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RELAÇÕES DE Phakopsora pachyrhizi COM
SEMENTES DE SOJA
JOEL GUIMARÃES DE BRITO JÚNIOR
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
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JOEL GUIMARÃES DE BRITO JÚNIOR
RELAÇÕES DE Phakopsora pachyrhizi COM
SEMENTES DE SOJA
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agronomia,
área de concentração Fitopatologia, para a
obtenção do título de “Mestre”.
Orientador:
Prof. Dr. José da Cruz Machado
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Brito Júnior, Joel Guimarães de
Relações de Phakopsora pachyrhizi com sementes de soja / Joel Guimarães de
Brito Júnior.
-- Lavras : UFLA, 2007.
93 p. : il.
Orientador: José da Cruz Machado.
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Soja. 2. Semente. 3. Inoculação. 4. Ferrugem. 5. Germinação. 5. I.
Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD-633.3493
JOEL GUIMARÃES DE BRITO JÚNIOR
RELAÇÕES DE Phakopsora pachyrhizi COM
SEMENTES DE SOJA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, área de concentração
Fitopatologia, para a obtenção do título de “Mestre”.
APROVADA em 16 de abril de 2007
Prof. Dr. Eduardo Alves UFLA
Prof. Dr. Mário Sobral de Abreu UFLA
Prof. Dr. José da Cruz Machado
Departamento de Fitopatologia/UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
A Deus, Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas,
A Jesus Cristo, coordenador maior deste Planeta, modelo e guia da Humanidade,
A meus pais, em especial, minha mãe, expressão encarnada do amor sem limites,
pela oportunidade de, neste momento e lugar, vivenciar mais uma etapa de
aprendizado no infinito Universo do Conhecimento,
DEDICO
Ao meu avô, Jayme Ferreira de Brito (in memoriam), pelo exemplo de caráter,
pelo incentivo e orientação, norteando sempre minha formação profissional.
À avó querida, Maria José dos Santos Leite (in memoriam), expressão singela de
amor, doação e acolhimento maternal.
Aos meus irmãos, Zulma, Ronney, Waldo, Soraya e Robson, pelo apoio
incondicional e amizade sincera.
Aos filhos queridos, Tatiana, Luciana, Daniel, Mariana e Ana Júlia, motivadores
valorosos na busca constante do aprimoramento moral e profissional.
À Tânia, esposa amada, parceira e companheira leal em todas as conquistas
empreendidas ao longo dessa caminhada existencial,
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
A Deus, por proporcionar-me possibilidades novas de aperfeiçoamento
intelecto-moral.
À Universidade Federal de Lavras (UFLA), por conceder-me a
oportunidade de novamente participar de seu privilegiado corpo discente.
Ao Departamento de Fitopatologia desta Universidade, pela
oportunidade de usufruir de seus valorosos recursos para a conclusão deste
mestrado.
Ao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), pelo incentivo financeiro,
contribuindo para a condução e a concretização dos trabalhos experimentais.
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí, MG, pela
liberação para a realização do mestrado.
Ao corpo de professores e funcionários administrativos do Centro
Federal de Educação Tecnológica de Bambuí, MG, aos quais agradeço, na
pessoa de seu diretor geral, Professor Ivan C. Magalhães, pelo apoio e
incentivos constantes.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior/Programa Institucional de Qualificação Docente para a Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica (Capes/PIQDTec), pela concessão de apoio
financeiro, durante os nove últimos meses de realização do curso.
Ao Professor Dr. José da Cruz Machado, pela orientação nos trabalhos,
mas, acima de tudo, pela amizade sincera, traduzida em todos os momentos de
convivência, com manifestações de confiança, incentivo e apreço.
Aos professores do Departamento de Fitopatologia, pela dedicação
incansável e pela constante demonstração de amizade e capacidade profissional,
ao longo de todo o mestrado.
A toda a equipe de funcionários (administrativos, laboratoristas,
assistentes de laboratório e de campo, auxiliares de limpeza e demais serviçais)
do Departamento de Fitopatologia que, de maneira direta ou indireta, estiveram
ligados à concretização deste projeto de pesquisa.
Aos amigos do Laboratório de Patologia de Sementes (LAPS) Ângela,
Cláudio, Cristiano, Adriano, Vivian, Michele, Luciana, Francisco, Rodrigo,
Adelávio, Zélia e Cleuza que, sempre solícitos, estiveram presentes em
momentos importantes, disponibilizando prestação de serviços e conhecimentos,
em prol da efetivação dos trabalhos experimentais.
Aos colegas do Programa de Pós-Graduação, com os quais tive a grata
satisfação de conviver, usufruindo da amizade, confiança e prestação de auxílio
em momentos diversos de dificuldades, durante os dois anos de curso.
Ao Departamento de Agricultura, em especial aos professores e
laboratoristas do Setor de Sementes e do Laboratório de Cultura de Tecidos que,
sempre com muita presteza, atenderam às solicitações em função de nossos
trabalhos experimentais.
Ao professor Marcelo Cirillo e à colega e amiga Dejânia Vieira de
Araújo, pela valiosa contribuição prestada no processamento das análises
estatísticas.
À Dra. Maria de Fátima Zoratto, pelas amostras de sementes tão
gentilmente cedidas.
Ao Sr. Heitor José Maretti, Técnico de Desenvolvimento de Produtos da
Fazenda Experimental Agrícola da empresa BASF S.A., pela prestimosa
concessão de material vegetal com presença de inóculo, para a utilização em
ensaios preliminares.
Ao colega e amigo Jonas Guimarães e Silva, pela amizade, apoio e
companherismo durante esses dois anos.
À sogra querida, Edith A. Passos, pela sempre carinhosa acolhida.
SUMÁRIO
Página
RESUMO ........................................................................................................ i
ABSTRACT .................................................................................................... ii
CAPÍTULO 1: Introdução Geral e Referencial Teórico ...........................
1
1 INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................. 2
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 4
2.1 Ocorrência e importância econômica da ferrugem da soja no Brasil ........ 4
2.2 Aspectos Taxonômicos e Epidemiológicos ............................................... 6
2.3 Ciclo de vida de Phakopsora pachyrhizi ................................................... 8
2.4 Viabilidade do inóculo .............................................................................. 10
2.5 Relação patógeno/semente no grupo das ferrugens de plantas ................. 13
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………..…….. 15
CAPÍTULO 2: Ocorrência de Phakopsora pachyrhizi em amostras de
sementes de soja .............................................................................................
21
RESUMO ........................................................................................................ 22
ABSTRACT .................................................................................................... 23
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 24
2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 26
2.1 Coleta e manutenção das amostras de sementes ....................................... 26
2.3 Quantificação de urediniósporos nas amostras ......................................... 26
2.4 Germinabilidade dos urediniósporos ......................................................... 28
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 29
3.1 Ocorrência de Phakopsora pachyrhizi em sementes de soja .................... 29
3.2 Germinabilidade dos urediniósporos ......................................................... 31
4 CONCLUSÕES ............................................................................................ 32
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 33
CAPÍTULO 3: Viabilidade de urediniósporos de Phakopsora
pachyrhizi .......................................................................................................
34
RESUMO ........................................................................................................ 35
ABSTRACT .................................................................................................... 36
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 37
2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 39
2.1 Coleta e preparo de urediniósporos de P. pachyrhizi ................................ 39
2.2 Adequação e Condução do teste de viabilidade do inóculo....................... 39
2.4 Inoculação e armazenamento das sementes .............................................. 42
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 45
3.1 Adequação do teste de viabilidade ............................................................ 45
3.2 Coloração de urediniósporos de P. pachyrhizi associados a sementes
armazenadas ....................................................................................................
48
4 CONCLUSÕES ............................................................................................ 52
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 53
CAPÍTULO 4: Transmissibilidade de Phakopsora pachyrhizi a partir
de sementes de soja, em condições controladas ..........................................
55
RESUMO ........................................................................................................ 56
ABSTRACT .................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 58
2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 60
2.1 Transmissibilidade de Phakopsora pachyrhizi por sementes de soja,
em ambiente protegido ....................................................................................
60
2.1.1 Teste de sanidade das sementes ............................................................. 60
2.1.2 Inoculação das sementes ........................................................................ 61
2.1.3 Preparo dos substratos e semeadura ....................................................... 63
2.1.4 Estruturas de proteção anti-esporos ........................................................ 64
2.1.5 Manejo das plantas ................................................................................. 65
2.1.6 Ocorrência de sintomas da ferrugem ...................................................... 67
2.1.7 Delineamento experimental .................................................................... 68
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 69
4 CONCLUSÕES ............................................................................................ 71
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 72
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 74
ANEXOS ......................................................................................................... 76
i
RESUMO
BRITO JÚNIOR, Joel Guimarães de. Relações de Phakopsora pachyrhizi com
sementes de soja. Lavras: UFLA, 2007. 93p. Dissertação (Mestrado em
Fitopatologia).
1
A ferrugem da soja tem sido, nos últimos anos, uma das mais sérias ameaças ao
cultivo dessa oleaginosa no Brasil, em razão de sua natureza explosiva e em
função da inexistência de variedades com resistência aceitável. Em adição aos
reflexos negativos de sua presença nas áreas de produção comercial de grãos, a
ocorrência de P. pachyrhizi, em amostras de sementes, procedentes de diferentes
localidades no país, tem sido detectada em análises sanitárias de laboratório. O
presente trabalho foi conduzido com o intuito de verificar a ocorrência e
viabilidade de P. pachyrhizi em amostras de sementes de soja recebidas de
produtores e ao longo do período de armazenamento, e avaliar a
transmissibilidade do agente da ferrugem a partir de sementes contaminadas.
Pelo método de exame de suspensão de lavagem, com posterior contagem de
urediniósporos, a ocorrência de P. pachyrhizi foi detectada em todas as amostras
analisadas a uma taxa variável de 83 a 1056 urediniósporos/100 sementes. Em
ensaio de armazenamento, usando sementes contaminadas artificialmente com o
patógeno, não houve germinação dos urediniósporos ao longo de seis meses.
Nestas condições, pelo teste de tetrazólio, observou-se que no período de
armazenamento, em condições naturais, houve uma queda brusca dos índices de
viabilidade dos urediniósporos, após a primeira época avaliada, tendo 2% destes
esporos apresentado atividade enzimática ao final de seis meses. Em relação ao
estudo de transmissibilidade, sementes com contaminação artificial de P.
pachyrhizi, foram semeadas em vasos dentro de caixas com armação de madeira
revestidas por plástico transparente e tecido antiafídico, pelo período de 80 dias,
em condições controladas. Paralelamente, as sementes contaminadas com o
patógeno foram semeadas em substrato de areia e mantidas em câmaras de
crescimento vegetal, com temperaturas de 15 e 20 ±2ºC e umidade relativa
elevada, pelo período de 20 dias. Em nenhum desses ensaios, foram observados
sintomas da ferrugem nas plantas emergidas.
_______________________
1
Comitê de orientação: José da Cruz Machado – UFLA (Professor Orientador); Edson
Ampélio Pozza – UFLA (Professor Co-orientador).
ii
ABSTRACT
BRITO JÚNIOR, Joel Guimarães. Association of Phakopsora pachyrhizi with
soybean seeds. 2007. 93p. Dissertation (Master in Phytopathology – Federal
University of Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil).
1
Soybean rust has been one of the most devastating diseases in Brazil over the
last 3 years, being considered an obstacle for the expansion of this crop in the
country. Besides its explosive epidemiological nature, the control of such
disease is difficulty in reason of the inexistence of cultivars with acceptable
resistance. In addition, the occurrence of P. pachyrhizi, in seed samples of
soybean from different regions in Brazil, has been detected in health tests in the
Seed Pathology Laboratory of the Federal University of Lavras, MG. Based on
that, the present work was proposed with the following aims: 1- to verify the
occurrence of that fungus in seed samples of soybean collected in different seed
fields located in some areas in Brazil, 2- to evaluate the viability of
urediniospores, artificially incorporated to seeds, along a storage period of six
months under natural conditions and 3- to evaluate the transmission of that
pathogen from seeds to emerged plants under different conditions. By the
washing method the occurrence of P. pachyrhizi was detected in all seed
samples analyzed at a rate ranging from 83 to 1056 urediniósporos/100 seeds. In
specific trial using artificially contaminated seeds, germination of urediniospores
was not observed during six months storage. Under those conditions, viability of
urediniospores, as revealed by the tetrazolium test, declined sharply after the
first time of evaluation. At the end of the storage period, 2% of the spores
examined presented enzymatic activity. In relation to seed transmission, that
was checked out under two different conditions. In one trial, seeds were sown in
pots which were kept in individual boxes with protection against external
contamination for the period of 80 days. In another experiment, seeds
contaminated with urediniospores were sown in trays containing sand substrate
and kept in incubation room under 15 e 20 ±2ºC for three weeks. In any case
symptoms of rust disease were observed in the emerged plants.
_______________________
1
Advising Committee: José da Cruz Machado – UFLA (Major Professor); Edson
Ampélio Pozza – UFLA (Co-adviser Professor).
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO GERAL E REFERENCIAL TEÓRICO
2
INTRODUÇÃO GERAL
A ocorrência da ferrugem da soja, no Brasil, foi constada,
primeiramente, em cultivo de soja na Estação Experimental da Empresa de
Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais, a Epamig, em Lavras,
MG, em 1979 (Deslandes, 1979). Embora tenha sido encontrada em outras áreas
produtoras de soja, nos estados de Minas Gerais, Goiás e Paraná e no Distrito
Federal, nos anos subseqüentes, causando danos variáveis, a sua ocorrência, em
geral, não foi considerada de natureza epidêmica, deixando de ser uma
preocupação prioritária, mas constituindo-se em um risco potencial para os
produtores brasileiros.
A partir de 2001, em uma de suas formas mais agressivas, de origem
asiática, a ferrugem da soja passou a causar danos dos mais preocupantes,
havendo, inicialmente, relatos de prejuízos da ordem de US$ 24,7 milhões
(Yorinori et al., 2002). Estima-se que, na safra de 2005/6, os prejuízos tenham
sido em torno de US$ 1,75 bilhão, contabilizados nessa soma, além do valor da
perda em toneladas, os produtos e demais recursos utilizados para o seu controle
no campo (Roessing, 2006). Os reflexos negativos desses danos são percebidos
rapidamente na pauta de exportação do país onde o volume de grãos de soja
representa uma parcela das mais expressivas. Um agravante decorrente da
ocorrência explosiva dessa doença no Brasil, nos últimos anos, foi o aumento
substancial do uso de fungicidas para o seu controle, praticado em quase todas as
regiões produtoras no país.
Em adição aos reflexos negativos da ocorrência da ferrugem nas áreas
de produção comercial de grãos, foi constatada, em análises sanitárias de
amostras de soja realizadas pelo Laboratório de Patologia de Sementes do
Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Lavras, MG, a
3
ocorrência de urediniósporos do agente etiológico da referida doença, associados
às sementes de algumas amostras destinadas a exportação, o que inviabiliza a
aprovação destes lotes para o comércio com alguns países que exigem o
certificado negativo para este e outros patógenos.
A longevidade do inóculo (urediniósporos) do referido agente
patogênico é curta, havendo registros de sua viabilidade por 50 dias (Caldwell &
Laing, 2001) e por 15 a 270 dias, sob condições artificiais de estocagem, ou seja,
inóculo em ambiente na ausência do hospedeiro natural (Godoy & Flausino,
2004; Zambenedetti & Alves, 2004).
Diante da escassez de informações sobre a associação de P. pachyrhizi
com sementes de soja, sob vários aspectos, como viabilidade de inóculo durante
o armazenamento e transmissibilidade deste fungo via sementes, torna-se
evidente que estudos pontuais sobre estes aspectos são necessários para as
condições brasileiras.
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Ocorrência e importância econômica da ferrugem da soja no Brasil
A cultura da soja [Glycine Max (L.) Merril] é atacada por duas espécies
de fungo pertencentes ao gênero Phakopsora, que são os agentes etiológicos da
doença denominada ferrugem: Phakopsora meibomiae (Arthur) Arthur (fase
anamórfica: Malupa vignae) e Phakopsora pachyrhizi H. Sidow & Sidow (fase
anamórfica: Malupa sojae). Ono et al. (1992) demonstraram a possibilidade de
se diferenciar estas espécies por meio de estudos morfológicos dos teliósporos e
das télias. No entanto, a sua diferenciação pode ser realizada, também, por
intermédio de técnicas de PCR (Frederick et al., 2002).
P. meibomiae, agente etiológico da ferrugem “americana”, ocorre de
forma natural no Continente Americano. O fungo utiliza uma vasta série de
hospedeiros, podendo infectar, naturalmente, cerca de 42 espécies em 19
gêneros de leguminosas e, ainda, mais 18 espécies em 12 gêneros, quando a
inoculação é artificial (Hennen, 1996).
P. pachyrhizi, nativo do Oriente (China) e agente etiológico da ferrugem
“asiática” (terminologia adotada com a finalidade de se diferenciar da ferrugem
“americana”), presente na Ásia e Austrália, foi detectado, pela primeira vez fora
desses países, no Hawaii, em 5 de maio de 1994 (Bonde & Peterson, 1996;
Kilgore, 1996). No continente africano, foi constatada, pela primeira vez, em
Uganda, em 1996, em área experimental de soja (Kawuki et al., 2003). Em 1998,
foi detectado no Zimbabwe e Zâmbia (Levy, 2004) e, em 2001, na África do Sul
(Caldwell & McLaren, 2004; Pretorius et al., 2001). No continente americano, a
primeira constatação da ferrugem “asiática” foi feita no Paraguai, em 5 de março
de 2001 (Paiva, 2001) e no oeste e no norte do Paraná (Londrina), entre 26 e 28
5
de maio de 2001 (Yorinori et al., 2002).
A rápida expansão e a dimensão de perdas que esta tem causado
destacam a importância da ferrugem “asiática” (Yorinori et al., 2003; Yorinori et
al., 2004), promovendo o declínio de rendimento, que torna inviável a colheita
em diversas lavouras dos Cerrados. A área afetada no Brasil e no Paraguai, em
2001, foi estimada em 10.000 ha. Na safra 2001/02, a expansão da doença
ocorreu em quase toda região produtora de soja do Paraguai e em,
aproximadamente, 60% das áreas de produção no Brasil, onde as perdas
estimadas nessa safra foram de 569,2 mil toneladas (US$125,5 milhões;
US$220,50/t) (Yorinori et al., 2002). Na safra 2002/03, a área de produção no
Brasil atingida pela ferrugem superou o índice de 90%, provocando perdas
superiores a 3,3 milhões de toneladas ou o correspondente a US$737,5 milhões
(US$223,50/t) (Yorinori et al., 2003). Na safra seguinte (2003/04), as perdas
ultrapassaram US$1,2 bilhão (US$260,80/t), equivalente a 4,6 milhões de
toneladas (Yorinori, 2004).
Além do Brasil e do Paraguai, a ferrugem foi detectada em parcelas
experimentais na Argentina, no final da safra 2001/02, na localidade de
Misiones (Rossi, 2003). No final da safra 2003/04 (abril), atingiu lavouras
semeadas tardiamente nas principais áreas de produção do país. Na Bolívia, a
doença foi detectada, pela primeira vez, em 2003, no plantio de inverno (julho),
causando severas perdas em algumas lavouras não tratadas com fungicidas
(Navarro et al., 2004). Atualmente, pode-se dizer que a ferrugem “asiática”
encontra-se disseminada por todo o hemisfério sul do continente americano.
Em 10 de novembro de 2004, foi feita a primeira notificação de sua
ocorrência nos Estados Unidos, tendo sido encontrada em unidades
experimentais da Louisiana State University, Baton Rouge, Louisiana (Rogers &
Redding, 2004).
A ocorrência de Phakopsora sp em sementes de soja, conforme
6
detectada no Laboratório de Patologia de Sementes do Departamento de
Fitopatologia da Universidade Federal de Lavras, em 2004, em amostras
provenientes de áreas produtoras em Mato Grosso (Machado, comunicação
pessoal, 2005), é um fato novo que pode caracterizar risco, do ponto de vista de
defesa sanitária e um aspecto de relevância questionável, do ponto de vista de
qualidade de sementes, em esquemas de certificação regional (Machado, 1988;
Neergaard, 1977). O fundamento é o de que os agentes etiológicos de ferrugens
não são, salvo raras exceções, transmissíveis por sementes de seus hospedeiros.
Os riscos se caracterizam, no entanto, pelo fato de as sementes constituírem em
veículos de disseminação para a maioria dos agentes etiológicos de doenças de
plantas. Na medida em que patógenos e hospedeiros interagem ao longo do
tempo, e daí podendo sofrer influências e transformações biológicas de toda
ordem e intensidade, todas as possibilidades de investigação sobre as
verdadeiras relações entre P. pachyrhizi e sementes de soja devem ser, por
conseguinte, exploradas, conforme se faz com qualquer outro tipo de
patossistema (Neergaard, 1977).
2.2 Aspectos taxonômicos e epidemiológicos
O gênero Phakopsora, ao qual pertencem as espécies de fungo
causadoras de ferrugem em soja, pode ser classificado, taxonomicamente, da
seguinte maneira: Reino: Fungi, Filo: Basidiomycota, Classe: Urediniomycetes,
Subclasse: Urediniomycetidae, Ordem: Uredinales e Família: Phakopsoraceae.
P. pachyrhizi é considerado um parasita obrigatório, ou seja, um
organismo biotrófico, que depende de tecido vivo em hospedeiro para que possa
completar seu ciclo.
No que tange aos aspectos epidemiológicos, Casey, citado por Vale
(1985), constatou em seus estudos que epidemias severas da ferrugem podem
7
ocorrer quando dilatados períodos de molhamento foliar, cerca de dez horas/dia,
e temperaturas em torno de 18º a 26ºC coexistem. Já sob temperaturas acima de
30ºC e abaixo de 15ºC, bem como, em ambiente com baixa umidade relativa, o
desenvolvimento da ferrugem sofre desaceleração. O mesmo autor afirma que
temperaturas superiores a 27ºC, por longo período de tempo, mesmo em
condições favoráveis de molhamento foliar, pareciam dificultar o
desenvolvimento do patógeno. Por outro lado, Sinclair & Backman (1989),
também observaram que epidemias severas ocorriam em áreas cuja temperatura
média diária se encontrava entre 18º e 28°C, com precipitações e períodos de
molhamento foliar bastante prolongados (10 a 12 horas), estendendo-se por toda
a safra. Os autores acrescentam que o período de germinação dos urediniósporos
varia entre três e seis horas, sob temperaturas de 14°C a 29°C, no entanto,
afirmam que tanto a germinação quanto a penetração no tecido foliar podem
ocorrer sob influência de temperaturas situadas entre 8º e 28°C.
A manifestação de reduzidas pontuações (máximo 1mm de diâmetro),
de tonalidade mais escura que o tecido sadio da folha, de coloração esverdeada
tendendo a cinza-esverdeado, pode caracterizar sintomas iniciais da ferrugem
asiática na planta de soja. Estas podem surgir em pecíolos, vagens e ramos,
sendo, no entanto, mais evidente nas folhas, especialmente na superfície inferior
(face abaxial) das mesmas. A quantidade de urédias se eleva com a idade da
lesão, adquirindo coloração castanho-clara a castanho-escura. Estas se abrem em
minúsculos poros, liberando os urediniósporos que, inicialmente hialinos,
tornam-se, posteriormente, com o amadurecimento, de coloração bege. Após se
acumularem ao redor dos poros, são carregados pelo vento, no transcorrer do
tempo, podendo ser facilmente disseminados para áreas de cultivo situadas a
curta ou a longa distância (Zambenedetti, 2005).
Cada lesão apresenta um número diverso de urédias, podendo variar de
uma a seis, na medida em que transcorre o período de esporulação. Ao redor das
8
primeiras urédias, o tecido foliar passa a apresentar coloração castanho-clara a
castanho-avermelhada, sendo, portanto, facilmente perceptível, tanto na face
superior quanto na face abaxial da folha. As erupções, expondo notoriamente os
poros abertos, destituídos de urediniósporos ao seu redor, caracterizam as
urédias que não completam o processo de esporulação, o que facilita a distinção
destas em relação às pústulas bacterianas, com as quais são, muitas vezes,
confundidas (Zambenedetti, 2005). Segundo a mesma autora, a ferrugem pode
também ser facilmente confundida com as lesões iniciais de mancha-parda
(Septoria glycines), a qual produz lesões necróticas angulares e castanho-
avermelhadas, envolvidas por halo amarelado, ocorrendo, em ambos os casos,
clorose, seca e queda prematura de folhas infectadas.
Em trabalhos realizados por Melching et al. (1979), em condições de
casa de vegetação, sob ausência de luz e a 20°C, urediniósporos de P. pachyrhizi
apresentaram o início de sua germinação em uma hora e meia, a contar do
instante de precipitação do orvalho, atingindo o nível máximo seis a sete horas
após. De acordo com os autores, transcorridas cerca de oito horas de
precipitação de orvalho e sob temperaturas que variaram entre 18°C e 26,5°C, a
incidência de lesões ocorrentes foi multiplicada por dez vezes, quando
comparada com o período de seis horas, sob as mesmas temperaturas. As lesões
iniciais surgiram sete dias após a inoculação e a produção de urediniósporos
secundários teve início aos nove dias. Em estudos desenvolvidos em casa de
vegetação, por Godoy & Canteri (2004), na Embrapa Soja, Londrina, lesões
iniciais puderam ser observadas cinco a seis dias após a inoculação e as
primeiras frutificações (urédias) com seis a sete dias após a inoculação.
2.3 Ciclo de vida de Phakopsora pachyrhizi
Geralmente, P. pachyrhizi é relatado em estágio de urédia e télia, não
9
tendo ainda sido constatados os demais estágios que compõem o ciclo de vida
das ferrugens. Em trabalho desenvolvido por Green (1984), não se conseguiu
observar o estágio 0 de espermogamia e o estágio I de aécio, sendo constatado
apenas o estágio II, de urédias, as quais são anfígenas, porém, com a maior parte
presente na face abaxial da folha. Segundo o mesmo autor, também o estágio IV,
germinação do teliósporo formando a basídia, não foi observado acrescentando
que o estágio III, formação de télia, é, normalmente, confundido com o estágio
de urédia. A cor da télia é de castanha a chocolate e possui de 2 a 7 esporos na
camada interna (Ono et al., 1992). É desconhecido o papel do teliósporo no ciclo
de vida de P. pachyrhizi, conforme Bromfield (1976). Saksirirat e Hoppe (1991)
relataram terem observado a germinação dos teliósporos, porém, na tentativa de
se reproduzir o experimento, não obtiveram sucesso.
De acordo com Koch et al. (1983), a penetração na folha do hospedeiro
se dá de modo direto, através da cutícula, no centro de células da epiderme
foliar. Por outro lado, Zambenedetti (2005) constatou, em seus estudos, a
ocorrência de penetração em junções de células epidérmicas, com raras
penetrações via estômato. Ainda, segundo Koch et al. (1983), o urediniósporo,
ao germinar, cria um tubo germinativo de menor dimensão, na extremidade do
qual surge um apressório. A partir deste, ocorre a formação de um peg de
penetração que é introduzido na cutícula do hospedeiro, bem como através da
parede celular de sua epiderme. O mesmo autor afirma que a penetração da
célula epidermal ocorre, aproximadamente, seis horas após a inoculação,
ocorrendo, em seguida, a expansão do peg de penetração, originando, assim, a
vesícula epidermal. Constitui-se, a partir dessa, a hifa de penetração que
perpassa a célula da epiderme, alcançando o espaço intercelular. A hifa
secundária se forma como conseqüência do alongamento da hifa primária,
momento em que ocorre a formação de um septo na porção intercelular da hifa
de penetração. Zambenedetti (2005), no entanto, elucida que esta modalidade de
10
penetração é atípica em ferrugens e acrescenta que a mesma valoriza, em muito,
o patossistema Phakopsora-soja, quando são envolvidos estudos ultra-
estruturais. Destaca ainda, a autora, que a planta, como conseqüência do
surgimento de variados eventos decorrentes deste tipo de penetração, promove a
formação de barreiras estruturais, tornando-a resistente ao patógeno.
2.4 Viabilidade do inóculo
Na literatura científica são relatados variados métodos de preservação de
urediniósporos referentes a diversos gêneros de agentes etiológicos de ferrugens,
porém, são poucos os trabalhos relativos à preservação de esporos de P.
Pachyrhizi .
Estudos conduzidos por Schein (1962) demonstram que os
urediniósporos dos agentes etiológicos das ferrugens sofrem perda de sua
viabilidade, de forma acelerada, quando não são tomados cuidados especiais no
sentido de preservá-los. Segundo o mesmo autor, quando se trata da preservação
in vitro da viabilidade dos urediniósporos das ferrugens, de modo geral,
temperatura de 5ºC e umidade por volta de 50%, são consideradas condições
ideais no que diz respeito a armazenamento a curto e a médio prazos.
Confirmando a afirmativa anterior, Nutman & Roberts (1963) concluíram, por
meio de estudos envolvendo a biologia de Hemileia vastatrix, que, ao
armazenar urediniósporos secos, estes manifestaram tempo de vida
relativamente curto, percebendo-se uma queda de sua viabilidade em torno de
50%, após 2 dias.
De acordo com Schein (1962), a manutenção da viabilidade residual de
Uromyces phaseoli var. phaseoli em torno de 40% foi obtida à temperatura de
-60ºC, por um período superior a 670 dias de armazenamento, permanecendo
inviáveis, no entanto, à temperatura de -16ºC, no período compreendido
11
entre 1 a 5 meses após a instalação do experimento. No entanto, segundo Kirali
(1970), a preservação da viabilidade de microrganismos tem se apresentado com
maior eficiência quando se utiliza o nitrogênio líquido (-196ºC) como meio
preservativo.
Kilpatrick et al. (1971), em estudos relacionados com urediniósporos de
Puccinia graminis var. tritici, perceberam que o declínio da viabilidade, após
dez anos de armazenamento, foi bastante reduzido quando foi utilizado o
nitrogênio líquido para a sua preservação, vindo a confirmar a constatação de
Loegering et al. (1966). Estes últimos, ao estudarem o mesmo patógeno
utilizando técnica semelhante de armazenamento, verificaram a inexistência de
alterações aparentes no declínio da viabilidade, durante cinco anos. Existem,
todavia, estudos que sugerem a inaplicabilidade da técnica de preservação de
determinados fungos em nitrogênio líquido (Doebler & Rinfret 1963, Wellman
& Waldem, 1964).
Por outro lado, alguns relatos se referem à indução de dormência em
urediniósporos provenientes de exposição à temperatura ultrafria de nitrogênio
líquido (Bromfield, 1964; Loegering & Harmon, 1962; Loegering et al., 1966).
Entretanto, o referido estado de dormência é passível de reversão sob aplicação
de choque térmico à temperatura de 40ºC durante 5 minutos (Bromfield, 1964;
Leath et al., 1966; Loegering & Harmon, 1962). Em sustentação a essa
afirmativa, Zambolim (1973), conduzindo trabalhos com Hemiléia vastatrix, e
Uromvces phaseoli var. typica, constatou a necessidade de aplicação de choque
térmico (40ºC por 5 a 15 minutos) visando à quebra de dormência em
urediniósporos de H. vastatrix provocada por exposição à nitrogênio
líquido (-196ºC), o que foi considerado dispensável com relação à U.
phaseoli.
Contudo, Zambenedetti (2005), em estudos realizados com P.
Pachyrhizi, enfatiza que o armazenamento em nitrogênio líquido, além de ser
12
constatado como o melhor método de preservação da viabilidade de
urediniósporos do referido patógeno, constitui procedimento que permite a
recuperação do poder germinativo de esporos dormentes.
Em estudos empreendidos por Furtado (2007), foi avaliado o efeito de
diversas temperaturas de armazenamento na preservação da viabilidade de P.
Pachyrhizi, tais como, temperatura ambiente, 5ºC (geladeira), -20ºC (freezer)
e -80ºC (deep freezer), considerando-se urediniósporos desidratados e não
desidratados. Os autores constataram que a maior capacidade de preservação dos
urediniósporos também se deu sob as temperaturas mais baixas, chegando a até
231 dias. Também, em trabalhos conduzidos por Vale (1985), com citações de
Bromfield (1976) e Zambolim & Chaves (1974), foi utilizada a técnica de
armazenamento em nitrogênio líquido, com algumas adaptações, visando à
manutenção da viabilidade dos urediniósporos de P. Pachyrhizi.
No que se refere à viabilidade de urediniósporos associados à sementes
de soja, APHIS (2004) manifesta preocupação em relação a algumas questões.
Inicialmente, expõe que, por ser considerado parasita obrigatório, P. Pachyrhizi
apresenta perda de viabilidade muito rápida em seus urediniósporos, após a
morte das plantas hospedeiras. Citando Yeh et al. (1982a), o mesmo autor
acrescenta que a ferrugem asiática da soja não é transmitida por semente ou solo
infestado. No entanto, admite a possibilidade de, por intermédio do comércio de
exportação, carregamentos de grãos ou sementes de soja trazerem consigo
urediniósporos. Estes, segundo o autor, durante o manuseio dos grãos, poderiam
ser levados pelo vento e depositados sobre plantas de soja ou outros hospedeiros,
em áreas adjacentes.
Por outro lado, Park et al. (2006), em seus estudos, demonstraram que
esporos da ferrugem da soja podem sobreviver durante as condições típicas de
inverno da Louisiana, EUA, tornando-se fonte de inóculo para novas infecções,
no próximo período de cultivo, naquela região.
13
No que se refere à avaliação da viabilidade de unidades propagativas, o
teste de tetrazólio, inicialmente aplicado com o objetivo de se avaliar a
viabilidade de sementes de vegetais, foi estudado por Pathak et al. (1978) para
aplicação em testes com Peronospora manshurica. Este teste tem como
princípio a ação do sal 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio como indicativa da
presença de atividade de enzimas desidrogenases que, por sua vez, reagem
reduzindo o sal de tetrazólio, originando o trifenilformazan, de coloração
vermelha estável e não difusível (Delouche et al., 1976; França Neto, 1999).
Sua adaptação, portanto, realizada por Pathak et al. (1978), objetivou a
introdução de novo método de análise de rotina em laboratórios para a detecção
de oósporos de P. manshurica em sementes de soja, com presença ou não de
incrustações do patógeno, bem como a determinação da viabilidade dos
referidos esporos.
2.5 Relação patógeno/semente no grupo das ferrugens de plantas
As sementes constituem o elemento essencial de sustentação da vida no
Planeta, uma vez que cerca de noventa por cento das lavouras agrícolas
dependem destas estruturas para propagação (Neergaard, 1977). Ao mesmo
tempo em que são consideradas como componente de larga importância na
economia e no comércio mundiais, as sementes são produzidas e transportadas a
grandes distâncias, com a finalidade de serem plantadas e cultivadas para
originarem produtos e subprodutos consumíveis pela população planetária.
Como qualquer grupo de patógenos, os fungos são disseminados por
vários veículos, como vento, água, insetos e animais. No entanto, nenhum é tão
eficiente quanto as sementes, especialmente por se considerar que o patógeno
por elas veiculado possui maior chance de provocar doenças nas plantas que
delas se originaram. Como conseqüência, a disseminação do patógeno a outras
14
plantas sadias pode dar início a uma provável epidemia (Neergaard, 1977).
Segundo Machado (1988), a veiculação de patógenos por sementes pode
ser efetivada de três formas: a primeira, em mistura com as sementes, junto a
resíduos que compõem a fração impura do lote, onde se encontram fragmentos
vegetais, sementes de plantas invasoras e partículas do solo, podendo conter
micélio dormente, corpos de frutificação e esporos de fungos, cistos ou galhas de
nematóides, células bacterianas e partículas de vírus, escleródios ou estromas
fúngicos; a segunda forma pode se dar por intermédio de adesão passiva à sua
superfície, por fim, a terceira maneira de transporte de patógenos se refere à
presença deste no interior de sementes, podendo se localizar nas camadas
externas ou, até mesmo, no embrião. Segundo o autor, essa é a maneira mais
comum de veiculação entre os agentes transmitidos por sementes.
Informações sobre a viabilidade do inóculo de P. pachyrhizi em
associação com sementes de soja armazenadas em circunstâncias recomendadas
para as condições brasileiras, bem como a transmissibilidade do patógeno via
semente, não foram encontradas na literatura. De acordo com Hershman (2004),
P. pachyrhizi não é um organismo transmitido por sementes de soja, porém, o
risco de contaminação por esta via é alto. Segundo esse autor, a inexistência de
estudos neste campo faz com que a preocupação pelo papel das sementes como
veículo de disseminação da doença torne se ainda mais elevada.
Todavia, contrariando o que diz respeito à transmissibilidade de agentes
etiológicos das ferrugens, de sementes para plantas, Halfon-Meiri (1983)
constatou que Puccinia carthami, agente etiológico da ferrugem do “cártamo”
(Carthamus tinctorius), é o único fitopatógeno dessa natureza conhecido, até
então, por ser transmitido de sementes para plântulas.
Provavelmente, o fato de fungos causadores de ferrugens não serem
transmitidos pelas sementes de seus hospedeiros, via de regra, tem sido a causa
da inexistência, ainda, de pesquisas neste campo.
15
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Viçosa, MG.
21
CAPÍTULO 2
OCORRÊNCIA DE Phakopsora pachyrhizi EM AMOSTRAS DE
SEMENTES DE SOJA
22
RESUMO
BRITO JÚNIOR, Joel Guimarães de. Ocorrência de Phakopsora pachyrhizi
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sementes de soja. Lavras: UFLA, 2007. p.21-33. Dissertação (Mestrado em
Fitopatologia).
1
Phakopsora pachyrhizi, agente etiológico da ferrugem asiática da soja, é
considerado um patógeno não transmissível por semente, a exemplo dos demais
agentes etiológicos de ferrugens em geral. Por esta razão, estudos sobre este
aspecto não têm sido realizados, embora a veiculação do inóculo desses fungos
por sementes seja um fato conhecido. Especificamente para o patossistema
P.pachyrhizi e soja, a presença de esporos do fungo aderido à superfície de
sementes foi registrada na Universidade Federal de Lavras, MG, por meio de
análises sanitárias de amostras provenientes de algumas localidades produtoras
de soja no país. No presente trabalho, 30 amostras de sementes de soja obtidas
de regiões produtoras de alguns municípios dos estados de Mato Grosso e Minas
Gerais foram submetidas ao teste de sanidade, exame de suspensão da lavagem
das sementes. A presença de P. pachyrhizi foi detectada em todas as amostras
analisadas, havendo uma variação do índice de ocorrência na faixa de 83 a 1067
urediniósporos/100 sementes.
1
Comitê de orientação: José da Cruz Machado – UFLA (Professor Orientador), Edson
Ampélio Pozza – UFLA (Professor Co-orientador).
23
ABSTRACT
BRITO JÚNIOR, Joel Guimarães de.
Occurrence of Phakopsora pachyrhizi
in seed samples of soybean. In: Relationship of Phakopsora pachyrhizi with
soybean seeds. 2007. p.21-33. Dissertation (Master in Phytopathology – Federal
University of Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil).
1
Phakopsora pachyrhizi, the aetiologic agent of Asiatic soybean rust, is
considered a pathogen which is not seed-transmitted. Although fungi causing
rusts in general may be transported by seeds of their hosts, reports on that aspect
are hardly found in literature. The presence of urediniospores of Phakopsora
pachyrhizi in seed samples analyzed in the Seed Pathology Laboratory of the
Federal University of Lavras, MG, Brazil, has been detected over the past few
years. In the present work 30 seed samples collected in different seed fields in
two States in Brazil were submitted to the seed health analysis by using washing
method. The occurrence of that pathogen was detected in all seed samples, at a
rate ranging from 83 to 1067 urediniospores per 100 seeds.
1
Comitê de orientação: José da Cruz Machado – UFLA (Professor Orientador), Edson
Ampélio Pozza – UFLA (Professor Co-orientador).
24
1 INTRODUÇÃO
A soja (Glicyne max (L.) Merril), oleaginosa de grande expressão no
mercado internacional, vem se tornando, a cada dia, uma das culturas líderes no
rol daquelas que ocupam maiores áreas cultivadas no território brasileiro. Como
conseqüência, especialmente em razão do monocultivo, novas doenças têm
surgido e desafiado a pesquisa, no âmbito da fitopatologia.
As doenças fúngicas têm se destacado tanto em função do número
expressivo de ocorrências, quanto em relação à severidade de manifestação,
mormente, sob condições ambientais favoráveis.
A ferrugem asiática da soja, que tem como agente etiológico o fungo
Phakopsora pachyrhizi H. Sydow & Sydow, está presente em praticamente
todos os países produtores dessa oleaginosa.
P. pachyrhizi, como a totalidade dos agentes causais das ferrugens de
plantas, é considerado patógeno não transmissível por semente. Em decorrência,
não se têm desenvolvido trabalhos experimentais que avaliem a transmissão de
urediniósporos por essa via.
Em comentários registrados por Hershman (2004), em texto cujo título
questiona a possibilidade da ferrugem da soja ser levada aos campos de
produção dos Estados Unidos via sementes, grãos ou farelos, há indicação da
necessidade de se promover em estudos que respondam a questões dessa
natureza.
Bradley (2005), ao considerar que o agente etiológico da ferrugem da
soja não é disseminado por sementes, afirma que o mesmo não sobrevive em sua
superfície, porém, não descarta a possibilidade de que permaneça viável em
partes de tecidos de vagens e folhas, misturados às sementes.
25
Por outro lado, a constatação de urediniósporos de P. Pachyrhizi,
associados à superfície de sementes de soja em amostras provenientes do estado
do Mato Grosso, por ocasião de análises realizadas no Laboratório de Patologia
de Sementes do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de
Lavras, MG, levanta questionamentos sobre as implicações deste fato sob vários
ângulos. Em algumas situações, na condição de sementes destinadas à
exportação, há a necessidade de emissão de certificado negativo para a presença
deste e de outros patógenos, condição precípua para se tornar viável o
procedimento comercial.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a ocorrência de urediniósporos
de P. pachyrhizi em amostras de sementes de soja de diferentes procedências, e
sua germinação.
26
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Coleta e manutenção das amostras de sementes
Foram amostrados lotes de sementes de soja das cultivares MG/BR-46
(Conquista) e BRSMT Pintado, safra 2005/2006, procedentes de alguns
municípios dos estados de Mato Grosso e Minas Gerais (Tabela 1), perfazendo
um total de 30 amostras. Estas foram remetidas ao Laboratório de Patologia de
Sementes (LAPS) do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de
Lavras, MG, onde foram processadas as avaliações.
Todas as amostras foram acondicionadas em câmara fria, com
temperatura de 10 ±2°C e umidade relativa (UR) de 50%, até a realização da
análise sanitária.
2.3 Quantificação de urediniósporos nas amostras
Após homogeneização, foram compostas, a partir de cada amostra, cinco
subamostras de 100 sementes e estas foram submetidas à metodologia de
obtenção de suspensão de lavagem, adaptada de Pathak et al. (1978). Para tal
procedimento, as subamostras foram colocadas em Erlenmeyers de 250ml com a
adição de 15ml de água destilada por frasco e, em seguida, submetidas à
agitação mecânica em agitador horizontal, por 10 minutos. A suspensão obtida
foi centrifugada à velocidade de 2.500 rpm, por 10 minutos. Após descarte do
líquido sobrenadante, adicionaram-se, em cada tubo, 2,0ml de água destilada ao
precipitado, acrescidos de 10µL de Tweem 20 (em solução à 25%), submetendo-
se à agitação manual, possibilitando efetiva homogeneidade. Em seguida, foram
retirados 15µL de cada subamostra que, depois de vertidos em lâmina para
27
microscopia e cobertos com lamínula, foram quantificados e, conseqüentemente,
obtido o índice de ocorrência de urediniósporos/100 sementes.
TABELA 1. Origem (município/estado) das amostras de sementes submetidas
à avaliação, quanto à ocorrência de urediniósporos de Phakopsora
pachyrhizi. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Amostra Município/estado de origem
01 Rondonópolis, MT
02 Rondonópolis, MT
03 Lavras, MG
04 Lavras, MG
05 Lavras, MG
06 Lavras, MG
07 Lavras, MG
08 Lavras, MG
09 Lavras, MG
10 Alto Garças, MT
11 Alto Garças, MT
12 Alto Garças, MT
13 Alto Garças, MT
14 Alto Garças, MT
15 Alto Garças, MT
16 Alto Garças, MT
17 Alto Garças, MT
18 Alto Garças, MT
19 Alto Garças, MT
20 Alto Garças, MT
21 Alto Garças, MT
22 Alto Garças, MT
23 Alto Garças, MT
24 Alto Garças, MT
25 Alto Garças, MT
26 Alto Garças, MT
27 Alto Garças, MT
28 Alto Garças, MT
29 Rondonópolis, MT
30 Alto Garças, MT
28
2.4 Germinabilidade dos urediniósporos
Com a finalidade de conhecer o índice percentual de germinabilidade
dos urediniósporos, foram tomados 40µL do conteúdo remanescente do exame
de suspensão de lavagem e espalhados, utilizando alça de Drigalsky, em meio
ágar-água (solidificado), 1,5%, em placa de Petri (35 x 10 mm). Em seguida,
após serem envolvidas em papel alumínio, as placas foram acondicionadas em
BOD, à temperatura de 25°C, onde permaneceram por 4 horas. Ao fim deste
período, as placas foram levadas ao microscópio de luz, quantificando-se, em
termos percentuais, o número de urediniósporos germinados. Foram
considerados germinados apenas aqueles cujo tubo germinativo apresentou
comprimento superior ou igual à menor dimensão do esporo.
29
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Ocorrência de Phakopsora pachyrhizi em sementes de soja
Urediniósporos de P. pachyrhizi foram detectados em todas as amostras
de soja analisadas (Tabela 2).
Assumindo que as amostras analisadas são representativas dos lotes dos
quais foram extraídas, pode-se inferir que o número provável de urediniósporos
a serem levados para a área de plantio estaria entre 2,4 x 10
7
e 3,2 x 10
8
, em cada
hectare, o que representaria algo entre 2.490 e 32.000 unidades propagativas/m
2
,
considerando-se o menor e o maior número de urediniósporos/100 sementes
encontrados nas amostras analisadas.
A formação de esporos viáveis ocorrentes em hastes, vagens e em folhas
ainda presentes na planta ou, mesmo, naquelas folhas desprendidas de plantas
doentes que permanecem na superfície do solo, no final do ciclo da cultura, pode
provocar a contaminação das sementes, durante a colheita (Neergaard, 1977).
Segundo Zambolim (2006), urediniósporos presentes em folhas caídas no solo
podem apresentar uma sobrevida de até três meses. Isto posto, aventa-se a
possibilidade de, ao se processar a colheita da soja, em campos de produção de
sementes infestados, com a utilização de colheitadeiras mecânicas, obter-se, por
conseqüência, a contaminação das mesmas. A formação de uma massa de
esporos de ferrugem, provocada pelo atrito da máquina com as plantas
processadas, bem como com as folhas presentes no solo, resultaria no
assentamento desses sobre as sementes. Dessa forma, seria favorecida a
disseminação dos urediniósporos para outras áreas de plantio, o que se daria em
razão da manipulação das mesmas durante a semeadura. Isso explicaria a
presença dos urediniósporos associados às sementes que constituem as amostras
30
em estudo. Em princípio, esta tem sido a dinâmica de contaminação das
sementes por inóculo de patógenos como os agentes das ferrugens.
TABELA 2. Número médio de urediniósporos de Phakopsora pachyrhizi
presentes em amostras de sementes de soja provenientes de
diferentes áreas dos estados de Mato Grosso e Minas Gerais.
UFLA, Lavras, MG, 2007.
Amostra
Número médio de
urediniósporos por 100 sementes
01 83
02 275
03 100
04 100
05 300
06 325
07 250
08 150
09 293
10 640
11 445
12 400
13 427
14 1067
15 533
16 480
17 800
18 560
19 293
20 640
21 667
22 427
23 613
24 533
25 347
26 507
27 640
28 293
29 667
30 533
31
3.2 Germinabilidade dos urediniósporos
Nenhum dos urediniósporos avaliados pelo teste de germinabilidade em
meio ágar-água manifestou qualquer sinal de germinação, ou seja, não foi
observado qualquer indício de formação de tubo germinativo. Portanto, em todas
as amostras, os urediniósporos associados às sementes encontravam-se em
aparente estado de inatividade metabólica ou de dormência.
É importante ressaltar que este tipo de resultado seria previsível,
considerando-se o período decorrente entre a colheita da soja realizada por volta
de março e abril, e o período deste levantamento ocorrido nove meses depois.
Conforme já é conhecido, o poder germinativo dos urediniósporos apresenta
reduções drásticas em curto período de tempo. Segundo Caldwell & Laing
(2001), a sobrevida de urediniósporos de P. pachyrhizi é de 50 dias. No entanto,
segundo Zambolim (2006), essa sobrevida é de até três meses, em folhas caídas
no solo. Por sua vez, Zambenedetti (2005), em estudos relacionados à
preservação de urediniósporos dessa referida espécie, concluiu que temperaturas
mais elevadas, como as de dessecador (10ºC), refrigerador (4ºC) e folha
herbarizada (24 a 30ºC), provocaram quedas bruscas no poder germinativo dos
referidos esporos. Sobre esta questão, o autor acrescenta que essas condições de
temperatura podem induzir, nestes esporos, um estado de dormência, ou, até
mesmo, levá-los à morte. Portanto, em razão do longo período de
condicionamento das sementes analisadas, em câmara fria e seca, é possível que
se tenha favorecido a uma condição de dormência dos referidos urediniósporos,
resultando em interrupção temporária de seu poder germinativo.
32
4 CONCLUSÕES
As sementes de soja constituem meio de transporte de urediniósporos de
P. pachyrhizi, unidades propagativas do agente etiológico da ferrugem asiática
da soja, podendo, assim, representar, de alguma forma, potencial via de
disseminação desse fitopatógeno, com riscos epidemiológicos.
Os urediniósporos associados às sementes de soja de amostras analisadas
não apresentaram qualquer indício de germinação, quando submetidos ao teste
em meio ágar-água.
33
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALDWELL, P.; LAING, M. Soybean Rust - a new disease on the move.
2001. Disponível em: http://www. saspp. org/content/view/20/11/
Acesso em: 28 mar. 2007.
BRADLEY, C. A. Recent information on fungicides for rust control in north
Dakota. 2005. Disponível em:
<http://www.ndsu.nodak.edu/soydiseases/rust.shtml>. Acesso em: mar. 2007.
HERSHMAN, D. Could Soybean Rust Be Imported Into The United States
With Seed, Bulk Grain Or Meal? 2004. Disponível em:
<http://ces.ca.uky.edu/bourbon/anr/AgNewsarticles/july_15.htm>.
Acesso em: 05 jul. 2005.
NEERGAARD, P. Seed pathology. London: Macmillan Press, 1977. v. 2,
1191 p.
PATHAK, V. K.; MATHUR, S. B.; NEERGAARD, P. Detection of
Peronospora manshurica (Naum.) Syd. in seeds of soybean, Glycine max.
EPPO Bulletin, Paris, v. 8, n. 1, p. 21-28, 1978.
ZAMBENEDETTI, E. B. Preservação de Phakopsora Pachyrhizi Sydow &
Sydow e Aspectos Epidemiológicos e Ultra Estruturais da sua Interação
com a Soja (Glicyne Max (L.) Merril). 2005. 92 p. Dissertação (Mestrado em
Fitopatologia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
ZAMBOLIM, L. Manejo integrado da ferrugem asiática da soja. In:
ZAMBOLIM, L. (Ed). Ferrugem asiática da soja. Viçosa: UFP-DFP, 2006.
Cap. 5, p.73-98.
34
CAPÍTULO 3
VIABILIDADE DE UREDINIÓSPOROS DE
Phakopsora pachyrhizi
35
RESUMO
BRITO JÚNIOR, Joel Guimarães de. Viabilidade de urediniósporos de
Phakopsora pachyrhizi. In: Relações de Phakopsora pachyrhizi com sementes
de soja. Lavras: UFLA, 2007. p.34-54. Dissertação (Mestrado em
Fitopatologia).
1
De acordo com relatos de literatura, urediniósporos de P. pachyrhizi apresentam
germinabilidade reduzida na ausência do hospedeiro. Dentre as causas que
podem ser responsáveis por esta baixa germinabilidade, o estado de dormência
dos esporos é uma possibilidade que se levanta. Neste trabalho o intuito foi
estabelecer uma metodologia para avaliação da viabilidade dos urediniósporos
de P. pachyrhizi, visando à sua aplicação em testes de sanidade de sementes, no
caso, o exame de suspensão de lavagem das sementes. A utilização do teste de
tetrazólio, neste estudo, foi assumida com base em seu uso, já conhecido, para
outros patossistemas, como Peronospora manshurica em soja. Inicialmente a
técnica foi adaptada, tendo se em mente aspectos como concentração do sal de
tetrazólio (0,5%, 1,0%, 1,5% e 2,0%), temperaturas (30º e 35ºC) e períodos de
exposição das sementes (24, 48, 72 e 96 horas). Com base na adaptação do teste
estabelecida, a viabilidade média de urediniósporos encontrada foi de até 87%,
enquanto a germinação desses esporos, em meio ágar-água, foi de 45%. Pelos
resultados deste ensaio, a aplicação do referido método na avaliação da
viabilidade de urediniósporos de P. pachyrhizi, associados à sementes de soja,
pode ser de utilidade em testes de sanidade, para o presente patossistema. Em
ensaio específico, usando sementes contaminadas artificialmente com o
patógeno, não houve germinação dos urediniósporos ao longo de seis meses de
armazenamento. Nestas condições, houve uma queda acentuada dos índices de
viabilidade dos urediniósporos, após a primeira época avaliada, tendo 2% destes
esporos apresentado atividade enzimática ao final do referido período.
1
Comitê de orientação: José da Cruz Machado – UFLA (Professor Orientador), Edson
Ampélio Pozza – UFLA (Professor Co-orientador).
36
ABSTRACT
BRITO JÚNIOR, Joel Guimarães de.
Initial studies on viability of
urediniospores of
Phakopsora pachyrhizi associated to soybean seeds.
2007. p.34-54. Dissertation (Master in Phytopathology – Federal University of
Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil).
1
According to literature, urediniospores of Phakopsora pachyrhizi present
low germinability in nature in the absence of the host. One of the postulated
reasons for that is the dormancy that may occur in those spores. In this study the
aim was to establish a methodology to evaluate the viability of the
urediniospores of that fungus, looking at its application into seed health test in
complement to the washing method. Initially, the work was concentrated on the
adaptation of the tetrazolium test, as it has been used for that purpose in the case
of Peronospora manshurica in soybean seeds. Concentrations of the tetrazolium
salt (0.5%, 1.0%, 1.5% and 2.0%), temperatures (30º and 35ºC), and exposition
periods of seeds (24, 48, 72 and 96 hours), were considered in that phase. Based
on the tetrazolium method, percentage of viability of urediniospores of a fresh
isolate of Phakopsora pachyrhizi was of 87%, and germination rate of 45% as
evaluated in agar method. In an additional trial, viability of Phakopsora
pachyrhizi inoculum associated to soybean seeds, checked out during six months
storage under natural conditions, declined to 2% in the end of that period. Such
index presented a reduction of an average of 80% after the first time of
evaluation, taken place 30 days after the beginning. From that time germination
of urediniospores was not observed during the whole period of storage.
1
Advising Committee: José da Cruz Machado – UFLA (Major Professor); Edson
Ampélio Pozza – UFLA (Co-adviser Professor).
37
1 INTRODUÇÃO
Phakopsora pachyrhizi H. Sydow & Sydow, agente etiológico da
ferrugem asiática da soja [Glycine max (L.) Merril], tem sido objeto de um
número crescente de pesquisas, em função de sua complexidade no que se refere
a aspectos fisiológicos e epidemiológicos.
A totalidade dos agentes etiológicos de ferrugens, por apresentar hábitos
biotróficos, é capaz de completar seu ciclo reprodutivo apenas na presença de
seus hospedeiros vivos (Agrios, 2005; Kendrick, 1992). A germinabilidade de P.
pachyrhizi tem sido relatada como sendo bastante reduzida, em período muito
curto de tempo, quando na ausência de planta hospedeira, exceto em condições
de preservação bastante específicas (Caldwell & Laing, 2001; Zambenedetti &
Alves, 2004; Godoy & Flausino, 2004).
A falta de informações referentes à viabilidade do inóculo em associação
com sementes armazenadas, em circunstâncias recomendadas para as condições
brasileiras, bem como em relação à transmissibilidade da doença via sementes, é
notória. No entanto, Hershman (2004) admite existir um alto risco de
contaminação por essa via, apesar de não ser P. pachyrhizi um organismo
transmitido por sementes de soja. Embora não seja a ferrugem da soja uma
doença originária de semente, Bradley (2005) questiona a possibilidade de
sobrevivência de seu agente causal em tecidos de vagens ou folhas infectados,
em mistura com as sementes. Uma outra evidência da preocupação do transporte
de inóculo de P. pachyrhizi por sementes de soja é apresentada por McGee
(2002), que descreve protocolo de teste de sanidade para avaliação de ocorrência
deste tipo de inóculo, em amostras de sementes de soja.
A ocorrência de urediniósporos de Phakopsora sp associados à
superfície de sementes de soja, registrada por Machado (Comunicação pessoal,
38
2005) constitui, pelo menos, fato que caracteriza risco, no que se refere à defesa
sanitária, especialmente no tocante à qualidade de sementes em esquemas de
certificação regional (Machado, 1988; Neergaard, 1977).
A quase totalidade dos esporos de fungos manifesta dormência em
determinada fase de vida, geralmente antecedente à germinação, quando então,
apresentam metabolismo bastante reduzido (Deacon, 1997; Kendrick, 1992).
Portanto, parte-se do pressuposto de que, ao se avaliar a germinabilidade de
urediniósporos de P. pachyrhizi, pode-se não estar determinando sua viabilidade,
caso estes esporos encontrem-se em estado de dormência.
Em estudos empreendidos por Zambenedetti (2005), foi constatada a
condição de dormência em urediniósporos de P. pachyrhizi, cujo índice de
germinabilidade variou de forma crescente, após o armazenamento dos mesmos
esporos na presença de nitrogênio líquido.
Tomando como referência o trabalho desenvolvido por Pathak et al.
(1978), que constataram a possibilidade de utilização do teste de tetrazólio para
avaliar a viabilidade de oósporos de Peronospora manshurica, optou-se por,
utilizando-se os mesmos princípios, definir como objetivo deste trabalho a
adequação da técnica, visando à avaliação da viabilidade de urediniósporos de P.
pachyrhizi, associados à sementes de soja, bem como a determinação da
longevidade desses esporos, ao longo do período de armazenamento das
referidas sementes.
39
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os procedimentos laboratoriais deste trabalho foram realizados no
Laboratório de Patologia de Sementes do Departamento de Fitopatologia da
Universidade Federal de Lavras, MG.
2.1 Coleta e preparo de urediniósporos de P. pachyrhizi
Os urediniósporos foram obtidos a partir de folhas de soja com ferrugem,
recém-colhidas de plantas cultivadas em casa de vegetação.
A coleta foi realizada sobre papel alumínio, por liberação mecânica
(leves toques na superfície ventral das folhas). Os esporos obtidos foram
acondicionados em Eppendorf e este mantido em refrigerador convencional, por
até 24 horas.
2.2 Adequação e condução do teste de viabilidade do inóculo
A solução de 2,3,5-trifenil cloreto de tetrazólio (sal de tetrazólio),
responsável pela coloração de esporos viáveis, foi preparada em tampão
(pH 6,5 – 7,0), conforme Pathak et al. (1978). Para o preparo da solução tampão,
foram adicionadas duas partes da solução “A” (0,545g de KH
2
PO
4
em 60ml de
água deionizada), em três partes da solução “B” (2,149g de Na
2
HPO
4
.12H
2
O em
90ml de água deionizada). Após homogeneização, foram vertidos cinco volumes
de 24ml de solução tampão, em Erlenmeyers, acrescidos de dosagens de sal de
tetrazólio (zero; 0,12; 0,24; 0,36; 0,48g), resultando nas concentrações: zero;
0,5%, 1,0%, 1,5% e 2,0%.
40
Com a intenção de se promover a otimização do processo de penetração
da solução de tetrazólio nos urediniósporos, realizou-se a pré-embebição do
inóculo por meio da adição de 45mg de urediniósporos em 120ml de água
deionizada, obtendo-se, ao final, uma suspensão com concentração de 9 x 10
4
urediniósporos/ml. Mediante agitação contínua da suspensão de inóculo,
pipetaram-se, utilizando pipeta automática, 120 amostras de 1,0ml, vertendo-as
em tubos de ensaio (15 x 100mm) envolvidos em papel alumínio e
acondicionando-os, em seguida, em BOD, à temperatura constante de 35 ±1ºC,
por 24 horas.
Decorrido o período de pré-embebição, adicionou-se, em cada tubo,
1,0ml de solução de tetrazólio (TZ), conforme concentração correspondente.
Aos tubos que deveriam conter o percentual zero de sal de tetrazólio, foi
adicionado 1,0ml de solução tampão. Após homogeneização, levaram-se os
tubos às BODs correspondentes, ou seja, 60 tubos (5 concentrações de TZ x 4
períodos de incubação x 3 repetições) à temperatura de 30ºC e outros 60 tubos a
35ºC.
Os tubos, contendo as respectivas suspensões de esporos na presença de
sal de tetrazólio, permaneceram nas BODs durante os períodos de incubação
testados. Ao se completar cada período, os tubos foram subtraídos do
condicionamento térmico e seu conteúdo submetido à avaliação colorimétrica.
Para tal, pipetaram-se 15µL da solução contida em cada tubo e verteu-se em
lâminas para microscopia, avaliando-se o percentual de esporos coloridos, em
microscópio de luz. Para a determinação do percentual de urediniósporos
coloridos, foram tomados, por referência, alguns critérios existentes para
avaliações em sementes de vegetais (Delouche et al., 1976; França Neto, 1999).
Foram considerados viáveis todos os esporos com coloração de amarelo-
alaranjado a laranja-avermelhado, incluindo o vermelho, em qualquer
intensidade.
41
Pelo motivo de não haver diferença significativa entre os períodos de
exposição, optou-se por adotar o tempo de 24 horas, pela maior rapidez na
obtenção de resultados, bem como pelo menor risco de contaminação do meio, o
que poderia resultar em falso positivo. Com relação à temperatura de exposição,
optou-se pela utilização de 35ºC, em razão de se ter definido essa temperatura,
em testes preliminares, como sendo a ideal para a fase de pré-embebição dos
urediniósporos, adotando-se, portanto, em todo o teste, uma única temperatura
de trabalho.
Uma parcela dos urediniósporos coletados para o ensaio de adequação
do teste de tetrazólio foi submetida à avaliação de germinabilidade em ágar-
água, resultando em 45% de esporos germinados.
Delineamento experimental e análise estatística
Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado,
tendo sido aplicado o esquema fatorial 4x4x2, na combinação dos fatores
concentração da solução de tetrazólio (0,5%, 1,0%, 1,5% e 2,0%), período de
exposição dos urediniósporos à solução de tetrazólio (24; 48; 72; 96 horas) e
temperaturas de exposição dos urediniósporos à solução de tetrazólio (30º e
35ºC). Foram utilizadas 3 repetições, sendo cada repetição representada por um
tubo de ensaio contendo 2ml de suspensão de urediniósporos.
A análise estatística dos dados foi efetuada aplicando-se o programa
Sisvar (Ferreira, 2000) e o gráfico foi plotado no programa Microsoft
®
Office
Excel 2003.
42
2.4 Inoculação e armazenamento das sementes
Para avaliar a longevidade de urediniósporos associados à sementes de
soja, sob condições de armazenamento em ambiente protegido, procedeu-se a
avaliações periódicas (com intervalos de 30 dias), utilizando-se o método do
teste de tetrazólio, anteriormente descrito. Nos mesmos intervalos de tempo,
avaliou-se também a germinabilidade dos referidos esporos, aplicando-se o
método ágar-água, já descrito.
Foram utilizadas, neste ensaio, sementes de soja cultivar MG/BR-46
(Conquista), peneira 2, classe S2, com grau de pureza 99% e índice de
germinação de 80%. Seu percentual de umidade foi avaliado em 10,3%, à
temperatura de 29,3ºC.
O procedimento de inoculação se deu com a utilização de inóculo
retirado de 40 trifólios de plantas de soja, com presença de grande número de
pústulas. As folhas foram colocadas no interior de saco plástico, com capacidade
para 50 kg, acrescentando-se, em seguida, 6,0 kg de sementes de soja a serem
inoculadas. Na seqüência, o saco plástico foi fechado e vedado, sofrendo, em
seguida, agitação manual, com movimentos leves e intermitentes, por cerca de 2
minutos, após o quê, foi deixado em repouso, ainda fechado, por cerca de 30
minutos. Em seguida, foram retiradas todas as folhas e nova mistura foi
efetuada, permitindo, dessa maneira, a distribuição homogênea dos
urediniósporos na superfície das sementes.
Com a finalidade de conhecer a concentração de esporos associados às
sementes recém-inoculadas, coletaram-se, por amostragem, 200 sementes, que
foram submetidas a exame de suspensão de lavagem, conforme metodologia
adaptada de Pathak et al. (1978), obtendo-se como resultado, 1,25 x 10
5
esporos/100 sementes. Na seqüência, utilizando-se a mesma suspensão de
lavagem das sementes, avaliou-se a germinabilidade dos urediniósporos em
43
meio ágar-água. Em seguida, foram coletadas três amostras de 200 sementes
cada e, após a obtenção da suspensão de lavagem, foi realizado o teste de
tetrazólio, à concentração de 0,5%, em 24 horas de exposição a 35ºC, com a
intenção de se avaliar o percentual de esporos coloridos no momento da
inoculação.
As sementes inoculadas foram divididas em seis amostras,
acondicionadas em sacos de papel que, por sua vez, foram embalados,
conjuntamente, em saco de papel trifoliado, específico para acondicionamento
de sementes de soja. O armazenamento se deu na Unidade de Beneficiamento de
Sementes do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras
(UFLA). A temperatura e a umidade relativa do ar foram continuamente
monitoradas, durante seis meses, utilizando-se termo-higrógrafo convencional
(Figuras B11 – B24).
A cada intervalo de 30 dias, foi subtraída uma amostra e levada ao
Laboratório de Patologia de Sementes do Departamento de Fitopatologia da
UFLA, onde foram processadas as análises de germinabilidade e viabilidade dos
urediniósporos, conforme metodologias citadas anteriormente.
Em razão da ocorrência de alguns resultados com valor zero, no que se
refere à percentual de urediniósporos coloridos, os dados foram ajustados para
x+0,5. A análise estatística foi feita utilizando o programa Sisvar (Ferreira,
2000) e o gráfico foi plotado no programa Microsoft
®
Office Excel 2003.
Avaliação da germinabilidade dos urediniósporos
O percentual de germinabilidade dos urediniósporos associados a
sementes foi determinado a partir da solução remanescente do exame de
suspensão de lavagem, da qual foram tomados 40µL e, em seguida, vertidos em
meio de cultura ágar-água, 1,5%, em placa de Petri (35 x 10 mm) que, após
44
espalhados na superfície do meio solidificado, utilizando alça de Drigalsky,
foram mantidos em BOD, a 25ºC, por 4 horas, na ausência de luz. Após o
referido período, as placas foram conduzidas ao microscópio de luz, onde foram
quantificados, em termos percentuais, os urediniósporos que apresentaram tubo
germinativo, cujo comprimento fosse igual ou superior à menor dimensão do
esporo.
Delineamento experimental e análise estatística
Para o ensaio de avaliação da longevidade de urediniósporos associados
a sementes de soja, sob condições de armazenamento em ambiente protegido,
utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis
tratamentos (30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias de armazenamento) e três
repetições. Cada repetição foi constituída por uma amostra de 200 sementes, da
qual foram avaliados 100 urediniósporos quanto à coloração (% de esporos
coloridos).
Para a análise de variância, não foi considerado o período zero, em razão
do percentual de urediniósporos a este correspondente ser extremamente
elevado, em relação aos demais. Optou-se, portanto, por considerá-lo de forma
isolada, apenas como valor demonstrativo da viabilidade dos esporos no
momento da inoculação das sementes.
45
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Adequação do teste de viabilidade
A solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio influenciou na mudança
de coloração de considerável percentual de urediniósporos, especialmente
quando foram utilizadas dosagens menores do referido sal (Figura 1a).
FIGURA 1. Fotomicrografia mostrando diferenças de coloração de
urediniósporos de Phakopsora pachyrhizi, na presença de solução
de tetrazólio (0,5%), sob temperatura de 35ºC, por período de 24
horas; (a) urediniósporos com tonalidade avermelhada; (b)
urediniósporos não coloridos, em solução tampão sem tetrazólio.
O maior número de urediniósporos coloridos se deu na solução com
concentração de 0,5% de sal de tetrazólio (Tabela 1). Este fato pode ser
confirmado pelos dados da Figura 2, na qual se observa o decréscimo do
percentual de urediniósporos coloridos em função do aumento da concentração
a
b
46
da solução de sal de tetrazólio, tendo como ponto máximo o percentual relativo à
concentração de 0,5%.
TABELA 1. Percentual médio de urediniósporos coloridos na presença de
solução de tetrazólio, por períodos diversos de exposição, em
temperaturas de 30 e 35ºC. UFLA – Lavras (MG), 2007.
A ocorrência de efeito significativo, pelo teste F (P 0,05), se deu
apenas na fonte de variação “concentração da solução de tetrazólio”. Para as
Concentração do
sal de tetrazólio
(%)
Tempo de
Exposição
(horas)
Nº médio de
urediniósporos
coloridos à 30 ºC
(%)
Nº médio de
urediniósporos
coloridos à 35 ºC
(%)
24
0 0
48
0 0
72
0 0
zero
96
0 0
24
80 87
48
82 88
72
85 89
0,5
96
83 83
24
82 74
48
85 75
72
85 74
1,0
96
77 85
24
71 74
48
74 71
72
79 73
1,5
96
74 77
24
65 68
48
67 69
72
71 67
2,0
96
71 75
47
demais fontes (tempo de exposição, temperatura de exposição, interações duplas
de concentração x tempo e concentração x temperatura de exposição e interação
tripla de concentração x tempo x temperatura de exposição) não foi observado
efeito significativo (Tabela 1A).
Portanto, ficaram assim definidos os parâmetros a serem utilizados no
teste de viabilidade de urediniósporos associados às sementes: concentração de
0,5% da solução de sal de tetrazólio no tempo de 24 horas de exposição ao sal,
em temperatura de exposição de 35ºC. Essa condição promoveu a coloração de
urediniósporos em tonalidades que variaram do laranja-avermelhado ao
vermelho intenso, caracterizando presença de atividade enzimática, em maior ou
menor grau de intensidade.
y = -10,42x + 89,985
R
2
= 99,97
40
60
80
100
0,5 1 1,5 2
Concentração da solução de tetrazólio (%)
Urediniósporos coloridos (%)
FIGURA 2. Equação de regressão para percentual de urediniósporos coloridos
em função da concentração da solução de tetrazólio. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
48
Com o tempo de exposição mais dilatado, ou seja, 96 horas, houve uma
tendência de escurecimento dos urediniósporos, de forma generalizada, o que
dificultou a avaliação colorimétrica. Referindo-se a sementes, Lakon (1949)
afirma que o processo de coloração, durante o teste de tetrazólio, deve ser
completado, no máximo, em 24 horas, sob risco de ocorrer obscurecimento do
conteúdo, em razão da rápida multiplicação de bactérias, caso ocorra
contaminação do meio. A presença de bactérias vivas, segundo o mesmo autor,
que também podem ser tingidas pelo tetrazólio, pode interferir no resultado, caso
em que ocorre o tingimento de toda a solução aquosa.
3.2 Coloração de urediniósporos de P. pachyrhizi associados a sementes
armazenadas
Conforme pode ser constatado (Tabela 2), por meio do teste de
tetrazólio, em todos os períodos de armazenamento houve coloração de um
número variado de urediniósporos obtidos da suspensão de lavagem das
sementes. Essa coloração, indicativa de atividade enzimática, sugere a
ocorrência de uma condição de viabilidade, com os esporos em aparente estado
de dormência. No momento em que se procedeu a inoculação, 90% dos
urediniósporos associados às sementes amostradas exibiram coloração
específica. Por outro lado, de acordo com o resultado do teste de
germinabilidade em ágar-água, 63% dos urediniósporos emitiram tubo
germinativo. Todavia, à primeira avaliação, aos 30 dias, bem como nas cinco
avaliações subseqüentes, não houve manifestação de qualquer sinal de emissão
de tubo germinativo, por parte dos urediniósporos. Uma das hipóteses que
poderia ser lançada para explicar este tipo de resultado seria a ocorrência do
estado de dormência por parte dos esporos. A possibilidade de germinação
subseqüente dos esporos seria um aspecto que ainda carece de maiores
investigações.
49
TABELA 2. Percentual médio de urediniósporos coloridos, associados à
sementes de soja, obtidos durante o período de armazenamento em
unidade de beneficiamento de sementes, submetidos à solução de
sal de tetrazólio 0,5% e incubados por 24 horas, a 35ºC. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
Pela análise de variância, a fonte de variação “período de
armazenamento” apresentou efeito significativo em relação ao percentual de
urediniósporos coloridos (Tabela 2B).
Na análise de regressão realizada para comparar o efeito do período de
armazenamento das sementes com esporos de P. pachyrhizi (Figura 3), foi
observado que o percentual de urediniósporos coloridos, sugerindo viabilidade,
decresceu com o aumento do período de armazenamento das sementes, às quais
aqueles se encontravam associados. Aos trinta dias de armazenamento, somente
11% dos esporos, em média, coloriram, representando uma queda de 79%,
comparado ao percentual de esporos coloridos no momento da inoculação das
sementes. A partir de então, houve uma tendência à manutenção de percentual
inferior a 10%, ao longo de todo o período restante avaliado. Entretanto, ao final
Períodos de armazenamento
(dias)
Número médio de
urediniósporos coloridos
(%)
0 90
30 11
60 09
90 06
120 05
150 03
180 02
50
do período, 2% dos urediniósporos permaneceram ainda viáveis. Este percentual
poderia ser considerado de significância maior ou menor, dependendo do índice
de infestação das sementes.
y = -0,0132x + 3,7444
R
2
= 0,9869
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
30 60 90 120 150 180
Período de Armazenamento (dias)
Urediniósporos coloridos (%)
FIGURA 3. Equação de regressão para percentual de urediniósporos coloridos
em função do período de armazenamento. UFLA, Lavras, MG,
2007.
As sementes contaminadas com P. pachyrhizi, ao serem manuseadas no
campo, ou, mesmo, em áreas com presença de corrente de ar, favoreceriam a
disseminação dos esporos a distâncias indeterminadas. Dessa maneira, unidades
propagativas viáveis, sendo depositadas em plantas de soja voluntárias ou,
mesmo, em plantas hospedeiras alternativas, sob condições climáticas
favoráveis, poderiam constituir-se em fonte de inóculo primário, representando
risco, no que se refere à questão epidemiológica.
51
O princípio do teste de tetrazólio, portanto, aplicado na avaliação da
viabilidade de sementes de vegetais (Delouche et al., 1976; França Neto, 1999) e
utilizado em metodologia adaptada para detecção de oósporos de P. manshurica
(Pathak et al., 1978), tem aplicação também na diferenciação de coloração de
urediniósporos de P. pachyrhizi, em função da ocorrência de atividade
enzimática em seu conteúdo celular.
52
4 CONCLUSÕES
Por meio do teste de tetrazólio modificado é possível diferenciar
intensidades de coloração de urediniósporos de P. pachyrhizi, o que constitui um
procedimento potencial para complementar o teste de sanidade neste
patossistema.
Com base na aplicação do referido teste, os urediniósporos associados às
sementes de soja mantidas em condições de armazenamento por seis meses,
apresentaram sinais de atividade enzimática em 2% dos esporos analisados, o
que sugere viabilidade deste inóculo, durante o período considerado.
53
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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54
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ZAMBENEDETTI, E. B.; ALVES, E. Efeito de diferentes métodos de
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CONGRESSO BRASILEIRO DE FITOPATOLOGIA, 29., 2004, Gramado.
Anais... Gramado, RS, 2004. 164 p.
55
CAPÍTULO 4
TRANSMISSIBILIDADE DE Phakopsora pachyrhizi A PARTIR DE
SEMENTES DE SOJA, EM CONDIÇÕES CONTROLADAS
56
RESUMO
BRITO JÚNIOR, Joel Guimarães de. Transmissibilidade de Phakopsora
pachyrhizi a partir de sementes de soja, em condições controladas. In:
Relações de Phakopsora pachyrhizi com sementes de soja. Lavras: UFLA, 2007.
p.55-74. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia).
1
Neste trabalho, o objetivo foi avaliar a transmissibilidade de P. pachyrhizi a
partir de sementes de soja, por meio de dois ensaios. No primeiro, sementes,
artificialmente contaminadas com urediniósporos foram semeadas em vasos
contendo mistura de solo:areia:esterco, dentro de caixas de madeira com
proteção individual, pelo período de 80 dias, em câmaras de crescimento
vegetal. O segundo ensaio constou de semeadura em substrato de areia sob duas
condições de temperatura, 15 e 20 ±2ºC, com umidade atmosférica elevada. Nos
dois ensaios, regas foram realizadas por meio de dispositivo de proteção contra
contaminação externa. Ao final dos períodos de avaliação de ambos os ensaios,
as plantas foram individualmente removidas e cuidadosamente examinadas com
auxilio de microscópio estereoscópio, quanto à ocorrência de sinais e ou
sintomas relativos à presença do patógeno. Em nenhum caso foi detectado
qualquer indício da ocorrência de P. pachyrhizi nas plantas analisadas.
1
Comitê de orientação: José da Cruz Machado – UFLA (Professor Orientador); Edson
Ampélio Pozza – UFLA (Professor Co-orientador).
57
ABSTRACT
BRITO JÚNIOR, Joel Guimarães de.
Level of interation of Phakopsora
pachyrhizi with seeds of soybean. In: Relationship of Phakopsora pachyrhizi
with soybean seeds. 2007. p.55-74. Dissertation (Master in Phytopathology –
Federal University of Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil).
1
In this work the objective was to investigate the possibility of direct
transmission of
Phakopsora pachyrhizi by seeds of soybean under controlled
conditions. In one trial, seeds, artificially contaminated with fresh harvested
urediniospores, were sown in pots that were kept in separate wood boxes with
protection against external contamination for the period of 80 days under
controlled conditions. In another trial, contaminated seeds were sown in plastic
trays containing sand substrate and that were maintained in growth rooms at
temperatures of 15 e 20 ±2ºC for three weeks. In both trials symptoms of rust
disease were not observed in any emerged plants that were examined with aid of
microscopes.
1
Advising Committee: José da Cruz Machado – UFLA (Major Professor); Edson
Ampélio Pozza – UFLA (Co-adviser Professor).
58
1 INTRODUÇÃO
A cultura da soja [Glycine max (L.) Merril] vem se expandindo e se
tornando um dos cultivos de maior expressão no Brasil e no mundo. Em
contrapartida, um número crescente de novos patógenos parece avançar, na
mesma proporção, no ataque a essa oleaginosa, no campo. Nas condições
brasileiras, um número considerável de fungos fitopatogênicos infecta ou infesta
sementes de soja. Considerados de maior importância, em razão de
apresentarem maior eficiência em sua disseminação por essa via, Phomopsis
sp., Diaporthe faseolorum f. sp. meridionalis, Colletotrichum dematium var.
truncata, Cercospora kikuchii, Fusarium semitectum, Macrophomina
phaseolina, Rhizoctonia solani, Sclerotinia sclerotiorum e Aspergillus spp.
devem constituir, portanto, alvo de maior atenção, sob o aspecto de vigilância
sanitária.
Em estudos realizados por Halfon-Meiri (1983), foi comprovada a
transmissão, de semente para a planta, de Puccinia carthami, agente etiológico
da ferrugem-de-cártamo (Carthamus tinctorius). Este fato demonstrou que pelo
menos um dos agentes causais de ferrugem é passível de transmissão via
sementes.
Phakopsora pachyrhizi H. Sydow & Sydow, agente etiológico da
ferrugem asiática da soja, atualmente, pode ser constatado como um dos mais
importantes agentes causais de doenças bióticas nessa espécie vegetal, porém, a
sua transmissão via semente é desconsiderada, o que também ocorre com a
quase totalidade dos agentes etiológicos de ferrugens dos mais diversos cultivos.
Estudos têm demonstrado a possibilidade de ocorrência de dormência
em urediniósporos de P. pachyrhizi, por períodos variáveis de tempo (Formento
& Souza, 2006; Zambenedetti, 2005). Isso sugere que esporos, ao serem
59
submetidos à avaliação de germinabilidade, não tendo a sua germinação
efetivada, podem encontrar-se em estado de dormência, o que caracterizaria a
condição de viabilidade, constituindo-se, portanto, em provável potencial de
ameaça ao patossistema em questão.
A ocorrência de urediniósporos de Phakopsora sp. em sementes de soja
provenientes do estado de Mato Grosso, constatada pelo Laboratório de
Patologia de Sementes do Departamento de Fitopatologia da UFLA, em 2004,
representa um fato de relevância questionável, no que se refere a riscos de
caráter epidemiológico.
Em razão da carência de trabalhos experimentais relacionados a essa
questão, o objetivo deste estudo foi avaliar a ocorrência de sinais ou sintomas da
ferrugem em plantas de soja originadas de sementes infestadas com
urediniósporos de P. pachyrhizi.
60
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Transmissibilidade de Phakopsora pachyrhizi por sementes de soja, em
ambiente protegido
Para este estudo foram conduzidos dois ensaios, um em substrato
composto (solo, areia e esterco) e outro em substrato de areia, ambos sob
condições controladas.
O primeiro ensaio foi realizado na câmara de crescimento vegetal do
Departamento de Agricultura da UFLA, cuja temperatura esteve situada em 20
±2ºC. O segundo ensaio, utilizando metodologia adaptada de Halfon-Meiri
(1983), foi conduzido em duas câmaras de crescimento vegetal da área de
Epidemiologia Vegetal do Departamento de Fitopatologia da mesma
universidade, com temperaturas de 15 e 20 ±2ºC.
Foram utilizadas, nestes ensaios, sementes de soja da cultivar MG/BR-
46 (Conquista), classe S2, com grau de pureza 99%. Seu percentual de umidade
foi avaliado em 9,2% e o índice de velocidade de emergência em 11.
2.1.1 Teste de sanidade das sementes
Para a obtenção do perfil sanitário das sementes, foi empregado o
método de papel de filtro (Neergaard, 1977), utilizando-se placas de Petri de
15cm de diâmetro, contendo três folhas de papel de filtro previamente
esterilizadas e umedecidas em calda agarizada (ágar-água a 2%) acrescida de
84,7g de manitol, resultando em potencial osmótico de -1,2MPa (Machado,
2003). Quatrocentas sementes foram distribuídas nas referidas placas (25
sementes/placa) e estas foram incubadas à temperatura de 20 ±2ºC, com
fotoperíodo de 12 horas, por sete dias. Ao término desse período, as placas
61
foram levadas ao microscópio estereoscópio e as sementes examinadas
individualmente, obtendo-se, em termos percentuais, a incidência de fungos
fitopatogênicos encontrados na amostra.
O condicionamento osmótico possibilitou a escolha das sementes,
aparentemente livres de patógenos, para a utilização nos dois ensaios de
transmissibilidade de P. pachyrhizi.
Realizou-se também, teste de germinação, de conformidade com as
regras para análise de sementes – RAS (Brasil, 1992) e International Seed
Testing Association (ISTA, 1976).
2.1.2 Inoculação das sementes
Para o primeiro ensaio (substrato composto), foram definidos quatro
tratamentos, representando diferentes procedimentos de inoculação de P.
pachyrhizi em sementes de soja. Tratamento 1: sementes não inoculadas,
porém, tratadas em solução de hipoclorito de sódio, 1%, por 1 minuto e, em
seguida, submetidas a três lavagens em água destilada. Posteriormente a esse
procedimento, as mesmas foram espalhadas sobre papel “germitest”, para
secagem. Tratamento 2: sementes com infestação natural (700
urediniósporos/100 sementes), avaliado por meio do exame de suspensão de
lavagem. Tratamento 3: sementes com inóculo natural, conforme Tratamento 2,
foram tratadas com uma calda de ágar-água, 1,0%, contendo 2 x 10
4
urediniósporos/ml, o que resultou em concentração de 2.600 urediniósporos/100
sementes. Para o preparo da calda, procedeu-se, inicialmente, à fusão do meio,
aguardando, em seguida, o seu resfriamento (35ºC), quando, então, foram
adicionados a este 4,0ml de suspensão de urediniósporos de P. pachyrhizi (2,82
x 10
5
esporos/ml). Após a obtenção de mistura homogênea, esta foi vertida sobre
as sementes de soja, em placa de Petri e, em seguida, colocadas em ambiente
62
seco, com o propósito de favorecer sua secagem. Tratamento 4: sementes com
inóculo natural, conforme Tratamento 2, foram embebidas em uma suspensão
aquosa de inóculo, contendo 2,8 x 10
5
esporos/ml. Para este procedimento, as
sementes foram vertidas em Erlenmeyer de 250ml, contendo 30ml de suspensão
de esporos e, logo em seguida, retiradas e postas a secar em papel “germitest”. A
concentração média de esporos, avaliada por intermédio do exame de suspensão
de lavagem foi de 1,23 x 10
4
esporos/100 sementes.
No segundo ensaio (substrato de areia), foram utilizados três tratamentos
que representaram, também, distintos procedimentos de inoculação de P.
pachyrhizi em sementes de soja. Tratamento 1: sementes não inoculadas e
tratadas em solução de hipoclorito de sódio, 1%, conforme Tratamento 1 do
primeiro ensaio. Tratamento 2: sementes com inóculo natural (700
urediniósporos/100 sementes). Tratamento 3: sementes com reforço de inóculo,
resultando em concentração de 2,8 x 10
4
urediniósporos/100 sementes. Este
reforço de inóculo foi obtido a partir da agitação, por dois minutos, em um saco
plástico, de sementes de soja com inóculo natural (700 urediniósporos/100
sementes), junto a 20 trifólios de planta de soja recém-coletados no campo,
cobertos de soros urediniais de P. pachyrhizi em fase de efetiva esporulação. Em
complemento, verteu-se sobre as mesmas sementes uma calda de ágar-água,
1,0%, contendo 3,3 x 10
4
urediniósporos/ml, conforme procedimentos
conduzidos no Tratamento 3 do primeiro ensaio.
Para a utilização da calda de ágar-água, foi realizado teste preliminar, em
que se avaliou a possibilidade de urediniósporos de P. pachyrhizi, submersos em
ágar-água solidificado, germinarem a índices satisfatórios, comparado à
metodologia convencional. Para tal, foram misturados 4ml de suspensão de
urediniósporos de P. pachyrhizi (2,26 x 10
5
esporos/ml) a 30ml de meio ágar-
água a 35ºC. Após a obtenção de mistura homogênea, esta foi vertida em placa
de Petri e, em seguida, levada à BOD, a 24 ±1ºC, por 4 horas, na ausência de
63
luz. Subseqüentemente, foram tomados 40µL de suspensão de urediniósporos
(2,26 x 10
5
esporos/ml) e espalhados em superfície de meio ágar-água, 1,5%,
solidificado, em placa de Petri (9,0cm de diâmetro), utilizando alça de
Drigalsky. Em seguida, esta foi acondicionada em BOD, a 24 ±1ºC, por 4 horas,
na ausência de luz. Os índices de germinabilidade obtidos para os dois ensaios
foram de 61%, para o método convencional e de 66%, para o de urediniósporos
submersos.
2.1.3 Preparo dos substratos e semeadura
O substrato composto foi constituído de 0,12m
3
de mistura de solo, areia
e esterco, na proporção 3:2:1, com adição de 96g da formulação 4-14-8 e 117g
de calcário dolomítico (PRNT = 95%). A referida mistura (solo: areia: esterco)
foi submetida à técnica de fumigação com o uso de brometo de metila.
O substrato foi acondicionado em vasos de polietileno com capacidade
de 5,0 litros que, em seguida, foram envolvidos por saco plástico para proteção
contra esporos e, dessa forma, transportados diretamente para a câmara de
crescimento vegetal (20 ±2ºC), onde se deu a semeadura, à profundidade de
2,0cm, na proporção de 9 sementes/vaso.
Para o segundo ensaio, foram utilizados recipientes plásticos, com
dimensões de 17,0 cm de diâmetro x 6,0 cm de profundidade, esterilizados e
preenchidos com areia autoclavada e umedecida. Foram conduzidos dois ensaios
sob temperaturas distintas. Cada ensaio foi implantado utilizando-se cinco
repetições de 50 sementes. Estes foram mantidos em câmaras de crescimento
vegetal de 15 e 20 ±2ºC, sob iluminação artificial, utilizando lâmpadas
fluorescentes, tipo ‘luz do dia’, com fotoperíodo de 12 horas diárias. Com a
finalidade de se evitar a contaminação durante o transporte, os recipientes foram
64
envolvidos em sacos plásticos e, dessa maneira, conduzidos às respectivas
câmaras para que se efetuasse a semeadura.
2.1.4 Estruturas de proteção anti-esporos
Com a finalidade de evitar contaminação externa por urediniósporos de
P. pachyrhizi, via corrente aérea, os vasos referentes ao ensaio em substrato
composto foram cobertos, individualmente, com armações de madeira, com
dimensões 1,0 x 0,50 x 0,50m, envolvidas com plástico transparente, exceto na
base (Figuras 1a e 1b). Em duas faces opostas da caixa protetora foram
reservados espaços de 0,20 x 0,50m para serem preenchidos com tecido, tipo
“tela antiafídica”, para permitir ventilação às plantas (Figura 1a).
FIGURA 1. Fotografias mostrando estruturas de madeira revestidas com
plástico transparente, utilizadas para cobertura dos vasos. (a) Uma
das faces opostas da caixa protetora com espaço preenchido com
tecido, tipo “tela antiafídica”, permitindo ventilação junto às
plantas; (b) Vasos, no interior das caixas de proteção, tendo ao seu
redor quatro potes com água para a elevação da umidade relativa
do ar.
a
b
65
O piso da câmara, por sua vez, foi revestido com plástico, evitando-se
qualquer contato daquele com o ambiente interno das estruturas de proteção.
Os recipientes pertencentes ao ensaio em substrato de areia não
receberam qualquer cobertura de proteção anti-esporos, em razão do reduzido
período de permanência do ensaio na câmara (20 dias).
2.1.5 Manejo das plantas
Em relação ao primeiro ensaio (substrato composto), as regas foram
efetuadas, semanalmente, por intermédio de mangueira flexível ”, fixada por
meio de perfuração na estrutura de madeira na face superior de cada caixa de
proteção (Figura 2a).
Objetivando o monitoramento da presença de urediniósporos de P.
pachyrhizi, no ambiente externo às caixas protetoras, foram instaladas,
semanalmente, durante 30 minutos, duas armadilhas de esporos, “Rotorod
Sampler”, situadas internamente e externamente ao ambiente do ensaio
(Figura 2b).
Aos 18 dias pós-semeio, foi realizado o desbaste, deixando-se três
plantas por vaso.
Em razão da ocorrência de ninfas de espécie de tripes não identificada,
em intensidade considerável, foi realizada aplicação do inseticida piretróide
Decis 25 CE, na dosagem de 150µL/litro de água, aos 47 dias após o plantio.
Em relação ao segundo ensaio (substrato de areia), as plantas foram
regadas manualmente, duas vezes a cada semana, utilizando regador plástico,
tendo-se o cuidado de aplicar o mesmo volume de água por recipiente.
66
FIGURA 2. Fotografias mostrando administração de regas e monitoramento
do ambiente com relação à presença de urediniósporos de P.
pachyrhizi veiculados por corrente aérea. (a) Aplicação de
volumes uniformes de água em cada vaso, com auxílio de pisseta
graduada; (b) Utilização de armadilhas de esporos, tipo “Rotorod
Sampler”.
A temperatura e a umidade relativa do ar, nas duas câmaras de
crescimento vegetal, foram monitoradas diariamente, com uso de termo-
higrômetro TH02 e termômetro de máxima e mínima (Figura 3a), e os valores
registrados em caderneta específica.
Com a intenção de se avaliar a possível entrada de urediniósporos no
ambiente das câmaras, provenientes do meio externo, foram instaladas,
semanalmente, durante 30 minutos, duas armadilhas de esporos “Rotorod
Sampler”, uma em cada câmara. Não foi detectada a presença de urediniósporos
em nenhuma das câmaras, durante o período de condução do ensaio.
A avaliação das plantas foi efetuada após coleta e acondicionamento em
sacos plásticos. Todas as plantas foram analisadas em microscópio estereoscópio
(Figura 3b).
a
b
67
FIGURA 3. Fotografias da condução do ensaio em substrato de areia sob
condições controladas em câmara de crescimento vegetal, com
posterior avaliação das plântulas em microscópio estereoscópio.
(a) Plântulas em desenvolvimento, sob temperatura e umidade
relativa do ar monitoradas diariamente; (b) Análise completa das
plântulas quanto à ocorrência de sinais e ou sintomas relacionados
a P. pachyrhizi.
2.1.6 Ocorrência de sintomas da ferrugem
Aos 80 dias após o plantio (estádio de desenvolvimento R1), foi
realizada a coleta da parte aérea das plantas oriundas do ensaio em substrato
composto, oportunidade em que foram destacadas todas as folhas e segmentadas
as hastes e ramos, acondicionados em saco plástico e encaminhados à câmara
fria (10 ±2ºC), para preservação, até o momento da avaliação. A análise do
material coletado foi realizada em microscópio estereoscópio, onde foram
avaliados folhas, folíolos, pecíolos hastes principais e ramos, quanto à
ocorrência de sintomas de ferrugem (lesões), acompanhadas de urédias, com ou
sem liberação de urediniósporos.
Algumas folhas que apresentavam lesões suspeitas receberam
pulverização de água destilada, em ambas as superfícies, utilizando pulverizador
manual pequeno e, em seguida, acondicionadas em placa de Petri (15cm de
a
b
68
diâmetro), contendo três folhas de papel de filtro umedecidas em água destilada.
Na seqüência, foram levadas à câmara de incubação e mantidas à temperatura de
20 ±2ºC, por sete dias. Ao final deste período, foram levadas a microscópio
estereoscópio e analisadas as lesões, no que se refere à formação de urédias.
Aos 20 dias após o semeio, as plantas provenientes do ensaio em
substrato de areia foram extraídas dos recipientes, lavadas e conduzidas a
microscópio estereoscópio, onde foram avaliados folíolos, cotilédones,
epicótilos, hipocótilos e raízes, quanto à ocorrência de qualquer sinal da
presença ativa ou passiva do patógeno.
Em ambos os ensaios, os índices de temperatura e umidade relativa
foram monitorados diariamente, utilizando termo-higrômetro TH02. Foram
considerados apenas os valores de máxima e mínima, para a obtenção das
médias diárias (Figuras B1 – B10).
2.1.7 Delineamento experimental
Para o primeiro ensaio (substrato composto), utilizou-se o delineamento
inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições, sendo cada
repetição representada por um vaso contendo três plantas de soja.
No segundo ensaio (substrato de areia), foi aplicado o mesmo
delineamento, porém, com três tratamentos e cinco repetições.
69
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ocorrência de sintomas da ferrugem
Não foi constatado qualquer sintoma ou presença de urédias da
ferrugem nas plantas emergidas, coletadas nos dois ensaios. Da mesma forma
nehuma urédia foi detectada em folhas, com lesões suspeitas, que foram
incubadas posteriormente em condições controladas.
Os sintomas normalmente observados em plantas de soja com ferrugem
são frequentemente confundidos, em sua fase inicial, com os sintomas de outras
doenças foliares, tais como mancha-parda (Septoria glycines), pústula bacteriana
(Xanthomonas axonopodis pv. glycines) e crestamento bacteriano (Pseudomonas
savastanoi pv. glycinea). Os sintomas referentes à ferrugem ocorrem, em sua
manifestação inicial, na forma de reduzidas pontuações cloróticas, evoluindo
para lesões de coloração castanho-acinzentada e, posteriormente, podendo
chegar à condição de necrose pontual (Vale, 1985). As urédias podem surgir em
número de 1 a 6 por lesão, com coloração que varia entre o castanho-claro e o
castanho-escuro, abrindo em um diminuto poro, por meio do qual expele os
urediniósporos. Estes se concentram ao redor do poro de onde são carregados,
posteriormente, pelo vento (Zambenedetti, 2005).
Conforme pode ser observado, por meio dos gráficos, para o primeiro
ensaio (Figuras 1B, 3B e 5B), a temperatura média se manteve entre 20 e 25ºC,
como condição térmica favorável ao inóculo (Marchetti et al., 1976; Melching et
al., 1989). É importante ressaltar que mesmo com o aumento da temperatura, a
partir do quadragésimo quinto dia, não houve produção de sintomas que
caracterizassem a ocorrência da ferrugem causada por P. pachyrhizi.
70
Com relação ao segundo ensaio (teste de areia), os valores de
temperatura ocorreram, em uma das câmaras, em faixa com variações entre 14,3
e 16,7ºC (Figura 9B). Na outra câmara de crescimento, a variação ocorreu entre
18,6 e 21,6ºC (Figura 7B). Por outro lado, a umidade relativa do ar oscilou, nas
duas câmaras, entre 60 e 98% (Figuras 8B e 10B).
Portanto, mesmo sob condição de temperatura e umidade relativa do ar
favoráveis, não foi constatado qualquer sintoma ou presença de urédias da
ferrugem nas plantas emergidas, coletadas nos dois ensaios. Nenhum soro
uredinial foi detectado nas lesões suspeitas, em folhas mantidas na câmara de
incubação.
Os resultados deste ensaio reforçam, portanto, a hipótese de que agentes
causadores das ferrugens não são transmitidos diretamente de sementes
contaminadas à progênie correspondente. Dependendo da viabilidade do
inóculo, o que se postula, para os patossistemas de ferrugens, é uma transmissão
indireta, que consiste na veiculação do inóculo pelas sementes e, a partir daí,
podendo ser disseminado, de alguma forma, às plantas hospedeiras já em
desenvolvimento na área de plantio. Esta dinâmica tem sido postulada com base
no fato de que algumas doenças de parte aérea, cujos patógenos não são
transmitidos pelas sementes, ocorrem em áreas onde outros agentes de
disseminação não têm sido detectados.
71
4 CONCLUSÕES
Com base em dois ensaios, sob condições devidamente controladas, fica
evidenciado que a transmissão direta de Phakopsora pachyrhizi à progênie, a
partir de sementes de soja, artificialmente inoculadas, não ocorre.
72
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília:
LANARV/SNAD/MA, 1992. 360 p.
FORMENTO, A. N.; SOUZA, J. Overwinter and survival of asian soybean rust
caused by Phakopsora pachyrhizi in volunteer soybean plants in Entre Ríos
Province, Argentina. Plant Disease, St. Paul, v. 90, n. 6, p. 826, June 2006.
HALFON-MEIRI, A. Seed transmission of safflower rust (Puccinia carthami) in
Israel. Seed science & Technology, Zurich, v. 11, n. 3, p. 835-851, 1983.
INTERNATIONAL SEED TESTING ASSOCIATION – ISTA. Seed health
testing. Seed Science and Technology, Zürich, v. 4, n. 1, p. 152-155, 1976.
MACHADO, J. C.; OLIVEIRA, J. A.; VIEIRA, M. G. G. C.; ALVES, M. C.
Controle da germinação de sementes de soja em testes de sanidade pelo uso da
restrição hídrica. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 25, n. 2, p. 77-81,
2003.
MARCHETTI, M. A.; MELCHING, J. S.; BROMFIELD, K. R. The effects of
temperature and dew period on germination and infectation by uredósporos of
Phakopsora pachyrhizi. Phytopathology, v.66, p.461-463.
MELCHING, J. S.; BROMFIELD, K. R.; KINGSOLVER, C. H. Infection
colonization and uredósporos production on Wayne soybean by four cultures of
Phakopsora pachyrhizi, the cause of soybean rust. Phytopathology, St. Paul, v.
69, n. 12, p. 1262-1265, Dec. 1979.
NEERGAARD, P. Seed pathology. London: Macmillan Press, v. 2, 1977.
1191 p.
VALE, F. X. R. Aspectos epidemiológicos da ferrugem (Phakopsora
pachyrhizi Sydow) da soja (Glycine max (L.) Merrill). 1985. 104 p. Tese
(Doutorado em Fitopatologia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
73
ZAMBENEDETTI, E. B. Preservação de Phakopsora Pachyrhizi Sydow &
Sydow e Aspectos Epidemiológicos e Ultra Estruturais da sua Interação
com a Soja (Glicyne Max (L.) Merril). 2005. 92 p. Dissertação (Mestrado em
Fitopatologia) – Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG.
74
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância da soja no contexto político-sócio-econômico do país, na
atualidade, tem justificado a preocupação constante das Instituições de pesquisa,
em relação às barreiras que surgem naturalmente, em decorrência de sua
expansão, como uma das culturas preferenciais do agronegócio. As doenças de
soja vêm se tornando uma preocupação cada vez maior no Brasil, em razão do
elevado custo para o seu controle e pelas perdas que decorrem do uso de
sementes com qualidade comprometida.
A ferrugem asiática da soja se tornou, na atualidade, uma das mais
ameaçadoras fitodoenças, cuja presença já é registrada em praticamente todas as
áreas de produção de soja, no Brasil e no mundo. Por ser considerado, seu
agente etiológico, um parasita biotrófico do grupo das ferrugens, acredita-se não
ser esta uma das doenças transmitidas via semente. No entanto, em razão do que
é demonstrado nestes estudos, percebe-se a necessidade premente de se efetuar
novas pesquisas no campo da patologia de sementes, especialmente no tocante
ao patossistema em questão. Os resultados apresentados nestes trabalhos
sugerem ser a semente uma possível via de disseminação do agente da ferrugem
da soja, pois possibilitaram constatar a presença de urediniósporos em todas as
amostras analisadas, procedentes de algumas regiões no Brasil.
Com relação à longevidade dos esporos associados às sementes, os
estudos envolvendo o uso do teste de tetrazólio, permitiram levantar a hipótese
de um possível estado de dormência dos urediniósporos, por período de tempo
considerável, em ambiente não controlado. Novos estudos se fazem necessários
para confirmar esta hipótese, sendo necessária, por exemplo, a inclusão do
ensaio de infectividade desses esporos, em paralelo à condução dos testes de
germinabilidade e de viabilidade pelo tetrazólio.
75
Conforme foi observado, a transmissão direta da ferrugem, de semente
contaminada para a planta de soja emergente, não foi constatada. Todavia,
tomando por base os resultados obtidos nestes trabalhos, pode-se inferir que as
sementes de soja são veículos de esporos de ferrugem, transportando-os a outras
regiões de cultivo. Na dependência de sua viabilidade, estes esporos
(urediniósporos) podem representar risco, do ponto de vista epidemiológico,
caso alcancem plantas hospedeiras, em condições ambientais favoráveis.
Dessa maneira, na pressuposição de que novas pesquisas sejam
empreendidas, envolvendo o patossistema soja – P. pachyrhizi, especialmente no
que tange ao aspecto disseminação via sementes, espera-se que informações
novas sejam somadas, possibilitando o esclarecimento de questões ainda não
plenamente resolvidas.
76
ANEXOS
ANEXO A Página
TABELA 1A Resumo da análise de variância dos dados
referentes ao percentual de urediniósporos
coloridos, em função da concentração da solução de
tetrazólio, tempo e temperatura de exposição.
UFLA, Lavras, MG, 2007 ........................................
77
TABELA 2A Resumo da análise de variância dos dados
referentes ao percentual de urediniósporos
coloridos, associados à sementes de soja, em função
do período de armazenamento das sementes.
UFLA, Lavras, MG, 2007 ........................................
77
77
TABELA 1A. Resumo da análise de variância dos dados referentes ao
percentual de urediniósporos coloridos, em função da
concentração da solução de tetrazólio, tempo e temperatura de
exposição. UFLA, Lavras, MG, 2007.
QMs e significância
FV GL
Urediniósporos coloridos (%)
Concentração 3 1085,416667 *
Tempo 3 48,027778 ns
Temperatura 1 0,000000000E+0000 ns
Concentração x Tempo 9 19,129630 ns
Concentração x Temperatura 3 93,583333 ns
Concentr. x Tempo x Temperat. 9 39,611111 ns
Erro 67 46,359453 ns
CV (%) 8,85
* = teste F significativo, a 5%; ns = teste F não significativo, a 5%
TABELA 2A. Resumo da análise de variância dos dados referentes ao
percentual de urediniósporos coloridos, associados a sementes
de soja, em função do período de armazenamento das sementes.
UFLA, Lavras, MG, 2007.
QMs e significância
FV GL
Urediniósporos coloridos (%)
Período de armazenamento 5 1,659815 *
Erro 12 0,356266
CV (%) 25,27
* = teste F significativo, a 5%;
78
ANEXO B Página
FIGURA 1B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (20
±2ºC) do Departamento de Agricultura no mês de
dezembro/2006. UFLA, Lavras, MG, 2007..............
81
FIGURA 2B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (20
±2ºC) do Departamento de Agricultura no mês de
dezembro/2006. UFLA, Lavras, MG, 2007..............
81
FIGURA 3B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (20
±2ºC) do Departamento de Agricultura no mês de
janeiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007...................
82
FIGURA 4B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (20
±2ºC) do Departamento de Agricultura no mês de
janeiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007...................
82
FIGURA 5B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (20
±2ºC) do Departamento de Agricultura no mês de
fevereiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007................
83
FIGURA 6B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (20
±2ºC) do Departamento de Agricultura no mês de
fevereiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007................
83
FIGURA 7B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (20
±2ºC) do Departamento de Fitopatologia, no
período de 27 de dezembro/2006 a 15 de
janeiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007...................
84
FIGURA 8B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (20
±2ºC) do Departamento de Fitopatologia, no
período de 27 de dezembro/2006 a 15 de
janeiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007...................
84
79
FIGURA 9B Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (15 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 27 de
dezembro/2006 a 15 de janeiro/2007. UFLA, Lavras,
MG, 2007............................................
85
FIGURA 10B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na câmara de crescimento (15
±2ºC) do Departamento de Fitopatologia, no período
de 27 de dezembro/2006 a 15 de janeiro/2007.
UFLA, Lavras, MG, 2007............................................
85
FIGURA 11B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de março/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
86
FIGURA 12B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de março/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
86
FIGURA 13B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de abril/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
87
FIGURA 14B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de abril/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
87
FIGURA 15B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de maio/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
88
FIGURA 16B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de maio/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
88
80
FIGURA 17B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de junho/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
89
FIGURA 18B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de junho/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
89
FIGURA 19B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de julho/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
90
FIGURA 20B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de julho/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
90
FIGURA 21B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de agosto/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
91
FIGURA 22B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
mês de agosto/2006. UFLA, Lavras, MG,
2007..............................................................................
91
FIGURA 23B Variáveis de temperatura (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
período de 01 a 04 de setembro/2006. UFLA, Lavras,
MG, 2007.....................................................................
92
FIGURA 24B Variáveis de umidade relativa (média, máxima e
mínima), registradas na Unidade de Beneficiamento
de Sementes do Departamento de Agricultura, no
período de 01 a 04 de setembro/2006. UFLA, Lavras,
MG, 2007.....................................................................
92
81
0
5
10
15
20
25
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dia
Temperatura (ºC)
rie1 Série2 rie3
FIGURA 1B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (20 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 10 a 31 de
dezembro/2006. UFLA, Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dia
Umidade Relativa (%)
rie1 rie2 rie3
FIGURA 2B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (20 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 10 a 31 de
dezembro/2006. UFLA, Lavras, MG, 2007.
82
0
5
10
15
20
25
30
1 3 5 7 91113151719212325272931
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 3B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (20 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no mês de janeiro/2007. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
1 3 5 7 91113151719212325272931
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 4B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (20 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no mês de janeiro/2007. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
83
0
5
10
15
20
25
30
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 5B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (20 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 01 a 27 de
fevereiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 6B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (20 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 01 a 27 de
fevereiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007.
84
17
17,5
18
18,5
19
19,5
20
20,5
21
21,5
22
22,5
2728293031123456789101112131415
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 7B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (20 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 27 de
dezembro/2006 a 15 de janeiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
2728293031123456789101112131415
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 8B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (20 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 27 de
dezembro/2006 a 15 de janeiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007.
85
12,5
13
13,5
14
14,5
15
15,5
16
16,5
17
2728293031123456789101112131415
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 9B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (15 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 27 de
dezembro/2006 a 15 de janeiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007.
0
20
40
60
80
100
120
2728293031123456789101112131415
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 10B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na câmara de crescimento (15 ±2ºC) do
Departamento de Fitopatologia, no período de 27 de
dezembro/2006 a 15 de janeiro/2007. UFLA, Lavras, MG, 2007.
86
0
5
10
15
20
25
30
678910111213141516171819202122232425262728293031
Dia
Temperatura (ºC)
máx. média mín.
FIGURA 11B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no período de 6 a 31 de
março/2006. UFLA, Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
6
8
1
0
1
2
1
4
1
6
18
20
22
24
26
28
3
0
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 12B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no período de 6 a 31 de
março/2006. UFLA, Lavras, MG, 2007.
87
0
5
10
15
20
25
30
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Dia
Temperatura (ºC)
Tº máx. Tº média mín.
FIGURA 13B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de abril/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1357911131517192123252729
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 14B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de abril/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
88
0
5
10
15
20
25
1 3 5 7 91113151719212325272931
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 15B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de maio/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
135791113151719212325272931
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 16B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de maio/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
89
0
5
10
15
20
25
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 17B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de junho/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1357911131517192123252729
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 18B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de junho/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
90
0
5
10
15
20
25
30
1 3 5 7 91113151719212325272931
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 19B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de julho/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
135791113151719212325272931
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 20B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de julho/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
91
0
5
10
15
20
25
30
35
1 3 5 7 91113151719212325272931
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 21B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de agosto/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
135791113151719212325272931
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 22B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no mês de agosto/2006. UFLA,
Lavras, MG, 2007.
92
0
5
10
15
20
25
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Dia
Temperatura (ºC)
máx. Tº média mín.
FIGURA 23B. Variáveis de temperatura (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no período de 01 a 04 de
setembro/2006. UFLA, Lavras, MG, 2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1357911131517192123252729
Dia
Umidade Relativa (%)
UR máx. UR média UR mín.
FIGURA 24B. Variáveis de umidade relativa (média, máxima e mínima),
registradas na Unidade de Beneficiamento de Sementes do
Departamento de Agricultura, no período de 01 a 04 de
setembro/2006. UFLA, Lavras, MG, 2007.
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