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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO
SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA:
CIÊNCIAS EM GASTROENTEROLOGIA
COMPARAÇÃO ENTRE FRUTOSE -1,6 -
BISFOSFATO E SOLUÇÃO DE WISCONSIN
NA PRESERVAÇÃO DE FÍGADOS DE
RATOS:
A INFLUÊNCIA DO
ESTADO NUTRICIONAL DO DOADOR
Dissertação de Mestrado
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Stela Maria Mota
Porto Alegre, Dezembro de 2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO
SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA:
CIÊNCIAS EM GASTROENTEROLOGIA
COMPARAÇÃO ENTRE FRUTOSE -1,6 -
BISFOSFATO E SOLUÇÃO DE WISCONSIN
NA PRESERVAÇÃO DE FÍGADOS DE
RATOS:
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A INFLUÊNCIA DO
ESTADO NUTRICIONAL DO DOADOR
Dissertação de Mestrado
Stela Maria Mota
Orientador: Prof. Mário Reis Álvares-da-Silva
Porto Alegre, Dezembro de 2006
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade do meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
O MAPA
Mário Quintana
Dedicatória
Este trabalho é dedicado às pessoas que mais amo:
Especialmente ao grande amor Junior, que veio a mim como um presente de Deus. O seu
carinho, afeto e dedicação serviram como um esteio e permitiram que chegássemos juntos a
este momento tão feliz.
À minha avó Diva, que certamente está zelando por mim. Lamento por ela não estar mais
entre nós, e não poder participar deste momento especial e que tanto a orgulharia.
À minha mãe Elizabete, por ser meu maior exemplo de mulher, e que, como toda
“virginiana”, ensinou-me a chegar o mais próximo possível da perfeição.
Ao meu pai, Paulo, de quem herdei o amor à medicina e a coragem e perseverança para
perseguir minhas metas com determinação.
Ao meu estimado tio Oliver, que, ao longo da vida, tornou-se meu segundo pai.
Às minhas queridas irmãs Ana Paula e Betina.
Agradecimentos Especiais
Ao Prof. Dr. Mário Reis Álvares-da-Silva, meu orientador, que mesmo sem me
conhecer, prontamente confiou e apostou em minha capacidade. Reúne virtudes como
inteligência, perspicácia e equilíbrio emocional e dedica-se com especial devoção à profissão
e seus orientandos. Ao longo do caminho tornou-se um mestre e mais do que isto, um
grande amigo. Sinto um grande orgulho de poder participar da sua equipe. Agradeço
profundamente por tudo.
Ao Prof. Dr. Jarbas Rodrigues de Oliveira, meu co-orientador extra-oficial, sou
grata por ter-me aberto as portas do seu laboratório, no qual me senti tão confortável
quanto em minha própria casa. Pesquisador de renome, tem a alma inquieta de cientista, e
uma simplicidade no trato quase inacreditável para uma pessoa de tanta relevância no meio
acadêmico.
À Prof. Dra. Themis Reverbel da Silveira, por se constituir no meu maior
exemplo, meta inatingível. Mulher determinada, profissional brilhante, ser humano
iluminado, no qual humildemente me inspiro. A Hepatologia não seria a mesma sem a sua
presença.
Ao meu fiel bolsista e anjo da guarda Glauber Gasperin. O mestrado propiciou-me
entre outras tantas coisas maravilhosas, a oportunidade de tornarmos grandes amigos.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Gastroenterologia, na pessoa do Prof.
Dr. Sérgio Gabriel de Barros, pela oportunidade do aprendizado.
Ao Prof. Dr. Carlos Thadeu Schmidt Cerski, pela análise histológica.
À Prof. Dra. Roseli de Oliveira Möllerke, pelo seu entusiasmo e pelas sugestões
fornecidas.
À colega Daniela Rodrigues Keiserman, por ter me ensinado com paciência a técnica
cirúrgica experimental, fundamental para o desenvolvimento deste projeto.
Às queridas amigas Raquel Scherer de Fraga, Ana Carolina de Bragança e Vera
Camacho pela generosidade e coleguismo.
À Luciana Harlacher, pelo auxílio nos procedimentos cirúrgicos, coleta de material e as
intermináveis e prazerosas horas de conversas durante o longo tempo dedicado ao experimento.
À toda equipe da Unidade de Experimentação Animal do HCPA, em especial nas pessoas do
médico veterinário Marcos Eugênio Soares Duarte, pela sua dedicação, auxílio e paciência e do
biólogo e amigo Eduardo Mottola Amaro da Silveira, que tantas vezes madrugou para ajudar-
me nos experimentos, acabando por tornar-se meu anestesista oficial e de grande competência.
À Equipe do Laboratório de Biofísica da PUCRS, especialmente a Paula Elisa
Tischler Heinen, Henrique Bregolin Dias e Carlos Eduardo Leite, pelas inúmeras horas
dispensadas a este estudo, além da dedicação, amizade e disponibilidade demonstradas.
Às secretárias do Programa de Pós-Graduação em Gastroenterologia, Moema Vianna
Goulart e Jamile da Silva Ladeira, pela competência, dedicação e carinho dispensados.
A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão desta tese e
que, involuntariamente, deixaram de ser nominadas.
E finalmente à Nossa Senhora, minha madrinha e intermediária junto a Deus que vem
me guiando ao longo desta existência.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. O transplante hepático 1
1.2. Doadores com critérios estendidos 5
1.3. Considerações acerca do estado nutricional do doador 6
1.4. O dano de isquemia e reperfusão 7
1.4.1. Considerações gerais 7
1.4.2. A lesão de pré-preservação 8
1.4.3. A lesão de preservação a frio 9
1.4.4. A lesão de preservação a quente e a lesão de reperfusão 10
1.4.5. Aferição do dano de preservação 11
1.5. O estresse oxidativo 12
1.6. As soluções de preservação 14
1.6.1. A solução Universidade de Wisconsin 14
1.6.2. A frutose-1,6-bisfosfato como solução de preservação 15
2. JUSTIFICATIVA 18
3. OBJETIVOS 19
3.1. Objetivo geral 19
3.2. Objetivos específicos 19
4. MATERIAIS E MÉTODOS 20
4.1. Delineamento e tamanho da amostra 20
4.2. Os animais de experimentação 20
4.2.1. Aspectos gerais 20
4.2.2. Aspectos dietéticos 21
4.3. O experimento 23
4.3.1. Manipulação da Dieta Lieber-De Carli 23
4.3.2. Coleta de sangue para análise metabólica 24
4.3.3. O procedimento anestésico 24
4.3.4. O procedimento cirúrgico 24
4.3.5. A perfusão e preservação hepáticas 25
4.3.6. Avaliação metabólica e do estado nutricional 26
4.3.7. Avaliação do dano isquêmico, da lipoperoxidação e geração de
antioxidantes endógenos 28
4.3.8. A morte dos animais 29
4.3.9. Local de realização dos experimentos 29
4.3.10. Descarte dos materiais 30
4.4. Análise estatística 30
4.5. Aspectos éticos 30
5. FINANCIAMENTO 32
6. RESULTADOS 33
6.1. Aspectos gerais 33
6.2. Avaliação metabólica e do estado nutricional 36
6.2.1. Peso dos animais, dos fígados e relação peso dos fígados/peso
animais 36
6.2.2. Albumina e delta-albumina 37
6.2.3. Glicemia e delta-glicemia 37
6.2.4. Insulina 39
6.3. A avaliação do dano isquêmico, lipoperoxidação e geração de
antioxidantes endógenos 39
6.3.1. Aspectos gerais 39
6.3.2. Análise bioquímica da preservação a frio 39
6.3.3. Análise da lipoperoxidação e da geração de antioxidantes endógenos
40
6.4. Análise anatomopatológica 46
7. DISCUSSÃO 48
7.1. Em relação ao desenho do estudo 48
7.2. Em relação aos resultados da avaliação metabólica e estado nutricional
53
7.3. Em relação aos achados anatomopatológicos 55
7.4. Em relação aos resultados da avaliação bioquímica do dano da isquemia
56
7.5. Em relação aos resultados da lipoperoxidação e geração de antioxidantes
endógenos 59
7.6. Em relação aos estados nutricionais e a lesão de preservação nos fígados
dos ratos preservados com a solução padrão para transplante 62
7.7. Mecanismos sugeridos para ação protetora da FBP no modelo proposto
64
8. CONCLUSÕES 65
REFERÊNCIAS 66
ANEXOS 83
LISTA DE ABREVIATURAS
ABTO = Associação Brasileira de Transplante de Órgãos
AD = água destilada
ALT = alaninoaminotransferase
ANOVA = análise de variança
AST = aspartatoaminotransferase
CAPES = Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CIOMS = Council for International Organizations of Medical Science
COBEA = Manual Técnico em Bioterismo
CREAL = Centro de Reprodução e Experimentação de Animais de Laboratório
CTI = Centro de Tratamento Intensivo
DCE = depuração da creatinina endógena
DPC = desnutrição protéico-calórica
DMC = dieta deficiente em metionina e colina
EO = estresse oxidativo
FBP = frutose-1,6-bisfosfato
FIPE = Fundo de Incentivo a Pesquisa e Eventos
HCPA = Hospital de Clínicas de Porto Alegre
H
2
O
2
= peróxido de hidrogênio
HTK = Histidina-triptofano-cetoglutarato
IASP = International Association for the Study of Pain
IF = isquemia a frio
ILAR = Guide for Care and Use for Laboratory Animal
INR = International Normalized Ratio
I/R = isquemia e reperfusão
LDH = lactatodesidrogenase
LPO = lipoperoxidação
LSD = Least Significant Difference
MELD = Model for End-Stage Liver Disease
MDA = malondialdeído
NFPE = não-função primária do enxerto
NIH = National Instituts of Health
NO = óxido nítrico
O
2
= ânion superóxido
OH
-
= radical hidroxil
ONOO
-
= peroxinitrito
ONT = Organización Nacional de Transplantes
PROF = Programa de Fomento à Pós-Graduação
PUCRS = Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
RL = radicais livres
RNS = espécies reativas ao nitrogênio
ROS = espécies reativas ao oxigênio
SF = soro fisiológico
TBARS = substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico
TCA = ácido tricloroacético
OH
-
= radical hidroxil
TNFα = fator de necrose tumoral α
T
3
= triiodotironina
Tx H = transplante hepático
UEA = Unidade de Experimentação Animal
UFRGS = Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNESCO = United Nation Education Science and Cultural Organization
UNOS = United Network for Organ Sharing
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Peso dos animais e dos fígados, em gramas, e relação entre o peso do
fígado/peso do animal, conforme o grupo, após a intervenção nutricional, no final
de 4 semanas 37
Tabela 2. Médias das dosagens séricas de albumina em mg/dL antes, após a
intervenção dietética e delta-albumina, conforme grupo 38
Tabela 3. Médias das glicemias em mg/dL antes, após a intervenção dietética e
delta- glicemia, conforme grupo 38
Tabela 4. Medianas de AST aferidas nas soluções de preservação dos fígados dos
animais após 2, 4, 6 e 8h de isquemia a frio, nos diferentes grupos estudados 41
Tabela 5. Medianas de ALT aferidos nas soluções de preservação dos fígados dos
animais após 2, 4, 6 e 8h de isquemia a frio, nos diferentes grupos estudados 42
Tabela 6. Medianas de LDH aferidas nas soluções de preservação dos fígados dos
animais com 2, 4, 6 e 8h, nos diferentes grupos estudados 43
Tabela 7. Médias e desvios-padrão de TBARS e catalase aferidas no tecido hepático
dos animais, nos diferentes grupos estudados 45
Tabela 8. Achados anatomopatológicos após a preservação a frio de fígados de
ratos, submetidos à intervenção dietética 46
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Composição da dieta Lieber-De Carli 22
Quadro 2. Os grupos de animais de acordo com a oferta calórica e a solução de
preservação a ser utilizada 26
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Evolução dos transplantes hepáticos nos Estados Unidos entre 1988 e
2005 2
Figura 2. Evolução dos transplantes de fígado no Brasil 4
Figura 3. Mecanismos relacionados à lesão celular durante o período de isquemia a
frio11
Figura 4. Rota glicolítica 17
Figura 5. Fluxograma do estudo 27
Figura 6. Caixas moradia individuais 34
Figura 7. Animais em suas caixas-moradia, alimentando-se conforme grupo 35
Figura 8. Animal sob campânula no momento da indução anestésica 35
Figura 9. Aspecto macroscópico dos animais após laparotomia, evidenciando-se a
gordura intrabdominal mais pronunciada na foto 2 36
Figura 10. Medianas de AST, ALT e LDH em UI/L em 2, 4, 6 e 8h nos 7 diferentes
grupos estudados 44
Figura 11. Aspecto do fígado de um animal alimentado com dieta normal,
preservado com UW 47
Figura 12. Aspecto do fígado de um animal alimentado com dieta hiperlipídica,
preservado com UW 47
RESUMO
O uso de órgãos provindos de doadores com critérios estendidos tem-se
tornado bastante comum em transplante hepático (TxH). Com freqüência, os
doadores encontram-se agudamente desnutridos ou apresentam critérios sugestivos
de síndrome metabólica e, conseqüentemente, esteatose hepática. sugestões de
que estados nutricionais alterados possam se refletir na qualidade do enxerto, e são
necessárias medidas para contrabalançar estes efeitos. A solução da Universidade de
Wisconsin (UW) é o padrão para TxH, e alguns estudos experimentais sugerem que a
frutose-1,6-bisfosfato (FBP) possa ser útil na preservação de órgãos. O presente
estudo tem o objetivo de comparar a influência do estado nutricional sobre o dano de
isquemia a frio, utilizando soluções de preservação distintas.
Foram utilizados ratos 35 Wistar machos, divididos em 3 grupos, de
acordo com a dieta: I: dieta normal; II: dieta restrita e III: dieta hiperlipídica (dieta
Lieber-De Carli modificada). Os animais foram aleatoriamente alocados e receberam
dieta padronizada por 4 semanas, de acordo com o grupo. Foi realizada
hepatectomia, sob anestesia inalatória, e os fígados foram preservados durante 8
horas em solução de FBP ou de UW. O dano de preservação foi estimado através de
alíquotas do líquido de preservação (LP), com dosagem de AST, ALT e LDH,
lipoperoxidação (através de TBARS), geração de antioxidantes endógenos e exame
anatomopatológico.
O estado nutricional teve influência na qualidade da preservação. Os
fígados de ratos submetidos à dieta restrita foram os que tiveram a menor lesão de
isquemia a frio, enquanto que os submetidos à dieta hiperlipídica, a pior (p<0,05).
Nos ratos submetidos à dieta normal e restrita, a lesão de isquemia a frio foi menos
intensa por todos os critérios nos ratos preservados com FBP (p<0,05). Nos ratos
submetidos à dieta hiperlipídica, não houve diferença entre as soluções.
ABSTRACT
Donor shortage is becoming a huge problem in the last years, and this
fact indeed stimulates the use of organs from extended criteria donors for liver
transplant (LT). These donors are submitted to the risks of acute malnutrition and,
often, there are metabolic syndrome and liver steatosis. Nutritional donor status may
influence graft quality after harvesting. Most of LT centers use to adopt University of
Wisconsin (UW) solution for preservation, and some experimental studies suggest
that in this scenario FBP also could be used. This study aims to evaluate the influence
of donor nutritional status on ischemic injury of UW or FBP preserved rat livers.
There were studied 35 male Wistar rats, randomly assigned into 3
groups, accordingly to the diet: I- normal diet; II: restricted diet; III: high-fat liquid
diet (Lieber-De Carli modified diet), offered by 4 weeks. Livers were preserved after
hepatectomy during 8 hours either with FBP or UW. Ischemic injury was assessed
by AST, ALT, LDH, TBARS, catalase and also by histopathological study.
Nutritional donor status does affected graft quality. Livers from rats
submitted to restricted diet had lower ischemic injury, while those from high-fat diet
got worse results (p<0.05). Regarding preservation solution, ischemic injury was less
pronounced in livers from rats that received normal or restricted diets, and were
preserved with FBP (p<0.05). There was no difference between both solutions on the
ischemic injury of livers from high-fat diet fed rats.
1. INTRODUÇÃO
1.1. O Transplante Hepático
O recrutamento de sofisticado armamentário terapêutico, tanto clínico-
endoscópico como cirúrgico, tem contribuído nos últimos anos para a melhor e mais
eficiente abordagem das hepatopatias. O transplante hepático (TxH) é um divisor de
águas, posto que modificou as perspectivas dos pacientes hepatopatas gravemente
enfermos. Foi com o advento do transplante que a medicina deixou de abandonar os
indivíduos portadores de hepatopatias terminais, antes condenados ao óbito.
O desenvolvimento técnico-cirúrgico e o surgimento de agentes
imunossupressores na década de 50 foram os alicerces fundamentais para que, em
1963, fosse realizado pela equipe de Thomas Starzl, em Denver Colorado, Estados
Unidos, o primeiro transplante em humanos (Starzl, 1996a). Os anos subseqüentes
foram marcados por insucessos, mas permitiram o aperfeiçoamento da técnica. Com
o advento da ciclosporina, um potente fármaco imunossupressor, em 1983, através
de um melhor controle da rejeição, o TxH pôde de fato alcançar melhores resultados,
estimulando sua disseminação. (Williams, 1990; Vera et al, 1993; Starzl, 1996b;
Yoshida & Lake, 1997).
Sendo assim, vinte anos após o primeiro TxH, na Conferência de
Consenso do National Institutes of Health (NIH), realizada em Bethesda, Estados
Unidos, o procedimento foi resgatado da condição de técnica experimental e passou
a ser considerado, então, um método terapêutico (Levy, 1998). Tendo recebido a
chancela do tempo, o transplante é atualmente o tratamento de escolha para uma
série de doenças crônicas e agudas graves do fígado (Everson & Trotter, 2003).
Segundo a United Network for Organ Sharing (UNOS), organização
americana responsável pela procura e distribuição de órgãos, foram realizados
78.935 transplantes hepáticos naquele país entre janeiro de 1998 e julho de 2006
(UNOS, 2006). A Figura 1 mostra a evolução no número de transplantes nos Estados
Unidos. Atualmente há 145 programas de TxH nos Estados Unidos, realizando uma
média de 45 transplantes ao ano, com sobrevida média do enxerto em 1 ano de
81,9%. (UNOS, 2006).
Figura 1. Evolução dos transplantes hepáticos nos Estados Unidos entre 1988 e julho
de 2006. Fonte: UNOS, 2006.
No Brasil, o primeiro transplante hepático foi realizado em São Paulo
em 1985, e os dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) são
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 OO O1 O2 O3 O4 O5 O6
Número de transplantes
claros em demonstrar notável incremento no número de transplantes a partir do ano
de 1991. O número de centros transplantadores de fígado evoluiu de 2 em 1989 para
57 em 2005 (ABTO, 2005). O número de pacientes transplantados igualmente
aumentou: foram 10 em 1990 e 956 em 2005, realizados em 11 estados da federação
(ver Figura 2).
A despeito do aumento no número de transplantes, até o mês de julho
de 2006, 17.140 pacientes aguardavam por um novo fígado nos Estados Unidos,
sendo que 12.354 (72%) o faziam por mais de 12 meses. Isto é particularmente
perverso quando se analisa a evolução histórica, pois entre 1988 e 2004 houve um
incremento de 3,6 vezes no número de pacientes transplantados naquele país, mas a
lista de espera, em contrapartida, aumentou 12,1 vezes. Não surpreende, portanto,
que neste período o número de óbitos em lista tenha sofrido um acréscimo em torno
de 5 vezes. Estes fatos determinaram, em 2002, a introdução de uma nova política de
alocação de pacientes em lista, e desde então, número de mortes na espera por um
fígado, tem se mantido estável em torno de 1.800 óbitos/ano (UNOS, 2006). O
principal fator a limitar o número de pacientes beneficiados com transplantes, não
nos Estados Unidos, é a escassez de órgãos (Norman, 1997; Bosch, 1999; Jiménez-
Romero et al, 1999; Melendez & Heaton, 1999; McMaster & Vadeyar, 2000; Busuttil &
Tanaka, 2003, Chang et al, 2003). Embora tenha havido aumento no número de
doadores nos últimos anos, o número de candidatos tem crescido de forma muito
mais rápida. A Espanha, considerada modelo na captação de órgãos, conseguiu a
impressionante taxa de 33,7 doadores por milhão de habitantes em 1999 (Chang et
al, 2003). Mesmo assim, o tempo de espera em lista também tem se estendido neste
país (ONT, 2005). Nos Estados Unidos a taxa de doadores efetivos não passou de
21,6 por milhão de habitantes naquele ano (Chang et al, 2003), e a situação brasileira
é ainda mais preocupante. Dados da ABTO dão conta que a taxa de doação de
órgãos e tecidos é muito baixa. No ano de 2005 a média foi de 6,3 doadores por
milhão de habitantes, ainda 10% menor que no ano de 2004. O Rio Grande do Sul,
por sua vez, tem a melhor captação do país, com uma taxa de 11,5 doadores de
fígado por milhão de habitantes (ABTO, 2005), mas estes números são insuficientes
para atender a demanda. A capacidade das sociedades em gerar mais órgãos para os
transplantes parece estar próxima de seu limite, o que deve trazer mais mortes nas
listas de espera em um futuro próximo.
A limitação de órgãos e a crescente mortalidade em lista de espera
impulsionaram a discussão dos critérios para alocação dos mesmos. Em fevereiro de
2002 foi adotado nos Estados Unidos, o escore MELD (Model for End-Stage Liver
Disease), desenvolvido por pesquisadores da Mayo Clinic, Rochester, Estados Unidos,
que privilegia dados objetivos para definir qual paciente deve receber o enxerto
disponível (Kamath et al, 2001; Freeman, 2004). Este modelo baseia-se em três
parâmetros laboratoriais: bilirrubina total, tempo de protrombina expresso em INR
(International normalized ratio) e creatinina, através de um cálculo logarítmico para se
obter um índice correlacionado à mortalidade esperada em 3 meses (Malinchoc et al,
2000). No Brasil, a política de alocação de órgãos, até início do corrente ano,
contemplava a cronologia e vinha sendo alvo de severas críticas (Sette et al, 2003).
Recentemente o MELD também foi adotado como critério vigente em nosso país,
através da Portaria Ministerial 1.160 publicada no Diário Oficial em 29 de maio.
(Ministério da Saúde, 2006).
Figura 2. Evolução dos transplantes hepáticos no BrasilFonte: ABTO, 2005. TxH=
transplantes hepáticos.
Em face da escassez de enxertos, a discussão não se restringe à
melhoria dos critérios de alocação dos pacientes. Novas estratégias, para
contrabalançar o desequilíbrio na equação candidatos-doadores, vêm sendo
consideradas. O uso de fígado artificial, o transplante de hepatócitos, o
xenotransplante constituem-se em promessas experimentais. O transplante
intervivos é uma alternativa, e vem sendo cada vez mais empregado em nosso país
(ABTO, 2005), embora isto possa ser motivo de crítica. A conseqüência natural é a
crescente aceitação de órgãos provindos dos chamados “doadores marginais”, mais
apropriadamente denominados doadores com critérios estendidos (Morris, et al,
2004; Pokorny et al, 2005).
1
1
1
1
2
2
6
7
9
12
15
40
47
42
57
22
25
5
11
0
200
400
600
800
1000
1200
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
O1
O3
O4
O5
No.centros No. TxH
1.2. Doadores com critérios estendidos:
Um conceito que defina doador com critérios estendidos (DCE), que
seja amplamente aceito, ainda não está disponível e vem evoluindo ao longo da
última década (Gruttadaria et al, 2005). Via de regra considera-se um órgão não ideal
aquele proveniente de um doador em condições não-ótimas, quais sejam: a) idade
superior a 60 anos; b) longa permanência em centros de tratamento intensivo (CTI),
em especial com mais de 4 dias de ventilação mecânica; c) prolongados períodos de
hipotensão ou altas doses de vasopressores; d) hipernatremia (sódio sérico acima de
155mEq/L); e) creatinina sérica acima de 1,2mg/dL; f) provas de função hepática
alteradas, embora este seja um quesito bastante polêmico; g) índice de massa
corporal acima de 30; h) presença de esteatose superior a 30%; e i) tempo de
isquemia a frio acima de 10 horas, entre outros critérios menos comuns e seguidos
de forma individual em cada centro transplantador (Gastaca et al, 2005; Pokorny et
al, 2005).
A aceitação destes doadores expande o número de órgãos utilizados e,
por conseguinte, tende a aumentar o número de transplantes realizados, mas expõe
os receptores a riscos ainda não conhecidos ou adequadamente documentados por
estudos clínicos (Busuttil & Tanaka, 2003; Pokorny et al, 2005). É de conhecimento
geral que pior o doador pior o enxerto, elevando-se as chances do mesmo ser
danificado durante os procedimentos de retirada e implante (De Carlis et al, 1996;
Pokorny et al, 2005). As conseqüências desta atitude por certo ainda não estão
devidamente calculadas. Para Schaffer & Sorrell, 1996, face à crônica escassez de
órgãos, qualquer medicação, técnica ou intervenção que contribua para a sua maior
disponibilidade ou que traga benefícios à sua viabilidade deve ser extremamente
bem-vinda.
Rocha et al, 2004, estudando retrospectivamente uma série brasileira de
148 pacientes submetidos a transplante hepático concluíram que o uso de doadores
marginais é seguro, com efeito positivo sobre o tempo de espera em lista.
1.3. Considerações acerca do estado nutricional do doador
Os doadores de órgãos podem pertencer a diferentes grupos, a saber:
a) doadores com coração batendo: doador com morte encefálica, doador vivo
relacionado, doador vivo não-relacionado e doador anencefálico; b) doadores com o
coração parado; e c) animais (Magalhães et al, 2004). O doador de múltiplos órgãos
costuma ser o indivíduo em morte encefálica internado em CTI. O motivo da morte
encefálica, via de regra, envolve dano direto ao sistema nervoso central. Segundo
dados da UNOS, 2006, nos Estados Unidos a causa de óbito em 55.370 (64,5%) de
85.966 doadores de fígado foi o traumatismo crânio-encefálico ou o acidente
vascular cerebral.
O estado nutricional dos doadores, por outro lado, pode variar
consideravelmente. Aquele indivíduo que ao ingressar na CTI evolui à morte
encefálica de forma rápida em geral não apresenta desnutrição protéico-calórica
(DPC). É o paciente que se encontra em seu estado de nutrição habitual, e muitas
vezes, está adequadamente nutrido. No entanto, mesmo este paciente pode
apresentar alterações nutricionais relevantes, em especial a obesidade, que é um
fator de risco associado ao desenvolvimento de eventos vasculares cerebrais. A
esteatose hepática, que pode ocorrer secundária à obesidade, é um reconhecido fator
de risco para não-função primária do enxerto (NFPE) (Takahashi et al, 2000; Fiorini
et al, 2005). Tanto isto é verdadeiro que a maior parte dos grupos de transplante não
aceita órgãos com esteatose acima de 65% (Imber et al, 2002). Além disto, uma
proporção significativa de doadores é constituída de suicidas e vítimas de acidentes
de trânsito, ambas as populações associadas a consumo de quantidades expressivas
de álcool e, por conseguinte, expostas a maior risco de esteatose.
Um grupo que merece especial atenção é aquele em que uma longa
internação hospitalar em CTI, com um quadro grave que se arrasta por dias, com
infecção superposta na maioria dos casos. Os indivíduos que apresentam tal
evolução podem se tornar agudamente desnutridos. O estado nutricional tem
correlação íntima com o fígado: a presença de desnutrição protéico-calórica (DPC)
afeta negativamente o órgão, com menor tendência à regeneração hepatocelular
(McCullough, 2000). Assim, pode-se postular que um indivíduo agudamente
desnutrido apresentaria pior função hepática, e que um órgão retirado nestas
condições seria menos adequado para transplante do que aquele retirado de um
indivíduo bem nutrido.
A preocupação com o tema não é recente. O grupo de Belzer, em 1994,
publicou estudo em que discutia o assunto. Para eles, o estado nutricional do doador
afeta a evolução clínica pós-transplante (Sumimoto et al, 1994). Singer et al, 2001,
avaliaram o efeito do estado nutricional em doadores em morte encefálica,
chamando atenção para o fato de que a desnutrição é freqüente e pode interferir com
a função de diferentes órgãos, dentre eles o fígado. Os autores concluem que a
nutrição desempenha um papel importante na modulação da função orgânica pós-
transplante.
Ademais, os cirróticos com freqüência são desnutridos, especialmente
os candidatos a transplante (Álvares-da-Silva & Silveira, 1998; Figueiredo et al, 2000;
Stephenson et al, 2001; Álvares-da-Silva et al, 2004; Campos et al, 2004; Gottschall et
al, 2004; Álvares-da-Silva & Silveira, 2005). O transplante, por sua magnitude, os
expõe a um grande estresse cirúrgico adicional, e no período pós-operatório não é
raro que complicações clínicas retardem o início da alimentação. Isto significa a
persistência de um balanço energético negativo, o que poderia vir a ser ainda mais
prejudicial e deletério naquele paciente que recebe um fígado de um doador
desnutrido.
1.4. O dano de isquemia/reperfusão
1.4.1. Considerações gerais
A ausência de função do enxerto no período pós-transplante imediato
é provavelmente multifatorial, mas o dano de preservação tem sido freqüentemente
implicado (Natori et al, 1999; Cohen et al, 2000; Almada et al, 2003). Obrigatoriamente
a realização de um transplante envolve isquemia tecidual. A redução da oxigenação
pode atingir o enxerto em diferentes fases do processo de troca do órgão doente pelo
sadio (Carrasco et al, 1996; Shackleton, 1998). Acredita-se que virtualmente todos os
enxertos sejam danificados durante o transplante (Gaffey et al, 1997; Wang et al,
1998; Cohen et al, 2000).
Aos fenômenos nocivos secundários a este processo, tanto aqueles
decorrentes das condições pré-mórbidas do doador, da isquemia a quente do órgão
antes e durante a sua retirada, do estoque a frio, bem como daqueles provenientes
da restituição do fluxo sanguíneo, após sua implantação no receptor, dá-se o nome
de lesão de preservação ou ainda lesão de isquemia/reperfusão (I/R). A lesão de
I/R é o fenômeno pelo qual o dano celular em um órgão hipóxico é acentuado após
a restauração do fluxo de oxigênio (Teoh & Farrell, 2003).
A preservação de um órgão é a chave inicial para o sucesso do
transplante (Southard & Belzer, 1996). No entanto, vários fatores podem determinar
dano no enxerto, nas diferentes etapas envolvidas:
1.4.2. A lesão de pré-preservação
A lesão de pré-preservação origina-se de condições patológicas
existentes no órgão doado, como esteatose, lesão por álcool ou fármacos, ou ainda a
presença concomitante de outras doenças hepáticas. Eventos associados à morte
cerebral, como hipotensão ou hipóxia, provocam efeito semelhante a uma isquemia
a quente e possuem a clara tendência de danificar o enxerto (Strasberg, 1997).
A estes fatores somam-se outros potenciais danos durante a cirurgia
para a ablação do órgão, como a hipotensão ou a parada cardiorrespiratória
(Strasberg, 1997). Nos indivíduos com morte cerebral podem ocorrer alterações
endocrinológicas, dentre elas a síndrome eutireóidea, situação em que redução
dos níveis séricos de triiodotironina (T3). Isto pode levar à deterioração da função
cardíaca e estimular o metabolismo em anaerobiose (Imberti et al, 1998).
A hipóxia tecidual tem papel importante na gênese da lesão de pré-
preservação. Os doadores que necessitam de grandes doses de dopamina para
manter estável sua pressão arterial estão sob risco de considerável lesão hepática
(Mirza et al, 1999). A parada cardiorrespiratória, mesmo breve, pode induzir lesão
isquêmica adicional ao fígado.
A esteatose hepática é um fator de risco importante ao funcionamento
do enxerto pós-transplante (Markin et al, 1993; Strasberg, 1997; Miki et al, 1998,
Melendez & Heaton,1999, Imber et al, 2002). A análise da biópsia de congelação
realizada logo antes do transplante é considerada um método útil para excluir
órgãos lesados e, conseqüentemente, com maior risco de mau funcionamento
(Markin et al, 1993). Mesmo na avaliação de doador para transplante intervivos pode
haver espaço para uma biópsia pré-operatória, visando especialmente avaliar a
extensão da esteatose hepática (Flamm et al, 2000).
1.4.3. A lesão de preservação a frio
A conservação em gelo é a técnica rotineiramente empregada para a
preservação (Southard & Belzer, 1996), através da combinação do resfriamento da
superfície do órgão e da sua perfusão com solução de preservação gelada (Hertl et al,
1996). A hipotermia reduz a taxa metabólica e assim prolonga o tempo que as células
anóxicas podem reter atividades metabólicas essenciais (Jaeschnke, 1996). Para cada
10°C de redução da temperatura ocorre paralelamente uma queda de 50% na
atividade metabólica. A 1°C o metabolismo situa-se em torno de 5% do normal. No
entanto, a função de algumas proteases continua a despeito do frio, podendo
danificar o órgão (Strasberg, 1997).
Quando isquemia, por definição ausência de fluxo sanguíneo,
caracterizando hipóxia tecidual. A hipóxia determina a diminuição do aporte de
oxigênio à célula, com redução dos fosfatos ricos em energia, redução da atividade
da bomba Na/K e alteração na troca de água e íons. Isto promove acúmulo
intracelular de íons e conseqüente influxo de água, com edema celular, ao que se
seguem glicólise em anaerobiose e queda do pH, culminando em dano isquêmico
(Strasberg, 1997; Massberg & Messmer, 1998).
Durante a fase de isquemia o metabolismo celular anaeróbico promove
degradação da adenosina para hipoxantina e conversão da xantina-desidrogenase
para xantina-oxidase. Com o restabelecimento do fluxo sanguíneo, o oxigênio reage
com a hipoxantina e catalisado pela xantina-oxidase produz oxirradicais que
interagem de forma destrutiva com as membranas celulares. A hipoxantina
desempenha um papel fundamental nestes eventos (Shackleton, 1998). A Figura 3
resume o que ocorre no ambiente celular quando há isquemia tecidual.
1.4.4. A lesão de preservação a quente e a lesão de reperfusão
O dano de aquecimento ocorre no período entre a retirada do órgão do
gelo e sua efetiva implantação no receptor, intervalo este que varia habitualmente
entre 30 e 60 minutos. Períodos longos de isquemia a quente, especialmente de
acima de 90 (Cisneros et al, 1991) ou 120 minutos (Strasberg, 1997), correlacionam-se
diretamente com não-função primária do enxerto.
A reintrodução do fluxo, ou a reperfusão, quando o sangue portal está
novamente banhando o fígado (As et al, 1999) representa ainda outro momento de
potencial dano, por vezes mais notável que as fases prévias (Teoh & Farrell, 2003)
sendo sua extensão dependente do grau de comprometimento do enxerto nas fases
anteriores (Strasberg, 1997). O complexo I/R, por conseguinte, resulta tanto da
isquemia quanto da reintrodução do fluxo sangüíneo, no denominado “paradoxo do
oxigênio” (Minor & Isselhard, 1995; Post et al, 1995; Arora & Gores, 1996). A
manutenção inicial da isquemia e a geração de radicais livres de oxigênio
desempenham papel determinante na gênese da lesão de reperfusão (Minor &
Isselhard, 1995).
Figura 3. Mecanismos relacionados à lesão celular durante o período de isquemia a
frio. A hipoxantina desempenha papel central na lesão celular, que será agravada na fase seguinte
da lesão de I/R, a reintrodução do fluxo sanguíneo. Modificada de Schackleton, 1998.
1.4.5. A aferição do dano de preservação
A liberação das enzimas aspartato aminotransferase (AST), alanina
aminotransferase (ALT) e desidrogenase lática (LDH) na solução de preservação é
consideradas um importante índice para avaliar a qualidade da preservação do
órgão (Jamieson et al, 1988), sendo um sensível marcador de danos pré-existentes ou
adquiridos durante o período de isquemia a frio (Lange et al,1996). Enquanto as
aminotransferases são enzimas que marcam dano hepatocelular, elevando-se
HIPÓXIA
ATP AMP
Adenosina
HIPOXANTINA
LESÃO CELULAR
Diminuição da perfusão
tecidual
quando necrose ativa do parênquima, a LDH é uma enzima da rota glicolítica
que cataliza a conversão de lactato em piruvato, e que é liberada quando lesão
celular, em situações inespecíficas em que hipóxia e necrose (Souza et al, 2005).
Na prática clínica esta aferição não costuma ser realizada, sendo seu uso reservado à
pesquisa (Moresco et al, 2004).
Ademais, o exame anatomopatológico também pode ser utilizado na
avaliação do dano de I/R. A biópsia de congelação, realizada no período de
isquemia a frio, tem utilidade limitada neste contexto. De fato, seu uso é reservado
para aqueles casos em que existem dúvidas quanto à qualidade do enxerto, como,
por exemplo, em um doador infectado pelo vírus da hepatite B ou C, para
reconhecer a presença ou não de hepatite em atividade, o que restringiria
sobremaneira o aproveitamento do órgão. Por outro lado, naqueles casos em que
esteatose hepática, sua quantificação pode ser decisiva na decisão de prosseguir ou
interromper o transplante. no que se refere apenas à detecção de lesão secundária
à isquemia, o exame anatomopatológico pouco acrescenta (Álvares-da-Silva, 2000;
Moresco et al, 2004), pois as lesões ainda mais evidentes surgem após a reperfusão.
1.5. O estresse oxidativo
Em um ambiente de pesquisa outros parâmetros podem ser avaliados
na tentativa de aferir o dano de preservação, em especial o estresse oxidativo (EO),
reconhecidamente envolvido na patogênese da disfunção inicial do enxerto no
período pós-transplante (Cogger et al, 2004). Os radicais livres (RL) podem ser
definidos como espécies químicas capazes de existirem de forma independente e
que apresentem um ou mais elétrons desemparelhados. As espécies reativas do
nitrogênio (RNS) incluem o óxido nítrico (NO) e o peroxinitrito (ONOO
-
), enquanto
as espécies reativas do oxigênio (ROS) incluem o ânion superóxido (O
2
), o radical
hidroxil (OH
-
) e o peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) (Halliwell & Gutteridge, 1989). Os
RL são altamente reativos, tem grande instabilidade e meia-vida curta, de forma que
não se deslocam para longe de seu sítio de formação, estabilizando-se ao interagir
com qualquer biomolécula adjacente (Southorn & Powis, 1988). Isto faz com que a
sua aferição se faça de maneira indireta (Burke et al, 2002). A lesão mitocondrial que
se segue à reperfusão do fígado em isquemia é considerada a principal fonte
geradora de ROS, pois durante a isquemia a cadeia respiratória está reduzida (Belló-
Klein, 2002; Teoh & Farrell, 2003).
A vida em aerobiose se caracteriza pela contínua produção de ROS que
é contrabalançada pelo consumo de defesas antioxidantes não enzimáticas e pela
atividade das enzimas antioxidantes. Assim, em condições fisiológicas, o balanço
entre agentes pró-oxidantes e as defesas antioxidantes mantém-se em equilíbrio.
Quando esse balanço é rompido em favor dos agentes oxidantes, diz-se que a célula
ou organismo se encontra sob estresse oxidativo, com potenciais danos (Belló-Klein,
2002; Busquets et al, 2002; Cogger et al, 2004). Conseqüentemente, a quantificação do
EO torna-se importante para inferir o grau de disfunção hepática no período de
preservação do enxerto. Vários fenômenos envolvidos neste processo podem ser
úteis na estimativa do grau de EO, como a oxidação de lipídios (lipoperoxidação), a
dosagem dos produtos do NO, e a quantificação de substâncias antioxidantes.
A lipoperoxidação (LPO) tem sido freqüentemente relatada como um
dos principais mecanismos de lesão celular provocada pelos ROS, sendo definida
como uma oxidação de lipídios poliinsaturados (Buege & Aust, 1978). Esse
mecanismo é uma reação em cadeia que dá origem a vários produtos de degradação,
entre eles o malondialdeído (MDA) que é utilizado como indicador de peroxidação
lipídica. O MDA pode ser medido através da dosagem das substâncias reativas ao
ácido tiobarbitúrico (TBARS) (Halliwell & Gutteridge, 1989) e vem sendo usado
como estimativa do EO em vários estudos (Rhoden et al, 1996; Lefevre et al, 1998;
Jain et al, 2002; Cogger et al, 2004, Moreira et al, 2004).
O NO é produzido a partir da L-arginina, através de uma reação
catalizada pela enzima óxido nítrico sintetase (NOS). Posteriormente, se decompõe
em NO
2
-
e NO
3
-
, que podem ser deletérios por promover a oxidação e
nitrosaminação de macromoléculas biológicas, incluindo a indução da LPO, danos
no DNA e inativação de enzimas ou proteínas estruturais (Cadmium, 2002).
Os antioxidantes, por sua vez, compreendem substâncias que retardam
ou inibem a ação das ROS e podem ser divididos em dois principais grupos:
enzimáticos e não-enzimáticos. Dentre os primeiros, a superóxido dismutase, a
catalase e a glutationa peroxidase são mais utilizadas na avaliação do EO (Llesuy,
2002; Cogger et al, 2004; Grezzana et al, 2004). Os métodos não-enzimáticos, como o
α-tocoferol, o ácido ascórbico e o ácido úrico são bem menos empregados.
1.6. As soluções de preservação
1.6.1. Solução Universidade de Wisconsin
A solução da Universidade de Wisconsin (UW) é a solução de
preservação mais utilizada pelos grupos de TxH mais de 15 anos, tendo
substituído o uso da solução EuroCollins (Upadhya & Strasberg, 2000). A sua
introdução no mercado, no final dos anos 80, foi considerada um marco na história
do transplante (Vera et al, 1993; Kahn, 1996; Cohen et al, 2000) e possibilitou uma
isquemia a frio mais longa, com menor lesão tecidual. Outras soluções têm sido
sugeridas (Lemasters et al, 2001; Quintana et al, 2005), mas ainda não demonstraram
sua vantagem em relação à UW. A composição da solução UW visa reduzir os
efeitos negativos da hipotermia, combatendo o edema celular intersticial e a acidose,
bem como fornecer antioxidantes, inibindo ROS, e provendo substrato para a
repleção de ATP após a reperfusão (Southard & Belzer, 1996). Apesar deste desenho
teórico, ela protege principalmente o enxerto contra os danos decorrentes da fase
isquêmica, sendo menos protetora na reoxigenação (Kahn, 1996). Sua principal ação,
e o que lhe faz superior em relação a outras soluções, parece ser a capacidade de
proteção endotelial (Clavien, 1998). De fato, as células endoteliais dos sinusóides,
são os alvos iniciais do dano de preservação (Natori et al, 1999).
1.6.2. A frutose-1,6-bisfosfato como solução de preservação
A frutose-1,6-bisfosfato (FBP) é um intermediário altamente energético
da glicólise (Kirtley & McKay, 1977), formado endogenamente na rota glicolítica,
que tem sido relacionado a uma série de efeitos terapêuticos (Nunes et al, 2002;
Vexler et al, 2003). Ver Figura 4. Em 1991, Lazzarino et al, estudando corações de
ratos, demonstraram que a FBP preserva o ATP intracelular durante períodos de
perfusão anóxica, e outros estudos têm sido publicados acerca do uso de FBP na I/R
relacionada à cirurgia cardíaca (Riedel et al, 2004; Gal et al, 2000) e em modelos de
transplante, como o de intestino delgado (Sola et al, 2003; Sola et al, 2004; Genesca et
al, 2005) e o pulmonar (Chu et al, 2002).
A capacidade da FBP em preservar o ATP intracelular deve ser
discutida no contexto da morte celular após a reperfusão, que pode ser secundária à
necrose ou apoptose. A apoptose é uma forma programada de remoção de células
sem que haja o recrutamento de uma resposta inflamatória ou destruição do
ambiente celular, ao contrário da necrose, em que perda de integridade da
membrana plasmática e um grande estímulo à resposta inflamatória (Teoh & Farrell,
2003). O que determina a forma de morte celular pós-reperfusão é o seu conteúdo de
ATP. Se diminuído, necrose, e se mantido em níveis acima de 10 a 20% dos
valores habituais, apoptose. Assim, o conteúdo de ATP intracelular age como
uma chave que determina o tipo de morte celular e a conseqüente resposta
inflamatória que ela desencadeará (Lemasters et al, 2001). Kim et al, 2003,
demonstraram em cultura de hepatócitos de ratos o aumento da apoptose quando as
células eram incubadas com frutose.
A FBP parece reduzir a lesão tecidual associada à isquemia, choque e
dano tóxico, por sua capacidade de aumentar a utilização anaeróbica de
carboidratos e inibir a geração de RL pelos neutrófilos (Markow et al, 1980; Rao &
Mehendale, 1989). Markow et al, 2002, demonstraram em modelo animal de
transplante cardíaco a redução na proliferação de células T com o uso de FBP.
Resultados similares, mas utilizando como modelo, sepse em humanos, foram
descritos (Nunes et al, 2003a), sugerindo que a FBP tenha um efeito
imunomodulador. O mesmo grupo demonstrou, estudando ratos com sepse
induzida pela infusão intraperitoneal de Escherichia coli, uma menor mortalidade nos
ratos tratados com FBP (Nunes et al, 2002). De acordo com Nunes et al, 2003b, esta
ação contra a sepse parece ser devida mais à ação antiinflamatória que
antimicrobiana da FBP.
Cuesta e colaboradores, em recente publicação, 2006, estudando a lesão
hepática induzida por D-galactosamina em ratos in vivo e in vitro, confirmaram as
atividades antiinflamatórias e imunomoduladoras da FBP, através da redução de
endotoxemia, da degradação mastocitária e da liberação de histamina e fator de
necrose tumoral- α (TNFα). Mais que isto, sugeriram um novo mecanismo de ação
da FBP. Esta teria uma capacidade exógena de reduzir o consumo de ATP através da
modulação dos canais de potássio das membranas das células de Kupffer.
Hirokawa et al, 2002, havia estudado a ativação das células de
Kupffer em fígados de ratos, através da aferição de NO e TNFα no líquido de
preservação em modelo de isquemia a frio por 24 horas, comparando sua expressão
em fígados preservados com UW ou com UW associada à FBP. Os autores
concluíram que houve menor elevação de NO e TNFα nos fígados preservados com
solução de UW associada à FBP, salientando a proteção das células de Kupffer, que
mantiveram sua capacidade fagocítica. Resultados diversos encontraram, em 2004,
Moresco et al, estudando fígados de ratos submetidos a um período de 24 horas de
isquemia a frio. Comparando a solução de UW com FBP e, ainda, a solução de UW
acrescida de FBP, concluíram que a preservação hepática foi pior com esta última.
Os resultados foram similares entre FBP e UW. Ademais, a LPO aferida pela reação
de TBARS foi menor nos fígados preservados com FBP. Os autores sugeriram que,
considerando o alto custo da solução de UW, a FBP poderia ser uma alternativa
interessante na composição de outras soluções.
Glicose
Frutose-6-
fosfato
FRUTOSE-1,6-
BISFOSFATO
Glicose-6-
fosfato
Glucose-6-fofatase
Hexocinase
Piruvato-carboxilase
Piruvatocinase
Piruvato
Fosfofenolpiuva
to
Piruvato-carboxilase
Fructose-bifofatase
Figura 4: Rota glicolítica. O metabolismo da glicose inicia-se com a fosforilação de glicose em
glicose-6-fosfato (G6P), que é catalizada pela hexoquinase. Na etapa seguinte, a G6P é isomerizada
em frutose-6-fosfato, que é fosforilada a FBP. Posteriormente a FBP é convertida em
fosfoenolpiruvato, que sofre ação da piruvato-cinase e transfere um fosfato para o ADP,
transformando-se em piruvato. consumo de ATP em todas etapas da rota glicolítica. (Kirtley &
McKay, 1977).
O nosso grupo tem pesquisado acerca do tema, e resultados ainda
parciais e submetidos para publicação do uso de FBP em modelo animal de I/R em
comparação com UW têm confirmado os de Moresco et al, 2004. A FBP parece ser
uma boa alternativa para a preservação a frio do enxerto hepático (Fraga et al, 2005;
Dal Molin et al, 2005).
2. JUSTIFICATIVA
A preservação do enxerto é parte fundamental para o sucesso do
transplante hepático. Mesmo a solução de UW sendo bastante eficaz, ela ainda não é
a ideal, pois não são raros os casos de ausência de função de enxerto no período pós-
operatório. Ademais, seu custo é significativo. Neste cenário, a pesquisa de soluções
de preservação alternativas parece ser relevante.
O dano de I/R é um continuum de lesão que se inicia no doador,
mesmo antes da ablação do órgão. Desta forma, características do doador têm
influência no estímulo a maior ou menor lesão após o transplante, dentre elas o seu
estado nutricional. A presença de esteatose, freqüentemente relacionada à síndrome
metabólica e ao consumo de dietas ricas em lipídios, tem sido ligada à disfunção
mitocondrial, fonte inicial da geração de ROS. A restrição alimentar e a desnutrição
aguda, por sua vez, podem restringir a reserva energética celular. A FBP tem
demonstrado sua utilidade em situações de estresse oxidativo como sepse, e seu uso
em modelos de isquemia a frio têm produzido bons resultados. A sua oferta durante
a isquemia a frio, período em que glicólise em anaerobiose, poderia poupar os
fosfatos intracelulares ricos em energia, diminuindo a tendência à necrose e
reduzindo a lesão celular.
A comparação entre FBP e solução de UW na isquemia hepática a frio,
em um cenário de diferentes estados nutricionais do doador, é o que justifica este
estudo. A hipótese é que a FBP, ao prover maior substrato energético ao hepatócito,
poderia ser protetora contra os danos promovidos pela restrição alimentar ou pela
dieta hiperlipídica.
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Avaliar a influência do estado nutricional sobre o dano de isquemia a
frio, aferido por parâmetros bioquímicos (AST, ALT, LDH), anatomopatológicos, de
lipoperoxidação (TBARS) e geração de antioxidantes endógenos (catalase), em
fígados de ratos com dieta normal, restrita ou hiperlipídica.
3.2. Objetivos Específicos
3.2.1. Comparar o dano de isquemia a frio após a preservação de fígados de ratos
submetidos à dieta normal e preservados com FBF, solução UW ou solução
fisiológica (SF).
3.2.2. Comparar o dano de isquemia a frio após a preservação de fígados de ratos
submetidos à dieta de restrição e preservados com FBP ou solução UW.
3.2.3. Comparar o dano de isquemia a frio após a preservação de fígados de ratos
submetidos à dieta hiperlipídica e preservados com FBP ou solução UW.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Delineamento e tamanho da amostra
Foi realizado um estudo experimental, cujos fatores em estudo são o
estado nutricional e a solução de preservação, e o desfecho o dano de isquemia a
frio. Para determinar a dieta que foi oferecida aos animais foi feito um estudo inicial
em 10 ratos. Para posterior cálculo amostral realizou-se um estudo piloto com 5
animais em cada braço com observação dos resultados.
4.2. Os animais de experimentação
4.2.1. Aspectos gerais
Foram utilizados ratos da espécie Rattus norvegicus da linhagem
Wistar, machos em fase reprodutiva, com idade de aproximadamente 120 a 150 dias,
pesando entre 270 e 480g, provenientes do Centro de Reprodução e Experimentação
de Animais de Laboratório (CREAL) do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), alocados na Unidade de
Experimentação Animal (UEA) do Centro de Pesquisa do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre (HCPA). Foram estudados também animais “idosos” com idade em
torno de 50 semanas, mas não considerados para os propósitos deste estudo. Os
resultados da avaliação destes animais estão descritos no Anexo 1.
Respeitou-se um período de observação dos animais de sete dias antes
do início de todos os experimentos. Os animais foram mantidos em caixas-moradia
individuais, confeccionadas em policarbonato, transparentes, medindo 65 x 25 x
15cm, com assoalho recoberto de serragem e contendo em seu interior comedor de
alumínio (20mm
3
) e toca de aço inoxidável desenvolvida para seu conforto. Estavam
submetidos a ciclo normal claro e escuro, com luzes acesas das 7 às 19h, em
ambiente com temperatura controlada, entre 18 e 22°C e receberam água ad libitum.
Os animais foram divididos em três grupos conforme a oferta nutricional, por 4
semanas até 12 horas antes do experimento: Grupo I: controles com dieta normal
(controle); Grupo II: animais submetidos à restrição alimentar (restrição); e Grupo
III: submetidos à dieta rica em lipídios (hiperlipídica).
4.2.2. Aspectos dietéticos:
Inicialmente, foi ofertada ad libitum a 10 animais a ração sólida,
habitualmente utilizada no UEA do HCPA (Nuvilab CR1-Nuvital Nutrientes Ltda,
Colombo, Paraná). Os animais foram mantidos em caixas-moradia individuais por 1
semana e a quantidade de ração consumida foi avaliada a cada dia. Os resultados
obtidos estão demonstrados no Anexo 2. A média diária resultante foi de 21,6g,
sendo adotados 22g como padrão. Esta foi a quantidade diária disponibilizada a
cada animal do Grupo I por 4 semanas.
Aos ratos do Grupo II a dieta proporcionada foi a metade daquela
oferecida aos ratos do Grupo I (11g/dia). Aos ratos do Grupo III foi ofertada por 4
semanas, ad libitum, dieta hiperlipídica com 1 kcal/mL, à base de óleos vegetais com
71% da energia derivada de gordura, 18% de proteína, e 11% de carboidrato,
denominada dieta Lieber-De Carli (Lieber et al, 2004). O Quadro 1 demonstra os
componentes da referida dieta.
A escolha dos animais e alocação dos mesmos em cada grupo foi
realizada de forma aleatória. Para a distribuição aleatória, os animais, em cotas de
10, foram previamente imobilizados (sendo envolvidos em tecido macio) e marcados
na cauda com uso de pincel atômico. A partir dessa numeração foi feita a
distribuição aleatória nos grupos.
Quadro 1. Composição da dieta Lieber-De Carli
Componentes Proporções em
g/L
Caseína 41,4
L-cistina 0,5
Dl-metionina 0,3
Óleo de milho 48,5
Óleo de oliva 28,4
Óleo de açafrão 2,7
Maltose
dextrina
25,6
Colina 0,53
Fibra 10,0
Goma Guar 3,0
Modificado de Lieber et al, 2004
Conteúdo vitamínico/1000 ml: tiamina 1,5 mg; riboflavina 1,5 mg, piridoxina 1,75 mg; ácido
nicotínico 7,5 mg; pantotenato de cálcio 4,0 mg; ácidolico 0,5 mg; biotina 50 µg; vitamina B-12 25
µg; ácido p-aminobenzóico 12,5 mg; inositol 25 mg; vitamina A 6000 UI, vitamina D 400 UI, Vitamina
E 30 UI; vitamina K 125 µg. Conteúdo de oligoelementos e minerais/1000ml (em mg): cálcio 1300;
fósforo 1000; sódio 255; potássio 900; magnésio 125; manganês 13,5; ferro 8,8; cobre 1,5; zinco 7,5; iodo
0,05; selênio 0,025; crômio 0,5; cloretos 390; sulfatos 250; e fluoretos 0,25.
4.3. O experimento
4.3.1. Manipulação da Dieta Lieber -De Carli
A manipulação da dieta seguiu as seguintes etapas: a) foram pesadas
as vitaminas do complexo B e ácido fólico: B5 (400mg), B1 (150mg), B6 (175mg), B3
(750mg), B2 (150mg) e ác. fólico (50mg), diluídas em 100ml de água destilada (AD) e
reservado 1ml para a dieta; b) pesadas as vitaminas B12 (25mg) e biotina (50mg),
diluídas em 100ml de AD e reservado 0,1ml; c) pesados os óleos de milho 48,5g,
oliva 28,4g e prímula 2,7g (em substituição ao óleo de açafrão da dieta original) e
homogeneizados por 5 minutos; d) em Graal foram colocadas L-cistina (0,5g), DL-
metionina (0,3g) e bitartarato colina (0,53g), trituradas e acrescidas a 100ml de AD; e)
pesou-se e triturou-se vitamina A (6000UI), vitamina D (400UI), vitamina E (30UI),
vitamina K (125mcg), sendo estas acrescidas aos óleos homogeneizados; f) pesou-se
e triturou-se em Graal ácido para-aminobutírico (PABA) (12,5mg), inositol (25mg),
que foram misturados a 100ml de AD; g) pesou-se caseína (41,4g) e dissolveu-se em
100 ml de AD; h) pesou-se maltodextrina (25,6g), misturou-se em 100ml de AD; i)
pesou-se fibra - Psyllium sp (10g) e goma-guar (3g), sendo misturados a 100ml de
AD; h) foram pesados e triturados os seguintes minerais e oligoelementos: quelato
de cálcio (1300mg), quelato de fósforo (1000mg), cloreto de sódio (255mg), quelato
de potássio (900mg), quelato de magnésio (125mg), quelato de manganês (13,5mg),
quelato de ferro (8,8mg), quelato de cobre (1,5mg), quelato de zinco (7,5mg), iodeto
de potássio (0,05mg), quelato de selênio (0,025mg) e picolinato de cromo (0,5mg) e
acrescidos a 100 ml de AD. Todas as pesagens dos substratos foram feitas em
balança de precisão marca Gehaka BG 400; i) todas as soluções hidrossolúveis foram
misturadas em Becker e acrescidas aos óleos contendo as vitaminas lipossolúveis; j)
foi acrescida AD até se atingir o volume final de 1000 ml; k) todo o conteúdo foi
então submetido ao mixer marca Black & Decker modelo SB 40, por 60 segundos,
resultando uma mistura líquida de densidade leve. A dieta foi mantida em frascos
plásticos de 1000ml, fechados e armazenados em geladeira, com validade de 30 dias.
4.3.2. Coleta de sangue para análise metabólica
Os animais dos Grupos II e III tiveram sangue coletado para análise
metabólica em dois momentos. A primeira, pela retirada de sangue do lago venoso
retro-ocular, antes do início do regime alimentar de 4 semanas, sob anestesia com
Ketamina 1,16mg/10ml (Laboratório Vetbrands) e Xilazina 200mg/10ml
(Laboratório Calier do Brasil Ldta.), por via intra-peritoneal. Após a perda do reflexo
doloroso, o sangue foi coletado com auxílio de capilar de vidro introduzido no plexo
venoso retro-ocular, conforme técnica padronizada. A segunda amostra foi obtida ao
final das 4 semanas, através de punção cardíaca, sob anestesia inalatória, durante o
procedimento cirúrgico, que será descrito a seguir.
Os animais do Grupo I, considerados controles, tiveram uma única
amostra sanguínea retirada, após 4 semanas de dieta, durante o procedimento
cirúrgico, conforme descrito para os demais grupos.
4.3.3. O procedimento anestésico
No dia da cirurgia, os animais foram retirados de sua caixa-moradia,
após 12h de jejum, e procedida indução anestésica com isoflurano 1,5%
(Isoflurano®, Laboratório Abbott) por via inalatória, em campânula de
policarbonato transparente. A seguir, após imobilidade e perda de reflexo de
endireitamento, o animal foi colocado em decúbito dorsal em mesa cirúrgica
apropriada. A manutenção da anestesia foi feita através da administração do
anestésico por meio de máscara inalatória conectada ao carro de anestesia. Para
controle das concentrações administradas de anestésico foi empregado vaporizador
calibrado.
4.3.4. O procedimento cirúrgico
Após anestesia, os animais foram submetidos aos seguintes
procedimentos: a) assepsia do abdômen com solução de iodo-povidine; b)
laparotomia ampla por meio de incisão em U; c) exposição de intestino, que
permaneceu rebatido à direita do operador sob proteção de gaze umedecida com
cloreto de sódio a 0,9%; d) dissecção romba delicada por meio de hastes plásticas
flexíveis com algodão e identificação das veias renal direita, cava inferior e porta; e)
punção da veia renal, injeção de 0,1ml (0,8U) de solução de heparina (Liquemine®,
Laboratório Roche) e posterior ligadura do vaso; f) passagem de fio de sutura de
seda 3-0 como reparo, um na veia cava inferior e dois na veia porta para auxílio dos
passos subseqüentes; g) canulação da veia porta com cateter intravenoso de
permanência 20G (Abbocath® no. 20, Johnson & Johnson); h) conexão do cateter
portal com o equipo ligado à solução de preservação; i) ampliação da laparotomia à
toracotomia, e coleta de sangue por punção cardíaca; j) liberação do fluxo da solução
de preservação para o veia porta; k) abertura da veia cava inferior para facilitar a
perfusão hepática; l) exsanguinação e morte do animal sob anestesia; m) retirada do
fígado para preservação.
4.3.5. A perfusão e preservação hepáticas
Foram utilizadas para perfusão e preservação hepáticas, de acordo com
o grupo, duas soluções distintas: solução de UW (Viaspan, 320mOsM/L) ou
solução salina de FBP (10mmol/l em NaCl 0,9%, 330 mOsM/L), ambas a 4ºC. A
infusão de 125ml, durante aproximadamente 2 minutos, da solução de preservação
foi feita através de cateter portal, de forma contínua, com pressão de 60cm H
2
O.
Mais 5 animais submetidos ao regime alimentar determinado com
normal, bem como aos mesmos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, conforme
descrito, tiveram seus fígados perfundidos e preservados apenas com solução salina
ou solução fisiológica (SF) (NaCl 0,9%, Laboratório B.Braun, 308mOsM/L), para
posterior comparação com os animais do Grupo I. Estes foram chamados de Grupo
IV. O Quadro 2 resume os grupos em estudo.
Quadro 2. Os grupos de animais de acordo com a oferta calórica e a solução de
preservação a ser utilizada
A preservação do fígado dos
animais ocorreu em 50ml de solução de UW ou
FBP, conforme o subgrupo, também à
temperatura controlada de 4ºC, por 8 horas. Os
fígados ficaram acondicionados em recipiente de
vidro. A Figura 5 demonstra o fluxograma de
atividades executadas.
4.3.6. A avaliação metabólica e do estado
nutricional
Os animais foram pesados em balança digital (Marte, modelo
AS5500C) antes do período de oferta dietética (grupos II e III) e imediatamente antes
do procedimento cirúrgico (todos os grupos). Os fígados de todos os animais foram
pesados na mesma balança no final do período de preservação.
Grupos Subgrupos
Grupo I Dieta normal UW
Dieta normal FBP
Grupo
II
Dieta restrita UW
Dieta restrita FBP
Grupo
III
Dieta hiperlipídica
UW
Dieta hiperlipídica
FBP
Grupo
IV
Dieta normal SF
Figura 5. Fluxograma do estudo. Os ratos foram observados durante 1 semana e após este
período alocados aleatoriamente em um dos grupos e submetidos à dieta por 4 semanas. Ao cabo
deste período foi realizada hepatectomia sob anestesia e os fígados preservados em solução de UW
ou de FBP por 8 horas. Os procedimentos relacionados à avaliação da lesão por isquemia a frio foram
então realizados. Onde: UW= solução da Universidade de Wisconsin; FBP= frutose-1,6-bisfosfato;
SF= soro fisiológico; IF= lesão de isquemia a frio.
A dosagem da glicemia de jejum de 12h foi realizada através do
método cinético UV (aparelho Hitachi 917-Roche) no sangue venoso do animal antes
do período de oferta dietética (grupos II e III) e durante o procedimento cirúrgicos
(todos os grupos). Através da rmula: [glicemia pós-intervenção glicemia pré-
intervenção], foi calculado o delta-glicemia. A dosagem da insulina de jejum de 12h,
através de radioimunoensaio (Aparelho ECLIA-Modular E 170-Roche), foi feita nos
mesmos períodos. Foi determinada a albumina pelo método colorimétrico verde
bromocresol (Aparelho Hitachi 917-Roche). Através da fórmula: [albumina s-
intervenção – albumina pré-intervenção], foi calculado o delta-albumina.
DIETA
HIPERLIPÍDICA
DIETA
RESTRITA
FBPUW
FBP
UW
SFFBP
DIETA
NORMAL
GRUPO II GRUPO III
GRUPO IV
GRUPO I
4 semanas
8 horas
1 semana
Avaliação
IF
Avaliação
IF
Avaliação
IF
Avaliação
IF
UW
DIETA
NORMAL
Antes da oferta dietética (grupos II e III) e durante o procedimento
cirúrgico (todos os grupos), procedeu-se à coleta de sangue para a dosagem de
albumina com um kit para humanos através do método colorimétrico verde
bromocresol (aparelho Hitachi 917-Roche).
4.3.7. A avaliação do dano isquêmico e da lipoperoxidação e geração de
antioxidantes endógenos
Foram retiradas alíquotas da solução de preservação nos tempos 2, 4, 6
e 8 horas. Para avaliação de lesão por isquemia a frio foram dosadas no líquido de
preservação AST, ALT e LDH, através do método cinético UV (aparelho Hitachi 917-
Roche).
A coleta do material para as análises dependentes do tecido hepático
foi padronizada da forma que se segue: 2 finas fatias de aproximadamente 1mm de
espessura, eram retiradas com auxílio de lâmina de bisturi, no sentido crânio-caudal
da porção média de ambos lobos principais (mediano e esquerdo) e encaminhadas
para estudo anatomopatológico; o restante de cada lobo era bipartido em partes
iguais, sendo estas separadas em 2 porções, que então somadas a divisão dos lobos
secundários, totalizavam aproximadamente 3 a 7g cada; estas respectivas porções
eram então acondicionadas em Tubos Falcon contendo uma proporção de 9,0mL de
SF ou tampão fosfato para cada grama de tecido e mantida em gelo, para posterior
confecção dos homogeneizados e verificação de TBARS e atividade da catalase,
respectivamente.
A maceração do tecido hepático foi feita em homogeneizador
automatizado (Potter Elvehjem) a 1.500rpm, durante 2 minutos.
A medida das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) foi
feita com o aquecimento de 125µL do sobrenadante do homogeneizado do tecido
hepático, com TBA 0,67% e ácido tricloroacético (TCA) 10% por 15 minutos em
banho-maria fervente a 100°C. O produto corado extraído com ácido n-butílico,
centrifugado por 10 minutos a 3000rpm e medido por espectrofotometria em 535nm,
através da técnica descrita por Halliwell & Guteridge, 1989. Os dados foram
expressos em nmol/g de tecido.
A atividade da catalase foi determinada através da reação entre
tampão fosfato 50mM, de pH neutro, e peróxido de hidrogênio 0,3µmol, do
homogeneizado do tecido hepático, com a leitura realizada em espectrofotômetro de
240nm, conforme método de Boveris & Chance (1973). As dosagens das proteínas
foram feitas pelo método de biureto (Lowry et al, 1951). Os dados foram expressos
em UI/mg.-proteína de proteína.
A análise anatomopatológica dos segmentos de gado foi realizada no
final das 8h de preservação a frio. Após fixação, o tecido foi embebido em parafina e
seccionado a 3µm. Os fragmentos foram montados sobre uma lâmina. Na seqüência
fixados com xilol e corados com hematoxilina/eosina. As lâminas foram observadas
em microscópio óptico a 40, 100 e 400x. A análise do dano de preservação a frio foi
feita por um único patologista, examinando amostras codificadas de tecido. Foram
analisadas a presença de infiltrado inflamatório portal e alterações isquêmicas
centrolobulares de acordo com sua intensidade: ausente (0), leve (1) e acentuada (2).
A esteatose foi classificada de acordo com o tipo (macro ou microvesicular) e
intensidade: ausente (0), menor que 5% (1), entre 5 e 33% (2), entre 33 e 66% (3) e
maior que 66% (4).
4.3.8. A morte dos animais
A morte dos animais ocorreu, sob anestesia, por sangria no momento
da abertura da veia cava inferior.
4.3.9. Local de realização dos experimentos
Os procedimentos anestésico-cirúrgicos foram realizados na UEA do
Centro de Pesquisa do HCPA. A centrifugação das alíquotas de líquido de
preservação e a dosagem de AST, ALT, LDH, glicemia, insulina e albumina feitas no
Laboratório de Patologia Clínica do Centro de Pesquisa do HCPA. A mensuração de
TBARS e catalase, feitas no Laboratório de Biofísica da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A análise anatomopatológica do tecido
hepático realizou-se no Laboratório de Patologia do CEA do Centro de Pesquisa do
HCPA. A manipulação das dietas foi feita no Blanc Laboratório de Manipulação, em
Porto Alegre, sob a supervisão da Farmacêutica Graciema Bauer Dini (CRF 4346).
4.3.10. Descarte de materiais
Todo o material biológico foi colocado em embalagens para resíduo
biológico e descartado no serviço de coleta do lixo hospitalar do HCPA. Quanto aos
procedimentos histológicos, obedeceram-se os cuidados pertinentes à adequada
manipulação do material utilizado como formol, Bouin e xilol, constando de luvas e
máscaras. Os resíduos químicos obtidos a partir desses experimentos foram
descartados por meio do Instituto de Química da UFRGS.
4.4. Análise estatística
A todas as variáveis foi aplicado o teste de normalidade Kolmogorov-
Smirnov, os dados que demonstraram normalidade serão expressos como média e
desvio padrão, os demais como mediana e intervalo interquartílico. Para comparar
as variáveis de medida única foi utilizada ANOVA one-way, seguida do teste de
comparações múltiplas de Duncan. A comparação de medidas seriadas foi feita pela
ANOVA para medidas repetidas, seguida do teste de Tukey e teste das diferenças
mínimas LSD (least significant difference), após transformação em postos ou ranks. O α
assumido como significativo foi de 0,05.
Os dados referentes à análise histológica serão apresentados de forma
descritiva. Serão apresentadas as freqüências relativas e absolutas de aparecimento
de eventuais alterações histológicas nos grupos estudados.
4.5. Aspectos éticos
Todos os procedimentos foram realizados em conformidade com a
legislação vigente no Brasil, Lei 6.638 (Diário Oficial da União 08/05/1979), que
estabelece normas para práticas didático-científicas da vivissecção de animais, assim
como regulamenta o registro dos Biotérios e Centros de Experimentação.
Atendendo a decreto que determina que o exercício da medicina de
animais de laboratório é atividade profissional privativa do médico veterinário -
Decreto Lei 64.704 de 17/06/1969 (Capítulo II, Art. 2º, itens “c” e “d”) -, o projeto foi
realizado sob a supervisão da médica veterinária Dra. Roseli de Oliveirallerker,
responsável técnica pelo CEA, especializada em animais de laboratório.
Todos os procedimentos operacionais realizados foram embasados em
Guide for the Care and Use for Laboratory Animals ILAR/EUA e Manual para
Técnicos em Bioterismo (COBEA/Brasil), e em acordo com Ethical Guideline for
Investigations of Experimental Pain in Conscious Animals, conforme indicado por
International Association for the Study of Pain (IASP). Estes obedeceram às normas
propostas pela Declaração Universal dos Direitos dos Animais (UNESCO, 27 de
janeiro de 1978) e Princípios Internacionais Orientadores para a Pesquisa Biomédica
Envolvendo Animais (Council for International Organizations of Medical Sciences -
CIOMS). O projeto foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do
HCPA/UFRGS, em fevereiro de 2005, sob o número 05-048.
5. FINANCIAMENTO
O presente estudo foi financiado através do Fundo de Incentivo à
Pesquisa e Eventos (FIPE) HCPA (R$ 8.000,00 - oito mil reais), do Programa de
Fomento à Pós-Graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior -PROF/CAPES - UFRGS (R$ 1.730,00 - um mil setecentos e trinta reais) e
por e recursos próprios (R$ 1.850,00 - um mil oitocentes e cinqüenta reais). O custo
totalizou R$ 11.580,00 - onze mil quinhentos e oitenta reais.
A aluna recebeu bolsa de mestrado da CAPES.
6. RESULTADOS
6.1. Aspectos gerais
Durante o período de quarentena inicial, nenhum animal apresentou
qualquer alteração física ou comportamental que sugerisse comprometimento de seu
estado de saúde, sendo todos incluídos no estudo.
No decorrer dos experimentos houve perda de 4 animais: 2 por
dificuldade de canulação da veia porta, durante o procedimento cirúrgico, tendo
ocorrido morte por hemorragia, sob anestesia; 1 por perfusão inadequada do fígado,
quando da liberação da solução de preservação, em razão da canulação seletiva de
um dos ramos portais e 1 em decorrência de depressão respiratória determinada pela
anestesia peritoneal, utilizada durante coleta sanguínea do lago venoso retro-ocular,
antes da intervenção alimentar. Todos os animais perdidos foram repostos por outros
de peso e idade semelhantes.
A Figura 6 demonstra os animais em suas caixas-moradia.
Durante as 4 semanas de regime alimentar, os animais do grupo
controle consumiram a totalidade da dieta ofertada (22g/dia), exceto raras sobras
ocasionais e desprezíveis. No grupo de restrição não se observou resíduos da dieta
diária ofertada em nenhuma ocasião. Os ratos do grupo da dieta hiperlipídica
consumiram 7.950mL da dieta Lieber-De Carli modificada ao final das 4 semanas,
perfazendo uma média de 26,5mL/animal/dia ou 26,5 kcal/animal/dia.
A Figura 7 demonstra os animais em suas caixas-moradia, recebendo a
dieta conforme o grupo e a Figura 8 a realização do procedimento anestésico, na fase
de indução e manutenção.
Os animais do grupo da dieta hiperlipídica apresentaram com
freqüência, evacuações pastosas, volumosas e fétidas. Com a evolução dos dias de
intervenção dietética foi observada pilo-ereção em todos os animais deste grupo,
tendo seus pêlos adotado uma coloração mais amarelada. O comportamento
também se modificou, tendo os mesmos se tornado mais agressivos que os animais
dos outros grupos.
Figura 6. Caixas moradia individuais. Confeccionadas em policarbonato transparente,
identificadas com o número do animal e alocadas na UEA-HCPA.
Estes animais apresentaram uma maior proporção de gordura intra-
abdominal, em relação aos controles e aos animais sob restrição alimentar a Figura
9 demonstra estes achados.
A média de peso de todos os ratos incluídos foi de 356g (±42) e dos
fígados 11,67g 2,49). O Anexo 2 demonstra todos os dados encontrados neste
estudo.
Figura 7. Animais em suas caixas-moradia, alimentando-se conforme grupo. 1=
animal controle recebendo dieta normal (Nuvital CR1); 2= animal recebendo dieta hiperlipidica.
Figura 8. Animal sob campânula no momento da indução anestésica.
1 2
Figura 9. Aspecto macroscópico dos animais após laparotomia, evidenciando-se a
gordura intrabdominal mais pronunciada na foto 2. 1= animal controle com dieta normal;
2= animal do grupo da dieta hiperlipídica.
6.2. Avaliação metabólica e do estado nutricional
6.2.1. Peso dos animais, dos fígados e relação peso dos fígados/peso animais
Quando comparadas as médias de peso dos animais após 4 semanas de
intervenção nutricional, estas diferiram estatisticamente (p<0,05). A média de peso
dos animais com dieta restrita foi 10,3% menor que a encontrada nos animais que
receberam dieta normal, assim como a média dos pesos dos animais submetidos à
dieta hiperlipídica foi 10,8% maior que nestes últimos.
Com relação às médias dos pesos dos fígados e da relação peso
fígado/peso corpóreo do animal, estas foram estatisticamente inferiores no grupo de
1 2
animais sob restrição alimentar, quando comparadas aos demais (p<0,05). As
médias do peso dos animais, seus fígados e da relação peso do fígado/peso do
animal estão representadas na Tabela 1.
Tabela 1. Peso dos animais e dos fígados, em gramas, e relação entre o peso do
fígado/peso do animal, conforme o grupo, após a intervenção nutricional, no final
de 4 semanas.
Grupos N Peso animais
(g)
Peso
fígados (g)
Relação peso
fígado/peso animal
Grupo I
(controle)
10 357,70*
(±35,12)
12,51
(±1,80)
0,035
(±0,0054)
Grupo II
(restrição)
10 321,00*
(±22,23)
9,30**
(±1,60)
0,028***
(±0,0039)
Grupo III
(hiperlipídic
a)
10 396,20*
(±35,98)
13,19
(± 2,16)
0,033
(±0,0033)
Os dados estão expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 (entre os três grupos) ** p<0,001
(Grupo II vs demais grupos); *** p=0,07 (Grupo II vs I) ANOVA, com análise pelo teste de
Duncan.
6.2.2. Albumina e delta-albumina
Não houve diferença estatística entre as médias das dosagens séricas
de albumina quando feita a comparação entre os grupos alimentares antes e após
intervenção dietética. Entretanto, quando avaliadas as médias do delta-albumina, os
animais controles que receberam dieta normal apresentaram uma variação
estatisticamente maior (p<0,05). Estes dados estão representados na Tabela 2.
6.2.3. Glicemia e delta-glicemia
As médias das glicemias antes e após a intervenção dietética, bem
como o delta-glicemia foram superiores nos animais submetidos à dieta
hiperlipídica, em comparação aos que receberam dieta normal ou restrita (p<0,05).
Não houve diferença entre as médias das glicemias e delta-glicemia entre estes dois
últimos grupos - ver Tabela 3.
Tabela 2. Médias das dosagens séricas de albumina em mg/dL antes, após a
intervenção dietética e delta-albumina, conforme grupo.
Grupos N Albumina-
pré
(mg/dL)
Albumina-
pós
(mg/dL)
∆ albumina
(mg/dL)
Grupo I
(controle)
10 3,83 2,9 -1,28*
Grupo II
(restrição)
10 3,85 3,4 -0,40
Grupo III
(hiperlipídica
)
10 4,0 3,2 -0,65
Os dados estão expressos como média e desvio padrão. * p=0,001 (Grupo I vs II) ANOVA com
análise pelo teste de LSD
Tabela 3. Médias das glicemias em mg/dL antes, após a intervenção dietética e
delta- glicemia, conforme grupo.
Grupos N Glicemia-pré
(mg/dL)
Glicemia-pós
(mg/dL)
∆ glicemia
(mg/dL)
Grupo I
(controle)
10 316,2 225,5 -90,7
Grupo II
(restrição)
10 390,0 235,5 -143,0
Grupo III
(hiperlipídica
)
10 271,0* 374,0** +153,0***
Os dados estão expressos como média e desvio padrão. *p=0,02 (Grupo III vs demais); **p=0,002
(Grupo III vs demais); ***p=0,001 - ANOVA, com análise pelo teste de LSD.
6.2.4. Insulina
Foram obtidas leituras da dosagem sérica de insulina em apenas 3 dos
35 animais estudados com o método utilizado (quimio-luminescência ECLIA-
Aparelho Modular E 170-Roche). A faixa de detecção do método especificada pelo
fabricante, situa-se entre 2,6 e 24µUI/mL. O anexo 2 demonstra quais animais
tiveram insulina detectada, e suas as respectivas dosagens.
6.3. A avaliação do dano isquêmico, lipoperoxidação e geração de antioxidantes
endógenos
6.3.1. Aspectos gerais
As comparações que se seguem nos subitens abaixo referem-se aos
diferentes grupos citados no Quadro 2.
6.3.2. Análise bioquímica da preservação a frio
As medianas dos níveis de AST, ALT e LDH, aferidas nos líquidos de
preservação, estão descritas, respectivamente, nas Tabelas 4, 5 e 6.
Quando analisadas AST e LDH nos ratos controle, encontrou-se
diferença significativa entre os seus níveis quando comparadas as soluções de UW e
FBP. Nesta última, os níveis foram significativamente menores. Em relação à ALT,
no entanto, não houve diferença neste grupo em relação às soluções. Neste mesmo
grupo de animais, quando comparadas as soluções de UW e FBP com SF, notou-se
que em relação à AST e LDH, os achados com SF foram equivalentes aos obtidos
com FBP. Porém, em relação à ALT, os achados com SF foram inferiores àqueles
obtidos com UW e FBP.
Nos animais submetidos à dieta restrita, os achados foram idênticos
àqueles encontrados no grupo controle.
Nos animais submetidos à dieta hiperlipídica, no entanto, não houve
diferença significativa nos níveis de AST e LDH entre as soluções empregadas.
Neste grupo os níveis de ALT foram superiores nos fígados de ratos preservados
com FBP.
A figura 10 demonstra, respectivamente, a comparação entre as
medianas de AST, ALT e LDH entre os sete diferentes subgrupos estudados.
6.3.3. Análise da lipoperoxidação e da geração de antioxidantes endógenos
Ao compararmos os níveis de TBARS no homogeneizado do tecido
hepático após a preservação, estes foram significativamente menores nos subgrupos
de animais controle e naqueles submetidos à dieta restrita que tiveram seus gados
preservados com FBP. Não houve diferença ao serem comparadas às duas soluções
nos fígados dos animais que receberam dieta hiperlipídica.
A atividade da enzima catalase foi significativamente maior nos
animais pertencentes aos subgrupos que tiveram seus fígados preservados com UW,
tanto nos que receberam dieta normal, restrita ou hiperlipídica.
A Tabela 7 demonstra as comparações entre os níveis de TBARS e a
atividade da catalase entre os sete grupos.
Tabela 4. Medianas de AST aferidas nas soluções de preservação dos fígados dos
animais após 2, 4, 6 e 8h de isquemia a frio, nos diferentes grupos estudados.
Grupos n AST 2h AST 4h AST 6h AST 8h
I-UW •
(controle)
5 121*
(86,5-146,5)
153*
(115,5-173,5)
181*
(133,5-193)
205*
(155-220)
I-FBP •
(controle)
5 24*
(17,5-37)
35*
(27,5-71,5)
53*
(32-104)
94*
(40-133)
II-UW ••
(restrição)
5 68**
(34,5-97,5)
80**
(44-120)
105**
(54-153)
113**
(75-184,5)
II-FBP ••
(restrição)
5 6**
(3-27,5)
9**
(8-39,5)
15**
(12,5-62,5)
24**
(18,5-80)
III-UW•••
(hiperlipídica
)
5 27#
(21,5-60,5)
39#
(27-72)
60#
(44,5-74,5)
65#
(54,5-85,5)
III-FBP•••
(hiperlipídica
)
5 19#
(16,5-32,5)
29#
(25,5-56)
38#
(35,5-59,5)
95#
(66,5-105)
IV-SF ••••
(controle)
5 31***
,+
(25,5-53)
39***
,+
(28,5-79,5)
61***
,+
(44,5-106)
86***
,+
(52-150,5)
Os dados estão expressos como mediana e amplitude interquartílica. Estas foram transformadas em
postos e analisadas, 2 a 2, conforme grupo alimentar pelo teste ANOVA para medidas repetidas.
Comparação entre as medianas de AST dos animais controle que receberam dieta normal
preservados com UW ou FBP - *p=0,02. ••Comparação entre as medianas de AST dos animais do
grupo de dieta restrita preservados com UW e FBP – **p=0,01. ••Comparação entre as medianas
de AST dos animais que receberam dieta hiperlipídica preservados com UW e FBP- #p=NS.
••••Comparação entre as medianas de AST dos animais controle que receberam dieta normal e
foram preservados com SF em relação aos animais controle preservados com UW - ***p=0,003 ou
FBP -
+
p=NS. Onde AST= aspartatoaminotransferase, em UI/L.
Tabela 5. Medianas de ALT aferidos nas soluções de preservação dos fígados dos
animais após 2, 4, 6 e 8h de isquemia a frio, nos diferentes grupos estudados.
Grupos n ALT 2h ALT 4h ALT 6h ALT 8h
I-UW •
(controle)
5 75
#
(52-121)
104
#
(73-159,5)
129
#
(87-190)
141
#
(99,5-254)
I-FBP •
(controle)
5 65
#
(57-85,5)
89
#
(72,5-89)
127
#
(80,5-156)
150
#
(109,5-165)
II-UW ••
(restrição)
5 49
#
(33,5-54,5)
58
#
(39-71)
84
#
(49,5-103)
106
#
(68-162,5)
II-FBP ••
(restrição)
5 24
#
(22,5-28)
41
#
(32-61)
43
#
(36-72,5)
61
#
(49,5-95)
III-UW•••
(hiperlipídica
)
5 21*
(17,5-36)
52*
(28-65)
53*
(31-67,5)
76*
(50,5-78)
III-FBP•••
(hiperlipídica
)
5 64*
(36-87)
106*
(66-111,5)
114*
(71-134,5)
126*
(86,5-160)
IV-SF ••••
(controle)
5 28
#
(22-46,5)
30
#
26,0-59,5
38
#
(33-72,5)
48
#
(42-97)
Os dados estão expressos como mediana e amplitude interquartílica. Estas foram transformadas em
postos e analisadas, 2 a 2, conforme grupo alimentar pelo teste ANOVA para medidas repetidas.
Comparação entre as medianas de AST dos animais controle que receberam dieta normal
preservados com UW ou FBP -
#
p=NS. ••Comparação entre as medianas de AST dos animais do
grupo de dieta restrita preservados com UW e FBP
#
p=NS. •••Comparação entre as medianas
de AST dos animais que receberam dieta hiperlipídica preservados com UW e FBP-*p=0,O2.
••••Comparação entre as medianas de AST dos animais controle que receberam dieta normal e
foram preservados com SF em relação aos animais controle preservados com UW -
#
p=NS. Onde
AST= aspartatoaminotransferase, em UI/L.
Tabela 6. Medianas de LDH aferidas nas soluções de preservação dos fígados dos
animais com 2, 4, 6 e 8h, nos diferentes grupos estudados.
Grupos n LDH 2h LDH 4h LDH 6h LDH 8h
I-UW •
(controle)
5 664*
(490,5-805,5)
817*
(639,5-1010,5)
968*
(708-1188)
1062*
(809-1566)
I-FBP •
(controle)
5 178*
(55,5-254,5)
258*
(74,5-372,5)
380*
(91,5-458,5)
488*
(114-652,5)
II-UW ••
(restrição)
5 349**
(216-475,5)
358**
(268,5-562,5)
489**
(340-710)
619**
(380-802,5)
II-FBP ••
(restrição)
5 34**
(21,5-137)
56**
48,5-228,0
94**
(65-247,5)
173**
(102-442)
III-UW•••
(hiperlipídica
)
5 370#
(286-577)
729#
464,0-812,0
770#
(581,5-890)
881#
(583-1071)
III-FBP•••
(hiperlipídica
)
5 402#
(222,5-762,5)
730#
447,5-1056,5
802#
629,0-1157,5
1055#
(848,5-1636)
IV-SF •
(controle)
5 178***
,+
(148-206)
240***
,+
(194,5-338,5)
334***
,+
(268,5-435,5)
368***
,+
(343,5-517,5)
Os dados estão expressos como mediana e amplitude interquartílica. Estas foram transformadas em
postos e analisadas, 2 a 2, conforme grupo alimentar pelo teste ANOVA para medidas repetidas.
Comparação entre as medianas de LDH dos animais controle que receberam dieta normal
preservados com UW ou FBP - *p=0,002. ••Comparação entre as medianas de LDH dos animais
do grupo de dieta restrita preservados com UW e FBP **p=0,01. •••Comparação entre as
medianas de LDH dos animais que receberam dieta hiperlipídica preservados com UW e FBP-
#p=NS. ••••Comparação entre as medianas de AST dos animais controle que receberam dieta
normal e foram reservados com SF em relação aos animais controle preservados com UW -
***p=0,0001 ou FBP - +p=NS. Onde LDH= lactatodesidrogenase, em UI/L.
Figura 10: Medianas de AST, ALT e LDH em UI/L em 2, 4, 6 e 8h nos 7 diferentes
grupos estudados. Comparações: a) AST: C-UW vs C-FBP (p=0,0001); C-UW vs R-UW (p=0,004); C-UW
vs R-FBP (p=0,0001); C-UW vs H-UW (p=0,0001); C-UW vs H-FBP (p=0,0001); C-UW vs C-SF (p=0,0001), b)
ALT: C-UW vs C-FBP (p=NS); C-UW vs R-UW (p=NS); C-UW vs R-FBP (p=0,01); C-UW vs H-UW (p=0,02); C-
UW vs H-FBP (p=NS); C-UW vs C-SF (p=0,01), c) LDH: C-UW vs C-FBP (p=0,0001); C-UW vs R-UW (p=0,005);
C-UW vs R-FBP (p=0,0001); C-UW vs H-UW (p=NS); C-UW vs H-FBP (p=NS); C-UW vs C-SF (p=0,0001) Onde
AST=aspartatoaminotransferase; ALT=alaninoaminotransferase; LDH= lactatodesidrogenase; C-UW= controle
com dieta normal preservados com UW; C-FBP= controle com dieta normal preservados com FBP; R-UW=
0
50
100
150
200
250
2h 4h 6h 8h
C-UW
C-FBP
R-UW
R-FBP
H-UW
H-FBP
C-SF
0
20
40
60
80
100
120
140
160
2h 4h 6h 8h
C-UW
C-FBP
R-UW
R-FBP
H-UW
H-FBP
C-SF
0
200
400
600
800
1000
1200
2h 4h 6h 8h
C-UW
C-FBP
R-UW
R-FBP
H-UW
H-FBP
C-SF
A
S
T
A
L
T
L
D
H
dieta restrita preservados com UW; R-FBP= dieta restrita preservados com FBP; H-UW= dieta hiperlipídica
preservados com UW; H-FBP= dieta hiperlipídica preservados com FBP.
Tabela 7. Médias e desvios-padrão de TBARS e catalase aferidas no tecido hepático
dos animais, nos diferentes grupos estudados.
Grupos n TBARS Catalase
I-UW
(controle)
5 47,4
(±5,4)
130,1
(±32,6)
I-FBP
(controle)
5 35,6
(±4,9)
54,1
(±18,2)
II-UW
(restrição)
5 47
(±4,8)
70,9
(±13,7)
II-FBP
(restrição)
5 33,2
(±5,1)
48
(±10,2)
III-UW
(hiperlipídica
)
5 63,8
(±3,5)
34,6
(±7)
III-FBP
(hiperlipídica
)
5 57
(±10,9)
24,2
(±2,1)
IV-SF
(controle)
5 212,4
(±41,6)
53,5
(±6,2)
Os dados estão expressos como média e desvio-padrão. Os dados foram
transformados em ranks para as comparações: a) TBARS (nmol/g tecido): C-UW vs C-FBP
(p=0,01); C-UW vs R-UW (p=NS); C-UW vs R-FBP (p=0,002); C-UW vs H-UW (p=0,01); C-UW vs
H-FBP (p=NS); C-UW vs C-SF (p=0,001), b) Catalase (UI/mg.-proteína): C-UW vs C-FBP (p=0,001);
C-UW vs R-UW (p=NS); C-UW vs R-FBP (p=0,0001); C-UW vs H-UW (p=0,001); C-UW vs H-FBP
(p=0,0001); C-UW vs C-SF (p=0,03). Onde TBARS=substâncias reativas ao tiobarbitúrico; C-UW=
controle com dieta normal preservados com UW; C-FBP= controle com dieta normal preservados
com FBP; R-UW= dieta restrita preservados com UW; R-FBP= dieta restrita preservados com FBP;
H-UW= dieta hiperlipídica preservados com UW; H-FBP= dieta hiperlipídica preservados com FBP.
6.4. Análise anatomopatológica
Os resultados obtidos na análise histopatológica dos fígados dos
animais estão representados na tabela 8.
Tabela 8. Achados anatomopatológicos após a preservação a frio de fígados de
ratos, submetidos à intervenção dietética.
Grupo N Esteato
se
Infiltrado
inflamatório
Balonizaçã
o
Grupo I
(controle)
10 1
(10%)
0
(0%)
4
(40%)
Grupo II
(restrição)
10 0
(0%)
0
(0%)
2
(20%)
Grupo III
(hiperlipídic
a)
10 0
(0%)
0
(0%)
8
(80%)
Proporções dos achados anatomopatológicos nos diferentes grupos estudados. Onde esteatose=
esteatose <5%; infiltrado inflamatório= infiltrado linfoplasmocitário; balonização= degeneração
hidrópica leve.
A Figura 11 demonstra os aspectos macroscópicos e microscópicos de
um fígado de um animal do grupo submetido à dieta normal.
A Figura 12 demonstra os aspectos macroscópicos e microscópicos de
um fígado de um animal do grupo submetido à dieta hiperlipídica.
Figura 11. Aspecto do fígado de um animal alimentado com dieta normal,
preservado com UW. 1= aspecto macroscópico; 2= aspecto histológico normal, HE, 100x.
1
2
1 2
Figura 12. Aspecto do fígado de um animal alimentado com dieta hiperlipídica,
preservado com UW. 1= aspecto macroscópico; 2= aspecto histológico: degeneração hidrópica
centrolobular, HE, 200x.
7.DISCUSSÃO
7.1. Em relação ao desenho do estudo
A busca por uma solução de preservação ideal, constitui-se ainda hoje
em uma das grandes fronteiras técnicas a ser vencida no transplante hepático.
Algumas soluções vêm sendo estudadas na prática médica, como as soluções de
Celsior e HTK (histidina-triptofano-cetoglutarato), sem que demonstrem uma
significativa superioridade em relação à UW (Berlakovich et al, 2000; Janssen et al,
2004; Cheng et al, 2005). No presente estudo, a opção feita pelo desenho
experimental deveu-se ao interesse na avaliação do papel da FBP neste cenário.
Embora tenham sido atribuídas a ela inúmeras propriedades citoprotetoras em
diferentes situações patológicas, o seu uso restringe-se ao campo experimental.
A escolha desta substância decorreu de sua potencial capacidade em
prover o enxerto de substrato energético para contrapor os efeitos do dano de
preservação, o que poderia ser bastante útil nos órgãos retirados de doadores
nutricionalmente comprometidos, com reservas de ATP depletadas. De acordo com
nosso conhecimento, não há estudo publicado com desenho semelhante.
O TxH ortotópico em ratos constitui uma técnica amplamente adotada
no contexto da pesquisa. O uso de ratos apresenta algumas vantagens em relação às
demais espécies, sobretudo em razão da sua disponibilidade e baixo custo, embora
requeira um vasto treinamento técnico-cirúrgico (Lausada et al, 2002). No presente
estudo, o foco de interesse era o doador e a lesão decorrente da isquemia a frio.
Assim, optou-se por um modelo experimental sem a concorrência do transplante. Se
houvesse sido feita a reperfusão, por certo se estaria adicionando outras variáveis
independentes do estado inicial do enxerto. As alterações bioquímicas e
anatomopatológicas verificadas, neste caso, devem-se unicamente às condições do
doador e do tempo de isquemia definido pelo estudo.
Cabe ser discutido o tipo de anestesia. A droga escolhida como
anestésico foi o isoflurano, administrado por via inalatória, contrastando com
muitos trabalhos que utilizam anestésicos por via intraperitoneal (Moresco et al,
2004a; Kim et al, 2003; Nunes et al, 2002). A principal razão desta escolha, foi o desejo
de aproximar o experimento aos procedimentos rotineiros utilizados no TxH,
eliminando possíveis vieses. A técnica inalatória requer aparelhagem adequada,
além do risco de extravasamento do anestésico através das conexões, tornando o
pesquisador suscetível a risco. Por outro lado apresenta significativas vantagens,
como a facilidade de administração da droga, a concomitante oferta de oxigênio
através do vaporizador e a maior segurança do animal devido a possibilidade do
constante ajuste de doses conforme os seus parâmetros respiratórios (Waynforth &
Flecknell, 1992).
A preservação a frio foi feita durante 8 horas. Este tempo poderia ser
questionado, que a solução de UW poderia ser capaz de garantir a viabilidade do
enxerto por até 24 horas. No entanto, este tempo não é utilizado na prática, uma vez
que acima de 12 horas maior risco de lesão celular, especialmente do epitélio
biliar e conseqüentes piores resultados no período pós-transplante (Kahn, 1996;
Lemasters et al, 2001). A padronização de um período de 12 horas de isquemia frio
foi cogitada, que em estudo anterior, foram suficientes para demonstrar dano de
preservação (Moresco et al, 2004a). No entanto, este período foi inviabilizado pelo
horário de funcionamento da UEA do HCPA, e foi adotado, então, para os
propósitos deste estudo, o maior tempo possível, 8 horas.
A aferição bioquímica da preservação a frio foi feita pela dosagem de
AST, ALT e LDH, nas alíquotas retiradas das soluções de preservação nos intervalos
padronizados. Estas enzimas costumam se alterar em situações de dano ao tecido
hepático. Na prática clínica são habitualmente aferidas no período pós-operatório.
Em ambiente de pesquisa, podem ser avaliadas no líquido de preservação e
correlacionam-se bem com a lesão de isquemia a frio. A AST é considerada o
marcador mais sensível de disfunção do enxerto (Everson & Kam, 2001). A LDH é
uma enzima da rota glicolítica, e embora pouco específica, é liberada quando
dano celular, como hipóxia e necrose, como na situação de interesse.
O EO vem sendo apontado como um dos principais fatores
responsáveis por dano ao enxerto. Por certo, as lesões mais exuberantes relacionadas
ao dano de I/R ocorrem com a restauração do fluxo sanguíneo. A quantificação do
RL e de substâncias antioxidantes torna-se um importante parâmetro para inferir a
viabilidade do órgão no pós-transplante e costuma estar restrita ao ambiente de
pesquisa. Como o estímulo à geração de RL é mais intenso após a reperfusão,
estudos que se atêm à isquemia poderiam talvez prescindir desta avaliação. No
entanto, pareceu-nos interessante avaliar alguns parâmetros. A mitocôndria
representa o foco inicial da lesão de I/R, e ela é a responsável pela geração de ROS.
Estas substâncias reagem com os lipídios das membranas celulares adjacentes
provocando a lipoperoxidação. Esta pode ser avaliada indiretamente pela formação
de malondialdeído através da determinação de TBARS. Quando geração de ROS,
costuma haver a ativação de substâncias antioxidantes endógenas, como a catalase.
Estes foram os dois fatores escolhidos para serem determinados no presente estudo.
Cabe salientar que muitas das publicações acerca do tema restringem a avaliação do
EO à determinação de apenas uma variável, em geral TBARS (Iasi et al, 2003;
Moresco et al, 2004a; Moresco et al, 2004b).
O destaque dado ao estado nutricional do doador reflete uma
realidade discutida, mas também o interesse do grupo por este tema (Álvares-da-
Silva et al , 1998, Álvares-da-Silva et al 2004, Gottschal et al, 2004). Por certo, a
manipulação e o controle da ingestão calórica, bem como da qualidade dos
nutrientes, tornam-se facilitados no campo de experimentação. Isto permite a
simulação de situações clínicas. Estimamos que o estado nutricional do doador
possa modificar a qualidade do enxerto. Outros pesquisadores traçaram
considerações a respeito deste tema (Sumimoto et al, 1994; Singer et al, 2001), mas
através do transplante em animais e da cultura de células.
A maioria dos modelos experimentais para determinação de obesidade
e insulino-resistência utilizam as chamadas “dietas de cafeteria” ou seja, dietas em
que a ração é acrescida de suplementos calóricos (Tan et al, 2005; Campion &
Martinez, 2004). Estas dietas têm menor credibilidade científica e geralmente
demandam longo período de observação, ou se valem do uso de roedores com
defeitos genéticos que favorecem o surgimento de obesidade. A dieta deficiente em
colina e metionina (DMC) é largamente empregada na gênese de esteato-hepatite
não-alcoólica (Souza de Oliveira et al, 2006, Nagasawa et al, 2006), mas provocar esta
doença não era o foco de interesse do presente estudo. A opção pela dieta Lieber-De
Carli foi feita porque teoricamente ela contém todos os nutrientes essenciais de
acordo com as recomendações do National Research Council e NIH, órgãos
governamentais dos Estados Unidos, e poderia reproduzir o que ocorre em
humanos com aumento do peso. Mais ainda, a proposta era que os animais
apresentassem esteatose hepática ao final de quatro semanas de ingestão ad libitum,
sem a necessidade de gavagem, o que acrescentaria um estresse desnecessário aos
mesmos.
O fato de a Dieta Lieber-De Carli ser líquida, no entanto, motivou a
confecção de comedores especiais, desenvolvidos especialmente para isto. Os
animais alimentaram-se adequadamente com os referidos comedores.
Projetos utilizando intervenção dietética, em animais alojados em
grupo, na mesma caixa-moradia, vêm sendo rotineiramente criticados. Existe uma
hierarquia instintiva estabelecida entre os animais, de forma que o rato considerado
dominante acaba ingerindo maior quantidade de alimentos que os demais. Por isso,
foi tomado o cuidado de ser mantido um animal por gaiola, como em outros estudos
(Souza de Oliveira et al, 2006). Como o isolamento pode interferir no conforto destes
animais, foram utilizadas caixas-moradia de policarbonato transparentes, colocadas
lado a lado, de forma que eles tivessem a impressão de convivência em grupo. As
gaiolas eram dotadas de toca de aço inox, desenvolvida para os momentos onde o
animal desejasse proteção da luz e isolamento, como é comum em roedores.
É importante que se discuta os parâmetros utilizados para análise
nutricional e metabólica. O peso corpóreo do animal e do seu fígado, e a proporção
peso do fígado/peso do animal, bem como suas variações após intervenção
dietética, constituem-se em ferramentas simples, porém eficazes, para estimativa do
estado nutricional. Especialmente quando estas variações ultrapassam 10% do basal,
em um período de observação curto como o de quatro semanas. A dosagem sérica
de albumina é um parâmetro classicamente aceito para estimativa do estado
nutricional, tanto em ambiente de pesquisa, quanto na prática clínica. O interesse
especial na glicemia e insulina de jejum está relacionado à importância da resistência
periférica à insulina, seus desdobramentos fisiopatogênicos no fígado e suas
possíveis conseqüências sobre a lesão de preservação. Obesidade e diabetes melito
são condições comuns na população geral e freqüentemente correlacionadas à
doença hepática gordurosa não alcoólica. Acredita-se que uma das chaves para o
desenvolvimento de esteatose hepática e sua progressão para formas mais graves de
doença, como a esteato-hepatite não alcoólica, seja a insulino-resistência.(Lieber et al,
2005). O efeito da resistência periférica à insulina sobre a lesão de I/R ainda está
para ser definido. Outros parâmetros da síndrome metabólica poderiam ter sido
avaliados, assim como colesterol e triglicerídeos, mas a limitação orçamentária, e
especialmente, o pequeno volume de sangue que usualmente se obtém na coleta do
lago venoso retro-ocular, obrigaram a que fossem feitas escolhas.
A avaliação anatomopatológica é parte essencial de qualquer
experimento em Hepatologia. No estudo em questão, o principal foco desta
avaliação era surpreender as alterações decorrentes da manipulação nutricional,
especialmente a presença ou não de esteatose. As lesões decorrentes do dano de
preservação, por certo, teriam importância secundária, pois é sabido que a biópsia
hepática realizada imediatamente após a preservação costuma demonstrar
alterações pouco relevantes (Gaffey et al, 1997).
7.2.Em relação aos resultados da avaliação metabólica e estado nutricional
A avaliação metabólica e nutricional demonstrou, conforme eram
esperadas, diferenças entre os animais submetidos às diferentes dietas. No grupo
que recebeu dieta hiperlipídica, o peso dos animais foi superior àqueles dos demais
grupos após o período de intervenção nutricional. No entanto, os pesos dos fígados
e a relação entre o peso dos fígados/peso dos animais somente foi maior naqueles
submetidos à dieta hiperlipídica, quando em comparação com os que receberam
dieta restrita.
Igualmente, os ratos alimentados com a dieta Lieber-De Carli
apresentaram níveis mais altos de glicemia que os ratos dos demais grupos. É
interessante notar que este grupo apresentava índices de glicemia mais baixos que
os outros animais antes da intervenção nutricional, embora não tenha havido
diferença significativa neste aspecto. Quando também avaliado o delta-glicemia, este
foi significativamente maior nos ratos que receberam dieta à base de lipídios. Este
achado parece contundente, e salienta o estímulo à criação, neste modelo, de um
fator reconhecidamente ligado à esteatose, a hiperglicemia.
A determinação da insulinemia, ao lado dos níveis sanguíneos de
glicose, seria importante para evidenciar a presença de resistência insulínica. Houve,
no entanto, dificuldades com a dosagem de insulina na maioria dos animais.
Acredita-se que isto tenha ocorrido em função de que o teste por radioimunoensaio
empregado foi feito com kit para humanos. A determinação da insulina com kits
para ratos acrescentaria custos que não seriam suportados pelo orçamento do
estudo. De qualquer forma, sangue estocado para análises posteriores,
especialmente de polipeptídeo C, a forma ideal para a confirmação da insulino-
resistência. Infelizmente, embora autorizada a importação do kit para sua realização,
este não foi desembaraçado pela Receita Federal a tempo dos resultados serem
apresentados neste momento.
Os animais submetidos à dieta hiperlipídica apresentaram
macroscopicamente maior concentração de gordura visceral que os outros animais.
A Figura 10 demonstra claramente estes achados. Deve-se salientar que a presença
de gordura visceral, é um dos principais eventos relacionados à síndrome
metabólica.
Desta forma, acredita-se que o método de indução de uma condição
metabólica que favorecesse o surgimento de esteatose hepática foi bem sucedido
neste modelo, ao menos pela presença de níveis elevados de glicemia e gordura
visceral. Em analogia com humanos doadores de órgãos e que apresentam esteatose
hepática, excluídos aqueles em que a causa é alcoólica, provavelmente os demais
sejam portadores de síndrome metabólica.
Outro achado interessante neste cenário é o fato de que os animais
submetidos à dieta restrita apresentaram menor peso corpóreo e menor peso do
fígado. Neste grupo, igualmente, a relação peso do fígado/peso corporal foi inferior.
De fato, esta a razão foi menor do que aquela descrita como normal, de 3 a 4% (Panis
et al, 1997).
Um achado intrigante foi a redução da albumina, aferida pelo delta-
albumina, no grupo de animais submetidos à dieta normal. Embora tenha sido feito
um estudo inicial para determinação dos requerimentos dietéticos habituais diários
dos animais, e mesmo que os achados tenham sido similares a de outro estudo
realizado neste mesmo centro (Horn et al, 2006) e estarem dentro dos limites
recomendados pelo fabricante da dieta utilizada (www.nuvital.com.br), talvez esta
oferta tenha sido insuficiente. No entanto, o que pode ser visto pela análise dos
dados apresentados no Anexo 3, a albumina sérica pré-intervenção foi obtida de
acordo com uma ferramenta estatística. Como não havia sido determinada a
albumina prévia neste grupo, esta foi estimada pela média das albuminemias dos
animais dos demais grupos antes do regime alimentar.
7.3. Em relação aos achados anatomopatológicos
O modelo de esteatose, desenvolvido por Lieber e colaboradores, 2004,
utilizava ratos Sprague-Dawley de 120 dias. No presente estudo os ratos eram da
linhagem Wistar com idade de 150 dias e nenhum deles desenvolveu esteatose após
intervenção nutricional. De fato, um único caso de esteatose leve, menor que 5%,
ocorreu em um animal do grupo de dieta normal. Isto poderia levar à consideração
de que não se tenha obtido êxito com o modelo proposto. No entanto, algumas
hipóteses foram levantadas para explicar este fato. Talvez a linhagem e a idade dos
animais, bem como o tempo da intervenção dietética, tenham interferido. Os
autores, no seu artigo original, utilizaram a dieta por 3 semanas. Teria uma semana a
mais de uso da dieta contribuído para uma piora do animal? Se do ponto de vista
clínico, na última semana estes animais tornaram-se visivelmente doentes, é difícil
crer que teriam perdido alguma esteatose hepática que se tivesse desenvolvido.
Outro dado a ser considerado é o formato e o tamanho dos comedores. Estes
propiciavam algum discreto extravasamento, e obrigava a reposição da dieta. Como
isto era impraticável à noite, e como os roedores têm hábito noturno, talvez possa ter
prejudicado o rendimento da intervenção dietética. Um fato interessante é que a
maioria dos animais acrescia serragem à dieta líquida, talvez movida pela
necessidade instintiva de roedor, na tentativa de deixar a dieta sólida, e nesta
situação ingeriam grande quantidade de celulose associada à dieta. No entanto, os
animais que receberam a dieta hiperlipídica obtiveram ganho de peso de 10,8%,
tinham subjetivamente mais gordura visceral, e apresentaram glicemia e delta-
glicemia mais elevadas em relação ao grupo controle, o que demonstra alguma
efetividade da dieta.
É notável que tenha sido observada, nos gados destes animais, uma
proporção significativamente maior de degeneração hidrópica centrolobular
(degeneração balonizante) em relação aos ratos dos grupos controle e de dieta
restrita. A degeneração balonizante é descrita como uma alteração decorrente do
aumento anormal no diâmetro das células, que se tornam maior que 1,5 a 2 vezes o
habitual. Estudos recentes, baseados em análise de regressão logística múltipla,
destacam a degeneração balonizante hepatocitária como um fator independente
associado à esteato-hepatite não alcoólica (Gramlich et al, 2004; Kleiner et al, 2005).
Outros estudos semelhantes vão além, sugerindo que a degeneração hidrópica é
uma variável independente associada à fibrose sinusoidal e perivenular, e, portanto,
relacionada à maior progressão e gravidade da doença (Gramlich et al, 2004).
A degeneração balonizante hepatocitária nas hepatites virais é definida
como alteração hidrópica decorrente da dilatação irregular do retículo
endoplasmático liso (REL). Entretanto, na esteato-hepatite o-alcoólica não há uma
definição clara do que determina esta alteração. Estudos utilizando microscopia
eletrônica de transmissão sugerem que o alargamento hepatocitário decorra do
acúmulo de depósitos microscópicos de lipídios encapsulados no interior do REL,
com freqüência associados a um material eletrodenso semelhante à lipofucsina, que
determina a aparência de rarefação citoplasmática característica da degeneração
balonizante. Caldwell e colaboradores, 2006, salientam que a presença de lipofucsina
eletrodensa é um marcador de lipoperoxidação. Desta forma, o achado de
degeneração balonizante nos ratos submetidos à dieta hiperlipídica deve ser
valorizado.
7.4. Em relação aos resultados da avaliação bioquímica do dano isquêmico
Os resultados deste estudo devem ser analisados em dois cenários
distintos: primeiro, a comparação entre os animais controles e aqueles submetidos à
dieta restrita, e, segundo, os animais controles comparados aos que receberam dieta
hiperlipídica. Esta forma de análise facilita a compreensão dos fenômenos
observados. Esta comparação, por sua vez, será feita considerando-se as diferentes
soluções de preservação.
A avaliação do dano isquêmico, através da determinação de AST, ALT
e LDH no líquido de preservação, é um parâmetro utilizado em outros estudos.
Dentre eles, a AST é considerada o principal elemento, pois, em uma fase de dano
agudo, os seus níveis costumam alterar-se mais precocemente que os de ALT (Bao et
al, 1994; Rosen et al , 1998). No presente estudo, os níveis de AST e LDH foram
menores nos fígados de ratos submetidos à dieta normal ou restrita e preservados
com FBP, quando comparados com os correspondentes preservados com UW.
Moresco e colaboradores, 2004a e 2004b, estudando fígados de ratos alimentados
com dieta padrão e submetidos à preservação por 12 ou 24 horas, encontraram
resultados diferentes. Os autores demonstraram que FBP e UW foram equivalentes
em relação aos níveis de AST e LDH. O presente estudo, no entanto, sugere que a
FBP protege o fígado contra o dano isquêmico, quando em comparação com a UW,
quando este é avaliado por critérios bioquímicos. Estes achados, ao menos em
relação aos ratos que receberam dieta normal, são similares ao de outro estudo
realizado pelo nosso grupo (Fraga et al, 2005).
Um dado surpreendente foi obtido pela análise de outros cinco animais
que receberam dieta normal e que tiveram seus fígados preservados com SF. Este
subgrupo apresentou parâmetros bioquímicos de lesão isquêmica mais favoráveis,
do que aquele cujos fígados foram preservados com UW, equiparando-se aos bons
resultados obtidos com FBP. O fator determinante para que fosse feito o estudo da
preservação com SF decorreu dos achados superiores encontrados com o uso de FBP
no estudo supracitado de Fraga e colaboradores, 2005. A FBP é solubilizada em
cloreto de dio 0,9% e isto levou ao questionamento dos bons resultados do
referido estudo: seriam eles atribuíveis à FBP ou à solução salina? Até este momento
da avaliação dos resultados do estudo em tela, a dúvida persiste.
Quando comparados os níveis de AST e LDH obtidos entre os grupos
preservados com FBP e submetidos à dieta normal e restrita, não houve diferença
significativa, sugerindo que esta solução pode ter propriedades protetoras a um
órgão nutricionalmente comprometido, em tese com substratos energéticos
depletados. Todavia, a mesma comparação feita entre os ratos que foram
preservados com UW demonstrou piores resultados nos animais que receberam
dieta normal. Este achado foi surpreendente, e não uma explicação que pareça
lógica e o justifique.
A comparação entre os níveis de AST nos fígados de ratos submetidos
à dieta normal ou hiperlipídica e preservados com FBP, quando comparados com os
correspondentes preservados com UW, demonstrou terem ocorrido piores
resultados nos animais submetidos à dieta normal e preservados com UW. Quando
considerada a LDH, os melhores resultados foram obtidos com a preservação de
fígados de ratos com dieta normal, preservados com FBP. Nos ratos submetidos à
dieta hiperlipídica, não houve diferença entre as duas soluções.
Quando comparados os níveis de AST e LDH obtidos entre os grupos
preservados com FBP e submetidos à dieta normal ou hiperlipídica, não houve
diferença significativa em relação à AST, porém, em relação à LDH, o grupo que
recebeu dieta hiperlipídica apresentou piores resultados. Isto põe em dúvida a
propriedade protetora desta solução em um órgão potencialmente exposto à
síndrome metabólica. Talvez esta substância não consiga reverter o estímulo
patogênico determinado pela dieta hiperlipídica. A mesma comparação feita entre
os ratos que foram preservados com UW novamente demonstrou piores resultados
nos animais que receberam dieta normal em relação à AST. O motivo pelo qual isto
ocorreu não encontra ainda uma explicação. Não houve diferença em relação à LDH
na solução de preservação de fígados de ratos preservados com UW. Talvez, a UW
tenha conseguido neste grupo, os submetidos à dieta hiperlipídica exercer algum
papel protetor.
Isto fez com que fosse realizada uma análise comparativa de todos os
sete subgrupos em relação aos parâmetros bioquímicos estudados, de forma que
pudesse fornecer uma idéia mais clara e mais ampla dos resultados obtidos. A
Figura 11 demonstra estes resultados e deixa evidente que o grupo de pior
desempenho foi aquele dos ratos alimentados com dieta normal e preservados com
a solução padrão para TxH, a UW. Por outro lado, o grupo que apresentou os
resultados mais favoráveis foi o dos animais em restrição alimentar que tiveram seus
fígados preservados com FBP. Este fato sugere que a restrição alimentar, ou a
desnutrição aguda, atestada no estudo pela diminuição do peso corporal, pode não
estar associada a piores resultados no TxH. Este achado não é de todo inusitado. De
fato, outros estudos experimentais, desenvolvidos pelo grupo de Belzer, vêm
demonstrando que a restrição alimentar pode aumentar a tolerância à isquemia a
frio por períodos mais prolongados, bem como a sobrevida no TxH em animais,
mesmo que estes enxertos possam ter menores concentrações de glicogênio e ATP
celular (Sumimoto et al, 1993; Lindell et al,1996). A razão disto permanece ignorada.
Mais ainda, os autores sugerem que o uso de suplementos energéticos no período
pré-transplante imediato poderia contrabalançar a redução do glicogênio e ATP,
melhorando ainda mais esta tolerância à isquemia (Lindell et al,1996). No presente
estudo, pode-se inferir que a FBP tenha desempenhado exatamente este papel nos
ratos sob restrição alimentar.
7.5. Em relação aos resultados da lipoperoxidação e geração de antioxidantes
endógenos
A repercussão da lesão mitocondrial hepática representa o principal
mecanismo relacionado ao dano de preservação. De tal forma, avaliá-la é essencial.
Os níveis de TBARS no homogeneizado do tecido hepático após a preservação
foram significativamente inferiores nos subgrupos de animais controle e com dieta
restrita que tiveram seus fígados preservados com FBP, quando comparados aos
correspondentes preservados com UW. Isto não se evidenciou no grupo da dieta
hiperlipídica. Estes achados entram em total conformidade com aqueles obtidos na
avaliação bioquímica do dano de preservação, e reforçam o papel protetor da FBP
sobre os fígados dos animais controle e sob restrição. Novamente esta substância
parece não ter exercido proteção aos fígados dos ratos com dieta hiperlipídica, em
termos de lipoperoxidação.
É interessante notar que, com a análise das TBARS, ficou claro que os
bons resultados obtidos com a preservação com SF não se sustentam quando
avaliada a lipoperoxidação. Com isto, pode-se afirmar que a solução salina, como
era de se esperar, não protege contra o dano mitocondrial.
Quando comparadas as TBARS obtidas do tecido hepático, entre os
grupos preservados com FBP e submetidos à dieta normal e restrita, não houve
diferença significativa, reforçando a possibilidade de que esta realmente tenha
propriedades protetoras sobre um órgão nutricionalmente comprometido. As
TBARS dos fígados dos ratos destes estados alimentares e que foram preservados
com UW, também se comportaram de forma semelhante, demonstrando neste caso
que a UW, em termos de lipoperoxidação, como era esperado, também parece
exercer certa proteção ao fígado dos animais em restrição. Aqui não houve a figura
de um pior resultado nos fígados de ratos com dieta normal e preservados com UW,
como havia paradoxalmente ocorrido na avaliação bioquímica.
A comparação entre as TBARS nos fígados de ratos submetidos à dieta
normal ou hiperlipídica e preservados com FBP, quando comparados com os
correspondentes preservados com UW, demonstrou piores resultados nos animais
submetidos à dieta hiperlipídica e preservados com UW. Os melhores foram obtidos
com a preservação de fígados de ratos com dieta normal, preservados com FBP.
Não houve, considerando apenas os animais submetidos à dieta hiperlipídica,
diferença nos resultados alcançados com FBP ou UW. Ambas as soluções
apresentaram piores resultados quanto à lipoperoxidação neste grupo alimentar do
que no grupo controle.
Ademais, os resultados sugerem que a FBP não foi capaz de atenuar a
lipoperoxidação ocorrida nos animais que receberam a dieta hiperlipídica, que
houve uma diferença desfavorável para os animais sob esta dieta em relação aos da
dieta normal. Novamente uma convergência entre os achados bioquímicos da
preservação com os da avaliação da lipoperoxidação.
Quando feita a análise comparativa dos sete subgrupos estudados em
relação à TBARS, o de pior desempenho foi aquele dos animais com dieta normal
cujos fígados foram preservados com SF. Isto não surpreende, pois é sabido que a
solução de UW é dotada de componentes antioxidantes, como a glutationa, e a FBP,
como já mencionado, possui propriedades antioxidantes.
Quando consideradas as análises de TBARS das soluções de UW e FBP,
os piores resultados ocorreram no grupo de animais da dieta hiperlipídica,
independente da solução empregada. Este dado reforça a hipótese de que estes
fígados foram consideravelmente prejudicados pela intervenção dietética e que a
FBP não foi capaz de contrabalançar esta injúria. O grupo que parece ter tido menor
lesão isquêmica através das dosagens de TBARS foi aquele correspondente aos
animais sob restrição alimentar e cujos fígados foram preservados com FBP. Mais
uma vez a análise de lipoperoxidação confirmou os achados da bioquímica da
preservação, reforçando uma maior tolerância destes animais a isquemia a frio
determinada pela restrição alimentar e pelas propriedades protetoras da FBP.
A atividade da enzima catalase foi significativamente maior nos
animais pertencentes aos subgrupos que tiveram seus fígados preservados com UW,
tanto nos que receberam dieta normal ou restrita. Este achado vai de encontro
àqueles obtidos com a avaliação bioquímica da preservação e da lipoperoxidação,
que se considera o aumento desta enzima desejável, sendo esta uma substância
antioxidante.
É interessante notar que, quando analisamos a atividade da catalase, os
maus resultados obtidos com a preservação com SF dos fígados dos animais que
receberam dieta normal, em termos de lipoperoxidação, não ficaram assim tão
claros, quando comparados aos obtidos com FBP. Estes tiveram resultados
semelhantes aos animais controle com dieta normal e sob restrição alimentar
preservados com FBP. Os piores resultados com a preservação com SF foram
observados quando este grupo foi comparado àquele cujos fígados foram
preservados com UW, que por este parâmetro acabou impondo-se como melhor
solução.
Quando comparada as dosagens de catalase obtidas do tecido hepático,
entre os grupos preservados com FBP e submetidos à dieta normal ou restrita, os
resultados foram idênticos aos observados com TBARS, não havendo diferença
significativa, reforçando mais uma vez a hipótese de que esta realmente tenha
propriedades protetoras sobre um órgão nutricionalmente comprometido. Por outro
lado, a mesma comparação feita entre os ratos que foram preservados com UW
demonstrou diferença estatística. Neste caso a preservação hepática foi mais
favorável ao grupo de animais controle com dieta normal, sugerindo que a solução
de UW talvez não seja capaz de exercer proteção hepática neste cenário.
Por fim, o pior desempenho, em relação à atividade da catalase,
ocorreu no grupo de animais com dieta hiperlipídica, independente da solução
empregada.
7.6. Em relação aos estados nutricionais e a lesão de preservação nos fígados dos
ratos preservados com a solução padrão para transplante
Este tópico analisa a influência dos diferentes estados nutricionais dos
animais estudados sobre a lesão de preservação, levando-se em consideração a
solução de UW. Porque analisá-la em separado remete à própria razão deste estudo:
verificar se o estado nutricional do doador interfere na lesão de preservação. Esta
análise, em um desenho contemplando apenas a isquemia a frio, como neste projeto,
é uma condição inovadora, e esta influência é, de fato, pouco conhecida. Da mesma
forma, o papel desempenhado pela UW, na proteção de órgãos alterados pelo estado
nutricional do doador, também não está bem sedimentada.
Quando analisado o dano de isquemia a frio através da dosagem de
AST, nas diferentes alíquotas retiradas da solução de UW, foi verificado que entre os
animais com dieta normal e restrita, não houve diferença significativa na qualidade
da preservação. Pode-se inferir que a solução de UW teria a capacidade de
contrabalançar a carência energética nos fígados retirados de animais sob dieta
restrita. O grupo de Singer e colaboradores (Singer et al, 2001; Singer et al, 2005)
publicou estudos acerca do tema, revisando os efeitos nutricionais da morte
encefálica, e sugerem que haja depleção dos estoques energéticos. Para estes autores,
talvez haja espaço para a intervenção nutricional nos doadores.
Nos ratos submetidos à dieta hiperlipídica, os resultados foram piores,
demonstrando certa limitação na preservação de órgãos alterados por dieta rica em
lipídios.
Quando considerados os níveis de LDH na solução de preservação de
fígados de ratos com dieta normal e hiperlipídica, não foi identificada diferença
estatística. Porém, os níveis desta enzima foram menores nas alíquotas retiradas da
solução de UW dos animais sob dieta restrita. Isto sugere que devem existir
componentes da solução da UW que minimizam os efeitos da desnutrição aguda.
Com base nos resultados de TBARS aferidos no tecido hepático
preservado com UW, os ratos alimentados com dieta normal e sob restrição tiveram
menor lesão por lipoperoxidação em relação aos da dieta hiperlipídica. Estes
achados entram em conformidade com achados bioquímicos já descritos.
A atividade da catalase foi maior nos animais que receberam dieta
normal, e menor nos que receberam dieta hiperlipídica - estes achados foram
significativos estatisticamente.
Analisando estes dados em conjunto, pode-se inferir que a restrição
alimentar não provoca uma lesão adicional ao fígado que se reflita em maior dano
de preservação do que aquele que ocorre com uma dieta normal. No entanto,
quando o fígado está submetido ao risco de desenvolvimento de lesão esteatótica,
parece haver maior estímulo ao surgimento de lesão isquêmica de preservação. Este
dado vai ao encontro do reconhecido impacto da esteatose sobre a qualidade do
enxerto. A novidade, é que a desnutrição não a afeta. É interessante notar que estes
resultados foram similares aos encontrados com a solução de FBP.
7.7. Mecanismos sugeridos para a ação protetora da FBP no modelo proposto
Os melhores resultados obtidos com a preservação dos fígados dos
animais submetidos à dieta normal e restrita com a solução salina de FBP em
comparação com UW, podem ser atribuídos a algumas propriedades peculiares
desta substância. A FBP é um substrato da rota glicolítica e que, acreditava-se no
passado, teria a capacidade de atravessar a membrana celular e fornecer ATP para o
funcionamento da célula (Catani et al, 1980; Eddy et al 1981; Hardin & Roberts, 1994).
No entanto, fortes indícios de que a FBP, como outros açúcares
fosforilados, não consiga atravessar a membrana celular, em decorrência do
tamanho da sua molécula e polaridade. Foi apenas muito recentemente que Cuesta e
colaboradores, 2006, estudando a lesão hepática induzida por D-galactosamina,
comprovaram que a FBP teria uma capacidade exógena de reduzir o consumo de
ATP, e que esta se daria através da modulação dos canais de potássio nas
membranas das células de Kupffer. Assim, é feita a hipótese de que os resultados
obtidos com a preservação com FBP no presente estudo, devam-se à sua capacidade
de preservar o consumo de ATP intracelular. Neste sentido, é notável que os animais
submetidos à dieta restrita e preservados com FBP tenham tido o melhor
desempenho global neste estudo.
8. CONCLUSÕES
De acordo com os métodos utilizados neste estudo e os resultados
obtidos no mesmo, podem ser enunciadas as seguintes conclusões:
1. O estado nutricional exerce influência sobre o dano de isquemia a frio, quando
aferido por parâmetros bioquímicos, pela lipoperoxidação e geração de
antioxidantes endógenos, em fígados de ratos com dieta normal, restrita ou
hiperlipídica.
2. Os melhores resultados na avaliação do dano de preservação foram obtidos
nos animais que foram submetidos à restrição alimentar, enquanto que os
piores ocorreram nos animais que receberam dieta hiperlipídica.
3. A FBP foi superior à UW na preservação a frio de fígados de ratos alimentados
com dieta normal, através da avaliação de variáveis bioquímicas,
lipoperoxidação.
4. A FBP apresentou resultados similares aos da preservação com SF nos animais
submetidos à dieta normal, quando avaliada por critérios bioquímicos.
5. A preservação com SF demonstrou melhores resultados do que os obtidos
com UW na preservação a frio de fígados de ratos alimentados com dieta
normal, através da avaliação de variáveis bioquímicas.
6. A preservação com FBP nos animais que receberam dieta normal foi superior
à obtida com SF, quando analisadas variáveis relacionadas à lipoperoxidação.
7. A preservação com UW, embora com resultados inferiores à FBP, nos animais
que receberam dieta normal, foi superior à obtida com SF, quando analisadas
variáveis relacionadas à lipoperoxidação.
8. A solução de FBP foi superior à UW na preservação a frio de fígados de ratos
sob restrição alimentar, através da avaliação de variáveis bioquímicas,
lipoperoxidação.
9. As soluções de FBP e UW não diferiram na preservação a frio de fígados de
ratos submetidos à dieta hiperlipídica, através da avaliação de variáveis
bioquímicas e lipoperoxidação.
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ANEXOS
ANEXO 1
AGEING AND ITS THE IMPACT ON THE QUALITY OF GRAFTS:
AN EXPERIMENTAL STUDY IN RAT LIVERS
Mota SM, Fraga RS, Gasperin G, Harlacher L,
Cerski CT,Oliveira JR, Álvares-da-Silva MR
Introduction
Liver transplantation (LT) is currently the treatment of choice for end-
stage both chronic and acute hepatic diseases. As better are the results, more
patients are considered to be listed, and besides donor shortage, this is the cause of
the increases of waiting rolls and, consequently, increasing of mortality on the roll.
Donor shortage has made transplant groups to expand their limits for
acceptation of organs. Age of donors has been usually considered a limiting factor.
Some of the groups reject grafts from donors which are older than 60 or 65 years.
However, these data are matter of controversy. Regarding liver function, bilirubins
and aminotransferases are kept under the normal degree even in individuals with
extremes of age, but serum albumin levels use to decline as years go by, suggesting
damage on the protein synthesis.
The most common disease that leads to LT is cirrhosis due to hepatitis
C virus (HCV). There are consistent clues of worse results with grafts from older
donors in these recipients, with earlier recurrence of HCV, and lower survival both
of the graft and the patient. The use of those organs has been often unadvised in
HCV receptors. The best results with these donors occur in selected cases: well-
preserved liver function, less cold ischemia time, absent or mild graft steatosis or
hepatocellular carcinoma Child-Pugh A recipients. Also, patients presenting with
acute liver failure or chronic cholestatic diseases, use to get better results, focusing
the importance of host factors.
As expected, preservation solution seems to play a role on the
ischemia-reperfusion injury. LT is now being performed in the most of the centers
through preservation with University of Wisconsin (UW) solution. Its costs, and
evidences of non-universal protection, as seen by primary non-function rates, make
attempts to research of others solutions. In this way, fructose-1,6-bisphosphate
(FBP) may have some utility. It is an energetic mediator of glucolitic pathway, which
has been studied in the field of cell protection in many pathological situations, as
sepsis, and ischemia/reperfusion in organs other than the liver.
The aim of this study is to determinate the impact of the ageing of the
donor in the cold ischemia injury in rat livers, as well to compare two distinct
solutions of preservation: UW and FBP.
Materials and Methods
All the procedures were carried out according to the current legislation
in Brazil, and the study was approved by Ethics and Research Committee of
Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Were studied twenty adult male Wistar rats,
settled down separately in living-boxes of transparent polycarbonate, submitted to
clear-and-dark cycles of 12 hours, under controlled temperature (22ºC). The animals
were fed with regular diet and received water ad libitum.
Animals were divided into two groups: control group: 10 rats, ageing
20 weeks, randomly assigned 5 to preservation with UW (C-UW) and 5, FBP (C-
FBP); and older group: 10 rats, ageing 50 weeks, randomly assigned to same way: 5
to UW (I-UW) and 5 to FBP (I-FBP).
Rats were anesthesized through isofluorane 1,5% (Isofluorano®,
Abbott), using calibrated vaporizator. Later, they were submitted to laparotomy,
and portal vein was cannulated by an intravenous catheter of 20G (Abbocath®, n. 20
Johnson & Johnson), and connected to 125 mL of 4
C preservation solution,
according to the group: UW (Viaspan®) or FBP saline solution at 10 mmol/L, under
a pressure of 60cmH2O. Finally, hepatectomy was performed, and the liver
preserved at 50mL of the respective solution, kept under 2-4ºC for 8 hours, during
which were taken out samples at 2, 4, 6, and 8 hours.
Animals were weighed on digital scale (Marte, model AS5500c) very
before the surgical procedure, as well were the livers at the end of the period of
preservation. Serum glucose and albumin were carried out through the kinetic
method UV (Hitachi 917-Roche). From the samples taken were determined
aspartato-aminotransferase (AST) and lactic dehidrogenase (LDH) – (kinetic method
UV, Hitachi 917-Roche).
At the end of the preservation period, thiobarbituric acid reactive
substances (TBARS), activity of catalase and the products of nitric oxide (NO) were
determined. TBARS was done through the technique described by Halliwell &
Guteridge, 1989), catalase by the reaction among phosphate buffer 50mH and
hydrogen peroxide 0,3M, in the homogenized of hepatic tissue, with reading
effected at the spectrophotometer of 240nm, and NO was done through the Griess'
method (Hevel & Marletta, 1994).
The specimens were stained with hematoxiline and eosine, observed
by a single and blinded pathologist, who examined coded samples of tissue.
Presences of portal inflammatory infiltrate, pericentral ischemic necrosis and
periductal fibrosis, as well as steatosis were analyzed.
The test of normality of Kolmogorov-Smirnov was applied to all
variables. In comparing the variables of unique measure ANOVA one-way was
employed, followed by the test of multiple comparisons of Duncan. The
comparisons of serial measures were done by ANOVA for repeated measures,
followed by the test of minimal differences. The α assumed as significant was of 0.05.
Results
The average weight of the animals from the control group was
respectively 354.7 g ± 22.23 and 425.2 g ± 23.42 -p<0.001. There was no difference
between the average liver weight between both groups (12.51g ± 1.8 and 13.45g ±
2.0, respectively). Regarding blood glucose levels, there was no difference between
the groups (226.9 g/dL ± 47.22 and 179.3 ± 76.25). Albumin was higher in the older
group (2.59 mg/dL ± 0.48 and 3.04 mg/dL ± 0.53), but there were no significant
difference (p=0.063).
When compared to the biochemical parameters of preservation, there
was significant difference between AST and LDH median levels. Both the
parameters were superior in samples taken from the control group preserved with
UW in relation to the other subgroups (p< 0.05). Regarding the older group, there
was a difference between UW and FBP preserved livers related to LDH, but not to
AST. The results are shown in Table 1.
TBARS were superior in control group than in the older one (4.14
nmol/ g tissue ± 0.79 vs 2.72 ± 0.85) - p=0.001, but there was no difference between
the preservation solutions (UW: 3.45 ± 1.45 vs FBP 3.48 ± 0.48 p=0.94). Catalase
activity was similar between the both groups -control and older (92.1
mmol/min/mg protein ± 47.1 vs 65.4 ± 19.4) - p=0.11, but it was superior in UW
preserved animals (98.7 ± 43.2 vs 58.8 ± 15.6) - p=0.02.
Mild centrollobular ischemic injury was found in 4 livers of the control
group and in 2 of the older ones. In this group, 2 animals have had mild portal
inflammatory changes. No animal had steatosis.
Table 1: AST and LDH levels collected from the preservation solution at 2, 4, 6 and
8 hours, in the different studied groups
AST= aspartate-aminotransferase (UI/L). LDH= lactate desidrogenase (UI/L). C-
UW= control animals, preserved with UW, C-FBP= control animals, preserved with
Group C-UW
(n=5)
Group C-
FBP
(n=5)
Group E-UW
(n=5)
Group E-
FBP
(n=5)
AST
2h
121
(86.5-146.5)
24
(17.5-37.0)
45
(36.5-78.0)
24
(5.5-45.0)
AST
4h
153
(115.5-173.5)
35
(27.5-71.5)
64
(54.5-109.0)
30
(14.0-55.5)
AST
6h
181
(133.5-193.0)
53
(32.0-104.0)
77
(68.0-157.0)
42
(23.0-106.0)
AST
8h
205
(155.0-220.0)
94
(40.0-133.0)
103
(86.5-162.0)
52
(28.5-152.0)
LDH
2h
664
(490.5-805.5)
178
(55.5-254.5)
291
(259.0-364.5)
157
(37.5-159.5)
LDH
4h
817
(639.5-1010.5)
258
(74.5-372.5)
409
(280.0-527.0)
187
(50.5-196.0)
LDH
6h
968
(708.0-1188.0)
380
(91.5-458.5)
457
(403.0-718.0)
272
(62.5-338.5)
LDH
8h
1062
(809.0-1566.0)
488
(114.0-652,5)
658
(478.5-799.0)
290
(81.0-395.0)
FBP, E-UW= elderly animals, preserved with UW, E-FBP= elderly animals,
preserved with FBP.
Figure 1. Here are presented the results obtained with AST and their comparison between the
different groups. AST= aspartate-aminotransferase (UI/L). LDH= lactate desidrogenase (UI/L). C-
UW= control animals, preserved with UW, C-FBP= control animals, preserved with FBP, E-UW=
elderly animals, preserved with UW, E-FBP= elderly animals, preserved with FBP.
Figure 1. Here are presented the results obtained with LDH and their comparison between the
different groups. AST= aspartate-aminotransferase (UI/L). LDH= lactate desidrogenase (UI/L). C-
0
200
400
600
800
1000
1200
2 h 4h 6h 8h
LDH - CUW LDH - IUW
LDH -CFBP LDH -IFBP
0
50
100
150
200
250
2 h 4h 6h 8h
AST C-UW AST I-UW
AST C-FBP AST I-FBP
UW= control animals, preserved with UW, C-FBP= control animals, preserved with FBP, E-UW=
elderly animals, preserved with UW, E-FBP= elderly animals, preserved with FBP.
Discussion
Nowadays the use of donors with expanded criteria is the only
condition in the most groups of transplant, because of the lacking of organs. It
considered that this would be the last technical frontier to be transposed in the TxH.
Efforts to improve the quality of implant and its preservation represent an important
field to researching. In this study, it was opted for evaluation an injury originated
from the cold ischemia, since the interest focus was the donor. If it would have been
done the reperfusion, certainly it would be added other independent variables of the
initial state of the implant. The preservation at cold was done during 8 hours. That
time would be questioned, since the UW solution would guarantee the viability of
the implant just for 24 hours. However, that time is not used indeed, since more than
12 hours there is much more risk of cell injury, especially of the biliary epithelium.
In the previous study, 12 hours of cold preservation were sufficient to demonstrate
any injury. Because of inner logistical questions, preserving the organ for 12 hours
would cause some problems. The preservation was done with the UW solution,
which is the pattern in the most centers, but also with FBP. That solution could
preserve, for saving the intracellular ATP and allowing more tolerance to the
ischemia in non-ideal donors, as the old ones. Studying old donors is relevant
because of its frequency in the clinical practice. Many donors exist because of the
accidents and traumas, but a very significant quantity is of individuals with cerebral
vascular complications, but many of them are old and have com-morbidity.
Moreover, the reincidence of HVC post-HxT has attracted the attention to these
special groups of donors. In this context, defining old rats seems essential. The rats
used in this study were more than 50 weeks. This period of time is considered
sufficient to classify a rat as old. In this phase, the animals have already achieved
their growing top are not any more in their reproductive period and they already
tend to lose their weight. There are signs that the growing old process determines
structural changes of the livers in animals with the increase on the largeness of the
hepatics and their nuclei, as well as the number of multinucleated cells.
Furthermore, those changes continue after the transplant, even when the receptor is
young and its question, which affects the liver receptor n the clinical practice, it
would be interesting to study forms of reverting that situation in human beings. The
option for the experimental study was done, because the application of FBP is still
not restricted to it.
The weight of the livers of the animals did not differ among the old
group and the group-control, as it was expected. However, the weight of the old
animals was bigger than the control ones. Koh and his co-workers have
demonstrated that rats grow up until the 52 weeks, when they thley begin to lose
weight. The rats included in this study achieved 54 weeks of ages at the end of
observation period, in which they were submitted to the controlled diet. Perhaps
this has contributed to they not to lose weight significantly. In the same way, the
glicemia was not different among both groups. Considering that rats were sacrificed
after a period of 12 hours hasting, and taking into account that glicemia, during the
intervals between the meat, does not depend on the mobilization of hepatic
glycogen stocks, it is possible to infer that there was no difference the nutritional
situation of the animals, which was determined by the age. The averages of serial
albumin were, however, superior in the old animals. This fact surprises and
contradicts the expectations, since it was demonstrated that the age reduces the
albuminimia in animals.
It could be discussed whether this discovery puts in stake the
adequacy of the time chosen for considering the animal as adult. However, as there
is no more doubts in relation to the criteria which was chosen, it can be admitted
that this testifies a good nutritional state in these animals. Thus, it is eliminated the
point of view of the influence of innutrition in the unimportant of the implant from
an old animal.
In relation to the damage of the implant of the cold ischemia, verified
by biochemical criteria, it was demonstrated that the AST, and also the LDH, were
superior in the aliquots of the preservation solution in rats-control of the UW
groups, when compared to the others. That result surprises, since the expectation
was the contrary: major injury in the older ones. The reason why this occurs still
remains interrogated. It is interesting to notice that the FBP seems to have had livers
of rats-control. In relation both to the AST levels and to the LDH levels, the group
preserved with FBP has had better performance. That was statistically significant on
the control ones, confirming the discoveries by Moresco and his co-workers. In the
old ones, though the minor values of AST and LDH have been obtained in the livers
preserved with FBP, there was no statistical difference.
When oxide stress is evaluated, TBARS levels were superior in
animals-control, suggesting that a bigger stimulus to the tissue injury has occurred
in this group, independently of the preservation solution employed. The catalysis
activity was similar among both old and control, yet it was bigger in the livers
preserved with UW. Since the catalysis is liberated in order to counterpoint the
harmful effects of the oxidative stress, it could be inferred that more tissue damage
have occurred with UW than with FBP.
Thus, differences were found between rats-control submitted to the
preservation with UW and old animals on the cold ischemia, verified by the exposed
criteria. It has been suggested that the evaluation of the post transplant in human
beings and in rats seems to be inferior when old donors are used. The present study
data go towards to that statement. It is possible to conclude that livers from old
donors are not inferior to the younger ones, ore, it could be inferred that damages
which occur and influence the post transplant evolution depend especially than that
would occur in the reperfusion. The role of FBP in this context, it is still to be
demonstrated.
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ANEXO 2
Resultados do estudo inicial para cálculo da dieta padrão oferecida
para o Grupo I - controles com dieta normal. Foram ofertadas diariamente 30
gramas da ração Nuvilab CR1 (Nuvital Nutrientes Ltda, Colombo, Paraná) para
cada animal, sendo descontadas as sobras em gramas, chegando-se ao valor ingerido
no dia. A média final obtida foi de 21,56 g/dia, sendo adotado valor de 22 g como
dieta padrão – ver tabela abaixo.
Tabela 1. Quantidade diária (em gramas) ingerida pelos animais durante o período
de observação por 7 dias para cálculo da dieta normal a ser ofertada no estudo.
Dia
Rato
1
Rato
2
Rato
3
Rato
4
Rato
5
Rato
6
Rato
7
Rato
8
Rato
9
Rato
10
1 20,7 22,6 21,2 4,1 26,9 11,1 20,8 12 29,3 23,6
2 19,7 16,3 15,8 19,5 21,6 12,4 11,4 22,3 23,2 11,4
3 21,0 19,4 21,5 25 22,5 25,5 20,9 24,4 23,4 25,3
4 21,1 19,8 22,6 24,7 29,3 21,4 19,2 25,2 29,6 24,4
5 24,1 19 15 26 22,8 19 20,8 23,3 22,4 23,8
6 25,3 23,8 21,2 23,5 26,8 20 22,2 24,3 26 25,2
7 23,5 22,7 22 22,6 26 18,8 19,35 22,2 20,76 24,7
Média
gramas
22,2 20,51 19,9 20,77 25,13 18,32 19,24 21,96 24,95 22,63
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