24
ao lado de Augusto Frederico Schmidt (1906-1965)
57
, um católico neorromântico e Cecília
Meireles (1901-1964). Henriqueta Lisboa, Augusto Frederico Schmidt, e Cecília Meireles,
entre outros não citados, fazem uma poesia espiritualista, transcendente, menos nacionalista e
mais universal. Consonantes, importante frisar, com o pensamento de Tasso da Silveira
(1895-1968) que via, no momento efervescente do Modernismo brasileiro, vigorar um
sentimento de pátria no seu aspecto mais superficial. Falando em nome do grupo que
integrava a revista Festa, ele assim explicitava a sua visão diante do impasse
nacional/universal:
Não há, porém, realidade viva sem significação profunda, porque o
mundo é obra de Deus. E, embora puramente espiritual, nenhuma realidade
é mais viva em nós do que o sentimento de pátria. Se à nossa percepção
mais clara de hoje tal sentimento se nos revela sobretudo sob o seu aspecto
limitativo, é porque continuamos a interpretá-la num sentido que, por não
ser o seu sentido profundo, os nossos desejos novos ultrapassaram.
58
Tasso da Silveira encerra o artigo reportando-se a Hegel (1770-1831)
pátria. Sentimento do universo. Amor à pátria, por amor ao mundo. Tese, antítese, síntese.
Ainda
59
Henriqueta Lisboa, apesar de algumas vezes figurar entre o chamado grupo dos
espiritualistas, por afinidade, não deixou registros de sua participação em qualquer
movimento dessa ordem, nem mesmo na revista Festa, como se poderia supor
60
.
Massaud Moisés
61
, em seu estudo sobre o Simbolismo no Brasil, sem citar a poeta
Henriqueta Lisboa, situa Cecília Meireles, Augusto Frederico Schmidt, Tasso da Silveira,
Murilo Araújo (1894-1980), Ribeiro Couto (1898-1963) e Jorge de Lima (1893-1953), como
57
Convém lembrar que Augusto Frederico Schmidt participou do n° 5 da revista Verde, em 1928 revista
Verde ovimento modernista por Peregrino
segunda como a de São Paulo (com Mário e Oswald de Andrade, Alcântara Machado, entre outros), e a terceira
como o grupo de Tasso da Silveira com a revista Festa, ainda que esta tenha sido marcada por programas e
idéias próprias, diferenciada quanto ao caráter ideológico das outras. Cecília Meireles participou ativamente da
revista Festa. Henriqueta Lisboa, apesar de citada por Dulce Salles Cunha Braga no seu livro Autores
contemporâneos Brasileiros Depoimento de uma época, 2ª edição, S.P: Ed. Giordano: 1996, p. 131-132, como
colaboradora da revista Verde, nada consta de sua autoria com o seu nome , nos seis números da revista.
58
Cf. SILVEIRA, Tasso da. Universalismo e sentimento de pátria. In: ___. Caminhos do espírito. 2. ed. Rio de
Janeiro: Clássica Brasileira,1957, p. 126.
59
Id., ibid., p. 129.
60
Nossa investigação, até a presente data, não encontrou registros que refutem esta informação. Sobre a revista
Festa destacamos o estudo de Neusa Pinsard Caccese, Festa: contribuição para o estudo do Modernismo,
editado pelo Instituto de Estudos Brasileiros, em 1971, com referências completas ao final deste trabalho.
61
Cf. MOISÉS, Massaud. História da Literatura Brasileira: Simbolismo. São Paulo: Cultrix: Ed. da
Universidade de São Paulo, 1985.