativo e aplicar (/t
) em (B.4):
i
t
G
αα
ij,η
(t t
) = δ(t t
)[A
α
i
(t), B
α
j
(t
)]
η
+ A
α
i
(t); [B
α
j
(t
), H ]
1
]
η
, (B.15)
depois obtemos as transformadas de Fourier das equa¸c˜oes (B.14) e (B.15), respectivamente
encontramos:
ωG
αα
ij,η
(ω) = [A
α
i
, B
α
j
]
η
+ [A
α
i
, H ]
1
; B
α
j
η
(B.16)
ωG
αα
ij,η
(ω) = [A
α
i
, B
α
j
]
η
+ A
α
i
; [H , B
α
j
]
1
η
(B.17)
58
Apˆendice C
Alguns Comutadores
Para calcularmos os comutadores dos op eradores fermiˆonicos c e c
devemos lem-
brar das seguintes rela¸c˜oes:
{c, c} = {c
, c
} = 0 (C.1)
{c, c
} = 1 (C.2)
ou de uma maneira mais geral:
{c
kσ
, c
k
0
σ
0
} = 0 (C.3)
{c
kσ
, c
k
0
σ
0
} = δ
kk
0
δ
σσ
0
, (C.4)
sendo:
{A, B} = [A, B]
+
= AB + BA (C.5)
e
[A, B] = AB BA, (C.6)
ou ainda:
[A, B] = {A, B} 2BA = 2AB {A, B}. (C.7)
Iremos efetuar o c´alculo do comutador [c
iσ
, c
kα
c
mα
] lembrando que:
[A, BC] = ABC BCA
= ABC BAC + BAC BCA
= [A, B]C + B[A, C], (C.8)
59
e portanto:
[c
iσ
, c
kα
c
mα
] = [c
iσ
, c
kα
]c
mα
+ c
kα
[c
iσ
, c
mα
]. (C.9)
Da rela¸c˜ao (C.7), temos:
[c
iσ
, c
kα
c
mα
] =
c
iσ
, c
kα
c
mα
2c
kα
c
iσ
c
mα
+
c
kα
{c
iσ
, c
mα
} 2c
kα
c
mα
c
iσ
, (C.10)
e conforme (C.3) e (C.4), encontramos:
[c
iσ
, c
k ¯α
c
mα
] = δ
ik
δ
σα
c
mα
2c
kα
c
iσ
c
mα
+
2c
kα
c
mα
c
iσ
[c
iσ
, c
kα
c
mα
] = δ
ik
δ
σα
c
mα
2c
kα
{c
iσ
, c
mα
} , (C.11)
ou seja:
[c
iσ
, c
kα
c
mα
] = δ
ik
δ
σα
c
mα
. (C.12)
O procedimento para o c´alculo dos demais comutadores (d o tipo [A, BC]) ´e o
mesmo, por isso deixaremos apenas o resultado dos comutadores utilizados nesta dis-
serta¸c˜ao:
[c
iσ
, c
m¯α
c
mα
] = δ
im
δ
σ ¯α
c
mα
, (C.13)
[c
iσ
, c
mα
c
mα
] = δ
im
δ
σα
c
mα
, (C.14)
[c
kσ
, c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
] = δ
k,k
+q
δ
σ,¯σ
′′
c
k
σ
′′
, (C.15)
[c
kσ
, c
k
+q
σ
′′
c
k
σ
′′
] = δ
k,k
+q
δ
σ,σ
′′
c
k
σ
′′
. (C.16)
Para comutadores do tipo [AB, C] o procedimento tamb´em ´e bem parecido, faremos
aqui como exemplo o c´alculo do comutador [c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
], lembrando que:
[AB, C] = ABC CAB
= ABC ACB + ACB CAB
= A[B, C] + [A, C]B, (C.17)
60
logo:
[c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] = c
k
+q
¯σ
′′
[c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] + [c
k
+q
¯σ
′′
, c
k+qσ
]c
k
σ
′′
, (C.18)
aplicando a rela¸c˜ao (C.7), temos:
[c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] = c
k
+q
¯σ
′′
{c
k
σ
′′
, c
k+qσ
} 2c
k
+q
¯σ
′′
c
k+qσ
c
k
σ
′′
{c
k
+q
¯σ
′′
, c
k+qσ
}c
k
σ
′′
2c
k+qσ
c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
, (C.19)
e conforme (C.3) e (C.4), encontramos:
[c
k
+q
¯σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] = δ
k
,k+q
δ
σ
′′
,σ
c
k
+q
¯σ
′′
. (C.20)
Para comutadores semelhantes a esse o procedimento ´e idˆentico, ca a seguir o
resultado daqueles que ao utilizados na disserta¸c˜ao:
[c
k
+q
σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] = δ
k
,k+q
δ
σ
′′
,σ
c
k
+q
σ
′′
, (C.21)
[c
k
σ
′′
c
k
σ
′′
, c
k+qσ
] = δ
k
,k+q
δ
σ
′′
,σ
c
k
σ
′′
. (C.22)
Agora mostraremos o c´alculo do comutador [S
σ
l
, H
ef
], que foi utilizado na se¸c˜ao
4.4 onde o hamiltoniano de estudo ´e:
H
ef
=
1
4
ij
J
ij
(S
+
i
S
j
+ S
i
S
+
j
)
1
2
ij
J
ij
S
z
i
S
z
j
g
S
µ
B
i
S
z
i
h
ext
, (C.23)
definindo H
ef
= H
ef1
+ H
ef2
, onde:
H
ef1
=
1
4
ij
J
ij
(S
+
i
S
j
+ S
i
S
+
j
)
1
2
ij
J
ij
S
z
i
S
z
j
(C.24)
H
ef2
= g
S
µ
B
i
S
z
i
h
ext
, (C.25)
vamos calcular [S
σ
l
, H
ef1
]:
[S
±
l
, H
ef1
] =
1
4
ij
J
ij
[S
±
l
, S
+
i
S
j
] + [S
±
l
, S
i
S
+
j
]
1
2
ij
J
ij
[S
±
l
, S
z
i
S
z
j
].(C.26)
Utilizando a seguinte rela¸c˜ao entre comutadores:
[A, B] = [A, B]C + B[A, C], (C.27)
temos:
[S
±
l
, S
±
i
S
j
] = [S
±
l
, S
±
i
]S
j
+ S
±
i
[S
±
l
, S
j
], (C.28)
61
e
[S
±
l
, S
z
i
S
z
j
] = [S
±
l
, S
z
i
]S
z
j
+ S
z
i
[S
±
l
, S
z
j
]. (C.29)
Sabendo das rela¸c˜oes entre os operadores de spin, onde:
[S
±
l
, S
j
] = ±2δ
lj
S
z
l
, (C.30)
[S
±
l
, S
z
j
] = δ
lj
S
±
l
, (C.31)
podemos reescrever todas as rela¸c˜oes de (C.28) e (C.29) da seguinte maneira:
[S
+
l
, S
+
i
S
j
] = 2δ
lj
S
+
i
S
z
l
, (C.32)
[S
+
l
, S
i
S
+
j
] = 2δ
li
S
z
l
S
+
j
, (C.33)
[S
l
, S
+
i
S
j
] = 2δ
li
S
z
l
S
j
, (C.34)
[S
l
, S
i
S
+
j
] = 2δ
lj
S
i
S
z
l
, (C.35)
[S
+
l
, S
z
i
S
z
j
] = δ
li
S
+
l
S
z
j
δ
lj
S
z
i
S
+
l
, (C.36)
[S
l
, S
z
i
S
z
j
] = δ
li
S
l
S
z
j
+ δ
lj
S
z
i
S
l
, (C.37)
usando todas essas rela¸c˜oes no comutador (C.26), temos:
[S
+
l
, H
ef1
] =
1
4
ij
J
ij
2δ
lj
S
+
i
S
z
l
+ 2δ
li
S
z
l
S
+
j
(C.38)
1
2
ij
J
ij
δ
li
S
+
l
S
z
j
δ
lj
S
z
i
S
+
l
, (C.39)
e
[S
l
, H
ef1
] =
1
4
ij
J
ij
2δ
li
S
z
l
S
j
2δ
lj
S
i
S
z
l
+ (C.40)
1
2
ij
J
ij
δ
li
S
l
S
z
j
+ δ
lj
S
z
i
S
l
. (C.41)
62
Unicando as duas ´ultimas equa¸c˜oes:
[S
±
l
, H
ef1
] =
1
2
i
J
il
S
±
i
S
z
l
S
z
i
S
±
l
+ (C.42)
1
2
j
J
lj
S
z
l
S
±
j
S
±
l
S
z
j
, (C.43)
[S
±
l
, H
ef1
] =
m(=l)
J
lm
S
±
m
S
z
l
S
z
m
S
±
l
, (C.44)
escrevendo de uma maneira mais geral:
[S
σ
l
, H
ef1
] = σ
m(=l)
J
lm
(S
z
m
S
σ
l
S
σ
m
S
z
l
) , (C.45)
lembrando que σ = ± e ¯σ = .
O comutador [S
σ
l
, H
ef2
] ´e calculado na sequˆencia:
[S
±
l
, H
ef2
] = g
S
µ
B
h
ext
i
[S
σ
l
, S
z
i
], (C.46)
pela rela¸c˜ao (C.31) temos que:
[S
±
l
, H
ef2
] = g
S
µ
B
h
ext
i
¯σδ
il
S
σ
l
, (C.47)
ou seja:
[S
±
l
, H
ef2
] = σg
S
µ
B
S
σ
l
h
ext
, (C.48)
portanto:
[S
±
l
, H
ef
] = [S
±
l
, H
ef1
] + [S
±
l
, H
ef2
], (C.49)
= σ
m(=l)
J
lm
(S
z
m
S
σ
l
S
σ
m
S
z
l
) + σg
S
µ
B
S
σ
l
h
ext
. (C.50)
63
Apˆendice D
Solu¸c˜ao para (a)
Neste apˆendice encontraremos a solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao diferencial (4.110). O
primeiro passo ´e definir uma fun¸c˜ao η(x, a), tal que:
η(x, a)
e
ax
(1 + Φ)e
a
Φ
. (D.1)
Mais adiante (equa¸c˜ao D.13), escreveremos (a) como uma fun¸c˜ao de D
s
η(x, a), portanto,
faz-se necess´ario o c´alculo dessa opera¸c˜ao:
D
s
η(x, a) =
+S
p=S
(D p)
e
ax
(1 + Φ)e
a
Φ
, (D.2)
ou ent˜ao, definindo y e
a
, temos:
D
s
η(x, a) =
+S
p=S
y
d
dy
p
y
x
(1 + Φ)y Φ
. (D.3)
Seja a rela¸c˜ao
y
d
dy
y
n
= ny
n
(D.4)
e a expanao em s´eries de potˆencias de η(x, a):
y
x
(1 + Φ)y Φ
=
1
Φ
y
x
1
1+Φ
Φ
y
=
1
Φ
y
x
n
=0
1 + Φ
Φ
y
n
, (D.5)
definindo n = n
+ x, a derivada de η(x, a) em rela¸c˜ao a y ´e
y
d
dy
y
x
(1 + Φ)y Φ
=
1
Φ
n=x
1 + Φ
Φ
nx
y
n
. (D.6)
64
Por consequˆencia, a equa¸c˜ao (D.3) pode ser reescrita na forma:
D
s
η(x, a) =
1
Φ
+S
p=S
y
d
dy
p
n
=0
1 + Φ
Φ
y
n
=
1
Φ
n=x
1 + Φ
Φ
nx
y
n
+S
p=S
(n p). (D.7)
Vamos tomar os valores a = 0, x = S + 1 e realizar as trocas de vari´aveis r = S p
e m = n S 1, ou seja,
D
s
η(S + 1, 0) =
1
Φ
m=0
1 + Φ
Φ
m
0
r=2 S
(m + 1 + r). (D.8)
O produt´orio acima pode ser reduzido a seguinte rela¸c˜ao:
0
r=2 S
(m + 1 + r) = (m + 1 + 2S)(m + 1 + 2S 1)...(m + 1) =
(m + 1 + 2S)!
m!
, (D.9)
desta maneira, temos:
D
s
η(S + 1, 0) =
1
Φ
m=0
(m + 1 + 2S)!
m!
1 + Φ
Φ
m
. (D.10)
Agora tomaremos os valores a = 0 x = S e as trocas de vari´aveis r = S + 1 p
e m = n S 1, assim
D
s
η(S, 0) =
1
Φ
m=2S1
1 + Φ
Φ
m+2S+1
1
r=2 S+1
(m + r) (D.11)
e
D
s
η(S, 0) =
(1 + Φ)
2S+1
Φ
2S+2
m=0
(m + 1 + 2S)!
m!
1 + Φ
Φ
m
. (D.12)
Supondo a seguinte fun¸c˜ao para (a):
(a) =
η(S, a)D
s
η(S + 1, 0) η(S + 1, a)D
s
η(S, 0)
D
s
η(S + 1, 0) D
s
η(S, 0)
, (D.13)
substituindo (D.10) e (D.12) em (D.13), encontramos:
(a) =
e
aS
(1+Φ)e
a
Φ
1
Φ
+
e
a(S+1)
(1+Φ)e
a
Φ
(1+Φ)
2S+1
Φ
2S+2
1
Φ
+
(1+Φ)
2S+1
Φ
2S+2
, (D.14)
(a) =
Φ
2S+1
e
Sa
(1 + Φ)
2S+1
e
(S+1)a
[Φ
2S+1
(1 + Φ)
2S+1
][(1 + Φ)e
a
Φ]
. (D.15)
65
Essa solu¸c˜ao para (a) satisfaz as duas condi¸c˜oes de contorno necess´arias:
(0) = 1, (D.16)
+S
p=S
(D p)(a)|
a=0
D
S
|
a=0
= 0. (D.17)
Vamos aqui calcular a derivada de (a) em rela¸c˜ao a a, no ponto a = 0:
D(a)|
a=0
=
1
1 + Φ
.
(S + 1)(1 + Φ)
2S+1
+ SΦ
2S+1
(1 + Φ)
2S+1
Φ
2S+1
(1 + Φ)
2S+1
Φ
2S+1
(1 + Φ)
2S+1
Φ
2S+1
, (D.18)
D(a)|
a=0
=
(S Φ)(1 + Φ)
2S+1
+ (S + 1 + Φ)Φ
2S+1
(1 + Φ)
2S+1
Φ
2S+1
. (D.19)
66
Referˆencias Bibliogr´acas
[1] E. Warburg, Ann. Phys. Chem. 13, 141 (1881).
[2] W.F. Giauque, J. Am. Chem. Soc. 49, 1870 (1927).
[3] W.F. Giauque and D. P. MacDougall, Phys. Rev. 43, 768 (1933).
[4] G.V. Brown, J. Appl. Phys. 47, 3673 (1976).
[5] G.V. Brown, IEEE Trans. Magn. 13, 1146 (1977).
[6] V. K. Pecharsky and K. A. Gschneidner Jr., Phys. Rev. Lett. 78, 4494 (1997).
[7] V. K. Pecharsky and K. A. Gschneidner Jr., J. Magn. Magn. Mater 167, L179 (1997).
[8] V. K. Pecharsky and K. A. Gschneidner Jr., J. Magn. Magn. Mater 200, 44 (1999).
[9] K. A. Gschneidner Jr. and V. K. Pecharsky, Annu. Rev. Mater. Sci 30, 387 (2000).
[10] O. Tegus, E. Sr¨uck, K. H. J. Suschow and F. R. de Boer, Nature 415, 150 (2002).
[11] Fujita, S. Fujieda, Y. Hasegawa, and K. Fukamichi, Phys. Rev. B 67, 104416 (2003).
[12] S. Gama, A. A. Coelho, A. de Campos, A. M. G. Carvalho and F. C. G. Gandra, P.
J. Von Ranke, N. A. de Oliveira, Phys. Rev. Lett. 93, 237202 (2004).
[13] P.J. von Ranke, N.A. de Oliveira, S. Gama, J. Magn. Magn. Mater. 277, 78 (2004).
[14] L. G. de Medeiros Jr., N.A. de Oliveira, J. Magn. Magn. Mater. 306, 265 (2006).
[15] A. M. Tishin and Y. I. Spichkin, The Magnetocaloric Eect and Its Applications, 1st
edition (Institute of Physics, Bristol and Philadelphia, 2003).
[16] W. Choe, V. K. Pecharsky, A. O. Pecharsky, K. A. Gschneidner, V. G. Young and
G. J. Miller, Phys. Rev. Letter 84, 4617 (2000).
67
[17] L. Morellon, J. Blasco, P. A. Algarabel and M. R. Ib arra, Phys. Rev. B 62, 1022
(2000).
[18] V. K. Pecharsky e K. A. Gschneidner Jr., Adv. Mat. 13 (9), 683 (2001).
[19] A. O. Pecharsky, K. A. Gschneidner, V. K. Pecharsky and C. E. Schindler, J. Alloys
Compounds 338, 126 (2002).
[20] E. Br¨uck; J.Phys. D: Appl. Phys. 38, R381 (2005)
[21] T. T. M. Palstra, J. A. M ydosh, G. J. Nieuwenhuys, A. M. van der Kraan and K. H.
J. Buschow, J. Magn. Magn. Mater. /bf 36, 290 (1983)
[22] L. Pytlik and A. Zieba, J. Magn. Magn. Mater. 51, 199 (1985).
[23] Chemistry, Structures & 3D Molecules @ 3Dchem.com
Site internet: www.3dchem.com, 2008
[24] H. Fujii, T. Hokabe, T. Komigaichi and T. Okamoto, J. Phys. Soc. Japan 43, 41
(1977).
[25] P.Jernberg, A. Yousif and L. agstr¨om, J. Solid State Chem. 53, 313 (1984).
[26] U.S. Naval Research Laboratory
Site internet: www.nrl.navy.mil, 2008
[27] P. J. von Ranke, S. Gama, A. A. Coelho, A. de Campos, A. Magnus G. Carvalho, F.
C. G. Gandra, and N. A. de Oliveira, Phys. Rev. Lett. 93, 237202 (2004).
[28] K. A. Gschneidner, V. K. Pecharsky, A. O. Pecharsky and C. B. Zimm, Rare Earths
98 vol 315-3, pp 69-76 (1999)
[29] A. O. Pecharsky, K. A. Gschneidner and V. K. Pecharsky, J. Appl. Phys. 93 4722
(2003).
[30] K. A. Gschneidner, V. K. Pecharsky, E. Br¨uck, H. M. G. Duijin and E. M. Levin,
Phys. Rev. Lett. 85, 4190 (2000)
[31] H. Wada and T. Asano, J. Magn. Magn. Mater. 290, 703 (2005).
68
[32] H. Wada, C. Funaba, T. Asano, M. Ilyn and A. M. Tishin, Sci. Tech. Froid C. R.
2005-4, 37-46 (2005).
[33] H. Fujii, S. Komura, T. Katega, T. Okamoto and J. Akimitsu, J. Phys. Soc. Japan
46, 1616 (1979)
[34] E. Br¨uck, M. Ilyn and O. Tegus, J. Magn. Magn. Mater. 290, 8 (2005).
[35] P. J. Von Ranke, Ciˆencia Hoje, 26, 34 (1999).
[36] M. S. Reis Jr., Scientic American Brasil, 34, 44 (2005).
[37] S. Doniach, Phys. B 91, 231 (1977).
[38] C. Lacroix, M. Cyrot, Phys. Rev. B 20, 1969 (1979).
[39] A.C. Hewson, The Kondo Problem to Heavy Fermions, Cambridge University Press,
Cambridge (1993).
[40] M.A. Ruderman and C. Kittel, Phys. Rev. 96, 99 (1954).
[41] T. Kasuya, Prog. Theor. Phys. 16, 45 (1956).
[42] K. Yosida, Phys. Rev. 106, 893 (1957).
[43] C. Santos and W. Nolting, Phys. Rev. B 65, 144419 (2002).
[44] H. Callen, Phys. Rev. 130, 890 (1963).
[45] P. Fr¨obrich , P.J. Kuntz, Phys. Rep. 432, 223 (2006).
[46] V. K. Pecharsky, K. A. G schneidner Jr, S Yu Dankov and A. M. Tishin, Cryocoolers
10, 693 (1999).
69
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo