cultural como alternativa para tirar do tráfico de drogas jovens moradores de
favelas. Trabalham com oficinas de música, capoeira, teatro, dança, histórias em
quadrinhos.
Atualmente, o AfroReggae atende cerca de duas mil pessoas das regiões
carentes do Rio de Janeiro e atrai jovens através de programas ligados à arte,
cultura afro-brasileira e educação. O AfroReggae nasceu como uma banda
musical que incorporou ações sociais, mas ampliou o seu escopo de atuação para
formar cidadões. Junior defende:
O cara não tem que ser artista. Se a gente formar só artista, o que já
é muito válido, vamos continuar fortalecendo o estereótipo que o
negro da favela só pode ser jogador de futebol e artista. Queremos
formar intelectuais. Porque eles não podem ser médicos,
engenheiros, jornalistas? Existe um movimento para desenvolver
isso e essa reflexão não é só do AfroReggae. Quatro instituições
com legitimidade e visibilidade, o Afro Reggae, a CUFA
2
, Nós do
Morro
3
e o Observatório de Favelas
4
se uniram em um grupo
chamado F4
5
. A gente se reúne toda semana e essas quatro
instituições estão nas quatro regiões do Rio de Janeiro e todas são
mediadoras de conflitos. Algumas são mais de mediação de
confronto, como CUFA e Afro Reggae.
2
Sigla que significa Central Única das Favelas. é uma organização que surgiu através de reuniões
de jovens de várias favelas da cidade do Rio de Janeiro. Desde 1998, a CUFA funciona como um
pólo de produção cultural e através de parcerias, apoios e patrocínios forma e informa jovens de
comunidades, oferecendo perspectivas de inclusão social.
3
ONG funda em 1986 no Rio de Janeiro e que tem o objetivo de criar acesso à arte e à cultura
para crianças, jovens e adultos do Morro do Vidigal e de outros locais no Rio de Janeiro.
4
Rede sócio-pedagógica constituída em 2001 no Rio de Janeiro como um programa do Instituto
de Estudos Trabalho e Sociedade (IETS) e com o apoio institucional da Fundação Ford. É
integrada por pesquisadores e estudantes vinculados a diferentes instituições acadêmicas e
organizações comunitárias. A instituição vem atuando como uma rede de formação de lideranças
comunitárias e seus principais coordenadores são moradores ou ex-moradores da periferia do RJ.
5
"F4 - Favela a quatro". Criado em 2008, o objetivo é unir forças para o desenvolvimento de uma
série de ações sociais em conjunto, sendo que cada instituição atua com o seu “expertise”. Na
primeira etapa do projeto, denominada Rebelião Cultural, foram escolhidos os presídios de Bangu
1,2, 3 e 4 e o Talavera Bruce (feminino). Ao final do projeto, o F4 promoverá a publicação de uma
pesquisa, um documentário e um livro refletindo sobre os resultados conquistados.
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