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É possível olhar retrospectivamente e refletir sobre a reflexão-na-ação.
Após a aula, o professor pode pensar no que aconteceu no que observou,
no significado que lhe deu e na eventual adoção de outros sentidos. Refletir
sobre a reflexão-na-ação é uma ação, uma observação e uma descrição,
que exige o uso de palavras.
No que diz respeito à questão do educador e pesquisador crítico de línguas,
(materna e estrangeira), a procura de potenciais de emancipação tem levado esses
educadores a se engajarem em projetos políticos que visem promover mudanças
nas escolas públicas (cf. Pennycook, 1994; Celani, 2006; Rajagopalan, 2003; Moita
Lopes, 2003; entre outros). Conforme Pennycook (1994), o educador e pesquisador
crítico têm proclamado que o ensino de inglês deve servir, de fato, aos interesses
dos próprios alunos, capacitando-os para ler, falar e escrever criticamente. O ensino
crítico de inglês deve trazer à tona a contra palavra dos alunos, isto é, suas próprias
vozes, que, na maioria das vezes, são ocultadas pelo professor na sala de aula.
Em sala de aula, o ensino crítico de inglês não deve envolver somente meras
técnicas instrumentais, habilidades e objetivos. Deve-se se levar em conta
identidades e subjetividades dos educandos. As questões de poder, discriminação e
opressão também devem fazer parte do discurso. Nesse mesmo conceito, o lingüista
crítico Rajagopalan (2003:28) discorre que, “ao educador crítico cabe a tarefa de
estimular a visão crítica dos alunos, de implantar uma postura crítica, de constantes
questionamentos das certezas que, com o passar do tempo, adquirem a aura da
‘intocabilidade’ dos dogmas”.
No que se refere à reflexão crítica, convém mencionar a importância na
formação de professores crítico-reflexivos. Na visão de Fullan e Hargreaves (2000),
o conceito de profissional reflexivo popularizou-se em educação como uma
possibilidade de conduzir a formação de professores para além do foco de
treinamento, mas para um processo educativo e reflexivo que possa unir a reflexão à
prática docente.
Schön (1992) e Kemmis (1987) direcionam seus trabalhos rumo ao estudo da
formação de professores crítico-reflexivos. Com base na perspectiva crítica, os
autores explicam que o conceito de reflexão envolve colocar o professor no exame
crítico dos valores que embasam sua ação e do contexto de que faz parte, para
entender a ideologia que sua prática docente serve. Kemmis (op. cit.), ainda,