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Pelotas tem uma coisa negativa muito forte, muito grande
que foi instalada aqui dentro, que a gente custa a se desvencilhar em
qualquer área, ela não é direcionada para uma área, ela é direciona-
da para tudo, depende do que tu estás fazendo... aí as pessoas vêm
e dizem: não vai dar certo, isso depende disso, depende daquilo, en-
tão a gente está sempre naquele ‘redondinho’ negativo (Gilcéia Ben-
der)
Pelotas não se conhece, não sabe tudo o que tem (...) eu a-
cho que o pelotense não tem essa boa percepção de tudo que é Pe-
lotas (Marcelo Terra)
Hoje as pessoas em Pelotas são negativas, e eu acho que
elas cultivaram, não sei por onde, esse pensamento (...) se alguém
vai fazer alguma coisa aqui, tem quinhentos para dizer que não vai
dar certo. Tem um problema, falam, falam aqui, falam no jornal, falam
no rádio, mas ninguém faz alguma coisa objetiva (...) então eu sinto
um negativismo geral na cidade, que é fixo, já teve, melhorou um
pouquinho e agora tem um desânimo, parece que a cidade desistiu
dela (Carmem Roig)
Eu acho que o que atrasa a cidade, o que é ruim, o que é
negativo, é que a gente vende mal a cidade, quem mora aqui me-
nospreza a cidade (...) então, o nosso problema é esse, nada dá cer-
to, é ‘lá tinha, lá tinha’; é uma cultura local, aqui as crianças já nas-
cem assim, é uma cultura da comunidade (...) nós não acreditamos
em nós (Michele Lima)
... talvez fosse necessário um comportamento geral e médio
(ou seja, da média da população) mais combativo, menos conforma-
do. Por um lado a tradição é identitária para a cidade como um todo,
por outro, essa tradição oblitera mudanças que são necessárias
(Francisca Michelon)
... é uma cidade que não se enxerga bem, para algumas coi-
sas é uma cidade que tem uma auto-estima elevada demais, na mé-
dia é uma auto-estima muito baixa... (...) incomoda ver como a cidade
tem dificuldade de analisar as oportunidades de desenvolvimento e
de seguir... (Fábio Serqueira)