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Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Desenvolvimento de espécies de Leishmania fluorescentes e caracterização da
susceptibilidade de L. amazonensis GFP como modelo para testes quimioterápicos
Por
Marcele Neves Rocha
Belo Horizonte
Fevereiro de 2009
DISSERTAÇÃO MDIP-CPqRR M. N. ROCHA 2009
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ii
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Desenvolvimento de espécies de Leishmania fluorescentes e caracterização da
susceptibilidade de L. amazonensis GFP como modelo para testes quimioterápicos
Por
Marcele Neves Rocha
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do
Título Mestre em Ciências na área de
concentração Doenças Infecciosas e Parasitárias.
Orientação: Dr. Rodrigo Pedro Pinto Soares
Belo Horizonte
Fevereiro de 2009
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iii
Catalogação-na-fonte
Rede de Bibliotecas da FIOCRUZ
Biblioteca do CPqRR
Segemar Oliveira Magalhães CRB/6 1975
R672d
2009
Rocha, Marcele Neves.
Desenvolvimento de espécies de Leishmania
fluorescentes e caracterização da susceptibilidade de L.
amazonensis GFP como modelo para testes
quimioterápicos, ou, Development of fluorescent species of
Leishmania
and characterization of the suceptibility of L.
amazonensis GFP as model for chemoterapic tests
/
Marcele Neves Rocha. – Belo Horizonte, 2009.
xvii, 66 f.: il.; 210 x 297mm.
Bibliografia: f.: 66 - 83
Dissertação (Mestrado) – Dissertação para obtenção do
título de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós -
Graduação em Ciências da Saúde do Centro de Pesquisas
René Rachou. Área de concentração: Doenças Infecciosas e
Parasitárias.
1. Leishmaniose/quimioterapia 2.
Imunofluorescência/métodos 3. Transfecção/intrumentação
4. Fluorometria/utilização I. Título. II. Soares, Rodrigo
Pedro Pinto (Orientação).
CDD – 22. ed. – 616.936 4
iv
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Desenvolvimento de espécies de Leishmania fluorescentes e caracterização da
susceptibilidade de L. amazonensis GFP como modelo para testes quimioterápicos
por
Marcele Neves Rocha
Foi avaliada pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:
Prof. Dr. Rodrigo Pedro Pinto Soares (Presidente)
Profa. Dra Maria Terezinha Bahia (UFOP)
Profa. Dra. Silvane Maria Fonseca Murta (CPqRR)
Suplente: Dra. Célia Maria Gontijo (CPqRR)
Dissertação defendida e aprovada em: 26/02/2009
v
Você é o que você faz
Suas crenças e valores não são o que você diz. São o que
você faz. Suas ações têm o dom de comunicar
intensamente com uma veracidade difícil de negar ou
ignorar.
O sucesso e as conquistas requerem a substância das
ações, que é necessariamente o que parece ou o que
gostaria de ser. E sim o que faz.
Suas ações revelam a dedicação e as verdadeiras
prioridades na sua vida. Elas criam a substância da sua
vida e fazem toda a diferença no mundo, estando
completamente sob o seu controle. Sua qualidade de vida
é determinada pela qualidade e consistência das suas
ações.
Então tome ações positivas todos os dias, como se sua
vida dependesse disso. Porque ela depende.
Ralph H Marston
vi
Agradecimentos
À Deus, por me dar uma vida cheia de encanto e aprendizado, principalmente os do caminho
da ciência, fazendo-me valorizar, cada vez mais, a cada passo, a vida.
À minha família linda e essencial, que mesmo de longe, sempre tão presente, fazendo-me
sentir o que é o verdadeiro amor. À minha mãe Maria Rosalina que me encoraja, anima,
afaga, e que, a cada palavra, mostra que a vida é para aqueles que têm coragem. Aos meus
irmãos, Michel, Marcel e Michela pelo amor incondicional e por seus esforços imensos para
que eu sempre conquistasse os meus sonhos. Apoiando e incentivando sempre a seguir em
frente. Aos primos Adriano, Viviani, Juliana, Rayssa, Christiani que proporcionaram
momentos inesquecíveis nesta cidade.
Ao meu orientador, Prof. Dr°. Rodrigo pela acolhida calorosa, pela enorme competência e
valiosa orientação. Por todo apoio e alegria frente aos resultados obtidos com este trabalho
contribuindo enormemente para o meu amadurecimento científico. Minha gratidão,
admiração e respeito imensuráveis.
Ao Dr° Paulo Pimenta, chefe do laboratório pelo apoio em todos os momentos e à todos do
Laboratório de Entomologia Médica (Alessandra, Ana Carolina, Ana Flávia, Ana Paula,
Andrezza, Breno, Bruno, Caroline, Carol Cunha, Daniella, Erika, Felipe, Fernanda
Gambogi, Guilherme, Helena, Igor, Janes, Klívia, Kenia, Luciana, Maira, Nágila e Rafael)
que sempre me ajudaram no trabalho diário, que tanto me fizeram rir nos momentos de
desespero, quanto me aguentarem nos momentos de alegria. Em especial a Drª Carina por
sua alegria sempre constante, pela amizade, apoio e partilha de vida. E as preciosas amigas
Junara e Vanessa por todo incentivo, amor, alegria e por acreditar que tudo isso seria
possível.
À toda equipe do Laboratório de Malária pela agradável convivência, apoio sempre presente
e ajuda em todos os momentos.
Ao amigo, professor e primo Dr° Fernando Varotti por ter sido o primeiro responsável por
me iniciar na vida científica da cultura celular. Obrigada por tudo.
vii
Aos amigos de mestrado Antônio, Tati e Sabrina não só pelo convívio durante as aulas, mas
também nos churrascos e principalmente no clube da peteca. A amiga Fernanda Freire pelos
conselhos e sempre disposta a escutar meus desabafos pessoais, muito obrigada miguinha.
Ao Centro de Pesquisas René Rachou pelo apoio estrutural e financeiro.
À Pós-Graduação do Centro de Pesquisas René Rachou, pela disponibilidade deste curso.
À Biblioteca do CPqRR em prover acesso gratuito local e remoto à informação técnico-
científica em saúde custeada com recursos públicos federais, integrante do rol de referências
desta dissertação, também pela catalogação e normalização da mesma.
À Drª Ana Paula Madureira pela ajuda nas análises estatísticas e ao Drº Olindo Assis no
citômetro de fluxo.
Enfim, agradeço a todas as pessoas que me acompanharam durante a realização deste
trabalho, por proporcionarem um ambiente de estímulo, amor, partilha, respeito e seriedade.
Por me ajudarem a converter toda a grandiosidade de cada minuto, cada pensar e agir, nesta
dissertação que guarda muito mais do que sua valiosa contribuição científica, a minha
realização profissional.
viii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................x
LISTA DE TABELAS...........................................................................................................xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS....................................................................xiv
RESUMO................................................................................................................................xvi
ABSTRACT...........................................................................................................................xvii
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................18
1.1 As Leishmanioses..............................................................................................................18
1.2 Ciclo biológico...................................................................................................................20
1.3 Controle das Leishmanioses.............................................................................................21
1.4 Tratamento e mecanismos de resistência........................................................................23
1.4.1 Antimoniais pentavalentes...............................................................................................23
1.4.2 Anfotericina B..................................................................................................................25
1.4.3 Miltefosina (hexadecilfosfocolina)..................................................................................26
1.4.4 Pentamidinas....................................................................................................................27
1.4.5 Outras drogas (paromomicina, azitromicina, compostos azóis, alopurinol)....................28
1.5 Busca por novos agentes antiparasitários.......................................................................31
1.6 O método tradicional de testes de drogas.......................................................................32
1.7 A tecnologia do gene repórter..........................................................................................33
1.7.1 Sistemas colorímetricos...................................................................................................33
1.7.2 Sistemas luminescentes e fluorescentes...........................................................................34
1.8 Justificativa........................................................................................................................36
2 OBJETIVOS.........................................................................................................................37
2.1 Objetivo geral....................................................................................................................37
2.2 Objetivos específicos.........................................................................................................37
3 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................38
3.1 Cepas e cultura de Leishmania........................................................................................38
3.2 Transfecção dos parasitos................................................................................................38
3.2.1 Plasmídeo B5793.............................................................................................................38
3.2.2 Clonagem e produção dos plasmídeos.............................................................................39
3.2.3 Eletroporação de Leishmania spp....................................................................................40
3.2.4 Clonagem de Leishmania.................................................................................................40
3.3 Avaliação da produção de fluorescência por Microscopia laser confocal - MLC.......40
3.4 Parâmetros de tamanho e granulosidade celular - Citometria de fluxo (FACS)........41
ix
3.5 Avaliação Biológica...........................................................................................................41
3.5.1 Curvas de crescimento em meio M199............................................................................41
3.5.2 Obtenção de macrófagos murinos....................................................................................41
3.5.3 Infecção de macrófagos...................................................................................................42
3.6 Teste quimioterápico tradicional.....................................................................................42
3.6.1 Plaqueamento dos macrófagos.........................................................................................42
3.6.2 Exposição à Anfotericina B e Glucantime.......................................................................42
3.6.3 Exposição às moléculas derivadas do Propranolol..........................................................42
3.7 Síntese dos derivados do propranolol..............................................................................43
3.8 Análise estatística..............................................................................................................47
4 RESULTADOS....................................................................................................................48
4.1 Digestão do plasmídeo B5793...........................................................................................48
4.2 Detecção da expressão da proteína GFP nas formas promastigotas............................48
4.3 Parâmetros de tamanho e granulosidade celular - Citometria de fluxo (FACS)........49
4.4 Avaliação da emissão de fluorescência por amastigostas intracelulares.....................51
4.5 Avaliação biológica...........................................................................................................52
4.5.1 Curva de crescimento de promastigotas de L. amazonensis WT e GFP..........................52
4.5.2 Avaliação dos níveis de infectividade..............................................................................53
4.6 Teste quimioterápico tradicional.....................................................................................53
4.6.1 Tratamento com drogas tradicionais................................................................................54
4.6.1.1 Anfotericina B...............................................................................................................54
4.6.1.2 Glucantime....................................................................................................................55
4.6.2 Moléculas derivadas do Propranolol................................................................................56
5 DISCUSSÃO.........................................................................................................................59
6 CONCLUSÕES....................................................................................................................65
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................66
x
LISTA DE FIGURAS
Figuras da capa: Alga marinha Aequoria Victoria e estrutura da proteína verde fluorescente
(GFP)...........................................................................................................................................i
Figura 1: Formas Amastigotas dentro do macrófago (A) e Promastigotas (B) de Leishmania
spp.............................................................................................................................................20
Figura 2: Estrutura química do Antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime®) e
Estibogluconato de sódio (Pentostan®)....................................................................................24
Figura 3: Mecanismo de ação e resistência ao glucantime em formas amastigotas de
Leishmania. Legenda:SbIII– antimoniato trivalente, SbV– -antimoniato pentavalente, AQP1-
aquagliceroporina, MRPA- transportador. Fonte: Ouellette et al., 2004..................................25
Figura 4: Mecanismo de ação e resistência da Miltefosina (A), Pentamidina (B) e
Anfotericina B (C). Legenda: ATP- adenosina trifosfato, ADP- adenosina difosfato. Fonte:
Ouellette et al., 2004.................................................................................................................26
Figura 5: Estrutura química da Pentamidina...........................................................................28
Figura 6: Estrutura química da Paromomicina........................................................................29
Figura 7: Mapa do plasmídeo B5793.......................................................................................39
Figura 8: Obtenção de β-bloqueadores. Reação do sal de potássio do naftol, gerado in situ
seguido pela adição de epicloridrina.........................................................................................44
Figura 9: Estrutura química do Propranolol e síntese de análogos da
fenoxipropanolaminas...............................................................................................................45
Figura 10: Substâncias sintetizadas a partir da modificação do propranolol...........................46
Figura 11: Derivados obtidos a partir da simplificação do anel naftaleno do propranolol......46
Figura 12: Digestão do plasmídeo B 5793 com a enzima Swa I em gel de agarose 1% corado
com brometo de etídio (0,5 µg/ml) M- marcador de 1kb, A) amostra 1, B) amostra 2............48
xi
Figura 13: Visualização de promastigotas das quatro espécies de Leishmania transformadas
com a Proteína verde fluorescente (GFP) no Microscópio Laser Confocal (488 nm). A) L.
amazonensis B) L. chagasi, C) L. braziliensis, D) L. guyanensis. Controle negativo L. chagasi
WT: E) DIC (Contraste por Interferência Diferencial) e F) 488 nm........................................49
Figura 14: Avaliação dos parâmetros tamanho e granulosidade de formas promastigotas de L.
amazonensis e L. chagasi pela citometria de fluxo. WT, tipo selvagem e GFP,
transformada..............................................................................................................................50
Figura 15: Avaliação dos parâmetros tamanho e granulosidade de formas promastigotas de L.
guyanensis e L. braziliensis pela citometria de fluxo. WT, tipo selvagem e GFP,
transformada..............................................................................................................................50
Figura 16: Análise comparativa da emissão de fluorescência de formas promastigotas WT
(preto) e GFP (verde) no citômetro de fluxo. A) L. amazonensis, B) L. chagasi, C) L.
braziliensis e D) L. guyanensis.................................................................................................51
Figura 17: Visualização da fluorescência em amastigotas intracelulares de L. amazonensis
GFP em macrófagos murinos (Balb/c) no Microscópio Laser Confocal (488 nm). A) DIC
(Contraste por Interferência Diferencial) e B) 488 nm.............................................................52
Figura 18: Curvas de crescimento de promastigotas de L. amazonensis. WT (verde) e GFP
(preto)........................................................................................................................................52
Figura 19: Teste quimioterápico tradicional in vitro. Susceptibilidade de L. amazonensis WT
à Anfotericina B em macrófagos murinos (Balb/c) corados pelo método Panótipo Rápido. A)
Controle positivo, B) 1µg/ml, C) 0,5µg/ml, D) 0,25µg/ml, E) 0,12µg/ml, F) 0,06µg/ml........54
Figura 20: Curvas de IC
50
de Anfotericina B frente L. (L.) amazonensis. A) Cepa WT, B)
Cepa GFP..................................................................................................................................55
Figura 21: Curvas de IC
50
de Antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime) frente L. (L.)
amazonensis. A) Cepa WT, B) Cepa GFP...............................................................................56
xii
Figura 22: Curvas de IC
50
de UFOP 1 frente L. (L.) amazonensis. A) Cepa WT, B) Cepa
GFP...........................................................................................................................................57
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Índices Médios de Fluorescência (IFM) observados para as quatro espécies de
Leishmania selvagens (WT) e transfectadas (GFP)..................................................................51
Tabela 2: Porcentagens médias de células infectadas obtidas em diferentes doses de
Anfotericina B (g/ml) nas cepas selvagem (WT) e transformada (GFP)...............................55
Tabela 3: Porcentagens médias de células infectadas obtidas em diferentes doses de
Glucantime (g/ml) nas cepas selvagem (WT) e transformada (GFP).....................................56
Tabela 4: Porcentagens médias das células infectadas obtidas em diferentes doses da
molécula UFOP 1 (g/mL) nas cepas selvagem (WT) e transformadas (GFP)........................57
Tabela 5: Valores de IC
50
observados para L. amazonensis (WT e GFP) frente a drogas
tradicionais e moléculas teste obtidos à partir da porcentagem de células infectadas (esquerda)
e das médias dos valores de IC
50
(direita).................................................................................58
Tabela 6: Drogas utilizadas no tratamento das Leishmanioses (Fonte: Croft et al., 2006).....60
Tabela 7: Espécies de Leishmania expressando gene reporter................................................62
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS
g= Microgramas
ADP= Difosfato de adenosina
AmB= Anfotericina B
ACR2= enzima antimônio redutase
AQP1= Aquagliceroforina
ATP= Trifosfato de adenosina
CAT= Cloranfenicol acetiltransferase
CEUA= Comissão de Ética no Uso de Animais
COBEA= Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
DIC= Contraste por Interferência Diferencial
DNA= Ácido desoxiribonucléico
EDTA= Ácido etilenodiamino tetra-acético
FACS= Citometria de Fluxo (FACS) (Fluorescence-activated cell sorter)
FITC= Isotiocianato de fluoresceína
GFP= Proteína verde fluorescente
HIV= Vírus da imunodeficiência humana
IC
50
= Concentração inibitória de 50 %
IMF= Índice médio de fluorescência
kDNA= Ácido desoxiribonucléico cinetoplasmático
LC= Leishmaniose cutânea
LCD= Leishmaniose cutâneo difusa
LM= Leishmaniose mucosa
LMC= Leishmaniose muco-cutânea
LPG= Lipofosfoglicano
LT= Leishmaniose tegumentar
LV= Leishmaniose visceral
LV-HIV= Leishmaniose visceral- vírus da imunodeficiência humana
M199= Meio 199
MDR1= Resistência a várias drogas
ml= Mililitro
MLC= Microscopia Laser Confocal
mM= Milimolar
= Macrófago
xv
MP= Matriz peritrófica
nm= Nanômetro
NMG= Antimoniato de N-metilglucamina
ODC= ornitina descarboxilase
OMS= Organização Mundial de Saúde
PBS= Tampão fosfato/salina (“Phosfate Buffer Saline”)
PB= pares de base
PKDL= Leishmaniose dérmica pós calazar (“Post-kala-azar dermal leishmaniasis”)
QSAR= Estudos quantitativos de relação estrutura atividade
RNA= Ácido ribonucléico
RPMI= Meio de cultura (Roswell Park Memorial Institute)
rRNA= Ácido ribonucléico ribossomal
SAMDC= S-adenosilmetionina descarboxilase
SbIII= Antimonial trivalente
SbV= Antimonial pentavalente
SEAP= Fosfatase alcalina secretada
SFB= Soro Fetal Bovino
SGS= Estibogluconato de sódio
SSU’= subunidade pequena do gene RNA no locus do DNA ribossomal (small subunit RNA
gene in rDNA locus)
Transportador ABC= grande família de proteínas de transporte de membrana caracterizada
por um domínio de ligação ATP altamente conservado
TDR1= tripanotiona redutase
WT= Tipo selvagem (wild-type)
xvi
RESUMO
As Leishmanioses estão entre as doenças tropicais mais importantes classificadas pela
Organização Mundial de Saúde como doenças negligenciadas. Seu controle é baseado no
tratamento de casos humanos, borrifação com inseticidas e eliminação dos reservatórios
quando possível. Entretanto, a quimioterapia das Leishmanioses apresenta algumas
dificuldades tais como: toxicidade dos medicamentos disponíveis, via de administração e
resistência natural de algumas cepas. O método de teste de drogas tradicional in vitro
apresenta limitações por ser laborioso e sujeito a variações individuais do observador. Devido
a estes obstáculos a procura de novas drogas e desenvolvimento de métodos faz-se necessária.
Por isso é importante o estabelecimento de um método semi-automatizado para teste de
drogas em Leishmania. Para que isto seja alcançado utilizou-se de técnicas de biologia
molecular como a inserção de um fenótipo no protozoário permitindo sua detecção em um
aparelho. Neste trabalho, produzimos cepas de Leishmania expressando a proteína verde
fluorescente (“green fluorescent protein”- GFP). Essa proteína foi transfectada nas espécies
brasileiras de maior importância médica: L. chagasi, L. braziliensis, L. amazonensis e L.
guyanensis. Para confirmar a tranfecção, os parasitos selvagens (WT) e transformados (GFPs)
foram analisados pela Citometria de Fluxo (FACS) e Microscopia Laser Confocal (LCM).
Para avaliar se a transfecção teve algum impacto na viabilidade celular de L. amazonensis
foram realizados alguns ensaios biológicos como a comparação da curva de crescimento e
infectividade em macrófagos entre as cepas selvagem e GFP. Posteriormente foi verificada a
susceptibilidade à drogas. L. amazonensis foram expostas aos fármacos tradicionais e
moléculas teste e os valores de IC
50
determinados. Não foram observadas diferenças na
susceptibilidade entre as cepas tanto na presença dos fármacos tradicionais (Anfotericina B e
Glucantime), como de moléculas teste (derivadas do propranolol). Baseado nos valores de
IC
50
obtidos com o teste tradicional a transformação da cepa GFP de L. amazonensis não
alterou suas características biológicas nem de susceptilibidade aos agentes leishmanicidas
tradicionais e moléculas teste. Algumas moléculas derivadas do propranolol mostraram ser
promissoras na atividade leishmanicida. Estes resultados dão suporte à utilização da cepa GFP
nos testes semi-automatizados utilizando o fluorímetro. Isso possibilitará o teste de um
número maior de fármacos/moléculas aumentando a eficiência do método quimioterápico
atual.
xvii
ABSTRACT
The Leishmaniasis is between the most important tropical diseases classified by the
World-wide Organization of Health as neglected diseases. Its control is based on the treatment
of human cases, the elimination of the vector and reservoirs whenever it`s possible. However,
Leishmaniasis chemotherapy is hindered due to toxicity of available drugs, route of
administration and resistance of natural strains. The traditional method for testing drugs in
vitro presents limitations such as being laborious and subject to individual variations of the
observer. Thus, the search of new drugs and the development of more accurate methods for
their testing is still needed. Therefore, the establishment of a half-automatized method for
testing drugs in Leishmania is important. To accomplish this goal we used molecular biology
techniques such as the insertion of a phenotype in the protozoa, facilitating its detection. In
this work, we produced strains of Leishmania expressing the green fluorescent protein (GFP).
This protein was transfected in the most important species found in Brazil including: L.
chagasi, L. braziliensis, L. amazonensis and L. guyanensis. In order to confirm tranfection,
wild type (WT) and transfected parasites (GFP) were compared using Flow Cytometry
(FACS) and Laser Confocal Microscopy (LCM). To evaluate the impact of transfection in
drug susceptibility, WT and GFP strains of L. amazonensis were exposed to current drugs and
test molecules and the IC
50
determined. There was no difference in such susceptibility
between the strains not only in the presence of current antileishmanial drugs (Anfotericin B
and Glucantime), but also in the presence of test molecules (derived from propanolol). Based
on IC
50
values obtained in the traditional test, the GFP strain of L. amazonensis did not alter
neither its biological properties nor its susceptibility to drugs. Some propranolol derivates
exhibit promising antileishmanial activity. These data support the use of GFP transfected
parasites for drug screening procedures using a fluorimeter. This will enable the testing a
higher number of drugs/molecules increasing efficiency of discovery of potential Leishmania
chemotherapic drugs.
__________________________________________________________________Introdução
18
1 INTRODUÇÃO
1.1 As Leishmanioses
As Leishmanioses são enfermidades antropozoonóticas de transmissão vetorial
causadas por protozoários do gênero Leishmania (Família: Trypanosomatidae, Ordem:
Kinetoplastida). O gênero Leishmania foi criado por Ross em 1903 (Gontijo e Carvalho,
2003). São organismos unicelulares flagelados, cuja característica principal é a presença do
cinetoplasto, organela junto à base do flagelo que contém sequências repetidas de DNA
(kDNA) (Balaña-Fouce et al., 1998). Possuem ampla distribuição e atualmente afetam cerca
de 12 milhões de pessoas em todo o mundo, dos quais 500.000 desenvolvem a forma visceral
e 1,5 milhão a forma tegumentar a cada ano (Murray et al., 2005). Cerca de 350 milhões de
pessoas vivem em áreas de risco tanto no Novo como no Velho Mundo (Desjeux, 2004;
Murray et al., 2005).
As leishmanioses são doenças negligenciadas (Desjeux, 2001, 2004; Bañuls et al.,
2007; Lynn & McMaster, 2008), que impactam a saúde pública e a economia dos países em
desenvolvimento (Desjeux, 2004). A população mais afetada por essas doenças vive em áreas
remotas, rurais, periferias urbanas e zonas de conflito (Yamey & Torreele, 2002). Nas últimas
décadas, elas têm se estabelecido nas áreas urbanas e peri-urbanas, através da adaptação de
seus vetores e reservatórios aos ambientes artificiais (Ashford, 2000).
As Leishmanioses são caracterizadas por um amplo espectro de manisfestações
clínicas existindo três formas principais: cutânea (LC), muco-cutânea (LMC) e visceral (LV).
Dentre as LCs podemos ter ainda a forma difusa (LCD) causada por Leishmania amazonensis
(Herwaldt, 1999). Além desta última, no Brasil, as espécies responsáveis pela incidência de
maior número de casos clínicos são Leishmania chagasi (sin. Leishmania infantum),
Leishmania braziliensis e Leishmania guyanensis. Por esta razão, neste trabalho daremos
enfoque específico a estas quatro espécies.
No Novo Mundo, a LV é causada por L. chagasi, sendo encontrada desde o México
até Argentina cuja distribuição coincide com a do vetor Lutzomyia longipalpis (Grimaldi et
al., 1989). É uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre de longa duração,
hepatoesplenomegalia, perda de peso, anemia, dentre outras manifestações. Quando não
tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. Nas últimas décadas, a LV vem se
expandindo para áreas urbanas de médio e grande porte, não só no Brasil como em outras
partes do mundo (Gontijo & Melo 2004). Na área urbana, o cão (Canis familiaris) é a
principal fonte de infecção, enquanto as raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e
__________________________________________________________________Introdução
19
gambás (Didelphis albiventris) são os reservatórios silvestres (Sherlock et al., 1985; Brasil,
2005). Atualmente, a LV ocorre em 20 dos 27 estados brasileiros destacando-se os da região
Nordeste, onde ocorre a maior parte dos casos notificados (Brasil, 2008).
Assim como L. chagasi, L. braziliensis possui ampla distribuição nas Américas. É a
principal espécie incriminada responsável pelas LCs e LMC. É caracterizada por úlcera
cutânea, única ou múltipla, cuja principal complicação é a metástase por via hematogênica,
para as mucosas da nasofaringe, com destruição desses tecidos (Herwaldt, 1999). A
freqüência desta complicação vem sendo reduzida, provavelmente devido ao diagnóstico e
tratamento precoces. Muitos aspectos da eco-epidemiologia desta espécie ainda são
desconhecidos. Seus reservatórios principais incluem roedores silvestres (Bolomys lasiurus,
Nectomys squamipes) e sinantrópicos (Rattus rattus). Seus principais vetores incluem
Lutzomyia whitmani e Lutzomyia intermedia dependendo da região (Lainson & Shaw, 1978).
A L. amazonensis causa úlceras cutâneas localizadas e, ocasionalmente, alguns
indivíduos podem desenvolver o quadro clássico da LCD (Desjeux, 2004). Evidências
indicam que roedores silvestres do gênero Proechymis e Oryzomys seriam os reservatórios
desta espécie. Os flebotomíneos vetores são Lutzomyia flaviscutellata, Lutzomyia reducta e
Lutzomyia olmeca nociva (Amazonas e Rondônia) (Silveira et al., 1997). Estas espécies são
pouco antropofílicas, o que justifica uma menor freqüência de infecção humana, estando
associada com atividades ocupacionais ligadas à mata. Seu principal vetor, L. flaviscutellata,
apresenta ampla distribuição geográfica, sendo encontrado em diferentes habitats de países
fronteiriços ao Brasil e nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima,
Tocantins, Bahia, Ceará, Maranhão, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, ocorrendo em matas úmidas em densidades
elevadas (Lainson, 1997).
Finalmente, L. guyanensis causa predominantemente lesões ulceradas cutâneas únicas
ou múltiplas, sendo estas últimas conseqüência de várias picadas simultâneas ou metástases
linfáticas secundárias (Desjeux, 2004). É muito raro o comprometimento mucoso por esta
espécie, atingindo principalmente indivíduos do sexo masculino em fase produtiva. É de
natureza ocupacional relacionada ao desmatamento, penetração em áreas de florestas e
exercícios militares. Em áreas endêmicas pode haver percentuais expressivos de crianças
acometidas pela doença. O parasito já foi isolado de mamíferos silvestres, tais como a
preguiça (Choloepus didactylus), o tamanduá (Tamandua tetradactyla) e o gambá (D.
albiventris), tendo sido encontrado na pele e vísceras. Embora o papel desempenhado por
estes animais ainda não tenha sido definido, as evidências encontradas indicam que estes
seriam os reservatórios. O principal vetor seria Lutzomyia umbratilis distribuída nos países
__________________________________________________________________Introdução
20
fronteiriços ao Brasil e também nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Roraima e Rondônia (Lainson & Shaw, 1978).
1.2 Ciclo biológico
O gênero Leishmania possui ciclo biológico heteroxênico, cujas formas de
desenvolvimento alternam-se entre hospedeiros vertebrados e insetos vetores, que transmitem
o parasito durante o repasto sanguíneo (Killick-Kendrick, 1979; Sacks & Perkins, 1984). Os
hospedeiros invertebrados são dípteros da família Psychodidae, sub-Família Phlebotominae,
representados pelos Gêneros Phlebotomus (Velho Mundo) e Lutzomyia (Novo Mundo). São
observadas duas formas principais (Figura 1): as promastigotas (1-B), células flageladas
alongadas encontradas no intestino médio do vetor e; amastigotas (1-A), constituindo-se de
células imóveis, ovóides, com flagelo rudimentar encontradas no interior de fagócitos
mononucleados de mamíferos, sendo responsáveis pela patologia da doença (Bates, 1994).
A infecção do hospedeiro vertebrado ocorre após a picada das fêmeas de
flebotomíneos que inoculam as formas promastigotas metacíclicas (Killick-Kendrick, 1990).
Estas são fagocitadas pelos macrófagos, diretamente ou após a infecção de neutrófilos (Van
Zandbergen et al., 2004; Peters et al., 2008) e diferenciam-se em formas amastigotas no
fagolisossomo. As amastigotas dividem-se binariamente, rompendo a célula, podendo re-
invadir outros macrófagos, células dendríticas e até mesmo fibroblastos (Naderer &
McConville, 2008). Para manutenção do seu ciclo intracelular, o parasito desenvolveu várias
estratégias dentro da célula do hospedeiro. A forma amastigota é especialmente adaptada ao
ambiente intracelular do vacúolo parasitóforo, estrutura que se assemelha aos lisossomos
__________________________________________________________________Introdução
21
secundários com pH 4,5-5,0. Essa capacidade bem sucedida de sobreviver nestes vacúolos
demonstra que estas formas são organismos acidofílicos. Esta adaptação provavelmente está
ligada à presença de bombas de prótons envolvidas na captura e transporte de metabólitos,
estágio específico (Antoine et al., 1998).
Durante um novo repasto sanguíneo, macrófagos infectados com as formas
amastigotas são ingeridos pelo vetor. Uma vez transformadas em promastigotas, estas exibem
uma distribuição preferencial dentro do trato digestivo do vetor, formando “micro-habitats”
Lainson & Shaw (1987). No seu intestino, junto com o bolo alimentar, elas são envolvidas por
uma matriz peritrófica (MP) constituída de proteínas, glicoproteínas e microfibrilas de quitina.
A MP protege o epitélio intestinal de partículas alimentares abrasivas bem como os parasitos
da ação das enzimas digestivas, permitindo sua transformação em formas flageladas mais
resistentes (Pimenta et al., 1997; Kamhawi, 2006) Ao longo do trato digestivo, os parasitos
assumem diferentes formas que incluem: promastigotas procíclicas, nectomonas, haptomonas,
leptomonas e promastigotas metacíclicas (Lawyer et al., 1990). Cada um destes morfotipos
exerce determinada função. Por exemplo, as nectomonas têm a função de escapar da MP e
aderir-se ao epitélio intestinal, impedindo sua eliminação durante a excreção do sangue
digerido (Bates & Rogers, 2004). Esta adesão faz-se através do lipofosfoglicano (LPG), que
reconhece um receptor nas microvilosidades do epitélio intestinal (Kamhawi et al., 2004).
Cerca de 2-5 dias depois, as formas promastigotas procíclicas diferenciam-se em metacíclicas,
que se desligam do epitélio intestinal. Em seguida, as mesmas migram em direção a porção
anterior do intestino de onde serão transmitidas ao hospedeiro vertebrado durante um novo
repasto sanguíneo (Descoteaux & Turco, 1999).
1.3 Controle das Leishmanioses
O controle das Leishmanioses baseia-se principalmente no combate ao vetor,
tratamento dos pacientes e eliminação dos reservatórios (Gontijo & Melo, 2004). Entretanto,
devido à complexidade de aspectos epidemiológicos, determinadas medidas podem não serem
aplicáveis em algumas situações. Por exemplo, as LCs geralmente são transmitidas no
ambiente silvestre quando o homem entra na mata para trabalhar (Gontijo & Carvalho, 2003).
Neste caso a aplicação de inseticidas torna-se inviável sendo a proteção individual mais
adequada com o uso de repelentes. Já para a LV, que tem aumentado nas grandes cidades, a
borrifação tanto do intra como do peridomicílio é necessária principalmente nos canis e
galinheiros, que são ambientes propícios à proliferação do vetor (Gontijo & Melo, 2004).
Outra medida aplicável, a de eliminação do reservatório doméstico (cão), resulta em
__________________________________________________________________Introdução
22
desconforto afetivo para as famílias. Esta medida é necessária devido ao fato do animal não
responder ao tratamento convencional e tornar-se um foco de transmissão importante para o
vetor. Mesmo com estas medidas a expansão das Leishmanioses principalmente nas grandes
cidades têm tornado discutível a medida de sacrifício dos cães (Dietze et al., 1997).
Para contornar este problema, vacinas contra a LV encontram-se ainda em
desenvolvimento para o cão. Atualmente, existem duas vacinas em uso no mercado: a
Leishmune®, desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Borja-Cabrera et
al., 2002) e a Leishtec®, recentemente desenvolvida por grupo da Universidade Federal de
Minas Gerais (Fernandes et al., 2008). Embora tenham conferido níveis de proteção
promissores, estas vacinas ainda carecem de mais estudos no campo (Fase III e IV) para real
determinação de sua eficácia.
Devido às dificuldades no controle das Leishmanioses, assim como para as outras
doenças causadas por tripanosomatídeos, o controle baseia-se primariamente no tratamento e
para este existe uma reduzida quantidade de medicamentos (Croft et al., 2006). Além disso, as
drogas disponíveis são tóxicas, pouco eficazes e requerem atendimento ambulatorial (Davies
et al, 2003). Outro fator agravante, nesse contexto, é o aparecimento de cepas resistentes so
tratamento (Sundar et al., 2000; Sundar, 2001).
A alta variabilidade genética intra e interespecífica de Leishmania resultam em
diversas manifestações clínicas. Portanto, a identificação das espécies de Leishmania é
importante para escolha do tratamento e conhecimento da epidemiologia (Mimori et al.,1998,
Andrade et al., 2001). Além disso, sua progressão dependerá também das características
genéticas e imunológicas do hospedeiro. A atuação do sistema imune do paciente juntamente
a droga cooperam para a eliminação da infecção. Este fato é observado durante o tratamento
com antimoniais em pacientes com leishmaniose difusa e na co-infecção LV-HIV (Fauraty-
Gambarelli et al., 1997). Nestes casos o comprometimento da resposta mediada por células T
resulta na exacerbação da infecção (Ercoli, 1966, Berhe et al., 1999, Desjex & Alvar, 2003).
A co-infecção de LV-HIV já foi relatada em 34 países incluindo os continentes Africano,
Asiático, Europeu e Sul Americano. No sul da Europa, 70% dos casos de LV em adultos estão
associadas ao HIV (WHO, 2000).
Do que foi exposto, é possível concluir que existem inúmeros desafios o controle das
Leishmanioses que exibem epidemiologia altamente complexa. A ausência, na prática, de
uma vacina eficaz e a dificuldade em se controlar os vetores e reservatórios ainda constitui um
problema geral. Portanto, o tratamento dos casos humanos ainda constitui a principal
ferramenta no controle do parasito.
__________________________________________________________________Introdução
23
1.4 Tratamento e mecanismos de resistência
1.4.1 Antimoniais pentavalentes
O antimonial trivalente (SbIII) foi o primeiro agente farmacológico utilizado no
tratamento da LV, em 1915 na Itália e Índia. Após a década de 40, novas formulações dos
antimoniais pentavalentes (SbV) foram introduzidos na terapêutica, o que diminuiu o tempo
de tratamento (Murray et al., 2005). São eles: o estibogluconato de sódio (SGS) (Pentostam®)
e o antimoniato de N-metilmeglucamina (NMG) (Glucantime®Aventis), que continuam em
uso até hoje (Soto et al., 2004) (Figura 2).
No Brasil, a droga de primeira escolha é o Glucantime, que é de distribuição gratuita
na rede de saúde pública. O esquema terapêutico é de 20 mg/kg/dia administrado por via
endovenosa com soro glicosado durante 30 dias. Quando o insucesso terapêutico ocorre opta-
se pela Anfotericina B (AmB). Entretanto, estas drogas são extremamente tóxicas,
administradas por via intravenosa e requerem atendimento ambulatorial. Apesar de sua
comprovada eficácia, elas apresentam efeitos colaterais, período de terapia longo e
administração parenteral (Dube et al., 2005).
A existência de efeitos colaterais e o fenômeno de resistência tanto natural quanto
adquirida (Faraut-Gambarelli et al., 1997; Jackson et al., 1990; Lira et al., 1998) têm-se
tornado um desafio cada vez maior. Cepas de Leishmania com diversos graus de resistência
têm sido isoladas no Novo Mundo, sendo que L. braziliensis frequentemente apresenta
resistência a tratamentos de curta duração ou em doses baixas (Moreira et al., 1995; 1998).
No Velho Mundo, cepas de L. donovani resistentes ao glucantime têm sido isoladas no campo
principalmente na Índia (Sundar, 2001). As principais causas para o aparecimento desta
resistência incluem: uso indiscriminado do glucantime nestas áreas, tratamento médico
inadequado com doses baixas e descontínuas (Sundar et al., 1994).
__________________________________________________________________Introdução
24
O mecanismo de ação dos antimoniais está representado na Figura 3. O antimônio
pentavalente (SbV) entra no macrófago e pode agir diretamente sobre a forma amastigota no
vacúolo ou ser reduzido à forma trivalente (SbIII) no citosol. A entrada de SbV dá-se através
de um transportador desconhecido, enquanto que a de SbIII faz-se através da
aquagliceroforina (AQP1). A redução de SbV a SbIII pode ser catalisada pelas redutases
ACR2 e TDR1 ou ocorrer quimicamente pelaão de tióis. O SbIII provavelmente interage
com componentes celulares ou pode ser conjugado com tióis (cisteína, glutationa e
tripanotiona), porém não se sabe se esta conjugação é enzimática. O metal conjugado com o
tiol pode ser sequestrado em uma organela pelo transportador ABC MRPA ou ser excretado
para fora da célula por outro transportador provalmente também ABC.
__________________________________________________________________Introdução
25
1.4.2 Anfotericina B
O polieno Anfotericina B (AmB) (Figura 4C), é utilizada no tratamento de infecções
fúngicas sistêmicas apresentando também atividade contra Leishmania. Este fármaco tem
induzido altas taxas de cura em pacientes infectados por L. donovani, particularmente quando
administradas em crianças e gestantes e nos casos de resistência do parasito aos antimoniais
(Lira et al., 1998; Singh & Sivakumar, 2004). É uma droga extremamente tóxica que exige
internação e monitoramento de funções vitais, sendo uma terapia de alto custo (Kafetzis et al.,
2005). A dose recomendada é de 0,5 mg/kg/dia com aumento gradativo até 1 mg/kg/dia
conforme a tolerância do paciente. Deve ser administrado via endovenosa com soro glicosado
em dias alternados respeitando o limite máximo de 50 mg por aplicação até a dose total de 1 a
1,5 g para LC e de 2,5 a 3 g para LMC. Atualmente, as formas lipossomais têm ajudado a
diminuir a toxicidade, mas é de custo elevado o que dificulta seu uso em larga escala nos
países em desenvolvimento onde ocorre a maioria das infecções por Leishmania (Brattacharya
et al., 2004).
A AmB atua ligando-se ao ergosterol da membrana celular de fungos e Leishmania
(Figura 4), porém, não apresenta afinidade pelo colesterol da membrana plasmática de
mamíferos (Singh & Sivakumar, 2004). A AmB interage com os ergosteróis de membrana,
principalmente o esgosta-5,7,24(24
1
)-trieno-3-ol (Figura 4C – seta à direita) (Roberts et al.,
__________________________________________________________________Introdução
26
2003). A resistência ocorre quando a célula utiliza precursores de ergosterol tais como
colesta-5,7,24(24
1
)-trieno-3b-ol (Figura 4C – seta à esquerda) pelo qual a droga tem pouca
afinidade (Mbongo et al., 1998).
1.4.3 Miltefosina (hexadecilfosfocolina)
Devido ao aparecimento de resistência tanto na Índia quanto no Sudão, a OMS
investiu na busca de novos fármacos à partir de moléculas já existentes. Isto resultou na
identificação da primeira droga contra Leishmania administrada por via oral, a miltefosina
(Figura 4A). Este anti-tumoral, que em baixas doses atua sobre os parasitos, foi considerado o
maior avanço na quimioterapia das leishmanioses desde os antimoniais na década de 40
(Ouelette et al., 2004). Esta droga mostrou atividade pela primeira vez contra L. donovani in
vitro (Croft et al., 1987). Um ensaio recente de Fase III mostrou que esta droga foi ativa
contra a LV na Índia (Sundar et al., 2002). Ela possui um tempo de meia-vida longo (150 h) e
potencial teratogênico o que ainda exige cuidado em sua administração (Lira et al., 2001;
Urbina, 2006). Devido ao seu uso recente, ainda não se sabe até que ponto o uso desta droga
em larga escala pode levar ao desenvolvimento de resistência, sendo necessários mais estudos
__________________________________________________________________Introdução
27
para determinar seu potencial terapêutico (Sundar, 2001; Ganguly et al., 2001).
Não se sabe precisamente como ocorre seu mecanismo de ação (Figura 4A), mas
suspeita-se que ela atue no metabolismo de lipídios alquil e na biossíntese de fosfolípides
(Lux et al., 2000). Esta droga seria captada pela célula através de uma ATPase
aminofosfolipídica do tipo P, sendo que mutações pontuais neste transportador levariam a um
decréscimo na acumulação da droga dentro da célula e a um mecanismo de resistência (Perez-
Victoria et al., 2003). Estudos em laboratório indicam que seus prováveis mecanismos de
resistência incluiriam: permeabilidade diferencial da membrana plasmática à droga,
diminuição de sua captação, aumento do seu metabolismo e do seu efluxo (Figura 4A). Em
Leishmania resistente ao agente antitumoral daunomicina foi observada a superexpressão do
gene da P-glicoproteína P MDR1, que são transportadores do tipo ABC envolvidos na multi
resistência a drogas em células tumorais (Perez-Victoria et al., 2001).
1.4.4 Pentamidinas
A descoberta da atividade terapêutica desta diamida aromática foi inicialmente
utilizada no tratamento de infecção por Pneumocystis carinii e, demonstrou ser efetiva na
terapêutica da LV sendo considerada como uma droga de segunda escolha no tratamento das
leishmanioses e indicada para os casos não responsivos aos antimoniais. Embora também
apresente efeitos adversos significantes e requeira a administração parenteral (Singh &
Sivakumar, 2004).
A pentamidina (Lomidina®) é uma molécula de grande interesse no tratamento contra
LV e LMC refratária aos antimoniais pentavalentes (Amato et al., 2000). A alta toxicidade
desta droga, com relatos de morte súbita, é um fator limitante de seu emprego terapêutico.
Dentre os principais efeitos adversos estão a hipoglicemia, hipotensão, alterações
cardiológicas e nefrotoxicidade (Rath et al., 2003). Com sua utilização terapêutica da LV no
final da década de 70, altas taxas de cura (acima de 98%) foram obtidas (Jha, 1983). Com o
desenvolvimento de resistência a este fármaco, pelos parasitos, na década de 80, os índices de
cura declinaram (Thakur et al., 2001; Andersen et al., 2005). Contudo, em alguns países a
pentamidina continua sendo utilizada como único fármaco ou associada a outras drogas
(Becker et al., 1999). O uso da pentamidina resulta em efeitos indesejáveis como: mialgias,
desconforto no local da injeção e hipotensão. Assim, devido a sua maior toxicidade, quando
comparada aos antimoniais e ao surgimento de resistência, esta droga tem sido pouco
utilizada na LV (Singh & Sivakumar, 2004).
__________________________________________________________________Introdução
28
Acredita-se que o mecanismo de ação desse composto atue no DNA do cinetoplasto
inibindo suas funções (Donkor et al., 2001) bloquando a topoisomerase mitocondrial (Kramp
et al., 2005). Outra hipótese, diz respeito à interferência de diamidinas aromáticas (ex. berenil
e pentamidina) sobre sistemas de transporte poliamínicos, biomoléculas de importância em
vários processos bioquímicos da fisiologia celular (Basselin et al., 2000).
O mecanismo molecular está associado à inibição não-competitiva da recaptura de
poliaminas (ex. espermidina, espermina, putrescina e arginina) e inibição direta da S-
adenosilmetionina descarboxilase (SAMDC), enzima envolvida na biossíntese da
espermidina, sendo que estudos quantitativos de relação estrutura atividade (QSAR)
mostraram que a inibição da recaptura é proporcional à distância entre grupos aminos dos
substituintes amidino. Outro mecanismo proposto é a inibição direta da S-adenosilmetionina
descarboxilase (SAMDC), enzima envolvida na biossíntese da espermidina (Reguera et al.,
2005). O mecanismo de resistência pode estar associado a um decréscimo do potencial da
membrana mitocondrial com redução do acúmulo do fármaco em terapias prolongadas
(Mukherjee et al., 2006).
1.4.5 Outras drogas (paromomicina, azitromicina, compostos azóis, alopurinol).
A paromomicina (Figura 6), um antibiótico aminoglicosídeo, também chamado
aminosidina, é produzido pelo Streptomyces rimosus, e utilizado em infecções bacterianas. Já
demonstrou capacidade de inibir o crescimento de diversos microorganismos, inclusive
protozoários do gênero Leishmania (Iraji & Sadeghinia, 2005). Esta tem sido usada no
tratamento da LV humana, principalmente na África e Europa (Chunge et al., 1989) e a
combinação paromocinina e estibogluconato de sódio elevou a taxa de cura acima de 82%
(Berman, 1997). A atividade da formulação hidrofílica de paromomicina foi avaliada no
tratamento tópico de infecções por L. amazonensis e L. braziliensis em camundongos e
__________________________________________________________________Introdução
29
mostrou ser efetiva na cura da lesão quando comparada aos antimoniais (Gonçalves et al.,
2005). Por isso é uma alternativa promissora no caso de resistência aos compostos
antimoniais (Amato et al., 2000; Poli et al., 1997).
Embora apresente baixa toxicidade, pode apresentar nefrotoxicidade e ototoxicidade
(Poli et al., 1997). Além disso, ainda é desconhecida sua eficácia sobre os parasitos (Croft,
1997; Armijos et al., 2004). É um fármaco de uso parenteral, podendo ser administrado em
associação com os antimoniais, porém não apresenta testes conclusivos (Guerin et al., 2002).
O mecanismo de resistência em bactérias dá-se pela inibição da síntese de proteínas
relacionadas às sub-unidades do RNA ribossomal (rRNA). Este mecanismo tem sido relatado
também para Leishmania. Ribossomas mitocondriais e indução da disfunção respiratória e
despolarização da membrana têm sido implicadas (Maarouf et al., 1997).
Em estudos de seleção populacional de promastigotas, a resistência foi relatada devido
a diminuição rápida da droga em L. donovani (Maarouf et al., 1998), mas isto não parece ser
devido a modificações enzimáticas ou mutações no gene da sub-unidade menor do rRNA de
Leishmania tropica (Fong et al., 1994). Com a introdução futura da paromomicina, são
necessários mais estudos para definir os mecanismos de ação e resistência em Leishmania.
A azitromicina foi desenvolvida no final dos anos 80 e utilizada no tratamento de
infecções bacterianas como uretrites não-gonocócicas, tracomas, ateroescleroses, úlcera
péptica, infecções gastro-intestinais e infecções do trato respiratório. Além disso, tem sido
usada sobre protozoários como Leishmania sp, Plasmodium sp e Toxoplasma gondii (Pechère,
2001). É um fármaco que atinge altas concentrações intracelulares quando comparada a outros
antibióticos como a penicilina e possui fatores moduladores que podem regular esta
__________________________________________________________________Introdução
30
concentração no interior das células (Prata et al., 2003; Silva-Vergara et al., 2004). Possui
uma boa capacidade de penetração nos tecidos, sendo o tratamento limitado de 3 a 5 dias.
Os azóis, outra classe de antifúngicos têm sido avaliados quanto sua atividade
leishmanicida, e têm demonstrado serem efetivos no tratamento das leishmanioses cutâneas
(Alrajhi et al., 2002). São representados pelos imidazóis, que incluem o cetoconazol,
itraconazol, fluconazol e as alilaminas (terbinafina).
A terbinafina é um inibidor do metabolismo de esteróis e por isso pode provocar
efeitos colaterias mais importantes. Ela age através da inibição da enzima escaleno epoxidase.
Seu efeito foi menos eficaz do que o cetoconazol e o itraconazol para a LT em humanos
(Khalil et al., 1996, Bahamdan et al., 1997).
O cetoconazol, itraconazol e fluconazol são inibidores do metabolismo do ergosterol e
foram submetidos a vários ensaios para LV e LC com resultados controversos. O cetoconazol
em doses de 200 a 400 mg/dia obteve cura de 70% para L. major e foi ineficaz para L. tropica
e L. aethiopica (Weinrauch et al., 1987). O mecanismo de ação destes compostos baseia-se na
inibição da síntese de ergosterol mediada pela citocromo P
450
oxidase. Assim, não ocorre a
conversão de lanosterol em ergosterol, com a depleção conseguinte de ergosterol, acúmulo de
precursores e perda da integridade da membrana. Os derivados imidazólicos e triazólicos
inibem o metabolismo de outros compostos devido sua interferência em diferentes isoenzimas
do complexo citocromo P
450
humano. O resultado é um potencial aumentado dos níveis
plasmáticos de outros fármacos facilitando a aparição de efeitos adversos (Colombo et al.,
2002; Sant’ana et al., 2002).
O aluporinol, um análogo da hipoxantina, inibe o catabolismo das purinas em
mamíferos e o anabolismo em patógenos do gênero Leishmania. Este fármaco apresenta
atividade citotóxica seletiva aos parasitos, devido à incapacidade destes em sintetizar purinas,
necessitando, portanto de purinas pré-formadas do hospedeiro para a sua sobrevivência (Singh
& Sivakumar, 2004). Embora o alupurinol seja pouco eficaz como terapia isolada no
tratamento da LC (Berman, 1997), o aumento da eficácia foi observado, quando utilizado em
combinação com outras drogas (Pasa et al., 2005). É um substrato para várias enzimas da via
das purinas e incorpora-se ao ácido nucléico do parasito. Na LV e LC foi ineficaz quando
usado isoladamente. Inibe a xantina oxidase e a produção de reativos do oxigênio úteis na
eliminação dos parasitos, o que explica a pouca eficácia quando usado isolado (Sampaio et
al., 1997). Na Colômbia a associação de alopurinol ao NMG mostrou-se superior ao NMG
isolado na LC (36% e 74%, respectivamente) (Martinez et al., 1992). A associação de
alopurinol ao SGS foi superior ao SGS isolado no tratamento da LC (71% e 39%,
respectivamente) (Martinez et al., 1997). No Iran, estudo comparando a eficácia de NMG
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31
8mg SbV/kg/dia durante 14 dias, alopurinol 15mg/kg/dia durante 21 dias e NMG associado
ao alopurinol concluiu que a associação foi superior às drogas usadas isoladas (24%, 18% e
46%, respectivamente) (Esfandiarpour & Alair, 2002). O NMG associado ao alopurinol foi
eficaz em pacientes com LC refratária no Iran (Momeni & Amijavaheri, 2003).
1.5 Busca por novos agentes antiparasitários
O uso empírico de plantas medicinais pela população tem demonstrado que caule,
raízes, folhas, sementes e frutos de plantas apresentam eficácia na cura para diversos males,
suscitando assim grande interesse no estudo científico. Nos últimos anos, as plantas tornaram-
se uma importante fonte de produtos naturais biologicamente ativos, 25% dos medicamentos
do mercado farmacêutico possuem extratos em sua composição, alguns dos quais têm sido
usados como matéria-prima de fármacos semi-sentéticos (Bergmann et al., 1997).
A observação das propriedades terapêuticas de produtos naturais tem levado à
pesquisa dos compostos ativos de várias espécies vegetais, metabólitos secundários tais como
alcalóides, terpenóides, flavonóides considerados no passado como inativos, são hoje
ferramentas importantes no tratamento e investigação clínica. Compostos que estimulam o
sistema imune são úteis quando usados como adjuvantes no tratamento de certas doenças
causadas por fungos, bactérias e protozoários, como na leishmaniose. Neste caso, estudos
químicos e imunofarmacológicos tem sido realizado com intuito de encontrar novos
compostos menos tóxicos, economicamente mais viáveis de efeito específico e que reverta à
resistência do parasito aos fármacos (Bergmann et al., 1997).
Os avanços na bioinformática, associados ao seqüenciamento do genoma dos
parasitos, permitem identificar novas moléculas e vias bioquímicas e distinguir diferenças
moleculares entre parasito e hospedeiro (Croft, 1997; Davis et al., 2004).
Um dos grandes problemas para o desenvolvimento de novos fármacos ocorre no
momento da interpretação das diferenças e identificação do alvo que se tornará válido para a
ação do fármaco (Croft, 1997). Por exemplo, os estudos têm atentado para fármacos de ação
antiparasitária que possam se acumular no interior das células. Além disso, deve ser dada
atenção às características físico-químicas do fármaco, pois são estas que irão interferir
diretamente na sua biodisponibilidade (Croft, 1997).
Na procura por drogas contra Leishmania, compostos que foram testados com sucesso
contra outros protozoários podem propiciar uma atividade leishmanicida. Este é o caso da
buparvaquona, uma hidroxinaftoquinona que é comumente utilizada no tratamento contra a
Theileria em bovinos (Garnier et al., 2007). Esta molécula apresentou uma atividade
__________________________________________________________________Introdução
32
leishmanicida marcante quando aplicada topicamente nas lesões cutâneas e também quando
administrada parenteralmente para controlar a forma visceral. Outra classe de compostos
recentes os cis-DDP (ou cisplatina), com atividade antitumoral, foram recentemente testados
contra L. infantum apresentando atividade tanto contra formas promastigotas quanto
amastigotas por mecanismo semelhante a apoptose (Tavares et al., 2007). Similarmente, Sen
et al., (2007) utilizando o antimalárico artemisinina também observaram o desencadeamento
de apoptose em L. donovani. Estes trabalhos recentes demonstram a importância atual da
procura de drogas antileishmania à partir de fármacos já existentes.
Neste trabalho, dentro da busca de novos fármacos, pretendemos testar moléculas
derivadas do propranolol que apresentaram atividade prévia contra T. cruzi. As drogas
sintéticas catiônicas, os bloqueadores -adrenérgicos, como por exemplo, pindolol,
acebutalol, alprenolol e o propranolol que apresentam a cadeia oxipropanolamínica,
mostraram atividade contra formas tripomastigotas do T. cruzi (Hamond et al., 1984). O β-
bloqueador adrenérgico propranolol apresentou atividade esterilizante in vitro contra as
formas tripomastigotas das cepas Peru, Sonya e Y do T. cruzi e foi escolhido como protótipo
para obtenção dos derivados.
1.6 O método tradicional de testes de drogas
Vários ensaios são realizados para a avaliação da susceptibilidade de formas
promastigotas e amastigotas de Leishmania spp a fármacos. Os dois estágios possuem
diferenças bioquímicas, sendo que as promastigotas são menos susceptíveis a fármacos que as
amastigotas. Experimentos realizados com amastigotas intracelulares se correlacionam melhor
com a resposta in vivo. Isso ocorre devido ao fato da forma amastigota ser aquela encontrada
no hospedeiro vertebrado (Fumarola et al., 2004). Entretanto, para se fazer uma triagem de
moléculas contra protozoários intracelulares várias dificuldades são encontradas na
implementação de um modelo de testes de drogas. No caso de Leishmania, existe um método
tradicional que é muito laborioso e não automatizado já utilizado há muitos anos. Ele consiste
na avaliação do crescimento intracelular das amastigotas em macrófagos após a administração
da droga. Estes macrófagos são obtidos da cavidade peritoneal de camundongos após
estimulação com tioglicolato (3%) e colocados para aderir a lamínulas em placas de cultura.
Feito isto, eles são infectados com o parasito antes da incubação com as drogas teste. A
atividade é medida através da contagem da porcentagem de células infectadas e do número de
amastigotas por 50-300 macrófagos (Berman & Lee, 1984; Neal & Croft, 1984; Sereno et al.,
2005; Moraes-Teixeira et al., 2008). Este método envolve uma contagem de um grande
__________________________________________________________________Introdução
33
número de células e exige um profissional bem treinado. Entretanto, a variação individual do
experimento poderia ser minimizada com o desenvolvimento de métodos semi-automatizados.
Em malária, também existe um teste tradicional que se baseia na contagem de
eritrócitos contendo o Plasmodium falciparum (Rieckmann et al., 1978). Este método foi
semi-automatizado utilizando um marcador radioativo, a hipoxantina tritiada. Este precursor
de ácido nucléico incorpora-se no DNA dos trofozoítos, uma vez que estes parasitos
encontram-se em hemácias que não possuem núcleo (Desjardins et al., 1979). Este teste é
bastante eficaz e têm auxiliado a triagem inicial de várias moléculas, permitindo um
direcionamento para os testes in vivo em camundongos reduzindo gastos técnico-operacionais.
Contudo, o método da hipoxantina não pode ser usado em Leishmania, pois este precursor
também seria incorporado ao DNA dos macrófagos. Este método apresenta a desvantagem de
produzir lixo radioativo. Em recente trabalho (Sanches et al., 2007) desenvolveram uma
metodologia que utiliza P. falciparum transfectados com a GFP para substituir tanto o método
da hipoxantina quanto o tradicional. Para viabilizar a semi-automatização do teste de drogas
em Leishmania no futuro, a produção de cepas de Leishmania GFPs é um dos principais
objetivos de nosso trabalho. Com o advento da biotecnologia, desenvolvimento de
ferramentas moleculares e de aparelhos mais sensíveis, esta possibilidade torna-se mais
viável. Uma delas seria a aplicação da tecnologia do gene reporter.
1.7 A tecnologia do gene repórter
1.7.1 Sistemas colorímetricos
O gene repórter consiste em uma sequência de nucleotídeos, que introduzida em um
sistema biológico, produz a expressão de um fenótipo que pode ser detectado. É um
parâmetro conveniente que correlaciona eventos moleculares com a expressão genética
(Wood, 1995). Embora novos genes repórteres sejam introduzidos a cada ano, são poucos os
utilizados rotineiramente. Sua escolha deve ser criteriosa, pois dependerá da linhagem celular,
da natureza do experimento, e da adaptação do ensaio para sua detecção, levando-se em conta
a conveniência, sensibilidade, linearidade, simplicidade e dinâmica (Naylor, 1999).
Os genes repórteres colorimétricos mais empregados são: β-galactosidase,
cloranfenicol acetiltransferase (CAT) e fosfatase alcalina. A CAT foi o primeiro gene repórter
utilizado no monitoramento da atividade celular transcricional. É uma enzima bacteriana que
catalisa a transferência do grupo acetil da acetil-coenzima A, para o substrato, o cloranfenicol.
A principal vantagem do sistema que emprega CAT decorre do fato de se tratar de uma
__________________________________________________________________Introdução
34
enzima procariótica que apresenta uma atividade endógena mínima em células de mamíferos
(Lin & Barbosa, 2002). Além disso, CAT apresenta uma meia-vida de cerca de 50h em
células de mamíferos e essa estabilidade pode ser satisfatória para experimentos de
transfecção transitória. Por outro lado, os ensaios são trabalhosos e longos, o substrato
radioativo necessário para a maioria dos experimentos é caro e a sensibilidade do método é
inferior àquela exibida por outros sistemas repórteres desenvolvidos mais recentemente
(Naylor, 1999).
A enzima β-galactosidase é uma enzima bacteriana bem caracterizada e representa um
dos sistemas repórteres mais versáteis. Sua atividade pode ser mensurada por métodos
colorimétricos ou quimioluminescentes. A clivagem do substrato (várias formas de
galactosídeos) pela enzima produz uma solução de coloração amarela, detectada a 420 nm no
espectrofotômetro. No ensaio quimioluminescente, mediante substratos específicos, a
atividade da enzima é refletida pela quantidade de emissão luminosa registrada por um
luminômetro. Esse ensaio chega a ser 50.000 vezes mais sensível que o colorimétrico. A
expressão da β-galactosidase é usada como um sistema repórter para caracterizar seqüências
regulatórias, mas é também frequentemente adotada como um controle interno para
normalizar a variabilidade de outros ensaios repórter, notadamente CAT e luciferase (Hollon
& Yoshimura, 1989).
O gene da fosfatase alcalina secretada (SEAP) codifica uma forma de fosfatase
alcalina placentária humana, caracterizada pela ausência do domínio de ancoragem à
membrana. Isso confere a propriedade de ser secretada pelas células e a vantagem de ser
quantificada a partir de alíquotas do meio de cultura de células previamente transfectadas. O
emprego da proteína SEAP oferece inúmeras vantagens: múltiplos tratamentos podem ser
aplicados às células, uma vez que elas permanecem intactas após as medidas da atividade do
gene repórter, pode-se acompanhar a cinética de expressão gênica a partir de uma mesma
cultura e não é necessário preparar lisados de células (Naylor, 1999). Porém, o ensaio não
deve ser realizado em tipos de células que expressam baixos níveis de fosfatase alcalina
placentária (pulmão, testículo, epitélio do colo uterino). Ainda, espera-se que o desenho
experimental não altere a capacidade secretora das células-alvo.
1.7.2 Sistemas luminescentes e fluorescentes
Os genes repórteres mais empregados nesta modalidade incluem: luciferase e a
proteína verde fluorescente (GFP). A luciferase refere-se à família de enzimas que catalisam
uma reação de bioluminescência que requer a luciferina como substrato, ATP, Mg
2+
e O
2
.
__________________________________________________________________Introdução
35
Na presença desses reagentes e mediante a ação da luciferase das células, ocorrerá uma reação
de oxidação da luciferina (i e ii) com emissão de um flash de luz que decai rapidamente que
pode ser detectado por um luminômetro (Wood, 1995). A emissão total de luz é proporcional
à atividade da luciferase na amostra que, por sua vez, reflete a taxa de transcrição do gene
repórter sob ação do promotor em estudo. Este sistema tem algumas vantagens quando
comparado ao sistema CAT usualmente empregado: apresenta uma sensibilidade 10 a 100
vezes superior (Pazzagli, 1992), o processamento das amostras é bem mais rápido, não requer
o uso de isótopos, é relativamente mais barato e, apresenta atividade endógena baixa em
células de mamíferos. Por ser sensível à degradação por proteases, a meia-vida da enzima
luciferase é de cerca de 3h em células de mamíferos. Essa característica favorece o emprego
desse sistema quando pretende estudar sistemas indutíveis, em que os aumentos observados
em relação aos níveis de expressão basal necessitam ser maximizados. Os ensaios de
luciferase aplicam-se a estudos tanto in vitro quanto in vivo. A atividade da enzima pode ser
detectada em células vivas, in situ, quando se usam substratos de luciferase solúveis (ésteres
de luciferina) capazes de atravessar a membrana plasmática. (Thompson et al., 1991).
A descoberta e clonagem do gene GFP em 1991 da água-viva Aequorea Victoria
possibilitou a expressão desta proteína em sistemas heterólogos (Chalfie, 1995). A proteína
GFP, quando expressa em células procarióticas ou eucarióticas, produz uma fluorescência
verde após a excitação das células por luz azul ou UV (Misteli & Spector, 1997). Essa
propriedade intrínseca da proteína permite que esse sistema seja bastante apreciado para
avaliar a expressão de genes. GFP tem como característica principal ser uma proteína
autofluorescente, propriedade que não requer a presença de nenhum co-fator ou subtrato para
a geração de luz (510 nm). A grande vantagem da GFP é que há ausência de lise celular,
possibilitando o monitoramento não invasivo da expressão do gene em tecidos vivos.
Neste sentido, uma série de trabalhos produziu várias cepas de parasitos transfectados
com genes repórteres. Dentre as espécies do Velho Mundo podemos destacar L. infantum e L.
donovani transfectadas com luciferase episomal (Sereno et al., 2001; Gupta et al., 2005), L.
major e L. donovani transfectadas com luciferase em plasmídeo de integração genômica (Roy
et al., 2000), L. major e L. donovani transfectadas com o gene GFP (Ha et al.,1996), L.
donovani e L. infantum com GFP episomal GFP (Singh & Dube, 2004; Kamau et al., 2001).
Dentre as espécies do Novo Mundo temos L. amazonensis episomal (Chan et al., 2003;
Okuno et al., 2003).
É possível notar que a produção de cepas de Leishmania fluorescentes inclui em sua
maioria espécies do Velho Mundo. Apenas L. amazonensis está disponível dentre as cepas do
Novo Mundo. Aqui no Brasil, as espécies mais prevalentes além desta última incluem L.
__________________________________________________________________Introdução
36
chagasi, L. braziliensis e L. guyanensis. A principal vantagem da metodologia de transfecção
de integração genômica é que ela baseia-se na incorporação do gene repórter no DNA
genômico do parasito, sendo, portanto, estável. Na transfecção episomal, a célula tende a
expulsar o vetor, sendo necessária a manutenção do parasito sob constante pressão do
antibiótico cujo gene de resistência está presente na seqüência do plasmídeo (Cruz et al.,
1991). Com a integração no genoma, isto não seria mais necessário o que é uma vantagem
importante considerando a possibilidade de haver similaridade de moléculas a serem testadas
com o antibiótico seletivo levando a resistência cruzada. Neste trabalho, utilizaremos uma
metodologia de transfecção de integração genômica (Beverley & Clayton, 1993).
1.8 Justificativa
Devido às dificuldades de controlar as Leishmanioses, faz-se necessário o
desenvolvimento de métodos de busca de novas drogas mais eficazes. A técnica de teste de
drogas chamada de método tradicional, já vem sendo realizada desde a década de 80. Nesta, é
realizada a avaliação da susceptibilidade de drogas contra o parasito intracelular in vitro. Até
o momento não surgiu nenhuma outra metodologia que a superasse ou substituísse. Com o
propósito de aplicar e aprimorar tais técnicas o presente projeto busca a criação de várias
espécies de Leishmania fluorescentes através da inserção do gene da GFP. Para avaliar o
sucesso da transfecção com este gene neste trabalho avaliou-se alguns parâmetros biológicos
das cepas transfectadas comparando-as com as cepas selvagens. Já para L. amazonensis (cepa
PH8), foi avaliado o impacto da transfecção na susceptibilidade às drogas padrões (SbV e
AmB), bem como moléculas teste (derivados do propranolol).
___________________________________________________________________Objetivos
37
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Transfectar espécies de Leishmania com o gene da proteína verde fluorescente e avaliar o uso
potencial de L. amazonensis GFP no teste quimioterápico tradicional.
2.2 Objetivos específicos
2.2.1 Transfectar as espécies L. amazonensis, L. braziliensis, L. chagasi, e L. guyanensis com
o gene da GFP;
2.2.2 Comparar os parasitos WT e GFP através da microscopia laser confocal e citometria de
fluxo;
2.2.3 Avaliar a curva de crescimento das formas promastigotas de L. amazonensis selvagem e
GFP e sua infectividade para macrófagos murinos;
2.2.4 Avaliar a susceptibilidade de L. amazonensis selvagem e GFP frente aos agentes
leishmanicidas de uso corrente (Anfotericina B e Glucantime®);
2.2.5 Avaliar a susceptibilidade de L. amazonensis selvagem e GFP frente amoléculas
derivadas do propranolol.
___________________________________________________________Materiais e Métodos
38
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Cepas e cultura de Leishmania
Os parasitos utilizados nesse trabalho são cepas de Referência da Organização
Mundial de Saúde e pertencem às espécies de maior importância médica no Brasil:
Leishmania (Leishmania) amazonensis (IFLA/BR/1967/PH8);
Leishmania (Viannia) braziliensis (MHOM/BR/1975/2903);
Leishmania (Leishmania) chagasi (MHOM/BR/1970/BH46);
Leishmania (Viannia) guyanensis (MHOM/BR/1975/M4147).
Os parasitos foram cultivados em Meio M199 (Sigma), acrescido de 10% de Soro
Fetal Bovino (SFB) (Cultilab), penicilina (100U/ml) (Invitrogen), streptomicina (100 g/ml)
(Invitrogen), glutamina (12,5 mM) (Sigma), Hepes (40 mM) (Amresco), adenina (0,1 mM)
(Sigma) e 2,5 g/ml hemina (Sigma) (Soares et al., 2002). Os parasitos foram mantidos em
garrafas para cultivo de células (em poliestireno, área de crescimento de 25 cm
2
, 50 ml,
estéril, com tampa de rosca e gargalo inclinado) em estufa BOD (FANEM, modelo 347CD) a
26ºC. Para a manutenção dos parasitos eram realizados repiques semanais.
3.2 Transfecção dos parasitos
3.2.1 Plasmídeo B5793
O plasmídeo contendo o gene da GFP (piR1Phleo-GFP+(a)(sense) (Figura 7) foi
cedido pelo Dr. Stephen M. Beverley da Washington University, St. Louis (USA). Este
plasmídeo possui o tamanho de 9107 pares de base (pb). Nele existem dois sítios de restrição
para a enzima SwaI que divide a sequência circular em dois fragmentos. O primeiro de
aproximadamente 6000 pb contendo as sequências: SSU’ (small subunit RNA gene in rDNA
locus – subunidade pequena do gene no locus do DNA ribossomal) de L. major, GFP, CYS2 e
LPG1R, o gene de resistência para a Fleomicina e finalmente a outra região SSU’. As duas
regiões SSU’ promoverão a integração no DNA genômico da Leishmania na região do rDNA
por homologia. O segundo fragmento (3000 pb) contém a sequência do gene de resistência
para a ampicilina e inicialmente utilizado para selecionar as bactérias transformadas.
___________________________________________________________Materiais e Métodos
39
3.2.2 Clonagem e produção dos plasmídeos
Os plasmídeos foram transformados utilizando bactérias competentes Escherichia coli
TOP10 segundo Nishimura et al., (1990). As células foram colocadas para crescer em tubos
de 50 ml contendo LB (triptona a 1%, extrato de levedura a 0,5%, NaCl a 0,5%) líquido sob
agitação (1 h, 37 ºC). Posteriormente, as bactérias transformadas foram plaqueadas em placas
de Petri (100 x 20 mm) contendo LB/agar (1,8%) com a pressão seletiva de ampicilina
(100 g/mL).
Foram selecionadas aleatoriamente quatro colônias que foram crescidas em 5 ml em
meio LB acrescido de ampicilina (100 g/mL) sob agitação (37 ºC). Foi realizada a
purificação do plasmídeo por mini-prep (Qiagen). O produto foi submetido a digestão
enzimática com SwaI (New England) (25 ºC, 16 h) e os fragmentos de tamanhos esperados
(6000 e 3000 pb) resolvidos em gel de Agarose a 1%. As bactérias contendo o inserto foram
novamente colocadas para crescer em 200 mL de LB para posterior extração por midi-prep
(Qiagen). A digestão com SwaI foi repetida e em seguida foi realizado um tratamento com
fosfatase alcalina (Promega) para eliminar os grupos fosfatos e evitar junção das extremidades
dos fragmentos. Para a retirada do sal, foi utilizado o kit DNA and Band Purification (GE).
Assim obtivemos os fragmentos linearizados para a eletroporação. O fragmento de 6000 pb é
o único que possui a sequência de integração SSU’ enquanto o fragmento de 3000 pb será
___________________________________________________________Materiais e Métodos
40
eliminado durante a transfecção. Ambos os fragmentos serão colocados em contato com os
parasitos, porém só o de 6000 pb possui a capacidade de integrar-se ao DNA.
3.2.3 Eletroporação de Leishmania spp
Formas promastigotas em fase logarítmica (4-6 x 10
6
/mL) foram centrifugadas a
2100g por 10 minutos. Posteriormente foram lavadas em PBS e centrifugadas. Foram
ressuspendidas em tampão Cytomix (KCl a 120 mM, CaCl
2
a 0,15 mM, K
2
HPO
4
a 10 mM,
Hepes a 25 mM, EDTA a 2 mM e MgCl
2
a 5 mM, pH 7.6) (Segawa et al., 2005). Cerca de 2 x
10
8
células foram utilizadas na transfecção para cada uma das quatro espécies sendo
colocadas em cubetas BTX de 0,4 cm
3
. Nestas cubetas foram adicionados 10 µg do plasmídeo
B5793 digerido e os parasitos eletroporados a 1500 V por duas vezes com um intervalo de 10
seg. entre o primeiro e o segundo choque elétrico (Beverley & Clayton, 1993; Descoteaux et
al., 1994).
3.2.4 Clonagem de Leishmania
Após a transfecção os parasitos foram plaqueados em meio semi-sólido contendo ágar
nobre (1%) em meio M199 contendo o antibiótico seletivo fleomicina (10 µg/mL) (Sigma).
Posteriormente, após o crescimento das colônias, os mesmos foram coletados e plantados em
meio líquido M199 (Ha et al., 1996).
3.3 Avaliação da produção de fluorescência por Microscopia laser confocal - MLC
Para verificar a produção da proteína GFP pelos parasitos transformados foi realizada
a vizualização no microscópio laser confocal. Os parasitos da cultura (1 x 10
6
/mL) foram
centrifugados em microtubos (1,5 ml) e lavados 3 vezes em PBS. As promastigotas foram
colocadas na câmara Attofluor Cell Chamber (Molecular Probes) devidamente montadas com
lamínulas circulares de 25 mm (Fisher) e acopladas ao MLC Zeiss LSM 510. Para a detecção
de fluorescência as amostras foram expostas ao laser 488 nm (Argônio) e a fluorescência
captada em um filtro Band-Pass 505 e 530 nm. As imagens foram armazenadas em meio
eletrônico.
___________________________________________________________Materiais e Métodos
41
3.4 Parâmetros de tamanho e granulosidade celular - Citometria de fluxo - FACS
Para comparar a fluorescência das promastigotas selvagens e GFPs, os parasitos (1 x
10
6
células/mL) foram lavados 1 X em PBS e levados ao citômetro de fluxo (Becton
Dickinson). Os parâmetros de excitação e detecção foram de 488 e 520 nm, respectivamente.
O número de eventos durante a contagem de células foi de 10.000, a medida da fluorescência
determinada em unidades de fluorescência (FU) e gerados os índices médios de fluorecência
(IFM) que foram comparados com os controles não transfectados (Ha et al., 1996). Os dados
gerados foram catalogados e analizados pelo programa CellQuest (Becton Dickinson).
3.5 Avaliação Biológica
3.5.1 Curvas de crescimento em meio M199
Para comparar o perfil de crescimento das formas promastigotas entre a cepa WT e
GFP, os parasitos foram semeados em triplicata na concentração inicial de 1 x
10
5
parasitos/mL. As culturas foram contadas diariamente em câmara de Neubauer durante
um período de 9 dias.
3.5.2 Obtenção de macrófagos murinos
O próximo passo foi avaliar se a fluorescência observada nas promastigotas
permaneceria após a transformação em amastigotas intracelulares. Os macrófagos peritoneais
(MØs) foram obtidos de camundongos BALB/C fêmeas de 6 semanas. Nestes, foram
injetados 2 ml de tioglicolato de sódio (3%) via intraperitoneal. Após 72 horas os
camundongos foram eutanasiados em câmara de CO
2
, mergulhados em álcool 70% para
desinfecção e imobilizados na posição decúbito dorsal. Após a exposição da cavidade
peritoneal, os macrófagos foram coletados após injeção de 5 ml de Meio RPMI 1640 (Sigma)
sem soro. A suspensão celular foi recolhida com seringa e centrifugada (10 min, 150g, 4 C).
O sobrenadante foi descartado e o pellet ressuspendido em RPMI com 10% de SFB. (Morais-
Teixeira et al., 2008; Sereno et al., 2005; Berman et al., 1984). Os macrófagos foram então
expostos às formas promastigotas de L. amazonensis (1:10) conforme descrito abaixo.
O procedimento de obtenção de macrófagos murinos está de acordo com os Princípios
Éticos na Experimentação Animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação
___________________________________________________________Materiais e Métodos
42
Animal (COBEA) e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA-FIOCRUZ)
segundo a licença L-004/08.
3.5.3 Infecção de macrófagos
Formas promastigotas oriundas de cultura de L. amazonensis WT e GFP em fase
estacionária foram centrifugadas a 2100 g (25ºC, 10 min). Foram ressuspendidas em meio
RPMI com 10% SFB (2 x 10
6
células/mL) e aplicadas sobre os macrófagos (10:1). Após 5
horas de interação o sobrenadante contendo os parasitos livres foram removidos com meio
RPMI sem soro.
3.6 Teste quimioterápico tradicional
3.6.1 Plaqueamento dos macrófagos
Os macrófagos peritoneais foram contados em câmara de Neubauer e sua viabilidade
determinada por Azul de Trypan (1%). Foram plaqueados (2 x 10
5
células/mL) em placas de
24 poços contendo lamínulas de 13mm. As células foram incubadas na estufa (ULTRASAFE,
modelo HF212 UV) (37
o
C, 5% CO
2
) durante a noite para adesão das células.
3.6.2 Exposição à Anfotericina B e Glucantime
Para comparar as susceptibilidades dos parasitos GFP e WT foram utilizadas as duas
drogas de uso corrente para o tratamento da leishmaniose: Antimoniato de N-metilglucamina
(Glucantime®-Aventis) e a Anfotericina B (Sigma). Para determinar a curva dose-resposta
para posterior cálculo do IC
50
foram utilizadas 5 concentrações para cada droga. Para o
Glucantime estas concentrações foram 400, 200, 100, 50 e 25 µg/mL e para a Anfotericina B
foram 1; 0,5; 0,25; 0,12 e 0,06 µg/mL (Moraes-Teixeira et al., 2008).
3.6.3 Exposição às moléculas derivadas do Propranolol
Para validar a utilização do clone GFP de L. amazonensis foram testadas as 10
moléculas sintetizadas a partir do Propranolol e identificadas por UFOP 1, 2a, 2b, 3, 4a, 4b,
5a, 5b, 5c e 5d. As concentrações utilizadas para cada uma destas moléculas foram de 50; 25;
___________________________________________________________Materiais e Métodos
43
12,5; 6,25; e 3,1 µg/ml. Para avaliar as infecções, controles sem a adição de drogas foram
utilizados.
Todas as amostras foram aplicadas em poços independentes durante 3 dias e
acondicionados em estufa (ULTRASAFE, modelo HF212 UV) (37 ºC, 5% de CO
2
). Após 72
horas de exposição a estas moléculas, as lamínulas foram coletadas e coradas pelo método
Panótico rápido (Laborclin) e posteriormente montada com Entellan® (Merck) sobre lâmina
de vidro. Em cada ensaio era realizado o controle positivo (4 poços), no qual continha apenas
os macrófagos infectados sem a adição de molécula. Para as drogas testadas cada
concentração foi realizada em duplicata (2 poços independentes). A porcentagem de
macrófagos infectados foi determinada através de análise em microscopia óptica (Moraes-
Teixeira et al., 2008).
Para a plotagem das curvas e cálculo dos valores de IC
50
(concentração inibitória de
50%) foi utilizado o programa Microcal, Origin Software (Northampton, MA, USA) (Soares
et al., 2006; Cunico et al., 2006, Oliveira et al., 2008).
3.7 Síntese dos derivados do propranolol
Esta parte foi realizada em colaboração com a Dra. Célia Maria Ferreira da Escola de
Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto.
Na busca de novas drogas contra T. cruzi foi proposta a síntese de análogos do
propranolol com o intuito de estudar a relação entre suas estruturas químicas e a atividade
tripanosomicida. A síntese dos análogos baseou-se na metodologia utilizada para a obtenção
de -bloqueadores (Kaiser et al., 1977). A síntese consistiu na reação do sal de potássio do
naftol, gerado in situ seguido pela adição de epicloridrina. Na sequência, o epóxido I sofre
abertura do anel oxirano com as seguintes aminas: isopropilamina, dimetilamina, piperidina e
morfolina, como mostrado na Figura 8.
___________________________________________________________Materiais e Métodos
44
Foram sintetizadas 7 substâncias, sendo que os cloridratos de 1-naftiloxi-2-propanol-3-
piperidina e 1-naftiloxi-2-propanol-morfolina apresentaram atividade in vitro contra as formas
tripomastigotas do T. cruzi, nas concentrações de 366 g/ml e 752 g/ml, respectivamente
(Teixeira et al., 2001).
Os análogos fenoxipropanolaminas foram sintetizados por estratégia de simplificação
do anel naftol do propranolol e com a introdução de grupos doadores e retiradores de elétrons
(X= H, Cl, OMe e NO
2
) na posição para do anel variando-se o grupo N-isopropila pelas
aminas: piperidina e morfolina, como mostrado na Figura 9.
___________________________________________________________Materiais e Métodos
45
Os análogos e seus sais foram sintetizados e a elucidação estrutural confirmada por
análise de RMN
1
H e de
13
C.
O propranolol e seu cloridrato, juntamente com os derivados p-cloro, metoxi e nitro-
fenoxipropanol isopropilamina retem a atividade antagonista adrenérgica -bloqueador (Main
& Tucker, 1985). A substituição do grupo isopropilamina do propranolol ou dos derivados
fenoxi por grupos heterocíclicos, tais como, piperidina ou morfolina foram propostas com o
intuito de avaliar se a introdução desses grupos provocam perda da atividade antagonista -
bloqueadora e consequentemente poderiam ser avaliados seus potenciais tripanosomicida e
leishmanicida. As estruturas químicas de cada uma das moléculas testadas para avaliação de
sua atividade leishmanicida estão apresentadas abaixo (Figuras 10 e 11).
___________________________________________________________Materiais e Métodos
46
___________________________________________________________Materiais e Métodos
47
3.8 Análise estatística
Para as análises estatísticas foi utilizado o programa estatístico SAS (SAS System,
1999). Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov
para verificação de normalidade dos erros, sendo considerados com distribuição não normal,
portanto foram utilizados testes não paramétricos para a comparação dos dados. O teste de
Wilcoxon foi o escolhido para comparação de duas amostras independentes e utilizado em
todo o trabalho. Foi considerado um nível de significância de 1% para amostras
independentes. O valor de P<0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
__________________________________________________________________Resultados
48
4 RESULTADOS
4.1 Digestão do plasmídeo B5793
Para linearizar o plasmídeo B5793 foi realizada digestão com a enzima SwaI. Como
pode ser observada na Figura 12 houve a divisão do fragmento como esperado, por este
possuir dois sítios de restrição para esta enzima. Assim, após a corrida eletroforética de uma
alíquota do material processado foram visualizados em gel de agarose 1% após ser corado
com brometo de etídio os 2 fragmentos (3000 e 6000 pb). O fragmento maior de 6000 pb é o
que contém as sequências dos genes da proteína verde fluorescente (GFP) e de resistência a
Fleomicina.
4.2 Detecção da expressão da proteína GFP nas formas promastigotas
A detecção da fluorescência das formas promastigotas foi avaliada ao MLC (488 nm).
Foi possível observar a expressão da GFP nas quatro espécies transfectadas (Figuras 13 A-D).
Como esperado nos parasitos selvagens não foi observada fluorescência (Figuras 13 E-F).
__________________________________________________________________Resultados
49
4.3 Parâmetros de tamanho e granulosidade celular - Citometria de fluxo (FACS)
Os parâmetros de tamanho e granulosidade na citometria de fluxo foram utilizados
para avaliação biológica da transfecção. Diante dos dados coletados foi observado que não
houve alteração nestes parâmetros comparando as cepas WT e GFPs de cada espécie estudada
(Figuras 14 e 15). A emissão de fluorescência das cepas WT e GFP foi comparada pela
quantificação da fluorescência emitida no Citômetro de Fluxo. Ao comparar a emissão de
fluorescência, todas as espécies apresentaram distribuição normal (Método Kolmogorov-
Smirnov, P<0,001), cujos coeficientes de discriminação variaram de 62% para L. braziliensis
a 89% para L. amazonensis (Figura 16). Os índices médios de fluorescência (IMF) foram 3,5
a 6,4 vezes maiores nas populações GFPs do que nas WT (Tabela 1). Estes resultados
confirmam com sucesso a transfecção dos parasitos sem alteração de sua morfologia.
__________________________________________________________________Resultados
50
__________________________________________________________________Resultados
51
Tabela 1: Índices Médios de Fluorescência (IFM) observados para as quatro
espécies de Leishmania selvagens (WT) e transfectadas (GFP).
WT GFP Razão (GFP:WT)
L. amazonensis
4,19 26,69 6,36
L. braziliensis
7,14 25,1 3,51
L. chagasi
6,54 24,84 3,80
L. guyanensis
3,84 18,92 4,92
4.4 Avaliação da emissão de fluorescência por amastigostas intracelulares
Para verificar a permanencia da emissão de fluorescência após diferenciação em
amastigotas intracelulares, formas promastigotas de L. amazonensis foram colocadas na
presença de macrófagos murinos aderidos em lamínula. A mesma foi levada ao MLC
(488nm) e a fluorescência das amastigotas confirmada como observado na Figura 17.
__________________________________________________________________Resultados
52
4.5 Avaliação biológica
4.5.1 Curva de crescimento de promastigotas de L. amazonensis WT e GFP
Como não foram observadas diferenças nos parâmetros tamanho e na granulosidade dos
parasitos (Figura 14), o próximo passo foi comparar o perfil de crescimento da cepa WT e
GFP de L. amazonensis. Através da curva, foi determinado o dia para obtenção de um número
máximo de parasitos viáveis para os experimentos. Similarmente, ambas as cepas alcançaram
a fase estacionária em cerca de 7-8 dias com uma densidade máxima de 1,6 x 10
7
parasitos/mL. (Figura 18). Portanto, a transfecção com o gene da GFP também não alterou o
perfil de divisão celular.
__________________________________________________________________Resultados
53
4.5.2 Avaliação dos níveis de infectividade
A avaliação da infectividade dos macrófagos dos controles positivos, sem droga, gerou
porcentagens médias de infecção para ambas as cepas. Foi observada a porcentagem de
66,46±9,81 para a cepa WT e 65,13±7,93 para a GFP. Esses dados mostram similaridade
entre a cepa GFP e WT em termos de infectividade in vitro para macrófagos murinos.
4.6 Teste quimioterápico tradicional
A avaliação quimioterápica para comparação da susceptibilidade às drogas das cepas
WT e GFP foi realizada somente para a espécie L. amazonensis.
O teste in vitro tradicional de drogas em Leishmania baseia-se na contagem de
amastigotas intracelulares em 50-300 macrófagos corados após exposição às drogas (Sereno
et al., 2007). A representação visual de um dos experimentos é mostrada na Figura 19 após
exposição à Anfotericina B frente a L. amazonensis WT. É possível observar que com a
diminuição da concentração do fármaco (Figuras 19 B-F), ocorreu aumento do número de
macrófagos infectados com amastigotas intracelulares em comparação com o controle sem
drogas (Figura 19A). Deste modo, as porcentagens de infecção nos permitiu calcular o IC
50
da
droga. Este valor representa a concentração necessária para inibir o crescimento de 50% dos
parasitos (IC
50
). Para este experimento o IC
50
da Anfotericina B foi de 0,18 e 0,19 g/mL para
as cepas WT e GFP, respectivamente.
__________________________________________________________________Resultados
54
4.6.1 Tratamento com drogas tradicionais
4.6.1.1 Anfotericina B
Para avaliar o potencial uso das cepas geneticamente modificadas em futuros testes
quimioterápicos, estes experimentos tiveram como objetivo comparar as médias das
porcentagens de infecção nos macrófagos expostos às drogas. Estes valores foram
comparados pelo teste estatístico de Wilcoxon e utilizados para a determinação dos IC
50
s
utilizando o programa Microcal Origin. Nos primeiros testes utilizamos dois fármacos de uso
corrente no tratamento das Leishmanioses: anfotericina B e glucantime.
Os resultados representativos de 3 experimentos independentes foram utilizados para
calcular as médias das porcentagens de infecção em macrófagos expostos à anfotericina B
(Tabela 2). Os valores foram utilizados para plotar as curvas de IC
50
(Figura 20). Não foi
observada diferença na susceptibilidade à esta droga entre as cepas WT e GFP, que
apresentaram valores de IC
50
de 0,14 e 0,16 g/mL, respectivamente (P=0,74).
__________________________________________________________________Resultados
55
Tabela 2: Porcentagens médias de células infectadas obtidas em diferentes doses
de Anfotericina B (g/ml) nas cepas selvagem (WT) e transformada (GFP).
Anfotericina (µg/ml) Média ± DP
WT GFP
1 0 ± 0 0 ± 0
0,5 0,63 ± 0,64 2,75 ± 1,58
0,25 14,99 ± 1,81 29,15 ± 1,58
0,12 62,50 ± 13,13 65,27 ± 1,58
0,06 81,87 ± 8,33 85,69 ± 8,78
4.6.1.2 Glucantime
De forma semelhante ao realizado para a Anfotericina B, as médias de 3 experimentos
independentes (Tabela 3) foram utilizadas para plotar curvas de IC
50
(Figura 21). Para o
glucantime, não foram observadas diferenças estatísticas nas médias de infecção entre cepas
WT e GFP de L. amazonensis (P=0,41). As mesmas apresentaram valores de IC
50
de 138,77 e
206,82 g/mL, respectivamente.
__________________________________________________________________Resultados
56
Tabela 3: Porcentagens médias de células infectadas obtidas em diferentes
doses de Glucantime (g/ml) nas cepas selvagem (WT) e transformada (GFP).
Glucantime (µg/ml) Média ± DP
WT GFP
400 14,41 ± 5,97 27,90 ± 10,24
200 42,31 ± 10,90 53,75 ± 19,15
100 60,98 ± 13,52 65,88 ± 10,06
50 73,17 ± 9,69 81,88 ± 14,88
25 77,41 ± 3,31 81,27 ± 17,30
4.6.2 Moléculas derivadas do Propranolol
Como não foi observada diferenças na susceptilidade entre as cepas WT e GFP
expostas às drogas tradicionais, o próximo passo foi avaliar se este mesmo padrão se repetiria
utilizando moléculas teste. Para tanto, os derivados do propranolol foram testados. Os
resultados abaixo são representativos de 2 experimentos independentes.
As médias das porcentagens de macrófagos infectados (cepas WT e GFP) e expostos à
todas as drogas testes não foram estatisticamente significantes (Wilcoxon, P>0,05). Aqui
representaremos estas médias (Tabela 4) apenas para a molécula UFOP 1, que apresentou
valores de IC
50
de 5,60 e 7,54 g/mL para as cepas WT e GFP, respectivamente (Figura 22),
sendo estes valores bem menores do que os observados para o glucantime (Figura 21). Além
desta, as moléculas UFOP 2a, 2b, 3 e 4b foram ativas contra as cepas WT e GFP sendo
possível determinar os valores de IC
50
. As demais drogas não foram ativas e apresentaram
__________________________________________________________________Resultados
57
IC
50
maior que 50 g/mL (Tabela 5). Para confirmar se a estimativa através da porcentagem
de infecção (Tabelas 2 e 4) refletia os valores médio de IC
50
dos experimentos outra forma de
análise é apresentada na Tabela 5. Nesta, estão representados os valores de IC
50
(média±desvio-padrão) dos experimentos. Similarmente, os valores do IC
50
foram muito
próximos entre as cepas WT e GFP (P>0,05).
Tabela 4: Porcentagens médias das células infectadas obtidas em diferentes
doses da molécula UFOP 1 (g/mL) nas cepas selvagem (WT) e
transformada (GFP).
UFOP 1 (µg/ml) Média ± DP
WT GFP
50 0,30 ± 0,42 0,13 ± 0,18
25 2,79 ± 0,97 2,42 ± 2,34
12,5 26,46 ± 2,99 29,02 ± 20,14
6,25 48,69 ± 20,89 61,08 ± 10,18
3,12 61,73 ± 13,51 72,84 ± 3,20
__________________________________________________________________Resultados
58
Tabela 5: Valores de IC
50
observados para L. amazonensis (WT e GFP) frente a drogas
tradicionais e moléculas teste obtidos à partir da porcentagem de células infectadas (esquerda)
e das médias dos valores de IC
50
(direita).
IC
50
(g/mL)*** IC
50
(g/mL)***
Droga WT GFP WT GFP
Anfotericina B* 0,14 0,16 0,14±0,02 0,16±0,006
Glucantime* 138,77 206,82 139,82±40,37 239,53±90,58
1** 5,60 7,54 5,38±2,74 7,67±0,95
2a
+
18,10 15,52 20,25 16,23
2b** 15,15 14,50 15,68±4,58 14,04±0,23
3** 15,52 20,68 15,50±3,15 23,15±2,18
4a** >50 >50 >50 >50
4b** 12,70 9,31 12,67±3,53 9,98±2,32
5a** >50 >50 >50 >50
5b** >50 >50 >50 >50
5c** >50 >50 >50 >50
5d** >50 >50 >50 >50
+
Resultados representativos de 1 experimento.
* Resultados representativos de 4 experimentos.
** Resultados representativos de 2 experimentos.
*** Não foi observada diferença estatística entre os valores de IC
50
para as cepas GFP e WT (p>0,05).
Com base nos resultados observados a transfeção de L. amazonensis com o plasmídeo
B5739 resultou na expressão do fenótipo fluorescente sem alterar sua susceptibilidade à
infecção pelo parasito e às drogas tradicionais e moléculas teste.
___________________________________________________________________Discussão
59
5 DISCUSSÃO
A incidência das Leishmanioses no Brasil vem aumentando a cada ano, sendo
observado um aumento progressivo nos casos tanto de LC quanto de LV (Brasil, 2005).
Vários fatores são implicados neste aumento incluindo as modificações ambientais (Gontijo
& Carvalho, 2003), adaptação dos vetores e reservatórios aos ambientes modificados pelo
homem (Gontijo & Melo, 2004), ausência de uma vacina eficaz (Fernandes et al, 2008),
drogas extremamente tóxicas (Ouelette et al., 2004) e cepas resistentes ao tratamento (Croft et
al., 2006).
O aparecimento de resistência tanto natural quanto adquirida aos antimoniais tem sido
observada em várias partes do mundo, incluindo a América do Sul (Jackson et al., 1990),
Europa (Faraut-Gambarelli et al., 1997) e na Índia, onde o fenômeno é bem mais estudado
(Sundar et al., 2000). Neste país, a resistência parece ter ocorrido devido ao uso
indiscriminado e descontínuo do fármaco muitas vezes em doses sub-terapêuticas. Em Bihar,
região endêmica, cerca de 60% dos casos não são responsivos ao tratamento com SbV
(Yardley et al., 2006). Há algumas drogas alternativas, incluindo anfotericina B e
pentamidina, classificadas como segunda escolha. Entretanto, o uso destas também requer
atenção, principalmente por apresentarem toxicidade e alto custo. Recentemente, um fármaco
oral, a miltefosina, foi aprovado para o tratamento de casos humanos de Leishmaniose
visceral (Quellette et al., 2004) e cutânea (Soto et al., 2004). Entretanto esta possui um tempo
de meia-vida longo e o efeito teratogênico ainda requer estudos mais detalhados. Diante dos
problemas de resistência, baixa efetividade no tratamento e a pequena lista de medicamentos
disponíveis contra as Leishmanioses são necessárias a busca racional por novos fármacos com
atividade leishmanicida. Os esquemas terapêuticos atuais estão representados na Tabela 6.
___________________________________________________________________Discussão
60
Tabela 6: Drogas utilizadas no tratamento das Leishmanioses (Fonte: Croft et al., 2006).
Tipo de Leishmaniose Status das drogas Drogas
Visceral Primeira linha Estibogluconato de sódio (Pentostan®),
antimoniato de meglumina (Glucantime®)
Anfotericina B (Fungizone®)
Pentamidina
Ensaio clínico Miltefosina (oral fase IV)
Paromomicina (fase III)
Sitamaquina (oral, fase II)
Anfotericina B outras formulações
Cutâneas Primeira linha Estibogluconato de sódio (Pentostan®),
antimoniato de meglumina (Glucantime®)
Anfotericina B (Fungizone®)
Pentamidina
Paromomicina
Ensaio clínico Miltefosina (oral fase III, registrado na Colômbia
em 2005)
Paromomicina (formulação tópica com
gentamicina e surfactantes, fase II)
Imiquimod (imunomodulador tópico, fase II)
Antifungicos azóis (cetoconazol, fluconazol,
itraconazol)
Devido ao pequeno número de drogas disponíveis para o tratamento das
Leishmanioses e o inconveniente da maioria delas ser administrada por via parenteral, a busca
por novas formulações tem sido objeto de vários grupos de pesquisa no mundo inteiro. Para o
screening de novas moléculas são utilizadas várias metodologias. Dentre elas o teste
tradicional, que se baseia na contagem manual das células pela microscopia óptica (Callahan
et al., 1997). Apesar de a microscopia óptica ser sensível, demanda muito tempo e é muito
trabalhosa, além de necessitar de um profissional bem treinado. Assim, a reprodutibilidade
experimental fica comprometida devido ao fator humano inserida na leitura do teste (Sanches
et al., 2007).
A busca por métodos alternativos para a etapa de leitura vem sendo adicionados
automatizando o processo. Um destes métodos consiste na avaliação da viabilidade
populacional celular pelo método MTT 3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium
bromide (Sereno et al., 1997). Esta substância é um corante vital que permite avaliar a morte
celular. Um segundo método utiliza a determinação da atividade da ornitina descarboxilase
(ODC) (Assaraf et al., 1994). Por ação da enzima ODC a L-ornitina é convertida em
putrescina que é precursora de poliaminas. Essa síntese é essencial para o crescimento de
protozoários como a Leishmania. Com os avanços da citometria de fluxo (Fouchet et al.,
1993) vários marcadores fluorescentes vem sendo desenvolvidos para os mais diversos
estudos biológicos. O principal marcador utilizado em testes de drogas contra Leishmania é o
Iodeto de propídeo (PI) (Sereno et al., 2005). Este composto fluorescente liga-se ao DNA do
___________________________________________________________________Discussão
61
microorganismo intercalando-se inespecificamente entre as bases, e normalmente ele não
atravessa a membrana celular por ser pouco lipossolúvel. Portanto, quando isso ocorre é
indício de perda de viabilidade. Todos estes métodos descritos acima requerem, de alguma
forma, a inclusão de mais uma etapa seja ela uma reação ou marcação.
Genes repórteres incluindo luciferase, β-galactosidase, CAT, SEAP e a GFP de
Aequorea vem sendo utilizados na transfecção de várias espécies de Leishmania para as mais
diversas finalidades (Sereno et al., 2007). Dentre as espécies do Velho Mundo são destacadas
L. infantum e L. donovani transfectadas com luciferase episomal (Sereno et al., 2001; Gupta
et al., 2005), L. major e L. donovani transfectadas com luciferase em plasmídeo de integração
genômica (Roy et al., 2000), L. donovani e L. infantum com GFP episomal (Singh & Dube,
2004; Dube et al., 2005; Kamau et al., 2001). Dentre as espécies do Novo Mundo existe
apenas L. amazonensis episomal (Chan et al., 2003; Okuno et al., 2003). A transfecção
episomal tem como principal desvantagem a manutenção constante do parasito sob pressão de
antibiótico para que não haja a expulsão do plasmídeo (Ha et al., 1996). Em nosso trabalho,
produzimos com sucesso as cepas GFPs com integração do plasmídeo no DNA genômico, e
clonamos por seleção de colônias uma população homogênea. Isto garante a característica
clonal e evita contaminação com parasitos não transfectados (Beverley & Clayton, 1993).
Além de não ser necessária a manutenção contínua em presença da droga de seleção, no caso
a fleomicina.
Neste trabalho, foi demonstrado que a transfecção permitiu separar com sucesso as
populações GFPs das selvagens. O forte sinal observado permitiu a análise pela citometria de
fluxo com separação completa entre as duas populações. Resultados semelhantes foram
observados por Ha et al., (1996) e Chan et al., (2003) utilizando L. major, L. donovani e L.
amazonensis episomal. Produzimos pela primeira vez uma cepa de L. amazonensis GFP com
integração no DNA e outras espécies do Brasil incluindo L. chagasi, L. braziliensis e L.
guyanensis. Nossos resultados demonstram que a transfecção não alterou o tamanho e a
granulosidade dos parasitos, bem como o perfil de divisão celular. Dispomos atualmente das
quatro espécies GFPs de maior importância epidemiológica no Brasil (Tabela 7).
___________________________________________________________________Discussão
62
Tabela 7: Espécies de Leishmania expressando gene repórter.
Espécie Gene Reporter Expressão Autores
Espécies do Velho Mundo
L. donovani
Luciferase Episomal Gupta et al., 2005
L. infantum
Luciferase Episomal Sereno et al., 2001
L. major e L. donovani
Luciferase Integração no DNA Roy et al., 2000
L. donovani
GFP Episomal Singh, Dube 2004
L. infantum
GFP Episomal Kamau et al., 2001
Espécies do Novo Mundo
L. amazonensis
GFP Episomal Okuno et al., 2003
L. amazonensis (pH8) GFP Integração no DNA Rocha et al., 2009
(não publicado)
L. braziliensis (M2903) GFP Integração no DNA Rocha et al., 2009
(não publicado)
L. chagasi (BH46) GFP Integração no DNA Rocha et al., 2009
(não publicado)
L. guyanensis (M4147) GFP Integração no DNA Rocha et al., 2009
(não publicado)
Segundo Wood, (1995) e Ha et al., (1996) o rápido progresso da genética molecular e
a utilização dos genes repórteres têm permitido a manipulação e o monitoramento de eventos
celulares. Este progresso também levou ao desenvolvimento de equipamentos que pudessem
detectar determinado fenótipo de interesse. É importante salientar que a disponibilidade de
métodos colorimétricos, luminescentes e fluorescentes deve ser levada em conta na escolha do
melhor modelo e hipótese de trabalho. Cada método possui vantagens e desvantagens
específicas (Naylor, 1999). No caso da GFP, justificamos nossa escolha devido ao fato desta
proteína não possuir atividade endógena e ser auto-fluorescente em Leishmania não
necessitando, portanto, de substrato. Ela pode ser facilmente detectada em um fluorímetro ou
citômetro de fluxo (Fouchet et al., 1993) e os mutantes não alteram suas características
morfológicas básicas (Chalfie, 1995).
A produção de espécies de Leishmania GFPs em nosso trabalho tem a finalidade de
utilizá-las na quimioterapia, uma vez que há necessidade de testes mais rápidos e sensíveis
que ajudaria na identificação de novas moléculas leishmanicidas. Com a detecção do fenótipo
de tais genes repórteres é possível verificar a viabilidade do parasito indiretamente através da
medida em um aparelho, o que removeria o sistema manual de análise, aumentando a
sensibilidade, confiabilidade, conveniência e possibilitando a triagem em larga escala de
novas moléculas (Sereno et al., 2007).
Como as formas promastigotas foram biologicamente semelhantes nos parâmetros
morfológicos, nosso próximo interesse foi avaliar a permanência da expressão da proteína
GFP nas formas amastigotas intracelulares. Para isso, macrófagos murinos foram infectados
com o clone fluorescente de L. amazonensis e levados no MLC. Foi verificada a manutenção
___________________________________________________________________Discussão
63
da emissão de fluorescência e este resultado reforça a utilização do modelo para a semi-
automatização do método de screening de drogas.
A maioria dos testes de drogas relatados na literatura quando não utilizam apenas a
avaliação sobre as formas promastigotas (Chan et al., 2003) avaliam a atividade sobre as
amastigotas axênicas, cultivadas in vitro (Shimony & Jaffe, 2008). Estes dois modelos de
screening in vitro são válidos, mas não representam a realidade enfrentada pelo parasito, seja
no hospedeiro humano ou animal.
Existem outros estudos que avaliam a atividade de uma substância diretamente no
modelo animal (Sinagra et al., 2007). Embora a avaliação in vivo seja uma etapa crucial, nem
sempre há correlação entre o teste in vitro e in vivo. O uso excessivo de animais não é
recomendado pelos princípios éticos da experimentação animal, além de aumentar muito o
custo do projeto. Por isso, o ideal é a identificação primária utilizando um método in vitro
eficiente para posterior avaliação in vivo.
O citômetro de fluxo é amplamente utilizado no screening de drogas para avaliação de
morte parasitária intracelular, contudo são utilizados os métodos que necessitam a adição de
um marcador como o iodeto de propídeo (Kram et al., 2008). A utilização de parasitos
fluorescentes no teste de drogas, na sua maioria, é realizada sobre as formas promastigotas,
que no ambiente estão presentes no inseto vetor, ou amastigotas axênicas, cultivadas in vitro.
Até o momento, observa-se a ausência de metodologias que empreguem parasitos
fluorescentes infectando macrófagos.
Para permitir os futuros testes de screening utilizando os parasitos fluorescentes foi
necessário avaliar se a susceptibilidade aos medicamentos utilizados no tratamento da
Leishmaniose (Glucantime e Anfotericina B) não havia sido alterada. Para isso, foi realizado
o ensaio tradicional comparando a cepa GFP com a WT. Após análises estatísticas dos dados
obtidos ficou comprovado que a susceptibilidade era semelhante. Em nenhum outro estudo da
literatura tal comparação havia sido realizada até o momento. De acordo com Croft et al.,
(2006) é necessário avaliar se a susceptibilidade de organismos geneticamente relacionados à
determinado fármaco se altera devido a expansão clonal. No nosso caso, utilizamos parasitos
provenientes de uma única colônia, o que diminui em muito esta possibilidade.
Uma dinâmica interessante na busca de drogas é aproveitamento máximo de uma
molécula. Com esta finalidade, químicos trabalham em alterações estruturais das moléculas na
busca da melhor condição de solubilidade e potencial atividade contra determinado
microorganismo. As mais diversas mudanças podem ser realizadas como a troca de radicais, a
mudança na polaridade, substituição, inserção ou deleção de uma estrutura. Com este
objetivo, as moléculas testadas neste trabalho sofreram modificações no intuito de melhorar a
___________________________________________________________________Discussão
64
atividade leishmanicida das mesmas. O propranolol foi à molécula original utilizada por ter
demonstrado atividade prévia contra T. cruzi (Hamond et al., 1984). Este já é um
medicamento comercializado e utilizado no tratamento da hipertensão arterial, profilaxia e
tratamento de arritmias cardíacas, profilaxia do reinfarto do miocárdio, entre outras. A
atividade se deve a propriedades antagonistas dos receptores β-adrenérgicos. (Rang et al.,
2005). Entretanto, ela pode provocar vários efeitos colaterais como insuficiência cardíaca
congestiva, agravamento dos distúrbios de condução atrioventricular, bradicardia intensa e
hipotensão, sobretudo em aplicação intravenosa, infarto do miocárdio ou cardiotireotoxicose
em conseqüência do rebote causado pela supressão brusca do tratamento. Além de
broncoespasmo e bloquear o efeito broncodilatador da epinefrina em pacientes que sofrem de
alergia, asma brônquica, enfisema pulmonar ou bronquite não alérgica. Por estes fatores o
propranolol não poderia ser utilizado no tratamento da Leishmaniose sem que a estrutura
química responsável por tal ligação fosse inativada. Neste estudo o propranolol e seu
cloridrato foram modificados a partir da substituição do grupo isopropilamina por grupos
heterocíclicos, tais como, piperidina ou morfolina para que tal atividade fosse eliminada.
Após o teste de susceptibilidade das 10 moléculas derivadas do propranolol
verificamos que 5 delas mostraram uma atividade quando comparadas ao Glucantime uma das
drogas de referência. A principal característica comum em 4 das 5 moléculas ativas é a
presença do anel naftaleno, fazendo desta estrutura canditada a ser responsável pela atividade
observada. Similar ao que foi observada para as drogas padrões, a susceptibilidade tanto da
Leishmania transformada quanto da selvagem não se alterou frente aos derivados do
propranolol, reforçando a utilização destes parasitos como modelo para a semi-automatização
da técnica.
Este trabalho abre perspectivas para a semi-automatização da técnica de screening de
drogas em Leishmania utilizando as quatro espécies mais importantes epidemiologicamente
no Brasil. Pretendemos como perspectivas futuras para este trabalho avaliar a susceptibilidade
às drogas tradicionais e aos derivados do propranolol para L. chagasi, L. braziliensis e L.
guyanensis. Com a recente aquisição de um fluorímetro pela Instituição iremos partir para a
padronização e semi-automatização do método. Isto possibilitará uma maior eficiência na
identificação de compostos e abre perspectivas de colaboração com grupos de pesquisa não só
do Brasil como também do exterior. Esperamos identificar compostos que sejam menos
tóxicos, de administração oral, com menos efeitos colaterais que ajudem a controlar estas
enfermidades tão mórbidas causadas pelos protozoários do gênero Leishmania.
__________________________________________________________________Conclusões
65
6 CONCLUSÕES
Foi possível obter as quatro espécies de Leishmania transfectadas com o gene da proteína
verde fluorescente;
A transfecção não alterou o tamanho e a granulosidade dos parasitos para as quatro espécies
estudadas;
A inserção da GFP não alterou a infectividade de L. amazonensis para macrófagos murinos;
A susceptibilidade das cepas selvagem e GFP de L. amazonensis frente às drogas tradicionais
(Glucantime e Anfotericina B) e moléculas testes não foi alterada após a transfecção;
Os derivados do propranolol 1, 2a, 2b, 3 e 4b apresentaram atividade in vitro contra
amastigotas intracelulares de L. amazonensis;
A cepa de L. amazonensis GFP poderá ser utilizada para o desenvolvimento de uma
metodologia semi-automatizada para testes quimioterápicos.
______________________________________________________Referências Bibliográficas
66
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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