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UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE
BRASÍLIA
PRÓ-REITORIA DE PÓS GRADUAÇÃO
STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Mestrado
RESPOSTAS HEMODINÂMICAS E ATIVIDADE DE CALICREÍNA
PLASMÁTICA EM DIABÉTICOS TIPO 2 E NÃO DIABÉTICOS APÓS
TESTE INCREMENTAL E EXERCÍCIO REALIZADO A 90% DO
LIMIAR DE LACTATO
Autora: Daisy Fonseca Motta
Orientadora: Profª Drª Carmen Sílvia G. Campbell
Co-orientador: Dr. Herbert Gustavo Simões
BRASÍLIA 2008
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DAISY FONSECA MOTTA
RESPOSTAS HEMODINÂMICAS E ATIVIDADE DE CALICREÍNA
PLASMÁTICA EM DIABÉTICOS TIPO 2 E NÃO DIABÉTICOS APÓS
TESTE INCREMENTAL E EXERCÍCIO REALIZADO A 90% DO
LIMIAR DE LACTATO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação Stricto Sensu em Educação Física da
Universidade Católica de Brasília, como requisito
para obtenção do Título de mestre em Educação
Física.
Orientadora: Prof
a
.Dra. Carmen S. G. Campbell
Co-Orientador: Prof. Dr. Herbert Gustavo Simões
BRASÍLIA
2008
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MODELO FICHA CATALOGRÁFICA
TERMO DE APROVAÇÃO
Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para a obtenção do
Título de Mestre em Educação Física, defendida e aprovada em 19 de Maio de 2008, pela
banca examinadora constituída por :
Nome do Professor
Nome do Professor
Nome do Professor
Brasília
UCB
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe Elizete Fonseca Motta por ser a
primeira a apoiar minha escolha profissional e durante o curso me
auxiliar em meus estudos;
A minha avó Elzi Valle da Fonseca pelo seu carinho e delicadeza;
Ao meu pai Cleider Motta, que através de sua força, honestidade e
caráter representa um exemplo para mim;
À minha irmã Denise, que está comigo desde que eu era apenas uma
célula e me transformei em várias;
Aos meus irmãos Débora e Silvio Romero, pela amizade e
companheirismo durante este período em que estive ausente;
A minha orientadora Dr
a
. Carmen Silvia Grubert Campbell pelo seu
apoio e amizade.
AGRADECIMENTOS
A Prof
a
. Dr
a
. Carmen Silvia Grubert Campbell
Ao Prof. Dr. Herbert Gustavo Simões
A Prof
a
. Msc. Rosângela Fonseca Araújo
Ao Prof. Dr. Ricardo Jacó de Oliveira
Ao Dr. Ronaldo Benford
Ao Prof. Msc. Kelerson Castro
À Prof
a
.Dr
a
. Nancy França
Ao Prof. Msc. José Arthur
À Mônica Alves Miranda
Ao Elias Tavares
À CAPES e PROCAD
A amiga Pâmella Karoline e Gisele Soares Mendes e aos amigos de Londrina Lúcio Flávio
Soares Caldeira e Nilo Okuno
Aos colegas e amigos, Prof. Msc.Guilherme Puga, Marcelo Magalhães, Msc. Sérgio
Rodrigues Moreira, Msc. Carlos Ernesto, Msc. Laila Cândida, Msc. Emerson Pardono, Msc.
Sandro Soares de Almeida, Gisela Arsa e Carlos Humberto Luz.
As amigas Cecília Grissi, Cynthia Dias, Renata Mitri, Mariana Leal, Flávia Perdigão
As pedagogas sempre presentes Carolina Câmara, Maria Emília Seabra, Junia Xavier, Aléxia
Guimarães, Ana Carolina Barbosa
Ao gerente cnico da academia FitWay Beto Barros e à proprietária do studio Personal
Pilates Kênya Maria Sousa Sampaio
À Universidade Católica de Brasília UCB, à Universidade de Mogi das Cruzes - UMC e
Universidade Paulista de Medicina - UNIFESP
A todos os voluntários diabéticos e não diabéticos que participaram de nosso estudo.
RESPOSTAS HEMODINÂMICAS E ATIVIDADE DE CALICREÍNA PLASMÁTICA EM
DIABÉTICOS TIPO 2 E NÃO DIABÉTICOS APÓS TESTE INCREMENTAL E
EXERCÍCIO REALIZADO A 90% DO LIMIAR DE LACTATO
Resumo
O diabetes mellitus tipo 2 traz diversas complicações e a hipertensão arterial (HA) é principal
fator de risco para doenças cardiovasculares podendo ocorrer devido a vários fatores dentre os
quais se destacam alterações no sistema calicreína-cinina (SCC) e na variabilidade da
freqüência cardíaca (VFC). O exercício físico auxilia no controle da HA, porém é
desconhecido os efeitos de diferentes intensidades de exercício na pressão arterial (PA),
atividade de calicreína plasmática (ACP) e VFC em diabéticos tipo 2 (DM2). O objetivo,
portanto foi analisar e comparar respostas de PA, de ACP e componentes da VFC em DM2 e
não diabéticos tipo 2 (NDM2) após teste incremental (TI) e exercício aeróbio realizado a 90%
do limiar de lactato (90% LL). Participaram do estudo 23 indivíduos sedentários, sendo 13
DM2 e 10 NDM2. Foram realizadas 3 sessões experimentais randomizadas (exceto TI): a)
sessão controle (CON), 20 min de repouso sentado; b) sessão 90% LL, 20 min de exercício
em cicloergômetro com intensidade relativa a 90% do LL; c) sessão TI, teste em
cicloergômetro (incrementos de 15W a cada 3 min até exaustão). A PA foi mensurada pré
teste a cada 5 min por 20 min e após o fim da sessão a cada 15 min durante 135 min. Coletas
de sangue capilarizado do lóbulo da orelha (lactato e glicemia) foram realizadas pré teste aos
20 min, e pós teste a cada 15 min em todas as sessões por 135 min. Coletas de sangue venoso
(ACP) ocorreram aos R15, R45, R90 e R135 min da recuperação em todas as sessões. A
análise da VFC foi realizada em intervalos de 5 min em repouso e no período de recuperação
em R15, R30 e R45 min. Foi utilizada ANOVA two way e post-hoc de Bonferroni para
análise de PA, teste de Friedman e post hoc de Dunn para análise da ACP e ANOVA two
way, Mauchly (quando necessária correção de Huynh-Feld) e post hoc LSD para os
componentes de VFC. No grupo DM2, ocorreu hipotensão pós-exercício (HPE) de PAS,
somente após TI (R45, R60 e R75) não sendo verificada após 90% LL. Em NDM2, ocorreu
HPE de pressão arterial sistólica (PAS) tanto após TI (R30 e R45) quanto após 90% LL (R30,
R45 e R120). Não foram observadas HPE na pressão arterial diastólica em ambos os grupos
nas intensidades avaliadas. A ACP aumentou apenas em NDM2 após 90% LL (R15) não se
alterando após nenhuma sessão de exercício em DM2. Na VFC não houve alterações no
componente LF em ambos os grupos nas duas intensidades (TI e 90% LL). O HF em NDM2,
não diferiu no período de recuperação, em DM2 aumentou após TI (R30 e R45). O LF/HF,
em NDM2 aumentou após 90% LL (R15) e TI (R15 e R30), porém em DM2 aumentou
apenas após 90% LL (R15) (p 0,05). Pode-se concluir que o exercício demonstrou ser
efetivo no controle da PA em DM2 através da HPE e a intensidade interfere nas respostas
pressóricas, de calicreínas e VFC tanto em DM2 quanto em NDM2.
Palavras-chave: Hipotensão pós-exercício, diabetes tipo 2, sistema calicreína-cinina,
variablidade da freqüência cardíaca.
HEMODYNAMIC RESPONSES AND KALLIKREIN ACTIVITY IN TYPE 2 DIABETICS
AND NON DIABETICS AFTER MAXIMAL INCREMENTAL TEST AND EXERCISE
PERFORMED AT 90% LACTATE THRESHOLD
Abstract
The type 2 diabetes can lead several complications and arterial hypertension (AH) is main risk
factor for cardiovascular disease causes by several factors like changes in the kallikrein-kinin
system (KKS) and the heart rate variability (HRV). The exercise helps to prevent and control
AH, but the effects of different intensities of exercise on blood pressure (BP), plasmatic
kallikrein activity (PKA) and HRV in type 2 diabetics (T2D) is unknown. The aim of this
study was to analyze and compare BP, PKA and components of HRV responses in T2D and
non diabetics (NT2D) after maximal incremental test (GXT) and aerobic exercise performed
at 90% of the lactate threshold (90% LT). Twenty-three sedentary subjects participated in the
study: 13 T2D and 10 NT2D underwent 3 different sessions in randomized trial (except
GXT): a) control session (CON), 20 minutes of rest sitting b) 90% LT session, 20 min of
exercise in cycle performed at 90% of LT c) GXT session, a maximal incremental test
(increments of 15W every 3 min until exhaustion). The BP was measured before session
every 5 min during 20 min and after the session every 15 min during 135 min. Collections of
capillarized blood of the ear lobe (lactate and glucose levels) were performed before the test
(20 min), and recovery time every 15 min in all sessions during 135 min. Collections of
venous blood (PKA) occurred at R15, R45, R90 and R135 min of recovery in all sessions.
The HRV analysis was conducted at intervals of 5 min at rest and during the recovery in R15,
R30 and R45 min. It was used two way ANOVA and post-hoc analysis of Bonferroni to BP,
Friedman test and post hoc analysis of Dunn to PKA and two way ANOVA, Mauchly (when
necessary Huynh-Feld) and post hoc LSD for components of HRV. In group T2D, occurred
post-exercise hypotension (PEH) of systolic blood pressure (SBP), only after GXT (R45, R60
and R75) not being observed after 90% LT. In NT2D, occurred PEH of SBP after GXT (R30
and R45) and 90% LT (R30, R45 and R120). Did not occur PEH in diastolic blood pressure in
both groups at intensities evaluated. The PKA increased only in NT2D after 90% LT (R15)
and did not change after any session of exercise in T2D. In HRV there were no changes in LF
component in both groups in the two intensities (GXT and 90% LT). The HF in NT2D, did
not differ in the recovery period, and in T2D increased after GXT (R30 and R45). The LF /
HF in NT2D increased after 90% LT (R15) and GXT (R15 and R30), but in T2D increased
only after 90% LT (R15) (p 0.05). It was concluded that the exercise was effective in
decrease BP in T2D (after GXT) by PHE and the intensity can influence the pressoric, PKA
and HRV responses in T2D and NT2D.
Keywords: Postexercise hypotension, Type 2 Diabetes, Kalikrein-kinin system
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................15
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................19
2.1. OBJETIVO GERAL ......................................................................................................19
3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ...........................................................................20
4. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................21
4.1. DIABETES MELLITUS .................................................................................................21
4.2. HIPERTENSÃO ARTERIAL (HA) ..................................................................................23
4.3. DISFUNÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA.......................................................................24
4.4. RESISTÊNCIA À INSULINA E COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES.............................25
4.5. RISCO DE DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA E O SISTEMA CALICREÍNA-CININA
(SCC) 27
4.6. O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NO TRATAMENTO DO DIABETES TIPO 2 ....................29
4.6.1. Parâmetros de intensidade de Exercício Físico...................................................31
4.6.2. Influência do exercício na captação de glicose....................................................34
4.6.3. Hipotensão Pós-Exercício ....................................................................................35
5. MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................39
5.1. PROCEDIMENTOS .......................................................................................................39
5.2. ESTUDOS 1 E 2 - HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO: ATIVIDADE DA CALICREÍNA
PLASMÁTICA E VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA ..................................................39
5.3. VOLUNTÁRIOS ...........................................................................................................40
5.3.1. Critérios de Inclusão ............................................................................................41
5.4. TESTES ......................................................................................................................42
5.4.1. Teste Incremental (TI) e determinação do Limiar de Lactato (LL) .....................42
5.4.2. Sessão de Exercício retangular a 90% do Limiar de Lactato (90% LL) e Sessão
Controle (CON) ................................................................................................................43
5.5. REFEIÇÃO PADRÃO....................................................................................................45
5.6. MENSURAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL......................................................................46
5.7. COLETAS SANGUÍNEAS ..............................................................................................46
5.8. ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO E GLICEMIA........................................................47
5.9. ANÁLISE DA CALICREÍNA PLASMÁTICA.....................................................................47
5.10. ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA........................................48
5.11. TRATAMENTO ESTATÍSTICO ......................................................................................48
6. RESULTADOS...............................................................................................................50
7. DISCUSSÃO ...................................................................................................................79
8. CONCLUSÃO.................................................................................................................96
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................97
ANEXOS ...............................................................................................................................108
ANEXO A. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................109
ANEXO B. FICHA DE AMAMNESE - HISTÓRICO DE SAÚDE ................................112
ANEXO C- FICHA DE AVALIAÇÃO (COLETA)..............................................................1
ANEXO D. AVALIAÇÃO FÍSICA – ANTROPOMETRIA ..............................................15
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Estágios Metabólicos do Diabetes Tipo 2
Figura 2. Identificação do Limiar de lactato
Figura 3. Esquema das Sessões de Exercício retangular a 90% do Limiar Anaeróbio e Sessão
Controle
Figura 4. Delta de pressão arterial sistólica em DM2 após as sessões experimentais
Figura 5. Delta de pressão arterial sistólica em NDM2 após as sessões experimentais
Figura 6. Delta de pressão arterial diastólica em DM2 após as sessões experimentais
Figura 7. Delta de pressão arterial diastólica em NDM2 após as sessões experimentais
Figura 8. Delta de pressão arterial média em DM2 após as sessões experimentais.
Figura 9. Delta de pressão arterial média em NDM2 após as sessões experimentais
Figura 10. Frequência Cardíaca em DM2 e NDM2 durante sessão controle.
Figura 11. Frequência Cardíaca em DM2 e NDM2 após sessão a 90 % LL.
Figura 12. Frequência Cardíaca em DM2 e NDM2 após TI.
Figura 13. Duplo Produto em DM2 e NDM2 durante sessão controle.
Figura 14. Duplo Produto em DM2 e NDM2 após sessão a 90 % Limiar de Lactato.
Figura 15. Duplo Produto em DM2 e NDM2 após TI
Figura 16. Lactato em DM2 e NDM2 durante sessão controle.
Figura 17. Lactato em DM2 e NDM2 após sessão a 90 % Limiar de Lactato
Figura 18. Lactato em DM2 e NDM2 após TI.
Figura 19. Atividade da calicreína plasmática individual nos grupos DM2 e NDM2 em jejum.
Figura 10. Resposta da Pressão Arterial Sistólica (PAS) e atividade da calicreína plasmática
no grupo DM2 e NDM2 durante sessão controle
Figura 21. Resposta da Pressão Arterial Sistólica e atividade da calicreína plasmática no
grupo DM2 e NDM2 após sessão de exercício à 90% Limiar de Lactato.
Figura 22. Resposta da Pressão Arterial Sistólica e atividade da calicreína plasmática no
grupo DM2 e NDM2 após TI.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Limites diagnósticos para diabetes e alterações na regulação da glicose
Tabela 2. Classificação da pressão arterial para adultos acima de 18 anos.
Tabela 3.Caracterização da amostra
Tabela 4. Parâmetros Hemodinâmicos e Metabólicos
Tabela 5. Parâmetros de aptidão aeróbia em DM2 e NDM2
Tabela 6. Correlação entre variáveis antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas em DM2
Tabela 7. Correlação entre variáveis antropométricas e de aptidão física em DM2
Tabela 8. Correlação entre variáveis antropométricas e hemodinâmicas em NDM2
Tabela 9 . Correlação entre variáveis antropométricas e de aptidão física em NDM2
Tabela 10. Valores em média e desvio padrão da pressão arterial sistólica PAS (mmHg) em DM2 e
NDM2 após as sessões experimentais
Tabela 11. Valores em média e desvio padrão da pressão arterial diastólica (PAD) (mmHg) em
DM2 e NDM2 após as sessões experimentais (n=20)
Tabela 12. Valores médios e desvio padrão da pressão arterial média (PAM) (mmHg) em DM2 e
NDM2 após as sessões experimentais
LISTA DE ABREVIATURAS
DM = Diabetes Mellitus
PA = Pressão Arterial
SNS = Sistema Nervoso Simpático
HVE = Hipertrofia Ventricular Esquerda
SRA = Sistema Renina-Angiotensina
SCC = Sistema Calicreína-Cinina
HA = Hipertensão Arterial
HPE = Hipotensão Pós-exercício
LL = Limiar de lactato
VFC = Variabilidade de frequência cardíaca
DM2 = Diabéticos tipo 2
NDM2= Não diabéticos tipo 2
PAS= pressão arterial sistólica
PAD = pressão arterial diastólica
90%LL= 90% do limiar de lactato
SBD= Sociedade Brasileira de Diabetes
DC = débito cardíaco
RVP = resistência vascular periférica
FC= freqüência cardíaca
VE= volume de ejeção
SNA = sistema nervoso autonômico
IR = receptor de insulina
IRS1 = receptor de insulina 1
IRS2 = receptor de insulina 2
PI3-K = fosfatidil-inositol-3-quinase
ACSM = American College Sports Medicine
AHA= American Heart Association
ADA = American Diabetes Association
LL= limiar de lactato
PROCAD= Programa de Cooperação Acadêmica
ECG = eletrocardiograma
TI= Teste Incremental
PSE= Percepção Subjetiva de Esforço
CON= Sessão controle
PKSI- plasmatic-kallikrein serine protease inhibitor
IMC= índice de massa corporal
Circ = circunferência abdominal
Glic Jej= glicemia de jejum
W máx: potência máxima
FC máx: freqüência cardíaca máxima atingida no teste incremental
Lac Pico= pico de lactato durante o teste incremental
REP= repouso
FS= final da sessão
PAM= pressão arterial média
DP= duplo produto
DM2A= diabéticos tipo 2 ativos
DM2S= diabéticos tipo 2 sedentários
NDM2S= não diabéticos sedentários
1. INTRODUÇÃO
Atualmente o mundo caminha para um preocupante problema de saúde pública
devido ao aumento do número de diagnósticos de diabetes mellitus (DM). Cerca de 177
milhões de pessoas sofrem de DM no mundo e este número deverá dobrar até 2030.
Aproximadamente 4 milhões de mortes no mundo por ano são atribuíveis a complicações do
DM (Wild, Roglic, Green, Sicree, & King, 2004).O Brasil está entre os dez principais países
afetados.
A hiperglicemia crônica, principal característica do DM, está associada a danos em
longo prazo, tais como disfunção e deficiência em vários órgãos e distúrbios incluindo
cardiopatias induzidas principalmente pelo aumento da pressão arterial, retinopatias,
neuropatias, nefropatias, entre outros (American Diabetes Association., 2008). Isto ocorre
devido a modificações metabólicas que acarretam degeneração das artérias e alterações
funcionais e estruturais nos rins e nervo óptico (Aronoff, Berkowitz, & Shreiner, 2004).
A resistência à insulina, característica da fase inicial do desenvolvimento do DM,
leva a um aumento da produção de insulina, a hiperinsulinemia, o que contribui para a
elevação da pressão arterial (PA) através de diversos mecanismos que incluem alterações na
ação da angiotensina II e aldosterona induzindo aumento da resistência vascular. Aumento da
atividade do sistema nervoso simpático (SNS), dislipidemia, aterosclerose, aumento do
estresse oxidativo, hipercoagubilidade, hipertrofia ventricular esquerda (HVE), mudanças
estruturais no funcionamento renal, gomeruloesclerose e doença progressiva renal são alguns
mecanismos que estão associados a elevação da PA em diabéticos (El-Atat, Stas, McFarlane,
& Sowers, 2004).
A regulação da PA ocorre através de alterações no débito cardíaco e resistência
vascular periférica, sendo estes dependentes, dentre outros fatos, da função endotelial, da ação
dos barorreceptores e da regulação autonômica, e atividade do sistema renina-angiotensina
(SRA) e sistema calicreína-cininas (SCC) entre outros (Beevers et al., 2001; Mayet &
Hughes, 2003).
O SCC se destaca por exercer funções importantes tanto no controle da PA bem
como da glicemia (Sharma & Sharma, 2002). A redução da atividade dos componentes deste
sistema está ligada ao desenvolvimento do DM e hipertensão arterial (HA). As cininas podem
induzir queda da pressão arterial (hipotensão), diurese, natriurese, aumento do fluxo
sanguíneo renal, vasodilatação e redução da resistência vascular periférica (Sharma, Uma,
Noor, & Rahman, 1996). A relação entre o SCC e a utilização de glicose deve-se ao aumento
da sensibilidade à insulina e translocação do GLUT4 induzido por este sistema, podendo ser
influenciado pelo exercício físico (Taguchi et al., 2000).
O aumento da captação de glicose promovida pelo exercício físico auxilia na
prevenção e controle do DM. A concentração sanguínea de glicose e a PA são fatores
determinantes para complicações em diabéticos, relacionando-se ao risco de eventos cardíacos
influenciado pela produção e ação da insulina no organismo (Marliss & Vranic, 2002; Skyler,
2004).
O índice das complicações cardiovasculares é duas a quatro vezes maior em
indivíduos diabéticos comparados a indivíduos não diabéticos. Por este motivo, o adequado
controle da PA reduz em 32% as mortes relacionadas ao DM, diminui em 44% o risco de
infarto, e 34% o risco de doenças macrovasculares, bem como decréscimo significante de
outras complicações, sendo particularmente importante em diabéticos e hipertensos (Russell,
Dunbar, Salisbury, Sketris, & Kephart, 2005).
A atividade física, através de mecanismos como a hipotensão pós-exercício (HPE),
promove efeitos benéficos no controle da PA e glicemia. A manutenção da PA em valores
próximos do normal é tão importante quanto à manutenção da glicemia para redução de
problemas cardiovasculares em indivíduos diabéticos (American Diabetes Association, 2008).
Segundo Wright & Swan, (2001), para manutenção da saúde recomenda-se 30
minutos de atividade física moderada por dia e para indivíduos hipertensos deve-se realizar
exercícios dinâmicos em intensidade moderada por 50- 60 minutos de 3 a 4 vezes na semana.
Segundo posicionamento do Colégio Americano de Medicina Esportiva (American College
Sports Medicine, 1998) é recomendado pelo menos três sessões não consecutivas de exercício
por semana progredindo para cinco, com duração de 30 minutos e intensidade entre 40 e 70%
VO
2máx
, a fim de promover benefícios cardiovasculares e aumento de dispêndio energético em
diabéticos (Albright et al., 2000).
Diversas recomendações aconselham exercícios físicos como um importante
coadjuvante para manutenção da saúde e controle da glicemia e PA, porém não se baseiam
nas respostas glicêmicas e hemodinâmicas durante e após o exercício em intensidades
específicas ou delimitam uma faixa grande de intensidade dificultando a prescrição de
exercícios para esta população.
Um parâmetro de avaliação física empregado para prescrição do exercício é o Limiar
de Lactato (LL) definido por Meyer et al., (2005) como um indicador de capacidade aeróbia
que representa baixo estresse metabólico. Por este motivo, o LL tem sido utilizado como
intensidade segura na prescrição de exercícios para grupos especiais como cardiopatas,
hipertensos e diabéticos (Kunitomi et al., 2000; Belli et al., 2007).
A prescrição de exercícios para indivíduos diabéticos tipo 2 (DM2), utilizando-se o
LL, deve objetivar reduzir fatores de risco para complicações cardiovasculares. Estudos
demonstram que o exercício auxilia tanto no controle da glicemia (Hayashi, Wojtaszewski, &
Goodyear, 1997; Y. Hayashi et al., 2005) quanto da PA (MacDonald et al., 1999; Forjaz,
Cardoso, Rezk, Santaella, & Tinucci, 2004) porém, a compreensão dos mecanismos
responsáveis e a identificação de intensidades adequadas ainda não foram estabelecidos.
A PA e a glicemia são afetadas diretamente pela intensidade do exercício e, portanto
necessita ser individualizada uma vez que o exercício físico traz benefícios para o seu
controle. Durante testes incrementais máximos bem como em determinadas intensidades de
exercícios, a pressão arterial sistólica (PAS) aumenta (Syme et al., 2006) e após o fim do
exercício, a PAS e pressão arterial diastólica (PAD) podem apresentar uma redução
comparada aos valores pré-exercício denominada como HPE (MacDonald., 2002). A HPE
ocorre como resposta fisiológica a um exercício máximo ou submáximo e representa um
mecanismo protetor contra eventos cardiovasculares. MacDonald, (2002), citam em seus
trabalhos, quedas de aproximadamente 8/9 mmHg PAS/PAD em normotensos, 14/9 mmHg
PAS/PAD em hipertensos “borderline” e 10/7 mmHg PAS/PAD em hipertensos entretanto,
HPE em diabéticos ainda não foi claramente estabelecida.
Os mecanismos relacionados à HPE incluem inibição simpática após o exercício
(alterações nos componentes de variabilidade de freqüência cardíaca - VFC) e atividade de
substâncias vasodilatadoras como cininas (Halliwill, Dinenno, & Dietz, 2003). Indivíduos
diabéticos podem apresentar neuropatia autonômica cardiovascular (Vinik, Freeman, & Erbas,
2003; Maser & Lenhard, 2005) e prejudicado controle autonômico (Kudat et al., 2006)
comparado a não diabéticos o que pode prejudicar a resposta vasodilatadora após o exercício.
O SCC em hipertensos e normotensos é outro fator que parece estar envolvido na HPE.
Alguns estudos demonstraram aumento nas concentrações de cininas no período de
recuperação pós –exercício (Moraes et al., 2007; Pontes et al., 2008).
A resposta pós-exercício da PA bem como suas relações e implicações com o SCC
parâmetros da VFC, ainda não foram investigadas e descritas na literatura em DM2.
Desta forma, é necessário investigar quais alterações relacionadas a PA, SCC e VFC
estão presentes em indivíduos diabéticos e identificar se o exercício físico altera tais
mecanismos.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Analisar e comparar as respostas de pressão arterial, atividade de calicreínas
plasmáticas e parâmetros de variabilidade da freqüência cardíaca em diabéticos tipo 2 e em
indivíduos não diabéticos antes e após teste incremental e exercício aeróbio realizado a 90%
do limiar anaeróbio em cicloergômetro.
- Analisar o efeito da intensidade comparando teste incremental e exercício aeróbio a
90% LL sobre a atividade de calicreínas plasmáticas e a resposta de pressão arterial pós-
exercício em diabéticos tipo 2 (DM2) e não diabéticos (NDM2).
- Analisar as respostas de pressão arterial e parâmetros de variabilidade de freqüência
cardíaca após teste incremental e exercício aeróbio a 90% LL em DM2 e NDM2.
3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
O DM2 faz parte do grupo de doenças crônico não transmissíveis que vem crescendo
e alcançando proporções epidêmicas. O número de indivíduos com diabetes aumenta devido
ao crescimento populacional, envelhecimento, urbanização, aumento da obesidade e
sedentarismo (Wild et al., 2004).
Atualmente são reconhecidamente estabelecidos os inúmeros benefícios do exercício
relacionado à saúde, assim como seus efeitos positivos nas respostas fisiológicas,
psicológicas, capacidades funcionais, em diversas doenças, saúde mental e qualidade de vida
(Vuori, 1998). Além disso, cardiopatias, diabetes e obesidade, são as principais causas de
mortalidade e incapacidade no mundo, e o sedentarismo é um dos principais fatores de risco
para o seu desenvolvimento. Desta forma, diversos órgãos e entidades têm criado programas
para o incentivo da prática de atividade física (Waxman, 2003; Brandes & Walter, 2007;
Richert, Webb, Morse, O'Toole, & Brownson, 2007; Liou, 2008). Entretanto, são necessários
mais estudos a fim de se compreender os mecanismos responsáveis pelos benefícios e
possibilitar prescrição adequada de exercícios físicos.
Os principais benefícios do exercício para DM2 são a melhora do controle glicêmico,
redução do risco cardiovascular, redução do peso corporal e melhora da auto-estima (Sigal,
Kenny, Wasserman, Castaneda-Sceppa, & White, 2006; Sociedade Brasileira de Diabetes,
2008).
A redução do risco cardiovascular está diretamente relacionada ao controle da PA.
Indivíduos DM2, comumente apresentam hipertensão arterial o que aumenta o risco de
doenças cardiovasculares devido a alterações durante a progressão da doença na integridade
vascular e no miocárdio (De Jager et al., 2006). Algumas destas mudanças estão relacionadas
à função endotelial e ação de peptídeos vasoativos envolvidos no sistema calicreína-cinina
(Resnick & Howard, 2002; Henry et al., 2003; De Jager et al., 2006; Spillmann, Van Linthout,
Schultheiss, & Tschöpe, 2006).
Surgem assim inúmeros questionamentos que poderão ser em parte solucionados
através de estudos para melhor compreensão da fisiologia do exercício aplicada a grupos
especiais neste caso DM2. Será que o exercício físico agudo auxilia no controle da HA? O
sistema calicreína-cinina e a alterações nos componentes da VFC estão envolvidos no
mecanismo de HPE pós-exercício em DM2?
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. Diabetes Mellitus
A relação entre DM e insulina foi estabelecida em 1889, quando o médico Oskar
Minkowski demonstrou em seus estudos que através da retirada do pâncreas de cachorros a
urina se tornava alvo de moscas. Verificou-se que havia açúcar na urina dos animais. Por
meio desta simples observação, concluiu-se que o pâncreas produzia alguma substância que
controlava a concentração de açúcar no sangue e que quando retirado resultava em DM. Após
cerca de 30 anos, Frederick Banting e colaboradores identificaram o princípio ativo no
pâncreas como sendo a insulina. A concepção do papel da insulina como principal
componente no controle da glicemia foi então reconhecido em 1921. Através desta
descoberta, a etimologia do DM foi associada com o metabolismo anormal de glicose
(McGarry, 1992).
O DM não se caracteriza apenas por um simples problema no mecanismo de
captação de glicose, e sim por um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que
aumentam o risco cardiovascular. Vários processos estão envolvidos no desenvolvimento do
DM sendo a deficiência e/ou resistência à insulina o principal fator relacionado a falência das
células beta do pâncreas. Estas características freqüentemente aparecem juntas no mesmo
indivíduo sendo a causa primária de aumento da glicemia no sangue - hiperglicemia (Garber
et al., 2004).
O DM é dividido em duas categorias principais, o diabetes tipo 1 que tem como
causa principal a absoluta deficiência na produção de insulina, e o tipo 2, categoria com maior
prevalência, tendo sua origem relacionada a combinação da resistência à ação da insulina e a
resposta inadequada da secreção compensatória de insulina. O tipo 1 representa 5-10% dos
casos, sendo mediada na maioria dos indivíduos por uma resposta auto-imune. O tipo 2 está
presente em 90-95% dos casos e pode ocorrer em qualquer idade, apesar de geralmente ser
diagnosticado após os 40 anos e estar associado à hipertensão, dislipidemia e obesidade
(Sociedade Brasileira de Diabetes, 2008).
Os métodos e critérios para o diagnóstico do diabetes mellitus tipo 2 além das
classificações indicadas abaixo na Tabela 1 incluem segundo a Sociedade Brasileira de
Diabetes, 2008:
- sintomas de poliúria, polidipsia e perda ponderal acrescidos de glicemia acima de
200mg/dl;
- glicemia de jejum 126 mg/dl;
- glicemia de 2 horas pós-sobrecarga de 75g de glicose acima de 200mg/dl.
Tabela 1- Limites diagnósticos para diabetes e alterações na regulação da glicose
Categoria Glicemia de jejum 2h alimentado
Normal
< 100 mg/dl (< 5,6
mmol/l)
< 140 mg/dl (< 7,8
mmol/l)
Intolerância a glicemia
de jejum
100 – 125 mg/dl
(5,6 – 6,9 mmol/l)
_
Intolerância a glicemia
pós-prandial
_
140 – 199 mg/dl
(7.8 – 11.0 mmol/l)
Diabetes
126 mg/dl ( 7,0
mmol/l)
200 mg/dl (11,1
mmol/l)
(Adaptado do American Diabetes Association. Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus, Follow-up
Report on the Diagnosis of Diabetes Mellitus. Diabetes Care 31 Suppl 1:S55-60, 2008)
Os valores de glicemia acima utilizados para diagnosticar o diabetes mellitus tipo 2
são mediados pela ação da insulina. Este hormônio, produzido pelas células beta do pâncreas
é capaz de regular a concentração de glicose no sangue, tendo como função principal
estimular a absorção de glicose pelas células (Aronoff et al., 2004). Quando esta estimulação
não ocorre ou se apresenta deficiente caracteriza-se a “resistência à insulina”. Tal resistência
representa o principal fator que precede o desenvolvimento da doença. A resistência à insulina
dificulta a absorção da glicose pelas células e desencadeia a hiperglicemia.
4.2. Hipertensão arterial (HA)
A hipertensão arterial (HA) é uma das doenças com maior prevalência no mundo
sendo caracterizada pelo aumento da pressão arterial. A manutenção da pressão arterial
normal depende do balanço entre débito cardíaco (DC) e resistência vascular periférica (RVP)
(Beevers, Lip, & O'Brien, 2001).
O DC refere-se à freqüência cardíaca (FC) multiplicada pelo volume sistólico (VS),
portanto fatores que afetam estes componentes alteram o DC. a RVP geralmente é alterada
devido a anormalidades na estrutura das artérias que envolvem a combinação de processos de
remodelamento. Na maior parte dos casos de HA o DC não sofre alteração, apenas a RVP
(Intengan & Schiffrin, 2000).
A HA relaciona-se ao estreitamento do lúmen interno, ocasionado pela aterosclerose
e aumento da espessura da parede da artéria, devido ao remodelamento eutrófico. Tal
remodelamento está associado com alterações nas propriedades elásticas e colágenas da
parede das artérias aumentando a RVP (Rizzoni et al., 1996; Rizzoni et al., 2001).
Outros fatores que contribuem para a elevação da PA incluem mudanças no sistema
renina-angiotensina (SRA), sistema nervoso autonômico (SNA), hipercoagubilidade,
substâncias vasoativas, disfunção endotelial e redução da capacidade vasodilatadora,
sensibilidade à insulina e fatores genéticos (Beevers et al., 2001).
O aumento da PA é o principal fator de aumento do risco cardiovascular, sendo sua
classificação descrita abaixo (Tabela 2).
Tabela 2 - Classificação da pressão arterial para adultos acima de 18 anos.
Classificação
Pressão Arterial Sistólica
(mmHg)
Pressão Arterial Diastólica
(mmHg)
Normal < 120 e < 80
120 – 129 e 80 - 84
Pré-Hipertensão
130 – 139 ou 85 - 89
Hipertensão nível 1 140 – 159 ou 90 - 99
160 – 179 ou 100 - 109
Hipertensão nível 2
180 ou 110
Adaptado de Chobanian et al. The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection,
Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. JAMA 289:2560–71, 2003.
4.3. Disfunção Autonômica Cardíaca
A disfunção autonômica cardíaca, ou disautonomia cardíaca, é um distúrbio funcional
que resulta em alterações nos componentes do sistema nervoso autonômico. Uma prejudicada
função autonômica cardiovascular tem sido relatada em cerca de 20% dos diabéticos
assintomáticos e relaciona-se a neuropatia autonômica (Boulton et al., 2005).
Diversos mecanismos estão envolvidos na neuropatia autonômica os quais incluem
ativação hiperglicêmica do mecanismo da via do poliol, levando a acumulação de sorbitol que
pode causar danos neuronais periféricos e cardíacos. Outro fator é a maior ativação da
proteína C reativa, comumente associada a diabéticos tipo 2, causando vasoconstrição
acarretando redução fluxo do sangneo neural. O aumento de estresse oxidativo,
desencadeado pela vasoconstrição, e conseqüente aumento na produção de radicais livres,
causa danos endoteliais vasculares e reduz a biodisponibilidade de óxido nítrico. (Vinik et al.,
2003). Alguns estudos apontam para uma prejudicada ação do tônus parassimpático e
simpático em diabéticos tipo 2, o que afetaria o controle da pressão arterial e aumentaria o
risco cardíaco (Vecchione, Argenziano, Fratta, Pompeo, & Trimarco, 2000; Huggett et al.,
2003).
Os sintomas de disautonomia cardíaca, segundo a Associação Americana de Diabetes
American Diabetes Association (2005), incluem taquicardia de repouso (>100 bpm),
hipotensão ortostática (queda da pressão arterial sistólica >20 mmHg quando se levanta) sem
uma resposta adequada da freqüência cardíaca, ou outros distúrbios funcionais do sistema
nervoso autonômico envolvendo a pele, pupilas, sistemas gastrointestinais ou sistema
geniturinário (Boulton et al., 2005). O diagnóstico pode ser realizado através de testes de
reflexos cardiovasculares não-invasivos dos quais se destacam: o “Tilt Test” (teste de indução
passiva da postura ortostática por meio de mesa de inclinação apropriada); resposta da
freqüência cardíaca e intervalo R-R a respiração profunda (Manobra de Valsava); resposta da
pressão arterial na posição em e durante exercício de preensão manual, e mais
recentemente pela análise da variabilidade espontânea dos intervalos R-R do
eletrocardiograma no domínio do tempo (análise temporal) e no domínio da freqüência
(análise espectral) (Vinik et al., 2003).
A análise espectral apresenta três principais componentes LF (Low Frequency ou
Baixa Freqüência), HF (High Frequency ou Alta Freqüência) e a razão LF/HF. O LF
relaciona-se a atividade tônica barorreflexa, que se refere predominantemente a ação
simpática. O HF, expressa exclusivamente a influência parassimpática sobre o nodo sinusal.
o LF/HF, representa a razão entre as áreas espectrais absolutas de baixa (LF) e de alta
freqüência (HF), que é um índice do balanço vago-simpático (Task Force of the European
Society of Cardiology and the North American Society of Pacing and Electrophysiology,
1996).
4.4. Resistência à insulina e complicações cardiovasculares
A resistência à insulina diminui a translocação do transportador de glicose para a
borda da membrana celular elevando a glicemia plasmática. A elevação glicêmica,
denominada hiperglicemia é percebida pelas células ß do pâncreas que aumentam a secreção
de insulina resultando em hiperinsulinemia. A estimulação continuada da secreção de insulina
causa resistência à insulina, hipertrofia das células ß e posteriormente falha na secreção
adequada de insulina (Saltiel, 2000) (Figura.1).
Figura 1 - Estágios Metabólicos do Diabetes Tipo 2 (Adaptado de Saltiel, 2000).
A hiperinsulinemia pode resultar em um aumento de reabsorção de sódio e água
pelos rins (DeFronzo, Cooke, Andres, Faloona, & Davis, 1975) o que prejudica o controle da
pressão arterial. Além disso, provoca alterações na modulação autonômica e aumento do
Resistência à
Insulina
Intolerância à
glicose
Diabetes
fase inicial
Diabetes
fase tardia
Hiperinsulinemia
Diminuição da
ação da insulina
Falência
célula β
Disfunção
da célula β
tônus simpático conforme já relatado em indivíduos obesos e com resistência à insulina
(Landsberg, 1999).
A hipertensão arterial e resistência à insulina têm sido relacionadas através de
anormalidades no fluxo sanguíneo e vasodilatação. Laakso., et al (1990), relataram em seu
estudo, que insulina intravenosa em sujeitos não diabéticos causa vasodilatação e esta resposta
apresenta-se deficiente em obesos, indivíduos resistentes à insulina e diabéticos tipo 2.
A vasodilatação arterial é mediada pelo endotélio vascular e sua disfunção está
relacionada a perda da propriedade vasoprotetora do endotélio e representa a etapa inicial de
vários processos de lesão vascular, hipercolesterolemia, aterosclerose, HA, entre outros
(Iturry-Yamamoto, Alves, & Picon, 1997). A disfunção endotelial relaciona-se diretamente
com a resistência à insulina e hiperglicemia pelo fato de lesões na parede vascular impedirem
a ação da insulina e captação de glicose. Este efeito resulta em decréscimo de produção
endotelial de moléculas de óxido nítrico anti-aterogênicas presentes nas artérias de indivíduos
diabéticos e aumento da proliferação de células musculares vasculares lisas ocasionando
aterosclerose e HA (Brownlee, 2001).
A aterosclerose leva à obstrução das artérias tanto pela aumento da glicemia quanto
pelo acúmulo de lípides (principalmente colesterol) em suas paredes. Seu desenvolvimento
baseia-se em desordens metabólicas (hiperglicemia levando a hiperinsulinemia), sendo
precedida por relativa ineficiência no relaxamento endotélio dependente mediado pelo óxido
nítrico. Em condições de hiperglicemia tal disfunção endotelial se desenvolve rapidamente
(minutos ou horas) aumentando o risco cardiovascular (Marfella, Quagliaro, Nappo, Ceriello, &
Giugliano, 2001).
A relação entre resistência à insulina e HA descrita acima, foi confirmada no estudo
de Kopunek et al., (2007), no qual em 304 indivíduos avaliados que tiveram infarto foi
constatado que 45% deles tinham diabetes ou intolerância à glicose não diagnosticada
previamente. Destes apenas 20% apresentavam PA 120/80 mmHg e 80% tinham pré-
hipertensão, nível 1 ou 2 (conforme Tabela 2).
4.5. Risco de Doença Arterial Coronariana e o Sistema Calicreína-Cinina (SCC)
O sistema calicreína-cinina (SCC) foi descoberto em 1909, quando Abelous e
Bardier detectaram a presença de uma substância hipotensiva na urina de homens sadios o
qual chamaram de “urohipotensina”. Entretanto, o sistema de formações de cininas somente
foi reconhecido em 1926, quando Frey e colaboradores observaram queda na PA após injeção
intravenosa de secreção pancreática e urina em cachorros normotensos anestesiados. Uma
hipótese para este efeito seria um princípio ativo presente na urina e no pâncreas, que
nomearam de calicreína do grego que significa pâncreas. Mais tarde, foi demonstrado que a
calicreína sozinha não era responsável por esta resposta e sim um “sistema” que envolvia
outras substâncias (Sharma et al., 1996).
O SCC exerce funções importantes para o controle da PA. Os efeitos vasodilatadores
natriuréticos e diuréticos das cininas são mediados pela liberação de hormônios através da
ação de enzimas proteolíticas como as cininoginases, contrapondo-se ao sistema de
vasoconstrição, mediado pelo sistema renina-angiotensina (Schmaier, 2002).
As calicreínas do tecido atuam sobre o cininogênio formando peptídeos vasoativos,
as cininas, sendo a mais importante delas a bradicinina. Cininas, ainda apresentam função de
regulação renal e do fluxo sanguíneo e excreção de água e sódio atuando no controle da PA
(Sharma & Sharma, 2002). As cininas são peptídeos pró-inflamatórios que mediam
numerosas respostas vasculares e de dor em caso de lesões teciduais. Dois receptores de
cininas foram subdivididos, identificados e classificados em B1 e B2. O receptor B2 atua em
resposta a bradicinina (Leeb-Lundberg, Marceau, Müller-Esterl, Pettibone, & Zuraw, 2005).
Em indivíduos diabéticos, o SCC apresenta mecanismos cardioprotetores através de
melhora na captação de glicose e outros fatores. A lenta taxa no transporte de glicose para a
membrana sarcoplasmática provavelmente causa depleção dos transportadores de glicose
(GLUT 1 e 4) em diabéticos tipo 2. A bradicinina tem demonstrado melhorar a sensibilidade à
insulina estimulando a translocação do GLUT4 prevenindo a desfosforilação de IRS1 nas
células musculares esqueléticas.
A manifestação inicial de cardiomiopatia diabética é a isolada disfunção diastólica
que se relaciona ao prejudicado transporte de Ca
+2
para as membranas cardíacas. O SCC
auxilia na captação e transporte de Ca
+2
intracelular melhorando a função ventricular
diastólica. Possui ainda, propriedades anti-inflamatórias, anti-fibróticas e angiogênese o que
faz do sistema um alvo potencial para estratégias terapêuticas (Spillmann et al., 2006).
O DM ocasiona alterações quantitativas e qualitativas na parede elástica da artéria e
colágeno, mudanças estruturais causadas pela hiperglicemia, hiperinsulinemia, estresse
oxidativo, inflamação crônica, disfunção endotelial, aterosclerose e ação ineficiente do SCC
(Rizzoni et al., 2001; Henry et al., 2003; De Jager et al., 2006).
As cininas através da ão das calicreínas constituem um dos fatores responsáveis
pelo controle da PA principalmente pelo mecanismo de vasodilatação. Foram encontradas
menores concentrações teciduais de calicreína em indivíduos hipertensos (Chao & Chao,
2005) e também menor excreção de calicreína urinaria em indivíduos diabéticos em condição
de hiperglicemia (Pelikánová, Pinsker, Smrcková, Stribrná, & Dryáková, 1998).
4.6. O Papel do Exercício Físico no tratamento do Diabetes Tipo 2
O exercício pode auxiliar diabéticos no controle glicêmico e de pressão arterial,
minimizando riscos de hiperglicemia os quais previnem o desenvolvimento e progressão de
macro e microangiopatias como demonstrado em diversos estudos (Parson, Holton, Marliss &
Vranic, 2002; Nunnold, & Vinik, 2003;Chakraphan et al., 2005; Colberg, Praet et al., 2006;
Tsatsoulis & Fountoulakis, 2006). O efeito do exercício é similar a ação da insulina na
captação de glicose (Hayashi, 1997; Hayashi, 2005).
A sinalização intracelular da insulina em tecidos insulino sensíveis inicia-se com a
ligação do hormônio a um receptor específico de membrana. O receptor de insulina (IR) é
formado por duas subunidades α localizadas na parte externa da membrana e duas
subunidades β transmembrana. Uma vez ligada a subunidade α, a insulina estimula a
autofosforilação da região intracelular do receptor, correspondente a subunidade β. A
autofosforilação do receptor de insulina ativa a fosforilação de vários substratos protéicos
como os membros da família dos substratos do receptor de insulina (IRS-1,2,3 e 4)
(Brownlee, 2001). Os principais substratos do receptor de insulina são IRS-1 e o IRS-2, que
quando fosforilados em tirosina se ligam e ativam proteínas como a fosfatidil-inositol-3-
quinase (PI 3-K). A PI 3-K quando ativada é essencial para o transporte de glicose pois
estimula a translocação do transportador de glicose para a membrana permitindo a captação
de glicose (Kirwan & del Aguila, 2003).
O exercício em jovens sedentários aumenta a sinalização do receptor de insulina
IRS-2 associado à atividade da PI 3-K no músculo esquelético conforme constatado por
(Howlett, Sakamoto, Yu, Goodyear, & Hargreaves, 2006). Estes resultados ocorrem segundo
os autores devido à ação de proteínas e cinases induzidas pelo exercício com duração de 60
minutos a 75% do VO
2
pico.
A comparação entre a ativação de IRS-1 associada a PI3-K em jovens sedentários e
treinados também comprovou que o exercício regular aumenta a ativação da PI3-K associada
ao IRS-1 facilitando a captação de glicose mediada pela insulina (Kirwan et al., 2000).
Outro fator que contribui para a influência na captação de glicose é o de que a
contração muscular parece induzir a translocação do GLUT4 e a atividade de transporte de
glicose no músculo esquelético resistente à insulina. Sessão única de exercício aeróbio com
duração de 30-60 minutos, e intensidade relativa à 60-70 % do VO
2máx
pode reduzir
significativamente as concentrações de glicemia plasmática (Henriksen, 2002).
Estudos demonstram que o exercício induz translocação do GLUT4 no músculo
esquelético em indivíduos com ou sem DM2 (Kennedy, 1999; Hayashi, 2005; Suh, 2007), por
meio de uma via não insulino dependente podendo o SCC ser um dos fatores responsáveis
tanto pela estimulação da captação de glicose durante o exercício (Kishi, 1998; Taguchi,
2000) quanto pela maior biodisponibilidade de óxido nítrico (Maiorana, 2003) auxiliando
desta forma na melhora da sensibilidade à insulina e no controle da PA.
os benefícios cardiovasculares decorrentes do exercício físico, ocorrem
principalmente por meio da melhora da função vasodilatadora endotelial (Chakraphan et al.,
2005; Zhu, Zhong, Yu, & Li, 2007) e aumento da sensibilidade à insulina uma vez que a
elevação da glicemia representa fator de risco cardiovascular (Jaap, 1997; Brownlee, 2001;
Praet, 2006). O exercício físico agudo promove diversas mudanças em parâmetros
hemodinâmicos cardiovasculares alterando a função vasodilatadora e aumentando o fluxo
sanguíneo para os músculos ativos (Andersen & Saltin, 1985; Walløe & Wesche, 1988).
No início do exercício a ação mecânica de contração e relaxamento do músculo
esquelético cria uma “bomba-muscular” que causa um imediato aumento do fluxo sanguíneo
para o trabalho muscular. Com a continuidade da atividade muscular, metabólitos com
propriedades vasoativas são liberados dos músculos para o fluido intersticial e agem
diretamente nas arteríolas terminais. Substâncias que estão envolvidas na vasodilatação
incluem íons potássio, metabólitos como adenosina e a liberação do óxido nítrico do endotélio
dos vasos do músculo ativo (Maiorana, O'Driscoll, Taylor, & Green, 2003).
A redução da biodisponibilidade de óxido nítrico está relacionada a disfunção
endotelial (Guerci, Kearney-Schwartz, Böhme, Zannad, & Drouin, 2001) podendo ser
minimizada através da prática do exercício físico que atua aumentando a capacidade
vasodilatadora (Clarkson et al., 1999; Chakraphan et al., 2005; De Filippis et al., 2006;
Farsidfar, 2008). Atletas idosos treinados, apresentam maior vaso reatividade endotelial
comparada a indivíduos sedentários de mesma idade (Rywik et al., 1999).
O endotélio normal exerce funções reguladoras da homeostase do sistema vascular.
A disfunção endotelial geralmente presente em DM2 está relacionada a influências da
hiperglicemia e em alterações hormonais (insulina), lipídicas e de peptídeos vasoativos
(Oliveira, Luz, & Ramires, 1998). A avaliação da função endotelial durante e após o exercício
possibilita identificar risco cardiovascular e auxiliar na prescrição mais adequada e eficiente.
Colberg et al., (2003), avaliaram os efeitos de sessão aguda de exercício em
cicloergômetro na disfunção endotelial de DM2 e não diabéticos tipo 2 (NDM2) através do
fluxo sanguíneo do utilizando doppler. Indivíduos diabéticos apresentaram menor fluxo
sanguíneo comparado aos não diabéticos independentemente da atividade física. Entretanto,
os indivíduos diabéticos após exercício apresentaram maior fluxo sanguíneo comparado aos
diabéticos que não se exercitaram apesar dos valores de óxido nítrico não se alterarem no
período pré e pós-teste. Concluiu-se que o exercício atua prevenindo ou reduzindo falhas nas
respostas de fluxo sanguíneo encontradas em DM2.
As respostas agudas ao exercício no perfil bioquímico, hemodinâmico e de estresse
oxidativo em DM2 foram descritas por Villa-Caballero et al., (2007). Neste estudo, foram
investigados os efeitos de uma única sessão de exercício incremental em esteira a 85% do
VO
2máx
em DM2 sedentários, DM2 ativos e NDM2 sedentários. DM2 ativos apresentaram
melhores respostas hemodinâmicas e glicêmicas durante e após o exercício. Os efeitos pós-
exercício foram avaliados somente por alguns minutos.
Os benefícios do exercício são inúmeros e diversos estudos, como os citados acima
buscam melhor compreender os mecanismos responsáveis pela captação de glicose durante o
exercício e melhora das respostas hemodinâmicas em indivíduos diabéticos. Entretanto
nenhum deles investigou as respostas de PA por algumas horas após o término da atividade e
suas possíveis relações com o SCC em DM2.
4.6.1. Parâmetros de intensidade de Exercício Físico
O Colégio Americanos de Medicina Esportiva - American College Sports Medicine
(ACSM) e a Associação Americana de Cardiologia - American Heart Association (AHA)
recomendam para adultos saudáveis com idade entre 18 e 65 anos, 30 minutos exercício
aeróbio com intensidade moderada 5 dias por semana ou 20 minutos de exercício de
intensidade vigorosa por pelo menos 3 dias na semana para a manutenção da saúde (American
College of Sports Medicine ., 1998; Haskell et al., 2007). Para indivíduos diabéticos, o ACSM
aconselha o acúmulo de pelo menos 30 minutos de atividade física moderada de 3 a 5 vezes
na semana, com intensidade de baixa a moderada pelo menos 30 minutos por sessão (Albright
et al., 2000). Já a Associação Americana de Diabetes - American Diabetes Association (ADA)
indicam 150min/semana de atividade física aeróbia moderada, ou pelo menos 90 minutos de
atividade física vigorosa distribuídos em pelo menos 3 dias por semana (Sigal et al., 2006). A
Sociedade Brasileira de Diabetes - SBD, por meio de suas diretrizes propõe exercício aeróbio
3 a 5 vezes na semana com duração de 30 a 60 minutos ou acúmulo de 150 minutos/semana
em intensidade moderada (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2008).
Para o ACSM, a atividade de baixa a moderada representa 40-70% do VO
2máx
, para a
ADA a atividade moderada compreende de 40-60% VO
2máx
e para a SBD 50-70% VO
2máx
.
Diferenças entre delimitações de intensidade dificultam a prescrição adequada do exercício.
Pode-se observar que o VO
2máx
é bastante utilizado como parâmetro de intensidade
de exercício físico e representa a mais alta captação de oxigênio alcançada por um indivíduo,
sendo considerada por muitos como padrão ouro na avaliação da aptidão aeróbia que reflete
uma integração entre os sistemas cardiovascular, respiratório e muscular (Astrand, 1956).
Alguns estudos demonstraram, entretanto, baixa correlação do VO
2máx
com o
desempenho, e propõem o limiar de lactato (LL) como um meio mais sensível e eficaz da
avaliação e prescrição aeróbia (Kawaji, 1989; Belman, 1991; Meyer, 2005).
O LL é considerado um bom parâmetro de avaliação de intensidade de exercício
físico uma vez que delimita as intensidades entre a transição aeróbia e anaeróbia e ou de
equilíbrio entre a produção e remoção de lactato (Hollmann, 1985; Kindermann, Simon, &
Keul, 1979). Parâmetros ventilatórios identificam o LL acima da qual a concentração
sanguínea de lactato aumenta de forma progressiva e a ventilação pulmonar se intensifica
também de maneira desproporcional ao oxigênio consumido (Wasserman, Van Kessel, &
Burton, 1967). Alguns estudos descrevem a utilização do LL como segura e eficiente na
avaliação e prescrição do exercício para indivíduos diabéticos por representar uma intensidade
de baixo estresse metabólico (Belli et al., 2007; Kunitomi et al., 2000).
As recomendações de intensidade para prescrição de exercícios para indivíduos
diabéticos interferem nos benefícios alcançados, porém não existem estudos que investigaram
as respostas hemodinâmicas e de calicreínas durante as intensidades recomendadas para esta
população e nem em intensidades próximas ao LL.
Hayashi et al., (2005) compararam os efeitos de sessão aguda de exercício com
duração de 20 min seguindo as recomendações do ACSM (70% VO
2máx
) e do ADA (50%
VO
2máx
) em homens sedentários. Os resultados demonstraram que ambas as intensidades
promoveram melhora da sensibilidade à insulina e captação de glicose, entretanto não foram
avaliados os mecanismos que promoveram tal benefício nem as respostas de PA.
4.6.2. Influência do exercício na captação de glicose
Em diversos estudos, foram encontrados efeitos benéficos do exercício na captação
de glicose (Rose, 2005; Hayashi, 2005; Villa-Caballero, 2007). Os resultados evidenciando o
aumento na captação de glicose e melhora da sensibilidade à insulina relacionam-se a um
mecanismo não-insulino dependente uma vez que durante o exercício ocorre redução da
liberação de insulina. Neste período, a regulação de glicose está relacionada à contração
muscular, e o treinamento físico acarreta um aumento de 20-30% na estimulação do
metabolismo de glicose (Yu et al., 2001). Adaptações celulares, moleculares e fisiológicas
contribuem para estes resultados incluindo maior captação de glicose pelo músculo
esquelético, aumento do fluxo sanguíneo e capilarização , aumento da atividade enzimática no
músculo, aumento da translocação de GLUT4 e aumento da sinalização insulínica (Kirwan &
del Aguila, 2003).
Segundo Holloszy, (2005), algumas evidências apontam que a depleção de
glicogênio causada pelo exercício físico reduz a ação da insulina, porém aumenta a sua
sensibilidade e os números de transportadores de glicose pelo músculo esquelético (GLUT4)
promovendo maior captação. Além disso, existe a hipótese de que a translocação do GLUT4
seja mediada pela “força” de sinalização gerada, sendo o exercício, devido a maior
sinalização, responsável pelo maior aumento da translocação do GLUT4 e captação de glicose
quando comparado à insulina.
Recentes teorias indicam o Ca
2+
como importante fator na captação de glicose por
estimular o transporte de glicose para o músculo (Holloszy, 2003; Lanner et al., 2006). Os
picos de Ca
2+
que ocorrem durante as contrações musculares estão relacionados à atividade de
nervos motores e podem influenciar a captação de glicose durante o exercício físico (Rose &
Richter, 2005; Suh, Paik, & Jacobs, 2007).
4.6.3. Hipotensão Pós-Exercício
O exercício físico além de aumentar a captação de glicose auxilia também no
controle da PA. Entre diversos efeitos anti-hipertensivos destaca-se a Hipotensão Pós-
Exercício (HPE) como importante fator contibuidor na redução da PA.
A HPE é um fenômeno que se caracteriza pela diminuição dos valores de pressão
arterial comparado ao repouso pré-exercício por minutos ou horas após sessão aguda de
exercício físico. Diversos estudos confirmam a ocorrência de HPE (MacDonald et al., 1999;
Melo, Alencar Filho, Pescatello et al., 2003; Dujić et al., 2006; Tinucci, Mion, & Forjaz,
2006) sendo a magnitude da queda dependente de diversos fatores.
Segundo Kenney & Seals (1993); a magnitude de queda da PA pode chegar após
exercícios máximos a 18 - 20 mmHg na PAS e 7 - 9 mmHg na PAD em hipertensos e entre 8
- 10 mmHg na PAS e 3 - 5 mmHg na PAD em normotensos.
4.6.3.1.Possíveis mecanismos envolvidos na Hipotensão Pós-Exercício (HPE)
Os possíveis mecanismos envolvidos na HPE incluem sistema hormonal, sistema
nervoso simpático, liberação de substâncias vasoativas e mudanças hemodinâmicas. Como a
PA é resultado do débito cardíaco e da resistência vascular periférica, alterações nestes
componentes podem resultar em redução da PA (Kenney & Seals, 1993).
Alterações no volume sanguíneo, termorregulação, atividade nervosa simpática,
adrenalina e noradrenalina, sistema renina angiotensina, vasopressina, potássio, adenosina e
prostaglandinas, opióides e serotonina além de sensitividade vascular reduzida são os
principais fatores que afetam o débito cardíaco e a resistência vascular periférica e por estes
motivos envolvidos na HPE (MacDonald, 2002).
A resistência vascular do antebraço e a resistência periférica total em hipertensos
mostraram-se aumentadas após exercício submáximo intermitente em esteira. Em idosos
hipertensos o aumento da resistência periférica total está associado com significante redução
do débito cardíaco (Galetta et al., 2006). Devido à freqüência cardíaca se manter ligeiramente
elevada ou não sofrer alteração após o exercício, a redução do débito cardíaco é mediada
principalmente pelo volume sistólico segundo estes autores.
Fatores periféricos como o aumento do fluxo sanguíneo durante o exercício está
associado com a estimulação do endotélio vascular e liberação de óxido nítrico. Estudos
sugerem que o exercício aumenta a liberação de óxido nítrico que atenua a vasoconstrição em
resposta a estimulação do receptor α adrenérgico (Halliwill, Minson, & Joyner, 2000;
Maiorana et al., 2003).
O endotélio é ativado durante o exercício e o treinamento está associado ao aumento
da capacidade vasodilatadora (Halliwill et al., 2000; Maiorana et al., 2003). Os efeitos agudos,
porém ainda não foram totalmente esclarecidos. O SCC pode estar envolvido na HPE
(Moraes, 2007; Pontes, 2008) já que sua deficiência (redução na excreção de calicreína) está
relacionada ao desenvolvimento de hipertensão arterial (Sharma et al., 1996) e durante o
exercício pode ocorrer maior liberação de cininas (Taguchi et al., 2000) que podem
desencadear vasodilatadores e natriuréticos.
4.6.3.2.Fatores que influenciam a Resposta de Pressão Arterial pós-exercício
A resposta de pressão arterial pós-exercício pode ser influenciada por rios fatores
como liberação de substâncias vasodilatadoras, perda do controle simpático eferente,
intensidade, tipo e duração do exercício, nível de atividade física e função autonômica
cardíaca.
Os valores de PA pré-exercício parecem ser determinantes nas respostas pós
exercício uma vez que indivíduos hipertensos apresentam maior HPE quando comparados a
indivíduos normotensos (Forjaz et al., 2000; MacDonald et al., 2002). Pelo fato de indivíduos
hipertensos possuírem grandes benefícios com a HPE a maior parte dos estudos foram
conduzidos com esta população (Blanchard et al., 2006; MacDonald et al., 2002; Melo et al.,
2006). Indivíduos diabéticos possuem maior probabilidade de desenvolver HA, sendo assim,
sugere-se que a resposta da PA pós-exercício poderia ser mais evidenciada, entretanto fatores
como disfunção autonômica e endotelial poderiam prejudicar tais respostas.
Além dos valores de PA, outros fatores podem comprometer a vasodilatação pós-
exercício como a perda de controle simpático eferente, comumente relatado, por exemplo, em
pessoas que sofrem de lesões/dores na coluna. Mecanismos neurais, relacionados ao sistema
nervoso, produzem redução na resistência vascular regional e sistêmica (Claydon, Hol, Eng,
& Krassioukov, 2006). A neuropatia periférica é uma síndrome de perda sensorial, atrofia e
fraqueza muscular, e decréscimos nos reflexos profundos e sintomas vasomotores comumente
associados ao diabetes. Desta forma indivíduos DM2 podem apresentar alterada resposta ao
exercício devido à neuropatia periférica e autonômica interferir na resposta simpática
eferente.
A intensidade, duração e tipo do exercício tem grande influência na PA pós-
exercício. O efeito da intensidade e duração foi investigado por diversos autores (Forjaz,
Matsudaira, Rodrigues, Nunes, & Negrão, 1998; Forjaz et al., 2004; Pescatello et al., 2004).
Apesar de não estar totalmente estabelecido, o exercício mais intenso e de maior duração
parece produzir maior decréscimo e sustentação da HPE. Indivíduos DM2 apresentam menor
capacidade ao exercício (Kuo, Yen, Chen, Yu, & Bean, 2007; Sui et al., 2008) o que pode
interferir na intensidade e duração do mesmo.
O nível de condicionamento físico e sua interferência na HPE foram investigados por
Senitko, Charkoudian, & Halliwill, (2002) no qual foi constatada HPE resultante de
vasodilatação arterial em sedentários homens e mulheres. A mesma resposta de HPE foi
verificada em mulheres treinadas, entretanto, em homens treinados a HPE ocorreu devido à
redução do débito cardíaco comprovando assim, a influência de diferentes mecanismos
causadores de HPE.
A comparação de respostas hipotensoras entre diferentes tipos de exercício, esteira e
cicloergômetro, foi realizada no estudo de Lizardo, Modesto, Campbell, & Simões, (2007).
Foram encontradas maiores respostas hipotensoras em esteira ergométrica, sendo maiores os
valores de FC máx e FC final nas sessões realizadas em esteira. Este fato pode ser explicado
segundo os autores, devido o exercício em cicloergômetro ser interrompido devido à fadiga
local de membros inferiores antes que o desempenho máximo tenha sido atingido.
As respostas de FC podem se relacionar a disfunção autonômica cardíaca podendo
interferir nas respostas de HPE em DM2. A modulação barorreflexa arterial apresenta-se
alterada e a FC elevada no período pós-exercício em DM2 (48,6 ± 5,3 anos), sendo mediada
pelo aumento do fluxo sanguíneo circulante, denominado hiperemia (Legramante et al.,
2002). A inibição da atividade nervosa simpática e/ou aumento da atividade nervosa
parassimpática após o exercício representam fatores que influenciam na ocorrência de HPE. A
atividade de fibras simpáticas que controlam a vasoconstrição pode estar reduzida no período
pós-exercício contribuindo para a redução da PA (Halliwil, 2003).
A atividade nervosa simpática pode ser influenciada pela liberação da insulina
(Fossum et al., 2004), e assim afetar as respostas hemodinâmicas. Os efeitos da infusão de
insulina (hiperinsulinemia) pós-exercício na atividade nervosa simpática muscular e HPE,
foram investigados por Forjaz et al., (1999) em jovens saudáveis (30 ± 2 anos). A sessão de
exercício (45 minutos a 50% VO
2
pico) não alterou a sensibilidade à insulina e exacerbou o
aumento da atividade nervosa simpática muscular sem alterar a resistência vascular, o fluxo
sanguíneo do antebraço e a pressão arterial em resposta a hiperinsulinemia pós-exercício
(Forjaz et al., 1999).
Diversos são os fatores que influenciam as respostas de pressão arterial pós-
exercício. Indivíduos diabéticos tipo 2, muito se beneficiariam do fenômeno de HPE.
Portanto, a verificação das respostas hemodinâmicas ao exercício físico agudo em diferentes
intensidades em DM2 e suas relações com o SCC e VFC auxilia na compreensão dos
mecanismos e aperfeiçoa a prescrição de intensidades adequadas.
5. MATERIAIS E MÉTODOS
5.1. Procedimentos
As sessões de coleta de dados foram realizadas no Laboratório de Avaliação Física e
Treinamento (LAFIT) e Laboratório de Estudos em Educação Física e Saúde (LEEFES)
localizados no Campus da Universidade Católica de Brasília - UCB (Taguatinga), e contaram
com a presença de um médico cardiologista. Os laboratórios possuem adequada infra-
estrutura para a realização de pesquisas envolvendo grupos especiais como diabéticos, bem
como desfibrilador e medicamentos necessários em ocorrências emergenciais.
As coletas dos dados para a pesquisa foram aprovadas pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal n.
210/2006 CEP SES DF.
O presente estudo foi aprovado e financiado pelo Comitê Assessor de pesquisa do
Programa de Cooperação Acadêmica (PROCAD) da CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em janeiro de 2006.
5.2. Estudos 1 e 2 - Hipotensão pós-exercício: atividade da calicreína plasmática e
variabilidade da freqüência cardíaca
A pesquisa foi dividida em duas partes, sendo a primeira, o “estudo 1”, no qual
foram analisadas as respostas de pressão arterial e atividade da calicreína plasmática (ACP)
em DM2 e NDM2, enquanto que o estudo 2 teve como objetivo avaliar as respostas de
pressão arterial e variabilidade da freqüência cardíaca em DM2 e NDM2, não sendo analisada
a ACP. Ambos os estudos seguiram os mesmos procedimentos, porém no estudo 2 as
variáveis (PA, FC e componentes de variabilidade da freqüência cardíaca no domínio de
freqüência - VFC) foram mensuradas no período de recuperação por 45 minutos (sem o efeito
da ingestão do carboidrato).
5.3. Voluntários
Foram selecionados para a pesquisa 23 voluntários, sendo 13 DM2 que não
apresentaram complicações diabéticas (macroangiopatias, retinopatias, nefropatias,
neuropatias, diabético com feridas) e 10 NDM2, ambos com idade entre 40 e 60 anos. Os
voluntários foram informados sobre os procedimentos, riscos e benefícios da pesquisa e
assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Anexo A).
A pesquisa foi realizada por meio de 4 visitas e 3 sessões experimentais, em dias
distintos no período da manhã, com intervalo de no mínimo 24h entre elas num período de no
máximo 10 dias. As datas das coletas foram agendadas com o voluntário de acordo com sua
disponibilidade. Os dados coletados foram e serão utilizados para fins acadêmicos, mantendo-
se sigilo total quanto à identificação dos participantes, utilizando-se para isso as iniciais dos
nomes dos voluntários.
Na primeira visita, foram realizadas a anamnese (Anexo B), coleta de sangue
capilarizado e venoso para dosagem da glicemia e atividade de calicreína em jejum. Na
segunda visita, que ocorreu no laboratório (LAFIT), foram realizadas avaliações
antropométricas - peso, estatura, perímetros, dobras cutâneas e eletrocardiograma (ECG) de
repouso e posteriormente o Teste Incremental. A terceira e quarta visitas, randomizadas,
constituíram da sessão de exercício a 90% LL e sessão controle.
Tabela 3 – Disposição dos voluntários que participaram da pesquisa
DM2 NDM2 Total
Estudo 1
*
10 10 20
Estudo 2
**
5 5 10
Estudo 1 e 2
***
2 5 7
DM2: 13 indivíduos diabéticos tipo 2, NDM2: 10 indivíduos não diabéticos tipo 2.
Tabela 4a - Caracterização da amostra do estudo 1
Grupo
Idade
(anos)
Peso
(kg)
IMC
(kg.m
2-1
)
Circunferência
Abdominal
(cm)
VO
2pico
(mlO
2
.kg.min
-1
)
Tempo de
DM2
(anos)
DM2 53,6 ±6,5* 89,3 ± 16,9 30,6 ± 5 104,3 ± 14,2 20,5 ± 4,9* 5,9 ± 4,3
NDM2 47,5±5,2 84,3±11,9 28,3±4,3 95,1±8,1
24,8 ± 4,4 -
DM2: 10 indivíduos diabéticos tipo 2, NDM2: 10 indivíduos não diabéticos tipo 2; * p 0,05 em relação ao
grupo NDM2. IMC: índice de massa corporal.
Tabela 4b-Caracterização da amostra do estudo 2
Grupo
Idade
(anos)
Peso
(kg)
IMC
(kg.m
2-1
)
Circunferência
Abdominal
(cm)
VO
2pico
(mlO
2
.kg.min
-1
)
Tempo de
DM2
(anos)
DM2 53,6 ± 3,8 74,7 ± 13,5 28,8 ± 2,3 98,8 ± 7,1 20,4 ± 4,2* 6,2 ± 4,7
NDM2 49,2 ± 6,2 79,8 ± 12,9 27,7 ± 3,3 92,8 ± 9,2
29,9 ± 7,4 -
DM2: 5 indivíduos diabéticos tipo 2, NDM2: 5 indivíduos não diabéticos tipo 2; * p 0,05 em relação ao grupo
NDM2. IMC: índice de massa corporal.
5.3.1. Critérios de Inclusão
1) Ser portador de diabetes mellitus tipo 2, com glicemia controlada por meio de
dieta ou medicamentos;
2) Não fazer uso de insulina exógena;
3) Ter idade entre 40 e 60 anos;
4) Não ter problemas cardiovasculares e não ter histórico de infarto agudo do
miocárdio;
5) Não ter diabético ou apresentar problemas locomotores que impossibilitasse a
prática de atividade física.
5.4. Testes
5.4.1. Teste Incremental (TI) e determinação do Limiar de Lactato (LL)
O voluntário foi orientado para comparecer ao laboratório (LAFIT) não tendo
realizado atividades físicas e não tendo ingerido bebidas alcoólicas e/ou cafeinadas 24h
precedentes ao Teste Incremental (TI), assim como em todas as sessões experimentais (90%
LL e CON). O café da manhã padronizado, (descrito detalhadamente no item 5.5. Refeição
Padrão) foi entregue anteriormente para ser consumido 2h antes da realização do TI e de todas
as sessões (90% LL e CON).
Antes da realização do TI, o voluntário permaneceu sentado em uma cadeira
confortável durante 20 minutos sendo a PA (BP 3AC1-1; Microlife, Berneck, Suíça) e FC
(Polar S810i; Kempele, Finland) mensuradas a cada 5 minutos. Ao final dos 20 minutos de
repouso, foram coletados 25 µL de sangue capilarizado do lóbulo da orelha para análise de
lactato e glicemia e 6ml de sangue venoso para análise da atividade da calicreína plasmática
(descritos posteriormente no item 5.7. Coletas sanguíneas).
Foi realizado um eletrocardiograma (ECG) em repouso (MARQUETTE HELLIGE
©
,
Medical Systems, modelo: CardioSmart, versão 3.0 CS-MI) e durante o TI com o objetivo de
monitorar e avaliar as respostas cardiovasculares ao exercício físico até exaustão voluntária
máxima.
O teste incremental consistiu de 1 minuto de aquecimento sem carga, carga inicial de
15 watts (15W) a 60 rotações por minuto (rpm) e incrementos de 15 W a cada estágio de 3
minutos até a exaustão voluntária. Durante o TI, os voluntários foram encorajados
verbalmente pelos avaliadores. Os valores de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE), a fim de
auxiliar no controle da intensidade do exercício, foram obtidos por meio da Escala de Borg (7
a 20 pontos) durante o TI ao final de cada estágio bem como a coleta de sangue capilarizado,
mensuração da pressão arterial (PA) e freqüência cardíaca (FC).
O valor de VO
2pico
foi obtido no TI, por meio do analisador de gases (Cortex
Biophysik, modelo Metalyzer 3B) estando conectado ao sistema computadorizado ERGOPC
Elite
®
versão 2.0 (MICROMED
©
, Brasília, DF).
Após o TI, foram continuamente avaliadas a PA, FC, lactato e atividade de calicreína
plasmática (ACP) no estudo 1 durante 135 minutos pós-exercício. A VFC foi continuamente
avaliada no estudo 2 por 45 minutos após o TI.
A identificação do LL deu-se através da inspeção visual da curva de lactato
respectivamente por pelo menos dois avaliadores independentes e experientes. A intensidade
em que houve a perda da linearidade com um aumento abrupto e exponencial da curva da
lactatemia foi considerada como sendo o LL.
Figura 2. Identificação do Limiar de Lactato
5.4.2. Sessão de Exercício retangular a 90% do Limiar de Lactato (90% LL) e
Sessão Controle (CON)
Após a determinação do LL através do TI, foram realizadas duas sessões
experimentais randomizadas: 20 minutos de exercício em cicloergômetro com intensidade
relativa a 90% do limiar de lactato (90% LL) e sessão controle (CON). Estas sessões, com
intervalo de no mínimo 48h, tiveram como objetivo avaliar as respostas de PA, FC, VFC e
ACP.
No dia da sessão de exercício retangular a 90% do LL e CON, a PA e FC foi
mensurada em repouso, a cada 5 minutos durante 20 minutos e as coletas de sangue
capilarizado do lóbulo da orelha ao final dos 20 minutos de repouso e durante sessão 90% LL
e CON aos 10 minutos e ao fim dos 20 minutos, adicionando-se o registro da PSE. Após
término da sessão continuaram as coletas destas variáveis exceto PSE, por até 135 minutos,
ocorrendo a cada 15 minutos (Figura 3). A coleta de sangue venoso para dosagem da
atividade de calicreína plasmática, no estudo 1, ocorreu em repouso e aos 15, 45, 90 e 135
minutos de recuperação.
REPOUSO
CON , 90% LL ou TI
**
RECUPERAÇÃO
min
5 10 15 20
R15 R30
R45
#
R60 R75 R90 R105 R120 R135
10 20
PA e FC a cada 5
min, coleta de
sangue capilarizado e
venoso aos 20 min
PA, FC, PSE e coleta
de sangue capilarizado
aos 10 e 20 min e
**
TI:
ao final de cada estágio
de 3 min.
PA, FC e coleta de sangue capilarizado a cada 15 minutos e
coleta de sangue venoso aos 15, 45, 90 e 135 min
Figura 3a - Esquema das Sessões Experimentais no estudo 1.
PA: pressão arterial, FC: freqüência cardíaca, PSE: percepção subjetiva de esforço. - Coleta sanguínea venosa
para dosagem da atividade da calicreína plasmática. # Ingestão de carboidrato.
No dia da sessão CON não foi realizado exercício físico e foram repetidos todos os
procedimentos da sessão 90% LL, exceto a realização do exercício. Foram repetidas as coletas
nos mesmos momentos.
Aos 45 minutos pós-exercício (recuperação), no estudo 1, foi administrada uma
solução contendo dextrose (0,5g de dextrose por kg de peso corpóreo diluídos em 5ml de água
para cada g de dextrose), acrescidas de 10g de limão.
REPOUSO
CON , 90% LL ou TI
**
RECUPERAÇÃO
min 5 10 15 20
10 20 R15 R30 R45
PA e FC a cada 5 min, coleta de
sangue capilarizado aos 20 min e
análise da VFC nos 5 min finais do
repouso.
PA, FC, PSE e coleta de sangue
capilarizado aos 10 e 20 min e no
**
TI:
ao final de cada estágio de 3 min.
PA e VFC de 10-15, 25-30,
40-45 minutos
Figura 3b - Esquema das Sessões Experimentais no estudo 2.
PA: pressão arterial, FC: freqüência cardíaca, PSE: percepção subjetiva de esforço, VFC: variabilidade da
freqüência cardíaca.
5.5. Refeição Padrão
Todos os participantes receberam, antes da realização de todas as sessões, um kit
de alimentos para que fossem consumidos no desjejum no dia das sessões experimentais,
elaborado por uma nutricionista. Este 'kit' foi composto por um Mini Bolo de 40g sabor
Baunilha (Pullman®), um Suco Light de 200 ml sabor manga (Minute Maid Mais®) e um
Biscoito Salgado Integral de 30g (Pit Stop®). As quantidades de nutrientes foram pré-
estabelecidas de maneira a haver uma proporção entre carboidratos, proteínas e gorduras
adequado para a população diabética. No total, foram oferecidas 315 kcal provenientes de
51,6g de carboidrato (66%), 4,6g de proteínas (6%) e 9,5g de gorduras (27%). O índice
glicêmico foi de 73,9%.
5.6. Mensuração da Pressão Arterial
A aferição da PA foi realizada no braço esquerdo à altura do coração utilizando-se
esfigmomanômetro de coluna de mercúrio (Esotec, São Paulo, Brasil) durante o exercício, a
final de cada estágio de 3 minutos do Teste Incremental (TI), e aos 10 e 20 minutos das
sessões 90% LL e CON. As mensurações durante o repouso (5, 10, 15, 20 minutos), e a cada
15 minutos durante o período de recuperação foram realizadas na posição sentada, utilizando-
se o aparelho automático BP 3AC1-1 (Microlife, Berneck, Suíça), recomendado e validado
pelo protocolo internacional da Sociedade Européia de Hipertensão (Topouchian, El Assaad,
Orobinskaia, El Feghali, & Asmar, 2005).
5.7. Coletas sanguíneas
Amostras de sangue capilarizado, para dosagem do lactato, foram obtidas através de
punção do lóbulo direito da orelha após 20 minutos de repouso sentado pré-exercício, ao final
de cada estágio de 3 minutos do teste incremental, aos 10 e 20 minutos da sessão a 90% LL e
CON e durante 135 minutos de recuperação pós-exercício a cada 15 minutos.
A coleta de sangue venoso para análise de calicreína (6 ml) foi realizada por
profissional capacitado antes do teste e aos 15, 45, 90 e 135 minutos da recuperação. Foram
realizados procedimentos de assepsia e posteriormente foi inserido cateter intravenoso
conectado ao scalp onde foram introduzidos os tubos de ensaio a vácuo.
5.8. Análise do Lactato sanguíneo e Glicemia
A mensuração da glicemia e lactato foram feitas por meio da análise de 25 µL de
sangue coletados do lóbulo da orelha durante teste incremental (LL), exercício retangular a
90% LL e a sessão controle (CON). A amostra de sangue foi armazenada em tubos
eppendorfs contendo 50 µL de fluoreto de sódio. Durante as coletas de sangue foram
utilizadas luvas cirúrgicas e lancetas descartáveis. As amostras foram analisadas pelo método
eletro-enzimático, utilizando-se de um analisador de lactato e glicose sanguíneo (YSI 2.700
STAT, Ohio, EUA).
5.9. Análise da Calicreína Plasmática
As amostras sanguíneas foram depositadas em tubos de ensaio de 10ml contendo 100
µl de uma solução contendo 60mg/ml de citrato e 95mg/ml de EGTA, com pH ajustado para
7,0, e posteriormente centrifugadas a 1.500rpm por 15min para separação de alíquotas de 500
µl de plasma para mensuração da atividade de proteínas plasmáticas como as do sistema
calicreína-cininas.
A atividade das calicreínas nas amostras de plasma foi determinada por meio de
ensaio fluorimétrico com o substrato ZFR-Metilcumarato (ZFR-MCA, Sigma) e com o
inibidor específico para essa peptidase denominado N-(trans-
4aminometilciclohexanocarbonil)-L-fenilalanina-4-carboximetil-anilida hidroclorida (PKSI-
plasmatic-kallikrein serine protease inhibitor) com constante de inibição (Ki) de 0,81 µM. As
reações foram realizadas a 37ºC em tampão tris 50mM pH7,4 contendo 100mM de NaCl
adicionado para um volume final de 200 µl, sendo 5 µl de amostra de plasma. As medidas
foram feitas em duplicata, com uma leitura na ausência de inibidor (PKSI), e na presença de
PKSI (5 µl). Foi aplicado um intervalo de pré-incubação de 3 min e então teve início a reação
por meio da adição de 7,l de substrato ZFR-MCA a 3,9mM, que foram acompanhadas por
até 5min, com um feixe de luz de λ
ex
=380nm e λ
em
=460nm e 700V. Estes métodos de
dosagem foram adaptados para permitir o acompanhamento das reações de hidrólise em um
escpectrofluorímetro (Hitach F- 2500, Japan) em cubeta de quartzo 10,00mm (Hellma,
Germany) com volume de 2ml. A diferença de velocidade de hidrólise do substrato na
presença e na ausência de PKSI pode então ser atribuída à atividade de calicreína presente na
amostra.
5.10. Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca
A variabilidade da freqüência cardíaca coletada através de intervalos R-R, por meio
do frequencímetro Polar S810i (Kempele, Finland) (Gamelin, Berthoin, & Bosquet, 2006) foi
transferida via infravermelho por meio de um computador para o software Polar Precision
Performance SW e analisada pelo programa HRV Analysis – MatLab (Mathworks Inc.,
Natick, MA, USA) . Foram analisados (Task Force of the European Society of Cardiology
and the North American Society of Pacing and Electrophysiology., 1996) 5 minutos finais do
período de repouso, 5 minutos finais do período de exercício ou controle (CON, 90% LL e TI)
e na recuperação de 10-15, 25-30 e 40-45 minutos totalizando 45 minutos de pós-exercício.
Foi utilizada análise espectral para comparar os componentes de domínio da freqüência: HF
(High Frequency– 0,15 – 0,4 Hz), LF (Low Frequency– 0,04 – 0,15 Hz) e LF/HF.
5.11. Tratamento Estatístico
O programa estatístico utilizado foi STATISTICA 7.0 (StatSoft, Oklahoma, EUA) e
o nível de significância adotado foi de p 0,05. Sendo os dados estão apresentados em média
e desvio padrão.
Para o estudo 1, a comparação dos valores da PA durante o período de recuperação
pós-exercício em relação ao repouso pré-exercício, foram analisados utilizando-se Anova
two-way e quando identificado a presença de valores significantes post hoc de Bonferroni foi
aplicado. Para comparações entre as sessões TI, 90% LL e CON foi aplicado Anova one way
e post hoc de Bonferroni.
O coeficiente de correlação de Pearson foi utilizado para avaliação das associações
entre variáveis antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas e de aptidão física em DM2 e
NDM2. Foi avaliada também a correlação nas sessões 90%LL e TI entre a PAS de repouso
pré-exercício e o menor valor de PAS após o exercício (verificado em R45).
Na análise da atividade da calicreína plasmática no estudo 1, os dados não
apresentaram normalidade quanto a sua distribuição e por este motivo foi utilizado o teste não
paramétrico de Friedman e quando houve diferença significante o post hoc de Dunn foi
empregado para identificar os momentos (tempos).
No estudo 2, para a análise dos componentes de variabilidade de freqüência cardíaca
Anova two way foi utilizada para comparar os valores de pressão arterial entre os diferentes
testes e os diferentes momentos (tempos). Para a análise de esfericidade foi utilizado o teste
de Mauchly, e se necessário correção de Huynh-Feld, quando o valor de F foi significante
utilizou-se o post hoc LSD.
6. RESULTADOS
Serão apresentados inicialmente os resultados do estudo 1 que analisou os efeitos de
diferentes intensidades de exercício nas respostas de pressão arterial, freqüência cardíaca,
duplo produto, lactato e atividade de calicreína plasmática em DM2 e NDM2.
A Tabela 5 apresenta parâmetros hemodinâmicos e metabólicos em DM2 e NDM2.
O valor médio de FC máx obtido no TI foi significativamente maior no grupo NDM2
comparado ao grupo DM2 (170,1 ± 13 bpm e 150,4 ± 29 bpm respectivamente). O valor de
glicemia em jejum foi maior (p 0,05) no grupo DM2 (158 ± 43 mg.dL
-1
) comparado ao
NDM2 (91 ± 10 mg.dL
-1
) como esperado.
Tabela 5 - Parâmetros Hemodinâmicos e Metabólicos em DM2 e NDM2 do estudo 1
Grupo
PAS rep
(mmHg)
PAD rep
(mmHg)
FC rep
(bpm)
FC pico
(bpm)
Lac rep
(mM)
GJ
(mg.dL
-1
)
DM2 127 ± 11 82 ± 5 78 ± 8,1 150,4 ± 29*
1,89 ± 0,41 158 ± 43*
NDM2
119 ± 12 77 ± 7 70,8 ± 9 170,1 ± 13
1,74 ± 0,56 91 ± 10
DM2: 10 indivíduos diabéticos tipo 2, NDM2: 10 indivíduos não diabéticos tipo 2; * p 0,05 em relação a
NDM2.
A Tabela 6 descreve as respostas ao exercício a 90% LL e TI em ambos os grupos.
Não foi observada diferença significativa no VO
2pico
, Potência Máxima, Potência a 90% LL,
FC a 90% LL, Lactato a 90% LL e lactato máximo obtido no TI. O VO
2pico
obtido no Teste
Incremental foi maior em NDM2 comparado a DM2 (p 0,05).
Tabela 6 - Parâmetros de aptidão aeróbia em DM2 e NDM2 do estudo 1
Grupo
VO
2pico
(mlO
2
.kg.min
-1
)
Potência
máx (watts)
Potência
90% LL
(watts)
FC 90% LL
(bpm)
Lactato
90% LL
(mM)
Lactato
pico
(mM)
DM2
20,5 ± 4,9 * 115,5 ± 34 65,8 ± 26,5 121,6 ± 15,8
3,49 ± 1,06 7,1 ± 1,2
NDM2
24,8 ± 4,4 136,5 ± 31 65,1 ± 19,0 118,8 ± 19
3,54 ± 0,89 5,7 ± 2,0
DM2: 10 indivíduos diabéticos tipo 2, NDM2: 10 indivíduos não diabéticos tipo 2; * p 0,05 em relação a
NDM2.
As correlações entre variáveis antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas em
DM2 estão apresentadas na tabela 7. Foi verificada correlação entre o peso e o índice de
massa corporal (r= 0,92), a circunferência abdominal (r=0,91) e a pressão arterial diastólica de
repouso (r=0,77). A pressão arterial diastólica de repouso correlacionou-se também com o
índice de massa corporal (r=0,73) e a circunferência abdominal (r=0,86).
Tabela 7 - Correlações entre variáveis antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas em
DM2
Idade Peso IMC Circ PAS rep
PAD
rep
FC rep GJ
Tempo
DM2
(anos) (kg) (kg.m
2-1
) (cm) (mmHg) (mmHg) (bpm) (mg.dL
-1
) (anos)
Idade (anos)
Peso (kg) -0,26
IMC (kg.m
2-1
) -0,25
0,92
*
Circ (cm) -0,32
0,91
*
0,88
PAS rep (mmHg) 0,11 0,51 0,37 0,57
PAD rep (mmHg) -0,40
0,77
*
0,73
*
0,86
*
0,59
FC rep (bpm) -0,46 0,15 0,36 0,31 -0,19 0,52
GJ (mg.dL
-1
) -0,16 0,23 0,23 0,51 0,34 0,60 0,51
Tempo DM2 (anos) 0,41 0,04 -0,06 -0,06 0,20 0,21 0,20 0,36
IMC: Índice de massa corporal; Cir: Circunferência abdominal; PAS rep: pressão arterial sistólica em repouso;
PAD rep: pressão arterial diastólica em repouso, FC: freqüência cardíaca; GJ: Glicemia de jejum; Tempo de
DM2: tempo de diabetes mellitus tipo 2. * p 0,05.
Com relação às variáveis antropométricas e de aptidão física em DM2, o VO
2pico
correlacionou-se com a potência máxima (r=0,74); ao tempo de teste (r=0,70) e inversamente
a glicemia de jejum (p= 0,0108). A potência máxima se apresentou correlação com o tempo
de teste (-0,76) (Tabela 7).
Tabela 8 - Correlações entre variáveis antropométricas e de aptidão física em DM2
Idade Peso VO
2pico
P máx FC máx Lac Máx
Tempo
teste GJ
(anos) (kg) (ml.kg
-
1.
min
-1
)
(watts) (bmp) (mM) (min) (mg.dL
-1
)
Idade (anos)
Peso (kg) -0,26
VO
2pico
(ml.kg
-1
.min
-1
) -0,07 -0,38
P máx (watts) -0,20 0,12
0,74
*
FC máx (bpm) -0,41 -0,44 0,52 0,33
Lac Máx (mM) 0,24 -0,24 0,21 0,45 0,40
Tempo teste (min) -012 0,25
0,70
*
0,78
*
0,33 -0,12
GJ (mg.dL
-1
) -0,16 0,23
-0,76
*
-0,51 -0,44 -0,28 -0,45
P máx: potência máxima; FC máx: freqüência cardíaca máxima atingida no teste incremental, Lac Máx: Máximo
lactato durante o teste incremental; GJ: Glicemia de jejum. * p 0,05.
Para o grupo NDM2, as correlações entre variáveis antropométricas e
hemodinâmicas estão apresentadas na tabela 9. Foi verificada correlação entre o peso e o
índice de massa corporal (r=0,80), a circunferência abdominal (0,81). A circunferência
correlacionou-se com o índice de massa corporal (r=0,83) e pressão arterial diastólica de
repouso correlacionou-se com a pressão arterial sistólica de repouso (r=0,93).
Tabela 9 - Correlações entre variáveis antropométricas e hemodinâmicas em NDM2
Idade Peso IMC Circ PAS rep PAD rep FC rep GJ
(anos) (kg) (kgm
2-1
) (cm) (mmHg) (mmHg) (bpm) (mg.dL
-1
)
Idade (anos)
Peso (kg) 0,00
IMC (kg.m
2-1
) -0,33
0,80
*
Circ (cm) 0,16
0,81
*
0,83
*
PAS rep (mmHg) -0,44 0,47 0,40 0,22
PAD rep (mmHg) -0,26 0,54 0,47 0,35
0,93
*
FC rep (bpm) 0,06 -0,03 0,27 0,24 -0,29 -0,08
GJ (mg.dL
-1
) -0,15 -0,14 -0,10 -0,21 -0,04 0,46 0,46
IMC: Índice de massa corporal; Cir: Circunferência abdominal; PAS rep: pressão arterial sistólica em repouso;
PAD rep: pressão arterial diastólica em repouso, FC: freqüência cardíaca; GJ: Glicemia de jejum. * p 0,05.
Nas correlações entre variáveis antropométricas e de aptidão física em NDM2, o
VO
2pico
correlacionou-se com a idade (r=0,65) e potência máxima (r=0,72); ao tempo de teste
(r=0,58). O lactato máximo apresentou correlação com a freqüência cardíaca máxima (r=0,62)
(Tabela 10).
Tabela 10 - Correlações entre variáveis antropométricas e de aptidão física em NDM2
Idade Peso VO
2pico
P máx FC máx Lac Máx
Tempo
teste GJ
(anos) (kg) (ml.kg
.
min
-1
) (watts) (bmp) (mM) (min) (mg.dL
-1
)
Idade (anos)
Peso (kg) 0,00
VO
2pico
(ml.kg
-1
.min
-1
)
-0,65
*
-0,28
P máx (watts) 0,49 0,25
0,72
*
FC máx (bpm) -0,03 -0,60 -0,16 -0,16
Lac Máx (mM) -0,01 -0,45 0,22 0,18
0,62
*
Tempo teste (min) 0,18 -0,37
0,58
*
0,33 0,47 0,51
GJ (mg.dL
-1
) -0,15 -0,14 -0,14 -0,22 -0,26 0,12 -0,07
P máx: potência máxima; FC máx: freqüência cardíaca máxima atingida no teste incremental, Lac Máx: Máximo
lactato durante o teste incremental; GJ: Glicemia de jejum. * p 0,05.
A Tabela 11 apresenta os valores médios de pressão arterial sistólica (PAS) em
repouso e após CON, 90% LL e TI para DM2 e NDM2.
Tabela 11 - Valores médios ± desvio padrão da pressão arterial sistólica PAS (mmHg) em
DM2 e NDM2 após as sessões experimentais (n=20)
CON
90% LL
TI
DM2
NDM2
DM2
NDM2
DM2
NDM2
REP 127,0
±
10,4
116,5
±
13,0
126,2
±
13,1
119,4
±
14,2
130,5
±
14,0
121,2
±
13,5
FS 121,1
±
11,0
115,0
±
15,0
171,9
±
22,6
150,0
±
20,0
197,7
±
29,7
173,0
±
24,7
R15 127,9
±
13,5
113,7
±
12,0
123,5
±
9,7
115,0
±
14,6
123,4
±
12,3
113,1
±
11,2
R30 126,3
±
12,8
116,9
±
11,7
120,6
±
7,6
111,8
±
13,8*
121,4
±
12,5
105,4
±
17,6
#*
R45 123,3
±
14,5
119,2
±
15,7
121,3
±
9,8
112,1
±
14,2*
115,0
±
10,8*
110,1
±
12,3*
R60 126,2
±
12,4
117,4
±
13,9
123,0
±
11,8
115,5
±
15,7
119,2
±
10,0*
112,6
±
14,2
R75 129,7
±
14,8
120,4
±
11,5
124,7
±
9,7
115,8
±
16,3
118,7
±
11,5*
115,0
±
15,5
R90 125,0
±
9,3
118,8
±
11,9
124,9
±
11,2
116,5
±
12,1
121,7
±
13,2
113,1
±
14,6
R105
128,5
±
11,7
118,7
±
11,7
124,2
±
7,7
117,4
±
15,3
122,8
±
12,6
115,2
±
12,6
R120
126,1
±
13,0
122,0
±
13,4
127,3
±
6,6
112,5
±
14,6*
123,3
±
13,6
115,6
±
14,5
R135
128,8
±
11,7
120,5
±
11,1
125,4
±
6,0
119,0
±
16,9
121,2
±
14,3
120,9
±
16,3
REP: repouso; FS: final da sessão; R15 a R135 período de recuperação dos 15 aos 135 min após sessão. CON: sessão
controle; 90% LL: 90% Limiar de Lactato; TI: Teste Incremental. * p 0,05 em relação ao repouso; # p 0,05 em relação à
sessão controle.
Para o grupo DM2 ocorreu queda significativa de PAS somente após o TI nos
momentos R45, R60 e R75 (p 0,05). para o grupo NDM2 ocorreu queda após TI nos
momentos R30 e R45 e após 90% LL nos momentos R30, R45 e R120 (p 0,05). Quando
comparado a sessão controle, a PAS foi estatisticamente diferente apenas no R30 em NDM2
(p 0,05).
A Tabela 12 apresenta os valores médios de pressão arterial diastólica (PAD) onde se
pode observar que não houve alteração significativa da PAD após diferentes sessões de
exercício e controle tanto em DM2 quanto em NDM2.
A PAD atingida ao final do exercício a 90% LL e TI no grupo DM2 foi 82,9 ± 11,8 e
93,3 ± 6,5 mmHg e no grupo NDM2 foi 81,6 ± 10,6 e 88,7 ± 9,5 mm Hg respectivamente. A
PAD de recuperação (R15 a R135) após 90% LL e TI no grupo DM2 variou entre 76,7 ± 5,3 e
80,3 ± 5,3 mmHg e 75,9 ± 6,9 e 82,2 ± 8,5 respectivamente. No grupo NDM2, a PAD na
recuperação variou entre 74,1 ± 10,4 e 81,2 ± 9,9 mmHg e 73,7 ± 8 e 79,9 ± 10,8 mmHg em
90% LL e TI respectivamente.
Tabela 12 -
Valores médios ± desvio padrão da pressão arterial diastólica (PAD) (mmHg) em
DM2 e NDM2 após as sessões experimentais (n=20)
CON
90% LL
TI
DM2
NDM2
DM2
NDM2
DM2
NDM2
REP 81,2
±
6,1
76,0
±
10,0
79,1
±
5,8
78,0
±
9,0
84,2
±
5,8
80,0
±
6,8
FS 75,2
±
10,0
72,0
±
13,0
82,9
±
11,8
81,6
±
10,6
93,3
±
6,5
88,7
±
9,5
R15 83,0
±
6,9
74,1
±
11,8
79,6
±
6,5
81,2
±
9,9
82,2
±
8,5
79,7
±
7,6
R30 80,7
±
6,3
79,5
±
10,2
77,3
±
6,7
77,4
±
9,8
81,5
±
7,2
74,2
±
14,8
R45 82,3
±
8,5
77,7
±
8,5
78,3
±
9,9
75,7
±
10,6
77,7
±
10,7
75,2
±
9,7
R60 81,5
±
8,1
76,4
±
8,4
76,7
±
5,3
75,9
±
9,0
79,1
±
8,1
74,2
±
9,0
R75 82,1
±
11,3
76,8
±
9,7
76,8
±
7,5
75,6
±
8,6
75,9
±
6,9
73,7
±
10,9
R90 77,8
±
8,4
75,8
±
10,8
77,8
±
6,5
74,1
±
10,4
76,4
±
6,1
73,7
±
8,0
R105 79,0
±
8,9
76,8
±
9,6
77,7
±
6,1
77,2
±
8,8
79,1
±
13,2
74,6
±
9,7
R120 81,1
±
7,9
78,3
±
10,5
79,7
±
6,4
77,2
±
7,1
78,4
±
6,4
76,3
±
8,8
R135 80,0
±
5,2
78,5
±
9,3
80,3
±
5,3
78,9
±
7,8
79,4
±
7,1
79,9
±
10,8
REP: repouso; FS: final da sessão; R15 a R135 período de recuperação dos 15 aos 135 min após sessão. CON: sessão
controle; 90% LL: 90% Limiar de Lactato; TI: Teste Incremental.
A Tabela 13 apresenta os valores de pressão arterial média em repouso, ao final da
sessão e pós CON, 90% LL e TI em DM2 e NDM2. Após exercício 90% LL, foram
observadas alterações significativas na PAM apenas em NDM2 no momento R30 e R45.
Após TI, foi observada queda de PAM nos momentos R45, R60, R75 e R90 para DM2 e nos
momentos R30, R45, R60 e R90 para o grupo NDM2. O momento R30 diferiu (p 0,05) no
TI comparado ao CON em NDM2 (p 0,05).
Tabela 13 -
Valores médios ± desvio padrão da pressão arterial média (PAM) (mmHg) em
DM2 e NDM2 após as sessões experimentais (n=20)
CON
90% LL
TI
DM2
NDM2
DM2
NDM2
DM2
NDM2
REP 96,5
±
6,9
89,6
±
10,7
94,8
±
6,6
91,5
±
10,0
99,6
±
8,2
93,6
±
8,7
FS 90,5
±
9,1
86,6
±
12,8
112,5
±
11,3
104,4
±
8,4
128,1
±
12,2
116,8
±
11,6
R15 98,0
±
8,4
87,3
±
11,6
94,2
±
6,6
92,5
±
9,6
95,9
±
9,4
90,8
±
8,0
R30 95,9
±
7,7
92,0
±
10,3
91,7
±
6,2
88,9
±
10,3*
94,8
±
6,2
84,6
±
15,4
#*
R45 96,0
±
9,5
91,5
±
10,4
92,6
±
9,4
87,8
±
11,3*
90,1
±
9,2*
86,8
±
10,4*
R60 96,4
±
9,2
90,1
±
10,1
92,1
±
6,4
89,1
±
10,3
92,5
±
8,3*
87,0
±
10,4*
R75 98,0
±
11,9
91,3
±
9,1
92,8
±
7,3
89,0
±
10,4
90,2
±
6,8*
87,5
±
12,0
R90 93,5
±
7,8
90,1
±
10,4
93,5
±
7,2
88,2
±
10,6
91,5
±
7,1*
86,8
±
10,0*
R105 95,5
±
8,8
90,8
±
10,2
93,2
±
6,1
90,6
±
9,8
93,7
±
12,1
88,1
±
10,1
R120 96,1
±
8,4
92,9
±
11,3
95,6
±
5,4
89,0
±
8,8
93,4
±
7,9
89,4
±
10,0
R135 96,3
±
6,6
92,5
±
9,7
95,3
±
4,5
92,3
±
9,7
93,3
±
7,9
93,6
±
12,1
REP: repouso; FS: final da sessão; R15 a R135 período de recuperação dos 15 aos 135 min após sessão. CON: sessão
controle; 90% LL: 90% Limiar de Lactato; TI: Teste Incremental. * p 0,05 em relação ao repouso; # p 0,05 em relação à
sessão controle.
Na figura 4, é possível observar queda significativa na PAS após TI em DM2 aos
R45 (-15,5 mmHg), R60 (-11,3 mmHg) e R75 (-11,8 mmHg) sendo que nos demais
momentos, apesar de não significativo, a queda variou entre 7 e -9,7 mmHg. Apenas no
momento R75 a redução da PA foi significativamente menor quando comparado ao mesmo
ponto na sessão CON. Após exercício a 90% LL não houve diferença significativa comparada
aos valores de repouso e a CON em DM2.
Figura 4 - Delta de pressão arterial sistólica em DM2 após as sessões experimentais. REP:
repouso; R15 a R135 – período de recuperação até 135 min após exercício. CON: sessão controle; 90% LL: 90%
Limiar de Lactato; TI: Teste Incremental. # p 0,05 em relação à sessão controle.
Na figura 5, observamos através dos valores delta, queda significativa da PAS aos
R30, R45 e R120 após TI comparado a sessão CON nos individuos NDM2.. Na sessão 90%
LL os valores de delta nos momentos R45 e R120 foram significativamente menores
comparados aos valores da sessão CON.
Figura 5 - Delta de pressão arterial sistólica em NDM2 após as sessões experimentais. REP:
repouso; R15 a R135 – período de recuperação até 135 min após exercício. CON: sessão controle; 90% LL: 90%
Limiar de Lactato; TI: Teste Incremental. # p 0,05 em relação ao CON.
Os deltas de PAD durante CON, 90% LL e TI em DM2 estão representados na figura
6. O valor em delta durante a recuperação do TI apresentou-se menor no momento R75,
comparado a sessão CON apenas para DM2. Não foi verificada diferença na PAD entre as
sessões em NDM2 (Figura 7).
Figura 6 - Delta de pressão arterial diastólica em DM2 após as sessões experimentais. REP:
repouso; R15 a R135 – período de recuperação até 135 min após exercício. CON: sessão controle; 90% LL: 90%
Limiar de Lactato; TI: Teste Incremental. # p 0,05 em relação ao CON.
Figura 7 - Delta de pressão arterial diastólica em NDM2 após as sessões experimentais. REP:
repouso; R15 a R135 – período de recuperação até 135 min após exercício. CON: sessão controle, 90% LL: 90%
Limiar de Lactato, TI: Teste Incremental.
No grupo DM2 ocorreu queda na PAM comparada a sessão CON apenas no TI nos
momentos R45 e R75 (p 0,05) (Figura 8).
Figura 8 - Delta de pressão arterial média em DM2 após as sessões experimentais. REP:
repouso; R15 a R135 – período de recuperação até 135 min após exercício. CON: sessão controle, 90% LL: 90%
Limiar de Lactato, TI: Teste Incremental. DM2: diabéticos tipo 2; NDM2: não diabéticos tipo 2. . # p 0,05 em
relação ao CON.
Nos indivíduos NDM2, ocorreram diferenças significativas nos momentos R30, R45
na recuperação do TI comparados aos valores da sessão CON. (Figura 9).
Figura 9 - Delta de pressão arterial média em NDM2 após as sessões experimentais. REP:
repouso; R15 a R135 – período de recuperação até 135 min após exercício. CON: sessão controle, 90% LL: 90%
Limiar de Lactato, TI: Teste Incremental. DM2: diabéticos tipo 2; NDM2: não diabéticos tipo 2. # p 0,05 em
relação ao CON.
Durante a recuperação o momento R45 foi o que representou maior queda de PAS
após o exercício em ambos os grupos. Por este motivo, foram realizadas correlações entre a
PAS de repouso e PAS neste momento (R45).
Para o grupo DM2 somente foi observada forte correlação (r=0,83; p =0,002) entre a
PAS de repouso e a PAS em R45 no Teste Incremental (Figura 10a). Após exercício a 90%
LL a correlação foi fraca (Figura 10b).
Figura 10 - Correlação entre pressão arterial sistólica PAS de repouso (mmHg) e PAS R45
(mmHg) em DM2. a. Teste Incremental; b. Sessão 90% Limiar de Lactato. PAS de repouso:
pressão arterial sistólica pré- exercício; PAS R45: pressão arterial sistólica 45 minutos após o exercício
Para o grupo NDM2 foi observada alta correlação entre a PAS de repouso e a PAS em
R45 nas duas sessões de exercício Teste Incremental (r=0,85; p =0,001) e 90% LL (r=0,89; p
=0,0005) conforme figuras 11a e 11b.
Figura 11 - Correlação entre pressão arterial sistólica PAS de repouso (mmHg) e PAS R45
(mmHg) em NDM2. a. Teste Incremental; b. Sessão 90% Limiar de Lactato. PAS de repouso:
pressão arterial sistólica pré- exercício; PAS R45: pressão arterial sistólica 45 minutos após o exercício.
A FC durante a sessão CON em ambos os grupos apresentou-se mais baixa no
período de recuperação comparada ao repouso. Para DM2 (REP: 76,6 ± 9,2 bpm) nos
momentos R60 (DM2: 72,4 ± 10,6 bmp e NDM2: 64,3 ± 7,5 bpm), R90 (71,9 ± 10,4 bpm),
R105 (70,9 ± 9,1 bpm), R120 (70,5 ± 9,1 bpm), e R135 (70,6 ± 9,7 bpm). Em NDM2
(REP:71,1 ± 9,0 bpm) nos momentos R45 (64,7 ± 5,3 bpm), R60 (64,3 ± 7,5 bpm), R75 (63,9
± 6,5 bpm), R90 (61,9 ± 5,1 bpm), R105 (63,2 ± 6,3bpm), R120 (65,1 ± 5,5 bpm) e R135
(63,9 ± 5,2 bpm). A FC em DM2 ficou mais elevada comparada ao NDM2 nos momentos
R15, R30, R45, R75 e R90. (Figura 12) (p 0,05).
Figura 12 - Freqüência Cardíaca em DM2 e NDM2 durante sessão controle. REP: repouso; FS:
Final da sessão; R15 a R135 período de recuperação até 135 min após exercício, * p 0,05 em relação ao
repouso; & p 0,05 em relação ao grupo NDM2.
Em repouso a FC do grupo DM2 estava mais elevada significativamente comparada
ao grupo NDM2. Após exercício a 90% LL apresentou-se elevada comparada aos valores de
repouso (77,9 ± 8,4 e 71,6 ± 11 bpm para DM2 e NDM2), no momento R15 (82,6 ± 12,6 para
DM2 e 79,5 ± 11,6 para NDM2) em ambos os grupos e reduzida nos momentos R120 (71,8 ±
9,7 bpm) e R135 (69,9 ± 9,7 bpm) apenas para DM2. (Figura 13).
Figura 13 - Freqüência Cardíaca em DM2 e NDM2 após sessão a 90 % LL. REP: repouso; FS:
Final da sessão; R15 a R135 período de recuperação até 135 min após exercício, * p 0,05 em relação ao
repouso; & p 0,05 em relação ao grupo NDM2.
A freqüência cardíaca em DM2, após o TI apresentou-se elevada (p 0,05)
comparada aos valores de repouso (79,7 ± 8,4 bpm), no momento R15 (93,3 ± 9,9 bpm), R30
(86,9 ± 8,2 bpm) e R45 (85,3 ± 9,3 bpm) e reduzida em R135 (74 ± 9 bpm). Em NDM2
apresentou-se elevada apenas no momento R15 (79,5 ± 11,6 bpm) da recuperação comparada
ao valor de repouso pré-exercício (71,6 ± 11 bpm). (Figura 14).
Figura 14 - Freqüência Cardíaca em DM2 e NDM2 após TI. REP: repouso; FS: Final da Sessão; R15
a R135 – período de recuperação até 135 min após exercício, * p 0,05 em relação ao repouso.
Durante o período de recuperação na sessão CON, o duplo produto no momento
R120 (8907,70 ± 1614,14 mmHg.min
-1
) foi significativamente menor comparado aos valores
de repouso (9724,10 ± 1360,68 mmHg.min
-1
) em DM2 (p 0,05). Para NDM2 somente o
momento R90 (7361,10 ± 1047,86 mmHg.min
-1
) foi significativamente menor comparado aos
valores de repouso (8279,40 ± 1445,18) (p 0,05). Os valores em repouso para o grupo DM2
foi significativamente maior comparado ao grupo NDM2 (Figura 15).
Figura 15 - Duplo Produto em DM2 e NDM2 durante sessão controle. REP: repouso; FS: Final da
sessão (controle); R15 a R135 período de recuperação até 135 min após exercício. * p 0,05 em relação ao
repouso. & p 0,05 em relação ao grupo NDM2.
Na sessão 90% LL o valor de repouso do DP em DM2 (9790,95 ± 1177,11
mmHg.min
-1
) estava mais elevado (p 0,05) quando comparado ao grupo NDM2 (8483,80 ±
1183,75 mmHg.min
-1
). Durante o exercício o DP aumentou significativamente em ambos os
grupos (20458,75 ± 4181,62 mmHg.min
-1
em DM2 e 18248,75 ± 3176,30 62 mmHg.min
-1
em
NDM2). Na recuperação, o DP apresentou-se significativamente mais baixo comparado aos
valores pré-exercício no momento R135 (8784,60 ± 1446,06 mmHg.min
-1
) para DM2 e R120
(7297,20 ± 1077,23 mmHg.min
-1
) para NDM2. A comparação entre grupos mostra um valor
de DP mais elevado em DM2 (9143,20 ± 1377,00 mmHg.min
-1
) comparado a NDM2
(7297,20 ± 1077,23 mmHg.min
-1
) no momento de R120. (Figura 16).
Figura 16 - Duplo Produto em DM2 e NDM2 após sessão a 90 % Limiar de Lactato. REP:
repouso; FS: Final da sessão; R15 a R135 período de recuperação até 135 min após exercício, * p 0,05 em
relação ao repouso. & p 0,05 em relação ao grupo NDM2.
No TI também como em todas as outras sessões o DP em repouso do grupo DM2 foi
maior comparado ao NDM2 (10311,10 ± 1615,32 e 8417,80 ± 1206,69 mmHg.min
-1
respectivamente). Ocorreu aumento significativo do DP durante o exercício (DM2 29516,11 ±
7828,62 e NDM2 27890,30 ± 1441,59 mmHg.min
-1
) sendo que para o grupo DM2 no
momento R15 (11598,56 ± 1804,73 mmHg.min
-1
) os valores médios continuaram elevados
(p0,05) quando comparados aos valores pré-exercício e reduzido em R135 (8893,24 ±
1721,34 mmHg.min
-1
) (p0,05) (Figura 17).
Figura 17 - Duplo Produto em DM2 e NDM2 após TI REP: repouso; FS: Final da sessão; R15 a R135
período de recuperação até 135 min após exercício, * p 0,05 em relação ao repouso. & p 0,05 em relação ao
grupo NDM2.
O lactato durante o período de recuperação na sessão CON, apresentou-se
significativamente menor comparado aos valores de repouso, tanto para DM2 (1,94 ± 0,51
mM) quanto para NDM2 (2,22 ± 0,54 mM) nos momentos R15, R30, R45, R60, R75, R90,
R120 e R135 (p0,05) (Figura 18).
Figura 18 - Lactato em DM2 e NDM2 durante sessão controle. REP: repouso; FS: Final da sessão
(controle); R15 a R135 – período de recuperação até 135 min após exercício. * p 0,05 em relação ao repouso.
O exercício a 90% LL aumentou significativamente as concentrações de lactato em
ambos os grupos (3,37 ± 0,99 e 3,35 ± 1,04 mM para DM2 e NDM2) comparado aos valores
de repouso (1,96 ± 0,51 e 2,48 ± 0,76 mM para DM2 e NDM2 respectivamente). Durante o
período de recuperação, o lactato apresentou-se significativamente maior em R15 (2,58 ± 0,95
mM) comparado ao pré-exercício somente em DM2. Em NDM2 todos os momentos após R15
foram significativamente menores comparados ao repouso (R30: 1,92 ± 0,50; R45: 1,84 ±
0,52; R60: 1,71 ± 0,43, R75: 1,81 ± 0,57; R90: 1,89 ± 0,75; R105: 1,92 ± 0,53; R120: 1,78 ±
0,47e R135: 1,58 ± 0,39 mM) (Figura 19).
Figura 19 - Lactato em DM2 e NDM2 após sessão a 90 % Limiar de Lactato. REP: repouso; FS:
Final da sessão; R15 a R135 período de recuperação até 135 min após exercício, * p 0,05 em relação ao
repouso.
O lactato no final do TI apresentou-se elevado em ambos os grupos, esta elevação
permaneceu (p0,05) nos momentos de recuperação em R15 (4,58 ± 2,37mM) e R30 (3,24 ±
1,60 mM) em DM2 e R15 (6,72 ± 1,46 mM), R30 (4,7 ± 1,57 mM) e R45 (3,51 ± 0,91 mM)
em NMD2 (Figura 20).
Figura 20 - Lactato em DM2 e NDM2 após TI. REP: repouso; FS: Final da sessão; R15 a R135
período de recuperação até 135 min após exercício, * p 0,05 em relação ao repouso.
A Figura 21 apresenta os valores individuais por grupo (DM2 e NDM2) de calicreína
plasmática em jejum. A média do grupo DM2 foi de 164,82 ± 154,02 uaf/min e do NDM2
159,65 ± 194,92 uaf/min, não sendo encontrada diferença entre os grupos.
Figura 21 - Atividade da calicreína plasmática (ACP) individual nos grupos DM2 e NDM2
em jejum.
Os resultados das concentrações plasmáticas de calicreína e da PAS no grupo de
diabéticos tipo 2 (DM2) e no grupo não diabéticos tipo 2 (NDM2) na sessão CON estão
apresentados na Figura 22. A calicreína plasmática não apresentou variações em ambos os
grupos, assim como a PAS.
Figura 22 - Resposta da pressão arterial sistólica (PAS) e atividade da calicreína plasmática
(ACP) no grupo DM2 e NDM2 durante sessão controle. REP: repouso; R15 a R135 período de
recuperação até 135 min.
Na sessão 90% LL foi observado aumento da calicreína plasmática apenas em R15
(272,96 ± 172,91 uaf/min) no grupo NDM2 comparada ao repouso (178,04 ± 132,23
uaf/min), não sendo observadas alterações em nenhum momento no grupo DM2. A
hipotensão pós-exercício de PAS também foi evidenciada apenas em NDM2 no momento
R45 (112,1 ± 14,2 mmHg) comparado ao valor de repouso (119,4 ± 14,2 mmHg) (Figura 23).
Figura 23. Resposta da pressão arterial sistólica (PAS) e atividade da calicreína plasmática
(ACP) no grupo DM2 e NDM2 após sessão de exercício a 90% Limiar de Lactato. Rep:
repouso; R15 a R135 período de recuperação até 135 min, * p 0,05 em relação à pressão arterial sistólica de
repouso; α p 0,05 em relação à calicreína plasmática de repouso.
No TI não foram observadas alterações da calicreína plasmática pré e s-exercício
tanto em DM2 quanto em NDM2. Entretanto foram constatadas quedas significativas na PAS
em ambos os grupos no momento R45 (DM2: 115 ± 10,8 e NDM2: 110,1 ± 12,3 mmHg )
comparada ao repouso (DM2: 130,5 ± 14 e NDM2: 121,2 ± 13,5 mmHg) (Figura 24). A HPE
de PAS em DM2 ocorreu ainda nos momentos R45, R60 e R75 e em NDM2 em R30 além de
R45 (p 0,05).
Figura 24. Resposta da pressão arterial sistólica (PAS) e atividade da calicreína plasmática
(ACP) no grupo DM2 e NDM2 após TI. TI: teste incremental. REP: repouso; R15 a R135 período de
recuperação até 135 min, * p 0,05 em relação à pressão arterial sistólica de repouso.
Os resultados obtidos no estudo 2 estão apresentados abaixo. A PAS de repouso foi
significativamente maior em DM2 (119,1± 2,2 mmHg) comparado ao grupo NDM2 (110,4±
10,3 mmHg) (Tabela 14).
Tabela 14 - Parâmetros Hemodinâmicos e Metabólicos em DM2 e NDM2 do estudo 2
Grupo
PAS rep
(mmHg)
PAD rep
(mmHg)
FC rep
(bpm)
FC máx
(bpm)
Lac rep
(mM)
GJ
(mg.dL
-1
)
DM2
119,1 ± 2,2* 74,7 ± 5,9 70,3 ± 12,8 147,6 ± 33,6*
2,0 ± 0,4 140, 5 ± 46,0
NDM2
110,4 ± 10,3 73,3 ± 1 8,9 72,2 ± 8,3 178,4 ± 3,9
2,0 ± 0,5 88,6 ± 10,5
DM2: 5 indivíduos diabéticos tipo 2, NDM2: 5 indivíduos não diabéticos tipo 2; * p 0,05 em relação a NDM2.
Os parâmetros de aptidão física apontam VO
2pico
(20,4 ± 4,2 mlO
2
.kg.min
-1
), potência
máxima (87,0 ± 19,6* watts), e potência a 90% LL (40,6 ± 13,5) menor (p 0,05) em DM2
comparado a NDM2.
Tabela 15 - Parâmetros de aptidão aeróbia em DM2 e NDM2 do estudo 2
Grupo
VO
2pico
(mlO
2
.kg.min
-1
)
P máx (watts)
Potência
90% LL
(watts)
FC 90% LL
(bpm)
Lactato
90% LL
(mM)
Lactato
máx
(mM)
DM2
20,4 ± 4,2* 87,0 ± 19,6* 40,6 ± 13,5* 105,8 ± 24,8
3,7 ± 1,0 6,0 ± 1,4
NDM2
29,9 ± 7,4 150,0 ± 43,7 79,8 ± 28,6 126,1 ± 7,1
3,7 ± 0,7 8,4 ± 2,5
DM2: 5 indivíduos diabéticos tipo 2, NDM2: 5 indivíduos não diabéticos tipo 2; * p 0,05 em relação a NDM2.
A PAS em DM2 após nenhuma das sessões se alterou significativamente no estudo 2
(Tabela 16). Em NDM2, ocorreu redução da PAS em todos após TI durante todo o período de
recuperação em R15 (-9,44 ± 7,09 mmHg), R30 (-7,44 ± 3,58 mmHg) e R45 (- 8,69 ± 2,35
mmHg).
Tabela 16 – Delta da pressão arterial sistólica PAS (mmHg) em DM2 e NDM2 do estudo 2
PAS (mmHg)
CON 90% LL
TI
R15 R30 R45 R15 R30 R45
R15 R30 R45
5,00 3,00 2,80
1,88 2,28 -4,72
-2,45 -2,85 -11,85
DM2
± 7,35 ± 6,04 ± 6,83
± 9,75
± 9,88 ± 14,70
± 12,09
± 17,17
± 8,35
0,45 2,05 3,85
-0,90 -2,90
-3,10
-9,44 -7,44 -8,69
NDM2
± 7,08 ± 3,83 ± 9,69
± 8,87
± 6,36
±
±±
± 6,49
α
±
±±
± 7,09
*α
±
±±
± 3,58
*α
±
±±
± 2,35
*α
*p 0,05 em relação ao repouso, α p 0,05 em relação à sessão controle (CON).
Os valores do intervalo R-R (ms) para DM2, na sessão CON apresentaram um
aumento significativo em R45 (68 ± 42 ms) (Tabela 17). Após 90% LL, o intervalo R-R não
se alterou e após TI, apresentou-se reduzido, comparado ao repouso e a sessão controle nos
momento R15 (-142 ± 86 ms), R30 (-66 ± 103 ms) e R45 (-77 ± 48 ms) em DM2. Para
NDM2 o R-R apresentou-se aumentado no R45 (104 ± 62 ms) do CON, em 90% LL reduzido
R15 (-113 ± 61 ms), R30 (-60 ± 71 ms) comparado ao repouso e ao COM e em R45(-40 ± 39
ms) menor comparado somente ao CON (p 0,05). No TI, para NDM2, o R-R, apresentou-se
reduzido, em todos os momentos R15 (-113 ± 61 ms), R30 (-60 ± 71 ms) e R45 (-40 ± 39 ms)
comparado ao repouso e ao CON.
Tabela 17 – Delta do intervalo R-R (ms) em DM2 e NDM2 do estudo 2
R-R(ms)
CON 90% LL
TI
R15 R30 R45 R15 R30 R45 R15 R30 R45
-10 23
68
-39 -11 2
-142 -66 -77
DM2
± 102 ± 34
±
±±
± 42
*
± 47 ± 42 ± 36
±
±±
± 86
*α
±
±±
± 103
*α
±
±±
± 48
*α
45 81
104
-113 -60 -40
-218 -179 -122
NDM2
± 77 ± 56
±
±±
± 62
*
±
±±
± 61
*α
±
±±
± 71
*α
±
±±
± 39
α
±
±±
± 71
*α
±
±±
± 81
*α
±
±±
± 103
*α
*p 0,05 em relação ao repouso, α p 0,05 em relação à sessão controle (CON).
O LF não se alterou em nenhum dos grupos (DM2 e NDM2) em nenhuma das sessões.
Tabela 18 – Delta do Componente “Low Frequency” LF (un) em DM2 e NDM2 do estudo 2
LF (un)
CON
90% LL
TI
R15 R30 R45
R15 R30 R45
R15 R30 R45
21,10 11,70 7,18
1,94 11,64 6,30
11,68 -5,68 -2,40
DM2
± 15,50 ± 16,35 ± 11,86
± 12,22 ± 9,51 ± 11,63
± 22,12
± 27,21
± 27,52
9,00 1,88 3,96
14,46 8,04 8,76
1,78 8,36 -6,02
NDM2
± 21,08 ± 51,55 ± 23,89
± 16,30 ± 19,03 ± 17,64
± 6,67 ± 6,82 ± 20,17
*p 0,05 em relação ao repouso, α p 0,05 em relação à sessão controle (CON).
Para DM2, o HF reduziu no R15 (-25,60 ± 4,58 un) e R30 (-16,20 ± 14,04 un) no
CON e no TI, aumentou R30 (21,52 ± 29,72 un) e R45 (18,24 ± 28,09 un) comparado ao
repouso e CON e em R15 (4,16 ± 25,53 un) ficou maior do R15 do CON. Para NDM2 o HF
reduziu em R30 (-19,36 ± 23,65 un) do CON, e ficou menor após TI no R30 (-8,36 ± 6,82)
comparado ao R30 do CON.
Tabela 19 – Delta do Componente “High Frequency” HF (un) em DM2 e NDM2 do estudo 2
HF (un)
CON
90% LL
TI
R15 R30 R45
R15 R30 R45
R15 R30 R45
-25,60 -16,20
-11,68
-3,36 -13,06 -7,72
4,16 21,52 18,24
DM2
±
±±
± 4,58
*
±
±±
± 14,04
*
± 20,25
± 23,65
α
± 14,76 ± 23,91
±
±±
± 25,53
α
±
±±
± 29,72
*α
±
±±
± 28,09
*α
-9,00
-19,36
-3,96
-14,46 -8,04 -8,76
-1,78
-8,36
α
6,02
NDM2
± 21,08
±
±±
± 23,65
*
± 23,89
± 16,30 ± 19,03 ± 17,64
± 6,67
α
±
±±
± 6,82
± 20,17
*p 0,05 em relação ao repouso, α p 0,05 em relação à sessão controle (CON).
Para DM2 somente foi observada aumento (p 0,05) no LF/HF na sessão 90% LL no
R15. Já para NDM2 ocorreu aumento da razão LF/HF no R15 (4,18 ± 3,73 un) na sessão 90%
LL e no TI em R30 (5,73 ± 5,02 un) e R45 (2,01 ± 8,34 un). Comparando-se ao CON ao TI
ocorreu aumento apenas em R30.
Tabela 20 Delta da Razão “Low Frequency” por “High Frequency” LF/HF (%) em DM2 e
NDM2 do estudo 2
LF/HF (%)
CON 90% LL
TI
R15 R30 R45 R15 R30 R45
R15 R30 R45
2,36 0,67 -11,68
4,20
1,28 3,47
3,59 -0,82 -0,81
DM2
± 2,96 ± 1,03 ± 20,25
±
±±
± 8,47
*
± 0,77 ± 5,67
± 4,10
± 2,10 ± 1,82
0,36 1,35 -3,96
4,18
2,12 2,64
4,31 5,73
2,01
NDM2
± 3,33 ± 1,02 ± 23,89
±
±±
± 3,73
*
± 3,07 ± 3,89
±
±±
± 4,90
*
±
±±
± 5,02
*α
± 8,34
*p 0,05 em relação ao repouso, α p 0,05 em relação à sessão controle (CON).
7. DISCUSSÃO
No presente estudo 1, que avaliou as respostas de PA e atividade de calicreína
plasmática, a HPE de PAS ocorreu, no grupo DM2, somente após TI nos momentos R45, R60
e R75 não sendo verificada após exercício com duração de 20 minutos a 90% LL nesse grupo.
Em NDM2, ocorreu HPE de PAS tanto após TI aos R30 e R45 quanto após 90% LL aos R30,
R45 e R120. Já no estudo 2, que avaliou as respostas de variabilidade de freqüência cardíaca e
PA, a HPE foi verificada apenas em NDM2 após o TI nos momentos R15, R30 e R45 não
sendo significativa a queda em DM2 e após 90% LL nenhum dos dois grupos apresentou HPE
significativa. Este importante resultado demonstra que a HPE, em indivíduos DM2, é
dependente da intensidade conforme verificado por diversos autores em normotensos e
hipertensos (Cornelissen & Fagard, 2004; Forjaz et al., 2004; Pescatello et al., 2004; Quinn,
2000).
O TI, representa um exercício de alta intensidade, sendo comumente utilizado para
avaliar respostas cardiovasculares durante o exercício, entretanto estas respostas durante o
período de recuperação também podem permitir predizer risco cardíaco. As respostas
hemodinâmicas após exercício de alta intensidade foram avaliadas por Villa-Caballero et al.,
(2007), em DM2 ativos, DM2 sedentários e NDM2 sedentários, após protocolo de Bruce em
esteira, com inclinação de 0 - 20 graus a cada 2 min até que se atingissem 85% VO
2máx
com
duração média do exercício de 22,3 ± 2,1 minutos, sendo que o VO
2máx
foi identificado em
teste anterior. Foram verificados menores valores de PAS e PAD em DM2 ativos quando
comparados aos indivíduos sedentários. Segundo os autores, estes resultados se devem ao fato
do exercício físico regular proporcionar alta reatividade do tônus parassimpático, além da
melhora da função endotelial em DM2 ativos, por meio do exercício regular, pode também ter
contribuído para ocorrência de HPE (Chakraphan et al., 2005; Cohen et al., 2007;
Heidarianpour et al., 2007; Miche et al., 2006; Ostergård et al., 2006). No presente estudo, os
DM2 apresentaram queda significativa de PAS comparado aos valores de repouso após TI em
cicloergômetro apesar de sedentários, provavelmente pelo fato da intensidade do teste ter sido
conduzida até exaustão voluntária máxima, e não ter se limitado a 85% VO
2máx
.
Somers, Conway, Coats, Isea, & Sleight, (1991) analisaram em hipertensos e
normotensos as respostas da PA durante 1 hora após TI em cicloergômetro com duração entre
27 e 46 minutos. A pressão arterial reduziu em média 18/14 mmHg para PAS/PAD nos
indivíduos hipertensos e 8/8 mmHg para PAS/PAD nos normotensos após exercício (p
0,05). Os autores constataram ainda, que o exercício promoveu maiores reduções na PAS e
PAD aos 30 minutos pós-exercício. No presente estudo, após TI em cicloergômetro com
duração média de 22,3 ± 6,4 e 29,8 ± 7,9 minutos para DM2 e NDM2 respectivamente, a
queda média da PAS/PAD foi de 15/8 mmHg em DM2 e de 16/6 mmHg em normotensos
NDM2 tendo ocorrido o maior decréscimo de PAS entre 30 e 45 minutos após o TI em ambos
os grupos confirmando os resultados de Somers et al.,(1991).
A prevalência de HPE em normotensos após TI em esteira foi investigada por Fleg &
Lakatta, (1986) considerando-se o critério de hipotensão a redução de pelo menos 20 mmHg
na PA. Foram avaliados 781 normotensos (51 ± 16 anos) aos 2, 4 e 6 minutos após teste
máximo, caso a “queda” da PA permanecesse, a verificação era continuada a cada 3 minutos
até que se retornasse aos valores pré-exercício. O protocolo de Balke modificado com
velocidade constante de 3,5 mph (5,6 km/h) para homens e 3,0 mph (4,8 km/h) para mulheres
com inclinação de 3% a cada 2 minutos foi empregado. Os resultados apontaram que 1,9%
dos voluntários apresentaram HPE da PAS, ocorrendo maior prevalência em indivíduos mais
jovens e sendo o menor valor observado na PAS tendo ocorrido entre 4 e 9 minutos após o
exercício em 80% dos casos. Outro dado interessante foi de que os indivíduos que
apresentaram maior hipotensão apresentaram maior freqüência cardíaca máxima durante o
exercício (184 ± 15 VS 173 ± 11 bpm).
Em nosso estudo, não foi verificada correlação significativa entre hipotensão e
freqüência cardíaca máxima tanto em DM2 quanto em NDM2 (análise entre FC máx
alcançada no TI e delta de PAS no R45 em DM2 e NDM2; r=0,05, p=0,88 e r=0,33, p=0,33
respectivamente). Se considerarmos o critério de Fleg & Lakatta, 1986, no qual a HPE era
definida como redução de pelo menos 20 mmHg na PA; podemos afirmar que 4 (40%) dos 10
indivíduos DM2 do presente estudo apresentaram HPE de PAS após TI analisando apenas o
R45 (momento da recuperação em que foi verificado maior decréscimo na PAS). Já no
exercício a 90% LL, apenas 1 (10%) voluntário DM2 apresentou queda de -20 mmHg na PAS
neste mesmo momento. No grupo NDM2, nenhum dos indivíduos apresentou HPE 20
mmHg na PAS tanto após TI quanto após 90% LL na R45.
Os critérios utilizados para se caracterizar HPE e o número de voluntários no estudo
de Fleg & Lakatta, 1986, pode ter influenciado nos diferentes resultados verificados.
Entretanto, é importante ressaltar que uma redução na PAS e PAD de apenas -2mmHg,
mesmo não sendo significativa, reduz o risco de infarto agudo do miocárdio em 14% e 17% e
doença arterial coronariana em 9% e 6% (Whelton et al., 2002).
Os valores da PA de repouso apesar de não significativos, se mostraram mais
elevados em DM2. A PAS média de repouso do grupo DM2 que interrompeu o uso de
medicamentos anti-hipertensivos e hipoglicemiantes orais por 48 horas antes das sessões, foi
de 127,8 ± 11,3 mmHg e no grupo NDM2 119,5 ± 12,7 mmHg. Apesar destes valores não
serem diferentes estatisticamente, indivíduos com PAS < 120 mmHg são classificados como
“normais” e 120 mmHg como pré-hipertensos (Chobanian et al., 2003). O valor de PAS em
repouso pré-exercício parece influenciar nas respostas de HPE uma vez que na maior parte
dos estudos realizados com indivíduos hipertensos, que possuem PA de repouso mais elevada,
a resposta hipotensora verificada foi maior comparada a normotensos (Pescatello et al., 2004).
No presente estudo, a PAS em repouso correlacionou-se positivamente com a PAS
após TI no momento de maior HPE (R45), tanto para DM2 quanto para NDM2 (Figuras 10a e
11a) enquanto que após 90% LL isso foi verificado apenas em NDM2 e não em DM2. A
correlação positiva entre a PAS de repouso e a PAS em R45 contradiz os indícios
apresentados em estudos que envolvem indivíduos hipertensos, no qual apresentaram maiores
respostas hipotensoras comparadas a normotensos (Melo et al., 2006; Pescatello et al., 2004).
Isto pode ter ocorrido, devido à queda de a PAS ser proporcional ao valor de repouso, ou seja,
indivíduos com menor PAS em repouso após o exercício continuam se mantendo com
menores valores e o mesmo ocorre para os que possuem maiores valores de repouso. em
DM2 a PAS de recuperação (R45) se correlacionou com a PAS de repouso, apenas no
exercício de maior intensidade enquanto que esta correlação não foi significativa (r=0,09,
p=0,79) no exercício a 90% LL, provavelmente devido à intensidade e a características
peculiares aos DM2 como disfunção endotelial e autonômica (Bortolotto, 2007).
Existem vários fatores que interferem na HPE, dentre os quais se destaca a
intensidade do exercício (Cornelissen & Fagard, 2004; Pescatello et al., 2004; Smelker,
Foster, Maher, Martinez, & Porcari, 2004). O importante achado do presente estudo foi de
que, apenas o exercício mais intenso (TI) foi capaz de promover HPE em DM2. Por este
motivo, a intensidade é fator que deve ser considerado na prescrição do exercício físico para
DM2 quando se deseja proporcionar benefícios hemodinâmicos no que diz respeito à HPE
sendo necessários mais estudos sobre estas respostas agudas e crônicas.
Diversos autores têm comparado o efeito da intensidade do exercício nas respostas
hemodinâmicas em hipertensos e normotensos. A maioria dos estudos utiliza como parâmetro
o VO
2máx
ou
VO
2pico
com intensidades entre 40 e 80%. No presente estudo, a sessão a 90% LL
representou 66,8 ± 8,3% em DM2 e 55,1 ± 10,5% VO
2pico
em NDM2 não apresentando
diferenças significativas. Estas intensidades foram compatíveis com os estudos na literatura
para esta população ().
As respostas de PSE (média dos 10 e 20 min) durante o exercício a 90% LL não
diferiu entre os grupos sendo 12,7 ± 2 e 12,2 ± 1,4 em DM2 e NDM2 respectivamente.
Durante o TI, a PSE média alcançada ao final do teste foi 18,2 ± 2,4 para DM2 e 18,7 ± 2,4
para NDM2.
As respostas hemodinâmicas em diferentes intensidades (50 e 75% VO
2máx
) de
exercício agudo em esteira com duração de 30 minutos foram avaliadas em indivíduos pré-
hipertensos (homens 41,3 ± 8,9 anos e mulheres 43,6 ± 7,4 anos), por Quinn, (2000). O
exercício a 75% VO
2máx
foi mais efetivo em reduzir a PA quando comparado a 50%VO
2máx
sendo assim, a intensidade foi definida como fator determinante para a ocorrência de HPE em
pré-hipertensos, confirmando o que foi verificado no presente estudo para o grupo DM2.
Pescatello et al., (2004) constataram resultados semelhantes aos de Quinn, (2000), ao
comparar sessões de exercício em cicloergômetro com duração de 40 minutos a 40 e 70%
VO
2máx
em homens pré-hipertensos (43,8 ± 1,4 anos). A PA foi verificada durante a
recuperação pós-exercício por 45 minutos e realizada a monitorização ambulatorial da pressão
arterial (MAPA) por 24 horas. Os autores concluíram que o exercício a 70% VO
2máx
foi mais
eficaz em reduzir a PA do que a 40% VO
2máx
comparando-se a sessão controle sem exercício,
principalmente nas 5 primeiras horas após o exercício.
A intensidade do exercício pode também se relacionar à maior hiperemia que
representa o aumento do sangue circulante. Os níveis elevados de hiperemia relacionam-se ao
condicionamento físico, tipo, duração e intensidade do exercício além de influenciar a
produção local de substâncias vasodilatadoras em resposta a contração muscular. A função
primária do sistema cardiovascular é suprir de oxigênio os tecidos e órgãos do corpo. Quando
o músculo contrai a demanda aeróbia e o transporte de oxigênio aumenta tanto em níveis
sistêmicos quanto em níveis regionais. O nível de perfusão tecidual chega a 2,5 ml.mg.min
em indivíduos sedentários e 4,0 ml.mg.min em atletas (Andersen & Saltin, 1985; Saltin,
2007).
Em nosso estudo, o condicionamento físico foi menor (p 0,05) em DM2 (20,5 ± 4,9
ml O
2
.kg.min
-1
) quando comparado a NDM2 (24,8 ± 4,4 ml O
2
.kg.min
-1
) sugerindo segundo
(Andersen & Saltin, 1985; Saltin, 2007) que o grupo que possui menor condicionamento,
possui uma menor perfusão tecidual. Além disso, a hiperemia em repouso e
conseqüentemente durante e após o exercício, é menor em DM2 comparado a NDM2 devido a
disfunções micro e macrovasculares relacionadas à disfunção do endotélio vascular (Jaap,
Hammersley, Shore, & Tooke, 1994) podendo comprometer a liberação de substâncias
vasoativas e conseqüentemente a HPE.
A disfunção endotelial é caracterizada por condição proinflamatória, reduzida
vasodilatação e estado protrombótico associando-se a morbidade e mortalidade cardiovascular
(Hartge et al., 2006). É possível se mensurar de forma não invasiva a função endotelial, por
meio da oclusão da artéria braquial, uma vez que quando o tecido passa por um período de
fluxo sanguíneo reduzido, ocorre um aumento de fluxo compensatório posterior denominado
hiperemia reativa. Esta hiperemia reativa, tem sido avaliada através da dilatação endotélio
dependente da artéria braquial (DILA) (Cohen et al., 2007; Galetta et al., 2006; Minson &
Wong, 2004). A resposta vascular, avaliada pela DILA, pode-se relacionar a liberação de
óxido nítrico e tem-se mostrado prejudicada em diabéticos tipo 2 (Hamilton, Chew, & Watts,
2007).
A DILA, geralmente é avaliada cerca de 50 a 60 segundos após isquemia por oclusão
da artéria braquial, entretanto não é conhecido qual é o tempo ótimo para se observar o pico
da resposta vasodilatadora, especialmente em condições patológicas. Por este motivo, (Irace,
Tschakovsky, Carallo, Cortese, & Gnasso, 2008) decidiram avaliar o tempo necessário para
maior resposta de “estresse de cisalhamento” e pico de DILA comparando os tempos de 50,
120, 180 e 300 segundos em NDM2 e DM2. O estresse de cisalhamento ocorre devido ao
atrito entre a parede do vaso e o fluxo sanguíneo, e representa um importante estímulo para as
células endoteliais. A função do endotélio é ajustada pela sensibilidade ao “estresse de
cisalhamento” vascular aumentando a liberação de substâncias autacóides vasodilatadoras
como o óxido nítrico (ON). No estudo de (Irace et al., 2008), em NDM2 (54,1 ± 10,5 anos) o
pico de aumento do “estresse de cisalhamento” e DILA ocorreram 50 segundos após
isquemia, porém em DM2 (55,5 ± 10,1 anos) foram identificadas três diferentes grupos de
respostas, sendo que o primeiro exibiu pico de aumento aos 50 segundos, o segundo aos 120
segundos e o terceiro grupo não apresentou aumento do estresse de cisalhamento” e DILA
em nenhum dos momentos investigados. Estes resultados indicam que a resposta à isquemia
da artéria braquial é heterogênea em DM2 e sugerem que existam diferentes mecanismos
responsáveis pela alteração da função endotelial.
Khder et al., (1998), apontaram que hipertensos possuem decréscimo do “shear
stress” ou estresse de cisalhamento, porém não possuem disfunção intrínseca da célula
endotelial. Em contraste, DM2 possuem menor vasodilatação endotélio dependente não
associada ao estresse de cisalhamento e sim a outros mecanismos que ainda não foram
totalmente esclarecidos.
Estes diferentes mecanismos de alteração da função endotelial podem ter contribuído
para a ocorrência mais tardia da HPE após o TI em DM2 em nosso estudo, quando comparado
ao NDM2. Podemos observar, que o grupo NDM2 apresentou HPE de PAS no momento R30
após exercício (de 121,2 ± 13,5 mmHg em repouso para 105,4 ± 17,6 mmHg), 15 minutos
antes comparado ao grupo DM2 que apresentou HPE no momento R45 (de 130,5 ± 14,0
mmHg em repouso para 115,0 ± 10,8 mmHg) (Tabela 11). O mesmo foi observado para
PAM, em que o grupo NDM2 apresentou HPE de PAM em R30 (de 93,6 ± 8,7 mmHg em
repouso para 84,6 ± 15,4 mmHg) e DM2 em R45 (99,6 ± 8,2 mmHg em repouso para 90,1 ±
9,2 mmHg) (Tabela 13).
Outra forma de se avaliar a função endotelial e autonômica é através do estresse
ortostático uma vez que, a mudança de posição do corpo causa modificações circulatórias a
fim de compensar o reduzido retorno venoso e bito cardíaco. Guazzi, Lenatti, Tumminello,
& Guazzi, (2005), verificaram as respostas ao estresse ortostático avaliando-se a adequada
redução do lúmen vascular e aumento da hiperemia. No grupo controle bem como no grupo
de hipertensos, estas respostas foram identificadas, porém apresentaram-se prejudicadas no
grupo de DM2 com e sem hipertensão arterial. Este estudo sugere que a patologia dos DM2
produz maiores danos na função endotelial e autonômica do que a hipertensão arterial
isoladamente.
Os resultados de Guazzi et al., (2005), podem nos ajudar a explicar em parte porque
em nosso estudo não foi observada HPE em DM2 no exercício de menor intensidade (90%
LL). A possibilidade do diabetes tipo 2 provocar alterações no controle da PA, função
endotelial e função autonômica cardíaca acarretam maior dificuldade de vasodilatação no
período pós-exercício principalmente se o exercício for de menor intensidade.
O mecanismo de contração e relaxamento do músculo esquelético, ativado pelo
exercício físico, cria uma “bomba-muscular” que causa imediato aumento do fluxo sanguíneo
para o trabalho muscular. A atividade muscular contínua libera metabólitos com propriedades
vasoativas do músculo para o fluído intersticial, agindo diretamente nas arteríolas terminais.
Substâncias propostas envolvidas nesta vasodilatação “metabólica” incluem íons potássio,
metabólitos como adenosina, e mais recentemente a liberação do óxido nítrico do músculo
ativo. O exercício físico promove uma melhora da função endotelial pelo aumento da
biodisponibilidade de ON por meio de alterações cardiovasculares agudas. (Maiorana et al.,
2003).
Goto et al., (2007), buscaram avaliar a função vascular por meio de DILA e
biodisponibilidade de ON em jovens normotensos (26,3 ± 2,3 anos), durante e após 30
minutos de exercício em cicloergômetro a 25% (leve intensidade), 50% (moderada
intensidade) e 75% do VO
2máx
(alta intensidade)
.
A função endotelial foi mensurada durante o
exercício em intervalos de 5 minutos pelo período de 30 minutos e aos 5 e 10 minutos de
recuperação. Foi utilizada para isso no período pós-exercício, a infusão de NG-monometil-L-
arginina (L-NMMA), um inibidor da ON sintase para avaliar o efeito do exercício prévio na
liberação de ON e na DILA. Durante o exercício de moderada (50% VO
2máx
) e alta (75%
VO
2máx
) intensidade a PAM alcançou respectivamente 125,7 ± 14,3 mmHg e 146,8 ± 19,8
mmHg e a FC 141,7 ± 10,6 bpm e 179,4 ± 17,4 bpm. A função endotelial, verificada por meio
da DILA, aumentou significativamente no exercício de intensidade moderada enquanto que a
resistência vascular periférica reduziu. A administração de L-NMMA no exercício moderado
inibiu o aumento da vasodilatação comprovando a influência do ON na função vascular pós-
exercício moderado. Segundo os autores o aumento da DILA e a biodisponibilidade de ON
pode se dever ao aumento da produção e diminuição da inativação de ON. Já o exercício leve
não promoveu alteração nestes componentes e durante o exercício intenso não foi possível
mensurar a DILA devido ao movimento excessivo do corpo.
No presente estudo, a PAM e a FC ao final do TI que poderia ser considerado um
exercício de alta intensidade, foram de 128,1 ± 12,2 mmHg e 150,4 ± 29 bpm para DM2 e
para NDM2 de 116,8 ± 11,6 mmHg e 170,1 ± 13 bpm. No exercício a 90% LL, que poderia
ser considerado como de intensidade moderada, a PAM e FC foram 112,5 ± 11,3 e 118,9 ± 19
bpm e; 104,4 8,4 mmHg e 121,6 ± 15,9 bpm para DM2 e NDM2. Estes resultados foram
inferiores aos encontrados por (Goto et al., 2007), provavelmente devido a população
estudada por estes autores constituir-se de jovens (26,3 ± 2,3 anos). O estudo de (Goto et al.,
2007) avaliando PAM e DILA, e o nosso estudo avaliando PAS, PAD, PAM, atividade da
calicreína plasmática e VFC, revelaram que as respostas cardiovasculares durante e após o
exercício se mostraram dependentes da intensidade.
Apesar de não ter sido mensurada no presente estudo a DILA e a biodisponibilidade
de ON, sugere-se que o exercício a 90% LL pode não ter sido uma intensidade suficiente para
aumentar a vasodilatação endotélio dependente e a biodisponibilidade de ON nos DM2 a
ponto de causar HPE. Já nos NDM2, partindo do pressuposto que são saudáveis e
provavelmente possuem preservada função endotelial, foi observada HPE nesta intensidade.
O diabetes tipo 2 acarreta alterações nas propriedades funcionais e estruturais de
grandes artérias que exercem um extraordinário papel no aumento da incidência de problemas
cardiovasculares. Os mecanismos destas alterações vasculares no diabetes incluem a
resistência à insulina, o acúmulo de colágeno devido à glicação enzimática inadequada,
disfunção endotelial e do sistema nervoso autônomo (Bortolotto, 2007). A prática do
exercício físico pode minimizar estes danos e reduzir o risco cardiovascular (Bassuk &
Manson, 2005).
O sistema nervoso autônomo (SNA) é subdividido em simpático e parassimpático,
componentes que trabalham de forma antagônica para promover o controle e função de órgãos
alvo. A neuropatia autonômica (NA) é o principal fator que afeta a modulação do SNA
acarretando disfunção autonômica cardíaca em DM2. Tal disfunção caracteriza-se por um
distúrbio funcional, resultante de alterações em um ou em ambos os componentes do SNA. As
principais manifestações de NA incluem taquicardia de repouso, intolerância ao exercício,
hipotensão ortostática e isquemia silenciosa do miocárdio (Vinik et al., 2003).
O grupo DM2, no presente estudo, não relatou nenhuma destas manifestações
durante a anamnese e/ou exame clínico realizado pelo cardiologista, entretanto a possibilidade
de início de NA, deve ser considerada nestes indivíduos uma vez que a mesma pode
apresentar-se de forma assintomática segundo observado por Figueroa et al., (2007).
As respostas agudas ao exercício na modulação autonômica em mulheres DM2 (50 ±
1 ano) e NDM2 obesas (48 ± 2 anos) e magras (49 ± 3 ano), foram investigadas por Figueroa
et al., (2007) após 20 min de caminhada em esteira a 65% VO
2pico.
Os resultados apontaram
que, DM2 sem a presença de disfunção autonômica cardiovascular aparente apresentaram
prejudicada regulação autonômica cardíaca no período pós-exercício. O componente LF
(“Low-Frequency”), que representa a atuação do sistema nervoso simpático (SNS),
apresentou-se elevado (p < 0,01) aos 10 e 20 minutos pós-exercício em DM2 e NDM2 obesas
e magras. Em DM2, este componente apresentou menor aumento do que em NDM2. O HF
(“High-Frequency”), que se relaciona ao sistema nervoso parassimpático (SNP), apresentou-
se reduzido aos 10 e 20 minutos pós-exercício em todos os grupos avaliados (p<0,01). A
razão LF/HF, que indica o balanço simpato-vagal, em relação ao repouso não se alterou em
nenhum dos grupos estudados no período pós-exercício. Os autores propõem, que o tardio
retorno da resistência total periférica e da FC do pós-exercício aos valores de pré-exercício no
grupo DM2, estejam associados à prejudicada regulação autonômica. A PA é resultante da
resistência vascular periférica multiplicada pelo débito cardíaco (DC), sendo que a FC é
componente do DC por este motivo, se DM2 possuem atrasado retorno tanto da FC quanto da
resistência total periférica comparado a NDM2, conforme foi verificado no estudo Figueroa et
al., (2007), poderão apresentar menor queda da PA depois do exercício.
No presente estudo 1, o atrasado retorno da FC aos valores de repouso, foi observado
em DM2 principalmente após TI. A FC no período de recuperação após TI apresentou-se
elevada (p<0,05) em relação aos valores pré-exercício no grupo DM2 por um período maior
(até R45) comparada a NDM2 (apenas no momento R15) (Figura 14). O exercício mais
intenso promoveu maior elevação da FC, entretanto o grupo DM2 apresentou atrasada
resposta na recuperação da FC aos valores de repouso possivelmente indicando que os DM2
apresentam uma atrasada reativação parassimpática conforme relatado por Figueroa et al.,
2007.
O estudo 2, que verificou as respostas de PAS e variabilidade de freqüência cardíaca
(VFC), constatou HPE apenas em NDM2 (n=5) somente após o TI em R15 (-9,44 ± 7,09
mmHg), R30 (-7,44 ± 3,58 mmHg) e R45 (- 8,69 ± 2,35 mmHg) (Tabela 16), não ocorrendo
após exercício a 90% LL. Em DM2 (n=5), nenhuma das intensidades de exercício foi capaz
de promover HPE, ficando a PAS entre aproximadamente + 2 e -6 mmHg após 90% LL e
entre -2 e -12 mmHg após TI em relação ao repouso.
Em relação aos componentes de VFC avaliados, não foram verificadas alterações no
componente LF em ambos os grupos após as duas intensidades (TI e 90% LL) (Tabela 18).
o HF, em NDM2, não teve diferença significativa no período de recuperação comparado aos
valores de repouso tanto em TI quanto em 90% LL apesar de apresentarem uma “tendência a
redução” (Tabela 19) conforme o encontrado por Figueroa et al., (2007). Por outro lado, em
DM2, este mesmo componente (HF) aumentou apenas após TI em R30 e R45 (Tabela 19),
demonstrando um aumento do SNP no período pós-exercício nesse grupo. O LF/HF, que
representa o balanço simpato- vagal ou reflexo da modulação simpática, em NDM2 aumentou
na sessão 90% LL em R15 e TI em R15 e R30 em DM2 aumentou significativamente aos
R15, apenas após 90% LL presumindo atrasada resposta da modulação autonômica cardíaca
(Tabela 20). O estudo 2, foi realizado somente com 10 voluntários (5 DM2 e 5 NDM2), e
apesar de apresentar limitações com relação ao tamanho da amostra e tempo de mensuração
de apenas 45 minutos pós-exercício, os resultados observados sugerem que DM2 possuem
prejudicada regulação autonômica e menor HPE quando comparado ao NDM2.
A FC média de repouso foi de 78 ± 8 bpm para DM2 e 70,8 ± 9 bpm para NDM2 e
pode ser um indicativo de início de disfunção autonômica cardíaca, uma vez que a FC de
repouso elevada é umas das características da neuropatia autonômica. Apesar desta diferença
não ser significativa, estudos apontam ainda que quanto maior a freqüência cardíaca de
repouso, maior a incidência de eventos cardíacos (Ahmed, 2008; Cook, Togni, Schaub,
Wenaweser, & Hess, 2006; Inoue et al., 2008) e diabetes (Carnethon et al., 2008). O estudo de
Carnethon, Golden, Folsom, Haskell, & Liao, (2003) avaliou 8185 homens de meia idade,
sem diabetes inicialmente, e observou que os participantes com maior freqüência cardíaca de
repouso (> 73 bpm) tiveram 1,6 vezes mais propensão para desenvolver diabetes nos
próximos oito anos comparado aos participantes com freqüência cardíaca igual ou menor a 60
bpm.
A FC de recuperação imediatamente após um exercício máximo tem sido utilizada
como preditor de mortalidade por se relacionar a resposta autonômica cardíaca (Chacko et al.,
2008; Nishime, Cole, Blackstone, Pashkow, & Lauer, 2000). A queda da FC após um minuto
menor que 12 bpm está relacionada a maior incidência de eventos cardiovasculares quando
comparado a quedas de 23-28 bpm em DM2. após 2 minutos, a queda da FC menor do que
28 bpm comparada a 37-42 bpm também prediz maior incidência de eventos cardiovasculares
e mortalidade em DM2 (Chacko et al., 2008). Outro estudo avaliando a FC de recuperação em
DM2, verificou que após 5 minutos do fim do exercício máximo, os grupos que obtiveram
uma queda menor que 55 e também entre 55-60 bpm, apresentaram 2 vezes mais chance de
morte por problemas cardiovasculares quando comparado ao grupo que caiu mais do que 75
bpm na FC após 5 minutos do fim do exercício físico máximo. o grupo que teve queda de
67-75 bpm teve 1,5 vezes mais chance (Cheng et al., 2003).
Panzer, Lauer, Brieke, Blackstone, & Hoogwerf, (2002), evidenciaram que existe
uma relação entre a glicemia de jejum e a FC de recuperação através de seu estudo no qual
participaram 5.190 indivíduos saudáveis com idade média de 45 anos. A FC de recuperação
foi definida como a mudança entre o pico de FC ao fim do exercício máximo e os primeiros 2
minutos de recuperação após o exercício, sendo considerado valor anormal queda 42 bpm.
O grupo que possuía maior glicemia de jejum 7,0 mmol/l (> 126 mg.dL
-1
) obteve 50% de
incidência de FC de recuperação anormal, o grupo com glicemia de jejum entre 6,1 e 6,9
mmol/l (109,8 e 124,2 mg.dL
-1
) obteve 42% e o grupo com glicemia menor do que 6,1 mmol/l
( < 109,8 mg.dL
-1
) apenas 33%.
No presente estudo não foi avaliada a resposta de FC imediatamente após o exercício
físico máximo (TI) ou submáximo (90% LL), sendo que o primeiro momento verificado foi
em R15. Entretanto, é possível comparar a resposta da recuperação da FC após o exercício
máximo e submáximo entre os grupos DM2 e NDM2 por até 135 minutos de recuperação.
O exercício de menor intensidade (90% LL) manteve a FC elevada no período de
recuperação, quando comparada aos valores pré-exercício no R15 em ambos os grupos,
porém apenas em DM2, no momento R120 e R135 a FC reduziu abaixo dos valores de
repouso (p 0,05) enquanto que no grupo NDM2 a FC pós-exercício a partir de R30 manteve-
se semelhante aos valores de repouso (Figura 13).
Após o exercício mais intenso (TI), a FC no período de recuperação apresentou
valores maiores quando comparada aos valores pré-exercício no momento R15 em ambos os
grupos, e manteve-se elevada apenas em DM2 nos momentos R30 e R45 e nos demais
momentos estão semelhantes ao repouso e no grupo NDM2 após R15 os valores semelhantes
ao pré-exercício e reduzida em R135 (p 0,05) (Figura 14). Estas respostas indicam uma
melhor recuperação pós-esforço da FC em NDM2 comparado ao DM2.
O duplo produto (DP) resultante do produto da FC pela PAS reflete o consumo de
oxigênio pelo miocárdio e assim como a freqüência cardíaca, quando elevado está relacionado
ao aumento de risco cardiovascular (Hui, Jackson, & Wier, 2000). Em repouso durante todas
as sessões CON, 90% LL e TI o DP apresentou valores superiores no grupo DM2 quando
comparado ao grupo NDM2 (p 0,05) (Figura 15, 16 e 17).
MacDonald et al., (2002) avaliaram em jovens hipertensos (24,5 ± 5,1 anos; 145 ± 15
/ 72 ± 10 mm Hg) as respostas após 30 minutos exercício em cicloergômetro, a 70% do
VO
2pico
na PA, DP e VFC. Os resultados apontaram redução de PAS pós-exercício com maior
decréscimo observado aos 5 minutos e retornando aos valores pré- exercício após 75 minutos,
ou seja, a HPE foi sustentada por cerca de 60-70 minutos após o exercício físico. O DP
aumentou durante o exercício e retornou aos valores basais após 30 minutos e a VFC mostrou
um aumento de HF e LF 15 minutos após o exercício.
Em nosso estudo, verificamos maior decréscimo da PAS após TI em R30 e R45 em
NDM2 e DM2 respectivamente, porém a PA pós-exercício foi mensurada apenas a cada 15
minutos e por este motivo não foi possível observar se o maior descenso ocorreu em outros
momentos. Estes valores permaneceram reduzidos e a HPE foi observada em DM2 até o
momento R75 resultado próximo ao constatado por MacDonald et al., (2002) que foi entre 60-
70 minutos apesar da diferente faixa etária entre os voluntários. Já para NDM2 a HPE foi
sustentada apenas até R45 podendo ter sido influenciada pelo fato de serem indivíduos
saudáveis normotensos. Após 90% LL, somente ocorreu HPE em NDM2 e o menor valor de
PAS observado pós-exercício nesse grupo foi em R30 (Tabela 10). A ocorrência de HPE em
NDM2 tanto após TI quanto após 90% LL se iniciou aos 30 minutos após o fim do exercício,
para DM2, que ocorreu apenas após TI, a HPE iniciou aos 45 minutos após o exercício.
Estas respostas sugerem que a intensidade do exercício pode influenciar não somente a
ocorrência ou não de HPE em DM2, como também seu momento inicial e duração.
Foi observada redução no DP após TI apenas em DM2 em relação ao repouso no
momento R135 (Figura 17), possivelmente devido a redução da FC observada neste momento
quando comparada ao repouso pré-exercício (Figura 14). Após 90% LL a redução ocorreu em
DM2 no R135 e em NDM2 no R120. A redução do DP em DM2, tanto após 90% LL quanto
após TI (em R135) representa importante benefício para está população e caracteriza-se
redução do risco cardiovascular. Ainda que não tenha sido verificada queda de PAS
significativa após 90% LL, o DP após sessão apresentou-se significativamente reduzido para
DM2 (R135).
A intensidade se mostrou determinante nas respostas de DP durante e após o
exercício, uma vez que quanto mais intenso, maior elevação da FC cardíaca e da PA, sendo
estes determinantes do DP. Para investigar o efeito da intensidade do exercício nas respostas
cardiovasculares pós-exercício, (Forjaz et al., 1998) analisaram 12 jovens normotensos em
três sessões de exercício em cicloergômetro com duração de 45 minutos (30, 50 e 80% do
VO
2pico
). A PA e FC foi mensurada a cada 5 minutos durante o exercício e em intervalos de 5
a 30 (R5-30), 35 a 60 (R35-60) e 65 a 90 (R65-90) minutos no período de recuperação após o
exercício. A PAS, PAM e PAD durante a recuperação pós-exercício, foram significativamente
menores comparadas ao repouso, não sendo verificadas diferenças entre as intensidades. Após
exercício a 30% do VO
2pico
, a FC ficou significativamente reduzida em R35-60 e R65-90. Em
contraste, após exercício a 50 e 80% do VO
2pico
, a FC foi significativamente aumentada em
R5-30 e R35-60. O exercício a 30% do VO
2pico
reduziu significativamente o DP durante todo
o período de recuperação, provavelmente influenciado pela menor FC de recuperação após
esta intensidade neste período, o exercício a 50% não alterou o DP, e o a 80% produziu
significante aumento em R5-30 sem mudanças em R35-60 ou R65-90.
Os resultados de Forjaz et al., (1998), comprovam a influência da intensidade na FC
de recuperação pós-exercício, que se apresentou reduzida após exercício a 30% VO
2pico
e
aumentada após 50 e 80% VO
2pico
. O DP também se mostrou dependente da intensidade uma
vez que o exercício a 30% do VO
2pico
promoveu uma redução desta variável e a 80% um
aumento durante o período pós-exercício. Porém, a queda significativa da PA não apresentou
diferenças entre as intensidades avaliadas. Os autores não conseguiram determinar qual o
motivo das três intensidades promoverem respostas semelhantes na PA após o exercício,
porém o fato da população estudada ser formada por jovens normotensos permite a suposição
de que possuem adequada resposta vascular mesmo em intensidades mais baixas. Em
indivíduos hipertensos e diabéticos, são necessárias maiores investigações com relação as
intensidades de exercício físico adequadas a fim de promover maiores benefícios.
A resposta do lactato sanguíneo ao exercício físico tem sido amplamente utilizada
tanto para prescrição de exercício físico como para avaliação da capacidade aeróbia. Segundo
Kindermann et al., (1979), a resposta do lactato sangneo possibilita a identificação da
intensidade do exercício a partir da qual o estresse metabólico, a ativação simpática e ativação
da via glicolítica passam a aumentar consideravelmente, intensidade esta conhecida como
limiar anaeróbio ou limiar de lactato e relatada em diversos estudos (Simões et al., 2003;
Simões, Denadai, Baldissera, Campbell, & Hill, 2005).
O limiar anaeróbio em DM2, podendo ser identificado através do limiar de lactato,
tem sido investigado por diversos autores por representar importante parâmetro que auxilia na
prescrição do exercício para esta população (Belli et al., 2007; Fujita et al., 1990; Kawaji,
Fujita, Yajima, Shirataka, & Kubo, 1989). Particularmente DM2, apresentam disfunções
metabólicas que podem levar a diferentes respostas fisiológicas durante e após o exercício
físico, portanto é necessário se investigar e estabelecer intensidades adequadas a fim de
promover maiores benefícios.
O lactato em repouso no presente estudo, não apresentou correlação significativa
com a glicemia de jejum tanto para DM2 (r=0,12 p=0,72) quanto para NDM2 (r=0,17,
p=0,63). Estes resultados contradizem em parte Chen, Varasteh, & Reaven, (1993) que
verificaram associações em repouso entre as concentrações de lactato plasmático de repouso e
a da glicemia plasmática e hemoglobina glicada em diabéticos obesos. Possivelmente estes
resultados conflitantes se devem ao fato de que o lactato plasmático de repouso no estudo de
Chen, Varasteh, & Reaven, (1993) foi avaliado em condição de jejum ao contrário do presente
estudo que avaliou o lactato no período pós-prandial.
Os valores de lactato pré-exercício não foram estatisticamente diferentes entre os
grupos em nenhuma das sessões (CON, 90% LL e TI). Durante e após a sessão de exercício a
90% LL e TI, o lactato apresentou respostas semelhantes tanto em DM2 quanto em NDM2, se
elevando durante o exercício e retornando aos valores de repouso na recuperação pós-
exercício. A elevação do lactato durante o exercício a 90% LL não apresentou diferença
estatística entre os grupos, porém o grupo DM2 após 15 minutos do fim do exercício
apresentava valores de lactato ainda elevados (p < 0,05) quando comparados ao pré-exercício
sendo o mesmo não notado em NDM2 (Figura 19). DeFronzo, (2004) indica que indivíduos
DM2 possuem prejudicada capacidade oxidativa deste metabólito e este fator pode ter
influenciado na remoção do lactato pós-exercício. Além disso, o menor condicionamento
físico dos DM2 comparado aos NDM2, pode ter interferido na menor oxidação de lactato
durante o período de recuperação.
durante o TI, o lactato máximo alcançado ao fim do teste foi ligeiramente maior
(sem diferenças estatísticas) em NDM2 (7,17 mM) comparado a DM2 (5,74 mM) (Figura 20).
Apesar de não significativo, este maior aumento durante o TI pode ter influenciado para que
se mantivesse elevado por mais tempo (até R45) em NDM2 e por menos tempo (até R30) em
DM2.
O efeito da ingestão de carboidrato no lactato em DM2 não foi objetivo de nosso
estudo, todavia a elevação da glicemia ocasionada pela ingestão do carboidrato parece ter tido
efeito no metabolismo do lactato. Os resultados indicam que na sessão CON, aos 45 minutos
da recuperação quando foi ingerido o carboidrato, a remoção do lactato parece ter sido
afetada. A partir deste ponto, o lactato apresentou ligeiro aumento (entre R45 e R105)
chegando a se igualar aos valores de repouso no R105 em ambos os grupos (Figura 18). O
maior valor de lactato observado no período de recuperação na sessão CON para DM2 e
NDM2 ocorreu 60 minutos após a ingestão de carboidrato (no momento R105).
Prando et al., (1988) constatou um aumento significativo no lactato plasmático após
ingestão de carboidrato em indivíduos DM2 e NDM2, sugerindo que o carboidrato tem um
efeito no metabolismo do lactato em ambos os grupos avaliados conforme verificado em
nosso estudo.
Nas sessões de exercício TI e 90% LL, este efeito (elevação do lactato) após ingestão
de carboidrato aos 45 minutos de recuperação não foi observado. O exercício prévio deste
modo parece minimizar a influência do carboidrato no lactato (Figura 19 e 20).
A elevação da glicemia no período pós-prandial, bem como a avaliação da glicemia
em jejum, são investigadas na suspeita de resistência à insulina e valores elevados estão
relacionados ao aumento de estresse oxidativo (Zhu et al., 2007) e hipertensão arterial
(Russell et al., 2005). O estresse oxidativo, ocasionado pela hiperglicemia, pode influenciar
nas respostas de HPE e do o SCC (Boone, Probst, Rogers, & Berger, 1993; Legramante et al.,
2002; MacDonald et al., 2002).
A liberação de vasodilatadores endoteliais bem como a ativação do SCC é
prejudicada na aterosclerose, hipertensão e diabetes. As cininas são potentes peptídeos
vasodilatadores liberados em vários tecidos e na circulação sanguínea que representam
importante função no controle da PA (Sharma & Sharma, 2002). O exercício físico pode
estimular o SCC levando a aumentos nas concentrações destes peptídeos plasmáticos
ajustados por demandas metabólicas, sendo a intensidade do exercício fator que poderia afetar
a sua modulação (Mombouli & Vanhoutte, 1995).
Poucos estudos avaliaram o efeito do exercício físico na atividade da calicreína
plasmática em normotensos e hipertensos, sendo esta resposta em DM2 ainda desconhecida.
Em hipertensos, Moraes et al., (2007) avaliaram os efeitos do exercício com duração de 30
minutos em cicloergômetro a 70% da FC de reserva e sessão de musculação (circuito). A
atividade da calicreína foi avaliada imediatamente após o fim do exercício, aos 60 minutos e
após 24h de recuperação e a PA a cada 5 minutos por 60 minutos e após 24h. Foram
verificados aumentos na atividade da calicreína em ambas as sessões imediatamente após e
aos 60 min de recuperação tanto em normotensos quanto em hipertensos. Após 24h a
atividade da calicreína permaneceu elevada comparada aos valores pré-exercício em
cicloergômetro apenas nos hipertensos. Segundo os autores, o aumento da atividade do SCC
após o exercício físico pode estar envolvido na ocorrência de HPE uma vez que tanto em
normotensos quanto em hipertensos foi observada uma redução da PA comparada aos valores
de repouso pré-exercício no momento 45 e 60 minutos após o exercício.
No presente estudo, a sessão 90% LL representou 86,4 ± 7,4 % da FC de reserva para
NDM2 e 92,5 ± 8,8 % para DM2, entretanto a duração do exercício de 20 minutos, foi menor
comparada ao estudo de Moraes et al., (2007) que foi 30 minutos. A atividade da calicreína
plasmática em nosso estudo, aumentou significativamente em NDM2 após sessão a 90%
LL no momento R15. Este resultado, pode estar relacionado a melhor resposta hipotensora e
atividade do SCC em NDM2, uma vez que não foram observadas alterações nestas variáveis
na mesma sessão em DM2.
Em contrapartida ao estudo de Moraes et al., (2007), no presente estudo não foi
mensurada a atividade da calicreína imediatamente pós-exercício pois a primeira coleta de
sangue venoso ocorreu 15 min após o fim do exercício. A diferença entre os períodos de
recuperação avaliados pode ter influenciado na verificação da ativação do SCC, constatado
por Moraes et al., (2007) em ambas as sessões (aeróbio e resistido) e não verificadas em nosso
estudo em nenhuma sessão de exercício em DM2 e apenas após 90% LL em NDM2.
Um resultado não esperado no presente estudo foi que o exercício mais intenso (TI)
não promoveu aumento na atividade da calicreína plasmática tanto em DM2 quanto em
NDM2. Estas respostas podem sugerir que intensidades mais elevadas, apesar de promoverem
maior HPE podem não se relacionar a ativação do SCC ou ainda, que a análise da atividade da
calicreína pré-exercício em jejum, conforme realizado no estudo de Moraes et al., (2007), teve
influência nos diferentes resultados verificados uma vez que a calicreína no presente estudo
foi avaliada pós prandial.
O efeito de diferentes tipos de exercício nas respostas de PA e atividade do SCC foi
analisado em indivíduos hipertensos (39,8 ± 0,8 anos e 141 ± 2 / 94 ± 2 mmHg) por Pontes et
al., (2008). Foram realizados testes prévios para determinação do VO
2 pico
e duas sessões de
exercício randomizadas com duração de 45 minutos em esteira ergométrica dentro e fora da
água com intensidade relativa a 50% VO
2 pico.
A atividade da calicreína plasmática, assim
como no estudo de Moraes et al., (2007) foi mensurada imediatamente e 60 minutos após o
fim do exercício e a PA a cada 5 minutos durante 90 minutos de recuperação pós-exercício.
Os resultados apontaram HPE em todos os momentos da recuperação pós-exercício em ambas
as sessões (corrida na esteira e corrida na água) exceto no primeiro momento avaliado (5
minutos). A atividade da calicreína se elevou apenas imediatamente após tanto na corrida em
esteira quanto na corrida na água, não apresentando diferenças na recuperação após 60
minutos.
A idade média dos voluntários, 38 ± 9 e 44 ± 2,5 anos para normotensos e
hipertensos no estudo de Moraes et al., (2007), e 39,8 ± 0,8 anos no estudo de Pontes et al.,
(2008), podem ter contribuído para resultados conflitantes uma vez que no presente estudo a
idade média dos voluntários foi de 53 ±6 e 47±5 anos para os DM2 e NDM2 respectivamente.
A idade pode influenciar no SCC sendo que indivíduos acima de 40 anos possuem redução da
atividade da calicreína conforme relatado em alguns estudos (Koolen, 1984; Jenzano, 1992).
Além disso, DM2 possuem prejudicada ativação do SCC principalmente pelo aumento da
glicemia, representando diferente mecanismo comparado a hipertensos.
Alguns medicamentos podem alterar o SCC, entretanto em nosso estudo os
medicamentos utilizados para o controle da PA e glicemia, foram suspensos por 48 horas.
Essa medida foi utilizada a fim de se evitar principalmente alterações nas respostas de
calicreínas plasmáticas, porém pode ser que este tempo não tenha sido suficiente para
“washout” em todos os voluntários embora o grupo NDM2 não fazia uso de nenhum tipo de
medicamento.
Os DM2 apresentam diversos fatores que alteram o SCC, dos quais se destacam a
elevação da glicemia, aumento da resposta inflamatória e patologias associadas ao sistema
nervoso central (Pelikánová et al., 1998; Spillmann et al., 2006). O prejudicado metabolismo
da glicose induz hiperglicemia, alterações na função endotelial e modulação autonômica
acarretando hipertensão arterial podendo originar interações que afetam as respostas na
atividade de calicreína quando comparada a hipertensos e a NDM2. Por este motivo, são
necessários mais estudos a fim de se compreender melhor os mecanismos agudos do exercício
sobre o SCC em DM2.
8. CONCLUSÃO
No estudo 1, em DM2 a hipotensão pós-exercício (HPE) de PAS foi evidenciada
apenas após o exercício máximo (TI) e indivíduos NDM2 obtiveram resposta hipotensora
tanto após exercício máximo (TI) quanto após 90% LL. Para PAM, foi observado a mesma
resposta, sendo a HPE observada em DM2 apenas após TI e em NDM2 após ambas as sessões
(90% LL e TI). Estes resultados sugerem que o diabetes tipo 2 prejudica a resposta
vasodilatadora pós-exercício possivelmente devido a disfunções ocasionadas pela elevação da
glicemia (hiperglicemia).
O mecanismo do SCC foi ativado apenas em NDM2, através do aumento da
atividade da calicreína plasmática pós-exercício somente a 90% LL (R15), comparada ao
repouso, não sendo alterado em DM2. O fato de não ter ocorrido alteração no SCC após TI,
em nenhum dos grupos avaliados (DM2 e NDM2), mesmo sendo observada HPE nesta
intensidade, sugere que este não é o principal mecanismo envolvido. Além disso, a atividade
da calicreína plasmática não se alterou em DM2 em nenhuma das intensidades avaliadas (90%
LL e TI) indicando, desta forma, ineficiente ação do SCC em resposta ao exercício nestes
indivíduos.
No estudo 2, a função autonômica cardíaca avaliada através da VFC, não apresentou
alterações no componente LF em ambos os grupos nas duas intensidades Para DM2, o HF
reduziu no CON (R15 e R30) e aumentou no TI (R30 e R45) (p 0,05). Para NDM2 o HF
reduziu no CON (R30). O LF/HF, que se relaciona ao balanço simpato-vagal, em NDM2
aumentou após 90% LL (R15) e TI (R15 e R30), porém em DM2 aumentou apenas após 90%
LL (R15) (p 0,05) apontando uma prejudicada modulação autonômica em DM2 comparado
a NDM2. O exercício físico agudo promoveu alterações nos componentes de VFC podendo
estar relacionado ao mecanismo de HPE.
O diabetes tipo 2 resulta em anormalidades em parâmetros centrais e periféricos da
estrutura e função cardiovascular tais como prejudicada função vasodilatadora endotelial,
aumento da rigidez arterial e disfunção autonômica cardíaca (Stewart, 2002). A atividade
física atua tanto no controle hemodinâmico quanto no glicêmico (Zhu et al., 2007) trazendo
inúmeros benefícios para DM2. A melhor compreensão destes mecanismos é necessária e
novos estudos poderão auxiliar para a prescrição da intensidade de atividade física adequada
para esta população.
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ANEXOS
ANEXO A. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE CATÓTICA DE BRASÍLIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, ____________________________________________ aceito participar da pesquisa para
realização do Projeto de Pesquisa intitulado RESPOSTAS HEMODINÂMICAS EM
DIABÉTICOS TIPO 2 E NÃO DIABÉTICOS APÓS TESTE INCREMENTAL E
EXERCÍCIO AERÓBIO REALIZADO A 90% DO LIMIAR DE LACTATO”.
O objetivo deste estudo é analisar as respostas glicêmicas (glicemia) e hemodinâmicas
(pressão arterial) em diabéticos tipo 2 antes, durante e após teste incremental e exercício
aeróbio realizado a 90% LL em cicloergômetro (bicicleta).
Estou ciente de que para participar dos testes desta pesquisa deverei preencher os seguintes
critérios:
1) Ser portador de diabetes tipo 2
2) Não apresentar alguma doença e/ou disfunção no histórico de saúde, ou outro problema
que comprometa minha integridade física e a execução da pesquisa
3) Ter idade entre 40 e 70 anos
4) Ter disponibilidade de tempo para comparecer a 3 visitas na Universidade Católica de
Brasília no período da manhã para a realização dos testes com duração aproximada de 4h .
Estou ciente de que:
1) Deverei comparecer ao laboratório nos dias previamente agendados, para a realização dos
testes de esforço, incluindo um teste incremental (teste de exercício físico em que a carga foi
aumentada a cada 3 min até a máxima carga que eu suportar pedalar sem diminuir a
velocidade que foi acompanhado por médico cardiologista) bem como uma sessão de
exercício de baixa intensidade e de carga constante durante 20 min e uma sessão controle, a
qual não irei realizar exercícios devendo permanecer sentado em repouso.
2) A realização de dez coletas de sangue do lóbulo de minha orelha ocorrerá: em repouso
(antes do exercício), durante e após o exercício. Foram coletados ainda, 6ml de sangue venoso
do braço cinco vezes em cada dia de experimento para dosagens de calicreínas plasmáticas
(substâncias que estão relacionadas ao controle da pressão arterial que indivíduos diabéticos
possuem em menor quantidade).
3) Receberei um “kit” alimentar após a primeira visita no dia do teste incremental. Devo
ingerir somente este kit nos dois outros dias dos testes, cerca de 7h da manhã, ou seja, 1h
antes do horário marcado para o teste que será geralmente às 8h. .
4) Não devo realizar exercícios físicos 24h antes de cada teste além de não: ingerir cafeína e
nada que contenha cafeína, bebidas alcoólicas e o uso de cigarros.
5) Será necessário suspender os remédios que utilizo 24h antes de cada teste sendo que a
dosagem de glicemia se realizada antes de cada sessão e se estiver alta o teste não será
realizado a fim de me proteger.
Fui informado de que minha participação nesse estudo trará benefícios, pois receberei: uma
avaliação cardiológica , avaliação física de esforço, avaliação de glicemia em jejum e após
refeição, avaliação de pressão arterial e avaliação antropométrica. Terei a chance de ser
avaliado e orientado quanto ao tipo de intensidade de exercício que devo realizar para o
controle de minha glicemia e pressão arterial, além de informações sobre hábitos saudáveis de
vida. Os resultados da pesquisa, serão informados a mim, assim como a importância que estes
estudos terão para melhoria de qualidade de vida de pessoas diabéticas.
As informações obtidas na pesquisa serão confidenciais, serei identificado através de
siglas/iniciais e a minha identidade será mantida em sigilo.
Estou ciente de que em caso de dano físico durante minha participação no estudo, o
tratamento emergencial será realizado na enfermaria local.
Não será concedido nenhum pagamento ou compensação devido a minha participação
nessa pesquisa.
Estou ciente que esse consentimento poderá ser retirado a qualquer hora e sem
preconceito, penalidade ou perda de possíveis benefícios oriundos de minha participação.
Poderei interromper qualquer teste físico ou exercício a qualquer momento se for necessário
ou de minha vontade. Poderei fazer perguntas sobre as minhas dúvidas a qualquer momento
sobre a investigação científica da qual participo como voluntário. Estou ciente que caso tenha
alguma dúvida sobre a pesquisa, posso a qualquer momento consultar a pesquisadora Daisy
Fonseca Motta nos telefone 61- 81352201 ou 61- 33441245.
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma
clara e objetiva, todas as explicações relacionadas ao projeto e que todos os dados a meu
respeito serão sigilosos.
Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento se esse for o
meu desejo.
Data _____/_____/______
Assinatura do voluntário: __________________________________________
Assinatura do pesquisador: _________________________________________
ANEXO B. FICHA DE AMAMNESE - Histórico de Saúde
Data _____/_____/______
Nome: _____________________________________________Sexo: fem masc
Idade:_____ Peso ______ Estatura________ Data de nascimento:
Endereço:__________________________________________cep
Cidade:________________________Telefone:
e-mail
Em caso de emergência avisar a: __________________Telefone:__________________
Por favor responda as perguntas a seguir:
1) Você pratica exercícios físicos regularmente?
( ) Sim Há quanto tempo?_____________________________________________
( ) Não Há quanto tempo?__________________________________________
2) Quantas vezes por semana você pratica exercício físico?
( ) 1 vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes
( ) 4 vezes ou mais
3) Qual exercício você pratica?
( ) caminhada ( ) corrida ( ) futebol
( ) bicicleta ( ) ginástica ( ) natação
( ) outros Quais?
4) Qual a duração do exercício?
( ) 30 minutos ( ) 1 hora ( ) Acima de 1 hora
5) Você possui algum problema que o impede de fazer exercício físico?
( ) Sim Qual?
( ) Não
6) Quantas refeições você faz por dia? (Incluindo lanches)
( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
Quais horários e o que geralmente costuma comer?
Horários Eu costumo comer:
I __________________________
II _________________________
II _________________________
IV ________________________
V _________________________
VI ________________________
7) Marque com um X o que for verdade:
( ) Tenho problemas gastrointestinais
( ) Tenho problemas nos rins
( ) Tenho problemas ortopédicos
( ) Tenho asma
( ) Tenho Diabetes Tipo 1
( ) Tenho Diabetes Tipo 2 Há quanto tempo?
( ) Sou fumante Há quanto tempo?
( ) Tenho pressão alta (hipertensão) Há quanto tempo?
( ) Tenho problemas cardíacos na família Quem?
( ) Tenho outro problema de saúde.
Especifique
8) Faz uso de medicamento?
( ) Sim Qual (is)?
( ) Não
9) Há quanto anos foi diagnosticado seu diabetes e qual era o valor da glicemia?
10) Você mede a sua glicemia toda semana?
( ) Sim Quantas vezes?
( ) Não
11) Você mede a sua glicemia todos os dias?
( ) Sim Quantas vezes?
( ) Não
12) Especifique:
Data de sua última glicemia:
Valor de sua última glicemia:
Horário do dia de sua última glicemia:
13) Qual o valor médio de sua glicemia em jejum?
Após as refeições?
Eu certifico que todas as informações acima são verdadeiras.
Assinatura: _______________________________________________________________
Data: ______/________/________
ANEXO C- FICHA DE AVALIAÇÃO (COLETA)
NOME:
DATA:
PAS PAD FC PSE PAM DP GLIC Adv GLIC bruto GLICEMIA LAC bruto LACTATO
mmHg mmHg bpm mmHg (FC*PAS) mg/dL mg.dL-¹ mM
Rep5
Rep10
Rep15
Rep20
Média
Exerc 10'
Exerc 20'
R15
R30
R45
R60
R75
R90
R105
R120
R135
IDADE (a)
ÁGUA (ml)
Banco LV (W)
Temp
Medicação/interrupção:
D/N
LIMÃO (g)
Alt Guidom IGT (W)
URA
ESTATURA (m)
Volume (ml)
Rec Guidom
Desjejum (h)
PESO (KG)
Máscara
CHO (g)
0
LL (W)
PAS PAD FC PSE PAM DP GLIC Adv GLIC bruto GLICEMIA LAC bruto LACTATO
mmHg mmHg bpm mmHg (FC*PAS) mg/dL mg.dL-¹ mM
Rep5
Rep10
Rep15
Rep20
Média
15
30
45
60
75
90
105
120
135
R15
R30
R45
R60
R75
R90
R105
R120
R135
15
ANEXO D. AVALIAÇÃO FÍSICA – ANTROPOMETRIA
Avaliador: _______________________________________________
Nome: _____________________________________________Sexo: fem masc
Idade:___________________ Peso __________________ Estatura________________
Data de nascimento: ______________ Telefone: ____________________________
DOBRAS (mm) MEDIDA 1 MEDIDA 2 MEDIDA 3 MÉDIA
Média axilar
Peitoral
Abdominal
Supra Ilíaca
Bíceps
Tríceps
Subescapular
Coxa
Perna
% GORDURA: IMC:
PERÍMETRO (cm)
Ombro _____________________
Tórax _____________________
Cintura _____________________
Abdômen _____________________
Quadril _____________________
Braço: direito_____________________ esquerdo_____________________
Coxa: direita_____________________ esquerda_____________________
Panturrilha: direita_____________________ esquerda_____________________
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