__________________________________________________________________Introdução
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gambás (Didelphis albiventris) são os reservatórios silvestres (Sherlock et al., 1985; Brasil,
2005). Atualmente, a LV ocorre em 20 dos 27 estados brasileiros destacando-se os da região
Nordeste, onde ocorre a maior parte dos casos notificados (Brasil, 2008).
Assim como L. chagasi, L. braziliensis possui ampla distribuição nas Américas. É a
principal espécie incriminada responsável pelas LCs e LMC. É caracterizada por úlcera
cutânea, única ou múltipla, cuja principal complicação é a metástase por via hematogênica,
para as mucosas da nasofaringe, com destruição desses tecidos (Herwaldt, 1999). A
freqüência desta complicação vem sendo reduzida, provavelmente devido ao diagnóstico e
tratamento precoces. Muitos aspectos da eco-epidemiologia desta espécie ainda são
desconhecidos. Seus reservatórios principais incluem roedores silvestres (Bolomys lasiurus,
Nectomys squamipes) e sinantrópicos (Rattus rattus). Seus principais vetores incluem
Lutzomyia whitmani e Lutzomyia intermedia dependendo da região (Lainson & Shaw, 1978).
A L. amazonensis causa úlceras cutâneas localizadas e, ocasionalmente, alguns
indivíduos podem desenvolver o quadro clássico da LCD (Desjeux, 2004). Evidências
indicam que roedores silvestres do gênero Proechymis e Oryzomys seriam os reservatórios
desta espécie. Os flebotomíneos vetores são Lutzomyia flaviscutellata, Lutzomyia reducta e
Lutzomyia olmeca nociva (Amazonas e Rondônia) (Silveira et al., 1997). Estas espécies são
pouco antropofílicas, o que justifica uma menor freqüência de infecção humana, estando
associada com atividades ocupacionais ligadas à mata. Seu principal vetor, L. flaviscutellata,
apresenta ampla distribuição geográfica, sendo encontrado em diferentes habitats de países
fronteiriços ao Brasil e nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima,
Tocantins, Bahia, Ceará, Maranhão, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, ocorrendo em matas úmidas em densidades
elevadas (Lainson, 1997).
Finalmente, L. guyanensis causa predominantemente lesões ulceradas cutâneas únicas
ou múltiplas, sendo estas últimas conseqüência de várias picadas simultâneas ou metástases
linfáticas secundárias (Desjeux, 2004). É muito raro o comprometimento mucoso por esta
espécie, atingindo principalmente indivíduos do sexo masculino em fase produtiva. É de
natureza ocupacional relacionada ao desmatamento, penetração em áreas de florestas e
exercícios militares. Em áreas endêmicas pode haver percentuais expressivos de crianças
acometidas pela doença. O parasito já foi isolado de mamíferos silvestres, tais como a
preguiça (Choloepus didactylus), o tamanduá (Tamandua tetradactyla) e o gambá (D.
albiventris), tendo sido encontrado na pele e vísceras. Embora o papel desempenhado por
estes animais ainda não tenha sido definido, as evidências encontradas indicam que estes
seriam os reservatórios. O principal vetor seria Lutzomyia umbratilis distribuída nos países