Couto e Milano (1988), em um estudo cuja finalidade era realizar um
levantamento do padrão da Endodontia em universitários das Faculdades de Odontologia
do Rio Grande do Sul (UFRGS e PUC) e de Pelotas (UFPEL), avaliaram a qualidade de
obturações dos canais radiculares de 400 dentes, relacionando-a com o aspecto do
periápice e o período de realização dos tratamentos endodônticos. Desses tratamentos, 215
foram realizados em dentes monorradiculares e 185 em polirradiculares. Após análise dos
dados, os autores concluíram que: 1. 64,25% de obturações dos canais radiculares que
apresentavam falhas foi um dado estarrecedor; 2. Os canais realizados em dentes
monorradiculares apresentaram menores falhas quando comparados aos polirradiculares; 3.
Não existiu uma relação entre a qualidade da obturação com o estado do periápice, pois
dentre as 257 obturações consideradas de má qualidade, 52.0% delas apresentaram
periápice normal; 4. De 1969 a 1984 existiu uma melhoria no padrão da Endodontia.
Sjögren, Hagglund, Sundqvist et al. (1990) avaliaram 356 pacientes após o período de 8 a 10 anos de conclusão do tratamento e
observou que o índice de sucesso para os casos com polpa vital ou necrosada, mas sem lesão periapical evidenciável radiograficamente
excedeu 96%. Já nos dentes com lesão periapical associada o índice de sucesso foi de 86%. Nestes casos, quando o limite apical de
obturação encontrava-se até 2mm aquém do ápice radiográfico, houve 94% de sucesso, enquanto aqueles sobreobturados, ou obturados
mais de 2mm aquém do ápice, apresentaram índices menores, sendo de 76% e 68%, respectivamente.
Ingle e Bakland (1994) observaram, em estudo longitudinal de 1229 tratamentos endodônticos, que houve insucesso em 58,66% devido
à existência de uma incorreta obturação, muitos por localização inadequada do limite apical de instrumentação e obturação do sistema de
canais radiculares.
Esses resultados foram posteriormente comprovados por Ricucci e Langeland (1998), através de análise clinica e histopatológica de
dentes humanos tratados endodonticamente, efetuadas a longo prazo. Observaram que os melhores resultados foram obtidos quando as
obturações estiveram ligeiramente aquém do ápice radicular. Nos casos de sobreobturações, embora a ausência de sintomas clínicos
predominassem, histologicamente, foi detectada a presença de infiltrado inflamatório intenso, com reação tipo corpo estranho.
Pinheiro, Fernandes e Herrera (1998) avaliaram radiograficamente os tratamentos endodônticos de estudantes das Faculdades de
Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco e da Fundação Universidade de Pernambuco com o objetivo de verificar a
qualidade da obturação do canal radicular e relacioná-la com os tecidos periapicais. A amostra do estudo foi de 127 dentes de 82 alunos,
perfazendo um total de 218 canais radiculares tratados endodonticamente. As radiografias foram avaliadas por 3 profissionais, sendo 1
endodontista, 1 radiologista e 1 semiologista, os quais através de um negatoscópio e lente de aumento avaliaram a qualidade das
obturações e as condições do periápice utilizando os seguintes critérios de avaliação: 1. Obturações de boa qualidade – bem condensada
e situada no limite CDC (cemento-dentina-canal) ou ao nível do ápice radiográfico; 2. Obturações de má qualidade - situada no limite
CDC (cemento-dentina-canal) ou ao nível do ápice radiográfico, porém mal condensados, canais sub-obturados e sobre-obturados com
condensação adequada ou não. Analisando-se a qualidade das obturações, observaram um percentual de 79.36% de canais mal obturados
e apenas 20.6% apresentaram canais bem obturados. Com os resultados obtidos, os autores concluíram que: 1. O limite adequado ao
bom desenvolvimento do processo de reparo apical após tratamento endodôntico está nas proximidades do limite CDC; 2. É
incompatível o número de casos de tratamentos endodônticos incorretos com o atual nível de desenvolvimento técnico-científico da
Endodontia.
West e Roane (1998) afirmam que apesar de impossível determinar o exato comprimento
do canal clinicamente, uma correta e estimada reprodução do comprimento do canal radicular é
essencial para o sucesso do preparo e obturação do terço apical do sistema de canais radiculares.
Comprimentos de trabalho podem ser estimados usando os seguintes métodos recomendados: táctil,
eletrônico e radiográfico.
Para Cohen e Burns (1999), além do limite CDC, uma outra região anatômica a ser considerada durante a odontometria é a constricção
apical, que, do ponto de vista biológico, é um ponto extremamente importante a ser considerado quando do estabelecimento do limite
apical do preparo do canal radicular, devido à existência de circulação sangüínea, o qual controla o processo inflamatório. A invasão
deste ponto em direção apical, durante instrumentação e/ou com material obturador poderia afetar o reparo apical.
A última região anatômica a ser considerada na determinação do correto limite de
instrumentação e obturação é o forame apical. Este está localizado, em geral, no próprio extremo
apical da raiz, podendo tomar uma posição lateral ou ainda seguir a curvatura da raiz, e seu diâmetro