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vez por todas a face da arquitetura brasileira e seu ensino. Os arquitetos
modernistas partiram, também, em busca de uma linguagem brasileira para os
postulados funcionalistas.
É com esse objetivo que são resgatados os velhos combogós, as treliças
e os azulejos de revestimento, para uso juntamente com os princípios
defendidos por Le Corbusier – “pilotis”; teto-jardim; autonomia das paredes, em
relação à estrutura; e janelas-cortina. Sem esquecer os “brises-soleil”.
Nesta fase, Ficher e Acayaba (1982) afirmam que,
“[...] os arquitetos brasileiros davam preferência às formas geométricas
claramente definidas, à separação entre estrutura e vedação,
permitindo maior liberdade no agenciamento interno dos edifícios, ao
uso sistemático do pilotis, aos panos de vidro contínuos, ao invés das
janelas tradicionais, e à integração da arquitetura com o entorno pelo
paisagismo e com as outras artes plásticas pelo emprego de murais,
painéis de azulejo decorado e escultura em substituição à decoração
aplicada.” (FICHER e ACAYABA, 1982, p.10)
Esse movimento se apresenta, conforme o define Paulo Santos (1981),
em quatro fases. Segundo seu entender, os acontecimentos que demarcam
cada fase são os seguintes:
“[...] Primeira fase – da posse de Lúcio Costa na ENBA-Escola
Nacional de Belas-Artes à visita de Le Corbusier; segunda fase – da
vinda de Le Corbusier / início da construção do edifício do MEC à
Pampulha; terceira fase – inaugurada com a construção da Pampulha,
até a construção de Brasília - fase de superação da ortodoxia funcional
e regularidade geométrica de traçados, rumo à procura da liberdade
formal, através da incorporação de novas idéias; quarta fase - da
construção de Brasília em diante. A primeira é chamada de
implantação, inicia em 1930 e vai até 1936; a segunda, de 1936 a
1941; a terceira, de 1941 a 1961; a quarta, iniciada com a construção
de Brasília.” (SANTOS, 1981, p.103).
No final desse período, encontram-se consolidados e definitivamente
codificados os postulados da doutrina da Arquitetura Moderna no Brasil
Os referidos postulados, uma vez codificados, assim foram relacionados
por Lúcio Costa:
“[...] a disponibilidade do solo apesar de edificado, graças aos pilotis,
cuja ordenação arquitetônica decorre do fato de os edifícios não se
fundarem mais sobre um perímetro maciço de paredes, mas sobre os
pilares de uma estrutura autônoma, os pisos sacados para uma maior
rigidez; as fachadas translúcidas guarnecidas – conforme se orientam
para a sombra ou não – de quebra-sol ou apenas dispositivo para
amortecer a luminosidade segundo a conveniência e a hora e,
motivadas pela circunstância de já não constituir mais a fachada
elemento de suporte, senão simples membrana de vedação e fonte de