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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
POLLYANA DE FARIA RANGEL
INTERFACE ENTRE ARQUITETURA
BIOCLIMÁTICA E DECISÕES PROJETUAIS
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco
NATAL
2008
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POLLYANA DE FARIA RANGEL
INTERFACE ENTRE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA E
DECISÕES PROJETUAIS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo –
PPGAU – da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte - UFRN como requisito para
a obtenção do título de mestre em Arquitetura
e Urbanismo.
Área de concentração: Projeto, Morfologia e
Conforto no Ambiente Construído.
Linha de Pesquisa: Projeto de Arquitetura.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinoco
NATAL
2008
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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de
Arquitetura
Rangel, Pollyana de Faria.
Interface entre arquitetura bioclimática e decisões
projetuais/ Pollyana de Faria Rangel. – Natal, RN, 2008.
156 f.: il.
Orientador: Marcelo Bezerra de Melo Tinôco.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de
Arquitetura.
1. Arquitetura bioclimática – Dissertação. 2. Decisões
projetuais – Dissertação. 3. Conforto térmico – Dissertação. 4.
Clima quente-úmido – Dissertação. 5. Arquitetura residencial. –
Dissertação. I. Tinôco, Marcelo Bezerra de Melo. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE-ARQ CDU
72:697
POLLYANA DE FARIA RANGEL
INTERFACE ENTRE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA E DECISÕES
PROJETUAIS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo –
PPGAU – da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte - UFRN como requisito para
a obtenção do título de mestre em Arquitetura
e Urbanismo.
Área de concentração: Projeto, Morfologia e
Conforto no Ambiente Construído.
Linha de Pesquisa: Projeto de Arquitetura.
Dissertação aprovada em ___/___/2008
BANCA EXAMINADORA
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Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco (Orientador)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Profª Drª. Gleice Virginia Medeiros de Azambuja Elali (Membro)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Prof. Dr. Leonardo Salazar Bittencourt (Membro)
Universidade Federal de Alagoas
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, por
todo amor e incentivo!
AGRADECIMENTOS
A Deus que me iluminou e abriu todas as portas para eu chegar até aqui;
Aos meus pais, Biagione e Laurentina, que sempre me apoiaram em todas as etapas
de minha formação, com dedicação, incentivo e carinho;
Aos meus irmãos, Biagione e Vinícius, por acreditarem em mim;
Ao meu namorado, Antonino, pelo carinho, e compreensão em todos os momentos;
À Marcelo Tinôco, por ter despertado em mim o interesse pela pesquisa e por todas
as orientações e apoio no decorrer dessa dissertação;
Aos colegas do LabCon, em especial a Aldomar Pedrini e Leonardo Cunha, pelas
dúvidas esclarecidas, pelas sugestões e discussões que contribuíram para o
desenvolvimento dessa pesquisa;
Aos professores do PPGAU pelos conhecimentos transmitidos;
Aos membros da banca examinadora (Gleice Elali, Leonardo Bittencourt e Marcelo
Tinôco) por terem aceitado participar da avaliação desse trabalho;
Aos arquitetos, Carlos Ribeiro Dantas, Flávio Góis, Gaudêncio Torquato, Haroldo
Maranhão e Marconi Grevi que se disponibilizaram a participar dessa pesquisa com
muita presteza e atenção;
Aos meus colegas de turma pelas trocas de experiência;
As minhas amigas e Arqamigas, pelo incentivo e amizade;
À todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para que essa
pesquisa se materializasse.
“A arquitetura como qualquer fenômeno complexo, admite
ser estudada de inúmeros ângulos e, portanto, oferece
diversas faces ao observador.”
Elvan Silva
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo estudar o enfoque bioclimático em
arquitetura e sua relação com as decisões projetuais, no que se refere ao conforto
ambiental em habitações unifamiliares. A partir da análise de cinco projetos inseridos
em Natal/RN, clima quente-úmido, a pesquisa levanta informações sobre as
características arquitetônicas norteadas pela forma e pelo arranjo espacial, os quais
englobam elementos importantes para o desenvolvimento do projeto. Simulações
computacionais serviram de base para verificar o grau de eficiência das estratégias
projetuais a partir da análise do sombreamento. Foram analisadas também
estratégias relacionadas às demandas de ventilação natural e de massa térmica
para resfriamento. Os resultados demonstram que há uma hierarquização de
prioridades nas decisões tomadas quanto às variáveis forma e arranjo espacial, e
quanto à maneira de como essas variáveis irão atender as demandas bioclimáticas.
As análises evidenciam, ainda, que não há uma única maneira de responder a
demandas bioclimáticas específicas, assim como apontam para a importância de
verificação das soluções projetuais durante todo processo de concepção, a fim de
obter um projeto com desempenho eficiente para o conforto ambiental.
Palavras-chave: Arquitetura bioclimática. Decisões projetuais. Clima quente-úmido.
Análise de projetos. Arquitetura residencial.
ABSTRACT
This research has as its object study focus bioclimatic in architecture and its
conection with projects decisions, on what regards to environmental comfort for
single-family dwelling. From the analysis of five architectural projects inserted in
Natal/RN, warm-moist weather, this research gather informations regarding
architectural features guided by shape and space arrengement, which embody
important elements for the project design development. Computer simulations
assisted as foundation to verify the efficiency grade for these projects strategies from
shading analysis. Related strategies for the demands of natural ventilation circulation
and thermal mass for refrigeration were analysed as well. Results show that there is
an hierarchizing of priorities for the decisions made when it comes to shape and
space disposition variables, as well as the way these variables will consider the
bioclimatic demands. The analysis, even, show that there is no single way to respond
to specific bioclimatic demands, as it points out the value of examination of the
projectual solutions throughtout the conception process, in order to achieve an
efficient project performance for the envimonment comfort.
Key words: Bioclimatic architecture. Projects decisions. Warm-moist weather.
Project analysis. Residential architecture.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa do Brasil c/ indicação da cidade de Natal/RN.................................27
Figura 2 - Carta bioclimática, com zona de conforto para regiões de clima quente 30
Figura 3 - Zona de conforto para países quentes em desenvolvimento.................. 31
Figura 4 - Zona de conforto estabelecida por Araújo (2001) sobre a de Givoni (1992)
para Natal/RN............................................................................................................31
Figura 5 - Zoneamento bioclimático ........................................................................ 40
Figura 6 - Zona bioclimática 8 ................................................................................. 40
Figura 7 - Carta bioclimática para o Brasil (Z-8) adaptada a partir de Givoni (1992)40
Figura 8 - Abertura (h) em beirais, para ventilação do ático.....................................41
Figura 9 - Interdependência entre as variáveis arquitetônicas, as demandas
bioclimáticas e os fatores ambientais........................................................................51
Figura 10 - O processo projetual reunindo as variáveis arquitetônicas, as demandas
bioclimáticas e os fatores ambientais........................................................................60
Figura 11 - Impacto das decisões nas etapas projetuais..........................................62
Figura 12 - Perspectiva Fachada Sudeste ...............................................................74
Figura 13 - Perspectiva Fachadas Noroeste e Sudoeste .........................................75
Figura 14 - Planta Baixa ...........................................................................................75
Figura 15 - Corte A...................................................................................................77
Figura 16 - Corte B...................................................................................................78
Figura 17 - Planta baixa com destaque para os três setores, core, circulação e área
de serviço..................................................................................................................78
Figura 18 - Planta baixa– destaque suíte máster .....................................................80
Figura 19 - Indicação das aberturas analisadas.......................................................81
Figura 20 - Insolação da abertura E1 (porta)............................................................81
Figura 21 - Insolação da abertura E2 (janela) ..........................................................81
Figura 22 - Insolação da abertura E3 (janela) ..........................................................81
Figura 23 - Planta baixa– destaque para sala de estar ............................................82
Figura 24
- Indicação das aberturas analisadas.......................................................83
Figura 25 - Carta solar da abertura E1 (porta)..........................................................83
Figura 26 - Indicação da abertura analisada ............................................................83
Figura 27 - Carta solar da abertura E2 (janela) ........................................................83
Figura 28 - Indicação das aberturas analisadas.......................................................83
Figura 29 - Carta solar da abertura E3 (janela) ........................................................83
Figura 30 - Planta baixa– destaque para cozinha ....................................................84
Figura 31 - Indicação da abertura analisada ............................................................85
Figura 32 - Carta solar da abertura E1 (janela) ........................................................85
Figura 33 - Perspectiva Fachadas Nordeste e Noroeste..........................................86
Figura 34 - Perspectiva Fachadas Sudoeste e Sudeste...........................................86
Figura 35 - Planta baixa – pav. térreo ......................................................................87
Figura 36 - Planta baixa – pav. superior...................................................................87
Figura 37 - Corte A...................................................................................................89
Figura 38 - Corte B...................................................................................................89
Figura 39 - Planta Baixa pav. térreo com destaque para os três setores, para o core,
para circulação externa e para área de serviço.........................................................90
Figura 40 - Planta Baixa pav. superior com destaque para dois setores, para o core
e circulação ...............................................................................................................90
Figura 41 - Planta baixa – destaque para suíte máster............................................91
Figura 42 - Indicação da abertura analisada ............................................................92
Figura 43 - Carta solar da abertura E1 (janela) ........................................................92
Figura 44 - Indicação da abertura analisada ............................................................92
Figura 45 - Carta solar da abertura E2 (janela) ........................................................92
Figura 46 - Planta baixa – destaque para sala de estar ...........................................93
Figura 47 - Indicação da abertura analisada ............................................................94
Figura 48 - Carta solar da abertura E1 (porta)..........................................................94
Figura 49 - Indicação da abertura analisada ............................................................94
Figura 50 - Carta solar da abertura E2 (porta)..........................................................94
Figura 51 - Planta baixa – destaque para cozinha ...................................................95
Figura 52 - Indicação das aberturas analisadas.......................................................96
Figura 53 - Carta solar da abertura E1 (janela) ........................................................96
Figura 54 - Carta solar da abertura E2 (porta)..........................................................96
Figura 55 - Carta solar da abertura E3 (janela) ........................................................96
Figura 56 - Indicação da abertura analisada ............................................................96
Figura 57 - Carta solar da abertura E4 (janela) ........................................................96
Figura 58 - Perspectiva Fachada Leste....................................................................98
Figura 59 - Perspectiva Fachada Oeste e Norte ......................................................98
Figura 60 - Planta baixa ...........................................................................................99
Figura 61 - Corte A .................................................................................................101
Figura 62 - Corte B .................................................................................................101
Figura 63 - Planta Baixa com destaque para os três setores, para o core, para
circulação do setor íntimo e área de serviço ...........................................................102
Figura 64 - Planta baixa – destaque para suíte máster..........................................103
Figura 65 - Indicação das aberturas analisadas.....................................................104
Figura 66 - Carta solar da abertura E1 (porta)........................................................104
Figura 67 - Carta solar da abertura E2 (janela) ......................................................104
Figura 68 - Carta solar da abertura E3 (cobogó)....................................................104
Figura 69 - Planta baixa – destaque para sala de estar .........................................105
Figura 70 - Indicação das aberturas analisadas.....................................................106
Figura 71 - Carta solar da abertura E1 (janela) ......................................................106
Figura 72 - Carta solar da abertura E2 (cobogó)....................................................106
Figura 73 - Carta solar da abertura E3 (janela) ......................................................106
Figura 74 - Planta baixa – destaque para cozinha .................................................107
Figura 75 - Indicação das aberturas analisadas.....................................................107
Figura 76 - Carta solar da abertura E1 (janela) ......................................................107
Figura 77 - Carta solar da abertura E2 (cobogó)....................................................108
Figura 78 - Perspectiva Fachadas Sul e Leste.......................................................109
Figura 79 - Perspectiva Fachadas Norte e Oeste...................................................109
Figura 80 - Planta Baixa- pav. térreo......................................................................110
Figura 81 - Planta Baixa- pav. superior ..................................................................110
Figura 82 - Corte A .................................................................................................113
Figura 83 - Corte B .................................................................................................113
Figura 84 - Planta baixa pav. térreo com destaque para dois setores e área de
serviço.....................................................................................................................114
Figura 85 - Planta baixa pav. superior com destaque para setor íntimo e circulação
................................................................................................................................114
Figura 86 - Planta baixa pav. superior – destaque para suíte máster ....................115
Figura 87 - Indicação das aberturas analisadas.....................................................116
Figura 88 - Carta solar da abertura E1(porta).........................................................116
Figura 89 - Carta solar da abertura E2 (janela) ......................................................116
Figura 90 - Carta solar da abertura E3 (janela) ......................................................116
Figura 91 - Planta baixa pav. térreo – destaque para sala de estar .......................117
Figura 92 - Indicação da abertura analisada ..........................................................118
Figura 93 - Carta solar da abertura E1 (porta)........................................................118
Figura 94 - Indicação das aberturas analisadas.....................................................118
Figura 95 - Carta solar da abertura E2 (janela) ......................................................118
Figura 96 - Carta solar da abertura E3 (janela) ......................................................118
Figura 97 - Carta solar da abertura E4 (porta e esquadria fixa) .............................118
Figura 98 - Planta baixa pavimento térreo – destaque para cozinha......................120
Figura 99 - Indicação das aberturas analisadas.....................................................121
Figura 100 - Carta solar da abertura E1 (janela) ....................................................121
Figura 101 - Carta solar da abertura E2 (janela) ....................................................121
Figura 102 - Perspectiva Fachada Noroeste ..........................................................122
Figura 103 - Perspectiva Fachada Sudeste............................................................122
Figura 104 - Planta baixa pav. térreo .....................................................................123
Figura 105 - Planta baixa pav. superior..................................................................123
Figura 106 - Corte A...............................................................................................125
Figura 107 - Corte B...............................................................................................126
Figura 108 - Planta baixa pav. térreo com destaque para dois setores, para o core,
para circulação e área de serviço............................................................................126
Figura 109 - Planta baixa pav. superior com destaque para setor íntimo e circulação
................................................................................................................................126
Figura 110 - Planta baixa pav. superior - destaque para suíte máster ...................128
Figura 111 - Indicação da abertura analisada ........................................................128
Figura 112 - Carta solar da abertura E1 (janela) ....................................................128
Figura 113 - Planta baixa pav. térreo– destaque para sala de estar ......................129
Figura 114 - Indicação das aberturas analisadas...................................................130
Figura 115 - Carta solar da abertura E1(porta).......................................................130
Figura 116 - Carta solar da abertura E2(porta).......................................................130
Figura 117 - Carta solar da abertura E3 (esquadria fixa) .......................................130
Figura 118 - Indicação da abertura analisada ........................................................130
Figura 119 - Carta solar da abertura E4 (janela) ....................................................130
Figura 120 - Planta baixa pavimento térreo– destaque para cozinha.....................132
Figura 121 - Indicação da abertura analisada ........................................................132
Figura 122 - Carta solar da abertura E1(janela) .....................................................132
Figura 123 - Indicação da abertura analisada ........................................................132
Figura 124 - Carta solar da abertura E2 (janela) ....................................................132
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Gráfico do comportamento dos dias típicos de temperatura para
Natal/RN....................................................................................................................27
Gráfico 2 - Gráfico do comportamento dos dias típicos da umidade relativa para
Natal/RN....................................................................................................................28
Gráfico 3 - Gráfico do comportamento dos dias típicos da velocidade dos ventos
para Natal/RN............................................................................................................28
Gráfico 4 - Gráfico do comportamento da direção dos ventos para Natal/RN..........28
Gráfico 5 - Radiação solar direta em superfícies horizontais e verticais ..................45
Gráfico 6 - Gráfico da relação entre a liberdade de escolha durante o processo de
concepção e as etapas projetuais.............................................................................61
Gráfico 7 - Gráfico comparativo entre área construída, área do terreno e área
permeável dos projetos analisados.........................................................................134
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Principais índices, empíricos e analíticos, de conforto térmico ..............29
Quadro 2 - Variáveis de projeto e parâmetros..........................................................38
Quadro 3 - Variáveis arquitetônicas e dos fatores ambientais adotados para
sistematização das análises dessa pesquisa............................................................39
Quadro 4 - Eficiência energética no processo de projeto .........................................64
Quadro 5 - Arquitetos entrevistados e respectivos anos de formação e ano dos
projetos fornecidos....................................................................................................69
Quadro 6 - Perspectiva esquemática dos projetos analisados...............................135
Quadro 7 - Croquis esquemáticos das plantas baixas dos projetos analisados.....135
Quadro 8 - Croquis esquemáticos dos cortes dos projetos analisados..................136
Quadro 9 - Croquis esquemáticos das plantas baixas dos projetos analisados.....137
Quadro 10 - Croquis esquemáticos das plantas baixas dos projetos analisados com
destaque para compartimentalização, conexões e continuidade dos ambientes....139
Quadro 11 - Croquis esquemáticos das plantas baixas dos projetos analisados com
destaque para os ambientes analisados e suas aberturas e para os ambientes de
transição..................................................................................................................141
Quadro 12 - Quadro das estratégias projetuais recorrentes nos projetos analisados,
destacando as demandas de ventilação natural, sombreamento e massa térmica
para resfriamento ....................................................................................................143
Quadro 13 - Quadro das soluções mais recorrentes nos projetos analisados .......145
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tabela de prescrições de janela na fachada segundo prescrições da
ASHRAE 90.1............................................................................................................46
Tabela 2 - Tabela de transmitância térmica (U), atraso térmico (ϕ) e fator de calor
solar (FCS) admissíveis para cada tipo de vedação .................................................47
Tabela 3 - Tabela de transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar
admissíveis para algumas coberturas .......................................................................48
Tabela 4 - Tabela de transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar
admissíveis para algumas paredes ...........................................................................49
LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS
C - Capacidade Térmica;
ג - Condutividade Térmica;
U - Transmitância Térmica;
FCS - Fator de Calor Solar;
Rt - Resistência térmica total, superfície a superfície.
°CGraus Celsius
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASHRAE – American Society of Heating Refrigerating and Air-Conditioning
Engineers
CFCs - Clorofluorcarbonetos
CO
2
- Gás carbônico
CPZ – Control Potencial Zone
EPA – Environmental Protection Agency (Agência de proteção Ambiental norte-
americana)
Labcon – Laboratório de Conforto Ambiental
O
2
-
Oxigênio
ONU – Organizações das Nações Unidas
UFRN –Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UIA – União Internacional de Arquitetos
RN – Rio Grande do Norte
WCED – World Commission os Environment and Development (Comissão Mundial
sobre Ambiente e Desenvolvimento)
15
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................17
PARTE I: INTERFACE ENTRE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA E DECISÕES
PROJETUAIS ...........................................................................................................22
2 . ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA ........................................................................23
2.1 A QUESTÃO AMBIENTAL E O IMPACTO DAS EDIFICAÇÕES NO AMBIENTE
NATURAL..................................................................................................................23
2.2. O CLIMA TROPICAL..........................................................................................25
2.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA..........................32
2.4. VARIÁVEIS ARQUITETÔNICAS PARA ANÁLISE.............................................35
2.5. DEMANDAS BIOCLIMÁTICAS APLICADAS AO CLIMA QUENTE-ÚMIDO ......39
2.5.1. Ventilação Natural...........................................................................................42
2.5.2. Sombreamento................................................................................................44
2.5.3. Massa Térmica para Resfriamento .................................................................47
3. O PROCESSO PROJETUAL................................................................................52
3.1. ALGUNS DESDOBRAMENTOS SOBRE A CONCEPÇÃO PROJETUAL .........56
4. INTERFACE ENTRE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA E ESTRATÉGIAS
PROJETUAIS ...........................................................................................................61
PARTE II : ANÁLISES..............................................................................................67
5. METODOLOGIA...................................................................................................68
5.1. ENTREVISTA COM ARQUITETOS ...................................................................69
5.2. LEVANTAMENTO DE DADOS ..........................................................................70
5.3. ANÁLISE QUALITATIVA E DESCRITIVA..........................................................70
5.3.1. Sombreamento................................................................................................71
5.3.2. Ventilação Natural...........................................................................................72
5.3.3. Massa Térmica para Resfriamento .................................................................72
6. ANÁLISES............................................................................................................74
6.1. RESIDÊNCIA01 .................................................................................................74
6.1.1. Informações Gerais.........................................................................................74
6.1.2. Características Arquitetônicas.........................................................................76
6.1.2.1. Forma...........................................................................................................76
6.1.2.2.Arranjo Espacial ............................................................................................78
6.1.3. Análise das Estratégicas Arquitetônicas..........................................................80
6.2. RESIDÊNCIA 02 ................................................................................................86
6.2.1. Informações Gerais.........................................................................................86
6.2.2. Características Arquitetônicas.........................................................................88
6.2.2.1. Forma...........................................................................................................88
6.2.2.2. Arranjo Espacial ...........................................................................................90
6.2.3. Análise das Estratégias Arquitetônicas ...........................................................91
6.3. RESIDÊNCIA 03 ................................................................................................98
6.3.1. Informações Gerais.........................................................................................98
6.3.2. Características Arquitetônicas.......................................................................100
6.3.2.1. Forma.........................................................................................................100
6.3.2.2. Arranjo Espacial .........................................................................................101
6.3.3. Análise das estratégias arquitetônicas..........................................................103
6.4. RESIDÊNCIA 04 ..............................................................................................109
6.4.1. Informações Gerais.......................................................................................109
6.4.2. Características Arquitetônicas.......................................................................111
16
6.4.2.1. Forma.........................................................................................................111
6.4.2.2. Arranjo Espacial .........................................................................................113
6.4.3. Análise das Estratégias Arquitetônicas .........................................................115
6.5. RESIDÊNCIA 05 ..............................................................................................122
6.5.1. Informações Gerais.......................................................................................122
6.5.2.Características Arquitetônicas........................................................................124
6.5.2.1.Forma..........................................................................................................124
6.5.2.2.Arranjo Espacial ..........................................................................................126
6.5.3. Análise das Estratégias Arquitetônicas .........................................................127
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................134
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................146
REFERÊNCIAS.......................................................................................................151
APÊNDICE..............................................................................................................157
17
1. INTRODUÇÃO
O Meio Ambiente é assunto de grande destaque na sociedade mundial. A
destruição da camada de ozônio, a diminuição da biodiversidade, a desertificação, o
desmatamento, os grandes níveis de poluição, os processos de urbanização
acelerada e o consumo excessivo de recursos não-renováveis são evidências
concretas da degradação ambiental na qual a ação do homem tem influência direta.
O modo de vida contemporâneo é claramente insustentável. O
aumento da desigualdade social; a degradação do patrimônio
natural; a poluição provocada pelas atividades industriais, agrícolas e
pelos meios de transporte; a previsível escassez de recursos naturais
como o petróleo; a contaminação das fontes superficiais e
subterrâneas de abastecimento de água; os freqüentes problemas de
contaminação provocados pelos depósitos de resíduos sólidos são
aspectos reveladores dessa insustentabilidade (AFONSO, 2006, p.
67).
As edificações e as construções contribuem direta e indiretamente para
muitos dos problemas ambientais. Os edifícios são grandes consumidores de
recursos e geradores de desperdício. De acordo com Szabo (2005) a indústria da
construção civil mundial é responsável por 40% do consumo de energia e 16% da
água utilizada no mundo. Estudos do Worldwatch Institute (apud MENDLER;
ODELL, 2000) indicam que, nos Estados Unidos, os edifícios consomem 17% do
total de água doce do país e 25% da madeira colhida, além de serem responsáveis
por 50% da produção de CFCs (clorofluorcarbonetos), por emitir 33% de CO
2
(gás
carbônico) e por gerar 40% de lixo residual destinado a aterros, resultado do
desperdício nas construções.
Os impactos ambientais
1
gerados pelas edificações estão comprometendo a
qualidade de vida das pessoas e segundo a Agência de Proteção Ambiental norte-
americana (EPA
2
) (apud MENDLER; ODELL, 2000), quase um terço de todos os
edifícios sofrem da chamada síndrome do "edifício doente"
3
. No Brasil a situação
não é diferente, segundo Lamberts, Dutra e Pereira (1997), 42% da energia elétrica
1
Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físico- químicas ou biológicas do meio ambiente
causadas direta ou indiretamente pela ação humana, e que possa afetar a saúde, segurança, bem-estar das
pessoas, condições estéticas e sanitárias do ambiente, a qualidade dos recursos naturais.
2
Environmental Protection Agency.
3
A síndrome do edifício doente refere-se à relação entre causa e efeito das condições ambientais observadas
em áreas internas com reduzida renovação de ar, e os vários níveis de
agressão à saúde de seus ocupantes
através de fontes poluentes de origem física, química e/ou microbiótica.
18
consumida no país é utilizada por edificações residenciais, comerciais e públicas,
desse percentual 23% é destinado ao setor residencial, sendo esse o que mais
cresceu nos últimos anos em relação ao consumo de energia.
Dentro desse contexto o tema sustentabilidade está se tornando assunto
dominante em nossos dias por propagar o uso moderado, racional e consciente dos
recursos naturais objetivando melhor qualidade de vida para as pessoas e
garantindo o mesmo para as futuras gerações. O conceito de sustentabilidade
adquiriu maior expressão através do Relatório Brundtland, encomendado pelas
Organizações das Nações Unidas - ONU e publicado em 1987 no documento
“Nosso Futuro Comum”, o qual propõe que a busca de soluções para as questões
ambientais fossem tarefa comum a toda humanidade (Afonso, 2006).
[...] sustentabilidade [...] implica na manutenção quantitativa e
qualitativa do estoque de recursos ambientais, utilizando tais
recursos sem danificar suas fontes ou limitar a capacidade de
suprimento futuro, para que tanto as necessidades atuais quanto
aquelas do futuro possam ser igualmente satisfeitas (AFONSO,
2006, p.11).
De acordo com Szabo (2005), a noção de sustentabilidade estava
diretamente ligada às questões ambientais, mas com o passar dos anos essa
limitação foi extrapolada para os campos social, cultural, ecológico, econômico,
político e também para a arquitetura. No que se refere à arquitetura, os projetos
devem tirar proveito das condicionantes climáticas visando uma arquitetura com
enfoque bioclimático que controle iluminação, ruídos, ventilação, insolação térmica,
minimizando o uso de ar-condicionado e evitando a emissão de CFCs.
A arquitetura bioclimática é um meio dos projetistas repensarem o projeto,
as edificações e os processos construtivos de maneira a controlar e diminuir o
impacto no meio ambiente e na saúde das pessoas. Projetar com base nos
princípios da bioclimatologia pode conduzir uma série de benefícios, quanto à
economia de energia, ao melhor aproveitamento e preservação dos recursos
naturais disponíveis e a obtenção do conforto ambiental no interior das edificações.
Além disso, existem numerosos estudos que comprovam que nos edifícios
‘saudáveis’ há um aumento da produtividade humana de 2% para 15% (LEWIS,
1999).
19
O projeto arquitetônico está na interseção entre o processo intelectual de
concepção e sua atividade prática (BOUDON et al, 2000), nele estão inseridos
valores técnicos, científicos, artísticos e repertoriais o que o torna uma atividade
complexa, na qual o processo de elaboração do projeto deve ser considerado, em
vários aspectos, como referencial básico para qualquer procedimento metodológico.
O processo de materialização do projeto à medida que evolui envolve graus de
definição cada vez maiores.
Algumas estratégias projetuais decididas na fase inicial do processo de
concepção são fundamentais para os primeiros passos em relação à arquitetura com
enfoque bioclimático. Estratégias que buscam adequar o edifício ao clima por meio
de sistemas passivos
4
para obtenção de ventilação e iluminação natural,
sombreamento e escolha adequada dos materiais constituintes contribuem
diretamente na obtenção do conforto ambiental dos usuários.
Sendo assim, tendo na arquitetura bioclimática um caminho para colaborar
com a preservação do ambiente natural e proporcionar conforto no ambiente
construído, a pesquisa tem por objetivo principal estudar as relações entre
arquitetura bioclimática e as decisões projetuais em habitações unifamiliares
inseridas no clima quente-úmido, caso de Natal/RN. Esse objetivo aponta para a
necessidade de identificar as demandas bioclimáticas para o clima quente-úmido e
identificar as estratégias de projeto usualmente adotadas para atender essas
demandas.
Através da análise de cinco projetos de habitações unifamiliares inseridas
no clima em estudo, foi possível obter dados sobre as características arquitetônicas
forma e arranjo espacial, que agregam elementos importantes para o
desenvolvimento do projeto. As análises tiveram por objetivos específicos avaliar o
desempenho das estratégias projetuais passivas propostas nesses projetos e,
investigar a relação entre as estratégias projetuais e as ferramentas computacionais
para identificar o grau de dependência ou autonomia que essas estratégias têm em
relação aos simuladores.
Esta pesquisa insere-se na área disciplinar Projeto, Morfologia e Conforto no
ambiente construído, encontrando-se na linha de pesquisa em Projeto de
Arquitetura, que vem sendo desenvolvida dentro do Programa de Pós-Graduação
4
Estratégias arquitetônicas que tiram proveito da disponibilidade dos recursos naturais para o condicionamento
natural da edificação.
20
em Arquitetura e Urbanismo da UFRN, e que tem como finalidade aprofundar e
difundir os conhecimentos gerados sobre esse tema. A pergunta que norteou o
andamento dessa dissertação foi: Como as demandas bioclimáticas se refletem em
estratégias de projeto na concepção arquitetônica para o caso de Natal/RN?
Para abordagem do tema foi realizada inicialmente uma revisão
bibliográfica sobre arquitetura bioclimática, sobre concepção projetual e sobre a
influência das demandas bioclimáticas nas decisões de estratégias projetuais. Em
seguida foram selecionados cinco projetos de residências unifamiliares
desenvolvidos para a cidade de Natal, a partir de entrevista com cinco arquitetos. Os
projetos foram analisados quanto às estratégias projetuais identificadas para atender
as demandas bioclimáticas do projeto de arquitetura inserido no clima quente-úmido
(sombreamento, ventilação natural e massa térmica para resfriamento), a fim de
verificar o desempenho de algumas estratégias passivas. O desdobramento das
análises se deu através do levantamento de dados, a partir do projeto fornecido pelo
arquiteto, bem como da entrevista realizada com ele, seguido das análises
qualitativa e descritiva dos projetos e por fim, obtiveram-se os resultados e
discussões.
Diante do exposto, a presente pesquisa estrutura-se da seguinte maneira:
A parte I referente à interface entre arquitetura bioclimática e decisões projetuais
é composta por três capítulos: o primeiro sobre a arquitetura bioclimática, que
trata as relações entre o impacto das edificações e o meio ambiente, a
caracterização climática de Natal/RN, os conceitos e demandas da arquitetura
bioclimática para a área de estudo e as variáveis arquitetônicas adotadas; o
segundo que aborda o processo projetual e trata de alguns desdobramentos
sobre a concepção arquitetônica; o último capítulo relativo à interface entre
arquitetura bioclimática e decisões projetuais, no qual identifica-se como as
demandas bioclimáticas influenciam nas estratégias de projeto;
A parte II referente às análises possui três capítulos: um sobre a metodologia
adotada para análise dos projetos; outro com as análises propriamente dita, no
qual são analisados cinco projetos residenciais, a fim de identificar as estratégias
de projeto para atender às demandas bioclimáticas do clima quente-úmido, bem
como analisar o desempenho dessas estratégias e verificar o nível de
dependência ou autonomia entre as soluções propostas e os simuladores
computacionais; por último, um capítulo com os resultados e discussões, onde
21
são apresentadas, comparativamente, as principais estratégias relacionadas à
forma e ao arranjo espacial para obtenção do conforto por meio da integração
das demandas bioclimáticas ao projeto de residências unifamiliares para o caso
de Natal/RN;
Por fim têm-se as considerações finais contendo conclusões e indicações para
trabalhos futuros.
22
PARTE I: INTERFACE ENTRE
ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA E
DECISÕES PROJETUAIS
23
2. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
O capítulo trata da arquitetura bioclimática e seus conceitos, inicia
relacionando o impacto das edificações sobre o meio ambiente para depois tratar do
clima, da caracterização climática de Natal/RN, das variáveis arquitetônicas e das
demandas bioclimáticas adequadas aos condicionantes climáticos da área em
estudo.
2.1. A QUESTÃO AMBIENTAL E O IMPACTO DAS EDIFICAÇÕES NO AMBIENTE
NATURAL
A população mundial vem aumentando ao longo da história o que exige
maior produção de alimentos, de bens de consumo duráveis e não duráveis, há um
maior uso dos recursos naturais oferecidos pelo planeta, além da intensificação dos
processos de urbanização. As grandes cidades utilizam os recursos naturais
abundantemente e em escala concentrada, contribuem para a quebra das cadeias
naturais de reprodução desses recursos e diminui a capacidade da natureza de
construir novas situações de equilíbrio. Além disso, o capitalismo estimula o
desperdício. Bens de consumo, como automóveis, eletrodomésticos, roupas e
demais utilidades são projetados para durar pouco. O crescimento demográfico e de
urbanização não é acompanhado pela expansão de infra-estrutura básica das
cidades. Uma boa parcela dos dejetos humanos e do lixo urbano e industrial é
lançada sem tratamento na atmosfera, nas águas e/ou no solo.
Crises ambientais, como as crises energéticas (crises do petróleo) de 1973 e
1974, ocasionaram a formação de novos paradigmas na relação entre sociedade e
ambiente natural, trazendo à tona considerações acerca da preservação dos
recursos energéticos, além da necessidade de se pensar construções mais
eficientes e com menor impacto sobre o meio ambiente.
De acordo com Szabo (2005) é possível que os cientistas tenham sido os
primeiros a identificarem os problemas ambientais, pois na década de 50 realizaram
estudos sobre espécies com perigo de extinção, colaborando para o surgimento de
organizações de proteção à natureza em paralelo com conferências sobre
conservação e utilização de recursos.
24
Na década de 70, começaram a surgir os “partidos verdes” e em 1972 houve
a realização pelas Nações Unidas, da Conferência sobre o Meio Ambiente em
Estocolmo, onde foram discutidos os modelos tradicionais de crescimento, a
responsabilidade dos países desenvolvidos na poluição atmosférica, a questão da
chuva ácida e o planejamento ambiental. Nesse ano o conceito de desenvolvimento
sustentável foi adotado formalmente pela ONU com a criação da Comissão Mundial
sobre Ambiente e Desenvolvimento - WCED (SZABO; AFONSO, 2005, 2006).
Em 1987, o Relatório Brundtland, encomendado pela ONU, publicou o
documento intitulado "Nosso futuro comum". O relatório chamou a atenção para as
diferenças sociais entre os países do sul e do norte, sugerindo que a pobreza do sul
e o consumismo do norte são causas fundamentais da insustentabilidade do
desenvolvimento e das crises ambientais (SZABO; AFONSO, 2005, 2006).
Em 1992, realizou-se a II Conferência Mundial ‘Eco 92’, da qual surgem
investigações acerca de novos sistemas construtivos que, além de conservarem
energia, incorporam o conceito de ecologia e desenvolvimento em seu processo,
desde sua fabricação. Um dos principais resultados dessa conferência foi a “Agenda
21" que é um programa de ação para viabilizar a adoção do desenvolvimento
sustentável e ambientalmente racional em todos os países. Nesse sentido, o
documento da Agenda constitui, fundamentalmente, um roteiro para a
implementação de um novo modelo de desenvolvimento sustentável quanto ao
manejo dos recursos naturais e preservação da biodiversidade (SZABO; AFONSO,
2005, 2006).
Em 1997, o Protocolo de Kyoto incorporou ao discurso ambiental às
preocupações energéticas, surgindo assim, no âmbito internacional, as primeiras
iniciativas para a promoção do uso mais racional e econômico de energia (SZABO;
AFONSO, 2005, 2006).
Em termos específicos de arquitetura, podem-se destacar em 1983, o
“Seminário de Arquitetura Bioclimática”, ocorrido no Rio de Janeiro, onde tópicos
sobre a produção e conservação de energia foram incorporados à questão do
projeto arquitetônico (TOLEDO, 1999); e debate ocorrido em Chicago, organizado
pela União Internacional de Arquitetos - UIA, o qual os arquitetos se pronunciam
sobre a questão da sustentabilidade. Nesse congresso reconheceu-se a
necessidade de uma sociedade sustentável frente à atual. O congresso propôs um
25
compromisso dos arquitetos para a produção de projetos sustentáveis, responsáveis
frente aos recursos, eficientes sob o aspecto energético, sensíveis quanto aos
aspectos ecológicos e sociais, com objetivo de conceber edificações cuja estética
inspire, afirme e enobreça e que ofereçam baixo impacto ambiental e produzam,
portanto, um novo paradigma de projetos arquitetônicos.
Nesse contexto, a construção civil urbana é responsável por uma elevada
quota do consumo global de recursos. Isto se deve a gastos de energia envolvidos
na produção de materiais para a construção civil e no consumo direto de energia nas
edificações.
As cidades sofrem impactos diretos, em sua infra-estrutura, decorrentes
de novas edificações construídas no tecido urbano. Grandes obras, como
condomínios residenciais horizontais, resorts, clubes e etc. acarretam adensamento
na circulação de automóveis, alta emissão de resíduos, além de contribuírem para o
aquecimento e diminuição dla permeabilidade do solo urbano.
O consumo de energia em edifícios e em escritórios comerciais está
relacionado aos aspectos da arquitetura porque os usos finais, tais como iluminação
e o condicionamento de ar são diretamente relacionados ao tipo de arquitetura e
ocupação do espaço. De acordo com Mascaró (1978), 20% a 30% da energia
consumida na edificação seriam suficientes para o seu pleno funcionamento. A falta
de controle e manutenção das instalações, além do seu mau uso, é responsável por
um desperdício de 30% a 50% da energia consumida. Algumas decisões de projeto,
como a incorreta orientação da edificação e desenho das suas fachadas, respondem
por 25% a 45% da energia consumida indevidamente.
2.2. O CLIMA TROPICAL
De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (1997), o clima é a condição
média do tempo
5
em uma dada região, baseada em medições (normalmente durante
trinta anos). Para cada demanda climática existe sempre uma variedade de
respostas arquitetônicas. A escolha da solução, ou das soluções, mais apropriadas
vai depender do rigor do clima, dos materiais de construção mais acessíveis na
região, das solicitações do cliente e/ou usuário. Nesse sentido o clima é de
5
Lamberts, Dutra e Pereira (1997) consideram o termo ‘tempo’ como a variação diária das condições
atmosféricas.
26
fundamental importância na arquitetura por estar diretamente relacionado as
soluções arquitetônicas e ao conforto dos usuários.
Para uma caracterização mais detalhada do clima é necessário conhecer os
elementos climatológicos (temperatura, umidade, movimento do ar e radiação solar)
que descrevem as características gerais de uma região e tem influência direta no
espaço construído. Portanto, é importante saber que: a temperatura é resultante
dos fluxos das grandes massas de ar e da diferente recepção da radiação solar de
local para local, uma mesma temperatura pode causar diferentes sensações de
conforto térmico em função de variáveis como o vento e a umidade do local; a
umidade é conseqüência da evaporação das águas de mares, rios, lagos e da
evapotranspiração dos vegetais, sendo essa, a variável climática mais estável ao
longo do dia; a movimentação do ar é ocasionada pelo deslocamento das lâminas
de ar da área de maior pressão (ar mais frio e pesado) para a área de menor
pressão (ar quente e leve); e a radiação solar é fonte de energia para o planeta,
tanto como fonte de calor como fonte de luz, essa variável pode auxiliar o arquiteto
para tirar partido ou evitar a luz e o calor solar em uma edificação (LAMBERTS;
DUTRA; PEREIRA, 1997).
O clima tropical, no qual se insere a maior parte do Brasil, em especial o Rio
Grande do Norte, objeto de estudo dessa pesquisa, se subdivide em duas
categorias: as quente-secas e as quente-úmidas. Em relação aos aspectos
climatológicos, as regiões tropicais são determinadas em partes por sua
temperatura, tendo como média anual 20°C e máxima de 43°C na estação mais
quente. Um aspecto relevante das regiões com esse clima é a incidência do sol do
meio-dia quase perpendicular à superfície terrestre durante todo o ano.
A cidade de Natal está localizada na região Nordeste do Brasil, próximo à
linha do Equador, a 5° 55’ latitude sul e 35° 15’ longitude oeste, com fuso horário
GMT-3. É uma cidade litorânea situada entre os municípios de Parnamirim ao sul,
Extremoz ao Norte, Macaíba a Sudoeste e São Gonçalo do Amarante a Oeste
(Figura 1). Natal possui características climatológicas que se enquadram nos
parâmetros do clima tropical quente e úmido (GOULART; LAMBERTS; FIRMINO,
1998).
27
Figura 1- Mapa do Brasil com indicação da cidade de Natal/RN
Fonte: Brasil. Disponível em
http://maps.google.com. Acesso em 10/11/2008.
Natal possui média de temperatura de 26°C; reduzida amplitude térmica
diurna (Gráfico 1), elevada umidade relativa, que varia de 70 a 90% (Gráfico 2) e
ventos com variação diária de velocidade e direção predominante a sudeste
(Gráficos 3 e 4). Os dados climatológicos de Natal, apresentados nos gráficos de 1 à
3, foram obtidos a partir da tese de doutorado de Araújo (1996) e são referentes ao
período de 1986 à 1990, coletados junto à Estação do Centro de Lançamento da
Barreira do Inferno – Ministério da Aeronáutica.
Gráfico 1 - Gráfico do comportamento dos dias típicos de temperatura para Natal/RN
Fonte: Araújo (1996).
N
5° 55’ S
35° 15’ O
28
Gráfico 2 -Gráfico do comportamento dos dias típicos da umidade relativa para Natal/RN
Fonte: Araújo (1996).
Gráfico 3 - Gráfico do comportamento dos dias típicos da velocidade dos ventos para Natal/RN
Fonte: Araújo (1996).
Gráfico 4 - Gráfico do comportamento da direção dos ventos para Natal/RN
Fonte: Goulart, Lamberts e Firmino (1998).
29
O conhecimento desses elementos climatológicos são importantes
ferramentas no processo de concepção arquitetônica, já que é possível evitar desde
o início do projeto possíveis problemas ocasionados pela desconsideração das
condições climáticas.
Outro aspecto importante, para análise do clima de Natal, são os índices e
zonas de conforto térmico
6
, pois os elementos climatológicos influenciam
diretamente no conforto do homem. A definição desses índices e das zonas de
conforto térmico auxilia a arquitetura bioclimática na recomendação de estratégias
projetuais específicas para cada clima.
Segundo Nicol e Humphreys (2002 apud LIMA et al, 2005) as pesquisas
para determinação desses índices divergem sobre duas abordagens: o modelo de
balanço térmico que consiste em explicar o conforto térmico das pessoas através
da aplicação da física e fisiologia nas trocas de calor existentes entre o corpo e o
entorno; e o modelo adaptativo que busca estimar as condições de conforto das
pessoas através de pesquisas em campo, em situações reais, no ambiente
construído.
De acordo com Lima et al (2005), os principais índices e zonas de conforto
térmico identificados na literatura científica estão relacionados no Quadro 1:
Quadro 1 - Principais índices, empíricos e analíticos, de conforto térmico.
Fonte: Lima et al (2005).
6
Conforto térmico é um estado de espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a
pessoa. Se o balanço de todas as trocas de calor a que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele
e suor estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente conforto térmico (LAMBERTS;
DUTRA; PEREIRA, 1997).
30
Alguns desses índices apresentam representações gráficas - que relacionam
condições atmosféricas e zonas de conforto térmico - por meio de cartas
bioclimáticas ou cartas psicométricas (SZOKOLAY, 1986). O primeiro pesquisador a
relacionar de forma gráfica clima e conforto foi Olgyay (1963). Ele desenvolveu um
modelo gráfico onde a temperatura de bulbo seco apresenta-se no eixo das
coordenadas e a umidade relativa do ar no eixo das abscissas (Figura 2).
Figura 2 - Carta bioclimática, com zona de conforto para regiões de clima quente.
Fonte: Koenigsberger, O. H. et al (1973 apud SZOKOLAY, 1986)
A carta de Olgyay (1963) apresenta como estratégias de controle climático,
para regiões de clima quente, ventilação, sombreamento e resfriamento evaporativo
para períodos de calor, e irradiação solar para períodos de frio. Entretanto, ainda há
limitações quanto à falta de estratégias relacionadas à massa da envoltória das
edificações.
Givoni (1969) definiu uma zona de conforto, desenvolvida a partir de uma
carta psicométrica convencional, que foi considerada mais aperfeiçoada do que os
modelos de Olgyay, pois levou em consideração as expectativas de temperatura
interna em edificações sem ar-condicionado. O autor define zonas de conforto
térmico diferenciado para países desenvolvidos e para países em desenvolvimento
de clima quente (Figura 3).
31
Figura 3 - Zona de conforto para países quentes em desenvolvimento
Fonte: Givoni (1992 apud LIMA et al, 2005).
Araújo (1996) encontrou índices de conforto térmico, para a cidade de Natal
(clima quente-úmido), distintos daqueles propostos pela literatura internacional. Ela
avaliou 933 (novecentos e trinta e três) alunos em escolas de nível médio, técnicas e
universidades, realizando atividade sedentária e em salas de aula naturalmente
ventiladas na cidade de Natal/RN. A zona de conforto encontrada pela pesquisadora
está com limites entre 25,1ºC e 28,1ºC de temperatura de bulbo seco, 22,3°C e
24,2°C de temperatura de bulbo úmido e entre 69% e 92% de umidade relativa,
considerando monitoramento da velocidade do ar com variação entre 0,12 e 0,83
m/s. A pesquisadora verificou que é possível a extensão da zona de conforto de
Givoni (1992) até os 32°C através do aumento da ventilação natural, mas o limite
inferior dessa zona precisa ser revisto em virtude da baixa ocorrência dessas
temperaturas no clima de Natal-RN (Figura 4).
Figura 4 - Zona de conforto estabelecida por Araújo (2001) sobre a de Givoni (1992) para Natal/RN.
Fonte: Lima et al (2005).
32
Em síntese, os índices de conforto contribuem no estudo da arquitetura
bioclimática por relacionarem clima e conforto térmico a fim de indicar estratégias de
controle climático que maximizem o conforto térmico do usuário. No Brasil, o
climograma sugerido por Givoni (1992) foi utilizado pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (2005c) como base para a classificação das zonas climáticas do
país para propor recomendações projetuais específicas para cada zona (Ver tópico
2.5: Demandas Bioclimáticas aplicadas a Natal). Araújo (1996) também utilizou o
climograma de Givoni (1992) e averiguou a possibilidade de ampliar a zona de
conforto térmico para Natal por meio do incremento da ventilação natural.
2.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
Cada região impõe condições de variações climáticas em relação à
temperatura, umidade, correntes de ar, radiação solar e precipitações, que
influenciam diretamente o conforto dos usuários no interior das edificações. A
bioclimatologia pode ser denominada como a ciência que estuda as relações do
ambiente, seus fatores e elementos climáticos, com as sensações dos seres vivos.
A história mostra que o homem ao longo dos séculos, buscou a adequação
do edifício ao clima. De acordo com Bittencourt (2000) a utilização do sol nas
edificações já data de milhares de anos, como é possível constatar no legado de
Vitruvius
7
.
[...] Ora, se é verdade que a diversidade de regiões, que dependem
do aspecto do céu, produzem efeitos diferentes sobre as pessoas
que aí nascem, que são de um tipo diferente, tanto no que concerne
à estrutura do corpo como na forma de espírito, está fora de dúvida
que é uma escolha de grande importância a adequação dos edifícios
à natureza e ao clima de cada região, o que não é difícil, posto que a
natureza nos ensina a maneira que devemos seguir (VITRUVIUS,
1979 apud BITTENCOURT, 2000, p.16).
Com o desenvolvimento das tecnologias de iluminação e climatização
artificial, os princípios de construir em harmonia com o meio foram postos de lado e
por isso, hoje há uma tentativa de resgatar esses conceitos por meio da chamada
Arquitetura Bioclimática.
7
Marcus Vitruvius Pollio. Arquiteto e construtor do século I a.C.
33
Um dos percussores do termo ‘Arquitetura Bioclimática’ foi Victor Olgyay,
que em seu livro Design with climate: bioclimatic approach to architectural
regionalism (1963), introduziu a abordagem bioclimática para a arquitetura,
procurando expressar uma arquitetura que busca satisfazer as exigências de
conforto através de técnicas e materiais disponíveis, de acordo com as condições
climáticas do lugar, a fim de diminuir ao máximo a necessidade de meios mecânicos
para o controle climático.
Nessa mesma linha, Lamberts, Dutra e Pereira (1997, p. 104) destacam que
a Arquitetura Bioclimática “[...] busca utilizar, por meio de seus próprios elementos,
as condições favoráveis do clima com o objetivo de satisfazer as exigências de
conforto térmico do homem”.
Para Maragno (2003, p. 137) a arquitetura é considerada bioclimática “[...]
quando está baseada na correta aplicação de elementos arquitetônicos e
tecnologias construtivas em relação às características climáticas visando otimizar o
conforto dos ocupantes e o consumo de menos energia”.
Em suma, arquitetura bioclimática é aquela que permite que o edifício tire
proveito do clima e de seus recursos naturais, procurando reduzir ao máximo a
necessidade de sistemas mecânicos para condicionamento artificial do ar e da
iluminação, de modo que os ambientes internos causem aos seus usuários a
sensação de conforto ambiental (térmico, lumínico e acústico), independente de
variações climáticas externas. Ou seja, significa proporcionar ao homem as
melhores condições de habitabilidade do edifício com um mínimo de dispêndio
energético associado a um mínimo de impacto no meio ambiente.
No âmbito nacional, de acordo com Neves (2006), os incentivos do governo
militar, para integração nacional, estimulou a migração de arquitetos dos grandes
centros urbanos para as regiões mais afastadas, gerando a necessidade em adaptar
as edificações à cultura local e às condicionantes climáticas específicas de cada
região. A linguagem arquitetônica passou a apresentar características peculiares da
região em que estava inserida, numa atitude de maior respeito ao regionalismo
geográfico, conforme Ficher e Acayaba (1982, apud NEVES, 2006, p. 23):
Simultaneamente à construção de Brasília, devido à industrialização
que se estende a todo o país, a linguagem arquitetônica de origens
comuns vai se enquadrar em um novo contexto: diferenças
econômicas, climáticas, tecnológicas e de programa conduzem a um
processo de regionalização.
34
Segawa (1999 apud NEVES, 2006), cita alguns arquitetos que contribuíram
na disseminação destas novas idéias, em virtude de suas influências no ensino
universitário e de suas contribuições teóricas, são eles: Alcyr Meira e Milton Monte
(Pará), Severiano Porto (Manaus), Gérson Castelo Branco (Piauí), Nilson Serra e
Neves, José Alberto de Almeida e Elbe Martins Ferreira (Ceará), Acácio Gil Borsoi
(Pernambuco), Oscar Arine e João Timotheo da Costa (Mato Grosso), Rubens Gil de
Camilo (Mato Grosso do Sul), Marcelo Vivacqua (Espírito Santo) e Edgar Graeff (Rio
Grande do Sul).
A preocupação sobre o conforto ambiental aparece nos cursos de
Arquitetura e Urbanismo nos conteúdos das disciplinas Higiene das construções (ou
Higiene das habitações) e Física (Física Ambiental ou Física Aplicada). Estas
disciplinas tinham como objetivo incorporar ao projeto o mínimo de salubridade,
através do uso de iluminação natural, insolação e renovação do ar no interior das
edificações. Posteriormente, fatores como o desperdício de energia nas construções
e a necessidade de se produzir uma arquitetura que leve em consideração as
características climáticas e a eficiência de sistemas passivos culminou na inserção
da disciplina de Conforto Ambiental nos currículos dos cursos de Arquitetura e
Urbanismo, através da portaria 1770/94 (BITTENCOURT; TOLEDO, 1997).
Atualmente, o termo ‘arquitetura bioclimática’ está sendo utilizado com maior
freqüência, o que pode ser considerado uma resposta à perda da obviedade de
edificar em conformidade com o ambiente natural, levantando a questão de que há,
também, arquiteturas não integradas às condicionantes climáticas do local em que
estão inseridas. Conforme Romero (1998, p.52): “Arquitetura e clima são conceitos
inseparáveis. Porém, produziu-se em tão larga escala uma arquitetura dissociada do
clima que foi necessário criar uma segunda arquitetura e batizá-la de bioclimática”.
Sob essa mesma ótica, hoje há uma tendência à valorização da arquitetura
que se propõe a aplicar seus conceitos, mas o termo encontra-se “banalizado” pelo
mercado da construção civil, que muitas vezes o utiliza como aliado no incremento
das vendas imobiliárias.
Em Natal, nos últimos anos, há um crescente investimento em
empreendimentos imobiliários, voltados para o turismo (LIMA, 2002), principalmente
na construção de hotéis, resorts e flats, o que vem acompanhado da degradação
ambiental e da superexploração do solo urbano e conseqüentemente dos recursos
naturais. Nesse contexto, há alguns arquitetos que demonstram preocupação em
35
construir em harmonia com as condições naturais do lugar, estabelecendo formas
adequadas de conforto, mas há também os projetistas que se curvam às imposições
do mercado onde extrair maior potencial construtivo do terreno é mais importante do
que o fazer arquitetura.
2.4. VARIÁVEIS ARQUITETÔNICAS PARA ANÁLISE
É fundamental, para esse estudo, identificar as variáveis arquitetônicas que
são trabalhadas na elaboração do projeto, já que essas variáveis podem receber
influência positiva de decisões tomadas quanto às demandas bioclimáticas, durante
o processo de concepção.
A arquitetura é definida por Ching (1999, p. 9) como a “[...] arte e a ciência
de projetar e construir edifícios”. O espaço é matéria indissociável da arquitetura, e
isso a distingue das demais expressões artísticas (AMORIM; LOUREIRO, 2007). A
base do conceito de espaço arquitetônico é o reconhecimento do movimento, que
tem como conseqüência uma percepção da arquitetura como um arranjo espacial
construído essencialmente por barreiras e passagens (AGUIAR, 2007).
Segundo Amorim e Loureiro (2007, p.496):
A configuração espacial é uma expressão das possibilidades de
arranjos espaciais, selecionadas para atender requerimentos
sociofuncionais de um grupo social específico, em determinado
período histórico.
Os autores acima citados destacam que espaço e uso são partes de um
todo e que a associação de certas propriedades espaciais (segregação e integração)
com certos tipos de uso representa uma adequação das demandas sociais às
propriedades espaciais.
Norberg-Schulz (2006) sugere que organizações espaciais similares podem
ter cunhos muito diferentes conforme o tratamento concreto dos elementos que
definem o espaço. O autor analisa as categorias ‘espaço’ e ‘caráter’ para definir a
estrutura do lugar (natural ou construído), o qual o ‘espaço’ indica a organização
tridimensional dos elementos que formam um lugar e o ‘caráter’ denota a ‘atmosfera’
geral que é a propriedade mais abrangente de um lugar.
Para Norberg-Schulz (2006) o aspecto principal do espaço é a relação
interior-exterior, que ocasiona variados graus de extensão e cercamento, onde os
36
limites deste último são definidos por fronteiras, que nas construções são compostas
estruturalmente por piso, parede e cobertura. As aberturas determinam o
confinamento de um espaço e tem a função de estabelecer ligação entre interior-
exterior. O espaço tem como propriedades topológicas
8
centralização, direção, ritmo
e proximidade, tendo em vista que há uma integração espacial centrada num núcleo
que se estende a outros espaços com variados graus de continuidade (ritmo) e em
diferentes direções. O caráter de um lugar é função do tempo
9
que determinam
diferentes qualidades e quantidade de luz.
Na mesma linha, Aguiar (2007) discute que a distribuição espacial será
sempre uma distribuição de integração ou segregação espacial, com uma variedade
de gradações de acessibilidade entre os espaços, onde os mais acessíveis tendem
a ser aqueles mais percorridos. Além disso, vale ressaltar que, qualquer planta baixa
tem, em sua configuração espacial, um núcleo de integração, o core, que se
materializa ao longo das rotas mais integradoras.
Martinez (2000) teoriza que na composição se decide a identidade das
partes habitáveis do edifício e a posição relativa dessas partes. Os espaços com uso
parecido costumam ser automaticamente agrupados, resultando num zoneamento
funcional. De acordo com esse modelo, a proximidade aparece como um ‘problema’
compositivo na solução das variáveis arquitetônicas.
Os conceitos acima expostos, quando observados sob a ótica do conforto
ambiental, atribuem ao arranjo espacial, um importante papel enquanto variável na
concepção do projeto arquitetônico. Essa variável tem influência direta no conforto
ambiental dos usuários no interior de uma edificação, tendo em vista que,
determinados arranjos espaciais podem ocasionar sombreamento de umas partes
sobre as outras e, da mesma forma contribuir para o incremento da ventilação
natural que pode ser proporcionado com maior integração espacial entre as partes e
delas com o exterior.
Quanto à forma, Le Corbusier (1973) sugere alguns elementos através dos
quais a arquitetura se manifesta. O autor destaca o volume como elemento que
nossos sentidos percebem e medem; a superfície como envelope do volume e por
8
Topologia é o “estudo das configurações espaciais em geral ou, ainda, o estudo das relações espaciais”
(AGUIAR, 2007, p. 388).
9
O termo tempo é utilizado pelo autor no sentido das variações das condições atmosféricas.
37
isso pode anular ou ampliar a sua sensação e; a planta que é geradora dos outros
dois elementos e pela qual tudo é determinado.
Em relação às questões da eficiência energética nas edificações, Lamberts,
Dutra e Pereira (1997) apontam a importância da forma para o conforto ambiental,
pois ela interfere diretamente nos fluxos de ar no interior e exterior da edificação,
bem como na quantidade de incidência solar em cada fechamento. Os autores
distinguem dois tipos de fechamento, os opacos e os transparentes. Os fechamentos
opacos transmitem calor através da diferença de temperatura entre suas superfícies
internas e externas. Os fechamentos transparentes são responsáveis, na maioria
das vezes, pelas maiores trocas térmicas de uma edificação, eles são elementos
que permitem uma conexão física e visual entre o meio interior e exterior, permitindo
a passagem de radiação solar e, no caso das aberturas permitindo também, a
passagem dos ventos.
Os autores destacam também a importância da escolha adequada dos
materiais constituintes da edificação, pois cada material se comporta de maneira
distinta, contribuindo assim, para definir a estrutura térmica da edificação.
Nessa mesma linha, Adelaar e Rath (1997, apud LIMA, 2007)
sistematizaram a volumetria, o espaço e os fechamentos (cobertura, paredes e
janelas) como variáveis de projeto e definem parâmetros, associados à envoltória, a
serem considerados no projeto visando o desempenho energético da edificação
(Quadro 2).
38
Quadro 2 - Variáveis de projeto e parâmetros
Fonte: Adelaar e Rath (1997, apud LIMA, 2007).
Retomando o conceito desenvolvido por Norberg-Schulz sobre o ‘caráter’ do
lugar, apreende-se a importância de agregar ao processo projetual, fatores
ambientais como topografia, orientação e incidência solar e ventos dominantes. Os
fatores ambientais devem influenciar positivamente as decisões projetuais a fim de
incorporar ao projeto o papel que a arquitetura sempre teve, de minimizar os efeitos
climáticos na busca do conforto ambiental.
Sendo assim, para efeito dessa dissertação, são adotadas como variáveis
arquitetônicas norteadoras para o desenvolvimento do projeto da arquitetura
bioclimática, o arranjo espacial e a forma. Para cada uma dessas variáveis são
estabelecidos alguns elementos importantes ao desenvolvimento do projeto
arquitetônico. O Quadro 3 apresenta as variáveis arquitetônicas e seus respectivos
elementos, bem como os fatores ambientais que irão servir de referência para
sistematização das análises desenvolvidas nessa pesquisa.
39
Variáveis Arquitetônicas para Análise
Fatores
Ambientais
Forma Arranjo Espacial
-Fechamentos: paredes,
cobertura e aberturas;
-Volume do espaço
(geometria);
- Protetores solares;
-Materiais constituintes.
- Uso;
- Zoneamento;
- Segregação e Integração Espacial;
- Núcleo de Integração (core);
- Conexões.
- topografia;
- orientação solar;
- incidência solar;
-ventos
dominantes.
Quadro 3 - Variáveis arquitetônicas e fatores ambientais adotados para sistematização das análises
dessa pesquisa
Fonte: A autora (2008)
2.5. DEMANDAS BIOCLIÁTICAS APLICADAS AO CLIMA QUENTE-ÚMIDO
O clima é um fator físico que, por si só, apresenta um conjunto de variações
no ambiente natural ou construído, com suas diferenças na umidade, na
temperatura, na intensidade dos ventos e na insolação. Estes elementos do clima
determinam ambientes térmicos variados sugerindo formas diversificadas da
construção do espaço arquitetônico.
Partindo-se do princípio que há necessidade de adaptar a arquitetura ao
meio ambiente a fim de melhorar as condições de habitabilidade do homem através
do conforto ambiental, pretende-se, nesse subitem, destrinchar as demandas
bioclimáticas que devem refletir-se no projeto de arquitetura para o clima quente-
úmido com base na Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005a; 2005b;
2005c), e na análise de alguns estudos sobre estratégias bioclimáticas estabelecidas
para esse tipo de clima.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005c) elaborou uma Norma
para o desempenho térmico de edificações no Brasil e fez um zoneamento
bioclimático do país com recomendações projetuais específicas para cada zona. O
método para classificação das zonas foi criado a partir do climograma sugerido por
Givoni (1992), em Confort, Climate, Analysis and building design guidelines, e Natal
está classificada na Zona bioclimática 8-Z8 (Figuras 5-6).
40
Figura 5 - Zoneamento bioclimático
Fonte:Associação Brasileira de Normas
Técnicas (2005c).
Figura 6- Zona bioclimática 8
Fonte:Associação Brasileira de Normas
Técnicas (2005c)
Para determinação das estratégias de condicionamento térmico passivo, a
Norma considerou como parâmetro o tamanho das aberturas para ventilação, a
proteção das aberturas, as vedações externas (tipos de material utilizado em
paredes e coberturas) e estratégias de condicionamento térmico passivo. As
estratégias propostas são prover uma edificação com grandes aberturas para
beneficiar a ventilação, favorecer o sombreamento dessas aberturas, e utilizar
paredes externas e coberturas leves e refletoras (Figura 7):
Figura 7 - Carta bioclimática para o Brasil (Z-8) adaptada a partir de Givon (1992).
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005c).
Legenda:
A - Uso de aquecimento artificial;
41
B - Aquecimento no período frio através da incidência de radiação solar;
C - Adoção de paredes internas pesadas;
D - Zona de Conforto Térmico (para baixas umidades);
E - Zona de Conforto Térmico;
F - melhorar a sensação térmica através da desumidificação do ambiente;
G e H - Obter resfriamento evaporativo;
H e I – Prover massa térmica para esfriamento;
I e J - Ventilação cruzada;
K - Necessita de esfriamento artificial;
L - Precisa de umidificação do ar;
Para a solução das coberturas com telha de barro, embora não atendam o
critério de leve e refletora, essas poderão ser aceitas desde que não sejam pintadas
ou esmaltadas. Também serão aceitas coberturas com transmitância térmica acima
dos valores tabelados na Norma desde que contenham aberturas para ventilação
em no mínimo dois beirais opostos e que ocupem toda a extensão das respectivas
fachadas (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005c) (Figura 8).
Figura 8 - Abertura (h) em beirais, para ventilação do ático.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005c).
No que se refere ao condicionamento térmico passivo, a ABNT recomenda
ventilação cruzada permanente. Devendo-se levar em conta os ventos dominantes
da região onde o projeto será implantado e averiguar as possibilidades de
transformação do entorno, pois isso pode alterar significativamente a direção e
intensidade dos ventos.
Holanda (1976) em Roteiro para Construir no Nordeste propõe
recomendações projetuais que objetivam orientar a criação de espaços
arquitetônicos no Nordeste brasileiro. Para ele as estratégias passivas de
condicionamento mais eficazes são: a ventilação natural para a redução da
temperatura interna das edificações, o sombreamento, a construção leve a partir da
42
utilização do potencial de inércia térmica dos materiais locais, e o uso integrado da
vegetação.
Venâncio (2007) também indica que o desempenho da envoltória depende
primeiramente da adequada proteção de suas aberturas (sombreamento), em
seguida, das propriedades dos sistemas construtivos de cobertura e paredes (massa
térmica). Para ele o projeto de uma envoltória eficiente envolve responder
necessidades específicas de cada fachada e para o nosso clima as fachadas leste e
oeste merecem mais atenção, pois recebem radiação intensa durante todo o ano.
Bittencourt
10
recomenda que para o nosso clima devem ser exploradas as
potencialidade plásticas, espaciais, das grandes sombras, dos grandes recuos, de
criação de espaços intermediários e pérgulas, além da relação harmoniosa entre o
espaço interno e o espaço externo.
Conclui-se então, que para o clima de Natal/RN destacam-se sempre a
importância de incorporar, como diretrizes fundamentais ao projeto de arquitetura, o
desenvolvimento de soluções que respondam as demandas bioclimáticas de prover
sombreamento, especialmente em edificações de uso diurno, ventilação natural e
massa térmica para resfriamento.
Essas demandas serão abordadas mais detalhadamente, a seguir.
2.5.1. Ventilação Natural
A ventilação é um dos fatores mais importantes que determinam o conforto
térmico para o clima em estudo. É uma estratégia de resfriamento através da perda
de calor de um ambiente por meio da renovação do ar. Mais importante ainda,
permite aos usuários de uma edificação, atingir a sensação de conforto, através do
aumento das trocas por convecção na superfície do corpo (ANDRADE, 1996).
Bittencourt e Cândido (2006) também destacam a ventilação natural como
um fator importante para obtenção do conforto na arquitetura, conforme trecho:
A ventilação é apontada, frequentemente, como a estratégia
bioclimática mais eficiente para obtenção do conforto térmico nos
espaços urbanos e arquitetônicos. Além disso, o alcance social
dessa estratégia é indiscutível (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2006,
p.v).
10
Informação verbal fornecida pelo arquiteto Bittencourt em uma entrevista à autora deste trabalho, em 5 de
setembro de 2007. A entrevista foi realizada na capital Maceió.
43
A importância da ventilação pode ser entendida a partir de suas funções,
Araújo (1997
11
), ao discorrer sobre ventilação natural, destaca algumas delas:
- A higiene dos usuários por meio da provisão de O
2
(oxigênio) para
respiração, da redução da concentração de CO
2
(gás carbônico), da prevenção
contra microorganismos nocivos e da remoção do ar viciado de odores;
- O conforto higrotérmico, já que a ventilação contribui para remover o
excesso de calor na edificação, para facilitar as trocas entre o corpo humano e o
ambiente e para o resfriamento (aquecimento) dos elementos por convecção;
- A durabilidade dos materiais e componentes, pois as correntes de ar
auxiliam na remoção do excesso de vapor d`água acumulado no interior das
edificações e na conseqüente redução do risco de condensação e do
desenvolvimento do bolor nas superfícies dos componentes.
O conforto higrotérmico pode ser otimizado através do aumento da
velocidade do ar. Esse contribui para reduzir a temperatura efetiva
12
pois auxilia na
evaporação do suor da pele e nas trocas convectivas entre o corpo humano e a
corrente de ar (ASHLEY, 1984 apud BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2006). A medida
que a velocidade do ar aumenta o limite superior de conforto também se eleva,
porém as condições adequadas de ventilação está diretamente ligada à função a
que se destina o ambiente, já que correntes de ar com muita velocidade podem
gerar incômodos aos usuários, como por exemplo derrubar objetos, voar papéis, etc.
De acordo com Bittencourt e Cândido (2006) há diversos estudos que
divergem quanto às recomendações para máxima velocidade do ar, podendo ser
aceitável entre 0,5 e 2,5m/s. Serra (1999, apud NEVES, 2006) expõe que cada
0,3m/s de velocidade do ar reduzem o equivalente a 1°C na sensação térmica da
pessoa que está sendo submetida a essa corrente.
As edificações podem ser favorecidas pela ventilação natural de forma
unilateral
13
, cruzada
14
ou por efeito chaminé. O proveito que pode ser extraído da
ventilação depende diretamente de fatores fixos e variáveis, sendo o primeiro
relacionado à forma e características construtivas do edifício; à forma e posição dos
11
ARAÚJO, Virgínia Maria Dantas de. Ventilação Natural. UFRN: 1997. Material didático desenvolvido para as
disciplinas de conforto da UFRN.
12
Temperatura efetiva é a temperatura calculada em função da temperatura de bulbo seco, umidade relativa e
velocidade do ar, usada para avaliação do calor em ambientes.
13
Quando só há uma abertura.
14
O termo ventilação cruzada se refere à condição existente num ambiente que possui aberturas situadas em
posições de diferentes pressões (pressão positiva, de onde sopra o vento; pressão negativa, onde existe uma
zona de sucção (ARAÚJO, 1997).
44
edifícios e espaços abertos vizinhos; à localização e orientação do edifício; e à
posição, tamanho e tipo de abertura; já o segundo está relacionado à direção,
velocidade e freqüência do vento e à diferença de temperaturas interiores e
exteriores (BITTENCOURT, CÂNDIDO, 2006).
A configuração do fluxo de ar no interior de uma construção é
determinada por três fatores principais: 1- O tamanho e a localização
das aberturas de entrada do ar na parede; 2- O tipo e a configuração
das aberturas usadas; 3- A localização de outros componentes
arquitetônicos nas proximidades das aberturas, tais como divisórias
internas e painéis verticais ou horizontais adjacentes a elas (como
protetores solares e marquises, por exemplo) (BITTENCOURT;
CÂNDIDO, 2006 p. 61).
A integração dos espaços internos e externos, por meio de ambientes de
transição como varandas, pérgulas, janelas com venezianas e utilização de
elementos vazados (cobogós) propagados por Holanda (1976) é muito importante,
pois contribuem para a permeabilidade das correntes de ar, enquanto sombreiam e
filtram a intensa luminosidade natural.
2.5.2. Sombreamento
O sombreamento é uma demanda bioclimática que cria obstáculo à
incidência direta da radiação solar na edificação; contrariamente à insolação, sendo
uma estratégia importante para minimizar o aquecimento da edificação. De acordo
com Bittencourt e Cândido (2006):
Em climas quentes, antes da aplicação de técnicas de resfriamento,
é importante evitar ganhos de calor advindos da radiação solar que
atinge o envelope da construção, bem como os ganhos provenientes
de fontes internas (usuários e aparelhos elétricos). O sombreamento
das aberturas é fundamental. Cores claras com certo grau de
isolamento podem ser também desejáveis para reduzir o impacto da
radiação solar (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2006, p. 21).
Nesse sentido, vários elementos arquitetônicos, decididos ainda em fase
inicial do projeto, podem contribuir para o controle da quantidade de radiação solar
no edifício, dentre eles são destacados: orientação do edifício, forma e arranjo
espacial da edificação, utilização de protetores solares e tipo de coberta.
Holanda (1976) recomenda que seja considerado no projeto arquitetônico, o
recuo de paredes externas, a proteção das janelas e a criação de ambientes
45
externos de transição, como varandas e pérgulas, evitando assim a excessiva
exposição das fachadas à radiação solar. Essas considerações são importantes
pois, de acordo com Venâncio (2007), o desempenho da envoltória depende
primeiramente da adequada proteção de suas aberturas, em seguida das
propriedades dos sistemas construtivos de coberta e parede.
Para proteção das fachadas e aberturas Bittencourt (2000) destaca o uso de
protetores solares, que tem como função o controle de insolação em um ambiente.
Para o emprego adequado desse elemento é necessário considerar aspectos como
eficiência, plasticidade, privacidade, luminosidade, ventilação, visibilidade,
durabilidade, custos de implantação e manutenção. Os protetores solares quanto ao
movimento classificam-se em móveis e fixos e quanto à posição que ocupa na
fachada podem ser verticais, horizontais e mistos.
Em Natal há alta taxa de radiação solar devido sua localização geográfica e
condição de céu, em virtude disso, todas as superfícies verticais, se não protegidas,
recebem sol no decorrer de todo o ano. As superfícies voltadas para Leste e Oeste
são as mais ‘prejudicadas’ em relação a incidência solar, pois recebem sol durante a
metade do dia no decorrer de todo o ano, já as voltadas para o Norte têm maior
incidência no inverno, e as voltadas para o Sul recebem sol principalmente no verão.
A seguir tem-se um gráfico com a radiação solar direta em superfícies horizontais e
verticais (Gráfico 5).
Gráfico 5 - Radiação solar direta em superfícies horizontais e verticais
Fonte: Material da disciplina de Conforto Ambiental 2 da UFRN apud Araújo, 2007
46
De acordo com o gráfico, a radiação solar para o Sul chega a atingir
aproximadamente 600 W/m², a Norte 700 W/m² e a Leste e Oeste 900 W/m², o que
quer dizer que todas as superfícies verticais estão expostas ao Sol. Quanto as
horizontais a incidência é ainda maior, ultrapassando os 1400 W/m² (Gráfico 5). A
coberta recebe, em alguns momentos do ano, duas vezes mais radiação solar que
os elementos verticais. Com isso verifica-se a importância em se optar por materiais
com isolamento térmico para as cobertas, além de beirais para sombrear as
aberturas e paredes opacas.
A ASHRAE 90.1: Energy Standard for Building Except low-rise residential
buildings (AMERICAN SOCIETY OF HEATING REFRIGERATING AND AIR-
CONDITIONING ENGINEERS, 1999), Norma de recomendações norte-americanas
para eficiência energética em edifícios, faz recomendações quanto ao
sombreamento e contempla as principais cidades brasileiras. A Norma prescreve
formas de atenuar os ganhos térmicos de radiação solar propondo limites para as
áreas de aberturas e o fator solar
15
de vidros. Para Natal (situada entre Recife e
Fortaleza), a maior fração de área de abertura é 50% da fachada se adotado um
valor de fator solar de 14%, o qual é muito baixo e inviável (Tabela 1).
Tabela 1 - Tabela de prescrições de janela na fachada, segundo prescrições da ASHRAE 90.1.
Fonte: AMERICAN SOCIETY OF HEATING REFRIGERATING AND AIR-CONDITIONING
ENGINEERS (1999)
15
Fator Solar é o quociente da taxa de radiação solar transmitida através de um componente opaco pela taxa da
radiação solar total incidente sobre a superfície externa do mesmo.
47
2.5.3. Massa Térmica para Resfriamento
A massa térmica é quantificada pela Capacidade Térmica (C)
16
do material
que relaciona-se com outras variáveis, tais como Condutividade Térmica (ג)
17
,
Transmitância Térmica (U)
18
e Fator de Calor Solar (FCS)
19
, e modifica conforme a
espessura, o posicionamento, características de superfícies e condições externas,
nunca atuando isoladamente. De acordo com Greeland (1980, apud ANDRADE,
1996) o papel da inércia térmica – também conhecido por capacidade térmica – no
desempenho térmico de uma edificação é de promover condições mais estáveis no
interior do edifício, em situações de variações térmicas externas. Edificações com
pouco isolamento térmico, em condição mais intensa de radiação solar, podem levar
os ambientes internos a condições de desconforto.
De acordo com a NBR 15220-2: Desempenho térmico de edificações Parte
2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso
térmico e do fator de calor solar de elementos e componentes de edificações
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005b), recomenda-se
como tipo de vedações externas, para Natal/RN – inserida na ZB8 - paredes e
coberturas leve e refletora, conforme Tabela 2:
Tabela 2 - Tabela de transmitância térmica (U), atraso térmico (ϕ) e fator de calor solar (FCS)
admissíveis para cada tipo de vedação.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005b).
16
Quantidade de calor necessária para variar em uma unidade a temperatura de um sistema.
17
Propriedade física de um material homogêneo e isótropo, no qual se verifica um fluxo de calor constante, com
densidade de 1 Watt por m², quando submetido a um gradiente de temperatura uniforme de 1 Kelvin por metro.
18
É o inverso da resistência térmica total
19
Idem 15
48
Os valores de transmitância térmica (U) recomendados, pela ABNT, para
coberta deve ser menor ou igual a 2,30.FT W/m²K, enquanto os valores para
fechamentos verticais opacos devem ser menores ou igual a 3,6W/m²K. A seguir
têm-se os materiais que atendem a essas exigências (Tabelas 3-4).
Tabela 3 - Tabela de transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para
algumas coberturas.
Cobertura Descrição U C
T
ϕ
Cobertura de telha de barro com forro de madeira
Espessura da telha: 1cm
Espessura da madeira: 1cm
2,00 32 1,3
Cobertura de telha de fibro-cimento com forro de madeira
Espessura da telha: 0,7cm
Espessura da madeira: 1cm
2,00 25 1,3
Cobertura de telha de barro com forro de concreto
Espessura da telha: 1cm
Espessura da madeira: 3cm
2,24 84 2,6
Cobertura de telha de fibro-cimento com forro de concreto
Espessura da telha: 0,7cm
Espessura da madeira: 3cm
2,25 77 2,6
Cobertura de telha de barro, lâmina de alumínio polido e
forro de madeira
Espessura da telha: 1cm
Espessura da madeira: 1cm
1,11 32 2,0
Cobertura de telha de fibro-cimento, lâmina de alumínio
polido e forro de madeira
Espessura da telha: 0,7cm
Espessura da madeira: 1cm
1,16 25 2,0
Cobertura de telha de barro com 2,5cm de lã de vidro sobre
o forro de madeira
Espessura da telha: 1cm
Espessura da madeira: 1cm
0,95 33 2,3
Cobertura de telha de barro com 5cm de lã de vidro sobre o
forro de madeira
Espessura da telha: 1cm
Espessura da madeira: 1cm
0,62 34 3,1
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, (2005c)
49
Tabela 4 - Tabela de transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para
algumas paredes.
Parede Descrição U C
T
ϕ
Parede de tijolo 6 furos quadrados, assentados na menor dimensão
Dimens. tijolo: 9x14x19 cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 14cm
2,48 159 3,3
Parede de tijolo 8 furos quadrados, assentados na menor dimensão
Dimens. tijolo: 9x19x19 cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 14cm
2,49 158 3,3
Parede de tijolo 6 furos circulares, assentados na menor dimensão
Dimens. tijolo: 10x20x20 cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 15cm
2,24 167 3,7
Parede de tijolo 6 furos circulares, assentados na menor dimensão
Dimens. tijolo: 10x15x20 cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 15cm
2,28 168 3,7
Parede de tijolo 4 furos circulares
Dimens. tijolo: 9,5x9,5x20 cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 14,5cm
2,49 186 3,7
Parede de blocos cerâmicos de 3 furos
Dimens. do bloco: 13x28x18,5 cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 18cm
2,43 192 3,8
Parede de tijolos maciços, assentados na menor dimensão
Dimens. tijolo: 10x6x22 cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 15cm
3,13 255 3,8
Parede de blocos cerâmicos de 2 furos
Dimens. do bloco: 14x29,5x19cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 19cm
2,45 203 4,0
Parede de tijolos 2 furos circulares
Dimens. tijolo: 12,5x6,3x22,5 cm
Espessura arg. de assent.: 1cm
Espessura arg. de emboço: 2,5cm
Espessura total da parede: 17,5cm
2,43 220 4,2
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, (2005c)
50
A ASHRAE 90.1 traz recomendações para edificações não residenciais
climatizadas artificialmente, nela são encontradas as exigências mínimas de
eficiência para o projeto e construção de edificações (envoltória) e sistemas
(climatização e iluminação das edificações). Os valores de transmitância térmica de
coberta oscilam entre 0,192 e 0,360 W/m²K, enquanto os valores para fechamentos
opacos oscilam entre 0,504 e 3,293 W/m²K. Esses valores para cobertura são mais
rigorosos que os indicados na ABNT (2005c) (Tabela 2).
Neste capítulo, foram apresentados a problemática do impacto das
edificações no ambiente natural, a caracterização climática de Natal/RN e os índices
de conforto térmico para os usuários, as variáveis arquitetônicas adotadas para o
estudo, e as demandas projetuais importantes para a arquitetura bioclimática.
Essa revisão mostrou-se importante para a compreensão de que as
variáveis arquitetônicas forma e arranjo espacial, podem ser trabalhadas como
fundamento para projetos de edificações mais adequadas ao clima e às
necessidades de conforto do homem. Decisões referentes a essas variáveis
arquitetônicas que atendam aos fatores ambientais (relação entre interior-exterior;
topografia; orientação e incidência solar; ventos dominantes e vegetação), buscando
prover o conforto dos usuários por meio do incremento das demandas bioclimáticas
(sombreamento, ventilação e massa térmica para resfriamento) resultam na
arquitetura bioclimática.
Assim, podemos dizer que as decisões tomadas em relação às variáveis
arquitetônicas recebem influência dos fatores ambientais e das demandas
bioclimáticas, tornando a relação entre eles cíclica e dependente, ou seja, as
variáveis arquitetônicas, os fatores ambientais e as demandas bioclimáticas são
partes articuladas de um todo na arquitetura (Figura 9). Sendo assim, essas
decisões e suas influências (que exercem e que recebem) serão analisadas nos
projetos estudados nessa pesquisa.
51
Figura 9 - Interdependência entre as variáveis arquitetônicas, as demandas bioclimáticas e os fatores
ambientais.
Fonte: A autora (2008).
Variáveis
arquitetônicas
(Forma, Arranjo
Espacial)
Demandas
Bioclimáticas
Otimizar sistemas
passivos para
sombreamento,
ventilação e massa
térmica para
resfriamento
Fatores Ambientais
(topografia, ventos
dominantes e,
orientação e incidência
solar)
52
3. O PROCESSO PROJETUAL
Neste capítulo são apresentados alguns conceitos sobre o que é o processo
projetual, desenvolvidos por autores contemporâneos, e discutidas algumas
abordagens metodológicas na elaboração do projeto arquitetônico, com ênfase na
concepção, o que se faz pertinente à medida que é imprescindível incluir os fatores
ambientais e as demandas bioclimáticas entre as considerações básicas de projeto
durante o seu desenvolvimento. Sendo assim, torna-se necessário identificar
procedimentos que estruturam as variáveis arquitetônicas no decorrer do
desenvolvimento projetual, à medida que o trabalho trata de questões referentes à
integração das demandas da arquitetura bioclimática ao processo de concepção do
projeto arquitetônico.
O processo projetual é uma atividade complexa que reúne conhecimentos
técnicos, científicos, artísticos e repertoriais, que dependem de informação,
conhecimento e desempenho para fazer as relações transdisciplinares. As variáveis
arquitetônicas se definem pouco a pouco em fases que não são perfeitamente
delimitadas dentro do processo projetual, que começa por qualquer atitude e segue
no sentido da materialidade (MERLIN, 2007). De acordo com o autor:
É impossível controlar esse processo por inteiro, em razão da
peculiaridade de a arquitetura compartilhar ciência, técnica e arte, e
materializar objetos, objetivos e procedimentos. Buscar formas revela
contornos imprecisos, agregando diversos saberes, frutos da
informação, do conhecimento e do desempenho do autor, gerados na
sinergia do fazer arquitetônico (MERLIN, 2007, p. 354).
Os métodos de concepção intuitivos da ‘caixa preta’ e da ‘caixa de vidro’
20
,
como tentativa de modelização do processo de concepção, foram rapidamente
descartados por se provarem inviáveis e não permitirem lidar com a complexidade
dos problemas que precisam ser resolvidos (LASSANCE, 2007), resultado da
multidisciplinaridade que o projeto exige, o qual o pensamento científico deve apoiar
o desenvolvimento da concepção projetual.
20
A ‘caixa preta’ representa um processo que não pode ser esquematizado, sendo cognoscíveis apenas a
entrada (formulação do problema) e a saída (respostas). A ‘caixa de vidro’ representa o esforço de codificação
do processo de concepção no qual é possível observar os mecanismos que ocorrem durante a concepção
(SILVA, 1998).
53
O processo projetual objetiva desenvolver o projeto arquitetônico que de
acordo com Boutinet (2002) é um modelo que integra o máximo de conhecimentos
teóricos e práticos, um verdadeiro inventário que deve resultar em um trabalho de
ressemantização do espaço. Para Boudon et al (2000) o projeto é o trabalho de
elaboração que precede à execução de um edifício. Frequentemente está associado
ao conjunto de desenhos (representações gráficas) produzidos pelo arquiteto e que,
de fato, constituem o aspecto material, concreto do projeto, mas o projeto não é
apenas uma atividade de formalização gráfica; ao contrário, os desenhos são
‘recursos’ de caráter analógico, pelos quais se pretende chegar a um outro fim: o de
conceber (inicialmente) e materializar (posteriormente) uma obra de arquitetura,
ainda que o último passo não seja necessariamente executado (BOUDON et al
2000), ou seja, o projeto está na intersecção entre os processos intelectuais de
concepção e sua atividade prática, dentro de um contexto complexo de fatores
técnicos, sociais, econômicos que lhes condicionam. Martinez (2000, p.12) diz que:
“A representação do projeto de arquitetura mostra as propriedades do objeto
imaginado como tal: suas formas, dimensões e materiais. Não inclui como seu
projetista imaginou como forma de uso, como ações das pessoas a que se destina.”
Toda essa discussão ocasionou, nas últimas décadas, um aumento
considerável no número de estudos sobre a concepção projetual. Martinez (2000)
trata o desenvolvimento projetual como um processo que avança do geral para o
particular até alcançar a precisão do projeto; Boudon et al (2000) propõem a
arquiteturologia como base para uma ciência arquitetônica, dando ênfase que a
concepção mobiliza uma multiplicidade de pontos de vista não hierarquizáveis
antecipadamente. No plano nacional, destacam-se alguns autores como Elvan Silva,
Carlos Comas e Edson Mahfuz. A abordagem desses autores e de seus seguidores
dá ênfase às descrições das etapas projetuais, à noção de partido arquitetônico, ao
privilégio das análises formais e da busca da forma pertinente
21
.
A história da arquitetura demonstra que os sistemas de projetação mais
conhecidos e consolidados como métodos de concepção foram dados pela École
des Beaux Arts e pelo Modernismo
22
. No entanto, para essa dissertação também
21
A forma pertinente foi proposta por Mahfuz (2004) como uma redefinição dos aspectos iniciais da arquitetura,
por meio de um quaterno composto por três condições internas ao problema projetual (programa, lugar e
construção) e uma condição externa, o repertório de estruturas formais que fornece os meios de sintetizar na
forma os outros três.
22
Piñon (2006) e Mahfuz (2002) destacam os processos de concepção arquitetônica dados pela Escola de Belas
Artes e pelo Modernismo.
54
será abordado o Regionalismo Crítico (FRAMPTON, 1997) como importante
referência para processo de concepção projetual da arquitetura bioclimática, na
medida em que conceitualmente aborda a valorização do lugar como importante
condicionante para a tomada das decisões projetuais.
A definição clássica da École des Beaux Arts do século XIX diz que o
processo projetual desenvolve-se do todo para suas partes e começa com a
definição do partido (MAHFUZ, 1995). Os fundamentos de tal doutrina empregam a
composição como técnica de projeto e como método de ensino. As partes
constituintes de uma edificação são subordinadas a um aspecto principal (principe).
Esse método estabelece claramente os passos necessários para se obter o produto
final, o projeto executivo. O primeiro passo, o desenvolvimento do partido (parti), é
um esquema diagramático básico definido a partir de elementos formais previamente
catalogados (estilos históricos), em seguida o l’esquisse (esboço), o estudo que
define com maior precisão as características gerais da edificação, e por último, os
desenhos finais elaborados considerando fielmente o esboço (esquisse).
As partes de um edifício deveriam ser subordinadas a um aspecto
principal, algumas vezes chamado principe, devendo amoldar-se ou
adaptar-se a ele, nesse método [...]
O primeiro passo seria o desenvolvimento de um parti, ou partido,
que vem a ser a concepção mais básica de um edifício[...]. Para a
tradição acadêmica, o partido é um esquema diagramático de um
edifício, uma idéia conceitual genérica, carregando consigo, ao
mesmo tempo, as noções de reunião e divisão [...]
Depois da geração do partido, segue-se o desenvolvimento,
l’esquisse, um estudo no qual ficam definidas suas características
principais. L’esquisse é geralmente considerado o todo ao qual as
partes são subordinadas (MAHFUZ, 1995, p.19).
Em síntese, o método clássico, aplica princípios normativos a partir de uma
concepção geral (partido) a ser desenvolvido pela composição de elementos formais
preexistentes (estilos históricos).
A partir do século XX, o Modernismo propõe um novo método de conceber o
projeto arquitetônico que, contrariamente ao Classicismo, é desprovido dos aspectos
básicos dos estilos históricos, atuando entre a necessidade de identidade do objeto
e a universalidade dos valores que fundamenta sua estrutura formal (PIÑÓN, 2006).
Com o modernismo, surgiram duas concepções básicas e contraditórias a
respeito do processo projetual (COMAS, 1986). Na primeira a concepção é guiada
55
pelo determinismo operacional e tecnológico, ou seja, pela resolução dos
requerimentos do programa, sítio e dos recursos tecnológicos disponíveis. O
processo projetual é tratado como um problema a ser resolvido pelo domínio de
diversas variáveis e/ou condicionantes objetivos. Nesse sistema prevalece a
autonomia da função e da técnica. Na segunda o processo de concepção é
resultado da intuição do arquiteto através de um manifesto artístico, espontâneo
(vanguardas artísticas). Nesse sistema prevalece o “Gênio Criador”.
Essas duas vertentes tinham em comum os objetivos de romper com o
ecletismo e o historicismo (as referências estéticas do passado) e de afirmar a
competência profissional dos arquitetos e promover novos paradigmas e princípios
de projeto compatíveis com a era industrial/mecanizada e com os processos de
inovação que lhe são inerentes. A primeira visão é essencialmente “normativa” e a
segunda é pretensamente “inovadora”. Ambas co-existiram nas práticas e no ensino
do projeto durante o século XX (COMAS, 1986).
Piñón (2006) afirma que a arquitetura moderna não pode identificar-se com
um estilo, se por isso se entende um sistema normativo, no sentido em que o são os
estilos históricos. No entanto, em termos gerais se poderia chamar de estilo em
sentido moderno, um modo concreto de enfrentar a concepção, que se traduz na
constância de determinadas soluções espaciais e construtivas.
O paradoxo fundamental da arquitetura moderna reside, para Piñón (2006),
no fato de que um modo de conceber, baseado em valores que aspiram ser
universais, acaba produzindo objetos específicos dotados de uma formalidade
concreta que identifica a obra. Ou seja, a arquitetura produzida pelo movimento
moderno, embora sem o suporte teórico ou operativo de um sistema, desprovida de
pautas metodológicas concretas, acabou gerando produtos com notáveis afinidades
e semelhanças mesmo quando aparecem em lugares distantes.
Mais recentemente, o regionalismo crítico, expressão cunhada por Kenneth
Frampton (1997), surgiu com o intuito de opor-se à tendência modernista de
universalização dos preceitos arquiteturais, enfatizar os valores do lugar como os
recursos naturais de topografia, ventilação e iluminação, materiais e sistemas
construtivos, ou seja, refere-se à atitude projetual de se adotar a arquitetura regional
e vernácula como sistema cultural que pode formar importante resistência aos
processos de globalização e à internacionalização das referências culturais.
Frampton afirma que:
56
A estratégia fundamental do regionalismo crítico é intermediar o
impacto da civilização universal com elementos derivados
indiretamente das peculiaridades de determinado lugar. [...] o
regionalismo crítico depende da manutenção de um nível elevado de
consciência crítica. Sua inspiração principal encontra-se na atenção
a aspectos como o espectro e a qualidade da luz local, ou na
tectônica derivada de uma modalidade peculiar de estrutura, ou na
topografia de determinada localidade (FRAMPTON, 1990 apud
LEFAIVRE; TZONIS, 2006, p.529).
De acordo com Frampton (1997) o termo ‘regionalismo crítico’ não pretende
denotar o vernáculo como algo produzido espontaneamente pela ação conjunta do
clima, da cultura, do mito e do artesanato, mas, ao contrário, identificar as “escolas”
regionais recentes, cujo objetivo é representar e atender, em um sentido crítico, as
populações específicas em que se inserem.
No Brasil, ao incorporar o tradicional e o moderno, a pioneira e reconhecida
obra de Zanini (que formalmente não é arquiteto, mas mestre artesão) é o maior
exemplo, tanto nas técnicas quanto nos materiais empregados (muitos deles
reciclados), com resultados cultural e ambientalmente apropriados. Crescem os
representantes deste grupo, sobressaindo a obra de Severiano Porto e Mario Emilio
Ribeiro, em Manaus, e de Gerson Castello Branco, situado no Nordeste, todos com
obras de forte integração com o contexto, com os materiais apropriados e as
identidades regionais (DEL RIO, 1998).
3.1. ALGUNS DESDOBRAMENTOS SOBRE A CONCEPÇÃO PROJETUAL
Alfonso Martinez (2000) aborda o desenvolvimento projetual como um
processo que avança do todo para as partes, essa metodologia passa pela definição
de idéias esquemáticas sobre a forma do edifício, as configurações, as disposições
construtivas e os detalhes.
O processo consiste em passar de etapas de maior generalidade e
menor definição para etapas de maior definição [...] O grau de
definição é a especialidade das partes do objeto e de suas relações;
a generalidade refere-se à extensão da gama de objetos que
correspondem à representação (MARTINEZ, 2000, p.13).
A proposição de Martinez se apóia nos estudos de Durand, na publicação de
Précis dês Lençons d`Àrchitecture donnés à I`École Royale Polytéchnique, de 1819,
57
o qual teoriza que “[...] quando se compõe, pelo contrário, deve-se começar pelo
conjunto, continuar pelas partes e terminar pelos detalhes” (DURAND, 1819 apud
MARTINEZ, 2000, p.20).
Com isso, Martinez (2000) defende que o avanço dos desenhos implica no
abandono de inúmeros outros projetos que já não são mais compatíveis com essa
nova representação, mas essa por sua vez, apresenta possibilidades variadas de
desenvolvimento na definição do objeto, dentre as quais deve-se escolher.
Para Boudon et al (2000) o processo de concepção arquitetônica não pode
ser confundido como um processo de resolução de problemas, ou seja, decisão não
é e nem pode ser confundido com concepção, o projeto é muito mais que um mero
processo de resolução de problemas. A abordagem proposta por eles admite que a
concepção mobiliza vários pontos de vista e o arquiteto pode considerar de maneira
concomitante aspectos técnicos, sociais, etc. Para compreensão da concepção
arquitetural os autores definem dentre muitos conceitos, a noção de idéia e distingue
o termo idéia (no singular) de idéias (no plural). A idéia (no singular) remete a um ato
intelectual do arquiteto com base na sua visão e conhecimento sobre o objeto, que
são frutos de sua bagagem cultural e de sua experiência, assim como da análise de
dados das características do sitio e conhecimentos sobre aspectos técnicos,
funcionais, entre outros. Já o termo idéias (no plural) são frutos das convicções,
crenças, ou opiniões dos projetistas, podendo surgir a qualquer momento do
processo. É diferente de inspiração. Conceber é de maneira refletida, pensada
(articulada a um conceito e/ou a uma imagem a ele associado).
Para Piñón (2006) na concepção da arquitetura deve-se utilizar critérios de
forma
23
capazes de propiciar a síntese por meio da ordem. Para ele o processo de
concepção só pode ser iniciado quando se consegue captar a estrutura da atividade
e essa não pode reduzir-se à soma dos requisitos funcionais particulares. O autor
afirma que o processo consiste em “[...] uma série de fases sucessivas em que a
passagem de uma à seguinte se apóia em um juízo estético subjetivo realizado
sobre a primeira, de modo que o itinerário depende da estratégia a que os
sucessivos juízos dão lugar” (PIÑÓN, 2006, p.48).
23
Para Piñón (2006, p.52). a “[...] forma é o resultado de um processo de síntese, [...] fruto da reunião de partes
elementares, de modo que as qualidades da realidade resultante superam a mera adição de atributos dos
componentes. [...]”
58
No plano nacional, Mahfuz (2002) propõe que a metodologia projetual
começa com a criação de uma imagem conceitual que se transforma num todo
conceitual definido por ele como:
[...] uma idéia forte, um fio condutor em volta do qual a realidade do
edifício tomará forma. Esse todo conceitual é mais do que a soma
das partes conceituais já que elas são qualificadas e focalizadas pela
intencionalidade da operação sintetizadora (MAHFUZ, 1995, p.25).
O próximo passo da metodologia projetual, é o desenvolvimento do todo
conceitual que passa a ser o partido arquitetônico.
O partido fixa a concepção básica de um projeto, a sua essência, em
termos de organização planimétrica e volumétrica, assim como suas
possibilidades estruturais e de relação com o contexto. Sendo uma
‘tomada de posição’[aspas do autor], o partido possui um forte
componente subjetivo. [...] O partido constitui, pois, a essência de um
projeto, e nele se encontram quase todos os aspectos importantes do
processo de projeto, exceto sua materialização. No partido estão
presentes os imperativos de projeto, interpretados e hierarquizados
pelo arquiteto, assim como o repertório arquitetônico, representando
o conceito de tradição, e a imagem criativa, representando o conceito
de invenção [...] (MAHFUZ, 2002, p.20).
O partido é visto por Mahfuz (2002) como uma síntese dos aspectos mais
importantes de um problema arquitetônico, mas faltam articulação e detalhamento
que serão acrescidos a ele no decorrer do processo projetual até o estágio final, o
projeto.
Silva (1998), ao discorrer sobre como se dá o processo de concepção,
destaca várias fases consecutivas que diferem umas das outras pelo grau de
definição atingida.
Pode-se afirmar que o processo projetual na arquitetura é
representável por uma progressão, que parte de um ponto inicial – o
contexto considerado problemático – e evolui em direção a uma
proposta de solução [...] que pretende ser resolutiva e definidora. As
diferentes fases deste processo se caracterizam por um gradativo
decréscimo de teor de incerteza e pelo conseqüente incremento do
grau de definição. (SILVA, 1998, p.78)
O autor destaca também que a progressão do processo projetual é dada
pela potencialidade resolutiva de uma idéia inicial que o leva a aumentar o grau de
definição em direção a uma solução.
59
Essa revisão mostra que não há um único método de concepção, porém os
autores apontam dois momentos distintos, nomeados de diversas formas, que
norteiam todo o processo de concepção. No primeiro momento, a idéia antecede à
representação e fomenta o início do processo de concepção que é feito por
escolhas, intenções, decisões que a idéia do arquiteto permite. As idéias não se
esgotam nesse primeiro momento, elas permeiam toda a concepção, mas de
maneira específica para cada um. No segundo, o desenvolvimento da idéia aplica os
conhecimentos da arquitetura como disciplina e passa pelo estudo progressivo das
configurações, desenvolvendo-se de acordo com uma escala de prioridades até que
se chegue a uma disposição geral que satisfaça o projetista, essa disposição é
chamada por muitos de ‘partido’, o processo continua e envolve graus de definição
cada vez maiores. Sendo assim, esses dois momentos trabalham de maneira
dialética gerando influências recíprocas que os modificam de maneira profunda.
A questão do entorno, das características climáticas e de sítio, juntamente
com as necessidades, exigências, programas e recursos materiais disponíveis, são
dados objetivos que compõem a demanda do projeto e estão implicitamente
contidos nas condições de síntese dos dois momentos identificados no processo de
concepção. Essas informações são operacionalizadas criticamente através de ações
criativas na geração de alternativas para obtenção do projeto.
Do ponto de vista do interesse dessa dissertação, as decisões projetuais e
sua relação com a arquitetura bioclimática, ocorrem ao longo de todo o processo de
concepção, podendo situar-se desde a idéia geradora, fazendo-se presente na
concepção do todo, das partes e, na definição dos detalhes.
Como as soluções passivas, que visam satisfazer as condicionantes
climáticas para obtenção das demandas bioclimáticas, estão implicitamente
inseridas no processo de concepção, conclui-se que a interface entre esses dois
permeia todo o processo desde o início até sua conclusão (Figura 10).
60
Figura 10 - O processo projetual reunindo as variáveis arquitetônicas, as demandas bioclimáticas e
os fatores ambientais.
Fonte: A autora (2008)
Variáveis
arquitetônicas
(Forma e Arranjo
Espacial)
Demandas
Bioclimáticas
Otimizar sistemas
passivos para
sombreamento,
ventilação e massa
térmica para
resfriamento
Fatores
Ambientais
(topografia, ventos
dominantes e,
orientação e
incidência solar)
PROCESSO
PROJETUAL
61
4. INTERFACE ENTRE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA E ESTRATÉGIAS
PROJETUAIS
Diversos autores defendem que a arquitetura bioclimática começa a ser
definida nos primeiros estágios do processo de concepção projetual (PEDRINI,
2003).
É no início do processo de concepção que o projetista tem maior liberdade
criativa, e o quanto antes o arquiteto relevar certas diretrizes maior será a
possibilidade de integração ao projeto e maior será a qualidade global do produto.
Assim podemos considerar que, “toda proposta de arquitetura tem sua origem no
‘nada’ criativo inicial, cuja possibilidade projetiva é total, pois entende-se seu objeto
‘não como uma forma fechada, e sim como o campo do possível’” (RAMOS, 2007,
p.338), o que quer dizer que, o início do processo projetual corresponde à máxima
possibilidade da arquitetura desenvolver qualquer proposta (Gráfico 6).
Sempre haverá vários caminhos para resolver um projeto e o arquiteto deve
fundamentar as decisões projetuais sobre as condições inerentes e específicas de
cada problema arquitetônico (Gráfico 6).
Gráfico 6 - Gráfico da relação entre a liberdade de escolha durante o processo de concepção e as
etapas projetuais.
Fonte: Barroso-Krause (2002).
Cada uma das decisões tem conseqüências globais sobre o projeto
(BOUDON et al, 2000). As decisões com maior impacto no produto final, o projeto
concluído, são tomadas no início do processo de concepção, nessa etapa são
abordados fatores ambientais como topografia, orientação, insolação, ventos
dominantes e entorno. Vale ressaltar que o processo de concepção não é linear
(BOUDON et al, 2000), no qual o projeto passa por diversos momentos que fazem o
arquiteto repensar constantemente o problema, o que significa dizer que as decisões
62
e o sentido de progressão das operações serão reavaliadas e ‘testadas’ durante
todo o processo.
No processo projetual, a compreensão e interpretação das demandas
colocadas como premissa exigem por parte do arquiteto a tomada de sucessivas
decisões. Cada decisão é um ato racional, operado a partir do conhecimento
específico do problema, baseado na experiência do arquiteto e no momento em que
se realiza o projeto (MACIEL, 2003). O impacto dessas decisões sobre o projeto de
arquitetura bioclimática é maior nos estágios iniciais do processo (Figura 11).
Figura 11 - Impacto das decisões nas etapas projetuais
Fonte: Johnson (2005 apud LIMA, 2007).
O conforto térmico e a eficiência energética obtidos pela manipulação dos
fatores ambientais, das variáveis arquitetônicas e humanas e das demandas
bioclimáticas devem se integrar durante todo o processo de concepção e influenciar
o projetista na solução do objeto arquitetônico, onde cada uma dessas partes devem
ser pensadas num todo composto por suas próprias partes. Para essa pesquisa, os
fatores ambientais são relacionados aos dados climáticos locais de orientação e
incidência solar, ventos dominantes e topografia; as variáveis arquitetônicas estão
ligadas à forma e ao arranjo espacial (Tópico 2.4); as demandas bioclimáticas estão
relacionadas às estratégias arquitetônicas que visem à otimização da utilização de
sistemas passivos para obter ventilação, sombreamento e massa térmica para
resfriamento (Tópico 2.5); e as humanas referem-se à sensação de conforto térmico,
visual e acústico dos usuários, mas não serão objetos de análise dessa pesquisa.
Para alguns autores as estratégias decididas durante o processo de
concepção podem ser apoiadas ou otimizadas com o auxilio das ferramentas
computacionais, Pedrini (2003) associa as etapas projetuais ao estudo de eficiência
energética das edificações a partir de estudos feitos por Szokolay (1984) e para
cada fase, avalia as decisões através de programas computacionais. O autor divide
63
as etapas de concepção em análise de pré-projeto (anteprojeto), fase de esboço,
detalhamento e avaliação final. Na fase de pré-projeto o desempenho térmico das
edificações pode ser considerado a partir do estudo do clima, do terreno e entorno,
dos princípios e recomendações bioclimáticas, busca de referências, identificação de
metas de desempenho e utilização de softwares. Já a fase de esboço é
caracterizada pelo estudo dos fenômenos de transferência de calor, sobretudo da
geometria solar e impacto da forma na ventilação natural e no sombreamento. Os
programas utilizados com esses fins são programas de máscara de sombras e
diagramas de coeficiente de pressão do vento. Na fase de detalhamento tem-se a
avaliação das soluções e a busca por alternativas que possam otimizar o
desempenho, sendo necessário o uso de software de desempenho térmico e
energético mais completo. Na avaliação final são elaboradas o desempenho do
objeto completo (Quadro 4).
64
ETAPA TAREFAS INFORMAÇÕES FERRAMENTAS PRODUTO
Análise de pré-
projeto
(anteprojeto)
Identificar
problemas;
identificar limites;
estudo climático;
definir ‘espaço
de solução’.
dados climáticos;
padrões de consumo
precedentes;
imagens de formas
apropriadas.
análise bioclimática;
princípios
bioclimáticos;
software climático.
Especificação do
desempenho;
metas de consumo;
diretrizes de projeto.
Se as recomendações energéticas forem ignoradas na etapa inicial, pode-se prejudicar o trabalho posterior, o
produto do projeto. Caso a questão seja abordada posteriormente, o projeto está sujeito a modificações.
Fase de
esboço
Gerar idéias;
Formular e testar
hipóteses de
projeto.
Conhecimento do
efeito térmico da
forma, do
comportamento
térmico dos materiais;
Geometria solar
Teste de alternativas;
refinar a selecionada
segundo métodos
simplificados.
Proposta de projeto
As hipóteses iniciais devem satisfazer os critérios energéticos, a implantação, a circulação, a estrutura, a
execução e a estética.
Detalhamento Tomar decisões
de
detalhamento:
aberturas,
proteções,
dimensões,
materiais de
envoltória,
espessuras e
superfícies.
Conhecimento das
conseqüências das
decisões de
detalhamento no
consumo energético.
Programas completos
de simulação.
Desenhos e detalhes
do projeto;
especificações.
Muitas das decisões dessa etapa têm efeitos no desempenho energético: o mesmo elemento pode influenciar
vários fatores (calor, luz, som) ou o mesmo fator pode ser influenciado por diversos elementos.
Avaliação final Analisar
detalhadamente
o desempenho
térmico;
Estimar uso de
energia.
Dados de materiais;
Dados climáticos;
Horários e rotinas de
ocupação do edifício.
Programas completos
de simulação.
Relatório final de
energia.
Comparar resultados com as metas energéticas pré-estabelecidas e modificar o projeto se necessário
Quadro 4 - Eficiência energética no processo de projeto
Fonte: Pedrini, 2003, p. 53 (adaptado de SZOKOLAY, 1984)
Percebe-se, então, que durante todo o processo proposto por Pedrini (2003)
há um estudo cíclico das decisões, no qual à medida que o projeto avança as
soluções são revisadas e aperfeiçoadas.
65
Algumas ferramentas foram criadas para avaliar a relação entre os fatores
ambientais e as edificações, auxiliando assim, nas decisões projetuais. Algumas
delas são: as cartas solares que são representações gráficas do percurso do sol na
abobáda celeste da terra, nos diferentes períodos do dia e do ano (BITTENCOURT,
2000), o método de Mahoney que consiste na organização dos dados climáticos,
de uma determinada localidade, em tabelas que irão gerar recomendações de
projeto para auxílio na concepção projetual de edificações não climatizadas. Esse
método permite uma análise mais qualitativa do que quantitativa, pois fornece um
único modelo de solução para cada perfil climático estudado, independente do uso
da edificação; e os programas computacionais para avaliação do desempenho
térmico de edificações que são utilizados por poucos profissionais devido à
complexidade e limitações dos softwares. Os principais programas, utilizados pelo
Laboratório de Conforto Ambiental – Labcon, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte - UFRN, que auxiliam as tomadas de decisões durante o processo
de concepção são apresentados a seguir:
- Programas para análise climática:
O grupo de pesquisa, Labcon, da UFRN utiliza para análise climática, os
programas Analysis (LAMBERTS et al, 1998) e o Weathertool (MARSH, 2001b).
Esses programas utilizam o arquivo bioclimático TRY obtidos por Goulart, Lamberts
e Firmino (1998). Os dois programas divergem na definição da faixa de conforto
térmico, no qual o Analysis aplica o método de Givoni (1992) e o Weathertool aplica
o método CPZ (Control Potencial Zone) de Szokolay (SZOKOLAY; DOCHERTY,
1999). No entanto, ambos recomendam as mesmas diretrizes de conforto para o
clima quente-úmido: ventilação e massa térmica para resfriar o ambiente interior.
- Programas de simulação simplificado
Os principais programas, dessa categoria, difundidos pelo Labcon são o
Suntool (MARSH, 2001a) e o Ecotect (MARSH, 2003). Ambos permitem explorar a
geometria solar, sendo o primeiro utilizado na análise de uma única abertura, no
qual é aconselhado para solucionar casos específicos que destacam um único
elemento por ser rápido e flexível. O segundo, o Ecotect, produz análises térmica,
acústica, de iluminação natural e de geometria solar. Sua confiabilidade é discutida
por muitos, mas a análise da geometria solar pode ser usada com credibilidade. A
vantagem do Ecotec em relação ao Suntool é que o primeiro permite a análise de
geometrias mais rebuscadas que podem ser produzidas em programas de
66
modelagem tridimensional como o Sketchup (LAST SOFTWARE, 2004) e o 3DS
Max para serem exportadas e analisadas no Ecotect.
- Programas de simulação do desempenho térmico e energético
Os dois programas mais utilizados pelo grupo são o VisualDOE
(ARCHITECTURAL ENERGY CORPORATION, 2005) e o DesignBuilder
(DESIGNBUILDER, 2005). O software VisualDOE utiliza o algoritmo do DOE 2.1E
(SCHRUM; PARKER, 2002). O DesignBuilder dispõe de uma interface gráfica para o
EnergyPlus que corrige suas limitações de operacionalidade. O EnergyPlus é
baseado nos recursos do BLAST e DOE-2 (CRAWLEY et al, 2001), apresenta
simulações mais elaboradas para balanço térmico, maior precisão na predição de
temperaturas do ar e radiante média, além de ser mais rebuscado na simulação para
ambientes condicionados naturalmente.
Embora essas ferramentas sejam importantes para aferir o grau de eficiência
ao projeto arquitetônico, os projetos analisados não utilizaram esses instrumentos no
processo de concepção, o que pode ser resultado, dentre outros fatores, da
complexidade e necessidade de conhecimentos específicos para manipulação dos
softwares e, do fato dessas ferramentas não serem difundidas no mercado.
O próximo capítulo analisa as estratégias propostas para atender às três
demandas bioclimáticas para o clima de Natal/RN (Ver tópico 2.5), levando em
consideração a forma e o arranjo espacial das partes articuladas ao todo, a fim de
verificar o grau de eficiência das estratégias projetuais propostas. A partir da análise
do sombreamento, através de simulador computacional, também foi possível
identificar o grau de dependência que essas estratégias têm em relação aos
programas.
Conforme elucidado, a concepção projetual é um processo-chave, quando
idealizações e decisões conscientes podem auxiliar na obtenção de conforto
ambiental para os usuários. Por essa importante relação do projeto com o clima, a
concepção projetual e os princípios bioclimáticos devem ser integrados.
67
PARTE II: ANÁLISES
68
5. METODOLOGIA
Para abordagem do tema foi realizada inicialmente uma pesquisa
bibliográfica sobre arquitetura bioclimática, seus conceitos e demandas para o
projeto arquitetônico inseridos no clima de Natal/RN, foi feito uma caracterização do
clima quente-úmido, dos elementos climatológicos e sua influência sobre os índices
e zonas de conforto, além da seleção de variáveis arquitetônicas para auxiliarem nas
análises desse estudo. No que se refere às decisões projetuais, buscou-se o estudo
de metodologias de concepção projetual e a influência das demandas bioclimáticas
na decisão de estratégias projetuais. Nesse capítulo serão apresentados os
procedimentos metodológicos que nortearam o desenvolvimento das análises
elaboradas para essa pesquisa.
Em um primeiro momento foi decidido que seria analisado projeto e não obra
construída, pois é no projeto que se materializa a idéia arquitetural, ato intelectual do
projetista (BOUDON et al, 2000) que integra o máximo de conhecimentos teóricos e
práticos (BOUTINET, 2002) incluindo as estratégias de projeto tomadas no processo
de concepção, tornando-se pertinente para responder a pergunta inicial: Como as
demandas bioclimáticas se refletem em estratégias de projeto na concepção
arquitetônica para o caso de Natal/RN?
Em seguida, foram selecionados arquitetos para a realização de entrevistas
e escolha dos projetos
24
a serem analisados. Um dos critérios para a seleção dos
entrevistados foi o ano de formação – foram selecionados arquitetos com formação a
partir do fim da década de 60, quando teve início os discursos em torno das
questões ambientais, outro critério foi a atuação desses arquitetos no mercado da
cidade de Natal/RN e a disponibilidade para participarem dessa pesquisa. Sendo
assim, foram selecionados, cinco arquitetos, dos quais, um com formação no fim da
década de 60, dois com formação em 70, um na década de 80 e mais um com
formação na década de 90. A seleção resultou em cinco projetos, sendo dois
elaborados na década de 70 e três nos anos 2000 (Quadro 5). Os projetos indicados
apresentam características que vão de encontro às estratégias indicadas para
atender às demandas bioclimáticas do clima quente-úmido, já revisadas no tópico
2.5.
24
Os projetos foram indicados pelos arquitetos de acordo com suas produções arquitetônicas e seus
conhecimentos a respeito da arquitetura bioclimática, sob a condição de ser residência unifamiliar projetada para
Natal/RN.
69
Arquitetos Ano de formação Ano do projeto
Marconi Grevi (R1) 1969 1975
Carlos Ribeiro Dantas (R2) 1978 2006
Gaudêncio Torquato (R3) 1978 1977
Haroldo Maranhão (R4) 1984 2004
Flávio Góis (R5) 1996 2004
Quadro 5 - Arquitetos entrevistados e respectivos anos de formação e ano dos projetos fornecidos
Onde: Rx (1,2, 3, 4 e 5 ) significa Residência 1, nomenclatura essa utilizada para estruturação das
análises.
Fonte: A autora (2007)
Os projetos foram analisados quanto às estratégias projetuais identificadas
para atender às demandas bioclimáticas do projeto de arquitetura inserido no clima
quente-úmido, caso de Natal/RN, que são: sombreamento, ventilação natural e
massa térmica para resfriamento, a fim de verificar a eficiência de algumas
estratégias passivas.
As informações necessárias para realização das análises foram obtidas a
partir do projeto legal
25
(contendo plantas, cortes e fachadas) e de entrevista com os
arquitetos, não levando em consideração eventuais modificações do projeto na fase
de construção e uso. Desta forma, o desdobramento das análises baseou-se nas
seguintes etapas: entrevista direta com os arquitetos, levantamento de dados,
análise qualitativa e descritiva dos projetos e por fim, os resultados e discussões.
Cada uma dessas etapas são explicadas a seguir.
5.1. ENTREVISTA COM ARQUITETOS
A entrevista com os arquitetos teve o objetivo de selecionar os projetos a
serem analisados, averiguar o ponto de vista dos entrevistados frente às questões
da arquitetura bioclimática, bem como identificar as exigências impostas pelo cliente
e pelas condicionantes legais.
O tipo de entrevista utilizada foi a semi-estruturada e antes de realizá-las foi
elaborado um roteiro, com objetivo de uniformizar o desenvolvimento das mesmas.
Com autorização dos arquitetos as entrevistas foram gravadas e o tempo médio foi
de uma hora.
25
Projeto que marca com precisão as formas, a localização, as dimensões, e as relações entre os elementos de
um projeto.
70
O roteiro de entrevista foi organizado sob três pontos, o primeiro referente
aos dados gerais e identificação do projeto; o segundo relacionado às principais
exigências de projeto e o último referente às características arquitetônicas (ver
roteiro em APÊNDICE).
5.2. LEVANTAMENTO DE DADOS
Esta etapa constituiu-se no levantamento de material (projeto), obtidos por
indicação dos projetistas e disponibilidade de acesso, ou seja, existência de arquivo
do projeto legal.
Foram realizadas cinco entrevistas com arquitetos distintos, em seus
escritórios, no período de agosto a outubro de 2007. Cada arquiteto indicou,
justificou e forneceu o projeto legal de uma residência unifamiliar projetada para o
clima de Natal/RN. Os projetos indicados contemplam soluções arquitetônicas
passivas que visam atender as demandas bioclimáticas desse clima. Os arquitetos
entrevistados foram: Marconi Grevi, Carlos Ribeiro Dantas, Gaudêncio Torquato,
Haroldo Maranhão e Flávio Góis.
5.3. ANÁLISE QUALITATIVA E DESCRITIVA
A análise das obras selecionadas teve abordagem qualitativa descritiva,
centrada na leitura dos projetos e nas informações colhidas nas entrevistas. A etapa
inicial constituiu-se na análise dos fatores ambientais: topografia, orientação e
incidência solar e ventos dominantes, esses influenciam as decisões tomadas
durante todo o processo de concepção. Em virtude de se analisar projeto e não obra
construída, os elementos climatológicos, temperatura e umidade, bem como o
entorno do terreno de cada projeto, não foram considerados nessa pesquisa, tendo
em vista que para análise desses elementos seria necessário coleta de dados in
loco, o que não é objetivo desse trabalho. A vegetação também foi desconsiderada
nas análises, devido à falta de projeto complementar de paisagismo e devido à
ausência de vegetação nos terrenos na época da concepção dos projetos, de acordo
com informações fornecidas pelos entrevistados. Em seguida foram identificadas as
estratégias passivas que buscam responder as demandas bioclimáticas para
sombreamento, ventilação natural e massa térmica para resfriamento. Por fim,
realizaram-se as análises, propriamente dita, com objetivo de avaliar o desempenho
71
das soluções propostas para as variáveis arquitetônicas forma (fechamentos, volume
do espaço, protetor solar e materiais constituintes) e arranjo espacial (uso,
zoneamento, segregação-integração espacial, núcleo de integração e conexões) e,
de investigar a relação entre as estratégias projetuais e as ferramentas
computacionais para identificar o grau de dependência ou autonomia que essas
estratégias tem em relação aos simuladores.
Como as residências estudadas são muito grandes, tanto em relação à área
construída
26
quanto em relação à quantidade de ambientes, optou-se por subdividir
a residência em três setores
27
(íntimo, social e de serviço) e de cada setor extrair um
ambiente para análise, padronizando-se da seguinte forma: no setor íntimo, elaborar
análises para suíte máster
28
, já que o quarto é o ambiente mais valorizado do setor e
pelo fato da suíte máster ser ocupada pelo(s) proprietário(s) ou responsável pela
residência; no setor de serviço, selecionou-se a cozinha por demandar permanência
nas atividades cotidianas da casa; e no setor social a sala de estar por se destinar a
receber as visitas. É importante observar que cada um desses ambientes está
sujeito a uma condição diferente em relação às variáveis arquitetônicas e o meio
externo, por isso cada ambiente foi analisado separadamente em relação às
soluções dadas para a forma e arranjo espacial. Em seguida, nos resultados e
discussões, analisou-se comparativamente todos os projetos, tanto no que se refere
aos ambientes destinados ao mesmo uso, quanto aos ambientes dos diferentes
setores, já que todos estão sujeitos a soluções distintas.
Todos os projetos foram digitalizados (exceto os que já foram entregues em
meio digital) e uniformizados de modo a padronizar a apresentação e leitura dos
mesmos. Volumetrias foram feitas a fim de garantir um estudo mais aprofundado das
estratégias propostas para atender à demanda bioclimática do projeto de arquitetura.
5.3.1. Sombreamento:
Para a análise de sombreamento, foram realizados estudos por meio de
cartas solares obtidas através de simulação computacional, tendo como fonte o
26
As residências estudadas têm área construída média de 319,09 m².
27
Os setores: íntimo, social e de serviço são representados nos desenhos para análises, respectivamente, pelas
cores amarelo, azul e rosa. A cor verde foi utilizada para representar as áreas permeáveis.
28
Com o levantamento de dados observou-se que no universo de pesquisa todas as residências têm pelo menos
uma suíte máster, tendo em vista que, para a suíte ser considerada máster ela deve ser composta por quarto,
closet e banheiro. Quando houver mais de uma suíte máster na residência, a análise será feita na suíte do
proprietário ou do responsável pela casa.
72
software Ecotec (MARSCH, 2003), que possui interface gráfica para modelagem 3D
com o Sketchup (LAST SOFTWARE, 2004). Para cada obra criou-se uma volumetria
esquemática, no Sketchup, com todas as variáveis arquitetônicas existentes no
projeto, para então obter as cartas solares dos fechamentos transparentes e das
aberturas, essas foram nomeadas de E1, E2, E3 e etc., de acordo com a quantidade
de fechamentos existentes em cada ambiente analisado. Para esse estudo foram
inseridos no programa dados referentes às variáveis arquitetônicas (forma e arranjo
espacial) que influenciam nesses fechamentos, como por exemplo: dimensões do
ambiente, à orientação e tamanho das aberturas e existência ou não de protetores
solares com suas dimensões e qualidades espaciais.
Este tipo de simulação tem grande importância, pois a partir dos resultados
desta análise, pode-se, ainda em fase preliminar do projeto, tirar proveito da melhor
orientação para cada abertura e/ou fachada, além de avaliar no início do processo
de concepção o real funcionamento dos elementos arquitetônicos propostos,
conseguindo contribuir efetivamente para obter arquitetura bioclimática.
5.3.2. Ventilação Natural:
A análise da ventilação natural foi baseada em dados referentes às
dimensões do ambiente avaliado (largura, comprimento e altura) e orientação e
dimensão das aberturas
29
do mesmo. A partir da leitura desses dados foram
elaborados desenhos esquemáticos representando os possíveis fluxos de ar dentro
do ambiente, considerando a entrada de ar através da(s) esquadria(s)
posicionada(s) no sentido dos ventos dominantes (zona de alta pressão) e a saída
do ar através da(s) esquadria(s) situada(s) nas zonas de baixa pressão.
5.3.3. Massa Térmica para Resfriamento:
Para o estudo da massa térmica para resfriamento no interior das
edificações optou-se por avaliar a transmitância térmica dos materiais que compõem
os fechamentos externos, verticais (paredes) e horizontais (cobertura), dos
ambientes estudados, já que recebem radiação solar intensa durante todo o ano,
como visto no gráfico 5 (Tópico 2.5.2). Foi utilizada a Norma Brasileira 15220-2
29
Como em alguns casos os dados coletados a respeito das esquadrias foram insuficientes, optou-se por
analisar as aberturas, ou seja, analisar o máximo aproveitamento que aquela abertura permite independente do
tipo de esquadria.
73
(2005b) para desempenho térmico de edificações, parte 2: método de cálculo
de transmitância térmica, da capacidade térmica, o atraso térmico e do fator de
calor solar de elementos e componentes de edificações, onde diz que a
transmitância térmica de componentes, de ambiente a ambiente, é o inverso da
resistência térmica total, conforme a expressão:
U=1/R
t
Onde:
U é a transmitância térmica de um componente dada pela unidade w/(m².K)
R
t
é a resistência térmica total, superfície a superfície dada pela unidade
(m².K)/w
Também na Norma Brasileira 15220-2 (2005c) para desempenho térmico
de edificações, parte 3: zoneamento Bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, no anexo D da
NBR acima citada, são encontradas a resistência térmica dos materiais construtivos
e no anexo C as recomendações e diretrizes construtivas para adequação da
edificação ao clima local quanto à transmitância térmica, atraso térmico e fator de
calor solar (ver tópico 2.5.3).
74
6. ANÁLISES
Neste capítulo serão analisados cinco projetos a fim de identificar as
estratégias projetuais que visam atender às demandas bioclimáticas para o projeto
de residências unifamiliares localizadas em Natal/RN.
6.1. RESIDÊNCIA 01
6.1.1. Informações Gerais
Local: Bairro de Tirol -Natal/RN
Arquiteto: Marconi Grevi
Ano de Formação do Arquiteto: 1969
Ano do Projeto: 1975
Área do Terreno: 1.380m²
Área Construída: 330,00 m²
Figura 12 - Perspectiva Fachada Sudeste
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
75
Figura 13 - Perspectiva Fachadas Noroeste e Sudoeste
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
PISCINA
PÉRG.
COZINHA
BWC
BWC
QUARTO
QUARTO
VEST.
BWC
BWC
DES.
ESTAR
JANTAR
ESCRITÓRIO
LAV.
GARAGEM
DEP.
EMP.
SUÍTE
QUARTO
ESTAR
ÍNTIMO
DESP.
TERRAÇO
02
01
MASTER
03
JARDIM
JARDIM
JARDIM
ÁREA
SERVIÇO
QUARTO
04
BWC
VAR.
VAR.
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
NASCENTE
POENTE
VENTOS
DOMINANTES
VENTOS
DOMINANTES
VENTOS
DOMINANTES
A
A
B
B
Figura 14 - Planta baixa
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
O terreno, em que está implantada a residência, é resultado de um
loteamento ocorrido na época, o qual removeu toda a vegetação que existia para
abrir espaço às construções. O terreno tem 1.380,00m² de área, em que 50% desse
total é área permeável
30
. Há também diferentes cotas de níveis, das quais o
arquiteto tirou partido para projetar a casa em dois níveis, onde o setor íntimo está
30
Área permeável refere-se à área do terreno onde é possível infiltrar no solo as águas pluviais.
76
na cota mais alta e os setores social e de serviço estão na cota intermediária do
terreno.
A formação do arquiteto coincide com a época em que Brasília estava no
auge e os profissionais e alunos de arquitetura sofreram grande influência dos
preceitos modernistas e de seus seguidores. Grevi expõe, na entrevista
31
, que era
influenciado por arquitetos como Oscar Niemayer, Le Corbusier, Mies Van der Rohe
e outros. Ele relata, também, as premissas projetuais que norteiam suas decisões
arquitetônicas, revelando o conforto ambiental e a estética formal como fios
condutores de sua concepção. Para Grevi o “arquiteto também é um artista” e a
“arquitetura é conforto ambiente” (Informação verbal). Com base nisso, ele diz iniciar
o processo de concepção buscando identificar as necessidades do cliente, o perfil
da família, seus hábitos, nível cultural e disponibilidade financeira para então
elaborar o programa de necessidades, que varia de acordo com as exigências
anteriores e da época em que se projeta. Ele passa o estudo preliminar para o papel
depois de ter esquematizado toda a idéia na mente e diz que, em 90% dos casos, a
idéia inicial é a mesma da que conclui o projeto, porém, por mais que a idéia seja a
mesma, para ele o processo de concepção não é uma constante linear, em vários
momentos há necessidade de voltar e repensar uma decisão tomada.
6.1.2. Características Arquitetônicas
6.1.2.1 Forma:
A residência foi projetada na década de 70. O partido proposto consistiu em
incorporar à proposta o conforto ambiental e traços modernistas, no qual foram
empregados o concreto e a telha calhetão como materiais construtivos, além da
utilização de uma generosa platibanda, com um metro de projeção, em toda a
extensão da edificação (Figuras 12 -14).
A implantação da casa no terreno se dá na parte posterior do lote, havendo
grande recuo em relação à via pública. A residência é constituída por um pavimento,
distribuído em duas cotas de níveis e com pé direito de 3,00m. Há um zoneamento
bem definido dos setores, os quais têm como forma resultante a junção de dois
retângulos (setor íntimo e social) com um L (setor de serviço), compondo com a
31
Entrevista realizada com o arquiteto Marconi Grevi em 17 de agosto de 2007.
77
platibanda um volume cheio de saliências e reentrâncias que contribui para proteger
os fechamentos verticais do excesso de insolação (Figura 14).
O setor de serviço está implantado no sentido noroeste, com as aberturas
dos ambientes voltadas a nordeste, noroeste e sudoeste. Os setores: social e íntimo
estão implantados de acordo com as curvas de níveis do terreno, evitando grandes
movimentações de terra e as maiores aberturas são posicionadas no sentido
sudeste, de acordo com os ventos dominantes da região.
Os materiais predominantes no projeto para os fechamentos verticais
(paredes e esquadrias) e horizontal (cobertura) são: parede de tijolo 8 furos,
assentados na menor dimensão, emassada e pintada na cor branco; portas e
janelas em vidro incolor com estrutura de alumínio; e cobertura em telha tipo
calhetão (fibro-cimento) com forro em concreto;
A preocupação do arquiteto em relação às demandas da arquitetura
bioclimática é constatada nas decisões tomadas quanto a: orientação da residência
(ambientes de maior permanência com aberturas voltadas a sudeste), utilização de
platibanda formando beiral com projeção de um metro, emprego de protetor solar
vertical em algumas aberturas, existência de espaços de transição como terraço e
pergolado, grandes aberturas que favorecem a ventilação e iluminação natural e
materiais adequados ao clima (Figuras 14-16). A eficiência de algumas dessas
estratégias serão analisadas detalhadamente no item referente à análise das
estratégias arquitetônicas.
TERRAÇO
ESCRITÓRIO
ESTAR
COZINHAÁREA DE SERVIÇOLAVAND.
JARDIM CALÇADA
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO COMO
AMBIENTE DE TRANSIÇÃO O QUE
CONTRIBUI PARA PROTEGER OS
AMBIENTES INTERNOS DA
INCIDÊNCIA SOLAR
DIMINUIÇÃO DA INCIDÊNCIA
SOLAR DIRETA POR MEIO DA
UTILIZAÇÃO DE GRANDES BEIRAIS
1.00
Figura 15 - Corte A
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
78
ESCRIT.JANTAR
ACESSO
SUÍTE 01SUÍTE 02SUÍTE 03SUÍTE M.
1.00
1.00
1.00
1.00
DIMINUIÇÃO DA INCIDÊNCIA
SOLAR DIRETA POR MEIO DA
UTILIZAÇÃO DE GRANDES BEIRAIS
Figura 16 - Corte B
Fonte : A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
6.1.2.2 Arranjo Espacial:
O programa de necessidades abrange no setor íntimo; uma suíte máster
com varanda, closet e bwc, duas suítes com varanda e banheiro, dois quartos
(sendo um para hóspede) e um estar íntimo com jardim interno e pergolado; no setor
social: estar, jantar, escritório, terraço social e piscina; e no setor de serviço:
cozinha, despensa, área de serviço, lavanderia, dependência com banheiro,
depósito e garagem. Os três setores são segregados entre si, onde o estar íntimo é
o núcleo de integração que conecta todos eles (Figura 17).
Figura 17 - Planta baixa com destaque para os três setores, core, circulação e área de serviço.
Onde: cor rosa representa o setor de serviço; azul o setor social, amarelo o setor íntimo, marrom o
core, laranja a circulação do setor íntimo e roxo a área de serviço.
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
O setor íntimo foi projetado na cota mais alta do terreno com os ambientes
voltados, predominantemente para o sudeste, o zoneamento desses ambientes é
bem definido onde há um corredor de circulação central que interliga todos os
quartos e o estar íntimo (Figura 17). As suítes e um dos quartos possuem aberturas
parcialmente sombreadas pela utilização de varanda e pela projeção do beiral, o
estar íntimo tem a abertura protegida da incidência solar direta também por meio da
79
projeção do beiral, além disso, há um pergolado que contribui para favorecer a
ventilação cruzada do ambiente.
O setor social foi implantado em cota de nível intermediária e apesar da
segregação com os demais setores, foi previsto no projeto aberturas maiores entre
seus ambientes para tornar os espaços da sala de jantar, estar e terraço mais
acessíveis e integrados. As esquadrias desses ambientes são voltadas,
predominantemente, para o sudeste favorecendo a ventilação natural. O estar tem
aberturas voltadas para o nordeste e para o sudeste, onde se integra com o terraço,
já a sala de jantar possui abertura nos três limites verticais entre o interior e o
exterior e o escritório tem abertura voltada para o sudoeste. Todas as aberturas
recebem proteção solar, ora pela projeção do beiral, ora pela existência do terraço,
ora pela união das duas estratégias (Figuras 14-16).
Por último, o setor de serviço, implantado em cota intermediária do terreno,
tem os ambientes delimitados entre si, onde a cozinha é a ‘porta de entrada’ desse
setor e a área de serviço conecta todos os ambientes (Figura 17), quanto à conexão
desse setor com os demais, há apenas uma porta na cozinha e na garagem que se
interligam ao estar íntimo. A orientação desses ambientes, em relação às
condicionantes climáticas, é desfavorável, tendo em vista que absorvem a radiação
solar da tarde e não recebem influência positiva dos ventos dominantes. A cozinha,
área de serviço e lavanderia possuem aberturas no sentido sudoeste, já a
dependência têm uma janela interna que se conecta ao pergolado. O banheiro e
depósito recebem protetor solar fixo vertical e estão voltados a noroeste e a
garagem está no sentido nordeste (Figura 14).
80
6.1.3. Análise das Estratégias Arquitetônicas
6.1.3.1 Suíte Máster
PISCINA
PÉRG.
COZINHA
BWC
BWC
QUARTO
QUARTO
VEST.
BWC
BWC
DES.
ESTAR
JANTAR
ESCRIT.
LAV.
GARAGEM
DEP.
EMP.
SUÍTE
QUARTO
ESTAR
ÍNTIMO
DESP.
TERRAÇO
02
01
CASAL
03
JARDIM
JARDIM
JARDIM
ÁREA
SERV.
QUARTO
04
BWC
VAR.
VAR.
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
E1
E3
E2
VEST.
BWC
QUARTO
03
JARDIM
QUARTO
04
VARANDA CONTRIBUI PARA
PROTEÇÃO SOLAR DA ABERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
E1
E3
E2
AMBIENTE C/
VENTILAÇÃO CRUZADA
SUÍTE
CASAL
VAR.
Figura 18 - Planta baixa– destaque para suíte máster
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
O quarto com forma retangular está situado na quota mais alta do terreno,
têm pé direito de 2,85m e possui três aberturas voltadas para a área externa (E1, E2
e E3), onde E1 é uma porta de giro c/ bandeirola e está voltada para sudeste. E2 e
E3 são janelas com duas folhas de correr e bandeirola e estão orientadas para
sudeste e nordeste respectivamente, todas são em vidro incolor com estrutura em
alumínio e recebem sombreamento parcial por meio de protetor solar fixo, pela
projeção do beiral e/ou pela existência da varanda como ambiente de transição. As
paredes que constituem o ambiente são em tijolo cerâmico emassadas e pintadas na
cor branco e a cobertura é formada por telha tipo calhetão sobre laje de concreto. A
ventilação natural do quarto é cruzada, onde E1 e E2 estão situadas na zona de alta
pressão e proporcionam a entrada do ar e E3, está na zona de baixa pressão,
81
favorece a saída do ar assim como a porta de acesso ao quarto, que caso
permaneça aberta também contribui para o fluxo.
Figura 19 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Spherical Projection
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 3641 Orientation: 135.0°, 0.0°
Sun Position: -85.9°, 0.1°
HSA: 139.1°
VSA: 179.9°
Time: 17:22
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 20 - Insolação da abertura E1(porta)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Spherical Projection
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 3642 Orientation: 135.0°, 0.
Sun Position: -85.9°, 0.1°
HSA: 139.
VSA: 179.
Time: 17:2 2
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 21 - Insolação da abertura E2 (janela)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Spherical Projection
Location: -5.5°, -35.
Obj 3931 Orientation: -135.0°, 0.
Sun Position: -85.9°, 0.1°
HSA: 49.1°
VSA: 0.
Time: 17 :22
Date : 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 22 - Insolação da abertura E3 (janela)
Fonte: A autora (2007)
Insolação: A varanda e a projeção da cobertura sombreiam completamente
a porta E1, já a janela E2 é parcialmente sombreada, recebendo incidência solar em
pequena parte da manhã, sendo no solstício de verão até 9:30 hrs e no solstício de
inverno até 8:10 hrs, E3 é mais sombreada no verão recebendo incidência solar
direta até as 8:30hrs, enquanto que no inverno é atingida até as 12:10hrs. A análise
das cartas solares mostra que, apesar de existir intenção em proteger a janela E3 da
incidência solar direta, utilizando estratégias adequadas (prover beiral e protetor
solar) as demandas para o clima quente-úmido, essas não responderam
positivamente por questões de dimensionamento, ou seja, simulações feitas durante
o processo de concepção ajudariam no dimensionamento correto dessas estratégias
(Figuras 18-22).
Ventilação: O ambiente tem ventilação cruzada proporcionada pela entrada
de ar por meio das esquadrias E1 e E2 e saída de ar através da E3. A ventilação
natural cruzada poderia ser potencializada caso fossem utilizadas venezianas
82
móveis ou esquadrias que proporcionassem máxima abertura em substituição as de
corres (Figura 18).
Massa Térmica para Resfriamento: a partir da análise das propriedades
térmicas da parede de tijolo 8 furos, assentados na menor dimensão e da cobertura
em telha de fibro-cimento com forro de concreto, observa-se que são materiais leves
e refletores, pois possuem respectivamente, transmitância térmica de 2,49 e 2,25 e
atraso térmico de 3,3 e 2,6. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2005c).
6.1.3.2 Sala de Estar
PISCINA
PÉRG.
COZINHA
BWC
BWC
QUARTO
QUARTO
VEST.
BWC
BWC
DES.
ESTAR
JANTAR
ESCRIT.
LAV.
GARAGEM
DEP.
EMP.
SUÍTE
QUARTO
ESTAR
ÍNTIMO
DESP.
TERRAÇO
02
01
CASAL
03
JARDIM
JARDIM
JARDIM
ÁREA
SERV.
QUARTO
04
BWC
VAR.
VAR.
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
E1
E2
E3
PÉRG.
COZINHA
BWC
DES.
JANTAR
ESCRIT.
LAV.
GARAGEM
DEP.
EMP.
ESTAR
ÍNTIMO
DESP.
TERRAÇO
J
ÁREA
SERV.
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO COMO
AMBIENTE DE TRANSIÇÃO
FAVORECENDO O
SOMBREAMENTO DO AMBIENTE
INTEGRAÇÃO DA SALA DE ESTAR
C/ O ESTAR INTIMO E C/ A SALA DE
JANTAR CONTRIBUINDO PARA A
PERMEABILIDADE DOS VENTOS
NATURAIS
E1
E2
E3
ESTAR
Figura 23 - Planta baixa– destaque para sala de estar
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
A sala de estar situa-se na cota mais baixa do terreno, estando no mesmo
nível do terraço. Possui forma retangular, com pé direito de 3,25m, paredes em tijolo
cerâmico emassadas e pintadas na cor branco e cobertura em telha tipo calhetão
sobre laje de concreto. O ambiente é parcialmente integrado com a sala de jantar e
com o terraço. Com o meio externo há três esquadrias (E1, E2 e E3), sendo E1 uma
83
porta de correr medindo 2,90m x 2,80m (largura x altura) com três folhas, E2
conjunto com quatro janelas de 0,30m x 2,80m (largura x altura) cada e E3 uma
janela de 0,60m x 2,80m (largura x altura), todas em vidro incolor com estrutura de
alumínio.
Figura 24 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Spherical Projection
Location: -5.5°, -35.
Obj 3934 Orientation: -45.0°, -2.
Sun Position: -66.3°, 3.3°
HSA: -21.3°
VSA: 3.
Time: 17 :00
Date : 1st Jul (182)
Dotted lines: July-December.
Figura 25 - carta solar da abertura E1 (porta)
Fonte: A autora (2007)
Figura 26 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 4662 Orientation: -135.0°, 0.
Sun Position: -66.3°, 3.3°
HSA: 68.7°
VSA: 9.
Time: 17 :00
Date : 1st Jul (182)
Dotted lines: July-December.
Figura 27 - carta solar da abertura E2 (janelas)
Fonte: A autora (2007)
Figura 28 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Spherical Projection
Location: -5.5°, -35.
Obj 3932 Orientation: 45.0°, 0.0°
Sun Position: -85.9°, 0.1°
HSA: -130.9°
VSA: 179.9°
Time: 17:22
Da te: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 29 - carta solar da abertura E3 (janela)
Fonte: A autora (2007)
Insolação: Na sala, a porta E1 é completamente sombreada, as janelas E2
recebem incidência solar em poucas horas da manhã, sendo no solstício de inverno
até as 7:30 hrs. A janela E3 recebe o sol da tarde, no solstício de verão a partir das
84
13:40 hrs e no de inverno a partir das 16:00 hrs. O sombreamento das aberturas
mostrou-se eficiente nas esquadrias protegidas pelo terraço (Figuras 23-29).
Ventilação: O ambiente tem ventilação cruzada eficiente proporcionada pela
entrada de ar por meio das esquadrias E1 e E2 e saída de ar através da E3 (Figura
23).
Massa Térmica para Resfriamento: Como os materiais utilizados são os
mesmos do quarto de casal, e de acordo com análise feita anteriormente, pode-se
dizer que os materiais são leves e refletores.
6.1.3.3 Cozinha
PISCINA
PÉRG.
COZINHA
BWC
BWC
QUARTO
QUARTO
VEST.
BWC
BWC
DES.
ESTAR
JANTAR
ESCRIT.
LAV.
GARAGEM
DEP.
EMP.
SUÍTE
QUARTO
ESTAR
ÍNTIMO
DESP.
TERRAÇO
02
01
CASAL
03
JARDIM
JARDIM
JARDIM
ÁREA
SERV.
QUARTO
04
BWC
VAR.
VAR.
PROJEÇÃO DA COBER TURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
E1
PÉRG.
BWC
BWC
QUARTO
QUARTO
BWC
DES.
ESTAR
JANTAR
ESCRIT.
LAV.
GARAGEM
DEP.
EMP.
ESTAR
ÍNTIMO
DESP.
TERR
A
02
01
ÁREA
SERV.
04
BWC
VAR.
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBE
R
PROJEÇÃO DA COBERTURA
ESQUADRIA ALTA PARA ENTRADA DO
AR QUE RECEBE PROTEÇÃO SOLAR
DA PROJEÇÃO DA COBERTURA
PARA QUE HAJA FLUXO DO AR É
NECESSÁRIO QUE AS PORTAS SE
MANTENHAM ABERTAS
E1
A EXISTÊNCIA DO
PERGOLADO PODE
FAVORECER A
VENTILAÇÃO NATURAL
DA COZINHA
COZINHA
Figura 30 - Planta baixa– destaque para cozinha
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
A cozinha está zoneada adjacente aos três setores da residência, mas só se
conecta ao setor íntimo. O zoneamento ocasiona a existência de apenas uma janela
(E1) voltada para o meio externo, no sentido sudoeste. E1 é de correr com 4 folhas
85
em vidro incolor com estrutura em alumínio, suas dimensões são: 0,50m h x 2,40m L
e 2,40m de peitoril.
O ambiente possui forma retangular, pé direito de 2,85m e é constituído
externamente pelos mesmos materiais do quarto de casal e sala de estar.
Figura 31 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Spherical Projection
Location: -5.5°, -35.
Obj 3327 Orientation: -135.0°, 0.
Sun Position: -66.3°, 3.3°
HSA: 68.7°
VSA: 9.
Time: 17 :00
Date : 1st Jul (182)
Dotted lines: July-December.
Figura 32 - carta solar da abertura E1 (janela)
Fonte: A autora (2007).
Insolação: A cozinha recebe incidência solar no período da tarde durante
todo o ano, sendo no solstício de inverno a partir das 16:30 hrs e no solstício de
verão a partir das 15:10 hrs. A projeção do beiral não foi eficiente para o
sombreamento, principalmente no período do verão (Figuras 30-32).
Ventilação: A ventilação desse ambiente não é eficiente, pois é unilateral e
a única esquadria (E1), existente para o meio externo, não está orientada para os
ventos dominantes. A permanência das portas abertas, que dão acesso à área de
serviço e ao setor íntimo, podem minimizar o déficit de ventilação existente no
ambiente. Outro fato relevante é a possibilidade da entrada de ar por meio da porta
de acesso ao estar íntimo, já que nele possui pergolado e tem esquadria voltada
para os ventos dominantes, mas ainda que isso ocorra essa ventilação indireta não
é passível de ser eficiente (Figura 30).
Massa Térmica para Resfriamento: Como os materiais são os mesmos
utilizados no quarto de casal e sala de estar, e de acordo com análise feita
anteriormente pode-se dizer que os materiais são leves e refletores.
86
6.2. RESIDÊNCIA 02
6.2.1. Informações Gerais
Local: Bairro de Lagoa Nova -Natal/RN
Arquiteto: Carlos Ribeiro Dantas
Ano de Formação do Arquiteto: 1978
Ano do Projeto: 2006
Área do terreno: 470,10 m²
Área Construída: 290,05 m²
Figura 33 - Perspectiva Fachadas Nordeste e Noroeste
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
Figura 34 - Perspectiva Fachadas Sudoeste e Sudeste
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
87
PROJ. PAVTO. SUPERIOR
PROJ. MARQUISE
SUPERIOR
ESTAR
HALL
TERRAÇO
LAV.
JANTAR
SUÍTE 01
BWC
CIRCULAÇÃO
DESP.
COZINHA
ÁREA
SERV.
DEP.
EMP.
BWC
GARAGEM
NASCENTE
POENTE
DEP.
PROJ. PAVTO
PROJ. PROT.
ÁREA
VERDE
ÁREA
VERDE
ÁREA
VERDE
A
A
B
B
Figura 35 - Planta baixa – pav. térreo
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
SUÍTE 02
VAZIO
PROJ. MARQUISE
PROJ. MARQUISE
NASCENTE
POENTE
SOLÁRIO
SUÍTE 03
BWC
CIRCULAÇÃO
SUÍTE
MASTER
BWC
CASAL
CLOSET
CLO-
SET
BWC
A
A
B
B
Figura 36 - Planta baixa – pav. superior
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
88
O lote está situado na ‘esquina’ de uma quadra inserida no Condomínio
Residencial West Park Boulevard, por isso o arquiteto teve que obedecer às
exigências impostas pelas normas do condomínio que exige recuo de 3,00m e não
permite a construção de muros nas faces adjacentes ao passeio público. A parcela
tem topografia plana e o formato se aproxima do quadrado, pois as faces não são
perpendiculares entre si. São 470,10 m² de área do terreno, dos quais 55,98% são
destinados à área permeável (Figuras 35-36).
O arquiteto relata em entrevista
32
que nesse projeto teve como idéia inicial
voltar a casa para o interior do lote e não utilizar beirais, mas proteger as janelas
com protetores solares fixos.
6.2.2. Características Arquitetônicas
6.2.2.1 Forma:
O arquiteto implantou a casa de maneira a criar área livre na parte interna do
lote e orientou todos os ambientes para essa área, a fim de manter a privacidade
dos moradores. O programa de necessidades foi distribuído em dois pavimentos,
com pé direito de 2,70m cada, a união de todos os setores resulta em planta com
forma L. A casa é composta por volumes puros, com linhas retas e grandes
aberturas e sem projeção de beirais, mas algumas aberturas receberam protetores
solares fixo (Figuras 33-36).
O setor de serviço está implantado a sudoeste do lote, com as aberturas dos
ambientes voltadas a sudeste e sudoeste. O setor social está zoneado a nordeste
com as aberturas a sudoeste e nordeste, já o íntimo está implantado a noroeste do
lote ocupando a extensão nordeste-sudoeste, com as aberturas voltadas
predominantemente a sudeste, de acordo com os ventos dominantes da região.
Os materiais predominantes no projeto para as paredes, esquadrias e
cobertura, são respectivamente: parede de tijolo 8 furos, assentados na menor
dimensão, emassada e pintada na cor branco e uma parede externa revestida com
pedra natural; portas e janelas predominantemente em madeira com veneziana
móvel e as esquadrias, do pavimento térreo voltadas para sudeste e sudoeste, em
vidro incolor para integração do meio externo com o interno, no caso da sala de
32
Entrevista ao arquiteto Carlos Ribeiro Dantas em 19 de outubro de 2007.
89
estar a grande porta de vidro, que separa esse ambiente do terraço, tem por
finalidade continuar os espaços do setor social para o meio externo; e cobertura em
telha cerâmica sobre forro em concreto.
Decisões projetuais relacionadas às demandas da arquitetura bioclimática
são constatadas em relação à orientação para o sol nascente dos ambientes de
maior permanência: emprego de grandes aberturas para favorecimento da
ventilação e iluminação natural; proteção solar de algumas aberturas por meio da
utilização de protetores solar fixo; criação de espaços de transição como terraço e
circulações laterais e, escolha de materiais (Figuras 33-38).
SOLÁRIO
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO
COMO AMBIENTE DE
TRANSIÇÃO
ACESSO PROTEGIDO
C/ MARQUISE
ESTAR
TERRAÇO
HALL
Figura 37 - Corte A
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
GARAGEM
COZINHA
CIRC. SUÍTE 02
PROTETOR
SOLAR FIXO
UTILIZAÇÃO DA GARAGEM
COMO AMBIENTE DE
TRANSIÇÃO
AMBIENTE COM
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 38 - Corte B
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
90
6.2.2.2 Arranjo Espacial:
O programa de necessidades do projeto em estudo distribui-se em dois
pavimentos, estando no pavimento térreo as salas de estar, jantar, lavabo, terraço e
piscina compondo o setor social e a copa-cozinha, despensa, área de serviço,
dependência de empregada com banheiro e garagem aberta para 2 carros formando
o setor de serviço, além de uma suíte para hóspedes. No segundo pavimento há três
suítes, todas com closet e banheiro, e um estar íntimo formando o setor íntimo, há
também um ambiente social, o solarium. A sala de jantar está no centro dos três
setores, onde há um vazio no segundo piso que compõe o pé direito duplo desse
ambiente, que junto com a circulação vertical (escada) agregam a função de
interligar todos os setores (Figuras 35- 36; 39- 40).
Os ambientes do setor íntimo são bem delimitados entre si e estão
conectados uns aos outros através do corredor de circulação, esse se conecta
espacialmente com o setor social por meio do vazio existente nesse piso. Todas as
suítes possuem aberturas voltadas à sudeste e protegidas da incidência solar direta
por protetor solar fixo, algumas suítes também possuem aberturas para noroeste
proporcionando ventilação cruzada e os demais ambientes possuem aberturas de
acordo com seu zoneamento (Figuras 39-40).
Figura 39 - Planta baixa pav. térreo com
destaque para os três setores, para o core, para
circulação externa e para área de serviço.
Onde: cor rosa representa o setor de serviço;
azul o setor social, amarelo o setor íntimo,
marrom o core, laranja a circulação externa e
roxo a área de serviço.
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
Figura 40 - Planta baixa pav. superior com
destaque para dois setores, para o core e
circulação.
Onde: cor azul representa o setor social,
amarelo o setor íntimo, marrom o core laranja a
circulação do setor íntimo.
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
O setor social tem os ambientes integrados e contínuos formando uma
grande área resultante da junção (sala de jantar + estar + terraço + área verde), com
exceção do solarium que encontra-se no 2° piso. A sala de estar tem uma parede
91
cega, revestida de pedra natural e com a porta de acesso principal, no sentido
nordeste, a principal abertura do ambiente é uma grande porta em vidro incolor que
ocupa a extensão sudoeste da sala de estar, essa porta integra as salas à área
externa dando acesso ao terraço, que serve como ambiente de transição protegendo
a esquadria da incidência direta do sol (Figuras 39-40).
Por fim, o setor de serviço é segregado dos demais setores, mas a cozinha
tem grandes janelas que integra esse ambiente à área social (terraço e área interna
verde). A conexão, entre os ambientes desse setor, é feita de ambiente a ambiente,
ou seja, não a circulações que interliguem esses ambientes. Com exceção da
cozinha que tem aberturas no sentido sudeste e noroeste com ventilação cruzada,
os demais ambientes têm as aberturas orientadas a sudoeste, sem proteção solar e
sem ventilação cruzada. A garagem é completamente aberta e tem uma porta de
acesso direto à área de serviço e a sala de jantar (Figuras 35 e 39).
6.2.3. Análise das Estratégias Arquitetônicas:
6.2.3.1 Suíte Máster
E1
E2
SUÍTE 02
VAZIO
PROJ. MARQUISE
PROJ. MARQUISE
SOLÁRIO
SUÍTE 03
BWC
CIRCULAÇÃO
SUÍTE
MASTER
BWC
CASAL
CLOSET
CLO-
SET
BWC
E1
E2
PROJEÇÃO PROTETOR
SOLAR FIXO
PROJEÇÃO PROTETOR
SOLAR FIXO
SUÍTE 02
VAZIO
PROJ. MARQUISE
PROJ. MARQUISE
SOLÁRIO
S
U
BWC
CIRCULAÇÃO
BWC
CASAL
CLOSET
CLO-
SET
BWC
AMBIENTE COM
VENTILAÇÃO CRUZADA
SUÍTE
MASTER
Figura 41 - Planta baixa– destaque para suíte máster
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
92
O quarto, com forma retangular, está situado no pavimento superior e tem
dois fechamentos verticais voltados para área externa, ambos possuem aberturas
em toda sua extensão, sendo uma orientada a sudeste (E1) e outra a noroeste (E2).
Onde E1 e E2 são janelas em madeira c/ veneziana móvel, ambas com peitoril de
0,90m e altura de 1,20m.
Figura 42 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 4343 Orientation: 122.0°, 0.0°
Sun Position: -66.6°, -0.
HSA: 171.4°
VSA: -180.0°
Time: 17:13
Date: 28th Jun (179)
Dotted lines: July-December.
Figura 43 - carta solar da abertura E1 (janela)
Fonte: A autora (2008)
Figura 44 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 4180 Orientation: -58.0°, 0.
Sun Position: -66.6°, -0.
HSA: -8.6°
VSA: -0.0°
Time: 17:13
Date: 28th Jun (179)
Dotted lines: July-December.
Figura 45 - carta solar da abertura E2 (janela)
Fonte: A autora (2008)
Insolação: A janela E1 é parcialmente beneficiada pelo protetor solar fixo,
pois recebe radiação solar nas primeiras horas da manhã, sendo no solstício de
inverno até as 7:50 hrs e no solstício de verão até as 9:00 hrs. A janela E2 tem
orientação que recebe os raios solares da tarde e o protetor solar existente não a
protege completamente, estando exposta à ação do sol no solstício de inverno das
15:00 hrs em diante e no solstício de verão das 16:20 hrs em diante. Essa análise
mostra que o dimensionamento do protetor solar não foi adequado principalmente no
que se refere à esquadria E2, que sofre maior influência do sol da tarde (Figuras 41-
45).
Ventilação: A ventilação do quarto é cruzada e abundante, proporcionada
pela grande abertura (E1) para entrada das lâminas de ar e pela saída do ar através
93
da janela E2, situada no lado oposto. Além disso, a utilização de janelas de correr
com veneziana móvel favorece o controle da quantidade de ar e o direcionamento
do mesmo no interior do ambiente (Figura 41).
Massa Térmica para Resfriamento: a partir da análise das propriedades
térmicas da telha cerâmica utilizada na cobertura, observa-se que foi utilizada
adequadamente por não serem pintadas. As paredes por sua vez, são em tijolo 8
furos assentadas na menor direção, emassadas e pintadas na cor branca, o que
constitui material leve e refletor com transmitância térmica de 2,49 e atraso térmico
de 3,3. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005c).
6.2.3.2 Sala de Estar
E1
E2
PROJ. PAVTO. SUPERIOR
PROJ. MARQUISE
SUPERIOR
ESTAR
HALL
TERRAÇO
LAV.
JANTAR
SUÍTE 01
BWC
CIRCULAÇÃO
DESP.
COZINHA
ÁREA
SERV.
DEP.
EMP.
BWC
GARAGEM
DEP.
PROJ. PAVTO
PROJ. PROT.
ÁREA
VERDE
ÁREA
VERDE
ÁREA
VERDE
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO
COMO AMBIENTE DE
TRANSIÇÃO
ACESSO PROTEGIDO
C/ MARQUISE
AMBIENTE INTEGRADO
AOS DEMAIS DO
SETOR SOCIAL
E1
E2
P
ROJ. MARQUISE
SUPERI
O
ESTAR
HALL
TERRAÇO
LAV.
COZINHA
PROJ. P
A
PROJ. PROT.
ÁREA
VERDE
Á
REA
V
ERDE
Figura 46 - Planta baixa– destaque para sala de estar
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
A sala, que tem forma retangular, está situada no encontro das fachadas
sudoeste, sudeste e nordeste e possui duas aberturas voltadas para a área externa,
E1 e E2, a primeira orientada a sudoeste e ocupando toda essa extensão do
ambiente, e a segunda orientada a nordeste. Onde E1 é uma porta em vidro de
correr com 4 folhas medindo 5,60m de largura e 2,20 de altura e E2 é a porta de
94
acesso aos visitantes e tem 1,85m de largura por 2,20m de altura, na largura tem
uma parte fixa de 0,65m, a porta é em madeira com veneziana móvel.
Figura 47 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 4337 Orientation: -148.0°, 0.0°
Sun Position: -20.4°, 60.7°
HSA: 127.6°
VSA: 108.
Time: 12:00
Date: 1st Jun (152)
Dotted lines: July-December.
Figura 48 - carta solar da abertura E1(porta)
Fonte: A autora (2008)
Figura 49 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 4336 Orientation: 32.0°, 0.0°
Sun Position: -20.4°, 60.7°
HSA: -52.4°
VSA: 71.
Time: 12:00
Date: 1st Jun (152)
Dotted lines: July-December.
Figura 50 - carta solar da abertura E2(porta)
Fonte: A autora (2008)
Insolação: A sala possui as esquadrias E1 e E2 completamente sombreada
durante todo o ano. O sombreamento de E1 é favorecido pela existência do terraço
como ambiente de transição e o de E2 pela existência de uma marquise em forma
de C que contorna a porta de entrada (Figuras 46-50).
Ventilação: A ventilação da sala é cruzada, mas não se distribui
uniformemente por todo o ambiente, pois a saída do ar acontece através da porta E2
que fica no canto da sala. É possível que a ventilação seja otimizada pela
continuidade espacial existente entre os ambientes da sala de estar e jantar, mas
ainda assim o projeto de novas aberturas para saída do ar seria importante (Figura
46).
Massa Térmica para Resfriamento: A sala recebe bastante influência da
transmissão do calor do meio externo para o interno, pois possui três paredes que se
limitam com o exterior e uma cobertura plana em laje de concreto. As paredes são
em tijolo cerâmico 8 furos assentados na menor direção, duas delas (as orientadas a
95
sudoeste e a sudeste) são emassadas e pintadas com textura branca e a outra
(orientada a nordeste) é revestida com pedra natural. Dos quatro fechamentos (três
paredes e uma cobertura) em contato direto com o meio externo, apenas a parede
sudoeste é protegida da incidência solar direta, através da utilização do terraço
como ambiente de transição entre interior-exterior, isso ocasiona acúmulo de calor
nos outros três fechamentos, esse calor será transmitido para o ambiente depois de
certo tempo o que pode proporcionar desconforto.
6.2.3.3 Cozinha
PROJ. PAVTO. SUPERIOR
PROJ. MARQUISE
SUPERIOR
ESTAR
HALL
TERRAÇO
LAV.
JANTAR
SUÍTE 01
BWC
CIRCULAÇÃO
DESP.
COZINHA
ÁREA
SERV.
DEP.
EMP.
BWC
GARAGEM
DEP.
PROJ. PAVTO
PROJ. PROT.
ÁREA
VERDE
ÁREA
VERDE
ÁREA
VERDE
E1
E3
E4
E2
UTILIZAÇÃO DA GARAGEM
COMO AMBIENTE DE
TRANSIÇÃO
PROTETOR
SOLAR FIXO
PROJ. PAVTO.
PROJ. MARQUISE
TERRAÇ
O
LAV
J
CIRCUL
A
DESP.
COZINHA
ÁREA
SERV.
DEP.
EMP.
BWC
GARAGEM
DEP.
ÁREA
VERDE
E1
E3
E4
E2
AMBIENTE COM
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 51 - Planta baixa– destaque para cozinha
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
A cozinha está situada no pavimento térreo, tem forma retangular e se
conecta diretamente com o setor social através da sala de jantar. Possui dois
fechamentos verticais voltados para o exterior, um no sentido noroeste que dá para
a garagem, onde há uma janela (E4) e outro no sentido sudeste que se volta para a
área de lazer e têm 3 aberturas, sendo duas janelas (E1 e E3) e uma porta (E4).
Todas as esquadrias são em vidro e possuem as seguintes dimensões (largura x
96
altura x peitoril): E1 – 4,10m x 0,50m x 1,60m; E2 – 1,00m x 2,10m; E3 – 2,90m x
1,10m x 1,00m e E4 – 2,20m x 0,50m x 1,60m.
Figura 52 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2008, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 4338 Orientation: -58.0°, 0.
Sun Position: -20.4°, 60.7°
HSA: 37.6°
VSA: 66.
Time: 12:00
Date: 1st Jun (152)
Dotted lines: July-December.
Figura 53 - carta solar da abertura E1(janela)
Fonte: A autora (2008)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 4339 Orientation: -58.0°, 0.
Sun Position: -20.4°, 60.7°
HSA: 37.6°
VSA: 66.
Time: 12:00
Date: 1st Jun (152)
Dotted lines: July-December.
Figura 54 - carta solar da abertura E2(porta)
Fonte: A autora (2008)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 4340 Orientation: 122.0°, 0.0°
Sun Position: -20.4°, 60.7°
HSA: -142.4°
VSA: 114.
Time: 12:00
Date: 1st Jun (152)
Dotted lines: July-December.
Figura 55 - carta solar da abertura E3(janela)
Fonte: A autora (2008)
Figura 56 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2008)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 4341 Orientation: -58.0°, 0.
Sun Position: -20.4°, 60.7°
HSA: 37.6°
VSA: 66.
Time: 12:00
Date: 1st Jun (152)
Dotted lines: July-December.
Figura 57 - carta solar da abertura E4(janela)
Fonte: A autora (2008)
Insolação: As esquadrias E1, E2 e E3 recebem incidência solar direta no
período da manhã. Em E1 ocorre no solstício de inverno até as 8:00 hrs e no
solstício de verão até as 9:00 hrs, em E2 o sol incide no solstício de inverno das 8:00
hrs às 8:30 hrs e no solstício de verão até as 10:00 hrs, já E3 é completamente
sombreada no solstício de inverno e no solstício de verão a incidência ocorre das
97
7:00 hrs às 8:30 hrs. Essa análise mostra que o protetor solar fixo existente
sombreia parcialmente essas esquadrias principalmente depois das 9:00 hrs,
quando o sol é mais intenso. A janela E4 é completamente sombreada durante todo
o ano, esse sombreamento é ocasionado pela existência da garagem como
ambiente de transição entre interior-exterior (Figuras 51- 57).
Ventilação: A ventilação da cozinha é cruzada proporcionada pela entrada
das lâminas de ar através das aberturas E1, E2 e E3, localizadas na zona de alta
pressão, e pela saída através de E4 situada em parede oposta e na zona de baixa
pressão (Figura 51).
Massa Térmica para Resfriamento: A cozinha recebe pouca influência da
transmissão do calor do meio externo para o interno, pois possui apenas dois
fechamentos verticais, e nenhum horizontal, que se limitam com o exterior. Uma das
paredes está orientada a sudeste onde há um protetor solar fixo que contribui para
amenizar a quantidade de calor absorvido por essa superfície, a outra está voltada a
noroeste e é completamente protegida da incidência solar direta pelo ambiente da
garagem. Ambas são em tijolo cerâmico 8 furos assentados na menor direção
emassadas e pintadas com textura branca. Observa-se que são construídas com
material leve e refletor, pois possuem transmitância térmica de 2,48 e atraso térmico
de 3,3 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005c).
98
6.3. RESIDÊNCIA 03
6.3.1. Informações Gerais
Local: Bairro de Lagoa Nova - Natal/RN
Arquiteto: Gaudêncio Torquato
Ano de Formação do Arquiteto: 1978
Ano do Projeto: 1977
Área do terreno: 575,10m²
Área Construída: 267,00 m²
Figura 58 - Perspectiva Fachada Leste
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
Figura 59 - Perspectiva Fachadas Oeste e Norte
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
99
NASCENTEPOENTE
QUARTO 01
QUARTO 02
COZINHA
COPA
BWC
DESP.
ADEGA
SALA DE
ESTAR
DEP.
EMP.
ESCRIT.
SALA DE
JANTAR
BWC
VESTIR
JARDIM
VEN
T
O
S
D
O
M
I
N
AN
T
ES
VEN
T
O
S
D
O
M
I
N
AN
T
ES
VEN
T
O
S
D
O
M
I
N
AN
T
ES
JARDIM
CX.
D`ÁGUA
TERRAÇO
TERRAÇO
TERRAÇO
BWC
SUÍTE
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. COBERTURA
CIRC.
MASTER
PROJ. ARCOS EM CONCREO
PROJ. ARCOS EM CONCREO
A
A
B
B
Figura 60 - Planta baixa
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
O terreno destinado à implantação dessa residência situa-se no bairro de
Lagoa Nova em Natal/RN, em área plana e sem vegetação preexistente. A área total
do lote é 575,10m² com 267,00m² de área construída que resulta em 50% de área
permeável (Figura 58- 60).
Em entrevista
33
ao arquiteto, ele contou que se formou em Recife/PE e
recebeu influência do movimento moderno e da arquitetura dos trópicos
34
propagada
por Armando de Holanda, Delfim Amorim e outros. Como sua atuação é no
Nordeste, onde há intensa radiação solar durante todo o ano, existe uma tendência
em sua concepção a mesclar os preceitos do modernismo com a arquitetura dos
trópicos, por meio da utilização, por exemplo, de materiais como o concreto
(moderno) e da grande cobertura para prover grandes sombras (arquitetura dos
trópicos). De acordo com o arquiteto a permeabilidade dos ventos, proteção da
radiação solar direta e composição formal são diretrizes que norteiam seus projetos.
33
Entrevista realizada com o arquiteto Gaudêncio Torquato em 20 de agosto de 2007.
34
Para o entrevistado, arquitetura dos trópicos e arquitetura bioclimática são nominações diferentes para
conceituar a mesma coisa.
100
6.3.2. Características Arquitetônicas
6.3.2.1 Forma:
A concepção projetual para essa casa partiu da referência do modernismo,
das grandes casas coloniais e da chamada arquitetura dos trópicos.
A casa térrea é implantada com as maiores fachadas voltadas à leste e
oeste e tem o maior recuo na parte frontal, onde é limitada por via pública. Em sua
concepção o arquiteto utilizou-se de preceitos modernistas com a utilização da
modulação, e conseqüente racionalização da construção, e criação de dois pórticos
em concreto que sustentam toda a estrutura da cobertura, os pórticos atravessam
toda a extensão frontal e posterior, nos sentidos leste e oeste, da residência. A ‘casa
colonial’ serviu de base para concepção da grande coberta com telha de barro e
criação de terraço em todo o perímetro da casa, os quais têm por objetivo
proporcionar sombreamento nos limites verticais externos (paredes e aberturas). A
arquitetura dos trópicos encontra-se ‘representada’ pela inserção de elementos que
favorecem a proteção da radiação solar, pela criação de espaços de transição
(terraço), pela utilização de materiais leves e refletores e pela permeabilidade dos
ventos no interior da edificação, possível devido à utilização de esquadrias com
venezianas móveis, cobogós e paredes internas que não limitam-se com a coberta
(Figuras 58-62).
Percebe-se também que o zoneamento funcional da residência serviu de
base para a concepção. A casa está zoneada em ambientes íntimos, sociais e de
serviços, onde o setor social sobressai dos demais em termos de área construída. O
retângulo é a forma, em planta, resultante da junção desses três setores, formando
um volume marcado pela grande coberta em telha cerâmica e pelos arcos de
sustentação em concreto (Figura 60).
Os materiais predominantes no projeto para os limites verticais (paredes e
esquadrias) e horizontal (cobertura) são: parede de tijolo 8 furos, assentados na
menor dimensão, emassada e pintada na cor branco; portas e janelas em madeira c/
veneziana móvel, há também cobogós em concreto em toda a extensão das
fachadas leste e oeste; e cobertura sustentada por pórtico em concreto, em telha de
barro. A cobertura é composta por duas águas com inclinação de 25% cada (Figuras
61 -62). Há forro em concreto apenas na circulação.
101
A orientação dos setores íntimo e social está predominantemente voltado
para leste e o de serviço para oeste. Mas vale lembrar que há terraço, como
elemento de transição, em toda a extensão da casa, o que contribui para a obtenção
de conforto (Figuras 58-62).
MASTERCLOSETBWC
ABERTURAS DO TIPO COBOGÓ EM TODA
EXTENSÃO DA RESIDÊNCIA, NOS SENTIDOS LESTE
E OESTE, QUE CONTRIBUEM PARA OTIMIZAR OS
FLUXOS DE AR NO INTERIOR DA EDIFICAÇÃO
AMPLO BEIRAL PARA
SOMBREAMENTO DOS
FECHAMENTOS EXTERNOS
UTILIZAÇÃO DE TERRAÇO COMO AMBIENTE
DE TRANSIÇÃO, CONTRIBUINDO PARA
PROTEGER OS AMBIENTES INTERNOS DA
INCIDÊNCIA SOLAR DIRETA
PAREDES INTERNAS C/ ALTURA
INTERMEDIÁRIA FAVORECENDO
A VENTILAÇÃO NATURAL
SUÍTE
TODOS OS AMBIENTES TÊM
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 61 - Corte A
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
01JANTARESTAR
TERRAÇO
UTILIZAÇÃO DE TERRAÇO COMO
AMBIENTE DE TRANSIÇÃO, CONTRIBUINDO
PARA PROTEGER OS AMBIENTES
INTERNOS DA INCIDÊNCIA SOLAR DIRETA
ABERTURAS DO TIPO COBOGÓ EM TODA
EXTENSÃO DA RESIDÊNCIA, NOS SENTIDOS
LESTE E OESTE, QUE CONTRIBUEM PARA
OTIMIZAR OS FLUXOS DE AR NO INTERIOR
DA EDIFICAÇÃO
PAREDES INTERNAS C/ ALTURA
INTERMEDIÁRIA FAVORECENDO
A VENTILAÇÃO NATURAL
AMPLO BEIRAL PARA
SOMBREAMENTO DOS
FECHAMENTOS EXTERNOS
QUARTO
01
QUARTO
MASTER
SUÍTE
TODOS OS AMBIENTES TÊM
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 62 - Corte B
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
6.3.2.2 Arranjo Espacial:
O programa de necessidades é composto por: setor íntimo com uma suíte
máster com closet e banheiro, dois quartos com banheiro conjugado e um escritório;
setor social, com sala de estar, jantar e terraço; e setor de serviço com copa,
cozinha, despensa, adega e dependência da empregada com banheiro. Esses
setores são parcialmente segregados entre si, pois apesar de terem o zoneamento
bem definido, há o terraço que envolve toda a residência unindo os setores e, há a
dependência de empregada que se conecta diretamente à circulação do setor
102
íntimo, essa localização é resultado do relacionamento antigo da proprietária com a
babá, de acordo com o discurso do arquiteto (Figura 63).
Figura 63 - Planta baixa com destaque para os três setores, para o core, para circulação do setor
íntimo e área de serviço.
Onde: cor rosa representa o setor de serviço; azul o setor social, amarelo o setor íntimo, laranja a
circulação do setor íntimo e roxo a área de serviço.
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
O setor íntimo está zoneado ao sul do lote, com parte dos ambientes
voltados a leste e parte a oeste, esses são conectados entre si e aos demais setores
através de um corredor central, mas a suíte máster também se interliga ao terraço.
Os ambientes são favorecidos pelo sombreamento, utilização de terraço e grande
projeção do beiral, e pela ventilação cruzada, em função da existência de aberturas
em toda extensão das fachadas leste e oeste e da altura das paredes internas, que
permitem que o vento penetre em toda a casa, porém há a inconveniente falta de
controle das aberturas do tipo cobogó em dias mais frios, além da possibilidade de
entrada de insetos e da perda da privacidade (Figura 63).
O setor social está zoneado predominantemente a norte do lote fazendo
conexão com os demais setores, por intermédio do terraço existente no perímetro de
toda a residência. Nele as salas de estar e jantar são contínuas, sem nenhuma
divisão espacial. Os ambientes possuem grandes aberturas, tanto de entrada (leste)
quanto de saída (norte e oeste) do ar, e as fachadas são protegidas da radiação
solar em baixos ângulos solares, por intermédio da projeção do beiral (Figura 63).
O setor de serviço está implantado a oeste, possuindo a dependência de
empregada conectada diretamente à área de serviço e a circulação do setor íntimo.
A copa e cozinha são integradas espacialmente e separadas do setor social pelos
ambientes da despensa e da adega. Apesar da orientação desfavorecida, esses
103
ambientes têm ventilação cruzada e sombreamento das fachadas gerado pela
coberta e pelo terraço (Figura 63).
6.3.3. Análise das estratégias arquitetônicas
6.3.3.1 Suíte Máster
COZINHA
COPA
BWC
DESP.
ADEGA
SALA DE
ESTAR
SALA DE
JANTAR
JARDIM
JARDIM
TERRAÇO
TERRAÇO
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. COBERTURA
PROJ. ARCOS EM CONCREO
PROJ. ARCOS EM CONCREO
QUARTO 01
QUARTO 02
DEP.
EMP.
ESCRIT.
BWC
VESTIR
BWC
SUÍTE
CIRC.
MASTER
E1
E2
E3
TERRAÇO
CX.
D`ÁGUA
cobogó
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO
COMO AMBIENTE DE
TRANSIÇÃO
BWC
JARDIM
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. ARCOS EM CONCREO
PROJ. ARCOS EM CONCREO
QUARTO 01
QUARTO 02
DEP.
EMP.
ESCRIT.
BWC
VESTIR
BWC
SUÍTE
CIRC.
MASTER
E1
E2
E3
TERRAÇO
CX.
D`ÁGUA
cobogó
USO DE GRANDES
BEIRAIS
PAREDES 'BAIXAS', EXISTÊNCIA DE
COBOGÓS NA EXTENSÃO DAS
FACHADAS LESTE E OESTE E AUSÊNCIA
DE FORRO, FAVORECEM A
PERMEABILIDADE DOS VENTOS
NATURAIS NO INTERIOR DA RESIDÊNCIA
AMBIENTE C/
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 64 - Planta baixa– destaque para suíte máster
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
O quarto com forma retangular está situado no encontro das fachadas sul e
leste e possui três aberturas voltadas para a área externa (E1, E2 e E3), todas
orientadas a leste e juntas ocupam toda essa extensão do ambiente, onde E1 é uma
porta de giro em madeira c/ veneziana móvel, E2 é uma janela com veneziana móvel
com peitoril de 1,00m e altura de 1,10m e E3 é formada por cobogó em concreto e
com peitoril de 2,30m e altura de 0,60m.
104
Figura 65 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 43429 Orientation: -90.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: 46.5°
VSA: 80.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 66 - carta solar da abertura E1 (porta)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 43430 Orientation: -90.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: 46.5°
VSA: 80.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 67 - carta solar da abertura E2 (janela)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 43431 Orientation: 90.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: -133.5°
VSA: 99.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 68 - carta solar da abertura E3 (cobogó)
Fonte: A autora (2007)
Insolação: As esquadrias E1, E2 são quase totalmente sombreadas pela
projeção da cobertura, recebendo radiação solar em poucas horas da manhã,
estando a E1 ‘desprotegida’ no solstício de inverno das 6:30 hrs até as 8:10 hrs e
no solstício de verão das 6:20 hrs até as 8:00hrs, já a E2 no solstício de inverno das
7:00 hrs até as 7:30 hrs hrs e no solstício de verão até as 7:20hrs. O cobogó, E3,
por está mais próximo à cobertura encontra-se completamente sombreado. A
pequena radiação sobre a superfície pode ser considerada saudável, pois ocorre
nas primeiras horas da manhã e contribui para eliminar fungos (Figuras 64-68).
Ventilação: A ventilação do quarto é cruzada e abundante proporcionada
pelas grandes aberturas para entrada das lâminas de ar e pela saída através da
inexistência de forro e da altura das paredes internas, que não se limitam
verticalmente com a cobertura criando uma espécie de ático
35
sob a coberta. Deve-
se ressaltar apenas que a falta de controle dessa ventilação, devido ao uso de
35
Área para livre circulação do ar próximo à coberta.
105
cobogó e paredes que não encostam verticalmente na cobertura podem ocasionar
desconforto em dias mais frios e a entrada indesejada de insetos (Figura 64).
Massa Térmica para Resfriamento: a partir da análise das propriedades
térmicas da telha cerâmica utilizada na cobertura, observa-se que foi utilizado
adequadamente por não serem pintadas e pelo projeto contemplar aberturas em
dois beirais opostos ocupando toda a extensão das fachadas respectivas. As
paredes por sua vez, são em tijolo 8 furos assentadas na menor direção, emassadas
e pintadas na cor branca, o que constitui material leve e refletor com transmitância
térmica de 2,49 e atraso térmico de 3,3. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2005c).
6.3.3.2 Sala de Estar
E1
E2
cobogó
E3
COZINHA
COPA
BWC
DESP.
ADEGA
SALA DE
ESTAR
SALA DE
JANTAR
JARDIM
JARDIM
TERRAÇO
TERRAÇO
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. ARCOS EM CONCREO
PROJ. ARCOS EM CONCREO
QUARTO 01
QUARTO 02
DEP.
EMP.
ESCRIT.
BWC
VESTIR
BWC
SUÍTE
CIRC.
MASTER
TERRAÇO
CX.
D`ÁGUA
E1
E2
cobogó
E1
E2
cobogó
PAREDES 'BAIXAS', EXISTÊNCIA DE COBOGÓS
NA EXTENSÃO DAS FACHADAS LESTE E OESTE E
AUSÊNCIA DE FORRO, FAVORECEM A
PERMEABILIDADE DOS VENTOS NATURAIS NO
INTERIOR DA RESIDÊNCIA
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO
COMO AMBIENTE DE TRANSIÇÃO
E3
COZINHA
COPA
DESP.
ADEGA
SALA DE
ESTAR
SALA DE
JANTAR
JARDIM
TERRAÇO
TERRAÇO
PROJ. COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
E1
E2
cobogó
AMBIENTE C/
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 69 - Planta baixa– destaque para sala de estar
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
A sala, que tem forma retangular, está situada no encontro das fachadas
leste e norte e possui três aberturas voltadas para a área externa, E1, E2 e E3, as
duas primeiras orientadas a leste e ocupando toda essa extensão do ambiente, e a
última orientada a norte. Onde E1 é janela com veneziana móvel com peitoril de
1,00m e altura de 1,10m, E2 é formada por cobogó em concreto com peitoril de
106
2,30m e altura de 0,60m e E3 é uma janela alta com 0,40m de altura em madeira
com veneziana móvel.
Figura 70 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 43434 Orientation: 90.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: -133.5°
VSA: 99.2°
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 71 - carta solar da abertura E1 (janela)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 43435 Orientation: -90.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: 46.5°
VSA: 80.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 72 - carta solar da abertura E2 (cobogó)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 43437 Orientation: -0.0°, 0.0°
Sun Position: 66.9°, 0 .2°
HSA: 66.9°
VSA: 0.
Time: 05:30
Date: 11th Jun (162)
Dotted lines: July-December.
Figura 73 - carta solar da abertura E3 (janela)
Fonte: A autora (2007)
Insolação: A sala possui as esquadrias E1 e E2 completamente
sombreadas durante todo o ano pela utilização do grande beiral que se estende até
o pórtico em concreto. A janela E3 recebe incidência direta do sol no solstício de
inverno no decorrer do ano durante todo o dia (Figuras 69-73).
Ventilação: A ventilação da sala, assim como a do quarto, é cruzada e
abundante proporcionada pelas grandes aberturas para entrada das lâminas de ar e
pela saída através da E3, da inexistência de forro e continuidade da sala com
ambientes dos outros setores. Deve-se ressaltar apenas que a falta de controle
dessa ventilação, devido ao uso de cobogó pode ocasionar desconforto em dias
mais frios e a entrada indesejada de insetos (Figura 69).
Massa Térmica para Resfriamento: Como os materiais utilizados são os
mesmos do quarto de casal, e de acordo com análise feita anteriormente pode-se
dizer que os materiais são leves e refletores e por isso, estão adequados às
exigências da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005c.
107
6.3.3.3 Cozinha
COZINHA
COPA
BWC
DESP.
ADEGA
SALA DE
ESTAR
SALA DE
JANTAR
JARDIM
JARDIM
TERRAÇO
TERRAÇO
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
PROJ. ARCOS EM CONCREO
PROJ. ARCOS EM CONCREO
QUARTO 01
QUARTO 02
DEP.
EMP.
ESCRIT.
BWC
VESTIR
BWC
SUÍTE
CIRC.
MASTER
TERRAÇO
CX.
D`ÁGUA
E1
E2
cobogó
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO
COMO AMBIENTE DE TRANSIÇÃO
USO DE GRANDES
BEIRAIS
COZINHA
COPA
BWC
DESP.
ADEGA
SALA DE
ESTAR
SALA DE
JANTAR
JARDIM
JARDIM
TERRAÇO
TERRAÇO
PROJ. COBERTURA
PROJEÇÃO DA COBERTURA
E
O
E
O
QUARTO 02
ESCRIT.
CIRC.
CX.
D`ÁGUA
E1
E2
cobogó
PAREDES 'BAIXAS', EXISTÊNCIA DE COBOGÓS
NA EXTENSÃO DAS FACHADAS LESTE E OESTE E
AUSÊNCIA DE FORRO, FAVORECEM A
PERMEABILIDADE DOS VENTOS NATURAIS NO
INTERIOR DA RESIDÊNCIA
AMBIENTE C/
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 74 - Planta baixa– destaque para cozinha
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
A cozinha tem forma aproximada de um quadrado, possui duas aberturas
voltadas para a área externa, E1 e E2, ambas orientadas a oeste e ocupando toda
essa extensão do ambiente (Figura 74). Onde E1 é janela com veneziana móvel com
peitoril de 1,00m e altura de 1,10m e E2 é formada por cobogó em concreto com
peitoril de 2,30m e altura de 0,60m.
Figura 75 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 43430 Orientation: 90.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: -133.5°
VSA: 99.2°
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 76 - carta solar da abertura E1(janela)
Fonte: A autora (2007)
108
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 43433 Orientation: 90.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: -133.5°
VSA: 99.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 77 - carta solar da abertura E2 (cobogó)
Fonte: A autora (2007)
Insolação: A esquadria E2 é quase que totalmente sombreada pela
projeção da cobertura, recebendo radiação solar em poucos minutos do final da
tarde, já a E1, tanto no solstício de inverno quanto no de verão, recebe incidência
direta no período da tarde, iniciando-se por volta das 14:00 hrs e se estendendo até
as últimas horas do dia. Esse resultado mostra que apesar das soluções dadas para
prover sombreamento (projeção de beiral terraço como ambiente de transição)
serem adequadas às diretrizes propostas na literatura, o dimensionamento foi
insuficiente para atender tal demanda, o que pode ser evitado utilizando ferramentas
para simulação durante o processo de concepção (Figuras 74 -77).
Ventilação: A ventilação da cozinha é cruzada e abundante proporcionada
pela entrada das lâminas de ar através das aberturas (janelas, portas e cobogós)
existentes na fachada leste e pela saída através da E1 e E2, essa movimentação de
ar no interior da residência se dá, como visto nas outras análises, pelas paredes
internas que não se limita com a cobertura e inexistência de forro. A ressalva que se
faz a essa solução é a mesma das outras análises (Figura 74).
Massa Térmica para Resfriamento: Como os materiais são os mesmos
utilizados no quarto de casal e sala de estar, e de acordo com análise feita
anteriormente pode-se dizer que os materiais são leves e refletores.
109
6.4. RESIDÊNCIA 04
6.4.1. Informações Gerais
Local: Bairro de Ponta Negra -Natal/RN
Arquiteto: Haroldo Maranhão
Ano de Formação do Arquiteto: 1984
Ano do Projeto: 2004
Área do Terreno: 420,00m²
Área Construída: 296,73 m²
Figura 78 - Perspectiva Fachadas Sul e Leste
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
Figura 79 - Perspectiva Fachadas Norte e Oeste
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
110
CIRCULAÇÃO
COZINHA
DESP.
BWC
TERRAÇO
SALA TV
LAV.
GARAGEM
PISCINA
DECK
JARDIM
JARDIM
SALA ESTAR
DEP.
EMP.
ÁREA
SERVIÇO
JARDIM
PROJEÇÃO DA COBERTURA
ESPAÇO
GOURMET
PROJ. DA COBERTURA
PROJ. PEÇAS EM EUCALIPTO
POENTE
NASCENTE
V
E
N
T
O
S
V
E
N
T
O
S
D
O
M
I
N
A
N
T
E
S
V
E
N
T
O
S
D
O
M
I
N
A
N
T
E
S
A
A
B
B
Figura 80 - Planta Baixa- pav. térreo
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
SUÍTE MASTER
QUARTO
BWC
BWC
CIRC.
VARANDA
CLOSET
BWC
PROJEÇÃO DA COBERTURA
VAZIO
VAZIO
NASCENTE
POENTE
PROJ. DA COBERTURA
V
E
N
T
O
S
D
O
M
I
N
A
N
T
E
S
V
E
N
T
O
S
D
O
M
I
N
A
N
T
E
S
V
E
N
T
O
S
D
O
M
IN
A
N
T
E
S
QUARTO
A
A
B
B
Figura 81 - Planta Baixa – pav. superior
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
.
111
O lote, de topografia plana, tem dimensões de 14x30m encontra-se inserido
no condomínio residencial horizontal Ponta Negra Boulevard. A parcela localiza-se
em frente à Barreira do Inferno (Território da Marinha que tem área densamente
vegetada e preservada), sendo separada desse, pelo muro e por uma via interna do
condomínio, a vizinhança imediata (laterais e fundos) é composta por outros lotes
residenciais. Dos 420,00m² de área do lote, 34,88% são permeáveis (Figuras 80-81).
O arquiteto relata em entrevista
36
, que a questão do conforto ligada à
funcionalidade dos ambientes e a estética da obra são diretrizes básicas para
qualquer projeto. Conforme informação verbal onde ele diz que: “A questão do
conforto está ligada à função em todos os espaços [...] O que também acompanha
isso é a questão da estética, dos efeitos visuais [...]” (informação verbal.
MARANHÃO, 2007).
6.4.2. Características Arquitetônicas
6.4.2.1 Forma:
A residência foi pensada para uma família composta por um casal com dois
filhos, sendo um rapaz e uma moça. O dono da casa é gaúcho e exigiu uma ampla
área de lazer com churrasqueira e piscina. Algumas demandas de projeto que
nortearam as decisões do arquiteto foram prover ventilação natural e sombreamento
em todos os ambientes; recriar algum elemento da cultura nordestina, como
exemplo, o mucharabi, as tramas de artesanato, arapucas; possibilitar uma
integração visual entre os ambientes, voltar a casa para os ‘fundos’ do lote a fim de
obter maior privacidade, tendo em vista que no condomínio não é permitido muro
frontal e atender às necessidades do cliente (Figuras 78-81).
A casa é constituída em dois pavimentos, onde o térreo tem 176,18m² de
área construída e o pavimento superior 120,61m². Há zoneamento, bem definido,
entre os setores (social, íntimo e de serviço), onde os ambientes do setor social e de
serviço são distribuídos no pavimento térreo e os ambientes do setor íntimo
encontram-se no pavimento superior. A implantação da residência proporcionou
maior recuo na parte posterior do lote, onde há a área de lazer composta por piscina,
deck, espaço gourmet e jardim, essa localização perante a implantação mostra a
36
Entrevista ao arquiteto Haroldo Maranhão em 23 de agosto de 2007.
112
busca pela privacidade dos moradores (Figuras 80- 81). A proposta formal da planta
baixa é retangular, resultando num volume simples coberto por duas quedas de
água em telha cerâmica e marcado pela criação de um elemento em eucalipto. Esse
elemento faz alusão a algumas tramas do artesanato local, o qual o arquiteto
chamou do “grande respirador da casa” (Figura 78), além disso, foi utilizado nas
fachadas frontal e posterior revestimento em pedra natural apenas no pavimento
térreo para destacar este piso.
As maiores fachadas encontram-se voltadas a leste e oeste, onde o setor de
serviço foi implantado com os ambientes voltados a oeste e sul, o setor social a
norte, leste e sul e o setor íntimo voltado para a área de lazer que fica a norte. As
áreas dos setores íntimo, social e de serviço são equivalentes, porém a área do
setor social predomina em relação às demais.
Os materiais predominantes no projeto para os limites verticais (paredes e
esquadrias) e horizontal (cobertura) são: paredes em tijolo cerâmico 8 furos
emassadas e pintadas na cor branco, com exceção das paredes externas das
fachadas leste e oeste, que são duplas e revestidas no pavimento térreo com pedra
natural e no superior são pintadas na cor branco; as esquadrias externas são
predominantemente em madeira com venezianas móvel e em cada quarto há o uso
de esquadrias duplas, ou seja, uma porta de correr com duas folhas (uma interna e
uma externa), sendo uma de veneziana móvel e outra de vidro com estrutura de
madeira (abrem independentes uma da outra). Na sala de estar há uma grande
porta de vidro que abre completamente, 100%, (Figura 80) para se integrar à área de
lazer. Internamente as esquadrias são em madeira e possuem bandeirolas com
veneziana móvel; e cobertura em telha cerâmica com duas águas, exceto na
circulação do pavimento superior que é coberta por laje impermeabilizada (Figuras
78-83).
A preocupação do arquiteto quanto às diretrizes da arquitetura bioclimática é
constatada por meio das estratégias tomadas quanto a: proteção das paredes da
radiação solar direta, pois o arquiteto criou espaços de transição (terraços e
garagem aberta), grandes beirais (1,50m nas fachadas norte e sul e 0,85m nas
fachadas leste e oeste) e, protetor solar fixo nas janelas; e o favorecimento da
ventilação natural cruzada, por meio da utilização de pé direito duplo na sala de TV e
circulação vertical, esquadrias de entrada e saída de ar e, a criação de um elemento
de madeira em eucalipto (Figuras 78 - 83).
113
QUARTO
ESTAR
GARAGEM
TERRAÇO
DECK
PISCINA
AR INTERIOR
FLUXO DO
DIMINUIÇÃO DA INCIDÊNCIA
SOLAR DIRETA POR MEIO DA
UTILIZAÇÃO DE GRANDES BEIRAIS
1.50
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO COMO
AMBIENTE DE TRANSIÇÃO O QUE
CONTRIBUI PARA PROTEGER OS
AMBIENTES INTERNOS DA
INCIDÊNCIA SOLAR
ESTRUTURA VAZADA EM EUCALIPTO
QUE PROPORCIONA A PERMEABILIDADE
DOS VENTOS NATURAIS
7.34
PÉ DIREITO DUPLO PARA FAVORECIMENTO
DA VENTILAÇÃO NATURAL E
RESFRIAMENTO DO AMBIENTE
Figura 82 - Corte A
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
QT. CASAL QT. QT. BWCBWC
GRANDE BEIRAIS
ESTARCOZINHA
PORTA DE CORRER
COM VENEZIANA MÓVEL
PORTA DE CORRER DE
VIDRO C/ ESTRUTURA
DE MADEIRA
PROTETOR SOLAR FIXO
PROTETOR
SOLAR FIXO
Figura 83 - Corte B
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
6.4.2.2 Arranjo Espacial:
O programa de necessidades é composto: no setor íntimo por uma suíte
máster com terraço, closet e banheiro e duas suítes para os filhos; no setor social
por uma sala de estar, sala de TV, terraço com espaço gourmet e lavabo, e piscina;
e setor de serviço por cozinha, despensa, dependência e banheiro, área de serviço e
garagem para 2 carros. O setor íntimo é segregado dos demais por estar isolado no
primeiro pavimento, mas o pé direito existente na circulação vertical e sala de TV
integra visualmente a circulação desses ambientes ao setor social. Quanto aos
setores social e de serviço também há zoneamento espacial bem definido, mas a
inexistência de parede entre cozinha e sala de estar integra esses setores através
da continuidade desses ambientes (Figuras 80 - 81; 84 - 85).
114
Figura 84 - Planta baixa pav. térreo com
destaque para dois setores e área de serviço.
Onde: cor rosa representa o setor de serviço;
azul o setor social e roxo a área de serviço.
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
Figura 85 - Planta baixa pav. superior com
destaque para setor íntimo e circulação.
Onde: cor amarelo o setor íntimo, laranja a
circulação do setor íntimo.
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido
pelo arquiteto).
No setor íntimo os ambientes são conectados entre si através de corredor de
circulação lateral e se interligam ao setor social através de circulação vertical com pé
direito duplo (Figura 82). Os quartos se beneficiam do sombreamento proporcionado
pela projeção da cobertura, da ventilação cruzada (Figuras 81 e 85).
O setor social se conecta com o íntimo através de circulação vertical e com o
de serviço por intermédio da continuidade da sala com a cozinha. Esse setor tem os
ambientes completamente conectados e integrados entre si pela ausência de
paredes e pela existência de grandes esquadrias que se abrem por completo unindo
interior+interior e interior+ exterior. Os ambientes têm as aberturas voltadas a norte,
a leste e a sul, essas são sombreadas pela projeção da cobertura, por ter terraço e
garagem aberta como espaços de transição e, pelo uso de protetor solar fixo em
algumas esquadrias. Os ambientes são beneficiados também, pela ventilação
cruzada através da existência de aberturas de entrada e saída de ar e da utilização
do elemento de madeira na fachada frontal, que permite a entrada de ar, porém não
há controle dessas lâminas de vento em dias mais frios, nem da possível entrada de
insetos (Figuras 80 e 84).
Por fim, o setor de serviço que tem os ambientes delimitados entre si, onde a
cozinha é a ‘porta de entrada’ desse setor através do social e a área de serviço é a
‘porta de entrada’ através da ‘circulação de serviço’, além de conectar todos os
ambientes do mesmo. A cozinha possui duas aberturas, sendo uma para o espaço
gourmet e outra com protetor solar fixo no sentido oeste. A área de serviço e o
banheiro também estão voltados a oeste e a dependência tem abertura com protetor
solar fixo no sentido sul (Figuras 80 e 84).
115
6.4.3. Análise das Estratégias Arquitetônicas
6.4.3.1 Suíte Máster
E1
QUARTO
BWC
BWC
CIRC.
CLOSET
BWC
PROJEÇÃO DA COBERTURA
VAZIO
VAZIO
PROJ. DA COBERTURA
QUARTO
E2
E3
SUÍTE MASTER
VARANDA
PROTETOR
SOLAR FIXO
UTILIZAÇÃO DE VARANDA COMO
AMBIENTE DE TRANSIÇÃO
E1
QUARTO
BWC
BWC
CIRC.
CLOSET
BWC
PROJEÇÃO DA COBERTURA
VAZIO
VAZIO
PROJ. DA COBERTURA
QUARTO
E2
E3
SUÍTE MASTER
VARANDA
AMBIENTE C/
VENTILAÇÃO CRUZADA
PORTA DE CORRER
COM VENEZIANA MÓVEL
Figura 86 - Planta baixa pav. superior – destaque para suíte máster
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
A Suíte Casal está situada no 1° pavimento, voltada para a parte posterior
do lote. O quarto tem forma retangular com a maior face externa orientada a oeste,
onde possui parede dupla revestida c/ textura branca e duas esquadrias (E2 e E3)
cada uma com uma folha fixa de veneziana móvel medindo 1,10m de largura por
1,10m de altura, ambas protegidas por protetor solar fixo. Na face norte o quarto é
interligado à varanda através de uma porta de correr (E1) com quatro folhas de
veneziana móvel medindo 3,45m de largura x 2,10m de altura. Nas outras faces têm-
se as portas de acesso ao quarto e ao closet, ambas de madeira medindo 0,70m x
2,10m mais bandeirolas em veneziana móvel medindo 1,58m x 0,30m e 2,20m x
0,30m respectivamente (Figura 86).
116
Figura 87 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 1618 Orientation: -161.0°, 0.0°
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: 117.5°
VSA: 96.2°
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 88 - carta solar da abertura E1 (porta)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 1915 Orientation: -71.0°, 0.0°
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: 27.5°
VSA: 78.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 89 - carta solar da abertura E2 (janela)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 1914 Orientation: -71.0°, 0.0°
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: 27.5°
VSA: 78.3°
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 90 - carta solar da abertura E3 (janela)
Fonte: A autora (2007)
Insolação: A varanda e o beiral protegem completamente a porta E1 da
incidência direta do sol durante todo o ano. Já as janelas E2 e E3 recebem radiação
solar a partir das 14:00 hrs no solstício de verão e das 12:50 hrs no solstício de
inverno, o que significa dizer que o dimensionamento para o protetor solar não foi
adequado (Figuras 86 - 90).
Ventilação: O ambiente possui sistema de ventilação cruzada, já que são
encontradas aberturas em todas as suas faces, porém as principais aberturas (E1,
E2 e E3 – Figura 57- 59) não estão voltadas para os ventos dominantes. As lâminas
de ar sudeste penetram a casa principalmente através da grande estrutura vazada
de eucalipto; e o pé direito duplo existente no setor social permite que esse ar entre
na suíte do casal pela porta de acesso ao quarto, que possui bandeirola com
veneziana móvel medindo 1,58m de largura por 0,30m de altura. A abertura voltada
para os ventos dominantes encontra-se no interior da residência e é bem menor do
que as outras aberturas (E1, E2 e E3) o que pode acarretar uma ventilação natural
deficiente e com grande velocidade. A otimização da ventilação natural, para esse
117
ambiente, pode ser feita permitindo que a porta de acesso fique aberta, pois
possibilita maior área para penetração dos ventos (Figura 86).
Massa Térmica para Resfriamento: A análise das propriedades térmicas
da telha cerâmica com forro de gesso mostra que o material é adequado ao nosso
clima por não serem pintadas nem esmaltadas. As paredes em tijolo 8 furos
assentados na menor dimensão (fachadas norte) também atende às exigências da
Norma por terem valores de transmitância térmica de 2,49 e atraso térmico de 3,3, já
as paredes duplas não se enquadram a Norma devido ao atraso térmico que é 5,5,
maior que os 4,3 prescritos. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2005c).
6.4.3.2 Sala de Estar
CIRCULAÇÃO
COZINHA
DESP.
BWC
TERRAÇO
SALA TV
LAV.
GARAGEM
PISCINA
DECK
JARDIM
JARDIM
SALA ESTAR
DEP.
EMP.
ÁREA
SERVIÇO
JARDIM
PROJEÇÃO DA COBERTURA
ESPAÇO
GOURMET
PROJ. DA COBERTURA
PROJ. PEÇAS EM EUCALIPTO
E1
E2
E3
E4
PROTETOR
SOLAR FIXO
UTILIZAÇÃO DO TERRAÇO
COMO AMBIENTE DE
TRANSIÇÃO
AMBIENTE C/ PÉ
DIREITO DUPLO
CIRCULAÇÃO
COZINHA
DESP.
BWC
TERRAÇO
SALA TV
LAV.
GARAGEM
PISCINA
DECK
JARDIM
JARDIM
SALA ESTAR
DEP.
EMP.
ÁREA
SERVI
Ç
JARDIM
ESPAÇO
GOURMET
PROJ. DA COBERTURA
PROJ. PEÇAS EM EUCALIPTO
E1
E2
E3
E4
ESQUADRIAS EM
VIDRO INCOLOR
AMBIENTE C/
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 91 - Planta baixa pav. térreo – destaque para sala de estar
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
A sala de estar fica situada no térreo integrada ao terraço, à cozinha e à sala
de TV, dela é possível ver o lote de um lado a outro. O ambiente tem forma que se
aproxima de um quadrado e só tem uma parede que fica do lado leste, essa é dupla,
118
emassada e pintada com textura branca. Os limites sul e oeste são demarcados por
vigas e o norte por uma grande porta de correr (E1) com 4 folhas de vidro e estrutura
de madeira, que se abrem completamente dando continuidade ao ambiente por meio
da integração com o terraço. Na fachada leste há duas janelas (E2 e E3 medindo
1,10m de largura por 1,10m de altura) cada uma com uma folha fixa de veneziana
móvel mais protetor solar fixo. O ambiente possui laje de concreto que compõe o
piso da circulação e dos quartos no pavimento superior. A continuidade do ambiente
em todas as orientações favorece a ventilação cruzada e a iluminação natural
(Figura 91).
Figura 92 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 1668 Orientation: 19.2°, 0.
Sun Position: -85.7°, 1.9°
HSA: -104.
VSA: 172.
Time: 17:15
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 93 - carta solar da abertura E1 (porta)
Fonte: A autora (2007)
Figura 94 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 1918 Orientation: -71.0°, 0.
Sun Position: -85.7°, 1.9°
HSA: -14.
VSA: 2.0°
Time: 17:15
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 95 - carta solar da abertura E2 (janela)
Fonte:
A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 1919 Orientation: -71.0°, 0.
Sun Position: -85.7°, 1.9°
HSA: -14.
VSA: 2.0°
Time: 17:15
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 96 - carta solar da abertura E3 (janela)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 3985 Orientation: -161.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: 117.5°
VSA: 96.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 97 - carta solar da abertura E4 (porta e
esquadria fixa alta)
Fonte: A autora (2007)
119
Insolação: A sala de estar encontra-se protegida da incidência solar direta
nas fachadas norte e sul (esquadrias E1 e E4, respectivamente), pois existem
ambientes de transição do meio externo para o interno que contribuem efetivamente
para esse resultado. Já, as esquadrias E2 e E3, apesar de existir protetor solar fixo,
recebem incidência solar em parte da manhã no solstício de inverno (até 8:40hrs) e
verão (até 9:30hrs) (Figuras 91-97).
Ventilação: A sala possui ventilação cruzada proporcionada principalmente
pela existência do elemento vazado em eucalipto, que se localiza na zona de alta
pressão, e da esquadria de vidro, na zona de baixa pressão, ambas ocupam toda a
extensão do ambiente, podendo-se concluir que o fluxo de ar é bem distribuído
internamente. A única ressalva que deve ser feita é a falta de controle desse fluxo,
pois o elemento vazado não permite ser fechado, possibilitando assim, a entrada
excessiva de lâminas de ar ou até mesmo de insetos (Figura 91).
Massa Térmica para Resfriamento: O ambiente se limita com o meio
externo apenas através da parede leste em tijolo cerâmico 8 furos assentados na
maior direção, emassada e pintada com textura branca. Esse material apesar de ter
o atraso térmico maior que os 4,3 exigidos pela Norma, não apresenta um problema,
tendo em vista a amplitude do volume interno composto pela continuidade dos
ambientes desse setor.
6.4.3.3 Cozinha
CIRCULAÇÃO
DESP.
BWC
TERRAÇO
SALA TV
LAV.
GARAGEM
PISCINA
DECK
JARDIM
JARDIM
SALA ESTAR
DEP.
EMP.
ÁREA
SERVIÇO
JARDIM
PROJEÇÃO DA COBERTURA
ESPAÇO
GOURMET
PROJ. DA COBERTURA
PROJ. PEÇAS EM EUCALIPTO
E1
E2
COZINHA
120
CIRCULAÇÃO
DESP.
BWC
TERRAÇO
SALA TV
LAV.
GARAGEM
PIS
C
DECK
JAR
JA
R
SALA ESTAR
DEP.
EMP.
ÁREA
SERVIÇO
JARDIM
PROJEÇÃO DA COBERTURA
ESPAÇO
GOURMET
PROJ. DA COBERTURA
PROJ. PEÇAS EM EUCALIPTO
E1
E2
UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO
GOURMET COMO AMBIENTE
DE TRANSIÇÃO
COZINHA
PROTETOR
SOLAR FIXO
AMBIENTE C/
VENTILAÇÃO CRUZADA
Figura 98 - Planta baixa pav. térreo – destaque para cozinha
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
A cozinha situa-se no pavimento térreo e está integrada à sala de estar e ao
terraço. O ambiente tem forma retangular, sendo limitada com a circulação/sala de
estar apenas pela existência de viga. A parede oeste é dupla e emassada e pintada
externamente com textura branca. Existem duas janelas nesse ambiente, sendo uma
que integra-se ao espaço gourmet (E1 medindo 1,80m x 1,10m x 1,00m –largura x
altura x peitoril) e outra a área externa (E2 medindo 2,00m x 0,40m x 1,00m –largura
x altura x peitoril ), sendo esta última protegida por protetor solar fixo. A porta de
acesso à área de serviço possui bandeirola com veneziana móvel. A cozinha possui
laje de concreto que resulta no piso do quarto de casal. A continuidade do ambiente
com a sala de estar favorece a ventilação cruzada e o aproveitamento dos ventos
oriundos da estrutura vazada em eucalipto (Figura 98).
121
Figura 99 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 1917 Orientation: -161.0°, 0.7°
Sun Position: -85.7°, 1.9°
HSA: 75.3°
VSA: 7.
Time: 17:15
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 100 - carta solar da abertura E1 (janela)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 1916 Orientation: 109.0°, 0.0°
Sun Position: -85.7°, 1.9°
HSA: 165.3°
VSA: 178.
Time: 17:15
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 101 - carta solar da abertura E2 (janela)
Fonte: A autora (2007)
Insolação: A cozinha recebe incidência solar através da E2 no período da
tarde durante todo o ano, sendo no solstício de inverno das 15:10 às 16:30 hrs e no
solstício de verão das 16:00 às 17:00 hrs. O espaço Gourmet contribui para a
eficiência do sombreamento na face norte (Figuras 98 - 101).
Ventilação: A inexistência de limites verticais entre a circulação/sala de
estar e a cozinha (direção dos ventos dominantes) e, a existência das duas janelas
nos limites norte (E1) e oeste (E2), contribuem para ventilação cruzada bem
distribuída (Figura 98).
Massa Térmica para Resfriamento: Assim como a sala de estar, a cozinha
só tem um limite com o meio externo que é uma parede na face oeste, essa é em
tijolo cerâmico 8 furos assentados na maior direção emassada e pintada com textura
branca. Esse material apesar de ter o atraso térmico maior que os 4,3 exigidos pela
Norma, pode não representar um problema, tendo em vista a integração desse
ambiente com a circulação/sala de estar.
122
6.5. RESIDÊNCIA 05
6.5.1. Informações Gerais
Local: Bairro de Cidade Jardim-Natal/RN
Arquiteto: Flávio Góis
Ano de Formação do Arquiteto: 1996
Ano do Projeto: 2002
Área do Terreno: 675,00 m²
Área Construída: 411,66 m²
Figura 102 - Perspectiva Fachada Noroeste
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
Figura 103 - Perspectiva Fachada Sudeste
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
123
TERRAÇO
WC
SALA DE ESTAR
HALL
COPA
COZINHA
BWC
GARAGEM
LAV.
JARDIM
CALÇADA
DESP.
DEP.
PISCINA
DECK
JARDIM
VENTOS
DOMINANTES
VENTOS
DOMINANTES
DEP.
EMP.
ÁREA
SERV.
NASCENTE
POENTE
VENTOS
DOMINANTES
SALA DE
JANTAR
HOME
THEATER
PROJ. LAJE IMPERMEAB.
P
R
O
J
.
P
A
V
.
S
U
P
E
R
I
O
R
PROJ. PAV. SUPERIOR
PROJ. PAV. SUPERIOR
B
B
A
A
Figura 104 - Planta baixa pav. térreo
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
CLOSET
VAZIO
SACADA
BWC
ESCRITÓRIO/ATELIÊR
BWC
CIRCULAÇÃO
HALL
BWC
COBERTURA
SUÍTE
LAJE
IMP.
LAJE
IMPERM.
SUÍTE
MASTER
QUARTO
HÓSPEDE
VENTOS
DOMINANTES
VENTOS
DOMINANTES
NASCENTE
POENTE
VENTOS
DOMINANTES
B
B
A
A
SUÍTE
BWC
Figura 105 - Planta baixa pav. superior
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto)
O terreno em que está implantada a residência é situado em Cidade Jardim,
bairro residencial, com vizinhança predominante de casas térreas ou com dois
124
pavimentos. O lote possui topografia plana, sem vegetação e tem a forma L. 65%
dos 675,00 m² de área do lote, constitui-se de área permeável (Figuras 104- 105).
O arquiteto se formou em Natal, na UFRN, e diz que preceitos como conforto
ambiental, funcionalidade e estética são premissas projetuais que norteiam suas
decisões arquitetônicas. Para ele a elaboração de um projeto de residência
unifamiliar é dos mais complexos, “para tantos clientes eu nem sei se faço mais, só
se for pra um amigo, projeto de casa é muito trabalhoso, são quase cinco meses
inteiros [...]” (informação verbal. GÓIS, 2007
37
). Ele diz que, atualmente, a demanda
de projeto em seu escritório não se enquadra nessa categoria.
6.5.2. Características Arquitetônicas
6.5.2.1 Forma:
A residência foi projetada para um artista plástico e sua família, sendo
composta pelo casal e três filhos. O partido proposto visa incorporar demandas da
arquitetura bioclimática, funcionalidade e uma estética baseada no jogo de formas
proporcionado por sobreposições de cheios e vazios.
A implantação e orientação da casa foram concebidas situando os
ambientes de maior permanência voltados no sentido sudeste. A casa tem dois
pavimentos, onde o pavimento térreo é composto pelos setores social e de serviço e
o pavimento superior pelo setor íntimo. A área de lazer está voltada para os fundos
do lote, em busca da privacidade. As esquadrias estão predominantemente voltadas
para o sudeste, com exceção de uma abertura do ateliê e uma da circulação vertical,
ambas estão orientadas a noroeste. Como a casa não tem beirais, algumas
aberturas receberam proteção da incidência direta do sol ora por meio da utilização
de espaços de transição como sacadas, e varandas, e ora pelo uso de protetor solar
fixo. A forma das plantas baixas nos dois pisos são recortadas compondo um volume
de linhas retas, sem marcação da cobertura e com muitas saliências e reentrâncias
(Figuras 102 - 105).
Os ambientes destinados ao convívio familiar (setor social) são bem amplos
e integrados, ao entrar na sala é possível ter uma visão completa de todo o terreno.
A sala de estar possui pé direito duplo e na face voltada para o sol poente, há uma
37
Entrevista ao arquiteto Flávio Góis em 25 de setembro de 2007.
125
parede ‘cega’ em concreto que contribui para retardar a transferência de calor do
meio externo para o interno (Figuras 104 e 106). Para o arquiteto “os três amigos da
casa são jardim, varanda e sala alinhados”, compondo uma integração visual através
da continuidade dos espaços, ocasionada pela ausência de paredes e uso de
grandes aberturas (informação verbal. GÓIS, 2007).
Os materiais predominantes no projeto para as paredes, esquadrias e
cobertura são: parede de tijolo 8 furos, assentados na menor dimensão, emassada e
pintada na cor branco, com exceção de algumas paredes externas que recebem
revestimento em pedra natural e de uma parede (da sala de estar) na fachada
noroeste que é em concreto aparente; portas e janelas em madeira com tabicão,
com exceção das portas externas dos ambientes que se integram à área de lazer
que são em vidro incolor; e cobertura, sem beiral e platibanda, em telha de fibro-
cimento, com inclinação de 5%, estruturada em laje de concreto. Em parte da
garagem e na caixa d`água a cobertura é em laje impermeabilizada.
A preocupação do arquiteto quanto à obtenção do conforto ambiental dos
usuários por meio de decisões arquitetônicas, é evidenciada pela orientação da
residência, pela busca do sombreamento nos ambientes de maior permanência, por
proporcionar ventilação natural cruzada em alguns ambientes e pela utilização de
materiais específicos (Figuras 102-107). A eficiência dos elementos existente na sala
de estar, cozinha e suíte máster serão avaliados mais adiante.
BWC
SERV.
COZ.
COPA JANTAR ESTAR
TEATHER
BWC
ÁREA
HOME
SALA DE
SALA DE
BWC
CIRC.
PÉ DIREITO DUPLO PARA
FAVORECIMENTO DA VENTILAÇÃO
NATURAL E RESFRIAMENTO DO AMBIENTE
COBERTURA EM TELHA
DE FIBRO-CIMENTO
PORTA DE
CORRER EM VIDRO
Figura 106 - Corte A
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
126
TERRAÇO
QUARTO
ESTAR
SALA DE
PISCINA
UTILIZAÇÃO DE SACADA E TERRAÇO
COMO AMBIENTE DE TRANSIÇÃO,
CONTRIBUINDO PARA PROTEGER OS
AMBIENTES INTERNOS DA INCIDÊNCIA
SOLAR DIRETA
UTILIZAÇÃO DE CIRCULAÇÃO
VERTICAL COMO AMBIENTE DE
TRANSIÇÃO, CONTRIBUINDO PARA
PROTEGER OS AMBIENTES INTERNOS
DA INCIDÊNCIA SOLAR DIRETA
PÉ DIREITO DUPLO PARA
FAVORECIMENTO DA
VENTILAÇÃO NATURAL E
RESFRIAMENTO DO AMBIENTE
REVESTIMENTO EM
PEDRA NATURAL
PAREDE EM CONCRETO
LAJE EM ALVENARIA
PORTAS DE CORRER C/
VENEZIANA MÓVEL
5.35
Figura 107 - Corte B
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
6.5.2.2 Arranjo Espacial:
O programa de necessidades é composto: no setor íntimo por uma suíte
máster com sacada, banheiro e closet, duas suítes para os filhos com sacada e
banheiro, um quarto para hóspede com banheiro e um escritório/atelier; no setor
social por sala de estar, jantar, home theater, terraço e área de lazer com piscina,
deck e lavabo; e o setor de serviço por cozinha, copa, área de serviço, dependência
com banheiro, depósito e garagem para quatro carros. O setor íntimo é segregado
dos demais por estar isolado no primeiro pavimento, mas o pé direito existente na
circulação vertical e sala de estar integra visualmente a circulação desses ambientes
ao setor social. Quanto aos setores social e de serviço também há zoneamento
espacial bem definido, mas a inexistência de parede entre copa e sala de jantar
integra parcialmente esses ambientes (Figuras 108- 109).
Figura 108 - Planta baixa pav. Térreo com
destaque para dois setores, para o core, para
circulação e área de serviço.
Onde: cor rosa representa o setor de serviço;
azul o setor social e roxo a área de serviço
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
Figura 109 - Planta baixa pav. superior com
destaque para setor íntimo e circulação.
Onde: cor amarelo o setor íntimo, laranja a
circulação do setor íntimo.
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
127
No setor íntimo os ambientes são conectados entre si através de corredor de
circulação lateral e se interligam ao setor social através de circulação vertical e pé
direito duplo da sala de estar. Os ambientes têm as aberturas voltadas
predominantemente para o sudeste, sentido dos ventos dominantes, e na maior
parte deles a porta é a única abertura para saída de ar. O sombreamento das
aberturas dos quartos é resultado da utilização de sacada (Figuras 105 e 109).
Já o setor social possui os ambientes integrados e conectados
espacialmente pela ausência de paredes divisórias e existência de grandes
esquadrias. O setor está zoneado na parte sudoeste do lote com as aberturas dos
ambientes voltadas no sentido dos ventos dominantes, sudeste (Figuras 104 e 108).
Por fim, o setor de serviço que tem os ambientes delimitados entre si e
conectados ambiente a ambiente, sem existência de circulação para interligar todos
eles, onde a copa é a ‘porta de entrada’ pelo social e a área de serviço é a ‘porta de
entrada’ pelo serviço. A implantação do setor ocupa a parte nordeste do lote. As
aberturas estão predominantemente voltadas para o sudeste sem protetor solar, mas
é possível que o muro projete sombra na fachada desses (Figuras 104 e 108).
6.5.3. Análise das Estratégias Arquitetônicas
6.5.3.1 Suíte Máster
E1
CLOSET
VAZIO
SACADA
BWC
ESCRITÓRIO/ATELIÊR
BWC
CIRCULAÇÃO
HALL
BWC
COBERTURA
SUÍTE
LAJE
IMP.
LAJE
IMPERM.
QUARTO
HÓSPEDE
SUÍTE
BWC
SUÍTE
MASTER
128
E1
CLOSET
VAZIO
SACADA
BWC
CIRCULA
Ç
BWC
SUÍTE
SUÍTE
MASTER
PORTA DE CORRER
COM VENEZIANA MÓVEL
Figura 110 - Planta baixa pav. superior – destaque para suíte máster
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
A suíte máster está localizada no segundo pavimento, o ambiente tem forma
que se aproxima de um quadrado com uma pequena circulação de forma retangular
que interliga o quarto ao banheiro e ao closet. O ambiente tem uma parede cega que
compõe a fachada sudoeste, essa é emassada e pintada na cor branco e é
parcialmente protegida do sol pelo volume do banheiro. Na face sudeste o ambiente
recebe uma porta de correr (E1: 3,50m x 2,60m - largura x altura) com duas folhas
em madeira com veneziana móvel, essa porta dá acesso à sacada que por sua vez
é utilizada como elemento de transição entre o meio externo e interno (Figura 110).
Figura 111 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 847 Orientation: 129.0°, 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: -172.5°
VSA: 103.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 112 - Carta solar da abertura E1 (janela)
Fonte: A autora (2007)
Insolação: A suíte máster recebe incidência solar em um pequeno período
da manhã durante todo o ano através da porta E1, sendo no solstício de inverno até
as 7:40 hrs e no solstício de verão até as 9:20 hrs. A sacada existente contribui para
a eficiência do sombreamento (Figuras 110-112).
129
Ventilação: O quarto possui ventilação unilateral com ampla abertura para
entrada de ar, mas a circulação do vento só é possível se a porta de acesso ao
quarto estiver aberta. Aberturas na face sudoeste e bandeirola nas portas
contribuiriam para eficiência da ventilação natural (Figura 110).
Massa Térmica para Resfriamento: a partir da análise das propriedades
térmicas da parede de tijolo 8 furos, assentados na menor dimensão e da cobertura
em telha de fibro-cimento sobre forro de concreto, observa-se que são materiais
leves e refletores, pois possuem respectivamente, transmitância térmica de 2,48 e
2,25 e atraso térmico de 3,3 e 2,6. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2005c).
6.5.3.2 Sala de Estar
COPA
TERRAÇO
WC
HALL
COZINHA
BWC
GARAGEM
LAV.
JARDIM
CALÇADA
DESP.
DEP.
PISCINA
DECK
JARDIM
DEP.
EMP.
ÁREA
SERV.
SALA DE
JANTAR
HOME
THEATER
PROJ. LAJE IMPERMEAB.
PROJ. PAV. SUPERIOR
E3
E2
E1
E4
PROJ. PAV. SUPERIOR
P
R
O
J
.
P
A
V
.
S
U
P
E
R
I
O
R
SALA DE ESTAR
TERRAÇO
WC
HALL
LAV.
JARDIM
CALÇADA
PISCINA
DECK
SALA DE
JANTAR
HOME
THEATER
PROJ. PAV. SUPERIOR
E3
E2
E1
E4
PROJ. PAV. SUPERIOR
P
R
O
J
.
P
A
V
.
S
U
P
E
R
I
O
R
SALA DE ESTAR
PAREDE CEGA
EM CONCRETO
ESQUADRIAS EM
VIDRO INCOLOR
UTILIZAÇÃO DE TERRAÇO COMO
AMBIENTE DE TRANSIÇÃO,
CONTRIBUINDO PARA PROTEGER
OS AMBIENTES INTERNOS DA
INCIDÊNCIA SOLAR DIRETA
Figura 113 - Planta baixa pav. térreo– destaque para sala de estar
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
130
A sala de estar situa-se no pavimento térreo e está interligada ao home
teather, sala de jantar e terraço. O ambiente tem forma retangular, pé direito duplo e
ausência de paredes limitando o espaço. As portas que fazem conexão com o
terraço (E1 e E2 –ambas de 3,50m x 2,10m – largura x altura) são de correr em vidro
incolor. A parede que forma parte da fachada noroeste, limite da circulação vertical,
é em placas de cimento liso e possui uma janela boca de lobo (E4 - de 0,60m x
5,35m - largura x altura) em vidro jateado. O terraço sombreia as esquadrias E1, E2
e E3(vidro incolor fixo medindo 0,50m x 2,10m - largura x altura), já a E4 está em
contato direto com o meio externo sem nenhuma proteção.
Figura 114 - indicação das aberturas analisadas
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 856 Orientation: -51., 0.
Sun Position: -43., 76.
HSA: 7.5°
VSA: 76.
Time: 12:00
Date: 1st Ap r (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 115 - carta solar da abertura E1 (porta)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 853 Orientation: -51., 0.
Sun Position: -43., 76.
HSA: 7.5°
VSA: 76.
Time: 12:00
Date: 1st Ap r (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 116 - carta solar da abertura E2 (porta)
Fonte: A autora (2007)
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 855 Orientation: -51., 0.
Sun Position: -43., 76.
HSA: 7.5°
VSA: 76.
Time: 12:00
Date: 1st Ap r (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 117 - carta solar da abertura E3
(esquadria fixa)
Fonte: A autora (2007)
Figura 118 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.
Obj 861 Orientation: 129., 0.
Sun Position: -43., 76.
HSA: -172.5°
VSA: 103.
Time: 12:00
Date: 1st Ap r (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 119 - carta solar da abertura E4 (janela)
Fonte: A autora (2007)
131
Insolação: As esquadrias E1, E2 e E3 estão quase que totalmente
protegidas da radiação solar direta, sendo atingidas pelo sol em torno de 20 minutos
no horário da manhã por volta das 6:00hrs, já a E4 recebe muita radiação direta até
o fim do dia, tanto no solstício de verão quanto de inverno, sendo no primeiro a partir
das 12:30hrs e no segundo a partir das 9:30hrs. Esses raios são amortecidos
parcialmente no interior da sala de estar, através do uso de vidro jateado na
esquadria e pela estratégia arquitetônica que posicionou a circulação vertical
(escada) margeando essa esquadria (Figuras 113- 119).
Ventilação: A sala possui ventilação cruzada, tendo as maiores aberturas
voltadas para os ventos dominantes. A abertura de saída de ar (E4) é bem menor do
que as de entrada, mas a circulação é favorecida pela continuidade desse ambiente
com outros e pelo pé direito duplo (Figura 113).
Massa Térmica para Resfriamento: a sala não recebe tanta influência da
transmissão de calor do meio externo para o interno, pois ela tem pé direito duplo e
possui apenas uma parede em contato com o meio externo, essa é formada por
placas de cimento liso. A cobertura é leve e refletora de acordo com a ABNT
38
por
ser em telha de fibro-cimento com inclinação de 5% sobre forro de concreto, cuja
transmitância térmica é de 2,25 e o atraso térmico de 2,6.
6.5.3.3 Cozinha
COPA
TERRAÇO
WC
HALL
COZINHA
BWC
GARAGEM
LAV.
JARDIM
CALÇADA
DESP.
DEP.
PISCINA
DECK
JARDIM
DEP.
EMP.
ÁREA
SERV.
SALA DE
JANTAR
HOME
THEATER
PROJ. LAJE IMPERMEAB.
PROJ. PAV. SUPERIOR
PROJ. PAV. SUPERIOR
P
R
O
J
.
P
A
V
.
S
U
P
E
R
I
O
R
SALA DE ESTAR
E1
E2
38
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005c
132
COPA
HALL
BWC
GARAGEM
LAV.
DESP.
DEP.
DEP.
EMP.
ÁREA
SERV.
SALA DE
JANTAR
PROJ. LAJE IMPERMEAB.
R
P
R
O
J
.
P
A
V
.
S
U
P
E
R
I
O
R
E1
E2
FLUXO DOS VENTOS
DOMINANTES
AMBIENTE C/
VENTILAÇÃO CRUZADA
A GARAGEM CONTRIBUI P/
PROTEGER A PAREDE DA COZINHA
DA INCIDÊNCIA SOLAR DIRETA
COZINHA
Figura 120 - Planta baixa pav. térreo– destaque para cozinha
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto fornecido pelo arquiteto).
A cozinha localiza-se no térreo, possui forma retangular e dela é possível ter
acesso à área de serviço, despensa e copa. Na cozinha existem duas janelas (E1 e
E2, medindo respectivamente 1,10m x 0,50m x 1,60m e 2,40m x 0,50m x 1,60m –
largura x altura x peitoril) que permitem a entrada e saída do ar favorecendo a
ventilação cruzada. Essas janelas são em madeira com veneziana móvel, o que é
favorável, pois permitem o controle e direcionamento do vento (Figura 120).
Figura 121 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 858 Orientation: -51., 0.
Sun Position: -43.5°, 76.8°
HSA: 7.5°
VSA: 76.
Time: 12:00
Date: 1st Apr (91)
Dotted lines: July-December.
Figura 122 - carta solar da abertura E1 (janela)
Fonte: A autora (2007)
Figura 123 - indicação da abertura analisada
Fonte: A autora (2007, a partir de projeto
fornecido pelo arquiteto).
N
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
195°
210°
225°
240°
255°
270°
285°
300°
315°
330°
345°
10°
20°
30°
40°
50°
60°
70°
80°
012345
6
7
8
9
10
1112
13
14
15
16
17
1st Jan
1st Feb
1st Mar
1st Apr
1st May
1st Jun
1st Jul
1st Aug
1st Sep
1st Oct
1st Nov
1st Dec
Stereographic Diagram
Location: -5.5°, -35.1°
Obj 860 Orientation: 129., 0.0°
Sun Position: 11., 60.7°
HSA: -117.6°
VSA: 104.6°
Time: 11:00
Date: 1st Jul (182)
Dotted lines: July-December.
Figura 124 - carta solar da abertura E2 (janela)
Fonte: A autora (2007)
133
Insolação: A esquadria E1 é afetada pelos raios solares no período da
manhã, sendo no solstício de inverno das 6:40hrs às 9:50hrs e no solstício de verão
das 7:30hrs às 12:30hrs. E2 encontra-se completamente protegida por estar
direcionada para o ambiente da garagem. Com isso conclui-se que a inexistência de
protetor solar na janela (E1) não atende a demanda bioclimática de sombrear as
aberturas (Figuras 120-124).
Ventilação: O ambiente possui ventilação cruzada, pois os ventos
dominantes tendem a entrar pela abertura E1 e sair pela E2, contribuindo para a
eficiência dessa demanda (Figura 120).
Massa Térmica para Resfriamento: o ambiente possui paredes de tijolo 8
furos que nas partes externas são emassadas e pintadas na cor branca e nas
internas tem revestimento em cerâmica branca, já a cobertura é composta por telha
de fibro-cimento, com inclinação de 5 %, sobre laje de concreto. Sendo assim os
valores de transmitância térmica e atraso térmico são similares aos valores da suíte
máster, pois os dois ambientes têm a mesma composição construtiva, sendo então
considerado composto por materiais leves e refletores, atendendo as prescrições da
ABNT (2005c).
134
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A comparação entre os projetos analisados mostrou-se oportuna pela
existência de fatores que os colocam em uma mesma categoria arquitetônica, ou
seja, todos são residências unifamiliares inseridas no clima quente e úmido (caso de
Natal/RN) e pertencentes a uma classe social com maior poder aquisitivo, o que tem
reflexo na dimensão dos lotes, na área construída e no extenso programa de
necessidades (Gráfico 7).
330,00
1380,00
887,62
290,05
470,10
263,16
267,00
575,1
300,6
296,73
420
146,5
411,66
675,00
438,75
319,09
704,04
407,33
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
1400,00
R1 R2 R3 R4 R5 dia
Área Construida (m²) Área do Terreno Área Permeável
Gráfico 7 - Gráfico comparativo entre área construída, área do terreno e área permeável dos projetos
analisados.
Fonte: A autora (2007)
O discurso dos arquitetos revela que os entrevistados colocam o conforto
ambiental, a funcionalidade e a estética formal como variáveis importantes e
condutoras no processo de concepção do projeto arquitetônico.
Algumas considerações, a respeito de como as demandas bioclimáticas se
refletem em estratégias de projeto na concepção arquitetônica, serão discutidas a
partir do que foi observado e analisado nas estratégias de projeto tomadas quanto
às variáveis arquitetônicas forma e arranjo espacial.
135
Quanto à forma, a análise do volume, em função do ano que os projetos
foram concebidos, mostra que os projetos da década de 70 (R1 e R3) têm apenas
um pavimento e o maior recuo é dado na face voltado para a via pública, e os mais
atuais (R2, R4 e R5) possuem dois pavimentos e o maior recuo é dado para o
‘fundo’ do lote (Quadros 6-7). Em ambos os casos não há grandes variações quanto
à técnica e os materiais de construção.
R1 R3
Década de 70
R2 R4 R5
A
nos
2000
Quadro 6 - Perspectivas esquemáticas dos projetos analisados
Fonte: A autora (2008)
A planta baixa em dois projetos (R1 e R5) tem como solução a junção de
várias partes formando um todo cheio de saliências e reentrâncias, em outros dois
(R3 e R4) a planta é retangular e R2 tem planta em L (Quadro 7).
R1 R2 R3 R4 R5
PL. BAIXA PAV. SUPERIOR - R2
Quadro 7 - Croquis esquemáticos das plantas baixas dos projetos analisados
Fonte: A autora (2008)
Onde:
É a projeção da edificação no terreno;
Representa o passeio público.
136
Quanto ao limite horizontal (cobertura) três projetos (R1, R3 e R4) tem a
cobertura como elemento de destaque e tiram proveito dos grandes beirais, sendo
R3 e R4 cobertas com telha de barro e R1 com telha de fibro-cimento ‘escondida’
por platibanda; e dois projetos (R2 e R5) são concebidos com traços retos, com os
limites verticais compondo formas cúbicas sem marcação da cobertura (Quadro 8).
R1 R2 R3 R4 R5
TERRAÇO
ESCRITÓRIO
ESTAR
COZINHAÁREA DE SERVIÇOLAVAND.
Quadro 8 - Croquis esquemáticos dos cortes dos projetos analisados
Fonte: A autora (2008)
Os materiais utilizados na cobertura são iguais para os projetos R2, R3 e R4
(telha de barro) e para os projetos R1 e R5 (telha de fibro-cimento), para as paredes
todos os projetos, de acordo com o discurso do arquiteto, utilizam tijolo 8 furos
emassadas e pintadas em tom claro; alguns projetos (R2 e R4) têm paredes
externas parcialmente revestidas em pedra natural e R5 tem uma parede externa em
placas de cimento liso. No que se refere às esquadrias, observou-se o uso de
madeira com veneziana móvel em todos os casos e uso de esquadrias em vidro
incolor (R1, R2, R4 e R5) que nos projetos mais recentes são utilizados
principalmente em portas que têm a função de interligar o meio externo com o
interno, dando continuidade aos ambientes do setor social.
Quanto ao arranjo espacial, em todos os projetos analisados, foi recorrente o
zoneamento funcional (setor íntimo, social e de serviço) como estratégia de projeto.
Percebe-se que os diferentes tipos de arranjos espaciais, em função da orientação e
implantação da edificação no lote implicam em diferentes tipos de ventilação e de
sombreamento em virtude da exposição solar dos ambientes, resultante da forma e
volume da edificação e dos muros do lote, o que influencia diretamente no conforto
ambiente (Quadro 9).
137
R1 R2 R3 R4 R5
Pav. Térreo
Pav. Superior
-
-
Quadro 9 - Croquis esquemáticos das plantas baixas dos projetos analisados com destaque para os
setores.
Fonte: A autora (2008)
Onde: a cor rosa representa o setor de serviço, a cor azul o setor social e a cor amarelo o setor
íntimo.
Foi recorrente como solução de projeto a segregação espacial do setor
íntimo e do setor de serviço que são isolados entre os próprios ambientes e os
demais setores; a continuidade espacial foi averiguada entre os ambientes do setor
social em todos os casos analisados. O núcleo de integração entre os setores foi
claramente definido em três dos projetos estudados. Além disso, nos projetos mais
recentes (R2, R4 e R5) a concepção da residência em dois pavimentos assegura ao
segundo piso área destinada exclusivamente ao setor íntimo, exceto R2 (Quadro 9).
O zoneamento das funções, para os casos estudados, se reflete também na
área construída destinada a cada setor, que em todos os casos a área reservada ao
setor íntimo sobressai a do setor social que por sua vez sobressai a do setor de
serviço. Esse fato é reflexo: no setor íntimo porque o programa de necessidades,
sempre requer muitos quartos e BWCs (uma para cada integrante da família e às
vezes para hóspede) e a conexão dos ambientes sempre se dá por meio do
acréscimo de área para circulação interna, em alguns casos (R2, R4 e R5) a
circulação funciona como ambiente de transição e contribui para obtenção de
ventilação natural cruzada e diminuição da absorção do calor externo nos ambientes
de maior permanência; no setor social a área requerida é resultado da demanda de
138
espaços amplos e integrados para receber visitas
39
, não necessitando de área
exclusiva para circulação de pessoas. A continuidade espacial favorece a circulação
do ar no interior do ambiente devido à ausência de barreiras e, diminui a quantidade
de fechamentos verticais, que limitam-se com o exterior, que receberiam incidência
solar direta; por fim, a área demandada no setor serviço é menor por que os
ambientes apesar de segregados (separados por limites verticais) são interligados
com acesso ambiente a ambiente, não requerendo assim, áreas exclusivas de
circulação. O setor de serviço é o mais prejudicado em relação ao sombreamento e
orientação dos ambientes (Quadro 10).
Pav. Térreo Pav. Superior
R1
-
R2
R3
-
39
Os projetos mais recentes tiveram aumento no programa de necessidades, que acrescentou as já existentes
salas de estar e jantar, áreas para sala de TV (Home Theater) e para lazer com espaços gourmet, churrasqueira
e piscina.
139
R4
R5
Quadro 10 - Croquis esquemáticos das plantas baixas dos projetos analisados com destaque para
compartimentalização, conexões e continuidade dos ambientes.
Fonte: A autora (2008)
Onde:
Representa a circulação existente no setor íntimo
Representa o ambiente da área de serviço que integra todos os ambientes desse setor
O traço cinza claro nos ambientes do setor social representa grandes esquadrias que tem por
função continuar fisicamente os espaços, e no setor íntimo representa a divisão dos ambientes que
compõem a suíte, ex: varanda + quarto + closet + bwc.
Em relação às demandas da arquitetura bioclimática, percebeu-se no
decorrer das análises que há preocupação dos arquitetos em criar soluções
arquitetônicas para atender às demandas referentes à ventilação, sombreamento e
massa térmica para resfriamento, mas algumas estratégias não foram
suficientemente eficientes, o que poderia ser corrigido durante o processo de
concepção, através de simuladores computacionais.
As estratégias projetuais recorrentes quanto à demanda de ventilação
natural, sombreamento e massa térmica para resfriamento nos projetos analisados
(R1, R2, R3, R4 e R5) são:
Para ventilação natural (Quadro 11-12):
a) prover grandes aberturas orientadas para a zona de alta pressão e aberturas
menores para as zonas de baixa pressão, essa solução foi verificada em todos
140
os setores dos projetos analisados, mostrando-se eficiente nos quartos de R1,
R2 e R3, na sala de estar de R1, R3, R4 e R5 e nas cozinhas de R2, R3, R4 e
R5. O quarto de R4 possui ventilação cruzada, mas não atende a exigência de
manter as maiores aberturas orientadas no sentido dos ventos dominantes, já o
quarto de R5 apesar de ter as amplas aberturas orientadas no sentido sudeste,
não possui ventilação cruzada; a saída de ar existente na sala de R2 é apenas
uma porta de acesso que fica no canto da sala; e a cozinha de R1 não atende
nem ao quesito de manter a ventilação cruzada, nem de orientação favorável da
abertura;
b) emprego de elementos vazados como cobogós, sendo verificado em todos os
setores do projeto de R3, onde o arquiteto tirou partido desse elemento e o
utilizou na extensão das fachadas leste e oeste; e de esquadrias com veneziana
móvel que possibilita a entrada ou saída de ar e o direcionamento dos fluxos,
essa estratégia foi utilizada em todos os setores dos projetos R3 e R4 e apenas
no setor íntimo e de serviço de R1, R2 e R5;
c) continuidade espacial que contribui para maior circulação do ar no interior da
residência devido à ausência de barreiras, essa solução foi encontrada no setor
social de todos os projetos analisados;
d) pé direito duplo que auxilia na otimização da ventilação natural e na dissipação
do calor interno do ambiente. Essa estratégia foi constatada nas residências que
possuem dois pavimentos (R2, R4 e R5).
141
Quarto Sala Estar Cozinha
R1
R2
R3
R4
R5
Quadro 11 - Croquis esquemáticos das plantas baixas dos projetos analisados com destaque para os
ambientes analisados e suas aberturas e para os ambientes de transição.
Fonte: A autora (2008)
Onde:
Representa a o ambiente analisado (quarto ou sala ou cozinha);
Representa os ambientes que são integrados ao ambiente analisado;
142
Representa os ambientes de transição (ex.: terraço, sacada, garagem aberta);
Representa as aberturas existentes no ambiente.
Para sombreamento dos limites verticais (paredes e aberturas) (Quadro
8):
a) utilização de grandes beirais, exceto em R2 e R5, foi uma solução encontrada
em todos os setores dos projetos (Quadro 8 e 12), mas na análise verificou-se
que o dimensionamento não foi suficiente para uma janela do quarto de R1 e
duas de R4 e na cozinha de todos os projetos em pelo menos uma janela;
b) emprego de protetores solares em algumas aberturas: R1 no quarto, R2 no
quarto, sala e cozinha e R4 no quarto, sala e cozinha, em todos os casos os
protetores propostos não foi suficientemente dimensionados para sombrear
completamente as aberturas (Quadro 12);
c) criação de espaços de transição como terraços, pergolados, sacadas e áreas
de circulação, esses espaços, na maioria dos casos, funcionam com uma
extensão dos ambientes, proporcionando maior proteção à radiação solar dos
fechamentos verticais. Essa estratégia foi a que se mostrou mais eficiente em
todos os setores de todos os projeto, excetuando-se o terraço da cozinha de R3
que tem apenas 0,90m e está orientado no sentido oeste (Quadro 11).
No que se refere à massa térmica para resfriamento percebe-se que em
todos os projetos analisados há utilização de materiais leve e refletores para
cobertura e parede, ou seja, predominância de paredes construídas em
alvenaria, com tijolo assentados na menor direção, emassadas e pintadas na
cor branco, e coberturas com telha de fibro-cimento ou telha cerâmica sem
ser pintada ou esmaltada (Quadro 12).
143
Orientação das aberturas
de acordo com os ventos
dominantes
Esquadrias do tipo
cobogó e veneziana
Móvel
Continuidade
Espacial
Pé direito duplo
Ventilação
Cobogó
Veneziana
Elementos construtivos característicos para controle da incidência solar
Beirais Amplos Protetor Solar Espaços de transição
Sombreamento
Telha Cerâmica Telha de Fibro-cimento
Massa Térmica p/
resfriamento
Quadro 12 – Quadro das estratégias projetuais recorrentes nos projetos analisados, destacando as
demandas de ventilação natural, sombreamento e massa térmica para resfriamento.
Fonte: A autora (2008)
Sendo assim, a massa térmica para resfriamento no ambiente interno é a
estratégia mais recorrente e mais eficiente em todos os casos, por ser solucionada
em todos os setores de maneira igual e pela escolha correta dos materiais; seguida
da ventilação cruzada que também atinge todos os setores, mas em três casos
(cozinha de R1 e quartos de R4 e R5) não foi integralmente eficiente; por fim o
sombreamento, que em todos os projetos houve soluções com intenção de
sombrear, mas o dimensionamento de beirais e protetores solares, em alguns casos,
não foi suficiente, principalmente em aberturas dos setores íntimo (R1 e R4) e de
serviço (R1, R3, R4 e R5).
144
Uma comparação entre as soluções encontradas para cada setor mostra
que o setor social é o mais privilegiado quanto à eficiência das soluções propostas
para as demandas bioclimáticas do clima de Natal/RN, sendo resultado,
principalmente, da continuidade espacial, da existência de ambientes de transição e
de pé direito duplo (no caso das residências com dois pavimentos); o setor íntimo
apresenta várias soluções que visam otimizar as demandas bioclimáticas,
destacando-se sempre a orientação do setor ao sol nascente, o uso de protetor solar
nas aberturas, existência de varandas ou sacadas e de aberturas em paredes
opostas orientadas aos ventos dominantes; o setor de serviço é o menos privilegiado
devido à orientação dos ambientes que possuem os fechamentos verticais e as
aberturas orientados, predominantemente, para o sol poente, sombreamento das
aberturas insatisfatório resultado de ausência de elementos arquitetônicos para esse
fim ou de dimensionamento inadequado (Quadro 13).
Soluções Predominantes Croqui explicativo
Setor Íntimo
- Zoneamento do setor voltado para o sol
nascente e para os ventos dominantes;
- Existência de ambientes de transição;
- Aberturas em paredes opostas e orientadas
no sentido dos ventos dominantes;
- Uso de protetor solar.
Setor Social
- Zoneamento do setor voltado para o sol
nascente e para os ventos dominantes;
- Continuidade Espacial- Integração entre os
ambientes desse setor;
- Aberturas em paredes opostas e orientadas
no sentido dos ventos dominantes;
- Existência de ambientes de transição;
145
Setor de Serviço
- Aberturas em paredes opostas e orientadas
no sentido dos ventos dominantes;
- Zoneamento do setor orientado para o sol
poente;
-Dimensionamento inadequado de elementos
que otimizem o sombreamento das aberturas;
- Segregação Espacial.
Quadro 13- Quadro das soluções mais recorrentes nos projetos analisados
Fonte: A autora (2008)
Onde:
Representa a o ambiente destacado (quarto, sala ou cozinha);
Representa os ambientes que são integrados ao ambiente destacado;
Representa os ambientes de transição (ex.: terraço, sacada, garagem);
Representa as aberturas existentes no ambiente.
Conclui-se que, há uma hierarquização de prioridades que definem as
estratégias arquitetônicas tanto no que refere às variáveis forma e arranjo espacial,
quanto à maneira de como essas variáveis irão atender as demandas bioclimáticas.
Essa hierarquização de prioridades varia de arquiteto para arquiteto de acordo com
seus conhecimentos técnicos, científicos, artísticos e repertoriais. Os entrevistados
demonstram nos discursos e nas soluções propostas a intenção de atender essas
demandas, mas em muitos casos elas não são satisfatórias. Isso poderia ser
resolvido se as soluções fossem testadas e aperfeiçoadas, através de simuladores
computacionais, durante o processo de concepção, onde as decisões das partes
têm conseqüências globais sobre o projeto bioclimático, em que a reunião vale mais
que a soma delas.
146
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo estudar a arquitetura bioclimática e
sua relação com as decisões projetuais aplicadas à habitação unifamiliar para o
clima quente-úmido, caso de Natal/RN. Por meio da revisão bibliográfica constatou-
se que as demandas bioclimáticas mais compatíveis com o clima em estudo são:
utilização de estratégias passivas para ventilação, sombreamento e massa térmica
para resfriamento. Através das análises foi possível averiguar a eficiência de
algumas soluções arquitetônicas para as variáveis forma e arranjo espacial, sob a
influencia de fatores ambientais como topografia, ventos dominantes, e orientação e
incidência solar.
Através da revisão bibliográfica também foi possível levantar aspectos sobre
o processo projetual e sua interface com a arquitetura bioclimática, destacando-se
dentre eles, a não linearidade da concepção projetual e a relação dialética entre as
partes e o todo, quando analisados à luz das operações de estruturação das
variáveis arquitetônicas (forma e arranjo espacial) adotadas nesse trabalho.
Outro aspecto relevante dessa interface diz respeito ao impacto que as
decisões projetuais, na busca do conforto ambiental, assumem nos estágios iniciais
do processo de concepção.
A pesquisa constatou que todos os projetos analisados atendem algumas
recomendações para o clima quente úmido, embora não tenham sido desenvolvidos
com o auxilio de ferramentas computacionais. Em nenhum caso houve o pleno
desempenho das soluções que contribuem para a obtenção do conforto dos
usuários, o que aponta para a recomendação de utilização dos simuladores
computacionais na aferição das soluções projetuais. No entanto, o resultado das
análises demonstrou que as demandas bioclimáticas, quando adotadas como
estratégia de projeto no inicio do processo, auxiliam na criação da imagem
conceitual e do partido arquitetônico.
A investigação averiguou diferentes soluções nos projetos que visam
atender às demandas bioclimáticas. São elas:
Para proteger os fechamentos verticais e prover sombreamento foram
detectadas as seguintes estratégias: implantação da residência de acordo
147
com a trajetória solar, a própria forma do edifício, a presença de elementos
construtivos característicos para controle da incidência solar, como beirais
amplos, protetores solar e espaços de transição (varanda, sacada, pergolado,
circulações, garagem aberta). Essas soluções interferem na quantidade de
incidência solar em cada fechamento. A orientação dos setores social e íntimo
e a utilização de ambientes de transição foram os recursos mais explorados,
seguido dos ‘amplos’ beirais e dos protetores solares. Constatou-se que a
utilização dessas estratégias permeia a(s) idéia(s) do arquiteto desde o início
do processo de concepção e algumas, como por exemplo, o tipo de protetor
solar, vão sendo detalhadas e aperfeiçoadas no decorrer do processo de
concepção;
para otimização da ventilação natural constatou-se: dimensionamento e
orientação das aberturas de acordo com os ventos dominantes, uso de
esquadrias com veneziana móvel, uso de elementos vazados como cobogós
e pérgulas, integração espacial e pé direito duplo, nos casos das residências
com dois pavimentos; As venezianas móveis são favoráveis por permitirem a
passagem e o direcionamento do ar além de seu controle; Os cobogós e as
pérgulas são elementos que filtram a luz solar sem impedir a passagem da
ventilação natural, mas são recursos que não oferecem possibilidade de
controle, o que pode ser um fator negativo devido à possibilidade de acesso
de pequenos animais e a falta de controle de intensidade de iluminação e
ventos. Cada um desses elementos foi detectado apenas uma vez em casas
distintas (R3 e R1 respectivamente); a integração espacial e o pé direito duplo
favorecem os fluxos de ar no interior da edificação. Vale ressaltar ainda que a
inclusão de aberturas para favorecimento do fluxo do ar que se acumula
abaixo da cobertura só foi atendida em uma residência, R3. Percebe-se que a
inclusão dessas estratégias no processo projetual ocorre no momento da
idéia inicial, quando se pretende, por exemplo, projetar ‘rasgos’ (‘vazaduras’)
em paredes opostas, mas o estabelecimento de dimensionamento e tipos de
aberturas ocorrem no decorrer do processo à medida que a idéia vai se
desenvolvendo.
para massa térmica para resfriamento verificou-se o uso de fechamentos
verticais predominantemente construídos em alvenaria de tijolo 8 furos
148
assentados na menor direção, emassados e pintados em tons claros e,
fechamentos horizontais com telha cerâmica sem tratamento ou com telha de
fibro-cimento. A decisão de escolher os materiais a serem utilizados contribui
para definir a estrutura térmica da edificação, sendo imprescindível a escolha
mais adequada de material para cada tipo de clima. Nos projetos analisados
pode-se dizer que os materiais de cobertura foram selecionados visando,
principalmente, a obtenção da estética desejada e, em alguns casos, atender
às demandas para o clima em estudo, já os fechamentos verticais são
resultado da cultura local, que emprega largamente a construção em tijolo 8
furos. A decisão dos materiais, dos fechamentos verticais, dos projetos
estudados, permeia o início do processo de concepção por estar
implicitamente ligada à cultura local para construções com essa finalidade. No
decorrer do processo, é dada maior atenção aos materiais de acabamento
que revestem as superfícies externas. Essa atenção se dá muito mais por
questões estéticas do que por questões de conforto.
Sendo assim, pode-se constatar que as relações entre a arquitetura
bioclimática e as decisões projetuais, na busca do conforto no ambiente construído,
possui uma interface mútua e cíclica, onde o maior impacto das decisões projetuais
ocorrem nos estágios iniciais do processo de concepção, na criação da imagem
conceitual. Embora todo o processo seja importante, tanto para inserir novas
estratégias, quanto para detalhar, testar e aperfeiçoar estratégias com desempenho
satisfatório.
Os benefícios da vegetação não foram objetivos de estudo desta pesquisa
devido à falta de dados e informações sobre essa variável, mas é importante
destacar que a utilização adequada da vegetação pode contribuir para favorecer às
três demandas bioclimáticas estudadas: ventilação, sombreamento e massa térmica
para resfriamento.
Nos cinco projetos analisados não foi encontrada a eficiência integral das
soluções propostas para atender às demandas bioclimáticas do clima quente-úmido.
Porém, de maneiras distintas, algumas estratégias se fazem presentes, sendo mais
intensas ou não, projeto a projeto e, setor a setor. Assim os projetos identificados
como os mais eficientes da amostra são os das residências R3 e R4, por atenderem,
de maneira eficiente, às recomendações para o clima em estudo.
149
Vale ressaltar ainda que não resta dúvida sobre a preocupação dos
arquitetos em propor soluções passivas para atender às demandas bioclimáticas do
clima da cidade de Natal. Apesar de demonstrarem conhecimento teórico sobre o
assunto, o que resulta em diversas soluções positivas, o fato de não utilizarem
ferramentas computacionais de auxílio à otimização das mesmas, aponta para um
certo déficit de eficiência em alguns casos. A aplicação dessas ferramentas seria
fundamental para garantir o emprego eficiente das soluções propostas, como por
exemplo, o dimensionamento de beirais, de protetores solares e orientação de
aberturas. Esses ajustes poderiam ser feitos durante o processo de concepção
utilizando-se, por exemplo, para análises climáticas os programas Analysis
(LAMBERT et al, 1998) e o Weathertool (MARSH, 2001b); para estudos de
sombreamento, as cartas solares (BITTENCOURT, 2000) e simulação
computacional simplificada nos programas Suntool (MARSH, 2001a) e Ecotec
(MARSH, 2003); e para análises do desempenho térmico há o VisualDOE
(ARCHITECTURAL ENERGY CORPORATION, 2005) e o DesignBuilder
(DESIGNBUILDER, 2005). Todos esses conhecimentos e ferramentas são
importantes para obtenção dos bons resultados, porém são pouco ou nunca
utilizados durante o processo de concepção, principalmente no que diz respeito às
ferramentas computacionais.
Esses conhecimentos e ferramentas devem ser aplicados a partir dos
estudos preliminares, quando são geradas as primeiras propostas e definidas as
diretrizes limitadoras quanto às características climáticas de sítio, orientação, massa
térmica, ventilação e insolação. O Weathertool e o Analysis são programas
específicos para análises climáticas. Na fase do partido arquitetônico são tomadas
decisões mais específicas a respeito da função (zoneamento e conexões dos
ambientes) e da forma (do todo arquitetônico e das partes: aberturas, proteções, e
materiais de envoltória). Essas decisões devem ser testadas em simuladores
computacionais simples e ajustadas de acordo com os resultados obtidos nas
análises. Na fase de projeto em que há maior definição de todas as partes e do todo
arquitetônico são indicados os programas computacionais mais completos para
análises do desempenho térmico como o VisualDOE e o DesignBuilder.
Em suma, as soluções que atendem às demandas bioclimáticas para o clima
de Natal envolvem alcançar o conforto no ambiente construído através do
150
sombreamento nos fechamentos, da ventilação natural no interior da edificação e da
utilização de materiais leves e refletores, somando-se a isso a necessidade da
arquitetura ter o papel que sempre teve: prover abrigo com conforto ambiental. As
análises indicam que no processo de concepção projetual os arquitetos procuraram
unir essas três demandas, mostrando que a interface entre o processo projetual e os
preceitos da arquitetura bioclimática são indissociáveis e interdependentes, pois são
partes de um todo, onde a união dessas partes vale mais do que a sua soma. As
análises mostram também, que o conhecimento teórico sem simulação do
desempenho da eficiência das soluções, não é suficiente por si só para garantir a
eficiência das mesmas, necessitando do auxilio de ferramentas, como as citadas nos
parágrafos anteriores.
Para o aprofundamento desse estudo, em etapas posteriores e
complementares, sugere-se a análise mais detalhada do comportamento térmico da
edificação, através de pesquisa de campo para medição e monitoramento da
temperatura e da velocidade do vento. Sugere-se também a verificação da eficiência
das estratégias de ventilação e iluminação natural através de simuladores
computacionais, bem como a avaliação da sensação térmica dos usuários como
complemento dessas análises.
Conclui-se que não existe uma única solução para responder às demandas
bioclimáticas e que o início do processo de concepção é fundamental no resultado
final para a obtenção do conforto ambiental, pois, desde o principio é possível testar
o desempenho e a eficiência das soluções propostas. As estratégias bioclimáticas
podem definir o itinerário e apoiar as decisões projetuais.
151
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157
APÊNDICE
158
ROTEIRO PARA ENTREVISTAS
1. Identificação do projeto/ dados gerais
ano de elaboração, arquiteto(s) projetista, breve histórico do projeto, área da
residência.
2. Principais exigências/restrições impostas ao processo projetual
Pelo cliente; pelos usuários em potencial pelas condições do sítio (impactos na
topografia, manutenção de áreas permeáveis, vegetação existente, clima), pelos
condicionantes legais ou normativos (adequação a planos urbanísticos), ou até
mesmo pelo próprio arquiteto (suas próprias exigências e/ou objetivos propostos).
3. Características arquitetônicas (a partir dos desenhos)
Identificação de uma possível idéia inicial, identificação de possíveis referências
teóricas e metodológicas utilizadas (conceitos, métodos e técnicas que nortearam o
projeto).
Identificar também:
Quanto à forma:
Fechamentos- parede, cobertura e janelas (forma e orientação,
dimensões, materiais, protetor solar);
Volumetria – geometria;
Materiais Constituintes
Quanto ao zoneamento funcional:
Uso;
Zoneamento;
Segregação e Integração espacial;
Núcleo de integração;
Conexões;
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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