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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
TEMIS WEBER FURLANETTO CORTE
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE EMULSÕES
COSMÉTICAS PARA XEROSE SENIL
Porto Alegre
2006
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TEMIS WEBER FURLANETTO CORTE
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE EMULSÕES
COSMÉTICAS PARA XEROSE SENIL
Tese submetida ao Programa de Pós-
graduação em Gerontologia Biomédica da
PUCRS, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Doutor em Gerontologia
Biomédica.
Orientador: Prof. Dr. André Arigony Souto
Porto Alegre
2006
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O projeto de pesquisa que originou esta tese de doutorado foi desenvolvido
no Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS com o apoio da Faculdade de
Farmácia e da Faculdade de Química da mesma Universidade, subvencionado pela
mesma Instituição.
O protocolo deste estudo foi aprovado pela Comissão Científica do Hospital
São Lucas e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS, reconhecidas pelo
CONEP sob número 391/03, em 2003 (Anexo A).
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. André Arigony Souto, orientador desta tese, pela
oportunidade de transformar este projeto em realidade.
À Pontifícia Universidade Católica, pela concessão da bolsa de estudos e por
toda a infra-estrutura disponibilizada para a realização do trabalho.
Ao Prof. Dr. Sérgio de Meda Lamb (in memoriam) e à Profa. Dra. Flávia
Valladão Thiesen, pelo estímulo à qualificação profissional.
À Dra Rosane Machado Scheibe, pelo estímulo emprestado ao projeto inicial.
À farmacêutica Ana Lúcia Koff Milan, pelo seu apoio incansável durante todo
o desenvolvimento desta pesquisa.
À colega Denise Milão pela amizade e por partilhar comigo seus
conhecimentos em reologia.
À colega Ana Lígia Bender pela amizade e, conjuntamente, com o Dr. Vinicius
D. Silva pelo auxílio para a realização da microscopia das emulsões.
Às alunas Aline Gehl, Cíntia Witt, Daniele Soares, Graciane Radaelli, Júlia
Grazziotin e Vanessa Rocha, pela colaboração na realização dos experimentos.
À minha sogra, Eulália, e a todas as voluntárias dos experimentos.
Ao Prof. Dr. Diógenes Santiago Santos, pela colaboração na busca de
equipamentos.
Às minhas colegas Clarice Machado, Liamara Andrade e Virgínia Minghelli
Schmitt pela amizade.
Aos colegas do Curso de Gerontologia Biomédica – Cristina Jeckel, Éder
Hüttner, Luiz Fernando Vieira Rodrigues, Maria Cristina Werlang, Reni Dalla-Bona,
Terezinha Paz Munhoz e Waldeni Zani –, pelo companheirismo.
Aos funcionários da Faculdade de Farmácia, do Instituto de Química e do
Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, em especial à Viviane Azevedo,
pela amizade e eficiência nas atividades diárias.
À minha querida irmã, Dra. Tânia Weber Furlanetto, pela valiosa organização
final do trabalho.
Ao meu marido, Joel, pelo amor e apoio incondicional em todos os meus
sonhos.
Aos nossos amados filhos, Ângelo e Antônio, simplesmente por existirem.
Dedicatória
Para minha querida mãe Carolina, que, jovem, gerou a
minha vida e, idosa, emprestou a sua pele aos meus
experimentos.
O farmacêutico faz misturas agradáveis, compõe
ungüentos úteis à saúde, e seu trabalho não terminará,
até que a paz divina se estenda sobre a face da terra
(Eclesiastes, 38: 4, 8).
RESUMO
Introdução: A xerose senil (pele seca) é muito comum em pessoas idosas.
Além de causar desconforto, predispõe a diferentes desordens dermatológicas. As
emulsões cosméticas são usadas para prevenir e tratar a pele seca. No entanto, não
se sabe ainda se o efeito hidratante dos diferentes produtos disponíveis é
semelhante em jovens e idosos. Objetivo: Desenvolver emulsões cosméticas,
avaliar suas características físico-químicas e comparar suas eficácias de hidratação
cutânea em mulheres jovens e idosas, através de métodos biofísicos. Materiais e
Métodos: Foram desenvolvidas duas emulsões cosméticas com sistemas de
emulsionantes distintos, denominadas emulsão NI (álcool cetoestearílico 20 OE e
álcool oleílico etoxilado 3 OE) e emulsão CL (lecitina), contendo os mesmos
emolientes (álcoois de lanolina, óleo de prímula, óleo de amêndoas, oleato de
isodecila, vaselina). Nas emulsões desenvolvidas, foram determinados pH,
espalhabilidade, viscosidade, estabilidade e presença de cristais líquidos na
estrutura. Na emulsão NI adicionou-se uréia 2%, lactato de amônio 2%, ácido
pirrolidônico carboxílico 2%, isomerato de sacarídio 2% e ácido hialurônico 2%
(emulsão NIA). Como amostra comparativa foi empregada a emulsão MEG que é
usada com excipiente em produtos dermatológicos para pele seca. O efeito
hidratante das emulsões foi avaliado por meio de ensaio clínico de curta duração,
sendo quantificado duas horas após a aplicação do produto por espectroscopia com
atenuação de refletância (FTIR-ATR) ou FTIR-ATR e capacitância. As emulsões NI,
CL e MEG foram testadas em 49 mulheres (20 ± 2 anos) e em 30 mulheres (70 ± 7
anos). As emulsões NI, NIA e MEG foram testadas em 50 mulheres (22 ± 2 anos) e
as emulsões NI e NIA em 17 mulheres (70 ± 4 anos). Resultados e Discussão: As
duas emulsões desenvolvidas NI e CL foram estáveis e apresentaram cristais
líquidos em sua estrutura. A emulsão NI apresentou as melhores características
reológicas, com menor ponto de fluidez e melhor espalhabilidade. O efeito hidratante
das emulsões NI, CL e MEG em mulheres jovens, testado por FTIR-ATR,
demonstrou que as emulsões NI e CL hidrataram significativamente mais do que a
MEG, sendo que o efeito hidratante da NI foi maior que o da emulsão MEG,
independentemente da faixa etária testada. No entanto, a hidratação foi
significativamente maior em mulheres jovens do que em idosas. A emulsão NIA
hidratou significativamente mais a pele de mulheres jovens do que a emulsão NI e
significativamente mais a pele de mulheres jovens do que de idosas. Todavia, não
houve diferença de hidratação entre as emulsões NI e NIA em idosas. Os métodos
empregados para avaliar a hidratação cutânea, FTIR-ATR e capacitância,
apresentaram boa correlação de seus resultados. Os resultados obtidos neste
estudo demonstram, com clareza, a necessidade de se desenvolverem produtos
especiais para pele de pessoas idosas e comprovar a sua eficácia nessa população.
Palavras-chave: Emulsão. Envelhecimento. Hidratação cutânea.
ABSTRACT
Introduction: Senile xerosis (age-related dry skin) is very common in elderly
people. Besides causing discomfort, it predisposes elderlies to different skin
disorders. Cosmetic emulsions are used to prevent and treat dry skin. However, it is
still unknown whether the hydrating effect of the different products available is similar
in young and elderly people. Objective: To develop cosmetic emulsions, to evaluate
their physico-chemical properties and to compare their cutaneous hydration effect in
young and old women, through biophysical methods. Materials and Methods: Two
cosmetic emulsions were developed with different emulsifying systems, called NI
emulsion (cetostearyl alcohol 20 OE, oleyl alcohol 3 OE) and CL emulsion (lecithin),
containing the same emollient (lanolin alcohols, evening primrose oil, almond oil,
isodecyl oleate, vaseline). In the emulsions developed, pH, spreadability, viscosity,
stability and presence of liquid crystals in the structure were determined. In the NI
emulsion, urea 2%, ammonium lactate 2%, pyrrolidone carboxylic. The emulsion
MEG, dermatological vehicle for products for dry skin, was used as comparative
sample. The hydrating effect of the emulsions was evaluated through a short-term
clinical trial, quantified two hours after the application of the product through
attenuated total reflectance spectroscopy (FTIR-ATR) or FTIR-ATR and capacitance.
The NI, CL and MEG emulsions were tested in 49 women (aged 20 ± 2 years) and in
30 women (aged 70 ± years). The NI, NIA and MEG emulsions were tested in 50
women (aged 22 ± 2 years) and the NI and NIA emulsions in 17 women (aged 70 ± 4
years). Results and Discussion: both NI and CL emulsions developed were stable
and presented liquid crystals in their structure. The NI emulsion presented the best
rheological characteristics, with a lower pour point and better spreadability. The
hydrating effect of the NI, CL and MEG emulsions in young women, tested by FTIR-
ATR, showed that the NI and CL emulsions hydrated significantly better than the
MEG one; besides, NI’s hydrating effect was higher than that of the MEG emulsion,
independently from the age bracket tested. However, hydration was significantly
higher in younger women than in elderly ones. The NIA emulsion hydrated the skin of
young women significantly more than the NI emulsion, as well as hydrated the skin of
younger women considerably more than that of elderly women. Nevertheless, there
was no difference of hydration between NI and NIA emulsions in elderly women. The
methods employed to evaluate skin hydration, FTIR-ATR and capacitance, showed
good correlation between results. The results obtained in this work clearly
demonstrated the necessity of developing new special products for the skin of elderly
people and proving its efficiency in this population.
Key-words: Emulsion. Aging. Skin hydration.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Projeção da distribuição da população brasileira....................................23
Figura 2 - Pirâmide etária do Brasil em 2005 e sua estimativa para 2050 ..............23
Figura 3 - Teorias e mecanismos do envelhecimento .............................................26
Figura 4 - Teorias sobre o envelhecimento cutâneo ...............................................27
Figura 5 - Comparação das características do envelhecimento cutâneo
intrínseco e extrínseco............................................................................34
Figura 6 - Alterações características da pele seca..................................................37
Figura 7 - Ácido pirrolidônico, carboxílico e profundidade do estrato córneo em
peles de jovens e idosos ........................................................................41
Figura 8 - Classificação das emulsões conforme a distribuição das fases interna
e externa.................................................................................................43
Figura 9 - Creme semi-sólido, com álcool cetoestearílico e tensoativo aniônico......44
Figura 10 - Fase líquida cristalina lamelar.................................................................45
Figura 11 - Emulsão com fase cristalina lamelar.......................................................46
Figura 12 - Emulsão com pseudoceramidas. Fotomicrografia com luz polarizada ..47
Figura 13 - Emulsão sem pseudoceramidas.Fotomicrografia com luz polarizada.....47
Figura 14 - Emulsões com cristais líquidos. Fotomicrografia com luz polarizada......48
Figura 15 - Emulsões com óleo de urucum contendo cristais líquidos.
Fotomicrografias com luz polarizada ......................................................48
Figura 16 - Emulsões com óleo de calêndula contendo cristais líquidos
fotomicrografias com luz polarizada .......................................................49
Figura 17 - Emulsões com óleo de pêssego contendo fases lamelares líquidas
cristalinas. Fotomicrografia com luz polarizada......................................50
Figura 18 - Emulsão em multifase aniônica ..............................................................51
Figura 19 - Estrutura do creme com estearato
VS
o total de água .............................51
Figura 20 - Emulsão em multifase não-iônica ...........................................................53
Figura 21 - Experimentos de avaliação da eficácia de componentes do NMF..........57
Figura 22 - Modos vibracionais de grupamento CH
2
.................................................63
Figura 23 - Interferômetro de Michelson. Representação esquemática....................64
Figura 24 - Refletância total atenuada ......................................................................64
Figura 25 - Avaliação da hidratação cutânea por FTIR-ATR.....................................65
Figura 26 - Espectofotômetro no infravermelho ........................................................66
Figura 27 - Espectro da pele humana por FTIR-ATR................................................67
Figura 28 - Medida da capacitância na pele..............................................................70
Figura 29 - Fotografia dos antebraços, com áreas demarcadas para tratamento e
controle...................................................................................................83
Figura 30 - Fotografia do procedimento para obtenção dos espectros .....................84
Figura 31 - Fotografia da unidade MPA e da sonda Corneometer ........................91
Figura 32 - Curvas ascendentes dos reogramas das emulsões NI e CL ................101
Figura 33 - Reogramas das emulsões NI e CL .......................................................102
Figura 34 - Viscosidade aparente das emulsões NI e CL. ......................................103
Figura 35 - Espalhabilidade (Ei) das emulsões NI e CL . ........................................104
Figura 36 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da emulsão
NI, da fase oleosa da emulsão NI e da pele humana ...........................106
Figura 37 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da emulsão
CL, da fase oleosa da emulsão CL e da pele humana .........................106
Figura 38 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da emulsão
MEG, da fase oleosa da emulsão MEG e da pele humana..................107
Figura 39 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da fase
oleosa da emulsão MEG, do estearato de trietanolamônio e da
humana.................................................................................................107
Figura 40 - Emulsões NI , CL e MEG contendo cristais líquidos. Fotomicrografias
com luz polarizada................................................................................108
Figura 41 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da pele,
sem tratamento e duas horas após a aplicação das emulsões CL ,NI
e MEG no antebraço ...........................................................................109
Figura 42 - Efeito hidratante das emulsões MEG, NI e CL, por FTIR-ATR, na
pele de mulheres jovens......................................................................111
Figura 43 - Hidratação cutânea das emulsões NI e MEG por FTIR-ATR, em
mulheres idosas.. .................................................................................112
Figura 44 - Efeito hidratante das emulsões NI e MEG em mulheres jovens,
medido por FTIR-ATR e capacitância.. ................................................116
Figura 45 - Correlação entre as medidas por FTIR-ATR e capacitância.................117
Figura 46 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA em mulheres jovens idosas
por capacitância ...................................................................................119
Figura 47 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA em mulheres jovens e idosas120
Figura 48 - Composição das emulsões NI e emulsão E..........................................121
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição química do fator natural de hidratação da pele .................40
Tabela 2 - Exemplo de composição de emulsão em multifase aniônica .................50
Tabela 3 - Exemplo de emulsão aniônica em multifase ..........................................52
Tabela 4 - Exemplo de emulsão não-Iônica contendo estrutura em multifase ........52
Tabela 5 - Grupamentos químicos de moléculas orgânicas do estrato córneo e
as freqüências características no infravermelho...................................66
Tabela 6 - Classificação dos tipos de pele por FTIR-ATR.......................................69
Tabela 7 - Componentes da formulação da Emulsão NI.........................................74
Tabela 8 - Componentes da formulação da Emulsão CL........................................75
Tabela 9 - Componentes da formulação da Emulsão MEG ....................................76
Tabela 10 - Componentes da formulação da Emulsão NIA ......................................76
Tabela 11 - Escala de avaliação da estabilidade das emulsões ...............................77
Tabela 12 - Valores de pH iniciais das emulsões NI, CL e MEG...............................99
Tabela 13 - Valores de ponto de fluidez das emulsões NI e CL.............................103
Tabela 14 - Relação entre as áreas e o esforço limite para as emulsões NI e CL..105
Tabela 15 - Efeito hidratante das emulsões MEG, NI e CL, por FTIR-ATR, na
pele de mulheres jovens......................................................................110
Tabela 16 - Efeito hidratante das emulsões MEG e NI, por FTIR-ATR, em
mulheres idosas...................................................................................111
Tabela 17 - Relação inicial das bandas de amida I e II em peles de mulheres
idosas e jovens, em condições basais................................................112
Tabela 18 - Efeito hidratante das emulsões NI e MEG por FTIR-ATR, em
mulheres jovens e idosas ....................................................................113
Tabela 19 - Efeito hidratante das emulsões NI e MEG em mulheres jovens,
medido por FTIR-ATR e condutância ................................................115
Tabela 20 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA em mulheres jovens por
TIR-ATR e capacitância.......................................................................118
Tabela 21 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA, por capacitância, em
mulheres idosas...................................................................................118
Tabela 22 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA em mulheres jovens e
idosas por FTIR-ATR e capacitância ..................................................119
LISTA DE ABREVIATURAS
A Adenina
Álcool cetoestearílico 20 OE Álcool cetoestearílico etoxilado com 20 moles
de óxido de etileno
Álcool oleílico etoxilado 3 OE Álcool oleílico etoxilado 3 moles de óxido de
etileno
EDTA Ácido etileno diamino tetraacético
EHL Equilíbrio hidrófilo lipófilo
Emulsão CL Emulsão cristal líquido
Emulsão MEG Emulsão com monoesterato de glicerila
Emulsão NI Emulsão não-iônica
Emulsão NIA Emulsão NI com aditivos hidratantes
FTIR-ATR (Attenuated total
reflection Fourier transform infrared)
Espectroscopia no infravermelho com
atenuação de refletância
G Guanina
IBPC Iodopropil-butilcarbamato
MMP-1 Enzima colagenase-1
MMP-2 Enzima gelatinase A
MMP-3 Enzima estromelisina-1
NMF (Normal Moisturizing Factor) Fator natural de hidratação da pele
PAT Perda de água transepidermal
PCA (Pyrrolidonic Carboxilyc Acid) Ácido pirrolidônico carboxílico
Prolipid 141
Cera auto-emulsionante contendo:
lecitina,estearato de glicerila, ácido palmítico
e esteárico, álcool be-henílico, cetílico,
mirístico e laurílico.
Radiações UV Radiações ultravioleta
ROS (Reactive oxygen species) Espécies reativas de oxigênio
T Timina
TEA Trietanolamina
TIMP-1 (Tissue inhibitors of matrix
metalloproteinases)
Inibidor tissular de metaloproteinases
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................6
ABSTRACT.................................................................................................................8
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................10
LISTA DE TABELAS ................................................................................................12
LISTA DE ABREVIATURAS.....................................................................................13
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................18
2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS .......................................................................20
2.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................20
2.2 OBJETIVOS ...................................................................................................21
2.2.1 Objetivo Geral ...............................................................................................21
2.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................21
3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................22
3.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL..........................................................22
3.2 O IMPACTO DO ENVELHECIMENTO SOBRE A APARÊNCIA DA PELE ....23
3.3 TEORIAS SOBRE O ENVELHECIMENTO ....................................................25
3.4 AS TEORIAS SOBRE O ENVELHECIMENTO CUTÂNEO ............................26
3.5 RADICAIS LIVRES.........................................................................................28
3.6 O ENVELHECIMENTO CUTÂNEO ................................................................31
3.7 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO E XEROSE SENIL .....................................34
3.8 O FATOR NATURAL DE HIDRATAÇÃO DA PELE E O IDOSO....................38
3.9 EMULSÕES COSMÉTICAS HIDRATANTES.................................................42
3.9.1 Estrutura de Emulsões Cosméticas............................................................42
3.9.2 Composição e Efeito de Emulsões Cosméticas Hidratantes ...................54
3.10 AVALIAÇÃO DA HIDRATAÇÃO CUTÂNEA POR MÉTODOS BIOFÍSICOS
NÃO-INVASIVOS ...........................................................................................61
3.10.1 Avaliação da Hidratação Cutânea por Capacitância .................................70
4 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................72
4.1 DESENVOLVIMENTO DE EMULSÕES COSMÉTICAS ................................72
4.1.1 Objetivos .......................................................................................................72
4.1.2 Matérias-primas ............................................................................................73
4.1.3 Equipamentos...............................................................................................73
4.1.4 Preparação das Emulsões Cosméticas......................................................74
4.1.4.1 Emulsão Não-Iônica ...................................................................................74
4.1.4.2 Emulsão Não-Iônica ...................................................................................75
4.1.4.3 Emulsão Aniônica.......................................................................................75
4.1.4.4 Emulsão Não-Iônica com Aditivos..............................................................76
4.1.5 Caracterização das Emulsões Cosméticas ................................................76
4.1.5.1 Determinação do pH ..................................................................................77
4.1.5.2 Avaliação da Estabilidade das Emulsões Cosméticas ...............................77
4.1.5.3 Avaliação das Características Reológicas .................................................78
4.1.5.4 Determinação da Espalhabilidade..............................................................79
4.1.5.5 Caracterização das Emulsões Cosméticas por FTIR-ATR.........................80
4.1.5.6 Observação de Cristais Líquidos na Estrutura das Emulsões NI, CL e
MEG por Microscopia com Luz Polarizada ................................................81
4.2 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, CL E MEG EM JOVENS ......................................................81
4.2.1 Objetivo .........................................................................................................81
4.2.2 Delineamento ................................................................................................82
4.2.3 Fatores em estudo........................................................................................82
4.2.4 Variável avaliada (Desfecho) .......................................................................82
4.2.5 População estudada.....................................................................................82
4.2.6 Fatores de exclusão .....................................................................................82
4.2.7 Método de medida da hidratação cutânea .................................................83
4.2.8 Aplicação da emulsão cosmética................................................................83
4.2.9 Teste de Hidratação Cutânea ......................................................................84
4.2.10 Análise Estatística........................................................................................85
4.3 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI E MEG EM MULHERES IDOSAS.........................................85
4.3.1 Objetivo .........................................................................................................85
4.3.2 Delineamento ................................................................................................85
4.3.3 Fatores em estudo........................................................................................86
4.3.4 Variável avaliada...........................................................................................86
4.3.5 População em estudo...................................................................................86
4.3.6 Fatores de exclusão .....................................................................................86
4.3.7 Método de medida da hidratação cutânea .................................................86
4.3.8 Aplicação da emulsão cosmética................................................................86
4.3.9 Teste de hidratação cutânea .......................................................................87
4.3.10 Análise estatística ........................................................................................87
4.4 ESTUDO PARA COMPARAÇÃO DO EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI E MEG EM MULHERES IDOSAS E JOVENS ......................87
4.4.1 Objetivo .........................................................................................................87
4.4.2 Delineamento ................................................................................................87
4.4.3 Fator em estudo............................................................................................87
4.4.4 Variável avaliada...........................................................................................88
4.4.5 População em estudo...................................................................................88
4.4.6 Fatores de exclusão .....................................................................................88
4.4.7 Método de medida da hidratação cutânea .................................................88
4.4.8 Aplicação da emulsão cosmética................................................................88
4.4.9 Teste de hidratação cutânea .......................................................................89
4.4.10 Análise estatística ........................................................................................89
4.5 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, NIA E MEG EM MULHERES JOVENS ................................89
4.5.1 Objetivo .........................................................................................................89
4.5.2 Delineamento ................................................................................................89
4.5.3 Fatores em estudo........................................................................................90
4.5.4 Variável avaliada...........................................................................................90
4.5.5 População em estudo...................................................................................90
4.5.6 Fatores de exclusão .....................................................................................90
4.5.7 Métodos de medida da hidratação cutânea ...............................................90
4.5.8 Aplicação da emulsão cosmética................................................................91
4.5.9 Teste de hidratação cutânea .......................................................................91
4.5.10 Análise estatística ........................................................................................92
4.6 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, NIA EM MULHERES IDOSAS .............................................92
4.6.1 Objetivo .........................................................................................................92
4.6.2 Delineamento ................................................................................................92
4.6.3 Fatores em estudo........................................................................................92
4.6.4 Variável avaliada...........................................................................................93
4.6.5 População em estudo...................................................................................93
4.6.6 Fatores de exclusão .....................................................................................93
4.6.7 Método de medida da hidratação cutânea .................................................93
4.6.8 Aplicação da emulsão cosmética................................................................93
4.6.9 Teste de hidratação cutânea .......................................................................93
4.6.10 Análise estatística ........................................................................................94
4.7 ESTUDO PARA COMPARAÇÃO DO EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI E NIA EM MULHERES IDOSAS E JOVENS ........................94
4.7.1 Objetivo .........................................................................................................94
4.7.2 Delineamento ................................................................................................94
4.7.3 Fator em estudo............................................................................................94
4.7.4 Variável avaliada...........................................................................................94
4.7.5 População em estudo...................................................................................95
4.7.6 Fatores de exclusão .....................................................................................95
4.7.7 Métodos de medida da hidratação cutânea ...............................................95
4.7.8 Aplicação da emulsão cosmética................................................................95
4.7.9 Teste de hidratação cutânea .......................................................................95
4.7.10 Análise estatística ........................................................................................96
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................97
5.1 DESENVOLVIMENTO DE EMULSÕES COSMÉTICAS ................................97
5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS EMULSÕES COSMÉTICAS.................................98
5.2.1 Determinação do pH.....................................................................................99
5.2.2 Avaliação da estabilidade das emulsões cosméticas...............................99
5.2.3 Avaliação das características reológicas.................................................100
5.2.4 Caracterização das Emulsões Cosméticas por FTIR-ATR......................105
5.2.5 Observação de Cristais Líquidos na Estrutura das Emulsões NI, CL e
MEG por Microscopia com Luz Polarizada ..............................................108
5.3 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, CL E MEG EM MULHERES JOVENS................................109
5.4 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI E MEG EM IDOSAS............................................................111
5.5 ESTUDO PARA COMPARAÇÃO DO EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI E MEG EM IDOSAS E JOVENS .........................................112
5.6 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, NIA E MEG EM JOVENS...................................................115
5.7 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, NIA EM IDOSAS ................................................................118
5.8 ESTUDO PARA COMPARAÇÃO DO EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI E NIA EM IDOSAS E EM JOVENS.....................................118
6 CONCLUSÕES ...............................................................................................123
REFERÊNCIAS.......................................................................................................125
APÊNDICE A - RESULTADOS DA AVALIAÇÃO REOLÓGICA ...........................139
APÊNDICE B - RESULTADOS DA ESPALHABILIDADE DAS EMULSÕES.......140
APÊNDICE C - ENSAIOS PRELIMINARES AOS ENSAIOS CLÍNICOS ...............141
APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.........142
ANEXO A - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA PUCRS .143
1 INTRODUÇÃO
A pele apresenta modificações significativas durante o processo de
envelhecimento, sendo que a pele dos idosos torna-se muito diferente da pele de
adultos jovens. O ressecamento cutâneo (xerose senil) acompanha o
envelhecimento e pode ser melhorado mediante o uso de cosméticos.
As emulsões cosméticas são empregadas na prevenção e no tratamento da
pele seca. No mercado de produtos cosméticos não existe nenhuma alternativa de
emulsão hidratante voltada especificamente para os idosos. No entanto, esta
população está em crescente aumento no total da população, constituindo um novo
segmento a ter preservado as boas condições de sua pele.
Desta forma, o desenvolvimento de cosméticos hidratantes, destinados para a
população idosa com comprovação de sua eficácia, constitui uma inovação no
mercado. O presente trabalho trata do desenvolvimento de um produto cosmético
hidratante destinado para a população idosa e estrutura-se com os seguintes
capítulos:
- Após o capítulo 1, onde é apresentada a introdução, o capítulo 2 trata da
justificativa e dos objetivos do estudo.
- No capítulo 3 é apresentado o referencial teórico composto por dados sobre
o envelhecimento populacional, o impacto do envelhecimento cutâneo para os
indivíduos, as teorias sobre o envelhecimento, o envelhecimento da pele intrínseco e
extrínseco, a xerose senil, as emulsões cosméticas (estrutura e composição) e os
métodos biofísicos para avaliação da hidratação cutânea in vivo.
- O capítulo 4 trata dos materiais e métodos utilizados durante o
desenvolvimento das duas fases do estudo.
- No capítulo 5 são indicados os resultados e realizada sua discussão teórica.
19
- Após a apresentação das conclusões, são citadas as referências e
apresentados os Apêndices (resultados da avaliação reológica e de espalhabilidade
das emulsões NI e CL, avaliação preliminar da hidratação cutânea e o termo de
consentimento livre e esclarecido apresentado para as voluntárias dos
experimentos) e o Anexo (aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa).
2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
2.1 JUSTIFICATIVA
Atualmente, nossa sociedade defronta-se com um padrão de beleza no qual a
pele deve ser jovem (hidratada, sem brilho, textura aveludada), sem rugas e sem
manchas. Este fato, somado ao aumento da longevidade e à concorrência nos
mercados de trabalho, gerou uma nova categoria de usuários de produtos
cosméticos, preocupados em prevenir ou corrigir as modificações decorrentes do
processo de envelhecimento do corpo
1,2,3
. As modificações que ocorrem durante o
envelhecimento cutâneo geram um estigma para o idoso que pode influenciar a
imagem corporal, o bem-estar emocional e, sobretudo, conseqüentemente, a
qualidade de vida do indivíduo
4
.
Assim, a pele seca associada à aspereza e à descamação é um dos maiores
problemas do envelhecimento cutâneo
5
. Embora esse tipo de pele não seja uma
doença, constitui-se em um desconforto para o idoso e pode ser agravada por vários
fatores externos, como produtos químicos (detergentes), terapias diversas (ácido
retinóico), radiações UV e variações climáticas (frio)
6,7,8,9
.
Além do aspecto antiestético que a pele seca apresenta, tal tipo de afecção
predispõe à inflamação, ao eczema, às infecções secundárias por bactérias e ao
aumento da incidência de dermatite de contato
5,6,10
.
A pele dos idosos é muito diferente da dos adultos jovens, por isto o
desenvolvimento de cosméticos hidratantes destinados a essa população e a
comprovação de que sua eficácia permitirá o uso de produtos adequados, visando à
prevenção e ao tratamento da pele seca, assim como suas conseqüências.
21
2.2 OBJETIVOS
2.2.1 Objetivo Geral
Desenvolver emulsões cosméticas, avaliar suas características físico-
químicas e comparar suas eficácias de hidratação cutânea em mulheres jovens e
idosas, através de métodos biofísicos não-invasivos.
2.2.2 Objetivos Específicos
Desenvolver duas emulsões cosméticas não-iônicas O/A, denominadas
não-iônica (NI) e cristal líquido (CL).
Avaliar as características reológicas das emulsões NI e CL.
Avaliar a hidratação das formulações por FTIR-ATR e condutância em
peles de adultos jovens e idosos.
Comparar o efeito hidratante das emulsões NI e CL com a emulsão com
monoestearato de glicerila (MEG), em peles de adultos jovens e idosos.
Avaliar a presença de cristais líquidos nas emulsões NI, CL e MEG, por
microscopia com luz polarizada.
Comparar o efeito hidratante das emulsões NI e da emulsão NI adicionada
de uma composição contendo uréia 2%, lactato de amônio 2%, ácido
pirrolidônico carboxílico 2%, isomerato de sacarídeo 2% e ácido
hialurônico 2%, como aditivo para cosméticos hidratantes (emulsão NIA).
Determinar se há diferença nas medidas de hidratação subseqüente ao
uso das emulsões NI e MEG, quando estimadas por FTIR-ATR e
capacitância.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
O Brasil, como a maioria dos demais países, vem apresentando
envelhecimento populacional. Este fenômeno deve-se, sobretudo, ao efeito
combinado da diminuição das taxas de natalidade, à melhoria nas condições de
saneamento e infra-estrutura básica e aos avanços da medicina e da tecnologia
11
.
Segundo as projeções estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS),
o Brasil terá, em 2025, 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais e será o sexto
país do mundo com a maior população idosa em números absolutos
12
.
Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em 1980 a população brasileira dividia-se, igualmente, entre a faixa etária superior
ou inferior a 20,2 anos. Em 2050, essa idade mediana será de 40 anos.
Outra comparação importante: em 2000, 30% dos brasileiros tinham de zero a
14 anos, enquanto os maiores de 65 anos representavam 5% da população. Em
2050, esses dois grupos etários estarão igualados: cada um representará 18% da
população brasileira, conforme pode ser verificado nas Figuras 1 e 2.
É importante registrar que a maioria da população idosa é representada por
pessoas do sexo feminino, conforme pode ser observado na pirâmide etária do
Brasil, na Figura 2
13
.
23
Figura 1 - Projeção da distribuição da população brasileira.
Projeção de 1980 a 2050
Fonte: Adaptada de IBGE
13
.
Figura 2 - Pirâmide etária do Brasil em 2005 e sua estimativa para 2050
Fonte: Adaptada de IBGE
13
.
3.2 O IMPACTO DO ENVELHECIMENTO SOBRE A APARÊNCIA DA PELE
Com o aumento da expectativa de vida nos países desenvolvidos, o impacto
do envelhecimento sobre a função e a aparência da pele vêm se constituindo em
tema de interesse crescente entre especialistas
14
. Seus problemas não são mais
aqueles de uma minoria inexpressiva, mas de uma proporção crescente de cidadãos
com importância política e econômica
15
.
24
Muitos desses idosos são ativos, independentes, têm seu próprio sustento e
se preocupam com a saúde e a imagem
16
, pois a aparência da pele é essencial para
o indivíduo – e uma pele imperfeita resulta freqüentemente em baixa auto-estima e
desvalorização do sujeito por parte de seus circundantes
17
.
Estudos realizados por Gupta e colaboradores
18
sobre a preocupação com a
aparência e o envelhecimento revelaram que a apreensão com a imagem
envelhecida é mais acentuada nas mulheres, inclusive em adultos jovens (18-25
anos). Nesse grupo etário, a taxa de inquietação com o envelhecimento cutâneo foi
semelhante ao do grupo de 26-35 anos, taxa ainda mais alta nos indivíduos com
idade entre 35 e 65 anos, embora significativamente menor (p<0,05) nos sujeitos
com mais de 65 anos, cujos escores assemelharam-se aos do grupo de 18-25 anos.
A preocupação com o aspecto mais velho parece ocorrer a partir do início da vida
adulta até depois dos 65 anos. Fatores psicológicos são mais importantes do que os
cronológicos na determinação do grau de preocupação do indivíduo com o
envelhecimento de sua aparência.
Segundo Koblenzer
1
, a aparência é muito importante para o bem-estar geral
do paciente idoso. Assim, esse grupo de pessoas deve usar produtos cosméticos,
como hidratantes e emolientes, por exemplo, que melhoram o aspecto e a textura da
pele e, conseqüentemente, a sensação de bem-estar. Penzer e Finch
19
indicam a
aplicação de cosméticos emolientes como o centro de qualquer tratamento para
melhorar as condições da pele do idoso, obtendo-se como resultados a prevenção
da pele seca, a melhora da função barreira da pele e a sensação de conforto e bem-
estar.
O envelhecimento bem-sucedido é caracterizado por boa saúde mental,
adaptação psicossocial e satisfação na vida
4
.
25
3.3 TEORIAS SOBRE O ENVELHECIMENTO
Envelhecimento é um processo complexo, dinâmico, progressivo, durante o
qual ocorrem modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas
determinantes da perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio
ambiente. Ocasiona maior vulnerabilidade e maior incidência de problemas de saúde
que terminam por provocar à morte
20,21
.
Cabe salientar que as modificações observadas com o passar do tempo e,
conseqüentemente, da idade, para serem consideradas características do
envelhecimento de determinada espécie, devem ser deletérias (o evento deve
diminuir a funcionalidade corporal com o passar do tempo), progressivas (as
modificações e a redução de funções devem ocorrer gradualmente), intrínsecas (as
modificações decorrentes do envelhecimento não devem ser resultado direto de
fatores ambientais) e universais (deve ocorrer em todos os indivíduos de uma
mesma espécie)
22
.
Apesar das definições e observações de diminuição de diferentes funções do
organismo, observa-se que o idoso saudável pode viver muito bem, apesar das
grandes modificações decorrentes da passagem dos anos.
Muitas pesquisas vêm sendo desenvolvidas e inúmeras teorias propostas
para explicar os fatores desencadeantes do processo de envelhecimento. A partir
deste entendimento, buscam-se parâmetros que permitam avaliar o estágio real de
envelhecimento orgânico, meios de retardar o processo de envelhecimento, diminuir
as deficiências e prevenir as doenças decorrentes, visando a melhorar a qualidade
de vida na terceira idade e postergar a morte
23,24,25
.
Diferentes autores propuseram distintas classificações das inúmeras teorias
que tentam explicar o processo de envelhecimento. No entanto, é realmente difícil
uma revisão completa sobre as teorias do envelhecimento em decorrência do grande
número de publicações sobre o assunto. As teorias com abordagem científica estão
sumarizadas, a partir de diferentes pontos de vista, em diversas publicações
26
recentes, tais como Comfort, Walford, Hayflick, Schneider, Arking e Semsei
22,26,27,28
.
A classificação proposta por Arking, em 1998, está sumarizada na Figura 3.
Figura 3 - Teorias e mecanismos do envelhecimento
Fonte: Adaptada de Arking
22
.
Incontáveis teorias sobre o envelhecimento têm sido publicadas, indicando a
natureza complexa desse processo, mas nenhuma delas explica por completo tal
fenômeno. Geralmente, as teorias têm seu foco em um único elemento de um
sistema muito diversificado
28
.
3.4 AS TEORIAS SOBRE O ENVELHECIMENTO CUTÂNEO
O envelhecimento é particularmente óbvio nas mudanças externas da
aparência da pele
e pode ser explicado por diferentes teorias inter-relacionadas
29
.
Entre elas, destaca-se a teoria da programação genética e a dos radicais livres.
Estudos com pacientes portadores de trissomia do cromossoma 21 demonstram que
estas duas teorias são interligadas, uma vez que pacientes portadores dessa
síndrome têm aumento da quantidade de radicais livres oxigenados
30
. Outros fatores
27
intervêm de maneira mais limitada, como os processos não-enzimáticos de
glicosilação de proteínas, a diminuição da capacidade de defesa do sistema imune
com o passar do tempo, as anomalias neuroendócrinas com disfunção do eixo
hipotalâmico-hipofisário, as modificações em relação ao funcionamento de
numerosos órgãos e o estado hormonal da mulher durante a menopausa. A Figura 4
apresenta um esquema das diferentes teorias relacionadas com o envelhecimento
cutâneo.
Figura 4 - Teorias sobre o envelhecimento cutâneo
Fonte: Adaptação de Boisnic
30
.
O envelhecimento cronológico pode ser considerado um fenômeno
geneticamente programado (relógio biológico)
30,31
. Muitas células humanas
derivadas de tecidos embrionários, fetais e de recém-nascidos, quando dispostas em
meio de cultura, podem sofrer 40 a 60 divisões celulares. Aproximadamente após a
50
a.
divisão, algumas células param de se dividir e entram no processo de
envelhecimento celular. O número-limite de mitoses para um determinado tipo
celular é denominado limite de Hayflick
26,32,33,34,35
.
Os telômeros desempenham um papel importante no envelhecimento celular,
pois as modificações associadas à idade relacionadas à capacidade proliferativa das
células parecem estar sob o controle dos mesmos
31,36
. Os telômeros têm como
função proteger os cromossomas de quebras e impedir a ligação entre eles
31
.
28
Consistem de seqüências de DNA compostas por timina (T), adenina (A) e guanina
(G) repetidas de centenas a milhares de vezes (TTAGGG)
36
. Durante a replicação
do DNA, a enzima DNA polimerase não faz a replicação completa das seqüências
de bases dos telômeros, resultando na contínua perda da seqüência (TTAGGG)
23
. É
sabido que o comprimento dos telômeros diminui cerca de 40 a 200 pares de bases
a cada divisão celular em culturas de células humanas
32,36
. Esse encurtamento
telomérico ocorre até um determinado tamanho crítico, quando, por ação de genes
específicos, as células desenvolvem um fenótipo senescente, com aumento de
tamanho, multinucleação, maior número de vacúolos citoplasmáticos e aumento da
fluidez das membranas
31
. A diminuição da expressão de genes reguladores da
proliferação celular resulta na redução da multiplicação celular epitelial em 50%
entre os 20 e os 70 anos
30
.
A teoria do envelhecimento geneticamente programado tem sua comprovação
em experimentos realizados em culturas de células
30
. O comprimento telomérico
presente em células obtidas de tecidos vivos é inversamente proporcional à idade do
doador, sendo mais curtos em adultos idosos do que em adultos jovens
36
. Friedrich
e colaboradores
23
determinaram o comprimento telomérico em diferentes tecidos
obtidos do mesmo indivíduo (leucócitos, pele, sinóvia) em nove indivíduos idosos e
observaram a relação inversamente proporcional entre a idade do doador e
quantidade de fragmentos teloméricos de restrição para os leucócitos e para a pele.
Tais dados obtidos a partir de amostras celulares de pessoas normais são
confirmados em amostras de fibroblastos procedentes de indivíduos jovens
portadores de síndromes gerontológicas, como a de Werner, a progéria e a trissomia
do cromossoma 21, pois essas células têm uma duração de vida in vitro muito
limitada, com todas as características das células senescentes
23,30,31,36
.
3.5 RADICAIS LIVRES
A teoria dos radicais livres (Harman, 1981) sugere que, no processo de
envelhecimento, ocorre, ao longo da vida, o acúmulo no organismo, de produtos de
oxidação de proteínas, DNA e lipídios gerados pela ação de radicais livres
30,37,38
.
29
Inúmeros estudos demonstram associação entre o aumento da idade e da
produção de radicais livres e o aumento de proteínas e de DNA oxidados
39
. No
entanto, a intensidade e a maneira como o estresse oxidativo contribuem para o
envelhecimento pode variar entre diferentes organismos, tecidos e células
40
.
O estresse oxidativo é causado por espécies reativas de oxigênio (ROS), que
incluem moléculas conhecidas como radicais livres, entre eles o radical hidroxila
(OH
), o superóxido (O
2
-
), o alcoxil (RO
), o alquiperoxil (ROO
) e o hidroperoxil
(HO
2
), bem como, também, por não-radicais livres, como peróxido de
hidrogênio
29,41
. As ROS caracterizam-se por serem altamente reativas e potentes
oxidantes de outras moléculas
29
.
As ROS são geradas em todas as células aeróbias, como mediadores de
reações, que ocorrem durante o metabolismo normal, em organelas intracelulares
(mitocôndrias, lisossomas, peroxissomas e retículo endoplasmático), membranas
celulares e componentes solúveis do citoplasma
30,41
. Em torno de 0,4 a 4% do
oxigênio consumido pela mitocôndria é convertido em ROS
40
, que participam em
diversos processos biológicos naturais como diferenciação celular, morte celular
programada, senescência celular
30,42
. São exemplos de fontes endógenas de ROS:
enzimas (xantina oxidase, óxido nítrico sintase), células (neutrófilos), situações
anormais como isquemia e seus eventos subseqüentes e doenças (psoríase, câncer
e processos inflamatórios, entre outros)
30,38
.
Entre os mecanismos de defesa do organismo para os radicais livres
destacam-se a prevenção da indução de danos, os mecanismos de reparo e a
atividade direta contra os metabólitos deletérios. O sistema antioxidante é composto
principalmente por dois grupos: o de enzimas antioxidantes e o de antioxidantes de
baixo peso molecular. Sua função é dissipar os oxidantes intracelulares a fim de
diminuir o dano oxidativo celular e manter a homeostasia
29,38,43
. Exemplos de
enzimas antioxidantes são: superóxido dismutase, catalase, glutationa redutase,
glutationa peroxidase, tioredoxina redutase, NADPH quinona redutase
29,43
. Já ácido
ascórbico, alfa tocoferol, retinol, beta caroteno e glutationa, ubiquinol 10,
eumelanina, ácido úrico, bilirrubina constituem exemplos de antioxidantes não-
enzimáticos
37,41,43
. Estudos recentes com a enzima tireodoxina sugerem uma inter-
30
relação dinâmica entre várias espécies oxidantes e componentes antioxidantes
enzimáticos e não-enzimáticos
42
.
O sistema antioxidante provavelmente não é infalível, pois existem dados de
estudos in vivo e in vitro que sugerem a correlação entre o processo de
envelhecimento e a formação de radicais livres em todos os órgãos.
Concomitantemente, ocorre a diminuição de antioxidantes enzimáticos e não-
enzimáticos
29,37
.
É chamado de estresse oxidativo o distúrbio das defesas antioxidantes das
células, cuja ocorrência dá-se pelo desequilíbrio entre a proporção de oxidantes e
antioxidantes das células
41
.
O dano oxidativo pode ser um importante causador do envelhecimento
cutâneo e outras doenças comuns relacionadas. Caracteriza-se por reações
incontroladas e aleatórias de ROS com vários alvos moleculares do metabolismo,
incluindo bases púricas e pirimídicas do DNA, aminoácidos de proteínas e lipídios
insaturados de membranas celulares
29,30,41
. As proteínas que têm grupamentos com
enxofre ou insaturações na molécula são sobremaneira sensíveis às agressões
radicalares. As conseqüências são múltiplas em âmbito cutâneo, como
despolimerização do colágeno, da elastina e do ácido hialurônico, ruptura de
moléculas por inativação enzimática, produtos tóxicos ou formação de agregados
protéicos
30
. As membranas, ricas em lipídios, são alvos ideais para ROS, devido ao
caráter poliinsaturado de certos ácidos graxos, resultando na perda de integridade
das membranas celulares e de suas funções. A peroxidação lipídica é igualmente
responsável pela formação de novos radicais livres, com o desencadeamento da
cascata do ácido araquidônico e o catabolismo das bases púricas
30
.
As ROS podem provocar mais de uma centena de tipos diferentes de reações
oxidativas sobre o DNA. O processo normal de replicação do DNA fica alterado e
ocorrem mutações que podem ocasionar a morte celular por apoptose
30,39
.
31
A pele é constantemente exposta a radiações ultravioleta, radiações
ionizantes, ozônio e poluentes ambientais que pode, deleteriamente, aumentar o
estresse oxidativo normal observado em rotas metabólicas.
O tabagismo é, também, considerado uma importante fonte exógena de
radicais livres para o organismo
38,41
.
A incidência de radiações UVA e UVB na pele aumentam a quantidade de
radicais livres como ânion superóxido e radical hidroxila, assim como oxidantes não-
radicais, como peróxido de hidrogênio, com concomitante diminuição das enzimas
antioxidantes. Idêntico padrão é observado na pele envelhecida
cronologicamente
14,43
. As radiações ultravioletas são consideradas a principal causa
de envelhecimento extrínseco, denominado fotoenvelhecimento
39
.
3.6 O ENVELHECIMENTO CUTÂNEO
A pele, assim como outros órgãos do corpo, apresenta significativas
modificações estruturais, funcionais e morfológicas durante o processo de
envelhecimento
4,10,14
. Tais alterações resultam de um processo progressivo no qual
danos ambientais (envelhecimento extrínseco), em áreas expostas, sobrepõem-se
ao envelhecimento natural (envelhecimento intrínseco ou cronológico), determinando
como resultado a aparência da pele
6,15,29,48,49,50
. Há evidências de que, ao menos em
parte, vários mecanismos biológicos, bioquímicos e moleculares estão presentes no
processo de envelhecimento
14,49
.
Entre os diferentes fatores intrínsecos e extrínsecos incluem-se as
características genéticas, as exposições ambientais (radiações ultravioleta, estresse
mecânico), as mudanças hormonais e os processos metabólicos. Dos fatores
extrínsecos, a exposição às radiações solares – denominado
fotoenvelhecimento
4,10,14,20,49,51,52
– é considerado o mais importante para o
envelhecimento cutâneo.
32
O envelhecimento cronológico caracteriza-se por rugas finas, xerose, flacidez,
pele sem manchas, atrofia epidermal, com estrato córneo inalterado, pouca displasia
celular, achatamento da junção derme epiderme, moderada reorganização das fibras
elásticas, pequenas modificações no tamanho e na organização dos feixes de
colágeno, redução da área da microvasculatura, redução do número de glândulas
sebáceas e écrinas, neoplasmas benignos (ceratose seborréica) e diminuição da
espessura e do crescimento de pêlos
14,30,53,54
.
Na epiderme, ocorrem alterações estruturais significativas – afinamento em
toda a epiderme, variando de 10 a 50% entre os 30 e os 80 anos
53
. A análise
histológica da epiderme permite constatar que o afinamento da pele está relacionado
à diminuição dos queratinócitos, sem alteração no estrato córneo
30
. Os
queratinócitos aumentam de tamanho com a idade, enquanto a filagrina epidermal,
responsável pela união dos feixes de queratina, e os lipídios intercelulares,
especialmente as ceramidas, diminuem.
Esse decréscimo provoca aumento da secura e da descamação da pele, além
de modificações de sua função de barreira
30,53
. A redução da multiplicação celular
provavelmente também contribui para a diminuição do tempo de reparo epidermal
para pequenas lesões
53
.
A redução de melanócitos ativos presumivelmente contribui para diminuir a
proteção contra radiações UV. Ademais, verifica-se um decréscimo do número de
células de Langerhans de 20 a 50%, o que pode contribuir para a diminuição da
resposta imunológica da pele, com o envelhecimento
4,41,49,53
.
Na epiderme envelhecida ocorre o achatamento da junção derme epiderme
com diminuição das fibras de ancoragem, especialmente de colágeno
4,30,49
. Esse
decréscimo da superfície de contato entre a derme e a epiderme pode diminuir a
transferência de nutrientes e facilitar sua separação, levando ao aumento da
fragilidade da pele após traumas
45,53
.
A diminuição da espessura da derme se atribui ao decréscimo da capacidade
proliferativa das células dérmicas e às alterações na rede dérmica de colágeno e
33
elastina. A degradação do colágeno e da elastina predominam sobre sua síntese,
com o aumento das ligações cruzadas e desorganização das fibras de colágeno
53
. O
corre o desequilíbrio entre três parâmetros: a síntese de macromoléculas da matriz
extracelular (colágeno, elastina, proteoglicanos), as proteinases (metaloproteinases),
capazes de degradar esses compostos, e os inibidores específicos dessas enzimas
(fator de inibição tissular)
30
.
As metaloproteinases matriciais constituem uma grande família de
endoproteases zinco dependentes, capazes de degradar os componentes da derme,
predominantemente colágeno I e III, elastina, proteoglicanos, fibronectina e outras
proteínas da matriz extracelular
44
. A expressão das metaloproteinases matriciais
colagenase-1 (MMP-1), estromelisina-1 (MMP-3) e gelatinase A (MMP-2) estão
aumentadas durante o envelhecimento cutâneo cronológico, enquanto a expressão
de seu inibidor tissular (TIMP-1) está diminuída durante a senescência dos
fibroblastos, tanto in vivo quanto ex vivo, o que justifica o catabolismo dérmico
durante o processo de envelhecimento
45
.
A MMP-1 degrada colágeno tipo I e III, a MMP-3 degrada colágeno tipo IV e a
MMP-9, os fragmentos de colágeno produzidos. Essa degradação, somada a um
sistema de reparo insuficiente, causa o acúmulo de colágeno fragmentado na
derme
46
. Como o colágeno e a elastina são responsáveis pela sustentação e a
elasticidade da pele, sua desorganização, com o aumento da idade, causa o aspecto
de pele envelhecida
44
.
A derme torna-se atrófica com diminuição do volume total das fibras de
colágeno e elastina, diminuição de glicosaminoglicanos e proteoglicanos, diminuição
de mastócitos e macrófagos, redução no número e na função das glândulas
sudoríparas écrinas, aumento do tamanho das glândulas sebáceas, com diminuição
de função, diminuição dos vasos sangüíneos e ausência de sinais de
inflamação
4,41,49,53
.
Tais mudanças contribuem para alterações no aspecto da pele, na
capacidade de cicatrização de ferimentos e na tendência aumentada de equimoses
após pequenos traumas
53
.
34
O fotoenvelhecimento afeta as áreas expostas ao sol e é caracterizado
clinicamente por perda de elasticidade, aumento da aspereza e secura, rugas
profundas, elastose, pele seca e descamante, aparência coureácea, alterações
pigmentares, atrofia cutânea. Além disso, há aumento da ocorrência de neoplasias
malignas e benignas na pele fotoenvelhecida
4,10,41,44,48,49,53
.
A exposição à radiação UV induz à produção de metaloproteínas e TIMP-1.
No entanto, a indução de metaloproteinases excede a produção de seu regulador,
gerando um desequilíbrio que determina a degradação da rede protéica da matriz
extracelular. Tem sido proposto que esse é o principal fator clínico do
fotoenvelhecimento, pois 70% do peso seco da derme são compostos por
colágeno
44
.
Uma comparação das características do envelhecimento intrínseco
(cronológico) e extrínseco (fotoenvelhecimento) pode ser vista na Figura 5.
Envelhecimento
intrínseco
Envelhecimento
extrínseco
Rugas
Finas
Profundas
Elasticidade Reduzida Elastose solar
Manchas Não Áreas hiperpigmentadas
Estrato córneo Inalterado Espessado
Atrofia epidermal Sim Sim
Displasia celular Pouca Acentuada
Achatamento da JDE Moderado Acentuado
Reorganização das FE Moderada Acentuada
Tamanho e organização dos FC Modificações leves Modificações acentuadas
Microvasculatura
Redução na área Aumento da fragilidade e dilatação,
infiltrado inflamatório perivascular.
N de glândulas sebáceas e écrinas Reduzido Reduzido
Neoplasias Benignas: ceratose
seborréica
Ceratose seborréica, lesões pré-
malignas (ceratose actínica) e
lesões malignas
JDE: junção derme epiderme; FE: fibras elásticas, FC: feixes do colágeno, N: número.
Figura 5 - Comparação das características do envelhecimento cutâneo
intrínseco e extrínseco
Fonte: Adaptada de Hadshiew
53
e Bolognia
54
.
35
3.7 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO E XEROSE SENIL
A pele serve como barreira protetora entre os órgãos internos do corpo e o
meio ambiente
56,57
. É um órgão complexo com diferentes tipos de células e
estruturas, dividida em três camadas: epiderme, derme e tecido subcutâneo. A
epiderme é a camada mais superficial, composta de queratinócitos, que são as
células mais numerosas, melanócitos, que são produtores do pigmento melanina, e
das células de Langerhans, responsáveis pela defesa imunológica. Uma membrana
separa a epiderme da derme composta por proteínas da matriz extracelular. A
provisão vascular da pele está localizada na derme
56
.
A função da camada mais externa da epiderme, denominada de estrato
córneo, é servir como barreira altamente especializada e proteger o corpo contra
agentes tóxicos, invasão de microrganismos e, também, mais criticamente, para
evitar a perda de água e de outras substâncias
56,57,58
. O estrato córneo responde a
variações ambientais, especialmente de umidade, a fim de manter-se hidratado
adequadamente, regulando o fluxo e a retenção de água
56
.
A hidratação da pele pode afetar a função de barreira e exerce desse modo
um efeito na difusão da água e na penetração de outras substâncias através do
estrato córneo
60
. A água, no estrato córneo, está associada com a parte hidrofílica
do cimento intercelular e com as fibras de queratina dos corneócitos.
Quando a hidratação é menor que 10%, a água primária é fortemente ligada,
presumivelmente, aos sítios polares das proteínas. Quando o grau de hidratação é
maior que 10%, a água secundária é ligada por pontes de hidrogênio, ao redor das
proteínas hidratadas. Com a hidratação superior a 40-50%, a água assemelha-se a
uma massa líquida. É a água secundária que contribui para a plasticidade do estrato
córneo
57
. A quantidade de água no estrato córneo é responsável pela flexibilidade,
suavidade e plasticidade da pele
61
.
A água não só afeta as características físicas do estrato córneo, mas também
é necessária para processos metabólicos na camada epidermal. O processo de
descamação envolve a degradação dos corneodesmossomas por enzimas
36
dependentes de água e de pH para sua atividade. Em pele excisada, a taxa
espontânea de separação dos corneócitos é maior em pH neutro a levemente
alcalino e decresce em pH ácido
57
.
O estrato córneo é composto de dois componentes principais: células,
denominadas corneócitos, ricas em queratina, e cimento intercelular, composto por
lipídios estruturados em bicamadas, principalmente ceramidas, colesterol e ácidos
graxos livres em quantidades equimolares
5,56,57,62,63
. Estes lipídios são fundamentais
para a função de barreira, enquanto os corneócitos protegem da abrasão contínua e
dos danos provocados por agentes tóxicos químicos e físicos
57,59
. Para produzir a
camada córnea, a epiderme passa por um processo complexo denominado
queratinização. Muitas moléculas e mecanismos bioquímicos distintos estão
envolvidos nesse processo que torna uma célula epidermal viva em célula morta,
anucleada e queratinizada.
Cabe salientar que a epiderme é uma estrutura dinâmica e que em geral se
renova aproximadamente a cada 30 dias. Há, por isso, um constante movimento de
células para o estrato córneo e uma perda contínua, mas imperceptível, de
corneócitos da superfície cutânea
64
. Recentemente, vários estudos demonstraram
que a perda de água transepidermal (PAT) é um sinal crítico para o início de muitos
dos processos envolvidos na diferenciação celular terminal
56
.
O estrato córneo tem o catabolismo muito ativo, hidrolisando,
progressivamente, as ligações entre as células e, rapidamente, a proteína filagrina,
para originar muitos componentes do fator natural de hidratação (NMF) da pele. De
fato, a proteólise da filagrina é um processo crítico para a manutenção da hidratação
e flexibilidade da pele, iniciado por mudanças na quantidade de água do estrato
córneo
56
.
A pele do idoso é estrutural e funcionalmente diferente de outros grupos
etários. A epiderme é fina e tem a renovação celular mais lenta, resultando em
menos resistência ao dano externo
51
.
37
A função de barreira da pele idosa não foi muito estudada. Sabe-se que essa
pele perde menos água transepidermal que a jovem e a função de barreira pode ser
rompida com facilidade e recuperar-se lentamente, por causa do conteúdo mais
baixo dos lipídios epidérmicos totais, componentes do cimento intercelular
65
. A
retenção de água na camada córnea da pele é diminuída, há diminuição da
produção de sebo, que resultam em pele seca (xerose) e prurido
51,66,67
. O sebo, o
suor e os lipídios, provenientes do cimento intercelular, formam uma emulsão natural
que protege a pele e diminui com a idade
4
. O estrato córneo está em constante
reposição e é bem-adaptado para reparar os danos do uso e desgaste. Entretanto,
fatores ambientais e individuais interagem de maneira complexa para induzir
anormalidades na pele
57
.
A pele do indivíduo idoso é mais seca, principalmente nas mãos e partes
inferiores das pernas
57
. Na pele com xerose, as alterações são visíveis, táteis e
sensoriais – estão relacionadas na Figura 6
17,68,69,70
.
Alterações Características da pele
Visuais Vermelhidão, superfície opaca, partes brancas secas, escamas, rachaduras e até
mesmo fissuras.
Sensoriais Sensação de pele seca, desconfortável, dolorida, com prurido, sensação de picadas e
latejamento.
Táteis Pele áspera e irregular ao toque.
Químicas Redução no conteúdo de água, diminuição dos componentes do NMF, alterações na
composição lipídica.
Funcionais Aumento da permeabilidade, isto é, aumento da perda de água transepidermal, menor
resistência à absorção de substâncias nocivas.
Figura 6 - Alterações características da pele seca
Fonte: Adaptada de Lóden
68
.
Esfregar ou coçar as lesões provoca escoriações, sangramentos, resposta
inflamatória e às vezes edema. Subseqüentemente, microrganismos e alérgenos
ambientais podem penetrar na pele, aumentando o risco das dermatites alérgica e
de contato, bem como de infecções
10,67,70
.
Mesmo em idade avançada, alterações eczematosas podem ocorrer, com a
resposta de hipersensibilidade tardia, e infecções secundárias são riscos inerentes
38
de qualquer ruptura da barreira cutânea
67,70
. Exposição a produtos químicos,
microrganismos e temperatura e umidade ambientais baixas podem causar sintomas
de pele seca e anormalidades na função barreira da pele. É possível que fatores
ambientais e individuais interajam de maneira complexa e induzam a anormalidades
cutâneas
57
. Por exemplo, a xerose tende a agravar no inverno, quando a umidade
baixa predomina
67
. Na maioria das pessoas idosas, a pele seca é exacerbada por
banhos freqüentes, uso de sabões, detergentes, irritantes tópicos, como álcool, água
quente, exposição a espaços físicos superaquecidos no inverno, sem a reposição
dos emolientes naturais da pele
66,67,69
.
A xerose senil está freqüentemente associada ao prurido
69,71
. Estudos
conduzidos em pacientes idosos com prurido generalizado e pele seca
demonstraram a diminuição da hidratação do estrato córneo, pela medida de
condutância cutânea. Também foi observado que a coesão intracorneal está
aumentada, quando comparada com controles, o que sugere uma anormalidade do
processo de queratinização da epiderme
69,70
.
O indivíduo idoso também é mais suscetível à xerose, em decorrência de
doenças preexistentes, terapias e medicações, como radioterapia, estágio final de
doença renal, deficiência nutricional de zinco e de ácidos graxos essenciais,
doenças da tireóide, desordens neurológicas com decréscimo da sudação,
medicação antiandrogênica, terapia com diuréticos, síndrome da imunodeficiência
adquirida e câncer
67
.
3.8 O FATOR NATURAL DE HIDRATAÇÃO DA PELE E O IDOSO
Foi demonstrado que a organização do estrato córneo, especialmente os
lipídios do cimento intercelular, a formação do NMF da pele, a maturação dos
corneócitos e a descamação normal do estrato córneo, estão relacionados com o
nível de hidratação da pele
5,17,59,72
. Os lipídios lamelares intercelulares provêem uma
barreira eficaz à passagem de água pelo tecido. O NMF é uma complexa mistura de
compostos solúveis em água, com peso molecular baixo, formada dentro do
39
corneócitos por degradação da filagrina, proteína rica em histidina. Além disso,
fundamentalmente, cada passo de maturação que leva à formação de uma barreira
de umidade eficaz, incluindo a diferenciação dos corneócitos, processamento de
lipídios e geração de NMF, é ativado pelo nível da hidratação do estrato córneo.
Esses processos, bem como o passo final de separação dos corneócitos que medeia
a esfoliação, muitas vezes são perturbados pelo meio ambiente, resultando em peles
secas e escamosas
54,73
.
Nos tecidos, há um equilíbrio hídrico que depende das trocas de água com o
ambiente – que são a absorção percutânea e a PAT. A água é perdida com a
evaporação ao ambiente e deve ser reabastecida pela água das camadas epidermal
e dermal mais baixas
3
.
A relação entre a PAT e o conteúdo de água do estrato córneo pode variar, de
acordo com a situação clínica
74
. No envelhecimento cutâneo normal, a PAT e a
hidratação cutânea decrescem, mantendo uma relação diretamente proporcional. Na
pele seca anormal, como psoríase, eczema, dermatite atópica e de contato, ocorre
aumento da PAT, com diminuição do conteúdo de água
68,75
. Na dermatite atópica,
há evidências de redução do NMF, que está ausente em outras doenças, como
psoríase e ictiose. Tais doenças manifestam-se com descamação anormal, com
severas rupturas e fissuras do tecido. Embora, claramente, em todas essas doenças,
diversos aspectos da queratização do estrato córneo estejam alterados, a
inabilidade para produzir, ou reter, NMF dentro do estrato córneo parece ser um fator
que contribui, significativamente, para a manifestação de todos esses problemas de
pele
76
.
O NMF é encontrado exclusivamente no estrato córneo e consiste
principalmente de aminoácidos e seus derivados, como o ácido pirrolidônico
carboxílico (PCA), ácido lático, uréia e açúcares. A composição do NMF em peles
normais está descrita na Tabela 1
57,59
. Os componentes do NMF estão presentes em
altas concentrações dentro dos corneócitos, representando de 20 a 30% de seu
peso seco
57,59
. Biologicamente, a função desses agentes higroscópicos é manter a
água na pele, protegendo-a da dessecação e, por meio da água presente, facilitar o
processo final da diferenciação dos queratinócitos
59,61
. Se os componentes do NMF
40
são extraídos da pele, a capacidade de a mesma reter água diminui, tendo sido
encontrada uma relação significativa entre a concentração de (PCA) na pele e a
hidratação cutânea. O NMF aumenta a elasticidade cutânea
57
.
Tabela 1 - Composição química do fator natural de hidratação da pele
Componentes Concentração (%)
Aminoácidos 40
Ácido pirrolidônico carboxílico 12
Lactato de sódio 12
Açúcares 8,5
Úréia 7
Eletrólitos: sódio, cálcio, potássio, magnésio, fosfatos
e cloretos
18
Amônia, ácido úrico, glicosamina, creatinina 1,5
Outros 1
Fonte: Adaptada de Lodén
57
e Rawlings
59
.
Estudos demonstraram a existência de correlação entre o conteúdo de
aminoácidos livres, componentes do NMF, e o estado de hidratação da pele de
idosos. Além disso, os níveis de NMF geralmente são menores nas pernas do que
no antebraço, o que está relacionado com a maior incidência de xerose nas pernas e
nos pés
76
.
Harding e colaboradores
56
demonstraram, em estudos com seres humanos
com idade entre 20 e 70 anos, por meio do emprego da técnica de remoção do
estrato córneo com fitas adesivas, que a concentração de PCA diminui no estrato
córneo com a idade, conforme pode ser observado na Figura 7.
41
Figura 7 - Ácido pirrolidônico, carboxílico e profundidade do estrato córneo
em peles de jovens e idosos
Fonte: Adaptada de Harding
76
.
A pele envelhecida tem níveis menores de NMF do que a de jovens,
refletindo, principalmente, a redução da formação natural devido à reduzida síntese
de profilagrina
76
. Ademais, é provável que a perda de NMF seja exacerbada pelo
declínio da função barreira relacionada com a idade
59
.
A xerose – ou ressecamento cutâneo – pode ser melhorada mediante o uso
de cosméticos. Assim, os cosméticos e os produtos de higiene são muito
importantes na vida do paciente idoso. Devido ao envelhecimento, a pele é frágil,
pálida, seca e sensível; dessa forma, os filtros solares, emolientes, bem como os
cosméticos sem perfume devem transformar-se em parte da prescrição médica para
o cuidado da pele
4
.
Pele seca é uma característica de diversas condições clínicas, e o freqüente
tratamento com cremes hidratantes ou emolientes é importante no manejo dessas
condições. Mais especificamente, produtos hidratantes são amplamente usados para
suavizar a pele e realçar sua beleza
61
. A hidratação da pele é o principal efeito de
muitos cosméticos
72
. Os hidratantes podem auxiliar de maneira significativa as
pessoas idosas, especialmente nos meses de inverno
70
.
42
Importante ressaltar que o mesmo produto pode ser considerado
exclusivamente cosmético, como vários cremes de beleza, ou como uma preparação
terapêutica.
Ictiose, dermatite atópica, outros eczemas, xerose de inverno, xerose senil e
dermatite por irritantes são as principais condições melhoradas pelo uso regular de
hidratantes
70
.
No passado, o tratamento com hidratantes era visto unicamente como
tratamento para melhorar a descamação da pele e o desconforto de peles sensíveis.
Hoje, em função dos conhecimentos atuais sobre o estrato córneo, deve ser visto
como um componente ativo do tratamento de algumas doenças cutâneas
68,76,77
.
3.9 EMULSÕES COSMÉTICAS HIDRATANTES
3.9.1 Estrutura de Emulsões Cosméticas
Entre os diferentes tipos de cosméticos existentes, as emulsões (cremes e
loções hidratantes) são amplamente usadas para hidratar a pele e diminuir os sinais
da pele seca. Tais produtos podem atuar por meio de diferentes mecanismos:
retendo água no estrato córneo por adição de umectantes e/ou diminuindo a PAT
por meio de um filme lipídico oclusivo, e/ou pela presença de cristais líquidos em sua
estrutura
69,70,75,78,79,80,81
.
Hidratantes para as mãos e o corpo são divididos em diferentes categorias
tais como: uso diário (boa performance de hidratação e preço competitivo), uso
terapêutico (custo mais alto, mas de maior eficácia e maior quantidade de
hidratantes) e uso cosmético (foco na estética, sensação na pele e perfume)
80
.
Emulsões são sistemas dispersos, termodinamicamente instáveis, definidos
como a mistura de dois líquidos imiscíveis ou parcialmente miscíveis, um dos quais
está disperso no outro, na forma de glóbulos muito pequenos ou gotículas, e
estabilizado por agentes emulsionantes
82-85
. Em função disso, as emulsões constam
43
de duas fases: veículo ou fase circundante, que é externa e contínua e a outra
interna ou dispersa
86
.
As fases são designadas de fase oleosa (lipofílica, apolar) e fase aquosa
(hidrofílica, polar) de acordo com a solubilidade dos componentes da emulsão
86
.
Conforme se pode observar na Figura 8, quando a fase externa da emulsão é água
e a fase interna é óleo, a emulsão é denominada óleo em água (O/A), quando a fase
externa da emulsão é óleo e a fase interna é água, a emulsão é chamada de água
em óleo (A/O).
A: água; O: óleo.
Figura 8 - Classificação das emulsões conforme a distribuição das fases
interna e externa
Devido à grande variedade de aplicações cosméticas e farmacêuticas, as
emulsões são amplamente usadas como sistemas de liberação de substâncias
ativas. As emulsões O/A vêm sendo mais empregadas do que as A/O, por serem
menos oleosas e de aplicação mais agradável
81
.
Em algumas emulsões não se tem apenas a presença de duas fases
dispersas uma na outra, mas, sim, a formação de uma terceira fase, que não pode
ser definida como interna ou externa e é denominada cristal líquido ou fase líquida
cristalina
81,87,88
.
Na presença de estruturas ordenadas ou na fase líquida cristalina, a definição
de emulsão passa a ser: mistura de dois líquidos imiscíveis, na qual um é disperso
no outro na forma de gotas líquidas e/ou cristais líquidos
89
.
44
Sistemas multifásicos são formados desta forma e aumentam a estabilidade
das emulsões, além de propiciarem a liberação prolongada de substâncias ativas na
pele
87,89
.
Emulsões O/A, como loções e cremes, podem ser sistemas multifásicos
complexos, devido à possibilidade de diferentes interações entre seus
componentes
90
. Emulsões em multifase, conforme o modelo proposto por Junginger,
podem conter as seguintes fases: oleosa dispersa, gel cristalina, hidratada cristalina
e aquosa externa
91,92
. Esse tipo de estrutura líquida cristalina pode ser encontrado
em preparações semi-sólidas, mas está ausente em emulsões líquidas
92
. Uma
representação esquemática das diferentes fases pode ser vista na Figura 9:
Figura 9 - Creme semi-sólido, com álcool cetoestearílico e tensoativo
aniônico
Fonte: Esquema adaptado de Florence
91
e Junjinger
92
Cristais líquidos, também chamados de fase mesomórfica (do grego mesos
morphe: entre dois estados), são definidos como sistemas fluidos que apresentam
propriedades intermediárias entre o estado sólido e o líquido e formados por um
arranjo molecular com ordem estrutural
81
. Classificam-se como mesofásicos
essencialmente por sua simetria e grau de ordenamento. As moléculas tendem a se
organizar paralelamente entre si devido às interações intermoleculares específicas,
inerentes às suas estruturas. O cristal líquido combina a anisotropia óptica e elétrica
45
do estado sólido com a fluidez e tensão interfacial do estado líquido
81,88,93
.
Anisotropia significa que as propriedades apresentam diferentes valores quando
medidas em diferentes direções.
Substâncias anfifílicas, como os emulsionantes, são capazes de formar
cristais líquidos, quando dissolvidas em determinados solventes. Em baixas
concentrações, formam micelas ou vesículas, sem estruturas ordenadas de micelas
ou vesículas. Em concentrações mais altas, a situação muda radicalmente, podendo
ocorrer estruturas ordenadas de micelas ou vesículas em fases hexagonais.
Em determinadas concentrações, podem formar fases lamelares nas quais
uma quantidade uniforme de solventes separa as lamelas formadas por bicamadas
de moléculas, conforme a representação esquemática da Figura 10.
Figura 10 - Fase líquida cristalina lamelar
Fonte: Adaptada de Comelles
84
Quando a formação dos cristais líquidos depende da concentração dos
componentes, os mesmos são denominados de liotrópicos. Esses cristais são
sistemas compostos por soluções de substâncias anfifílicas em um líquido altamente
polar, como a água. Tais soluções apresentam propriedades do estado cristalino
líquidas somente com determinadas concentrações dos componentes.
Em emulsões, para que ocorra a formação de cristais líquidos, é necessário
um excesso de tensoativos, pois estes atravessam a interface óleo-água, formando
as fases líquidas lamelares na fase aquosa. Assim, em emulsões normais, as gotas
46
de óleo são cobertas somente por uma camada de tensoativo, enquanto em fases
cristalinas líquidas lamelares as gotas de óleo são circundadas por muitas camadas
contendo emulsificante, conforme se pode observar na Figura 11
89,93,94
.
Os emulsionantes, que permitem a formação deste tipo de cristais líquidos,
são os mais empregados em cosméticos
94
. Dentro das faixas típicas de
concentração de agentes emulsionantes usados em emulsões, alguns
emulsionantes podem formar agregados coloidais como mesofases liotrópicas ou
estruturas de cristal líquido lamelar, hexagonal ou cúbico
84,95
.
Figura 11 - Emulsão com fase cristalina lamelar
Fonte: Adaptada de Dahms
95
.
As identificações de cristais líquidos podem ser feitas por intermédio de
técnicas físico-químicas como difração de raios X, ressonância nuclear magnética, e
microscopia com luz polarizada
89,92,96
.
Os cristais líquidos mantêm muitas propriedades do estado sólido, como
anisotropia óptica e birrefringência. A birrefringência ou refração dupla é encontrada
em cristais, cristais líquidos ou qualquer outro sistema anisotrópico. Podem ser
facilmente detectáveis quando observadas com luz polarizada, uma vez que, devido
à anisotropia, a fase de gel lamelar apresenta-se sob luz polarizada com estrutura de
cruz de malta, conforme pode ser observado na Figura 12. Essa técnica é a mais
freqüentemente usada para a identificação de cristais líquidos e pode ser
empregada para acompanhar a estabilidade de emulsões cosméticas
81,88,92,94,96,97
.
47
Figura 12 - Emulsão com pseudoceramidas.
Fotomicrografia com luz polarizada
Fonte: adaptada de Park
97
.
Park e colaboradores
97
prepararam diferentes emulsões contendo
pseudoceramidas, colesterol, ácido esteárico, monoestearato de glicerila e
monoestearato de glicerila etoxilado 15 OE, tendo observado a presença de cruzes
de malta sob luz polarizada, conforme mostra a Figura 12, caracterizando emulsões
lamelares. A mesma emulsão sem as pseudoceramidas apresentou fraca anisotropia
como se pode observar na Figura 13.
Figura 13 - Emulsão sem pseudoceramidas Fotomicrografia com luz
polarizada
Fonte: adaptada de Park
97
.
Dahms
95
preparou três emulsões contendo óxido estearílico de etilenoglicol
(Brij 72), álcool estearílico etoxilado 21 OE (Brij 721), óleo de silicone, álcool
estearílico, ácido esteárico, propilenoglicol e água, com três emolientes diferentes –
miristato de isopropila, triglicerídio caprílico-cáprico e éter estearílico polioxipropileno
15 – e verificaram a formação de fases lamelares anisotrópicas, de acordo com o
emoliente empregado. Quando utilizaram o éter estearílico polioxipropileno 15 como
48
emoliente, a maior parte das gotas apresentava fases líquidas cristalinas lamelares,
segundo se vê na Figura 14. Os autores concluíram que os cristais líquidos formam-
se quando as estruturas dos emolientes e emulsionantes são semelhantes.
Figura 14 - Emulsões com cristais líquidos. Fotomicrografia com luz
polarizada
Fonte: Adaptada de Dahms
95
.
Nas diversas emulsões com óleo de urucum (Bixa orellana) contendo cristais
líquidos, desenvolvidas por Morais e colaboradores
81
, foram empregados como
emulsionantes álcool cetoestearílico etoxilado 5 OE (ACE 5 OE) nas concentrações
de 10 e 15%, mas, em algumas, os autores adicionaram álcool cetoestearílico
(ACE), como agente de consistência, por sua habilidade de formar cristais líquidos.
a) ACE 5 OE (10%) b) ACE 5 OE (15%)
c) ACE 5 OE (10%)+ ACE (1%) d) ACE 5 OE (15%)+ ACE (1%)
Figura 15 - Emulsões com óleo de urucum contendo cristais líquidos .
Fotomicrografias com luz polarizada
Fonte: Adaptada de Morais
81
49
A presença de fases lamelares líquidas cristalinas foi investigada por
microscopia com luz polarizada e podem ser observadas na Figura 15. Cabe
salientar que, quando foram empregados como emulsionantes álcool oleílico
etoxilado 3 OE e álcool oleílico etoxilado 20 OE, não ocorreu a formação de fases de
cristais líquidos
81
.
Santos e colaboradores
81
prepararam emulsões com óleo de calêndula,
contendo cristais líquidos. Como emulsionantes utilizaram uma série de pares de
emulsionantes que compunham o EHL (equilíbrio hidrófilo lipófilo) igual a seis, foi
observada a formação de cristais líquidos em todos os sistemas de emulsionantes
visualizados através de microscopia com luz polarizada, conforme exemplo na
Figura 16.
Figura 16 - Emulsões com óleo de calêndula contendo cristais líquidos
fotomicrografias com luz polarizada
Fonte: Adaptada de Santos
87
.
As emulsões preparadas por Masson e colaboradores
88
com óleo de pêssego
empregavam uma cera auto-emulsionante denominada Polawax NF® (Croda),
composta por álcool cetoestearílico e monoestearato de sorbitano 20 OE, além de
diferentes umectantes, tais como glicerina, propilenoglicol e sorbitol. Os
pesquisadores observaram a formação de fase lamelar líquida cristalina nos
produtos testados empregando microscopia com luz polarizada, conforme se vê na
Figura 17.
50
a e c: Polawax NF 10% + propilenoglicol 5%.
a: + água 85%.
c: + óleo de pêssego 10% + água 75%.
Figura 17 - Emulsões com óleo de pêssego contendo fases lamelares
líquidas cristalinas. Fotomicrografia com luz polarizada.
Fonte: adaptada de Masson
88
.
Junginger demonstrou que é possível obter emulsões multifásicas com
emulsionantes com caráter químico diferente, tais como emulsões semi-sólidas, óleo
em água (O/A), aniônicas, não-iônicas ou anfóteras
92
.
Nas emulsões semi-sólidas O/A aniônicas, com ácido esteárico, ácido
palmítico, trietanolamina, glicerina e água é possível ter-se uma emulsão em
multifase, conforme mostram a Tabela 2 e a Figura 18.
Tabela 2 - Exemplo de composição de emulsão em multifase aniônica
Matérias-primas Quantidade (g)
Ácido esteárico
Ácido palmítico
Trietanolamina
Glicerina
Água
12,0
12,0
1,2
13,5
10-61,3
Fonte: Adaptado de Junjinger
92
.
Para a estrutura desta emulsão foi estabelecida uma fase gel hidrofílica,
composta por ácidos graxos livres, sais de trietanolamina (TEA) e água fixada
interlamelarmente, uma fase gel hidrofílica, composta de cristais de ácido esteárico e
palmítico, incapazes de reter água, e estearato cristalizado formando pequenas
placas isoladas
92
.
51
Esquema representativo tendo em:
a: bicamada mista de cristais de ácidos
graxos e seus sabões de TEA;
b: água fixada entre as lamelas;
c: fase gel lipofílica;
d: fase água bulk;
e: estearato isolado.
Figura 18 - Emulsão em multifase aniônica
Fonte: Adaptada de Junjinger
92
.
A quantidade de água fixada interlamelarmente depende da quantidade total
de água da emulsão. Com um total de água maior que 55%, o sistema torna-se
instável e ocorre uma transição entre um creme com uma rede de gel hidrofílico
tridimensional a uma emulsão sem esses elementos estruturais, conforme pode ser
verificado na Figura 19.
Figura 19 - Estrutura do creme com estearato
VS
o total de água
Fonte: Adaptada de Junjinger
92
.
Cabe salientar que a ação mecânica, neste tipo de emulsão, pode instabilizar
o sistema. Portanto, durante a preparação, a agitação deve ser interrompida em
52
torno de 35
o
C durante o resfriamento do produto
92
. Como exemplo de emulsão
aniônica em multifase, destaca-se a formulação presente na Tabela 3
98
.
Tabela 3 - Exemplo de emulsão aniônica em multifase
Matérias-prima Quantidade (g)
Ácido esteárico 7,50
Lanolina 3,00
Álcool cetílico 3,50
Vaselina 2,00
Isononanoato de cetearila 3,00
Dimeticone 2,00
Estearato de glicerila 1,50
Propilenoglicol 0,75
Hidróxido de sódio 0,50
Água q.s.p. 100,00
Fonte: Adaptada de International Federation of Societies of Cosmetic Chemists
98
.
Cremes O/A não-iônicos também podem ser emulsões em multifase, com os
componentes estruturais semelhantes aos descritos anteriormente para emulsões
aniônicas com estearatos.
Para a formulação não-iônica composta por PEG-20 estearato de glicerila,
álcool cetílico, álcool estearílico, parafina líquida, glicerina, parafina branca e água,
mostrada na Tabela 4, foram descritas as estruturas que podem ser observadas na
Figura 20
92
.
Tabela 4 - Exemplo de emulsão não-Iônica contendo estrutura em multifase
Matérias-primas Quantidades (g)
PEG-20 estearato de glicerila 7,5
Álcool cetílico 5,0
Álcool estearílico 5,0
Parafina líquida 7,5
Glicerina 8,5
Parafina branca 17,5
Água 51,5
Fonte: Adaptada de Junginger
92
.
53
Esquema mostrando em:
a: bicamada álcool cetoestearílico (ACE) e
PEG-20 monoestearato de glicerila;
b: água fixada entre as lamelas;
c: fase gel lipofílica composta por ACE semi-
hidratado;
d: fase de água livre;
e: fase de componentes lipofílicos.
Figura 20 - Emulsão em multifase não-iônica
Fonte: Adaptada de Junginger
92
.
A quantidade de água fixada interlamelarmente depende do conteúdo total de
água. A extensão da cadeia de polioxietileno dos emulsionantes determina a
capacidade máxima de fixação de água interlamelarmente de um sistema
92
.
Em emulsões contendo surfactantes não-iônicos e álcoois graxos, o aumento
de volume das bicamadas deve-se à hidratação das cadeias de polioxietileno dos
surfactantes, e é dependente do tamanho dessas cadeias. Tais preparações contêm
diferentes tipos de interações entre os excipientes e podem conter distintas fases.
Em sistemas aquosos contendo combinações de surfactantes e álcoois graxos,
geralmente se formam fases adicionais, quando há emulsionante em excesso para
estabilizar a dispersão, formando um filme monomolecular na interface da gotícula
de óleo, que interage com a fase aquosa contínua, para formar uma rede de gel,
composta por uma bicamada cheia de água
90
.
Emulsões que contêm lecitina como agente emulsificante pode apresentar em
sua estrutura cristais líquidos, que passível de detectação por microscopia com luz
polarizada em decorrência da birrefringência
87
. Emulsões, com estearato de glicerila
e lecitina são citadas na literatura com a possibilidade de formar fase de gel lamelar
líquido cristalino
84
.
54
Com relação às vantagens da utilização de cristais líquidos em cosméticos,
destacam-se: maior retenção de água no estrato córneo, acelerando a hidratação
cutânea, liberação prolongada de substâncias ativas e aumento da estabilidade de
emulsões
89
.
Emulsões O/A com cristais líquidos são sistemas complexos para liberação
de substâncias ativas na superfície da pele, uma vez que modulam a taxa de
liberação em sua estrutura, aumentam a estabilidade e a solubilidade de substâncias
ligeiramente solúveis em óleo ou na fase aquosa e hidratam pelo decréscimo da
PAT
81
.
Emulsões que contêm fases lamelares anisotrópicas têm efeito de hidratação
maior sobre as camadas superiores da pele, pois a água ligada interlamelarmente
fixa-se à pele por muito mais tempo do que a água livre, à medida que reduz a
evaporação. Estudos demonstraram que emulsões O/A, com fases lamelares
cristalinas, apresentam um efeito de retenção de umidade sobre a pele três vezes
maior do que as emulsões que não as apresentam
95
.
Cristais líquidos em emulsões apresentam algumas vantagens funcionais:
materiais lipofílicos adquirem fotoproteção e proteção térmica. Do mesmo modo, o
material encapsulado é liberado no estrato córneo mais lentamente do que com
solventes lipofílicos
87
.
3.9.2 Composição e Efeito de Emulsões Cosméticas Hidratantes
Geralmente as emulsões hidratantes contêm água, umectantes, lipídios,
emulsificantes, preservativos, corantes e aditivos especiais
68,78
.
A água é o principal componente para a plasticidade da pele. No entanto, a
água presente em hidratantes de uso tópico apenas tem um efeito de hidratação
transitório. São os demais componentes do produto que definem os benefícios para
o consumidor
59,88
.
55
Para reter a água no estrato córneo é preciso usar umectantes em soluções
ou emulsões. É esperado que umectantes sob a pele ou presentes no estrato córneo
possam reter a água aplicada e reduzir a PAT
88
. Os umectantes, oclusivos e
emolientes continuam sendo o eixo principal do tratamento cosmético
59
.
São considerados componentes umectantes: polióis (glicerina, sorbitol,
propileno glicol), macromoléculas (glicosaminoglicanos, colágeno, elastina, DNA,
ácido hialurônico, isomerato de sacarídeo) e NMF (ácido pirrolidônico carboxílico,
uréia, ácido láctico, lactato de amônio)
4,7.59,68,88
. Os umectantes não só atraem água
para o estrato córneo, mas podem também influenciar diretamente a elasticidade do
estrato córneo
17,68
.
O International Cosmetic Ingredient Dictionary cita aproximadamente 125
substâncias como umectantes e quase 200 materiais higroscópicos empregados
para aumentar o conteúdo de água na pele
17
.
Em umectantes como a glicerina (glicerol), a hidratação ocorre devido ao
grande número de grupos hidroxila presentes nas moléculas que captam e retêm a
água no estrato córneo. Atuam internamente no estrato córneo, retendo a água
proveniente da derme para a epiderme, e, externamente, retendo água do ambiente
na pele
80
.
A importância da glicerina em produtos cosméticos e em formulações
farmacêuticas é bem conhecida
99
. Suas propriedades são umectantes e protetoras.
A glicerina difunde-se no estrato córneo e aumenta a hidratação da pele, previne a
PAT e melhora os sinais clínicos de pele seca
76,99
. Já foi demonstrado que a
glicerina aumenta a velocidade da descamação do estrato córneo, provavelmente
por aumentar a degradação dos desmossomas que unem os corneócitos, assim
como influencia também a organização cristalina das bicamadas lipídicas
intercelulares
69,76,80,99
.
Na pele seca, a proporção de lipídios no estado sólido pode estar elevada e a
glicerina mantém os lipídios em estado líquido cristalino, em umidades relativas
baixas, influenciando a barreira cutânea
76,99
. Hidratantes contendo glicerina
56
produzem efeito de longa duração por captar e segurar a água. Em maiores
concentrações pode diminuir a PAT
80
.
Os componentes do NMF foram testados em diversos experimentos
científicos e comprovada a ação dos mesmos como capazes de aumentar a
hidratação do estrato córneo. Tais componentes são amplamente usados em
produtos cosméticos hidratantes para pele seca, conforme pode ser verificado nos
experimentos relacionados na Figura 21
68,80
.
A uréia é um componente normal do estrato córneo, comumente usada em
produtos cosméticos e dermatológicos. Hidratantes contendo uréia influenciam as
propriedades de barreira, diminuindo a PAT, aumentando a capacitância da pele e
diminuindo reações de irritação. Em altas concentrações pode interferir na
biossíntese de lipídios
17,60,76,80
. A uréia promove a separação dos corneócitos
facilitando a descamação do estrato córneo
69,80
.
Lóden (1996) realizou estudos sobre a influência de diferentes cosméticos na
função barreira da pele normal. O tratamento da pele com dois hidratantes contendo
5 e 10% de uréia, durante 10 a 20 dias, diminuiu a PAT. A capacitância da pele
aumentou após três aplicações e continuou aumentando após 10 dias, mas não
após 20 dias de tratamento. As reações de irritação provocadas por lauril sulfato de
sódio diminuíram significativamente em voluntários que usaram previamente os
produtos com uréia durante 20 dias
60
.
A propriedade hidratante da uréia depende do tipo de preparação empregada.
O excipiente influencia a penetração da uréia na camada córnea. Sua utilização
combinada com certos produtos como o ácido lático permite melhorar sua
capacidade de hidratação
100
. A combinação de glicerina com uréia produz
hidratação do estrato córneo significativamente maior do que os componentes
separados
68
.
O ácido lático e seu derivado lactato de sódio são usados em produtos
hidratantes e demonstraram melhorar os sintomas da pele seca
80
. Diferentes
estudos empregando lactato de amônio mostram sua habilidade em diminuir o
57
estrato córneo da pele seca, bem como remover a descamação da pele na ictiose e
em outras condições hiperceratóticas, como pode ser verificado na Figura 21.
Experimentos realizados em xerose Resultados obtidos
Efeito hidratante:
L. com lactato de amônio a 12% (LL) vs
Creme, com vaselina (CV).
LL foi mais efetiva que o CV, durante e após
o tratamento
101
.
Efeito Hidratante:
L. com lactato de amônio a 12% (LL) vs
L. com ácido lático 5%+PCA a 2,5% (LA).
LL mais efetiva que a LA, durante e após o
tratamento
102
.
Teste da eficácia e segurança:
Emulsão com lactato de amônio a 12 %, por 15
dias.
Redução da secura, descamação e prurido,
com melhora da extensibilidade, firmeza e da
função barreira da pele
103
.
Efeito hidratante de lactato de amônio, a 12%, em
dois produtos comerciais.
Resultados semelhantes após duas a quatro
semanas de tratamento
104
.
Efeito hidratante:
L. com lactato de amônio, a 12% (LL) vs, L. com
ácido lático a 5% (LA) e L. emoliente (LE)
Todos melhoraram a xerose, durante o
tratamento, mas a LL apresentou mais efeito
residual
105
.
Efeito hidratante:
Lanolina pura vs
creme, com lactato de amônio 12%.
Efeito semelhante
106
.
Efeito hidratante de frações do NMF O lactato de potássio é mais efetivo que o
lactato de sódio
107
.
Efeito hidratante:
Creme com uréia a 40% (CrU) vs
Loção com lactato de amônio a 12% (LL).
Avaliações: basal e após 14 e 28 dias.
O CrU foi mais efetivo do que a LL
107
.
Efeito hidratante in vitro do estrato córneo, em
umidade ambiental variada:
Glicerina (Gli) vs PCA-Na.
Ambos foram efetivos. A Gli foi melhor em
umidades < 40% e o PCA-Na em umidades >
60%
109
.
Efeito hidratante em 42 pessoas com xerose e 30
pessoas normais.
Creme com uréia a 3% vs a 10%.
Ambos melhoraram hidratação e
descamação. O creme a 10% diminuiu a
PAT
110
.
Efeito hidratante de cremes A/O, em voluntários
saudáveis, após 7 e 14 dias: uréia 5%
uréia 3% + lactato de amônio 3%,
uréia 5% + lactato de amônio 5% .
Não houve diferença entre os 3
tratamentos
111
.
L= Loção.
Figura 21 - Experimentos de avaliação da eficácia de componentes do NMF
O PCA é o principal componente do NMF e está entre os mais potentes
umectantes
68
. Cremes e loções contendo o sal sódico do PCA têm sido amplamente
descritos como capazes de aumentar a hidratação da pele e melhorar as condições
da pele seca com descamação
80
. O PCA sódico retém a água no estrato córneo.
Esse aumento de hidratação provê a pele de flexibilidade, melhor resistência
mecânica e toque macio
70
.
58
O tratamento de estrato córneo de cobaia, alterado por solventes, com
soluções contendo umectantes, demonstrou que a capacidade de reter água no
estrato córneo decresce na seguinte ordem: PCA sódico > lactato de sódio >
glicerina > sorbitol
68
.
Os umectantes, como o isomerato de sacarídeo, que é uma mistura de
açúcares (Pentavitin
®
, Pentapharm)
68
semelhantes aos encontrados no estrato
córneo, em geral têm grande afinidade pela água, além de maior capacidade de
hidratação que o glicerol sozinho. O isomerato de sacarídeo diminui o aspecto visual
da pele seca
73
.
O ácido hialurônico é um polímero natural pertencente à classe dos
glicosaminoglicanos sulfatados e forma sobre a pele um filme hidrofílico
112
. Seu
efeito hidratante ocorre provavelmente pela redução da evaporação da água da
superfície cutânea, sem o fenômeno de oclusão. Sua capacidade de reter água
decorre do seu alto peso molecular e sua estrutura polianinônica
113
. Trata-se de um
polissacarídeo linear formado por unidades de dissacarídeos contendo N-acetil-
glicosamina e ácido glicurônico. Seu peso molecular é da ordem de 10
6
-10
7
. Por
inativar radicais livres é usado em filtros solares
114
. Outra aplicação do ácido
hialurônico é diminuir a gravidade das lesões de pacientes expostos à radioterapia,
diminuir a necrose e a ulceração tecidual
113
. A liberação do ácido hialurônico é muito
maior quando a formulação empregada é uma emulsão O/A comparada com
emulsão anfifílica e emulsão A/O
114
.
Emolientes são óleos e lipídios que se espalham rapidamente na pele,
produzindo oclusão parcial que hidrata e melhora a aparência do estrato córneo.
Uma vez aplicados à pele, os lipídios emolientes que se assemelham àqueles
encontrados naturalmente na pele têm demonstrado que melhoram a velocidade de
reparo da barreira cutânea. O tipo de emoliente empregado na formulação é muito
importante na sensação produzida na pele e percebida pelo consumidor
80
.
Lipídios em hidratantes podem aumentar a hidratação cutânea por diversos
mecanismos. O mais convencional é a oclusão que implica a simples redução da
perda de água para fora da pele. Outra é quando os lipídios do hidratante interagem
59
com os lipídios do cimento intercelular e auxiliam na retenção de água nos
corneócitos
68
.
São considerados emolientes: hidrocarbonetos (vaselina, parafina), silicones,
óleos animais ou vegetais, álcoois e ácidos graxos, ceras, ésteres de ceras,
fosfolipídios e esteróis
4,7,78
. Os óleos minerais são derivados do petróleo. Os mais
importantes são a vaselina líquida e a sólida, as quais consistem em uma complexa
mistura de hidrocarbonetos. A vaselina sólida é empregada em formulações de uso
tópico desde 1872
17
.
Oclusivos, como a vaselina sólida, formam uma camada na superfície da pele
e hidratam por retardar a evaporação da água. Naturalmente anidra, a vaselina
reduz a perda de água em mais que 98%, enquanto outros óleos conseguem
apenas 20 a 30% de redução. Além da formação de filme oclusivo, a vaselina
difunde-se entre os espaços intercelulares, o que contribui para sua eficácia
68,80
. A
vaselina também acelera a biossíntese de lipídios, auxiliando o reparo da barreira
76
.
Os óleos vegetais são componentes usuais de emulsões cosméticas, devido
a algumas de suas propriedades, como baixo peso molecular e viscosidade, menos
oclusivos que os óleos minerais, boa penetração cutânea, melhor compatibilidade
com a pele e fonte de ácidos graxos essenciais e vitaminas
81
. Os ácidos graxos
essenciais são precursores dos lipídios que compõem a barreira cutânea, o uso
tópico aumenta a biossíntese desses lipídios, melhorando a função da barreira
cutânea
80
.
Vários óleos vegetais têm em suas composições ácidos graxos essenciais
poliinsaturados. O óleo de prímula (Oenothera biennis) possui em sua composição o
ácido gamalinolêico, que tem grande importância na manutenção da integridade
epidermal, pois intervém na coesão do estrato córneo e na prevenção PAT
17,115
.
Estudos realizados em suínos com creme contendo óleo de prímula a 10%
demonstraram que após oito semanas de aplicação, duas vezes ao dia, foi verificado
aumento da capacidade proliferativa da pele. Após seis semanas de aplicação as
60
papilas dérmicas aumentaram significativamente de tamanho e o número de células
da camada basal duplicou
116
.
Em experimentos em 40 voluntários com dermatite atópica foram testadas
duas emulsões com óleo de prímula (emulsão anfifílica e emulsão O/A). As
avaliações da PAT e da hidratação cutânea após quatro semanas de tratamento e
uma semana após o término demonstraram que o óleo de prímula apresenta efeito
na função barreira do estrato córneo apenas quando veículado em emulsão O/A
117
.
Os emulsionantes ou emulgentes tornam possível a dispersão fina e estável
do óleo na água ou vice-versa
86
. O efeito dos emulsificantes sobre as propriedades
de barreira da pele não é bem conhecido; no entanto, é esperado que os
emulsionantes não-iônicos sejam menos irritantes que os emulsionantes aniônicos
17
.
No processo de emulsificação ocorre a divisão de um dos dois líquidos em
pequenos glóbulos, com conseqüente aumento da área superficial desta fase e sua
dispersão na outra. Para provocar a subdivisão dos líquidos, é necessário
despender determinada quantidade de energia (térmica e de agitação) sob a forma
de trabalho. Os agentes emulsionantes diminuem o trabalho necessário para a
emulsificação e garantem a estabilidade da emulsão formada
81
.
As emulsões cosméticas apresentam diferentes desempenhos na hidratação
cutânea. Paepe e colaboradores
5
realizaram testes em voluntários idosos (58 ± 9
anos), com cinco loções hidratantes, empregando métodos biofísicos não-invasivos.
Como resultado, observaram que apenas dois produtos aumentaram mais que 30%
a hidratação do estrato córneo e diminuíram, significativamente, a PAT. Held e
colaboradores
118
realizaram testes com seis loções hidratantes em voluntários de 18
a 58 anos, após irritação cutânea, mediante métodos biofísicos e avaliação clínica.
Os resultados comprovaram que os seis hidratantes aceleraram a regeneração da
barreira cutânea, tendo melhor desempenho o hidratante com maior conteúdo de
óleo.
Conforme Hannon
74
, há dificuldade da interpretação dos resultados das
pesquisas com hidratantes, pois, usualmente, os participantes dos experimentos não
61
são representativos da população e dados como idade e sexo normalmente não são
avaliados. Uma vez que a pele de um idoso apresenta diferenças significativas em
relação à do jovem, é imprescindível verificar a eficácia dos cosméticos hidratantes
para todos os consumidores, indistintamente.
3.10 AVALIAÇÃO DA HIDRATAÇÃO CUTÂNEA POR MÉTODOS BIOFÍSICOS
NÃO-INVASIVOS
Desde 1997, a legislação européia exige a comprovação de eficácia de
produtos cosméticos. É muito importante para os consumidores que esses produtos
tenham segurança e eficácia comprovadas
119
. Dentre os testes da bioengenharia
moderna realizados para avaliar produtos cutâneos, os mais indicados são os
métodos biofísicos não-invasivos
5
. Por meio desses métodos é possível verificar as
diferentes modificações fisiológicas e patológicas da pele
119
.
Os métodos biofísicos, disponíveis para avaliação da hidratação cutânea,
incluem: medição de propriedades elétricas (condutância, capacitância), métodos
espectroscópicos (espectroscopia no infravermelho com atenuação de refletância),
avaliação da integridade da barreira, ressonância magnética, topografia da
superfície da pele e escamação da superfície cutânea
120-125
. A avaliação da
hidratação cutânea é importante para conhecer e caracterizar as condições da pele
e também para estudo dos efeitos de produtos cométicos
119
.
Neste estudo, empregaram-se dois métodos biofísicos não-invasivos distintos
para verificar a capacidade de hidratação cutânea de emulsões cosméticas: a
espectroscopia no infravermelho com atenuação de refletância (FTIR-ATR) e a
medição da capacitância.
Avaliação da Hidratação Cutânea por Espectroscopia no Infravermelho com
Atenuação de Refletância (FTIR-ATR)
FTIR-ATR é um método-padrão, bem-estabelecido, que permite a
identificação e a caracterização de amostras opacas e hidratadas, como a pele
62
humana. Sua utilização em seres humanos permite obter informações quantitativas e
qualitativas sobre hidratação, proteínas e lipídios que são componentes das
estruturas da pele.
Pode ser empregado para acompanhar a liberação de substâncias em
formulações semi-sólidas, para comprovar a penetração cutânea de medicamentos e
a influência de promotores de absorção de absorção. Devido à sua rapidez e grau
de reprodutibilidade, seu emprego vem cada vez mais se consagrando
126-130
.
O infravermelho corresponde à parte do espectro eletromagnético situada
entre as regiões do visível e microondas. Quando a radiação no infravermelho é
absorvida por uma molécula orgânica na faixa aproximada de 10.000 a 100 cm
–1
,
converte-se em energia de vibração molecular. Este processo de absorção é
quantificado, obtendo-se um espectro vibracional caracterizado por uma série de
bandas de vibração-rotação
132
.
Basicamente, as vibrações moleculares podem ser classificadas em dois
tipos: vibrações de deformação axial e de deformação angular. As deformações
axiais, ou estiramento, são oscilações radiais das distâncias entre os núcleos,
enquanto angulares envolvem mudanças dos ângulos entre as ligações ou, como no
modo de deformação assimétrica fora do plano, alterações do ângulo entre o plano
que contém as ligações e um plano de referência.
A Figura 22 apresenta os modos vibracionais do grupamento CH
2
de
deformações angulares e axiais
131
.
63
Figura 22 - Modos vibracionais de grupamento CH
2
Fonte: Adaptada de Siverstein
132
Os grupamentos funcionais de compostos orgânicos absorvem em
freqüências características no infravermelho. Assim, em um gráfico de intensidade
de radiação versus freqüência, o espectrograma de infravermelho permite
caracterizar os grupos funcionais de um padrão ou de um material desconhecido
133
.
As posições das bandas no espectro de infravermelho são apresentadas em
números de ondas, cuja unidade é o centímetro inverso (cm
–1
) e as intensidades das
bandas são vistas como absorbância
132
.
Na FTIR-ATR, a radiação, contendo todos os comprimentos de onda, é
separada em dois feixes, um deles percorrendo uma distância fixa e o outro uma
distância variável (espelho móvel). No divisor de feixe, os dois raios, são então,
combinados opticamente, podendo, pois, gerar uma interferência construtiva (se
estiverem em fase) ou destrutiva (se estiverem fora de fase), quando este feixe
combinado de luz atravessa a amostra, é absorvido seletivamente e, dependendo
das absorções apresentadas pela amostra, gera um interferograma. Este
interferograma pode ser tratado por meio de um processo matemático, denominado
transformada de Fourier, originando um espectro ou padrão de absorção da
amostra, ou seja, seu espectro no infravermelho, que pode ser tanto de
64
transmitância quanto de absorbância
127
. A representação esquemática de um
interferômetro de Michelson pode ser observada na Figura 23.
Figura 23 - Interferômetro de Michelson. Representação esquemática
Fonte: adaptada de Wartewig
127
.
O uso de atenuação de refletância em espectroscopia baseia-se no fato que,
embora ocorra completa reflexão interna na interface cristal/amostra, a radiação, de
fato, penetra uma pequena distância dentro da amostra. Esta penetração é chamada
de onda evanescente. A amostra interage com a onda evanescente, resultando na
absorção da radiação pela amostra, que corresponde ao espectro de transmissão
dessa mesma amostra, conforme a representação esquemática da refletância total
exibida na Figura 24
127,134
.
Figura 24 - Refletância total atenuada
Fonte: Adaptada de Wartewig
127
.
65
O espectro depende de diversos parâmetros, incluindo ângulo de incidência
da radiação na amostra, comprimento de onda da radiação, índices de refração da
amostra e do cristal do equipamento
127
. A profundidade da penetração, d
p
, da onda
evanescente, definida como a distância requerida para a amplitude do campo
elétrico cair para 1/ de seu valor na interface é dada por:
Onde:
λ= comprimento de onda da radiação incidente
n
1 =
índices de refração do cristal (IRF)
n
2 =
IRF da amostra
θ = ângulo de incidência
Ou seja, a profundidade de penetração depende do comprimento de onda da
radiação
127,134
.
A hidratação das camadas do estrato córneo reduz, continuamente, o índice
de refração das mesmas, já que o índice de refração do estrato córneo seco é cerca
de 1,5 e da água é de 1,33
134
. De acordo com a Equação 1, a penetração é
d
p
=1,317 µm a 650 cm
-1
e d
p
= 0,214 µm a 4.000 cm
-1
para estrato córneo seco
(usando n
s
= 1,55) e d
p
=1,21µm a 650 cm
-1
e d
p
=0,197 µm a 4.000 cm
-1
para água
(n
s
=1,33)
134
. Na pele, a profundidade de penetração das ondas evanescentes é de
1 a 2 µm, limitando a análise às camadas mais externas do estrato córneo
135
.
Os espectros são obtidos de forma não-invasiva. O voluntário humano coloca
o braço sobre o cristal de selenito de zinco, conforme mostra a Figura 25. Já na
Figura 26 pode-se observar a fotografia do equipamento empregado.
Figura 25 - Avaliação da hidratação cutânea por FTIR-ATR.
66
Figura 26 - Espectofotômetro no infravermelho
Este método permite a investigação biofísica e química do estrato córneo in
vivo, fornecendo informações sobre o conteúdo de água, quantidade de sebo, tipos
de substâncias graxas e o grau de ordem do filme lipídico lamelar do estrato
córneo
63,126,136
.
Na Figura 27 pode-se observar as bandas de absorção características da pele
humana, enquanto na Tabela 5 vêem-se as freqüências características no
infravermelho de grupamentos químicos de proteínas, lipídios e água, presentes no
estrato córneo e em sua superfície.
Tabela 5 - Grupamentos químicos de moléculas orgânicas do estrato córneo
e as freqüências características no infravermelho
Componentes Comprimento de onda (cm
-1
) Correspondência
Água 3200-3400, 1650
Proteínas 3277, 1456, 1646, 1535, 1238 NH
2
, CH
2
, Amida I, II e III
Lipídios 2919, 2850, 1742 deformação axial simétrico/
assimétrico de CH
2
, éster
Todos 3059, 1115, 1079, 1030/1048 CH
2
, C-C trans/cis
Fonte: Adaptada de Lauridsen
126
, Tanojo
129
, Brancaleon
136
e Pretelli
137
.
67
4000,0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650,0
38,7
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
89,2
cm-1
%T
3277,28
2919,68
2851,73
1643,06
1538,45
1455,63
1400,75
1241,61
1119,25
1037,85
Figura 27 - Espectro da pele humana por FTIR-ATR
Brancaleon e colaboradores
136
realizaram um estudo in vivo com 18
voluntários saudáveis, no qual investigaram parâmetros biofísicos do estrato córneo
como hidratação, composição lipídica e conformação da cadeia alquílica, verificando
que os mesmos são dependentes do sítio anatômico analisado.
Para quantificar a água, Prasch e colaboradores
63
empregaram a relação de
pesos das bandas de amida I e II. A banda de amida I ocorre entre 1.580 a 1.720 nm
e a de amida II entre 1.475-1.580 nm. A banda de água sobrepõe-se à banda de
amida I. Portanto, a razão entre as bandas de amida I e II corresponde à hidratação
cutânea.
Brancaleon e colaboradores
136
avaliaram a hidratação cutânea em voluntários
saudáveis por FTIR-ATR por meio da banda em 3.300 cm
-1
(característica da água)
e por condutância, empregando Skicon Higrometer
®
, tendo estabelecido correlação
entre as duas metodologias.
Os lipídios do cimento intercelular do estrato córneo estão organizados em
bicamadas multilamelares que compõem a barreira contra a PAT. A técnica FTIR-
68
ATR permite detectar mudanças conformacionais de lipídios, usada por Pouliot e
colaboradores
58
para avaliar o grau de ordem dos lipídios intercelulares do estrato
córneo, empregando culturas de células. Foram medidas as freqüências de
deformação axial simétrica e assimétrica de CH
2
, observadas respectivamente em
2.850 e 2.920 cm
–1
. Deslocamentos dessas bandas para freqüências maiores
indicam alteração na estrutura conformacional dos lipídios, com aumento da
desordem.
Höltje e colaboradores
138
empregaram FTIR-ATR para a localização exata da
deformação axial simétrica do CH
2
e espectroscopia Raman para estudar misturas
de ácidos graxos livres (ácidos esteárico e palmítico) e mistura equimolar de ácidos
graxos livres e colesterol, quanto às características das cadeias. Os pesquisadores
observaram que os ácidos graxos livres do estrato córneo permanecem em estado
cristalino altamente organizado na temperatura da pele. A adição de colesterol
influencia fortemente esse comportamento, reduzindo a ordem das cadeias
alquílicas.
Moore e colaboradores
139
, Chen e colaboradores
141
, Rerek e colaboradores
140
realizaram estudos com diferentes componentes do cimento intercelular a fim de
verificar as alterações na barreira cutânea, uma vez que a organização dos lipídios e
a dinâmica da barreira cutânea são conseqüência da ordem conformacional das
cadeias e das interações intermoleculares por pontes de hidrogênio. Através da
análise da deformação axial do grupamento metileno, verificaram o tipo de
empacotamento das cadeias de ceramidas e o grau de ordem das cadeias
alquílicas. Pela deformação axial do grupamento carbonila e da banda de amida I
demonstraram as ligações por pontes de hidrogênio.
Laugel e colaboradores
62
empregaram FTIR-ATR concomitantemente a
métodos matemáticos e estatísticos para estudo da organização de diferentes
proporções de misturas de ácido palmítico, colesterol e ceramidas III, similares aos
lipídios intercelulares, a fim de verificar a organização dos lipídica frente à sua
composição e ao grau de organização destas misturas, em relação à permeação
cutânea.
69
Por intermédio de espectros no infravermelho podem-se classificar os
diferentes tipos de pele e também verificar a função de barreira do estrato córneo.
Prasch e colaboradores
63
demonstraram que o grau de ordem das cadeias alquílicas
de lipídios, dado pelas vibrações de deformação axial assimétrica do CH
2,
aumenta
quando o conteúdo de sebo diminui. A PAT tem a tendência de diminuir com o
aumento do grau de ordem dos lipídios. Na Tabela 6 pode-se verificar a classificação
dos tipos de pele por FTIR-ATR.
Tabela 6 - Classificação dos tipos de pele por FTIR-ATR
Tipo de Pele Seca Mista Normal Oleosa
Vibrações de deformação axial
simétrica CH
2
em cm
-1
2849,7 ± 0,16
2849,8 ± 0,25
2849,8 ± 0,16
2850,8 ± 0,23
Vibrações de deformação
assimétrica do CH
2
em cm
-1
2915,9 ± 0,13
2915,7 ± 0,11
2916,1 ± 0,12
2916,3 ± 0,16
Perda de água transepidermal 10,9 ± 1,0 12,1 ± 0,8 15,4 ± 2,5 15,6 ± 1,3
Fonte: Adaptada de Prasch
63
.
A FTIR-ATR pode detectar e quantificar alterações tais como hidratação e
morfologia dos lipídios cutâneos, provocadas na pele in vivo, pelo uso de
cosméticos
63
.
Diferentes autores empregaram FTIR-ATR com a mesma finalidade. Pretelli e
Mille (1988) observaram que as bandas em 2.922 e 2.850 cm
-1
atribuídas às
ligações C-H das proteínas, dos ácidos graxos ou glicerídios presentes no sebo
diminuem após a lavagem da pele
137
.
Prasch e colaboradores
63
acompanharam quantitativamente a variação do
sebo cutâneo antes e após o uso de sabonete líquido à base de tensoativos,
segundo a relação do peso da banda de ésteres (1.720 -1.790 cm
-1
) com o peso da
banda da amida I
(1.580-1.720 cm
-1
).
Brancaleon e colaboradores
136
demonstraram a diminuição da relação entre
os picos 2.920 cm
-1
(atribuído à cadeia lipídica alifática) e 3.300 cm
-1
(atribuído à
água) após a limpeza da superfície cutânea. A maior diminuição foi verificada nos
dedos, quando comparados com outros pontos do corpo avaliados.
70
Pretelli e Mille
137
observaram o aparecimento de bandas em 1.069 cm
-1
e
1.079 cm
-1
,
características de detergentes sulfonados, após a limpeza da pele com
sabonetes líquidos, mesmo após abundante enxágüe.
Prasch e colaboradores
63
verificaram, por meios das bandas de vibrações de
deformação axial assimétrica do CH
2
, que as emulsões com estrutura de gel lamelar
podem reforçar a barreira cutânea, uma vez que os componentes interagem com os
lipídios da pele, levando ao aumento do grau de ordem e da densidade de
empacotamento dos lipídios do estrato córneo.
FTIR-ATR tem sido cada vez mais empregada para estudo da pele, pois é um
método biofísico não-invasivo, rápido e de grande sensibilidade
137
.
3.10.1 Avaliação da Hidratação Cutânea por Capacitância
Medidas do estado de hidratação da pele são comumente estimadas por
intermédio de diferentes tipos de equipamentos
80
, o que pode ser feito, pois as
propriedades elétricas da pele variam de acordo com as quantidades de água
presente no estrato córneo
68
. Comercialmente estão disponíveis equipamentos que
quantificam o grau de hidratação cutânea por medição de diferentes propriedades da
pele, como a resistência, a condutância, a impedância e a capacitância
68
.
Figura 28 - Medida da capacitância na pele
Fonte: Adaptada de CK Electronic
144
71
A medida de capacitância na pele pode ser feita por equipamentos
específicos
142
. A medição baseia-se na diferença entre a constante dielétrica da
água
81
e de outras substâncias (maioria < 7). Um capacitor de medição mostra
diferença na capacitância, de acordo com o conteúdo de água das amostras. O
sensor é colocado sobre a pele, conforme pode ser observado na Figura 28. Um
campo elétrico disperso, com corrente alternada, penetra as primeiras camadas da
epiderme, determinando-se sua dieletricidade
143,144
.
Somente a superfície hidratada da pele é medida, pela baixa penetração do
campo elétrico, sendo a profundidade de medição dentro dos primeiros 10-20 µm da
camada córnea
63,144,145
. As leituras são feitas em 1,5 segundos. As unidades de
medidas constituem-se de unidades arbitrárias de hidratação variáveis de 0 a 120,
refletindo, respectivamente, a pele seca e a hidratada. Em valores baixos de
hidratação, a sensibilidade do equipamento é muito grande, mas diminui com valores
de 105 a 120 unidades arbitrárias
145
.
O maior problema com as medições elétricas de capacitância da pele usando-
se o método de capacitância reside no fato que os resultados nesse tipo de
equipamento são expressos em unidades capacitância arbitrárias e não informam o
valor de hidratação real do estrato córneo, embora permita verificar a diferença de
hidratação da amostra antes e depois da aplicação de produtos
146
.
O Corneometer
®
recebeu aceitação mundial como um equipamento eficiente
para a medição do conteúdo de água no estrato córneo em diferentes condições
experimentais. Os produtos aplicados sobre a pele têm influência mínima nas
medições, apresentando reprodutibilidade, fácil manuseio, tempo reduzido nas
leituras e economia
147
.
O desempenho de cremes e loções pode ser significantemente afetado pela
mudança de quantidade de umectante na formulação, em especial glicerina, e
equipamentos como Corneometer
®
podem claramente demonstrar dose resposta
80
.
Além disso, há boa reprodutibilidade das medidas
148
.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, foram realizados os
seguintes etapas:
Desenvolvimento de emulsões cosméticas.
Ensaio clínico para determinar o efeito hidratante das emulsões NI, CL e
MEG em mulheres jovens.
Ensaio clínico para determinar o efeito hidratante das emulsões NI e MEG
em mulheres idosas.
Estudo para comparação do efeito hidratante das emulsões NI e MEG em
mulheres idosas e jovens.
Ensaio clínico para determinar o efeito hidratante das emulsões NI, NIA e
MEG em mulheres jovens.
Ensaio clínico para determinar o efeito hidratante das emulsões NI, NIA
em mulheres idosas.
Estudo para comparação do efeito hidratante das emulsões NI e NIA em
mulheres idosas e jovens.
4.1 DESENVOLVIMENTO DE EMULSÕES COSMÉTICAS
4.1.1 Objetivos
Preparar duas emulsões cosméticas O/A, de caráter não-iônico, contendo
os mesmos emolientes, nas mesmas proporções.
73
Avaliar a estabilidade e as características reológicas das emulsões
obtidas.
Caracterizar as emulsões cosméticas por FTIR-ATR.
Verificar a presença de cristais líquidos na estrutura das emulsões por
microscopia com luz polarizada
4.1.2 Matérias-primas
Álcool cetoestearílico, trietanolamina, monoestearato de glicerila, vaselina
sólida, oleato de isodecila, ácido esteárico, óleo de amêndoas doces, lanolina
acetilada, álcoois de lanolina etoxilados (Alpha química); diazolidinil uréia +
iodopropil-butilcarbamato, óleo de prímula (All Chemistry); óleo de macadâmia
(Brasquim); ácido hialurônico, propilparabeno, metilparabeno (Cosmetrade); álcool
oleílico etoxilado 3 OE (Croda), butil-hidroxitolueno, álcool de lanolina etoxilado,
EDTA dissódico, lactato de amônio (Delaware); hidroxietilcelulose, uréia (Galena);
Prolipid 141® – lecitina/estearato de glicerila/ácido palmítico/ácido esteárico/álcool
laurílico/álcool mirístico/álcool cetílico (Jovii); glicerina, vaselina líquida (Quim
Service); ácido pirrolidônico carboxílico, isomerato de sacarídeo (Sarfam) e óleo
mineral (Synth).
4.1.3 Equipamentos
Agitador Fisatom® modelo 713 série 672100 (São Paulo, Brasil).
Misturador de alta freqüência marca Ralf Winter acoplado ao inversor de
freqüência µline, marca Weq modelo CFW 08 Software V2, (Alvorada,
Brasil).
74
4.1.4 Preparação das Emulsões Cosméticas
Foram preparadas três séries de emulsões cosméticas chamadas de:
emulsão NI (caráter não-iônico), emulsão CL (caráter não-iônico) e emulsão MEG
(caráter aniônico). Todas as formulações foram preparadas em triplicata. Na
emulsão NI adicionaram-se uréia 2%, lactato de amônio 2%, ácido pirrolidônico
carboxílico 2%, ácido hialurônico 2%, isomerato de sacarídeo 2% – formulação
designada de emulsão NIA.
4.1.4.1 Emulsão Não-Iônica (NI)
Os componentes utilizados na preparação da formulação da emulsão NI estão
relacionados na Tabela 7.
Tabela 7 - Componentes da formulação da Emulsão NI
Componente Quantidade (g) Função
Álcool cetoestearílico 10,0 Agente de consistência
Álcool cetoestearílico 20 OE 2,9 Emulsionante não-iônico
Álcool oleílico etoxilado 3 OE 2,3 Emulsionante não-iônico
Oleato de isodecila 4,0 Emoliente
Vaselina líquida 4,0 Emoliente
Óleo de prímula 3,0 Emoliente
Óleo de amêndoas 3,0 Emoliente
Álcoois de lanolina etoxilados 2,0 Emoliente
Glicerina 5,0 Umectante
EDTA dissódico 0,1 Quelante
Butil-hidroxitolueno 0,05 Antioxidante
Diazolidinil uréia + IBPC 0,5 Conservantes
Água destilada q.s.p. 100,0 Veículo
IBPC= iodopropil-butilcarbamato.
Os componentes foram pesados em balança analítica e transferidos para um
recipiente de inox em fase única. A mistura foi colocada em banho-maria e aquecida
até 85
o
C. Nesta temperatura teve início a emulsificação com agitador mecânico
Fisatom, empregando hélice em forma de âncora a 2.000 rpm. A temperatura de
85
o
C foi mantida por 15 minutos. Após, retirou-se do banho-maria, permanecendo
com agitação contínua, na mesma velocidade, até resfriamento a 45
o
C, quando se
75
adicionou, então, diazolinidil uréia + iodopropil-butilcarbamato e misturou-se para
homogeneização do conservante. A massa final das formulações foi corrigida com
água.
4.1.4.2 Emulsão Não-Iônica (CL)
Os componentes utilizados na preparação da formulação da emulsão CL
estão relacionados na Tabela 8.
Tabela 8 - Componentes da formulação da Emulsão CL
Componente Quantidade
(g)
Funções
Prolipid 141
8,0 Cera auto-emulsionante
Hidróxietilcelulose 0,1 Espessante
Oleato de isodecila 4,0 Emoliente
Vaselina líquida 4,0 Emoliente
Óleo de prímula 3,0 Emoliente
Óleo de amêndoas 3,0 Emoliente
Álcoois de lanolina etoxilados 2,0 Emoliente
Glicerina 5,0 Umectante
EDTA dissódico 0,1 Quelante
Butil-hidroxitolueno 0,05 Antioxidante
Diazolidinil uréia + IBC 0,5 Conservante
Água destilada q.s.p. 100,0 Veículo
Prolipid 141: cera auto-emulsionante, composta por lecitina, estearato de glicerila, ácido palmítico,
ácido esteárico, álcool laurílico, álcool mirístico e álcool cetílico.
IBC:iodopropil-butilcarbamato
O procedimento de preparo foi o mesmo da emulsão NI. Logo após a
correção da massa com água, a emulsão foi colocada durante 3 segundos no
misturador de alta rotação (Ralf Winter).
4.1.4.3 Emulsão Aniônica (MEG)
Os componentes utilizados na preparação da formulação da emulsão MEG
estão relacionados na Tabela 9.
76
Tabela 9 - Componentes da formulação da Emulsão MEG
Componente Quantidade (g) Função
Monoestearato de glicerila 7,00 Consistência
Ácido esteárico 6,00 Consistência *
Trietanolamina 1,20 Emulsionante*
Lanolina acetilada 1,00 Emoliente
Vaselina líquida 8,00 Emoliente
Vaselina sólida 5,00 Emoliente
EDTA dissódico 0,10 Quelante
Butil-hidróxitolueno 0,05 Antioxidante
Propilparabeno 0,10 Conservante
Metilparabeno 0,10 Conservante
Água destilada q.s.p. 100,0 Veículo
*Formam emulsionante in situ, quando associados.
A emulsão MEG foi preparada da mesma maneira que a NI e a CL. A massa
final das formulações foi corrigida com água.
4.1.4.4 Emulsão Não-Iônica com Aditivos (NIA)
À emulsão NI foram acrescentados os aditivos nas concentrações descritas
na Tabela 10 e misturados até completa homogeneização.
Tabela 10 - Componentes da formulação da Emulsão NIA
Componente Quantidade (g)
Ácido hialurônico 2,0
Ácido pirrolidônico carboxílico 2,0
Lactato de amônio 2,0
Isomerato de sacarídio 2,0
Uréia 2,0
Emulsão NI q.s.p. 100,0
4.1.5 Caracterização das Emulsões Cosméticas
A avaliação das emulsões cosméticas foi realizada até 15 dias após a
preparação e depois de seis meses de armazenamento à temperatura ambiente.
Cada determinação foi realizada em triplicata.
77
4.1.5.1 Determinação do pH
As determinações de pH foram efetuadas utilizando-se potenciômetro
(Digimed modelo DM 20, São Paulo, Brasil) com eletrodo de diafragma de cerâmica
anular (Digimed modelo CV2, São Paulo, Brasil). Após haver sido calibrado com
soluções-tampão pH 4,0 e 7,0, colocou-se o eletrodo diretamente nas emulsões. Os
resultados correspondem à média de nove determinações.
4.1.5.2 Avaliação da Estabilidade das Emulsões Cosméticas
Armazenaram-se as emulsões NI e CL a -5
o
C, a 40
o
C e, oscilando em ciclos
de 24 horas, a -5
o
C e a 40
o
C, durante seis meses, e a 22
o
C, durante 24 meses. Em
cada temperatura, foram depositadas três amostras de cada lote de emulsão
produzida (n=9), empregando-se a escala de notas que consta na Tabela 11 para
classificar as emulsões, segundo Wittern e colaboradores
152
.
As amostras foram acondicionadas em frascos de vidro neutros,
transparentes, com vedação da tampa e dois terços do volume do frasco
preenchidos com as amostras, a fim de permitir a inspeção visual.
Tabela 11 - Escala de avaliação da estabilidade das emulsões
Características das emulsões Escala
Estável 1
Pequena falta de homogeneidade 2
Início de separação 3
Marcada separação 4
Quebra total da emulsão 5
Os resultados representam a média dos valores atribuídos às emulsões
cosméticas por dois observadores.
78
4.1.5.3 Avaliação das Características Reológicas
A avaliação das características reológicas das emulsões NI e CL foi realizada
com auxílio de viscosímetro rotacional Brookfield, modelo DV-I +, série RV
(Middleboro, EUA).
Procederam-se às análises uma semana e seis meses, respectivamente,
após a preparação das emulsões, com spindle SC-27 e adaptador para pequenas
amostras. As velocidades de rotação do spindle foram selecionadas com base em
determinações preliminares. Um minuto após o ajuste de cada velocidade de rotação
do spindle efetuou-se a leitura das viscosidades, das tensões de cisalhamento e das
velocidades de cisalhamento
149
.
A partir dos valores de viscosidade e torque (%) lidos diretamente no visor do
viscosímetro, calcularam-se os valores das tensões de cisalhamento e das
velocidades de cisalhamento, utilizando-se as seguintes equações:
V = SRC x rpm
τ = TK x SMC x SRC x Torque
V = Velocidade de cisalhamento (s-1)
τ = tensão de cisalhamento (Pa)
SRC = constante de cisalhamento = 0,34
rpm = velocidade de rotação do spindle
TK = constante para o viscosímetro = 1
SMC = constante do spindle SC27 = 25
Torque = valor de escala do aparelho (%)
Os resultados apresentados correspondem à média dos três lotes de cada
emulsão, tendo sido realizadas três determinações para cada lote. Todas as
determinações foram realizados em sala com temperatura controlada de 22,0
o
C ±
1,0
o
C.
Os reogramas foram obtidos pela representação gráfica das velocidades de
cisalhamento, em função das tensões de cisalhamento e viscosidades, assim como
das velocidades de cisalhamento
149
.
O ponto de fluidez teórico (τ
t
) foi obtido graficamente por meio da
representação da raiz quadrada do gradiente de cisalhamento (V), em função da raiz
79
quadrada da tensão de cisalhamento, de acordo com Noro e colaboradores
(1982)
150
.
4.1.5.4 Determinação da Espalhabilidade
Para a determinação da espalhabilidade, foi empregada a metodologia
proposta por Knorst, em 1991
149,150
.
Sobre uma caixa retangular de vidro, com uma fonte luminosa no seu interior,
colocou-se uma folha de papel milimetrado e, sobre esta, uma placa de vidro
quadrada (20 cm x 20 cm). A amostra foi disposta sobre esta placa com uma placa-
molde circular de vidro (diâmetro de 20 cm e espessura de 0,2 cm), com orifício
central de 1,2 cm de diâmetro. Introduziu-se a amostra no orifício da placa,
nivelando-se a superfície com espátula. Após, retirou-se a placa-molde
cuidadosamente. O peso da amostra foi corrigido para 0,3 g. Sobre a amostra
dispôs-se uma placa de vidro de peso conhecido. Após um minuto, anotaram-se os
diâmetros abrangidos pela amostra, por meio da medição dos mesmos em duas
posições opostas, com auxílio da escala do papel milimetrado. Posteriormente,
calculou-se o diâmetro médio. Este procedimento foi repetido, acrescentando-se
sucessivamente outras placas, em intervalos de um minuto, registrando-se, após
cada determinação, a superfície abrangida pela amostra e o peso da placa
adicionada
149
.
A espalhabilidade (Ei), determinada a 22
o
C ± 1
o
C, foi calculada segundo a
equação:
Ei = d
2
. π
4
Ei = Espalhabilidade da amostra para um determinado peso (mm
2
)
d = diâmetro médio (mm).
Em função da massa de cargas adicionadas, os valores da espalhabilidade
foram colocados em gráficos, correspondendo à média de nove determinações.
80
A espalhabilidade máxima foi considerada o ponto no qual a adição de massa
não provocou alterações significativas nos valores da mesma. Para determinação
desses valores foram utilizados testes de análise de variância, seguidos do teste de
Bonferroni, para comparações múltiplas, entre as médias dos diferentes pontos de
espalhabilidade.
O esforço-limite corresponde à massa adicionada no valor de espalhabilidade
máxima.
4.1.5.5 Caracterização das Emulsões Cosméticas por FTIR-ATR
Foram realizados espectros FTIR-ATR das emulsões em teste e de suas
fases oleosas, a fim de verificar a absorvidade das mesmas na região espectral de
1.740 cm
-1
a 1.440 cm
-1
. As bandas de absorção presentes na região do espectro
foram empregadas para quantificar a hidratação cutânea, sendo importante verificar
a interferência dos componentes das emulsões.
O equipamento utilizado foi o espectrômetro de infravermelho Spectrum One
B, marca Perkin–Elmer (Norwalk, EUA). Para obter os espectros das emulsões,
espalhou-se uma amostra do produto em teste sobre o cristal do equipamento, em
quantidade suficiente para cobri-lo totalmente. O espectro foi realizado com quatro
leituras e resolução de 2 cm
-1
.
Para obter o espectro das fases oleosas, os componentes da fase oleosa da
emulsão em teste foram pesados em balança analítica, levados para fusão a 85
o
C e
misturados até o resfriamento. Para obtenção do espectro empregou-se a mesma
técnica descrita para as emulsões.
Para compor a fase oleosa da emulsão NI foram empregados: álcool
cetoestearílico, álcoois de lanolina etoxilados, óleo de prímula, óleo de amêndoas,
oleato de isodecila, vaselina líquida, álcool cetoestearílico 20 OE, álcool oleílico
etoxilado 3 OE e butil-hidroxitolueno.
81
Já para a composição da fase oleosa da emulsão CL utilizou-se: Prolipid
141
, álcoois de lanolina etoxilados, óleo de prímula, óleo de amêndoas, oleato de
isodecila, vaselina líquida e butil-hidroxitolueno.
Para compor a fase oleosa da emulsão MEG usou-se: ácido esteárico,
monoestearato de glicerila, lanolina acetilada, óleo mineral, vaselina sólida e
trietanolamina.
4.1.5.6 Observação de Cristais Líquidos na Estrutura das Emulsões NI, CL e MEG
por Microscopia com Luz Polarizada
Para estas observações utilizou-se a técnica de microscopia óptica de luz
polarizada. A observação foi feita após a amostra haver sido colocada entre lâmina e
lamínula, empregando microscópio Zeiss, Axioskop40 com óptica Plan-Neofluar
(Oberkochen, Alemanha) e kit polarizador com videocamara Media Cybernetics
CoolSNAP-Pro e programa de análise de imagem, Image-Pro Plus 4.5 (Silver
Spring, EUA). Procedeu-se à observação qualitativa em toda a área da lamínula em
microscopia óptica e de luz polarizada com aumento de 400X, assim como coletadas
fotografias de 20 campos em cada lâmina para observação de anisotropia.
4.2 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, CL E MEG EM JOVENS
4.2.1 Objetivo
Determinar o efeito das emulsões NI, CL e MEG sobre hidratação cutânea em
jovens após duas horas de aplicação.
82
4.2.2 Delineamento
Ensaio clínico no qual cada indivíduo serviu como seu próprio controle, com
cegamento das medidas de resultados.
4.2.3 Fatores em estudo
Neste experimento, os fatores em estudo foram as emulsões NI, CL e MEG.
4.2.4 Variável avaliada (Desfecho)
A hidratação cutânea em duas horas.
4.2.5 População estudada
Foi estudado um grupo com 49 mulheres saudáveis de 20 ± 2 anos.
4.2.6 Fatores de exclusão
Doenças atuais ou prévias que pudessem interferir nos resultados do
experimento constituíram-se fator de exclusão desta pesquisa, assim como
hipersensibilidade conhecida a produtos cosméticos, gravidez ou amamentação.
83
4.2.7 Método de medida da hidratação cutânea
As medições foram feitas pelo método biofísico não-invasivo, FTIR-ATR, com
espectrômetro de infravermelho Spectrum One B, Perkin–Elmer (Norwalk, EUA),
com detector de infravermelho médio (sulfato de triglicina deuterado), processador
de sinal digital Motorola DPS56B03, em processador integrado Motorola 68340. Os
espectros foram coletados na faixa de 4.000 a 450 cm
-1
, com resolução de 2 cm
-1
, e
realizados com quatro leituras.
Os experimentos foram realizados em sala climatizada, com temperatura
ambiente de 22,0
o
C ± 1,0
o
C e umidade relativa do ar de 50 ± 5%. Os voluntários
permaneceram 15 minutos nesse local, antes da primeira medida da hidratação
cutânea.Os voluntários não usaram nos antebraços nenhum produto cosmético 24
horas antes dos experimentos.
4.2.8 Aplicação da emulsão cosmética
Nos dois antebraços foram demarcadas áreas de 8 cm x 4 cm, conforme
mostra a Figura 29. Essa área é maior que o cristal de selenito de zinco do
equipamento. A emulsão cosmética em teste foi aplicada no antebraço direito,
enquanto a mesma área do lado esquerdo serviu como controle. Foram aplicados
2,5 mg de produto por cm
2
de pele, com espalhamento delicado.
Figura 29 - Fotografia dos antebraços, com áreas demarcadas para
tratamento e controle
84
4.2.9 Teste de Hidratação Cutânea
As medidas de hidratação realizaram-se antes da aplicação do tratamento e
duas horas após a aplicação do mesmo, em ambos os antebraços. O tempo para
avaliação da hidratação cutânea foi selecionado com base em determinações
preliminares, conforme dados contidos no Apêndice C.
A região-teste do antebraço era colocada sobre o cristal do equipamento,
onde se obtinham os espectros de pele. O posicionamento do braço sobre o cristal
do equipamento foi padronizado, a fim de se obter reprodutibilidade dos espectros. A
voluntária sentava-se ao lado do equipamento de modo que seu braço ficasse na
altura do aparelho. Para tanto, foi confeccionado um adaptador de madeira que
encaixava no equipamento e permitia que o braço ficasse esticado e em posição
confortável, durante o procedimento, conforme pode ser observado na Figura 30.
Figura 30 - Fotografia do procedimento para obtenção dos espectros
O efeito hidratante da pele foi determinado por meio dos espectros no
infravermelho. Foram selecionados três espectros, com índice de similaridade de
Pearson maior que 0,95, para cada leitura de hidratação. Para obtenção do grau de
hidratação cutânea, a partir do espectro resultante, foi calculado a absorvidade
máxima das bandas de amida I e II e a relação entre as mesmas
63
.
85
O estudo obteve a aprovação do Comitê de Ética da PUCRS e as
participantes receberam tanto informações orais quanto escritas sobre o
experimento, tendo firmado um termo de consentimento livre e esclarecido,
conforme Anexo A.
4.2.10 Análise Estatística
Análise de variância foi usada para testar as diferenças de hidratação cutânea
nos três tipos de tratamento. Utilizou-se o teste de Levene para cálculo da
homogeneidade da variância entre os grupos e a comparação entre os mesmos foi
realizada pelo teste de Tukey. Diferenças foram consideradas estatisticamente
significativas quando p < 0,05.
4.3 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI E MEG EM MULHERES IDOSAS
4.3.1 Objetivo
Determinar o efeito das emulsões NI e MEG sobre hidratação cutânea em
idosas, após duas horas de aplicação.
4.3.2 Delineamento
Ensaio clínico, no qual cada indivíduo serviu como seu próprio controle, com
cegamento da aferição dos resultados.
86
4.3.3 Fatores em estudo
Os fatores em estudo, neste experimento, foram as emulsões NI e MEG.
4.3.4 Variável avaliada
A hidratação cutânea em duas horas.
4.3.5 População em estudo
Foi estudado um grupo com 30 mulheres, com idade de 70 ± 7 anos.
4.3.6 Fatores de exclusão
Doenças atuais ou prévias que pudessem interferir nos resultados do
experimento, assim como hipersensibilidade conhecida a produtos cosméticos.
4.3.7 Método de medida da hidratação cutânea
O mesmo descrito em 4.2.7.
4.3.8 Aplicação da emulsão cosmética
O mesmo descrito em 4.2.8.
87
4.3.9 Teste de hidratação cutânea
O mesmo descrito em 4.2.9.
4.3.10 Análise estatística
Para testar a diferença do efeito hidratante das duas emulsões foi usado o
teste t de Student não-pareado, considerando-se diferenças estatisticamente
significativas quando p < 0,05.
4.4 ESTUDO PARA COMPARAÇÃO DO EFEITO HIDRATANTE DAS EMULSÕES
NI E MEG EM MULHERES IDOSAS E JOVENS
4.4.1 Objetivo
Determinar se a hidratação da pele, em resposta ao uso de cosméticos NI e
MEG, é modificada pela idade.
4.4.2 Delineamento
Ensaio clínico, onde cada indivíduo serviu como seu próprio controle, com
cegamento da aferição dos resultados.
4.4.3 Fator em estudo
A idade foi o fator avaliado.
88
4.4.4 Variável avaliada
Hidratação cutânea em duas horas.
4.4.5 População em estudo
Foram estudadas mulheres saudáveis de dois grupos etários:
a) 30 mulheres com 70 ± 7 anos de idade;
b) 31 mulheres com 20 ± 2 anos de idade.
4.4.6 Fatores de exclusão
Os mesmos descritos em 4.2.6.
4.4.7 Método de medida da hidratação cutânea
O mesmo descrito em 4.2.7.
4.4.8 Aplicação da emulsão cosmética
O mesmo descrito em 4.2.8.
89
4.4.9 Teste de hidratação cutânea
O mesmo descrito em 4.2.9.
4.4.10 Análise estatística
Foi empregada a análise de variância para testar as diferenças de hidratação
cutânea entre os quatro grupos: grupo de jovens tratado com emulsão NI, grupo de
jovens tratado com emulsão MEG, grupo de idosas tratado com emulsão NI e grupo
de idosas tratado com emulsão MEG. A comparação entre os grupos foi feita pelo
teste de Tukey. Para cálculo da homogeneidade das variâncias entre os grupos
usou-se o teste de Levene. Diferenças foram consideradas estatisticamente
significativas quando p < 0,05.
4.5 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, NIA E MEG EM MULHERES JOVENS
4.5.1 Objetivo
Determinar o efeito das emulsões NI, NIA e MEG sobre a hidratação cutânea
em mulheres jovens, duas horas após a aplicação.
4.5.2 Delineamento
Ensaio clínico no qual cada indivíduo serviu como seu próprio controle, com
cegamento da aferição de resultados.
90
4.5.3 Fatores em estudo
Neste estudo, os fatores em estudo foram as emulsões NI, NIA e MEG.
4.5.4 Variável avaliada
A hidratação cutânea em duas horas.
4.5.5 População em estudo
Foi estudado um grupo de 50 mulheres saudáveis, com idade de 22
±
2 anos.
4.5.6 Fatores de exclusão
O mesmo descrito em 4.2.6.
4.5.7 Métodos de medida da hidratação cutânea
Dois métodos foram utilizados, sucessivamente, FTIR-ATR e medida da
capacitância. Inicialmente, mediu-se a hidratação cutânea por FTIR-ATR, conforme
descrito em 4.2.7. Após, na mesma área, a medida da hidratação foi feita por
capacitância, empregando-se o Corneometer®.
Para a medida da hidratação por capacitância usou-se uma sonda
Corneometer
®
(Courage & Khasaka Eletronic GmbH, Colônia, Alemanha) com as
seguintes características: área de medição de 49 mm
2
, pressão aproximada de 0,16
N, tempo de medição 1 s, freqüência de medição 0,9 - 1,2 MHz. A sonda é acoplada
91
a uma unidade MPA 5 (Multiprobe Adapter Systems, Colônia, Alemanha) com
Software MPA para Windows®.
Na Figura 31, é possível observar a fotografia da unidade MPA, a
extremidade da sonda Corneometer® e o posicionamento da sonda para leitura da
hidratação cutânea.
Figura 31 - Fotografia da unidade MPA (A), da sonda Corneometer
(B) e de
seu posicionamento para leitura da hidratação cutânea (C)
Fonte: Adaptada de CK Electronic
144
.
4.5.8 Aplicação da emulsão cosmética
O mesmo descrito em 4.2.8.
4.5.9 Teste de hidratação cutânea
A avaliação da hidratação cutânea por FTIR-ATR foi realizada conforme
descrito em 4.2.9. A medição da hidratação por capacitância é lida diretamente no
equipamento em unidades arbitrárias. Procederam-se a 10 leituras nas áreas
demarcadas, exatamente na mesma posição dos antebraços esquerdo e direito,
sendo realizadas as médias das mesmas. Após, a média obtida da área não-tratada
foi usada para corrigir a interferência do meio ambiente sobre a hidratação da pele,
obtida na área tratada.
92
4.5.10 Análise estatística
Foi utilizada a análise de variância para testar as diferenças de hidratação
cutânea entre os três grupos: grupo de jovens tratadas com emulsão NI, grupo de
jovens tratadas com emulsão NIA, grupo de jovens tratadas com emulsão MEG. O
teste de Levene foi empregado para cálculo da homogeneidade da variância entre
os grupos. A comparação entre os mesmos realizou-se pelo teste de Tukey.
Diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando p < 0,05.
Para verificar a correlação entre os dados obtidos para a hidratação cutânea
com as emulsões NI, MEG e NIA por FTIR-ATR e capacitância, empregou-se o
coeficiente de correlação de Pearson.
4.6 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, NIA EM MULHERES IDOSAS
4.6.1 Objetivo
Determinar o efeito das emulsões NI, NIA sobre a hidratação cutânea em
mulheres idosas, duas horas após a aplicação.
4.6.2 Delineamento
Ensaio clínico no qual cada indivíduo serviu como seu próprio controle, com
cegamento da aferição dos resultados.
4.6.3 Fatores em estudo
Os fatores em estudo, neste experimento, foram as emulsões NI e NIA.
93
4.6.4 Variável avaliada
A hidratação cutânea, em duas horas.
4.6.5 População em estudo
Foi estudado um grupo de 17 mulheres, voluntárias saudáveis, com 70 ± 4
anos de idade.
4.6.6 Fatores de exclusão
O mesmo descrito em 4.3.6.
4.6.7 Método de medida da hidratação cutânea
O mesmo descrito em 4.5.7.
4.6.8 Aplicação da emulsão cosmética
O mesmo descrito em 4.5.8.
4.6.9 Teste de hidratação cutânea
O mesmo descrito em 4.5.9.
94
4.6.10 Análise estatística
O teste de Student para amostras não-pareadas foi usado para testar as
diferenças de hidratação entre as duas emulsões. Diferenças foram consideradas
estatisticamente significativas quando p < 0,05.
4.7 ESTUDO PARA COMPARAÇÃO DO EFEITO HIDRATANTE DAS EMULSÕES
NI E NIA EM MULHERES IDOSAS E JOVENS
4.7.1 Objetivo
Determinar se a hidratação da pele, em resposta ao uso de cosméticos NI e
NIA, sofre modificações com a idade.
4.7.2 Delineamento
Ensaio clínico no qual cada indivíduo serviu como seu próprio controle, com
cegamento das medidas de resultados.
4.7.3 Fator em estudo
O fator avaliado foi a idade.
4.7.4 Variável avaliada
Hidratação cutânea em duas horas.
95
4.7.5 População em estudo
Foram estudadas mulheres saudáveis em dois grupos etários:
a) 17 mulheres com 70 ± 4 anos de idade;
b) 17 mulheres, com 22 ± 2 anos.
4.7.6 Fatores de exclusão
O mesmo descrito em 4.2.6.
4.7.7 Métodos de medida da hidratação cutânea
O mesmo descrito em 4.5.7.
4.7.8 Aplicação da emulsão cosmética
O mesmo descrito em 4.5.8.
4.7.9 Teste de hidratação cutânea
O mesmo descrito em 4.5.9.
96
4.7.10 Análise estatística
Para testar as diferenças de hidratação cutânea entre os quatro grupos em
estudo – jovens tratadas com emulsão NI, jovens tratadas com emulsão NIA, idosas
tratadas com emulsão NI, idosas tratadas com emulsão NIA – foi usada empregada
a análise da variância, enquanto o teste de Levene para cálculo da homogeneidade
das variâncias entre os grupos. A comparação entre os grupos foi feita pelo teste de
Tukey. Diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando p <
0,05.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 DESENVOLVIMENTO DE EMULSÕES COSMÉTICAS
Duas loções cosméticas hidratantes do tipo O/A foram desenvolvidas,
denominadas emulsão NI e CL. A escolha da concentração total de emolientes
baseou-se em dados preliminares de avaliação de hidratação cutânea.
O óleo de amêndoas e o de prímula foram utilizados por conterem em suas
composições ácidos graxos e vitaminas
81
. O óleo de amêndoas contém ácido
palmítico (4 a 9%), ácido oléico (58 a 72%) e ácido linolêico (20 a 32%). O óleo de
prímula contém ácido palmítico (6 a 7%), ácido linolêico (65 a 72%) e ácido
linolênico (8 a 10%). O ácido palmítico é um dos componentes naturais do sebo
cutâneo e o linolêico penetra no cimento intercelular e melhora a função barreira
115
.
A vaselina foi usada por sua capacidade de reduzir a perda de água da pele,
difundir-se para os espaços intercelulares e estimular a biossíntese de lipídios
76,80
.
Os emolientes são responsáveis pela espalhabilidade e pela sensação que o
consumidor tem durante e após a aplicação do produto
80
.
As emulsões desenvolvidas diferiram na composição dos agentes de
consistência e dos emulsionantes. Na formulação da emulsão NI foi empregado
como agente de consistência o álcool cetoestearílico, que tem a capacidade de
formar fases líquidas cristalinas nas emulsões
81
. A escolha dos emulsionantes e a
proporção entre os mesmos foram determinadas de acordo com o cálculo do
equilíbrio hidrófilo lipófilo (EHL)
154
. O EHL requerido pela fase oleosa da formulação
foi de 11,3. Os emulsionantes empregados foram o álcool cetoestearílico 20 OE
(EHL = 15,3) e álcool oleílico etoxilado 3 OE (EHL= 5,3), com uma proporção entre
os mesmos de 56 e 44%, respectivamente. Emulsionantes como o álcool
cetoestearílico, com diferentes graus de etoxilação, foram usados em diversas
pesquisas para desenvolver emulsões com fases líquidas cristalinas
81,87,90,92,96
.
98
Na formulação da emulsão denominada CL empregou-se Prolipid 141, que
é uma cera auto-emulsionante, composta por lecitina, estearato de glicerila, álcool
behenílico, ácido palmítico, ácido esteárico, álcool laurílico, álcool mirístico e álcool
cetílico, adicionando-se polímero de hidroxietil-celulose para aumentar a estabilidade
do produto. Tal composição permite o desenvolvimento de emulsões com estrutura
de gel lamelar, com elevada capacidade de hidratação cutânea
87,153
.
As emulsões CL e NI possuem caráter não-iônico, o que determina
compatibilidade com o pH cutâneo, estabilidade frente a diferentes pHs e
possibilidade de incorporação de diferentes substâncias ativas
92
.
Em farmácias de manipulação, as emulsões O/A são usadas como
excipientes de produtos dermatológicos e cosméticos. Entre as emulsões
empregadas em formulações para pele seca tem-se a emulsão MEG, também
denominada creme xerodérmico. Seu emulsionante tem caráter aniônico e se forma
a partir da reação do ácido esteárico com a trietanolamina. A fase oleosa compõe-se
de 25% de emolientes que são, basicamente, hidrocarbonetos, como as vaselinas, e
derivados de lanolina. Para este tipo de emulsão são descritas estruturas de
emulsão em multifase, com formação de fases lamelares, dependentes da
composição e da proporção de água
92
.
5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS EMULSÕES COSMÉTICAS
Para caracterizar as emulsões NI, CL e MEG foram medidos os pHs e
realizados espectros no infravermelho das emulsões, assim como de suas fases
oleosas.
Para avaliar o perfil reológico das emulsões NI e CL foram determinadas: a
viscosidade, a espalhabilidade e a estabilidade frente a diferentes temperaturas.
Para verificar a presença de cristais líquidos na estrutura das emulsões NI, CL e
MEG, foi realizada microscopia com luz polarizada.
99
5.2.1 Determinação do pH
Pela análise dos dados apresentados na Tabela 12, os valores de pH obtidos
para as emulsões NI, CL e MEG estão de acordo com a faixa de pH esperada para
cada tipo de emulsão, pois as emulsões NI e CL apresentaram pH ácido devido ao
caráter não-iônico de seus emulsionantes, enquanto a emulsão MEG mostrou pH
alcalino, em decorrência do caráter aniônico de seu emulsionante.
Tabela 12 - Valores de pH iniciais das emulsões NI, CL e MEG (n=3)
Formulação pH
Emulsão NI
6,09 ± 0,08
Emulsão CL
4,76 ± 0,02
Creme MEG
7,70 ± 0,01
Além das emulsões não-iônicas provocarem menor irritação cutânea em peles
sensíveis, o pH ácido é compatível com o pH cutâneo, cujo valor é de cerca de 5,5.
5.2.2 Avaliação da estabilidade das emulsões cosméticas
A estabilidade de um produto farmacêutico é definida como a manutenção de
sua integridade química, a permanência de suas propriedades físicas iniciais, além
da manutenção de suas propriedades biológicas e microbiológicas. O estudo da
estabilidade fornece indicações sobre o comportamento do produto, em determinado
intervalo de tempo, frente a condições ambientais a que possa ser submetido, desde
a fabricação até o término da validade
152,159,160
.
Tem-se como rotina avaliar a estabilidade de emulsões armazenando-as por
períodos de tempo variáveis a temperaturas superiores ou inferiores àquelas usadas
geralmente em sua armazenagem e observar a separação de fases, a precipitação
de componentes, além das alterações de cor e odor. As emulsões cosméticas CL e
NI mantiveram-se totalmente estáveis por três meses, nas diferentes temperaturas a
que foram expostas (40
o
C/ -5
o
C), e por 24, à temperatura ambiente (22
o
C).
100
5.2.3 Avaliação das características reológicas
No desenvolvimento de emulsões cosméticas, as características reológicas
(características de fluxo) são muito importantes durante o processo de preparação,
transporte, armazenamento e uso pelos consumidores
155
. Por exemplo, as medições
reológicas são usadas para caracterizar a facilidade com que o produto pode ser
bombeado do equipamento onde foi preparado ou envasado, a facilidade com que
pode ser retirado de recipiente deformável e a facilidade com pode ser aplicado
sobre a pele
161
.
Os consumidores têm várias expectativas em algumas propriedades de
emulsões cosméticas como textura, consistência, espalhabilidade e oleosidade, e
tais parâmetros têm impacto importante em suas preferências de compra
156
.
Portanto, o estudo de características reológicas (viscosidade, ponto de
fluidez, espalhabilidade e estabilidade físico-química) pode servir como meio de
seleção entre diferentes formulações de emulsões cosméticas, contemplando as
necessidades técnicas e estéticas deste tipo de produto
155
.
As características reológicas das emulsões CL e NI foram determinadas uma
semana após a preparação e após seis meses de estocagem. As curvas
ascendentes dos reogramas das emulsões avaliadas, presentes na Figura 32, e os
dados apresentados nas Tabelas A 1 e A 3, contidas no Apêndice A, demonstram
que não existe relação linear entre os valores das tensões de cisalhamento e das
velocidades de cisalhamento caracterizando caráter não-newtoniano das emulsões
cosméticas testadas.
101
Figura 32 - Curvas ascendentes dos reogramas das emulsões NI e CL, em
função do tempo de armazenamento (n=9)
Os dados apresentados na Figura 33 e nas Tabelas A1, A2, A3 e A4, contidas
no Apêndice A, demonstram que as duas formulações apresentaram comportamento
pseudoplástico.
O comportamento pseudoplástico é apropriado para produtos de aplicação
tópica, nos quais, após cisalhamento, a resistência inicial para a emulsão fluir
diminui, refletindo a facilidade de aplicação
81
. A diminuição da viscosidade com
cisalhamento indica tixotropia aparente.
Produtos tixotrópicos tornam-se mais fluidos quando submetidos a uma
pressão externa, espalhando-se mais facilmente na região onde são aplicados, e
recuperam a viscosidade inicial no momento em que se encerra a aplicação,
impedindo que o produto escorra durante o procedimento
81,149, 162
.
0
60
120
180
240
300
360
0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8
Velocidade de Cisalhamento (s
-1
)
Viscosidade (x 10
3
Pa.s)
N I inicia l
NI 6 meses
C L in icia l
CL 6 meses
102
0
100
200
300
400
500
600
700
800
00,511,52
Velocidade de Cisalhamento (s
-1
)
Tensão de Cisalhamento (Pa.s)
NI inicial
NI 6 meses
CL inicial
CL 6 meses
Figura 33 - Reogramas das emulsões NI e CL obtidas logo após a
preparação e após seis meses (n=9)
A viscosidade de uma emulsão pode ser alterada pela composição de lipídios,
pela proporção entre fase aquosa e oleosa, pela concentração dos emulsionantes e
pela adição de polímeros
157,158
. As emulsões NI e CL foram preparadas com os
mesmos emolientes, em iguais proporções. No entanto, foram empregados
emulsionantes e agentes de consistência diferentes. A emulsão CL foi espessada
com hidroxietilcelulose, a fim de aumentar a estabilidade. É possível observar que as
diferenças nas formulações das emulsões NI e CL determinaram variações
significativas em seus comportamentos reológicos.
Analisando-se os valores de viscosidades aparentes presentes na Figura 34,
pode-se observar que a emulsão NI apresentou o maior valor de viscosidade
aparente inicialmente e após seis meses de estocagem. Segundo Santos e
colaboradores (2005), emulsões com cristais líquidos apresentam aumento de
viscosidade com o envelhecimento
87
. Foi detectada a presença de cristais líquidos
nas emulsões NI e CL com microscopia de luz polarizada.
103
Figura 34 - Viscosidade aparente das emulsões NI e CL. A viscosidade foi
medida com velocidade de cisalhamento de 0,34 s
-1
, logo após e após seis
meses de preparação das emulsões (n=9). p < 0,05
Os valores de ponto de fluidez obtidos para as emulsões CL e NI
apresentados na Tabela 13 demonstram que a NI apresentou inicialmente ponto de
fluidez maior que a CL. No entanto, ocorreu um aumento significativo do ponto de
fluidez da emulsão CL após seis meses de armazenamento, enquanto para a NI não
ocorreu alteração significativa, o que demonstra que a emulsão CL após seis meses
de estocagem necessitaria maior força para fluir de um frasco do que de início,
tornando potencialmente mais difícil para o consumidor a retirada do produto de um
recipiente deformável. Já a emulsão NI não apresentaria tal problema em função do
tempo de preparo.
Tabela 13 - Valores de ponto de fluidez das emulsões NI e CL em função do
tempo de armazenamento
Ponto de fluidez (Pa)
Emulsão Inicial 6 meses
CL 6,76 ± 0,67 21,24 ± 1,47*
NI 11,94 ± 4,35 13,57 ± 3,19
*p< 0,05, comparando CL inicial vs CL em seis meses.
104
As emulsões cosméticas cremosas devem ser viscosas, mas se espalharem
rapidamente durante a aplicação. A aceitação pelo consumidor é dada pela
aparência, sensação pelo contato inicial com a pele, espalhabilidade e oleosidade
residual após a aplicação
81,156
.
Os valores de espalhabilidade, em função dos pesos adicionados obtidos
para as emulsões NI e CL, estão relacionados nas Tabelas B 1 e B 2, contidas no
Apêndice B. As respectivas representações gráficas da espalhabilidade das
emulsões NI e CL, em função das massas aplicadas, indicam comportamento
semelhante entre as duas emulsões com o passar do tempo, sendo que os valores
de espalhabilidade diferem significativamente entre si, conforme mostra a Figura 35.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
100 200 300 400 500 600 700 800 900
Peso (g)
Ei (m m
2
)
N I in ic ia l
NI 6 m eses
C L in ic ia l
CL 6 m eses
*p< 0,05, comparando CL inicial vs NI inicial.
Figura 35 - Espalhabilidade (Ei) das emulsões NI e CL em função do peso
adicionado e do tempo de armazenamento.
Considerando os valores obtidos pela relação entre espalhabilidade máxima e
esforço-limite, representados na Tabela 14, pode-se confirmar a melhor
espalhabilidade da emulsão NI, que se traduz em maior distribuição da emulsão por
área de aplicação, logo após o preparo e sem alteração significativa durante o
105
armazenamento. No entanto, para a emulsão CL ocorreu uma diminuição
significativa da espalhabilidade com o armazenamento.
Tabela 14 - Relação entre as áreas e o esforço limite para as emulsões NI e
CL em função do tempo de armazenamento
Emulsão Inicial (mm
2
/g) 6 meses (mm
2
/g)
NI 3,97 ± 0,48 4,99 ± 0,54
CL 2,46 ± 0,21
*
2,06 ± 0,21
*p< 0,05, comparando a espalhabilidade de CL inicial e após seis meses.
Considerando-se as características reológicas e de espalhabilidade das
emulsões, a emulsão NI foi selecionada como o melhor produto desenvolvido.
5.2.4 Caracterização das Emulsões Cosméticas por FTIR-ATR
A caracterização das emulsões por meio de FTIR-ATR foi feita para verificar a
possível interferência dos componentes das emulsões na quantificação da
hidratação cutânea. A região empregada para quantificação da hidratação cutânea
foi de 1.700-1.480 cm
–1
. Pelos espectros presentes nas Figuras 36 e 37 é possível
observar que as emulsões CL e NI não apresentaram bandas de absorção na região
empregada para quantificação do teor de água. O creme MEG apresenta em
1.555,73 cm
-1
uma banda de absorção característica do estearato de
trietanolamônio, conforme pode ser comprovado nas Figuras 38 e 39.
106
3800,0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1300,0
0,00
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,65
cm-1
A
3349,41
2920,43
2117,96
1639,57
1352,97
3448,51
2919,75
2853,15
1742,65
1461,50
3278,86
1538,70
1400,91
Figura 36 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da
emulsão NI (), da fase oleosa da emulsão NI () e da pele humana ()
3800,0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1300,0
0,00
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,60
cm-1
A
3278,60
1537,36
3309,32
2921,36
2115,47
1638,73
3448,51
2919,75
2853,15
1742,65
1461,50
1350,08
Figura 37 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da
emulsão CL(), da fase oleosa da emulsão CL() e da pele humana ()
107
3800,0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1300,0
0,00
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,50
cm-1
A
3303,99
2116,86
1638,24
2917,38
2853,44
1734,08
1555,73
3278,32
1535,54
Figura 38 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da
emulsão MEG(), da fase oleosa da emulsão MEG () e da pele humana ()
3800,0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1300,0
0,02
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,82
cm-1
A
3280,16
2918,15
1646,90
1542,66
2953,02
2850,21
1556,02
1377,03
1350,01
Figura 39 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da fase
oleosa da emulsão MEG(), do estearato de trietanolamônio () e da
humana()
108
5.2.5 Observação de Cristais Líquidos na Estrutura das Emulsões NI, CL e
MEG por Microscopia com Luz Polarizada
A fim de verificar a presença de cristais líquidos nas emulsões NI, CL e MEG
foi realizada microscopia com luz polarizada
81,87,88,90,92-97
. Em emulsões cosméticas,
o tipo mais comum de cristal líquido é o liotrópico, cujo arranjo estrutural é
denominado fase lamelar
87
. Mesofases lamelares e hexagonais são anisotrópicas e
apresentam birrefringência com luz polarizada
163
.
Os estudos das emulsões produzidas com luz polarizada mostraram a
presença de cristais líquidos, por meio da birrefringência em formato de cruz de
malta, conforme pode ser visualizado na Figura 40. Nas lâminas preparadas com as
emulsões NI e CL observou-se maior número de estruturas birrefringentes do que
nas lâminas preparadas com a emulsão MEG.
Figura 40 - Emulsões NI (A), CL (B) e MEG (C) contendo cristais líquidos
Fotomicrografias com luz polarizada
C
B A
109
Para análise mais aprofundada da estrutura das mesofases é necessário o
emprego de diversas técnicas sofisticadas, como microscopia eletrônica de
criofractura, difração de nêutrons, espalhamento de raios X a baixo ângulo,
espalhamento de nêutrons a baixo ângulo e calorimetria exploratória diferencial
92,163
.
5.3 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, CL E MEG EM MULHERES JOVENS
A avaliação da hidratação cutânea pode ser realizada segundo diferentes
tipos de métodos biofísicos não-invasivos. Neste ensaio clínico empregou-se FTIR-
ATR, em cujo método o grau de hidratação da pele pode ser avaliado pela relação
entre as absortividades das bandas de amida I e II. A banda de amida I é atribuída à
freqüência de 1.720-1.580 cm
–1
, enquanto que a II é conferida à freqüência de
1.580-1.475 cm
-1
, conforme pode ser observado na Figura 41.
3700,0 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1300,0
0,000
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
1,090
cm-1
A
2919,50
1741,16
1541,88
1460,52
3290,56
2919,58
2852,59
1646,46
1543,26
1460,55
1376,31
Figura 41 - Espectro no infravermelho com atenuação da refletância da pele,
sem tratamento () e duas horas após a aplicação das emulsões CL (),NI
() e MEG () no antebraço
110
A banda de amida I sobrepõe-se à banda de água e, portanto, quanto maior a
relação, maior o teor de água
63,164
.
Na avaliação da hidratação cutânea foram feitos espectros em triplicata para
a pele sem tratamento e para a pele com uma das emulsões em teste. Para o
cálculo da hidratação cutânea, arbitrou-se que a hidratação basal da pele inicial
corresponde ao valor de 100%. O efeito hidratante foi calculado em relação a tal
valor.
A hidratação cutânea média, medida por FTIR-ATR, em mulheres jovens,
duas horas após a aplicação das emulsões NI, CL e MEG foi, respectivamente, de
16,0 ± 5,1%, 14,2 ± 5,5 e -5,9 ± 4,5%, conforme pode ser visto na Tabela 15 e na
Figura 42. Esses resultados demonstram que as emulsões NI e CL apresentam
capacidades de hidratação cutânea semelhantes entre si e significativamente
maiores que a emulsão MEG em peles de mulheres jovens, duas horas após a
aplicação.
Tabela 15 - Efeito hidratante das emulsões MEG, NI e CL, por FTIR-ATR, na
pele de mulheres jovens
Emulsão n Aumento da hidratação cutânea %
MEG 16 -5,9 ± 4,5*
NI 15 16,0 ± 5,1
CL 18 14,2 ± 5,5
Os dados são mostrados como média±DP; *p< 0,05, entre todos os grupos, MEG vs NI e MEG
vs CL.
111
Figura 42 - Efeito hidratante das emulsões MEG, NI e CL, por FTIR-ATR, na
pele de mulheres jovens
5.4 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI E MEG EM IDOSAS
Como a emulsão NI apresentou melhor espalhabilidade e menor alteração do
ponto de fluidez, em função do tempo de armazenamento, não houve diferença
significativa na hidratação da pele de jovens, entre as emulsões NI e CL, escolheu-
se a emulsão NI para ser testada em mulheres idosas. Para comparação foi
empregada a emulsão MEG.
A hidratação cutânea média, medida por FTIR-ATR, em mulheres idosas,
duas horas após a aplicação das emulsões NI e MEG, foi respectivamente de 13,1 ±
5,6% e 0,5 ± 4,9%. Tais resultados demonstram ausência de efeito hidratante da
emulsão MEG nesse grupo de mulheres, em duas horas. Já a aplicação da emulsão
NI causou aumento médio significativo da hidratação cutânea. Esses dados podem
ser vistos na Tabela 16 e na Figura 43.
Tabela 16 - Efeito hidratante das emulsões MEG e NI, por FTIR-ATR, em
mulheres idosas
Emulsão n Aumento da hidratação cutânea %
MEG 16 0,5 ± 4,9*
NI 14 13,1 ± 5,6
p < 0,05.
112
Figura 43 - Hidratação cutânea das emulsões NI e MEG por FTIR-ATR, em
mulheres idosas. O efeito hidratante da emulsão NI foi maior (p<0,05).
5.5 ESTUDO PARA COMPARAÇÃO DO EFEITO HIDRATANTE DAS EMULSÕES
NI E MEG EM IDOSAS E JOVENS
A hidratação inicial dos antebraços das voluntárias idosas e jovens, obtida por
FTIR-ATR, dada pela relação das bandas de amida I e II, foi semelhante, conforme
pode ser visto na Tabela 17.
Tabela 17 - Relação inicial das bandas de amida I e II em peles de mulheres
idosas e jovens, em condições basais
Grupo n Relação das Bandas de Amida I e II
Idosas 74 1,02 ± 0,04
Jovens 41 1,02 ± 0,47
Conforme se pode observar na Tabela 18, a emulsão NI apresentou
hidratação cutânea significativamente maior que a emulsão MEG, tanto em peles de
mulheres jovens quanto na de idosas. No entanto, com a emulsão NI, o efeito
hidratante foi maior na pele de jovens.
113
Tabela 18 - Efeito hidratante das emulsões NI e MEG por FTIR-ATR, em
mulheres jovens e idosas
Aumento da Hidratação Cutânea %
Emulsão Mulheres Jovens Mulheres Idosas
MEG -5,9 ± 4,5 0,5 ± 4,9
NI 16,0 ± 5,1* 13,1 ± 5,6*
*p < 0,05, comparando o efeito de NI e MEG, nos dois grupos etários, e o efeito de NI em
mulheres jovens e idosas.
A emulsão NI apresenta em sua composição 26% de fase oleosa, sendo que
16% desta fase é composta de emolientes de polaridade intermediária. A emulsão
MEG apresenta em sua composição 71,5% de água e 25% de fase oleosa, dos
quais 14% são emolientes de baixa polaridade.
A emulsão MEG foi escolhida como produto de comparação por seu amplo
emprego em formulações específicas para peles secas. Existem muitas variações
usando a mesma estrutura de formulação. Como exemplo, destaca-se a formulação
indicada por Gamonal
165
para xerodermia: ácido esteárico (3,3%), monoestearato de
glicerila (6,2%), lanolina (1%), vaselina branca (14,3%), vaselina líquida (11,4%),
trietanolamina (1,6%) e água (62,2%). Produtos contendo esse tipo de emolientes
apresentam caráter muito oleoso após a aplicação. A fim de melhorar o efeito
sensorial da formulação após a aplicação, muitas vezes os emolientes são
diminuídos e/ou substituídos.
Em emulsões, como a MEG, a água fixada interlamelarmente, que constitui os
cristais líquidos, depende do total de água presente na formulação. Conforme
Junjinger
92
, quando o sistema tem mais de 55% de água, a formação dos cristais
líquidos torna-se instável e ocorre uma transição entre um creme com uma rede de
gel hidrofílico tridimensional e uma emulsão sem esses elementos estruturais (Figura
19). Fato que, certamente, interfere na performance de hidratação do produto.
Neste caso específico, a emulsão MEG contém cerca de 70% de água e foi
verificada a presença de cristais líquidos na estrutura da emulsão, quando a
estrutura foi observada sob luz polarizada. No entanto, observou-se menor
anisotropia na emulsão MEG do que na verificada para a emulsão NI.
114
Cabe salientar que as emulsões aniônicas em multifase apresentam menor
quantidade de água entre as camadas bilamelares e mais água livre, que evapora
logo após a aplicação das emulsões. Já as emulsões não-iônicas que contêm álcool
cetoestearílico 20 OE apresentam maior quantidade de água entre as bicamadas e
menos água livre. A água retida entre as bicamadas fica mais tempo em contato
com a pele, aumentando a capacidade de hidratação do produto
87-89
. Isto justifica o
fato da emulsão NI apresentar maior quantidade de cristais e melhor performance de
hidratação cutânea.
Um estudo realizado por Savic e colaboradores
166
demonstrou que uma
emulsão aniônica, tipo Cold cream, após 21 dias de tratamento, quando comparada
com três emulsões não-iônicas, apresentou a mesma capacidade de hidratação
cutânea e de diminuição de PAT que outras duas delas. O Cold cream continha em
sua formulação água (19%), parafina líquida (56%), cera de abelhas (12%),
espermacete (5%) e tetraborato de sódio (0,5%). As três emulsões não-iônicas
desenvolvidas apresentavam a mesma composição de emolientes (21%),
predominantemente polares, variando os emulsionantes, co-emulsionantes e
agentes de consistência. Tais resultados demonstram que a concentração de água
nessa formulação favoreceu a hidratação cutânea conforme o que foi descrito por
Junjinger
92
. A concentração dos emolientes, muito maior que nas outras
formulações, não foi o fator decisivo na hidratação.
Observa-se, então, que o resultado de hidratação final depende da
formulação, da proporção entre seus componentes e da estrutura resultante da
interação entre eles.
Pode-se afirmar que a emulsão NI apresentou melhor eficácia de hidratação
cutânea de curta duração do que a MEG, o que se deve à formação de cristais
líquidos na estrutura da formulação, em decorrência da presença de álcool
cetoestearílico e de emulsionantes etoxilados (álcool cetoestearílico 20 OE, álcool
oleílico 3 OE). Bem como pela ação filmógena dos emolientes com polaridade média
e da glicerina, que é um potente umectante.
115
Os dados obtidos neste trabalho, mostrando que a emulsão MEG tem pouco
efeito hidratante, independentemente da idade testada, são surpreendentes, uma
vez que se contrapõem a um conceito amplamente praticado.
Na análise dos espectros no infravermelho da fase oleosa da emulsão MEG
detectou-se a presença de uma banda em 1.555,23 cm
-1
(Figura 39), que poderia
estar interferindo nos valores obtidos para a banda da amida II e provocando a
redução dos valores de hidratação.
Este fato determinou a necessidade de se buscar outra metodologia analítica
para quantificação de hidratação cutânea na qual a composição química do produto
não interferisse nos resultados obtidos. Foi escolhida a determinação da hidratação
cutânea por capacitância.
5.6 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, NIA E MEG EM JOVENS
A eficácia de hidratação cutânea das emulsões MEG e NI foi novamente
determinada em grupos de jovens, empregando-se ao mesmo tempo FTIR-ATR e
capacitância.
Os dados relacionados na Tabela 19 e na Figura 44 corroboram os dados
obtidos anteriormente e demonstram que a emulsão NI mostrou maior efeito
hidratante do que a MEG, na pele de jovens, duas horas após a aplicação, quando
quantificada por FTIR-ATR e também por capacitância, independentemente da
metodologia empregada.
Tabela 19 - Efeito hidratante das emulsões NI e MEG em mulheres jovens,
medido por FTIR-ATR e condutância (n=17)
Emulsão Capacitância FTIR-ATR
NI 37,7 ± 12,8 %*
27,0 ± 8,2 %*
MEG 10,2 ± 11,4 %
-4,1 ± 4,2 %
p < 0,05, quando comparados os efeitos de NI e MEG, em ambos os métodos.
116
Figura 44 - Efeito hidratante das emulsões NI e MEG em mulheres jovens,
medido por FTIR-ATR e capacitância. p < 0,05, quando comparados os
efeitos de NI e MEG, em ambos os métodos.
Os métodos FTIR-ATR e a avaliação da capacitância medem a hidratação
cutânea por critérios totalmente distintos, conforme foi descrito na revisão de
literatura. No entanto, cabe ressaltar que a FTIR-ATR faz a leitura na porção mais
superficial do estrato córneo, compreendendo em torno de 1,5 µm, enquanto o
Corneometer mede a capacitância na profundidade de 10 a 20 µm do estrato
córneo, com capacidade de captar maior concentração de água, o que justifica os
maiores valores de hidratação determinados pelo Cornemeter do que com a FTIR-
ATR.
Embora as leituras não apresentem o mesmo valor numérico, mostram a
mesma tendência de resultados para os cremes MEG e NI, conforme pode ser
verificado nos gráficos presentes na Figura 44.
Mesmo que a composição do creme MEG tenha causado interferência na
leitura da hidratação cutânea por FTIR-ATR, o creme NI teve maior efeito hidratante,
quando a hidratação foi medida por capacitância.
É importante ressaltar que ocorreu boa correlação entre as medidas de
hidratação cutânea realizadas por FTIR-ATR e capacitância (r= 0,72), conforme
117
pode-se ver na Figura 45. Foram comparadas as leituras feitas para as emulsões NI,
MEG e NIA em grupos de jovens.
70
90
110
130
150
170
190
210
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Volunrias
Aumento da Hidratação %
FTIR-ATR
Capacitância
Linear (FTIR-ATR)
Linear (Capacitância)
Figura 45 - Correlação entre as medidas por FTIR-ATR e capacitância da
hidratação da pele em mulheres jovens
Com o objetivo de aumentar a capacidade de hidratação cutânea da emulsão
NI, foram selecionados diferentes aditivos com propriedades hidratantes conhecidas.
Como componentes do NMF da pele foram selecionados a uréia, o PCA sódico e o
lactato de amônio. Como componentes macromoleculares selecionaram-se o ácido
hialurônico e o isomerato de sacarídio (Pentavitin®, Sarfam).
Cabe ressaltar que estudos anteriores demonstram que a liberação do ácido
hialurônico é muito maior quando a formulação empregada é uma emulsão O/A e
que o óleo de prímula apresenta melhor efeito na função barreira do estrato córneo,
quando veiculado no mesmo tipo de emulsão.
Pela análise dos dados relacionados na Tabela 20 e nas Figuras 46 e 47,
observa-se que, após o uso das emulsões NI e NIA, em mulheres jovens, a
hidratação cutânea, medida por FTIR-ATR, foi de 29,9 ± 8,2% e 43,9 ± 12,7%,
respectivamente, enquanto por condutância foi de 37,7 ± 12,8 % e 56,8 ± 23,2%,
respectivamente.
118
Tabela 20 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA em mulheres jovens por
TIR-ATR e capacitância (n=17)
Metodologia NI jovens NIA Jovens
FTIR-ATR 26,9 ± 8,2 %
43,9 ± 9,2 %*
Capacitância 37,7 ± 12,8 %
56,8 ± 19,4 %*
* p <0,05, quando comparados os efeitos de NI e NIA
Segundo as duas metodologias empregadas, os aditivos aumentaram
significativamente a capacidade de hidratação cutânea da emulsão (de NI para NIA),
quando testado em adultos jovens.
5.7 ENSAIO CLÍNICO PARA DETERMINAR O EFEITO HIDRATANTE DAS
EMULSÕES NI, NIA EM IDOSAS
Conforme pode ser visto na Tabela 21, a hidratação cutânea em mulheres
idosas, medida por condutância, após uso das emulsões NI e NIA, foi de 28 ± 13,5%
e 37,9 ± 13,4%, respectivamente. Estes dados demonstram que não houve aumento
significativo da hidratação cutânea em idosas, quando a emulsão NI foi combinada
com os aditivos.
Tabela 21 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA, por capacitância, em
mulheres idosas
Emulsão n Aumento da hidratação cutânea %
NI 6 28,5 ± 23,2
NIA 16 37,9 ± 13,4
5.8 ESTUDO PARA COMPARAÇÃO DO EFEITO HIDRATANTE DAS EMULSÕES
NI E NIA EM IDOSAS E EM JOVENS
Ocorreu um aumento significativo da hidratação cutânea em mulheres jovens
quando a emulsão NI foi combinada com os aditivos (emulsão NIA).
119
Pode-se afirmar, então, que os aditivos aumentaram a capacidade de
hidratação da emulsão NI nessa população, independentemente da técnica utilizada,
conforme pode ser visto na Tabela 22 e nas Figuras 46 e 47.
Tabela 22 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA em mulheres jovens e
idosas por FTIR-ATR e capacitância (n=17)
Metodologia NI jovens NIA jovens NIA idosas
FTIR-ATR 26,9 ± 8,2 % 43,9 ± 9,2 %
*
26,5 ± 15,5 %
Capacitância 37,7 ± 12,8 % 56,8 ± 19,4 %
*
37,9 ± 13,4 %
*p <0,05, quando comparados os efeitos de NI e NIA, em jovens; os efeitos de NIA em jovens e
idosas, independentemente do método de medida.
Figura 46 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA em mulheres jovens
idosas, em duas horas, por capacitância (n=17). p< 0,05
120
Figura 47 - Efeito hidratante das emulsões NI e NIA em mulheres jovens e
idosas, por FTIR-ATR. p< 0,05
Estudos realizados por Paepe e colaboradores
5
corroboram os resultados
obtidos no presente estudo. No trabalho desse autor foram determinadas as
hidratações cutâneas de cinco emulsões cosméticas comerciais, empregando
capacitância e testando em indivíduos com 58 ± 9 anos. Esse grupo etário foi
escolhido porque a pele seca acompanha o envelhecimento, tendo sido considerado
ideal para testar produtos hidratantes. As emulsões testadas foram denominadas A,
B, C, D e E, suas capacidades de hidratação foram respectivamente 117,7 ± 11,1%;
115,3 ± 7,9%; 106,6 ± 3,7%; 127,9 ± 9,2% e 132,0 ± 7,3 %, apresentando diferença
significativa entre os grupos.
Pode-se dizer que a emulsão E que apresentou a melhor performance de
hidratação, cuja composição qualitativa está relacionada na Figura 48, tem
semelhança com a composição da emulsão NI, pois ambas contêm os mesmos tipos
de componentes, como agentes de consistência, emolientes, emulsionantes não-
iônicos e umectantes. Salienta-se que ambas não contêm componentes hidratantes
usuais presentes no NMF nem macromoléculas.
121
Componentes
Emulsão NI Emulsão E
Funções
Álcool cetoestearílico
Álcoois de lanolina etoxilados
Óleo de prímula
Óleo de amêndoas
Oleato de isodecila
Vaselina líquida
Estearato de octila e glicerila
Álcool behenílico e cetílico
Palmitato de cetila
Oleato de decila
Consistência
emolientes
Álcool cetoestearílico 20 OE
Álcool oleílico etoxilado 3 OE
Álcool cetoestearílico 20 OE
Álcool cetoestearílico 12 OE
Emulsionantes não-
iônicos
Glicerina Glicerina/ PEG-8 Umectantes
Butil-hidroxitolueno Tocoferol/Palmitato de ascorbila Antioxidantes
Diazolidinil uréia + IBPC Triclosan Conservantes
EDTA EDTA / THPE Quelantes
Água destilada Água destilada Veículo
Polímero carboxivinílico Espessante
IBPC:iodopropil-butilcarbamato THPE: tetra-hidroxipropil etilenidiamina
Figura 48 - Composição das emulsões NI e emulsão E
A Emulsão D, com caráter não-iônico, tinha em sua composição uréia e
proteínas do leite hidrolisadas, componentes similares ao NMF, mas sua capacidade
de hidratação foi menor que a emulsão E, quando testada em peles idosas. Da
mesma forma que a emulsão C, com caráter aniônico, continha uréia 10% e
apresentou a menor hidratação em peles de idosos.
A partir de todos os dados obtidos pode-se verificar que diferentes fatores
influenciaram a performance de hidratação dos produtos desenvolvidos. Entre eles,
citam-se a composição e a quantidade de emolientes, que formam filme sobre o
estrato córneo e diminuem a PAT pela formação da barreira física. Também se
destaca a presença de cristais líquidos, os quais aumentam a capacidade de
hidratação do produto, tendo sua formação dependente do tipo de emulsionantes e
de emolientes presentes na formulação, pela possibilidade desse sistema de fixar
maior quantidade de água interlamelarmente.
Observa-se, então, que a composição da formulação juntamente com a
estrutura obtida serão responsáveis pela atividade do produto, o que pode ser
comprovado na comparação da capacidade de hidratação das emulsões CL e NI,
que possuem a mesma composição de emolientes, em sistemas não-iônicos, e que
apresentaram a mesma performance em mulheres jovens, da mesma forma como foi
122
semelhante a hidratação da emulsão NI em jovens e idosos, determinando a maior
hidratação da emulsão NI, quando comparada com a emulsão MEG,
independentemente do grupo etário testado.
Quanto à adição de matérias-primas com ação hidratante, componentes do
NMF e macromoléculas, quando aplicados em peles jovens, naturalmente com maior
propriedade de retenção de água, aumentaram a capacidade de hidratação do
produto.
No entanto, observa-se que os aditivos hidrofílicos não alteraram o
desempenho dos produtos nas mulheres idosas. Isto ocorre pelas modificações
decorrentes do envelhecimento no estrato córneo que diminuem a possibilidade de
reter água e substâncias hidrofílicas. Contudo, é importante salientar que os testes
foram feitos apenas para uso de curta duração. É possível que o uso continuado
proporcionasse melhora na capacidade de hidratação.
Isto demonstra, claramente, a necessidade de serem desenvolvidos produtos
especiais para pele de pessoas idosas e comprovar a sua eficácia nessa população.
Na prática, o que se observa é que os autores não consideram que a resposta
possa ser diferente conforme a faixa etária. Na maioria das vezes, pessoas idosas
não são incluídas nas pesquisas
60,74,118,142,145,166
.
Cabe ressaltar que os idosos são clientes em potencial para emulsões
cosméticas hidratantes, pois a pele seca acompanha o envelhecimento cutâneo.
Com o envelhecimento populacional, os idosos passam a constituir um nicho
importante de mercado, necessitando de produtos com eficácia comprovada.
6 CONCLUSÕES
Os dados obtidos na parte experimental deste projeto, embasados no
referencial teórico apresentado, permitem afirmar que:
a. As duas emulsões desenvolvidas – NI e CL – foram estáveis e
apresentaram cristais líquidos em sua estrutura. No entanto, a emulsão NI mostrou
as melhores características reológicas, com menor ponto de fluidez e melhor
espalhabilidade.
b. O efeito hidratante das emulsões NI, CL e MEG em mulheres jovens,
testado por FTIR-ATR, demonstrou que as emulsões NI e CL hidrataram
significativamente mais que a emulsão MEG.
c. O efeito hidratante das emulsões NI e MEG em mulheres idosas, testado
por FTIR-ATR, demonstrou que a emulsão NI hidratou significativamente mais que a
emulsão MEG.
d. O efeito hidratante da emulsão NI foi maior que o da emulsão MEG,
independentemente da faixa etária testada. No entanto, a hidratação foi
significativamente maior em mulheres jovens do que em idosas.
e. A emulsão NIA hidratou significativamente mais a pele de mulheres jovens
do que a emulsão NI.
f. A emulsão NIA e a emulsão NI apresentaram o mesmo efeito hidratante em
peles de mulheres idosas.
g. A emulsão NIA hidratou significantemente mais a pele de mulheres jovens
do que a de idosas em experimentos de curta duração.
h. Os métodos empregados para avaliar a hidratação cutânea, FTIR-ATR e
determinação da capacitância, apresentaram boa correlação de seus resultados.
124
Todos os conhecimentos descritos nas seções anteriores tornam importante
que se determine o efeito hidratante de emulsões cosméticas em indivíduos jovens e
idosos, utilizando técnicas acuradas e reprodutíveis para medir seu efeito, o que
permitirá o desenvolvimento de produtos adequados para cada faixa etária.
REFERÊNCIAS
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Dermatology, n. 14, p. 171-77, 1996.
2 COTTERILL, J.A. Social, psycological and psychiatric aspects of cosmetic use.
In: BARAN, R.; MAIBACH, H.I. Textbook of cosmetic dermatology. London:
Martin Dunitz, 1998. p. 749-50.
3 PRUNIÉRAS, M. Manual de cosmetologia dermatológica. 2.ed. São Paulo:
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4 SILVA, M.R.; CARNEIRO, S.C.S. Cosmetics for the elderly. Clinics in
Dermatology, n. 19, p. 413-23, 2001.
5 PAEPE, K.; DERDE, M.P.; ROSSEUW, D.; ROGIERS, V. Claim substantation
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APÊNDICE A - RESULTADOS DA AVALIAÇÃO REOLÓGICA
Tabela A 1 - Valores de tensão de cisalhamento (τ), viscosidade (η) e velocidade de
cisalhamento (V) da emulsão CL iniciais (n=9)
V(s
-1
) τ(Pa) τ(Pa) η (mPa.s) η (mPa.s)
0,17 141,5 ± 6,7 95,6 ± 4,0 83437,5 ± 4092,1 55857,1 ± 2609,5
0,34 180,5 ± 13,1 133,9 ± 6,9 53156,2 ± 3803,0 39406,2 ± 2162,7
0,68 249,0 ± 24,6 201,9 ± 14,4 36685,0 ± 3561,9 29668,7 ± 2120,2
0,85 273,1 ± 27,9 - 32125,0 ± 3253,0 -
= valores de curva ascendente = valores de curva descendente
Tabela A 2 - Valores de tensão de cisalhamento (τ), viscosidade (η) e velocidade de
cisalhamento (V) da emulsão CL após seis meses de estocagem(n=9)
V(s
-1
) τ(Pa) Τ(Pa) η (mPa.s) η (mPa.s)
0,34 390,3 ± 39,1 270,5 ± 19,0 114820 ± 11544,6 79700 ± 5666,2
0,85 548,3 ± 31,6 427,4 ± 54,3 64620 ± 3681,3 50360 ± 6310,9
1,7 730,2 ± 76,9 43560 ± 4273,1
= valores de curva ascendente = valores de curva descendente
Tabela A 3 - Valores de tensão de cisalhamento (τ), viscosidade (η) e velocidade de
de cisalhamento (V) da emulsão NI inicial (n=9)
V(s
-1
) τ(Pa) τ(Pa) η (mPa.s) η (mPa.s)
0,17 301,5 ± 53,8 237,7 ± 28,2 177437,5 ± 29182,2 139833,3 ± 16606,2
0,34 425,6 ± 50,5 348,8 ± 24,4 125812,5 ± 15464,6 102575,0 ± 7162,3
0,68 606,1 ± 45,6 552,1 ± 32,0 89413,3 ± 7965,3 81270,0 ± 4800,7
0,85 656,7 ± 56,7 78611,1 ± 7045,8
= valores de curva ascendente = valores de curva descendente
Tabela A 4 - Valores de velocidade de cisalhamento (V), tensão de cisalhamento (τ)
e viscosidade (η) da emulsão não-iônica após seis meses(n=9)
V(s
-1
) τ(Pa) τ (Pa) η (mPa.s) η (mPa.s)
0,17 467,9 ± 56,1 393,6 ± 48,4 272444,4 ± 33184,6 231833,3 ± 28640,0
0,34 657,0 ± 70,4 193700,0 ± 20939,5
= valores de curva ascendente = valores de curva descendente
APÊNDICE B - RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DA ESPALHABILIDADE DAS
EMULSÕES
Tabela B 1 - Valores de espalhabilidade (Ei) da emulsão NI em função do peso
adicionado e do tempo (n=9)
Espalhabilidade (mm
2
)
Peso (g)
Inicial 6 meses
122,5 837,3 ± 119,3 728,2 ± 148,9
192,7 1235,7 ± 137,6 1252,2 ± 375,1
263,2 1544,5 ± 180,9 1561,0 ± 359,2
333,8 1844,5 ± 212,7 1980,4 ± 445,4
404,4 2076,2 ± 250,4 2276,3 ± 385,6
475,1 2297,3 ± 274,1 2608,5 ± 374,5
545,9 2465,3 ± 285,8 2825,43 ± 329,1
616,7 2627,2 ± 353,7 3081,4 ± 334,0
687,7 2753,6 ± 344,0 -
758,7 2879,4 ± 365,9 -
829,7 3012,6 ± 369,3 -
Tabela B 2 - Valores de espalhabilidade (Ei) da emulsão CL em função do peso
adicionado e do tempo (n=9)
Espalhabilidade (mm
2
)
Peso (g)
Inicial 6 meses
122,5 606,1 ± 83,4 487,0 ± 78,0
192,7 876,4 ± 121,5 634,8 ± 72,4
263,2 1088,0 ± 124,8 792,2 ± 81,9
333,8 1264,9 ± 167,2 913,8 ± 108,5
404,4 1416,8 ± 192,7 1062,5 ± 127,1
475,1 1529,3 ± 187,6 1202,7 ± 157,7
545,9 1638,2 ± 180,4 1278,2 ± 150,8
616,7 1752,2 ± 199,4 1363,0 ± 138,7
687,7 1818,3 ± 194,4 1506,9 ± 197,2
758,7 1907,2 ± 194,5 1607,2 ± 192,7
829,7 1989,3 ± 188,8 1712,1 ± 213,5
APÊNDICE C - ENSAIOS PRELIMINARES AOS ENSAIOS CLÍNICOS
A avaliação da hidratação cutânea por FTIR-ATR foi realizada conforme
descrito em 4.2.7, 4.2.8 e 4.2.9.
Teste de hidratação cutânea: as medidas foram feitas antes da aplicação do
produto e uma, duas, três e quatro horas após a aplicação nas áreas tratadas e não-
tratadas.
Nos ensaios preliminares de hidratação cutânea, procedendo-se à leitura
uma, duas, três e quatro horas após a aplicação das emulsões NI e MEG obteve-se
para as duas emulsões que, a partir da segunda hora, os valores para a relação
entre as bandas de amida I e II não apresentavam diferença, conforme os dados
apresentados na Tabelas C 1.
Tabela C 1 - Relação entre as bandas de amidas I e II para as emulsões NI e MEG
após uma a quatro horas de aplicação
Relação entre as Bandas de Amidas I e II
Tempo (horas)
Emulsão NI Emulsão MEG
Inicial 1,04 ± 0,07 1,10 ± 0,10
1 1,18 ± 0,05 1,07 ± 0,13
2 1,13 ± 0,02 1,01 ± 0,01
3 1,13 ± 0,03 1,00 ± 0,0
4 1,13 ± 0,02 1,03 ± 0,01
Em experimentos de hidratação cutânea de curta duração é comumente
empregada a leitura na segunda hora após a aplicação da emulsão cosmética
74
.
APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa: Desenvolvimento e Avaliação da Eficácia de Emulsões
Cosméticas para Xerose Senil
Estamos realizando um estudo no Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS
com o objetivo de adequar produtos hidratantes para pele de idosos. A pele seca é
uma conseqüência natural do envelhecimento, mas predispõe a outras desordens
dermatológicas.
Para este estudo, vamos aplicar amostras de loções hidratantes nos seus
antebraços e, após 1, 2 e 3 horas, os antebraços serão colocados sobre um
equipamento durante 2 minutos, para verificar a hidratação cutânea. Este método
empregado é totalmente não invasivo, indolor e não prejudicial. Os resultados deste
estudo poderão auxiliar na melhoria da pele seca e no desenvolvimento de produtos
cosméticos para pele de idosos. Caso concorde em participar, solicitamos a
assinatura deste termo.
Eu,............................................................................, fui informado dos objetivos e da
justificativa desta pesquisa, de forma clara e detalhada. Desta forma, assino este
termo de concordância para o projeto acima citado, de livre e espontânea vontade.
Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar
minha decisão em participar do experimento, se assim o desejar. Fui informado que
caso existam danos à minha saúde, causados diretamente pela pesquisa, terei
direito a tratamento médico e indenização, conforme estabelece a lei. Os dados
serão utilizados somente para objetivo de investigação, ficando assegurados seu
sigilo e anonimato. Este documento foi elaborado em duas vias, sendo que uma via
permanecerá com o pesquisador e a outra via com o voluntário participante do
experimento.
Declaro que recebi cópia do presente Termo de Consentimento.
___________________________ __________________________ ________________
Assinatura do Voluntário Nome Data
___________________________ ___________________________ _______________
Assinatura do Pesquisador Nome Data
Este formulário foi lido para.................................... em.........................(data)
por Temis Weber Furlanetto Corte enquanto eu estava presente.
__________________________ ____________________________ _______________
Assinatura da Testemunha Nome Data
__________________________ ___________________________ _______________
Assinatura da Testemunha Nome Data
Responsável pela investigação: Temis Weber Furlanetto Corte
Endereço Comercial: Faculdade de Farmácia da PUCRS/Prédio 12/Bloco B/Sala 136
Fone: 33203512 ou 33203500 (ramal 4525)
Endereço Residencial: Rua Encantado, 30 – Fone: 33306652
ANEXO A - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA PUCRS
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