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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL
FACULDADE DE ARQUITETURA
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE
GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS
PAULA SILVA GAMBIM
Porto Alegre
2007
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PAULA SILVA GAMBIM
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE
GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS
Dissertação de mestrado em Planejamento Urbano
e Regional
Para a obtenção do título de mestre em
Planejamento Urbano
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em Planejamento
Urbano e Regional
Faculdade de Arquitetura
Orientador
Maria Cristina Dias Lay, PHD
Porto Alegre
2007
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G191i Gambim, Paula Silva
A influência de atributos espaciais na interação entre grupos
heterogêneos em ambientes residenciais / Paula Silva Gambim ;
orientação de Maria Cristina Dias Lay.
Porto Alegre : UFRGS,
Faculdade de Arquitetura, 2007.
302 p. : il.
Dissertação (mestrado)
Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pós-graduação em
Planejamento Urbano e Regional. Porto Alegre, RS, 2007.
CDU: 728.222(816.51)
711.6
711.41
316.454.5
DESCRITORES
Habitação popular : Porto Alegre (RS)
728.222(816.51)
Distribuição espacial
711.6
Morfologia urbana
711.41
Interação social
316.454.5
Bibliotecária Responsável
Elenice Avila da Silva – CRB-10/880
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE
GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS
PAULA SILVA GAMBIM
Dissertação de mestrado submetida à Universidade Federal do Rio Grande do Sul como
requisito parcial, exigido pelo o Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e
Regional - PROPUR, para obtenção do título de Mestre em Planejamento Urbano na área
de concentração da Percepção e Avaliação Ambiental.
Prof. Dr. João Farias Rovati
- Coordenador do PROPUR
Profª. Drª. Maria Cristina Dias Lay
- Orientador
COMISSÃO EXAMINADORA:
Profª. Drª. Maria Cristina Dias Lay
- Moderadora – PROPUR/UFRGS
Prof. Dr. Antônio Tarcísio Reis - PROPUR/UFRGS
Prof. Dr. João Farias Rovati
- PROPUR/UFRGS
Profª. Drª. Luciana Correa do Lago - IPPUR/UFRJ
Porto Alegre, 20 de novembro de 2007.
(Data de defesa)
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, incansáveis no apoio e dedicação aos
filhos, exemplos de vida e de fé.
AGRADECIMENTOS
A Deus que me conduziu nesta caminhada.
À minha orientadora, Maria Cristina Dias Lay, pela sua
incansável dedicação, por ter partilhado comigo seus
conhecimentos e experiências, pela sua paciência e por
acreditar no meu trabalho, transmitindo-me confiança
segurança e tranqüilidade.
Aos meus pais, como sempre, presentes com seu amor,
confiança e orações, e pelo interesse com que acompanharam
esse trabalho.
Ao Fábio, meu amor, pelo carinho e apoio permanentes e pela
compreensão da minha ausência.
Aos meus irmãos, Beta, Naldo e Júnior, amorosos, pacientes e
prestativos, durante toda a pesquisa. À Beta, especialmente,
pela ajuda na finalização deste trabalho.
Aos meus cunhados, em especial Camila e Gabriel, presentes
com o seu apoio.
Aos amigos e colegas que dividiram as angústias e o
conhecimento durante o período de aprendizado e pesquisa.
Lembro a Carolina, a Luciana, a Clarissa, o Mateus e a Carla.
À UFRGS e a CAPES pela oportunização do conhecimento.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
realização deste trabalho.
RESUMO
O processo de urbanização acelerada e a segmentação espacial no ambiente urbano
no último século aponta para a heterogeneidade dos grupos sociais que coabitam a cidade e
destaca os problemas como violência e segregação que surgem da relação entre os grupos.
Não existem estudos conclusivos sobre as variáveis que afetam a interação social entre
grupos heterogêneos em contato nos ambientem urbanos. Este estudo investiga os efeitos
dos atributos espaciais na interação de grupos socioeconômicos distintos residentes em
áreas urbanas comuns caracterizadas por transformações físicas ou sociais. Baseado na
área de Ambiente-Comportamento, este estudo foi realizado em três áreas consolidadas da
cidade de Porto Alegre, ocupadas por moradores de renda média e alta, nas quais houve
inserção recente de moradores de baixa renda através de projetos de reurbanização e
regularização fundiária. Foi avaliado o desempenho dessas áreas em relação aos diferentes
níveis de interação social, a partir da satisfação dos moradores e da caracterização do perfil
comportamental no uso dos lugares do bairro. Buscou-se o entendimento de quais atributos
espaciais e composicionais mais afetam a interação social entre os moradores dos grupos
distintos, seja no uso simultâneo dos espaços ou no desejo de não se relacionar com o
outro grupo. Os procedimentos metodológicos adotados apoiaram-se em múltiplos métodos.
A coleta de dados consistiu de duas etapas. Na Etapa 1 foram realizados levantamento
físico das três áreas selecionadas (habitação social e entorno), aplicação de entrevistas e
mapas mentais entre moradores dos dois grupos socioeconômicos e utilização de recursos
de SIG. Na Etapa 2 os dados foram adquiridos a partir de questionários, observações
comportamentais e levantamento fotográfico. A análise de dados utilizou estatística não-
paramétrica, recursos de SIG, análise sintática e análise de gráficos de visibilidade,
possibilitando a complementaridade dos resultados obtidos, incrementando a compreensão
e validade da investigação. Os dados evidenciam que a interação social entre os grupos
socioeconomicamente distintos pode ser favorecida: (1) pela adequação da estrutura do
ambiente construído, que aumenta as possibilidades de apropriação do espaço aberto e de
acessibilidade das atividades, de modo simultâneo pelos grupos distintos; (2) pela maior
semelhança entre as edificações da habitação social e do entorno, que podem favorecer o
uso indistinto dos lugares do bairro e a maior identificação com a vizinhança; e (3) pela
existência de equipamentos de comércio e serviços básicos, instituições de ensino, praças e
espaços adequados para caminhar no bairro, que favorecem o uso comum dos lugares do
bairro pelos dois grupos sociais e aumentam a intensidade de apropriação dos espaços
abertos. A percepção de heterogeneidade entre os moradores favorece o sentimento de que
existem grupos distintos no bairro e segregação no uso dos lugares; quanto maior a
heterogeneidade, mais intenso tende a ser o controle territorial por parte dos moradores e
menor o desejo de uso dos espaços abertos. A pesquisa realizada sustenta a importância
dos atributos físico-espaciais para a compreensão do comportamento dos diferentes grupos
que coabitam na cidade. Destaca-se que características dos espaços urbanos,
especialmente resultantes das decisões projetuais aplicadas à habitação social, podem
minimizar os efeitos da heterogeneidade entre os grupos distintos definidos em função das
intervenções nas políticas públicas. Os resultados aqui obtidos ampliam o entendimento da
interação social entre grupos socioeconomicamente distintos residentes em áreas urbanas
comuns, podendo, assim contribuir para novas pesquisas sobre o tema e para intervenções
urbanas mais adequadas às necessidades humanas.
Palavras chave:
Interação social, heterogeneidade socioeconômica, habitação social, adequação
espacial.
ABSTRACT
Due to the accelerated urbanization process and spatial segmentation of the cities
during the last century, there is great concern about violence and segregation that might
result from an increasing heterogeneity of populations living in the same urban environment.
Evidence about which variables might affect social interaction between different
socioeconomic groups has not been presented so far. This research empirically addresses
the effects of spatial attributes on social interaction of different socioeconomic groups in local
neighborhoods, in a comparative study of three central urban areas in Porto Alegre. In these
areas, characterized by high and medium income population, low-income groups were
introduced through re-urbanization projects. In order to investigate the physical and
composicional attributes related to the interactional process, the different levels of social
interaction were evaluated by residents’ attitudes and spatial behavior in the local
environment, regarding the simultaneous activities or the desire of separation between
groups. The methodological procedures consisted of multiple methods used in the research
area of Environment Behavior. The data collection was done in two steps. The first assessed
the description of the physical aspects of the three selected areas, resident interviews and
application of mental maps. The second step is organized into collection procedures
(questionnaires, observations to produce behavioral maps, and photography) and analyses
of the data (non-parametric statistic, use of GIS resources, syntactic analyses and graphic of
visibility analyses). The multiple techniques enhanced the comprehension and the validity of
the investigation. Results showed that social interaction between different socioeconomic
populations are affected by: (1) adequacy of the physical structure of built environment,
which increases appropriation of open spaces and to accessibility to the desired activities;
(2) physic similarities of the buildings between social housing and the neighborhood context,
allowing better use of local streets and the identification of the collective image (the group);
and (3) the existence of facilities such as groceries and basic services, educational
institutions, public places for leisure and well pavement conditions to walk, allowing common
activities in the neighborhood and increasing appropriation of urban spaces. The perception
heterogeneity between neighbors affects the feeling that there are different populations in the
place and segregation in the use of the neighborhood: heterogeneity can stimulate territorial
control and reduce the desire of using open spaces. This research shows evidence that
physical attributes are relevant to understand the behavior of different populations living (in
contact) in the cities. It demonstrates that project decisions related to regularization for social
housing can be improved when concerned of certain physical aspects that help to reduce the
effects of heterogeneity for social interaction. The findings improve the comprehension of
social interaction between different socioeconomic groups living in the same neighborhood. It
is expected that it can arouse interest to develop further studies on the subject, as well as
motivate urban policies more congruent to human needs.
Key-words:
Social interaction, socioeconomic heterogeneity, social housing, environmental
adequacy.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................
5
RESUMO .......................................................................................................................
6
ABSTRACT ...................................................................................................................
7
SUMÁRIO ......................................................................................................................
8
LISTA DE TABELAS .....................................................................................................
13
LISTA DE FIGURAS .....................................................................................................
16
1 INTRODUÇÃO GERAL: DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS E OS
PROBLEMAS NA INTERAÇÃO SOCIAL ................................................................
.
21
1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................
..........
21
1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................
......
21
1.2.1 Importância da formação dos grupos e a interação social nos espaços
urbanos ................................................................................................
...............
21
1.2.2 Heterogeneidade na atualidade ................................................................
.........
22
1.2.3 Transformações no ambiente urbano e os efeitos na interação social
entre grupos distintos ................................................................
.......................
24
1.2.4 A segregação do espaço urbano brasileiro e a habitação social
..................
25
1.2.5 Delimitação do problema de pesquisa ................................
............................
29
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ................................................................
....................
30
1.4 ESTRUTURA E CONTEÚDO DO TRABALHO ................................
........................
30
2 IDENTIFICAÇÃO DOS CONDICIONANTES NA INTERAÇÃO SOCIAL DE
GRUPOS HETEROGÊNEOS EM ÁREAS RESIDENCIAIS ................................
......
32
2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................
..........
32
2.2 CONCEITOS SUPORTE PARA ENTENDER A INTERAÇÃO SOCIAL NO
AMBIENTE URBANO................................................................
................................
33
2.2.1 Imagem e Desempenho Ambiental ................................................................
..
33
2.2.2 Ambiente construído como suporte às atividades humanas
.........................
34
2.2.3 Interação Social ................................................................................................
.
36
2.2.4 Comportamento espacial ................................................................
..................
37
2.2.4.1 Privacidade ................................................................................................
.........
38
a. Espaço pessoal ................................................................
...................
38
b. Território ................................................................
..............................
39
2.2.4.2 Comportamento territorial ................................................................
....................
39
a. Tipos de território ................................................................
.................
41
2.3 CARACTERIZAÇÃO DA INTERAÇÃO SOCIAL EM AMBIENTES
RESIDENCIAIS URBANOS ................................................................
......................
43
2.3.1 A interação social na vizinhança ................................................................
.....
43
2.3.2 Sistema de lugares e sistema de atividades ................................
...................
45
2.4 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES CONTEXTUAIS INFLUENTES NA
INTERAÇÃO SOCIAL ................................................................
...............................
46
2.4.1 Caracterização da estrutura do ambiente construído ................................
....
47
2.4.1.1 Tamanho de uma vizinhança e quantidade de habitações ................................
...
47
2.4.1.2 Dinâmica do movimento na área de vizinhança e potencial de contato social
......
48
2.4.1.3 Acessibilidade no ambiente residencial ................................
...............................
50
2.4.1.4 As calçadas no ambiente residencial ................................................................
...
52
2.4.1.5 A presença da vegetação ................................................................
....................
53
2.4.1.6 As faixas para circulação de veículos no ambiente residencial
............................
53
2.4.2 Aparência e uso ................................................................
................................
55
2.4.2.1 Aparência das edificações ................................................................
...................
55
2.4.2.2 Percepção de Segurança ................................................................
....................
56
2.4.2.3 Heterogeneidade do ambiente construído ................................
...........................
58
2.4.3 Adequação dos equipamentos e atividades existentes no ambiente
residencial ................................................................................................
.........
59
2.5 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES COMPOSICIONAIS INFLUENTES NA
INTERAÇÃO SOCIAL ................................................................
...............................
61
2.5.1 Estilo de vida e definição do grupo ................................................................
.
62
2.5.1.1 Estilo de vida e status socioeconômico ................................
...............................
63
2.5.1.2 Estilo de vida e tempo de moradia ................................................................
......
64
2.5.1.3 Estilo de vida e composição familiar 64
2.5.1.4 Estilo de vida, sistema de atividades e alocação do tempo .. 65
2.5.2 Heterogeneidade e homogeneidade percebida: efeitos na interação dos
grupos ................................................................................................
................
65
2.6 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES CONTEXTUAIS E COMPOSICIONAIS
INTERDEPENDENTES INFLUENTES NA INTERAÇÃO SOCIAL
............................
67
2.6.1 Comportamento territorial, imagem do lugar e interação social
....................
67
2.6.1.1 Comportamento territorial: barreiras físicas e a interação social
..........................
67
2.6.1.2 Imagem do grupo e personalização do território ................................
..................
69
2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................
......................
70
3 METODOLOGIA ................................................................................................
.......
72
3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................
..........
72
3.2 PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS ................................
............................
72
3.3 ESTRUTURA METODOLÓGICA E HIPÓTESES DE PESQUISA
............................
73
3.4 DEFINIÇÃO DO ESTUDO DE CASO ................................................................
.......
74
3.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................
..
80
3.5.1 Etapa 1: Caracterização e seleção das áreas de análise para o estudo de caso
.....
81
3.5.1.1 Critérios de seleção das áreas de análise ................................
...........................
81
3.5.1.2 Métodos de coleta de dados ................................................................
...............
81
3.5.1.3 Caracterização das áreas pré-selecionadas ................................
........................
84
3.5.1.4 Caracterização das áreas selecionadas para o estudo de caso
..........................
85
3.5.1.4.1 Caracterização da Área 1 ................................................................
..............
86
3.5.1.4.2 Caracterização da Área 2 ................................................................
..............
90
3.5.1.4.3 Caracterização da Área 3 ................................................................
..............
95
3.5.1.5 Síntese das áreas selecionadas e conclusão da Etapa 1 ................................
....
99
3.5.2 Etapa 2: Complementação do levantamento de dados ................................
..
100
3.5.2.1 Entrevistas ................................................................................................
..........
100
3.5.2.2 Levantamento Fotográfico ................................................................
...................
100
3.5.2.3 Observações de comportamento ................................................................
.........
100
3.5.2.4 Questionários ................................................................................................
......
101
3.5.3 Métodos de análise de dados ................................................................
...........
105
3.5.3.1 A interação humana e a utilização de recursos de SIG ................................
.......
106
3.5.3.2 Análise estatística dos dados ................................................................
..............
107
3.5.3.3 Análise sintática ................................................................................................
..
111
3.5.3.4 Análise de Visibilidade ................................................................
........................
111
4 ANÁLISE DOS ATRIBUTOS QUE INFLUENCIAM A INTERAÇÃO ENTRE
GRUPOS HERETEROGÊNEOS ................................................................
...............
113
4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................
..........
113
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO E DO PADRÃO COMPORTAMENTAL NO
AMBIENTE RESIDENCIAL ................................................................
......................
114
4.2.1 Área 1: Caracterização do ambiente construído ................................
.............
114
4.2.1.1 Estrutura fundiária e densidade de edificações na Área 1 ................................
...
114
4.2.1.2 Dinâmica de movimento na Área 1 ................................................................
......
116
4.2.1.3 Acessibilidade Visual na Área 1 ................................................................
..........
118
4.2.1.4 Espaços abertos públicos no ambiente residencial na Área 1
.............................
119
4.2.1.5 Aparência das edificações na Área 1 ................................................................
..
123
4.2.1.6 Usos e equipamentos existentes na Área 1 ................................
.........................
126
4.2.2 Área 1: Apropriação dos espaços abertos e potencial de interação social
na vizinhança ................................................................................................
.....
128
4.2.2.1 Atividades realizadas na Área 1 ................................................................
..........
128
4.2.2.2 Atividades associativas na Área 1 ................................................................
......
132
4.2.2.3 Interação social entre vizinhos na Área 1................................
.............................
133
4.2.3 Área 2: Caracterização do ambiente construído ................................
.............
134
4.2.3.1 Estrutura fundiária e densidade de edificações na Área 2 ................................
...
134
4.2.3.2 Dinâmica de movimento na Área 2 ................................................................
......
136
4.2.3.3 Acessibilidade Visual na Área 2 ................................................................
..........
138
4.2.3.4 Espaços abertos públicos no ambiente residencial na Área 2
.............................
139
4.2.3.5 Aparência das edificações na Área 2 ................................................................
..
142
4.2.3.6 Usos e equipamentos existentes na Área 2 ................................
.........................
145
4.2.4 Área 2: Apropriação dos espaços abertos e potencial de interação social
na vizinhança ................................................................................................
.....
147
4.2.4.1 Atividades realizadas na Área 2 ................................................................
..........
147
4.2.4.2 Atividades associativas na Área 2 ................................................................
......
152
4.2.4.3 Interação social entre vizinhos na Área 2 ................................
............................
153
4.2.5 Área 3: Caracterização do ambiente construído ................................
.............
154
4.2.5.1 Estrutura fundiária e densidade de edificações na Área 3 ................................
...
154
4.2.5.2 Dinâmica de movimento na Área 3 ................................................................
......
156
4.2.5.3 Acessibilidade Visual na Área 3 ................................................................
..........
157
4.2.5.4 Espaços abertos públicos no ambiente residencial na Área 3
.............................
159
4.2.5.5 Aparência das edificações na Área 3 ................................................................
..
162
4.2.5.6 Usos e equipamentos existentes na Área 3 ................................
.........................
164
4.2.6 Área 3: Apropriação dos espaços abertos e potencial de interação social
na vizinhança ................................................................................................
.....
167
4.2.6.1 Atividades realizadas na Área 3 ................................................................
..........
167
4.2.6.2 Atividades associativas na Área 3 ................................................................
......
172
4.2.6.3 Interação social entre vizinhos na Área 3 172
4.2.7 Comparação entre a intensidade de uso nas Áreas e o sistema de
atividade e lugares utilizado pelos moradores ................................
...............
174
4.2.7.1 Uso do bairro de moradia ................................................................
....................
174
4.2.7.2 Uso de outros bairros ................................................................
..........................
176
4.2.7.3 Uso do centro ................................................................................................
......
177
4.2.7.4 Associação entre o uso do bairro, de outros bairro e do Centro
..........................
178
4.2.7.5 Associação entre o uso da área e a interação social ................................
...........
179
4.3 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL COMPOSICIONAL E DO ESTILO DE VIDA
DOS MORADORES ................................................................................................
..
180
4.3.1 Status socioeconômico dos grupos ................................
................................
180
4.3.2 Tempo de moradia ................................................................
............................
184
4.3.3 Composição familiar e o uso dos espaços privados e semiprivados
...........
185
4.3.4 Meios de transporte, alocação do tempo e principais atividades (trabalho
e escola) ................................................................................................
.............
187
4.4 VERIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS MAIS EFETIVOS NA INTERAÇÃO SOCIAL
ENTRE GRUPOS SOCIOECONÔMICOS DISTINTOS ................................
.............
192
4.4.1 Hipótese 1: relações entre a estrutura do ambiente construído,
apropriação dos espaços abertos e interação social................................
......
192
4.4.1.1 Adequação do tamanho dos quarteirões, densidade e uso ................................
.
192
4.4.1.2 Adequação das calçadas e uso ................................................................
...........
194
4.4.1.3 Adequação da vegetação e uso ................................................................
..........
195
4.4.1.4 Adequação do fluxo de veículos e uso ................................
................................
196
4.4.1.5 Associação da estrutura do ambiente construído e o uso e a interação social
no bairro ................................................................................................
..............
197
4.4.2 Hipótese 2: relações entre aparência das edificações e interação social
.....
200
4.4.2.1 Lugares identificados pelos moradores em função da aparência ou da
segurança ................................................................................................
...........
200
4.4.2.2 Aparência do bairro e nível de satisfação com as edificações
.............................
205
4.4.2.3 Percepção de segurança e uso e associação com a satisfação com a
aparência ................................................................................................
............
206
4.4.2.4 Heterogeneidade do ambiente construído ................................
...........................
207
4.4.2.5 Associação entre aparência, segurança, homogeneidade do ambiente
construído e interação social ................................................................
...............
208
4.4.3 Hipótese 3: relações entre equipamentos existentes na área, atividades
realizadas e interação social ................................................................
.............
211
4.4.3.1 Adequação dos equipamentos e usos na Área ................................
...................
211
4.4.3.2 Lugares usados e distâncias entre a moradia e a atividade realizada
.................
214
4.4.3.3 Associação entre adequação dos equipamentos e a interação social
.................
219
4.4.4 Hipótese 4: relações entre a percepção de heterogeneidade entre grupos
e a interação social ................................................................
...........................
221
4.4.4.1 Percepção da homogeneidade entre moradores ................................
.................
221
4.4.4.2 Associação entre Percepção da heterogeneidade entre moradores e a
interação social ................................................................................................
...
223
4.4.5 Hipótese 5: relações entre comportamento territorial, imagem dos
grupos e interação social ................................................................
.................
224
4.4.5.1 Comportamento territorial: barreiras físicas e a interação social
..........................
224
4.4.5.2 Imagem do grupo e personalização do território ................................
..................
230
4.4.5.3 Associação entre comportamento territorial, percepção de homogeneidade e
interação social ................................................................................................
...
232
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................
......................
234
5 CONCLUSÕES E RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS ................................
............
239
5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................
..........
239
5.2 PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS E MÉTODOS ................................
........
239
5.3 HIPÓTESES ................................................................................................
..............
240
5.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................
...........
242
5.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................
...................
248
5.6 RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS E SUGESTÕES ................................
..............
249
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................
...............
252
ANEXOS
ANEXO
A
Tabela utilizada para realização do levantamento físico
...........................
260
ANEXO
B
Síntese das principais características de cada área, quando
comparados os dois grupos sociais ................................
..........................
261
ANEXO
C1
Síntese levantamento físico: Área 1 – Condomínio Jardim Planetário
......
262
ANEXO
C2
Síntese levantamento físico: Área 2 – Condomínio Residencial dos
Anjos ................................................................................................
........
263
ANEXO
C3
Síntese levantamento físico: Área 3 – Condomínio Residencial Princesa
Isabel ................................................................................................
........
264
ANEXO
D
Entrevista realizada com os moradores na Etapa 1 do levantamento
.......
265
ANEXO
E1
Síntese da entrevista: Área 1 – Condomínio Jardim Planetário
................
267
ANEXO
E2
Síntese da entrevista: Área 2 – Condomínio Residencial dos Anjos
.........
269
ANEXO
E3
Síntese da entrevista: Área 3 – Condomínio Residencial Princesa
Isabel ................................................................................................
........
271
ANEXO
F1
Instruções gerais quanto ao preenchimento do questionário
....................
273
ANEXO
F2
Questionário aplicado aos moradores ................................
.......................
277
ANEXO
F3
Freqüências do questionário aplicado ................................
.......................
278
ANEXO
G
Tabelas síntese dos mapas comportamentais ................................
..........
289
ANEXO
H
Local da comunidade religiosa por área e por tipo de morador
..................
291
ANEXO
I
Local da instituição de ensino dos filhos por área e por tipo de morador
..
292
ANEXO
J
Locais atraentes, não atraentes, inadequados às características do
bairro e inseguros (e evitados) ................................................................
.
293
ANEXO
L
Locais utilizados para a realização de atividades (compras, lazer e
esporte) e distâncias local-moradia ................................
..........................
297
ANEXO
M
Caracterização das barreiras físicas e da personalização dos espaços
privados e semiprivados................................................................
............
302
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1: Classes sociais de acordo com diferentes instituições brasileiras
..............
79
Tabela 3.2: Principais características para classificação dos estilos das edificações
...
82
Tabela 3.3: Síntese das principais características de cada área, quando comparados
os dois grupos sociais ................................................................
................
99
Tabela 3.4: Definição dos períodos das observações de comportamento realizadas
por área ................................................................................................
......
101
Tabela 3.5: Distribuição das vilas mínimas por área do estudo comparativo
................
103
Tabela 3.6: Operacionalização das variáveis conforme definição das hipóteses de
pesquisa ................................................................................................
....
104
Tabela 3.7: Dimensões e variáveis de acordo com as perguntas do questionário
........
107
Tabela 3.8: Procedimentos para a realização da análise estatística dos dados
............
109
Tabela 3.9: Variáveis do questionário relacionadas à caracterização da estrutura do
ambiente construído ................................................................
..................
109
Tabela 3.10: Exemplo de escores para a estrutura do ambiente construído
...................
110
Tabela 3.11: Intervalos adotados para a classificação da correlação de Spearman
.......
111
Tabela 4.1: Quantidade e dimensão dos quarteirões na Área 1 ................................
...
115
Tabela 4.2: Diferenças quanto ao tamanho de lotes e edificações da habitação social
e do bairro e caracterização dos acessos às edificações na Área 1
...........
115
Tabela 4.3: Valores das medidas sintáticas para as ruas da Área 1
.............................
117
Tabela 4.4: Medidas de visibilidade na Área 1 ................................
..............................
119
Tabela 4.5: Proporções dos espaços públicos e privados na Área 1
............................
120
Tabela 4.6: Caracterização dos eixos viários na Área 1 ................................
...............
120
Tabela 4.7: Caracterização da largura e manutenção das calçadas na Área 1
..............
121
Tabela 4.8: Arborização na Área 1 ................................................................
................
122
Tabela 4.9: Caracterização dos elementos construtivos das calçadas na Área 1
..........
122
Tabela 4.10: Estilo das edificações na Área 1 ................................
................................
123
Tabela 4.11: Altura das edificações na Área 1 ................................
................................
124
Tabela 4.12: Estado de manutenção das edificações na Área 1................................
......
125
Tabela 4.13: Caracterização dos usos das edificações na Área 1 ................................
..
126
Tabela 4.14: Proporção entre os usos diversos e o uso residencial na Área 1
...............
126
Tabela 4.15: Uso dos espaços semiprivados ou semipúblicos por tipo de morador na
Área 1 ................................................................................................
........
131
Tabela 4.16: Caracterização dos indicadores da interação social na vizinhança por
grupo de morador – Área 1 ................................................................
........
133
Tabela 4.17: Associação entre variáveis relacionadas à percepção de apoio mútuo na
vizinhança ................................................................................................
..
133
Tabela 4.18: Quantidade e dimensão dos quarteirões na Área 2 ................................
...
135
Tabela 4.19: Diferenças quanto ao tamanho de lotes e edificações da habitação
social e do bairro e caracterização dos acessos às edificações na Área 2
..
135
Tabela 4.20: Valores das medidas sintáticas para as ruas da Área 2
.............................
137
Tabela 4.21: Medidas de visibilidade na Área 2 ................................
..............................
138
Tabela 4.22: Proporções dos espaços públicos e privados na Área 2
............................
139
Tabela 4.23: Caracterização dos eixos viários na Área 2 ................................
...............
140
Tabela 4.24: Caracterização da largura e manutenção das calçadas na Área 2
.............
141
Tabela 4.25: Arborização na Área 2 ................................................................
...............
141
Tabela 4.26: Caracterização dos elementos construtivos das calçadas na Área 2
.........
142
Tabela 4.27: Estilo das edificações na Área 2 ................................
................................
143
Tabela 4.28: Altura das edificações na Área 2 ................................
................................
143
Tabela 4.29: Manutenção das edificações na Área 2 ................................
.....................
144
Tabela 4.30: Caracterização dos usos das edificações na Área 2 ................................
..
145
Tabela 4.31: Proporção entre os usos diversos e o uso residencial na Área 2
...............
146
Tabela 4.32: Uso dos espaços semiprivados ou semipúblicos por tipo de morador na
Área 2 ................................................................................................
........
151
Tabela 4.33: Caracterização dos indicadores da interação social na vizinhança por
tipo de morador – Área 2 ................................................................
...........
153
Tabela 4.34: Quantidade e dimensão dos quarteirões na Área 3 ................................
...
155
Tabela 4.35: Diferenças quanto ao tamanho de lotes e edificações da habitação
social e do bairro e caracterização dos acessos às edificações na Área 3
..
155
Tabela 4.36: Valores das medidas sintáticas para as ruas da Área 3
.............................
157
Tabela 4.37: Medidas de visibilidade na Área 3 ................................
..............................
158
Tabela 4.38: Proporções dos espaços públicos e privados na Área 3
............................
159
Tabela 4.39: Caracterização dos eixos viários na Área 3 ................................
...............
160
Tabela 4.40: Caracterização da largura e manutenção das calçadas na Área 3
.............
160
Tabela 4.41: Arborização na Área 3 ................................................................
...............
160
Tabela 4.42: Caracterização dos elementos construtivos das calçadas na Área 3
.........
161
Tabela 4.43: Estilo das edificações na Área 3 ................................
................................
162
Tabela 4.44: Altura das edificações na Área 3 ................................
................................
163
Tabela 4.45: Manutenção das edificações na Área 3 ................................
.....................
163
Tabela 4.46: Caracterização dos usos das edificações na Área 3 ................................
..
165
Tabela 4.47: Proporção entre os usos diversos e o uso residencial na Área 3
...............
166
Tabela 4.48: Uso dos espaços semiprivados ou semipúblicos por tipo de morador na
Área 3 ................................................................................................
........
170
Tabela 4.49: Caracterização dos indicadores da interação social na vizinhança por
tipo de morador – Área 3 ................................................................
...........
172
Tabela 4.50: Comparação entre o número de usuários nas ruas estudadas por área
....
174
Tabela 4.51: Relação entre os indicadores de uso do bairro de moradia, de outros
bairros e do Centro ................................................................
....................
178
Tabela 4.52: Caracterização da escolaridade, da renda familiar e da ocupação por
área e grupo de morador ................................................................
............
181
Tabela 4.53: Associação entre renda familiar, status na ocupação do morador e
escolaridade do morador ................................................................
...........
182
Tabela 4.54: Variação do status socioeconômico por grupo de morador
.........................
183
Tabela 4.55: Diferenças e semelhanças quanto ao tempo de moradia por grupo de
morador ................................................................................................
.....
184
Tabela 4.56: Associação do tempo de moradia com indicadores de uso dos espaços
semiprivados ou privados, dimensões da interação social na vizinhança
e uso do bairro, de outros bairros e do centro ................................
............
185
Tabela 4.57: Caracterização da composição familiar por área e grupo de morador
........
186
Tabela 4.58: Uso dos espaços semiprivados ou semipúblicos por área e por tipo de
morador ................................................................................................
.....
186
Tabela 4.59: Meios de locomoção utilizados por área e por grupo de morador
..............
188
Tabela 4.60: Local de trabalho por área e por morador ................................
..................
189
Tabela 4.61: Local da instituição de ensino dos filhos por área e por grupo de morador
....
190
Tabela 4.62: Relação entre os indicadores de adequação da estrutura do ambiente
construído e uso ................................................................
........................
198
Tabela 4.63: Caracterização dos elementos influentes na percepção de
heterogeneidade do bairro, por área e por tipo de morador
.......................
208
Tabela 4.64: Relação entre os indicadores de satisfação com a aparência, percepção
de segurança e heterogeneidade do ambiente construído
.........................
209
Tabela 4.65: Diferenças estatísticas no uso e equipamentos entre moradores do
bairro e da habitação social ................................................................
.......
213
Tabela 4.66: Variação das distâncias entre moradia-equipamento por área e por tipo
de morador ................................................................
................................
214
Tabela 4.67: Relação entre os indicadores de adequação dos equipamentos e uso
......
219
Tabela 4.68: Associação entre variáveis da percepção de homogeneidade entre
moradores ................................................................................................
..
222
Tabela 4.69: Relação entre o indicador de percepção de homogeneidade entre
moradores e os grupos ................................................................
..............
223
Tabela 4.70: Relação entre os indicadores do comportamento territorial entre
moradores e os grupos ................................................................
..............
232
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1: Evolução urbana da cidade de Porto Alegre entre 1960 e 1990
.................
75
Figura 3.2: Rendimento médio em salários mínimos dos responsáveis por domicílio,
por ROP de Porto Alegre – 2000 ................................
...............................
76
Figura 3.3: Índice de qualidade de vida, considerando o sub-índice renda, por ROP
de Porto Alegre – 2004 ................................................................
..............
76
Figura 3.4: Percentual da população, por ROP em relação a Porto Alegre – 2000
......
76
Figura 3.5: Distribuição das 17 vilas nos bairros da ROP – centro e identificação dos
5 projetos de reurbanização realizados na área ................................
.........
78
Figura 3.6: ROP 16 - Centro e localização das unidades de análise
............................
85
Figura 3.7: Comércio e serviços na rua Jerônimo de Ornelas ................................
......
86
Figura 3.8: Comércio e serviços na rua Jerônimo de Ornelas ................................
......
86
Figura 3.9: Implantação da Área 1 ................................................................
...............
87
Figura 3.10: Vista Praça M. Joaquim de Queiroz ................................
...........................
88
Figura 3.11: Vista do acesso ao Observatório Planetário ................................
...............
88
Figura 3.12: Vista rua Santana esquina rua Laurindo ................................
....................
88
Figura 3.13: Vista da rua Engenheiro Vespúcio de Abreu ................................
..............
88
Figura 3.14: Edificação na rua Santana ................................................................
.........
88
Figura 3.15: Vista da rua Jacinto Gomes ................................................................
.......
88
Figura 3.16: Implantação do Condomínio Jardim Planetário ................................
..........
89
Figura 3.17: Casa térrea – 1 dormitório ................................................................
.........
89
Figura 3.18: Sobrado – 2 dormitórios................................................................
..............
89
Figura 3.19: Sobrado – 3 dormitórios ................................................................
.............
89
Figura 3.20: Acesso rua Santa Teresinha ................................................................
......
90
Figura 3.21: Acesso rua Luiz Manoel ................................................................
.............
90
Figura 3.22: Acesso rua Olimpo de Oliveira ................................................................
...
90
Figura 3.23: Implantação da Área 2 ................................................................
...............
91
Figura.3.24: Vista da Av. Ipiranga em direção aos Bairros Petrópolis e Jardim Botânico
..
92
Figura 3.25: Vista da rua Dario Pederneiras: rua arborizada e de caráter residencial
.....
92
Figura 3.26: Vista da rua Gonçalves Ledo: rua de caráter residencial
...........................
92
Figura 3.27: Vista da Praça Ruy Teixeira................................................................
........
92
Figura 3.28: Vista da rua La Plata: edificações contemporâneas de 1 e 2 pavimentos
...
93
Figura 3.29: Vista da rua Dario Pederneiras: a inserção de novas edificações
no bairro ................................................................................................
....
93
Figura 3.30: Vista da rua Veríssimo Rosa (à leste da av. Ipiranga)
................................
93
Figura 3.31: Vista a partir do acesso ao Condomínio dos Anjos, para o noroeste
..........
93
Figura 3.32: Vista do Condomínio dos Anjos, relação com o entorno
.............................
93
Figura 3.33: Vista a partir do acesso ao Condomínio dos Anjos, para o sudeste
............
93
Figura 3.34: Implantação do Condomínio dos Anjos................................
.......................
94
Figura 3.35: Planta baixa e Fachada do bloco tipo do Condomínio dos Anjos
...............
94
Figura 3.36: Vista Hospital Ernesto Dorneles................................................................
..
95
Figura 3.37: Vista do Palácio da Polícia................................................................
..........
95
Figura 3.38: Vista do Comércio na av Azenha ................................
................................
95
Figura 3.39: Implantação da Área 3................................................................
................
96
Figura 3.40: Edificação multifamiliar na av. Bento Gonçalves................................
.........
97
Figura 3.41: Edificação multifamiliar na av. Princesa Isabel................................
............
97
Figura 3.42: Edificação popular na rua Leopoldo Bier................................
.....................
97
Figura 3.43: Vista do Condomínio Princesa Isabel a partir da av. Bento Gonçalves
.......
97
Figura 3.44: Vista do Condomínio Princesa Isabel a partir da esquina da
av. Princesa Isabel com av. João Pessoa ................................
..................
97
Figura 3.45: Implantação do Condomínio Princesa Isabel ................................
..............
98
Figura 3.46: Planta baixa e Fachada do bloco tipo do Condomínio Princesa Isabel
.......
98
Figura 3.47: Lojas do Condomínio Princesa Isabel na av João Pessoa
..........................
99
Figura 3.48: Creche do Condomínio Princesa Isabel................................
......................
99
Figura 3.49: Área interna do Condomínio Princesa Isabel ................................
..............
99
Figura 4.1: Estrutura Fundiária da Área 1 ................................................................
.....
114
Figura 4.2: Mapa de edificações e localização dos acessos à edificação na Área 1
.....
116
Figura 4.3: Mapas das medidas sintáticas da Área 1................................
....................
117
Figura 4.4: Mapa Fundo-Figura da Área 1 ................................................................
....
118
Figura 4.5: Mapas das medidas de visibilidade da Área 1 ................................
............
119
Figura 4.6: Praça João Paulo I: espaço contemplativo................................
..................
120
Figura 4.7: Praça Del. C Gadret................................................................
....................
120
Figura 4.8: Praça Dr. Júlio Bolzano................................................................
...............
120
Figura 4.9: Mapa de eixos viários da Área 1................................................................
.
120
Figura 4.10: A falta de manutenção das calçadas no Jardim Planetário
.........................
121
Figura 4.11: Av. Ramiro Barcelos: calçadas largas e arborização ................................
..
121
Figura 4.12: Rua Sta Teresinha: calçadas bem mantidas e arborizada intensa
..............
121
Figura 4.13: Mapa de arborização na Área 1................................................................
..
122
Figura 4.14: Calçadas bem mantidas, telefone público, iluminação e guarita de
segurança na av. Ramiro Barcelos ................................
.............................
122
Figura 4.15: Praça Júlio Bozano: calçadas largas e arborização ................................
....
122
Figura 4.16: Telefone público, ponto de ônibus, caixa de correio e cadeiras junto ao
comércio na av. Santana ................................................................
............
122
Figura 4.17: Mapa de estilo das edificações na Área 1................................
...................
123
Figura 4.18: Edificações protomodernas na rua Eng. Vespúcio de Abreu
.......................
124
Figura 4.19: Edifícios modernos na rua Santa Teresinha................................
................
124
Figura 4.20: Edificações historicistas na rua Santana................................
.....................
124
Figura 4.21: Mapa de altura das edificações na Área 1 ................................
..................
124
Figura 4.22: Mapa de manutenção das edificações na Área 1................................
........
125
Figura 4.23: Edificações com manutenção regular na rua Laurindo
................................
125
Figura 4.24: Edificações com manutenção ruim na rua Jacinto Gomes
..........................
125
Figura 4.25: Edificações do Jardim Planetário se diferenciam do entorno pelo estilo,
altura e manutenção ................................................................
...................
125
Figura 4.26: Mapa de uso residência e de comércio e serviços básicos na Área 1
.........
126
Figura 4.27: Colégio Santa Rosa de Lima na rua Santa Teresinha................................
.
127
Figura 4.28: Campus da Saúde da UFRGS................................................................
....
127
Figura 4.29: Comércio na rua Jerônimo de Ornelas................................
........................
127
Figura 4.30: Fábrica da Panvel, na rua Gomes Jardim ................................
...................
127
Figura 4.31: Comércio e serviços na rua Santana, parte sul da av. Ipiranga
...................
127
Figura 4.32: Residência do Jardim Planetário com bar e lancheria................................
.
127
Figura 4.33: Moradores utilizando o comércio na rua Jacinto Gomes
.............................
128
Figura 4.34: O uso do comércio na rua Jerônimo de Ornelas ................................
.........
128
Figura 4.35: Moradores passeando nas calçadas na rua Laurindo................................
.
128
Figura 4.36: Mapa síntese das observações comportamentais – manhãs – Área 1
........
129
Figura 4.37: Mapa síntese das observações comportamentais – tardes – Área 1
...........
130
Figura 4.38: Moradores do bairro sentados na rua Jacinto Gomes................................
.
131
Figura 4.39: Crianças e adultos em frente à residência - Jardim Planetário
....................
131
Figura 4.40: Moradores do Jardim Planetário no “redondo ................................
.............
131
Figura 4.41: Praça central no Jardim Planetário, usada apenas pelos moradores
do conjunto ................................................................................................
.
132
Figura 4.42: Crianças do Jardim Planetário brincando na Praça João Belém
................
132
Figura 4.43: Funcionários de um escritório após almoço na Praça Del. C. Gadret
..........
132
Figura 4.44: Moradores do bairro na Praça Dr. Júlio Bozano................................
..........
132
Figura 4.45: Crianças e jovens na Praça Joaquim de Queiroz ao sair da escola
............
132
Figura 4.46: Funcionários de um escritório na Praça Joaquim de Queiroz
.....................
132
Figura 4.47: Estrutura Fundiária da Área 2................................................................
.....
134
Figura 4.48: Mapa de edificações e localização dos acessos à edificação na Área 2
.....
136
Figura 4.49: Mapas das medidas sintáticas da Área 2................................
....................
136
Figura 4.50: Mapa Fundo-Figura da Área 2 ................................................................
....
138
Figura 4.51: Mapas das medidas de visibilidade da Área 2 ................................
............
139
Figura 4.52: Mapa de eixos viários na Área 2................................................................
.
140
Figura 4.53: Rua Eça de Queiroz, uma das ruas mais arborizadas
................................
140
Figura 4.54: Rua La Plata, limite dos bairros Petrópolis e Jardim Botânico
....................
140
Figura 4.55: Cruzamento ruas Euclides da Cunha e av. Ipiranga ................................
...
140
Figura 4.56: Calçadas adjacentes ao Condomínio dos Anjos ................................
.........
141
Figura 4.57: Condomínio dos Anjos e a precariedade do entorno ................................
..
141
Figura 4.58: Calçadas bem mantidas – rua Eça de Queiroz ................................
...........
141
Figura 4.59: Mapa de arborização na Área 2................................................................
..
141
Figura 4.60: Rua Itaboraí, Bairro Jardim Botânico ................................
..........................
142
Figura 4.61: Edificações na Rua Euclides da Cunha, Bairro Santana/Partenon
..............
142
Figura 4.62: Área de ocupação irregular, rua La Plata................................
....................
142
Figura 4.63: Mapa de estilo das edificações na Área 2................................
...................
143
Figura 4.64: Mapa de altura das edificações na Área 2 ................................
..................
143
Figura 4.65: Rua Machado de Assis, casas bem mantidas ................................
............
144
Figura 4.66: Edificações residenciais na rua Euclides da Cunha ................................
....
144
Figura 4.67: Edificações multifamiliares na rua Dário Pederneiras ................................
.
144
Figura 4.68: Rua Eça de Queiroz, a inserção das novas edificações
..............................
144
Figura 4.69: Mapa de manutenção das edificações na Área 2................................
........
144
Figura 4.70: Edificações típicas da av. Ipiranga................................
..............................
145
Figura 4.71: Vista da fachada do Condomínio dos Anjos................................
................
145
Figura 4.72: Vista do Condomínio dos Anjos e entorno imediato................................
....
145
Figura 4.73: Vista da av. Ipiranga ................................................................
...................
146
Figura 4.74: Creche particular na Rua Eça de Queiroz................................
...................
146
Figura 4.75: Acesso à creche comunitária da ONG Odomode................................
........
146
Figura 4.76: Vista da FEPLAN na av. Ipiranga................................
................................
146
Figura 4.77: Mapa de uso residencial e de comércios e serviços básicos na Área 2
......
146
Figura 4.78: Ferragem na av. Ipiranga esquina da rua C. Corte Real
.............................
147
Figura 4.79: Comércio na base de um edifício residencial na av. Ipiranga
......................
147
Figura 4.80: Propriedade do DEP, usada como área de lazer ................................
........
147
Figura 4.81: Mapa síntese das observações comportamentais – manhãs – Área 2
........
148
Figura 4.82: Mapa síntese das observações comportamentais – tardes – Área 2
...........
149
Figura 4.83: Moradores do bairro caminham na rua Dario Pederneiras
..........................
150
Figura 4.84: Pessoas concentram-se nas paradas de ônibus na av. Ipiranga
.................
150
Figura 4.85: Moradores usam comércio do edifício na esquina da av. Ipiranga
e rua Veador Porto................................................................
......................
150
Figura 4.86: Moradores do bairro caminham na rua Dario Pederneiras
..........................
150
Figura 4.87: Seguranças particulares na rua Corte Real................................
.................
150
Figura 4.88: Crianças do Condomínio dos Anjos caminham pela av. Ipiranga
................
150
Figura 4.89: Moradores concentrados em frente ao Condomínio dos Anjos
...................
150
Figura 4.90: Moradora do bairro cuidando do jardim na rua La Plata
..............................
151
Figura 4.91: Moradores do bairro brincando no recuo de jardim, rua Gonçalves Ledo
...
151
Figura 4.92: Crianças brincando no acesso do Condomínio dos Anjos
...........................
151
Figura 4.93: Moradores se reúnem no acesso do Condomínio dos Anjos
......................
151
Figura 4.94: Moradores usam a praça Ruy Teixeira ................................
.......................
152
Figura 4.95: Babas e crianças do bairro deslocam-se em direção à Praça
.....................
152
Figura 4.96: Usuários não moradores no posto de gasolina, rua Gonçalves Ledo
..........
152
Figura 4.97: Estrutura Fundiária da Área 3................................................................
.....
155
Figura 4.98: Mapa de edificações e localização dos acessos à edificação na Área 3
.....
156
Figura 4.99: Mapas das medidas sintáticas da Área 3................................
....................
156
Figura 4.100: Mapa Fundo-Figura da Área 3................................................................
............
158
Figura 4.101: Mapas das medidas de visibilidade da Área 3 ................................
...................
158
Figura 4.102: Praça Princesa Isabel................................................................
..........................
159
Figura 4.103: Parada de ônibus - av. João. Pessoa................................
................................
159
Figura 4.104: Avenida Azenha, via larga e de fluxo intenso................................
.....................
159
Figura 4.105: Mapa de eixos vrio na Área 3................................................................
...........
160
Figura 4.106: Mapa de arborização na Área 3................................................................
..........
160
Figura 4.107: Rua Domingos Crescêncio, rua arborizada e local ................................
............
161
Figura 4.108: Condonio Princesa Isabel, caada em boas condições
................................
161
Figura 4.109: Av. João Pessoa, mobiliário urbano e arborização ................................
............
161
Figura 4.110: Bancas de revista na rua Domingos Cresncio................................
................
161
Figura 4.111: Mapa de estilos das edificações na Área 3 ................................
........................
162
Figura 4.112: Edificões de estilo e alturas variadas na rua Domingos Crescêncio
..............
162
Figura 4.113: Casas populares na rua Leopoldo Bier................................
...............................
162
Figura 4.114: Edicio em estilo Art co na av. João Pessoa ................................
.................
162
Figura 4.115: Mapa de alturas das edificações na Área 3................................
........................
163
Figura 4.116: Mapa de manutenção das edificações na Área 3 ................................
..............
163
Figura 4.117: Edicios em frente ao Condonio Princesa Isabel, na esquina
da av. Jo Pessoa................................................................
.............................
164
Figura 4.118: Casas rreas e sobrados na rua Onofre Pires ................................
..................
164
Figura 4.119: Condonio Princesa Isabel (esquerda) se assemelha na altura ao
entorno imediato................................................................................................
..
164
Figura 4.120: Instituto do Corão................................................................
.............................
165
Figura 4.121: Palácio da Pocia ................................................................
................................
165
Figura 4.122: Comércio na av. Azenha................................................................
.....................
165
Figura 4.123: Estacionamento av. Azenha ................................................................
...............
165
Figura 4.124: Mapa de uso residencial e de corcio e serviçossicos na Área 3
..............
166
Figura 4.125: Praça Henrique Halpen av. Princesa Isabel................................
....................
166
Figura 4.126: Comércio básico na av. Santana ................................................................
........
166
Figura 4.127: Comércio no térreo do Condonio Princesa Isabel................................
..........
166
Figura 4.128: Mapa ntese das observações comportamentais mans Área 3
.............
168
Figura 4.129: Mapa ntese das observações comportamentais tardes Área 3... 169
Figura 4.130: Calçada junto ao Instituto do Corão....................................................... 167
Figura 4.131: Colégio Inácio Montanha na av. Azenha ................................
............................
167
Figura 4.132: Terminal João Pessoa................................................................
.........................
167
Figura 4.133: Parada de ônibus na av. Azenha................................................................
........
167
Figura 4.134: Comércio na av. Bento Gonçalves................................................................
......
170
Figura 4.135: Comércio ra rua Domingos Crescêncio................................
..............................
170
Figura 4.136: Taxistas na esquina da rua Santana................................................................
...
170
Figura 4.137: Moradores no acesso do Condonio Princesa Isabel na av. João Pessoa
.....
170
Figura 4.138: Uso nos espaços semiprivados de um edifício da Área................................
.....
171
Figura 4.139: Moradores conversando na rua Domingos Crescêncio ................................
.....
171
Figura 4.140: Jovens junto ao acesso do Condomínio Princesa Isabel................................
...
171
Figura 4.141: Uso nos espaços semiprivados do Condonio Princesa Isabel
......................
171
Figura 4.142: Praça Henrique Halpen................................................................
.......................
172
Figura 4.143: Crianças do condomínio no Terminal João Pessoa................................
...........
172
Figura 4.144: Gráfico da associação entre ocupação e escolaridade................................
......
182
Figura 4.145: Gráfico da associação entre renda familiar e escolaridade
................................
182
Figura 4.146: Gráfico da associação entre renda familiar e ocupação ................................
....
182
Figura 4.147: Gfico de associação entre tempo de moradia e o grupo de morador
.............
184
Figura 4.148: Alise de Corresponncia entre local de estudo dos filhos
e local de trabalho ................................................................
...............................
191
Figura 4.149: Alise de Corresponncia entre tempo de locomoção casa-trabalho
e local de estudo dos filhos ................................................................
.................
191
Figura 4.150: Lugares identificados na Área 1................................................................
..........
201
Figura 4.151: Lugares identificados na Área 2................................................................
..........
202
Figura 4.152: Lugares identificados na Área 3................................................................
..........
204
Figura 4.153: Mapa dos equipamentos usados pelos moradores segundo as entrevistas
.....
218
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
PAULA SILVA GAMBIM, PORTO ALEGRE. PROPUR/UFRGS, 2007.
21
1 INTRODUÇÃO GERAL: A DEFINIÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS E OS PROBLEMAS
NA INTERAÇÃO SOCIAL
1.1 INTRODUÇÃO
As relações sociais, destacadas no contato entre grupos heterogêneos, têm sido
discutidas nos meios acadêmicos e políticos em função dos seus efeitos no ambiente
urbano, tais como violência, segregação ou intolerância com as diferenças manifestadas
entre eles. Em decorrência disto, este estudo se propõe a investigar os atributos que
influenciam a interação social entre grupos socioeconômicos distintos residentes em áreas
urbanas comuns.
São apresentados, neste capítulo, o tema e o problema de pesquisa, a partir da
breve compreensão da importância dos grupos, da questão territorial, da interação social e
dos problemas decorrentes da heterogeneidade no ambiente urbano. E após, são descritos
os objetivos da investigação e a estrutura deste trabalho.
1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
1.2.1 Importância da formação dos grupos e a interação social nos espaços urbanos
Desde as comunidades primitivas é possível verificar a existência de territórios
habitados por indivíduos com objetivos comuns, que partilham um determinado espaço
físico e admitem benefícios dessa relação (Taylor, 1988; Altman & Chemers, 1989). Em
comunidades agrícolas, por exemplo, os homens organizavam-se no espaço, demarcando
seus territórios e definindo vários níveis de distanciamento e intimidade com os outros
(Czarnowski, 1991). A diferenciação social e espacial é entendida como princípio que
possibilita o surgimento das cidades (Benevolo, 1997).
A partir da industrialização, as mudanças tecnológicas são refletidas no aumento da
especialização da função da rua e na diferenciação do seu uso pelos diferentes grupos
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
PAULA SILVA GAMBIM, PORTO ALEGRE. PROPUR/UFRGS, 2007.
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sociais, reforçando e mantendo a estratificação da sociedade. Na evolução dos centros
urbanos, as definições e diferenciações do sistema vão se tornando tanto mais complexas
quanto a própria sociedade (Levitas, 1991).
A diferenciação nas cidades pode ser sentida no padrão de estrutura física urbana,
nas diversas malhas e sistemas de distribuição, nos padrões de comportamento e, também,
nos diferentes modos de setorização da cidade e da composição dos agrupamentos nas
áreas residenciais (Altman et al, 1989). Partindo da premissa de que a arquitetura do lugar
trata de uma situação relacional entre padrões físico-espaciais e expectativas sociais, Vogel
(1985), por exemplo, entende que os elementos arquitetônicos configuradores do espaço,
tais como o conjunto de casas de uma rua, remetem a um sistema de signos que revelam a
segmentação do espaço, traduzem status, religião, identidade étnica, situações econômicas.
O ambiente urbano consiste nos meios sociais, culturais e físicos que se
correlacionam no espaço a partir do fluxo contínuo de interações. É no meio físico que
ocorrem as inúmeras relações entre pessoas, objetos e o próprio espaço. Na medida que
elas ocorrem, o espaço é transformado em um lugar significativo. A partir do uso e dos
valores atribuídos ao ambiente, essas relações são organizadas na forma de padrões
(atitudes e comportamentos), que podem favorecer as interações entre os homens e o
ambiente físico (Rapoport, 1978; Altman & Zube, 1989).
A vida pública que acontece no espaço urbano constitui-se como parte fundamental
na formação e manutenção dos grupos sociais (Levitas, 1991). No espaço público das
cidades as pessoas realizam suas atividades e trocas com os outros e a comunidade se
confirma na identificação do indivíduo, como parte de um grupo (Carr, 1992). Portanto, o
ambiente físico é componente fundamental no processo sócio-evolutivo, de modo que não
como entender esse processo ignorando o lugar onde ele ocorre (Guilford, apud Uzzel et
al 2002).
1.2.2 Heterogeneidade na atualidade
Na atualidade, a questão territorial parece ser destacada em função da dinamicidade
dos diversos grupos humanos e do próprio espaço físico. Segundo Haesbaert (2004), a
intensificação da mobilidade, derivada das novas tecnologias e da condição do Estado
capitalista, resulta num processo de transformação acelerada do ambiente físico e das
funções exercidas por um grupo social nesse espaço. O espaço (de acordo com aspectos
econômicos, políticos e ambientais) e os grupos sociais (de acordo com etnia, status social,
ocupação, nível de renda) apresentam diferentes e múltiplas funções como, também,
diferentes capacidades de mobilidade e de reação aos processos de transformação das
cidades.
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
PAULA SILVA GAMBIM, PORTO ALEGRE. PROPUR/UFRGS, 2007.
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Nesse sentido, Rapoport (2003) aponta para a crescente heterogeneidade percebida
nas cidades, como reflexo de processos migratórios, inculturação, mobilidade social e
questões tecnológicas. Ele destaca a necessidade de compreender e identificar, nos
ambientes urbanos atuais, que grupos existem, quem pertence a que grupo e o que difere
em cada grupo. Não obstante, em face da crescente violência urbana entre esses diferentes
grupos, Stokols (1995) entende que são necessários estudos que relacionem a estrutura
multicultural da sociedade e as características do ambiente construído, de forma a
impulsionar estratégias de controle ou manipulação do problema.
Os bairros, territórios ou comunidades menores constituem um tipo de agrupamento
social, que é definido a partir de um número reduzido de pessoas e tem a função de
intermediar família e o amplo grupo heterogêneo definido pela cidade (Rapoport, 1978). Eles
constituem algumas das variadas formas e níveis de organização da sociedade, usados
para superar a tensão social e reforçar a identidade pessoal, identificando os semelhantes e
distinguindo os diferentes (Altman et al, 1989). Por isso, essas áreas são consideradas um
elemento poderoso para comparações e generalizações, a partir do enfoque de diferentes
culturas (Rapoport, 2003).
Destaca-se que o espaço urbano foi submetido no último século a inúmeras
alterações (aumento de tamanho, densificação, especialização e zoneamento) (Choay, 1965
apud Moser et al, 2002). A expansão do ambiente urbano e o alto grau de diferenciação dos
papéis sociais resultaram no aumento de contatos efêmeros entre os habitantes e de
estratégias individuais de sobrevivência, em detrimento de princípios de coesão e identidade
dos grupos (K.E. Sadalha & Stea, 1978 apud Moser & Fleury-Bahi, 2002; Uzzel & Badenas,
2002).
Do ponto de vista de Stokols (1995), os diversos estudos, que têm sido realizados
nos últimos 30 anos, apontam para a importância de investigar as implicações existentes
entre o ambiente e os grupos sociais (comunidades, áreas residenciais ou de escala global),
de modo a propiciar o melhor entendimento do processo da interação humana, do fomento
da comunidade e de outros aspectos que permitam a adequação de políticas, de projetos
urbanos e de projetos arquitetônicos às necessidades humanas.
Por exemplo, na busca de compreender o comportamento social no meio físico,
vários autores (entre outros, Altman & Chemers, 1989; Rapoport, 1978, 1985, 1986; Talem,
2000) destacam a importância de identificar as diferenças sócio-culturais na convivência dos
indivíduos. Muitos estudos têm avaliado as implicações existentes entre componentes
físicos do espaço e a dimensão interpessoal-social do comportamento (por exemplo,
Bonaiuto & Bonnes, 2004; Moser & Fleury-Bahi, 2002; Uzzel et al, 2002). Apesar da
importância dessas relações, parecem existir poucos estudos que tratem das conseqüências
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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das diferenças populacionais (tais como culturais, sociais e econômicas) nos
relacionamentos sociais. Parece não haver, também, investigações empíricas e
sistematizadas sobre o tema, em especial na relação com adultos (Altman & Chemers,
1989; Sodeur, 1986).
1.2.3 Transformações no ambiente urbano e os efeitos na interação social entre
grupos distintos
De modo especial em espaços urbanos consolidados, como por exemplo, em bairros
residenciais existentes nas áreas centrais de uma cidade, existem características físico-
espaciais facilmente identificadas, apesar do caráter urbano dinâmico. O traçado viário, o
padrão de parcelamentos fundiários, os equipamentos urbanos (edificações institucionais) e
as tipologias residenciais (embora dinâmicas do ponto de vista da permanência no ambiente
construído) proporcionam a leitura e a caracterização de um lugar (Rossi, 2001). Esse
conjunto de características é completamente interligado com a ação humana, pois
corresponde a padrões de comportamento que se verificam nas relações sociais e nos usos
presentes nesses espaços (Rossi, 2001; Levitas, 1991).
Portanto, ao identificar esses aspectos objetivos do ambiente, também são
verificados grupos comuns, que estão associados com o lugar e diferenciados de outras
áreas da cidade (Levitas, 1991; Rapoport, 1978). A organização de indivíduos com estilos
de vida comuns, em territórios, trata da possibilidade de localizar fisicamente o sentimento
de pertencer a um grupo (Rapoport, 1978). A compreensão do relacionamento entre os
grupos tem na especificidade do lugar um elemento fundamental, que as características
do espaço implicam uma imagem comum, relativa aos valores e às percepções de mundo,
e, também, uma definição do tipo de vida que acontece, quanto à quantidade e o tipo de
interações presentes e desejadas num espaço (Rapoport, 1978; Taylor, 1988; Altman &
Chemers, 1989).
Alterações físicas ou sociais, num ambiente pré-existente, implicam na adaptação e
transformação de territórios (Billig & Churchman, 2003). Mudanças físicas (realizada com
alteração da estrutura viária do espaço, ou com a edificação de conjunto residencial) e
mudanças no perfil dos indivíduos (a partir, por exemplo, da inserção de um novo grupo
social) são percebidas pelos moradores ou usuários do lugar. Isso determina que
moradores, novos e antigos, precisam redefinir, ou definir, a imagem do lugar e os limites do
território referentes a cada grupo, seja a partir de padrões de uso e de comportamento, seja
na alteração do próprio espaço (Rapoport, 1985).
Assim, no processo de transformação do ambiente urbano e na caracterização dos
diferentes grupos que habitam a cidade, a literatura destaca dois aspectos. De um lado, o
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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ambiente físico, em função das suas características (tipo de malha urbana, padrão de
recuos de jardim, dimensionamento das calçadas, estilo arquitetônico dos edifícios) pode
influenciar a interação entre os grupos, favorecendo-a ou negando-a (por exemplo,
Skjaeveland & Garling, 1997; Taylor, 1988; Bonnes & Secchiaroli, 1995). Por outro, as
características socioeconômicas são definidoras de padrões de comportamento no espaço e
implicam em valores aceitos e reconhecidos por certos indivíduos, permitindo a
diferenciação de outros grupos e propiciando a maior ou menor interação e identificação
deles (Taylor, 1988; Rapoport, 1978; Altman & Chemers, 1989).
1.2.4 A segregação do espaço urbano brasileiro e a habitação social
Segundo a literatura (por exemplo, Maricato, 2000; Ribeiro, 2005) o processo de
diferenciação social e espacial, que caracteriza a urbanização das cidades, é marcado no
Brasil, pela forte segregação e segmentação do espaço urbano em função dos grupos
sociais. Isso é, em parte, resultado de uma urbanização acelerada e inadequada que,
potencializada a partir de 1980, promove a desarticulação urbana.
A habitação e suas condições (localização e adequação construtiva e ambiental), um
dos elementos de reprodução da força do trabalho, varia com as trajetórias históricas das
formações socioeconômicas (Schmidt et al., 2007). De modo especial, a partir da fase do
taylorismo-fordismo, as cidades ganham nova função e dimensão, passando a ser espaço
de recrutamento da força de trabalho, num cenário onde é alta a escala de produção. Para o
Brasil, destaca-se que o crescimento urbano sempre se deu na exclusão social, desde a
emergência do trabalhador livre na sociedade, apresentando como conseqüência problemas
na habitação (Maricato, 2000).
Até 1930, o Brasil ainda está concentrado na economia agrária. De 1930 até o fim da
Segunda Guerra Mundial, a industrialização para substituição das importações favorece o
fortalecimento do mercado interno e a modernização da sociedade. Todavia, é só a partir do
fim da Guerra que, numa nova etapa industrial, modificações no padrão de produção e
consumo impulsionam mudanças significativas no modo de vida dos consumidores, na
habitação e nas cidades: desde a ocupação do solo urbano até o interior da moradia são
verificadas transformações e modernizações profundas (Maricato, 2000).
Destaca-se que estas transformações não ocorrem de modo homogêneo nos
espaços urbanos, já que, em países periféricos como o Brasil, o fordismo é truncado,
favorecendo regime de acumulação intensiva para certos setores (o empresarial), mas não
quanto à relação salarial (consumo), o que resulta em problemas de compatibilidade
dinâmica entre produção e realização (Schmidt et al., 2007). O novo padrão de consumo
dos bens não-duráveis e do espaço urbano, principalmente da habitação (um dos principais
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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vetores de crescimento), atendeu apenas uma parte da classe trabalhadora e,
principalmente, setores médios e altos. Os mais pobres (do setor formal e informal) ficam
excluídos e participam precariamente deste processo (Maricato, 2000).
Neste contexto, o Banco Nacional de Habitação (BNH), integrado ao Sistema
Financeiro, criados no regime militar (a partir de 1964), destacam o espaço urbano como
centro da política de desenvolvimento no País e permitem as mudanças na imagem das
cidades (verticalização), no seu processo de produção e no mercado imobiliário. Se, por um
lado, os financiamentos introduzidos favorecem o crescimento e a melhora da vida urbana,
por outro, não democratização do acesso à terra, sendo menos de 1/5 dos recursos
coletados destinados à habitação de baixa renda. As poucas intervenções estatais para as
populações carentes são inadequadas ao desenvolvimento urbano racional: os conjuntos de
habitação popular são construídos longe dos locais de trabalho e dos serviços, favorecendo
o aumento do custo de vida para esses grupos e encarecendo a ampliação da infra-
estrutura, que precisa ser estendida até locais distantes (Schmidt et al., 2007; Maricato,
2000).
Destaca-se que, na fase anterior à do capitalismo, a organização social no nível do
bairro continha instituições e mecanismos que amorteciam os efeitos do pauperismo
inerente ao capitalismo e assumiam o papel de resistência à desestruturação social. No
entanto, com as transformações econômicas, em especial desde meados da década de 70,
introduz-se um processo de re-configuração da natureza e da composição da pobreza
urbana, o que promove a desestruturação social, transformando as relações entre os pobres
urbanos e o restante da cidade (Ribeiro, 2005).
De modo especial, esse processo de isolamento dos pobres é verificado a partir do
declínio econômico, nas décadas de 80 e 90, sobre uma sociedade brasileira desigual. O
aumento do desemprego, das relações informais de trabalho e da pobreza nas áreas
urbanas (Maricato, 2000) são favorecidos pela diminuição das oportunidades de acesso ao
emprego urbano nos circuitos econômicos hegemônicos das cidades, por causa da
segmentação do mercado de trabalho (alta e baixa qualificação), e pela diminuição do
compartilhamento dos serviços, equipamentos urbanos e dos espaços públicos (Ribeiro,
2005).
O aprofundamento da segregação e da segmentação dos grupos sociais identifica,
na década de 80, dois efeitos: o surgimento de vastas regiões (morros, várzeas e alagados,
especialmente) ocupadas por populações homogeneamente pobres; e a violência urbana
(Maricato, 2000). Cristalizam-se, assim, dois mundos paralelos, um legal, definido pelos
bairros urbanos, atendidos por serviços e infraestrutura ocupados por grupos de rendas
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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médias e altas e outro, de vilas e favelas, caracterizadas pela ilegalidade e inadequação
urbana – ocupadas pelos grupos pobres e excluídos (Ribeiro, 2005).
Em razão dessa segregação urbana e em função das desigualdades sociais
eminentes inúmeros problemas se tornam evidentes, tais como a intolerância entre os
grupos (Ferreira, 2000) e o aumento da violência urbana, que é relacionado, de maneira
intrínseca, às metrópoles, particularmente ao espaço metropolitano ilegal e à exclusão
(Maricato, 2000).
A ampliação das desigualdades sociais e a separação dos segmentos médios
(principalmente) e baixos, materializadas pelo afastamento territorial dos diferentes grupos
na cidade e pelo distanciamento nos padrões de comportamento e sociabilidade (com a
criação de subculturas, especialmente, entre os mais pobres), reduzem as oportunidades de
contato e interação informais dos pobres com as demais classes sociais (Ribeiro, 2005).
Dentro deste panorama, algumas soluções, ainda que inadequadas ou insuficientes,
surgem nos últimos trinta anos. Em meados da década de 70, a população excluída busca
se mobilizar, alcançando infraestrutura mínima. Com o fim da ditadura, os movimentos
populares crescem e aumento da pressão sobre as instituições do Estado para
regularização da posse de terrenos e das áreas ocupadas. Em meio à crise econômica e
financeira e às transformações políticas da década de 80, são os municípios que passam a
assumir (o que até então era função do Estado através do BNH) o desenvolvimento de
ações na área da moradia popular (Schmidt et al., 2007; Cardoso & Ribeiro, 2002). Para
Cardoso & Ribeiro (2002), três aspectos, em especial, facilitam essa mudança: o novo
modelo de financiamento, de inspiração clientelista, baseado no apoio a projetos
desenvolvidos sob a iniciativa local; a redefinição das competências e da distribuição dos
recursos públicos na Nova Constituição Federal (1988); e a iniciativa de governos
municipais progressistas, comprometidos com políticas sociais e de democratização da
gestão.
A realização e efetividade dessas políticas de regularização têm sido amplamente
discutidas. Um dos aspectos levantados pela literatura (por exemplo, Lago, 2004) destaca a
importância dos programas, instituídos a partir das ZEIS (Zonas urbanas específicas de
interesses social), para o processo de democratização da cidade, questionando os seus
efeitos em termos de garantia dos princípios de igualdade de direitos urbanos e de respeito
às diferenças entre os grupos, numa sociedade extremamente desigual. Para Cardoso &
Ribeiro (2002), o processo descentralizado das políticas habitacionais tem revelado o
potencial das gestões locais em ampliar a eficácia e a democratização dessas práticas,
embora o alcance real (em termos de redução do déficit) e a capacidade concreta de
implementação não estejam claros. Considerando, nesse sentido, o alcance desses
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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projetos, Schmidt et al. (2007) destaca que as ações realizadas na esfera do município têm
sido caracterizadas por poucos meios (situação econômica geral do país) e aparelho estatal
pouco permeável a inovações, resultando em programas com problemas qualitativos quanto
ao desempenho do ambiente construído e à inadequação dos projetos propostos aos
usuários (Schmidt et al., 2007).
Dentre as políticas habitacionais voltadas para redução do déficit ou inadequação
habitacional, realizadas pelos municípios na última década, identificam-se alguns programas
tais como urbanização do assentamento (33,3% das oportunidades habitacionais
oferecidas), regularização fundiária (29,5%), oferta de lotes (22,3%) e construção de
unidades (19,1%) (Cardoso & Ribeiro, 2002). Exemplos podem ser dados com os
programas habitacionais do DEMHAB, em Porto Alegre (D’Ávila, 2000) e com o projeto
Favela Bairro, no Rio de Janeiro (Conde & Magalhães, 2004).
No caso de Porto Alegre, a partir da década de 80, através da administração do
Partido dos Trabalhadores, são realizadas adaptações pragmáticas do aparelho municipal e
desenvolvidas políticas habitacionais inovadoras. A criação do Orçamento Participativo (OP)
é expressão dessas inovações, priorizando áreas carentes do município e atendendo a
reivindicações dos próprios moradores desses locais (Schmidt et al., 2007). A re-inserção e
regularização de comunidades carentes em áreas consolidadas e centrais da cidade,
ocupadas irregularmente por essas populações, caracterizam alguns dos projetos
realizados.
Na implementação desses projetos verificam-se questões relativas à segmentação
social e à segregação do espaço urbano, destacado-se as possibilidades de violência e de
intolerância entre os grupos e a redução das possibilidades de interação social entre as
diferentes populações socioeconômicas que compartilham um ambiente urbano comum.
Apesar desses problemas, parece importante salientar a existência de estudos que sugerem
efeitos positivos nas atitudes e nos valores de pessoas socialmente exitosas, a partir da
proximidade territorial (Bidou-Zachariasen, 1996; Kaztman, 2001 apud Ribeiro, 2005). Por
tudo isso, considerando essas novas políticas públicas, interessadas em minimizar os
problemas da carência habitacional e da segregação social, fica evidente a necessidade de
compreender os efeitos do ambiente construído na interação de grupos socioeconômicos
diversos, em contato no ambiente urbano, e de verificar os principais fatores que podem
atuar na redução dos conflitos sociais entre eles.
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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1.2.5 Delimitação do problema de pesquisa
Esta pesquisa está inserida na área de Ambiente-Comportamento, campo do
conhecimento que trata de estudos multidisciplinares que investigam a relação mútua entre
o ambiente físico construído e o comportamento humano (Moore, 1987 apud Garling &
Golledge, 1989). O conhecimento adquirido através desses estudos busca apoiar técnicas
para melhorar a qualidade dos ambientes humanos, propondo conceitos e modelos para
compreensão da natureza das relações entre o homem e o ambiente e capacitando
arquitetos e urbanistas para projetar espaços mais congruentes com as necessidades
humanas (Lang, 1987).
Parte-se da constatação de que grupos socioeconômicos homogêneos tendem a
morar em ambientes urbanos comuns e adequados aos seus estilos de vida. Se esse
ambiente é modificado, seja a partir de uma reurbanização ou da inserção de um novo
grupo de características socioeconômicas diferentes daquela existente no local, é gerado
um processo de adaptação e transformação dos territórios e dos padrões de uso e
comportamento no espaço. A existência dos diferentes grupos no mesmo ambiente pode
favorecer a interação social, no contato passivo e uso simultâneo dos lugares, ou o conflito
social e a violência. No entanto, conforme a literatura, não existem estudos conclusivos
sobre a influência das variáveis físico-espaciais na interação social entre grupos
heterogêneos residentes em áreas urbanas comuns. Este estudo questiona, assim, quais
atributos mais favorecem ou prejudicam a interação social, se as características
socioeconômicas dos grupos ou as do ambiente construído.
A efetividade de ocupação dos ambientes projetados, como ocorrem, quais as
relações sociais presentes, de que tipos são e que efeitos provocam na convivência dos
indivíduos e na utilização do espaço são aspectos relevantes para indicar o desempenho de
um ambiente urbano, informando o que funciona e o que não funciona a partir da
perspectiva dos moradores do local (por exemplo, Lay, 1992; Lay & Reis, 1993). A análise
sistemática desses elementos e fenômenos possibilita a ação eficaz sobre os problemas
espaciais (Tsiomis, 1996; Santos, 1988), pois orienta arquitetos e urbanistas sobre como a
forma dos ambientes e os objetos que o compõem suportam anseios e necessidades dos
usuários (Rapoport, 2003; Lang, 1987).
Nesse sentido, baseado na avaliação de desempenho do ambiente construído, o
problema de pesquisa trata da compreensão de atributos espaciais e atributos
socioeconômicos que influenciam na interação social entre grupos socioeconômicos
distintos residentes em áreas urbanas comuns. Essa investigação desenvolve-se a partir de
uma análise comparativa em áreas selecionadas na cidade de Porto Alegre, nas quais foram
identificadas as reurbanizações a partir da regularização de habitações populares e da
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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(re)inserção dessas comunidades de baixa-renda em espaços urbanos existentes e
consolidados, caracterizados por população de renda média e alta.
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
Com base na linha de pesquisa adotada, este estudo pretende, inicialmente,
contribuir para a compreensão do funcionamento dos espaços urbanos na relação com a
heterogeneidade dos grupos sociais em contato e apoiar o desenvolvimento de uma
metodologia adequada para avaliar o desempenho dos ambientes projetados de nossas
cidades, enquanto promotores de interação social.
Busca, de modo especial, compreender como projetos urbanos de inserção de
unidades de habitação social, implementados em políticas do Estado voltadas à promoção
de habitação para grupos de baixa renda, se relacionam com os espaços do entorno,
verificando os efeitos na apropriação dos espaços e na interação social entre os grupos
distintos em contato, nesses ambientes urbanos.
E, por fim, em função das generalizações admitidas, esse estudo se propõe,
também, a apontar para a viabilidade ou necessidade de correção de projetos de
reurbanização, incentivando a articulação de novas políticas interessadas no problema do
déficit habitacional e na segregação sócio-espacial.
1.4 ESTRUTURA E CONTEÚDO DO TRABALHO
Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. Neste primeiro, foram definidos o
tema e o problema de pesquisa a partir da breve compreensão sobre os grupos sociais e a
sua importância no surgimento e diferenciação dos espaços urbanos, os efeitos da interação
social entre os diferentes grupos e, de modo especial, foi contextualizada a realidade
brasileira em função dos espaços segregados e da exclusão social, destacando-se os novos
programas habitacionais que surgem como solução para esses problemas.
O segundo capítulo embasa a caracterização teórico-conceitual deste trabalho. A
partir da revisão da literatura, são destacados o processo de interação social e o papel do
ambiente construído e do mecanismo de privacidade no padrão de comportamento e
sociabilidade dos indivíduos. Em função da caracterização da interação social na vizinhança
e da abordagem dos fatores contextuais e composicionais relacionados ao comportamento e
à interação social entre os indivíduos, são destacadas as variáveis de pesquisa implicadas
na interação social entre grupos socioeconomicamente distintos, residentes em ambientes
urbanos comuns.
Introdução Geral – A definição dos grupos sociais e os problemas na interação social
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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No terceiro capítulo, são sintetizadas as hipóteses de pesquisa e apresentada a
estrutura metodológica do trabalho. A partir da descrição do estudo de caso, dos
procedimentos e critérios para a seleção da amostra e da definição dos métodos de coleta e
de análise de dados, são definidos os meios para a operacionalização das variáveis de
pesquisa e a investigação das hipóteses.
No quarto capítulo, são analisados e discutidos os resultados obtidos na pesquisa,
segundo os múltiplos métodos nos quais se baseia esta investigação. Através dos
resultados é verificada a sustentação ou não das hipóteses propostas.
O quinto capítulo contempla a conclusão geral do trabalho. São revistos os objetivos
e os principais resultados obtidos na dissertação, bem como são estabelecidas a relevância
e as implicações deste estudo para a compreensão da problemática aqui abordada, tanto no
nível teórico-científico como para as práticas das políticas urbanas.
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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2 IDENTIFICAÇÃO DOS CONDICIONANTES NA INTERAÇÃO SOCIAL DE GRUPOS
HETEROGÊNEOS EM ÁREAS RESIDENCIAIS
2.1 INTRODUÇÃO
No capítulo 1, constatou-se a importância e a necessidade de compreender o
processo de interação social entre grupos heterogêneos que residem em áreas urbanas
comuns em decorrência de projetos de reurbanização. Por um lado, a identificação das
características socioeconômicas dos grupos e, por outro, a adequação do ambiente
construído estão implicadas no tipo de interação social que ocorre entre eles e que pode
resultar em relacionamento harmonioso, em conflito ou segregação.
Nos diversos estudos que tratam da interação social, relações recíprocas e
dependentes entre os ambientes físico e social são reconhecidas, havendo o entendimento
de que o ambiente construído não apenas afeta como é afetado pelo ambiente social
(Rogoff & Altman, 1987 apud Dixon, 2001; Werner et al., 2002; Bonnes & Secchiaroli, 1995).
Estes dois aspectos não têm, necessariamente, igual importância e influência, mas são
compreendidos como uma unidade, na qual cada um deles pode ser alternadamente
influente ou influenciado pelo outro (Moore & Golledge, 1976 e Holahan, 1978 appud
Bonnes & Secchiaroli, 1995, p. 155).
Neste capítulo, serão revisados conceitos suportes para a compreensão da interação
social e identificados os atributos contextuais (características físicas do ambiente) e
composicionais (características sociais e culturais) que podem afetar o tipo e intensidade de
uso e interação social em áreas urbanas residenciais, quando coabitam grupos distintos de
moradores.
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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2.2 CONCEITOS SUPORTE PARA ENTENDER A INTERAÇÃO SOCIAL NO AMBIENTE
URBANO
2.2.1 Imagem e Desempenho Ambiental
Segundo Lynch (1997), a imagem de um lugar é caracterizada por três aspectos
indissociáveis, cada um com funções específicas: identidade, estrutura e significado. A
identidade implica no reconhecimento de um lugar e diferenciação dos demais. A estrutura
trata da forma do lugar e das suas relações (configuração) com os espaços adjacentes. Por
último, o significado trata do sentido funcional ou afetivo que o lugar adquire para o
observador (Lynch, 1997).
A imagem pode variar entre observadores diferentes, todavia, as pessoas se valem
da organização de imagens para estabelecer e pontuar sua identidade, (Lynch, 1997;
Rapoport, 1978). Na medida em que ela se torna familiar a um grupo de indivíduos,
favorece, também, a criação de um senso de coerência e de identidade do lugar,
desempenhando, além de uma função de orientação e organização das atividades que
acontecem, um papel social. Este último permite, através da identificação e associação de
sinais comuns, a unificação de um grupo e a comunicação entre seus membros (Lynch,
1997).
Portanto, a organização simbólica do ambiente construído, bem como a possibilidade
de leitura do espaço a partir de imagens claras e reconhecíveis pode gerar, no grupo que
habita um lugar, menor insegurança, menor ansiedade e maior confiança, favorecendo o
pertencimento e a familiaridade com o lugar (Lynch, 1997). Segundo, Marsh (1973 apud
Rapoport, 1978), o ambiente legível e estável, também, permite identificar e aceitar melhor
os estranhos.
Lynch (1997) argumenta que a imagem ambiental é formada a partir de um processo
interativo e bilateral entre observador e objeto, onde, através da percepção e da cognição,
as informações assimiladas do espaço são armazenadas e organizadas. Nesse sentido,
entender como o espaço é assimilado pelos indivíduos que o habitam é fundamental para
reconhecer como os elementos influenciam a vida cotidiana do indivíduo e a que atitudes e
comportamentos correspondem. A imagem formada é definida na associação do ambiente
físico (qualidade materiais do meio) com o ambiente percebido (que trata dos ambientes
preferenciais definidos de acordo com os sistemas de valores sociais e individuais, variáveis
com a cultura, no tempo, no lugar real e determinada por necessidades específicas).
Primeiramente, a partir do processo de percepção, a apreensão ou captação sensorial
direta dos atributos ambientais presentes no meio físico. Isso fornece as bases do
conhecimento do mundo e é fundamental para o funcionamento do indivíduo, para que ele
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
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possa se orientar e se informar das atividades do ambiente (Appleyard, 1970 apud Lay,
1992: 33). Num segundo momento, mas de forma indissociável, a cognição permite a
compreensão e conhecimento do meio a partir de esquemas, noções e significados (Lynch,
1997). Essa avaliação do ambiente, que é conseqüência do processo de percepção, é
motivada pelas necessidades específicas (funcionais, sociais e afetivas) de um grupo ou
indivíduo no espaço, implicando em sentimentos e ações, limitados pelas características do
ambiente natural e construído e pelo perfil do indivíduo (Lang, 1987). Os dois processos
correspondem a atitudes e padrões de comportamento que implicam a utilização do
ambiente, a realização de atividades, a previsão de possibilidades de ação, o manejo do
espaço e a possibilidade de solucionar problemas que possam surgir.
Esse processo de avaliação diz respeito ao desempenho ambiental, segundo valores
dos usuários do espaço, e pode ser entendido a partir de indicadores, tais como veis de
satisfação e observação sistemática do uso efetivo do espaço, conforme aplicação no
estudo de Lay (1992). É na utilização de conceitos relacionados à satisfação e ao
comportamento do usuário, como base de avaliação, que se torna possível identificar
elementos de desenho urbano e características ambientais que significativamente afetam a
vida das pessoas em um dado lugar (por exemplo, Lay & Reis, 1993). Neste trabalho, a
satisfação do usuário e o seu comportamento no espaço serão adotados para medir o
desempenho do ambiente construído. Com isso, se espera verificar a capacidade do
ambiente em corresponder às necessidades de interação social dos grupos de usuários.
2.2.2 Ambiente construído como suporte às atividades humanas
A compreensão do ambiente como um sistema, ou seja, como uma unidade
complexa, na qual os diversos componentes estão relacionados e são interdependentes, é
descrita de forma semelhante por diversos autores (Itellson, 1960 apud Rapoport, 1978;
Altman & Chemers, 1989; Rapoport, 1978; Lynch, 1973; Lang, 1987). O sistema ecológico
ou social é caracterizado por meios social, cultural e físico, que coexistem segundo um
mecanismo de associação e de trocas.
Essa compreensão reafirma homem e ambiente como uma unidade de análise, na
qual são inseparáveis aspectos psicológicos, contextuais e temporais (Altman e Rogoff,
1987 apud Bonnes & Secchiaroli, 1995). Assim, o ambiente é constituído de inúmeras
associações entre seus elementos físicos e seus habitantes (Rapoport,1978). Essas
relações são estruturadas e facilitadas a partir da organização do espaço e, por
conseguinte, implicam na definição de atividades humanas e de significados que advém de
sinais, materiais, cores, formas e da paisagem construída. Além disso, o ambiente é
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temporal, podendo ser analisado a partir da seqüência temporal de atividades ou segundo
ritmos em que as atividades se desenvolvem.
Dentro dessa organização espacial, as pessoas têm um conjunto de motivações e
necessidade que são simultaneamente condicionadas pelos ambientes físico, cultural e
social (Lang, 1987). O ambiente se constitui de “affordances”, suas propriedades ou
características materiais e imateriais que permitem a apropriação e o uso do espaço urbano.
Por exemplo, diferentes padrões de ambiente construído tratam de diferentes características
de configuração, forma e material que possibilitam distintos padrões de atividades e
experiências (cognitivas ou perceptivas) num dado lugar. A expressão “recursos do
ambiente” busca significar nessa pesquisa o termo “affordance”, indicando que a
composição do ambiente, seus componentes e características definem o uso potencial de
um ambiente (Lang, 1987).
Todavia, como afirma Lynch (1973), um lugar existente e o objetivo para o qual ele é
desejado são dois aspetos intimamente interconectados do ambiente. Assim, os inúmeros
recursos e facilidades do ambiente somente são percebidos e usados em função das
motivações e necessidades dos indivíduos (Lang, 1987). Essa noção de interdependência
entre um ambiente físico específico e os objetivos e as expectativas relacionadas a ele
sustenta que não é suficiente a existência de recursos possibilitadores de uma atividade
qualquer se esses não estiverem de acordo com as expectativas e necessidades do usuário
(Lang, 1987; Michelson, 1987).
Essa interdependência dos dois sistemas, o ambiental e o de atividades, remete ao
conceito de congruência (Michelson, 1987), no qual é destacado, que apesar de o ambiente
físico ser fundamental para a definição do comportamento humano, vários fatores culturais e
sociais também influem na definição de preferências, motivações, experiências individuais e
sociais (Lang, 1987; Rapoport, 1978; Michelson, 1987). Estes sistemas interagem
mutuamente e permitem a compreensão do ambiente a partir da sua capacidade de facilitar
a realização dos objetivos humanos.
Em síntese, as características humanas (psicológicas, sociais e culturais) são
expressas no ambiente. Ou seja, o espaço físico é um aspecto fundamental do ambiente e
tem impacto nos meios biológico, social e psicológico, limitando o que é possível fazer e
apontando para novas atividades possíveis de serem desenvolvidas num lugar (Lynch,
1973, p. 2). Por isso, conforme afirmam alguns autores (por exemplo Bentley, 1985; Lang,
1987) e é confirmado no estudo de Lay (1992), questões como congruência e fatores de
ajuste entre a ação humana e o ambiente, destacam a responsividade do lugar, em função
da capacidade do ambiente construído em oferecer recursos adequados à satisfação das
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necessidades dos usuários a partir da possibilidade de realização das atividades humanas
desejadas num lugar.
2.2.3 Interação Social
A interação social trata da comunicação entre os indivíduos através da fala, de sons
e de contatos, que podem ser manifestados sob as diversas formas de comportamento
humano e de atitudes em relação ao meio (Lang, 1987). Essa interação se constitui de um
movimento cíclico de ação e reação, que serve para atender necessidades funcionais e
afetivas dos indivíduos.
A dimensão espacial é central no modo de pensar e agir humano (Kaplan &
Kaplan,1981), sendo o comportamento dependente de uma localização geográfica precisa
(Bonnes & Secchiaroli, 1995) e significando que a interação social entre diferentes grupos
está, necessariamente, referenciada a um entorno específico (Lang, 1987: 75). Além disso,
a dimensão espacial é inseparável dos significados que o ambiente construído pode assumir
para o comportamento humano (Bonnes & Secchiaroli, 1995). E, portanto, as relações
sociais, manifestadas no espaço, são dependentes de estímulos sociais e conseqüentes
respostas, num processo contínuo que envolve ao menos dois indivíduos.
Os diversos objetos produzidos pelo homem e o próprio ambiente físico transformado
pela ação humana fazem parte da comunicação (Lang, 1987). Conseqüentemente,
edificações e espaço aberto, que caracterizam o ambiente construído, na medida que tratam
de estímulos e respostas, interferem no processo de interação social enquanto meios de
comunicação.
A relação entre o meio físico e os indivíduos, os padrões de comportamento e as
regras sociais que regulam a intensidade e o tipo de interação presente, tratam de um
sistema social inserido numa cultura específica e dependente de um meio-físico também
específico. Essa relação intrínseca entre o meio social e os padrões do ambiente físico é
destacada na literatura (por exemplo, Rapoport, 1978, 1985, 2003; Hillier & Hanson, 1984).
Rapoport (1978), por exemplo, entende que os fluxos contínuos de interações entre os
meios social, cultural e físico transformam o espaço em um lugar significativo. Entende-se,
assim, como afirmam Altman & Chemers (1989), que no uso do espaço, a partir de valores a
ele atribuídos e em função de necessidades específicas, surgem padrões reconhecíveis por
um grupo de indivíduos, favorecendo e facilitando a interação.
Nesse sentido, o surgimento de um grupo acontece no reconhecimento de interesses
comuns entre os indivíduos, a partir de um mecanismo de identificação pessoal e
diferenciação do outro, reduzindo os efeitos da tensão social que emerge da interação entre
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
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pessoas com diferentes valores, interesses e práticas sociais (Siegel, 1970 apud Rapoport,
1978). No fenômeno da aglomeração urbana, os bairros ou agrupamentos residenciais
ocorrem como um elemento intermediário entre a família e os grupos heterogêneos da
cidade (Rapoport, 1978), exercendo significativa influência no processo de urbanização do
século XX e no atual (Taylor, 1988).
A interação social, portanto, compreende um mecanismo de comunicação a partir da
definição de um sistema social, caracterizado por indivíduos com valores e objetivos comuns
e por um ambiente físico, adequado às atitudes e aos padrões de comportamento existente:
se nenhum fator comum é encontrado, não como haver interação social (Gehl, 1987).
Para Altman & Chemers (1989), no entanto, pouca atenção tem sido dada às semelhanças
e diferenças culturais relativas às percepções do ambiente construído e à definição das
relações interpessoais. Em face da diversidade e urbanização atuais (Rapoport, 2003;
Haesbaert, 2004), parece importante verificar como os diversos tipos de agrupamentos
humanos na cidade se inter-relacionam e quais as implicações do espaço urbano existente.
2.2.4 Comportamento espacial
Segundo alguns autores (entre outros, Altman & Chemers, 1989; Taylor, 1988), o
comportamento espacial humano implica possibilidades de interação social, definidas pela
organização física do espaço e pelo estilo de vida dos usuários: o espaço físico permite
prever comportamentos e atividades possíveis, expressando, também, como as pessoas se
utilizam dele. De forma similar, como argumenta Canter (1991, apud Skajeaveland &
Garling, 1997), o uso efetivo de um lugar trata de regras e comportamentos comuns,
presença de funções e papéis desejados, que implicam valores e sentimentos
compartilhados por um grupo de pessoas
O estudo do comportamento espacial investiga o funcionamento e o significado das
relações sociais. A dimensão espacial tem particular importância quanto a definição de
relações de proximidade entre as pessoas e quanto ao tipo de mensagens que emergem na
definição de limites geográficos (Bonnes & Secchiaroli, 1995). Para Eduard Hall (apud
Bonnes & Secchiaroli, 1995, p. 85) a dimensão espacial é um fenômeno comunicativo
primário, já que são as distâncias interpessoais que informam as características de uma
interação aos participantes e observadores.
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2.2.4.1 Privacidade
A privacidade é um mecanismo que auxilia na definição de distâncias e de limites
para a regular a interação entre as pessoas (Altman & Chemers, 1989). Segundo Lang
(1987), embora exista discordância na definição de privacidade (por exemplo, os trabalhos
de Westin, 1970 apud Lang, 1987; Altman & Chemers, 1989; Taylor, 1988), é comum o
entendimento de que trata da habilidade de indivíduos ou grupos de controlar suas
interações.
Sendo compreendida como um processo dinâmico de regulação, a privacidade
envolve muitos níveis de comportamento e opera como um sistema social correlacionando a
especificidade do contexto e as circunstâncias sociais (Altman & Chemers, 1989, p. 99;
Bonnes & Secchiaroli, 1995). A regulação de privacidade trata de mecanismos ambientais,
comportamento verbal e não-verbal, comportamento ambientalmente orientado e práticas
culturais. Para Altman & Chemers (1989), a combinação desses mecanismos permite
substituir, compensar ou ampliar um ou outro efeito e, assim, reflete o desejo de interação,
variando de lugar para lugar e em função dos tipos de relação social existentes.
A satisfação de privacidade é uma necessidade universal (Lang, 1987). Atende a
indivíduos e grupos, interligando aspectos da identidade pessoal e do grupo e servindo para
o gerenciamento da interação social (Altman & Chemers, 1989; Bonnes & Secchiaroli,
1995). Contribui, ainda, segundo diversos autores revisados por Lang (1987, p. 45: Hall,
1959; Goffman, 1963; Lyman and Scott, 1967; Skabursis, 1974; Sommer, 1969; Altman,
1975) para o encontro de outras necessidades humanas tais como segurança, conexão com
um grupo ou lugar e auto-estima.
Aspectos relativos ao espaço pessoal e ao território são mecanismos
comportamentais, identificados por Altman & Chemers (1989), que facilitam a regulação da
privacidade.
a. Espaço pessoal:
Na literatura (Altman & Chemers, 1989), o espaço pessoal é definido em função da
área física que circunda um indivíduo, ou seja, cada sujeito está no centro do seu próprio
espaço pessoal. Esse fenômeno de demarcação de limites trata de definir distâncias
mínimas entre uma pessoa e os outros (Sommer 1959, apud Bonnes & Secchiaroli, 1995),
na busca de manter o nível apropriado ou desejável de contato. Esse conceito está
relacionado à idéia de um espaço exclusivo, cujos limites, apesar de flexíveis e dinâmicos,
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(Altman & Chemers, 1989), permitem a definição de sentimentos de proximidade e invasão
(Goffman, 1963 apud Lang, 1987; Taylor, 1988).
Apesar de o espaço pessoal ser uma importante variável comportamental e de
grande parte da pesquisa dessa área estar voltada para a definição dos significados que
guiam as pessoas no uso do espaço, Lang (1987) argumenta que essas definições não
oferecem contribuições consideráveis para o entendimento do ambiente construído.
Portanto, essa variável não será considerada neste estudo.
b. Território:
A definição de território está intimamente ligada à organização do espaço físico. O
território implica numa área geográfica personalizada e marcada, de forma a permitir o seu
controle por parte dos indivíduos (Sommer, 1969 apud Bonnes & Secchiaroli, 1995). Os
limites e fronteiras, nesse caso, são rigidamente definidos com elementos físicos ou
simbólicos, manifestados através de símbolos, sinais, objetos ou áreas limitantes, ou ainda,
a partir do uso do espaço (Taylor, 1988). Trata, portanto, de um mecanismo de regulação
que sugere a compreensão dos espaços físicos dentro de um processo conjunto, no qual
estão integrados o conceito de privacidade e os mecanismos de definição de barreiras e
limites (Altman & Chemers, 1989): o território tem funções sociais (status, identidade) e
físicas (lugar para realizar uma ou outra atividade, lugar de um grupo), atendendo
necessidades psicológicas básicas e necessidades cognitivas e estéticas (Lang, 1987).
Bonnes & Secchiaroli (1995) apontam para o interesse recente de relacionar a
definição do território às características do contexto social, como uma forma de
compreender de que modo o espaço se torna parte do processo de identidade pessoal e
social. Essa compreensão busca substituir as abordagens que entendem o comportamento
territorial sob aspectos de violação do território ou de uma relação de causa e efeito entre
território e comportamento. Com base nisso, a seguir, serão abordados o comportamento
territorial e a sua importância para a relação entre os indivíduos.
2.2.4.2 Comportamento territorial
O comportamento territorial ou a territorialidade é fundamental na compreensão do
comportamento humano e da sua relação com o espaço, pois, como foi visto, é um
mecanismo de regulação de limites que trata da comunicação de uma pessoa ou de um
grupo (Lang, 1987).
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Cabe ressaltar que há diferenciação entre privacidade e territorialidade (Edney, 1976
apud Taylor, 1988) embora este delineamento seja complicado. Enquanto o conceito de
privacidade é menos dependente do lugar, estando focado na relação específica da pessoa,
a partir da regulação de limites no processo de relacionamento com outros. No
funcionamento territorial, a importância do ambiente físico se torna evidente, que
acontece em função do controle (físico ou simbólico) do espaço físico. Destaca-se que o
funcionamento territorial é um dos processos que permite definir os níveis de privacidade
desejado a partir das relações com a movimentação de estranhos numa área delimitada.
Conforme sugere Rapoport (1978), o comportamento que surge num espaço, relativo
às relações entre os membros de um grupo e entre diferentes grupos, é entendido nas
definições de barreiras e limites espaciais (Bonnes & Secchiaroli, 1995; Altman & Chemers,
1989) e, também, a partir de lugares a serem percorridos e usados (Paulsson, 1952 &
Lewin, 1951 apud Rapoport, 1978). As redes de relações são dependentes dos lugares e
dos sistemas de usos deles (Rapoport, 1978). A definição do território permite, assim, a
organização social em termos espaciais (Sommer, 1969 apud Bonnes & Secchiaroli, 1995).
De acordo com os mecanismos do funcionamento territorial, apresentados por Taylor
(1988), podemos identificar elementos e fatores que influenciam na organização e no tipo de
território, bem como conseqüências ou funções relativas aos diversos aspectos do
comportamento territorial. Segundo o mesmo autor, o território subentende três elementos
que o sustentam, assim, marcas (símbolos físicos), atitudes (preferências e satisfação) e
comportamentos se inter-relacionam e suportam um ao outro numa área territorial
específica. Os fatores que influenciam no comportamento territorial são culturais, sociais,
individuais e físicos. Eles modelam o significado ou a imagem de um lugar, a partir das
definições e sentimentos dos indivíduos e do grupo em relação ao espaço.
O comportamento territorial, segundo argumentam alguns autores (Bonnes &
Secchiaroli, 1995; Taylor, 1988), está relacionado com as definições do grau e do tipo de
ligação entre os indivíduos e as diferentes partes do ambiente, envolvendo um sistema
estruturado de transações entre pessoas e o lugar: a delimitação do território, a partir de
marcas e personalização do espaço, permite a distinção de uma entidade social de outra,
evoca a possibilidade de defesa contra estranhos e reforça o sentido de responsabilidade
sobre o lugar. Barreiras e limites (simbólicos ou visuais) delimitam os espaços e funcionam
como sinais da comunidade, fortalecendo o senso de territorialidade (Brown e Altman, 1983
apud Bonnes & Secchiaroli, 1995). Existem, por tudo isso, conexões muito intensas entre o
comportamento territorial e os fatores sócio-culturais.
Por fim, o funcionamento da territorialidade implica em conseqüências positivas e
negativas do convívio social no espaço físico, apontados por diversos autores (Taylor, 1988;
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
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Edney,1976 apud Altman & Chemers, 1989; Bonnes & Secchiaroli, 1995), que são sentidos:
1) na estrutura sócio-espacial, organizando a vida humana nos níveis de comunidade, de
grupos grandes ou pequenos e do indivíduo; 2) na caracterização da individualidade e da
identidade de um grupo; 3) na redução de conflitos dentro e fora de uma comunidade; 4) na
redução de stress; 5) no facilitamento dos processos sociais, tais como o planejamento,
antecipação dos comportamentos dos outros, engajamento em atividades, e 6) nas
facilidades de realizar funções e satisfazer necessidades, permitindo o funcionamento de
atividades diárias como cuidar de crianças e buscar alimento, a partir de uma rotina regular
e de um lugar qualificado e adequado .
a. Tipos de território:
Muitos autores (por exemplo, Hussein El-Sharkawy,1979 apud Lang, 1987; Altman &
Chemers, 1989; Taylor, 1988), buscam identificar os diversos tipos de território,
relacionando controle, personalização do espaço e comportamento de um grupo/indivíduo.
Altman (1975 apud Bonnes & Secchiaroli, 1995) define três tipos de territórios, considerando
a centralidade psicológica que um território pode apresentar na vida do usuário e a duração
da ocupação deste espaço.
Os territórios primários estão associados à identidade da pessoa, ocupando grande
parte do tempo na vida dos indivíduos e exercendo importância central no cotidiano de cada
um (Altman & Chemers, 1989). Conforme Bonnes & Secchiaroli (1995), a extensão desse
território pode ser exemplificada na casa de cada pessoa, e a aplicação desse conceito
entendida no modo de personalização dos espaços domésticos e em como eles refletem
características distintivas e individuais dos moradores.
Os territórios secundários, em relação aos primários, apresentam menor centralidade
e duração na vida dos indivíduos e são caracterizados pelo controle sócio-espacial exercido
por uma comunidade (Bonnes & Secchiaroli, 1995; Altman & Chemers, 1989): estes
territórios dizem respeito às ruas e espaços públicos e semipúblicos da vizinhança como,
por exemplo, o pequeno comércio que serve a uma determinada área. Geralmente estão
associados a desentendimentos e conflitos, que subentendem acesso público e
apropriação restrita do lugar (por exemplo, por grupos específicos). Estes espaços
necessitam ser nitidamente demarcados por elementos físicos, mensagens ambientais ou
por normas culturais de acessibilidade e uso, para que possam funcionar, caso contrário,
inúmeros problemas, tais como falta de identidade do lugar, insegurança e conflitos sociais
podem emergir, conforme evidencia trabalho realizado por Lay (1992).
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Os territórios públicos são o terceiro tipo desta classificação e dizem respeito aos
espaços de uso temporário. Não são centrais na vida dos indivíduos e constituem-se em
lugares de acesso permitido a um grande número de pessoas. São exemplos um banco de
um ônibus, o banco de uma biblioteca pública, mesas de restaurante e outros (Altman &
Chemers, 1989).
Particular interesse é dado às características e aos efeitos relativos ao território
secundário, pois é nesse âmbito que se estabelece a relação entre o nível do indivíduo e da
sociedade, entre a residência e a cidade. Segundo Warren & Warren (apud Rofé, 1995), o
mecanismo territorial no nível da vizinhança é intermediário e possibilita a integração
urbana, fazendo a ponte entre as dimensões pessoal e pública, o que permite à vizinhança
integrar os moradores locais à cidade como um todo, a partir do desenvolvimento da
identidade local.
A compreensão deste comportamento territorial, característico de uma área de
vizinhança, como mecanismo regulador das interações sociais e como gerador de
identidade (Altman & Chemers, 1989), é base para o estudo da inter-relação de diferentes
grupos sociais num ambiente residencial comum. Além disso, a interação social que ocorre
no nível da vizinhança, compreendendo um mecanismo de comunicação caracterizado por
indivíduos com valores e objetivos comuns (Lang, 1987), trata de atividades sociais (padrão
de comportamento) nas quais os moradores de um determinado lugar estão envolvidos
(Unger and Wandersman, 1985 apud Al-Homoud and Tassinary, 2004). Reitera, por fim, que
o comportamento humano é espacialmente localizado e dependente tanto de um espaço
físico dotado de características específicas, possibilitadoras de certos padrões de atividade,
quanto das motivações e necessidades dos indivíduos (por exemplo, Lynch, 1973; Lang,
1987; Michelson, 1987).
Com base nestes conceitos e em estudos (entre outros, Basso, 2001; Billig &
Churchman, 2003; Dixon, 2001; Rapoport, 1985; Moser & Fleury-Bahi, 2002; Bonaiuto &
Bonnes, 2004) que investigam o comportamento humano em áreas residenciais urbanas e a
influência do espaço físico na interação social, foram identificadas as variáveis relevantes
para a compreensão e avaliação dos fatores que exercem maior influência na interação de
diferentes grupos sociais em áreas residenciais urbanas. Elas são apresentadas a seguir.
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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2.3 CARACTERIZAÇÃO DA INTERAÇÃO SOCIAL EM AMBIENTES RESIDENCIAIS
URBANOS
2.3.1 A interação social na vizinhança
Segundo Kim & Kaplan (2004), a interação social na vizinhança está relacionada às
oportunidades de contato social formal (planejado) e informal (casual) pelas quais
moradores podem desempenhar com qualidade os seus relacionamentos. Outros estudos
(por exemplo, Argyle & Henderson, 1984 apud Skjaeveland et al., 1996; Skjaeveland et al.,
1996, 1997; Kim & Kaplan, 2004; Al-Homoud & Tassinary, 2004; Haggerty, 1982) destacam
a idéia de vizinhança na interação social observável e na troca de ajuda, informações ou
objetos entre vizinhos. Esses estudos têm buscado estabelecer uma relação entre
componentes da interação social e as características físicas e composicionais (ou
sociodemográficas) do ambiente, numa tentativa de quantificar a interação e verificar a
influência desses aspectos quanto a existência, favorecimento ou diminuição das relações
humanas.
Skjaeveland et al. (1996, 1997), apresentam suporte empírico para a distinção de
quatro dimensões: (1) atos de apoio na vizinhança; (2) conexão com a vizinhança; (3)
desavenças na vizinhança; (4) e laços sociais superficiais) que caracterizam a interação
social na vizinhança.
De acordo com estudos realizados (entre outros, Kim & Kaplan, 2004; Skjaeveland &
Garling, 1997), os atos de apoio tuo na vizinhança consistem da combinação de
sentimento de proteção e ajuda mútua e influenciam na redução de stress. Esses
comportamentos parecem sofrer influência dos componentes do ambiente residencial –
espaços semiprivados, aparência visual, controle, ambientes para sentar, quantidade de
residências, amplitude do espaço, tipo de entrada, espaço aberto estruturado (Skjaeveland
& Garling, 1997; Kim & Kaplan, 2004), sendo as marcas territoriais, como personalização e
manutenção, os componentes de efeitos mais expressivos (Al-Homoud & Tassinary, 2004).
Apesar disso, é ainda influenciada por fatores composicionais, já que na ampliação e
intensificação das formas de contato social (maior intimidade), parece ser reduzida a
importância dos fatores ambientais e ampliada a influência dos fatores sociodemográficos
(Haggerty, 1982; Kim & Kaplan, 2004).
O relacionamento social na vizinhança trata do reconhecimento dos aspectos
negativos como conflitos ou insatisfações. Skjaeveland & Garling (1997) argumentam que
estes aspectos não têm sido muito investigados na literatura, mas são influentes no desejo
de contato social no lugar (Merry, 1987 apud Skjaeveland et al., 1996). Por exemplo,
Ebbsen et al. (1976 apud Skjaeveland et al., 1996) identificou que a formação de inimizades
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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em relação à formação de amizades é mais dependente da proximidade física e, Kim &
Kaplan (2004) observaram que a percepção de quantidade elevada de residências está
associada à falta de privacidade e atua como obstáculo à interação e que a maior
possibilidade de interação sócio-espacial pode ser entendida, também, como aspecto
negativo.
A ligação com a vizinhança é definida em função de ligações positivas com as áreas
próximas à residência. É entendida a partir da composição social e das características
físicas relacionadas à atratividade do lugar e à possibilidade de realização das atividades
desejadas. Engloba, ainda, sentimentos de comunidade, confiança e conexão com o lugar,
bem como formação de redes de amizades e pequenos grupos, (Cobb, 1976 apud Kim &
Kaplan, 2004; Skjaeveland & Garling, 1996,1997). Essa dimensão está mais associada ao
prestígio de uma área do que à quantidade de interação social possível (Haggerty, 1982). É
a dimensão que parece sofrer menor influência direta das variáveis físicas, sendo muito
dependente das variáveis composicionais (ou sociodemográficas).
A última dimensão, os laços de amizade na vizinhança, é definida por contato social
informal entre residentes que não são vizinhos de porta ou não se conhecem intimamente
(Fleming et all, 1985; Khermouch, 1995; Oldenburg, 1989 apud Kim & Kaplan, 2004), tratam
da interação social local sem laços afetivos, como contato visual e conversas rápidas
(Greenbaum, 1982 apud Skjaeveland & Garling, 1997). Essas relações parecem
importantes, porque podem favorecer o surgimento de relações de amizade (Festinger et al.,
1950 apud Skjaeveland & Garling, 1997; Taylor, 1988). Espaços como caminhos, escadas,
acessos comuns para residências são alguns dos componentes do ambiente residencial que
parecem favorecer altos níveis de contato social e, conseqüentemente, formação de
relações pessoais (Skjaeveland & Garling, 1997). Essa dimensão, segundo alguns estudos
realizados (Skjaeveland et al., 1996, 1997; Haggerty, 1982) parece ser a mais influenciada
pelos componentes do ambiente construído, independentemente dos fatores
composicionais.
Portanto, as quatro dimensões da interação social na vizinhança parecem muito úteis
à compreensão da interação social entre grupos heterogêneos. A literatura suporta que
amizades e relações íntimas sejam dependentes de aspectos de homogeneidade entre os
grupos (por exemplo, Gans, 1976; Tallen, 1999; Rapoport; 1978; 1986; 2003), o que sugere
a não existência de interação social mais íntima entre populações socioeconomicamente
distintas residentes em áreas comuns. Dessa forma, são destacadas, a partir das quatro
dimensões identificadas, as semelhanças ou as diferenças entre os grupos, quanto à
intensidade e ao tipo de interação social e à influência do ambiente construído para maior ou
menor relacionamento social entre os moradores.
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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2.3.2 Sistema de lugares e sistema de atividades
A abordagem de multi-lugares ou sistema de lugares, adotada por alguns autores
(por exemplo, Bonnes & Secchiaroli, 1995; Rapoport, 1978; 1986; 2003; Bonaiuto et al.,
2004) propõe a compreensão do ambiente em função dos diversos espaços urbanos,
entendendo que os sistemas são definidos por lugares imediatos e distantes e em função
das atividades e funções que acontecem neles. Constata-se que esses lugares são
hierarquicamente organizados a partir das noções de exclusão ou inclusão e proximidade ou
distanciamento derivadas das experiências individuais e coletivas das pessoas (Bonnes &
Secchiaroli, 1995; Lang, 1987).
Segundo Rapoport (1986, p. 162) a compreensão do que acontece em um lugar
depende do que acontece nos outros lugares e, também, da organização das atividades em
função das regras culturais, dos tempos de uso de cada lugar, do padrão de integração e
separação dos lugares, da congruência da localização dos lugares no sistema, da variedade
e complementaridade entre eles. Ainda, a experiência humana dos lugares tende a ser
organizada de acordo com diferentes níveis, incluindo progressivamente sistemas mais
amplos (Bonnes & Secchiaroli, 1995).
Diferentes atividades envolvem complexas interações entre o ambiente físico,
cultural e pessoal existente e percebido e esse aspecto é destacado por Rapoport (1986,
2003) em função do grau de suporte ou responsividade ambiental. Portanto, considerando
as atividades ou os sistemas de atividades realizados nos diversos tipos de lugar
(residência, vizinhança/bairro, centro ou periferia), as relações sociais e sócio-espaciais têm
sido investigadas nos vários lugares urbanos (Bonnes & Secchiaroli, 1995).
Rapoport (2003) afirma que o estudo das relações sociais, quanto à sua extensão
espacial é fundamental. Por exemplo: pessoas com muitos recursos econômicos, por terem
acesso a mais atividades distribuídas pela cidade, parecem apresentar menor ligação com a
vizinhança e menor necessidade de acesso ao comércio e serviços locais que pessoas com
menos recursos (Ahlbrandt, 1984 apud Talen, 1999). O ajuste entre o ambiente e o
comportamento e a diversidade de lugares e de atividades definidas por um grupo depende
das características do indivíduo (ciclo de vida, capacidade física, características de rendas,
origem) (Lang, 1987). De acordo com Rapoport (2003), quanto maior a incongruência do
sistema seja por questões de idade, saúde, recursos ou preconceitos, maior a importância
das redes de relações sociais.
Estudos destacam o papel das áreas residenciais (vizinhança/bairro) na organização
do sistema de atividades dos habitantes (Bonnes & Secchiaroli, 1995; Rapoport, 2003; Rofé,
1995). As atividades parecem ser reguladas como uma função das atividades que
acontecem na residência, assim, habitantes parecem realizar atividades específicas no
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A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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centro ou na periferia em função do tipo de atividades que realizam na residência ou na
vizinhança (Bonnes & Secchiaroli, 1995).
Além dessa distinção, centro, periferia, vizinhança e residência, a distribuição das
atividades e a compreensão das redes de relações podem, também, estar ancoradas em
instituições específicas, com as quais os grupos são identificados e pelas quais são
suportados, que conforme Rapoport (2003), tanto as diversas áreas da cidade como
essas instituições tratam de status e preferências relativos ao estilo de vida de cada grupo.
Por fim, os sistemas de atividades tendem a ser organizados pelos indivíduos, como
uma função de dois sub-lugares em especial (casa vizinhança, ou casa centro, ou
vizinhança centro), embora possam ser definidos a partir de mais sub-lugares ou
exclusivamente em função de um sub-lugar (Bonnes & Secchiaroli, 1995). Cada grupo
caracterizado por um tipo e lugar de atividade é definido por um padrão sócio-demográfico e
por características residenciais (tempo de residência no bairro e tempo gasto no bairro) e
também pelas associações entre o sistema de atividades realizadas na cidade e no bairro e
avaliações de satisfação residencial com a vizinhança (Bonaiuto et al., 2004).
Portanto, a compreensão da interação social entre grupos heterogêneos no ambiente
residencial parece ser dependente do sistema de atividades definido por cada grupo. Apesar
disso, ainda poucas evidencias empíricas. A identificação de diferenças quanto à
utilização do diversos lugares (casa, vizinhança, centro, periferia) parece ser determinante
para a definição da interação nas áreas próximas às residências e será verificada neste
estudo.
2.4 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES CONTEXTUAIS INFLUENTES NA INTERAÇÃO
SOCIAL
O comportamento espacial dos indivíduos é geograficamente localizado e
dependente da organização do ambiente, considerando os aspectos de congruência entre
um ambiente construído e necessidades de seus usuários (ver item 2.2.4). A organização do
espaço é entendida não apenas como possível antecedente do comportamento ambiental,
mas como expressão dos usos que as pessoas fazem do espaço (Bonnes &
Secchiaroli,1995, p.83).
Nesse sentido, considerando a interação social num ambiente residencial, é
destacado que o espaço, em função da maneira como é configurado e de acordo com os
elementos físicos presentes, influencia o contato entre as pessoas, favorecendo ou
desencorajando a interação (Canter, 1970; Festinger et al., 1950 apud Lay, 1998). Algumas
variáveis espaciais parecem ter maior relevância (Festinger et al., 1950 apud Skjaeveland &
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A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Garling, 1997), como a oportunidade de contato social passivo, a proximidade com os outros
(por exemplo, estudo de Gans, 1976) e espaços apropriados para a interação (por exemplo,
Moser & Fleury-Bahi, 2002). A importância do espaço público (no caso de áreas
residenciais, o espaço aberto próximo à residência) é destacada enquanto possibilitador da
interação social (Carr et al., 1992).
2.4.1 Caracterização da estrutura do ambiente construído
Autores afirmam que os diversos atributos físico-espaciais estão relacionados a
significados, interpretados pelos indivíduos em função de seus valores e padrões de
comportamento (Rapoport, 1978; Altman & Chemers, 1989; Garling & Golledge, 1987). A
combinação de elementos que favorecem a interação social, embora não garanta a
realização dessas práticas sociais, parece indicar que determinadas ações sejam viáveis.
Além disso, na busca de compreender a interação entre grupos diferentes, é necessário
estar atento às diferenças culturais, que grupos diferentes (ver item 2.2.3) apresentam
necessidades diversas de interação e de preferências quanto ao tipo e quantidade de
espaço.
2.4.1.1 Tamanho de vizinhança e quantidade de habitações
A literatura destaca que variações no tamanho de uma vizinhança influem na
quantidade de interação sócio-espacial (Taylor, 1988). Associado a isso, o fator proximidade
é destacado pela possibilidade de promover o contato face-a-face dos indivíduos,
incentivando o contato social (Gans, 1976; Taylor, 1988).
Dois aspectos merecem atenção. Primeiro, qualidade e intensidade de interação
entre indivíduos estão condicionadas ao conhecimento e à confiança mútua. Isso implica
que o aumento do tamanho do grupo pode não facilitar a interação na vizinhança porque as
oportunidades de contato estariam divididas entre mais membros, dificultando o
reconhecimento dos moradores de uma área (Taylor, 1988). Como conseqüência, as
atividades sociais existentes entre mesmos grupos de moradores estariam acontecendo
apenas em algumas quadras de um bairro. Por exemplo, num estudo realizado em Seatle,
EUA, por Moudon et al. (2006), a percepção de variáveis relacionadas à vizinhança levou à
definição geográfica dessa área resultando em valores inferiores a 1 Km de extensão linear
para o espaço utilizado por uma pessoa.
O aumento da quantidade de unidades residenciais de uma área implica maior
quantidade de acessos privados na relação com espaço público (Talen, 1999; 2000),
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
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sugerindo maior probabilidade de encontros entre os residentes, ao entrarem e saírem das
suas edificações, e favorecendo a interação social entre eles. Além disso, comprimento
(relativo a quadra) e largura da rua também estão associados ao favorecimento de
encontros no ambiente (Khalil & Zimring, 1997). Como foi demonstrado num estudo em
Portland, nos Estados Unidos, bairros com alta densidade de trabalhadores e moradores,
com maior número de intersecções entre as ruas e mais espaços verdes e áreas públicas
abertas para recreação tendem a ter maior número de pessoas caminhando (Li et al., 2005),
incrementando as possibilidades de contato social entre os moradores.
O tamanho de uma vizinhança e a quantidade de habitações podem ser definidos em
função do padrão de assentamento do lugar, sendo explicitados no dimensionamento do
quarteirão e nas intersecções entre as ruas, no parcelamento dos lotes e no número de
acessos para o espaço privado. Essas variáveis possibilitam compreender que o tipo de
interação que acontece num lugar é expresso no padrão de ocupação da área (Altman &
Chemers, 1989) e, portanto, serão utilizadas, nesse estudo, para verificar o potencial de
interação social entre os grupos socioeconômicos distintos.
2.4.1.2 Dinâmica do movimento na área de vizinhança e potencial de contato social
O padrão de movimento favorecido pela configuração da malha urbana afeta a
compreensão do ambiente residencial pelos usuários (Rofé, 1995). Vários estudos (entre
outros, Hillier, 1988; Hillier et al., 1993; Khalil & Zimring, 1997) têm demonstrado que o
potencial movimento de pessoas em uma determinada área está relacionado com
propriedades sintáticas do espaço. Hillier et al. (1987) entende que esse campo de encontro
é gerado a partir de propriedades bem definidas (distribuição, densidade e previsibilidade ou
predicabilidade) de um sistema, em função das características do layout e da relação com
as áreas de entorno.
A compreensão do sistema urbano, na abordagem da análise sintática, descreve a
cidade em termos de uma malha deformada definida numa estrutura axial (Hillier, 1988). De
acordo com Hillier et al. (1987), um ambiente urbano é caracterizado por um sistema fixo de
espaços e por um conjunto móvel de indivíduos associados a ele. Essa distinção define a
primeira dimensão do sistema. A segunda dimensão trata do reconhecimento das
propriedades locais (associação com a área de vizinhança) e globais (posição relativa ao
sistema como um todo), e, também, da relação entre essas.
Essas propriedades podem ser medidas e quantificadas, permitindo a compreensão
do potencial de movimento gerado pela malha urbana. Para o sistema local, existem a
conectividade (define para cada linha, quantas outras linhas estão diretamente conectadas)
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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e o controle (oportunidade de movimento que cada espaço representa para seus vizinhos
imediatos). Para o sistema local, a integração global (profundidade topológica média de
uma linha em relação a todas as outras do sistema) e a integração local (profundidade
topológica média de uma linha em relação a todas as outras dentro de um raio especificado)
(Hillier & Hanson, 1984; Hillier et al., 1987).
A medida de integração global é a que melhor prediz o potencial de movimento
(Hillier et al., 1987; Hillier, 1988; Hillier et al., 1993). O padrão de movimento é uma função
do padrão de integração da estrutura urbana e pode ser analisado matematicamente a partir
da decomposição da malha em um sistema de linhas (mapa axial). As linhas mais
integradas são denominadas núcleos de integração e constituem, umas com as outras,
circuitos anelares que se conectam em diversas direções, abrangendo todo o sistema.
Esses núcleos são importantes, porque tratam de eixos integrados e potencialmente mais
utilizados (percorridos) por todo o sistema.
Os campos de encontro e de co-presença são definidos em função do padrão de
movimento e são dependentes, de modo especial, da posição de cada espaço na estrutura
global, mais que na local. Duas medidas dependentes das propriedades sintáticas são
destacadas (Hillier et al., 1987; Hillier, 1987): (1) na correlação entre valores de
conectividade e integração global define-se a inteligibilidade, importante na definição do
potencial de encontro e co-presença, permitindo compreender o sistema global a partir do
local, o que é percebido pelo usuário, em função do número de conexões de uma via com
outras vias; (2) na correlação entre valores de integração global e local define-se a sinergia,
que permite verificar como os espaços integrados localmente se articulam com aqueles
integrados globalmente e como eles estruturam a localização das atividades e o padrão de
movimento de um nível para o outro.
Segundo essas propriedades, Hillier et al. (1993) demonstram que existe uma
correspondência entre a presença de pessoas, equipamentos (comércio ou edifícios
institucionais) e o padrão configuracional do espaço. A medida de integração global é
destacada, nesse conjunto, como princípio gerador de movimento. No entanto, os
equipamentos urbanos são verificados como atratores (multiplicadores logarítmicos dos
padrões de movimento definidos pela configuração), e podem ser positivos, estimulando o
movimento, ou negativos, desestimulando-o.
Por fim, potencial de encontro e co-presença define uma comunidade virtual porque
tem a forma de um grupo e trata de uma interação potencial (não efetiva) entre seus
membros (Hillier et al., 1993). Por isso mesmo, a variáveis sintáticas (conectividade,
controle, integração local e global, profundidade), influenciando o movimento de pedestres,
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favorecem o contato entre as pessoas que não necessariamente têm alguma relação entre
si e promovem, assim, atividades sociais no ambiente (Khalil & Zimring, 1997).
Essa discussão das propriedades configuracionais do ambiente, a partir da análise
sintática, busca destacar que certas ruas de uma cidade estão localmente conectadas e
globalmente integradas, definindo, assim, maior probabilidade de co-presença de distintos
indivíduos num mesmo espaço. Para Hanson & Hillier (1987 apud Rofé, 1995) espaço e
sociedade podem ser estruturados de forma a maximizar a probabilidade de encontros entre
pessoas de diferentes categorias. Considerando a congruência entre malha urbana,
equipamentos e movimento, verifica-se que a centralidade da malha urbana (em termos de
integração e núcleos de integração) influi na localização dos equipamentos no ambiente, e
que esses potencializam, ainda mais, a predisposição de movimento e encontro de pessoas,
na medida que favorecem a maior quantidade e diversificação das atividades.
Conseqüentemente, a interação social entre os grupos parece ser potencializada num dado
local, tanto pela possibilidade de utilizar um espaço enquanto percurso (circulação), como
no uso efetivo do espaço para realização de determinadas práticas desejadas, no sentido de
satisfazer o estilo de vida de um indivíduo.
O grau de centralidade de um espaço em relação à cidade como um todo, o grau de
deformação da malha e a profundidade do sistema estarão influenciando na localização de
equipamentos e atividades e, possivelmente, na interação entre grupos sociais distintos, que
potencialmente terão maior ou menor chance de estar utilizando um mesmo espaço para
realização de atividades comuns ou distintas. Nesse sentido, parece importante
compreender a dinâmica de movimento e o potencial de co-presença em áreas urbanas
onde coexistem grupos distintos, verificando a localização diferenciada dos grupos e dos
equipamentos e atividades em relação ao potencial de interação social entre eles.
2.4.1.3 Acessibilidade no ambiente residencial
A estrutura do ambiente construído está fortemente associada à noção de
acessibilidade, que é condição básica para a existência de atividades num lugar (Carr et al.,
1992) e, conseqüentemente, para a existência de atividades sociais (Gehl, 1987). Para Carr
& Lynch (1981 apud Lay, 1992, p. 78), a acessibilidade está definida em termos dos direitos
sobre o espaço aberto - acesso físico ao espaço aberto, liberdade de uso do espaço e
possibilidade de mudança do espaço pelos usuários. Lynch (1985 apud Basso, 2001, p. 51)
ainda acrescenta que a eqüidade de acesso e a diversidade de atividades acessíveis aos
diferentes grupos da população são condições básicas para a definição geral para o uso do
ambiente.
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A literatura destaca a questão da acessibilidade em relação a três importantes
aspectos: o físico, o visual e o simbólico (Carr et al., 1992). Estudos realizados (por
exemplo, Gehl, 1987; Lay, 1992; Moudon, 2006) indicam que a acessibilidade física pode
ser entendida em termos de distâncias, percepção da quantidade de espaço disponível para
realização de atividades (por exemplo, Gehl, 1987; Skjaeveland & Garling, 1997) e
existência de barreiras físicas (Carr et al., 1992; Skjaeveland & Garling, 1997). Gehl (1987)
argumenta que a acessibilidade visual é destacada pela possibilidade de perceber,
simultaneamente, o que acontece nos espaços públicos e privados (o que é confirmado pelo
estudo de Basso, 2001), facilitando a percepção de potencial de perigo ou segurança de um
lugar (Carr et al., 1992) e a existência de percursos e caminhos conectados e atraentes
(Gehl, 1987; Carr et al., 1992; Skjaeveland & Garling, 1997). Por fim, a acessibilidade
simbólica é verificada na possibilidade de identificar sinais (pessoas e objetos) indicativos de
que alguém ou algo é ou não bem vindo ao espaço (Carr et al., 1992).
A distância foi apontada na literatura como fator relevante para a criação e
manutenção de relações de vizinhança e amizade, mas sem influência nas relações
familiares. No caso das relações de vizinhança, num bairro residencial do Cairo, elas
aconteceram, na sua maioria, numa extensão de até 25 metros do local de moradia de um
indivíduo (Khalil & Zimring, 1997).
Espaços próximos às casas são entendidos como elemento de ligação entre os
indivíduos e a sociedade local (Taylor, 1988). Por exemplo, espacialidade ou amplitude do
espaço percebida a partir das residências indicou a existência de espaço disponível
(visibilidade entre público e privado) e compatível (presença de objetos e elemento
decorativos) para interação com a vizinhança, estimulando o contato social (Skjaeveland &
Garling, 1997).
Para Gehl (1987), a percepção da amplitude do espaço, ainda, está associada às
distâncias aceitáveis (400 ou 500 metros) para percorrer ou realizar uma atividade e à
qualidade do percurso em termos de segurança e estímulos (visuais e atividades) presentes.
Além disso, certos elementos de design ou tipos de comércio e serviços presentes
num lugar explicitam preferências, gostos e padrões relativos ao poder aquisitivo do
indivíduo, informando, assim, sobre as pessoas esperadas e bem vindas num lugar,
atraindo-as para o uso desses espaços (Carr et al., 1992).
Nesse sentido, a acessibilidade a espaços e atividades no ambiente é entendida
como geradora de um processo de auto-reforço. Indivíduos e eventos podem influenciar e
estimular um ao outro: presença de atividades e pessoas influi positivamente para maior uso
e interação no lugar, a ausência desestimula o uso e a interação, ou, ainda, atividades não
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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estimuladas e suportadas umas pelas outras reduzem consideravelmente o uso e a
interação (Gehl, 1987).
Os três tipos de acesso físico, visual e simbólico interagem, apontando, mais
claramente ou mais tenuamente, para quem pode entrar no espaço e para quem tem o
controle de uso do espaço (Carr et al., 1992). Parece, no entanto, conforme indicam
resultados apresentados por Lay (1992), entre outros, que a acessibilidade visual (associada
à acessibilidade simbólica), mais que a física, define o maior ou menor uso dos espaços,
que associam atratividade do lugar em termos de preferências relativas aos estilos de vida
(Carr et al., 1992; Skjaeveland & Garling, 1997), percepção de segurança e diversidade de
usos (Gehl, 1987; Carr et al., 1992; Lay, 1992).
Por tudo isso, a avaliação da possibilidade de interação social entre grupos
diferentes no ambiente residencial parece estar intensamente relacionada à acessibilidade
do espaço. Destacadamente, a acessibilidade visual, enquanto facilitador da percepção de
quem pertence a um lugar ou pode usar esse lugar, tende a indicar a possibilidade de
interação social entre moradores de grupos distintos, em áreas urbanas comuns. A
influência da acessibilidade visual entre os grupos distintos será verificada em termos de
possibilidade de identificação deles, um pelo outro, e favorecimento da interação social entre
eles em função da maior ou menor visibilidade.
2.4.1.4 As calçadas no ambiente residencial
As ruas atuam como principal lugar de contato e de passagem, permitindo variadas
trocas e ações sociais (Czarnowski, 1991). A importância das calçadas no ambiente
residencial é destacada, principalmente em função da sua capacidade em permitir aos
usuários desenvolver atividades no espaço da rua (Gehl, 1986 apud Skjaeveland, 2001).
Nesse sentido, as calçadas também incrementam a interação social, pois caminhar pelas
ruas do bairro favorece o contato social e o aumento da identidade e fortalece o vínculo com
o lugar (Gehl, 1986 apud Skjaeveland, 2001).
Apesar do destaque da rua na intensificação do contato social, também é possível
verificar diferenças de uso e atitudes em relação ao espaço. Essas diferenças tanto
reforçam a diversidade dos estilos de vida dos diversos grupos, como reafirmam a
estratificação social (Levitas, 1991). Como verificado por Basso (2001), a utilização dos
espaços das ruas para práticas sociais é inversamente proporcional a faixa de renda.
De qualquer modo, as caminhadas na rua, atividades favorecedoras de contato
passivo, parecem ser motivadas ou desmotivadas por diversas variáveis, que contribuem
para a qualidade do ambiente construído (Alexander et al. apud Kim & Kaplan, 2004).
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Nessas condições, a existência de calçadas (Kim & Kaplan, 2004; Talen, 2000) e o
dimensionamento e a pavimentação adequados à circulação podem intensificar o uso social
(Basso, 2001). Outros fatores, ainda, são presença de vegetação (Basso, 2001; Kim &
Kaplan, 2004; Sullivan, Kuo & DePooter, 2004), presença de elementos motivadores ou
atratores, tais como pequeno comércio, bares e restaurantes (Moudon et al., 2006),
existência de equipamentos e mobiliário urbano e, também, existência de iluminação
artificial adequada, aumentando a sensação de segurança e permitindo o uso por maior
período de tempo (Basso, 2001).
2.4.1.5 A presença da vegetação
A vegetação tem sido destacada quanto aos seus efeitos na interação social. A
literatura sugere que a presença de vegetação em áreas comunais, junto aos ambientes
residenciais, exerce grande influência na produção do senso de comunidade (Francis,
Lindsey & Rice, 1994 apud Kearney, 2006) e no estreitamento de laços sociais entre adultos
(Kweon, Sullivan & Wiley, 1998 apud Kearney, 2006). Além disso, a existência de elementos
naturais ou áreas verdes foi associada ao uso mais intenso dos grupos e à maior
diversidade de faixas etárias presentes no ambiente, quando comparadas a áreas com
menor presença de elementos naturais (Coley, Kuo & Sullivan, 1997 apud Sullivan, Kuo &
Depooter, 2004). Taylor, Wiley, Kuo & Sullivan (1998) sustentam, ainda, que quando
existem áreas gramadas ou com árvores, maior presença de adultos e mais crianças
envolvidas em atividades diárias. Nesse sentido, tem sido demonstrado que o engajamento
em atividades sociais é maior em espaços com vegetação (Sullivan, Kuo & Depooter, 2004)
do que em espaços sem vegetação ou com vegetação escassa, sugerindo que este fator
aumenta as oportunidades de interação social de áreas como ruas ou espaços públicos de
lazer (Kearney, 2006).
Considerando, portanto, a influência da vegetação nas práticas sociais manifestadas
nos espaços de lazer e das ruas, parece necessário verificar se os efeitos de incremento do
uso desses espaços pelos grupos, inclusive a partir da diversificação etária, estariam,
também, relacionados à diversidade social dos grupos em contato.
2.4.1.6 As faixas para circulação de veículos no ambiente residencial
A interação social parece ser influenciada, também, pela quantidade e tipo da via
veicular. Segundo Appleyard & Lintell (1972) níveis de interação social, extensão territorial e
reconhecimento do ambiente foram inversamente correlacionados com a intensidade de
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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tráfego. Vias com tráfego intenso estão associadas a menor interação social e atividades
nas ruas, enquanto vias de tráfego leve estão associadas a maior interação e atividade nas
ruas (Appleyard & Lintell, 1972; Gehl, 1987; Taylor, 1988).
Para Gehl (1987) sendo o tráfego da e para a casa a atividade mais realizada,
considerando todas as que acontecem no espaço público das áreas residenciais, a
capacitação do espaço para que simultâneas atividades aconteçam circulação veicular ou
peatonal, brincadeiras e jogos infantis, atividades em torno da residência incrementaria o
uso do espaço e o contato entre as pessoas.
Os efeitos da circulação de veículos em relação ao uso podem ser exemplificados
com dois estudos. Num deles, realizado em áreas residenciais na Noruega, verificou-se que
a criação de ruas com estacionamento favoreceu brincadeiras e jogos infantis e relações de
amizade entre os adultos (Skjaeveland, 2001). O aumento dos laços de amizade, e não do
contato casual entre os moradores como sugerido na literatura (Gehl, 1987; Gans, 1976),
pareceu ser devido ao surgimento de uma atividade (conversas com vizinhos) anteriormente
desejável pelos moradores, mas apenas compatível com o ambiente construído após as
alterações nele realizadas (Skjaeveland, 2001). No outro, realizado em Portland, o número
de interseções entre as ruas, identificado como promotor do movimento de pessoas no
espaço aberto, passou a contribuir para caminhadas quando os residentes perceberam
que as condições do tráfego de veículos associadas às interseções das ruas eram seguras
(Li et al., 2005).
Além disso, o perfil dos usuários também parece estar relacionado à intensidade de
tráfego da via. Num estudo realizado na cidade de São Francisco, EUA, pessoas de
reduzido poder aquisitivo, entre eles idosos, famílias com filhos, solteiros, casais jovens e
inquilinos em geral, foram associados às áreas de tráfego intenso (Appleyard & Lintell,
1972).
Como Appleyard & Lintell (1972) demonstraram, diferentes perfis de moradores
nos diferentes tipos de rua. Essa ocupação é tanto decorrente da necessidade de fácil
acesso aos recursos do ambiente construído (pessoas idosas), como influenciada pelas
condições financeiras dos indivíduos. Por isso, considerando a quantidade de interação
propiciada pelo tipo de via e pela intensidade de atividades simultâneas, parece importante
avaliar o significado do desejo de interação e privacidade relativo a cada grupo social.
Assim, é necessário verificar efeitos da intensidade do tráfego e padrão da via quanto à
interação social entre grupos heterogêneos.
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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2.4.2 Aparência e uso
2.4.2.1 Aparência das edificações
Espaços atrativos convidam as pessoas a permanecerem no lugar por mais tempo,
aumentando a possibilidade de encontrar outras pessoas com preferências e necessidades
comuns (Kaplan et al., 1989; Nasar, 1989 apud Skjaeveland & Garling, 1997). A atratividade
está relacionada com questões de projeto do espaço e da qualidade das experiências
favorecidas pelo ambiente físico, havendo implicações da qualidade do ambiente construído
para atratividade do lugar e uso (Gehl, 1987, p. 183).
A avaliação do lugar é conseqüência de uma resposta estética, segundo Nasar
(1997, p.152), ou seja, uma resposta afetiva experienciada pelos indivíduos (de diferentes
ocupação, instrução, renda, etc.) num dado ambiente construído e em relação aos atributos
desse ambiente. Por exemplo, num estudo realizado por Lay (1992), os moradores
avaliaram a aparência visual de um condomínio residencial com base na percepção dos
atributos que expressavam ou não seus valores e com base na percepção das qualidades
espaciais do lugar, como resultado, surgiram comportamentos espaciais compatíveis com a
avaliação. Portanto, aspectos como estilo arquitetônico, variações de altura, cor, e forma do
edifício, vistas agradáveis a partir da residência e manutenção contribuem para a
atratividade do ambiente (Cooper & Sarkissian, 1986 apud Lay, 1992, p. 88; Skjaeveland &
Garling, 1997), propiciando diferentes respostas estéticas.
A aparência das áreas residenciais pode ter grande influência na criação da imagem
social, expressando valores, atitudes, gostos (Becker, 1977 apud Lay, 1992: 90) e
comunicando o padrão funcional e a estrutura social do lugar (Rapoport, 1985). A aparência
ambiental contribui para a distinção e identificação dos diferentes grupos (Rapoport, 1985;
2003; Taylor, 1988; Twigger-Ross & Uzzel, 1996). A sua avaliação está associada à
reputação do lugar e também à de seus moradores (Becker, 1977 apud Lay, 1992: 93;
Twigger-Ross & Uzzel, 1996).
Segundo alguns autores (Rapoport, 1985, 2003; Nasar, 1997) a preferência por um
padrão de ambiente construído é o resultado de uma escolha, sendo o julgamento das
características físicas de um lugar depende do reconhecimento e da compreensão de um
estilo por um grupo. Por isso, a importância da aparência do lugar é destacada na sua
função de comunicar características sociais. A literatura aponta para diferenças de
significados atribuídos a residências por grupos de diferente formação educacional e
ocupacional (Nasar, 1989; Lang, 1990 apud Nasar, 1997). Existe, assim, relação entre
atratividade física de uma área residencial, o aumento do uso (Gehl, 1987, Lay, 1992;
Basso, 2001), da interação com a vizinhança (Lay, 1992; Basso, 2001; Skjaeveland &
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Garling, 1997) e dos sentimentos de identidade (Lay, 1992; Skjaeveland & Garling, 1997),
de pertença à comunidade (Lay, 1992; Kin & Kaplan, 2004, Basso, 2001) e de ligação com o
lugar (Cullen, 1961 apud Gehl, 1987; Lay, 1992; Basso, 2001).
Existe uma relação dinâmica entre o ambiente residencial e o processo de
identificação social (Twigger-Ross & Uzzel, 1996). Além disso, a constituição da identidade,
apoiada na identificação com o lugar, também trata da regulação dos contatos sociais
(Taylor, 1988; Altman & Chemers, 1989). Segundo Uzzel & Badenas (2002) a coesão social
(sentimento de comunidade e presença de práticas sociais) contribui para a identidade do
lugar, assim como uma forte identidade facilita a coesão social. Nesse sentido, os quatro
princípios relacionados à formação da identidade distinção, continuidade, auto-estima e
auto-eficácia (Breakwell’s apud Twigger-Ross & Uzzel, 1996) estão implicados na
percepção e avaliação do ambiente (Twigger-Ross & Uzzel, 1996). Este estudo buscará
associar a avaliação da aparência do lugar em termos de distinção (identificação com a
vizinhança a partir das edificações), continuidade (continuidade física e temporal das
edificações como forma de identificação) e auto-estima (avaliação positiva e prestígio da
área). O princípio de auto-eficácia será avaliado a partir da idéia de ambiente gerenciável e
coesão social (Uzzel & Badenas, 2002) (ver item 2.4.3, a seguir).
A literatura destaca que a interação entre grupos heterogêneos no espaço está
relacionada à percepção da homogeneidade ou diversidade dos indivíduos (Rapoport,
1978). A interação social, que é incrementada a partir da satisfação com a qualidade
ambiental, é, também, influenciada pela avaliação da aparência do ambiente em termos da
possibilidade de distinção ou identificação dos grupos. Portanto, parece necessário verificar
se a identificação das características das edificações dos diferentes grupos de um lugar
influencia a interação social entre eles.
2.4.2.2 Percepção de Segurança
A percepção de segurança está relacionada a aspectos socioeconômicos e físicos
(por exemplo, Perkins, Meeks & Taylor, 1992; Basso, 2002). Para Ferraro (1994 apud
Perkins & Taylor, 1996) o medo trata das respostas emocionais e dos sentimentos de
vulnerabilidade em face de condições perigosas ou possibilidades de crime. O sentimento
de segurança dos moradores, portanto, tende a ser justificado pela percepção de desordem
física e social no ambiente (entre outros, Perkins, Meeks & Taylor, 1992; Perkins & Taylor,
1996), bem como por elementos relativos ao comportamento territorial (Taylor, 1988) e
aspectos da configuração espacial associados com o espaço defensivo (Newman, 1996).
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Diversos estudos indicam os efeitos da insegurança na vida de uma comunidade em
espaços urbanos: para Liska, Sanchirico & Reed (1988) foi identificado que a insegurança
influencia a liberdade das pessoas em mover-se pelo lugar onde vivem, existindo um efeito
recíproco entre o sentimento de insegurança e um comportamento social mais restritivo (uso
de certos lugares e não uso de outros, hábitos mais restritos à residência); de forma
semelhante, Basso (2001) demonstra que a percepção de segurança aumenta o uso dos
espaços abertos públicos (Basso, 2001); e, também, Perkins, Meeks & Taylor (1992),
revelam que a presença de relações sociais na quadra ou no bairro parecem ajudar os
moradores a alcançar maior sentimento de segurança e coesão social, de forma que
moradores menos confiantes na própria vizinhança tendem a ser mais inseguros e a ter
comportamentos mais restritivos (Taylor, 1996).
Considerando, pois, a influência da segurança no uso do ambiente e, também, na
possibilidade de interação social entre moradores, destaca-se na associação com os
aspectos da aparência do bairro (item 2.4.2.1) a questão da percepção de desordem física e
social.
A desordem na comunidade se refere a condições e eventos sociais e físicos que
existem num determinado local. Moradores incapazes de manter a qualidade de vida
comunitária, comportamentos ilegais ou suspeitos e duvidosos que podem estar
relacionados com conflitos sociais, moradores sem teto, bêbados e traficantes são
entendidos como indicadores de desordem social, enquanto aspectos ambientais como lixo,
vandalismo, casas abandonadas e/ou vazias, carros abandonados, lotes/terrenos
descuidados e a falta de manutenção e a degradação de espaços públicos e privados de
uma propriedade, em geral, são percebidos como desordem física (Perkins & Taylor, 1996;
Perkins, Meeks & Taylor, 1992).
Quanto maior a presença de desordem física e social e quanto maior a percepção
dessa desordem pelos moradores, maior o sentimento de insegurança; destacando-se, no
entanto, maiores coeficientes de correlação entre esse sentimento e os problemas físicos do
que entre os sociais (Perkins & Taylor, 1996). Inclusive, foi encontrado em alguns estudos, a
maior relação entre a presença de degradação do ambiente e a percepção de insegurança
do que entre esta e o sentimento de vulnerabilidade ao crime (Maxfield,1987 apud Perkins &
Taylor, 1996). De modo especial, quando e onde os moradores percebem as incivilidades
do ambiente como reflexo da quebra do controle territorial, eles sentem insegurança
(Perkins, Meeks & Taylor, 1992), o que se reflete no declínio das atividades na vizinhança
(Perkins & Taylor, 1996).
Observa-se, ainda, que aspectos socioeconômicos dos moradores influenciam a
percepção de desordem e de insegurança (Perkins et al., 1990). O tempo de moradia e a
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escolaridade foram relacionados às atitudes em relação à desordem física e social
percebidas, tendo o primeiro demonstrado maior influencia nessa percepção (Taylor, 1996).
Moradores residentes em propriedades com maior número de desordens (lixo, grafite,
conservação) perceberam tanto mais desordem no ambiente, como demonstraram maior
insegurança (Perkins & Taylor, 1996).
Por fim, os efeitos da existência e/ou percepção de desordem social e,
especialmente, de desordem física (vandalismo, degradação ou falta de manutenção do
ambiente, lixo) no sentimento de segurança parecem ser percebidos no comportamento dos
moradores, influenciando o não uso de certos lugares do bairro e o declínio de atividades
sociais. Isso sugere que a percepção de insegurança inibe a interação social,
principalmente, entre grupos de moradores sócio-economicamente distintos. A identificação
da heterogeneidade dos moradores, percebida, entre outros aspectos, partir das edificações
do bairro, pode não apenas estar relacionada a aspectos de tipo e estilo da edificação, mas
também, às questões de manutenção em função das diferenças de poder aquisitivo para
manter o ambiente residencial. Investigações empíricas serão realizadas para verificar se as
diferenças de manutenção do ambiente residencial dos diferentes grupos sociais afetam a
percepção de segurança e o uso no lugar e as possibilidades de interação social entre eles.
2.4.2.3 Heterogeneidade do ambiente construído
Como os diferentes grupos podem perceber o ambiente residencial de forma
diferente, os espaços têm significados variados, em função do estilo de vida de cada grupo,
podendo ser mbolo de status e prestígio, de segurança ou de uma vida reclusa. Cada uma
dessas percepções está associada a diferentes usos do espaço. Os vários componentes de
um lugar comunicam as características sociais de seus membros. A avaliação dos
ambientes residenciais, portanto, trata de escolhas por um ou outro lugar, e pode gerar
alteração e personalização do ambiente ou adaptação do comportamento e do estilo de vida
para tornar o espaço físico mais congruente (Rapoport, 1985). Embora essas percepções
impliquem na forma do ambiente construído, a satisfação residencial está associada aos
relacionamentos interpessoais na vizinhança (Moser & Fleury-Bahi, 2002).
Na visão de alguns pesquisadores (Sibley, 1988, 1995 apud Dixon, 2001, p. 598),
espaços altamente classificados ou associados a um determinado grupo, em função da
aparência ou do comportamento social, parecem enfraquecer ou limitar as possibilidades de
contato entre indivíduos com diferentes estilos de vida. Para outros, as diferenças culturais
dificultam a comunicação e podem elevar o preconceito (Simpson & Yinger, 1965 apud Billig
& Churchman, 2003). Existe, também, a idéia de que encontros entre diferentes populações
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
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podem estimular a integração e reduzir tensões sociais (Massey, 1985 apud Billig &
Churchman, 2003). Há, portanto, pontos de vista contraditórios quanto à percepção da
heterogeneidade do ambiente residencial e seus efeitos na interação dos indivíduos.
Por tudo isso, relacionar a percepção de heterogeneidade do ambiente construído à
satisfação com a aparência e à percepção de segurança de um lugar parece permitir
compreender as implicações desses aspectos quanto à identificação do morador com o
lugar de moradia e à influência no potencial de interação entre grupos de moradores
distintos num mesmo espaço urbano.
2.4.3 Adequação dos equipamentos e atividades existentes no ambiente residencial
A possibilidade de realizar atividades diárias e interagir socialmente na vizinhança, a
partir da presença de equipamentos adequados e necessários às atividades do morador
como lojas, escolas, áreas verdes, confere ao morador um sentido de auto-eficácia,
contribuindo para a identificação com a vizinhança (Uzzel & Badenas, 2002). O conceito de
auto-eficácia, definido por Bandura (1977 apud Twigger-Ross & Uzzel, 1996), é entendido a
partir do sentimento de confiança do indivíduo em realizar um ato ou completar uma tarefa
desejada. Ele está intimamente ligado com o sentimento de bem-estar (Leibking, 1992 apud
Twigger-Ross & Uzzel, 1996) e à idéia de um ambiente capaz de permitir ao indivíduo
escolher como pode alcançar seus objetivos e realizar atividades necessárias num
determinado lugar (Winkel, 1981 apud Twigger-Ross & Uzzel, 1996).
A adequação dos equipamentos e das atividades existentes num lugar remete ao
conceito de “robustez” (Bentley et al., 1985, p. 9), que trata de como o projeto do espaço
físico está relacionado à possibilidade de usar um determinado espaço para diferentes
atividades, e, também, à “liberdade de ação” (Carr et al., 1992, p. 152), entendida a partir da
habilidade para realizar atividades desejadas, utilizando o espaço a fim de satisfazer
necessidades e reconhecendo seu caráter público.
Conforme afirmam Altman & Chemers (1989), espaços públicos, como parques e
centros comunitários, são apropriados e atividades são incorporadas pelos grupos na
definição de determinados usos e fixação de espaços comportamentais. Eles servem de
símbolos de prestígio, aumentam as possibilidades de encontros entre os indivíduos e
contribuem para o sentido de lugar, fortalecendo ou gerando a noção de comunidade (Talen,
2000). Também as atividades comerciais como pequenos comércios, padarias e lancherias
funcionam no ambiente residencial como centros comunitários (Altman & Chemers, 1989).
Conforme afirmam Twigger-Ross & Uzzel (1996), a existência desses lugares de caráter
público trata da possibilidade de realizar atividades comuns numa área, fortalecendo
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sentimentos de unidade e identidade do grupo. Por exemplo, a proximidade de pequeno
comércio e restaurantes, entre outras características espaciais, foram associadas
positivamente à quantidade de caminhadas na vizinhança num estudo realizado por Moudon
et al. (2006), sendo confirmado por alguns autores (White, 1987 apud Moudon et al. 2006;
Basso, 2001) que essas atividades favorecem a interação e os laços afetivos na
comunidade.
Todavia, usos institucionais, comerciais ou industriais, presentes no ambiente
residencial, não garantem uma ocupação contínua do espaço e podem causar, nos períodos
em que não uso, sentimentos de insegurança. Nas vizinhanças onde
descontinuidades no espaço (terrenos ou casas abandonadas) prejuízos no controle
territorial exercido pelos moradores no lugar (Taylor, 1988). De acordo com resultados
apresentados por Moudon et al., 2006, a presença de grandes complexos de escritórios e de
muitos equipamentos educacionais, por exemplo, foi relacionada negativamente ao desejo
de caminhada numa área residencial. Com efeito, como argumenta Taylor (1988), quando
moradores não têm motivações para o uso de um lugar, menor possibilidade de leitura
social e física do ambiente, não sentimento de responsabilidade por ele e,
conseqüentemente, há prejuízo para a identificação dos membros da comunidade.
Também a presença de atividades ou pessoas desejáveis ou indesejáveis tem
relação direta com o uso do espaço (Carr et al., 1992). O comportamento territorial, que
surge a partir da definição de usos e espaços associados a cada grupo, regula o tipo de
interação entre estranhos e conhecidos (entre diferentes grupos) (Altman & Chemers, 1989).
O balanço dos usos e atividades presentes numa área pública está associado com a
possibilidade ou impossibilidade de co-existirem diversas atividades e grupos atuando num
espaço. O maior problema da diversidade dos grupos em contato é a incompatibilidade ou a
coincidência de usos e necessidades sem, em contrapartida, haver espaços adequados e
tempos de usos diversificados e satisfeitos pelos recursos existentes (Carr et al., 1992).
Segundo estudo de Billig e Churchman (2003), numa vizinhança de Tel Aviv
caracterizada por populações sócio-econômicas diferentes (judeus de origem local e outros
de origem européia) a existência da separação física dos ambientes residenciais e de
serviços públicos separados para cada grupo contribuiu para uma avaliação positiva da
qualidade de vida, sustentando a preferência dos grupos em não se relacionarem. Nesse
sentido, ao mesmo tempo em que a forte demarcação e classificação dos espaços, em
função dos grupos, propiciam o aumento da identidade de um grupo, fortalecendo o
sentimento de comunidade, conforme é sustentado pelo estudo de Lay (1992), esses
comportamentos parecem também enfraquecer a possibilidade de interação entre grupos
diferentes como argumenta Dixon (2001).
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A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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A adequação dos equipamentos e das atividades existentes num lugar, enfim, está
relacionada à interação social e ao fortalecimento da identidade de um grupo. Apesar disso,
diferenças socioeconômicas entre os indivíduos são manifestadas na utilização dos espaços
e implicam a satisfação, ou não, com a interação dos diferentes grupos. Assim, este estudo
buscará entender como os equipamentos do espaço são apropriados pelos grupos,
verificando o uso simultâneo dos lugares pelos diferentes grupos e a o potencial de
interação social entre eles na realização das diversas atividades.
2.5 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES COMPOSICIONAIS INFLUENTES NA
INTERAÇÃO SOCIAL
Alguns estudos (por exemplo, Altman & Chemers, 1989; Dixon, 2004; Billig &
Churchman, 2003) têm observado aspectos relativos ao comportamento espacial, na
utilização de espaços comuns por grupos distintos, e o reflexo dessa diversidade na indução
ou redução do contato social. Para Gehl (1987, p. 103) processos de integração implicam
varias atividades e categorias de pessoas funcionando em conjunto ou paralelamente,
enquanto processos de segregação implicam o funcionamento separado e grupos
divergentes uns dos outros. Apesar da importância dessas relações, parecem existir poucos
estudos que tratem das conseqüências das diferenças populacionais (culturais, sociais,
econômicas...) nos relacionamentos sociais. Parece não haver, também, investigações
empíricas e sistematizadas sobre o tema, em especial na relação com adultos (Altman &
Chemers, 1989; Sodeur, 1986).
O processo de definição de um grupo e de distinção dos demais é uma função
cultural e, portanto, está relacionado a uma imagem comum, a uma organização interna
reconhecida pelos indivíduos do grupo, a valores e preferências, influindo diretamente no
tipo de comportamento e padrão de atividades presentes. A literatura indica que pessoas
com valores similares e expectativas similares tendem a agrupar-se em lugares
homogêneos (Rapoport, 1978).
Apesar desse processo de agrupamento ser natural, os critérios para que isso
aconteça variam em função do lugar e no tempo. Diferenças culturais, relativas a aspectos
étnicos, sócio-econômicos e muitos outros, implicam maior ou menor necessidade de
interação, bem como, diferentes graus de tolerância à diversidade ou homogeneidade dos
grupos em contato (Rapoport, 1978; Altman & Chemers, 1989). Por isso, pode ou não surgir
conflitos a partir das diferentes necessidades de distinção e separação de indivíduos e
grupos (Altman & Chemers, 1989).
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
PAULA SILVA GAMBIM, PORTO ALEGRE. PROPUR/UFRGS, 2007.
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Valores, símbolos, percepções, crenças e regras sociais, caracterizam a cultura
(Altman & Chemers, 1989) e são compartilhados num grupo, manifestando-se a partir do
comportamento e do ambiente (Rapoport, 1978, 2003; Altman & Chemers, 1989). A
compreensão da cultura a partir das diversas variáveis que a constituem, tais como estrutura
familiar, rede de relações, status, instituições representativas e preferências, viabiliza a
definição de um grupo e do seu relacionamento com o ambiente construído. O entendimento
do grupo em função dos aspectos que o identificam como homogêneo (preferências,
atividades e lugares usados) possibilita a análise e a comparação (Rapoport, 2003).
2.5.1 Estilo de vida e a definição do grupo
O estilo de vida refere-se ao modo de ação de um indivíduo ou grupo, refletindo uma
escolha consciente em termos de uso dos recursos disponíveis tempo, dinheiro, energia,
envolvimento com os outros (Michelson & Reed, 1970 apud Michelson, 1987, p. 179;
Rapoport, 1985, 1986, 2003). Nesse sentido, estilo de vida é entendido pelas atividades e
pelo sistema de atividades que constituem a vida diária de uma pessoa. E isso é útil para a
análise do comportamento e dos ambientes, que a idéia de um sistema de atividades
associado ao estilo de vida destaca os conceitos de congruência e responsividade entre o
ambiente e os usuários, reforçando o conceito de ambiente comportamental no qual está
explícita uma interação entre um lugar, as atividades relacionadas a ele, e um grupo
específico de pessoas.
Segundo (Rapoport, 2003), dimensões diferenciadas, como ciclo de vida, sexo, etnia,
ocupação, renda, são formas de compreender os grupos sociais na sua relação com
comportamento, projeto e ambiente. No entanto, por permitirem apenas uma análise
segmentada, necessitam estar associadas ao estilo de vida para a compreensão.
A análise do estilo de vida dos indivíduos é ampla (Michelson, 1987; Rapoport,
2003), permitindo associar diversas variáveis sociais - grau de parentesco, estrutura familiar,
ocupação, redes de relacionamento, status, identidade e instituições representativas - às
peculiaridades de um grupo. Para Michelson, (1987), a associação dessas variáveis ao
estilo de vida permite a compreensão dos papéis e tipos de ação humana, considerando a
legitimidade e a identificação dos grupos na sociedade e num dado período de tempo. Essa
associação caracteriza valores, expectativas de vida e padrões de comportamento
aceitáveis, manifestados a partir do sistema de atividades de um grupo.
O estilo de vida é dependente de um ambiente construído adequados às atividades e
às necessidades estéticas dos indivíduos e capaz de responder às necessidades de espaço,
tempo e comunicação de um grupo (Rapoport, 2003).
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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A análise, a partir da compreensão do estilo de vida de um grupo e com base no seu
sistema de atividades, é factível em áreas residenciais (Rapoport, 1987). Além disso, as
relações sociais presentes no ambiente construído são associadas ao padrão de
assentamento em que um grupo está (Michelson, 1987), ao tipo de residência, ao sistema
de uso dos lugares e à organização espaço-temporal, influindo também nos mapas mentais
e no padrão de comportamento (Rapoport, 1978).
Por tudo isso, quatro aspectos do estilo de vida são associados o status
socioeconômico, o tempo de moradia, a composição familiar e a alocação do tempo – como
forma de compreender e diferenciar os grupos quanto ao padrão de uso do espaço urbano e
de interação social.
2.5.1.1 Estilo de vida e status socioeconômico
O status é definido em função de um padrão de estratificação a partir de aspectos
financeiros, de poder e de prestígio. Ele permite a caracterização das diferenças quanto aos
recursos materiais e sociais entre os grupos, o que é pertinente para a avaliação de
adequação do ambiente, do comportamento e do projeto arquitetônico e urbano (Michelson,
1987).
Segundo (Rapoport, 1985), o status afeta a possibilidade de escolha, que esta é
dependente da natureza e da quantidade de um bem desejado, e dos recursos disponíveis
para a aquisição desse bem. Afirma, ainda, que essa questão de escolha e de recursos
reflete aspectos econômicos e políticos e é manifestada a partir de atividades e problemas
intrínsecos ao estilo de vida de um grupo.
A divisão espacial da cidade em vizinhanças ou bairros socialmente diferentes ocorre
através de um processo natural de escolha, na qual indivíduos e grupos buscam ou são
forçados a buscar lugares para morar e para trabalhar de acordo com seus recursos
econômicos e características sócio-políticas (Frick, 1986).
Além disso, verificando especificamente os efeitos nas relações sociais, verifica-se
num estudo realizado na cidade de Campo Grande (Basso, 2001) que o nível de renda dos
indivíduos, que é componente do status socioeconômico, influi na intensidade de uso dos
espaços da rua para atividades sociais, embora não na rede de relações dentro ou fora do
próprio bairro.
Diferenças de status socioeconômico parecem, assim, auxiliar a diferenciação de
grupos heterogêneos que residem em áreas urbanas comuns, permitindo a identificação do
padrão de uso do bairro e de interação social característicos de cada grupo e a influência
desses aspectos para o contato social entre eles.
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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2.5.1.2 Estilo de vida e tempo de moradia
O tempo de moradia também caracteriza o estilo de vida dos moradores, sendo
associado à realização de atividades sociais nas ruas próximas à residência (Basso, 2002).
Em áreas urbanas, os residentes apresentam diferenças no tempo de moradia: bairros mais
consolidados tendem a apresentar moradores mais antigos que áreas mais novas e nas
quais transformações freqüentes ou inserções de novas populações. Isso sugere
padrões de comportamento variados entre os moradores, especialmente quanto às
atividades sociais.
O tempo de moradia permite avaliar, portanto, diferenças de relacionamento social e
padrão de uso do lugar entre grupos heterogêneos que residem em áreas urbanas comuns.
2.5.1.3 Estilo de vida e composição familiar
Em função do grupo social, diferenças na composição familiar podem ser
identificadas (Rapoport, 1998). Por exemplo, num estudo sobre as metrópoles brasileiras
(Ribeiro & Lago, 2000), foi identificado que famílias maiores ocorrem com mais freqüência
em posições socioeconômicas inferiores (menor qualificação ocupacional, menor renda,
menor escolaridade), enquanto famílias unipessoais são mais comuns nas posições
superiores.
O maior número de crianças ou maior número de idosos na residência, famílias sem
filhos, com pais que trabalham fora, são aspectos que se relacionam também à faixa etária
dos indivíduos e que influenciam diferentemente o padrão de uso dos espaços abertos
devido às necessidades, aos recursos de tempo e de dinheiro (Rapoport, 1998). Como
conseqüência dessas variações, possibilidades de relações sociais no bairro de moradia
podem ser afetadas quando diferentes populações residem na mesma área (Sodeur, 1986).
Crianças tendem a utilizar espaços mais próximos à moradia para atividades de
lazer, mas dependem de adultos (Eubank-Ahrens, 1987 apud Basso, 2001), em decorrência
disso, locais onde muitas crianças são propícios às relações sociais, promovendo certa
cooperação entre os pais ou responsáveis (Sodeur, 1986). Já adolescentes têm a tendência
de realizar atividades em grupos, podendo ou não utilizar espaços próximos à residência
(Eubank-Ahrens, 1987 apud Basso, 2001). De modo especial, é verificado que a maior
presença de crianças e adolescentes favorece a maior densidade de uso nos espaços
abertos (Basso, 2002).
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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O padrão de comportamento dos adultos caracteriza as piores condições de contato
social no ambiente residencial, seja porque apresentam maior mobilidade nos espaços,
escolhendo lugares diversos para suas atividades, seja porque suas atividades são limitadas
pelos horários de trabalho, reduzindo o tempo de permanência no bairro de moradia
(Sodeur, 1986).
Idosos, apesar da maior flexibilidade e disponibilidade de tempo, apresentam menor
mobilidade que adultos. Atividades contemplativas, como observar a vizinhança, tendem a
ser associadas a essa faixa etária.
Por tudo isso, as diferenças nas atividades realizadas pelos moradores devido à
composição familiar e às faixas etárias favorecem a identificação das diferenças entre os
grupos heterogêneos residentes em áreas urbanas comuns e permitem a verificação do
potencial de interação social entre eles.
2.5.1.4 Estilo de vida, sistema de atividades e alocação do tempo
A caracterização dos grupos devida aos recursos de tempo, dinheiro e atividades
possíveis ou desejadas afeta a organização que se faz da estrutura urbana em função do
uso dos diversos lugares da cidade (Bonnes & Secchiaroli, 1995), da alocação do tempo no
bairro de moradia e da importância dada à vizinhança (Rapoport, 1978).
Nesse sentido, Schölsser (1981 apud Sodeur, 1986) sugere que diferenças relativas
à ocupação (qualificação profissional) e à jornada de trabalho (turnos e quantidade de
horas) influenciam a freqüência, intensidade e padrão de contatos sociais. Segundo Sodeur
(1986), diferenças entre moradores, quanto à alocação dos recursos de tempo e de dinheiro,
afetam a distribuição das atividades no espaço e, conseqüentemente, podem afetar o nível
de interação entre indivíduos num mesmo lugar, embora, existam poucas evidências
empíricas para isso.
Portanto, a literatura sugere que a realização e a distribuição de atividades, tais
como, trabalho e estudo fora ou dentro do bairro de moradia, afetam a alocação do tempo e
parecem permitir a diferenciação das possibilidades de interação social entre grupos
heterogêneos residentes em uma área urbana comum. Estas relações serão verificadas
neste estudo.
2.5.2 Heterogeneidade e homogeneidade percebida: efeitos na interação dos grupos
Rapoport (1978) argumenta que pessoas com valores e expectativas sociais
similares tendem a formar grupos homogêneos: as variáveis culturais (como por exemplo,
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
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status socioeconômico, estrutura familiar e etnia) estruturam o comportamento e ajudam a
explicar o uso ou o não uso dos lugares urbanos, caracterizando diferentes expectativas em
termos de heterogeneidade e homogeneidade. Nesse sentido, aspectos de semelhança na
composição social influenciam o comportamento territorial e, conseqüentemente, regulam a
interação em um dado lugar. Em áreas residenciais, por exemplo, a semelhança percebida
entre vizinhos é refletida no controle mais intenso das áreas próximas à casa, como sugere
Taylor (1988). Por outro lado, o aumento da distância social entre grupos que coabitam uma
determinada área pode levar a contatos negativos entre os grupos (Lang, 1987), ou ainda
influenciar os grupos a defender seus territórios mais vigorosamente (Taylor, 1988).
Nessa compreensão, grupos com mais características em comum tenderiam a ter
maior interação, enquanto a heterogeneidade poderia favorecer conflitos (Rapoport, 1978).
Por exemplo, num estudo realizado em bairros de Israel (Billig & Churchman, 2003) foram
observadas diferentes reações quanto à possibilidade de interação social entre grupos
heterogêneos e homogêneos: num primeiro bairro, a falta de delimitação física entre dois
grupos socioeconômicos muito diferentes se manifestou em limites sociais, como o desejo
de não conhecer e não querer ver o outro grupo, reduzindo a área residencial à unidade de
moradia e favorecendo o conflito da população em contato; num segundo bairro, a presença
de barreiras visuais e físicas pareceu sustentar a preferência e satisfação dos grupos
socioeconômicos distintos de não se relacionarem, aumentando o senso de
responsabilidade em cada grupo; num terceiro bairro, onde as diferenças
socioeconômicas eram menores, puderam ser encontradas semelhanças nos espaços
físicos, houve forte senso de pertencimento ao lugar e moradores não demonstraram
insatisfação com o outro grupo ou a distinção entre “eles” e “nós”. Verifica-se, no entanto,
para uma pesquisa realizada numa comunidade residencial de classe média nos Estados
Unidos, que a coesão social, baseada na semelhança de status socioeconômico, foi
atraente em alguns aspectos, mas também houve insatisfação com a falta de diversidade
entre os moradores (Kim & Kaplan, 2004).
Apesar de homogeneidade, coesão social e tamanho do grupo influenciarem o
comportamento territorial, regulando a interação (Taylor, 1988), não está evidenciado que a
homogeneidade do grupo favoreça as relações sociais (Rapoport, 1978). Mesmo assim, são
verificados efeitos positivos na presença da homogeneidade nos grupos (Rapoport, 1978),
bem como efeitos negativos, tais como conflitos entre grupos, na existência da
heterogeneidade (por exemplo, Gans, 1976; Rapoport, 1978; Altman & Chemers, 1989).
Por tudo isso, a percepção da homogeneidade ou da heterogeneidade entre grupos
distintos residentes em áreas urbanas comuns parece ser um indicador importante para
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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verificar o grau de identificação entre os indivíduos. É, portanto, necessário avaliar se essa
percepção afeta as possibilidades de interação social entre os diferentes grupos.
2.6 CARACTERIZAÇÃO DE FATORES CONTEXTUAIS E COMPOSICIONAIS
INTERDEPENDENTES INFLUENTES NA INTERAÇÃO SOCIAL
2.6.1 Comportamento territorial, imagem do lugar e interação social
Como foi visto anteriormente (item 2.2.4.2), o comportamento territorial, organiza e
qualifica a interação social, definindo o que, como, onde e quando realizar alguma atividade.
Em complemento, fatores culturais influenciam o tipo de território, como é percebido e como
indivíduos e grupo se sentem em relação ao lugar (Taylor, 1988). Isso implica que
diferenças de estilo de vida serão refletidas em termos de comportamentos julgados
apropriados a um determinado espaço público e, também, na percepção daquilo que é
público, do que é privado e da gradação entre ambos (Rapoport, 2003).
A organização do ambiente construído depende, assim, das imagens desejadas e
entendidas como ideais. Como mostram alguns estudos, pessoas cujo status
socioeconômico é mais elevado, por exemplo, tendem a apresentar maior espaço pessoal,
níveis mais altos de privacidade e maior controle territorial que pessoas cujo status é menor
(Lang, 1987). Nesse sentido, o comportamento territorial está intimamente associado à
formação da imagem que as pessoas tem de si mesmas e da relação desejada com os
outros.
As atividades de delimitação do território através de barreiras físicas e ou simbólicas
são influenciadas pela composição social (Taylor, 1988) e permitem que os grupos
desenvolvam e expressem sua personalidade e seus valores através do ambiente
construído, permitindo a criação de uma imagem coletiva e favorecendo a identidade e
autodefinição do grupo (Altman & Chemers, 1989). A compreensão e organização da
imagem, a partir do seu significado e dos elementos que a constituem, permitem analisar as
diferenças entre os grupos, bem como associar essa imagem à posição social e ao
sentimento de auto-estima (Rapoport, 1978).
2.6.1.1 Comportamento territorial: barreiras físicas e a interação social
A delimitação do espaço por indicadores geográficos, objetos e mbolos constitui-se
num sistema significativo e envolvente (relativo à imagem do lugar), que permite identificar e
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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diferenciar quem pertence ou não ao território (Altman & Chemers, 1989; Taylor, 1988),
afetando o nível de satisfação e ligação com o lugar (Taylor, 1988; Lang, 1987).
A diferenciação das barreiras físicas e simbólicas e a variação dos gradientes de
visibilidade de um lugar, apoiadas na utilização de cercas, grades e jardins, definem o
controle do acesso de um território (Rapoport, 1978), capacitando os indivíduos a regular a
interação com os outros (Dixon, 2001; Altman & Chemers, 1989; Taylor, 1988) e revelando
níveis de privacidade (Taylor,1988) e de segurança desejados no ambiente (Newman, 1972
apud Lang, 1987; Lay, 1998; Wilson-Doenges, 2000).
Manifestações quanto ao desejo de interação e à necessidade de privacidade e de
segurança no ambiente construído, expressas através dos meios utilizados para demarcar o
território, variam de acordo com os grupos sociais (Appleyard, 1979 apud Taylor, 1978). O
comportamento dos indivíduos na interface de contato com os outros (ex.: espaços
semiprivados ou privados em frente à residência) pode ser visto como um esforço de
corresponder a um padrão esperado e desejado a partir da aparência e das atividades
manifestadas (Goffman, 1959). Assim, ao mesmo tempo em que os grupos buscam reforçar
sua unidade, eles necessitam de distinção e separação dos outros grupos, num processo de
diferenciação que pode ser mais tênue ou mais gido em função de características culturais
(Altman & Chemers, 1989).
A literatura sustenta que a clara definição do espaço residencial, em termos físicos e
sociais, está associada à maior possibilidade de controle do território (por exemplo, Taylor,
1988; Altman & Chemers, 1989). As semelhanças quanto ao comportamento territorial em
termos de organização e uso dos espaços tendem a facilitar a identificação da composição
social, favorecendo, também, a produção da imagem mental do lugar entre os indivíduos
(Lynch apud Rofé, 1995). A manutenção da imagem tende a ser motivada por diversas
necessidades, seja de identificação ou para evitar atitudes indesejadas de outros usuários
(Goffman, 1959). Destaca-se, assim, que variações na composição social (maior ou menor
heterogeneidade) tenderiam a explicar diferenças no comportamento territorial entre os
grupos, manifestando-se na maior ou menor apropriação dos espaços, no sentimento de
identificação com o lugar e na existência ou não de conflitos devidos às diferenças
identificadas.
Por exemplo, em estudo realizado em dois conjuntos residenciais em Porto Alegre
(Lay & Reis, 1994), foi verificado que a insatisfação com a configuração do lugar, com os
usos nos espaços semiprivados e privados, com o barulho de vizinhos e de crianças afetou
a atitude emocional dos moradores em relação ao conjunto, motivando um comportamento
destrutivo e o conflito social, através de manifestações tais como falta de manutenção,
negligência no cuidado com os lugares do bairro, vandalismo e grafite.
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
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Como sugerem alguns autores (entre outros, Taylor, 1988; Altman & Chemers, 1989;
Gehl, 1987), tanto a possibilidade de regulação do contato social como a maior utilização de
ambientes residenciais têm sido verificadas como fatores influentes na interação social dos
moradores de uma área. Considerando os argumentos apresentados na literatura, para o
estudo de interação entre grupos heterogêneos residentes em áreas urbanas comuns, é
preciso verificar a imagem comunicada através das barreiras físicas e simbólicas, definidas
pelos moradores, e das atividades realizadas nos espaços privados e semiprivados. Ainda,
a partir da definição do comportamento territorial dos moradores parece ser possível
verificar se ou não uma identificação comum entre os grupos distintos e a influência
dessas diferenças na interação social entre eles.
2.6.1.2 Imagem do grupo e personalização do território
A personalização é o papel ativo que as pessoas exercem, imprimindo significado
pessoal na imagem do ambiente físico (Lerup, 1977 apud Lay, 1992, p. 89), que trata de
uma expressão de preferências estéticas e do esforço de melhor ajustar o ambiente aos
padrões e atividades desejados (Lang, 1987). Boa manutenção e limpeza tendem a estar
associados com a personalização do ambiente residencial, revelando, ainda, moradores
satisfeitos com a aparência externa e interna da habitação (Reis, 1998).
Elementos de embelezamento e cuidados com os ambientes residenciais auxiliam no
controle territorial na medida que favorecem a criação da imagem do lugar, indicando aos
usuários status, valores, gostos e funcionando como meios de comunicação e referência
(Lay & Reis, 1994). Nesse sentido, detalhes físicos presentes no espaço, tais como murais,
nome do lugar, comportamentos comuns, jardins e ornamentos, tornam-se símbolos,
identificando os membros de um grupo e aumentando o senso de conexão com o lugar
(Taylor, 1988; Carr et al., 1992).
Boa manutenção e personalização dos lugares são percebidas como sinais de
responsabilidade e cuidado com o lugar, favorecendo o sentimento de confiança mútua,
facilitando as relações sociais entre os vizinhos e ampliando o controle da presença de
estranhos (Taylor, 1988). Tomando como exemplo um estudo sobre conjuntos residenciais
em Porto Alegre (Lay & Reis, 1994), a aparência externa foi identificada como sinal de
status e revelou boa ou reputação dos moradores, em função do nível de manutenção e
cuidado demonstrado nos espaços semiprivados e privados junto aos edifícios. Nesse caso,
a introdução de elementos de personalização, não apenas afetou a auto-estima e a
identificação com o lugar, como favoreceu a interação social entre os moradores.
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Enfim, a partir da personalização dos espaços privados e semiprivados parece
possível identificar a imagem desejada e manifestada por um grupo. Por isso, parece
importante, em função de semelhanças ou diferenças entre grupos heterogêneos,
residentes em áreas urbanas comuns, verificar o potencial de identificação e o nível de
satisfação com o nível de personalização dos espaços privados e semiprivados, realizada
pelos moradores, relacionando essas atitudes ao diferentes grupos de moradores e ao
potencial de interação social entre eles.
2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na revisão da literatura, foram identificados atributos físicos e composicionais que
poderiam afetar a intensidade de interação social entre moradores de grupos
socioeconomicamente distintos, residentes em áreas urbanas comuns, conforme segue:
a. Diferenças quanto à estrutura morfológica do ambiente construído implicariam
menor ou maior intensidade de uso dos espaços abertos públicos próximos ao lugar de
moradia, e respectivamente, maior ou menor probabilidade de contato (interação social)
entre os moradores.
b. A percepção de homogeneidade física no ambiente construído estaria associada à
identificação de um grupo, favorecendo o contato social. Nesse sentido, na existência de
grupos socioeconômicos distintos residentes em áreas urbanas comuns, semelhanças na
caracterização dos espaços de moradia de cada grupo tenderiam a favorecer maior contato
(interação social) entre eles.
c. A existência de equipamentos próximos à residência, favoráveis à realização das
atividades desejadas e necessárias aos moradores, tenderia a favorecer a intensidade de
apropriação das áreas adjacentes, e respectivamente, a maior probabilidade de contato
(interação social) entre os moradores.
d. A percepção de homogeneidade quanto ao grupo socioeconômico tenderia a
estimular a interação social entre os moradores, enquanto a percepção de heterogeneidade
tenderia a favorecer a insatisfação com o contato social entre os moradores.
e. Diferenças no comportamento territorial manifestado pelos moradores dos grupos
socioeconomicamente distintos (barreiras e uso nos espaços próximos à residência, controle
territorial e personalização) tenderia a favorecer a distinção da imagem dos grupos,
ampliando a percepção de heterogeneidade e reduzindo o potencial de interação social
entre eles.
Não obstante, na existência de grupos de moradores socioeconomicamente distintos
residentes em áreas urbanas comuns, parece pendente a questão da relevância de atributos
Capítulo 2 – Identificação dos condicionantes na interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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contextuais sobre os composicionais, ou vice-versa, quanto à influência que exercem na
intensidade de interação social entre os moradores desses dois grupos.
Por fim, para a verificação das relações identificadas, são investigadas áreas
urbanas consolidadas, caracterizadas pela existência de grupos de moradores
socioeconomicamente distintos. Os procedimentos metodológicos estão definidos a seguir,
no Capítulo 3.
Capítulo 3 – Metodologia
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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3 METODOLOGIA
3.1 INTRODUÇÃO
No capítulo anterior foram discutidos e identificados os atributos que parecem
influenciar a intensidade de interação social entre grupos socioeconomicamente distintos
residentes em áreas urbanas comuns.
Neste capítulo, a partir da síntese do problema de pesquisa e de seus objetivos, são
formuladas as hipóteses e é estabelecida a estrutura metodológica para operacionalização
das variáveis.
Também, a caracterização do estudo de caso e dos critérios para seleção das três
áreas de análise é abordada, seguida de uma breve descrição dessas áreas. Por fim, os
procedimentos metodológicos, fundamentados no campo de estudos de Ambiente e
Comportamento, são definidos na exposição dos múltiplos métodos de coleta e análise dos
dados.
3.2 PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS
O problema de pesquisa trata da compreensão do processo de interação social entre
grupos socioeconomicamente distintos, residentes em áreas comuns da cidade. Destaca,
para tanto, áreas urbanas cujo tecido é consolidado e caracterizado por uma transformação
urbana decorrente da inserção (ou re-inserção) de um grupo socioeconômico distinto dos
moradores originalmente existentes.
Conforme identificado na literatura, a modificação de um ambiente urbano, em
termos da configuração espacial ou quanto à caracterização sócio-cultural dos moradores,
tem efeitos na identificação da imagem do lugar e na definição dos padrões de uso e
comportamento. Semelhanças e diferenças na caracterização dos aspectos contextuais e
composicionais desses ambientes urbanos tendem a estar associadas com a interação
Capítulo 3 – Metodologia
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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social, seja no sentido de favorecê-la, inibi-la, promover o conflito ou a intolerância entre os
grupos socioeconomicamente distintos, residentes nessas áreas.
Neste sentido, partindo da premissa de que atributos contextuais (relativos às
características físico-espaciais) e composicionais (relativos à composição socioeconômica)
têm influencia na intensidade e no tipo de interação social, este estudo tem por objetivo
verificar quais aspectos do ambiente construído e quais aspectos das características
socioeconômicas dos moradores influenciam mais fortemente a intensidade de interação
social entre grupos socioeconômicos distintos residentes em áreas comuns. A partir daí,
busca-se, também, identificar se relevância dos atributos contextuais sobre os
composicionais, ou vice-versa, quanto à influência que exercem na interação social.
3.3 ESTRUTURA METODOLÓGICA E HIPÓTESES DE PESQUISA
Esta pesquisa investiga os fatores contextuais e fatores composicionais que afetam o
favorecimento da interação social entre grupos distintos em áreas urbanas consolidadas,
caracterizadas por moradores de rendas média e alta, nas quais ocorreu a inserção (ou re-
inserção) de população de renda baixa.
A fim de verificar quais fatores são mais efetivos é necessário compreender (1) as
relações entre o nível de satisfação com os atributos contextuais e o tipo e intensidade de
uso e (2) as relações entre atributos composicionais e tipo e intensidade de uso. Para tanto,
cinco hipóteses são investigadas:
i. Quanto mais a estrutura do ambiente construído apoiar a acessibilidade às
atividades e à apropriação dos espaços abertos públicos próximos ao lugar de moradia,
maior a probabilidade de interação social (contato) entre os moradores de grupos
socioeconômicos distintos existentes na mesma área.
ii. Quanto maior a semelhança entre a aparência das edificações da habitação social
e das edificações da área em geral, maior a probabilidade de interação social (contato) entre
os moradores dos dois grupos socioeconômicos.
iii. Quanto mais os equipamentos próximos à residência apoiarem as atividades
desejadas e necessárias aos moradores da habitação social e aos moradores do bairro,
maior a intensidade de apropriação da área e maior a probabilidade de interação social
(contato) entre os dois grupos socioeconômicos.
iv. Quanto menor a percepção de heterogeneidade entre moradores da habitação
social e moradores do bairro, maior a semelhança quanto à intensidade de interação social
dentro do mesmo grupo de moradores e entre os dois grupos socioeconômicos.
v. Quanto maiores as diferenças em relação à manifestação do comportamento
territorial dos moradores dos grupos socioeconômicos distintos, maior a distinção da
Capítulo 3 – Metodologia
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imagem dos grupos e a percepção de heterogeneidade e menor o potencial de interação
social entre eles.
As hipóteses de pesquisa serão investigadas através de um estudo de caso.
Conforme terminologia utilizada acima, será adotado nesta pesquisa: (1) Área para a área
de análise caracterizada pela inserção dos novos moradores; (2) moradores do bairro para
grupo original residente na área; (3) habitação social para a área inserida no tecido urbano
consolidado e (4) moradores da habitação social para o grupo inserido.
3.4 DEFINIÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Foi adotada como estudo de caso a cidade de Porto Alegre. A escolha baseou-se na
existência de diversas intervenções urbanas, caracterizadas pela reurbanização de áreas
irregulares em tecido urbano central e consolidado e nos quais houveram modificações
quanto à configuração espacial ou quanto à composição social ou, ainda, ambos.
O município de Porto Alegre (Fig. 3.1), capital do estado do Rio Grande do Sul,
apresenta uma área de 496,1 Km² distribuída entre a parte continental e um conjunto de
ilhas. A população de 1.360.590 habitantes (segundo IBGE 2000) apresentou taxa média
geométrica de crescimento anual de 0,93%, no período de 1991-2000, enquanto o país
cresceu 1,63%. O fenômeno de crescimento menos acentuado é identificado, neste
período, nas principais capitais brasileiras.
A recente redução do índice de crescimento nas maiores cidades é destacada em
função de dois aspectos:
De um lado, durante as décadas de 1940 e 1990 (Figura 3.1), o processo de
urbanização em Porto Alegre, tal como em outras cidades brasileiras e latino-americanas,
apresentou um ritmo acelerado (Ferreira, 2000), impulsionando a expansão de alguns
setores urbanos através da informalidade de acesso à terra e à habitação (Panizzi, 1990), e
caracterizando o cenário desigual da cidade em função da existência de áreas regulares
(atendidas pela infraestrutura e serviços urbanos) e de áreas irregulares (identificadas pela
informalidade, pela inadequação físico-construtiva da habitação, e pela ausência de infra-
estrutura urbana).
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Figura 3.1: Evolução urbana da cidade de Porto Alegre entre 1960 e 1990.
Por outro lado, a redução do crescimento acelerado da cidade, não repercutiu na
diminuição das áreas informais. Ao contrário, nas décadas de 1980 e 1990, esse processo
de crescimento desigual foi agravado (Jauregui, 2003; Maricato, 2000). Como demonstram
dados relativos à irregularidade fundiária, em Porto Alegre, conforme Secretaria do
Planejamento do Município (Green, 2004 apud Smolka & Damásio, 2006), o crescimento
anual das áreas informais atinge 4%, enquanto é em torno de 1,35% para o município em
geral. Isso pode ser ainda evidenciado pelos estudos da Unidade de Pesquisa do
Departamento Municipal de Habitação, DEMHAB (Moraes, 2000), nos quais o crescimento
populacional do município entre 1991 e 1999 foi de 6% para a população residente em
áreas regulares e de 11% para população em domicílios de núcleos e vilas irregulares.
Moradores de aglomerados subnormais, caracterizados pela ocupação desordenada ou pela
ausência da posse da terra ou título de propriedade, que em 1990 somavam 22,11%
(Moraes, 2000) da população do município, em 2004 passaram a constituir 25,5% desta
(Green, 2004 apud Smolka & Damásio, 2006).
As figuras a seguir destacam a distribuição espacial da renda da população e da
qualidade de vida no ambiente urbano porto-alegrense.
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Figura 3.2: Rendimento médio
em sarios mínimos (SM) dos
responsáveis por domilio, por
ROP de Porto Alegre - 2000
(Censo IBGE).
Figura 3.3: Índice de Qualidade
de Vida (ICV), considerando o
Sub-índice Renda, por ROP de
Porto Alegre – 2004 (PMPA).
Figura 3.4: Percentual da
População por ROP em relação
a Porto Alegre 2000 (Censo
IBGE).
Notas: ROP: Região do Orçamento Participativo; Números em preto nas figuras 1, 2 e 3 representam as 16 regiões do orçamento participativo:
(1) Humaitá – Navegantes – Ilhas, (2) Noroeste, (3) Leste, (4) Lombas do Pinheiro, (5) Norte, (6) Nordeste, (7) Partenon, (8) Restinga, (9) Glória,
(10) Cruzeiro, (11) Cristal, (12) Centro Sul, (13) Extremo Sul, (14) Eixo Baltazar, (15) Sul, (16) Centro. PMPA: Prefeitura Municipal de Porto
Alegre. (Fonte: OBSERVA, 2006).
A distribuição das habitações sociais (irregulares e áreas reurbanizadas),
identificadas como “vilas” nas Figuras 3.2, 3.3 e 3.4, é destacada. Conforme UPE-DEMHAB
(apud Moraes, 2000), 87,23% das famílias brasileiras residentes em áreas informais, são
caracterizadas por precariedade das condições de moradia e têm renda familiar inferior a
cinco salários mínimos. Além disso, entre 1998 e 1999, foram identificados 73.057
domicílios em 390 núcleos e vilas irregulares.
Com base nesse cenário, uma das estratégias para o desenvolvimento urbano no
município foi a introdução do Orçamento participativo (1989) e a subseqüente criação das
ROPs (Regiões do Orçamento Participativo), a fim de buscar a descentralização dos
investimentos públicos e de favorecer condições mínimas de habitabilidade à cidade como
um todo, inclusive às áreas irregularmente ocupadas (Smolka & Damásio, 2006). Dentro
desse processo, programas de regularização fundiária (1990) passaram a ser
implementados através da concessão do Direito Real de Uso (regularização jurídica) e da
urbanização dessas áreas informais, por meio de recursos do Município (Alfonsin, 2006).
Nos projetos habitacionais e de regularização fundiária identificados anteriormente, o
objetivo é a re-inserção da população pobre através da requalificação dos espaços urbanos
existentes e da adequação da infra-estrutura como forma de reduzir o déficit da habitação
no local. Essas obras, coordenadas pelo corpo técnico do DEMHAB, envolvem durante o
processo de projeto e implantação das habitações a participação de arquitetos, urbanistas,
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engenheiros e assistentes sociais do município, num trabalho integrado com a comunidade
beneficiada.
Alguns desses empreendimentos são caracterizados pela reurbanização em áreas
urbanas de estrutura social e física consolidada e cuja população dominante é definida por
grupos de renda média ou alta. Nesses casos, a nova política habitacional difere de
estratégias anteriormente implementadas, pois, ao contrário, não promove o remanejo da
população pobre para áreas mais distantes. Assim, de modo especial nas áreas centrais da
cidade, a re-inserção destes grupos tem sido controversa, tanto em função das diferentes
realidades sociais dos moradores do bairro e dos moradores da habitação social, quanto
pelas características dos projetos executados que parecem não atender às necessidades e
expectativas dos usuários.
Nesse sentido, tendo por objetivo identificar e compreender o fenômeno da interação
social entre grupos socioeconomicamente distintos residentes em áreas comuns, foi
adotada a realização de uma pesquisa comparativa, capaz de permitir generalizações sobre
as categorias e tipos de ambientes (Lay & Reis, 1995). Para a pré-seleção das áreas de
análise foram definidos dois condicionantes:
Áreas residenciais centrais e consolidadas quanto à estrutura físico-espacial da
cidade e nas quais houve projetos de reurbanização.
Diferenças entre o nível sócio-econômico do grupo de moradores pré-existente na
área e do grupo inserido ou re-inserido no projeto de reurbanização.
Primeiramente, são identificadas 102 obras de regularização fundiária ou
habitacional realizadas de 1989 a 2003 (DEMHAB, 2003), e uma obra realizada em
2005/2006 (PMPA, 2006) no Município.
Por conseguinte, a ROP 16 – Centro é destacada pelos maiores índices de qualidade
de vida (Figura 3.2), pela maior concentração de população com renda familiar alta (superior
a quinze salários mínimos) (Figura 3.3) e pelo maior número de moradores em relação às
demais áreas da cidade (Figura 3.4). A ROP Centro, definida pelo Sistema Municipal de
Gestão do Planejamento (PDDUA, 2000) como Cidade Radiocêntrica, é entendida, como a
região mais consolidada do município, está estruturada por um sistema viário bem definido,
apresenta a maior parte dos lotes urbanos ocupados, as mais altas densidades, as melhores
condições de infra-estrutura e a maior diversidade de funções urbanas do município
(Menegat et al., 1998).
Nesta região são identificados dezessete núcleos irregulares e vilas, que
correspondem a 4,35% do total existente na cidade (Moraes, 2000). Desses núcleos, cinco
foram objeto de projetos de reurbanização (DEMHAB, 2003; PMPA, 2006), conforme Figura
3.5, a seguir:
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Figura 3.5: Distribuição das 17 vilas (núcleos de habitação social – manchas em vermelho) nos bairros da ROP
Centro e identificação dos 5 projetos de reurbanização realizados na área (Fonte: OBSERVA, 2006)
Nesta pesquisa, a identificação de diferenças entre o nível sócio-econômico do grupo
de moradores pré-existentes na área e do grupo (re)inserido foi condicionada à
compreensão de classe social, atendendo à discussão da literatura no capítulo 2.
Diversas definições para a classificação social são verificadas. Com base no PNDA
2004 (IBGE, 2005), são identificadas 7 classes, considerando faixas de renda mensal
familiar. Em função do critério de ocupação, existem as classes EGP, descritas segundo
duas posições distintas nas relações de trabalho: empregadores e/ou proprietários e
empregados (Ribeiro & Scalon, 2001). Além dessas, as classificações realizadas pelos
meios de comunicação e publicidade também associam valores (ideais, imagens, gostos) e
padrões de comportamento, por isso, o Critério Brasil, definido pela ABA (Associação
Brasileira de Anunciantes), a partir da renda e poder de consumo (Almeida, 2006), será
também levado em consideração. A tabela 3.1, abaixo, embora mereça interpretação
cuidadosa, já que os dados se originam de fontes de pesquisa diversas (IBOPE, IBGE) e
estão vinculados a objetivos distintos (classificação sócio-ocupacional ou econômica),
destaca as seguintes associações:
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Tabela 3.1: Classes sociais de acordo com diferentes instituições brasileiras
PNDA 2004
1
EGP
2
Critério Brasil
3
Classes de
rendimento mensal
Composição Grupo
Faixa de
renda
Grupos
associados à
Habitação de
interesse
social
4
Mais de 20 sal mínimo
Profissionais, administradores e gerentes (service
relationship ou relação de trabalho envolvendo ampla
delegação de autoridade aos empregados).
A1
Mais de 22,5
sal. mínimo
Mais de 12,5 a 20 sal
mínimo
Trabalhadores não manuais de rotina (contrato misto,
ou seja, a relação de trabalho geralmente envolve um
nível baixo de delegação de autoridade aos
empregados e ao mesmo tempo permite que o
empregador exerça algum grau de supervisão direta do
trabalho).
A2
Mais de 12,5 a
22,5 sal.
mínimo
Pequena burguesia ou pequenos proprietários com ou
sem empregados (empregadores ou empregados por
conta própria).
B 1
Mais de 7,5 a
12,5 sal.
mínimo
Mais de 5 a 12 sal.
mínimo
Empregadores e proprietários rurais. B2
Mais de 5 a 7,5
sal. mínimo
Mais de 3 a 5 sal.
mínimo
Mais de 2 a 3 sal.
mínimo
Técnicos e supervisores do trabalho manual e
trabalhadores manuais qualificados ("contrato de
trabalho restrito", mas envolvendo um grau mínimo de
delegação de autoridade no caso dos supervisores).
C
Mais de 2 a 5
sal. mínimo
25,26%
Mais de 1 a 2 sal.
mínimo
Trabalhadores manuais não qualificados (contrato de
trabalho restrito).
D
Mais de 1 a 2
sal. mínimo
Até 1 sal. mínimo
Trabalhadores manuais não qualificados no setor rural
(contrato de trabalho restrito). (Esse grupo é
amplamente absorvido pelo dos trabalhadores manuais
não qualificados, conforme deslocamento para área
urbana).
E
Até 1 sal.
mínimo
61,97%
Notas: (1) Fonte: IBGE (2005); (2) Classes sociais segundo EGP: adaptação conforme classes sociais utilizadas no projeto CASMIN
(Comparative Analysis of Social Mobility in Industrial Nations), segundo dados do PNDA de 1973, 1988 e 1996 (Ribeiro & Scalon, 2001); (3)
Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) - Fonte: MIDIA BRASIL (2000); ABEP (2003) com base nos dados do IBOPE 2000 e ; (4)
habitação de interesse social
conforme faixas de renda e déficit habitacional (Moraes & Anton, 2000).
Dentre as classificações adotadas no Brasil, Scalon (1998) ressalta aquelas que
utilizam as categorias ocupacionais utilizadas pelo PNDA e pelo Censo, permitindo o
estabelecimento de grupos de status socioeconômicos a partir de esquemas hierarquizados.
Associadas à definição ocupacional são identificadas outras variáveis, por diferentes
autores, tais como: (1) renda e educação (Ribeiro & Lago, 2000; Scalon, 1998); (2) posição
da ocupação, renda e número de empregados (Barros, 1986
);
ou, ainda, (3) instrução do
responsável, área residencial, características físicas da moradia e conforto doméstico (Guidi
e Duarte, 1969 apud Silva, 1981) são inseridas, permitindo identificação de
homogeneidades entre grupos. Por isso, a compreensão dos grupos sociais, segundo as
classes A1, A2, B1, B2, C, D e E, será adotada nesta pesquisa em associação com
variáveis comumente presentes na literatura (ver item 2.5.1): sexo e idade dos moradores
na residência, escolaridade, renda familiar, estrutura familiar, ocupação (Rapoport, 2003).
Com base na seleção da ROP Centro e da verificação da existência das áreas de
regularização fundiária, foram confirmadas as diferenças entre os moradores do bairro e da
habitação social para as cinco inserções, conforme apresentado na Figura 3.5 (Condomínio
Jardim Planetário, Condomínio Residencial Dona Eugênica, Condomínio Residencial
Lupicínio Rodrigues, Condomínio Residencial dos Anjos e Condomínio Residencial Princesa
Isabel). De modo geral, as áreas de entorno foram caracterizadas por grupos de renda
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superior a 12 salários mínimos (classes A1, A2 e B1), enquanto a habitação social, como
explicitado, apresenta renda de até 5 salários mínimos ( Classes C, D e E).
Dessa forma, foram pré-selecionadas cinco áreas de análise, cada uma delas,
posteriormente investigadas quanto a adequabilidade para a realização do estudo de caso
(ver Etapa 1, p. 60).
3.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo da interação social no ambiente residencial implica na compreensão de
experiências multivariadas, ou seja, caracterizadas por múltiplas dimensões que precisam
ser assumidas na avaliação do espaço urbano. Portanto, é necessário identificar aspectos
pessoais, sociais e culturais, associá-los à caracterização da estrutura morfológica do
espaço urbano e, também, a atividades necessárias e desejadas pelos moradores e à
ocorrência dessas em lugares próximos ou distantes ao ambiente residencial.
Neste estudo, serão utilizados métodos de Avaliação Pós Ocupação, abordando a
satisfação dos usuários com o ambiente e o comportamento manifesto dos usuários como
parte integrante da avaliação do desempenho do ambiente construído (Lay & Reis, 1995).
Portanto, avaliações físicas e comportamentais, relativas ao ambiente residencial urbano e
implicadas na interação social entre grupos sociais distintos, serão operacionalizadas a
partir das variáveis selecionadas.
A fim de contemplar todas as associações entre as diversas dimensões verificadas,
as técnicas e os procedimentos de coleta e análise de dados precisam ser complementares
e flexíveis, permitindo a verificação de aspectos qualitativos do ambiente residencial e,
possibilitando medições (medidas) quantitativas abrangentes (Canter, 1997). A utilização
simultânea de vários métodos e técnicas de coleta e análise de dados tornam mais efetiva a
operacionalização das avaliações pós-ocupação (Lay & Reis, 1995). Por isso este estudo
realizará levantamentos de campo (observações, entrevistas, questionários e levantamentos
físicos) e levantamentos de arquivo, combinando técnicas de coleta de dados e,
subseqüentemente, distintos métodos de análise, favorecendo, assim, a apreensão das
informações relevantes para o desenvolvimento desta pesquisa.
A estrutura metodológica para o estudo de caso consistiu de duas etapas distintas e
consecutivas. A Etapa 1 teve por objetivo a apreensão das cinco áreas pré-selecionadas e a
escolha das mais adequadas às necessidades da pesquisa. Após a seleção das áreas de
análise, passou-se à Etapa 2, na qual foi ampliada a caracterização do ambiente construído
e do perfil composicional dos moradores e foram analisadas as variáveis para verificação da
hipótese de pesquisa.
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81
3.5.1 Etapa 1: Caracterização e seleção das áreas de análise para o estudo de caso
É realizada, a seguir, uma breve descrição dos critérios adotados para seleção das
áreas de análise, tendo sido pré-identificadas cinco áreas congruentes com os
condicionantes desse estudo, segundo apresentado anteriormente.
3.5.1.1 Critérios de seleção das áreas de análise
Os critérios de seleção das áreas de análise foram definidos, permitindo a
compreensão das cinco áreas pré-selecionadas e favorecendo a eliminação daquelas
menos adequadas aos objetivos da pesquisa. Os critérios pressupõem:
1. Diferentes tamanhos (número de unidades e área de implantação) dos projetos de
habitação social inseridos no contexto consolidado, de forma a possibilitar efeitos
diferenciados quanto à percepção da intervenção urbana realizada e da presença do grupo
inserido.
2. Diferenças entre as áreas de análise na relação existente entre as edificações pré-
existentes e a habitação social a fim de avaliar a adequação das características físicas às
necessidades dos moradores de cada área. A identificação de diferentes projetos de
regularização fundiária e de diferentes relações entre habitação social e área de entorno
estão sujeitas às variáveis definidas para a análise, considerando:
a. Continuidade ou descontinuidade das características morfológicas: estrutura
fundiária, circulação de pedestres e veículos, espaços abertos públicos de lazer, arborização
e equipamentos e mobiliário urbano.
b. Caracterização das edificações: uso, estilo, altura e manutenção.
c. Existência de equipamentos (espaços abertos públicos de lazer, escolas, clubes,
igrejas, comércio, etc) na área.
d. Caracterização do comportamento territorial a partir da constituição dos espaços
semiprivados ou privados, da identificação da personalização desses e na verificação de
elementos de controle territorial (cercas, grades ou muros).
3.5.1.2 Métodos de coleta de dados
De acordo com critérios definidos, os dados foram coletados, conforme segue:
a. Aquisição de informação relevante sobre o perfil da população existente nas áreas
pré-selecionadas (população do projeto de habitação social e do contexto consolidado),
através de dados do senso e de informações fornecidas por instituições governamentais.
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82
b. Aquisição de informações sobre as características das cinco áreas de estudo pré-
selecionadas, a partir de plantas, aerofotogramétricos, fotos aéreas, imagens digitais e
arquivos de cad disponibilizados por instituições governamentais.
c. Levantamento e registro das características físicas: A extensão de cada área de
estudo teve como base a distância de 400 metros, indicada na literatura (Gehl, 1987) como
aceitável para percorrer e, entendidas aqui como locais passíveis da interação social entre
os dois grupos sociais. Assim, cada uma das áreas de estudo foi limitada desde o acesso
principal do conjunto edificado da habitação social até 400 metros lineares no
desenvolvimento de todas as ruas existentes no entorno.O levantamento detalhado das
características físicas das 5 áreas pré-identificadas permitiu a caracterização desses
ambientes a partir da identificação dos aspectos implicados nos critérios de seleção (ver
tabela para levantamento físico no Anexo A). Dentre as classificações utilizadas no
levantamento são destacadas a seguir a definição tipológica e a caracterização da divisa e
do recuo de jardim.
i. Definição tipológica: Entendendo que a definição do tipo envolve uma
classificação taxonômica de características comuns a grupos de edificações tais como forma,
organização das partes, técnicas construtivas, uso, estilo, e significado simbólico (Rossi,
2001), foi adotada nessa pesquisa uma classificação das características, associadas à
definição de tipo, favoráveis as análises desejadas:
- O uso partiu do conceito de área-residência (edificações residenciais) e
elementos primários (equipamentos educacionais, comunitários, de saúde, de segurança e
de comércio e serviços) (Rossi, 2001, p. 115);
- Altura, estilo, material construtivo, padrão de aberturas, tipo de cobertura e
manutenção e período da edificação foram utilizados para identificação geral das
características de cada área. Para a verificação do estilo das edificações foram utilizadas as
definições conforme Tabela 3.2, a seguir:
Tabela 3.2: Principais características para classificação dos estilos das edificações
Classificação Estilo*
Principais características
Arquitetura
Popular¹
4 características principais:
Simplicidade (de forma e materiais).
Adaptabilidade (de elementos e estilos às circunstancias locais).
Criatividade no emprego de materiais construtivos (madeira, palha, pau-a-pique,
cerâmica) e ausência de materiais sofisticados.
Forma plástica resultante da técnica e materiais empregados.
1
(século XX)
Arquitetura para
habitação social²
Construção massificada de uso habitacional – racionalismo funcional: adaptação da
arquitetura para habitações sociais realizadas nas décadas de 20 a 40.
Utilização de materiais pré-fabricados e de baixo custo. Revestimentos em argamassa
alisada. Sem ornamentos.
Simplicidade de forma e de materiais (ausência de materiais construtivos sofisticados)
são a regra, tal como na Arquitetura Popular.
Capítulo 3 – Metodologia
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83
(continuação) Tabela 3.2: Principais características para classificação dos estilos das edificações:
Classificação Estilo*
Principais características
2
(1850 até
1930)
Historicista
ou
Eclético³
Princípios arquitetônicos: axialidade, simetria, centralidade.
Emprego simultâneo de elementos construtivos associados a diversos estilos do passado
(colonial, clássico, gótico) ou a concepções artísticas ou regionais.
Principais elementos:
Utilização de elementos industrializados em ferro como gradis (em sacadas ou janelas)
Paredes e paramentos em alvenaria de tijolos rebocadas com argamassa alisada ou
cimento penteado imitando bloco de pedras.
Aberturas com vergas retas ou em arco pleno, encimadas por elementos decorativos.
Presença de balcões nos pavimentos superiores
Platibandas coroando as fachadas
Elementos decorativos (florais ou geométicos) como arcos e frontões, (pilastras e
cornijas) moldados em argamassa.
3
(1930 até
1950)
Art Déco
Arquitetura
“Protomoderno”
4
Art Déco e outros estilos inspirados no racionalismo e na busca de compatibilizar
técnicas e forma à industrialização foram agrupados por características formais comuns.
Uso de formas geométricas simples e predomínio da linha reta.
Uso de pedra, ferro, cimento penteado, mica e vitrais nos elementos construtivos.
Ornamentação caracterizada por molduras longitudinais retilíneas envolvendo portas,
janelas e escadas.
Utilizado em muitos dos primeiros prédios de apartamentos construídos, e
estabelecimentos comerciais até a década de 1940.
4
(1950 até
atualidade)
Arquitetura
Moderna
5
Características gerais:
Volumes geométricos simples (cubo), ângulo reto.
Utilização de elementos pré-fabricados e materiais como concreto, aço, vidro e cerâmica.
Ausência de ornamentos
Características dos edifícios de apartamento em Porto Alegre:
Edificações podem estar centralizadas e recuadas das divisas laterais ou coladas às
divisas.
Volume: bloco superior de apartamentos e térreo recuado
Composição da fachada: malha quadrangular no bloco superior e reentrâncias no
pavimento térreo.
Em alguns casos o recuo no pavimento térreo é substituído por loja ou marcação do
pavimento com pedra ou pilares se seção circular ou ovalar.
Pastilhas e elementos cerâmicos marcam setores e volumes da malha quadrangular
(edifícios mais simples têm marcações apenas com reboco).
4
(1950 até
atualidade)
(continuação)
Arquitetura
Contemporânea
6
A arquitetura contemporânea o pode ser identificada com uma forma ou tamanho
específicas, mas denota todos as edificações mais recentes, desenvolvidas desde a
década de 1980. De modo especial, algumas tendências podem ser identificadas:
- Preocupação com o contexto físico e cultural, demonstrados através da
recuperação de elementos tradicionais (reciclagens)
- Apropriação superficial do pós-modernismo na utilização de adereços clássicos
e ornamentos de estilos anteriores
- Abandono de padrões formais e utilização de mecanismos estruturados em
regimes urbanísticos
Materiais mais recentes produzidos pela industria da construção moderna (cerâmica,
vidro, estrutura metálica) e o período de construção da edificação auxiliam nessa
classificação.
3
(século XX)
Arquitetura
Industrial
Volumes simples e retangulares (galpões ou pavilhões)
Ausência total de ornamentos.
Reduzido número de portas e janelas – utilização de esquadrias de ferro
Revestimento com reboco alisado ou placas cerâmicas
Cobertura metálica aparente
Notas: *Fontes utilizadas: (1) Weimer, 2005, (2) Gympel, 2001; (3) Weimer, 1992; Albernaz & Lima, 1998; (4) Albernaz & Lima, 1998; Kiefer &
Luz, 2000; (5) Ströher, 2001; (6) Marques, 2000; Sarkis, 2002.
ii. Caracterização da divisa e do recuo de jardim: A verificação do comportamento
territorial nas edificações foi definida a partir de elementos relacionados (1) à privacidade,
entendidos nos elementos de marcação da divisa (jardins, cercas, grades ou muros) e na
visibilidade da edificação e (2) aos sinais físicos da existência de atividades nos espaços
semiprivados ou privados das edificações (recuos de jardim).
Capítulo 3 – Metodologia
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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84
Para a caracterização da divisa e do recuo de jardim, descreveu-se o lote a partir da
relação da edificação com os limites do terreno e com o espaço público. Essas relações
favoreceram a associação com os diferentes padrões de uso nos espaços semiprivados e
privados e, também, a associação com os grupos socioeconômicos. Conforme Rossi (2001,
p. 36-37), a forma dos lotes, sua formação, sua evolução está ligada à história da
propriedade urbana e à história das classes ligadas a cidade, assim, “o contraste no
desenho dos lotes confirma a existência da luta de classes”.
d. Entrevistas e mapas mentais: As entrevistas foram utilizadas para aprofundar a
caracterização geral do objeto de estudo e como base de informação para a elaboração de
questionário aplicado na Etapa 2. Os mapas mentais tratam de desenhos realizados pelos
usuários, permitindo inferir o modo como o usuário percebe o ambiente construído (Lay &
Reis, 1995). A utilização conjunta dessas técnicas é comum nos estudos de ambiente-
comportamento. Foram realizados entrevistas e mapas mentais com cinco moradores da
habitação social e cinco moradores do bairro, em cada uma das áreas (ver entrevista e
exemplos de mapas mentais no Anexo D). Os objetivos foram identificar os limites físicos da
vizinhança percebidos pelos moradores e identificar semelhanças ou diferenças quanto aos
dois grupos socioeconômicos em cada área.
3.5.1.3 Caracterização das áreas pré-selecionadas
As informações coletadas foram utilizadas, num primeiro momento, para a
caracterização das áreas a partir de tabelas de freqüências (realizadas no programa
estatístico SPSS) (Anexo B: tabela com síntese das informações das áreas pré-
selecionadas; Anexo C1, C2, C3: tabela de características das áreas selecionadas) e da
produção de plantas em Autocad (desenvolvidas em função do levantamento físico e com
base na documentação existente). O reconhecimento das áreas foi, ainda, ampliado, a partir
das entrevistas e dos mapas mentais realizados e sintetizados em quadros de freqüência de
respostas (ver Anexos E1, E2, E3 – tabela síntese das áreas selecionadas).
Na comparação das características físicas das áreas (Anexo B: tabela com síntese
das informações) destacaram-se o Condomínio dos Anjos, por apresentar as maiores
diferenças em relação ao entorno, e o Condomínio Princesa Isabel, para o qual foi
identificado o menor mero de características diferentes do entorno. Estas são as duas
primeiras áreas selecionadas. Por conseguinte, duas áreas foram excluídas: o Condomínio
Lupicínio Rodrigues pela insegurança do local e dificuldade de aplicação de entrevistas junto
aos moradores, e o Condomínio Dona Eugênia pela existência de apenas 15 unidades
residenciais, o que poderia dificultar as análises estatísticas. Restou o Condomínio Jardim
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Planetário, caracterizado por diferenças peculiares em relação ao entorno (baixa
visibilidade) e em relação aos demais conjuntos de habitação social implantados, sendo
destes, o único caracterizado por uso unifamiliar (casas térreas e sobrados).
3.5.1.4 Caracterização das áreas selecionadas para o estudo de caso
As áreas selecionadas para a análise são identificadas nesse estudo conforme
segue:
1. Área 1: Condomínio Jardim Planetário (habitação social) e bairro ou área (área
consolidada onde está inserida a habitação social).
2. Área 2: Condomínio dos Anjos (habitação social) e bairro ou área (área
consolidada onde está inserida a habitação social).
3. Área 3: Condomínio Princesa Isabel (habitação social) e bairro ou área (área
consolidada onde está inserida a habitação social).
A figura 3.6, a seguir, apresenta a ROP 16 Centro e localiza cada uma das áreas
selecionadas.
LEGENDA:
1. Área 1
2. Área 2
3. Área 3
Figura 3.6: ROP 16 - Centro e localização das unidades de análise.
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A seguir, é realizada uma breve descrição das características das áreas e dos
projetos de habitação social inseridos.
3.5.1.4.1 Caracterização da Área 1
A Área 1 (Figura 3.9) faz parte dos bairros Santana e Santa Cecília. A Área está
localizada próxima ao Bairro Centro e é caracterizada por topografia plana e favorável a
ocupação (Menegat et al., 1998), constituindo um dos locais mais densos de Porto Alegre. O
bairro Santana
1
(onde se insere a habitação social e a maior parte da área) apresenta 8.299
domicílios e densidade populacional de 142 hab/ha. O rendimento médio dos responsáveis
pelo domicílio é de 13,93 salários mínimos (SPM, 2006) (dados do Bairro Santana).
A estrutura viária favorece a interligação com os bairros da cidade em função da
proximidade com importantes eixos viários, como a av. João Pessoa, av. Protásio Alves e
av. Ipiranga. Além disso, a existência de ruas locais e coletoras favorece a transição de
áreas mais residenciais para outras ruas tais como a Santana e Jerônimo de Ornelas
(Figuras 3.8 e 3.9) onde há estabelecimentos de comércio e serviços e transporte coletivo.
Figura 3.7: Comércio e serviços na rua Jerônimo de Ornelas
Figura 3.8: Comércio e serviços na rua
Jerônimo de Ornelas
De modo particular, a localização da av Ipiranga (ver Figura 3.6) caracteriza duas
regiões, a norte e a sul, apesar dos aspectos comuns identificados quanto à densidade,
proximidade dos equipamentos e facilidade de transporte.
A porção norte apresenta maior uso residencial, além de maior diversidade de
equipamentos de apoio, como comércio e serviços básicos, espaços abertos públicos de
lazer e instituições de ensino elementar, médio e superior. Já na porção sul, o uso
residencial é menor e se fazem presentes outros usos como o Palácio da Polícia e
comércios e serviços de maior porte (depósitos, laboratórios e edifício de escritórios).
1
Dados relativos ao Bairro Santa Cecília não foram considerados porque somente prédios da UFRGS
estão nesse bairro.
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Figura 3.9: Implantação da Área 1
Destaca-se na Área (Figura 3.9) a existência de 6 praças (Praça Del C. Gadret,
Praça João Belém, Praça Joaquim de Queiroz Figura 3.10, Praça Dr. Júlio Bozzano e
Praça central no Jardim Planetário), 11 estabelecimentos educacionais, dentre escolas de
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ensino médio e fundamental, unidades da Universidade Federal (UFRGS), e o Planetário
Observatório Astronômico (Figura 3.11).
Figura 3.10: Vista Praça M.
Joaquim de Queiroz
Figura 3.11: Vista do acesso ao
Observatório Planetário
Figura 3.12: Vista rua Santana
esquina rua Laurindo
A maior parte das ruas é arborizada, com vegetação de grande e médio porte. As
calçadas, em geral com boa manutenção (Figura 3.12), apresentam poste de iluminação,
telefones públicos, caixas de correio, bancas de revista, de comida e de chaveiro, pontos de
táxi e paradas de ônibus.
As construções apresentam boa manutenção (Figura 3.13), em geral, e o uso
residencial predomina no espaço (ver síntese levantamento físico Anexo C1). Edificações
multifamiliares de até quatro pavimentos construídas em estilo moderno e protomoderno são
as mais comuns (Figura 3.14). Grande parte dos lotes apresenta edificações alinhadas aos
recuos laterais, mas destacam-se algumas ruas onde não existem recuos de jardim, como
na rua Jacinto Gomes (Fig. 3.15).
Figura 3.13: Vista da rua
Engenheiro Vespúcio de Abreu
Figura 3.14: Edificação na rua
Santana
Figura 3.15: Vista da rua Jacinto
Gomes
O projeto de regularização fundiária dessa área, o condomínio Jardim Planetário
(Figuras 3.16 a 3.19), foi implantado entre 1991 e 1995. Internamente, existe um sistema de
eixos de circulação (acessos internos) conectados a área de entorno através de 5 acessos,
em conformidade com os limites do conjunto: rua Santa Teresinha, ao norte, rua Dr. Olinto
de Oliveira, ao sul, rua Jacinto Gomes, a leste, e rua Luiz Manoel, a oeste.
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Figura 3.16: Implantação do Condomínio Jardim Planetário
Nota: (1) São 93 unidades residenciais, mas 3 unidades não constam desse mapa, pois são construções posteriores, localizadas próximas à rua
Santa Teresinha, mas são identificadas na implantação da Área 1 (Fig. 3.9) e nas plantas no capítulo 4. (2) A projeção das edificações acima não
apresenta as modificações realizadas pelos moradores, pois trata do projeto original. Atualmente, diversas unidades construíram sobre os
recuos, o que é identificado na implantação da Área 1 e nas plantas no capítulo 4.
Planta Baixa
Fachada
Figura 3.17:
Casa térrea 1 dormitório
Figura 3.18:
Sobrado 2 dormitórios
Figura 3.19:
Sobrado 3 dormitórios
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O traçado proposto no Jardim Planetário rompe com o traçado da área, reduzindo a
área pública de circulação de 15,0 a 30,0 m para 2,5 a 4,0 metros. Além disso, nas ruas
Santa Teresinha (Figura 3.20) e Luiz Manoel (Figura 3.21), o eixo de veículos é eliminado no
contato com o conjunto em função da redução da caixa de rua, e junto às ruas Jacinto
Gomes e Dr. Olinto de Oliveira (Figura 3.22) há duas praças limítrofes (Praça João Belém e
Praça Del. C. A. Gadret) e a av. Ipiranga adjacente.
Figura 3.20: Acesso rua Santa
Teresinha
Figura 3.21: Acesso rua Luiz
Manoel
Figura 3.22: Acesso rua Olinto de
Oliveira
O conjunto é constituído de 93 unidade habitacionais caracterizadas por edificações
unifamiliares de 1 ou 2 pavimentos, setorizados segundo implantação apresentada na
Figura 3.16. Esteticamente, as construções são identificadas como arquitetura popular (vide
Figuras 3.17 a 3.19), e estão, na maioria dos casos, em estado ruim ou regular de
manutenção, algumas estão em estado precário.
Observa-se que diversas edificações sofreram modificações a partir da construção
sobre os recuos frontais e de fundos, atendendo a carência de espaço interno. Os principais
usos contemplados nas adaptações realizadas são a ampliação da área de descanso, de
lazer (churrasqueiras ou áreas para refeições) e de serviço (lavanderia).
O Jardim Planetário apresenta, no centro da implantação, um espaço aberto com
depósito de resíduo sólido (papel ou papelão) coletado por moradores do local, e uma
creche comunitária, onde também está localizada a associação do condomínio.
3.5.1.4.2 Caracterização da Área 2
A Área 2 (Figura 3.23), localizada na interseção de quatro bairros, o Jardim Botânico,
o Petrópolis, o Partenon e o Santana, apresenta a densidade mais baixa das áreas estudas.
A densidade média
2
da área é de 91,69 hab/ha e a renda média é de 12,03 salários
mínimos.
2
Média ponderada, considerando a proporção de cada bairro na área de análise: 33,1% Bairro Jardim Botânico (57 hab/ha 13,72 sal min),
30,5% Bairro Petrópolis (105 hab/há 13,72 sal min), 20,3% Bairro Partenon (83 hab/há 7,54 sal min), 16,6% Bairro Santana (149 hab/há
13,93 sal min) (adaptação dados SPM, 2006).
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Figura 3.23: Implantação da Área 2
As características são peculiares quanto à topografia e aos eixos viários,
favorecendo a diferenciação das ruas, em correspondência com o bairro de origem. O Arroio
Dilúvio delimita, a leste, os bairros Petrópolis e Jardim Botânico, caracterizados pela
topografia acidentada que finda junto ao arroio, e, a oeste, os bairros Santana e Partenon
que se encontram em terreno plano. Os limites do bairro, definidos pelas entrevistas (ver
Anexo E2) e mapas mentais coincidem com os limites estabelecidos pela municipalidade.
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A estrutura viária apresenta alta acessibilidade para diversos bairros da cidade, pois
além da existência da av. Ipiranga (Figura 4.24), importantes eixos de circulação nas
adjacências, como as ruas Lucas de Oliveira e Barão do Amazonas.
Figura 3.24: Vista da Av. Ipiranga em direção aos Bairros Petrópolis e Jardim Botânico.
O uso residencial predomina na área (Figuras 3.25 e 3.26), sendo mais freqüentes as
habitações unifamiliares (42%, 136 de 324). Dentre os equipamentos existentes, são
destacados um único espaço público de lazer (Praça Rui Teixeira Figura 4.27), que não
apresenta uso intenso, creches particulares, uma escola estadual de ensino fundamental,
uma escola de samba, e dois centros comunitários (usados por moradores da habitação
social ou vilas próximas).
Figura 3.25: Vista da rua Dario
Pederneiras: rua arborizada e de
caráter residencial
Figura 3.26: Vista da rua Gonçalves
Ledo: rua de caráter residencial
Figura 3.27: Vista da Praça Ruy
Teixeira
As ruas são em geral arborizadas, havendo vegetação de grande porte. As calçadas,
em estado regular ou bom de manutenção, apresentam larguras entre 4 e 4,5 metros. Pouca
diversidade de mobiliário urbano é identificada, a maior parte guaritas de segurança ou
lixeiras. Paradas de ônibus estão localizadas nos eixos que dividem os quatro bairros, av.
Ipiranga, rua La Plata e rua Euclides da Cunha. Os principais meio de deslocamento são o
transporte coletivo ou os veículos particulares.
As edificações, maioria em estilo moderno ou contemporâneo, apresentam boa
manutenção, além disso, são, em geral, mais recentes quando comparadas às das Áreas 1
e 3. Predominam construções de 1 e 2 pavimentos (Figura 4.28), embora novas inserções,
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93
caracterizadas por edifícios de uso multifamiliar com até 12 pavimentos, estejam alterando a
fisionomia da área (Figura 3.29 e 3.30). Grande parte dos lotes apresenta edificações
centralizadas no terreno e com recuo de jardim. Os espaços semiprivados resultantes, em
estado bom ou regular de manutenção, são delimitados por grades, muros e jardins.
Figura 3.28: Vista da rua La Plata:
edificações contemporâneas de 1 e
2 pavimentos
Figura 3.29: Vista da rua Dario
Pederneiras: a inserção de novas
edificações no bairro.
Figura 3.30: Vista da rua Veríssimo
Rosa (à leste da av. Ipiranga)
A habitação social (Figuras 3.34 e 3.35) Condomínio Residencial dos Anjos,
implantada em 2001, está localizada na av. Ipiranga, adjacente a um posto de gasolina e a
uma escola de samba.
Apesar da alta visibilidade do condomínio a partir da avenida, o caráter arterial desse
eixo viário e a configuração das ruas da área reduzem intensamente a acessibilidade visual
entre moradores do bairro e da habitação social. O condomínio está visualmente
desconectado da área de entorno e funcionalmente (por causa dos usos adjacentes)
isolado, como demonstram as figuras 3.31, 3.32 e 3.33.
Figura 3.31: Vista a partir do
acesso ao Condomínio dos
Anjos, para o noroeste
Figura 3.32: Vista do Condomínio dos Anjos,
relação com o entorno
Figura 3.33: Vista a partir
do acesso ao Condomínio
dos Anjos, para o sudeste
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Figura 3.34: Implantação do Condomínio dos Anjos
Figura 3.35: Planta baixa e Fachada do bloco tipo do Condomínio dos Anjos
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O conjunto é constituído de 72 unidades habitacionais, distribuídas em 12 blocos de
apartamento. As edificações de 3 pavimentos apresentam-se com manutenção regular e
são esteticamente caracterizadas como arquitetura para habitação social. Os apartamentos
apresentam um ou dois dormitórios, conforme Figuras 3.34 e 3.35, e são acessados a partir
de um pátio central de uso semiprivado. Apenas o bloco A está diretamente conectado com
o passeio público, diferenciando-se dos demais pela existência de comércio na base do
edifício.
O espaço condominial é freqüentemente utilizado para diversas atividades como
descanso, brincadeiras de criança e estacionamento de veículos. Além disso, existe uma
associação do condomínio num terreno próximo.
3.5.1.4.3 Caracterização da Área 3
A Área 3 (Fig. 3.39) está localizada na interseção dos bairros Santana, Azenha e
Santo Antônio. É caracterizado por topografia plana e apresenta densidade habitacional
média
3
da área de 125,43 hab/ha e renda média familiar de 12,12 salários mínimos.
A estrutura viária é caracterizada por importantes eixos arteriais que favorecem a
acessibilidade, destacando a área como um importante espaço de conexão para a cidade.
As vias mais importantes existentes são Av. Princesa Isabel, Av. Bento Gonçalves, Av.
Azenha, Av. Oscar Pereira e Av. João Pessoa.
Figura 3.36: Vista Hospital Ernesto
Dorneles
Figura 3.37: Vista do Palácio da
Polícia
Figura 3.38: Vista do Comércio na
av Azenha
Comparada às Áreas 1 e 2, esta apresenta a maior quantidade de equipamentos
urbanos como estabelecimentos de comércios, hospitais, instituições educacionais e sedes
de serviços municipais e inúmeros centros religiosos. Dentre esses, destacam-se: o Hospital
Ernesto Dorneles (Figura 3.36), o Instituto de Cardiologia, o Palácio da Polícia (Figura 3.37),
o eixo comercial na Av. Azenha (Figura 3.38), um dos mais importantes da cidade e o
3
Média ponderada, considerando a proporção de cada bairro na área de análise: 41,7% Bairro Santana (149 hab/há 13,93 sal min), 40%
Bairro Azenha (107 hab/há – 10,73 sal min), 20,3% Bairro Santo Antônio (112 hab/há – 11,03 sal min) (adaptação dados SPM, 2006).
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Terminal João Pessoa. Existem, também, duas praças (Praça Henrique Halpen e Praça
Princesa Isabel), localizadas nos limites de avenidas de fluxo intenso.
Figura 3.39: Implantação da Área 3
Das três áreas de análise, esta é a menos arborizada e a que apresenta calçadas
mais estreitas (3 m a 3,5m, ver Anexo C3). Os passeios, em geral, em estado regular de
manutenção, estão equipados com telefones públicos, lixeiras, bancas de revista e de
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97
comida e paradas de ônibus. Via de regra, essa diversidade de mobiliário urbano acontece
nos eixos arteriais e não nas vias locais.
O uso residencial constitui 56% (ver anexo C3) das edificações da área. Sendo mais
comum a existência de habitações unifamiliares em vias locais ou de fluxo moderado e
habitações multifamiliares nas vias de maior fluxo de veículos. As edificações apresentam,
em geral, 1 a 4 pavimentos. Os estilos arquitetônicos observados variam mais que nas
Áreas 1 e 2 (Figuras 3.40 e 3.41), entretanto, nota-se a presença da arquitetura popular
(Figura 3.42) na identificação de casebres de madeira e de casas construídas com materiais
mais simples.
Figura 3.40: Edificação multifamiliar
na av. Bento Gonçalves
Figura 3.41: Edificação multifamiliar
na av. Princesa Isabel
Figura 3.42: Edificação popular na
rua Leopoldo Bier
A habitação social Condomínio Princesa Isabel (Figuras 3.45 e 3.46) foi implantada
em duas fases: 2005 e 2006. Está inserida na intercessão de 3 eixos arteriais da área (av.
Princesa Isabel, av. Azenha e av. João Pessoa) e adjacente a um terminal de transbordo de
transporte público (Terminal João Pessoa). Para cada um dos 3 eixos, existe um acesso
para o condomínio (Figuras 3.43 e 3.44).
A localização do conjunto é destacada pela alta visibilidade e acessibilidade em
relação ao bairro, o que diferencia sua implantação dos projetos Jardim Planetário e
Condomínio dos Anjos identificados nas Áreas 1 e 2.
Figura 3.43: Vista do Condomínio Princesa
Isabel a partir da av. Bento Gonçalves
Figura 3.44: Vista do Condomínio Princesa Isabel a partir da
esquina da av. Princesa Isabel com av. João Pessoa
Constituído de 230 unidades habitacionais distribuídas em 30 blocos de
apartamento, o condomínio (Figuras 3.45 e 3.46) apresenta edificações em bom estado de
manutenção, mesmo porque são muito recentes. A arquitetura do conjunto não se diferencia
visivelmente do entorno e apresenta características formais mais elaboradas que as
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edificações do Jardim Planetário e do Condomínio dos Anjos, apesar disso, é identificada
como habitação social em função dos materiais utilizados, especialmente nas esquadrias,
da modulação e do padrão arquitetônico.
Figura 3.45: Implantação do Condomínio Princesa Isabel
Figura 3.46: Planta baixa e Fachada do bloco tipo do Condomínio Princesa Isabel
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Figura 3.47: Lojas do Condomínio
Princesa Isabel na av João Pessoa
Figura 3.48: Creche do Condomínio
Princesa Isabel
Figura 3.49: Área interna do
Condomínio Princesa Isabel
Existe, ainda, uma área de comércio na base dos edifícios junto às avenidas
Princesa Isabel e João Pessoa (Figura 3.47). Internamente, o condomínio apresenta
diversos espaços de convívio: associação comunitária com creche (Figura 3.48), área de
playground, estacionamento e quiosque central (Figura 3.49).
3.5.1.5 Síntese das áreas selecionadas e conclusão da Etapa 1
A seguir, é apresentada a síntese, para cada área de análise, das principais
características definidas a partir do levantamento físico.
Tabela 3.3: Síntese das principais características de cada área, quando comparados os dois grupos sociais
Relação do bairro com as edificações da habitação social existente Caracterização da
variável
Jardim Planetário Condomínio dos Anjos Condomínio Princesa Isabel
Tamanhos (n° de
unidades residenciais)
da habitação social
93 unidades
72 unidades
(12 blocos de apartamento)
240 unidades
(30 blocos – 5 edifícios)
Grupo social
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Dimensão lotes 44 m² 150 a 1000 m² 2600 m² 500 m² 6690 m² 107 a 1500 m²
Largura e
pavimentação
das calçadas
2 m
grês
> 3 m
basalto
> 3,5 m
basalto
> 3 m
basalto
> 3,5 m
basalto
> 3 m
basalto
Uso, estilo e
altura
Edificação
unifamiliar
(1 e 2
pavimentos)
Edificação
multifamiliar
(2 a 4
pavimentos)
Edificação
multifamiliar
(3 pavimentos)
Edificação
unifamiliar
(1 pavimento)
Edificação
multifamiliar
(4 pavimentos)
Edificação
unifamiliar e
multifamiliar
(1 ou 2
pavimentos)
Morfologia
Fluxo veículos Médio Médio Intenso Médio Intenso
Intenso e
médio
Posição das
edificações
Recuo frontal
Recuo frontal
e sem recuo
Recuo frontal
e ocupações
fundo do lote
Recuo frontal Recuo frontal
Recuo frontal e
sem recuo
Uso do espaço
semiprivado
Área de serviço
/ estar
Jardim
Lazer e
estacionamento
Jardim Jardim Jardim
Fechamento
dos lotes
Grades ou
muro baixo
Grades e
“porta e janela”
Grades
Jardim
permeável
Grades
Grades e
“porta e janela”
Diferenças entre habitação social e área do bairro em geral
Legibilidade
Visibilidade das
edificações
variada alta variada alta variada alta
Acessibilidade visual
entre habitação social e
moradores do bairro
Baixa Média Alta
Equipamentos e
espaços abertos
públicos próximos
Mais de 15 equipamentos (19)
Menos de 15 equipamentos
(12)
Menos de 15 equipamentos (19)
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100
3.5.2 Etapa 2: Complementação do levantamento de dados
Os dados coletados nos levantamentos físicos, a partir de plantas, fotos ou
elementos disponibilizados pelos órgãos institucionais são utilizados como apoio para a
elaboração de questionários e observações de comportamento. Nessa etapa, foram
adotados os seguintes procedimentos:
Além das informações adquiridas anteriormente, materiais relativos aos projetos de
habitação social, como plantas originais e dados sobre o perfil de moradores dessas áreas,
foram adquiridos junto ao DEMHAB, órgão municipal responsável pelos projetos. Os
arquivos municipais também são utilizados como fonte das informações sobre o fluxo de
veículos e o padrão das vias.
3.5.2.1 Entrevistas
As entrevistas, usadas anteriormente como instrumento de reconhecimento da área,
foram importantes para esclarecer dúvidas de observações e questionários realizados,
permitindo aprofundar aspectos específicos do estudo. Além disso, comentários dos
usuários realizados durante o levantamento dos dados (questionários e observações de
comportamento) foram considerados para a melhor compreensão dos aspectos avaliados.
3.5.2.2 Levantamento fotográfico
O levantamento fotográfico de usos e da área foi realizado para complementação
dos dados coletados
3.5.2.3 Observação de Comportamento
A observação sistemática de pessoas utilizando os ambientes construídos permite
produzir informações sobre as atividades das pessoas, sobre regularidades de
comportamento, sobre usos e lugares onde acontecem, permitindo, assim, inferir onde e
como o ambiente interfere na ocorrência de comportamentos e atividades dos usuários (Lay
& Reis, 1995).
Na compreensão do sistema de atividades relativo a um grupo, Rapoport (1986)
destaca como básica a definição das classes de atividades a serem observadas. Portanto,
sendo o objetivo a identificação da interação social entre os grupos distintos, as atividades
foram definidas em sete categorias: (1) ficar parado em pé; (2) ficar parado sentado; (3)
Capítulo 3 – Metodologia
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101
caminhar (deslocamento); (4) passear ou correr (com cachorro/fazer exercício), (5)
brincar/jogar; (6) andar de bicicleta; e (7) realizar trabalhos no espaço da rua (manutenção,
jardinagem ou outras atividades).
A categorização dos usuários a serem observados foi baseada no ciclo de vida
(faixas etárias) dos moradores: (1) crianças (até 13 anos); (2) jovens (de 14 a 19 anos); (3)
adultos (de 20 a 60 anos); e idosos (acima de 60 anos). Quando possível, foi realizada a
identificação do grupo social na ocupação dos distintos lugares da área de análise
Os percursos para observação do comportamento foram definidos conforme a
simultaneidade dos aspectos: (a) inclusão do quarteirão da habitação social, (b) inclusão
dos lugares mais freqüentemente utilizados, considerando as informações obtidas durante a
primeira etapa do levantamento, (c) existência de edificações com usos diferenciados,
considerando a presença de áreas residenciais e de serviços e comércio básicos, sempre
que possível e (d) identificação dos eixos mais integrados (integração global - Rn) definidos
nos mapas de análise sintática em cada área.
A definição dos períodos de observação consistiu na pré-verificação de horários com
maior freqüência de uso pelos moradores durante manhãs e tardes. As observações foram
realizadas durante duas semanas consecutivas, nos sete dias da semana, duas vezes ao
dia (manhã e tarde), em cada uma das áreas, conforme a Tabela 3.4 a seguir:
Tabela 3.4: Definição dos períodos das observações de comportamento realizadas por área
Semana de observações
Turno da
manhã
Turno da tarde
Tempo médio
de percurso
Distância
percorrida
Área 1 - Bairro Santana
(Condomínio Jardim
Planetário)
22/10/2006 a
04/11/ 2006
11:30 17:30 45min 1410 m
Área 2 - Bairro Jardim
Botânico e Bairro Petrópolis
(Condomínio Residencial
dos Anjos)
05/11/2006 a
18/11/ 2006
10:45 17:30 30min 1520 m
Área 3 - Bairro Azenha e
Bairro Santanta
(Condomínio Residencial
Princesa Isabel)
19/10/2006 a
02/11/ 2006
10:30 17:40 30min 1300 m
Os dados sistematicamente coletados foram registrados em plantas baixas,
digitalizadas em Autocad, produzidas a partir do levantamento físico da Etapa 1 e
posteriormente inseridas no ArcGIS. A informação adquirida favorece a compreensão do
uso nas diferentes áreas, complementando as análises definidas nos questionários.
3.5.2.4 Questionários
Os questionários têm por objetivo a identificação de regularidades entre grupos de
pessoas através da comparação e quantificação das respostas individuais, considerando um
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número significativo de respondentes. Eles são apropriados para medir atitudes e níveis de
satisfação dos usuários em relação a diversos aspectos técnicos, funcionais ou
comportamentais do ambiente constrdo, permitindo coletar grande quantidade de dados,
os quais através da comparação e análise estatística possibilitam produzir generalizações
(Lay & Reis, 1995).
A definição do questionário foi baseada nas variáveis da pesquisa (cap. 2). As
questões formuladas buscaram medir percepções, atitudes e aspirações dos moradores
com relação a:
a. variáveis contextuais: (1) características morfológicas da área (densidade,
dimensão de quarteirões, acessibilidade da área, calçadas, vegetação e fluxo de veículos);
(2) aparência das edificações e percepção de segurança; (3) existência e uso de
equipamentos do bairro.
b. variáveis composicionais: (4) estilo de vida dos moradores e status
socioeconômico, composição familiar e tempo de moradia e percepção de homogeneidade
entre moradores;
c. variáveis dependentes: (5) comportamento territorial; (6) intensidade de interação
social entre vizinhos (adaptação Multidimensional Measure of Neighboring Medida
multidimensional de relações sociais na vizinhança Skjaeveland et al., 1996; Skjaeveland
& Garling, 1997; Skjaeveland, 2001).
Perguntas fechadas de escolha simples baseadas na escala Likert (com cinco
pontos), variando entre “concordo muitoe “discordo muito” foram adotadas na maior parte
do questionário. Algumas questões abertas foram necessárias, particularmente, para
identificação de lugares ou equipamentos do bairro utilizados no mapa da área de estudo
(ver anexos F1, F2, F3).
Falhas, imprecisões e falta de clareza relativas ao questionário e à possibilidade de
compreensão dos dois grupos sociais foram testadas. Primeiramente, foi aplicada uma
versão preliminar do questionário a duas pessoas com o perfil dos moradores do bairro,
para verificação do tempo de duração e de aspectos gerais de compreensão da estrutura e
vocabulários utilizados. A partir da correção da versão preliminar, foram eliminadas
perguntas redundantes e, então, aplicado o piloto da forma que segue:
- para respondentes com o perfil dos moradores do bairro: 5 questionários foram
aplicados pessoalmente e 5 foram entregues e realizados individualmente sem a presença
do pesquisador)
- para respondentes com o perfil dos moradores da habitação social, 5
questionários foram aplicados pela pesquisadora.
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A definição da amostra de respondentes foi estruturada conforme os estratos
socioeconômicos pré-estabelecidos em dois grupos “moradores da habitação social” e
“moradores do bairro”. Foi definida uma amostra mínima de 30 moradores para cada grupo
de respondentes em cada uma das áreas. Os questionários foram aplicados segundo os
seguintes critérios:
- moradores da área de estudo, no limite dos 400 metros lineares medidos a partir
da habitação social;
- representatividade dos moradores do bairro (distribuição dos respondentes por
todas as quadras do bairro) e dos moradores da habitação social (distribuição dos
respondentes pelas quadras ou blocos de apartamentos do conjunto);
- idade mínima de 18 anos;
- disposição dos moradores em participar.
De acordo com esses critérios, os questionários foram aplicados diretamente pela
pesquisadora ou entregues àqueles que se dispuseram a respondê-lo individualmente,
constituindo a amostra de respondentes conforme mostra a Tabela 3.5:
Tabela 3.5: Distribuição das amostras mínimas por área do estudo comparativo
Amostra entre moradores do bairro
Área de análise
Amostra entre moradores da
habitação social
Questionários
aplicados
pessoalmente
Questionários válidos
respondidos pelos
moradores (entregues*)
Total
Amostra
total por
área de
estudo
Área 1 30 21 14 pessoas (31) 35 65
Área 2 30 21 16 pessoas (31) 37 67
Área 3 31 27 4 pessoas (15) 31 62
Nota: entregues* representa o de questionários entregues aos moradores do bairro que se dispuseram a respondê-los
individualmente; 2 questionários foram anulados na Área 1, 3 anulados na Área 2 e 2 anulados na Área 3.
A taxa de resposta dos questionários entregues a moradores para serem
completados individualmente foi de 51,6% para a Área 2, 45,16% na Área 1, e de 26% na
Área 3, sugerindo variação semelhante à ocorrida em outros estudos (Kim & Kaplan, 2004;
Wilson-Doenges, 2000), descrita em torno de 25% a 40%. Esse método de aplicação dos
questionários demonstrou ser eficiente nas áreas 1 e 2, durante a pesquisa, reduzindo o
tempo de coleta de informações e possibilitando a realização da coleta em duas semanas,
juntamente com as observações de comportamento (em horários alternados). Isso não
ocorreu na Área 3, onde o número de moradores do bairro que aceitaram responder os
questionários individualmente foi reduzido, fazendo com que o período de coleta de
informações se estendesse por mais tempo.
Questões associadas à identificação de lugares no aerofotogamétrico anexado
ficaram, em diversos casos, incompletas, sendo respondida apenas a parte referente a
pergunta objetiva. Isso não inviabilizou o uso destes questionários, mas limitou a
abrangência da pesquisa quanto aos lugares comuns aos dois grupos socioeconômicos.
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A seguir é apresentada na Tabela 3.1 a síntese das variáveis e o procedimento
utilizado para coleta de dados:
Tabela 3.6: Operacionalização das variáveis conforme definição das hipóteses de pesquisa
Operacionalização das Variáveis Conforme Definição das Hipóteses de Pesquisa
Método de
coleta dados
Comportamento
favorável ao contato
social com a rua
Verificação de usos menos reclusos ao interior da residência e diferenças
entre os grupos.
Questionários
Observação de
comportamento
Uso dos espaços
semiprivados e privados
Verificação do tipo de atividade realizada nos espaços semiprivados e
privados e identificação de diferenças entre os grupos.
Questionários
Observação de
comportamento
Atividades associativas Verificação de comportamento mais associativo e dos lugares utilizados Questionário
Laços sociais na
vizinhança
Verificação do grau de intimidade e sentimento de amizade entre vizinhos.
Conexão com a
vizinhança
Verificação do sentimento orgulho e identificação a vizinhança.
Atos de apoio na
vizinhança
Verificação do sentimento de proteção e ajuda mútua.
Interação social
na vizinhança
Desavenças na
vizinhança
Verificação de inimizades ou insatisfação com a vizinhança (pessoas ou
ambiente).
Questionários
Observação de
comportamento
Caracterização dos usos e da interação social na
Área
Sistema de lugares e
atividades
Identificação das atividades (lazer, trabalho, estudo, esporte, compras
diárias, compras específicas) realizadas pelos indivíduos, diferenciando e
localizando usos na residência, na área da vizinhança, no centro ou em
outros bairros. Associação entre atividades e lugar de realização das
atividades e grupo social para a verificação das possibilidades de interação
dos dois grupos a partir desses critérios.
Questionários
Hipótese 1: Quanto mais a estrutura do ambiente construído apoiar a acessibilidade de atividades e a apropriação dos
espaços abertos públicos próximos ao lugar de moradia, maior a probabilidade de interação social (contato) entre os
moradores de grupos socioeconômicos distintos existentes na mesma área.
Tamanho e
densidade da
vizinhança
(1) Definição da área da vizinhança a ser analisada, considerando área com
limites inferiores a 1Km. (2) Definição da estrutura fundiária do lugar
(traçado e parcelamento), diferenciando tamanho dos lotes, quantidade de
espaço público e privado. (3) Definição da quantidade de acessos privados
em relação ao tamanho da quadra e quantidade de edificações
habitacionais no ambiente.
Levantamento
de arquivo
Levantamento
Físico
Acessibilida
de Física
Observação das distâncias entre equipamentos e as unidades residenciais
(do projeto de habitação social e do contexto consolidado). Verificar as
distâncias entre as unidades residenciais dos dois grupos, identificando a
presença ou não de barreiras físicas para realização de atividades. Associar
a discussão da acessibilidade à definição do potencial de movimento a partir
da análise das variáveis sintáticas.
Acessibilidade
Acessibilida
de Visual
Observação o acesso visual dos espaços em termos de visibilidade das
edificações residenciais, visibilidade do projeto de habitação social pelas
habitações do contexto consolidado e vice-versa e a percepção da
amplitude do espaço para realização de atividades e para o sentimento de
segurança. Associar a discussão da acessibilidade visual à definição dos
campos visuais.
Levantamento
de arquivo
Levantamento
Físico
Entrevistas
Questionários
Observação de
comportamento
Passeios e
espaços de
lazer
Quantificação, dimensionamento e estado da pavimentação das calçadas,
bem como existência ou não de mobiliário urbano, iluminação e pequenas
edificações como bancas de revista ou comida ou guaritas. Verificação do
uso nas calçadas em associação com as características do lugar.
A presença
da
vegetação
Quantificação da vegetação (arborização) para ruas e para áreas verdes
(parques e praças) e identificação de áreas ajardinadas ou gramadas.
Verificação do uso diferenciado dos espaços na presença ou não de
árvores, considerando também a satisfação com o espaço.
Caracterização morfológica do ambiente construído
Espaços abertos
públicos no ambiente
residencial
Circulação
de veículos
Verificação do padrão viário: intensidade de fluxo de veículos, largura da rua
e existência ou não de estacionamento junto à calçada. Verificação dos
diferentes padrões viários no uso das ruas.
Levantamento
de arquivo
Levantamento
Físico
Entrevistas
Questionários
Observação de
comportamento
Hipótese 2: Quanto maior a semelhança na aparência das edificações da habitação social e das edificações da área em
geral, maior a probabilidade de interação social (contato) entre os moradores dos dois grupos socioeconômicos.
Semelhança
s e
diferenças
quanto às
edificações
Verificação do uso, do estilo arquitetônico e da altura das edificações, dos
materiais construtivos e da manutenção. Associação das características da
área (1) à satisfação ou insatisfação com o lugar, (2) à continuidade física
das características da área e (3) à identificação e distinção dos grupos de
moradores na área.
Relação entre atributos contextuais ou contextuais e a interação social
Aparência
(agradabilidade
manutenção das
edificações)
Percepção
de
Segurança
Verificação da percepção de segurança associada à aparência do ambiente
construído e à percepção dos grupos socioeconômico distinto e à influência
destes aspectos uso dos lugares do bairro.
Levantamento
Físico
Entrevistas
Questionários
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Hipótese 3: Quanto mais os equipamentos próximos à residência apoiarem as atividades desejadas e necessárias aos
moradores da habitação social e aos moradores do bairro, maior a intensidade de apropriação das áreas adjacentes e
maior a probabilidade de interação social (contato) entre os dois grupos socioeconômicos.
Equipamentos
presentes próximos ao
lugar de moradia e
atividades realizadas na
área
Verificação dos equipamentos existentes, identificando espaços que
fortalecem a identidade do grupo e estimulam a interação social (comércio
de abastecimento básico e pequenos serviços, parques, praças e centros
comunitários) e espaços que parecem inibir o uso das ruas e o controle do
espaço (equipamentos institucionais, edifícios de escritório ou serviços de
porte intermediário ou grande e equipamentos industriais). Relacionar a
satisfação com o lugar aos equipamentos usados e necessários a cada
grupo.
Levantamento
Físico
Entrevistas
Questionários
Observação de
comportamento
Hipótese 4: Quanto maior a percepção de homogeneidade entre moradores da habitação social e moradores do bairro,
maior a semelhança quanto à intensidade de interação social dentro do mesmo grupo de moradores e entre os dois
grupos socioeconômicos.
Hipótese 5: Quanto mais semelhante a manifestação do comportamento territorial dos moradores da habitação social e
dos moradores do bairro, maior a semelhança quanto a intensidade de interação social dentro do mesmo grupo de
moradores e entre os dois grupos socioeconômicos.
Estilo de vida e
definição do grupo
Caracterização dos grupos segundo o estilo de vida, tendo por base as
variáveis sociodemográficas (status socioeconômico, composição familiar e
o tempo de moradia) e as atividades diárias (escola e trabalho) realizadas
em associação ao meio de transporte e a ao tempo de deslocamento.
Questionários
Estilo de vida e
percepção de
homogeneidade
Verificação da percepção de homogeneidade dos grupos que co-habitam a
área, verificando presença ou não do sentimento de identificação com o
bairro.
Questionários
Definição do
tipo de
barreiras
físicas
Verificação da percepção de privacidade na delimitação dos espaços
semiprivados e privados, e associação com o uso nesses espaços.
Definição da posição da edificação (em relação aos recuos) verificação dos
usos nos espaços semiprivados e privados
Controle territorial
Percepção
de
segurança,
privacidade e
aparência em
função das
barreiras
físicas
Verificar presença de marcas e elementos definidores do espaço (cercas,
grades e jardins) à percepção de segurança, privacidade e satisfação com a
aparência do bairro. Relacionar essas características à satisfação com o
lugar, à identificação ou não do grupo distinto e ao uso das áreas próximas
à residência.
(continuação) Relação entre atributos contextuais ou contextuais e a interação social
Comportamento territorial
Imagem do grupo e
personalização do
território
Verificação da presença de marcas de personalização dos ambientes
(ornamentos, manutenção, limpeza, ajardinamento ou embelezamento dos
lugares). Relacionar essas características à satisfação com o lugar, à
identificação ou não do grupo distinto e ao uso das áreas próximas à
residência.
Levantamento
físico
Questionários
Observação de
comportamento
3.5.3 Métodos de análise de dados
Conforme Kruskal e Wish (1978 apud Lay, 1992), a utilização de múltiplos meios é
válida e útil, pois favorece a complementaridade de compreensão de dados e aumenta a
validade dos resultados. Nesse sentido, dados obtidos através de levantamentos físicos,
mapas mentais, observações de comportamento, entrevistas e questionários foram
quantificados e analisados através de instrumentos apropriados e disponíveis. Sistemas de
informação geográfica (SIG), estatística não-paramétrica, análise sintática espacial e análise
de gráficos de visibilidade foram utilizados nesse estudo.
Dados de questionários e dados obtidos através de levantamento físico (utilizados na
produção das plantas baixas de cada área) foram tabulados no SPSS/ PC (Statistical
Package for Social Sciences) e mapas mentais e entrevistas sintetizados no EXCEL,
(Continuação) Tabela 3.6: Operacionalização das variáveis conforme definição das hipóteses de pesquisa:
Operacionalização das Variáveis Conforme Definição das Hipóteses de Pesquisa
Método de
coleta dados
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possibilitando a criação de um banco de dados com informações de diferentes origens e
favorecendo a síntese dos diversos mapas temáticos na junção do banco de dados com as
informações gráficas através do ArcGIS (programa que trabalha com sistema de
informações geográficas). De acordo com a viabilidade de tempo e recursos informacionais
disponíveis, o maior número de elementos passíveis de serem representados graficamente,
como vias, quarteirões, lotes, edificações, vegetação, tipo de fechamento da edificação,
elementos e mobiliário urbano, usos e pessoas relativos às observações de comportamento,
identificação dos limites do bairro do morador e dos lugares apreciados ou usados (segundo
solicitação do questionário) foram digitalizados em AUTOCAD, e inseridos no ARCGIS. A
utilização simultânea desses quatro recursos (programas computacionais) permitiu a
quantificação (freqüências), a análise estatística e a espacialização dos dados da pesquisa,
favorecendo a compreensão dos resultados e a operacionalização das variáveis para a
verificação das hipóteses de pesquisa.
3.5.3.1 A interação humana e a utilização de recursos de SIG
O Sistema de Informações Geográficas (SIG) consiste em um sistema de
acessibilidade instantânea que pode agrupar uma variedade de tipos de informações e
recursos e de um conjunto de ferramentas analíticas para manipulação e análise das
informações (Golledge, 2002). A metodologia utilizada nesse sistema constitui-se num
processo computadorizado de sobreposição de diferentes camadas representativas dos
elementos que compõem o universo em estudo (Golledge, 2002; Talem, 2005). A
composição das camadas produz um mapa multifuncional, no qual as camadas podem ser
agregadas ou dissolvidas e ao qual está associada uma base de dados digitais, passível de
análises matemáticas ou estatísticas espacialmente definidas (Golledge, 2002).
Nesse sentido, para as 3 áreas de estudo selecionadas foram associados o Banco
de dados do SPSS (exportado para .dbf) e dados digitalizados no CAD, através do ARCGIS
9.1. Esse processo constou das seguintes etapas:
a. Importação dos dados de CAD para o software ARCGIS 9.1;
b. Exportação dos layers (camadas) digitalizados para o formato shape, agrupando-
os de acordo com os objetivos de análise;
c. Definição do sistema de referência para cada uma das novas camadas (shape)
definidas anteriormente, já que os dados anteriores em CAD não estavam geo-
referenciados;
d. Criação de uma coluna de identificação na planilha do banco de dados a ser
associada ao ARCGIS 9.1;
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e. Criação de uma coluna idêntica à anterior no ARCGIS 9.1 para cada elemento
com informações a serem associadas. Nesse caso, cada uma das 1196 edificações para as
quais existiam dados, foram numeradas de acordo com a planilha do SPSS
f. Após as colunas de identificação definidas, é feita a associação dos dados;
g. Definição das diversas camadas para visualização em função das variáveis e dos
objetivos da análise, utilizando funções como intersect, union, erase, clip, buffer;
h. Análise descritiva do ambiente simulado utilizando ferramentas como table
operations, table statistics, calcule values, distance between points.
i. Exportação de alguns dados (limites do bairro percebidos pelos moradores) para o
SPSS/PC a fim de permitir novas análises estatísticas.
A criação de uma interface integrada do banco de dados e dos dados digitalizados e
geo-referenciados figura como etapa fundamental para visualização, interpretação e análise
dos dados. A integração dos modelos descritivos do ambiente com informações auxiliares
como características sociodemográficas, práticas comportamentais ou hábitos, permite a
representação e a interpretação do conjunto de aspectos sociais e físico-ambientais que
constituem a realidade. A combinação da análise do ambiente construído com as atividades
realizadas pelos usuários do espaço surge como ferramenta fundamental para interpretação
dos fatores influentes nas relações sociais presentes no espaço urbano.
3.5.3.2 Análise estatística dos dados
A compreensão das diversas dimensões desse estudo é multivariada, o que sugere
muitas associações entre as variáveis observáveis e a relação delas com cada uma das
dimensões. Para Canter (1997), a associação das variáveis e dos sistemas parece não
poder ser respondida por testes lineares ou ortogonais, sendo adequada a utilização de
estatísticas não paramétricas.
A seguir (Tabela 3.7) são sintetizadas as dimensões e as variáveis da pesquisa,
associando o número da questão correspondente no questionário:
Tabela 3.7: Dimensões e variáveis de acordo com as perguntas do questionário
Dimensão
da
questão
Subgrupo
variáveis
Indicadores e descrição dos objetivos de pesquisa
9 a 30 - 31 -
Preferências quanto ao ambiente construído e satisfação com o bairro
Satisfação
com a
área
34-35 hectares
Percepção dos limites do bairro relacionados ao sentimento de estar em casa
(utilização de SIG - limites físicos)
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39-40 SG1-1
Comportamento favorável ao contato social com a rua
66 SG1-2
Uso dos espaços semiprivados ou privados
101-102 SG1-3
Participação em atividades associativas: Verificar onde os grupos sociais distintos
podem estar realizando atividades comuns e as diferenças entre os grupos sociais.
86-89 SG9-1
Atos de apoio mútuo na
vizinhança
90-92 SG9-2
Insatisfação com a interação
social na vizinhança
93-94 SG9-3 Ligação com a vizinhança
96 SG9-4 Laços íntimos com os vizinhos
Interação social na vizinhança (SG9)*
Verificação do grau de interação social, observando
a percepção da heterogeneidade do lugar como
fator de comparação entre grupos e comparação
dos efeitos das 3 áreas (ambiente construído).
103-110 SG10-1 Uso do bairro
111-114 SG10-2 Uso de outros bairros
115-116 SG10-3 Uso do centro
Sistema de lugares e atividades
Verificação dos lugares usados igualmente pelos
grupos sociais distintos, e as possibilidades contato
social a partir desses usos (Associar resultados com
os mapas do GIS).
Intensidade de uso na área
118-122 -
Permite espacializar lugares usados pelos moradores das três áreas, verificando onde
os grupos sociais têm possibilidade de interação (contato). (Utilização do GIS –
distâncias entre local de moradia e locais utilizados)
41-44 SG2_1 Dimensão do quarteirão e uso
45-50 SG2_2 Calçadas e uso
51-52 SG2_3 Vegetação e uso
55-56 SG2_4 Fluxo de veículos e uso
Caracterização da estrutura do ambiente (SG2)*
Verificação da apreciação/satisfação do ambiente
físico pelo morador: verificar como o ambiente é
percebido e como tem relação com o uso do lugar
(Spearman + mapas comportamentais + mapas das
áreas);
53-54 SG3_1 Percepção de segurança e uso
57-64 SG3_2
Aparência do bairro e
satisfação
32 SG4
Heterogeneidade percebida no
ambiente construído
Aparência das edificações e uso
Verificação da apreciação/satisfação do ambiente
físico pelo morador: comparar as três áreas
verificando as diferenças entre moradores da
habitação social e do bairro e a influencia dessa
percepção no uso dos lugares (identificação de
lugares: inseguros, atraentes, não-atraentes,
inadequados).
72-83 SG5
Existência e uso dos equipamentos da área
Verificar diferenças quanto à satisfação com equipamentos presentes e uso desses
equipamentos.
123 a 129 SG6 Status socioeconômico
1 a 8 -
Caracterização do local e
tempo de moradia
97-100 -
Atividades e tempo de
deslocamento
Estilo de vida do morador
Caracterização das diferenças e semelhanças
quanto ao estilo de vida dos moradores do bairro e
da habitação social em função de status
socioeconômico, composição familiar, tempo de
moradia, e tempo de deslocamento para realização
de atividades.
36-37 + 87 SG7
Percepção de homogeneidade
visibilidade +
tipo
fechamento
SG8_1
Tipo de barreiras utilizadas nos
espaços privados e
semiprivados
69-70 SG8_3
Percepção de segurança,
privacidade e satisfação com a
aparência em função das
barreiras físicas
Atributos contextuais, composicionais e variáveis dependentes
67-68 SG8_2
Personalização dos espaços
privados semiprivados e
satisfação com a imagem
coletiva
Comportamento territorial
Verificar diferenças quanto à definição do espaço
para os grupos sociais distintos, verificando a
percepção dos limites do território de um e outro
grupo (se há) (uso dos espaços semipúblicos junto
à residência) (levantamento físico: diferenças
quanto ao grau de personalização do espaço:
cuidado dos jardins, mobiliário/equipamentos
existentes - ArcGIS/SPSS).
Nota: * sigla entre parênteses indica que variáveis (já agrupadas) foram somadas para criação de um indicador geral
(continuação) Tabela 3.7: Dimensões e variáveis de acordo com as perguntas do questionário:
Dimensão
da
questão
Subgrupo
variáveis
Indicadores e descrição dos objetivos de pesquisa
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A combinação das variáveis para descrição dos indicadores, conforme mostra a
Tabela 3.7, foi adotada para a medição e a associação dos diferentes aspectos e dimensões
da pesquisa, permitindo a operacionalização das hipóteses de pesquisa quanto ao
relacionamento dos fatores composicionais e contextuais com a interação social. Todos os
dados dos questionários, entendidos como variáveis nominais e ordinais, foram analisados
quantitativamente no programa SPSS/ PC, através de testes não-paramétricos. A redução
dos dados para construção dos indicadores é descrita cronologicamente na Tabela 3.8:
Tabela 3.8: Procedimentos para a realização da análise estatística dos dados
Procedimento Estatístico OBJETIVO
1 Freqüências Gerais
Visualização geral dos resultados.
Verificação dos lugares identificados pelos moradores para
posterior espacialização no mapa de Porto Alegre
(ARCGIS).
2
Realização do “reability analysis”, com a utilização do alpha
de Cronbach para cada subgrupo de variáveis, conforme
Tabela 3.6
Verificação da consistência interna dos subgrupos,
verificando o sentido de cada questão do questionário (se
positivo ou negativo) e invertendo o sentido da questão
quando necessário, para possibilitar posterior somatório dos
escores das variáveis de cada subgrupo.
3
Definição dos escores para cada subgrupo e grupo de
variáveis (indicador) (conforme Tabela 3.6), a partir do
somatório dos escores das variáveis relativas a cada
subgrupo:
1. Transorm
2. Comput (somatório das variáveis)
3. Definição do subgrupo (nova coluna)
Reduzir as informações para posterior identificação dos
componentes (subgrupos e grupos) mais influentes a partir
de testes de correlação.
4
Tabulações cruzadas (χ², phi, Cramér’s V) para todas as
questões do questionário:
1 - questão X grupo
2 – questão x área
3 – questão x área (isolando por tipo de morador)
4 – questão x morador
5 – questão x morador (isolando por áreas de estudo)
Verificação das diferenças entre os 6 grupos (2 grupos
sociais em cada uma das 3 áreas de estudo). Os 5 testes
buscam avaliar se o fator composicional e o fator físico
(área) influenciam na diferenciação das respostas.
5
Análise de correspondência para grupos de variáveis
nominais passíveis de sua aplicação.
Definição de gráficos complementares a tabulação cruzada
para identificação de diferenças entre os 6 grupos em
estudo.
6
Aplicação dos testes Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para
todos os subgrupos e grupos definidos anteriormente.
Verificação das diferenças entre os 6 grupos (2 grupos
sociais em cada uma das 3 áreas de estudo). Os 5 testes
buscam avaliar se o fator composicional e o fator físico
(área) permanecem influenciando as respostas após a
definição dos grupos e subgrupos.
7
Testes de correlação de Spearman dentro dos subgrupos,
considerando os 8 indicadores (SG1, SG2, SG3, SG4, SG5,
SG6, SG7, SG8), e, entre todos os subgrupos de variáveis,
conforme Tabela 3.6.
Os testes de correlação são realizados:
1 – comparando os 6 grupos
2 – isolando por tipo de morador
3 – isolando por área de estudo
4 – isolando área de estudo e tipo de morador
Identificação das correlações significantes e verificação de
diferenças na ocorrência das correlações quando isoladas
os grupos por tipo de morador e por área de estudo,
conforme as 4 variações realizadas no teste.
Como exemplo, é demonstrada a seguir (Tabela 3.9) a redução do indicador de
caracterização morfológica do ambiente construído:
Tabela 3.9: Variáveis do questionário relacionadas à caracterização da estrutura do ambiente construído
41-44 SG2_1 Dimensão do quarteirão e uso
45-50 SG2_2 Calçadas e uso
51-52 SG2_3 Vegetação e uso
55-56 SG2_4 Fluxo de veículos e uso
Caracterização morfológica do ambiente construído
Verificação da apreciação/satisfação do ambiente físico pelo
morador: verificar como o ambiente é percebido e como tem
relação com o uso do lugar (Spearman + mapas
comportamentais + mapas das áreas);
Capítulo 3 – Metodologia
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Conforme passo 2 na tabela 3.8, foi necessário verificar a consistência interna das
questões através da análise de relação entre variáveis medida pelo alpha de Cronbach. O
sentido das questões precisava ser o mesmo para cada subgrupo (sg2-1, sg2-2, etc) de
modo que o somatório fosse coerente. Neste indicador a estrutura do questionário
objetivava dar maior escore para o maior uso, por isso, as questões 42, 43, 46, 48, 49, 55,
56 tiveram sua pontuação invertida.
Assim, supondo que um morador respondesse o questionário conforme as
indicações em vermelho, os escores por variável agrupada e o escore total para o indicador
desejado, seriam os indicados na Tabela 3.10, a seguir:
Tabela 3.10: Exemplo de escores para a estrutura do ambiente construído
Grupo de variável e questões relacionadas
Concordo
Não
concordo
nem
discordo
Discordo
Escore
por
variável
agrupada
41
As quadras têm um tamanho adequado e por isso
acho agradável caminhar por elas.
3 2 1
42.
Não sei se as quadras têm tamanhos adequados
porque não costumo andar a pé.
1 2 3
43.
Utilizo o carro para ir aos lugares que preciso, sejam
eles próximos ou distantes.
1 2 3
Dimensão do
quarteirão e uso
44.
É seguro andar pelo bairro porque sempre o
movimento de moradores entrando ou saindo dos
edifícios ou casas.
3 2 1
9
45.
As calçadas têm largura adequada para a quantidade
de pessoas que as utilizam.
3 2 1
46. As crianças costumam brincar nas calçadas. 1 2 3
47. As calçadas do bairro têm uma aparência legal. 3 2 1
48.
Os moradores não costumam manter e limpar as
calçadas (consertando alguma coisa ou plantando
árvores e flores).
1 2 3
49. As ruas não são bem iluminadas à noite. 1 2 3
Calçadas e uso
50.
As ruas do lugar onde moro são bem equipadas,
existem telefones públicos, lixeiras e caixas de
correio.
3 2 1
13
51.
As árvores e a vegetação existentes são um dos
aspectos mais bonitos do lugar onde moro.
3 2 1
Vegetaçã
o e uso
52.
Gosto muito de caminhar pelas ruas arborizadas do
lugar onde moro.
3 2 1
6
55.
O fluxo de veículos nas ruas dificulta as caminhadas
no lugar onde moro.
1 2 3
Fluxo de
veículos e
56.
Sinaleiras e faixas de trânsito existentes no lugar
onde moro não são suficientes para dar segurança às
pessoas que caminham nas ruas.
1 2 3
6
Escore total para o indicador (SG2) da estrutura do ambiente construído 34
Esse procedimento de criação de escores para os grupos de variáveis e indicadores
foi necessário em função da necessidade de relacionar todas as dimensões (variáveis
definidas para a hipótese) entre si, através de testes de correlação de Spearman, a fim de
verificar a influência na intensidade de uso e interação social em cada uma das áreas. A
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estrutura do questionário foi definida, desde a concepção, por grupos de variáveis de acordo
com os indicadores desejados.
Para os testes de correlação de Spearman foram adotados os intervalos
representados na Tabela 3.11, conforme adaptação da classificação de Rowntree, sugerida
por Lay e Reis (2005).
Tabela 3.11: Intervalos adotados para a classificação da correlação de Spearman
Intensidade de correlação Classificação
0,0 a 0,3 Fraca, baixa
0,3 a 0,5 Moderada
0,5 a 0,7 Forte, alta
0,7 a 0,9 Muito forte, muito alta
0,9 a 1 Excepcional
Os dados obtidos nos diversos testes estatísticos foram sintetizados em tabelas e
gráficos, sempre que se fez conveniente, para melhor representação dos resultados e
compreensão da análise. Os dados com valores de significância iguais ou superiores a
0,05, foram considerados estatisticamente relevantes.
3.5.3.3 Análise sintática
A medição das variáveis sintáticas foi utilizada para avaliar o potencial de movimento
nas três áreas de estudo, apoiando análises. O mapa axial da cidade de Porto Alegre
utilizado foi construído sobre o levantamento cadastral aerofotogamétrico, pelo professor
Décio Rigatti. As medidas sintáticas dos sistemas axiais (conectividade, controle,
profundidade, integração global e integração local, sinergia e inteligibilidade) foram
produzidas a partir do software MINDWALK 1.0, e definidas em termos de mapas axiais
(mapa de cores) e gráficos axiais (informação alfanumérica).
Cabe destacar que as medidas sintáticas são endereçadas e calculadas a cada uma
das linhas do sistema global (toda a cidade), no entanto, como a investigação proposta trata
da análise de áreas selecionadas do contexto urbano, foram produzidos tabelas e mapas
parciais dos subsistemas definidos. Além disso, valores de Sinergia e da Inteligibilidade do
sistema foram calculados para cada área, considerando exclusivamente os subsistemas.
3.5.3.4 Análise de Visibilidade
Gráficos de visibilidade foram realizados no programa DEPHTMAP, tendo por
objetivo verificar a acessibilidade da habitação social em relação aos espaços do entorno.
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A área de análise foi delimitada desde o centro da habitação social, considerando um
raio de 400 metros. Edificações que constaram do levantamento físico tiveram suas
projeções representadas graficamente, para os demais espaços foram representados
apenas os limites dos lotes. Muros altos e pequenas edificações, como chaveiros, pontos
de táxi e ônibus e bancas de revista, comida e segurança, também foram adicionados na
análise. Árvores não foram consideradas, pois tendo sido graficadas como círculos, não
foram reconhecidas no programa que utiliza somente linhas retas.
Os gráficos de visibilidade foram produzidos na resolução de 5 m (grid 5), valor
arbitrário definido especialmente em função do tempo de processamento dos dados (em
torno de 7 horas para cada área).
Foram analisadas as propriedades controle e controlabilidade, para medidas locais, e
integração visual, para medidas globais e produzidos mapas de visibilidade a partir das
análises (Turner, 2004).
As propriedades de visibilidade analisadas são definidas a seguir, conforme Turner
(2004):
a. Controle visual trata de quanto se pode ver a partir de um local. Quanto maior o
campo de visibilidade a partir de um lugar, maior o controle visual desse lugar. No entanto,
para haver alto controle, os espaços vistos devem, ainda, apresentar pouco acesso visual
(controle visual) para outros lugares.
b. Controlabilidade trata de áreas que podem ser visualmente observadas de outros
pontos do sistema. Quanto mais pontos do sistema observam uma área, maior a sua
controlabilidade. Destaca-se que essas áreas bastante visíveis (controláveis) podem,
simultaneamente, ter grande acesso visual a outros lugares.
c. Integração visual está relacionado com o potencial de movimento. Essa
propriedade faz uma adaptação do conceito de integração global aplicado às linhas axiais
do sistema. Assim, os campos visuais mais integrados são os que apresentam maior
potencial de visualização em comparação aos outros pontos do sistema, tendendo a
favorecer maior co-presença e potencial de movimento.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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4 ANÁLISE DOS ATRIBUTOS QUE INFLUENCIAM A INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS
HERETEROGÊNEOS
4.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, são apresentados e analisados os resultados da investigação sobre
as relações existentes entre atributos contextuais, atributos composicionais e a intensidade
de interação social entre grupos socioeconômicos distintos.
Pressupondo que atributos físico-espaciais do ambiente construído são mais
influentes que os atributos socioeconômicos para o favorecimento da interação social entre
grupos distintos residentes em áreas urbanas comuns, para cada área de análise é
verificado se:
i. Quanto mais a estrutura do ambiente construído apoiar a acessibilidade de
atividades e a apropriação dos espaços abertos públicos próximos ao lugar de moradia,
maior a probabilidade de interação social (contato) entre os moradores de grupos
socioeconômicos distintos, existentes na mesma área.
ii. Quanto maior a semelhança entre a aparência das edificações da habitação social
e das edificações da área em geral, maior a probabilidade de interação social (contato) entre
os moradores dos dois grupos socioeconômicos.
iii. Quanto mais os equipamentos próximos à residência apoiarem as atividades
desejadas e necessárias aos moradores da habitação social e aos moradores do bairro,
maior a intensidade de apropriação da área e maior a probabilidade de interação social
(contato) entre os dois grupos socioeconômicos.
iv. Quanto menor a percepção de heterogeneidade entre moradores da habitação
social e moradores do bairro, maior a semelhança quanto à intensidade de interação social
dentro do mesmo grupo de moradores e entre os dois grupos socioeconômicos.
v. Quanto maiores as diferenças quanto à manifestação do comportamento
territorial dos moradores dos grupos socioeconômicos distintos, maior a distinção da
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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imagem dos grupos e a percepção de heterogeneidade e menor o potencial de interação
social entre eles.
As 5 hipóteses são exploradas a seguir. Primeiramente, são definidos, para cada
área, as características físicas, o padrão comportamental e o perfil composicional dos
moradores. Em seguida, as hipóteses são medidas segundo a avaliação do desempenho
dos espaços, verificando a influência das variáveis selecionadas na revisão da literatura e
explorando os atributos contextuais e composicionais mais efetivos na interação social entre
os grupos socioeconômicos distintos.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO E DO PADRÃO COMPORTAMENTAL NO
AMBIENTE RESIDENCIAL
Para essa verificação serão realizadas, para cada área de análise, a caracterização
do ambiente construído e a descrição do tipo e intensidade de uso.
4.2.1 Área 1: Caracterização do ambiente construído
4.2.1.1 Estrutura fundiária e densidade de edificações na Área 1
A estrutura fundiária da Área 1 é destacada na Figura 4.1, a seguir:
*Habitação social: Jardim Planetário
Figura 4.1: Estrutura Fundiária da Área 1
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Com 44,41 hectares, a Área 1 apresenta quarteirões de forma e dimensões variadas,
os quais propiciam a conexão entre as ruas a cada 1,05ha, em média, conforme verificado
na Tabela 4.1:
Tabela 4.1: Quantidade e dimensão dos quarteirões na Área 1
Quarteirões Intersecções
de
quarteirões
Perímetro
Perímetro do
quarteirão do Jardim
Planetário
Área
Área do quarteirão
do Jardim
Planetário
de
intersecções
intersecções
por hectare
Média
506,34 m
16097m²
Desvio
Padrão
41
285,79 m
552,78 m
27965m²
12160,0m² 42 1,05
Nota: Quarteirões que tangenciavam ou intersecionavam o círculo com raio de 400 m foram consideradas para a análise de área
As variações no tamanho dos quarteirões e no número de intersecções entre as ruas
descrevem diversas opções de deslocamento pela área, influindo no potencial de contato
entre moradores a partir dos trajetos e conexões existentes.
O quarteirão onde se encontra a habitação social apresenta dimensão 32,38% menor
que a média observada na Área. Além disso, está adjacente a seis conexões, duas dessas,
em especial, junto aos acessos do condomínio (entre as ruas Santa Teresinha e Luiz
Manoel e entre as ruas Jacinto Gomes e Olínto de Oliveira). Isso sugere que moradores do
Jardim Planetário sejam favorecidos pela maior facilidade de circulação na Área que
moradores do bairro.
A área dos lotes (Figura 4.1) apresenta variação de 255% (Tabela 4.2), implicando
grandes diferenças no tamanho das edificações (variação de 175%) e nas distâncias entre
elas e entre seus acessos (variação de 112%), como destaca a Tabela 4.2. Como
conseqüência, existem possibilidades muito variadas de contato social entre os moradores
da área, propiciando diferentes níveis de privacidade devidos à proximidade com as
edificações adjacentes.
Tabela 4.2: Diferenças quanto ao tamanho de lotes e edificações da habitação social e do bairro e caracterização
dos acessos às edificações na Área 1
Lotes Edificações Acessos
Nº total
de
lotes
na
área*
lotes
por
hectare
Área
dos
lotes de
estudo
Área do
lotes
Jardim
Planetário
Área das
edificações
de estudo
Área das
edificações
do Jardim
Planetário
Nº total
de
acessos
acessos/
hectare
acessos
Jardim
Planetário²
Menor
distância
acessos
na Área
Menor
distância
acessos
Jardim
Planetário
Média
615,14
260,50 m² 32,98 m³ 7,5 m 4,99 m
Desvio
Padrão
491 11,05
1570,37
49,5 m²
456,35 m² 7,06 m²
650
14,63
acessos/ha
95
(14,64%)
8,43 m 0,18 m
Quando comparados valores médios da Área e da habitação social, verificam-se
dimensões muito inferiores para o Jardim Planetário: a área dos lotes é 91,95% menor, a
das edificações, 87,34% menor e a distância entre os acessos, 33% menor (ver Figura 4.2).
O que sugere, em geral, maior potencial de encontros e menor privacidade nos espaços
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adjacentes à residência para da habitação social que para moradores do bairro, significando
que diferentes padrões de comportamento são favorecidos pela estrutura espacial na Área 1
e junto ao Jardim Planetário.
*Habitação social: Jardim Planetário
Figura 4.2: Mapa de edificações e localização dos acessos à edificação na Área 1
Considerando as quatro extremidades do conjunto, as distâncias dos acessos entre
um grupo socioeconômico e o outro são relativamente pequenas (7,0 m, 16,0 m, 18,0 m e
23,0 m) e assemelham-se às distâncias entre os acessos percebidos na Área em geral.
Devido à proximidade, facilidade de encontros entre os moradores dos dois grupos
socioeconômicos e semelhanças no potencial de contato social entre moradores do bairro e
entre esses e os moradores do Jardim Planetário.
4.2.1.2 Dinâmica de movimento na Área 1
A figura 4.3 e a Tabela 4.3 destacam as propriedades sintáticas relativas à estrutura
espacial da Área 1:
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Integração Global Integração Local Conectividade Controle Profundidade
LEGENDA
maior valor medida sintática menor valor
ESCALA
0 200 600 metros
Figura 4.3: Mapas das medidas sintáticas da Área 1
Tabela 4.3: Valores das medidas sintáticas para as ruas da Área 1
Nome da rua
Integração
Global
Integração
Local
Conectividade
Controle Profundidade
Praça Dr. J. de A. Bozano 0,4523 1,7857 3 0,6742
7
Praça Dr. J. de A. Bozano 0,4523 1,7857 3 0,6742
7
Acessos internos (ABCD) J. Planetário 0,4532 1,6771 2 0,35
7
Acessos internos (ABCD) J. Planetário 0,4532 1,6771 2 0,35
7
Rua Cel. Luiz C. Moraes 0,4532 1,9687 2 0,1909
7
Rua Luiz Manoel (acesso J. Planetário) 0,4651 2,2761 4 0,6409
6
Rua Delegado Grant 0,4669 2,2018 3 0,4028
6
Travessa Ferreira de Abreu 0,471 2,369 4 1,2292
6
Rua Jacinto Gomes 0,4719 2,6857 11
3,6458
6
Rua Eng. Vespúcio de Abreu 0,4726 2,372 2 0,2292
6
Rua Zaccaro Faraco (UFRGS) 0,473 2,4381 2 0,3718
6
Travessa Borges Fortes 0,4731 2,6204 3 0,6294
6
Rua Santa Teresinha 0,4729 2,6815 10 3,0125
6
Praça M Joaq Queiroz 0,4755 2,3639 2 0,2167
5
Rua Dr. Olinto de Oliveira 0,4756 2,658 6 1,3242
5
Travessa Mario Rigato 0,4768 2,2251 2 0,254
6
Rua Vieira de Castro 0,4772 2,7858 6 0,997
6
Rua Vitória 0,4781 2,2021 2 0,1769
5
Rua Luiz Manoel 0,4803 2,9617 5 0,927
5
Rua Laurindo 0,482 3,0673 6 0,9985
5
Rua Prof. Freitas F. Castro 0,482 3,0767 6 0,8429
5
Rua Leopoldo Bier 0,4859 3,091 9 2,1206
5
Rua Bernardo Pires 0,4862 3,1713 8 1,1885
5
Av. Ipiranga 0,4863 3,1156 6 0,8301
5
Rua Jerônimo de Ornelas 0,4923
3,5677 16 3,4175
5
Rua Gomes Jardim
0,4927
2,9965 10 1,5811 4
Rua Ramiro Barcelos
0,4945 3,6511 26 5,1557
5
Rua Santana
0,4973 3,5456 20 3,1781
4
Av. João Pessoa
0,4975 3,9855 37 7,3338
4
Rua São Luiz
0,5 3,3368 13
2,3524 4
médias
0,476363333 2,67802 7,7 1,509863333 5,533333333
Sinergia do sistema parcial (somente linhas axiais da área) Inteligibilidade do sistema parcial (somente linhas axiais da área)
Correlação entre integração global x integração local
0,93421417
Correlação entre conectividade X integração global
0,68067151
Considerando as medidas globais, a Área apresenta alta integração global (Rn)
(valor médio: 0,476 valor alto, considerando o sistema de Porto Alegre) no sistema axial
da cidade de Porto Alegre e destaca, quanto à integração local (Rn3), a av. João Pessoa e
as ruas Ramiro Barcelos, Santana e Jerônimo de Ornelas pela condição de integradoras do
sistema local ao sistema global.
Para as medidas locais, os maiores valores de conectividade e controle também
acontecem com os eixos de maior integração local identificados anteriormente, destacando
a importância dessas vias para acessibilidade e movimentação na Área. Isso pode ser
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verificado pela concentração, nesses espaços, de diversos equipamentos, tais como
comércio, serviços e transporte coletivo. Os eixos de maior profundidade, os acessos
internos do Jardim Planetário e a Praça Dr. Júlio Bozano, caracterizam as Áreas mais
segregadas do sistema, nas quais podem ser identificados, respectivamente, moradores da
habitação social e moradores do bairro.
A compreensão da inteligibilidade e da sinergia, a partir da existência de eixos mais
integrados do sistema global coincidentes com os mais conectados ao sistema local, e em
função da existência da maior organização ou hierarquia na malha urbana, pode ser
verificada na configuração de um anel a partir dos eixos mais integrados (r. Santana, av.
Princesa Isabel, r. São Luiz, av. Ramiro Barcelos e av. Jerônimo de Ornelas), para os
menos integrados, permitindo a transição de espaços de maior concentração de atividades
para outros mais restritos aos moradores.
Observa-se, contudo, que a localização do Jardim Planetário, nos eixos menos
integrados, menos conectados e, também, mais profundos da Área implica a segregação
desse espaço, a redução do potencial de co-presença e, conseqüentemente, a menor
possibilidade de interação social entre os dois grupos socioeconômicos.
4.2.1.3 Acessibilidade Visual na Área 1
A leitura do mapa fundo-figura (Figura 4.4) destaca a relação entre os espaços
abertos e edificados e as diferenças do “grão” do parcelamento fundiário: por um lado, a
Área é favorecida pelos espaços abertos públicos de lazer, por outro, a av. Ipiranga
Figura 4.4: Mapa Fundo-Figura da Área 1
determina a divisão da Área em duas
partes.
Observando a permeabilidade
entre espaços, verifica-se que o Jardim
Planetário é limitado por barreiras físicas
ou visuais, que o separam da Área: as
praças limítrofes, reforçadas pela
presença da av. Ipiranga conformam um
lado da barreira, enquanto eixos de
circulação, com a largura reduzida nas
proximidades da habitação social,
constituem a outra barreira.
Essas características diminuem a
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visibilidade da Área 1 para a habitação social, e vice–versa, e inibem a
continuidade dos fluxos de pedestres e veículos entre esses espaços, reduzindo as
possibilidades de contato social entre moradores do bairro e da habitação social.
A Figura 4.5 e a Tabela 4.3 destacam a visibilidade do Jardim Planetário em relação
à Área 1:
Tabela 4.4: Medidas de visibilidade na Área 1
Controle Visual Controlabilidade Visual Integração Visual
Valor mais baixo na Área 1 0,150 0,010 2,5
Valor mais alto na Área 1 2,0571 0,485 11,67
Circulações internas do Jardim Planetário
0,27 0,016 5,69
Acesso n rua Santa Teresinha 1,07 0,058 6,68
Acesso na rua Luiz Manoel 0,80 0,11 5,08
Acesso na rua Olinto de Oliveira 0,81 0,27 8,47
Esq. Olinto de Oliveira e Jacinto Gomes
1,8 0,27 10,54
Controle visual Controlabilidade visual Integração visual
LEGENDA
maior valor medida sintática menor valor
Figura 4.5: Mapas das medidas de visibilidade da Área 1
Valores pequenos de controle visual e controlabilidade visual nas circulações
internas do Jardim Planetário e nos acessos às ruas mais conectadas ao bairro (em direção
à rua Santana ou Santa Teresinha) reforçam a baixa acessibilidade visual entre espaços da
habitação social e da Área em geral, como identificada no Mapa Fundo-Figura (Figura 4.4).
No entanto, valores mais altos de integração visual, identificados na rua Jacinto Gomes, em
especial, junto à esquina com a rua Dr. Olinto de Oliveira, implicam em maior potencial de
movimento, sugerindo que nessa localização exista maior probabilidade de contato social
entre moradores do bairro e da habitação social.
4.2.1.4 Espaços abertos públicos no ambiente residencial na Área 1
A tabela 4.5 apresenta a distribuição dos espaços públicos e privados na Área 1.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
PAULA SILVA GAMBIM, PORTO ALEGRE. PROPUR/UFRGS, 2007.
120
Tabela 4.5: Proporções dos espaços públicos e privados na Área 1
Espaços abertos públicos
Espaços
privados e
semiprivados
(lotes)
Espaços públicos de lazer
(praças, parques e áreas
verdes)
Circulação de
pedestres
Circulação de
veículos
Arroio Dilúvio
1,12 ha (6 praças)
(2,50%)
5,29 ha
(11,92%)
6,46 ha
(14,55%)
1,3 ha
(3,01%)
Área
(% em relação área
total da Área 1)
30,21 ha
(68,01%)
14,20 ha (31,98%)
Total
44,41ha
A maior parte (67,89%) dos espaços abertos públicos da Área é destinada ao
deslocamento e às atividades de pedestres, destacando-se, sobretudo, a existência de 6
praças: área de convivência (Jardim Planetário), Praça João Belém e Praça M. Joaquim de
Queiroz, Praça João Paulo I (figura 4.6), Praça Del. C. Gadret (Figura 4.7) e Praça Dr. Júlio
A. Bozano (Figura 4.8). A habitação social, em especial, tem acessibilidade direta a 3 praças
(praças Del. C. Gadret, João Belém e área de convivência do conjunto).
Figura 4.6: Praça João Paulo I:
espaço contemplativo
Figura 4.7: Praça Del. C Gadret Figura 4.8: Praça Dr. Júlio Bozano
Além disso, na caracterização dos espaços de circulação de veículos (Figura 4.9 e
Tabela 4.6), identifica-se que grande parte das vias é coletora ou local, o que tende a
reforçar as possibilidades de utilização da Área pelos moradores.
Tabela 4.6: Caracterização dos eixos viários na
Área 1
Via
Arterial
Via
Coletora
Via
Local
Via de
Pedestres
Somatório dos
eixos viários
(% Proporção
tipo de via na
Área 1)
1708 m
(19,6%)
3323 m
(38,2%)
3088 m
(35,4%)
596 m
(6,8%)
Total
8715 m
Nota: Eixos viários com canteiro central existente foram
quantificados como dois eixos.
*Habitação social: Jardim Planetário
Figura 4.9: Mapa de eixos viários da Área 1
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Destacam-se 4 vias coletoras, as ruas Santana, Jerônimo de Ornelas e Jacinto
Gomes e av. Ramiro Barcelos, pois concentram transportes coletivos e comércio, exercendo
função importante para a Área, apesar do fluxo relativamente intenso de veículos, em
especial, no final da tarde.
O Jardim Planetário, embora próximo a uma via arterial (av. Ipiranga), não parece
prejudicado em termos de uso dos espaços abertos adjacentes, em razão da existência de
uma via local e de uma praça intermediando o contato direto dessas habitações com o fluxo
intenso de veículos.
Apesar disso, como demonstra a Tabela 4.7, a maior parte (65,2%) das calçadas no
condomínio é estreita (2,0m), apresentando pior manutenção e pior qualidade de
revestimento que as da Área em geral. As calçadas do condomínio são revestidas de pedra
Grês ou bloquetes de concreto, estando 85,9% em estado ruim de manutenção. as da
área de entorno são na maioria revestidas de basalto e apresentam manutenção regular.
Tabela 4.7: Caracterização da largura e manutenção das calçadas na Área 1
Largura do passeio público¹ Estado de conservação das Calçadas(%
< 1,5 m
3 m < X >
1,5m
> 3 m Bom Regular
Ruim Precário
Em obra
% em relação ao total da
Área 1
2,2% 26,7% 71,2% 6,9% 51,8% 38,2% 2,9% 0,2%
Nota: 1. As percentagens (%) consideradas quanto à larg
ura da calçada são definidas em função do lote lindeiro. As calçadas não foram
quantificadas por metro linear ou quadrado, trecho a trecho.
Na diferenciação entre espaços dos moradores do bairro e da habitação social na
Área, as piores condições das calçadas do Jardim Planetário (Figura 4.10) tendem a
desfavorecer o uso e a circulação junto ao condomínio, em especial por moradores do
bairro, influindo na redução do potencial de encontros nesse local.
Figura 4.10: A falta de manutenção
das calçadas no Jardim Planetário
Figura 4.11: Av. Ramiro Barcelos:
calçadas largas e arborização
Figura 4.12: Rua Sta Teresinha:
calçadas bem mantidas e
arborizada intensa
De modo geral, a Área apresenta vegetação arbustiva e árvores de médio e grande
porte distribuídas pelas ruas (ver Figura 4.13 e Tabela 4.8). A porção norte, em relação à av.
Ipiranga, apresenta maior número de árvores, destacando-se a av. Ramiro Barcelos (Figura
4.11) e as ruas Jerônimo de Ornelas e Santa Teresinha (Figura 4.12). A existência das
praças também contribui para a maior arborização da área.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Tabela 4.8: Arborização na Área 1
Nº total de árvores
1245
árvores/ hectare
28,0 árvores /ha
Nota: A vegetação arbustiva não consta desta
quantificação, mas foi observada e está representada nos
mapas comportamentais.
*Habitação social: Jardim Planetário
Figura 4.13: Mapa de arborização na Área 1
Além disso, a Área apresenta variedade de elementos urbanos (utilitários e mobiliário)
e de pequenas edificações (por exemplo, Figura 4.14), como demonstra a Tabela 4.9:
Tabela 4.9: Caracterização dos elementos construtivos das calçadas na Área 1
Utilitários e mobiliários (total: 337)* Pequenas edificações
Iluminação
Correio
Lixeira
Mobiliário
Telefone
público
Barreira
Grade-
proteção
Semáforo
Banca de
comida
Banca de
revista
Chaveiro
Guarita de
segurança
Parada de
ônibus
Ponto de
táxi
% em relação ao
total da Área 1
261
3
0,9%
35
10,4%
187
55,1%
41
12,2%
47
13,9%
3
0,9%
21
6,2%
1
2,7%
4
10,8%
4
10,8%
7
18,9%
16
43,2%
5
13,5%
de elementos /
ha de espaço
público
18,4
postes/ha
266 (18,8 utilitários/ha)
Favorecem o uso
71 (5 utilitários/ha)
Controlam o
movimento
37 (2,6 edificações/ha)
Nota: *Mobiliário representa: bancos, cadeiras, mesas e brinquedos infantis em praças; Barreiras: frades ou similares.
Figura 4.14: Calçadas bem
mantidas, telefone público,
iluminação e guarita de segurança
na av. Ramiro Barcelos
Figura 4.15: Praça Júlio Bozano:
calçadas largas e arborização
Figura 4.16: Telefone público, ponto
de ônibus, caixa de correio e
cadeiras junto ao comércio na av.
Santana
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123
A maior parte desses elementos urbanos está relacionada com a realização de
algum tipo de uso, favorecendo o potencial de encontros entre moradores que circulam ou
utilizam os recursos disponíveis do lugar. Os destaques são feitos para o mobiliário, nas
praças (Figura 4.15) e nos passeios junto aos bares (Figura 4.16), e para as pequenas
edificações (chaveiros, bancas e ponto de táxi), na av. Jerônimo de Ornelas.
4.2.1.5 Aparência das edificações na Área 1
A maior parte das edificações na Área (Tabela 4.10) apresenta estilo moderno ou
contemporâneo, destacando-se, todavia, no lado Norte da av. Ipiranga (Fig. 4.17), a
existência de muitos edifícios em estilo protomoderno.
Tabela 4.10: Estilo das edificações na Área 1
% em relação à área
ocupada total
Popular
11%*
Historicista/Eclético
6%
Art Deco/Protomoderno
17%
Modernista/Contemporâneo
46%
Industrial
15%
Sem edificação ou em obra
5%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construíd
a e não do de edificações; (2) Lotes baldios ou
sem edificação foram considerados na área total; (3) * indica
características da habitação social.
Figura 4.17: Mapa de estilo das edificações na Área 1
Algumas ruas apresentam homogeneidade em relação aos estilos (por exemplo,
Figura 4.18): na rua Santa Teresinha (Figura 4.19) predominância de edificações
modernas, enquanto na rua Luciana de Abreu e na praça Dr. Júlio Bozano predominam
edificações protomodernas. Outras, no entanto, são muito heterogêneas, como a Santana
(Figura 4.20) e a Jerônimo de Ornelas, onde existem edificações ecléticas, ladeadas por
protomodernas, modernas e contemporâneas.
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124
Figura 4.18: Edificações
protomodernas na rua Eng.
Vespúcio de Abreu
Figura 4.19: Edifícios modernos na
rua Santa Teresinha
Figura 4.20: Edificações
historicistas na rua Santana
A edificações na Área são de altura intermediária (Figura 4.21 e Tabela 4.11).
Predominam edifícios de 1 a 4 pavimentos, embora aqueles em estilo moderno ou
contemporâneo apresentem alturas maiores (5 a 8 pavimentos). Portanto, as ruas mais
homogêneas apresentam predominantemente um determinado estilo e uniformidade quanto
às alturas.
Tabela 4.11: Altura das edificações na Área 1
% em relação à área
ocupada total
1 pavimento
20% *
2 pavimentos
18% *
3 pavimentos
14%
4 pavimentos
22%
5 a 8 pavimentos
18%
mais de 10 pavimentos
4%
sem edificação ou em obra
5%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do de edificações; (2) Lotes bal
dios ou
sem edificação foram considerados na área total; (3) * indica
características da habitação social.
Figura 4.21: Mapa de altura das edificações na Área 1
Em geral (Figura 4.22 e Tabela 4.12), as edificações estão em condições regulares
de manutenção e apresentam padrão de acabamento alto e médio (por exemplo, Figura
4.23): nos revestimentos predominam o reboco alisado com molduras e detalhes sobre as
aberturas e as pastilhas cerâmicas, as esquadrias são na maioria em madeira ou em PVC,
panos de vidro são utilizados em algumas edificações contemporâneas de escritórios.
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125
Tabela 4.12: Estado de manutenção das
edificações na Área 1
% em relação à área
ocupada total
Bom
15%
Regular
61%
Ruim
17%
Precário
2%
sem edificação ou em obra
5%
Not
a: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do de edificações; (2) Lotes baldios ou
sem edificação foram considerados na área total.
Figura 4.22: Mapa de manutenção das edificações na Área 1
As ruas com maior número de edificações em estado ruim ou precário se destacam
na Área, em especial em alguns trechos nas ruas Luiz Manoel e Jacinto Gomes (Figura
4.24), no lado Norte da av. Ipiranga, e as ruas Prof. Freitas e Castro e Gomes Jardim, no
lado Sul.
Figura 4.23: Edificações com
manutenção regular na rua
Laurindo
Figura 4.24: Edificações com
manutenção ruim na rua Jacinto
Gomes
Figura 4.25: Edificações do Jardim
Planetário se diferenciam do entorno
pelo estilo, altura e manutenção
O Jardim Planetário é caracterizado por casas térreas e sobrados, em estilo popular,
com baixo padrão de acabamento, revestimento em reboco alisado sem detalhes
construtivos e com aberturas em esquadria metálica (ver Figura 4.25). As edificações
apresentam condições ruins ou precárias de manutenção.
As características do conjunto da habitação social, em associação com a
homogeneidade da Área, em termos de estilo, altura e manutenção das edificações,
destacam as diferenças entre moradores do bairro e da habitação social. As piores
condições do Jardim Planetário tendem a desestimular o uso de áreas lindeiras por
moradores do bairro, reduzindo o potencial de contato social entre eles e os moradores da
habitação social.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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126
4.2.1.6 Usos e equipamentos existentes na Área 1
A Área 1 apresenta diversidade de usos (Tabela 4.13). Os mais freqüentes são as
edificações residenciais multifamiliares, os equipamentos de comércio e serviços e as
instituições educacionais.
Tabela 4.13: Caracterização dos usos das edificações na Área 1
Terrenos
baldios ou
edificações
d
esocupadas
Edificações em
obra
Edificações
unifamiliares
Edificações
unifamiliares c/
comércio e
serviço
Edificações
multifamiliares
Edificações
multifamiliar c/
comércio e
serviço
Equipamentos
de comércio e
serviço
Equipamentos
comunitários
Equipamentos
educacionais
Equipamentos
de lazer
cultura/esporte
Equipamentos
de saúde
Equipamentos
de segurança
edificações
11 4 149 41 175 35 75 3
13 1
- 9
% em relação área
total construída
3,86%
1,47%
7,52% 3,80%
36,99%
6,09% 19,50%
1,01%
13,26% 0,19%
- 6,32%
Área construida¹
516 (13,89 ha)
Nota : (1) Terrenos baldios ou ocupados sem edificação foram considerados na sua área total; terrenos com edificação tiveram a área
considerada em função da área construída
A presença de escolas de ensino fundamental e médio e de unidades da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tende a incrementar o número de
pessoas na área, intensificando a circulação de pessoas nos espaços abertos públicos
adjacentes. Além disso, a proximidade de equipamentos de apoio ao uso residencial
(Figura 4.26 e Tabela 4.14), tais como mini-mercados, padarias, farmácias e lancherias e,
também, a existência de espaços públicos de lazer (6 praças) incrementa as possibilidades
de realização das atividades desejadas em áreas próximas a residência, o que tende a
favorecer o uso da área em geral.
Tabela 4.14: Proporção entre os usos diversos e
o uso residencial na Área 1
Área 1
edifícios
% em
relação
área total
construída
Edificações residenciais
390 57,4%
Equip. exclusivamente de
comércio e serviço básico
11 1%
Outros usos
115 41,6%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do de edificações; (2) Lotes
baldios ou sem edificação
*Habitação social: Jardim Planetário
Figura 4.26: Mapa de uso residência e de comércio e serviços básicos na Área 1
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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127
Na parte norte da av. Ipiranga, destacam-se três escolas de ensino fundamental
(duas estaduais e uma particular) (por exemplo, figura 4.27), o Campus da Saúde da
UFRGS (Figura 4.28), o observatório astronômico Planetário e comércio e serviços básicos
distribuídos ao longo das ruas Santana, Jerônimo de Ornelas (Figura 4.29) e, em menor
quantidade, na Jacinto Gomes.
Figura 4.27: Colégio Santa Rosa de
Lima na rua Santa Teresinha
Figura 4.28: Campus da Saúde da
UFRGS
Figura 4.29: Comércio na rua
Jerônimo de Ornelas
Na parte sul, destacam-se o Palácio da Polícia, a fábrica das farmácias Panvel
(ocupando metade de um quarteirão Figura 4.30), laboratórios e depósitos aleatoriamente
distribuídos, uma escola técnica de saúde na rua São Luiz e comércio e serviços básicos
localizados, especialmente, nas ruas Santana (Figura 4.31), Leopoldo Bier e São Luiz.
Figura 4.30: brica da Panvel, na rua
Gomes Jardim
Figura 4.31: Comércio e serviços na
rua Santana, parte sul da av. Ipiranga
Figura 4.32: Residência do Jardim
Planetário com bar e lancheria
No Jardim Planetário, de modo especial, estabelecimentos de comércio (Figura 4.32)
foram adaptados nos recuos de jardim ou na parte térrea de algumas edificações. O uso
destes é majoritariamente realizado por moradores da habitação social.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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128
4.2.2 Área 1: Apropriação dos espaços abertos e potencial de interação social na
vizinhança
4.2.2.1 Atividades realizadas na Área 1
Observações sistemáticas das atividades realizadas nos espaços abertos pelos
moradores e usuários em geral foram realizadas e sintetizadas nos dois mapas
comportamentais apresentados a seguir (Figuras 4.36 e 4.37 – p. 108 e 109).
De acordo com essas observações e com os questionários realizados na Área 1,
ruas, praças e o comércio local são muito utilizados. Dias da semana e de fim de semana
apresentam grande movimento de pessoas (Anexo G –Tabela G.1), indicando que a Área é
utilizada para circulação e acesso às atividades diárias (trabalho, escola) e para lazer e
descanso (uso de praças e calçadas).
Os deslocamentos e as atividades contemplativas, como ficar parado em ou
sentado, são os usos mais freqüentes (Anexo G –Tabela G.2), tendo sido identificados,
principalmente, nos acessos de estabelecimentos comerciais (Figura 4.33) e de edificações
residenciais multifamiliares (como o edifício 667 na rua Santana) e, ainda, junto a
pequenas edificações (ex.: paradas de ônibus, bancas de revista Figura 4.34). Essas
observações corroboram as atividades identificadas nos questionários, similarmente por
moradores do bairro e do Jardim Planetário, tais como o hábito de caminhar (83,1%), uso do
comércio e dos serviços do bairro (86,2%) e uso das calçadas para conversar com vizinhos
(36,9%) (Figura 4.35).
Figura 4.33: Moradores utilizando o
comércio na rua Jacinto Gomes
Figura 4.34: O uso do comércio na
rua Jerônimo de Ornelas
Figura 4.35: Moradores passeando
nas calçadas na rua Laurindo
A variedade de usos observados aponta a diversidade de faixas etárias dos
moradores (Anexo G –Tabela G.3). Para atividades como andar de bicicleta e brincar
predominam crianças e adolescentes; trabalhos na rua como jardinagem, manutenção de
calçadas e vendas ambulantes são, em geral, realizados por adultos; e ficar parado na
frente dos edifícios ou em bancos de praça é mais freqüente para adultos e idosos.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
PAULA SILVA GAMBIM, PORTO ALEGRE. PROPUR/UFRGS, 2007.
131
A verificação de cadeiras e pessoas paradas em nas calçadas (Figura 4.38), em
especial nas ruas onde edificações não apresentam recuo de jardim (como nas ruas Jacinto
Gomes e Laurindo) e o uso de espaços privados e semiprivados suportam as respostas do
questionário (Tabela 4.15) quanto ao hábito de conversar com vizinhos ou simplesmente
observar o movimento (36,9% de todos os moradores) e, também, de utilizar os espaços
privados e semiprivados em frente às edificações para lazer ou descanso.
Tabela 4.15: Uso dos espaços semiprivados ou semipúblicos por tipo de morador na Área 1
Uso dos espaços privados e
semiprivados
Morador do Jardim
Planetário
Morador do bairro Média de atividades¹
Cuidar de jardins
13 (43,3%) 13 (37,1%)
Brincadeiras de crianças
23 (76,7%) 11 (31,4%)
Praticar esportes
13 (43,3%) 13 (37,1%)
Morador
do Jardim
Planetário
Morador
do bairro
Descansar
26 (86,7%) 16 (45,7%)
Estacionar
10 (33,3%) 9 (25,7%)
45,72 22,10
Apenas como circulação
0 13 (37,1%)
Secar roupa
21 (70%) 0
U, chi²=143,500
sig.= 0,000
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (relativos ao somatório do número de atividades realizadas pelo morador nos
espaços privados ou semiprivados, obtidos a partir do teste Mann-Whitney - U). Quanto maior o valor, mais atividades diferentes o morador
realiza.
As observações confirmam as diferenças entre os grupos, apontando para maior uso
dos espaços adjacentes à residência pelos moradores do Jardim Planetário (Figura 4.39), o
que é verificado, especialmente, devido à presença de crianças nas imediações desse
conjunto (em frente às residências e nas calçadas próximas) e em função da concentração
de adultos no bar no acesso do conjunto, na rua Jacinto Gomes, e no “Redondo” (espaço
circular no prolongamento das ruas Santa Teresinha e Luiz Manoel, muito usado pelos
moradores da habitação social – Figura 4.40).
Figura 4.38: Moradores do bairro
sentados na rua Jacinto Gomes
Figura 4.39: Crianças e adultos em
frente à residência - Jardim Planetário
Figura 4.40: Moradores do Jardim
Planetário no “redondo”
Na rua Santana, diversos moradores, predominantemente do bairro, realizam
corridas e caminhadas e andam de bicicleta, confirmando as repostas dos respondentes
quanto ao uso das ruas da Área como local para lazer ou exercício físico (69,2% dos
moradores em geral).
A observação dos usos nos espaços públicos de lazer do bairro indica alta
concentração de moradores de diversas faixas etárias, sustentando o verificado nos
questionários (uso de praças por crianças 83,1% e uso de praças pelo respondente adulto
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
PAULA SILVA GAMBIM, PORTO ALEGRE. PROPUR/UFRGS, 2007.
132
67,7%). Todavia a identificação de certos ambientes comportamentais implica na
separação de atividades de moradores do bairro e do Jardim Planetário (Figura 4.41): a
Praça João Belém (Figura 4.42), junto ao Observatório Planetário, é intensamente usada por
crianças e adultos do Jardim Planetário, embora, aos fins de semanas pela manhã,
moradores do bairro também a utilizem para caminhar; a Praça Del. C. Gadret é utilizada
por crianças do Jardim Planetário, especialmente em frente aos acessos do conjunto, e por
funcionários de um escritório adjacente (Figura 4.43), para descansar no intervalo do
almoço; a Praça Dr. Júlio Bozano, é freqüentada por crianças e funcionários da UFRGS, no
turno da manhã, e, à tarde, por crianças, adultos e idosos (exclusivamente moradores do
bairro, segundo entrevistas realizadas Figura 4.44); a Praça Joaquim de Queiroz
apresenta moradores da habitação social e do bairro, sendo predominantemente utilizada,
no final da manhã, por crianças e jovens quando da saída da escola (Figura 4.45), e, no final
da tarde, como circulação para acesso ao supermercado Bird (na rua frontal), local de
descanso de funcionários de empresas adjacentes (figura 4.46) e para atividades de lazer
de usuários de todas as faixas etárias.
Figura 4.41: Praça central no Jardim
Planetário, usada apenas pelos
moradores do conjunto
Figura 4.42: Crianças do Jardim
Planetário brincando na Praça João
Belém
Figura 4.43: Funcionários de um
escritório após almoço na Praça Del.
C. Gadret
Figura 4.44: Moradores do bairro na
Praça Dr. Júlio Bozano
Figura 4.45: Crianças e jovens na Praça
Joaquim de Queiroz ao sair da escola
Figura 4.46: Funcionários de um
escritório na Praça Joaquim de Queiroz
4.2.2.2 Atividades associativas na Área 1
A participação de atividades associativas não é intensa, estando essas localizadas
na Área ou em outros lugares da cidade. Moradores do Jardim Planetário freqüentam a
associação de moradores do conjunto, comunidades religiosas ou clubes, poucos (13,3%)
não estão engajados em nenhuma comunidade. Ao contrário, muitos moradores do bairro
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
PAULA SILVA GAMBIM, PORTO ALEGRE. PROPUR/UFRGS, 2007.
133
(48,6%) não realizam nenhuma atividade associativa. As mais comuns, dentre aqueles que
as realizam, são as comunidades religiosas e o uso de academias e clubes. A possibilidade
de interação entre os dois grupos de moradores nessas atividades é extremamente
pequena, apenas em relação às comunidades religiosas, na qual há um local comum de uso
entre eles (Igreja São Francisco, no Bairro Santana – Anexo H – Tabela H.1).
4.2.2.3 Interação social entre vizinhos na Área 1
A tabela 4.16 apresenta as diferenças entre moradores do bairro e do Jardim
Planetário quanto às dimensões que caracterizam a interação social na Área 1.
Tabela 4.16: Caracterização dos indicadores da interação social na vizinhança por grupo de morador – Área 1
Médias ordinais
1,2
Apoio mútuo
na
vizinhança
Relacioname
nto na
vizinhança
Ligação com
a vizinhança
Laços de
amizade na
vizinhança
Interação social na
vizinhança
(indicador geral)
Morador do Jardim Planetário 29,18 30,03 31,68 33,72 29,58
Morador do bairro 36,27 35,54 34,13 32,39 35,93
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (relativos ao somatório das variáveis relacionadas a cada dimensão da interação
social, obtidos a partir do teste Mann-Whitney - U). Quanto maior o valor, maior o favorecimento da interação. 2. Não diferenças
estatisticamente significativas entre os moradores, mas as médias indicam tendências no comportamento.
Moradores do bairro tendem a perceber maior apoio e melhores relações sociais na
vizinhança e maior ligação com os vizinhos que os moradores do Jardim Planetário,
enquanto, estes tendem a ter maior quantidade de laços de amizade na Área.
Tabela 4.17: Associação entre variáveis relacionadas à percepção de apoio mútuo na vizinhança
Associações Amostra total de respondentes
Percepção de homogeneidade entre moradores do bairro. Spearman, c=0,214, sig.=0,003
Possibilidade de ter a companhia de vizinhos. Spearman, c=0,321, sig.=0,000
Satisfação com moradores do
bairro e:
Percepção de amizades na vizinhança Spearman, c=0,205, sig.=0,004
Possibilidade de ter a
companhia de vizinhos e:
Percepção de amizades na vizinhança Spearman, c=0,289, sig.=0,000
Na caracterização do apoio mútuo na vizinhança (Tabela 4.17) verifica-se que as três
variáveis, satisfação com os moradores do bairro, a possibilidade de ter a companhia de
vizinhos quando necessário e a percepção de amizades, estão correlacionadas entre si.
Além disso, a satisfação com os vizinhos é influenciada pela percepção de homogeneidade
entre moradores. Isso sugere que a rede de relacionamentos sociais dos moradores na Área
1 é favorecida pelo potencial de suporte afetivo, pela satisfação com os vizinhos e pela
percepção de mais semelhanças entre eles.
Para o relacionamento social na vizinhança (ver componentes deste indicador na
Tabela 3.7 e Anexo F2), correlação entre a percepção de desavenças entre vizinhos e o
sentimento de insegurança (Spearman, c.=0,318, sig=0,001). A existência de conflitos entre
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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vizinhos, portanto, prejudica o contato social na Área, o que ocorre, em especial, entre
moradores do Jardim Planetário, para os quais há maior identificação de problemas (barulho
e desavenças entre vizinhos) e maior percepção de insegurança.
Na ligação com a vizinhança (ver componentes deste indicador na Tabela 3.7 e
Anexo F2), o sentimento de estar em casa, na Área, correlaciona-se à satisfação com a
própria moradia (Spearman, c=0,318, sig=0,001) e à percepção de que a Área favorece o
contato com amigos ou família (Spearman, c=0,318, sig=0,001). Entre moradores do Jardim
Planetário, de modo especial, a percepção de não pertencer à Área e de entender que a
moradia em outro lugar da cidade favoreceria o contato com amigos, diminui o sentimento
de ligação com a vizinhança.
A caracterização da interação social (ver componentes deste indicador na Tabela 3.7
e Anexo F2) da Área 1 não implica, necessariamente, em contato social entre os dois
grupos, mas caracteriza o padrão de comportamento social destes. Os moradores da Área,
em geral, apresentam comportamentos semelhantes em relação à interação social na
vizinhança. Todavia os resultados sugerem que moradores do conjunto percebem maior
número de amizades e maior conflito social na Área, enquanto moradores do bairro estão
mais satisfeitos e se sentem mais conectados à vizinhança.
4.2.3 Área 2: Caracterização do ambiente construído
4.2.3.1 Estrutura fundiária e densidade de edificações na Área 2
A estrutura fundiária da Área 2 é destacada na Figura 4.47, a seguir:
*Habitação social: Condomínio dos Anjos
Figura 4.47: Estrutura Fundiária da Área 2
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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135
Com 25,59 hectares, a Área 2 apresenta quarteirões (de formas) retangulares em
geral, com áreas que variam em torno de 70,8%. As intersecções entre as ruas acontecem a
cada 0,87 hectares, em média, conforme verificado na Tabela 4.18:
Tabela 4.18: Quantidade e dimensão dos quarteirões na Área 2
Quarteirões Intersecções
de
quarteirões
Perímetro
Perímetro do
quarteirão do
Condomínio dos Anjos
Área
Área do quarteirão
do C
ondomínio dos
Anjos
de
intersecções
de
intersecções
por hectare
Média
587,47 m
15784,5 m²
Desvio
Padrão
42
295,53 m
663,08 m
11178,5 m²
22342,2 m² 22 0,87
Nota: Quarteirões que tangenciavam ou intersecionavam o círculo com raio de 400 m foram consideradas para a análise de área
Se comparada à Área 1, a Área 2 apresenta menor número de intersecções entre as
ruas e, conseqüentemente, menos opções de deslocamento, reduzindo o potencial de
contato entre moradores.
O Condomínio dos Anjos localiza-se num quarteirão caracterizado por cinco
conexões com outras ruas, embora apresente dimensões 29% maiores que a média
observada na Área. As menores opções de percurso a partir do condomínio (até 400 m de
deslocamento), devidas ao menor número de conexões entre as ruas em geral e a maior
dimensão do quarteirão da habitação social fizeram da Área 2 a menor das áreas de
análise. A redução da área de abrangência desde o Condomínio dos Anjos implica menor
potencial de encontros entre moradores da habitação social e moradores do bairro.
A área dos lotes na Área 2 (Figura 4.47) apresenta variação média (50%), implicando
maior regularidade na dimensão das edificações e nas distâncias entre os acessos. Isso
sugere maior semelhança no potencial de encontros entre moradores na Área e nos níveis
de privacidade, devido à proximidade com edificações adjacentes.
Tabela 4.19: Diferenças quanto ao tamanho de lotes e edificações da habitação social e do bairro e
caracterização dos acessos às edificações na Área 2
Lotes Edificações Acessos
Nº total
de
lotes
na
área*
lotes
por
hectare
Área
dos
lotes de
estudo
Área do
lotes
Condom.
dos Anjos
Área das
edificações
de estudo
Área das
edificações
Condomínio
dos Anjos
Nº total
de
acessos
acessos/
hectare
acessos
Condom.
dos
Anjos²
Menor
distância
acessos
na Área
Menor
distância
acessos
Condom.
dos Anjos
Média
490,86
260,50 m² 103,075 m³
10,41 m 10,07 m
Desvio
Padrão
321 12,54
514,96
2961,56 m²
456,35 m² -
382
14,93
acessos/h
a
12
(3,14%)
7,08 m 9,87 m
Quando comparados valores médios da Área e da habitação social, conforme a
Tabela 4.19, verifica-se para o Condomínio dos Anjos que: a área dos lotes é 6 vezes
(600%) maior e a das edificações 60% menor (12 blocos de apartamento).
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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136
As edificações da Área e do condomínio (Fig. 4.48) estão afastadas 79,0 metros,
diferindo muito das distâncias mínimas observadas em geral e implicando na redução do
potencial de encontros entre os dois grupos socioeconômicos.
*Habitação social: Condomínio dos Anjos
Figura 4.48: Mapa de edificações e localização dos acessos à edificação na Área 2
Além disso, os 12 blocos de apartamentos do condomínio conectam-se a um pátio
central que acesso à rua, caracterizando uma relação de maior proximidade e menor
nível de privacidade entre moradores da habitação social, influenciando um padrão de
comportamento distinto para esses moradores e para os moradores do bairro, cujas
edificações estão, em geral, diretamente conectada ao espaço da rua.
4.2.3.2 Dinâmica do movimento na Área 2
A figura 4.49 e a Tabela 4.20 destacam as propriedades sintáticas relativas à
estrutura espacial da Área 2:
Integração Global Integração Local Conectividade Controle Profundidade
LEGENDA
maior valor medida sintática menor valor
ESCALA
0 200 600 metros
Figura 4.49: Mapas das medidas sintáticas da Área 2
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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137
Tabela 4.20: Valores das medidas sintáticas para as ruas da Área 2
Nome da rua
Integração
Global
Integração
Local
Conectividade
Controle Profundidade
Rua Dr. Veridiano Farias 0,4534 1,9036 2 0,225
4
Rua Reis Louzada 0,4617 2,1217 3 0,35
4
Rua Itaboraí 0,4631 1,9605 2 0,35
3
Rua João Ribeiro 0,4662 1,8478 2 0,25
4
Acesso pedestre 0,4687 1,4831 2 0,5333
4
Rua Alcebíades C. da Silva 0,4685 1,7797 3 0,5095
3
Rua Eca de Queiroz 0,4731
2,8654
10 2,5667
3
Rua Itaboraí 0,4757 2,2626 4 0,95
2
Rua La Plata 0,4768 2,4601 6 1,125
3
Rua General Tibúrcio 0,4793 2,2001 3 0,3269
4
Rua Machado de Assis 0,4801 2,2539 5 1,2417
2
Rua Livramento (Vila do Sossego) 0,4805 2,0529 1 0,0833
5
Rua Livramento (Vila do Sossego) 0,4805 2,1545 3 0,75
5
Rua Dario Pederneiras 0,4818
2,6824
8 1,9658
3
Rua Veríssimo Rosa (Bairro J. Botânico)
0,4844 2,23 5 1,025
2
Rua La Plata 0,4853 2,3095 5 0,6838
1
Rua Monteiro Lobato 0,4854 2,3017 5 1,05
3
Rua Euclides da Cunha 0,4858 2,6422 6 0,8853
4
Rua Cel. Corte Real 0,487
2,7333
8 1,7853
3
Rua Gonçalves Ledo (Bairro J. Botânico)
0,4875 2,1534 3 0,4436
3
Rua Euclides da Cunha 0,49 2,5109 6 0,8778
3
Rua Evaristo da Veiga 0,4925 2,3213 5 0,7167
3
Rua Machado de Assis 0,4933 2,4922 4 0,5472
2
Rua Luis de Camões 0,4947
2,9086
8 1,2219
3
Rua Gonçalves Ledo (Bairro Partenon) 0,4975
2,7123
6 0,7722
2
Rua Cel. Lucas de Oliveira
0,4994 2,9974
7 0,8762
3
Av. Ipiranga
0,5005 2,9919
13 3,2864
3
Rua Veríssimo Rosa (Bairro Partenon)
0,501
2,6315 5 0,6472
2
Av. Ipiranga
0,502
2,7865 10 2,0364
3
Rua Veador Porto
0,5027 3,2611
12 2,4833
4
médias
0,48328 2,400403333 5,4 1,01885 3,1
Sinergia do sistema parcial (somente linhas axiais da área) Inteligibilidade do sistema parcial (somente linhas axiais da área)
Correlação entre integração global x integração local
0,765400598
Correlação entre conectividade X integração global
0,64229363
Nota: Algumas ruas aparecem duas vezes em função dos diferentes segmentos que as compõem.
Considerando as medidas globais, a Área apresenta alta integração global (RN) no
sistema axial da cidade, e destaca, quanto à integração local (Rn3), eixos que integram o
sistema local ao global: na porção leste da av. Ipiranga, as ruas Eça de Queiroz, Dário
Pederneiras, Cel. Corte Real e Ce. Lucas de Oliveira; na porção Oeste, as ruas Veador
Porto, Cel. Luís de Camões, Gonçalves Ledo e Euclides da Cunha.
Alguns eixos identificados também são importantes em relação às medidas locais,
apresentando valores altos de conectividade e controle, especialmente na porção leste da
Ipiranga, onde eixos perpendiculares às avenidas Protásio Alves e Ipiranga definem a
acessibilidade à Área. Entretanto, o sistema axial é pouco profundo, não havendo a
identificação de áreas segregadas (exceto Vila do Sossego) e de certa forma homogêneo.
Valores médios de sinergia e inteligibilidade caracterizam a menor diferenciação na
hierarquia da malha urbana: com exceção da Av. Ipiranga, não vias mais integradas
localmente e globalmente que possam ser destacadas pela concentração de atividades e
usos, embora, ruas Euclides da Cunha e La Plata estejam associadas à distribuição
principal dos fluxos de veículos.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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138
O Condomínio dos Anjos localize-se num dos eixos com grande integração global e
local e com valores elevados de conectividade e controle. A isso se associa o aumento do
potencial de co-presença no lugar, o que favorece o contato social. Todavia, identificadas a
importância global desse eixo no sistema axial, sugerindo maior co-presença de “estranhos”
(não moradores), as distâncias entre edificações dos dois grupos socioeconômicos da Área
e a inexistência de atividades voltadas ao uso residencial nas adjacências do condomínio,
verificam-se possibilidades reduzidas de contato social entre moradores do bairro e da
habitação social.
4.2.3.3 Acessibilidade Visual na Área 2
A leitura do mapa fundo-figura (Figura 4.50) destaca o parcelamento fundiário
homogêneo, a presença da av. Ipiranga, dividindo as duas porções da Área e reduzindo as
possibilidades de ligação entre um lado e outro, e os diferentes padrões de traçados que
Figura 4.50: Mapa Fundo-Figura da Área 2
se diferenciam marcando o encontro de
quatro bairros distintos.
O quarteirão de proporções
triangulares (onde se localiza o
Condomínio dos Anjos) e a av. Ipiranga,
marcam a descontinuidade dos eixos de
circulação de veículos e pedestres.
Como conseqüência, a redução dos
fluxos de pedestres das áreas
adjacentes em direção ao condomínio,
desfavorecendo o contato social entre
os moradores do bairro e da habitação
social.
Como destacam as Figura 4.51 e a Tabela 4.21, a fachada principal do Condomínio
dos Anjos, embora situada em um eixo de alta integração visual, está intermediariamente
visível (controlabilidade) a outros espaços.
Tabela 4.21: Medidas de visibilidade na Área 2
Controle Visual Controlabilidade Visual Integração Visual
Valor mais baixo na Área 2 0,22 0,04 3,30
Valor mais alto na Área 2 2,44 0,35 10,50
Acesso interno do Condomínio dos Anjos
0,77 0,04 4,16
Acesso na av. Ipiranga 1,62 0,26 9,52
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139
Controle visual Controlabilidade visual Integração visual
LEGENDA
maior valor medida sintática menor valor
Figura 4.51: Mapas das medidas de visibilidade da Área 2
Essa integração, em geral associada ao maior potencial de co-presença, parece não
influenciar o movimento na área devido à impossibilidade do deslocamento na av. Ipiranga
através dos espaços de maior acessibilidade visual (cruzamentos da av. Ipiranga com as rua
Evaristo Veiga e Gonçalves Ledo). A exceção é o cruzamento entre as ruas Euclides da
Cunha, av. Ipiranga e a Praça Ruy Teixeira, local, que por causa da acessibilidade visual e
por permitir a conexão entre as partes leste e oeste do bairro, implica a maior probabilidade
de contato social entre moradores do bairro e da habitação social na Área 2.
Além disso, o acesso às edificações do condomínio é realizado (para 11 dos 12
blocos) através de um pátio central, não acessível visualmente à Área, em razão da
configuração, sendo usado exclusivamente por moradores da habitação social.
4.2.3.4 Espaços abertos públicos no ambiente residencial na Área 2
A Tabela 4.22 apresenta a distribuição dos espaços públicos e privados na Área 2.
Em torno da metade dos espaços abertos públicos da Área estão destinados aos pedestres,
existindo apenas uma praça (Praça Ruy Teixeira), que localizada num local acidentado, nos
limites do Bairro Petrópolis, favorece o uso apenas na parte mais plana.
Tabela 4.22: Proporções dos espaços públicos e privados na Área 2
Espaços abertos públicos
Espaços
privados e
semiprivados
(lotes)
Espaços públicos de lazer
(praças, parques e áreas
verdes)
Circulação de
pedestres
Circulação de
veículos
Arroio Dilúvio
0,21 ha (1 praça)
(0,82%)
5,29 ha
(12,23%)
4,14 ha
(16,16%)
2,36 ha
(9,21%)
Área
(% em relação
área total da Área
2)
15,76 ha
(61,57%)
9,83 ha (38,43%)
Total
25,59 ha
A existência de maior quantidade de vias locais (Tabela 4.23) apóia o caráter
residencial da área (por exemplo, figura 4.53). Apesar disso, a via arterial (av Ipiranga)
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140
representa isoladamente quase um terço dos espaços de circulação de veículos. O fluxo
intenso da av. Ipiranga, somado à presença do Arroio Dilúvio e à baixa freqüência de
conexões entre um lado e outro da via (Fig. 4.52), reforça a barreira física, inibindo a
circulação e o uso de pedestres nessas imediações.
Tabela 4.23: Caracterização dos eixos viários na
Área 2
Via
Arterial
Via
Coletora
Via
Local
Via de
Pedestres
Somatório dos
eixos viários
(%
Proporção tipo
de via na Área 1)
1521 m
(30,4%)
1040 m
(20,8%)
2249
ma
(44,8%)
201 m
(4,0%)
Total
5011 m
Nota: Eixos viários com canteiro central existente f
oram
quantificados como dois eixos.
*Habitação social: Jardim Planetário
Figura 4.52: Mapa de eixos viários na Área 2
Duas vias coletoras, as ruas La Plata (Figura 4.54) e Euclides da Cunha (4.55),
concentram o maior fluxo de veículos (moderado) nos espaços mais internos da Área. Elas
funcionam como um dos importantes pontos de conexão dos bairros próximos com as
avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves e estão servidas de transporte público, o que tende a
incrementar o uso nesses eixos, apesar da maior intensidade de circulação de veículos.
Figura 4.53: Rua Eça de Queiroz,
uma das ruas mais arborizadas
Figura 4.54: Rua La Plata, limite
dos bairros Petrópolis e Jardim
Botânico
Figura 4.55: Cruzamento ruas
Euclides da Cunha e av. Ipiranga
Para o Condomínio dos Anjos, a localização desprivilegiada na av. Ipiranga é, ainda,
associada às condições precárias das calçadas adjacentes a leste (Figura 4.56), desde a
esquina da rua Gonçalves Ledo.
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141
Figura 4.56: Calçadas
adjacentes ao Cond. dos Anjos
Figura 4.57: Condomínio dos Anjos e a
precariedade do entorno
Figura 4.58: Calçadas bem
mantidas – rua Eça de Queiroz
O passeio em frente ao Condomínio (Figura 4.57) apresenta características
semelhantes às que predominam no entorno (por exemplo, 4.58) (ver Tabela 4.24), tais
como largura de 4,5 metros, revestimento em basalto e condições regulares de manutenção.
Entretanto, o fluxo intenso de veículos da av. Ipiranga e as calçadas lindeiras estreitas (2,5 a
3,0 m) e sem revestimento (areia) desfavorecem o uso dessa face do quarteirão, reduzindo
o potencial de encontros entre moradores do bairro e da habitação social.
Tabela 4.24: Caracterização da largura e manutenção das calçadas na Área 2
Largura do passeio público¹ Estado de conservação das Calçadas(%)¹
< 1,5 m
3 m < X >
1,5m
> 3 m Bom Regular
Ruim Precário
Em obra
% em relação ao total da Área 2
11,1% 1,9% 87% 15,1% 47,4% 24% 13% 0,3%
Nota: 1. As percentagens (%) consideradas quanto à largura da calçada são definidas em função do lote lindeiro
. As calçadas não foram
quantificadas por metro linear ou quadrado, trecho a trecho.
A arborização intensa (Figura 4.59 e Tabela 4.25), característica da Área em geral,
especialmente nos bairros Petrópolis e Jardim Botânico, não acontece junto à habitação
social, favorecendo a visibilidade e possibilitando a identificação das diferenças entre o
condomínio e o entorno, principalmente, na associação da imagem do condomínio com a
precariedade dos espaços vizinhos.
Tabela 4.25: Arborização na Área 2
Nº total de árvores
768
árvores/ hectare
30,01 árvores/ha
Nota: A vegetação arbustiva não consta desta quantificação, mas
foi observada e está representada nos mapas comportamentais.
*Habitação social: Condomínio dos Anjos
Figura 4.59: Mapa de arborização na Área 2
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142
Muitos elementos urbanos (utilitários e mobiliário) e pequenas edificações estão
presentes na Área (Tabela 4.25), embora apresentem pouca diversidade. As guaritas de
segurança, que constituem o elemento mais freqüente nos espaços abertos, não sugerem
maior uso pelos moradores. Apesar disso, cadeiras, bancos, mesas e brinquedos infantis,
tendem a sugerir a presença de moradores (ou outros usuários) nos lugares em que foram
identificados: vários espaços semiprivados ou privados (nos recuos de jardim), nos postos
de gasolina adjacentes ao Condomínio dos Anjos, numa edificação à esquina da av.
Ipiranga e na Praça Ruy Teixeira.
Tabela 4.26: Caracterização dos elementos construtivos das calçadas na Área 2
Utilitários e mobiliários (total: 212) * Pequenas edificações
Iluminação
Correio
Lixeira
Mobiliário
Telefone
público
Barreira
Grade-
proteção
Semáforo
Banca de
comida
Banca de
revista
Chaveiro
Guarita de
segurança
Parada de
ônibus
Ponto de
táxi
% em relação ao
total da Área 2
124 -
49
12,9%
81
24,5%
28
11,7%
42
19,8%
30,8%
93,6%
-
- -
12
52,2%
10
29,4%
1
4,2%
de elementos/
ha de espaço
público
4,85
postes/ha
186 (18,9 utilitários/ha)
Favorecem o uso
71 (7,22 utilitários/ha)
Controlam
movimento
23 (2,35 edificações/ha)
Nota: *Mobiliário representa: bancos, cadeiras, mesas e brinquedos infantis em praças; Barreiras representam: frades ou similares
Dentre todos os elementos construtivos é destaca a presença de uma parada de
ônibus quase em frente ao Condomínio dos Anjos, o que representa possibilidade de
contato social entre moradores do bairro e da habitação social, apesar da existência de
outras paradas mais acessíveis em termos de conexões com a Área em geral.
4.2.3.5 Aparência das edificações na Área 2
A maioria das edificações da Área (Figura 4.63 e Tabela 4.27) apresenta estilo
moderno ou contemporâneo. Destaca-se a existência de diferenças entre o lado leste da av.
Ipiranga, onde maior qualidade formal (Figura 4.60), e o lado oeste, onde esta é menor
(Figura 4.61).
Figura 4.60: Rua Itaboraí,
Bairro Jardim Botânico
Figura 4.61: Edificações na Rua
Euclides da Cunha, Bairro
Santana/Partenon
Figura 4.62: Área de ocupação
irregular, rua La Plata
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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143
Tabela 4.27: Estilo das edificações na Área 2
% em relação a área
ocupada total
Popular
15%*
Historicista/Eclético
12%
Art Deco/Protomoderno
2%
Moderno/Contemporâneo
55%
Industrial
7%
Sem edificação ou em obra
10%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do n° de edificações; (2) Lotes baldios ou sem
edificação foram considerados na área total; (3) * indica
características da habitação social.
Figura 4.63: Mapa de estilo das edificações na Área 2
Edificações em arquitetura popular, nos lados leste e oeste da avenida, permitem a
identificação de algumas áreas de ocupação irregular. Residências de moradores de baixa
renda são encontradas na rua La Plata (Figura 4.61), fazendo limite com os fundos do
Condomínio dos anjos, e na rua Livramento (Vila do Sossego).
As edificações de 1 e 2 pavimentos (ver Fig. 4.64 e Tabela 4.28), muitas delas casas
térreas ou sobrados (Figuras 4.65 e 4.66), reforçam o caráter residencial e a baixa
densidade na Área 2.
Tabela 4.28: Altura das edificações na Área 2
% em relação à área
ocupada total
1 pavimento
43%
2 pavimentos
17%
3 pavimentos
10% *
4 pavimentos
8%
5 a 8 pavimentos
9%
mais de 10 pavimentos
6%
sem edificação ou em obra
9%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do n° de edificações; (2) Lotes baldios ou sem
edificaçã
o foram considerados na área total; (3) * indica
características da habitação social.
Figura 4.64: Mapa de altura das edificações na Área 2
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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144
O bairro Petrópolis, em relação aos demais bairros, apresenta o maior número de
edifícios de uso multifamiliar (Figura 4.67), com alturas superiores a 4 pavimentos. Apesar
disso, toda a Área tem apresentado transformações com a inserção de exemplares mais
recentes (arquitetura moderna ou contemporânea), em geral, com mais de 8 pavimentos
(Figura 4.68).
Figura 4.65: Rua Machado
de Assis, casas bem
mantidas
Figura 4.66: Edificações
residenciais na rua
Euclides da Cunha
Figura 4.67: Edificações
multifamiliares na rua
Dário Pederneiras
Figura 4.68: Rua Eça de
Queiroz, a inserção das
novas edificações
As edificações, em geral, apresentam condições regulares ou boas de manutenção
como mostram a Tabela 4.29 e a Figura 4.69:
Tabela 4.29: Manutenção das edificações na Área 2
% em relação à área
ocupada total
Bom
20%*
Regular
58%
Ruim
11%
Precário
1%
Sem edificação ou em obra
10%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do n° de edificações; (2) Lotes baldios ou sem
edificação foram considerados na área total; (3) * indica
características da habitação social.
Figura 4.69: Mapa de manutenção das edificações na Área 2
O padrão de acabamento das construções na Área é alto, em especial no lado leste
da av. Ipiranga. Predominam os revestimentos cerâmicos e nas esquadrias, o uso do vidro,
da madeira e do alumínio.
As ruas Eça de Queiroz, Dario Pederneiras e Itaboraí são destacadas pela qualidade
formal e boa manutenção das edificações. E a av. Ipiranga, na Área, é destacada pela
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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145
existência de edificações de baixa qualidade (Figura 4.70), em geral galpões de alvenaria
com esquadrias de ferro, com conservação ruim ou regular.
O Condomínio dos Anjos (Figura 4.71) apresenta linguagem formal identificada com
a habitação social. É caracterizado por blocos de apartamentos de 3 pavimentos, com
revestimento em reboco alisado, detalhes em cerâmica e aberturas com esquadrias
metálicas (ferro). As edificações apresentam condições regulares de manutenção.
Figura 4.70: Edificações típicas da
av. Ipiranga
Figura 4.71: Vista da fachada do
Condomínio dos Anjos
Figura 4.72: Vista do Condomínio
dos Anjos e entorno imediato
O elevado padrão construtivo da Área, em geral, considerando os aspectos de estilo,
as alturas médias e a manutenção, favorece a diferenciação do Condomínio dos Anjos.
Essas diferenças parecem ser acentuadas pela existência de lotes vizinhos ao condomínio
com galpões ou estacionamentos em condições ruins ou precárias de manutenção (Figura
4.72).
As piores condições da aparência do Condomínio dos Anjos, reforçadas pelas
características do entorno imediato, tendem a inibir o uso dessas áreas por moradores do
bairro, reduzindo o potencial de contato social entre eles e os moradores da habitação
social.
4.2.3.6 Usos e equipamentos existentes na Área 2
A Área 2, com menor diversidade de usos que as Áreas 1 e 3 (Tabela 4.30),
apresenta caráter fortemente residencial.
Tabela 4.30: Caracterização dos usos das edificações na Área 2
Terrenos
baldios ou
edificações
desocupadas
Edificações em
obra
Edificações
unifamiliares
Edificações
unifamiliares c/
comércio e
serviço
Edificações
multifamiliares
Edificações
multifamiliar c/
comércio e
serviço
Equipamentos
de comércio e
serviço
Equipamentos
comunitários
Equipamentos
educacionais
Equipamentos
de lazer
cultura/esporte
Equipamentos
de saúde
Equipamentos
de segurança
edificações
6 1 147 17 95 9 47 4
6 2
- -
% em relação área
total construída
3,61%
0,40%
29,92%
3,76%
29,71%
5,28% 17,80%
1,58%
3,55%
4,40%
- -
Área construida¹
334 (7,48 ha)
Nota : (1) Terrenos baldios ou ocupados sem edificação foram considerados na sua área total; ter
renos com edificação tiveram a área
considerada em função da área construída
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146
Nas vias locais concentram-se edificações residenciais unifamiliares e
multifamiliares, enquanto na av. Ipiranga estão localizados, com maior freqüência, os
equipamentos de usos comercial ou institucional.
Figura 4.73: Vista da av.
Ipiranga
Figura 4.74: Creche
particular na Rua Eça de
Queiroz
Figura 4.75: Acesso à
creche comunitária da
ONG Odomode
Figura 4.76: Vista da
FEPLAN na av. Ipiranga
Revendas de automóveis, distribuidoras de produtos automotivos, oficinas
mecânicas, estacionamentos e postos de gasolina constituem os serviços mais comuns
encontrados (Figura 4.73). Todavia, são também identificados, um equipamento religioso
(Igreja Divino Mestre), uma escola de samba e seis instituições de ensino, sendo duas
creches particulares (Figura 4.74) e duas comunitárias (Figura 4.75), uma escola estadual e
um centro educacional – FEPLAN (Figura 4.76).
Tabela 4.31: Proporção entre os usos diversos e o
uso residencial na Área 2
Área 1
edifícios
% em relação
área total
construída
Edificações residenciais
265 63,39%
Equip. exclusivamente de
comércio e serviço básico
- -
Outros usos
69 36,61%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área construída e
não do n° de edificações; (2) Lotes baldios ou sem edificação
Figura 4.77: Mapa de uso residencial e de comércios e serviços básicos na Área 2
Como mostram a Figura 4.75 e a Tabela 4.31, existem poucos estabelecimentos de
apoio ao uso residencial. Em geral, estes estão situados na av. Ipiranga (Figura 4.78), como
por exemplo, um edifício residencial com lavanderia, lancheria e videolocadora (Figura
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147
4.79), na esquina da rua Veador Porto, o Condomínio dos Anjos, com um pequeno bar e os
postos de gasolina com serviços e pequeno comércio.
Figura 4.78: Ferragem na av.
Ipiranga esquina da rua C. Corte Real
Figura 4.79: Comércio na base de
um edifício residencial na av. Ipiranga
Figura 4.80: Propriedade do DEP,
usada como área de lazer
Além disso, a pouca existência de espaços públicos de lazer tem levado moradores
da habitação social a utilizar outros lugares, como por exemplo, um espaço privado e
desocupado do DEP (Departamento de esgoto Pluvial), na av. Ipiranga (4.80).
Nota-se, também, que em distâncias superiores aos 400 metros considerados para a
área de análise, dentro do raio de 1 quilômetro a partir da habitação social, existem alguns
equipamentos de maior porte, como os supermercados Zaffari e Gessepel e o Shopping
Bourbon.
4.2.4 Área 2: Apropriação dos espaços abertos e potencial de interação social na
vizinhança
4.2.4.1 Atividades realizadas na Área 2
Observações sistemáticas das atividades realizadas nos espaços abertos pelos
moradores e usuários em geral foram realizadas e sintetizadas nos dois mapas
comportamentais apresentados a seguir (Figuras 4.81 e 4.82 p. 127 e 128). Questionários
e observações confirmam a pouca intensidade de uso das ruas.
A intensidade de movimento revela uma pequena variação durante os dias da
semana, indicando redução do número de pessoas aos sábados e domingos (Anexo G
Tabela G.4) e confirmando a menor utilização dos moradores do bairro e do Condomínio
dos Anjos durante os fins de semana.
Os usos mais freqüentes (Anexo G Tabela G.5) são os deslocamentos (39,85%),
seguidos de trabalhar (17,95% jardinagem, manutenção das calçadas e atividades de
seguranças particulares) e ficar parado em pé (17% – atividade contemplativa).
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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150
O movimento de pessoas é mais intenso no período da tarde (Anexo G Tabela
G.5), especialmente nas atividades como andar de bicicleta (77%), ficar parado em
(58,8%), deslocamentos (55,3%) e ficar sentado (27,9%). O uso da bicicleta por adultos,
como meio de transporte (Figura 4.83), e os deslocamentos estão concentrados na av.
Ipiranga. Estes últimos, de modo especial, ocorrem com maior freqüência junto às paradas
de ônibus (Figura 4.84), nos postos de gasolina, no acesso do Condomínio dos Anjos e
perto de equipamentos de comércio nas esquinas das ruas Corte Real e Veador Porto
(Figura 4.85).
Figura 4.83: Moradores do bairro
caminham na rua Dario Pederneiras
Figura 4.84: Pessoas concentram-
se nas paradas de ônibus na av.
Ipiranga
Figura 4.85: Moradores usam
comércio do edifício na esquina da
av. Ipiranga e rua Veador Porto
Moradores da Área (dos dois grupos socioeconômicos) afirmam ter o hábito de
caminhar pelas ruas para deslocamentos (86,6%) e exercício físico (47%) e, também, de
conversar com vizinhos nas calçadas e frentes dos edifícios (58,2%). Todavia, diferenças
marcantes entre os grupos são observadas.
Entre moradores do bairro, a intensidade de movimento é pequena: a maior
concentração de pessoas ocorre nas nos acessos de edificações multifamiliares, as
caminhadas de exercício não parecem ser constantes (Figura 4.86) e são muito raras as
situações de pessoas conversando nas calçadas, destacando-se, como exceção, a
presença dos seguranças particulares (Figura 4.87) e a verificação de maior freqüência de
uso junto ao acesso das habitações irregulares na rua La Plata.
Figura 4.86: Moradores do
bairro caminham na rua
Dario Pederneiras
Figura 4.87: Seguranças
particulares na rua Corte
Real
Figura 4.88: Crianças do
Condonio dos Anjos
caminham pela av. Ipiranga
Figura 4.89: Moradores
concentrados em frente ao
Condomínio dos Anjos
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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151
Entre moradores do Condomínio dos Anjos, o movimento é mais intenso: observam-
se grupos de jovens e crianças circulando do acesso do condomínio até a esquina da rua
Euclides da Cunha, seja para ir à praça Ruy Teixeira ou acessar estabelecimentos
comerciais e a escola no lado oeste da av. Ipiranga (Figura 4.88). É comum, também, ver
moradores parados, sentados ou em pé, conversando ou brincando em frente aos acessos
da edificação (Figura 4.89).
As observações nos espaços semiprivados e privados sustenta a maior intensidade
de usos dos moradores do Condomínio dos Anjos em relação aos moradores do bairro,
verificada nos questionários, conforme Tabela 4.32:
Tabela 4.32: Uso dos espaços semiprivados ou semipúblicos por tipo de morador na Área 2
Uso dos espaços privados e
semiprivados²
Morador do Condomínio
dos Anjos
Morador do bairro Média de atividades¹
Cuidar de jardins
13 (43,3%) 19 (51,4%)
Brincadeiras de crianças
28 (93,3%) 12 (32,4%)
Praticar esportes
21 (70,0%) 2 (5,4%)
Morador do
Condomínio
dos Anjos
Morador
do bairro
Descansar
22 (73,3%) 19 (51,4%)
Estacionar
21 (70%) 11 (29,7%)
44,77 25,27
Apenas como circulação
1 (3,3%) 8 (21,6%)
Secar roupa
0 0
U, chi²=232,000
sig.= 0,000
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (somatório do número de atividades realizadas pelo morador nos espaços privados
ou semiprivados, obtidos a partir do teste Mann-Whitney - U). Quanto maior o valor, mais atividades diferentes o morador realiza; 2. Foram
considerados apenas os espaços de recuo de jardim e passeios junto aos recuos. Salienta-se que entre moradores da habitação social, na Área
2 o pátio central de acesso às edificações é entendido como extensão do espaço semipúblico.
Ocasionalmente podem ser identificados moradores do bairro em frente às suas
residências, brincando, conversando ou cuidando do jardim (Figuras 4.90 e 4.91), mas o uso
de áreas comuns (acesso e pátio central) do Condomínio dos Anjos, ao contrário, é muito
freqüente (por exemplo, Figura 4.92), em especial nos fins de semana, quando moradores
colocam cadeiras no pátio e no acesso junto a av. Ipiranga (Figura 4.93) para conversar,
tomar chimarrão ou beber cerveja.
Figura 4.90: Moradora do
bairro cuidando do jardim na
rua La Plata
Figura 4.91: Moradores do
bairro brincando no recuo de
jardim, rua Gonçalves Ledo
Figura 4.92: Crianças
brincando no acesso do
Condonio dos Anjos
Figura 4.93: Moradores se
reúnem no acesso do
Condonio dos Anjos
Muitos moradores (76,1% para os dois grupos em conjunto) afirmam usar o comércio
básico (padarias, lancherias, mini-mercados) da Área, entretanto poucas pessoas foram
identificadas carregando sacolas de compras pelas ruas. Indentificaram-se-se apenas
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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152
alguns fluxos de moradores do bairro, na rua La Plata, e de moradores do Condomínio dos
Anjos, na rua Gonçalves Ledo, possivelmente direcionados para o Supermercado Gessepel,
o estabelecimento mais próximo (embora fora dos limites da Área 2). A inexistência de
equipamentos próximos pode estar afetando no meio de transporte utilizado, favorecendo o
uso do carro, em especial para moradores do bairro.
Predomina a presença de crianças e adolescentes na praça Rui Teixeira (esquina
rua Cel. Corte Real Figura 4.94), confirmando o uso dos espaços públicos de lazer maior
entre crianças (59,7% em geral) que entre adultos (47% em geral). Também é observado
nos mapas comportamentais mais moradores da habitação social que do bairro, em
concordância com as diferenças encontradas quanto às respostas dos questionários que
indicam maior uso das praças por crianças (χ²=10,725, sig=0,005) e adultos (χ²=12,977,
sig=0,002) do Condomínio dos Anjos que do bairro. De modo particular, no turno da manhã
um grupo de babás com algumas crianças do bairro (Figura 4.95) e, no turno da tarde,
algumas crianças da habitação social. Por causa do ponto de táxi existente, a praça ainda é
usada como descanso desses motoristas.
Figura 4.94: Moradores usam a praça
Ruy Teixeira
Figura 4.95: Babas e crianças do
bairro deslocam-se em dirão à
Praça
Figura 4.96: Usuários o moradores no
posto de gasolina, rua Gonçalves Ledo
Cabe ressaltar que um número maior de pessoas, em geral não moradores do lugar,
concentra-se nos dois postos de gasolina localizados na av. Ipiranga (Figura 4.96), um ao
lado do Condomínio do Anjos (habitação social) e outro na esquina com a rua Gonçalves
Ledo. Este último, em especial, distribui gás natural, o que parece favorecer, no final da
tarde, a identificação de muitos taxistas, abastecendo seus veículos, descansando e
conversando no lugar.
4.2.4.2 Atividades associativas na Área 2
A participação de atividades associativas não é intensa, todavia o número de
moradores do bairro que realizam alguma delas é maior que nas Áreas 1 e 3. Moradores do
Condomínio dos Anjos freqüentam a associação de moradores do conjunto, comunidades
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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153
religiosas e clubes; 26,7% deles, no entanto, não estão engajados em nenhuma
comunidade. Entre moradores do bairro, as atividades mais comuns são as comunidades
religiosas, associações de moradores ou similares e o uso de academias e clubes. A
possibilidade de interação entre os dois grupos de moradores nessas atividades é
extremamente pequena, apenas a Igreja Divino Mestre, no Bairro Partenon, é local comum
de uso entre eles (Anexo H – Tabela H.2).
4.2.4.3 Interação social entre vizinhos na Área 2
A tabela 4.33 apresenta as diferenças entre moradores do bairro e do Condomínio
dos Anjos quanto às dimensões que caracterizam a interação social na Área 2.
Tabela 4.33: Caracterização dos indicadores da interação social na vizinhança por tipo de morador – Área 2
Médias ordinais
1,2
Apoio mútuo
na
vizinhança
Relacioname
nto na
vizinhança
Ligação com
a vizinhança
Laços de
amizade na
vizinhança
Interação social na
vizinhança
(indicador geral)
Morador do Condomínio dos Anjos 36,03 32,38 30,82 35,87 33,48
Morador do bairro 32,35 35,31 36,58 32,49 34,42
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (relativos ao somatório das variáveis relacionadas a cada dimensão da interação
social, obtidos a partir do teste Mann-Whitney - U). Quanto maior o valor, maior o favorecimento da interação. 2. Não diferenças
estatisticamente significativas entre os moradores, mas as médias indicam tendências no comportamento.
Moradores do bairro tendem a perceber melhores relações sociais na vizinhança e
maior ligação com os vizinhos que os moradores do condomínio, enquanto, estes tendem a
perceber maior apoio mútuo entre vizinhos e a apresentar maior quantidade de laços de
amizade na Área (400x400 m, previamente definida conforme metodologia) (Tabela 4.33).
Para o apoio mútuo na vizinhança (ver componentes deste indicador na Tabela 3.7 e
Anexo F2), a possibilidade de ter a companhia de vizinhos quando necessário foi
correlacionada com a satisfação com os moradores da Área (Spearman, c=0,430, sig=0,00)
e com a percepção de amizades (Spearman, c=0,436, sig=0,000), embora apenas entre
moradores do bairro. Semelhante ao encontrado na Área 1, a rede de relacionamentos
sociais dos moradores do bairro da Área 2 tende a ser favorecida pelo potencial de suporte
afetivo e pela satisfação com os vizinhos.
Para o relacionamento social na vizinhança (ver componentes deste indicador na
Tabela 3.7 e Anexo F2), correlação entre a percepção de desavenças entre vizinhos e o
sentimento de insegurança (Spearman, c=0,417, sig=0,001). Como na Área 1, moradores do
bairro identificam menos problemas na vizinhança (barulhos e desavenças entre vizinhos),
apresentando melhor relações sociais que moradores do condomínio.
Na caracterização da ligação com a vizinhança (ver componentes deste indicador na
Tabela 3.7 e Anexo F2), o sentimento de estar em casa foi correlacionado à percepção de
que a Área favorece o contato com amigos ou família (Spearman, c=0,398, sig=0,001). Esta
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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154
associação tende a ser mais forte entre moradores do bairro (Spearman, c=0,677,
sig=0,000). Identificou-se maior número de respondentes do condomínio que do bairro com
o sentimento de não pertencer à Área e de entender que a moradia em outro lugar da
cidade favoreceria maior contato com amigos ou família.
A interação social vizinhança (ver componentes deste indicador na Tabela 3.7 e
Anexo F2) da Área não sugere contato social entre os dois grupos, mas destaca os
comportamentos semelhantes entre moradores do condomínio e do bairro em relação à
interação social na vizinhança. Os resultados demonstram que moradores do conjunto
tendem a apresentar maior número de amizades, sentindo-se mais suportados afetivamente
(apóio mútuo) pela vizinhança, enquanto moradores do bairro apresentam melhores
relações sociais e maior ligação (identificação) com a vizinhança.
4.2.5 Área 3: Caracterização da estrutura do ambiente construído
4.2.5.1 Estrutura fundiária e densidade de edificações na Área 3
A estrutura fundiária da Área 3 é destacada na Figura 4.97:
*Habitação social: Condomínio Princesa Isabel
Figura 4.97: Estrutura Fundiária da Área 3
Com 38,30 hectares, a Área apresenta quarteirões de formas diversas, cujas áreas
variam em torno de 92%. As intersecções entre as ruas acontecem a cada 0,68 hectares,
em média, conforme verificado na Tabela 4.34.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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155
Tabela 4.34: Quantidade e dimensão dos quarteirões na Área 3
Quarteirões Intersecções
de
quarteirões
Perímetro
Perímetro do quarteirão
do Condomínio
Princesa Isabel
Área
Área do quarteirão
do Condomínio
Princesa Isabel
de
intersecções
de
intersecções
por hectare
Média
567,37 m 18136,7 m²
Desvio
Padrão
33
303,0 m
518,60 m
16728,2 m²
11356,5 m² 26 0,68
Nota: Quarteirões que tangenciavam ou intersecionavam o círculo com raio de 400 m foram consideradas para a análise de área
A Área 3 apresenta o menor mero de intersecções dentre as áreas de análise,
implicando menos opções de deslocamento. Apesar disso, o quarteirão onde está localizado
o Condomínio Princesa Isabel apresenta dimensões menores (59,7%) que a média da Área,
além da existência de intersecções entre ruas junto aos acessos do condomínio. Essas
características influenciam a maior abrangência da área (até 400 m de deslocamento) para
moradores da habitação social, favorecendo o encontro entre moradores do bairro e da
habitação social.
Tabela 4.35: Diferenças quanto ao tamanho de lotes e edificações da habitação social e do bairro e
caracterização dos acessos às edificações na Área 3
Lotes Edificações Acessos
Nº total
de
lotes
na
área*
lotes
por
hectare
Área dos
lotes de
estudo
Área do
lotes
Condom.
Princesa
Isabel
Área das
edificações
de estudo
Área das
edificações
do
Condom.
Princesa
Isabel
Nº total
de
acessos
acessos/
hectare
acessos
Condom.
Princesa
Isabel²
Menor
distância
acessos
na Área
Menor
distância
acessos
Condom.
Princesa
Isabel
Média
770,03 m²
329,71 m² 822,198 m³
7,50 m
8,63
Desvio
Padrão
340 8,87
1632,94
8304,77
591,55 m² 172,98 m²
544
14,20
acessos/h
a
12
(0,22%)
7,05 m
2,9
1. Dos total de acessos, 3 são acessos ao Condomínio Princesa Isabel e 9 são às atividades comerciais existentes no térreo do condomín
io.
Destaca-se que são 30 blocos de apartamento, mas todos com acesso para o pátio interno do conjunto edificado.
Conforme demonstra a Tabela 4.35, a área dos lotes apresenta alta variação (212%):
são observados lotes pequenos (mais adequados a unidades residenciais unifamiliares) e
lotes grandes ocupados por empresas, equipamentos institucionais e conjuntos residenciais.
Portanto, a variação das áreas dos lotes tende a estar implicada na variabilidade da
dimensão das edificações (179%) e das distâncias entre os acessos (94%), e,
conseqüentemente, em possibilidades muito diferentes de contato social entre os moradores
da Área. Dentre as variações, destacam-se os lotes e edificações de grandes dimensões
existentes, que implicam a redução do número de acessos privados e de possibilidades de
contato entre moradores que circulam pelas ruas, entrando e saindo de suas residências.
As dimensões do lote e das cinco edificações do Condomínio Princesa Isabel são
muito superiores aos valores médios identificados na Área. Além disso, embora exista
contato com o espaço público (passeio) na extensão de 230 metros, há apenas três acessos
(Figura 4.98), um para cada eixo viário adjacente ao condomínio, distantes 29 m, 38 m e 48
m das edificações de moradores da Área.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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156
*Habitação social: Condomínio Princesa Isabel
Figura 4.98: Mapa de edificações e localização dos acessos à edificação na Área 3
Os afastamentos entre moradores do bairro e do Condomínio Princesa Isabel são
maiores que as distâncias médias entre os acessos encontradas na Área em geral,
diminuindo as possibilidades de encontros entre os dois grupos socioeconômicos. As
distâncias entre os acessos (maiores entre grupos distintos e menores dentro do mesmo
grupo) parecem favorecer o potencial de contato social dentro de cada grupo
socioeconômico, mas tendem a reduzi-lo entre os dois grupos.
4.2.5.2 Dinâmica do movimento na Área 3
A Figura 4.99 e a Tabela 4.36 destacam as propriedades sintáticas relativas à
estrutura espacial da Área 3:
Integração Global Integração Local Conectividade Controle Profundidade
LEGENDA
maior valor medida sintática menor valor
ESCALA
0 200 600 metros
Figura 4.99: Mapas das medidas sintáticas da Área 3
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Tabela 4.36: Valores das medidas sintáticas para as ruas da Área 3
Nome da rua
Integração
Global
Integração
Local
Conectividade
Controle Profundidade
Rua Delegado Grant 0,4669 2,2018 3 0,4028 6
Av. Prof. Oscar Pereira 0,4717 2,7757 8
2,9173
6
Rua Marcílio Dias 0,4725 3,1017 11 1,6963 6
Rua Pedro Modesto Rampi 0,473 2,0974 2 0,3409 5
Rua General Caldwell 0,473 3,0295 9 1,1874 7
Rua Ramiro D'Avila 0,4769 2,5714 4 0,7969 6
Praça Princesa Isabel 0,4783 2,5969 3 0,3803 5
Av. Bento Gonçalves 0,48 2,5059 4 0,9831 4
Rua Prof. Freitas F. Castro 0,482 3,0767 6 0,8429 5
Rua Onofre Pires 0,4849 2,9711 3 0,2859 4
Rua Vicente da Fontoura 0,4853 2,6249 4 0,6691 4
Rua Leopoldo Bier 0,4859 3,091 9 2,1206 5
Av. da Azenha 0,4857
3,5176 14 2,3004
5
Av. Ipiranga 0,4863 3,1156 6 0,8301 5
Rua Domingos Crescêncio 0,4921 3,1843 11 2,1317 5
Rua Santana
0,4973 3,5456 20 3,1781
4
Av. João Pessoa
0,4975 3,9855 37 7,3338
4
Rua Vicente da Fontoura
0,4979
3,2987 13 1,8166 4
Av. Princesa Isabel
0,4985 3,4973 17 4,0157
5
Av. Bento Gonçalves
0,4991 3,4564 17 3,454
3
médias
0,48424 3,01225 10,05 1,884195 4,9
Sinergia do sistema parcial (somente linhas axiais da área) Inteligibilidade do sistema parcial (somente linhas axiais da área)
Correlação entre integração global x integração local 0,782048846 Correlação entre conectividade X integração global 0,669960471
Considerando as medidas globais, a Área apresenta alta integração global (Rn)
(valor médio: 0,4874) no sistema axial da cidade de Porto Alegre e destaca, quanto à
integração local (Rn3), as avenidas João Pessoa, Azenha, Princesa Isabel, Bento
Gonçalves e rua Santana. Além disso, diversos eixos estão integrados local e globalmente,
o que favorece a movimentação de “estranhos” e de moradores na Área.
Os eixos mais integrados são também os mais conectados e de maior controle,
permitindo a diferenciação de eixos de maior potencial de movimento (em especial de
“estranhos”) e eixos mais favoráveis ao uso dos moradores (ruas Ramiro D’Ávila, Onofre
Pires, Domingos Crescêncio).
O Condomínio Princesa Isabel localiza-se junto aos eixos mais integrados e
conectados do sistema e, conseqüentemente, com maior potencial de movimento (“de
estranhos” e moradores). Isso implica que o potencial de interação social entre moradores
da habitação social e moradores do bairro é favorecido.
4.2.5.3 Acessibilidade Visual na Área 3
A leitura do mapa Fundo-Figura (Figura 4.100) destaca a presença dos eixos viários
(que secionam a Área) e a heterogeneidade do parcelamento fundiário, em especial pela
presença de vazios nos quarteirões (que não são espaços públicos de lazer) identificados
como áreas semiprivadas ou desocupadas e destinadas ao estacionamento de veículos.
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158
Figura 4.100: Mapa Fundo-Figura da Área 3
O quarteirão do Condonio
Princesa Isabel, de modo especial,
é delimitado fortemente por três
eixos viários. Esses eixos
constituem barreiras à circulação
de pedestres e, ao mesmo tempo,
destacam a presença da habitação
social em relação ao entorno.
Como demonstram a Figura 4.101 e a Tabela 4.36, os acessos do condomínio estão
adjacentes a espaços altamente integrados visualmente, o que favorece o maior potencial
de movimento nessas localizações e no perímetro do quarteirão.
Tabela 4.37: Medidas de visibilidade na Área 3
Controle Visual Controlabilidade Visual Integração Visual
Valor mais baixo na Área 3 0,10 0,03 1,96
Valor mais alto na Área 3 2,30 0,27 9,33
Acesso interno do Condomínio dos Anjos
0,68 0,26 3,16
Acesso na av. João Pessoa 0,90 0,14 7,13
Acesso na av. Princesa Isabel 1,22 0,15 7,46
Acesso na av. Bento Gonçalves 0,85 0,09 5,7
Controle visual Controlabilidade visual Integração visual
LEGENDA
maior valor medida sintática menor valor
Figura 4.101: Mapas das medidas de visibilidade da Área 3
De modo especial, os acessos nas avenidas João Pessoa e Princesa Isabel estão
mais acessíveis visualmente (controlabilidade) para moradores da Área que o acesso da
avenida Bento Gonçalves. Isso implica que nesses acessos há maior interferência da
acessibilidade visual, possibilitando a percepção das diferenças e semelhanças entre os
moradores do bairro e da habitação social.
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159
4.2.5.4 Espaços abertos públicos no ambiente residencial na Área 3
A Tabela 4.38 apresenta a distribuição dos espaços públicos e privados na Área 3.
Tabela 4.38: Proporções dos espaços públicos e privados na Área 3
Espaços abertos públicos
Espaços
privados e
semiprivados
(lotes)
Espaços públicos de lazer
(praças, parques e áreas
verdes)
Circulação de
pedestres
Circulação de
veículos
Arroio Dilúvio
0,58ha (2 praças)
(1,44%)
4,46 ha
(11,54%)
7,91 ha
(20,48%)
-
Área
(% em relação área
total da Área 3)
25,72 ha
(66,54%)
12,93 ha (33,46%)
Total
38,65 ha
Como na Área 2, metade dos espaços abertos públicos (51,3%) é destinado ao uso
de pedestres. Existem duas praças, a Henrique Halpen e a Princesa Isabel (Figura 4.102),
ambas localizadas na av. Princesa Isabel. A segunda, em especial, apresenta área reduzida
e está no cruzamento de 3 eixos viários importantes, caracterizando o espaço como rótula
viária e dificultado fortemente o seu acesso.
Figura 4.102: Praça Princesa Isabel Figura 4.103: Parada de
ônibus - av. João. Pessoa
Figura 4.104: Avenida Azenha, via larga e de
fluxo intenso
O impacto dos eixos viários na Área 3 implica a menor presença de usos
associativos e de permanência (ficar em ou sentado conversando, brincar) nos espaços
abertos, pois como demonstram a Figura 4.105 e a Tabela 4.39 (p. 139), a maior parte das
vias é arterial. Esses eixos apresentam larguras de aproximadamente 25 metros para faixa
de rolamento e fluxo muito intenso de veículos, em especial de ônibus, em decorrência do
Terminal João Pessoa e dos corredores para transporte coletivo (ex.: Figura 4.103). Os
fluxos mais intensos são destacados nas avenidas Princesa Isabel e Azenha (Figura 4.104).
O condomínio Princesa Isabel é desfavorecido, em termos da apropriação dos
espaços públicos adjacentes, em decorrência de estar localizado entre as barreiras
conformadas pelas avenidas Princesa Isabel, Bento Gonçalves e João Pessoa e pelo
Terminal de ônibus.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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160
Tabela 4.39: Caracterização dos eixos viários
na Área 3
Via
Arterial
Via
Coletora
Via
Local
Via de
Pedestres
Somatório
dos eixos
viários
(% Proporç
ão
tipo de via na
Área 2)
4870 m
(62,7%)
627,48 m
(8,1%)
2164 m
(27,9%)
99 m
(1,3%)
Total
7760,48 m
Nota: Eixos viários com canteiro central existente foram
quantificados como dois eixos.
*Habitação social: Condomínio Princesa Isabel
Figura 4.105: Mapa de eixos viário na Área 3
Tabela 4.40: Caracterização da largura e manutenção das calçadas na Área 3
Largura do passeio público¹
Estado de conservação das Calçadas(%)¹
< 1,5 m 3 m < X > 1,5m
> 3 m Bom Regular
Ruim Precário
Em obra
% em relação ao total da Área 3
7,7% 34,5% 57,7% 8,8% 59,1% 27,9% 3,9% 0,3%
Nota: 1. As percentagens (%) consideradas quanto à largura da calçada são definidas em função do lote lindeiro. As calçadas não foram
quantificadas por metro linear ou quadrado, trecho a trecho.
Apesar disso, as calçadas no quarteirão onde está o condomínio apresentam
condições de largura (4,5 m) e manutenção (bom estado) superiores as da Área em geral
(ver Tabela 4.40). Isso tende a favorecer o deslocamento de moradores e de usuários da
cidade nessas imediações, aumentando as possibilidades de contato social, mesmo que
passivo, entre moradores da habitação social e moradores do bairro.
Tabela 4.41: Arborização na Área 3
Nº total de árvores
677
árvores/ hectare
17,68 árvores /ha
Nota: A vegetação arbustiva não consta desta
quantificação, mas está representada nos mapas
síntese de comportamento.
*Habitação social: Condomínio Princesa Isabel
Figura 4.106: Mapa de arborização na Área 3
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161
Embora exista arborização em quase todas as ruas (ver Figura 4.106 e Tabela 4.41),
a Área 3 é a menos arborizada das áreas de análise. Ruas locais ou coletoras apresentam
mais árvores e são mais sombreadas que as arteriais, destacando-se as ruas Domingos
Crescêncio (Figura 4.107) e Vicente da Fontoura, pelo sombreamento e caráter mais
residencial, e as avenidas Bento Gonçalves e Azenha, pela aridez propiciada pela
inexistência de árvores.
A ausência de arborização nos limites do Condomínio, em especial na av. Princesa
Isabel (Figura 4.108), favorece a visibilidade do lugar, diferenciando-o da quadra frontal,
onde sombreamento. Isso, no entanto, tende a diminuir com o tempo, que foram
plantadas árvores ao longo de toda a fachada.
Figura 4.107: Rua
Domingos Crescêncio, rua
arborizada e local
Figura 4.108: Condomínio
Princesa Isabel, calçada
em boas condições
Figura 4.109: Av. João
Pessoa, mobiliário urbano
e arborização
Figura 4.110: Bancas de
revista na rua Domingos
Crescêncio
A Área apresenta diversos elementos urbanos (utilitários, mobiliário e pequenas
edificações) distribuídos em todas as vias (Tabela 4.42), em especial nas arteriais (por
exemplo, Figuras 4.109 e 4.110).
Tabela 4.42: Caracterização dos elementos construtivos das calçadas na Área 3
Utilitários e mobiliários (total: 404) * Pequenas edificações
Iluminação
Correio
Lixeira
Mobiliário
Telefone
público
Barreira
Grade-
proteção
Semáforo
Banca de
comida
Banca de
revista
Chaveiro
Guarita de
segurança
Parada de
ônibus
Ponto de táxi
% em relação ao
total da Área 3
185
3
0,5%
16
2,5%
130
21%
46
10,2%
164
40,6%
7
1,1%
38
7,8%
7
10,3%
6
4,7%
2 1,6%
18
14,9%
31
30,1%
4
5,6%
de elementos/
ha de espaço
público
14,3
postes/ha
195 (15,08 utilitários/ha)
Favorecem o uso
209 (16,16
utilitários/ha)
Controle do
movimento
59 (4,56 edificações/ha)
Nota: *Mobiliário representa: bancos, cadeiras, mesas e brinquedos infantis em praças; Barreiras representam: frades ou
similares.
Destacam-se: o número elevado de paradas de ônibus, promovendo maior
circulação de pessoas (moradores e “estranhos”), as barreiras (frades e semáforos),
controlando o deslocamento nas vias de maior fluxo, e a diversidade de pequenas
edificações, favorecendo atividades de maior permanência nos espaços abertos públicos.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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162
Na quadra do condomínio a presença de bares com cadeiras e a existências de
muretas que contornam os jardins favorecem a utilização das calçadas, permitindo que as
pessoas sentem e realizem atividades associativas e contemplativas, tais como conversar
ou ficar parado observando o movimento.
4.2.5.5 Aparência das edificações na Área 3
Na Área 3, predominam edificações de arquitetura moderna ou contemporânea como
é destacado na Figura 4.111 e na Tabela 4.43:
Tabela 4.43: Estilo das edificações na Área 3
% em relação à
área ocupada
total
Popular
15%*
Historicista/Eclético
10%
Art Déco/Protomoderno
17%
Moderno/Contemporâneo
31%
Industrial
12%
Sem edificação ou em
obra
15%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e o do n° de edificações; (2) Lotes
baldios ou sem edificação f
oram considerados na área
total; (3) * indica características da habitação social.
Figura 4.111: Mapa de estilos das edificações na Área 3
A variação de estilos (ex.: Figura 4.112) é percebida na presença de casas populares
(Figura 4.113), edifícios de pequenas fábricas e depósitos em arquitetura industrial e em
edificações multifamiliares nos estilos Art Déco (Figura 4.114) ou moderno, principalmente.
Figura 4.112: Edificações de estilo
e alturas variadas na rua Domingos
Crescêncio
Figura 4.113: Casas populares na
rua Leopoldo Bier
Figura 4.114: Edifício em estilo Art
Déco na av. João Pessoa
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163
A maior parte da área construída (Figura 4.115 e Tabela 4.44) apresenta até 2
pavimentos, no entanto, apesar do perfil edificado ter altura predominantemente baixa, a
Área é muito heterogênea.
Tabela 4.44: Altura das edificações na Área 3
% em relação à
área ocupada total
1 pavimento
42%
2 pavimentos
27%
3 pavimentos
10%
4 pavimentos
17%*
5 a 8 pavimentos
3%
mais de 10 pavimentos
7%
sem edificação ou em obra
15%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do de edificações; (2) Lotes baldios
ou sem edificação foram considerados na área total; (3) *
indica características da habitação social.
Figura 4.115: Mapa de alturas das edificações na Área 3
Observa-se que, em geral, edificações mais recentes (modernas e contemporâneas),
localizadas aleatoriamente na Área, apresentam mais de 5 pavimentos. Além disso, em vias
arteriais, como as avenidas Bento Gonçalves e Princesa Isabel, maior variação nas
alturas, e em ruas com menor fluxo de veículos concentram-se casas térreas e sobrados.
As condições de manutenção das edificações são muito variadas como mostram a
Figura 4.116 e Tabela 4.45:
Tabela 4.45: Manuteão das edificões na Área 3
% em relação à área
ocupada total
Bom
23%
Regular
35%
Ruim
23%
Precário
4%
sem edificação ou em obra
15%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do de edificações; (2) Lotes baldios o
u
sem edificação foram considerados na área total.
Figura 4.116: Mapa de manutenção das edificações na Área 3
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164
O padrão construtivo na Área 3 é, em geral, inferior ao encontrado nas Áreas 1 e 2.
Pichações nas fachadas, lotes e edificações abandonadas, áreas de estacionamento e
habitações populares são os locais que mais contribuem para a verificação da pior
qualidade de manutenção.
A av. Azenha e a rua Leopoldo Bier são destacadas pela manutenção ruim de suas
edificações (Figura 4.117), enquanto a av. princesa Isabel e as ruas Domingos Crescêncio e
Onofre Pires (Figura 4.118), pela existência de edifícios com maior qualidade formal e boa
manutenção.
Figura 4.117: Edifícios em frente ao
Condomínio Princesa Isabel, na
esquina da av. João Pessoa
Figura 4.118: Casas térreas e
sobrados na rua Onofre Pires
Figura 4.119: Condomínio Princesa
Isabel (esquerda) se assemelha na
altura ao entorno imediato
O condomínio Princesa Isabel tem como linguagem formal uma arquitetura de
habitação social. Apresenta 4 pavimentos, revestimento em reboco alisado com detalhes em
cerâmica e aberturas com esquadrias metálicas (ferro). As edificações apresentam
condições boas de manutenção, pois são muito recentes (inauguradas em 2005 e 2006).
As características deste Condomínio, associadas à heterogeneidade da Área, em
termos de estilo, altura e manutenção das edificações, favorecem a identificação de
semelhanças entre moradores do bairro e da habitação social (Figura 4.119). De modo
especial, as boas condições de manutenção e as semelhanças entre o Condomínio
Princesa Isabel e o entorno imediato tendem a estimular o uso dessas áreas por moradores
do bairro, favorecendo o potencial de contato social entre eles e os moradores da habitação
social.
4.2.5.6 Usos e equipamentos existentes na Área 3
Na Área 3 predominam os usos institucionais e comerciais como demonstra a Tabela
4.46, a seguir:
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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165
Tabela 4.46: Caracterização dos usos das edificações na Área 3
Terrenos
baldios ou
edificações
desocupadas
Edificações
em obra
Edificações
unifamiliares
Edificações
unifamiliares
c/ comércio e
serviço
Edificações
multifamiliares
Edificações
multifamiliar c/
comércio e
serviço
Equipamentos
de comércio e
serviço
Equipamentos
comunitários
Equipamentos
educacionais
Equipamentos
de lazer
cultura/esporte
Equipamentos
de saúde
Equipamentos
de segurança
edificações
5 1 75 31 61 46 124 8
4 -
4 8
% em relação área
total construída
3,57%
0,31%
5,77% 3,69%
15,89%
12,46%
35,39%
5,70%
2,14% - 8,33%
6,75%
Área construida¹
367 (13,22 ha)
Nota : (1) Terreno
s baldios ou ocupados sem edificação foram considerados na sua área total; terrenos com edificação tiveram a área
considerada em função da área construída
Os hospitais Ernesto Dorneles e Instituto do Coração (Figura 4.120), o Palácio da
Polícia (Figura 4.121), associado com as diversas delegacias e com o Detran
(Departamento de Trânsito), o centro comercial da av. Azenha (Figura 4.122) e os
equipamentos religiosos (igrejas) são os grandes atratores da Área, contribuindo para o
aumento do mero de pessoas, especialmente de não moradores, que circulam nas ruas.
Depósitos, laboratórios e estacionamentos (Figura 4.123) existentes na Área, também tem
impacto sobre o uso da Área, mas ao contrário dos primeiros, tendem a desfavorecer a
circulação de pessoas nas suas adjacências.
Figura 4.120: Instituto do
Coração
Figura 4.121: Palácio da
Polícia
Figura 4.122: Comércio na
av. Azenha
Figura 4.123:
Estacionamento av. Azenha
A presença de equipamentos atratores e a existência do Terminal João Pessoa
implicam no aumento do volume de circulação de veículos específicos, como ambulâncias,
carros de polícia, ônibus e caminhões, o que tende a dificultar a circulação de pedestres,
inibindo atividades recreativas ou de descanso no espaço público das ruas.
A grande quantidade de estabelecimentos institucionais e de comércio e serviços
têm como conseqüência a redução do uso residencial. Em comparação às Áreas 1 e 2, esta
é a que apresenta menor freqüência de edificações com este uso (ver Figura 4.124 e Tabela
4.47, a seguir).
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166
Tabela 4.47: Proporção entre os usos
diversos e o uso residencial na Área 3
Área 3
edifícios
% em relação
área total
construída
Edificações
residenciais
204 37,87%
Equip.
exclusivamente de
comércio e
serviço básico
34 4%
Outros usos
129 58,13%
Nota: (1) Percentagens calculadas em função da área
construída e não do de edificações; (2) Lotes baldios
ou sem edificação
Figura 4.124: Mapa de uso residencial e de comércio e serviços básicos na Área 3
A menor quantidade de uso residencial e, também, a existência de poucos espaços
de lazer no bairro (Figura 4.125) tende a reduzir o potencial de contato social entre
moradores. Todavia, a presença variada de comércio e serviços básicos, como mini-
mercados, padarias, farmácia, fruteiras e lanchonetes, apóiam o uso residencial,
possibilitando aos moradores realizarem atividades próximas ao lugar de moradia.
Figura 4.125: Praça Henrique
Halpen – av. Princesa Isabel
Figura 4.126: Comércio básico na
av. Santana
Figura 4.127: Comércio no térreo
do Condomínio Princesa Isabel
Comércio e serviços estão distribuídos pela Área, principalmente, nas avenidas
Azenha, Bento Gonçalves e Princesa Isabel e nas ruas Domingos Crescêncio e Ramiro
D’Ávila e Santana (Figura 4.126). Também o térreo do Condomínio Princesa Isabel (Figura
4.127) e o quarteirão onde está inserido apresentam diversos estabelecimentos deste tipo,
propiciando maior uso desta área pelos moradores, o que aumenta as possibilidades de
interação social entre moradores do bairro e da habitação social.
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167
4.2.6 Área 3: Apropriação dos espaços abertos e potencial de interação social na
vizinhança
4.2.6.1 Atividades realizadas na Área 3
Observações sistemáticas das atividades realizadas nos espaços abertos pelos
moradores e usuários em geral foram realizadas e sintetizadas nos dois mapas
comportamentais apresentados a seguir (Figuras 4.128 e 4.129 – p. 147 e 148).
Questionários e observações revelam que o movimento nas ruas é intenso. De modo
geral, as observações comportamentais demonstram grande variação na quantidade de
usuários durante a semana: sábados e domingos apresentam em torno da metade de
usuários identificados em dias úteis (Anexo G – Tabela G.7). Isso parece ser justificado pela
concentração de usuários junto aos equipamentos institucionais (Figuras 4.130 e 4.131) e
de comércio e às paradas de ônibus, permitindo inferir que muitos dos que freqüentam a
área em dias úteis não são moradores.
Figura 4.130: Calçada junto
ao Instituto do Coração
Figura 4.131: Cogio Inácio
Montanha na av. Azenha
Figura 4.132: Terminal
João Pessoa
Figura 4.133: Parada de
ônibus na av. Azenha
Os usos mais freqüentes (Anexo G Tabela G.8) são os deslocamentos e ficar
parado em pé. Além disso, semelhante às Áreas 1 e 2, a intensidade de movimento no final
das tardes é superior (35,2%) ao movimento das manhãs, estando fortemente associada à
presença do Terminal João Pessoa (Figuras 4.132) e das diversas paradas de ônibus
(Figuras 4.133), locais para os quais se deslocam grande parte dos fluxos de pedestres,
concentrando muitos usuários, moradores e não moradores, à espera de transporte no final
do dia de trabalho ou escola.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Apesar do intenso movimento, foi possível identificar moradores da Área em
deslocamento com sacolas, desde locais de comércio básico na av. Bento Gonçalves
(Figura 4.134) (utilizados intensamente por moradores dos dois grupos socioeconômicos), e
nas ruas Domingos Crescêncio (Figura 4.135) e Ramiro D’Ávila, confirmando os
questionários quanto ao hábito de caminhar no bairro (deslocamento) (86,6% dos
moradores em geral) e de usar o comércio local (85,5% dos moradores em geral).
Figura 4.134: Comércio na
av. Bento Gonçalves
Figura 4.135: Comércio ra
rua Domingos Crescêncio
Figura 4.136: Taxistas na
esquina da rua Santana
Figura 4.137: Moradores no
acesso do Cond. Princesa
Isabel na av. João Pessoa
Pessoas caminhando ou correndo (exercícios físicos), conversando com vizinhos
junto ao acesso dos edifícios e brincando são também observadas. Todavia, em função das
limitações físicas causadas pelo fluxo intenso de veículos, apresentam freqüências de uso
menores que os deslocamentos, concordando com as indicações dos respondentes. Estas
atividades, visivelmente associadas à existência de cadeiras, mesas ou muretas, tendem a
acontecer em locais distintos para moradores do bairro e do Condomínio Princesa Isabel: os
moradores do bairro foram identificados caminhando nas ruas Santana e na av. João
Pessoa e brincando ou conversando na rua Domingos Crescêncio (Figura 4.136). Os
moradores do Condomínio foram observados conversando em frente aos acessos do
condomínio (Figura 4.137) e brincando na lateral do Terminal João Pessoa; crianças nas
calçadas não foram observadas, conforme descrito por esses moradores nos questionários.
A utilização de espaços semiprivados ou privados em frente às edificações (recuos
de jardim) não são freqüentes (Tabela 4.48), de modo especial nas vias arteriais.
Tabela 4.48: Uso dos espaços semiprivados ou semipúblicos por tipo de morador na Área 3
Uso dos espaços privados e
semiprivados²
Morador do
Condomínio Princesa
Isabel
Morador do bairro Média de atividades¹
Cuidar de jardins
4 (12,9%) 11 (35,5%)
Brincadeiras de crianças
2 (6,5%) 4 (12,9%)
Praticar esportes
0 1 (3,2%)
Morador do
Condomínio
Princesa Isabel
Morador
do bairro
Descansar
9 (29,0%) 11 (35,5%)
Estacionar
0 7 (22,6%)
27,79 35,21
Apenas como circulação
22 (71%) 12 (38,7%)
Secar roupa
0 1 (3,2%)
Não significante
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (relativos ao somatório do número de atividades realizadas pelo morador nos
espaços privados ou semiprivados , obtidos a partir do teste Mann-Whitney - U). Quanto maior o valor, mais atividades diferentes o morador
realiza. 2 Foram considerados apenas os espaços de recuo de jardim e passeios junto aos recuos, áreas semiprivadas internas ao Condomínio
Princesa Isabel não foram consideradas.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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É possível identificar moradores do bairro descansando e conversando com vizinhos
(Figura 4.138 e Figura 4.139) e crianças brincando nos recuos de jardim de ruas como
Domingos Crescêncio, Santana e Ramiro D’Ávila.
Figura 4.138: Uso nos
espaços semiprivados de
um edifício da Área
Figura 4.139: Moradores
conversando na rua
Domingos Crescêncio
Figura 4.140: Jovens junto
ao acesso do Condomínio
Princesa Isabel
Figura 4.141: Uso nos
espaços semiprivados do
Condonio Princesa Isabel
Poucos moradores do Condomínio Princesa Isabel podem ser observados
conversando nos acessos (Figura 4.140), confirmando os questionários quanto à
intensidade de uso nesses lugares. A maioria utiliza áreas de convívio do condomínio
(Figura 4.141), sem contato com a rua, exceto na av. Bento Gonçalves, onde jardins e
uma circulação de veículos, na qual moradores colocam cadeiras e crianças brincam. A
ausência de espaços em frente às edificações, protegidos por grades ou muros, deve estar
limitando esse uso, principalmente se compararmos esse condomínio a outros dois edifícios
na av. Princesa Isabel, onde há jardins e grades nos limites do lote, e taludes em torno de 1
m a 1,5 m entre o passeio e o acesso das edificações, favorecendo a presença de alguns
moradores sentados e conversando.
Conforme os questionários e as observações, o uso de espaços abertos públicos de
lazer por crianças e por adultos apresenta intensidade média. A praça Henrique Halpen
(Figura 4.142) é usada por moradores de diversas faixas etárias, aparentemente dos dois
grupos sociais: pela manhã, há idosos e crianças brincando, geralmente acompanhadas por
algum adulto; pela tarde, predomina a presença de crianças e jovens; moradores do bairro
passeando com seus cachorros também são observados. A praça Princesa Isabel, por outro
lado, é usada como local de circulação e como ponto de táxi.
Especialmente nos fins de semana, quando menor fluxo de ônibus, áreas
limítrofes do Terminal João Pessoa são usadas por moradores do bairro e do condomínio,
embora em locais distintos: áreas junto ao muro do Condomínio Princesa Isabel são mais
usadas por seus moradores (Figura 4.143) e áreas próximas à calçada da rua Domingos
Crescêncio são mais usadas por moradores do bairro.
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Figura 4.142: Praça Henrique Halpen Figura 4.143: Crianças do condonio no Terminal Jo
Pessoa
Destaca-se, ainda, pela manhã, a distribuição de fichas para o Instituto do Coração
na av. Santana. Este uso eventual acontece apenas duas vezes por ano, em junho e
novembro, e concentra muitos usuários não moradores da Área, como mostram as
observações de comportamento, utilizando calçadas e a praça Henrique Halpen como
espaço de descanso enquanto aguardam atendimento.
4.2.6.2 Atividades associativas na Área 3
A participação de atividades associativas não é intensa. Moradores do Condomínio
Princesa Isabel freqüentam a associação de moradores do conjunto e comunidades
religiosas, embora vários deles (25,8%) não realizem nenhuma dessas atividades, o que se
verifica, também com quase a metade dos moradores do bairro (41,9%). Entre estes, o mais
comum é a participação em comunidades religiosas e o uso de academias e clubes. A
possibilidade de interação entre os dois grupos de moradores nessas atividades é
extremamente pequena, havendo apenas um local comum de uso entre eles (Centro
Espírita Dias da Cruz, no Bairro Azenha – Anexo H – Tabela H.3).
4.2.6.3 Interação social entre vizinhos na Área 3
A tabela 4.49 apresenta as diferenças entre moradores do bairro e do Condomínio
Princesa Isabel, quanto às dimensões que caracterizam a interação social na Área 3.
Tabela 4.49: Caracterização dos indicadores da interação social na vizinhança por tipo de morador – Área 3
Médias ordinais
1,2
Apoio mútuo
na
vizinhança
Relacioname
nto na
vizinhança
Ligação com
a vizinhança
Laços de
amizade na
vizinhança
Interação social na
vizinhança
(indicador geral)
Morador do Condomínio dos Anjos 31,55 28,02 32,27 29,63 30,44
Morador do bairro 31,45 34,98 30,73 33,37 32,56
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (relativos ao somatório das variáveis relacionadas a cada dimensão da interação
social, obtidos a partir do teste Mann-Whitney - U). Quanto maior o valor, maior o favorecimento da interação. 2. Não diferenças
estatisticamente significativas entre os moradores, mas as médias indicam tendências no comportamento.
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A percepção de apóio mútuo (ver componentes deste indicador na Tabela 3.7 e
Anexo F2) é muito semelhante para os dois grupos. No entanto, moradores do bairro
tendem a perceber melhores relações sociais na vizinhança que os do condomínio e, estes,
diferentemente do que ocorre nas Áreas 1 e 2, tendem a apresentar maior quantidade de
laços de amizade, e menor ligação com os vizinhos que os do bairro.
Para o apoio mútuo na vizinhança (ver componentes deste indicador na Tabela 3.7 e
Anexo F2), a possibilidade de ter a companhia de vizinhos quando necessário está
correlacionada com a satisfação com os moradores da Área (Spearman, c=0,449,
sig=0,006) e com a percepção de amizades (Spearman, c=0,287, sig=0,024). Para a
satisfação com os moradores foi encontrada, também, correlação com a percepção de
homogeneidade entre eles (Spearman, c=0,251, sig=0,049). A homogeneidade percebida
entre moradores parece favorecer a satisfação e a percepção de suporte afetivo na
vizinhança, o que não ocorreu nas Áreas 1 e 2.
Na caracterização do relacionamento social na vizinhança (ver componentes deste
indicador na Tabela 3.7 e Anexo F2), estão correlacionados a percepção de conflitos entre
vizinhos e o sentimento de insegurança (Spearman, c=0,280, sig=0,001). Como nas demais
áreas de análise, moradores do bairro identificam menos problemas na vizinhança (barulho
de vizinhos), sugerindo melhor satisfação com as relações sociais que os moradores do
condomínio.
Para ligação com a vizinhança (ver componentes deste indicador na Tabela 3.7 e
Anexo F2), o sentimento de estar em casa foi correlacionado à percepção de que a Área
favorece o contato entre amigos ou família (Spearman, c=0,391, sig=0,002). Moradores do
condomínio e do bairro tendem a apresentar maiores semelhanças quanto à percepção de
não pertencer à Área e de entender que a moradia em outro lugar da cidade favoreceria
maior contato com amigos ou família. Com base nas freqüências, nota-se que moradores do
bairro parecem ter menor identificação com o lugar que os das Áreas 1 e 2, embora não
existam diferenças estatisticamente significativas.
A interação social (ver componentes deste indicador na Tabela 3.7 e Anexo F2) da
Área 3 não sugere contato social entre os dois grupos, mas destaca os comportamentos
mais semelhantes entre moradores do condomínio e do bairro em relação à interação social
na vizinhança. Os resultados demonstram que moradores do bairro tendem a apresentar
maior número de amizades e menor percepção de conflitos sociais. Todavia, moradores dos
dois grupos parecem perceber de forma semelhante suporte afetivo (apóio mútuo)
favorecido pelas relações sociais na Área.
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4.2.7 Comparação entre a intensidade de uso nas Áreas e o sistema de atividade e
lugares utilizado pelos moradores
Na caracterização das atividades cotidianas e na localização destas seja no lugar de
moradia, no centro ou em outros bairros da cidade, descreve-se o uso simultâneo, ou não,
de moradores da habitação social e do bairro. A similaridade entre os grupos na utilização
de áreas adjacentes à moradia sugere, pelo menos, a possibilidade de contatos passivos,
identificando, assim, a interação social entre eles.
4.2.7.1 Uso do bairro de moradia
A intensidade de uso (Tabela 4.50) em cada uma áreas parece ser influenciada pela
densidade habitacional e pela existência de equipamentos e espaços públicos de lazer,
sendo encontrado maior uso do espaço e maior diversidade de atividades, onde maior
concentração de pessoas e maior atividades possibilitadas pelo ambiente construído (ver
itens 4.2.1, 4.2.3 e 4.2.5).
Tabela 4.50: Comparação entre o número de usuários nas ruas estudadas por área
Área de
estudo
Densidade
habitacional
(A)
Relação entre
densidades
Percurso
analisado
1
(em metros) (B)
de pessoas
2
observadas (C)
Relação de n°
de pessoas
por percurso
3
(C/B =D)
Relação de entre n° de
pessoas por metro de
percurso
Área 1
142 hab/ha
55% maior que Área 2
1410 m 2470 1,75 pes/m 243% maior que Área 2
Área 2
91,69 hab/ha 1
1520 m 774 0,51 pes/m 1
Área 3
125,43 hab/ha 37% maior que Área 2
1300 m 2060 1,58 pes/m 210% maior que Área 2
Nota: 1. Percurso definido para realização dos mapas comportamentais conforme metodologia; 2. de pessoas contadas no mapa síntese das
tardes da semana de observações; 3. A Área 1 apresenta densidade 14,09% maior que a Área 3. A diferença quando comparados os valores
de pessoas/m é levemente alterada, havendo 15,70% mais pessoas na Área 1 que na Área 3.
O número de pessoas observadas por percurso analisado é maior na Área 1,
seguido pela Área 3 e muito menor na Área 2, como mostra a tabela 4.50. A intensidade de
uso das calçadas para atividades sociais também difere muito, estando mais presente entre
moradores da Área 1, onde os usos “ficar sentado”, “brincar/fazer exercícios” e
“correr/passear” representam 22,3% do uso total, enquanto 18,8% do uso na Área 2 e 9,7%
na Área 3. Destaca-se que, apesar da baixa freqüência de uso na Área 2, a proporção de
atividades sociais (como conversar e brincar) é maior que na Área 3, corroborando a
observação de maior presença de usuários não moradores nesta última, o que é ainda
reforçado pela grande diminuição do volume de movimento (mais de 100%) nos fins de
semana.
Essas variações corroboram resultados obtidos nos questionários. A maior
freqüência de usos no bairro de moradia acontece na Área 1, seguida, alternadamente,
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pelas Áreas 2 e 3 (dependendo do tipo de atividade) para: realização de caminhadas (lazer)
(χ²=13,247, sig=0,010 ), uso de praças ou parques (χ²=18,792, sig=0,001 ), uso de calçadas
para conversar com vizinhos (χ²=11,536, sig=0,021 ) e permanência no bairro nos fins de
semana (χ²=12,182, sig=0,016 ).
A verificação dos tipos de uso no bairro de moradia aponta para as compras diárias
ou básicas realizadas em pequenos estabelecimentos de comércio e serviços como a
atividade mais freqüente (78,4% dos respondentes) e comum a todas as Áreas, mesmo que
com menor intensidade na Área 2, como demonstraram as observações de comportamento
(4.2.4).
O uso de cinemas (28,6% dos respondentes) e o uso de bares e restaurantes (43,3%
dos respondentes) são pouco freqüentes, revelando que os dois grupos socioeconômicos,
independentemente da Área, tendem a não realizar estas atividades no bairro.
As maiores diferenças entre os grupos são identificadas em função do (1) uso de
praças e parques próximos ao local de moradia (χ²=29112, sig=0,000) e (2) da permanência
no bairro nos fins de semana (χ²=6,545, sig=0,038), mais freqüentes na Área 1, e menor nas
Áreas 3 e 2, respectivamente, e mais freentes para moradores da habitação social que para
moradores do bairro.
De modo geral, independentemente da área de análise, moradores da habitação social,
realizam mais atividades nos locais próximos à moradia do que os moradores do bairro, como por
exemplo, o uso de corcio e serviços básicos (χ²=6,545, sig=0,038), de praças e parques
(χ²=6,545, sig=0,038) e de calçadas para conversar ou descansar (χ²=7,749, sig=0,021).
Quando isolada cada uma das áreas, as maiores diferenças entre moradores do
bairro e da habitação social acontecem na Área 2, onde existem mais limitações do
ambiente construído, em termos de quantidade de equipamentos existentes. Isso parece
inibir o uso por parte de moradores do bairro, em especial, que mais moradores do
Condomínio dos Anjos utilizam mais o bairro para o comércio e serviços básicos (χ²=10,725,
sig=0,005), uso de praças e parques (χ²=17,897, sig=0,000), uso de calçadas para conversar
ou descansar (χ²=7,749, sig=0,021) e permanência no bairro nos fins de semana (χ²=7,749,
sig=0,021). Na Área 3 diferenças marcantes acontecem apenas quanto à permanência no
bairro nos fins de semana (χ²=15,493, sig=0,000). Enquanto, na Área 1, onde o maior
número de praças e comércio e serviços básicos, é verificada a menor heterogeneidade no
padrão de comportamento dos moradores.
Os resultados sugerem que o maior uso de um equipamento do bairro, seja o
comércio, bares e restaurantes, ou parques e praças, favoreça o maior uso dos demais, a
maior realização de caminhadas no bairro e a maior utilização das calçadas para conversar
com os vizinhos. São destacadas, devido à reincidência, quando considerados todos os
moradores em conjunto, ou isolando grupos sociais, as correlações entre: (1) utilização do
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comércio básico do bairro e uso de bares e restaurantes do bairro (Sperman, c=0,223, sig.=
002); (2) menor permanência do morador dentro da residência e o uso de calçadas para
conversar com vizinhos (Sperman, c=0,288, sig.= 000); (3) realização de caminhadas (lazer)
no bairro e uso de praças ou parques do bairro (Sperman, c=0,230, sig.= 001); e (4) maior
uso de praças ou parques e maior uso de bares e restaurantes do bairro (Sperman, c=0,250,
sig.= 000).
Cabe ressaltar que o maior número de correlações entre os usos do bairro acontece
na Área 1. O que provavelmente ocorre por causa das facilidades e recursos do ambiente
construído, que favorece a maior utilização do bairro por seus moradores e um
comportamento mais homogêneo entre moradores do bairro e do Jardim Planetário.
4.2.7.2 Uso de outros bairros
A caracterização do uso de outros bairros que não o de moradia apresenta grande
variação entre as Áreas. Os comportamentos mais semelhantes quanto aos grupos
socioeconômicos distintos acontecem na Área 1, como ocorreu quanto ao uso do bairro de
moradia. A utilização de outros bairros nos fim de semana apresenta as maiores diferenças
em relação às áreas de análise e aos grupos de moradores. Esse uso é menos freqüente na
Área 3, seguidas das Áreas 1 e 2 (χ²=9,893, sig=0,042), e é maior entre moradores do bairro
que entre os da habitação social (χ²=7,191, sig=0,027).
A utilização de outras cidades nos fins de semana é o aspecto mais semelhante e
menos freqüente nas Áreas de análise. Contudo, moradores do bairro apresentam maior
hábito de viajar para outras cidades (28,2% - 29 de 103) que os da habitação social (6,6% -
6 de 91) (χ²=15,368, sig=0,000), o que pode ser explicado em função das diferenças de renda
dos grupos.
Estes dois usos destacam a menor mobilidade dos moradores da habitação social
em relação ao bairro, identificado anteriormente, em função do maior uso do bairro de
moradia, e reforçam os resultados da Área 2, quanto à menor utilização das áreas próximas
à moradia como ambiente de lazer ou descanso.
O uso de outros bairros para compras em supermercados acontece mais
intensamente na Área 1 (64,6% - 42 de 65), seguida das Áreas 3 (41,9% - 26 de 62) e 2
(19,4% - 13 de 67) (χ²=27,760, sig=0,000) e o uso de outros bairros para a maior parte das
atividades realizadas pelo moradores ocorre com maior freqüência na Área 1 (46,2% - 30 de
65), seguida das Áreas 2 (29,9% - 20 de 67) e 3 (22,6% - 14 de 62) (χ²=11,152, sig=0,025).
Para os dois usos são encontrados padrões semelhantes de comportamento entre
moradores dos dois grupos sociais.
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O fato de compras em supermercados serem específicas e não tão freqüentes e,
ainda, a compreensão dos moradores de que a maior parte das atividades representava
trabalho ou escola, sugere que estes dois últimos usos não interferem diretamente na
apropriação do bairro. Como foi observado nos mapas comportamentais e nos
questionários, as maiores intensidade de movimento e freqüências de atividades próximas
ao lugar de moradia acontecem na Área 1, local onde mais moradores utilizam
supermercados fora do bairro e realizam atividades fora do bairro.
Para todos os grupos em conjunto, a realização de compras em supermercados de
outros bairros está correlacionada à realização da maior parte de atividades fora do bairro
de moradia (Sperman, c=0,325, sig.= 000), sugerindo que o fato de trabalhar e passar mais
tempo em atividades fora do bairro favoreça a realização de atividades específicas como a
de usar supermercados. Destaca-se, no entanto, que essa correlação é mais forte para a
Área 1, onde não supermercados próximos à moradia, implicando a necessidade de o
uso de outros bairros.
A correlação entre o uso de outros bairros no fim de semana e o uso de outras
cidades no fim de semana (Sperman, c=0,407, sig.= 000) ocorre para todos os grupos em
conjunto, assim como isolando Áreas e grupos de moradores. A reincidência da correlação
destaca esses usos como independentes da Área e do grupo socioeconômico e sugere que
moradores que saem do bairro nos fins de semana, também são os que viajam para outras
cidades.
De modo geral, as correlações tendem a ocorrer com mais freqüência entre
moradores do bairro que entre os da habitação social, possivelmente devido ao maior uso
de outros bairros nos primeiros e do uso mais próximo aos locais de moradia nos últimos.
4.2.7.3 Uso do centro
A maior parte dos moradores raramente vai ao Centro (da cidade) (64,4% dos
respondentes). Todavia, mais moradores da habitação social (72,5%) que do bairro (53,4%)
freqüentam o Centro para a realização de serviços e atividades inexistentes no bairro de
moradia (χ²=10,304, sig=0,006).
De modo especial, é destacada a Área 2. Por um lado, há o maior número de
moradores da habitação social (Condomínio dos Anjos) que utiliza o Centro para atividades
inexistentes próximas à moradia (χ²=12,379, sig=0,002) e para atividades de lazer (χ²=6,994,
sig=0,030). Por outro, existe o menor número de moradores do bairro que vai ao Centro para
realizar qualquer atividade. Novamente, tal como ocorreu em relação ao uso do bairro de
moradia e de outros bairros, a Área na qual menor diversidade e quantidade de
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equipamentos é onde existem as maiores diferenças entre os grupos socioeconômicos
distintos.
Para todos os grupos em conjunto, o uso eventual do Centro está correlacionado à
utilização do Centro para realização de atividades ou serviços inexistentes no bairro de
moradia (Sperman, c=0,407, sig.= 000) e para realização de atividades de lazer (Sperman,
c=0,407, sig.= 000). Isso sugere que, mesmo sendo pouco freqüente, o Centro tende a ser
freqüentado para a realização de atividades específicas.
Para moradores do Condomínio dos Anjos, na Área 2, foi também encontrada a
correlação negativa entre o uso do centro para serviços inexistentes no bairro e o uso do
Centro para atividades de lazer (Spearman, c=-0,423, sig.=0,020), sugerindo que quanto
mais freqüente é o uso do Centro para buscar serviços específicos e inexistentes no bairro
de moradia, menos o Centro é utilizado como local de lazer.
De modo geral, uso do Centro parece interferir pouco na intensidade de atividades
realizadas no bairro de moradia, já que não é freqüente nas áreas analisadas. Entretanto, as
maiores diferenças entre os grupos socioeconômicos distintos identificadas na Área 2,
reforçam a necessidade de utilizar outros bairros (o Centro, no caso dos moradores do
Condomínio dos Anjos) quando as atividades não são favorecidas no ambiente de moradia.
4.2.7.4 Associação entre o uso do bairro, de outros bairro e do Centro
Na comparação entre os indicadores de uso do bairro de moradia, de outros bairros
ou do Centro (Tabela 4.50), os resultados sustentam que moradores do bairro utilizam mais
outros bairros que os da habitação social (U, χ²=6,994, sig=0,030) e que estes, tendem a
utilizar mais lugares no Bairro e no Centro, embora, nessas situações a variação no
comportamento dos grupos seja menor.
Tabela 4.51: Relação entre os indicadores de uso do bairro de moradia, de outros bairros e do Centro
Médias ordinais¹
Área 1 Área 2 Área 3
Morador
Habitação
social
Morador
do Bairro
Morador
Jardim
Planetário
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
dos Anjos
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
Princ. Isabel
Morador do
Bairro
Uso do bairro de
moradia
104,80 90,04 36,23 30,23 39,13* 28,81* 30,94 32,06
Uso de outros
bairros
88,57* 105,39* 30,92 34,79 30,32 36,99 28,35 34,65
Uso do Centro 102,99 92,65 33,50 32,57 41,05* 28,28* 30,23 32,77
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (relativos ao somatório das variáveis relacionadas a cada dimensão de uso, obtidos a
partir dos testes Mann-Whitney – U e Kruskal-Wallis – K-W). Quanto maior o valor, maior o uso do bairro ou de outros bairros ou do Centro.
* Valores destacados apresentam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.
Na Área 2, o destacados os pades de uso mais heterogêneos: Moradores do
Condonio dos Anjos utilizam mais intensamente o bairro de moradia (U, χ²=6,994, sig=0,030)
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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179
e o Centro ( χ²=6,994, sig=0,030) quando comparados aos do bairro . Esses resultados parecem
corroborar a compreensão da influência do ambiente constrdo na ampliação das diferenças de
apropriação do bairro pelos grupos socioeconômicos distintos, que as Áreas 1 e 3 favorecem o
uso a partir de equipamentos de comércio e servos e apresentam menor diferenças entre os
seus moradores, enquanto na Área 2 isso não acontece.
Para todos os grupos em conjunto e, em alguns casos quando isolados Área ou morador,
o uso do bairro es correlacionado negativamente ao uso de outros bairros, (Spearman, c=-
0,222, sig.=0,002), ratificando que o maior mero de atividades próximas do ambiente de
moradia implica o menor número de atividades realizadas fora do bairro. Essa associação é
mais forte para moradores do bairro do que para os da habitação social, já que usam outros
bairros com maior intensidade. Isso é destacado na Área 2 (Spearman, c=-0,468,
sig.=0,000), pois o uso do bairro de moradia é muito menor que nas demais Áreas.
4.2.7.5 Associação entre o uso da área e a interação social
Os resultados parecem confirmar que as relações sociais entre os moradores são
influenciadas pelo padrão de uso dos ambientes residenciais. Para todos os respondentes
em conjunto e isolando os grupos socioeconômicos, o uso do bairro de moradia está
correlacionado com o apóio mútuo na vizinhança (Spearman, c=0,246, sig.=0,001) e com os
laços de amizade na vizinhança (Spearman, c=0,303, sig.=0,000), enquanto o uso de outros
bairros está negativamente correlacionado ao apoio mútuo na vizinhança (Spearman, c=-
0,232, sig.=0,001). Isso sugere que maior o uso de espaços próximos à residência e menor
o uso daqueles fora do bairro, maior a identificação e a satisfação com os moradores e mais
amizades tendem a existir.
Na amostra total, o uso do bairro de moradia também está correlacionado à
realização de atividades nos espaços semiprivados (Spearman, c=0,266, sig.=0,000), e
esta, por sua vez, correlacionada ao apoio mútuo (Spearman, c=0,206, sig.=0,004) e aos
laços de amizade na vizinhança (Spearman, c=0,247, sig.=0,001), reforçando novamente
que maior o uso de espaços próximos à moradia, maior o potencial de contato entre
moradores e maior a interação social entre os vizinhos.
Para moradores do Condomínio dos Anjos, na Área 2, onde há menor intensidade de
uso, identifica-se a correlação negativa entre uso de outros bairros e o relacionamento social
na vizinhança (Spearman, c=-0,603, sig.=0,001), o que parece ser corroborado pela alta
correlação entre desavenças entre vizinhos e a insegurança no lugar de moradia
(Spearman, c=0,548, sig.=0,002). Embora esses moradores não sejam os mais insatisfeitos
com o relacionamento na vizinhança, os resultados sugerem que a falta de uso do bairro, na
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medida que reduz o contato entre os moradores pode desencorajar as relações sociais e
provocar conflito entre eles.
Ainda, a participação em atividades associativas está correlacionada a ligação com a
vizinhança (Spearman, c=0,151, sig.=0,036) e laços de amizade na vizinhança (Spearman,
c=0,164, sig.=0,022). De modo especial na Área 2, esta última correlação é um pouco mais
forte (Spearman, c=0,484, sig.=0,007). Essas atividades (ex.: clubes e comunidades
religiosas) não implicam necessariamente o uso do bairro, assim, elas podem estar
estimulando o contato entre moradores devido à sua realização ou, simplesmente, estar
revelando um comportamento mais favorável à interação social.
Não é possível dizer se os relacionamentos sociais incrementados pelo uso estão
acontecendo entre moradores do bairro e da habitação social, mas os resultados sustentam
a maior interação social em função de maior utilização dos lugares próximos à moradia,
sugerindo, assim, que também o contato social entre moradores de grupos
socioeconomicamente distintos seja favorecido nos ambientes onde há maior uso pelos dois
grupos simultaneamente.
4.3 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL COMPOSICIONAL E DO ESTILO DE VIDA DOS
MORADORES
Conforme identificado na revisão da literatura, status socioeconômico (renda,
ocupação e escolaridade), tempo de moradia, ciclo de vida e composição familiar permitem
a definição de grupos distintos, caracterizados por estilos de vida específicos. Essas
definições tendem a afetar as possibilidades de interação social, em função da alocação do
tempo e dos recursos financeiros disponíveis. Baseado nisso, a seguir, são identificadas as
características dos moradores do bairro e da habitação social, sendo associadas a essas, o
uso do bairro e a interação social na vizinhança.
4.3.1 Status socioeconômico dos grupos
Os dados da Tabela 4.52 indicam, como era esperado em função da seleção da
amostra, que os maiores níveis de escolaridade, as melhores condições de renda e a maior
qualificação ocupacional ocorrem entre moradores do bairro que entre os da habitação
social.
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181
Tabela 4.52: Caracterização da escolaridade, da renda familiar e da ocupação por área e grupo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Morador do
Jardim
Planetário
Morador do
bairro
Morador do
Condomínio
dos Anjos
Morador do
bairro
Morador do
condomínio
Princesa Isabel
Morador do
bairro
66,7%
apresentam mais
de 67% dos
moradores da
residência com
no máximo o
ensino básico
65,7%
apresentam a
33% dos
moradores da
residência com
no máximo o
ensino básico
66,7%
apresentam mais
de 67% dos
moradores da
residência com
no máximo o
ensino básico
75,7%
apresentam a
33% dos
moradores da
residência com
no máximo o
ensino básico
77,4%
apresentam mais
de 67% dos
moradores da
residência com
no máximo o
ensino básico
65,7%
apresentam a
33% dos
moradores da
residência com
no máximo o
ensino básico
% dos
moradores da
residência
com a 1°
grau completo
U, ch=98,000, sig.= 0,000 U, chi²=79,000, sig.= 0,000 U, ch=124,000, sig.= 0,000
60% apresentam
a 33% dos
moradores da
residência com
no máximo
ensino médio
40% apresentam
a 67% dos
moradores da
residência com
no máximo
ensino médio
60% apresentam
a 33% dos
moradores da
residência com
no máximo
ensino médio
73% apresentam
a 33% dos
moradores da
residência com
no máximo o
ensino médio
80% apresentam
a 33% dos
moradores da
residência com
no máximo
ensino médio
41,9%
apresentam até
33% dos
moradores da
residência com
no ximo
ensino médio
% dos
moradores da
residência
com a 2°
grau completo
Não-significante o-significante U, ch=60,000, sig.= 0,015
Apenas 1 (3,3%)
morador
apresenta vel
superior
incompleto
42% apresentam
mais de 67% dos
moradores com
ensino superior
completo ou
incompleto
Nenhum morador
apresenta vel
superior
completo ou
incompleto
59,1%
apresentam mais
de 67% dos
moradores com
ensino superior
completo ou
incompleto
Apenas 1 (3,3%)
morador
apresenta vel
superior
incompleto
29% apresentam
mais de 67% dos
moradores com
ensino superior
completo ou
incompleto
% dos
moradores da
residência
com nível
superior
completo ou
incompleto
U, ch=124,000, sig.= 0,000 U, chi²=251,500, sig.= 0,001 U, ch=199,500, sig.= 0,000
56,7% - 1° grau
43,3% - 2° grau
42,9% - 2° grau
54,3% - 3° grau
50,0% - 1° grau
50,0% - 2° grau
21,6% - 2° grau
78,4% - 3° grau
74,2% - 1° grau
25,8% - 2° grau
45,2% - 1° grau
48,4% - 2° grau
Escolaridade
do
respondente
Crar’s V=0,714, sig=0,000 Crar’s V=0, 828, sig=0,000 Cramér’s V=0,744, sig=0,000
83,3% - a 5 SM
57,1% - 5 a 22
SM
14,3% > 22 SM
96,7% - a 5 SM
70,3% - 5 a 22
SM
21,6% > 22 SM
93,5% - a 5 SM
54,8% - 5 a 22
SM
12,9% > 22 SM
Renda
Familiar
Crar’s V=0,557, sig=0,000 Crar’s V=0,882, sig=0,000 Crar’s V=0,636, sig=0,000
23,3% - estrato D
36,7% - estrato C
29,4% - estrato B
29,4% - estrato A
36,7% - estrato D
50,0% - estrato C
16,2% - estrato B
51,4% - estrato A
22,6% - estrato D
29,0% - estrato C
16,1% - estrato C
19,4% - estrato B
16,1% - estrato A
Ocupação do
respondente
Crar’s V=0,695, sig=0,000 Crar’s V=0,814, sig=0,000 Crar’s V=0,537, sig=0,003
* Foram adicionadas na tabela as informações (percentagens) mais descritivas para cada característica, definindo pelo menos 50% da amostra.
Na comparação entre os grupos, a Área 3 tende a apresentar níveis ligeiramente
mais baixos de escolaridade, renda e qualificação ocupacional que as Áreas 1 e 2, tanto
quando considerados todos os respondentes em conjunto como isolando moradores do
bairro e da habitação social. Apesar disso, entre moradores do bairro, são identificadas
diferenças estatisticamente significativas, apontando os níveis mais elevados de
escolaridade na Área 2, onde maior número de moradores com ensino superior, seguido
das Áreas 1 e 3 (K-W, chi²=4,849, sig.= 0,001).
Os resultados confirmam, como comumente é encontrado na literatura, a correlação
entre renda, escolaridade e ocupação (Tabela 4.53), indicando que quanto maior a
qualificação da ocupação, maior é o nível de escolaridade e maior a renda familiar.
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Tabela 4.53: Associação entre renda familiar, status na ocupação do morador e escolaridade do morador
1
Associação das variáveis considerando apenas moradores de cada área
Associação das
variáveis independente
da área
Área 1 Área 2 Área 3
Escolaridade
Ocupação Escolaridade Ocupação
2
Escolaridade
Ocupação Escolaridade
Ocupação
Ocupação
Cramér’s
V=0,517,
sig=0,000
(figura
4.1.1)
Cramér’s
V=0,610,
sig=0,000
Cramér’s
V=0,574,
sig=0,000
Cramér’s
V=0,504,
sig=0,000
Renda
Familiar
Cramér’s
V=0,440,
sig=0,000
Cramér’s
V=0,440,
sig=0,000
Cramér’s
V=0,364,
sig=0,002
Cramér’s
V=0,374,
sig=0,057
Cramér’s
V=0,541,
sig=0,000
Cramér’s
V=0,582,
sig=0,000
Cramér’s
V=0,404,
sig=0,000
Cramér’s
V=0,411,
sig=0,022
1 status na ocupação e escolaridade são referentes ao morador respondente do questionário; a renda trata da renda familiar indicada pelo
respondente. 2 Usando teste Monte Carlo, com confiabilidade de 99%, existe sig.= 0,049 para a associação entre escolaridade e renda dos
moradores na Área 1
.
Figura 4.144: Gráfico da associação
entre ocupação e escolaridade
Figura 4.145: Gráfico da associação
entre renda familiar e escolaridade
Figura 4.146: Gráfico da associação
entre renda familiar e ocupação
Como mostram os gráficos das Figuras 4.144, 4.145 e 4.146, moradores com menor
nível de escolaridade, em especial, aqueles com no máximo o primeiro grau completo,
tendem a ter ocupações de menor qualificação (Grupos E e D) e com renda de até 5
salários mínimos. moradores com maior escolaridade, destacadamente os de nível
superior tendem a ter ocupações com maior qualificação técnica (Grupos A e B) e com
renda familiar, em geral, com mais de 5 e até 22,5 salários mínimos. Aposentados ou
respondentes que não trabalham apresentam um comportamento menos homogêneo, tanto
em termos de escolaridade, como de renda, eles constituem aproximadamente 25% dos
moradores com renda com mais de 5 salários mínimos.
A associação dessas três variáveis num único indicador auxilia a definição do status
socioeconômico dos moradores, permitindo a comparação entre os grupos, como mostra a
Tabela 4.54:
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Tabela 4.54: Variação do status socioeconômico por grupo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Morador do
Jardim
Planetário
Morador do
bairro
Morador do
Condomínio
dos Anjos
Morador do
bairro
Morador do
condomínio
Princesa Isabel
Morador do
bairro
63,58 126,00 76,57 146,22 53,23 102,23
Classificação do status
socioeconômico na
comparação dos 6
grupos
K-W, chi²=73,238, sig.= 0,000
Os valores tratam das médias dos valores ordinais (obtidos a partir do teste Kruskal-Wallis – K-W
)
. Quanto maior o
valor, maior o status socioeconômico do grupo, considerando a comparação independente da área de estudo.
635 1445 582,50 1695,50 732 1221
U, chi²=170,000, sig.= 0,000 U, chi²=117,500, sig.= 0,000 U, chi²=236, 000, sig.= 0,000
Classificação do status
socioeconômico na
comparação em cada
Área individualmente
Os valores tratam dos somatórios dos valores ordinais (obtidos a partir do teste Mann-Whitney – U). Quanto maior
o valor, maior o status socioeconômico do grupo, considerando a comparação apenas dentro das áreas de estudo.
Os resultados reafirmam as pequenas variações identificadas anteriormente quando
isoladas escolaridade, renda e ocupação, evidenciando a definição dos dois grupos
socioeconômicos, especialmente para a comparação entre eles em cada Área. Confirmam-
se, ainda, as melhores condições de status para a Área 2, seguida das Áreas 1 e 3, tanto
em relação aos moradores do bairro como em relação aos da habitação social. Essas
diferenças, no entanto, não interferem na caracterização clara dos dois grupos
socioeconômicos, seja no conjunto total da amostra ou em relação a cada uma das áreas de
análise.
Para a amostra total, o status socioeconômico está correlacionado com o
relacionamento social na vizinhança (Spearman, c=0,152, sig.=0,035), e com o uso de
outros bairros (Spearman, c=0,204, sig.=0,004), sugerindo que quanto maior o status, maior
o nível de satisfação com as relações sociais entre os vizinhos e menor o conflito social.
Ainda, em concordância com as verificações quanto ao uso de equipamentos do bairro ou
fora dele, ratifica-se que o maior uso de outros bairros que não o de moradia é incrementado
quanto maiores as condições de renda, escolaridade e ocupação.
Destaca-se nas Áreas 1 e 2, influencia do status socioeconômico no uso dos
espaços semiprivados ou privados em frente às residências (Área 1 - Spearman, c=-0,437,
sig.=0,000; Área 2 Spearman, c=-376, sig.= 002), significando que o uso do recuo de
jardim para atividades como conversar, brincar e interagir com os vizinhos é mais freqüente
entre moradores de menor status socioeconômico. Na Área 3, essas diferenças são menos
identificadas, como demonstrado nas observações de comportamento, em razão das
limitações do ambiente construído: a localização do Condomínio Princesa Isabel, entre os
eixos de fluxo intenso de veículos, desfavorece o uso dos espaços em frente à edificação
para atividades associativas, que tendem a ocorrer para moradores do Condomínio nos
espaço internos de convívio.
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4.3.2 Tempo de moradia
Os resultados demonstram que muitos dos respondentes (46,4%) residem no mesmo
bairro ou na mesma residência há mais de 15 anos. Moradores do Jardim Planetário tendem
a ser os mais antigos e os do Condomínio Princesa Isabel, os mais novos (Cramér’s
V=0,499, sig=0,000), como demonstra a Tabela 4.55 e a Figura 4.147:
Tabela 4.55: Diferenças e semelhanças quanto ao tempo de moradia por grupo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Morador do
Jardim
Planetário
Morador do
bairro
Morador do
Condomínio
dos Anjos
Morador do
bairro
Morador do
condomínio
Princesa Isabel
Morador do
bairro
Tempo de moradia
por grupo de
morador
93,3% > 15 anos
40,0% > 15 anos
31,4% - 5
a 15
anos
20% - 2 a 5 anos
40,0% > 15 anos
60,0% - 5
a 15
anos
43,2% > 15 anos
43,2% - 5
a 15
anos
16,1% - 1 a 2
anos
77,4% < 1 ano
58,1% > 15 anos
35,5% - 5
a 15
anos
TEMPO DE MORADIA
mais de 15 anos
5 a 15 anos
2 a 5 anos
1 a 2 anos
1 ano ou menos
de moradores respondentes
302520151050
GRUPO DE MORADOR
Área 1 - Hab Social
Área 1 - Bairro
Área 2 - Hab Social
Área 2 - Bairro
Área 3 - Hab Social
Área 3 - Bairro
Figura 4.147: Gráfico de associação entre tempo de moradia e o grupo de morador
Na Área 3, onde a implantação do Condomínio Princesa Isabel é recente
(2005/2006), são identificadas as maiores diferenças quanto ao tempo de moradia entre
estes moradores e os do bairro, dos quais, mais da metade reside pelos menos 15 anos
no lugar (Cramér’s V=0,940, sig=0,000). Destaca-se, contudo, que dentre os moradores
“recém-chegados”, 15 famílias habitavam a Área antes do projeto de regularização e
foram reassentadas, em torno de 215 residiam em habitações irregulares (Vila Zero Hora)
localizadas a 400 metros do empreendimento e apenas 10 famílias (aproximadamente)
foram deslocadas de bairros distantes. Isso é particularmente importante porque tende a
caracterizar certa familiaridade da maior parte dos moradores com a área de análise (Área
3), apesar do tempo de moradia no conjunto.
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185
A tabela 4.56 destaca as associações entre o tempo de moradia e os indicadores de
uso e interação social no bairro:
Tabela 4.56: Associação do tempo de moradia com indicadores de uso dos espaços semiprivados ou privados,
dimensões da interação social na vizinhança e uso do bairro, de outros bairros e do centro
Tempo de
moradia
Status sócio
econômico
Uso dos espaços
semiprivados
junto à residência
Participação de
atividades
associativas
Laços de amizade
entre vizinhos
Uso do Centro
Mais de 15 anos
94,03
115,34
106,48
107,97
107,88
5
a 15 anos
116,06 101,13 88,81 94,54 90,60
2 a 5 anos
141,00 76,92 73,08 95,42 89,27
1 a 2 anos
60,07 43,00 67,14 63,21 116,79
Menos de 1 ano
55,76 54,39 105,56 78,72 76,44
Diferenças
estatísticas
K-W, ch=33,199
sig.= 0,000
K-W, ch=37,282
sig.= 0,000
K-W, ch=9,986
sig.= 0,004
K-W, ch=12,229
sig.= 0,016
K-W, ch=9,585
sig.= 0,048
Nota: 1. os números representam as médias dos valores ordinais (obtidos a partir do teste Kruskal-Wallis K-W), valores maiores indicando
maior nível (uso ou característica) para o indicador analisado.
As setas vermelhas indicam a presença de uma variação linear da avaliação quanto ao uso e apreciação do aspecto analisado e,
também, informa o sentido de variação.
Cabe ressaltar, primeiramente, que o tempo de moradia está associado ao status
socioeconômico: moradores do bairro, nas três Áreas, apresentam entre 5 e 15 anos de
moradia, enquanto os moradores da habitação social ou são muito novos ou residem a mais
de 15 anos na área. Tal como o fator socioeconômico, outros aspectos também podem estar
interferindo na associação entre tempo de moradia, uso do bairro e interação social, por isso
são destacadas as relações (setas vermelhas na Tabela 4.59) caracterizadas por variação
linear com o tempo de moradia, pois parecem revelar relação mais direta entre as variáveis.
O tempo de moradia tende a afetar, assim, o uso dos espaços semiprivados ou
privados junto à residência e os laços de amizade na vizinhança, sugerindo que o maior
tempo de moradia no bairro favorece o maior uso dos espaços adjacentes à residência
(crianças brincando, atividades de jardinagem e conversas com vizinhos), bem como mais
amizades entre os vizinhos no lugar de moradia.
4.3.3 Composição familiar e o uso dos espaços privados e semiprivados
Verifica-se que existe na habitação social maior número de residentes por unidade
habitacional do que no bairro. A maior quantidade de pessoas por residência parece ser
decorrente do número elevado de crianças e adolescentes em comparação aos moradores
do bairro, para os quais, em 60% das famílias, não há crianças ou adolescentes.
A Tabela 4.57 descreve as características dos grupos em função da composição
familiar:
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186
Tabela 4.57: Caracterização da composição familiar por área e grupo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Morador do
Jardim
Planetário
Morador do
bairro
Morador do
Condomínio
dos Anjos
Morador do
bairro
Morador do
condomínio
Princesa Isabel
Morador do
bairro
66,7% - 1 a 4 mor.
33,3% - 6 a 8 mor.
79,9% - 1 a 4 mor.
63,4% - 1 a 4 mor.
33,4% - 6 a 8 mor.
91,8% 1 a 4 mor.
48,5% - 1 a 4 mor.
51,7% - 6 a 8 mor.
84,4% - 1 a 4 mor.
Nº de
moradores
por
residência
Não-significante U, chi²=298,500, sig.= 0,001 U, chi²=272,500, sig.= 0,003
26,7% - 1 ou 2
30% - 3 ou 4
60,0% - 0
34,3% - 1 ou 2
46,7% - 1 ou 2
36,6% - 3 ou 4.
59,5% - 0
40,5% - 1 ou 2
32,3% - 1 ou 2
35,5% - 3 ou 4
67,7% - 0
32,3% - 1 ou 2
Nº de
crianças e
adolescente
s (0-18 anos)
por
residência
U, chi²=310,500, sig.= 0,002 U, chi²=230,000, sig.= 0,000 U, chi²=178,000, sig.= 0,000
63,3% - 1 ou 2 65,8% - 1 ou 2 60,0% - 1 ou 2 70,2% - 1 ou 2 74,2% - 1 ou 2 51,6% - 1 ou 2
Nº de
adultos (19-
60 anos) por
residência
Não-significante Não-significante o-significante
73,3% - 0
26,6% - 1 ou 2
57,1% - 0
37,2% - 1 ou 2
90,0% - 0
10,0% - 1 ou 2
62,2% - 0
32,8% - 1 ou 2
80,6% - 0
19,3% - 1 ou 2
64,5% - 0
35,5% - 1 ou 2
Nº de idosos
(acima de 60
anos) por
residência Não-significante U, chi²=408,500, sig.= 0,015 Não-significante
Essas diferenças são destacadas em função das variações de uso e de
necessidades adequadas para cada faixa etária. Em geral, conforme a literatura, a
existência de crianças tende a ser associada com a realização de atividades recreativas e
educativas em locais próximos à residência, enquanto a maior presença de idosos sugere
usos mais reclusos à residência em razão da menor mobilidade.
Como descreve a Tabela 4.58, a composição familiar tende a influenciar o tipo de
atividades realizadas nos espaços privados e semiprivados junto à residência:
Tabela 4.58: Uso dos espaços semiprivados ou semipúblicos por área e por tipo de morador
Variação do n° de moradores por faixa etária na residência1
de crianças e adolescentes
(0 a 18 anos) na residência
Nº de adultos (19-60 anos) por
residência
Nº de idosos (acima de 60 anos)
por residência
Uso dos
espaços
semiprivados
e privados*
Sim Não Sim Não Sim o
87,21 103,71 93,85 99,70 106,57 92,03
Cuidar de
jardins
K-W, chi²=4,388, sig.= 0,031 - K-W, chi²=4,781, sig.= 0,029
120,22 81,56 104,94 92,28 92,87 100,75
Brincadeiras
de crianças
K-W, chi²=24,891, sig.= 0,000 - -
128,59 91,13 108,79 95,19 88,42 99,36
Praticar
esportes
K-W, chi²=13,616, sig.= 0,000 - -
104,79 89,25 102,94 91,34 95,63 99,62
Praticar
esportes²
K-W, chi²=4,130, sig.= 0,042 - -
97,13 97,66 109,46 bairro 94,41 98,82
Estacionar
K-W, chi²=4,131, sig.= 0,042 -
91,73 99,84 86,24 Bairro 102,46 95,49
Apenas como
circulação
- - -
120,98 94,34 106 96,36 98,33 97,39
Secar roupa
K-W, chi²=5,095, sig.= 0,024 - -
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (obtidos a partir do teste Kruskal-Wallis – K-W). Quanto maior o valor no SIM que no
NÃO, maior o de moradores de cada faixa etária por residência; 2. Praticar esportes foi identificado pelos moradores como brincadeiras com
bola entre crianças.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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187
Famílias com maior número de crianças e adolescentes tendem a realizar
brincadeiras e esportes (brincadeiras com bola), e naquelas onde não há crianças ou
adolescentes, em especial onde existe maior número de idosos, é verificado o hábito de
cuidar do jardim. Destaca-se que, nas residências em que os adultos são maioria, não
atividades nos recuos de jardim, sendo estes usados apenas como circulação e
estacionamento de veículos. Observa-se, ainda, que secar roupa é atividade exclusiva dos
moradores do Jardim Planetário, o que é favorecido pelo tipo de edificação do conjunto
(casas térreas e sobrados) e pelo espaço reduzido das unidades para essa atividade.
Como o maior número de crianças por residência é verificado entre moradores da
habitação social e o de adultos e idosos, entre os moradores do bairro, destaca-se que na
definição da composição familiar em paralelo à de status socioeconômico identificam-se
variações na freqüência e no tipo de uso dos espaços. A presença de crianças e
adolescentes em atividades junto às edificações com maior freqüência nas adjacências dos
conjuntos regularizados é confirmada nas observações de comportamento (conforme
apresentado nos mapas síntese de comportamento), da mesma forma a presença de
adultos supervisionando essas atividades também é identificada. Moradores do bairro
apresentam menor diversidade de atividades junto a suas moradias, bem como práticas
menos favoráveis à interação social que os da habitação social.
4.3.4 Meios de transporte, alocação do tempo e principais atividades (trabalho e
escola)
Conforme a literatura, o status socioeconômico do morador está associado à
distribuição do tempo para a realização das atividades, afetando a possibilidade de contato
social na vizinhança. Assim, meio de transporte, local de trabalho, local de estudo dos filhos
e tempo gasto no percurso trabalho-moradia são utilizados para verificar diferenças entre os
grupos e a probabilidade de interação entre eles.
a. Meios de transporte
Da amostra total, moradores do bairro (51,5%) tendem a usar com mais freqüência
automóvel particular ou táxi do que os da habitação social (13,2%) (χ²=8,403, sig=0,004),
enquanto os moradores da habitação social (44%) tendem a deslocar-se a com mais
freqüência do que os do bairro (24,3%) (χ²=31,760, sig=0,000). O uso da bicicleta ou
motocicleta é realizado preferencialmente por moradores da habitação social, e o da lotação
é mais freqüente entre moradores do bairro, embora sejam os meios menos utilizados nos
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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deslocamentos. O ônibus é meio de transporte mais comum a todos os moradores, mesmo
isolando área e grupo social.
A Tabela 4.59 apresenta os meios de locomoção utilizados em cada uma das Áreas,
segundo o grupo de moradores:
Tabela 4.59: Meios de locomoção utilizados por área e por grupo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Meio de locomoção
Morador
Jardim
Planetário
Morador do
Bairro
Morador
Condonio
dos Anjos
Morador do
Bairro
Morador
Condonio
Princ. Isabel
Morador do
Bairro
50% 28,6% 40% 13,5% 41,9% 32,3%
A
- (χ²=6,138, sig.= 0,013) -
3,3% - 13,3% - 3,2% -
Bicicleta ou motocicleta
- (χ²=5,247, sig.= 0,022) -
50% 48,6% 53,3% 32,4% 64,5% 54,8%
Ônibus
- - -
- 2,9% 3,3% 18,9% 3,2% 12,9%
Lotão
- (χ²=3,827, sig.= 0,050) -
26,7% 45,7% 10% 64,9% 3,2% 41,9%
Automóvel particular ou táxi
- (χ²=20,728, sig.= 0,000) χ²=13,286, sig.= 0,000
Nota: As variáveis “meio de locomoção” não são excludentes, cada morador indicou os meios principais utilizados para
deslocamento.
Dentre os seis grupos da amostra, moradores do bairro da Área 2 são os que menos
andam a (χ²=12,262, sig.= 0,031) e os que mais usam o carro (χ²=40,489, sig.= 0,031).
Ainda nessa Área, moradores da habitação social, são os que mais utilizam bicicletas ou
motocicletas (χ²=13,792, sig.= 0,017). Isto corrobora os resultados obtidos atras das
observões de comportamento, que indicam menor volume de pessoas nas ruas e tende a
ser explicado pela menor acessibilidade em função da estrutura do ambiente construído e pelo
mero reduzido de equipamentos no lugar, em comparação às Áreas 1 e 3.
Quando comparadas isoladamente, a Área 2 apresenta mais variação entre os grupos
socioeconômicos: quatro dos cinco meios de locomoção analisados são diferentemente
utilizados por moradores do bairro e da habitação social, enquanto isso acontece com um
deles (automóvel particular ou táxi) na Área 3 e com nenhum, na Área 1. Isto sugere que,
além das diferenças socioeconômicas entre os moradores, a facilidade de andar pelo bairro e
a possibilidade de realizar as atividades desejadas no próprio bairro afeta o meio de
locomoção adotado pelos moradores. Isso parece mais evidente entre os moradores do
bairro, pois tem mais recursos financeiros e, conseqüentemente, mais opções para o
deslocamento. Em termos de interação social para os dois grupos socioeconômicos, os
resultados indicam que, em bairros onde as pessoas mais caminham e mais andam de
ônibus, maior o potencial de encontro nos espaços abertosblicos e em pontos de ônibus.
Esses resultados são importantes quanto à interação social entre os dois grupos
socioeconômicos porque revelam que em áreas urbanas mais favoráveis à apropriação dos
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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espaços públicos e ao uso dos equipamentos, os moradores tendem a caminhar mais pelo
bairro, e o padrão de deslocamento dos grupos socioeconômicos distintos parece se tornar
mais semelhante, ampliando as possibilidades de contato social entre eles.
b. Local de trabalho e local de estudo dos filhos
Considerando a amostra total, nota-se que predominam moradores da habitação
social (37,4%) e do bairro (28,2%) que trabalham em outro bairro que não o da moradia,
como descreve a Tabela 4.60, a seguir:
Tabela 4.60: Local de trabalho por área e por morador
Área 1 Área 2 Área 3
Local de trabalho
Morador
Jardim
Planetário
Morador do
Bairro
Morador
Condonio
dos Anjos
Morador do
Bairro
Morador
Condonio
Princ. Isabel
Morador do
Bairro
Em outra cidade
0 2,9% 3,3% 8,1% 0 0
Em outro bairro
36,7% 31,4% 40% 35,1% 35,5% 16,1%
No mesmo bairro
13,3% 5,7% 26,7% 2,7% 9,7% 22,6%
Em casa
10% 22,9% 6,7% 10,8% 6,5% 9,7%
No centro
0 2,9% 3,3% 10,8% 3,2% 0
Não trabalha
40% 34,3% 20% 32,4% 45,2% 51,6%
Muitos moradores não trabalham (ou estão aposentados), sendo o número de
moradores maior na Área 3, seguida das Áreas 1 e 2. Isso é destacado, pois sugere maior
permanência no bairro de moradia e maior uso dos lugares próximos à residência nas Áreas
3, 2 e 1 (sucessivamente menor), possivelmente aumentando o potencial de interação entre
os dois grupos socioeconômicos nesses lugares, respectivamente.
De modo geral, o local de trabalho varia entre os grupos socioeconômicos e para as
diferentes Áreas (χ²=21,997, sig=0,015). Considerando que a interação social está
relacionada à possibilidade de encontros no mesmo bairro, é destacado o trabalho no bairro
de moradia (incluindo mesmo bairro e em casa): na Área 1, em torno de ¼ dos moradores
do bairro (23,3%) e do Jardim Planetário (27,6%) trabalham no bairro onde moram; na Área
2, moradores do Condomínio dos Anjos (32,7%) trabalham mais no bairro de moradia que
os moradores do bairro (13,5%); e na Área 3 moradores do Condomínio Princesa Isabel
(16,3%) trabalham menos no bairro de moradia que os moradores do bairro (32,3%). Os
resultados sugerem que o maior potencial de contatos passivos entre os moradores dos
diferentes grupos socioeconômicos ocorre na Área 1 e o menor, ocorre na Área 3.
Para o local de estudo dos filhos (Tabela 4.64), as diferenças entre os grupos
socioeconômicos são mais evidentes: moradores da habitação social tendem a utilizar
instituições de ensino mais próximas ao local de moradia que os moradores do bairro
(χ²=14,849, sig=0,001) e a apresentar menos opções de escolha das instituições de ensino,
quase sempre escolas públicas ou de associações comunitárias (ver tabela em Anexo I).
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Tabela 4.61: Local da instituição de ensino dos filhos por área e por grupo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Local de escola dos filhos
Morador
Jardim
Planetário
Morador do
Bairro
Morador
Condonio
dos Anjos
Morador do
Bairro
Morador
Condonio
Princ. Isabel
Morador do
Bairro
Em outro bairro
3,3% 37,1% 13,3% 29,7% 41,9% 16,1%
No mesmo bairro
46,7% 5,7% 40% 10,8% 9,7% 12,9%
Não tem filhos ou filhos não estudam
50% 57,1% 46,7% 59,5% 45,4% 71%
Os resultados sugerem que para o deslocamento moradia-escola dos filhos existem
poucas possibilidades de interação social entre os grupos socioeconômicos distintos, pois
as diferenças no local da escola e do tipo de transporte utilizado tende reduzir o potencial de
contatos passivos nos deslocamentos pelas ruas das Áreas: moradores da habitação social
utilizam, predominantemente, escolas no mesmo bairro onde moram e deslocam-se a
(por exemplo, nas observações identificaram-se grupos de crianças e adolescentes,
deslocando-se com material escolar nas imediações dos conjuntos habitacionais), enquanto
moradores do bairro, tendem a freqüentar estabelecimentos mais distantes e apresentam
uso mais intenso do automóvel.
É destacado que quando existe proximidade das escolas em relação à moradia,
observações de comportamento confirmam a maior freqüência de caminhadas como modo
de deslocamento. Isso é evidenciado, de modo especial, nas Áreas 1 e 2: na Área 2, o uso
do carro é mais intenso entre os moradores do bairro e as escolas (privadas em especial)
estão mais distantes, como conseqüência, poucas crianças e adolescentes (exceto as do
Condomínio dos Anjos) são verificados circulando pelas ruas e menor o potencial de
interação social entre os dois grupos socioeconômicos; na Área 1, onde o hábito de
caminhar é mais freqüente para todos os moradores e, também, onde estão localizadas
escolas públicas e privadas, observam-se, especialmente nas ruas Santana e Jerônimo de
Ornelas, muitas crianças dos dois grupos socioeconômicos acompanhadas por idosos ou
adultos nos horários de saída da escola, o que tende a aumentar o potencial de contatos
passivos entre moradores do bairro e da habitação social nos deslocamentos pela Área.
c. Associação do tempo de deslocamento trabalho-moradia, atividades e meio de
locomoção utilizado
Considerando a discussão quanto ao padrão de localização do trabalho e da escola
e o meio de transporte adotado, a seguir, são associados os resultados obtidos com o
tempo de deslocamento no trajeto trabalho-moradia, a fim de verificar-se o potencial de
encontros dos diferentes grupos socioeconômicos em função das variações de alocação do
tempo e localização das atividades
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Os gráficos a seguir (Figuras 4.148 e 4.149) destacam grande variação nos padrões
de local de trabalho e de estudo, independentemente da Área e do grupo socioeconômico:
Figura 4.148: Análise de Correspondência entre local de
estudo dos filos e local de trabalho
Figura 4.149: Análise de Correspondência entre tempo
de locomoção casa-trabalho e local de estudo dos filhos
Nota: No gráfico da análise de correspondência, quanto mais próximos os componentes ( ou ) de cada variável dentro do mesmo quadrante,
maior a associação entre eles. Posições próximas à origem (0,0) tendem a não representar relações estatisticamente significativas (valores de χ²
obtidos a partir de tabulações cruzadas, devem ser usados em associação para interpretação confiável) .
É verificado que 55,7% dos moradores não têm filhos (ou filhos não estudam), e
quase a metade destes (43,5%) não trabalha ou está aposentada. Como identificado
anteriormente, por esses moradores permanecerem mais tempo no bairro de moradia,
possivelmente favorecimento do potencial de interação (contatos passivos) entre moradores
dos dois grupos.
Todavia, destaca-se que para os moradores que trabalham e têm filhos que estudam
são encontradas certas tendências diferentes nos padrões entre os grupos socioeconômicos
distintos:
- Para aqueles que utilizam instituições de ensino no bairro de moradia, verifica-se
que: moradores da habitação social tendem a trabalhar em outros bairros da cidade,
despendendo desde a moradia até o trabalho até 15 minutos ou de 15 a 30 minutos; e
moradores do bairro tendem a trabalhar no mesmo bairro, e o tempo de deslocamento casa-
trabalho tende a ser de até 15 minutos.
- Para os que utilizam instituições de ensino de outros bairros, observa-se que:
moradores da habitação social tendem a trabalhar em outros bairros da cidade,
despendendo desde a moradia até o trabalho até 15 minutos ou de 15 a 30 minutos; e
moradores do bairro tendem a trabalhar no mesmo bairro ou em casa, e o tempo de
deslocamento casa-trabalho tende a ser de até 15 minutos.
A verificação dos dados sugere que, independentemente de estudar ou trabalhar em
outros bairros ou no bairro de moradia, moradores da habitação social tendem a despender
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mais tempo nos deslocamento que moradores do bairro, o que é justificado pelos meios de
locomoção, predominantemente, caminhada para os primeiros, e o automóvel, para os
últimos. Portanto, diferenças no tempo de deslocamento e no tipo de transporte parecem
influenciar no menor potencial de interação social entre os grupos socioeconômicos.
4.4 VERIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS MAIS EFETIVOS NA INTERAÇÃO SOCIAL
ENTRE OS GRUPOS SOCIOECONOMICOS DISTINTOS
As relações entre atributos contextuais, composicionais (e variáveis dependentes) e
o potencial de interação social entre grupos socioeconômicos distintos residentes em áreas
urbanas são investigadas a partir das cinco hipóteses apresentadas a seguir. A verificação
dos resultados analisa as atitudes e o comportamento dos respondentes de acordo com os
questionários realizados, em associação com características físicas, perfil comportamental e
relativo à interação social e perfil composicional, descritos, anteriormente, nos itens
4.2 e 4.3.
4.4.1 Hipótese 1: relações entre a estrutura do ambiente construído, apropriação dos
espaços abertos e interação social
A hipótese 1 investiga se: quanto mais a estrutura do ambiente construído apoiar a
acessibilidade de atividades e a apropriação dos espaços abertos públicos próximos ao
lugar de moradia, maior a probabilidade de interação social (contato) entre os moradores de
grupos socioeconômicos distintos existentes na mesma área.
Para verificação desta hipótese, é avaliada a percepção de adequação da estrutura
do ambiente construído para o uso em relação (1) aos quarteirões e à densidade da área,
(2) às calçadas e aos elementos urbanos existentes, (3) à vegetação e (4) ao fluxo de
veículos. Esta adequação é associada ao uso e à interação social na vizinhança como forma
de identificar a influência da estrutura do ambiente construído quanto à apropriação dos
espaços abertos públicos e ao potencial de interação social entre os grupos
socioeconômicos distintos.
4.4.1.1 Adequação do tamanho dos quarteirões, densidade e uso
O hábito de caminhar no bairro e a percepção de adequação do tamanho dos
quarteirões tendem a ser maiores para moradores na Área 1 (93,8% e 89,2%), seguidos
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193
pelas Áreas 3 (87,1% e 85,5%) e 2 (86,6% e 76,1%). Para o total da amostra, correlação
entre hábito de caminhar e adequação do tamanho dos quarteirões (Spearman, c=0,166,
sig.=0,021), demonstrando que quanto maior a percepção de adequação, maior a
intensidade de deslocamentos. Isso é corroborado pelas diferenças encontradas quanto à
facilidade de circulação devida à estrutura do ambiente construído e a intensidade de uso
verificadas nas áreas de análise, ressaltando que o pouco movimento de pessoas na Área 2
e o intenso movimento nas Áreas 1 e 3 tende a ser influenciado por outros fatores (ex.:
atividades e equipamentos disponíveis), além da estrutura do espaço.
O uso intenso ou exclusivo do automóvel é maior na Área 2 (32,8%), seguido pelas
Áreas 1 (20%) e 3 (16,1%) (χ²=11,006, sig.= 0,026). Essa diferença é destacada na
comparação entre os grupos socioeconômicos distintos, já que moradores do bairro usam e
possuem mais automóveis que moradores da habitação social (χ²=27,055, sig.= 0,003),
que, em geral, utilizam o ônibus ou andam a pé. Particularmente na Área 2, as diferenças
entre os grupos são maiores (χ²=11,006, sig.= 0,026), pois é nessa área que os moradores
do bairro mais utilizam o carro (64,9%) e menos caminham nos seus deslocamentos
(13,5%).
Para as três áreas em conjunto e isolando os grupos, estão correlacionados
negativamente o hábito de caminhar e o uso intenso do automóvel (Spearman, c=-0,287,
sig.=0,000), demonstrando que quanto maior o hábito de andar pelo bairro, menor o uso dos
automóveis e vice-versa.
O hábito de caminhar e o uso intenso do automóvel afetam o sentimento de
segurança relacionado ao movimento de pessoas no bairro (Spearman, c=0,151, sig.=0,036;
Spearman, c=-0,147, sig.=0,041, respectivamente). Isso parece ser ratificado pelas
diferenças quanto a esse sentimento que é menor entre moradores da Área 2 (41,8%),
seguido pelos das Áreas 3 (61,3%) e 1 (64,6%) (χ²=13,073, sig.= 0,011), em concordância
com a intensidade de uso da rua verificada nessas Áreas (2, 3 e 1, com gradativamente
maior uso).
Considerando o tamanho das quadras (e, intrinsecamente, número de conexões e
acessibilidade), os resultados parecem sugerir que, quando a estrutura do ambiente
construído favorece o hábito de caminhar, este uso tende a ocorrer com maior intensidade,
contribuindo para o menor uso do carro e o maior sentimento de segurança na percepção do
movimento de pessoas. Também a percepção deste movimento (associada aparentemente
à proximidade entre os acessos e à densidade habitacional) parece estar relacionada ao
tamanho dos quarteirões.
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4.4.1.2 Adequação das calçadas e uso
Moradores da amostra total estão relativamente satisfeitos com a aparência e a
manutenção das calçadas, destacando-se entre eles os da Área 2, um pouco mais
satisfeitos que os demais, por apresentar-se as melhores condições das circulações de
pedestre nesta Área.
Diferenças entre os grupos socioeconômicos revelam que moradores do bairro estão
mais satisfeitos com a aparência (χ²=14,999, sig.= 0,001) e a manutenção das calçadas
(χ²=9,263, sig.= 0,010), percebendo estas como mais adequadas ao uso (χ²=6,076, sig.=
0,048) que os moradores da habitação social. Isso é verificado, especialmente, nas Áreas 1
e 2, em razão das piores condições de pavimentação no Jardim Planetário e nas
adjacências do Condomínio dos Anjos, mas é diferenciado na Área 3, pois moradores do
Condomínio Princesa Isabel, onde as calçadas estão em boas condições, apresentam maior
satisfação com a aparência destas que os moradores do bairro (χ²=19,641, sig.= 0,000).
Menos da metade dos moradores em geral (33,5%) considera que as calçadas estão
bem equipadas (mobiliário e utilitários urbanos). Essa percepção é ligeiramente maior na
Área 1, seguida das Áreas 3 e 2, em concordância com o maior número e diversidade de
elementos urbanos identificados nessas áreas. A maior percepção de iluminação pública
(Áreas 3, 2 e 1, gradativamente menor) não coincide com o maior número de postes de
iluminação por hectare. Conforme verificado nas entrevistas, a arborização em certas ruas
tende a reduzir a área iluminada, o que parece estar acontecendo de modo especial na Área
1, onde é percebida a maior insatisfação com a iluminação das ruas e, paradoxalmente,
a maior infraestrutura de iluminação.
Verifica-se, para a amostra total, que a satisfação com a aparência das calçadas está
correlacionada à iluminação pública suficiente (Spearman, c=0,233, sig.=0,001) e a calçadas
bem equipadas (Spearman, c=0,168, sig.=0,019), correlações que se tornam mais fortes
entre moradores do bairro na Área 3 (Spearman, c=0,687, sig.=0,000; Spearman, c=0,495,
sig.=0,005, respectivamente). Isso sugere que, embora condições de manutenção ou
qualidade dos revestimentos sejam relevantes para a aparência das calçadas, os elementos
urbanos que agregam maior funcionalidade, tais como iluminação, telefone público e
lixeiras, também favorecem a satisfação com a sua aparência.
A associação entre percepção de adequação das calçadas ao uso e satisfação com
a aparência (Spearman, c=0,195, sig.=0,007) parece corroborar que quanto melhor a
aparência das calçadas, seja devido às condições da pavimentação ou em função dos
elementos urbanos existentes, maior a percepção de que elas podem ser usadas. Em todas
as Áreas foram observadas pessoas nas calçadas junto aos elementos urbanos existentes,
fossem eles bancos, telefones públicos, bancas de revista e comida ou chaveiros. Isso
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195
sugere que a maior percepção de adequação e satisfação com aparência das calçadas
incrementa o potencial de interação social entrem moradores do bairro e da habitação social
em razão das maiores possibilidades de uso simultâneo das ruas pelos dois grupos.
Destaca-se, ainda, que a utilização das calçadas por crianças é maior na Área 1
(66,2%), seguida das Áreas 2 (41,8%) e 3 (16,1%) (χ²=33,609, sig.= 0,000) e maior entre
moradores da habitação social que entre moradores do bairro, especialmente nas Áreas 1 e
2 (respectivamente, χ²=8,121, sig.= 0,017 e χ²=10,364, sig.= 0,006). Dois aspectos parecem
ser importantes para a compreensão deste uso, um contextual e outro composicional.
Primeiro, a grande presença de vias arteriais limita a presença de crianças nas calçadas, em
especial na Área 3, o que é sustentado pelo menor uso verificado entre esses respondentes.
Segundo, a maior quantidade de crianças nos espaços próximos a residência junto aos
conjuntos de habitação social, evidenciada nas observações de comportamento, é devida a
fatores composicionais: maior número de crianças por família neste grupo socioeconômico e
a falta de recursos para uso de outros espaços de lazer tais como clubes.
4.4.1.3 Adequação da vegetação e uso
As observações de comportamento sugerem que a localização de pessoas para usos
como “ficar parado em pé” ou “ficar sentado” está relacionada à presença de locais
sombreados: nas três Áreas, a coincidência de bancos de praça em áreas sombreadas
por árvores; na Área 1, moradores colocam cadeiras sob as árvores nas praças Júlio A.
Bozano e João Belém e em certos trechos da rua Jacinto Gomes; na Área 3, moradores
conversando sob árvores estão ao longo da rua Domingos Crescêncio, na esquina da av.
João Pessoa com a av. Princesa Isabel e na esquina da rua Ramiro D'Ávila com a av.
Princesa Isabel; gramados em espaços públicos, de modo especial, nas Áreas 1 (nas
praças em geral) e 3 (espaços do terminal de ônibus), apresentam usos como crianças
brincando ou jogando futebol; na Área 2, a observação de pessoas conversando ou crianças
brincando em espaços sombreados ou gramados é menor, ocorrendo, principalmente, no
acesso das habitações irregulares da rua La Plata e na cancha de esportes do DEP,
próximo ao Condomínio dos Anjos na av. Ipiranga.
A satisfação com a vegetação no bairro é maior para moradores da Área 2 (86,6%),
seguidos da Área 1 (67,7%) e Área 3 (66,1%) (χ²=12,857, sig.= 0,012), o que está em
acordo com a maior presença de árvores, respectivamente, nessas Áreas, sugerindo uma
associação entre maior número de árvores e maior satisfação com presença da vegetação
Cabe destacar, na Área 1, que moradores do bairro (54,3%) estão menos satisfeitos
com a vegetação que moradores do Jardim Planetário (83,3%) (χ²=9,641, sig.= 0,008). Essa
menor satisfação entre moradores do bairro parece ser justificada pelo fato de 43,8% dos
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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respondentes insatisfeitos ou indiferentes quanto à presença da vegetação residirem na
porção sul da av. Ipiranga, onde há menor número de árvores (perfazendo 70% 7 de 10
dos moradores do lado sul).
Além disso, a satisfação em caminhar pelas ruas arborizadas do bairro é freqüente
para a maior parte dos moradores, independente da área ou do grupo social. Todavia,
moradores das Áreas 1 e 2 tendem a ser os mais satisfeitos (83,8% e 83,9%,
respectivamente), enquanto moradores da Área 3, os menos satisfeitos (74,2%). Isso
possivelmente está sendo influenciado pela menor arborização na Área 3, pois, segundo os
resultados, a satisfação com a vegetação no bairro está correlacionada com a satisfação de
caminhar nas ruas arborizadas do bairro, tanto quando consideradas as três áreas em
conjunto (Spearman, c=0,476, sig.=0,000) como quando considerada áreas ou grupos
socioeconômicos individualmente.
Embora não possa ser dito que maior volume de usuários nas ruas em função da
arborização, os resultados parecem confirmar que a existência de árvores e vegetação
favorece a presença de usuários de diferentes faixas etárias, em atividades como trocas e
conversas entre vizinhos, jogos e brincadeiras entre crianças e, ainda, propiciando mais
caminhadas pelo bairro. O estímulo da presença de vegetação à existência de atividades no
espaço público das ruas parece promover o maior contato entre os moradores dos
diferentes grupos sociais.
4.4.1.4 Adequação do fluxo de veículos e uso
Para as três áreas em conjunto, os moradores tendem a perceber pouca influência
do fluxo de veículos na dificuldade de caminhar pelo bairro, embora, na Área 3 (46,8%) a
influência desses fluxos seja maior que nas Áreas 2 (27,1%) e 1 (25,4%) (χ²=9,923, sig.=
0,042), o que é corroborado pela maior quantidade de vias arteriais nas Áreas 3, 2 e 1
(sucessivamente menor). Os resultados também revelam que essa percepção é maior entre
moradores da habitação social que entre moradores do bairro (χ²=11,241, sig.= 0,004), de
modo especial na Área 3, onde moradores do Condomínio Princesa Isabel, rodeado por vias
de fluxo intenso de veículos (avenidas Princesa Isabel, João Pessoa e Bento Gonçalves)
sentem mais intensamente os efeitos limitadores do sistema viário em termos de uso
(χ²=8,654, sig.= 0,013).
A percepção da insuficiência de sinaleiras e faixas de trânsito para garantir
segurança aos pedestres, embora semelhante quando comparadas as três Áreas, também
demonstra maior insatisfação dos moradores da habitação social que do bairro (χ²=10,791,
sig.= 0,004), especialmente, na Área 1 (χ²=11,241, sig.= 0,004), onde 63,3% dos moradores
do Jardim Planetário identificam sinaleiras e faixas de trânsito como insuficientes, enquanto
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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apenas 22,9% dos moradores do bairro. O problema verificado pelas entrevistas seria a
travessia de crianças e idosos na rua Santana para os deslocamentos no sentido de
padarias e da escola na esquina da av. João Pessoa com a rua Luiz Manoel.
Segundo os resultados, a insuficiência de sinaleiras e faixas de trânsito para a
travessia de pedestres afeta a percepção de influência do fluxo de veículos na dificuldade
em caminhar pelo bairro, tanto considerando as três áreas em conjunto (Spearman,
c=0,284, sig.=0,000), como cada Área individualmente.
A localização prejudicada da habitação social nas três áreas em termos de
proximidade às vias com intenso fluxo de veículos parece ser sustentada pelos resultados.
Todavia, as diferenças encontradas, quando isolados os grupos socioeconômicos, permitem
inferir que outros aspectos podem estar afetando a percepção de influência do fluxo de
veículos e a insuficiência de sinaleiras e faixas de trânsito. O fato dos moradores da
habitação social apresentarem maior hábito de caminhar e maior número de crianças
brincando nas ruas e o fato dos moradores do bairro utilizarem automóveis mais
intensamente, sugere a influência do estilo de vida na percepção de um ambiente mais ou
menos adequado em termos da presença dos eixos viários.
A quantidade e o tipo de vias parecem particularmente importantes quanto à
possibilidade de interação entre os moradores das áreas porque, por um lado, possibilitam a
realização de atividades de pedestres (na Área 1) o que tende a favorecer a interação ,
e, por outro lado, podem privilegiar o automóvel em detrimento do uso da rua pelo homem
(nas Áreas 2 e 3) o que tende a inibir ou dificultar a interação. Entretanto, os efeitos
negativos do sistema viário, quanto ao uso do espaço público na rua parece ser percebido
diferentemente por grupos socioeconômicos distintos.
4.4.1.5 Associação da estrutura do ambiente construído e o uso e a interação social no
bairro
Na comparação entre os indicadores de adequação da estrutura do ambiente
construído (Tabela 4.62), as diferenças tendem a ser sustentadas pelas características
físico-espaciais analisadas e descritas no item 4.1. Por um lado, a maior acessibilidade e o
maior potencial de movimento observados na Área 1 são confirmados pelos respondentes,
já que nessa Área moradores percebem maior adequação do tamanho dos quarteirões, que
nas Áreas 3 e 2, respectivamente (KW, χ²=15,730, sig=0,000). Por outro, a presença de
arborização mais densa nas ruas da Área 2 concorda com a maior percepção dos
moradores de adequação da vegetação nessa Área (KW, χ²=5,977, sig=0,050), seguida das
Áreas 1 e 3.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Tabela 4.62: Relação entre os indicadores de adequação da estrutura do ambiente construído e uso
Médias ordinais¹
Área 1 Área 2 Área 3
Morador
Habitação
social
Morador
do Bairro
Morador
Jardim
Planetário
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
dos Anjos
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
Princ. Isabel
Morador do
Bairro
37,33 29,29 39,65* 29,42* 34,06 28,94
Adequação do
tamanho dos
quarteirões,
densidade e uso
111,04* 85,54*
109,62* 76,28* 107,73*
30,25 35,36 30,50 36,84 35,89 27,11
Adequação das
calçadas e uso²
102,88 92,74
84,79 103,91 103,90
39,22* 27,67* 34,65 33,47 31,60 31,40
Adequação da
vegetação e uso
103,64 92,07
95,54* 108,04* 88,16*
25,70* 39,26* 30,98 36,45 27,45 35,55
Adequação do
fluxo de veículos e
uso
83,20* 110,13*
97,18 102,54 92,39
Adequação da
estrutura do
ambiente
construído e uso
102,27 93,29 31,75 34,07 33,80 34,16 33,80 34,16
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (somatório das variáveis relacionadas a cada dimensão do ambiente construído,
valores obtidos a partir dos testes Mann-Whitney – U e Kruskal-Wallis – K-W). Quanto maior o valor, maior a adequação e o uso dos indicadores;
2. a variável uso das calçadas por crianças foi eliminada do somatório em função do teste “reability analysis”; * Valores destacados apresentam
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.
Caminhando mais intensamente pelas ruas, moradores da habitação social são os
que mais percebem os quarteirões como adequados, (U, χ²=3454,500, sig=0,000 ) enquanto
moradores do bairro, que deslocam-se menos a pé, são os que mais percebem o fluxo de
veículos e os utilitários de segurança de trânsito como adequados (U, χ²=3385,500,
sig=0,000), especialmente na Área 1 (U, χ²=306,000, sig=0,003). Esses resultados reforçam
as diferenças devidas ao estilo de vida, sugerindo que para moradores do bairro, quanto
menor o uso das ruas, menor a percepção de influência dos fluxos de veículos para
caminhar pelo bairro, e exatamente o oposto ao considerar-se os moradores da habitação
social.
Em cada uma das Áreas, as diferenças mais expressivas entre os grupos
socioeconômicos, quanto à percepção da adequação do ambiente construído, corroboram a
influência da localização da habitação social em relação ao entorno, embora sejam
percebidas, em especial para a Área 2, interferências do estilo de vida dos moradores: na
Área 1, a localização do Jardim Planetário junto a duas praças arborizadas e intensamente
utilizadas favorece, para seus moradores, a melhor percepção de adequação da arborização
ao uso (U, χ²=338,500, sig=0,004); na Área 2, embora o Condomínio dos Anjos apresente
acessibilidade reduzida em relação ao bairro, seus moradores caminham mais intensamente
pelos quarteirões, percebendo-os como mais adequadas que os moradores do bairro (U,
χ²=385,500, sig=0,029); na Área 3, o Condomínio Princesa Isabel é favorecido, quando
comparado ao entorno, por calçadas em boas condições de manutenção e com diversidade
de elementos urbanos, como resultado, esses moradores percebem as calçadas como mais
adequadas (U, χ²=307,500, sig=0,13).
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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Para a amostra geral, o uso do bairro de moradia é afetado pela adequação da
vegetação (Spearman, c=0,149, sig.=0,039) e do tamanho dos quarteirões (Spearman,
c=0,228, sig.=0,001), enquanto o uso de outros bairros é negativamente influenciado pela
adequação das calçadas (Spearman, c=-0,157, sig.=0,029) e do tamanho dos quarteirões
(Spearman, c=-0,244, sig.=0,001). Isso sugere que a acessibilidade da estrutura do espaço
urbano, a agradabilidade em termos de arborização e a aparência das calçadas favorecem o
uso do bairro de moradia, reduzindo a utilização de outros lugares. Como conseqüência,
maior interação social, o que é sustentado pelas correlações entre a adequação dos
quarteirões e o relacionamento social na vizinhança (Spearman, c=0,159, sig.=0,027) e a
adequação da vegetação e a percepção de apóio mútuo na vizinhança (Spearman, c=0,204,
sig.=0,004).
A adequação dos fluxos de veículos está associada ao comportamento mais
favorável ao uso da rua (satisfação quanto ao contato visual com a rua e hábito de
conversar nas calçadas) (Spearman, c=0,221, sig.=0,002) e ao relacionamento social na
vizinhança (Spearman, c=0,256, sig.=0,000), sugerindo que espaços onde maior
percepção de segurança em função do volume de tráfego, maior, também, o desejo de
utilizar as calçadas e melhores as relações entre os vizinhos.
Verificando a influência dos atributos físicos analisados, identifica-se para a amostra
total que a adequação da estrutura do ambiente construído (indicador geral) influencia
negativamente o uso de outros bairros (Spearman, c=-0,247, sig.=0,001) e afeta
positivamente a percepção de apoio mútuo na vizinhança (Spearman, c=0,187, sig.=0,009),
os relacionamentos sociais entre vizinhos (Spearman, c=0,251, sig.=0,000) e o sentimento
de ligação com a vizinhança (Spearman, c=0,182, sig.=0,011). Isso implica que quanto mais
favorável o ambiente construído para deslocamentos e uso das ruas, menos os moradores
utilizam outros bairros da cidade, maior a possibilidade de uso simultâneo dos lugares
próximos à residência por moradores do bairro e da habitação social, maior a satisfação e a
identificação com os moradores da área, como também melhores os relacionamentos
sociais (menor conflito).
A verificação de adequação dos atributos físico-espaciais analisados sustenta a
hipótese de que quanto mais a estrutura do ambiente construído apóia a acessibilidade de
atividades e a apropriação dos espaços abertos públicos próximos ao lugar de moradia,
maior a probabilidade de interação social (contato) entre os moradores de grupos
socioeconômicos distintos existentes na mesma área. A Área 1 destaca-se como a de
melhores características para o favorecimento da interação social entre os moradores. Nela
existem as condições mais propícias em relação às Áreas 2 e 3 quando verificados o
tamanho das quadras, o traçado viário, proporção de intersecções de ruas por hectare,
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200
quantidade de áreas de lazer e, ainda, menor interferência do sistema viário na circulação
de pedestres.
4.4.2 Hipótese 2: relações entre aparência das edificações e interação social
A hipótese 2 investiga se: Quanto maior a semelhança na aparência das edificações
da habitação social e das edificações da área em geral, maior a probabilidade de interação
social (contato) entre os moradores dos dois grupos socioeconômicos.
Para verificar esta hipótese, para cada Área de análise, são identificados e
associados aos moradores do bairro ou da habitação social, os lugares esteticamente
atraentes e não atraentes, os inadequados às características do bairro e os inseguros. A
seguir, é avaliada a satisfação com a aparência das edificações e a percepção de
segurança do lugar, bem como a associação entre elas. Dessa forma, é investigado se
diferenças ou semelhanças entre as edificações dos dois grupos socioeconômicos afetam o
uso de áreas comuns e a probabilidade de interação social entre eles.
4.4.2.1 Lugares identificados pelos moradores em função da aparência ou da segurança
Os lugares percebidos pelos moradores como esteticamente atraentes,
esteticamente não atraentes, inadequados às características do bairro e inseguros (e
evitados para o uso) são identificados nos mapas a seguir (Figuras 4.147, 4.148 e 4.149).
As características predominantes, em cada Área, relativas a altura, estilo arquitetônico, uso
unifamiliar ou multifamiliar e manutenção das edificações, analisadas anteriormente (item
4.2), auxiliam a compreensão da atratividade das áreas.
Na Área 1, as ruas Santa Teresinha (26%) e Santana (ou edificações individuais
existentes nessas ruas) são os lugares percebidos como mais atraentes, sendo identificados
por moradores do bairro e da habitação social. As duas ruas, em especial a Santa
Teresinha, apresentam edificações multifamiliares em estilo moderno ou protomoderno, com
alturas semelhantes e manutenção boa ou regular.
O Jardim Planetário (habitação social) (ver Anexo J) é o local menos atraente (33%)
e menos adequado às características do bairro (33%), sendo identificado respectivamente
por 55% e 31% dos moradores do conjunto e 15% e 36% dos moradores do bairro. As
edificações unifamiliares do conjunto, com 1 ou 2 pavimentos, em condições de manutenção
ruim ou precária e em arquitetura popular, se diferenciam fortemente do entorno, o que
parece contribuir para a percepção de inadequação e para o fato de não serem
esteticamente atraentes.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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Figura 4.150: Lugares identificados na Área 1
Nota: Tabelas com a descrição e freqüência dos lugares identificados
pelos moradores estão no Anexo L – Tabelas L1.1 a L1.4.
Os locais inseguros tendem a ser muito variados e diferentemente percebidos pelos
dois grupos socioeconômicos, como mostra a Figura 4.150. Para moradores do Jardim
Planetário, o lugar mais inseguro é a rua Luiz Manoel junto a av. Santana, lugar de difícil
travessia para acessar a Escola Ildefonso Gomes e os estabelecimentos de comércio
próximos, sugerindo uma associação com o fator de tráfego, mais do que com algum fator
estético. Por outro lado, para moradores do bairro, o Jardim Planetário é o local mais
inseguro, concordando com as percepções anteriores de menos atraente e inadequado.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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202
Na Área 2, diversos locais são identificados como atraentes, como mostra a Figura
4.151. As ruas Dário Pederneiras (15%) e Eça de Queiroz (17%) destacam-se, sendo
identificadas como atraentes por moradores do bairro e da habitação social. As edificações
dessas ruas, predominantemente de uso unifamiliar e estilo moderno, são bem mantidas e
apresentam alto padrão construtivo.
Figura 4.151: Lugares identificados na Área 2
Nota: Tabelas com a descrição e freqüência dos lugares identificados
pelos moradores estão no Anexo L – Tabelas L1.1 a L1.4.
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203
Locais inadequados e não atraentes são pouco identificados. O Condomínio dos
Anjos, a Vila Cachorro Sentado e a Praça das Nações são os menos atraentes para os dois
grupos socioeconômicos, mas apenas o condomínio e a vila são percebidos como
inadequados às características da Área. As adjacências do Condomínio dos Anjos na av.
Ipiranga, em condições precárias de manutenção, são destacadas entre os moradores do
condomínio como inadequadas (50%) e não atraentes (17%). Para moradores do bairro, os
locais menos atraentes são o Condomínio Residencial na rua Felizardo (13%) e a Praça das
Nações (13%), mas não há relevância entre as áreas inadequadas.
A Vila Cachorro Sentado (e áreas lindeiras em frente ao Bourbon Shopping na av.
Ipiranga) é o local mais inseguro, sendo identificada pelos dois grupos. Para moradores do
bairro, sobressaem-se também como inseguros o Condomínio dos Anjos (8%), a Praça das
Nações, (8%) e a rua La Plata (14%).
A concordância entre locais não atraentes, inadequados às características do bairro
e inseguros parece ocorrer como na Área 1. A figura 4.151 (ver também Anexo J) permite
observar essas associações, embora a identificação dos locais varie para cada um dos
aspectos analisados.
Na Área 3 (Figura 4.52), não existe homogeneidade na identificação dos lugares
atraentes, mesmo quando isolados os grupos socioeconômicos. Todavia, a rua Maestro
Mendana (fora dos limites da área de análise) tende a ser o local mais atraente para
moradores do bairro (11%) e o Condomínio Princesa Isabel, para os seus próprios
moradores (14%). Destaca-se quanto a este último que sua atratividade pode estar sendo
favorecida pelas edificações serem novas (finalizadas em 2006) e em razão dos moradores
do condomínio advirem de habitações precárias.
Locais não atraentes, inadequados e inseguros apresentam também grande variação
nas identificações. Ao contrário das Áreas 1 e 2, a concordância entre esses três aspectos
não é tão evidente, embora seja também percebida, especialmente em relação à
atratividade e a insegurança.
Nesse sentido, a av. Azenha e as ruas Ramiro D'Ávila, Prof. Freitas e Castro e
Marcílio Dias são identificadas como as menos atraentes e as mais inseguras (Anexo J), o
que pode ser associado ao fato de apresentarem muitas edificações mal conservadas e
terrenos baldios ou com estacionamento. Entre moradores do bairro ainda se destacam,
nestes dois aspectos, a rua Leopoldo Bier e o Condomínio Princesa Isabel. Este último, em
razão da identificação como inadequado às características do bairro, se sobressai: embora a
altura, o uso multifamiliar e a boa manutenção favoreçam as semelhanças com as
edificações do entorno, alguns moradores do bairro consideram-no inadequado, sugerindo
que o estilo e o padrão de acabamento da edificação ou então fatores composicionais
estejam interferindo nessa percepção.
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Figura 4.152: Lugares identificados na Área 3
Nota: Tabelas com a descrição e freqüência dos lugares identificados
pelos moradores estão no Anexo L – Tabelas L1.1 a L1.4.
Cabe ressaltar que, na análise dos locais identificados pelos moradores, parece
haver associação entre a percepção de atratividade e a de segurança. Além disso, nas três
áreas, as edificações da habitação social tendem a ser identificadas pelos moradores do
bairro como não atraentes, inadequadas às características do lugar e inseguras.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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205
4.4.2.2 Aparência do bairro e nível de satisfação com as edificações
Para a amostra total, a satisfação com a aparência das edificações do bairro é
influenciada pela manutenção (Spearman, c=0,482, sig.=0,000) e pelos estilos das
edificações (Spearman, c=0,156, sig.=0,030). E a percepção de locais esteticamente
atraentes está correlacionada à satisfação com a aparência (Spearman, c=0,257,
sig.=0,000) e à manutenção (Spearman, c=0,141, sig.=0,000). Isso sugere que tanto melhor
a manutenção das edificações e maior a satisfação com os diferentes estilos arquitetônicos
existentes numa área, maior a satisfação com a aparência das edificações em geral e a
identificação de locais atraentes.
As diferenças entre as Áreas corroboram esses resultados: moradores da Área 2 são
os mais satisfeitos com a aparência (χ²=12,706, sig.= 0,012) e com a manutenção das
edificações do bairro (χ²=10,035, sig.= 0,037), percebendo mais locais atraentes (χ²=11,551,
sig.= 0,003) que os moradores das Áreas 1 e 3. Conforme as características das
edificações analisadas no item 4.1: na Área 2 apresentam-se as melhores condições de
manutenção, melhor padrão construtivo e maior homogeneidade quanto a alturas, estilos e
usos; na Área 1, condições intermediárias quanto a manutenção e homogeneidade das
edificações; enquanto na Área 3, identificam-se as piores condições de manutenção,
padrões construtivos variados e menor homogeneidade em relação a altura, estilo
arquitetônico e uso das edificações.
Moradores da habitação social apresentam maior satisfação com a aparência das
edificações do lugar que moradores do bairro (χ²=16,692, sig.= 0,000), sugerindo para os
primeiros um padrão de exigência menor com relação às variações estéticas (tais como
altura, estilo, padrão construtivo), embora, quanto a manutenção, os dois grupos
apresentem percepções semelhantes. Essas diferenças podem estar influenciando a maior
percepção de locais inadequados às características da área por moradores do bairro que
para os da habitação social (χ²=13,869, sig.= 0,001).
Os resultados demonstram, quando considerados todos os moradores em conjunto,
que a percepção de locais inadequados às características da área está negativamente
associada à satisfação com a aparência (Spearman, c=-0,290, sig.=0,000), à manutenção
(Spearman, c=-0,171, sig.=0,000) e aos estilos das edificações (Spearman, c=-0,221,
sig.=0,002). Portanto, a falta de manutenção das edificações e a insatisfação com os estilos
arquitetônicos favorecem a insatisfação com a aparência, propiciando a identificação de
locais inadequados ao bairro.
A percepção de locais inadequados ainda é influenciada pela presença de
edificações antigas (Spearman, c=0,214, sig.=0,000), todavia, parece estar existindo um
desvio de significado, pois esta variável é afetada pela manutenção (Spearman, c=0,277,
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sig.=0,023 apenas na Área 2), indicando que edificações antigas estejam sendo
associadas a edificações mal conservadas sem necessariamente remeterem a construções
do início ou meados do século XX.
Cabe destacar, ainda, que o desejo de identificar-se com o bairro a partir do local de
moradia (tornando sua edificação mais semelhante ao entorno), (χ²=5,879, sig.= 0,05) tende
a ocorrer mais intensamente entre moradores da habitação social, indicando que estes,
embora mais satisfeitos que os do bairro com relação a aparência da Área em geral, não se
satisfazem com a aparência da própria moradia. Isso parece ser sustentado pelos
moradores das três áreas reurbanizadas, em especial no Jardim Planetário, que
identificaram as edificações de seus conjuntos como não atraentes ou inadequadas.
A verificação dos atributos que mais influenciam na atratividade das edificações
(manutenção e estilo) e a caracterização das diferenças entre os locais de moradia da
habitação social e do bairro corroboram a identificação feita pelos moradores sobre os
conjuntos: na Área 1, as piores condições de manutenção e o baixo padrão construtivo e
formal (estético) do Jardim Planetário favorecem sua diferenciação do entorno e sua
identificação como não atraente e inadequado; na Área 2, a topografia e a acessibilidade
visual entre os dois grupos reduzem o reconhecimento do Condomínio dos Anjos pelos
moradores do bairro, ainda assim, alguns moradores tendem a identificá-lo como não
atraente e inadequado, seja pelas características formais ou pela influência das
características precárias de manutenção das áreas lindeiras ao condomínio; na Área 3, a
maior diversidade de características do bairro e as condições favoráveis de manutenção do
Condomínio Princesa Isabel, não o tornam menos atraente, embora seja percebido como
inadequado às características do bairro.
4.4.2.3 Percepção de segurança e uso e associação com a satisfação com a aparência
A percepção de segurança no bairro é afetada, na amostra total, pela manutenção
das edificações (Spearman, c=0,161, sig.=0,025) e, especialmente na Área 2, é influenciada
pela satisfação com os estilos arquitetônicos (Spearman, c=0,269, sig.=0,028), e, entre
moradores do bairro, é também influenciada pela aparência das edificações (Spearman,
c=0,205, sig.=0,038), destacadamente na Área 1, onde essa correlação é mais forte
(Spearman, c=0,529, sig.=0,001). Isso corrobora a literatura quanto à influência da
aparência e manutenção na percepção de segurança. Contudo, outros fatores relacionados
à estrutura do ambiente construído, tais como o fluxo de veículos ou acessibilidade visual,
podem estar interferindo, visto que a maior satisfação com a aparência e manutenção foram
anteriormente identificadas na Área 2, seguidas das Áreas 1 e 3, enquanto a segurança é
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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melhor percebida na Área 1, sendo sucessivamente menos seguras as Área 2 e 3
(χ²=9,533, sig.= 0,049).
A percepção de segurança afeta o uso dos espaços (Spearman, c=-0,307,
sig.=0,000), para a amostra total e nos grupos separadamente, sugerindo que quanto maior
a segurança percebida, menor a influencia no uso dos espaços do bairro, ou seja, menos os
lugares são evitados pelos moradores. Nas Áreas 1 e 2, onde respectivamente a percepção
de segurança e a satisfação com a aparência são maiores, moradores tendem a identificar
menor influencia da segurança para usar o bairro (Área 1 67,7% e Área 2 67,2%),
enquanto na Área 3, esta influência tende a ser um pouco maior (80,6%).
Destaca-se que nas três Áreas moradores dos dois grupos socioeconômicos tendem
a apresentar semelhanças nos sentimentos de segurança e percepção da influência da
segurança no uso. Além disso, apesar das correlações entre segurança e manutenção ou
estilo ou aparência das edificações revelarem certas diferenças entre os grupos, o
significado dessas relações tende a ser o mesmo, revelando que a segurança é afetada pela
satisfação com a aparência, seja em função de identificação de áreas atraentes ou
inadequadas, ou devido à manutenção ou a presença de edificações antigas.
Sobretudo, os efeitos da percepção de segurança quanto ao uso, em cada uma das
áreas, parece influir negativamente na possibilidade de interação social entre os grupos
socioeconômicos distintos. A identificação dos conjuntos reurbanizados como não atraentes,
inadequados e inseguros (e evitados) sugere a redução do uso de áreas adjacentes a essas
edificações pelos moradores do bairro, desfavorecendo a interação social entre eles e os
moradores da habitação social. Cabe ressaltar ainda que existem diferenças entre as áreas,
como foi demonstrado na identificação dos lugares quanto à atratividade e a segurança
(item 4.3.2.1 e Anexo J Tabelas J1): onde são mais evidentes as condições precárias da
habitação social em relação ao entorno, mais os moradores tendem a escolher o local como
inseguro e evitado, o que ocorre mais intensamente na Área 1, seguida das Áreas 2 e 3.
4.4.2.4 Heterogeneidade do ambiente construído
As áreas de estudo o percebidas como homogêneas por aproximadamente 1/3
dos moradores, como demonstra a Tabela 4.63. Moradores da habitação social tendem a
perceber o ambiente construído um pouco mais homogêneo que os moradores do bairro.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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Tabela 4.63: Caracterização dos elementos influentes na percepção de heterogeneidade do bairro, por área e
por tipo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Heterogeneidade
percebida em função
de:
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Tipos de edificações 53,3% 65,7% 30% 43,2% 22,6% 19,4%
Material construtivo
das edificações
20% 20% 6,7% 10,8% 3,2% -
Cores das fachadas 26,7% 25,7% 16,7% 2,3% 19,4% 8,5%
Manutenção das
edificações
43,3% 51,4% 20% 21,6% 35,5% 38,7%
Tipo de entrada
(recuo de jardim)
20% 28,6% 26,7% 27% 25,8% 19,4%
Presença de árvores e
vegetação nas ruas
26,7% 48,6% 43,3% 37,8% 25,8% 32,3%
Manutenção das
calçadas
33,3% 28,6% 36,7% 16,2% 12,9% 22,6%
O lugar onde moro é
homogêneo
40% 20% 36,7% 29,7% 32,3% 35,5%
Nota: As variáveis “heterogeneidade física percebida” não são excludentes, cada morador indicou as que entendeu como mais influentes.
Dentre os moradores que percebem os ambientes como heterogêneos, três
elementos em especial são verificados com maior freqüência como influentes: os tipos de
edificações do bairro (39,7% - 77 de 194), as árvores e a vegetação nas ruas (36,1% - 70 de
194) e a manutenção das edificações no lugar (35,1% - 68 de 194). Todavia, destaca-se que
moradores da Área 1, percebem mais elementos heterogêneos que os das demais áreas: as
edificações (χ²=20,438, sig.=0,000), os materiais construtivos (χ²=11,805, sig=0,003), as
cores das fachadas (χ²=7,911, sig.=0,019) e a manutenção dos edifícios (χ²=10,574,
sig.=0,005) são mais freqüentes na Área 1 seguidas pelas Áreas 2 e 3 e a presença
vegetação nas ruas tende a ser mais identificada na Área 2, seguidas das Áreas 1 e 3.
Apesar das diferenças entre os grupos socioeconômicos e, especialmente entre as
Áreas, a percepção de heterogeneidade do ambiente construído parece ser influenciada
pelo tipo e manutenção das edificações.
4.4.2.5 Associação entre aparência, segurança, homogeneidade do ambiente construído e
interação social
A comparação entre os grupos (Área e grupo socioeconômico) quanto ao indicador
de satisfação com a aparência (Tabela 4.64) destaca a importância e a influência da
aparência das edificações e da homogeneidade do ambiente construído, pois as diferenças
entre as Áreas são evidentes, enquanto, moradores do bairro e da habitação social tendem
a apresentar percepções semelhantes em cada Área: a Área 2 apresenta as melhores
condições de aparência e manutenção das edificações, favorecendo a maior satisfação dos
seus moradores, seguidas das Áreas 1 e 3 (KW, χ²=20,795, sig.=0,000).
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Tabela 4.64: Relação entre os indicadores de satisfação com a aparência, percepção de segurança e
heterogeneidade do ambiente construído
Médias ordinais¹
Área 1 Área 2 Área 3
Morador
Habitação
social
Morador
do Bairro
Morador
Jardim
Planerio
Morador do
Bairro
Morador
Condom. dos
Anjos
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
Princ. Isabel
Morador do
Bairro
32,20 33,69 35,20 33,03 35,19 27,81
Satisfação com a
aparência das
edificações
100,92 84,48
86,51* 122,56* 81,94*
34,98 31,30 34,30 33,76 30,89 32,11
Percepção de
segurança e uso
96,60 96,52
111,42* 96,42* 84,40*
30,38 35,24 35,20 33,03 32,00 31,00
Heterogeneidade
do ambiente
construído
95,33 99,42
112,22* 93,46* 86,43*
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (somatório das variáveis relacionadas à adequação dos equipamentos e uso, valores
obtidos a partir dos testes Mann-Whitney U e Kruskal-Wallis K-W). Quanto maior o valor, maior a satisfação com a aparência e maior a
percepção de segurança; * Valores destacados apresentam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.
A maior percepção de segurança e uso entre moradores da Área 1, seguidos dos
das Áreas 2 e 3 (KW, χ²=7,955, sig.=0,019), sugere que outros fatores, além da satisfação
com a aparência, estejam contribuindo para o sentimento de segurança. Isto é sustentado,
na amostra total de respondentes, pela correlação entre a percepção de segurança e a
adequação do ambiente construído (indicador geral) (Spearman, c=0,326, sig.=0,000).
Quando agrupados os componentes (ver Tabela 3.7), a satisfação com a aparência afeta a
percepção de segurança entre moradores do bairro (Spearman, c=0,221, sig.=0,025),
embora não entre os da habitação social. Isso indica que a acessibilidade da estrutura do
ambiente, a adequação das calçadas, a arborização e o fluxo de veículos tendem a
influenciar fortemente a percepção de segurança e o uso dos lugares, apesar da influencia
verificada com relação à aparência e a manutenção das edificações.
A heterogeneidade do ambiente construído, que é mais intensa na Área 1, seguida
das Áreas 2 e 3 (KW, χ²=7,620, sig.=0,022), está correlacionada negativamente à satisfação
com a aparência das edificações (Spearman, c=-0,221, sig.=0,025), o que é mais forte entre
moradores da habitação social, especialmente na Área 1 (Spearman, c=-0,479, sig.=0,007).
Os resultados sugerem que a percepção de maior homogeneidade no bairro favorece a
satisfação com a aparência do lugar. Na Área 1, por exemplo, onde a heterogeneidade foi
mais sentida, moradores do bairro e da habitação social consideram o Jardim Planetário
como esteticamente não atraente e inadequado às características do bairro: pelo conjunto
ser muito diferente do entorno, aumento da percepção de heterogeneidade, afetando
negativamente a satisfação com a aparência do lugar.
A satisfação com a aparência das edificações afeta negativamente o uso de outros
bairros (Spearman, c=-0,251, sig.=0,000) enquanto a percepção de segurança influi no uso
do bairro de moradia (Spearman, c=0,165, sig.=0,021). Isso significa que a atratividade e a
segurança do lugar incentivam o uso do bairro, promovendo maior apropriação dos espaços
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abertos e, conseqüentemente, maior potencial de interação social entre moradores do bairro
e da habitação social.
O apóio mútuo na vizinhança é afetado pela satisfação com a aparência das
edificações (Spearman, c=0,163, sig.=0,023) e pela heterogeneidade do ambiente
construído (Spearman, c=-0,153, sig.=0,033), sugerindo que a satisfação e a identificação
com os moradores do bairro, influenciada pela atratividade das edificações e pela percepção
de semelhanças entre elas, propicia maior contato social entre os moradores.
O relacionamento social e a ligação com a vizinhança são influenciados pela
satisfação com a aparência (Spearman, c=0,302, sig.=0,000, Spearman, c=0,232,
sig.=0,001, respectivamente) e pela percepção de segurança (Spearman, c=0,163,
sig.=0,023, Spearman, c=0,163, sig.=0,023, respectivamente), essa segurança, em especial,
afeta os laços de amizade entre vizinhos (Spearman, c=0,206, sig.=0,004). Isso ratifica que
a maior atratividade e a maior segurança do bairro, favorecendo os relacionamentos sociais
e a satisfação com o lugar, incrementam a interação social entre os moradores.
Por tudo isso, é sustentada a hipótese de que quanto maior a semelhança na
aparência das edificações da habitação social e das edificações da área em geral, maior a
probabilidade de interação social (contato) entre os moradores dos dois grupos
socioeconômicos.
Os resultados sugerem que a aparência das edificações, influenciada pelo estilo e
manutenção e pela percepção de heterogeneidade do ambiente construído, afeta a
percepção de segurança e o uso do bairro, embora essa percepção também seja
influenciada pela estrutura do ambiente construído. A identificação de maiores semelhanças
entre edificações e no espaço das ruas favorece a maior apropriação do bairro, a
identificação com moradores e a ligação com o lugar, promovendo maior intensidade de
relações sociais entre os moradores. Ao contrário, a menor atratividade tende a inibir o uso
e a interação social, o que permite estabelecer que:
- na área 1 existem diferenças entre altura, estilo e estado de conservação das
edificações do Jardim Planetário e edificações do entorno, que são confirmadas na
percepção da área do conjunto como não atraente, inadequada ao bairro e insegura;
- na Área 2, o Condomínio dos Anjos apresenta diferenças quanto ao estilo e altura
das edificações em relação ao entorno, além disso, terrenos adjacentes, em estado
precário, influenciam na percepção da aparência do conjunto. O Condomínio tende a ser
identificado como não atraente, inadequado e inseguro por alguns moradores, embora com
menos freqüência que na Área 1, o que parece ser devido a menor acessibilidade visual
(topografia e características morfológicas) entre moradores do bairro e da habitação social;
- na Área 3, as menores diferenças quanto à altura, estilo e manutenção do
Condomínio Princesa Isabel em relação às edificações do bairro tendem a favorecer a
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menor identificação do condomínio como não atraente, inadequado e inseguro, embora isso
seja verificado por alguns moradores.
Áreas adjacentes à habitação social tendem a ser menos apropriadas pelos
moradores do bairro e menos identificadas com a Área em geral. Isso ocorre mais
fortemente na Área 1, onde foram observados (observações de comportamento) muito
poucos moradores do bairro circulando junto ao Jardim Planetário, seguida da Área 2, e em
menor intensidade, na Área 3, na qual podem ser verificadas diversas pessoas (moradores
e não moradores) deslocando-se pelas calçadas em torno do conjunto e usando
estabelecimentos de comércio lindeiros. Como resultado, o contato social entre moradores
do bairro e da habitação social é menos favorecido onde mais diferenças são identificadas
entre as edificações dos dois grupos e, mais favorecido, na situação inversa. Vale recordar
que também a estrutura do ambiente construído (acessibilidade física e visual) afeta a
possibilidade de interação.
4.4.3 Hipótese 3: relações entre equipamentos existentes na área, atividades
realizadas e interação social
A hipótese 3 investiga se: quanto mais os equipamentos existentes na Área
apoiarem as atividades desejadas e necessárias aos moradores da habitação social e aos
moradores do bairro, maior a intensidade de apropriação da área e maior a probabilidade de
interação social (contato) entre os dois grupos socioeconômicos.
Para verificar esta hipótese, é avaliada a percepção de adequação dos
equipamentos e dos usos existentes na área e são definidas as atividades e os lugares
utilizados pelos moradores da habitação social e do bairro. A adequação dos equipamentos
é associada ao potencial de interação social e ao uso do bairro, confirmando se
equipamentos próximos à residência apóiam as atividades desejadas e necessárias aos
moradores, definindo as possibilidades de uso próximo ao local de moradia,
simultaneamente pelos dois grupos socioeconômicos, e a probabilidade de interação social
entre eles.
4.4.3.1 Adequação dos equipamentos e usos na Área
As diferenças quanto à existência e à acessibilidade dos equipamentos nas áreas de
análise (item 4.1) corroboram as variações de percepção dos moradores em relação a
lugares e atividades presentes. A pequena quantidade de equipamentos na Área 2 é
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destacada, quando comparada às Áreas 1 e 3, pelos aspectos de maior insatisfação com o
número de equipamentos institucionais no bairro (χ²=13,984, sig.= 0,007), de menor
facilidade de acesso a equipamentos de saúde (χ²=15,117, sig.= 0,004) e de maior
inexistência de comércio e serviços próximos (χ²=10,003, sig.= 0,040). Essas verificações
parecem influir no uso do lugar, pois na Área 2 menor uso de comércio e serviços do
bairro (χ²=10,003, sig.= 0,040) e maior uso de shopping centers (χ²=13,330, sig.= 0,010) que
nas Áreas 1 e 3.
A existência diferenciada dos espaços públicos de lazer, em associação à
acessibilidade desses lugares, sugere, também, a utilização maior ou menor de cada Área:
as seis praças da Área 1 estão distribuídas e acessíveis por vias locais ou coletoras; a única
praça da Área 2 está acessível, sendo conectada a três ruas locais e a um cruzamento
importante (ruas La Plata e Euclides da Cunha e av. Ipiranga), e na Área 3, embora existam
duas praças, uma acessível (na esquina da rua Santana e Av. Princesa Isabel) e outra não,
(pois funciona como rótula viária), o fluxo intenso de veículos tende a inibir os
deslocamentos. Como conseqüência, foi verificado nos questionários e confirmado nos
mapas comportamentais, o maior uso de praças e parques do bairro por crianças na Área 1
seguida das Áreas 2 e 3 (χ²=10,003, sig.= 0,040) e o maior uso de praças e parques do
bairro por moradores adultos na Área 1, seguida das Áreas 3 e 2 (χ²=11,676, sig.= 0,020).
Confirmando a influência dos equipamentos do bairro, a percepção de existência
desses lugares tende a ser semelhantemente verificada pelos grupos socioeconômicos
distintos. Diferenças entre eles são encontradas apenas quanto a dois dos seis aspectos
analisados: moradores da habitação social percebem maior adequação dos edifícios de
escritório ao estilo de vida do lugar (χ²=12,308, sig.= 0,002) e maior facilidade de acesso a
escolas e creches (χ²=14,399, sig.= 0,001).
Um dos possíveis motivos para a maior satisfação de moradores da habitação social
com instituições educacionais próximas pode ser a presença de escolas públicas de ensino
fundamental nas três Áreas de análise, e a existência de creches comunitárias (destinadas a
grupos de baixa renda) junto a moradias desses grupos (Áreas 1 e 3) ou nas adjacências
imediatas (Área 2). Assim, se por um lado, esses moradores são beneficiados com a
facilidade do acesso a esses equipamentos, por outro, moradores do bairro, tendem a
escolher estabelecimentos mais adequados às suas necessidades, independentemente da
proximidade desses locais.
Na verificação das atividades realizadas pelos moradores, são identificadas
variações significativas em três dos seis aspectos analisados quando comparados os grupos
socioeconômicos. Para moradores da habitação social, maior utilização dos serviços e
estabelecimentos de comércio existentes no bairro (χ²=9,089, sig.= 0,011) e maior uso de
praças e parques próximos ao lugar de moradia por crianças (χ²=12,027, sig.= 0,002),
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enquanto, para moradores do bairro, maior uso de shopping centers (χ²=7,004, sig.=
0,030).
Moradores do bairro apresentam maior mobilidade (uso do carro) e mais opções para
acessar localizações desejadas, mesmo que distantes, como é o caso do shopping center,
ou ainda, de espaços de lazer como clubes e centros esportivos. Já moradores da habitação
social, com menor mobilidade e recursos financeiros, tendem a usar os espaços mais
próximos à residência como o comércio local e as praças públicas. Essas diferenças
refletem o estilo de vida e se tornam mais evidentes (através dos questionários e dos mapas
comportamentais) quanto menor a diversidade de usos e facilidade de acesso aos
equipamentos existentes próximos à moradia (Tabela 4.65). Na Área 1 onde diversidade
de usos, em especial de estabelecimentos de comércio e serviços básicos, são verificados a
maior utilização do bairro e comportamentos mais semelhantes entre os grupos
socioeconômicos distintos. Na Área 2, poucos equipamentos e mais diferenças entre os
grupos. E, na Área 3, muitos serviços eventuais ou usos institucionais que favorecem a
presença marcante de usuários não moradores, em detrimento do uso residencial e de
atividades de apoio a ele, em razão disso algumas diferenças são encontradas entre os
grupos quanto à adequação e ao uso dos lugares.
Tabela 4.65: Diferenças estatísticas no uso e equipamentos entre moradores do bairro e da habitação social
Existência de diferenças significativas entre os grupos sociais
por área:
Área 1 Área 2 Área 3
Adequação do de edifícios de escritório à vida dos moradores
do lugar
- (χ²=7,087, sig.= 0,029) (χ²=8,621, sig.= 0,013)
Uso freqüente de comércio e serviços básicos presentes no
bairro
- (χ²=9,089, sig.= 0,011)
Utilização de praças e/ou parques do bairro por crianças - (χ²=12,977, sig.= 0,002)
(χ²=8,130, sig.= 0,017)
Satisfação com a proximidade de escolas e creches - (χ²=7,919, sig.= 0,019) -
Nota: Varveis cujas relações estasticas não foram encontradas eso omitidas.
Muitas das correlações confirmam a dependência entre maior percepção de
equipamentos, maior satisfação com a presença desses no bairro e maior realização de
atividades nas adjacências do lugar de moradia. Algumas correlações são destacadas
nesse sentido: por um lado, o uso de shopping centers está associado negativamente à
satisfação com quantidade de equipamentos institucionais (Spearman, c=-0,278,
sig.=0,024), ao uso do comércio e serviços do bairro (Spearman, c=-0,246, sig.=0,001), à
utilização de parques e praças por crianças (Spearman, c=0,299, sig.=0,015 apenas na
Área 2) e ao uso de locais de lazer do bairro pelos moradores adultos (Spearman, c=-0,380,
sig.=0,002 – apenas na Área 2); e, por outro, o uso de comércio e serviços básicos do bairro
está associado à existência e proximidade desses estabelecimentos (Spearman, c=0,297,
sig.=0,000), à possibilidade de ir a a praças e parques (Spearman, c=0,200, sig.=0,005),
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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ao uso de praças e parques por crianças (Spearman, c=0,217, sig.=0,002) e ao uso de
locais de lazer do bairro por moradores adultos (Spearman, c=0,177, sig.=0,014).
Além disso, conforme a literatura, a incompatibilidade de usos ou usuários numa
mesma área pode interferir na redução de usos desses espaços (item 1.4.3.3). Verifica-se
que a percepção de pessoas indesejáveis no uso dos lugares do bairro está negativamente
associada à satisfação com o número de equipamentos institucionais (Spearman, c=-0,204,
sig.=0,004), à existência de comércio e serviços próximos (Spearman, c=-0,184, sig.=0,010),
ao uso freqüente de comércio e serviços do bairro (Spearman, c=-0,285, sig.=0,000) e a
utilização dos espaços de lazer do bairro por moradores adultos (Spearman, c=-0,398,
sig.=0,001 – apenas na Área 1). Isso sugere que a maior percepção de adequação dos usos
e dos moradores existentes no lugar favorece a satisfação com os equipamentos existentes,
propiciando maior uso dos espaços, enquanto a percepção de inadequação de usos ou
moradores reduz a satisfação com o lugar e o uso deste.
4.4.3.2 Lugares usados e distâncias entre a moradia e a atividade realizada
A seguir, são verificados os lugares específicos utilizados pelos moradores,
identificando aqueles que, usados simultaneamente pelos diferentes grupos
socioeconômicos, permitem a interação social entre os moradores do bairro e os da
habitação social. Foram caracterizados cinco aspectos: local de compras básicas ou diárias,
local de compras específicas, local para a prática de esportes, local de lazer diurno e local
de lazer noturno.
Também foram identificadas as distâncias desde a moradia até os serviços ou
equipamentos desejados (Tabela 4.66), de forma a permitir a verificação das diferenças no
deslocamento dos distintos grupos e a associação com a localização dos equipamentos
escolhidos.
Tabela 4.66: Variação das distâncias entre moradia-equipamento por área e por tipo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Distâncias¹ entre
casa e local de:
% di
% di
% di
% Média²
% di
% di
D1
43%
26,5% - - 19,4% 26,7%
D2
10%
23,5% 26,7% 15,6%
32,3% 16,7%
D3
13,3%
5,9% 26,7% 46,9%
16,1% 10%
D4
23,3%
14,7% 16,7% 34,4%
12,9% 20%
Compras
básicas ou
diárias
D5
10%
29,07
7,8%
35,53
30%
33,20
3,1%
29,91
19,4%
29,98
26,7%
32,05
Diferenças estatísticas
Não significante Não significante Não significante
D1
14,3%
21,9% 3,3% 9,1% 45,2% 23,3%
D2
17,9%
34,4% - 21,2%
12,9% 33,3%
D3
64,3%
34,4% - 9,1%
3,2% 13,3%
D4
-
6,3% 6,7% 39,4%
38,7% 23,3%
Compras
específicas
D5
3,6%
33,46
3,1%
27,91
90%
43,40
21,2%
21,64
-
29,23
6,7%
32,83
Diferenças estatísticas
Não significante K-W, χ²=26,761, sig.= 0,000 Não significante
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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215
(continuação) Tabela 4.66: Variação das distâncias entre moradia-equipamento por área e por tipo de morador
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Distâncias¹ entre
casa e local de:
% di
% di
% di
% Média²
% di
% di
D1
4,5%
21,7% 35,3% 14,3% - 33,3%
D2
9,1%
21,7% 17,6% 25%
33,3% 20,8%
D3
45,5%
21,7% - 25%
11,1% 8,3%
D4
22,7%
8,7% 35,3% 17,9%
22,2% 20,8%
Praticar
esporte
D5
18,2%
25,25
26,1%
20,85
11,8%
21,26
17,9%
24,05
33,3%
21,28
16,7%
15,40
Diferenças estatísticas
Não significante Não significante Não significante
D1
21,4%
13,8% 27,6% 10,3% 14,3% 7,1%
D2
39,3%
20,7% 41,4% 13,8%
14,3% 14,3%
D3
21,4%
44,8% 17,2% 17,2%
17,9% 3,6%
D4
3,6%
17,2% - 20,7%
35,7% 42,9%
Lazer diurno
D5
14,3%
26,20
3,4%
31,71
13,8%
22,48
37,9%
32,06
17,9%
25,21
32,1%
31,79
Diferenças estatísticas
Não significante K-W, χ²=10,920, sig.= 0,001 Não significante
D1
13,8%
3,7% 25% 12% 16,7% 23,1%
D2
24,1%
29,6% 25% 8%
30% 26,9%
D3
27,6% 18,5% 3,6% 16%
40% 11,5%
D4
24,1% 37% 25% 8%
10% 15,4%
Lazer
noturno
D5
10,3%
26,67
11,1%
30,46
21,4%
22,48
56%
32,06
3,3%
27,22
23,1%
29,98
Diferenças estatísticas
Não significante K-W, χ²=5,467, sig.= 0,019 Não significante
Nota: (1) D1, D2, D3, D4 e D5 representam intervalos de distâncias categorizados em função das distâncias reais entre equipamento-moradia
calculadas no ARCGIS. Os intervalos variam para cada um dos equipamentos. (2) os números representam as médias dos valores ordinais
(obtidos a partir do teste Kruskal-Wallis – K-W), quanto maior o valor, maior a distância percorrida.
Os afastamentos desde a moradia até os locais de compras básicas são
semelhantes para os dois grupos socioeconômicos. Diferenças entre as Áreas (Anexo L
Tabela L1), todavia, indicam maiores distâncias na Área 2 e menores nas Áreas 3 e 1 (K-W,
χ²=6,817, sig.= 0,033). Na identificação dos locais utilizados (Anexo L – Tabela L2.1),
moradores do bairro tendem a concentrar suas atividades em supermercados, embora, nas
Áreas 1 e 3, o uso de pequenos comércios (padarias ou fruteiras) do bairro também seja
comum. Os moradores da habitação social tendem a apresentar padrões diferentes nas três
áreas: na Área 1, é usado o pequeno comércio em geral; na 2, supermercados (Zaffari e
Gessepel); e na 3, o pequeno comércio em geral e um supermercado (o Bird, na Azenha).
Em cada Área, em torno de 1/3 dos lugares identificados parece a ser freqüentado pelos
dois grupos: onde mais equipamentos de comércio e serviços básicos, na Área 1 e 3,
mais locais de uso comum para moradores do bairro e da habitação social, enquanto onde
menor presença desses estabelecimentos, na Área 2, existe menor número de locais
comuns.
A maior diversidade e quantidade de locais de comércio e serviços nas Áreas 1 e 3
associadas às menores distâncias no deslocamento moradia-comércio sugerem o
favorecimento de mais espaços comuns para moradores dos grupos socioeconômicos
distintos nessas Áreas, quando comparadas à Área 2, onde menos estabelecimentos
comerciais e maiores distâncias.
Nos afastamentos desde a moradia até os locais de compras específicas são
verificadas diferenças entre as áreas e entre os grupos socioeconômicos (Anexo L Tabela
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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216
L1). As maiores distâncias acontecem para moradores da Área 2, seguidos pelos da Áreas 1
e 3 (K-W, χ²=53,729, sig.= 0,000), e são menores para moradores do bairro que para os da
habitação social (K-W, χ²=5,051, sig.= 0,025). Moradores do bairro tendem a utilizar centros
de compras (supermercados ou shopping Centers), embora nas Áreas 1 e 3, também ocorra
o uso do bairro Centro (Anexo L Tabela L2.2). moradores do jardim Planetário e do
Condomínio dos Anjos tendem a concentrar suas atividades no Centro e os do Condomínio
Princesa Isabel no Centro e no comércio da av. Azenha.
As maiores distâncias para moradores dos conjuntos e o uso do Centro,
especialmente na Área 2 (mais afastada do Centro e onde menos equipamentos no
bairro), reforçam a relevância desse local em termos de uso para moradores da habitação
social. Diferentemente, para moradores do bairro, a maior variedade de locais de compra e
o uso de shopping centers, destaca à diversidade de opções e os maiores recursos desse
grupo. O estilo de vida dos moradores parece influir fortemente na realização de compras
específicas, desfavorecendo a existência de espaços comuns de uso entre os grupos
socioeconômicos distintos.
Os afastamentos desde a moradia até o local de prática de esportes são os menores,
quando comparados aos das demais atividades, sugerindo que esportes sejam realizados
mais próximos ao ambiente residencial. Moradores do bairro (Anexo L – Tabela L2.3)
tendem a apresentar maior variedade de locais, utilizando academias, clubes, ruas próximas
à moradia e espaços públicos de lazer. Moradores da habitação social fazem uso de ruas
próximas à moradia e de espaços públicos de lazer. Na Área 1, a proximidade do parque da
Redenção parece favorecer o uso comum do maior mero de moradores do bairro
(34,28%) e do Jardim Planetário (50,0%); na Área 2, isso tende a ocorrer em relação a
ESEF-UFRGS (moradores do bairro – 20%; Condomínio dos Anjos - 12,9%), e, na Área 3, a
inexistência de locais de lazer de maior porte próximos à residência, favorece o uso das
ruas do bairro como o local comum aos grupos (moradores do bairro 24,3%; Condomínio
Princesa Isabel – 21,2%).
Os locais mais comuns aos moradores do bairro e da habitação social para a prática
de esportes tendem a ser os espaços públicos de lazer de grande porte da cidade (ex.:
parques da Redenção, Marinha do Brasil e Moinhos de Vento), sugerindo que apesar da
simultaneidade de uso, não necessariamente exista a interação social devido ao tamanho e
diversidade de atividades nesses lugares. Contudo, a utilização das ruas para caminhar ou
correr (exercícios) identificada pelos dois grupos socioeconômicos, nas três Áreas, sugere o
favorecimento da interação social entre esses moradores em lugares próximos à residência.
Para os afastamentos entre moradia e local de lazer são encontradas diferenças
entre as Áreas e os grupos socioeconômicos (ver Anexo L Tabela L1.1). As maiores
distâncias acontecem na Área 3, onde mais deslocamentos para fora da cidade, seguida
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217
das Áreas 2 e 1 (K-W, χ ²=12,516, sig.= 0,002). As menores distâncias para moradores da
habitação social que para os do bairro (K-W, χ²=11,025, sig.= 0,001) sugere a utilização de
espaços urbanos mais próximos ao local de moradia entre os primeiros. A identificação dos
locais para lazer (Anexo L – Tabela L2.4) descreve algumas semelhanças a todos os
moradores, como ficar em casa e a utilização do Parque da Redenção e do Parque Marinha
do Brasil, ambos locais públicos de grande porte. Moradores da habitação social tendem a
concentrar suas atividades no uso de equipamentos públicos de lazer, enquanto para
moradores do bairro os comportamentos parecem ser diferenciados em cada uma das
áreas.
Na Área 1, moradores do Jardim Planetário e do bairro tendem a aproveitar os
recursos do ambiente, utilizando as praças mais próximas e o Parque da Redenção. Na
Área 2, moradores do Condomínio dos Anjos tendem a usar locais públicos de lazer dos
bairros Petrópolis, Partenon e Jardim Botânico e a área central do condomínio, enquanto os
do bairro tendem a usar equipamentos públicos de lazer de grande porte (Parque Moinhos
de Vento), shopping centers e clubes privados. Na Área 3, moradores do Condomínio
Princesa Isabel tendem a usar locais públicos de lazer próximos, enquanto os do bairro
parecem usar com mais freqüência shopping centers, locais públicos de lazer de grande
porte e locais no interior ou no litoral.
É relevante notar que o uso de praças e parques próximos ao local de residência
parece acontecer com maior freqüência onde maior número desses equipamentos
presentes, como no caso da Área 1. Havendo menor existência desses equipamentos nas
adjacências da moradia, os moradores da habitação social tendem a utilizar locais públicos
de lazer mais distantes, os moradores do bairro se inclinam a usar locais de caráter
semipúblico (clubes e shopping centers). Todavia, a presença de equipamentos públicos de
lazer de pequeno porte (ex.: praças e playgrounds) nas áreas de análise, embora favoreça a
maior intensidade de uso, não sugere necessariamente a maior interação social entre os
dois grupos socioeconômicos, pois nas observações de comportamento, o uso simultâneo
dos grupos nesses locais foi pouco identificado.
Por fim, para os afastamentos entre moradia e locais de lazer noturno são verificadas
diferenças entre as Áreas e entre os grupos socioeconômicos (Anexo L – Tabela L1).
Distâncias tendem a ser maiores na Área 2, seguida das Áreas 1 e 3 (K-W, χ²=6,581,sig.=
0,037). Novamente, as menores distâncias para moradores da habitação social que para os
do bairro (K-W, χ²=5,935, sig.= 0,015) revelam a utilização de locais mais próximos à
moradia no primeiro grupo. A identificação dos locais (Anexo L Tabela L2.5) utilizados
sugere forte discrepância entre os grupos socioeconômicos, pois grande diversidade de
lugares e pouca (6%) coincidência entre os dois grupos. Apesar da variabilidade dos
lugares, este é o uso onde mais facilmente identifica-se a influência dos aspectos
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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218
socioeconômicos: moradores da habitação social tendem a usar bares, lancherias,
danceterias e bingos, enquanto os do bairro utilizam shopping centers, restaurantes e bares.
Nas três Áreas, “Stuttgart”, Clube Ipiranguinha” e “Chop 1”, estabelecimentos na av.
Princesa Isabel, são usados pelos moradores da habitação social, e bares do bairro Cidade
Baixa, da rua Padre Chagas e da av. Goethe são usados por moradores do bairro. Para
atividades de lazer noturno, o uso de espaços comuns pelos dois grupos socioeconômicos é
praticamente inexistente.
Também informações relativas aos mapas mentais e às entrevistas (30 entrevistas
realizadas na Etapa 1), permitiram a análise das áreas e a comparação entre os grupos,
como mostra a Figura 4.153:
Nota: os mapas são resultantes das entrevistas realizadas na Etapa 1
do levantamento de dados.
Figura 4.153: Mapa dos equipamentos usados pelos moradores segundo as entrevistas
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219
Apesar do tamanho reduzido da amostra, os resultados corroboram as informações
dos questionários quanto aos aspectos verificados nas três áreas: identifica-se que dos
equipamentos percebidos ou mais usados pelos dois grupos socioeconômicos, menos da
metade deles é coincidente, confirmando a utilização de lugares diferenciados em função
das características composicionais dos moradores.
Um terço dos equipamentos identificados é comum aos dois grupos na Área 1 e 3 e
apenas um quarto deles é comum na Área 2. Essa menor coincidência na Área 2 parece
reforçar os aspectos contextuais identificados como influentes na menor facilidade de
circulação e menor apropriação dos espaços abertos dessa área.
A maior parte dos equipamentos tende a estar localizada a 400 metros de
distância, quando verificada a proximidade entre estes e o centro da habitação social: em
todas as áreas, mais da metade dos equipamentos coincide com a primeira medida de
circunferência (Figura 3.150). Há, no entanto, variações quanto a distâncias e distribuição
dos equipamentos identificados, independentemente do grupo socioeconômico, sugerindo a
interferência das características físicas de cada bairro na definição dos lugares usados,
especialmente na Área 2, como sugere a comparação das distâncias equipamento-moradia
entre as áreas e os grupos socioeconômicos.
4.4.3.3 Associação entre adequação dos equipamentos e a interação social
A comparação do indicador de adequação dos equipamentos e uso (Tabela 4.66),
reforça maior uso e adequação na Área 1, onde mais diversidade e quantidade
equipamentos de apoio ao uso residencial, seguida pela Área 3, e 2 (K-W, χ²=22,176, sig.=
0,000) e reafirma as diferenças devidas à maior percepção de adequação e uso de
equipamentos próximos à moradia por moradores da habitação social que pelos do bairro
(U, χ²=3473,500, sig.= 0,004), apontando para as maiores diferenças entre os grupos onde o
ambiente é menos adequado, a Área 2.
Tabela 4.67: Relação entre os indicadores de adequação dos equipamentos e uso
Médias ordinais¹
Área 1 Área 2 Área 3
Morador
Habitação
social
Morador
do Bairro
Morador
Jardim
Planetário
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
dos Anjos
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
Prrinc.
Isabel
Morador do
Bairro
34,00 30,18 41,78* 26,60* 33,61 29,39
Adequação
dos
equipamentos
e uso
107,83* 85,24*
116,81* 71,93* 100,48*
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (somatório das variáveis relacionadas à adequação dos equipamentos e uso).
Quanto maior o valor, maior a adequação e o uso do indicador; * Valores destacados apresentam diferenças estatisticamente significativas entre
os grupos.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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220
Para a amostra total, a adequação dos equipamentos e uso afeta positivamente o
uso do bairro de moradia (Spearman, c=0,375, sig.=0,000) e negativamente o uso de outros
bairros (Spearman, c=-0,128, sig.=0,128), significando que a maior quantidade e diversidade
dos equipamentos existentes nas áreas aumentam o uso do bairro de moradia, em
detrimento do uso de outros bairros da cidade. Isso é verificado especialmente entre
moradores do bairro, quando isolados os grupos sociais e as Áreas de análise (Anexo M
Tabela M4.2), indicando que esses moradores tendem a modificar mais seus hábitos quanto
ao uso de lugares próximos à moradia quando o ambiente construído é mais favorável.
Portanto, os resultados sugerem que quanto maior a adequação dos equipamentos, maior a
probabilidade de uso simultâneo do bairro pelos moradores dos dois grupos
socioeconômicos, o que favorece o contato social entre eles.
Na Área 2, existe correlação entre adequação dos equipamentos e uso dos espaços
semiprivados e privados (Spearman, c=0,388, sig.=0,001), indicando que os moradores
mais propensos a usar equipamentos do bairro, também tendem a usar os espaços junto à
residência para mais atividades como conversar com vizinhos, jardinagem e outras.
Além disso, os laços de amizade, para a amostra total, também são influenciados
pela adequação dos equipamentos e uso (Spearman, c=0,375, sig.=0,000), reafirmando que
a interação social, nesse caso, em termos de vizinhos com quem se conversa, é beneficiada
pela maior possibilidade de usos disponíveis e desejáveis no bairro de moradia, o que é
corroborado, nas observações de comportamento na Área 1, pelo intenso movimento de
pessoas conversando nas calçadas ou nas praças e acessando o comércio de
abastecimento básico local.
Os dados sustentam a hipótese de que quanto mais os equipamentos próximos à
residência apoiarem as atividades desejadas e necessárias aos moradores da habitação
social e aos moradores do bairro, maior a intensidade de apropriação da área e maior a
probabilidade de interação social (contato) entre os dois grupos socioeconômicos. Destaca-
se, sobretudo, que a quantidade e a diversidade de equipamentos não é condição para a
maior interação entre os grupos, mas sim o tipo de equipamento disponível no lugar. O que
parece claro comparando a intensidade de estabelecimentos comerciais e institucionais, da
Área 3, que atraem usuários de toda a cidade, em relação aos locais de comércio, escolas e
espaços públicos de lazer, predominantes na Área 1, que são mais favoráveis ao uso
residencial, incentivando atividades associativas entre os moradores.
Também as diferenças relativas ao estilo de vida dos moradores do bairro e da
habitação social tendem a influenciar nos locais possíveis de interação, indicando que: (1) a
existência de equipamentos de apoio ao uso residencial (padarias, minimercados, fruteiras)
favorece o uso de espaços comuns aos dois grupos socioeconômicos, aumentando o
potencial de interação social entre eles; (2) diferenças nas distâncias percorridas para
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221
realizar compras específicas e na identificação dos lugares utilizados, especialmente do
Centro por moradores da habitação social e de shopping centers por moradores do bairro,
sustentam a pouca probabilidade de interação social entre os dois grupos em relação a
essas atividades; (3) na realização de práticas desportivas, as diferenças entre os grupos,
em razão do estilo de vida, sugerem que a interação social entre moradores do bairro e da
habitação social possa ser influenciada pela adequação do ambiente construído
exclusivamente quanto às caminhadas nas ruas do bairro; (4) a ausência de espaços
públicos de lazer (em especial nas Áreas 2 e 3) inibe o uso da Área para atividades de lazer,
principalmente entre moradores do bairro, que tendem a ter outras opções (clubes, centros
esportivos), além disso, a identificação de usos em espaços ou horários distintos para
moradores do bairro e da habitação social sugere pouca interação social entre eles para o
lazer diurno; (5) o lazer noturno parece sofrer muita influência dos fatores composicionais,
inibindo fortemente a interação social em função dos diferentes locais usados pelos
moradores do bairro e da habitação social.
4.4.4 Hipótese 4: relações entre a percepção de heterogeneidade entre grupos e a
interação social
A hipótese 4 investiga se: quanto menor a percepção de heterogeneidade entre
moradores da habitação social e moradores do bairro, maior a semelhança quanto à
intensidade de interação social dentro do mesmo grupo de moradores e entre os dois
grupos socioeconômicos.
Para verificar esta hipótese, é avaliada a percepção dos grupos socioeconômicos
quanto à semelhança entre os moradores do lugar, a existência de grupos distintos no bairro
e à segregação no uso dos lugares. A percepção de homogeneidade dos moradores é
associada ao potencial de interação social e ao uso do bairro, a fim de verificar seus efeitos
na probabilidade de interação social entre os grupos socioeconômicos distintos.
4.4.4.1 Percepção da homogeneidade entre moradores
Respondentes da habitação social tendem a perceber mais intensamente, que os do
bairro, a existência de grupos distintos de moradores na área (χ²=13,874, sig=0,001), a
segregação no uso do lugares do bairro (χ²=18,463, sig=0,000) e a menor semelhança entre
os moradores do lugar (em relação aos hábitos ou comportamento) (χ²=11,657, sig=0,003).
Essas diferenças são verificadas mesmo quando isoladas as Áreas de análise: a partir da
afirmação de que eles, fora, são parecidos”, moradores da habitação social,
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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222
especialmente, descrevem claramente, durante questionários ou nas entrevistas, a
percepção das diferenças entre os grupos.
Destaca-se que moradores da Área 3 percebem mais intensamente a existência de
grupos distintos (χ²=12,182, sig=0,016) e a segregação no uso dos lugares do bairro
(χ²=11,859, sig=0,018), seguidos por moradores da Área 1 e 2. Embora não exista
sustentação estatística, a análise dos resultados sugere que a acessibilidade visual entre os
grupos é um fator relevante nessas relações: na Área 2, onde a percepção de
heterogeneidade é menor, especialmente entre moradores do bairro, a identificação de
diferenças entre os grupos parece ser influenciada pela pouca acessibilidade visual entre
moradores do bairro e do Condomínio dos Anjos e pela menor intensidade de apropriação
dos espaços abertos; na Área 1, onde a percepção de heterogeneidade é intermediária, a
visibilidade entre os grupos socioeconômicos é pequena, todavia a tipologia das edificações
do Jardim Planetário (casas térreas e sobrados) e o número de crianças e adolescentes
nesses locais favorecem a identificação de diferenças entre os grupos no volume de
movimento e no tipo de atividade nas calçadas e nos recuos de jardim; na Área 3, apesar de
existir maior homogeneidade (em comparação às áreas 2 e 1) na aparência das edificações,
no ambiente construído e no uso dos espaços semiprivados (moradores do Condomínio
Princesa Isabel tendem a usar espaços internos ao conjunto), verifica-se alta acessibilidade
visual entre os dois grupos socioeconômicos e grande percepção de heterogeneidade entre
eles para alguns moradores do bairro eles (habitação social) não deveriam estar numa
localização tão privilegiada”.
Para a amostra total, a percepção de grupos distintos, percepção de segregação e
percepção de semelhanças entre moradores do bairro estão associadas entre si, como
demonstra a Tabela 4.68.
Tabela 4.68: Associação entre variáveis da percepção de homogeneidade entre moradores
Associações Amostra total de respondentes
Entre percepção de grupos distintos de
moradores e:
Percepção de segregação dos grupos. Spearman,c=0,245, sig.=0,001
Entre percepção de segregação dos grupos
no uso dos espaços do bairro e:
Percepção de semelhança entre os
moradores (comportamento).
Spearman, c=-0,157, sig.=0,029
Entre percepção de semelhança entre os
moradores (comportamento) e:
Percepção de grupos distintos de moradores.
Spearman, c=-0,163, sig.=0,001
Os resultados sugerem que os moradores que sentem mais fortemente a
heterogeneidade na vizinhança, seja na menor semelhança entre os vizinhos ou na
existência de grupos distintos, percebem maior segregação no uso dos espaços do bairro.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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223
4.4.4.2 Associação entre Percepção da heterogeneidade entre moradores e a interação
social
A comparação do indicador de percepção de homogeneidade entre os grupos
(Tabela 4.69) reforça a maior percepção de heterogeneidade entre os moradores da
habitação social que entre os do bairro.
Tabela 4.69: Relação entre o indicador de percepção de homogeneidade entre moradores e os grupos
Médias ordinais¹
Área 1 Área 2 Área 3
Morador
Habitação
social
Morador
do Bairro
Morador
Jardim
Planetário
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
dos Anjos
Morador do
Bairro
Morador
Condom.
Princ.
Isabel
Morador do
Bairro
25,65* 39,30* 27,97* 38,89* 24,74* 38,26*
Percepção de
homogeneidade
entre moradores
76,75* 115,83*
101,05 103,07 87,76
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (somatório das variáveis relacionadas à homogeneidade entre os moradores).
Quanto maior o valor, maior a percepção de homogeneidade entre os moradores; * Valores destacados apresentam diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos.
A percepção de homogeneidade está fortemente relacionada ao comportamento
mais favorável ao contato social nas ruas (conversar com vizinhos nas calçadas, observar
movimento nas calçadas) (Spearman, c=0,875, sig.=0,000), seja na amostra total de
respondentes ou isolando áreas e grupos de moradores. Está, também, relacionada à
percepção de apóio mútuo na vizinhança (Spearman, c=0,330, sig.=0,000) e ao
relacionamento na vizinhança (Spearman, c=0,189, sig.=0,019). Moradores que percebem
maior semelhança no comportamento dos vizinhos e menor segregação de grupos no uso
dos espaços abertos do bairro estão mais propensos a conversar com outros moradores em
frente às suas residências e nas calçadas, e tendem, também, a estar mais satisfeitos e
mais identificados com os moradores do lugar, apresentando melhores relacionamentos
entre os vizinhos (menor conflito).
Esses resultados são corroborados pela identificação de usos diferenciados e
segregados, nas calçadas ou em frente às edificações, por moradores do bairro e da
habitação social, de modo especial na Área 1, onde a separação é mais visível: os
moradores de cada grupo socioeconômico tendem a se relacionar com moradores do
próprio grupo e tendem a estar mais satisfeitos com essas relações quando percebem que
seus vizinhos são mais parecidos. O fato de a homogeneidade favorecer o comportamento
mais favorável ao contato social nas ruas não parece ser verificado, pois não associação
entre essa percepção e o maior volume de atividades sociais nas ruas (conversa entre
vizinhos ou brincadeiras de crianças), especialmente nas observações de comportamento
na Área 2, onde moradores percebem as menores diferenças na vizinhança, mas se
apropriam pouco dos espaços abertos.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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224
Por tudo isso, a hipótese de que quanto menor a percepção de heterogeneidade
entre moradores da habitação social e moradores do bairro, maior a semelhança quanto à
intensidade de interação social dentro do mesmo grupo de moradores e entre os dois
grupos socioeconômicos não é sustentada. A maior percepção de homogeneidade parece
estar associada à menor possibilidade de contato social entre os moradores, ou seja, à
menor acessibilidade visual entre eles e, conseqüentemente, à menor possibilidade de
identificar as diferenças. Em decorrência desta visibilidade, a maior homogeneidade
identificada parece também indicar menor probabilidade de interação social entre moradores
do bairro e da habitação social.
Cabe ressaltar, ainda, que o contato social com a rua e os relacionamentos sociais
na vizinhança tendem a ser mais favorecidos quanto menor a heterogeneidade percebida
entre os moradores. Essa menor heterogeneidade parece acontecer exatamente onde a
visibilidade entre os grupos é menor, sugerindo, portanto, menores possibilidades de
interação social entre os grupos socioeconômicos distintos e maiores possibilidades entre os
moradores do mesmo grupo.
4.4.5 Hipótese 5: relações entre comportamento territorial, imagem dos grupos e
interação social
A hipótese 5 investiga se: quanto maiores as diferenças quanto à manifestação do
comportamento territorial dos moradores dos grupos socioeconômicos distintos, maior a
distinção da imagem dos grupos e a percepção de heterogeneidade e menor o potencial de
interação social entre eles.
Para verificar a hipótese, o comportamento territorial dos moradores é avaliado em
função das barreiras físicas e simbólicas, utilizadas para a delimitação dos espaços
semiprivados e privados, e em função da personalização do território. Essas dimensões são
verificadas em relação às diferenças no comportamento territorial entre os grupos
socioeconômicos distintos, sendo associadas à percepção de homogeneidade entre os
moradores e aos efeitos na interação social na vizinhança.
4.4.5.1 Comportamento territorial: barreiras físicas e a interação social
As barreiras físicas, definidas pelos moradores entre suas residências e o espaço
público, e as atividades realizadas nos espaços privados e semiprivados e nas calçadas
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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junto à moradia, permitem avaliar as diferenças do comportamento territorial entre os grupos
socioeconômicos distintos nas áreas de análise.
A definição das barreiras foi realizada a partir do levantamento físico (ver Figuras
4.36/4.37, 4.79/4.80 e 4.126/1.127) em função do tipo de controle e da visibilidade
favorecidos pelos elementos adotados para a delimitação dos espaços privados e
semiprivados.
O tipo de controle foi entendido em função de (ver anexo M – Tabela M1):
- menor controle do contato com o espaço público: edificação tipo “porta-e-janela” e
recuo de jardim permeável (sem grades ou muros ou vegetação delimitando os espaços
semiprivados ou privados);
- controle intermediário do contato com o espaço público: delimitação dos espaços
semiprivados ou privados através de cercas-viva, muros de até 1,5 metros, grades altas ou
baixas (e a combinação desses elementos);
- maior controle do contato com o espaço público: talude maior que 1,5 metros de
altura junto à divisa, delimitação dos espaços semiprivados ou privados através de muros
maiores que 1,5 metros de altura, grades (impedindo contato visual com a rua), vegetação
densa (impedindo contato visual com a rua) (e a combinação desses elementos).
A visibilidade foi entendida a partir dos níveis de contato visual entre o espaço
público e os espaços semiprivados definidos a partir da combinação dos diversos elementos
(barreiras físicas) de controle utilizados pelos moradores. Maior a possibilidade de contato
visual com espaços privados ou semiprivados caracteriza alta visibilidade, enquanto a
menor possibilidade de contato visual define baixa visibilidade.
De modo geral, barreiras menos controladas tendem a acontecer na Área 1, seguida
das Áreas 3 e 2 (χ²=20,917, sig=0,000): barreiras de menor controle, tais como muros
baixos ou grades, são mais identificadas nas Áreas 3 e 1 e barreiras mais controladas são
mais comuns na Área 2 (χ²=50,584, sig=0,000). Além disso, espaços semiprivados ou
privados do bairro (para as três áreas) tendem a apresentar visibilidade alta ou média, e as
da habitação social visibilidade alta ou baixa (χ²=43,298, sig=0,000), sendo muros baixos ou
grades mais freqüentes entre os moradores do bairro e muros altos ou grades (com maior
controle) mais comuns entre os da habitação social (χ²=50,584, sig=0,000).
Destaca-se, sobretudo, que o maior controle dos espaços semiprivados ou privados,
adotado na habitação social, nem sempre é decorrente das necessidades ou aspirações
desses moradores, diferentemente do que acontece no bairro: na habitação social, as
definições dos projetos de regularização (nos caso das Áreas 2 e 3) configuram edificações
com acessos voltados ao pátio central e, portanto, com menor contato visual para o espaço
público e com maior controle dos espaços comuns dos conjuntos; para moradores do bairro
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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a relação, em geral, direta da edificação com a rua favorece a autonomia para definir o
controle de contato desejado com os espaços públicos.
Para a amostra total, os tipos de barreiras estão associados ao nível de visibilidade
entre a rua e os espaços privados ou semiprivados (Cramer’s V=321, sig=0,000) Cabe, no
entanto, ressaltar as diferenças entre os grupos socioeconômicos em cada Área (ver Anexo
P1.1):
- na Área 1, onde moradores do Jardim Planetário têm mais autonomia sobre o
controle dos espaços privados, em decorrência dos tipos arquitetônicos, maior
semelhança entre os grupos socioeconômicos. A maior parte das edificações (do bairro e do
conjunto) é caracterizada pela existência de grades ou muros baixos e apresentam alta e
média visibilidade;
- na Área 2, para moradores do bairro, as grades e os muros favorecem alto e médio
acesso visual aos espaços privados ou semiprivados, enquanto para o Condomínio dos
Anjos, a visibilidade é predominantemente baixa, que 11 dos 12 blocos de apartamentos
não apresentam acesso direto para a rua, e sim para um pátio central (barreiras:χ²=41,458,
sig=0,000; visibilidade:χ²=23,514, sig=0,000). Além disso, moradores do condomínio não
manifestaram a necessidade de colocação de grades ou outra barreira física para maior
controle do contato com o espaço público;
- na Área 3, para moradores do bairro, predominam grades e muros e média
visibilidade e, para o Condomínio Princesa Isabel, elementos como grades e muros, jardins,
diferenças na topografia e a configuração das edificações (muitas delas com acesso interno,
sem contato com a rua) caracterizam baixa acessibilidade visual dos espaços privados (ou
semiprivados) em relação à rua (barreiras:χ²=7,810, sig=0,020; visibilidade:χ²=16,864,
sig=0,000). Neste caso, diferentemente da Área 2, houve necessidade de grades e muros
para maior controle dos espaços semiprivados e privados, o que tende a favorecer a
semelhança com a aparência dos recuos de jardim dos moradores do bairro.
A percepção de controle territorial é, ainda, medida em função da influência da
presença de grades ou muros na percepção de segurança e de privacidade e na satisfação
com a aparência do bairro, o que afeta a imagem do grupo.
A maior parte dos moradores nas Áreas 1 (90,8%), 2 (85,1%) e 3 (88,7%) tende a
perceber maior segurança na presença de grades e muros. Essa percepção é ligeiramente
maior entre moradores do bairro que os da habitação social (χ²=10,443, sig.= 0,005). Isso
ocorre especialmente na Área 2 (χ²=9,672, sig.= 0,008), pois os moradores do Condomínio
dos Anjos relacionam o sentimento de segurança à presença de grades e muros, com
menor freqüência que os do bairro. O que parece ser justificado pelo controle e vigilância
favorecidos pela configuração das edificações do condomínio.
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A presença de grades e muros é menos associada à necessidade de privacidade
que à percepção de segurança. Os moradores da Área 2 (80,6%) e os da Área 1 (73,8%)
são os que mais percebem que a privacidade é favorecida pelas grades ou muros, e os da
Área 3 (53,2%), os que menos percebem essa relação (χ²=21,673, sig.= 0,000). No entanto,
existem variações entre os grupos socioeconômicos: nas Áreas 1 e 2, moradores da
habitação social, mais que os do bairro, tendem a perceber que a presença de barreiras
físicas junto ao passeio favorece a privacidade (Área 1:χ²=7,582, sig.= 0,023), enquanto, na
Área 3, ocorre o inverso, pois mais moradores do bairro associam grades e muros à
percepção de privacidade que os do Condomínio Princesa Isabel e 3 (χ²=8,148, sig.= 0,017).
Além disso, a presença de grades e muros tende a afetar negativamente o nível de
satisfação com a aparência do bairro, embora existam diferenças entre as Áreas. Moradores
da Área 2 (70,1%), seguidos dos das Áreas 3 (54,8%) e 1 (46,9%) (χ²=9,468, sig.= 0,050)
são os que menos associam essas barreiras à uma aparência positiva. Em geral, o controle
do contato com os espaços público não é alto (Anexo M - Tabela M1), para todas as Áreas,
as barreiras físicas mais comuns são as grades e os muros baixos (ou associação entre
ambas), limitações maiores ao contato visual na interface público-privada tende a ser
alcançada em função de vegetação mais densa nos recuos de jardim ou devido à topografia.
De modo especial, onde há maior controle através dessas barreiras, o que ocorre na Área 2,
seguida da Área 3, também maior percepção de que esses elementos não influenciam
positivamente a aparência do lugar.
Todavia, moradores da habitação social, diferentemente dos do bairro, em especial
nas Áreas 1 (56,7%) e 3 (41,9%), tendem a relacionar a presença de grades e muros com
uma aparência satisfatória do bairro (χ²=16,845, sig.= 0,000), o que sugere diferenças na
imagem idealizada pelos dois grupos socioeconômicos. Nesse caso, isso pode estar
ocorrendo em função de diferenças estéticas entre eles, ou em decorrência da aspiração
dos moradores da habitação social de identificarem-se (status social) com os do bairro, a
partir das barreiras físicas mais comuns utilizadas por estes. Como evidencia, verifica-se
que, onde os moradores da habitação social apresentam maior autonomia sobre a inserção
de barreiras (por exemplo, na delimitação das unidades residenciais do Jardim Planetário
com muros e grades, ou na de colocação de grades nos acessos do Condomínio Princesa
Isabel) mais semelhantes se revelam as soluções (barreiras) dos dois grupos
socioeconômicos.
De modo geral, apesar das diferenças identificadas, os resultados sugerem que a
existência de grades e muros no bairro corresponde a uma necessidade de segurança e de
privacidade (no sentido de limitar o distanciamento com os outros), mas não, ou em menor
grau, a uma necessidade estética. Especialmente entre moradores do bairro, foi
manifestado, durante a aplicação dos questionários, o desejo de não precisar de grades e,
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sim, de delimitar seus territórios apenas com jardins. Isso parece ser sustentado entre
moradores do bairro da Área 2, onde correlação negativa entre percepção de segurança na
presença de grades e muros e a percepção dos efeitos positivos dessas barreiras para a aparência do
bairro (Spearman, c=-0,468, sig.=0,004): nessa Área, onde existe maior número de grades
ou muros, foi constatado maior nível de percepção de segurança e a maior insatisfação com
a aparência do bairro por causa das barreiras.
O maior controle definido pelas barreiras, seja através de muros altos ou diferenças
de topografia ou configuração das edificações, está associado à realização de diversas
atividades nos espaços privados e semiprivados, tais como crianças brincando ou jogando
bola (Cramer’s V=390, sig=0,000), moradores descansando (Cramer’s V=197, sig=0,023) e
estacionamento de veículos (Cramer’s V=225, sig=0,007).
A associação das diversas atividades com as barreiras físicas definidas pelos
moradores indicam a necessidade de controle na interface entre espaços privados e
semiprivados com o espaço público, seja por questões de segurança ou distanciamento dos
outros (privacidade) como ficou demonstrado anteriormente. A realização de atividades
sociais ou contemplativas, nos espaços privados ou semiprivados, é destacada, pois
manifesta o desejo (mesmo que controlado) de contato com a rua e de interação social.
Embora isso revele certas semelhanças entre os grupos socioeconômicos, a intensidade de
uso, medida pelos questionários e observada nos diversos lugares das áreas analisadas,
ressalta as diferenças no padrão de comportamento dos dois grupos socioeconômicos,
promovendo um distanciamento entre eles, em função da imagem manifestada na aparência
(barreiras) e no nível de apropriação dos espaços junto à moradia. Isso pode ser verificado
diferentemente nas Áreas:
- Na Área 1, existem as maiores semelhanças entre os dois grupos quanto à
definição de barreiras, além disso, moradores em geral tendem a utilizar os recuos de jardim
e as calçadas adjacentes para a realização de atividades. Entretanto, o uso é intenso junto
ao Jardim Planetário, especialmente com a presença de crianças e adolescentes brincando
ou conversando nas calçadas, enquanto para moradores do bairro isso é muito menos
freqüente, mesmo ocorrendo entre estes atividades como sentar ou conversar nos recuos
de jardim ou em cadeiras colocadas nas calçadas de algumas ruas (quando não existem
recuos nas edificações). De modo especial, o que se verifica é que os dois grupos tendem a
não interagir, especialmente, moradores do bairro tendem a evitar a utilização de áreas
próximas do conjunto. Alguns dos comentários dos moradores do bairro demonstram
claramente essas diferenças identificando o Jardim Planetário como um território
diferenciado (“a área deles”).
- Na Área 2, para moradores do bairro, grades, muros e topografia definem o controle
dos espaços semiprivados ou privados e o uso é muito pouco freqüente, embora sejam
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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identificados moradores conversando ou eventualmente descansando nesses lugares. Para
o Condomínio dos Anjos, a configuração do projeto, por si , favorece o controle, o uso é
freqüente e, embora moradores fiquem parados conversando em frente ao conjunto, a maior
parte das atividades acontece no pátio comum, controlada e protegida do espaço público.
Moradores do bairro costumam não passar nas adjacências do conjunto, mas a definição de
território (ex.: eles” ou “deles”) não é tão evidente nos questionários e entrevistas como
acontece na Área 1.
- Na Área 3, devido à extensão e à configuração do Condomínio Princesa Isabel, a
definição de barreiras apresenta partes semelhantes e outras diferentes do entorno. Nesse
sentido, a colocação de grades e a definição dos jardins reduzem as diferenças entre a
aparência do conjunto e a do entorno. Além disso, a existência de áreas semiprivadas
internas (pátio comum) no conjunto e a impossibilidade de apropriação dos espaços em
frente à edificação por crianças, em especial, tende a favorecer maiores semelhanças entre
os dois grupos socioeconômicos no tipo de uso realizado na interface entre os espaços
públicos e os privados. Como demonstram as observações comportamentais e os
questionários, não há diferenças significativas entre os dois grupos quanto ao uso dos
espaços semiprivados ou privados em frente à moradia. Isso sugere maior possibilidade de
identificação entre os grupos nessa área e, possivelmente, interação a partir do contato
passivo decorrente do uso dos espaços em torno do conjunto, como é observado nos
mapas comportamentais, nos locais próximos aos acessos do conjunto nas avenidas João
Pessoa e Bento Gonçalves.
Verifica-se que existem diferenças de comportamento territorial entre os dois grupos
socioeconômicos, em termos de tipo e quantidade de barreiras físicas introduzidas e de
intensidade de uso e tipo de atividades realizadas (mais freqüência de uso para moradores
da habitação social) nos espaços semiprivados e privados. Todavia, os resultados sugerem
que quando existem pátios comuns internos, nos conjuntos da habitação social, e limitações
para a apropriação dos espaços externos (calçadas adjacentes e recuos de jardim), os
comportamentos que acontecem na interface público-privada tendem a ser semelhantes,
favorecendo uma imagem menos heterogênea entre os grupos socioeconômicos distintos
(ex.: Área 3 e 2). Isso não ocorre na Área 1, pois apesar das barreiras físicas das unidades
individuais (unifamiliares) apresentarem certa semelhança com o entorno, a inexistência de
limites claros entre espaços semiprivados do Jardim Planetário e os espaços públicos
parece favorecer apropriação generalizada e intensa dos espaços adjacentes (calçadas) por
parte desses moradores, diferenciando-se dos demais espaços do bairro em função do nível
de apropriação. Isso parece afetar a imagem do conjunto, promovendo, de certa forma, a
insatisfação por parte dos moradores do bairro que os identificam como grupo distinto.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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4.4.1.1 Imagem do grupo e personalização do território
A personalização dos espaços semiprivados ou privados, através da inserção de
jardins e elementos decorativos e da manutenção desses espaços, é um tipo de
comportamento territorial que favorece a identificação do grupo a partir da construção e
manutenção de uma imagem comum. Assim, a caracterização dos recuos de jardim, a
percepção de que vizinhos cuidam desses espaços e a satisfação com a aparência deles
são avaliadas para compreensão e comparação do comportamento dos moradores dos
grupos socioeconômicos distintos.
De modo geral, considerando as três Áreas de análise e não apenas as edificações
dos respondentes (Anexo M - Tabela M2), grande parte dos espaços semiprivados e
privados apresentam vegetação e algum tipo de mobiliário (ex.: bancos, iluminação) e estão
em estado regular de manutenção. Além disso, elementos decorativos nesses espaços
tendem a ser pouco freqüentes, estando mais presentes entre moradores do bairro na Área
2 e quase inexistentes entre moradores da habitação social (apenas no Jardim Planetário).
Diferenças quanto à personalização dos espaços privados e semiprivados (recuos de
jardim) entre os grupos socioeconômicos são destacadas, porque permitem a distinção ou a
identificação entre os grupos. De modo geral, as maiores diferenças são encontradas na
Área 1, seguidas da Áreas 2 e 3, como segue:
- na Área 1, predominam entre moradores do bairro recuos de jardim em estado
regular, com vegetação e mobiliário urbano, diferindo dos espaços do Jardim Planetário que
estão em estado regular ou precário e apresentam em diversos casos pequenas edificações
como churrasqueiras ou espaços adaptados para área de serviço;
- na Área 2, a manutenção regular caracteriza recuos de jardim dos moradores dos
dois grupos socioeconômicos, embora, entre os do bairro, sejam identificados vegetação,
mobiliário e elementos decorativos e, entre os do Condomínio dos Anjos, exista apenas
vegetação rasteira;
- na Área 3, apesar de existirem edificações sem recuo (32,9%) no bairro em geral,
semelhanças nos recuos de jardim de moradores do bairro e do Condomínio Princesa
Isabel que apresentam, em geral vegetação e mobiliário.
A associação do nível de manutenção com os elementos que constituem o recuo de
jardim (Área 1: Cramér’s V=0,816, sig=0,000; Área 2: Cramér’s V=0,802, sig=0,000; Área 3:
Cramér’s V=0,824, sig=0,000) e com a existência de elementos decorativos (Área 1:
Cramér’s V=0,816, sig=0,000; Área 2: Cramér’s V=0,764, sig=0,000; Área 3: Cramér’s
V=0,819, sig=0,000) revela que moradores preocupados em manter seus espaços tendem a
personalizá-los, inserindo mais elementos (vegetação e mobiliário) no jardim e introduzindo
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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ornamentos específicos, que tendem a revelar o cuidado com a aparência desses espaços e
com a imagem do bairro.
Segundo os resultados obtidos, em função da análise do ambiente constrdo,
existem diferenças de personalização (manutenção e ornamentos) nos recuos de jardim
para moradores do bairro e da habitação social, em especial na Área 1, onde isso é mais
observado, seguido das Áreas 2 e 3. Como conseqüência da aparência construída e
mantida pelos moradores nesses locais, a maior possibilidade de identificação entre os dois
grupos tende a ocorrer na Área 3, seguidas das Áreas 2 e 1. Isso parece ser corroborado
pelos questionários, que revelam diferenças entre os dois grupos socioeconômicos quanto à
percepção de que vizinhos cuidam dos seus jardins. Isto se torna mais evidente quando
existem diferenças entre os espaços dos dois grupos:
- na Área 1, o Jardim Planetário apresenta manutenção e qualidade de
ornamentação inferior à do entorno, moradores do bairro (60%) tendem a perceber mais
intensamente que os vizinhos mantêm os seus jardins que moradores do conjunto (43,3%).
- na Área 2, espaços semiprivados do Condomínio dos Anjos apresentam
manutenção regular, mas sem ornamentos ou jardins, enquanto no bairro a manutenção dos
recuos de jardim é boa ou regular e, em geral, apresenta mobiliário, elementos decorativos e
jardins. Moradores do bairro (86,5%) tendem a perceber mais intensamente que os vizinhos
mantêm os seus jardins, que moradores do condomínio (60%).
- na Área 3, os recuos de jardim do Condomínio dos Anjos são bem mantidos,
sendo caracterizados por jardins e grade, assemelhando-se ao entorno. Moradores do bairro
(71%) e do condomínio (71%) tendem a perceber, semelhantemente, que os vizinhos
mantêm os seus jardins.
A percepção de que vizinhos cuidam e mantêm seus jardins está associada à
satisfação com a aparência dos espaços privados e semiprivados (Spearman, c=0,445,
sig.=0,000). Isso reforça, por um lado, a percepção de responsabilidade e cuidado dos
moradores (vizinhos) com o lugar e, por outro, revela que a personalização dos espaços
(manutenção e ornamentos) tende a favorecer a satisfação com a aparência dos recuos.
Com efeito, as diferenças de manutenção e personalização dos espaços
semiprivados ou privados, identificadas entre os grupos, e, também, a associação entre
satisfação com a aparência desses espaços e a percepção de que moradores cuidam ou
mantêm os seus jardins, sugerem que a aparência satisfatória dos espaços privados e
semiprivados e o cuidado revelado pelos moradores nesses lugares favorece a identificação
dos moradores (homogeneidade) e a criação de uma imagem coletiva. Isto é evidenciado
através da manutenção observada em cada Área e da percepção de manutenção dos
recuos de jardim pelos vizinhos: destacam-se nas Áreas 1 e 2, maiores diferenças entre os
grupos socioeconômicos distintos e menor possibilidade de identificação entre eles e, na
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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Área 3, as maiores semelhanças e a maior possibilidade de identificação entre moradores
do bairro e do Condomínio Princesa Isabel.
4.4.1.2 Associação entre comportamento territorial, percepção de homogeneidade e
interação social
Na comparação dos indicadores do comportamento territorial (Tabela 4.70), ratifica-
se que o controle do território (barreiras físicas) tende a ser maior entre moradores da
habitação social que do bairro (U, χ²=3137,500, sig.= 0,000). Além disso, verifica-se que a
satisfação com a personalização do território tende a ser maior na Área 2, seguida das
Áreas 3 e 1 (K-W, χ²=10,645, sig.= 0,005), e a percepção de controle territorial, maior na
Área 1, seguida das Áreas 2 e 3 (K-W, χ²=16,845, sig.= 0,000).
Tabela 4.70: Relação entre os indicadores do comportamento territorial entre moradores e os grupos
Médias ordinais¹
Área 1 Área 2 Área 3
Morador
Habitação
social
Morador
do Bairro
Morador
Jardim
Planetário
Morador
do Bairro
Morador
Condom.
dos Anjos
Morador
do Bairro
Morador
Condom.
Princ.
Isabel
Morador
do Bairro
32,98 33,01 47,30* 23,22* 35,76 27,24 Controle do território
(barreiras físicas)
114,52* 82,46*
69,89 121,89 100,09
25,65* 39,30* 30,60 36,76 34,11 28,89 Satisfação com a imagem
(manutenção e aparência)
do território
91,59 102,72
85,37* 113,72* 92,69*
25,65* 39,30* 36,25 32,18 28,21 34,79 Percepção de controle
territorial
104,28 90,50
111,49* 91,22* 88,28*
Nota: 1. Os valores tratam das médias dos valores ordinais (relativos ao somatório das variáveis relacionadas ao comportamento territorial,
obtido a partir dos testes Mann-Whitney – U e Kruskal-Wallis – K-W). Quanto maior o valor, maior a manifestação do comportamento territorial; *
Valores destacados apresentam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.
Não foram encontradas relações estatísticas entre os indicadores do comportamento
territorial, na amostra total, mas apenas na Área 1, quando isolados os grupos
socioeconômicos: correlação entre a satisfação com a personalização do território e a
percepção de controle territorial, tanto para moradores do bairro (Spearman, c=0,394,
sig.=0,021) como para os do Jardim Planetário (Spearman, c=0,401, sig.=0,028). Isso
sugere que quanto mais a percepção de que grades e muros favorecem o controle do
território (privado ou semiprivado) maior a satisfação com a aparência e com o cuidado que
os vizinhos revelam nos espaços privados e semiprivados. Isso implica que a definição de
barreiras físicas e a personalização nos recuos de jardim se reforçam na delimitação dos
espaços semiprivados e privados, favorecendo a percepção de segurança e privacidade e a
satisfação com a aparência do lugar.
Na amostra total, a percepção de homogeneidade dos moradores está relacionada à
satisfação com a imagem do território (Spearman, c=0,401, sig.=0,028), e esta satisfação
correlacionada à percepção de apoio mútuo na vizinhança (Spearman, c=0,171, sig.=0,017)
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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e à ligação com os vizinhos (Spearman, c=0,183, sig.=0,011). Isso demonstra que, a partir
da aparência satisfatória dos recuos de jardim e da percepção de cuidado dos moradores
com seus jardins, moradores tendem a identificarem-se como um grupo (homogêneo),
tornando-se mais satisfeitos com o lugar de moradia e percebendo mais relacionamentos
amigáveis no bairro.
Por outro lado, embora exclusivamente na Área 1, a percepção de homogeneidade
dos moradores está negativamente associada à percepção de controle territorial (Spearman,
c=-0,317, sig.=0,011) e, está última, negativamente correlacionada ao comportamento mais
favorável ao contato social nas ruas (Spearman, c=-0,222, sig.=0,002). Esses resultados
sugerem, especialmente na Área 1, onde essa correlação foi verificada, que a
heterogeneidade entre moradores parece aumentar a percepção ou a necessidade de
controle e segurança dos espaços privados e semiprivados, indicando intensificação do
controle territorial, a partir da definição de barreiras físicas, e menor desejo de contato com
vizinhos nas calçadas ou espaços em frente à residência, o que reduz a probabilidade de
interação social entre moradores do bairro e da habitação social.
Na amostra total e para as áreas separadamente, a percepção de controle territorial
também está correlacionada ao uso dos espaços semiprivados e privados (Spearman,
c=0,278, sig.=0,000). Ou seja, na medida em que moradores percebem que grades ou
muros funcionam, regulando a segurança e a privacidade desejadas, as atividades nos
espaços semiprivados e privados tendem a acontecer. Isso sugere que, quando o controle
territorial se demonstra mais eficiente, mais possibilidades de contato passivo no uso
desses espaços e, possivelmente, maior potencial de interação social entre os grupos
socioeconômicos distintos. Entretanto, diferenças identificadas no padrão de comportamento
entre eles podem limitar o desejo de contato entre os grupos, como ocorre na Área 1, onde
há maior percepção de heterogeneidade entre moradores.
Por tudo isso, a hipótese 5 parece ser sustentada. Para a amostra total, a
possibilidade de identificação de uma imagem comum, definida a partir do comportamento
territorial (personalização e aparência dos espaços privados e semiprivados), favorece a
percepção de homogeneidade, a satisfação com o lugar e os relacionamentos entre os
vizinhos, o que possivelmente tende a favorecer a interação social entre os dois grupos
socioeconômicos (embora não fique claro se houve identificação de uma imagem comum
entre moradores dos diferentes grupos socioeconômicos). Além disso, corroborando a
hipótese, na Área 1, é confirmado que diferenças no comportamento territorial, a partir de
barreiras físicas e da personalização dos espaços privados e semiprivados e em função das
atividades aí realizadas, favorecem a percepção de heterogeneidade entre os moradores e
aumentam o desejo de evitar contato com os espaços públicos a partir da moradia,
implicando menor potencial de interação social entre os grupos socioeconômicos distintos.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os principais resultados alcançados a partir da investigação dos fatores que afetam a
interação social entre grupos distintos residentes em áreas urbanas comuns são
apresentados a seguir:
Conforme a caracterização dos usos e da interação social na vizinhança, verificou-se:
Para atividades associativas (clubes, associações, ONGs), apenas a participação em
comunidades religiosas permite algum tipo de contato social, mesmo que muito pequeno,
entre moradores do bairro e da habitação social.
Na vizinhança, a percepção de apoio mútuo, relacionamento social, a ligação com
vizinhos e os laços de amizade tendem a ser semelhantemente caracterizados para os dois
grupos socioeconômicos, embora moradores da habitação social tendam a apresentar maior
número de amizades e maior conflito entre vizinhos, enquanto moradores do bairro tendam
a estar mais satisfeitos com os relacionamentos e mais conectados à vizinhança.
Moradores da habitação social tendem a utilizar mais o bairro de moradia que
moradores do bairro, seja para atividades de compras ou na apropriação das calçadas
(brincadeiras de crianças, vizinhos conversando). Entretanto, o uso de um equipamento do
bairro (ex.: comércio, bares, espaços públicos de lazer) estimula o uso de outros
equipamentos do lugar, favorecendo atividades nos espaços semiprivados e privados, a
apropriação das calçadas e as conversas entre os vizinhos, propiciando, assim, maior
satisfação e identificação entre moradores e mais amizades no bairro.
Moradores do bairro tendem a utilizar mais outros bairros que os da habitação social,
especialmente para compras específicas (supermercado, por exemplo) e no fim de semana.
Quanto maior o uso de outros bairros, menor o uso do bairro de moradia, o que tende a
reduzir o contato entre os vizinhos, desencorajando as relações sociais entre eles.
O uso do centro, embora pequeno, é maior entre moradores da habitação social que
do bairro e está associado à realização de compras ou serviços específicos, não existentes
no bairro.
Conforme a caracterização do status socioeconômico e do estilo de vida, verificou-se:
O maior status socioeconômico, definido por melhores condições de renda,
escolaridade e qualificação da ocupação, favorece o uso mais intenso de outros bairros que
não o de moradia e a maior satisfação com os relacionamentos entre os vizinhos (menor
conflito).
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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A apropriação dos espaços privados (ou semiprivados) é mais intensa entre
moradores da habitação social e do bairro, especialmente para atividades recreativas ou
sociais. Destaca-se que atividades recreativas são mais freqüentes onde há mais crianças e
adolescentes (moradores da habitação social), atividades como descansar ou cuidar o
jardim são mais freqüentes onde adultos e idosos (moradores do bairro) e a utilização
desses espaços apenas como acesso ou estacionamento acontece onde mais adultos
(moradores do bairro).
O tempo de moradia favorece o uso dos espaços privados e semiprivados para
atividades contemplativas ou sociais e estimula mais relações amigáveis no bairro.
Em decorrência dos meios de locomoção utilizados, moradores da habitação social,
independente de utilizarem locais próximos ou distantes para a moradia e o trabalho,
despendem mais tempo nos deslocamentos que os moradores do bairro. As diferenças no
tipo de transporte e no tempo de deslocamento desfavorecem o contato social entre os
grupos socioeconômicos distintos nas ruas do bairro de moradia.
Conforme hipótese 1, verificou-se:
A adequação dos quarteirões, em termos de tamanho e acessibilidade física
favorece o hábito de caminhar, contribuindo para o menor uso do carro e para o aumento da
percepção de segurança em relação ao movimento de pessoas no bairro.
A satisfação com a aparência das calçadas e a percepção de adequação das
calçadas são influenciadas pela manutenção da pavimentação e pela existência de
mobiliários urbanos, tais como iluminação, telefone público, lixeiras, bancas de revista ou
comida. Nas calçadas bem equipadas foram observadas mais pessoas se apropriando dos
espaços abertos.
A satisfação com a vegetação do bairro favorece caminhar pelas ruas, sentar nas
calçadas e praças e realizar atividades associativas (brincar ou conversar).
A quantidade e o tipo de vias existentes no bairro afeta a apropriação dos espaços
abertos públicos, embora isso seja mais percebido entre moradores da habitação social,
pois andam mais a pé que os do bairro. Estes últimos tendem a utilizar mais intensamente o
carro quando o ambiente é menos favorável às caminhadas.
Adequação da estrutura do ambiente e agradabilidade (em termos de aparência das
calçadas e arborização) favorece o uso do bairro em detrimento do uso de outros bairros,
estimula os relacionamentos sociais entre os vizinhos e a satisfação e identificação com a
vizinhança. Esta adequação, por favorecer a apropriação das ruas e o uso do bairro, tende a
aumentar a probabilidade de contato social entre moradores do bairro e da habitação social.
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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Conforme hipótese 2, verificou-se:
O estilo e a manutenção das edificações afetam a satisfação com a aparência das
edificações no bairro: maior manutenção e homogeneidade quanto a alturas, estilos e uso
das edificações tendem a ser mais atraentes para os moradores. A heterogeneidade do
ambiente construído, especialmente quanto aos aspectos tipo e manutenção das
edificações e arborização das ruas, afeta negativamente a percepção da aparência das
edificações.
A satisfação com a aparência e a manutenção das edificações afeta a percepção de
segurança do lugar: locais identificados como não atraentes e inadequados tendem a ser
também reconhecidos como inseguros (e evitados).
As piores condições de manutenção ou a diferença de estilos e alturas das
edificações dos moradores da habitação social em relação ao entorno tendem a favorecer a
identificação desses lugares como não atraentes, inadequados e inseguros.
Também a maior adequação da estrutura do ambiente construído favorece o
sentimento de segurança, especialmente, entre moradores da habitação social.
Atratividade do lugar e segurança tendem a estimular a apropriação do bairro de
moradia, em detrimento de outros bairros. Além disso, satisfação com a aparência das
edificações e a percepção de segurança e maior homogeneidade do ambiente construído
favorecem a identificação e satisfação com os moradores do bairro, promovendo melhores
relacionamentos sociais (menor conflito) e mais laços de amizades entre vizinhos.
A identificação de mais semelhanças entre as edificações dos moradores do bairro e
da habitação social tende a favorecer a interação social em função da maior identificação
entre os moradores, maior ligação com o lugar e maior probabilidade de interação entre os
grupos socioeconômicos distintos.
Conforme hipótese 3, verificou-se:
Quanto maior a existência e diversidade de equipamentos próximos à moradia maior
o uso do bairro seja para acessar os estabelecimentos desejados ou realizar atividades de
lazer. A menor diversidade de equipamentos tende a influenciar mais no comportamento de
moradores do bairro que da habitação social, em função da maior mobilidade e dos recursos
financeiros dos primeiros (acessam locais mais distantes e desejados quando necessário). A
existência e o uso dos equipamentos do bairro favorece os laços de amizade entre os
vizinhos.
Nem todas os equipamentos estimulam o uso do bairro pelos grupos
socioeconômicos distintos devido às diferenças quanto aos locais utilizados para atividades
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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de compras básicas e específicas, prática de esportes, lazer diurno e noturno. Para compras
específicas e lazer noturno inexiste a possibilidade de uso simultâneo pelos moradores do
bairro e da habitação social, os primeiros apresentam maior diversidade de locais fora do
bairro de moradia e os últimos tendem a usar o Centro e locais menos variados de lazer;
compras básicas, lazer diurno e caminhadas ou corridas (esporte) pelas ruas do bairro
podem ser realizadas em lugares comuns aos dois grupos, quando há, próximo à moradia,
estabelecimentos de comércio e serviços básicos, instituições de ensino, praças e parques e
calçadas adequadas. Essas atividades estimulam os deslocamentos a em detrimento do
uso de veículos e favorecem a interação social entre os grupos socioeconômicos distintos.
Conforme hipótese 4, verificou-se:
A presença de grupos distintos e a de segregação no uso do bairro é mais percebida
entre moradores da habitação social que entre os do bairro, enquanto estes últimos
percebem mais semelhanças entre os vizinhos.
A maior percepção de diferenças entre os moradores e a maior percepção de que
existem grupos distintos no bairro influi na percepção de segregação no uso dos espaços
próximos ao local de moradia.
A homogeneidade entre os moradores, caracterizada pela menor percepção de
diferenças entre os moradores e menor segregação, estimula atividades sociais (conversas)
nas calçadas do bairro, a satisfação e a identificação com os vizinhos e melhores
relacionamentos na vizinhança (menor conflito).
Destaca-se que a percepção de homogeneidade entre os moradores parece estar
associada a menor possibilidade de identificação dos moradores da habitação social pelos
moradores do bairro, sugerindo influencia da acessibilidade visual (em termos de estrutura
do espaço) entre os espaços dos dois grupos socioeconômicos. Quanto maior o contato
visual entre os grupos maior a percepção de heterogeneidade, quanto menor o contato
visual maior a percepção de homogeneidade, existindo em ambos os casos, redução do
potencial de interação social entre os grupos socioeconômicos distintos. A homogeneidade
tende a favorecer a interação social entre moradores do mesmo grupo social.
Conforme hipótese 5, verificou-se:
Em geral, o tipo de barreiras físicas introduzidas pelos moradores está associado
com o nível de visibilidade entre a rua e os espaços privados e semiprivados desejados,
indicando variações no controle do território. Quando moradores da habitação social
apresentam maior autonomia sobre a possibilidade de inserção de barreiras físicas,
Capítulo 4 – Análise dos atributos que influenciam a interação entre grupos heterogêneos
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delimitando seus territórios, mais semelhantes tendem a se tornar as soluções utilizadas
pelos dois grupos socioeconômicos.
De modo geral, a presença de grades e muros tende a estar associada com a maior
percepção de segurança e de privacidade (no sentido de limitar o distanciamento dos
outros), mas não à aparência satisfatória do lugar. Destaca-se, no entanto, que entre
moradores da habitação social, em especial nas Áreas 1 e 2, a presença de grade ou muros
tende a favorecer uma imagem positiva do lugar.
Quando o controle territorial (barreiras físicas) se demonstra mais eficiente, sendo
relacionado com a percepção de segurança e de privacidade e com a satisfação com a
aparência, parece haver maior possibilidade de contato passivo entre moradores em função
do uso dos espaços privados e semiprivados. Já que a realização de atividades nos
espaços privados e semiprivados tende a ocorrer quando existe maior controle do contato
visual e físico com a rua, o que sugere a necessidade de segurança ou de um certo grau de
distanciamento dos outros para o uso desses lugares.
A existência de espaços semiprivados e privados controlados e internos ao conjunto
e as limitações dos eixos viários para realização de atividades em frente às edificações
parecem favorecer, aos moradores da habitação social, o uso dos espaços internos dos
conjuntos em detrimento dos espaços externos. Isso sugere maior semelhança no
comportamento manifestado na interface público-privada, favorecendo uma imagem menos
heterogênea entre os grupos socioeconômicos distintos, o que tende a aumentar a interação
social entre eles.
Barreiras físicas (ex.: grades ou muros) e a personalização dos recuos de jardim se
reforçam na delimitação dos espaços privados e semiprivados favorecendo a satisfação com
segurança, privacidade e aparência do lugar e permitindo a criação de uma imagem
coletiva.
A aparência satisfatória dos espaços privados e semiprivados e o cuidado revelado
pelos moradores nesses lugares favorece a identificação dos moradores (homogeneidade) e
de uma imagem coletiva, promovendo maior satisfação com o lugar e estimulando relações
amigáveis próximas ao local de moradia.
A percepção de heterogeneidade entre os moradores parece aumentar a
necessidade de controle territorial e inibir o desejo de contato social entre os vizinhos nos
espaços abertos. Isso sugere que quanto menos semelhante o comportamento territorial dos
grupos socioeconômicos (definição de barreiras, personalização e manutenção dos recuos
de jardim e atividades realizadas nesses espaços) maior heterogênea é a imagem
comunicada pelos grupos distintos, maior a percepção de heterogeneidade e menor a
identificação e a probabilidade de interação social entre eles.
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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5 CONCLUSÕES E RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS
5.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo é apresentada a conclusão geral do trabalho. Inicialmente são
abordados os aspectos relativos ao problema de pesquisa, aos objetivos e aos métodos
adotados. Após, são sintetizados os resultados da hipótese investigada e discutidos os
principais resultados. Por fim, destacam-se as limitações do estudo, a relevância dos
resultados e as implicações destes para o planejamento urbano.
5.2 PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS E MÉTODOS
Esta pesquisa investigou os atributos que afetam a interação social entre grupos
heterogêneos em áreas urbanas consolidadas. Conforme a literatura, verificou-se que a
existência de diferentes grupos no mesmo ambiente pode favorecer a interação social
harmoniosa ou o conflito social e a segregação. Foi destacada a importância de estudos
relativos ao relacionamento social dos indivíduos no contato entre grupos distintos para
adequação de políticas e de projetos que atendam às necessidades humanas nos
ambientes urbanos (Stokols, 1995).
Um estudo comparativo foi realizado em três áreas selecionadas na cidade de Porto
Alegre, caracterizadas por populações de rendas médias e altas, que sofreram intervenção
urbana a partir de projetos de regularização fundiária com a inserção de habitações sociais
(para grupos de baixa renda).
A comparação entre as áreas, baseada na percepção dos moradores e na avaliação
do padrão comportamental nos espaços abertos (ruas, espaços privados e semiprivados
junto à residência e espaços públicos de lazer), contribui para a compreensão do papel dos
espaços urbanos no relacionamento de grupos sociais heterogêneos no ambiente
residencial. Destaca-se que este trabalho, embora amplie os conhecimentos na área de
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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ambiente comportamento, faz parte de estudos em contínuo desenvolvimento que com
certeza não se esgotam aqui.
A coleta de dados consistiu na caracterização do ambiente construído a partir de
levantamentos físicos e levantamentos de arquivo, na definição do perfil dos usuários,
através da aplicação de entrevistas, questionários, observações de comportamento e de
levantamento fotográfico. A análise de dados contou com a utilização de recursos
computacionais estatísticos, de SIG (Sistemas de Informação Geográfica), de análise
sintática e de análise de acessibilidade visual. Os múltiplos métodos de coleta e análise de
dados possibilitaram a complementaridade dos resultados obtidos, incrementando a
compreensão e a validade da investigação, mostrando-se, dessa forma, favoráveis ao
desenvolvimento de uma metodologia adequada para avaliar o desempenho de ambientes
projetados quanto aos efeitos na interação social.
A partir da avaliação de desempenho na comparação das áreas, este estudo atingiu
um de seus principais objetivos, o de avaliar os projetos implementados através das
políticas habitacionais do Estado, medindo a efetividade de ocupação e interação social
entre os grupos socioeconômicos distintos nesses ambientes e verificando os aspectos de
projeto mais favoráveis ou menos favoráveis à interação social entre grupos distintos nas
situações analisadas.
Embora mais estudos sejam necessários, ao analisar três situações específicas,
implicadas na existência de grupos socioeconômicos distintos residentes em áreas urbanas
comuns, este trabalho responde o problema de pesquisa sobre os atributos composicionais
e contextuais que mais afetam a intensidade de interação social entre moradores de grupos
heterogêneos em ambientes residenciais comuns. Com isso, a partir das generalizações
admitidas e limitações existentes, aponta para a viabilidade de projetos de regularização
fundiária, destinada a grupos de baixa renda, em áreas urbanas consolidadas e ocupadas,
predominantemente, por grupos de maior status socioeconômico.
5.3 HIPÓTESES
Os resultados analisados possibilitaram chegar a considerações conclusivas sobre
atributos espaciais, sociais e mecanismos inter-relacionados, dependentes desses atributos,
quanto aos efeitos por eles exercidos na interação social quando existem grupos
heterogêneos residentes em áreas urbanas comuns.
Cinco hipóteses foram exploradas para verificar quais fatores são mais efetivos no
favorecimento da interação social entre grupos distintos em áreas urbanas consolidadas,
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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ocupadas por moradores de rendas média ou alta, e onde é inserida (re-inserida) uma
população de baixa renda. A sustentação das relações investigadas é apresentada a seguir:
Para a hipótese 1 foi sustentado que: Quanto mais a estrutura do ambiente
construído apoiar a acessibilidade de atividades e a apropriação dos espaços abertos
públicos próximos ao lugar de moradia, maior a probabilidade de interação social (contato)
entre os moradores de grupos socioeconômicos distintos, existentes na mesma área.
Para a hipótese 2 foi sustentado que: Quanto maior a semelhança entre a aparência
das edificações da habitação social e das edificações da área em geral, maior a
probabilidade de interação social (contato) entre os moradores dos dois grupos
socioeconômicos.
Para a hipótese 3 foi sustentado que: Quanto mais os equipamentos próximos à
residência apoiarem as atividades desejadas e necessárias aos moradores da habitação
social e aos moradores do bairro, maior a intensidade de apropriação da área e maior a
probabilidade de interação social (contato) entre os dois grupos socioeconômicos.
Para a hipótese 4 não foi sustentado que: Quanto menor a percepção de
heterogeneidade entre moradores da habitação social e moradores do bairro, maior a
semelhança quanto à intensidade de interação social dentro do mesmo grupo de moradores
e entre os dois grupos socioeconômicos.
Os resultados demonstram que a percepção de maior homogeneidade aconteceu
quando houve menor contato visual (acessibilidade visual) entre os grupos socioeconômicos
distintos, o que impedia a identificação das diferenças entre eles, mas, também, reduzia o
potencial de interação social.
Para a hipótese 5 é sustentado que: Quanto maiores as diferenças em relação à
manifestação do comportamento territorial dos moradores dos grupos socioeconômicos
distintos, maior a distinção da imagem dos grupos e a percepção de heterogeneidade e
menor o potencial de interação social entre eles.
Os resultados sustentam apenas na Área 1 que diferenças no comportamento
territorial, a partir da presença de barreiras físicas e da personalização dos espaços
privados e semiprivados e em função das atividades aí realizadas, favorecem a percepção
de heterogeneidade entre os moradores e aumentam o desejo de evitar o contato com os
espaços públicos a partir da moradia, implicando menor potencial de interação social entre
os grupos socioeconômicos distintos. E sustentam para toda a amostra a possibilidade de
identificação de uma imagem comum e da homogeneidade do grupo, a partir do
comportamento territorial (personalização e aparência dos espaços privados e
semiprivados), influenciando na satisfação com o lugar e nos relacionamentos entre os
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
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vizinhos (embora não fique claro se houve identificação de uma imagem comum entre
moradores dos diferentes grupos socioeconômicos).
Conforme os resultados, aspectos composicionais e contextuais articulam-se de
forma interdependente, afetando o padrão de uso e de interação social que acontece nas
áreas analisadas. Evidências demonstram que, na existência de moradores
socioeconomicamente distintos residentes em áreas comuns, atributos espaciais (estrutura
do ambiente construído, aparência e percepção de segurança e adequação dos
equipamentos e atividades existentes) afetam mais fortemente o potencial de interação
social entre os grupos heterogêneos que os fatores composicionais (status socioeconômico,
tempo de moradia, composição familiar, alocação do tempo, necessidade de privacidade e
comportamento espacial). Destaca-se que diferenças entre os grupos, decorrentes do estilo
de vida, ou seja, dos fatores composicionais, afetam a possibilidade de contato social entre
eles. No entanto, quanto mais adequado o ambiente construído, em termos de estrutura e
equipamentos, e quanto mais semelhante a aparência das edificações dos moradores dos
grupos distintos, verifica-se que menor é a identificação das diferenças no padrão de uso
dos espaços do bairro e mais propícia a interação social entre eles.
A partir das hipóteses identificadas, demonstra-se a viabilidade de realização de
projetos de regularização fundiária que se inserem na malha urbana consolidada e
promovem o contato social entre diferentes grupos. Os resultados obtidos, ao mesmo tempo
em que apontam para a importância dos aspectos físicos do ambiente, destacam limitações
e necessidades que devem ser consideradas nas decisões projetuais desse tipo de
intervenção urbana, a fim de que seja favorecida uma interação social harmoniosa entre
grupos socioeconômicos distintos. Esses resultados são discutidos a seguir.
5.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Foi identificado na revisão da literatura que a interação social, mecanismo de
comunicação entre os indivíduos, é indissociável da dimensão espacial e dos significados e
regras sociais que a caracterizam (entre outros, Rapoport, 1978, Hillier & Hanson, 1984).
Essa relação recíproca e dependente entre os ambientes físico e social é evidenciada pelos
resultados desta pesquisa. Quando comparadas as três áreas de análise, quanto à
interação social entre os grupos socioeconômicos distintos, verifica-se que modificações na
estrutura espacial do ambiente estão associadas a padrões de comportamento
diferenciados entre as Áreas. De modo especial, a maior adequação do ambiente em
relação às preferências estéticas e à possibilidade de realizar atividades no bairro parece
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
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favorecer comportamentos mais similares entre os diferentes grupos socioeconômicos,
enquanto um ambiente menos adequado (quanto a esses aspectos) parece propiciar
maiores diferenças no perfil comportamental. Isso sugere que em situações onde as
características contextuais são adequadas e favoráveis ao uso, as características
composicionais tendem a afetar menos intensamente a intensidade de apropriação do
bairro, sendo, como conseqüência, favorecido o potencial de interação social entre
moradores dos diferentes grupos socioeconômicos, na realização de suas atividades diárias
no bairro.
Os resultados evidenciam que a mobilidade e as possibilidades de escolha
(dependente de recursos financeiros) são aspectos composicionais, influenciados pelo
status socioeconômico, que diferenciam o comportamento espacial dos grupos, como
argumenta Michelson (1987), afetando o potencial de interação social entre eles, como
sugere Schoisser (1981 apud Sodeur, 1986). Os resultados demonstram que moradores de
menor status socioeconômico despendem mais tempo nos deslocamentos casa-moradia e
utilizam mais os espaços do bairro (ex.: escolas dos filhos), deslocando-se
predominantemente a ou de ônibus para a realização de suas atividades, quando
comparados aos moradores dos grupos de maior status, que utilizam mais freqüentemente o
automóvel. Essas diferenças tendem a afetar a interação social, reduzindo as possibilidades
de contato passivo entre os moradores nos deslocamentos diários pelas calçadas e nos
locais como pontos de ônibus.
Apesar disso, foi verificado que a estrutura do ambiente construído (em termos de
tamanho das quadras, número de conexões entre as ruas, adequação das calçadas e do
fluxo de veículos) tende a minimizar as diferenças de perfil comportamental dos grupos, pois
afeta a apropriação dos espaços abertos, influenciando a maior ou menor intensidade de
deslocamentos a pelo bairro e interferindo no potencial de encontros entre os grupos
socioeconômicos distintos. Esses resultados corroboram o argumento de Altman & Chemers
(1989) quando afirmam que o tipo de interação que acontece num lugar é expresso no
padrão de ocupação da área. Nesse sentido destaca-se que: (1) eixos mais integrados do
sistema estão associados à maior presença de equipamentos e de pedestres nas ruas,
como afirmam Hillier et al. (1993), favorecendo maior potencial para interação social entre
os grupos distintos; e, também, que eixos mais profundos do sistema tendem a revelar
áreas segregadas, apontando, de modo especial na Área 1, para o surgimento nesses locais
de uso distinto (e separado) para moradores dos dois grupos socioeconômicos; (2)
utilitários, mobiliário urbano e iluminação favoreceram a percepção de adequação das
calçadas, incrementando a apropriação dos espaços abertos públicos, corroborando
resultados de Basso (2001); a vegetação, em especial a presença de árvores, favorece
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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maior realização de atividades associativas (conversas entre vizinhos e brincadeiras de
crianças à sombra) e a existência de moradores de diferentes faixas etárias nos espaços
abertos, como demonstra a literatura (entre outros, Taylor, Kuo & Depooter, 2004),
aumentando as possibilidades de contato social entre os moradores dos grupos distintos.
Em relação à composição familiar, variável dependente do perfil socioeconômico,
identifica-se maior número de moradores, crianças e adolescentes, entre a população de
menor status socioeconômico. Isso, em termos de comportamento, indicou que maior
número de crianças e adolescentes está associado ao maior uso dos espaços abertos
(públicos ou privados) adjacentes à residência, corroborando resultados identificados por
Basso (2001). A intensidade e o tipo de atividades realizadas revelam um padrão de
comportamento espacial e favorecem o reconhecimento de uma imagem idealizada e
reconhecida por moradores do mesmo grupo como adequada, permitem a identificação da
heterogeneidade entre moradores e, como resultado, reduzem o desejo de contato social no
espaço aberto, desfavorecendo a interação social entre os grupos socioeconômicos
distintos.
No entanto, é evidenciado nos resultados que esse processo de criação da imagem
coletiva e distinção dos grupos, como argumentado na literatura (entre outros, Rapoport,
1978; Altman & Chemers, 1989; Taylor, 1988; Twigger-Ross & Uzzel, 1996), não ocorre
somente a partir das atividades sociais ou contemplativas nos espaços adjacentes à
moradia, mas também devido a outras dimensões do comportamento territorial, tais como a
presença de barreiras físicas (ex.: grades, muros) e de personalização (manutenção e
ornamentos) nos espaços semiprivados e privados, e em função da aparência das
edificações (manutenção e atratividade). De maneira continuada, os moradores avaliam a
reputação dos seus espaços em termos de edificações, espaços privados e semiprivados e
de atividades desenvolvidas pelos moradores na interface público-privada. Essa avaliação
tende a revelar que a heterogeneidade percebida no ambiente (social e físico) desfavorece a
ligação com o lugar de moradia e a apropriação dos espaços, reduzindo a interação social
entre os diferentes grupos que coabitam uma mesma área urbana. Dessa forma, os
resultados corroboram diversos argumentos na literatura que associam atratividade do lugar
e identificação do grupo (Twigger-Ross & Uzzel, 1996), ou atratividade do lugar e aumento
do uso (Gehl, 1987, Lay, 1992), ou, ainda, identificação com o lugar e regulação dos
contatos sociais (Altman & Chemers, 1989; Taylor, 1988).
A relevância desses resultados quanto à criação da imagem e à distinção entre os
grupos socioeconômicos heterogêneos é devida, em especial, ao fato de que, nas três áreas
analisadas, a habitação social é identificada, por alguns moradores (dos dois grupos), como
local não atraente, inadequado às características do bairro, inseguro e por tudo isso evitado
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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(quanto à circulação nas adjacências). Corroborando estudos como os de Billig &
Chruchman (2003) e de Perkins & Taylor (1996) que apontam para a associação de lugares
não atrativos e a heterogeneidade do ambiente construído com conflitos e o desejo de não
usar certos espaços, este trabalho revela a importância da adequação dos espaços
projetados para a habitação social aos ambientes urbanos em que são inseridos. Espaços
adequados e integrados ao entorno tendem a favorecer a satisfação com o lugar, reduzindo
as possibilidades de conflito social ou segregação no uso dos lugares e aumentando o
potencial de interação social entre os grupos distintos.
A análise do sistema de atividades e lugares dos moradores demonstra como
argumentam diversos autores (Rapoport, 1986; Bonnes & Secchiaroli, 1995; Bonaiuto et al.,
2004), que a estruturação espacial da cidade varia de acordo com os grupos
socioeconômicos, em função das atividades e instituições representativas utilizadas por
eles. Isso é evidenciado na verificação de que grupos socioeconômicos distintos realizam
compras específicas (vestuário, por exemplo), lazer noturno e esportes em locais diferentes,
indicando que para essas atividades não há possibilidade de interação social em função das
características composicionais. Nesse sentindo, ainda, corroborando estudos de Bonnes &
Secchiaroli (1995), moradores tendem a organizar suas atividades em um sistema de dois
sub-lugares, identificados neste estudo, como centro-bairro de moradia, para moradores da
habitação social, e como bairro de moradia-outros bairros ou residência-outros bairros, para
moradores do entorno (cujo status socioeconômico é maior).
Apesar dessas diferenças, salienta-se que equipamentos de comércio e serviços
básicos, espaços públicos de lazer próximos aos locais de moradia e espaços adequados
para circulação propiciam maior freqüência de atividades nas ruas (deslocamentos,
principalmente), conforme argumentado por Moudon et al. (2006). Destacadamente,
atividades de compras diárias e lazer diurno tendem a acontecer no bairro de moradia e em
locais comuns aos diferentes grupos socioeconômicos quando adequação da estrutura
espacial e dos equipamentos existentes no lugar, salientando esses atributos espaciais para
a possibilidade de interação social entre eles, no uso cotidiano dos espaços próximos à
moradia. De modo especial, moradores de maior status socioeconômico, por apresentarem
mais recursos financeiros e mobilidade, tendem a escolher outras opções de uso, que não o
bairro, quando este não é adequado às suas necessidades, ou tendem a utilizar mais
intensamente o bairro, quando este é favorável às atividades de compras básicas ou lazer
diurno e ao deslocamento a pé.
Admite-se, no entanto, que os grupos, identificando-se como heterogêneos, parecem
manifestar a preferência por não se relacionarem, utilizando serviços ou equipamentos
separados, quando possível, corroborando o estudo de Billig e Churchman (2003). Isto é
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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evidenciado na Área 1 (Jardim Planetário), onde a existência de diversas praças no
ambiente favoreceu o uso segregado entre os grupos socioeconomicamente distintos.
Nota-se que a análise das quatro dimensões da interação social, propostas por
Skjaeveland & Garling (1997), permitiram a caracterização do padrão de relacionamento
social no ambiente residencial. Em função dos aspectos apoio tuo na vizinhança,
relacionamento social na vizinhança, ligação com a vizinhança e laços de amizade na
vizinhança, foi possível a comparação do comportamento social dos grupos heterogêneos
(tipo de interação, satisfação com os relacionamentos sociais e identificação com o grupo),
embora essas variáveis não tenham indicado quando a interação social acontecia entre
moradores de grupos distintos. Conclui-se, de modo geral, que a adaptação dessas
dimensões, aplicadas no contexto norte-americano e europeu, parece ser eficiente na
compreensão do comportamento relativo à interação social na realidade brasileira.
Por fim, este estudo busca responder às reflexões de diversos autores quanto aos
efeitos positivos ou negativos que podem surgir na proximidade territorial de grupos distintos
(entre outros, Rapoport, 2003; Ribeiro, 2005; Stokols, 1995) e, também, em relação ao papel
dos programas de regularização fundiária no sentido de promover a democratização do
acesso à cidade (por exemplo, Lago, 2004). Os resultados demonstram que, quando os
projetos de habitação social são realizadas de maneira mais adequada às necessidades dos
usuários, em termos de apropriação do espaço urbano e de interação social desejadas,
maiores as possibilidades de uso simultâneo de lugares comuns pelos diversos grupos,
menor a segregação sócio-espacial e maior o potencial de promover a igualdade de direitos
sobre o uso da cidade. Com base na discussão apresentada, três aspectos são ressaltados
a seguir, porque apresentam relação direta com a efetividade das políticas de intervenção
urbana.
Primeiro, a questão da percepção de homogeneidade entre moradores,
caracterizada especialmente através das edificações e do comportamento territorial, parece
um dos aspectos mais importantes quanto às intervenções nas políticas habitacionais que
tratam de diferentes grupos socioeconômicos em áreas urbanas comuns. É destacado,
nesse sentido, que:
- moradores da habitação social são os que mais percebem a heterogeneidade e a
segregação e, também, o conflito social (desavenças ou insatisfação na vizinhança);
- do ponto de vista dos moradores do bairro: as maiores diferenças favorecem a
maior percepção de inadequação do conjunto inserido e a maior percepção de que este é
um lugar inseguro e, por isso, evitado;
- do ponto de vista do planejamento urbano: a inadequação do conjunto ao ambiente
do entorno favorece o surgimento de vazios urbanos ou territórios de conflito, ou seja,
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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projetos incongruentes com o entorno favorecem a falta de uso e dinamicidade nos espaços
urbanos.
O segundo aspecto atinge mais especificamente o planejamento urbano: a maior
miscigenação de usos no bairro favorece a apropriação dos espaços abertos por moradores
de diferentes grupos socioeconômicos. A existência de estabelecimentos de comércio e
serviços básicos (tais como mini-mercados, padarias, fruteiras, chaveiros, bancas de revista
e lancherias), instituições de ensino, praças e parques, propicia a intensificação de
caminhadas pelo bairro para a realização das atividades desejadas. Essas caminhadas
favorecem contatos passivos e eventuais entre os moradores do mesmo grupo e de grupos
socioeconômicos distintos. A intensificação do uso do bairro de moradia propicia maior
ligação e a satisfação com o lugar de moradia.
Terceiro, destaca-se a importância da acessibilidade visual e da configuração das
edificações do conjunto: a redução do contato visual entre moradores dos bairros existentes
e dos grupos inseridos nas regularizações pode ser decorrente da localização do conjunto
na malha urbana ou da definição projetual dos acessos a essas edificações. Embora a
menor visibilidade favoreça a percepção de homogeneidade e a satisfação dos moradores
de renda mais alta (por não haver contato com a habitação social), a falta de acessibilidade
visual e física do espaço urbano entre os grupos, tende a favorecer a formação de guetos
marginalizados e estereotipados, por onde ninguém passa senão os próprios moradores da
habitação social. Assim como na questão da aparência das edificações, a acessibilidade
visual pode gerar vazios urbanos, menor dinamicidade nos espaços abertos ou conflito
social e segregação. A relevância destes resultados está em projetar espaços articulados
com a malha urbana e em acordo com as circulações existentes (largura de ruas, dimensão
dos quarteirões, conexões entre ruas), não restringindo o deslocamento nas imediações das
habitações sociais.
A partir dos três aspectos previamente destacados é possível estabelecer uma
relação comparativa entre as áreas analisadas nesse estudo, quanto ao potencial de
interação entre os grupos socioeconômicos distintos. Para a Área 1, verifica-se que
características da malha urbana (articulações e acessibilidade física) e equipamentos
existentes tendem a favorecer a circulação e o uso dos espaços públicos. Apesar disso,
decisões projetuais para a habitação social, em termos de implantação (menor
acessibilidade visual do conjunto; não limites definidos para espaço privado, semiprivado
e público) e de caracterização formal (tipologia das edificações) afetam fortemente a
imagem do grupo de baixa renda, inibindo e reduzindo o potencial de interação social entre
moradores do bairro e do Jardim Planetário (especialmente em áreas próximas à da
regularização). Na Área 2, a situação tende a ser mais restritiva: o projeto da habitação
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social parece adequado em termos de configuração do conjunto (há definição dos espaços
privados, semiprivados e públicos), todavia, outros fatores tendem a ser fortemente
influentes para um baixo potencial de interação social entre os dois grupos
socioeconômicos, são eles: diferenças formais entre edificações dos dois grupos
socioeconômicos; aspectos como a localização isolada e pouco acessível, física e
visualmente, do Condomínio dos Anjos em relação aos moradores do bairro; e, ainda, a
ausência de equipamentos e atividades que favoreçam a circulação e o uso do espaço das
ruas. Por fim, comparada às duas situações anteriores, a Área 3 parece apresentar o melhor
potencial para a interação social entre os grupos distintos: primeiramente, acessibilidade
visual e física entre edificações da habitação social e do bairro, o que, associado à menor
homogeneidade do bairro, devido à estética das edificações e ao projeto de habitação social
integrado ao entorno (volumetria e recuos), e, também, em razão de definições claras dos
espaços de uso privado, semi-privado e público, parece favorecer menor diferenciação entre
os grupos socioeconomicamente distintos, em termos de imagem e de uso dos espaços
públicos em frente às edificações; além disso, a malha urbana é integrada e articulada,
apesar do tráfego intenso de veículos, a Área apresenta quantidade e diversidade de
equipamentos em especial de estabelecimentos básicos de comércio e serviços –, o que
favorece a circulação e o uso das ruas, inclusive nas áreas lindeiras do Condomínio
Princesa Isabel, aumentando, assim, o potencial de interação social entre moradores do
bairro e da habitação social.
Enfim, ressalta-se que intervenções urbanas, interessadas em regularização de
áreas de habitação social em bairros cujo perfil socioeconômico é elevado, devem estar
preocupadas com a integração e articulação com o entorno, segundo: (1) aspectos formais
dos projetos das edificações (estética, volumetria e recuos), que favoreçam a semelhança
entre áreas novas e antigas; (2) aspectos relativos à configuração do conjunto (definição de
espaços privados, semiprivados e públicos), que permitam o uso e o contato social desejado
aos moradores da habitação social (mais intenso), sem favorecer a distinção (imagem
social) dos demais moradores do entorno; (3) localização do conjunto em quarteirões
articulados com o entorno, visual e fisicamente; e (4) busca de áreas miscigenadas
(diversidade de equipamentos e usos), a fim de promover maior circulação e apropriação
dos espaços públicos.
5.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
A abordagem da interação social é complexa e abrangente, necessitando da
combinação de diversas dimensões (físico-espaciais, composicionais e mecanismos
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A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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interdependentes dessas). Como decorrência, um número grande de variáveis precisou ser
avaliado para permitir maior compreensão do problema.
Muitos dados foram coletados para a análise deste estudo, todavia nem todas as
relações entre eles foram investigadas, seja por falta de tempo ou pela inviabilidade de
investigar novas formas de combinar técnicas de SIG e recursos estatísticos (as quais
demonstraram-se úteis nessa pesquisa). Dessa forma, limitaram-se os resultados, embora
outros relevantes ainda pudessem ter sido identificados. Dentre os dados coletados e não
explorados, identificam-se, por exemplo, diferenças entre os grupos socioeconômicos
quanto: a extensão da área de abrangência de uso e a extensão da área em termos de
limites do bairro percebido pelos moradores (definida a partir de mapas mentais), percepção
dos residentes quanto aos aspectos espaciais e de relacionamento social necessários para
a satisfação com o bairro, entre outros.
Além disso, por causa da quantidade de dados necessários para a análise, os
questionários se tornaram longos e, em alguns casos, especialmente quando moradores
responderam estes individualmente, a identificação gráfica dos locais usados ou evitados
ficou incompleta, desfavorecendo algumas dimensões da análise.
Ainda é destacado que, pela coleta e análise dos dados terem sido inteiramente
desenvolvida pela pesquisadora desta dissertação, não foi viável em função do tempo
trabalhar com outras áreas ou uma amostra maior de cada grupo analisado. Outras áreas
para comparação e uma amostra mais abrangente ampliariam a validade e a precisão
obtidas neste estudo.
Por tudo isso, fica evidente que mais estudos sobre a interação social entre grupos
socioeconômicos distintos são necessários. Outros aspectos, que não os investigados aqui,
podem contribuir e complementar essa compreensão. Além disso, considerando os
benefícios da combinação de SIG e recursos estatísticos, parece interessante explorar
novos modos de ampliar, com esses recursos, a discussão e a validade dos resultados
quanto à abrangência (área física) de apropriação dos espaços urbanos.
5.6 RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS E SUGESTÕES
Esta pesquisa corrobora vários estudos que indicam a percepção de
heterogeneidade entre grupos como elemento incrementador de conflitos ou de não-uso dos
espaços. Entretanto, destaca-se que diversos atributos espaciais tendem a minimizar os
efeitos da heterogeneidade socioeconômica quando: permitem um padrão de
comportamento mais similar entre os diferentes grupos, em função do favorecimento aos
deslocamentos a e maior permanência nos espaços abertos, seja pela maior adequação
Capítulo 5 – Conclusões e relevância dos resultados
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da estrutura do ambiente construído, ou pela existência de equipamentos adequados às
necessidades dos moradores; favorecem a identificação de semelhanças na aparência das
edificações e dos espaços privados e semiprivados entre grupos distintos, considerando
estilo, manutenção e padrão de recuos.
Na estruturação da pesquisa, a utilização de múltiplos métodos de análise e coleta
de dados tornou possível associar o número elevado de variáveis necessárias para a
investigação da interação social. Destacam-se: (1) o processo de redução (a partir dos
escores) das variáveis como procedimento importante para viabilizar a análise estatística
não paramétrica neste estudo; (2) e a utilização de diversos mapas temáticos, possibilitados
a partir do SIG, pela complementação e aprofundamento do estudo, especialmente para o
entendimento do sistema de lugares e atividades dos diferentes grupos estudados e a
associação dos locais atraentes, não atraentes, inadequados e inseguros identificados pelos
moradores.
A metodologia permitiu a descrição e compreensão da realidade analisada,
considerando o potencial de apropriação dos espaços urbanos e de interação social. A partir
da combinação da análise físico-espacial com a satisfação e o uso dos espaços pelos
moradores dos diferentes grupos, a metodologia se demonstrou adequada à problemática e,
pela sistemática adotada, capaz de ser reaplicada para outras situações semelhantes de
investigação.
Limitações do estudo foram destacadas anteriormente, além disso, generalizações
desta pesquisa para outros lugares devem ser cautelosas, devido às especificidades sócio-
culturais e ao tipo de intervenção urbana analisadas. Todavia, espera-se que os resultados
da análise possam favorecer as decisões de projeto relacionadas, especialmente, à
produção da habitação social em áreas urbanas consolidadas e, também, que a sistemática
de análise possa ser replicada em novos estudos preocupados com a interação social entre
grupos distintos em situações urbanas diversas das estudadas aqui, como por exemplo, em
áreas de subúrbio ou quanto à convivência de grupos com diferenças étnicas, etc.
Por fim, considerando os efeitos dos atributos físico-espaciais na interação social
entre grupos distintos residentes em áreas urbanas consolidadas, ocupadas por população
de status socioeconômico médio e alto, nas quais a (re)inserção de grupos de baixa
renda através de programas de regularização fundiária, destaca-se que:
- a regularização da habitação social, embora satisfaça, de certa forma, o problema
da inadequação ou carência habitacional, pode não resolver o problema de segregação ou
intolerância entre os grupos, caso os projetos implantados sejam inadequados e
incongruentes aos espaços de entorno.
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- a aparência e a configuração das edificações são dois aspectos que favorecem a
percepção de adequação das habitações sociais, sugerindo a necessidade de serem
consideradas como diretrizes para o projeto, apesar das limitações de recursos financeiros
que implicam padrões construtivos geralmente baixos.
A pesquisa realizada sustenta a importância dos atributos do ambiente construído
para a compreensão do comportamento dos diferentes grupos que coabitam na cidade. Fica
destacada aqui a relevância desses aspectos no sentido de minimizar os efeitos da
heterogeneidade característica dos espaços urbanos, especialmente quando decorrente de
transformações sociais e físicas favorecidas por políticas de reurbanização. Os resultados
obtidos ampliam o entendimento da interação social entre grupos socioeconomicamente
distintos residentes em áreas urbanas comuns, podendo, assim contribuir para novas
pesquisas sobre o tema e para intervenções urbanas mais adequadas às necessidades
humanas.
Referências Bibliográficas
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
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ANEXO A
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
entorno
projeto
Quadra: do lote: Nº da
foto:
Rua:
CARACTERIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTO PÚBLICO
Unifamiliar
Multifamiliar
Unifamiliar – base com comércio ou serviço
Edificação
Residencial
Multifamiliar – base com comércio ou serviço
Educação infantil
Escola 1° Grau
Escola 2 ° Grau
Escola Técnica
Educacional
Faculdade
Igreja/Sinagoga
Biblioteca
Centro bairro/centro comunitário
Atividade
Comunitária
Outros
Ambulatório
Posto de Saúde
Hospital Geral
Hospital Especializado
Saúde
Outro
Posto de polícia/delegacia
Segurança
Comércio de abastecimento básico e
serviços básicos
Comércio eventual e serviços gerais
(prestadoras de serviço)
Equipame
nto
Comércio e Serviços
Comércio raro (especializado /
grande porte )
1 pavimento
2 pavimentos
3 pavimentos
4 pavimentos
Altura
5 ou + pavimentos
Popular (?)
Historicista/ eclética (subdividir)
Art Deco/Protomoderna
Modernista ou contemporâneo
Estilo
Industrial
Madeira
Alvenaria
Concreto aparente
Pedra ou cerâmica
Material
Material Metálico
Vidro
Madeira
PVC ou similar
Padrão das aberturas
Metálica
Metálica
Concreto
Asfáltico
Material
Cerâmica
plana
30° – 45°
Cobertura
Tipo
Inclinação
> 45°
Década de 1950 ou anterior
Década de 1960 ou 1970
Década de 1980
Tempo
edificação
Década de 1990 ou posterior
Boa
Regular
Ruim
Precária
Presença de vandalismo
Manutenção
(da superfície
externa da
edificação)
Estado de
conservação
Elementos decorativos
RELAÇÃO DO ESPAÇO PRIVADO COM O ESPAÇO PÚBLICO
Lote em meio de quadra
Esquina
Localização do lote na quadra
Ponta em rua s/ saída
S/ recuo
Recuo frontal
Recuo lateral esquerdo
Relação com o lote e o espaço
público
Recuo lateral direito
Vegetação
Árvores
Peq Edificação
Mobiliário
Junto ao meio fio Ocorrências
Iluminação
S/ calçamento
Basalto/grês/ pedra
Ladrilho hidráulico
Cerâmica
Material
Cimento
Boa
Regular
Ruim
Precária
Elementos decorativos
Manutenção
Sinais de vandalismo
< 1,5m
1,5m < x< 3m
Faixa de
circulação
Largura da faixa
de circular
< 3m
Vegetação
Árvores
Peq Edificação
Mobiliário
Ocorrências
Iluminação
Boa
Regular
Ruim
Precária
Elementos decorativos
Passeio
público
Junto a divisa
Manutenção
Sinais de vandalismo
Porta e janela junto a divisa
Jardim permeável
Cerca viva (vegetação)
Grade
Grade ou muro coberto de vegetação
Muro baixo – até 150cm
Muro alto – a partir de 150cm
Caracterização da divisa
(interface entre público e
privado)
Talude
Alta visibilidade (aceso central, marcado pelo
projeto paisagístico)
Média Visibilidade (acesso indireto mas
visualmente percebido)
Visibilidade do
acesso da
edificação
Baixa Visibilidade (acesso indireto, acesso
ocultado por vegetação ou tipo de projeto)
Vegetação
Árvores
Peq Edificação
Mobiliário
Ocorrências
Iluminação
Jardim
Área de lazer infantil
Área esportiva
Área para estar ou descanso
Atividades e
usos
Estacionamento
Boa
Regular
Ruim
Precária
Elementos decorativos (vasos, enfeites)
Caracterização
do recuo de
jardim
Manutenção
Sinais de vandalismo
Tabela utilizada para realização do levantamento físico
ANEXO B
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ANEXO C1
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
SÍNTESE LEVANTAMENTO FÍSICO: ÁREA 1 – CONDOMÍNIO JARDIM PLANETÁRIO
(ÁREA 1 DE ANÁLISE – ÁREA 1 DA PRÉ-SELEÇÃO) (amostra de 491 lotes)
VARIÁVEIS
CARACTERÍSTICAS DO CONTEXTO
CONSOLIDADO
CARACTERÍSTICAS DO
PROJETO DE HABITAÇÃO
SOCIAL
Tamanho da Quadra
Dimensões e formatos variados. Áreas
variam de 0,8 ha a 5 ha. E formatos
tendem a ser retangulares.
Área da quadra onde se insere
o projeto: 1,36 ha.
Tamanho dos Lotes
Lotes de dimensões variadas: de 150
a 1.000 m², predominando lotes médios
e pequenos.
Área total: 5.800 m² (habitação
unifamiliares, dimensão dos
lotes bastante reduzidas)
Estrutura
fundiária
Quantidade de habitações (considerando n°
de lotes residenciais, não o de domicílios)
74,5% (289 de 387) 93 unidades habitacionais
Largura das calçadas (medidos lote a lote) 79,6% (309 de 387) c/ mais de 3m
Largura na parte externa é
maior que 3 m, internamente é
menor.
vegetação – árvores –
iluminação – pequenas
edificações – mobiliário
29,4% (114 de 388): nenhuma
ocorrência; 46,4% c/ árvores, 42,8% tem
vegetação, 26,6% tem iluminação
pública e 16% tem mobiliários
Estão presentes: arborização e
vegetação, iluminação e
telefone público.
Pavimentação 60,1 % (233 de 388): basalto Grês
Manutenção 62,4 % (242): estado regular Áreas regular e áreas ruins
Caracterização do
meio-fio e da
extensão da calçada
Personalização Insignificante Não há
Calçadas e
Vegetação
Caracterização da
calçada junto à
divisa do lote
vegetação – árvores –
iluminação – pequenas
edificações – mobiliário
94,9 % (335 de 353): nenhuma
ocorrência
Está em construção o jardim
junto a divisa
Circulação de veículos no ambiente residencial
Área c/ vias de fluxo médio e intenso:
Av. Santana, Av. Jerônimo de Ornelas e
Av. Ramiro Barcelos. Um eixo arterial:
Av Ipiranga.
O conjunto fica localizado junto
a Av. Santana, margeando a Av.
Ipiranga (há uma praça que
separa o projeto e a avenida).
Residencial
15,2% (59 de 387) unifamiliar
9,8%(38) unifam. c/ comércio
41% (159) multifamiliar
8,5% (33) multi. c/ comércio
Tipo
Equipamentos
23,5% (91 de 388) são algum
equipamento. 19,1% (125 de 388) são
comércio ou serviço.
Habitação unifamiliar (casa
térrea e sobrado). Presença de
equipamento comunitário (praça
e creche) e de comércio e
serviços no projeto.
Altura das edificações
29,9% (115): 1 pav.; 21,9%: 2 pav.;
11,7%:3pav; 21,6%: 4 pav.
1 e 2 pavimentos
Estilo
37,6% (144): moderno/ contemporânea
20,4% (78): popular
19,6% (75): Art Deco/Protomoderno
Edificação popular
Tempo da Edificação (estimado) 47,3% (181) anterior a 1950 Construção 1995
Edificação
80,6% alvenaria (c/ uso combinado de
outros materiais)
25,1% utiliza cerâmica (c/ uso
combinado de outros materiais)
Material principal: alvenaria
Material de
acabamento
Aberturas 32,5 %(124): madeira; 20,6% PVC Esquadrias em ferro e vidro
Manutenção (estado de conservação) 61,5% (236) regular; 21,4% (82) ruim Regular e Ruim
Vandalismo 7,3% (28) c/ sinais de vandalismo Há sinais de vandalismo
Entorno e definição do lugar
Aparência
Visual
Personalização 11,7% (45) c/ elementos decorativos Não há
Relação da edificação c/ o lote (recuos)
38,2% (148) recuo frontal; 22% s/ recuo;
14,7% recuo frontal e lateral.
Recuo frontal
Clareza e
definição
hierárquica do
lugar
Caracterização da divisa (barreiras físicas e
simbólicas)
21,4% (83)c/ porta e janela
34,5% (134) c/ grades
11,3%(43) muro alto (>150cm)
Acesso privado se por jardim
permeável, muro baixo ou
grade.
Elementos presentes (vegetação – árvores –
iluminação – pequenas edificações –
mobiliário)
Em 25,4% dos casos não há recuo e em
outros 22,8% não nenhum elemento.
Assim, vegetação rasteira (49,7%) e
árvores (26,8%) são os mais freqüentes.
Em poucas unidades há
vegetação ou árvore.
Usos (jardim, estar, lazer, esporte,
estacionamento, área serviço, acesso apenas)
28,4% (110) apenas jardim, 16,8%
apenas estacionamento,
Usos principais: estar/descanso
e área se serviço.
Manutenção do espaço semiprivado 40% (154) regular; 17,4 (67) Boa Regular e Ruim
Vandalismo Insignificante
Marcação e
personalizaçã
o dos espaços
Personalização 13,2% (51) c/ motivo decorativo Há alguns casos
Legibilidade e comportamento territorial
Controle
territorial e
segurança
Visibilidade (dos acessos e edificações)
80,2% (311) alta; 11,9% (41) média;
7,5% (21) baixa.
Alta visibilidade p/ edificações
externas do conjunto.
Lotes desocupados 2,6% dos lotes são baldios (3) ou estão abandonados/desocupados (7)
Lazer 4 praças, 1 equipamento cultural
Educação 3,9 % (11) equipamentos de ensino
Comunitários 3 equipamentos comunitários
Saúde Nenhum equipamento de saúde
Segurança Nenhum equipamento de segurança
Fatores contextuais
Ambiente
gerenciável
Equipamentos
Função do
Equipamento
Comércio e Serviços
Dos 74 casos de comércio e serviço, 46 são de serviços gerais e comércio
eventual; 10 de estacionamento e 9 de abastecimento básico.
ANEXO C2
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
SÍNTESE LEVANTAMENTO FÍSICO: ÁREA 2 – CONDOMÍNIO RESIDENCIAL DOS ANJOS
(ÁREA 2 DE ANÁLISE - ÁREA 4 DA PRÉ-SELEÇÃO) (amostra de 321 lotes)
VARIÁVEIS
CARACTERÍSTICAS DO CONTEXTO
CONSOLIDADO
CARACTERÍSTICAS DO
PROJETO DE HABITAÇÃO
SOCIAL
Tamanho da Quadra
Dimensões e formatos variados. Áreas
variam de 1,0 ha a 2,5 ha. Formatos
tendem a ser retangulares.
Área da quadra onde se insere
o projeto: 2,5 ha. Trapezoidal.
Tamanho dos Lotes
Tamanhos dios predominam (em
torno de 500 m²). Mas uma variação
de 250 m² a 5.000 m2
Área total: 2.600 m²
Estrutura
fundiária
Quantidade de habitações (considerando n°
de lotes residenciais, não o de domicílios)
79,9% (254 de 318) 12 blocos de apartamento
Largura das calçadas (medidos lote a lote) 87,4% (278 de 318) c/ mais de 3m 3,5 m
vegetação – árvores –
iluminação – pequenas
edificações – mobiliário
21,4% (68 de 318): nenhuma ocorrência;
66,1% c/ vegetação, 58,6% c/ árvores,
32,1% tem iluminação pública e 19,5%
tem mobiliários.
Presença de mobiliário e
iluminação.
Pavimentação 70,4% (224 de 318): basalto Basalto
Manutenção 46,9 % (285): regular; 24,5 % (78): ruim Regular
Caracterização do
meio-fio e da
extensão da calçada
Personalização Insignificante Não há
Calçadas e
Vegetação
Caracterização da
calçada junto à
divisa do lote
vegetação – árvores –
iluminação – pequenas
edificações – mobiliário
89,3% (284 de 318) nenhuma
ocorrência. 9,4% c/ vegetação.
Não há.
Circulação de veículos no ambiente residencial
Área c/ vias de fluxo médio e local e um
eixo arterial: Av. Ipiranga.
O conjunto localiza-se no eixo
arterial (av. Ipiranga).
Residencial
42,8% (136 de 318) unifamiliar
4,4%(14) unifam. c/ comércio
30,2% (96) multifamiliar
2,5% (8) multi. c/ comércio Tipo
Equipamentos
16,7% (53 de 318) são algum
equipamento. 13,8% (44 de 318) são
comércio ou serviço.
Habitação multifamiliar c/ base
comercial em um dos blocos (12
blocos de apartamento 82
unidades habitacionais).
Altura das edificações
55,3% (176): 1 pav.; 21,1% (67): 2 pav.;
7,9%: 3pav; 6,6%: 4 pav.; 5%: 5 a 8 pav.
3 pavimentos
Estilo
51% (162): moderno/contemporânea
16,1% (51): historicista/eclético
24,6% (78): Popular
Edificação popular
Tempo da Edificação (estimado) 50,5% (160) décadas de 1960 e 1970 Construção 2001
Edificação 79,1% alvenaria; 12% cerâmica; Alvenaria e cerâmica Material de
acabamento
Aberturas 32,8 %(104): madeira; 22,1% Metal Esquadrias de ferro
Manutenção (estado de conservação) 57,7% (183) regular; 20,2% (64) boa Regular
Vandalismo 2,5% (8) c/ sinais de vandalismo Não há sinais de vandalismo
Entorno e definição do lugar
Aparência
Visual
Personalização 1,9% (6) c/ elementos decorativos Não há
Relação da edificação c/ o lote (recuos)
49,7% (158) recuo frontal; 21,7% recuo
frontal + 1 lateral e 17,9 % recuo frontal
e lateral.
Recuo frontal + 1 lateral
(considerando bloco em contato
com a rua).
Clareza e
definição
hierárquica do
lugar
Caracterização da divisa (barreiras físicas e
simbólicas)
74,3% (236) c/ grades
11,2%(36) muro alto (>150cm)
Acesso Permeável (Jardim
Permeável)
Elementos presentes (vegetação – árvores –
iluminação – pequenas edificações –
mobiliário)
Em 5% dos casos não recuo e em
outros 24,2% não nenhum elemento.
Assim, vegetação (66,7%) e árvores
(40,2%) são mais freqüentes, mas
iluminação (9,1%) e mobiliário (6,3%)
são encontrados.
Presença de vegetação rasteira.
Usos (jardim, estar, lazer, esporte,
estacionamento, área serviço, acesso apenas)
9,1% (29) apenas acesso pavimentado
ou 14,8% estacionamento; mas 66,3
(210) há jardim c/ algum tipo de uso
associado.
Usos principais: jardim, estar,
estacionamento.
Manutenção do espaço semiprivado 49,4% (157) regular; 26,7 (85) boa Regular
Vandalismo Insignificante
Marcação e
personalizaçã
o dos espaços
Personalização 24,8% (79) c/ motivo decorativo. Não está presente.
Legibilidade e comportamento territorial
Controle
territorial e
segurança
Visibilidade (dos acessos e edificações)
70,1% (223) alta; 18,9% (60) média;
10,4% (33) baixa.
Alta visibilidade (apesar de
blocos estarem no interior do
lote).
Lotes desocupados 0,6 % dos lotes estão abandonados/desocupados (2)
Lazer 1 equipamento cultural (escola de samba), 1 praça.
Educação 1,5% (5) equipamentos de ensino
Comunitários 1,2% (4) equipamento comunitário
Saúde 1 equipamento de saúde
Segurança Nenhum equipamento de segurança
Fatores contextuais
Ambiente
gerenciável
Equipamentos
Função do
Equipamento
Comércio e Serviços
Dos 44 casos de comércio e serviço, 2 são abastecimento básico; 39
serviços gerais e comércio eventual; 1 comércio especializado; 1 serviços
municipais; e 1 estacionamento.
ANEXO C3
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
SÍNTESE LEVANTAMENTO FÍSICO: ÁREA 3 – CONDOMÍNIO RESIDENCIAL PRINCESA ISABEL
(ÁREA 3 DE ANÁLISE – ÁREA 5 DA PRÉ-SELEÇÃO) (amostra de 340 lotes)
VARIÁVEIS
CARACTERÍSTICAS DO
CONTEXTO CONSOLIDADO
CARACTERÍSTICAS DO
PROJETO DE HABITAÇÃO
SOCIAL
Tamanho da Quadra
Dimensões e formatos variados.
Áreas variam de 1,5 ha a 5 ha. E
formatos tendem a ser retangulares.
Área da quadra onde se insere
o projeto: 1,2 há.
Formato irregular em leque.
Tamanho dos Lotes
Lotes de dimensões bastante
variadas: de 107 a 15.000 m²
(diversidade de usos)
Área do lote: 6.690 m² (com 5
blocos residenciais)
Estrutura
fundiária
Quantidade de habitações (considerando n°
de lotes residenciais, não o de domicílios)
56 % (198 de 353)
2 edifícios c/ 55 unidades
(estão em construção outros 3
blocos residenciais)
Largura das calçadas (medidos lote a lote) 57,5% (203 de 353) c/ mais de 3m Largura aproximada: 3,5 m
vegetação – árvores –
iluminação – pequenas
edificações – mobiliário
37,4% (132 de 353): nenhuma
ocorrência; 33% tem iluminação
pública e 31% contem árvores; 22%
tem vegetação e 20 % tem mobiliários
(ponto de ônibus, hidrante, lixeira etc)
Estão presentes: arborização e
vegetação, iluminação, ponto de
ônibus e telefone público.
Pavimentação 69,4 % (245 de353): basalto Basalto
Manutenção 59,2 % (209): estado regular Boa manutenção
Caracterização do
meio-fio e da
extensão da calçada
Personalização Insignificante Não há
Calçadas e
Vegetação
Caracterização da
calçada junto à
divisa do lote
vegetação – árvores –
iluminação – pequenas
edificações – mobiliário
94,9 % (335 de 353): nenhuma
ocorrência
Está em construção o jardim
junto a divisa
Circulação de veículos no ambiente residencial
Área c/ vias de fluxo intenso: Av. João
Pessoa, Av. Princesa Isabel, Av. da
Azenha.
O conjunto fica localizado na
esquina da Av. Princesa Isabel
com a Av. João Pessoa.
Residencial
21,2% (75 de 353) unifamiliar
6,2%(22) unifam. c/ comércio
16,4% (58) multifamiliar
12,2% (43) multi. c/ comércio
Tipo
Equipamentos
40,8% (144 de 353) são algum
equipamento. 27,6% (125 de 353)
são de comércio e serviços.
Habitação multifamiliar c/ base
de comércio e serviços.
Altura das edificações
42,5% (150): 1 pav.; 27,2%: 2 pav.;
12,5%: 4 pav.
4 pavimentos
Estilo
30,3% (107): popular
26,1% (92): moderno/contemporâneo
Edificação popular
Tempo da Edificação (estimado) 41,6% (147) anterior a 1950 Construção 2004/2005
Edificação 60,6% (214): acabamento alvenaria Material principal: alvenaria
Material
Aberturas 33% (118): madeira; 23,8% metal Esquadrias em alumínio
Manutenção (estado de conservação) 42,8% (151) regular; 32,6% (115) ruim
Boa conservação (nova)
Vandalismo 15,9% (56) c/ sinais de vandalismo Não há sinais de vandalismo
Entorno e definição do lugar
Aparência Visual
Personalização 7% (25) c/ elementos decorativos Não
Relação da edificação c/ o lote (recuos)
31,7% (112) recuo frontal
30,3% (107) s/ recuo
Recuo frontal
Clareza e
definição
hierárquica do
lugar
Caracterização da divisa (barreiras físicas e
simbólicas)
29,5% (104)c/ porta e janela
23,8% (84) c/ grades
12, 2%(43) jardim permeável
A transição par o acesso privado
se por jardim permeável
(comércio) e grade (habitação).
Elementos presentes (vegetação – árvores –
iluminação – pequenas edificações –
mobiliário)
Em 32,6% dos casos não recuo e
em outros 25,8% não há nenhum
elemento. Assim, vegetação rasteira
(14,7%) e árvores (13,3) são os mais
freqüentes.
Vegetação rasteira presente nos
espaços de transição para o
ambiente privado.
Usos (jardim, estar, lazer, esporte,
estacionamento, área serviço, acesso apenas)
25,2% (89) apenas jardim, 16,1%
apenas estacionamento,
Espaço de jardim
Manutenção do espaço semiprivado 35,1% (124) regular; 17,8 (63) ruim Jardim em obra
Vandalismo Insignificante
Marcação e
personalização
dos espaços
Personalização
7% (25) apresenta motivo decorativo
ou elementos similares
Não parece haver sinais.
Legibilidade e comportamento territorial
Controle territorial
e segurança
Visibilidade (dos acessos e edificações)
81,6% (288) alta visibilidade
11,6% (41) média visibilidade
5,9% (21) baixa visibilidade
Alta visibilidade do conjunto
Lotes desocupados 1,7% dos lotes são baldios (4) ou estão abandonados/desocupados (2)
Lazer 2 praças
Educação 5 equipamentos de ensino
Comunitários 10 equipamentos comunitários: 4 igrejas e outras associações (6)
Saúde 2 hospitais e 2 centros assistenciais e de pesquisa
Segurança 9 lotes relacionados
Fatores contextuais
Ambiente
gerenciável
Equipamentos
Função do
Equipamento
Comércio e Serviços
Dos 125 casos de comércio e serviço, 66 são de serviços gerais e
comércio eventual e 36 para abastecimento básico.
ANEXO D
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ENTREVISTA (ETAPA 1) PARA IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
entrevista: Data: Horário: Nome do entrevistado:
Prezado Morador(a),
Esta pesquisa faz parte de um estudo que busca entender como os espaços residenciais
satisfazem às necessidades dos diferentes grupos de pessoas que moram dentro do mesmo bairro
na cidade. Esta entrevista tem o objetivo de saber onde o senhor acha que o seu bairro inicia e
termina e, também, quem são os moradores do seu bairro, se existe vários grupos de pessoas ou se
são todos um único grande grupo.
Para descobrir essas informações é preciso da sua ajuda. Por isso, gostaria que o senhor(a)
respondesse a algumas perguntas e desenhasse um mapa do seu bairro:
1. Você pode me dizer como é o seu bairro? Como você acha que são as suas características, qual
a aparência dele e o tipo de atividades que existem (serviços, comércio, praças e parques,
escolas, hospitais, etc.)?
2. O que, especialmente, você gosta no bairro? Por quê?
3. E o que você não gosta no bairro? Por quê?
4. O que, na aparência do bairro, te agrada mais? Por quê?
5. O que, na aparência do bairro, te agrada menos ou te desagrada completamente? Por quê?
6. De uma maneira geral, juntando as coisas que gosta e que não gosta, você está satisfeito com a
aparência do seu bairro, ou não?
7. Você acha seguro ou inseguro morar aqui? Quais os lugares mais seguros para você? Por quê?
Quais os lugares mais inseguros? Por quê?
8. Você evita de passar por certas ruas ou lugares? Quais lugares? E quais os motivos?
9. Você poderia desenhar um mapa do seu bairro? (Pausa: Na medida que o entrevistado for
desenhando, é necessário fazer algumas observações.) Não esqueça de mostrar onde você acha
que seu bairro começa e termina (Pausa). Desenhe as ruas e coloque os nomes delas também.
Marque, os lugares que você costuma ir ou que você considera mais importante. (Pausa) Marque
os lugares que você acha mais seguros e menos inseguros. (Folha anexa)
10. Quem são os moradores do bairro para você? O que eles fazem? São novos ou são mais velhos?
Há crianças?
11. Como você se sente em relação aos seus vizinhos e em relação às pessoas que moram no seu
bairro? Gosta das pessoas daqui? O clima é agradável e amigável, ou não? Está satisfeito com
vizinhos e moradores do seu bairro? Por quê?
12. Como você acha que as pessoas que moram em outros lugares da cidade enxergam o seu
bairro? Você concorda com a visão deles?
13. Você gosta de morar aqui? Por quê?
INFORMAÇÕES GERAIS
1. ÁREA
1. Planetário
2. D. Eugênia
3. Lupicínio
4. Dos Anjos
5. Princesa Isabel
2. ENDEREÇO
rua / avenida:
/ apto:
3. Á quanto tempo mora na área?
4. Sexo:
1. Feminino
2. Masculino
5. Qual faixa etária?
1. 19 a 40 anos
2. 40 a 60 anos
3. mais de 60 anos
12. Qual atividade profissional? 15. Qual o nível educacional?
1. Nunca foi a escola
2. Ensino fundamental
3. Ensino Médio
4. Superior incompleto
5. Superior completo
anos
ANEXO D
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
A seguir são apresentados 2 exemplos de mapas mentais realizados na Área 1:
Figura 3.6: Mapa mental realizado por morador da habitação social na Área 1
Figura 3.7: Mapa mental realizado por morador do bairro na Área 1
ANEXO E1
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ÁREA DE ANÁLISE 1 - ÁREA PRÉ-SELECIONADA 1
Morador Habitação social Morador bairro
Freqüência
0
Que bairro você mora?
1 2 3 4 5 6
total
1 2 3 4 5
total
casos
%
Santana 1 1 1 1 1 1 6 1 1 1 1 4 10 91%
Bom Fim 0 1 1 1 9%
Bairro
1 Como é seu bairro?
Av. João Pessoa 1 1 1 3 1 1 1 1 4 7 64%
Av. Ipiranga 1 1 1 1 1 3 4 36%
Av.José Bonifácio/Av. Venâncio Aires (limites próximos) 1 1 1 1 1 5 1 1 1 3 8 73%
Av. Santana 1 1 1 1 4 1 1 5 45%
R. Luis de Camões 1 1 0 1 9%
R. Jacinto Gomes 1 1 0 1 9%
R. Santa Teresinha 1 1 0 1 9%
Av. Ramiro Barcelos 1 1 1 3 1 1 1 1 4 7 64%
Av. Protásio Alves / Av. Osvaldo Aranha 0 1 1 1 3 3 27%
Av. Princesa Isabel 1 1 0 1 9%
Av. Olinto de Oliveira 0 0 0 0%
Av. Vicente da Fontoura 1 1 2 0 2 18%
Av. Silva Só 1 1 1 1 2 18%
Av. Bento Gonçalves 0 1 1
Limites do bairro
R. Jaime Telles 1 1 0 1 9%
Arquitetura mais antiga (aspecto positivo) 0 1 1 2 2 18%
Predominância de edificações residenciais 1 1 2 1 1 1 1 4 6 55%
Ausência de supermercados próximos 1 1 1 1 2 18%
Ausência de Policiamento - inseguro 1 1 1 1 1 3 4 36%
Baixa Freqüência de comércio e serviços básicos 1 1 0 1 9%
Equipamentos de saúde: Hospital de Pronto Socorro, Hospital de
Clínicas e Posto de Saúde Modelo.
1 1 2 1 1 2 4 36%
Presença de bares 1 1 0 1 9%
Presença de praças e parques: Parque da Redenção 1 1 1 3 1 1 1 3 6 55%
Facilidade de acesso aos diversos equipamentos (saúde, comércio,
Centro Comercial João pessoa, educação).
1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 10 91%
Facilidade de transporte e locomoção para diversos pontos da
cidade (proximidade do centro)
1 1 1 1 4 1 1 1 3 7 64%
Características e atividades
Bom de morar 0 1 1 2 2 18%
2 O que, especialmente, você gosta no bairro? Porquê?
Proximidade/acesso aos equipamentos diversos 1 1 1 1 2 3 27%
Acesso aos equipamentos de saúde: Hospital de Pronto Socorro,
Hospital de Clínicas, Instituto do Coração, Hospital Ernesto
Dorneles.
0 1 1 1 9%
Facilidade de serviços de transporte público 0 1 1 1 9%
Planetário - lugar para lazer e descanso 1 1 0 1 9%
Parque da Redenção - Lugar para lazer e descanso 1 1 1 3 1 1 1 3 6 55%
Centro Comercial João Pessoa (concentra serviços e comércios
diversos)
1 1 0 1 9%
Bom sistema de Iluminação pública 1 1 0 1 9%
O conjunto Jardim Planetário 1 1 0
Arborização 1
Ausência de edifícios muito populosos 0 1 1 1 9%
3 E o que você não gosta no bairro? Porquê?
Insegurança dentro do conjunto Jardim Planetário 1 1 0 1 9%
Falta de privacidade dentro do conjunto (Planetário) 1 1
Barulho excessivo (ambulâncias) 0 1 1 1 9%
Insegurança (violência, assalto). 1 1 1 1 2 18%
Infraestrutura de coleta de água pluvial: alagamentos 0 1 1 2 2 18%
O conjunto Jardim Planetário (falta de privacidade, insegurança). 0 1 1 1 9%
Falta supermercado 0 1 1 1 9%
4 O que, na aparência do bairro, te agrada mais? Porquê?
A limpeza do bairro em geral 1 1 0 1 9%
Av. Santana: decoração de Natal 1 1 2 0 2 18%
Centro Comercial João Pessoa (vitrines) 1 1 0 1 9%
Arborização 1 1 2 1 1 2 4 36%
Edificações do bairro (arquitetura mais antiga e edificações
contemporâneas): são bonitas
1 1 1 2 2 18%
Conjunto Jardim Planetário - casas da frente conservadas 1 1 0 1 9%
Rua Sta. Teresinha - edificações e conjunto da rua bonitos e
agradáveis
1 1 1 1 2 3 27%
Rua José Bonifácio - conjunto bonito 0 1 1 1 9%
Parque da Redenção 0 1 1 2 2 18%
Fachadas e recuos de jardim no bairro 0 1 1 1 9%
5 O que, na aparência do bairro, te agrada menos ou te desagrada completamente? Porquê?
Nada 1 1 2 0 2 18%
Sujeira dentro da "vila" (Jardim Planetário) 1 1 1 3 1 1 2 5 45%
Alagamentos 1 1 1 1 2 18%
Iluminação Pública 1 1 0 1 9%
Sujeira nas calçadas (lixo, detrimentos de animais).
1 1 2 1 1 2 4 36%
Iluminação Pública (iluminação sobreposta à copa
das árvores: é péssima)
0 0 0%
Jacinto Gomes: rua mais feia 0 0 0 0%
Poluição/sujeira nas edificações 0 1 1 1 9%
Av. Jerônimo de Ornelas e Av. Santana: mal
conservadas - degridem a imagem do bairro
0 1 1 1 9%
ANEXO E1
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
6 Juntando as coisas que gosta e que não gosta, você está satisfeito com a aparência do seu bairro, ou não?
Satisfeito: bom de morar, acessibilidade fácil e
transporte público.
1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 10 91%
Nem satisfeito sem insatisfeito 0 0 0 0%
Insatisfeito 1 1 0 1 9%
7 Você acha seguro ou inseguro morar aqui? Quais os lugares mais seguros para você? Quais os lugares mais inseguros?
É seguro 1 1 2 1 1 3 27%
Jardim Planetário (uns cuidam dos outros, apesar
dos assaltos e do tráfico de drogas).
1 1 0 1 9%
Av. Santana - iluminada e movimentada 1 1 0 1 9%
Proximidade com Palácio da Polícia e 10°
Delegacia
1 1 0 1 9%
Av. João Pessoa - iluminada, movimentada. 1 1 0 1 9%
R. Laurindo 0 0 0 0%
Seguro
Praça Júlio Bozano 0 1 1 1 9%
É inseguro 1 1 1 3 1 1 1 1 4 7 64%
Insegurança é geral na cidade 1 1 2 1 1 2 4 36%
R. Luiz Manoel - muito escura 1 1 0 1 9%
Av. Ramiro Barcelos - escura, deserta. 1 1 2 1 1 3 27%
Parque da Redenção - inseguro no final da tarde 1 1 0 1 9%
R. Jacinto Gomes - escura, deserta. 1 1 1 1 2 18%
R. Laurindo - escura 1 1 0 1 9%
Av. Santana - tráfego intenso de veículos 1 1 0 1 9%
Av. Ipiranga - insegurança nas pontes 0 1 1 1 9%
Proximidades Jardim Planetário 0 1 1 1 9%
Praça Major Joaquim de Queiroz 0 1 1 1 9%
Inseguro
Da Av. Santana a Av. Osvaldo Aranha 0 1 1 1 9%
8 Você evita de passar por certas ruas ou lugares? Quais lugares? E quais os motivos?
Não
Apenas tem cuidado 1 1 1 1 4 1 1 5 45%
Av. Ramiro Barcelos - escura, deserta. 1 1 0 1 9%
Entre Santana e João Pessoa, atrás do Palácio da
Polícia.
0 1 1 1 9%
Proximidades Jardim Planetário 0 1 1 2 2 18%
Evita
Av. Ipiranga - insegurança nas pontes 0 1 1 1 9%
9 Você poderia desenhar um mapa do seu bairro?
Ruas e Avenidas: R. Sta. Teresinha, R. Vespúcio Abreu, Av. Santana, Av. João Pessoa, Av. Bento Gonçalves, Av. Ipiranga, Av.Jerônimo de Ornelas, R. Luiz
Manoel, Av. Venâncio Aires, Av. Silva Só, Av. Ramiro Barcelos, Av. Protásio Alves, Av. Ipiranga, Av. Osvaldo Aranha, R. Laurindo, R. Jacinto Gomes, Rua Olinto de
Oliveira,
"Vila" (Jardim Planetário)
Equipamentos de lazer: Parque da Redenção, Praça Júlio A. Bolzano, Praça João Paulo I, Praça Major Joaquim de Queiroz, Praça Del. C. A. Gadret.
Equipamentos educacionais: Escola Sta. Rosa de Lima, Colégio Estadual Júlio de Castilhos, UFRGS.
Equipamentos comunitários: Igreja Sta. Teresinha, Planetário.
Equipamentos de saúde: Centro de Saúde Modelo, Hospital de Pronto Socorro, Hospital de Clínicas,
Equipamentos de segurança:
Elementos citados
Equipamento de comércio e serviço: Centro Comercial João Pessoa, Bar do Beto, Borracharia Chacrinha, MC Donald's.
10 Quem são os moradores do bairro para você? O que eles fazem? São novos ou são mais velhos? Há crianças?
Predominantemente idosos e aposentados no
bairro
1 1 1 1 4 1 1 2 6 55%
Predominância de crianças no Jardim Planetário 1 1 1 1 1 5 0 5 45%
Predominam jovens 0 1 1 2 2 18%
Diversidade de idades 1 1 1 3 1 1 1 3 6 55%
Jardim Planetário - população pobre 1 1 1 1 1 1 4 5 45%
Predomina população de renda média - pequena
população de rendas mais altas
1 1 1 1 1 1 1 5 6 55%
11 Como você se sente em relação aos seus vizinhos e em relação às pessoas que moram no seu bairro?
Pouca intimidade/amigável - boa relação com
moradores mais antigos do bairro - satisfeito
1 1 2 1 1 1 3 5 45%
Pouca intimidade/amigável - insatisfeito 0 1 1 1 9%
Pouca intimidade/amigável -
conhecidos no bairro e
má relação com moradores do conjunto
1 1 2 1 1 3 27%
A relação entre vizinhos é boa e freqüente -
relacionamento com moradores do bairro e do
conjunto
1 1 2 0 2 18%
12 Como você acha que as pessoas que moram em outros lugares da cidade enxergam o seu bairro? Você concorda?
Imagem negativa do lugar (Jardim Planetário):
violência e insegurança. Concordo.
0 0 0 0%
Imagem negativa do lugar (Jardim Planetário):
violência e insegurança.Discordo.
1 1 0 1 9%
Imagem positiva do bairro (existência dos
equipamentos e acessibilidade; bom de morar,
arborizado). Concordo.
1 1 1 1 4 1 1 1 1 1 5 9 82%
Imagem negativa do bairro. Bairro movimentado e
violento. Discorda
0 1 1 1 9%
Existe a imagem de um bairro residencial. Isso não
é verdade
0 0 0 0%
13 Você gosta de morar aqui? Porquê?
Lugar Tranqüilo 1 1 1 1 2 18%
Comodidade (existência dos equipamentos e
acessibilidade)
1 1 1 1 4 1 1 1 1 1 5 9 82%
Costume, mas moraria em outro bairro. 1 1 0 1 9%
Sim
Arborizado 0 1 1 1 9%
Não
0 0 0 0%
ANEXO E2
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ÁREA DE ANÁLISE 2 - ÁREA PRÉ-SELECIONADA 4
Morador hab. social Morador bairro
Freqüência
0
Que bairro você mora?
1 2 3 4 5
total
1 2 3 4 5
total
casos
%
Bairro Jardim Botânico 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Bairro Partenon 0 0 0 0%
Bairro
Bairro Petrópolis 1
1 Como é seu bairro?
Av.Protásio Alves 1 1 1 1 4 1 1 2 6 60%
Av. Ipiranga 1 1 1 1 4 1 1 1 1 4 8 80%
R. Eça de Queiroz 1 1 1 3 1 1 4 40%
Av. Salvador França 1 1 2 1 1 2 4 40%
R. Guilherme Alves 1 1 2 1 1 2 4 40%
Av.Silva Só 1 1 0 1 10%
Av. Bento Gançalves 1 1 0 1 10%
R. da Plata 1 1 1 1 2 3 30%
R. Barão do Amazonas 1 1 0 1 10%
R. São Manoel 1 1 1 1
R. Vicente da Fontoura 0 1 1
R. Felizardo 0 1 1
Praça Rui Teixeira 0 1 1 1 10%
Limites do bairro
R. Felipe de Oliveira 0 1 1 1 10%
Muito bom. 1 1 1 1 2 20%
Facilidade de acesso aos diversos equipamentos (saúde, supermercados, escolas,
posto de saúde e hospital, Igreja).
1 1 1 1 4 1 1 1 1 4 8 80%
Facilidade de serviços de transporte público 1 1 2 1 1 3 30%
Facilidade de acesso ao comércio e serviços básicos (farmácias, supermercados). 1 1 1 1 2 20%
"Nível social do bairro é bom": pessoas de alto poder aquisitivo (aspectos positivos e
negativos) (ex.: r. Eça é uma das mais seletas do bairro)
1 1 2 1 1 3 30%
Zaffari Ipiranga 1 1 2 1 1 3 30%
Pouca atividade comercial voltada para jovens 1 1 0 1 10%
Escola de samba 1 1 0 1 10%
Bairro predominantemente residencial 1 1 1 1 2 3 30%
Bairro tranqüilo. Seguro. 1 1 2 1 1 3 30%
Bourbon Ipiranga 1 1 2 1 1 2 0%
Supermercado Andes 0 1 1 0%
Arroio Dilúvio: transtorno em dias de chuva 0 1 1 0%
Fácil acessibilidade/localização. 0 1 1 2 0%
Investimentos: substituição de edificações térreas por outras multifamiliares ou uso
misto.
0 1 1 0%
Barão do Amazonas: rua comercial. 0 1 1 0%
Características e atividades
Bairro arborizado. 0 1 1 1 10%
2 O que, especialmente, você gosta no bairro? Porquê?
Minha residência. 1 1 0 1 10%
Solidariedade das pessoas (colaboração de supermercados, escolas e moradores). 1 1 0 1 10%
Bairro tranqüilo. 1 1 1 1 2 20%
Segurança à noite entre a Bourbon Ipiranga e Zaffari Ipiranga 1 1 0 1 10%
Escola de samba 1 1 0 1 10%
Pela proximidade/acesso aos equipamentos diversos 1 1 1 1 2 20%
Danceterias e Bourbon Shopping 1 1 0 1 10%
Próximo ao centro. 0 1 1 2 2 20%
Fácil acessibilidade/localização. 0 1 1 1 10%
Bairro arborizado. 0 1 1 1 10%
População predominante
de classe média: homogênea (embora tenham vilas na Av.
Ipiranga Cachorro sentada e outra ao lado da escola de samba)
0 1 1 1 10%
Fato de ser bairro residencial (presença de casas e sobrados). 0 1 1 1 10%
3 E o que você não gosta no bairro? Porquê?
Tráfico de drogas (barulho que causam, é intenso). 1 1 1 3 0 3 30%
Tráfego intenso de veículos (Av. Ipiranga (barulho e movimento)/R. da Plata) 1 1 1 1 2 20%
Do Arroio Dilúvio/Riacho Ipiranga (insetos, bichos, transtorno em dias de chuva). 1 1 0 1 10%
Vila Cachorro Sentado 1 1 1 1 2 20%
Dificuldade de criar vínculos de amizade, casas afastadas umas das outras. 0 1 1 1 10%
Transformação: casas térreas em edifícios. 0 1 1 2 2 20%
Escola de samba incomoda no período do carnaval. 0 1 1 1 10%
0 0 0 0%
4 O que, na aparência do bairro, te agrada mais? Porquê?
Ajuda mútua dento do Condomínio dos Anjos. 1 1 0 1 10%
O cuidado (ajuda) que os moradores tem no bairro pelas pessoas idosas. 1 1 0 1 10%
Equipamentos educacionais para diversas idades: creche comunitária, SASI
(educação para jovens e adultos).
1 1 0 1 10%
Centro comunitário: Odomodê (para jovens e crianças até 16 anos). 1 1 0 1 10%
Edificações do bairro: bem conservadas 1 0 0 0%
Edificações novas do bairro: chamam atenção. 1 1 1 1 2 20%
A limpeza do bairro em geral 1 1 2 1 1 3 30%
Edificações no bairro são bonitas 1 1 2 0 2 20%
Arborização 1 1 1 1 2 3 30%
Praça das Nações 1 1 0 1 10%
Bourbon Ipiranga (boa localização). 0 0 0 0%
Conservação das fachadas e jardins. 1 1 1 1 2 20%
Jardim Botânico (o parque) 0 1 1 1 10%
Bairro bom p/ caminhar: áreas verdes, diferentes percursos (declividade das ruas). 0 1 1 1 10%
Homogeneidade do bairro (casas conservadas, não há cortiço). 0 1 1 1 10%
Bairro tranqüilo. 0 1 1 1 10%
5 O que, na aparência do bairro, te agrada menos ou te desagrada completamente? Porquê?
Sujeira do bairro. 1 1 0 1 10%
ANEXO E2
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Telefones públicos quebrados 1 1 0 1 10%
Sujeira nas calçadas (lixo, detrimentos de animais). 0 1 1 1 10%
Arroio Dilúvio: traz sujeira/é feio. 1 1
Manutenção de praças. 1 1 1 10%
Calçadas mal conservadas 1
Casas antigas mal conservadas. 0 1 1 1 10%
Alagamentos. 0 1 1 1 10%
Atrás do Bourbon, próximo ao Colégio Otávio de Souza: feio. 0 1 1 1 10%
Assaltos e violência 0 1 1 1 10%
Não há comércio pequeno, apenas supermercados. 0 1 1 1 10%
6 Juntando as coisas que gosta e que não gosta, você está satisfeito com a aparência do seu bairro, ou não?
Satisfeito. (acessibilidade, tranqüilidade, arborização, praças). 1 1 1 1 4 1 1 1 1 1 5 9 90%
Nem satisfeito sem insatisfeito 0 0 0 0%
Insatisfeito 0 0 0 0%
7 Você acha seguro ou inseguro morar aqui? Quais os lugares mais seguros para você? Quais os lugares mais inseguros?
É seguro 1 1 2 0 2 20%
R. Veado Porto: tem policiamento 1
Da av. Ipiranga até a av. Protásio Alves é mais seguro que outros lugares. 1 1 0 1 10%
Do Bourbon Ipiranga até o Condomínio dos Anjos 1 1 0 1 10%
Seguro
É inseguro 1 1 1 1 1 1 1
Perto da PUC é mais inseguro. 0 0 0 0%
Não há policiamento. 1 1 1 1 1 3 4 40%
O medo traz mudança de comportamento: torna o bairro menos passível de ser
usado.
0 1 1 1 10%
Assaltos e roubos freqüentes, violência generalizada. 1 1 2 1 1 2 4 40%
Vila Cachorro Sentado 0 1 1 1 10%
Praça das Nações Unidas 0 1 1 1 10%
Construções novas: bairro visado. 0 1 1 1 3 3 30%
No horário da noite. 0 1 1 1 10%
Inseguro
Praças em geral. 0 1 1 1 10%
8 Você evita de passar por certas ruas ou lugares? Quais lugares? E quais os motivos?
Não
Apenas tem cuidado 1 1 0 1 10%
Andar nas ruas fora do Bairro Petrópolis (R. da Plata já é possível sentir a diferença do bairro). Evita de
andar para o lado da av. Salvador França o lado de cá do Jardim Botânico é quase Bairro Petrópolis.
0 1 1 1 3 3 30%
Condomínio dos Anjos, Vila Cachorro Sentado. 1 1 1 1 2 20%
Praça das Nações Unidas 0 1 1 1 10%
Av. Ipiranga (próximo ao Shopping Bourbon). 1 1 0 1 10%
Evita passar pelas passarelas da av. Ipiranga (insegurança e fluxo de veículos) 1 1 1 1 2 20%
Evita andar na rua. 0 1 1 1 10%
R. da Plata (escura e insegura) 1 1 0 1 10%
Evita
Evita de subir as ruas internas do bairro em direção a Av. Protásio Alves. 1 1 0 1 10%
9 Você poderia desenhar um mapa do seu bairro?
Ruas e Avenidas: Av. Protásio Alves, Av. Ipiranga, R. Felipe de Oliveira, R. Ferreira Viana, R. da Plata, R. Langendonck, Av. Salvador França, Av. Barão do
Amazonas, R. Machado de Assis, R. Faria Santos, R. Eça de Queiroz, R. Guilh
erme Alves, R. Gonçalves ledo, R. Veríssimo Rosa, R. Itaboraí, R. Dário Pederneiras,
R. Corte Real, R. Lucas de Oliveira, R. Vicente da Fontoura.
Condomínio do Anjos, Vila Cachorro Sentado,
Equipamentos de lazer: Praça Nações Unidas, Jardim Botânico, Praça Rui Teixeira, Praça Araribóia (campo de futebol), Escola de Samba.
Equipamentos educacionais: Colégio Sta. Inês, Escola Leopoldo Tietböhl, ESEF-UFRGS.
Equipamentos comunitários: Clube Petrópolis Tênis Clube, Clube Farrapos, Igreja Divino Mestre, Centro comunitário Odeondê,
Equipamentos de saúde: Hospital da PUC
Equipamentos de segurança:
Elementos citados
Equipamento de comércio e serviço: Shopping Bourbon Ipiranga, CTG 35, Zaffari Ipiranga, Postos de Gasolina da Ipiranga, AMRIGS.
10 Quem são os moradores do bairro para você? O que eles fazem? São novos ou são mais velhos? Há crianças?
Predominância de moradores de rendas média e alta (Pequenos empresários,
comerciantes, profissionais liberais e trabalhadores em geral).
1 1 1 1 4 1 1 1 3 7 70%
Av. Ipiranga/Av. Bento: baixo poder aquisitivo e Av. Ipiranga/Av. Protásio: alto poder
aquisitivo.
1 1 0 1 10%
Diversidade de grupos sociais (trabalhadores na maioria). 1 1 0 1 10%
Predominância de crianças 1 1 0 1 10%
Carroceiros e drogados incomodam (bairro Partenon). 0 1 1 1 10%
Diversidade de idades. 1
Predominância de pessoas idosas e adultos. 0 1 1 2 2 20%
11 Como você se sente em relação aos seus vizinhos e em relação às pessoas que moram no seu bairro?
Pouca intimidade - satisfeito. 0 1 1 2 2 20%
Pouca intimidade. Relacionamento inexistente.Insatisfeito 1
Pouca intimidade/amigável/preconceito com moradores mais pobres. 1 1 2 0
A relação entre vizinhos é boa e freqüente / amigos íntimos dentro do bairro 1 1 2 1 1 3 30%
Pouca intimidade/amigável, poderia ser melhor. Amigos íntimos de dentro e fora do bairro 1 1 0 1 10%
Pouca intimidade/amigável, poderia ser melhor. Amigos íntimos fora do bairro 0 1 1 1 10%
12 Como você acha que as pessoas que moram em outros lugares da cidade enxergam o seu bairro? Você concorda?
Imagem positiva do bairro (bairro excelente, acessibilidade, localização). Concordo. 1 1 1 1 1 5 1 1 6 60%
Imagem elitista (tradicional e conservadora do bairro - homogeneidade). Concordo. 1
Imagem elitista do bairro. Discordo. 1 1
Imagem negativa (bairro Partenon) por causa das vilas: falta de homogeneidade incomoda. Concordo.
0 1 1 1 10%
13 Você gosta de morar aqui? Porquê?
Costume. Gosto.Sempre morei aqui. 1 1 1 1 2 3 30%
Comodidade (existência dos equipamentos, acessibilidade, localização, tranqüilidade). 1 1 1 3 1 1 4 40%
Conheço muitas pessoas. Tenho bom relacionamento no bairro 1 1
Sim
Arborizado, bonito. Bom de morar. Tranqüilo. 0 0 0 0%
Não gosto do condomínio, não tem privacidade. 1 1 0 1 10%
Não. Preferia morar em um bairro mais calmo. 1
Não
Não gosto da falta de contatos entre as pessoas no bairro (Partenon) 0 1 1 1 10%
ANEXO E3
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ÁREA DE ANÁLISE 3 - ÁREA PRÉ-SELECIONADA 5
Morador hab. social
Morador bairro
Freqüência
0
Que bairro você mora?
1 2 3 4 5
6
MB
1 2 3 4 5
MP
casos
%
Azenha 1 1
2 0 2 18%
Santana 1 1 1 1 4 1 1 1 1 1 5 9 82%
Bairro
1 Como é seu bairro?
Av. Azenha 1 1 1 1 2 3 27%
Av. Ipiranga 1 1 1 3 1 1 1 1 1 5 8 73%
Av. Santana 1 1 1
3 0 3 27%
Av. Bento Gonçalves 1 1 1 3 1 1 1 3 6 55%
Av. São Luis 1 1 0 1 9%
Av. Princesa Isabel 1 1 1 3 0 3 27%
Av. João Pessoa 1 1 2 1 1 2 4 36%
Praça Jaime Teles 1 1
2 0 2 18%
Av. Jerônimo de Ornelas 0 0 0 0%
R. Vicente da Fontoura 1
0 0 0 0%
R. Érico Veríssimo 1
1 0 1 9%
R. Luis de Camões 1 1 1 1 2 3 27%
Av. Venâncio Aires/av. José Bonifácio (limites próximos) 0 1 1 1 1 4 4 36%
R. Veríssimo Rosa 0 1 1
Limites do bairro
0 0 0 0%
Diversidade de equipamentos: supermercado, comércio diversificado, bancos, farmácia,
praças, escolas, hospital, bares, creches.
1 1 2 1 1 1 3 5 45%
Comércio auto-suficiente na av. Azenha (tem todas as lojas presentes no centro). 1 1 1 1
4 0 4 36%
Facilidade de serviços de transporte público. 1 1 1 1 1 3 4 36%
Centralizado/localização. 1 1 0 1 9%
Centro Comercial João Pessoa 1 1 2 1 1 3 27%
Supermercado Nacional, Supermercado Zaffari Ipiranga, Supermercado Bird. 1 1 2 1 1 2 4 36%
Equipamentos de saúde (referências): Instituto de Cardiologia, Hospital Ernesto Dorneles. 1 1 1 1 1
5 1 1 1 1 4 9 82%
Lazer: restaurantes, bares, clubes de dança. 1 1 1 3 0 3 27%
Presença de praças: Praça Jaime Teles, Parque da Redenção. 1 1 1 1 1 1 4 5 45%
Cinema no bairro não tem mais: havia o Castelinho 1 1 2 0 2 18%
Falta segurança 1 1 0 1 9%
Equipamentos de Segurança: Palácio da Polícia, Polícia Civil, Polícia Federal, Bombeiros. 1
1 1 1 2 18%
Escola de samba Acadêmicos da Orgia 1 1 0 1 9%
Era bairro residencial: estão surgindo muitos edifícios. 0 1 1 1 9%
Bairro Tranqüilo 0 1 1 1 9%
Faculdades próximas 0 0 0 0%
Bairro de classe média: não há desocupados, mendigos. 0 1 1 1 9%
características e atividades
Bom de morar/Gosto de tudo 1 1 1 1
4 1 1 1 1 4 8 73%
2 O que, especialmente, você gosta no bairro? Porquê?
Proximidade/acesso aos equipamentos diversos 1 1
2 0 2 18%
Centralizado/localização. 0 0 0 0%
Facilidade de serviços de transporte público 1 1
2 0 2 18%
Diversidade de comércio na av. Azenha. 1 1 1 1 2 18%
danceterias 1 1 0 1 9%
Equipamentos de Saúde 1 1
2 0 2 18%
Movimentação intensa de pessoas. 1 1 1 1 2 3 27%
Gosto da vizinhança/me relaciono bem com os vizinhos 1 1 1 1 1 3
É um bairro calmo. 1
Faculdades próximas 0 1 1 1 9%
Proximidade com a Redenção 0 1 1 1 9%
3 E o que você não gosta no bairro? Porquê?
Assaltos freqüentes (esquina Av. Princesa Isabel com Av. João Pessoa). 1 1 1 1 2 3 27%
Barulho excessivo de veículos e fluxo intenso de automóveis e ônibus. 1 1
Vandalismo (pichação e violência) e barulho de jovens na madrugada - 5ª-feira a Domingo
(cervejarias: Cervejaria Stuttgar)
1 1 1
3 1 1 1 1 4 7 64%
Falta de policiamento/Falta de segurança 1 1 2 0 2 18%
Falta de Iluminação 1 1 0 1 9%
0 0 0 0%
Gosto de tudo 1 1 0 1 9%
4 O que, na aparência do bairro, te agrada mais? Porquê?
Jardins particulares em frente às residências e aos edifícios. 1 1 0 1 9%
Há muitas residências bonitas: arquitetura antiga (São Manoel, Santana, São Luiz). 1 1 2 1 1 1 3 5 45%
Há mais residências que edifícios no bairro, mas estão mal conservadas. 1 1 0 1 9%
Arborização na Av. João Pessoa e av. Princesa Isabel /arborização em geral. 1 1 2 1 1 2 4 36%
Edificações novas são bonitas. 1 1 0 1 9%
O movimento das pessoas (crianças e jovens indo para a escola, para o trabalho). 1 1 1 1 2 18%
Praça Princesa Isabel 1
1 0 1 9%
Edificações em geral. 0 1 1 1 9%
Comércio da Azenha é bonito, mas podia estar melhor conservado. 0 1 1 1 9%
5 O que, na aparência do bairro, te agrada menos ou te desagrada completamente? Porquê?
Não existe. 1
1 0 1 9%
Congestionamento nas avenidas principais. 1 1 0 1 9%
Vandalismo: pichações, baderna. 1 1 1 1 4 1 1 5 45%
Iluminação Pública 0 0 0 0%
Falta de manutenção/conservação dos prédios. 1 1 1 1 2 18%
Baderna jovens das cervejarias 1
Falta de manutenção da via pública 1 1 1 9%
Falta de segurança. 1 1 0 1 9%
Arroio Dilúvio: sujeira, cheiro, falta de manutenção. 1 1 1 1 2 18%
Edificações do Condomínio João Pessoas estão bonitas, mas não precisavam estar aqui:
muita mistura, aglomeração de pessoas.
0 1 1 1 9%
ANEXO E3
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Falta de conservação do passeio público. 0 1 1 2 2 18%
6 Juntando as coisas que gosta e que não gosta, você está satisfeito com a aparência do seu bairro, ou não?
Satisfeito. Teria que melhorar manutenção das avenidas, iluminação pública, policiamento.
1 1 1 1
4 1 1 1 1 4 8 73%
Nem satisfeito sem insatisfeito. Mas adoro o Condomínio João Pessoa. 1 1 0 1 9%
Insatisfeito. Poderia ser melhor: trânsito, segurança, relação entre moradores,
manutenção.
1 1 1 1 2 18%
7 Você acha seguro ou inseguro morar aqui? Quais os lugares mais seguros para você? Quais os lugares mais inseguros?
É seguro (de 2ª feira a 5ª feira, depois tem vandalismo por causa das cervejarias). 0 1 1 2 2 18%
Dentro do condomínio João Pessoa. 1 1 2 0 2 18%
Av. Princesa Isabel: iluminada e com policiamento. 0 1 1 1 9%
0 0 0 0%
0 0 0 0%
0 0 0 0%
Seguro
0 0 0 0%
É inseguro 1 1 1 1 1 1
6 1 1 1 3 9 82%
Assaltos freqüentes: pessoas são assaltadas à luz do dia, Av. João Pessoa/Av. Princesa
Isabel.
1 1 2 1 1 3 27%
Falta policiamento. 1 1 0 1 9%
Terminal João Pessoa: moradores de rua, abandonado. 1 1 2 0 2 18%
Vandalismo (pichação e violência) na madrugada/festas - 5ª-feira a Domingo. 1 1 0 1 9%
Vila na R. Leopoldo Bier. Tráfico de drogas na esquina da Gomes Jardim c/ Leopoldo Bier.
1 1 1 1 2 3 27%
Escola de samba Acadêmicos da Orgia 1 1 0 1 9%
R. Ramiro D'Ávila: escuro. 1 1 0 1 9%
R. Marcílio Dias: escuro. 1 1 0 1 9%
Praça Jaime Teles: escura. 1 1 0 1 9%
Sair à noite. 1
1 1 1 2 18%
Inseguro
R. Domingos Crescêncio: escura. 0 1 1 1 9%
8 Você evita de passar por certas ruas ou lugares? Quais lugares? E quais os motivos?
Não
Apenas tem cuidado 1 1 1 1 1 3 4 36%
Caminhar à noite. 1 1 1 1 2 18%
R. Leopoldo Bier, próximo à vila. 1 1 1 1 2 18%
R. São Luis, à noite: escuro e deserto. 1 1 0 1 9%
Pontes na Av. Ipiranga: meninos de rua, assalto. 1 1 0 1 9%
R. Ramiro D'Ávila: escuro. 1 1 0 1
R. Domingos Crescêncio: escura. 0 1 1 1 9%
Evita
R. Freitas e Castro 1
1 0 1 9%
9 Você poderia desenhar um mapa do seu bairro?
Ruas e Avenidas: Av. Santana, Av. João Pessoa, Av. Bento Gonçalves, Av. Ipiranga, Av. Azenha, Av. Bento Gonçalves, Av. Oscar Pereira, Av. Azenha, R. Leopoldo
Bier, R. São Manoel, R. São Luiz, R. Ramiro D'Ávila, R. Freitas e Castro, R. Vicente da Fontoura, Av. Venâncio Aires, Av. Protásio Alves, R. Ramiro Barcelos, R.
Domingos Crescêncio, Av. Jerônimo de Ornelas, R. Gomes Jardim.
Condomínio João pessoa.
Equipamentos de lazer: Praça Princesa Isabel, Praça Jaime Teles, Parque da Redenção.
Equipamentos educacionais: Escola Sta. Rosa de Lima, Colégio Estadual Júlio de Castilhos, UFRGS.
Equipamentos comunitários: Terminal da Azenha, Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Sétimo dia.
Equipamentos de saúde: Instituto de Cardiologia, Hospital Ernesto Dorneles, Instituto de Pesquisa Brasileiro, Pinel.
Equipamentos de segurança: Palácio da Polícia, Polícia Federal.
Elementos citados
Equipamento de comércio e serviço: Centro Comercial João Pessoa, Comércio na Azenha, Farmácia Panvel da João Pessoa, Cervejaria Stuttgart.
10 Quem são os moradores do bairro para você? O que eles fazem? São novos ou são mais velhos? Há crianças?
Predominantemente idosos e aposentados no bairro 1 1 1 1 4 1 1 2 6 55%
Predominância de crianças no Condomínio João Pessoa. 1 1 2 0 2 18%
Predomina jovens/ adultos. 1 1 1 1 2 18%
Faixa etária mista: todas as idades 1 1
População de renda média: bairro. População de renda baixa: condomínio. 1 1 0 1 9%
Diversidade de grupos sociais (alta renda, média renda e baixa renda). 1 1 1
3 1 1 1 3 6 55%
Predomina população de renda média. 1 1 2 1 1 2 4 36%
11 Como você se sente em relação aos seus vizinhos e em relação às pessoas que moram no seu bairro?
Boa relação c/ moradores do condomínio. Pouca relação c/ moradores do bairro. Satisfeito.
1 1 1 3 0 3 27%
Pouca intimidade/amigável. Satisfeito. 1
1 1 1 1 1 4
Boa relação c/ moradores do bairro. Satisfeito. 0 1 1
Indisposição entre moradores do bairro e do condomínio. 1 1 1 1 2 18%
Pouca relação c/ moradores do condomínio. Insatisfeito. 1 1 0 1 9%
É boa a relação entre vizinhos (moradores do bairro e do conjunto). Há medo dos vizinhos
que vem (Vila Zero Hora)
1 1 0 1 9%
12 Como você acha que as pessoas que moram em outros lugares da cidade enxergam o seu bairro? Você concorda?
Imagem positiva do bairro (existência dos equipamentos e acessibilidade; bom de morar,
arborizado). Concordo.
1 1 1 1 1 1
6 1 1 1 3 9 82%
Imagem negativa do bairro. Discorda 0 1 1 2 2 18%
Existe a imagem de um bairro residencial. Isso não é verdade 0 0 0 0%
13 Você gosta de morar aqui? Porquê?
Lugar Tranqüilo 0 0 0 0%
Comodidade (existência dos equipamentos e acessibilidade, bom relacionamento). 1 1 1 1 1
5 1 1 1 1 4 9 82%
Costume, gosto do bairro. 1 1 2 1 1 3 27%
Sim
Arborizado 0 0 0 0%
Não
0 0 0 0%
ANEXO F1
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
INSTRUÇÕES GERAIS QUANTO AO PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO
(Questionários deixados com moradores do bairro)
Prezado Morador(a),
O(A) senhor(a) está recebendo um KIT com um mapa e um jogo com perguntas que serão usados em conjunto
durante o preenchimento do questionário.
Todas as perguntas são extremamente importantes para a definição dessa pesquisa. Por isso, peço, por
gentileza, que não deixe de responder a nenhuma das questões para não invalidar o questionário.
Algumas informações gerais:
1. O questionário pode ser respondido entre 30 e 40 minutos, segundo 12 testes pilotos realizados.
2. As questões são na grande parte de múltipla escolha, rapidamente respondíveis.
3. Grande parte das questões trata de sentenças afirmativas ou negativas, para as quais é necessário
apenas informar se concorda ou discorda.
4. Se achar conveniente, na questão 33, vo pode usar as questões de 09 a 31 para indicar suas
opções.
5. As questões número 34, 66, 85, 86 e 102 permitem a escolha de mais de uma resposta.
6. Para as questões que solicitam a indicação no mapa (08, 54, 59, 60, 61, 84, 103, 119, 120, 121, 122 e
123):
a. Marcar prédios, ruas ou áreas da maneira que achar mais fácil. Use, por exemplo, círculos,
quadrados, pinte com caneta, lápis ou caneta hidrocor, como preferir.
b. Após marcar os edifícios/casas ou ruas desejados, indique o número da questão junto ao
desenho.
Caso tenha qualquer dúvida e deseje entrar em contato comigo, por favor utilize um dos meios abaixo que
atenderei o(a) senhor(a) prontamente:
Telefone residencial: 33413135
Fax: 33413135
Celular: 93144208
Muito obrigada pelo seu tempo e pela sua contribuição. São de grande importância para este trabalho!
Paula Silva Gambim - Arquiteta e Urbanista
Mestranda do PROPUR – UFRGS
Programa de Pós Graduação em Planejamento Urbano
ANEXO F2 - QUESTIONÁRIO
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ANEXO F2 - QUESTIONÁRIO
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ANEXO F2 - QUESTIONÁRIO
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ANEXO F2 - QUESTIONÁRIO
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
1. N°
questionário
2. Data 3. Área de estudo 4. Sexo 5. Morador
Hab social Bairro
A1 (33,5%) 30 resp.
35 resp.
Feminino Masculino
Habitação
social
Bairro
A2 (34,5%) 30 resp.
37 resp.
194
questionários no
total
Do dia
22 de
outubro
até 1 de
dezembro
de 2006
A3 (32%) 31 resp.
31 resp.
113 resp.
(58,2%)
81 resp.
(41,8%)
91 resp.
(46,9%)
103 resp.
(53,1%)
APRESENTAÇÃO
Prezado Morador(a),
Esta pesquisa faz parte de um estudo que busca entender como os espaços residenciais satisfazem às
necessidades dos diferentes grupos de pessoas que moram dentro do mesmo bairro na cidade e como esses
grupos se relacionam no bairro. O objetivo deste questionário é saber o que o(a) senhor(a) pensa da aparência
física do seu bairro, dos equipamentos e infraestrutura existente e dos moradores locais. Também é interesse
entender como utiliza os espaços do bairro e como se relaciona com os moradores locais.
Para descobrir essas informações preciso da sua ajuda. Por isso, gostaria que completasse o questionário a seguir,
indicando a opção que corresponde melhor à sua opinião. Lembre-se que não existem respostas certas ou erradas,
o que interessa é a sua opinião sincera.
Gostaria que soubesse que o uso deste questionário é acadêmico. Todas as informações ditas aqui são
confidenciais e os respondentes do questionário não serão identificados.
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O ENTREVISTADO
Gostaria de algumas informações gerais sobre as moradia. Por favor, me diga:
6. Em que bairro você mora?
1 Bairro Azenha 4 Bairro Bom Fim 7 Bairro Jardim Botânico
2 Bairro Partenon 5 Bairro Petrópolis 8 Bairro Santana
3 Bairro Santa Cecília 6 Bairro Santo Antônio 9 Outro _______________
7. Há quanto tempo você mora nesse bairro?
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Tempo de moradia por
grupo de morador
93,3% > 15 anos
40,0% > 15 anos
31,4% - 5
a 15
anos
20% - 2 a 5 anos
40,0% > 15 anos
60,0% - 5
a 15
anos
43,2% > 15 anos
43,2% - 5
a 15
anos
16,1% - 1 a 2 anos
77,4% < 1 ano
58,1% > 15 anos
35,5% - 5
a 15
anos
8. Qual o nome da sua rua? Identifique seu local de residência no mapa, por favor.
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A SATISFAÇÃO COM O LUGAR ONDE MORA
Identifique o GRAU DE IMPORTÂNCIA das características e atividades listadas abaixo de acordo com o que você
acha necessário existir no lugar onde mora (rua onde você mora e áreas/ruas vizinhas) para que estejas satisfeito
em morar nele.
Diferenças quanto às preferências do ambiente.
++ Muito Importante; + Muito Importante ; +/- Mais Ou Menos Importante; - Pouco Importante; -- Não É Importante
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
9.
Aparência das calçadas.
90,0% (27)
++ou+
91,4% (32)
++ou+
100% (30)
++ou+
85,7% (33)
++ou+
90,3% (28) ++
87,1% (27)
++ou+
10.
Presença de vegetação
(arborização).
90,0% (27)
++ou+
91,4% (32)
++ou+
86,6% (26)
++ou+
97,2% (35)
++ou+
87,1% (27)
++ou+
93,5% (29)
++ou+
11. Iluminação pública. 100% (30)
++ou+
100% (35)
++ou+
100% (30)
++ou+
100% (33)
++ou+
100% (10)
++ou+
100% (31)
++ou+
12. Facilidade de transporte
(proximidade com pontos
de ônibus, lotação ou
táxi).
100% (30)
++ou+
100% (35)
++ou+
100% (30)
++ou+
97,3% (36)
++ou+
100% (31)
++ou+
93,6% (29)
++ou+
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
(continuação) Diferenças quanto às preferências do ambiente.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
13 Proximidade de avenidas
de fluxo rápido.
73,4%
(22)++ou+
10,0% (3) +/-
16,7% (5) --ou-
65,9% (25)
++ou+
11,4% (4) +/-
22,9% (8) --ou-
46,7% (17)
++ou+
13,3% (8) +/-
30,0% (17) --ou-
54,0% (20)
++ou+
27% (10) +/-
18,9% (7) --ou-
61,3%
(19)++ou+
16,1% (5) +/-
22,6% (7) --ou-
48,4% (15)
++ou+
32,3% (10) +/-
19,4% (6) --ou-
14. Movimento de pessoas
nas ruas.
43,4% (13)
++ou+
33,3% (10) +/-
23,3% (7) --ou-
54,3% (19)
++ou+
28,6% (10) +/-
16,1% (6) --ou-
36,6% (11)
++ou+
26,7% (8) +/-
36,7% (11) --ou-
41,7% (15)
++ou+
33,3% (12) +/-
25% (7) --ou-
51,6% (16)
++ou+
29,0% (9) +/-
19,3% (6) --ou-
45,2% (16)
++ou+
32,3% (10) +/-
22,6% (7) --ou-
15. Aparência dos edifícios. 73,3% (22)
++ou+
6,7% (2) +/-
20,0% (6) --ou-
77,2%
(27)++ou+
8,6% (3) +/-
14,3% (5) --ou-
70% (21) ++ou+
13,3% (4) +/-
16,6% (5) –ou-
78,4% (29)
++ou+
10,8% (4) +/-
10,8% (4) --ou-
77,4% (24)
++ou+
9,7% (3) +/-
12,9% (4) --ou-
83,9% (26)
++ou+
9,7% (3) +/-
6,4% (2) --ou-
16. Manutenção dos edifícios. 96,7% (29)
++ou+
91,4% (32)
++ou+
96,7% (29)
++ou+
89,2% (33)
++ou+
96,7% (30)
++ou+
87,1% (27)
++ou+
17. Predominância de casas
(mais casas que edifícios).
30% (9) ++ou+
10% (3) +/-
60,0% (18) --ou-
25,8% (9)++ou+
25,7% (9) +/-
48,5% (17) --ou-
20% (8) ++ou+
6,7% (2) +/-
73,3% (22) –ou-
45,9% (17)
++ou+
29,7% (11) +/-
24,3% (9) --ou-
32,3% (10)
++ou+
3,2% (1) +/-
64,5% (20) --ou-
28,7% (12)
++ou+
3,2% (1) +/-
58,1% (18) --ou-
18. Proximidade de comércio
e serviços básicos .
96,7% (29)
++ou+
94,3% (33)
++ou+
100% (30)
++ou+
89,2% (33)
++ou+
93,6% (29)
++ou+
87,1% (27)
++ou+
19. Proximidade de
equipamentos
educacionais (creche e
escolas).
96,6% (29)
++ou+
71,4%
(25)++ou+
8,6% (3) +/-
20% (9) --ou-
100% (30)
++ou+
70,2% (26)
++ou+
10,8% (4) +/-
18,9% (7) --ou-
100% (31)
++ou+
77,5% (12)
++ou+
12,9% (1) +/-
9,7% (3) --ou-
20. Proximidade de
equipamentos de saúde
(hospitais e postos de
saúde).
100% (30)
++ou+
97,1%
(34)++ou+
100% (30)
++ou+
78,4% (29)
++ou+
10,8% (4) +/-
10,8% (4) --ou-
100% (31)
++ou+
77,5% (12)
++ou+
12,9% (1) +/-
9,7% (3) --ou-
21. Proximidade de
equipamentos de
segurança (posto de
polícia, delegacia).
96,7% (29)
++ou+
84,7%
(30)++ou+
14,3% (5) +/-
83,4% (25)
++ou+
3,3% (1) +/-
13,4% (4) --ou-
88,3% (29)
++ou+
13,5% (5) +/-
8,1% (3) --ou-
96,8% (30)
++ou+
83,9% (26)
++ou+
6,5% (2) +/-
9,7% (3) --ou-
22. Proximidade de praças e
parques.
76,7% (23)
++ou+
10% (3) +/-
6,7% (2) --ou-
82,9% (19)
++ou+
8,6% (3) +/-
8,6% (3) --ou-
90,0% (27)
++ou+
6,7% (2) +/-
3,3% (1) --ou-
81,1% (30)
++ou+
8,1% (3) +/-
10,8% (4) --ou-
74,2% (16)
++ou+
6,5% (2) +/-
18,3% (6) --ou-
77,5% (24)
++ou+
12,9% (4) +/-
9,7% (3) --ou-
23. Proximidade de
equipamentos de lazer
(cinema, teatro, centro
cultural).
60% (18) ++ou+
13,3% (4) +/-
26,6% (8) --ou-
48,5% (17)
++ou+
17,1% (6) +/-
34,3% (3) --ou-
70% (21) ++ou+
6,7% (2) +/-
23,3% (7) --ou-
51,3% (19)
++ou+
29,7% (11) +/-
18,9% (7) --ou-
61,3% (19)
++ou+
6,5% (2) +/-
32,3% (10) --ou-
51,6% (16)
++ou+
25,8% (8) +/-
22,6% (7) --ou-
24. Proximidade de
supermercados.
100% (30)
++ou+
91,4 (32) ++ou+
100% (30)
++ou+
91,9% (34)
++ou+
100% (30)
++ou+
83,9% (30)
++ou+
12,9% (4) +/-
25. Proximidade de shopping
centers.
56,6% (17)
++ou+
10% (3) +/-
33,3% (10) --ou-
37,1% (13)
++ou+
25,7% (9) +/-
37,1% (13) --ou-
36,3% (14)
++ou+
16,7% (5) +/-
36,7% (11) --ou-
35,7% (13)
++ou+
27% (10) +/-
37,8% (14) --ou-
64,5% (20)
++ou+
3,2% (1) +/-
32,3% (10) --ou-
35,5% (11)
++ou+
29% (9) +/-
25,5% (11) --ou-
26. Proximidade do Centro.
90% (27) ++ou+
50% (17) ++ou+
26,5% (9) +/-
23,5% (8) --ou-
66,7% (20)
++ou+
10% (3) +/-
23,3% (7) --ou-
37,8% (14)
++ou+
21,6% (8) +/-
40,5% (15) --ou-
80,6% (25)
++ou+
19,3% (6) --ou-
48,4% (15)
++ou+
6,5% (2) +/-
45,2% (14) --ou-
27. Segurança no lugar onde
mora.
100% (30)
++ou+
97,1% (34)
++ou+
100% (30)
++ou+
97,3% (35)
++ou+
100% (31)
++ou+
100% (31)
++ou+
28. Moradores presentes no
lugar onde mora.
86,6% (26)
++ou+
3,3% (1) +/-
10% (3) --ou-
77,6% (27)
++ou+
5,7% (2) +/-
17,2% (6) --ou-
56,6% (17)
++ou+
13,3% (4) +/-
30% (9) --ou-
81,1% (30)
++ou+
16,2% (6) +/-
2,7% (1) --ou-
45,2% (14)
++ou+
9,7% (3) +/-
45,2% (14) --ou-
67,8% (21)
++ou+
12,9% (4) +/-
19,3% (6) --ou-
29. Relação com a
vizinhança.
93,3% (28)
++ou+
91,4% (32)
++ou+
93,3% (28)
++ou+
81,1% (30)
++ou+
10,8% (4) --ou-
87,1% (27)
++ou+
12,9% (4) +/-
83,9% (26)
++ou+
9,7% (3) +/-
30. Existência de amigos ou
familiares na vizinhança.
76,6% (23)
++ou+
6,7% (2) +/-
16,7% (5) --ou-
54,3% (19)
++ou+
17,1% (6) +/-
28,6% (10) --ou-
70% (21) ++ou+
3,3% (1) +/-
26,7% (8) --ou-
59,2% (22)
++ou+
24,3% (9) +/-
16,2% (6) --ou-
74,2% (33)
++ou+
25,9% (8) --ou-
51,6% (16)
++ou+
22,6% (7) +/-
25,8% (6) --ou-
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
31. Como você se sente em relação ao lugar onde você mora (rua onde mora e áreas/ruas vizinhas)?
Área 1 (65 respondentes) Área 2 (67 respondentes) Área 3 (62 respondentes)
Morador da
habitação social
(30 respondentes)
Morador do bairro
(35 respondentes)
Morador da
habitação social
(30 respondentes)
Morador do bairro
(37 respondentes)
Morador da
habitação social
(31 respondentes)
Morador do
bairro (31
respondentes)
Muito insatisfeito ou
insatisfeito
2
(6,7%)
5
(14,3%)
2
(6,7%)
1
(2,7%)
3
(9,7%)
0
Nem satisfeito nem
insatisfeito
1
(3,3%)
5
(14,3%)
5
(16,7%)
3
(8,1%)
11
(35,5%)
4
(12,9%)
Muito satisfeito ou
satisfeito
27
(90,0%)
25
(71,4%)
23
(76,7%)
33
(89,2%)
17
(54,8%)
44
(71,0%)
32. Você poderia indicar os dois motivos mais importantes para a sua resposta (anterior) quanto à satisfação ou
insatisfação com o lugar onde você mora?
Área 1 Área 2 Área 3
Motivos para satisfação
ou insatisfação*
Morador da
habitação social
(30 respondentes)
Morador do bairro
(35 respondentes)
Morador da
habitação social
(30 respondentes)
Morador do bairro
(37 respondentes)
Morador da
habitação social
(31
respondentes)
Morador do bairro
(31 respondentes)
9 (22,86%) - - - - -
Aparência das
calçadas
13 (20% de 65 respondentes) 5 (7,5% de 67 respondentes) 3 (4,5% de 62 respondentes)
7 (23,33%) 9 (22,86%) 11 (36,67%) - 9 (29,03%) 10 (32,26%) Facilidade de
transporte
16 (24,6% de 65 respondentes) 13 (19,4% de 67 respondentes) 19 (30,6% de 62 respondentes)
- - - 9 (24,32) 5 (16,13%) 6 (19,35%)
Movimento de pessoas
nas ruas
5 (7,7% de 65 respondentes) 10 (14,9% de 67 respondentes) 11 (17,7% de 62 respondentes)
10 (33,33%) 19 (54,29%) 11 (36,67%) - 12 (38,71%) 15 (48,39%)
Próximo comércio e
serviços básicos
29 (44,6% de 65 respondentes) 14 (20,9% de 67 respondentes) 27 (43,5% de 62 respondentes)
- - 8 (26,67%) - - -
Proximidade de
equipamentos
educacionais
5 (7,7% de 65 respondentes) 10 (14,9% de 67 respondentes) 3 (4,5% de 62 respondentes)
6 (20%) 11 (31,43%) 7 (23,33%) - 7 (22,58%) 8 (25,81%)
Proximidade de
equipamentos de
saúde
17 (26,2% de 65 respondentes) 9 (13,4% de 67 respondentes) 15 (24,2% de 62 respondentes)
- - 14 (46,67%) - - 6 (19,35%)
Proximidade de
supermercados
- 17 (25,4% de 67 respondentes) 7 (11,3% de 62 respondentes)
8 (26,67%) 7 (20%) 6 (20%) - 11 (35,48%) -
Proximidade do Centro
15 (23,1% de 65 respondentes) 9 (13,4% de 67 respondentes) 14 (22,6% de 62 respondentes)
8 (26,67%) - 5 (16,67%) 16 (43,24%) - 12 (38,71%)
Segurança no lugar
onde mora
11 (16,9% de 65 respondentes) 21 (31,34% de 67 respondentes) 13 (20,96% de 62 respondentes)
6 (20%) 6 (17,14%) - - 6 (19,35%) -
Boa relação com
vizinhos
12 (18,5% de 65 respondentes)
6 (9,0%)
9 (14,5% de 62 respondentes)
Percepção de homogeneidade do ambiente físico.
33. Você identifica diferenças no lugar onde mora em relação a que características (marque mais de uma alternativa
quando for o caso)?
Área 1 Área 2 Área 3
Heterogeneidade percebida
em função de:
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Tipos de edificações 53,3% 65,7% 30% 43,2% 22,6% 19,4%
Material construtivo das
edificações
20% 20% 6,7% 10,8% 3,2% -
Cores das fachadas 26,7% 25,7% 16,7% 2,3% 19,4% 8,5%
Manutenção das edificações 43,3% 51,4% 20% 21,6% 35,5% 38,7%
Tipo de entrada (recuo de
jardim)
20% 28,6% 26,7% 27% 25,8% 19,4%
Presença de árvores e
vegetação nas ruas
26,7% 48,6% 43,3% 37,8% 25,8% 32,3%
Manutenção das calçadas 33,3% 28,6% 36,7% 16,2% 12,9% 22,6%
O lugar onde moro é
homogêneo
40% 20% 36,7% 29,7% 32,3% 35,5%
34. Quando você está retornando para sua casa, você tem a sensação de ter chegado “em casa” quando está...
(por favor, indique no mapa).
Área 1 Área 2 Área 3
Limites do lugar de moradia
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Limites do bairro 33,3% 34,3% 40% 29,7% 35,5% 38,7%
Ruas vizinhas 26,7% 34,3% 26,7% 37,8% 6,5% 12,9%
Quarteirão de moradia 20% 14,3% 13,3% 21,6% 3,2% 19,4%
Em frente à moradia 0 8,6% 13,3% 8,1% 22,6% 9,7%
Dentro de casa 20% 8,6% 6,7% 2,7% 32,3% 19,4%
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
35. Se você tivesse de se mudar, onde você gostaria de morar?
O mesmo bairro.
Outro bairro. Qual?__________________________
Percepção da homogeneidade dos moradores.
Indique se concorda ou discorda da seguinte afirmativa:
C – CONCORDO C/D – NÃO CONCORDO NEM DISCORDO D – DISCORDO
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
36.
Acho que existem
certas pessoas que
não se encaixam no
lugar onde moro.
70% 6,7% 23,3% 42,9% 22,9% 34,3% 63,3% 13,3% 23,3% 32,4% 35,1% 32,4% 80,6% 6,5% 12,9% 64,5% 6,5% 29%
37.
Onde moro (rua
onde mora e
áreas/ruas vizinhas)
tem alguns lugares
que são usados
apenas por um
grupo ou outro de
moradores.
66,7% - 33,3% 42,9% 8,6% 48,6% 63,3% 6,7% 30% 35,1% 27% 37,8% 80,6% 3,2% 16,1% 45,2% 3,2% 51,6%
38.
Eu me sinto muito à
vontade de
freqüentar todos os
lugares e
equipamentos
(praças, comércio,
serviços) do bairro.
80% 3,3% 16,7% 82,9% 5,7% 11,4% 96,7% - 3,3% 64,9% 10,8% 24,3% 93,5% 6,5% 77,4% 9,7% 12,9%
39.
Eu costumo usar os
espaços pximos à
minha resincia
(entrada moradia ou
na calçada) para
conversar c/ vizinhos.
60% 3,3% 36,7% 60% 2,9% 37,1% 60% 16,7% 23,3% 56,8% 5,4% 37,,8% 35,5% - 64,5% 25,8% 29% 45,2%
40.
Não gosto de ficar
observando o
movimento da
calçada.
58,7% 3,3% 40% 40% 14,3% 45,7% 50% 10% 40% 43,2% 21,8% 35,1% 58,1% 19,4% 22,6% 67,7% 6,5% 25,8%
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O ESPAÇO FÍSICO DO BAIRRO EM GERAL
Por favor, pense honestamente a respeito das afirmações sobre o lugar onde você mora (rua onde mora e
áreas/ruas vizinhas) e as atividades realizadas e responda se concorda ou não concorda:
C – CONCORDO C/D – NÃO CONCORDO NEM DISCORDO D – DISCORDO
Quadras (dimensão, nº de acessos privados).
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
41
As quadras têm um
tamanho adequado e
por isso acho
agradável caminhar por
elas.
93,3% - 6,7% 85,7% 8,6% 5,7% 73,3% 6,7% 20% 78,4% 8,1% 13,5% 93,5% 3,2% 3,2% 77,4% 9,7% 12,9%
42.
Não sei se as quadras
têm tamanho adequado
porque não costumo
andar a pé.
3,3% 3,3% 93,3% 2,9% 2,9% 94,3% 6,7% 6,7% 86,7% 5,4% 8,1% 86,5% 3,2% 6,5% 93,3% 12,9% 3,2% 83,9%
43.
Utilizo o carro para ir
aos lugares que
preciso, sejam eles
próximos ou distantes.
13,3% 3,3% 83,3% 25,7% 2,9% 71,4% 16,7% 6,7% 76,7% 45,9% 16,2% 37,8% 9,7% 3,2% 87,1% 22,6% 9,7% 67,7%
44.
É seguro andar pelo
bairro porque
sempre o movimento
de moradores entrando
ou saindo dos edifícios
ou casas.
76,7% 3,3% 20 % 54,3% 20% 25,7% 56,7% 6,7% 36,7% 29,7% 16,2% 54,1% 58,1% 22,6% 19,4% 64,5% 12,9% 22,6%
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Calçadas (dimensões, aparência, manutenção, uso, iluminação, equipamentos e mobiliário).
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
45.
As calçadas têm
largura adequada para
a quantidade de
pessoas que as
utilizam.
66,7% 20% 13,3% 77,1% 11,4% 11,4% 76,7% 16,7% 6,7% 100% - - 74,2% 22,6% 3,2% 74,2% 12,9% 12,9%
46.
As crianças costumam
brincar nas calçadas.
83,3% 6,7% 10% 51,4% 8,6% 40% 63,3% 6,7% 30% 24,3% 13,5% 62,2% 22,6% 9,7% 67,7% 9,7% 12,9% 77,4%
47.
As calçadas do bairro
têm uma aparência
legal.
50% 30% 20% 37,1% 22,9% 40% 46,7% 40% 13,3% 48,6% 29,7% 21,6% 58,1% 38,7% 3,2% 16,1% 35,5% 48,4%
48.
Os moradores não
costumam manter e
limpar as calçadas
(consertando alguma
coisa ou plantando
árvores e flores).
46,7% 30% 23,3% 34,3% 22,9% 42,9% 33,3% 40% 26,7% 21,6% 16,2% 62,2% 22,6% 32,3% 45,2% 29% 19,4% 51,6%
49.
As ruas não são bem
iluminadas à noite.
53,3% 30% 16,7% 45,7% 22,9% 31,4% 20% 46,7% 33,3% 45,9% 24,3% 29,7% 25,8% 29% 45,2% 35,9% 29% 35,5%
50.
As ruas do lugar onde
moro são bem
equipadas, existem
telefones públicos,
lixeiras e caixas de
correio.
36,7% 23,3% 40% 34,3% 11,4% 54,3% 40% 23,3% 36,7% 18,9% 27% 54,1% 41,9% 29% 29% 32,3% 19,4% 48,4%
Vegetação
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
51.
As árvores e a
vegetação existentes
são um dos aspectos
mais bonitos do lugar
onde moro.
83,3% 10% 6,7 54,3% 25,7% 20% 86,7% 10% 3,3% 86,5% 13,5% - 64,5% 22,6% 12,9% 67,7% 6,5% 25,8%
52.
Gosto muito de
caminhar pelas ruas
arborizadas do lugar
onde moro.
93,3% 6,7% - 74,3% 8,6% 17,1% 86,7% - 13,3% 81,1% 8,1% 10,8% 74,2% 16,1% 9,7% 74,2% 6,5% 19,4%
Segurança e uso.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C N/D D C N/D D C N/D D C N/D D C N/D D
53.
O lugar onde moro é
inseguro por isso não
gosto de caminhar
pelas suas ruas.
20% 10% 70% 14,5% 28,6% 57,1% 30% 23,3% 46,7% 37,8% 21,6% 40,5% 38,7% 19,4% 41,9% 38,7% 19,4% 41,9%
54.
Não gosto de passar
por certos lugares de
onde moro porque são
inseguros. (Indique no
mapa os lugares
inseguros, quando
existirem).
63,3% 3,3% 33,3% 71,4% 2,9% 25,7% 73,3% - 26,7% 62,2% 13,5% 24,3% 83,9% - 16,1% 77,4% 6,5% 16,1%
Fluxo de veículos.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
55.
O fluxo de veículos nas
ruas dificulta as
caminhadas no lugar
onde moro.
36,7% 10% 53,3% 20% 11,4% 68,6% 30% 3,3% 66,7% 21,6% 8,1% 70,3% 64,5% 3,2% 32,3% 29,0% 16,1% 54,8%
56.
Sinaleiras e faixas de
trânsito existentes no
lugar onde moro não
são suficientes para
dar segurança às
pessoas que caminham
nas ruas.
63,3% 13,3% 23,3% 22,9% 20% 57,1% 56,7% 0% 43,3% 37,8% 8,1% 54,1% 41,9% 3,2% 54,8% 32,3% 6,5% 61,3%
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Aparência das edificações.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
57.
Os edicios e as casas
do lugar onde moro são
bonitos.
63,3% 30% 6,7% 42,9% 34,3% 22,9% 90% 6,7% 3,3% 62,2% 35,1% 2,7% 64,5% 35,5% - 32,3% 38,7% 29%
58.
Os moradores
costumam pintar e fazer
a conservação dos
edicios e das casas no
lugar onde moro.
53,3% 36,7% 10% 54,3% 22,9% 22,9% 66,7% 33,3% - 67,6% 27% 5,4% 51,6% 35,5% 12,9% 41,9% 41,9% 16,1%
59.
Existem áreas do lugar
onde moro onde os
edicios ou as casas o
muito bonitos.
(Indique no mapa os
lugares bonitos, quando
existirem).
90% - 10% 54,3% 14,3% 31,4% 100% - - 83,8% 5,4% 10,8% 67,7% 16,5% 25,8% 54,8% 9,7% 35,5%
60.
Existem áreas do bairro
que o o bonito
porque os moradores
o cuidam dos edicios
e das casas. (Indique no
mapa esses lugares,
quando existirem).
80% 6,7% 23,3% 13,3% 17,1% 11,4% 83,3% - 16,7% 48,6% 16,2% 35,1% 61,3% - 38,7% 61,3% 3,2% 35,5%
61.
Gostaria que algumas
áreas fossem
modificadas porque os
edicios e as casas não
combinam com o bairro.
(Indique no mapa os
esses lugares, quando
existirem).
46,7% - 53,3% 31,4% 11,4% 57,1% 26,7% - 73,3% 21,6% 18,9% 59,5% 29% - 71% 51,6% 9,7% 38,7%
62.
o gosto da mistura de
estilos de edifícios e de
casas no lugar onde
moro.
23,3% 13,3% 63,3% 14,3% 14,3% 71,4% 6,7% 6,7% 86,7% 13,5% 24,3% 62,2% 12,9% 3,2% 83,9% 9,7% 9,7% 80,6%
63.
Acho que existem muitos
edicios e casas antigas
no bairro.
50% 16,7% 33,3% 37,1% 11,4% 51,4% 50% 10% 40% 40,5% 18,9% 40,5% 64,5% 6,5% 29% 77,4% 9,7% 12,9%
64.
Gostaria que o meu
edicio ou casa fosse
diferente para ficar mais
parecido com o bairro.
46,7% 10% 43,3% 28,6% 5,7% 65,7% 16,7% - 83,3% 10,8% 8,1% 81,1% 45,2% - 54,8% 25,8% 6,5% 67,7%
Posição da edificação no lote
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
65.
Gosto da posição do
meu edifício ou casa
em relação à calçada
ou rua (posição do
edifício/casa no
terreno).
60,0% 6,7% 33,3% 23,1% - 8,6% 83,5% 13,3% 3,3% 89,2% 2,7% 8,1% 96,8% - 3,2% 77,4% 6,5% 16,1%
66. Você costuma utilizar a área da frente da sua casa ou edifício para (marque mais de uma alternativa quando for o caso):
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Uso dos espaços
semipúblicos
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
Cuidar de jardins
13
(43,3%)
17
(56,7%)
13
(37,1%)
22
(62,9%)
13
(43,3%)
17
(56,7%)
19
(51,4%)
18
(48,6%)
4
(12,9%)
27
(87,1%)
11
(35,5%)
20
(64,5%)
Brincadeiras de
crianças
23
(76,7%)
7
(23,3%)
11
(31,4%)
24
(68,6%)
28
(93,3%)
2
(6,7%)
12
(32,4%)
25
(67,6%)
2
(6,5%)
29
(93,5%)
4
(12,9%)
27
(87,1%)
Praticar esportes
13
(43,3%)
17
(56,7%)
13
(37,1%)
22
(62,9%)
21
(70,0%)
9
(30,0%)
2
(5,4%)
35
(94,6%)
0
31
(100%)
1
(3,2%)
30
(96,8%)
Descansar
26
(86,7%)
4
(13,3%)
16
(45,7%)
19
(54,3%)
22
(73,3%)
8
(26,7%)
19
(51,4%)
18
(48,6%)
9
(29,0%)
22
(71,0%)
11
(35,5%)
20
(64,5%)
Estacionar
10
(33,3%)
20
(66,7%)
9
(25,7%)
26
(74,3%)
21
(70%)
9
(30,0%)
11
(29,7%)
26
(70,3%)
0
31
(100%)
7
(22,6%)
24
(77,4%)
Apenas como
circulação
0
30
(100%)
13
(37,1%)
22
(62,9%)
1
(3,3%)
29
(96,7%)
8
(21,6%)
29
(78,4%)
22
(71%)
9
(29%)
12
(38,7%)
19
(61,3%)
Secar roupa
21
(70%)
9
(66,7%)
0
35
(100%)
0
30
(100%)
0
36
(100%)
0
31
(100%)
1
(3,2%)
30
(96,8%)
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Por favor, pense honestamente a respeito das afirmações sobre o seu bairro e as atividades realizadas e responda
se concorda ou não concorda:
C – CONCORDO C/D – NÃO CONCORDO NEM DISCORDO D – DISCORDO
Marcação e personalização dos espaços
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C N/D D C N/D D C N/D D C N/D D C N/D D
67.
Os moradores
costumam cuidar dos
jardins ou espaços nas
frentes dos seus
edifícios ou casas.
43,3% 26,7% 30% 68,6% 17,1% 14,3% 60% 33,3% 6,7% 86,5% 8,1% 5,4% 71% 19,4% 9,7% 71% 9,7% 19,4%
68.
Os jardins ou espaços
nas frentes dos edifícios
ou casas são bonitos.
40% 50% 10% 62,9% 28,6% 8,6% 80% 16,7% 3,3% 75,7% 21,6% 2,7% 58,1% 38,7% 3,2% 48,4% 25,8% 25,8%
Controle territorial e segurança
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
69.
Os edifícios e as casas
ficam mais seguros
quando têm grades e
muros na frente.
93,3% 3,3% 3,3% 88,6% 8,6% 2,9% 73,3% 3,3% 23,3% 94,6% 5,4% - 80,8% 3,2% 16,1% 96,8% - 3,2%
70.
As grades e os muros
na frente dos edifícios e
das casas deixam o
bairro mais bonito.
90% 3,3% 6,7% 60% 17,1% 22,9% 90% 3,1% 6,7% 73% 8,1% 18,9% 35,8% 3,2% 61,3% 71% 3,2% 25,8%
71.
Grades e muro na frente
dos edifícios e das
casas dão mais
privacidade para os
moradores.
56,7% 16,7% 26,7% 14,7% 20,6% 64,7% 23,3% 16,7% 60% 8,1% 13,5% 78,4% 41,9% 9,7% 48,4% 22,6% 16,1% 61,3%
Equipamentos do bairro
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
72.
A quantidade de
edifícios de escritório
que existe no lugar onde
moro é adequada à vida
dos moradores do local.
93,3% 3,3% 3,3% 77,1% 8,6% 14,3% 86,7% - 13,3% 75,7% 18,9% 5,4% 74,2% - 25,8% 77,4% 16,1% 6,5%
73.
Não gosto da
quantidade de
equipamentos
institucionais (hospitais,
postos policiais, prédios
universitários, prédios
administrativos) que
existem no lugar onde
moro.
- 6,7% 93,3% 8,6% 2,9% 88,6% 20% 3,3% 76,7% 18,9% 16,2% 64,9% - 3,2% 96,8% 9,7% 6,5% 90,3%
74.
Utilizo bastante o
comércio básico e os
serviços (mercadinhos,
lotéricas, xerox,
sapatarias, farmácias)
do lugar onde moro.
90% 3,3% 6,7% 82,9% 11,4% 5,7% 93,3% - 6,7% 62,2% 8,1% 29,7% 90,3% 6,5% 3,2% 80,6% 12,9% 6,5%
75.
Quando preciso
comprar alguma coisa
vou até um shopping.
16,7% 13,3% 70% 28,6% 17,1% 54,3% 33,3% 10% 56,7% 58,3% 13,9% 27,8% 22,6% 6,5% 71% 19,4% 19,4% 61,3%
76.
Quando preciso
comprar alguma coisa
vou até um
supermercado.
83,3% 3,3% 13,3% 72,7% 12,1% 15,2% 90% 10% - 86,5% 10,8% 2,7% 90,3% 6,5% 3,2% 80,6% 6,5% 12,9%
77.
As crianças costumam
utilizar as praças e os
parques do lugar onde
moro.
83,3% 6,7% 10% 82,9% 2,9% 14,3% 83,3% 10% 6,7% 40,5% 24,3% 18,9% 58,1% 22,6% 19,4% 41,9% 6,5% 51,6%
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
(continuação) Diferenças quanto às preferências do ambiente.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
78.
Uma coisa boa do lugar
onde moro é que as
crianças têm escolas e
creches acessíveis.
93,3% - 6,7% 74,3% 17,1% 8,6% 96,7% 3,3% - 70,3% 24,3% 5,4% 90,3% 9,7% - 74,2% 22,6% 3,2%
79.
No lugar onde moro,
existem praças e
parques onde posso ir a
pé.
100% - - 91,4% 2,9% 5,7% 93,3% 3,3% 3,3% 83,3% 2,7% 13,5% 83,9% 12,9% 3,2% 93,5% 3,2% 3,2%
80. Não costumo ir aos
locais de lazer
existentes no lugar onde
moro.
33,3% 3,3% 63,3% 25,7% 2,9% 71,4% 26,7% 20% 53,3% 51,4% 10,8% 37,8% 41,9% 16,1% 41,9% 29% 19,4% 51,6%
81. É fácil ir até hospitais ou
posto de saúdes.
100% - - 100% - - 96,7% - 3,3% 78,4% 10,8% 10,8% 96,8% 3,2% - 100% - -
82. Não existe comércio ou
serviços próximos a
minha casa.
3,3% 3,3% 93,3% 2,9% 2,9% 94,3% 20% 6,7% 73,3% 18,9% 13,5% 67,5% - 6,5% 93,5% 3,2% - 96,8%
83. Não gosto de ir aos
locais de comércio e
serviços ou praças e
parques do bairro por
causa das pessoas que
costumam utilizá-los
(por favor, se for
possível, identifique no
mapa).
13,3% 6,7% 80% 8,6% 2,9% 88,6% 26,7% 10% 63,3% 16,2% 13,5% 70,3% 16,1% 6,5% 77,4% 16,1% 6,5% 77,4%
84. A vista da janela da minha casa é...
Muito
agradável
Agradável
Nem agradável
nem
desagradável
Desagradável
Muito
Desagradável
85. Da janela de onde você mora é possível ver (marque mais de uma alternativa quando for o caso):
O movimento
de pessoas
nas calçadas
Praças e/ou
parques
Edifícios e/ou
casas
Áreas vazias e/ou
desocupadas
Outro
____________
INTERAÇÃO SOCIAL NA VIZINHANÇA
C – CONCORDO C/D – NÃO CONCORDO NEM DISCORDO D – DISCORDO
Atos de apoio mútuo na vizinhança.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Moradora
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
86. Gosto dos
moradores do
lugar onde moro
(rua onde mora e
áreas/ruas
vizinhas).
46,7% 43% 10% 74,3% 17,1% 8,6% 76,7% 23,3% 0 73% 21,6% 5,4% 71% 25,8% 3,2% 71% 22,6% 6,5%
87. Acho que os
moradores do
lugar onde moro
são parecidos.
16,7% 23,3% 60% 40% 22,9% 37,1% 33,3% 3,3% 63,3% 37,8% 27% 35,1% 22,6% 19,4% 58,1% 41,9% 22,6% 35,5%
88. Se eu precisar de
um pouco de
companhia, eu
posso ir até um
vizinho
conhecido.
73,3% 3,3% 23,3% 60% 8,6% 31,4% 83,3% 3,3% 13,3% 56,8% 13,5% 29,7% 74,2% 6,5% 19,4% 58,1% 6,5% 35,5%
89. Eu tenho feito
novos amigos
vivendo nesse
bairro.
60% 6,7% 33,3% 54,3% 28,6% 17,1% 63,3% 10% 26,7% 43,2% 24,3% 32,4% 58,1% 9,7% 32,3% 51,6% 16,1% 32,3%
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
(Relacionamentos) Desavenças na vizinhança.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
90. O barulho que meus
vizinhos fazem pode
ser um grande
problema.
46,7% 0 53,3% 31,4% 20% 48,6% 50% 0 50% 29,7% 8,1% 62,2% 54,8% 6,5% 38,7% 16,1% 6,5% 77,4%
91. Me irrito com meus
vizinhos com
freqüência.
33,3% 10% 56,7% 2,9% 5,7% 91,4% 16,7% 6,7% 76,7% 8,1% 10,8% 81,1% 9,7% 6,5% 83,9% 12,9% 9,7% 77,4%
92. Nunca me senti
realmente seguro no
lugar onde moro.
16,7% 6,7% 76,7% 17,1% 8,6% 74,3% 6,7% 20% 73,3% 8,1% 27% 64,9% 16,1% 6,5% 77,4% 9,7% 19,4% 71%
Ligação com a vizinhança.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
93. Gosto muito da
minha residência.
93,3% 0 6,7% 85,7% 5,7% 8,6% 93,3% 3,3% 3,3% 97,3% 2,7% 0 93,5% 0 6,5% 80,6% 12,9% 6,5%
94. Não me sinto em
casa nessa
vizinhança.
20%
3,3%
76,7% 2,9% 2,9% 94,3% 10% 6,7% 83,3% 2,7% 2,7% 94,6% 19,4% 9,7% 71% 19,4% 0 80,6%
95. Eu teria mais
contato com amigos
e família se eu
morasse em outra
parte da cidade.
16,7%
6,7%
33,3% 11,4% 28,6% 17,1% 16,7% 10% 26,7% 2,7% 24,3% 32,4% 12,9% 9,7% 32,3% 19,4% 16,1% 32,3%
Laços Íntimos ou de amizade com os vizinhos.
96. Com quantos dos seus vizinhos você costuma conversar ou cumprimentar quando encontra na rua?
Área 1 Área 2 Área 3
de vizinhos que costuma
conversar
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Muito poucos (0 a 2) 13,3% 11,4% 10% 13,5% 19,4% 13,9%
Poucos (3 a 6) 10% 17,1% 23,3% 29,7% 32,3% 22,6%
Vários (mais de 7) 76,7% 71,4% 66,7% 56,8% 48,4% 61,3%
INFORMAÇÕES SOBRE ATIVIDADES E LUGARES FREQUENTADOS
Atividades e lugares usados:
97. Qual o local do seu trabalho? (por favor, informe o endereço e indique no mapa se for possível).
Área 1 Área 2 Área 3
Local de trabalho
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Em outra cidade 0 2,9% 3,3% 8,1% 0 0
Em outro bairro 36,7% 31,4% 40% 35,1% 35,5% 16,1%
No mesmo bairro 13,3% 5,7% 26,7% 2,7% 9,7% 22,6%
Em casa 10% 22,9% 6,7% 10,8% 6,5% 9,7%
No centro 0 2,9% 3,3% 10,8% 3,2% 0
Não trabalha 40% 34,3% 20% 32,4% 45,2% 51,6%
98. Quanto tempo, em média, você demora da sua casa até o seu trabalho?
Área 1 Área 2 Área 3
Tempo de deslocamento
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Até 15 min 33,3% 45,7% 53,3% 35,1% 22,6% 32,3%
15 a 30 min 23,3% 11,4% 26,7% 21,6% 12,9% 12,9%
30 a 45 min 3,3% 5,6% 3,3% 2,7% 6,5% -
45 a 60 min - - - 2,7% 6,5% 3,2%
Mais de 1h - - - 5,4% 6,5% 3,2%
Não trabalho 40% 34,3% 16,7% 32,4% 45,2% 48,4
99. Que transporte você costuma utilizar?
Área 1 Área 2 Área 3
Meio de locomoção
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
A pé 50% 28,6% 40% 13,5% 41,9% 32,3%
Bicicleta ou motocicleta 3,3% - 13,3% - 3,2% -
Ônibus 50% 48,6% 53,3% 32,4% 64,5% 54,8%
Lotação - 2,9% 3,3% 18,9% 3,2% 12,9%
Automóvel particular ou táxi 26,7% 45,7% 10% 64,9% 3,2% 41,9%
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
100. Qual o local de estudo dos seus filhos? (por favor, indique o nome da escola e indique no mapa quando
possível).
Área 1 Área 2 Área 3
Local de escola dos filhos
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Morador da
habitação
social
Morador do
bairro
Em outro bairro 3,3% 37,1% 13,3% 29,7% 41,9% 16,1%
No mesmo bairro 46,7% 5,7% 40% 10,8% 9,7% 12,9%
Não tem filhos ou filhos não estudam 50% 57,1% 46,7% 59,5% 45,4% 71%
101. Você costuma participar de alguma das seguintes atividades (não é preciso que aconteçam dentro do bairro):
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Participação em atividades
associativas (tipo)
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
Associação de moradores ou
assemelhados
9
(30%)
21
(70%)
2
(5,7%)
33
(94,3%)
17
(56,7%)
13
(2,7%)
11
(29,7%)
36
(97,3%)
12
(38,7%)
19
(61,3%)
-
31
(100%)
Comunidades religiosas
10
(33,3%)
20
(66,7%)
13
(37,1%)
22
(62,9%)
12
(40%)
18
(60%)
11
(29,7%)
26
(70,3%)
16
(51,6%)
15
(48,4%)
12
(38,7%)
19
(61,3%)
Clubes ou academias
7
(23,3%)
23
(76,7%)
9
(25,7%)
26
(74,3%)
4
(13,3%)
26
(86,7%)
15
(40,5%)
22
(59,5%)
2
(6,5%)
29
(93,5%)
13
(41,9%)
18
(58,1%)
Trabalhos voluntários ou
ONGs
1
(3,3%)
29
(96,7%)
2
(5,7%)
33
(94,3%)
1
(3,3%)
29
(96,7%)
4
(10,8%)
33
(89,2%)
-
31
(100%)
1
(3,2%)
30
(96,8%)
Nenhuma atividade
associativa
4
(13,3%)
26
(96,7%)
17
(48,6%)
18
(51,4%)
8
(26,7%)
22
(73,3%)
10
(27%)
27
(73%)
8
(25,8%)
23
(74,2%)
13
(41,9%)
18
(58,1%)
102. Indique o nome do local e o endereço da(s) atividade(s) que indicou na questão anterior, e, quando for
possível, aponte o local no mapa.
Pense nas atividades que você costuma realizar e indique se concorda ou discorda das seguintes afirmativas:
C – CONCORDO C/D – NÃO CONCORDO NEM DISCORDO D – DISCORDO
Uso do bairro.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
103.
Vou ao mercado do
lugar onde moro
(rua onde moro e
áreas/ruas vizinhas)
para as compras
diárias.
83,3% 6,7% 10% 71,4% 11,4% 17,1% 93,3% 3,3% 3,3% 59,5% 5,4% 35,1% 80,6% 6,5% 12,9% 77,4% 3,2% 19,4%
104.
Quando estou no
bairro, eu passo a
maior parte do
tempo dentro de
casa.
66,7% 10% 23,3% 54,3% 14,3% 31,4% 76,7% 10% 13,3% 62,2% 21,6% 16,2% 87,1% 0 12,9% 71% 3,2% 19,6%
105.
Costumo caminhar
pelas ruas do bairro
(tanto para exercício
quanto lazer).
70% 10% 20% 68,6% 2,9% 28,6% 40% 20% 40% 52,8% 19,4% 27,8% 48,4% 3,2% 48,4% 54,8% 9,7% 35,5%
106.
Sempre que posso
utilizo as praças /
parques do bairro.
73,3% 0 26,7% 65,7% 11,4% 22,9% 70% 13,3% 16,7% 18,9% 29,7% 51,4% 38,7% 12,9% 48,4% 45,2 6,5% 48,4%
107.
Vou ao cinema no
meu bairro.
26,7% 10% 63,3% 20% 11,4% 68,6% 20% 10% 70% 45,9% 8,1% 45,9% 16,1% 6,5% 77,4% 29% 12,9% 58,1%
108.
Costumo freqüentar
bares e restaurantes
no meu bairro.
46,7% 16,7% 36,7% 45,7% 8,6% 45,7% 36,7% 10% 53,3% 35,1% 16,2% 48,6% 48,4% 6,5% 45,2% 48,4% 16,1% 35,4%
109.
Nos fins de semana,
fico nas calçadas do
bairro
(descansando,
caminhando ou
conversando).
46,7% 13,3% 40% 28,6% 8,6% 62,9% 46,7% 3,3% 50% 10,8% 16,2% 73% 19,4% 3,2% 77,4% 19,4% 0 80,6%
110.
Nos fins de semana
fico sempre em
casa.
40% 16,7% 43,3% 17,1% 28,6% 54,3% 43,3% 20% 36,7% 8,1% 29,7% 62,2% 67,7% 12,9% 19,4% 19,4% 19,4% 61,3%
ANEXO F3 – QUESTIONÁRIO COM SÍNTESE DE FREQÜÊNCIAS
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Uso de outros bairros.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
Morador da
habitação social
Morador do bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
111.
Normalmente, faço
as compras de
mercado em outros
bairros.
63,3%
0 36,7%
65,7%
5,7% 28,6%
26,7%
6,7% 66,7%
13,5%
8,7% 78,4%
38,7%
3,2% 58,1%
45,2%
6,5% 48,4%
112.
A maior parte das
coisas que faço são
fora do bairro.
50% 3,3% 46,7%
42,9%
17,1%
40% 20% 16,7%
63,3%
37,8%
21,6%
40,5%
22,6%
12,9%
64,5%
22,6%
9,7% 67,7%
113.
Não costumo ficar
no bairro nos fins de
semana.
16,7%
20% 63,3%
25,7%
17,1%
57,1%
20% 26,7%
53,3%
18,9%
45,9%
35,1%
12,9%
9,7% 77,4%
32,3%
22,6%
45,2%
114.
Não costumo ficar
em Porto Alegre nos
fins de semana.
3,3% 10% 86,7%
5,7% 22,9%
71,4%
0 3,3% 96,7%
10,8%
21,6%
67,6%
0 3,2% 96,8%
6,5% 16,1%
77,4%
Uso do centro.
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D C C/D D
115.
Eu vou ao centro
para buscar serviços
que faltam no bairro.
73,3% 3,3% 23,3% 62,9% 11,4% 25,7% 83,3% 0 16,7% 43,2% 16,2% 40,5% 61,3% 3,2% 35,5% 54,8% 6,5% 38,7%
116.
Eu vou ao centro
para passear (visitar
amigos, lazer).
20% 10% 70% 17,1% 5,7% 77,1% 33,3% 3,3% 63,3% 8,1% 8,1% 83,8% 16,1% 6,5% 77,4% 9,7% 3,2% 87,1%
117.
Eu raramente vou
ao centro.
66,7% 3,3% 30% 60% 8,6% 31,4% 60% 16,7% 23,3% 62,2% 16,2% 21,6% 80,6% 6,5% 12,9% 58,1% 3,2% 38,7%
Indique um local que você costuma utilizar com freqüência para cada uma das seguintes atividades. Por favor,
indique o nome, endereço do local e aponte no mapa, quando possível. (O lugar não precisa ser no seu bairro).
118. Compras diárias
119. Compras diversas
120. Esporte
121. Lazer diurno
122. Lazer noturno
Ver anexo L
Características sócio-demográficas: A última etapa da pesquisa serve para definir quem são os moradores do
bairro:
Começando por você, cite todos os moradores da sua residência (não indique os nomes, use, por exemplo, pai,
mãe, filho, avó) indicando sexo, faixa etária, estado civil, nível educacional e profissão / ocupação. Para responder
as questões sobre faixa etária, estado civil e nível educacional, utilize a legenda junto à tabela:
123 124 125 126 127 128
Sexo Faixa etária Estado Civil Nível educacional
Menos de 10 anos 1 Casado 1 Nunca foi a escola 1
Masculino 1 De 11 a 18 anos 2 Solteiro 2 1º grau incompleto 2
Feminino 2 De 19 a 40 anos
3 Viúvo 3 1º grau completo 3
De 41 a 60 anos 4 2º grau incompleto 4
Mais de 61 anos 5 2º grau completo 5
Universitário incompl. 6
Relação de
Moradores da
residência
Universitário completo 7
Profissão ou
Ocupação
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
129. Por gentileza, indique a faixa que melhor representa a sua renda familiar:
Até R$ 350,00
R$ 4.376,00 até R$ 6.125,00
R$ 350,00 até R$ 700,00
R$ 6.126,00 até R$ 7.875,00
R$ 701,00 até R$ 1.750,00
R$ 7.876,00 até R$ 9.625,00
R$ 1.751,00 até R$ 2.625,00
R$ 9.626,00 até R$ 13.125,00
R$ 2.626,00 até R$ 4.375,00
Mais de R$ 13.125,00
ANEXO G
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabelas síntese das observações comportamentais
Tabela G.1: Quantificação do uso por dia da semana, durante duas semanas consecutivas – Área 1
Semana 1 (n° pessoas) Semana 2 (n° pessoas)
Características
Manhãs Tardes Variação¹ Características
Manhãs Tardes Variação¹
Domingo
sol 316 320 1,3% maior nublado/eleição
308 246 21% menor
Segunda-feira
sol 264 355 34,5% maior
sol 268 346 29,1% maior
Terça-feira
sol 231 389 68,4% maior
nublado 324 316 0,05% menor
Quarta-feira
sol 318 386 21,4% maior
chuva 269 257 0,05% menor
Quinta-feira
chuva/nublado
249 312 25,3% maior
sol/feriado 187 289 54,5% maior
Sexta-feira
sol 291 348 19,5% maior
sol 241 300 24,5% maior
Sábado
sol
136 358
163,2% maior
nublado
221 192
0,13% menor
Total - 1805 2468
36,7% maior
- 1818 1946
7% maior
1. Variação de movimento do turno da tarde em relação ao turno da manhã.
Tabela G.2: Quantificação do uso segundo atividade verificada – Área 1
Manhãs (n° pessoas) Tardes (n° pessoas)
Somatório Semana 1 Semana 2 Somatório Semana 1 Semana 2
Deslocamentos
2126 999 1035 2293 1276 1007
Andar de bicicleta
101 44 54 151 86 63
Brincar/esporte
126 52 71 397 238 155
Trabalhar
2
234 99 133 167 96 69
Passear/correr
134 75 52 170 81 88
Ficar sentado
455 250 195 556 306 240
Ficar parado em
591 286 278 714 385 324
Total 3767 1805 1818 4448 2468 1946
1. O termo trabalhar indica atividades de jardinagem, limpeza de calçadas e atividades de trabalho em geral como as realizadas por porteiros,
seguranças particulares, vendedores ambulantes e catadores de lixo.
Tabela G.3: Quantificação do uso segundo faixa etária do morador – Área 1
Manhãs (n° pessoas) Tardes (n° pessoas)
Somatório Semana 1 Semana 2 Somatório Semana 1 Semana 2
Crianças
450 206 230 816 467 342
Adolescentes
408 215 192 546 299 240
Adultos
2569 1224 1236 2708 1519 1169
Idosos
340 160 160 378 183 195
Total 3767 1805 1818 4448 2468 1946
Tabela G.4: Quantificação do uso por dia da semana, durante duas semanas consecutivas – Área 2
Semana 1 (n° pessoas) Semana 2 (n° pessoas)
Características
Manhãs Tardes Variação¹ Características
Manhãs Tardes Variação¹
Domingo
chuva/nublado
63 101 60% maior sol 105 66 33% menor
Segunda-feira
chuva/sol 69 119 72,5% maior
sol 72 129 79% maior
Terça-feira
sol 105 117 11,4% maior
sol 98 118 20,4% maior
Quarta-feira
sol 85 118 38,8% maior
sol/feriado 110 115 0,05% maior
Quinta-feira
sol 99 130 31,3% maior
sol 92 164 78,3% maior
Sexta-feira
sol 101 97 4% menor nublado/chuva
89 95 6,7% maior
Sábado
Nublado/sol
94 92
2% menor chuva
50 98
96% maior
Total - 616 774
25,6% maior
- 616 785
7% maior
1. Variação de movimento do turno da tarde em relação ao turno da manhã.
Tabela G.5: Quantificação do uso segundo atividade verificada – Área 2
Manhãs (n° pessoas) Tardes (n° pessoas)
Somatório Semana 1 Semana 2 Somatório Semana 1 Semana 2
Deslocamentos
441 237 204 685 365 320
Andar de bicicleta
61 36 25 108 63 45
Brincar/esporte
68 26 42 49 11 38
Trabalhar
1
283 156 127 202 100 102
Passear/correr
81 44 37 76 33 43
Ficar sentado
111 41 70 142 58 84
Ficar parado em
187 76 111 297 144 153
Total 1232 616 616 1559 774 785
1. O termo trabalhar indica atividades de jardinagem e limpeza de calçadas e atividades de trabalho em geral como as realizadas por porteiros,
seguranças particulares, vendedores ambulantes e catadores de lixo.
ANEXO G
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela G.6: Quantificação do uso segundo faixa etária do morador – Área 2
Manhãs (n° pessoas) Tardes (n° pessoas)
Somatório Semana 1 Semana 2 Somatório Semana 1 Semana 2
Crianças
133 56 77 224 74 81
Adolescentes
104 59 45 155 115 109
Adultos
897 458 439 1075 526 549
Idosos
88 43 45 105 59 46
Total 1232 616 616 1559 774 785
Tabela G.7: Quantificação do uso por dia da semana, durante duas semanas consecutivas – Área 3
Semana 1 (n° pessoas) Semana 2 (n° pessoas)
Características
Manhãs Tardes Variação¹ Características
Manhãs Tardes Variação¹
Domingo
chuva 80 67 16,2% menor
chuviscando/sol
120 187 55,8% maior
Segunda-feira
chuva/sol 257 394 53,3% maior
sol/nublado 247 363 47% maior
Terça-feira
sol 256 403 57,4% maior
sol 256 280 9,4% maior
Quarta-feira
sol 259 391 51% maior chuva/nublado
198 405 104,5% maior
Quinta-feira
sol 283 370 30,7% maior
sol 290 281 3,2% menor
Sexta-feira
sol/chuva 285 308 8% maior sol 212 351 65,6% maior
Sábado
chuva
144 127
12% menor sol
187 215
15% maior
Total - 1564 2060
31,7% maior
- 1497 2082
39% maior
1. Variação de movimento do turno da tarde em relação ao turno da manhã.
Tabela G.8: Quantificação do uso segundo atividade verificada – Área 3
Manhãs (n° pessoas) Tardes (n° pessoas)
Somatório Semana 1 Semana 2 Somatório Semana 1 Semana 2
Deslocamentos
1532 760 772 2001 972 1029
Andar de bicicleta
35 16 19 73 34 39
Brincar/esporte
42 15 27 121 32 89
Trabalhar
1
246 111 135 146 74 72
Passear/correr
77 34 43 69 21 48
Ficar sentado
189 109 80 199 93 116
Ficar parado em
940 519 421 1533 844 689
Total 3061 1564 1497 4142 2060 2082
1. O termo trabalhar indica atividades de jardinagem e limpeza de calçadas e atividades de trabalho em geral como as realizadas por porteiros,
seguranças particulares, vendedores ambulantes e catadores de lixo.
Tabela G.9: Quantificação do uso segundo faixa etária do morador – Área 3
Manhãs (n° pessoas) Tardes (n° pessoas)
Somatório Semana 1 Semana 2 Somatório Semana 1 Semana 2
Crianças
166 75 91 345 142 203
Adolescentes
230 114 116 459 217 242
Adultos
2280 1190 1090 3138 1593 1545
Idosos 385
185 200
200
108 92
Total 3061 1564 1497 4142 2060 2082
ANEXO H
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Local de participação de comunidade religiosa
Tabela H.1: Local da comunidade religiosa por área e por tipo de morador – Área 1
Área 1
Local da comunidade religiosa
Morador da habitação social Morador do bairro
19 23
Não participa
63,3% 65,7%
1 0
Centro Cavaleiros de São Jorge
3,3%
2 0
Igreja Deus é Amor - Rodoviária
6,7%
0 1
Igreja Menino Deus
2,9%
0 2
Igreja Nossa Senhora do Líbano
5,7%
1 0
Igreja Santos dos Últimos Dias
3,3%
0 3
Igreja Santa Teresinha
8,6%
3 4
Igreja São Francisco
10,0% 11,4%
4 0
Igreja Universal (Oscar Pereira)
13,3%
0 1
Instituto de Filosofia
2,9%
0 1
diversos (fora do bairro)
2,9%
Tabela H.2: Local da comunidade religiosa por área e por tipo de morador – Área 2
Área 2
Local da comunidade religiosa
Morador da habitação social Morador do bairro
18 28
Não participa
60,0% 75,7%
0 1
Centro Cavaleiros de São Jorge
,0% 2,7%
8 3
Igreja Divino Mestre
26,7% 8,1%
0 1
Igreja Nossa Senhora do Líbano
,0% 2,7%
0 1
Igreja Santo Antônio
,0% 2,7%
1 0
Igreja Santos dos Últimos Dias
3,3% ,0%
0 1
Igreja Santa Cecília
,0% 2,7%
0 2
Igreja São Luiz
,0% 5,4%
1 0
Igreja Universal (Oscar Pereira)
3,3% ,0%
1 0
Igreja da Graça (Bento Gonçalves)
3,3% ,0%
1 0
Parada 32 Viamão
3,3% ,0%
Tabela H.3: Local da comunidade religiosa por área e por tipo de morador – Área 3
Área 3
Local da comunidade religiosa
Morador da habitação social Morador do bairro
15 19
Não participa
48,4% 61,3%
3 0
Assembléia Deus (Bento)
9,7%
0 1
Av Protásio Alves
3,2%
0 1
Centro
3,2%
0 1
Centro Cavaleiros de São Jorge
3,2%
1 1
Centro Dias da Cruz
3,2% 3,2%
0 2
Centro Espírita S Luiz
6,4%
1 0
Igreja Brasa
3,2%
6 0
Igreja Nossa Senhor de Lourdes
19,4%
0 1
Igreja Nossa Senhora do Líbano
3,2%
1 0
Igreja Restauração
3,2%
0 3
Igreja São Francisco
9,7%
4 0
Igreja Universal (Oscar Pereira)
12,9%
0 1
Ponte Colombo
3,2%
0 1
Tuiuti/André da Rocha
3,2%
ANEXO I
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Local da instituição de ensino dos filhos
Tabela I.1: Local da instituição de ensino dos filhos por área e por tipo de morador – Área 1
Área 1
Local da instituição de ensino dos filhos
Morador da habitação social Morador do bairro
15 26
Não tem filhos/filhos não estudam
50,0% 74,3%
0 1
Apeles (escola estadual)
,0% 2,9%
0 1
Colégio Farroupilha (particular)
2,9%
0 1
Colégio Rainha do Brasil (particular)
,0% 2,9%
0 2
Colégio Santa Cecília (particular)
,0% 5,7%
3 0
Creche Comunitária do Jardim Planetário
10,0% ,0%
3 0
Escola Estadual Ildefonso Gomes
10,0% ,0%
6 1
Escola Estadual Luciana de Abreu
20,0% 2,9%
1 0
Escola Estadual Paulo Gama
3,3% ,0%
1 0
Escolinha Redenção (creche estadual)
3,3% ,0%
0 1
Instituto de Educação (estadual)
,0% 2,9%
1 0
Instituto Espírita Amigo Germano (comunitária)
3,3% ,0%
0 1
PUC-RS
,0% 2,9%
0 1
Tempo de Crescer (creche particular)
,0% 2,9%
Tabela I.2: Local da instituição de ensino dos filhos por área e por tipo de morador – Área 2
Área 2
Local da instituição de ensino dos filhos
Morador da habitação social Morador do bairro
14 29
Não tem filhos/filhos não estudam
46,7% 78,4%
2 0
Apeles (escola estadual)
6,7%
0 1
Colégio Rainha do Brasil (particular)
2,7%
0 1
Colégio Santa Cecília (particular)
2,7%
0 1
Colégio Santa Inês (particular)
2,7%
0 1
Colégio Militar
2,7%
0 1
Daqui eu Fico (creche particular)
2,7%
12 0
Escola Estadual Emílio Kemp
40,0%
2 0
Escola Estadual Otávio de Souza
6,7%
0 1
PUC-RS
2,7%
0 2
UFRGS
5,4%
Tabela I.3: Local da instituição de ensino dos filhos por área e por tipo de morador – Área 3
Área 3
Local da instituição de ensino dos filhos
Morador da habitação social Morador do bairro
15 24
Não tem filhos/filhos não estudam
48,4% 77,4%
0 1
Apeles (escola estadual)
,0% 3,2%
0 1
Castelo Encantado (creche particular)
,0% 3,2%
1 0
Colégio Estadual Saint Hilaire
3,2% ,0%
3 0
Creche Tio Barnabé (creche estadual)
9,7% ,0%
1 0
EJA (Willian Richard) – Escola Estadual
3,2% ,0%
0 1
Escola Crista do Brás
,0% 3,2%
2 1
Escola Estadual Duque de Caxias
6,5% 3,2%
6 0
Escola Estadual Emílio Massot
19,4% ,0%
0 1
Escola Estadual Inácio Montanha
,0% 3,2%
1 0
Escola Estadual Protásio Alves
3,2% ,0%
1 0
Escola Estadual Raul Pilla
3,2% ,0%
1 0
Escola Estadual Souza Lobo
3,2% ,0%
0 1
IPA
,0% 3,2%
0 1
PUC-RS
,0% 3,2%
ANEXO J
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela J1.1: Lugares esteticamente muito atraentes por Área e por grupo socioeconômico
Morador habitação social
Morador do bairro Total
Área de análise
Lugares esteticamente muito atraentes
de indicações % de indicações
%
de
indicações
%
R Sta Teresinha 14 28% 7 23% 21 26%
R Santana - entre S. Luiz e Laurindo 2 4% 0% 2 2%
R Ramiro Barcelos 2 4% 0% 2 2%
R Vieira de Castro 1 2% 2 6% 3 4%
R Santana 9 18% 1 3% 10 12%
Ed. Santana (resid. novo) 5 10% 5 16% 10 12%
Pça Joaquim de Queiroz 0% 0% 0 0%
Av Jerônimo de Ornelas 1 2% 1 3% 2 2%
Ed. Santana (Ed. Cordeiro) 6 12% 1 3% 7 9%
Ed. modernista Santana esq Laurindo 1 2% 0% 1 1%
Ed. Santana (modernista) 2 4% 4 13% 6 7%
Ed Santana (Construtora Colla) 1 2% 2 6% 3 4%
Ed. Santana (azul/pilotis) 0% 1 3% 1 1%
R Olavo Bilac 1 2% 0% 1 1%
Planetário (Observatório) 1 2% 0% 1 1%
Ed. Esquina Santa Teresinha (modernista) 3 6% 0% 3 4%
Ed. Novo R Leopoldo Bier 0% 2 6% 2 2%
Pça Júlio Bolzano 0% 2 6% 2 2%
R Domingos Crescêncio 1 2% 1 3% 2 2%
Ed. Novo R Gomes Jardim 0% 1 3% 1 1%
R São Manoel 0% 1 3% 1 1%
ÁREA 1
TOTAL 50 100%
31 100%
81 100%
28,6% (6
de 21) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
33,3% (7 de 21)
são indicados
apenas por
moradores da
habitação social.
38,1% (7 de 21)
são lugares
comuns aos dois
grupos.
R São Manoel 0% 1 2% 1 1%
R Vicente da Fontoura 0% 2 3% 2 2%
R Monsenhor Veras 0% 1 2% 1 1%
R Veador Porto 0% 1 2% 1 1%
R São Francisco 0% 1 2% 1 1%
R Luiz de Camões 0% 1 2% 1 1%
R Monteiro Lobato 0% 2 3% 2 2%
Zaffari Ipiranga 1 2% 0% 1 1%
Ed. Av Ipiranga esq R Veador Porto 9 14% 0% 9 7%
Pça das Nações 1 2% 0% 1 1%
Av Lucas de Oliveira 4 6% 0% 4 3%
Jardim Botânico 4 6% 0% 4 3%
Pça Rui Teixeira 1 2% 0% 1 1%
R Corte Real 0% 7 12% 7 6%
R Dário Pederneiras 8 12% 10 17% 18 15%
R Eça de Queiroz 9 14% 12 20% 21 17%
R Reis Louzada 0% 3 5% 3 2%
R Farias Santos 2 3% 1 2% 3 2%
R Ferreira Viana 0% 2 3% 2 2%
R Guilherme Alves 1 2% 0% 1 1%
R Gonçalves Ledo 1 2% 1 2% 2 2%
R La Plata 3 5% 4 7% 7 6%
R Machado de Assis 1 2% 1 2% 2 2%
R Itaboraí 2 3% 1 2% 3 2%
Ed. Novo na R La Plata 6 9% 3 5% 9 7%
R Carlos de Carvalho 1 2% 0% 1 1%
Ed Novo R Veríssimo Rosa 0% 2 3% 2 2%
Ed Novo R Buenos Aires 0% 1 2% 1 1%
R Professor Langendonck 1 1% 0% 1 0%
R Buenos Aires 1 1% 0% 1 0%
R Vitor Hugo 1 2% 0% 1 1%
R Chile 2 3% 0% 2 2%
R Felizardo 1 2% 1 2% 2 2%
R Borges do Canto 1 2% 0% 1 1%
Bourbon Ipiranga 1 2% 0% 1 1%
Av Barão do Amazonas 0% 1 2% 1 1%
R Saicã 1 2% 0% 1 1%
R Mariz de Barros 1 2% 0% 1 1%
Viaduto da Carlos Gomes 1 2% 0% 1 1%
ÁREA 2
TOTAL 65 100%
59 100%
124 100%
33,3% (13
de 39)
são lugares
indicados apenas
por moradores do
bairro.
44% (17 de 39) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
23% (9 de 39) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Av Bento Gonçalves 1 4% 0% 1 2%
Av Ganzo 0% 1 4% 1 2%
Av Jerônimo de Ornelas 1 4% 1 4% 2 4%
Av João Pessoa 1 4% 0% 1 2%
Av Nunes Machado 1 4% 0% 1 2%
Av Princesa Isabel 1 4% 1 4% 2 4%
Conjunto Princesa Isabel 4 14% 1 4% 5 9%
R Barão do Triunfo 2 7% 0% 2 4%
R Bastian 1 4% 0% 1 2%
R Domingos Crescêncio 1 4% 2 7% 3 5%
R Gen Caldwell 1 4% 1 4% 2 4%
R Germano Hasslocher 1 4% 0% 1 2%
R Gomes Jardim 0% 2 7% 2 4%
R Guilherme Schell 1 4% 1 4% 2 4%
R Laurindo 0% 1 4% 1 2%
Ed. Novo na R Leopoldo Bier 0% 1 4% 1 2%
R Maestro Mendana 0% 3 11% 3 5%
R Plácido de Castro 0% 1 4% 1 2%
R Pedro Rampi 0% 1 4% 1 2%
R Ramiro D'avila 2 7% 0% 2 4%
R Santana 1 4% 2 7% 3 5%
R São Luiz 1 4% 1 4% 2 4%
R Vicente da Fontoura 0% 2 7% 2 4%
Ruas Marcílio dias 1 4% 0% 1 2%
Terminal João Pessoa 1 4% 0% 1 2%
Cond. Princesa Isabel (edif frente inst cor) 2 7% 0% 2 4%
Cond. Princesa Isabel (edif frente hab social)
1 4% 2 7% 3 5%
Shopping João Pessoa 1 4% 0% 1 2%
Ed. Novo na R Domingos Crescêncio 1 2% 2 4% 3 3%
Av Ipiranga próximo à Zero Hora 1 2% 0% 1 1%
Instituo do Coração 0% 1 4% 1 2%
ÁREA 3
TOTAL 28 100%
27 100%
55 100%
29% (9
de 39) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
39% (12 de 39) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
32% (10 de 39) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Nota: Nem todos os moradores indicaram lugares. As porcentagens dizem respeito à indicações realizadas.
ANEXO J
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela J1.2: Lugares esteticamente não atraentes por Área e por grupo socioeconômico
Morador habitação social
Morador do bairro Total
Área de análise
Lugares esteticamente não atraentes
de indicações
% de indicações
% de indicações
%
R Santana c/ Venâncio Aires 0% 1 3% 1 2%
Av Jerônimo de Ornelas c/ R Santana 1 3% 0% 1 2%
R Laurindo 1 3% 2 6% 3 5%
Pontes da Av Ipiranga 0% 3 9% 3 5%
R Luiz Manoel 3 10% 5 15% 8 13%
R Laurindo c/ R Santana 0% 1 3% 1 2%
Estacionamento da R Santana 0% 1 3% 1 2%
R Jacinto Gomes 2 7% 1 3% 3 5%
R Leopoldo Bier 1 3% 2 6% 3 5%
R Laurindo 0% 1 3% 1 2%
Casa abandonada na R Santana 0% 2 6% 2 3%
Beco na R Laurindo 1 3% 0% 1 2%
Borracharia esq R Santana 0% 1 3% 1 2%
Jardim Planetária (conjunto) 16 55% 5 15% 21 33%
R Santana (entre Ipiranga e Princesa Isab) 1 3% 1 3% 2 3%
Jacinto Gomes 0% 1 3% 1 2%
R Gomes Jardim esq Av Ipiranga 1 3% 1 3% 2 3%
R Prof Freitas e Castro 1 3% 0% 1 2%
Av Jerônimo de Ornelas 1 3% 0% 1 2%
Jacinto Gomes esq Jardim Planetário 0% 2 6% 2 3%
R Gomes Jardim esq R Leopoldo Bier 0% 1 3% 1 2%
R Gomes Jardim 0% 1 3% 1 2%
R São Luiz 0% 1 3% 1 2%
Vila R São Luiz esq Princesa Isabel 0% 1 3% 1 2%
ÁREA 1
TOTAL 29 100% 34 100%
63 100%
54% (13
de 24) s
ão
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
17% (4 de 24) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
29% (7 de 24) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Av Ipiranga 0% 1 7% 1 2%
R Veador Porto 1 3% 0% 1 2%
R Euclides da Cunha esq Av Ipiranga 3 9% 1 7% 4 8%
Condomínio dos Anjos 4 11% 2 13% 6 12%
Av Lucas de Oliveira esq Av Protásio 1 3% 0% 1 2%
Pça Araribóia 1 3% 0% 1 2%
Pça das Nações 1 3% 2 13% 3 6%
Pça Rui Teixeira 3 9% 0% 3 6%
Av Ipiranga próximo Cond dos Anjos 6 17% 0% 6 12%
Av Ipiranga próximo Cond Veador Porto 0% 1 7% 1 2%
R Euclides da Cunha 2 6% 1 7% 3 6%
R Eça de Queiroz 0% 1 7% 1 2%
R Gonçalves Ledo 1 3% 0% 1 2%
R La Plata 4 11% 0% 4 8%
Habit Irregular na rua La plata (esq Eça) 0% 1 7% 1 2%
Princesa Isabel esq R São Manoel 1 3% 1 7% 2 4%
R Buenos Aires 1 3% 0% 1 2%
Condomínio Residencial na R Felizardo 1 3% 2 13% 3 6%
R Valparaíso 0% 1 7% 1 2%
Vila Cachorro Sentado 4 11% 1 7% 5 10%
Vila Sossego 1 3% 0% 1 2%
ÁREA 2
TOTAL 35 100% 15 100%
50 100%
24% (5
de 21) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
43% (9 de 21) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
33% (7 de 21) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Av Azenha 0% 5 19% 5 9%
Av Bento Gonçalves 2 7% 2 7% 4 7%
Av Princesa Isabel 0% 1 4% 1 2%
Conjunto Planetário 1 3% 0% 1 2%
Conjunto Princesa Isabel 1 3% 1 4% 2 4%
Pça Princesa Isabel 0% 1 4% 1 2%
R Barão do Triunfo 1 3% 0% 1 2%
R Botafogo 1 3% 0% 1 2%
R Domingos Crescêncio 1 3% 0% 1 2%
R Gomes Jardim 0% 2 7% 2 4%
R Guilherme Schell 1 3% 1 4% 2 4%
R Leopoldo Bier 1 3% 4 15% 5 9%
Av Bastian 0% 1 4% 1 2%
R Marcílio Dias 2 7% 3 11% 5 9%
R Visconde do Herval 1 3% 0% 1 2%
R P Freitas e Castro 3 10% 1 4% 4 7%
R Ramiro D'avila 3 10% 1 4% 4 7%
R Santana 1 3% 0% 1 2%
R São Luiz 0% 1 4% 1 2%
R São Manoel 1 3% 0% 1 2%
R Vicente da Fontoura 1 3% 1 4% 2 4%
Terminal João Pessoa 1 3% 0% 1 2%
Vila Zero Hora 4 13% 0% 4 7%
Cond Lupicínio Rodrigues e entorno 1 3% 0% 1 2%
Pça Garibaldi 1 3% 0% 1 2%
R São Francisco 1 3% 0% 1 2%
Av Ganzo 1 3% 0% 1 2%
R Gen Caldwell 0% 1 4% 1 2%
Vila R São Luiz esq Princesa Isabel 0% 1 4% 1 2%
ÁREA 3
TOTAL 30 100% 27 100%
57 100%
28% (8
de 29) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
41% (12 de 29) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
31% (9 de 39) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Nota: Nem todos os moradores indicaram lugares. As porcentagens dizem respeito à indicações realizadas.
ANEXO J
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela J1.3: Lugares inadequados às características bairro por Área e por grupo socioeconômico
Morador habitação social
Morador do bairro Total
Área de análise
Lugares inadequados às características
do bairro
de indicações
% de indicações
% de indicações
%
R Santana esq Av Jerônimo de Ornelas 1 8% 0% 1 4%
R Luiz Manoel 2 15% 2 14% 4 15%
R Santa Teresinha (perto Unimed) 1 8% 0% 1 4%
Jardim Planetário 4 31% 5 36% 9 33%
R Laurindo 0% 1 7% 1 4%
Av Ipiranga esq Gomes Jardim 1 8% 0% 1 4%
Borracharia esq R Santana 0% 2 14% 2 7%
Pça Del Gadret 1 8% 0% 1 4%
R Jacinto Gomes 1 8% 0% 1 4%
R Prof Freitas e Castro 1 8% 0% 1 4%
R Vitória 0% 1 7% 1 4%
R Leopoldo Bier esq Gomes Jardim 0% 1 7% 1 4%
R Leopoldo Bier (casa abandonada) 0% 1 7% 1 4%
Av Princesa Isabel (Bares) 0% 1 7% 1 4%
R São Luiz 1 8% 0% 1 4%
ÁREA 1
TOTAL 6 100% 9 100%
15 100%
40% (6
de 15) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
47% (7 de 15) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
13% (2 de 15) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Av Ipiranga próximo Cond dos Anjos 3 50% 0% 3 20%
Beco Euclídes da Cunha 0% 1 11% 1 7%
Condomínio dos Anjos 0% 1 11% 1 7%
R Euclides da Cunha esq Av Ipiranga 0% 1 11% 1 7%
Escola de Samba 1 17% 0% 1 7%
Av Ipiranga próximo Cond Veador Porto 0% 1 11% 1 7%
Pça Rui Teixeira 0% 1 11% 1 7%
R Aurélio Porto 1 17% 0% 1 7%
R Dário Pederneiras 0% 1 11% 1 7%
R Eça de Queiroz 0% 1 11% 1 7%
R La Plata 1 17% 0% 1 7%
Vila Cachorro Sentado 0% 1 11% 1 7%
Vila do Sossego 0% 1 11% 1 7%
ÁREA 2
TOTAL 6 100% 9 100%
15 100%
69% (9
de 13) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
31% (4 de 13) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
100% (0 de 13) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Av Azenha 1 8% 0% 1 4%
Av Princesa Isabel (trecho) 0% 1 7% 1 4%
Condomínio Lupicínio Rodrigues 1 8% 0% 1 4%
Condomínio Princesa Isabel 2 17% 3 20% 5 19%
Pça Princesa Isabel 0% 1 7% 1 4%
R Bento Gonçalves esq Av Princesa Isabel 1 8% 0% 1 4%
R Domingos Crescêncio 0% 1 7% 1 4%
R Prof Freitas e Castro 1 8% 1 7% 2 7%
R Leopoldo Bier 1 8% 0% 1 4%
R São Francisco 1 8% 0% 1 4%
R Marcílio Dias 0% 1 7% 1 4%
R Pedro Rampi (edifício abandonado) 0% 2 13% 2 7%
R Ramiro D'avila 1 8% 0% 1 4%
R Santana 0% 1 7% 1 4%
R São Manoel 1 8% 0% 1 4%
R Vicente Fontoura esq Bento Gonçalves 0% 2 13% 2 7%
Terminal João Pessoa 1 8% 2 13% 3 11%
Vila Zero Hora 1 8% 0% 1 4%
ÁREA 3
TOTAL 12 100% 15 100%
27 100%
39% (7
de 18) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
39% (7 de 18) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
22% (4 de 18) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Nota: 1. Nem todos os moradores indicaram lugares. As porcentagens dizem respeito à indicações realizadas. 2. Em diversos casos a inadequação foi
identificada tanto por características físicas da edificação como pela percepção de inadequação das pessoas residentes nos lugar.
Tabela J1.4: Lugares inseguros e evitados por Área e por grupo socioeconômico
Morador habitação social
Morador do bairro Total
Área de análise
Lugares esteticamente muito atraentes
de indicações % de indicações
%
de
indicações
%
R Leopoldo Bier
1 3% 1 2% 2 2%
R Venâncio Aires esq Av Protásio Alves
1 3% 0% 1 1%
Av Ipiranga
6 16% 2 4% 8 9%
R Ramiro Barcelos
3 8% 2 4% 5 6%
R Jacinto Gomes
2 5% 0% 2 2%
Av Ipiranga (quadras da UFRGS)
1 3% 2 4% 3 3%
R Luiz Manoel junto à habitação social
8 21% 2 4% 10 11%
R Luiz Manoel
1 3% 1 2% 2 2%
R Venâncio Aires
0% 1 2% 1 1%
Jardim Planetário
0% 7 14% 7 8%
R Santana
0% 3 6% 3 3%
Av João Pessoa
6 16% 2 4% 8 9%
Pça Joaquim de Queiroz
1 3% 1 2% 2 2%
Av Jerônimo de Ornelas esq R Santana
0% 3 6% 3 3%
R Laurindo esq R Sta Teresinha
0% 1 2% 1 1%
Parque da Redenção
1 3% 0% 1 1%
Pça Del Gadret
0% 2 4% 2 2%
R São Luiz
1 3% 1 2% 2 2%
R Olavo Bilac
0% 1 2% 1 1%
Jacinto Gomes esq Jardim Planetário
0% 3 6% 3 3%
R Gomes Jardim
0% 3 6% 3 3%
R Laurindo esq Av João Pessoa
0% 2 4% 2 2%
R Santa Teresinha
1 3% 0% 1 1%
R Gomes Jardim es R Leopoldo Bier
0% 1 2% 1 1%
Av Jerônimo de Ornelas
0% 1 2% 1 1%
Pça São Francisco
1 3% 1 2% 2 2%
Av Princesa Isabel
4 11% 2 4% 6 7%
Pontes da Av Ipiranga
0% 3 6% 3 3%
Vila R São Luiz esq Princesa Isabel
0% 2 2% 2 1%
R Prof Freitas e Castro
0% 1 2% 1 1%
ÁREA 1
TOTAL
38 100%
51 100%
89 100%
50% (15 de 30) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
13% (4 de 30) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
37% (11 de 30) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Nota: Nem todos os moradores indicaram lugares. As porcentagens dizem respeito à indicações realizadas.
ANEXO J
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
(continuação) Tabela J1.4: Lugares inseguros e evitados por Área e por grupo socioeconômico
Morador habitação social
Morador do bairro Total
Área de análise
Lugares inseguros e evitados
de indicações % de indicações
%
de
indicações
%
Av Ipiranga
2 5% 3 6% 5 6%
Av Ipiranga/ La Plata
0% 1 2% 1 1%
Av Princesa Isabel
1 3% 0% 1 1%
Condomínio do Anjos
0% 4 8% 4 4%
Próximo Jardim Botânico
2 5% 1 2% 3 3%
Pça Araribóia
1 3% 0% 1 1%
Pça das Nações
0% 4 8% 4 4%
Pça Rui Teixeira
0% 2 4% 2 2%
R Aurélio Porto
0% 1 2% 1 1%
R Barão do Amazonas
0% 2 4% 2 2%
R Corte Real
0% 2 4% 2 2%
R Dário Pederneiras
0% 3 6% 3 3%
R Euclides da Cunha
3 8% 1 2% 4 4%
R Eça de Queiroz
1 3% 2 4% 3 3%
R Farias Santos
0% 1 2% 1 1%
R Felizardo
0% 1 2% 1 1%
R Gonçalves Ledo
1 3% 0% 1 1%
R Guilherme Alves
1 3% 1 2% 2 2%
R La Plata
1 3% 7 14% 8 9%
R Machado de Assis
2 5% 1 2% 3 3%
R Reis Louzada
0% 1 2% 1 1%
R Riveira
0% 1 2% 1 1%
R Veríssimo Rosa
2 5% 0% 2 2%
Vila Cachorro Sentado
19 48% 8 16% 27 30%
Vila do Sossego
2 5% 1 2% 3 3%
R Euclides da Cunha esq Av Ipiranga
0% 1 2% 1 1%
Av Ipiranga próximo Cond Veador Porto
0% 1 2% 1 1%
Av Bento Gonçalves
1 3% 0% 1 1%
Av Ipiranga próximo Av Cristiano Fischer
1 1% 0% 1 1%
ÁREA 2
TOTAL
40 100%
50 100%
90 100%
48% (14
de 29) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
21% (6 de 29) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
31% (9 de 29) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Av Azenha
4 7% 4 9% 8 8%
Av Bento Gonçalves
3 5% 2 5% 5 5%
Av Getúlio Vargas
1 2% 0% 1 1%
Av Princesa Isab/ Av Bento Gonçalves
3 5% 0% 3 3%
Av Princesa Isabel
2 4% 3 7% 5 5%
Av Érico Veríssimo
3 5% 0% 3 3%
Cemitérios
1 2% 0% 1 1%
Conj Lupicínio Rodrigues
4 7% 1 2% 5 5%
Conjunto Planetário
1 2% 2 5% 3 3%
Conjunto Princesa Isabel
0% 2 5% 2 2%
Fundos Olímpico
0% 1 2% 1 1%
Pça Guilherme Schell
0% 1 2% 1 1%
Pça Garibaldi
1 2% 1 2% 2 2%
Pça Piratini
2 4% 0% 2 2%
R Barão do Triunfo
1 2% 1 2% 2 2%
R Botafogo
2 4% 0% 2 2%
R Domingos Crescêncio
1 2% 1 2% 2 2%
R Gen Caldwell
3 5% 2 5% 5 5%
Parque da Redenção
0% 1 2% 1 1%
R Guilherme Schell
0% 2 5% 2 2%
R Leopoldo Bier
1 2% 5 11% 6 6%
R Marcílio Dias
5 9% 2 5% 7 7%
R Prof Freitas e Castro
5 9% 1 2% 6 6%
R Pedro Rampi
0% 1 2% 1 1%
R Plácido de Castro
0% 1 2% 1 1%
R Ramiro D'avila
6 11% 2 5% 8 8%
R Santana
0% 2 5% 2 2%
R São Luís
1 2% 0% 1 1%
R São Manoel
0% 1 1% 1 1%
R Vicente da Fontoura
1 1% 4 5% 5 3%
R Vinte de Setembro
1 2% 0% 1 1%
Vila do Sossego
1 2% 1 2% 2 2%
R Monsenhor Veras
1 2% 0% 1 1%
R Visconde do Herval
1 2% 0% 1 1%
R Veador Porto
1 2% 0% 1 1%
Vila Zero Hora
1 2% 0% 1 1%
ÁREA 3
TOTAL
57 100%
44 100%
101 100%
25% (9
de 36) são
lugares indicados
apenas por
moradores do
bairro.
33% (12 de 36) são
indicados apenas
por moradores da
habitação social.
42% (15 de 36) são
lugares comuns
aos dois grupos.
Nota: Nem todos os moradores indicaram lugares. As porcentagens dizem respeito à indicações realizadas.
ANEXO L
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela L1: Valores de χ² (Kruskal-Wallis) para a variação das distâncias entre moradia-equipamento por área e
por grupo social
Área, independente do grupo social Grupo social(todas as áreas)
Área de estudo Média Grupo de Morador Média
Área 1 83,78
Morador da habitação social 90,90
Área 2 107,81
Compras básicas
ou diárias
Área 3 90,69
K-W,
χ ²=6,817
sig.= 0,033
Morador do bairro 96,94
Não
significante
Área 1 72,32
Morador da habitação social 101,43
Área 2 131,58
Compras
específicas
Área 3 71,98
K-W,
χ ²=53,729
sig.= 0,000
Morador do bairro 84,13
K-W,
χ ²=5,051
sig.= 0,025
Área 1 66,40
Morador da habitação social 66,67
Área 2 59,26
Praticar esporte
Área 3 59,74
Não
significante
Morador do bairro 59,01
Não
significante
Área 1 71,68
Morador da habitação social 73,62
Área 2 83,15 Lazer diurno
Área 3 103,54
K-W,
χ ²=12,516
sig.= 0,002
Morador do bairro 98,23
K-W,
χ ²=11,025
sig.= 0,001
Área 1 84,11
Morador da habitação social 74,60
Área 2 94,20
Lazer noturno
Área 3 71,29
K-W,
χ ²=6,581
sig.= 0,037
Morador do bairro 92,37
K-W,
χ ²=5,935
sig.= 0,015
Nota: Os números representam as médias dos valores ordinais, quanto maior o valor maiores as distâncias percorridas.
Tabela L2.1: Lugares utilizados para compras diárias ou básicas por área e por grupo social
Morador habitação social Morador do bairro Total
Área de análise
Lugares de compras diárias ou básicas
identificados
de indicações % de indicações
% de indicações
%
Armelim (açougue) 0 0,0% 1 2,4% 1 1,2%
Big Cristal 1 2,4% 1 2,4% 2 2,4%
Bird - Av Jerônimo Ornelas 5 12,2% 7 17,1%
12 14,6%
Boteco Santana 1 2,4% 0 0,0% 1 1,2%
Fruteira Jerônimo Ornelas/Jacinto G 0 0,0% 1 2,4% 1 1,2%
Fruteira Santana/Laurindo 0 0,0% 1 2,4% 1 1,2%
Minimercado Av Jerônimo de Ornelas 0 0,0% 1 2,4% 1 1,2%
Nacional São Luiz 0 0,0% 2 4,9% 2 2,4%
Nacional Venâncio 7 17,1% 0 0,0% 7 8,5%
Nacional Érico Veríssimo 0 0,0% 1 2,4% 1 1,2%
Padaria Luiz Manoel 6 14,6% 3 7,3% 9 11,0%
Padaria Santana (casa) 9 22,0% 3 7,3% 12 14,6%
Padaria Santana (prédio) 9 22,0% 1 2,4% 10 12,2%
Pasta el Doce 0 0,0% 1 2,4% 1 1,2%
Poko Preço 0 0,0% 4 9,8% 4 4,9%
Zaffari Fernando Machado 0 0,0% 1 2,4% 1 1,2%
Zaffari Ipiranga 3 7,3% 13 31,7%
16 19,5%
ÁREA 1
41 100,0%
41 100,0%
82 100,0%
- 0 0,0% 3 6,8% 3 3,1%
Big Cristal 2 3,8% 0 0,0% 2 2,1%
Bourbon Ipiranga 12 23,1% 13 29,5%
25 26,0%
Carrefour 8 15,4% 0 0,0% 8 8,3%
Gessepel 22 42,3% 9 20,5%
31 32,3%
Minimercado Carmelo (S Manoel) 0 0,0% 1 2,3% 1 1,0%
Minimercado Di Mari 0 0,0% 1 2,3% 1 1,0%
Nacional São Luiz 1 1,9% 0 0,0% 1 1,0%
Nacional Venâncio 1 1,9% 0 0,0% 1 1,0%
Padaria Barão do Amazonas 0 0,0% 1 2,3% 1 1,0%
Padaria R Euclides da Cunha 1 1,9% 0 0,0% 1 1,0%
Unisuper Bom Jesus 1 1,9% 0 0,0% 1 1,0%
Zaffari Ipiranga 4 7,7% 16 36,4%
20 20,8%
ÁREA 2
52 100,0%
44 100,0%
96 100,0%
Big Cristal 1 1,7% 0 0,0% 1 0,9%
Bird - Av Azenha 20 33,9% 8 14,3%
28 24,3%
Bourbon Ipiranga 0 0,0% 3 5,4% 3 2,6%
Carrefour 3 5,1% 1 1,8% 4 3,5%
Fruteira Delosbel 2 3,4% 3 5,4% 5 4,3%
Fruteira Sérgio (Santana) 0 0,0% 3 5,4% 3 2,6%
Gaúcho (Marcílio Dias) 5 8,5% 0 0,0% 5 4,3%
Minimercado Capitâneo 0 0,0% 1 1,8% 1 0,9%
Minimercado César 1 1,7% 0 0,0% 1 0,9%
Minimercado Dussul 3 5,1% 1 1,8% 4 3,5%
Minimercado Maffei 0 0,0% 4 7,1% 4 3,5%
Minimercado Martins 1 1,7% 0 0,0% 1 0,9%
Minimercado Palmar 0 0,0% 1 1,8% 1 0,9%
Minimercado R Dom Crescêncio 0 0,0% 1 1,8% 1 0,9%
Minimercado Ramiro D'ávila 5 8,5% 1 1,8% 6 5,2%
Minimercado Rissul 1 1,7% 0 0,0% 1 0,9%
Nacional São Luiz 7 11,9% 8 14,3%
15 13,0%
Nacional Érico Veríssimo 6 10,2% 2 3,6% 8 7,0%
Padaria Santana/Dom Crescêncio 0 0,0% 1 1,8% 1 0,9%
Sacolão (Marcílio Dias) 1 1,7% 0 0,0% 1 0,9%
SESI 1 1,7% 0 0,0% 1 0,9%
Supermercados em geral 0 0,0% 1 1,8% 1 0,9%
Zaffari Getúlio 0 0,0% 2 3,6% 2 1,7%
Zaffari Ipiranga 1 1,7% 12 21,4%
13 11,3%
Zaffari Lima e Silva 0 0,0% 3 5,4% 3 2,6%
Unisuper 1 1,7% 0 0,0% 1 0,9%
ÁREA 3
59 100,0%
56 100,0%
115 100,0%
ANEXO L
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela L2.2: Lugares utilizados para compras diversas ou específicas por área e por grupo social
Morador habitação social Morador do bairro Total
Área de análise
Lugares de compras diversas ou
específicas identificados
de indicações % de indicações
% de indicações
%
-
0 0,0% 2 4,5% 2 2,6%
Av Azenha
3 9,1% 1 2,3% 4 5,2%
Açougue Jerônimo Ornelas
0 0,0% 1 2,3% 1 1,3%
Bourbon Ipiranga
0 0,0% 2 4,5% 2 2,6%
Carrefour
1 3,0% 0 0,0% 1 1,3%
Centro
20 60,6% 8 18,2%
28 36,4%
Centro Útil
0 0,0% 1 2,3% 1 1,3%
Fruteira Jerônimo Ornelas/Jaci
0 0,0% 1 2,3% 1 1,3%
Loja Herina (Venâncio Aires)
0 0,0% 1 2,3% 1 1,3%
Mercado Público
0 0,0% 1 2,3% 1 1,3%
Minimercado Rissul
1 3,0% 0 0,0% 1 1,3%
Nacional Érico Veríssimo
0 0,0% 1 2,3% 1 1,3%
Poko Preço
1 3,0% 0 0,0% 1 1,3%
Shopping Iguatemi
0 0,0% 2 4,5% 2 2,6%
Shopping João Pessoa
5 15,2% 7 15,9%
12 15,6%
Shopping Moinhos
0 0,0% 1 2,3% 1 1,3%
Shopping Praia de Belas
2 6,1% 8 18,2%
10 13,0%
Shopping Total
0 0,0% 1 2,3% 1 1,3%
Zaffari Ipiranga
0 0,0% 6 13,6%
6 7,8%
ÁREA 1
33 100,0%
44 100,0%
77 100,0%
Av Protásio Alves
0 0,0% 1 2,0% 1 1,2%
Bourbon Ipiranga
0 0,0% 13 26,0%
13 15,7%
Centro
27 81,8% 7 14,0%
34 41,0%
Gessepel
1 3,0% 1 2,0% 2 2,4%
Loja Homem (Benjamin Constant)
0 0,0% 1 2,0% 1 1,2%
Lojas Bairro Bom Fim
0 0,0% 1 2,0% 1 1,2%
R Silva Jardim
0 0,0% 1 2,0% 1 1,2%
Shopping Iguatemi
2 6,1% 12 24,0%
14 16,9%
Shopping Praia de Belas
2 6,1% 7 14,0%
9 10,8%
Shopping Total
0 0,0% 3 6,0% 3 3,6%
Zaffari Ipiranga
1 3,0% 3 6,0% 4 4,8%
ÁREA 2
33 100,0%
50 100,0%
83 100,0%
Av Azenha
12 31,6% 4 8,7% 16 19,0%
Av Bento Gonçalves
1 2,6% 0 0,0% 1 1,2%
Av Independência
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
Av Protásio Alves
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
Bird - Av Azenha
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
Bourbon Ipiranga
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
Centro
16 42,1% 8 17,4%
24 28,6%
Internet
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
Lojas Marcílio Dias
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
R Ramiro Barcelos
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
Shopping Iguatemi
0 0,0% 5 10,9%
5 6,0%
Shopping João Pessoa
8 21,1% 7 15,2%
15 17,9%
Shopping Moinhos de Vento
0 0,0% 3 6,5% 3 3,6%
Shopping Praia de Belas
1 2,6% 11 23,9%
12 14,3%
Shopping Total
0 0,0% 2 4,3% 2 2,4%
Zaffari Ipiranga
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
diversos fora bairro
0 0,0% 1 2,2% 1 1,2%
ÁREA 3
38 100,0%
49 106,5%
87 103,6%
ANEXO L
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela L2.3: Lugares utilizados para a prática de esporte por área e por grupo social
Morador habitação social Morador do bairro Total
Área de análise
Lugares para a prática de esportes
identificados
de indicações % de indicações
% de indicações
%
- 7 23,3% 11 28,2%
18 26,1%
ACM 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
Academia BioAtiva (Ramiro) 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
Academia Fitwell 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
Academia São Luís 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
Bairro (ruas) 1 3,3% 4 10,3%
5 7,2%
Bairro Navegantes 1 3,3% 0 0,0% 1 1,4%
Gasômetro 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
Marinha 1 3,3% 0 0,0% 1 1,4%
PUC 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
Parcão 0 0,0% 2 5,1% 2 2,9%
Parque Harmonia 1 3,3% 1 2,6% 2 2,9%
Petrópolis Tênis Clube 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
Posto de Saúde Modelo 1 3,3% 0 0,0% 1 1,4%
Pão dos Pobres 1 3,3% 0 0,0% 1 1,4%
Pça Piratini 1 3,3% 0 0,0% 1 1,4%
Pça Planetário 1 3,3% 0 0,0% 1 1,4%
Redenção 15 50,0% 12 30,8%
27 39,1%
em casa 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
R Laurindo 0 0,0% 1 2,6% 1 1,4%
ÁREA 1
30 100,0%
39 100,0%
69 100,0%
-
13 41,9% 8 20,0%
21 29,6%
Academia Atlética
0 0,0% 1 2,5% 1 1,4%
Bairro (ruas)
6 19,4% 6 15,0%
12 16,9%
Bourbon Ipiranga
0 0,0% 1 2,5% 1 1,4%
DEP
3 9,7% 0 0,0% 3 4,2%
ESEF
4 12,9% 8 20,0%
12 16,9%
Épicos (Araribóia)
0 0,0% 1 2,5% 1 1,4%
Gasômetro
1 3,2% 0 0,0% 1 1,4%
Grêmio Náutico União
0 0,0% 2 5,0% 2 2,8%
Litoral
0 0,0% 1 2,5% 1 1,4%
Oficina do Corpo
1 3,2% 0 0,0% 1 1,4%
PUC
0 0,0% 2 5,0% 2 2,8%
Parcão
1 3,2% 1 2,5% 2 2,8%
Petrópolis Tênis Clube
0 0,0% 6 15,0%
6 8,5%
Pça das Nações
1 3,2% 0 0,0% 1 1,4%
Quadra do Pinheiro (Bento Gonçalves)
1 3,2% 0 0,0% 1 1,4%
Quadra Paulo Brito
0 0,0% 1 2,5% 1 1,4%
Rota do Corpo (Guilherme Schell)
0 0,0% 1 2,5% 1 1,4%
em casa
0 0,0% 1 2,5% 1 1,4%
ÁREA 2
31 100,0%
40 100,0%
71 100,0%
-
16 48,5% 4 10,8%
20 28,6%
Atlas (Princesa Isabel)
0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Bairro (ruas)
7 21,2% 9 24,3%
16 22,9%
Cadica (Caldwell/Érico)
0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Escola Mané Garrincha
1 3,0% 0 0,0% 1 1,4%
Gasômetro
1 3,0% 0 0,0% 1 1,4%
Ginásio Tesourinha
1 3,0% 0 0,0% 1 1,4%
Golfinho (São Manoel)
0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Marinha
3 9,1% 2 5,4% 5 7,1%
Parcão
0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Partenon Tênis Clube
0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Pilates
0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Pça Henrique Halpern
0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Redenção
1 3,0% 8 21,6%
9 12,9%
Rota do Corpo (Guilherme Schell)
0 0,0% 3 8,1% 3 4,3%
Salão Ig NS Lourdes
1 3,0% 1 2,7% 2 2,9%
Terminal João Pessoa
1 3,0% 0 0,0% 1 1,4%
em casa
1 3,0% 2 5,4% 3 4,3%
Via Corpus
0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
ÁREA 3
33 100,0%
37 100,0%
70 100,0%
ANEXO L
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela L2.4: Lugares utilizados para a lazer diurno por área e por grupo social
Morador habitação social Morador do bairro Total
Área de análise Lugares de lazer diurno identificados
de indicações % de indicações
% de indicações
%
-
2 6,7% 3 7,3% 5 7,0%
Bairro (ruas)
0 0,0% 2 4,9% 2 2,8%
Bairro Menino Deus
0 0,0% 1 2,4% 1 1,4%
Gasômetro
1 3,3% 0 0,0% 1 1,4%
Ig Menino Deus
0 0,0% 1 2,4% 1 1,4%
Marinha
2 6,7% 0 0,0% 2 2,8%
Morro Sta Tereza
1 3,3% 0 0,0% 1 1,4%
Parcão
0 0,0% 1 2,4% 1 1,4%
Parque Harmonia
1 3,3% 1 2,4% 2 2,8%
Pça Del Gadret
2 6,7% 0 0,0% 2 2,8%
Pça João Paulo I
0 0,0% 1 2,4% 1 1,4%
Pça Joaquim de Queiroz
1 3,3% 3 7,3% 4 5,6%
Pça Julio Bolzano
0 0,0% 1 2,4% 1 1,4%
Pça Planetário
3 10,0% 0 0,0% 3 4,2%
Redenção
5 16,7% 17 41,5%
22 31,0%
diversos
0 0,0% 1 2,4% 1 1,4%
em casa
12 40,0% 9 22,0%
21 29,6%
ÁREA 1
30 100,0%
41 100,0%
71 100,0%
-
0 0,0% 5 10,6%
5 5,7%
Av Jerônimo de de Ornelas
0 0,0% 1 2,1% 1 1,1%
Bairro (ruas)
1 2,5% 4 8,5% 5 5,7%
Bairro Petrópolis
0 0,0% 1 2,1% 1 1,1%
Bourbon Ipiranga
1 2,5% 5 10,6%
6 6,9%
Centro
0 0,0% 1 2,1% 1 1,1%
Col Padre Rambo
1 2,5% 0 0,0% 1 1,1%
Condomínio dos Anjos
6 15,0% 0 0,0% 6 6,9%
Estádio Eucaliptos
0 0,0% 1 2,1% 1 1,1%
Grêmio Náutico União
0 0,0% 1 2,1% 1 1,1%
Lami
1 2,5% 0 0,0% 1 1,1%
Marinha
2 5,0% 0 0,0% 2 2,3%
Parcão
0 0,0% 2 4,3% 2 2,3%
Petrópolis Tênis Clube
0 0,0% 1 2,1% 1 1,1%
Pça Araribóia
1 2,5% 0 0,0% 1 1,1%
Pça Rui Teixeira
5 12,5% 0 0,0% 5 5,7%
Pça das Nações
2 5,0% 0 0,0% 2 2,3%
Pça Tamandari
1 2,5% 0 0,0% 1 1,1%
Redenção
5 12,5% 5 10,6%
10 11,5%
SESC
0 0,0% 1 2,1% 1 1,1%
Shopping Iguatemi
0 0,0% 5 10,6%
5 5,7%
Shopping Praia de Belas
0 0,0% 4 8,5% 4 4,6%
Shopping Total
0 0,0% 1 2,1% 1 1,1%
diversos
1 2,5% 0 0,0% 1 1,1%
em casa
12 30,0% 7 14,9%
19 21,8%
interior/litoral
1 2,5% 2 4,3% 3 3,4%
ÁREA 2
40 100,0%
47 100,0%
87 100,0%
-
1 2,4% 1 2,6% 2 2,5%
Alvorada
1 2,4% 0 0,0% 1 1,3%
Assoc Subtenentes Soldados Brigada
0 0,0% 1 2,6% 1 1,3%
Bairro Petrópolis
0 0,0% 1 2,6% 1 1,3%
Bairro Pinheiro
1 2,4% 0 0,0% 1 1,3%
Beira Rio
1 2,4% 0 0,0% 1 1,3%
Bourbon Ipiranga
0 0,0% 1 2,6% 1 1,3%
Gasômetro
2 4,9% 0 0,0% 2 2,5%
Ipanema
0 0,0% 1 2,6% 1 1,3%
Marinha
3 7,3% 4 10,5%
7 8,9%
Parque Exposição Menino Deus
0 0,0% 1 2,6% 1 1,3%
Pça Del Gadret
1 2,4% 0 0,0% 1 1,3%
Parque Harmonia
1 2,4% 1 2,6% 2 2,5%
Pça Henrique Halpern
3 7,3% 0 0,0% 3 3,8%
Pça Planetário
1 2,4% 0 0,0% 1 1,3%
Pça Piratini
1 2,4% 0 0,0% 1 1,3%
Redenção
9 22,0% 7 18,4%
16 20,3%
Shopping Iguatemi
0 0,0% 1 2,6% 1 1,3%
Shopping Praia de Belas
2 4,9% 2 5,3% 4 5,1%
Terminal João Pessoa
2 4,9% 0 0,0% 2 2,5%
Vila Zero Hora
1 2,4% 0 0,0% 1 1,3%
diversos
1 2,4% 1 2,6% 2 2,5%
em casa
8 19,5% 7 18,4%
15 19,0%
interior/litoral
2 4,9% 8 21,1%
10 12,7%
zona sul
0 0,0% 1 2,6% 1 1,3%
ÁREA 3
41 100,0%
38 100,0%
79 100,0%
ANEXO L
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela L2.5: Lugares utilizados para a lazer noturno por área e por grupo social
Morador habitação social Morador do bairro Total
Área de análise Lugares de lazer diurno identificados
de indicações % de indicações % de indicações %
- 1 2,9% 4 10,8%
5 7,0%
Acadêmicos da Orgia 1 2,9% 0 0,0% 1 1,4%
Av Goethe 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Av Venâncio Aires 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Bar do Beto 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Bar do Darci 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Bingo Lima e Silva 3 8,8% 0 0,0% 3 4,2%
Centro 3 8,8% 0 0,0% 3 4,2%
Chop 1 2 5,9% 0 0,0% 2 2,8%
Churrascaria Mamamia 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Churrascaria Santana 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Cidade Baixa 2 5,9% 6 16,2%
8 11,3%
Clube Farrapos 1 2,9% 0 0,0% 1 1,4%
Clube Ipiranguinha 2 5,9% 0 0,0% 2 2,8%
Clube da Saudade 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Conjunto Planetário 1 2,9% 0 0,0% 1 1,4%
Dr. Jackel 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Estância da Azenha 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Ipanema 1 2,9% 0 0,0% 1 1,4%
Lancheria Santana 2 5,9% 0 0,0% 2 2,8%
Mc Dinhos (Princesa Isabel) 1 2,9% 0 0,0% 1 1,4%
Prince (Protásio Alves) 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
R Padre Chagas 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Shopping João Pessoa 1 2,9% 0 0,0% 1 1,4%
Shopping Moinhos 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Shopping Total 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Sta Mônica (Carlos Gomes) 0 0,0% 1 2,7% 1 1,4%
Stutgart 2 5,9% 0 0,0% 2 2,8%
diversos 0 0,0% 2 5,4% 2 2,8%
em casa 11 32,4% 11 29,7%
22 31,0%
ÁREA 1
34 100,0% 37 100,0%
71 100,0%
- 0 0,0% 6 13,6%
6 7,4%
Av Goethe 0 0,0% 2 4,5% 2 2,5%
Bairro Jardim Botânico 0 0,0% 1 2,3% 1 1,2%
Barranco 0 0,0% 1 2,3% 1 1,2%
Bingo (Centro) 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Bingo (João Pesssoa/Venâncio) 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Bora-Bora (Barão do Amazonas) 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Bourbon Country 0 0,0% 1 2,3% 1 1,2%
Bourbon Ipiranga 0 0,0% 5 11,4%
5 6,2%
Cavanhas (Barão Amazonas) 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Cenouras Pastel 0 0,0% 1 2,3% 1 1,2%
Centro 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Chalaça (zona sul) 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Chop 1 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Churrascaria Santana 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Cidade Baixa 1 2,7% 5 11,4%
6 7,4%
Clube Imperial 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Clube Ipiranguinha 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Clube Rodeio 3 8,1% 0 0,0% 3 3,7%
Pizzaria (Bento Gonçalves) 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
R Padre Chagas 0 0,0% 2 4,5% 2 2,5%
Shopping Iguatemi 0 0,0% 4 9,1% 4 4,9%
Shopping Moinhos de Vento 0 0,0% 1 2,3% 1 1,2%
Shopping Nova Olaria 0 0,0% 1 2,3% 1 1,2%
Shopping Praia de Belas 0 0,0% 3 6,8% 3 3,7%
Strike (Av Cristiano Fischer) 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Stutgart 5 13,5% 0 0,0% 5 6,2%
diversos 0 0,0% 5 11,4%
5 6,2%
Velho Cardoso 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
Vitinho (Barão/Ipiranga) 1 2,7% 0 0,0% 1 1,2%
em casa 14 37,8% 6 13,6%
20 24,7%
ÁREA 2
37 100,0% 44 100,0%
81 100,0%
Assembléia Deus (Bento Gonçallves) 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Av Bento Gonçalves 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Av Getúlio Vargas 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
Av Goethe 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Av Venâncio Aires 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
Bairro Azenha 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
Bar Coimbra (Av Azenha) 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Bar P Freitas e Castro 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Bar do baixinho -conjunto 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Bar do Darci 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
Bela Vista Plaza 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
centro 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Chalaça (zona sul) 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Churrascaria Prenda Minha 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Churrascaria Santana 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Cidade Baixa 0 0,0% 4 11,4%
4 5,5%
Conjunto Princesa Isabel 3 7,9% 0 0,0% 3 4,1%
Grelhatos (Vicente Fontoura) 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
Ig Restauração 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Minuto (Princesa Isabel) 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Mc Dinhos (Princesa Isabel) 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Novo Hamburgo 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
Papa X 2 5,3% 0 0,0% 2 2,7%
Pizzarias (Cristóvão Colombo) 1 2,6% 1 2,9% 2 2,7%
Restaurante São João 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
Restinga 1 2,6% 0 0,0% 1 1,4%
R Padre Chagas 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
Shopping Iguatemi 0 0,0% 2 5,7% 2 2,7%
Shopping João Pessoa 0 0,0% 1 2,9% 1 1,4%
Shopping Praia de Belas 0 0,0% 3 8,6% 3 4,1%
Stutgart 2 5,3% 0 0,0% 2 2,7%
diversos 0 0,0% 3 8,6% 3 4,1%
em casa 15 39,5% 13 37,1%
28 38,4%
ÁREA 3
38 100,0% 35 100,0%
73 100,0%
ANEXO M
A INFLUÊNCIA DE ATRIBUTOS ESPACIAIS NA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS HETEROGÊNEOS EM AMBIENTES RESIDENCIAIS.
Tabela M1: Caracterização do tipo de fechamento e da visibilidade da moradia em relação ao espaço público por
Área e por grupo socioeconômico
Área 1 Área 2 Área 3
Aspectos relativos à necessidade de privacidade
Morador do
Jardim
Planetário
Morador do
bairro
Morador do
Condomínio
dos Anjos
Morador do
bairro
Morador do
Condomínio
Princ. Isabel
Morador do
bairro
11 7 0 5 6 8 cerca viva ou jardim
permeável ou porta e janela
% de
moradores
36,7% 20,0% ,0% 13,5% 19,4% 25,8%
16 24 0 24 25 17
grade ou muro baixo
% de
moradores
53,3% 68,6% ,0% 64,9% 80,6% 54,8%
3 4 30 8 0 6
Tipo de
fechamento
talude + muro alto
% de
moradores
10,0% 11,4% 100,0% 21,6% ,0% 19,4%
18 23 7 16 7 11
alta
% de
moradores
60,0% 65,7% 23,3% 43,2% 22,6% 35,5%
6 11 3 17 6 17
média
% de
moradores
20,0% 31,4% 10,0% 45,9% 19,4% 54,8%
6 1 20 4 18 3
Visibilidade
baixa
% de
moradores
20,0% 2,9% 66,7% 10,8% 58,1% 9,7%
Tabela M2: Caracterização dos recuos de jardim por Área e por grupo socioeconômico
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
(92 edificações)
Morador do bairro
(417 edificações)
Morador da
habitação social
(12 edificações)
Morador do bairro
(322 edificações)
Morador da
habitação social
(5 edificações)
Morador do bairro
(359 edificações)
Não há recuo 3,3% 24% - 5% - 32,9%
Vegetação rasteira ou arbustiva 16,3% 21,2% 100% 23,3% 60% 14,2%
Pequenas edificações 25% 1,2% - 0,3% - 0,3%
Vegetação + árvores ou pequenas
edificações ou mobiliário
35,9% 29,1% - 46,6% 40% 21,2%
Nenhuma opção 13% 21,9% - 23,6% - 26,5%
Ornamentos/elementos
decorativos 3,3% 12,9% - 25,2% - 7,5%
Bom 3,3% 17,1% - 26,7% 40% 10,9%
Regular 39,1% 41,2% 100% 49,4% 60% 36,2%
Ruim 34,3% 15,7% - 15,5% - 17,0%
Estado de
conservação
Precário 19,6% 1,2% - 3,4% - 1,4%
Nota: (1) percentagens calculadas em função do de edificações; (2) aspectos com freqüências inferiores a 10% nos três grupos não constam na tabela.
Tabela M3.1: Associação entre indicadores do comportamento territorial
Área 1
Associações
Morador da habitação social Morador do bairro
Privacidade.
Spearman,
c=-0,360, sig.=0,051
Entre satisfação com a
personalização do
território e:
Percepção de controle territorial e segurança.
Spearman,
c=0,401, sig.=0,028
Spearman,
c=0,394, sig.=0,021
Tabela M3.2:Associação entre indicadores do comportamento territorial e uso dos espaços semiprivados ou
privados, dimensões da interação social na vizinhança e uso do bairro, de outros bairros e do centro
Área, independente do grupo social Grupo social (todas as áreas)
Associações Geral
Área 1 Área 2 Área 3
Morador da
habitação social
Morador do
bairro
Privacidade.
Spearman,
c=-0,107,
sig.=0,137
Spearman,
c=-0,092,
sig.=0,024
Spearman,
c=-0,150,
sig.=0,227
Spearman,
c=-0,066,
sig.=0,609
Spearman,
c=-0,029,
sig.=0,784
Satisfação com a
personalização do território.
Spearman,
c=0,178,
sig.=0,013
Entre percepção
de
homogeneidade
e:
Percepção de controle
territorial e segurança.
Spearman,
c=-0,117,
sig.=0,105
Spearman,
c=-0,317,
sig.=0,011
Spearman,
c=-0,094,
sig.=0,452
Spearman,
c=-0,014,
sig.=0,896
Spearman,
c=-0,147,
sig.=0,141
Apoio mútuo na vizinhança.
Spearman,
c=0,171,
sig.=0,017
Spearman,
c=0,202,
sig.=0,041
Ligação com a vizinhança.
Spearman,
c=0,183,
sig.=0,011
Spearman,
c=0,273,
sig.=0,028
Spearman,
c=0,309,
sig.=0,002
Uso do bairro de moradia.
Spearman,
c=0,278,
sig.=0,025
Entre satisfação
com a
personalização
do território e:
Uso de outros bairros.
Spearman,
c=-0,222,
sig.=0,002
Spearman,
c=-0,280,
sig.=0,022
Spearman,
c=-0,275,
sig.=0,008
Spearman,
c=-0,222,
sig.=0,024
Comportamento mais
favorável ao contato social
nas ruas.
Spearman,
c=-0,310,
sig.=0,013
Uso dos espaços
semiprivados e privados.
Spearman,
c=0,278,
sig.=0,000
Spearman,
c=0,546,
sig.=0,000
Spearman,
c=0,340,
sig.=0,005
Spearman,
c=0,407,
sig.=0,000
Spearman,
c=0,219,
sig.=0,000
Entre percepção
de controle
territorial e
segurança e:
Uso do bairro de moradia.
Spearman,
c=0,168,
sig.=0,020
Spearman,
c=0,282,
sig.=0,024
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